Escrita Lição 11, Betel, Cornélio – Um coração pronto para ouvir e servir a DEUS, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
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EBD, Editora Betel | 4° Trimestre De 2025 | Tema:
PERSONAGENS BÍBLICOS VIRTUOSOS E MARCANTES – Homens e mulheres que
permaneceram fiéis a DEUS diante das circunstâncias da vida | Escola Bíblica
Dominical
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- A ORIGEM DE CORNÉLIO
1.1. O Centurião Cornélio
1.2. A visão de Cornélio
1.3. A visão de Pedro
2- A VIDA ESPIRITUAL DE CORNÉLIO
2.1. Cornélio jejuava e orava
2.2. O batismo de Cornélio com o ESPÍRITO SANTO
2.3. O batismo de Cornélio nas águas
3- O IMPACTO DA CONVERSÃO DE CORNÉLIO
3.1. A conversão de Cornélio provocou questionamentos
3.2. A reação de Cornélio diante da ação divina
3.3. Um exemplo de discipulado
TEXTO ÁUREO
“Piedoso e temente a DEUS, com toda a sua casa, o qual fazia muitas
esmolas ao povo e, de contínuo, orava a DEUS”, Atos 10.2.
VERDADE APLICADA
É preciso fé e prontidão para ouvir e receber a Palavra de DEUS, a
qual deve ser obedecida e anunciada, no poder do ESPÍRITO SANTO.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Identificar a origem de Cornélio
Reconhecer que ser piedoso não significa ser salvo
Ressaltar que a obediência leva à Salvação.
TEXTOS DE REFERÊNCIA - ATOS 10.1-4
1 E havia em Cesaréia um varão por nome Cornélio, centurião da coorte chamada
italiana.
2 Piedoso e temente a DEUS, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao
povo e, de contínuo, orava a DEUS.
3 Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de DEUS,
que se dirigia para ele e dizia: Cornélio.
4 Este, fixando os olhos nele e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E o
anjo disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para a memória
diante de DEUS.
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | At 10.22 O bom testemunho de Cornélio.
TERÇA | 2Tm 3.1-5 A aparência de piedade nega a fé.
QUARTA | Pv 19.17 O que se compadece do pobre empresta ao Senhor.
QUINTA Pv 22.1 O bom nome vale mais do que as riquezas.
SEXTA | Pv 9.10 O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.
SÁBADO | 2Pe 2.9 O Senhor livra da tentação os piedosos.
HINOS SUGERIDOS: 115, 147, 409
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que DEUS levante homens e mulheres piedosos, para
testemunho do Evangelho de JESUS.
PONTO DE PARTIDA: A compaixão agrada a DEUS
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO – LIVROS, REVISTAS ANTIGAS E GOOGLE
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição antiga para ajudar
Escrita Lição 11, CPAD, Uma Igreja Hebreia Na Casa De Um
Estrangeiro, 3Tr25, Com. Extras Pr Henrique, EBD NA TV
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ESBOÇO DA LIÇÃO
I – A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS
1. A visão de Cornélio
2. A experiência espiritual de Pedro
3. A urgência da pregação do Evangelho
II – A SALVAÇÃO DOS GENTIOS
1. Pregação aos gentios
2. A conversão dos gentios
III – O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS
1. O ESPÍRITO prometido
2. O ESPÍRITO recebido
3. Um pentecoste “visto” e “ouvido”
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 10.1-8, 21-23, 44-48
1- E havia em Cesareia um varão por nome Cornélio, centurião da coorte chamada
Italiana, 2- piedoso e temente a DEUS, com toda a sua casa, o qual fazia muitas
esmolas ao povo e, de contínuo, orava a DEUS. 3- Este, quase à hora nona do
dia, viu claramente numa visão um anjo de DEUS, que se dirigia para ele e
dizia: Cornélio! 4- Este, fixando os olhos nele e muito atemorizado, disse: Que
é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido
para memória diante de DEUS.
5- Agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem por
sobrenome Pedro. 6- Este está com um certo Simão, curtidor, que tem a sua casa
junto do mar. Ele te dirá o que deves fazer. 7- E, retirando-se o anjo que lhe
falava, chamou dois dos seus criados e a um piedoso soldado dos que estavam ao
seu serviço. 8- E, havendo-lhes contado tudo, os enviou a Jope.
21- E, descendo Pedro para junto dos varões que lhe foram enviados por
Cornélio, disse: Sou eu a quem procurais; qual é a causa por que estais
aqui? 22 -E eles disseram: Cornélio, o centurião, varão justo e
temente a DEUS e que tem bom testemunho de toda a nação dos judeus, foi avisado
por um santo anjo para que te chamasse a sua casa e ouvisse as tuas palavras.
23- Então, chamando-os para dentro, os recebeu em casa. No dia seguinte, foi
Pedro com eles, e foram com ele alguns irmãos de Jope.
44- E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o ESPÍRITO SANTO sobre todos os
que ouviam a palavra. 45- E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos
tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO SANTO se
derramasse também sobre os gentios. 46- Porque os ouviam falar em línguas e
magnificar a DEUS. 47- Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura,
recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como
nós, o ESPÍRITO SANTO? 48- E mandou que fossem batizados em nome do Senhor.
Então, rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias.
Atos 10.1-48
COMENTÁRIOS BEP – CPAD (com alguma alterações do Pr Henrique)
10.4 ORAÇÕES... PARA MEMÓRIA DIANTE DE DEUS. DEUS considera nossas orações
um sacrifício que sobe até Ele, lembrando-lhe da nossa perseverança, ao
invocá-lo com fé e devoção (ver Sl 141.2; Hb 13.15,16).
10.9 SUBIU PEDRO AO TERRAÇO PARA ORAR. O ESPÍRITO SANTO, o autor das
Escrituras, revela através delas que os cristãos do NT eram dedicados a muita
oração. Estavam convictos de que o reino de DEUS não poderia manifestar-se em
todo o seu poder mediante uns poucos minutos de oração por dia (At 1.14; 2.42; 3.1; 6.4; Ef
6.18; Cl 4.2). (1) O judeu piedoso orava duas ou três vezes por dia
(cf. Sl 55.17; Dn 6.10). Era prática dos seguidores de CRISTO,
especialmente dos apóstolos (At 6.4), orar com a mesma devoção. Pedro e João
subiram ao templo para a hora da oração (3.1), e Lucas e Paulo fizeram o mesmo
(At 16.16). Pedro orava regularmente ao meio-dia, ou seja, à hora sexta (10.9)
e à hora nona (At 3.1); DEUS recompensou Cornélio pela sua fidelidade na
observância das suas horas de oração (10.30ss.). (2) As Escrituras exortam os
crentes a continuarem perseverantes na oração (Rm 12.12), a orarem sempre (Lc
18.1), a orarem sem cessar (1 Ts 5.17), a orarem em todos os lugares (1 Tm 2.8),
a orarem em todo o tempo com toda a oração (Ef 6.18), a perseverarem na oração
(Cl 4.2), e a orarem com eficácia (Tg 5.16). Estas exortações indicam que não
poderá haver nenhum poder celestial em nossa batalha contra o pecado, Satanás e
o mundo, nem vitória em nossa tentativa de ganhar os perdidos, sem muita oração
diariamente. (3) Não seria do agrado de DEUS, tendo em vista a exortação do
Senhor, que seus discípulos vigiem e orem pelo menos uma hora (Mt 26.38-41); e
à luz da urgência dos tempos do fim, nos quais vivemos, se todo crente
dedicasse pelo menos uma hora por dia à oração e ao estudo da Palavra de DEUS,
visando ao crescimento do seu reino na terra e tudo quanto isso significa para
nós (Mt 6.10,33)? (4) Uma hora de oração pode incluir o seguinte: (a) louvor,
(b) cantar ao Senhor em adoração, (c) ações de graças, (d) esperar em DEUS, (e)
ler a Palavra, (f) ficar atento ao ESPÍRITO SANTO, (g) orar com as próprias
palavras das Escrituras, (h) confissão das faltas, (i) intercessão pelos
outros, (j) petição pelas nossas próprias necessidades, e (l) oração em línguas
(1Co 14.4; Ef 6.18; Jd 1.20).)
10.19 DISSE-LHE O ESPÍRITO. O ESPÍRITO SANTO deseja a salvação de todas as
pessoas (Mt 28.19; 2 Pe 3.9). Pelo fato de os apóstolos terem recebido o
ESPÍRITO, eles, também, desejavam a salvação de todas as pessoas.
Intelectualmente, no entanto, não compreendiam que a salvação já não se
restringia a Israel, mas que agora abrangia todas as nações (vv. 34,35). Foi o
ESPÍRITO SANTO que alargou a visão da igreja. Em Atos, Ele é a força da obra
missionária e o que dirige a igreja para novas áreas de testemunho (At 8.29,39; 10.19; 11.11,12; 13.2,4; 16.6; 19.21).
O derramamento do ESPÍRITO e a compulsão à missão sempre andam de mãos dadas
(cf. At 1.8). Mesmo hoje, muitos crentes anelam a salvação do seu povo,
sem, porém, compreenderem plenamente o propósito do ESPÍRITO SANTO para as
missões mundiais (ver Mt 28.19; Lc 24.47).
10.34 DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS. DEUS não tem nenhuma nação ou raça
predileta, nem favorece qualquer indivíduo por causa da sua nacionalidade,
linhagem ou posição na vida (cf. Tg 2.1). DEUS favorece e aceita aqueles,
dentre todas as nações, que abandonam o pecado, crêem em CRISTO, temem a DEUS e
vivem retamente (v. 35; cf. Rm 2.6-11). Todos aqueles que perseveram neste
modo de vida, permanecerão no amor e no favor de DEUS (Jo 15.10).
10.38 CURANDO A TODOS OS OPRIMIDOS DO DIABO. O ESPÍRITO SANTO NOS CONCEDE PODER
SOBRE SATANÁS E OS DEMÔNIOS, NOS CONCEDE DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS (1Co 12.10)
PARA EXPULSARMOS DEMÔNIOS (Lc 10.19) E NOS CAPACITA COM DONS DE CURAR (1Co
12.9) TAMBÉM.
10.44 CAIU O ESPÍRITO SANTO SOBRE TODOS. A família gentia de Cornélio ouve e
recebe a Palavra com fé salvadora (vv. 34-48; 11.14). (1) DEUS imediatamente
derrama sobre ela o ESPÍRITO SANTO (v. 44) como seu testemunho de que creram e
receberam a vida regeneradora de CRISTO (cf. 11.17; 15.8,9). (2) A vinda do
ESPÍRITO SANTO sobre a família de Cornélio teve o mesmo propósito que o dom do
ESPÍRITO SANTO (batismo com) para os discípulos no dia de Pentecoste (cf. 1.8;
2.4). Esse derramamento do ESPÍRITO não é a obra de DEUS na regeneração do
pecador, mas sua vinda sobre eles para revesti-los de poder para pregarem e
viverem uma vida vitoriosa. Note as palavras de Pedro posteriormente,
ressaltando a semelhança entre essa experiência e a do dia de Pentecoste (At
11.15,17). (3) Evidentemente, é possível uma pessoa ser batizada com o ESPÍRITO
SANTO imediatamente depois de receber a salvação, até mesmo antes do batismo
nas águas (ver v. 46; cf. At 11.17).
10.45 O DOM DO ESPÍRITO SANTO.
Aqui se refere ao Batismo com o ESPÍRITO SANTO, confere com Atos 2.38; Hb 6.4).
10.46 OS OUVIAM FALAR EM LÍNGUAS. Pedro e os que o acompanhavam consideravam o
falar em línguas, mediante o ESPÍRITO, como o sinal convincente do batismo com
o ESPÍRITO SANTO. Isto é, assim como DEUS confirmou o acontecimento do dia de
Pentecoste com o sinal das línguas (2.4), Ele faz os gentios no lar de Cornélio
falarem em línguas como sinal convincente para Pedro e os seis demais crentes
judeus que com ele estavam (ver o estudo O FALAR EM LÍNGUAS abaixo)
11.15 CAIU SOBRE ELES O ESPÍRITO SANTO, COMO TAMBÉM SOBRE NÓS AO PRINCÍPIO. O
derramamento do ESPÍRITO SANTO no dia de Pentecoste (At 2.4) foi um padrão para
o recebimento do ESPÍRITO, a partir de então. O batismo no ESPÍRITO seria
determinado pela transformação visível ocorrida no indivíduo pela infusão da
alegria por expressões vocais sobrenaturalmente inspiradas e pela ousadia no
testemunho (At 2.4; 4.31; 8.15-19; 10.45-47; 19.6). Por
isso, quando Pedro salientou diante dos apóstolos e irmãos em Jerusalém que os
familiares de Cornélio tinham falado em línguas, ao ser derramado sobre eles o
ESPÍRITO SANTO (cf. At 10.45-46), ficaram convictos de que DEUS estava
concedendo aos gentios a salvação em CRISTO (v. 18). Não se pode hoje dizer que
alguém recebeu o batismo no ESPÍRITO se as manifestações físicas, tais como o
falar em línguas, estão ausentes. Em nenhuma parte de Atos, o batismo com o
ESPÍRITO SANTO aparece como uma experiência percebida somente pela fé
(ver At 8.12,16; 19.6)
O FALAR EM LÍNGUAS
At 2.4 “E todos foram cheios do ESPÍRITO SANTO e começaram a falar em
outras línguas, conforme o ESPÍRITO SANTO lhes concedia que falassem.”
O falar noutras línguas, ou a glossolália (gr. glossais lalo), era entre os
crentes do NT, um sinal da parte de DEUS para evidenciar o batismo com o
ESPÍRITO SANTO (ver 2.4; 10.45-47; 19.6). Esse padrão bíblico
para o viver na plenitude do ESPÍRITO continua o mesmo para os dias de hoje.
Quem está cheio transborda – Fala em Línguas.
O VERDADEIRO FALAR EM LÍNGUAS.
(1) As línguas como manifestação do ESPÍRITO. Falar noutras línguas é uma
manifestação sobrenatural do ESPÍRITO SANTO, i.e., uma expressão vocal
inspirada pelo ESPÍRITO, mediante a qual o crente fala numa língua (gr. glossa)
que nunca aprendeu, não é uma língua humana (2.4; 1Co 14.14,15). Estas
línguas são desconhecidas na terra (cf. 1Co 13.1). Não é “fala extática”,
como algumas traduções afirmam, pois a Bíblia nunca se refere à “expressão
vocal extática” para referir-se ao falar noutras línguas pelo ESPÍRITO. O
crente não é desprovido de sua inteligência ou vontade quanto fala em línguas. Fala
porque permite ao ESPÍRITO SANTO assumir o controle de sua língua.
Línguas como sinal externo inicial do batismo com o ESPÍRITO SANTO. Falar
noutras línguas é uma expressão verbal inspirada, mediante a qual o espírito do
crente e o ESPÍRITO SANTO se unem na expressão sobrenatural, no louvor e/ou
profecia. DEUS, no Novo Testamento, vinculou o falar noutras línguas ao
batismo com o ESPÍRITO SANTO (2.4), de modo que os primeiros quase 120
crentes no dia do Pentecoste, e os demais batizados a partir de então, tivessem
uma confirmação física de que realmente receberam o batismo com o ESPÍRITO
SANTO (cf. 10.45,46). Desse modo, essa experiência podia ser comprovada
quanto a tempo e local de recebimento. No decurso da história da igreja, sempre
que as línguas como sinal foram rejeitadas, ou ignoradas, a verdade e a
experiência do Pentecoste foram distorcidas, ou totalmente suprimidas.
No Antigo Testamento temos clara referência ao falar em línguas (Is 28.10-12,
cf com 1Co 14.21).
As línguas como dom. Falar noutras línguas também é descrito como um dos
dons concedidos ao crente pelo ESPÍRITO SANTO (1Co 12.4-10). Este dom tem dois
propósitos principais: (a) O falar noutras línguas seguido de interpretação,
também pelo ESPÍRITO, em culto público, como mensagem verbal à congregação para
sua edificação espiritual (1Co 14.5,6,13-17). (b) O falar noutras línguas pelo
crente para dirigir-se a DEUS nas suas devoções particulares e, deste modo,
edificar sua vida espiritual (1Co 14.4). Significa falar ao nível do espírito
(14.2,14), com o propósito de orar, dar graças (14.16,17) ou cantar (14.15).
PROVAS DO GENUÍNO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
At 10.44,45 “E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o ESPÍRITO SANTO
sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos
quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO SANTO
se derramasse também sobre os gentios.”
(1) O
autêntico batismo com o ESPÍRITO SANTO levará a pessoa a amar, exaltar e
glorificar a DEUS Pai e ao Senhor JESUS CRISTO mais do que antes (ver Jo
16.13,14; At 2.11,36; 10.44-46).
(2) O
verdadeiro batismo com o ESPÍRITO SANTO aumentará a convicção da nossa filiação
com o Pai celestial (1.4; Rm 8.15,16), levará a uma maior percepção
da presença de CRISTO em nossa vida diária (Jo 14.16, 23; 15.26) e
aumentará o clamor da alma “Aba, Pai”! (Rm 8.15; Gl 4.6).
(3) O
real batismo com o ESPÍRITO SANTO aumentará nosso amor e apreço pelas
Escrituras. O ESPÍRITO da verdade (Jo 14.17), que inspirou as
Escrituras (2Tm 3.16; 2Pe 1.20,21), aprofundará nosso amor à verdade
da Palavra de DEUS (Jo 16.13; At 2.42; 3.22; 1Jo 4.6).
(4) O
real batismo com o ESPÍRITO SANTO aprofundará nosso amor pelos demais
seguidores de CRISTO e a nossa preocupação pelo seu bem-estar (2.38, 44-46;
4.32-35). A comunhão e fraternidade cristãs, de que nos fala a Bíblia, somente
podem existir através do ESPÍRITO (2Co 13.13).
(5) O
genuíno batismo com o ESPÍRITO SANTO deve ser precedido de abandono do pecado e
de completa obediência a CRISTO (2.38). Ele será conservado quando continuamos
na santificação do ESPÍRITO SANTO (2.40; 2Ts 2.13; Rm 8.13; Gl
5.16,17).
(6) O
real batismo com o ESPÍRITO SANTO fará aumentar o nosso repúdio às diversões
pecaminosas e prazeres ímpios deste mundo, refreando-nos a busca egoísta de
riquezas e honrarias terrenas (20.33; 1Co 2.12; Rm 12.16; Pv
11.28).
(7) O
genuíno batismo com o ESPÍRITO SANTO nos trará mais desejo e poder para
testemunhar da obra redentora do Senhor JESUS CRISTO (ver Lc 4.18; At
1.8; 2.38-41; 4.8-20; Rm 9.1-3; 10.1).
11, O genuíno
batismo com o ESPÍRITO SANTO deve despertar em nós o desejo de uma maior
operação sua no reino de DEUS, e também uma maior operação de seus dons em
nossa vida. As línguas como evidência inicial do batismo devem motivar o crente
a permanecer na esfera dos dons espirituais
(2.4,43; 430; 5.12-16; 68; 87; Gl 3.5).
(8) O
autêntico batismo com o ESPÍRITO SANTO tornará mais real a obra, a direção e a
presença do ESPÍRITO SANTO em nossa vida diária. Depois de batizados no
ESPÍRITO SANTO, os crentes de Atos tornaram-se mais cônscios da presença, poder
e direção do ESPÍRITO SANTO
(4.31; 6.5; 9.31; 10.19; 13.2, 4, 52; 15.28; 16.6,7;
20.23).
11.17 A NÓS, QUANDO CREMOS. Esta expressão é, no grego, um particípio aoristo,
que normalmente descreve uma ação que ocorre antes daquela do verbo principal.
