31 agosto 2025

Escrita Lição 11, CPAD, Uma Igreja Hebreia na Casa de um Estrangeiro, 3Tr25, Adultos, Pr Henrique, EBD NA TV

Escrita Lição 11, CPAD, Uma Igreja Hebreia Na Casa De Um Estrangeiro, 3Tr25, Com. Extras Pr Henrique, EBD NA TV
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Dia Nacional de Missões



Vídeo https://youtu.be/8fFEzO_d4hA?si=CpI5WSQC4P-M1bKS

Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2025/08/escrita-licao-11-cpad-uma-igreja.html

Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2025/08/slides-licao-11-cpad-uma-igreja-hebreia.html

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ESBOÇO DA LIÇÃO
I – A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS
1. A visão de Cornélio
2. A experiência espiritual de Pedro
3. A urgência da pregação do Evangelho
II – A SALVAÇÃO DOS GENTIOS  
1. Pregação aos gentios
2. A conversão dos gentios
III – O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS
1. O ESPÍRITO prometido
2. O ESPÍRITO recebido
3. Um pentecoste “visto” e “ouvido”
 
TEXTO ÁUREO
“Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o ESPÍRITO SANTO?” (At 10.47)
 
VERDADE PRÁTICA
O episódio da igreja hebreia na casa do gentio Cornélio demonstra que DEUS não faz acepção de pessoas.
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Rm 15.12 Os gentios no plano da salvação  
Terça - At 10.34 DEUS não faz acepção de pessoas
Quarta - Mc 16.15 A pregação do Evangelho a todo tipo de pessoa
Quinta - Jo 3.16 O amor de DEUS por todos
Sexta - Tt 2.11 A graça salvadora dispensada a todos
Sábado - At 10.44 O ESPÍRITO derramado sobre todos
 
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 10.1-8, 21-23, 44-48
1- E havia em Cesareia um varão por nome Cornélio, centurião da coorte chamada Italiana, 2- piedoso e temente a DEUS, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a DEUS. 3- Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de DEUS, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio! 4- Este, fixando os olhos nele e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de DEUS.
5- Agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro. 6- Este está com um certo Simão, curtidor, que tem a sua casa junto do mar. Ele te dirá o que deves fazer. 7- E, retirando-se o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus criados e a um piedoso soldado dos que estavam ao seu serviço. 8- E, havendo-lhes contado tudo, os enviou a Jope.
21- E, descendo Pedro para junto dos varões que lhe foram enviados por Cornélio, disse: Sou eu a quem procurais; qual é a causa por que estais aqui?  22 -E eles disseram: Cornélio, o centurião, varão justo e temente a DEUS e que tem bom testemunho de toda a nação dos judeus, foi avisado por um santo anjo para que te chamasse a sua casa e ouvisse as tuas palavras. 23- Então, chamando-os para dentro, os recebeu em casa. No dia seguinte, foi Pedro com eles, e foram com ele alguns irmãos de Jope.
44- E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o ESPÍRITO SANTO sobre todos os que ouviam a palavra. 45- E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO SANTO se derramasse também sobre os gentios. 46- Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a DEUS. 47- Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o ESPÍRITO SANTO? 48- E mandou que fossem batizados em nome do Senhor. Então, rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias.
 
http://www.cpad.com.br/harpa-crista-grande-90-anos-luxocor-preta-/p
 
Hinos Sugeridos: 392, 361, 614 da Harpa Cristã
 
ESBOÇO DA LIÇÃO – REVISTAS ANTIGAS E LIVROS
 
Atos 10.1-48
COMENTÁRIOS BEP – CPAD (com alguma alterações do Pr Henrique)
10.4 ORAÇÕES... PARA MEMÓRIA DIANTE DE DEUS. DEUS considera nossas orações um sacrifício que sobe até Ele, lembrando-lhe da nossa perseverança, ao invocá-lo com fé e devoção (ver Sl 141.2; Hb 13.15,16).
 
10.9 SUBIU PEDRO AO TERRAÇO PARA ORAR. O ESPÍRITO SANTO, o autor das Escrituras, revela através delas que os cristãos do NT eram dedicados a muita oração. Estavam convictos de que o reino de DEUS não poderia manifestar-se em todo o seu poder mediante uns poucos minutos de oração por dia (At 1.14; 2.42; 3.1; 6.4; Ef 6.18; Cl 4.2). (1) O judeu piedoso orava duas ou três vezes por dia (cf. Sl 55.17; Dn 6.10). Era prática dos seguidores de CRISTO, especialmente dos apóstolos (At 6.4), orar com a mesma devoção. Pedro e João subiram ao templo para a hora da oração (3.1), e Lucas e Paulo fizeram o mesmo (At 16.16). Pedro orava regularmente ao meio-dia, ou seja, à hora sexta (10.9) e à hora nona (At 3.1); DEUS recompensou Cornélio pela sua fidelidade na observância das suas horas de oração (10.30ss.). (2) As Escrituras exortam os crentes a continuarem perseverantes na oração (Rm 12.12), a orarem sempre (Lc 18.1), a orarem sem cessar (1 Ts 5.17), a orarem em todos os lugares (1 Tm 2.8), a orarem em todo o tempo com toda a oração (Ef 6.18), a perseverarem na oração (Cl 4.2), e a orarem com eficácia (Tg 5.16). Estas exortações indicam que não poderá haver nenhum poder celestial em nossa batalha contra o pecado, Satanás e o mundo, nem vitória em nossa tentativa de ganhar os perdidos, sem muita oração diariamente. (3) Não seria do agrado de DEUS, tendo em vista a exortação do Senhor, que seus discípulos vigiem e orem pelo menos uma hora (Mt 26.38-41); e à luz da urgência dos tempos do fim, nos quais vivemos, se todo crente dedicasse pelo menos uma hora por dia à oração e ao estudo da Palavra de DEUS, visando ao crescimento do seu reino na terra e tudo quanto isso significa para nós (Mt 6.10,33)? (4) Uma hora de oração pode incluir o seguinte: (a) louvor, (b) cantar ao Senhor em adoração, (c) ações de graças, (d) esperar em DEUS, (e) ler a Palavra, (f) ficar atento ao ESPÍRITO SANTO, (g) orar com as próprias palavras das Escrituras, (h) confissão das faltas, (i) intercessão pelos outros, (j) petição pelas nossas próprias necessidades, e (l) oração em línguas (1Co 14.4; Ef 6.18; Jd 1.20).)
 
10.19 DISSE-LHE O ESPÍRITO. O ESPÍRITO SANTO deseja a salvação de todas as pessoas (Mt 28.19; 2 Pe 3.9). Pelo fato de os apóstolos terem recebido o ESPÍRITO, eles, também, desejavam a salvação de todas as pessoas. Intelectualmente, no entanto, não compreendiam que a salvação já não se restringia a Israel, mas que agora abrangia todas as nações (vv. 34,35). Foi o ESPÍRITO SANTO que alargou a visão da igreja. Em Atos, Ele é a força da obra missionária e o que dirige a igreja para novas áreas de testemunho (At 8.29,39; 10.19; 11.11,12; 13.2,4; 16.6; 19.21). O derramamento do ESPÍRITO e a compulsão à missão sempre andam de mãos dadas (cf. At 1.8). Mesmo hoje, muitos crentes anelam a salvação do seu povo, sem, porém, compreenderem plenamente o propósito do ESPÍRITO SANTO para as missões mundiais (ver Mt 28.19; Lc 24.47).
 
10.34 DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS. DEUS não tem nenhuma nação ou raça predileta, nem favorece qualquer indivíduo por causa da sua nacionalidade, linhagem ou posição na vida (cf. Tg 2.1). DEUS favorece e aceita aqueles, dentre todas as nações, que abandonam o pecado, crêem em CRISTO, temem a DEUS e vivem retamente (v. 35; cf. Rm 2.6-11). Todos aqueles que perseveram neste modo de vida, permanecerão no amor e no favor de DEUS (Jo 15.10).
 
10.38 CURANDO A TODOS OS OPRIMIDOS DO DIABO. O ESPÍRITO SANTO NOS CONCEDE PODER SOBRE SATANÁS E OS DEMÔNIOS, NOS CONCEDE DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS (1Co 12.10) PARA EXPULSARMOS DEMÔNIOS (Lc 10.19) E NOS CAPACITA COM DONS DE CURAR (1Co 12.9) TAMBÉM.
 
10.44 CAIU O ESPÍRITO SANTO SOBRE TODOS. A família gentia de Cornélio ouve e recebe a Palavra com fé salvadora (vv. 34-48; 11.14). (1) DEUS imediatamente derrama sobre ela o ESPÍRITO SANTO (v. 44) como seu testemunho de que creram e receberam a vida regeneradora de CRISTO (cf. 11.17; 15.8,9). (2) A vinda do ESPÍRITO SANTO sobre a família de Cornélio teve o mesmo propósito que o dom do ESPÍRITO SANTO (batismo com) para os discípulos no dia de Pentecoste (cf. 1.8; 2.4). Esse derramamento do ESPÍRITO não é a obra de DEUS na regeneração do pecador, mas sua vinda sobre eles para revesti-los de poder para pregarem e viverem uma vida vitoriosa. Note as palavras de Pedro posteriormente, ressaltando a semelhança entre essa experiência e a do dia de Pentecoste (At 11.15,17). (3) Evidentemente, é possível uma pessoa ser batizada com o ESPÍRITO SANTO imediatamente depois de receber a salvação, até mesmo antes do batismo nas águas (ver v. 46; cf. At 11.17).
 
10.45 O DOM DO ESPÍRITO SANTO.
Aqui se refere ao Batismo com o ESPÍRITO SANTO, confere com Atos 2.38; Hb 6.4).
 
10.46 OS OUVIAM FALAR EM LÍNGUAS. Pedro e os que o acompanhavam consideravam o falar em línguas, mediante o ESPÍRITO, como o sinal convincente do batismo com o ESPÍRITO SANTO. Isto é, assim como DEUS confirmou o acontecimento do dia de Pentecoste com o sinal das línguas (2.4), Ele faz os gentios no lar de Cornélio falarem em línguas como sinal convincente para Pedro e os seis demais crentes judeus que com ele estavam (ver o estudo O FALAR EM LÍNGUAS abaixo)
 
11.15 CAIU SOBRE ELES O ESPÍRITO SANTO, COMO TAMBÉM SOBRE NÓS AO PRINCÍPIO. O derramamento do ESPÍRITO SANTO no dia de Pentecoste (At 2.4) foi um padrão para o recebimento do ESPÍRITO, a partir de então. O batismo no ESPÍRITO seria determinado pela transformação visível ocorrida no indivíduo pela infusão da alegria por expressões vocais sobrenaturalmente inspiradas e pela ousadia no testemunho (At 2.4; 4.31; 8.15-19; 10.45-47; 19.6). Por isso, quando Pedro salientou diante dos apóstolos e irmãos em Jerusalém que os familiares de Cornélio tinham falado em línguas, ao ser derramado sobre eles o ESPÍRITO SANTO (cf. At 10.45-46), ficaram convictos de que DEUS estava concedendo aos gentios a salvação em CRISTO (v. 18). Não se pode hoje dizer que alguém recebeu o batismo no ESPÍRITO se as manifestações físicas, tais como o falar em línguas, estão ausentes. Em nenhuma parte de Atos, o batismo com o ESPÍRITO SANTO aparece como uma experiência percebida somente pela fé (ver At 8.12,16; 19.6)
 
O FALAR EM LÍNGUAS
At 2.4 “E todos foram cheios do ESPÍRITO SANTO e começaram a falar em outras línguas, conforme o ESPÍRITO SANTO lhes concedia que falassem.”
O falar noutras línguas, ou a glossolália (gr. glossais lalo), era entre os crentes do NT, um sinal da parte de DEUS para evidenciar o batismo com o ESPÍRITO SANTO (ver 2.4; 10.45-47; 19.6). Esse padrão bíblico para o viver na plenitude do ESPÍRITO continua o mesmo para os dias de hoje. Quem está cheio transborda – Fala em Línguas.
O VERDADEIRO FALAR EM LÍNGUAS.
(1) As línguas como manifestação do ESPÍRITO. Falar noutras línguas é uma manifestação sobrenatural do ESPÍRITO SANTO, i.e., uma expressão vocal inspirada pelo ESPÍRITO, mediante a qual o crente fala numa língua (gr. glossa) que nunca aprendeu, não é uma língua humana (2.4; 1Co 14.14,15). Estas línguas são desconhecidas na terra (cf. 1Co 13.1). Não é “fala extática”, como algumas traduções afirmam, pois a Bíblia nunca se refere à “expressão vocal extática” para referir-se ao falar noutras línguas pelo ESPÍRITO. O crente não é desprovido de sua inteligência ou vontade quanto fala em línguas. Fala porque permite ao ESPÍRITO SANTO assumir o controle de sua língua.
Línguas como sinal externo inicial do batismo com o ESPÍRITO SANTO. Falar noutras línguas é uma expressão verbal inspirada, mediante a qual o espírito do crente e o ESPÍRITO SANTO se unem na expressão sobrenatural, no louvor e/ou profecia. DEUS, no Novo Testamento, vinculou o falar noutras línguas ao batismo com o ESPÍRITO SANTO (2.4), de modo que os primeiros quase 120 crentes no dia do Pentecoste, e os demais batizados a partir de então, tivessem uma confirmação física de que realmente receberam o batismo com o ESPÍRITO SANTO (cf. 10.45,46). Desse modo, essa experiência podia ser comprovada quanto a tempo e local de recebimento. No decurso da história da igreja, sempre que as línguas como sinal foram rejeitadas, ou ignoradas, a verdade e a experiência do Pentecoste foram distorcidas, ou totalmente suprimidas.
No Antigo Testamento temos clara referência ao falar em línguas (Is 28.10-12, cf com 1Co 14.21).  
 
As línguas como dom. Falar noutras línguas também é descrito como um dos dons concedidos ao crente pelo ESPÍRITO SANTO (1Co 12.4-10). Este dom tem dois propósitos principais: (a) O falar noutras línguas seguido de interpretação, também pelo ESPÍRITO, em culto público, como mensagem verbal à congregação para sua edificação espiritual (1Co 14.5,6,13-17). (b) O falar noutras línguas pelo crente para dirigir-se a DEUS nas suas devoções particulares e, deste modo, edificar sua vida espiritual (1Co 14.4). Significa falar ao nível do espírito (14.2,14), com o propósito de orar, dar graças (14.16,17) ou cantar (14.15).
 
 
PROVAS DO GENUÍNO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
At 10.44,45 “E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o ESPÍRITO SANTO sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO SANTO se derramasse também sobre os gentios.”
(1)            O autêntico batismo com o ESPÍRITO SANTO levará a pessoa a amar, exaltar e glorificar a DEUS Pai e ao Senhor JESUS CRISTO mais do que antes (ver Jo 16.13,14; At 2.11,36; 10.44-46).
(2)            O verdadeiro batismo com o ESPÍRITO SANTO aumentará a convicção da nossa filiação com o Pai celestial (1.4; Rm 8.15,16), levará a uma maior percepção da presença de CRISTO em nossa vida diária (Jo 14.16, 23; 15.26) e aumentará o clamor da alma “Aba, Pai”! (Rm 8.15; Gl 4.6).
(3)            O real batismo com o ESPÍRITO SANTO aumentará nosso amor e apreço pelas Escrituras. O ESPÍRITO da verdade (Jo 14.17), que inspirou as Escrituras (2Tm 3.16; 2Pe 1.20,21), aprofundará nosso amor à verdade da Palavra de DEUS (Jo 16.13; At 2.42; 3.22; 1Jo 4.6).
(4)            O real batismo com o ESPÍRITO SANTO aprofundará nosso amor pelos demais seguidores de CRISTO e a nossa preocupação pelo seu bem-estar (2.38, 44-46; 4.32-35). A comunhão e fraternidade cristãs, de que nos fala a Bíblia, somente podem existir através do ESPÍRITO (2Co 13.13).
(5)            O genuíno batismo com o ESPÍRITO SANTO deve ser precedido de abandono do pecado e de completa obediência a CRISTO (2.38). Ele será conservado quando continuamos na santificação do ESPÍRITO SANTO (2.40; 2Ts 2.13; Rm 8.13; Gl 5.16,17).
(6)            O real batismo com o ESPÍRITO SANTO fará aumentar o nosso repúdio às diversões pecaminosas e prazeres ímpios deste mundo, refreando-nos a busca egoísta de riquezas e honrarias terrenas (20.33; 1Co 2.12; Rm 12.16; Pv 11.28).
(7)            O genuíno batismo com o ESPÍRITO SANTO nos trará mais desejo e poder para testemunhar da obra redentora do Senhor JESUS CRISTO (ver Lc 4.18; At 1.8; 2.38-41; 4.8-20; Rm 9.1-3; 10.1).
11,           O genuíno batismo com o ESPÍRITO SANTO deve despertar em nós o desejo de uma maior operação sua no reino de DEUS, e também uma maior operação de seus dons em nossa vida. As línguas como evidência inicial do batismo devem motivar o crente a permanecer na esfera dos dons espirituais (2.4,43; 430; 5.12-16; 68; 87; Gl 3.5).
(8)            O autêntico batismo com o ESPÍRITO SANTO tornará mais real a obra, a direção e a presença do ESPÍRITO SANTO em nossa vida diária. Depois de batizados no ESPÍRITO SANTO, os crentes de Atos tornaram-se mais cônscios da presença, poder e direção do ESPÍRITO SANTO (4.31; 6.5; 9.31; 10.19; 13.2, 4, 52; 15.28; 16.6,7; 20.23).
 
