Escrita Lição 5, Central Gospel, Débora, uma Líder Estrategista, Pr. Henrique, EBD NA TV

Escrita Lição 5, Central Gospel, Débora, uma Líder Estrategista, Pr. Henrique, EBD NA TV

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Escrita 
https://ebdnatv.blogspot.com/2023/04/escrita-licao-5-central-gospel-debora.html

Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2023/04/slides-licao-5-central-gospel-debora.html

  

ESBOÇO DA LIÇÃO

1- DÉBORA, A ESTRATEGISTA

1-1- Tática de guerra para vencer o exército de Jabim, rei de Canaã

1-2- Tática de guerra para vencer Sísera, o comandante do exército inimigo

2- O GRANDE LÍDER MANTÉM VÍVIDA A MEMÓRIA DE SEU LEGADO

2-1- O grande líder relembra as vitórias de seus antepassados

2-1-1- O grande líder encarna o cuidado divino

2-2- O grande líder faz menção aos voluntários de guerra

2-2-1- O grande líder honra seus guerreiros

2.3. O grande líder não se furta à denúncia do mal

2-3-1- Rúben

2-3-2- Gileade, Dã e Aser

2-3-3- Meroz

 

 

TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Juízes 4.4-11

4 - E Débora, mulher profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo.

5 - E habitava debaixo das palmeiras de Débora, entre Ramá e Betel, nas montanhas de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo.

6 - E enviou, e chamou a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali, e disse-lhe: Porventura o Senhor, Deus de Israel, não deu ordem, dizendo:

Vai, e atrai gente ao monte de Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom?

7 - E atrairei a ti para o ribeiro de Quisom a Sísera, capitão do exército de Jabim, com os seus carros e com a sua multidão, e o darei na tua mão.

8 - Então, lhe disse Baraque: Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei.

9 - E disse ela: Certamente irei contigo, porém não será tua a honra pelo caminho que levas; pois à mão de uma mulher o Senhor venderá a Sísera. E Débora se levantou e partiu com Baraque para Quedes.

10 - Então, Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes e subiu com dez mil homens após si; e Débora subiu com ele.

11 - E Héber, queneu, se tinha apartado dos queneus dos filhos de Hobabe, sogro de Moisés, e tinha estendido as suas tendas até ao carvalho de Zaananim, que está junto a Quedes.

 

BEP – CPAD - Juízes 4.4

DÉBORA. Débora, sendo profetisa, tinha dons proféticos que a capacitava a receber mensagens da parte de Deus e a comunicar ao povo a vontade divina (vv. 6,7). A profunda comunhão que Débora tinha com Deus conferiu-lhe grande influência entre os seus compatriotas (v. 8)

 

 

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LIÇÃO 07 - DÉBORA, UMA MULHER CORAJOSA 

TERCEIRO TRIMESTRE DE 2007 - CPAD

TEMA: “A busca do caráter cristão: aprendendo com homens e mulheres da Bíblia”.

Comentarista: Eliezer de Lira e Silva

Complementos: Pr. Henrique

 

  

 

TEXTO ÁUREO:

 "Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes, porque o SENHOR, teu DEUS, é contigo, por onde quer que andares" (Js 1.9).

 

VERDADE PRÁTICA:

As adversidades não esmorecem a fé de um crente corajoso e completamente submisso ao Senhor.

 

 

   

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE  Juízes 4.4,6-9; 5.1,7.

 

   

Resumo Teológico:

Débora, Baraque, Jael e Israel Contra Jabim, Sísera e Canaã (4:1-24)
4:1-3. A opressão de Jabim. O foco de atenção muda, das tribos sulinas para as nortistas. A ameaça de Jabim e Sísera, longe de relacionar-se a pequenas porções de território, envolvia seis tribos, nesse novo conflito. Foi o primeiro grande perigo da época dos juízes.
Em Josué 11:1-11 faz-se menção a Jabim, rei de Hazor, onde se nota a captura e destruição da cidade pelo exército de Josué Muitos eruditos têm sugerido que os relatos de Josué 11 e Juízes 5 e 6 foram confundidos pelo historiador, ou que o grande nome de Josué atraiu para si mesmo uma vitória retumbante, obtida um século depois, principalmente pelas tribos de Zebulom e Naftali. Não há, contudo, dificuldades insolúveis no relato como o temos. O nome de Jabim pode ser um título hereditário adotado pelos sucessores reis de Hazor. A própria Hazor, queimada pelo exército de Josué, quase um século antes, e presumivelmente não ocupada pelos israelitas, havia sido reconstruída pelos cananeus, e recuperado sua hegemonia. Isto não é de surpreender, porque Hazor ficava numa posição estratégica a cerca de 6 quilômetros a sudoeste do lago Hule e, à semelhança dos vales de Megido e Esdrelon, comandava a principal rota entre o Egito e os impérios do Oeste Asiático. O local, foi identificado por John Garstang em 1927, mas não escavado até 1955-58, cobria mais de 200 acres, em comparação com os 20 acres, ou menos, de Megido. Sua população havia sido estimada em cerca de 40.000, contra 1.500 de Jericó. Estes fatos explicam por que ela era denominada "a capital de todos estes reinos" (Js 11:10), e pode explicar por que Jabim era chamado de rei de Canaã (4:2, 23, 24; cl. 4:17, "rei de Hazor". Harosete-Hagoim, a cidade de Sísera, não foi identificada com precisão; Tel el-Harjab, a sudeste de Haifa, e Tel'Amr, a 17quilômetros a noroeste de Megido, têm sido sugeridas. O movimento da batalha faz com que esta última seja a mais provável. Ambas ficam a alguma distância de Hazor, sendo provável que houvesse uma coalizão de cidades-estados cananitas, sob o comando nominal do rei da cidade mais importante, Hazor, mas sob o comando militar de Sísera, seu capitão mais hábil. Sísera poderia ter sido o rei de Harosete, porém, seu principal papel nesta narrativa é o de líder militar dos exércitos unidos. Estes fatos explicam por que Jabim quase não é mencionado (provavelmente era já um ancião; não aparece no capítulo 5 nem é mencionado na guerra), mas Sísera é proeminente na história.
 

A superioridade do equipamento dos cananeus é demonstrada no uso das novecentas carruagens de ferro, que lhes daria controle completo dos vales e planícies, a menos que alguma ocorrência incomum imobilizasse esta poderosa arma de guerra. Tal evento, considerado milagre da intervenção divina, serviria para transferir as vantagens aos israelitas, no encontro decisivo.
 

4-9. Débora e Baraque. Neste ponto somos apresentados a Débora, salvadora de seu povo, e a única mulher no distinto grupo de juízes. Na estrutura tribal de Israel, as mulheres ocupavam uma posição subordinada, porém, elas poderiam subir a cargos de projeção, e de fato, em raras ocasiões isto aconteceu. O Antigo Testamento testemunha as qualificações de mulheres proeminentes como Miriam (Êx15:20) e Hulda (2 Rs 22:14). Nada se sabe de Lapidote, marido de Débora, a não ser a mera menção de seu nome, que não foi o único a ficar apagado, visto que o próprio Baraque desempenhou papel secundário na peleja. Ele recebeu coragem e inspiração pela presença desta grande e talentosa mulher. Há uma opinião segundo a qual Lapidote, que significa "tochas", e Baraque, que significa "relâmpago", são dois nomes para a mesma pessoa, isto é, que Baraque, o libertador, era marido de Débora, mas as provas são débeis demais.
Há uma dificuldade nestes capítulos, na menção específica de apenas duas tribos, as de Naftali e Zebulom, em 4:7, 10, comparando-se com a lista de tribos participantes, na narrativa poética, a qual inclui também as tribos de Efraim, Benjamim, Maquir (Meia tribo de Manassés) e Issacar. Uma sugestão para explicar-se este fato é que houve duas fases na campanha: uma inicial, em que apenas duas tribos tomaram parte, e uma segunda fase, em que se aliaram a elas grandes contingentes das tribos vizinhas.
 

As alusões geográficas do capítulo podem indicar a magnitude da tarefa enfrentada pelo que seria o libertador de Israel. A própria Débora veio de entre Ramá e Betel, ao sul de Efraim, a cerca de 79 quilômetros do cenário do conflito; as depredações da confederação cananita sob Jabim poderiam ter-se estendido até aqui, no sul. Por outro lado, vemos aqui um caso de maior união entre as tribos neste período, do que normalmente se suporia. Débora conhecia perfeitamente bem o aperto das tribos do norte e elas, por sua vez, conheciam bem a reputação desta excelente mulher, a ponto de virem a ela, em sua angústia, para suplicar-lhe ajuda (Sb). A opinião de que havia tal unidade e conhecimento mútuo se torna mais plausível pela escolha que Débora fez de Baraque, como comandante militar das tribos, visto ser ele habitante de Quedes-Naftali, a cerca de 8 quilômetros a noroeste do lago Bule, em área profundamente afetada pela opressão cananita. O domínio cananita dos principais vales e rotas comerciais não parece ter impedido a livre movimentação das tribos israelitas, nos planaltos ao norte e sul dos vales de Esdredon e Jezreel.

À época da crise, Débora já se havia firmado como profetisa e juíza, na esfera não-militar; na verdade, teria sido a demonstração de qualidades carismáticas nesta esfera que, com toda certeza, induziu as tribos a procurarem sua ajuda. A convocação e o desafio que ela lança a Baraque são em nome de Javé, o nome distintivo de DEUS de Israel. A ordem a Baraque foi: "Vai, e leva gente ao monte Tabor"; o verbo significa "retirar" ou "estender", sugerindo uma formação bem solta, como a que seria adotada por soldados mal armados, ansiosos por escapar de serem vistos, movendo-se em território inimigo para atingir um ponto de encontro central. O monte Tabor, na junção das porções tribais de Issacar, Naftali e Zebulom, foi escolhido como ponto de encontro. Era uma montanha de formato cônico, erguendo-se a pouco mais de 400 metros do canto nordeste do vale de Esdrelon, constituindo-se em marco limítrofe tão proeminente que evitaria qualquer confusão da parte dos israelitas a caminho da reunião.
A convocação inicial foi feita aos homens de Naftali e Zebulom, das tribos mais interessadas, embora o capítulo 5 deixe bem claro que outras quatro tribos tomaram parte ativa, possivelmente a fase posterior das operações. A opinião de que houve duas batalhas principais, ou, pelo menos, dois estágios numa única campanha, é fortalecida pelo fato de que no capítulo 4 a batalha se trava entre o monte Tabor e o rio Quisom, enquanto no capítulo 5, embora o rio Quison ainda seja proeminente (5:21), menciona-se outro local a alguns quilômetros mais ao sul, como campo de Batalha, "em Taanaque, junto às águas de Megido" (5: 19). Outros têm conjeturado que Naftali e Zebulom tomaram parte numa batalha em Quedes (4:9, 10, 11), identificada como Quedes-Naftali, cidade natal de Baraque, com Jabim de Hazor, antes de uma segunda batalha, ao lado do Quisom, contra Sísera, da qual tomou parte uma força israelita maior e mais representativa.
Talvez seja ingenuidade esperar precisão militar num exultante poema como o de Débora, sendo sempre sábio lembrar que os israelitas, ao preservar suas tradições, interessavam-se em celebrar o poder libertador de Javé, ao invés de preservar os minuciosos detalhes que possibilitariam aos futuros historiadores elaborar uma reconstrução precisa de cada batalha! Lamentaremos, às vezes, a falta de informações mais completas; contudo, não deveríamos negar ao historiador hebreu o direito de manter seu ponto de vista, que atribuía crédito maior a Javé (cl. 4:7b, "e o darei nas tuas mãos"; cf. também 2 Sm 8:6, 14).
 

7. O rio Quisom tem suas cabeceiras nos contrafortes montanhosos, ao sul do vale de Esdrelon, depois do qual é o principal rio deste vale, fluindo na direção noroeste, até esvaziar-se na baía de Acre, ao norte da cordilheira do Carmelo. A parte superior toda, deste rio, é sazonal, dependendo do volume de chuva, de forma que no verão é pouco mais que um leito seco; todavia, quando engrossado pelas chuvas do inverno e do começo da primavera, pode tornar-se uma torrente impetuosa. Em tais condições, as áreas baixas, ao redor do rio, poderiam tornar-se completamente alagadas, tornando impossível o uso de carruagens.
 

8, 9. A falta de alegria com que Baraque atendeu ao desafio é compreensível, humanamente falando, porque a disparidade entre as forças oponentes era considerável. É bom observar que Baraque, em sua hesitação, tem excelentes companheiros, no Antigo Testamento.
Moisés, até mesmo no final de seu encontro com DEUS, na sarça ardente, demonstrou extraordinária falta de entusiasmo para aceitar a chamada divina (:E:x4: 13); Gideão achou que ele mesmo fora a pior escolha (Jz 6: 15); e Jeremias protestou, por causa de sua pouca idade (Jr  1:16). Os grandes homens percebem sua pequenez e inadequação, ao serem chamados pelo Senhor para realizar uma grande tarefa; contudo, a chamada divina nunca vem só: é sempre acompanhada pela provisão divina. As palavras de Paulo referem-se a todos quantos são chamados para o serviço de DEUS: "Não que por nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de DEUS, o qual nos habilitou para sermos ministros. . ." (2 Co 3: 5, 6). Baraque exigiu a presença de Débora, como condição para aceitar a tarefa, e na aceitação dela há uma pista para o descontentamento da heroína quanto à atitude do comandante: ela afirmou que a obra de uma mulher eclipsaria qualquer honra devida a ele. É natural atribuir-se esta posição de honra a Débora, porque a posteridade, ao olhar para trás, a veria como a força impulsora que levou Israel ao livramento. Entretanto, a profecia foi cumprida no ato insensível de Jael, ato de traição contra o vencido Sísera, que confiou na segurança de sua hospitalidade.
Para nós, tal ato seria considerado vil; contudo, para um povo que vinha sofrendo um domínio cruel e prolongado, a ação de Jael seria vista sob luz diferente, de modo que os detalhes do assassinato foram cuidadosamente preservados para nós, como foram os do caso de Eglom. Talvez seja demasiado fácil para aqueles que não tiveram de suportar extrema perseguição ou servidão, fazer julgamento apressado dos antigos israelitas, ou dos sobreviventes dos campos de concentração nazistas, de nossa própria geração. Entretanto, a atitude cristã se opõe a um espírito exultante de vingança.
 

4:10-16. Reunião e derrota das hostes cananeias. Os dez mil homens de Baraque são mencionados outra vez (c/. verso 6) a fim de sublinhar-se a disparidade existente entre o exército israelita e o exército maciço, e bem equipado, de Sísera. Quedes dificilmente pode ser identificada com Quedes-Naftali, mas com outro lugar mais perto do cenário da batalha. Este nome significa "santuário", e é excessivamente comum. A nota a respeito de Héber, queneu, é parentética, servindo como apresentação da família a que pertencia Jael (17). Os queneus eram um grupo nômade, associados com Judá, de modo que era preciso explicar-se a presença deste grupo familiar tão longe, ao norte (veja-se sobre 1: 16). O carvalho de zaanim é um distrito notado em 19:33, como estando nas fronteiras de Naftali. Além desta informação, e do fato óbvio de que estava na rota de fuga de Sísera, não existe certeza quanto à sua localização.
 

