Escrita Lição 4, Betel O Puritanismo, Um Movimento de Pureza Espiritual e Vida Dedicada a DEUS, 1Tr25, Comentários Extras Pr Henrique, EBD NA TV

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ESBOÇO DA LIÇÃO 4, BETEL, 1TR25
1- O MOVIMENTO PURITANO
1.1. O início do movimento 
1.2. O descontentamento com a igreja 
1.3. O cuidado com o indivíduo 
2- UM MOVIMENTO VISIONÁRIO
2.1. A evangelização 
2.2. A pregação expositiva 
2.3. A paixão por CRISTO
3- ALGUNS ASPECTOS DO PURITANISMO E DO PENTECOSTALISMO
3.1. A doutrina puritana do ESPÍRITO SANTO 
3.2. A missão do povo de DEUS 
3.3. A Bíblia: regra infalível de fé e prática 
 
TEXTO ÁUREO
“Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu povo se alegre em ti?” Salmo 85.6
 
VERDADE APLICADA
Na vida cristã, sempre haverá necessidade de renovação, correção e retorno a princípios bíblicos esquecidos ou pouco enfatizados.
 
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Compreender o surgimento do movimento puritano.
Ressaltar a visão dos puritanos
Identificar as raízes do puritanismo
 
TEXTOS DE REFERÊNCIA - Hebreus 12.1-2, 12-13
1 Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta,
2 Olhando para JESUS, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de DEUS.
12 Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados,
13 E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.
 
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | SI 73.1 DEUS é bom para os limpos de coração.
TERÇA | Mt 5.8 Bem-aventurados os limpos de coração.
QUARTA | Tg 1.27 A religião pura e imaculada para com DEUS.
QUINTA | 2Pe 3.14 Imaculados e irrepreensíveis.
SEXTA | 1Jo 1.7 O sangue de JESUS nos purifica de todo pecado.
SÁBADO | 1Jo 1.9 JESUS nos purifica de toda injustiça.
HINOS SUGERIDOS: 90, 91, 93
 
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que a Igreja de CRISTO permaneça firmada nas Sagradas Escrituras.
 
PONTO DE PARTIDA – JESUS nos purifica de todo pecado.
 
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SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO 4, BETEL, 1TR25
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RESUMO RÁPIDO DO Pr. Henrique
1- O MOVIMENTO PURITANO
Foi um movimento de  doutrina calvinista que buscava reformar a Igreja Anglicana e a sociedade. 
 
1.1. O início do movimento 
O puritanismo foi um movimento protestante que surgiu na Inglaterra no final do século XVI. Em meados do século 16, durante o reinado da Rainha Elizabeth I.
 
1.2. O descontentamento com a igreja 
Havia um total descontentamento com as práticas dos líderes da Igreja Anglicana
Os puritanos acreditavam que a Igreja Anglicana havia perdido a sua pureza original e que ainda havia resquícios do papado católico romano. Eles condenavam a pompa das vestes litúrgicas e a ornamentação das igrejas
No início do século XVII, os puritanos foram expulsos da Igreja Anglicana e muitos deles emigraram para a América do Norte. 
 
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1.3. O cuidado com o indivíduo 
O puritanismo se caracterizava por: 
Uma fé cristã baseada no Calvinismo
Uma disciplina moral rigorosa
Uma forma simples de adoração
Uma defesa de reformas democráticas
Uma crença na salvação pessoal por Cristo
Uma crença na predestinação
Integração do indivíduo na família e na sociedade
(1) a salvação pessoal pela graça de DEUS (Ef 2.8,9);
(2) a doutrina da suficiência das Escrituras (2Tm 3.15-17);
(3) a Igreja aponta para o que está posto nas Escrituras (Jo 17.17);
(4) a sociedade é um todo gregado(1Co 10.31).
 
2- UM MOVIMENTO VISIONÁRIO
O Puritanismo foi um movimento resultante da Reforma Protestante que se espalhou pela Inglaterra e marcou profundamente a história do país.
A repressão ao Puritanismo resultou na eclosão de uma Guerra Civil.
O movimento puritano trata-se tanto de uma teoria política como de uma doutrina religiosa.
 
2.1. A evangelização 
Influenciado pelo Calvinismo, o Puritanismo foi um movimento religioso de muita influência na Inglaterra. Em suma, essa doutrina surgiu como reflexo da implantação do Protestantismo na Europa. Ela pregava a necessidade de pureza e integridade do indivíduo, igreja e sociedade.
Criaram as igrejas batistas (Primeira Igreja Batista), congregacionais e presbiterianas.
Os puritanos eram apaixonados pelo conhecimento de DEUS. Eles achavam necessário romper com os princípios dogmáticos da igreja inglesa para levar a outros povos o conhecimento de DEUS (Cl 2.2,3). O puritanismo não conhecia os conceitos de missão como desenvolvidos no protestantismo do século 20 e 21 até hoje.
 
2.2. A pregação expositiva 
Pastores enfatizavam verdades centrais do cristianismo: fidelidade às Escrituras, pregação expositiva, cuidado pastoral, santidade pessoal e piedade prática associada a cada área da vida.
Isso significa que todas as partes da Escritura Sagrada devem ser compreendidas e exibidas numa pregação.(Hb 4.12). Para os puritanos, a pregação deveria ser o principal papel do pastor, ocupando o lugar principal em seus cultos.
 
2.3. A paixão por CRISTO
Joel Beeke e Nicholas Thompson (p. 35, 2021): “Por ser um teólogo sempre cuidadoso, Goodwin procurou deixar claro que CRISTO não continua sofrendo no céu. A sua humilhação foi concluída na cruz e no túmulo. Na Sua ascensão, Sua natureza humana é glorificada e livre de toda dor. (…) Ele é capaz e poderoso para carregar nossas misérias em Seu coração, mesmo glorificado e, assim, senti-las como se tivesse sofrido conosco”.
 
3- ALGUNS ASPECTOS DO PURITANISMO E DO PENTECOSTALISMO
O movimento puritano foi uma revolução na cultura e  sociedade Ingleza barrando o prosperar de doutrinas católicas romanas e posteriormente influenciaram os EUA, assim também o  movimento pentecostal do início do século 20 com seus avivamentos trouxe uma revolução ao cristianismo e às missões em todo o mundo.
Os pentecostais tiveram seu início no dia de Pentecostes como registrado em Atos 2. De lá para cá sempre influenciaram a sociedade, cultura e religião. Nunca cessaram de adorara a DEUS, de evangelizar, de serem batizados e usados em dons pelo ESPÍRITO SANTO.
 
3.1. A doutrina puritana do ESPÍRITO SANTO 
Os puritanos nunca tiveram um real conhecimento a respeito do ESPÍRITO SANTO por serem cessacionistas como Calvino o era, copiando Agostinho. Foram usados pelo ESPÍRITO SANTO para libertarem os anglicanos da falta de conhecimento bíblico, mas nunca receberam o batismo com o ESPÍRITO SANTO e nem receberam seus dons.
 
3.2. A missão do povo de DEUS 
É missão da Igreja levar o Evangelho de JESUS CRISTO até os confins da terra (At 1.8). Isso é também importante para que o cristão seja consciente da sua responsabilidade no processo de renovação e transformação da sociedade, sendo luz e sal (Rm 13.1-7; 1Tm 6.17,18; Tg 2.15-17).
As treze colônias americanas se recusaram a estabelecer uma Igreja oficial. O pentecostalismo influenciou mais os americanos do que qualquer outra religião.
 
3.3. A Bíblia: regra infalível de fé e prática 
Devemos amar a Bíblia como nossa única regra de fé e conduta (Sl 119.105). É necessário enxergarmos na Bíblia o que realmente ela diz. A metade dos evangelhos fala de sinais, prodígios e maravilhas. Atos nos narra a história do início da igreja onde os sinais, prodígios e maravilhas eram constantes e atraiam multidões para ouvirem e se entregarem ao legítimo evangelho de JESUS CRISTO  (Ef 1-13 - 2-8 - 1Co 1-21).
JESUS foi confirmado por DEUS com sinais, prodígios e maravilhas (At 2.22). O Apostolado de Paulo e dos apóstolos foi confirmado por DEUS com sinais, prodígios e maravilhas. A atração do evangelho é apresentada em Atos com demonstrações de poder de DEUS através dos sinais, prodígios e maravilhas (At 16.15-20).
Devemos atentar para o que fazemos e pensamos à luz da Palavra de DEUS (2Tm 3.16,17).
 
CONCLUSÂO
Roger Olson (2001) considera Jonathan Edwards, identificado como “o príncipe dos puritanos’; um dos teólogos puritanos mais influentes: “Era um homem de grande devoção e piedade, que concordava com os pietistas alemães (quer os tenha lido ou não) ao acreditar que o cristianismo verdadeiro está mais no coração do que no intelecto. Sua pregação era avivadora e visava apelar ao coração dos ouvintes, a fim de levá-los ao despertar religioso” Um exemplo de que é possível ser um profundo estudioso das Sagradas Escrituras, porém tendo o intelecto usado como instrumento pelo ESPÍRITO SANTO para alcançar vidas e também para a glória de DEUS.
A fé vem pelo ouvir o evangelho e a salvação pela loucura da pregação deste evangelho. A graça de DEUS é JESUS e sua obra salvífica e só se entra a esta graça pela fé no evangelho pregado.
 
Hebreus 2.1 Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;
Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?
 
 
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Puritanismo, o que é, história, conflitos e influência
Embora na Inglaterra, a mentalidade de “purificação” tenha existido desde o século XIV, foi apenas no século XVI, com a eclosão da Reforma Protestante que o movimento puritano tomou forma. Além de propor uma reforma completa na igreja, o Puritanismo restringia diversas manifestações cerimoniais.
Para o Puritanismo, a Bíblia estava acima de toda e qualquer tradição e autoridade. Logo, quando tentaram reformar a Igreja Anglicana, os puritanos perderam força, foram expulsos da mesma e migraram para a América do Norte. Apesar de ter alcançado seu fim no século XVII, o movimento deixou sua marca na história inglesa.
 
O Puritanismo nos reinados ingleses
Com o enfraquecimento da Igreja Católica, os cidadãos ingleses acabaram aderindo ao Protestantismo. Porém, o Puritanismo não agradou os monarcas do país.
As discordâncias presentes no governo de Elizabeth I criaram uma base para a futura Guerra Civil Inglesa
Como resultado disso, toda uma linhagem de governantes combateu o movimento em seu governo. Mesmo assim, o mesmo exerceu grande influência na história e sociedade britânica.
 
