18 agosto 2025

Escrita Lição 9, CPAD, Uma Igreja Que Se Arrisca, 3Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV

Escrita Lição 9, CPAD, Uma Igreja Que Se Arrisca, 3Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar PIX 99991520454 (Tel) Luiz Henrique de Almeida Silva

 


ESBOÇO DA LIÇÃO

I – ESTÊVÃO E A IGREJA QUE TEM SUA FÉ CONTESTADA

1. Aprendendo com Estevão

2. A fé sob ataque

3. A disputa com Estêvão

4. A falsa narrativa

II – ESTÊVÃO E A IGREJA QUE DEFENDE SUA FÉ

1. DEUS na história do seu povo

2. Corações endurecidos

III – ESTÊVÃO E O MARTÍRIO DA IGREJA

1. Contemplando a vitória da cruz

2. Perdoando o agressor

 

TEXTO ÁUREO

“Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos no céu, viu a glória de DEUS e JESUS, que estava à direita de DEUS.” (At 7.55)

 

VERDADE PRÁTICA

A igreja foi capacitada por DEUS para enfrentar um mundo que é hostil à sua fé

e valores.

 

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Mt 10.16 Vivendo em um mundo hostil 

Terça - At 20.24 Nada a temer na pregação do Evangelho

Quarta - At 6.10 Capacitados com sabedoria para o confronto

Quinta - At 6.11-13 Caluniados e difamados pelos opositores

Sexta - Ap 2.10 Fiel até a morte nas perseguições contra a fé

Sábado - At 7.60 Morrendo e perdoando pela fé

 

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 6.8-15; 7.54-60

Atos 6.8- E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. 9- E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão. 10- E não podiam resistir à sabedoria e ao ESPÍRITO com que falava. 11- Então, subornaram uns homens para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra DEUS. 12- E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, investindo com ele, o arrebataram e o levaram ao conselho. 13- Apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei; 14- porque nós lhe ouvimos dizer que esse JESUS Nazareno há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu. 15- Então, todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo.

Atos 7. 54- E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele. 55- Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos no céu, viu a glória de DEUS e JESUS, que estava à direita de DEUS, 56- e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de DEUS. 57- Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele. 58- E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. 59- E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor JESUS, recebe o meu espírito. 60- E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.

 

Hinos Sugeridos: 418, 509, 515 da Harpa Cristã

 

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

SUBSÍDIOS DA LIÇÃO – REVISTAS ANTIGAS E LIVROS

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

 

Lição 7, Estêvão - Um Mártir Avivado – CPAD – 1º Trimestre 2023

Comentarista: Pr. Elinaldo Renovato de Lima

Vídeo https://youtu.be/4eeIPtbL9Co

Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2023/01/escrita-licao-7-cpad-estevao-um-martir.html

Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2023/01/slides-licao-7-cpad-estevao-um-martir.html

https://pt.slideshare.net/henriqueebdnatv/slides-lio-7-cpad-estevao-um-martir-avivado-1tr23-pr-henriquepptx

                                                                                                                                    
 

Resumo da Lição 7, Estêvão - Um Mártir Avivado

I – O TESTEMUNHO DE ESTÊVÃO
1. Estêvão usado por DEUS.

2. Uma covarde oposição.

3. A fúria dos acusadores.

II – A PRECIOSA MORTE DE ESTÊVÃO
1. Cheio do ESPÍRITO SANTO.

2. A violência dos acusadores.

3. O perdão no martírio.

III – O AVIVAMENTO NO SOFRIMENTO
1. Sofrimento e morte dos apóstolos.

2. O avivamento e sofrimento.

 

 Observação – deus Renfã significa “a lua”, adoravam a Lua

____________________________________________________________

 

COMENTÁRIOS BEP - CPAD

7.2 IRMÃOS E PAIS, OUVI. O discurso de Estêvão diante do sinédrio é uma defesa da fé propagada por CRISTO e pelos apóstolos. Ele é o precursor de todos quantos defendem a fé bíblica contra os que se opõem ao seu ensino ou o distorcem, e é o primeiro que morreu por essa causa. JESUS vindica a ação de Estêvão, ficando em pé para honrá-lo diante de seu Pai, no céu (v. 56). O amor de Estêvão à verdade e sua disposição em dar a vida para salvaguardá-la, contrastam-se nitidamente com aqueles que pouco se interessam por batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd 3) e que, em nome do amor, da paz e da tolerância, não vêem qualquer necessidade de oposição aos falsos mestres, nem àqueles que distorcem o evangelho puro, em favor do qual CRISTO morreu (ver Gl 1.9 ).

 

7.38 A CONGREGAÇÃO NO DESERTO. A congregação no deserto refere-se a Israel como o povo de DEUS. Em hebraico a palavra traduzida por congregação é qahal e na Septuaginta (a tradução grega do AT) o termo é ekklesia (i.e., assembleia ou igreja). (1) Assim como Moisés conduziu a igreja do AT, CRISTO conduz a igreja do NT. A igreja do NT designada descendência de Abraão (Gl 3.29; cf. Rm 4.11-18) e o Israel de DEUS (Gl 6.16) dá continuidade a igreja do AT. (2) Assim como a igreja do AT, a igreja do NT está no deserto , i.e., é uma igreja peregrina, longe da Terra Prometida (Hb 11.6-16). Por isso nunca devemos sentir-nos plenamente à vontade quanto ao viver aqui nesta terra.

 

7.42 DEUS... OS ABANDONOU. As palavras de Estêvão refletem um princípio bem estabelecido nas Escrituras e na história da redenção. Aqueles que persistem em repudiar a DEUS, não somente são abandonados por Ele, como também são entregues à influência do mal, de Satanás e da imoralidade (cf. Rm 1.24,28). Ao contrário da crença popular, DEUS não continuará demonstrando amor e perdão, caso não haja resposta da nossa parte. Ele perdoa e comunica o seu amor somente àqueles que voltam-se para Ele com arrependimento sincero e com verdadeira obediência. Para aqueles que endurecem o coração; que sempre resistem ao ESPÍRITO SANTO e que se recusam a aceitar a salvação divina, permanece somente a ira justa de DEUS (Rm 2.4-6,8).

 

7.44 SEGUNDO O MODELO. DEUS sempre teve um padrão divino para ser seguido por seu povo. (1) DEUS tinha um padrão para Moisés, que servia de norma segundo o antigo concerto. (a) Em Êx 12, DEUS deu a Moisés instruções específicas para a primeira Páscoa no Egito, que se tornou padrão para todas as gerações subsequentes dos israelitas. (b) Em Êx 20, DEUS deu a Moisés os Dez Mandamentos como padrão e norma moral para todas as gerações subsequentes. (c) Em Êx 25, DEUS mandou Moisés levantar um tabernáculo no meio do arraial de Israel como cópia e sombra das coisas celestiais e da redenção que DEUS planejara levar a efeito através do Senhor JESUS CRISTO na terra. Moisés fez cuidadosamente o tabernáculo e todos os seus pertences conforme... modelo que DEUS estabelecera na sua sabedoria (Êx 25.9,40; cf. Hb 8.1-5). (2) Tão certamente como DEUS tinha um padrão para o tabernáculo segundo o antigo concerto, Ele tem um padrão para sua igreja segundo o novo concerto. Os apóstolos do NT não resolveram de modo arbitrário e aleatório como a igreja seria constituída, porque o Pai e o Filho, mediante o que o ESPÍRITO SANTO registrou nos Evangelhos, nos Atos dos Apóstolos, nas Epístolas e nas cartas às sete igrejas (Ap 2.3), estabeleceu o padrão apostólico para a igreja. (3) Infelizmente, depois da era apostólica, a igreja começou a apartar-se da revelação divina e a modificar o padrão celestial de DEUS ao acomodar-se às culturas e à organização, conforme as idéias humanas e terrenas. O resultado tem sido a proliferação de padrões humanos impostos à igreja. (4) Para a igreja de JESUS CRISTO experimentar novamente a totalidade do plano, poder, favor e presença de DEUS, deve deixar de seguir seus próprios caminhos e voltar a adotar o padrão apostólico do NT como a norma perpétua de DEUS para ela.

 

7.51 SEMPRE RESISTIS AO ESPÍRITO SANTO. A história de Israel retrata um povo que repetidamente rebelou-se contra DEUS e a sua Palavra revelada. Ao invés de se

submeterem às normas da sua lei, os israelitas se voltaram para os caminhos e modo de vida das nações ímpias ao seu redor. Mataram os profetas que os chamavam ao

arrependimento e que profetizavam a respeito da vinda de CRISTO (vv. 52,53). É isto o que significa resistis ao ESPÍRITO SANTO . Da mesma forma o Israel de CRISTO, sob o novo concerto, deve estar consciente da sua tendência de proceder como o Israel de DEUS do antigo concerto. As igrejas de CRISTO podem desviar-se dEle e da sua Palavra e recusar-se a dar ouvido à voz do ESPÍRITO SANTO. Acontecendo isto, elas incorrerão no juízo divino: o reino lhes será tirado (ver Rm 11.20-22; Ap 2,3).

 

7.56 O FILHO DO HOMEM, QUE ESTÁ EM PÉ. A Bíblia normalmente fala de JESUS assentado à direita de DEUS (2.34; Mc 14.62; Lc 22.69; Cl 3.1). Mas aqui, conforme a tradução literal do grego, JESUS colocou-se de pé para dar as boas-vindas ao seu primeiro mártir que morria por amor a Ele. Estêvão confessara a CRISTO diante dos homens e defendera a fé.  Agora CRISTO, honrando o seu servo, confessa-o diante do seu Pai celeste. O Salvador está em pé pronto para acolher, como intercessor e advogado, o crente fiel que enfrenta a  morte por Ele (cf. Marcos 8.38; Lc 12.8; Rm 8.34; 1 Jo 2.1).

 

 

 

O Discurso de Estêvão

Atos 7:1-16 

Estêvão está sendo julgado diante do grande conselho da nação sob a acusação de blasfêmia. O capítulo anterior relata que as testemunhas, sob juramento, afirmaram que ele proferira palavras blasfemas contra Moisés e contra DEUS, pois ele falara contra o santo lugar e a lei. Agora aqui:

I

O sumo sacerdote chama Estevão para se defender (v. 1). Ele era o presidente e, nessa função, servia de porta-voz do tribunal: “Tu, prisioneiro em julgamento, ouviste o que as testemunhas, sob juramento, afirmaram contra ti. Porventura, é isto assim? O que tu tens a dizer sobre isso? Tu falaste alguma palavra com este sentido? Se falaste, tu te retratarás ou manterás o que disseste? És culpado ou inocente?” Estas palavras faziam um espetáculo de justiça, mas ao que parece foram ditas com ar de arrogância. Até aqui, o sumo sacerdote mostra ter prejulgado a causa porque, se ele houver dito tais palavras, será certamente condenado como blasfemador, seja qual for a justificativa ou explicação que dê ao conselho. 

II

 Estevão começa sua longa defesa. Temos a impressão de que ele foi interrompido abruptamente somente quando chegou ao ponto principal (v. 50). Ele ter-se-ia estendido mais em suas palavras, caso seus inimigos lhe tivessem dado a liberdade de dizer tudo o que tinha a dizer. Em geral, podemos observar:

1. Que, neste discurso, Estevão mostra ser homem preparado e poderoso nas Escrituras, estando inteiramente equipado para toda boa palavra e toda boa obra. Ele relata de improviso, sem consultar sua Bíblia, histórias muito pertinentes aos seus propósitos. Ele estava cheio do ESPÍRITO SANTO, não tanto para lhe revelar coisas novas, ou lhe mostrar os conselhos e decretos secretos de DEUS relativos à nação judaica, a fim de convencer seus contraditores, mas para lhe trazer à memória as escrituras do Antigo Testamento e lhe ensinar como fazer uso delas, a fim de convencê-los. Quem está cheio do ESPÍRITO SANTO estará cheio das Escrituras.

2. Que Estevão cita as Escrituras de acordo com a tradução da Septuaginta, indicando que ele era um dos judeus helenistas que usava essa versão nas sinagogas. Seguir esta versão mostra variações com o original hebraico neste discurso. Os juízes do tribunal não corrigiram estas diferenças, porque sabiam como ele as aprendera. Este fato também não deprecia a autoridade do ESPÍRITO pelo qual ele falava, pois as variações não são importantes. Temos uma máxima: Apices juris non sunt jura – Meros pontos da lei não são a própria lei. Estes versículos levam esse compêndio de história da igreja para o fim do Livro de Gênesis. Observe:

(1) O prefácio do discurso de Estêvão: Varões irmãos e pais, ouvi (v. 2). Ele não lhes dá títulos lisonjeiros, mas civis e respeitosos, dando a entender sua expectativa de tratamento com justiça. Dos homens, ele espera ser tratado com humanidade, e de irmãos e pais, ele espera que o tratem de modo paternalmente fraterno. Eles estão prontos a considerá-lo apóstata da igreja judaica e seu inimigo. Mas, para começar a convencê-los do contrário, ele se dirige a eles como varões, irmãos e pais, determinando considerá-lo como um deles, embora não o fizessem. Ele lhes solicita atenção: Ouvi. Embora estivesse a ponto de lhes contar o que eles já sabiam, roga que ouçam suas palavras, porque, embora soubessem de tudo, sem uma aplicação mental muito restrita, eles não saberiam aplicar estas histórias ao caso sob julgamento.

(2) A introdução ao discurso de Estevão (ainda que assim pareça ao leitor casual) está longe de ser uma divagação longa apenas para divertir e entreter os ouvintes, contando-lhes uma história antiga. Tudo era pertinente e ad rem – a propósito, para lhes mostrar que o coração de DEUS não estava tanto naquele lugar santo e na lei quanto estava o deles. Mas, assim como DEUS possuiu uma igreja no mundo muitos séculos antes que aquele lugar santo fosse fundado e a lei cerimonial dada, Ele também a possuiria quando essas duas coisas tivessem seu ponto final.

[1] Estêvão começa com a chamada de Abraão de Ur dos Caldeus, pela qual ele foi separado para DEUS a fim de ser o canal fiel da promessa e o pai da igreja veterotestamentária. Sobre essa chamada, temos uma narrativa (Gn 12.1ss.) e uma referência (Ne 9.7,8). Seu país nativo era um país idólatra: a Mesopotâmia (v. 2), a terra dos caldeus (v. 4). Por isso, DEUS o levou a duas mudanças, a segunda não muito longe da primeira, lidando ternamente com ele. Primeiro, Ele o tirou da terra dos caldeus para Harã, cidade a meio caminho de Canaã (Gn 11.31). E dali, cinco anos mais tarde, depois que seu pai faleceu, DEUS o trouxe para esta terra de Canaã, em que habitais agora. Pelo visto, a primeira vez que DEUS falou com Abraão (v. 2), Ele apareceu em alguma forma visível da sua presença, como o DEUS da glória, para estabelecer uma relação com ele. Depois, Ele manteve essa relação e falava com ele de tempos em tempos segundo cada ocasião, sem repetir suas aparições visíveis como o DEUS da glória.

Em primeiro lugar, sobre esta chamada de Abraão, observemos: 1. Em todos os nossos caminhos, temos de reconhecer DEUS e atender às orientações da sua providência, como da coluna de nuvem e de fogo. Não está escrito que Abraão se mudou, mas que DEUS o trouxe para esta terra em que habitais agora (v. 4). Tudo que Abraão fez foi seguir seu Líder. 2. Aqueles com quem DEUS faz um concerto, Ele os distingue dos filhos deste mundo. Eles são verdadeiramente chamados para fora da pátria, da terra da sua natividade. Eles têm de se libertar do mundo para viver acima dele e de tudo que nele há, até das coisas que lhes são muito queridas. Eles têm de confiar em DEUS para lhes compensar por estas coisas em outro país melhor, quer dizer, na pátria celestial, a qual Ele lhes mostrará. Os escolhidos de DEUS têm de segui-lo com uma fé e obediência, de certa forma, cega.

Em segundo lugar, vejamos qual é serventia disso tudo para o caso de Estêvão. 1. Eles acusaram Estêvão de blasfemar contra DEUS e de ser apóstata da igreja. Por isso, ele mostra que é filho de Abraão, orgulhando-se de poder dizer: Abraão, nosso pai (v. 2), e que é adorador fiel do DEUS de Abraão, a quem aqui ele chama o DEUS da glória. Ele também mostra que possui revelação divina e que particularmente por essa razão a igreja judaica foi fundada e corporificada. 2. Eles eram orgulhosos de serem circuncidados. Por isso, ele mostra que Abraão foi levado sob a orientação de DEUS e em comunhão com Ele, antes de ser circuncidado, fato que ocorreu somente no versículo 8. Com este argumento, Paulo prova que Abraão foi justificado pela fé, porque ele foi justificado quando era incircunciso. 3. Eles tinham grande zelo por este santo lugar, cujo significado pode ser toda a terra de Canaã, pois se chamava a terra santa, a terra de Emanuel. E a destruição da casa santa inferia a destruição da terra santa. “Agora”, diz Estêvão, “vós não deveis ter tanto orgulhoso disso, pois”: (1) “Vós saístes originalmente de Ur dos Caldeus, onde vossos pais [...] serviram a outros deuses (Js 24.2), e não fostes os primeiros plantadores deste país. Olhai para a rocha de onde fostes cortados e para a caverna do poço de onde fostes cavados”, ou seja, como diz a continuação do texto citado: “Olhai para Abraão, [...] porque, sendo ele só, eu o chamei (Is 51.1,2). Refleti na mediocridade do vosso começo, vede como estais completamente endividados com a graça divina e percebereis que o orgulho para sempre foi excluído. Foi DEUS quem suscitou do Oriente o justo e o chamou para o pé de si (Is 41.2). Mas, se a sua semente degenerar, sabei que DEUS pode destruir este santo lugar e levantar outro povo, porque Ele não é devedor a ninguém.” (2) “DEUS apareceu, em sua glória, a Abraão a grande distância daqui, na Mesopotâmia, antes que ele chegasse perto de Canaã, antes mesmo que habitasse em Harã, para que não penseis que as aparições de DEUS são limitadas a esta terra. Aquele que trouxe a semente da igreja de um país do distante Oriente pode, se quiser, levar os frutos dessa semente para outro país tão distante quanto o Ocidente.” (3) “DEUS não tinha pressa em trazer Abraão para esta terra, mas permitiu que ele se demorasse alguns anos ao longo do trajeto. Este procedimento nos mostra que DEUS não tem o coração tanto nesta terra como vós tendes o vosso, nem a sua honra ou a felicidade do seu povo está ligada a esta terra. Portanto, não é blasfêmia nem traição dizer: ‘Esta terra será destruída.’”