12-14. Sísera, o líder dos cananitas, sem dúvida estava bem-informado sobre os movimentos dos israelitas, embora as manobras deste tenham, talvez ocultado seu número real. Para aniquilar esta ameaça, reuniu um exército maciço, que incluía a força total das carruagens, sem dúvida objetivando um golpe decisivo contra os rebeldes israelitas. Não é provável que ele fosse tão tolo de tentar usar estes carros de combate na estação chuvosa; 5:4, 5, 20, 21 sugerem uma chuvarada torrencial incomum, possivelmente uma tempestade com trovões, que costumava sobrevir após a estação normal das últimas chuvas de abril e princípios de maio. É possível que Débora tivesse dado a ordem de atacar (14) ao ver a aproximação da tempestade, sabendo que uma chuva torrencial nulificaria a vantagem numérica dos cananeus, e o equipamento bélico superior; seria este, pois, o momento propício para o ataque.
O Senhor era frequentemente mencionado como o DEUS das tempestades, movendo-se em terrível esplendor e poder, a fim de ajudar Seu povo (cl. Js 10:11; 1 Sm 7:10; SI 18:9-15), e tal crença poderia estar implícita nas palavras de Débora: ... porventura o Senhor não saiu diante de ti? Entenda-se, todavia, que os israelitas não tinham o monopólio deste conceito, visto que descobertas recentes em Ras Shamra (antigo Ugarite), demonstraram que os cananeus esperavam a mesma coisa da parte de Baal. Era ele o deus da tempestade, o que cavalgava as nuvens (cl. Is 19:1). É sempre representado tendo uma clava numa das mãos e uma espada estilizada na outra, simbolizando, respectivamente, o trovão e o raio. Uma tempestade nesta conjectura, entretanto, favoreceu aos israelitas, e capacitou-os a estender sua vantagem das altas montanhas (onde as carruagens não podiam funcionar com eficiência), para os vales, onde até então os cananeus tinham sido supremos.
 

l5, 16. O verbo derrotou não transmite ao leitor moderno, talvez, a totalidade da ação do Senhor. A origem da palavra está no latim diruptus, roto, esfarrapado, derruído. Militarmente, derrotar significa destroçar, desbaratar. A cena pode ser reconstruída na imaginação.
Os dez mil israelitas levemente armados mas capazes de rápida movimentação, despejaram-se no vale para travar combate com uma força de carruagens bélicas impossibilitadas de movimentar-se no lamaçal.
A única manobra sábia seria a fuga, para aguardar a possibilidade de lutar sob condições melhores, em outro dia. Portanto, Sísera tentou refugiar-se em sua base militar, em Harosete dos gentios. Ao sul jaziam as faldas montanhosas centrais; ao norte, além do rio sob forte enchente, estavam os contrafortes das montanhas da Galileia. À medida que os cananeus fugiam na direção geral noroeste, com os israelitas em perseguição feroz, o vale estreitava-se, diminuindo o espaço disponível para as manobras. Em consequência, carruagens abalroavam noutras carruagens, escavando a superfície do solo e tornando a situação, assim, mais difícil para aqueles (desse exército tomado de pânico), que vinham mais atrás. Enquanto isso, o rio continuava a subir, alimentado por inúmeros tributários menores, que desciam pelas colinas adjacentes. As palavras de Débora (5:21) devem ter sido o epitáfio de muitos deles: "O ribeiro Quisom os arrastou." Os jubilosos israelitas não deram tréguas, mas pressionaram os inimigos, com vantagem, até os muros de Harosete dos gentios. Foi uma vitória esmagadora, verdadeiramente decisiva em seus efeitos, visto que não houve nenhum outro encontro bélico de importância, entre israelitas e cananeus, embora alguns focos isolados, de resistência, só fossem eliminados no tempo de Davi. Sísera abandonou a batalha, como desertor, provavelmente ao perceber que a situação caótica tornava impossível a fuga em carruagens. Tentou, então, fugir a pé, talvez tomando a direção norte, visto que Héber, o queneu, estava acampado em Zaamim, nos limites de Naftali (veja 4.11).
 

4:17-22. Fuga e morte de Sísera. O capitão do exército destroçado, completamente exausto pela terrível e extenuante experiência, ficou contente em poder servir-se do oferecimento de abrigo na tenda de uma mulher. Seu destino certamente era a cidade de Hazor, em cujas vizinhanças o grupo nômade dos queneus se havia estabelecido.
As palavras de tranquilização de Jael, de que ele não precisava temer nada; a hesitação e a cortesia de suas palavras; as precauções recomendadas por ele, mais a terrível necessidade de sono, tudo isto indica que o homem estava no fim de suas forças, destroçado mental e moralmente, e exausto no corpo. "De acordo com as convenções daquela época, Sísera tinha todas as razões para não alimentar suspeitas; a própria Jael parecia a personificação da amizade e da consideração e, como maior segurança ainda, o oferecimento e a aceitação de hospitalidade na tenda de um nômade era, tradicionalmente, garantia de proteção. Além disso, nenhum perseguidor pensaria em procurar um homem na tenda de uma mulher, especialmente se fosse um fugitivo fatigado, porque isto seria uma quebra de etiqueta.
 

19. Assim, Sísera tranquilizou-se com um falso sentido de segurança, mediante esta mulher traiçoeira. Ao aceitar seu convite, permitiu que ela o cobrisse com" uma coberta (ARC), palavra que ocorre apenas aqui, e cujo significado tem causado algumas conjecturas. É mais plausível que se tratasse de uma rede, ao invés de coberta, porque aquela seria bem mais conveniente a um homem nas condições de Sísera: sujo, alagado de suor, depois de tanto esforço, e precisando de sono. O pedido de água foi atendido generosamente, e ela abriu um odre de leite. As peles dos animais frequentemente eram usadas para guardar líquidos, especialmente leite, que poderia ser facilmente sacudido para produzir coalhada. A segunda metade de 5:25 mostra que esta foi a bebida oferecida a Sísera; "nata" seria substituída por "coalhada". Conhecida em geral como iogurte, é comumente oferecida pelos árabes de hoje (como leben ou shensan) àqueles que estão cansados, sendo, quase sempre, o único alimento quando um deles está doente. Bebem eles, também, um tipo de leite fermentado que tem qualidades soporíficas, porém, não é necessário pensar-se que este foi o refresco oferecido a Sísera. No caso dele, não havia necessidade de induzir ao sono: este veio natural e imediatamente.
Jael, em seguida, agiu com eficiência insensível. Sísera não sabia que a mulher que o abrigara era membro de uma tribo que mantinha fortes laços com os israelitas, e que ele estava, de fato, na tenda de um inimigo. A destreza de Jael no uso da estaca e do martelo, ou macete de madeira, se explica pelo fato de a ereção e desmonte de tendas ser trabalho feminino. Aproximou-se dele furtivamente e, sem que seu hóspede percebesse, enterrou a estaca em sua têmpora, com alguns golpes rápidos, transfixando-o na terra. Tão violentos foram os golpes que a estaca se cravou na terra. Desse modo, o perseguidor de Israel encontrou morte traiçoeira, mas rápida, nas mãos de uma mulher, sendo ela mesma uma desgraça, às vistas daquela época (cf. 9:54).
 

22. É difícil calcular o lapso de tempo que Baraque demorou para aparecer, perseguindo Sísera. Pode ter sido depois de algumas horas após o capitão do exército cananeu ter aparecido na tenda de Jael. Ele chegou para verificar que a profecia de Débora havia sido cumprida (cf. verso 9) e que a honra principal, a de matar Sísera, não seria dele.
 

4:23, 24. Fim de Jabim. O historiador, ao completar a narrativa em prosa, não faz declarações extremadas. A captura imediata de Hazor não é mais reivindicada do que a de Harosete dos gentios. O que se afirma é que a espinha dorsal da dominação Cananéia foi quebrada, e que os israelitas continuaram a pressionar (a mão dos filhos de Israel prevalecia contra Jabim indica a pressão constante; cf. cada vez mais) até que Jabim e seu reino foram exterminados, processo que pode ter exigido muitos anos.
Já aludimos ao ato de Jael como sendo ato de traição, e não precisamos tentar indultá-Ia, ou minimizar sua ação. Tentamos, isto sim, sentir empatia por um povo oprimido de maneira cruel, a fim de entendermos a reação muito humana de delícia selvagem à morte de seu arqui-inimigo, e a cuidadosa preservação dos horrendos detalhes.
Olhamos para o incidente, no passado, através dos olhos de CRISTO, que nos ensinou a amar a nossos inimigos, orar pelos que nos perseguem, fazer o bem a quem nos odeia, orar por aqueles que nos caluniam, e nos perseguem (Mt 5:44). E se julgarmos que isto seria impossível, isto é, uma exigência impossível para alguém em situação comparável à dos israelitas opressos, lembremo-nos de que CRISTO, que nos deixou um exemplo de paciência, ao suportar o escárnio de um julgamento e morte cruéis, é capaz de transformar nossa reza humana, tão fraca, em Sua própria semelhança, ao habitar o coração.

 

  

O Cântico de Débora (5:1-31)
o cântico de Débora é um dos mais belos exemplos de poder de triunfo, preservado na literatura israelita, havendo acordo geral em que é contemporâneo dos eventos que descreve. É verdade que o poema sofreu, durante o processo de transmissão, conforme indica o grande número de notas marginais; contudo, o hebraico ainda retém a vida, uma ação quase com efeito de "staccato " , e um espírito de pura exultação, que indica participação ou, pelo menos, ter sido testemunha pessoal dos fatos. Sem sombra de dúvidas trata-se de um dos mais antigos elementos de nosso atual livro de Juízes, sendo, pois, de grande importância como testemunha das condições econômicas, sociais, políticas e religiosas desse período. Com toda probabilidade, foi incluído numa das antologias poéticas que existiam no Israel antigo.
Duas destas coleções são mencionadas, especificamente, no Velho Testamento. Em Números 21: 14 há uma referência ao "Livro das Guerras do Senhor" que, presumivelmente, era uma antologia de poemas celebrando vitórias, sempre consideradas como obra do Senhor.
Em Josué 10:13 e 2 Samuel 1:18 menciona-se o "Livro dos Justos". Como se derivou o título é coisa incerta, mas em geral é traduzido "Livro dos Justos", isto é, "Livro das Boas Obras". Sugere-se, também, que "Jashar" (no heb.) é forma abreviada de Israel, ou corrupção da palavra "Cântico".
A autoria do poema também é assunto de conjecturas. O primeiro verso o descreve como um cântico de Débora e de Baraque; contudo, no versículo 12, a ambos se dirige a palavra, diretamente. Este fato não é decisivo, contudo, visto que em outros textos do Antigo Oriente Próximo ocorrem alusões diretas ao autor, pelo nome. O versículo 7, em que Débora fala na primeira pessoa, parece conclusivo, porém, a maioria dos eruditos modernos traduzem o verbo como sendo segundo singular, feminino, o que é possível gramaticalmente. O assunto é destituído de importância; porém, quem melhor do que Débora poderia descrever o evento, passar julgamento nas tribos que não participaram, e expressar louvor ao Senhor, pela Sua intervenção?
Há muitas indicações de apostasia e de lassidão moral, em Juízes; no entanto, a evidência de forte fé em DEUS, a percepção de Seu poder infinito, Seu envolvimento na situação de Israel, e a existência dos laços da aliança, tudo isto pode ser visto no Cântico de Débora, e contribui para remediar a situação.

Estaria completamente fora do escopo desta obra uma explicação aqui, das características da poesia hebraica; no entanto, cabe explicar os principais elementos dela; que são:

 

1. Paralelismo. A unidade da poesia hebraica não é, normalmente o verso simples, mas o verso dobrado, ou duplo, havendo uma curta pausa no fim da primeira linha, e uma pausa maior, no fim dá segunda. Ocasionalmente, usa-se um verso tríplice, ainda como unidade bem definida de poesia. Isto significa que o verso hebraico se baseia no pensamento, nunca no som como no verso tradicional de nossa poesia. O poeta produz um quadro mental que encontra resposta em outro quadro verbal suplementar. O paralelismo toma várias formas, duas das quais aparecem com proeminência no Cântico de Débora. A primeira forma é a do paralelismo sinônimo, ou idêntico, em que o pensamento expresso na primeira linha é reproduzido na segunda, sem variação marcante; apenas as linhas reforçam-se mutuamente. A segunda forma é a do paralelismo em forma de clímax, em que parte da linha anterior é repetida, e em seguida se adiciona novo detalhe, levando em frente o movimento do pensamento. O leitor poderá encontrar exemplos neste poema.

2. Sistema de ritmo ou métrica. Na poesia tradicional ocidental há um equilíbrio cuidadoso no número de sílabas, em cada verso, atingindo-se este equilíbrio com várias combinações possíveis. No hebraico, cada pensamento isolado é expresso numa única palavra, fortemente acentuada, que, com prefixos e sufixos, pode ser equivalente a uma sentença curta. Cada uma destas palavras possui uma sílaba tônica, a qual recebe ênfase particular, sendo determinativa "do acento que recai sobre todas as demais sílabas da palavra. Em mais de metade do Cântico de Débora há três destas palavras, ou cadências de linha, e pouco mais de um quarto do poema emprega uma cadência de quatro tônicas. Ocasionalmente introduzem-se variações como a de cadência de quatro palavras, seguida de cadência de três palavras, ou o contrário. Não existe qualquer sugestão de que o poema tenha sido composto a partir de fontes diferentes; tais variações são uma característica própria da poesia antiga, fato amplamente comprovado pelos textos ugaríticos. O efeito geral deste sistema que, infelizmente, não pode ser reproduzido adequadamente numa tradução, é criar uma impressão de vigor e de movimento.
 

Fez-se referência aos pontos de desigualdade entre os relatos nos capítulos 4 e 5. Incluem a ausência de qualquer menção a Jabim, rei de Hazor, e ao monte Tabor, no capítulo 5; a inclusão de quatro outras tribos, além de Zebulom e Naftali, as duas tribos que são mencionadas no capítulo 4; o local da batalha do capítulo 5, ao sudoeste de Taanaque, e das águas do Megido, e as ligeiras diferenças nos relatos sobre a morte de Sísera. Estas diferenças ocorrem, provavelmente, devido a serem os registros incompletos. É possível, como já observamos, que houvesse dois estágios na campanha: a ação unida da parte das tribos da área de Esdrelon seguiu-se à ação inicial, vitoriosa, das tribos de Zebulom e Naftali. Deve-se lembrar, também, que a linguagem poética nem sempre é precisa; usam-se hipérboles e outras figuras de linguagem para aumentar o efeito. Nossa preocupação com as minúcias históricas não deve nublar nossa apreciação de nenhum relato, desta ou daquela categoria.
 

