11 novembro 2025

Escrita Lição 7, Central Gospel, A Origem do Pecado, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV

Escrita Lição 7, Central Gospel, A Origem do Pecado, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV

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ESBOÇO DA LIÇÃO

1. CONCEITUAÇÕES NECESSÁRIAS 

1.1. Hamartia 

1.1.1. Os sentidos como instrumentos, não como causa do pecado 

1.2. Autonomia radical 

1.3. Mal físico e mal moral: distinções fundamentais 

2. O ENSINO DAS ESCRITURAS SOBRE A ORIGEM DO PECADO 

2.1. DEUS não é o autor do pecado 

2.2. O surgimento do pecado nas regiões celestiais 

2.3. A entrada do pecado na humanidade por intermédio de Adão 

2.4. A raiz interna do pecado: orgulho, autossuficiência e egocentrismo 

3. RESPOSTAS HUMANAS, LIMITES ETERNOS 

3.1. A teoria da necessidade metafísica 

3.2. O dualismo maniqueísta 

3.3. A matéria como causa do pecado 

3.4. O pecado como ignorância ou limitação 

3.5. O mal como escolha e o sofrimento como mistério 

 

TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Gn 3.6, 22-23; Rm 8.6,22-23; Jo 9.2-3; Dt 29.29 

Romanos 8.6 - E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. 22- Então, disse o Senhor DEUS: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente, 

23- o Senhor DEUS, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra, de que fora tomado. 

Romanos 8.22 - Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. 

23 - E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do ESPÍRITO, também gememos em nós mesmos [...]. 

João 9.2 - [...] Seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? 

3- JESUS respondeu: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que 

se manifestem nele as obras de DEUS. 

Deuteronômio 29.29 - As coisas encobertas são para o Senhor, nosso DEUS; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos, para sempre, para cumprirmos todas as palavras desta lei. 

 

TEXTO ÁUREO 

Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram. Romanos 5.12 

 

SUBSIDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO 

2a feira - Gênesis 1.27-31 Tudo era bom - o mal veio depois 

3a feira - Tiago 1.13-15 O mal cresce onde o desejo reina 

4a feira - João 1.14; Filipenses 2.6-11 JESUS habitou o corpo, não o negou 

5a feira - Romanos 1.21-22 Sem reverência, tudo se quebra 

6a feira - Gênesis 4.1-7 A queda é escolha, não destino 

Sábado - 1 João 3.7-8 CRISTO veio desfazer as obras do mal 

 

OBJETIVOS - Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:

- compreender que o pecado humano não foi criado por DEUS, mas surgiu da escolha livre de Adão em um mundo já tocado pela rebelião celestial; 

- refletir sobre a seriedade da desobediência como ruptura da comunhão com o Criador e a necessidade de redenção;

- rejeitar explicações filosóficas que relativizam ou negam a responsabilidade humana na origem do mal moral. 

 

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS 

Caro professor, a narrativa da entrada do pecado no mundo foi apresentada na Lição 4. Esta lição retoma o tema sob uma nova perspectiva: doutrinária, histórica e teológica. O objetivo, nesta oportunidade, é compreender seu significado, a razão de seu surgimento e como diferentes cosmovisões tentaram explicar a origem do mal, contrastando essas ideias com o testemunho das Escrituras. 

Ajude os alunos a discernirem a singularidade do ensino bíblico, que apresenta o pecado como fratura relacional e o mal como uma realidade complexa - nem sempre explicável, mas sempre enfrentada à luz da revelação. Excelente aula! 

 

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1. CONCEITUAÇÕES NECESSÁRIAS 

1.1. Hamartia 

A palavra "hamartia" (ἁμαρτία) é um termo grego que tem um papel central na teologia bíblica do Novo Testamento. Sua etimologia e significado estão ligados à ideia de "errar o alvo"

Etimologia e Significado Original

·        Origem Grega: O termo vem do verbo grego hamartáno, que significa "errar", "falhar" ou "perder a marca".

·        Metáfora do Tiro com Arco: A raiz do termo é frequentemente explicada através da metáfora do tiro com arco, onde hamartia era o termo usado quando um arqueiro errava o centro do alvo (o "olho de boi").