11.17 A NÓS, QUANDO CREMOS. Esta expressão é, no grego, um particípio aoristo, que normalmente descreve uma ação que ocorre antes daquela do verbo principal. Por isso, uma tradução mais exata seria: DEUS lhes deu o mesmo dom (batismo com o ESPÍRITOSANTO) que a nós também, depois que cremos.
 
11.18 OUVINDO ESTAS COISAS. O discurso de Pedro silenciou todas as objeções (vv. 4-18). DEUS tinha batizado os gentios com o ESPÍRITO SANTO (At 10.45), e este ato foi acompanhado da evidência convincente do falar noutras línguas pelo ESPÍRITO (At 10.46). Era esse o único sinal necessário a ser aceito sem mais dúvidas.
 
11.23 QUE... PERMANECESSEM NO SENHOR. Os discípulos do NT não aceitavam o ensino que aquele que recebesse a graça de DEUS permaneceria automaticamente leal ao Senhor, visto que o pecado, o mundo e as tentações de Satanás podiam levar um novo crente a desviar-se do caminho da salvação em CRISTO. Barnabé nos oferece um exemplo de como os novos convertidos devem ser tratados: que nosso interesse principal seja ajudá-los e animá-los a permanecerem na fé, no amor e na comunhão com CRISTO e com sua At igreja (cf. 13.43; 14.22).
 
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Atos 10 - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com alterações do Pr. Henrique)
A história registrada neste capítulo faz uma reviravolta inusitada e extraordinária aos Atos dos Apóstolos. Até aqui, tanto em Jerusalém como em todo o lugar a que os ministros de CRISTO chegaram, eles pregaram o evangelho somente aos judeus, ou aos gregos que foram circuncidados e convertidos à religião judaica. Mas agora “eis que nos voltamos para os gentios” (Atos 13.46). Aqui, a porta da fé abre-se para eles, sendo, de fato, boas novas para nós, pecadores gentios. O apóstolo Pedro foi a primeira pessoa usada para aceitar os gentios incircuncisos na igreja cristã. Cornélio, um centurião (Chefe De Uma Centúria – 100 Homens, ou mais) romano, foi o primeiro que com sua família e amigos foram admitidos na igreja cristã devido a ter recebido o batismo com o ESPÍRITO SANTO. Agora aqui nos é dito sobre:
I. Como Cornélio foi orientado por uma visão a chamar Pedro e consequentemente o chamou (vv. 1-8). II. Como Pedro foi orientado por uma visão a ir à casa de Cornélio, embora ele fosse pagão, e, sem ter escrúpulos quanto a isso, obedeceu à visão (vv. 9-23). III. A conversa agradável e feliz entre Pedro e Cornélio em Cesaréia (vv. 24-33). IV. O sermão que Pedro pregou na casa de Cornélio para ele e seus amigos (vv. 34-43). V. O batismo de Cornélio e seus amigos primeiramente com o ESPÍRITO SANTO (com evidência do falar em línguas) e depois em água (vv. 44-48).
 
O Caso de Cornélio
Atos 10:1-8
A pregação do evangelho aos gentios e sua apresentação como estranhos e estrangeiros para se tornarem concidadãos com os santos e membros da casa de DEUS consistia num grande mistério e inesperada surpresa para os próprios apóstolos (Ef 3.3,6). Cabe-nos, pois, observar cuidadosamente desde o início todas as circunstâncias pertinentes a esta grande obra, parte do mistério da piedade, que é CRISTO pregado aos gentios e crido no mundo (1 Tm 3.16). Não é improvável que antes do episódio narrado neste capítulo alguns gentios tenham entrado numa sinagoga judaica e ouvido a pregação do evangelho. Os estrangeiros que foram batizados no dia de Pentecostes saíram por seus países pregando o evangelho, inclusive em Roma. Mas a Bíblia não menciona que o evangelho tenha sido pregado propositalmente aos gentios, nem que qualquer um deles fora batizado. Cornélio foi o primeiro mencionado na Bíblia.
I
Uma narrativa sobre este Cornélio, quem e o que era, ou seja, o primeiro batizado com o ESPÍRITO SANTO falando em línguas, entre os gentios cristãos (embora se entenda que no dia de pentecostes todos os presentes tenham sido batizados com  o ESPÍRITO SANTO e falado em línguas; dentre esses, alguns eram gentios convertidos ao Judaísmo Atos 2:38). O texto sacro nos informa que ele era um grande e bom homem, duas características que raramente se encontram na mesma pessoa. Quando isso ocorre, estas qualidades se destacam: a bondade torna a grandeza verdadeiramente valiosa, e a grandeza torna a bondade muito mais útil.
1. Cornélio era oficial do exército romano (v. 1). No momento, ele estava aquartelado em Cesaréia, cidade forte, recentemente reedificada e fortificada por Herodes, o Grande, e chamada Cesaréia em honra de César Augusto. Situada à beira-mar, servia muito convenientemente para a manutenção da correspondência entre Roma e seus territórios conquistados nestas regiões. Era a cidade onde o governador romano ou procônsul comumente residia (Atos 23.23,24; 25.6). Aqui havia uma coorte, ou tropa militar, ou regimento do exército romano que era provavelmente o salva-vidas do governador. Esta tropa se chamava coorte [...] italiana, porque, para se assegurarem da fidelidade dos soldados, todos eles eram romanos nativos ou italianos. Cornélio tinha o comando desta parte do exército romano. Seu nome, Cornélio, era muito usado entre os romanos, entre algumas das famílias mais antigas e nobres. Era oficial de elevado cargo e importância: centurião. Sabemos de um desse mesmo cargo nos dias de nosso Salvador, a quem ele fez um grande elogio (Mt 8.10). Quando escolheram um pagão para ser o primeiro a receber o evangelho, não escolheram um filósofo, muito menos um sacerdote (os quais são intolerantes às suas noções e adoração e preconceituosos contra o evangelho de CRISTO), mas um soldado: um homem de pensamento mais livre. A pessoa que verdadeiramente é assim, quando a doutrina cristã lhe é apresentada, não pode senão recebê-la de bom grado. Pescadores, homens incultos e ignorantes, foram os primeiros judeus a se converterem a CRISTO, mas não quando se tratou dos gentios. O mundo tinha de saber que o evangelho possui características que o recomendam às pessoas de toda cultura refinada ou não e educação liberal ou não, como temos razão em supor que era este centurião em seu conhecimento superior. Os soldados e oficiais militares não podem alegar que sua ocupação os isenta das restrições sob as quais outros estão, e, dando-lhes a oportunidade de viverem uma vida normal, isso não os desculpa se não forem religiosos. Cornélio era um oficial militar que aceitou o cristianismo, e nem por isso foi expulso do exército nem saiu de vontade própria. Por outro lado, era um tormento para os judeus não só o fato de os gentios serem aceitos na igreja, mas que o primeiro que foi aceito fosse oficial do exército romano, que para eles era a abominação da desolação (Mt 24.15). Embora muitos sacerdotes estivessem se convertendo (At 6.7).
2. Cornélio era, de acordo com a medida de luz que possuía, um homem religioso. Foi-lhe apresentado um caráter muito bom (v. 2). Ele não era idólatra, nem adorador de falsos deuses ou de imagens, nem tolerava as imoralidades às quais a maior parte do mundo pagão se entregava para, por isso, puni-lo por sua idolatria. (1) Cornélio era dotado de um princípio de consideração ao DEUS vivo e verdadeiro. Ele era piedoso e temente a DEUS (v. 2). Ele cria no único DEUS, o Criador do céu e da terra, reverenciava sua glória e autoridade e temia ofendê-lo pecando. Embora fosse soldado, não lhe diminuía em nada o crédito do seu valor tremer diante de DEUS. (2) Cornélio tem uma família religiosa. Ele temia a DEUS, com toda a sua casa (v. 2). Ele não admitia idólatras sob seu teto, mas tomava cuidado para que não só ele, mas todos os seus servissem ao Senhor. Todo homem bom fará o que puder para que todos que estão à sua volta também sejam bons. (3) Cornélio era homem muito caridoso: Ele fazia muitas esmolas ao povo (v. 2), o povo judeu, apesar das singularidades da religião judaica. Embora fosse gentio, ele tinha boa vontade em contribuir para ajudar alguém que estivesse verdadeiramente em necessidade, sem perguntar a que religião pertencia. (4) Cornélio dedicava-se muito à oração: Ele, de contínuo, orava a DEUS (v. 2). Ele separava períodos fixos para a oração e perseverava na sua comunhão com DEUS. Veja que sempre que o temor de DEUS estiver reinando no coração, será demonstrado em obras assistenciais e devocionais, e um jamais nos desculpará do outro.
II
 As ordens celestiais dadas a Cornélio, pelo ministério de um anjo, para chamar Pedro, o que ele jamais teria feito se não tivesse sido orientado a fazê-lo. Observe:
1. Como estas ordens foram dadas a Cornélio. Ele teve uma visão na qual um anjo lhe deu ordens. Era quase à hora nona do dia (v. 3), ou seja, às três horas da tarde, que para nós é horário comercial. Mas, naqueles dias, porque era a hora da oferta do sacrifício da tarde no templo, os devotos a fizeram hora de oração para dar a entender que todas as nossas orações são oferecidas na virtude do grande sacrifício. Cornélio estava em oração, conforme ele mesmo nos informa (v. 30). Agora aqui nos é dito: (1) Que um anjo de DEUS se dirigiu a Cornélio (v. 3). Pelo brilho do seu semblante e pela maneira como veio, ele sabia que era algo mais que um homem; portanto, nada menos que um anjo, uma mensagem urgente do céu. (2) Que Cornélio [...] viu claramente o anjo de DEUS (v. 3), ou seja, viu com os olhos naturais, não em sonho apresentado à sua imaginação, mas em visão apresentada à sua visão física. Para sua grande satisfação, a visão trazia consigo sua própria evidência. (3) Que o anjo de DEUS o chamou pelo nome: Cornélio! (v. 3), para indicar que DEUS o observara de modo especial. (4) Que tudo isso deixou Cornélio momentaneamente um tanto confuso: Este, fixando os olhos no anjo de DEUS, estava muito atemorizado (v. 4). Os mais sábios e melhores homens ficam transtornados de medo diante do aparecimento de qualquer mensageiro extraordinário do céu. E não é para menos, pois os pecadores sabem que dali não lhes vem novidade agradável. Daí o desabafo do centurião: “Que é, Senhor? Que é que há?” Ele fala como alguém apreensivo de haver algo errado e ansioso de acabar logo com esse medo conhecendo a verdade. Ou como alguém desejoso de conhecer a mente de DEUS e pronto a obedecer-lhe, como Josué: Que diz meu Senhor ao seu servo? (Js 5.14), e Samuel: Fala, porque o teu servo ouve (1 Sm 3.10).
2. Que mensagem foi entregue a Cornélio.
(1) DEUS assegura Cornélio de que o aceita andando de acordo com a luz que ele tinha, só não o podia salvar por causa de sua boa conduta, deveria ouvir o evangelho e crer: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de DEUS (v. 4). Perceba que as orações e as esmolas têm de ir juntas. Temos de unir nossas orações com esmolas, pois o jejum que DEUS escolheu é que repartas o teu pão com o faminto (Is 58.6,7). Não basta orar para que o que temos nos seja santificado, mas devemos dar esmolas do que tivermos e então tudo nos será limpo (Lc 11.41). Temos de acompanhar nossas esmolas com nossas orações para que DEUS graciosamente as aceite e a fim de que sejam bênçãos para quem as recebe. Cornélio orou e deu esmolas, não como os fariseus que queriam ser vistos pelos homens (Mt 6.1), mas com sinceridade, como para DEUS. As esmolas subiram para memória diante de DEUS. Elas foram registradas no céu, no livro das memórias escrito para todos os que temem a DEUS, e serão lembradas para o seu benefício: “Tuas orações serão respondidas, e tuas esmolas, recompensadas”. As Escrituras dizem que os sacrifícios sob a lei eram para memorial dos ofertantes (veja Lv 2.9,16; 5.12; 6.15). As orações e esmolas são nossas ofertas espirituais das quais DEUS se agrada em tomar conhecimento e pelas quais tem consideração. Cornélio cria e se submetia à revelação divina comunicada aos judeus, no que dizia respeito aos gentios, tanto no ponto que orientava e melhorava a luz e a lei da natureza, quanto no ponto que prometia a vinda de um Messias. O que ele fez ele fez nessa fé e foi aceito por DEUS. Os gentios, para quem veio a lei de Moisés, não eram obrigados a ser judeus circuncidados, como aqueles para quem vem o evangelho de CRISTO têm de ser cristãos batizados.
(2) Cornélio é encarregado de receber mais revelações e instruções da graça divina a respeito da salvação em JESUS, que há pouco chegou ao mundo. Ele tem de enviar imediatamente homens a Jope e mandar chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro (v. 5). Este está com um certo Simão, curtidor, que tem a sua casa junto do mar (v. 6), pois se ele for chamado, ele virá. Chegando ele, ele te dirá o que deves fazer em resposta à tua pergunta: Que é, Senhor? (v. 4). Temos aqui duas coisas muito surpreendentes e merecedoras de nossa consideração: [1] Cornélio ora e dá esmolas no temor de DEUS, além de ser religioso e ter uma família religiosa. Tudo isso lhe tornava aceitável diante de DEUS. Mas ainda havia mais uma coisa que ele tinha de fazer: crer no evangelho, salvação só através de crer em JESUS CRISTO como único Salvador e Senhor, na pregação do evangelho, agora que DEUS a estabelecera entre os homens. Ele tem de fazê-lo, pois é indispensavelmente necessário para DEUS aceitá-lo futuramente. Ele já esteja aceito em seus serviços, mas não salvo. Quem crê na promessa do Messias tem de crer no cumprimento dessa promessa. Agora que DEUS, concernente a seu Filho, revelou mais do que revelara nas profecias do Antigo Testamento, Ele exige que recebamos essa nova revelação quando nos for apresentada. Enquanto isso, nem nossas orações nem nossas esmolas sobem para memória diante de DEUS a menos que creiamos em JESUS CRISTO, pois é o que determina essa nova revelação. O seu mandamento é este: que creiamos (1 Jo 3.23). DEUS aceita orações e esmolas de quem crê que o Senhor é DEUS e não tem oportunidade de saber mais. Contudo, daqueles a quem é pregado que JESUS é o CRISTO exige-se que creiam nesta pregação e confiem somente nele para que suas pessoas, orações e esmolas sejam aceitos. [2] Um anjo do céu está diante de Cornélio falando-lhe, mesmo assim ele não receberá o evangelho de CRISTO por meio deste mensageiro celestial, nem será ele que lhe dirá o que deve fazer. Tudo o que o anjo tem a dizer é: “Chame Pedro, e ele te dirá”. Como a observação anterior dá grande honra ao evangelho, assim dá ao ministério do evangelho. Não era para os mais elevados anjos, mas para os menores de todos os santos que fosse dada a graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de CRISTO (Ef 3.8), para que a excelência do poder fosse de DEUS, e a dignidade da instituição de CRISTO fosse apoiada. Isto porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro (Hb 2.5), mas ao Filho do Homem como soberano, e aos filhos dos homens como seus agentes e ministros de estado, cujos terrores não nos perturbarão, nem nos será pesada sua mão sobre nós (Jó 33.7), como foi este anjo para Cornélio. Como foi uma honra para o apóstolo que ele pregasse aquilo que um anjo não podia pregar, assim foi uma honra adicional que um anjo fosse enviado deliberadamente do céu para ordenar que ele fosse chamado. Reunir um ministro fiel e um povo desejoso é um trabalho digno de um anjo; nele os maiores homens devem se alegrar em serem usados. Nos parece que os anjos até atentaram em pregar, mas não lhes foi autorizado (1Pe 1.12).
III
 A obediência imediata de Cornélio às estas ordens (vv. 7,8). Ele enviou a toda a pressa uma comissão a Jope para lhe trazer Pedro. Estivesse só ele envolvido nisso, ele mesmo teria ido a Jope. Mas ele tinha um exército para cuidar, família, parentes e amigos (v. 24), uma pequena congregação que não podia acompanhá-lo a Jope. Por isso, manda buscar Pedro. Observe: 1. Quando foi que Cornélio enviou: Assim que o anjo que lhe falava (v. 7) se retirou, sem contestação ou demora, ele foi obediente à visão celestial. Pelo que o anjo lhe dissera, ele percebeu que lhe seria ordenado algum outro trabalho e desejava saber o que era. Ele tinha pressa e sem tardar cumpriu a ordem. Em toda questão na qual nossa alma está ligada é bom não perdermos tempo. 2. Quem foi que Cornélio enviou: Dois dos seus criados (v. 7), os quais todos temiam a DEUS, e um piedoso soldado, um dos que estavam ao seu serviço. Note que o centurião piedoso tinha soldados piedosos. É comum haver pouco sentimento religioso em soldados, mas haveria mais se houvesse mais desse sentimento nos comandantes. Oficiais militares que exercem tamanha autoridade sobre seus soldados, como exercia certo centurião (Mt 8.9), têm a grande oportunidade de promover a religião, ao menos para conter os vícios e a degradação moral entre os que estão sob a sua autoridade, caso não os melhorem. Note que quando este centurião selecionou alguns dos seus soldados para cuidar da sua pessoa e que sempre estivessem à sua volta, ele escolheu os que eram piedosos. Estes são preferidos e favorecidos para incentivar os outros a serem como eles. Ele passou pela regra de Davi: Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que estejam comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá (Sl 101.6). 3. Que instruções Cornélio deu aos que enviou: Ele lhes contou tudo (v. 8), falou-lhes sobre a visão que teve e as ordens recebidas para chamar Pedro. A vinda de Pedro os interessava a todos, uma vez que cada um tinha de cuidar da própria alma. Por isso, ele lhes informa onde encontrar Pedro (talvez achasse suficiente que eles soubessem apenas disso: O servo não sabe o que faz o seu senhor, Jo 15.15) e sob qual incumbência o apóstolo tinha de vir para que eles fossem insistentes.
 