·        Henrique VIII (1509-1547) – criou a Igreja Anglicana e preservou muito da tradição católica;
·        Eduardo VI (1547-1553) – foi influenciado pelos reformadores puritanos contrários aos anglicanos;
·        Maria I (1553-1558) – perseguição aos líderes “purificadores” marcada pelo derramamento de sangue;
·        Elizabeth I (1558-1603) – intensificação disciplinar clerical e estatal contra puritanos;
·        James I (1603-1625) – sua formação calvinista deu esperança aos puritanos, mas nada além disso;
·        Carlos I (1625-1649) – seguiu reprimindo os puritanos ingleses e presbiterianos escoceses, o que resultou na Guerra Civil Inglesa, também chamada Revolução Puritana.
·         
A Revolução Puritana
Após anos de repressão pela monarquia inglesa, o Puritanismo explodiu, alterando o governo e a sociedade. Assim como mencionado acima, esse movimento foi um efeito direto da Reforma Protestante e o mesmo vale para a Revolução Puritana, principalmente ao que tange a burguesia e aristocracia rural.
Visto que o Puritanismo questionava o direito divino dos reis e rainhas que se diziam escolhidos por DEUS, o mesmo representou um grande desafio à monarquia absolutista. Sendo assim, a Revolução Puritana se tratou de uma insurreição religiosa, política, social e econômica. Afinal, os interesses de diversos grupos estavam em guerra. De um lado, os nobres estavam perdendo espaço no governo, enquanto a burguesia ganhava mais força e simpatizava com os puritanos.
Do outro, a Igreja Católica perdia influência e isso afetava a Igreja Anglicana, considerada muito próxima do catolicismo romano o que alimentava exigências de uma reformulação.
Até o fim do governo de Elizabeth I, a situação, apesar de tensa, ficou contida. Porém, as exigências e discordâncias do monarca já formavam base para uma guerra civil. Assim, quando James I ascendeu ao trono inglês e colocou o rei como representante de DEUS na Terra e se posicionou acima de qualquer lei, o caos foi instaurado.
Em 1604, o Parlamento questionou a linha de pensamento do monarca e, mais uma vez, os puritanos aproveitaram a brecha para requerer a reforma da Igreja Anglicana. Mais tarde, no governo de Carlos I, em meio a toda essa discordância, Oliver Cromwell entrou em cena.
 
Oliver Cromwell
Oliver Cromwell pertencia à pequena nobreza e seguia os princípios de um cavalheiro. Em 1640 ele passou a integrar o Parlamento Inglês. Visto que era originário de uma família influente, Cromwell defendia a distinção de classes e era contrário ao nivelamento de cidadãos, uma condição pregada pelos puritanos.
Cromwell liderou a Revolução Puritana e mais tarde se tornou o Lorde Protetor da República
Todavia, apesar de não concordar amplamente com a doutrina do Puritanismo, Cromwell se opunha ao rei Carlos I por conta da tributação do cidadão, insegurança do direito de propriedade e falta de liberdade religiosa. Ademais, mesmo questionando o direito divino do monarca, Cromwell dizia ser escolhido por DEUS para destituí-lo.
Dito e feito. No dia 1 de janeiro de 1649, Carlos I foi acusado de “tirano, traidor, assassino, inimigo público e implacável para a comunidade da Inglaterra”. Assim, após ser julgado de forma claramente injusta e parcial, o rei foi condenado à morte por decapitação em uma decisão liderada por Cromwell.
 
O fim do Puritanismo
Após a morte de Carlos I, aboliram a monarquia na Inglaterra e instauraram uma república. A dissolução do Parlamento fez com que, em 1653 Oliver Cromwell assumisse o poder e o título de Lorde Protetor da República. Esse período ficou conhecido como Commonwealth.
Após migrar para os Estados Unidos a doutrina puritana atingiu seu fim no Grande Despertamento.
Todavia, após o falecimento de Cromwell, seu filho e herdeiro não conseguiram sustentar o governo e desavenças internas resultaram na restauração da monarquia. Assim, em 1660, Carlos II assumiu o trono e o período da Restauração teve início.
Quanto ao Puritanismo, os dissidentes do mesmo que sobreviveram às perseguições da igreja criaram igrejas batistas, congregacionais e presbiterianas. Apesar do reinado de Guilherme de Orange e Maria ter sido tolerante com os puritanos, muitos deles migraram para os Estados Unidos e ali permaneceram até o Grande Despertamento.
E então, o que achou dessa matéria?.
Fontes: InfoEscolaToda Matéria, Infopédia.
 
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puritanismo designa uma concepção da fé cristã desenvolvida na Inglaterra por uma comunidade de protestantes depois da Reforma. Segundo o pensador francês Alexis de Tocqueville, em seu livro A Democracia na América, trata-se tanto de uma teoria política como de uma doutrina religiosa.[1]
adjetivo "puritano" pode designar tanto o membro deste grupo de calvinistas rigoristas como aquele que é rígido nos costumes, especialmente quanto ao comportamento sexual (pessoa austera, rígida e moralista).[2]
 
História
Uma perfeita puritana, por E. Percy Moran (litografia de 1897).
A Revolução Puritana foi um movimento surgido na Inglaterra no século XVII, de confissão calvinista, que rejeitava tanto a Igreja Romana como o ritualismo e organização episcopal na Igreja Anglicana.
As críticas à política da rainha Isabel I partiram de grupos calvinistas ingleses, que foram denominados puritanos porque pretendiam purificar a Igreja Anglicana, retirando-lhe os resíduos do catolicismo, de modo a tornar sua liturgia mais próxima do calvinismo.
Desde o início, os puritanos já aceitavam a doutrina da predestinação. O movimento foi perseguido na Inglaterra, razão pela qual muitos fugiram, em busca de outros lugares com maior liberdade religiosa. Um grupo, liderado por John Winthrop, chegou às colinas da Nova Inglaterra na América do Norte em abril de 1630.
 
As origens calvinistas do puritanismo
Quando Calvino ainda vivia em Genebra iniciou-se um conflito entre os católicos, partidários da casa de Sabóia - da qual a cidade era vassala desde 1285 - e os confederados protestantes, que deram mais tarde origens aos grupos huguenotes, na França. Calvino se opôs à Igreja Católica e aos anabatistas.
A variante calvinista do protestantismo seria bem sucedida em países como a Suíça (país de origem), França, Escócia, Países BaixosÁfrica do Sul (entre os Afrikaners), InglaterraEscócia e EUA, dando origem a diversas vertentes. [3]
Os calvinistas ingleses estavam descontentes com a Reforma na Inglaterra, que não teria sido suficientemente drástico - já que muitos elementos do Catolicismo haviam sido preservados no Igreja da Inglaterra - e, assim, romperam com a Igreja Anglicana.
 
Os puritanos não se desenvolviam na Inglaterra
O surgimento do puritanismo está ligado às confusões amorosas do rei Henrique VIII (1509-1547) e à chegada do protestantismo continental à Inglaterra. O movimento puritano, em seus primórdios, foi claramente apoiado e influenciado por João Calvino (1509-1564), que a partir de 1548 passou a se corresponder com os principais líderes da reforma inglesa. Em 1534 foi promulgado o Ato de Supremacia, tornando o rei “cabeça supremo da Igreja da Inglaterra.” Com a anulação do seu casamento com Catarina de Aragão, tia de Carlos V, o rei Henrique VIII e o parlamento inglês separam a Igreja da Inglaterra de Roma, em 1536, adotando a doutrina calvinista apenas por comodismo. A Reforma, então, teve início na Inglaterra pela autoridade do rei e do parlamento. No ano de 1547, Eduardo VI, um menino muito enfermo, tornou-se rei.
A Reforma protestante avançou rapidamente na Inglaterra, pois o Duque de Somerset, o regente do trono, simpatizava-se com a fé reformada. Thomas Cranmer, o grande líder da Reforma na Inglaterra, publicou o Livro de Oração Comum, dando ao povo a sua primeira liturgia em inglês. Maria Tudor, católica romana, tornou-se rainha em 1553. Assessorada pelo cardeal Reginald Pole, em 1554 ela restaurou a sua religião.
Em 1555, intensificou a perseguição aos protestantes. Trezentos deles foram martirizados, entre eles, o arcebispo de CantuáriaThomas Cranmer (canonizado pela Igreja Anglicana), e os bispos Latimer e Ridley. Oitocentos protestantes fugiram para o continente, para cidades como Genebra e Frankfurt, onde absorveram os princípios doutrinários dos reformadores continentais. Isabel I ascendeu ao trono aos 25 anos em 1558, estabeleceu o “Acordo Elisabetano,” que era insuficientemente reformado para satisfazer àqueles que logo seriam conhecidos como “puritanos.”
Em seguida, promulgou o Ato de Uniformidade (1559), que autorizou o Livro de Oração Comum e restaurou o Ato de Supremacia. Em 1562, foram redigidos os Trinta e Nove Artigos da Religião, que são o padrão histórico da Igreja da Inglaterra, e a partir de janeiro de 1563, foram estabelecidos pelo parlamento como a posição doutrinária da Igreja Anglicana. Em torno de 1567-1568, uma antiga controvérsia sobre vestimentas atingiu seu auge na Igreja da Inglaterra. A questão imediata era se os pregadores tinham de usar os trajes clericais prescritos. A controvérsia marcou uma crescente impaciência entre os puritanos com relação à situação de uma igreja “reformada pela metade.”
Thomas Cartwright, professor da Universidade de Cambridge, perdeu sua posição por causa de suas pregações sobre os primeiros capítulos do Livro dos Atos dos Apóstolos, nas quais argumentou a favor de um cristianismo simplificado e uma forma presbiteriana de governo eclesiástico.[4]
A primeira igreja presbiteriana foi a de Wandsworth, fundada em 1572. Um pouco antes disso, em 1570, Elisabete fora excomungada pelo Papa Pio V. A morte de Elisabete ocorreu em 1603, e ela não deixou herdeiro. Apenas indicou como seu sucessor James I, filho de Maria Stuart, que já governava a Escócia. Quando o rei foi coroado, os puritanos, por causa da suposta formação presbiteriana do rei, inicialmente tiveram esperança de que sua situação melhorasse. Para manifestar essa esperança, eles lhe apresentaram, quando de sua chegada em 1603, a Petição Milenar, assinada por cerca de mil ministros puritanos, na qual pediam que a igreja anglicana fosse completamente “puritana” na liturgia e administração.
Em 1604, encontram-se com o novo rei na conferência de Hampton Court para apresentar seus pedidos. O rei ameaçou “expulsá-los da terra, ou fazer pior,” tendo dito que o presbiterianismo “se harmonizava tanto com a monarquia como DEUS com o diabo”. Carlos I, opositor dos puritanos, foi coroado rei da Inglaterra em 1625. Já em 1628William Laud tornou-se bispo de Londres (em 1633 foi nomeado Arcebispo de Cantuária) e empreendeu medidas severas para eliminar a dissidência da Igreja Anglicana. Ele buscou instituir práticas cerimoniais consideradas “papistas,” além de ignorar a justificação pela fé, por causa de suas ênfases pelagianas, oprimindo violentamente os puritanos e forçando-os a emigrarem para a América.
Em 1630John Winthrop liderou o primeiro grande grupo de puritanos até a baía de Massachusetts e, em 1636, foi fundado o Harvard College. Laud tentou impor o anglicanismo na Escócia, só que isto degenerou num motim que serviu para aliar puritanos e escoceses calvinistas. Em 1638, os líderes escoceses reuniram-se numa “Solene Liga e Aliança” e seus exércitos marcharam contra as tropas do rei, que fugiram.
No ano de 1640,o parlamento restringiu o poder do rei Carlos I. As emigrações para a Nova Inglaterra estacionaram consideravelmente. A Assembleia de Westminster, assim chamada por reunir-se na Abadia de Westminster, templo anglicano de Londres, foi convocada pelo parlamento da Inglaterra em 1643 para deliberar a respeito do estabelecimento do governo e liturgia da igreja e “para defender a pureza da doutrina da Igreja Anglicana contra todas as falsas calúnias e difamações”.
É considerada a mais notável assembleia protestante de todos os tempos, tanto pela distinção dos elementos que a constituíram, como pela obra que realizou e ainda pelas corporações eclesiásticas que receberam dela os padrões de fé e as influências salutares durante esses trezentos anos.
A Assembleia de Westminster
Assembleia de Westminster caracterizou-se não somente pela erudição teológica, mas por uma profunda espiritualidade. Gastava-se muito tempo em oração e tudo era feito em um espírito de reverência. Cada documento produzido era encaminhado ao parlamento para aprovação, o que só acontecia após muita discussão e estudo. Os chamados "Padrões Presbiterianos" elaborados pela assembleia foram os seguintes:
1. Diretório do Culto Público: concluído em dezembro de 1644 e aprovado pelo parlamento no mês seguinte. Tomou o lugar do Livro de Oração Comum. Também foi preparado o Saltério: uma versão métrica dos Salmos para uso no culto (novembro de 1645).
2. Forma de Governo Eclesiástico: concluída em 1644 e aprovada pelo parlamento em 1648. Instituiu a forma de governo presbiteriana em lugar da episcopal, com seus bispos e arcebispos.
3. Confissão de Fé: concluída em dezembro de 1646 e sancionada pelo parlamento em março de 1648.
4. Catecismo Maior e Breve Catecismo: concluídos no final de 1647 e aprovados pelo parlamento em março de 1648.
Como consequência do auxílio dos escoceses, as forças parlamentares derrotaram o rei Carlos I, que foi decapitado em 1649.
O comandante vitorioso, Oliver Cromwell, assumiu o governo. Porém, em 1660Carlos II subiu ao trono e restaurou o episcopado na Igreja da Inglaterra. Teve início nova era de perseguições contra os presbiterianos.
Na Escócia, a assembleia geral da Igreja da Escócia adotou os Padrões de Westminster logo que foram aprovados, deixando de lado os seus próprios documentos de doutrina, liturgia e governo que vinham da época de John Knox. A justificativa era o desejo de maior unidade entre os presbiterianos das Ilhas Britânicas. Da Escócia, esses padrões foram levados para outras partes do mundo.
 