Antes de começarmos a examinar o poema em si mesmo, chamamos a atenção para a visão, testemunhada aqui, de DEUS e Seu relacionamento com Seu povo. Pensava-se, antigamente, que a religião de Israel evoluiu gradualmente, ao longo de muitos séculos, culminando nas visões dos profetas do oitavo século, Amós, Oséias, Isaías e Miquéias. Dava-se ligeira atenção à literatura que propugnasse ter essa religião surgido bem antes; julgava-se improvável a ideia de que existisse, neste período, um relacionamento baseado na aliança. O Cântico de Débora, que se originou nas últimas décadas do décimo segundo século a.C., é importante por causa de suas alusões incidentais ao relacionamento entre a nação e seu DEUS. Reis e príncipes de nações vizinhas são convidados a considerar a grandeza do DEUS de Israel. O Senhor (observe-se o uso do nome do DEUS da aliança) é mostrado agindo a favor de Seu povo, lutando por ele na guerra, tema este que encontra paralelo no Pentateuco, nos Livros Históricos e nos Salmos. A despeito do espírito de exultação quase selvagem que nele predomina, o escritor está interessado na glória de DEUS. Já existia, neste tempo, claramente, o relacionamento baseado na aliança e, dentro deste relacionamento, as tribos têm responsabilidade umas para com as outras. Aquelas que não atenderam à convocação de Débora foram repreendidas em termos que sugerem forte obrigação moral, e não apenas opção cívica. O ponto principal da censura não é que elas deixaram de vir em socorro das demais tribos, mas que deixaram de ajudar ao próprio Senhor (23), o DEUS da aliança. Há muitas indicações de apostasia e de lassidão moral em Juízes, no entanto, a evidência da forte fé em DEUS, a percepção de seu poder infinito, seu envolvimento na situação de Israel, e a existência dos laços da aliança, tudo isso pode ser visto no Cântico de Débora, e contribui para remediar a situação.

 

5:1, 2. Convite ao Louvor. O versículo de abertura deste capítulo, em prosa, provavelmente foi introduzido pelo editor, quando ele incorporou o Cântico em seu registro sobre os juízes. O título original talvez tenha sido preservado no versículo 2, bendizei ao Senhor, indicando tratar-se de um hino de louvor. O resto do versículo dá a ambientação da época, e registra a resposta espontânea do povo. Tem-se dado considerável atenção à primeira parte do versículo 2 que diz, literalmente, "no rompimento dos rompedores em Israel". (Na ARA: "desde que os chefes se puseram à frente de Israel".) Uma interpretação possível é que se refere à resposta dos governantes do povo, que restaura o paralelismo com a segunda parte do verso. Outra tradução alternativa é: "quando longos cachos de cabelos pendiam soltos em Israel", alusão ao costume de deixar crescer o cabelo (considerado sagrado) durante o período de cumprimento de um voto ao Senhor (cl. Nm 6:15, 18; At 18:18). Era prática dos soldados que partiam para a guerra deixar crescer o cabelo, o que pode sugerir que estavam engajados em guerra santa. Este costume fala de uma dedicação integral e, neste sentido, também restaura o paralelismo do verso, complementando a pronta oferta do povo.

 

5:3-5. A intervenção do Todo-Poderoso. Reis e todas as pessoas de importância (é o sentido de príncipes) são convidados a prestar atenção ao hino de louvor, dirigido ao DEUS de Israel. Outras nações ao redor de Israel temerão e se maravilharão, quando ouvirem falar dos portentosos atos de DEUS em prol de Seu povo. A atribuição de louvor ao Senhor é de grande interesse, visto que parece ligar Sinai, o monte da aliança, com Edom, identificação encontrada em outros lugares, no Velho Testamento (por ex.: Dt 33:2; SI 68:7ss.; Hc 3:3ss.).
Não há, evidentemente, nada de sacrossanto no local tradicional do Sinai, Jebel Musa, na península do Sinai, e tais áreas podem ser relacionadas às peregrinações no deserto. Em linguagem poética, o Cântico liga o livramento atual com a revelação do passado, no Sinai, quando, na cerimônia da aliança, DEUS falou, sendo acompanhado de grande tempestade e, possivelmente, de um grande terremoto. O mesmo DEUS Todo-Poderoso havia saído diante deles nesta ocasião, (no presente), a cantora tenta transmitir algo da infinita grandeza de Seu poder. Aumenta-se a vivacidade e o significado do quadro se aceitar-se que a tempestade terrível, fora do comum, causou consternação e confusão no exército dos cananeus. Toda a criação pareceu enfileirar-se ao lado do exército insignificante e mal equipado dos israelitas.

 

5:6-8. Efeitos da opressão cananita. O tema destes versículos é a condição miserável, empobrecida, de Israel sob o jugo cananita. É surpreendente a conexão dos nomes de Sangar e de Jael. Já estudamos características incomuns do livramento que Sangar trouxe aos israelitas (veja-se 3:31). O ponto parece ser o seguinte: embora ambos vivessem, nenhum deles efetuou um livramento permanente do poder cananita. Várias tentativas foram feitas no sentido de remover o nome de Jael do poema, nenhuma das quais foi satisfatória. Neste período turbulento, as comunicações estavam rompidas. Uma pequena alteração na vocalização permite que estradas (a ARC traz caminhos) se transforme em "caravanas", e isto preserva o verdadeiro sentido do verbo: cessaram as caravanas, isto é, a comercialização tornou-se impossível, e aqueles que precisavam viajar, faziam-no através das rotas menos frequentadas, para evitar serem molestados. A agricultura também era afetada, da mesma forma, pelas depredações dos cananeus; as pequenas vilas sem muros, dos israelitas, não serviam de proteção contra as pilhagens de seus agressivos vizinhos. Esta situação desesperadora persistiu até que Débora levantou-se para efetuar o livramento da nação. O versículo 8 dá-nos um resumo e um julgamento sobre Israel. O povo havia abandonado o Senhor, e escolhido para si novos deuses (cl. Dt 32: 17; Jz 2: 12, 17).

 

Como resultado sobrevieram a guerra, a fraqueza e a servidão. Tem-se levantado uma objeção, segundo a qual a situação imediatamente anterior ao livramento de Débora, era de submissão abjeta a uma tirania cruel, e não de guerra nos portões. Esta objeção tem peso insignificante, porque nestes capítulos nós vemos, não o processo, mas o fim, quando a oposição a Israel é efetivamente esmagada. Eles haviam sido privados de suas armas (cf. 1 Sm 13:22), mas, não é prudente aceitar isto como declaração absoluta. Se o fosse, a batalha de Quisom dificilmente poderia ter sido travada. É provável que o significado da declaração é que estas armas de maneira nenhuma poderiam ser exibidas em público. Quarenta mil pode ser uma indicação dos efetivos recrutáveis, em disponibilidade dentro as tribos, na época. Certamente, o milagre da vitória sobre as hostes bem equipadas de Sísera é magnificado por estes detalhes, como também a completa mudança no moral israelita, como resultado da liderança inspirada de Débora. Estas criaturas abjetas! curvadas sob uma tirania cruel, são os mesmos homens que se atiraram audaciosamente no vale a fim de atacar um exército muitíssimo superior. A fé viva no DEUS vivo faz uma diferença nada menos que sensacional. As palavras de Josué: "Um só homem dentre vós perseguirá a mil, pois o Senhor vosso DEUS é quem peleja por vós" (Js 23: 10), cumpriram-se literalmente nesta ocasião.
 

5:9-11. Convite para testemunhar. O pensamento do versículo 2 é retomado aqui: a campanha não poderia ter sido empreendida sem o apoio dos comandantes; daí a proeminência que lhes é atribuída em todo o poema. As palavras soam naturalmente nos lábios de Débora. A situação transformada é retratada com efeitos dramáticos. O viajante não precisava mais viajar furtivamente por caminhos menos conhecidos: havia liberdade de movimentos, e reuniões tranquilas à beira dos poços, lugar de encontro, óbvio, dos viandantes. A população toda é exortada a unir-se num hino de louvor ao Senhor, pelo grande livramento. Todas as classes deveriam participar: os que cavalgavam jumentas brancas, isto é, os que exerciam autoridade (cl. 10:4; 12:14) tanto quanto seus irmãos menos afortunados, que andavam a pé. A palavra que foi traduzida por juízo, na verdade, significa qualquer coisa que se desdobra, talvez tapetes, ou forros de sela (Juízo é tradução equívoca), o que pode indicar outra classe ainda, um tanto vagamente definida. Talvez se referisse às pessoas que ficam em casa em contraste com as classes dos viajantes. O povo devia reunir-se nos portões (portas, segundo a ARC; lares, segundo a ARA), que eram os lugares tradicionais para julgamento e discussão. Agora, o motivo dessa reunião era o culto de ação de graças.
Dois pontos no versículo 11 precisam de comentário. O sentido da palavra hebraica traduzida por frecheiros na ARC é incerto; provavelmente relaciona-se com algum tipo de músicos (à música dos distribuidores. .. na ARA), talvez aquela classe de músicos perambulantes que tocavam lira. Estes menestréis estavam de volta, em seus lugares costumeiros, com novos cânticos! Outro ponto de interesse diz respeito aos atos de justiça do Senhor; o verso 7 refere-se aos camponeses, que formaram o grosso das tropas, mediante quem o Senhor produziu atos de justiça. Glória a DEUS, a quem a devemos, o reconhecimento aos participantes humildes, que não devem ser esquecidos. 
 

5:12-18. Chamada das tribos. Traça-se, nesta seção, a imediata resposta de muitas das tribos, inspiradas no exemplo de seus líderes; a ausência de outras, contudo, torna-se mais repreensível, à luz deste apoio espontâneo. A fala direta a Débora não é, necessariamente, incompatível com a ideia de que ela seja a autora do poema. Antes que as tribos pudessem ser motivadas à ação, ela própria, mediante a palavra do Senhor (4:6), deveria ser acordada de sua apática aceitação das circunstâncias más. De modo semelhante, Baraque, que lutou valorosamente, exercendo uma liderança tão extraordinária, precisava ser sacudido, e arrancado de sua covarde aceitação do domínio cananita. Antes de as massas populares serem reavivadas, era preciso galvanizar os corações daqueles que tinham qualidades de liderança. O versículo 13 observa a resposta geral do povo à convocação, resposta esta das tribos relacionadas nos versículos seguintes:
Então desceu o restante dos nobres, o povo do Senhor em meu auxílio contra os poderosos. A reação foi magnífica; no entanto, os efeitos de vinte anos de opressão cruel foram de tal ordem, que o número dos atendentes foi pateticamente baixo, apenas uma fração do potencial humano disponível, nos dias da supremacia israelita.
 

14. A primeira parte deste versículo diz, literalmente: "De Efraim, sua raiz em Amaleque", que tem o significado óbvio de: "De Efraim, cujas raízes estão na antiga região de Amaleque." A referência a Amaleque é surpreendente. Alguns afirmam que se trata de um grupo seminômade de amalequitas (como o dos queneus), que se estabelecera entre os efraimitas (como o fez Héber, o queneu), um pouco mais longe, ao norte. Visto que os amalequitas eram inimigos de morte de Israel (veja-se  3: 13), esta alternativa é pouco provável.
 

Não mais aceitável é a sugestão de que Efraim ocupava a área que antigamente era ocupada pelos amalequitas, porque não há evidências de que este grupo penetrasse tanto, ao norte. Uma ligeira correção faz a linha adquirir sentido, e preserva a unidade de pensamento nos versículos 13-15, "de Efraim, eles desceram ao vale". O quadro geral é de uma descida precipitada dos israelitas, ao vale, para engajar-se na luta contra Sísera, com Benjamim na liderança, seguido de Efraim.
Maquir, Zebulom e Issacar. Maquir refere-se normalmente ao estabelecimento da meia-tribo de Manassés na direção este do Jordão; contudo, aqui, refere-se mais naturalmente à seção oeste. O território das seis tribos aliadas daria uma ideia do alcance das depredações dos cananeus.
É digno de nota o fato de os Benjamitas terem primazia, e já se fez referência à sua bravura na batalha (vejam-se 3:15-22;  20:12-17). Comparando-se o verso 14 com Oséias 5:8, temos a sugestão de que seu grito de guerra expressaria sua ascendência: seguiu Benjamim com seus povos. Naftali não é mencionado senão no verso 18 onde, em conjunto com Zebulom, recebe lugar especial de honra, no relato.
 

15b-17. Entretanto, se houve pronto reconhecimento das tribos participantes, houve também severa repreensão àquelas que colocaram sua própria segurança antes das queixas de seus irmãos. As quatro tribos mencionadas tinham suas porções tribais bem longe do campo de batalha e não eram, talvez, afetadas diretamente pela opressão cananita; entretanto, fica bem claro que o apelo para ajuda caiu em ouvidos moucos, porque nem mesmo uma força simbólica foi enviada. As circunstâncias destas tribos podem ter-lhes tornado impossível atender ao apelo de seus agoniados irmãos. A referência a Dã sugere que esta tribo ainda não havia migrado para o norte; se isto for verdadeiro, a tribo provavelmente já estava sofrendo pressão da parte dos amorreus, e dos "povos do mar", que finalmente tornaram inviável àquela tribo tomar posse de suas terras (veja-se 1:34, 35). Os apertos de Aser estão anotados em 1:31,32. Concernente a Rúben e Gileade, duas tribos cujas possessões estavam na Transjordânia, sabe-se muito pouco, a não ser que esta área era sujeita a invasões de moabitas e amonitas. A crítica daqueles que não vêm em nosso socorro, em época de aflição, pode, às vezes, ser uma condenação de nossa própria falta de vivacidade em socorrer nossos irmãos.
 

Antes de terminarmos esta seção, observe-se mais uma vez que este apelo às quatro tribos, não direta e imediatamente afetadas, atestam fortemente a unidade essencial das tribos. Somente Judá e Simeão deixam de ser mencionadas. A grande distância geográfica ficou acentuada por fatores políticos, notadamente a barreira causada por uma Jerusalém não submetida, e outras cidades na fronteira norte, ainda não conquistadas, além, possivelmente, da pressão exercida pelos filisteus, pelo lado oeste.
 

5:19-22. A derrota dos cananeus. O decurso da batalha foi discutido com minúcias, no capítulo 4, não sendo necessária uma repetição. Os exércitos conjugados dos reis das cidades-estados cananitas enfrentaram as forças da natureza, convocadas por ordem do DEUS de Israel. A violenta tempestade e a turbulência do Quisom, bastante aumentado, foram os responsáveis diretos pela vitória; nesta seção os galantes dez mil israelitas não recebem menção. Os reis cananeus chegaram de olho no saque após a batalha (19), porém fugiram de mãos vazias, confiados na velocidade de seus rápidos cavalos (22), que demonstraram serem incapazes de salvá-Ios.
As tropas moviam-se na direção do oeste, os israelitas perseguindo os cananeus em retirada, porém, o momento decisivo ocorreu em Taanaque, junto às águas de Megido. Tem sido sugerido que Megido e Taanaque, tendo apenas 7 quilômetros entre si, estavam demasiado próximas para florescerem ao mesmo tempo, e que a referência no verso 19 implica em que Megido não fora ocupada nesta ocasião particular. As pesquisas arqueológicas indicam que Megido (Estrato VII) foi destruída no período de 1150-1125 a.C., o que permite datar-se a vitória de Débora em cerca de 1125 a.C"
 

21. Um grito breve, exultante, de vitória, sublinha esta vívida descrição da aniquilação de um exército. Avante, ó minha alma, firme!
Esta tradução é mais precisa do que a da ARC: "Pisaste; ó minha alma, a força."