A Visão de Pedro
Atos 10:9-18
Cornélio recebera ordens positivas do céu para chamar Pedro, de quem nunca ouvira falar, ou pelo menos a quem nunca houvera dado atenção. Esta é outra dificuldade para reunir os dois – a dúvida se Pedro irá à casa de Cornélio quando for buscado. Não que ele julgasse indigno atender-lhe o chamado, ou tivesse medo de pregar a doutrina cristã a um homem educado como Cornélio: mas se trata de questão de consciência religiosa judaica. Cornélio é homem muito digno e possui muitas qualidades boas, mas é gentio, alguém não circuncidado. Pelo fato de DEUS na sua lei ter proibido que os judeus, seu povo, se associasse com nações idólatras, eles não mantinham relações sociais com ninguém, exceto com os membros da sua própria religião, por mais que outros povos fossem dignos. Embora vemos ideias missionárias em todo Antigo Testamento (Gn 12:1-3; Gn 17.4,5; Dt 4.5-8; Is 2.3; Livro de Jonas). Os judeus levavam o assunto tão longe quanto considerar contaminação cerimonial o toque involuntário de um gentio (Jo 18.28). Pedro não tinha superado esta noção fanática e mesquinha que dividia com seus compatriotas, por isso teria desconfiança em ir à casa de Cornélio. Para eliminar esta dificuldade, o apóstolo tem uma visão a fim de prepará-lo para aceitar a mensagem dos enviados por Cornélio, como Ananias teve de ser preparado para ir onde Paulo estava. As Escrituras do Antigo Testamento foram claras ao anunciar que os gentios seriam participantes da igreja. JESUS também dera claras indicações da mesma verdade quando ordenou que os apóstolos ensinassem todas as nações (Mt 28.19) e que pregassem a todas as nações (Mc 16.15). Contudo, até o próprio Pedro, que tanto conhecia a mente do Mestre, não entendeu o que ora acontecia até que lhe foi revelado por esta visão que os gentios são co-herdeiros (Ef 3.6). Agora observe aqui:
I
 As circunstâncias desta visão.
1. A visão aconteceu quando os mensageiros enviados por Cornélio estavam já perto da cidade (v. 9). Pedro nada sabia da aproximação desse grupo, que por sua vez desconhecia que o apóstolo estava orando. Mas aquele que conhecia ambos estava preparando as coisas para o encontro e facilitando o objetivo da negociação. Para todos os propósitos de DEUS há um tempo (Ec 3.17), um tempo certo. Ele se agrada de colocar as coisas na mente dos seus ministros, coisas que eles nunca imaginaram, a não ser quando fossem usá-las.
2. A visão aconteceu quando subiu Pedro ao terraço para orar (v. 9) perto do meio-dia. (1) Pedro passava muito tempo em oração, em oração secreta, embora tivesse muito trabalho sob sua responsabilidade. (2) Pedro orava quase à hora sexta (v. 9), de acordo com o exemplo de Davi que se dirigia a DEUS em oração não só de manhã e de tarde, mas também ao meio-dia (Sl 55.17). Achamos que ficar sem comer de manhã à noite é tempo demais. Contudo, quem acharia que é tempo demais ficar o mesmo período sem oração? (3) Pedro orava no terraço (v. 9), para onde se retirou em busca de privacidade e para não poder ouvir nem ser ouvido, de modo a evitar a distração e a ostentação. No terraço da casa onde normalmente se colocava palha ou algum alimento para secar, ele tinha privacidade na adoração piedosa do DEUS a quem ele orava. (4) Pedro teve esta visão imediatamente depois de ter orado, como resposta à oração pela propagação do evangelho, e também porque o enlevo do coração a DEUS em oração é preparativo excelente para receber as revelações da graça e favor divinos.
3. A visão aconteceu quando Pedro sentia muita fome e estava esperando pela refeição (v. 10). Provavelmente ele ainda não se alimentara naquele dia, embora já tivesse orado. Ele quis comer, ethele geusasthai – ele quis provar, o que dá a entender sua moderação e temperança na comida. Quando estava com muita fome, embora se contentasse com pouco, com uma prova, ele não voou sobre os despojos (1 Sm 15.19).
II
 A visão não foi tão clara quanto a de Cornélio, mas foi mais figurativa e enigmática a fim de causar maior impressão.
1. Sobreveio-lhe a Pedro [...] um arrebatamento de sentidos (v. 10), arrebatamento não de terror, mas de contemplação, no qual foi tão completamente envolvido que deixou de perceber e de sentir as coisas exteriores. Ele se perdeu totalmente para este mundo, e assim ficou com a mente completamente livre para se relacionar com as coisas divinas, como Adão na inocência, quando lhe sobreveio um sono pesado. Quanto mais nos desembaraçamos do mundo, mais próximos ficamos do céu.
2. Pedro [...] viu o céu aberto (v. 11) para que tivesse certeza de que a autoridade para ele ir à casa de Cornélio era mesmo do céu, que foi uma luz divina que lhe mudou os sentimentos e um poder divino que o investiu desta missão. A abertura dos céus significava a abertura de um mistério que estivera escondido (Rm 16.25).
3. Pedro viu um grande lençol atado pelas quatro pontas (v. 11) e cheio de animais, que descia do céu e vinha para a terra, quer dizer, para o terraço da casa onde ele estava. O lençol continha todos os animais quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu (v. 12). As aves poderiam ter voado, mas ficaram aos pés do apóstolo. Eram animais domésticos e selvagens. Não havia peixes do mar, porque não havia nada neles que fosse particularmente impuro, mas se podia comer todos aqueles que possuíssem barbatanas e escamas. Certos estudiosos entendem que este grande lençol cheio representa a igreja de CRISTO. Ela desce do céu, o qual foi aberto não apenas para que ela descesse (Ap 21.2), mas para que recebesse as almas e as enviasse para cima. O grande lençol estava atado pelas quatro pontas (4 evangelhos?) para receber as pessoas de todas as partes do mundo que desejassem fazer parte dela, para reter e manter com segurança os que fossem recebidos e para que não se desviassem. Nela temos indivíduos de todos os países, nações e línguas, sem distinção de grego ou judeu, ou desvantagem para bárbaro ou cita (Cl 3.11). A rede do evangelho inclui todos, maus e bons, aqueles que anteriormente eram limpos e imundos.
4. Uma voz do céu ordenou Pedro servir-se desta abundância e variedade que DEUS lhe enviara: “Levanta-te, Pedro! Mata e come (v. 13) sem fazeres diferenciação entre animais limpos e animais imundos. A distinção entre alimentos que a lei determinava tinha o propósito de dar aos judeus alimentação saudável, diferente das que os gentios tinham como normal. Por exemplo: o peixe sem escamas e sem barbatanas se alimenta de coisas mortas que caem nas águas, por isso, proibido para os judeus. Porém aqui DEUS quer que Pedro considere todas iguais porque DEUS as santificou para ele comer (significando que DEUS quer que todos sejam salvos, tanto judeus quanto gentios).
5. Pedro se manteve firme aos seus princípios e de modo nenhum daria atenção ao impulso, embora estivesse com fome: De modo nenhum, Senhor (v. 14). A fome abre caminho por paredes de pedra, mas as leis de DEUS devem nos servir de cerca mais forte que paredes de pedra, não se podendo abri-las com facilidade. Ele permanecerá fiel às leis de DEUS, mesmo tendo uma contraordem dada por uma voz do céu que se restringiu a estas poucas palavras: Mata e come (v. 13). Para Pedro era um comando de prova para verificar se ele se manteria firme à palavra mais segura, ou seja, a lei escrita. Neste caso, sua resposta foi muito boa: De modo nenhum, Senhor. Não devemos argumentar com tentações para comer o fruto proibido, mas sim rejeitá-las peremptoriamente. Temos de espantar esse pensamento com: De modo nenhum, Senhor. A razão que Pedro dá é: “Porque nunca comi coisa alguma comum e imunda (v. 14). Até hoje, tenho mantido minha integridade nesta questão, e assim permanecerei”. Se até agora DEUS, por sua graça, nos tem guardado de pecados medonhos e repulsivos, devemos usar isto como argumento para nos abstermos de toda aparência do mal (1 Ts 5.22). Sua consciência lhe testificava que ele nunca satisfizera seu apetite com comida proibida.
6. DEUS, novamente pela voz do céu, proclamou a revogação da lei neste caso: Não faças tu comum ao que DEUS purificou (v. 15). Quem faz a lei pode alterá-la quando quiser e trazer de volta a questão ao seu estado primitivo, pois nesse caso era uma preparação para Pedro entrar na casa de Cornélio. Uma alegoria. DEUS diz para Pedro não fazer comum ou imundo ao que DEUS declarou purificado. Note que devemos receber como grande misericórdia que, pelo evangelho de CRISTO, estamos livres da distinção de pessoas. Agora toda criatura de DEUS é boa, e não há nada que rejeitar sendo recebido com ações de graças (1 Tm 4.4).
7. Aconteceu isto por três vezes (v. 16). O grande lençol foi içado e logo descido mais duas vezes, em cada vez ocorrendo a mesma ordem para Pedro: Mata e come (v. 13), e pela mesma razão: Não faças tu comum ao que DEUS purificou (v. 15). Mas não sabemos se a recusa de Pedro foi repetida na segunda e na terceira vez. A visão tripla de Pedro, como o sonho duplo de faraó, visava a mostrar que a coisa era certa (Gn 41.32) e lhe prender toda atenção. As instruções que recebemos nas coisas de DEUS, quer ouvindo a pregação da palavra, ou olhando os sacramentos, precisam de ser repetidas com frequência: Mandamento sobre mandamento, mandamento e mais mandamento, regra sobre regra, regra e mais regra (Is 28.10). Mas, por fim, o vaso tornou a recolher-se no céu (v. 16). Os estudiosos que entendem que este vaso representa a igreja, incluindo judeus e gentios, como o vaso incluía seres limpos e imundos, afirmam que significa muito habilmente a admissão dos gentios crentes na igreja e também no céu, na Jerusalém de cima. JESUS abriu o Reino dos Céus para todos os que crêem.
III
 A providência que muito convenientemente explicou esta visão, e mostrou a Pedro sua intenção (vv. 17,18). 1. O que JESUS fazia, Pedro não sabia então (Jo 13.7). Pedro duvidou entre si acerca do que seria aquela visão que tinha visto (v. 17). Não havia razão para ele duvidar da verdade da visão, visto que era uma visão celestial. Sua dúvida girava em torno do significado da visão. Note que JESUS se revela ao seu povo por etapas, gradualmente, e não de uma vez. Ele deixa que os seus fiquem duvidando por algum tempo, meditando sobre isso ou aquilo e discutindo de um lado para outro em seus pensamentos, antes de Ele mesmo os esclarecer. 2. Pedro logo saberá de tudo, pois eis que os varões que foram enviados por Cornélio (v. 17) haviam acabado de chegar a casa e estavam parados à porta, perguntando [...] se Simão, que tinha por sobrenome Pedro, morava ali (v. 18). A incumbência desses varões explicará o significado da visão de Pedro. Note que DEUS sabe os serviços que temos de fazer futuramente e nos prepara. Nós entenderemos bem o significado do que Ele nos ensinou quando tivermos a oportunidade de usar esses ensinamentos.
 