Consequências
O puritanismo não conseguiu substituir as estruturas de plausibilidade que o anglicanismo ofereceu à nação inglesa. As estruturas sociais anglicanas permaneceram. Apenas para uma pequena e influente minoria esta situação não era satisfatória, e esse grupo era o dos puritanos, que travaram vigorosas e infrutíferas batalhas com o governo político-religioso da Inglaterra. Em todos esses eventos, o apoio de Calvino foi influente na tentativa de levar sua doutrina a uma nação cujos laços com Roma haviam sido cortados apenas pela vaidade de um rei.
doutrina calvinista é hoje largamente professada entre os fiéis anglicanos, e nela sobraram apenas traços da liturgia do catolicismo.
Muitos dos puritanos fugiram para países como os EUA, onde introduziram o presbiterianismo oriundo da reforma calvinista da Igreja da Escócia.
 
Referências
Sheldon Wolin, Tocqueville Between Two Worlds (2001), p. 234.
Dicionário Houaiss da língua portuguesa
The Spread of Calvinism, studysmarter.co.uk
Thomas Cartwright And English Presbyterianism. Por William P. Farley. Enrichment Journal. The General Council of the Assemblies of God.
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Puritanismo#:~:text=O%20puritanismo%20designa%20uma%20concep%C3%A7%C3%A3o,austera%2C%20r%C3%ADgida%20e%20moralista).
 
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Contra o Calvinismo- Dr. Roger Olson.
 