 

  

 

5:23-27. Traição e patriotismo. A traição de Meroz contrasta deliberadamente com a ação patriótica de Jael. Lançou-se sobre Meroz uma maldição amarga, por sua negação de apoio, não simplesmente ao exército israelita, mas ao próprio Senhor. Meroz pode ser a moderna Quirbete Maurus, a 10 quilômetros ao sul de Cades-Naftali. Independentemente de esta identificação ser aceita ou não, torna-se claro que Meroz demonstrou ser uma notável exceção à reação imediata das outras tribos. Muito provavelmente, situava-se na área diretamente afetada (ao contrário das demais quatro tribos, cujas reprimendas são suaves, em comparação); portanto, a falta de participação covarde, talvez por medo de represálias, mereceu repreensão maior. Jael, por outro lado, não mostrou nenhuma hesitação em assassinar a sangue frio o principal inimigo dos israelitas, desconsiderando as possíveis consequências. A aparente ação de generosidade, de oferecer a Sísera coalhada ao invés de leite, induzindo-o, assim, a um falso sentimento de segurança, foi o prelúdio de um ato que, como foi observado, quebrou todos os padrões aceitos de hospitalidade. Cada minúcia é descrita com prazer, havendo desaparecido os sentimentos mais nobres, substituídos pela delícia selvagem trazida pela morte de Sísera. A repetição, no relato poético, mais a incerteza na tradução de vários verbos, nesta descrição, explica a maior parte das diferenças entre este relato e aquele em prosa.
 

5:28-30: A cena na casa de Sísera. Há, igualmente, uma nota dramática e vingativa, nesta delineação da apreensão da mãe de Sísera. Pode ser que a atenção devotada a Jael e às condições emocionais de uma mãe indiquem autoria feminina. Se assim for, a exultação selvagem nos detalhes horrendos e cruéis ilustra o pensamento semi-humorístico de Rudyard Kipling de que "a fêmea de qualquer espécie é mais mortífera do que o macho"! Desconsiderando este elemento, a descrição é vívida e movimentada. A demora no regresso do ente amado é sublinhada por uma pergunta, uma incerteza agoniante: "Por que tarda em vir o seu carro?". Com olhar aflito, a mãe de Sísera permanece à janela, aguardando a carruagem, ou o ruído reconfortante dos cascos dos cavalos. O autor do poema sabe que Sísera jamais retomará; contudo, a imaginação fornece uma explicação plausível que poderia ter sido aventada pelos participantes, e pela mãe de Sísera mesma. O capitão das hostes deve superintender a divisão do saque, de modo que a demora sugere um espólio riquíssimo. O tratamento maldoso que aguardava as mulheres de um exército derrotado é mencionado sem que haja qualquer agulhada na consciência, nem piedade. A palavra traduzida por damas é desdenhosa. Noutros lugares, no Velho Testamento, tem o sentido de "útero", e na pedra moabita significa "moças escravas", O equivalente mais próximo, em português, seria "meretriz"; é claro que estas jovens cativas infelizes seriam usadas para identificar a luxúria de seus captores. A guerra é portadora de muitos efeitos vis. Mas, a mãe de Sísera estaria muito mais interessada na capa ricamente bordada, a cores, que seria uma das principais indicações da riqueza e posição, reservada para um oficial comandante; em sua imaginação, ela antecipa o uso que faria dessa capa. Neste ponto termina o poema, deixando à imaginação o pensamento de que, ao invés de estofos de várias cores de bordados, haveria saco e cinzas de tristeza.
 

5:.31. Coro final. Muitos eruditos consideram este versículo como adição litúrgica ao Cântico, expressando os sentimentos de uma época posterior, e com paralelos distintos nos salmos (cf. SI 68:2b, 3). Pode-se objetar que se este versículo é eliminado, o cântico fica sem uma conclusão lógica. O escritor está interessado em enfatizar a intervenção do Senhor a favor de Seu povo, sendo o corolário inevitável disto, que aqueles que se Lhe opõem devem perecer; contudo, aqueles que O amam e cooperam com Ele devem prosperar. 

 

 

Resumo Contextualizado para nossos dias.

 

MULHERES

A Bíblia revela a influência de muitas mulheres na sociedade israelita e na sociedade gentílica. Vejamos:

1.1-A Bíblia diz em Jz.4.4, que Débora julgava a Israel naquele tempo. Débora, além de juíza e profetiza, possuía uma influência política tão grande na sociedade israelita, que, até Baraque, o general do exército lhe prestava continência e dependia de suas orientações (Jz.4.6-9).
1.2- Em 1 Rs.1.11-31, a influência de Bate-Seba foi um fator importante para a escolha de Salomão como o sucessor de Davi.
1.3- Em 2 Cr.34.19-28, a Bíblia mostra a grande influência da profetiza Hulda no reinado de Josias.
1.4- Em Et.5.1-3 e 7.1-10, a influência de Éster no palácio do rei Assuero foi um fator determinante para a queda do primeiro ministro de Assuero, e o livramento do povo judeu.
1.5- Em At.17.4, a Bíblia cita muitas mulheres distintas e influentes na sociedade de Tessalônica que se tornaram cristãs.
1.6- Em At.17.12, a Bíblia cita muitas mulheres gregas de alta posição e influentes na sociedade Bereana que se tornaram cristãs.

 

MULHERES DO ANTIGO TESTAMENTO

A- Eva – A mulher Curiosa _ Gn.3.6
B- Sara – A mulher submissa e fiel – Gn.16.13
C- Rebeca – A Esposa esperada – Gn.24.1-67
D- Raquel – A pastora (Gn.29.9).
E- Hagar – A mulher desprezada – Gn.21.14-19
F- Miriã – A mulher que louva ao Senhor0 – Ex.15.20-21
G- Raabe – A mulher regenerada – Js.2.1-21; Mt.1.5 e Hb.11.31
H- Rute – A mulher constante – Rt.1.16
I- Ana – A mulher de oração – 1 Sm.1.10-11
J- Abigail – A mulher sábia – 1 Sm.25.3,18,19
L- Dalila – A mulher mercenária – Jz.16.4-5
M- Jezabel – A mulher má – 1 Rs.19.1-3
N- Atália – A mulher assassina – 2 Rs.11.1-3
O- Sunamita – A mulher hospitaleira – 2 Rs.4.8-10
P- Éster – A mulher patriota – Et.4.16

 

MULHERES DO NOVO TESTAMENTO

A- Maria – A mulher bem-aventurada – Lc.1.30-38
B- Isabel – A mulher humilde – Lc.1.43
C- Madalena – A mulher transformada – Lc.8.1-3
D- Marta – A mulher doméstica – Lc.10.40
E- Maria de Betânia – A mulher espiritual – Lc.10.42
F- A Cananéia – A mulher de fé e perseverança – Mt.15.28
G- A Samaritana – A mulher evangelista – Jo.4.29
H- Dorcas – A mulher industriosa – At.9.36
I- Lídia – A mulher comerciante – At.16.14-15
J- Priscila – A Esposa que compreende o ministério do marido – Rm.16.3-4
L- Lóide – A avó que incentiva a fé do neto – 2 Tm.1.5
M- Eunice – A mãe que compreende a chamada do filho – 2 Tm.1.5

 

 

 

Tabela

Descrição gerada automaticamente

 

 

Débora era grande líder do povo de Israel. 

A palavra "Débora" significa "abelha". Na cultura do Egito, a abelha era símbolo do poder dos reis. 

Nos capítulos 4 e 5 de Juízes, Débora demonstra que é a mulher adequada para todas as circunstâncias. É piedosa, sábia, confiante, talentosa, trabalhadora, administradora, corajosa, positiva, otimista, profetisa (4.4-5), patriota (4.6-14), poetisa (capítulo 5), além de juíza, estadista, e até estrategista militar. 

Ela era chamada de "Mãe de Israel". Que mulher formidável! Parece impossível que uma só mulher reunisse tantas boas qualidades. Débora é, sem dúvida, uma das grandes mulheres da Bíblia. E ela, como todas as grandes mulheres, fez uma diferença no mundo dela. Débora apareceu num momento muito difícil em Israel e colocou sua vida nas mãos de DEUS. Através dela, DEUS realizou uma grande obra.
 

Vamos ver algumas características de Débora, uma vida nas mãos de DEUS:
1 - ACEITA OS DESAFIOS QUE DEUS COLOCA À SUA FRENTE (vs. 1-4)
Uma vez estabelecido na Terra Prometida, o povo de Israel havia se comprometido a ser fiel e servir exclusivamente ao Senhor (Josué 24.16-21). Mas não cumpriu a promessa a DEUS. Acabou esquecendo por completo do voto que havia tomado. Cada um começou a fazer o que era direito aos seus próprios olhos (Juízes 21.25 e outros textos). No livro de Juízes encontramos cinco fases em um círculo vicioso que se repetia várias vezes:
(1) Pecado e apostasia - O povo pecou contra DEUS, adorando deuses falsos, esquecendo-se do DEUS verdadeiro.
(2) Opressão e castigo - Veio o castigo de DEUS sobre o povo através da opressão de inimigos.
(3) Arrependimento e apelo a DEUS - A terceira fase foi quando o povo apelou a DEUS e confessou seus pecados.
(4) Livramento - Veio o livramento da mão opressora do inimigo poderoso. 

(5) Paz: O povo gozou de alguns anos de paz.
 

Podemos ver estas fases na época de Débora, que aceitou o desafio de liderar o esforço para dar liberdade ao seu povo. (As primeiras três fases estão aqui nos versículos 1 a 3.) Não sabemos muita coisa sobre o lar de Débora, a não ser que era esposa de Lapidote. Mas é difícil entender como ela conseguiu ser esposa, mãe, conselheira, juíza, mediadora, profetisa, e grande líder do povo naquela época quando às mulheres quase não eram dadas oportunidades de liderança. A única explicação é que ela colocou a sua vida nas mãos de DEUS e buscava sempre a orientação de DEUS para sua vida e para o povo. E ela aceitou os desafios que DEUS colocou à sua frente, dedicando-se de corpo e alma à solução dos problemas de seu país e de seu povo.
Aceite os desafios que DEUS coloca à sua frente. Seja uma vida nas mãos de DEUS!
 

2 - SABE DIVIDIR TAREFAS (vs. 6-10)
Humanamente falando, não havia solução para a situação desastrosa em que se encontrava o povo de Israel. O inimigo o dominava e o escravizava. Como seria difícil para um homem e líder do povo acreditar na palavra de uma mulher. Mas Baraque acreditou em Débora porque ela era uma grande e santa mulher de DEUS, e tinha a confiança do povo. Baraque sabia que DEUS estava com ela, apesar de parecer impossível derrotar o vasto e bem equipado exército do inimigo. E ele insistiu que Débora o acompanhasse junto com seu exército. Observem nos versículos 7 a 10 que ela não hesitou ou apresentou desculpas, mas foi.
Veja a descrição do exército do inimigo em comparação com o pequeno exército de Débora e Baraque (v. 13). Entre os dez mil de Israel, ela era a única mulher e uma espécie de comandante chefe do exército, enquanto Baraque era o seu general. E aquele exército caminhou quase cinquenta quilômetros através das montanhas, com Débora acompanhando-o passo a passo. Débora soube incentivar os outros a fazerem a sua parte. Ela soube dividir as tarefas e as honras, e dar todo o crédito a DEUS. Ela fez o que pôde, e DEUS fez o resto. DEUS quer que você e eu façamos assim.
Diante de tão grandes desafios no dia de hoje, você está pronta para fazer a sua parte?
 

3 - DEMONSTRA FÉ EM DEUS E LEVA O POVO A SEGUÍ-LO E A OBEDECÊ-LO (v. 14)
Débora demonstrou uma grande fé em DEUS. 

Débora  não inventou desculpa nenhuma. Ela não sabia como DEUS iria agir para derrotar o inimigo e livrar o seu povo, mas tinha plena fé e confiança nEle.
As forças da natureza, controladas por DEUS, foram importantes armas contra o inimigo (4.15-16). Débora cantou: "Desde os céus pelejaram as estrelas; desde as suas órbitas pelejaram contra Sísera" (5.20).
Veio a vitória! E conforme Juízes 4.16,23-24, o poder do inimigo foi totalmente destruído. Nunca mais os inimigos daquela terra conseguiram derrotar o povo de DEUS. DEUS quer agir em situações que parecem impossíveis aos homens para demonstrar o Seu poder. Será que o seu DEUS é pequeno demais para os desafios que você enfrenta? Tenha fé. Obedeça e siga a orientação de DEUS! E você também terá a vitória que DEUS quer lhe dar.
 

4 - LOUVA A DEUS (5.2-3, 9, 31)
Num momento decisivo, Débora foi a líder que inspirou o povo e o conduziu à vitória. 

E deu toda a glória e honra a DEUS. 

Ela louvou a DEUS e levou o povo a celebrar a vitória que DEUS lhe havia dado. 

Num alegre cântico poético (capítulo 5), Débora louvou a DEUS pelos seus feitos e foi grata por tudo que DEUS fez. (ver vs. 2, 3, 9 e 31.) 

Ela louvou a DEUS pela Sua majestade, verdade, caráter, e poder.
 

CONCLUSÃO
Débora foi a única mulher da Bíblia que DEUS escolheu para ser a líder nacional de Seu povo. 

Débora fez uma grande diferença no mundo que a cercava. 

Débora soube aceitar os desafios que DEUS colocou em sua vida, soube dividir tarefas, demonstrou muita fé e levou o povo a seguir e a obedecer a DEUS, e louvou a DEUS continuamente. 

Débora estava pronta a se arriscar para cumprir a vontade de DEUS. 

Débora verdadeiramente representava a mulher que diariamente coloca a sua vida nas mãos de DEUS e desenvolve todo o seu potencial. 

 

 

COMENTÁRIO RESUMO DA REVISTA DA CPAD. 3º TRIMESTRE DE 2007 - Comentarista: Pr. Eliezer de Lira e Silva

 

 

 

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            FIGURA DE ENOMIR - ANANINDEUA - PA

 

 

INTERAÇÃO:

Professor, a palavra-chave desta lição é "coragem". Você sabe o que significa essa virtude? No Novo Testamento, coragem, do grego "tolmao", significa "ser corajoso", "ser ousado" ou "ser audacioso". A ênfase está na capacidade de manter-se firme e resoluto diante de uma situação perigosa. Um dos usos do termo descreve a coragem de José de Arimatéia (Mc 15.43) e a de Paulo ao manter suas convicções em situações de conflito (2 Co 10.2).

Ensine aos alunos que o crente corajoso mantém o seu testemunho cristão diante das ameaças mundanas (At 5.13).

 

OBJETIVOS: Após esta aula, seu aluno deverá estar apto a:

Explicar o contexto histórico-religioso do tempo dos juízes.