[2] O estado itinerante de Abraão e sua descendência durante os muitos séculos depois que ele foi chamado a sair de Ur dos Caldeus. DEUS realmente prometeu que lhe daria a posse daquela terra e, depois dele, à sua descendência (v. 5). Mas, em primeiro lugar, por muitos anos Abraão não teve filho, nenhum de Sara (não tendo ele filho, v. 5). Em segundo lugar, Abraão foi peregrino e estrangeiro naquela terra. DEUS não lhe deu nela herança, nem ainda o espaço de um pé (v. 5). Lá estava Abraão como em um país estrangeiro, sempre estando a ponto de se mudar e não podendo dizer que era sua terra. Em terceiro lugar, por muito tempo a descendência de Abraão não teve posse desta terra. Depois de quatrocentos anos, seus descendentes virão e me servirão neste lugar (v. 7). Em quarto lugar, a descendência de Abraão tem de passar por muitos sofrimentos e dificuldades antes de receber a posse dessa terra. Seus descendentes serão escravizados e maltratados em uma terra estranha. Não se tratava de castigo por algum pecado, como foi a peregrinação no deserto, pois não encontramos nada nas Escrituras que explique essa escravidão no Egito. DEUS assim designara e assim devia ser. E ao término dos quatrocentos anos, calculado desde o nascimento de Isaque, também eu julgarei a gente à qual servirão (Gn 15.14), disse DEUS. Isto nos ensina: 1. Que conhecidas são por DEUS todas as suas obras (Atos 15.17,18). Quando Abraão não tinha nem herança nem herdeiro, DEUS lhe disse que ele teria as duas coisas: a terra da promessa e o filho da promessa. E assim aconteceu, e foram recebidas pela fé. 2. Que as promessas de DEUS, ainda que alguns a tenham por tardia, são certas em seu cumprimento. Elas serão feitas realidade no tempo certo, embora talvez não tão depressa quanto almejamos. 3. Que ainda que os filhos de DEUS estejam passando por angústia e aflição durante certo tempo, por fim DEUS os salvará e ajustará contas com aqueles que os oprimem. Pois deveras há um DEUS que julga na terra (Sl 58.11).

Vejamos, porém, como isto serve ao propósito de Estêvão. 1. A nação judaica, de cuja honra tinham tanto zeloso, era muito insignificante em seus primórdios. Como Abraão, o seu pai comum, foi mandado vir da obscuridade de Ur dos Caldeus, assim as tribos e seus chefes foram mandados sair da servidão do Egito, quando eles eram menos em número do que todos os povos (Dt 7.7). E que necessidade há de tanto trabalho, como se a ruína deles, ocasionada pelo pecado, tivesse de ser a ruína do mundo e de todos os interesses de DEUS neste mundo? Não; aquele que os tirou do Egito pode levá-los de volta, como Ele ameaçou (Dt 28.68), e ainda não ter perda, pois das pedras DEUS pode suscitar filhos a Abraão. 2. Os passos lentos em que a promessa feita a Abraão avançou até ao cumprimento e as muitas aparentes contradições mostram claramente que havia nisso tudo um significado espiritual. De fato a terra em vista que seria dada com posse garantida era a pátria melhor, isto é, a celestial (Hb 11.16). É o que demonstra o apóstolo com este mesmo argumento, quando diz que os patriarcas habitaram na terra da promessa, como em terra alheia (Hb 11.9). Com isso, ele dava a entender que os patriarcas esperavam a cidade que tem fundamentos (Hb 11.9,10). Por conseguinte, não era blasfêmia dizer: JESUS destruirá este lugar, da mesma forma que não é quando dizemos: “JESUS nos levará à Canaã celestial e nos dará a posse dela, da qual a Canaã terrena era apenas tipo e figura”.

[3] A formação da família de Abraão, com o vínculo da graça divina e as disposições da Providência divina a esse respeito, que compõem o restante do Livro de Gênesis.

Em primeiro lugar, DEUS se comprometeu em ser DEUS para Abraão e sua descendência. Em sinal disso, DEUS designou que Abraão e sua descendência masculina fossem circuncidados (Gn 17.9,10). Ele lhe deu o pacto da circuncisão (v. 8), quer dizer, o concerto cujo selo era a circuncisão. Por conseguinte, quando Abraão gerou um filho (Isaque), ele o circuncidou ao oitavo dia, tornando-o sujeito à lei divina e interessado na promessa divina. A circuncisão tinha referência a estes dois aspectos, pois era um selo do concerto da parte de DEUS (Eu sou para ti o DEUS Todo-poderoso, Gn 17.1), e da parte do homem (anda em minha presença e sê perfeito, Gn 17.1). Quando medidas eficazes foram tomadas para assegurar que a descendência de Abraão servisse ao Senhor, eles começaram a se multiplicar: Isaque [gerou] a Jacó; e Jacó, aos doze patriarcas (v. 8), que são as raízes das respectivas tribos.

Em segundo lugar, José (v. 9), o predileto e bem-aventurado da casa do seu pai foi maltratado por seus irmãos. Tendo inveja dele por causa dos sonhos que sonhava, eles o venderam [...] para o Egito. Assim bem cedo os filhos de Israel começaram a invejar aqueles que entre eles eram eminentes e ultrapassavam os outros em excelência. A inimizade contra CRISTO, que, como José, era nazireu entre seus irmãos, foi um grande exemplo disso.

Em terceiro lugar, DEUS sustentou José em suas dificuldades e era com ele (v. 9; Gn 39.2,21), pela influência do ESPÍRITO divino em sua mente, dando-lhe consolo, e na mente daqueles com quem tinha relações, dando-lhe favor aos olhos dessas pessoas. Por fim, Ele livrou-o de todas as suas tribulações (v. 10), e faraó o fez o segundo homem no reino (Sl 105.20-22). Desta forma, ele não só chegou a elevado cargo honorífico entre os egípcios, mas se tornou o Pastor e a Pedra de Israel (Gn 49.24).

Em quarto lugar, Jacó foi compelido a descer ao Egito por uma fome que o forçou a sair de Canaã (v. 11), uma fome (que era uma grande tribulação), a ponto de nossos pais não acharem alimentos lá. Essa terra frutífera foi transformada em terreno salgado (Sl 107.33). Mas, tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo (v. 12; armazenado pela sabedoria do seu próprio filho), enviou [...] nossos pais, a primeira vez, para buscar trigo naquele país. Na segunda vez (v. 13) em que ali foram, José, que no princípio se fez estranho para eles, se fez conhecido por seus irmãos. Logo, Faraó foi informado de que eles eram da família de José e seus dependentes. Em consequência disso, com a licença de Faraó, José mandou (v. 14) buscar Jacó, seu pai, com toda sua parentela, totalizando setenta e cinco almas, para viverem e serem sustentados no Egito. Gênesis diz que eles eram setenta [...] almas (Gn 46.27), mas a Septuaginta, no mesmo versículo, informa que são setenta e cinco. Ou Estêvão ou Lucas segue essa versão, como demonstra Lucas 3.36, onde o nome Cainã não consta no texto hebraico, mas aparece na Septuaginta. Certos estudiosos excluem José e seus filhos, que já estavam no Egito (reduzindo o número a sessenta e quatro), e somam os filhos dos onze patriarcas, fechando o número em setenta e cinco.

Em quinto lugar, Jacó (v. 15) e seus filhos morreram no Egito, mas foram transportados (v. 16) para serem enterrados em Canaã. Ocorre aqui uma dificuldade muito importante. Está escrito que eles foram transportados para Siquém, ao passo que Jacó não foi enterrado em Siquém, mas perto de Hebrom, na caverna de Macpela, onde foram enterrados Abraão e Isaque (Gn 50.13). Os ossos de José foram realmente enterrados em Siquém (Js 24.32). Isto indica (embora não seja mencionado na história) que os ossos de todos os outros patriarcas também foram levados na mesma época, tendo cada um deles dado a mesma ordem de José relativa aos seus respectivos ossos. Contudo, a sepultura em Siquém foi comprada por Jacó (Gn 33.19), fato confirmado em outro texto (Js 24.32). Então, por que aqui diz que foi comprada por Abraão? A solução do Dr. Whitby é bastante adequada. Ele oferece a seguinte sugestão: Jacó desceu ao Egito e morreu, ele e nossos pais. Então, ele, quer dizer, Jacó, foi depositado na sepultura que Abraão comprara por certa soma de dinheiro (Gn 23.16; ou: eles foram depositados lá, quer dizer, Abraão, Isaque e Jacó) e nossos pais [...] foram transportados para Siquém. E eles, isto é, os outros patriarcas, foram enterrados na sepultura comprada aos filhos de Hamor, pai de Siquém.

Vejamos qual é a pertinência destes fatos históricos para o propósito de Estêvão. 1. Os primórdios medíocres da nação judaica são decisivos na atitude de orgulho que os judeus demonstravam no que se refere à glória dessa nação. Foi um milagre de misericórdia os judeus terem sido levantados do nada para o que eram agora, de tão poucos em número para serem uma nação tão grande. Se eles não corresponderem ao propósito de terem tido tamanho progresso, o fim da nação só pode ser a destruição. Os profetas frequentemente lhes diziam que o fato de terem sido libertados do Egito agravava o desprezo que davam à lei de DEUS. Aqui Estêvão os exorta de que essa mesma libertação agravava o desprezo que davam ao evangelho de CRISTO. 2. A maldade dos onze patriarcas tribais, que invejaram o seu irmão José e o venderam como escravo ao Egito, mostra que o mesmo espírito ainda operava nos judeus em relação a JESUS CRISTO e seus ministros. 3. A terra santa, a qual os judeus tanto amavam, por muito tempo ficou fora da posse dos seus pais, tendo passado nela privações e muita aflição. Portanto, não era de se estranhar que, depois de a terra ter sido contaminada há tanto tempo pelo pecado, fosse por fim destruída. 4. A fé dos patriarcas em desejar que fossem enterrados na terra de Canaã mostrava claramente que eles tinham em vista o país celestial, para o qual o desígnio deste JESUS era conduzi-los. 

 

O Discurso de Estêvão

Atos 7:17-29 

Estêvão prossegue em sua narrativa: 

I

 O aumento extraordinário dos filhos de Israel no Egito. Foi por uma maravilha da providência que, em pouco tempo, eles aumentassem de uma família para uma nação. 1. Aproximando-se, porém, o tempo da promessa (v. 17), quando os filhos de Israel seriam formados em um povo. Durante os primeiros duzentos e quinze anos depois da promessa feita a Abraão, os filhos do concerto aumentaram para apenas setenta pessoas. Mas nos outros duzentos e quinze anos (totalizando quatrocentos e trinta anos), eles aumentaram para seiscentos mil homens de guerra. O movimento da providência é, por vezes, mais rápido quando se aproxima da metade do período estabelecido. Não desanimemos com a lentidão dos procedimentos para o cumprimento das promessas de DEUS. DEUS sabe devolver o tempo que parece ter sido perdido, e, quando o ano dos [...] redimidos é chegado (Is 63.4), Ele faz um trabalho duplo em um único dia. 2. O povo cresceu e se multiplicou no Egito (v. 17), onde os filhos de Israel foram oprimidos e governados com rigor. Quando a vida lhes era tão amarga que, pensaríamos, desejariam que houvesse sido escrito “sem filhos”, eles se casaram na crença de que DEUS os visitaria no devido tempo. DEUS os abençoou, quem assim o honrou, e disse: Frutificai, e multiplicai-vos (Gn 1.28). Para a igreja, tempos de sofrimento foram tempos de crescimento. 

II

 Os sofrimentos extremos que eles suportaram no Egito (vv. 18,19). Quando os egípcios observaram que os filhos de Israel aumentavam numericamente, eles aumentaram suas tarefas. Estêvão faz três observações sobre este fato: 1. A ingratidão ignóbil dos egípcios: Os filhos de Israel foram oprimidos por outro rei, que não conhecia a José (v. 18), isto é, ele não considerou os bons serviços que José prestara para a nação egípcia. Se o tivesse, não teria dado recompensa tão maléfica e desfavorável à sua parentela e família. Aqueles que prejudicam as pessoas boas são muito ingratos, pois elas são as bênçãos da época e lugar em que vivem. 2. A astúcia e política diabólica dos egípcios: Eles, usando de astúcia contra a nossa linhagem (v. 19), diziam: Eia, usemos de sabedoria para com essa gente (Êx 1.10). Com isso, pensavam em se garantir economicamente, mas o procedimento se mostrou tolo, pois estavam armazenando ira. Enganam-se grandemente os que pensam que usam de sabedoria quando tratam seus irmãos com engano ou crueldade. 3. A crueldade bárbara e desumana dos egípcios. Para exterminar completamente com os filhos de Israel, os egípcios maltrataram nossos pais, ao ponto de os fazer enjeitar suas crianças, para que não se multiplicassem (v. 19). A matança da descendência infante dos filhos de Israel demonstrava ser um método eficaz de acabar com uma nação nova. Estêvão faz esta observação para que eles vejam como foram medíocres nos seus primórdios, adequadamente representados pelo estado de abandono de uma criança desamparada e proscrita (Ez 16.4; talvez seja alusão ao enjeitamento das crianças no Egito), e como são devedores a DEUS por ter cuidado deles, cujo tratamento perderam e se tornaram indignos. Mas também para que considerassem que o que estavam fazendo agora contra a igreja cristã em sua infância era por demais ímpio e injusto e acabaria sendo tão infrutífero e ineficaz quanto sucedera com os egípcios contra a igreja judaica em sua infância. “Vós pensais que usastes de astúcia quando nos tratastes mal e perseguistes os nossos recém-convertidos. Mas assim vós fazeis como eles fizeram enjeitando as crianças. Vós descobrireis que esta prática é inútil, pois, apesar de vossa maldade, os discípulos de CRISTO continuarão crescendo e se multiplicando.” 

III

 O levantamento de Moisés para ser libertador dos filhos de Israel. Estêvão foi acusado de ter falado palavras blasfemas contra Moisés. Em defesa dessa acusação, ele se refere a esse servo de DEUS com muito respeito. 1. Moisés nasceu quando a perseguição de Israel estava no ponto mais alto, particularmente em seu momento mais cruel, o assassinato dos recém-nascidos: Nesse tempo, nasceu Moisés (v. 20), e assim que entrou no mundo (como ocorreu com nosso Salvador em Belém), já corria perigo de ser sacrificado por aquela ordem sanguinária. DEUS está preparando a libertação do seu povo, quando a vida parece muito escura, e a aflição, extrema. 2. Moisés [...] era mui formoso (v. 20). Seu rosto começou a brilhar assim que nasceu, como presságio feliz da honra que DEUS designava dar-lhe. Ele era asteios to Theo – formoso para DEUS. Ele foi santificado desde o ventre, e isto o fez formoso aos olhos de DEUS, pois é a beleza da santidade que está à vista do grande valor de DEUS. 3. Moisés, em sua infância, foi maravilhosamente guardado. Primeiramente, pelo cuidado dos seus pais carinhosos, que o criaram os primeiros três meses em casa (v. 20), enquanto se atreveram. Depois, pela providência auspiciosa que o lançou nos braços da filha de Faraó, que o criou como seu filho (v. 21). Aqueles para quem DEUS tem planos para usar de modo especial, Ele cuida de modo especial. Se Ele protegeu o menino Moisés dessa forma, muito mais garantirá a vida e a obra do seu santo Filho JESUS (como Ele é chamado, Atos 4.27) quando seus inimigos se levantarem contra Ele. 4. Moisés se tornou um grande estudioso: Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios (v. 22), que na época eram afamados por todo tipo de literatura erudita, particularmente filosofia, astronomia (o que talvez os levou à idolatria) e a pesquisa de caracteres sagrados. Moisés, sendo educado na corte real, teve oportunidade de se aprimorar por meio dos melhores livros, tutores e intercâmbios sociais, em todas as artes e ciências, e era bastante habilidoso. Só temos razão para pensar que ele não esqueceu o DEUS dos seus pais enquanto se dedicava aos estudos e práticas ilegais dos mágicos do Egito, prosseguindo até onde fosse necessário refutá-los. 5. Moisés se tornou primeiro-ministro de estado no Egito. É o que depreendemos pelas palavras: Moisés [...] era poderoso em suas palavras e obras (v. 22). Embora não se expressasse prontamente, pois se presume que gaguejava, ele falava com bom senso: tudo o que dizia resultava em consentimento e trazia consigo sua própria evidência e força racional. Nos negócios, ninguém trabalhava com tamanha coragem, administração e sucesso. Assim, ele foi preparado, por recursos humanos, para esses serviços, dos quais, afinal de contas, não teria dado conta sem a iluminação divina. Com tudo isso, Estêvão quer mostrar que, apesar das insinuações maldosas dos seus perseguidores, ele tinha pensamentos tão sublimes e nobres a respeito de Moisés quanto eles. 

IV

 As tentativas que Moisés fez para libertar os filhos de Israel, as quais eles rejeitaram e não entenderam. Estêvão insiste neste ponto que serve de chave para esta história (Êx 2.11-15), como serve a outra ressaltada pelo apóstolo (Hb 11.24-26). Lá, ela é representada como um ato de abnegação santa; aqui, como um prelúdio intencional ou uma permissão para entrar no serviço público ao qual ele seria chamado: Quando [Moisés] completou a idade de quarenta anos (v. 23), no auge da época da sua promoção na corte do Egito, veio-lhe ao coração (DEUS o colocou lá) ir visitar seus irmãos, os filhos de Israel, para ver o modo como poderia servi-los. Ele se apresentou como pessoa pública detentora de poder público. 1. Como salvador de Israel. Moisés deu exemplo dessa função ao vingar um israelita oprimido e matar o egípcio que o maltratava. Vendo maltratado um (v. 24) de seus irmãos, ele foi movido por compaixão pelo sofredor e indignação justa pelo malfeitor, como devem se comportar homens em cargos públicos, e o defendeu e vingou o ofendido, matando o egípcio. Se ele fosse uma pessoa particular, não poderia ter feito o que fez legalmente. Mas ele sabia que a comissão do céu o sustentaria, e ele cuidava que seus irmãos (v. 25; que não poderiam deixar de conhecer a promessa que DEUS fez a Abraão: Mas também eu julgarei a gente à qual servirão, Gn 15.14) entenderiam que DEUS lhes havia de dar a liberdade pela sua mão. Além disso, ele não poderia ter tido presença de espírito ou força física para fazer o que fez, caso não houvesse sido revestido com o poder que evidenciasse autoridade divina. Se eles tivessem pelo menos entendido os sinais dos tempos, teriam visto que as tentativas de Moisés eram o amanhecer do dia da libertação. Mas eles não entenderam, nem consideraram, conforme o desígnio, que era o estabelecimento de um padrão e o sonido de uma trombeta para proclamar Moisés o seu libertador. 2. Como juiz de Israel. Moisés deu exemplo dessa função já no dia seguinte (v. 26), oferecendo solução a uma questão entre dois hebreus adversários. Com essa atitude, ele assumiu claramente uma posição pública: Pelejando eles, foi por eles visto e, assumindo um ar de majestade e autoridade, quis levá-los à paz. Como seu príncipe, ele decide a controvérsia entre eles, dizendo: Varões, sois irmãos de nascença e confissão religiosa; por que vos agravais um ao outro? Ele notou que (como ocorre na maioria das brigas) havia falta em ambos os lados. Pelo bem da paz e da amizade, deve haver perdão e condescendência mútua. Como libertador de Israel da escravidão egípcia, Moisés matou os egípcios primogênitos e assim livrou Israel das suas mãos. Como juiz e legislador de Israel, ele os regeu com o cetro de ouro e não com a vara de ferro. Ele não os matou quando o tentaram insistentemente, mas lhes deu leis e estatutos excelentes, resolveu suas reclamações e atendeu aos pedidos que lhe faziam (Êx 18.16). E, o israelita contendor que ofendia o seu próximo [...] repeliu (v. 27) Moisés, não aceitando a reprovação, embora justa e gentil, mas prontamente insultando-o com: Quem te constituiu príncipe e juiz sobre nós? Espíritos orgulhosos e litigiosos ficam impacientes quando são supervisionados e refreados. Estes israelitas preferiam ter o corpo regido com o rigor dos exatores do que ter o corpo libertado, e ter a mente regida pela razão do que pelo seu libertador. O malfeitor ficou tão enfurecido com a repreensão que censurou Moisés com o serviço que ele fizera à nação matando o egípcio. Mal sabiam que, se quisessem, Moisés teria sido mais dedicado em outros e maiores serviços. Queres tu me matar, como ontem mataste o egípcio? (v. 28), acusando-o de crime e ameaçando denunciá-lo, o que, para os egípcios, era a exposição da bandeira de desafio e, para os israelitas, da bandeira de amor e libertação. Depois disto, fugiu Moisés (v. 29) para a terra de Midiã e não fez outras tentativas de libertar Israel, senão quarenta anos depois. Ele esteve como estrangeiro na terra de Mídia, onde se casou e teve dois filhos com a filha de Jetro.