UM PROBLEMA PARA O CARÁTER E A REPUTAÇÃO DE DEUS
Independente das contradições, à primeira vista, da dupla predestinação que foram mencionadas acima, os calvinistas realmente defendem esta teologia de várias formas. Penso que as entendi corretamente, mas ainda não vejo como estas defesas possam se manter.
Alguns calvinistas simplesmente colocam de lado as objeções á dupla predestinação ao dizer: “Não está dentro da jurisdição das criaturas questionar a DEUS” 1. Isto dificilmente é, claro, uma defesa, mas uma resposta. Estranhamente, quase todos os calvinistas, entretanto, realmente tentam defender a bondade de DEUS, então alguém se pergunta o quão sério devemos responder a esta crítica. Além do mais, não é a DEUS quem os críticos do calvinismo estão questionando. As crenças calvinistas acerca de DEUS é que estão sendo questionadas! Há uma diferença. A frequência com a qual alguém se depara com esta rejeição de crítica leva a conclusão de que pelo menos alguns calvinistas enfrentam problemas em distinguir entre sua própria doutrina de DEUS e o próprio DEUS. Como todos os demais, os calvinistas deveríam estar dispostos a, ao menos, considerar a possibilidade de que há deficiências e falhas graves nas crenças doutrinárias calvinistas.
Muitos teólogos calvinistas vão além da tentativa de colocar de lado as críticas com afirmações acerca de “não questionar a DEUS”. Muitos oferecem estratégias para defender o caráter bom de DEUS, a reputação de DEUS, em face de perguntas críticas de não calvinistas. A principal questão que tratam é simplesmente essa: Como pode ser dito que DEUS é bom, amável e justo em face destas doutrinas do calvinismo rígido? Como DEUS é bom, amável e justo com os réprobos? Como DEUS não é arbitrário em sua escolha de alguns para a salvação incondicional enquanto abandona outros para a perdição? E uma pergunta crítica relacionada é: Como o evangelho pode ser oferecido como uma oferta sincera para todos se alguns já foram escolhidos por DEUS para a condenação e, desta forma, não possuem nenhuma chance, de modo algum, de serem aceitos por DEUS? (Esta última pergunta geralmente alcança uma força maior em relação ao próximo ponto da TULIP - expiação limitada).
Outra forma de fazer o mesmo conjunto de perguntas é apresentar passagens bíblicas para calvinistas e perguntar como eles reconciliam suas crenças na reprovação - predestinação com as mesmas? Por exemplo, João 3.16: “Porque DEUS tanto amou o mundo que deu seu Filho Unigênito para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Observe também os versículos citados anteriormente: 1 Timóteo 2.42 Pedro 3.9 e 1 João 4.8. Como DEUS é amor se ele preordena muitas pessoas para o inferno para a eternidade quando ele poderia salvá-las, uma vez que a eleição para a salvação é sempre completamente incondicional e não qualquer relação com o caráter ou escolhas? Como é que DEUS quer que todas as pessoas sejam salvas se ele determina algumas pessoas em específico para que sejam condenadas? Como é que DEUS não tem prazer na morte dos ímpios (Ez. 18.32) se ele preordena tudo, incluindo sua reprovação e punição eterna, para seu beneplácito? Como DEUS é bom se ele intencionalmente reteve de Adão a graça que ele precisava para não cair - sabendo que a queda de Adão resultaria nos horrores do pecado e mal e no sofrimento inocente da história?
Primeiro, algumas respostas de João Calvino. Calvino tinha pouco interesse em defender o caráter de DEUS; para ele, tudo o que DEUS faz é certo, e é errado questionar a DEUS independente de quão injusto suas ações pareçam ser. Ele frequentemente admoestava aqueles que perscrutavam por demais os mistérios de DEUS (ex. ao buscar uma causa ou razão além de simplesmenteque DEUS desejou algo) ou que acusam DEUS de agir injustamente (pela qual ele parece também querer que se aplique àqueles que acusam sua doutrina de DEUS de arruinar a reputação de DEUS)2.
Todavia, Calvino, de fato, tentou explicar algumas passagens bíblicas que possa parecer contraditórias com seus argumentos acerca da dupla predestinação de DEUS. Em relação à reprovação de DEUS de alguns à luz das passagens bíblicas que utilizam a palavra “todos”, ele escreveu:
diz-se que DEUS ordenou desde a eternidade a quem quer abraçar em amor, exerce sua ira contra quem quer, e que proclama a salvação a todos indiscriminadamente. Deveras digo que elas se harmonizam perfeitamente, pois, assim prometendo, outra coisa não pretende senão que sua misericórdia seja oferecida somente a todos os que a buscam e imploram, o que outros não fazem, a não seraqueles a quem ilumina.
Entretanto, DEUS ilumina aqueles a quem predestinou para a salvação. A estes, afirmo, patenteia-se a veracidade certa e inconcussa das promessas, de modo que não se pode dizer que houve alguma discrepância entre a eterna eleição de DEUS e o testemunho que oferece aos fiéis de sua graça 3.
Isso só parece aprofundar o mistério. Se esta citação tinha por objetivo responder a pergunta de como estas afirmações concordam perfeitamente uma com as outras, eu não vejo como isso alcança seu objetivo. Como um grande pensador e comunicador que Calvino foi, eu, às vezes, considero suas explicações obscuras, se não evasivas.
Calvino diz mais acerca do problema. Primeiro, ele defende que “ninguém perece sem que o mereça”4. É por isso que DEUS é justo em punir os réprobos; eles merecem a punição. Por que eles merecem a punição? Por causa de sua “malícia e perversidade” 5. Por que eles continuam em sua malícia e perversidade e não se arrependem e creem como os eleitos o fazem? “Para que atinjam a seu fim, ora os priva da faculdade de ouvir sua palavra, ora mais os cega e os endurece por meio de sua pregação”6. Por que DEUS age assim para com os réprobos? "Em vão se atormenta aquele que aqui procure causa mais alta que o conselho secreto e inescrutável de DEUS”7.
Calvino está chegando em algum lugar no sentido de resolver o problema? Não vejo como esse possa ser o caso; ele parece simplesmente estar aprofundando o dilema da bondade de DEUS.
Como Calvino interpreta 1 Timóteo 2.3-4, a revelação mais clara de que DEUS deseja a salvação de todos os homens? “Com isto Paulo certamente quer dizer que DEUS não fechou o caminho da salvação para qualquer ordem de homens; antes, ele derramou tanto de sua misericórdia que ele não quer ninguém fora dela”. Em outras palavras, todos em 1 Timóteo 2. 3-4 (e sem dúvida em 2 Pe. 3.9) significa que DEUS quer pessoas de toda tribo e nação sejam salvos, mas não todas as pessoas. Isso dificilmente se encaixa na linguagem de 1 Timóteo 2.4, todavia, que especificamente diz “todos os homens”, significando “todas as pessoas” - não todos os tipos de pessoas.
Então, porque DEUS reprova alguns e não elege todos para a salvação? Em alguns lugares Calvino deixa esta questão na esfera do mistério, mas em pelo menos em uma ocasião ele especula: “foram suscitados para ilustrar sua glória através de sua própria condenação”8. Os que acusam DEUS de ser injusto (ou só acusam esta doutrina de fazer de DEUS um ser injusto!) são rejeitados por Calvino como “discípulofs] de Porfírio [que] corroem impunemente ajustiça de DEUS”9. Ele impacientemente declara que tudo o que DEUS faz é certo e justo simplesmente porque é DEUS quem faz, e não há explicação nenhuma para o que DEUS faz além de “porque assim lhe apraz”10. Em lugar algum ele sequer tenta justificar a DEUS ou reconciliar sua doutrina com o amor de DEUS. O único amor de DEUS que ele menciona é o amor de DEUS pelos eleitos.
Felizmente, muitos calvinistas não se satisfizeram em deixar a questão como está. Ao passo que alguém adentra a era moderna e para o mundo pós-moderno do início do século XXI, encontramos muitos calvinistas, cada vez mais, interessados em justificar os caminhos de DEUS.
Jonathan Edwards escreveu um ensaio completo sobre “Ajustiça de DEUS na Condenação de Pecadores”. No ensaio ele ficou bem perto da abordagem de Calvino, embora de certa forma mais enfática e mais defensiva (talvez em virtude da crescente tendência do Iluminismo à questão da justiça de DEUS). Mais uma vez, assim como foi com Cal-vino, a ênfase de Edwards repousa sobre a justiça de DEUS em vez de seu amor, que ele dificilmente menciona. Veja o que Edwards diz aos que questionam a justiça de DEUS na condenação eterna no inferno dos que ele preordenou e ainda tornou certa a queda em pecado e a permanência no pecado:
Quando os homens caem e tornam-se pecaminosos, DEUS, por sua soberania, tem o direito de determinar acerca dos homens conforme lhe apraz. Ele tem o direto de determinar se irá ou não redimir o homem. Ele poderia, caso isto lhe tivesse agradado, ter deixado todos para perecer ou poderia ter redimido a todos. Ou, ele poderia redimir a alguns e abandonar outros; e se ele assim o desejar, ele pode salvar a quem lhe apraz e abandonar a quem lhe apraz 11
Isto dificilmente resolve o problema da justiça de DEUS, entretanto, quanto aos “homens” que estão caídos, a quem DEUS tem o direito de tratar como ele desejar, caíram pela preordenação e o poder predestinador de DEUS. Mais uma vez, a questão que surge naturalmente e que Edwards não responde é esta: “Qual significado “bondade”, “justiça” e “amor” têm em tal contexto? Assim como Calvino, Edwards parece mais interessado em colocar de lado todas e quaisquer perguntas acerca da justiça de DEUS na reprovação e punição das pessoas. A única resposta que ele oferece é que tudo o que DEUS faz é certo e está acima da crítica. Ele simplesmente pressupõe que sua interpretação do que DEUS faz é a única interpretação razoável à luz de passagens bíblicas como a de Romanos 9.
O que Boettner diz acerca da bondade de DEUS à luz de sua reprovação das pessoas? Ele primeiramente deixa claro, indubitavelmente, que o único propósito de DEUS na reprovação é a sua glória; sem ela a justiça de DEUS não poderia ser exibida de maneira suficiente - e que é um dos propósitos da criação e redenção 12. Claro, isto levanta a pergunta de por que é justo para DEUS punir os réprobos, e Boettner simplesmente assegura que eles pecaram “voluntariamente”13. A luz destas explicações, citadas e discutidas no capítulo anterior, parece um uso estranho de “voluntariamente”, uma vez que é DEUS quem determinou. Para ele, obviamente, “voluntariamente” não significa que eles poderíam fazer o contrário do que fazem. Isso é um significado natural de “voluntário” e isto responde ou suscita mais perguntas acerca da justiça de DEUS? Boettner não parece reconhecer este problema, ou ele prefere fazer vistas grossas. E ele não parece, de fato, lidar com o amor de DEUS, exceto em dizer (estranhamente) que “DEUS em seu amor salva tantos homens da raça pecadora quanto Ele pode obter o consentimento de Sua toda natureza para salvar”14. Alguém pode apenas responder de maneira perplexa: “O quê?”
Pelo menos Boettner, contrastado com Calvino, Edwards e alguns outros calvinistas, tenta responder a pergunta. Mas a resposta não suscita mais perguntas? DEUS é, de alguma forma, limitado? Por que ele não pode ter o consentimento de “toda sua natureza” para salvar a todos? A implicação óbvia, considerando tudo mais o que Boettner diz, é que DEUS deve condenar alguns a fim de exibir seu atributo de justiça e, desta forma, glorificar a si mesmo. Então a necessidade de DEUS de glorificar a si mesmo (e “necessidade” é a palavra correta, considerando a linguagem utilizada por Boettner acerca da limitação divina em relação à extensão da salvação) sobrepuja e controla seu amor.
Isto é exatamente o que os não calvinistas se preocupam concernente ao calvinismo: que sua lógica interna e profunda leva inflexivelmente a exaltar a glória de DEUS em detrimento de e até mesmo contra o seu amor. Aparentemente, DEUS pode (ou deve) limitar seu amor, mas ele não pode limitar sua autoglorificação. Eu invertería a ordem das coisas e diria que, à luz do autoesvaziamento de Cristo (Fp 2), DEUS pode limitar sua glória (poder, majestade, soberania), mas não seu amor (porque DEUS éamor; ver 1 João 41).
Boettner argumenta que DEUS não é arbitrário em seus julgamentos, significando que sua escolha de quem salvar não é uma questão de cara ou coroa 15. Ele diz que DEUS “tem seus motivos” ainda que não possamos sequer adivinhar quais eles sejam 16. Aqui temos outro problema. Como todos os calvinistas, Boettner afirma que a escolha de DEUS das pessoas eleitas é absolutamente incondicional; que a esolha não possui nenhuma relação com qualquer coisa que DEUS veja nas pessoas que ele elege 17. Assim como a reprovação ê o outro lado necessário da moeda da eleição, então escolher ignorar alguns para escolher eleger outros deve, necessariamente, não ter relação nenhuma com qualquer coisa, principalmente má, que DEUS veja nestas pessoas reprovadas. Todos são igualmente dignos de castigo eterno. Uma vez que a escolha, tendo por base algo em particular acerca dos que escolheu, tanto para a eleição quanto a reprovação, é cancelada, o que sobra? Eu defendo que tudo o que sobra é, e isto é uma questão de pura lógica, a escolha arbitrária -uni, duni, tê”. Não existe uma terceira alternativa concebível.
Imagine que você confronte seu filho ou filha porque percebe que o nome dele (a) está escrito, de giz de cera, na parede do quarto da criança. Ele ou ela nega que escreveu aquilo. Você pergunta: “Então quem escreveu?” e a criança responde: “Outra pessoa”. Então você responde: “Mas espera um pouco, este é o seu quarto e o seu nome está escrito na parede e ninguém além de você esteve no seu quarto desde a última vez que vi a parede limpa” Seu filho (a) responde: “Tudo bem, eu não escrevi, mas também não foi ninguém que escreveu”. Qual será a sua resposta? Você acreditaria nesta explicação dada pela criança? Por que não? Não poderia haver uma terceira possibilidade? A menos que você acredite que a casa seja assombrada ou algo do tipo, você provavelmente não levará a sério a explicação de seu hlho (a). A pessoa que escreveu na parede precisa ser o seu hlho (a) ou outra pessoa; não há uma terceira opção plausível. O mesmo se aplica com a “explicação” de Boettner (a mesma explicação utilizada pela maioria dos calvinistas) de que DEUS não escolhe arbitrariamente, mas que também não escolhe embasado em nada especial acerca das pessoas que ele escolhe. Não existe uma terceira alternativa. A escolha precisa ser arbitrária para que seja absolutamente incondicional.
Diferente de Boettner e outros calvinistas, Edwards parece ter aceitado, ao menos, que a escolha de DEUS entre os eleitos e os não eleitos é arbitrária. Isto pode ser um choque para muitos calvinistas posteriores que contestam veementemente esta acusação acerca do DEUS calvinista. Em seu famoso (ou infame) sermão “Pecadores nas Mãos de um DEUS Irado”, Edwards apelou para a “vontade arbitrária de DEUS” para explicar o tratamento de DEUS com os não eleitos 18. Tal admissão é, ao menos, honesta, corajosa e consistente, mas ela suscita sérios problemas para o caráter e os caminhos de DEUS.
Como Boettner lida com as passagens bíblicas que trazem a palavra “todos”? Em relação a João 3.16 e versículos semelhantes, ele diz que este “mundo” não signihca todas as pessoas. Signihca todos os tipos de pessoas 19. Uma vez que muitos calvinistas dão esta explicação, eu deixarei a maioria da minha crítica contra ela para mais tarde neste capítulo quando resumo os problemas com as explicações calvinistas da reprovação de DEUS. Por agora, basta dizer que esta interpretação de “mundo” dificilmente funciona, pois isso exigiría que inúmeras referências à todo o mundo como caído significasse apenas todos os tipos de pessoas que são caídos.
Por exemplo, em João 1.10 está escrito que o “mundo" (mesma palavra grega utilizada em João 3.16) não reconheceu a Palavra quando a Palavra veio. Se “mundo” em João 3.16 significa “todos os tipos de pessoas”, então João 1.11 possivelmente significa que apenas algumas pessoas - de todos os tipos de pessoas, mas não todo mundo - não reconheceu JESUS como o Filho de DEUS. Nenhum calvinista interpreta João 1.11 desta forma! A interpretação de Boettner de João 3.16 parece forçada. Embora ele não tenha coragem de dizer: “DEUS odeia os não eleitos e este é o motivo pelo qual ele os reprova”, ele mais do que deixa isso implícito. Portanto, julgo justo e seguro dizer que Boettner, como muitos calvinistas, não pensa que DEUS é amor conforme 1 João 4.8 diz, ou ele é, no mínimo, inconsistente ao lidar com a questão. Se a própria natureza de DEUS é amor, então ele ama a todos e não apenas algumas pessoas de “todos os tipos” (Claro, isso pressupõe mais uma vez que “amor” em DEUS é análogo e não totalmente diferente do melhor amor conforme o conhecemos. Juntamente com Helm eu suponho isso, caso contrário a palavra amor não significa nada.
E em relação a 1 Timóteo 2.4 que diz, que DEUS quer que “todos os homens” se salvem? Boettner explica: “Versículos tais como 1 Timóteo 2.4, ao que parece, são melhores entendidos não como se referindo a homens individualmente, mas como ensinando a verdade geral de que DEUS é benevolente que Ele não se deleita nos sofrimentos e morte de Suas criaturas” 48. Alguém só pode se perguntar: como é possível extrair essa interpretação desse versículo? E mais. como DEUS não se deleita naquilo que ele mesmo preordenou e tornou certo para a sua glória? Ele não se deleita em ser glorificado? Este é, certamente, um enigma calvi-nista. Mas Boettner acrescenta isso: “É verdade que alguns versículos, interpretados por eles mesmos, realmente parecem sugerir a posição arminiana [a saber, que DEUS realmente deseja a salvação de todos e a torna possível] Isto, entretanto, reduziría a Bíblia a uma massa de contradições’’20. Alguém poderia simplesmente inverter a afirmação acima e substituir a “posição calvinista” pela “posição arminiana” e isso seria mais verdadeiro.
