Escrita Lição 7, Central Gospel, A Origem do Pecado, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
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ESBOÇO DA LIÇÃO
1. CONCEITUAÇÕES NECESSÁRIAS
1.1. Hamartia
1.1.1. Os sentidos como instrumentos, não como causa
do pecado
1.2. Autonomia radical
1.3. Mal físico e mal moral: distinções fundamentais
2. O ENSINO DAS ESCRITURAS SOBRE A ORIGEM DO PECADO
2.1. DEUS não é o autor do pecado
2.2. O surgimento do pecado nas regiões
celestiais
2.3. A entrada do pecado na humanidade por intermédio de
Adão
2.4. A raiz interna do pecado: orgulho,
autossuficiência e egocentrismo
3. RESPOSTAS HUMANAS, LIMITES ETERNOS
3.1. A teoria da necessidade metafísica
3.2. O dualismo maniqueísta
3.3. A matéria como causa do pecado
3.4. O pecado como ignorância ou limitação
3.5. O mal como escolha e o sofrimento
como mistério
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Gn 3.6, 22-23; Rm 8.6,22-23; Jo 9.2-3; Dt
29.29
Romanos 8.6 - E, vendo a mulher que aquela
árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para
dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele
comeu com ela. 22- Então, disse o Senhor DEUS: Eis que o homem é como um de
nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome
também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente,
23- o Senhor DEUS, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para
lavrar a terra, de que fora tomado.
Romanos 8.22 - Porque sabemos que toda a criação
geme e está juntamente com dores de parto até agora.
23 - E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do ESPÍRITO,
também gememos em nós mesmos [...].
João 9.2 - [...] Seus discípulos lhe
perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que
nascesse cego?
3- JESUS respondeu: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim
para que
se manifestem nele as obras de DEUS.
Deuteronômio 29.29 - As coisas encobertas são para o
Senhor, nosso DEUS; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos, para
sempre, para cumprirmos todas as palavras desta lei.
TEXTO ÁUREO
Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que
todos pecaram. Romanos 5.12
SUBSIDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2a feira - Gênesis 1.27-31 Tudo era bom - o mal
veio depois
3a feira - Tiago 1.13-15 O mal cresce onde o desejo
reina
4a feira - João 1.14; Filipenses 2.6-11 JESUS habitou
o corpo, não o negou
5a feira - Romanos 1.21-22 Sem reverência, tudo se
quebra
6a feira - Gênesis 4.1-7 A queda é escolha, não
destino
Sábado - 1 João 3.7-8 CRISTO
veio desfazer as obras do mal
OBJETIVOS - Ao término do estudo bíblico, o
aluno deverá ser capaz de:
- compreender que o pecado humano não foi criado por DEUS,
mas surgiu da escolha livre de Adão em um mundo já tocado pela rebelião
celestial;
- refletir sobre a seriedade da desobediência
como ruptura da comunhão com o Criador e a necessidade de redenção;
- rejeitar explicações filosóficas que
relativizam ou negam a responsabilidade humana na origem do mal moral.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor, a narrativa da entrada do pecado no mundo foi
apresentada na Lição 4. Esta lição retoma o tema sob uma nova perspectiva:
doutrinária, histórica e teológica. O objetivo, nesta oportunidade, é
compreender seu significado, a razão de seu surgimento e como diferentes
cosmovisões tentaram explicar a origem do mal, contrastando essas ideias com o
testemunho das Escrituras.
Ajude os alunos a discernirem a singularidade do ensino bíblico,
que apresenta o pecado como fratura relacional e o mal como uma realidade
complexa - nem sempre explicável, mas sempre enfrentada à luz da revelação.
Excelente aula!
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SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO – LIVROS – REVISTAS ANTIGAS - GOOGLE
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1. CONCEITUAÇÕES NECESSÁRIAS
1.1. Hamartia
A palavra "hamartia" (ἁμαρτία) é um
termo grego que tem um papel central na teologia bíblica do Novo Testamento.
Sua etimologia e significado estão ligados à ideia de "errar o
alvo".
Etimologia e Significado Original
·
Origem
Grega: O termo vem do verbo grego hamartáno, que significa
"errar", "falhar" ou "perder a marca".
·
Metáfora
do Tiro com Arco: A raiz do termo é frequentemente
explicada através da metáfora do tiro com arco, onde hamartia era o
termo usado quando um arqueiro errava o centro do alvo (o "olho de
boi").
·
Uso
Secular: No grego clássico, como nas tragédias gregas de
Aristóteles, hamartia também era usada para se referir a um
"equívoco", "falha de avaliação" ou um "erro"
fatal do herói que levava à sua queda ou sofrimento.
Uso na Bíblia
·
Conceito
de Pecado: No contexto bíblico, especialmente no Novo
Testamento, hamartia é a palavra principal usada para traduzir o
conceito de pecado. Ela aparece cerca de 173 vezes.
·
Sentido
Espiritual: O "alvo" que está sendo perdido na Bíblia não é o
de um arqueiro, mas sim o padrão de perfeição e justiça estabelecido por Deus.
Pecar (hamartia) é, portanto, falhar em cumprir os propósitos e mandamentos
divinos, resultando em separação de Deus.
·
Conexão
Hebraica: No Antigo Testamento (escrito principalmente em hebraico), o
conceito similar é expresso pela palavra hhatá, que também significa
"errar o alvo".
Portanto, a etimologia de hamartia na Bíblia aponta para
uma falha moral ou espiritual, um desvio do caminho correto ou do padrão de
vida que Deus estabeleceu para a humanidade.
1.1.1. Os sentidos como instrumentos, não como causa
do pecado
A perspectiva filosófica e teológica predominante sustenta
que os sentidos são instrumentos ou meios pelos quais as tentações
chegam até nós, mas não a causa direta do pecado. A verdadeira origem do
pecado reside no livre arbítrio e na decisão consciente da
vontade humana.
Os Sentidos como Instrumentos
·
Captação
de Informação: Os sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) são
faculdades naturais e boas, criadas por Deus. Sua função é nos conectar com a
realidade material, permitindo-nos perceber o mundo ao nosso redor.
·
Neutralidade
Moral: Os sentidos em si são moralmente neutros. Ver algo belo,
ouvir música ou saborear uma refeição não é pecado. Eles apenas fornecem os
dados ou estímulos para a mente e a vontade.
·
Uso
para o Bem ou para o Mal: A forma como usamos nossos
sentidos e respondemos aos estímulos sensoriais determina a moralidade do ato.
Como exortado na Bíblia (Romanos 6:13), os membros do corpo (que incluem os
sentidos) podem ser apresentados como instrumentos de justiça ou de iniquidade,
dependendo da escolha da pessoa.
A Vontade como Causa do Pecado
·
Livre
Arbítrio: Filósofos e teólogos, como Santo Agostinho e São Tomás de
Aquino, enfatizam que o pecado é um ato voluntário. Ele ocorre quando a vontade
humana, fazendo uso do livre arbítrio, escolhe desordenadamente os bens
inferiores (apreendidos pelos sentidos) em detrimento dos bens superiores, que
são espirituais ou divinos.
·
Consentimento
da Vontade: A tentação, que muitas vezes começa com um estímulo
sensorial, só se torna pecado quando há o consentimento da vontade. Por
exemplo, ver algo que desperta a cobiça (sentido) não é o pecado em si, mas sim
o desejo de possuí-lo e a decisão de agir para obtê-lo de forma ilícita
(vontade e ação).
Portanto, os sentidos são a "porta de entrada" das
tentações, mas a responsabilidade pelo pecado recai sobre a escolha
deliberada e livre do indivíduo.
1.2. Autonomia radical
A proposta da serpente a Eva, conforme narrado no livro de Gênesis
da Bíblia, não foi explicitamente nos termos de "não precisar mais
depender, obedecer ou escutar". A tentação foi mais sutil e focada
em conhecimento e igualdade com Deus.
Os pontos-chave da argumentação da serpente foram:
·
Negação
da consequência divina: Deus havia dito que comer do fruto
da árvore do conhecimento do bem e do mal resultaria em morte. A serpente
contradisse diretamente essa ordem, dizendo: "Certamente não
morrerão!".
·
Promessa
de sabedoria e divindade: A serpente argumentou que Deus
sabia que, se eles comessem do fruto, os olhos deles se abririam e eles seriam
"como Deus, conhecedores do bem e do mal".
Portanto, a sedução operou sobre o desejo de adquirir
sabedoria e autonomia moral, ou seja, a capacidade de decidir por si mesmos
o que era certo ou errado, em vez de depender da ordem de Deus. Isso, por sua
vez, implicava uma desobediência à única ordem direta que lhes havia sido dada,
que era a de não comer daquela árvore específica. A ideia de não depender mais
ou não obedecer decorreu como uma consequência implícita da aceitação da
proposta de "ser como Deus", e não como uma proposta direta e literal
da serpente.
1.3. Mal físico e mal moral: distinções fundamentais
Na perspectiva bíblica, embora os termos "mal físico" e
"mal moral" não sejam usados explicitamente, a distinção fundamental
reside em suas origens e naturezas:
·
Mal
Moral (Pecado): Refere-se a qualquer coisa que não esteja
em harmonia com a ordem divina, sendo fruto da ação intencional e do
livre-arbítrio humano (pecado). É a desobediência consciente a Deus,
que cria desordem no mundo e na alma humana. Exemplos incluem assassinato,
guerra, egoísmo e injustiça (Tiago 1:13; Romanos 7:19).
·
Mal
Físico (Sofrimento, Dor, Doença, Morte): Apresenta-se
como dor e sofrimento, tanto para humanos quanto para animais. Na teologia
bíblica, o sofrimento físico é, em grande parte, uma consequência
indireta da entrada do pecado no mundo (o pecado original). Não é
necessariamente um castigo direto por um pecado individual específico (como no
livro de Jó), mas sim parte da condição de um mundo caído (Romanos 6:23).
Distinções Fundamentais
|
Característica |
Mal Moral |
Mal Físico |
|
Origem |
Livre-arbítrio e escolhas pecaminosas do ser humano. |
Consequência da desordem geral causada pelo pecado na criação. |
|
Natureza |
É a ofensa contra a vontade e a natureza de Deus; culpa e
responsabilidade. |
É a experiência de dor, sofrimento, doença e mortalidade. |
|
Responsabilidade |
O ser humano é considerado responsável ou culpado por suas ações
morais más. |
O sofrimento físico pode ocorrer independentemente da culpa
pessoal imediata (e.g., doenças, desastres naturais). |
|
Resolução Bíblica |
Superado pelo perdão divino e pela redenção através de Jesus
Cristo, que transforma a alma. |
Será totalmente erradicado na consumação dos tempos, quando Jesus
voltar e "enxugar toda lágrima" (Apocalipse 21:4). |
Em resumo, a Bíblia entende o mal moral como o pecado que o homem
escolhe cometer, e o mal físico como o sofrimento e as imperfeições que
resultam da existência do pecado no mundo. Deus não criou o mal, nem é tentado
por ele, mas permite que o livre-arbítrio humano tenha consequências
reais.
2. O ENSINO DAS ESCRITURAS SOBRE A ORIGEM DO PECADO
2.1. DEUS não é o autor do pecado
A Bíblia ensina que Deus não é o autor do pecado, pois Ele é a
fonte de todo o bem e não pode se contradizer. A responsabilidade do pecado é
atribuída às criaturas que decidem se desviar de Deus, seja por meio de
escolhas pessoais ou pela ação do mal, como a de Satanás.
Argumentos bíblicos
·
O
pecado vem da criatura: A Bíblia aponta que o pecado é
o resultado de uma escolha de seguir um caminho diferente da vontade de Deus.
Tiago 1:14-15 afirma que o pecado tem origem no desejo que surge em nós quando
somos tentados.
·
O
Diabo é o inimigo de DEUS e do ser humano – Ele inspira o homem ao pecado, mas
não o obriga a isso: A Bíblia atribui a autoria do pecado,
especialmente ao mencionar Satanás, ao "inimigo de Deus". 1 João 3:8
indica que aquele que pratica o pecado "procede do Diabo" e que o
Filho de Deus veio justamente para "destruir as obras do Diabo".
·
Deus
não está alheio ao pecado, mas não é o autor: Embora
Deus não tenha causado o pecado, Ele permitiu que ele existisse ao dar às suas
criaturas o livre-arbítrio.
Implicações
·
Deus
é totalmente bom: Se Deus fosse o autor do pecado, Ele não
seria a fonte do bem que os versículos bíblicos descrevem.
·
O
mal é temporário: A Bíblia assegura que, no final, Jesus
Cristo destruirá o mal e as suas obras para sempre.
·
É
possível não viver no pecado: Os nascidos de Deus, segundo a
Bíblia, não vivem no pecado, mas seguem a proteção divina e resistem ao
mal.
2.2. O surgimento do pecado nas regiões
celestiais
A Bíblia indica que o pecado se originou nas regiões celestiais com
a rebelião de um anjo, identificado como Lúcifer (ou Satanás
após sua queda), antes da criação da humanidade. Embora a narrativa do Jardim
do Éden (Gênesis 3) descreva a entrada do pecado no mundo humano, as passagens
de Ezequiel 28 e Isaías 14 são frequentemente interpretadas como alusões à origem
anterior do pecado no céu.
Passagens Bíblicas Chave
·
Ezequiel
28:11-19: Embora a profecia seja dirigida ao rei de Tiro, muitos estudiosos
bíblicos a interpretam como uma referência velada a Satanás, que já foi um
querubim ungido e habitava no "monte santo de Deus". O texto descreve
sua perfeição original e como a "iniquidade" ou o pecado foi
encontrado nele, resultando em sua expulsão:
o
"Tu eras o
querubim da guarda ungido... Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em
que foste criado, até que se achou iniquidade em ti" (Ezequiel 28:14-15).
o
Seu pecado
original foi o orgulho e a exaltação de si mesmo devido à sua beleza e
sabedoria.
·
Isaías
14:12-15: Similarmente, esta passagem, que se refere ao rei da Babilônia, é
vista por teólogos como uma descrição da queda de Lúcifer (termo que significa
"estrela da manhã" na versão King James). O texto detalha suas
ambições de se igualar a Deus:
o
"Como
caíste do céu, ó estrela da manhã... Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao
céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono... serei semelhante ao
Altíssimo" (Isaías 14:12-14).
o
O desejo de ser
como Deus, em vez de servir a Deus, foi a raiz do seu pecado, a soberba.
A Natureza do Pecado Celestial
O primeiro pecado não foi um erro por ignorância, mas um ato
deliberado de livre arbítrio e rebelião contra a autoridade de
Deus, nascido do orgulho e do desejo de exaltação própria.
Esse ato de injustiça (ou iniquidade) surgiu internamente em Lúcifer, que era
uma criatura perfeita, mas que escolheu pecar. A consequência foi a sua
expulsão, juntamente com outros anjos que o seguiram em sua rebelião
(mencionados em passagens como Judas 1:6 e Apocalipse 12:7-9), estabelecendo a
existência do mal no universo antes de sua manifestação na Terra.
2.3. A entrada do pecado na humanidade por intermédio de
Adão
Segundo a Bíblia, o pecado entrou no mundo por meio da
desobediência de Adão, levando à morte que se espalhou por toda a humanidade,
pois todos pecaram em seguida, pois a semente do pecado que estava em Adão,
passou a todos os homens que nasceram depois dele. O apóstolo Paulo explica em
Romanos 5 que Adão é um tipo do que ainda haveria de vir, contrastando o pecado
e a morte que vieram dele com a graça e a vida eterna que vêm de Jesus
Cristo.
A narrativa bíblica
·
O
ato de Adão: Adão desobedeceu a uma ordem direta de Deus, e seu pecado
(conhecido como a "transgressão" ou "ofensa") introduziu o
pecado e a morte no mundo.
·
A
consequência: Como resultado da desobediência de Adão, a morte reinou sobre
a humanidade, não apenas sobre aqueles que repetiram seu ato específico de
desobediência, mas sobre todos os seus descendentes.
·
A
propagação: O estado de pecado é transmitido à humanidade pela
"propagação" ou herança da natureza humana privada da santidade e
justiça originais, e não apenas por imitação dos maus exemplos.
·
Adão
como figura: O Novo Testamento estabelece um paralelo entre Adão e Cristo,
que é descrito como o "último Adão" ou o "novo Adão".
o
Por meio do
pecado de um homem (Adão), a morte veio à humanidade.
o
Mas, pela graça
e obediência de outro homem (Cristo), muitos podem receber a justificação e a
vida eterna.
2.4. A raiz interna do pecado: orgulho,
autossuficiência e egocentrismo
A Bíblia aponta o orgulho como a raiz e a essência
de todo pecado. A autossuficiência e o egocentrismo são
manifestações diretas do orgulho, representando uma rebelião contra a
dependência de Deus.
O Orgulho como a Raiz do Pecado
O orgulho é frequentemente descrito nas Escrituras como o "mal
supremo" e a origem de outros vícios. A ideia central do orgulho é a
exaltação do "eu" acima de Deus e dos outros.
·
Rebelião
contra Deus: Foi o orgulho que levou Lúcifer a querer elevar-se acima de Deus,
resultando em sua queda (Isaías 14:12-15). Da mesma forma, a tentação no Jardim
do Éden ofereceu a Adão e Eva a promessa de serem "como Deus", o que
os levou à desobediência (Gênesis 3:5).
·
Desprezo
pela autoridade divina: O orgulho faz com que o ser humano
confie em sua própria sabedoria e força, em vez de depender de Deus, o que é
visto como um ato de rebeldia.
Autossuficiência (Confiança em Si Mesmo)
A autossuficiência é a crença de que não se precisa de Deus ou de
mais ninguém para ter sucesso, felicidade ou salvação. A Bíblia condena essa
atitude, pois ela nega a soberania e a providência de Deus.
·
Dependência
versus Autossuficiência: As Escrituras ensinam a
dependência de Deus em todas as áreas da vida. Tiago 4:13-17 adverte contra o
planeamento autossuficiente do futuro sem reconhecer a vontade de Deus.
·
Consequências: A
autossuficiência leva ao fracasso e à queda, pois a força humana é limitada,
enquanto Deus é a fonte de toda vida e sustento.
Egocentrismo (Foco Excessivo no "Eu")
O egocentrismo, ou "amor próprio" excessivo, é a
manifestação do orgulho no relacionamento com os outros. A pessoa egocêntrica
coloca seus próprios desejos, necessidades e glória acima de tudo.
·
Concupiscência
e Soberba: A Bíblia, em 1 João 2:15-17, fala sobre a "concupiscência da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida", que são raízes do
pecado que giram em torno do ego e dos desejos mundanos.
·
Perversão
do Amor: O egocentrismo contrasta diretamente com o mandamento bíblico de
amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo (Mateus 22:37-39).
Versículos Chave
Vários versículos destacam a natureza destrutiva dessas atitudes:
·
"A soberba
precede a destruição, e a altivez do espírito precede a queda."
(Provérbios 16:18)
·
"O orgulho
do homem o humilhará, mas o de espírito humilde obterá honra." (Provérbios
29:23)
·
"Deus
resiste aos soberbos, mas concede graça aos humildes." (Tiago 4:6)
Em resumo, a Bíblia ensina que o orgulho, a autossuficiência e o
egocentrismo são, de fato, a raiz interna do pecado, pois desviam a lealdade e
a confiança do ser humano de Deus para si mesmo
3. RESPOSTAS HUMANAS, LIMITES ETERNOS
3.1. A teoria da necessidade metafísica
A "teoria da necessidade metafísica" não é um termo ou
conceito bíblico explícito, mas sim uma ideia filosófica que pode ser explorada
na teologia cristã. A Bíblia não apresenta uma teoria metafísica formal, mas a
sua visão de mundo pressupõe uma realidade que fundamenta a existência e a
dependência de Deus.
A relação entre a necessidade metafísica e a Bíblia pode ser
entendida através dos seguintes pontos:
·
Deus
como Causa Primeira e Ser Necessário: Na
metafísica cristã influenciada pela filosofia, Deus é frequentemente descrito
como o "Ser Necessário", Aquele cuja existência não depende de nada
mais, e a causa de toda a existência contingente (tudo o que existe, mas
poderia não existir). A Bíblia apoia essa visão ao retratar Deus como o Criador
e sustentador de todas as coisas (Salmos 104:27-28; Atos 17:24-28), indicando
uma dependência ontológica (de existência) de toda a criação em relação a Ele.
·
A
"Necessidade" Humana de Deus: A
Bíblia enfatiza repetidamente a necessidade humana de Deus para
sustento, salvação e propósito. Essa "necessidade" é mais no sentido
de uma carência espiritual e dependência existencial, e não um conceito
filosófico abstrato de "necessidade metafísica" aplicado ao ser
humano.
·
Base
para a Verdade e Realidade: A filosofia grega e a teologia
cristã utilizaram a metafísica como uma base para afirmar a verdade e a
realidade, argumentando que a razão humana, impulsionada pela fé, pode ascender
ao conhecimento do divino. A Bíblia é vista como a revelação dessa verdade
fundamental.
·
Metafísica
na Interpretação Bíblica: Algumas correntes de
pensamento, como o "Estudo Metafísico da Bíblia", abordam o texto
sagrado através de lentes metafísicas, buscando verdades espirituais ou
"Ideias Divinas" diretas, o que é uma abordagem interpretativa específica
e não a posição teológica majoritária.
Em suma, a Bíblia não "ensina" a teoria da necessidade
metafísica em termos filosóficos, mas fornece a base teológica para a crença em
um Deus que é o fundamento necessário e suficiente de toda a realidade. A
discussão sobre "necessidade metafísica" surge da interação entre a
teologia cristã e a filosofia, especialmente na escolástica.
3.2. O dualismo maniqueísta
O dualismo maniqueísta é fundamentalmente incompatível com
a teologia apresentada na Bíblia. A principal diferença reside na natureza e na
origem do mal, e na soberania de Deus.
O Dualismo Maniqueísta
O maniqueísmo, uma religião sincrética que combinava elementos do
zoroastrismo, cristianismo e outras crenças, baseia-se em um dualismo
radical. Seus pontos centrais são:
·
Dois
Princípios Eternos: Acredita na existência de dois reinos ou
princípios eternos e opostos: o Reino da Luz (Bem) e o Reino das Trevas (Mal).
·
Conflito
Perpétuo: O mundo material é o resultado de uma mistura acidental
dessas duas forças, que estão em constante e perpétua batalha.
·
Matéria
como Má: Ensina que a vida neste mundo material é intrinsecamente má e
dolorosa, e a salvação (através do conhecimento especial, ou gnose)
envolve a libertação da alma luminosa do corpo e do mundo físico.
·
Equivalência
de Poder: Embora o maniqueísmo histórico ensinasse que o Bem acabaria
por triunfar, a premissa básica era que o Bem e o Mal eram forças opostas com
poderes significativos e separados.
A Visão Bíblica
A Bíblia não sustenta um dualismo de poderes iguais e eternos, mas
sim uma visão de monoteísmo e da soberania absoluta de um
único Deus. As principais diferenças são:
·
Deus
Único e Supremo: A Bíblia afirma que há apenas um Deus
supremo e eterno, que é totalmente bom e criou todas as coisas, tanto visíveis
quanto invisíveis.
·
Origem
do Mal: O mal não é uma substância ou um reino eterno e independente,
mas uma corrupção ou ausência do bem, que entrou no mundo através da livre
escolha de seres criados (anjos caídos e seres humanos), não como um princípio
ontológico igual a Deus.
·
Criação
Essencialmente Boa: A narrativa bíblica do Gênesis descreve a
criação material (incluindo o corpo humano) como essencialmente "boa"
aos olhos de Deus. A visão maniqueísta de que o corpo ou a matéria são
intrinsecamente maus é contrária a essa ideia.
·
Deus
Triunfante: Embora o mal exista e haja um conflito espiritual, a Bíblia
enfatiza que Deus é soberano sobre tudo e o mal será finalmente e completamente
derrotado, não por uma força oposta equivalente, mas pelo poder e vontade de
Deus.
Em resumo, a Bíblia rejeita a ideia de dois princípios eternos e
opostos, característica do maniqueísmo. A visão bíblica é monoteísta, onde o
mal é uma realidade moral e temporária que será julgada e erradicada por um
Deus todo-poderoso e soberano, que criou um mundo essencialmente bom.
3.3. A matéria como causa do pecado
A ideia de que a matéria (ou o corpo físico) é a causa do
pecado é antibíblica. A visão bíblica atribui a origem do pecado à livre
escolha, desobediência e rebelião da vontade (primeiro de Satanás, e
depois de Adão e Eva) contra Deus, não à natureza material do ser humano.
A Perspectiva Bíblica sobre a Matéria e o Pecado
·
Criação
"muito boa": A Bíblia começa com Deus
criando o céu e a terra e declarando tudo o que Ele fez como "muito
bom" (Gênesis 1:31). Isso inclui a criação do corpo humano a partir do pó
da terra (Gênesis 2:7), o que significa que a matéria em si é uma criação
divina e, portanto, não é intrinsecamente má.
·
Origem
na vontade e no coração: O pecado, na perspectiva
bíblica, nasce na mente e no coração do ser humano, como resultado da cobiça e
da escolha de fazer a própria vontade em vez da vontade de Deus. Versículos
como Mateus 15:18-19 e Tiago 1:14-15 apontam para dentro do ser humano, para
seus desejos e intenções, como a fonte do pecado, e não para o corpo físico em
si.
·
Dualismo
corpo/alma (Grécia Antiga vs. Bíblia): A ideia
de que o corpo é uma prisão ou a fonte do mal e que a alma busca libertação
dele é um conceito filosófico, notavelmente do platonismo e do
gnosticismo, que influenciou algumas correntes de pensamento, mas não é a
doutrina bíblica. A Escritura afirma a bondade da criação material e a redenção
futura do corpo na ressurreição dos salvos (Romanos 8:23).
·
Responsabilidade
humana: A narrativa da Queda (Gênesis 3) mostra Adão e Eva fazendo
uma escolha consciente de desobedecer a uma ordem específica de Deus. A
responsabilidade recai sobre o ato de desobediência deles, não sobre o fato de
possuírem corpos materiais.
Portanto, a Bíblia não sustenta a visão de que a matéria é a causa
do pecado. O pecado é uma questão moral e espiritual que corrompeu a natureza
humana como um todo, afetando tanto o espírito quanto a alma e o corpo.
3.4. O pecado como ignorância ou limitação
A visão de que o pecado é meramente ignorância ou limitação é
considerada antibíblica pela teologia cristã tradicional. A
Bíblia apresenta o pecado como uma violação deliberada da vontade de
Deus, rebelião e desobediência, não apenas uma falta de conhecimento.
Pontos-chave da perspectiva bíblica:
·
Pecado
como Transgressão e Desobediência: O pecado é fundamentalmente
descrito como a transgressão da lei de Deus (1 João 3:4) e rebelião contra Ele.
Adão e Eva pecaram por desobediência consciente, não por ignorância.
·
Consciência
Moral Inata: A Bíblia sugere que a humanidade tem uma consciência moral inata
e, de certa forma, conhece a diferença entre o certo e o errado (Romanos
1:18-20; Romanos 2:14-15), o que torna a ignorância total uma desculpa
insuficiente.
·
Pecados
por Ignorância e a Necessidade de Expiação:
Embora a Bíblia reconheça "pecados por ignorância" (Levítico
4:27-28), eles ainda exigiam sacrifício e expiação no Antigo Testamento,
indicando que, mesmo sem intenção consciente, o ato continua sendo uma infração
à santidade de Deus e necessita de perdão.
·
Deus
Ordena Arrependimento Universal: Em Atos 17:30, Paulo declara que,
embora Deus tenha "não levado em conta os tempos da ignorância" no
passado, agora Ele "manda que todos os homens, em todo o lugar, se
arrependam". Isso mostra que a ignorância não isenta permanentemente as
pessoas da responsabilidade; há um chamado universal ao arrependimento baseado
na revelação de Deus.
·
O
Pecado é Contra Deus: A compreensão bíblica enfatiza o aspeto
relacional do pecado: é dirigido contra Deus e destrói o relacionamento com Ele
e com o próximo.
Em resumo, a ignorância pode diminuir a culpabilidade de
um ato pecaminoso em certos contextos (como em pecados não intencionais), mas a
visão bíblica sustenta que o pecado é uma condição universal e uma escolha
moral ativa pela desobediência e rebelião contra Deus, não uma simples falta de
informação ou uma limitação inerente da condição humana.
Romanos 1 diz que até a natureza mostra a realidade de um DEUS
criador e poderoso.
“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto
o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem
pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” Romanos 1:20
3.5. O mal como escolha e o sofrimento
como mistério
Na perspectiva bíblica, o mal é predominantemente
apresentado como resultado da escolha humana (o livre-arbítrio), enquanto o
sofrimento é frequentemente tratado como um mistério complexo que,
embora permitido por Deus, pode servir a propósitos divinos maiores que nem
sempre são plenamente compreendidos pelos seres humanos.
O Mal Como Escolha Humana
A Bíblia ensina que Deus criou os seres humanos com a capacidade de
fazer escolhas morais, o que implica a liberdade de escolher entre o bem e o
mal.
·
Livre
Arbítrio: Desde o relato do Jardim do Éden (Gênesis 3), a desobediência
(pecado) é mostrada como uma escolha deliberada de Adão e Eva, resultando na
introdução do mal moral e suas consequências no mundo.
·
Responsabilidade
Pessoal: As Escrituras consistentemente responsabilizam os indivíduos
por suas más ações e decisões. A escolha pelo mal não é uma imposição divina,
mas uma consequência do uso indevido da liberdade que Deus concedeu à
humanidade.
·
Consequências
do Pecado: O mal (que inclui o pecado e suas ramificações prejudiciais)
é visto como qualquer coisa que não esteja em harmonia com a ordem divina. Ele
gera desordem, dor e sofrimento no mundo, como uma consequência natural e
espiritual das escolhas erradas.
O Sofrimento Como Mistério
Enquanto parte do sofrimento pode ser diretamente ligada às
escolhas pecaminosas, outra parte é vista como um mistério que transcende a
compreensão humana imediata.
·
Propósito
Divino: Deus pode permitir o sofrimento para cumprir Seus propósitos
soberanos, que podem incluir o crescimento espiritual, a purificação do
caráter, o desenvolvimento da fé ou para alertar a humanidade sobre a seriedade
do pecado.
·
O
Exemplo de Jó: O livro de Jó ilustra vividamente a natureza misteriosa do
sofrimento. Jó era um homem justo que sofreu imensamente, não como castigo por
pecado, mas para provar a integridade de seu amor e fidelidade a Deus. No
final, a razão total do sofrimento de Jó fica evidente – tinha filhos
perversos, atribuía sua riqueza à sua religiosidade e não conhecia a DEUS. DEUS
lhe concedeu filhos melhores e mais bonitos, o dobro de sua riqueza anterior,
muitos dias de vida a mais e se fez conhecer a ele.
·
A
Presença de Deus na Dor: A Bíblia garante que Deus não
é indiferente ao sofrimento humano (Jesus chorou - João 11:35) e está
"pessoalmente" envolvido em nossas lutas. A força do amor de Deus é
apresentada como maior do que qualquer sofrimento, oferecendo consolo e
esperança.
“Porque Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
João 3:16
·
Mistério
Parcial: A Bíblia reconhece que "as coisas encobertas pertencem
ao Senhor nosso Deus" (Deuteronômio 29:29), o que sugere que nem todas as
razões para o sofrimento serão reveladas nesta vida.
Em resumo, a Bíblia equilibra a responsabilidade humana pelo mal
com a soberania de um Deus amoroso, que, por razões muitas vezes misteriosas,
permite o sofrimento para, em última instância, cumprir um bem maior e eterno
(O apóstolo Paulo e seu “espinho na carne” que o diga - 2 Coríntios 12:7).
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
A Origem do Pecado dos Anjos Celestiais
Na verdade, antes de acontecer na terra, o mal se originou no céu.
O mal nasceu no seio de um arcanjo que vivia na presença de Deus. Isto é um
grande mistério, todavia, continua sendo a essência do ensino cristão acerca da
raiz do mal.
O Pecado de Lúcifer
O nome tradicional dado a este arcanjo é tirado de Isaías 14.12, com o a
expressão “estrela da manhã ” feita na Vulgata Latina: Como caíste do céu, ó
estrela da manhã [Lúcifer, na Vulgata Latina], filha da alva! Como foste
lançado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu
subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e,
no monte da congregação, me assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei
acima das mais altas nuvens e serei
semelhante ao Altíssimo. (Is 14.12-14).
Apesar de a maioria dos estudiosos da Bíblia acreditarem que esta passagem, no
seu contexto, refira-se ao “rei da Babilônia” (v. 4), o orgulho e a queda deste
homem são uma representação das escolhas feitas pelo primeiro querubim, o qual
se rebelou contra Deus por intermédio de um orgulho similar, porém
primitivo e anterior. Paulo falou sobre como deveria ser um líder da igreja:
“não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do Diabo” (1
T m 3.6).
Outros Anjos também se Rebelaram
De acordo com o livro de Apocalipse, outros anjos também seguiram o mesmo
caminho. Um terço deles aderiu ao motim de Lúcifer e se transformaram em
demônios (já que ele havia se tornado o Diabo). João escreveu: E viu-se outro
sinal no céu, e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha
sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete diademas. E a sua
cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra
[...] E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo e
Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos
foram lançados com ele. (Ap 12.3-9)
De forma clara, portanto, vemos que o pecado já havia ocorrido fora deste nosso
mundo; houve pecado no céu, antes dele ocorrer na terra. Isto fica evidente
pela presença do tentador (Satanás) no Jardim do Éden (Gn 3.1ss.).
Geisler. Norman. Teologia Sistemática. Volume II.p.64.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 2, CPAD, A Deturpação Da Doutrina Bíblica Do Pecado, 3Tr23,
Pr Henrique, EBD NA TV
Para me ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida
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Vídeo https://youtu.be/0Fur_5n1WK8
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TEXTO ÁUREO
“Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei,
porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” (Rm 3.20)
VERDADE PRÁTICA
O pecado de Adão arruinou toda a humanidade. Contudo, Jesus Cristo pode
regenerar eficazmente o pecador.
Resumo da Lição 2, A Deturpação Da Doutrina Bíblica Do Pecado
I – O ENSINO BÍBLICO DA NATUREZA PECAMINOSA
1. Definição de Pecado.
2. A universalidade do Pecado.
3. Corrupção Total.
II – AS TEOLOGIAS MODERNAS
1. Teologia do pecado social.
2. Teologia da libertação.
3. Liberalismo teológico.
III – A NORMALIZAÇÃO DO PECADO
1. Crise ética e moral.
2. Imoralidade sexual.
3. A dessacralização da vida.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Jo 3.4 Pecado é transgredir a Lei de Deus
Terça - Rm 5.12 O pecado de Adão passou a toda raça humana
Quarta - 2 Co 5.17 Em Cristo, o pecador torna-se uma nova pessoa
Quinta - 1 Pe 1.15 A santidade é um princípio ético e moral da fé cristã
Sexta - Hb 13.4 A prostituição não pode macular a sexualidade do cristão
Sábado - 1 Co 6.19 O corpo do cristão é morada do Espírito Santo
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - ROMANOS 3.9-20
9 - Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes
demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado,
10 - como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
11 - Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus.
12 - Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o
bem, não há nem um só.
13 - A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente;
peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;
14 - cuja boca está cheia de maldição e amargura.
15 - Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
16 - Em seus caminhos há destruição e miséria;
17 - e não conheceram o caminho da paz.
18 - Não há temor de Deus diante de seus olhos.
19 - Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o
diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de
Deus.
20 - Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque
pela lei vem o conhecimento do pecado.
HINOS SUGERIDOS: 75, 422, 568 DA HARPA CRISTÃ
PALAVRA-CHAVE - Pecado
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))
SUBSÍDIOS PARA A LIÇÃO
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 6, A Pecaminosidade Humana e a sua Restauração a DEUS
3º Trimestre de 2017 - Título: A Razão da Nossa Fé: Assim
Cremos, assim Vivemos
Comentarista: Pr. Pres. Esequias Soares, Assembleia de DEUS,
Jundiaí, SP
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida
Silva - 99-99152-0454
FIGURAS ILUSTRATIVAS USADAS NOS VÍDEOS -
https://ebdnatv.blogspot.com.br/2017/07/figuras-da-licao-6-licao-6.html
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Sl 51.5 Todos os humanos são pecadores
EIS QUE EM INIQÜIDADE FUI FORMADO. Davi reconhece que desde a sua
infância possui uma propensão natural para o pecado. Noutras palavras, ele
reconhece que sua própria natureza é pecaminosa. Toda pessoa, desde o
nascimento, tem uma propensão egoísta para satisfazer seus próprios desejos,
fazendo o que lhe apraz, mesmo que isso prejudique e cause sofrimento ao
próximo (ver Rm 5.12). Tal inclinação só pode ser expurgada da nossa vida
através da redenção em CRISTO e habitação do ESPÍRITO SANTO em nós.
Terça - Ec 7.20 O pecado está presente em todos.
NÃO HÁ HOMEM JUSTO SOBRE A TERRA, QUE FAÇA BEM E NUNCA PEQUE. Este
versículo não contradiz a declaração de DEUS sobre a retidão de Jó (ver Jó 1.8;
2.3); pelo contrário, exprime a verdade de que "todos pecaram e
destituídos estão da glória de DEUS" (Rm 3.23; cf. 3.10-18).
Quarta - Is 59.2 O pecado nos separa de DEUS.
59.2 INIQÜIDADES FAZEM DIVISÃO ENTRE VÓS E O VOSSO DEUS. O pecado e
a iniquidade na vida do crente levantam um muro entre ele e DEUS. Por causa
dessa barreira, tal crente já não desfruta do favor de DEUS, nem de proteção,
socorro ou livramento. Também, as orações desse crente não serão atendidas (Sl
66.18).
Quinta - Rm 3.10-12 Não há na terra um justo sequer.
NÃO HÁ UM JUSTO. Estes versículos expressam o exato conceito da
natureza humana. Todas as pessoas, no seu estado natural, são pecadoras. A
totalidade do seu ser é afetada negativamente pelo pecado, sendo também
propensas a conformar-se com o mundo, quanto ao diabo (ver Mt 4.10), e quanto à
natureza pecaminosa. Todos são culpados de desviar-se do caminho da piedade
para o caminho do egoísmo.
Sexta - At 3.19 Somente a fé em JESUS e o arrependimento restaura o pecador
TEMPOS DO REFRIGÉRIO. No decurso de toda a presente era, e até à
volta de CRISTO, DEUS enviará tempos do refrigério (i.e., o derramamento do
ESPÍRITO SANTO) a todos aqueles que se arrependerem e se converterem. Embora
tempos perigosos venham perto do fim desta era, acompanhada da apostasia da fé
(2 Tm 3.1; 2 Ts 2.3), DEUS ainda promete enviar reavivamento e tempos de
refrigério aos fiéis. A presença de CRISTO, a bênção espiritual, milagres e
derramamento do ESPÍRITO SANTO virão sobre os remanescentes que fielmente o
buscarem e vencerem o mundo, a carne e o domínio de Satanás (cf. At 26.18).
Sábado - Rm 6.23 A salvação é um dom de DEUS
No reinado da graça, os homens recebem não o que merecem, a morte,
mas o favor imerecido de DEUS, a vida eterna. A palavra grega charisma é usada
para definir uma dádiva da graça de DEUS. A vida eterna não é um prêmio que
conquistamos; mas uma dádiva divina inteiramente gratuita e absolutamente
imerecida. A vida eterna é gratuita; a morte é merecida.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Romanos 5.12-21
12 - Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que
todos pecaram.13 - Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não
é imputado não havendo lei. 14 - No entanto, a morte reinou desde Adão até
Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão,
o qual é a figura daquele que havia de vir. 15 - Mas não é assim o dom gratuito
como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a
graça de DEUS e o dom pela graça, que é de um só homem, JESUS CRISTO, abundou
sobre muitos. 16 - E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou;
porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito
veio de muitas ofensas para justificação. 17 - Porque, se, pela ofensa de um
só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e
do dom da justiça reinarão em vida por um só, JESUS CRISTO. 18 - Pois assim
como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação,
assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para
justificação de vida. 19 - Porque, como, pela desobediência de um só homem,
muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão
feitos justos. 20 - Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o
pecado abundou, superabundou a graça; 21 - para que, assim como o pecado reinou
na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por JESUS
CRISTO, nosso Senhor.
OBJETIVO GERAL - Compreender a pecaminosidade de todos os seres
humanos, que os destitui da glória de DEUS.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Definir o termo pecado;
Mostrar a origem do pecado;
Compreender a solução para o pecado.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
No livro de Gênesis encontramos um dos relatos mais tristes da história da
humanidade, a Queda. Mas, DEUS não foi pego de surpresa com o pecado de Adão e
Eva, pois as Escrituras Sagradas afirmam que desde a fundação do mundo a morte
redentora de JESUS, pela salvação da humanidade, já havia sido determinada (Ap
13.8). O homem pecou de modo deliberado contra DEUS, mas o Criador não o deixou
entregue a sua própria sorte. O Senhor providenciou a sua redenção.
Vivemos em uma sociedade relativista, onde muitos não acreditam mais que haja
certo e errado. O erro, o pecado, segundo os relativistas, vai depender do
ponto de vista de cada um. Mas, cremos na Verdade absoluta e que a única
solução para o pecado está na fé no sacrifício de JESUS CRISTO.
PONTO CENTRAL - Reconhecemos a pecaminosidade de todos os seres
humanos.
Resumo da Lição 6, A Pecaminosidade Humana e a sua
Restauração a DEUS
I - DEFININDO OS TERMOS
1. Pecado.
2. Os termos hebraicos awon e peshá.
3. O que é pecado?
II - ORIGEM DO PECADO
1. O pecado no céu.
2. O pecado no Éden.
3. A universalidade do pecado.
III - A SOLUÇÃO PARA O PECADO
1. Nem tudo está perdido.
2. A provisão de DEUS.
SÍNTESE DO TÓPICO I - Na Bíblia encontramos vários termos para
definir pecado.
SÍNTESE DO TÓPICO II - O pecado teve sua origem no céu, porém na
terra ele teve início com a desobediência de Adão e Eva.
SÍNTESE DO TÓPICO III - A morte expiatória de JESUS CRISTO foi e é
a solução para o pecado.
PARA REFLETIR - A respeito da pecaminosidade humana e a sua
restauração a DEUS, responda:
Qual o termo genérico para designar o pecado e qual o seu significado? O termo
genérico para designar o pecado com todos os seus detalhes, chattath, e seu
equivalente verbal chattá (pronuncia-se hatá, com "h" aspirado), que
literalmente significa "errar o alvo" (Jz 20.16).
O que é pecado nas palavras de 1 João 3.4? É a transgressão da lei (1 Jo 3.4;
ARA).
Onde se originou o pecado e por quem tudo começou? O pecado se originou no céu
e tudo começou pelo mau uso do livre-arbítrio.
Qual a prova incontestável da universalidade do pecado? A prova incontestável
da universalidade do pecado é a morte (Rm 5.12).
Quem é a provisão de DEUS para o pecador? JESUS CRISTO, "Cordeiro de DEUS,
que tira o pecado do mundo".
CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 71, p39.
Disponibilizamos novamente o cremos para que seja lido nas Escolas
Bíblicas Dominicais.
Cremos (Confissão de Fé)
1. Na inspiração divina verbal e plenária da
Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé e prática para a vida e o
caráter cristão (2 Tm 3.14-17);
2. Em um só DEUS, eternamente subsistente em três
pessoas distintas que, embora distintas, são iguais em poder, glória e
majestade: o Pai, o Filho e o ESPÍRITO SANTO; Criador do Universo, de todas as
coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, e, de maneira
especial, os seres humanos, por um ato sobrenatural e imediato, e não por um
processo evolutivo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29; Gn 1.1; 2.7; Hb 11.3 e Ap
4.11);
3. No Senhor JESUS CRISTO, o Filho Unigênito de
DEUS, plenamente DEUS, plenamente Homem, na concepção e no seu nascimento
virginal, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal
dentre os mortos e em sua ascensão vitoriosa aos céus como Salvador do mundo
(Jo 3.16-18; Rm 1.3,4; Is 7.14; Mt 1.23; Hb 10.12; Rm 8.34 e At 1.9);
4. No ESPÍRITO SANTO, a terceira pessoa da
Santíssima Trindade, consubstancial com o Pai e o Filho, Senhor e Vivificador;
que convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo; que regenera o pecador;
que falou por meio dos profetas e continua guiando o seu povo (2 Co 13.13; 2 Co
3.6,17; Rm 8.2; Jo 16.11; Tt 3.5; 2 Pe 1.21 e Jo 16.13);
5. Na pecaminosidade do homem, que o destituiu da
glória de DEUS e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e
redentora de JESUS CRISTO podem restaurá-lo a DEUS (Rm 3.23; At 3.19);
6. Na necessidade absoluta do novo nascimento pela
graça de DEUS mediante a fé em JESUS CRISTO e pelo poder atuante do ESPÍRITO
SANTO e da Palavra de DEUS para tornar o homem aceito no Reino dos Céus (Jo
3.3-8, Ef 2.8,9);
7. No perdão dos pecados, na salvação plena e na
justificação pela fé no sacrifício efetuado por JESUS CRISTO em nosso favor (At
10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9);
8. Na Igreja, que é o corpo de CRISTO, coluna e
firmeza da verdade, una, santa e universal assembleia dos fiéis remidos de
todas as eras e todos os lugares, chamados do mundo pelo ESPÍRITO SANTO para
seguir a CRISTO e adorar a DEUS (1 Co 12.27; Jo 4.23; 1 Tm 3.15; Hb 12.23; Ap
22.17);
9. No batismo bíblico efetuado por imersão em
águas, uma só vez, em nome do Pai, e do Filho, e do ESPÍRITO SANTO, conforme
determinou o Senhor JESUS CRISTO (Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12);
10. Na necessidade e na possibilidade de
termos vida santa e irrepreensível por obra do ESPÍRITO SANTO, que nos capacita
a viver como fiéis testemunhas de JESUS CRISTO (Hb 9.14; 1 Pe 1.15);
11. No batismo no ESPÍRITO SANTO,
conforme as Escrituras, que nos é dado por JESUS CRISTO, demonstrado pela
evidência física do falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5;
2.4; 10.44-46; 19.1-7);
12. Na atualidade dos dons espirituais
distribuídos pelo ESPÍRITO SANTO à Igreja para sua edificação, conforme sua
soberana vontade para o que for útil (1 Co 12.1-12);
13. Na segunda vinda de CRISTO, em duas
fases distintas: a primeira — invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja
antes da Grande Tribulação; a segunda — visível e corporal, com a sua Igreja
glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1 Ts 4.16, 17; 1 Co
15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 1.14);
14. No comparecimento ante o Tribunal de
CRISTO de todos os cristãos arrebatados, para receberem a recompensa pelos seus
feitos em favor da causa de CRISTO na Terra (2 Co 5.10);
15. No Juízo Final, onde comparecerão
todos os ímpios: desde a Criação até o fim do Milênio; os que morrerem durante
o período milenial e os que, ao final desta época, estiverem vivos. E na
eternidade de tristeza e tormento para os infiéis e vida eterna de gozo e
felicidade para os fiéis de todos os tempos (Mt 25.46; Is 65.20; Ap 20.11-15;
21.1-4).
16. Cremos, também, que o casamento foi
instituído por DEUS e ratificado por nosso Senhor JESUS CRISTO como união
entre um homem e uma mulher, nascidos macho e fêmea, respectivamente, em
conformidade com o definido pelo sexo de criação geneticamente determinado (Gn
2.18; Jo 2.1,2; Gn 2.24; 1.27).
Comentário Rápido do Pr. Henrique da Lição 6, A
Pecaminosidade Humana e a sua Restauração a DEUS
INTRODUÇÃO
Lembre-se, Hino da harpa não é bíblia. Tem hino absurdo na harpa.
Pergunta para você: Como se chamava a árvore que Adão não podia comer dela?
Quem a criou?
Versículos para você analisar:
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás;
porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Gênesis 2:17
Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu,
o Senhor, faço todas estas coisas. Isaías 45:7
Como haveria livre arbítrio se não tivesse pelo menos duas opções
de escolha? O bem e o mal foram cridos por DEUS para opção anto dos anjos
quanto dos homens. 30% dos anjos escolheram o mal e bem mais do que isso dos
homens escolheram o mal.