Vejamos a pertinência destes fatos históricos para o propósito de Estêvão. 1. Eles acusaram Estêvão de ter blasfemado contra Moisés. Em sua defesa, ele replica com as indignidades que seus pais fizeram a Moisés, das quais eles deveriam se envergonhar e se humilhar, em vez de provocarem disputas como esta sob o pretexto de zelo da honra de Moisés com alguém que tinha tão grande respeito por ele como qualquer um deles. 2. Eles perseguiram Estêvão por debater em defesa de CRISTO e seu evangelho. Para se oporem a isso, eles se fundamentaram em Moisés e sua lei: “Mas”, disse ele, “é melhor prestardes atenção”: (1) “Para que não façais como vossos pais fizeram: recuseis e rejeiteis alguém que DEUS, com a sua destra, o elevou a Príncipe e Salvador (Atos 5.31). Vós entendereis, se não fechardes acintosamente os olhos contra a luz, que DEUS, por este JESUS, vos libertará de uma escravidão pior que a do Egito. Tende cuidado, prestai atenção! Não o rejeitai, mas o recebei como regente e juiz sobre vós.” (2) “Para que não aconteça o que aconteceu com vossos pais, que por isso foram de maneira justa deixados para morrer na escravidão, porque a libertação não veio senão quarenta anos depois. Esta será a questão: Vós repelistes o evangelho, que então será enviado aos gentios. Vós não tereis CRISTO e Ele não vos terá; esse será o vosso fim” (Mt 23.38,39). 

 

O Discurso de Estêvão

Atos 7:30-41 

Estêvão prossegue narrando a história de Moisés. Que os ouvintes julguem se estas são palavras de alguém que blasfemou ou não contra o servo de DEUS. Nada pode ser dito com mais honra sobre ele. Aqui está:

I

 A visão que Moisés viu da glória de DEUS na sarça ardente: Completados quarenta anos (v. 30), durante os quais ele viveu isoladamente em Mídia. Tendo envelhecido, ninguém mais pensava em dar-lhe serviço. Julgavam que todas as suas façanhas eram produtos do poder e promessa divina (como pareceu que Isaque era filho da promessa por ter nascido de pais idosos). Agora, aos oitenta anos, ele assume a posição de honra para a qual nasceu, em recompensa à sua abnegação por quarenta anos. Observe: 1. Onde DEUS apareceu a Moisés: Apareceu-lhe [...] no deserto do monte Sinai (v. 30). O terreno onde Ele lhe apareceu tornou-se terra santa (v. 33). Estêvão observa este fato como réplica aos que se orgulhavam do templo, esse lugar santo, como se comunhão com DEUS só existisse senão ali, ao passo que DEUS encontrou Moisés e se manifestou a ele em um lugar obscuro e remoto no deserto do [...] Sinai. Engana-se quem pensa que DEUS está limitado a lugares. Ele pode levar seu povo para o deserto e falar com ele ali confortavelmente. 2. Como DEUS apareceu a Moisés: Apareceu-lhe [...] numa chama de fogo (v. 30; porque o nosso DEUS é um fogo consumidor, Hb 10.29) de um sarçal. O fogo ardia no sarçal sem consumi-lo, como representação do estado de Israel no Egito (onde, embora os israelitas estivessem no fogo da aflição, não foram consumidos). Isso é um tipo da encarnação de CRISTO e da união entre a natureza divina e a natureza humana: DEUS, manifestado na carne, era como a chama de fogo manifestada no sarçal. 3. Como Moisés reagiu à cena: (1) Moisés, quando viu isto, se maravilhou da visão (v. 31). Era um fenômeno cuja solução toda a sua aprendizagem egípcia não pôde explicar. Ele teve a curiosidade de espreitar mais de perto: Agora me virarei para lá e verei esta grande visão (Êx 3.3), mas quanto mais se aproximava mais impressionado ficava. (2) Moisés, todo trêmulo, não ousava olhar (v. 32) firmemente o fenômeno, porque logo percebeu que não era um meteoro ardente, mas o anjo do Senhor (v. 30). Era ninguém mais que o anjo do concerto (Ml 3.1), o Filho do próprio DEUS. Esta constatação o deixou atemorizado. Estêvão foi acusado de blasfemar contra Moisés e contra DEUS (Atos 6.11), como se Moisés fora um pequeno deus. Mas esta narrativa mostra que ele era homem sujeito às mesmas paixões que nós (Tg 5.17), particularmente o sentimento do medo diante da aparição da majestade e glória divinas. 

II

 A declaração que Moisés ouviu acerca do concerto de DEUS: Foi-lhe dirigida a voz do Senhor (v. 31), pois a fé é pelo ouvir (Rm 10.17), dizendo: Eu sou o DEUS de teus pais, o DEUS de Abraão, e o DEUS de Isaque, e o DEUS de Jacó (v. 32); e, portanto: 1. “Eu sou o mesmo que Eu era.” O concerto que DEUS estabeleceu com Abraão alguns séculos atrás foi: Eu serei a ti por DEUS (Gn 17.7), um DEUS todo-poderoso. “Este concerto”, disse DEUS, “ainda está em pleno vigor. Não foi cancelado nem esquecido, mas Eu sou, como Eu era, o DEUS de Abraão, e agora demonstrarei isso”, pois todo o favor e toda a honra que DEUS deu a Israel estavam fundamentados neste concerto com Abraão e dele procedia. 2. “Eu serei o mesmo que Eu sou.” Se a morte de Abraão, Isaque e Jacó não quebraram a relação de concerto entre DEUS e eles (como isto nos mostra), então nada mais o faria. Então, Ele será DEUS: (1) Para a alma que hoje está separada do corpo. Com isto, nosso Salvador prova o estado futuro (Mt 22.31,32). Abraão está morto, mas DEUS ainda é o seu DEUS; logo, Abraão ainda está vivo. DEUS nunca lhe fez isso neste mundo, o que relevaria a verdadeira intenção e a plena extensão dessa promessa – que Ele seria o DEUS de Abraão. Por isso, tinha de lhe ser feito no outro mundo. Agora a vida e a incorrupção são trazidas à luz pelo evangelho (2 Tm 1.1), e isso para a plena convicção dos saduceus que as negavam. Aqueles que se levantaram em defesa do evangelho e se empenharam em propagá-lo estavam muito longe de blasfemar contra Moisés, pois lhe deram a maior honra imaginável, e DEUS se manifestou gloriosamente a ele na sarça ardente. (2) Para a descendência deles. DEUS, ao se declarar o DEUS dos seus pais, anunciou sua bondade à descendência deles, para que fossem amados por causa dos pais (Rm 11.28; Dt 7.8). Os pregadores do evangelho pregaram este concerto, a promessa que por DEUS foi feita a nossos pais; a cuja promessa aqueles das nossas doze tribos esperam chegar, servindo a DEUS continuamente (Atos 26.6,7). E sob o pretexto de defender o santo lugar e a lei, eles devem se opor ao concerto feito com Abraão e sua descendência, descendência espiritual, antes que a lei seja dada e bem antes que o santo lugar seja construído. Considerando, pois, que a glória de DEUS deve ser promovida para sempre e que nossa glória deve ser silenciada para sempre, DEUS dará nossa salvação por promessa e não pela lei. Os judeus que perseguiram os cristãos com a desculpa de que eles blasfemaram contra a lei, eles mesmos blasfemaram contra a promessa e renunciaram a todas as suas próprias misericórdias que nela estavam contidas. 

III

 A comissão que DEUS deu a Moisés para libertar Israel do Egito. Os judeus colocaram Moisés em concorrência com CRISTO e acusaram Estêvão de blasfemador, porque ele fizera isso. Mas Estêvão mostrou que Moisés era um tipo eminente de CRISTO, como o libertador de Israel. Quando DEUS se declarara o DEUS de Abraão, Ele ordenou: 1. Que Moisés tivesse uma postura reverente: “Tira as sandálias dos pés (v. 33). Não entres em coisas sagradas com pensamentos baixos, frios e comuns. Guarda o teu pé (Ec 5.1). Não sejas precipitado e apressado em tuas aproximações a DEUS. Anda sem fazer barulho”. 2. Que Moisés realizasse um serviço importante. Quando estiver pronto para receber mandamentos, ele receberá a comissão. Será comissionado a exigir que faraó deixe Israel sair da terra egípcia e o próprio fará cumprir essa exigência (v. 34). Observe: (1) O conhecimento que DEUS tomou dos sofrimentos dos filhos de Israel e da angústia e dor causadas por tais sofrimentos: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo que está no Egito, e ouvi os seus gemidos (v. 34). DEUS tem uma consideração compassiva com as dificuldades da igreja e com os gemidos do seu povo perseguido. A libertação deles se advém da piedade divina. (2) A determinação de DEUS para redimir os filhos de Israel pela mão de Moisés: Desci a livrá-los (v. 34). Embora DEUS esteja presente em todos os lugares, Ele usa a expressão “descer para livrar”, porque essa libertação tipificava o que CRISTO fez, quando, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu do céu – aquele que subiu é porque tinha descido (Ef 4.9). Moisés é o homem que deve ser usado nesse serviço: Agora, pois, vem, e enviar-te-ei ao Egito (v. 34). Se DEUS o enviar, Ele o confirmará e lhe dará sucesso. 

IV

 A ação de Moisés como consequência desta comissão, em que ele foi figura do Messias. Estêvão menciona novamente o desprezo que lhe foi demonstrado, a afronta que lhe fizeram e a recusa do seu reinado, como tendência extrema a exaltar sua agência na libertação deles. 1. DEUS honrou Moisés, aquele que os filhos de Israel desprezaram: A este Moisés, ao qual haviam negado (v. 35), de cujas ofertas amáveis e ofícios bons vós desdenhosamente rejeitastes, dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz? Demais é já, filho de Levi (Nm 16.3), a este enviou DEUS como príncipe e libertador, pela mão do anjo que lhe aparecera no sarçal. Podemos entender que DEUS o enviou pela mão do anjo que, indo junto com ele, tornou Moisés um libertador completo. Por este exemplo, Estêvão queria que o conselho entendesse que a este JESUS, que por eles foi recusado, como os seus pais recusaram Moisés, dizendo: “Quem te fez profeta e rei? Quem te deu esta autoridade?”, a esse mesmo, DEUS promoveu para ser príncipe, libertador e salvador, como os apóstolos lhes disseram algum tempo atrás (Atos 5.30,31), que a pedra que foi rejeitada [...] foi posta por cabeça de esquina (Atos 4.11). 2. DEUS mostrou favor aos filhos de Israel por meio de Moisés. Ele foi solícito em servi-los, embora o tivessem repelido. DEUS com justiça poderia ter lhes recusado esse serviço, mas tudo foi esquecido. Eles foram repreendidos por isso: Foi este que os conduziu para fora (v. 36), fazendo prodígios e sinais na terra do Egito (prosseguiram para lhes completar a libertação, conforme exigia o caso), no mar Vermelho e no deserto, por quarenta anos. Até aqui, ele está longe de blasfemar contra Moisés, pois o admira como instrumento glorioso na mão de DEUS para formar a igreja veterotestamentária. Mas, de modo algum, é depreciar sua honra afirmar que ele não passava de um instrumento, e que este JESUS lhe ultrapassa em excelência, a quem ele encoraja estes judeus a aceitar e entrar em sua comunidade, nada temendo, exceto serem recebidos no seu favor. Somente dessa forma, receberão benefícios, a saber, por meio dele, tal qual o povo de Israel foi libertado por Moisés, embora o tivessem recusado anteriormente. 

V

 A profecia de Moisés sobre CRISTO e sua graça. Ele não só era um tipo de CRISTO (muitos o eram, de forma que talvez não tivessem uma previsão atualizada dos seus dias), mas Moisés falou sobre ele: Este é aquele Moisés que disse aos filhos de Israel: O Senhor, vosso DEUS, vos levantará dentre vossos irmãos um profeta (v. 37). Este fato é citado como uma das maiores honras que DEUS lhe prestou (não somente isso, mas uma que excedia todas as demais). Por intermédio dele, DEUS avisou previamente os filhos de Israel do grande profeta que viria ao mundo, aumentou-lhes a expectativa sobre esse indivíduo e exigiu que eles o recebessem. Sempre há ênfase honrosa quando o texto sacro menciona Moisés libertando os israelitas do Egito: Este é Moisés (Êx 6.26). O mesmo não deixa de ocorrer aqui: Este é aquele Moisés. Isto serve muito bem ao propósito de Estêvão. Ao afirmar que JESUS mudaria os costumes da lei cerimonial, ele estava muito longe de blasfemar contra Moisés. Estava, na verdade, concedendo-lhe honra imensurável, ao mostrar que a profecia de Moisés se cumpriu, e tão claramente que o próprio CRISTO já tinha lhes dito: Se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim (Jo 5.46). 1. Moisés, em nome de DEUS, disse aos filhos de Israel que, na plenitude dos tempos, no meio deles, se levantaria um profeta, um de sua própria nação, que seria como ele (Dt 18.15,18) – príncipe, libertador, juiz e legislador –, que teria autoridade para mudar os costumes e que lhes daria mais esperança, como mediador de um melhor concerto (Hb 8.6). 2. Moisés incumbiu os filhos de Israel de ouvir esse profeta, receber suas ordens, aceitar a mudança que Ele faria nos costumes e se submeter a Ele em todas as coisas. “Esta será a maior honra que vós podeis fazer a Moisés e à sua lei, que disse: A ele ouvireis. E veio a ser testemunha da repetição desta incumbência por uma voz do céu, na transfiguração de CRISTO, e pelo seu silêncio que consentiu com isto” (Mt 17.5). 

VI

 Os serviços eminentes que Moisés continuou prestando aos filhos de Israel, depois que fora o instrumento para tirá-los do Egito (v. 38). Neste aspecto, ele também era tipo de CRISTO, que em tudo o ultrapassa. Portanto, não se constituía blasfêmia dizer: “Ele tem autoridade para mudar os costumes que Moisés nos entregou”. Foi uma honra para Moisés pelos seguintes motivos: 1. Moisés esteve entre a congregação no deserto (v. 38). Ele governou como presidente em todos os assuntos durante quarenta anos: Foi rei em Jesurum (Dt 33.5). Aqui, o acampamento de Israel é chamado congregação (igreja) no deserto, pois era uma sociedade sagrada, formada por escritura divina sob governo divino e abençoada com revelação divina. A congregação no deserto era uma igreja, ainda que não estivesse perfeitamente formada, como estaria quando chegassem a Canaã, pois cada qual fazia tudo o que bem parecia aos seus olhos (Dt 12.8,9). Para Moisés, foi uma honra estar naquela igreja, que há muito já teria sido destruída, caso ele não estivesse ali para interceder por ela. Mas JESUS é o presidente e guia de uma igreja mais excelente e gloriosa do que aquela que estava no deserto, e é mais nela, como a vida e a alma dela, do que Moisés poderia ser naquela. 2. Moisés esteve [...] com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais (v. 38), estava com ele no monte santo nos dois períodos de quarenta dias, com o anjo do concerto, Miguel, nosso príncipe. Moisés gozava de muita intimidade com DEUS, mas nunca estivera no seu seio como CRISTO esteve desde a eternidade. Ou estas palavras podem ser entendidas assim: Moisés esteve na igreja no deserto, mas esteve [...] com o anjo que lhe falava no monte Sinai, ou seja, na sarça ardente, que se situava no monte Sinai (v. 30). Esse anjo ia adiante dele e era o seu guia; caso contrário, ele não poderia ter sido um guia para Israel. Sobre este anjo, DEUS fala: Eis que eu envio um Anjo diante de ti (Êx 23.20); enviarei um Anjo adiante de ti (Êx 33.2; veja Nm 20.16). Ele estava na igreja com o anjo, sem o qual ele não poderia ter feito nenhum serviço para a igreja, mas CRISTO é o próprio anjo que estava com a igreja no deserto. Ele tem, portanto, completa autoridade sobre Moisés. 3. Moisés recebeu as palavras de vida para no-las dar (v. 38). Não só os Dez Mandamentos, mas também as outras instruções que lhe falou o Senhor, dizendo: Fala aos filhos de Israel (Êx 14.1,2). (1) As palavras de DEUS são palavras certas e infalíveis e de autoridade e dever inquestionáveis. Elas devem ser consultadas como oráculos, e por elas todas as controvérsias devem ser decididas. (2) As palavras de DEUS são palavras de vida, porque são as palavras do DEUS vivo, não dos ídolos mudos e mortos dos gentios. A palavra que DEUS pronuncia é espírito e vida. A lei de Moisés não podia dar vida, mas mostrava o caminho para a vida: Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos (Mt 19.17). (3) Moisés recebeu de DEUS as palavras de vida e não entregou nada como palavra de DEUS para os filhos de Israel que não tivesse recebido primeiro do Senhor (como em 1 Co 11.23). (4) As palavras de vida que Moisés recebeu de DEUS foram dadas fielmente aos filhos de Israel para serem observadas e preservadas. Tratava-se do mais importante privilégio dos judeus: Primeiramente, as palavras de DEUS lhe foram confiadas (Rm 3.2). Foi pela mão de Moisés que eles receberam as palavras de DEUS. Da mesma forma que Moisés não lhes deu o pão, assim ele não lhes deu essa lei do céu (Jo 6.32), pois foi DEUS que a deu para eles. Aquele que lhes deu esses costumes pelo seu servo Moisés, pode, sem dúvida, quando quiser, mudar os costumes pela instrumentalidade do seu Filho JESUS, que recebeu mais palavras de vida para nos dar que o próprio Moisés. 

VII

 O desprezo que, depois disso e apesar disso, os filhos de Israel mostraram a Moisés. Esses que acusaram Estêvão de falar contra Moisés fariam bem em explicar como seus próprios antepassados procederam, pois eles andam nos passos dos seus antepassados. 1. Nossos pais não quiseram obedecer a Moisés, antes o rejeitaram (v. 39). Eles murmuraram contra Moisés, rebelaram-se contra ele, recusaram obedecer às suas ordens e, algumas vezes, estiveram prontos a apedrejá-lo. Moisés lhes deu uma lei realmente excelente, mas se mostrou insuficiente para aperfeiçoar os que a eles se chegam (Hb 10.1). Em seu coração, eles se tornaram ao Egito, preferindo o alho e a cebola ao maná que eles tinham sob a orientação de Moisés, ou ao leite e mel que eles esperavam possuir em Canaã. Note o desafeto secreto que eles demonstraram para com Moisés, com inclinação à egiptização, se posso assim dizer. Tratava-se, na verdade, de voltar à escravidão no Egito; isso estava em seus corações. Muitos que fingem estar indo para Canaã, sustentando uma demonstração e confissão religiosa, estão, ao mesmo tempo, em seu coração, voltando para o Egito, como a esposa de Ló olhou para Sodoma, e serão tratados como desertores, pois é para o coração que DEUS olha. Se os costumes que Moisés lhes entregou não conseguiram mudá-los, não admira que JESUS viesse com o objetivo de mudar os costumes e apresentar um modo mais espiritual de adoração. 2. Os filhos de Israel fizeram o bezerro (v. 41). Além de ser uma afronta a DEUS, consistiu num ato de grande indignidade a Moisés, pois, com essa intenção, construíram o bezerro: Porque a esse Moisés, que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu. [...] Faze-nos deuses que vão adiante de nós (v. 40), como se um bezerro fosse suficiente para suprir a ausência de Moisés e pudesse ir adiante deles até à terra prometida. Assim, naqueles dias (v. 41), quando a lei lhes foi dada, fizeram o bezerro, e ofereceram sacrifícios ao ídolo, e se alegraram nas obras das suas mãos. O povo ficou tão orgulhoso do seu novo deus que, enquanto se assentou para comer e beber, também se levantou para folgar (1 Co 10.7). Esta situação evidencia que havia muita coisa que a lei não podia fazer, visto como estava enferma pela carne (Rm 8.3). Portanto, era necessário ser aperfeiçoada por uma mão melhor, não constituindo, então, blasfêmia contra Moisés quando Estêvão disse o que JESUS CRISTO havia realizado. 

