Escrita Lição 5, Central Gospel, Débora, uma Líder Estrategista, Pr. Henrique, EBD NA TV
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ESBOÇO
DA LIÇÃO
1-
DÉBORA, A ESTRATEGISTA
1-1-
Tática de guerra para vencer o exército de Jabim, rei de Canaã
1-2-
Tática de guerra para vencer Sísera, o comandante do exército inimigo
2-
O GRANDE LÍDER MANTÉM VÍVIDA A MEMÓRIA DE SEU LEGADO
2-1-
O grande líder relembra as vitórias de seus antepassados
2-1-1-
O grande líder encarna o cuidado divino
2-2-
O grande líder faz menção aos voluntários de guerra
2-2-1-
O grande líder honra seus guerreiros
2.3.
O grande líder não se furta à denúncia do mal
2-3-1-
Rúben
2-3-2-
Gileade, Dã e Aser
2-3-3-
Meroz
TEXTO
BÍBLICO BÁSICO - Juízes 4.4-11
4
- E Débora, mulher profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele
tempo.
5
- E habitava debaixo das palmeiras de Débora, entre Ramá e Betel, nas montanhas
de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo.
6
- E enviou, e chamou a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali, e
disse-lhe: Porventura o Senhor, Deus de Israel, não deu ordem, dizendo:
Vai,
e atrai gente ao monte de Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de
Naftali e dos filhos de Zebulom?
7
- E atrairei a ti para o ribeiro de Quisom a Sísera, capitão do exército de
Jabim, com os seus carros e com a sua multidão, e o darei na tua mão.
8
- Então, lhe disse Baraque: Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo,
não irei.
9
- E disse ela: Certamente irei contigo, porém não será tua a honra pelo caminho
que levas; pois à mão de uma mulher o Senhor venderá a Sísera. E Débora se
levantou e partiu com Baraque para Quedes.
10
- Então, Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes e subiu com dez mil
homens após si; e Débora subiu com ele.
11
- E Héber, queneu, se tinha apartado dos queneus dos filhos de Hobabe, sogro de
Moisés, e tinha estendido as suas tendas até ao carvalho de Zaananim, que está
junto a Quedes.
BEP
– CPAD - Juízes 4.4
DÉBORA.
Débora, sendo profetisa, tinha dons proféticos que a capacitava a receber
mensagens da parte de Deus e a comunicar ao povo a vontade divina (vv. 6,7). A
profunda comunhão que Débora tinha com Deus conferiu-lhe grande influência
entre os seus compatriotas (v. 8)
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
LIÇÃO
07 - DÉBORA, UMA MULHER CORAJOSA
TERCEIRO
TRIMESTRE DE 2007 - CPAD
TEMA:
“A busca do caráter cristão: aprendendo com homens e mulheres da Bíblia”.
Comentarista:
Eliezer de Lira e Silva
Complementos:
Pr. Henrique
TEXTO
ÁUREO:
"Esforça-te
e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes, porque o SENHOR, teu DEUS, é contigo,
por onde quer que andares" (Js 1.9).
VERDADE
PRÁTICA:
As
adversidades não esmorecem a fé de um crente corajoso e completamente submisso
ao Senhor.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE Juízes 4.4,6-9; 5.1,7.
Resumo
Teológico:
Débora,
Baraque, Jael e Israel Contra Jabim, Sísera e Canaã (4:1-24)
4:1-3. A opressão de Jabim. O foco de atenção muda, das tribos sulinas para as
nortistas. A ameaça de Jabim e Sísera, longe de relacionar-se a pequenas
porções de território, envolvia seis tribos, nesse novo conflito. Foi o
primeiro grande perigo da época dos juízes.
Em Josué 11:1-11 faz-se menção a Jabim, rei de Hazor, onde se nota a captura e
destruição da cidade pelo exército de Josué Muitos eruditos têm sugerido que os
relatos de Josué 11 e Juízes 5 e 6 foram confundidos pelo historiador, ou que o
grande nome de Josué atraiu para si mesmo uma vitória retumbante, obtida um
século depois, principalmente pelas tribos de Zebulom e Naftali. Não há,
contudo, dificuldades insolúveis no relato como o temos. O nome de Jabim pode
ser um título hereditário adotado pelos sucessores reis de Hazor. A própria
Hazor, queimada pelo exército de Josué, quase um século antes, e presumivelmente
não ocupada pelos israelitas, havia sido reconstruída pelos cananeus, e
recuperado sua hegemonia. Isto não é de surpreender, porque Hazor ficava numa
posição estratégica a cerca de 6 quilômetros a sudoeste do lago Hule e, à
semelhança dos vales de Megido e Esdrelon, comandava a principal rota entre o
Egito e os impérios do Oeste Asiático. O local, foi identificado por John
Garstang em 1927, mas não escavado até 1955-58, cobria mais de 200 acres, em
comparação com os 20 acres, ou menos, de Megido. Sua população havia sido
estimada em cerca de 40.000, contra 1.500 de Jericó. Estes fatos explicam por
que ela era denominada "a capital de todos estes reinos" (Js 11:10),
e pode explicar por que Jabim era chamado de rei de Canaã (4:2, 23, 24; cl.
4:17, "rei de Hazor". Harosete-Hagoim, a cidade de Sísera, não foi
identificada com precisão; Tel el-Harjab, a sudeste de Haifa, e Tel'Amr, a
17quilômetros a noroeste de Megido, têm sido sugeridas. O movimento da batalha
faz com que esta última seja a mais provável. Ambas ficam a alguma distância de
Hazor, sendo provável que houvesse uma coalizão de cidades-estados cananitas,
sob o comando nominal do rei da cidade mais importante, Hazor, mas sob o
comando militar de Sísera, seu capitão mais hábil. Sísera poderia ter sido o rei
de Harosete, porém, seu principal papel nesta narrativa é o de líder militar
dos exércitos unidos. Estes fatos explicam por que Jabim quase não é mencionado
(provavelmente era já um ancião; não aparece no capítulo 5 nem é mencionado na
guerra), mas Sísera é proeminente na história.
A
superioridade do equipamento dos cananeus é demonstrada no uso das novecentas
carruagens de ferro, que lhes daria controle completo dos vales e planícies, a
menos que alguma ocorrência incomum imobilizasse esta poderosa arma de guerra.
Tal evento, considerado milagre da intervenção divina, serviria para transferir
as vantagens aos israelitas, no encontro decisivo.
4-9.
Débora e Baraque. Neste ponto somos apresentados a Débora, salvadora de seu
povo, e a única mulher no distinto grupo de juízes. Na estrutura tribal de
Israel, as mulheres ocupavam uma posição subordinada, porém, elas poderiam
subir a cargos de projeção, e de fato, em raras ocasiões isto aconteceu. O
Antigo Testamento testemunha as qualificações de mulheres proeminentes como
Miriam (Êx15:20) e Hulda (2 Rs 22:14). Nada se sabe de Lapidote, marido de
Débora, a não ser a mera menção de seu nome, que não foi o único a ficar
apagado, visto que o próprio Baraque desempenhou papel secundário na peleja.
Ele recebeu coragem e inspiração pela presença desta grande e talentosa mulher.
Há uma opinião segundo a qual Lapidote, que significa "tochas", e
Baraque, que significa "relâmpago", são dois nomes para a mesma
pessoa, isto é, que Baraque, o libertador, era marido de Débora, mas as provas
são débeis demais.
Há uma dificuldade nestes capítulos, na menção específica de apenas duas
tribos, as de Naftali e Zebulom, em 4:7, 10, comparando-se com a lista de
tribos participantes, na narrativa poética, a qual inclui também as tribos de
Efraim, Benjamim, Maquir (Meia tribo de Manassés) e Issacar. Uma sugestão para
explicar-se este fato é que houve duas fases na campanha: uma inicial, em que
apenas duas tribos tomaram parte, e uma segunda fase, em que se aliaram a elas
grandes contingentes das tribos vizinhas.
As
alusões geográficas do capítulo podem indicar a magnitude da tarefa enfrentada
pelo que seria o libertador de Israel. A própria Débora veio de entre Ramá e
Betel, ao sul de Efraim, a cerca de 79 quilômetros do cenário do conflito; as
depredações da confederação cananita sob Jabim poderiam ter-se estendido até
aqui, no sul. Por outro lado, vemos aqui um caso de maior união entre as tribos
neste período, do que normalmente se suporia. Débora conhecia perfeitamente bem
o aperto das tribos do norte e elas, por sua vez, conheciam bem a reputação
desta excelente mulher, a ponto de virem a ela, em sua angústia, para
suplicar-lhe ajuda (Sb). A opinião de que havia tal unidade e conhecimento
mútuo se torna mais plausível pela escolha que Débora fez de Baraque, como
comandante militar das tribos, visto ser ele habitante de Quedes-Naftali, a
cerca de 8 quilômetros a noroeste do lago Bule, em área profundamente afetada
pela opressão cananita. O domínio cananita dos principais vales e rotas
comerciais não parece ter impedido a livre movimentação das tribos israelitas,
nos planaltos ao norte e sul dos vales de Esdredon e Jezreel.
À
época da crise, Débora já se havia firmado como profetisa e juíza, na esfera
não-militar; na verdade, teria sido a demonstração de qualidades carismáticas
nesta esfera que, com toda certeza, induziu as tribos a procurarem sua ajuda. A
convocação e o desafio que ela lança a Baraque são em nome de Javé, o nome
distintivo de DEUS de Israel. A ordem a Baraque foi: "Vai, e leva gente ao
monte Tabor"; o verbo significa "retirar" ou
"estender", sugerindo uma formação bem solta, como a que seria
adotada por soldados mal armados, ansiosos por escapar de serem vistos,
movendo-se em território inimigo para atingir um ponto de encontro central. O
monte Tabor, na junção das porções tribais de Issacar, Naftali e Zebulom, foi
escolhido como ponto de encontro. Era uma montanha de formato cônico,
erguendo-se a pouco mais de 400 metros do canto nordeste do vale de Esdrelon,
constituindo-se em marco limítrofe tão proeminente que evitaria qualquer
confusão da parte dos israelitas a caminho da reunião.
A convocação inicial foi feita aos homens de Naftali e Zebulom, das tribos mais
interessadas, embora o capítulo 5 deixe bem claro que outras quatro tribos
tomaram parte ativa, possivelmente a fase posterior das operações. A opinião de
que houve duas batalhas principais, ou, pelo menos, dois estágios numa única
campanha, é fortalecida pelo fato de que no capítulo 4 a batalha se trava entre
o monte Tabor e o rio Quisom, enquanto no capítulo 5, embora o rio Quison ainda
seja proeminente (5:21), menciona-se outro local a alguns quilômetros mais ao
sul, como campo de Batalha, "em Taanaque, junto às águas de Megido"
(5: 19). Outros têm conjeturado que Naftali e Zebulom tomaram parte numa
batalha em Quedes (4:9, 10, 11), identificada como Quedes-Naftali, cidade natal
de Baraque, com Jabim de Hazor, antes de uma segunda batalha, ao lado do
Quisom, contra Sísera, da qual tomou parte uma força israelita maior e mais
representativa.
Talvez seja ingenuidade esperar precisão militar num exultante poema como o de
Débora, sendo sempre sábio lembrar que os israelitas, ao preservar suas
tradições, interessavam-se em celebrar o poder libertador de Javé, ao invés de
preservar os minuciosos detalhes que possibilitariam aos futuros historiadores
elaborar uma reconstrução precisa de cada batalha! Lamentaremos, às vezes, a
falta de informações mais completas; contudo, não deveríamos negar ao
historiador hebreu o direito de manter seu ponto de vista, que atribuía crédito
maior a Javé (cl. 4:7b, "e o darei nas tuas mãos"; cf. também 2 Sm
8:6, 14).
7.
O rio Quisom tem suas cabeceiras nos contrafortes montanhosos, ao sul do vale
de Esdrelon, depois do qual é o principal rio deste vale, fluindo na direção
noroeste, até esvaziar-se na baía de Acre, ao norte da cordilheira do Carmelo.
A parte superior toda, deste rio, é sazonal, dependendo do volume de chuva, de
forma que no verão é pouco mais que um leito seco; todavia, quando engrossado
pelas chuvas do inverno e do começo da primavera, pode tornar-se uma torrente
impetuosa. Em tais condições, as áreas baixas, ao redor do rio, poderiam
tornar-se completamente alagadas, tornando impossível o uso de carruagens.
8,
9. A falta de alegria com que Baraque atendeu ao desafio é compreensível,
humanamente falando, porque a disparidade entre as forças oponentes era
considerável. É bom observar que Baraque, em sua hesitação, tem excelentes
companheiros, no Antigo Testamento.
Moisés, até mesmo no final de seu encontro com DEUS, na sarça ardente,
demonstrou extraordinária falta de entusiasmo para aceitar a chamada divina
(:E:x4: 13); Gideão achou que ele mesmo fora a pior escolha (Jz 6: 15); e
Jeremias protestou, por causa de sua pouca idade (Jr 1:16). Os grandes
homens percebem sua pequenez e inadequação, ao serem chamados pelo Senhor para
realizar uma grande tarefa; contudo, a chamada divina nunca vem só: é sempre
acompanhada pela provisão divina. As palavras de Paulo referem-se a todos
quantos são chamados para o serviço de DEUS: "Não que por nós mesmos
sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo
contrário, a nossa suficiência vem de DEUS, o qual nos habilitou para sermos
ministros. . ." (2 Co 3: 5, 6). Baraque exigiu a presença de Débora, como
condição para aceitar a tarefa, e na aceitação dela há uma pista para o
descontentamento da heroína quanto à atitude do comandante: ela afirmou que a
obra de uma mulher eclipsaria qualquer honra devida a ele. É natural
atribuir-se esta posição de honra a Débora, porque a posteridade, ao olhar para
trás, a veria como a força impulsora que levou Israel ao livramento.
Entretanto, a profecia foi cumprida no ato insensível de Jael, ato de traição
contra o vencido Sísera, que confiou na segurança de sua hospitalidade.
Para nós, tal ato seria considerado vil; contudo, para um povo que vinha
sofrendo um domínio cruel e prolongado, a ação de Jael seria vista sob luz
diferente, de modo que os detalhes do assassinato foram cuidadosamente
preservados para nós, como foram os do caso de Eglom. Talvez seja demasiado
fácil para aqueles que não tiveram de suportar extrema perseguição ou servidão,
fazer julgamento apressado dos antigos israelitas, ou dos sobreviventes dos campos
de concentração nazistas, de nossa própria geração. Entretanto, a atitude
cristã se opõe a um espírito exultante de vingança.
4:10-16.
Reunião e derrota das hostes cananeias. Os dez mil homens de Baraque são
mencionados outra vez (c/. verso 6) a fim de sublinhar-se a disparidade
existente entre o exército israelita e o exército maciço, e bem equipado, de
Sísera. Quedes dificilmente pode ser identificada com Quedes-Naftali, mas com
outro lugar mais perto do cenário da batalha. Este nome significa "santuário",
e é excessivamente comum. A nota a respeito de Héber, queneu, é parentética,
servindo como apresentação da família a que pertencia Jael (17). Os queneus
eram um grupo nômade, associados com Judá, de modo que era preciso explicar-se
a presença deste grupo familiar tão longe, ao norte (veja-se sobre 1: 16). O
carvalho de zaanim é um distrito notado em 19:33, como estando nas fronteiras
de Naftali. Além desta informação, e do fato óbvio de que estava na rota de
fuga de Sísera, não existe certeza quanto à sua localização.