Veremos nesta lição a parte da teologia que estuda o pecado - a
Hamartiologia. Destacaremos aqui a entrada do pecado no céu e na Terra.
Definiremos o que o pecado. Apresentaremos as causas da entrada desse pecado no
mundo. Analisaremos o resultado da entrada do pecado no mundo. Focaremos na
universalidade do pecado. Apresentaremos a solução dada por DEUS para o perdão
do pecado e a restauração do ser humano.
Nesta lição não estudaremos o pecado após a conversão, pecados dos
que continuam vivendo em pecado e dos que se acham no direito de pecarem
obtendo perdão. Nem abordaremos detalhadamente o pecado imperdoável. A lição
não se atém a esses assuntos mas ao pecado de Satanás e à pecaminosidade do ser
humano antes de sua conversão e à solução apresentada por DEUS. JESUS.
Por Adão o pecado entrou no mundo. Rm 5.12
E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o
lavrar e o guardar.
E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás
livremente,
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia
em que dela comeres, certamente morrerás.
E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma
ajudadora idônea para ele.
Gênesis 2:15-18
Eva nem tinha nascido quando DEUS deu a ordem para Adão. Depois Adão contou a
Eva, mas DEUS não deu ordem a Eva para não comer.
Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado
a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos
pecaram. Romanos 5:12
Isaías 53:4,5 - Pecado males
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as
nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus, e
oprimido.
Alguns Resultados do pecado
Iniquidade, toda iniquidade é pecado.
Dores, doenças. Aquilo que causa dor. Dói. Ex. Hérnia de disco, enxaqueca,
câncer, etc..
Enfermidades, causam problemas, mas não dor. Ex. Depressão. Medo, síndrome de
pânico, cegueira, surdez, etc...Solução
Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados.
Tomemos cuidado com o câncer calvinista.
Este trimestre é para acordarmos antes que o ESPÍRITO SANTO se
entristeça de vez e a blasfêmia seja reconhecida em nosso meio. Pode ser a
última chance para muitos. DEUS está fazendo tremendos milagres e ainda tem
gente tentando extinguir o ESPÍRITO SANTO.
Me preocupou um entendimento que vi em alguns estudos. Vi alguns
ensinos dizendo que o homem será condenado por causa do pecado de Adão. Não
creio assim. Ninguém vai para o inferno porque Adão pecou. A semente do pecado
vem de Adão, mas cada um é responsável por dar lugar a esta semente ou não. Não
é por causa de Adão que existe condenação, mas é por causa do pecado individual
de cada um. Cada um é atraído e só sede se quiser- Cada um tem seu
livre-arbítrio Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim
também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá. Ezequiel 18:4
Mas, se avisares ao ímpio, e ele não se converter da sua impiedade e do seu mau
caminho, ele morrerá na sua iniquidade, mas tu livraste a tua alma. Ezequiel
3:19
A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o
pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a
impiedade do ímpio cairá sobre ele. Ezequiel 18:20 Mas cada um é tentado,
quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Tiago 1:14
A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o
pai levará a iniquidade do filho. não podemos jogara culpa de alguém pecar em
cima de Adão. Cada um peca porque quer Pecar.
A semente foi plantada em Adão no Éden. Passou de pai para filho. Mas eu decido
se vou pecar ou não. Não é forçado alguém pecar.
: Todo ser humano só é condenado porque pecou. Se não pecar não pode ser
condenado, Mas existe alguém, assim? Só JESUS conseguiu esta proeza. Por isso
mesmo que uma criancinha é salva se morrer antes de ter consciência do pecado.
Não teve consciência do que é pecado, não escolheu pecar.
Temos que tomar cuidado com o calvinismo. Não podemos jogar a culpa de
nosso pecado em Adão. Cada um, peca porque atende a seus próprios desejos de
pecar. Isso se chama Livre arbítrio. DEUS não iria me condenar ao inferno sendo
que eu não pequei, mas foi Adão que pecou.
Quando Paulo faz uma análise ele vê todos pecando, pois não conseguem viver na
Terra sem pecar. Só JESUS conseguiu isso. Romanos 3.23. Em Rm 5.12 Paulo fala
da semente que está no homem e que lhe dá a escolha entre dar lugar ao pecado
ou não. A semente está lá, vamos jogar água e adubar para dar frutos (pecados)?
Em Rm 6.23 ele fala do salário deste pecado e de sua solução.
Se alguém diz que o pecado de Adão condenou toda raça humana ao inferno, está
dizendo que uma criança recém-nascida vai para o inferno se morrer, pois Adão
pecou e esta criança é descendente de Adão.
Jonas teve sua escolha - Foi para
Társis - Desobedeceu e mereceu seu castigo, o juízo. Agora entra o juízo. No
juízo DEUS exerce seu poder e autoridade. Jonas já estava morto no interior
daquele peixe (espiritualmente falando) - o juízo já tinha vindo. Estar dentro
do peixe era como estar dentro da terra, sepultado - JESUS disse isso sobre
Jonas figura de CRISTO sepultado. Jonas serve também como figura do crente no
batismo nas águas - como que "ressuscitado", como nós após o batismo
de morte, batismo nas águas, saiu para uma nova vida de obediência - Todos
usaram o livre arbítrio para pecar - Só JESUS que não.
Israel no meio de Canaã. Canaã teve sua escolha. Seguir Israel
sabendo que tinham um DEUS poderoso que fazia milagres (Raabe fez sua
escolha certa). Faraó teve sua escolha. Escolheu não deixar o povo
ir. Alguns egípcios fizerem a escolha certa e foram com os israelitas.
Tudo é questão de escolha e escolha é Livre Arbítrio.
Após pecar o homem condenado a juízo só tem pela frente dois
destinos.
Primeiro: Se permanecer como está, seu destino é o lago de fogo e
enxofre.
Segundo, Se arrepender de seu pecado e crer, pela fé, que JESUS morreu em seu
lugar, confessando JESUS como Salvador e Senhor, crendo que Ele ressuscitou,
será salvo. Romanos 10.9
Esta operação de Salvação é feita e conduzida pelo ESPÍRITO SANTO que convence
o homem do pecado, da justiça e do juízo.
E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. João
16:8
A salvação é totalmente dependente de DEUS e só acontece pela graça de DEUS.
Não tem o mérito humano.
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus. Efésios 2:8
JESUS fez tudo o que precisava ser feito para nos salvar - só precisamos crer
no que já está feito. O livre arbítrio foi usado para pecar. Todos usaram o
livre arbítrio para pecar - Só JESUS que não.
Livre arbítrio
Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição;
Deuteronômio 11:26 Dois caminhos são propostos - isso é livre arbítrio.
Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho
proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que
vivas, tu e a tua descendência, Deuteronômio 30:19 Dois caminhos são propostos
- isso é livre arbítrio. DEUS ainda orienta qual o melhor caminho a seguir.
A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor
Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. Romanos 10:9 - Este "se" é condicional. Grifo nosso.
E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens
também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Lucas 12:8
Condicional - isto é livre arbítrio - ninguém é obrigado a confessar.
Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante
de meu Pai, que está nos céus. Mateus 10:32 - Condicional - isto é livre arbítrio
- ninguém é obrigado a confessar.
Se dissermos que não temos pecado... Se confessarmos nossos
pecados.. (Pecados depois da salvação)
1.7 ANDARMOS NA LUZ. Isso significa crer na verdade de Deus,
conforme revelada na sua Palavra e esforçar-se sincera e continuamente por sua
graça, para cumpri-la por palavras e obras. "O sangue de Jesus Cristo, seu
filho, nos purifica de todo pecado", refere-se à obra contínua da
santificação dentro do crente, e à purificação contínua, pelo sangue de Cristo,
dos nossos pecados involuntários. É provável que aqui João não esteja pensando
nos pecados deliberados contra Deus, já que está falando em andar na luz. Essa
purificação contínua propicia a nossa íntima comunhão com Deus (ver o estudo A
SANTIFICAÇÃO)
1.8 SE DISSERMOS QUE NÃO TEMOS PECADO. João emprega o substantivo
"pecado" em vez da forma verbal "pecamos", para enfatizar o
pecado como um princípio imanente na natureza humana. (1) João está
provavelmente argumentando contra os que afirmam que o pecado não existe como
um princípio ou poder na natureza humana, ou contra os que afirmam que as más
ações que eles cometem não são realmente pecado. Essa heresia continua ainda
hoje entre os que negam a realidade do pecado e que interpretam a iniquidade em
termos de causas deterministas, psicológicas ou sociais (ver Rm 6.1nota;
7.9-11 nota). (2) Os crentes devem conscientizar-se de que a carne, ou a
natureza humana pecaminosa, é uma ameaça constante na sua vida, e que devem
sempre estar mortificando as suas más obras por meio do Espírito Santo que
neles habita (Rm 8.13; Gl 5.16-25 (refs2)).
1.9 CONFISSÃO DE PECADO. Devemos reconhecer os nossos pecados e buscar em Deus
o perdão e a purificação deles. Os dois resultados disso são (1) o perdão
divino e a reconciliação com Deus, e (2) a purificação (i.e., remoção) da culpa
e a destruição do poder do pecado, a fim de vivermos uma vida de santidade (Sl
32.1-5; Pv 28.13; Jr 31.34; Lc 15.18; Rm
6.2-14 (refs5)).
1.10 NÃO PECAMOS. Quem afirma que não peca, também não precisa da eficácia
salvífica da morte vicária de Cristo, e está fazendo Deus de mentiroso
(cf. Rm 3.23).
I - DEFININDO OS TERMOS
1. Pecado.
O termo “hamartiologia” deriva de dois vocábulos da língua grega, a
língua do Novo Testamento: hamartia e logos, os quais significam “estudo acerca
do pecado”. O termo é aplicável ao pecado, seja este considerado um ato, seja
considerado um estado ou uma condição. O sentido do termo é que o pecado é um
desvio do fim (ou propósito) estabelecido por DEUS para determinado fato ou
conduta humana.
A palavra “pecado” é sinônima de muitas outras usadas na Bíblia, as
quais indicam conceitos bíblicos distintos sobre o pecado. No Antigo Testamento
encontramos pelo menos NOVE palavras básicas que conceituam o pecado; no Novo
Testamento, temos, pelo menos, ONZE outras que descrevem as várias formas de
manifestações negativas relacionadas com o termo “pecado”.
As Escrituras ensinam que o pecado é real e pessoal; que se
originou na queda de Satanás, um ser pessoal, maligno e ativo; e que, através
da queda de Adão, propagou-se entre a humanidade, que fora criada boa por um
DEUS totalmente bom.
Há um termo genérico para designar o pecado com todos os seus
detalhes, chattath, e seu equivalente verbal chattá (pronuncia-se hatá, com
"h" aspirado), que literalmente significa "errar o alvo"
(Jz 20.16).
PECAR - dicionário Strong Português - חטא chata’
1) pecar, falhar, perder o rumo, errar, incorrer em culpa, perder o
direito, purificar da impureza
1a) (Qal)
1a1) errar
1a2) pecar, errar o alvo ou o caminho do correto e do dever
1a3) incorrer em culpa, sofrer penalidade pelo pecado, perder o direito
1b) (Piel)
1b1) sofrer a perda
1b2) fazer uma oferta pelo pecado
1b3) purificar do pecado
1b4) purificar da impureza
1c) (Hifil)
1c1) errar a marca
1c2) induzir ao pecado, fazer pecar
1c3) trazer à culpa ou condenação ou punição
1d) (Hitpael)
1d1) errar, perder-se, afastar do caminho
2. Os termos hebraicos awon e peshá. (e outros)
Temos no AT pelo menos 9 nomes dados aos pecados.
1- Hamartia
- Hattat *(chattath - Lê-se hatá). Este
vocábulo, que aparece 522 vezes nas páginas veterotestamentárias, e seu termo
correlato no Novo Testamento — sugerem a idéia de “errar o alvo” ou “desviar-se
do rumo”, como o arqueiro antigo que atirava as suas flechas e errava o alvo.
Porém, o termo também sugere alguém que erra o alvo propositadamente; ou seja,
que atinge outro alvo intencionalmente.
Não se trata de uma idéia passiva de erro, mas implica uma ação
proposital. Significa que cada ser humano tem da parte de DEUS um alvo definido
diante de si para alcançá-lo. O termo em apreço denota tanto a disposição de
pecar como o ato resultante dela. Em síntese, o homem não foi criado para o
pecado; se pecou, foi por seu livre-arbítrio, sua livre escolha (Lv
16.21; Sm 1.1; 51.4; 103.10; Is 1. 18; Dn
9.16; Os 12.8).
2- Pesha. O sentido tradicional dessa palavra é “transgredir”,
“rebelar”, "revoltar-se”. Porém, uma variante forte para defini-la implica
o ato de invadir, de ir além, de rebelar-se. O termo aponta para alguém que foi
além dos limites estabelecidos (Gn 31. 36; I Rs 12.19; 2 Rs 3.5; 1 Sm
5.1-12; Is 1.2; Am 4.4).
TRANSGRESSÃO - Strong Português - פשע pesha
Ì - Pesha.
1) transgressão, rebelião
1a1) transgressão (contra indivíduos)
1a2) transgressão (nação contra nação)
1a3) transgressão (contra DEUS)
1a3a) em geral
1a3b) reconhecida pelo pecador
1a3c) como DEUS lida com ela
1a3d) como DEUS perdoa
1a4) culpa de transgressão
1a5) castigo por transgressão
1a6) oferta por transgressão
3- Raa. רע ra Ì - 1) ruim, mau 2) mal,
aflição, miséria, ferida, calamidade 3) mal, miséria, aflição, ferida -
Outra palavra hebraica que tem seu equivalente no grego — como kakos ou poneros
— e traz a idéia básica de romper, quebrar; “aquilo que causa dano, dor ou
tristeza”. E um tipo de pecado deliberado, malicioso, planejado, que provoca e
enfurece. Dá a idéia de “ser mau” (Gn 8.21; Ex 33.4; Jr
11.11; Mq 2.1-3). Indica também algo injurioso e moralmente errado. São os
pecados expressos por violência (Gn 3.5; 38.7; Jz 11.27).
O profeta Isaías profetizou que DEUS criou a luz e as trevas, a paz
e o raa Is 4.57. E o mal em forma de calamidade, ruína, miséria, aflição,
infortúnio. DEUS não tem culpa do mal existente, porque, na verdade, a
responsabilidade pelos pecados cometidos recai, à luz da Bíblia, sobre a
criatura rebelde, transgressora e incriminada, e não sobre o Criador.
4- Rama quer dizer “enganar”; dá a idéia de prender numa armadilha,
num laço. Implica, portanto, um tipo de pecado em forma de cilada para outrem
cair. E uma forma de enganar e agir traiçoeiramente (SI 32.2; 34.13;
55.11; Jó 13.7; Is 53.9).
5- Pata. E um termo que dá a idéia de seduzir. O sentido literal da
palavra é “ser aberto” ou “abrir espaço” para o pecado ter livre curso. No
Èden, Adão e Eva se deixaram seduzir pelo engano do pecado e pelo pai do pecado
(Satanás), personificado numa serpente (Gn 3.4-7).
6- Shagag. O sentido aqui é “errar” ou “extraviar-se”, como uma
ovelha ou um bêbado (Is 28.7). E um tipo de erro pelo qual o transgressor
torna-se responsável, ante a lei divina que condena o seu erro — pecado (Lv
4.2; Nm 15.22).
7- Rasha. Esta palavra aparece especialmente nos Salmos, com a
idéia de impiedade ou perversidade. O sentido metafórico é o pecado em oposição
à justiça (Êx 2.13; SI 9; SI 16; Pv 15.9; Ez 18.23).
8- Ta a. Este vocábulo se refere ao ato de extravio deliberado. Não
se trata de algo acidental, e sim algo que uma pessoa comete sem perceber o
fruto negativo gerado pelos seus atos pecaminosos (Nm 15.22; Sl
58.3; 119.21; Is 53.6; Ez 44.10,15).
9- Awon ("iniquidade"), proveniente da ideia de ser
“torto” ou "pervertido", refere-se a pecados graves e muitas veres
forma um paralelo com chatta'th (Is 43.24). O verbo 'avar fala em ir além de
uma fronteira e, portanto (metaforicamente), da transgressão (Nm 14.41; Dt
17.2). Resha' pode referir-se a coisa errada (Pv 11.10) ou à injustiça (Pv
28.3,4).
INIQUIDADE - Strong Português - עון Ìavon
ou עוון Ìavown (2Rs 7.9; Sl 51.5)
1) perversidade, depravação, iniquidade, culpa ou punição por iniquidade
1a) iniquidade
1b) culpa de iniquidade, culpa (como grande), culpa (referindo-se a condição)
1c) consequência ou punição por iniquidade
No Novo Testamento. No grego, a palavra “pecado” também tem vários
sentidos, e alguns são correlatos com os termos hebraicos
1- Hamartia. Já citada em correlação com kattaa (hb.), seu sentido
é “errar o alvo”, “perder o rumo”, “fracassar”. Indica que o primeiro homem, no
princípio, perdeu o rumo de sua vida e fracassou em não atingir o padrão divino
estabelecido para a sua vida. No Novo Testamento, os escritores usaram o termo
hamartia para designar o pecado. Ainda que o sentido equivalente no Antigo
Testamento seja o de “errar o alvo”, nas páginas neotestamentárias a palavra em
apreço tem uma abrangência bem maior — possui um sentido mais forte que a idéia
de fracasso ou transgressão. Ela tem o sentido de “poder de engano do pecado”
(Rm 5.12; Hb 3.13); é mais que um fracasso. Trata-se de uma condição
responsável ou uma característica que implica culpabilidade.
2- Kakia. No grego, relaciona-se com perversidade ou depravação,
como algo oposto à virtude. E um termo que descreve o caráter e a disposição
interiores, e não apenas os atos exteriores. Dele deriva-se outra palavra,
kakos, cujo sentido transcende a mal-estar físico ou doenças (Mc 1.32; Mt
21.41; 24.48; At 9.13; Rm 12.17;13,3,4,10; 16.19; I Tm
6.10).
3- Adíkía. Denota injustiça, falta de integridade; como alguém que
abandona o caminho original. Em sentido amplo, esse termo refere-se a qualquer
conduta errada e significa, ainda, “agravo”, “ofensa feita a alguém” (2 Co
12.13; Hb 8.12; Rm 1.18; 9.14). O texto de Romanos
1.18 descreve a injustiça como inimizade para com a verdade. Em I
João 5.17, o apóstolo João afirma que toda iniquidade (gr. adikia) é pecado
(gr. hamartia).
4- Anomia ou anomos. Denotam ilegalidade; tais palavras são
traduzidas freqüentemente como “iniquidade” ou “transgressão”. Porém, o sentido
literal de anomia é “sem lei”. Quem transgride a lei de DEUS pratica a iniquidade
(Mt 13.41; 24.12; I Tm 1.9). O Anticristo é anomos— “o míquo” (2Ts
2.8).
5- Apistia. Deriva de pistis — “crer”, “confiar” — e significa
“infidelidade”, “falta de fé” ou algum tipo de resistência ou vergonha (Hb
3.12; I Tm I.13). Em I Timóteo 1.13 está escrito: “... alcancei
misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade [gr. apistia]”.
6- Asebeia. Usado por Paulo nas epístolas com o sentido de
impiedade (Rm 1.18; 11.26; 2Tm 2.16;Tt 2.12; Jd vv.I5,I8). Portanto,
a impiedade ou a irreverência são a base da asebeia.
7- Aselgeia. Denota relaxamento, licenciosidade ou mesmo
sensualidade. Em Judas v.4 encontramos dois termos que explicam essas palavras:
“... homens ímpios [asebeis] que convertem em dissolução [aselgeian,
‘libertinagem’] a graça de DEUS”. Esse termo descreve, pois, uma entrega sem
restrições à prática do pecado. Os especialistas o descrevem como algo maldito
que domina uma pessoa e a torna impudica de tal modo que perde totalmente o
senso de vergonha e, por isso, faz qualquer coisa degradante sem ocultar seu
pecado.
O termo em análise significa, por conseguinte, “a pura e autossatisfação
sem o menor pudor”, haja vista o desejo pelos prazeres tornar a sua vítima
despudorada, sem restrições. As chamadas taras sexuais, a embriaguez e outras
manifestações são típicas de aselgeia. Sem dúvidas, trata-se de uma das
palavras mais repulsivas do Novo Testamento (Mt 7.22; 2 Co 12.21; G1
5.19; Ef 4.19; I Pe 4.3; Jd v.4; Rm 13.13; 2 Pe 2.2,7,18).
A versão ARC traduz o termo por “libertinagem”, enquanto a ARA prefere
“dissolução”.
8- Epitkymía. Significa “desejo”. Porém, é o contexto da palavra
encontrada no Novo Testamento que pode indicar o caráter moral do desejo, se é
bom ou mau. Coisas, como: motivo, intenção, direção e relação, revelarão o
caráter moral de epithymia (Mc 4.19; Lc 22.15; Fp 1.23; I Ts
2.17). De modo geral, o vocábulo quase sempre se identifica com algo negativo e
pecaminoso. Daí o significado poderá indicar “desejo incontinente”, normalmente
traduzido como “concupiscência”, “paixão impura” (G1 5.24; Cl 3.5; I
Ts 4.5;Tg I.I4; 2 Pe 2.10).
9- Parabasis. Aparece nas páginas neotestamentárias umas oito
vezes. O significado primário do termo é “transgressão”, que dá a idéia de
alguém que não respeita as leis, passando dos limites estabelecidos. Emprega-se
esse vocábulo com o sentido de “desvio”, “violação” e “transgressão”. No texto
de Romanos 5.14, Paulo faz uma relação entre hamartia e parabasis, ao
afirmar: “No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles
que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão”.
O apóstolo Paulo não está dizendo que os que pecaram desde Adão até
Moisés estão livres de culpa, e sim que aquelas gerações, não tendo a lei de
Moisés, seu pecado era tão real quanto ao dos que tinham a lei. Em I
Timóteo 2.14 está escrito que Eva caiu em transgressão (parabasis), ao ser
enganada, porque ela foi rebelde contra a ordem divina. Não se tratava de
reduzir a culpa de Eva, e sim reconhecer que ela podia ter evitado o pecado de
desobediência.
10- Paraptoma. Deriva de parapipto e significa “decair ao lado de”,
“perder o caminho”, “fracassar”. De modo geral, significa “lapso moral” ou “uma
ofensa pela qual a pessoa é responsável”. Vários textos exemplificam o
termo paraptoma (Mt 6.14; Rm 5.15-20; 2 Co 5.19; G1 6.19; Ef
2.I;Tg 5.16).
11- Planao. Tem um sentido subjetivo de pecado porque se refere
àquele que se desgarra culposamente. A palavra “desgarrar” relaciona-se com a
ovelha que foge do aprisco (I Pe 2.25); também significa levar, por meio do
engano, outras pessoas ao mau caminho (Mt 24.5,6; I Jo 1.8).
3. O que é pecado?
John Wesley, pai do metodismo, definiu o pecado como uma
transgressão voluntária de uma lei conhecida. Um outro famoso teólogo da época
ressaltou a natureza dupla do pecado ao declarar que “a idéia primária
designada pelo termo pecado nas Escrituras é a falta de conformidade com a lei,
uma transgressão da lei; o fazer algo proibido, o deixar de fazer aquilo que é
requerido”.
Augustus Hopkins Strong, eminente professor de teologia nos Estados
Unidos, escreveu sobre a doutrina do Pecado em sua Teologia Sistemática de
1886, que “pecado é a falta de conformidade com a lei moral de DEUS quer em
ato, disposição ou estado”.
W.T. Conner, em Doctrína Cristiana, ao falar da natureza do pecado
escreveu: “... definimos o pecado como a rebelião contra a vontade de DEUS”; “o
pecado, como algo voluntário, implica conhecimento. Se o homem peca
voluntariamente, então seu pecado é contra a luz”. Paulo esclareceu que
todo ser humano tem um certo grau de conhecimento da lei moral de DEUS e, por
isso, “não há um justo, nenhum sequer” (Rm 3.10).
Charles Hodge escreveu que “o pecado é falta de conformidade com a
lei de DEUS” e “inclui culpa e contaminação; a primeira expressa sua relação
com a justiça; a segunda, sua relação com a santidade de DEUS”.
Outras definições de pecado. E um ato livre e voluntário do ser
humano, tendo em vista que ele é um ser moral e, por isso, capaz de perceber o
certo e o errado. O homem é um agente moral livre para decidir o que fazer da
sua vida, o qual deve seriamente considerar Eclesiastes 11.9.
O pecado é um tipo de mal. Nem todo mal é pecado. Existem males
físicos resultantes da entrada do pecado no mundo. Na esfera física temos um
tipo de mal manifesto nas doenças e enfermidades. Entretanto, na esfera ética,
o mal tem sentido moral. Nesta esfera moral atua o pecado. Os vários termos
hebraicos e gregos das línguas originais da Bíblia, quando falam do pecado
apontam para o sentido ético, porque falam da prática do pecado, ou seja, dos
atos pecaminosos.
O pecado é, de fato, uma ativa oposição a DEUS, uma transgressão
das suas leis, que o homem, por escolha própria (livre), resolveu cometer
conforme relata a Bíblia (Gn 3.1-6; Is 48.8; Rm 1.18-32; I Jo
3.4).
Louis Berkhof ensina que o pecado tem caráter absoluto. Sem
dúvida, seu conceito está correto e é bíblico. Não se faz distinção ou
graduação entre o bem e o mal, porque o caráter é qualitativo. Uma pessoa boa
não se torna má por uma diminuição de sua bondade, mas quando se deixa envolver
com o pecado. È uma questão de qualidade, e não de quantidade.
O pecado não implica um grau menor de bondade, mas algo negativo e
absoluto. Biblicamente, não há neutralidade nem meio termo quanto ao bem ou ao
mal. O que é mal não é mais ou menos mal. Ou se está do lado justo e certo ou
se está do lado injusto e errado (Mt 10.32,33; 12.30; Lc II.23;Tg 2.10).
Não se trata de pecado apenas porque se praticou algum ato
pecaminoso. “O pecado não consiste apenas em atos manifestos”. O pecado
não é somente aquilo que se pratica erradamente, mas é algo entranhado na
natureza pecaminosa adquirida da raça humana. E um estado pecaminoso que
origina hábitos pecaminosos os quais se manifestam na vida cotidiana.
Todas as tendências e propensões pecaminosas típicas da natureza
corrompida de cada um de nós demonstram o estado pecaminoso do ser humano. A
esse estado decaído, a Bíblia denomina “carne”, o qual precisa ser superado
pela nova vida em CRISTO, a vida regenerada pelo ESPÍRITO (2 Co 5.17; Jo
3.5).
O Novo Testamento descreve o pecado como:
(a) Errar o alvo, que expressa a mesma idéia que a
conhecida palavra do Antigo Testamento.
(b) Dívida. (Mat. 6:12.) O homem deve (a palavra "deve"
vem de dívida) a DEUS a guarda dos seus mandamentos; todo pecado
cometido é contração de uma dívida. Incapaz de pagá-la, a única esperança
do homem é ser perdoado, ou obter remissão da dívida.
(c) Desordem. "O pecado é iniquidade"
(literalmente "desordem", 1 João 3:4). O pecador é um
rebelde e um idólatra porque deliberadamente quebra um mandamento, ao
escolher sua própria vontade em vez de escolher a vontade de DEUS; pior
ainda, está se convertendo em lei para si mesmo e, dessa maneira,
fazendo do eu uma divindade. O pecado começou no coração
daquele exaltado anjo que disse: "Eu farei", em oposição à
vontade de DEUS. (Isa. 14:13, 14). O anticristo é proeminentemente
"o sem-lei" (tradução literal de "iníquo"), porque se
exalta a si mesmo sobre tudo que é adorado ou que é chamado DEUS. (2 Tess.
2:4-9.) O pecado é essencialmente obstinação e obstinação é essencialmente
pecado. O pecado destronaria a DEUS; o pecado assassinaria DEUS. Na Cruz
do Filho de DEUS, poderiam ter sido escritas estas palavras: "O
pecado fez isto!"
(d) Desobediência, literalmente, "ouvir mal"; ouvir com
falta de atenção. (Heb. 2:2.) "Vede pois como ouvis" (Luc.
8:18.)
(e) Transgressão, literalmente, "ir além do limite" (Rom.
4:15). Os mandamentos de DEUS são cercas, por assim dizer, que impedem ao
homem entrar em território perigoso e dessa maneira sofrer prejuízo para
sua alma.
(f) Queda, ou falta, ou cair para um lado (Efés. 1:7) no
grego, donde a conhecida expressão, cair no pecado. Pecar é cair de
um padrão de conduta.
(g) Derrota é o significado literal da palavra "queda"
em Rom. 11:12. Ao rejeitar a CRISTO, a nação judaica sofreu uma
derrota e perdeu o propósito de DEUS.
(h) Impiedade, de uma palavra que significa "sem adoração,
ou reverência". (Rom. 1:18; 2 Tim. 2:16.) O homem ímpio é o que
dá pouca ou nenhuma importância a DEUS e às coisas sagradas. Estas não produzem
nele nenhum sentimento de temor e reverência. Ele está sem DEUS porque não
quer saber de DEUS.
(i) O erro (Heb. 9:7) Descreve aqueles pecados cometidos como fruto
da ignorância, e dessa maneira se diferenciam daqueles pecados cometidos
presunçosamente, apesar da luz esclarecedora. O homem que desafiadoramente
decide fazer o mal, incorre em maior grau de culpa do que aquele que é
apanhado em falta, a que foi levado por sua debilidade.
II - ORIGEM DO PECADO
1. O pecado no céu.
A ORIGEM DO PECADO NO UNIVERSO
A primeira manifestação foi na esfera angelical. Os teólogos
divergem quanto ao fato de que a primeira manifestação de pecado tenha começado
no céu. Sendo DEUS o Criador de todas as coisas, não podemos atribuir a Ele a
autoria do pecado. Toda a Bíblia rejeita essa idéia quando diz: “Longe de DEUS
a impiedade, e do Todo-poderoso, a perversidade” (Jó 34.10).
Em outra passagem está escrito que não há injustiça nEle (Dt 32.4;
SI 92.15). Tiago, no Novo Testamento, disse que o Senhor não pode ser tentado
pelo mal (Tg I.13). Por isso, é blasfêmia considerar DEUS como autor do pecado.
Ora, duas passagens bíblicas que melhor ilustram a origem do pecado no Céu são
metafóricas (Is 14.12-20; Ez 28.12-19); daí a dificuldade na compreensão
desses textos pelos intérpretes. Do ponto de vista pentecostal esses textos
falam do pecado iniciado entre os anjos e pelo principal deles, Lúcifer.
Leituras que nos dão a ideia de que Lúcifer se revoltou contra DEUS
e se tornou Satanás, o Diabo.
Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste
cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu
subirei ao céu, acima das estrelas de DEUS exaltarei o meu trono, e no monte da
congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das
nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao inferno, ao
mais profundo do abismo. Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e
dirão: É este o homem que fazia estremecer a terra e que fazia tremer os
reinos? Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades? Que não
abria a casa de seus cativos? Todos os reis das nações, todos eles, jazem com
honra, cada um na sua morada. Porém tu és lançado da tua sepultura, como um
renovo abominável, como as vestes dos que foram mortos atravessados à espada,
como os que descem ao covil de pedras, como um cadáver pisado. Com eles não te
reunirás na sepultura; porque destruíste a tua terra e mataste o teu povo; a
descendência dos malignos não será jamais nomeada. Isaías 14:12-20.
Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e
dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria
e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de DEUS; de toda a pedra
preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix,
jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e
os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras o
querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de DEUS estavas,
no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o
dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do
teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te
lancei, profanado, do monte de DEUS, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do
meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura,
corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei,
diante dos reis te pus, para que olhem para ti. Pela multidão das tuas iniquidades,
pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz
sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra,
aos olhos de todos os que te vêem. Todos os que te conhecem entre os povos
estão espantados de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais subsistirá.
Ezequiel 28:12-19
Observação do Pr.Henrique:
Satanás também é identificado por JESUS como aquele que entrou na
terra por outra porta que não foi o nascimento físico, através de uma mulher.
1 Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela
porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. 10
O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham
vida, e a tenham com abundância. João 10:1,10.
JESUS fala acerca do Diabo dizendo ser ele homicida desde o
princípio (Jo 8.44).
O apóstolo João diz que o Diabo peca desde o princípio (1 Jo
3.8).
Anjos que se tornaram demônios
As Escrituras parecem indicar que, em algum momento entre Gênesis
1.31 e Gênesis 3.1, houve uma rebelião no mundo angélico, no qual muitos anjos
bons se voltaram contra DEUS e se tornaram maus. O teólogo italiano Tomás de
Aquino (1225-1274) ensinou que uma vez que os anjos não têm natureza carnal
pecaminosa o pecado deles foi espiritual. Eles foram seduzidos pelo diabo, que
os envolveu com o orgulho e a inveja contra DEUS. Os anjos pecaram
voluntariamente (Tomás de Aquino, “Suma Contra os Gentios”, 63:1-9). Alguns
fazem alusão ao texto de Judas 6 para apoiar esse ponto de vista quanto à queda
dos anjos. As táticas de Satanás e dos demônios são a mentira, o engano, o
homicídio e toda sorte de malignidade. Fazem isso para afastar as pessoas de
DEUS e levá-las à destruição (Jo 8.44; Ap 12.9; Sl 106.37). Mas, assim como
Satanás e suas hostes foram expulsos do céu, também seu domínio e ação serão
extirpados totalmente da face da terra (1 Jo 3.8; Lc 9.1, 10.19; At 16.18; Rm
16.20; Ap 20.10). (http://www.cacp.org.br/o-que-levou-a-terca-parte-dos-anjos-seguir-a-lucifer).
E houve batalha no Céu; Miguel e seus anjos batalhavam contra o
dragão, e batalhava o dragão e seus anjos; mas não prevaleceram, nem mais o seu
lugar se achou nos Céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente,
chamada o diabo e Satanás, que engana a todo o mundo; ele foi precipitado na
Terra, e seus anjos foram lançados com ele”. (Apocalipse 12:7 - 9).
E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua
própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo
daquele grande dia; (Judas 1.6).
Porque, se DEUS não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os
lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados
para o juízo; (2 Pedro 2:4).
Os textos acima mencionados são tidos como relacionados à queda de
Lúcifer e o começo do pecado no Universo. O primeiro (Isaías) refere-se ao rei
caído da Babilônia, cujo orgulho tornou-o soberbo; por isso, ele não pôde
subsistir, com tirania e orgulho, ante o DEUS Vivo. Diz o texto que esse rei
era elevado e importante, mas por seu orgulho foi cortado como uma árvore.
Segundo, a linguagem metafórica, o texto sugere o relato a história
da queda de Lúcifer, denominado “estrela da manhã”, o qual, por sua rebelião
foi expulso da presença de DEUS. O segundo texto (Ezequiel) apresenta um
lamento sobre o rei de Tiro, mas a linguagem figurada ilustra a queda de
Satanás.
O registro bíblico da origem do pecado prossegue noutras
referências que tratam do assunto. O que fica claro é que o pecado foi
originado por Satanás. Ele pecou antes de Adão e Eva quando se apresentou na
forma de uma serpente para tentar Eva (Gn 3.1-6; 2 Co 11.3). JESUS
declarou que Satanás é homicida “desde o princípio” (Jo 8.44; I Jo 3.8). A
expressão “desde o princípio” não quer dizer que este ser angélico foi sempre
mau. Seu primeiro estado era de santidade. A expressão “desde o princípio”
indica no contexto da história da criação que Ele se fez opositor do DEUS trino
desde o início da criação do mundo.
Entretanto, antes da criação do Universo material, os anjos já
haviam sido criados. Mesmo considerando as nossas dificuldades para entendermos
plenamente a origem do pecado no céu, sabemos que DEUS conhece todas as coisas
e “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1. 11).
O pecado entrou na vida da humanidade através de Adão e Eva (Gn
3.1-19). Como isso aconteceu? A história bíblica descreve como o pecado
tomou-se uma realidade na vida da humanidade quando uma criatura extraordinária
e espiritual se materializou numa “serpente” (Gn 3.1-7) para enganar as mais
belas criaturas da terra, o homem e a mulher. Essa criatura é denominada em
outras passagens como “a antiga serpente”, o “Diabo” e “Satanás” (Ap
12.9; 20.2). Foi essa criatura que pecou desde o princípio e se tomou inimiga
da criação de DEUS e originou a catástrofe cósmica.
Pela soberana e sábia vontade de DEUS permitiu-se que no Eden, o
jardim idílico criado por DEUS para que Adão e Eva vivessem felizes, Satanás
penetrasse para tentá-los com astúcia e engano. A história da criação da
criatura humana relata que Adão e Eva foram criados “bons” e colocados no Eden
para desfrutarem de todas as benesses daquele jardim e manter comunhão com seu
Criador (Gn 1.26—2.25). Por serem criaturas, humanas e finitas, estavam
sujeitas a pecar.
DEUS, então, estabeleceu para eles uma regra para não comerem de
uma árvore denominada “árvore do conhecimento do bem e do mal”, mas Eva se
deixou enganar pela insinuação diabólica da serpente e tomou do fruto, comeu e
o deu ao seu marido (Gn 3.6). Duvidaram da veracidade da palavra de DEUS e
acataram as insinuações do Inimigo. Daí desobediência, egotismo, rebeldia,
pecado, queda e suas consequências, que se transmitiram à toda posteridade de
Adão.
O pecado de Adão foi um ato pessoal. Já consideramos o fato de que
o pecado é um estado da vontade e que esse estado egoísta da vontade é
universal. Uma vez que o homem preferiu obedecer ao seu “eu”, pervertendo sua
própria vontade, também, tornou-se responsável pelas consequências de sua
transgressão.
Ele adquiriu uma natureza corrompida e afetou universalmente toda
criatura na terra. Seus atos pecaminosos e suas disposições são frutos de seu
estado corrupto inato. JESUS explicou muito bem esse ponto quando disse: “...
não há árvore boa que dê mau fruto... o homem mau, do mau tesouro do seu
coração tira o mal” (Lc 6.43-45; Mt 12.34).
Tentação e Queda não são coisas míticas ou alegóricas. Tem havido a
tentativa de pseudo-teólogos tornarem o relato escriturístico da tentação e a
Queda como algo alegórico. Não há qualquer linguagem figurada em Gênesis
3 que negue o fato histórico relatado naquela passagem. No desenrolar da
tentação Satanás apelou aos apetites que poderiam dar a Eva o prazer de fazer
sua própria vontade em desobediência do Criador. Satanás apelou aos sentidos
egoísticos de Eva e ela deu ouvidos ao tentador em vez de rejeitar e expulsar o
tentador que visava levá-la a desobedecer a DEUS (Gn 3.1-3).
Satanás levou o casal a duvidar da veracidade de DEUS insinuando
que o Criador estaria tirando deles o direito de conhecer coisas mais sublimes.
Adão e Eva, então, pecaram e deixaram que seus corações fossem corrompidos e
afetasse seus apetites naturais. Diz o relato bíblico que sua disposição
interior se manifestou em atos. O texto diz, literalmente: “... ela tomou do
seu fruto, e comeu, e deu também ao seu marido, e ele comeu com ela” (Gn 3.6).
O homem seguiu a indução do seu coração e fez a escolha do seu “eu”
em desacordo com DEUS. Portanto, o pecado surgiu de dentro do homem, do seu
interior, e ele transgrediu a lei do Senhor (Tg I.I5).
2. O pecado no Éden.
O PECADO ORIGINAL E SUA AFETAÇÃO
Distinção entre pecado original e culpa original. Na língua latina
usa-se a expressão peccatum originale, que se traduz literalmente por “pecado
original”. Para entendermos o assunto precisamos fazer distinção entre pecado
original e culpa original.
a- Por pecado original entendemos que se trata do pecado herdado de
nossos primeiros pais, Adão e Eva, o qual passou a toda criatura humana.
b- A culpa não é herdada, e sim imputada a cada criatura. A
expressão “pecado original” não se encontra na Bíblia de forma literal, mas a
sua manifestação está implícita na história da Queda; por isso, o pecado
original está na vida de todo ser humano desde o seu nascimento. Outrossim,
precisamos esclarecer que a expressão “pecado original” nada tem que ver com a
constituição original do homem, haja vista DEUS não o ter criado pecador.
Toda criatura humana é culpada em Adão e consequentemente tem sua
natureza corrompida desde o nascimento (SI 51.5; 58.3).
Pecados veniais e pecados mortais. A igreja romana ensina e faz
distinção entre pecados veniais e mortais. Ao mesmo tempo, ela tem dificuldades
em distinguir esses pecados. Tal distinção não é bíblica, visto que todo pecado
é anomia diante de DEUS — termo grego que significa “falta de retidão”, “falta
de obediência à lei”.
O Antigo Testamento faz distinção entre os pecados cometidos
intencionalmente e os praticados por ignorância. Se cometido intencionalmente
ou por ignorância, o pecado não deixará de ser pecado, porque é um fato e torna
a pessoa culpada diante de DEUS (Gl 6.1; Ef 4.18; I Tm I.I3; 5.24). No
Novo Testamento, o apóstolo Paulo deixou clara a idéia de que o grau do pecado
é determinado pelo grau de conhecimento (luz) que o pecador possua (Rm LI8-32).
3. A universalidade do pecado.
Pelágio, teólogo inglês, renegava a idéia do pecado original porque
entendia que os homens que nascem no mundo, desde a Queda, vivem no mesmo
estado em que Adão foi criado e que o pecado deste prejudicou apenas a ele
próprio. Por isso, essa teoria rejeita a ideia da hereditariedade do pecado
sobre toda a raça humana.
Pelágio ensinava que Adão morreu pela constituição de sua natureza,
tivesse ele pecado ou não. Entretanto, o ensino claro da Bíblia a esse respeito
não deixa dúvida de que a culpa original refere-se àquela recebida por Adão e
Eva após terem pecado contra a lei de DEUS.
o viver em pecado consiste então, em viver uma vida centralizada no
“eu” e significa o fazer a própria vontade como a da vida. Neste sentido o
homem merece receber a punição do seu pecado ( Rm 5.12).
A culpa legal O aspecto legal da culpa perante DEUS diz respeito ao
fato de que quando Adão e Eva cometeram o pecado contra a ordem divina,
tornaram-se legalmente culpados e dignos da pena estabelecida por DEUS. O
Criador havia lhes dito que um só ato de desobediência à sua palavra implicaria
na pena de morte (Gn 2.17). O apóstolo Paulo entendeu essa questão doutrinária
e declarou que “o juízo veio de uma só ofensa, para condenação” (Rm 5.16).
Portanto, por um só ato pecaminoso contra DEUS, Adão tomou-se
incapaz de permanecer na presença santa de DEUS. Essa ofensa de Adão tornou-se
a culpa de toda sua descendência, de toda a raça humana. Perante DEUS,
legalmente, todos são culpados, “porque todos pecaram e destituídos estão da
glória de DEUS” (Rm 3.23).
Isso significa que em Adão todos participaram da sua transgressão.
A expressão “estão destituídos da glória de DEUS” indica a necessidade de
recuperação do primeiro estado de glória de Adão antes da Queda. Significa a
recuperação daquela realeza moral e espiritual que o homem tinha, isto é, a
imagem e semelhança de DEUS, deformada pelo pecado. Foi o segundo Adão, JESUS
CRISTO, quem veio a este mundo para recuperar a glória perdida do homem (Rm
3.24-26).
A culpa não significa mera propensão ao castigo. Isso significa que
a culpa incorre mediante a transgressão do pecador. Não há na justiça de DEUS o
conceito de culpa construtiva, porque o pecador é culpado por aquilo que tem
praticado. Somos culpados do pecado, tanto em relação a culpa original de
nossos primeiros
pais quanto pelos pecados que cometemos hoje. Devemos entender que
somos culpados pela natureza pecaminosa herdada de Adão e Eva. Esse é o aspecto
coletivo que abrange todos os homens. Porém, cada um de nós é individualmente
responsável pelos seus próprios pecados.
A HEREDITARIEDADE DO PECADO
Como um ato de pecado individual afetou a todos? A Bíblia tem a
resposta cabal desta questão. Paulo, em Romanos disse “que todos pecaram” (Rm
3.23) e dá a idéia de que todos os seres humanos participaram da transgressão
de Adão; e, como indivíduos, tornaram-se pecadores. Ele explica os efeitos do
pecado de Adão: “Portanto, por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado
a morte, assim também a morte passou a todos os homens” (Rm 5.12).
Paulo não estava falando de pecados factuais, do dia a dia, mas da
herança do pecado. A morte, como punição do pecado, tem um caráter universal,
porque “a morte passou a todos os homens”. Por causa do pecado de Adão, todos
os seus descendentes tomaram-se pecadores e culpados. Porém, DEUS providenciou
a nossa expiação — nas palavras de Paulo — outra vez: “Mas CRISTO morreu por
nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8).
Portanto, o pecado é hereditário. A sua universalidade deve-se à
corrupção da natureza humana. E a Palavra de DEUS afirma que o primeiro homem
violou a vontade expressa de DEUS, e, por consequência, toda a vida humana se
corrompeu. Inevitavelmente, quando o homem se depara com a idade da consciência
moral, está tão identificado com os maus impulsos existentes dentro de si que
precisará esforçar-se para manter o equilíbrio moral e espiritual de sua vida.
Não se trata meramente de um impulso momentâneo da sua vontade, mas
é algo implícito na sua natureza pecaminosa, que é sinistro e obscuro. A
tendência má que se revela numa criança se percebe na semente dessa tendência
má. Nesse sentido, toda criança é pecadora, conquanto não tenha culpa pessoal.
Não podemos cobrar responsabilidade pessoal de uma criança recém-nascida.
A Bíblia e a consciência moral dão testemunho da responsabilidade
que temos de nossa vida, apesar da natureza que temos herdado. Na verdade, a
herança do pecado se constituí numa condição de vida, para a qual precisamos da
graça salvadora de CRISTO para dominá-la. Por isso, mesmo como pecadores
regenerados pelo ESPÍRITO SANTO precisamos negar-nos a nós mesmos, tomar a
nossa cruz e sermos crucificados com CRISTO (G1 2.20).
Todo ser humano nasce com uma natureza corrompida. Todos os atos
pecaminosos das pessoas são frutos de sua natureza pecaminosa. Ora, o que se
entende por natureza
no contexto desse estudo? Ê aquilo que é inato em cada pessoa, isto
é, nasce com ela. JESUS, disse, certa feita aos seus discípulos que “não há
árvore boa que dê mau fruto... o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira
o mal” (Lc 6.43-45).
Portanto, não há criatura humana neste mundo que não tenha nascido
com uma “natureza corrompida”. E algo que faz parte do seu ser e é subjacente à
sua própria consciência. Por isso, toda criatura constitui-se pecadora diante
de DEUS, visto que o pecado em si é herança comum de todas as criaturas sobre a
terra.
O salmista Davi declarou que fora formado em iniquidade e concebido
em pecado (Sm 51.5). Na verdade, com isso, confessou não o pecado de sua mãe, e
sim o seu próprio pecado, e que esse estado — entendeu ele — vinha desde o
momento de sua concepção.
A natureza corrompida e congênita de toda criatura humana. O
apóstolo Paulo usou uma expressão forte em Efésios, a qual merece a nossa
apreciação: “éramos por natureza filhos da ira” (2.3). A expressão “filhos da
ira” denota o estado de condenação por causa da herança do pecado que todos
recebemos de nossos pais (Adão e Eva). Entende-se por “natureza” algo inato e
original distinto daquilo que se adquire posteriormente.15
Sem dúvida, o apóstolo coloca o texto no passado com o verbo
“éramos”, para indicar que, ao sermos regenerados pelo ESPÍRITO SANTO, fomos
agraciados pela graça de DEUS. A criança é despida de consciência moral, mas
congenitamente possui a natureza pecaminosa herdada. Por isso, a morte é a
penalidade global que afeta todas as pessoas e, inevitavelmente, afeta as
crianças, haja vista elas morrerem como todos os demais seres.