 

O Discurso de Estêvão

Atos 7:42-50 

Temos, nestes versículos, dois pontos importantes. 

I

 Estêvão os censura pela idolatria dos seus pais, à qual DEUS os abandonou, como castigo por logo terem-no abandonado e adorado o bezerro de ouro. Este era o castigo mais triste por esse pecado, como era o castigo da idolatria do mundo gentio: DEUS os entregou a um sentimento perverso (Rm 1.28). Quando Israel estava entregue aos ídolos (Os 4.17), entregue ao bezerro de ouro e, não muito depois, a Baal-Peor, DEUS disse: Deixai-os (Mt 15.14) na prática dessas obras. Mas DEUS se afastou e os abandonou a que servissem ao exército do céu (v. 42). Ele os advertiu especificamente a não fazerem isso, caso não quisessem sofrer as consequências, e lhes apresentou os motivos da advertência. Mas, visto que estavam inclinados a proceder assim, DEUS os entregou às concupiscências do seu coração (Rm 1.24) e retirou a sua graça sustentadora. Dessa forma, andaram em seus próprios conselhos e se dedicaram aos seus ídolos com zelo até então nunca visto (compare Dt 4.19 com Jr 8.2). Para isto, Estêvão cita a passagem de Amós 5.25,26, pois seria menos hostil lhes falar sobre o seu [caráter e destruição] pela boca de um profeta do Antigo Testamento do que censurá-los:

1. Por não terem sacrificado ao seu próprio DEUS no deserto: Porventura, me oferecestes vítimas e sacrifícios no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel? (v. 42). Não! Durante todo esse período, os sacrifícios a DEUS eram intermitentes. Eles não fizeram tanto quanto guardar a Páscoa depois do segundo ano. Foi por condescendência que DEUS não insistiu em sacrifícios durante o período em que peregrinavam. Mas vejam como foram ingratos ao oferecer sacrifícios a ídolos, quando DEUS os dispensou de lhe trazer ofertas. Essa também é uma forma de reprovação ao zelo que mostravam pelos costumes transmitidos por Moisés e ao medo da mudança proposta por este JESUS (Atos 6.14). Tais costumes, após sua libertação imediata, foram considerados obsoletos exatamente por quarenta anos.

2. Por sacrificarem a outros deuses depois que chegaram a Canaã: Antes, tomastes o tabernáculo de Moloque (v. 43). Moloque era o ídolo dos filhos de Amom, ao qual eles barbaramente ofereciam seus próprios filhos em sacrifício, sem deixar de causar extremo horror e grande dor a si mesmos e a suas famílias. Contudo, os filhos de Israel chegaram a esta idolatria, por assim dizer, antinatural, quando DEUS se afastou e os abandonou a que servissem ao exército do céu (v. 42; veja 2 Cr 28.3). Era seguramente o maior engano a que jamais um povo foi entregue e o maior exemplo do poder de Satanás sobre os filhos da desobediência. Por isso, a história é narrada com ênfase: Antes, tomastes o tabernáculo de Moloque, vós vos submetestes até mesmo a isso e à adoração da estrela do vosso deus Renfã (v. 43). Certos estudiosos acham que Renfã significa “a lua”, como Moloque significa “o sol”. Outros entendem que quer dizer “Saturno”, pois em aramaico e em persa este planeta é chamado Renfã. A Septuaginta traduz por “Quium” (Am 5.26, versões NTLH e NVI), denotando que era um nome mais comumente conhecido. Eles tinham imagens que representavam a estrela, como os nichos de Diana feitos de prata, aqui chamados figuras que vós fizestes para as adorar. O Dr. Lightfoot é de opinião de que eles tinham figuras que representavam o firmamento estrelado, com todas as constelações e os planetas, sendo estes chamados Renfã – “a alta representação”, como o globo celestial: uma coisa medíocre para se fazer de ídolo, mas melhor que um bezerro de ouro! Por causa disto, esta é a ameaça: Transportar-vos-ei, pois, para além de Babilônia. Em Amós, é para além de Damasco (Am 5.27), significando para a Babilônia, a terra do norte. Mas Estêvão muda a formulação com vistas ao cativeiro das dez tribos transportadas para além da Babilônia, junto ao rio Gozã, e nas cidades dos medos (2 Rs 17.6). Não deveria parecer estranho aos ouvintes de Estêvão ouvirem falar da destruição deste lugar, porque eles tinham ouvido os profetas do Antigo Testamento discorrerem, muitas vezes, sobre esse evento, e nenhum rei os acusou de blasfêmia. Observemos que, no debate do caso de Jeremias, Miquéias não foi chamado a dar explicações, embora tivesse profetizado: Sião será lavrada como um campo (Jr 26.18,19). 

II

 Estêvão dá uma resposta pormenorizada (vv. 44-50) à acusação feita contra ele relativa ao templo: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar (Atos 6.13). Ele foi acusado de dizer que JESUS destruiria este santo lugar: “O que acham se eu disser”, começou Estêvão, “que a glória do DEUS santo não está ligada à glória deste santo lugar, mas que ela permanece intacta, mesmo que isto vire pó?” Pois: 1. “Foi somente depois que nossos pais entraram no deserto, a caminho de Canaã, que eles tiveram um lugar fixo de adoração. Os patriarcas, muitos séculos antes, adoravam a DEUS aceitavelmente nos altares que eles erigiam adjacentemente às tendas, ao ar livre – sub dio. Esse DEUS que a princípio foi adorado sem lugar santo e, o que é melhor, nas épocas mais puras da igreja veterotestamentária, pode e será adora assim quando este santo lugar for destruído, sem a mínima diminuição à sua glória.” 2. O santo lugar era, a princípio, somente um tabernáculo móvel e de qualidade inferior, dando a entender que fora projetado para ter pouca duração. Por que então este santo lugar, embora construído de pedras, não teria um fim apropriado para dar lugar a algo melhor, embora também feito de cortinas? Como não era desonra, mas honra a DEUS que o tabernáculo desse lugar ao templo, assim é que o templo material dê lugar ao espiritual, e assim será quando, no fim, o templo espiritual der lugar ao templo eterno. 3. Este tabernáculo era o tabernáculo do Testemunho (v. 44), a sombra dos bens futuros (Hb 10.1), do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem (Hb 8.2). Esta era a glória do tabernáculo e do templo, que foram erigidos para testemunho daquele templo de DEUS que, nos últimos dias, será aberto no céu (Ap 11.19), e também para testemunho do tabernáculo (tradução do verbo grego, Jo 1.14) de JESUS na terra: o templo do seu corpo (Jo 2.21). 4. Esse tabernáculo foi construído segundo o projeto de DEUS e segundo o modelo que [Moisés] tinha visto (v. 44), dando a entender claramente que se referia às coisas boas por vir. Sendo de projeto divino, seu significado e tendência também o eram. De forma nenhuma, diminuía a sua glória dizer que este templo, feito por mãos humanas, seria destruído para que outro templo, não feito por mãos de homens, fosse construído – que foi o crime de CRISTO (Mc 14.58) e de Estêvão. 5. Esse tabernáculo foi fundado primeiramente no deserto. Não era originário da terra em que se encontra (à qual pensais que ficaria restrita para sempre), mas foi trazido na era seguinte, por nossos pais (v. 45), que vieram depois daqueles que o erigiram na posse das nações, na terra de Canaã, que há muito estava na posse de nações devotas que DEUS lançou para fora da presença de nossos pais. E por que DEUS não pode erigir o seu templo espiritual, como Ele erigira o tabernáculo material, nesses países que eram agora da posse das nações? Esse tabernáculo foi introduzido nesta terra por aqueles que vieram com Josué. Ao nomear Josué (aqui e em Hb 4.8), o qual em grego é “JESUS”, pode haver certa dedução tácita de que, assim como o Josué do Antigo Testamento introduziu nesta terra aquele tabernáculo típico, assim o Josué do Novo Testamento introduzirá o verdadeiro tabernáculo na posse das nações. 6. Esse tabernáculo permaneceu por muitos séculos até aos dias de Davi (v. 45), mais de quatrocentos anos, antes que se pensasse em construir um templo. Davi, tendo achado graça diante de DEUS (v. 46), desejou a graça adicional de ter a permissão de construir uma casa para DEUS, a fim de que fosse um tabernáculo ou domicílio estabelecido e constante para a shequiná, o símbolo da presença do DEUS de Jacó. Os que encontram graça diante de DEUS devem ser os primeiros a promover os interesses do seu Reino entre os homens. 7. DEUS não punha o coração em ter um templo ou santo lugar como eles, pois, quando Davi desejou construir um templo foi-lhe negada a permissão de fazê-lo. DEUS não estava com pressa de construir um templo, como dissera a Davi (2 Sm 7.7). Não seria Davi, mas o seu filho Salomão, que, alguns anos depois, edificaria uma casa para o Senhor. Como lemos nos Salmos, Davi já desfrutava da doce comunhão com DEUS na adoração pública antes que houvesse um templo construído. 8. DEUS declarou muitas vezes que templos feitos por mãos humanas não eram o seu deleite, nem acrescentaria algo à perfeição do seu repouso e alegria. Salomão, quando dedicou o templo, reconheceu que o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens (v. 48). Ele não necessita de templos, não se beneficia com eles e não se limita a eles. O mundo inteiro é o seu templo, pois está presente em todos os lugares, enchendo-o da sua glória. Que serventia tem Ele de um templo para se manifestar nele? As falsas deidades dos gentios precisavam de templos feitos por mãos humanas, porque eram deuses feitos por mãos humanas (v. 41), e não tinham outro lugar no qual se manifestar senão em seus próprios templos. Mas o DEUS único, vivo e verdadeiro não precisa de templo, pois o céu é o seu trono, no qual Ele repousa, e a terra, o estrado dos seus pés, do qual Ele reina (vv. 49,50). Portanto, que casa me edificareis comparável à que eu já tenho? Ou qual é o lugar do meu repouso? Que necessidade tenho de casa, seja para repousar ou para me manifestar? Porventura, não fez a minha mão todas estas coisas? E estas mostram tanto o seu eterno poder como a sua divindade (Rm 1.20). Estas coisas mostram a todo o gênero humano que os que adoram outros deuses são inescusáveis. Como o mundo é o templo de DEUS, no qual Ele se manifesta, assim é o templo de DEUS no qual Ele deve ser adorado. Como toda a terra está cheia da sua glória (Is 6.3), sendo, então, o seu templo, assim a terra é, ou será, cheia do seu louvor (Hc 3.3) e todas as extremidades da terra o temerão (Sl 67.7), e por conta disso é o seu templo. Não era absolutamente falar mal deste santo lugar, por mais que o considerassem, dizer que JESUS destruiria este templo e fundaria outro, no qual todas as nações seriam aceitas (Atos 15.16,17). E eles não deveriam ter estranhado a referência bíblica citada por Estêvão (Is 66.1-3), que, como expressava o desprezo comparativo de DEUS da parte externa do seu serviço, assim predizia claramente a rejeição dos judeus incrédulos e o acolhimento na igreja dos gentios de espírito contrito. 

O Discurso de Estêvão

Atos 7:51-53 
Estêvão prossegue em sua narrativa (como deduzimos pela linha de pensamento) mostrando que, como o templo, assim o serviço no templo tinha de acabar, e que seria a glória de ambos darem lugar para a adoração do Pai em espírito e em verdade. Este novo tipo de adoração seria estabelecido no Reino do Messias, sem as cerimônias pomposas da antiga lei. Tudo que ele havia acabado de dizer, Estêvão aplicaria mais exatamente ao seu propósito vigente. Mas ele percebeu que não aceitariam. Eles seriam pacientes em ouvir a história do Antigo Testamento (método de aprendizagem muito comum), mas se Estêvão lhes falasse que o poder e a tirania que exerciam tivessem de diminuir e que a igreja tivesse de ser governada por um espírito de santidade e amor, e disposição celestial, eles não quereriam saber. É provável que ele tenha percebido isto e que eles se encontrassem a ponto de lhe mandar calar. Por isso, ele parou abruptamente no meio do discurso e, pelo espírito de sabedoria, ousadia e poder com o qual estava cheio, categoricamente reprovou os perseguidores e expôs seu verdadeiro caráter, pois se não aceitarem o testemunho do evangelho, este se tornará uma testemunha contra eles. 
I
 Eles, como seus pais, eram teimosos e rebeldes, não aceitando os métodos que DEUS empregava para corrigi-los e educar. Eram como seus pais, inflexíveis à palavra de DEUS e às suas providências. 1. Eles eram de dura cerviz (v. 51), não sujeitando o pescoço ao jugo doce e fácil do governo de DEUS, nem o aceitando, mas eram como novilho ainda não domado (Jr 31.18). Eles não sujeitariam a cabeça, não, nem ao próprio DEUS, não o reverenciariam, nem se humilhariam diante dele. Pescoço duro (dura cerviz) é o mesmo que coração duro, obstinado e contumaz, que não se rende – a característica geral da nação judaica (Êx 32.9; 33.3,5; 34.9; Dt 9.6,13; 31.27; Ez 2.4). 2. Eles eram incircuncisos de coração e ouvido (v. 51). O coração e os ouvidos não foram dedicados, nem entregues a DEUS, como o corpo em confissão pelo sinal da circuncisão: “Em nome e aparência, vós sois judeus circuncidados, mas de coração e ouvido vós ainda sois gentios incircuncisos, rejeitando a autoridade de vosso DEUS tanto quanto eles (Jr 9.26). Vós estais sob o poder de desejos ardentes e corrupções indômitas, que impedem os vossos ouvidos de ouvir a voz de DEUS e endurecem o vosso coração ao que é mais imperioso e mais afetuoso”. Eles não estavam circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne (Cl 2.11). 
II
 Eles, como seus pais, não só impediram que os métodos de DEUS trabalhassem neles para corrigi-los e os aperfeiçoar, mas também estavam enfurecidos contra tais métodos: Vós sempre resistis ao ESPÍRITO SANTO (v. 51). 1. Eles resistiram ao ESPÍRITO SANTO que falava com eles através dos profetas. Eles se opuseram a eles, os contradisseram, os odiaram e os ridicularizaram. Este é o significado especial aqui pela seguinte análise lógica: A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? (v. 52). Ao perseguir e silenciar aqueles que falavam pela inspiração do ESPÍRITO SANTO, eles estavam resistindo ao ESPÍRITO SANTO. Os seus pais resistiram ao ESPÍRITO SANTO que estava nos profetas que DEUS levantou e lhes enviou. O mesmo eles fizeram com os apóstolos e ministros de CRISTO que falavam pelo mesmo ESPÍRITO e tinham maiores medidas dos dons divinos do que os profetas do Antigo Testamento. Contudo, encontraram maior resistência. 2. Eles resistiram ao ESPÍRITO SANTO que operava neles através da consciência, não obedecendo às convicções e ordens que recebiam. O ESPÍRITO de DEUS operava neles como operava no velho mundo, mas se portaram ainda mais futilmente. Eles o resistiram, tomaram parte em suas corrupções contra as suas convicções e se rebelaram contra a luz. Há em nosso coração pecador algo que sempre resiste ao ESPÍRITO SANTO, a carne que cobiça contra o ESPÍRITO e guerreia contra seus movimentos. Mas, no coração dos eleitos de DEUS, quando chega a plenitude do tempo, esta resistência é vencida e dominada. Depois da guerra, o trono de CRISTO é estabelecido na alma e todo pensamento que se exaltara contra Ele é levado em cativeiro a Ele (2 Co 10.4,5). Por conseguinte, esta graça que ocasiona esta mudança pode ser mais adequadamente chamada graça vitoriosa do que graça irresistível. 
III
 Eles, como seus pais, perseguiram e mataram aqueles que DEUS lhes enviou para chamá-los ao dever e lhes fazer ofertas de misericórdia. 1. Os seus pais tinham sido os perseguidores cruéis e constantes dos profetas do Antigo Testamento: A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? (v. 52). Em certo sentido, ocasionalmente, atacavam a todos eles. Quanto aos que viviam nos melhores reinados, quando os príncipes não os perseguiram, havia um grupo maligno na nação que escarnecia deles e os maltratava. A maioria, no fim das contas, estava, ou por insígnia da lei ou por fúria popular, morta. O fato que agravava o pecado de perseguir os profetas era que a atividade dos profetas, dos quais tinham tanta raiva, era anunciar a vinda do Justo, notificar as bondosas intenções de DEUS para o povo, enviar o Messias entre eles na plenitude do tempo. Os mensageiros de notícias tão alvissareiras deveriam ter sido cortejados e agradados e recebido cargos honoríficos dos melhores benfeitores. Mas, em vez disso, receberam o tratamento do pior dos malfeitores. 2. Eles foram os traidores e homicidas do Justo (v. 52), como Pedro tinha lhes falado (Atos 3.14,15; v. 30). Eles contrataram Judas para trair o Justo e, até certo ponto, forçaram Pilatos para condená-lo. Eles são acusados de serem os traidores e homicidas do Justo. Eles eram a descendência genuína daqueles que mataram os profetas que predisseram a vinda do Justo, pois, ao matá-lo, eles mostraram o que teriam feito se houvessem vivido naquela época. Como nosso Salvador tinha lhes dito, eles trouxeram sobre si a culpa do sangue de todos os profetas. A qual dos profetas esses teriam mostrado respeito visto que não tiveram consideração pelo próprio Filho de DEUS? 
IV
 Eles, como seus pais, desprezaram a revelação divina, não querendo ser guiados e governados por ela. O que lhes agravava o pecado era que DEUS lhes dera o evangelho, como dera anteriormente a lei aos seus pais, mas em vão. 1. Os seus pais receberam a lei e não a guardaram (v. 53). DEUS lhes escreveu as grandes coisas da lei, depois que primeiramente lhes anunciara. Mas eles consideraram que isso era uma coisa estranha e na qual não tinham o menor interesse. Eles receberam a lei por ordenação dos anjos, porque os anjos foram empregados na solenidade de entrega da lei, junto com os trovões, relâmpagos e som de trombeta. A lei foi posta pelos anjos (Gl 3.19). DEUS veio com dez milhares de santos para dar a lei (Dt 33.2), e foi uma palavra falada pelos anjos (Hb 2.2). Isto dignifica a lei e o Legislador, fato que deveria aumentar nossa reverência a ambos. Mas eles receberam a lei e não a guardaram, e ao fazer o bezerro de ouro, eles a quebraram de uma vez por todas em um exemplo de importância capital. 2. Eles receberam o evangelho por ordenação não de anjos (v. 53), mas do ESPÍRITO SANTO (v. 51), não com o som de trombeta, mas, o que era mais estranho, com o dom de línguas, e mesmo assim não o aceitaram. Eles não se renderiam às mais claras demonstrações, não mais do que os seus pais antes deles, porque estavam decididos a não obedecer a DEUS quer em sua lei quer em seu evangelho.
Temos razão em achar que Estêvão tinha muito mais a dizer, e teria dito caso lhe tivessem permitido. Mas eram homens maus e irracionais com quem ele tinha de tratar, pessoas que não dariam ouvidos à razão.
 