Sproul se esforça admiravelmente, mas, no fim das contas, não tem sucesso com o problema da bondade, amor e justiça de DEUS em face de sua reprovação de muitas pessoas a quem ele poderia salvar. Primeiro, ele admite que DEUS preordenou o pecado, e estou certo de que o citei o bastante para deixar claro que ele também acredita que DEUS tornou o pecado certo 21 Entretanto, ele defende, DEUS não é responsável pelo pecado; nós somos 22. DEUS é justo em condenar os réprobos porque eles o odeiam e são maus: “Há alguma razão pela qual um DEUS justo precise ser amoroso para com uma criatura que o odeia e que se rebela constantemente contra sua divina autoridade e santidade?”23. Alguém só pode responder... sim. Porque a sua natureza é amar! (1 João 4.8) Além do mais, Romanos 5.8-10 diz que DEUS amou os pecadores quando eles ainda eram pecadores e entregou Cristo por Eles! Sproul tende a descrever a DEUS não como tendo uma natureza amável; ele mais do que sugere que DEUS ama alguns e odeia outros quando todos o odiaram e rebelaram contra sua autoridade e santidade 24. Isso nos traz de volta à questão da arbitrariedade.
Sproul enfrenta o problema da aparente arbitrariedade e falta de imparcialidade de DEUS (e eu acrescentaria a aparente ausência de amor) na dupla predestinação: “o desagradável problema para o calvinista [é]... se DEUS pode e realmente escolhe assegurar a salvação de alguns, por que então ele não assegura a salvação de todos?” 25 De fato, por que não? Eis aqui a resposta de Sproul:
A única resposta que eu posso dar a esta pergunta é que eu não sei. Não tenho ideia por que DEUS salva alguns e não todos. Não duvido por um momento que DEUS tenha o poder de salvar todos, mas eu sei que Ele não escolhe salvar todos. Realmente não sei por quê... Uma coisa sei. Se agrada a DEUS salvar alguns e não todos, não há nada de errado com isso. DEUS não está obrigado a salvar ninguém. Se Ele escolhe salvar alguns, isso de modo algum O obriga a salvar o restante.26
Sproul então se opõe aos não calvinistas que levantam essa questão como uma questão de tratamento igualitário e diz que DEUS não precisa atender a nossos padrões de justiça 27. Tudo bem. Mas a justiça não é o cerne do problema. O cerne, que Sproul evita, é oamor. Se DEUS pode(ria) salvar a todos pelo fato de a eleição para a salvação ser incondicional e se DEUS, por natureza, é amor, por que ele não salva? As únicas respostas que o Sproul pode oferecer são: (1) ele não ama a todos e, (2) DEUS pode fazer o que quiser fazer, pois ele não tem obrigação de fazer nada para ninguém. Estas respostas degradam a DEUS e impugna sua bondade e causam dano a sua reputação, que é embasada em seu caráter moralmente perfeito.
O que Sproul diz acerca de 1 Timóteo 2.4? Nada, não fui capaz de encontrar nenhuma explicação da importante passagem bíblica nos escritos de Sproul, mas ele escreveu tanta coisa que é possível que eu não tenha encontrado seu comentário sobre a passagem em questão. Todavia, em Eleitos de DEUS, ele, de fato, lida com 2 Pedro 3.9, que diz praticamente a mesma coisa, mas talvez não de maneira tão vigorosa. À medida em que DEUS não quer que “ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento”, Sproul diz que “ninguém” significa “os eleitos”28. Contudo, tal explicação não funciona à luz de 1 Timóteo 2.4, que claramente se refere a todas as pessoas, sem exceções. (É por isso que Sproul ignora esse versículo bíblico, deixando-o sem comentário algum?).
Sproul também pega outra rota. Ele sugere que a Bíblia fala “mais de uma maneira” acerca da vontade de DEUS” 29. Primeiro, ele diz, há a vontade soberana eficaz” de DEUS. Esta vontade é a que os calvinistas chamam de “vontade decretiva” de DEUS. Então há a “vontade precep-tiva” de DEUS (suas ordenanças). Por fim, há a disposição de DEUS — o que lhe agrada”30. Assim, de acordo com esta interpretação de 2 Pedro 3.9 (e por extensão 1 Tm. 2.4), ela está dizendo que DEUS deseja que todos sejam salvos ainda que ele não tenha por intenção salvar a todos.
Sproul diz que DEUS se entristece em punir os ímpios 60. Ele faz uso de uma analogia de um juiz que deve sentenciar seu amado filho a prisão. Ele precisa sentenciar, mas aquilo o machuca. A analogia, claro, se quebra inteiramente. O juiz na ilustração não preordenou e nem tornou certo o crime de seu filho. Caso ele assim tivesse feito, ele estaria errado em sentenciá-lo à prisão! E mais, o juiz na analogia é obrigado a sentenciar seu filho à prisão; de acordo com Sproul, DEUS não é obrigado a salvar ninguém e poderia salvar a todos. Por fim, e se o juiz de Sproul que sentenciou seu próprio filho à prisão tivesse libertado outro homem que cometeu o mesmo crime? Todos não questionariam o amor do juiz por seu filho?
Vamos mudar a analogia um pouquinho. Suponha que um juiz tenha sentado em seu assento e chorado enquanto sentenciava seu próprio filho à prisão por roubo a mão armada. Então fosse descoberto que o juiz fazia uso de condicionamento comportamental para fazer seu filho acreditar que roubo a mão armada é bom e correto e que levou seu filho, de carro, até o banco para que seu filho o roubasse. E que fosse descoberto também que o juiz havia concedido clemência a outro jovem que também havia roubado o banco da mesma maneira que seu filho o fez. Quem pensaria que o juiz era bom? E esta analogia da dupla predestinação é melhor do que a que foi utilizada pelo Sproul!
E concernente ao problema da aparente arbitrariedade de DEUS a eleição e reprovação? Sproul diz: “DEUS não faz nada sem uma razão. Ele não é caprichoso nem frívolo 31. Mas qual razão ele pode ter para escolher o João para a salvação e o Roberto para a condenação? Ele deixa claro por demais que a eleição e a reprovação são absolutamente incondicionais. Então, sua palavra final sobre o assunto é que DEUS escolhe “segundo o beneplácito de sua vontade... DEUS nos predestina de acordo com o que lhe agrada... O que agrada DEUS é bondade... Embora a razão para nos escolher não esteja em nós, mas no divino prazer soberano, devemos ficar certos de que o divino prazer soberano é um beneplácito”32 Mais uma vez, eu só posso responder de maneira chocada ou perplexa com um “hã”?
De volta à analogia que oferecí acima em resposta a reivindicação de Boettner de que a escolha de DEUS não é arbitrária, mas que também não tem por base nada acerca das pessoas a quem ele escolhe. O apelo de Sproul para a “boa vontade” de DEUS não diz nada acerca de como ele escolhe (ex. uma resposta livre ao evangelho capacitada por sua graça) e também elimina a escolha arbitrária, o que sobra? Nada concebível. Dizer “a boa vontade de DEUS” é, então, dizer (conforme Edwards ao menos uma vez disse) “escolha arbitrária”.
John Piper aborda com grande vigor e imaginação o problema do amor de DEUS em relação à sua escolha de alguns para que sofram nas chamas do inferno pela eternidade para a sua glória. Primeiro, como ele lida com as passagens bíblicas neotestamentárias que apresentam a palavra “todos” e com Ezequiel 18.23 - que ele chama de “textos basilares do arminianismo”? 33. Ele apela para as duas vontades de DEUS: “DEUS decreta uma situação enquanto também deseja e ensina que uma situação diferente aconteça” 34. Em outras palavras, DEUS deseja que alguns pereçam e, ao mesmo tempo, deseja que ninguém pereça. “Como um convicto crente na eleição individual incondicional, eu me regozijo em afirmar que DEUS não se deleita na morte do impenitente e que ele tem compaixão de todas as pessoas. Meu objetivo aqui é mostrar que isso não é uma fala sem sentido”35.
Então, como ele mostra que a fala não é sem sentido? Piper escreve acerca dos “sentimentos e motivos complexos de DEUS” 36. Por um lado, DEUS ama sua glória acima de todas as demais coisas: “DEUS elege, predestina e garante por um propósito grande e final - que a glória de sua graça possa ser louvada para sempre e com afeição zelosa”37. Mas, apesar do fato de que DEUS recebe a glória da eleição e reprovação (ele concorda com os que argumentam que elas são inseparáveis como dois lados de uma moeda), ele também ama os não eleitos e possui genuína compaixão deles. Ele alega que DEUS tem um “amor universal por todas as criaturas” que não é o amor que ele tem pelos eleitos. Então essa é a sua explicação para João 3.16 e 1 João 4.8. “Existe um amor geral de DEUS que ele concede para todas as suas criaturas” 38. Mas apesar de amar todas as pessoas de alguma maneira, DEUS apenas ama algumas pessoas da melhor maneira. Seu amor pelos não eleitos aparece nas bênçãos temporais que ele lhes concede. (Não consigo resistir e aqui digo que a visão do Piper equivale a dizer que DEUS fornece aos não eleitos um pouquinho do céu para que depois sejam lançados no inferno!)
E concernente ao amor e a compaixão de DEUS pelos eleitos? Piper assegura que DEUS tem uma “compaixão verdadeira, que ainda está reprimida, no caso dos não eleitos, por razões consistentes e santas, de assumir a forma de uma volição para regenerar” 39. Além do mais, “afirmo que DEUS ama o mundo com uma profunda compaixão que deseja a salvação do mundo; todavia, também afirmo que ele escolheu desde antes da fundação do mundo os que ele salvará do pecado. A eleição é a boa nova que a salvação não apenas é uma oferta sincera para todos, mas um efeito certo na vida dos eleitos” 40.
Para ilustrar e defender esta ideia das duas vontades em DEUS, Piper conta a história de George Washington e certo Major Andre, que havia cometido alguns atos de traição durante a Guerra Revolucionária41. Conforme a história se desenvolve, Washington sentenciou o Major Andre à morte ainda que ele tivesse o poder de perdoá-lo. O futuro presidente e comandante supremo do Exército Continental teve grande compaixão do Major Andre enquanto assinava seu mandado de morte, que foi julgado necessária para sustentar a responsabilidade de seu cargo e as regras.
Piper compara esta situação às emoções e sentimentos complexos de DEUS ao passo que ele condena os réprobos.
Mas esta analogia funciona melhor do que a analogia do Sproul em que o juiz sentencia seu filho? A resposta é não, ela não funciona. Primeiro, se o Piper estiver certo, se Washington fosse verdadeiramente comparável a DEUS, ele teria projetado e governado o crime do Major Andre e garantido que ele cometesse o crime. Quem consideraria Washington bom por sentenciar o Major Andre à morte, se este fosse o caso - independente de quão “necessário” isso fosse para sustentar a responsabilidade de seu cargo e as regras?
Segundo, se o Major Andre fosse verdadeiramente comparável aos réprobos na teologia de Piper, ele não teria sido capaz de fazer o contrário do que cometer o crime. Piper nega o livre-arbítrio libertário. Quem consideraria o Major Andre merecedor de morte caso ele fosse controlado por outra pessoa? (Lembre-se que, ainda que Piper acredite que as pessoas sempre ajam de acordo com seus motivos mais fortes - a visão de Edwards de “livre-arbítrio” - seu DEUS também é a realidade totalmente determinante e, desta forma,deve ser a causa final dos motivos controladores das criaturas)
Terceiro, a analogia sugere uma limitação de DEUS - algo que certamente Piper não quer admitir considerando seu poderoso engrandecimento da supremacia de DEUS em todas as coisas. Washington foi obrigado a sentenciar o Major Andre a morte: ele sentiu que a responsabilidade de sua posição lhe obrigava a fazer isso ao passo que ele devia satisfações ao Congresso Continental, seus companheiros oficiais e soldados e os cidadãos das colônias. A quem DEUS deve satisfações? Se ele sente tamanha compaixão pelos réprobos, por que ele não simplesmente os perdoa? Ele poderia, a menos que ele seja limitado e controlado por algo sobre o qual ele não tenha nenhum poder. Afinal de contas, a eleição de DEUS para a salvação, no calvinismo, é absolutamente incondicional. Voltamos ao problema de Edwards da dependência implícita de DEUS do mundo!
Por fim, a analogia se desmonta, pois para ser uma analogia válida, Washington já teria de ter perdoado, pelo menos, outra pessoa que tenha cometido exatamente o mesmo crime que o Major Andre. Afinal de contas, de acordo com Piper, é isso o que DEUS faz - perdoa (elege para a salvação incondicionalmente) muitas pessoas que não são em nada melhores que as pessoas que ele reprova. Quem consideraria Washington “compassivo” neste caso? Ele não seria considerado arbitrário e caprichoso e suspeito de só querer mostrar sua severidade? "2
E concernente ao problema da chamada e convite do evangelho se DEUS já tem escolhido alguns para a condenação? Muitos dos autores calvinistas aqui pesquisados não lidam diretamente com o problema. Como a chamada do evangelho poder ser oferecida de maneira sincera a todos (o que a maioria dos calvinistas afirma) se alguns já foram escolhidos por DEUS para a condenação e não têm nenhuma chance de serem aceitos por DEUS? Piper responde a questão, de forma breve, em “Are There Two Wills in God? (Existe Duas Vontades em DEUS?)” Ele diz: “A eleição incondicional [e por extensão, claro, a reprovação]... não anula as ofertas sinceras da salvação para todos que estão perdidos entre todos os povos do mundo”42 43 Claro, tal é apenas uma declaração; ela carece de uma explicação.
Este é um problema enorme para qualquer um que acredite que seja apropriado para o pregador do evangelho fazer uma oferta de salvação a todos que estiverem ao alcance de sua voz. Todavia, a maioria dos calvinistas evangélicos, de fato, acredita que seja legítimo, ainda que o pregador saiba que há muitas pessoas entre os presentes que não podem responder ao convite e para os quais o convite é impossível de ser aceito em razão de DEUS ter fechado a porta da possibilidade de sua chegada à fé e pelo fato de JESUS não ter morrido por eles! (Este é o assunto do capítulo seguinte).
1    Steele and Thomas, The Five Points of Calvinism, 31.
2 Às vezes Calvino soa como um nominalista — alguém que nega que DEUS tenha uma natureza que oriente ou controle o que ele faz. Isto se dá toda vez que ele diz que DEUS pode fazer o que Ele quiser, de maneira que suas ações não precisam ser consistentes com virtudes tais como bondade, amor ou justiça. Em outras vezes, todavia, Calvino parece ser um realista - alguém que acredita que DEUS tenha uma natureza - e, neste caso, suas objeções de que DEUS não pode ser acusado de ser injusto (ou odioso), pois tudo o que Ele faz é automaticamente justo (ou amável) perdem o totalmente peso.
3    CALVINO, João. As Institutas: edição clássica, vol. 3, p. 444. 4    Ibid., p. 438.
5 33 CALVINO, João. As Institutas: edição clássica, vol. 3, p. 440. 6    CALVINO, João. As Institutas: edição clássica, vol. 3, p. 438. 7    Ibid. 8    CALVINO, João. As Institutas: edição clássica, vol. 3, p. 440. 9    CALVINO, João. As Institutas: edição clássica, vol. 3, p. 438. 10    CALVINO, João. As Institutas: edição clássica, vol. 3, p. 408. 11 Jonathan Edwards, “The Justice of God in the Damnation of Sinners/' 2.3, in Jonathan Edwards: Representative Selections, with Introduction, Bibliography, and Notes, rev. ed., Clarence H. Faust and Thomas H. Johnson, eds. (New York: Hill and Wang, 1962), 119. 12    Boettner, The Reformed Doctrine of Predestination, 79, 117. 13    Ibid., 125 14    Ibid., 306. 15    Ibid., 97. 16    Ibid. 17    Ibid., 83. 18    Jonath Zn Edwards, "Sinners in the Hands of an Angry God,” in    Edwards: Representative Selections, 156. 19    Boettner, The Reformed Doctrine of Predestination, 293. 20    Ibid. 21    SPROUL, R.C. Eleitos de DEUS, Editora Cultura Cristã, 2002, p. 20-21.
22    Ibid. 23    Ibid., 23. 24    Na verdade, em O que é teologia reformada? 158, Sproul diz que DEUS odeia o réprobo. 25    SPROUL, R.C. Eleitos de DEUS, Editora Cultura Cristã, 2002, p. 26. 26    Ibid. 27    Ibid., 26-27. 28    Ibid., 146. 29    Ibid.. 144-145 30 59 Ibid., 145.  31    Ibíd., 115. 32    Ibid., 116. 33    John Piper, “Are There Two Wills in God?” 108. 34    Ibid., 109. 35 65 Ibid., 108. 36    Piper, The Pleasures of God, 146.
37    Ibid., 137.38    Ibid., 148. 39    Ibid., 145. 40    Ibid., 146. 41    Piper, “Are There Two Wills in God?” 128. 42    Alguns calvinistas, e suspeito que Piper seja um deles, sem dúvida responderíam às minhas reivindicações de que sua doutrina torna DEUS em um ser arbitrário ao dizer que DEUS tem “motivos consistentes e santos” para suas decisões, motivos estes que não podemos compreender. Todavia, isto é apenas uma frase, ela não nos informa de nada. Uma vez que Piper e outros calvinistas desqualificam tudo que DEUS possa ver em nós ou acerca de nós como base para a sua escolha, a única alternativa que nos resta é a escolha arbitrária. Eu desafio os calvinistas a dizer quais “motivos consistentes e santos” de DEUS para escolher uma pessoa em detrimento de outra uma vez que tudo acerca da pessoa escolhida é eliminado como uma causa da escolha de DEUS.
43    John Piper, “Are There Two Wills in God?” 107.
 