As crianças estão colocadas num estado de pecado e, por isso,
necessitam de regeneração e salvação através de JESUS CRISTO. Naturalmente,
elas são objeto de salvação pela graça de CRISTO, que as salva,
independentemente da consciência moral. Contudo, a condição dos adultos é
diferente da das crianças. O adulto precisa de fé pessoal para ser salvo, e a
Bíblia declara que CRISTO morreu por todos (2 Co 5.15).
No Juízo Final, as pessoas serão julgadas mediante o teste da
conduta pessoal, enquanto as crianças, mesmo tendo uma tendência para mal, são
incapazes de transgressão pessoal; por isso, cremos que elas estarão entre os
salvos (Mt 25.45,46).
Adão depois da Queda. Já dissemos anteriormente que Adão e Eva,
quando pecaram, perderam o direito do primeiro estado de santidade em que foram
criados e vieram a ser objeto de várias mudanças negativas transcendentais.
Paulo declarou que por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte” (Rm 5.12).
A pecaminosidade do homem está registrada em toda a extensão das
Escrituras (Gn 6.5; 1 Rs 8.46; Sl 53.3; 143.2; Pv
20.9; Ec 7.20; Is 53.6; 64.6; Rm 3.1-12,19,20,23;Gl
3.22; Tg 3; 1 Jo 1.8,10). De fato, a Bíblia mostra o pecado como uma
herança inevitável que o homem tem de administrar desde o seu nascimento, e que
está presente na natureza do homem e com ele continuará até a morte (Sl
5.5; Jó 14.4; Jo 3.6; Ef 2.3). Escrevendo aos Efésios, diz o
apóstolo Paulo que nós, os crentes, “éramos por natureza filhos da ira, como
também os demais” (Ef 2.3). o pecado, pois, é algo original, do qual todos
participam, e que os fazem culpados diante de DEUS. O pecado e a morte nivelam
os homens. A maior prova em favor da universalidade do pecado é que a própria
obra realizada por CRISTO na cruz, que no seu escopo apresenta-se como uma obra
de caráter universal, e como remédio único para a doença espiritual de toda a
humanidade.
III - A SOLUÇÃO PARA O PECADO
1. Nem tudo está perdido.
Veio JESUS CRISTO, da parte de DEUS; se fez carne e habitou entre
nós (Jo 1.14), assumindo a penalidade da lei, causada pela nossa culpa,
tomando-se o nosso substituto vicário, justificando o homem dos seus pecados
(Rm 4.24,25; 5.1,8). Adão cometeu o pecado e na qualidade de chefe federal
da raça humana; por ele foi imputada a todos os seus descendentes a culpa do
pecado. A Bíblia enfatiza este ensino quando declara que a morte é o castigo do
pecado, para todos os seus
descendentes (Rm 5.12-19; Ef 2.3; I Co 15.22).
A obra de CRISTO
CRISTO realizou muitas obras, porém a obra suprema que ele consumou
foi a de morrer pelos pecados do mundo. (Mat. 1:21; João 1:29.) Incluídas
nessa obra expiatória figuram a sua morte, ressurreição, e ascensão. Não
somente devia ele morrer por nós, mas também viver por nós. Não somente devia
ressuscitar por nós, mas também ascender para interceder por nós diante de
DEUS. (Rom. 8:34; 4:25; 5:10.)
Sua morte.
(a) Sua importância. O evento mais importante e a doutrina central
do Novo Testamento resumem-se nas seguintes palavras: "CRISTO morreu (o
evento) por nossos pecados (a doutrina)" (1 Cor. 15:3). A morte
expiatória de CRISTO é o fato que caracteriza a religião cristã. Martinho
Lutero declarou que a doutrina cristã distingue-se de qualquer outra, e
mui especialmente daquela que apenas parece ser cristã, pelo fato
de ser ela a doutrina da Cruz. Todas as batalhas da Reforma travaram-se em
torno da correta interpretação da Cruz. O ensino dos reformadores era este:
quem compreende perfeitamente a Cruz, compreende a CRISTO e a Bíblia! É
essa característica singular dos Evangelhos que faz do Cristianismo a
única religião; pois o grande problema da humanidade é o problema do
pecado, e a religião que apresenta uma perfeita provisão para o resgate do
poder e da culpa do pecado tem um propósito divino. JESUS é o autor da
"salvação eterna" (Heb. 5:9), isto é, da salvação final. Tudo quanto
a salvação possa significar é assegurado por ele.
(b) Seu significado. Havia certa relação verdadeira entre
o homem e seu Criador. Algo sucedeu que interrompeu essa relação. Não
somente está o homem distanciado de DEUS, tendo seu caráter manchado, mas
existe um obstáculo tão grande no caminho que o homem não pode removê-lo
pelos seus próprios esforços. Esse obstáculo é o pecado, ou melhor, a culpa. O
homem não pode remover esse obstáculo; a libertação terá que vir da parte
de DEUS. Para isso DEUS teria que tomar a iniciativa de salvar o homem. O
testemunho das Escrituras é este: que DEUS assim fez. Ele enviou seu Filho
do céu à terra para remover esse obstáculo e dessa maneira reconciliou os
homens com DEUS. Ao morrer por nossos pecados, JESUS removeu a barreira;
levou o que devíamos ter levado; realizou por nós o que estávamos
impossibilitados de fazer por nós mesmos; isso ele fez porque era
a vontade do Pai. Essa é a essência da expiação de CRISTO.
Condições da salvação.
Que significa a expressão condições da salvação? Significa o que
DEUS exige do homem a quem ele aceita por causa de CRISTO e a quem dispensa as
bênçãos do Evangelho da graça.
As Escrituras apresentam o arrependimento e a fé como condições da
salvação; o batismo nas águas é mencionado como símbolo exterior da fé interior
do convertido. (Mar. 16:16; Atos 22:
16; 16:31; 2:38; 3:19.)
Abandonar o pecado e buscar a DEUS são as condições e os
preparativos para a salvação. Estritamente falando, não há mérito nem no
arrependimento nem na fé; pois tudo quanto é necessário para a salvação já foi
providenciado a favor do penitente. Pelo arrependimento o penitente remove os
obstáculos à recepção do dom; pela fé ele aceita o dom. Mas, embora sejam
obrigatórios o arrependimento e a fé, sendo mandamentos, é implícita a
influência ajudadora do ESPÍRITO SANTO. (Notem a expressão: "Deu DEUS o
arrependimento" Atos 11:18.)
A fonte da justificação: a graça.
Graça significa, primeiramente, favor, ou a disposição bondosa da
parte de DEUS. Alguém a definiu como a "bondade genuína e favor não
recompensados", ou "favor não merecido". Dessa forma a graça
nunca incorre em dívida. O que DEUS concede, concede-o como favor; nunca
podemos recompensá-lo ou pagar-lhe. A salvação é sempre apresentada como dom,
um favor não merecido, impossível de ser recompensado; é um benefício legítimo
de DEUS. (Rom. 6:23) O serviço cristão portanto, não é pagamento pela graça de
DEUS; serviço cristão é um meio que o crente aproveita para expressar sua
devoção e amor a DEUS. "Nós o amamos porque ele primeiramente nos
amou."
A graça é transação de DEUS com o homem, absolutamente independente
da questão de merecer ou não merecer. "Graça não é tratar a pessoa como
merece, nem tratá-la melhor do que merece", escreveu L. S. Chafer. "E
tratá-la graciosamente sem a mínima referência aos seus méritos. Graça é amor
infinito expressando-se em bondade infinita."
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de
vós, é dom de DEUS. Efésios 2:8
2. A provisão de DEUS.
Mas, vindo a plenitude dos tempos, DEUS enviou seu Filho, nascido
de mulher, nascido sob a lei, Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim
de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, DEUS enviou aos vossos
corações o ESPÍRITO de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Gálatas 4:4-6
Porque DEUS amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna. João 3:16
A questão do pecado encontra resposta e solução quando encontramos
na Bíblia a declaração de Paulo de que DEUS propôs JESUS CRISTO como
propiciação pelo seu sangue, para receber toda a carga da ira de DEUS contra o
pecado (Rm 3.25; 2 Co 5.21; Gl 3.13). Significa que a cruz foi o meio
pelo qual DEUS castiga o pecado. O próprio DEUS, perfeito em justiça, tornou
possível a expiação dos pecados por aquele que se fez nosso justificador
perfeito (Rm 3.26).
A redenção.
Os três primeiros capítulos de Gênesis contêm as três
revelações de DEUS, que por toda a Bíblia figuram em todas as relações
de DEUS com o homem. O Criador, que trouxe tudo à existência (cap. 1), o
DEUS do Pacto que entra em relações pessoais com o homem (cap. 2); o
Redentor, que faz provisão para a restauração do homem (cap. 3).
(a) Prometida. (Vide Gên. 3:15.) (1) A serpente procurou
fazer aliança com Eva contra DEUS, mas DEUS por fim a essa aliança.
"E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente
(descendentes) e a sua semente." Em outras palavras, haverá uma luta
constante entre o homem e o poder maligno que causou a sua queda. (2) Qual
será o resultado desse conflito? Primeiro, vitória para a humanidade, por meio
do Representante do homem, a Semente da mulher. "Ela (a semente da mulher)
te ferirá a cabeça." CRISTO, a Semente da mulher, veio ao mundo para
esmagar o poder do diabo. (Mat. 1:23, 25; Luc. 1:31-35,76; Isa. 7:14; Gál.
4:4; Rom. 16:20; Col. 2:15; Heb. 2:14,15; 1 João 3:8; 5:5; Apoc. 12:7, 8, 17;
20:1-3, 10.) (3) Porém a vitória não será sem sofrimento. "E tu (a
serpente) lhe ferirás o calcanhar." No Calvário a Serpente feriu o
calcanhar da Semente da mulher; mas este ferimento trouxe a cura para a
humanidade. (Vide Isa. 53:3,4,12; Dan. 9:26; Mat. 4:1-10; Luc. 22:39-14,53; João
12:31-33; 14:30,31; Heb. 2:18; 5:7; Apoc. 2:10.)
(b) Prefigurada. (Verso 21.) DEUS matou um animal, uma criatura
inocente, para poder vestir aqueles que se sentiam nus ante a sua vista
por causa do pecado. Do mesmo modo, o Pai deu seu Filho, o Inocente, à
morte, a fim de prover uma cobertura expiatória para as almas dos homens.
Três aspectos da salvação.
Há três aspectos da salvação, e cada qual se caracteriza por uma
palavra que define ou ilustra cada aspecto:
(a) Justificação é um termo forense que nos faz lembrar
um tribunal. O homem, culpado e condenado, perante DEUS, é absolvido e
declarado justo — isto é, justificado.
(b) Regeneração (a experiência subjetiva) e
Adoção (o privilégio objetivo) sugerem uma cena familiar. A alma, morta em
transgressões e ofensas, precisa duma nova vida, sendo esta concedida por um
ato divino de regeneração. A pessoa, por conseguinte, torna-se herdeira de DEUS
e membro de sua família.
(c) A palavra santificação sugere uma cena do templo,
pois essa palavra relaciona-se com o culto a DEUS. Harmonizadas suas relações
com a lei de DEUS e tendo recebido uma nova vida, a pessoa, dessa hora em
diante, dedica-se ao serviço de DEUS. Comprado por elevado preço, já não é dono
de si; não mais se afasta do templo (figurativamente falando), mas serve a DEUS
de dia e de noite. (Luc. 2:37.) Tal pessoa é santificada e por sua própria
vontade entrega-se a DEUS.
O homem salvo, portanto, é aquele cuja vida foi harmonizada com
DEUS, foi adotado na família divina, e agora dedica-se a servi-lo. Em outras
palavras, sua experiência da salvação, ou seu estado de graça, consiste em
justificação, regeneração (e adoção), e santificação. Sendo justificado, ele
pertence aos justos; sendo regenerado, ele é filho de DEUS; sendo santificado,
ele é "santo" (literalmente uma pessoa santa)
São essas bênçãos simultâneas ou consecutivas? Existe, de fato, uma
ordem lógica: o pecador harmoniza-se, primeiramente, perante a lei de DEUS; sua
vida é desordenada; precisa ser transformada. Ele vivia para o pecado e para o
mundo e, portanto, precisa separar-se para uma nova vida, para servir a DEUS.
Ao mesmo tempo as três experiências são simultâneas no sentido de que, na
prática, não se separam. Nós as separamos para poder estudá-las. As três
constituem a plena salvação. À mudança exterior, ou legal, chamada
justificação, segue-se a mudança subjetiva chamada regeneração, e esta , por
sua vez, é seguida por dedicação ao serviço de DEUS. Não concordamos em que a
pessoa verdadeiramente justificada não seja regenerada; nem admitimos que a
pessoa verdadeiramente regenerada não seja santificada (embora seja possível,
na prática, uma pessoa salva, às vezes, violar a sua consagração). Não pode
haver plena salvação \ sem essas três experiências, como não pode haver um
triângulo sem três lados. Representam elas o tríplice fundamento sobre o qual
se baseia subseqüente vida cristã. Começando com esses três princípios,
progride a vida cristã em direção à perfeição.
Essa tríplice distinção regula a linguagem do Novo Testamento em
seus mínimos detalhes. Ilustremos assim:
(a) Em relação à justificação: DEUS é o Juiz, e CRISTO é o
Advogado; o pecado é a transgressão da lei; a expiação é a satisfação dessa
lei; o arrependimento é convicção; aceitação traz perdão ou remissão dos
pecados; o ESPÍRITO testifica do perdão; a vida cristã é obediência e sua
perfeição é o cumprimento da lei da justiça.
(b) A salvação é também uma nova vida em CRISTO. Em relação a essa
nova vida, DEUS é o Pai (Aquele que gera), CRISTO é o Irmão mais velho e a
vida; o pecado é obstinação, é a escolha da nossa própria vontade em lugar da
vontade do Chefe da família; expiação é reconciliação; aceitação é adoção;
renovação de vida é regeneração, é ser nascido de novo; a vida cristã significa
a crucificação e mortificação da velha natureza, a qual se opõe ao aparecimento
da nova natureza, e a perfeição dessa nova vida é o reflexo perfeito da imagem
de CRISTO, o unigênito Filho de DEUS.
(c) A vida cristã é a vida dedicada ao culto e ao serviço de DEUS,
isto é, a vida santificada. Em relação a essa Vida santificada, DEUS é o SANTO;
CRISTO é o sumo sacerdote; o pecado é a impureza; o arrependimento é a
consciência dessa impureza; a expiação é o sacrifício expiatório ou
substitutivo; a vida cristã é a dedicação sobre o altar (Rom. 12:1); e a
perfeição desse aspecto é a inteira separação do pecado; separação para DEUS.
E essas três bênçãos da graça foram providas pela morte expiatória
de CRISTO, e as virtudes dessa morte são concedidas ao homem pelo ESPÍRITO
SANTO. Quanto à satisfação das reivindicações da lei, a expiação proveu o
perdão e a justiça para o homem. Abolindo a barreira existente entre DEUS e o
homem, ela possibilitou a nossa vida regenerada. Como sacrifício pela
purificação do pecado, seus benefícios são santificação e pureza.
Notemos que essas três bênçãos fluem da nossa união com CRISTO. O
crente é um com CRISTO, em virtude de sua morte expiatória e em virtude do seu
ESPÍRITO vivificante. Tornamo-nos justiça de DEUS nele, (2 Cor. 5:21); por ele
temos perdão dos pecados (Efés. 1:7); nele somos novas criaturas, nascidos de
novo, com nova vida (2 Cor. 5:17); nele somos santificados (1Cor. 1:2), e ele é
feito para nós santificação (1Cor. 1:30). Ele é "autor da salvação
eterna"
A ressurreição de CRISTO é o grande milagre do Cristianismo.
Uma vez que é estabelecida a realidade desse evento, torna-se
desnecessário procurar provar os demais milagres dos Evangelhos. Ademais,
é o milagre com o qual a fé cristã está em pé ou cai, isso em razão de ser
o Cristianismo uma religião histórica que baseia seus ensinos em eventos
definidos que ocorreram na Palestina há mais de mil e novecentos anos.
Esses eventos, são: o nascimento e o ministério de JESUS CRISTO, culminando
na sua morte, sepultamento e ressurreição. Desses, a ressurreição é a
pedra angular, pois se CRISTO não tivesse ressuscitado, então não seria o
que ele próprio afirmou ser; e sua morte não seria expiatória. Se CRISTO
não houvesse ressuscitado, então os cristãos estariam sendo enganados
durante séculos; os pregadores estariam proclamando um erro; e os fiéis
estariam sendo enganados por uma falsa esperança de salvação. Mas, graças
a DEUS, que, em vez de ponto de interrogação, podemos colocar o ponto de
exclamação após ter sido exposta essa doutrina: "Mas agora CRISTO
ressuscitou dos mortos, e foi feito as primícias dos que dormem!"
A ressurreição. Ela significa que JESUS é tudo quanto ele
afirmou ser: Filho de DEUS, Salvador, e Senhor (Rom. 1:4). A resposta do
mundo às reivindicações de JESUS foi a cruz; a resposta de DEUS,
entretanto, foi a ressurreição. A ressurreição significa que a morte expiatória
de CRISTO foi uma divina realidade, e que o homem pode encontrar o perdão
dos seus pecados, e assim ter paz com DEUS (Rom. 4:25). A ressurreição
é realmente a consumação da morte expiatória de CRISTO. Como sabemos
pois que não foi uma morte comum — e que realmente ela tira o pecado?
Porque ele ressuscitou! A ressurreição significa que temos um Sumo Sacerdote no
céu, que se compadece de nós, que viveu a nossa vida e conhece as
nossas tristezas e fraquezas; que é poderoso para dar-nos poder
para diariamente vivermos a vida de CRISTO. JESUS que morreu por
nós, agora vive por nós. (Rom. 8:34; Heb. 7:25.) Significa que
podemos saber que há uma vida vindoura. Uma objeção comum a essa verdade é:
"Mas ninguém jamais voltou para falar-nos do outro mundo."
Mas alguém voltou — esse alguém é JESUS CRISTO! "Se um
homem morrer, tornará a viver?" A essa pergunta antiga a
ciência somente pode dizer: "não sei." A filosofia apenas diz:
"Deve haver uma vida futura." Porém, o Cristianismo afirma:
"Porque ele vive, nós também viveremos; porque ele ressuscitou dos
mortos, também todos ressuscitaremos"! A ressurreição de CRISTO não
somente constitui a prova da imortalidade, mas também a certeza da
imortalidade pessoal, (1 Tes. 4:14; 2 Cor. 4:14; João 14:19.)
Isto significa que há certeza de juízo futuro. Como disse o inspirado apóstolo,
DEUS "tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo,
por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos,
ressuscitando-o dos mortos" (Atos 17:31). Tão certo como JESUS ressuscitou
dos mortos para ser o Juiz dos homens, assim ressuscitarão também da morte
os homens para serem julgados por ele.
CONCLUSÃO
Dentre as muitas definições do termo pecado encontramos dois
principais termos hebraicos awon e peshá. O que é pecado? "o pecado é a
transgressão da lei" (1 Jo 3.4; ARA) e "toda iniquidade é
pecado" (1 Jo 5.17). A origem do pecado é vista na Bíblia, primeiro, na
esfera celeste, através de Lúcifer, que se torna Satanás; depois na
esfera terrestre, com Eva sendo enganada e Adão sendo responsabilizado pela
entrada do pecado no mundo e gerando assim, a morte a todos os seres humanos
(Rm 5.12), o que é chamado de universalidade do pecado. Isso se deu no Éden.
DEUS em seu infinito amor e misericórdia traçou um plano de
redenção antes mesmo da fundação do mundo, já que para DEUS não existe passado,
presente e futuro; ELE viu o nascimento do primeiro homem e sua queda e o
resultado de seu pecado na raça humana inteira, assim já criou meio pelo qual a
raça humana pudesse ser salva, perdoada de seus pecados. Enviou ao mundo a
solução para o pecado. Nem tudo estava perdido. DEUS trouxe sua provisão –
JESUS CRISTO. Glória a DEUS. Fomos restaurados a DEUS pelo arrependimento (At
3.19; 2 Co 7.10) e pela fé em JESUS (Rm 5.1). Confessamos a JESUS e cremos em
sua morte e ressurreição e somos salvos. (Rm 10.9). Sem merecimento algum,
somente pelka graça de DEUS (Ef 2.8, 9).
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Comentários de algumas Bíblias, Dicionários e Livros
Teologia Sistemática Pentecostal - CPAD - Capítulo 6 -
Hamartiologia - A Doutrina do Pecado -
Pr. Elienai Cabral
Um dos mais profundos problemas da teologia e da filosofia é a
existência e a ação do mal. Ao longo da História, o mal tem sido motivo de
estudo, pesquisa e discussão, de modo especulativo, mas também de maneira
séria. Haja vista o poder do mal impor-se de modo natural na experiência
humana, a preocupação com a sua origem desafia a inteligência e aguça o
interesse em descobri-lo na sua essência.
Neste campo da realidade universal do mal entra a História da raça
humana através da primeira criatura: o homem. Este, por seu livre-arbítrio, cai
na rede de engano do agente do mal, o Diabo, e pratica o pecado de rebelião
contra o Criador.
O que é pecado? Como se manifesta? Como entrou no mundo? Essas
perguntas têm deixado muitos pensadores perplexos. Neste capítulo, trataremos
da abordagem teológica e também filosófica acerca do pecado e o que
corretamente ensina a Bíblia sobre o assunto.
Introdução à Hamartiologia
A questão do mal é tratada na Bíblia a partir do relato do livro de
Gênesis sobre a Queda do homem. O relato histórico descreve o princípio da
tentação ao homem e seu pecado, trazendo maldição para a sua vida pessoal e a
toda a humanidade. As questões levantadas ao longo da História sobre a Queda
serão aclaradas neste capítulo.
Na teologia cristã, a doutrina do pecado ocupa grande espaço porque
o cristianismo é a religião da redenção da raça humana. De todas as doutrinas
bíblicas, três delas são de vasta amplitude porque tratam de DEUS, do pecado e
da redenção. Existe uma inter-relação entre essas três doutrinas. É impossível
tratar do pecado sem mencionar a redenção do pecador e, naturalmente, a sua
relação com a sua fonte: DEUS.
O termo “hamartiologia” deriva de dois vocábulos da língua grega, a
língua do Novo Testamento: hamartia e logos, os quais significam “estudo acerca
do pecado”. O termo é aplicável ao pecado, seja este considerado um ato, seja
considerado um estado ou uma condição. O sentido do termo é que o pecado é um
desvio do fim (ou propósito) estabelecido por DEUS para determinado fato ou
conduta humana.
O QUE É PECADO
A palavra “pecado” é sinônima de muitas outras usadas na Bíblia, as
quais indicam conceitos bíblicos distintos sobre o pecado. São vários os termos
que amplificam o conceito de pecado nas suas várias manifestações.
No Antigo Testamento. Encontramos no Antigo Testamento pelo menos
oito palavras básicas que conceituam o pecado; no Novo Testamento, temos, pelo
menos, doze outras que descrevem as várias formas de manifestações negativas
relacionadas com o termo “pecado”. No étimo das palavras mencionadas no Antigo
Testamento descobrimos a abrangência do pecado em suas manifestações.
1.
Hattat.
Este vocábulo, que aparece 522 vezes nas páginas veterotestamentárias, e seu
termo correlato no Novo Testamento — hamartia — sugerem a idéia de “errar o
alvo” ou “desviar-se do rumo”, como o arqueiro antigo que atirava as suas
flechas e errava o alvo. Porém, o termo também sugere alguém que erra o alvo
propositadamente; ou seja, que atinge outro alvo intencionalmente.
Não se trata de uma idéia passiva de erro, mas implica uma ação
proposital. Significa que cada ser humano tem da parte de DEUS um alvo definido
diante de si para alcançá-lo. O termo em apreço denota tanto a disposição de
pecar como o ato resultante dela. Em síntese, o homem não foi criado para o
pecado; se pecou, foi por seu livre-arbítrio, sua livre escolha (Lv 16.21; Sm
1.1; 51.4; 103.10; Is 1. 18; Dn 9.16; Os 12.8).
2.
Pesha.
O sentido tradicional dessa palavra é “transgredir”, “rebelar”,
"revoltar-se”. Porém, uma variante forte para defini-la implica o ato de
invadir, de ir além, de rebelar-se. O termo aponta para alguém que foi além dos
limites estabelecidos (Gn 31. 36; I Rs 12.19; 2 Rs 3.5; Sm 51.13; 89.32; Is
1.2; Am 4.4).
3.
Raa.
Outra palavra hebraica que tem seu equivalente no grego — como kakos ou poneros
— e traz a idéia básica de romper, quebrar; “aquilo que causa dano, dor ou
tristeza”. E um tipo de pecado deliberado, malicioso, planejado, que provoca e
enfurece. Dá a idéia de “ser mau” (Gn 8.21; Ex 33.4; Jr 11.11; Mq 2.1-3).
Indica também algo injurioso e moralmente errado. São os pecados expressos por
violência (Gn 3.5; 38.7; Jz 11.27).
O profeta Isaías profetizou que DEUS criou a luz e as trevas, a paz
e o raa Is 4.57. E o mal em forma de calamidade, ruína, miséria, aflição,
infortúnio. DEUS não tem culpa do mal existente, porque, na verdade, a
responsabilidade pelos pecados cometidos recai, à luz da Bíblia, sobre a
criatura rebelde, transgressora e incriminada, e não sobre o Criador.
4.
Rama
quer dizer “enganar”; dá a idéia de prender numa armadilha, num laço. Implica,
portanto, um tipo de pecado em forma de cilada para outrem cair. E uma forma de
enganar e agir traiçoeiramente (SI 32.2; 34.13; 55.11; Jó 13.7; Is 53.9).
5.
Pata.
E um termo que dá a idéia de seduzir. O sentido literal da palavra é “ser
aberto” ou “abrir espaço” para o pecado ter livre curso. No Èden, Adão e Eva se
deixaram seduzir pelo engano do pecado e pelo pai do pecado (Satanás),
personificado numa serpente (Gn 3.4-7).
6.
Shagag.
O sentido aqui é “errar” ou “extraviar-se”, como uma ovelha ou um bêbado (Is
28.7). E um tipo de erro pelo qual o transgressor torna-se responsável, ante a
lei divina que condena o seu erro — pecado (Lv 4.2; Nm 15.22).
7.
Rasha.
Esta palavra aparece especialmente nos Salmos, com a idéia de impiedade ou
perversidade. O sentido metafórico é o pecado em oposição à justiça (Êx 2.13;
SI 9; SI 16; Pv 15.9; Ez 18.23).
8.
Ta
a. Este vocábulo se refere ao ato de extravio deliberado. Não se trata de algo
acidental, e sim algo que uma pessoa comete sem perceber o fruto negativo
gerado pelos seus atos pecaminosos (Nm 15.22; Sl 58.3; 119.21; Is 53.6; Ez
44.10,15).
Existem outras variantes do termo que ensinam sobre o pecado no
Antigo Testamento, mas nos detivemos apenas em oito deles que ilustram a
diversidade e a perversidade do pecado em suas várias manifestações.
No Novo Testamento. No grego, a palavra “pecado” também tem vários
sentidos, e alguns são correlatos com os termos hebraicos. Todos esses
vocábulos do grego bíblico descrevem o pecado em seus vários aspectos.
Apresentaremos uma lista menos extensa, mas igualmente proveitosa para definir
o incisivas das palavras mais incisivas e usadas com mais freqüência no Novo
Testamento acerca do pecado.
1.
Hamartia.
Já citada em correlação com kattaa (hb.), seu sentido é “errar o alvo”, “perder
o rumo”, “fracassar”. Indica que o primeiro homem, no princípio, perdeu o rumo
de sua vida e fracassou em não atingir o padrão divino estabelecido para a sua
vida. No Novo Testamento, os escritores usaram o termo bamartia para designar o
pecado.
Ainda que o sentido equivalente no Antigo Testamento seja o de
“errar o alvo”, nas páginas neotestamentárias a palavra em apreço tem uma
abrangência bem maior — possui um sentido mais forte que a idéia de fracasso ou
transgressão. Ela tem o sentido de “poder de engano do pecado” (Rm 5.12; Hb
3.13); é mais que um fracasso. Trata-se de uma condição responsável ou uma
característica que implica culpabilidade.
2.
Kakia.
No grego, relaciona-se com perversidade ou depravação, como algo oposto à
virtude. E um termo que descreve o caráter e a disposição interiores, e não
apenas os atos exteriores. Dele deriva-se outra palavra, kakos, cujo sentido
transcende a mal-estar físico ou doenças (Mc 1.32; Mt 21.41; 24.48; At 9.13; Rm
12.17; 13,3,4,10; 16.19; I Tm 6.10).
3.
Adíkía.
Denota injustiça, falta de integridade; como alguém que abandona o caminho
original. Em sentido amplo, esse termo refere-se a qualquer conduta errada e
significa, ainda, “agravo”, “ofensa feita a alguém” (2 Co 12.13; Hb 8.12; Rm
1.18; 9.14). O texto de Romanos 1.18 descreve a injustiça como inimizade para
com a verdade. Em I João 5.17, o apóstolo João afirma que toda iniquidade (gr.
adikia) é pecado (gr. hamartia).
4.
Anomia
ou anomos. Denotam ilegalidade; tais palavras são traduzidas freqüentemente
como “iniquidade” ou “transgressão”. Porém, o sentido literal de literal de
anomia é “sem lei”. Quem transgride a lei de DEUS pratica a iniquidade (Mt
13.41; 24.12; I Tm 1.9). O Anticristo é anomos— “o míquo” (2Ts 2.8).
5.
Apistia.
Deriva de pistis — “crer”, “confiar” — e significa “infidelidade”, “falta de
fé” ou algum tipo de resistência ou vergonha (Hb 3.12; I Tm I.13). Em I Timóteo
1.13 está escrito: “... alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na
incredulidade [gr. apistia]”.
6.
Asebeia.
Usado por Paulo nas epístolas com o sentido de impiedade (Rm 1.18; 11.26; 2Tm
2.16;Tt 2.12; Jd vv.I5,I8). Portanto, a impiedade ou a irreverência são a base
da asebeia.
7.
Aselgeia.
Denota relaxamento, licenciosidade ou mesmo sensualidade. Em Judas v.4
encontramos dois termos que explicam essas palavras: “... homens ímpios
[asebeis] que convertem em dissolução [aselgeian, ‘libertinagem’] a graça de
DEUS”. Esse termo descreve, pois, uma entrega sem restrições à prática do
pecado. Os especialistas o descrevem como algo maldito que domina uma pessoa e
a torna impudica de tal modo que perde totalmente o senso de vergonha e, por
isso, faz qualquer coisa degradante sem ocultar seu pecado.
O termo em análise significa, por conseguinte, “a pura e
auto-satisfação sem o menor pudor”, haja vista o desejo pelos prazeres tornar a
sua vítima despudorada, sem restrições. As chamadas taras sexuais, a embriaguez
e outras manifestações são típicas de aselgeia. Sem dúvidas, trata-se de uma
das palavras mais repulsivas do Novo Testamento (Mt 7.22; 2 Co 12.21; G1 5.19;
Ef 4.19; I Pe 4.3; Jd v.4; Rm 13.13; 2 Pe 2.2,7,18). A versão ARC traduz o
termo por “libertinagem”, enquanto a ARA prefere “dissolução”.
8.
Epitkymía.
Significa “desejo”. Porém, é o contexto da palavra encontrada no Novo
Testamento que pode indicar o caráter moral do desejo, se é bom ou mau. Coisas,
como: motivo, intenção, direção e relação, revelarão o caráter moral de
epithymia (Mc 4.19; Lc 22.15; Fp 1.23; I Ts 2.17). De modo geral, o vocábulo
quase sempre se identifica com algo negativo e pecaminoso. Daí o significado
poderá indicar “desejo incontinente”, normalmente traduzido como
“concupiscência”,
“paixão impura” (G1 5.24; Cl 3.5; I Ts 4.5;Tg I.I4; 2 Pe 2.10).
9.
Parabasis.
Aparece nas páginas neotestamentárias umas oito vezes. O significado primário
do termo é “transgressão”, que dá a idéia de alguém que não respeita as leis,
passando dos limites estabelecidos. Emprega-se esse vocábulo com o sentido de
“desvio”, “violação” e “transgressão”. No texto de Romanos 5.14, Paulo faz uma
relação entre hamartia e parabasis, ao afirmar: “No entanto, a morte reinou
desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da
transgressão de Adão” (grifos do autor).
O apóstolo Paulo não está dizendo que os que pecaram desde Adão até
Moisés estão livres de culpa, e sim que aquelas gerações, não tendo a lei de
Moisés, seu pecado era tão real quanto ao dos que tinham a lei. Em I Timóteo
2.14 está escrito que Eva caiu em transgressão (parabasis), ao ser enganada,
porque ela foi rebelde contra a ordem divina. Não se tratava de reduzir a culpa
de Eva, e sim reconhecer que ela podia ter evitado o pecado de desobediência.
10.
Paraptoma.
Deriva de parapipto e significa “decair ao lado de”, “perder o caminho”,
“fracassar”. De modo geral, significa “lapso moral” ou “uma ofensa pela qual a
pessoa é responsável”.1 Vários textos exemplificam o termo paraptoma (Mt 6.14;
Rm 5.15-20; 2 Co 5.19; G1 6.19; Ef 2.I;Tg 5.16).
11.
Planao.
Tem um sentido subjetivo de pecado porque se refere àquele que se desgarra
culposamente. A palavra “desgarrar” relaciona-se com a ovelha que foge do
aprisco (I Pe 2.25); também significa levar, por meio do engano, outras pessoas
ao mau caminho (Mt 24.5,6; I Jo 1.8).
Todas essas palavras, segundo o seu étimo, descrevem o caráter
geral do pecado. Porém, definiremos o pecado, também, em outras perspectivas,
para que entendamos toda a sua abrangência na vida humana.
O HOMEM ANTES DA QUEDA
A Bíblia é a única fonte segura concernente a criação do homem e
seu estado original. De forma simples e objetiva o Gênesis declara que, depois
de tudo feito — especialmente, o homem —, “viu DEUS que era muito bom” (Gn
1.31). Contudo, a Bíblia não só revela o primeiro estado do homem, como relata
a história da perda do seu primeiro estado de santidade, pela Queda, e também a
possibilidade de sua restauração (Cl 3.10; Ef 4.24).
Criado à imagem e semelhança de DEUS (Gn 1.26,27). Em que consiste
esta imagem de DEUS? Ao longo da História, os teólogos vêm discutindo sobre as
diferenças entre “imagem e semelhança”. Porém, a distinção entre as duas
características quase se confunde com a diferença entre personalidade (ou
pessoalidade) e espiritualidade. No hebraico, as palavras “imagem” (selem) e
“semelhança” (demut) exprimem a idéia de algo similar, mas não idêntico à coisa
que representa ou de que é uma “imagem”.
Há uma distância infinita entre DEUS e a sua criatura-prima — o
homem. Só CRISTO é a imagem expressa da Pessoa de DEUS, como o Filho do Pai,
que possui a mesma natureza daquEle. Na verdade, a imagem divina no homem é
como a sombra no espelho.
A ORIGEM DO PECADO NO UNIVERSO
A primeira manifestação foi na esfera angelical. Os teólogos
divergem quanto ao fato de que a primeira manifestação de pecado tenha começado
no céu. Sendo DEUS o Criador de todas as coisas, não podemos atribuir a Ele a
autoria do pecado. Toda a Bíblia rejeita essa idéia quando diz: “Longe de DEUS
a impiedade, e do Todo-poderoso, a perversidade” (Jó 34.10).
Em outra passagem está escrito que não há injustiça nEle (Dt 32.4;
SI 92.15). Tiago, no Novo Testamento, disse que o Senhor não pode ser tentado
pelo mal (Tg I.13). Por isso, é blasfêmia considerar DEUS como autor do pecado.
Ora, duas passagens bíblicas que melhor ilustram a origem do pecado no Céu são
metafóricas (Is 14.12-14; Ez 28.12-17); daí a dificuldade na compreensão desses
textos pelos intérpretes. Do ponto de vista pentecostal esses textos falam do
pecado miciado entre os anjos e pelo principal deles, Lúcifer.
Os dois textos acima mencionados são tidos como relacionados à
queda de Lúcifer e o começo do pecado no Universo. O primeiro (Isaías)
refere-se ao rei caído da Babilônia, cujo orgulho tornou-o soberbo; por isso,
ele não pôde subsistir, com tirania e orgulho, ante o DEUS Vivo. Diz o texto
que esse rei era elevado e importante, mas por seu orgulho foi cortado como uma
árvore.
Segundo, a linguagem metafórica, o texto sugere o relato a história
da queda de Lúcifer, denominado “estrela da manhã”, o qual, por sua rebelião
foi expulso da presença de DEUS. O segundo texto (Ezequiel) apresenta um
lamento sobre o rei de Tiro, mas a linguagem figurada ilustra a queda de
Satanás.
O registro bíblico da origem do pecado prossegue noutras
referências que tratam do assunto. O que fica claro é que o pecado foi
originado por Satanás. Ele pecou antes de Adão e Eva quando se apresentou na
forma de uma serpente para tentar Eva (Gn 3.1-6; 2 Co 11.3). JESUS declarou que
Satanás é homicida “desde o princípio” (Jo 8.44; I Jo 3.8). A expressão “desde
o princípio” não quer dizer que este ser angélico foi sempre mau. Seu primeiro
estado era de santidade. A expressão “desde o princípio” indica no contexto da
história da criação que Ele se fez opositor do DEUS trino desde o início da
criação do mundo.
Entretanto, antes da criação do Universo material, os anjos já
haviam sido criados. Mesmo considerando as nossas dificuldades para entendermos
plenamente a origem do pecado no céu, sabemos que DEUS conhece todas as coisas
e “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1. 11).
O pecado entrou na vida da humanidade através de Adão e Eva (Gn
3.1-19). Como isso aconteceu? A história bíblica descreve como o pecado
tomou-se uma realidade na vida da humanidade quando uma criatura extraordinária
e espiritual se materializou numa “serpente” (Gn 3.1-7) para enganar as mais
belas criaturas da terra, o homem e a mulher. Essa criatura é denominada em
outras passagens como “a antiga serpente”, o “Diabo” e “Satanás” (Ap 12.9;
20.2). Foi essa criatura que pecou desde o princípio e se tomou inimiga da
criação de DEUS e originou a catástrofe cósmica.
Pela soberana e sábia vontade de DEUS permitiu-se que no Eden, o
jardim idílico criado por DEUS para que Adão e Eva vivessem felizes, Satanás
penetrasse para tentá-los com astúcia e engano. A história da criação da
criatura humana relata que Adão e Eva foram criados “bons” e colocados no Eden
para desfrutarem de todas as benesses daquele jardim e manter comunhão com seu
Criador (Gn 1.26—2.25). Por serem criaturas, humanas e finitas, estavam
sujeitas a pecar.
DEUS, então, estabeleceu para eles uma regra para não comerem de
uma árvore denominada “árvore do conhecimento do bem e do mal”, mas Eva se
deixou enganar pela insinuação diabólica da serpente e tomou do fruto, comeu e
o deu ao seu marido (Gn 3.6). Duvidaram da veracidade da palavra de DEUS e
acataram as insinuações do Inimigo. Daí desobediência, egotismo, rebeldia,
pecado, queda e suas consequências, que se transmitiram à toda posteridade de
Adão.
O pecado de Adão foi um ato pessoal. Já consideramos o fato de que
o pecado é um estado da vontade e que esse estado egoísta da vontade é
universal. Uma vez que o homem preferiu obedecer ao seu “eu”, pervertendo sua
própria vontade, também, tornou-se responsável pelas consequências de sua
transgressão.
Ele adquiriu uma natureza corrompida e afetou universalmente toda
criatura na terra. Seus atos pecaminosos e suas disposições são frutos de seu
estado corrupto inato. JESUS explicou muito bem esse ponto quando disse: “...
não há árvore boa que dê mau fruto... o homem mau, do mau tesouro do seu
coração tira o mal” (Lc 6.43-45; Mt 12.34).
Tentação e Queda não são coisas míticas ou alegóricas. Tem havido a
tentativa de pseudo-teólogos tornarem o relato escriturístico da tentação e a
Queda como algo alegórico. Não há qualquer linguagem figurada em Gênesis 3 que
negue o fato histórico relatado naquela passagem. No desenrolar da tentação
Satanás apelou aos apetites que poderiam dar a Eva o prazer de fazer sua
própria vontade em desobediência do Criador. Satanás apelou aos sentidos
egoísticos de Eva e ela deu ouvidos ao tentador em vez de rejeitar e expulsar o
tentador que visava levá-la a desobedecer a DEUS (Gn 3.1-3).
Satanás levou o casal a duvidar da veracidade de DEUS insinuando
que o Criador estaria tirando deles o direito de conhecer coisas mais sublimes.
Adão e Eva, então, pecaram e deixaram que seus corações fossem corrompidos e
afetasse seus apetites naturais. Diz o relato bíblico que sua disposição
interior manifestou-se em atos. O texto diz, literalmente: “... ela tomou do
seu fruto, e comeu, e deu também ao seu marido, e ele comeu com ela” (Gn 3.6).
O homem seguiu a indução do seu coração e fez a escolha do seu “eu”
em desacordo com DEUS. Portanto, o pecado surgiu de dentro do homem, do seu
interior, e ele transgrediu a lei do Senhor (Tg I.I5).
O PECADO ORIGINAL E SUA AFETAÇÃO
Distinção entre pecado original e culpa original. Na língua latina
usa-se a expressão peccatum originale, que se traduz literalmente por “pecado
original”. Para entendermos o assunto precisamos fazer distinção entre pecado
original e culpa original.
1.
Por
pecado original entendemos que se trata do pecado herdado de nossos primeiros
pais, Adão e Eva, o qual passou a toda criatura humana.
2.
A
culpa não é herdada, e sim imputada a cada criatura. A expressão “pecado
original” não se encontra na Bíblia de forma literal, mas a sua manifestação
está implícita na história da Queda; por isso, o pecado original está na vida
de todo ser humano desde o seu nascimento. Outrossim, precisamos esclarecer que
a expressão “pecado original” nada tem que ver com a constituição original do
homem, haja vista DEUS não o ter criado pecador.
Toda criatura humana é culpada em Adão e consequentemente tem sua
natureza corrompida desde o nascimento (SI 51.5; 58.3).
Pecados veniais e pecados mortais. A igreja romana ensina e faz
distinção entre pecados veniais e mortais. Ao mesmo tempo, ela tem dificuldades
em distinguir esses pecados. Tal distinção não é bíblica, visto que todo pecado
é anomia diante de DEUS — termo grego que significa “falta de retidão”, “falta
de obediência à lei”.
O Antigo Testamento faz distinção entre os pecados cometidos
intencionalmente e os praticados por ignorância. Se cometido intencionalmente
ou por ignorância, o pecado não deixará de ser pecado, porque é um fato e torna
a pessoa culpada diante de DEUS (Gl 6.1; Ef 4.18; I Tm I.I3; 5.24). No Novo
Testamento, o apóstolo Paulo deixou clara a idéia de que o grau do pecado é
determinado pelo grau de conhecimento (luz) que o pecador possua (Rm LI8-32).
A CULPA DO PECADO
O que e qual é a culpa do pecado? Ora, a culpa é o sentimento
pessoal na consciência, de transgressão de uma lei mediante o ato do pecado.
Inclui a idéia dupla de responsabilidade pelo ato praticado do pecado, assim
como a punição (castigo) pelo pecado. A punição, ou seja, a pena, segue
automaticamente ao pecado.
A culpa é o estado ou a condição delituosa de quem transgrediu a
lei. A culpa toma forma de condenação pela desaprovação de DEUS. Logo após Adão
e Eva terem pecado, seus olhos foram abertos, ou seja, tiveram consciência de
suas culpas: “então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam
nus” (Gn 3.7). A culpa é a convicção na consciência, pela violação voluntária
da lei de DEUS. O transgressor é conscientizado pela consciência ou pela lei,
que o seu ato exige expiação para que seja perdoado.
Já dissemos anteriormente acerca da distinção entre pecado original
e culpa original. Pelágio, teólogo inglês, renegava a idéia do pecado original
porque entendia que os homens que nascem no mundo, desde a Queda, vivem no
mesmo estado em que Adão foi criado e que o pecado deste prejudicou apenas a
ele próprio. Por isso, essa teoria rejeita a ideia da hereditariedade do pecado
sobre toda a raça humana.
Pelágio ensinava que Adão morreu pela constituição de sua natureza,
tivesse ele pecado ou não. Entretanto, o ensino claro da Bíblia a esse respeito
não deixa dúvida de que a culpa original se refere àquela recebida por Adão e
Eva após terem pecado contra a lei de DEUS.
o viver em pecado consiste então, em viver uma vida centralizada no
“eu” e significa o fazer a própria vontade como a da vida. Neste sentido o
homem merece receber a punição do seu pecado ( Rm 5.12).
A natureza da culpa. Ainda que haja uma interligação entre os
pontos destacados neste capítulo, ao tratar da natureza da culpa, entendemos
que o mérito da culpa é a punição. Culpa, portanto, significa o merecimento da
punição, por ter o culpado de satisfazer a justiça divina pelo seu pecado
praticado.
O apóstolo Paulo escreveu aos romanos que “do céu se manifesta a
ira de DEUS sobre toda a impiedade e injustiça dos homens” (Rm 1.18). Ora, a
ira de DEUS no contexto dessa passagem significa a reação da santidade de DEUS
contra o pecado; não importando se tenha ocorrido por ato ou estado, o pecado
acarreta a manifestação da justiça de DEUS.
A culpa legal O aspecto legal da culpa perante DEUS diz respeito ao
fato de que quando Adão e Eva cometeram o pecado contra a ordem divina,
tornaram-se legalmente culpados e dignos da pena estabelecida por DEUS. O
Criador havia lhes dito que um só ato de desobediência à sua palavra implicaria
na pena de morte (Gn 2.17). O apóstolo Paulo entendeu essa questão doutrinária
e declarou que “o juízo veio de uma só ofensa, para condenação” (Rm 5.16).
Portanto, por um só ato pecaminoso contra DEUS, Adão tomou-se
incapaz de permanecer na presença santa de DEUS. Essa ofensa de Adão tornou-se
a culpa de toda sua descendência, de toda a raça humana. Perante DEUS,
legalmente, todos são culpados, “porque todos pecaram e destituídos estão da
glória de DEUS” (Rm 3.23).
Isso significa que em Adão todos participaram da sua transgressão.
A expressão “estão destituídos da glória de DEUS” indica a necessidade de
recuperação do primeiro estado de glória de Adão antes da Queda. Significa a
recuperação daquela realeza moral e espiritual que o homem tinha, isto é, a
imagem e semelhança de DEUS, deformada pelo pecado. Foi o segundo Adão, JESUS
CRISTO, quem veio a este mundo para recuperar a glória perdida do homem (Rm
3.24-26).
A culpa não significa mera propensão ao castigo. Isso significa que
a culpa incorre mediante a transgressão do pecador. Não há na justiça de DEUS o
conceito de culpa construtiva, porque o pecador é culpado por aquilo que tem
praticado. Somos culpados do pecado, tanto em relação a culpa original de
nossos primeiros
pais quanto pelos pecados que cometemos hoje. Devemos entender que
somos culpados pela natureza pecaminosa herdada de Adão e Eva. Esse é o aspecto
coletivo que abrange todos os homens. Porém, cada um de nós é individualmente
responsável pelos seus próprios pecados.
A manifestação da culpa na consciência humana. A culpa do pecado se
manifesta na consciência, que é o componente racional e moral do espírito
humano, para sinalizar o certo e o errado nas decisões do ser humano (Rm
2.15,16). Pela corrupção moral e espiritual do homem por causa da Queda, há em
todo homem uma disposição geral para o pecado e para esconder ou negar a
responsabilidade pelo pecado cometido, como fizeram Adão e Eva (Gn 3.8-14).
Entende-se, portanto, que a acusação de sua consciência contribuiu
para assinalar a culpa do pecado. Visto que o pecado é transgressão diante de
um DEUS SANTO, o pecado é merecedor de punição e reprovação divina. A culpa se
manifesta como um resultado objetivo, isto é, ela é produzida mediante o fato
da prática do pecado e não deve ser confundida com o papel da consciência que
expõe a culpa subjetivamente.