O Martírio de Estevão. A Oração de Estêvão na Hora da Morte
Atos 7:54-60 
Temos aqui a morte do primeiro mártir da igreja cristã. Há, nesta história, um exemplo vivo da afronta e fúria dos perseguidores (que é o que podemos encontrar se formos chamados a sofrer por CRISTO) e da coragem e consolo do perseguido, assim chamado. Aqui estão o inferno com seu fogo e trevas e o céu com sua luz e brilho. Estes servem de contraste para realçar um do outro. O texto sacro não diz que o conselho votou o caso de Estêvão, e que, por maioria, ele foi considerado culpado, sendo condenado e sentenciado à morte por apedrejamento, de acordo com a lei, como blasfemador. Mas é provável que tenha sido assim e que não foi pela violência do povo, sem a ordem do conselho, que ele foi morto. É o que deduzimos, porque aqui ocorre a cerimônia habitual de execução regular: ele foi expulso da cidade, e as mãos das testemunhas foram as primeiras contra ele.
Observemos a tremenda perturbação de espírito dos inimigos e perseguidores de Estêvão, e a maravilhosa tranquilidade do seu espírito. 
I
 Vejamos a força da depravação nos perseguidores de Estêvão: a primor da maldade, o próprio inferno se abrindo, os homens se encarnando em demônios e a descendência da serpente cuspindo veneno.
1. Ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração (v. 54) contra Estêvão. Dieprionto, traduzida por enfureciam-se, é a mesma palavra usada em Hebreus 11.37, onde foi traduzida por serrados. A tortura mental por que passaram era tanta quanto o sofrimento físico por que passaram os mártires. Eles ficaram cheios de indignação por causa dos argumentos incontestáveis que Estêvão levantou para convencê-los e porque não acharam nada para contra-argumentar. Eles não se compungiram em seu coração com tristeza, como outros fizeram (Atos 2.37), mas se enfureceram em seu coração com fúria, como eles mesmos já haviam feito (Atos 5.33). Estêvão os repreendeu severamente, conforme expressou Paulo (Tt 1.13), apotomos – severamente, porque a repreensão enfureceu o coração deles. Note que os que rejeitam o evangelho e se opõem a ele são os que verdadeiramente se atormentam a si mesmos. A inimizade contra DEUS é algo que enfurece o coração. A fé e o amor saram os males do coração. Quando ouviram que aquele que antes do discurso parecia um anjo (Atos 6.15) agora falava como um mensageiro do céu, antes mesmo de concluir, ficaram como o antílope na rede; cheios [...] do furor do Senhor (Is 51.20), desesperados em denegrir uma causa tão corajosamente defendida e decididos a não se renderem.
2. Ouvindo eles isto, [...] rangiam os dentes contra Estêvão (v. 54). Este procedimento denota: (1) A grande maldade e furor contra Estêvão. Jó reclamou que o seu inimigo rangeu os dentes contra ele (Jó 16.9). Esse linguajar queria dizer: Ah! Quem se não terá saciado com a sua carne! (Jó 31.31). Eles arreganharam os dentes para ele, como cães contra quem estão enfurecidos. Paulo, em um aviso contra os da circuncisão, disse: Guardai-vos dos cães (Fp 3.2). A inimizade contra os santos transforma os homens em animais brutos. (2) A profunda raiva que eles tinham dentro de si. Eles se irritaram ao ver que Estêvão tinha sinais manifestos do poder e presença divinas, e isso lhes enfureceu o coração. O ímpio verá isto e se enraivecerá; rangerá os dentes e se consumirá (Sl 112.10). Ranger os dentes é expressão usada para referir-se ao horror e tormentos dos condenados ao inferno. Os que têm a maldade do inferno não podem senão ter também as dores do inferno.
3. Eles gritaram com grande voz (v. 57) para se provocarem e se estimularem a fim de abafar os clamores da própria consciência. Quando ele disse: Eis que vejo os céus abertos (v. 56), eles gritaram com grande voz para não o ouvirem falar. Note que é muito comum em uma causa justa, sobretudo a causa justa da religião cristã, correr o risco de ser denegrido por barulhos e gritos. O que falta à razão é complementado pelo tumulto. As palavras dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais do que o clamor do que domina sobre os tolos (Ec 9.17). Eles gritaram com grande voz, como soldados quando iniciam o ataque na batalha, reunindo toda a força e coragem para o embate renhido.
4. Eles [...] taparam os ouvidos (v. 57) para não ouvirem a própria algazarra; ou talvez com a desculpa de que não aguentavam ouvir as blasfêmias de Estêvão. Como Caifás rasgou sua roupa quando JESUS disse: Vereis em breve o Filho do Homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu (Mt 26.64,65), assim estes taparam os ouvidos quando o Estêvão disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de DEUS (v. 56), ambos fazendo o papel de que as palavras faladas não mais seriam ouvidas com paciência. O ato de tapar os ouvidos era: (1) Evidência clara da teimosia ferrenha deles. Eles estavam determinados a não ouvir o que tinha a tendência de convencê-los da verdade, que era o de que os profetas frequentemente se queixavam: eles são como a víbora surda, que tem tapados os seus ouvidos para não ouvir a voz dos encantadores, do encantador perito em encantamento (Sl 58.4,5). (2) Presságio fatal da dureza judicial à qual DEUS os entregaria. Eles [...] taparam os ouvidos (v. 57), e DEUS, de certo modo em justo julgamento, os “tapou”. Este era o trabalho que estava em operação com os judeus incrédulos: Engorda o coração deste povo, e endurece-lhe os ouvidos (Is 6.10), assim Estêvão respondia o caráter deles: Vós sois incircuncisos de coração e ouvido (v. 51).
5. Eles [...] arremeteram unânimes contra ele (v. 57). O povo, os anciãos do povo, os juízes, os promotores públicos, as testemunhas e os espectadores se lançaram contra Estêvão como animais selvagens sobre a presa. Note como foram violentos e apressados. Eles arremeteram contra Estêvão, embora não houvesse perigo de ele escapar. Note, também, que foram unânimes neste perverso intento: eles arremeteram unânimes, todos sem exceção. Eles queriam amedrontá-lo, deixá-lo confuso, pois lhe invejavam a serenidade e a paz da alma, que desfrutava maravilhosamente no meio dessa grande agitação. Eles fizeram tudo que puderam para irritá-lo.
6. E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam (v. 58), como se Estêvão não fosse digno de morar em Jerusalém, ou mesmo de habitar neste mundo, pretendendo com isso executar a lei de Moisés: Aquele que blasfemar o nome do Senhor certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará (Lv 24.16). Assim eles mataram JESUS, quando este mesmo tribunal o declarara culpado de blasfêmia. Mas, para a sua maior infâmia, fizeram isso porque desejavam ardentemente crucificá-lo, e DEUS o anulou para cumprir as Escrituras. A fúria com que administraram a execução mostra-se nisto: eles o expulsaram da cidade, como se não suportassem vê-lo; eles o trataram como um anátema, como o lixo de todas as coisas. As testemunhas contra ele foram os líderes na execução, de acordo com a lei: A mão das testemunhas será primeiro contra ele, para matá-lo (Dt 17.7), particularmente no caso de blasfêmia (Lv 24.14; Dt 13.9). Assim elas confirmavam o testemunho que deram. O apedrejamento era uma tarefa laboriosa; por isso, as testemunhas tiravam as vestes superiores da vítima para que não suavizassem os golpes. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo (v. 58), que neste momento era um espectador satisfeito desta tragédia. É a primeira vez que encontramos a menção do seu nome. Nós o conheceremos melhor e o amaremos mais quando o seu nome tiver sido mudado para Paulo e o seu caráter tiver passado de perseguidor a pregador. Tempos depois, ele retrata esta pequena a mostra de sua agência na morte de Estêvão com extremo pesar: Eu guardava as vestes dos que o matavam (Atos 22.20). 
II
 Vejamos a força da graça em Estêvão e os exemplos maravilhosos do favor de DEUS para com ele e em operação nele. Como os seus perseguidores estavam cheios de Satanás, assim ele estava cheio do ESPÍRITO SANTO, mais cheio do que comumente, e ungido com o óleo fresco para ser fortalecido. Por conta disso, são bem-aventurados os que, pelo nome de CRISTO, são vituperados, porque sobre eles repousa o ESPÍRITO da glória de DEUS (1 Pe 4.14). Quando Estêvão foi escolhido para servir a igreja, ele era homem cheio [...] do ESPÍRITO SANTO (Atos 6.5). Agora, ao ser chamado para o martírio, ainda mantém a mesma qualidade. Note que os que são cheios do ESPÍRITO SANTO estão aptos para qualquer obra, quer para agir em prol de CRISTO ou para sofrer por Ele. Aqueles que DEUS chama para prestar serviços difíceis em prol do seu nome, Ele os qualifica para tais serviços e age por meio deles satisfatoriamente, enchendo-os do ESPÍRITO SANTO, para que, como as aflições de CRISTO são abundantes neles, assim também a consolação deles sobeje por meio de CRISTO (2 Co 1.5). Portanto, em nada eles têm a vida por preciosa (Atos 20.24). Neste momento crítico, constatamos uma comunhão extraordinária entre este mártir santo e o JESUS santo. Quando os seguidores de JESUS, por amor a Ele, são mortos todo dia e reputados como ovelhas para o matadouro (Sl 44.22; Rm 8.36), isto os separa do amor de JESUS? Ele os ama menos? Eles o amam menos? Não, de jeito nenhum. É o que demonstra esta narrativa.
1. A manifestação graciosa do próprio JESUS a Estêvão para consolá-lo e honrá-lo em meio aos sofrimentos. Quando se enfureceram em seu coração, rangeram os dentes contra ele e estavam prestes a atacá-lo. Estevão então teve a visão da glória de JESUS suficiente para enchê-lo de alegria indizível. Esta revelação tinha o propósito não de encorajá-lo, mas de fortalecer e consolar todos os servos sofredores de DEUS em todas as eras.
(1) Estêvão, estando cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos no céu... (v. 55). [1] Estêvão olhou acima do poder e fúria dos que o perseguiam. Ele pareceu desprezá-los e zombar deles, conforme agiu a filha de Sião (Is 37.22). Eles o olhavam firmemente, cheios de maldade e crueldade. Mas ele olhou para o céu, sem se preocupar com isso, e foi tomado pela vida eterna numa perspectiva que não se importava com a vida natural em risco. Em vez de olhar ao redor para ver se estava em perigo ou de que modo poderia fugir, ele olhou para cima, para o céu, o único lugar de onde lhe vem ajuda e para onde o seu caminho ainda está aberto. Embora o rodeassem de todos os lados, eles não podiam interromper sua relação com o céu. Note que uma ligação fiel a DEUS e ao outro mundo é de grande valor para nos colocar acima do medo dos homens, pois, à medida que estamos sob a influência desse medo, nos esquecemos do Senhor que nos criou (Is 51.13). [2] Estêvão direcionou seus sofrimentos para a glória de DEUS e a honra de CRISTO. Ele o fez na forma de súplica ao céu a favor deles (“Senhor, por amor de ti eu sofro isto”) e na expressão de sua grande esperança de que JESUS fosse glorificado em seu corpo. Agora que Estêvão estava prestes a ser oferecido, ele fixa os olhos no céu (v. 55) como alguém pronto a se render. [3] Estêvão elevou sua alma com os olhos a DEUS no céu (v. 55), em derramamento piedoso, clamando a DEUS em busca de sabedoria e graça para o conduzir de maneira correta nesse julgamento. DEUS prometeu estar com os seus servos, a quem Ele chama para sofrer por Ele. Mas, para isso, Ele deve ser buscado em oração. Ele está perto deles, mas se aproxima mais todas as vezes que o chamam (Dt 4.7). Está alguém entre vós aflito? Ore (Tg 5.13). [4] Estêvão aspirava intensamente à pátria divina, e para ela percebeu que a fúria dos seus perseguidores o enviaria. É bom que os santos agonizantes fixem os olhos no céu (v. 55). “Ao céu é o lugar onde a morte levará a melhor parte de mim, e então: Onde está, ó morte, o teu aguilhão? (1 Co 15.55).” [5] Estêvão deu a entender que estava cheio do ESPÍRITO SANTO (v. 55), pois onde quer que o ESPÍRITO da graça habita, trabalha e reina, Ele dirige o olhar da alma para cima. Os que estão cheios do ESPÍRITO SANTO fixam os olhos no céu, porque é onde está o seu coração. [6] Estêvão se colocou numa postura para receber a manifestação da glória e graça divinas que ocorreu em seguida. Se esperamos que o céu fale, temos de fixar os olhos no céu (v. 55).
(2) Estêvão viu a glória de DEUS (v. 55) e, para que a visse, os céus se abriram (v. 56). Certos estudiosos acham que pelo poder sobrenatural os olhos de Estevão foram fortalecidos, aumentando o alcance de sua visão muito acima do natural. Ele viu o terceiro céu, embora estivesse a tão longa distância, como a visão de Moisés aumentou para que visse toda a terra de Canaã. Outros pensam que foi uma representação da glória de DEUS feita diante dos olhos de Estêvão, como aconteceu com Isaías e Ezequiel. O céu veio como se tivesse descido até ele (Ap 21.2). Os céus se abriram para lhe dar uma visão da felicidade que usufruiria, e, com essa perspectiva, passasse alegremente pela morte, tão grande morte. Se pela fé fixássemos os olhos no céu, veríamos os céus abertos pela mediação de CRISTO, o véu sendo rasgado e um novo e vivo caminho aberto diante de nós para o SANTO dos Santos. Os céus são abertos para a fixação de uma ligação entre DEUS e os homens e também para que os seus favores e bênçãos desçam até nós e nossas orações e louvores subam até Ele. Nós também podemos ver a glória de DEUS até ao ponto em que Ele a revelou em sua palavra, e essa visão nos ajuda a passar por todos os terrores de sofrimentos e morte.
(3) Estêvão viu [...] JESUS, que estava à direita de DEUS (v. 55), o Filho do homem (v. 56). JESUS, sendo o Filho do homem, tendo levado nossa natureza com Ele para o céu e a vestido com um corpo que pode ser visto com os olhos físicos. Foi assim que Estêvão o viu. Quando os profetas do Antigo Testamento viram a glória de DEUS, os anjos a acompanhavam. Na visão de Isaías, eram os serafins que acompanhavam a shequiná, a presença divina. Na visão de Ezequiel, eram os querubins. Em ambos os casos, são anjos que são ministros da providência de DEUS. Mas aqui não há menção a anjos, embora eles rodeiem o trono e o Cordeiro. Em vez deles, Estêvão vê JESUS [...] à direita de DEUS, o grande Mediador da graça de DEUS, de quem mais glória redunda a DEUS do que de toda a ministração dos anjos santos. A glória de DEUS brilha mais luminosamente na face de JESUS CRISTO. Ali brilha a glória da sua graça, que é o exemplo mais ilustre da sua glória. DEUS se mostra mais glorioso tendo JESUS à sua direita do que milhões de anjos à sua volta. [1] Esta é prova da exaltação de JESUS à mão direita do Pai (v. 56). Os apóstolos viram JESUS ascender, mas não o viram assentar-se, pois uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos (Atos 1.9). Outros textos bíblicos informam que Ele está assentado à mão direita de DEUS, mas Ele já foi visto ali? Sim, Estêvão o viu e muito se regozijou com a visão. Ele viu JESUS à mão direita de DEUS, evidenciando sua dignidade transcendente e seu domínio soberano, sua habilidade indomável e sua agência universal. Tudo quanto a mão direita de DEUS nos dá, ou recebe de nós, ou faz concernente a nós, é por meio de JESUS, porque Ele está à mão direita de DEUS. [2] Em geral, os textos bíblicos dizem que JESUS está sentado à mão direita de DEUS, mas Estêvão o viu em pé, como alguém que nesse momento está mais que normalmente preocupado pelo seu servo que sofre. Ele se levantava como juiz para defender a causa do seu servo contra os que o perseguem. Ele despertou na sua santa morada (Zc 2.13), e sairá do seu lugar para castigar (Is 26.21). Ele se levanta pronto para receber Estêvão e coroá-lo, e, nesse meio tempo, dá-lhe um lampejo da alegria que está diante dele. [3] O propósito dessa visão era encorajar Estêvão. Ele vê que JESUS é por ele, então não importa o que seja contra ele. Quando nosso Senhor JESUS estava em sua agonia, um anjo lhe apareceu para fortalecê-lo. Mas para Estêvão o próprio JESUS lhe apareceu. Note que não há nada mais consolador para os santos prestes a morrer, nem mais animador para os santos que sofrem do que ver JESUS à direita de DEUS. Louvado seja DEUS, pois pela fé nós o veremos ali.
(4) Estêvão contou aos que estavam em volta dele o que ele via: Eis que vejo os céus abertos (v. 56). Aquilo que era agradável para ele deveria tê-los convencido da verdade e servido de aviso para prestarem atenção e não acusarem alguém a quem o céu lhe sorria. O que ele viu declarou, e que façam uso do que ouviram conforme lhes agrade. Se alguns se irritaram, outros talvez viessem a reconsiderar este JESUS, a quem eles perseguiram, e crer nele.
2. As palavras de Estêvão para JESUS CRISTO. A manifestação da glória de DEUS para ele não o colocou acima da oração, antes, pelo contrário, o fixou nela: Eles apedrejaram a Estêvão, que em invocação a DEUS dizia: Senhor JESUS (v. 59). Embora invocasse a DEUS e, com isso, mostrasse que era um verdadeiro israelita, eles prosseguiram com o apedrejamento, não levando em conta o perigo que é lutar contra os que têm uma ligação com o céu. Enquanto o apedrejavam, ele invocava a DEUS, ou mais exatamente, por causa do apedrejamento, ele o invocava. Note que é um consolo para os que são injustamente odiados e perseguidos pelos homens terem um DEUS a quem recorrer, um DEUS todo-poderoso para buscar. Os homens tapam os ouvidos, como estes fizeram aqui (v. 57), mas DEUS não. Estêvão foi expulso da cidade, mas não foi expulso do seu DEUS. Ele estava partindo do mundo e, por isso, invoca a DEUS, pois temos de fazer isto enquanto vivermos. Note que é bom morrer orando. Precisamos de ajuda. Precisamos da força que nunca tivemos para fazer um trabalho que nunca fizemos. E como buscaremos essa ajuda e força senão pela oração? Em seus últimos momentos na terra, Estêvão faz duas orações curtas a DEUS, como se nelas ele exalasse a alma.
(1) Esta é a oração que Estêvão fez por si mesmo: Senhor JESUS, recebe o meu espírito (v. 59). Foi assim que JESUS entregou o espírito imediatamente às mãos do Pai. Isto nos ensina a entregar nosso espírito às mãos de JESUS como Mediador, para que por Ele sejamos encomendados ao Pai. Estêvão viu JESUS que estava em pé à mão direita do Pai (v. 56) e o invoca: “Bendito JESUS, faze isto por mim agora que tu estás em pé para fazeres tudo teu: Recebe o meu espírito que parte para as tuas mãos”. Observe: [1] A alma é o homem. Nossa maior preocupação, quer seja vivendo ou morrendo, deve ser cuidar da nossa alma. O corpo de Estevão muito se machucaria por ser alvo de uma chuva de pedras; sua casa terrestre deste tabernáculo seria violentamente maltratada e abatida. Mas contando que isso ocorreria: “Senhor”, disse ele, “guarda o meu espírito. Permite que ele acompanhe bem minha pobre alma”. Enquanto vivermos, devemos cuidar para que, ainda que o corpo passe fome ou fique nu, a alma seja alimentada e vestida, embora o corpo sofra dores, a alma repouse tranquilamente. Quando morrermos, mesmo que esse corpo seja lançado fora como um desprezível vaso quebrado, um vaso no qual não há prazer, a alma seja presenteada com um vaso de honra, para que DEUS seja a força do coração e sua porção, a despeito do fracasso da carne. [2] Nosso Senhor JESUS é DEUS, a quem devemos buscar e em quem devemos confiar e nos consolar, quer vivamos ou morramos. Estêvão ora a JESUS e o mesmo devemos fazer, pois é a vontade de DEUS que todos honrem o Filho, como honram o Pai (Jo 5.23). É a JESUS que devemos nos entregar, pois Ele é o único que pode guardar o que lhe entregarmos até aquele dia. É necessário que fixemos nossos olhos em JESUS na hora da morte, pois não há possibilidade de paz em outro mundo senão sob sua orientação, nem consolo vivo em momentos agonizantes exceto o que buscamos dele. [3] O ato de JESUS receber nosso espírito na hora da morte deve ser nossa maior preocupação e com que devemos nos consolar. Temos de cuidar enquanto vivermos que JESUS receba o nosso espírito quando morrermos. Se Ele rejeitar e desconhecer nosso espírito, a quem recorreremos? Como escaparemos de ser presa do leão que ruge? É a Ele que temos de nos entregar diariamente para sermos governados e santificados, uma vez preparados para o céu. Só então, e não de outra maneira, Ele nos receberá. Se este tiver sido nosso cuidado enquanto vivermos, será nossa consolação quando morrermos, e que então sejamos recebidos nas habitações eternas.
(2) Esta é a oração que Estêvão fez por seus perseguidores: Senhor, não lhes imputes este pecado (v. 60).
[1] As circunstâncias desta oração são notáveis. Pelo visto, esta oração foi feita com uma maior reverência que a primeira. Em primeiro lugar, Estêvão se pôs de joelhos (v. 60), que era expressão de sua humildade na oração. Em segundo lugar, Estêvão clamou com grande voz (v. 60), que era expressão da sua quietude. Mas por que ele deveria mostrar mais humildade e serenidade neste pedido que no anterior? Ninguém duvidaria que ele fosse extremamente sincero em suas orações a favor de si mesmo. Portanto, não havia necessidade de ele se servir de tais expressões externas da oração. Mas na petição pelos seus inimigos, pelo fato de esta atitude ser o oposto do cerne da natureza corrupta, era necessário que ele desse provas de sua sinceridade.
[2] A oração: Senhor, não lhes imputes este pecado (v. 60). Nisto ele seguiu o exemplo do Mestre, que, enquanto morria, orou pelos que o crucificavam: Pai, perdoa-lhes (Lc 23.34), dando o exemplo para que todos os sofredores pela causa cristã orassem pelos que os perseguissem. A oração pode pregar. Foi o que aconteceu com os que apedrejaram Estêvão. Ele se ajoelhou para que vissem que ele orava, e clamou com grande voz, para que ouvissem o que ele dizia, e assim pudessem aprender, em primeiro lugar, que o que eles fizeram era pecado, um grande pecado. Se a misericórdia e graça divina não o evitaram, eles seriam culpados desse pecado para a sua vergonha eterna. Em segundo lugar, que, apesar da maldade e fúria demonstradas contra Estêvão, ele demonstrou amor por eles e estava longe de desejar que DEUS lhe vingasse a morte. Sua oração sincera a DEUS era que não fossem considerados culpados desse pecado. Um triste ajuste de contas haveria por causa disso. Caso eles não se arrependessem, certamente seriam condenados por causa desse pecado. Mas, no que lhe dizia respeito, não desejava que esse dia triste viesse. Que soubessem disso e, quando os seus pensamentos estivessem mais calmos, com certeza, eles não se perdoariam facilmente por terem matado quem os perdoou tão facilmente. Os homens sanguinários aborrecem aquele que é sincero, mas os retos procuram o seu bem (Pv 29.10). Em terceiro lugar, que, embora o pecado fosse muito hediondo, eles não deveriam desesperar-se, pois haveria perdão quando se arrependessem. Se eles pusessem o arrependimento no coração, DEUS não poria no coração deles a culpa. “Em vossa opinião”, disse Agostinho, “Paulo ouviu Estêvão fazer esta oração? É provável que tenha ouvido e que tenha ridicularizado (audivit subsannans, sed irrisit – ele ouviu com desprezo). Mas, tempos depois, ele se beneficiou com esta oração e passou a desfrutá-la melhor.”
3. A morte de Estêvão depois da oração: E, tendo dito isto, adormeceu (v. 60); ou, enquanto ele estava dizendo estas palavras, veio o golpe mortal. Note que a morte não passa de um sono para as pessoas boas. Não é o sono da alma (Estêvão havia colocado sua alma nas mãos de JESUS), mas o sono do corpo. É o descanso de todas as fadigas e labutas. É o alívio perfeito da dor e sofrimento. Estêvão morreu com tal pressa como jamais homem fez, e ainda, quando morreu, ele dormiu. Ele se dedicou ao trabalho de morrer com tanta compostura mental como se estivesse para dormir. Ele apenas fechou os olhos e morreu. Note que ele dormiu enquanto orava pelos seus perseguidores. A oração é expressa como se ele pensasse que não poderia morrer em paz sem ter orado. Em muito contribui para morrermos em paz o fato de estarmos de bem com todos os homens. Aí encontramos JESUS em paz. Que o sol da vida não se ponha sobre a nossa ira. Ele adormeceu. A Vulgata Latina acrescenta as palavras: “no Senhor”, nos abraços do seu amor. Se ele adormeceu assim, ele fez bem, pois ele despertará na manhã da ressurreição.
Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
 