12-14.
Sísera, o líder dos cananitas, sem dúvida estava bem-informado sobre os
movimentos dos israelitas, embora as manobras deste tenham, talvez ocultado seu
número real. Para aniquilar esta ameaça, reuniu um exército maciço, que incluía
a força total das carruagens, sem dúvida objetivando um golpe decisivo contra
os rebeldes israelitas. Não é provável que ele fosse tão tolo de tentar usar
estes carros de combate na estação chuvosa; 5:4, 5, 20, 21 sugerem uma
chuvarada torrencial incomum, possivelmente uma tempestade com trovões, que
costumava sobrevir após a estação normal das últimas chuvas de abril e
princípios de maio. É possível que Débora tivesse dado a ordem de atacar (14)
ao ver a aproximação da tempestade, sabendo que uma chuva torrencial
nulificaria a vantagem numérica dos cananeus, e o equipamento bélico superior;
seria este, pois, o momento propício para o ataque.
O Senhor era frequentemente mencionado como o DEUS das tempestades, movendo-se
em terrível esplendor e poder, a fim de ajudar Seu povo (cl. Js 10:11; 1 Sm
7:10; SI 18:9-15), e tal crença poderia estar implícita nas palavras de Débora:
... porventura o Senhor não saiu diante de ti? Entenda-se, todavia, que os
israelitas não tinham o monopólio deste conceito, visto que descobertas
recentes em Ras Shamra (antigo Ugarite), demonstraram que os cananeus esperavam
a mesma coisa da parte de Baal. Era ele o deus da tempestade, o que cavalgava
as nuvens (cl. Is 19:1). É sempre representado tendo uma clava numa das mãos e
uma espada estilizada na outra, simbolizando, respectivamente, o trovão e o
raio. Uma tempestade nesta conjectura, entretanto, favoreceu aos israelitas, e
capacitou-os a estender sua vantagem das altas montanhas (onde as carruagens
não podiam funcionar com eficiência), para os vales, onde até então os cananeus
tinham sido supremos.
l5,
16. O verbo derrotou não transmite ao leitor moderno, talvez, a totalidade da
ação do Senhor. A origem da palavra está no latim diruptus, roto, esfarrapado,
derruído. Militarmente, derrotar significa destroçar, desbaratar. A cena pode
ser reconstruída na imaginação.
Os dez mil israelitas levemente armados mas capazes de rápida movimentação,
despejaram-se no vale para travar combate com uma força de carruagens bélicas
impossibilitadas de movimentar-se no lamaçal.
A única manobra sábia seria a fuga, para aguardar a possibilidade de lutar sob
condições melhores, em outro dia. Portanto, Sísera tentou refugiar-se em sua
base militar, em Harosete dos gentios. Ao sul jaziam as faldas montanhosas
centrais; ao norte, além do rio sob forte enchente, estavam os contrafortes das
montanhas da Galileia. À medida que os cananeus fugiam na direção geral
noroeste, com os israelitas em perseguição feroz, o vale estreitava-se,
diminuindo o espaço disponível para as manobras. Em consequência, carruagens
abalroavam noutras carruagens, escavando a superfície do solo e tornando a
situação, assim, mais difícil para aqueles (desse exército tomado de pânico),
que vinham mais atrás. Enquanto isso, o rio continuava a subir, alimentado por
inúmeros tributários menores, que desciam pelas colinas adjacentes. As palavras
de Débora (5:21) devem ter sido o epitáfio de muitos deles: "O ribeiro
Quisom os arrastou." Os jubilosos israelitas não deram tréguas, mas pressionaram
os inimigos, com vantagem, até os muros de Harosete dos gentios. Foi uma
vitória esmagadora, verdadeiramente decisiva em seus efeitos, visto que não
houve nenhum outro encontro bélico de importância, entre israelitas e cananeus,
embora alguns focos isolados, de resistência, só fossem eliminados no tempo de
Davi. Sísera abandonou a batalha, como desertor, provavelmente ao perceber que
a situação caótica tornava impossível a fuga em carruagens. Tentou, então,
fugir a pé, talvez tomando a direção norte, visto que Héber, o queneu, estava
acampado em Zaamim, nos limites de Naftali (veja 4.11).
4:17-22.
Fuga e morte de Sísera. O capitão do exército destroçado, completamente exausto
pela terrível e extenuante experiência, ficou contente em poder servir-se do
oferecimento de abrigo na tenda de uma mulher. Seu destino certamente era a
cidade de Hazor, em cujas vizinhanças o grupo nômade dos queneus se havia
estabelecido.
As palavras de tranquilização de Jael, de que ele não precisava temer nada; a hesitação
e a cortesia de suas palavras; as precauções recomendadas por ele, mais a
terrível necessidade de sono, tudo isto indica que o homem estava no fim de
suas forças, destroçado mental e moralmente, e exausto no corpo. "De
acordo com as convenções daquela época, Sísera tinha todas as razões para não
alimentar suspeitas; a própria Jael parecia a personificação da amizade e da
consideração e, como maior segurança ainda, o oferecimento e a aceitação de
hospitalidade na tenda de um nômade era, tradicionalmente, garantia de
proteção. Além disso, nenhum perseguidor pensaria em procurar um homem na tenda
de uma mulher, especialmente se fosse um fugitivo fatigado, porque isto seria
uma quebra de etiqueta.
19.
Assim, Sísera tranquilizou-se com um falso sentido de segurança, mediante esta
mulher traiçoeira. Ao aceitar seu convite, permitiu que ela o cobrisse
com" uma coberta (ARC), palavra que ocorre apenas aqui, e cujo significado
tem causado algumas conjecturas. É mais plausível que se tratasse de uma rede,
ao invés de coberta, porque aquela seria bem mais conveniente a um homem nas
condições de Sísera: sujo, alagado de suor, depois de tanto esforço, e
precisando de sono. O pedido de água foi atendido generosamente, e ela abriu um
odre de leite. As peles dos animais frequentemente eram usadas para guardar
líquidos, especialmente leite, que poderia ser facilmente sacudido para
produzir coalhada. A segunda metade de 5:25 mostra que esta foi a bebida
oferecida a Sísera; "nata" seria substituída por
"coalhada". Conhecida em geral como iogurte, é comumente oferecida
pelos árabes de hoje (como leben ou shensan) àqueles que estão cansados, sendo,
quase sempre, o único alimento quando um deles está doente. Bebem eles, também,
um tipo de leite fermentado que tem qualidades soporíficas, porém, não é
necessário pensar-se que este foi o refresco oferecido a Sísera. No caso dele,
não havia necessidade de induzir ao sono: este veio natural e imediatamente.
Jael, em seguida, agiu com eficiência insensível. Sísera não sabia que a mulher
que o abrigara era membro de uma tribo que mantinha fortes laços com os
israelitas, e que ele estava, de fato, na tenda de um inimigo. A destreza de
Jael no uso da estaca e do martelo, ou macete de madeira, se explica pelo fato
de a ereção e desmonte de tendas ser trabalho feminino. Aproximou-se dele
furtivamente e, sem que seu hóspede percebesse, enterrou a estaca em sua
têmpora, com alguns golpes rápidos, transfixando-o na terra. Tão violentos
foram os golpes que a estaca se cravou na terra. Desse modo, o perseguidor de
Israel encontrou morte traiçoeira, mas rápida, nas mãos de uma mulher, sendo
ela mesma uma desgraça, às vistas daquela época (cf. 9:54).
22.
É difícil calcular o lapso de tempo que Baraque demorou para aparecer,
perseguindo Sísera. Pode ter sido depois de algumas horas após o capitão do
exército cananeu ter aparecido na tenda de Jael. Ele chegou para verificar que
a profecia de Débora havia sido cumprida (cf. verso 9) e que a honra principal,
a de matar Sísera, não seria dele.
4:23,
24. Fim de Jabim. O historiador, ao completar a narrativa em prosa, não faz
declarações extremadas. A captura imediata de Hazor não é mais reivindicada do
que a de Harosete dos gentios. O que se afirma é que a espinha dorsal da
dominação Cananéia foi quebrada, e que os israelitas continuaram a pressionar
(a mão dos filhos de Israel prevalecia contra Jabim indica a pressão constante;
cf. cada vez mais) até que Jabim e seu reino foram exterminados, processo que
pode ter exigido muitos anos.
Já aludimos ao ato de Jael como sendo ato de traição, e não precisamos tentar
indultá-Ia, ou minimizar sua ação. Tentamos, isto sim, sentir empatia por um
povo oprimido de maneira cruel, a fim de entendermos a reação muito humana de
delícia selvagem à morte de seu arqui-inimigo, e a cuidadosa preservação dos
horrendos detalhes.
Olhamos para o incidente, no passado, através dos olhos de CRISTO, que nos
ensinou a amar a nossos inimigos, orar pelos que nos perseguem, fazer o bem a
quem nos odeia, orar por aqueles que nos caluniam, e nos perseguem (Mt 5:44). E
se julgarmos que isto seria impossível, isto é, uma exigência impossível para
alguém em situação comparável à dos israelitas opressos, lembremo-nos de que
CRISTO, que nos deixou um exemplo de paciência, ao suportar o escárnio de um
julgamento e morte cruéis, é capaz de transformar nossa reza humana, tão fraca,
em Sua própria semelhança, ao habitar o coração.
O
Cântico de Débora (5:1-31)
o cântico de Débora é um dos mais belos exemplos de poder de triunfo, preservado
na literatura israelita, havendo acordo geral em que é contemporâneo dos
eventos que descreve. É verdade que o poema sofreu, durante o processo de
transmissão, conforme indica o grande número de notas marginais; contudo, o
hebraico ainda retém a vida, uma ação quase com efeito de "staccato "
, e um espírito de pura exultação, que indica participação ou, pelo menos, ter
sido testemunha pessoal dos fatos. Sem sombra de dúvidas trata-se de um dos
mais antigos elementos de nosso atual livro de Juízes, sendo, pois, de grande
importância como testemunha das condições econômicas, sociais, políticas e
religiosas desse período. Com toda probabilidade, foi incluído numa das
antologias poéticas que existiam no Israel antigo.
Duas destas coleções são mencionadas, especificamente, no Velho Testamento. Em
Números 21: 14 há uma referência ao "Livro das Guerras do Senhor"
que, presumivelmente, era uma antologia de poemas celebrando vitórias, sempre
consideradas como obra do Senhor.
Em Josué 10:13 e 2 Samuel 1:18 menciona-se o "Livro dos Justos". Como
se derivou o título é coisa incerta, mas em geral é traduzido "Livro dos
Justos", isto é, "Livro das Boas Obras". Sugere-se, também, que
"Jashar" (no heb.) é forma abreviada de Israel, ou corrupção da
palavra "Cântico".
A autoria do poema também é assunto de conjecturas. O primeiro verso o descreve
como um cântico de Débora e de Baraque; contudo, no versículo 12, a ambos se
dirige a palavra, diretamente. Este fato não é decisivo, contudo, visto que em
outros textos do Antigo Oriente Próximo ocorrem alusões diretas ao autor, pelo
nome. O versículo 7, em que Débora fala na primeira pessoa, parece conclusivo,
porém, a maioria dos eruditos modernos traduzem o verbo como sendo segundo
singular, feminino, o que é possível gramaticalmente. O assunto é destituído de
importância; porém, quem melhor do que Débora poderia descrever o evento,
passar julgamento nas tribos que não participaram, e expressar louvor ao
Senhor, pela Sua intervenção?
Há muitas indicações de apostasia e de lassidão moral, em Juízes; no entanto, a
evidência de forte fé em DEUS, a percepção de Seu poder infinito, Seu
envolvimento na situação de Israel, e a existência dos laços da aliança, tudo
isto pode ser visto no Cântico de Débora, e contribui para remediar a situação.
Estaria
completamente fora do escopo desta obra uma explicação aqui, das
características da poesia hebraica; no entanto, cabe explicar os principais
elementos dela; que são:
1.
Paralelismo. A unidade da poesia hebraica não é, normalmente o verso simples,
mas o verso dobrado, ou duplo, havendo uma curta pausa no fim da primeira
linha, e uma pausa maior, no fim dá segunda. Ocasionalmente, usa-se um verso
tríplice, ainda como unidade bem definida de poesia. Isto significa que o verso
hebraico se baseia no pensamento, nunca no som como no verso tradicional de
nossa poesia. O poeta produz um quadro mental que encontra resposta em outro
quadro verbal suplementar. O paralelismo toma várias formas, duas das quais
aparecem com proeminência no Cântico de Débora. A primeira forma é a do
paralelismo sinônimo, ou idêntico, em que o pensamento expresso na primeira
linha é reproduzido na segunda, sem variação marcante; apenas as linhas reforçam-se
mutuamente. A segunda forma é a do paralelismo em forma de clímax, em que parte
da linha anterior é repetida, e em seguida se adiciona novo detalhe, levando em
frente o movimento do pensamento. O leitor poderá encontrar exemplos neste
poema.
2.
Sistema de ritmo ou métrica. Na poesia tradicional ocidental há um equilíbrio
cuidadoso no número de sílabas, em cada verso, atingindo-se este equilíbrio com
várias combinações possíveis. No hebraico, cada pensamento isolado é expresso
numa única palavra, fortemente acentuada, que, com prefixos e sufixos, pode ser
equivalente a uma sentença curta. Cada uma destas palavras possui uma sílaba
tônica, a qual recebe ênfase particular, sendo determinativa "do acento
que recai sobre todas as demais sílabas da palavra. Em mais de metade do
Cântico de Débora há três destas palavras, ou cadências de linha, e pouco mais
de um quarto do poema emprega uma cadência de quatro tônicas. Ocasionalmente
introduzem-se variações como a de cadência de quatro palavras, seguida de cadência
de três palavras, ou o contrário. Não existe qualquer sugestão de que o poema
tenha sido composto a partir de fontes diferentes; tais variações são uma
característica própria da poesia antiga, fato amplamente comprovado pelos
textos ugaríticos. O efeito geral deste sistema que, infelizmente, não pode ser
reproduzido adequadamente numa tradução, é criar uma impressão de vigor e de
movimento.
Fez-se
referência aos pontos de desigualdade entre os relatos nos capítulos 4 e 5.
Incluem a ausência de qualquer menção a Jabim, rei de Hazor, e ao monte Tabor,
no capítulo 5; a inclusão de quatro outras tribos, além de Zebulom e Naftali,
as duas tribos que são mencionadas no capítulo 4; o local da batalha do
capítulo 5, ao sudoeste de Taanaque, e das águas do Megido, e as ligeiras
diferenças nos relatos sobre a morte de Sísera. Estas diferenças ocorrem,
provavelmente, devido a serem os registros incompletos. É possível, como já
observamos, que houvesse dois estágios na campanha: a ação unida da parte das
tribos da área de Esdrelon seguiu-se à ação inicial, vitoriosa, das tribos de
Zebulom e Naftali. Deve-se lembrar, também, que a linguagem poética nem sempre
é precisa; usam-se hipérboles e outras figuras de linguagem para aumentar o
efeito. Nossa preocupação com as minúcias históricas não deve nublar nossa
apreciação de nenhum relato, desta ou daquela categoria.