·        Uso Secular: No grego clássico, como nas tragédias gregas de Aristóteles, hamartia também era usada para se referir a um "equívoco", "falha de avaliação" ou um "erro" fatal do herói que levava à sua queda ou sofrimento. 

Uso na Bíblia

·        Conceito de Pecado: No contexto bíblico, especialmente no Novo Testamento, hamartia é a palavra principal usada para traduzir o conceito de pecado. Ela aparece cerca de 173 vezes.

·        Sentido Espiritual: O "alvo" que está sendo perdido na Bíblia não é o de um arqueiro, mas sim o padrão de perfeição e justiça estabelecido por Deus. Pecar (hamartia) é, portanto, falhar em cumprir os propósitos e mandamentos divinos, resultando em separação de Deus.

·        Conexão Hebraica: No Antigo Testamento (escrito principalmente em hebraico), o conceito similar é expresso pela palavra hhatá, que também significa "errar o alvo". 

Portanto, a etimologia de hamartia na Bíblia aponta para uma falha moral ou espiritual, um desvio do caminho correto ou do padrão de vida que Deus estabeleceu para a humanidade. 

 

1.1.1. Os sentidos como instrumentos, não como causa do pecado 

A perspectiva filosófica e teológica predominante sustenta que os sentidos são instrumentos ou meios pelos quais as tentações chegam até nós, mas não a causa direta do pecado. A verdadeira origem do pecado reside no livre arbítrio e na decisão consciente da vontade humana. 

Os Sentidos como Instrumentos

·        Captação de Informação: Os sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) são faculdades naturais e boas, criadas por Deus. Sua função é nos conectar com a realidade material, permitindo-nos perceber o mundo ao nosso redor.

·        Neutralidade Moral: Os sentidos em si são moralmente neutros. Ver algo belo, ouvir música ou saborear uma refeição não é pecado. Eles apenas fornecem os dados ou estímulos para a mente e a vontade.

·        Uso para o Bem ou para o Mal: A forma como usamos nossos sentidos e respondemos aos estímulos sensoriais determina a moralidade do ato. Como exortado na Bíblia (Romanos 6:13), os membros do corpo (que incluem os sentidos) podem ser apresentados como instrumentos de justiça ou de iniquidade, dependendo da escolha da pessoa. 

A Vontade como Causa do Pecado

·        Livre Arbítrio: Filósofos e teólogos, como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, enfatizam que o pecado é um ato voluntário. Ele ocorre quando a vontade humana, fazendo uso do livre arbítrio, escolhe desordenadamente os bens inferiores (apreendidos pelos sentidos) em detrimento dos bens superiores, que são espirituais ou divinos.

·        Consentimento da Vontade: A tentação, que muitas vezes começa com um estímulo sensorial, só se torna pecado quando há o consentimento da vontade. Por exemplo, ver algo que desperta a cobiça (sentido) não é o pecado em si, mas sim o desejo de possuí-lo e a decisão de agir para obtê-lo de forma ilícita (vontade e ação). 

Portanto, os sentidos são a "porta de entrada" das tentações, mas a responsabilidade pelo pecado recai sobre a escolha deliberada e livre do indivíduo

 

1.2. Autonomia radical 

A proposta da serpente a Eva, conforme narrado no livro de Gênesis da Bíblia, não foi explicitamente nos termos de "não precisar mais depender, obedecer ou escutar". A tentação foi mais sutil e focada em conhecimento e igualdade com Deus

Os pontos-chave da argumentação da serpente foram:

·        Negação da consequência divina: Deus havia dito que comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal resultaria em morte. A serpente contradisse diretamente essa ordem, dizendo: "Certamente não morrerão!".

·        Promessa de sabedoria e divindade: A serpente argumentou que Deus sabia que, se eles comessem do fruto, os olhos deles se abririam e eles seriam "como Deus, conhecedores do bem e do mal". 

Portanto, a sedução operou sobre o desejo de adquirir sabedoria e autonomia moral, ou seja, a capacidade de decidir por si mesmos o que era certo ou errado, em vez de depender da ordem de Deus. Isso, por sua vez, implicava uma desobediência à única ordem direta que lhes havia sido dada, que era a de não comer daquela árvore específica. A ideia de não depender mais ou não obedecer decorreu como uma consequência implícita da aceitação da proposta de "ser como Deus", e não como uma proposta direta e literal da serpente. 