Pedro É Orientado a Ir à Casa de Cornélio. Pedro Vai à Casa de Cornélio. A Conversa entre Pedro e Cornélio
Atos 10:19-33 
Temos aqui o encontro entre o apóstolo Pedro e o centurião Cornélio. Embora Paulo viesse a ser designado o apóstolo dos gentios para fazer a colheita entre eles, e Pedro viesse a ser designado o apóstolo da circuncisão, é Pedro que recebe a ordem de abrir caminho e colher os primeiros frutos dos gentios, assim como foi encarregado de abrir a porta do evangelho aos judeus. O propósito era que os judeus crentes, que retiveram grande parte do fermento velho da inimizade dos gentios, participassem da melhor reconciliação possível quando os gentios fossem admitidos na igreja e apresentados pelo próprio apóstolo Pedro. O argumento de Pedro é enfático contra aqueles que querem impor a circuncisão sobre os gentios convertidos: Varões irmãos, bem sabeis que já há muito tempo DEUS me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho e cressem (At 15.7). Agora aqui:
I
O ESPÍRITO orienta Pedro a acompanhar os mensageiros de Cornélio, e esta é a exposição da visão. Agora o enigma é decifrado: Enquanto Pedro pensava naquela visão (v. 19), enquanto meditava, ela lhe foi esclarecida. Note que os que querem aprender as coisas de DEUS têm de pensar nelas. Os que desejam entender as Escrituras têm de meditar nelas dia e noite. Pedro não conseguia entender, por isso foi-lhe explicado. Isto nos encoraja a, quando não sabemos o que fazer, elevar nossos olhos a DEUS em busca de orientação. Observe: 1. De onde Pedro recebeu a orientação. O ESPÍRITO lhe disse o que deveria fazer (v. 19). Não foi um anjo que lhe comunicou, mas foi o ESPÍRITO que falou ao seu coração, sussurrando-lhe secretamente no ouvido, por assim dizer, como DEUS falou com Samuel (1 Sm 9.15), ou lhe causando forte impressão na mente, de forma que ele sabia que se tratava de um sopro ou inspiração divina, de acordo com a promessa (Jo 16.13). 2. Qual foi a orientação que Pedro recebeu. (1) O ESPÍRITO diz a Pedro, antes que os criados subam para lhe contar, que há três varões (v. 19) lá embaixo querendo lhe falar, e que ele tem de parar com suas meditações, deixar de pensar na visão e descer até eles: Levanta-te, pois, e desce (v. 20). Os que buscam o significado das palavras de DEUS e das visões do Todo-poderoso não devem só ficar lendo e estudando, nem ficar só orando. Precisam também sair de casa para dar uma volta e olhar por aí, podendo topar com o que será útil para eles em suas investigações, pois as Escrituras estão se cumprindo diariamente. (2) O ESPÍRITO ordena Pedro a acompanhar os mensageiros até a casa de Cornélio, embora gentio, sem duvidar (v. 20). Ele tem de ir e ir com alegria, sem relutância, hesitação ou escrúpulo relativo à legalidade da ação. Não duvidando se pode ou se deve ir, pois era seu dever: “Vai com eles, [...] porque eu os enviei. Eu serei contigo ao ires com eles, mesmo que tu sejas censurado por isto”. Note que quando nosso chamado para a obra nos é claro, não devemos nos deixar surpreender por dúvidas e escrúpulos relativos ao surgimento de preconceitos ou predisposições anteriores, ou medo da censura dos homens. Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo (Rm 14.5), e prove cada um a sua própria obra (Gl 6.4). Pedro não iria só, por via das dúvidas, levaria 6 irmãos como testemunhas.
II
Pedro recebe os mensageiros e a mensagem: Pedro desce para junto dos varões que lhe foram enviados por Cornélio (v. 21). Ele estava longe de se afastar ou de recusar falar com eles por desconfiar deles ou ainda de fazê-los esperar por se julgar muito importante: ele próprio foi atender a porta e lhes disse que era ele a quem procuravam. E: 1. Pedro recebe favoravelmente a mensagem dos varões que lhe foram enviados por Cornélio (v. 21). Com muita franqueza e dignidade, ele pergunta do que se trata e o que eles têm a lhe dizer: Qual é a causa por que estais aqui? (v. 21), e eles lhe respondem falando sobre sua missão: “Cornélio (v. 22), oficial do exército romano, homem honradíssimo e em quem há mais sentimento religioso do que a maioria das pessoas de sua cidade, que é temente a DEUS mais do que muitos (Ne 7.2). Mesmo não sendo judeu, ele se porta tão bem, que tem bom testemunho de toda a nação dos judeus (v. 22), os quais o recomendarão, pois é homem consciencioso, sensato, caridoso, de forma que não te será descrédito ser visto em sua companhia. Ele foi avisado por DEUS”, echrematisthe – “ele teve um oráculo de DEUS, através de um anjo que lhe foi enviado” (e os oráculos vivos da lei de Moisés foram dados pela disposição de anjos), “pelo qual ele recebeu a ordem de te chamar para ir à sua casa (onde te espera e está pronto a te receber) e ouvir as tuas palavras. Eles não sabem que palavras são, mas sabem que as ouvirão de ti e não de outra pessoa”. A fé é pelo ouvir (Rm 10.17). Quando Pedro reconta esta cena, ele acrescenta mais informações: São palavras com que te salves, tu e toda a tua casa (At 11.14). “Vem a ele, pois um santo anjo mandou que ele te chamasse. Vem a ele, porque ele está pronto a ouvir e receber as palavras de salvação que tu tens para lhe dizer.” 2. Pedro hospeda gentilmente: Então, chamando-os para dentro, os recebeu em casa (v. 23). Ele não manda que vão, revigorem as forças e repousem em uma hospedaria por conta própria, mas ele mesmo se encarrega de hospedá-los em suas dependências. No que estava sendo preparado para ele comer (v. 10), seriam bem-vindos em participar. Ele nem imaginou que companhia teria quando sentiu fome e quis comer, mas DEUS anteviu tudo. Veja que é aconselhável que os cristãos em geral e ministros sejam hospitaleiros e prontos, segundo sua capacidade e oportunidade, para hospedar os estrangeiros (Hb 13.2). Pedro os hospedou, embora fossem gentios, a fim de mostrar a prontidão com que obedeceu ao desígnio da visão que era comer com gentios, pois ele os levou a comer com ele imediatamente. Embora dois deles fossem criados e o outro soldado comum (v. 7), Pedro não pensou que se humilhava ao recebê-los em casa. Provavelmente ele os recebeu em casa para conversarem sobre Cornélio e sua família, pois os apóstolos, embora tivessem instruções diretas do ESPÍRITO, também se serviam de outras fontes de informação segundo a ocasião.
III
Pedro acompanhou os três varões à casa de Cornélio, achando-o pronto a recebê-lo e hospedá-lo. 1. Pedro, ao acompanhar os comissionados por Cornélio, foi acompanhado também por alguns irmãos de Jope, que era a cidade em que ele estava agora (v. 23). Foram seis irmãos junto com ele (At 11.12). Talvez Pedro tivesse convidado esses irmãos para estar ao seu lado a fim de testemunharem o seu procedimento cauteloso com referência aos gentios e o firme fundamento no qual ele andava (At 11.12). 2. Cornélio, estando pronto para receber Pedro, reunira os seus parentes e amigos mais íntimos de Cesaréia (v. 24). Pelo visto, a viagem de Jope a Cesaréia levou um dia, quase dois, pois foi no dia imediato ao que partiram que eles chegaram a Cesaréia (v. 24), na tarde daquele dia (v. 30). Viajaram provavelmente a pé, como de costume. Cerca de 45 Km. Ao entrarem na casa de Cornélio: (1) Pedro descobre que era esperado, e isto o animou: Cornélio estava-os esperando (v. 24), e tal convidado era digno de ser esperado. Não posso culpá-lo se ele esperasse com certa impaciência, imaginando que coisa grandiosa seria essa que um anjo lhe ordenasse conter-se para ficar sabendo do próprio Pedro. (2) Pedro descobre que era esperado por muitos, e isto o animou ainda mais. Como Pedro levara alguns para participar da pregação do evangelho, assim Cornélio convidara não só sua família, mas os seus parentes e amigos mais íntimos para participar com ele das instruções divinas que ele esperava do apóstolo, o que daria a Pedro oportunidade maior de fazer o bem. Note que não devemos desejar comer nosso bocado espiritual sozinho (Jó 31.17). Nosso bocado espiritual deve ser dado e recebido como ato de bondade e respeito aos nossos parentes e amigos, convidando-os a unir-se conosco nos cultos e a nos acompanhar na audição do sermão. O que Cornélio deveria fazer, ele julgou que seus parentes e amigos também deveriam. Portanto, que viessem e o ouvissem por si mesmos para que não se surpreendessem ao verem a mudança que ocorreria nele.
IV
 Esta é a primeira conversa entre Pedro e Cornélio, em que temos: 1. O respeito e a honra profundos e realmente impróprios que Cornélio prestou a Pedro: Entrando Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo (v. 25) e, em vez de abraçá-lo como amigo, o que teria sido muito aceitável, ele se prostrou a seus pés, o adorou – segundo certos estudiosos – como príncipe e pessoa importante, seguindo o costume dos países orientais, ou – segundo entendem outros – como deidade encarnada, ou como se ele o recebesse por seu Messias. O ato de adorar um homem muito lhe comprometia. Mas, levando em conta sua ignorância, isso lhe podia ser desculpável. Era também prova de que havia algo nele que era muito recomendável: a profunda reverência pelas coisas divinas e celestiais. Não se admira que, até que fosse mais bem informado, ele tomasse Pedro por Messias e adorasse aquele que um anjo do céu lhe ordenou chamar. Podemos supor que Cornélio tenha pensado: Se um anjo mandou chamar Pedro, este seria maior do que o anjo, portanto, digno de adoração. 2. A recusa modesta, justa e piedosa de Pedro desta honra que Cornélio lhe fez: Pedro [...] levantou (v. 26) Cornélio com as próprias mãos embora nunca tivesse imaginado que receberia tanto respeito ou mostraria tanto afeto a um gentio incircunciso), dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem, e, portanto, não devo ser adorado. Os anjos bons das igrejas, como os anjos bons do céu, não aceitam a menor dessas honras, a qual é devida unicamente a DEUS. Olha, não faças tal, disse o anjo a João (Ap 19.10; 22.9) e, de certa forma, disse o apóstolo ao centurião. Quanta cautela Paulo tinha para que ninguém cuidasse dele mais do que nele visse ou dele ouvisse (At 14.15; 2 Co 12.6). Os servos fiéis de CRISTO preferem ser difamados a divinizados. Pedro não nutria a noção de que, havendo grande respeito por ele, ainda que excessivo, fosse fator de estímulo para o sucesso da sua pregação. Portanto, se Cornélio for enganado que o seja. Não! Que ele saiba que Pedro é homem e também que o tesouro está guardado em vaso de barro (2 Co 4.7) a fim de que o valorize pelo que é.
V
 A história que Pedro e Cornélio contaram um para o outro diante do grupo de pessoas que lhes assistiam, acerca da mão divina ao reuni-los: E, falando com ele entrou (v. 27). Pedro [...] entrou, enquanto falava familiarmente com Cornélio, esforçando-se, pela liberdade dessa conversa franca, para encerrar a veneração que ele lhe dedicava. Havendo entrado, ele achou muitos que ali se haviam ajuntado, muito mais do que esperava, o que aumentou a solenidade como também a oportunidade de fazer o bem com este serviço.
1. Pedro declara a orientação que DEUS lhe deu para chegar a esses gentios (vv. 28,29). Eles sabiam que essa reunião nunca seria permitida pelos judeus, que sempre consideravam que não é lícito, athemiton – uma abominação, a um varão judeu, um judeu nativo como eu, ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros, a gentios incircuncisos. Essa proibição não foi estipulada pela lei de DEUS, mas pelo decreto de sábios judeus que a reputavam não menos que um mandamento. Eles não proibiram conversar ou negociar com gentios nas ruas ou lojas, ou na troca, mas comer com eles. Já nos dias de José, os egípcios e hebreus não comiam juntos (Gn 43.32). Os três jovens propuseram não se contaminar com a porção do manjar do rei (Dn 1.8). Eles não podiam entrar na casa de um gentio, porque os julgavam cerimonialmente imundos. Os judeus desdenhosamente olhavam os gentios, que não ficavam para trás em termos de desprezo, como vemos em muitos trechos dos poetas latinos. “Mas agora”, disse Pedro, “DEUS mostrou-me em uma visão que a nenhum homem devo chamar comum ou imundo, nem recusar relacionar-me com alguém por causa da sua nacionalidade.” Pedro, que ensinara os novos convertidos: Salvai-vos desta geração perversa (Atos 2.40), agora ele aprendeu a unir-se com a geração voltada aos gentios devotos para lhes apresentar a salvação em JESUS. Pedro achou necessário informá-los de que ele mudou de opinião sobre este assunto e que a mudança foi ocasionada por revelação divina, a fim de não o acusarem de ter agido levianamente. Desta forma, DEUS derrubou a parede de separação (Ef 2.14). (1) Pedro assegura aos ouvintes que ele está pronto a servi-los em tudo que puder, e que, quando ele manteve distância deles, não foi porque sentia aversão por eles, mas porque queria receber permissão do céu para tal. Portanto, tendo-a recebido agora, ele estava às ordens deles: “Pelo que, sendo chamado, vim sem contradizer (v. 29), pronto para vos pregar o mesmo evangelho que preguei aos judeus”. Os discípulos de CRISTO tinham certa noção da pregação do evangelho aos gentios, mas eles imaginavam que devia ser somente aos gentios que primeiro se convertessem à religião judaica. Pedro reconhece que esse equívoco não foi corrido. (2) Pedro pergunta em que ele pode ser útil aos ouvintes: “Pergunto, pois: por que razão mandastes chamar-me? (v. 29). O que esperais de mim, ou que assunto tendes comigo?” Note que os que desejam a ajuda dos ministros de DEUS devem prestar atenção para lhes propor a finalidade correta de suas necessidades, mostrando boa intenção.
2. Cornélio faz uma narrativa das orientações que DEUS lhe deu para chamar Pedro, e que foi inteiramente em obediência a essas orientações que ele o chamou. Nossos objetivos em chamar e atender um ministério evangelístico são corretos, quando o fazemos em consideração à designação divina que instituiu essa ordenação e que exige de nós que nos sirvamos dela.
(1) Cornélio relata sucintamente a aparição do anjo, que lhe ordenou chamar Pedro. Seu intuito não é exaltar-se por causa da visitação angelical, mas fundamentar sua expectativa de receber uma mensagem celestial por Pedro. [1] Cornélio conta o que estava fazendo quando teve a visão: Há quatro dias estava eu em jejum até esta hora (v. 30) – esta hora do dia, que é este momento em que Pedro chegou, mais ou menos na metade da tarde. Ao que parece, os piedosos que não eram judeus serviam-se do jejum religioso para dar maior seriedade e solenidade à oração. Os homens de Nínive creram em DEUS, e proclamaram um jejum (Jonas 3.5). Certos estudiosos dão outro sentido a estas palavras: Há quatro dias estou eu em jejum até esta hora, como se ele não tivesse comido nada ou pelo menos feito nenhuma refeição desde quando teve a visão até àquele momento. Mas se trata de uma introdução à narrativa da visão; portanto, a primeira opção é o significado correto. Ele estava orando em sua casa, não na sinagoga, mas em casa. Quero, pois, que os homens orem onde quer que morem (1 Tm 2.8). Provavelmente em seu aposento foi onde teve esta visão. Note que à hora nona, às três horas da tarde, as pessoas, em sua maioria, estavam viajando, negociando, trabalhando nos campos, visitando amigos, procurando prazeres ou tirando uma soneca depois do almoço. Mas Cornélio estava fazendo seu momento devocional, o que mostra quanto levava a sério sua religião. Foi quando recebeu esta mensagem do céu. Os que recebem mensagens consoladoras de DEUS devem estar em constante conversa com Ele. [2] Cornélio descreve o mensageiro que lhe trouxe esta mensagem do céu: Eis que diante de mim se apresentou um varão com vestes resplandecentes (v. 31), como as vestes de JESUS quando Ele foi transfigurado (Mt 17.2), e as vestes dos dois anjos que apareceram na ressurreição de JESUS (Lc 24.4) e em sua ascensão (Atos 1.10), mostrando sua relação ao mundo da luz. [3] Cornélio repete a mensagem que lhe foi enviada do céu (vv. 31,32) exatamente como a temos (vv. 4-6). A única diferença é que aqui diz: A tua oração foi ouvida (v. 31). O texto sacro não nos informa qual oração foi ouvida. Mas tendo em vista que esta mensagem era a resposta, supomos que a carência de entendimento natural o deixou desnorteado em saber como obter o perdão dos seus pecados e o favor de DEUS. Diante disso, ele orou para que DEUS se revelasse mais a ele e lhe mostrasse o caminho da salvação. “Então”, disse o anjo, “manda chamar [...] Pedro que ele te dará mais revelações.”
(2) Cornélio declara a boa vontade sua e dos seus familiares e amigos em receber a mensagem que Pedro tinha a entregar-lhes: Logo mandei chamar-te (v. 33), como fui orientado a fazer, e bem fizeste em vir a nós, embora sejamos gentios. Note que os ministros fiéis fazem bem em ir às pessoas que têm boa vontade e desejo de serem instruídas por eles. Ir quando são solicitados é a melhor obra que podem fazer. Pedro veio fazer sua parte, mas será que eles farão a deles? Farão. “Tu estás pronto para falar, e nós estamos prontos para ouvir” (1 Sm 3.9,10). Observe: [1] O comparecimento de Cornélio e seus familiares e amigos para ouvir a palavra: “Estamos todos presentes diante de DEUS (v. 33). Estamos aqui em atitude de respeito, como adoradores” (desta forma, eles se apresentam em disposição de espírito solene e séria). “Agora, visto que tu vieste a nós por tal ordem e em tal incumbência, e visto que temos tamanha oportunidade em nossas mãos como nunca tivemos e talvez nunca venhamos a ter, estamos todos prontos nesta hora de adoração e neste lugar de adoração” (embora fosse uma casa particular). “Estamos [...] presentes, paresmen – estamos no negócio, prontos a obedecer à chamada”. Se desejamos a presença especial de DEUS nos cultos habituais, devemos estar presentes de modo especial, presentes de modo apropriado ao culto: Eis-me aqui (Is 6.8). “Estamos todos presentes, todos que foram convidados: Nós e todos os nossos; nós e tudo que há em nós.” A totalidade do homem deve estar presente, não com o corpo aqui e o coração, com os olhos do louco, nas extremidades da terra (Pv 17.24). Aquilo que torna o comparecimento verdadeiramente respeitoso e venerável é: Estamos todos presentes diante de DEUS. Nos cultos habituais nós nos apresentamos diante de DEUS, e devemos estar diante dele sabendo que os seus olhos estão sobre nós. [2] A intenção deste comparecimento: “Estamos todos presentes [...] para ouvir tudo quanto por DEUS te é mandado (v. 33), e tudo de que tu és encarregado de nos entregar”. Observe, em primeiro lugar, que Pedro estava ali para pregar todas as coisas que lhe foram mandadas por DEUS (v. 33). Assim como ele tinha uma comissão geral para pregar o evangelho, assim ele tinha instruções plenas sobre o que pregar. Em segundo lugar, que Cornélio e seus familiares e amigos estavam prontos para ouvir (v. 33) não o que agradasse a Pedro dizer-lhes, mas o que por DEUS lhe foi mandado dizer. As verdades de CRISTO não foram comunicadas aos apóstolos para serem anunciadas ou abafadas conforme julgassem conveniente, mas lhes foram confiadas para serem anunciadas ao mundo. “Estamos prontos para ouvir tudo: chegar ao começo do culto, ficar até ao fim e prestar atenção o tempo todo, do contrário como ouviremos tudo? Estamos desejosos de ouvir tudo que tu foste comissionado a pregar, mesmo que desagrade a carne e o sangue, mesmo que seja contrário às nossas noções anteriores ou atuais interesses seculares. Estamos prontos para ouvir tudo, então não retenhas nada que nos seja proveitoso.”
 