Antes
de começarmos a examinar o poema em si mesmo, chamamos a atenção para a visão,
testemunhada aqui, de DEUS e Seu relacionamento com Seu povo. Pensava-se,
antigamente, que a religião de Israel evoluiu gradualmente, ao longo de muitos
séculos, culminando nas visões dos profetas do oitavo século, Amós, Oséias,
Isaías e Miquéias. Dava-se ligeira atenção à literatura que propugnasse ter
essa religião surgido bem antes; julgava-se improvável a ideia de que
existisse, neste período, um relacionamento baseado na aliança. O Cântico de
Débora, que se originou nas últimas décadas do décimo segundo século a.C., é
importante por causa de suas alusões incidentais ao relacionamento entre a
nação e seu DEUS. Reis e príncipes de nações vizinhas são convidados a considerar
a grandeza do DEUS de Israel. O Senhor (observe-se o uso do nome do DEUS da
aliança) é mostrado agindo a favor de Seu povo, lutando por ele na guerra, tema
este que encontra paralelo no Pentateuco, nos Livros Históricos e nos Salmos. A
despeito do espírito de exultação quase selvagem que nele predomina, o escritor
está interessado na glória de DEUS. Já existia, neste tempo, claramente, o
relacionamento baseado na aliança e, dentro deste relacionamento, as tribos têm
responsabilidade umas para com as outras. Aquelas que não atenderam à
convocação de Débora foram repreendidas em termos que sugerem forte obrigação
moral, e não apenas opção cívica. O ponto principal da censura não é que elas
deixaram de vir em socorro das demais tribos, mas que deixaram de ajudar ao
próprio Senhor (23), o DEUS da aliança. Há muitas indicações de apostasia e de
lassidão moral em Juízes, no entanto, a evidência da forte fé em DEUS, a
percepção de seu poder infinito, seu envolvimento na situação de Israel, e a
existência dos laços da aliança, tudo isso pode ser visto no Cântico de Débora,
e contribui para remediar a situação.
5:1,
2. Convite ao Louvor. O versículo de abertura deste capítulo, em prosa,
provavelmente foi introduzido pelo editor, quando ele incorporou o Cântico em seu
registro sobre os juízes. O título original talvez tenha sido preservado no
versículo 2, bendizei ao Senhor, indicando tratar-se de um hino de louvor. O
resto do versículo dá a ambientação da época, e registra a resposta espontânea
do povo. Tem-se dado considerável atenção à primeira parte do versículo 2 que
diz, literalmente, "no rompimento dos rompedores em Israel". (Na ARA:
"desde que os chefes se puseram à frente de Israel".) Uma
interpretação possível é que se refere à resposta dos governantes do povo, que
restaura o paralelismo com a segunda parte do verso. Outra tradução alternativa
é: "quando longos cachos de cabelos pendiam soltos em Israel", alusão
ao costume de deixar crescer o cabelo (considerado sagrado) durante o período
de cumprimento de um voto ao Senhor (cl. Nm 6:15, 18; At 18:18). Era prática
dos soldados que partiam para a guerra deixar crescer o cabelo, o que pode
sugerir que estavam engajados em guerra santa. Este costume fala de uma
dedicação integral e, neste sentido, também restaura o paralelismo do verso,
complementando a pronta oferta do povo.
5:3-5.
A intervenção do Todo-Poderoso. Reis e todas as pessoas de importância (é o
sentido de príncipes) são convidados a prestar atenção ao hino de louvor,
dirigido ao DEUS de Israel. Outras nações ao redor de Israel temerão e se
maravilharão, quando ouvirem falar dos portentosos atos de DEUS em prol de Seu
povo. A atribuição de louvor ao Senhor é de grande interesse, visto que parece
ligar Sinai, o monte da aliança, com Edom, identificação encontrada em outros
lugares, no Velho Testamento (por ex.: Dt 33:2; SI 68:7ss.; Hc 3:3ss.).
Não há, evidentemente, nada de sacrossanto no local tradicional do Sinai, Jebel
Musa, na península do Sinai, e tais áreas podem ser relacionadas às peregrinações
no deserto. Em linguagem poética, o Cântico liga o livramento atual com a
revelação do passado, no Sinai, quando, na cerimônia da aliança, DEUS falou,
sendo acompanhado de grande tempestade e, possivelmente, de um grande
terremoto. O mesmo DEUS Todo-Poderoso havia saído diante deles nesta ocasião,
(no presente), a cantora tenta transmitir algo da infinita grandeza de Seu
poder. Aumenta-se a vivacidade e o significado do quadro se aceitar-se que a
tempestade terrível, fora do comum, causou consternação e confusão no exército
dos cananeus. Toda a criação pareceu enfileirar-se ao lado do exército
insignificante e mal equipado dos israelitas.
5:6-8.
Efeitos da opressão cananita. O tema destes versículos é a condição miserável,
empobrecida, de Israel sob o jugo cananita. É surpreendente a conexão dos nomes
de Sangar e de Jael. Já estudamos características incomuns do livramento que
Sangar trouxe aos israelitas (veja-se 3:31). O ponto parece ser o seguinte:
embora ambos vivessem, nenhum deles efetuou um livramento permanente do poder
cananita. Várias tentativas foram feitas no sentido de remover o nome de Jael
do poema, nenhuma das quais foi satisfatória. Neste período turbulento, as
comunicações estavam rompidas. Uma pequena alteração na vocalização permite que
estradas (a ARC traz caminhos) se transforme em "caravanas", e isto
preserva o verdadeiro sentido do verbo: cessaram as caravanas, isto é, a
comercialização tornou-se impossível, e aqueles que precisavam viajar,
faziam-no através das rotas menos frequentadas, para evitar serem molestados. A
agricultura também era afetada, da mesma forma, pelas depredações dos cananeus;
as pequenas vilas sem muros, dos israelitas, não serviam de proteção contra as
pilhagens de seus agressivos vizinhos. Esta situação desesperadora persistiu
até que Débora levantou-se para efetuar o livramento da nação. O versículo 8
dá-nos um resumo e um julgamento sobre Israel. O povo havia abandonado o
Senhor, e escolhido para si novos deuses (cl. Dt 32: 17; Jz 2: 12, 17).
Como
resultado sobrevieram a guerra, a fraqueza e a servidão. Tem-se levantado uma
objeção, segundo a qual a situação imediatamente anterior ao livramento de
Débora, era de submissão abjeta a uma tirania cruel, e não de guerra nos
portões. Esta objeção tem peso insignificante, porque nestes capítulos nós
vemos, não o processo, mas o fim, quando a oposição a Israel é efetivamente
esmagada. Eles haviam sido privados de suas armas (cf. 1 Sm 13:22), mas, não é
prudente aceitar isto como declaração absoluta. Se o fosse, a batalha de Quisom
dificilmente poderia ter sido travada. É provável que o significado da
declaração é que estas armas de maneira nenhuma poderiam ser exibidas em
público. Quarenta mil pode ser uma indicação dos efetivos recrutáveis, em
disponibilidade dentro as tribos, na época. Certamente, o milagre da vitória
sobre as hostes bem equipadas de Sísera é magnificado por estes detalhes, como
também a completa mudança no moral israelita, como resultado da liderança
inspirada de Débora. Estas criaturas abjetas! curvadas sob uma tirania cruel,
são os mesmos homens que se atiraram audaciosamente no vale a fim de atacar um
exército muitíssimo superior. A fé viva no DEUS vivo faz uma diferença nada
menos que sensacional. As palavras de Josué: "Um só homem dentre vós
perseguirá a mil, pois o Senhor vosso DEUS é quem peleja por vós" (Js 23:
10), cumpriram-se literalmente nesta ocasião.
5:9-11.
Convite para testemunhar. O pensamento do versículo 2 é retomado aqui: a
campanha não poderia ter sido empreendida sem o apoio dos comandantes; daí a
proeminência que lhes é atribuída em todo o poema. As palavras soam
naturalmente nos lábios de Débora. A situação transformada é retratada com
efeitos dramáticos. O viajante não precisava mais viajar furtivamente por
caminhos menos conhecidos: havia liberdade de movimentos, e reuniões tranquilas
à beira dos poços, lugar de encontro, óbvio, dos viandantes. A população toda é
exortada a unir-se num hino de louvor ao Senhor, pelo grande livramento. Todas
as classes deveriam participar: os que cavalgavam jumentas brancas, isto é, os
que exerciam autoridade (cl. 10:4; 12:14) tanto quanto seus irmãos menos
afortunados, que andavam a pé. A palavra que foi traduzida por juízo, na
verdade, significa qualquer coisa que se desdobra, talvez tapetes, ou forros de
sela (Juízo é tradução equívoca), o que pode indicar outra classe ainda, um
tanto vagamente definida. Talvez se referisse às pessoas que ficam em casa em
contraste com as classes dos viajantes. O povo devia reunir-se nos portões (portas,
segundo a ARC; lares, segundo a ARA), que eram os lugares tradicionais para
julgamento e discussão. Agora, o motivo dessa reunião era o culto de ação de
graças.
Dois pontos no versículo 11 precisam de comentário. O sentido da palavra
hebraica traduzida por frecheiros na ARC é incerto; provavelmente relaciona-se
com algum tipo de músicos (à música dos distribuidores. .. na ARA), talvez
aquela classe de músicos perambulantes que tocavam lira. Estes menestréis
estavam de volta, em seus lugares costumeiros, com novos cânticos! Outro ponto
de interesse diz respeito aos atos de justiça do Senhor; o verso 7 refere-se
aos camponeses, que formaram o grosso das tropas, mediante quem o Senhor
produziu atos de justiça. Glória a DEUS, a quem a devemos, o reconhecimento aos
participantes humildes, que não devem ser esquecidos.
5:12-18.
Chamada das tribos. Traça-se, nesta seção, a imediata resposta de muitas das
tribos, inspiradas no exemplo de seus líderes; a ausência de outras, contudo,
torna-se mais repreensível, à luz deste apoio espontâneo. A fala direta a
Débora não é, necessariamente, incompatível com a ideia de que ela seja a
autora do poema. Antes que as tribos pudessem ser motivadas à ação, ela
própria, mediante a palavra do Senhor (4:6), deveria ser acordada de sua
apática aceitação das circunstâncias más. De modo semelhante, Baraque, que
lutou valorosamente, exercendo uma liderança tão extraordinária, precisava ser
sacudido, e arrancado de sua covarde aceitação do domínio cananita. Antes de as
massas populares serem reavivadas, era preciso galvanizar os corações daqueles
que tinham qualidades de liderança. O versículo 13 observa a resposta geral do
povo à convocação, resposta esta das tribos relacionadas nos versículos
seguintes:
Então desceu o restante dos nobres, o povo do Senhor em meu auxílio contra os
poderosos. A reação foi magnífica; no entanto, os efeitos de vinte anos de
opressão cruel foram de tal ordem, que o número dos atendentes foi
pateticamente baixo, apenas uma fração do potencial humano disponível, nos dias
da supremacia israelita.
14.
A primeira parte deste versículo diz, literalmente: "De Efraim, sua raiz
em Amaleque", que tem o significado óbvio de: "De Efraim, cujas
raízes estão na antiga região de Amaleque." A referência a Amaleque é
surpreendente. Alguns afirmam que se trata de um grupo seminômade de
amalequitas (como o dos queneus), que se estabelecera entre os efraimitas (como
o fez Héber, o queneu), um pouco mais longe, ao norte. Visto que os amalequitas
eram inimigos de morte de Israel (veja-se 3: 13), esta alternativa é
pouco provável.
Não
mais aceitável é a sugestão de que Efraim ocupava a área que antigamente era
ocupada pelos amalequitas, porque não há evidências de que este grupo
penetrasse tanto, ao norte. Uma ligeira correção faz a linha adquirir sentido,
e preserva a unidade de pensamento nos versículos 13-15, "de Efraim, eles
desceram ao vale". O quadro geral é de uma descida precipitada dos
israelitas, ao vale, para engajar-se na luta contra Sísera, com Benjamim na liderança,
seguido de Efraim.
Maquir, Zebulom e Issacar. Maquir refere-se normalmente ao estabelecimento da
meia-tribo de Manassés na direção este do Jordão; contudo, aqui, refere-se mais
naturalmente à seção oeste. O território das seis tribos aliadas daria uma ideia
do alcance das depredações dos cananeus.
É digno de nota o fato de os Benjamitas terem primazia, e já se fez referência
à sua bravura na batalha (vejam-se 3:15-22; 20:12-17). Comparando-se o
verso 14 com Oséias 5:8, temos a sugestão de que seu grito de guerra
expressaria sua ascendência: seguiu Benjamim com seus povos. Naftali não é
mencionado senão no verso 18 onde, em conjunto com Zebulom, recebe lugar
especial de honra, no relato.
15b-17.
Entretanto, se houve pronto reconhecimento das tribos participantes, houve
também severa repreensão àquelas que colocaram sua própria segurança antes das
queixas de seus irmãos. As quatro tribos mencionadas tinham suas porções
tribais bem longe do campo de batalha e não eram, talvez, afetadas diretamente
pela opressão cananita; entretanto, fica bem claro que o apelo para ajuda caiu
em ouvidos moucos, porque nem mesmo uma força simbólica foi enviada. As
circunstâncias destas tribos podem ter-lhes tornado impossível atender ao apelo
de seus agoniados irmãos. A referência a Dã sugere que esta tribo ainda não
havia migrado para o norte; se isto for verdadeiro, a tribo provavelmente já
estava sofrendo pressão da parte dos amorreus, e dos "povos do mar",
que finalmente tornaram inviável àquela tribo tomar posse de suas terras
(veja-se 1:34, 35). Os apertos de Aser estão anotados em 1:31,32. Concernente a
Rúben e Gileade, duas tribos cujas possessões estavam na Transjordânia, sabe-se
muito pouco, a não ser que esta área era sujeita a invasões de moabitas e amonitas.
A crítica daqueles que não vêm em nosso socorro, em época de aflição, pode, às
vezes, ser uma condenação de nossa própria falta de vivacidade em socorrer
nossos irmãos.
Antes
de terminarmos esta seção, observe-se mais uma vez que este apelo às quatro
tribos, não direta e imediatamente afetadas, atestam fortemente a unidade
essencial das tribos. Somente Judá e Simeão deixam de ser mencionadas. A grande
distância geográfica ficou acentuada por fatores políticos, notadamente a
barreira causada por uma Jerusalém não submetida, e outras cidades na fronteira
norte, ainda não conquistadas, além, possivelmente, da pressão exercida pelos
filisteus, pelo lado oeste.
5:19-22.
A derrota dos cananeus. O decurso da batalha foi discutido com minúcias, no
capítulo 4, não sendo necessária uma repetição. Os exércitos conjugados dos
reis das cidades-estados cananitas enfrentaram as forças da natureza,
convocadas por ordem do DEUS de Israel. A violenta tempestade e a turbulência
do Quisom, bastante aumentado, foram os responsáveis diretos pela vitória;
nesta seção os galantes dez mil israelitas não recebem menção. Os reis cananeus
chegaram de olho no saque após a batalha (19), porém fugiram de mãos vazias,
confiados na velocidade de seus rápidos cavalos (22), que demonstraram serem
incapazes de salvá-Ios.