Descrever as virtudes morais de Débora.

Exercitar princípios de liderança.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA:

Professor, a fim de ressaltarmos a coragem e bravura da personagem principal desta lição, Débora, releia os capítulos 4 e 5 de Juízes. Agora, anote os pontos geográficos relacionados à batalha citados no texto: Quedes, monte Tabor, Harosete-Hagoim, etc... Leia um pouco mais a respeito dessas regiões em uma obra de geografia ou enciclopédia bíblica. Releia a lição e faça um paralelo entre a história narrada e os pontos geográficos destacados. Descreva a vitória de Débora com todos os subsídios geográficos que você estudou. Use o mapa abaixo para incrementar a lição. Lembre-se de que os juízes eram também líderes militares.

 

 

 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO: Subsídio Teológico "Coragem"

No NT existem três raízes diferentes de palavras que transmitem a ideia de coragem. O verbo "tolmao" contém um elemento de ousadia, de um ato que se coloca acima do medo (Mc 12.34; 15.43; At 7.32; Rm 5.7; 2 Co 11.21; Fp 1.14). A segunda, "tharréo", denota confiança e esperança em DEUS (2 Co 5.6,8; Hb 13.6), confiança nos homens (2 Co 7.16) e coragem nas relações humanas (2 Co 10.1,2). A terceira palavra, "parresia", entretanto, caracteriza, de forma surpreendente, os cristãos primitivos. Ela tem a conotação de falar livre e corajosamente, e traz consigo a antiga tradição ateniense de um discurso democrático e desembaraçado. Os discípulos seguiram o exemplo de seu Mestre, que falava aberta (Jo 7.26) e claramente (Mc 8.32; Jo 11.14). Em numerosas ocasiões, os apóstolos mostraram grande coragem ao falar perante seus oponentes (At 4.13,29; 9.27; 13.46; 14.3; 28.31). Essa coragem é atribuída à presença do ESPÍRITO SANTO, que enchia a vida de cada um deles (At 4.31). Paulo dá testemunho de sua própria coragem ao pregar e ensinar o Evangelho a seus convertidos (1 Ts 2.2; 2 Co 3.12; Fm 8). Entretanto, ele às vezes sentia a necessidade de orar para poder continuar falando corajosamente a respeito do Senhor (Ef 6.19s)." (PFEIFFER, C. F. Dicionário bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 454.)

 

  APLICAÇÃO PESSOAL A Palavra de DEUS habita em corações corajosos! A coragem e a fé se complementam. Quem não crê não é capaz de atos de coragem. A incredulidade impede o crente de agir corajosamente. Mas o que crê age com coragem! A fé em DEUS e nas promessas da Palavra do Senhor estimulam a coragem que suscita atos heroicos. Fé e destemor acompanham a trajetória não apenas dos heróis bíblicos, mas também do incontável número de heroínas e heróis anônimos por todo o mundo. Fé e coragem estimularam os trezentos homens de Gideão. Fé e coragem têm sustentado, diante da morte, o testemunho de muitos missionários cristãos. Fé envolve confiança ilimitada no poder de DEUS, mas a coragem, a nossa decisão em dar o primeiro passo.

    

   

 

Ajuda -

www.cpad.com.br - Bíblias, Livros e Revistas - 

Bíblia Ilúmina. - Bíblia Thompson - BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal (CPAD)

www.escoladominical.com.br

www.ebdweb.com.br 

Thompson Bíblia em CD

 http://www.sermao.com.br/

Juízes e Rute, Introdução e comentário - Arthur E. Cundall e Leon Morris, Série Cultura Bíblica,

Sociedade religiosa Edições Vida e Associação Religiosa Editora Mundo Cristão - SP

 

   

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Juízes 4:17-24 - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT

Sísera Foge e É Morto por Jael, Mulher do Queneu Héber

 

Vemos o exército dos cananeus totalmente aniquilado. Lemos (a derrota desse exército é vista como um exemplo do que Deus fez em épocas posteriores, Salmos 88.9,10) que eles vieram a servir de estrume para a terra. Temos aqui:

I

 A queda do seu general, Sísera, capitão do exército, em quem, possivelmente, Jabim, seu rei, depositou sua completa confiança e, portanto, não estava presente na ação. Vamos traçar os passos da queda desse homem poderoso.

1. Ele abandonou seu carro e fugiu a pé (vv. 15,17). Seus carros tinham sido seu orgulho e confiança; e podemos supor que ele tinha, portanto, desprezado e afrontado os exércitos do Deus vivo, porque estes estavam todos a pé e não tinham nem carro nem cavalo, como ele tinha. Portanto, de maneira legítima, ele é humilhado em relação à sua confiança e forçado a abandoná-lo, e acha que está mais seguro ao descer do seu carro, embora possamos supor que tenha sido o melhor de todos os carros. As pessoas que confiam na criatura acabam desapontadas; é semelhante a uma cana quebrada, que não só quebrará debaixo deles, mas entrará pela mão, a furará e causará muita tristeza (veja Is 36.6). O ídolo pode rapidamente se tornar um peso (Is 46.1), e aquilo que tanto nos atiçava pode nos saturar. Sísera parece tão miserável agora que está desmontado. É difícil dizer se estava mais envergonhado ou mais trêmulo. Não coloque sua confiança em príncipes, porque eles podem rapidamente ser colocados numa posição semelhante à de Sísera, esse homem que há pouco confiava em suas armas com tanta segurança e que agora não tem em quem confiar.

2. Ele fugiu buscando abrigo nas tendas dos queneus, não tendo um lugar seguro para se refugiar. Talvez tivesse desprezado e ridicularizado anteriormente a maneira de vida humilde e solitária dos queneus, ainda mais porque a religião foi conservada no meio deles; mas agora ele está feliz em colocar-se debaixo da proteção de uma dessas tendas. Ele escolhe a tenda ou canto de uma mulher, talvez para parecer menos suspeito ou porque era a tenda que estava mais próxima na sua fuga (v. 17). O que o encorajou a ir para lá era que nessa época havia paz entre seu mestre e a casa de Héber: não que houvesse qualquer aliança (ofensiva ou defensiva) entre eles, somente que naquele momento não havia indicações de hostilidade. Jabim não lhes causava mal, não os oprimia como fazia com os israelitas. A sua maneira de viver simples, quieta e inofensiva não os tornava suspeitos ou temidos. Talvez Deus permitiu que fosse dessa forma como recompensa pela sua lealdade à verdadeira religião. Por isso, Sísera achava que estaria seguro no meio deles; não considerando que, embora não estivessem sofrendo debaixo do poder de Jabim, eles se compadeciam de todo coração com o Israel de Deus por causa do sofrimento deles.

3. Jael convidou Sísera para entrar e o cumprimentou. Provavelmente, ela estava parada à porta da tenda, para receber notícias do exército e do sucesso da batalha que estava ocorrendo não longe dali. (1) Ela o convidou para entrar. Talvez ela estivesse esperando uma oportunidade para mostrar bondade a qualquer israelita aflito, se houvesse oportunidade para tal; mas ao ver Sísera vindo apressadamente, ofegante, ela o convidou para repousar na sua tenda, na qual, enquanto ela parecia propor-se a aliviar sua fadiga, talvez ela realmente tencionasse atrasar sua fuga, para que pudesse cair nas mãos de Baraque, que estava agora à caça dele (v. 18). Pode ser questionado se ela num primeiro momento teve um plano de tirar a vida dele, ou se Deus, mais tarde, colocou esse plano em seu coração. (2) Ela o tratou com muito carinho e parecia estar muito interessado em ajudá-lo, como seu hóspede convidado. Como ele estava muito cansado, ela encontrou um lugar conveniente para que ele pudesse descansar e recuperar suas forças. Como Sísera estava com sede, ela lhe oferece leite, a melhor bebida que a sua tenda podia oferecer (v. 19). Podemos supor que ele o bebeu entusiasticamente e, sendo revigorado com ele, estava pronto para dormir. Será que ele estava com frio ou com receio de pegar um resfriado, ou ele desejava se esconder dos perseguidores que poderiam revistar aquela tenda? De qualquer forma ela o cobriu com uma coberta (v. 18). Todas essas ações são expressões de cuidado pela sua segurança. Somente quando ele pediu para Jael contar uma mentira acerca dele, dizendo que ele não estava lá, ela não lhe deu resposta (v. 20). Não devemos pecar contra Deus, nem para favorecer aqueles por quem gostaríamos mostrar favor. Por último, devemos supor que ela procurou manter a sua tenda livre de barulho, para que ele pudesse adormecer o mais rapidamente possível. Na verdade, Sísera estava menos seguro quando estava mais seguro. Quão incerta e precária é a vida humana! Qual é a garantia que podemos ter dela, quando pode tão facilmente ser traída por aqueles a quem a confiamos? Qual é a segurança da vida se aqueles que esperávamos que agissem como protetores dela acabam destruindo-a? É melhor ter Deus como amigo, porque Ele não nos enganará.

4. Quando ele estava dormindo profundamente ela atravessou uma estaca comprida nas têmporas dele, prendendo sua cabeça na terra, e o matou (v. 21). E, embora o serviço estivesse terminado, para assegurar-se do seu trabalho (se formos fiéis à tradução, 5.26), ela cortou sua cabeça e a deixou ali presa ao chão. Se tinha planejado isso ou não quando o convidou para entrar na sua tenda não está claro. Provavelmente, esse pensamento ocorreu a ela quando o viu deitado tão convenientemente para receber um golpe fatal; e, sem dúvida, existe evidência suficiente para assegurar que esse pensamento não veio de Satanás, como matador e destruidor, mas de Deus, como um juiz justo e vingador. Ela teve a percepção de que isso honraria a Deus e traria libertação a Israel. Não havia nela a escuridão da malícia, ódio ou vingança pessoal. (1) Foi o poder divino que a capacitou a fazê-lo e a inspirou com uma coragem varonil. E se a sua mão tremesse, e se errasse o golpe? O que aconteceria se ele acordasse quando ela estava prestes a fazê-lo? Ou, suponha que alguns dos seus próprios serventes o seguissem e a surpreendessem no ato, quão caro seria o preço que ela e todos os seus pagariam por isso? No entanto, obtendo a ajuda de Deus, ela o fez com eficácia. (2) Foi uma ordem divina que a inocentou para fazê-lo; consequentemente, visto que nenhuma comissão tão extraordinária como essa pode agora ser aspirada, esse ato não deve ser imitado sob hipótese alguma. As leis de amizade e hospitalidade devem ser observadas religiosamente, e devemos abominar o pensamento de trair alguém que convidamos e encorajamos para colocar sua confiança em nós. E, em relação a esse ato de Jael (semelhante ao de Eúde no capítulo anterior), temos motivos para pensar que ela estava consciente de um impulso divino sobre o seu espírito para fazê-lo, que a satisfez plenamente (e deveria, portanto, satisfazer a nós) de que tinha sido bem-feito. O instrumento da execução foi uma estaca da tenda, isto é, um grande pino ou cravo, com o qual a tenda era fixada. Pelo fato de removerem as tendas com frequência, ela estava acostumada a cravar essas estacas e, portanto, soube como fazê-lo com toda habilidade nessa grande ocasião. Aquele que tinha a intenção de destruir Israel com seus muitos carros de ferro é destruído com uma estaca de ferro. Assim, as coisas fracas deste mundo confundem as fortes (veja 1 Co 1.17). Observe aqui a glória de Jael e a vergonha de Sísera. [1] Esse grande comandante morre em seu profundo sono e cansaço. Ficamos impressionados por que ele não se mexeu ou oferecesse algum tipo de resistência. Na verdade, ele estava tão preso às correntes do sono que não conseguiu movimentar suas mãos. Assim, os que são ousados de coração são despojados à tua repreensão, ó Deus de Jacó... Eles são lançados num sono profundo e assim são preparados para dormir seu sono derradeiro (Sl 76.5,6). Que o forte não se glories na sua força; porque no seu sono onde fica a sua força? Ela é frágil e ele nada pode fazer; uma criança pode insultá-lo e roubar a vida dele; no entanto, quando não dorme, ele logo está exausto e fatigado e não pode fazer coisa alguma. Essas palavras estando ele já cansado (v. 21) não são encontradas dessa forma nas outras versões antigas. As versões siríaca e arábica trazem: ele debateu-se (ou fez um movimento brusco, como costumamos dizer) e morreu. A versão caldaica traz: Exagitans sese mortuus est. Ele desfaleceu e morreu. A LXX diz: Ele foi obscurecido e morreu. O latim comum traz: consocians morte soporem, unindo o sono e a morte, reconhecendo que eles são tão parecidos. Ele desfaleceu e morreu. [2] Ele morre com sua cabeça cravada ao solo, um símbolo da sua inclinação terrena. O curve in terram animæ! Sua orelha (diz o bispo Hall) estava presa à terra, como se seu corpo estivesse ouvindo o que tinha acontecido com a sua alma. [3] Ele morre pela mão de uma mulher. Isso aumentava sua vergonha diante dos homens; e se tivesse tomado conhecimento desse fato, como ocorreu com Abimeleque (Jz 9.54), podemos imaginar quanto maior seria a sua vergonha.

II

 A glória e alegria de Israel.

1. Baraque, seu líder, encontra seu inimigo morto (v. 22) e, sem dúvida, ele estava muito satisfeito em ver o “serviço” tão bem-feito, para a glória de Deus e para a perplexidade e vergonha dos seus inimigos. Se Baraque tivesse pensado somente na sua própria honra, teria ficado ressentido e consideraria uma afronta ver o general morto por qualquer outra mão senão a sua. Mas agora ele deve ter se lembrado que essa diminuição da sua honra, para a qual ele tinha sido sentenciado, ocorreu pelo fato de insistir na presença da Débora com ele (à mão de uma mulher o SENHOR venderá a Sísera). Dificilmente alguém poderia imaginar que a predição se cumpriria dessa forma.

2. Israel é completamente liberto das mãos de Jabim, rei de Canaã (vv. 23,24). Eles não somente se livraram do seu jugo nesse dia de vitória, mas, posteriormente, deram continuidade à guerra contra ele, até que o destruíram completamente. Ele e sua nação tinham sido entregues à ruína por decreto divino e não deveriam ser poupados. Os israelitas, tendo sofrido por causa da sua piedade tola por não o ter feito antes, percebem agora que está no seu poder não os tolerar mais, mas livrar-se completamente deles, como um povo a quem mostrar misericórdia era contra o próprio interesse deles, bem como contra a ordem divina. Provavelmente para lembrá-los da sentença sob a qual estavam, esse inimigo é citado três vezes nestes dois últimos versículos. Ele é chamado de rei de Canaã e, como tal, precisava ser destruído. Ele foi destruído de forma tão cabal que não me lembro ler a respeito de reis de Canaã depois desse episódio. Os filhos de Israel teriam evitado muita dor e tristeza, se tivessem destruído os cananeus mais cedo, como Deus lhes tinha ordenado e capacitado. Mas, é melhor ser sábio tarde, e adquirir sabedoria por experiência, do que nunca ser sábio.

  

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Comentário Bíblico Moody

4) O Fim da Opressão de Jabim e Sísera por Intermédio de Débora e Balaque. 4:1- 5:31.