Pedro Prega na Casa de Cornélio
Atos 10:34-43
Temos aqui o sermão que Pedro pregou para Cornélio e seus familiares e amigos, quer dizer, um resumo do sermão, pois é lógico que ele lhes testemunhou e os exortou com muitas outras palavras. A frase: E, abrindo Pedro a boca (v. 34), deixa implícito que ele se expressou com muita reverência e profundidade, ao mesmo tempo com plena liberdade e grande fluência. Ó coríntios, a nossa boca está aberta para vós, disse Paulo (2 Co 6.11). “Vós nos achareis comunicativos, se nós vos acharmos questionadores.” Até este ponto da história da Igreja, a boca dos apóstolos esteve fechada para os gentios incircuncisos, pois eles não tinham nada a lhes dizer. Mas agora, DEUS deu aos apóstolos, como deu a Ezequiel, autoridade para abrir a boca (Ez 29.21). O sermão de Pedro é admiravelmente adequado às circunstâncias daqueles a quem ele o pregava. Era um sermão novo.
I
 Pela razão de serem gentios aqueles a quem Pedro pregava, ele mostra que, a despeito disso, eles estavam interessados no evangelho de CRISTO (o qual ele era obrigado a pregar) e tinham direito aos seus benefícios em condições iguais aos judeus. Era necessário que este quesito ficasse claro, caso contrário com que bem-estar ele poderia pregar ou eles ouvirem? O apóstolo estabelece este ponto como princípio incontestável: DEUS não faz acepção de pessoas (v. 34), ou, como diz a frase em hebraico: “DEUS não conhece favor em julgamento”, algo que os magistrados são proibidos de fazer (Dt 1.17; 16.19; Pv 24.23) e culpados por fazer (Sl 82.2). A Escritura salienta que DEUS não faz acepção de pessoas (Dt 10.17; 2 Cr 19.7; Jó 34.19; Rm 2.11; Cl 3.25; 1 Pe 1.17). Ele não julga a favor de alguém por causa de vantagem externa alheia aos méritos da causa. DEUS nunca perverte o julgamento por respeito ou considerações pessoais, nem favorece o homem mau em uma coisa má por causa da sua beleza, estatura, país, ascendência, parentela, riqueza ou honra no mundo. DEUS, como benfeitor, favorece arbitrariamente e por soberania (Dt 7.7,8; 9.5,6; Mt 20.10), mas, como juiz, Ele não dá a sentença, pois em qualquer nação e em qualquer denominação, aquele que [...] teme a DEUS e faz o que é justo, esse lhe é agradável (v. 35). Isso pode ser entendido assim:
1. DEUS nunca justificou e salvou nem justificará e salvará um judeu ímpio que viveu e morreu impenitente, mesmo que fosse da descendência de Abraão (Rm 9.7) e hebreu de hebreus (Fp 3.5), e tivesse todas as honras e vantagens pertinentes à circuncisão. Ele retribuirá indignação e ira, [...] tribulação e angústia sobre toda alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu, cujos privilégios e religião em vez de protegê-lo do juízo de DEUS, agravam-lhe a culpa e a condenação (veja Rm 2.3,8,9,17). Embora DEUS tenha favorecido os judeus acima dos outros povos com a honra de pertencerem à igreja visível, Ele não aceitará ninguém que se entregue à imoralidade que contradiga o que tal indivíduo professe; e particularmente na perseguição, que agora era, mais que qualquer outro, o pecado nacional dos judeus.
2. DEUS nunca rejeitou ou recusou nem nunca rejeitará ou recusará um gentio justo, que, mesmo não tendo os privilégios e vantagens de que os judeus dispõem, como Cornélio, teme a DEUS, adora-o e faz o que é justo (v. 35), a saber, é justo e caridoso para com todos os homens e vive segundo a luz que tem em suas práticas religiosas sinceras e em seu intercâmbio social regular. Seja qual for a nacionalidade do gentio, mesmo sendo de parentesco bem distante da descendência de Abraão, tendo caráter vil e até má reputação, isso não lhe estará em detrimento. DEUS julga os homens pelo coração, não por sua nacionalidade ou ascendência. Sempre que Ele encontrar um homem sincero, DEUS se mostrará um DEUS sincero (Sl 18.25). Veja que temer a DEUS e fazer o que é justo são duas coisas que têm de estar juntas (v. 35). Como a justiça para os homens é um ramo da verdadeira religião, assim a religião para DEUS é um ramo da justiça universal. A religiosidade e a justiça têm de estar juntas, e nem uma das duas desculpará a falta da outra. Mas não há dúvida de que o homem em quem predominam estas duas qualidades agrada a DEUS. Não é que todo homem, desde a queda, possa obter o favor de DEUS que não pela mediação de JESUS CRISTO e pela graça de DEUS nele. Mas os que não têm o conhecimento de JESUS, e, portanto, não podem lhe dar a devida consideração, ainda podem receber a graça de DEUS, temer a DEUS e fazer o que é justo. Sempre que DEUS dá graça para isso, como deu para Cornélio, Ele deseja, por meio de CRISTO, aceitar a obra de suas próprias mãos. (1) Esta sempre foi uma grande verdade antes de Pedro a reconhecer: DEUS não faz acepção de pessoas (v. 34). Desde o princípio, era uma lei fixa de julgamento: Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado e o seu castigo jazem à porta (Gn 4.7). No grande Dia, DEUS não perguntará de que país os homens são, mas o que eram, o que fizeram e como foram afetados com relação a Ele e ao próximo. Se as características dos homens não estabeleceram vantagem nem desvantagem concernente à grande diferença que existia entre os judeus e os gentios, muito menos o faria qualquer diferença menor de sentimentos e práticas que haja entre os cristãos, quanto a questões de alimentos e dias (Rm 14.1-23). É certo que o Reino de DEUS não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no ESPÍRITO SANTO, e quem nisto serve a CRISTO agradável é a DEUS e aceito aos homens (Rm 14.17,18). Ousaremos rejeitar quem DEUS não rejeitou? (2) Mas agora esta grande verdade ficou bem mais clara que antes. Ela fora obscurecida pelo concerto da peculiaridade feito com os filhos de Israel e pelo sinal distintivo que receberam. A lei cerimonial era uma parede de separação que havia entre eles e as outras nações. É verdade que nisto DEUS favoreceu essa nação (Rm 3.1,2; 9.4), e, por conta disso, alguns de entre os judeus deduziram que tinham a garantia da aceitação de DEUS, embora vivessem como quisessem, e que seria impossível os gentios serem aceitos por DEUS. Usando os profetas, DEUS muito falara no intuito de evitar e corrigir este engano. Mas agora, por fim, Ele fala categoricamente, abolindo o concerto da peculiaridade e revogando a lei cerimonial, resolvendo assim a questão como um todo e colocando judeus e gentios no mesmo nível diante dele. Pedro é levado a reconhecer esta verdade, quando comparou a visão que ele teve com a visão que Cornélio teve. Agora, em JESUS CRISTO, está claro que nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma (Gl 5.6; Cl 3.11).
II
 Pela razão de estes gentios habitarem dentro das fronteiras da terra de Israel, Pedro menciona o que eles não podiam deixar de saber acerca da vida, doutrina, pregação, milagres, morte e sofrimentos de nosso Senhor JESUS. As notícias destes fatos se espalharam por todos os cantos da nação judaica (vv. 37ss.). O trabalho dos ministros torna-se mais fácil, quando eles lidam com pessoas que têm certo conhecimento das coisas de DEUS, pois podem se referir a esse conhecimento e fundamentar argumentações.
1. Cornélio e seus familiares e amigos conheciam em geral a palavra, quer dizer, o evangelho, que DEUS enviou aos filhos de Israel (v. 36). Esta palavra, vós bem sabeis (v. 37). Embora não se aceitasse que os gentios ouvissem o evangelho (JESUS e os discípulos foram enviados, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel, Mt 10.6), não havia como eles não ficarem sabendo: era o assunto de toda conversa na cidade e no campo. Os Evangelhos registram muitas vezes que a fama de JESUS corria por todas as regiões de Canaã, quando Ele estava na terra, como mais tarde a fama do evangelho alcançou todas as partes do mundo (Rm 10.18). Esta palavra divina, esta palavra de poder e graça, vós bem a sabeis. Qual era o sentido desta palavra. DEUS, por esta palavra, anunciou as boas-novas da paz por JESUS CRISTO, que é como deveria ter sido traduzido – euangelizomenos eirenen (v. 36). É o próprio DEUS que, com justiça, podendo ter proclamado a guerra, proclama a paz. Ele faz o mundo da humanidade saber que Ele quer ter paz com eles por JESUS CRISTO. DEUS estava em CRISTO reconciliando consigo o mundo (2 Co 5.19). A quem esta palavra foi enviada: Primeiramente aos filhos de Israel.
Estamos no mundo para fazer todo o bem que pudermos e, como JESUS, devemos ser perseverantes e abundantes nessa tarefa. Agora que ele está pregando aos gentios, ele diz: Ao qual [eles] mataram (v. 39). Esses que mataram JESUS são os mesmos a quem Ele fizera e planejara fazer tanto bem. Mas para que não pensassem que se tratava de um relatório exagerado, Pedro, por si mesmo e pelos demais apóstolos, o atestou: Nós somos testemunhas (v. 39) oculares de todas as coisas que [JESUS] fez, e testemunhas auriculares da doutrina que Ele pregou, tanto na terra da Judéia como em Jerusalém, na cidade e no campo.
3. Cornélio e seus familiares e amigos poderiam ter sabido, por todas estas coisas, que JESUS tinha autoridade do céu para pregar e agir como Ele fez. Pedro ainda se serve destas coisas como bandeira em seu discurso e aproveita todas as oportunidades para aludi-las a eles. Pedro quer informá-los de: (1) Que este JESUS é o Senhor de todos (v. 36). A frase está entre parênteses, mas é a proposição principal que ele quer provar: JESUS CRISTO, por quem é feita a paz entre DEUS e os homens, é o Senhor de todos – não apenas como DEUS sobre todos, [...] bendito eternamente (Rm 9.5), mas também como Mediador, todo o poder no céu e na terra (Mt 28.20) é colocado em suas mãos, e todo o julgamento lhe é entregue. Ele é o Senhor dos anjos; todos eles são seus servos humildes. Ele é o Senhor dos poderes das trevas, porque triunfou sobre eles. Ele é o rei das nações e tem poder sobre toda a carne. Ele é o rei dos santos; todos os filhos de DEUS são seus estudiosos, seus súditos, seus soldados. (2) Que DEUS ungiu a JESUS de Nazaré com o ESPÍRITO SANTO e com virtude (v. 38). Ele foi autorizado e capacitado a fazer o que fez pela unção divina, por cuja razão Ele é chamado CRISTO – o Messias, o Ungido. O ESPÍRITO SANTO desceu sobre Ele no batismo, e Ele foi cheio de poder para pregar e operar milagres, que eram o selo da missão divina. (3) Que DEUS era com [...] JESUS (v. 38). Suas obras foram feitas em DEUS. DEUS não apenas o enviou, mas desde o princípio esteve com Ele, reconheceu-o, assistiu-o e sustentou-o em todos os seus serviços e sofrimentos. Note que DEUS sempre estará com aqueles a quem Ele unge. DEUS em pessoa estará com aqueles a quem Ele dá o seu ESPÍRITO.
III
 Pela razão de estes gentios não terem tido mais certas informações relativas a este JESUS, Pedro anuncia-lhes solenemente que JESUS ressuscitou e lhes apresenta as provas da ressurreição, com o intuito de não pensarem que ao morrer sua vida teria chegado ao fim. É provável que houvesse chegado a Cesaréia certo rumor de que JESUS ressuscitara. Mas essa notícia logo foi abafada pela sugestão vil dos judeus dizendo que os discípulos de JESUS vieram de noite e lhe furtaram o corpo (Mt 28.13). É por isso que Pedro insiste neste ponto como a principal base da palavra que anunciou paz por JESUS CRISTO. 1. O poder pelo qual JESUS ressuscitou é incontestavelmente divino: A este ressuscitou DEUS ao terceiro dia (v. 40), o que não apenas contestou todas as calúnias e acusações que lhe foram feitas pelos homens, mas comprovou eficientemente a aceitação de DEUS da redenção que JESUS fez pelo pecado do homem por meio do sangue da sua cruz. Ele não fugiu da prisão, mas obteve a soltura legal: DEUS o ressuscitou. 2. As provas da ressurreição de JESUS eram incontestavelmente claras: A este [...] fez [DEUS] que se manifestasse – edoken auton emphane genesthai, para ser visível, claramente assim (v. 40). JESUS se manifestou de modo a mostrar que era indiscutivelmente Ele e não outro. Tratava-se de tamanha exibição de si mesmo quanto a equivaler a uma demonstração da verdade da sua ressurreição. Ele não se manifestou abertamente (não no sentido público), mas claramente; não a todo o povo (v. 41) que testemunhou sua morte. Ao se oporem a todas as evidências que JESUS lhes dera da sua missão divina pelos milagres que fez, eles perderam o favor de serem testemunhas oculares desta grande prova da ressurreição. Os que imediatamente forjaram e promoveram a mentira de que os discípulos roubaram o corpo de JESUS foram, com justiça, entregues a fortes ilusões e não atentaram para o fato de que Ele se manifestou a todo o povo. Assim, quanto maior será a bem-aventurança dos que não viram e creram! (Jo 20.29). Nec ille se in vulgus edixit, ne impii errore, liberarentur; ut et fides non praemio mediocri destinato difficultate constaret – Ele não se mostrou às pessoas em geral para que os incrédulos não se livrassem imediatamente do seu erro, e para que a fé, cuja recompensa é vastíssima, fosse exercida com certo grau de dificuldade. Tertuliano, Apol., Atos 11. Mas, mesmo que nem todo o povo o visse, um número suficiente de pessoas o viu para atestar a verdade da ressurreição. O testador está declarando sua última vontade e não precisa estar diante de todo o povo. Basta que seja feito na presença de certo número competente de testemunhas verossímeis. Desta forma, a ressurreição de JESUS foi provada diante de testemunhas suficientes. (1) Essas testemunhas não eram casuais, mas foram as que DEUS antes ordenara (v. 41), ou as “que foram anteriormente escolhidas por DEUS” (versão RA), para testemunharem o fato. Para isso, elas foram instruídas pelo Senhor JESUS e se relacionaram socialmente com Ele, para que, tendo-o conhecido anteriormente de forma tão pessoal, elas tivessem a mais absoluta certeza de que era Ele mesmo. (2) Essas testemunhas não tiveram uma visão súbita e passageira de JESUS, mas se relacionaram livre e socialmente com Ele: Elas comeram e beberam juntamente com ele, depois que ressuscitou dos mortos (v. 41). Isto dá a entender que elas o viram comendo e bebendo, estavam no jantar com Ele junto ao mar de Tiberíades e confirmaram a presença dos dois discípulos que cearam com Ele em Emaús. Isto provava que Ele tinha um corpo verdadeiro. Mas não era tudo. As testemunhas o viram sem medo ou consternação, sentimento que poderia ter-lhes invalidado o testemunho. Elas o viram muitas vezes, e JESUS conversou com elas com tanta familiaridade que comeram e beberam juntamente com ele. É apresentado como prova da visão clara que os nobres de Israel tiveram da glória de DEUS, o fato de que eles viram a DEUS, e comeram, e beberam (Êx 24.11).
IV
 Pedro encerra sua prédica com uma conclusão geral: Tudo que os gentios têm de fazer é crer neste JESUS. Pedro foi enviado para contar a Cornélio o que ele tem de fazer. Suas orações e esmolas eram muito boas, mas faltava uma coisa – ele tinha que ouvir o evangelho sendo pregado e crer em JESUS e sua obra salvífica (Ef 1.13-14). Observe:
1. Por que Cornélio e seus familiares e amigos têm de crer em JESUS. A fé tem referência a um testemunho, e a fé cristã é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas (Ef 2.20), é edificada sobre o testemunho dado pelos apóstolos e pelos profetas. (1) Pelos apóstolos. Pedro, como primeiro entre os apóstolos, fala pelos demais dizendo que DEUS os mandou e os encarregou de pregar ao povo e testificar (v. 42) acerca de JESUS, para que o testemunho fosse crível e autêntico, e no qual pudéssemos aventurar-nos a aceitar. O testemunho dos apóstolos é o testemunho de DEUS. Eles são suas testemunhas para o mundo. Eles não somente transmitiram a mensagem como notícia, mas testemunharam como algo publicamente conhecido e pelo qual os homens serão julgados. (2) Pelos profetas do Antigo Testamento, cujo testemunho de antemão, não só concernente aos sofrimentos de JESUS, mas também relativos ao desígnio e intenção desses sofrimentos, confirma sem sombra de dúvida o testemunho que os apóstolos deram a respeito deles: A este dão testemunho todos os profetas (v. 43). Temos razão para supor que Cornélio e seus familiares e amigos não desconheciam os escritos dos profetas. Da boca destas duas nuvens de testemunhas, que com tanta exatidão concordam entre si, esta palavra é confirmada (Mt 18.16).
2. O que Cornélio e seus familiares e amigos têm de crer concernente a JESUS. (1) Que todos nós prestemos contas a JESUS como nosso Juiz. Os apóstolos foram ordenados a testemunhar ao mundo que este JESUS foi constituído [...] por DEUS [...] juiz dos vivos e dos mortos (v. 42). Ele foi autorizado a prescrever as condições de salvação, por cujas normas devemos ser julgados, a dar leis para os vivos e os mortos, tanto aos judeus quanto aos gentios. Ele foi nomeado a determinar a situação eterna de todos os filhos dos homens no grande Dia, dos que então estiverem vivos e dos que então serão ressuscitados. Ele nos deu certeza dessa realidade, ressuscitando-o dos mortos (Atos 17.31), de forma que é de suma importância que cada um de nós, na certeza disso, busque o favor de JESUS e o faça seu amigo. (2) Que se nós crermos em JESUS seremos todos justificados por Ele como nossa justiça. Os profetas, quando falaram da morte de JESUS, estavam testemunhando que, pelo seu nome, por Ele e por conta do seu mérito, todos os que nele crêem, judeus ou gentios, receberão o perdão dos pecados (v. 43). Esta é a essência de que precisamos, sem a qual estamos perdidos, sobre a qual a consciência convencida tem curiosidade em saber, da qual os judeus segundo a carne se asseguram pelos seus sacrifícios e purificações cerimoniais e até os pagãos pelas suas expiações; mas é tudo vão! O cerne da questão é que o perdão dos pecados tem de ser somente pelo nome de JESUS CRISTO e somente por quem crê nesse nome. Os que crêem no nome de JESUS CRISTO têm a firme certeza de que os pecados são perdoados e que não há condenação para eles. O perdão dos pecados estabelece a fundação para todos os outros favores e bênçãos, removendo do caminho o que os impede. Se os pecados estão perdoados, então tudo está bem e terminará bem para sempre para os que se arrependem e se entregam a DEUS, crendo em JESUS coo único salvador e senhor.
 