As tropas moviam-se na direção do oeste, os israelitas perseguindo os cananeus
em retirada, porém, o momento decisivo ocorreu em Taanaque, junto às águas de
Megido. Tem sido sugerido que Megido e Taanaque, tendo apenas 7 quilômetros
entre si, estavam demasiado próximas para florescerem ao mesmo tempo, e que a
referência no verso 19 implica em que Megido não fora ocupada nesta ocasião
particular. As pesquisas arqueológicas indicam que Megido (Estrato VII) foi
destruída no período de 1150-1125 a.C., o que permite datar-se a vitória de
Débora em cerca de 1125 a.C"
21.
Um grito breve, exultante, de vitória, sublinha esta vívida descrição da
aniquilação de um exército. Avante, ó minha alma, firme!
Esta tradução é mais precisa do que a da ARC: "Pisaste; ó minha alma, a
força."
5:23-27.
Traição e patriotismo. A traição de Meroz contrasta deliberadamente com a ação
patriótica de Jael. Lançou-se sobre Meroz uma maldição amarga, por sua negação
de apoio, não simplesmente ao exército israelita, mas ao próprio Senhor. Meroz
pode ser a moderna Quirbete Maurus, a 10 quilômetros ao sul de Cades-Naftali.
Independentemente de esta identificação ser aceita ou não, torna-se claro que
Meroz demonstrou ser uma notável exceção à reação imediata das outras tribos.
Muito provavelmente, situava-se na área diretamente afetada (ao contrário das
demais quatro tribos, cujas reprimendas são suaves, em comparação); portanto, a
falta de participação covarde, talvez por medo de represálias, mereceu
repreensão maior. Jael, por outro lado, não mostrou nenhuma hesitação em
assassinar a sangue frio o principal inimigo dos israelitas, desconsiderando as
possíveis consequências. A aparente ação de generosidade, de oferecer a Sísera
coalhada ao invés de leite, induzindo-o, assim, a um falso sentimento de
segurança, foi o prelúdio de um ato que, como foi observado, quebrou todos os
padrões aceitos de hospitalidade. Cada minúcia é descrita com prazer, havendo
desaparecido os sentimentos mais nobres, substituídos pela delícia selvagem
trazida pela morte de Sísera. A repetição, no relato poético, mais a incerteza
na tradução de vários verbos, nesta descrição, explica a maior parte das
diferenças entre este relato e aquele em prosa.
5:28-30:
A cena na casa de Sísera. Há, igualmente, uma nota dramática e vingativa, nesta
delineação da apreensão da mãe de Sísera. Pode ser que a atenção devotada a
Jael e às condições emocionais de uma mãe indiquem autoria feminina. Se assim
for, a exultação selvagem nos detalhes horrendos e cruéis ilustra o pensamento
semi-humorístico de Rudyard Kipling de que "a fêmea de qualquer espécie é
mais mortífera do que o macho"! Desconsiderando este elemento, a descrição
é vívida e movimentada. A demora no regresso do ente amado é sublinhada por uma
pergunta, uma incerteza agoniante: "Por que tarda em vir o seu
carro?". Com olhar aflito, a mãe de Sísera permanece à janela, aguardando
a carruagem, ou o ruído reconfortante dos cascos dos cavalos. O autor do poema
sabe que Sísera jamais retomará; contudo, a imaginação fornece uma explicação
plausível que poderia ter sido aventada pelos participantes, e pela mãe de
Sísera mesma. O capitão das hostes deve superintender a divisão do saque, de
modo que a demora sugere um espólio riquíssimo. O tratamento maldoso que
aguardava as mulheres de um exército derrotado é mencionado sem que haja
qualquer agulhada na consciência, nem piedade. A palavra traduzida por damas é
desdenhosa. Noutros lugares, no Velho Testamento, tem o sentido de "útero",
e na pedra moabita significa "moças escravas", O equivalente mais
próximo, em português, seria "meretriz"; é claro que estas jovens
cativas infelizes seriam usadas para identificar a luxúria de seus captores. A
guerra é portadora de muitos efeitos vis. Mas, a mãe de Sísera estaria muito
mais interessada na capa ricamente bordada, a cores, que seria uma das
principais indicações da riqueza e posição, reservada para um oficial
comandante; em sua imaginação, ela antecipa o uso que faria dessa capa. Neste
ponto termina o poema, deixando à imaginação o pensamento de que, ao invés de
estofos de várias cores de bordados, haveria saco e cinzas de tristeza.
5:.31.
Coro final. Muitos eruditos consideram este versículo como adição litúrgica ao
Cântico, expressando os sentimentos de uma época posterior, e com paralelos
distintos nos salmos (cf. SI 68:2b, 3). Pode-se objetar que se este versículo é
eliminado, o cântico fica sem uma conclusão lógica. O escritor está interessado
em enfatizar a intervenção do Senhor a favor de Seu povo, sendo o corolário
inevitável disto, que aqueles que se Lhe opõem devem perecer; contudo, aqueles
que O amam e cooperam com Ele devem prosperar.
Resumo
Contextualizado para nossos dias.
MULHERES
A
Bíblia revela a influência de muitas mulheres na sociedade israelita e na
sociedade gentílica. Vejamos:
1.1-A
Bíblia diz em Jz.4.4, que Débora julgava a Israel naquele tempo. Débora, além
de juíza e profetiza, possuía uma influência política tão grande na sociedade
israelita, que, até Baraque, o general do exército lhe prestava continência e
dependia de suas orientações (Jz.4.6-9).
1.2- Em 1 Rs.1.11-31, a influência de Bate-Seba foi um fator importante para a
escolha de Salomão como o sucessor de Davi.
1.3- Em 2 Cr.34.19-28, a Bíblia mostra a grande influência da profetiza Hulda
no reinado de Josias.
1.4- Em Et.5.1-3 e 7.1-10, a influência de Éster no palácio do rei Assuero foi
um fator determinante para a queda do primeiro ministro de Assuero, e o
livramento do povo judeu.
1.5- Em At.17.4, a Bíblia cita muitas mulheres distintas e influentes na
sociedade de Tessalônica que se tornaram cristãs.
1.6- Em At.17.12, a Bíblia cita muitas mulheres gregas de alta posição e
influentes na sociedade Bereana que se tornaram cristãs.
MULHERES
DO ANTIGO TESTAMENTO
A-
Eva – A mulher Curiosa _ Gn.3.6
B- Sara – A mulher submissa e fiel – Gn.16.13
C- Rebeca – A Esposa esperada – Gn.24.1-67
D- Raquel – A pastora (Gn.29.9).
E- Hagar – A mulher desprezada – Gn.21.14-19
F- Miriã – A mulher que louva ao Senhor0 – Ex.15.20-21
G- Raabe – A mulher regenerada – Js.2.1-21; Mt.1.5 e Hb.11.31
H- Rute – A mulher constante – Rt.1.16
I- Ana – A mulher de oração – 1 Sm.1.10-11
J- Abigail – A mulher sábia – 1 Sm.25.3,18,19
L- Dalila – A mulher mercenária – Jz.16.4-5
M- Jezabel – A mulher má – 1 Rs.19.1-3
N- Atália – A mulher assassina – 2 Rs.11.1-3
O- Sunamita – A mulher hospitaleira – 2 Rs.4.8-10
P- Éster – A mulher patriota – Et.4.16
MULHERES
DO NOVO TESTAMENTO
A-
Maria – A mulher bem-aventurada – Lc.1.30-38
B- Isabel – A mulher humilde – Lc.1.43
C- Madalena – A mulher transformada – Lc.8.1-3
D- Marta – A mulher doméstica – Lc.10.40
E- Maria de Betânia – A mulher espiritual – Lc.10.42
F- A Cananéia – A mulher de fé e perseverança – Mt.15.28
G- A Samaritana – A mulher evangelista – Jo.4.29
H- Dorcas – A mulher industriosa – At.9.36
I- Lídia – A mulher comerciante – At.16.14-15
J- Priscila – A Esposa que compreende o ministério do marido – Rm.16.3-4
L- Lóide – A avó que incentiva a fé do neto – 2 Tm.1.5
M- Eunice – A mãe que compreende a chamada do filho – 2 Tm.1.5
Débora
era grande líder do povo de Israel.
A
palavra "Débora" significa "abelha". Na cultura do Egito, a
abelha era símbolo do poder dos reis.
Nos
capítulos 4 e 5 de Juízes, Débora demonstra que é a mulher adequada para todas
as circunstâncias. É piedosa, sábia, confiante, talentosa, trabalhadora,
administradora, corajosa, positiva, otimista, profetisa (4.4-5), patriota
(4.6-14), poetisa (capítulo 5), além de juíza, estadista, e até estrategista
militar.
Ela
era chamada de "Mãe de Israel". Que mulher formidável! Parece
impossível que uma só mulher reunisse tantas boas qualidades. Débora é, sem
dúvida, uma das grandes mulheres da Bíblia. E ela, como todas as grandes
mulheres, fez uma diferença no mundo dela. Débora apareceu num momento muito
difícil em Israel e colocou sua vida nas mãos de DEUS. Através dela, DEUS
realizou uma grande obra.
Vamos
ver algumas características de Débora, uma vida nas mãos de DEUS:
1 - ACEITA OS DESAFIOS QUE DEUS COLOCA À SUA FRENTE (vs. 1-4)
Uma vez estabelecido na Terra Prometida, o povo de Israel havia se comprometido
a ser fiel e servir exclusivamente ao Senhor (Josué 24.16-21). Mas não cumpriu
a promessa a DEUS. Acabou esquecendo por completo do voto que havia tomado.
Cada um começou a fazer o que era direito aos seus próprios olhos (Juízes 21.25
e outros textos). No livro de Juízes encontramos cinco fases em um círculo
vicioso que se repetia várias vezes:
(1) Pecado e apostasia - O povo pecou contra DEUS, adorando deuses falsos,
esquecendo-se do DEUS verdadeiro.
(2) Opressão e castigo - Veio o castigo de DEUS sobre o povo através da
opressão de inimigos.
(3) Arrependimento e apelo a DEUS - A terceira fase foi quando o povo apelou a
DEUS e confessou seus pecados.
(4) Livramento - Veio o livramento da mão opressora do inimigo poderoso.
(5)
Paz: O povo gozou de alguns anos de paz.
Podemos
ver estas fases na época de Débora, que aceitou o desafio de liderar o esforço
para dar liberdade ao seu povo. (As primeiras três fases estão aqui nos
versículos 1 a 3.) Não sabemos muita coisa sobre o lar de Débora, a não ser que
era esposa de Lapidote. Mas é difícil entender como ela conseguiu ser esposa,
mãe, conselheira, juíza, mediadora, profetisa, e grande líder do povo naquela
época quando às mulheres quase não eram dadas oportunidades de liderança. A
única explicação é que ela colocou a sua vida nas mãos de DEUS e buscava sempre
a orientação de DEUS para sua vida e para o povo. E ela aceitou os desafios que
DEUS colocou à sua frente, dedicando-se de corpo e alma à solução dos problemas
de seu país e de seu povo.
Aceite os desafios que DEUS coloca à sua frente. Seja uma vida nas mãos de
DEUS!
2
- SABE DIVIDIR TAREFAS (vs. 6-10)
Humanamente falando, não havia solução para a situação desastrosa em que se
encontrava o povo de Israel. O inimigo o dominava e o escravizava. Como seria
difícil para um homem e líder do povo acreditar na palavra de uma mulher. Mas
Baraque acreditou em Débora porque ela era uma grande e santa mulher de DEUS, e
tinha a confiança do povo. Baraque sabia que DEUS estava com ela, apesar de
parecer impossível derrotar o vasto e bem equipado exército do inimigo. E ele
insistiu que Débora o acompanhasse junto com seu exército. Observem nos
versículos 7 a 10 que ela não hesitou ou apresentou desculpas, mas foi.
Veja a descrição do exército do inimigo em comparação com o pequeno exército de
Débora e Baraque (v. 13). Entre os dez mil de Israel, ela era a única mulher e
uma espécie de comandante chefe do exército, enquanto Baraque era o seu
general. E aquele exército caminhou quase cinquenta quilômetros através das montanhas,
com Débora acompanhando-o passo a passo. Débora soube incentivar os outros a
fazerem a sua parte. Ela soube dividir as tarefas e as honras, e dar todo o
crédito a DEUS. Ela fez o que pôde, e DEUS fez o resto. DEUS quer que você e eu
façamos assim.
Diante de tão grandes desafios no dia de hoje, você está pronta para fazer a
sua parte?
3
- DEMONSTRA FÉ EM DEUS E LEVA O POVO A SEGUÍ-LO E A OBEDECÊ-LO (v. 14)
Débora demonstrou uma grande fé em DEUS.
Débora
não inventou desculpa nenhuma. Ela não sabia como DEUS iria agir para derrotar
o inimigo e livrar o seu povo, mas tinha plena fé e confiança nEle.
As forças da natureza, controladas por DEUS, foram importantes armas contra o
inimigo (4.15-16). Débora cantou: "Desde os céus pelejaram as estrelas;
desde as suas órbitas pelejaram contra Sísera" (5.20).
Veio a vitória! E conforme Juízes 4.16,23-24, o poder do inimigo foi totalmente
destruído. Nunca mais os inimigos daquela terra conseguiram derrotar o povo de
DEUS. DEUS quer agir em situações que parecem impossíveis aos homens para
demonstrar o Seu poder. Será que o seu DEUS é pequeno demais para os desafios
que você enfrenta? Tenha fé. Obedeça e siga a orientação de DEUS! E você também
terá a vitória que DEUS quer lhe dar.
4
- LOUVA A DEUS (5.2-3, 9, 31)
Num momento decisivo, Débora foi a líder que inspirou o povo e o conduziu à
vitória.
E
deu toda a glória e honra a DEUS.
Ela
louvou a DEUS e levou o povo a celebrar a vitória que DEUS lhe havia
dado.
Num
alegre cântico poético (capítulo 5), Débora louvou a DEUS pelos seus feitos e
foi grata por tudo que DEUS fez. (ver vs. 2, 3, 9 e 31.)
Ela
louvou a DEUS pela Sua majestade, verdade, caráter, e poder.
CONCLUSÃO
Débora foi a única mulher da Bíblia que DEUS escolheu para ser a líder nacional
de Seu povo.
Débora
fez uma grande diferença no mundo que a cercava.
Débora
soube aceitar os desafios que DEUS colocou em sua vida, soube dividir tarefas,
demonstrou muita fé e levou o povo a seguir e a obedecer a DEUS, e louvou a
DEUS continuamente.
Débora
estava pronta a se arriscar para cumprir a vontade de DEUS.
Débora
verdadeiramente representava a mulher que diariamente coloca a sua vida nas
mãos de DEUS e desenvolve todo o seu potencial.
COMENTÁRIO
RESUMO DA REVISTA DA CPAD. 3º TRIMESTRE DE 2007 - Comentarista: Pr. Eliezer de
Lira e Silva
FIGURA DE ENOMIR - ANANINDEUA - PA
INTERAÇÃO:
Professor,
a palavra-chave desta lição é "coragem". Você sabe o que significa
essa virtude? No Novo Testamento, coragem, do grego "tolmao",
significa "ser corajoso", "ser ousado" ou "ser
audacioso". A ênfase está na capacidade de manter-se firme e resoluto
diante de uma situação perigosa. Um dos usos do termo descreve a coragem de
José de Arimatéia (Mc 15.43) e a de Paulo ao manter suas convicções em
situações de conflito (2 Co 10.2).
Ensine
aos alunos que o crente corajoso mantém o seu testemunho cristão diante das
ameaças mundanas (At 5.13).