Por isso, uma tradução mais exata seria: DEUS lhes deu o mesmo dom (batismo com
o ESPÍRITOSANTO) que a nós também, depois que cremos.
11.18 OUVINDO ESTAS COISAS. O discurso de Pedro silenciou todas as objeções
(vv. 4-18). DEUS tinha batizado os gentios com o ESPÍRITO SANTO (At 10.45), e
este ato foi acompanhado da evidência convincente do falar noutras línguas pelo
ESPÍRITO (At 10.46). Era esse o único sinal necessário a ser aceito sem mais
dúvidas.
11.23 QUE... PERMANECESSEM NO SENHOR. Os discípulos do NT não aceitavam o
ensino que aquele que recebesse a graça de DEUS permaneceria automaticamente
leal ao Senhor, visto que o pecado, o mundo e as tentações de Satanás podiam
levar um novo crente a desviar-se do caminho da salvação em CRISTO. Barnabé nos
oferece um exemplo de como os novos convertidos devem ser tratados: que nosso
interesse principal seja ajudá-los e animá-los a permanecerem na fé, no amor e
na comunhão com CRISTO e com sua At igreja (cf. 13.43; 14.22).
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Atos 10 - Com. Bíblico - Matthew Henry
(Exaustivo) AT e NT (com alterações do Pr. Henrique)
A história registrada neste capítulo faz uma reviravolta inusitada e
extraordinária aos Atos dos Apóstolos. Até aqui, tanto em Jerusalém como em
todo o lugar a que os ministros de CRISTO chegaram, eles pregaram o evangelho
somente aos judeus, ou aos gregos que foram circuncidados e convertidos à
religião judaica. Mas agora “eis que nos voltamos para os gentios” (Atos
13.46). Aqui, a porta da fé abre-se para eles, sendo, de fato, boas novas para
nós, pecadores gentios. O apóstolo Pedro foi a primeira pessoa usada para
aceitar os gentios incircuncisos na igreja cristã. Cornélio, um centurião
(Chefe De Uma Centúria – 100 Homens, ou mais) romano, foi o primeiro que com
sua família e amigos foram admitidos na igreja cristã devido a ter recebido o
batismo com o ESPÍRITO SANTO. Agora aqui nos é dito sobre:
I. Como Cornélio foi orientado por uma visão a chamar Pedro e consequentemente
o chamou (vv. 1-8). II. Como Pedro foi orientado por uma visão a ir à casa de
Cornélio, embora ele fosse pagão, e, sem ter escrúpulos quanto a isso, obedeceu
à visão (vv. 9-23). III. A conversa agradável e feliz entre Pedro e Cornélio em
Cesaréia (vv. 24-33). IV. O sermão que Pedro pregou na casa de Cornélio para
ele e seus amigos (vv. 34-43). V. O batismo de Cornélio e seus amigos primeiramente
com o ESPÍRITO SANTO (com evidência do falar em línguas) e depois em água (vv.
44-48).
O Caso de Cornélio
Atos 10:1-8
A pregação do evangelho aos gentios e sua apresentação como estranhos e
estrangeiros para se tornarem concidadãos com os santos e membros da casa de
DEUS consistia num grande mistério e inesperada surpresa para os próprios
apóstolos (Ef 3.3,6). Cabe-nos, pois, observar cuidadosamente desde o início
todas as circunstâncias pertinentes a esta grande obra, parte do mistério da
piedade, que é CRISTO pregado aos gentios e crido no mundo (1 Tm 3.16). Não é
improvável que antes do episódio narrado neste capítulo alguns gentios tenham
entrado numa sinagoga judaica e ouvido a pregação do evangelho. Os estrangeiros
que foram batizados no dia de Pentecostes saíram por seus países pregando o
evangelho, inclusive em Roma. Mas a Bíblia não menciona que o evangelho tenha
sido pregado propositalmente aos gentios, nem que qualquer um deles fora
batizado. Cornélio foi o primeiro mencionado na Bíblia.
I
Uma narrativa sobre este Cornélio, quem e o que era, ou seja, o primeiro
batizado com o ESPÍRITO SANTO falando em línguas, entre os gentios cristãos
(embora se entenda que no dia de pentecostes todos os presentes tenham sido
batizados com o ESPÍRITO SANTO e falado em línguas; dentre esses,
alguns eram gentios convertidos ao Judaísmo Atos
2:38). O texto sacro nos informa que ele era
um grande e bom homem, duas características que raramente se encontram na mesma
pessoa. Quando isso ocorre, estas qualidades se destacam: a bondade torna a
grandeza verdadeiramente valiosa, e a grandeza torna a bondade muito mais útil.
1. Cornélio era oficial do exército romano (v. 1). No momento, ele estava
aquartelado em Cesaréia, cidade forte, recentemente reedificada e fortificada
por Herodes, o Grande, e chamada Cesaréia em honra de César Augusto. Situada à
beira-mar, servia muito convenientemente para a manutenção da correspondência
entre Roma e seus territórios conquistados nestas regiões. Era a cidade onde o
governador romano ou procônsul comumente residia (Atos 23.23,24; 25.6).
Aqui havia uma coorte, ou tropa militar, ou regimento do exército romano que
era provavelmente o salva-vidas do governador. Esta tropa se chamava coorte
[...] italiana, porque, para se assegurarem da fidelidade dos soldados, todos
eles eram romanos nativos ou italianos. Cornélio tinha o comando desta parte do
exército romano. Seu nome, Cornélio, era muito usado entre os romanos, entre
algumas das famílias mais antigas e nobres. Era oficial de elevado cargo e
importância: centurião. Sabemos de um desse mesmo cargo nos dias de nosso
Salvador, a quem ele fez um grande elogio (Mt 8.10). Quando escolheram um pagão
para ser o primeiro a receber o evangelho, não escolheram um filósofo, muito
menos um sacerdote (os quais são intolerantes às suas noções e adoração e
preconceituosos contra o evangelho de CRISTO), mas um soldado: um homem de
pensamento mais livre. A pessoa que verdadeiramente é assim, quando a doutrina
cristã lhe é apresentada, não pode senão recebê-la de bom grado. Pescadores,
homens incultos e ignorantes, foram os primeiros judeus a se converterem a
CRISTO, mas não quando se tratou dos gentios. O mundo tinha de saber que o
evangelho possui características que o recomendam às pessoas de toda cultura
refinada ou não e educação liberal ou não, como temos razão em supor que era
este centurião em seu conhecimento superior. Os soldados e oficiais militares
não podem alegar que sua ocupação os isenta das restrições sob as quais outros
estão, e, dando-lhes a oportunidade de viverem uma vida normal, isso não os
desculpa se não forem religiosos. Cornélio era um oficial militar que aceitou o
cristianismo, e nem por isso foi expulso do exército nem saiu de vontade
própria. Por outro lado, era um tormento para os judeus não só o fato de os
gentios serem aceitos na igreja, mas que o primeiro que foi aceito fosse
oficial do exército romano, que para eles era a abominação da desolação (Mt
24.15). Embora muitos sacerdotes estivessem se convertendo (At 6.7).
2. Cornélio era, de acordo com a medida de luz que possuía, um homem religioso.
Foi-lhe apresentado um caráter muito bom (v. 2). Ele não era idólatra, nem
adorador de falsos deuses ou de imagens, nem tolerava as imoralidades às quais
a maior parte do mundo pagão se entregava para, por isso, puni-lo por sua
idolatria. (1) Cornélio era dotado de um princípio de consideração ao DEUS vivo
e verdadeiro. Ele era piedoso e temente a DEUS (v. 2). Ele cria no único DEUS,
o Criador do céu e da terra, reverenciava sua glória e autoridade e temia
ofendê-lo pecando. Embora fosse soldado, não lhe diminuía em nada o crédito do
seu valor tremer diante de DEUS. (2) Cornélio tem uma família religiosa. Ele
temia a DEUS, com toda a sua casa (v. 2). Ele não admitia idólatras sob seu
teto, mas tomava cuidado para que não só ele, mas todos os seus servissem ao
Senhor. Todo homem bom fará o que puder para que todos que estão à sua volta
também sejam bons. (3) Cornélio era homem muito caridoso: Ele fazia muitas
esmolas ao povo (v. 2), o povo judeu, apesar das singularidades da religião
judaica. Embora fosse gentio, ele tinha boa vontade em contribuir para ajudar alguém
que estivesse verdadeiramente em necessidade, sem perguntar a que religião
pertencia. (4) Cornélio dedicava-se muito à oração: Ele, de contínuo, orava a
DEUS (v. 2). Ele separava períodos fixos para a oração e perseverava na sua
comunhão com DEUS. Veja que sempre que o temor de DEUS estiver reinando no
coração, será demonstrado em obras assistenciais e devocionais, e um jamais nos
desculpará do outro.
II
As ordens celestiais dadas a Cornélio, pelo ministério de um anjo, para
chamar Pedro, o que ele jamais teria feito se não tivesse sido orientado a
fazê-lo. Observe:
1. Como estas ordens foram dadas a Cornélio. Ele teve uma visão na qual um anjo
lhe deu ordens. Era quase à hora nona do dia (v. 3), ou seja, às três horas da
tarde, que para nós é horário comercial. Mas, naqueles dias, porque era a hora
da oferta do sacrifício da tarde no templo, os devotos a fizeram hora de oração
para dar a entender que todas as nossas orações são oferecidas na virtude do
grande sacrifício. Cornélio estava em oração, conforme ele mesmo nos informa
(v. 30). Agora aqui nos é dito: (1) Que um anjo de DEUS se dirigiu a Cornélio
(v. 3). Pelo brilho do seu semblante e pela maneira como veio, ele sabia que
era algo mais que um homem; portanto, nada menos que um anjo, uma mensagem
urgente do céu. (2) Que Cornélio [...] viu claramente o anjo de DEUS (v. 3), ou
seja, viu com os olhos naturais, não em sonho apresentado à sua imaginação, mas
em visão apresentada à sua visão física. Para sua grande satisfação, a visão
trazia consigo sua própria evidência. (3) Que o anjo de DEUS o chamou pelo
nome: Cornélio! (v. 3), para indicar que DEUS o observara de modo especial. (4)
Que tudo isso deixou Cornélio momentaneamente um tanto confuso: Este, fixando
os olhos no anjo de DEUS, estava muito atemorizado (v. 4). Os mais sábios e
melhores homens ficam transtornados de medo diante do aparecimento de qualquer
mensageiro extraordinário do céu. E não é para menos, pois os pecadores sabem
que dali não lhes vem novidade agradável. Daí o desabafo do centurião: “Que é,
Senhor? Que é que há?” Ele fala como alguém apreensivo de haver algo errado e
ansioso de acabar logo com esse medo conhecendo a verdade. Ou como alguém
desejoso de conhecer a mente de DEUS e pronto a obedecer-lhe, como Josué: Que
diz meu Senhor ao seu servo? (Js 5.14), e Samuel: Fala, porque o teu servo ouve
(1 Sm 3.10).
2. Que mensagem foi entregue a Cornélio.
(1) DEUS assegura Cornélio de que o aceita andando de acordo com a luz que ele
tinha, só não o podia salvar por causa de sua boa conduta, deveria ouvir o
evangelho e crer: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória
diante de DEUS (v. 4). Perceba que as orações e as esmolas têm de ir juntas.
Temos de unir nossas orações com esmolas, pois o jejum que DEUS escolheu é que
repartas o teu pão com o faminto (Is 58.6,7). Não basta orar para que o que
temos nos seja santificado, mas devemos dar esmolas do que tivermos e então
tudo nos será limpo (Lc 11.41). Temos de acompanhar nossas esmolas com nossas
orações para que DEUS graciosamente as aceite e a fim de que sejam bênçãos para
quem as recebe. Cornélio orou e deu esmolas, não como os fariseus que queriam
ser vistos pelos homens (Mt 6.1), mas com sinceridade, como para DEUS. As
esmolas subiram para memória diante de DEUS. Elas foram registradas no céu, no
livro das memórias escrito para todos os que temem a DEUS, e serão lembradas
para o seu benefício: “Tuas orações serão respondidas, e tuas esmolas,
recompensadas”. As Escrituras dizem que os sacrifícios sob a lei eram para
memorial dos ofertantes (veja Lv 2.9,16; 5.12; 6.15). As orações
e esmolas são nossas ofertas espirituais das quais DEUS se agrada em tomar
conhecimento e pelas quais tem consideração. Cornélio cria e se submetia à
revelação divina comunicada aos judeus, no que dizia respeito aos gentios,
tanto no ponto que orientava e melhorava a luz e a lei da natureza, quanto no
ponto que prometia a vinda de um Messias. O que ele fez ele fez nessa fé e foi
aceito por DEUS. Os gentios, para quem veio a lei de Moisés, não eram obrigados
a ser judeus circuncidados, como aqueles para quem vem o evangelho de CRISTO
têm de ser cristãos batizados.
(2) Cornélio é encarregado de receber mais revelações e instruções da graça
divina a respeito da salvação em JESUS, que há pouco chegou ao mundo. Ele tem
de enviar imediatamente homens a Jope e mandar chamar a Simão, que tem por
sobrenome Pedro (v. 5). Este está com um certo Simão, curtidor, que tem a sua
casa junto do mar (v. 6), pois se ele for chamado, ele virá. Chegando ele, ele
te dirá o que deves fazer em resposta à tua pergunta: Que é, Senhor? (v. 4).
Temos aqui duas coisas muito surpreendentes e merecedoras de nossa
consideração: [1] Cornélio ora e dá esmolas no temor de DEUS, além de ser
religioso e ter uma família religiosa. Tudo isso lhe tornava aceitável diante
de DEUS. Mas ainda havia mais uma coisa que ele tinha de fazer: crer no
evangelho, salvação só através de crer em JESUS CRISTO como único Salvador e
Senhor, na pregação do evangelho, agora que DEUS a estabelecera entre os
homens. Ele tem de fazê-lo, pois é indispensavelmente necessário para DEUS
aceitá-lo futuramente. Ele já esteja aceito em seus serviços, mas não salvo.
Quem crê na promessa do Messias tem de crer no cumprimento dessa promessa.
Agora que DEUS, concernente a seu Filho, revelou mais do que revelara nas
profecias do Antigo Testamento, Ele exige que recebamos essa nova revelação
quando nos for apresentada. Enquanto isso, nem nossas orações nem nossas
esmolas sobem para memória diante de DEUS a menos que creiamos em JESUS CRISTO,
pois é o que determina essa nova revelação. O seu mandamento é este: que
creiamos (1 Jo 3.23). DEUS aceita orações e esmolas de quem crê que o Senhor é
DEUS e não tem oportunidade de saber mais. Contudo, daqueles a quem é pregado
que JESUS é o CRISTO exige-se que creiam nesta pregação e confiem somente nele
para que suas pessoas, orações e esmolas sejam aceitos. [2] Um anjo do céu está
diante de Cornélio falando-lhe, mesmo assim ele não receberá o evangelho de
CRISTO por meio deste mensageiro celestial, nem será ele que lhe dirá o que
deve fazer. Tudo o que o anjo tem a dizer é: “Chame Pedro, e ele te dirá”. Como
a observação anterior dá grande honra ao evangelho, assim dá ao ministério do
evangelho. Não era para os mais elevados anjos, mas para os menores de todos os
santos que fosse dada a graça de anunciar entre os gentios, por meio do
evangelho, as riquezas incompreensíveis de CRISTO (Ef 3.8), para que a
excelência do poder fosse de DEUS, e a dignidade da instituição de CRISTO fosse
apoiada. Isto porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro (Hb 2.5),
mas ao Filho do Homem como soberano, e aos filhos dos homens como seus agentes
e ministros de estado, cujos terrores não nos perturbarão, nem nos será pesada
sua mão sobre nós (Jó 33.7), como foi este anjo para Cornélio. Como foi uma
honra para o apóstolo que ele pregasse aquilo que um anjo não podia pregar,
assim foi uma honra adicional que um anjo fosse enviado deliberadamente do céu
para ordenar que ele fosse chamado. Reunir um ministro fiel e um povo desejoso
é um trabalho digno de um anjo; nele os maiores homens devem se alegrar em
serem usados. Nos parece que os anjos até atentaram em pregar, mas não lhes foi
autorizado (1Pe 1.12).
III
A obediência imediata de Cornélio às estas ordens (vv. 7,8). Ele enviou a
toda a pressa uma comissão a Jope para lhe trazer Pedro. Estivesse só ele
envolvido nisso, ele mesmo teria ido a Jope. Mas ele tinha um exército para
cuidar, família, parentes e amigos (v. 24), uma pequena congregação que não
podia acompanhá-lo a Jope. Por isso, manda buscar Pedro. Observe: 1. Quando foi
que Cornélio enviou: Assim que o anjo que lhe falava (v. 7) se retirou, sem
contestação ou demora, ele foi obediente à visão celestial. Pelo que o anjo lhe
dissera, ele percebeu que lhe seria ordenado algum outro trabalho e desejava
saber o que era. Ele tinha pressa e sem tardar cumpriu a ordem. Em toda questão
na qual nossa alma está ligada é bom não perdermos tempo. 2. Quem foi que
Cornélio enviou: Dois dos seus criados (v. 7), os quais todos temiam a DEUS, e
um piedoso soldado, um dos que estavam ao seu serviço. Note que o centurião
piedoso tinha soldados piedosos. É comum haver pouco sentimento religioso em
soldados, mas haveria mais se houvesse mais desse sentimento nos comandantes.
Oficiais militares que exercem tamanha autoridade sobre seus soldados, como
exercia certo centurião (Mt 8.9), têm a grande oportunidade de promover a
religião, ao menos para conter os vícios e a degradação moral entre os que
estão sob a sua autoridade, caso não os melhorem. Note que quando este
centurião selecionou alguns dos seus soldados para cuidar da sua pessoa e que
sempre estivessem à sua volta, ele escolheu os que eram piedosos. Estes são
preferidos e favorecidos para incentivar os outros a serem como eles. Ele
passou pela regra de Davi: Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que
estejam comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá (Sl 101.6). 3. Que
instruções Cornélio deu aos que enviou: Ele lhes contou tudo (v. 8), falou-lhes
sobre a visão que teve e as ordens recebidas para chamar Pedro. A vinda de
Pedro os interessava a todos, uma vez que cada um tinha de cuidar da própria
alma. Por isso, ele lhes informa onde encontrar Pedro (talvez achasse
suficiente que eles soubessem apenas disso: O servo não sabe o que faz o seu
senhor, Jo 15.15) e sob qual incumbência o apóstolo tinha de vir para que
eles fossem insistentes.
A Visão de Pedro
Atos 10:9-18
Cornélio recebera ordens positivas do céu para chamar Pedro, de quem nunca
ouvira falar, ou pelo menos a quem nunca houvera dado atenção. Esta é outra
dificuldade para reunir os dois – a dúvida se Pedro irá à casa de Cornélio
quando for buscado. Não que ele julgasse indigno atender-lhe o chamado, ou
tivesse medo de pregar a doutrina cristã a um homem educado como Cornélio: mas
se trata de questão de consciência religiosa judaica. Cornélio é homem muito
digno e possui muitas qualidades boas, mas é gentio, alguém não circuncidado.