Contra o Calvinismo- Dr. Roger Olson.
EDITORA: Reflexão DESCRIÇÃO DO LIVRO: A salvação depende das boas obras? Deus preordenou tudo para sua Glória?
 
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JOHN KNOX O FUNDADOR DO PURITANISMO
 
Muita gente pensa em John Knox unicamente em termos da Escócia e, portanto, essa gente acha que só aos escoceses cabe celebrá-lo e comemorar a sua obra. A resposta para isso pode ser dada desta maneira: todos os que visitaram Genebra e viram a Placa ou Memorial em homenagem aos grandes reformadores, terão notado que John Knox está incluído entre eles. Ele está naquela augusta com­panhia, com Calvino e Farei; e isso deveria ser suficiente para fazer-nos compreender, não so­mente que John Knox fez grandes e maravilhosas coisas na Escócia, e sim também o caráter interna­cional da sua obra.
Proponho-me a considerar com vocês este ho­mem em termos de uma declaração feita por Thomas Carlyle - um cidadão escocês, é certo, mas, não obstante, um historiador de fama, e que não diz as coisas levianamente. Em seu livro, Os Heróis e o Culto aos Heróis ("Heroes and Hero Worshippers") diz ele: "Ele foi o sumo sacerdote e o fundador da fé que veio a ser a fé característica da Escócia, da Nova Inglaterra e de Oliver Cromwell - isto é, do puritanismo". Carlyle de fato não inclui a Inglaterra - devia tê-lo feito - porém inclui a Nova Inglaterra e Oliver Cromwell. Ele reivindica em favor de John Knox que ele foi o pai e fundador de um movimento que levou a eventos extraordinários, não somente nas Ilhas Britânicas, mas bem mais distante, a eventos que influenciaram todo o curso da história. Essa declaração da Carlyle é justificável? Podemos consubstanciar a sua alegação? Proponho-me a demonstrar que em nenhum sentido se pode acusar Carlyle de exagero.
 