OBJETIVOS:
Após esta aula, seu aluno deverá estar apto a:
Explicar
o contexto histórico-religioso do tempo dos juízes.
Descrever
as virtudes morais de Débora.
Exercitar
princípios de liderança.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA:
Professor,
a fim de ressaltarmos a coragem e bravura da personagem principal desta lição,
Débora, releia os capítulos 4 e 5 de Juízes. Agora, anote os pontos geográficos
relacionados à batalha citados no texto: Quedes, monte Tabor, Harosete-Hagoim,
etc... Leia um pouco mais a respeito dessas regiões em uma obra de geografia ou
enciclopédia bíblica. Releia a lição e faça um paralelo entre a história
narrada e os pontos geográficos destacados. Descreva a vitória de Débora com
todos os subsídios geográficos que você estudou. Use o mapa abaixo para
incrementar a lição. Lembre-se de que os juízes eram também líderes militares.
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO: Subsídio Teológico "Coragem"
No
NT existem três raízes diferentes de palavras que transmitem a ideia de
coragem. O verbo "tolmao" contém um elemento de ousadia, de um ato
que se coloca acima do medo (Mc 12.34; 15.43; At 7.32; Rm 5.7; 2 Co 11.21; Fp
1.14). A segunda, "tharréo", denota confiança e esperança em DEUS (2
Co 5.6,8; Hb 13.6), confiança nos homens (2 Co 7.16) e coragem nas relações
humanas (2 Co 10.1,2). A terceira palavra, "parresia", entretanto,
caracteriza, de forma surpreendente, os cristãos primitivos. Ela tem a
conotação de falar livre e corajosamente, e traz consigo a antiga tradição
ateniense de um discurso democrático e desembaraçado. Os discípulos seguiram o
exemplo de seu Mestre, que falava aberta (Jo 7.26) e claramente (Mc 8.32; Jo
11.14). Em numerosas ocasiões, os apóstolos mostraram grande coragem ao falar
perante seus oponentes (At 4.13,29; 9.27; 13.46; 14.3; 28.31). Essa coragem é
atribuída à presença do ESPÍRITO SANTO, que enchia a vida de cada um deles (At
4.31). Paulo dá testemunho de sua própria coragem ao pregar e ensinar o
Evangelho a seus convertidos (1 Ts 2.2; 2 Co 3.12; Fm 8). Entretanto, ele às
vezes sentia a necessidade de orar para poder continuar falando corajosamente a
respeito do Senhor (Ef 6.19s)." (PFEIFFER, C. F. Dicionário bíblico
Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 454.)
APLICAÇÃO PESSOAL A Palavra de DEUS habita em corações corajosos! A coragem e a
fé se complementam. Quem não crê não é capaz de atos de coragem. A
incredulidade impede o crente de agir corajosamente. Mas o que crê age com
coragem! A fé em DEUS e nas promessas da Palavra do Senhor estimulam a coragem
que suscita atos heroicos. Fé e destemor acompanham a trajetória não apenas dos
heróis bíblicos, mas também do incontável número de heroínas e heróis anônimos
por todo o mundo. Fé e coragem estimularam os trezentos homens de Gideão. Fé e
coragem têm sustentado, diante da morte, o testemunho de muitos missionários
cristãos. Fé envolve confiança ilimitada no poder de DEUS, mas a coragem, a
nossa decisão em dar o primeiro passo.
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Juízes
4:17-24 - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Sísera
Foge e É Morto por Jael, Mulher do Queneu Héber
Vemos
o exército dos cananeus totalmente aniquilado. Lemos (a derrota desse exército
é vista como um exemplo do que Deus fez em épocas posteriores, Salmos 88.9,10)
que eles vieram a servir de estrume para a terra. Temos aqui:
I
A
queda do seu general, Sísera, capitão do exército, em quem, possivelmente,
Jabim, seu rei, depositou sua completa confiança e, portanto, não estava
presente na ação. Vamos traçar os passos da queda desse homem poderoso.
1.
Ele abandonou seu carro e fugiu a pé (vv. 15,17). Seus carros tinham sido seu
orgulho e confiança; e podemos supor que ele tinha, portanto, desprezado e
afrontado os exércitos do Deus vivo, porque estes estavam todos a pé e não
tinham nem carro nem cavalo, como ele tinha. Portanto, de maneira legítima, ele
é humilhado em relação à sua confiança e forçado a abandoná-lo, e acha que está
mais seguro ao descer do seu carro, embora possamos supor que tenha sido o
melhor de todos os carros. As pessoas que confiam na criatura acabam
desapontadas; é semelhante a uma cana quebrada, que não só quebrará debaixo
deles, mas entrará pela mão, a furará e causará muita tristeza (veja Is 36.6).
O ídolo pode rapidamente se tornar um peso (Is 46.1), e aquilo que tanto nos
atiçava pode nos saturar. Sísera parece tão miserável agora que está
desmontado. É difícil dizer se estava mais envergonhado ou mais trêmulo. Não
coloque sua confiança em príncipes, porque eles podem rapidamente ser colocados
numa posição semelhante à de Sísera, esse homem que há pouco confiava em suas
armas com tanta segurança e que agora não tem em quem confiar.
2.
Ele fugiu buscando abrigo nas tendas dos queneus, não tendo um lugar seguro
para se refugiar. Talvez tivesse desprezado e ridicularizado anteriormente a
maneira de vida humilde e solitária dos queneus, ainda mais porque a religião
foi conservada no meio deles; mas agora ele está feliz em colocar-se debaixo da
proteção de uma dessas tendas. Ele escolhe a tenda ou canto de uma mulher,
talvez para parecer menos suspeito ou porque era a tenda que estava mais
próxima na sua fuga (v. 17). O que o encorajou a ir para lá era que nessa época
havia paz entre seu mestre e a casa de Héber: não que houvesse qualquer aliança
(ofensiva ou defensiva) entre eles, somente que naquele momento não havia
indicações de hostilidade. Jabim não lhes causava mal, não os oprimia como
fazia com os israelitas. A sua maneira de viver simples, quieta e inofensiva
não os tornava suspeitos ou temidos. Talvez Deus permitiu que fosse dessa forma
como recompensa pela sua lealdade à verdadeira religião. Por isso, Sísera
achava que estaria seguro no meio deles; não considerando que, embora não
estivessem sofrendo debaixo do poder de Jabim, eles se compadeciam de todo
coração com o Israel de Deus por causa do sofrimento deles.
3.
Jael convidou Sísera para entrar e o cumprimentou. Provavelmente, ela estava
parada à porta da tenda, para receber notícias do exército e do sucesso da
batalha que estava ocorrendo não longe dali. (1) Ela o convidou para entrar.
Talvez ela estivesse esperando uma oportunidade para mostrar bondade a qualquer
israelita aflito, se houvesse oportunidade para tal; mas ao ver Sísera vindo
apressadamente, ofegante, ela o convidou para repousar na sua tenda, na qual,
enquanto ela parecia propor-se a aliviar sua fadiga, talvez ela realmente
tencionasse atrasar sua fuga, para que pudesse cair nas mãos de Baraque, que
estava agora à caça dele (v. 18). Pode ser questionado se ela num primeiro
momento teve um plano de tirar a vida dele, ou se Deus, mais tarde, colocou
esse plano em seu coração. (2) Ela o tratou com muito carinho e parecia estar
muito interessado em ajudá-lo, como seu hóspede convidado. Como ele estava
muito cansado, ela encontrou um lugar conveniente para que ele pudesse
descansar e recuperar suas forças. Como Sísera estava com sede, ela lhe oferece
leite, a melhor bebida que a sua tenda podia oferecer (v. 19). Podemos supor
que ele o bebeu entusiasticamente e, sendo revigorado com ele, estava pronto
para dormir. Será que ele estava com frio ou com receio de pegar um resfriado,
ou ele desejava se esconder dos perseguidores que poderiam revistar aquela
tenda? De qualquer forma ela o cobriu com uma coberta (v. 18). Todas essas
ações são expressões de cuidado pela sua segurança. Somente quando ele pediu
para Jael contar uma mentira acerca dele, dizendo que ele não estava lá, ela
não lhe deu resposta (v. 20). Não devemos pecar contra Deus, nem para favorecer
aqueles por quem gostaríamos mostrar favor. Por último, devemos supor que ela
procurou manter a sua tenda livre de barulho, para que ele pudesse adormecer o
mais rapidamente possível. Na verdade, Sísera estava menos seguro quando estava
mais seguro. Quão incerta e precária é a vida humana! Qual é a garantia que
podemos ter dela, quando pode tão facilmente ser traída por aqueles a quem a
confiamos? Qual é a segurança da vida se aqueles que esperávamos que agissem
como protetores dela acabam destruindo-a? É melhor ter Deus como amigo, porque
Ele não nos enganará.
4.
Quando ele estava dormindo profundamente ela atravessou uma estaca comprida nas
têmporas dele, prendendo sua cabeça na terra, e o matou (v. 21). E, embora o
serviço estivesse terminado, para assegurar-se do seu trabalho (se formos fiéis
à tradução, 5.26), ela cortou sua cabeça e a deixou ali presa ao chão. Se tinha
planejado isso ou não quando o convidou para entrar na sua tenda não está
claro. Provavelmente, esse pensamento ocorreu a ela quando o viu deitado tão
convenientemente para receber um golpe fatal; e, sem dúvida, existe evidência
suficiente para assegurar que esse pensamento não veio de Satanás, como matador
e destruidor, mas de Deus, como um juiz justo e vingador. Ela teve a percepção
de que isso honraria a Deus e traria libertação a Israel. Não havia nela a
escuridão da malícia, ódio ou vingança pessoal. (1) Foi o poder divino que a
capacitou a fazê-lo e a inspirou com uma coragem varonil. E se a sua mão
tremesse, e se errasse o golpe? O que aconteceria se ele acordasse quando ela
estava prestes a fazê-lo? Ou, suponha que alguns dos seus próprios serventes o
seguissem e a surpreendessem no ato, quão caro seria o preço que ela e todos os
seus pagariam por isso? No entanto, obtendo a ajuda de Deus, ela o fez com
eficácia. (2) Foi uma ordem divina que a inocentou para fazê-lo;
consequentemente, visto que nenhuma comissão tão extraordinária como essa pode
agora ser aspirada, esse ato não deve ser imitado sob hipótese alguma. As leis
de amizade e hospitalidade devem ser observadas religiosamente, e devemos
abominar o pensamento de trair alguém que convidamos e encorajamos para colocar
sua confiança em nós. E, em relação a esse ato de Jael (semelhante ao de Eúde
no capítulo anterior), temos motivos para pensar que ela estava consciente de
um impulso divino sobre o seu espírito para fazê-lo, que a satisfez plenamente
(e deveria, portanto, satisfazer a nós) de que tinha sido bem-feito. O
instrumento da execução foi uma estaca da tenda, isto é, um grande pino ou
cravo, com o qual a tenda era fixada. Pelo fato de removerem as tendas com
frequência, ela estava acostumada a cravar essas estacas e, portanto, soube
como fazê-lo com toda habilidade nessa grande ocasião. Aquele que tinha a
intenção de destruir Israel com seus muitos carros de ferro é destruído com uma
estaca de ferro. Assim, as coisas fracas deste mundo confundem as fortes (veja
1 Co 1.17). Observe aqui a glória de Jael e a vergonha de Sísera. [1] Esse
grande comandante morre em seu profundo sono e cansaço. Ficamos impressionados
por que ele não se mexeu ou oferecesse algum tipo de resistência. Na verdade,
ele estava tão preso às correntes do sono que não conseguiu movimentar suas
mãos. Assim, os que são ousados de coração são despojados à tua repreensão, ó
Deus de Jacó... Eles são lançados num sono profundo e assim são preparados para
dormir seu sono derradeiro (Sl 76.5,6). Que o forte não se
glories na sua força; porque no seu sono onde fica a sua força? Ela é frágil e
ele nada pode fazer; uma criança pode insultá-lo e roubar a vida dele; no
entanto, quando não dorme, ele logo está exausto e fatigado e não pode fazer
coisa alguma. Essas palavras estando ele já cansado (v. 21) não são encontradas
dessa forma nas outras versões antigas. As versões siríaca e arábica trazem:
ele debateu-se (ou fez um movimento brusco, como costumamos dizer) e morreu. A
versão caldaica traz: Exagitans sese mortuus est. Ele desfaleceu e morreu. A
LXX diz: Ele foi obscurecido e morreu. O latim comum traz: consocians morte
soporem, unindo o sono e a morte, reconhecendo que eles são tão parecidos. Ele
desfaleceu e morreu. [2] Ele morre com sua cabeça cravada ao solo, um símbolo
da sua inclinação terrena. O curve in terram animæ! Sua orelha (diz o bispo
Hall) estava presa à terra, como se seu corpo estivesse ouvindo o que tinha
acontecido com a sua alma. [3] Ele morre pela mão de uma mulher. Isso aumentava
sua vergonha diante dos homens; e se tivesse tomado conhecimento desse fato,
como ocorreu com Abimeleque (Jz 9.54), podemos imaginar quanto maior seria a
sua vergonha.
II
A
glória e alegria de Israel.
1.
Baraque, seu líder, encontra seu inimigo morto (v. 22) e, sem dúvida, ele
estava muito satisfeito em ver o “serviço” tão bem-feito, para a glória de Deus
e para a perplexidade e vergonha dos seus inimigos. Se Baraque tivesse pensado
somente na sua própria honra, teria ficado ressentido e consideraria uma
afronta ver o general morto por qualquer outra mão senão a sua. Mas agora ele
deve ter se lembrado que essa diminuição da sua honra, para a qual ele tinha
sido sentenciado, ocorreu pelo fato de insistir na presença da Débora com ele
(à mão de uma mulher o SENHOR venderá a Sísera). Dificilmente alguém poderia
imaginar que a predição se cumpriria dessa forma.
2.
Israel é completamente liberto das mãos de Jabim, rei de Canaã (vv. 23,24).
Eles não somente se livraram do seu jugo nesse dia de vitória, mas,
posteriormente, deram continuidade à guerra contra ele, até que o destruíram
completamente. Ele e sua nação tinham sido entregues à ruína por decreto divino
e não deveriam ser poupados. Os israelitas, tendo sofrido por causa da sua
piedade tola por não o ter feito antes, percebem agora que está no seu poder
não os tolerar mais, mas livrar-se completamente deles, como um povo a quem
mostrar misericórdia era contra o próprio interesse deles, bem como contra a
ordem divina. Provavelmente para lembrá-los da sentença sob a qual estavam,
esse inimigo é citado três vezes nestes dois últimos versículos. Ele é chamado
de rei de Canaã e, como tal, precisava ser destruído. Ele foi destruído de
forma tão cabal que não me lembro ler a respeito de reis de Canaã depois desse
episódio. Os filhos de Israel teriam evitado muita dor e tristeza, se tivessem
destruído os cananeus mais cedo, como Deus lhes tinha ordenado e capacitado.
Mas, é melhor ser sábio tarde, e adquirir sabedoria por experiência, do que
nunca ser sábio.
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Comentário Bíblico Moody
4)
O Fim da Opressão de Jabim e Sísera por Intermédio de Débora e Balaque. 4:1-
5:31.
Juízes
4
4:1.
Os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau perante o Senhor, depois de
falecer Eúde. Durante a vida de Eúde, Israel permaneceu fiel ao Senhor. Depois,
contudo, uma nova explosão de idolatria introduziu outro período de opressão.