O Efeito do Sermão de Pedro
Atos 10:44-48
Temos aqui o resultado e o efeito que o sermão de Pedro causou em Cornélio e seus familiares e amigos. Ele não labutou em vão entre eles, pois todos foram conduzidos a JESUS. Aqui temos:
I
 DEUS reconhece a palavra de Pedro, conferindo o ESPÍRITO SANTO aos que a ouviam, e imediatamente após ouvi-la, Dizendo Pedro ainda estas palavras (v. 44), talvez desejando continuar sua pregação, ele foi muito apropriadamente interrompido por mostras visíveis de que o ESPÍRITO SANTO, até em seus dons e poderes milagrosos, caiu [...] sobre todos os que ouviam a palavra, da mesma forma como ocorrera com os apóstolos (Atos 11.15). Se houve um vento veemente e impetuoso e línguas de fogo, foi invisível a todos, mas manifestação de línguas faladas aconteceu, comprovando que foram batizados co o ESPÍRITO SANTO. Observe: 1. Quando caiu o ESPÍRITO SANTO sobre Cornélio e seus familiares e amigos: enquanto Pedro estava pregando (v. 44). Desta forma, DEUS confirmou as palavras do apóstolo e as documentou com o poder divino. Estes foram os sinais do apostolado de Pedro manifestados entre eles (2 Co 12.12). Pedro não podia dar o ESPÍRITO SANTO, mas uma vez que o ESPÍRITO SANTO foi dado enquanto Pedro pregava, mostrava que ele fora enviado da parte de DEUS. O ESPÍRITO SANTO [...] caiu [...] sobre todos ao mesmo tempo (At 10.44), depois foram batizados por Pedro (e demais seis companheiros?) nas águas para sua confirmação. O ESPÍRITO SANTO [...] caiu [...] sobre estes gentios antes de eles serem batizados nas águas: como Abraão foi justificado pela fé, estando ainda na incircuncisão, para mostrar que DEUS não está preso a métodos. O ESPÍRITO SANTO [...] caiu [...] sobre esses que não eram circuncidados nem batizados nas águas pelo batismo de João Batista, pois não era o legítimo batismo cristão (At 19.4-5), pois o ESPÍRITO é o que vivifica, a carne para nada aproveita (Jo 6.63). 2. Qual a prova de que o ESPÍRITO SANTO caíra sobre Cornélio e seus familiares e amigos: eles falaram em línguas (v. 46) que nunca conheceram, língua sobrenaturais, não conhecidas na Terra. Esta primeira descida do ESPÍRITO sobre eles os qualificou a pregar o evangelho aos outros, o que fizeram; mas agora eles mesmos o receberam! Contudo, note que quando falaram em línguas, eles também estavam a glorificar a DEUS, falavam sobre CRISTO e os benefícios da redenção, tema que Pedro estivera pregando para a glória de DEUS. Foi o que proferiram as primeiras pessoas sobre quem o ESPÍRITO SANTO desceu (Atos 2.11). Note que devemos honrar a DEUS com todo e qualquer dom que recebermos, sobretudo, no que tange ao falar em línguas do batismo com o ESPÍRITO SANTO, como o dom de variedade de línguas e interpretação de línguas. 3. Que impressão o derramamento do ESPÍRITO SANTO sobre Cornélio e seus familiares e amigos causou aos judeus crentes que estavam presentes: Os fiéis que eram da circuncisão [...] maravilharam-se (v. 45), os seis irmãos que tinham ido com Pedro. Eles ficaram excessivamente surpresos e talvez um tanto quanto intranquilos por ter o dom (batismo com o ES) do ESPÍRITO SANTO sido derramado também sobre os gentios. Eles pensaram que esse dom (batismo com o ES) fora destinado exclusivamente à nação judaica. Se tivessem entendido que as Escrituras do Antigo Testamento ((Is 28.10-12, cf com 1Co 14.21) indicava isto, não haveriam ficado tão maravilhados. Por nossas noções equivocadas das coisas criamos dificuldades para nós mesmos sobre os métodos da providência e graça divinas.
Pedro reconhece a obra de DEUS, batizando nas águas aqueles sobre quem o ESPÍRITO SANTO fora derramado. Observe: 1. Cornélio e seus familiares e amigos receberam o batismo com o ESPÍRITO SANTO. Mesmo assim era necessário que fossem batizados nas águas como comprovação externa da fé interna deles (v. 47). DEUS não está ligado a rituais instituídos, mas nós estamos. O falar em línguas é confirmação sobrenatural da conversão, mas o batismo nas águas é confirmação pública e necessária da fé. Alguém em nossos dias teria argumentado: “Estes foram batizados com o ESPÍRITO SANTO, portanto, que necessidade há que sejam batizados com água? Não lhes fica bem”. Fica, sim, visto que o batismo nas águas é uma ordenança de CRISTO, a porta da admissão à igreja visível e o selo do novo concerto. 2. Embora fossem gentios, tendo recebido o batismo com o ESPÍRITO SANTO, Cornélio e seus familiares e amigos poderiam ser aceitos ao batismo nas águas: Pode alguém, mesmo o mais rigoroso judeu, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o batismo com o ESPÍRITO SANTO? (v. 47). O argumento é convincente. Podemos negar o sinal aos que receberam a coisa significada? Esses a quem DEUS concedeu graciosamente o concerto não têm o direito claro aos selos do concerto? É lógico que os que receberam, como nós, o batismo com o ESPÍRITO SANTO devem receber, também como nós, o batismo em água. Fica-nos bem seguir as indicações de DEUS e aceitar em comunhão conosco aqueles que DEUS já aceitou em comunhão consigo. DEUS prometera derramar o seu ESPÍRITO sobre a descendência do crente. Portanto, quem pode recusar a água, para que não sejam batizados, se eles receberam a promessa do ESPÍRITO SANTO [...] como nós também? Pelo visto, este foi o motivo de o  batismo com o ESPÍRITO SANTO ter-lhes sido dado antes que fossem batizados; caso contrário, Pedro não se sentiria persuadido a batizá-los – do mesmo modo que não teria pregado a eles, caso não tivesse recebido ordens por uma visão. Seja como for, ele não conseguiria evitar a censura dos fiéis que eram da circuncisão (v. 45). Vemos, então, que a graça divina dá um passo incomum depois de outro para trazer os gentios à igreja. Como é bom sabermos que a graça de um DEUS bom é muito maior do que a caridade de homens bons! 3. Pedro não batizou Cornélio e seus familiares e amigos, mas mandou que fossem batizados (v. 48). A ordem foi dada aos seis irmãos que o acompanharam à casa de Cornélio. O apóstolo recusou batizá-los pela mesma razão que Paulo – para que os candidatos ao batismo não se julgassem melhor por conta disso, ou talvez houvesse a impressão de ele ter batizado em seu próprio nome (1 Co 1.15). Os apóstolos receberam a comissão de ir e fazer discípulos de todas as nações e batizar nas águas os que cressem (Mt 28.19, versão RA). Mas era na oração e no ministério da palavra que eles tinham de perseverar (Atos 6.4). Paulo afirma que ele foi enviado não para batizar, mas para evangelizar (1 Co 1.17), que era a obra mais nobre e excelente. O ato de batizar era comumente incumbência de ministros inferiores. Eles agiam sob as ordens dos apóstolos, que então podiam dizer que eles mesmos batizaram. Qui per alterum facit, per seipsum facere dicitur – O que um homem faz por outro, ele pode dizer que ele mesmo fez.
III
 Os ouvintes reconheceram a palavra de Pedro e a obra de DEUS quando expressaram o desejo de se beneficiarem mais pelo ministério de Pedro: Eles rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias (v. 48). Eles não podiam forçá-lo a fixar residência entre eles. Eles sabiam que ele tinha trabalho a fazer em outros lugares, e que, naquele momento, ele era aguardado em Jerusalém. Mesmo assim, eles não queriam que ele fosse embora imediatamente, mas imploraram com instância que ele ficasse por certo tempo entre eles, para que ele os ensinasse mais coisas do que respeita ao Reino de DEUS. Note que: 1. Quem possui certo conhecimento de JESUS não pode deixar de desejar mais. 2. Até os que receberam o ESPÍRITO SANTO devem ser atendidos em suas necessidades pelo ministério da palavra.
 
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COMENTÁRIOS BEP – CPAD (com algumas correções do Pr. Henrique)
Atos Capítulo 11.15 CAIU SOBRE ELES O ESPÍRITO SANTO, COMO TAMBÉM SOBRE NÓS AO PRINCÍPIO. O derramamento do ESPÍRITO SANTO no dia de Pentecoste (At 2.4) foi um padrão para o recebimento do ESPÍRITO, a partir de então. O batismo com o ESPÍRITO SANTO seria determinado pela transformação visível ocorrida no indivíduo pela infusão da alegria por expressões vocais sobrenaturalmente inspiradas (falar em línguas) e pela ousadia no testemunho (At 2.4; 4.31; 8.15-19; 10.45-47; 19.6). Por isso, quando Pedro salientou diante dos apóstolos e irmãos em Jerusalém que os familiares de Cornélio tinham falado em línguas, ao ser derramado sobre eles o ESPÍRITO SANTO (cf. At 10.45-46), ficaram convictos de que DEUS estava concedendo aos gentios a salvação em CRISTO (v. 18). Não se pode hoje dizer que alguém recebeu o batismo com o ESPÍRITO SANTO se as manifestações físicas, tais como o falar em línguas, estão ausentes. Em nenhuma parte de Atos, o batismo com o ESPÍRITO SANTO aparece como uma experiência percebida somente pela fé (ver At 8.12,16; 19.6; ver os estudos O FALAR EM LÍNGUAS e PROVAS DO GENUÍNO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO acima)
 
11.17 A NÓS, QUANDO CREMOS. Esta expressão é, no grego, um particípio aoristo, que normalmente descreve uma ação que ocorre antes daquela do verbo principal. Por isso, uma tradução mais exata seria: DEUS lhes deu o mesmo dom (batismo com o ESPÍRITO SANTO )que a nós também, depois que cremos.
 
11.18 OUVINDO ESTAS COISAS. O discurso de Pedro silenciou todas as objeções (vv. 4-18). DEUS tinha batizado os gentios o batismo com o ESPÍRITO SANTO (At 10.45), e este ato foi acompanhado da evidência convincente do falar noutras línguas pelo ESPÍRITO SANTO (At 10.46). Era esse o único sinal necessário a ser aceito sem mais dúvidas.
 
11.23 QUE... PERMANECESSEM NO SENHOR. Os discípulos do NT não aceitavam o ensino que aquele que recebesse a salvação permaneceria automaticamente leal ao Senhor, visto que o pecado, o mundo e as tentações de Satanás podiam levar um novo crente a desviar-se do caminho da salvação em CRISTO. Barnabé nos oferece um exemplo de como os novos convertidos devem ser tratados: que nosso interesse principal seja ajudá-los e animá-los a permanecerem na fé, no amor e na comunhão com CRISTO e com sua igreja (cf. At 13.43; 14.22).
 
11.26 OS DISCÍPULOS... CHAMADOS CRISTÃOS. A palavra cristão (gr. christianos) ocorre somente três vezes no NT (At 11.26; 26.28; 1 Pe 4.16). Originalmente, era um termo que denotava um servo, imitador e seguidor de CRISTO. Hoje tornou-se termo geral, destituído do significado original que tinha no NT. A nós, este termo deve sugerir o nome do nosso Redentor (Rm 3.24), a idéia do profundo relacionamento do crente com CRISTO (Rm 8.38,39), o pensamento de que o recebemos como nosso Senhor (Rm 5.1), e a causa da nossa salvação (Hb 5.9). Reivindicar o nome de cristão significa que CRISTO e a sua palavra revelada nas Escrituras são a autoridade suprema e a única fonte da esperança futura para nós (Cl 1.5,27).
 
11.27 PROFETAS. A posição dos profetas na igreja é reconhecida em Atos e nas epístolas paulinas (Efésios 4.11). Em Jerusalém e em Antioquia havia profetas (At 11.27, 13.1), Ágabo foi um proeminente profeta da igreja (At 11.28; 21.10), Judas e Silas, companheiros de Paulo em suas viagens eram profetas da Igreja (At 15.32). Hoje temos  este ministério na Igreja (que  geralmente tem os dons de revelação operando – Palavra de conhecimento ou da ciência – conhecimento do passado e presente  sobrenaturalmente revelado e Palavra de Sabedoria - conhecimento do futuro  sobrenaturalmente revelado), mas não devemos confundir com o dom do ESPÍRITO SANTO, o dom de Profecia (para exortar, edificar e consolar).
 

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Atos 11 - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT), com algumas correções do Pr. Henrique.

A defesa necessária de Pedro do que ele fez ao receber Cornélio e seus familiares e amigos na igreja, a censura que os irmãos lhe fizeram por conta disso e o seu consentimento quanto ao que ele fizera (vv. 1-18).

 

Atos 11.1 E ouviram os apóstolos e os irmãos que estavam na Judéia que também os gentios tinham recebido a palavra de DEUS. 2 E, subindo Pedro a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da circuncisão, 3 dizendo: Entraste em casa de varões incircuncisos e comeste com eles. 4 Mas Pedro começou a fazer-lhes uma exposição por ordem, dizendo: 5 Estando eu orando na cidade de Jope, tive, num arrebatamento dos sentidos, uma visão; via um vaso, como um grande lençol que descia do céu e vinha até junto de mim. 6 E, pondo nele os olhos, considerei e vi animais da terra, quadrúpedes, e feras, e répteis, e aves do céu. 7 E ouvi uma voz que me dizia: Levanta-te, Pedro! Mata e come. 8 Mas eu disse: De maneira nenhuma, Senhor; pois nunca em minha boca entrou coisa alguma comum ou imunda. 9 Mas a voz respondeu-me do céu segunda vez: Não chames tu comum ao que DEUS purificou. 10 E sucedeu isto por três vezes; e tudo tornou a recolher-se no céu. 11 E eis que, na mesma hora, pararam junto da casa em que eu estava três varões que me foram enviados de Cesaréia. . 12 E disse-me o ESPÍRITO que fosse com eles, nada duvidando; e também estes seis irmãos foram comigo, e entramos em casa daquele varão. 13 E contou-nos como vira em pé um anjo em sua casa, e lhe dissera: Envia varões a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro, 14 o qual te dirá palavras com que te salves, tu e toda a tua casa. 15 E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o ESPÍRITO SANTO, como também sobre nós ao princípio. 16 E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o ESPÍRITO SANTO. 17 Portanto, se DEUS lhes deu o mesmo dom que a nós, quando cremos no Senhor JESUS CRISTO, quem era, então, eu, para que pudesse resistir a DEUS? 18 E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a DEUS, dizendo: Na verdade, até aos gentios deu DEUS o arrependimento para a vida.

 

A Defesa de Pedro

Atos 11:1-18 

A pregação do evangelho a Cornélio é algo que nós, pobres pecadores dos gentios, temos de analisar com muita alegria e gratidão, pois foi a chegada da luz para nós que estávamos assentados em trevas (Mt 4.16). Visto que foi uma surpresa muito grande para os judeus crentes e também para os judeus descrentes, vale a pena investigarmos como o evangelho foi recebido e que comentários foram feitos a respeito. Nestes versículos, temos: 

I

 A igreja em Jerusalém e arredores recebeu informações de que o evangelho foi pregado aos gentios. Considerando que Cesaréia não ficava muito longe de Jerusalém, era possível que em pouco tempo as notícias chegassem ali, principalmente porque um centurião famoso tinha se convertido. Uns de boa vontade, outros de má vontade espalharam a novidade, de forma que antes de Pedro ter voltado a Jerusalém, os apóstolos e os irmãos (v. 1) dali e da Judéia ficaram sabendo que também os gentios tinham recebido a palavra de DEUS, isto é, o evangelho de CRISTO, que não só é uma palavra de DEUS, mas a palavra de DEUS, pois ela é a suma e o centro de toda revelação divina. Eles receberam CRISTO, pois o nome pelo qual se chama é a Palavra de DEUS (Ap 19.13). Não só os judeus que estavam dispersos pelos países gentios e os gentios que foram convertidos à religião judaica, mas também os próprios gentios, com quem até agora se pensava que fosse contrário à lei manter relações sociais comuns, entraram em comunhão na igreja, porque tinham recebido a palavra de DEUS. Isto é: 1. A palavra de DEUS foi pregada aos gentios, sendo a maior honra que os judeus poderiam ter ao fazê-lo (Mt 12.21; Rm 15.11; Is 60.3; Sl 47.8, 102.15). Entretanto, imagino que os judeus, que foram comissionados a pregar o evangelho a toda criatura (Mc 16.15), não se sentiriam à vontade em pregar aos gentios. É o que acontece quando os preconceitos do orgulho e fanatismo são mantidos firmemente contra as revelações mais claras da verdade divina. 2. A palavra de DEUS foi cogitada pelos gentios e apresentada a eles pelos judeus, sendo um trabalho muitíssimo melhor do que os judeus esperavam. É provável que os judeus tivessem a concepção de que se o evangelho fosse pregado aos gentios não daria em nada, porque as provas do evangelho baseavam-se em tão grande parte no Antigo Testamento que os gentios não aceitariam a mensagem evangelística. Os judeus acreditavam que os gentios não eram naturalmente inclinados à religião, sendo improvável que se sensibilizassem com a mensagem. Por isso, ficaram extremamente surpresos ao ouvir que os gentios tinham recebido a palavra de DEUS. Veja que somos muito propensos a desanimar de fazer o bem aos que, após serem testados, mostram-se muito tratáveis. 