Juízes 4

4:1. Os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau perante o Senhor, depois de falecer Eúde. Durante a vida de Eúde, Israel permaneceu fiel ao Senhor. Depois, contudo, uma nova explosão de idolatria introduziu outro período de opressão.

2. Entregou-os o Senhor nas mãos de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor. As opressões anteriores vieram de fora da terra de Canaã. Jabim, contudo, um líder cananeu, comandou uma insurreição contra os israelitas, os quais, sob a liderança de Josué, os tinham desapossado. Hazor era o forte mais importante em Canaã setentrional. Sísera era o comandante do seu exército, o qual então habitava em Harosete-Hagoim. A casa de Sísera, Haroshet haggoyim, é a moderna Tell 'Amar, localizada no local onde o Rio Quisom passa por uma estreita garganta antes de entrar na Planície do Acre. Fica a cerca de 16kms a noroeste de Megido.

3. Débora, profetiza, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. Débora foi descrita como profetiza e juíza. Em um momento de desespero ela despertou o seu povo pala a luta.

5. Ela atendia debaixo da palmeira de Débora. Em lugar de atendia devemos entender assentava-se. Parte da responsabilidade de Débora como juíza era assentar-se como árbitro na resolução de disputas. A árvore particularmente associada com seu juizado ficava entre Ramá e Betel. Ramá ficava em Benjamim, ao norte de Jerusalém. Esta é a região onde mais tarde Samuel julgou Israel (I Sm. 7:16).

6. Mandou ela chamar a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali. Quedes de Naftali era uma cidade de Refúgio (Js. 20:7; cons. 12:22). Esta parte de Israel ficava mais próxima dos opressores cananeus. Vai, e leva gente ao monte Tabor. Baraque recebeu ordem de convocar os exércitos de Israel no monte Tabor, na região nordeste da Planície de Esdrelom.

7. E fará ir a ti para o ribeiro Quisom a Sísera ... e o darei nas tuas mãos. Débora falou como profetiza. Deus prometeu destruir os exércitos de Sísera por meio dela.

8. Se fores comigo, irei. Balaque queria a certeza de que a profetiza o acompanharia, garantindo-lhe assim sucesso na batalha.

9. Certamente irei contigo . . . às mãos de uma mulher o Senhor entregará Sísera. Débora prometeu acompanhar Baraque, mas ela declarou que uma mulher seria a heroína. Isto antecipa a parte desempenhada na derrota dos cananeus por Jael, a esposa de Héber.

10. Então Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes. As duas tribos do norte tinham a responsabilidade de enfrentar a ameaça de Sísera.

11. Ora, Héber, queneu. . . dos filhos de Hobabe, sogro de Moisés. O historiador sagrado fornece alguns antecedentes relativamente aos queneus. Parece que eram ferreiros nômades com os quais Moisés se encontrou a primeira vez durante sua peregrinação ao deserto, antes de vir a ser o líder do Êxodo. Héber tinha se separado de sua tribo e tinha se estabelecido perto de Quedes.

12. Anunciaram a Sísera que Baraque, filho de Abinoão, tinha subido ao monte Tabor. Sísera, estando informado dos movimentos de Baraque, reuniu seu exército, incluindo novecentos carros de ferro, e marchou de Harosete para Quisom.

14. Baraque, pois, desceu do monte Tabor, e dez mil homens após ele. Sob a afirmação de Débora de que Deus iria conceder uma grande vitória a Israel, Baraque e seus dez mil homens saíram impetuosamente contra o exército cananeu no vale.

15. E o Senhor derrotou a Sísera. Os cananitas foram tomados de pânico. A súbita e violenta investida do exército israelita, mais a tempestade que fez o Quisom transbordar (5:21), forçou os cananeus a fugirem de seus carros, os quais eles deixaram atolados no vale.

17. Sísera fugiu a pé para a tenda de Jael, mulher de Héber, queneu. Com a destruição de seu exército, a primeira preocupação de Sísera foi salvar a própria vida. Porquanto havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e a casa de Héber, queneu. Sísera tinha motivos pala pensar que estaria seguro se alcançasse a casa de Héber. Evidentemente os cananeus não tinham oprimido os nômades queneus que viviam entre eles, e os queneus não tinham participado da insurreição dos israelitas contra eles.

18. Saindo Jael ao encontro de Sísera disse-lhe: Entra, senhor meu. Jael ofereceu a hospitalidade de sua tenda ao amedrontado Sísera. Se ela convidou que entrasse em sua tenda a fim de matá-lo ou não é uma questão de inferência. Pôs sobre ele uma coberta. O significado exato da palavra traduzida para coberta não é certo. Também pode ser traduzido pala cortina de tenda.

19. Ela abriu um odre de leite, e deu-lhe de beber, e o cobriu. Sísera pediu água, mas Jael abriu um odre de pele de carneiro ou cabrito no qual se guardava leite e deu-lhe.

20. Põe-te à porta da tenda. Sísera tinha motivos pala suspeitar que os israelitas iriam persegui-lo. Pediu a Jael que lhes dissesse que não se encontrava em sua tenda. Sua atitude hospitaleira levou-o a pensar que podia confiar nela.

21. Então Jael, mulher de Héber, tomou uma estaca da tenda ... e lhe cravou à estaca na fonte . . . e assim morreu. Entre os beduínos é da responsabilidade das mulheres a armação das tendas, e isto podia também acontecer entre os antigos. A estaca e o martelo que Jael usou eram provavelmente feitos de madeira. Sísera, exausto de sua fuga difícil, dormia profundamente, e Jael achou que era sua oportunidade de matar o inimigo de Israel. Alguns comentadores sugerem que Jael não simpatizava com a neutralidade do seu marido (4:17), e que sua atitude com Sísera foi motivada por sua lealdade a Israel. Se o assassinato de Sísera foi ou não premeditado por ela, é irrelevante ao que diz respeito a narrativa de Juizes. Do ponto de vista israelita, ela foi uma heroína porque provocara a morte de Sísera.

22. E eis que, perseguindo Baraque a Sísera, Jael lhe saiu ao encontro. Jael deu a Baraque a boa notícia de que o capitão dos cananeus estava morto.

23. Assim Deus naquele dia humilhou a Jabim, rei de Canaã, diante dos filhos de Israel. As Escrituras não separam Deus do processo histórico. O ato de Jael foi registrado, mas a vitória foi atribuída a Deus. A atitude de toda a Bíblia para com a história é consistente. Deus permite que os pagãos castiguem o Seu povo, e Deus levanta libertadores pata salvá-los. Causa e efeito são significativos no plano histórico, mas Deus é colocado como o Poder por trás de tudo o que acontece, bom ou mau. Não há necessidade de justificarmos o ato de Jael. Até os atos de perversidade nas Escrituras são representados corvo promovedores dos finais propósitos de Deus (cons. Atos 2:23, 24; Sl. 76:10).

 

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1) Entre outros, (5) os filisteus. COMENTÁRIO MESQUITA ( AT )

Cinco "príncipes" dos filisteus ficaram para provar a Israel (3:4).  Noutros lugares faremos, como já fizemos, menção a esta gente valente e corajosa que foi, por séculos, um espinho na carne dos judeus.  A palavra "príncipe" significa chefe de uma região ou cidade.  Eles não tinham governo real, por isso não tinham príncipes, no rigor da palavra.  Suas cidades eram, do norte para o sul, Asdode, Ascalom, Ecrom, Gaza e Gate, muito familiares aos leitores da Bíblia.  A palavra príncipe, aqui usada, nem é hebraica.  Talvez oriunda da sua terra de origem.  Ainda se discute a origem dessa gente.  Para uns, vieram da Anatália, na Ásia Menor; para outros, e isso parece ser o certo, os filisteus procediam de Creta, e por isso são também chamados de "quereteus" ou queretitas (I Sam. 30:14).  Eram caftoritas, oriundos de Creta.  Isso não significa que nas suas andanças não tivessem tido relações com outros povos diferentes.  Em Deuteronômio 2:23 temos a explicação: "Os caftorins que saíram de Caftor, Creta, destruíram os aveus e moraram nas suas cidades (vilas).

 

Tem-se como provável que eram um povo imigrante, e nessas andanças vieram à Palestina algumas vezes.  Lá os encontramos, confundidos com os amalequitas, no tempo de Abraão e Isaque: "Abimeleque, rei dos filisteus", quando o certo é que era rei dos amalequitas.  Daí a confusão dos testes (Gên.,26:1). Eram povo nômade, e onde iam ficavam e se confundiam com os naturais.

Pensam alguns eruditos que vinham de Creta à Palestina, em busca de trigo, e muitos por lá ficariam, atraídos pela abundância da terra.  Algumas das suas palavras, como "príncipe", no grego koirano ou tyirano, são uma denúncia de que eram filhos dos gregos.  Em Amás 9:7 são eles chamados filhos de Caftor (Creta).  Teriam se fixado na Palestina em 1490 a.C. mais ou menos.  Usavam capacetes e ferramentas de ferro.  Acredita-se que, no seu contato com os mitânios e hiteus, teriam aprendido a fundir o ferro, muito mais fácil do que o bronze e o estanho, e com esta invenção podiam fabricar os seus instrumentos de guerra, coisa que os israelitas não sabiam fazer.  Eram, pois, neste particular, pelo menos, muito superiores aos nossos israelitas.  Não nos devemos admirar, pois, que através dos séculos, se tivessem mantido em posição competitiva com os israelitas, e lhes tivessem dado tanto trabalho.  Em I Sam. 17:5, 6, eles se nos apresentam com capacetes de bronze (seria ferro) e vestindo uma couraça de escamas, cujo peso era de cinco mil ciclos de bronze.  Traziam caneleiras de bronze nas pernas e um dardo de bronze entre os ombros.  Eram guerreiros, à moda dos romanos, com o seu capacete e suas couraças no peito. É certo que esta referência é a Golias, mas ele não era o único a usar estas armas de guerra

 

2) Os cananeus (11) (3:5, 6). 

Cananeus, heveus e outros.  A terra estava povoada dessa gente que se encontrava em todos os lugares.  Todos eram filhos de Cão e se tinham alojado na Palestina, uma nesga de terra muito central e de fartas colheitas.  No dizer da Bíblia, "terra que manava leite e mel", portanto, deveria ser cobiçada por todas as tribos.

 

3) Os sidônios e fenídos. 

O texto nos apresenta Sidom porque esta cidade foi a principal em tempos primitivos, perdendo um pouco de sua supremacia quando Tiro se desenvolveu e se tornou uma potência marítima.  Por séculos, o termo que dominava na literatura era Sidom, que fica umas poucas milhas ao norte de Tiro.  Esta desapareceu totalmente depois da conquista de Alexandre em 300, mas Sidom continuou por muito tempo, e na época dos cruzados, foi um grande centro deles.  Lá se encontram ainda as fortalezas construídas por eles, em cima das antigas dos sidônios.  Sidom existe atualmente num povoado, na encosta, mas a velha cidade desapareceu mesmo.

  

4) Heveus, jebuseus e outros. 

 Como dissemos, há muita discussão de que estes heveus sejam hititas, mas o texto menciona também os hititas.  O vocábulo hebraico Hiumi se confunde com o termo ahhiyyawa, que denota os hiteus.  Atualmente se sabe que o território dos hiteus era a Ásia Menor, com uma capital em Bogaz-Coi, outra em Orontes e outra em Cades.  Era o império mais famoso daqueles séculos, e, portanto, não eram propriamente palestinos, mas as suas guardas avançadas iam longe.  Quando Abraão entrou na Palestina, foi com eles que se entendeu para a compra de um pedaço de terra, para sepultar a sua querida Sara (Gên. 23:1-6).  Abraão comprou em Quiriate-Arba (Hebrom), um campo para seu uso particular, e o comprou dos filhos de Hete.  Por isso entendemos que a terra estava muito ocupada com esta gente, mui gentil com Abraão e até o chama de senhor, em virtude da posição que Abraão ocuparia no meio deles.  Portanto, os hititas, junto com os hivitas e outros, eram os primitivos povos de Canaã.  Também são chamados, por alguns comentadores, de horitas, isto é, moradores em cavernas, se bem que morador em cavernas não seja privilégio dos horeus de Seir, nem de outros quaisquer; era de todos os povos antigos.

 

Já se sabe muito, atualmente, a respeito deste notável povo, depois que C.W. Ciran ( 7) traduziu muitos dos seus documentos.

Por muitos séculos permaneceram eles desconhecidos, por causa da sua língua indecifrável, devido ao fato de ser uma mistura de muitas línguas.  Aí por 2000 a.C. invadiram a Mesopotâmia, estabelecendo um reino que se conhece, atualmente, como reino mitânio; mas os mitânios eram outro povo, mesmo que tivessem muita coisa em comum.  Os mitânios eram um povo indo-europeu e a sua língua como a religião têm muito parentesco com a língua e religião hindu.  Nesta altura de 1400 teriam então invadido a Palestina e lá se fixaram depois que os grupos avançados teriam dominado grandes porções da terra.  Abraão chegou à Palestina em 2060 e lá os encontrou estabelecidos e firmes.  Os egípcios os conheciam com o nome de huru, assim como noutros textos se conhecem os palestinos pelo nome de amuru.  Isso dependia da influência maior ou menor do grupo dominante.  Nos tempos de Josué, eles eram muito fortes, tendo em seu poder as regiões superiores, com a sua grande capital, Hamate, e dominavam desde o monte Baal-Hermom até a entrada de Hamate.  Baal-Hermom perdeu mais tarde o prenome Baal, ficando Hermom, e é por este nome que nós a conhecemos.  Os libaneses ainda se orgulham de estabelecer as suas relações ancestrais com os hiteus e mitânios, mesmo que atualmente sejam considerados árabes, o que não são, porque os árabes são os descendentes de Isaque e Ismael.

 

O pior de tudo, nesta história, é que os israelitas logo começaram o seu tráfico social, dando e recebendo mulheres para os seus filhos, justamente o que estava absolutamente proibido, porque uma vez estabelecidas relações familiares, nada mais poderia separar esta gente (3:6).

 

(5) Biblical Enciclopaedia, Artigo Felisteus (Pelistines). A Bíblia e as Civilizações Antigas. p. 200.

(6) A Bíblia e as Civilizações Antigas, J. McAdams, trad. do autor, edição da Editora Dois Irmãos, 1962.

 

(7) Veja C.W. Ciran, O Segredo dos Hiatas.

  

OS JUIZES DE ISRAEL

COMEÇA O GRANDE DRAMA DA SOBREVIVÊNCIA DO POVO

JUÍZES 3:7-16:31

Preâmbulo

 Depois de um breve relato dos problemas relacionados com a posse da terra, conforme vimos nos capítulos 1-3:6, quando a conquista deveria ser completada, sob pena de uma sobrevivência tormentosa, o autor do livro entra no relato dos governos, Juízes, como se tem convencionado chamar.  Não sabemos quantos anos mediaram entre a morte de Josué e os começos das lutas, conforme este livro.  Acreditamos que não se passaram muitos anos porque, somando todos os períodos de governo dos juízes, achamos 274.  Não sabemos quantos anos compreenderia o que, neste esboço do livro, chamamos de era escura de Israel, e que vai dos capítulos 17-21.  Se déssemos uns 50 anos para os começos das lutas pela posse da terra, talvez não exagerássemos.  Se isto pudesse ser aceito como certo, teríamos então 324 anos; todavia, o período dos juízes realmente compreende 350 anos.  Nós não damos valor demasiado a cifras.  Usamo-las porque ajudam nossa compreensão, embora ninguém possa afirmar que tenhamos olvidado uma ou outra data (veja a cronologia na página 223).