Pelo fato de DEUS na sua lei ter proibido que os judeus, seu povo, se
associasse com nações idólatras, eles não mantinham relações sociais com
ninguém, exceto com os membros da sua própria religião, por mais que outros
povos fossem dignos. Embora vemos ideias missionárias em todo Antigo Testamento
(Gn 12:1-3; Gn 17.4,5; Dt 4.5-8; Is 2.3; Livro de Jonas). Os judeus levavam o
assunto tão longe quanto considerar contaminação cerimonial o toque
involuntário de um gentio (Jo 18.28). Pedro não tinha superado esta noção
fanática e mesquinha que dividia com seus compatriotas, por isso teria
desconfiança em ir à casa de Cornélio. Para eliminar esta dificuldade, o
apóstolo tem uma visão a fim de prepará-lo para aceitar a mensagem dos enviados
por Cornélio, como Ananias teve de ser preparado para ir onde Paulo estava. As
Escrituras do Antigo Testamento foram claras ao anunciar que os gentios seriam
participantes da igreja. JESUS também dera claras indicações da mesma verdade
quando ordenou que os apóstolos ensinassem todas as nações (Mt 28.19) e que
pregassem a todas as nações (Mc 16.15). Contudo, até o próprio Pedro, que tanto
conhecia a mente do Mestre, não entendeu o que ora acontecia até que lhe foi
revelado por esta visão que os gentios são co-herdeiros (Ef 3.6). Agora observe
aqui:
I
As circunstâncias desta visão.
1. A visão aconteceu quando os mensageiros enviados por Cornélio estavam já
perto da cidade (v. 9). Pedro nada sabia da aproximação desse grupo, que por
sua vez desconhecia que o apóstolo estava orando. Mas aquele que conhecia ambos
estava preparando as coisas para o encontro e facilitando o objetivo da
negociação. Para todos os propósitos de DEUS há um tempo (Ec 3.17), um tempo
certo. Ele se agrada de colocar as coisas na mente dos seus ministros, coisas
que eles nunca imaginaram, a não ser quando fossem usá-las.
2. A visão aconteceu quando subiu Pedro ao terraço para orar (v. 9) perto do
meio-dia. (1) Pedro passava muito tempo em oração, em oração secreta, embora
tivesse muito trabalho sob sua responsabilidade. (2) Pedro orava quase à hora
sexta (v. 9), de acordo com o exemplo de Davi que se dirigia a DEUS em oração
não só de manhã e de tarde, mas também ao meio-dia (Sl 55.17). Achamos que
ficar sem comer de manhã à noite é tempo demais. Contudo, quem acharia que é
tempo demais ficar o mesmo período sem oração? (3) Pedro orava no terraço (v.
9), para onde se retirou em busca de privacidade e para não poder ouvir nem ser
ouvido, de modo a evitar a distração e a ostentação. No terraço da casa onde
normalmente se colocava palha ou algum alimento para secar, ele tinha
privacidade na adoração piedosa do DEUS a quem ele orava. (4) Pedro teve esta
visão imediatamente depois de ter orado, como resposta à oração pela propagação
do evangelho, e também porque o enlevo do coração a DEUS em oração é
preparativo excelente para receber as revelações da graça e favor divinos.
3. A visão aconteceu quando Pedro sentia muita fome e estava esperando pela
refeição (v. 10). Provavelmente ele ainda não se alimentara naquele dia, embora
já tivesse orado. Ele quis comer, ethele geusasthai – ele quis provar, o que dá
a entender sua moderação e temperança na comida. Quando estava com muita fome,
embora se contentasse com pouco, com uma prova, ele não voou sobre os despojos
(1 Sm 15.19).
II
A visão não foi tão clara quanto a de Cornélio, mas foi mais figurativa e
enigmática a fim de causar maior impressão.
1. Sobreveio-lhe a Pedro [...] um arrebatamento de sentidos (v. 10),
arrebatamento não de terror, mas de contemplação, no qual foi tão completamente
envolvido que deixou de perceber e de sentir as coisas exteriores. Ele se
perdeu totalmente para este mundo, e assim ficou com a mente completamente
livre para se relacionar com as coisas divinas, como Adão na inocência, quando lhe
sobreveio um sono pesado. Quanto mais nos desembaraçamos do mundo, mais
próximos ficamos do céu.
2. Pedro [...] viu o céu aberto (v. 11) para que tivesse certeza de que a
autoridade para ele ir à casa de Cornélio era mesmo do céu, que foi uma luz
divina que lhe mudou os sentimentos e um poder divino que o investiu desta
missão. A abertura dos céus significava a abertura de um mistério que estivera
escondido (Rm 16.25).
3. Pedro viu um grande lençol atado pelas quatro pontas (v. 11) e cheio de
animais, que descia do céu e vinha para a terra, quer dizer, para o terraço da
casa onde ele estava. O lençol continha todos os animais quadrúpedes, répteis
da terra e aves do céu (v. 12). As aves poderiam ter voado, mas ficaram aos pés
do apóstolo. Eram animais domésticos e selvagens. Não havia peixes do mar,
porque não havia nada neles que fosse particularmente impuro, mas se podia
comer todos aqueles que possuíssem barbatanas e escamas. Certos estudiosos
entendem que este grande lençol cheio representa a igreja de CRISTO. Ela desce
do céu, o qual foi aberto não apenas para que ela descesse (Ap 21.2), mas para
que recebesse as almas e as enviasse para cima. O grande lençol estava atado
pelas quatro pontas (4 evangelhos?) para receber as pessoas de todas as partes
do mundo que desejassem fazer parte dela, para reter e manter com segurança os
que fossem recebidos e para que não se desviassem. Nela temos indivíduos de
todos os países, nações e línguas, sem distinção de grego ou judeu, ou
desvantagem para bárbaro ou cita (Cl 3.11). A rede do evangelho inclui todos,
maus e bons, aqueles que anteriormente eram limpos e imundos.
4. Uma voz do céu ordenou Pedro servir-se desta abundância e variedade que DEUS
lhe enviara: “Levanta-te, Pedro! Mata e come (v. 13) sem fazeres diferenciação
entre animais limpos e animais imundos. A distinção entre alimentos que a lei
determinava tinha o propósito de dar aos judeus alimentação saudável, diferente
das que os gentios tinham como normal. Por exemplo: o peixe sem escamas e sem
barbatanas se alimenta de coisas mortas que caem nas águas, por isso, proibido
para os judeus. Porém aqui DEUS quer que Pedro considere todas iguais porque
DEUS as santificou para ele comer (significando que DEUS quer que todos sejam
salvos, tanto judeus quanto gentios).
5. Pedro se manteve firme aos seus princípios e de modo nenhum daria atenção ao
impulso, embora estivesse com fome: De modo nenhum, Senhor (v. 14). A fome abre
caminho por paredes de pedra, mas as leis de DEUS devem nos servir de cerca
mais forte que paredes de pedra, não se podendo abri-las com facilidade. Ele
permanecerá fiel às leis de DEUS, mesmo tendo uma contraordem dada por uma voz
do céu que se restringiu a estas poucas palavras: Mata e come (v. 13). Para
Pedro era um comando de prova para verificar se ele se manteria firme à palavra
mais segura, ou seja, a lei escrita. Neste caso, sua resposta foi muito boa: De
modo nenhum, Senhor. Não devemos argumentar com tentações para comer o fruto
proibido, mas sim rejeitá-las peremptoriamente. Temos de espantar esse
pensamento com: De modo nenhum, Senhor. A razão que Pedro dá é: “Porque nunca
comi coisa alguma comum e imunda (v. 14). Até hoje, tenho mantido minha
integridade nesta questão, e assim permanecerei”. Se até agora DEUS, por sua
graça, nos tem guardado de pecados medonhos e repulsivos, devemos usar isto
como argumento para nos abstermos de toda aparência do mal (1 Ts 5.22). Sua
consciência lhe testificava que ele nunca satisfizera seu apetite com comida
proibida.
6. DEUS, novamente pela voz do céu, proclamou a revogação da lei neste caso:
Não faças tu comum ao que DEUS purificou (v. 15). Quem faz a lei pode alterá-la
quando quiser e trazer de volta a questão ao seu estado primitivo, pois nesse
caso era uma preparação para Pedro entrar na casa de Cornélio. Uma alegoria.
DEUS diz para Pedro não fazer comum ou imundo ao que DEUS declarou purificado.
Note que devemos receber como grande misericórdia que, pelo evangelho de
CRISTO, estamos livres da distinção de pessoas. Agora toda criatura de DEUS é
boa, e não há nada que rejeitar sendo recebido com ações de graças (1 Tm 4.4).
7. Aconteceu isto por três vezes (v. 16). O grande lençol foi içado e logo
descido mais duas vezes, em cada vez ocorrendo a mesma ordem para Pedro: Mata e
come (v. 13), e pela mesma razão: Não faças tu comum ao que DEUS purificou (v.
15). Mas não sabemos se a recusa de Pedro foi repetida na segunda e na terceira
vez. A visão tripla de Pedro, como o sonho duplo de faraó, visava a mostrar que
a coisa era certa (Gn 41.32) e lhe prender toda atenção. As instruções que
recebemos nas coisas de DEUS, quer ouvindo a pregação da palavra, ou olhando os
sacramentos, precisam de ser repetidas com frequência: Mandamento sobre
mandamento, mandamento e mais mandamento, regra sobre regra, regra e mais regra
(Is 28.10). Mas, por fim, o vaso tornou a recolher-se no céu (v. 16). Os
estudiosos que entendem que este vaso representa a igreja, incluindo judeus e
gentios, como o vaso incluía seres limpos e imundos, afirmam que significa
muito habilmente a admissão dos gentios crentes na igreja e também no céu, na
Jerusalém de cima. JESUS abriu o Reino dos Céus para todos os que crêem.
III
A providência que muito convenientemente explicou esta visão, e mostrou a
Pedro sua intenção (vv. 17,18). 1. O que JESUS fazia, Pedro não sabia então (Jo
13.7). Pedro duvidou entre si acerca do que seria aquela visão que tinha visto
(v. 17). Não havia razão para ele duvidar da verdade da visão, visto que era
uma visão celestial. Sua dúvida girava em torno do significado da visão. Note
que JESUS se revela ao seu povo por etapas, gradualmente, e não de uma vez. Ele
deixa que os seus fiquem duvidando por algum tempo, meditando sobre isso ou
aquilo e discutindo de um lado para outro em seus pensamentos, antes de Ele
mesmo os esclarecer. 2. Pedro logo saberá de tudo, pois eis que os varões que
foram enviados por Cornélio (v. 17) haviam acabado de chegar a casa e estavam
parados à porta, perguntando [...] se Simão, que tinha por sobrenome Pedro,
morava ali (v. 18). A incumbência desses varões explicará o significado da
visão de Pedro. Note que DEUS sabe os serviços que temos de fazer futuramente e
nos prepara. Nós entenderemos bem o significado do que Ele nos ensinou quando
tivermos a oportunidade de usar esses ensinamentos.
Pedro É Orientado a Ir à Casa de Cornélio. Pedro Vai à Casa de Cornélio. A
Conversa entre Pedro e Cornélio
Atos 10:19-33
Temos aqui o encontro entre o apóstolo Pedro e o centurião Cornélio. Embora
Paulo viesse a ser designado o apóstolo dos gentios para fazer a colheita entre
eles, e Pedro viesse a ser designado o apóstolo da circuncisão, é Pedro que
recebe a ordem de abrir caminho e colher os primeiros frutos dos gentios, assim
como foi encarregado de abrir a porta do evangelho aos judeus. O propósito era
que os judeus crentes, que retiveram grande parte do fermento velho da
inimizade dos gentios, participassem da melhor reconciliação possível quando os
gentios fossem admitidos na igreja e apresentados pelo próprio apóstolo Pedro.
O argumento de Pedro é enfático contra aqueles que querem impor a circuncisão
sobre os gentios convertidos: Varões irmãos, bem sabeis que já há muito tempo
DEUS me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra
do evangelho e cressem (At 15.7). Agora aqui:
I
O ESPÍRITO orienta Pedro a acompanhar os mensageiros de Cornélio, e esta é a
exposição da visão. Agora o enigma é decifrado: Enquanto Pedro pensava naquela
visão (v. 19), enquanto meditava, ela lhe foi esclarecida. Note que os que
querem aprender as coisas de DEUS têm de pensar nelas. Os que desejam entender
as Escrituras têm de meditar nelas dia e noite. Pedro não conseguia entender,
por isso foi-lhe explicado. Isto nos encoraja a, quando não sabemos o que
fazer, elevar nossos olhos a DEUS em busca de orientação. Observe: 1. De onde
Pedro recebeu a orientação. O ESPÍRITO lhe disse o que deveria fazer (v. 19).
Não foi um anjo que lhe comunicou, mas foi o ESPÍRITO que falou ao seu coração,
sussurrando-lhe secretamente no ouvido, por assim dizer, como DEUS falou com
Samuel (1 Sm 9.15), ou lhe causando forte impressão na mente, de forma que ele
sabia que se tratava de um sopro ou inspiração divina, de acordo com a promessa
(Jo 16.13). 2. Qual foi a orientação que Pedro recebeu. (1) O ESPÍRITO diz a
Pedro, antes que os criados subam para lhe contar, que há três varões (v. 19)
lá embaixo querendo lhe falar, e que ele tem de parar com suas meditações,
deixar de pensar na visão e descer até eles: Levanta-te, pois, e desce (v. 20).
Os que buscam o significado das palavras de DEUS e das visões do Todo-poderoso
não devem só ficar lendo e estudando, nem ficar só orando. Precisam também sair
de casa para dar uma volta e olhar por aí, podendo topar com o que será útil
para eles em suas investigações, pois as Escrituras estão se cumprindo
diariamente. (2) O ESPÍRITO ordena Pedro a acompanhar os mensageiros até a casa
de Cornélio, embora gentio, sem duvidar (v. 20). Ele tem de ir e ir com
alegria, sem relutância, hesitação ou escrúpulo relativo à legalidade da ação.
Não duvidando se pode ou se deve ir, pois era seu dever: “Vai com eles, [...]
porque eu os enviei. Eu serei contigo ao ires com eles, mesmo que tu sejas
censurado por isto”. Note que quando nosso chamado para a obra nos é claro, não
devemos nos deixar surpreender por dúvidas e escrúpulos relativos ao surgimento
de preconceitos ou predisposições anteriores, ou medo da censura dos homens.
Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo (Rm 14.5), e prove cada
um a sua própria obra (Gl 6.4). Pedro não iria só, por via das dúvidas, levaria
6 irmãos como testemunhas.
II
Pedro recebe os mensageiros e a mensagem: Pedro desce para junto dos varões que
lhe foram enviados por Cornélio (v. 21). Ele estava longe de se afastar ou de
recusar falar com eles por desconfiar deles ou ainda de fazê-los esperar por se
julgar muito importante: ele próprio foi atender a porta e lhes disse que era
ele a quem procuravam. E: 1. Pedro recebe favoravelmente a mensagem dos varões
que lhe foram enviados por Cornélio (v. 21). Com muita franqueza e dignidade,
ele pergunta do que se trata e o que eles têm a lhe dizer: Qual é a causa por
que estais aqui? (v. 21), e eles lhe respondem falando sobre sua missão:
“Cornélio (v. 22), oficial do exército romano, homem honradíssimo e em quem há
mais sentimento religioso do que a maioria das pessoas de sua cidade, que é
temente a DEUS mais do que muitos (Ne 7.2). Mesmo não sendo judeu, ele se porta
tão bem, que tem bom testemunho de toda a nação dos judeus (v. 22), os quais o
recomendarão, pois é homem consciencioso, sensato, caridoso, de forma que não
te será descrédito ser visto em sua companhia. Ele foi avisado por DEUS”,
echrematisthe – “ele teve um oráculo de DEUS, através de um anjo que lhe foi
enviado” (e os oráculos vivos da lei de Moisés foram dados pela disposição de
anjos), “pelo qual ele recebeu a ordem de te chamar para ir à sua casa (onde te
espera e está pronto a te receber) e ouvir as tuas palavras. Eles não sabem que
palavras são, mas sabem que as ouvirão de ti e não de outra pessoa”. A fé é
pelo ouvir (Rm 10.17). Quando Pedro reconta esta cena, ele acrescenta mais
informações: São palavras com que te salves, tu e toda a tua casa (At 11.14).
“Vem a ele, pois um santo anjo mandou que ele te chamasse. Vem a ele, porque
ele está pronto a ouvir e receber as palavras de salvação que tu tens para lhe
dizer.” 2. Pedro hospeda gentilmente: Então, chamando-os para dentro, os
recebeu em casa (v. 23). Ele não manda que vão, revigorem as forças e repousem
em uma hospedaria por conta própria, mas ele mesmo se encarrega de hospedá-los
em suas dependências. No que estava sendo preparado para ele comer (v. 10),
seriam bem-vindos em participar. Ele nem imaginou que companhia teria quando
sentiu fome e quis comer, mas DEUS anteviu tudo. Veja que é aconselhável que os
cristãos em geral e ministros sejam hospitaleiros e prontos, segundo sua
capacidade e oportunidade, para hospedar os estrangeiros (Hb 13.2). Pedro os
hospedou, embora fossem gentios, a fim de mostrar a prontidão com que obedeceu
ao desígnio da visão que era comer com gentios, pois ele os levou a comer com
ele imediatamente. Embora dois deles fossem criados e o outro soldado comum (v.
7), Pedro não pensou que se humilhava ao recebê-los em casa. Provavelmente ele
os recebeu em casa para conversarem sobre Cornélio e sua família, pois os
apóstolos, embora tivessem instruções diretas do ESPÍRITO, também se serviam de
outras fontes de informação segundo a ocasião.
III
Pedro acompanhou os três varões à casa de Cornélio, achando-o pronto a
recebê-lo e hospedá-lo. 1. Pedro, ao acompanhar os comissionados por Cornélio,
foi acompanhado também por alguns irmãos de Jope, que era a cidade em que ele
estava agora (v. 23). Foram seis irmãos junto com ele (At 11.12). Talvez Pedro
tivesse convidado esses irmãos para estar ao seu lado a fim de testemunharem o
seu procedimento cauteloso com referência aos gentios e o firme fundamento no
qual ele andava (At 11.12). 2. Cornélio, estando pronto para receber Pedro,
reunira os seus parentes e amigos mais íntimos de Cesaréia (v. 24). Pelo visto,
a viagem de Jope a Cesaréia levou um dia, quase dois, pois foi no dia imediato
ao que partiram que eles chegaram a Cesaréia (v. 24), na tarde daquele dia (v.
30). Viajaram provavelmente a pé, como de costume. Cerca de 45 Km. Ao entrarem
na casa de Cornélio: (1) Pedro descobre que era esperado, e isto o animou:
Cornélio estava-os esperando (v. 24), e tal convidado era digno de ser
esperado. Não posso culpá-lo se ele esperasse com certa impaciência, imaginando
que coisa grandiosa seria essa que um anjo lhe ordenasse conter-se para ficar
sabendo do próprio Pedro. (2) Pedro descobre que era esperado por muitos, e
isto o animou ainda mais. Como Pedro levara alguns para participar da pregação
do evangelho, assim Cornélio convidara não só sua família, mas os seus parentes
e amigos mais íntimos para participar com ele das instruções divinas que ele
esperava do apóstolo, o que daria a Pedro oportunidade maior de fazer o bem.
Note que não devemos desejar comer nosso bocado espiritual sozinho (Jó 31.17).
Nosso bocado espiritual deve ser dado e recebido como ato de bondade e respeito
aos nossos parentes e amigos, convidando-os a unir-se conosco nos cultos e a
nos acompanhar na audição do sermão. O que Cornélio deveria fazer, ele julgou
que seus parentes e amigos também deveriam. Portanto, que viessem e o ouvissem
por si mesmos para que não se surpreendessem ao verem a mudança que ocorreria
nele.