A influência de Knox continuou ainda no século seguinte. John Milton, ao escrever um tratado jus­tificando a condenação à morte de Carlos I, criticou duramente John Knox. É por isso que eu dou tanta ênfase à sua perspicácia e à sua compreensão das Escrituras nesta questão de, não somente opor-se aos governantes às vezes, porém até mesmo, se necessário, de condená-los à morte. O fato de que John Milton reconheceu isso, certamente é uma poderosa prova de que Knox é o fundador do puritanismo. Em 1683, quando Carlos II estava começando a mostrar abertamente que era um católico romano, à ordem das autoridades as obras de John Knox foram queimadas em público em Oxford, e foi promulgada uma proibição de que as suas obras fossem lidas. Observem: em 1683, e Knox morreu em 1572! A sua influência continu­ava e era temida. Ele é de fato o fundador do puritanismo inglês, bem como do puritanismo da Escócia.
Consideremos o caso dos Pais Peregrinos. Knox está por trás de toda a atitude deles para com o Estado e para com os governantes; e assim ele é, como Thomas Carlyle afirma, o fundador do puri­tanismo americano, exatamente da mesma maneira. Na verdade, eu argumentaria que, de muitas manei­ras, ele é o pai da Guerra da Independência Americana, que chegou a uma triunfal conclusão, do ponto de vista dos colonizadores, em 1776. Foi ele que abriu a porta para tudo isso.
Que faremos com esse homem? Ele foi um homem para a sua era; um homem para os seus tempos. Para épocas especiais são necessários ho­mens especiais; e DEUS sempre produz tais homens. Um homem brando teria sido inútil na Escócia do século 16, e em muitas partes deste país. Era necessário um homem forte, um homem austero, um homem corajoso; e esse homem era John Knox. Martinho Lutero era do mesmo molde. DEUS usa diferentes tipos de homens, e lhes dá personalida­des diferentes. Homens diferentes são necessários em tempos diferentes. Naqueles tempos era neces­sário um caráter heróico e rude; e DEUS produziu o homem.
Para que ninguém continue pensando que ele era um homem duro, encerro fazendo referência à sua extraordinária humildade. "Humildade em John Knox?", dirá alguém. Ele era um homem suma­mente humilde. O fato de que um homem luta ousadamente pela verdade e não se rende, não significa que ele não é humilde. Ele não está lutan­do em seu próprio favor; está lutando pela verdade. Posso provar que John Knox era um homem muito mais humilde do que muitos que pertencem ao ministério hoje. Depois da sua conversão, ele esta­va em St. Andrews, e foi convidado para pregar; todavia ele se recusou a fazê-lo. Ele não quis pregar, alegando, e estas são as suas palavras, "que ele não queria agir onde DEUS não o chamara", querendo dizer que não queria fazer nada sem um senso de legítima vocação. Knox não queria pregar sem estar absolutamente certo da sua vocação. Um capelão chamado John Rough dirigiu-se a Knox certo dia, e lhe pediu que pregasse e não recusasse o fardo. Pediu aos presentes que mostrassem que eles lhe tinham solicitado que convidasse Knox, e os presentes disseram que fora assim. Ali estava toda uma igreja local convocando Knox para pre­gar. Qual foi a sua resposta? "Diante disso Knox caiu em lágrimas e se retirou para o seu quarto." Ficou num estado de profunda depressão e ansieda­de, até que chegou o dia do seu primeiro sermão. "Todos podiam ver como ele estava abalado, pois ele nunca sorria, evitava companhia quanto podia, e passou o tempo todo ensimesmado."
Que contraste com aqueles que estão sempre prontos a subir correndo ao púlpito para pregar! Isso é verdadeira humildade, e também o espírito puritano. É "o temor do Senhor", o receio de ficar entre DEUS e o homem, e de proclamar "as insondáveis riquezas de Cristo". Nunca o puritano acredita que todo aquele que foi convertido é, por isso, chamado para pregar, nem que ele pode fazê-lo sempre que quiser, atendendo ao seu próprio cha­mado. Ele quer ter certeza de que é chamado, porque tem profunda consciência do caráter sagra­do da tarefa. À semelhança de Paulo, o apóstolo, ele o faz "em fraqueza, e em temor, e em grande tremor" (I Coríntios 2:3).
Knox geralmente é tido como arrogante, e como alguém que era rude na presença de Maria, rainha dos escoceses. Mas isso tudo se baseia na falácia daquilo que faz do homem um elegante afetado. Baseia-se também num errôneo entendimento da verdadeira feminilidade, e do que uma verdadeira mulher aprecia. A idéia geral de um homem mulhe­rengo é próprio de uma sociedade amiga da afetação. Contudo esse não é o homem que as mulheres apreciam, pois uma mulher digna desse nome não dá a mínima para uma delicadeza afetada. A verda­deira mulher gosta do homem forte; e quando lemos a vida de Knox, vemos que muitos dos seus correspondentes eram mulheres. Esse reformador austero, esse homem que combatia lordes e prínci­pes, e que costumava opor-se às autoridades, passava muito tempo examinando os pormenores daquilo que uma vez Charles Lamb descreveu como os "sarampos e papeiras da alma". Aquelas mulheres tinham os seus problemas e dificuldades pessoais, os seus "casos de consciência"; e ele sempre tinha tempo para escrever-lhes. E muitas vezes escrevia extensamente, com muita amabilidade. Quando ele estava em Genebra, duas mulheres fizeram uma perigosa viagem por terra e mar com o fim de aproximar-se dele e de participar do seu ministério. A sua correspondência com a sua sogra, a Sra. Bowes, e também com a Sra. Ann Locke, durante muitos anos, é prova positiva de que esse homem tinha um espírito afetuoso, quando era necessário conhecê-lo de perto e quando ele sabia que estava lidando com uma alma veraz, sincera e genuína. Esse é outro sinal da sua humildade. Eis outro sinal: quando voltou para a Escócia, ele nomeou superin­tendentes na Igreja - não bispos. Fez isso porque era essencial na época. Foi só um expediente temporá­rio, eliminado mais tarde; mas o interessante é que ele próprio nunca foi superintendente. Ele foi tão-somente um pregador, até o fim. Nunca se designou a si próprio como superintendente, e muito menos como arqui-superintendente. Todas essas coisas são sinais, não somente da sua humildade, como também do seu essencial espírito puritano.
Assim, digamos adeus a este nobre, rude, e contudo terno e até amável espírito, ao deixar ele este mundo e receber a sua recompensa eterna. Eis um relato feito pela filha dele: "Perto do meio-dia, ele pediu à esposa que lesse em voz alta o capítulo 15 da Primeira Epístola aos Coríntios, e disse que encomendava a sua alma, o seu espírito e o seu corpo a DEUS, assinalando com três dedos a alma, o espírito e o corpo. Por volta das 5 da tarde ele disse: "Leia a parte onde eu lanço a minha primeira âncora", e sua esposa leu para ele o capítulo 17 do Evangelho Segundo João. Quando foram lidas as orações vespertinas, perto das 10 da noite, o seu médico perguntou-lhe se ele tinha ouvido as ora­ções. Knox respondeu: "Quisera DEUS que vocês e todos os homens as ouvissem como eu as ouvi; e a DEUS louvo por este som celestial". "Agora che­gou", acrescentou logo depois. Essas foram as suas últimas palavras, e não pode haver nenhuma dúvi­da de que, quando ele ia atravessando, as trombetas celestiais ressoaram no outro lado, quando este grande guerreiro de DEUS entrou, e recebeu a sua eterna "coroa de glória".
 
 
John Knox O Fundador do Puritanismo
 
Este opúsculo reproduz a palestra profe­rida pelo Dr. Lloyd-Jones na Conferência Westminster em 1972. A mesma constitui o décimo terceiro capítulo do livro Os Purita­nos: suas origens e seus sucessores.
Nestes dias de tanta confusão teológica o Dr. Lloyd-Jones nos lembra dos princípios que nortearam a vida e ensinos dos purita­nos, os quais o influenciaram tanto. Diz ele: "O meu real interesse (nele) surgiu em 1925... Desde aquele tempo um verdadeiro e vivo interesse pelos puritanos e suas obras me prendeu, e sou franco em confessar que todo o meu ministério tem sido governado por isso... Não há nada que tanto estimule o verdadeiro ministério da Palavra, pois aque­les homens foram grandes modelos nesse aspecto".
 
 
PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS
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REVISTA NA ÍNTEGRA
 
Escrita Lição 4, Betel O Puritanismo, Um Movimento de Pureza Espiritual e Vida Dedicada a DEUS, 1Tr25, Comentários Extras Pr Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
 
EBD, Revista Editora Betel1° Trimestre De 2025, Tema, MOVIMENTO PENTECOSTAL,  A Chama do ESPÍRITO que Continua a incendiar o mundo, Escola Bíblica Dominical
 
ESBOÇO DA LIÇÃO 4, BETEL, 1TR25
1- O MOVIMENTO PURITANO
1.1. O início do movimento 
1.2. O descontentamento com a igreja 
1.3. O cuidado com o indivíduo 
2- UM MOVIMENTO VISIONÁRIO
2.1. A evangelização 
2.2. A pregação expositiva 
2.3. A paixão por CRISTO
3- ALGUNS ASPECTOS DO PURITANISMO E DO PENTECOSTALISMO
3.1. A doutrina puritana do ESPÍRITO SANTO 
3.2. A missão do povo de DEUS 
3.3. A Bíblia: regra infalível de fé e prática 
 
TEXTO ÁUREO
“Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu povo se alegre em ti?” Salmo 85.6
 
VERDADE APLICADA
Na vida cristã, sempre haverá necessidade de renovação, correção e retorno a princípios bíblicos esquecidos ou pouco enfatizados.
 
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Compreender o surgimento do movimento puritano.
Ressaltar a visão dos puritanos
Identificar as raízes do puritanismo
 
TEXTOS DE REFERÊNCIA - Hebreus 12.1-2, 12-13
1 Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta,
2 Olhando para JESUS, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de DEUS.
12 Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados,
13 E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.
 
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | SI 73.1 DEUS é bom para os limpos de coração.
TERÇA | Mt 5.8 Bem-aventurados os limpos de coração.
QUARTA | Tg 1.27 A religião pura e imaculada para com DEUS.
QUINTA | 2Pe 3.14 Imaculados e irrepreensíveis.
SEXTA | 1Jo 1.7 O sangue de JESUS nos purifica de todo pecado.
SÁBADO | 1Jo 1.9 JESUS nos purifica de toda injustiça.
HINOS SUGERIDOS: 90, 91, 93
 
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que a Igreja de CRISTO permaneça firmada nas Sagradas Escrituras.
 
PONTO DE PARTIDA – JESUS nos purifica de todo pecado.
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos o movimento puritano e suas heranças teológicas, extraindo lições relevantes para o necessário e contínuo aperfeiçoamento do povo de DEUS.
 
1- O MOVIMENTO PURITANO
O puritanismo foi um movimento religioso muito importante na Inglaterra. Posteriormente, tornou-se a principal tradição religiosa nos Estados Unidos. Seus ensinamentos sedimentam a necessidade da pureza e retidão do indivíduo, da igreja e da sociedade.
 
1.1. O início do movimento 
O puritanismo nasceu na Inglaterra, em meados do século 16, durante o reinado da Rainha Elizabeth I. Os puritanos achavam que a Igreja tinha adotado práticas não bíblicas, daí a necessidade de lutar pela purificação da Igreja (Tg 4.8). Para isso, era necessário renunciar a elementos arquitetônicos e litúrgicos e a formalidades contraditórias com a singeleza e pureza da Bíblia (Pv 30.5). Era preciso reparar os alicerces éticos, espirituais, litúrgicos e cerimoniais da Igreja Anglicana, para aproximá-la dos ensinos da Reforma Protestante e, assim, livrá-la das impurezas, da mistura de cultos e de outras doutrinas religiosas, num claro retorno à Palavra de DEUS.
 
Erroll Hulse (2004, P. 35): “Foi durante o período elisabetano (1558- 1603) que os puritanos cresceram intensamente como fraternidade distinta de pastores que enfatizavam as grandes verdades centrais do cristianismo: fidelidade às Escrituras, pregação expositiva, cuidado pastoral, santidade pessoal e piedade prática associada a cada área da vida. A palavra puritano’ começou a ser utilizada para referir-se àquelas pessoas que eram escrupulosas em relação ao seu modo de vida. Os piedosos; ou aqueles que não eram somente crentes nominais, foram apelidados `puritanos”.
 