Ora, o que é consciência subjetiva da culpa? O que está revelado em
Levítico 5.17 esclarece bem este ponto, quando diz: “e, se alguma pessoa pecar
e fizer contra algum de todos os mandamentos do Senhor o que não se deve fazer,
ainda que o não soubesse, contudo, será ela culpada e levará a sua iniquidade”.
A expressão “ainda que o não soubesse” indica que a culpa implica
inicialmente uma relação com DEUS e, depois, uma relação com a consciência. O
texto trata da prática do pecado por ignorância, por não se saber que
determinada ação seja pecaminosa. Então a consciência age subjetivamente.
Um determinado teólogo declarou que “o maior dos pecados é não
estar consciente de nada”, isso porque a consciência pode tornar-se
cauterizada, pela multiplicação do pecado, extinguindo no pecador a
sensibilidade moral acerca do que é errado ou certo. Por isso, quando andamos
com DEUS segundo a sua justiça a partir da conversão, somos por Ele
santificados quanto ao pecado, e a nossa santificação subjetiva pelo ESPÍRITO
SANTO desenvolve em nós mais e mais a consciência da realidade do pecado.
A culpa tem relação com a lei moral de DEUS. “A culpa não faz parte
da essência do pecado, mas é, antes, uma relação com a sanção penal da lei”.10
Por isso, a culpa só pode ser removida mediante a satisfação da lei. Visto que
a justiça original no homem tornou-se em “trapos de imundícia” (Is 64.6), a
justiça requerida tem de ser vicária e pessoal. Ela pode ser transferida de uma
pessoa para outra, mas, nenhuma criatura humana teria condições para assumir os
pecados das demais, por sermos todos uma raça de pecadores (Sm 14.1-3; Rm
3.9-12).
Veio JESUS CRISTO, da parte de DEUS; se fez carne e habitou entre
nós (Jo 1.14), assumindo a penalidade da lei, causada pela nossa culpa,
tomando-se o nosso substituto vicário, justificando o homem dos seus pecados
(Rm 4.24,25; 5.1,8). Adão cometeu o pecado e na qualidade de chefe federal da
raça humana; por ele foi imputada a todos os seus descendentes a culpa do
pecado. A Bíblia enfatiza este ensino quando declara que a morte é o castigo do
pecado, para todos os seus descendentes (Rm 5.12-19; Ef 2.3; I Co 15.22).
Graus de culpa. Tem havido interpretações equivocadas sobre esse
ponto. Não obstante, é fato bíblico que existem diferentes graus de culpa
atribuídos a certos tipos de pecados. Não encontra aqui respaldo a doutrina
católica romana que distingue pecados veniais e pecados mortais. Com esse
conceito a Igreja Romana entende que pode determinar o grau do pecado de uma
pessoa e aplicar à mesma a penitencia equivalente.
Ora, entendemos que todo pecado é venial, isto é, pode ser
perdoado. A exceção está no “pecado contra o ESPÍRITO SANTO” (Mt I2.3I).Que
tipos de pecados são esses para os quais são atribuídos graus de culpa? Na
realidade, existem pecados perdoáveis e os pecados não perdoáveis, ou seja,
pecados que são para a morte e pecados que não são para a morte.
Em I João 5.16,17 está escrito: Se alguém vir seu irmão cometer
pecado que não é para a morte; orará, e DEUS dará a vida àqueles que não
pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda iniquidade
é pecado, e há pecado que não é para morte.
Percebe-se que há um contraste entre o pecado para a morte e o que
não é para a morte. Há quem diga que o pecado para morte é aquele que, sendo
extremamente grave, conduz inevitavelmente à morte eterna; e que o pecado que
não é para a morte seria o pecado venial; ou seja, o menos grave. São idéias
sem suporte bíblico.
Outros afirmam que esse texto refere-se a “pecados intencionais ou
não”, sendo o último o pecado perdoável, e o primeiro, não (Nm 15.22-30).
Naturalmente, o sentido da palavra “morte” no contexto dessa passagem refere-se
à morte física, e isso se toma claro quando o autor aconselha a orar para que
tenha vida, e diz, literalmente: “orará, e DEUS dará a vida àqueles que não
pecarem para morte”.
Ora, a Bíblia afirma que toda iniquidade é pecado (I Jo 5-17).
Portanto, distinguir e graduar os tipos de pecados é impraticável. E bem
verdade que, em I Coríntios 11.30, Paulo fala de um tipo de juízo que afeta o
crente que peca até ao ponto de DEUS aplicar-lhe disciplina. Mas a morte
física, aqui, não significa morte eterna ou punição final, e sim morte que não
é final.
Nessa esfera, poderíamos apontar os pecados de ignorância e pecados
de conhecimento, como cita Strong:11 pecados da carne (Gl 5.19-21); o pecado de
blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO (Mt 12.31,32).
Strong escreveu:
... o pecado contra o ESPÍRITO SANTO não deve ser considerado como
um simples ato isolado, mas também como o sintoma exterior de um coração tão
radical e irreversível contra DEUS que nenhuma força que DEUS possa
consistentemente usar o poupará.
Tal pecado, portanto, só pode ser o clímax de um longo curso de
endurecimento de si mesmo e depravação de si mesmo.
Em relação ao episódio da blasfêmia dos fariseus contra JESUS
entendemos que o pecado de blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO refere-se, no
ensino do Mestre, à atribuição voluntária e consciente de seus adversários de
que a obra que Ele fazia era demoníaca. Tratava-se de uma rejeição presunçosa
daquela casta religiosa à pessoa de JESUS e a atribuição de ação demoníaca à
obra do ESPÍRITO SANTO.
Realidade da ação do pecado
Consequências do pecado no mundo. Indiscutivelmente, o pecado
trouxe graves consequências ao Universo, especialmente à vida na Terra. A
Bíblia faz várias declarações a respeito da universalidade do pecado. Por
exemplo, temos no Antigo Testamento alguns exemplos, tais como: “não há homem
que não peque” (I Rs 8.46); “porque à tua vista não há justo nenhum vivente”
(Sm 143.2).
Paulo, em Romanos, disse: “Não há um justo, nenhum sequer; não há
quem faça o bem, nenhum sequer” (Rm 3.10-12); “pois todos pecaram e carecem da
gloria de DEUS” (Rm 3.23). O apóstolo João também disse: “Se dissermos que não
temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós”
(I Jo 1.8).
A escolha preferencial do “eu” em detrimento de DEUS. O pecado de
Adão e Eva foi uma escolha feita por ambos, uma escolha preferencial do “eu”,
em detrimento de DEUS como objeto do sentimento e fim principal de suas vidas.
Preferiram atender aos ímpetos do seu ego a fazer de DEUS o centro de suas
vidas. Renderam-se incondicionalmente ao seu ego em prejuízo do projeto do
Criador para suas vidas.
O Dr. E.G. Robinson, citado por Berkhof, escreveu que “enquanto o
pecado como estado é dessemelhança em relação a DEUS, como princípio é oposição
a DEUS, e como ato é transgressão à lei de DEUS”. Portanto, entendemos que o
pecado não é, meramente, algo de fora (ou externo), tampouco é o fruto de
coação vinda de fora, mas “é uma depravação dos sentimentos e uma perversão da
vontade, que constitui caráter íntimo do homem”. A realidade do pecado traz as consequências
inevitáveis que são a culpa e o castigo.
A HEREDITARIEDADE DO PECADO
Como um ato de pecado individual afetou a todos? A Bíblia tem a
resposta cabal desta questão. Paulo, em Romanos disse “que todos pecaram” (Rm
3.23) e dá a idéia de que todos os seres humanos participaram da transgressão
de Adão; e, como indivíduos, tornaram-se pecadores. Ele explica os efeitos do
pecado de Adão: “Portanto, por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado
a morte, assim também a morte passou a todos os homens” (Rm 5.12).
Paulo não estava falando de pecados factuais, do dia a dia, mas da
herança do pecado. A morte, como punição do pecado, tem um caráter universal,
porque “a morte passou a todos os homens”. Por causa do pecado de Adão, todos
os seus descendentes tomaram-se pecadores e culpados. Porém, DEUS providenciou
a nossa expiação — nas palavras de Paulo — outra vez: “Mas CRISTO morreu por
nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8).
Portanto, o pecado é hereditário. A sua universalidade deve-se à
corrupção da natureza humana. E a Palavra de DEUS afirma que o primeiro homem
violou a vontade expressa de DEUS, e, por consequência, toda a vida humana se
corrompeu. Inevitavelmente, quando o homem se depara com a idade da consciência
moral, está tão identificado com os maus impulsos existentes dentro de si que
precisará esforçar-se para manter o equilíbrio moral e espiritual de sua vida.
Não se trata meramente de um impulso momentâneo da sua vontade, mas
é algo implícito na sua natureza pecaminosa, que é sinistro e obscuro. A
tendência má que se revela numa criança se percebe na semente dessa tendência
má. Nesse sentido, toda criança é pecadora, conquanto não tenha culpa pessoal.
Não podemos cobrar responsabilidade pessoal de uma criança recém-nascida.
A Bíblia e a consciência moral dão testemunho da responsabilidade
que temos de nossa vida, apesar da natureza que temos herdado. Na verdade, a
herança do pecado se constituí numa condição de vida, para a qual precisamos da
graça salvadora de CRISTO para dominá-la. Por isso, mesmo como pecadores
regenerados pelo ESPÍRITO SANTO precisamos negar-nos a nós mesmos, tomar a
nossa cruz e sermos crucificados com CRISTO (G1 2.20).
Todo ser humano nasce com uma natureza corrompida. Todos os atos
pecaminosos das pessoas são frutos de sua natureza pecaminosa. Ora, o que se
entende por natureza
no contexto desse estudo? Ê aquilo que é inato em cada pessoa, isto
é, nasce com ela. JESUS, disse, certa feita aos seus discípulos que “não há
árvore boa que dê mau fruto... o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira
o mal” (Lc 6.43-45).
Portanto, não há criatura humana neste mundo que não tenha nascido
com uma “natureza corrompida”. E algo que faz parte do seu ser e é subjacente à
sua própria consciência. Por isso, toda criatura constitui-se pecadora diante
de DEUS, visto que o pecado em si é herança comum de todas as criaturas sobre a
terra.
O salmista Davi declarou que fora formado em iniquidade e concebido
em pecado (Sm 51.5). Na verdade, com isso, confessou não o pecado de sua mãe, e
sim o seu próprio pecado, e que esse estado — entendeu ele — vinha desde o
momento de sua concepção.
A natureza corrompida e congênita de toda criatura humana. O
apóstolo Paulo usou uma expressão forte em Efésios, a qual merece a nossa
apreciação: “éramos por natureza filhos da ira” (2.3). A expressão “filhos da
ira” denota o estado de condenação por causa da herança do pecado que todos
recebemos de nossos pais (Adão e Eva). Entende-se por “natureza” algo inato e
original distinto daquilo que se adquire posteriormente.
Sem dúvida, o apóstolo coloca o texto no passado com o verbo
“éramos”, para indicar que, ao sermos regenerados pelo ESPÍRITO SANTO, fomos
agraciados pela graça de DEUS. A criança é despida de consciência moral, mas
congenitamente possui a natureza pecaminosa herdada. Por isso, a morte é a
penalidade global que afeta todas as pessoas e, inevitavelmente, afeta as
crianças, haja vista elas morrerem como todos os demais seres.
As crianças estão colocadas num estado de pecado e, por isso,
necessitam de regeneração e salvação através de JESUS CRISTO. Naturalmente,
elas são objeto de salvação pela graça de CRISTO, que as salva,
independentemente da consciência moral. Contudo, a condição dos adultos é
diferente da das crianças. O adulto precisa de fé pessoal para ser salvo, e a
Bíblia declara que CRISTO morreu por todos (2 Co 5.15).
No Juízo Final, as pessoas serão julgadas mediante o teste da
conduta pessoal, enquanto as crianças, mesmo tendo uma tendência para mal, são
incapazes de transgressão pessoal; por isso, cremos que elas estarão entre os
salvos (Mt 25.45,46).
Adão depois da Queda. Já dissemos anteriormente que Adão e Eva,
quando pecaram, perderam o direito do primeiro estado de santidade em que foram
criados e vieram a ser objeto de várias mudanças negativas transcendentais.
I.
O
casal submeteu-se ao domínio da morte espiritual. A penalidade declarada por
DEUS antes da Queda foi: “porque no dia em que dela comeres, certamente
morrerás” (Gn 2.17). Imediatamente ao ato pessoal do pecado, Adão e Eva tiveram
a sentença cumprida. Não só se tornaram culpados e submissos à
pena do pecado com a limitação da vida física e a morte física
posteriormente, mas imediatamente ficaram sob a égide da morte espiritual,
perdendo a comunhão livre que tinham com DEUS, separando-se da relação com Ele.
2.
O
juízo de DEUS veio também sobre Satanás e a serpente usada por ele (Gn 3.14). O
Criador predisse, então, o futuro conflito entre CRISTO e o Diabo, conforme
Gênesis 3.15: “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a
sua semente, esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
A semente da mulher foi JESUS CRISTO, que, sendo o Filho de DEUS,
fez-se homem, para identificar-se com os homens, e foi ferido no Calvário.
JESUS morreu na cruz, mas não foi retido na sepultura e na morte. Pelo
contrário, pelo ESPÍRITO SANTO foi ressuscitado e venceu a morte e o próprio
Diabo. Ele morreu por toda a humanidade; além disso, anulou a sentença da morte
eterna aos que o aceitarem como Salvador e Senhor.
3.
DEUS
proferiu um juízo específico sobre a mulher, Eva, a qual experimentaria a dor
ao dar a luz seus filhos e seria submissa ao seu marido (Gn
16.
.
Quarto, uma maldição especial caiu sobre o homem, Adão, o qual teria que lavrar
a terra, agora maldita com espinhos e cardos, para obter sua subsistência (v.
17).
A terra foi amaldiçoada (Gn 3.17.18) e o efeito do pecado atingiria
a vida dos descendentes de Adão. Foi expulso do Jardim de DEUS e começou a
experimentar a dor e a luta para sobreviver. O pior em toda esta maldição foi
Adão experimentar a morte espiritual e, por isso, perder sua comunhão com o
Criador e sofrer a pena da morte física.
Três imputações. Como resultado imediato da Queda, todo o gênero
humano foi atingido. A Bíblia menciona, pelo menos, três imputações decorrentes
do pecado de Adão:
1.
Seu
pecado foi imputado à sua posteridade (Rm 5.12-14).
2.
Seu
pecado foi imputado a CRISTO (2 Co 5.21).
3.
DEUS
imputou sua justiça sobre os que crêem em CRISTO (Gn 3.15; 15.6; Sl 32.2; Rm
3.22; 4.3,8,21-25; 2 Co 5.21). Nesse sentido, a Bíblia revela que se efetuou
uma transferência de caráter judicial do pecado do homem para JESUS CRISTO, que
levou sobre a cruz o pecado da humanidade (Is 53.5; Jo 1.29; I Pe 2.24; 3.18).
Outra verdade, nesse contexto, é o fato de que, de igual modo, DEUS
efetuou a transferência, de caráter judicial, da justiça de DEUS para o crente
em CRISTO (2 Co 5.21), visto que o único modo de justificação ou aceitação
diante de DEUS era este. Por este ato justificador de CRISTO, o crente passa a
fazer parte da vida organística de CRISTO, isto é, do seu corpo e, por
conseguinte, participa de tudo o que CRISTO é.
Torna-se claro, portanto, que a participação dos homens na Queda
resultante do pecado não se efetua quando cometem seus primeiros pecados,
porque eles nascem sob a égide do pecado, como criaturas caídas, procedentes de
Adão. Os pecadores não se convertem em pecadores por meio da prática de
qualquer pecado individual, mas eles pecam imbuídos pela sua própria natureza
pecaminosa adquirida; por isso, são pecadores.
O significado de estar debaixo do pecado. O texto de Romanos 3.9
diz, literalmente: “Pois quê? Somos melhores do que eles? De maneira nenhuma,
pois já demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do
pecado”. Quando Paulo escreveu sobre esse assunto, estava enfrentando
discussões e polêmicas entre os cristãos convertidos em Roma, cidade que reunia
judeus e gentios.
Cada qual tentava justificar sua posição diante de DEUS. Paulo,
então, colocou ambos na mesma condição e posição, quando disse: “Todos estão
debaixo do pecado”. Uma vez que pecado é transgressão da lei de DEUS, o próprio
judeu que possuía a lei de DEUS foi o primeiro a pecar contra ela.
O gentio, por outro lado, não tinha a lei de Moisés, mas tinha a
lei da consciência escrita no coração e não podia justificar-se diante de DEUS,
tanto quanto o judeu. Paulo mostrou aos Romanos, em 3.10-12, a universalidade
do pecado; e terminou enunciando o veredicto final de DEUS contra o pecado em
3.19,20. O judeu tendo a lei de Moisés não conseguiu justificar-se do pecado
mediante as obras da lei, e está incluído na universalidade da frase: todos
estão debaixo do pecado”. O remédio para o pecado está, não em algum mérito
pessoal do pecador, mas no mérito da obra expiatória de CRISTO que tira o
pecador do estado de pecado e o coloca “debaixo da graça salvadora de DEUS
através de CRISTO JESUS (Rm 5.1). Vemos, então, que “o pecador é salvo com base
meritória, mas o mérito é daquEle que foi feito justiça de DEUS para ele”.
O CASTIGO do pecado
Já dissemos que o pecado é tanto um ato como um estado. E um ato
porque o homem mesmo preferiu, de seu livre-arbítrio, desobedecer à lei de
DEUS, rebelando-se contra Ele. Porém, o pecado implica um estado pecaminoso
porque o homem quebrou a comunhão e a relação com o seu Criador, separando-se
dEle. Inevitavelmente, segue-se à prática do pecado o juízo, ou seja, o castigo
positivo (Gn 2.17; Rm 6.23).
O castigo imediato do pecado. Em pontos anteriores já abordamos
sobre o castigo sem aprofundar a sua importância no contexto da doutrina do
pecado. A partir do capítulo
3.
de
Gênesis, a Bíblia trata da Queda e dos efeitos imediatos do pecado na vida do
homem. Adão experimentou, de modo imediato, as consequências do seu pecado após
ter desobedecido a DEUS. Fugiu da presença de DEUS no jardim do Éden (Gn 3.8)
levando consigo o estigma do pecado e tomando-se culpado aos olhos de DEUS.
1.
O
pecado desfigurou a imagem divina do homem. Adão não perdeu completamente a
imagem divina porque em parte permaneceram nele os elementos de pessoalidade
dessa imagem, na sua alma e no seu espírito. Porém, esses elementos da imagem
foram desfigurados pelo pecado. Em que consistia a imagem original de DEUS no
homem? O texto de Gn 1.26,27 diz que o homem foi criado à imagem de DEUS.
“Strong define a pessoalidade, como imagem natural de DEUS e a santidade como
imagem moral de DEUS. Em relação à pessoalidade, o homem foi criado como ser
pessoal e isto o distingue dos seres irracionais”.
Trata-se da capacidade do homem para pensar, conhecer a si mesmo e
relacionar-se com o mundo ao seu redor e determinar o seu “eu” quanto ao certo
e o errado, ao que é justo e o que é injusto (Gn 9.6; I Co 11.7; Tg 3.9). Em
relação à imagem moral, o homem foi dotado de sentimento, inteligência e
vontade que o capacita a ter escrúpulos e autodeterminação quanto à justiça e
santidade. Esse sentido moral da imagem divina no homem revela-se na finalidade
da sua criação que é a retidão. Diz a Bíblia que “DEUS fez o homem reto” (Ec
7.29) e a justiça é essencial à sua imagem (Ef 4.24; Cl 3.10). Mas ele a
distorceu por seu pecado afetando toda a criação e sua descendência (Rm 5.12).
2.
O
pecado deu origem a um estado pecaminoso que afetou toda a raça humana. Myer
Pearlman afirmou: “O efeito da Queda arraigou-se tão profundamente na natureza
humana, que Adão, como pai da raça humana, transmitiu a seus descendentes a
tendência ou inclinação para pecar”. Neste aspecto toda criatura humana é
pecadora porque adquiriu a imagem degenerada e decaída de seu pai.
Ernesto Naville escreveu: “Não digo que todos sejamos malfeitores
manifestos, mas, sim, afirmo que em cada um dos homens existe o princípio do
egoísmo que é a natureza do pecado”. Existe uma disposição entranhada no
interior de cada criatura humana para praticar o pecado (Ef 2.2,3), e Paulo
ensina e atribui a universalidade do pecado ao cabeça da raça humana (Rm 5.12).
O apóstolo Paulo tratou profundamente da doutrina do pecado e
ensina que os cristãos autênticos, antes de serem alcançados pela graça de
DEUS, mediante a obra expiatória de CRISTO, viviam em ofensas e pecados,
fazendo a vontade do
Diabo, da carne e dos pensamentos, e por isso eram considerados
“filhos da ira divina” (Ef 2.3).
Mais uma vez Myer Pearlman esclarece esse assunto:
Esta condição moral da alma é descrita de muitas maneiras: todos
pecaram (Rm 3.9); todos estão debaixo da maldição (Cl 3.1 0); o homem natural é
estranho às coisas de DEUS (l Co 2.14); o coração natural é enganoso e perverso
(Jr 1 7.9); a natureza mental e moral é corrupta (Gn 6.5,12; 8.21; Rm 1,19-21);
a mente carnal é inimizade contra DEUS (Rm S. 1,8); o pecador é escravo do
pecado (Rm 6.11; 1.15); é controlado pelo príncipe das potestades do ar (Ef
2.2); está morto em ofensas e pecados (Ef 2.1); é filho da ira (Ef 2.3).
3.
O
pecado acarretou punições naturais e físicas na vida do homem. Louis Berkhof
diz que são “punições naturais e positivas” em que as leis naturais da vida são
violadas. São punições de ordem física que resultam em doenças, dores e
sofrimentos ao homem. Não se trata de punições imediatas à qualquer prática de
pecado, mas se trata daquelas doenças impregnadas na terra, no ar e nas águas.
Essas punições naturais resultam da “maldição do pecado” no nosso planeta.
A promessa de cura e redenção da Terra e do homem provém da pessoa
de JESUS, o Filho de DEUS, que se fez carne, habitou entre nós, para expiar a
culpa do pecado dos homens (Gn 3.15; Is 53.4,5; Rm 5.21). Os sofrimentos da
vida tomaram-se realidade na vida cotidiana do homem, como resultado da
penalidade do pecado.
Seu corpo físico tomou-se presa de doenças e fraquezas provocando
mal-estar e desconforto. Sua vida mental e emocional ficou sujeita a angústias,
tristezas, paixões sem domínio e desejos conflitantes. Sua vontade perdeu a
capacidade de escolha, e conforme disse Paulo, toda a criação ficou sujeita à
vaidade e escravidão (Rm 8.20). De certo modo, nosso sofrimento físico nos dá,
pela morte física, a esperança de obtermos, um dia, corpos transformados e espirituais.
4.
O
pecado gerou um contínuo conflito moral e espiritual entre corpo e alma de cada
criatura humana. Tão logo o homem pecou, entranhou-se em seu ser um conflito
entre sua natureza superior, expressa por alma e espírito, e sua natureza
inferior, manifesta através do corpo. O homem se encontrou dividido em si
mesmo, e sua natureza física e inferior, tornou-se frágil e subjugada aos
poderes do pecado (Rm 7.24).
O grande pregador Charles H. Spurgeon falou em uma de suas
pregações que “o mar todo fora do navio não causa dano enquanto a água não
penetra nele e enche- lhe o porão”. Aprendemos com esse ensino de Spurgeon que
o perigo está dentro de nós mesmos. E interno e na linguagem metafórica da
Bíblia esse perigo chama-se coração, que é, de fato, o nosso maior inimigo,
porque nos engana. A síntese dessa idéia é que devemos ter o coração sob
controle para que ele não nos engane.
Nesse fato está a questão da tentação. Ela em si mesma não se
constitui pecado, mas ela pode se tornar em ocasião para o pecado. O Novo
Testamento, especialmente, fala constantemente sobre “carne e espírito” como
opostos um ao outro (Gl 5.13,24; Mt 26-41). Esse conflito envolve a totalidade
da pessoa, porque a “carne” induz a volta ao domínio do pecado, no caso do
cristão. Porém, o cristão fortalece o seu espírito para vencer a carne e estar
submisso ao senhorio de CRISTO JESUS e do ESPÍRITO SANTO (Gl 5.16; Rm 8.4-14).
5.
O
pecado despertou a consciência do homem. Diz o texto literalmente: “Então,
foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus, e coseram folhas
de figueira, e fizeram para si aventais” (Gn 3.7). Na verdade, quando os seus
olhos foram abertos, os olhos de suas almas, olhos do interior, uma forte
convicção de que haviam desobedecido a DEUS lhes sobreveio. Quando já era
demasiado tarde, compreenderam a loucura de haver comido do fruto proibido por
DEUS.
A lei moral de suas consciências deu o sinal quando descobriram que
estavam nus. Esta consciência de nudez os fez perceber que haviam perdido todas
as honras e encantos da vida no paraíso que DEUS havia feito para eles.
Outrossim, ficaram envergonhados, porque se viram frente ao desprezo e à perda
da comunhão com o Criador. Ficaram totalmente indefesos, porque, a partir da
Queda, estavam sós, sem a presença do Criador.
6.
O
pecado trouxe ao homem a punição da morte física. Paulo declarou que por um
homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte” (Rm 5.12). A palavra
“morte”, thanatos (gr.), significa separação das partes física e espiritual do
ser humano. Indiscutivelmente, a separação de corpo e alma faz parte da
penalidade imediata do pecado. A Bíblia diz que “o salário do pecado é a morte”
(Rm 6.23).
Pelágio e seus discípulos ensinaram que a morte física fazia parte
do primeiro estado do homem antes do pecado e que ele fora criado como um ser
mortal. Naturalmente, esse conceito errôneo foi rejeitado através da história.
A igreja adotou uma posição definida quanto a questão da morte, a saber, que a
morte sempre se constituiu uma penalidade do pecado.
O castigo disciplinador Os teólogos procuram fazer distinção entre
castigo, punição e pena e, sem dúvida, há certa distinção que deve merecer a
nossa apreciação. Entretanto, preferi usar o termo castigo com abrangência ao
modo de tratamento de DEUS quanto aos pecados cotidianos dos cristãos e quanto
aos pecados que implicam o tratamento final de DEUS.
Nesse ponto, especialmente, o castigo disciplinador relaciona-se
com o comportamento do cristão, e objetiva corrigido e repreendê-lo, a fim de
que não se perca. A doutrina no que tange a esse tipo de castigo revela que é
possível até
mesmo morte prematura do cristão como modo de disciplina divina e a
salvação da alma (I Co 11.30-32). O autor da Carta aos Hebreus faz uma
distinção entre filhos e bastardos (Hb 12.6-8). Neste texto DEUS se mostra como
“Pai amoroso que corrige os filhos”; por isso, a correção tem sentido disciplinador.
Quando o escritor emprega o termo “bastardo”, faz isso para
distingui-lo do filho verdadeiro de DEUS, aquele que aceita a correção do Pai
(v.8). Chafer escreveu, em sua Teologia Sistemática, que “a disciplina, numa
forma ou outra, é a experiência universal de todos os que são salvos; o ramo
que produz fruto é podado, para que produza mais fruto ainda (Jo 15.12)”.
O castigo (a pena) final do pecado. Se morte física significa
separação de corpo e alma e é parte da pena do pecado, entendemos que, de modo
nenhum, a morte física venha significar a penalidade final. Nas Escrituras a
palavra morte é frequentemente usada com sentido moral e espiritual. Isto
significa que a verdadeira vida da alma e do espírito, é a relação com a
presença de DEUS. Portanto, a pena divina contra o pecado do homem no Éden foi
a separação da comunhão com o Criador.
A morte espiritual tem dois sentidos especiais: um sentido é
negativo e o outro é positivo. Em relação à vida cristã, todo verdadeiro crente
está morto para
o pecado, porque a pena do pecado foi cancelada e ele está livre do
domínio do pecado (Rm 6.14).Trata-se da separação da vida de pecado depois que
se aceita a CRISTO e é expiado por Ele. Porém, em relação ao futuro, o crente
terá a vida eterna, isto é, terá a redenção plena do corpo do pecado (Ap 21.27;
22.15).
Porém, o sentido negativo de morte espiritual refere-se à morte no
pecado. O crente está morto para o pecado, mas o ímpio está morto
espiritualmente no pecado. Significa que o pecador vive um estado de vida
separado de DEUS e de sua comunhão. Significa estar “debaixo do pecado” e estar
sob o seu domínio (Ef 2.1,5). O efeito desses dois sentidos é presente e
temporal. O pecador sem DEUS, no presente, está numa condição temporal de
excomunhão com DEUS, mas pela graça de DEUS poderá sair desse estado e morrer para
o pecado (Ef 4.18; Gn 2.17).
A punição final do pecado é a morte eterna, ou seja, o juízo final
contra o pecado (Hb 9.27). A morte eterna é a culminância e complementação da
morte espiritual. Diz respeito à repugnância da santidade divina que requer
justiça contra o pecado e contra o pecador impenitente. Significa a retribuição
positiva de um DEUS pessoal, tanto sobre o corpo como sobre a sua alma e
espírito (Mt 10.28; 2Ts 1.9; Hb 10.31; Ap 14.11).
Existem algumas teorias que tentam anular a doutrina bíblica da
morte eterna, como castigo final do pecado. O universalismo ensina que DEUS é
bom demais para excluir alguém da sua presença no Céu, pois JESUS morreu por
todos; por isso, ao final, todos serão salvos. O restauracionismo é outra idéia
equivocada e antibíblica, porque ensina que DEUS vai restaurar todas as coisas
ao final da história da humanidade, quando então todos serão salvos.
A idéia do purgatório, ensinada pela igreja romana, de que o
purgatório é um período probatório pelo qual, entre a morte e a ressurreição,
os pecadores que morreram serão provados e poderão se recuperar e se livrar da
pena final de seus pecados. Por último, a teoria da aniquilação ensina que, ao
final de tudo, no juízo, todos os ímpios serão aniquilados; isto é,
extinguidos, como quem extingue uma folha de papel no fogo que vira cinza.
Interpretam erradamente 2 Tessalonicenses 1.9; substituem a palavra “aniquilar”
por “extinguir”. O sentido bíblico de “aniquilar” é “banir” da presença de
DEUS.
Portanto, morte eterna é a eterna separação (banimento) da presença
de DEUS e a impossibilidade de arrependimento e salvação. Os ímpios são
constituídos por aquelas pessoas que rejeitaram conscientemente a graça de DEUS
e, por isso, depois da morte física, serão ressuscitados e comparecerão diante
do Grande Trono Branco do Juízo de DEUS e receberão a justa retribuição dos
seus pecados com a morte eterna, sendo lançados no Geena, isto é, o “lago de
fogo eterno (Ap 20.14,15; Mt 5.22,29,30; 10.26; 23.14,15,33).
Existe uma distinção entre a primeira e a segunda morte. A primeira
é física; morre-se uma só vez (Hb 9.27); é temporal e para todas as pessoas no
mundo: justos e injustos. A “segunda” morte é espiritual e eterna; a “segunda”
tem um sentido moral, porque todos quantos irão passar por ela saberão e terão
“consciência” depois da primeira morte (At 24.15).
Uma das grandes verdades acerca do castigo do pecado é que a
justiça de DEUS o exige afim que ninguém o acuse de injustiça. Pelo contrário,
Ele é o Senhor que pratica a misericórdia, juízo e justiça na terra (Jr 9.24).
A questão do pecado encontra resposta e solução quando encontramos
na Bíblia a declaração de Paulo de que DEUS propôs JESUS CRISTO como
propiciação pelo seu sangue, para receber toda a carga da ira de DEUS contra o
pecado (Rm 3.25; 2 Co 5.21; Gl 3.13). Significa que a cruz foi o meio pelo qual
DEUS castiga o pecado. O próprio DEUS, perfeito em justiça, tornou possível a
expiação dos pecados por aquele que se fez nosso justificador perfeito (Rm
3.26).
As Grandes Doutrinas da Bíblia - HAMARTIOLOGIA - Raimundo de
Oliveira - CPAD
ÍNDICE
I. A ORIGEM DO PECADO
1. Conceitos Históricos Sobre a Origem do Pecado
2. O Que a Bíblia Ensina Sobre a Origem do Pecado
3. O Caráter do Primeiro Pecado do Homem
4. A Universalidade do Pecado
II. A NATUREZA ESSENCIAL DO PECADO
1. A Idéia Bíblica do Pecado
2. O Pecado Original
3. O Pecado Atual
4. O Pecado Imperdoável
5. O Pecado e o Crente
HAMARTIOLOGIA
INTRODUÇÃO
As Escrituras destacam dois grandes princípios morais mediadores do
comportamento do homem em relação a DEUS: a santidade e o pecado. Na esfera
moral, a santidade corresponde ao bem, enquanto o pecado corresponde ao mal.
Todos os mais princípios e qualidades morais podem ser classificados de maneira
a se identificarem com a santidade e o bem, ou com o pecado e o mal. Por essa
razão a doutrina do pecado recebe especial atenção na Bíblia.
I.A ORIGEM DO PECADO
Qualquer pessoa que se dá a meditar na doutrina do pecado,
procurando compreendê-la mesmo à luz das Escrituras, inevitavelmente há de se
defrontar com a seguinte indagação: Qual a origem do pecado? Esta indagação
quer a encaremos no contexto da Igreja ou da Teologia, amplia-se numa indagação
sobre a origem do mal em todo o mundo. As perturbações da vida e a consciência
de algo anormal atuando decisivamente no mundo, conduzem o homem pensante a
essa questão; e inúmeras são as respostas formuladas através da história;
respostas nem sempre harmônicas entre si.
1.Conceitos Históricos Sobre a Origem do Pecado
São os mais diversos conceitos que ao longo da historias surgiram
acerca da origem do pecado. Irineu, bispo de Lyon, na Ásia Menor (130-208
d.C.), foi, talvez, o primeiro dos países da Igreja Antiga, a assegurar que o
pecado no mundo se originou na transgressão voluntária do homem no Éden. O
conceito de Irineu logo tomou conta do pensamento e da teologia da Igreja,
especialmente como arma no combate ao gnosticismo, pois este ensinava que o mal
é inerente à matéria.
Do Gnosticismo a Orígenes
O gnosticismo ensinava que o contato da alma humana com a matéria
era que a tornava imediatamente pecadora. Esta teoria naturalmente despojou o
pecado do seu caráter voluntário como é apresentado na Bíblia. Orígenes
(185-254 d.C.) sustentou este mesmo ponto de vista por meio de sua teoria
chamada “preexistencismo”. Segundo ele, as almas dos homens pecaram
voluntariamente em existência prévia, e, portanto, todas entraram no mundo numa
condição pecaminosa.
Este conceito de Orígenes sofreu forte oposição mesmo nos seus
dias.
Os pais da Igreja Grega
Em geral os Pais da Igreja grega dos séculos III e IV se mostraram
inclinados a negar a relação direta entre o pecado de Adão e seus descendentes.
Em contraposição, os Pais da Igreja latina ensinaram com bastante clareza que a
presente condição pecaminosa do homem encontra sua explicação na primeira
transgressão de Adão no Éden.
De Agostinho à Reforma
O ensino da Igreja do Ocidente quanto à origem do pecado teve seu
ponto mais elevado na pessoa de Agostinho. Ele insistiu no ensino de que em
Adão toda a humanidade se acha culpada e maculada. Já os teólogos
semipelagianos, admitiam que a mancha do pecado, e não o pecado mesmo, é que
era causada pelo relacionamento humanidade – Adão. Durante a Idade Média, o que
se cria a respeito de assunto era uma mistura de agostinismo e pelagianismo. Os
Reformadores, particularmente, comungaram do ensino de Agostinho.
Do Racionalismo a Karl Barth
Sob a influência do racionalismo e da teoria evolucionista, a
doutrina da queda do homem e de seus efeitos fatais sobre araçá humana, foi
descartando-se gradualmente. Começou a si difundir a idéia de que, se realmente
houve o que a Bíblia chama “queda” do homem, essa queda foi para o alto. A
idéia do pecado odioso aos olhos santos de DEUS foi substituída pelo mal, e
este mal se aplicou de diferentes maneiras. Por exemplo, Emmanuel Kant o
considerou como parte inseparável do que há de mais profundo no ser humano, e
que não se pode explicar. O evolucionismo chama esse “mal” de oposição das
baixas inclinações ao desenvolvimento gradual da consciência moral. Karl Barth,
teólogo suíço (1886-1968), fala da origem do pecado como um mistério da
predestinação. Em suma: o que muitas correntes da teologia racional erradamente
ensinam é que Adão foi na verdade o primeiro pecador, porém sua obediência não
pode ser considerada como causa do pecado no mundo. O pecado do homem estaria
relacionado de alguma forma com a sua condição de criatura. A história do
paraíso nada mais proporciona ao homem do que a simples informação de que ele
necessariamente não precisa ser pecador.
2. O Que a Bíblia Ensina Sobre a Origem do Pecado
Na Bíblia, o mal moral que assola o mundo, normalmente chamado
pelos homens de fraqueza, equívoco, deslize, queda para o alto, se define
claramente como pecado, fracasso, erro, iniquidade, transgressão, contravenção,
e injustiça. A Bíblia apresenta o homem como transgressor por natureza. Mas,
como adquiriu o homem essa natureza pecaminosa? O que a Bíblia nos diz acerca
disso? Para termos respondidas estas indagações, é interessante e indispensável
considerar o seguinte:
a) DEUS não é o Autor do Pecado
Evidentemente DEUS, na sua onisciência, já vira a entrada do pecado
no mundo, bem antes da criação do homem. Porém, deve-se ter cuidado para que ao
se fazer esta interpretação, não fazer de DEUS a causa ou autor do pecado.
“Longe de DEUS o praticar ele a perversidade, e do Todo-poderoso o cometer
injustiça” (Jó 34.10). DEUS é santo (Is 6.3). E não há nele nenhuma injustiça
(Dt 32.4; Sl 95.15). “Ninguém ao ser tentado, diga: Sou tentado por DEUS; por
que DEUS não pode ser tentado pelo mal, e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13).
DEUS odeia o pecado e como prova disto enviou a JESUS CRISTO como provisão
salvadora para o homem. Assim sendo, as Escrituras rechaçam todas aquelas
idéias deterministas, segundo as quais DEUS é autor e responsável pela entrada
do pecado no mundo. Tais idéias são contrárias às Escrituras, mas também à voz
da consciência que dá testemunho da responsabilidade do homem perante o DEUS
cuja santidade foi ultrajada.
b) O Pecado Teve Origem no Mundo Angélico
Se quisermos conhecer a origem do pecado, teremos de ir além da
queda do homem, descrita no capítulo 3 de Gêneses, e pôr a nossa atenção em
algo que aconteceu no mundo dos anjos. DEUS criou os anjos dotados de
perfeição, porém, Lúcifer e legiões deles se rebelaram contra DEUS, pelo que
caíram em terrível condenação. O tempo exato dessa queda não é dado a conhecer
na Bíblia. JESUS fala acerca do Diabo dizendo ser ele homicida desde o
princípio (Jo 8.44). O apóstolo João diz que o Diabo peca desde o princípio (1
Jo 3.8). Pouco se diz a respeito do pecado que ocasionou a queda dos anjos;
porém, quando Paulo adverte a Timóteo no sentido de que nenhum neófito seja
designado bispo sobre a casa de DEUS, diz o apóstolo porque: “...para não
suceder que se ensoberbeça e caia na condenação do Diabo” (1 Tm 3.6). Daí se
conclui que o pecado do Diabo foi a soberba e o desejo de sobrepujar a DEUS.
c) A Origem do Pecado na Raça Humana
A origem do pecado na história da raça humana foi a transgressão
voluntária de Adão no Éden. O homem deu ouvidos à insinuação do tentador, de
que, se colocasse em oposição a DEUS, se tornaria igual a Ele. Tomando do fruto
que DEUS proibira, Adão caiu, abrindo a porta de acesso ao pecado no mundo. Ele
não somente pecou, ele também se tornou servo do pecado. Neste sentido escreve
o apóstolo Paulo: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que
todos pecaram...Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os
homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça
sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como, pela
desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela
obediência de um, muitos serão feitos justos” (Rm 5.12,18,19).
3. O Caráter do Primeiro Pecado do Homem
De acordo com o relato sagrado, primeiro pecado do homem, consistiu
em haver Adão comido da árvore do conhecimento do bem e do mal, em desacato a
ordem de DEUS: “... da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás;
porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17).
a) Seu Caráter Formal
Ignoramos a razão porque o elemento de prova do homem no Éden é
chamado de “árvore do conhecimento do bem e do mal”. Porém, segundo uma idéia
muito comum, ela se chama assim pelo fato de que o homem, comendo dela,
adquiriria conhecimento prático do bem e do mal. Berkhof é da opinião de que
essa interpretação dificilmente se harmoniza com as Escrituras que afirmam que
o homem, ao comer dela se tornaria igual a DEUS no que diz respeito à aquisição
do conhecimento do bem e do mal e portanto não tem conhecimento prático dele.
Parece muito mais aceitável que essa árvore se chamava assim pelo fato de que
ele estava destinado a revelar: Se o estado futuro do homem seria bom ou mau;
Se o homem permitiria que DEUS determinasse em seu lugar o que lhe era bom ou
mau, ou se o homem determinaria por si mesmo. Qualquer significado que se dê à
árvore do conhecimento do bem e do mal, deve-se ter sempre em mente que a
finalidade da sua designação por DEUS foi de simplesmente de provar o homem
criado à sua imagem e semelhança. Adão teria de demonstrar interesse e se
submeter à sua própria vontade ou à vontade de DEUS, com obediência implícita e
absoluta.
b) Seu Caráter Essencial e
Material
A essência do pecado de Adão consiste em que ele se colocou em
oposição a DEUS, recusando submeter-se à sua vontade e impedindo que DEUS
determinasse o curso da sua vida. Adão tomou as rédeas da sua vida das mãos de
DEUS, determinado o seu futuro por si mesmo. O homem que não tinha nenhum
direito sobre DEUS, separou-se dele como se nada lhe devesse. Com essa ação, o
homem estava como que levantando os punhos em direção a DEUS e lhe dizendo: ”Eu
não preciso mais de ti”. A idéia de que a ordem de DEUS ainda estava na mente
do homem no momento do seu pecado é comprovada na resposta de Eva à pergunta de
Satanás, “nem tocareis nele” (Gn 3.3). Possivelmente, Eva quis enfatizar que o
mandamento de DEUS não havia sido razoável, isto é, era muito mais pesado do
que se podia imaginar. Foi assim que no desejo de ser igual a DEUS, o homem
pecou e foi reduzido à categoria de servo do pecado.
4. A Universalidade do Pecado
Ainda que muitos tenham diferentes opiniões quanto à natureza do
pecado e o modo como ele se originou, bem poucos se inclinam a negar o fato de
que o pecado é um tormento no coração do homem, em todos os quadrantes da
terra. Seja em grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, ou nas mais
esquecidas aldeias no seio da África, o pecado é um flagelo diário.
a) O Testemunho da História
A própria história das religiões pagãs testifica da universalidade
do pecado. A pergunta do patriarca Jó: “Como, pois, seria justo o homem perante
DEUS, e como seria puro aquele que nasce da mulher?” (Jó 25.4). É uma pergunta
feita tanto por aqueles que conhecem a revelação especial DEUS, quanto por
aqueles que a ignoram. Quase todas as religiões dão testemunho de um
conhecimento universal do pecado e da necessidade de reconciliação com o
Supremo. Há um sentimento generalizado de que os deuses estão ofendidos e de
que algo deve ser feito para apaziguá-los. A voz da consciência acusa o homem
diante do seu fracasso em alcançar o ideal da vida perfeita dizendo que ele
está condenado aos alhos de alguém que possui um poder superior. Os altares
banhados de sangue e as freqüentes confissões de agravo, feitas por pessoas que
buscam livrar-se do mal, apontam conjuntamente pêra o conhecimento do pecado e
da gravidade dele. Onde quer que os missionários cristãos se encontrem,
apodera-se deles a certeza de que o pecado é um flagelo universal. Os filósofos
gregos, na sua luta contra o problema do mal, foram levados a admitir a
universalidade do pecado, ainda que incapaz de explicar esse fenômeno.
b) Todos Pecaram
A pecaminosidade do homem está registrada em toda a extensão das
Escrituras (Gn 6.5; 1 Rs 8.46; Sl 53.3; 143.2; Pv 20.9; Ec 7.20; Is 53.6; 64.6;
Rm 3.1-12,19,20,23; Gl 3.22; Tg 3; 1 Jo 1.8,10). De fato, a Bíblia mostra o
pecado como uma herança inevitável que o homem tem de administrar desde o seu
nascimento, e que está presente na natureza do homem e com ele continuará até a
morte (Sl 5.5; Jó 14.4; Jo 3.6; Ef 2.3). Escrevendo aos Efésios, diz o apóstolo
Paulo que nós, os crentes, “éramos por natureza filhos da ira, como também os
demais” (Ef 2.3). o pecado, pois, é algo original, do qual todos participam, e
que os fazem culpados diante de DEUS. O pecado e a morte nivelam os homens. A
maior prova em favor da universalidade do pecado é que a própria obra realizada
por CRISTO na cruz, que no seu escopo apresenta-se como uma obra de caráter
universal, e como remédio único para a doença espiritual de toda a humanidade.
II. A NATUREZA ESSENCIAL DO PECADO
O caráter santo de DEUS é a norma única e final mediante a qual
podemos julgar com exatidão os valores morais. Para aqueles que não levam DEUS
em conta, não existem normas morais fora dos costumes sociais e dos ditames
duma consciência pervertida.
1. A Idéia Bíblica do
Pecado
Não podemos assimilar a idéia bíblica do pecado, a menos que
levemos em consideração as seguintes particularidades na conceituação do
pecado.
a) O Pecado é uma Classe Específica de Mal
Comparativamente, o que ouvimos e lemos hoje sobre o mal é muito
mais do que aquilo que ouvimos e lemos a respeito do pecado. Isto se dá,
talvez, devido à opinião comum de que mal e pecado são a mesma coisa. Porém, é
bom lembrar que, apesar de todo o pecado ser um mal, nem tudo que consideramos
mal é pecado. O pecado não deve ser confundido com o mal físico que produz
prejuízos e calamidades. O pecado é a causa do mal, enquanto que o mal é o
efeito do pecado. Os termos bíblicos para designar o pecado são variados. Em
geral é apresentado como “fracasso”, “erro”, “iniquidade”, “transgressão”,
“contravenção”, “falta de lei” e “injustiça”. Porém, a definição de pecado não
pode ser derivada simplesmente dos termos bíblicos para denotá-lo. A
característica principal ele está orientado contra DEUS (Sl 51.4; Rm 8.7).
b) O Pecado Tem um Caráter Absoluto
O contraste entre o bem e o mal é absoluto, e não há neutralidade
alguma entre ambos; tanto que a transição entre um e outro não é de caráter
quantitativo, mas qualitativo. Um ser moral, que não é bom, não se torna mau só
por diminuir a sua bondade, mas por uma mudança radical que o leva a
envolver-se com o pecado. JESUS disse: “Quem não é comigo é contra mim; e quem
comigo não ajunta espalha” (Mt 12.30). o homem tem de estar do lado do bem e da
justiça, ou do mal. Em assuntos espirituais, a Escritura não conhece uma
posição de neutralidade.
c) O Pecado é Sempre Dirigido Contra DEUS
É impossível se ter um conceito correto do pecado sem vê-lo em
relação com a pessoa e a vontade de DEUS. É compreendendo assim que o pecado
pode ser interpretado como “falta de conformidade com a lei de DEUS”. Esta é a
definição formal mais correta de pecado. Os seguintes trechos extraídos das
Escrituras abordam o pecado em relação a DEUS e a sua Lei: “os quais,
conhecendo a justiça de DEUS (que são dignos de morte os que tais coisas
praticam), não somente as fazem, mas também aprovam aos que as fazem” (Rm 1.32).