 

1.3. Mal físico e mal moral: distinções fundamentais 

Na perspectiva bíblica, embora os termos "mal físico" e "mal moral" não sejam usados explicitamente, a distinção fundamental reside em suas origens e naturezas:

·        Mal Moral (Pecado): Refere-se a qualquer coisa que não esteja em harmonia com a ordem divina, sendo fruto da ação intencional e do livre-arbítrio humano (pecado). É a desobediência consciente a Deus, que cria desordem no mundo e na alma humana. Exemplos incluem assassinato, guerra, egoísmo e injustiça (Tiago 1:13; Romanos 7:19).

·        Mal Físico (Sofrimento, Dor, Doença, Morte): Apresenta-se como dor e sofrimento, tanto para humanos quanto para animais. Na teologia bíblica, o sofrimento físico é, em grande parte, uma consequência indireta da entrada do pecado no mundo (o pecado original). Não é necessariamente um castigo direto por um pecado individual específico (como no livro de Jó), mas sim parte da condição de um mundo caído (Romanos 6:23). 

 

Distinções Fundamentais

 

Característica 

Mal Moral

Mal Físico

Origem

Livre-arbítrio e escolhas pecaminosas do ser humano.

Consequência da desordem geral causada pelo pecado na criação.

Natureza

É a ofensa contra a vontade e a natureza de Deus; culpa e responsabilidade.

É a experiência de dor, sofrimento, doença e mortalidade.

Responsabilidade

O ser humano é considerado responsável ou culpado por suas ações morais más.

O sofrimento físico pode ocorrer independentemente da culpa pessoal imediata (e.g., doenças, desastres naturais).

Resolução Bíblica

Superado pelo perdão divino e pela redenção através de Jesus Cristo, que transforma a alma.

Será totalmente erradicado na consumação dos tempos, quando Jesus voltar e "enxugar toda lágrima" (Apocalipse 21:4).

 

Em resumo, a Bíblia entende o mal moral como o pecado que o homem escolhe cometer, e o mal físico como o sofrimento e as imperfeições que resultam da existência do pecado no mundo. Deus não criou o mal, nem é tentado por ele, mas permite que o livre-arbítrio humano tenha consequências reais. 

 

2. O ENSINO DAS ESCRITURAS SOBRE A ORIGEM DO PECADO 

2.1. DEUS não é o autor do pecado 

A Bíblia ensina que Deus não é o autor do pecado, pois Ele é a fonte de todo o bem e não pode se contradizer. A responsabilidade do pecado é atribuída às criaturas que decidem se desviar de Deus, seja por meio de escolhas pessoais ou pela ação do mal, como a de Satanás. 

Argumentos bíblicos

·        O pecado vem da criatura: A Bíblia aponta que o pecado é o resultado de uma escolha de seguir um caminho diferente da vontade de Deus. Tiago 1:14-15 afirma que o pecado tem origem no desejo que surge em nós quando somos tentados.

·        O Diabo é o inimigo de DEUS e do ser humano – Ele inspira o homem ao pecado, mas não o obriga a isso: A Bíblia atribui a autoria do pecado, especialmente ao mencionar Satanás, ao "inimigo de Deus". 1 João 3:8 indica que aquele que pratica o pecado "procede do Diabo" e que o Filho de Deus veio justamente para "destruir as obras do Diabo".

·        Deus não está alheio ao pecado, mas não é o autor: Embora Deus não tenha causado o pecado, Ele permitiu que ele existisse ao dar às suas criaturas o livre-arbítrio. 

Implicações

·        Deus é totalmente bom: Se Deus fosse o autor do pecado, Ele não seria a fonte do bem que os versículos bíblicos descrevem.

·        O mal é temporário: A Bíblia assegura que, no final, Jesus Cristo destruirá o mal e as suas obras para sempre.

·        É possível não viver no pecado: Os nascidos de Deus, segundo a Bíblia, não vivem no pecado, mas seguem a proteção divina e resistem ao mal. 

 

2.2. O surgimento do pecado nas regiões celestiais 

A Bíblia indica que o pecado se originou nas regiões celestiais com a rebelião de um anjo, identificado como Lúcifer (ou Satanás após sua queda), antes da criação da humanidade. Embora a narrativa do Jardim do Éden (Gênesis 3) descreva a entrada do pecado no mundo humano, as passagens de Ezequiel 28 e Isaías 14 são frequentemente interpretadas como alusões à origem anterior do pecado no céu. 