IV
Esta é a primeira conversa entre Pedro e Cornélio, em que temos: 1. O
respeito e a honra profundos e realmente impróprios que Cornélio prestou a
Pedro: Entrando Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo (v. 25) e, em vez de abraçá-lo
como amigo, o que teria sido muito aceitável, ele se prostrou a seus pés, o
adorou – segundo certos estudiosos – como príncipe e pessoa importante,
seguindo o costume dos países orientais, ou – segundo entendem outros – como
deidade encarnada, ou como se ele o recebesse por seu Messias. O ato de adorar
um homem muito lhe comprometia. Mas, levando em conta sua ignorância, isso lhe
podia ser desculpável. Era também prova de que havia algo nele que era muito
recomendável: a profunda reverência pelas coisas divinas e celestiais. Não se
admira que, até que fosse mais bem informado, ele tomasse Pedro por Messias e
adorasse aquele que um anjo do céu lhe ordenou chamar. Podemos supor que
Cornélio tenha pensado: Se um anjo mandou chamar Pedro, este seria maior do que
o anjo, portanto, digno de adoração. 2. A recusa modesta, justa e piedosa de
Pedro desta honra que Cornélio lhe fez: Pedro [...] levantou (v. 26) Cornélio
com as próprias mãos embora nunca tivesse imaginado que receberia tanto
respeito ou mostraria tanto afeto a um gentio incircunciso), dizendo:
Levanta-te, que eu também sou homem, e, portanto, não devo ser adorado. Os
anjos bons das igrejas, como os anjos bons do céu, não aceitam a menor dessas
honras, a qual é devida unicamente a DEUS. Olha, não faças tal, disse o anjo a
João (Ap 19.10; 22.9) e, de certa forma, disse o apóstolo ao centurião.
Quanta cautela Paulo tinha para que ninguém cuidasse dele mais do que nele
visse ou dele ouvisse (At 14.15; 2 Co 12.6). Os servos fiéis de CRISTO
preferem ser difamados a divinizados. Pedro não nutria a noção de que, havendo
grande respeito por ele, ainda que excessivo, fosse fator de estímulo para o
sucesso da sua pregação. Portanto, se Cornélio for enganado que o seja. Não!
Que ele saiba que Pedro é homem e também que o tesouro está guardado em vaso de
barro (2 Co 4.7) a fim de que o valorize pelo que é.
V
A história que Pedro e Cornélio contaram um para o outro diante do grupo
de pessoas que lhes assistiam, acerca da mão divina ao reuni-los: E, falando
com ele entrou (v. 27). Pedro [...] entrou, enquanto falava familiarmente com
Cornélio, esforçando-se, pela liberdade dessa conversa franca, para encerrar a
veneração que ele lhe dedicava. Havendo entrado, ele achou muitos que ali se
haviam ajuntado, muito mais do que esperava, o que aumentou a solenidade como também
a oportunidade de fazer o bem com este serviço.
1. Pedro declara a orientação que DEUS lhe deu para chegar a esses gentios (vv.
28,29). Eles sabiam que essa reunião nunca seria permitida pelos judeus, que
sempre consideravam que não é lícito, athemiton – uma abominação, a um varão
judeu, um judeu nativo como eu, ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros, a
gentios incircuncisos. Essa proibição não foi estipulada pela lei de DEUS, mas
pelo decreto de sábios judeus que a reputavam não menos que um mandamento. Eles
não proibiram conversar ou negociar com gentios nas ruas ou lojas, ou na troca,
mas comer com eles. Já nos dias de José, os egípcios e hebreus não comiam
juntos (Gn 43.32). Os três jovens propuseram não se contaminar com a porção do
manjar do rei (Dn 1.8). Eles não podiam entrar na casa de um gentio, porque os
julgavam cerimonialmente imundos. Os judeus desdenhosamente olhavam os gentios,
que não ficavam para trás em termos de desprezo, como vemos em muitos trechos
dos poetas latinos. “Mas agora”, disse Pedro, “DEUS mostrou-me em uma visão que
a nenhum homem devo chamar comum ou imundo, nem recusar relacionar-me com
alguém por causa da sua nacionalidade.” Pedro, que ensinara os novos
convertidos: Salvai-vos desta geração perversa (Atos 2.40), agora ele aprendeu
a unir-se com a geração voltada aos gentios devotos para lhes apresentar a
salvação em JESUS. Pedro achou necessário informá-los de que ele mudou de
opinião sobre este assunto e que a mudança foi ocasionada por revelação divina,
a fim de não o acusarem de ter agido levianamente. Desta forma, DEUS derrubou a
parede de separação (Ef 2.14). (1) Pedro assegura aos ouvintes que ele está
pronto a servi-los em tudo que puder, e que, quando ele manteve distância
deles, não foi porque sentia aversão por eles, mas porque queria receber
permissão do céu para tal. Portanto, tendo-a recebido agora, ele estava às
ordens deles: “Pelo que, sendo chamado, vim sem contradizer (v. 29), pronto
para vos pregar o mesmo evangelho que preguei aos judeus”. Os discípulos de
CRISTO tinham certa noção da pregação do evangelho aos gentios, mas eles
imaginavam que devia ser somente aos gentios que primeiro se convertessem à
religião judaica. Pedro reconhece que esse equívoco não foi corrido. (2) Pedro
pergunta em que ele pode ser útil aos ouvintes: “Pergunto, pois: por que razão
mandastes chamar-me? (v. 29). O que esperais de mim, ou que assunto tendes
comigo?” Note que os que desejam a ajuda dos ministros de DEUS devem prestar
atenção para lhes propor a finalidade correta de suas necessidades, mostrando
boa intenção.
2. Cornélio faz uma narrativa das orientações que DEUS lhe deu para chamar
Pedro, e que foi inteiramente em obediência a essas orientações que ele o
chamou. Nossos objetivos em chamar e atender um ministério evangelístico são
corretos, quando o fazemos em consideração à designação divina que instituiu
essa ordenação e que exige de nós que nos sirvamos dela.
(1) Cornélio relata sucintamente a aparição do anjo, que lhe ordenou chamar
Pedro. Seu intuito não é exaltar-se por causa da visitação angelical, mas
fundamentar sua expectativa de receber uma mensagem celestial por Pedro. [1]
Cornélio conta o que estava fazendo quando teve a visão: Há quatro dias estava
eu em jejum até esta hora (v. 30) – esta hora do dia, que é este momento em que
Pedro chegou, mais ou menos na metade da tarde. Ao que parece, os piedosos que
não eram judeus serviam-se do jejum religioso para dar maior seriedade e
solenidade à oração. Os homens de Nínive creram em DEUS, e proclamaram um jejum
(Jonas 3.5). Certos estudiosos dão outro sentido a estas palavras: Há quatro
dias estou eu em jejum até esta hora, como se ele não tivesse comido nada ou
pelo menos feito nenhuma refeição desde quando teve a visão até àquele momento.
Mas se trata de uma introdução à narrativa da visão; portanto, a primeira opção
é o significado correto. Ele estava orando em sua casa, não na sinagoga, mas em
casa. Quero, pois, que os homens orem onde quer que morem (1 Tm 2.8).
Provavelmente em seu aposento foi onde teve esta visão. Note que à hora nona,
às três horas da tarde, as pessoas, em sua maioria, estavam viajando,
negociando, trabalhando nos campos, visitando amigos, procurando prazeres ou
tirando uma soneca depois do almoço. Mas Cornélio estava fazendo seu momento
devocional, o que mostra quanto levava a sério sua religião. Foi quando recebeu
esta mensagem do céu. Os que recebem mensagens consoladoras de DEUS devem estar
em constante conversa com Ele. [2] Cornélio descreve o mensageiro que lhe
trouxe esta mensagem do céu: Eis que diante de mim se apresentou um varão com
vestes resplandecentes (v. 31), como as vestes de JESUS quando Ele foi
transfigurado (Mt 17.2), e as vestes dos dois anjos que apareceram na
ressurreição de JESUS (Lc 24.4) e em sua ascensão (Atos 1.10), mostrando sua
relação ao mundo da luz. [3] Cornélio repete a mensagem que lhe foi enviada do
céu (vv. 31,32) exatamente como a temos (vv. 4-6). A única diferença é que aqui
diz: A tua oração foi ouvida (v. 31). O texto sacro não nos informa qual oração
foi ouvida. Mas tendo em vista que esta mensagem era a resposta, supomos que a
carência de entendimento natural o deixou desnorteado em saber como obter o
perdão dos seus pecados e o favor de DEUS. Diante disso, ele orou para que DEUS
se revelasse mais a ele e lhe mostrasse o caminho da salvação. “Então”, disse o
anjo, “manda chamar [...] Pedro que ele te dará mais revelações.”
(2) Cornélio declara a boa vontade sua e dos seus familiares e amigos em
receber a mensagem que Pedro tinha a entregar-lhes: Logo mandei chamar-te (v.
33), como fui orientado a fazer, e bem fizeste em vir a nós, embora sejamos
gentios. Note que os ministros fiéis fazem bem em ir às pessoas que têm boa
vontade e desejo de serem instruídas por eles. Ir quando são solicitados é a
melhor obra que podem fazer. Pedro veio fazer sua parte, mas será que eles
farão a deles? Farão. “Tu estás pronto para falar, e nós estamos prontos para
ouvir” (1 Sm 3.9,10). Observe: [1] O comparecimento de Cornélio e seus
familiares e amigos para ouvir a palavra: “Estamos todos presentes diante de
DEUS (v. 33). Estamos aqui em atitude de respeito, como adoradores” (desta
forma, eles se apresentam em disposição de espírito solene e séria). “Agora,
visto que tu vieste a nós por tal ordem e em tal incumbência, e visto que temos
tamanha oportunidade em nossas mãos como nunca tivemos e talvez nunca venhamos
a ter, estamos todos prontos nesta hora de adoração e neste lugar de adoração”
(embora fosse uma casa particular). “Estamos [...] presentes, paresmen –
estamos no negócio, prontos a obedecer à chamada”. Se desejamos a presença
especial de DEUS nos cultos habituais, devemos estar presentes de modo
especial, presentes de modo apropriado ao culto: Eis-me aqui (Is 6.8). “Estamos
todos presentes, todos que foram convidados: Nós e todos os nossos; nós e tudo
que há em nós.” A totalidade do homem deve estar presente, não com o corpo aqui
e o coração, com os olhos do louco, nas extremidades da terra (Pv 17.24).
Aquilo que torna o comparecimento verdadeiramente respeitoso e venerável é:
Estamos todos presentes diante de DEUS. Nos cultos habituais nós nos
apresentamos diante de DEUS, e devemos estar diante dele sabendo que os seus
olhos estão sobre nós. [2] A intenção deste comparecimento: “Estamos todos
presentes [...] para ouvir tudo quanto por DEUS te é mandado (v. 33), e tudo de
que tu és encarregado de nos entregar”. Observe, em primeiro lugar, que Pedro
estava ali para pregar todas as coisas que lhe foram mandadas por DEUS (v. 33).
Assim como ele tinha uma comissão geral para pregar o evangelho, assim ele
tinha instruções plenas sobre o que pregar. Em segundo lugar, que Cornélio e
seus familiares e amigos estavam prontos para ouvir (v. 33) não o que agradasse
a Pedro dizer-lhes, mas o que por DEUS lhe foi mandado dizer. As verdades de
CRISTO não foram comunicadas aos apóstolos para serem anunciadas ou abafadas
conforme julgassem conveniente, mas lhes foram confiadas para serem anunciadas
ao mundo. “Estamos prontos para ouvir tudo: chegar ao começo do culto, ficar
até ao fim e prestar atenção o tempo todo, do contrário como ouviremos tudo?
Estamos desejosos de ouvir tudo que tu foste comissionado a pregar, mesmo que
desagrade a carne e o sangue, mesmo que seja contrário às nossas noções
anteriores ou atuais interesses seculares. Estamos prontos para ouvir tudo,
então não retenhas nada que nos seja proveitoso.”
Pedro Prega na Casa de Cornélio
Atos 10:34-43
Temos aqui o sermão que Pedro pregou para Cornélio e seus familiares e amigos,
quer dizer, um resumo do sermão, pois é lógico que ele lhes testemunhou e os
exortou com muitas outras palavras. A frase: E, abrindo Pedro a boca (v. 34),
deixa implícito que ele se expressou com muita reverência e profundidade, ao
mesmo tempo com plena liberdade e grande fluência. Ó coríntios, a nossa boca
está aberta para vós, disse Paulo (2 Co 6.11). “Vós nos achareis comunicativos,
se nós vos acharmos questionadores.” Até este ponto da história da Igreja, a
boca dos apóstolos esteve fechada para os gentios incircuncisos, pois eles não
tinham nada a lhes dizer. Mas agora, DEUS deu aos apóstolos, como deu a
Ezequiel, autoridade para abrir a boca (Ez 29.21). O sermão de Pedro é
admiravelmente adequado às circunstâncias daqueles a quem ele o pregava. Era um
sermão novo.
I
Pela razão de serem gentios aqueles a quem Pedro pregava, ele mostra que,
a despeito disso, eles estavam interessados no evangelho de CRISTO (o qual ele
era obrigado a pregar) e tinham direito aos seus benefícios em condições iguais
aos judeus. Era necessário que este quesito ficasse claro, caso contrário com
que bem-estar ele poderia pregar ou eles ouvirem? O apóstolo estabelece este
ponto como princípio incontestável: DEUS não faz acepção de pessoas (v. 34),
ou, como diz a frase em hebraico: “DEUS não conhece favor em julgamento”, algo
que os magistrados são proibidos de fazer (Dt 1.17; 16.19; Pv 24.23)
e culpados por fazer (Sl 82.2). A Escritura salienta que DEUS não faz acepção
de pessoas (Dt 10.17; 2 Cr 19.7; Jó 34.19; Rm 2.11; Cl 3.25; 1
Pe 1.17). Ele não julga a favor de alguém por causa de vantagem externa alheia
aos méritos da causa. DEUS nunca perverte o julgamento por respeito ou
considerações pessoais, nem favorece o homem mau em uma coisa má por causa da
sua beleza, estatura, país, ascendência, parentela, riqueza ou honra no mundo.
DEUS, como benfeitor, favorece arbitrariamente e por soberania (Dt 7.7,8; 9.5,6; Mt
20.10), mas, como juiz, Ele não dá a sentença, pois em qualquer nação e em
qualquer denominação, aquele que [...] teme a DEUS e faz o que é justo, esse
lhe é agradável (v. 35). Isso pode ser entendido assim:
1. DEUS nunca justificou e salvou nem justificará e salvará um judeu ímpio que
viveu e morreu impenitente, mesmo que fosse da descendência de Abraão (Rm 9.7)
e hebreu de hebreus (Fp 3.5), e tivesse todas as honras e vantagens pertinentes
à circuncisão. Ele retribuirá indignação e ira, [...] tribulação e angústia
sobre toda alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu, cujos
privilégios e religião em vez de protegê-lo do juízo de DEUS, agravam-lhe a
culpa e a condenação (veja Rm 2.3,8,9,17). Embora DEUS tenha favorecido os
judeus acima dos outros povos com a honra de pertencerem à igreja visível, Ele
não aceitará ninguém que se entregue à imoralidade que contradiga o que tal
indivíduo professe; e particularmente na perseguição, que agora era, mais que
qualquer outro, o pecado nacional dos judeus.
2. DEUS nunca rejeitou ou recusou nem nunca rejeitará ou recusará um gentio
justo, que, mesmo não tendo os privilégios e vantagens de que os judeus
dispõem, como Cornélio, teme a DEUS, adora-o e faz o que é justo (v. 35), a
saber, é justo e caridoso para com todos os homens e vive segundo a luz que tem
em suas práticas religiosas sinceras e em seu intercâmbio social regular. Seja
qual for a nacionalidade do gentio, mesmo sendo de parentesco bem distante da
descendência de Abraão, tendo caráter vil e até má reputação, isso não lhe
estará em detrimento. DEUS julga os homens pelo coração, não por sua
nacionalidade ou ascendência. Sempre que Ele encontrar um homem sincero, DEUS
se mostrará um DEUS sincero (Sl 18.25). Veja que temer a DEUS e fazer o que é
justo são duas coisas que têm de estar juntas (v. 35). Como a justiça para os
homens é um ramo da verdadeira religião, assim a religião para DEUS é um ramo
da justiça universal. A religiosidade e a justiça têm de estar juntas, e nem
uma das duas desculpará a falta da outra. Mas não há dúvida de que o homem em
quem predominam estas duas qualidades agrada a DEUS. Não é que todo homem,
desde a queda, possa obter o favor de DEUS que não pela mediação de JESUS CRISTO
e pela graça de DEUS nele. Mas os que não têm o conhecimento de JESUS, e,
portanto, não podem lhe dar a devida consideração, ainda podem receber a graça
de DEUS, temer a DEUS e fazer o que é justo. Sempre que DEUS dá graça para
isso, como deu para Cornélio, Ele deseja, por meio de CRISTO, aceitar a obra de
suas próprias mãos. (1) Esta sempre foi uma grande verdade antes de Pedro a
reconhecer: DEUS não faz acepção de pessoas (v. 34). Desde o princípio, era uma
lei fixa de julgamento: Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não
fizeres bem, o pecado e o seu castigo jazem à porta (Gn 4.7). No grande Dia,
DEUS não perguntará de que país os homens são, mas o que eram, o que fizeram e
como foram afetados com relação a Ele e ao próximo. Se as características dos
homens não estabeleceram vantagem nem desvantagem concernente à grande diferença
que existia entre os judeus e os gentios, muito menos o faria qualquer
diferença menor de sentimentos e práticas que haja entre os cristãos, quanto a
questões de alimentos e dias (Rm 14.1-23). É certo que o Reino de DEUS não é
comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no ESPÍRITO SANTO, e quem
nisto serve a CRISTO agradável é a DEUS e aceito aos homens (Rm 14.17,18).
Ousaremos rejeitar quem DEUS não rejeitou? (2) Mas agora esta grande verdade
ficou bem mais clara que antes. Ela fora obscurecida pelo concerto da
peculiaridade feito com os filhos de Israel e pelo sinal distintivo que
receberam. A lei cerimonial era uma parede de separação que havia entre eles e
as outras nações. É verdade que nisto DEUS favoreceu essa nação (Rm 3.1,2; 9.4),
e, por conta disso, alguns de entre os judeus deduziram que tinham a garantia
da aceitação de DEUS, embora vivessem como quisessem, e que seria impossível os
gentios serem aceitos por DEUS. Usando os profetas, DEUS muito falara no
intuito de evitar e corrigir este engano. Mas agora, por fim, Ele fala
categoricamente, abolindo o concerto da peculiaridade e revogando a lei
cerimonial, resolvendo assim a questão como um todo e colocando judeus e
gentios no mesmo nível diante dele. Pedro é levado a reconhecer esta verdade,
quando comparou a visão que ele teve com a visão que Cornélio teve. Agora, em
JESUS CRISTO, está claro que nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude
alguma (Gl 5.6; Cl 3.11).
II
Pela razão de estes gentios habitarem dentro das fronteiras da terra de
Israel, Pedro menciona o que eles não podiam deixar de saber acerca da vida,
doutrina, pregação, milagres, morte e sofrimentos de nosso Senhor JESUS. As
notícias destes fatos se espalharam por todos os cantos da nação judaica (vv.
37ss.). O trabalho dos ministros torna-se mais fácil, quando eles lidam com
pessoas que têm certo conhecimento das coisas de DEUS, pois podem se referir a
esse conhecimento e fundamentar argumentações.
1. Cornélio e seus familiares e amigos conheciam em geral a palavra, quer
dizer, o evangelho, que DEUS enviou aos filhos de Israel (v. 36). Esta palavra,
vós bem sabeis (v. 37). Embora não se aceitasse que os gentios ouvissem o
evangelho (JESUS e os discípulos foram enviados, antes, às ovelhas perdidas da
casa de Israel, Mt 10.6), não havia como eles não ficarem sabendo: era o
assunto de toda conversa na cidade e no campo. Os Evangelhos registram muitas
vezes que a fama de JESUS corria por todas as regiões de Canaã, quando Ele
estava na terra, como mais tarde a fama do evangelho alcançou todas as partes
do mundo (Rm 10.18). Esta palavra divina, esta palavra de poder e graça, vós
bem a sabeis. Qual era o sentido desta palavra. DEUS, por esta palavra,
anunciou as boas-novas da paz por JESUS CRISTO, que é como deveria ter sido
traduzido – euangelizomenos eirenen (v. 36). É o próprio DEUS que, com justiça,
podendo ter proclamado a guerra, proclama a paz. Ele faz o mundo da humanidade
saber que Ele quer ter paz com eles por JESUS CRISTO. DEUS estava em CRISTO
reconciliando consigo o mundo (2 Co 5.19). A quem esta palavra foi enviada:
Primeiramente aos filhos de Israel.