_____________________________________________________________
 
 
AMPLIANDO O CONHECIMENTO TOP1
* O Discurso de Estêvão
“O discurso de Estêvão diante do Sinédrio é uma defesa da fé propagada por CRISTO e pelos apóstolos. Ele é o precursor de todos quantos defendem a fé bíblica contra os que se opõem ao seu ensino ou o distorcem, e é o primeiro que morreu por essa causa. JESUS vindica a ação de Estêvão, ficando em pé para honrá-lo diante de seu Pai, no céu. O amor de Estêvão à verdade e sua disposição em dar a vida para salvaguardá-la, contrastam-se nitidamente com aqueles que pouco se interessam por ‘batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos’ (Jd v.3) [...]”. Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal, editada pela CPAD, p.1643.
 
Auxílio Pedagógico TOP1
Quem foi Estêvão?
“Pontos fortes e êxitos:
Foi um dos sete líderes escolhidos para supervisionar a distribuição de alimentos aos necessitados na Igreja Primitiva.
Foi conhecido por suas qualidades espirituais de fé, sabedoria, graça, poder e pela presença do ESPÍRITO em sua vida.
Foi um líder reconhecido e destacado, um mestre, um debatedor.
Foi o primeiro a dar a vida pelo evangelho.
Lições de vida:
O esforço em busca da excelência em pequenas tarefas prepara as pessoas para responsabilidades maiores.
A verdadeira compreensão a respeito de DEUS sempre leva a ações práticas e compassivas para as pessoas.
Informações essenciais:
Ocupação: Diácono (distribuía alimentos aos necessitados).
Contemporâneos: Paulo (se converteu depois da perseguição que ele mesmo levantou), Caifás, Gamaliel e os apóstolos.
Versículos-chave: Atos 7.59,60
(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.1490).
 
Progresso da Igreja (evangelho legítimo, com sinais, prodígios e maravilhas)
Atos 1.15: 120 pessoas.
Atos 2.41: Quase três mil pessoas. (agora 3.120)
Atos 4.4: Quase cinco mil pessoas. (agora 8.120)
Atos 5.14: E crescia mais e mais a multidão de crentes.
Atos 6.1: Multiplica-se o número dos discípulos.
Atos 6.7: Crescia a palavra de DEUS, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé.
Atos 9.31: A igreja crescia em número.
Atos 16.5: As igrejas aumentavam em número.
 Em apenas 3 meses a igreja já tinha ganho a terça parte de Jerusalém para CRISTO (a cidade fora dos períodos de festas tinha por volta de 30 mil habitantes).
 
BEP – CPAD – COMENTA´RIOS
Atos 6.8 ESTÊVÃO, CHEIO DE FÉ E DE PODER. O ESPÍRITO SANTO deu a Estêvão poder para realizar prodígios e grandes sinais entre o povo (v. 8) e lhe deu grande sabedoria para pregar o evangelho de tal maneira, que seus oponentes não podiam contestar os seus argumentos (v. 10; cf. Êx 4.15; Lc 21.15).
 
O primeiro a ser listado na lista dos diáconos que iriam servir às mesas, em Jerusalém, no início da Igreja, foi Estêvão, muito provavelmente era Grego - Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do ESPÍRITO SANTO e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. (Atos 6:3). Essas a s qualidades de Estêvão - boa reputação, cheio do ESPÍRITO SANTO e de sabedoria. Foi um servo de DEUS totalmente fiel até à sua morte por apedrejamento por defender o evangelho de JESUS CRISTO.  No original em grego - στεφανος - Stephanos - Estevão = “coroado” - foi um dos setes diáconos em Jerusalém e o primeiro mártir cristão.
Estêvão foi escolhido para servir às mesas, mas seu espírito se agitava por ganhar almas e por ser imitador de JESUS CRISTO, pregando, ensinando e curando a todos - E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. (Atos 6:8). Seus inimigos religiosos e políticos não podiam resistir à sabedoria e ao ESPÍRITO com que falava. (Atos 6:10) - Era um pregador cheio do ESPÍRITO SANTO que pregava, ensinava e curava a todos, como JESUS.
Assim como JESUS foi acusado falsamente, também Estêvão foi acusado falsamente, preso e levado ao conselho. Até mesmo nisso era um imitador de CRISTO. As testemunhas de acusação foram subornadas para mentirem. A acusação era de que havia proferido palavras blasfemas contra Moisés e contra DEUS. Os anciãos e os escribas o prenderam por ouvirem arruaceiros gregos, Libertos, cireneus, alexandrinos, e alguns que eram da Cilícia e da Ásia. (Atos 6:9). Diante do conselho de sacerdotes, no templo, apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei; Atos 6:11-13. A tática usada era semelhante a que usaram para condenarem JESUS à morte - acusação falsa e incitação de líderes.
 
Muito provavelmente Estêvão estivesse entre os 3000 batizados nas águas, em Jerusalém, no dia de Pentecostes, quando a Igreja foi iniciada. Com certeza foi também batizado no ESPÍRITO SANTO, pois era cheio do Tal. Era estudioso das escrituras, pois era cheio de sabedoria. Como era usado em milagres, isso comprova que era cheio de fé. Seu amor pela almas e defesa do evangelho demonstram seu amor por JESUS CRISTO e desejo de que todos fossem salvos. Era cheio de poder do ESPÍRITO SANTO - E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. (Atos 6:8).
Como prova de que os sinais e prodígios e maravilhas não era apenas para os apóstolos, Estevão também, como JESUS (2.22) e os apóstolos (2.43; 5.12), realizava prodígios e sinais em nome de JESUS.
   
E não podiam resistir à sabedoria e ao ESPÍRITO, pelo qual ele falava. Então, subornaram homens que dissessem: Temos ouvido este homem proferir blasfêmias contra Moisés e contra DEUS. Sublevaram o povo, os anciãos e os escribas e, investindo, o arrebataram, levando-o ao Sinédrio. Apresentaram testemunhas falsas, que depuseram: Este homem não cessa de falar contra o lugar santo e contra a lei; porque o temos ouvido dizer que esse JESUS, o Nazareno, destruirá este lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu (6.10-14).
Os adversários de Estêvão não podiam resistir à sabedoria e ao ESPÍRITO pelo qual ele falava. Suas palavras eram irresistíveis. Havia virtude de DEUS em seus lábios. Então, não podendo suplantá-lo na argumentação, tramaram contra ele, como fizeram com JESUS, e subornaram homens covardes, que o acusaram de blasfêmia. A acusação contra Estêvão foi leviana, mas acabou sendo acolhida pelos membros do Sinédrio. Mário Neves diz que os antagonistas de Estêvão, não podendo vencê-lo pela razão, recorreram à mentira, à calúnia e ao suborno, conseguindo assim amotinar o povo, os anciãos e os escribas.
A acusação contra Estêvão era dupla. Acusavam-no de blasfêmia contra Moisés e contra DEUS; contra o templo e contra a lei (6.11). Perante o magno pretório judaico, as testemunhas subornadas pelos líderes religiosos assacaram contra Estêvão pesadas acusações: ...Este homem não cessa de falar contra o lugar sagrado e contra a lei (6.13). William Barclay realça duas coisas especialmente preciosas para os judeus: o templo e a lei. Eles entendiam que só no templo podiam oferecer sacrifícios e só ali podiam adorar verdadeiramente a DEUS. A lei jamais poderia ser mudada, mas eles acusavam Estêvão de dizer que o templo desapareceria e a lei nada mais era do que um passo para o evangelho.
Essas acusações eram gravíssimas, uma vez que o templo era o lugar santo, símbolo da presença de DEUS entre o povo, e a lei era a revelação da vontade de DEUS. Falar contra a casa de DEUS e contra a Palavra de DEUS era blasfêmia, um pecado sentenciado com a morte. Marshall destaca que foi a mesma preocupação zelosa com o templo, da parte dos judeus da Dispersão, que justificou prisão posterior de Paulo (21.28).
É importante ressaltar que essas mesmas acusações foram feitas contra JESUS, usando-se também o artifício das falsas testemunhas. JESUS foi condenado pelo pecado de blasfêmia por esse mesmo Sinédrio. Eles haviam interpretado de forma errada as palavras de JESUS tanto sobre o templo quanto sobre a lei. Quando JESUS disse: Eu destruirei este santuário edificado por mãos humanas e em três dias construirei outro, não por mãos humanas (Mc 14.58), eles julgaram que JESUS estivesse conspirando contra o templo para substituí-lo. No entanto, JESUS estava falando do santuário do seu corpo (Jo 2.21). JESUS é maior do que o templo e, de fato, é o novo templo de DEUS, que substituiria o antigo (Mt 12.6). Mais tarde, no seu sermão profético, JESUS profetizou a destruição do templo (Lc 21.5,6).
De acordo com Marshall, ao criticar o templo e ao ensinar a sua substituição, JESUS se referiu à sua própria Pessoa. Ele mesmo representava a nova dimensão da comunhão com DEUS que haveria de ultrapassar o culto antigo. No seu aspecto negativo, tratava-se de uma aguda crítica contra o templo propriamente dito e o seu culto; no seu aspecto positivo, significava uma nova comunhão com DEUS, centralizada no próprio JESUS, que tomava o lugar do templo.
Os judeus acusaram JESUS, de igual forma, de desrespeitar a lei. Os escribas e fariseus, com muita frequência, acusaram JESUS de violar o sábado. Na verdade, JESUS não foi um transgressor da lei. Ele veio não para violar a lei, mas para cumpri-la. JESUS afirmou: Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas: não vim para revogar, vim para cumprir (Mt 5.17). JESUS é o fim da lei (Rm 10.4). Ele cumpriu a lei por nós e morreu por nós. Tornou-se o sacerdote e o sacrifício. Nele somos aceitos por DEUS. Sendo assim, JESUS é o substituto do templo e o cumprimento da lei. Para JESUS apontava tanto o templo como a lei. John Stott assevera: “Afirmar que o templo e a lei apontavam para CRISTO e que estão agora cumpridos nele é aumentar sua importância, não negá-la”.
Estêvão não blasfemava contra o templo nem contra a lei. Ao contrário, estava alinhado com a mesma interpreta­ção de JESUS (Jo 2.19; Mc 14.58; 15.29). Porém, a luz da verdade cegou os olhos dos membros do Sinédrio em vez de lhes clarear a mente. A oposição desceu da teologia para a violência. Essa mesma ordem de acontecimentos repetiu­-se muitas vezes. No início, há um sério debate teológico. Quando isso fracassa, as pessoas iniciam uma campanha pessoal de mentiras. Finalmente, recorrem a ações legais ou quase legais numa tentativa de se livrarem do adversário pela força. Em vez de acolher a mensagem da verdade com humildade, o Sinédrio preferiu sentenciar à morte o mensageiro.
Em quarto lugar, sua paz era inexplicável (6.15). Todos os que estavam assentados... viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo. A serenidade de Estêvão reprova a fúria dos acusadores. A paz de Estêvão denuncia o ódio dos membros do Sinédrio. Tratava-se da descrição de uma pessoa que fica perto de DEUS e reflete algo da sua glória, como resultado de estar na sua presença.
John Stott afirma ser significativo que o conselho, olhan­do para o prisioneiro no banco dos réus, visse seu rosto brilhando como se fosse de um anjo, pois foi exatamente isso o que ocorreu ao rosto de Moisés quando ele desceu do monte Sinai com a lei (Ex 34.29). Não terá sido propósito deliberado de DEUS dar a Estêvão, acusado de se opor à lei, o mesmo rosto radiante dado  a Moisés quando este recebeu a lei? Dessa forma, DEUS estava mostrando que tanto o ministério da lei de Moisés quanto a interpretação de Estêvão tinham sua aprovação. Era como se DEUS estivesse dizendo: “Este homem não é contra Moisés; ele é como Moisés!”. Assim como o rosto de JESUS se transfigurou no monte, também o semblante de Estêvão se iluminou com a glória do outro mundo. Esta cena retrata vividamente a diferença entre um judaísmo decadente e um cristianismo cheio do ESPÍRITO.
 