Passagens Bíblicas Chave

·        Ezequiel 28:11-19: Embora a profecia seja dirigida ao rei de Tiro, muitos estudiosos bíblicos a interpretam como uma referência velada a Satanás, que já foi um querubim ungido e habitava no "monte santo de Deus". O texto descreve sua perfeição original e como a "iniquidade" ou o pecado foi encontrado nele, resultando em sua expulsão:

o   "Tu eras o querubim da guarda ungido... Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti" (Ezequiel 28:14-15).

o   Seu pecado original foi o orgulho e a exaltação de si mesmo devido à sua beleza e sabedoria.

·        Isaías 14:12-15: Similarmente, esta passagem, que se refere ao rei da Babilônia, é vista por teólogos como uma descrição da queda de Lúcifer (termo que significa "estrela da manhã" na versão King James). O texto detalha suas ambições de se igualar a Deus:

o   "Como caíste do céu, ó estrela da manhã... Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono... serei semelhante ao Altíssimo" (Isaías 14:12-14).

o   O desejo de ser como Deus, em vez de servir a Deus, foi a raiz do seu pecado, a soberba. 

A Natureza do Pecado Celestial

O primeiro pecado não foi um erro por ignorância, mas um ato deliberado de livre arbítrio e rebelião contra a autoridade de Deus, nascido do orgulho e do desejo de exaltação própria. Esse ato de injustiça (ou iniquidade) surgiu internamente em Lúcifer, que era uma criatura perfeita, mas que escolheu pecar. A consequência foi a sua expulsão, juntamente com outros anjos que o seguiram em sua rebelião (mencionados em passagens como Judas 1:6 e Apocalipse 12:7-9), estabelecendo a existência do mal no universo antes de sua manifestação na Terra. 

 

2.3. A entrada do pecado na humanidade por intermédio de Adão 

Segundo a Bíblia, o pecado entrou no mundo por meio da desobediência de Adão, levando à morte que se espalhou por toda a humanidade, pois todos pecaram em seguida, pois a semente do pecado que estava em Adão, passou a todos os homens que nasceram depois dele. O apóstolo Paulo explica em Romanos 5 que Adão é um tipo do que ainda haveria de vir, contrastando o pecado e a morte que vieram dele com a graça e a vida eterna que vêm de Jesus Cristo. 

A narrativa bíblica

·        O ato de Adão: Adão desobedeceu a uma ordem direta de Deus, e seu pecado (conhecido como a "transgressão" ou "ofensa") introduziu o pecado e a morte no mundo.

·        A consequência: Como resultado da desobediência de Adão, a morte reinou sobre a humanidade, não apenas sobre aqueles que repetiram seu ato específico de desobediência, mas sobre todos os seus descendentes.

·        A propagação: O estado de pecado é transmitido à humanidade pela "propagação" ou herança da natureza humana privada da santidade e justiça originais, e não apenas por imitação dos maus exemplos.

·        Adão como figura: O Novo Testamento estabelece um paralelo entre Adão e Cristo, que é descrito como o "último Adão" ou o "novo Adão".

o   Por meio do pecado de um homem (Adão), a morte veio à humanidade.

o   Mas, pela graça e obediência de outro homem (Cristo), muitos podem receber a justificação e a vida eterna. 

 

2.4. A raiz interna do pecado: orgulho, autossuficiência e egocentrismo 

A Bíblia aponta o orgulho como a raiz e a essência de todo pecado. A autossuficiência e o egocentrismo são manifestações diretas do orgulho, representando uma rebelião contra a dependência de Deus. 

O Orgulho como a Raiz do Pecado

O orgulho é frequentemente descrito nas Escrituras como o "mal supremo" e a origem de outros vícios. A ideia central do orgulho é a exaltação do "eu" acima de Deus e dos outros. 

·        Rebelião contra Deus: Foi o orgulho que levou Lúcifer a querer elevar-se acima de Deus, resultando em sua queda (Isaías 14:12-15). Da mesma forma, a tentação no Jardim do Éden ofereceu a Adão e Eva a promessa de serem "como Deus", o que os levou à desobediência (Gênesis 3:5).