 

Na tentativa de fazer um esboço do livro ora em estudo, desprezamos todos os estudos feitos por outros, para ficar com o que nos parece mais simples e ao mesmo tempo mais racional.  Os capítulos 1-3:6 são uma espécie de introdução, como já foi notado.  Do capítulo 3:7-16:31, temos a história dos juizes e seus governos uns mais longos, outros mais breves.  Do capítulo 17-21 temos alguns episódios lamentáveis, que apreciaremos como uma segunda parte do livro.  Igualmente, incluiremos o livro de Rute, Como um apêndice ao livro dos Juizes.  Isso feito, parece-nos que assim damos aos leitores uma melhor compreensão do livro e seus grandes dramas.  Em verdade, o livro relata dramas vividos pelo povo, lutando por sua sobrevivência. Se o título fosse O Livro dos Dramas do Povo de Israel, seria bem mais apropriado, do que simplesmente Juízes. (1)

 

Estamos, então, ao que nos parece, em condições de começar nossa apreciação desse grande drama da luta pela sobrevivência do povo na terra prometida.  Do ponto de vista divino, tudo estava devidamente planejado, para que o povo tivesse aquela vida calma e feliz, prometida para uma terra onde manava leite e mel, na expressão bíblica.  Deus, naturalmente, era o avalista dessa boa e feliz vida, e estava desejando cumprir sua parte.  Mas infelizmente, como tantas vezes tem sido observado, a terra estava infestada de divindades, que seriam um laço para o povos se este não se apegasse a seu Deus.  Como o povo não foi fiel, o programa prometido não foi realizado.  As lutas pela sobrevivência constam dos relatos, muitas vezes lacónicos, das atividades dos juizes.  Prometemos não cansar o leitor com minúcias, a respeito de origens, tradições e famílias dos juizes.  O autor destas notas é um tanto infenso a certas particularidades que em nada melhoram um trabalho e o tornam massudo.  Vamos, pois, estudar o primeiro drama do povo e seu primeiro juiz.

 

 

(1) Para uma compreensão razoável do Livro dos Juizes leia-se Charlei Marston, A Bíblia Disse a Verdade, J.  McKee Adams, A Bíblia e as Civilizações Antigas, tradução do autor.

 

1 . Otniel - O Primeiro Juiz

 

O verso sete do capítulo 3 apenas diz: Os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor..." Era esta a nota constante e será o refrão daqui por diante, até o término do livro.  Então, que aconteceu?  Deus abandonou o povo ao seu destino, ou melhor, aos seus novos deuses, e veio Cusã-Risataim, que os oprimiu por oito anos.  Quem era este Cusã?  O texto diz que era rei da Mesopotâmia.  Não sabemos que houvesse neste tempo qualquer governo forte na Mesopotâmia, capaz de vir à Palestina dominar um povo de alguns milhões.  Mesopotâmia mergulhou no olvido depois dos grandes reis referidos no capítulo 14 de Gênesis.  Pensa-se que seria um monarca da futura Assíria, mas também não sabemos que governos houvesse lá para aquelas bandas, com pretensões a domínio no Ocidente.  Além disso, depois deste incidente, não aparece mais nenhum monarca do Oriente com pretensões no Ocidente.  Isso aconteceu lá pelo ano 1000 ou depois.  A data não sabemos ao certo, mas não pode ser depois de 1300 a.C. O profeta Habacuque nos fala de tendas de Cusã, na terra de Mica (Hab. 3:7).  Se foi monarca de Midiã, devia ser dos descendentes de Ismael ou Esaú.  Esta gente do extremo sul sempre teve muito interesse na Palestina, e isso se verá no decurso deste estudo.  Não podemos dizer mais do que diz o texto.  E quem foi o monarca importa menos.  Interessa é saber que o povo logo se esqueceu do seu Deus e Ele o entregou na mão dos pilhadores das nações.  Há muito a dizer sobre o espírito dos monarcas antigos, que nunca se contentavam com os seus territórios, e vinham, como salteadores, tomar as terras dos outros.  Isso vimos lá no ano 2000, no caso dos monarcas caldeus, ao tempo de Abraão (Gên. 14).

 

Deus ouviu o grito de angústia do povo e o Seu Espírito levantou o ânimo de Otniel, filho de Quenaz, irmão de Calebe, o dono de Hebrom.  Como se deu a luta, o texto não diz.  Informa apenas que Otniel prevaleceu contra o rei da Mesopotâmia.  Então a terra teve paz por quarenta anos, até que Otniel faleceu.  Temos aqui um princípio de cronologia, mas isso não nos ajuda a construir a cronologia regular do período de Juizes.  Durante anos, nenhum aventureiro veio molestar os israelitas.  Uma geração.  Essa gente toda morreu e os seus filhos não lembrariam Otniel e seus guerreiros.  Novamente "fizeram o que era mau aos olhos do Senhor", isto é, entregaram-se aos ídolos dos cananeus, aos baalins, pelo que Deus mandou outro perseguidor, na pessoa dos moabitas.  Vejam só, os moabitas lá do extremo sul do Mar Morto, irmãos dos mesmos israelitas.  Os moabitas eram descendentes de U e, por causa desse parentesco, Deus não permitiu que Moisés lhes fizesse mal.  Agora os vemos lambendo a terra de seus parentes, que os haviam poupado, quando da vinda do Egito.  Não vieram sozinhos os moabitas, mas aliciaram seus irmãos amonitas e chamaram, o que poderia haver de pior, os amalequitas, os primeiros a fazerem a guerra contra os filhos de Israel ao saírem do Egito.  Juntos vieram e tomaram a cidade das Palmeiras, a cidade de Jericó.  Não podemos saber quem reconstruiu a cidade de Jericó, porque ela não podia ser reconstruída, sob pena de maldição.  Tampouco se nos diz se era uma cidade reconstruído ou não.  Parece que os opressores fizeram o seu quartel general em Jericó e dali exigiam tributos anuais.  Pelo verso 13 do capítulo 3 parece certo de que anualmente os filhos de Israel mandavam tributos a Eglom, na crônica o rei dos moabitas, o chefe da conjura.  Nós temos umas tantas dificuldades para reconstituir a história com toda a autenticidade possível.  Jericó ficava do lado oeste do Jordão, e do lado leste estavam os gaditas, rubenitas e manassitas.  Nada se nos diz dessas gentes que eram os vizinhos dos moabitas.  Possivelmente, o domínio abrangia tanto os israelitas do oeste como os de leste.  Parece ser isso que nos indicam os textos sagrados, pois doutra forma haveria divergência de atitudes. É natural que antes de serem oprimidos os israelitas do ocidente do Jordão o teriam sido os do oriente.  Mas então, onde estavam os homens valentes de Gade, Rúben e Manassés, que fizeram tão bonito papel quando da conquista a oeste?  Se esta gente se levantasse, não seriam os moabitas capazes de enfrentá-la.  Então como entender uma tal situação?  Só há uma explicação.  O pecado fez com que Deus abandonasse o povo, e, sabendo-se este, abandonado por Deus, não tinha coragem nem forças.  Não há f orça num povo ou num homem afastado de Deus.  Esta é a história que deve ser aprendida.  Por dezoito anos, metade de uma vida, os milhões de israelitas serviram a Eglom.  Semeavam e colhiam, mas não comiam.  Criavam, mas não comiam a carne.  Eram sugados de verão a inverno.  Ninguém poderá pensar que os israelitas eram um povo fraco, pusilânime.  Nada disso, Eram muito valentes e até para o mal, para se matarem uns aos outros, para se perseguirem.  Nós, que estamos tão à distância, nos surpreendemos com uma tal situação.  Mais de 1.000.000 de guerreiros serem vencidos e dominados por um povo relativamente pequeno.  Que pena!

 

Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor, que os ouviu e lhes levantou um líder na pessoa de um benjamita, a tribo menor de Israel.

 

2. Eúde - O Segundo Juiz

 

Fica evidente que o povo não se havia esquecido totalmente de Deus.  Distraia-se com os ídolos dos cananeus e pecava contra o seu Deus, que proibia o culto das imagens.  Não nos diz o texto sagrado como Deus se revelou a Eúde, mas, fosse por que meios fosse, ele sentiu a chamada e se propôs a fazer a obra.  Ele não ia combater, não levava exército, parece que nem um secretário.  Sozinho atravessou o Jordão com a sua espada, por ele feita, com o tributo de ouro e prata, e lá se foi ao encontro do gordo rei dos moabitas.

 

Eúde era benjamita e era canhoto.  Por meio dele enviaram o tributo anual a Eglom, rei dos moabitas.  O modo como ele planejou acabar com Eglom é original e nos dá a medida dos costumes simples e primários daqueles dias.  Fez um punhal de bronze, do  comprimento de um côvado, meteu-o na cintura, do lado direito e lá se foi, porque a mão que usava era à esquerda.  Entregou o tributo, que deveria ser de ouro e prata, e depois, pediu uma audiência particular ao rei, que de boa vontade lha concedeu, pois esperaria alguma boa notícia.  Todos os cortesãos saíram e só ficou o rei e Eúde.  Em meio à entrevista, meteu o punhal na barriga de Eglom e a lâmina entrou até o cabo (3:22).  Fechou a porta atrás de si e foi embora.  Os criados do rei desesperaram pelo término da conferência, mas Eúde estava longe.  Chegou nas colinas de Efraim, tocou a trombeta, arregimentou o povo, dando a notícia de que o rei estava morto e agora era a vez dos filhos de Israel.  Passaram o vau do Jordão, na altura de Jericó, e atacaram as forças moabitas, que agora sem rei, foram facilmente destruídas.  A luta deve ter sido ferida no território de Gade, a leste do Jordão, e não sabemos que parte teria tomado esta gente, junto com os rubenitas e manassitas, mas admitimos que, deflagrada a luta, todos se levantassem contra o inimigo comum, que, afinal, não era muito numeroso.  Apenas uns dez mil homens, valentes e fortes.  Eglom não veio fazer guerra, senão teria trazido muita gente, pois os amonitas, moabitas e amalequitas podiam facilmente reunir 50. 000 e mais.  Os dez mil seriam uma espécie de escolta real, para garantir a vida do seu rei.

 

".... e a terra ficou em paz por oitenta anos."  Nestes dois governos estrangeiros, podemos somar os seguintes algarismos:

 

Domínio de Cusã-Risataim   8 anos

Paz na terra depois               40 anos

Domínio dos moabitas           18 anos

A terra em paz por                 80 anos

 

Temos então, só o governo de dois juizes, um período de 146 anos, não falando do governo de Eglom.  Temos 350 anos para todo o período.

 

 3. Sangar - O Terceiro Juiz

 

Bem pouco se diz do domínio dos filisteus, porque a perseguição desta gente era constante.  O que podemos dizer é que se tratava de uma incursão de algum régulo dos filisteus, e não, propriamente, uma dominação.  Com uma aguilhada de bois, Sangar feriu a seiscentos filisteus.  Sangar nem é mencionado no meu dicionário bíblico.  O pai dele sim, Anate, é apresentado como "pai de Sangar", mas não sabemos de que tribo era, nem como chegou a fazer esta proeza.  Também não sabemos por quanto tempo teriam os israelitas ficado sob o domínio dos filisteus, nem quantos anos durou a paz.  Como se vê, é muito lacunosa a cronologia do livro.

 

 4. Débora e Baraque - Quarto e Quinto Juizes

 

Incluímos os dois aliados como juizes porque isso parece ser o certo.  Se Bara .que foi apenas um secretário de Débora, ou se Débora foi uma auxiliar de Baraque, não está ao nosso alcance decidir.  Os dois agiram e realizaram a obra em comum.  Ambos merecem as honras da história.

Depois da morte de Eúde, os filhos de Israel "voltaram a fazer o que era mau aos olhos do Senhor".  Por esta declaração, Sangar não chegou a funcionar como juiz e talvez por isso o texto não lhe consagre mais do que meia dúzia de linhas, nem tanto.

 

Jabim II, rei de Canaã, é para nós uma designação muito ambígua.  O seu reino, ou sede do seu governo, era Hazor, no extremo norte da Palestina, no território destinado a Naftali.  Em Josué 11, aparece outro Jabim, rei de Hazor, cuja cidade Josué destruiu e incendiou.  Hazor era uma cidade fortificada que deveria ter sido ocupada pelos naftalitas, mas parece que não foi.  Outro rei se instalou ali e criou confederação, pois era um lugar estratégico e ao seu derredor se formavam diversos reizinhos.  Agora aparece Jabim II como rei de Canaã, dominando os hebreus por vinte anos.  Devemos entender esta designação no seu sentido limitado.  Era um dos reis mais poderosos da terra, e com ele estariam muitos outros, de menor influência.  Hazor agora é um montão de ruínas ainda esperando para falar da sua valia na antiguidade.  Hazor significa "fechada", quer dizer, cidade fechada, de altas muralhas, com uma ou quatro portas, não sabemos.  Temos aqui uma lição para aprender.  Se os naftalitas tivessem ocupado a cidade (se pudessem), teriam evitado que nova confederação se formasse e se dispusesse a uma desforra dos estragos infligidos por Josué.  Decerto que a história não estaria de todo esquecida, pois apenas cento e vinte anos tinham passado; agora era uma revanche.  As tribos de Naftali, Aser e Zebulom ficavam muito ao norte, entravadas em territórios ocupados por povos muito antigos e poderosos.  Por isso talvez não fosse possível a sua ocupação.  De qualquer sorte, temos agora um outro Jabim, que chamamos Jabim 11, com o seu general, cujo quartel ficava em Harosete-Hagoim, ou Harosete dos Gentios, chamada assim por causa da grande multidão de povos que se reuniriam ao redor desse comandante.  Esta cidade, ainda não identificada, deveria ficar ao norte do Mar da Galileia, nas imediações do Lago Hulé.  Quando o autor esteve em Cafarnaum, teve muito desejo de subir um pouco e visitar estes lugares, mas o grupo estava com um programa muito apertado, para ir almoçar em monte Carmelo ou em Haifa, e o seu desejo ficou para outra vez.  Se ele dispusesse de recursos a sua vida seria gasta em pesquisas nestes lugares de tanta significação para a história.  Mas voltemos a Jabim.