1.2. O descontentamento com a igreja 
O movimento puritano foi uma reação à Igreja institucionalizada da Inglaterra. Podemos dizer que se tratava de um movimento em busca da defesa da reforma da Igreja, para que houvesse uma renovação pura. Isso incluía rejeitar os vestígios de práticas católicas romanas ainda existentes na Igreja da Inglaterra. Somente assim a Igreja seria genuinamente reformada, tendo como única regra de fé a doutrina das Sagradas Escrituras (Tg 1.22).
 
Leland Ryken (2017, P. 36): “O puritanismo começou como um movimento especificamente eclesiástico. Na sua perspectiva, a Igreja da Inglaterra permanecia reformada apenas pela metade: Eles desejavam purificar’ a igreja dos vestígios restantes de cerimônia, ritual e hierarquia católicos. Essa luta, de início com a igreja do Estado, rapidamente se ampliou para incluir outras áreas da vida pessoal e nacional. O puritanismo foi, então, em parte, um fenômeno distintamente inglês, consistindo no descontentamento com a Igreja da Inglaterra’.
 
1.3. O cuidado com o indivíduo 
Os puritanos, além de se preocupar com a reforma da Igreja, também se preocupavam com a integração do indivíduo na família e na sociedade. Em busca de uma reforma consistente, a teologia puritana era composta por quatro visões fundamentais: (1) a salvação pessoal pela graça de DEUS (Ef 2.8,9); (2) a doutrina da suficiência das Escrituras deve repousar no centro do que significa ser protestante (2Tm 3.15-17); (3) a Igreja aponta para o que está posto nas Escrituras, amortizando o conceito da tradição (Jo 17.17); (4) a sociedade é um todo agregado para que o Senhor seja glorificado em todas as áreas da vida humana (1Co 10.31).
 
Leland Ryken (2017, p. 41): “O puritanismo também se caracterizava por uma forte consciência moral. Para os puritanos, a questão do certo ou errado era mais importante do que qualquer outra. Eles viam a vida como um contínuo conflito entre o bem e o mal. O mundo foi reivindicado por DEUS e requerido por Satanás. Não havia campo neutro. Os crentes poderiam, com a ajuda de DEUS, alcançar a vitória por meios como vigilância, vida correta e mortificação. (…) No coração do puritanismo estava a convicção de que as coisas precisavam mudar e que as `atividades normais’ não eram opção. (…) de todos os termos-chaves usados pelos puritanos, os principais eram reforma, reformação e o adjetivo reformado’.
 
EU ENSINEI QUE:
Os ensinamentos do puritanismo sedimentaram a necessidade de pureza e retidão do indivíduo, da igreja e da sociedade.
 
2- UM MOVIMENTO VISIONÁRIO
Os puritanos desejavam transformar o indivíduo numa ferramenta que servisse à vontade divina; sendo, posteriormente, empregada para transformar toda a sociedade.
 
2.1. A evangelização 
Os puritanos eram apaixonados pelo conhecimento de DEUS. Eles achavam necessário romper com os princípios dogmáticos da igreja inglesa para levar a outros povos o conhecimento de DEUS (Cl 2.2,3). Para isso, foi um movimento de pessoas aplicadas à educação, que não se furtavam a estudar todos os escritos a que tivessem acesso, porque entendiam que a pessoa que deseja ser salva deve conhecer a DEUS (Jr 29.13). Essa fervorosa dedicação às Escrituras e a firme convicção de que todas as áreas da sociedade devem focar a glória de DEUS impulsionaram as ações evangelísticas do movimento.
 
Glauco Pereira (2017): “O puritanismo não conhecia os conceitos de missão como desenvolvidos no protestantismo do século 20 e 21. Para os puritanos, a supremacia da soberania de DEUS e a obediência ao mandamento eram os elementos que impulsionaram a evangelização. E…] O Senhor tem o propósito de propagar o evangelho e faz isso por meio da igreja. Por essa razão, o puritanismo se concentra na pregação para um verdadeiro conhecimento de DEUS’.
 
2.2. A pregação expositiva 
Os puritanos priorizavam a aplicação da Palavra de DEUS (Sl 119.11). Eles tinham como meta principal concluir a Reforma, e a melhor maneira de fazer isso era por meio da pregação expositiva. Isso significa que todas as partes da Escritura Sagrada devem ser compreendidas e exibidas numa pregação que atinja, de forma direta, o coração dos indivíduos (Hb 4.12). Para os puritanos, a pregação deveria ser o principal papel do pastor, ocupando o lugar principal em seus cultos. Eles consideravam os sessenta e seis livros da Bíblia a biblioteca do ESPÍRITO SANTO, graciosamente deixada por DEUS para os crentes.
 
Packer, J. I. (1996, p. 25): “O alvo dos puritanos era completar aquilo que fora iniciado pela Reforma Inglesa: terminar de reformar a adoração anglicana, introduzir uma disciplina eclesiástica eficaz nas paróquias anglicanas, estabelecer a retidão nos campos político, doméstico e socioeconômico, e converter todos os cidadãos ingleses a uma vigorosa fé evangélica. Por meio da pregação e do ensino do evangelho, bem como da santificação de todas as artes, ciências e habilidades, a Inglaterra teria de tornar-se uma terra de santos, um modelo e protótipo de piedade coletiva, e, como tal, um meio para toda a humanidade ser abençoada”
 
2.3. A paixão por CRISTO
Os puritanos tinham uma ardente paixão por CRISTO. O inglês Thomas Goodwin, teólogo e pregador puritano (1600- 1680), disse sobre o Céu: “Se tivesse que ir ao céu e descobrisse que CRISTO não estava lá, eu sairia correndo imediatamente, pois o céu seria o inferno sem CRISTO”. Goodwin era cristocêntrico, um traço que moldou seu coração pastoral.
 
Joel Beeke e Nicholas Thompson (p. 35, 2021): “Por ser um teólogo sempre cuidadoso, Goodwin procurou deixar claro que CRISTO não continua sofrendo no céu. A sua humilhação foi concluída na cruz e no túmulo. Na Sua ascensão, Sua natureza humana é glorificada e livre de toda dor. (…) Ele é capaz e poderoso para carregar nossas misérias em Seu coração, mesmo glorificado e, assim, senti-las como se tivesse sofrido conosco”.
 
EU ENSINEI QUE:
Os puritanos desejavam transformar o indivíduo numa ferramenta que pudesse servir à vontade divina para, posteriormente, transformar a sociedade.
 
3- ALGUNS ASPECTOS DO PURITANISMO E DO PENTECOSTALISMO
Conhecer o movimento puritano nos leva a uma oportuna conexão entre alguns aspectos deste movimento e as raízes do movimento pentecostal do início do século 20. Certamente, isso contribui para o exame contínuo de aspectos que, como os pentecostais, precisamos conservar e/ou resgatar. Por não conhecer a História, muitos que se dizem pentecostais têm enfatizado, equivocadamente, a busca por novidades para vivenciar um renovo espiritual.
 
3.1. A doutrina puritana do ESPÍRITO SANTO 
O pentecostalismo é resultante de uma série de movimentos religiosos que surgiram ao longo da história da Igreja, entre eles o puritanismo. Embora os puritanos não sejam vistos como pregadores do avivamento, eles buscaram e experimentaram o avivamento. Para Joel Beeke e Nicholas Thompson (p. 218, 2021), embora escrevessem pouco sobre avivamento, os puritanos conheciam a graça reavivadora de DEUS em sua experiência pessoal e em seus ministérios, pois suas igrejas conheciam as “notáveis efusões” do ESPÍRITO SANTO.
 
Donald Dayton (2021, p. 70-71): “Outros intérpretes têm buscado as raízes do pentecostalismo no puritanismo, considerando que uma linha de influência pode ser traçada a partir do ensino puritano sobre o ESPÍRITO SANTO: Garth Wilson tem elaborado esta proposta no estudo-Doutrina Puritana do ESPÍRITO SANTO: Ele afirma que insinuações de doutrinas pentecostais podem ser encontradas, por exemplo, nos textos de Richard Sibbes, John Owen, Thomas Goodwin, Richard Baxter e outros autores puritanos, cujos ensinos indicam uma `obra do ESPÍRITO’ posterior à regeneração e à santificação’.
 
3.2. A missão do povo de DEUS 
O estudo da visão integral que os puritanos tinham da vida cristã e da missão do povo de DEUS aponta para a relevância da ação do ESPÍRITO SANTO na capacitação da Igreja para anunciar o Evangelho de JESUS CRISTO até os confins da terra (At 1.8). Isso é também importante para que o cristão seja consciente da sua responsabilidade no processo de renovação e transformação da sociedade, sendo luz e sal (Rm 13.1-7; 1Tm 6.17,18; Tg 2.15-17).
 
Ducan Alexander Reily (2003), ao escrever sobre a história das características da Igreja protestante nos Estados Unidos, menciona a grande influência dos puritanos na formação da sociedade americana; mesmo que, após a Revolução, as treze colônias tenham se recusado a estabelecer uma Igreja oficial. Isso porque os puritanos, ao atravessar o Atlântico para escapar da opressão religiosa dos soberanos ingleses, “antes de pôr os pés em terra seca na América, firmaram o Mayflower Compact. Explicitaram que haviam encetado sua viagem de colonização “para a glória de DEUS, o avanço da fé cristã e a honra do nosso rei e país… solene e mutuamente, na presença de DEUS, e cada um na presença dos demais, compactuamos e nos combinamos em um corpo político civil”.
 
3.3. A Bíblia: regra infalível de fé e prática 
A história dos puritanos nos ensina que devemos amar a Bíblia como nossa única regra de fé e conduta (Sl 119.105). Em tempos de tantos desvios doutrinários, é preciso reforçar sempre nosso amor pelas Escrituras, analisando o que fazemos e pensamos à luz da Palavra de DEUS (2Tm 3.16,17). Os puritanos foram inspirados pelo ministério de William Tyndale, cujo objetivo principal era completar o que a Reforma Protestante não havia conseguido. O exemplo e o amor de Tyndale pela Bíblia Sagrada nos guiam a amar e apregoar as verdades contidas nas Sagradas Escrituras.
 
Roger Olson (2001) considera Jonathan Edwards, identificado como “o príncipe dos puritanos’; um dos teólogos puritanos mais influentes: “Era um homem de grande devoção e piedade, que concordava com os pietistas alemães (quer os tenha lido ou não) ao acreditar que o cristianismo verdadeiro está mais no coração do que no intelecto. Sua pregação era avivadora e visava apelar ao coração dos ouvintes, a fim de levá-los ao despertar religioso” Um exemplo de que é possível ser um profundo estudioso das Sagradas Escrituras, porém tendo o intelecto usado como instrumento pelo ESPÍRITO SANTO para alcançar vidas e também para a glória de DEUS.
 
EU ENSINEI QUE:
A história dos puritanos nos ensina a amar a Bíblia como nossa única regra de fé e conduta.
 
CONCLUSÃO
O movimento puritano nos mostra que somente a dependência do ESPÍRITO SANTO nos faz voltar aos princípios bíblicos porventura esquecidos; reforça os aspectos cristãos que vivenciamos; nos dá discernimento espiritual para não sermos confundidos; e preserva em nós o fervor no serviço ao Senhor.