·        Desprezo pela autoridade divina: O orgulho faz com que o ser humano confie em sua própria sabedoria e força, em vez de depender de Deus, o que é visto como um ato de rebeldia. 

Autossuficiência (Confiança em Si Mesmo) 

A autossuficiência é a crença de que não se precisa de Deus ou de mais ninguém para ter sucesso, felicidade ou salvação. A Bíblia condena essa atitude, pois ela nega a soberania e a providência de Deus. 

·        Dependência versus Autossuficiência: As Escrituras ensinam a dependência de Deus em todas as áreas da vida. Tiago 4:13-17 adverte contra o planeamento autossuficiente do futuro sem reconhecer a vontade de Deus.

·        Consequências: A autossuficiência leva ao fracasso e à queda, pois a força humana é limitada, enquanto Deus é a fonte de toda vida e sustento. 

Egocentrismo (Foco Excessivo no "Eu")

O egocentrismo, ou "amor próprio" excessivo, é a manifestação do orgulho no relacionamento com os outros. A pessoa egocêntrica coloca seus próprios desejos, necessidades e glória acima de tudo. 

·        Concupiscência e Soberba: A Bíblia, em 1 João 2:15-17, fala sobre a "concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida", que são raízes do pecado que giram em torno do ego e dos desejos mundanos.

·        Perversão do Amor: O egocentrismo contrasta diretamente com o mandamento bíblico de amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo (Mateus 22:37-39). 

Versículos Chave

Vários versículos destacam a natureza destrutiva dessas atitudes:

·        "A soberba precede a destruição, e a altivez do espírito precede a queda." (Provérbios 16:18)

·        "O orgulho do homem o humilhará, mas o de espírito humilde obterá honra." (Provérbios 29:23)

·        "Deus resiste aos soberbos, mas concede graça aos humildes." (Tiago 4:6) 

Em resumo, a Bíblia ensina que o orgulho, a autossuficiência e o egocentrismo são, de fato, a raiz interna do pecado, pois desviam a lealdade e a confiança do ser humano de Deus para si mesmo

 

3. RESPOSTAS HUMANAS, LIMITES ETERNOS 

3.1. A teoria da necessidade metafísica 

A "teoria da necessidade metafísica" não é um termo ou conceito bíblico explícito, mas sim uma ideia filosófica que pode ser explorada na teologia cristã. A Bíblia não apresenta uma teoria metafísica formal, mas a sua visão de mundo pressupõe uma realidade que fundamenta a existência e a dependência de Deus. 

A relação entre a necessidade metafísica e a Bíblia pode ser entendida através dos seguintes pontos:

·        Deus como Causa Primeira e Ser Necessário: Na metafísica cristã influenciada pela filosofia, Deus é frequentemente descrito como o "Ser Necessário", Aquele cuja existência não depende de nada mais, e a causa de toda a existência contingente (tudo o que existe, mas poderia não existir). A Bíblia apoia essa visão ao retratar Deus como o Criador e sustentador de todas as coisas (Salmos 104:27-28; Atos 17:24-28), indicando uma dependência ontológica (de existência) de toda a criação em relação a Ele.

·        A "Necessidade" Humana de Deus: A Bíblia enfatiza repetidamente a necessidade humana de Deus para sustento, salvação e propósito. Essa "necessidade" é mais no sentido de uma carência espiritual e dependência existencial, e não um conceito filosófico abstrato de "necessidade metafísica" aplicado ao ser humano.

·        Base para a Verdade e Realidade: A filosofia grega e a teologia cristã utilizaram a metafísica como uma base para afirmar a verdade e a realidade, argumentando que a razão humana, impulsionada pela fé, pode ascender ao conhecimento do divino. A Bíblia é vista como a revelação dessa verdade fundamental.

·        Metafísica na Interpretação Bíblica: Algumas correntes de pensamento, como o "Estudo Metafísico da Bíblia", abordam o texto sagrado através de lentes metafísicas, buscando verdades espirituais ou "Ideias Divinas" diretas, o que é uma abordagem interpretativa específica e não a posição teológica majoritária. 