 

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Revista na Íntegra

 

ESBOÇO DA LIÇÃO

1- DÉBORA, A ESTRATEGISTA

1-1- Tática de guerra para vencer o exército de Jabim, rei de Canaã

1-2- Tática de guerra para vencer Sísera, o comandante do exército inimigo

2- O GRANDE LÍDER MANTÉM VÍVIDA A MEMÓRIA DE SEU LEGADO

2-1- O grande líder relembra as vitórias de seus antepassados

2-1-1- O grande líder encarna o cuidado divino

2-2- O grande líder faz menção aos voluntários de guerra

2-2-1- O grande líder honra seus guerreiros

2.3. O grande líder não se furta à denúncia do mal

2-3-1- Rúben

2-3-2- Gileade, Dã e Aser

2-3-3- Meroz

 

  

TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Juízes 4.4-11

4 - E Débora, mulher profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo.

5 - E habitava debaixo das palmeiras de Débora, entre Ramá e Betel, nas montanhas de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo.

6 - E enviou, e chamou a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali, e disse-lhe: Porventura o Senhor, Deus de Israel, não deu ordem, dizendo:

Vai, e atrai gente ao monte de Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom?

7 - E atrairei a ti para o ribeiro de Quisom a Sísera, capitão do exército de Jabim, com os seus carros e com a sua multidão, e o darei na tua mão.

8 - Então, lhe disse Baraque: Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei.

9 - E disse ela: Certamente irei contigo, porém não será tua a honra pelo caminho que levas; pois à mão de uma mulher o Senhor venderá a Sísera. E Débora se levantou e partiu com Baraque para Quedes.

10 - Então, Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes e subiu com dez mil homens após si; e Débora subiu com ele.

11 - E Héber, queneu, se tinha apartado dos queneus dos filhos de Hobabe, sogro de Moisés, e tinha estendido as suas tendas até ao carvalho de Zaananim, que está junto a Quedes.

 

 

TEXTO ÁUREO

Cessaram as aldeias em Israel, cessaram, até que eu, Débora, me levantei, por mãe em Israel me levantei. Juízes 5.7

  

SUBSÍDIOS PARA

O ESTUDO DIÁRIO

2ª feira – Juízes 4.4 A espiritualidade feminina

3ª feira – Juízes 4.9 Deus dá vitória ao Seu povo

4ª feira – Juízes 5.17 Muito além dos próprios interesses

5ª feira – Juízes 5.1,2 A voluntariedade dos que servem

6ª feira – Juízes 4.14,15 Estratégias para melhores resultados

Sábado – Juízes 5.24; Romanos 13.7 Os que prestam grande serviço são honrados

  

OBJETIVOS

Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de entender que:

- quando Deus quer levantar alguém para algo grandioso, Ele nos surpreende;

- quando Deus quer dar livramento ao Seu povo, Ele apresenta grandes estratégias;

- quando Deus dá estratégia ao Seu povo, Ele o poupa de esforços desnecessários.

  

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

Caro professor, nesta lição, abordaremos a história de Débora, a juíza-profetisa de Israel, que comandou o exército israelita contra o exército cananeu e saiu vitoriosa. Sim, Deus usa homens e mulheres em Sua obra, de acordo com Sua soberana vontade; Ele chama e capacita todos nós. Como oportunamente destacou o apóstolo Paulo: (...) não existe diferença entre judeus e não judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres: todos vocês são

um só por estarem unidos com Cristo Jesus (Gl 3.28 NTLH). Nesta lição, foque as características singulares da liderança de Débora, que podem ser aplicadas à vida de todos, indistintamente: o grande líder mantém vívida a memória de seu legado; relembra as vitórias de seus antepassados; encarna o cuidado divino; faz menção aos voluntários de guerra; honra seus guerreiros; e não se furta à denúncia do mal.

Boa aula!

  

COMENTÁRIO

Palavra introdutória

Nesta lição, adentraremos à história de uma juíza de

Israel, cuja trajetória está registrada no livro de Juízes. A liderança estratégica exercida por Débora conferiu-lhe o título de mãe na nação (Jz 5.7). A mulher de Lapidote era uma profetisa (Jz 4.4-9); por essa razão, ela gozava de grande prestígio entre o povo hebreu.

  

1- DÉBORA, A ESTRATEGISTA

Como ainda não havia sido constituído um rei sobre Israel, os cananeus dominavam o povo da Antiga Aliança, que não tinha para onde escapar. Nesta lição, observa-se que os hebreus estavam sendo oprimidos por Jabim, rei dos cananeus, havia 20 anos (Jz 4.1-

3). Como juíza da nação, Débora usou o seu dom profético a serviço do povo, entre Ramá e Betel (Jz 4.5). Debaixo de uma palmeira que levava o seu nome, a mulher de Lapidote ouvia as queixas de toda uma população sofrida e, ali, julgava suas questões (Jz 4.5). No versículo subsequente à apresentação de Débora no livro de Juízes, o escritor sagrado dá-nos ciência de que chegara a hora de o povo reagir.

 

 1-1- Tática de guerra para vencer o exército de Jabim, rei de Canaã

A orientação que Débora recebeu de Deus e, em seguida, transmitiu a Baraque, filho de Abinoão, da tribo de Naftali, foi esta: O Senhor, o Deus de Israel, está lhe dando esta ordem: “Escolha dez mil homens das tribos de Naftali e Zebulom e os leve ao monte Tabor. Eu vou trazer Sísera, o comandante do exército de Jabim, até o rio Quisom para lutar contra você.

Ele virá com seus carros de ferro e soldados, mas eu farei com que você o vença” (Jz 4.6,7 NTLH).

Acompanhe as cenas desta guerra:

- Baraque aceitou a incumbência, mas fez questão de que Débora estivesse com ele (Jz 4.8); afinal, partira dela a estratégia de levar dez mil homens para o monte Tabor.

- Débora não discutiu: foi com Baraque ao monte, mas

advertiu que a vitória sobre o comandante do exército cananeu seria dada por uma mulher — ela podia estar fazendo referência a si mesma, ou a Jael, mulher de Héber (Jz 4.9), como veremos adiante.

- A notícia se espalhou — e era essa a intenção: Sísera, o comandante do exército inimigo, deveria saber que Baraque havia subido ao monte Tabor (Jz 4.10).

- Assim que Sísera ficou sabendo da notícia, correu com seu exército para lá, pensando que pudesse encurralar o exército israelita (Jz 4.12,13).

- O exército israelita, no entanto, preparou uma emboscada para o exército cananeu e ficou aguardando a hora certa de atacar, até que Débora ordenou: Vá agora porque é hoje que o Senhor lhe dará a vitória sobre Sísera. O Senhor está com você (Jz 4.14 NTLH).

- Em vez de serem surpreendidos pelos cananeus, os israelitas é que os surpreenderam: Baraque e os seus homens, todos armados, desceram o monte e atacaram o exército de Jabim, rei de Canaã, Vencendo-o completamente; afinal, a vantagem era deles, pois vinham com toda a força de cima para baixo e não o contrário (Jz 4.15,16). Baraque fez exatamente como Débora orientara; e foi assim que os israelitas venceram os cananeus. Aqueles que dominaram o povo hebreu por 20 anos foram todos derrotados em um só dia. Mas, ainda havia uma pendência: Sísera, o comandante do exército inimigo, quando sentiu de perto a derrota, fugiu covardemente para a casa de Héber, com quem tinha grande alinhamento (Jz 4.11,17).

  

1-2- Tática de guerra para vencer Sísera, o

comandante do exército inimigo

Héber era um queneu, casado com Jael. Os queneus viviam em paz com Jabim, rei dos cananeus — foi por isso que Sísera sentiu-se seguro em procurar abrigo

na casa de Héber. Mas, sua mulher soube escolher o lado certo nessa guerra. Ela sabia que, com o fim de

Sísera, os israelitas reconquistariam sua liberdade.

Jael recebeu educadamente Sísera em sua casa, que pediu a Jael para vigiar a porta; se alguém aparecesse, ela teria de mentir, dizendo que ele não estava lá. Jael acomodou Sísera em uma cama e, para mitigar sua sede, ofereceu--lhe um odre de leite; depois, cobriu-o. Enquanto ele dormia profundamente, ela cravou uma estaca sobre sua cabeça (Jz 4.18-21). Embora pareça chocante, Jael entendeu que a nação que a acolhera — afinal, ela era estrangeira — estava sofrendo nas mãos dos cananeus já havia duas décadas. Além disso, ela sabia que aquele era um momento de guerra: se Sísera permanecesse vivo, ele poderia vingar-se, formando outro exército para enfrentar os israelitas, que continuariam a ser oprimidos.

  

SUBSÍDIO 1-2

Para vencer os cananeus, Deus usou duas mulheres: de um lado, Débora, para destruir o exército de Jabim; de outro, Jael, para destruir Sísera, o comandante do exército inimigo. Em cumprimento ao que o Senhor dissera por meio de Débora, as honras da vitória seriam dadas a uma mulher (Jz 4.9) — neste capítulo da história israelita, todavia, as honras foram dadas a duas.

 

 2- O GRANDE LÍDER MANTÉM VÍVIDA A MEMÓRIA DE SEU LEGADO

O grande líder precisa manter vívida a memória de seu legado; e Débora assim o fez. A juíza-profetisa

guardava consigo os laços da história israelita; deste modo, tão logo a guerra terminou, e o livramento das

mãos de Jabim foi alcançado, Débora levantou um cântico de exaltação a Deus, no qual relembrou algumas vitórias históricas que Ele concedera ao Seu povo. Nesse cântico, Débora também revelou um retrato de si mesma; honrou os que participaram da guerra e denunciou os que forjaram desculpas para não participarem do embate (Jz 5). Seu cântico foi completo: cântico de louvor, reconhecimento e denúncia.

   

SUBSÍDIO 2

Considerando que, no antigo Oriente, a figura

feminina não gozava do mesmo prestígio que a masculina, Deus, neste caso, quebrou um paradigma, trazendo-nos a seguinte perspectiva: mulheres podem, sim, realizar grandes feitos. Mais extraordinário ainda

nessa história é o fato de uma mulher estar à frente de uma guerra, algo inimaginável para a primitiva sociedade patriarcal.

  

2-1- O grande líder relembra as vitórias de seus

antepassados

Em seu cântico, Débora volta-se para o passado e relembra a última bênção de Deus impetrada por Moisés, antes da sua morte (Jz 5.4; Dt 33.2). A juíza lembra-se também de Sangar que, com uma aguilhada de boi, feriu seiscentos filisteus (Jz 3.31).

A conexão de pontos da História tem como objetivo levar as pessoas a entenderem que o Deus do passado é o mesmo do presente: Ele continua agindo no tempo e no espaço, em favor do Seu povo.

  

2-1-1- O grande líder encarna o cuidado divino

A guerra de Israel contra os cananeus não seguiu os modelos de intervenções diplomáticas, comuns entre as nações. Jeová diversificou os estilos de liderança, usando uma mulher com forte instinto materno para comandar uma guerra: (...) me levantei, por mãe em Israel me levantei (Jz 5.7). Débora encarna o extraordinário amor de Deus pela nação, representado na figura de uma mãe, capaz de tudo para proteger, defender e trazer alegria ao filho que tanto ama (Is 49.15).

  

2-2- O grande líder faz menção aos voluntários de

guerra

Se há algo que merece louvor na obra de Deus é a voluntariedade. Os voluntários não esperam ser convocados para agir. Em hora de necessidade, eles dispõem-se a cooperar; esforçam-se sobremaneira e vão à luta [como, por exemplo: Davi (1 Sm 17.32); e os anônimos entre o povo (Êx 35.5,20-29; 1 Cr 29.17)].

Débora convocou os voluntários de guerra a louvarem a Deus (Jz 5.1,2). Dentre estes, ela não se esqueceu de mencionar os legisladores, que também se dispuseram a lutar (Jz 5.9-11). Os políticos do poder legislativo empunharam também suas espadas e, assim como os demais homens do povo, engrossaram o exército de Baraque para defender a nação do domínio cananeu.

  

2-2-1- O grande líder honra seus guerreiros

Parece que vemos Débora em cima de uma plataforma para agradecer todos aqueles que se dispuseram a seguir Baraque, subindo ao monte Tabor para, de lá, descer em combate contra os homens de Jabim. Além dos voluntários mencionados no tópico anterior, Débora destacou outros grupos que se dispuseram a lutar: Efraim; multidões de Benjamim; capitães de Zebulom e Naftali expuseram suas vidas à morte (Jz 5.14,18); e os príncipes de Issacar seguiram Baraque atentamente (Jz 5.14,15). A juíza-profetisa não se esqueceu de fazer menção honrosa a Jael: Bendita seja sobre as mulheres Jael, mulher de Héber, o queneu; bendita seja sobre as mulheres nas tendas (Jz 5.24). Débora fez exatamente aquilo que Paulo exorta os crentes a fazerem: dar honra a quem merece (Rm 13.7).

  

2-3- O grande líder não se furta à denúncia do mal

Na guerra contra os homens de Jabim, Débora tanto exaltou os que lutaram, quanto denunciou os que se acovardaram. Era preciso deixar registrado na história de Israel, que a vitória da nação não contou com a participação de todos.

  

2-3-1- Rúben

Os rubenitas não atenderam à convocação de Débora, antes, ficaram fazendo cálculos, discutindo entre si, se valia ou não a pena ir à guerra e, assim, nenhum deles foi (Jz 5.16). Muito possivelmente, conjecturaram: “Já tem bastante gente lutando; por que, iríamos nós, também?”. Além do mais, a tribo de Rúben tinha muitos afazeres no cuidado do seu gado. Os rubenitas não queriam trocar o som do balido das ovelhas (Jz 5.16) pelos estrondos das flechas e do galope dos cavalos (Jz 5.11).

  

2-3-2- Gileade, Dã e Aser

Os hebreus viviam sob a opressão cananeia já havia 20 anos; por isso, a nação precisava da ajuda de todos. Gileade, Dã e Aser, no entanto, pareciam não se importar com isto. Estavam todos muito mais preocupados com suas próprias tribos do que com todo Israel. Observe: os gileaditas preferiram ficar do outro lado do Jordão, bem longe da guerra (Jz 5.17a); os danitas possuíam uma frota de navios (Jz 5.17b), mas possivelmente pensaram: “Por que nos meteríamos em uma guerra, se temos tantos compromissos além-mar, que nos garantem uma vida lucrativa?”; os aseritas decidiram ficar na praia, desfrutando o cenário das pedras (Jz 5.17c). Possivelmente pensaram: “Para que pôr nossa vida em risco, se podemos gozar de bem-estar debaixo do sol, com a brisa do mar soprando nosso rosto?”.

  

2-3-3- Meroz

Por último, Débora, sob ordens do Anjo do Senhor, amaldiçoa Meroz, cidade que ficava junto ao vale de Josafá (Jz 5.23). Meroz não se compadeceu dos israelitas em sua luta; antes, omitiu-se.

   

CONCLUSÃO

O cântico de Débora revela a grandeza e firmeza do seu caráter. Como mãe dos hebreus, debaixo das instruções divinas, uma nação inteira saiu vitoriosa.

Depois da vitória contra Jabim, rei dos cananeus, a terra de Israel descansou por 40 anos. Débora, mulher determinada e estratégica em sua liderança, tem muito a nos ensinar nos dias de hoje.

  

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO

1. Em que monte o exército de Baraque venceu o exército de Jabim?

R.: Monte Tabor.