Mal sabiam eles que o evangelho entre eles definharia e entre os gentios prosperaria!

II

 Os judeus crentes consideraram uma afronta proclamar o evangelho aos gentios: Subindo Pedro a Jerusalém, [...] os que eram da circuncisão (v. 2), os judeus convertidos que ainda retinham certa reverência à circuncisão, disputavam com ele. Eles acusaram Pedro deste crime: Entraste em casa de varões incircuncisos e comeste com eles (v. 3), pelo qual julgaram que ele contaminara, se não perdera, a honra do seu apostolado, e se colocara sob a desaprovação da igreja. Nem de longe eles o consideraram infalível, ou o chefe supremo da igreja perante a quem todos temos de prestar contas e ele a ninguém. Veja aqui: 1. Como é extensa a ruína e o dano da igreja quando a monopolizam e excluem dela e dos benefícios da graça as pessoas que não concordam com todas as coisas com que concordamos. Há indivíduos de mentalidade tacanha que monopolizariam as riquezas da igreja, como há os que monopolizariam as riquezas do mundo e ficariam como únicos moradores no meio da terra! (Is 5.8). Estes homens eram da mentalidade de Jonas, que em zelo excessivo por seu povo, estava bravo por os ninivitas terem recebido a palavra de DEUS e se justificava com isso. 2. Os ministros de CRISTO não devem achar estranho serem repreendidos e questionados, não só por seus inimigos declarados, mas também por seus amigos declarados; não só por suas tolices e fraquezas, mas também por suas boas ações feitas oportunamente e com perfeição. Mas se pusermos nosso trabalho à prova, podemos nos contentar em nós mesmos, como Pedro, independente de qual reprimenda nossos irmãos nos façam. Os que são zelosos e ousados no serviço de CRISTO devem esperar ser desaprovados por aqueles que, sob o pretexto de serem cautelosos, são frios e indiferentes. Os que são de princípios liberais, generosos e caridosos devem esperar ser criticados por quem é presunçoso e pudico, que diz: Retira-te [...], porque sou mais santo do que tu (Is 65.5). 

III

Pedro faz um relato completo e imparcial de o evangelho ser pregado aos gentios suficientemente para, sem mais argumentações ou desculpas, justificar-se e contentá-los: Pedro começou a fazer-lhes uma exposição por ordem (v. 4), e “desde o começo” (versão NTLH), para apelar a eles que ele agira erroneamente. Tudo dava mostras de ser obra do próprio DEUS, e não do apóstolo.

1. Pedro toma por certo que se os judeus crentes tivessem entendido corretamente como as coisas aconteceram, eles não teriam disputado com ele. Antes, pelo contrário, o teriam elogiado. Esta é boa razão para sermos moderados e esparsos em nossas críticas, porque se entendermos corretamente que somos tão petulantes em desaprovar talvez vejamos motivo para concordar e aceitar. Quando virmos os outros fazerem o que parece suspeito, em vez de disputar com eles, devemos investigar em que base eles agiram. Caso seja impossível a investigação, devemos entender da melhor maneira suportável, e não julgar nada antes do tempo (1 Co 4.5).

2. Pedro está totalmente disposto a permanecer de acordo com a opinião dos judeus crentes e esmera-se em lhes dar satisfação. Ele não insiste em ser o chefe dos apóstolos, porque ele estava longe de pensar em ter essa supremacia que os seus pretensos sucessores reivindicam. Nem pensa que basta dizer-lhes que ele está intimamente satisfeito com as razões nas quais se firmou para fazer o que fez, e que eles não precisam se incomodar com nada. Pelo contrário, ele está preparado para dar razão da esperança que há nele (1 Pe 3.5) no que tange aos gentios, e por que mudara de pensamento e atitude. Trata-se de uma dívida que devemos a nós mesmos e aos nossos irmãos, colocar nossas ações sob a verdadeira luz que, a princípio, nos parecia ruim e ofensiva, para que removamos as pedras de tropeço do caminho de nossos irmãos. Vejamos o que Pedro alega em sua defesa.

(1) Que Pedro foi instruído por uma visão celestial para não considerar impuro o que DEUS santificou (gentios salvos). Ele relata a visão (vv. 5,6), como fizera anteriormente no capítulo 10.9ss. O primeiro texto diz que o lençol veio para a terra (Atos 10.11), ao passo que aqui ele afirma que veio até junto dele (v. 5), cuja circunstância dá a entender que o objetivo particular era instruí-lo. É assim que devemos ver todas as revelações que DEUS faz de si mesmo aos filhos dos homens, fazendo com que as revelações venham para junto de nós e aplicando-as em nós pela fé. Outra circunstância acrescentada neste relato da visão é que quando o grande lençol desceu do céu e veio até junto de Pedro, ele pôs nele os olhos, considerou e viu (v. 6). Se formos levados ao conhecimento das coisas divinas, temos de pôr nossa mente nessas coisas e considerá-las. Ele lhes conta a ordem que recebeu para comer todos os tipos de carne sem fazer distinção (v. 7) e sem perguntar nada, por causa da consciência (1 Co 10.25).Tudo era alegórico para Pedro entender quedeveria pregar aos gentios. Pedro argumenta que ele era tão avesso ao pensamento de conversar com gentios, ou de comer das suas iguarias, quanto eles eram, por isso recusou a liberdade oferecida: De maneira nenhuma, Senhor; pois nunca em minha boca entrou coisa alguma comum ou imunda (v. 8). Mas a voz [...] do céu disse-lhe que a situação sofreu alteração, pois DEUS purificara as pessoas e coisas que antes eram contaminadas. Sendo assim, o apóstolo não deve dizer que são comuns, nem considerá-las impróprias para relacionar-se com o povo peculiar, os gentios (v. 9). Diante disso, Pedro não seria culpado por mudar de opinião, quando DEUS mudara a situação. Em coisas desta natureza devemos agir de acordo com a luz que temos no presente. Contudo, não temos de nos prender tanto à nossa opinião relativa a essas coisas a ponto de prejudicar novas revelações, quando a questão é ou parece de outra maneira. DEUS é poderoso para nos revelar até isso (Fp 3.15). E para que os judeus crentes tivessem a certeza de que Pedro não estava enganado, ele afirma que sucedeu isto por três vezes (v. 10): a mesma ordem dada – levanta-te, Pedro! Mata e come – e a mesma razão – não chames tu comum ao que DEUS purificou – foram repetidas uma segunda e terceira vez. Como confirmação de que era uma visão divina, as coisas que ele viu não desapareceram no ar, mas tudo tornou a recolher-se no céu (v. 10), de onde havia descido.

(2) Que Pedro foi orientado particularmente pelo ESPÍRITO SANTO a acompanhar os mensageiros que Cornélio enviou. Pelo que parece, a visão teve a função de convencê-lo deste ponto, pois ele observa aos judeus crentes o momento em que os mensageiros chegaram – imediatamente depois de ter a visão. Contudo, para que não houvesse nada a impedi-lo de obedecer, ordenou-lhe o ESPÍRITO que fosse com (v. 12) os varões que lhe foram enviados de Cesaréia (v. 11), nada duvidando (v. 12). Os hospedou em casa e, embora fossem gentios, Pedro, no dia seguinte, foi com eles, e indo, ele tinha de acompanhá-los sem a mínima reserva.

(3) Que Pedro levou consigo estes seis irmãos, que eram da circuncisão, para contentar a eles e a si mesmo. Ele levou estes seis irmãos de Jope para servirem de testemunha do cuidado com que ele procedeu, prevendo que os judeus crentes entenderiam como afronta a questão toda. Ele não agiu separadamente, mas com conselho; não precipitadamente, mas com a devida deliberação, com inteligência e sabedoria.

(4) Que Cornélio também teve uma visão que o orientou a chamar Pedro: Cornélio contou-nos como vira em pé um anjo em sua casa (v. 13), o qual lhe ordenou enviar varões a Jope e mandar chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro. Note como é bom para os que têm comunhão com DEUS e mantêm correspondência com o céu, comparar notas e comunicar suas experiências uns aos outros, pois assim eles fortalecem a fé mútua: Pedro é muito mais confirmado na verdade da sua visão pela visão de Cornélio, e Cornélio pela de Pedro. Aqui é acrescentado algo ao que o anjo disse a Cornélio. Antes era: “Manda chamar a Pedro, e ele te falará; ele te dirá o que deves fazer” (Atos 10.6,32); mas aqui é: “O qual te dirá palavras com que te salves, tu e toda a tua casa (v. 14). Portanto, é do teu maior interesse e te será extremamente vantajoso mandar chamá-lo”. Note que: [1] As palavras do evangelho são palavras pelas quais podemos ser salvos, eternamente salvos, não somente ouvindo-as e lendo-as, mas crendo nelas e obedecendo-as (Ef 1.13). Elas nos apresentam e nos mostram para que servem. Elas nos abrem o caminho da salvação, e, se seguirmos o método prescrito por elas, seremos inexoravelmente salvos da ira e da maldição, e seremos felizes para sempre. [2] Os que aceitam o evangelho de CRISTO farão com que a salvação seja levada às suas famílias: “Palavras com que te salves, tu e toda a tua casa (v. 14). Tu e teus filhos entrarão no concerto e terão os recursos da salvação. Tua casa será como bom acolhimento ao benefício da salvação no momento em que cada membro crer, de ti até ao mais humilde criado que tiveres. Hoje, veio a salvação a esta casa (Lc 19.9). Até agora, a salvação era dos judeus (Jo 4.22), mas a partir deste momento ela é levada aos gentios tanto quanto sempre foi com os judeus. As promessas, os privilégios e os recursos da salvação são transmitidos tão completa e amplamente a todas as nações, para todas as intenções e propósitos, como sempre foram reservados à nação judaica.

(5) Que o fato que encerrou o caso foi o derramamento do ESPÍRITO SANTO sobre os ouvintes gentios, o batismo com o ESPÍRITO SANTO, com a evidência do falar em línguas. Foi o que completou a evidência de que era a vontade de DEUS que Ele trouxesse os gentios em comunhão. [1] O fato era claro e inegável: “Quando comecei a falar” (v. 15) (talvez com certa relutância secreta no peito, duvidando se ele estava no direito de pregar para incircuncisos), “logo caiu sobre eles o ESPÍRITO SANTO em sinais tão visíveis como também sobre nós ao princípio, no que não poderia haver falácia”. Assim DEUS atestou o que foi feito e expressou sua aprovação. Essa pregação é correta, pois o ESPÍRITO SANTO foi derramado. O apóstolo supõe esta verdade, quando argumenta com os gálatas: Recebestes o ESPÍRITO pelas obras da lei ou pela pregação da fé? (Gl 3.2). [2] Com esse fato, Pedro lembrou-se de uma declaração do Mestre (Atos 1.5), quando ele estava a ponto de ascender aos céus: João certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o ESPÍRITO SANTO (v. 16). Isto dá a entender, em primeiro lugar, que o batismo com o ESPÍRITO SANTO era o dom de CRISTO, e o produto e cumprimento da sua promessa, a grande promessa que Ele deixou com os discípulos quando Ele foi para o céu. Era-lhe indubitável que esse dom viesse; e que e enchimento deles com o ESPÍRITO SANTO era feito e obra de CRISTO. Como fora prometido por sua boca, assim foi executado por sua mão, sendo símbolo do seu favor. Em segundo lugar, que o dom do ESPÍRITO SANTO era o batismo com o ESPÍRITO SANTO que receberam de maneira mais excelente do que os que foram batizados nas águas. [3] Comparando esta promessa do Mestre (v. 16), assim redigida, com o dom que acabou de ser ofertado, quando foi levantada a questão se estas pessoas deveriam ou não ser batizadas, Pedro concluiu que a questão foi levantada pelo próprio CRISTO: “Portanto, se DEUS lhes deu o mesmo dom (batismo com o ESPÍRITO SANTO) que a nós (v. 17), judeus, e a nós nos dias de hoje, quando cremos no Senhor JESUS CRISTO, bem como a eles quando creram também nele, quem era, então, eu, para que pudesse resistir a DEUS? Poderia eu recusar batizar com água aqueles a quem DEUS batizara com o ESPÍRITO SANTO? Poderia eu negar o sinal a quem o Senhor JESUS CRISTO dera a coisa significada? Mas quanto a mim, quem era [...] eu? Quê! Eu posso interditar a ação de DEUS? Cabe a mim controlar a vontade divina ou opor-me às deliberações celestiais?” Note que as pessoas que impedem a conversão das almas estão resistindo a DEUS. E as pessoas encarregam-se com muita responsabilidade tramando como excluir da comunhão as almas que DEUS aceitou em comunhão com Ele. 

O batismo com o ESPÍRITO SANTO é superior ao batismo nas águas. Um é sobrenatural e só feito por JESUS, o outro é humano e, portanto susceptível a erros.

IV

 Esta narrativa que Pedro fez sobre o evangelho ser pregado aos gentios contentou a todos e tudo ficou bem. Quando as duas tribos e meia fizeram uma narrativa a Finéias e aos príncipes de Israel sobre a verdadeira intenção e significando da construção de um altar às margens do rio Jordão, a controvérsia acabou e todos ficaram satisfeitos (Js 22.30). Certas pessoas, quando objetivam reprovar alguém, mantêm-se firmes no intento, mesmo que a reprovação seja claramente injusta e infundada. Não foi o que aconteceu aqui. Estes irmãos, embora fossem da circuncisão e se inclinassem para o lado oposto aos acontecimentos, quando ouviram as explicações de Pedro, agiram diferentemente. 1. Estes judeus crentes retiraram sua reprovação: Eles apaziguaram-se (v. 18) e não disseram nada mais contra o que Pedro fizera. Eles puseram a mão sobre a boca, porque agora perceberam que DEUS foi quem fez isto. Os que se orgulhavam em sua respeitabilidade por serem judeus começaram a ver que DEUS estava manchando-lhes o orgulho, ao permitir que os gentios entrassem em comunhão com eles – e comunhão em tudo nas mesmas medidas. Agora se cumpriu a profecia que diz: Tu nunca mais te ensoberbecerás no meu monte santo (Sf 3.11). 2. Estes judeus crentes glorificaram a DEUS (v. 18). Eles não só ficaram em paz com a disputa com Pedro, mas abriram a boca em glorificações a DEUS pelo que Ele fizera pelo e com o ministério de Pedro. Ficaram gratos porque o equívoco em que se encontravam foi corrigido, e porque DEUS mostrara aos pobres gentios mais misericórdia do que estavam inclinados a lhes mostrar, dizendo: Na verdade, até aos gentios deu DEUS o arrependimento para a vida (v. 18). DEUS dera aos gentios o meio do arrependimento, abrindo uma porta para os seus ministros trabalharem entre os gentios, e a graça do arrependimento, tendo dado aos gentios o seu ESPÍRITO SANTO e o batismo com o Mesmo. Sempre que o ESPÍRITO SANTO chega para ser o Consolador, primeiro Ele convence, dá uma visão do pecado e a tristeza pelo pecado e em seguida dá uma visão de CRISTO e a alegria que há em CRISTO. Note que: (1) O arrependimento, se for verdadeiro, é para a vida (v. 18). É para a vida espiritual. Todos os que verdadeiramente se arrependem dos seus pecados mostram esta condição vivendo uma nova vida, uma vida santa, celestial e divina. Os que pelo arrependimento morrem para o pecado desde então vivem para DEUS. É então, e somente então, que começamos a realmente viver e que será para a vida eterna. Todos os verdadeiros penitentes viverão, quer dizer, serão restaurados ao favor de DEUS, que é a vida, que é melhor que a vida. Eles serão consolados com a certeza do perdão dos pecados, e terão o ganho da vida eterna e, por fim, a consecução. (2) O arrependimento vem após a entrega a DEUS, pelo convencimento do ESPÍRITO SANTO (Jo 16.8). Não é apenas a sua graça livre que aceita o arrependimento, mas a sua graça poderosa que trabalha o arrependimento em nós, que tira o coração de pedra e nos dá um coração de carne (Ez 11.19). Os sacrifícios para DEUS são o espírito quebrantado (Sl 51.17). (3) Ficamos extremamente consolados que DEUS tenha exaltado seu Filho JESUS para dar o arrependimento e o perdão de pecados, não somente para Israel (Atos 5.31), mas também para os gentios.