“... se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei
como transgressores” (Tg 2.9). “Todo aquele que pratica o pecado também
transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei” (1 Jo 3.4).
d) O Pecado Inclui Tanto a Culpa Como a Corrupção
A culpa é um estado em que se sente merecer o castigo pela a
violação da lei moral. Ela expressa também a relação que o pecado tem com a
justiça e com o castigo da lei. Porém, por ser uma palavra de significado
duplo, a culpa tanto denota a qualidade própria do pecado, como denota a
culpabilidade que nos faz dignos do juízo e do castigo divino. Dabney fala
deste último aspecto da culpa como “culpa potencial”. A culpa atual pode ser
removida por meio de um substituto, mediante a satisfação das exigências da lei
(Mt 6.12; Rm 3.19; 5.18; Ef 2.3). Corrupção é a contaminação inerente a cada
pecador, e é uma realidade na vida de todo indivíduo. Todo aquele que é nascido
de Adão tem em si a natureza manchada pelo pecado (Jó 14.4; Jr 17.9; Mt
7.15-20; Rm 8.5-8; Ef 4.17-19).
e) O Pecado tem Lugar no Coração
O pecado não reside em nenhuma faculdade da alma, mas sim no
coração, o âmago da alma, de onde flui a vida. Ele é o centro das influencias
que põe em operação o intelecto, a vontade e os afetos. Em seu estado
pecaminoso, o coração torna o homem objeto do desagrado de DEUS. Sobre o
coração como continente do pecado, escreveu o profeta Jeremias: “Enganoso é o
coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o
conhecerá?” (Jr 17.9; Pv 4.23; Mt 15.19,20; Lc 6.45; Hb 3.12).
2. O Pecado Original
A condição pecaminosa em nasce o homem é definida teologicamente
como “pecado original”. Ele é chamado assim: - porque se deriva de Adão, o
tronco original da raça humana; - porque está presente na vida de cada
indivíduo desde o momento do seu nascimento, pelo que não pode ser considerado
como resultado de simples imitação; - porque é a raiz interna de todos os
pecados atuais que maculam a vida do homem. Deve-se, porém, evitar o erro de se
pensar que o termo “pecado original” implica em que este pecado pertence à
constituição original da natureza humana, posto que isto implicaria em que DEUS
criou o homem como pecador.
a) Conceito Histórico
É de opinião geral dos teólogos que os Pais da Igreja primitiva não
se deram ao labor de escrever o suficiente sobre o pecado original. Contudo,
segundo os Pais da Igreja grega, há uma corrupção física na raça humana
proveniente de Adão, porém isto não envolve culpa. A liberdade da vontade em
nada foi afetada pela queda. Respeitáveis teólogos são da opinião de que este
parecer dos Pais gregos, culminou com o surgimento do pelagianismo, movimento
religioso herético fundado por Pelágio, britânico, que viveu entre 360 e 422 da
nossa Era. O pelagianismo negava completamente as doutrinas da graça e do
pecado original. Na igreja latina, porém apareceu uma tendência diferente
através da pessoa de Tertuliano, que segundo alguns teólogos, foi o homem que
depois de Paulo, teve maior senso a respeito do pecado. Tertuliano considerou o
pecado original uma infecção hereditária. Ambrósio, outro famoso Pai da Igreja
latina, foi além de Tertuliano na questão do pecado original e o descreveu como
um estado, e fez uma distinção entre corrupção inata e a resultante culpa do
homem. Porém, foi através do talento e do espírito de estudo de Agostinho que a
doutrina do pecado original alcançou um total desenvolvimento. Segundo ele, a
natureza do pecador, tanto física como moralmente, está de toda corrompida por
causa do pecado de Adão, de tal maneira que o homem não consegue fazer outra
coisa senão pecar. Os reformadores, de modo geral, estiveram de acordo com
Agostinho. Somente Calvino diferia dele, principalmente em dois pontos: Primeiro,
que o pecado original não é algo completamente negativo, uma vez que esse
pecado, segundo ele, dá lugar à eleição de DEUS; Segundo, que esse pecado está
limitado à natureza sensível do homem.
b) Elementos do Pecado Original
São dois os principais aspectos do pecado original: culpa e
corrupção. A palavra culpa, com relação ao pecado original, expressa a relação
que a justiça tem com o pecado, e, como expressavam os teólogos mais antigos, a
relação que o pecado tem com a pena da Lei. É assim que a culpa do pecado de
Adão, como cabeça federal da raça humana, é impossível a todos os seus
descendentes (Rm 5.12-19; Ef 2.3; 1 Co 15.22). A corrupção original do homem
inclui a ausência da justiça original e a presença de um mal real. É a
tendência da natureza caída, herdada de Adão, que condiciona o homem para
pecar. Deve-se, portanto, notar: Primeiro, que essa corrupção não é meramente
uma enfermidade; Segundo, ele não é meramente uma privação.
3. O Pecado Atual
O pecado se originou num ato de livre vontade de Adão como
representante da raça humana; uma transgressão da lei de DEUS e uma corrupção
da natureza humana que deixou o homem exposto ao juízo e castigo de DEUS.
É esta natureza corrompida a fonte donde flui todos os pecados
atuais, diários.
a) Relação Entre Pecado Original e Pecado
Atual
“Pecados atuais” são aquelas ações externas que se executam através
do corpo. São também todos aqueles maus pensamentos conscientes. São os pecados
individuais de fato. O pecado original é um só, enquanto o pecado atual
desdobra-se em diferentes classes, tais como: atos ou atitudes. O que o
apóstolo João escreveu no capítulo primeiro em sua primeira epístola universal,
poderá nos ajudar a compreender melhor a diferença entre pecado original e
pecados atuais. “Se dissermos que não temos PECADO, enganamo-nos a nós mesmos,
e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos PECADOS, ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 8,9).
Atente para os termos PECADO e PECADOS. A palavra PECADO, no singular, citada
no versículo 8, é uma referência precisa e direta ao pecado original, ou seja,
à natureza caída do homem; enquanto a palavra PECADOS, no plural, citada no
versículo 9, refere-se ao pecado atual, do dia-a-dia.
b) Classificação dos Pecados Atuais
É impossível classificar todos os pecados atuais, pois variam de
classe e de grau e podem diferenciar-se em mais de um ponto. A teologia
católico-romana faz uma bem conhecida distinção entre pecados veniais e pecados
mortais, porém tem dificuldades em apontar quando o pecado é venial ou mortal.
A mais completa lista das diferentes classes de pecados habituais, registrada
na Bíblia, é extraída dos escritos do apóstolo Paulo, mas precisamente da
Epístola aos Gálatas. “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são:
prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias,
emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices,
glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já
antes vos disse, que os que praticam tais coisas não herdarão o Reino de DEUS”
(Gl 5.19-21). O Novo Testamento determina a gravidade do pecado de acordo com o
grau de conhecimento que se tenha a respeito dele. Os gentios, que estão no seu
pecado, são culpados aos olhos de DEUS; porém, aqueles que gozam do favor do
Evangelho e têm revelação de DEUS são muito mais culpados quando caem (Mt
10.15; Lc 12.47,48; 23.24; Jo 19.11). o crente, em particular, é advertido no
sentido de evitar o pecado que tão de perto o rodeia (Hb 12.1). O pecado tanto
pode ser por comissão como por omissão. Isto é: aquele que não faz o bem e
deveria fazer, é tão culpado diante de DEUS quanto aquele que faz o mal que não
deveria fazer.
4. O Pecado Imperdoável
Diferentes passagens das Escrituras falam de um pecado que não pode
ser perdoado, sendo impossível a mudança de coração depois de alguém o haver
cometido, e pelo qual não se deve orar. Sobre ele, disse JESUS: “Portanto, eu
vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia
contra o ESPÍRITO não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma
palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar
contra o ESPÍRITO SANTO, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro”
(Mt 12.31,32).
Opinião Sobre Esse Pecado
Durante séculos têm surgido as mais diversas opiniões a respeito da
natureza do pecado para o qual não há perdão. Por exemplo, Jerônimo e
Crisóstomo pensavam que esse foi o pecado cometido unicamente pelos
contemporâneos de JESUS, durante o seu ministério terreno. Agostinho e alguns
teólogos luteranos e escoceses ensinaram que esse pecado consistia da
penitência que persiste até o fim. Anos depois da Reforma, alguns teólogos
luteranos ensinavam que só as pessoas regeneradas estão sujeitas ao pecado de blasfêmia
contra o ESPÍRITO SANTO, pecado para o qual não há perdão.
b) Opinião Correta a Respeito Desse Pecado
O conceito reformado quanto ao pecado imperdoável, é o que melhor
se harmoniza com as Escrituras a respeito do assunto. Esse pecado consiste na
rejeição consciente, maliciosa e voluntária da evidência e convicção do
testemunho do ESPÍRITO SANTO, com respeito à graça de DEUS manifesta em JESUS
CRISTO. Esse pecado não consiste em duvidar da verdade manifesta em e por
CRISTO, nem em simplesmente negá-la, mas sim em contradizê-la. Ao cometer esse
pecado, o homem voluntária, maliciosa e tencionalmente atribui à influência de
satanás aquilo que reconhecidamente é obra de DEUS. Em suma, esse pecado não é
outra coisa senão um deliberado ultraje ao ESPÍRITO SANTO, uma declaração audaz
de que o ESPÍRITO SANTO é um espírito maligno, que a verdade é mentira e que
CRISTO é satanás. Esse pecado é imperdoável não porque sua gravidade supere os
méritos e eficácia da obra de CRISTO levada a afeito na cruz do Calvário, ou
porque ele foge aos limites do poder restaurador do ESPÍRITO SANTO, mas porque
nos domínios do pecado, existem leis e ordenanças estabelecidas e mantidas por
DEUS.
c) O Crente Está Sujeito a Este Pecado
De que o crente pode cometer o pecado de blasfêmia contra o
ESPÍRITO SANTO e cair em declarada apostasia é ensino implícito no seguinte
texto das Escrituras: “é impossível, pois, que aqueles que uma vez iluminados e
provaram o dom celestial e se tornaram participantes do ESPÍRITO SANTO, e
provaram a boa palavra de DEUS e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é
impossível outra vez renová-los para o arrependimento, visto que de novo estão
crucificando para si mesmo o filho de DEUS, e expondo-o à ignomínia” (Hb
6.4-6). A respeito do perigo de se cometer este pecado, escreveu o saudoso
pastor e escritor João de Oliveira: “pecando o homem contra DEUS, veio JESUS
para conduzi-lo de volta a DEUS; havendo pecado contra JESUS, veio o ESPÍRITO
SANTO para reconciliá-lo com JESUS; mas, pecando o homem contra o ESPÍRITO
SANTO, quem o há de salvar?”. Em atenção ao fato de que esse pecado nunca segue
o arrependimento, é possível assegurar que aqueles que julgam tê-lo cometido e
se entristecem por isso, e desejam as orações de outros para perdão, na verdade
nunca cometeram. É o ESPÍRITO SANTO quem conduz o homem ao arrependimento; se
alguém tivesse pecado contra Ele, é obvio que Ele não levaria esse alguém ao
arrependimento, se o perdão completo não fosse atingível.
5. O pecado e o Crente
O significado e a gravidade do pecado são mais bem compreendidos
pelo do que por qualquer outra pessoa. Ao longo de toda a narrativa bíblica, o
crente é advertido contra o “pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1), e a
caminhar para o alvo maior, que é a semelhança da estatura e perfeição de
CRISTO. Por isso, ao ouvido de cada crente, hoje, deve continuar soando a
solene advertência de CRISTO: “... vai e não peques mais” (Jo 8.11).
a) É Possível o Crente Pecar?
Para muitos cristãos, a descoberta de que após aceitar a JESUS
ainda estavam sujeitos ao pecado, foi tão espantoso quanto ao próprio fato de
agora saberem que foram feitos novas criaturas em CRISTO. De que é possível o
crente pecar, é assunto pacífico em toda a Escritura. Só no NT há capítulos
inteiros, como por exemplo, Romanos 7 e 8, que mostram o conflito interior do
crente entre a sua natureza divina que nele habita, mostrando a possibilidade
de o crente vir a cometer pecado. Sobre esse assunto, escreveu o apóstolo João:
“Se dissermos que não temos PECADO, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade
em nós. Se confessarmos os nossos PECADOS, ele é fiel e justo para nos perdoar
os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.8,9). Já mostramos que a
palavra PECADO, no singular, citada no versículo 8, é uma referência à natureza
caída do homem, de onde provêm os PECADOS, no plural (versículo 9). É evidente
que o cristão possui dupla natureza: a natureza caída, ainda sujeita ao pecado,
e a natureza divina. Esta última foi implantada no crente mediante a sua
ligação com JESUS CRISTO, “a videira verdadeira” (Jo 15.1). Enquanto a primeira
natureza estiver subjugada o crente estará sendo levado a viver de vitória em
vitória.
b) Possíveis Causas de Pecados na Vida do Crente
Dentre as muitas causas pelas quais o crente poderá ser levado à
pratica do pecado, destacamos as três principais, dadas a seguir:
- A natureza pecaminosa (Rm 8.21-15).
- O sistema mundial que está sob domínio de satanás (1 Jo 2.15-17).
- Falta de oração e de cuidadoso estudo das Escrituras (Ef
6.10-15).
O crente que relaxa o hábito da oração e da leitura e estudo das
Escrituras, está incorrendo em sérios riscos espirituais, podendo se tornar
presa fácil dos laços do adversário.
c) Consequências do Pecado na Vida do Crente
Dentre as muitas consequências do pecado na vida do crente, vale
destacar:
- A perda da comunhão com DEUS (1 Jo 5.6; Sl 51.11).
- Oportunidade de os inimigos blasfemarem do nome de DEUS (2 Sm
12.14).
- Perda do galardão (1 Co 4.5; 3.13-15).
- Possível morte (Act 5.1-11; 1 Co 11.30).
- Mau exemplo (1 Co 8.9,10).
- Destruição da fé e conseqüente morte espiritual (Rm 6.16; 1 Jo
5.16,17).
d) Como o Crente Deve tratar Com o Pecado
Quando ao trato que o crente deve dar ao pecado, a Bíblia recomenda
que o crente deve:
- Reconhecê-lo (Sl 51.3)
- Evitá-lo (1 Tm 5.22)
- detestá-lo (Jd v.23)
- Resiste a ele com confiança em DEUS (Tg 4.7,8).
- Confessá-lo (1 Jo 1.9).
- Abandoná-lo (Pv 28.13).
O apóstolo João escreveu dizendo: “Filhinhos meus, estas coisas vos
escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto
ao Pai, JESUS CRISTO, o Justo” (1Jo 2.1).
A Doutrina do Pecado - Severino Pedro - CPAD - O Pecado
Herdado e a Imputação da Culpa
I. O Pecado Herdado
1. O pecado herdado. Com a queda do homem, o pecado assumiu uma
espécie de “veículo transmissor”. Há o pecado “congênito”, inato, herdado de
Adão, nosso pai (a exemplo do veneno da serpente que se generaliza no corpo
através da corrente sanguínea), que só termina seu poder de ação, quando a
pessoa humana se toma uma “nova criatura”, por meio de JESUS CRISTO (2 Co
5.17). É exatamente o que Paulo declara em Romanos 6.23, “o salário do pecado”.
Há o pecado praticado, isto é, a “transgressão” (1 Jo 1.9). O primeiro vem no
singular, o segundo no plural. No tocante a sua prática, a primeira é por
comissão (a voluntariedade), conforme se depreende de Tiago 1.14,15, quando
diz: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria
concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado;
e o pecado, sendo consumado, gera a morte”; a segunda por omissão (a
indisposição). Tiago descreve também esta segunda parte, em 4.17, quando diz:
“Aquele pois que sabe fazer o bem e não faz, comete pecado”. E Paulo
acrescenta: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que
todos pecaram” (Rm 5.12). Neste versículo e naqueles que se seguem, o apóstolo
mostra-nos que a introdução do pecado no mundo deu-se por causa da
desobediência de Adão. De acordo com os ensinamentos de Paulo e de outros
escritores do Novo Testamento, a ‘culpa original’ passou a todos os homens.
Assim; “todos pecaram”. Quando uma criança pode ser capaz (ou incapaz) de
assumir a culpa do pecar. Pensando na “culpa herdada”, alguns estudiosos têm
perguntado: “Quando uma criança pode se tomar um pecador?”, ou ainda “quando
DEUS passa a imputar o pecado na vida de uma criança?”. Tanto sociólogos, como
psicólogos e teólogos sustentam que há uma espécie de “idade de
responsabilidade” antes da qual as crianças não são consideradas responsáveis
pelo pecado e portanto, não são culpadas perante DEUS — ainda que sejam
advertidas no campo moral comparativo. Do ponto de vista divino de observação,
depreendido do Antigo Testamento, DEUS tomou isento da culpa as pessoas de “20
anos para baixo” e imputável as de “20 anos para cima”. Assim Ele falou a
Moisés, dizendo: “Neste deserto cairão os vossos cadáveres, como também todos
os que de vós foram contados segundo a vossa conta, ‘de vinte anos e para
cima’, os que dentre vós contra mim murmurastes” (Nm 14.29). Os rabinos (depois
passou para os Pais da Igreja) admitiam uma espécie de “predestinação ampla”
para todas as crianças. “As crianças (diziam eles) não são responsáveis pelo
“pecado hereditário”, pois há não culpa sem a noção do bem e do mal. Somente
aos 20 anos (segundo este conceito) começa a plena responsabilidade,
que toma possível o pecado atual”. Este ensinamento foi deduzido de
certas passagens do Antigo Testamento (Êx 30.14; 38.26; Nm 14.29).
2. O pecado herdado no conceito dos Pais da Igreja. Os Pais da
Igreja, entretanto, achavam a faixa de “vinte anos” para concepção do “EU”
bastante longa e passaram a estabelecerem certos números de anos, tais como:
“um ano”, “sete anos”. Um terceiro grupo, opinou para “nove”. Os rabinos
judaicos passaram para suas tradições doze para a sociedade (Êx 2.10; 1 Sm
1.2028; 2.1-11; Lc 2.42; 8.42) e para maioridade religiosa treze (Gn 17.25). A
Bíblia não nos informa se esta determinação de DEUS fora apenas para aquela
geração ou se ela tomou-se extensiva a todos os jovens israelitas ou não. As
Escrituras silenciam nesta direção, então é melhor não arriscar. Alguns
teólogos e psicólogos vêm esta exigência por parte de DEUS, de modo diferente e
opinam que, a idade para a Imputação da culpa é de 7 anos, outros, defendem 13
anos; isso levando em contas a maioridade judaica. Idade esta, que segundo a
tradição judaica o menino é apresentado a congregação e os rabinos o declaram
como membro da fé em DEUS e participante do Pacto Abraâmico (Gn 17.25).
3. Como o pelagianismo entendia por pecado herdado. A teoria do
pelagianismo é atribuída a Pelágio (350-425), um monge da Bretanha. Pelágio foi
um professor de índole cristã muito popular em Roma por volta de 383-410 d.C.,
e mais tarde na Palestina até 424 d. C. Ele ensinava que DEUS considera o homem
responsável somente por aquelas coisas que o homem é capaz de fazer. Como DEUS
nos adverte a fazer o bem, portanto, devemos ter essa capacidade de praticar o
bem que DEUS ordena. A posição pelagiana rejeita a doutrina do “pecado herdado”
ou do “pecado original” e sustenta que o pecado consiste somente em atos
pecaminosos isolados.
a) O pelagianismo é uma teoria teológica cristã. O pelagianismo é
uma teoria teológica cristã atribuída a Pelágio, conforme já ficou demonstrado
acima. Essa teoria sustenta basicamente que todo homem é totalmente responsável
pela sua própria salvação e portanto, não necessita da graça divina. Segundo os
Pelagianos, todo homem nasce “moralmente neutro”, sendo capaz, por si mesmo,
sem qualquer influência divina, de salvar-se quando assim o desejar. Uma das
grandes disputas durante a Reforma Protestante versou sobre a natureza e a
extensão do pecado original. No início do século V, Pelágio havia debatido
ferozmente com SANTO Agostinho sobre este assunto. Agostinho mantinha que o
pecado original de Adão foi herdado por toda a humanidade e que, mesmo que o
homem caído retenha a habilidade para escolher, ele está escravizado ao pecado
e não pode não pecar. Por outro lado, Pelágio insistia que a queda de Adão
afetara apenas a Adão, e que se DEUS exige das pessoas que vivam vidas
perfeitas, ele também dá a habilidade moral para que elas possam fazê-lo e
embora considerasse Adão como “um mau exemplo” para a sua descendência, suas
ações não teriam consequências para a mesma, sendo o papel de JESUS definido
pelos Pelagianos como “um bom exemplo fixo” para o resto da humanidade
(contrariando assim o mau exemplo de Adão), bem como proporciona uma expiação
pelos seus pecados, tendo a humanidade em suma, total controle pelas suas
ações, posteriormente Pelágio reivindicou que a graça divina era desnecessária
para a salvação, embora facilitasse a obediência.
b) O pensamento pelagiano rejeita o conceito da culpa (pecado)
original.
Pelágio rejeitava o conceito bíblico do ‘pecado herdado’ e do
‘pecado original’. Mas, esta sua concepção de ver o homem como um inocente no
tocante a esse ponto de vista, não encontra apoio nas Escrituras e também não
se coaduna com a tese e argumento principal, do pensamento cristão. Com a queda
do homem, o pecado assumiu uma espécie de “veículo transmissor”. Há o pecado
“congênito”, inato, herdado de Adão, nosso pai (a exemplo do veneno da serpente
que se generaliza no corpo através da corrente sanguínea), que só termina seu
poder de ação, quando o homem se toma uma “nova criatura”. DEUS coloca diante
do homem “a vida e o bem, e a morte e o mal”. Depois no contexto posterior Ele
acrescenta: “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que te tenho
proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para
que vivas, tu e a tua semente” (Dt 30.15,19).’
c) O pensamento das Escrituras desaprova o pelagianismo sobre o
pecado herdado. Refutando o conceito pelagiano devemos analisar aqui três
pontos de vista, no tocante ao homem: a sua salvação; a culpa herdada e o
pecado como herança hereditária. A ideia cristã desaprova a doutrina pelagiana,
apresentando vários aspectos. O pensamento de perdoar o homem sem que ele tenha
consciência daquilo que DEUS fez e está fazendo na sua vida, não é a vontade
divina. E, este, com efeito, não era o plano de DEUS, pois tal pensamento não
se coaduna com o pensamento geral das Escrituras e nem com a tese e argumento
principal. Outrossim, não é o mundo que irá criar o “caminho da Redenção”. Este
foi criado por DEUS e inaugurado pelo próprio CRISTO por meio de sua morte na
cruz (Hb 10.20). A culpa praticada (quer dizer: a culpa herdada pela
transgressão individual e voluntária) é apresentada nas Escrituras desde o
início até o fim. O profeta Ezequiel fala disso por expressa ordem de DEUS,
quando diz: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do
pai, nem o pai levará a maldade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele,
e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” (Ez 18.20). Outras passagens das
Escrituras nos informam que DEUS perdoa, mas corrige “a iniquidade, e a
transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente. Que visita a
iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira
e quarta geração” (Ex 34.7). Com efeito, porém, mesmo havendo um sentimento de
boa vontade no pensamento pelagiano a este respeito, contudo, a ideia de que
somos somente responsáveis perante DEUS por aquilo que somos capazes de fazer é
contrário ao pensamento geral das Escrituras, visto que por si mesmo, o homem é
incapaz de praticar o bem de natureza espiritual, sem que nele passe a habitar
o ESPÍRITO SANTO de DEUS.
II. A Imputação da Culpa
1. A culpa ocasionada pela ofensa de Adão. A culpa ocasionada
através do pecado de Adão tomou-se uma deformação genética a todos os homens.
DEUS alumia a todo o homem que vem ao mundo (Jo 1.9). Também, segundo um
conceito mais radical, exige também santidade de todo o homem que está no
mundo. Então, nesse caso, esse tipo de culpa imputada não é a culpa praticada,
mas a culpa herdada. É neste sentido que o Salmista declara em seu argumento
sobre o pecado, dizendo: “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me
concebeu minha mãe” (Sl 51.5). E ainda acrescenta no salmo 58.3, quando diz:
“Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram”. Também
no passado, cidades inteiras foram destruídas por expressa ordem de DEUS. Em
algumas delas, a ordem de destruição era total, como por exemplo:
a) Na destruição de Jericó. “E, tudo quanto na cidade havia,
destruíram totalmente ao fio da espada, desde o homem até à mulher, desde o
menino até ao velho” (Js 6.21).
b) Na destruição dos amalequitas. “Assim diz o Senhor dos
exércitos: Eu me recordarei do que fez Amaleque a Israel, como se lhe opôs no
caminho, quando subia do Egito. Vai, pois, agora e fere a Amaleque, e destrói
totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem
até à mulher, desde os meninos até aos de mama” (1 Sm 15.2,3).
c) Na destruição de Jerusalém. “Matai velhos, mancebos, e virgens,
e meninos, e mulheres, até exterminá-los” (Ez 9.6a).
2. A culpa ocasionada pela ofensa de Adão pode ser anulada. O homem
culpado que olha para CRISTO, tem a sua culpa anulada. Este é conceito geral
das Escrituras com respeito ao pecado e a salvação da pessoa humana. Todo o
processo se dá por meio de JESUS CRISTO. Ele é o mediador entre DEUS e o homem.
“Porque há um só DEUS, e um só Mediador entre DEUS e os homens, JESUS CRISTO
homem” (1 Tm 2.5). O homem não é capaz de salvar a si mesmo, sem que haja por
parte de DEUS uma participação neste processo. Paulo disse: “Porque pela graça
sois salvos, por meio da fé; e isto (enfatiza o apóstolo) não vem de vós; é dom
de DEUS” (Ef 2.8).
Um pouco de silêncio sobre a Imputação da culpa. A Bíblia não nos
informa se esta determinação de DEUS fora aplicada (como uma espécie de
dispensação) apenas para aquela geração ou se ela tomou-se extensiva a todos os
jovens israelitas ou não. As Escrituras silenciam nesta direção, então é melhor
não arriscar. Com efeito, porém, mesmo havendo um sentimento de boa vontade no
pensamento pelagiano a este respeito, contudo, a ideia de que somos somente
responsáveis perante DEUS por aquilo que somos capazes de fazer é contrário ao
pensamento geral das Escrituras, visto que por si mesmo, o homem é incapaz de
praticar bem de natureza espiritual, sem que nele passe a habitar o ESPÍRITO
SANTO de DEUS.
3. A culpa hereditária e a culpa praticada. A culpa herdade
tomou-se uma espécie de consequência hereditária. Já a culpa praticada ou
contraída, é factual e pode existir e não existir. Pois nesse caso, ela somente
passa a ser inquirida depois de sua prática. Paulo durante todo o passo do
argumento em foco, usa a expressão “ofensa” como contraposta ao “dom gratuito”
da parte de DEUS e a frase estar presente nos seguintes versículos: 15,16 (3
vezes), 17,18,20. É evidente, portanto, que analisemos dois pontos importantes
nesta argumentação:
a) A culpa herdada no pensamento cristão. A culpa herdada passou a
estar presente a todos os descendentes de Adão. Atuando com maior agressividade
de Adão até Moisés: “sobre aqueles que não pecaram à semelhança de Adão”. A
culpa herdada neste caso tomou-se uma espécie de consequência volubilidade, à
semelhança de uma família em que um dos membros foi envolvido num ato perverso
de grande magnitude. Doravante perante as autoridades e aos olhos da própria
sociedade, aquela família, mesmo não tendo culpa, passa a ser co-participante
indiretamente das consequências e dissabores dos atos e processos até que
aquele (ou aquela) membro da família seja condenado ou absolvido. Sendo que, a
consequência somente é debelada através do processo de absolvição. Fora disso,
a culpa involuntária continua. DEUS podia corrigir o pecado até a 4a geração
daqueles que lhe aborreciam (Ex 34.7). Na culpa herdada, os descendentes de
Adão não foram envolvidos nela voluntariamente; e, sim, na extensão da
consequência não expiada. Com a presença da Lei, o pecado reviveu; isto é,
passou a estar presente — mas como solução imediata, DEUS abriu uma espécie de
“caminho da redenção” pelos sacrifícios estabelecidos pela lei cerimonial. Eles
eram sombra do sacrifício perfeito de CRISTO que através do seu próprio sangue
inauguraria um sacrifício maior e mais perfeito.
1°. O que alguns rabinos pensam sobre a origem e a culpa trazida
pelo pecado. No conceito rabínico, a origem do pecado — especialmente sua
introdução no mundo, encontra-se envolvido tanto na história da Bíblia como na
própria tradição. O rabino Manis Friedman declara que na primeira sexta-feira,
sexto dia da Criação, quando o mundo era inocente e puro, Adão e Eva estavam
vivendo no jardim do Éden, recentemente criados pelas mãos de DEUS. Receberam a
tarefa de cultivar e proteger o Jardim. DEUS lhes ordenou: “Não comam da árvore
do conhecimento, pois no dia em que comerem morrerão”. Tiveram uma opção:
abster-se de comer o fruto da árvore e viver para sempre no Jardim; ou comê-lo
e serem banidos para o mundo da mortalidade. Após três horas de sua criação, comeram
da árvore. DEUS permitiu que Adão e Eva permanecessem enquanto durasse o
Shabat, mas quando este terminou, foram expulsos do Éden para sempre. É uma
história intrigante (continua o rabino), e desperta várias questões. DEUS criou
dois seres humanos perfeitos, sem nenhuma malícia ou “bagagem.” Ele, o
Todo-Poderoso, ordenou-lhes explicitamente para não comer do fruto de uma
determinada árvore. Mesmo assim, estas duas almas inocentes, que jamais haviam
sido expostas a influências corruptoras, desobedeceram-no em poucas horas.
Houve alguma falha em sua criação? Ou, inimaginável, havia algo errado com
DEUS? O diretor de uma escola cujas instruções seguem ignoradas é um líder
ineficiente. Se DEUS falasse a você e dissesse: “Não coma desta árvore,” após
algumas horas, você iria em frente e comería? Era o plano de DEUS que Adão e
Eva vivessem para sempre no Jardim, em um estado divino de pureza, inocência e
imortalidade? Ou, seu plano era criar um mundo no qual existisse o mal e, ou
obedecemos suas leis escrupulosamente e vamos para o céu, ou as desobedecemos e
vamos para o inferno? Nos ensinamentos clássicos, esta pergunta é feita em tons
mais suaves: Por que DEUS desejaria instilar em nós um pedacinho de si mesmo, a
alma Divina, e expô-la a um mundo de feiúra e trevas?
Mais à frente, em uma outra seção de seu argumento, o rabino invoca
para enfatizar seu ponto de vista no tocante ao pecado e a culpa em cada
pessoa, os ensinamentos cabalísticos. Então ele diz: “Como a Cabala explicará,
a descida proporciona uma subida ainda maior. DEUS criou o universo por um
desejo de “uma morada nos mundos inferiores”. Este é o significado mais
profundo de “algo a partir do nada,” como a Torá descreve a criação. “Nada”
significa que nada há sobre um universo físico que justifique sua própria
existência — somente o desejo de DEUS de fazer de nosso mundo um lar, de tomar
este mundo de carne e pedra hospitaleiro a Ele, onde Ele possa ser conhecido e
adorado. Eva entendeu a necessidade de DEUS de que este mundo inferior, um
mundo contaminado pela morte e pelo pecado, fosse elevado e unido a Ele. Ela
entendeu que os seres humanos devem deixar o Éden e descer ao mundo inferior, e
ali criar um lar para DEUS. Ela entendeu que a tarefa de elevar os “seis dias
da semana” culminando no Shabat e os “seis milênios” levando à nossa redenção.
E assim ela comeu da árvore, e convenceu Adão a fazer o mesmo. Quando DEUS
perguntou a Adão: “Tu comeste da árvore?” — não foi uma repreensão ou censura.
Ele estava admirando a sabedoria de Adão em ter tomado a decisão correta. Adão,
em sua inocência, admitiu que fora a sabedoria de Eva, não a sua. “Ela deu-me o
fruto da árvore, e eu comi.” Em resposta, DEUS disse: “Porque o fizeste,
morrerás; comerás o pão pelo suor de teu rosto, e em dor darás à luz.” Este não
foi um castigo pelo pecado, mas sim uma continuação do plano, com o qual Adão e
Eva tinham voluntariamente se comprometido. O mundo agora pode tomar-se
confortável para Ele, quando as coisas que O definem — seus mandamentos — são
praticados. Assim fazendo, preparamos o mundo para nossa suprema redenção”.2
2º. O pensamento cabalístico sobre a culpa herdada é contrário a
Bíblia. Na opinião cabalística conforme acabamos de ver, é admitido que Eva
entendeu que o plano de DEUS era que eles deixassem o Éden e fossem habitar no
“mundo inferior”. Mas este, com efeito, não era o plano de DEUS, pois tal
pensamento não se coaduna com o pensamento geral das Escrituras e nem com a
tese e argumento principal. Outrossim, não é o mundo que irá criar o “caminho
da Redenção”. Este foi criado por DEUS e inaugurado pelo próprio CRISTO por
meio de sua morte na cruz (Hb 10.20).
b) A culpa praticada. (Quer dizer: a culpa herdada pela
transgressão individual e voluntária). O profeta Ezequiel fala disso por
expressa ordem de DEUS, quando diz: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho
não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho. A justiça do
justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” (Ez 18.20).
Outras passagens das Escrituras nos informam que DEUS perdoa, mas corrige “a
iniquidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente.
Que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos
até à terceira e quarta geração” (Ex 34.7).
1º. A culpa imputada pelo pecado de omissão. Muitas vezes pecamos
por fazermos, esta é a transgressão; e em outras oportunidades, pecamos porque
não fazemos, esta é a “omissão”. Frost descreve isso da seguinte maneira: “Aqui
passamos do lado negativo para o lado positivo da vida cristã, ou vice-versa, e
aprendemos que deixar por fazer aquilo que sabemos omitimo-nos, é pecar
conscientemente. Suponhamos que, do presente momento em diante, nunca mais
praticássemos qualquer mal, nem prejudicássemos de nenhuma forma nosso
semelhante, viveriamos sem pecar? Não, pois nosso pecado aparecería no fato de
não fazermos todo o bem que deveriamos fazer”.3
O Senhor JESUS julgará aqueles que cometerem o pecado de omissão.
Então Ele diz: “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-
vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de
beber; sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e
enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão,
dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu,
ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em
verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o
fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida
eterna” (Mt 25.41-46). De igual modo Tiago fala em seu livro do pecado de
omissão quando diz: “Aquele pois que sabe fazer o bem e o não faz, comete
pecado” (Tg 4.17). Por outro lado, existem também as pessoas que a si mesmas se
exercitaram tanto na prática do pecado, que são por conseguinte, chamados de
“os obreiros da iniquidade” (Sl 53.4).
2º. A culpa imputada pelo pecado de comissão. O pecado de
“comissão”, do ponto de vista teológico, significa aquele pecado que é
praticado com satisfação na alma do que tal ato pratica. No pecado de
“omissão”, existe uma omissão por parte do bem, mas não existe uma
voluntariedade para que tal coisa seja assim. No de “comissão”, porém, existe
uma vontade de que tal prática seja realizada para satisfação dos desejos
daquele que tal coisa pratica. O pecado em seu estágio avançado, toma-se
depravação (Ap 22.15). A depravação é o inverso do pecado de “omissão”. No
primeiro, a pessoa se omite; aqui, porém, a pessoa se deprava; quer dizer, sua
mente se toma dissoluta e libertina como o soltar das águas. Nesse sentido, o
pecado procede de algo que é mais profundo do que a própria volição, o que
igualmente sucede à volição pecaminosa. Um ato pecaminoso é a expressão de um
coração depravado (Pv 4.23; 23.7; Mc 7.20-23). O pecado deve incluir, por
conseguinte, a perversidade do coração (quando é voluntário), e essa consiste e
persiste sempre em corações depravados, que quer dizer “desprovidos da natureza
divina”.
(I) A culpa sem controle emocional — mente depravada. Quando a
mente humana fica desprovida do controle divino, ela não somente peca, mas se
exercita na imaginação e criação do erro. Paulo os descreve em Romanos 1.29-31,
dizendo: “Estando cheios [os depravados] de toda a iniquidade, prostituição,
malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano,
malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de DEUS,
injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos
pais e às mães; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural,
irreconciliáveis, sem misericórdia”.
O testemunho das Escrituras Sagradas sobre a universalidade e
totalidade dessa “depravação” é explícita em Gênesis 6.5,8,21: provém de um
caso comprovado.
(1) Há ali a intensidade da depravação: “a maldade do homem se
multiplicava sobre a terra”;
(2) Há ali o seu caráter íntimo: “toda a imaginação dos pensamentos
de seu coração era só má continuamente”. Expressões estas que ultrapassam
qualquer possibilidade de entendimento da pessoa humana. É difícil identificar
que o movimento rudimentar do pensamento era perverso;
(3) Há ali a totalidade de depravação: “Todo designo”, do coração é
só mau continuamente.
(4) Há ali extensão da depravação toda sua consciência: era só má
“continuamente”;
(5) Há seu exclusivismo: “continuamente má”;
(6) Há sua manifestação desde o princípio: “desde a meninice”.
(II) As qualificações pecaminosas são ascendentes. As qualificações
bíblicas posteriores sobre nossa condição pecaminosa seguem a mesma direção.
Por isso, em certo sentido, somos “nascidos em pecados” (Sl 51.5); e, na
concepção dos judeus: “nascido todo em pecado” (Jo 9.34); e, se não
arrepender-se, morrerá no pecado sem misericórdia (Lc 13.5; Jo 8.24).
(1) Em relação aos padrões morais estabelecidos por DEUS. Há ainda
outro ponto peculiar à moralidade das Escrituras, e que é, ao mesmo tempo,
verdadeiro em si mesmo e admirável. Em toda a Bíblia se fala do pecado, como
sendo um mal contra DEUS, e, de outro lado, em parte alguma é exaltado o
instrumento ou agente humano [pelo menos do ponto de vista divino] porque
pecou. Talvez tomássemos como exceções alguns casos registrados na Bíblia, tais
como, a afirmação de Raabe diante de seus patrícios de que os “espias” já
tivessem partido de sua casa — seria então o pecado de mentira (Js 2.4,5), ou
no caso de Sansão, que enquanto escondia seu segredo, conserva consigo o poder
de DEUS; quando porém, falou a verdade, este poder foi retirado de seu coração
— porque nesse caso, segundo a visão da lógica, ele somente conservava este
poder enquanto mentia (Jz 16). Contudo, devemos ter em mente que, em ambos os
casos não houve nenhuma transgressão diretamente contra DEUS; e, sim, atos que
foram realizados, ainda que de forma ilícita aos nossos olhos, em favor do povo
de DEUS contra agentes humanos completamente inimigos de DEUS e do seu povo —
ainda que isso não foi legal na concepção do direito que não está mesclado com
a caridade. Nas Escrituras, ao contrário da filosofia pagã, o pecado é
representado como coisa amarga e má, porque é desonroso para DEUS: Essa ideia
aparece distintamente no Antigo Testamento, sendo na verdade uma das suas mais
notadas particularidades. Exemplificando, temos o poder de DEUS se manifestando
de forma versátil e sendo lançado no campo da destruição física e da repreensão
moral, em coisas e em indivíduos, como por exemplo:
(2) A destruição de Sodoma e Gomorra juntamente com as cidades da
campina (Gn 19).
(3) As dez pragas mortíferas que desabaram sobre o Egito, contra
Faraó e contra seus súditos (Ex 7 — 12).
(4) A destruição dos amalequitas (Ex 17).
(5) O juízo severo contra Coré e o seu grupo, que foram tragados
pelo castigo iminente de DEUS (Nm 16).
(6) Os castigos de DEUS, ainda que mesclados com misericórdia
contra Israel — levando-o para o cativeiro em diversas oportunidades (2 Cr 36;
Lc 21).
(7) Contra o monarca Senaqueribe e seu exército invasor (2 Cr 32).
(8) Contra o rei Belsazar durante sua orgia na corte babilônica (Dn
6).
(9) O abandono do mundo gentílico à depravação (Rm 1).
Outros castigos foram aplicados por DEUS contra famílias e
indivíduos etc.
Assim sendo, o pecado é reputado como sendo o “grande tirano”,
denunciado pela justiça divina sem lhe oferecer nenhuma trégua em todos os
elementos doutrinários das Escrituras Sagradas.
4. A culpa contraída. Um outro ponto a ser analisado neste
argumento, é o pecado contraído; isto é, em outras palavras: “o pecado do
erro”. Uns erram movidos pelo engano; outros erram porque gostam de errar e que
já nascem alienados como o erro (Sl 58.3). O erro praticado voluntariamente,
trás o sentido mais lato e ordinário da definição do pecado e suas formas de
expressão. Exatamente é o erro, que quer dizer “fraqueza” ou “errar o alvo no
sentido religioso”. Na declaração feita por DEUS em Gênesis 8.21, de que não
mais iria amaldiçoar a terra por causa do homem, “porque a imaginação do
coração do homem é má desde a sua meninice”; significa que o coração humano é
por natureza “inclinado” (pendido) para o mal. Também se fala o mesmo em
relação a Israel. Arão lembrou a Moisés, seu irmão, quando o mesmo lhe fazia
inquirimento no tocante ao pecado do povo, então ele lhe respondeu dizendo:
“Não se acenda a ira do meu Senhor; tu sabes que este povo é inclinado ao mal”
(Êx 32.22b).
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - Teologia Sistemática - Myer
Pearman
PECADO
I. O fato do pecado
Não há necessidade de discutir a questão da realidade do pecado; a
história e o próprio conhecimento intimo do homem oferecem abundante
testemunho do fato. Muitas teorias, porém, apareceram para negar,
desculpar, ou diminuir a natureza do pecado.
1. O ateísmo, ao negar a DEUS, nega também o pecado,
porque, estritamente falando, todo pecado é contra DEUS; e se não há DEUS,
não há pecado. O homem pode ser culpado de pecar em relação a outros; pode
pecar contra si mesmo, porém estas coisas constituem pecado unicamente em
relação a DEUS. Enfim, todo mal praticado é dirigido contra DEUS, porque o
mal é uma violação do direito, e o direito é a lei de DEUS. "Pequei
contra o céu e perante ti", exclamou o pródigo. Portanto, o homem
necessita do perdão baseado em uma provisão divina de expiação.
2. O determinismo é a teoria que afirma ser o livre arbítrio uma
ilusão e não uma realidade. Nós imaginamos que somos livres para fazer
nossa escolha, porém realmente nossas opções são ditadas por impulsos
internos e circunstâncias que escaparam ao nosso domínio. A fumaça que sai
pela chaminé parece estar livre, porém se esvai por leis inexoráveis.
Sendo assim — continua essa teoria, — uma pessoa não pode deixar de atuar
da maneira como o faz, e estritamente falando, não deve ser louvada por
ser boa nem culpada por ser má. O homem é simplesmente um escravo
das circunstâncias. Mas as Escrituras afirmam terminantemente que o homem
é livre para escolher entre o bem e o mal — uma liberdade implícita em
todos os mandamentos e exortações. Longe de ser vítima da fatalidade e
casualidade, declara-se que o homem é o árbitro do seu próprio destino.
Durante uma discussão sobre a questão do livre arbítrio, o Dr. Johnson, notável
autor e erudito inglês, declarou: "Cavalheiro, sabemos que nossa vontade é
livre, e isto é tudo que há no assunto!" Cada grama de bom senso
excede em peso a uma tonelada de filosofia! Uma consequência prática do
determinismo é tratar o pecado como se fosse uma enfermidade por cuja
causa o pecador merece dó ao invés de ser castigado. Porém, a voz da
consciência que diz "eu devo" refuta essa teoria. Recentemente,
um homicida de dezessete anos recusou-se a alegar loucura. Seu crime era
indesculpável, ele declarou, porque sabia que o havia cometido
conscientemente, apesar dos ensinos que recebera dos pais e na Escola
Dominical. Desse modo, insistiu que fosse cumprida a pena capital.
Jovem como era, e diante da morte, recusou enganar-se a si mesmo.
3. O hedonismo (da palavra grega que significa "prazer")
é a teoria que sustenta que o melhor ou o mais proveitoso que existe na
vida é a conquista do prazer e a fuga à dor; de modo que a primeira pergunta
que se faz não é: "Isto e correto?", mas: "Traz prazer?"
Nem todos os hedonistas têm uma vida de vícios, mas a tendência geral do
hedonista é desculpar o pecado e disfarçá-lo, qual pílula açucarada, com
designações tais como estas: "é uma fraqueza inofensiva";
"é pequeno desvio"; "é mania do prazer"; "é fogo
da juventude". Eles desculpam o pecado com expressões como estas:
"Errar é humano"; "o que é natural é belo e o que é belo é
direito." é sobre essa teoria que se baseia o ensino moderno de "autoexpressão".
Em linguagem técnica, o homem deve "libertar suas inibições"; em
linguagem simples, "ceder à tentação porque reprimi-la é prejudicial à
saúde". Naturalmente, isso muitas vezes representa um intento para
justificar a imoralidade. Mas esses mesmos teóricos não concordariam em que a
pessoa desse liberdade às suas inibições de ira, ódio criminoso, inveja,
embriaguez ou alguma outra tendência similar. No fundo dessa teoria está o
desejo de diminuir a gravidade do pecado, e ofuscar a linha divisória
entre o bem e o mal, o certo e o errado. Representa uma variação moderna
da mentira antiga: "Certamente não morrerás." E muitos descendentes
de Adão têm engolido a amarga pílula do pecado, adoçada com a
suposta suavizante segurança: "Isto não te fará dano algum." O bem
é simbolizado pela alvura, e o pecado pela negrura, porém
alguns querem misturá-los, dando-lhes uma cor cinzenta neutra.
A admoestação divina àqueles que procuram confundir as
distinções morais, é: "Ai daqueles que chamam o mal bem, e o bem
mal"
4. Ciência Cristã. Esta seita nega a realidade do pecado.
Declara que o pecado não é algo positivo, mas simplesmente a ausência
do bem. Nega que o pecado tenha existência real e afirmam que
é apenas um "erro da mente moral". O homem pensa que o pecado
é real, por conseguinte, seu pensamento necessita de correção.
Mas, depois de examinar o pecado e a ruína que são mais do que
reais no mundo, parece que esse tal "erro da mente mortal" é tão
terrível como aquilo que toda gente conhece por "pecado"! As
Escrituras denunciam o pecado como uma violação positiva da lei de
DEUS, como uma verdadeira ofensa que merece castigo real num
inferno real.
5. A evolução considera o pecado como herança do
animalismo primitivo do homem. Desse modo em lugar de exortar a gente a
deixar o "homem velho", ou o "antigo Adão", os
proponentes dessa teoria deviam admoestá-los a que deixassem o "velho
macaco" ou o "velho tigre"! Como já vimos, a teoria da
evolução é antibíblica. Alem disso, os animais não pecam; eles vivem
segundo sua natureza, e não experimentam nenhum sentido de culpa por seu
comportamento. O Dr. Leander Keyser comenta: "Se a luta egoísta e
sangrenta pela existência no reino animal for o método de progresso que
trouxe o homem à existência, por que deverá ser um mal que o
homem continue nessa rota sangrenta?" É certo que o homem tem
uma natureza física, porém essa parte inferior de seu ser foi
criação de DEUS, e é plano de DEUS que esteja sujeita a uma
inteligência divinamente iluminada.
II. A origem do pecado
O terceiro capítulo de Gênesis oferece os pontos chaves
que caracterizam a história espiritual do homem, as quais são: A tentação,
a culpa, o juízo e a redenção.
1. A tentação: sua possibilidade, origem e sutileza.
(a) A possibilidade da tentação. O segundo capítulo de
Gênesis relata o fato da queda do homem, informando acerca do primeiro
lar do homem, sua inteligência, seu serviço no Jardim no Éden,
as duas árvores, e o primeiro matrimônio. Menciona especialmente
as duas árvores do destino — a árvore da ciência do bem e do mal e a
árvore da vida. Essas duas árvores constituem um sermão em forma de quadro
dizendo constantemente a nossos primeiros pais: "Se seguirdes o bem e
rejeitardes o mal, tereis a vida." E não é esta realmente a essência
do Caminho da Vida encontrada através das Escrituras? (Vide Deut. 30:15.)
Notemos a árvore proibida. Por que foi colocada ali? Para prover um teste
pelo qual o homem pudesse, amorosa e livremente, escolher servir a DEUS e dessa
maneira desenvolver seu caráter. Sem vontade livre o homem teria sido
meramente uma máquina.