2.
Entregou-os o Senhor nas mãos de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor. As
opressões anteriores vieram de fora da terra de Canaã. Jabim, contudo, um líder
cananeu, comandou uma insurreição contra os israelitas, os quais, sob a liderança
de Josué, os tinham desapossado. Hazor era o forte mais importante em Canaã
setentrional. Sísera era o comandante do seu exército, o qual então habitava em
Harosete-Hagoim. A casa de Sísera, Haroshet haggoyim, é a moderna Tell 'Amar,
localizada no local onde o Rio Quisom passa por uma estreita garganta antes de
entrar na Planície do Acre. Fica a cerca de 16kms a noroeste de Megido.
3.
Débora, profetiza, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. Débora
foi descrita como profetiza e juíza. Em um momento de desespero ela despertou o
seu povo pala a luta.
5.
Ela atendia debaixo da palmeira de Débora. Em lugar de atendia devemos entender
assentava-se. Parte da responsabilidade de Débora como juíza era assentar-se
como árbitro na resolução de disputas. A árvore particularmente associada com
seu juizado ficava entre Ramá e Betel. Ramá ficava em Benjamim, ao norte de
Jerusalém. Esta é a região onde mais tarde Samuel julgou Israel (I Sm. 7:16).
6.
Mandou ela chamar a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali. Quedes de
Naftali era uma cidade de Refúgio (Js. 20:7; cons. 12:22). Esta parte de Israel
ficava mais próxima dos opressores cananeus. Vai, e leva gente ao monte Tabor.
Baraque recebeu ordem de convocar os exércitos de Israel no monte Tabor, na
região nordeste da Planície de Esdrelom.
7.
E fará ir a ti para o ribeiro Quisom a Sísera ... e o darei nas tuas mãos.
Débora falou como profetiza. Deus prometeu destruir os exércitos de Sísera por
meio dela.
8.
Se fores comigo, irei. Balaque queria a certeza de que a profetiza o
acompanharia, garantindo-lhe assim sucesso na batalha.
9.
Certamente irei contigo . . . às mãos de uma mulher o Senhor entregará Sísera.
Débora prometeu acompanhar Baraque, mas ela declarou que uma mulher seria a
heroína. Isto antecipa a parte desempenhada na derrota dos cananeus por Jael, a
esposa de Héber.
10.
Então Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes. As duas tribos do norte
tinham a responsabilidade de enfrentar a ameaça de Sísera.
11.
Ora, Héber, queneu. . . dos filhos de Hobabe, sogro de Moisés. O historiador
sagrado fornece alguns antecedentes relativamente aos queneus. Parece que eram
ferreiros nômades com os quais Moisés se encontrou a primeira vez durante sua
peregrinação ao deserto, antes de vir a ser o líder do Êxodo. Héber tinha se
separado de sua tribo e tinha se estabelecido perto de Quedes.
12.
Anunciaram a Sísera que Baraque, filho de Abinoão, tinha subido ao monte Tabor.
Sísera, estando informado dos movimentos de Baraque, reuniu seu exército,
incluindo novecentos carros de ferro, e marchou de Harosete para Quisom.
14.
Baraque, pois, desceu do monte Tabor, e dez mil homens após ele. Sob a
afirmação de Débora de que Deus iria conceder uma grande vitória a Israel,
Baraque e seus dez mil homens saíram impetuosamente contra o exército cananeu
no vale.
15.
E o Senhor derrotou a Sísera. Os cananitas foram tomados de pânico. A súbita e
violenta investida do exército israelita, mais a tempestade que fez o Quisom
transbordar (5:21), forçou os cananeus a fugirem de seus carros, os quais eles
deixaram atolados no vale.
17.
Sísera fugiu a pé para a tenda de Jael, mulher de Héber, queneu. Com a
destruição de seu exército, a primeira preocupação de Sísera foi salvar a
própria vida. Porquanto havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e a casa de Héber,
queneu. Sísera tinha motivos pala pensar que estaria seguro se alcançasse a
casa de Héber. Evidentemente os cananeus não tinham oprimido os nômades queneus
que viviam entre eles, e os queneus não tinham participado da insurreição dos
israelitas contra eles.
18.
Saindo Jael ao encontro de Sísera disse-lhe: Entra, senhor meu. Jael ofereceu a
hospitalidade de sua tenda ao amedrontado Sísera. Se ela convidou que entrasse
em sua tenda a fim de matá-lo ou não é uma questão de inferência. Pôs sobre ele
uma coberta. O significado exato da palavra traduzida para coberta não é certo.
Também pode ser traduzido pala cortina de tenda.
19.
Ela abriu um odre de leite, e deu-lhe de beber, e o cobriu. Sísera pediu água,
mas Jael abriu um odre de pele de carneiro ou cabrito no qual se guardava leite
e deu-lhe.
20.
Põe-te à porta da tenda. Sísera tinha motivos pala suspeitar que os israelitas
iriam persegui-lo. Pediu a Jael que lhes dissesse que não se encontrava em sua
tenda. Sua atitude hospitaleira levou-o a pensar que podia confiar nela.
21.
Então Jael, mulher de Héber, tomou uma estaca da tenda ... e lhe cravou à
estaca na fonte . . . e assim morreu. Entre os beduínos é da responsabilidade
das mulheres a armação das tendas, e isto podia também acontecer entre os
antigos. A estaca e o martelo que Jael usou eram provavelmente feitos de
madeira. Sísera, exausto de sua fuga difícil, dormia profundamente, e Jael
achou que era sua oportunidade de matar o inimigo de Israel. Alguns
comentadores sugerem que Jael não simpatizava com a neutralidade do seu marido
(4:17), e que sua atitude com Sísera foi motivada por sua lealdade a Israel. Se
o assassinato de Sísera foi ou não premeditado por ela, é irrelevante ao que
diz respeito a narrativa de Juizes. Do ponto de vista israelita, ela foi uma
heroína porque provocara a morte de Sísera.
22.
E eis que, perseguindo Baraque a Sísera, Jael lhe saiu ao encontro. Jael deu a
Baraque a boa notícia de que o capitão dos cananeus estava morto.
23.
Assim Deus naquele dia humilhou a Jabim, rei de Canaã, diante dos filhos de
Israel. As Escrituras não separam Deus do processo histórico. O ato de Jael foi
registrado, mas a vitória foi atribuída a Deus. A atitude de toda a Bíblia para
com a história é consistente. Deus permite que os pagãos castiguem o Seu povo,
e Deus levanta libertadores pata salvá-los. Causa e efeito são significativos
no plano histórico, mas Deus é colocado como o Poder por trás de tudo o que
acontece, bom ou mau. Não há necessidade de justificarmos o ato de Jael. Até os
atos de perversidade nas Escrituras são representados corvo promovedores dos
finais propósitos de Deus (cons. Atos 2:23, 24; Sl. 76:10).
))))))))))))))))))))))))))))))))))))
1)
Entre outros, (5) os filisteus. COMENTÁRIO MESQUITA ( AT )
Cinco
"príncipes" dos filisteus ficaram para provar a Israel (3:4).
Noutros lugares faremos, como já fizemos, menção a esta gente valente e
corajosa que foi, por séculos, um espinho na carne dos judeus. A palavra
"príncipe" significa chefe de uma região ou cidade. Eles não
tinham governo real, por isso não tinham príncipes, no rigor da palavra.
Suas cidades eram, do norte para o sul, Asdode, Ascalom, Ecrom, Gaza e Gate, muito
familiares aos leitores da Bíblia. A palavra príncipe, aqui usada, nem é
hebraica. Talvez oriunda da sua terra de origem. Ainda se discute a
origem dessa gente. Para uns, vieram da Anatália, na Ásia Menor; para
outros, e isso parece ser o certo, os filisteus procediam de Creta, e por isso
são também chamados de "quereteus" ou queretitas (I Sam.
30:14). Eram caftoritas, oriundos de Creta. Isso não significa que
nas suas andanças não tivessem tido relações com outros povos diferentes.
Em Deuteronômio 2:23 temos a explicação: "Os caftorins que saíram de
Caftor, Creta, destruíram os aveus e moraram nas suas cidades (vilas).
Tem-se
como provável que eram um povo imigrante, e nessas andanças vieram à Palestina
algumas vezes. Lá os encontramos, confundidos com os amalequitas, no
tempo de Abraão e Isaque: "Abimeleque, rei dos filisteus", quando o
certo é que era rei dos amalequitas. Daí a confusão dos testes
(Gên.,26:1). Eram povo nômade, e onde iam ficavam e se confundiam com os
naturais.
Pensam
alguns eruditos que vinham de Creta à Palestina, em busca de trigo, e muitos
por lá ficariam, atraídos pela abundância da terra. Algumas das suas
palavras, como "príncipe", no grego koirano ou tyirano, são uma
denúncia de que eram filhos dos gregos. Em Amás 9:7 são eles
chamados filhos de Caftor (Creta). Teriam se fixado na Palestina em
1490 a.C. mais ou menos. Usavam capacetes e ferramentas de
ferro. Acredita-se que, no seu contato com os mitânios e hiteus,
teriam aprendido a fundir o ferro, muito mais fácil do que o bronze e o estanho,
e com esta invenção podiam fabricar os seus instrumentos de guerra, coisa que
os israelitas não sabiam fazer. Eram, pois, neste particular, pelo
menos, muito superiores aos nossos israelitas. Não nos devemos
admirar, pois, que através dos séculos, se tivessem mantido em posição
competitiva com os israelitas, e lhes tivessem dado tanto
trabalho. Em I Sam. 17:5, 6, eles se nos
apresentam com capacetes de bronze (seria ferro) e vestindo uma couraça de
escamas, cujo peso era de cinco mil ciclos de bronze. Traziam
caneleiras de bronze nas pernas e um dardo de bronze entre os
ombros. Eram guerreiros, à moda dos romanos, com o seu capacete e
suas couraças no peito. É certo que esta referência é a Golias, mas ele não era
o único a usar estas armas de guerra
2)
Os cananeus (11) (3:5, 6).
Cananeus,
heveus e outros. A terra estava povoada dessa gente que se encontrava
em todos os lugares. Todos eram filhos de Cão e se tinham alojado na
Palestina, uma nesga de terra muito central e de fartas
colheitas. No dizer da Bíblia, "terra que manava leite e
mel", portanto, deveria ser cobiçada por todas as tribos.
3)
Os sidônios e fenídos.
O
texto nos apresenta Sidom porque esta cidade foi a principal em tempos
primitivos, perdendo um pouco de sua supremacia quando Tiro se desenvolveu e se
tornou uma potência marítima. Por séculos, o termo que dominava na
literatura era Sidom, que fica umas poucas milhas ao norte de
Tiro. Esta desapareceu totalmente depois da conquista de Alexandre
em 300, mas Sidom continuou por muito tempo, e na época dos cruzados, foi um
grande centro deles. Lá se encontram ainda as fortalezas construídas
por eles, em cima das antigas dos sidônios. Sidom existe atualmente
num povoado, na encosta, mas a velha cidade desapareceu mesmo.
4)
Heveus, jebuseus e outros.
Como
dissemos, há muita discussão de que estes heveus sejam hititas, mas o texto
menciona também os hititas. O vocábulo hebraico Hiumi se confunde com o
termo ahhiyyawa, que denota os hiteus. Atualmente se sabe que o
território dos hiteus era a Ásia Menor, com uma capital em Bogaz-Coi, outra em
Orontes e outra em Cades. Era o império mais famoso daqueles séculos, e,
portanto, não eram propriamente palestinos, mas as suas guardas avançadas iam
longe. Quando Abraão entrou na Palestina, foi com eles que se entendeu
para a compra de um pedaço de terra, para sepultar a sua querida Sara (Gên.
23:1-6). Abraão comprou em Quiriate-Arba (Hebrom), um campo para seu uso
particular, e o comprou dos filhos de Hete. Por isso entendemos que a
terra estava muito ocupada com esta gente, mui gentil com Abraão e até o chama
de senhor, em virtude da posição que Abraão ocuparia no meio deles.
Portanto, os hititas, junto com os hivitas e outros, eram os primitivos povos
de Canaã. Também são chamados, por alguns comentadores, de horitas, isto
é, moradores em cavernas, se bem que morador em cavernas não seja privilégio
dos horeus de Seir, nem de outros quaisquer; era de todos os povos antigos.
Já
se sabe muito, atualmente, a respeito deste notável povo, depois que C.W. Ciran
( 7) traduziu muitos dos seus documentos.
Por
muitos séculos permaneceram eles desconhecidos, por causa da sua língua
indecifrável, devido ao fato de ser uma mistura de muitas
línguas. Aí por 2000 a.C. invadiram a Mesopotâmia, estabelecendo um
reino que se conhece, atualmente, como reino mitânio; mas os mitânios eram
outro povo, mesmo que tivessem muita coisa em comum. Os mitânios
eram um povo indo-europeu e a sua língua como a religião têm muito parentesco
com a língua e religião hindu. Nesta altura de 1400 teriam então
invadido a Palestina e lá se fixaram depois que os grupos avançados teriam
dominado grandes porções da terra. Abraão chegou à Palestina em 2060
e lá os encontrou estabelecidos e firmes. Os egípcios os conheciam
com o nome de huru, assim como noutros textos se conhecem os palestinos pelo
nome de amuru. Isso dependia da influência maior ou menor do grupo
dominante. Nos tempos de Josué, eles eram muito fortes, tendo em seu
poder as regiões superiores, com a sua grande capital, Hamate, e dominavam
desde o monte Baal-Hermom até a entrada de Hamate. Baal-Hermom
perdeu mais tarde o prenome Baal, ficando Hermom, e é por este nome que nós a
conhecemos. Os libaneses ainda se orgulham de estabelecer as suas
relações ancestrais com os hiteus e mitânios, mesmo que atualmente sejam
considerados árabes, o que não são, porque os árabes são os descendentes de
Isaque e Ismael.
O
pior de tudo, nesta história, é que os israelitas logo começaram o seu tráfico
social, dando e recebendo mulheres para os seus filhos, justamente o que estava
absolutamente proibido, porque uma vez estabelecidas relações familiares, nada
mais poderia separar esta gente (3:6).
(5)
Biblical Enciclopaedia, Artigo Felisteus (Pelistines). A Bíblia e as
Civilizações Antigas. p. 200.
(6)
A Bíblia e as Civilizações Antigas, J. McAdams, trad. do autor, edição da
Editora Dois Irmãos, 1962.
(7)
Veja C.W. Ciran, O Segredo dos Hiatas.
OS
JUIZES DE ISRAEL
COMEÇA
O GRANDE DRAMA DA SOBREVIVÊNCIA DO POVO
JUÍZES
3:7-16:31
Preâmbulo
Depois
de um breve relato dos problemas relacionados com a posse da terra, conforme
vimos nos capítulos 1-3:6, quando a conquista deveria ser completada, sob pena
de uma sobrevivência tormentosa, o autor do livro entra no relato dos governos,
Juízes, como se tem convencionado chamar. Não sabemos quantos anos
mediaram entre a morte de Josué e os começos das lutas, conforme este
livro. Acreditamos que não se passaram muitos anos porque, somando todos
os períodos de governo dos juízes, achamos 274. Não sabemos quantos anos
compreenderia o que, neste esboço do livro, chamamos de era escura de Israel, e
que vai dos capítulos 17-21. Se déssemos uns 50 anos para os começos das
lutas pela posse da terra, talvez não exagerássemos. Se isto pudesse ser
aceito como certo, teríamos então 324 anos; todavia, o período dos juízes
realmente compreende 350 anos. Nós não damos valor demasiado a
cifras. Usamo-las porque ajudam nossa compreensão, embora ninguém possa
afirmar que tenhamos olvidado uma ou outra data (veja a cronologia na página
223).