Estamos no mundo para fazer todo o bem que pudermos e, como JESUS, devemos ser
perseverantes e abundantes nessa tarefa. Agora que ele está pregando aos
gentios, ele diz: Ao qual [eles] mataram (v. 39). Esses que mataram JESUS são
os mesmos a quem Ele fizera e planejara fazer tanto bem. Mas para que não
pensassem que se tratava de um relatório exagerado, Pedro, por si mesmo e pelos
demais apóstolos, o atestou: Nós somos testemunhas (v. 39) oculares de todas as
coisas que [JESUS] fez, e testemunhas auriculares da doutrina que Ele pregou,
tanto na terra da Judéia como em Jerusalém, na cidade e no campo.
3. Cornélio e seus familiares e amigos poderiam ter sabido, por todas estas
coisas, que JESUS tinha autoridade do céu para pregar e agir como Ele fez.
Pedro ainda se serve destas coisas como bandeira em seu discurso e aproveita
todas as oportunidades para aludi-las a eles. Pedro quer informá-los de: (1)
Que este JESUS é o Senhor de todos (v. 36). A frase está entre parênteses, mas
é a proposição principal que ele quer provar: JESUS CRISTO, por quem é feita a
paz entre DEUS e os homens, é o Senhor de todos – não apenas como DEUS sobre
todos, [...] bendito eternamente (Rm 9.5), mas também como Mediador, todo o
poder no céu e na terra (Mt 28.20) é colocado em suas mãos, e todo o julgamento
lhe é entregue. Ele é o Senhor dos anjos; todos eles são seus servos humildes.
Ele é o Senhor dos poderes das trevas, porque triunfou sobre eles. Ele é o rei
das nações e tem poder sobre toda a carne. Ele é o rei dos santos; todos os
filhos de DEUS são seus estudiosos, seus súditos, seus soldados. (2) Que DEUS
ungiu a JESUS de Nazaré com o ESPÍRITO SANTO e com virtude (v. 38). Ele foi
autorizado e capacitado a fazer o que fez pela unção divina, por cuja razão Ele
é chamado CRISTO – o Messias, o Ungido. O ESPÍRITO SANTO desceu sobre Ele no
batismo, e Ele foi cheio de poder para pregar e operar milagres, que eram o
selo da missão divina. (3) Que DEUS era com [...] JESUS (v. 38). Suas obras
foram feitas em DEUS. DEUS não apenas o enviou, mas desde o princípio esteve
com Ele, reconheceu-o, assistiu-o e sustentou-o em todos os seus serviços e
sofrimentos. Note que DEUS sempre estará com aqueles a quem Ele unge. DEUS em
pessoa estará com aqueles a quem Ele dá o seu ESPÍRITO.
III
Pela razão de estes gentios não terem tido mais certas informações
relativas a este JESUS, Pedro anuncia-lhes solenemente que JESUS ressuscitou e
lhes apresenta as provas da ressurreição, com o intuito de não pensarem que ao
morrer sua vida teria chegado ao fim. É provável que houvesse chegado a
Cesaréia certo rumor de que JESUS ressuscitara. Mas essa notícia logo foi
abafada pela sugestão vil dos judeus dizendo que os discípulos de JESUS vieram
de noite e lhe furtaram o corpo (Mt 28.13). É por isso que Pedro insiste neste
ponto como a principal base da palavra que anunciou paz por JESUS CRISTO. 1. O
poder pelo qual JESUS ressuscitou é incontestavelmente divino: A este
ressuscitou DEUS ao terceiro dia (v. 40), o que não apenas contestou todas as
calúnias e acusações que lhe foram feitas pelos homens, mas comprovou
eficientemente a aceitação de DEUS da redenção que JESUS fez pelo pecado do
homem por meio do sangue da sua cruz. Ele não fugiu da prisão, mas obteve a
soltura legal: DEUS o ressuscitou. 2. As provas da ressurreição de JESUS eram
incontestavelmente claras: A este [...] fez [DEUS] que se manifestasse – edoken
auton emphane genesthai, para ser visível, claramente assim (v. 40). JESUS se
manifestou de modo a mostrar que era indiscutivelmente Ele e não outro.
Tratava-se de tamanha exibição de si mesmo quanto a equivaler a uma
demonstração da verdade da sua ressurreição. Ele não se manifestou abertamente
(não no sentido público), mas claramente; não a todo o povo (v. 41) que testemunhou
sua morte. Ao se oporem a todas as evidências que JESUS lhes dera da sua missão
divina pelos milagres que fez, eles perderam o favor de serem testemunhas
oculares desta grande prova da ressurreição. Os que imediatamente forjaram e
promoveram a mentira de que os discípulos roubaram o corpo de JESUS foram, com
justiça, entregues a fortes ilusões e não atentaram para o fato de que Ele se
manifestou a todo o povo. Assim, quanto maior será a bem-aventurança dos que
não viram e creram! (Jo 20.29). Nec ille se in vulgus edixit, ne impii errore,
liberarentur; ut et fides non praemio mediocri destinato difficultate constaret
– Ele não se mostrou às pessoas em geral para que os incrédulos não se
livrassem imediatamente do seu erro, e para que a fé, cuja recompensa é
vastíssima, fosse exercida com certo grau de dificuldade. Tertuliano, Apol.,
Atos 11. Mas, mesmo que nem todo o povo o visse, um número suficiente de
pessoas o viu para atestar a verdade da ressurreição. O testador está
declarando sua última vontade e não precisa estar diante de todo o povo. Basta
que seja feito na presença de certo número competente de testemunhas
verossímeis. Desta forma, a ressurreição de JESUS foi provada diante de
testemunhas suficientes. (1) Essas testemunhas não eram casuais, mas foram as
que DEUS antes ordenara (v. 41), ou as “que foram anteriormente escolhidas por
DEUS” (versão RA), para testemunharem o fato. Para isso, elas foram instruídas
pelo Senhor JESUS e se relacionaram socialmente com Ele, para que, tendo-o
conhecido anteriormente de forma tão pessoal, elas tivessem a mais absoluta
certeza de que era Ele mesmo. (2) Essas testemunhas não tiveram uma visão
súbita e passageira de JESUS, mas se relacionaram livre e socialmente com Ele:
Elas comeram e beberam juntamente com ele, depois que ressuscitou dos mortos
(v. 41). Isto dá a entender que elas o viram comendo e bebendo, estavam no
jantar com Ele junto ao mar de Tiberíades e confirmaram a presença dos dois
discípulos que cearam com Ele em Emaús. Isto provava que Ele tinha um corpo
verdadeiro. Mas não era tudo. As testemunhas o viram sem medo ou consternação,
sentimento que poderia ter-lhes invalidado o testemunho. Elas o viram muitas
vezes, e JESUS conversou com elas com tanta familiaridade que comeram e beberam
juntamente com ele. É apresentado como prova da visão clara que os nobres de
Israel tiveram da glória de DEUS, o fato de que eles viram a DEUS, e comeram, e
beberam (Êx 24.11).
IV
Pedro encerra sua prédica com uma conclusão geral: Tudo que os gentios
têm de fazer é crer neste JESUS. Pedro foi enviado para contar a Cornélio o que
ele tem de fazer. Suas orações e esmolas eram muito boas, mas faltava uma coisa
– ele tinha que ouvir o evangelho sendo pregado e crer em JESUS e sua obra
salvífica (Ef 1.13-14). Observe:
1. Por que Cornélio e seus familiares e amigos têm de crer em JESUS. A fé tem
referência a um testemunho, e a fé cristã é edificada sobre o fundamento dos
apóstolos e dos profetas (Ef 2.20), é edificada sobre o testemunho dado pelos
apóstolos e pelos profetas. (1) Pelos apóstolos. Pedro, como primeiro entre os
apóstolos, fala pelos demais dizendo que DEUS os mandou e os encarregou de
pregar ao povo e testificar (v. 42) acerca de JESUS, para que o testemunho
fosse crível e autêntico, e no qual pudéssemos aventurar-nos a aceitar. O
testemunho dos apóstolos é o testemunho de DEUS. Eles são suas testemunhas para
o mundo. Eles não somente transmitiram a mensagem como notícia, mas testemunharam
como algo publicamente conhecido e pelo qual os homens serão julgados. (2)
Pelos profetas do Antigo Testamento, cujo testemunho de antemão, não só
concernente aos sofrimentos de JESUS, mas também relativos ao desígnio e
intenção desses sofrimentos, confirma sem sombra de dúvida o testemunho que os
apóstolos deram a respeito deles: A este dão testemunho todos os profetas (v.
43). Temos razão para supor que Cornélio e seus familiares e amigos não
desconheciam os escritos dos profetas. Da boca destas duas nuvens de
testemunhas, que com tanta exatidão concordam entre si, esta palavra é
confirmada (Mt 18.16).
2. O que Cornélio e seus familiares e amigos têm de crer concernente a JESUS.
(1) Que todos nós prestemos contas a JESUS como nosso Juiz. Os apóstolos foram
ordenados a testemunhar ao mundo que este JESUS foi constituído [...] por DEUS
[...] juiz dos vivos e dos mortos (v. 42). Ele foi autorizado a prescrever as
condições de salvação, por cujas normas devemos ser julgados, a dar leis para
os vivos e os mortos, tanto aos judeus quanto aos gentios. Ele foi nomeado a
determinar a situação eterna de todos os filhos dos homens no grande Dia, dos
que então estiverem vivos e dos que então serão ressuscitados. Ele nos deu
certeza dessa realidade, ressuscitando-o dos mortos (Atos 17.31), de forma que
é de suma importância que cada um de nós, na certeza disso, busque o favor de
JESUS e o faça seu amigo. (2) Que se nós crermos em JESUS seremos todos
justificados por Ele como nossa justiça. Os profetas, quando falaram da morte
de JESUS, estavam testemunhando que, pelo seu nome, por Ele e por conta do seu
mérito, todos os que nele crêem, judeus ou gentios, receberão o perdão dos
pecados (v. 43). Esta é a essência de que precisamos, sem a qual estamos
perdidos, sobre a qual a consciência convencida tem curiosidade em saber, da
qual os judeus segundo a carne se asseguram pelos seus sacrifícios e
purificações cerimoniais e até os pagãos pelas suas expiações; mas é tudo vão!
O cerne da questão é que o perdão dos pecados tem de ser somente pelo nome de
JESUS CRISTO e somente por quem crê nesse nome. Os que crêem no nome de JESUS
CRISTO têm a firme certeza de que os pecados são perdoados e que não há
condenação para eles. O perdão dos pecados estabelece a fundação para todos os
outros favores e bênçãos, removendo do caminho o que os impede. Se os pecados
estão perdoados, então tudo está bem e terminará bem para sempre para os que se
arrependem e se entregam a DEUS, crendo em JESUS coo único salvador e senhor.
O Efeito do Sermão de Pedro
Atos 10:44-48
Temos aqui o resultado e o efeito que o sermão de Pedro causou em Cornélio e
seus familiares e amigos. Ele não labutou em vão entre eles, pois todos foram
conduzidos a JESUS. Aqui temos:
I
DEUS reconhece a palavra de Pedro, conferindo o ESPÍRITO SANTO aos que a
ouviam, e imediatamente após ouvi-la, Dizendo Pedro ainda estas palavras (v.
44), talvez desejando continuar sua pregação, ele foi muito apropriadamente
interrompido por mostras visíveis de que o ESPÍRITO SANTO, até em seus dons e
poderes milagrosos, caiu [...] sobre todos os que ouviam a palavra, da mesma
forma como ocorrera com os apóstolos (Atos 11.15). Se houve um vento veemente e
impetuoso e línguas de fogo, foi invisível a todos, mas manifestação de línguas
faladas aconteceu, comprovando que foram batizados co o ESPÍRITO SANTO.
Observe: 1. Quando caiu o ESPÍRITO SANTO sobre Cornélio e seus familiares e
amigos: enquanto Pedro estava pregando (v. 44). Desta forma, DEUS confirmou as
palavras do apóstolo e as documentou com o poder divino. Estes foram os sinais
do apostolado de Pedro manifestados entre eles (2 Co 12.12). Pedro não podia
dar o ESPÍRITO SANTO, mas uma vez que o ESPÍRITO SANTO foi dado enquanto Pedro
pregava, mostrava que ele fora enviado da parte de DEUS. O ESPÍRITO SANTO [...]
caiu [...] sobre todos ao mesmo tempo (At 10.44), depois foram batizados por
Pedro (e demais seis companheiros?) nas águas para sua confirmação. O ESPÍRITO
SANTO [...] caiu [...] sobre estes gentios antes de eles serem batizados nas
águas: como Abraão foi justificado pela fé, estando ainda na incircuncisão,
para mostrar que DEUS não está preso a métodos. O ESPÍRITO SANTO [...] caiu
[...] sobre esses que não eram circuncidados nem batizados nas águas pelo
batismo de João Batista, pois não era o legítimo batismo cristão (At 19.4-5),
pois o ESPÍRITO é o que vivifica, a carne para nada aproveita (Jo 6.63). 2.
Qual a prova de que o ESPÍRITO SANTO caíra sobre Cornélio e seus familiares e
amigos: eles falaram em línguas (v. 46) que nunca conheceram, língua
sobrenaturais, não conhecidas na Terra. Esta primeira descida do ESPÍRITO sobre
eles os qualificou a pregar o evangelho aos outros, o que fizeram; mas agora
eles mesmos o receberam! Contudo, note que quando falaram em línguas, eles
também estavam a glorificar a DEUS, falavam sobre CRISTO e os benefícios da
redenção, tema que Pedro estivera pregando para a glória de DEUS. Foi o que
proferiram as primeiras pessoas sobre quem o ESPÍRITO SANTO desceu (Atos 2.11).
Note que devemos honrar a DEUS com todo e qualquer dom que recebermos,
sobretudo, no que tange ao falar em línguas do batismo com o ESPÍRITO SANTO,
como o dom de variedade de línguas e interpretação de línguas. 3. Que impressão
o derramamento do ESPÍRITO SANTO sobre Cornélio e seus familiares e amigos
causou aos judeus crentes que estavam presentes: Os fiéis que eram da
circuncisão [...] maravilharam-se (v. 45), os seis irmãos que tinham ido com
Pedro. Eles ficaram excessivamente surpresos e talvez um tanto quanto
intranquilos por ter o dom (batismo com o ES) do ESPÍRITO SANTO sido derramado
também sobre os gentios. Eles pensaram que esse dom (batismo com o ES) fora
destinado exclusivamente à nação judaica. Se tivessem entendido que as
Escrituras do Antigo Testamento ((Is 28.10-12, cf com 1Co 14.21) indicava isto,
não haveriam ficado tão maravilhados. Por nossas noções equivocadas das coisas
criamos dificuldades para nós mesmos sobre os métodos da providência e graça
divinas.
Pedro reconhece a obra de DEUS, batizando nas águas aqueles sobre quem o
ESPÍRITO SANTO fora derramado. Observe: 1. Cornélio e seus familiares e amigos
receberam o batismo com o ESPÍRITO SANTO. Mesmo assim era necessário que fossem
batizados nas águas como comprovação externa da fé interna deles (v. 47). DEUS
não está ligado a rituais instituídos, mas nós estamos. O falar em línguas é
confirmação sobrenatural da conversão, mas o batismo nas águas é confirmação
pública e necessária da fé. Alguém em nossos dias teria argumentado: “Estes
foram batizados com o ESPÍRITO SANTO, portanto, que necessidade há que sejam
batizados com água? Não lhes fica bem”. Fica, sim, visto que o batismo nas
águas é uma ordenança de CRISTO, a porta da admissão à igreja visível e o selo
do novo concerto. 2. Embora fossem gentios, tendo recebido o batismo com o
ESPÍRITO SANTO, Cornélio e seus familiares e amigos poderiam ser aceitos ao
batismo nas águas: Pode alguém, mesmo o mais rigoroso judeu, recusar a água,
para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o batismo
com o ESPÍRITO SANTO? (v. 47). O argumento é convincente. Podemos negar o sinal
aos que receberam a coisa significada? Esses a quem DEUS concedeu graciosamente
o concerto não têm o direito claro aos selos do concerto? É lógico que os que
receberam, como nós, o batismo com o ESPÍRITO SANTO devem receber, também como
nós, o batismo em água. Fica-nos bem seguir as indicações de DEUS e aceitar em
comunhão conosco aqueles que DEUS já aceitou em comunhão consigo. DEUS
prometera derramar o seu ESPÍRITO sobre a descendência do crente. Portanto,
quem pode recusar a água, para que não sejam batizados, se eles receberam a
promessa do ESPÍRITO SANTO [...] como nós também? Pelo visto, este foi o motivo
de o batismo com o ESPÍRITO SANTO ter-lhes sido dado antes que
fossem batizados; caso contrário, Pedro não se sentiria persuadido a batizá-los
– do mesmo modo que não teria pregado a eles, caso não tivesse recebido ordens
por uma visão. Seja como for, ele não conseguiria evitar a censura dos fiéis
que eram da circuncisão (v. 45). Vemos, então, que a graça divina dá um passo
incomum depois de outro para trazer os gentios à igreja. Como é bom sabermos
que a graça de um DEUS bom é muito maior do que a caridade de homens bons! 3.
Pedro não batizou Cornélio e seus familiares e amigos, mas mandou que fossem
batizados (v. 48). A ordem foi dada aos seis irmãos que o acompanharam à casa
de Cornélio. O apóstolo recusou batizá-los pela mesma razão que Paulo – para
que os candidatos ao batismo não se julgassem melhor por conta disso, ou talvez
houvesse a impressão de ele ter batizado em seu próprio nome (1 Co 1.15). Os
apóstolos receberam a comissão de ir e fazer discípulos de todas as nações e
batizar nas águas os que cressem (Mt 28.19, versão RA). Mas era na oração e no
ministério da palavra que eles tinham de perseverar (Atos 6.4). Paulo afirma
que ele foi enviado não para batizar, mas para evangelizar (1 Co 1.17), que era
a obra mais nobre e excelente. O ato de batizar era comumente incumbência de
ministros inferiores. Eles agiam sob as ordens dos apóstolos, que então podiam
dizer que eles mesmos batizaram. Qui per alterum facit, per seipsum facere
dicitur – O que um homem faz por outro, ele pode dizer que ele mesmo fez.
III
Os ouvintes reconheceram a palavra de Pedro e a obra de DEUS quando
expressaram o desejo de se beneficiarem mais pelo ministério de Pedro: Eles
rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias (v. 48). Eles não podiam
forçá-lo a fixar residência entre eles. Eles sabiam que ele tinha trabalho a
fazer em outros lugares, e que, naquele momento, ele era aguardado em
Jerusalém. Mesmo assim, eles não queriam que ele fosse embora imediatamente,
mas imploraram com instância que ele ficasse por certo tempo entre eles, para
que ele os ensinasse mais coisas do que respeita ao Reino de DEUS. Note que: 1.
Quem possui certo conhecimento de JESUS não pode deixar de desejar mais. 2. Até
os que receberam o ESPÍRITO SANTO devem ser atendidos em suas necessidades pelo
ministério da palavra.