(b) A origem da tentação. "Ora, a serpente era mais astuta
que todas as alimárias do campo que o Senhor DEUS tinha feito."
É razoável deduzir que a serpente, que naquele tempo deveria ter sido
uma criatura formosa, foi o agente empregado por Satanás, o qual já tinha
sido lançado fora do céu antes da criação do homem. (Ezeq. 23:13-17; Isa.
14:12-15.) Por essa razão, Satanás é descrito como "essa antiga
serpente, chamada o diabo" (Apoc. 12:9). Geralmente Satanás trabalha por
meio de agentes. Quando Pedro (embora sem má intenção) procurou dissuadir
seu Mestre da senda do dever, JESUS olhou além de Pedro, e disse,
"Para trás de mim, Satanás" (Mat. 16:22,23). Neste caso Satanás
trabalhou por meio de um dos amigos de JESUS; no Éden empregou a serpente,
uma criatura da qual Eva não desconfiava.
(c) A sutileza da tentação. A sutileza é mencionada
como característica distintiva da serpente. (Vide Mat. 10:16.)
Com grande astúcia ela oferece sugestões, as quais, ao serem abraçadas,
abrem caminho a desejos e atos pecaminosos. Ela começa falando com a
mulher, o vaso mais frágil, que, além dessa circunstância, não tinha ouvido
diretamente a proibição divina. (Gên. 2:16, 17.) E ela espera até que Eva
esteja só. Note-se a astúcia na aproximação. Ela torce as palavras de DEUS
(Vide Gén. 3:1 e 2:16, 17) e então finge surpresa por estarem assim
torcidas; dessa maneira ela, astutamente, semeia dúvida e suspeitas
no coração da ingênua mulher, e ao mesmo tempo insinua que está
bem qualificada para ser juiz quanto à justiça de tal proibição. Por meio
da pergunta no versículo 1, lança a tríplice dúvida acerca de DEUS.
1) Dúvida sobre a bondade de DEUS. Ela diz, com efeito:
"DEUS está retendo alguma bênção de ti."
2) Dúvida sobre a retidão de DEUS. "Certamente não
morrereis." Isto é, "DEUS não pretendia dizer o que disse".
3) Dúvida sobre a santidade de DEUS. No versículo 5 a serpente
diz, com efeito: "DEUS vos proibiu comer da árvore porque tem inveja de
vos. Não quer que chegueis a ser sábios tanto quanto ele, de modo que
vos mantém em ignorância. Não é porque ele se interesse por vós, para
salvar-vos da morte, e sim por interesse dele, para impedir que chegueis a
ser semelhantes a ele."
2. A Culpa.
Notemos as evidências de uma consciência culpada:
1) "Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram
que estavam nus." Expressão usada para indicar esclarecimento milagroso ou
repentino. (Gên. 21:19; 2 Reis. 6:17.) As palavras da serpente
(versículo 5) cumpriram-se; porém, o conhecimento adquirido foi
diferente do que eles esperavam. Em vez de fazê-los semelhantes a
DEUS, experimentaram um miserável sentimento de culpa que os fez
ter medo de DEUS. Notemos que a nudez física é um quadro de
uma consciência nua ou culpada. Os distúrbios emocionais refletem-se muitas
vezes em nossas feições. Alguns comentadores sustentam que antes da queda,
Adão e Eva estavam vestidos com uma auréola ou traje de luz, que era um
sinal da comunhão com DEUS e do domínio do espírito sobre o corpo. Quando pecaram,
essa comunhão foi interrompida; o corpo venceu o espírito, e ali começou
esse conflito entre a carne e o espírito (Rom. 7:14-24), que tem
sido a causa de tanta miséria.
2) "E coseram folhas de figueira, e fizeram para si
aventais." Assim como a nudez física é sinal de uma consciência
culpada, da mesma maneira, o procurar cobrir a nudez é um quadro que
representa o homem a procurar cobrir sua culpa com a indumentária do
esquecimento ou o traje das desculpas. Mas, somente uma veste feita por
DEUS pode cobrir o pecado (Verso 21).
3) "E ouviram a voz do Senhor DEUS, que passeava no
jardim pela viração do dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do
Senhor DEUS entre as árvores do jardim." O instinto do homem culpado
é fugir de DEUS. E assim como Adão e Eva procuraram esconder-se entre as
árvores, da mesma forma as pessoas hoje em dia procuram esconder-se nos
prazeres e em outras atividades.
3. O juízo.
(a) Sobre a serpente. "Porquanto fizeste isto, maldita
serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campo; sobre
o teu ventre andarás, e o pó comerás todos os dias da tua vida."
Essas palavras implicam que a serpente outrora foi uma criatura formosa
e honrada. Depois, porque veio a ser o instrumento para a queda
do homem, tomou-se maldita e degradada na escala da criação animal. Uma
vez que a serpente foi simplesmente o instrumento de Satanás, por que deve ser
punida? Porque é a vontade de DEUS fazer da maldição da serpente um tipo e
profecia da maldição sobre o diabo e sobre todos os poderes do mal. O
homem deve reconhecer, pelo castigo da serpente, como a maldição de DEUS
ferirá todo pecado e maldade; arrastando-se no pó recordaria ao homem o
dia em que DEUS derribará até ao pó, o poder do diabo. Isso é um
estimulo para o homem: ele, o tentado, está em pé, erguido, enquanto
a serpente está sob a maldição. Pela graça de DEUS o homem
pode ferir-lhe a cabeça — pode vencer o mal. (Vide Luc. 10:18; Rom. 16:20;
Apoc. 12:9; 20:1-3, 10.)
(b) Sobre a mulher. "E à mulher disse: Multiplicarei
grandemente a tua dor e a tua concepção; com dor terás filhos; e o
teu desejo será para teu marido, e ele te dominará" (Gên. 3:16).
Assim disse certo escritor: A presença do pecado tem sido a causa de muito
sofrimento, precisamente do modo indicado acima. Não há dúvida que dar à luz
filhos constitui um momento critico e penoso na vida da mulher. O
sentimento de faltas passadas pesa de uma maneira particular sobre ela, e
também a crueldade e loucura do homem contribuíram para fazer o processo
mais doloroso e perigoso para a mulher do que para os animais. O pecado
tem corrompido todas as relações da vida, e mui particularmente a relação
matrimonial. Em muitos países a mulher é praticamente escrava do homem; a
posição e a condição triste de meninas viúvas e meninas mães na Índia têm
sido um fato horrível em cumprimento dessa maldição.
(c) Sobre o homem. (Versos 17-19.) O trabalho para o homem já tinha
sido designado (2:15). O castigo consiste no afã, nas decepções e aflições
que muitas vezes acompanham o trabalho. A agricultura é especificada em
particular, porque sempre tem sido um dos empregos humanos mais
necessários. De alguma maneira misteriosa, a terra e a criação em geral
têm participado da maldição e da queda do seu senhor (o homem) porém estão
destinadas a participar da sua redenção. Este é o pensamento de Rom.
8:19-23. Em Isaias 11:1-9 e 65:17-25, temos exemplos de versículos
que predizem a remoção da maldição da terra durante o Milênio.
Além da maldição física que se apossou da terra, também é certo que
o capricho e o pecado humanos têm dificultado de muitas maneiras
o labor e provocado as condições de trabalho mais difíceis e
mais duras para o homem. Notemos a pena de morte. "Porquanto és pó, e
em pó te tornarás." O homem foi criado capaz de não morrer fisicamente;
teria existência física indefinidamente se tivesse preservado sua
inocência e continuasse a comer da árvore da vida. Ainda que volte
à comunhão com DEUS (e dessa maneira vença a morte espiritual)
por meio do arrependimento e da oração, não obstante, deve voltar
ao seu Criador através da morte. Visto que a morte faz parte da
pena do pecado, a salvação completa deve incluir a ressurreição
do corpo, (1 Cor. 15:54-57.) não obstante, certas pessoas,
como Enoque, terão o privilégio de escapar da morte física. (Gên. 5:24; 1
Cor. 15:51.)
4. A redenção.
Os três primeiros capítulos de Gênesis contêm as três
revelações de DEUS, que por toda a Bíblia figuram em todas as relações
de DEUS com o homem. O Criador, que trouxe tudo à existência (cap. 1), o
DEUS do Pacto que entra em relações pessoais com o homem (cap. 2); o
Redentor, que faz provisão para a restauração do homem (cap. 3).
(a) Prometida. (Vide Gên. 3:15.) (1) A serpente procurou
fazer aliança com Eva contra DEUS, mas DEUS por fim a essa aliança.
"E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente
(descendentes) e a sua semente." Em outras palavras, haverá uma luta
constante entre o homem e o poder maligno que causou a sua queda. (2) Qual
será o resultado desse conflito? Primeiro, vitória para a humanidade, por meio
do Representante do homem, a Semente da mulher. "Ela (a semente da mulher)
te ferirá a cabeça." CRISTO, a Semente da mulher, veio ao mundo para
esmagar o poder do diabo. (Mat. 1:23, 25; Luc. 1:31-35,76; Isa. 7:14; Gál.
4:4; Rom. 16:20; Col. 2:15; Heb. 2:14,15; 1 João 3:8; 5:5; Apoc. 12:7, 8, 17;
20:1-3, 10.) (3) Porém a vitória não será sem sofrimento. "E tu (a
serpente) lhe ferirás o calcanhar." No Calvário a Serpente feriu o
calcanhar da Semente da mulher; mas este ferimento trouxe a cura para a
humanidade. (Vide Isa. 53:3,4,12; Dan. 9:26; Mat. 4:1-10; Luc. 22:39-14,53; João
12:31-33; 14:30,31; Heb. 2:18; 5:7; Apoc. 2:10.)
(b) Prefigurada. (Verso 21.) DEUS matou um animal, uma criatura
inocente, para poder vestir aqueles que se sentiam nus ante a sua vista
por causa do pecado. Do mesmo modo, o Pai deu seu Filho, o Inocente, à
morte, a fim de prover uma cobertura expiatória para as almas dos homens.
III. A natureza do pecado
Que é pecado? A Bíblia usa uma variedade de termos para expressar
o mal de ordem moral, os quais nos explicam algo de sua natureza.
Um estudo desses termos, nos originais hebraico e
grego, proporcionará a definição bíblica do pecado.
1. O ensino do Antigo Testamento.
O pecado considerado — As diferentes palavras hebraicas descrevem o
pecado operando nas seguintes esferas: (*)
(a) Na esfera moral. As palavras usadas para expressar o
pecado nesta esfera são as seguintes:
1) A palavra mais comumente usada para o pecado significa
"errar o alvo". Reúne as seguintes idéias: (1) Errar o alvo,
como um arqueiro que atira mas erra, do mesmo modo, o pecador erra o
alvo final da vida. (2) Errar o caminho, como um viajante que sai
do caminho certo. (3) Ser achado em falta ao ser pesado na balança
de DEUS. Em Gên. 4:7, onde a palavra é mencionada pela primeira vez,
o pecado é personificado como uma besta feroz pronta para lançar-se sobre
quem lhe der ocasião.
2) Outra palavra significa literalmente "tortuosidade", e
é muitas vezes traduzida por "perversidade". É, pois, o
contrário de retidão, que significa literalmente, o que é reto
ou conforme um ideal reto.
3) Outra expressão comum que se traduz por "mal", exprime
o pensamento de violência ou infração, e descreve o homem
que infringe ou viola a lei de DEUS.
(b) Na esfera da conduta fraternal. A palavra usada
para determinar o pecado nesta esfera, significa violência ou
conduta injuriosa. (Gên. 6:11; Ezeq. 7:23; Prov. 16:29.) Ao excluir
a restrição da lei, o homem maltrata e oprime seus semelhantes.
(c) Na esfera da santidade. As palavras usadas para descrever
o pecado nesta esfera implicam que o ofensor usufruiu da relação com
DEUS. Toda a nação israelita foi constituída em "um reino
de sacerdotes", cada membro considerado como estando em
contato com DEUS e seu santo tabernáculo. Portanto, cada israelita
era santo, isto é, separado para DEUS, e toda a atividade e esfera
de sua vida estavam reguladas pela Lei da Santidade. As coisas
fora dessa lei eram "profanas" (o contrário de santas), e o
que participava delas se tornava "imundo" ou contaminado. (Lev.
11:24, 27, 31, 33, 39.) Se persistisse na profanação, era
considerada uma pessoa irreligiosa ou profana. (Lev. 21:14; Heb. 12:16.)
Se acaso se rebelasse e deliberadamente repudiasse a jurisdição
da lei da santidade, era considerado "transgressor". (Sal.
37:38; 51:13; Isa. 53:12.) Se prosseguia neste último caminho, era julgado como
criminoso, e tais eram os publicanos, na opinião dos contemporâneos do
nosso Senhor JESUS.
(d) Na esfera da verdade. As palavras que descrevem o
pecado nesta esfera dão ênfase ao inútil e fraudulento elemento
do pecado. Os pecadores falam e tratam falsamente (Sal. 58:3; Isa. 28:15),
representam falsamente e dão falso testemunho (Êxo. 20:16; Sal. 119:128; Prov.
19:5, 9). Tal atividade é "vaidade" (Sal. 12:2; 24:4; 41:6), isto é,
vazia e sem valor. O primeiro pecador foi um mentiroso (João 8:44); o primeiro
pecado começou com uma mentira (Gên. 3:4); e todo pecado contém
o elemento do engano (Heb. 3:13).
(e) Na esfera da sabedoria. Os homens se portam impiamente porque
não pensam ou não querem pensar corretamente; não dirigem suas vidas de
acordo com a vontade de DEUS, seja por descuido ou por deliberada ignorância.
1) Muitas exortações são dirigidas aos "simples" (Prov.
1:4, 22; 8:5). Essa palavra descreve o homem natural, que não
se desenvolveu, quer na direção do bem, quer do mal; sem
princípios fixos, mas com uma inclinação natural para o mal, a qual
pode ser usada a fim de seduzi-lo. Falta-lhe firmeza e fundamento moral;
ele ouve mas esquece; portanto, é facilmente conduzido ao pecado. (Vide Mat.
7:26.)
2) Muitas vezes lemos acerca desses "faltos de
entendimento" (Prov. 7:7; 9:4), isto é, aqueles que por falta de
entendimento, mais do que por propensão pecaminosa, são vítimas do pecado.
Faltos de sabedoria, são conduzidos a expressar precipitados
juízos acerca da providência divina e das coisas além da sua compreensão.
Desse modo precipitam-se na impiedade. Tanto essa classe, como os
"simples", são indesculpáveis porque as Escrituras apresentam
o Senhor oferecendo gratuitamente — sim, rogando-lhes que aceitem
(Prov. 8:1-10) — aquilo que os fará sábios para a salvação.
3) A palavra frequentemente traduzida "insensato" (Prov.
15:20), descreve uma pessoa capaz de fazer o bem, contudo está presa às coisas
da carne e facilmente é conduzida ao pecado pelas suas inclinações
carnais. Não se disciplina a si mesma nem guia as suas tendências de
acordo com as leis divinas.
4) O "escarnecedor" (Sal. 1:1; Prov. 14:6) é o homem
ímpio que justifica sua impiedade com argumentos racionais contra a
existência ou realidade de DEUS, e contra as coisas espirituais em geral.
Assim, "escarnecedor" é a palavra do Antigo
Testamento equivalente à nossa moderna palavra "infiel", e a
expressão "roda dos escarnecedores" provavelmente se refere à
sociedade local dos infiéis.
2. O ensino do Novo Testamento.
O Novo Testamento descreve o pecado como:
(a) Errar o alvo, que expressa a mesma idéia que a
conhecida palavra do Antigo Testamento.
(b) Dívida. (Mat. 6:12.) O homem deve (a palavra "deve"
vem de dívida) a DEUS a guarda dos seus mandamentos; todo pecado
cometido é contração de uma dívida. Incapaz de pagá-la, a única esperança
do homem é ser perdoado, ou obter remissão da dívida.
(c) Desordem. "O pecado é iniquidade"
(literalmente "desordem", 1 João 3:4). O pecador é um rebelde e
um idólatra porque deliberadamente quebra um mandamento, ao escolher sua
própria vontade em vez de escolher a vontade de DEUS; pior
ainda, está se convertendo em lei para si mesmo e, dessa maneira,
fazendo do eu uma divindade. O pecado começou no coração
daquele exaltado anjo que disse: "Eu farei", em oposição à
vontade de DEUS. (Isa. 14:13, 14). O anticristo é proeminentemente "o
sem-lei" (tradução literal de "iníquo"), porque se exalta a si
mesmo sobre tudo que é adorado ou que é chamado DEUS. (2 Tess. 2:4-9.) O
pecado é essencialmente obstinação e obstinação é essencialmente pecado. O
pecado destronaria a DEUS; o pecado assassinaria DEUS. Na Cruz do Filho de
DEUS, poderiam ter sido escritas estas palavras: "O pecado fez
isto!"
(d) Desobediência, literalmente, "ouvir mal"; ouvir com
falta de atenção. (Heb. 2:2.) "Vede pois como ouvis" (Luc.
8:18.)
(e) Transgressão, literalmente, "ir além do limite" (Rom.
4:15). Os mandamentos de DEUS são cercas, por assim dizer, que impedem ao
homem entrar em território perigoso e dessa maneira sofrer prejuízo para
sua alma.
(f) Queda, ou falta, ou cair para um lado (Efés. 1:7) no
grego, donde a conhecida expressão, cair no pecado. Pecar é cair de
um padrão de conduta.
(g) Derrota é o significado literal da palavra "queda" em
Rom. 11:12. Ao rejeitar a CRISTO, a nação judaica sofreu uma derrota e
perdeu o propósito de DEUS.
(h) Impiedade, de uma palavra que significa "sem adoração,
ou reverência". (Rom. 1:18; 2 Tim. 2:16.) O homem ímpio é o que dá
pouca ou nenhuma importância a DEUS e às coisas sagradas. Estas não produzem
nele nenhum sentimento de temor e reverência. Ele está sem DEUS porque não
quer saber de DEUS.
(i) O erro (Heb. 9:7) Descreve aqueles pecados cometidos como fruto
da ignorância, e dessa maneira se diferenciam daqueles pecados cometidos
presunçosamente, apesar da luz esclarecedora. O homem que desafiadoramente
decide fazer o mal, incorre em maior grau de culpa do que aquele que é
apanhado em falta, a que foi levado por sua debilidade.
IV. Consequências do pecado
O pecado é tanto um ato como um estado. Como rebelião contra a
lei de DEUS, é um ato da vontade do homem; como separação de
DEUS, vem a ser um estado pecaminoso. Segue-se uma dupla consequência: o
pecador traz o mal sobre si mesmo por suas más ações, e incorre em culpa
aos olhos de DEUS. Duas coisas, portanto, devem distinguir-se; as más consequências
que seguem os atos do pecado, e o castigo que virá no juízo. Isto pode ser
ilustrado da seguinte maneira: Um pai proíbe ao filho pequeno o fumar cigarros,
e fá-lo ver uma dupla consequência: primeira, o fumar fá-lo-á sentir-se
doente; segunda, ser castigado pela sua desobediência. O menino desobedece
e fuma pela primeira vez. As náuseas que lhe sobrevêm representam as más consequências
do seu pecado, e o castigo corporal subsequente representa o castigo
positivo pela culpa. Da mesma maneira as Escrituras descrevem dois efeitos do
pecado sobre o culpado: primeiro, é seguido por consequências desastrosas para
sua alma; segundo, trará da parte de DEUS o positivo decreto de
condenação.
1. Fraqueza espiritual.
(a) Desfiguração da imagem divina. O homem não
perdeu completamente a imagem divina, porque ainda em sua posição decaída
é considerado uma criatura à imagem de DEUS (Gên. 9:6; Tia. 3:9) — uma verdade
expressa no provérbio popular: "Há algo de bom no pior dos
homens." Maudesley, o grande psiquiatra inglês, sustenta que a
majestade inerente da mente humana se evidencia até mesmo na ruína causada pela
loucura. Apesar de não estar inteiramente perdida, a imagem divina no
homem encontra-se muito desfigurada. JESUS CRISTO veio ao mundo tornar
possível ao homem a recuperação completa da semelhança divina por ser recriado
à imagem de DEUS. (Gál. 3:10.)
(b) Pecado inerente, ou "pecado original". O efeito da
queda arraigou-se tão profundamente na natureza humana que Adão, como
pai da raça, transmitiu a seus descendentes a tendência ou inclinação para
pecar. (Sal. 51:5.) Esse impedimento espiritual e moral, sob o qual os
homens nascem, é conhecido como pecado original. Os atos pecaminosos que se
seguem durante a idade de plena responsabilidade do homem são conhecidos como
"pecado atual". CRISTO, o segundo Adão, veio ao mundo resgatar-nos de
todos os efeitos da queda. (Rom. 5:12-21.) Esta condição moral da alma é
descrita de muitas maneiras: todos pecaram (Rom. 3:9); todos estão debaixo
da maldição (Gál. 3:10); o homem natural é estranho às coisas de DEUS
(1 Cor. 2:14); o coração natural é enganoso e perverso (Jer. 17:9);
a natureza mental e moral é corrupta (Gên. 6:5, 12; 8:21; Rom. 1:19-31); a
mente carnal é inimizade contra DEUS (Rom. 8:7, 8); o pecador é escravo do
pecado (Rom. 6:17; 7:5); é controlado pelo príncipe das potestades do ar
(Efés. 2:2); está morto em ofensas e pecados (Efés. 2:1); e é filho da ira
(Efés. 2:3).
(c) Discórdia interna. No princípio DEUS fez o corpo do homem
do pó, dotando-o, desse modo, de uma natureza física ou inferior; depois
soprou em seu nariz o fôlego da vida, comunicando-lhe assim uma natureza mais
elevada, unindo-o a DEUS. Era o propósito de DEUS a harmonia do ser humano, ter
o corpo subordinado à alma. Mas o pecado interrompeu a relação de tal maneira
que o homem se encontrou dividido em si mesmo; o "eu" oposto ao
"eu" em uma guerra entre a natureza superior e a inferior. Sua
natureza inferior, frágil em si mesma, rebelou-se contra a superior e abriu as
portas de seu ser ao inimigo. Na intensidade do conflito, o homem exclama:
"Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo
desta morte?" (Rom. 7:24.) O "DEUS de paz" (1 Tess. 5:23)
subjuga os elementos beligerantes da natureza do homem e santifica-o no
espírito, alma e corpo. O resultado é a bem-aventurança interna —
"justiça, e paz, e alegria no ESPÍRITO SANTO" (Rom. 14:17).
2. Castigo positivo.
"No dia em que dela comeres certamente morrerás" (Gên.
2:17) "O salário do pecado é a morte" (Rom. 6:23). O homem foi
criado capaz de viver eternamente; isto é, não morreria se obedecesse à lei de
DEUS. Para que pudesse "lançar mão" da imortalidade e da vida eterna,
foi colocado sob um pacto de obras, figurado pelas duas árvores — a árvore
da ciência do bem e do mal e a árvore da vida. Desse modo, a vida estava
condicionada à obediência; enquanto Adão observasse a lei da vida teria direito
à árvore da vida. Mas desobedeceu; quebrou o pacto de vida, e ficou
separado de DEUS, a Fonte da vida. Desde esse momento, teve a morte o seu início
e foi consumada na morte física com a separação da alma e do corpo. Mas
notamos que o castigo incluía mais do que uma morte física; a
dissolução física era uma indicação do desagrado de DEUS, do fato que o
homem estava sem contato com a Fonte da vida. Ainda que Adão
se tivesse reconciliado mais tarde com o seu Criador, a morte física
continuaria de acordo com o decreto divino: "No dia em que dela
comeres certamente morrerás." Somente por um ato de redenção e de
recriação o homem teria outra vez direito à árvore da vida que está no
meio do paraíso de DEUS. Por meio de CRISTO a justiça é restaurada à alma,
a qual, na ressurreição, é reunida a um corpo glorificado.
Vemos, então, que a morte física veio ao mundo como castigo,
e, nas Escrituras, sempre que o homem é ameaçado com a morte
como castigo pelo pecado, significa primeiramente a perda do favor
de DEUS. Assim, o pecador já está "morto em ofensas e pecados" e
no momento da morte física ele entra no mundo invisível na
mesma condição. Então no grande Julgamento o Juiz pronunciará
a sentença da segunda morte, que envolve "indignação e
ira, tribulação e angústia" (Rom. 2:7-12). De maneira que "a
morte", como castigo, não é a extinção da personalidade, e, sim, o
meio de separação de DEUS. Há três fases desta morte: morte espiritual,
enquanto o homem vive (Efés. 2:1; l Tim. 5:6); morte física (Heb. 9:27); e a
segunda ou morte eterna (Apoc. 21:8; João 5:28, 29; 2 Tess. 1:9; Mat.
25:41).
Por outro lado, quando as Escrituras falam da vida como
recompensa pela justiça, isso significa mais do que existência, pois os
ímpios existem no inferno. Vida significa viver em comunhão com DEUS
e no seu favor — comunhão que a morte não pode interromper
ou destruir. (João 11:25, 26.) é uma vida que proporciona
união consciente com DEUS, a Fonte da vida. "E a vida eterna
é esta: que te conheçam a ti só (em experiência e comunhão) por único
DEUS verdadeiro, e a JESUS CRISTO, a quem enviaste" (João 17:3). A vida
eterna é uma existência perfeita; a morte eterna é uma existência má,
miserável e degradada.
Notemos que a palavra "destruição", usada quanto à sorte
dos ímpios (Mat. 7:13; João 17:12; 2 Tess. 2:3), não
significa extinção. De acordo com o grego, perecer ou ser destruído,
não significa extinção e sim ruína. Por exemplo: que os
odres "estragam-se" (Mat. 9:17) significa que já não servem
como odres, e não que tenham deixado de existir. Da mesma maneira,
o pecador que perece, ou que é destruído, não é reduzido ao nada, mas
experimenta a ruína no que concerne a desfrutar comunhão com DEUS e a vida
eterna. O mesmo uso ainda existe hoje; quando dizemos: "sua vida está
arrumada", não queremos dizer que o homem está morto, e, sim, que
perdeu o verdadeiro alvo ou objetivo da vida.
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Lição 8: O pecado, a transgressão da Lei
Divina - Data: 19 de Novembro de 2006
Lições Bíblicas CPAD - Jovens e Adultos - 4º Trimestre de
2006
Título: As verdades centrais da Fé
Cristã - Comentarista: Claudionor Corrêa de Andrade
TEXTO ÁUREO
“Qualquer que comete o pecado também comete iniquidade,
porque o pecado é iniquidade” (1 Jo 3.4).
VERDADE PRÁTICA
Só existe um antídoto eficaz contra o pecado: o sangue de
Cristo Jesus derramado na cruz do Calvário.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Jo 3.8 O Diabo peca desde o princípio.
Terça - Tg 1.15 O pecado gera a morte.
Quarta - 1 Co 15.56 O aguilhão da morte é o pecado.
Quinta - Rm 6.23 O salário do pecado é a morte.
Sexta - Rm 6.14 O pecado não terá domínio sobre os que estão
sob a graça.
Sábado - Jo 16.8 Somente o Espírito Santo pode convencer-nos
do pecado.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 João 3.1-7.
1 - Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que
fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não
conhece a ele.
2 - Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é
manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar,
seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.
3 - E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si
mesmo, como também ele é puro.
4 - Qualquer que comete o pecado também comete iniquidade,
porque o pecado é iniquidade.
5 - E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos
pecados; e nele não há pecado.
6 - Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca
não o viu nem o conheceu.
7 - Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é
justo, assim como ele é justo.
PONTO DE CONTATO
Professor, a doutrina do pecado encontra-se claramente exposta em
toda a Bíblia. O pecado não é apenas um coadjuvante na história da vida humana,
mas, uma de suas personagens principais. A Bíblia, em nenhuma hipótese, lhe
nega a força, a sutileza tentadora que, no interior do homem é uma inclinação
para o mal, e no exterior, uma sedução para a prática das concupiscências da
carne. Trata-se de uma luta renhida entre a carne e o Espírito: de um lado, a
consciência e o dever de fazer o bem; de outro, a convicção de que o mal está
sempre presente (Rm 7.21; Gl 5.17). O apóstolo Paulo foi incisivo ao tentar
descrever esta angustiante batalha: “Miserável homem que eu sou! Quem me
livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24).
Leia com seus alunos, Romanos 8.1-29, para que eles possam
compreender o final glorioso desse drama encenado pelo homem, o pecado, o amor
e a graça de Cristo.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Conceituar a doutrina do pecado.
Explicar as consequências do pecado.
Descrever a universalidade do pecado.
SÍNTESE TEXTUAL
A doutrina do pecado, chamada de Hamartiologia, se ocupa do estudo
da origem, natureza e universalidade do pecado, conforme as Escrituras. O termo
procede de duas palavras gregas: hamartia , traduzida por “pecado”,
em At 3.19 e 1Co 15.17, e logia , que significa em At 7.38 e Rm 3.2,
“palavra”, “oráculo” ou “declaração”. Em sua origem, o pecado manifestou-se na
criatura moral celeste, conforme Ez 28.1-19; Is 14.12-15; Jo 8.44; 1Jo 3.8,12.
Mais tarde, Adão, como representante da raça humana, também sucumbiu diante do
pecado, sujeitando todos os seus descendentes aos aguilhões do mal moral;
tornando-o, portanto, universal a todas criaturas racionais, e afetando até
mesmo a criação (Gn 3; Sl 14; Rm 1.18-32; 3.23; 5.12-21; Rm 8.20-23). A
natureza do pecado é descrita mediante diversos vocábulos hebraicos e gregos
designados pelas Escrituras: hattā’â — pecado; errar o alvo (Gn
4.7); pesha‘ — revolta contra o padrão; transgredir (Gn
50.17); anomia — pecado; sem lei (Rm 6.19); asebeia —
impiedade; falta de reverência (Rm 1.18).
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Professor, a Bíblia usa diversas palavras para descrever a natureza
do pecado. Tanto no hebraico quanto no grego, os vocábulos são usados em textos
que revelam a sutileza e a variedade de atos considerados pecados pela
Escritura. O emprego de vários termos para descrever o pecado e a natureza do
mesmo, revela não apenas a multiplicidade de pecados existentes, mas também a
universalidade deles, pois mesmo àqueles que se consideram moral ou socialmente
bons, cometem outros tipos de pecados, às vezes, tolerado pela sociedade, mas
condenados pela Escritura. Portanto, usaremos como recurso para esta lição, uma
tabela com alguns termos hebraicos e gregos que descrevem a natureza do pecado.
Esta tabela pode ser usada no tópico I, subtópico 3: “Definição bíblica”.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
“O pecado não é um brinquedo — é um tirano”. A afirmação de J.
Blanchard, além de explicitar a natureza do pecado, adverte-nos severamente:
embora o pecado seja considerado um mero folguedo pelos que zombam de Deus e de
sua Palavra, pode lançar-nos no inferno se não o vencermos pelo sangue de
Cristo.
Nesta lição, estudaremos a doutrina do pecado: origem, natureza, consequências.
Mostraremos ainda que, apesar de seu império, curva-se ele ante o sacrifício do
Calvário.
I. O QUE É O PECADO
1. Definição etimológica. Tanto em hebraico como no grego, a
palavra pecado traz esta conotação: errar o alvo. Veio o Todo-Poderoso e
ordenou ao homem: “Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes nem para a
direita nem para a esquerda” (Is 30.21). Mas o ser humano, ao desprezar a
recomendação divina, pôs-se a trilhar a senda da rebelião, errando assim o alvo
que lhe propusera o Criador: servi-lo na beleza de sua santidade.
2. Definição teológica. O pecado pode ser definido,
teologicamente, como a transgressão deliberada e voluntária das leis
estabelecidas por Deus.
3. Definição bíblica. Em 1 João 3.4, temos uma definição,
embora pequena, essencial e completa: “O pecado é iniquidade”.
II. A POSSIBILIDADE DO PECADO
1. O pecado de Satanás. Em 1 João 3.8, escreve João que o
Diabo peca desde o início; ele jamais se firmou na verdade (Jo 8.44). Dotado de
livre-arbítrio, o mais excelso e maravilhoso dos anjos, conhecido também como
querubim ungido, envaideceu-se até que, em si, foi achada iniquidade (Ez
28.15). Seu pecado é conhecido também como a “condenação do diabo” (1 Tm 3.6).
2. O livre-arbítrio do homem. Dotado de livre-arbítrio e
menosprezando a recomendação divina, o homem apostatou-se contra o seu Criador,
pensando que, assim, seria tão sábio e perfeito quando Deus. Todavia, ao invés
da onisciência, veio a adquirir uma consciência culpada e envergonhada pelo
pecado (Gn 3.9-11).
3. A tentação. Foram nossos primeiros genitores tentados pela
concupiscência dos olhos, pela concupiscência da carne e pela soberba da vida
(1Jo 2.16). Eva, vendo que o fruto da árvore era bom para se comer
(concupiscência da carne), agradável aos olhos (concupiscência dos olhos) e
desejável para dar entendimento (soberba da vida), o tomou, o comeu e ainda
ofereceu ao seu marido (Gn 3.6). O ciclo da queda estava completo. O que era
tentação torna-se, agora, transgressão da Lei de Deus.
4. O agente tentador. Por que Satanás tentou Adão e Eva? Por
devotar-lhes intenso e implacável ódio. Assevera o Senhor Jesus que o Diabo é
homicida desde o princípio (Jo 8.44). Tivera ele permissão, mataria o homem ali
mesmo, no Éden. Como não pôde fazê-lo, induziu Adão a revoltar-se contra o
Senhor. Nesta sanha, não mediu esforços para arruinar nossos pais. Usando a
serpente para levar Eva ao pecado (2Co 11.3), ato contínuo, induziu a esta a
instigar o homem à rebelião contra o Criador (1Tm 2.14). Leia com atenção
Gênesis 3.
III. A UNIVERSALIDADE DO PECADO
1. Os gentios. Paulo enfoca a universalidade do pecado no
mundo greco-romano, garantindo que a mais brilhante civilização da história
era, na verdade, uma abominação contra o Senhor (Rm 1.23-27).
2. Os judeus. Em seguida, o apóstolo trata da apostasia dos
judeus, mostrando estarem eles tão comprometidos com o pecado quanto os gentios
(Rm 2.17-23).
3. A universalidade do pecado. No capítulo três, o apóstolo é
obrigado a concluir: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus” (Rm 3.23). Por conseguinte, não há nação, por mais adiantada ou por mais
atrasada, que não possua uma clara noção de pecado.
IV. AS CONSEQÜÊNCIAS DO PECADO
Vejamos, pois, as consequências do pecado.
1. No homem. Colocado por Deus no Éden para que o lavrasse, o
homem não pode considerar o trabalho como se fora uma maldição. Devido ao
pecado, porém, tornar-se-lhe-ia o trabalho mui penoso (Gn 3.17-19).
2. Na mulher. Por causa de sua desobediência, a mulher muito
sofreria em sua mais sublime missão: dar à luz filhos (Gn 3.16).
3. Na natureza. Não fora o pecado, a natureza seria harmônica
e benfazeja em todos os sentidos. Assevera Paulo que a criação geme em consequência
da transgressão adâmica (Rm 8.20-22).
4. No relacionamento com Deus. Em consequência do pecado, foi
o homem expulso do Éden e perdeu a comunhão que desfrutava com o Senhor (Is
59.2). Sem Cristo, não passamos de filhos da ira (Ef 2.3).
5. O salário do pecado é a morte. Além de causar a morte
espiritual, o pecado leva à morte física (Gn 2.17; Rm 6.23); e caso persista o
homem em seus delitos, haverá de experimentar a segunda morte: o lago de fogo
(Ap 21.8).
CONCLUSÃO
Na Bíblia, encontramos não poucos exemplos de homens que conheciam
a Deus e com Ele andavam. No entanto, por falta de vigilância, acabaram por
pecar contra o Senhor. Haja vista Davi. Tais exemplos nulificam o que João
escreveu? De forma alguma. O que o apóstolo procura mostrar é que, na vida de
quem ama a Deus, o pecado não é um hábito; é um lamentável e triste acidente. O
versículo 6 poderia ser também assim traduzido: “O que nEle permanece, não vive
na prática do pecado”.
VOCABULÁRIO
Antídoto: Medicamento usado para frustrar a ação de um veneno.
Asseverar: Afirmar com certeza, segurança; assegurar; dar como certo;
certificar; atestar.
Benfazejo: Que faz o bem; caritativo.
Hipótese: Suposição, conjetura; Suposição duvidosa, mas não improvável,
relativa a fenômenos naturais, pela qual se antecipa um conhecimento, e que
poderá ser posteriormente confirmada direta ou indiretamente.
Nulificar: Anular; tornar nulo; invalidar.
Sanha: Ira, ódio, rancor, fúria.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
LEITE FILHO, T. G. O homem em três tempos. RJ: CPAD,
1997.
BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. RJ: CPAD, 2005.
HORTON, S. M. Teologia Sistemática: uma perspectiva
pentecostal. RJ: CPAD, 1996.
OLIVEIRA, R. As grandes doutrinas da Bíblia. RJ: CPAD, 2003.
EXERCÍCIOS
1. O que é o pecado de acordo com 1 Jo 3.4?
R. O pecado é iniquidade.
2. Quais os três tipos de pecados mencionados em 1 Jo 2.16?
R. Concupiscência da carne, dos olhos e soberba da vida.
3. O que você entende por universalidade do pecado?
R. Que todos os homens são pecadores.
4. Quais as consequências do pecado?
R. Morte, trabalho penoso, multiplicação da dor no parto, etc.
5. Quem foi o agente tentador no Éden?
R. Satanás.
AUXÍLIOS SUPLEMENTARES
Subsídio Teológico
“Classes de Pecado
Diante do perdão de Deus, não podemos dizer que os pecados estão
divididos em classes. No entanto, para nossa própria compreensão deles, podemos
admitir que, assim como todos os edifícios e casas não são do mesmo tamanho,
assim também os nossos pecados são de diferentes tipos.
1. Pecados de debilidade e de presunção. Pecados de debilidade
são aqueles que têm a atenuante de serem produtos da precipitação no juízo, ou
de pouca energia na vontade, apesar de revelarem corrupção e desordem. Os de
presunção são os que resultam da premeditação e de uma vontade a serviço da
injustiça (Sl 19.12,13; Is 5.18; Ml 7.2,3; Gl 3.1; Ef 4.14).
2. Pecados de comissão e de omissão. É comum a pessoa se
preocupar mais em não fazer o mal do que em fazer o bem. No entanto, para Deus
os dois pecados têm a mesma implicação. Observemos, no entanto, que, enquanto
no Decálogo a maior parte das proibições começa com um não, no Novo Testamento
a ênfase é a de fazer o bem: Jo 13.34,35; 15.17. Em Mateus 25.41-46, no grande
julgamento, são mencionados cinco pecados de omissão.
3. Pecados sociais. O pecado é a infidelidade no cumprimento
de nossas responsabilidades diante de Deus, e uma das que as Escrituras
apresentam é a que se refere à prática da justiça e retidão entre os homens: Gn
39.9; Dt 24.15; 2 Rs 18.14; Êx 23.7. Também os profetas denunciavam a falta de
justiça e a opressão que havia entre o povo, que significavam rebelião contra
Deus.
4. Pecados contra o Espírito Santo. Em Mateus 12.32 e Lucas
12.10, temos referências ao pecado contra o Espírito Santo. É imperdoável
porque não significa apenas falar contra o Espírito Santo (Hb 6.4-6; 10.26-29),
mas também atribuir maliciosamente a poderes malignos o que é realizado pelo
poder do Espírito Santo. É uma obstinada resistência à clara manifestação do
Espírito da graça”.
(LEITE FILHO, T. G. O homem em três tempos. 3.ed., RJ:
CPAD, 1997, p.114-5.)
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Capítulo V: O pecado - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - Teologia Sistemática
- Myer Pearman
Está escrito que Deus, ao completar a obra da criação, declarou que tudo
era "muito bom". Observando, mesmo ligeiramente, chegamos à convicção
de que muitas coisas que agora existem não são boas — o mal, a impiedade,
a opressão, a luta, a guerra, a morte, e o sofrimento. E naturalmente
surge a pergunta: Como entrou o mal no mundo? — pergunta que tem deixado
perplexos muitos pensadores. A Bíblia oferece a resposta de Deus; ainda
mais, informa-nos o que o pecado realmente é; melhor
ainda, apresenta-nos o remédio para o pecado.
I. O fato do pecado
Não há necessidade de discutir a questão da realidade do pecado; a história e o
próprio conhecimento íntimo do homem oferecem abundante testemunho do
fato. Muitas teorias, porém, apareceram para negar, desculpar, ou diminuir
a natureza do pecado.
1. O ateísmo, ao negar a Deus, nega também o pecado, porque, estritamente
falando, todo pecado é contra Deus; e se não há Deus, não há pecado. O homem
pode ser culpado de pecar em relação a outros; pode pecar contra si mesmo,
porém estas coisas constituem pecado unicamente em relação a Deus. Enfim,
todo mal praticado é dirigido contra Deus, porque o mal é uma violação
do direito, e o direito é a lei de Deus. "Pequei contra o céu
e perante ti", exclamou o pródigo. Portanto, o homem necessita
do perdão baseado em uma provisão divina de expiação.
2. O determinismo é a teoria que afirma ser o livre arbítrio uma ilusão e não
uma realidade. Nós imaginamos que somos livres para fazer nossa escolha,
porém realmente nossas opções são ditadas por impulsos internos e
circunstâncias que escaparam ao nosso domínio. A fumaça que sai pela
chaminé parece estar livre, porém se esvai por leis inexoráveis. Sendo
assim — continua essa teoria, — uma pessoa não pode deixar de atuar da
maneira como o faz, e estritamente falando, não deve ser louvada por
ser boa nem culpada por ser má. O homem é simplesmente um escravo
das circunstâncias. Mas as Escrituras afirmam terminantemente que o homem
é livre para escolher entre o bem e o mal — uma liberdade implícita em
todos os mandamentos e exortações. Longe de ser vítima da fatalidade e
casualidade, declara-se que o homem é o árbitro do seu próprio destino.
Durante uma discussão sobre a questão do livre arbítrio, o Dr. Johnson, notável
autor e erudito inglês, declarou: "Cavalheiro, sabemos que nossa vontade é
livre, e isto é tudo que há no assunto!" Cada grama de bom senso
excede em peso a uma tonelada de filosofia! Uma consequência prática do
determinismo é tratar o pecado como se fosse uma enfermidade por cuja
causa o pecador merece dó ao invés de ser castigado. Porém, a voz da
consciência que diz "eu devo" refuta essa teoria. Recentemente,
um homicida de dezessete anos recusou-se a alegar loucura. Seu crime era
indesculpável, ele declarou, porque sabia que o havia cometido
conscientemente, apesar dos ensinos que recebera dos pais e na Escola
Dominical. Desse modo, insistiu que fosse cumprida a pena capital.
Jovem como era, e diante da morte, recusou enganar-se a si mesmo.
3. O hedonismo (da palavra grega que significa "prazer") é
a teoria que sustenta que o melhor ou o mais proveitoso que existe na vida
é a conquista do prazer e a fuga à dor; de modo que a primeira pergunta que se
faz não é: "Isto e correto?", mas: "Traz prazer?" Nem todos
os hedonistas têm uma vida de vícios, mas a tendência geral do hedonista é
desculpar o pecado e disfarçá-lo, qual pílula açucarada, com designações tais
como estas: "é uma fraqueza inofensiva"; "é pequeno
desvio"; "é mania do prazer"; "é fogo da
juventude". Eles desculpam o pecado com expressões como estas:
"Errar é humano"; "o que é natural é belo e o que é belo é
direito." é sobre essa teoria que se baseia o ensino moderno de "autoexpressão".
Em linguagem técnica, o homem deve "libertar suas inibições"; em
linguagem simples, "ceder à tentação porque reprimi-la é prejudicial à
saúde". Naturalmente, isso muitas vezes representa um intento para
justificar a imoralidade. Mas esses mesmos teóricos não concordariam em que a
pessoa desse liberdade às suas inibições de ira, ódio criminoso, inveja, embriaguez
ou alguma outra tendência similar. No fundo dessa teoria está o desejo de
diminuir a gravidade do pecado, e ofuscar a linha divisória entre o bem e
o mal, o certo e o errado. Representa uma variação moderna da mentira
antiga: "Certamente não morrerás." E muitos descendentes de Adão
têm engolido a amarga pílula do pecado, adoçada com a
suposta suavizante segurança: "Isto não te fará dano algum." O
bem é simbolizado pela alvura, e o pecado pela negrura, porém
alguns querem misturá-los, dando-lhes uma cor cinzenta neutra.
A admoestação divina àqueles que procuram confundir as
distinções morais, é: "Ai daqueles que chamam o mal bem, e o bem
mal"
4. Ciência Cristã. Esta seita nega a realidade do pecado. Declara que o
pecado não é algo positivo, mas simplesmente a ausência do bem. Nega que o
pecado tenha existência real e afirmam que é apenas um "erro da mente
moral". O homem pensa que o pecado é real, por conseguinte, seu
pensamento necessita de correção. Mas, depois de examinar o pecado e a
ruína que são mais do que reais no mundo, parece que esse tal "erro
da mente mortal" é tão terrível como aquilo que toda gente conhece
por "pecado"! As Escrituras denunciam o pecado como uma violação
positiva da lei de Deus, como uma verdadeira ofensa que merece castigo
real num inferno real.
5. A evolução considera o pecado como herança do animalismo primitivo do
homem. Desse modo em lugar de exortar a gente a deixar o "homem
velho", ou o "antigo Adão", os proponentes dessa
teoria deviam admoestá-los a que deixassem o "velho macaco" ou o
"velho tigre"! Como já vimos, a teoria da evolução é
antibíblica. Alem disso, os animais não pecam; eles vivem segundo sua
natureza, e não experimentam nenhum sentido de culpa por seu comportamento.
O Dr. Leander Keyser comenta: "Se a luta egoísta e sangrenta
pela existência no reino animal for o método de progresso que trouxe
o homem à existência, por que deverá ser um mal que o homem continue
nessa rota sangrenta?" É certo que o homem tem uma natureza física,
porém essa parte inferior de seu ser foi criação de Deus, e é plano de
Deus que esteja sujeita a uma inteligência divinamente iluminada.
II. A origem do pecado
O terceiro capítulo de Gênesis oferece os pontos chaves que caracterizam a
história espiritual do homem, as quais são: A tentação, a culpa, o juízo e a
redenção.
1. A tentação: sua possibilidade, origem e sutileza.
(a) A possibilidade da tentação. O segundo capítulo de Gênesis relata o
fato da queda do homem, informando acerca do primeiro lar do homem, sua
inteligência, seu serviço no Jardim no Éden, as duas árvores, e o primeiro
matrimônio. Menciona especialmente as duas árvores do destino — a árvore
da ciência do bem e do mal e a árvore da vida. Essas duas árvores
constituem um sermão em forma de quadro dizendo constantemente a nossos
primeiros pais: "Se seguirdes o bem e rejeitardes o mal, tereis a
vida." E não é esta realmente a essência do Caminho da Vida
encontrada através das Escrituras? (Vide Deut. 30:15.) Notemos a árvore
proibida. Por que foi colocada ali? Para prover um teste pelo qual o homem
pudesse, amorosa e livremente, escolher servir a Deus e dessa maneira
desenvolver seu caráter. Sem vontade livre o homem teria sido meramente
uma máquina.
(b) A origem da tentação. "Ora, a serpente era mais astuta que todas
as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito." É razoável
deduzir que a serpente, que naquele tempo deveria ter sido uma criatura
formosa, foi o agente empregado por Satanás, o qual já tinha sido lançado
fora do céu antes da criação do homem. (Ezeq. 23:13-17; Isa. 14:12-15.) Por
essa razão, Satanás é descrito como "essa antiga serpente, chamada o
diabo" (Apoc. 12:9). Geralmente Satanás trabalha por meio de agentes.
Quando Pedro (embora sem má intenção) procurou dissuadir seu Mestre
da senda do dever, Jesus olhou além de Pedro, e disse, "Para trás
de mim, Satanás" (Mat. 16:22,23). Neste caso Satanás trabalhou
por meio de um dos amigos de Jesus; no Éden empregou a serpente,
uma criatura da qual Eva não desconfiava.