Na
tentativa de fazer um esboço do livro ora em estudo, desprezamos todos os estudos
feitos por outros, para ficar com o que nos parece mais simples e ao mesmo
tempo mais racional. Os capítulos 1-3:6 são uma espécie de
introdução, como já foi notado. Do capítulo 3:7-16:31, temos a
história dos juizes e seus governos uns mais longos, outros mais
breves. Do capítulo 17-21 temos alguns episódios lamentáveis, que
apreciaremos como uma segunda parte do livro. Igualmente,
incluiremos o livro de Rute, Como um apêndice ao livro dos
Juizes. Isso feito, parece-nos que assim damos aos leitores uma
melhor compreensão do livro e seus grandes dramas. Em verdade, o
livro relata dramas vividos pelo povo, lutando por sua sobrevivência. Se o
título fosse O Livro dos Dramas do Povo de Israel, seria bem mais apropriado,
do que simplesmente Juízes. (1)
Estamos,
então, ao que nos parece, em condições de começar nossa apreciação desse grande
drama da luta pela sobrevivência do povo na terra prometida. Do
ponto de vista divino, tudo estava devidamente planejado, para que o povo
tivesse aquela vida calma e feliz, prometida para uma terra onde manava leite e
mel, na expressão bíblica. Deus, naturalmente, era o avalista dessa
boa e feliz vida, e estava desejando cumprir sua parte. Mas
infelizmente, como tantas vezes tem sido observado, a terra estava infestada de
divindades, que seriam um laço para o povos se este não se apegasse a seu
Deus. Como o povo não foi fiel, o programa prometido não foi
realizado. As lutas pela sobrevivência constam dos relatos, muitas
vezes lacónicos, das atividades dos juizes. Prometemos não cansar o
leitor com minúcias, a respeito de origens, tradições e famílias dos
juizes. O autor destas notas é um tanto infenso a certas
particularidades que em nada melhoram um trabalho e o tornam massudo. Vamos,
pois, estudar o primeiro drama do povo e seu primeiro juiz.
(1)
Para uma compreensão razoável do Livro dos Juizes leia-se Charlei Marston, A
Bíblia Disse a Verdade, J. McKee Adams, A Bíblia e as Civilizações
Antigas, tradução do autor.
1
. Otniel - O Primeiro Juiz
O
verso sete do capítulo 3 apenas diz: Os filhos de Israel fizeram o que era mau
aos olhos do Senhor..." Era esta a nota constante e será o refrão daqui
por diante, até o término do livro. Então, que
aconteceu? Deus abandonou o povo ao seu destino, ou melhor, aos seus
novos deuses, e veio Cusã-Risataim, que os oprimiu por oito
anos. Quem era este Cusã? O texto diz que era rei da
Mesopotâmia. Não sabemos que houvesse neste tempo qualquer governo
forte na Mesopotâmia, capaz de vir à Palestina dominar um povo de alguns
milhões. Mesopotâmia mergulhou no olvido depois dos grandes reis
referidos no capítulo 14 de Gênesis. Pensa-se que seria um monarca
da futura Assíria, mas também não sabemos que governos houvesse lá para aquelas
bandas, com pretensões a domínio no Ocidente. Além disso, depois
deste incidente, não aparece mais nenhum monarca do Oriente com pretensões no
Ocidente. Isso aconteceu lá pelo ano 1000 ou depois. A
data não sabemos ao certo, mas não pode ser depois de 1300 a.C. O profeta
Habacuque nos fala de tendas de Cusã, na terra de Mica (Hab. 3:7). Se foi
monarca de Midiã, devia ser dos descendentes de Ismael ou Esaú. Esta
gente do extremo sul sempre teve muito interesse na Palestina, e isso se verá
no decurso deste estudo. Não podemos dizer mais do que diz o
texto. E quem foi o monarca importa menos. Interessa é
saber que o povo logo se esqueceu do seu Deus e Ele o entregou na mão dos
pilhadores das nações. Há muito a dizer sobre o espírito dos
monarcas antigos, que nunca se contentavam com os seus territórios, e vinham,
como salteadores, tomar as terras dos outros. Isso vimos lá no ano
2000, no caso dos monarcas caldeus, ao tempo de Abraão (Gên. 14).
Deus
ouviu o grito de angústia do povo e o Seu Espírito levantou o ânimo de Otniel,
filho de Quenaz, irmão de Calebe, o dono de Hebrom. Como se deu a
luta, o texto não diz. Informa apenas que Otniel prevaleceu contra o
rei da Mesopotâmia. Então a terra teve paz por quarenta anos, até
que Otniel faleceu. Temos aqui um princípio de cronologia, mas isso
não nos ajuda a construir a cronologia regular do período de
Juizes. Durante anos, nenhum aventureiro veio molestar os
israelitas. Uma geração. Essa gente toda morreu e os seus
filhos não lembrariam Otniel e seus guerreiros. Novamente
"fizeram o que era mau aos olhos do Senhor", isto é, entregaram-se
aos ídolos dos cananeus, aos baalins, pelo que Deus mandou outro perseguidor,
na pessoa dos moabitas. Vejam só, os moabitas lá do extremo sul do
Mar Morto, irmãos dos mesmos israelitas. Os moabitas eram
descendentes de U e, por causa desse parentesco, Deus não permitiu que Moisés
lhes fizesse mal. Agora os vemos lambendo a terra de seus parentes,
que os haviam poupado, quando da vinda do Egito. Não vieram sozinhos
os moabitas, mas aliciaram seus irmãos amonitas e chamaram, o que poderia haver
de pior, os amalequitas, os primeiros a fazerem a guerra contra os filhos de
Israel ao saírem do Egito. Juntos vieram e tomaram a cidade das
Palmeiras, a cidade de Jericó. Não podemos saber quem reconstruiu a
cidade de Jericó, porque ela não podia ser reconstruída, sob pena de
maldição. Tampouco se nos diz se era uma cidade reconstruído ou
não. Parece que os opressores fizeram o seu quartel general em
Jericó e dali exigiam tributos anuais. Pelo verso 13 do capítulo 3
parece certo de que anualmente os filhos de Israel mandavam tributos a Eglom,
na crônica o rei dos moabitas, o chefe da conjura. Nós temos umas
tantas dificuldades para reconstituir a história com toda a autenticidade
possível. Jericó ficava do lado oeste do Jordão, e do lado leste
estavam os gaditas, rubenitas e manassitas. Nada se nos diz dessas
gentes que eram os vizinhos dos moabitas. Possivelmente, o domínio
abrangia tanto os israelitas do oeste como os de leste. Parece ser
isso que nos indicam os textos sagrados, pois doutra forma haveria divergência
de atitudes. É natural que antes de serem oprimidos os israelitas do ocidente
do Jordão o teriam sido os do oriente. Mas então, onde estavam os
homens valentes de Gade, Rúben e Manassés, que fizeram tão bonito papel quando
da conquista a oeste? Se esta gente se levantasse, não seriam os
moabitas capazes de enfrentá-la. Então como entender uma tal
situação? Só há uma explicação. O pecado fez com que Deus
abandonasse o povo, e, sabendo-se este, abandonado por Deus, não tinha coragem
nem forças. Não há f orça num povo ou num homem afastado de
Deus. Esta é a história que deve ser aprendida. Por
dezoito anos, metade de uma vida, os milhões de israelitas serviram a
Eglom. Semeavam e colhiam, mas não comiam. Criavam, mas
não comiam a carne. Eram sugados de verão a
inverno. Ninguém poderá pensar que os israelitas eram um povo fraco,
pusilânime. Nada disso, Eram muito valentes e até para o mal, para
se matarem uns aos outros, para se perseguirem. Nós, que estamos tão
à distância, nos surpreendemos com uma tal situação. Mais de 1.000.000 de guerreiros
serem vencidos e dominados por um povo relativamente pequeno. Que
pena!
Então
os filhos de Israel clamaram ao Senhor, que os ouviu e lhes levantou um líder
na pessoa de um benjamita, a tribo menor de Israel.
2.
Eúde - O Segundo Juiz
Fica
evidente que o povo não se havia esquecido totalmente de
Deus. Distraia-se com os ídolos dos cananeus e pecava contra o seu
Deus, que proibia o culto das imagens. Não nos diz o texto sagrado
como Deus se revelou a Eúde, mas, fosse por que meios fosse, ele sentiu a
chamada e se propôs a fazer a obra. Ele não ia combater, não levava
exército, parece que nem um secretário. Sozinho atravessou o Jordão
com a sua espada, por ele feita, com o tributo de ouro e prata, e lá se foi ao
encontro do gordo rei dos moabitas.
Eúde
era benjamita e era canhoto. Por meio dele enviaram o tributo anual
a Eglom, rei dos moabitas. O modo como ele planejou acabar com Eglom
é original e nos dá a medida dos costumes simples e primários daqueles
dias. Fez um punhal de bronze, do comprimento de um
côvado, meteu-o na cintura, do lado direito e lá se foi, porque a mão que usava
era à esquerda. Entregou o tributo, que deveria ser de ouro e prata,
e depois, pediu uma audiência particular ao rei, que de boa vontade lha
concedeu, pois esperaria alguma boa notícia. Todos os cortesãos
saíram e só ficou o rei e Eúde. Em meio à entrevista, meteu o punhal
na barriga de Eglom e a lâmina entrou até o cabo (3:22). Fechou a porta
atrás de si e foi embora. Os criados do rei desesperaram pelo
término da conferência, mas Eúde estava longe. Chegou nas colinas de
Efraim, tocou a trombeta, arregimentou o povo, dando a notícia de que o rei
estava morto e agora era a vez dos filhos de Israel. Passaram o vau
do Jordão, na altura de Jericó, e atacaram as forças moabitas, que agora sem
rei, foram facilmente destruídas. A luta deve ter sido ferida no
território de Gade, a leste do Jordão, e não sabemos que parte teria tomado
esta gente, junto com os rubenitas e manassitas, mas admitimos que, deflagrada
a luta, todos se levantassem contra o inimigo comum, que, afinal, não era muito
numeroso. Apenas uns dez mil homens, valentes e
fortes. Eglom não veio fazer guerra, senão teria trazido muita
gente, pois os amonitas, moabitas e amalequitas podiam facilmente reunir 50.
000 e mais. Os dez mil seriam uma espécie de escolta real, para
garantir a vida do seu rei.
"....
e a terra ficou em paz por oitenta anos." Nestes dois governos
estrangeiros, podemos somar os seguintes algarismos:
Domínio
de Cusã-Risataim 8 anos
Paz
na terra
depois 40
anos
Domínio
dos
moabitas 18
anos
A
terra em paz
por 80
anos
Temos
então, só o governo de dois juizes, um período de 146 anos, não falando do
governo de Eglom. Temos 350 anos para todo o período.
3.
Sangar - O Terceiro Juiz
Bem
pouco se diz do domínio dos filisteus, porque a perseguição desta gente era
constante. O que podemos dizer é que se tratava de uma incursão de
algum régulo dos filisteus, e não, propriamente, uma dominação. Com
uma aguilhada de bois, Sangar feriu a seiscentos filisteus. Sangar
nem é mencionado no meu dicionário bíblico. O pai dele sim, Anate, é
apresentado como "pai de Sangar", mas não sabemos de que tribo era,
nem como chegou a fazer esta proeza. Também não sabemos por quanto
tempo teriam os israelitas ficado sob o domínio dos filisteus, nem quantos anos
durou a paz. Como se vê, é muito lacunosa a cronologia do livro.
4.
Débora e Baraque - Quarto e Quinto Juizes
Incluímos
os dois aliados como juizes porque isso parece ser o certo. Se Bara
.que foi apenas um secretário de Débora, ou se Débora foi uma auxiliar de
Baraque, não está ao nosso alcance decidir. Os dois agiram e
realizaram a obra em comum. Ambos merecem as honras da história.
Depois
da morte de Eúde, os filhos de Israel "voltaram a fazer o que era mau aos
olhos do Senhor". Por esta declaração, Sangar não chegou a
funcionar como juiz e talvez por isso o texto não lhe consagre mais do que meia
dúzia de linhas, nem tanto.
Jabim
II, rei de Canaã, é para nós uma designação muito ambígua. O seu
reino, ou sede do seu governo, era Hazor, no extremo norte da Palestina, no
território destinado a Naftali. Em Josué 11, aparece outro Jabim,
rei de Hazor, cuja cidade Josué destruiu e incendiou. Hazor era uma
cidade fortificada que deveria ter sido ocupada pelos naftalitas, mas parece
que não foi. Outro rei se instalou ali e criou confederação, pois era
um lugar estratégico e ao seu derredor se formavam diversos
reizinhos. Agora aparece Jabim II como rei de Canaã, dominando os
hebreus por vinte anos. Devemos entender esta designação no seu
sentido limitado. Era um dos reis mais poderosos da terra, e com ele
estariam muitos outros, de menor influência. Hazor agora é um montão
de ruínas ainda esperando para falar da sua valia na
antiguidade. Hazor significa "fechada", quer dizer, cidade
fechada, de altas muralhas, com uma ou quatro portas, não sabemos. Temos
aqui uma lição para aprender. Se os naftalitas tivessem ocupado a
cidade (se pudessem), teriam evitado que nova confederação se formasse e se
dispusesse a uma desforra dos estragos infligidos por Josué. Decerto
que a história não estaria de todo esquecida, pois apenas cento e vinte anos
tinham passado; agora era uma revanche. As tribos de Naftali, Aser e
Zebulom ficavam muito ao norte, entravadas em territórios ocupados por povos
muito antigos e poderosos. Por isso talvez não fosse possível a sua
ocupação. De qualquer sorte, temos agora um outro Jabim, que
chamamos Jabim 11, com o seu general, cujo quartel ficava em Harosete-Hagoim,
ou Harosete dos Gentios, chamada assim por causa da grande multidão de povos
que se reuniriam ao redor desse comandante. Esta cidade, ainda não
identificada, deveria ficar ao norte do Mar da Galileia, nas imediações do Lago
Hulé. Quando o autor esteve em Cafarnaum, teve muito desejo de subir
um pouco e visitar estes lugares, mas o grupo estava com um programa muito
apertado, para ir almoçar em monte Carmelo ou em Haifa, e o seu desejo ficou
para outra vez. Se ele dispusesse de recursos a sua vida seria gasta
em pesquisas nestes lugares de tanta significação para a
história. Mas voltemos a Jabim.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Revista
na Íntegra
ESBOÇO
DA LIÇÃO
1-
DÉBORA, A ESTRATEGISTA
1-1-
Tática de guerra para vencer o exército de Jabim, rei de Canaã
1-2-
Tática de guerra para vencer Sísera, o comandante do exército inimigo
2-
O GRANDE LÍDER MANTÉM VÍVIDA A MEMÓRIA DE SEU LEGADO
2-1-
O grande líder relembra as vitórias de seus antepassados
2-1-1-
O grande líder encarna o cuidado divino
2-2-
O grande líder faz menção aos voluntários de guerra
2-2-1-
O grande líder honra seus guerreiros
2.3.