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COMENTÁRIOS BEP – CPAD (com algumas correções do Pr. Henrique)
Atos Capítulo 11.15 CAIU SOBRE ELES O ESPÍRITO SANTO, COMO TAMBÉM SOBRE NÓS AO
PRINCÍPIO. O derramamento do ESPÍRITO SANTO no dia de Pentecoste (At 2.4) foi
um padrão para o recebimento do ESPÍRITO, a partir de então. O batismo com o
ESPÍRITO SANTO seria determinado pela transformação visível ocorrida no
indivíduo pela infusão da alegria por expressões vocais sobrenaturalmente
inspiradas (falar em línguas) e pela ousadia no testemunho (At 2.4; 4.31; 8.15-19; 10.45-47; 19.6).
Por isso, quando Pedro salientou diante dos apóstolos e irmãos em Jerusalém que
os familiares de Cornélio tinham falado em línguas, ao ser derramado sobre eles
o ESPÍRITO SANTO (cf. At 10.45-46), ficaram convictos de que DEUS estava
concedendo aos gentios a salvação em CRISTO (v. 18). Não se pode hoje dizer que
alguém recebeu o batismo com o ESPÍRITO SANTO se as manifestações físicas, tais
como o falar em línguas, estão ausentes. Em nenhuma parte de Atos, o batismo
com o ESPÍRITO SANTO aparece como uma experiência percebida somente pela fé
(ver At 8.12,16; 19.6; ver os estudos O FALAR EM LÍNGUAS e PROVAS DO
GENUÍNO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO acima)
11.17 A NÓS, QUANDO CREMOS. Esta expressão é, no grego, um particípio aoristo,
que normalmente descreve uma ação que ocorre antes daquela do verbo principal.
Por isso, uma tradução mais exata seria: DEUS lhes deu o mesmo dom (batismo com
o ESPÍRITO SANTO )que a nós também, depois que cremos.
11.18 OUVINDO ESTAS COISAS. O discurso de Pedro silenciou todas as objeções
(vv. 4-18). DEUS tinha batizado os gentios o batismo com o ESPÍRITO SANTO (At
10.45), e este ato foi acompanhado da evidência convincente do falar noutras
línguas pelo ESPÍRITO SANTO (At 10.46). Era esse o único sinal necessário a ser
aceito sem mais dúvidas.
11.23 QUE... PERMANECESSEM NO SENHOR. Os discípulos do NT não aceitavam o
ensino que aquele que recebesse a salvação permaneceria automaticamente leal ao
Senhor, visto que o pecado, o mundo e as tentações de Satanás podiam levar um
novo crente a desviar-se do caminho da salvação em CRISTO. Barnabé nos oferece
um exemplo de como os novos convertidos devem ser tratados: que nosso interesse
principal seja ajudá-los e animá-los a permanecerem na fé, no amor e na
comunhão com CRISTO e com sua igreja (cf. At 13.43; 14.22).
11.26 OS DISCÍPULOS... CHAMADOS CRISTÃOS. A palavra cristão (gr. christianos)
ocorre somente três vezes no NT (At 11.26; 26.28; 1 Pe 4.16). Originalmente,
era um termo que denotava um servo, imitador e seguidor de CRISTO. Hoje
tornou-se termo geral, destituído do significado original que tinha no NT. A
nós, este termo deve sugerir o nome do nosso Redentor (Rm 3.24), a idéia do
profundo relacionamento do crente com CRISTO (Rm 8.38,39), o pensamento de que
o recebemos como nosso Senhor (Rm 5.1), e a causa da nossa salvação (Hb 5.9).
Reivindicar o nome de cristão significa que CRISTO e a sua palavra revelada nas
Escrituras são a autoridade suprema e a única fonte da esperança futura para
nós (Cl 1.5,27).
11.27 PROFETAS. A posição dos profetas na igreja é reconhecida em Atos e nas
epístolas paulinas (Efésios 4.11). Em Jerusalém e em Antioquia havia profetas
(At 11.27, 13.1), Ágabo foi um proeminente profeta da igreja (At 11.28; 21.10),
Judas e Silas, companheiros de Paulo em suas viagens eram profetas da Igreja
(At 15.32). Hoje temos este ministério na Igreja
(que geralmente tem os dons de revelação operando – Palavra de
conhecimento ou da ciência – conhecimento do passado e
presente sobrenaturalmente revelado e Palavra de Sabedoria -
conhecimento do futuro sobrenaturalmente revelado), mas não devemos
confundir com o dom do ESPÍRITO SANTO, o dom de Profecia (para exortar,
edificar e consolar).
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Atos 11 - Com. Bíblico
- Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT), com algumas correções do Pr. Henrique.
A defesa necessária de
Pedro do que ele fez ao receber Cornélio e seus familiares e amigos na igreja,
a censura que os irmãos lhe fizeram por conta disso e o seu consentimento
quanto ao que ele fizera (vv. 1-18).
Atos 11.1 E
ouviram os apóstolos e os irmãos que estavam na Judéia que também os gentios
tinham recebido a palavra de DEUS. 2 E, subindo Pedro a Jerusalém,
disputavam com ele os que eram da circuncisão, 3 dizendo: Entraste em
casa de varões incircuncisos e comeste com eles. 4 Mas Pedro começou
a fazer-lhes uma exposição por ordem, dizendo: 5 Estando
eu orando na cidade de Jope, tive, num arrebatamento dos sentidos, uma visão;
via um vaso, como um grande lençol que descia do céu e vinha até junto de
mim. 6 E, pondo nele os olhos, considerei e vi animais da terra,
quadrúpedes, e feras, e répteis, e aves do céu. 7 E ouvi uma voz que
me dizia: Levanta-te, Pedro! Mata e come. 8 Mas eu disse: De maneira
nenhuma, Senhor; pois nunca em minha boca entrou coisa alguma comum ou
imunda. 9 Mas a voz respondeu-me do céu segunda vez: Não chames tu
comum ao que DEUS purificou. 10 E sucedeu isto por três vezes; e tudo
tornou a recolher-se no céu. 11 E eis que, na mesma hora, pararam
junto da casa em que eu estava três varões que me foram enviados de Cesaréia.
. 12 E disse-me o ESPÍRITO que fosse com eles, nada duvidando; e
também estes seis irmãos foram comigo, e entramos em casa daquele
varão. 13 E contou-nos como vira em pé um anjo em sua casa, e lhe dissera:
Envia varões a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome
Pedro, 14 o qual te dirá palavras com que te salves, tu e toda a tua
casa. 15 E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o ESPÍRITO SANTO,
como também sobre nós ao princípio. 16 E lembrei-me do dito do Senhor,
quando disse: João certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o
ESPÍRITO SANTO. 17 Portanto, se DEUS lhes deu o mesmo dom que a nós,
quando cremos no Senhor JESUS CRISTO, quem era, então, eu, para que pudesse
resistir a DEUS? 18 E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se e
glorificaram a DEUS, dizendo: Na verdade, até aos gentios deu DEUS o
arrependimento para a vida.
A Defesa de Pedro
Atos 11:1-18
A pregação do
evangelho a Cornélio é algo que nós, pobres pecadores dos gentios, temos de
analisar com muita alegria e gratidão, pois foi a chegada da luz para nós que
estávamos assentados em trevas (Mt 4.16). Visto que foi uma surpresa muito
grande para os judeus crentes e também para os judeus descrentes, vale a pena
investigarmos como o evangelho foi recebido e que comentários foram feitos a
respeito. Nestes versículos, temos:
I
A igreja em
Jerusalém e arredores recebeu informações de que o evangelho foi pregado aos
gentios. Considerando que Cesaréia não ficava muito longe de Jerusalém, era
possível que em pouco tempo as notícias chegassem ali, principalmente porque um
centurião famoso tinha se convertido. Uns de boa vontade, outros de má vontade
espalharam a novidade, de forma que antes de Pedro ter voltado a Jerusalém, os
apóstolos e os irmãos (v. 1) dali e da Judéia ficaram sabendo que também os
gentios tinham recebido a palavra de DEUS, isto é, o evangelho de CRISTO, que
não só é uma palavra de DEUS, mas a palavra de DEUS, pois ela é a suma e o
centro de toda revelação divina. Eles receberam CRISTO, pois o nome pelo qual
se chama é a Palavra de DEUS (Ap 19.13). Não só os judeus que estavam dispersos
pelos países gentios e os gentios que foram convertidos à religião judaica, mas
também os próprios gentios, com quem até agora se pensava que fosse contrário à
lei manter relações sociais comuns, entraram em comunhão na igreja, porque
tinham recebido a palavra de DEUS. Isto é: 1. A palavra de DEUS foi pregada aos
gentios, sendo a maior honra que os judeus poderiam ter ao fazê-lo (Mt 12.21;
Rm 15.11; Is 60.3; Sl 47.8, 102.15). Entretanto, imagino que os judeus, que
foram comissionados a pregar o evangelho a toda criatura (Mc 16.15), não se
sentiriam à vontade em pregar aos gentios. É o que acontece quando os
preconceitos do orgulho e fanatismo são mantidos firmemente contra as
revelações mais claras da verdade divina. 2. A palavra de DEUS foi cogitada
pelos gentios e apresentada a eles pelos judeus, sendo um trabalho muitíssimo
melhor do que os judeus esperavam. É provável que os judeus tivessem a
concepção de que se o evangelho fosse pregado aos gentios não daria em nada,
porque as provas do evangelho baseavam-se em tão grande parte no Antigo
Testamento que os gentios não aceitariam a mensagem evangelística. Os judeus
acreditavam que os gentios não eram naturalmente inclinados à religião, sendo
improvável que se sensibilizassem com a mensagem. Por isso, ficaram extremamente
surpresos ao ouvir que os gentios tinham recebido a palavra de DEUS. Veja que
somos muito propensos a desanimar de fazer o bem aos que, após serem testados,
mostram-se muito tratáveis.
Mal sabiam eles que o
evangelho entre eles definharia e entre os gentios prosperaria!
II
Os judeus
crentes consideraram uma afronta proclamar o evangelho aos gentios: Subindo
Pedro a Jerusalém, [...] os que eram da circuncisão (v. 2), os judeus
convertidos que ainda retinham certa reverência à circuncisão, disputavam com
ele. Eles acusaram Pedro deste crime: Entraste em casa de varões incircuncisos
e comeste com eles (v. 3), pelo qual julgaram que ele contaminara, se não
perdera, a honra do seu apostolado, e se colocara sob a desaprovação da igreja.
Nem de longe eles o consideraram infalível, ou o chefe supremo da igreja perante
a quem todos temos de prestar contas e ele a ninguém. Veja aqui: 1. Como é
extensa a ruína e o dano da igreja quando a monopolizam e excluem dela e dos
benefícios da graça as pessoas que não concordam com todas as coisas com que
concordamos. Há indivíduos de mentalidade tacanha que monopolizariam as
riquezas da igreja, como há os que monopolizariam as riquezas do mundo e
ficariam como únicos moradores no meio da terra! (Is 5.8). Estes homens eram da
mentalidade de Jonas, que em zelo excessivo por seu povo, estava bravo por os
ninivitas terem recebido a palavra de DEUS e se justificava com isso. 2. Os
ministros de CRISTO não devem achar estranho serem repreendidos e questionados,
não só por seus inimigos declarados, mas também por seus amigos declarados; não
só por suas tolices e fraquezas, mas também por suas boas ações feitas
oportunamente e com perfeição. Mas se pusermos nosso trabalho à prova, podemos
nos contentar em nós mesmos, como Pedro, independente de qual reprimenda nossos
irmãos nos façam. Os que são zelosos e ousados no serviço de CRISTO devem
esperar ser desaprovados por aqueles que, sob o pretexto de serem cautelosos,
são frios e indiferentes. Os que são de princípios liberais, generosos e
caridosos devem esperar ser criticados por quem é presunçoso e pudico, que diz:
Retira-te [...], porque sou mais santo do que tu (Is 65.5).
III
Pedro faz um relato
completo e imparcial de o evangelho ser pregado aos gentios suficientemente
para, sem mais argumentações ou desculpas, justificar-se e contentá-los: Pedro
começou a fazer-lhes uma exposição por ordem (v. 4), e “desde o começo” (versão
NTLH), para apelar a eles que ele agira erroneamente. Tudo dava mostras de ser
obra do próprio DEUS, e não do apóstolo.
1. Pedro toma por
certo que se os judeus crentes tivessem entendido corretamente como as coisas
aconteceram, eles não teriam disputado com ele. Antes, pelo contrário, o teriam
elogiado. Esta é boa razão para sermos moderados e esparsos em nossas críticas,
porque se entendermos corretamente que somos tão petulantes em desaprovar
talvez vejamos motivo para concordar e aceitar. Quando virmos os outros fazerem
o que parece suspeito, em vez de disputar com eles, devemos investigar em que
base eles agiram. Caso seja impossível a investigação, devemos entender da
melhor maneira suportável, e não julgar nada antes do tempo (1 Co 4.5).
2. Pedro está
totalmente disposto a permanecer de acordo com a opinião dos judeus crentes e
esmera-se em lhes dar satisfação. Ele não insiste em ser o chefe dos apóstolos,
porque ele estava longe de pensar em ter essa supremacia que os seus pretensos
sucessores reivindicam. Nem pensa que basta dizer-lhes que ele está intimamente
satisfeito com as razões nas quais se firmou para fazer o que fez, e que eles
não precisam se incomodar com nada. Pelo contrário, ele está preparado para dar
razão da esperança que há nele (1 Pe 3.5) no que tange aos gentios, e por que
mudara de pensamento e atitude. Trata-se de uma dívida que devemos a nós mesmos
e aos nossos irmãos, colocar nossas ações sob a verdadeira luz que, a
princípio, nos parecia ruim e ofensiva, para que removamos as pedras de tropeço
do caminho de nossos irmãos. Vejamos o que Pedro alega em sua defesa.
(1) Que Pedro foi
instruído por uma visão celestial para não considerar impuro o que DEUS
santificou (gentios salvos). Ele relata a visão (vv. 5,6), como fizera
anteriormente no capítulo 10.9ss. O primeiro texto diz que o lençol veio para a
terra (Atos 10.11), ao passo que aqui ele afirma que veio até junto dele (v.
5), cuja circunstância dá a entender que o objetivo particular era instruí-lo.
É assim que devemos ver todas as revelações que DEUS faz de si mesmo aos filhos
dos homens, fazendo com que as revelações venham para junto de nós e
aplicando-as em nós pela fé. Outra circunstância acrescentada neste relato da
visão é que quando o grande lençol desceu do céu e veio até junto de Pedro, ele
pôs nele os olhos, considerou e viu (v. 6). Se formos levados ao conhecimento
das coisas divinas, temos de pôr nossa mente nessas coisas e considerá-las. Ele
lhes conta a ordem que recebeu para comer todos os tipos de carne sem fazer
distinção (v. 7) e sem perguntar nada, por causa da consciência (1 Co 10.25).Tudo
era alegórico para Pedro entender quedeveria pregar aos gentios. Pedro
argumenta que ele era tão avesso ao pensamento de conversar com gentios, ou de
comer das suas iguarias, quanto eles eram, por isso recusou a liberdade
oferecida: De maneira nenhuma, Senhor; pois nunca em minha boca entrou coisa
alguma comum ou imunda (v. 8). Mas a voz [...] do céu disse-lhe que a situação
sofreu alteração, pois DEUS purificara as pessoas e coisas que antes eram
contaminadas. Sendo assim, o apóstolo não deve dizer que são comuns, nem
considerá-las impróprias para relacionar-se com o povo peculiar, os gentios (v.
9). Diante disso, Pedro não seria culpado por mudar de opinião, quando DEUS
mudara a situação. Em coisas desta natureza devemos agir de acordo com a luz
que temos no presente. Contudo, não temos de nos prender tanto à nossa opinião
relativa a essas coisas a ponto de prejudicar novas revelações, quando a
questão é ou parece de outra maneira. DEUS é poderoso para nos revelar até isso
(Fp 3.15). E para que os judeus crentes tivessem a certeza de que Pedro não
estava enganado, ele afirma que sucedeu isto por três vezes (v. 10): a mesma
ordem dada – levanta-te, Pedro! Mata e come – e a mesma razão – não chames tu
comum ao que DEUS purificou – foram repetidas uma segunda e terceira vez. Como
confirmação de que era uma visão divina, as coisas que ele viu não
desapareceram no ar, mas tudo tornou a recolher-se no céu (v. 10), de onde
havia descido.
(2) Que Pedro foi
orientado particularmente pelo ESPÍRITO SANTO a acompanhar os mensageiros que
Cornélio enviou. Pelo que parece, a visão teve a função de convencê-lo deste
ponto, pois ele observa aos judeus crentes o momento em que os mensageiros
chegaram – imediatamente depois de ter a visão. Contudo, para que não houvesse
nada a impedi-lo de obedecer, ordenou-lhe o ESPÍRITO que fosse com (v. 12) os
varões que lhe foram enviados de Cesaréia (v. 11), nada duvidando (v. 12). Os
hospedou em casa e, embora fossem gentios, Pedro, no dia seguinte, foi com
eles, e indo, ele tinha de acompanhá-los sem a mínima reserva.
(3) Que Pedro levou
consigo estes seis irmãos, que eram da circuncisão, para contentar a eles e a
si mesmo. Ele levou estes seis irmãos de Jope para servirem de testemunha do
cuidado com que ele procedeu, prevendo que os judeus crentes entenderiam como afronta
a questão toda. Ele não agiu separadamente, mas com conselho; não
precipitadamente, mas com a devida deliberação, com inteligência e sabedoria.
(4) Que Cornélio
também teve uma visão que o orientou a chamar Pedro: Cornélio contou-nos como
vira em pé um anjo em sua casa (v. 13), o qual lhe ordenou enviar varões a Jope
e mandar chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro. Note como é bom para os que
têm comunhão com DEUS e mantêm correspondência com o céu, comparar notas e
comunicar suas experiências uns aos outros, pois assim eles fortalecem a fé
mútua: Pedro é muito mais confirmado na verdade da sua visão pela visão de
Cornélio, e Cornélio pela de Pedro. Aqui é acrescentado algo ao que o anjo
disse a Cornélio. Antes era: “Manda chamar a Pedro, e ele te falará; ele te
dirá o que deves fazer” (Atos 10.6,32); mas aqui é: “O qual te dirá palavras
com que te salves, tu e toda a tua casa (v. 14). Portanto, é do teu maior
interesse e te será extremamente vantajoso mandar chamá-lo”. Note que: [1] As
palavras do evangelho são palavras pelas quais podemos ser salvos, eternamente
salvos, não somente ouvindo-as e lendo-as, mas crendo nelas e obedecendo-as (Ef
1.13). Elas nos apresentam e nos mostram para que servem. Elas nos abrem o
caminho da salvação, e, se seguirmos o método prescrito por elas, seremos
inexoravelmente salvos da ira e da maldição, e seremos felizes para sempre. [2]
Os que aceitam o evangelho de CRISTO farão com que a salvação seja levada às
suas famílias: “Palavras com que te salves, tu e toda a tua casa (v. 14). Tu e
teus filhos entrarão no concerto e terão os recursos da salvação. Tua casa será
como bom acolhimento ao benefício da salvação no momento em que cada membro
crer, de ti até ao mais humilde criado que tiveres. Hoje, veio a salvação a
esta casa (Lc 19.9). Até agora, a salvação era dos judeus (Jo 4.22), mas a
partir deste momento ela é levada aos gentios tanto quanto sempre foi com os
judeus. As promessas, os privilégios e os recursos da salvação são transmitidos
tão completa e amplamente a todas as nações, para todas as intenções e
propósitos, como sempre foram reservados à nação judaica.