  
_________________________________________________________
 
 
Como cada apóstolo morreu e onde foi colocado?  (Não tem na Bíblia - são fontes não confiáveis)
 
O martírio dos apóstolos foi anunciado por JESUS: - “Por isso, diz também a sabedoria de DEUS: Profetas e apóstolos lhes mandarei; e eles matarão uns e perseguirão outros” (Lucas 11.49). - “E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do meu nome” (Lucas 21.16-17)
- “Se a mim me perseguiram também vos perseguirão a vós... mas tudo isso vos farão por causa do meu nome” (João 15.19-20).
- “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos... eles vos entregarão aos sinédrios e vos açoitarão nas suas sinagogas, e sereis conduzidos à presença dos governadores e dos reis, por causa de mim...” (Mateus 10.16-18).
Esta palavra diz respeito, também, aos crentes de um modo geral. Ainda hoje, anualmente, milhares são martirizados em todo o mundo. Com relação aos sofrimentos e martírio de Paulo, JESUS revelou: “Eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome” (Atos 9.16). Abro um parêntesis para uma reflexão: o Evangelho pregado em nossas igrejas inclui a possibilidade de sofrimento por amor a CRISTO, ou anunciamos somente prosperidade, fartura, longevidade e saúde? Será que poderíamos fazer o que eles fizeram? Será que os atuais fiéis cristãos propagam a mensagem de JESUS de Nazaré da mesma forma que os 12 apóstolos fizeram?
Conheçamos um pouco o chamado dos apóstolos e vejamos como eles morreram:
MATEUS
Após a ressurreição de CRISTO, ele passou a pregar para os judeus. Fez do seu próprio país seu campo missionário. Apesar disso, morreu na Etiópia, como mártir. Era também chamado de Levi. Cobrador de impostos (, classe muito odiada na época de JESUS, por cobrarem impostos dos judeus para serem entregues às autoridade romanas) nos domínios de Herodes Antipas, em Cafarnaum (Marcos 2.14; Mateus 9.9-13; 10.3; Atos 1.13). Percorreu a Judéia, Etiópia e Pérsia, pregando e ensinando. Há várias versões sobre a sua morte. Teria morrido à espada na cidade de Etiópia.
ANDRÉ
Esse apóstolo era filho de um pescador da Galiléia de nome Jonas e era irmão de Pedro. Ele vivia em Cafarnaum e era um seguidor de São João Batista antes de ser apresentado a JESUS. Ao vê-lo, reconheceu-o imediatamente como sendo o Messias, e foi o seu primeiro apóstolo. Conta a Lenda que foi para a Grécia e pregou na província de Acaia (província romana que, com a Macedônia, formava a Grécia). Ali se tornou mártir e foi crucificado numa cruz em forma de xis (não foi pregado) para que seu sofrimento se prolongasse. Foi crucificado e da cruz pregou ao povo até morrer. Séculos mais tarde, seus restos mortais foram levados para Escócia. O navio que os transportava naufragou em uma baía que assim foi denominado a Baía de SANTO André. André pregou na Grécia e Ásia Menor. Foi discípulo de João Batista, de quem ouviu a seguinte afirmação sobre JESUS: “Eis aqui o Cordeiro de DEUS”. André comunicou as boas notícias ao seu irmão Simão Pedro: “Achamos o Messias” (João 1.35-42; Mateus 10.2).
FILIPE
Natural de Betsaida, cidade de André e Pedro. Um dos primeiros a ser chamado por JESUS, a quem trouxe seu amigo Natanael (João 1.43-46). Diz-nos Policrates, um cristão que foi Bispo de Éfeso durante o séc. II, que Filipe foi para a Ásia e foi sepultado em Hierápolis. Pregou na Frígia e morreu como mártir em Hierápolis. Foi enforcado de encontro a um pilar em Hierápolis (Frígia, Ásia Menor).
BARTOLOMEU
As fontes da Igreja Primitiva são muito confusas quanto a este apóstolo. Diz a lenda que ele foi morto a chicotadas e seu corpo foi colocado num saco, atado e jogado ao mar. Tem sido identificado com Natanael. Natural de Caná da Galiléia. Recebeu de JESUS uma palavra edificante: “Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo” (Mateus 10.3; João 1.45-47) Exerceu seu ministério na Anatólia, Etiópia, Armênia, Índia e Mesopotâmia, pregando e ensinando. Foi esfolado vivo e crucificado de cabeça para baixo. Outros dizem que teria sido golpeado até a morte.
SIMÃO
Seu passado também é muito obscuro, mesmo durante a vida de CRISTO. Existe uma teoria que, por ele ser do partido dos Zelotes e todos os partidários foram massacrados por Roma em 70 d.C.; quando os Zelotes tomaram Jerusalém. O Zelotes foi crucificado. Dos seus atos como apóstolo nada se sabe. Está incluído na lista dos doze, em Mateus 10.4, Marcos 3.18, Lucas 6.15 e Atos 1.13. Julga-se que morreu crucificado.
TIAGO MENOR
Pregou na Palestina e no Egito, sendo ali crucificado. Filho de Alfeu (Mateus 10.3). Missionário na Palestina e no Egito. Segundo a tradição, martirizado provavelmente no ano 62. Escreveu uma das epístolas bíblicas. Foi precipitado de um pináculo do templo de Jerusalém ao solo; a seguir, foi atacado por se recusar a denunciar os cristãos, sendo apedrejado até a morte, por ordem do sumo sacerdote Ananias.
JUDAS TADEU
Foi quem, na última ceia, perguntou a JESUS: "Senhor, por que te manifestarás a nós e não ao mundo?" (João 14, 22-23). Nada se sabe da vida de Judas Tadeu depois da ascensão de JESUS. É autor de uma das cartas do Novo Testamento (Carta de Judas). Diz à tradição que pregou o Evangelho na Mesopotâmia, E dessa, Arábia, Síria e também na Pérsia, onde foi martirizado juntamente com Simão, o Zelote.
JUDAS
Filho de Simão Escariotes. Ele traiu a JESUS por trinta peças de prata, enforcando-se um dia após entregar JESUS às autoridades judaicas. Tirou sua vida e não acreditou no perdão de DEUS. (Mateus 26,14-16; 27:3-5). Vemos duas interpretações para o seu ato: Que ele se enforcou e em outro relato que ele se atirou (Atos 1:18), todavia, Judas perdeu sua vida.
PEDRO
O Primeiro do grupo dos Apóstolos. Pescador, natural de Betsaida. Confessou que JESUS era “o CRISTO, o Filho do DEUS vivo” (Mateus 16.16). Foi testemunha da Transfiguração (Mateus 17.1-4). Negou JESUS três vezes, mas se arrependeu e entendeu seu verdadeiro chamado. Seu primeiro sermão foi no dia de Pentecostes. Pregou entre os judeus chegando até a Babilônia. Foi crucificado. Pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, por achar-se indigno de morrer na mesma posição que seu mestre JESUS de Nazaré. Assim, morreu sufocado com seu próprio sangue.
TIAGO MAIOR
Natural de Betsaida da Galiléia, pescador (Mateus 4.21; 10.2). Filho de Zebedeu e irmão do também apóstolo João. Eram chamados de Filhos do Trovão, por JESUS. Ele sofreu martírio em 44 d.C., quando Herodes Agripa mandou prender Pedro. Foi decapitado em Jerusalém. Foi o primeiro dos apóstolos a morrer pela fé. A partir dos séculos passou a ser venerado na península Ibérica, sendo o grande protetor contra os mouros (árabes/muçulmanos). A Espanha tornou-o seu patrono, Santiago de Compostela, onde, até hoje, é reverenciado como padroeiro. Sua devoção avançou para a América com as Grandes Navegações e, até hoje, ele é muito cultuado no Chile, México, Peru...
JOÃO
Pescador, filho de Zebedeu (Mateus 4.21 O único que permaneceu perto da cruz - João 19.26-27). Era irmão de Tiago Maior. O primeiro a crer na ressurreição de CRISTO (João 20.1-10). Foi o que viveu mais tempo. Liberto da Ilha de Patmos pelo Imperador Nero (96 d.C.), regressou a Éfeso e teve morte natural em idade bem avançada. O apóstolo que recebeu de JESUS a missão de cuidar de Maria. “O discípulo que JESUS amava” (João 13.23). A tradição relata que João residiu na região de Éfeso, onde fundou várias igrejas. Na ilha de Patmos, no mar Egeu, para onde foi desterrado, teve as visões referidas no Apocalipse (Ap 1.9). Após sua libertação teria retornado a Éfeso. Foi metido numa caldeira de azeite a ferver, em Roma, mas escapou ileso. Teve morte natural com idade de 100 anos aproximadamente.
TOMÉ
Dizem que trabalhou na Índia. Outros que nos arredores da Pérsia. A seita "Cristãos Malabores de São Tomé" o considera seu primeiro líder e mártir; alguns historiadores dizem que morreu a flechadas enquanto orava. Só acreditou na ressurreição de JESUS depois que viu as marcas da crucificação (João 20.25). Segundo a tradição, sua obra de evangelização se estendeu à Pérsia (Pártia) e Índia. Consta que seu martírio se deu por ordem do rei de Milapura, na cidade indiana de Madras, no ano 53 da era cristã.
 
PAULO (APÓSTOLO DO SEGUNDO COLEGIADO)
Ele não conviveu com JESUS; nem por isso deixou de ser mais importante; pelo contrário, é considerado o responsável pela conversão dos povos gentios e até explanou com os demais apóstolos esta necessidade. Seu nome era Saulo, judeu, um cidadão romano, um soldado e chefe de uma guarnição romana. Perseguiu e matou inúmeros cristãos e, a caminho de uma cidade de Damasco, DEUS falou com ele. A partir daquele dia sua vida mudou e seu nome passou a ser Paulo, aquele que é o menor entre todos. Pouco tempo depois já estava atuando com os discípulos. Enfrentou uma rejeição no início, pois o viam ainda como um perseguidor, mas o tempo foi o maior aliado, pois se tornou um dos primeiros missionários. Morreu como mártir sendo decapitado no mesmo ano de Pedro e pelo mesmo motivo, mas em ocasiões diferentes. Não era apóstolo oficialmente, pois não foi um dos escolhidos de JESUS, foi considerado apóstolo dos gentios por causa da sua grande obra missionária nos países gentílicos. Ele foi um dos primeiros a ver que não só os judeus poderiam ser batizados, mas todos: gregos, romanos, egípcios... Assim, ele acreditava que não só os judeus podiam ser batizados e se tornarem cristãos. Escreveu várias cartas para as localidades por onde passava. Foi decapitado em Roma por ordem do imperador Nero.
 
LUCAS (NÃO ERA APÓSTOLO)
Era médico. Não conheceu JESUS pessoalmente. Recolheu inúmeros relatos (principalmente dos apóstolos) e escreveu seu Evangelho. Notamos uma linguagem mais rebuscada, com termos relatos mais profundos. Vemos uma atenção especial para com a infância de JESUS. Ele também escreveu o Ato dos Apóstolos. Foi enforcado em uma oliveira na Grécia.
MATIAS
Escolhido para substituir Judas Iscariotes. Diz-se que exerceu seu ministério na Judéia, Alexandria e Macedônia. Teria sido martirizado na Etiópia.
TADEU
Não há relatos sobre a sua morte.
Fonte: https://www.catequisar.com.br/texto/colunas/juberto/13.htm
 
 
___________________________________________________________
 
 
LIÇÃO DA REVISTA NA ÍNTEGRA 1º Trimestre 2023 CPAD 
Lição 7, Estêvão - Um Mártir Avivado
 
 
TEXTO ÁUREO
“Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO [...] disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de DEUS.” (At 7.55,56)
 
 
VERDADE PRÁTICA
Por intermédio da graça de DEUS, o cristão pode ser fiel a CRISTO até à morte e contemplar a sua glória.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Mt 16.18 As portas do Inferno não prevalecerão
Terça - Is 43.13 A vontade de DEUS não pode ser impedida
Quarta - Mc 16.17,18 Sinais de avivamento na Igreja de CRISTO
Quinta - Mt 10.16-20 Enviados aos lobos sob o poder do ESPÍRITO SANTO
Sexta - Sl 116.15 A morte dos santos é preciosa à vista do Senhor
Sábado - Ap 14.13 Os que morrem em CRISTO são bem-aventurados
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 6.8-10; 7.54-60
8- E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
9- E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão.
10- E não podiam resistir à sabedoria e ao ESPÍRITO com que falava.
Atos 7
54- E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele.
55- Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos no céu, viu a glória de DEUS e JESUS, que estava à direita de DEUS,
56- e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de DEUS.
57- Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele.
58- E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo.
59- E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor JESUS, recebe o meu espírito.
60- E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu
HINOS SUGERIDOS: 84, 171, 330 da Harpa Cristã
PALAVRA-CHAVE - Mártir
 
 
INTRODUÇÃO
O assunto desta lição é o martírio de Estêvão, um avivado herói da fé. Como um dos sete homens que integraram o primeiro corpo de diáconos da igreja antiga, Estêvão era “cheio de fé e de poder”, “fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8). Devido à sua atuação como autêntico evangelista, na unção do ESPÍRITO SANTO, causou inveja aos adversários do Evangelho. O livro de Atos revela o martírio de Estêvão por causa de sua perseverança ao Evangelho. Nesse sentido, veremos que ele foi um servo fiel até à morte e receberá a coroa da vida (Ap 2.10).
I – O TESTEMUNHO DE ESTÊVÃO
1. Estêvão usado por DEUS.
O nome de Estevão aparece pela primeira vez na escolha dos diáconos em Atos (6.3,5). Claramente, o evangelista Lucas faz uma menção de destaque ao dizer que o primeiro mártir era um “homem cheio de fé e do ESPÍRITO SANTO” (At 6.5). No versículo 8, tomamos conhecimento de outras características de Estêvão: “cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8). Essa reputação causou inveja e grande oposição dos adversários da igreja: “Levantaram-se alguns da sinagoga chamados de libertinos dos cireneus, dos alexandrinos, dos que eram da Cilícia, da Ásia, e disputavam com Estêvão” (At 6.9). Nos dias de hoje, oremos para DEUS levantar crentes como Estêvão, cheios de fé e de sabedoria.
2. Uma covarde oposição.
Os inimigos da Igreja usam de meios escusos, desonestos e malignos contra a fé cristã. Em debate com Estêvão, como eles “não podiam resistir à sabedoria, e ao espírito com que falava”, usaram o suborno para aliciar homens ímpios a fim de acusá-lo com mentiras. Esses adversários levaram “falsas testemunhas” que o acusaram de blasfemar “contra Moisés e contra DEUS” (At 6.9-14). Esses inimigos também usaram de violência contra Estêvão, estimulando a liderança política e religiosa a levarem-no violentamente ao Sinédrio. Apesar disso, algo surpreendeu os acusadores ímpios: “Então, todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo” (At 6.15). Que DEUS use o seu povo, de tal forma, que reflita o poder do ESPÍRITO SANTO!
3. A fúria dos acusadores.
 Após resumir com sabedoria a história de Israel e de sua apostasia*, Estêvão mudou o foco do discurso. Confrontou a dureza do coração dos líderes israelitas, dizendo: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao ESPÍRITO SANTO; assim, vós sois como vossos pais” (At 7.51). Em suma, denunciou as suas traições e homicídio contra JESUS. Assim, diante de tão dura denúncia, os ímpios julgadores se enfureceram contra ele (7.54). Todavia, fiel à sua missão, Estêvão expôs com autoridade o que o ESPÍRITO de DEUS pusera-lhe no coração.
II – A PRECIOSA MORTE DE ESTÊVÃO
1. Cheio do ESPÍRITO SANTO.
Após a fúria dos inimigos de CRISTO, o caminho do martírio de Estêvão estava traçado. Entretanto, antes de fazê-lo, o primeiro mártir da Igreja teve uma visão da glória de DEUS e viu JESUS ao lado do Pai, num momento especial, de tamanho êxtase espiritual, de modo que a morte não o intimidou: “Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos no céu, viu a glória de DEUS e JESUS, que estava à direita de DEUS, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de DEUS” (At 7.55). Que visão gloriosa! Uma vida espiritualmente avivada contempla a glória de DEUS diante de uma grande tormenta.
2. A violência dos acusadores.
Se seus acusadores estavam enfurecidos por causa do enfrentamento corajoso de Estêvão, eles não suportaram ouvir que ele via a glória de DEUS e, a JESUS, nos céus. Com o fim de executá-lo, o expulsaram da cidade, o apedrejaram perante “um jovem chamado Saulo” (At 7.58) e levaram-no, com violência, para fora da cidade para, ali, fazê-lo primeiro mártir da Igreja Cristã. Àquela altura, Saulo de Tarso era o principal perseguidor dos cristãos.
3. O perdão no martírio.
Naquele momento de suplício e de dores, Estêvão não demonstrou sentimento de vingança ou de ódio: “E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor JESUS, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (At 7.59,60). Que exemplo grandioso! Estevâo ainda exclamou: “Senhor JESUS, recebe o meu espírito [...]. Senhor, não lhes imputes este pecado” (At 7.59,60). Cumpriu-se o que diz a Palavra de DEUS: “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos” (Sl 116.15). Um crente espiritualmente avivado não cultiva a vingança nem o ódio no coração. Ele está pronto a perdoar seus algozes.
III – O AVIVAMENTO NO SOFRIMENTO
1. Sofrimento e morte dos apóstolos.
A Bíblia não diz como todos os apóstolos de JESUS morreram. Em livros da História da Igreja, há registros de informações orais, ou de tradições históricas sobre esse assunto. A tradição histórica, transmitida oralmente, e registrada em alguns escritos, diz que, com a exceção de João, o Evangelista, todos os apóstolos tiveram uma morte violenta. A única coisa certa é que eles foram fiéis até à morte e não negaram o nome do Senhor. Os apóstolos eram espiritualmente avivados. Quantas vezes somos tentados a negar a CRISTO por motivos banais, quer na família, quer na escola, quer na condição de uma posição profissional?! Que DEUS nos guarde de trair o Salvador!
2. O avivamento e sofrimento.
O avivamento espiritual, motivado pela presença gloriosa do ESPÍRITO SANTO, renova as forças dos servos de DEUS para enfrentarem situações difíceis por causa da sua fé em JESUS. A Bíblia nos mostra essa capacitação do ESPÍRITO para sermos resilientes diante das dificuldades. Para o crente, espiritualmente avivado, quando diante do sofrimento, a alegria do Senhor é a sua força (Ne 8.10). Por isso que o avivamento é uma questão de necessidade. O crente em JESUS precisa desse suporte do céu para superar as muitas agruras pelas quais passa.
CONCLUSÃO
Diante dos inimigos do Evangelho de CRISTO e da morte, o testemunho de Estêvão nos mostra que DEUS concede graça, força e equilíbrio emocional para o crente espiritualmente avivado. Que o Senhor nos ajude a glorificá-lo no meio das lutas da vida. A exemplo do primeiro mártir da igreja antiga, não neguemos a CRISTO!
 
 
SUBSÍDIOS DA LIÇÃO CPAD
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
Professor (a), nesta lição veremos, através do exemplo do Estêvão, que uma das marcas do crente cheio do ESPÍRITO SANTO é sua fidelidade a JESUS. Estêvão foi o primeiro cristão que sofreu martírio. Até hoje milhares de cristãos sobrem algum tipo de oposição, hostilidade ou violência por declararem sua fé em JESUS. A lista mundial de perseguição, publicada em 2022, apontou que mais de 360 milhões de cristãos ainda são perseguidos, isto é, eles têm direitos negados, sofrem violências (verbais e físicas), perdem propriedades, suas famílias são ameaçadas e/ou perdem a vida. Tais perseguições são feitas, às vezes, por grupos civis, em outros momentos por autoridades religiosas e ainda por forças militares ou governamentais. Entretanto, assim como Estêvão, milhares de cristãos não desistem da sua fé em JESUS e se mantêm fiéis porque são fortalecidos pelo Senhor.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Apresentar a vida de Estêvão, destacando seu testemunho pessoal; II) Mostrar que o crente deve permanecer fiel a JESUS diante da perseguição e da morte; III) Conscientizar de que cada crente precisa do poder do ESPÍRITO SANTO para se fortalecer e permanecer na fé em CRISTO.
B) Motivação: O enfraquecimento da fé, geralmente, é antecedido pelo esfriamento espiritual. Por isso, a busca constante do ESPÍRITO SANTO é essencial para o crente se fortalecer no Senhor. Em Estêvão, vemos um grande exemplo de fidelidade a DEUS. Ele se manteve firme na fé em CRISTO, mesmo diante do risco de morte. Tal fidelidade foi gerada no poder do ESPÍRITO SANTO.
C) Sugestão de Método: Inicie a aula com uma oração. Pergunte para a sua classe se alguém já passou pela experiência de ser criticado por ser cristão. Peça para que alguns alunos compartilhem suas experiências pessoais. Em seguida, destaque que nesta lição vamos estudar o primeiro martírio cristão. Em seguida, utilize as informações disponíveis no primeiro auxílio para apresentar a turma o perfil de Estêvão. Ele foi muito atuante na Igreja Primitiva.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Mostre aos seus alunos que o ESPÍRITO SANTO é fundamental na caminhada cristã. Por isso, cada crente deve buscar encher-se do ESPÍRITO, conforme a ordenança bíblica. Destaque também que manter a fidelidade a CRISTO em momentos de tribulação e angústia é essencial. Assim como Estêvão, todo crente fiel verá a CRISTO, um dia, face a face.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 92, p.39, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) Para auxiliar na introdução e no desenvolvimento do primeiro tópico, o texto "Quem foi Estêvão" mostra uma visão panorâmica da vida e da atividade ministerial desse cristão; 2) Para aprofundar o segundo tópico, o texto "O martírio de Estêvão" traz uma reflexão teológica sobre o momento da morte do primeiro cristão que perdeu sua vida por causa da sua fé em CRISTO. O texto destaca o significado da visão e do comportamento de Estêvão.
 