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LIÇÃO 11, CPAD, UMA IGREJA HEBREIA NA CASA DE UM ESTRANGEIRO, 3TR25 COMO NA REVISTA NA ÍNTEGRA

 

Escrita Lição 11, CPAD, Uma Igreja Hebreia Na Casa De Um Estrangeiro, 3Tr25, Com. Extras Pr Henrique, EBD NA TV

Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva

 

Dia Nacional de Missões

 

ESBOÇO DA LIÇÃO

I – A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS

1. A visão de Cornélio

2. A experiência espiritual de Pedro

3. A urgência da pregação do Evangelho

II – A SALVAÇÃO DOS GENTIOS  

1. Pregação aos gentios

2. A conversão dos gentios

III – O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS

1. O ESPÍRITO prometido

2. O ESPÍRITO recebido

3. Um pentecoste “visto” e “ouvido”

 

TEXTO ÁUREO

“Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o ESPÍRITO SANTO?” (At 10.47)

 

VERDADE PRÁTICA

O episódio da igreja hebreia na casa do gentio Cornélio demonstra que DEUS não faz acepção de pessoas.

 

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Rm 15.12 Os gentios no plano da salvação  

Terça - At 10.34 DEUS não faz acepção de pessoas

Quarta - Mc 16.15 A pregação do Evangelho a todo tipo de pessoa

Quinta - Jo 3.16 O amor de DEUS por todos

Sexta - Tt 2.11 A graça salvadora dispensada a todos

Sábado - At 10.44 O ESPÍRITO derramado sobre todos

 

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 10.1-8, 21-23, 44-48

1- E havia em Cesareia um varão por nome Cornélio, centurião da coorte chamada Italiana, 2- piedoso e temente a DEUS, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a DEUS. 3- Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de DEUS, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio! 4- Este, fixando os olhos nele e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de DEUS.

5- Agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro. 6- Este está com um certo Simão, curtidor, que tem a sua casa junto do mar. Ele te dirá o que deves fazer. 7- E, retirando-se o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus criados e a um piedoso soldado dos que estavam ao seu serviço. 8- E, havendo-lhes contado tudo, os enviou a Jope.

21- E, descendo Pedro para junto dos varões que lhe foram enviados por Cornélio, disse: Sou eu a quem procurais; qual é a causa por que estais aqui?  22 -E eles disseram: Cornélio, o centurião, varão justo e temente a DEUS e que tem bom testemunho de toda a nação dos judeus, foi avisado por um santo anjo para que te chamasse a sua casa e ouvisse as tuas palavras. 23- Então, chamando-os para dentro, os recebeu em casa. No dia seguinte, foi Pedro com eles, e foram com ele alguns irmãos de Jope.

44- E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o ESPÍRITO SANTO sobre todos os que ouviam a palavra. 45- E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO SANTO se derramasse também sobre os gentios. 46- Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a DEUS. 47- Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o ESPÍRITO SANTO? 48- E mandou que fossem batizados em nome do Senhor. Então, rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias.

 

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PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos um dos momentos mais marcantes da história da Igreja: a visita do apóstolo Pedro à casa do centurião Cornélio. Esse episódio revela que o plano de salvação em CRISTO não está restrito a um povo ou cultura, mas se estende a todas as nações. Através da ação do ESPÍRITO SANTO, DEUS rompe barreiras étnicas e culturais, mostrando que não faz acepção de pessoas. Veremos como a mensagem do Evangelho alcançou os gentios com poder, a partir da igreja em Jerusalém.

2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição: I) Mostrar que DEUS incluiu os gentios em seu plano de salvação; II) Ressaltar que a salvação é oferecida a todos os que creem em JESUS, independentemente de sua origem étnica ou cultural; III) Enfatizar a obra do ESPÍRITO SANTO como confirmação do agir de DEUS entre os gentios, demonstrando que o Pentecostes não foi exclusivo dos judeus.

B) Motivação: A lição de hoje nos mostra que o Evangelho rompe barreiras e convida a Igreja a viver a missão com abertura, compaixão e obediência ao ESPÍRITO. Que nossos corações estejam sensíveis à voz de DEUS e prontos a levar sua salvação a todos.

C) Sugestão de Método: Para reforçar o ensino do Tópico III – O ESPÍRITO Derramado sobre os Gentios, você pode aplicar o método comparativo reflexivo. Sugerimos que utilize um quadro ou cartolina com duas colunas: uma para o Pentecostes entre os judeus (Atos 2) e outra para o Pentecostes entre os gentios (Atos 10). Peça que os alunos apontem elementos em comum, como o derramamento do ESPÍRITO, o falar em línguas e a manifestação da presença de DEUS. Após essa análise, promova um momento de reflexão em grupo: “O que essa igualdade espiritual entre judeus e gentios nos ensina sobre o agir de DEUS hoje?” Isso fortalecerá a compreensão doutrinária e despertará a aplicação pessoal do ensino.

3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: A presente lição nos convida a que tenhamos corações abertos à direção do ESPÍRITO e dispostos a acolher todos aqueles que DEUS chama para o seu Reino.

4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 102, p.41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “Cornélio e Pedro”, localizado depois do primeiro tópico, aprofunda a reflexão a respeito da evangelização dos gentios e do derramamento do ESPÍRITO sobre eles; 2) O texto “DEUS não faz acepção de pessoas”, ao final do terceiro tópico, amplia a reflexão sobre a aceitação de DEUS a respeito de todos os que confessam o Senhor JESUS sob o poder do ESPÍRITO SANTO.

 

Palavra-Chave - Aceitação

 

COMENTÁRIO – INTRODUÇÃO

Nesta semana, estudaremos sobre como a igreja judaica de Jerusalém deu um passo gigantesco quando foi chamada por DEUS para compartilhar sua fé com pessoas de outras nações. O apóstolo Pedro foi escolhido divinamente para pregar as Boas-Novas da salvação aos gentios, o que na época não era aceitável. Atos 10 é uma das mais impressionantes histórias da Bíblia, onde fica evidente o grande amor e graça de DEUS em salvar a todos aqueles que demonstrem fé na pessoa do seu bendito Filho, JESUS CRISTO .Lucas destaca em seu livro que os gentios foram salvos e receberam o dom do ESPÍRITO da mesma forma que os judeus no Pentecostes.

 

I – A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS

1. A visão de Cornélio

Cornélio, um centurião romano da cidade de Cesareia, orava por volta das três horas da tarde quando teve uma revelação de DEUS. Ele viu um anjo de DEUS (At 10.3). Não é incomum, nas páginas das Escrituras, DEUS se revelar por meio de anjos. Contudo, essa revelação se distingue de outras por conta de seu propósito: a inclusão dos gentios à Igreja do Senhor. Cornélio era um homem que tinha desejo de salvação, pois mesmo sendo um gentio, era piedoso e temente a DEUS com toda a sua casa (At 10.2). No entanto, isso não era suficiente para salvá-lo. Ele precisava ouvir acerca da mensagem da cruz e o anjo de DEUS estava ali para instruí-lo a como fazer. Não sendo a pregação do Evangelho missão para um anjo, Cornélio foi instruído a chamar o apóstolo Pedro para fazer isso (At 10.22).

 

2. A experiência espiritual de Pedro

Assim como Cornélio, Pedro também teve uma revelação (At 10.10). Pedro teve uma experiência espiritual com visão e revelação divina, que o deixou perplexo (At 10.11,12). DEUS sabia do impacto que a missão na casa do gentio Cornélio teria sobre as convicções de Pedro e, por isso, por meio dessa experiência espiritual, o prepara para o que viria pela frente. Pedro levaria as Boas-Novas do Evangelho a um povo que, para ele, estava excluído do plano salvífico de DEUS. Ele sentiu o caráter excepcional dessa revelação e achou por bem levar consigo outros seis irmãos judeus naquela missão (At 10.23, 11.12; 15.7).  

 

3. A urgência da pregação do Evangelho

DEUS ainda pode revelar a alguém o seu plano salvífico de forma excepcional, inclusive usando anjos eleitos, como fez na casa de Cornélio. Contudo, essa não é a maneira usual do Senhor trabalhar. A partir da verdade bíblica de que DEUS quer salvar a todos (1 Tm 2.4), a igreja deve levar adiante a grandiosa missão de pregar o Evangelho a toda criatura (Mc 16.15). Paulo afirmou que DEUS achou por bem salvar os que creem por meio da pregação (1 Co 1.21). Devemos, portanto, pregar. Não é preciso ninguém ficar esperando um anjo comissioná-lo a pregar o Evangelho. DEUS já fez isso.

 

SINÓPSE I - DEUS revelou seu plano de salvação a Cornélio e preparou Pedro para anunciar o Evangelho aos gentios.

 

AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO - CORNÉLIO E PEDRO

“A primeira igreja, fundada após o Pentecostes, era composta quase exclusivamente de judeus. Durante anos, nenhuma tentativa foi feita no sentido de evangelizar os gentios. Apesar do último mandamento de CRISTO. Isto nos parece surpreendente! Mas, era difícil remover da mentalidade judaica certos preconceitos seculares. Somente o poder de DEUS poderia arrancar deles tais costumes. Antes da Grande Comissão ser efetuada pela igreja judaica e o Evangelho alcançar os gentios, algumas questões teriam de ser solucionadas. Será que judeus e gentios poderiam receber igual salvação, ficando em pé de igualdade? Os crentes judeus poderiam ter comunhão e convívio com os gentios? Os judeus os consideravam “impuros”. Até da sua comida se recusavam participar. Isto por não ser preparada de acordo com a Lei de Moisés. DEUS se pronunciou sobre estas dúvidas. Primeiro, providenciou um contato entre duas pessoas: Cornélio, um gentio interessado no Evangelho, e Pedro, o pregador judeu” (PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pp.119-20).

 

II – A SALVAÇÃO DOS GENTIOS  

1. Pregação aos gentios

Pedro recebeu a missão de pregar para Cornélio e sua casa (At 11.14). Sua pregação é totalmente cristocêntrica, sempre apontando para a cruz de CRISTO. Assim, podemos perceber alguns eixos principais que sua mensagem percorria. Primeiramente, DEUS ama a todos (At 10.34). Todas as pessoas, quer judeus quer gentios, são objeto do amor de DEUS. Em segundo lugar, DEUS quer salvar a todos (At 10.35). DEUS não somente ama a todos, mas quer salvar a todos. Pedro agora reconhece que a salvação não é apenas para os judeus que guardam a Lei, mas também para todo aquele que em qualquer nação o “teme”. Em terceiro lugar, CRISTO é o Senhor de todos (At 10.36). CRISTO é o centro do Evangelho. Ele é o eixo em torno do qual todas as bênçãos espirituais se encontram. Estar em CRISTO é estar salvo; não estar em CRISTO é não estar salvo!

 

2. A conversão dos gentios

A mensagem da cruz é um chamado ao arrependimento (At 10.43). Todos os que, arrependidos, creem em CRISTO, serão perdoados, e, portanto, salvos. Na sua soberania e graça, DEUS havia incluído no seu plano de salvação todos os não judeus que, arrependidos, professariam o nome do Senhor JESUS. Ninguém é salvo à força; é preciso crer em CRISTO para receber a salvação. Tanto judeus quanto gentios necessitam se arrepender para ser salvos. Os judeus acreditavam que o privilégio da salvação era exclusividade deles e que, portanto, os gentios estavam excluídos. O Criador havia mostrado que isso era um erro. Posteriormente, os judeus convertidos reconheceram maravilhados que DEUS, por meio do arrependimento, abriu a porta da fé para os gentios (At 11.18). Portanto, Ele salvou os gentios que demonstraram fé em JESUS e se arrependeram de seus pecados. 

 

SINÓPSE II - A mensagem de Pedro mostrou que todos, judeus e gentios, são chamados à salvação pela fé em CRISTO.

 

III – O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS

1. O ESPÍRITO prometido

O batismo com o ESPÍRITO SANTO experimentado pelos gentios na casa de Cornélio (At 10.44-46) foi um dos fatos mais marcantes que aconteceu nos dias da Igreja Primitiva. Anos mais tarde, durante o primeiro Concílio da Igreja em Jerusalém, Pedro faz referência a esse fato como sendo uma das promessas feitas por DEUS aos gentios (At 15.16). Assim, o recebimento do ESPÍRITO SANTO, incluindo a experiência pentecostal do batismo com o ESPÍRITO SANTO, era a “bênção de Abraão” feita aos gentios (Gl 3.14). Pedro já havia dito, citando a profecia do profeta Joel (Jl 2.28), que o batismo com o ESPÍRITO SANTO era uma promessa de DEUS a “toda carne” (At 2.17). A promessa, portanto, não se limitava mais aos judeus, nem tampouco a uma classe especial (reis, profetas e sacerdotes), mas a todos quantos nosso DEUS chamar (At 2.39). Eu, você e todos os que creem em CRISTO somos contemplados com essa promessa de DEUS.

 

2. O ESPÍRITO recebido

Como vimos, logo após os gentios terem “recebido a Palavra de DEUS” (At 11.1), isto é, se convertido a fé cristã, o ESPÍRITO SANTO foi derramado sobre os crentes gentios de Cesareia: “E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO SANTO se derramasse também sobre os gentios” (At 10.45). Esse derramamento do ESPÍRITO veio acompanhado pela evidência física do falar em outras línguas e expressões de louvor, que aparece aqui como um padrão já aceito pela comunidade cristã: “Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a DEUS” (At 10.46). 

 

3. Um pentecoste “visto” e “ouvido”

Posteriormente, quando questionado e censurado por outros judeus por ter ido à casa de um gentio em Cesareia, Pedro usou a experiência pentecostal ocorrida na casa de Cornélio como argumento a favor da autenticidade da fé gentílica. Na argumentação de Pedro, os gentios haviam recebido a mesma experiência pentecostal que eles haviam recebido no dia de Pentecostes (At 2.4), inclusive com a manifestação do fenômeno das línguas (At 11.15-18). Em outras palavras, o Pentecostes gentílico, assim como o Pentecostes judaico, foi marcado pela experiência do ESPÍRITO. Em ambos os casos, foi um Pentecostes “visto” e “ouvido”. 

 

SINÓPSE III - O ESPÍRITO SANTO foi derramado sobre os gentios como confirmação divina de que eles também fazem parte da Igreja.

 

AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO - “DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS

‘DEUS mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo. Reconheço por verdade que DEUS não faz acepção de pessoas’. Há pessoas de certas nações que consideram os habitantes de todas as outras um amontoado de raças inferiores. Outras, até crentes, pensam que seu pequeno grupo é a esfera limitada do favor de DEUS. O racismo, ou preconceito racial, não pode ser adotado por crentes. Ninguém foi consultado, antes de nascer, quanto à raça à qual gostaria de pertencer. Portanto, não é base para alguém se orgulhar ou desprezar seu próximo. DEUS ‘de um só fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra’ (At 17.26). Nenhum cientista verá diferença entre amostras de sangue de pessoas de todas as raças. CRISTO veio oferecer a salvação a todos aqueles que creem, independentemente de raça (Gl 3.28). A Igreja é uma fraternidade espiritual em que não se reconhecem distinções dessa natureza. Todos somos um em CRISTO” (PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.126).

 

CONCLUSÃO

A graça de DEUS se manifestou trazendo salvação a todas as pessoas (Tt 2.11). A missão da igreja na casa do gentio Cornélio mostra como o amor de DEUS pode alcançar todas a pessoas, independentemente de cor e raça, que abrem o seu coração à poderosa mensagem da cruz. Aqui também vemos que a fé evangélica não é algo subjetivo, mas marcada pela ação e presença real do ESPÍRITO SANTO na vida daquele que crer.

 

REVISANDO O CONTEÚDO

1. De acordo com a lição, qual era o propósito da revelação feita a Cornélio?

A inclusão dos gentios à Igreja do Senhor.

2. Para quem Pedro levaria o Evangelho?

Pedro levaria as Boas-Novas do Evangelho a um povo a quem para ele estava excluído do plano salvífico de DEUS.

3. De acordo com a lição, quais são os principais eixos que podemos perceber na pregação de Pedro na casa de Cornélio?

DEUS ama a todos, quer salvar a todos e CRISTO é o Senhor de todos.

4. Segundo a lição, qual foi um dos fatos mais marcantes da Igreja Primitiva?

O Batismo no ESPÍRITO experimentado pelos gentios na casa de Cornélio.

5. O que marcou o Pentecostes Gentílico?

Foi marcado pela experiência do ESPÍRITO. Em ambos os casos, foi um Pentecostes “visto” e “ouvido”.