(c) A sutileza da tentação. A sutileza é mencionada como característica
distintiva da serpente. (Vide Mat. 10:16.) Com grande astúcia ela oferece
sugestões, as quais, ao serem abraçadas, abrem caminho a desejos e atos
pecaminosos. Ela começa falando com a mulher, o vaso mais frágil, que,
além dessa circunstância, não tinha ouvido diretamente a proibição divina.
(Gên. 2:16, 17.) E ela espera até que Eva esteja só. Note-se a astúcia na
aproximação. Ela torce as palavras de Deus (Vide Gén. 3:1 e 2:16, 17) e
então finge surpresa por estarem assim torcidas; dessa maneira ela,
astutamente, semeia dúvida e suspeitas no coração da ingênua mulher, e ao
mesmo tempo insinua que está bem qualificada para ser juiz quanto à
justiça de tal proibição. Por meio da pergunta no versículo 1, lança a tríplice
dúvida acerca de Deus.
1) Dúvida sobre a bondade de Deus. Ela diz, com efeito: "Deus está
retendo alguma bênção de ti."
2) Dúvida sobre a retidão de Deus. "Certamente não morrereis."
Isto é, "Deus não pretendia dizer o que disse".
3) Dúvida sobre a santidade de Deus. No versículo 5 a serpente diz, com
efeito: "Deus vos proibiu comer da árvore porque tem inveja de vos. Não quer
que chegueis a ser sábios tanto quanto ele, de modo que vos mantém em
ignorância. Não é porque ele se interesse por vós, para salvar-vos da
morte, e sim por interesse dele, para impedir que chegueis a ser
semelhantes a ele."
2. A Culpa.
Notemos as evidências de uma consciência culpada:
1) "Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam
nus." Expressão usada para indicar esclarecimento milagroso ou repentino.
(Gên. 21:19; 2 Reis. 6:17.) As palavras da serpente (versículo 5)
cumpriram-se; porém, o conhecimento adquirido foi diferente do que eles
esperavam. Em vez de fazê-los semelhantes a Deus, experimentaram um
miserável sentimento de culpa que os fez ter medo de Deus. Notemos que a
nudez física é um quadro de uma consciência nua ou culpada. Os distúrbios
emocionais refletem-se muitas vezes em nossas feições. Alguns comentadores
sustentam que antes da queda, Adão e Eva estavam vestidos com uma
auréola ou traje de luz, que era um sinal da comunhão com Deus e do
domínio do espírito sobre o corpo. Quando pecaram, essa comunhão foi
interrompida; o corpo venceu o espírito, e ali começou esse conflito entre
a carne e o espírito (Rom. 7:14-24), que tem sido a causa de tanta
miséria.
2) "E coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais."
Assim como a nudez física é sinal de uma consciência culpada, da mesma
maneira, o procurar cobrir a nudez é um quadro que representa o homem a
procurar cobrir sua culpa com a indumentária do esquecimento ou o traje
das desculpas. Mas, somente uma veste feita por Deus pode cobrir
o pecado (Verso 21).
3) "E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela
viração do dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus
entre as árvores do jardim." O instinto do homem culpado é fugir de
Deus. E assim como Adão e Eva procuraram esconder-se entre as árvores, da
mesma forma as pessoas hoje em dia procuram esconder-se nos prazeres e
em outras atividades.
3. O juízo.
(a) Sobre a serpente. "Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que
toda a besta, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre
andarás, e o pó comerás todos os dias da tua vida." Essas palavras
implicam que a serpente outrora foi uma criatura formosa e honrada.
Depois, porque veio a ser o instrumento para a queda do homem, tomou-se
maldita e degradada na escala da criação animal. Uma vez que a serpente foi
simplesmente o instrumento de Satanás, por que deve ser punida? Porque é a
vontade de Deus fazer da maldição da serpente um tipo e profecia da
maldição sobre o diabo e sobre todos os poderes do mal. O homem deve
reconhecer, pelo castigo da serpente, como a maldição de Deus ferirá todo
pecado e maldade; arrastando-se no pó recordaria ao homem o dia em
que Deus derribará até ao pó, o poder do diabo. Isso é um estímulo para
o homem: ele, o tentado, está em pé, erguido, enquanto a serpente está sob
a maldição. Pela graça de Deus o homem pode ferir-lhe a cabeça — pode
vencer o mal. (Vide Luc. 10:18; Rom. 16:20; Apoc. 12:9; 20:1-3, 10.)
(b) Sobre a mulher. "E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a
tua dor e a tua concepção; com dor terás filhos; e o teu desejo será para
teu marido, e ele te dominará" (Gên. 3:16). Assim disse certo escritor: A
presença do pecado tem sido a causa de muito sofrimento, precisamente do
modo indicado acima. Não há dúvida que dar à luz filhos constitui um momento
critico e penoso na vida da mulher. O sentimento de faltas passadas pesa
de uma maneira particular sobre ela, e também a crueldade e
loucura do homem contribuíram para fazer o processo mais doloroso
e perigoso para a mulher do que para os animais. O pecado tem corrompido
todas as relações da vida, e mui particularmente a relação matrimonial. Em
muitos países a mulher é praticamente escrava do homem; a posição e a
condição triste de meninas viúvas e meninas mães na Índia têm sido um fato
horrível em cumprimento dessa maldição.
(c) Sobre o homem. (Versos 17-19.) O trabalho para o homem já tinha sido
designado (2:15). O castigo consiste no afã, nas decepções e aflições que
muitas vezes acompanham o trabalho. A agricultura é especificada em
particular, porque sempre tem sido um dos empregos humanos mais
necessários. De alguma maneira misteriosa, a terra e a criação em geral
têm participado da maldição e da queda do seu senhor (o homem) porém estão
destinadas a participar da sua redenção. Este é o pensamento de Rom.
8:19-23. Em Isaias 11:1-9 e 65:17-25, temos exemplos de versículos
que predizem a remoção da maldição da terra durante o Milênio.
Além da maldição física que se apossou da terra, também é certo que
o capricho e o pecado humanos têm dificultado de muitas maneiras
o labor e provocado as condições de trabalho mais difíceis e
mais duras para o homem. Notemos a pena de morte. "Porquanto és pó, e
em pó te tornarás." O homem foi criado capaz de não morrer fisicamente;
teria existência física indefinidamente se tivesse preservado sua
inocência e continuasse a comer da árvore da vida. Ainda que volte
à comunhão com Deus (e dessa maneira vença a morte espiritual)
por meio do arrependimento e da oração, não obstante, deve voltar
ao seu Criador através da morte. Visto que a morte faz parte da
pena do pecado, a salvação completa deve incluir a ressurreição
do corpo, (1 Cor. 15:54-57.) não obstante, certas pessoas,
como Enoque, terão o privilégio de escapar da morte física. (Gên. 5:24; 1
Cor. 15:51.)
4. A redenção.
Os três primeiros capítulos de Gênesis contêm as três revelações de Deus,
que por toda a Bíblia figuram em todas as relações de Deus com o homem. O
Criador, que trouxe tudo à existência (cap. 1), o Deus do Pacto que entra em
relações pessoais com o homem (cap. 2); o Redentor, que faz provisão para
a restauração do homem (cap. 3).
(a) Prometida. (Vide Gên. 3:15.) (1) A serpente procurou fazer aliança com
Eva contra Deus, mas Deus por fim a essa aliança. "E porei inimizade entre
ti e a mulher, e entre a tua semente (descendentes) e a sua semente." Em
outras palavras, haverá uma luta constante entre o homem e o poder maligno que
causou a sua queda. (2) Qual será o resultado desse conflito? Primeiro,
vitória para a humanidade, por meio do Representante do homem, a Semente
da mulher. "Ela (a semente da mulher) te ferirá a cabeça." Cristo, a
Semente da mulher, veio ao mundo para esmagar o poder do diabo. (Mat.
1:23, 25; Luc. 1:31-35,76; Isa. 7:14; Gál. 4:4; Rom. 16:20; Col. 2:15; Heb.
2:14,15; 1 João 3:8; 5:5; Apoc. 12:7, 8, 17; 20:1-3, 10.) (3) Porém a vitória
não será sem sofrimento. "E tu (a serpente) lhe ferirás o
calcanhar." No Calvário a Serpente feriu o calcanhar da Semente da
mulher; mas este ferimento trouxe a cura para a humanidade. (Vide Isa.
53:3,4,12; Dan. 9:26; Mat. 4:1-10; Luc. 22:39-14,53; João 12:31-33; 14:30,31;
Heb. 2:18; 5:7; Apoc. 2:10.)
(b) Prefigurada. (Verso 21.) Deus matou um animal, uma criatura inocente, para
poder vestir aqueles que se sentiam nus ante a sua vista por causa do
pecado. Do mesmo modo, o Pai deu seu Filho, o Inocente, à morte, a fim de
prover uma cobertura expiatória para as almas dos homens.
III. A natureza do pecado
Que é pecado? A Bíblia usa uma variedade de termos para expressar o mal de
ordem moral, os quais nos explicam algo de sua natureza.
Um estudo desses termos, nos originais hebraico e grego, proporcionará a
definição bíblica do pecado.
1. O ensino do Antigo Testamento.
O pecado considerado — As diferentes palavras hebraicas descrevem o pecado
operando nas seguintes esferas: (*)
(a) Na esfera moral. As palavras usadas para expressar o pecado nesta
esfera são as seguintes:
1) A palavra mais comumente usada para o pecado significa "errar
o alvo". Reúne as seguintes idéias: (1) Errar o alvo, como
um arqueiro que atira mas erra, do mesmo modo, o pecador erra o
alvo final da vida. (2) Errar o caminho, como um viajante que sai
do caminho certo. (3) Ser achado em falta ao ser pesado na balança
de Deus. Em Gên. 4:7, onde a palavra é mencionada pela primeira vez,
o pecado é personificado como uma besta feroz pronta para lançar-se sobre
quem lhe der ocasião.
2) Outra palavra significa literalmente "tortuosidade", e
é muitas vezes traduzida por "perversidade". É, pois, o
contrário de retidão, que significa literalmente, o que é reto
ou conforme um ideal reto.
3) Outra expressão comum que se traduz por "mal", exprime
o pensamento de violência ou infração, e descreve o homem
que infringe ou viola a lei de Deus.
(b) Na esfera da conduta fraternal. A palavra usada para determinar o
pecado nesta esfera, significa violência ou conduta injuriosa. (Gên. 6:11;
Ezeq. 7:23; Prov. 16:29.) Ao excluir a restrição da lei, o homem maltrata
e oprime seus semelhantes.
(c) Na esfera da santidade. As palavras usadas para descrever o pecado
nesta esfera implicam que o ofensor usufruiu da relação com Deus. Toda a
nação israelita foi constituída em "um reino de sacerdotes",
cada membro considerado como estando em contato com Deus e seu santo
tabernáculo. Portanto, cada israelita era santo, isto é, separado para
Deus, e toda a atividade e esfera de sua vida estavam reguladas pela Lei
da Santidade. As coisas fora dessa lei eram "profanas" (o
contrário de santas), e o que participava delas se tornava
"imundo" ou contaminado. (Lev. 11:24, 27, 31, 33, 39.) Se
persistisse na profanação, era considerada uma pessoa irreligiosa ou
profana. (Lev. 21:14; Heb. 12:16.) Se acaso se rebelasse e deliberadamente
repudiasse a jurisdição da lei da santidade, era considerado
"transgressor". (Sal. 37:38; 51:13; Isa. 53:12.) Se prosseguia neste
último caminho, era julgado como criminoso, e tais eram os publicanos, na
opinião dos contemporâneos do nosso Senhor Jesus.
(d) Na esfera da verdade. As palavras que descrevem o pecado nesta esfera
dão ênfase ao inútil e fraudulento elemento do pecado. Os pecadores falam
e tratam falsamente (Sal. 58:3; Isa. 28:15), representam falsamente e dão falso
testemunho (Êxo. 20:16; Sal. 119:128; Prov. 19:5, 9). Tal atividade é
"vaidade" (Sal. 12:2; 24:4; 41:6), isto é, vazia e sem valor. O
primeiro pecador foi um mentiroso (João 8:44); o primeiro pecado começou
com uma mentira (Gên. 3:4); e todo pecado contém o elemento do engano
(Heb. 3:13).
(e) Na esfera da sabedoria. Os homens se portam impiamente porque não pensam ou
não querem pensar corretamente; não dirigem suas vidas de acordo com a
vontade de Deus, seja por descuido ou por deliberada ignorância.
1) Muitas exortações são dirigidas aos "simples" (Prov. 1:4, 22;
8:5). Essa palavra descreve o homem natural, que não se desenvolveu, quer
na direção do bem, quer do mal; sem princípios fixos, mas com uma
inclinação natural para o mal, a qual pode ser usada a fim de seduzi-lo.
Falta-lhe firmeza e fundamento moral; ele ouve mas esquece; portanto, é
facilmente conduzido ao pecado. (Vide Mat. 7:26.)
2) Muitas vezes lemos acerca desses "faltos de entendimento" (Prov.
7:7; 9:4), isto é, aqueles que por falta de entendimento, mais do que por
propensão pecaminosa, são vítimas do pecado. Faltos de sabedoria, são
conduzidos a expressar precipitados juízos acerca da providência divina e
das coisas além da sua compreensão. Desse modo precipitam-se na impiedade.
Tanto essa classe, como os "simples", são indesculpáveis porque
as Escrituras apresentam o Senhor oferecendo gratuitamente — sim,
rogando-lhes que aceitem (Prov. 8:1-10) — aquilo que os fará sábios para
a salvação.
3) A palavra frequentemente traduzida "insensato" (Prov. 15:20),
descreve uma pessoa capaz de fazer o bem, contudo está presa às coisas da carne
e facilmente é conduzida ao pecado pelas suas inclinações carnais. Não se
disciplina a si mesma nem guia as suas tendências de acordo com as leis
divinas.
4) O "escarnecedor" (Sal. 1:1; Prov. 14:6) é o homem ímpio
que justifica sua impiedade com argumentos racionais contra a existência
ou realidade de Deus, e contra as coisas espirituais em geral. Assim,
"escarnecedor" é a palavra do Antigo Testamento equivalente à
nossa moderna palavra "infiel", e a expressão "roda dos
escarnecedores" provavelmente se refere à sociedade local dos
infiéis.
2. O ensino do Novo Testamento.
O Novo Testamento descreve o pecado como:
(a) Errar o alvo, que expressa a mesma idéia que a conhecida palavra do
Antigo Testamento.
(b) Dívida. (Mat. 6:12.) O homem deve (a palavra "deve" vem
de dívida) a Deus a guarda dos seus mandamentos; todo pecado
cometido é contração de uma dívida. Incapaz de pagá-la, a única esperança
do homem é ser perdoado, ou obter remissão da dívida.
(c) Desordem. "O pecado é iniquidade"
(literalmente "desordem", 1 João 3:4). O pecador é um rebelde e
um idólatra porque deliberadamente quebra um mandamento, ao escolher sua
própria vontade em vez de escolher a vontade de Deus; pior
ainda, está se convertendo em lei para si mesmo e, dessa maneira,
fazendo do eu uma divindade. O pecado começou no coração
daquele exaltado anjo que disse: "Eu farei", em oposição à
vontade de Deus. (Isa. 14:13, 14). O anticristo é proeminentemente "o
sem-lei" (tradução literal de "iníquo"), porque se exalta a si
mesmo sobre tudo que é adorado ou que é chamado Deus. (2 Tess. 2:4-9.) O
pecado é essencialmente obstinação e obstinação é essencialmente pecado. O
pecado destronaria a Deus; o pecado assassinaria Deus. Na Cruz do Filho de
Deus, poderiam ter sido escritas estas palavras: "O pecado fez
isto!"
(d) Desobediência, literalmente, "ouvir mal"; ouvir com falta de
atenção. (Heb. 2:2.) "Vede pois como ouvis" (Luc. 8:18.)
(e) Transgressão, literalmente, "ir além do limite" (Rom. 4:15). Os
mandamentos de Deus são cercas, por assim dizer, que impedem ao homem
entrar em território perigoso e dessa maneira sofrer prejuízo para sua
alma.
(f) Queda, ou falta, ou cair para um lado (Efés. 1:7) no grego, donde a
conhecida expressão, cair no pecado. Pecar é cair de um padrão de conduta.
(g) Derrota é o significado literal da palavra "queda" em Rom. 11:12.
Ao rejeitar a Cristo, a nação judaica sofreu uma derrota e perdeu o
propósito de Deus.
(h) Impiedade, de uma palavra que significa "sem adoração,
ou reverência". (Rom. 1:18; 2 Tim. 2:16.) O homem ímpio é o que dá
pouca ou nenhuma importância a Deus e às coisas sagradas. Estas não produzem
nele nenhum sentimento de temor e reverência. Ele está sem Deus porque não
quer saber de Deus.
(i) O erro (Heb. 9:7) Descreve aqueles pecados cometidos como fruto da
ignorância, e dessa maneira se diferenciam daqueles pecados cometidos
presunçosamente, apesar da luz esclarecedora. O homem que desafiadoramente
decide fazer o mal, incorre em maior grau de culpa do que aquele que é
apanhado em falta, a que foi levado por sua debilidade.
IV. Consequências do pecado
O pecado é tanto um ato como um estado. Como rebelião contra a lei de
Deus, é um ato da vontade do homem; como separação de Deus, vem a ser um
estado pecaminoso. Segue-se uma dupla consequência: o pecador traz o mal sobre
si mesmo por suas más ações, e incorre em culpa aos olhos de Deus. Duas
coisas, portanto, devem distinguir-se; as más consequências que seguem os atos
do pecado, e o castigo que virá no juízo. Isto pode ser ilustrado da
seguinte maneira: Um pai proíbe ao filho pequeno o fumar cigarros, e fá-lo ver
uma dupla consequência: primeira, o fumar fá-lo-á sentir-se doente;
segunda, ser castigado pela sua desobediência. O menino desobedece e fuma
pela primeira vez. As náuseas que lhe sobrevêm representam as más consequências
do seu pecado, e o castigo corporal subsequente representa o castigo
positivo pela culpa. Da mesma maneira as Escrituras descrevem dois efeitos do
pecado sobre o culpado: primeiro, é seguido por consequências desastrosas para
sua alma; segundo, trará da parte de Deus o positivo decreto de
condenação.
1. Fraqueza espiritual.
(a) Desfiguração da imagem divina. O homem não perdeu completamente a
imagem divina, porque ainda em sua posição decaída é considerado uma criatura à
imagem de Deus (Gên. 9:6; Tia. 3:9) — uma verdade expressa no provérbio
popular: "Há algo de bom no pior dos homens." Maudesley, o
grande psiquiatra inglês, sustenta que a majestade inerente da mente
humana evidencia-se até mesmo na ruína causada pela loucura. Apesar de não
estar inteiramente perdida, a imagem divina no homem encontra-se muito
desfigurada. Jesus Cristo veio ao mundo tornar possível ao homem a recuperação
completa da semelhança divina por ser recriado à imagem de Deus. (Gál. 3:10.)
(b) Pecado inerente, ou "pecado original". O efeito da queda
arraigou-se tão profundamente na natureza humana que Adão, como pai da
raça, transmitiu a seus descendentes a tendência ou inclinação para pecar.
(Sal. 51:5.) Esse impedimento espiritual e moral, sob o qual os homens
nascem, é conhecido como pecado original. Os atos pecaminosos que se seguem
durante a idade de plena responsabilidade do homem são conhecidos como
"pecado atual". Cristo, o segundo Adão, veio ao mundo resgatar-nos de
todos os efeitos da queda. (Rom. 5:12-21.) Esta condição moral da alma é
descrita de muitas maneiras: todos pecaram (Rom. 3:9); todos estão debaixo
da maldição (Gál. 3:10); o homem natural é estranho às coisas de Deus
(1 Cor. 2:14); o coração natural é enganoso e perverso (Jer. 17:9);
a natureza mental e moral é corrupta (Gên. 6:5, 12; 8:21; Rom. 1:19-31); a
mente carnal é inimizade contra Deus (Rom. 8:7, 8); o pecador é escravo do
pecado (Rom. 6:17; 7:5); é controlado pelo príncipe das potestades do ar
(Efés. 2:2); está morto em ofensas e pecados (Efés. 2:1); e é filho da ira
(Efés. 2:3).
(c) Discórdia interna. No princípio Deus fez o corpo do homem do pó,
dotando-o, desse modo, de uma natureza física ou inferior; depois soprou em seu
nariz o fôlego da vida, comunicando-lhe assim uma natureza mais elevada,
unindo-o a Deus. Era o propósito de Deus a harmonia do ser humano, ter o corpo
subordinado à alma. Mas o pecado interrompeu a relação de tal maneira que o
homem se encontrou dividido em si mesmo; o "eu" oposto ao
"eu" em uma guerra entre a natureza superior e a inferior. Sua
natureza inferior, frágil em si mesma, rebelou-se contra a superior e abriu as
portas de seu ser ao inimigo. Na intensidade do conflito, o homem exclama:
"Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo
desta morte?" (Rom. 7:24.) O "Deus de paz" (1 Tess. 5:23)
subjuga os elementos beligerantes da natureza do homem e santifica-o no
espírito, alma e corpo. O resultado é a bem-aventurança interna —
"justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo" (Rom. 14:17).
2. Castigo positivo.
"No dia em que dela comeres certamente morrerás" (Gên. 2:17)
"O salário do pecado é a morte" (Rom. 6:23). O homem foi criado
capaz de viver eternamente; isto é, não morreria se obedecesse à lei de Deus.
Para que pudesse "lançar mão" da imortalidade e da vida eterna, foi
colocado sob um pacto de obras, figurado pelas duas árvores — a árvore da
ciência do bem e do mal e a árvore da vida. Desse modo, a vida estava
condicionada à obediência; enquanto Adão observasse a lei da vida teria direito
à árvore da vida. Mas desobedeceu; quebrou o pacto de vida, e ficou
separado de Deus, a Fonte da vida. Desde esse momento, teve a morte o seu
inicio e foi consumada na morte física com a separação da alma e do corpo.
Mas notamos que o castigo incluía mais do que uma morte física; a
dissolução física era uma indicação do desagrado de Deus, do fato que o
homem estava sem contato com a Fonte da vida. Ainda que Adão
se tivesse reconciliado mais tarde com o seu Criador, a morte física
continuaria de acordo com o decreto divino: "No dia em que dela
comeres certamente morrerás." Somente por um ato de redenção e de
recriação o homem teria outra vez direito à árvore da vida que está no
meio do paraíso de Deus. Por meio de Cristo a justiça é restaurada à alma,
a qual, na ressurreição, é reunida a um corpo glorificado.
Vemos, então, que a morte física veio ao mundo como castigo, e, nas
Escrituras, sempre que o homem é ameaçado com a morte como castigo pelo
pecado, significa primeiramente a perda do favor de Deus. Assim, o pecador
já está "morto em ofensas e pecados" e no momento da morte
física ele entra no mundo invisível na mesma condição. Então no grande
Julgamento o Juiz pronunciará a sentença da segunda morte, que envolve
"indignação e ira, tribulação e angústia" (Rom. 2:7-12). De maneira
que "a morte", como castigo, não é a extinção da personalidade,
e, sim, o meio de separação de Deus. Há três fases desta morte: morte
espiritual, enquanto o homem vive (Efés. 2:1; l Tim. 5:6); morte física (Heb.
9:27); e a segunda ou morte eterna (Apoc. 21:8; João 5:28, 29; 2 Tess.
1:9; Mat. 25:41).
Por outro lado, quando as Escrituras falam da vida como recompensa pela
justiça, isso significa mais do que existência, pois os ímpios existem no
inferno. Vida significa viver em comunhão com Deus e no seu favor —
comunhão que a morte não pode interromper ou destruir. (João 11:25, 26.) é
uma vida que proporciona união consciente com Deus, a Fonte da vida.
"E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti só (em experiência e
comunhão) por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste"
(João 17:3). A vida eterna é uma existência perfeita; a morte eterna
é uma existência má, miserável e degradada.
Notemos que a palavra "destruição", usada quanto à sorte
dos ímpios (Mat. 7:13; João 17:12; 2 Tess. 2:3), não
significa extinção. De acordo com o grego, perecer ou ser destruído,
não significa extinção e sim ruína. Por exemplo: que os
odres "estragam-se" (Mat. 9:17) significa que já não servem
como odres, e não que tenham deixado de existir. Da mesma maneira,
o pecador que perece, ou que é destruído, não é reduzido ao nada, mas
experimenta a ruína no que concerne a desfrutar comunhão com Deus e a vida
eterna. O mesmo uso ainda existe hoje; quando dizemos: "sua vida está
arrumada", não queremos dizer que o homem está morto, e, sim, que
perdeu o verdadeiro alvo ou objetivo da vida.
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HAMARTIOLOGIA - As Grandes Doutrinas da Bíblia - Pr. Raimundo de
Oliveira
ÍNDICE
I. A ORIGEM DO PECADO
1. Conceitos Históricos Sobre a Origem do Pecado
2. O Que a Bíblia Ensina Sobre a Origem do Pecado
3. O Caráter do Primeiro Pecado do Homem
4. A Universalidade do Pecado
II. A NATUREZA ESSENCIAL DO PECADO
1. A Idéia Bíblica do Pecado
2. O Pecado Original
3. O Pecado Atual
4. O Pecado Imperdoável
5. O Pecado e o Crente
HAMART IOLOGIA
INTRODUÇÃO
As Escrituras destacam dois grandes princípios morais mediadores do
comportamento do homem em relação a Deus: a santidade e o pecado. Na esfera
moral, a santidade corresponde ao bem, enquanto que o pecado corresponde ao
mal. Todos os mais princípios e qualidades morais podem ser classificados de
maneira a se identificarem com a santidade e o bem, ou com o pecado e o mal.
Por essa razão a doutrina do pecado recebe especial atenção na Bíblia.
I.A ORIGEM DO PECADO
Qualquer pessoa que se dá a meditar na doutrina do pecado, procurando
compreendê-la mesmo à luz das Escrituras, inevitavelmente há de se defrontar
com a seguinte indagação: Qual a origem do pecado? Esta indagação quer a
encaremos no contexto da Igreja ou da Teologia, amplia-se numa indagação sobre
a origem do mal em todo o mundo. As perturbações da vida e a consciência de
algo anormal atuando decisivamente no mundo, conduzem o homem pensante a essa
questão; e inúmeras são as respostas formuladas através da história; respostas
nem sempre harmônicas entre si.
1.Conceitos Históricos Sobre a Origem do Pecado
São os mais diversos conceitos que ao longo da historias surgiram acerca da
origem do pecado. Irineu, bispo de Lyon, na Ásia Menor (130-208 d.C.), foi,
talvez, o primeiro dos países da Igreja Antiga, a assegurar que o pecado no
mundo se originou na transgressão voluntária do homem no Éden. O conceito de
Irineu logo tomou conta do pensamento e da teologia da Igreja, especialmente
como arma no combate ao gnosticismo, pois este ensinava que o mal é inerente à
matéria.
Do Gnosticismo a Orígenes
O gnosticismo ensinava que o contato da alma humana com a matéria era que a
tornava imediatamente pecadora. Esta teoria naturalmente despojou o pecado do
seu caráter voluntário como é apresentado na Bíblia. Orígenes (185-254 d.C.)
sustentou este mesmo ponto de vista por meio de sua teoria chamada
“preexistencismo”. Segundo ele, as almas dos homens pecaram voluntariamente em
existência prévia, e, portanto, todas entraram no mundo numa condição
pecaminosa.
Este conceito de Orígenes sofreu forte oposição mesmo nos seus dias.
Os pais da Igreja Grega
Em geral os Pais da Igreja grega dos séculos III e IV se mostraram inclinados a
negar a relação direta entre o pecado de Adão e seus descendentes. Em
contraposição, os Pais da Igreja latina ensinaram com bastante clareza que a
presente condição pecaminosa do homem encontra sua explicação na primeira
transgressão de Adão no Éden.
De Agostinho à Reforma
O ensino da Igreja do Ocidente quanto à origem do pecado teve seu ponto mais
elevado na pessoa de Agostinho. Ele insistiu no ensino de que em Adão toda a
humanidade se acha culpada e maculada. Já os teólogos sem pelagianos, admitiam
que a mancha do pecado, e não o pecado mesmo, é que era causada pelo
relacionamento humanidade – Adão. Durante a Idade Média, o que se cria a
respeito de assunto era uma mistura de agostinismo e pelagianismo. Os
Reformadores, particularmente, comungaram do ensino de Agostinho.
Do Racionalismo a Karl Barth
Sob a influência do racionalismo e da teoria evolucionista, a doutrina da queda
do homem e de seus efeitos fatais sobre a raça humana, foi descartando-se
gradualmente. Começou a si difundir a idéia de que, se realmente houve o que a
Bíblia chama “queda” do homem, essa queda foi para o alto. A idéia do pecado
odioso aos olhos santos de Deus foi substituída pelo mal, e este mal se aplicou
de diferentes maneiras. Por exemplo, Emmanuel Kant o considerou como parte
inseparável do que há de mais profundo no ser humano, e que não se pode
explicar. O evolucionismo chama esse “mal” de oposição das baixas inclinações
ao desenvolvimento gradual da consciência moral. Karl Barth, teólogo suíço
(1886-1968), fala da origem do pecado como um mistério da predestinação. Em
suma: o que muitas correntes da teologia racional erradamente ensinam é que
Adão foi na verdade o primeiro pecador, porém sua obediência não pode ser
considerada como causa do pecado no mundo. O pecado do homem estaria
relacionado de alguma forma com a sua condição de criatura. A história do
paraíso nada mais proporciona ao homem do que a simples informação de que ele necessariamente
não precisa ser pecador.
2. O Que a Bíblia Ensina Sobre a Origem do Pecado
Na Bíblia, o mal moral que assola o mundo, normalmente chamado pelos homens de
fraqueza, equívoco, deslize, queda para o alto, se define claramente como
pecado, fracasso, erro, iniquidade, transgressão, contravenção, e injustiça. A
Bíblia apresenta o homem como transgressor por natureza. Mas, como adquiriu o
homem essa natureza pecaminosa? O que a Bíblia nos diz acerca disso? Para
termos respondidas estas indagações, é interessante e indispensável considerar
o seguinte:
a) Deus não é o Autor do Pecado
Evidentemente Deus, na sua onisciência, já vira a entrada do pecado no mundo,
bem antes da criação do homem. Porém, deve-se ter cuidado para que ao se fazer
esta interpretação, não fazer de Deus a causa ou autor do pecado. “Longe de
Deus o praticar ele a perversidade, e do Todo-poderoso o cometer injustiça” (Jó
34.10). Deus é santo (Is 6.3). E não há nele nenhuma injustiça (Dt 32.4; Sl
95.15). “Ninguém ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; por que Deus não
pode ser tentado pelo mal, e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13). Deus odeia o
pecado e como prova disto enviou a Jesus Cristo como provisão salvadora para o
homem. Assim sendo, as Escrituras rechaçam todas aquelas idéias deterministas,
segundo as quais Deus é autor e responsável pela a entrada do pecado no mundo.
Tais idéias são contrárias às Escrituras, mas também à voz da consciência que
dá testemunho da responsabilidade do homem perante o Deus cuja santidade foi ultrajada.
b) O Pecado Teve Origem no Mundo Angélico
Se quisermos conhecer a origem do pecado, teremos de ir além da queda do homem,
descrita no capitulo 3 de Gêneses, e pôr a nossa atenção em algo que aconteceu
no mundo dos anjos. Deus criou os anjos dotados de perfeição, porém, Lúcifer e
legiões deles se rebelaram contra Deus, pelo que caíram em terrível condenação.
O tempo exato dessa queda não é dado a conhecer na Bíblia. Jesus fala acerca do
Diabo dizendo ser ele homicida desde o princípio (Jo 8.44). O apóstolo João diz
que o Diabo peca desde o princípio (1 Jo 3.8). Pouco se diz a respeito do
pecado que ocasionou a queda dos anjos; porém, quando Paulo adverte a Timóteo
no sentido de que nenhum neófito seja designado bispo sobre a casa de Deus, diz
o apóstolo porque: “...para não suceder que se ensoberbeça e caia na condenação
do Diabo” (1 Tm 3.6). Daí se conclui que o pecado do Diabo foi a soberba e o
desejo de sobrepujar a Deus.
c) A Origem do Pecado na Raça Humana
A origem do pecado na história da raça humana foi a transgressão voluntária de
Adão no Éden. O homem deu ouvidos à insinuação do tentador, de que, se
colocasse em oposição a Deus, se tornaria igual a Ele. Tomando do fruto que
Deus proibira, Adão caiu, abrindo a porta de acesso ao pecado no mundo. Ele não
somente pecou, ele também se tornou servo do pecado. Neste sentido escreve o
apóstolo Paulo: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que
todos pecaram...Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os
homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça
sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como, pela
desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela
obediência de um, muitos serão feitos justos” (Rm 5.12,18,19).
3. O Caráter do Primeiro Pecado do Homem
De acordo com o relato sagrado, primeiro pecado do homem, consistiu em haver
Adão comido da árvore do conhecimento do bem e do mal, em desacato a ordem de
Deus: “... da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no
dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17).
a) Seu Caráter Formal
Ignoramos a razão porque o elemento de prova do homem no Éden é chamado de
“árvore do conhecimento do bem e do mal”. Porém, segundo uma idéia muito comum,
ela se chama assim pelo fato de que o homem, comendo dela, adquiriria
conhecimento prático do bem e do mal. Berkhof é da opinião de que essa
interpretação dificilmente se harmoniza com as Escrituras que afirmam que o
homem, ao comer dela se tornaria igual a Deus no que diz respeito à aquisição
do conhecimento do bem e do mal e portanto não tem conhecimento prático dele.
Parece muito mais aceitável que essa árvore se chamava assim pelo fato de que
ele estava destinado a revelar: Se o estado futuro do homem seria bom ou mau;
Se o homem permitiria que Deus determinasse em seu lugar o que lhe era bom ou
mau, ou se o homem determinaria por si mesmo. Qualquer significado que se dê à
árvore do conhecimento do bem e do mal, deve-se ter sempre em mente que a
finalidade da sua designação por Deus foi de simplesmente de provar o homem
criado à sua imagem e semelhança. Adão teria de demonstrar interesse e se
submeter à sua própria vontade ou à vontade de Deus, com obediência implícita e
absoluta.
b) Seu Caráter Essencial e Material
A essência do pecado de Adão consiste em que ele se colocou em oposição a Deus,
recusando submeter-se à sua vontade e impedindo que Deus determinasse o curso da
sua vida. Adão tomou as rédeas da sua vida das mãos de Deus, determinado o seu
futuro por si mesmo. O homem que não tinha nenhum direito sobre Deus,
separou-se dele como se nada lhe devesse. Com essa ação, o homem estava como
que levantando os punhos em direção a Deus e lhe dizendo: ”Eu não preciso mais
de ti”. A idéia de que a ordem de Deus ainda estava na mente do homem no
momento do seu pecado é comprovada na resposta de Eva à pergunta de Satanás,
“nem tocareis nele” (Gn 3.3). Possivelmente, Eva quis enfatizar que o
mandamento de Deus não havia sido razoável, isto é, era muito mais pesado do
que se podia imaginar. Foi assim que no desejo de ser igual a Deus, o homem
pecou e foi reduzido à categoria de servo do pecado.
4. A Universalidade do Pecado
Ainda que muitos tenham diferentes opiniões quanto à natureza do pecado e o
modo como ele se originou, bem poucos se inclinam a negar o fato de que o
pecado é um tormento no coração do homem, em todos os quadrantes da terra. Seja
em grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, ou nas mais esquecidas
aldeias no seio da África, o pecado é um flagelo diário.
a) O Testemunho da História
A própria história das religiões pagãs testifica da universalidade do pecado. A
pergunta do patriarca Jó: “Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como
seria puro aquele que nasce da mulher?” (Jó 25.4). É uma pergunta feita tanto
por aqueles que conhecem a revelação especial Deus, quanto por aqueles que a
ignoram. Quase todas as religiões dão testemunho de um conhecimento universal
do pecado e da necessidade de reconciliação com o Supremo. Há um sentimento
generalizado de que os deuses estão ofendidos e de que algo deve ser feito para
apaziguá-los. A voz da consciência acusa o homem diante do seu fracasso em
alcançar o ideal da vida perfeita dizendo que ele está condenado aos alhos de
alguém que possui um poder superior. Os altares banhados de sangue e as
freqüentes confissões de agravo, feitas por pessoas que buscam livrar-se do
mal, apontam conjuntamente pêra o conhecimento do pecado e da gravidade dele.
Onde quer que os missionários cristãos se encontrem, apodera-se deles a certeza
de que o pecado é um flagelo universal. Os filósofos gregos, na sua luta contra
o problema do mal, foram levados a admitir a universalidade do pecado, ainda
que incapaz de explicar esse fenômeno.
b) Todos Pecaram
A pecaminosidade do homem está registrada em toda a extensão das Escrituras (Gn
6.5; 1 Rs 8.46; Sl 53.3; 143.2; Pv 20.9; Ec 7.20; Is 53.6; 64.6; Rm
3.1-12,19,20,23; Gl 3.22; Tg 3; 1 Jo 1.8,10). De fato, a Bíblia mostra o pecado
como uma herança inevitável que o homem tem de administrar desde o seu
nascimento, e que está presente na natureza do homem e com ele continuará até a
morte (Sl 5.5; Jó 14.4; Jo 3.6; Ef 2.3). Escrevendo aos Efésios, diz o apóstolo
Paulo que nós, os crentes, “éramos por natureza filhos da ira, como também os
demais” (Ef 2.3). o pecado, pois, é algo original, do qual todos participam, e
que os fazem culpados diante de Deus. O pecado e a morte nivelam os homens. A maior
prova em favor da universalidade do pecado é que a própria obra realizada por
Cristo na cruz, que no seu escopo apresenta-se como uma obra de caráter
universal, e como remédio único para a doença espiritual de toda a humanidade.
II. A NATUREZA ESSENCIAL DO PECADO
O caráter santo de Deus é a norma única e final mediante a qual podemos julgar
com exatidão os valores morais. Para aqueles que não levam Deus em conta, não
existem normas morais fora dos costumes sociais e dos ditames duma consciência
pervertida.
1. A Idéia Bíblica do Pecado
Não podemos assimilar a idéia bíblica do pecado, a menos que levemos em
consideração as seguintes particularidades na conceituação do pecado.
a) O Pecado é uma Classe Específica de Mal
Comparativamente, o que ouvimos e lemos hoje sobre o mal é muito mais do que
aquilo que ouvimos e lemos a respeito do pecado. Isto se dá, talvez, devido à
opinião comum de que mal e pecado são a mesma coisa. Porém, é bom lembrar que,
apesar de todo o pecado ser um mal, nem tudo que consideramos mal é pecado. O
pecado não deve ser confundido com o mal físico que produz prejuízos e
calamidades. O pecado é a causa do mal, enquanto que o mal é o efeito do
pecado. Os termos bíblicos para designar o pecado são variados. Em geral é
apresentado como “fracasso”, “erro”, “iniquidade”, “transgressão”,
“contravenção”, “falta de lei” e “injustiça”. Porém, a definição de pecado não
pode ser derivada simplesmente dos termos bíblicos para denotá-lo. A
característica principal ele está orientado contra Deus (Sl 51.4; Rm 8.7).
b) O Pecado Tem um Caráter Absoluto
O contraste entre o bem e o mal é absoluto, e não há neutralidade alguma entre
ambos; tanto que a transição entre um e outro não é de caráter quantitativo,
mas qualitativo. Um ser moral, que não é bom, não se torna mau só por diminuir
a sua bondade, mas por uma mudança radical que o leva a envolver-se com o
pecado. Jesus disse: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta
espalha” (Mt 12.30). o homem tem de estar do lado do bem e da justiça, ou do
mal. Em assuntos espirituais, a Escritura não conhece uma posição de
neutralidade.
c) O Pecado é Sempre Dirigido Contra Deus
É impossível se ter um conceito correto do pecado sem vê-lo em relação com a
pessoa e a vontade de Deus. É compreendendo assim que o pecado pode ser
interpretado como “falta de conformidade com a lei de Deus”. Esta é a definição
formal mais correta de pecado. Os seguintes trechos extraídos das Escrituras
abordam o pecado em relação a Deus e a sua Lei: “os quais, conhecendo a justiça
de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as
fazem, mas também aprovam aos que as fazem” (Rm 1.32). “... se fazeis acepção
de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores”
(Tg 2.9). “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o
pecado é a transgressão da lei” (1 Jo 3.4).
d) O Pecado Inclui Tanto a Culpa Como a Corrupção
A culpa é um estado em que se sente merecer o castigo pela a violação da lei
moral. Ela expressa também a relação que o pecado tem com a justiça e com o
castigo da lei. Porém, por ser uma palavra de significado duplo, a culpa tanto
denota a qualidade própria do pecado, como denota a culpabilidade que nos faz
dignos do juízo e do castigo divino. Dabney fala deste último aspecto da culpa
como “culpa potencial”. A culpa atual pode ser removida por meio de um
substituto, mediante a satisfação das exigências da lei (Mt 6.12; Rm 3.19;
5.18; Ef 2.3). Corrupção é a contaminação inerente a cada pecador, e é uma realidade
na vida de todo individuo. Todo aquele que é nascido de Adão tem em si a
natureza manchada pelo pecado (Jó 14.4; Jr 17.9; Mt 7.15-20; Rm 8.5-8; Ef
4.17-19).
e) O Pecado tem Lugar no Coração
O pecado não reside em nenhuma faculdade da alma, mas sim no coração, o âmago
da alma, de onde flui a vida. Ele é o centro das influencias que põe em
operação o intelecto, a vontade e os afetos. Em seu estado pecaminoso, o
coração torna o homem objeto do desagrado de Deus. Sobre o coração como
continente do pecado, escreveu o profeta Jeremias: “Enganoso é o coração, mais
do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jr
17.9; Pv 4.23; Mt 15.19,20; Lc 6.45; Hb 3.12).
2. O Pecado Original
A condição pecaminosa em nasce o homem é definida teologicamente como “pecado
original”. Ele é chamado assim: - porque se deriva de Adão, o tronco original
da raça humana; - porque está presente na vida de cada indivíduo desde o
momento do seu nascimento, pelo que não pode ser considerado como resultado de
simples imitação; - porque é a raiz interna de todos os pecados atuais que
maculam a vida do homem. Deve-se, porém, evitar o erro de se pensar que o termo
“pecado original” implica em que este pecado pertence à constituição original
da natureza humana, posto que isto implicaria em que Deus criou o homem como
pecador.
a) Conceito Histórico
É de opinião geral dos teólogos que os Pais da Igreja primitiva não se deram ao
labor de escrever o suficiente sobre o pecado original. Contudo, segundo os
Pais da Igreja grega, há uma corrupção física na raça humana proveniente de
Adão, porém isto não envolve culpa. A liberdade da vontade em nada foi afetada
pela queda. Respeitáveis teólogos são da opinião de que este parecer dos Pais
gregos, culminou com o surgimento do pelagianismo, movimento religioso herético
fundado por Pelágio, britânico, que viveu entre 360 e 422 da nossa Era. O
pelagianismo negava completamente as doutrinas da graça e do pecado original.
Na igreja latina, porém apareceu uma tendência diferente através da pessoa de
Tertuliano, que segundo alguns teólogos, foi o homem que depois de Paulo, teve
maior senso a respeito do pecado. Tertuliano considerou o pecado original uma
infecção hereditária. Ambrosio, outro famoso Pai da Igreja latina, foi além de
Tertuliano na questão do pecado original e o descreveu como um estado, e fez
uma distinção entre corrupção inata e a resultante culpa do homem. Porém, foi
através do talento e do espírito de estudo de Agostinho que a doutrina do
pecado original alcançou um total desenvolvimento. Segundo ele, a natureza do
pecador, tanto física como moralmente, está de toda corrompida por causa do
pecado de Adão, de tal maneira que o homem não consegue fazer outra coisa senão
pecar. Os reformadores, de modo geral, estiveram de acordo com Agostinho.
Somente Calvino diferia dele, principalmente em dois pontos: Primeiro, que o
pecado original não é algo completamente negativo, uma vez que esse pecado,
segundo ele, dá lugar à eleição de Deus; Segundo, que esse pecado está limitado
à natureza sensível do homem.
b) Elementos do Pecado Original
São dois os principais aspectos do pecado original: culpa e corrupção. A
palavra culpa, com relação ao pecado original, expressa a relação que a justiça
tem com o pecado, e, como expressavam os teólogos mais antigos, a relação que o
pecado tem com a pena da Lei. É assim que a culpa do pecado de Adão, como
cabeça federal da raça humana, é impossível a todos os seus descendentes (Rm
5.12-19; Ef 2.3; 1 Co 15.22). A corrupção original do homem inclui a ausência
da justiça original e a presença de um mal real. É a tendência da natureza
caída, herdada de Adão, que condiciona o homem para pecar. Deve-se, portanto,
notar: Primeiro, que essa corrupção não é meramente uma enfermidade; Segundo,
ele não é meramente uma privação.
3. O Pecado Atual
O pecado se originou num ato de livre vontade de Adão como representante da
raça humana; uma transgressão da lei de Deus e uma corrupção da natureza humana
que deixou o homem exposto ao juízo e castigo de Deus.
É esta natureza corrompida a fonte donde flui todos os pecados atuais, diários.
a) Relação Entre Pecado Original e Pecado Atual
“Pecados atuais” são aquelas ações externas que se executam através do corpo.
São também todos aqueles maus pensamentos conscientes. São os pecados
individuais de fato. O pecado original é um só, enquanto o pecado atual
desdobra-se em diferentes classes, tais como: atos ou atitudes. O que o
apóstolo João escreveu no capítulo primeiro em sua primeira epístola universal,
poderá nos ajudar a compreender melhor a diferença entre pecado original e
pecados atuais. “Se dissermos que não temos PECADO, enganamo-nos a nós mesmos,
e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos PECADOS, ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 8,9).
Atente para os termos PECADO e PECADOS. A palavra PECADO, no singular, citada
no versículo 8, é uma referência precisa e direta ao pecado original, ou seja,
à natureza caída do homem; enquanto que a palavra PECADOS, no plural, citada no
versículo 9, refere-se ao pecado atual, do dia-a-dia.
b) Classificação dos Pecados Atuais
É impossível classificar todos os pecados atuais, pois variam de classe e de
grau e podem diferenciar-se em mais de um ponto. A teologia católico-romana faz
uma bem conhecida distinção entre pecados veniais e pecados mortais, porém tem
dificuldades em apontar quando o pecado é venial ou mortal. A mais completa
lista das diferentes classes de pecados habituais, registrada na Bíblia, é
extraída dos escritos do apóstolo Paulo, mas precisamente da Epístola aos
Gálatas. “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição,
impureza, lascívia,idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações,
iras, pelejas, dissensões, heresias,invejas, homicídios, bebedices, glutonarias
e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos
disse, que os que praticam tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gl
5.19-21). O Novo Testamento determina a gravidade do pecado de acordo com o grau
de conhecimento que se tenha a respeito dele. Os gentios, que estão no seu
pecado, são culpados aos olhos de Deus; porém, aqueles que gozam do favor do
Evangelho e têm revelação de Deus são muito mais culpados quando caem (Mt
10.15; Lc 12.47,48; 23.24; Jo 19.11). o crente, em particular, é advertido no
sentido de evitar o pecado que tão de perto o rodeia (Hb 12.1). O pecado tanto
pode ser por comissão como por omissão. Isto é: aquele que não faz o bem e
deveria fazer, é tão culpado diante de Deus quanto aquele que faz o mal que não
deveria fazer.
4. O Pecado Imperdoável
Diferentes passagens das Escrituras falam de um pecado que não pode ser
perdoado, sendo impossível a mudança de coração depois de alguém o haver
cometido, e pelo qual não se deve orar. Sobre ele, disse Jesus: “Portanto, eu
vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia
contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma
palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar
contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro”
(Mt 12.31,32).