Auxílio Bibliológico TOP2 - O martírio de Estêvão
“Estevão cheio do ESPÍRITO se comporta como profeta. Pelo ESPÍRITO SANTO, ele vê a glória radiante de DEUS e o JESUS exaltado à mão direita de DEUS (At 7.55,56; cf. Lc 22.69). Durante a visão, aparece o padrão trinitário. Estêvão cheio do ESPÍRITO SANTO, olha para o céu e vê o Senhor JESUS em pé, à mão direita de DEUS Pai [...]. Agora Estevão confessa pela primeira vez o Senhor ressurreto Diante do Sinédrio, declarando que ele vê JESUS CRISTO compartilhando a glória de DEUS como o exaltado Filho do Homem. Estas palavras são blasfemas aos líderes religiosos. Eles cobrem os ouvidos indicando que já não ouvirão o blasfemador. A recusa em ouvir reflete um problema muito mais profundo: empenho para que os ouvidos não sejam abertos pelo ESPÍRITO SANTO [...]. Em seguida, Estêvão se ajoelha em oração e ainda ecoa outra declaração de JESUS na cruz: ‘Senhor não lhes imputes este pecado’ (v. 60). Com confiança tranquila de um profeta, ele segue o exemplo de JESUS e permanece fiel ao seu ensino: ‘Bendizei os que vos maldizem e orai pelos que vos caluniam’ (Lc 6.28). Antes de Estêvão morrer, todos ouvem esta testemunha inspirada oferecer uma oração de perdão aos seus executores. Somente o poder do ESPÍRITO SANTO pode capacitar Estêvão a fazer a oração que ele fez” (FRENCH, Arrington L., STRONSTAD, Roger (Eds). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 665,666)
 
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Quando, pela primeira vez, o nome de Estêvão aparece? O nome de Estevão aparece pela primeira vez na escolha de diáconos em Atos (6.3,5).
2. O que Estêvão denunciou? Ele confrontou a dureza do coração dos líderes israelitas e denunciou as suas traições e homicídio contra JESUS.
3. Qual foi a visão que Estêvão teve? O primeiro mártir da igreja teve uma visão da glória de DEUS e viu JESUS ao lado do Pai.
4. Que sentimento Estêvão não demonstrou diante de seu suplício e dores? Naquele momento de suplício e de dores, Estêvão não demonstrou sentimento de vingança ou de ódio.
5. O que é a alegria do Senhor para o crente avivado? Para o crente espiritualmente avivado diante do sofrimento, a alegria do Senhor é a sua força (Ne 8.10).
VOCABULÁRIO
Aliciar: Seduzir, envolver.
Resiliência: Capacidade de recuperar ou se adaptar à má fase ou mudanças.

LEITURAS PARA APROFUNDAR
O Livro dos Mártires; Bíblia Além do Sofrimento.
 
 
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
 
LIÇÃO 9 NA ÍNTEGRA, COMO NA REVISTA, CPAD 2025
 
Escrita Lição 9, CPAD, Uma Igreja Que Se Arrisca, 3Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
 
ESBOÇO DA LIÇÃO
I – ESTÊVÃO E A IGREJA QUE TEM SUA FÉ CONTESTADA
1. Aprendendo com Estevão
2. A fé sob ataque
3. A disputa com Estêvão
4. A falsa narrativa
II – ESTÊVÃO E A IGREJA QUE DEFENDE SUA FÉ
1. DEUS na história do seu povo
2. Corações endurecidos
III – ESTÊVÃO E O MARTÍRIO DA IGREJA
1. Contemplando a vitória da cruz
2. Perdoando o agressor
 
TEXTO ÁUREO
“Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos no céu, viu a glória de DEUS e JESUS, que estava à direita de DEUS.” (At 7.55)
 
VERDADE PRÁTICA
A igreja foi capacitada por DEUS para enfrentar um mundo que é hostil à sua fé
e valores.
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Mt 10.16 Vivendo em um mundo hostil 
Terça - At 20.24 Nada a temer na pregação do Evangelho
Quarta - At 6.10 Capacitados com sabedoria para o confronto
Quinta - At 6.11-13 Caluniados e difamados pelos opositores
Sexta - Ap 2.10 Fiel até a morte nas perseguições contra a fé
Sábado - At 7.60 Morrendo e perdoando pela fé
 
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 6.8-15; 7.54-60
Atos 6.8- E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. 9- E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão. 10- E não podiam resistir à sabedoria e ao ESPÍRITO com que falava. 11- Então, subornaram uns homens para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra DEUS. 12- E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, investindo com ele, o arrebataram e o levaram ao conselho. 13- Apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei; 14- porque nós lhe ouvimos dizer que esse JESUS Nazareno há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu. 15- Então, todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo.
Atos 7. 54- E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele. 55- Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos no céu, viu a glória de DEUS e JESUS, que estava à direita de DEUS, 56- e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de DEUS. 57- Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele. 58- E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. 59- E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor JESUS, recebe o meu espírito. 60- E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.
 
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a vida e o testemunho de Estêvão, um homem cheio de fé, de sabedoria e do ESPÍRITO SANTO. Ele enfrentou oposição, falsas acusações e, por fim, o martírio, mas permaneceu firme na fé e na defesa do Evangelho. Sua história nos ensina que a Igreja, ao cumprir sua missão, inevitavelmente enfrentará perseguições e desafios. No entanto, assim como Estêvão contemplou a glória de DEUS mesmo em meio à adversidade, somos chamados a confiar plenamente no Senhor e a perseverar até o fim. Que esta lição fortaleça nossa fé e nos inspire a ser testemunhas fiéis de CRISTO, independentemente das circunstâncias.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Elencar os desafios enfrentados por Estêvão ao ter sua fé questionada e como isso reflete na experiência da Igreja hoje; II) Mostrar a defesa da fé feita por Estêvão e sua aplicação para os cristãos na atualidade.; III) Refletir sobre o martírio de Estêvão e a importância da perseverança e fidelidade à missão da Igreja.
B) Motivação: Ao longo da história, a Igreja sempre enfrentou oposição, mas, assim como Estêvão, somos chamados a permanecer firmes na fé. A verdade do Evangelho será contestada, e nossa responsabilidade é conhecer, defender e viver essa fé com coragem. Diante das dificuldades, devemos lembrar de que nosso compromisso com CRISTO pode exigir sacrifícios, mas a fidelidade a Ele nos garante a vitória eterna. Que esta lição nos motive a confiar no Senhor e testemunhar o Evangelho com ousadia.
C) Sugestão de Método: Para reforçar o tópico 1, "Estêvão e a Igreja que tem sua fé contestada", você pode utilizar o método de reflexão dirigida. Inicie apresentando um cenário em que a fé cristã é questionada atualmente, como nas redes sociais, no ambiente acadêmico ou no trabalho. Peça que os alunos discutam desafios que enfrentam ao defender sua fé. Em seguida, oriente-os a relacionar essas experiências com a história de Estêvão, destacando sua postura diante da oposição. Após a discussão e reflexão, escolha alguns alunos para compartilhar suas conclusões e, logo depois, você reforçará que, assim como Estêvão, devemos responder com sabedoria, graça e firmeza na Palavra de DEUS.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: A história de Estêvão nos ensina que a fé genuína permanece firme, mesmo diante da oposição. Assim como ele, devemos confiar em DEUS, defender o Evangelho com coragem e viver de modo que CRISTO seja visto em nós. Sua vida e morte nos mostram que o verdadeiro testemunho cristão vai além das palavras. Mesmo em meio ao sofrimento, Estêvão refletiu a glória de DEUS e perdoou seus perseguidores com graça, verdade e ousadia.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 102, p.40, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "Estêvão", localizado depois do segundo tópico, aprofunda um pouco a respeito das características de Estêvão; 2) No final do terceiro tópico, o texto "Honrando a DEUS" analisa a forma que podemos ser fiéis ao Senhor sem duvidar.
 
PALAVRA-CHAVE - Martírio
 
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
Na lição de hoje vamos conhecer um pouco mais sobre a vida de Estêvão, um dos sete escolhidos para a diaconia (At 6.1-7). Quando lemos esse texto do Livro de Atos, logo percebemos que estamos diante de uma pessoa extraordinária – de grande fé, cheio do ESPÍRITO SANTO e de sabedoria. Um autêntico cristão destemido! Estêvão é um modelo para todo cristão e, sem dúvida, serve de modelo para a Igreja do Senhor. Observamos que a perseguição a Estêvão e seu consequente martírio marcam um momento decisivo na história da igreja cristã – quando a igreja sai para fora dos muros de Jerusalém para alcançar o mundo. Estava tendo, portanto, cumprimento das palavras de JESUS de que a Igreja seria testemunha tanto em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra. Atos 8.1 marca o início daquilo que foi anunciado em Atos 1.8.
 
I – ESTÊVÃO E A IGREJA QUE TEM SUA FÉ CONTESTADA
1. Aprendendo com Estevão
Com Estêvão, em Atos 6 e 7, aprendemos que a fé cristã sempre será questionada. Ele enfrentou oposição, e todo cristão também enfrentará. A fé será colocada à prova, sem espaço para indecisão. Além disso, Estêvão nos ensina que todo cristão deve saber defender sua fé. Explicar e sustentar as crenças cristãs é uma responsabilidade da Igreja, e cada crente precisa entender no que acredita e como responder a desafios. No entanto, em um mundo que muitas vezes se opõe ao cristianismo, não basta apenas defender a fé – é preciso estar preparado até mesmo para enfrentar perseguições. Estêvão é um exemplo de coragem, mostrando que tanto o cristão quanto a Igreja devem estar dispostos a permanecer firmes, mesmo que isso signifique perder a liberdade ou até a própria vida.
 
2. A fé sob ataque
Lucas nos conta que, em um momento do ministério de Estêvão, um grupo de judeus que vivia fora de Israel, chamado de judeus helenistas, se levantou contra ele. Esses judeus faziam parte da Diáspora, ou seja, eram pessoas que tinham se espalhado por outras regiões, fora do território de Israel. Eles não concordaram com o que Estêvão estava ensinando e começaram a se opor ao seu trabalho (At 6.9). Esse levante aconteceu logo após Estêvão fazer “prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8). É interessante observar que o verbo grego usado aqui, anistemi, com o sentido de “levantar” é o mesmo verbo usado por Marcos quando disse que houve testemunhas falsas que se levantaram para acusar JESUS (Mc 14.57). Anteriormente, CRISTO já fora atacado no seu ministério terreno, agora o ciclo se repetia com seus seguidores. A fé cristã sempre será alvo e objeto de ataque. Se a igreja é verdadeiramente cristã, sempre haverá em algum lugar um levante. Neste episódio, o levante fora motivado por conta da inveja que os religiosos sentiram ao verem suas sinagogas esvaziadas por motivo das pessoas se renderem a um Evangelho de poder. Uma igreja bíblica sempre estará sob ataque e terá sua fé contestada.
 
"Estêvão é um exemplo de coragem, mostrando que tanto o cristão quanto a Igreja devem estar dispostos a permanecer firmes, mesmo que isso signifique perder a liberdade ou até a própria vida.”
 
3. A disputa com Estêvão
Uma outra palavra usada nesse texto merece nossa atenção. É o vocábulo “suzéteó”, traduzido aqui como “disputavam”: “E disputavam com Estêvão” (At 6.9). Os léxicos, ou dicionários de grego-português, observam que este termo era frequentemente usado no contexto de discussões religiosas ou filosóficas, onde diferentes pontos de vistas estavam sendo examinados ou desafiados. Era uma forma de debater ideias e impor aos outros sua forma de enxergar as coisas. Em outras palavras, os judeus helenistas não estavam simplesmente “discutindo” com Estêvão, isto é, batendo boca, mas procurando, a todo custo, sobrepor sua cosmovisão através de uma narrativa bem construída.
 
4. A falsa narrativa
A Igreja sempre teve de lidar e combater as falsas narrativas. Nos dias de JESUS, Ele foi acusado de enganar o povo (Jo 7.12); quando Ele ressuscitou, criaram a narrativa de que seu corpo havia sido roubado pelos discípulos (Mt 28.13). O apóstolo Paulo foi acusado de pregar contra os decretos de César (At 17.7) e pelo fato de pregar a respeito de JESUS e da ressurreição, o acusaram de pregar “deuses estranhos” (At 17.18).  Hoje não é diferente. A igreja luta em várias frentes com falsas narrativas que a todo custo querem minar o seu testemunho e desacreditá-la.  Você pode reconhecer algumas dessas narrativas?
 
SINÓPSE I - A fé de Estêvão foi desafiada por opositores, mas ele permaneceu firme na verdade.
 
AMPLIANDO O CONHECIMENTO - “ESTÊVÃO SE DEFENDE PERANTE O SINÉDRIO.
Estêvão está onde seu Mestre estava quando Ele foi condenado à morte. O Sinédrio se reuniu para condená-lo sob a semelhante acusação de blasfêmia. O Estêvão cheio do ESPÍRITO deve ter sabido que ele sofrerá o mesmo destino que seu Salvador. Com suas palavras diante do conselho, ele faz extraordinário discurso. Ele cita a história de Israel desde Abraão até Salomão, narrando os procedimentos de DEUS para com seu povo. Ele escolhe do Antigo Testamento acontecimentos que confrontam seus ouvintes [...].” Amplie mais o seu conhecimento, lendo o Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento – Vol. 1, edita pela CPAD, p.660.
 
II – ESTÊVÃO E A IGREJA QUE DEFENDE SUA FÉ
1. DEUS na história do seu povo
Estêvão é conhecido como o primeiro defensor da fé cristã e o primeiro mártir da Igreja. Ele faz uma defesa apaixonada da fé, usando a própria história do povo de Israel como base. No capítulo 7 do livro de Atos, encontramos seu discurso completo, no qual, guiado pelo ESPÍRITO SANTO, ele não apenas mostra como DEUS sempre agiu na história do seu povo, mas também revela o propósito principal dessa história: provar que JESUS é o CRISTO. Durante sua fala, Estêvão menciona grandes nomes como Abraão, José e Moisés, destacando que todos eles viveram na esperança da vinda do Messias, que mesmo sendo  tão esperado, acabou rejeitado. A defesa de Estêvão nos ensina que toda explicação e defesa da fé cristã – a chamada apologética – deve sempre ter um objetivo central: apontar para JESUS CRISTO.
 
2. Corações endurecidos
Concluindo sua defesa da fé, Estêvão disse: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao ESPÍRITO SANTO; assim, vós sois como vossos pais” (At 7.51). Mesmo diante dos fatos apresentados por Estêvão em uma defesa suficientemente convincente, seus adversários preferiram ignorar. Na verdade, ninguém convence quem não quer ser convencido. DEUS não força ninguém a crer, nem tampouco o condena sem lhe dar, antes, oportunidade. O texto mostra que o ESPÍRITO SANTO não tem espaço em corações endurecidos.
 
SINÓPSE II - Estêvão defendeu o Evangelho com sabedoria e coragem, mesmo diante da perseguição.
 
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ - “ESTÊVÃO, além de ser um bom administrador, foi também um poderoso orador. Quando confrontado no Templo por vários grupos antagônicos ao cristianismo, usou uma lógica convincente para refutá-los. Isto está claro na defesa da fé que ele fez diante do Sinédrio. Estêvão apresentou um resumo da história dos judeus e fez poderosas aplicações das Escrituras, o que atormentou seus ouvintes. Durante seu discurso, ele provavelmente percebeu que estava redigindo sua sentença de morte. Os membros do Sinédrio não podiam suportar que suas motivações ‘malignas’ fossem expostas. Apedrejaram Estêvão até à morte enquanto ele orava pedindo que o Senhor os perdoasse. As palavras finais do discípulo demonstram o quanto se tornou parecido com JESUS em pouco tempo. A morte de Estêvão causou um duradouro impacto sobre o jovem Saulo de Tarso, que deixou de ser um violento perseguidor dos cristãos para tornar-se um dos maiores defensores e pregadores do evangelho que a Igreja já conheceu.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.1490).
 
III – ESTÊVÃO E O MARTÍRIO DA IGREJA
1. Contemplando a vitória da cruz
Diante de um grupo enfurecido (At 7.54), Estêvão contemplou a glória de DEUS: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de DEUS” (At 7.56). Uma igreja que contempla o CRISTO glorificado não nega a sua fé, pois ela contempla a vitória da cruz. Assim como Estêvão, o apóstolo Paulo demonstrou estar pronto não somente para sofrer pelo nome de JESUS, mas morrer por Ele (At 21.13). Uma igreja que mantém seus olhos no CRISTO glorificado não tem nada a temer. 
 
2. Perdoando o agressor
A última declaração de Estêvão antes de sua morte é marcante e cheia de significado: “E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (At 7.60). Aqui vemos um cristão que não teme a morte porque contempla a coroa da vida (Ap 2.10). Temos aqui a figura de uma igreja que, literalmente, se dá pelo perdido, que se sacrifica por ele. Esse deve ser o modelo a seguir.
 
SINÓPSE III - A fidelidade de Estêvão a CRISTO o levou ao martírio, tornando-o um exemplo de perseverança na fé.
 
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ - HONRANDO A DEUS
“Estêvão viu a glória de DEUS e JESUS, o Messias, à direita do Pai. As palavras do discípulo foram semelhantes às de JESUS diante do Sinédrio (Mt 26.64; Mc 14.62; Lc 22.69). A visão de Estêvão apoiava a reivindicação de JESUS; ela irritou os líderes judeus que condenaram JESUS à morte por blasfêmia. Por não tolerarem as palavras de Estêvão, mataram-no. Talvez as pessoas não nos matem por testemunharmos a respeito de CRISTO, mas podem deixar claro que não desejam ouvir a verdade e tentar nos calar. Continue honrando a DEUS por meio de sua conduta e de suas palavras; embora muitos possam rebelar-se contra você e sua mensagem, alguns seguirão a CRISTO. Lembre-se de que a morte de Estêvão causou um profundo impacto na vida de Paulo, que mais tarde se tornou o maior missionário cristão. Mesmo aqueles que se opõem a você agora, podem mais tarde se voltar para CRISTO” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.1492).
 
CONCLUSÃO
 
Estevão, um dos sete escolhidos para o trabalho social da primeira igreja, representa o modelo de uma igreja verdadeiramente bíblica. Qualificado, cheio de fé e do ESPÍRITO SANTO, não teme se posicionar diante de um mundo e de uma cultura contrários. Não teme o sofrimento e nem mesmo a morte na defesa daquilo que acredita e prega. É o modelo de uma igreja, que em vez de ficar no seu conforto, vai até as últimas consequências, arriscando-se pelo seu Senhor.
 
REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que podemos aprender com Estêvão?
Aprendemos que a fé cristã sempre será questionada, será colocada à prova, mas não há espaço para indecisão. Estêvão nos ensina que todo cristão deve saber defender a sua fé.
2. Quem foram os que se levantaram contra Estêvão?
Um grupo de judeus que viviam fora de Israel, chamados de judeus helenistas, se levantaram contra ele. Esses judeus faziam parte da Diáspora.
3. Contra o quê a Igreja sempre teve que lidar e combater?
A igreja sempre teve que lidar e combater as falsas narrativas. A igreja luta em várias frentes com falsas narrativas que a todo custo querem minar o seu testemunho e desacreditá-la.
4. Como Estêvão fez uma defesa apaixonada da fé?
Ele faz uma defesa apaixonada da fé, usando a própria história do povo de Israel como base.
5. O que Estêvão pôde contemplar diante de um grupo enfurecido?
Diante de um grupo enfurecido (At 7.54), Estêvão contemplou a glória de DEUS: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de DEUS” (At 7.56).