(5) Que o fato que
encerrou o caso foi o derramamento do ESPÍRITO SANTO sobre os ouvintes gentios,
o batismo com o ESPÍRITO SANTO, com a evidência do falar em línguas. Foi o que
completou a evidência de que era a vontade de DEUS que Ele trouxesse os gentios
em comunhão. [1] O fato era claro e inegável: “Quando comecei a falar” (v. 15)
(talvez com certa relutância secreta no peito, duvidando se ele estava no
direito de pregar para incircuncisos), “logo caiu sobre eles o ESPÍRITO SANTO
em sinais tão visíveis como também sobre nós ao princípio, no que não poderia
haver falácia”. Assim DEUS atestou o que foi feito e expressou sua aprovação.
Essa pregação é correta, pois o ESPÍRITO SANTO foi derramado. O apóstolo supõe
esta verdade, quando argumenta com os gálatas: Recebestes o ESPÍRITO pelas
obras da lei ou pela pregação da fé? (Gl 3.2). [2] Com esse fato, Pedro
lembrou-se de uma declaração do Mestre (Atos 1.5), quando ele estava a ponto de
ascender aos céus: João certamente batizou com água, mas vós sereis batizados
com o ESPÍRITO SANTO (v. 16). Isto dá a entender, em primeiro lugar, que o
batismo com o ESPÍRITO SANTO era o dom de CRISTO, e o produto e cumprimento da
sua promessa, a grande promessa que Ele deixou com os discípulos quando Ele foi
para o céu. Era-lhe indubitável que esse dom viesse; e que e enchimento deles
com o ESPÍRITO SANTO era feito e obra de CRISTO. Como fora prometido por sua
boca, assim foi executado por sua mão, sendo símbolo do seu favor. Em segundo
lugar, que o dom do ESPÍRITO SANTO era o batismo com o ESPÍRITO SANTO que
receberam de maneira mais excelente do que os que foram batizados nas águas.
[3] Comparando esta promessa do Mestre (v. 16), assim redigida, com o dom que
acabou de ser ofertado, quando foi levantada a questão se estas pessoas
deveriam ou não ser batizadas, Pedro concluiu que a questão foi levantada pelo
próprio CRISTO: “Portanto, se DEUS lhes deu o mesmo dom (batismo com o ESPÍRITO
SANTO) que a nós (v. 17), judeus, e a nós nos dias de hoje, quando cremos no
Senhor JESUS CRISTO, bem como a eles quando creram também nele, quem era,
então, eu, para que pudesse resistir a DEUS? Poderia eu recusar batizar com
água aqueles a quem DEUS batizara com o ESPÍRITO SANTO? Poderia eu negar o
sinal a quem o Senhor JESUS CRISTO dera a coisa significada? Mas quanto a mim,
quem era [...] eu? Quê! Eu posso interditar a ação de DEUS? Cabe a mim
controlar a vontade divina ou opor-me às deliberações celestiais?” Note que as
pessoas que impedem a conversão das almas estão resistindo a DEUS. E as pessoas
encarregam-se com muita responsabilidade tramando como excluir da comunhão as
almas que DEUS aceitou em comunhão com Ele.
O batismo com o
ESPÍRITO SANTO é superior ao batismo nas águas. Um é sobrenatural e só feito
por JESUS, o outro é humano e, portanto susceptível a erros.
IV
Esta narrativa
que Pedro fez sobre o evangelho ser pregado aos gentios contentou a todos e
tudo ficou bem. Quando as duas tribos e meia fizeram uma narrativa a Finéias e
aos príncipes de Israel sobre a verdadeira intenção e significando da construção
de um altar às margens do rio Jordão, a controvérsia acabou e todos ficaram
satisfeitos (Js 22.30). Certas pessoas, quando objetivam reprovar alguém,
mantêm-se firmes no intento, mesmo que a reprovação seja claramente injusta e
infundada. Não foi o que aconteceu aqui. Estes irmãos, embora fossem da
circuncisão e se inclinassem para o lado oposto aos acontecimentos, quando
ouviram as explicações de Pedro, agiram diferentemente. 1. Estes judeus crentes
retiraram sua reprovação: Eles apaziguaram-se (v. 18) e não disseram nada mais
contra o que Pedro fizera. Eles puseram a mão sobre a boca, porque agora
perceberam que DEUS foi quem fez isto. Os que se orgulhavam em sua
respeitabilidade por serem judeus começaram a ver que DEUS estava
manchando-lhes o orgulho, ao permitir que os gentios entrassem em comunhão com
eles – e comunhão em tudo nas mesmas medidas. Agora se cumpriu a profecia que
diz: Tu nunca mais te ensoberbecerás no meu monte santo (Sf 3.11). 2. Estes
judeus crentes glorificaram a DEUS (v. 18). Eles não só ficaram em paz com a
disputa com Pedro, mas abriram a boca em glorificações a DEUS pelo que Ele
fizera pelo e com o ministério de Pedro. Ficaram gratos porque o equívoco em
que se encontravam foi corrigido, e porque DEUS mostrara aos pobres gentios
mais misericórdia do que estavam inclinados a lhes mostrar, dizendo: Na
verdade, até aos gentios deu DEUS o arrependimento para a vida (v. 18). DEUS
dera aos gentios o meio do arrependimento, abrindo uma porta para os seus
ministros trabalharem entre os gentios, e a graça do arrependimento, tendo dado
aos gentios o seu ESPÍRITO SANTO e o batismo com o Mesmo. Sempre que o ESPÍRITO
SANTO chega para ser o Consolador, primeiro Ele convence, dá uma visão do
pecado e a tristeza pelo pecado e em seguida dá uma visão de CRISTO e a alegria
que há em CRISTO. Note que: (1) O arrependimento, se for verdadeiro, é para a
vida (v. 18). É para a vida espiritual. Todos os que verdadeiramente se
arrependem dos seus pecados mostram esta condição vivendo uma nova vida, uma
vida santa, celestial e divina. Os que pelo arrependimento morrem para o pecado
desde então vivem para DEUS. É então, e somente então, que começamos a
realmente viver e que será para a vida eterna. Todos os verdadeiros penitentes
viverão, quer dizer, serão restaurados ao favor de DEUS, que é a vida, que é
melhor que a vida. Eles serão consolados com a certeza do perdão dos pecados, e
terão o ganho da vida eterna e, por fim, a consecução. (2) O arrependimento vem
após a entrega a DEUS, pelo convencimento do ESPÍRITO SANTO (Jo 16.8). Não é
apenas a sua graça livre que aceita o arrependimento, mas a sua graça poderosa
que trabalha o arrependimento em nós, que tira o coração de pedra e nos dá um coração
de carne (Ez 11.19). Os sacrifícios para DEUS são o espírito quebrantado (Sl
51.17). (3) Ficamos extremamente consolados que DEUS tenha exaltado seu Filho
JESUS para dar o arrependimento e o perdão de pecados, não somente para Israel
(Atos 5.31), mas também para os gentios.
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LIÇÃO 11, CPAD, UMA IGREJA HEBREIA NA CASA DE UM ESTRANGEIRO, 3TR25
COMO NA REVISTA NA ÍNTEGRA
Escrita Lição 11, CPAD, Uma Igreja Hebreia Na Casa De Um
Estrangeiro, 3Tr25, Com. Extras Pr Henrique, EBD NA TV
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Dia Nacional de Missões
ESBOÇO DA LIÇÃO
I – A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS
1. A visão de Cornélio
2. A experiência espiritual de Pedro
3. A urgência da pregação do Evangelho
II – A SALVAÇÃO DOS GENTIOS
1. Pregação aos gentios
2. A conversão dos gentios
III – O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS
1. O ESPÍRITO prometido
2. O ESPÍRITO recebido
3. Um pentecoste “visto” e “ouvido”
TEXTO ÁUREO
“Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água,
para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o ESPÍRITO
SANTO?” (At 10.47)
VERDADE PRÁTICA
O episódio da igreja hebreia na casa do gentio Cornélio demonstra
que DEUS não faz acepção de pessoas.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Rm 15.12 Os gentios no plano da
salvação
Terça - At 10.34 DEUS não faz acepção de pessoas
Quarta - Mc 16.15 A pregação do Evangelho a todo
tipo de pessoa
Quinta - Jo 3.16 O amor de DEUS por todos
Sexta - Tt 2.11 A graça salvadora dispensada a todos
Sábado - At 10.44 O ESPÍRITO derramado sobre todos
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 10.1-8, 21-23, 44-48
1- E havia em Cesareia um varão por nome Cornélio, centurião da
coorte chamada Italiana, 2- piedoso e temente a DEUS, com toda a sua casa, o
qual fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a DEUS. 3- Este, quase
à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de DEUS, que se dirigia
para ele e dizia: Cornélio! 4- Este, fixando os olhos nele e muito atemorizado,
disse: Que é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas têm
subido para memória diante de DEUS.
5- Agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem
por sobrenome Pedro. 6- Este está com um certo Simão, curtidor, que tem a sua
casa junto do mar. Ele te dirá o que deves fazer. 7- E, retirando-se o anjo que
lhe falava, chamou dois dos seus criados e a um piedoso soldado dos que estavam
ao seu serviço. 8- E, havendo-lhes contado tudo, os enviou a Jope.
21- E, descendo Pedro para junto dos varões que lhe foram enviados
por Cornélio, disse: Sou eu a quem procurais; qual é a causa por que estais
aqui? 22 -E eles disseram: Cornélio, o centurião, varão justo e
temente a DEUS e que tem bom testemunho de toda a nação dos judeus, foi avisado
por um santo anjo para que te chamasse a sua casa e ouvisse as tuas palavras.
23- Então, chamando-os para dentro, os recebeu em casa. No dia seguinte, foi
Pedro com eles, e foram com ele alguns irmãos de Jope.
44- E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o ESPÍRITO SANTO
sobre todos os que ouviam a palavra. 45- E os fiéis que eram da circuncisão,
todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO
SANTO se derramasse também sobre os gentios. 46- Porque os ouviam falar em
línguas e magnificar a DEUS. 47- Respondeu, então, Pedro: Pode alguém,
porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também
receberam, como nós, o ESPÍRITO SANTO? 48- E mandou que fossem batizados em
nome do Senhor. Então, rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias.
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Hinos Sugeridos: 392, 361, 614 da Harpa Cristã
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos um dos momentos mais marcantes da história
da Igreja: a visita do apóstolo Pedro à casa do centurião Cornélio. Esse
episódio revela que o plano de salvação em CRISTO não está restrito a um povo
ou cultura, mas se estende a todas as nações. Através da ação do ESPÍRITO
SANTO, DEUS rompe barreiras étnicas e culturais, mostrando que não faz acepção
de pessoas. Veremos como a mensagem do Evangelho alcançou os gentios com poder,
a partir da igreja em Jerusalém.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Mostrar que DEUS incluiu os gentios em
seu plano de salvação; II) Ressaltar que a salvação é oferecida a todos os que
creem em JESUS, independentemente de sua origem étnica ou cultural; III)
Enfatizar a obra do ESPÍRITO SANTO como confirmação do agir de DEUS entre os
gentios, demonstrando que o Pentecostes não foi exclusivo dos judeus.
B) Motivação: A lição de hoje nos mostra que o Evangelho rompe
barreiras e convida a Igreja a viver a missão com abertura, compaixão e
obediência ao ESPÍRITO. Que nossos corações estejam sensíveis à voz de DEUS e
prontos a levar sua salvação a todos.
C) Sugestão de Método: Para reforçar o ensino do Tópico III – O
ESPÍRITO Derramado sobre os Gentios, você pode aplicar o método comparativo
reflexivo. Sugerimos que utilize um quadro ou cartolina com duas colunas: uma
para o Pentecostes entre os judeus (Atos 2) e outra para o Pentecostes entre os
gentios (Atos 10). Peça que os alunos apontem elementos em comum, como o
derramamento do ESPÍRITO, o falar em línguas e a manifestação da presença de
DEUS. Após essa análise, promova um momento de reflexão em grupo: “O que essa
igualdade espiritual entre judeus e gentios nos ensina sobre o agir de DEUS
hoje?” Isso fortalecerá a compreensão doutrinária e despertará a aplicação
pessoal do ensino.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: A presente lição nos convida a que tenhamos corações
abertos à direção do ESPÍRITO e dispostos a acolher todos aqueles que DEUS
chama para o seu Reino.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que
traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas
Adultos. Na edição 102, p.41, você encontrará um subsídio especial para esta
lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios
que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “Cornélio e Pedro”,
localizado depois do primeiro tópico, aprofunda a reflexão a respeito da
evangelização dos gentios e do derramamento do ESPÍRITO sobre eles; 2) O texto
“DEUS não faz acepção de pessoas”, ao final do terceiro tópico, amplia a
reflexão sobre a aceitação de DEUS a respeito de todos os que confessam o
Senhor JESUS sob o poder do ESPÍRITO SANTO.
Palavra-Chave - Aceitação
COMENTÁRIO – INTRODUÇÃO
Nesta semana, estudaremos sobre como a igreja judaica de Jerusalém
deu um passo gigantesco quando foi chamada por DEUS para compartilhar sua fé
com pessoas de outras nações. O apóstolo Pedro foi escolhido divinamente para
pregar as Boas-Novas da salvação aos gentios, o que na época não era aceitável.
Atos 10 é uma das mais impressionantes histórias da Bíblia, onde fica evidente
o grande amor e graça de DEUS em salvar a todos aqueles que demonstrem fé na
pessoa do seu bendito Filho, JESUS CRISTO .Lucas destaca em seu livro que os
gentios foram salvos e receberam o dom do ESPÍRITO da mesma forma que os judeus
no Pentecostes.
I – A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS
1. A visão de Cornélio
Cornélio, um centurião romano da cidade de Cesareia, orava por
volta das três horas da tarde quando teve uma revelação de DEUS. Ele viu um
anjo de DEUS (At 10.3). Não é incomum, nas páginas das Escrituras, DEUS se
revelar por meio de anjos. Contudo, essa revelação se distingue de outras por
conta de seu propósito: a inclusão dos gentios à Igreja do Senhor. Cornélio era
um homem que tinha desejo de salvação, pois mesmo sendo um gentio, era piedoso
e temente a DEUS com toda a sua casa (At 10.2). No entanto, isso não era
suficiente para salvá-lo. Ele precisava ouvir acerca da mensagem da cruz e o
anjo de DEUS estava ali para instruí-lo a como fazer. Não sendo a pregação do
Evangelho missão para um anjo, Cornélio foi instruído a chamar o apóstolo Pedro
para fazer isso (At 10.22).
2. A experiência espiritual de Pedro
Assim como Cornélio, Pedro também teve uma revelação (At 10.10).
Pedro teve uma experiência espiritual com visão e revelação divina, que o
deixou perplexo (At 10.11,12). DEUS sabia do impacto que a missão na casa do
gentio Cornélio teria sobre as convicções de Pedro e, por isso, por meio dessa
experiência espiritual, o prepara para o que viria pela frente. Pedro levaria
as Boas-Novas do Evangelho a um povo que, para ele, estava excluído do plano
salvífico de DEUS. Ele sentiu o caráter excepcional dessa revelação e achou por
bem levar consigo outros seis irmãos judeus naquela missão (At 10.23, 11.12;
15.7).
3. A urgência da pregação do Evangelho
DEUS ainda pode revelar a alguém o seu plano salvífico de forma
excepcional, inclusive usando anjos eleitos, como fez na casa de Cornélio.
Contudo, essa não é a maneira usual do Senhor trabalhar. A partir da verdade
bíblica de que DEUS quer salvar a todos (1 Tm 2.4), a igreja deve levar adiante
a grandiosa missão de pregar o Evangelho a toda criatura (Mc 16.15). Paulo
afirmou que DEUS achou por bem salvar os que creem por meio da pregação (1 Co
1.21). Devemos, portanto, pregar. Não é preciso ninguém ficar esperando um anjo
comissioná-lo a pregar o Evangelho. DEUS já fez isso.
SINÓPSE I - DEUS revelou seu plano de salvação a Cornélio e
preparou Pedro para anunciar o Evangelho aos gentios.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO - CORNÉLIO E PEDRO
“A primeira igreja, fundada após o Pentecostes, era composta quase
exclusivamente de judeus. Durante anos, nenhuma tentativa foi feita no sentido
de evangelizar os gentios. Apesar do último mandamento de CRISTO. Isto nos
parece surpreendente! Mas, era difícil remover da mentalidade judaica certos
preconceitos seculares. Somente o poder de DEUS poderia arrancar deles tais
costumes. Antes da Grande Comissão ser efetuada pela igreja judaica e o
Evangelho alcançar os gentios, algumas questões teriam de ser solucionadas.
Será que judeus e gentios poderiam receber igual salvação, ficando em pé de
igualdade? Os crentes judeus poderiam ter comunhão e convívio com os gentios?
Os judeus os consideravam “impuros”. Até da sua comida se recusavam participar.
Isto por não ser preparada de acordo com a Lei de Moisés. DEUS se pronunciou
sobre estas dúvidas. Primeiro, providenciou um contato entre duas pessoas:
Cornélio, um gentio interessado no Evangelho, e Pedro, o pregador judeu”
(PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja
Primitiva. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pp.119-20).
II – A SALVAÇÃO DOS GENTIOS
1. Pregação aos gentios
Pedro recebeu a missão de pregar para Cornélio e sua casa (At
11.14). Sua pregação é totalmente cristocêntrica, sempre apontando para a cruz
de CRISTO. Assim, podemos perceber alguns eixos principais que sua mensagem
percorria. Primeiramente, DEUS ama a todos (At 10.34). Todas as pessoas, quer
judeus quer gentios, são objeto do amor de DEUS. Em segundo lugar, DEUS quer
salvar a todos (At 10.35). DEUS não somente ama a todos, mas quer salvar a
todos. Pedro agora reconhece que a salvação não é apenas para os judeus que
guardam a Lei, mas também para todo aquele que em qualquer nação o “teme”. Em
terceiro lugar, CRISTO é o Senhor de todos (At 10.36). CRISTO é o centro do
Evangelho. Ele é o eixo em torno do qual todas as bênçãos espirituais se
encontram. Estar em CRISTO é estar salvo; não estar em CRISTO é não estar
salvo!
2. A conversão dos gentios
A mensagem da cruz é um chamado ao arrependimento (At 10.43). Todos
os que, arrependidos, creem em CRISTO, serão perdoados, e, portanto, salvos. Na
sua soberania e graça, DEUS havia incluído no seu plano de salvação todos os
não judeus que, arrependidos, professariam o nome do Senhor JESUS. Ninguém é
salvo à força; é preciso crer em CRISTO para receber a salvação. Tanto judeus
quanto gentios necessitam se arrepender para ser salvos. Os judeus acreditavam
que o privilégio da salvação era exclusividade deles e que, portanto, os
gentios estavam excluídos. O Criador havia mostrado que isso era um erro.
Posteriormente, os judeus convertidos reconheceram maravilhados que DEUS, por
meio do arrependimento, abriu a porta da fé para os gentios (At 11.18).
Portanto, Ele salvou os gentios que demonstraram fé em JESUS e se arrependeram
de seus pecados.
SINÓPSE II - A mensagem de Pedro mostrou que todos, judeus e
gentios, são chamados à salvação pela fé em CRISTO.
III – O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS
1. O ESPÍRITO prometido
O batismo com o ESPÍRITO SANTO experimentado pelos gentios na casa
de Cornélio (At 10.44-46) foi um dos fatos mais marcantes que aconteceu nos
dias da Igreja Primitiva. Anos mais tarde, durante o primeiro Concílio da
Igreja em Jerusalém, Pedro faz referência a esse fato como sendo uma das
promessas feitas por DEUS aos gentios (At 15.16). Assim, o recebimento do
ESPÍRITO SANTO, incluindo a experiência pentecostal do batismo com o ESPÍRITO
SANTO, era a “bênção de Abraão” feita aos gentios (Gl 3.14). Pedro já havia
dito, citando a profecia do profeta Joel (Jl 2.28), que o batismo com o
ESPÍRITO SANTO era uma promessa de DEUS a “toda carne” (At 2.17). A promessa,
portanto, não se limitava mais aos judeus, nem tampouco a uma classe especial
(reis, profetas e sacerdotes), mas a todos quantos nosso DEUS chamar (At 2.39).