O grande líder não se furta à denúncia do mal
2-3-1-
Rúben
2-3-2-
Gileade, Dã e Aser
2-3-3-
Meroz
TEXTO
BÍBLICO BÁSICO - Juízes 4.4-11
4
- E Débora, mulher profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele
tempo.
5
- E habitava debaixo das palmeiras de Débora, entre Ramá e Betel, nas montanhas
de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo.
6
- E enviou, e chamou a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali, e
disse-lhe: Porventura o Senhor, Deus de Israel, não deu ordem, dizendo:
Vai,
e atrai gente ao monte de Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de
Naftali e dos filhos de Zebulom?
7
- E atrairei a ti para o ribeiro de Quisom a Sísera, capitão do exército de
Jabim, com os seus carros e com a sua multidão, e o darei na tua mão.
8
- Então, lhe disse Baraque: Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo,
não irei.
9
- E disse ela: Certamente irei contigo, porém não será tua a honra pelo caminho
que levas; pois à mão de uma mulher o Senhor venderá a Sísera. E Débora se
levantou e partiu com Baraque para Quedes.
10
- Então, Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes e subiu com dez mil
homens após si; e Débora subiu com ele.
11
- E Héber, queneu, se tinha apartado dos queneus dos filhos de Hobabe, sogro de
Moisés, e tinha estendido as suas tendas até ao carvalho de Zaananim, que está
junto a Quedes.
TEXTO
ÁUREO
Cessaram
as aldeias em Israel, cessaram, até que eu, Débora, me levantei, por mãe em
Israel me levantei. Juízes 5.7
SUBSÍDIOS
PARA
O
ESTUDO DIÁRIO
2ª
feira – Juízes 4.4 A espiritualidade feminina
3ª
feira – Juízes 4.9 Deus dá vitória ao Seu povo
4ª
feira – Juízes 5.17 Muito além dos próprios interesses
5ª
feira – Juízes 5.1,2 A voluntariedade dos que servem
6ª
feira – Juízes 4.14,15 Estratégias para melhores resultados
Sábado
– Juízes 5.24; Romanos 13.7 Os que prestam grande serviço são honrados
OBJETIVOS
Ao
término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de entender que:
-
quando Deus quer levantar alguém para algo grandioso, Ele nos surpreende;
-
quando Deus quer dar livramento ao Seu povo, Ele apresenta grandes estratégias;
-
quando Deus dá estratégia ao Seu povo, Ele o poupa de esforços desnecessários.
ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Caro
professor, nesta lição, abordaremos a história de Débora, a juíza-profetisa de
Israel, que comandou o exército israelita contra o exército cananeu e saiu
vitoriosa. Sim, Deus usa homens e mulheres em Sua obra, de acordo com Sua
soberana vontade; Ele chama e capacita todos nós. Como oportunamente destacou o
apóstolo Paulo: (...) não existe diferença entre judeus e não judeus, entre
escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres: todos vocês são
um
só por estarem unidos com Cristo Jesus (Gl 3.28 NTLH). Nesta lição, foque as
características singulares da liderança de Débora, que podem ser aplicadas à
vida de todos, indistintamente: o grande líder mantém vívida a memória de seu
legado; relembra as vitórias de seus antepassados; encarna o cuidado divino;
faz menção aos voluntários de guerra; honra seus guerreiros; e não se furta à
denúncia do mal.
Boa
aula!
COMENTÁRIO
Palavra
introdutória
Nesta
lição, adentraremos à história de uma juíza de
Israel,
cuja trajetória está registrada no livro de Juízes. A liderança estratégica exercida
por Débora conferiu-lhe o título de mãe na nação (Jz 5.7). A mulher de Lapidote
era uma profetisa (Jz 4.4-9); por essa razão, ela gozava de grande prestígio
entre o povo hebreu.
1-
DÉBORA, A ESTRATEGISTA
Como
ainda não havia sido constituído um rei sobre Israel, os cananeus dominavam o
povo da Antiga Aliança, que não tinha para onde escapar. Nesta lição,
observa-se que os hebreus estavam sendo oprimidos por Jabim, rei dos cananeus,
havia 20 anos (Jz 4.1-
3).
Como juíza da nação, Débora usou o seu dom profético a serviço do povo, entre
Ramá e Betel (Jz 4.5). Debaixo de uma palmeira que levava o seu nome, a mulher
de Lapidote ouvia as queixas de toda uma população sofrida e, ali, julgava suas
questões (Jz 4.5). No versículo subsequente à apresentação de Débora no livro
de Juízes, o escritor sagrado dá-nos ciência de que chegara a hora de o povo
reagir.
1-1-
Tática de guerra para vencer o exército de Jabim, rei de Canaã
A
orientação que Débora recebeu de Deus e, em seguida, transmitiu a Baraque, filho
de Abinoão, da tribo de Naftali, foi esta: O Senhor, o Deus de Israel, está lhe
dando esta ordem: “Escolha dez mil homens das tribos de Naftali e Zebulom e os
leve ao monte Tabor. Eu vou trazer Sísera, o comandante do exército de Jabim,
até o rio Quisom para lutar contra você.
Ele
virá com seus carros de ferro e soldados, mas eu farei com que você o vença”
(Jz 4.6,7 NTLH).
Acompanhe
as cenas desta guerra:
-
Baraque aceitou a incumbência, mas fez questão de que Débora estivesse com ele
(Jz 4.8); afinal, partira dela a estratégia de levar dez mil homens para o
monte Tabor.
-
Débora não discutiu: foi com Baraque ao monte, mas
advertiu
que a vitória sobre o comandante do exército cananeu seria dada por uma mulher
— ela podia estar fazendo referência a si mesma, ou a Jael, mulher de Héber (Jz
4.9), como veremos adiante.
-
A notícia se espalhou — e era essa a intenção: Sísera, o comandante do exército
inimigo, deveria saber que Baraque havia subido ao monte Tabor (Jz 4.10).
-
Assim que Sísera ficou sabendo da notícia, correu com seu exército para lá,
pensando que pudesse encurralar o exército israelita (Jz 4.12,13).
-
O exército israelita, no entanto, preparou uma emboscada para o exército
cananeu e ficou aguardando a hora certa de atacar, até que Débora ordenou: Vá
agora porque é hoje que o Senhor lhe dará a vitória sobre Sísera. O Senhor está
com você (Jz 4.14 NTLH).
-
Em vez de serem surpreendidos pelos cananeus, os israelitas é que os
surpreenderam: Baraque e os seus homens, todos armados, desceram o monte e
atacaram o exército de Jabim, rei de Canaã, Vencendo-o completamente; afinal, a
vantagem era deles, pois vinham com toda a força de cima para baixo e não o
contrário (Jz 4.15,16). Baraque fez exatamente como Débora orientara; e foi
assim que os israelitas venceram os cananeus. Aqueles que dominaram o povo
hebreu por 20 anos foram todos derrotados em um só dia. Mas, ainda havia uma
pendência: Sísera, o comandante do exército inimigo, quando sentiu de perto a
derrota, fugiu covardemente para a casa de Héber, com quem tinha grande
alinhamento (Jz 4.11,17).
1-2-
Tática de guerra para vencer Sísera, o
comandante
do exército inimigo
Héber
era um queneu, casado com Jael. Os queneus viviam em paz com Jabim, rei dos
cananeus — foi por isso que Sísera sentiu-se seguro em procurar abrigo
na
casa de Héber. Mas, sua mulher soube escolher o lado certo nessa guerra. Ela
sabia que, com o fim de
Sísera,
os israelitas reconquistariam sua liberdade.
Jael
recebeu educadamente Sísera em sua casa, que pediu a Jael para vigiar a porta;
se alguém aparecesse, ela teria de mentir, dizendo que ele não estava lá. Jael
acomodou Sísera em uma cama e, para mitigar sua sede, ofereceu--lhe um odre de
leite; depois, cobriu-o. Enquanto ele dormia profundamente, ela cravou uma
estaca sobre sua cabeça (Jz 4.18-21). Embora pareça chocante, Jael entendeu que
a nação que a acolhera — afinal, ela era estrangeira — estava sofrendo nas mãos
dos cananeus já havia duas décadas. Além disso, ela sabia que aquele era um
momento de guerra: se Sísera permanecesse vivo, ele poderia vingar-se, formando
outro exército para enfrentar os israelitas, que continuariam a ser oprimidos.
SUBSÍDIO
1-2
Para
vencer os cananeus, Deus usou duas mulheres: de um lado, Débora, para destruir
o exército de Jabim; de outro, Jael, para destruir Sísera, o comandante do
exército inimigo. Em cumprimento ao que o Senhor dissera por meio de Débora, as
honras da vitória seriam dadas a uma mulher (Jz 4.9) — neste capítulo da
história israelita, todavia, as honras foram dadas a duas.
2-
O GRANDE LÍDER MANTÉM VÍVIDA A MEMÓRIA DE SEU LEGADO
O
grande líder precisa manter vívida a memória de seu legado; e Débora assim o
fez. A juíza-profetisa
guardava
consigo os laços da história israelita; deste modo, tão logo a guerra terminou,
e o livramento das
mãos
de Jabim foi alcançado, Débora levantou um cântico de exaltação a Deus, no qual
relembrou algumas vitórias históricas que Ele concedera ao Seu povo. Nesse
cântico, Débora também revelou um retrato de si mesma; honrou os que
participaram da guerra e denunciou os que forjaram desculpas para não
participarem do embate (Jz 5). Seu cântico foi completo: cântico de louvor,
reconhecimento e denúncia.
SUBSÍDIO
2
Considerando
que, no antigo Oriente, a figura
feminina
não gozava do mesmo prestígio que a masculina, Deus, neste caso, quebrou um
paradigma, trazendo-nos a seguinte perspectiva: mulheres podem, sim, realizar
grandes feitos. Mais extraordinário ainda
nessa
história é o fato de uma mulher estar à frente de uma guerra, algo inimaginável
para a primitiva sociedade patriarcal.
2-1-
O grande líder relembra as vitórias de seus
antepassados
Em
seu cântico, Débora volta-se para o passado e relembra a última bênção de Deus
impetrada por Moisés, antes da sua morte (Jz 5.4; Dt 33.2). A juíza lembra-se
também de Sangar que, com uma aguilhada de boi, feriu seiscentos filisteus (Jz
3.31).
A
conexão de pontos da História tem como objetivo levar as pessoas a entenderem
que o Deus do passado é o mesmo do presente: Ele continua agindo no tempo e no
espaço, em favor do Seu povo.
2-1-1-
O grande líder encarna o cuidado divino
A
guerra de Israel contra os cananeus não seguiu os modelos de intervenções
diplomáticas, comuns entre as nações. Jeová diversificou os estilos de
liderança, usando uma mulher com forte instinto materno para comandar uma
guerra: (...) me levantei, por mãe em Israel me levantei (Jz 5.7). Débora
encarna o extraordinário amor de Deus pela nação, representado na figura de uma
mãe, capaz de tudo para proteger, defender e trazer alegria ao filho que tanto
ama (Is 49.15).
2-2-
O grande líder faz menção aos voluntários de
guerra
Se
há algo que merece louvor na obra de Deus é a voluntariedade. Os voluntários
não esperam ser convocados para agir. Em hora de necessidade, eles dispõem-se a
cooperar; esforçam-se sobremaneira e vão à luta [como, por exemplo: Davi (1 Sm
17.32); e os anônimos entre o povo (Êx 35.5,20-29; 1 Cr 29.17)].
Débora
convocou os voluntários de guerra a louvarem a Deus (Jz 5.1,2). Dentre estes,
ela não se esqueceu de mencionar os legisladores, que também se dispuseram a
lutar (Jz 5.9-11). Os políticos do poder legislativo empunharam também suas
espadas e, assim como os demais homens do povo, engrossaram o exército de
Baraque para defender a nação do domínio cananeu.
2-2-1-
O grande líder honra seus guerreiros
Parece
que vemos Débora em cima de uma plataforma para agradecer todos aqueles que se
dispuseram a seguir Baraque, subindo ao monte Tabor para, de lá, descer em
combate contra os homens de Jabim. Além dos voluntários mencionados no tópico
anterior, Débora destacou outros grupos que se dispuseram a lutar: Efraim;
multidões de Benjamim; capitães de Zebulom e Naftali expuseram suas vidas à
morte (Jz 5.14,18); e os príncipes de Issacar seguiram Baraque atentamente (Jz
5.14,15). A juíza-profetisa não se esqueceu de fazer menção honrosa a Jael:
Bendita seja sobre as mulheres Jael, mulher de Héber, o queneu; bendita seja
sobre as mulheres nas tendas (Jz 5.24). Débora fez exatamente aquilo que Paulo
exorta os crentes a fazerem: dar honra a quem merece (Rm 13.7).
2-3-
O grande líder não se furta à denúncia do mal
Na
guerra contra os homens de Jabim, Débora tanto exaltou os que lutaram, quanto
denunciou os que se acovardaram. Era preciso deixar registrado na história de
Israel, que a vitória da nação não contou com a participação de todos.
2-3-1-
Rúben
Os
rubenitas não atenderam à convocação de Débora, antes, ficaram fazendo
cálculos, discutindo entre si, se valia ou não a pena ir à guerra e, assim,
nenhum deles foi (Jz 5.16). Muito possivelmente, conjecturaram: “Já tem
bastante gente lutando; por que, iríamos nós, também?”. Além do mais, a tribo
de Rúben tinha muitos afazeres no cuidado do seu gado. Os rubenitas não queriam
trocar o som do balido das ovelhas (Jz 5.16) pelos estrondos das flechas e do
galope dos cavalos (Jz 5.11).
2-3-2-
Gileade, Dã e Aser
Os
hebreus viviam sob a opressão cananeia já havia 20 anos; por isso, a nação
precisava da ajuda de todos. Gileade, Dã e Aser, no entanto, pareciam não se
importar com isto. Estavam todos muito mais preocupados com suas próprias
tribos do que com todo Israel. Observe: os gileaditas preferiram ficar do outro
lado do Jordão, bem longe da guerra (Jz 5.17a); os danitas possuíam uma frota
de navios (Jz 5.17b), mas possivelmente pensaram: “Por que nos meteríamos em
uma guerra, se temos tantos compromissos além-mar, que nos garantem uma vida
lucrativa?”; os aseritas decidiram ficar na praia, desfrutando o cenário das
pedras (Jz 5.17c). Possivelmente pensaram: “Para que pôr nossa vida em risco,
se podemos gozar de bem-estar debaixo do sol, com a brisa do mar soprando nosso
rosto?”.
2-3-3-
Meroz
Por
último, Débora, sob ordens do Anjo do Senhor, amaldiçoa Meroz, cidade que
ficava junto ao vale de Josafá (Jz 5.23). Meroz não se compadeceu dos
israelitas em sua luta; antes, omitiu-se.
CONCLUSÃO
O
cântico de Débora revela a grandeza e firmeza do seu caráter. Como mãe dos
hebreus, debaixo das instruções divinas, uma nação inteira saiu vitoriosa.
Depois
da vitória contra Jabim, rei dos cananeus, a terra de Israel descansou por 40
anos. Débora, mulher determinada e estratégica em sua liderança, tem muito a
nos ensinar nos dias de hoje.
ATIVIDADE
PARA FIXAÇÃO
1.
Em que monte o exército de Baraque venceu o exército de Jabim?
R.:
Monte Tabor.