Opinião Sobre Esse Pecado
Durante séculos têm surgido as mais diversas opiniões a respeito da natureza do
pecado para o qual não há perdão. Por exemplo, Jerônimo e Crisóstomo pensavam
que esse foi o pecado cometido unicamente pelos contemporâneos de Jesus,
durante o seu ministério terreno. Agostinho e alguns teólogos luteranos e
escoceses ensinaram que esse pecado consistia da penitência que persiste até o
fim. Anos depois da Reforma, alguns teólogos luteranos ensinavam que só as
pessoas regeneradas estão sujeitas ao pecado de blasfêmia contra o Espírito
Santo, pecado para o qual não há perdão.
b) Opinião Correta a Respeito Desse Pecado
O conceito reformado quanto ao pecado imperdoável, é o que melhor se harmoniza
com as Escrituras a respeito do assunto. Esse pecado consiste na rejeição
consciente, maliciosa e voluntária da evidência e convicção do testemunho do
Espírito Santo, com respeito à graça de Deus manifesta em Jesus Cristo. Esse
pecado não consiste em duvidar da verdade manifesta em e por Cristo, nem em
simplesmente negá-la, mas sim em contradizê-la. Ao cometer esse pecado, o homem
voluntária, maliciosa e tencionalmente atribui à influência de satanás aquilo
que reconhecidamente é obra de Deus. Em suma, esse pecado não é outra coisa
senão um deliberado ultraje ao Espírito Santo, uma declaração audaz de que o
Espírito Santo é um espírito maligno, que a verdade é mentira e que Cristo é
satanás. Esse pecado é imperdoável não porque sua gravidade supere os méritos e
eficácia da obra de Cristo levada a afeito na cruz do Calvário, ou porque ele
foge aos limites do poder restaurador do Espírito Santo, mas porque nos
domínios do pecado, existem leis e ordenanças estabelecidas e mantidas por
Deus.
c) O Crente Está Sujeito a Este Pecado
De que o crente pode cometer o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo e
cair em declarada apostasia é ensino implícito no seguinte texto das
Escrituras: “é impossível, pois, que aqueles que uma vez iluminados e provaram
o dom celestial e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa
palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível
outra vez renová-los para o arrependimento, visto que de novo estão
crucificando para si mesmo o filho de Deus, e expondo-o à ignomínia” (Hb
6.4-6). A respeito do perigo de se cometer este pecado, escreveu o saudoso
pastor e escritor João de Oliveira: “pecando o homem contra Deus, veio Jesus
para conduzi-lo de volta a Deus; havendo pecado contra Jesus, veio o Espírito
Santo para reconciliá-lo com Jesus; mas, pecando o homem contra o Espírito
Santo, quem o há de salvar?”. Em atenção ao fato de que esse pecado nunca segue
o arrependimento, é possível assegurar que aqueles que julgam tê-lo cometido e
se entristecem por isso, e desejam as orações de outros para perdão, na verdade
nunca cometeram. É o Espírito Santo quem conduz o homem ao arrependimento; se
alguém tivesse pecado contra Ele, é obvio que Ele não levaria esse alguém ao
arrependimento, se o perdão completo não fosse atingível.
5. O pecado e o Crente
O significado e a gravidade do pecado são mais bem compreendidos pelo do que
por qualquer outra pessoa. Ao longo de toda a narrativa bíblica, o crente é
advertido contra o “pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1), e a caminhar
para o alvo maior, que é a semelhança da estatura e perfeição de Cristo. Por
isso, ao ouvido de cada crente, hoje, deve continuar soando a solene
advertência de Cristo: “... vai e não peques mais” (Jo 8.11).
a) É Possível o Crente Pecar?
Para muitos cristãos, a descoberta de que após aceitar a Jesus ainda estavam
sujeitos ao pecado, foi tão espantoso quanto ao próprio fato de agora saberem
que foram feitos novas criaturas em Cristo. De que é possível o crente pecar, é
assunto pacífico em toda a Escritura. Só no NT há capítulos inteiros, como por
exemplo, Romanos 7 e 8, que mostram o conflito interior do crente entre a sua
natureza divina que nele habita, mostrando a possibilidade de o crente vir a
cometer pecado. Sobre esse assunto, escreveu o apóstolo João: “Se dissermos que
não temos PECADO, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se
confessarmos os nossos PECADOS, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.8,9). Já mostramos que a palavra
PECADO, no singular, citada no versículo 8, é uma referência à natureza caída
do homem, de onde provêm os PECADOS, no plural (versículo 9). É evidente que o
cristão possui dupla natureza: a natureza caída, ainda sujeita ao pecado, e a
natureza divina. Esta última foi implantada no crente mediante a sua ligação
com Jesus Cristo, “a videira verdadeira” (Jo 15.1). Enquanto a primeira
natureza estiver subjugada o crente estará sendo levado a viver de vitória em
vitória.
b) Possíveis Causas de Pecados na Vida do Crente
Dentre as muitas causas pelas quais o crente poderá ser levado à pratica do
pecado, destacamos as três principais, dadas a seguir:
- A natureza pecaminosa (Rm 8.21-15).
- O sistema mundial que está sob domínio de satanás (1 Jo 2.15-17).
- Falta de oração e de cuidadoso estudo das Escrituras (Ef 6.10-15).
O crente que relaxa o hábito da oração e da leitura e estudo das Escrituras,
está incorrendo em sérios riscos espirituais, podendo se tornar presa fácil dos
laços do adversário.
c) Consequências do Pecado na Vida do Crente
Dentre as muitas consequências do pecado na vida do crente, vale destacar:
- A perda da comunhão com Deus (1 Jo 5.6; Sl 51.11).
- Oportunidade de os inimigos blasfemarem do nome de Deus (2 Sm 12.14).
- Perda do galardão (1 Co 4.5; 3.13-15).
- Possível morte (Act 5.1-11; 1 Co 11.30).
- Mau exemplo (1 Co 8.9,10).
- Destruição da fé e conseqüente morte espiritual (Rm 6.16; 1 Jo 5.16,17).
d) Como o Crente Deve tratar Com o Pecado
Quando ao trato que o crente deve dar ao pecado, a Bíblia recomenda que o
crente deve:
- Reconhecê-lo (Sl 51.3)
- Evitá-lo (1 Tm 5.22)
- detestá-lo (Jd v.23)
- Resiste a ele com confiança em Deus (Tg 4.7,8).
- Confessá-lo (1 Jo 1.9).
- Abandoná-lo (Pv 28.13).
O apóstolo João escreveu dizendo: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo
para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o Justo” (1Jo 2.1).
QUESTINÁRIO DE HARMATIOLOGIA
1. Quais são os dois grandes princípios morais mediadores do comportamento do
homem em relação a Deus?
2. Qual o conceito de Irineu, bispo de Lyon, quanto à origem do pecado?
3. Que ensinava o gnosticismo quanto a origem do pecado?
4. Qual o ensino dos Pais da Igreja dos séculos III e IV quanto a origem do
pecado?
5. Quanto a origem do pecado, o que ensinava Agostinho?
6. O que ensinava Karl Barth quanto a origem do pecado na raça humana?
7. O que a Bíblia ensina quanto a origem do pecado?
8. Qual o caráter formal do primeiro pecado do homem?
9. Qual o caráter essencial e material desse mesmo pecado?
10. Dê duas provas históricas e duas bíblicas da universalidade do pecado?
11. Qual a idéia bíblica do pecado?
12. Dê dois conceitos históricos do pecado original.
13. O que se entende por “culpa” e “corrupção” como elementos do pecado
original?
14. Que relação há entre pecado original e pecado atual?
15. Segundo a Bíblia, qual o pecado para o qual não há perdão?
16. Qual a opinião de Jerônimo e Crisóstomo acerca do pecado imperdoável?
17. Qual a opinião de Agostinho e de alguns teólogos luteranos quanto ao pecado
imperdoável?
18. Qual a correta conceituação do pecado imperdoável?
19. Por que o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo não tem perdão?
20. Falando do perigo de o crente vir a blasfemar contra o Espírito Santo, o
que disse o saudoso pastor João de Oliveira?
21. É possível o crente pecar? Explique.
22. Cite três possíveis causas de pecado na vida do crente.
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Os pecados contra o ESPÍRITO SANTO consistem em palavras,
atitudes e atos. Entre os pecados por palavras, acham-se as afrontas verbais e
as blasfêmias. As atitudes e atos constam da resistência ao ESPÍRITO, e da
recusa contínua de se cumprir a vontade de DEUS. Contudo, a resistência ao
ESPÍRITO é o pecado inicial que se comete contra o Consolador. Uma vez cometida
esta ofensa, as demais parecerão de somenos importância, visto que o coração do
ofensor, afetado terrivelmente pela iniquidade, considerará o pecado algo comum
e corriqueiro.
Lembremo-nos que o ESPÍRITO SANTO, simbolizado nas Escrituras pela
pomba, é muito sensível.
I. RESISTÊNCIA AO ESPÍRITO SANTO
O verbo resistir usado por Estevão no original, vai além de uma
mera resistência.
Aqui a resistência é ao amor de DEUS, à revelação da palavra de
DEUS.
II. AGRAVO AO ESPÍRITO SANTO
Insultar o ESPÍRITO SANTO e rebelar-se contra Ele, o qual
comunica a graça de DEUS ao nosso coração, é um agravo terrível, pois sem O
mesmo, não há como entendermos a salvação pela graça de DEUS; talvez por isso
mesmo, muitos buscam a salvação nas obras da lei.
III. ENTRISTECER O ESPÍRITO SANTO
"E não entristeçais o ESPÍRITO SANTO de DEUS, no qual
estais selados para o Dia da redenção. Toda amargura, e ira, e cólera, e
gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós" (Ef
4.30,31).
IV. MENTIR AO ESPÍRITO SANTO
1 Mas um certo varão chamado Ananias, com Safira, sua mulher,
vendeu uma propriedade
2 e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a
depositou aos pés dos apóstolos.
5.3 MENTISSES AO ESPÍRITO SANTO. A fim de obterem prestígio e reconhecimento,
Ananias e Safira mentiram diante da igreja a respeito das suas contribuições.
DEUS considerou um delito grave essas mentiras contra o ESPÍRITO SANTO. As
mortes de Ananias e Safira ficaram como exemplos perpétuos da atitude de DEUS
para com qualquer coração enganoso entre aqueles que professam ser cristãos.
Note, também, que mentir ao ESPÍRITO SANTO é a mesma coisa que mentir a DEUS,
logo, o ESPÍRITO SANTO também é DEUS (vv. 3,4; ver Ap 22.15).
5.4 POR QUE FORMASTE ESTE DESÍGNIO...? A raiz do pecado de Ananias e de Safira
era seu amor ao dinheiro e elogio dos outros. Isto os fez tentar o ESPÍRITO
SANTO (v. 9). Quando o amor ao dinheiro e o aplauso dos homens tomam posse de
uma pessoa, seu espírito fica vulnerável a todos os tipos de males satânicos (1
Tm 6.10). Ninguém pode estar cheio de amor ao dinheiro e, ao mesmo tempo, amar
e servir a DEUS (Mt 6.24; Jo 5.41-44).
5.5 ANANIAS... CAIU E EXPIROU. DEUS feriu com severidade a Ananias e Safira
(vv. 5,10), para que se manifestasse sua aversão a todo engano, mentira e
desonestidade no reino de DEUS. Um dos pecados mais abomináveis na igreja é
enganar o povo de DEUS no tocante ao nosso relacionamento com CRISTO, trabalho
para Ele, e a dimensão do nosso ministério. Entregar-se a esse tipo de hipocrisia
significa usar o sangue derramado de CRISTO para exaltar e glorificar o próprio
eu diante dos outros. Esse pecado desconsidera o propósito dos sofrimentos e da
morte de CRISTO (Ef 1.4; Hb 13.12), e revela ausência de temor do Senhor (vv.
5,11) e de respeito e honra ao ESPÍRITO SANTO (v. 3), e merece o justo juízo de
DEUS.
5.11 HOUVE UM GRANDE TEMOR EM TODA A IGREJA O julgamento divino contra o pecado
de Ananias e Safira levou a um aumento de humildade, reverência e temor do povo
para com um DEUS santo. Sem o devido temor do DEUS santo e da sua ira contra o
pecado, o povo de DEUS voltará, em pouco tempo, aos caminhos ímpios do mundo,
cessará de experimentar o derramamento do ESPÍRITO e a presença milagrosa de
DEUS e então lhe será cortado o fluxo da graça divina. Este é um elemento
essencial da fé neotestamentária e do cristianismo bíblico hoje em dia.
1. O sentido da palavra "mentira" em Atos 5.3. Aqui, o
termo original corresponde a contar uma falsidade como se fosse verdade.
2. As implicações de se mentir ao ESPÍRITO SANTO. Quem mente ao
ESPÍRITO SANTO, menospreza a sua deidade; Ele é DEUS (vv.3,4).
V. EXTINGUIR O ESPÍRITO SANTO
Paulo escrevendo aos irmãos de Tessalônica, exortou-os: "Não
extingais o ESPÍRITO" (1 Ts 5.19).
5.19,20 NÃO EXTINGAIS O ESPÍRITO.
(1) Paulo compara o extinguir o fogo do ESPÍRITO com o desprezo e
rejeição às manifestações sobrenaturais do ESPÍRITO SANTO, tais como a profecia
(vv. 19,20). Reprimir ou rejeitar o uso correto e ordenado da profecia, ou de
outros dons espirituais, resultará na perda em geral da manifestação do
ESPÍRITO (1 Co 12.7-10,28-30). O ministério do ESPÍRITO SANTO a favor dos
crentes é descrito em Jo 14.26; 15.26,27; 16.13,14; At 1.8; 13.2; Rm
8.4,11,16,26; 1 Co 2.9-14; 12.1-11; Gl 5.22-25.
(2) Estes dois versículos mostram com clareza que outras igrejas
tinham em seu meio a manifestação de dons espirituais nos cultos de oração.
Note-se bem que as mensagens proféticas não desprezadas, mas também aceitas
após exame cuidadoso (v. 21; ver 1 Co 14.29).
VI. BLASFEMAR CONTRA O ESPÍRITO SANTO
Os adversários de JESUS blasfemavam contra Ele e o ESPÍRITO SANTO,
declarando consciente, proposital e seguidamente que JESUS operava milagres
pelo poder de Satanás, o chefe dos demônios (Mt 9.32-34; 12.22-24; Mc 3.22; Lc
11.14,15).
BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO. A blasfêmia contra o ESPÍRITO
SANTO é a rejeição contínua e deliberada do testemunho que o ESPÍRITO SANTO dá
de CRISTO, da sua Palavra e da sua obra de convencer o homem, do pecado (cf. Jo
16.7-11). Aquele que rejeita a voz do ESPÍRITO e se opõe a ela, afasta de si
mesmo o único recurso que pode levá-lo ao perdão o ESPÍRITO SANTO. Os passos
que levam à blasfêmia contra o ESPÍRITO:
(1) entristecer o ESPÍRITO. Se isto for contínuo, levará à
resistência ao ESPÍRITO (Ef 4.30);
(2) resistir ao ESPÍRITO leva ao apagamento do ESPÍRITO dentro da pessoa (1 Ts
5.19);
(3) apagar o ESPÍRITO leva ao endurecimento do coração (Hb 3.8-13);
(4) o endurecimento do coração leva a uma mente réproba e
depravada, a ponto de chamar o bem de mal e o mal de bem (Rm 1.28; Is 5.20).
Quando o endurecimento do coração atinge certa intensidade que somente DEUS
conhece, o ESPÍRITO já não contenderá para levar aquela pessoa ao
arrependimento (cf. Gn 6.3; ver Dt 29.18-21; 1 Sm 2.25; Pv 29.1). Quanto
àqueles que se preocupam pensando que já cometeram o pecado imperdoável, a sua
disposição de se arrependerem e quererem o perdão, é evidência de que não cometeram
o tal pecado imperdoável.
2. A blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO é imperdoável.
O ser humano pode chegar a tal cegueira espiritual a ponto de
blasfemar contra o ESPÍRITO.
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LIÇÃO CPAD NA ÍNTEGRA - 3º Trimestre de 2023
Lição 2, A Deturpação Da Doutrina Bíblica Do Pecado, 3Tr23, Pr
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TEXTO ÁUREO
“Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei,
porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” (Rm 3.20)
VERDADE PRÁTICA
O pecado de Adão arruinou toda a humanidade. Contudo, Jesus Cristo pode
regenerar eficazmente o pecador.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Jo 3.4 Pecado é transgredir a Lei de Deus
Terça - Rm 5.12 O pecado de Adão passou a toda raça humana
Quarta - 2 Co 5.17 Em Cristo, o pecador torna-se uma nova pessoa
Quinta - 1 Pe 1.15 A santidade é um princípio ético e moral da fé cristã
Sexta - Hb 13.4 A prostituição não pode macular a sexualidade do cristão
Sábado - 1 Co 6.19 O corpo do cristão é morada do Espírito Santo
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - ROMANOS 3.9-20
9 - Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes
demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado,
10 - como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
11 - Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus.
12 - Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o
bem, não há nem um só.
13 - A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente;
peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;
14 - cuja boca está cheia de maldição e amargura.
15 - Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
16 - Em seus caminhos há destruição e miséria;
17 - e não conheceram o caminho da paz.
18 - Não há temor de Deus diante de seus olhos.
19 - Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o
diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de
Deus.
20 - Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque
pela lei vem o conhecimento do pecado.
HINOS SUGERIDOS: 75, 422, 568 DA HARPA CRISTÃ
PALAVRA-CHAVE - Pecado
INTRODUÇÃO
A Queda no Éden transmitiu à humanidade a inclinação do coração humano ao erro.
Por isso, a regeneração é o único meio possível de desfazer as consequências do
pecado em que a natureza humana só pode ser transformada pela obra de Cristo
(Tt 3.5,6). Não obstante, por influência de teologias modernas, a Doutrina do
Pecado vem sendo deturpada e enfraquecida. Esse processo abriu as portas para a
normalização do pecado em muitos lugares denominados cristãos. Nesta lição,
vamos estudar o perigo dessas teologias para a ortodoxia cristã.
I – O ENSINO BÍBLICO DA NATUREZA PECAMINOSA
1. Definição de Pecado.
Dentre os termos para “pecado”, destacamos o substantivo hebraico
chatá, cuja raiz significa “errar o alvo” (Gn 4.7); e o seu correspondente
grego hamartia, que possui conotação de “erro moral” (2 Pe 2.13,14). Assim, a
Bíblia define “pecado” como a transgressão da Lei de Deus (1 Jo 3.4). A palavra
abrange não apenas errar o alvo, mas deliberadamente acertar o alvo errado.
Trata-se de rebelião e desobediência contra Deus e a sua Palavra (1 Sm
15.22,23). Além disso, o pecado afasta o homem de Deus, fazendo-o pecar contra
o próximo (1 Jo 1.6,7) e por se omitir em fazer o bem (Tg 4.17). Portanto,
pecado é a condição do homem não regenerado e só pode ser expelido por meio do
Novo Nascimento (Jo 3.3-7). Essa reconciliação do homem com Deus só é possível
em Cristo Jesus (2 Co 5.19).
2. A universalidade do Pecado.
O ser humano foi criado em estado de inocência, sem pecado,
perfeito (Ec 7.29) e dotado de livre-arbítrio (Gn 2.16,17). Porém, o primeiro
homem escolheu desobedecer a Deus e a sua Queda corrompeu toda a humanidade (Gn
3.9-19). O pecado de Adão foi transmitido a toda raça humana (Rm 5.12). Assim,
a partir da Queda, todos os seres humanos nascem em pecado (Sl 51.5). Portanto,
o pecado não é passado adiante meramente pela força do mau exemplo, mas é um
mal inerente à natureza humana (Rm 7.14-24). Em consequência disso, todo ser
humano está debaixo da escravidão do pecado e da condenação da morte (Rm 3.23;
6.23). Apesar de corrompida pelo pecado, a natureza humana pode ser eficazmente
regenerada pela fé em Cristo (Rm 3.24; 2 Co 5.17).
3. Corrupção Total.
É o estado de corrupção mental, moral e espiritual da natureza
humana (Rm 3.10-18). Nesse aspecto, a inclinação para fazer o errado é
resultado do pecado (Gn 6.5; Rm 5.19). Por causa da Queda, todas as áreas de
nosso ser foram corrompidas. Essa corrupção impede o homem de tomar a
iniciativa no processo de regeneração (Rm 8.7,8). Ele só pode ser liberto do
pecado após o convencimento do Espírito (Jo 16.8). Sem essa ajuda divina
ninguém pode ser transformado (Tt 3.5), ou seja, o livre-arbítrio precisa ser
divinamente restaurado (Rm 2.4). Somente por meio da graça o homem recebe
capacidade para crer, arrepender-se e ser salvo (Rm 3.24,25). Dessa forma, a
libertação do pecado não provém de nenhum esforço humano, mas é gratuita e
divinamente ofertada (Rm 6.23; Ef 2.8,9).
II – AS TEOLOGIAS MODERNAS
1. Teologia do pecado social.
A tese do pecado social remonta aos concílios católicos de Medellín
(1968, Colômbia) e Puebla (1979, México). Essa tese defende que o pecado é algo
que se constrói por meio de estruturas opressoras, tais como, a pobreza, a
injustiça e a desigualdade. Dessa maneira, a redenção do pecado não se
restringe ao aspecto espiritual, sendo preciso tratar as questões sociais. O
pecado deixa de ser tratado no nível da moral e passa a ser considerado no
nível econômico e social. A mudança de ênfase do pecado original (natureza
humana) para o pecado social (estrutural) enfraquece a responsabilidade moral
do pecador. Então, deixa-se de enfatizar a causa para explorar os sintomas (Mt
23.27,28). A partir daí, resolver as questões da ordem social é visto como
solução para o problema do pecado. Naturalmente, essa é uma deturpação do
ensino bíblico a respeito do pecado.
2. Teologia da libertação.
A teologia da libertação tem afinidade com as ideias socialistas de
Karl Marx. Essa teoria busca “libertar” o oprimido das estruturas opressoras da
sociedade. Ela nasce na década de 1970 com Gustavo Gutiérrez (Peru) e Leonardo
Boff (Brasil). Para eles, o estudo teológico não deve estar centrado em
doutrinas bíblicas para libertar o homem do pecado, mas na indignação social
para libertar o homem da injustiça social, econômica e cultural. Desse impulso
surgem as teologias de cunho emancipatório de gênero (transexualidade), de
sexualidade (homossexualidade) e de raça. Uma de suas vertentes é a Teologia da
Missão Integral (TMI). O grande impacto dessas influências é que a fé cristã é
reduzida a militância política socialista e marxista. As pautas sociais e progressistas
são disfarçadas pela roupagem de Evangelho, postas acima dos valores morais do
Reino de Deus. Então, transforma-se o Evangelho em inconformismo, criticismo e
assistencialismo (1 Co 15.19; Fp 3.18-20).
3. Liberalismo teológico.
Após a Reforma Protestante (1517), floresce o liberalismo
teológico, onde a razão é colocada acima da revelação divina. Como resultado
disso, a inspiração, inerrância e infalibilidade das Escrituras são
questionadas; os milagres e o sobrenatural são considerados mitológicos; as
doutrinas da fé são reinterpretadas e ressignificadas. Troca-se a mensagem da
salvação de arrependimento, confissão de pecados e mudança de caráter por uma
visão progressista que enfatiza a transformação social pelo paradigma do marxismo.
Assim, o pecado é relativizado, o ecumenismo religioso é propagado e toda
experiência espiritual é considerada válida. O ideário da teologia liberal é de
oposição às antigas doutrinas bíblicas que se fundamentam na revelação das
Escrituras (2 Tm 4.3).
III – A NORMALIZAÇÃO DO PECADO
1. Crise ética e moral.
Em termos gerais, os valores que regulam a conduta de uma pessoa
denominam-se ética (1 Pe 1.15) e a prática dessa conduta recebe o nome de
moral. Nessa concepção, a obediência aos princípios bíblicos reflete o caráter
de um cristão (Rm 12.2). Porém, o conceito deturpado e relativizado do pecado
resulta em desvio e falha de caráter (2 Tm 3.5). Desse modo, a sociedade deixa
de ser eticamente sólida e se torna moralmente desajustada (Hc 1.4). Dessa
crise de integridade irrompe ações incompatíveis com a fé bíblica (Rm 2.21,22).
Temas progressistas violam a ética e a moral bíblicas e passam a ser
normalizados, tais como: a imoralidade sexual, o aborto e o uso de drogas
ilícitas (1 Sm 2.6; Rm 1.27; 1 Co 6.15,19).
2. Imoralidade sexual.
A deturpação da doutrina do pecado favorece o avanço da imoralidade
sexual (Rm 1.24). Em defesa da liberdade de decisão sobre o corpo, banaliza-se
o sexo pré-conjugal, extraconjugal, normaliza-se a homossexualidade (Rm
1.26,27) e a doutrina da castidade é vista como opressora (Rm 6.12). Nesse
aspecto, o afrouxamento da moral, o ensino da ideologia de gênero e a
erotização da infância promovem luxúria e licenciosidade. O pecado é tolerado,
a família é desconstruída e a doutrina da santidade é negligenciada (Hb 13.4).
3. A dessacralização da vida.
As Escrituras ensinam que a vida humana é sagrada porque tem origem
divina (Gn 1.27). Por conseguinte, a vida é inviolável e deve ser valorizada (2
Pe 1.3). O corpo humano deve ser cuidado, alimentado e preservado (Ef 5.29).
Não obstante, a vulgarização do pecado fomenta ideologias que desprezam a
sacralidade e a dignidade humana. Propala-se a autonomia incondicional sobre o
próprio corpo sem as devidas limitações éticas e morais. O slogan “meu corpo,
minhas regras” reivindica o pseudodireito de a pessoa usar drogas,
prostituir-se, abortar, cometer o suicídio e a eutanásia. Assim, o corpo que é
templo do Espírito Santo é profanado (1 Co 6.19). A criatura, de modo
proposital, afronta a vontade do Criador (Rm 1.25).
CONCLUSÃO
A relativização do pecado que o restringe à solução de pautas sociais em
prejuízo da moral e, por sua vez, o exclusivismo moral em detrimento de causas
sociais, igualmente, não retratam a fé cristã. Apesar de a Igreja não ser
apolítica e nem insensível às desigualdades sociais, o mal primário a ser
combatido é o pecado inerente à natureza humana. Uma vez regenerado pela fé em
Cristo, o crente repudia as injustiças contra o seu próximo (Rm 1.18; 1 Co
13.6). A Igreja atuante é aquela que ainda milita na terra contra a carne, o
mundo, o Diabo, o pecado e a morte (Ef 6.12).
SINÓPSE I - O pecado é a transgressão da Lei de Deus. Por ele, o
ser humano foi totalmente corrompido.
SINÓPSE II - A teologia do pecado social, da libertação e o
liberalismo teológico derivam da deturpação da doutrina bíblica do pecado.
SINÓPSE III - Quando se normaliza o pecado sobra uma crise ética e moral, bem
como a dessacralização da vida.
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
A doutrina bíblica do pecado, por natureza, faz oposição às principais
ideologias modernas que buscam enaltecer o homem, destacando sua suposta
bondade intrínseca. Quando a doutrina bíblica do pecado é deturpada, então,
tudo o mais no campo moral também o é. Talvez essa seja a raiz de fenômenos
éticos tão distantes do cristianismo bíblico, que podem ser encontrados em
movimentos que se dizem cristãos, tais como: "igreja gay";
"casamentos abertos"; "prática sexual entre solteiros" etc.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Expor o ensino bíblico da natureza pecaminosa; II)
Pontuar teologias modernas que derivam da deturpação da doutrina bíblica do
pecado; III) Mostrar as consequências da normalização do pecado.
B) Motivação: Quando assistimos pessoas influentes dizendo que a Bíblia deve
ser atualizada diante dos desafios de gênero, saiba que estamos diante de
cristãos que deixaram de lado a visão bíblica do pecado. Nesse sentido, não há
disposição para sustentar uma verdade bíblica tão intragável para o mundo
moderno: o homem é por natureza pecador e, por isso, deve se arrepender de seus
pecados. Então, se enfraquecemos a doutrina bíblica do pecado, passamos a
aceitar tudo o que a Bíblia diz que é pecado.
C) Sugestão de Método: Pergunte aos alunos se eles já ouviram falar de pecado
social, teologia da libertação e liberalismo teológico. Ouça as respostas e, em
seguida, diga que essas três expressões são consequências do processo de
deturpação da doutrina bíblica do pecado. Em seguida, inicie a exposição do
primeiro tópico.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Esta lição exorta os alunos a não perderem de vista a doutrina
bíblica do pecado. Devemos estar cientes de que a sociedade atual tem
dificuldades de aceitar essa visão bíblica, mas ao mesmo tempo devemos estar
encorajados a demonstrar que essa doutrina bíblica pode ser provada de maneira
concreta em cada esquina onde uma pessoa é assaltada, assassinada e violada
sexualmente.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz
reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas
Adultos. Na edição 94, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta
lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão
suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "A Sombra do Pecado",
localizado depois do primeiro tópico, aprofunda a reflexão a respeito da
natureza do pecado; 2) O texto "Questões ambientais e sociais como
extensão do pecado", ao final do segundo tópico, traz uma ampliação a
respeito das ênfases que derivam da deturpação da doutrina bíblica do pecado,
adequando um eficaz entendimento do lugar social na doutrina bíblica do pecado.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
A SOMBRA DO PECADO
“Compreender o pecado nos ajuda no conhecimento de Deus, porém o pecado
distorce até mesmo nosso conhecimento do próprio-eu. Mas se a luz da iluminação
divina consegue penetrar essas trevas, e não somente as trevas mas também a
própria luz, então poderão ser melhor analisadas. Percebe-se a importância
prática do estudo do pecado na sua gravidade. O pecado é contra Deus. Afeta a
totalidade da criação, inclusive a humanidade. Até mesmo o menor dos pecados
pode provocar o juízo eterno. E o remédio para o pecado é nada menos que a
morte de Cristo na cruz” (HORTON, Stanley M (ed.). Teologia Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.263).
AUXÍLIO TEOLÓGICO
QUESTÕES AMBIENTAIS E SOCIAIS COMO EXTENSÃO DO PECADO
“A compreensão da natureza do pecado deve renovar a nossa sensibilidade diante
das questões do meio ambiente e levar-nos a retomar a comissão original de
cuidar do mundo de Deus, o qual não devemos deixar nas mãos daqueles que
preferem adorar a criação ao invés de ao Criador. Questões como justiça social
e necessidade humana devem ser advogadas pela Igreja como testemunho da
veracidade do amor, em contraste à mentira que é o pecado. Mesmo assim,
semelhante testemunho deve apontar sempre para o Deus da justiça e do amor, que
enviou o seu Filho a morrer por nós. Somente a salvação, e não a legislação ou
um evangelho social que desconsidera a cruz [...], pode curar o problema e seus
sintomas” (HORTON, Stanley M (ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.298).
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Segundo a lição, como a Bíblia define o “pecado”?
A Bíblia define “pecado” como a transgressão da Lei de Deus (1 Jo 3.4).
2. O que é Corrupção Total?
É o estado de corrupção mental, moral e espiritual da natureza humana (Rm
3.10-18).
3. O que enfraquece a responsabilidade moral do pecador?
A mudança de ênfase do pecado original (natureza humana) para o pecado social
(estrutural) enfraquece a responsabilidade moral do pecador.
4. O que reflete o caráter do cristão?
A obediência aos princípios bíblicos reflete o caráter de um cristão (Rm 12.2).
5. Por que a vida humana é sagrada?
As Escrituras ensinam que a vida humana é sagrada porque tem origem divina (Gn
1.27).
VOCABULÁRIO
Emancipatório de gênero: Libertação e independência do gênero biológico.
Marxista: Relativo a Karl Marx e sua doutrina exposta em suas obras.
Progressista: Relativo à ideia de transformação, revolução e reformas no campo
social, ético e moral.
Inconformismo: Tendência e atitude de estar inconformado; recusa de aceitar a
condição incômoda ou desfavorável.
Criticismo: Relativo ao ato de criticar de maneira generalizada e mórbida
alguma coisa ou objeto.
Assistencialismo: Um sistema de assistência aos carentes e necessitados.
Liberalismo Teológico: Método de abordagem da religião sob uma perspectiva
crítica, racionalista e materialista.
Ideário: Conjunto de ideias principais de um autor, doutrina ou movimento.
Propalar: Tornar público; divulgar; dar publicidade.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
NA ÍNTEGRA COMO NA REVISTA - ESCRITA LIÇÃO 7, CENTRAL GOSPEL, A
ORIGEM DO PECADO, 4º TRIMESTRE 2025
Escrita Lição 7, Central Gospel, A Origem do Pecado, 4Tr25, Com.
Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida
Silva
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. CONCEITUAÇÕES NECESSÁRIAS
1.1. Hamartia
1.1.1. Os sentidos como instrumentos, não como causa
do pecado
1.2. Autonomia radical
1.3. Mal físico e mal moral: distinções fundamentais
2. O ENSINO DAS ESCRITURAS SOBRE A ORIGEM DO PECADO
2.1. DEUS não é o autor do pecado
2.2. O surgimento do pecado nas regiões
celestiais
2.3. A entrada do pecado na humanidade por intermédio de
Adão
2.4. A raiz interna do pecado: orgulho,
autossuficiência e egocentrismo
3. RESPOSTAS HUMANAS, LIMITES ETERNOS
3.1. A teoria da necessidade metafísica
3.2. O dualismo maniqueísta
3.3. A matéria como causa do pecado
3.4. O pecado como ignorância ou limitação
3.5. O mal como escolha e o sofrimento
como mistério
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Gn 3.6, 22-23; Rm 8.22-23; Jo 9.2-3; Dt
29.29
Romanos 8.6 - E, vendo a mulher que aquela
árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para
dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele
comeu com ela. 22- Então, disse o Senhor DEUS: Eis que o homem é como um de
nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome
também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente,
23- o Senhor DEUS, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para
lavrar a terra, de que fora tomado.
Romanos 8.22 - Porque sabemos que toda a criação
geme e está juntamente com dores de parto até agora.
23 - E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do ESPÍRITO,
também gememos em nós mesmos [...].
João 9.2 - [...] Seus discípulos lhe
perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que
nascesse cego?
3- JESUS respondeu: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim
para que
se manifestem nele as obras de DEUS.
Deuteronômio 29.29 - As coisas encobertas são para o
Senhor, nosso DEUS; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos, para
sempre, para cumprirmos todas as palavras desta lei.
TEXTO ÁUREO
Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que
todos pecaram. Romanos 5.12
SUBSIDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2a feira - Gênesis 1.27-31 Tudo era bom - o mal
veio depois
3a feira - Tiago 1.13-15 O mal cresce onde o desejo
reina
4a feira - João 1.14; Filipenses 2.6-11 JESUS habitou
o corpo, não o negou
5a feira - Romanos 1.21-22 Sem reverência, tudo se
quebra
6a feira - Gênesis 4.1-7 A queda é escolha, não
destino
Sábado - 1 João 3.7-8 CRISTO
veio desfazer as obras do mal
OBJETIVOS - Ao término do estudo bíblico, o
aluno deverá ser capaz de:
- compreender que o pecado humano não foi criado por DEUS,
mas surgiu da escolha livre de Adão em um mundo já tocado pela rebelião
celestial;
- refletir sobre a seriedade da desobediência
como ruptura da comunhão com o Criador e a necessidade de redenção;
- rejeitar explicações filosóficas que
relativizam ou negam a responsabilidade humana na origem do mal moral.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor, a narrativa da entrada do pecado no mundo foi
apresentada na Lição 4. Esta lição retoma o tema sob uma nova perspectiva:
doutrinária, histórica e teológica. O objetivo, nesta oportunidade, é
compreender seu significado, a razão de seu surgimento e como diferentes
cosmovisões tentaram explicar a origem do mal, contrastando essas ideias com o
testemunho das Escrituras.
Ajude os alunos a discernirem a singularidade do ensino bíblico,
que apresenta o pecado como fratura relacional e o mal como uma realidade
complexa - nem sempre explicável, mas sempre enfrentada à luz da revelação.
Excelente aula!
COMENTÁRIO -
Palavra introdutória
As lições
anteriores exploraram a entrada do mal no mundo e suas primeiras expressões.
Esta, por sua vez, amplia o olhar para o enigma de sua origem - não para
esgotá-lo, mas para acolher o que as Escrituras revelam.
O estudo começa
com conceitos essenciais, passa pela perspectiva bíblica sobre a origem do
pecado e conclui com um olhar sobre outras cosmovisões - contrastando-as com a
Graça que, ainda hoje, responde ao mistério que, muitas vezes, nos escapa.
1.
CONCEITUAÇÕES NECESSÁRIAS
Falar do pecado
como distorção da identidade é afirmar que ele não é um erro no código da
Criação, mas uma falha moral que se inicia na liberdade individual.
1.1.
Hamartia
O termo grego
mais comumente utilizado no Novo Testamento para designar o pecado é hamartia,
com a ideia de "errar o alvo" - não por falha técnica, mas por
escolha voluntária. O alvo é a glória de DEUS (Rm 3.23); pecar, nesse contexto,
é recusar tal propósito.
Portanto, não
se trata apenas de desobediência, mas de uma traição relacional, de um coração
que, como o de Caim (Gn 4.5-7), rejeita a orientação do Senhor e insiste em sua
própria vontade. Hamartia é errar sabendo, errar querendo. É quando o "eu"
ocupa o lugar do Altíssimo.
1.1.1. Os
sentidos como instrumentos, não como causa do pecado
Ao longo da
história cristã, especialmente em correntes ascéticas, houve quem visse nos
sentidos físicos - visão, audição, olfato, paladar, tato - a porta de entrada
do pecado. Assim, para proteger a alma, propunha-se a mortificação do corpo.
Essa leitura, embora compreensível no zelo, falha em um ponto essencial: os
sentidos são canais, não causas.
JESUS foi claro
ao ensinar que o mal não entra pela boca, mas sai do coração (Mt 15.18-19).
Tiago reforça essa verdade ao dizer que a tentação se origina no desejo
interior, que seduz, concebe e dá à luz a transgressão (Tg 1.14-15). O caminho
da maturidade espiritual passa, portanto, não pela fuga sensorial, mas pela
vigilância cuidadosa. Aquilo que permitimos que nos habite moldará nossa forma
de ver, ouvir, tocar e falar. O corpo só responde aos anseios do coração.
1.2. Autonomia
radical
No coração do
Éden, a promessa da serpente não foi apenas uma provocação, mas uma semente
arquetípica de toda transgressão: [...] Sereis como DEUS [...]. (Gn 3.5). A
proposta era sedutora: não precisar mais depender, obedecer ou escutar. Ser
como o Senhor significava, naquele contexto, tornar-se o próprio centro
definidor do bem e do mal, juiz e legislador da própria existência.
Fomos feitos à
imagem, não como réplicas. Carregamos semelhança, mas não autonomia divina.
Nossa liberdade é relacional e só se sustenta quando estamos dispostos a
respeitar os limites. Quando rejeitamos a voz do Criador, essa condição se
desfigura e passamos a refletir apenas a nós mesmos.
Querer ser como
DEUS, à parte d'Ele, é o início de toda nudez e perdição - da alma, da verdade
e da comunhão. Significa dizer que a autonomia radical, sem reverência,
converte-se em autodestruição.
1.3. Mal físico
e mal moral: distinções fundamentais
Nos primeiros
séculos da Igreja, alguns pensadores compreenderam que o mal, consequência da
Queda, se desdobra em dimensões distintas. A tradição patrística distinguiu o
mal físico e o mal moral:
- Mal físico -
como doenças, dores e catástrofes - pode ser experimentado por justos e
injustos (Jo 9.1-3; Jó 1-2).
- Mal moral
nasce da liberdade ferida, quando o pecado fere o coração da aliança com o
Senhor (Tg 1.14-15).
No entendimento
dos pais da Igreja, DEUS pode permitir o mal físico como forma de disciplina ou
revelação (Hb 12.6; 2 Cọ 12.7-10), mas jamais será autor do mal moral (Tg
1.13).
É importante
ressaltar, neste tópico, que, ao longo da história do cristianismo, diversas
teodiceias foram formuladas para tentar explicar a realidade do mal (cf. Lição
5; Tópico 3). Algumas ganharam destaque, outras se perderam no tempo. Mas há
uma que permanece e, de certo modo, reflete com honestidade os anseios do
coração humano: a consciência de que o mal carrega em si um mistério que nos
escapa. Por sua relevância, esse tema será retomado no Tópico 3.5 desta
lição.
2. O ENSINO DAS
ESCRITURAS SOBRE A ORIGEM DO PECADO
Após
conceituarmos o pecado como "transgressão", "erro",
"distorção da identidade", voltamo-nos ao texto sagrado - fonte
segura para compreender sua origem.
2.1. DEUS não é
o autor do pecado
A primeira
afirmação doutrinária que a Escritura faz sobre a origem do pecado é esta: DEUS
não o criou. Ele é absolutamente santo (Lv 11.44; Is 6.3; Ap 4.8). N'Ele não há
trevas nem sombra de variação (1 Jo 1.5; Tg 1.17). Ao fazer essa afirmação,
a Bíblia não busca defender a reputação do Divino, mas revelar Sua natureza.
"SANTO" não é mero adjetivo, mas a essência de quem Ele é.
Ressalte-se que
a soberania do Altíssimo não foi anulada pelo surgimento da iniquidade. O
Senhor pode usar até as decisões más dos homens para cumprir Seus propósitos
redentores como fez com os irmãos de José (Gn 50.20) ou com os algozes de JESUS
(At 4.27-28). Mas usar não significa "aprovar". Permitir não equivale
a "dar origem".
2.2. O
surgimento do pecado nas regiões celestiais
Na Lição 5,
refletimos, à luz da tradição bíblica, sobre a identidade e a queda de Lúcifer
(Gn 3.1; Ap 12.9-11; Is 14.12- 15; Ez 28.12-17). Aqui, olhamos para esse evento
como um sinal de advertência: se até anjos caíram, que vigilância se espera de
nós?
O mal não
nasceu entre os homens: foi herdado de uma rebelião anterior. Mesmo entre os
que habitavam a glória, houve quem escolhesse o orgulho e o afastamento. Esse
fato nos mostra que o pecado não se impõe - ele se forma no íntimo como desejo
de usurpar o lugar que pertence unicamente a DEUS.
A serpente no
Éden teve um papel preponderante na queda do primeiro casal; contudo, sua
atuação, embora real, não os isentou de culpa nem anulou sua
responsabilidade.
OBSERVAÇÃO 1
O mal não
nasceu na Terra. Ele irrompeu antes, como rebelião nas regiões
celestiais. O pecado, nesse contexto, é sua expressão nas dimensões espiritual e
humana: uma escolha consciente que rompe a comunhão com o Senhor. Se o mal
é a negação do bem, o pecado é a decisão de caminhar sem
obediência.
2.3. A entrada
do pecado na humanidade por intermédio de Adão
Adão rompeu,
deliberadamente, a aliança com o Senhor (cf. Lição 6). As consequências desse
ato alcançaram toda a humanidade: o pecado tornou-se uma condição, não apenas
um gesto.
De Adão,
herdamos não somente a culpa, mas a inclinação para repetir a ruptura. A imagem
do Criador em nós foi fragmentada - não apagada, mas ferida. Carregamos dentro
de nós espelhos trincados: ainda refletimos a Luz, mas entre rachaduras.
Em CRISTO, a
imagem divina pode ser restaurada; o reflexo, curado. O amor que nos formou é o
mesmo que nos refaz - e a liberdade que nos afastou será redimida
pela Graça que nos chama de volta aos braços do Pai.
2.4. A raiz
interna do pecado: orgulho, autossuficiência e
egocentrismo
O orgulho é o
solo da rebelião; a autossuficiência e o egocentrismo, tronos onde o
"eu" se impõe como ditador. Não por acaso, essa raiz se manifesta em
histórias como as de Caim (Gn 4.6-7), Saul (1 Sm 15.24) e Judas (Jo 13.2) - não
nas ações em si, mas nas intenções que as precederam.
Por essa razão,
a cura não começa de fora para dentro, mas de dentro para fora - e é o ESPÍRITO
SANTO quem desvela o quanto ainda preferimos o nosso nome ao nome do Senhor (Gn
11.4). Só Ele pode nos conduzir ao lugar onde o orgulho se curva, o
"eu" se cala, e o Príncipe da Paz passa a reinar.
3. RESPOSTAS
HUMANAS, LIMITES ETERNOS
Diversas
cosmovisões buscaram explicar, ao longo das eras, a origem do mal. A fé cristã,
todavia, reconhece o mistério que cerca o tema - e convida à confiança na
revelação.
3.1. A teoria
da necessidade metafísica
Essa teoria
defende que o mal moral seria inevitável em razão da limitação humana. O texto
sagrado, no entanto, aponta outro caminho: DEUS criou o Homem muito bom (Gn
1.31), sendo livre para amar e corresponder à Sua vontade. Significa dizer que
ele (o mal moral) não nasceu da Criação, mas da recusa em ouvir e obedecer. O
Senhor não criou o pecado, criou a liberdade; pois, somente nela é possível
amar verdadeiramente.
3.2. O dualismo
maniqueísta
Essa proposição
defende a ideia de que o bem e o mal são polos opostos e equivalentes em
constante tensão. De acordo com essa visão, o mal não teve origem: sempre
existiu, sendo tão necessário quanto o bem. Mas a Bíblia anuncia outra
realidade: há um só DEUS, e nele não há treva alguma (1 Jo 1.5). O mal moral
não faz parte da Criação, mas é uma ruptura; não é força eterna, mas rebelião
passageira - teve início; por isso, terá fim.
3.3. A matéria
como causa do pecado
Algumas
tradições antigas atribuíram o mal à matéria, como se o corpo fosse, por
natureza, corrupto - prisioneiro de desejos, oposto ao espírito. Mas essa ideia
contraria o coração do evangelho: o Verbo se fez carne (Jo 1.14). Se o corpo
fosse mau, o Filho de DEUS não o teria assumido.
O corpo pode
ser instrumento, não origem. Quando guiado pelo ESPÍRITO, ele se torna templo e
canal de serviço. Pecar não é viver no corpo; é viver para si.
3.4. O pecado
como ignorância ou limitação
Alguns sugerem
que o mal moral seria apenas ausência do bem, fruto da ignorância humana. De
acordo com essa visão, o pecado seria um erro inocente, não uma ofensa
deliberada.
Essa ideia,
porém, esvazia a seriedade da Queda. A Escritura revela que Adão e Eva sabiam o
que faziam (Gn 2.17). O mal moral não é mero equívoco: é recusa
consciente da vontade de DEUS. Se fosse só ausência de conhecimento, não
haveria arrependimento, nem Cruz, nem redenção.
3.5. O mal como
escolha e o sofrimento como mistério
De acordo com o
Tópico 1.3 desta lição, a explicação mais coerente com o texto sagrado é esta:
o mal moral surgiu do mau uso da liberdade; foi escolha, não destino. Já o mal
físico - perdas, dores, catástrofes - decorre de um mundo ferido pela
Queda (Rm 8.20-22) e pode atingir até os justos (Jó 1.8-12). Ainda assim, DEUS
pode usá-lo para revelação e redenção (Jo 9.3; 2 Co 12.9).
A Cruz,
todavia, nos assegura: 0 mal não está fora de controle - ele será vencido (Ap
21.4; 1 Jo 3.8). Enquanto isso, somos chamados à esperança firme, mesmo quando
não compreendemos (Pv 3.5; Hc 3.17-18), pois se tudo se explicasse pela razão,
a fé não seria necessária (Hb 11.1, 6).
OBSERVAÇÃO 2
Há dores que
resistem a toda teologia. O choro de uma criança em sofrimento terminal, por exemplo,
não pode ser traduzido nem alcançado por limitadas palavras humanas. Nem todo
mal se explica - alguns só se enfrentam com reverência, confiança e fé. O
mistério da iniquidade nos convida não a entender tudo, mas a confiar mesmo sem
entender.
CONCLUSÃO
A origem do
pecado não está na Criação, mas na recusa de obedecer ao Criador. Ele (o
pecado) surgiu como escolha ainda hoje se perpetua em cada gesto de
autossuficiência.
Contudo, a
mesma liberdade que permite a queda pode conduzir ao retorno. Ao reconhecermos
o mal que nos habita, somos convidados a descansar na Graça que nos restaura. A
Cruz não explica todos os mistérios, mas nos assegura: DEUS permanece no
controle e o bem sempre triunfará.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Qual o sentido da palavra grega hamartia, utilizada no Novo
Testamento para designar "pecado"?
R.: A palavra carrega a ideia de "errar o alvo".