Eu, você e todos os que creem em CRISTO somos contemplados com essa promessa de
DEUS.
2. O ESPÍRITO recebido
Como vimos, logo após os gentios terem “recebido a Palavra de DEUS”
(At 11.1), isto é, se convertido a fé cristã, o ESPÍRITO SANTO foi derramado
sobre os crentes gentios de Cesareia: “E os fiéis que eram da circuncisão,
todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO
SANTO se derramasse também sobre os gentios” (At 10.45). Esse derramamento do
ESPÍRITO veio acompanhado pela evidência física do falar em outras línguas e
expressões de louvor, que aparece aqui como um padrão já aceito pela comunidade
cristã: “Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a DEUS” (At
10.46).
3. Um pentecoste “visto” e “ouvido”
Posteriormente, quando questionado e censurado por outros judeus
por ter ido à casa de um gentio em Cesareia, Pedro usou a experiência
pentecostal ocorrida na casa de Cornélio como argumento a favor da
autenticidade da fé gentílica. Na argumentação de Pedro, os gentios haviam
recebido a mesma experiência pentecostal que eles haviam recebido no dia de
Pentecostes (At 2.4), inclusive com a manifestação do fenômeno das línguas (At
11.15-18). Em outras palavras, o Pentecostes gentílico, assim como o Pentecostes
judaico, foi marcado pela experiência do ESPÍRITO. Em ambos os casos, foi um
Pentecostes “visto” e “ouvido”.
SINÓPSE III - O ESPÍRITO SANTO foi derramado sobre os gentios
como confirmação divina de que eles também fazem parte da Igreja.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO - “DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS
‘DEUS mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo.
Reconheço por verdade que DEUS não faz acepção de pessoas’. Há pessoas de
certas nações que consideram os habitantes de todas as outras um amontoado de
raças inferiores. Outras, até crentes, pensam que seu pequeno grupo é a esfera
limitada do favor de DEUS. O racismo, ou preconceito racial, não pode ser
adotado por crentes. Ninguém foi consultado, antes de nascer, quanto à raça à
qual gostaria de pertencer. Portanto, não é base para alguém se orgulhar ou
desprezar seu próximo. DEUS ‘de um só fez toda a geração dos homens, para
habitar sobre toda a face da terra’ (At 17.26). Nenhum cientista verá diferença
entre amostras de sangue de pessoas de todas as raças. CRISTO veio oferecer a
salvação a todos aqueles que creem, independentemente de raça (Gl 3.28). A
Igreja é uma fraternidade espiritual em que não se reconhecem distinções dessa
natureza. Todos somos um em CRISTO” (PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro
de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. Rio de Janeiro: CPAD, 2023,
p.126).
CONCLUSÃO
A graça de DEUS se manifestou trazendo salvação a todas as pessoas
(Tt 2.11). A missão da igreja na casa do gentio Cornélio mostra como o amor de
DEUS pode alcançar todas a pessoas, independentemente de cor e raça, que abrem
o seu coração à poderosa mensagem da cruz. Aqui também vemos que a fé
evangélica não é algo subjetivo, mas marcada pela ação e presença real do
ESPÍRITO SANTO na vida daquele que crer.
REVISANDO O CONTEÚDO
1. De acordo com a lição, qual era o propósito da revelação feita a
Cornélio?
A inclusão dos gentios à Igreja do Senhor.
2. Para quem Pedro levaria o Evangelho?
Pedro levaria as Boas-Novas do Evangelho a um povo a quem para ele
estava excluído do plano salvífico de DEUS.
3. De acordo com a lição, quais são os principais eixos que podemos
perceber na pregação de Pedro na casa de Cornélio?
DEUS ama a todos, quer salvar a todos e CRISTO é o Senhor de todos.
4. Segundo a lição, qual foi um dos fatos mais marcantes da Igreja
Primitiva?
O Batismo no ESPÍRITO experimentado pelos gentios na casa de
Cornélio.
5. O que marcou o Pentecostes Gentílico?
Foi marcado pela experiência do ESPÍRITO. Em ambos os casos, foi um
Pentecostes “visto” e “ouvido”.
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
NA ÍNTEGRA LIÇÃO 11, BETEL, CORNÉLIO, 4º TRIMESTRE DE 2025
Escrita Lição 11, Betel, Cornélio – Um coração pronto para
ouvir e servir a DEUS, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
EBD, Editora Betel | 4° Trimestre De 2025 | Tema:
PERSONAGENS BÍBLICOS VIRTUOSOS E MARCANTES – Homens e mulheres que
permaneceram fiéis a DEUS diante das circunstâncias da vida | Escola Bíblica
Dominical
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- A ORIGEM DE CORNÉLIO
1.1. O Centurião Cornélio
1.2. A visão de Cornélio
1.3. A visão de Pedro
2- A VIDA ESPIRITUAL DE CORNÉLIO
2.1. Cornélio jejuava e orava
2.2. O batismo de Cornélio com o ESPÍRITO SANTO
2.3. O batismo de Cornélio nas águas
3- O IMPACTO DA CONVERSÃO DE CORNÉLIO
3.1. A conversão de Cornélio provocou questionamentos
3.2. A reação de Cornélio diante da ação divina
3.3. Um exemplo de discipulado
TEXTO ÁUREO
“Piedoso e temente a DEUS, com toda a sua casa, o qual fazia muitas
esmolas ao povo e, de contínuo, orava a DEUS”, Atos 10.2.
VERDADE APLICADA
É preciso fé e prontidão para ouvir e receber a Palavra de DEUS, a
qual deve ser obedecida e anunciada, no poder do ESPÍRITO SANTO.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Identificar a origem de Cornélio
Reconhecer que ser piedoso não significa ser salvo
Ressaltar que a obediência leva à Salvação.
TEXTOS DE REFERÊNCIA - ATOS 10.1-4
1 E havia em Cesaréia um varão por nome Cornélio, centurião da coorte chamada
italiana.
2 Piedoso e temente a DEUS, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao
povo e, de contínuo, orava a DEUS.
3 Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de DEUS,
que se dirigia para ele e dizia: Cornélio.
4 Este, fixando os olhos nele e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E o
anjo disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para a memória
diante de DEUS.
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | At 10.22 O bom testemunho de Cornélio.
TERÇA | 2Tm 3.1-5 A aparência de piedade nega a fé.
QUARTA | Pv 19.17 O que se compadece do pobre empresta ao Senhor.
QUINTA Pv 22.1 O bom nome vale mais do que as riquezas.
SEXTA | Pv 9.10 O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.
SÁBADO | 2Pe 2.9 O Senhor livra da tentação os piedosos.
HINOS SUGERIDOS: 115, 147, 409
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que DEUS levante homens e mulheres piedosos, para
testemunho do Evangelho de JESUS.
PONTO DE PARTIDA: A compaixão agrada a DEUS
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos que DEUS não está indiferente às práticas de
piedade, como: oração, jejum e boas obras. Contudo, tais práticas não
substituem o arrependimento nem nos dispensam de continuar buscando, com
interesse e prontidão, o crescimento na graça e no conhecimento de Nosso Senhor
JESUS CRISTO.
1- A ORIGEM DE CORNÉLIO
A origem de Cornélio Centurião romano de Cesareia da Palestina,
Cornélio era um homem temente a DEUS, dado à oração e de coração piedoso para
com os pobres. Vemos o destaque que Lucas dá à conversão de Cornélio, um
gentio, na época em que os apóstolos lideravam a igreja. Sua história destaca a
universalidade do Evangelho e o início da ruptura das barreiras entre judeus e
gentios na Igreja Primitiva (At 10).
1.1. O Centurião Cornélio
Cornélio era oficial do exército romano, líder de uma companhia de,
aproximadamente, cem soldados a pé, chamada “centúria” A corte italiana era uma
unidade auxiliar, que se distinguia de outras por ser formada por cidadãos
romanos. Suas ordens deveriam ser prontamente obedecidas pelos homens que
lideravam, inclusive na rápida execução de qualquer formação militar.
Bíblia de Estudo NAA (p. 1988): Cornélio era um
centurião (um comandante de cem soldados) e membro da companhia do exército
chamada italiana. (Uma “companhia do exército” ou “coorte” era composta por
seiscentos homens, que estavam sob as ordens de seis centuriões; porém, com
forças auxiliares em áreas remotas como a Judéia, uma “companhia” dessas podia
ter até mil homens). Dez companhias do exército formavam uma “legião”: Os
centuriões eram muito bem pagos (até cinco vezes o salário de um soldado comum),
de modo que Cornélio teria sido abastado e socialmente proeminente”.
1.2. A visão de Cornélio
Cornélio teve a visão de um anjo de DEUS. Atemorizado, ele ouviu do
anjo que suas orações e esmolas tinham subido para a memória diante de DEUS (At
10.3,4). O anjo, então, mandou que ele enviasse homens a Jope para chamar
Pedro. Essa intervenção divina conectou Cornélio ao Apóstolo Pedro, marcando um
momento crucial na expansão do Evangelho.
Quando DEUS está presente, os acontecimentos vão se
encaixando: um recebe uma visão de cá, outro recebe uma visão de lá, e tudo
transcorre conforme a perfeita vontade de DEUS. Logo que o anjo se retirou,
Cornélio não deu sinais de incredulidade, mas de fé. Obedecendo ao que lhe foi
dito, ele chamou dois de seus criados e um soldado piedoso dentre os que
estavam debaixo das suas ordens. O Centurião determinou que eles fossem a Jope,
à procura de Simão Pedro. Antes de saírem, porém, Cornélio lhes contou tudo que
havia acontecido e lhes explicou a missão; então os despediu para a incumbência
em Jope (At 10.5-8).
1.3. A visão de Pedro
Pedro teve uma visão que, claramente, rompia a barreira entre
judeus e gentios (At 10.9- 20). Quando estava meditando sobre a visão, o ESPÍRITO
avisou a Pedro que três homens o procuravam, para ele não duvidar e
acompanhá-los, pois o Senhor os havia enviado. Já na casa do Centurião,
Pedro pregou a Palavra e batizou todos que estavam ali. Assim, a Salvação
chegou a Cornélio, sua família e seus amigos (At 10.34-48).
David E. Garland (Atos, p. 95): “O ESPÍRITO lhe
disse: Simão, três homens estão procurando por você: Cornélio é descrito pelos
emissários como homem justo (reto) e temente a DEUS: Sua retidão harmoniza com
categorias judaicas na observância das injunções éticas da lei mosaica. Por
isso ele é `respeitado por todo o povo judeu, algo raro para centuriões. Como
os enviados judeus do centurião em Lucas 7.4-5, os dois servos elogiam as
obras de Cornélio, mas é a revelação de DEUS, e não a retidão de Cornélio
relatada pelos emissários, que convence Pedro a atender a seu pedido para
acompanhá-los. O fato de Pedro oferecer hospitalidade a esses mensageiros
gentios revela que ele entendeu o significado da visão e que seu preconceito
contra gentios foi atenuado”.
EU ENSINEI QUE: As orações e esmolas de Cornélio subiram a DEUS.
2- A VIDA ESPIRITUAL DE CORNÉLIO
Cornélio era um exemplo de compaixão, moral e sensibilidade
espiritual; porém, lhe faltava a fé salvífica em CRISTO JESUS. Embora fosse
religioso, Cornélio precisava de ser alcançado pelo Evangelho da
Salvação por meio de CRISTO (Tt 2.11). Mesmo que tenhamos obras, mas sem
arrependimento, não há conversão nem remissão dos pecados (Ef 2.8,9).
2.1. Cornélio jejuava e orava
Cornélio inicia seu relato a Pedro informando que há quatro dias
estava em jejum e oração (At 10.30,3 1). É possível que ele tivesse a prática
da oração todos os dias, às três da tarde, horário da oração de perdão de
pecados no templo judaico. Foi então que o anjo apareceu e lhe disse que suas
orações haviam sido ouvidas por DEUS (At 10.4,5). Vemos que DEUS se agrada
quando O buscamos de coração, com fé e sinceridade.
Pr. Sérgio Costa (Revista Betel Dominical, 2°
Trimestre de 2019): “A Bíblia nos dá muitos exemplos de pessoas que oravam (1
Cr 4.10). Podemos observar que muitos heróis da fé tinham tempos regulares
durante o dia que eram separados especificamente para a oração, geralmente de
manhã, ao meio-dia e à noite (S1 55.16-17; Dn 6.10). O melhor exemplo de oração
diária e regular é aquela feita com todo o coração, uma oração que evita
rituais vazios ou artifícios. A oração eficaz é aquela onde há entrega e envolvimento
por completo. É preciso orar sempre e nunca desanimar (Lc 18.1)”.
2.2. O batismo de Cornélio com o ESPÍRITO SANTO
O Apóstolo Pedro pregou a Palavra na casa de Cornélio, reconhecendo
que DEUS não faz acepção de pessoas, mas aceita aquele que o teme e faz o que é
justo (At 10.34-35). Ele, então, resumiu a vida, a morte e a ressurreição de JESUS
CRISTO, proclamando que todos que creem em JESUS recebem o perdão dos pecados
(Atos 10.36-43). Enquanto Pedro falava, o ESPÍRITO SANTO desceu sobre Cornélio
e todos que ali estavam, e eles começaram a falar em línguas e a glorificar a DEUS
(At 10.44-46).
Comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal: “A
família gentia de Cornélio ouve e recebe a Palavra com fé salvadora (vv. 34-48;
11.14). DEUS imediatamente derrama sobre ela o ESPÍRITO SANTO (v 44), como Seu
testemunho de que creram e receberam a vida regeneradora de CRISTO (cf.11.17;
15.8-9). Evidentemente, é possível uma pessoa ser batizada no ESPÍRITO
imediatamente depois de receber a salvação”.
2.3. O batismo de Cornélio nas águas
Ao testemunhar a descida do ESPÍRITO SANTO, Pedro explica que não é
possível proibir o batismo em águas. Todos ali receberam o ESPÍRITO SANTO, como
os demais discípulos, por isso mandou que fossem batizados nas águas em nome do
Senhor JESUS (At 10.47-48). Assim, o apóstolo deixou claro que DEUS tem um
único povo, sem acepção de pessoas.
Bispo Abner Ferreira (2017) escreve sobre o batismo
em águas: “Assim, o batismo é importante porque foi ordenado pelo Senhor JESUS CRISTO
(Mc 16.15-16; Mt 28.18-19) […] Desde o início, o batismo é utilizado para
admitir o novo discípulo na igreja. O comentarista F.F. Bruce declara: “A ideia
de um cristão não batizado realmente sequer é contemplada no Novo Testamento” A
Didaquê, obra escrita entre 60 e 90 d.C., no capítulo IX, instrui que somente
podem participar da Ceia do Senhor aqueles que foram batizados em nome do
Senhor”.
EU ENSINEI QUE: Enquanto Pedro falava, o ESPÍRITO SANTO desceu
sobre Cornélio e todos que ali estavam.
3- O IMPACTO DA CONVERSÃO DE CORNÉLIO
A conversão de Cornélio teve implicações profundas para a Igreja
Primitiva. Primeiro, confirmou que o Evangelho é para todas as nações,
cumprindo a promessa de DEUS a Abraão de que, por meio de sua descendência,
“todas as famílias da terra seriam benditas” (Gn 12; cf. At 10.45). Segundo,
desafiou as barreiras culturais e religiosas entre judeus e gentios,
pavimentando o caminho para a missão gentílica liderada por Paulo e outros.
3.1. A conversão de Cornélio provocou questionamentos
A conversão de Cornélio foi debatida em Jerusalém, onde Pedro
defendeu sua decisão de batizar gentios, citando a manifestação do ESPÍRITO SANTO
como prova da aprovação de DEUS para isso (Atos 11.1-18). Esse evento abriu as
portas para o processo da inclusão plena de gentios na Igreja, um tema que
seria mais amplamente discutido no Concílio de Jerusalém (Atos 15).
Craig S. Keener (2024, p. 2151): Comenta sobre o
propósito de Lucas ao registrar a conversão de Cornélio: “Pedro defende aqui a
sua aceitação de gentios como membros da comunidade da aliança. […] a acusação
contra Pedro gera certo suspense, mas esse não é o seu principal objetivo;
antes, o conflito esclarece que a missão gentílica era ideia de DEUS, e não da
igreja. […] Lucas não está interessado somente na conversão daqueles gentios,
mas também na conversão das perspectivas de Pedro e da igreja de Jerusalém’.
3.2. A reação de Cornélio diante da ação divina
A reação de Cornélio diante da manifestação divina por intermédio
da visão de um anjo de DEUS é caracterizada por atitudes exemplares no processo
da conversão. Notemos Atos 10.4,7, 24, 33: (a) v.4 – a pergunta de Cornélio
indica que ele crê que é DEUS se comunicando com ele, mostrando interesse em
conhecer o que o Senhor tem a lhe falar; (b) v. 7 – prontidão em providenciar a
vinda de Pedro conforme a mensagem divina; (c) v 24 – Cornélio se prepara, está
na expectativa de ouvir mais sobre a vontade de DEUS e ainda convida outros;
(d) v. 33 – ele se submete à exposição da Palavra de DEUS com interesse,
atenção, expectativa e coração aberto.
David E. Garland (Atos, p. 95): “Quando Pedro ia
entrando na casa, Cornélio foi ao seu encontro e se prostrou aos seus pés em
sinal de reverência. Cornélio mostra deferência excessiva por Pedro. O protesto
de Pedro, por sua vez, expressa o fato de que os mensageiros do Evangelho não
concedem salvação, apenas a proclamam. A reverência deve ser voltada somente
para o Senhor, a fonte de salvação”
3.3. Um exemplo de discipulado
Interessante que o anjo de DEUS foi enviado não para evangelizar
Cornélio, mas para avivar a sua fé e orientá-lo sobre a necessidade de aprender
mais sobre a vontade de DEUS. A missão de expor o Evangelho e fazer discípulos
é da Igreja. Para tanto, o ESPÍRITO SANTO foi derramado. Cada membro do Corpo
de CRISTO é chamado a ser um discipulador. Na conversão de Paulo, JESUS aparece
no caminho de Damasco e o direciona a entrar na cidade (At 9.6), onde ele
receberia instruções. Na conversão de Cornélio, o anjo de DEUS aparece a ele e
o direciona a chamar Pedro.
Bispo Oídes José do Carmo (Revista Betel Dominical.
3° Trimestre de 2017. Lição 10 – Auxílio ao Professor): “A Igreja também não
pode ficar indiferente às diversas pessoas que precisam ouvir o Evangelho.
Assim, a exemplo do discipulado de Cornélio, podemos extrair algumas lições: 1)
A mensagem de salvação precisa chegar a todos, independente da condição moral,
espiritual, social ou familiar; 2) DEUS designou a Igreja para cumprir esta
tarefa. Cada membro da Igreja é responsável; 3) No discipulado dependemos do ESPÍRITO
SANTO para nos capacitar e dirigir; 4) A nós compete anunciar a Palavra de DEUS
no poder do ESPÍRITO SANTO. É DEUS quem opera libertação e convence; 5) Para
cumprir a missão é necessário desprendimento, prontidão, senso de
responsabilidade e percepção de oportunidade”
EU ENSINEI QUE: A conversão de Cornélio teve implicações profundas
para a Igreja Primitiva.
CONCLUSÃO
Cornélio agiu imediatamente ao receber a instrução do anjo,
enviando mensageiros a Jope (Atos 10.7-8). Sua fé e prontidão para obedecer
abriram as portas para uma transformação espiritual que impactou não apenas sua
vida e de sua família, mas a trajetória da Igreja.