Em suma, a Bíblia não "ensina" a teoria da necessidade metafísica em termos filosóficos, mas fornece a base teológica para a crença em um Deus que é o fundamento necessário e suficiente de toda a realidade. A discussão sobre "necessidade metafísica" surge da interação entre a teologia cristã e a filosofia, especialmente na escolástica. 

 

3.2. O dualismo maniqueísta 

dualismo maniqueísta é fundamentalmente incompatível com a teologia apresentada na Bíblia. A principal diferença reside na natureza e na origem do mal, e na soberania de Deus. 

O Dualismo Maniqueísta

O maniqueísmo, uma religião sincrética que combinava elementos do zoroastrismo, cristianismo e outras crenças, baseia-se em um dualismo radical. Seus pontos centrais são: 

·        Dois Princípios Eternos: Acredita na existência de dois reinos ou princípios eternos e opostos: o Reino da Luz (Bem) e o Reino das Trevas (Mal).

·        Conflito Perpétuo: O mundo material é o resultado de uma mistura acidental dessas duas forças, que estão em constante e perpétua batalha.

·        Matéria como Má: Ensina que a vida neste mundo material é intrinsecamente má e dolorosa, e a salvação (através do conhecimento especial, ou gnose) envolve a libertação da alma luminosa do corpo e do mundo físico.

·        Equivalência de Poder: Embora o maniqueísmo histórico ensinasse que o Bem acabaria por triunfar, a premissa básica era que o Bem e o Mal eram forças opostas com poderes significativos e separados. 

A Visão Bíblica

A Bíblia não sustenta um dualismo de poderes iguais e eternos, mas sim uma visão de monoteísmo e da soberania absoluta de um único Deus. As principais diferenças são: 

·        Deus Único e Supremo: A Bíblia afirma que há apenas um Deus supremo e eterno, que é totalmente bom e criou todas as coisas, tanto visíveis quanto invisíveis.

·        Origem do Mal: O mal não é uma substância ou um reino eterno e independente, mas uma corrupção ou ausência do bem, que entrou no mundo através da livre escolha de seres criados (anjos caídos e seres humanos), não como um princípio ontológico igual a Deus.

·        Criação Essencialmente Boa: A narrativa bíblica do Gênesis descreve a criação material (incluindo o corpo humano) como essencialmente "boa" aos olhos de Deus. A visão maniqueísta de que o corpo ou a matéria são intrinsecamente maus é contrária a essa ideia.

·        Deus Triunfante: Embora o mal exista e haja um conflito espiritual, a Bíblia enfatiza que Deus é soberano sobre tudo e o mal será finalmente e completamente derrotado, não por uma força oposta equivalente, mas pelo poder e vontade de Deus. 

Em resumo, a Bíblia rejeita a ideia de dois princípios eternos e opostos, característica do maniqueísmo. A visão bíblica é monoteísta, onde o mal é uma realidade moral e temporária que será julgada e erradicada por um Deus todo-poderoso e soberano, que criou um mundo essencialmente bom. 

 

3.3. A matéria como causa do pecado 

A ideia de que a matéria (ou o corpo físico) é a causa do pecado é antibíblica. A visão bíblica atribui a origem do pecado à livre escolha, desobediência e rebelião da vontade (primeiro de Satanás, e depois de Adão e Eva) contra Deus, não à natureza material do ser humano. 

A Perspectiva Bíblica sobre a Matéria e o Pecado

·        Criação "muito boa": A Bíblia começa com Deus criando o céu e a terra e declarando tudo o que Ele fez como "muito bom" (Gênesis 1:31). Isso inclui a criação do corpo humano a partir do pó da terra (Gênesis 2:7), o que significa que a matéria em si é uma criação divina e, portanto, não é intrinsecamente má.

·        Origem na vontade e no coração: O pecado, na perspectiva bíblica, nasce na mente e no coração do ser humano, como resultado da cobiça e da escolha de fazer a própria vontade em vez da vontade de Deus. Versículos como Mateus 15:18-19 e Tiago 1:14-15 apontam para dentro do ser humano, para seus desejos e intenções, como a fonte do pecado, e não para o corpo físico em si.

·        Dualismo corpo/alma (Grécia Antiga vs. Bíblia): A ideia de que o corpo é uma prisão ou a fonte do mal e que a alma busca libertação dele é um conceito filosófico, notavelmente do platonismo e do gnosticismo, que influenciou algumas correntes de pensamento, mas não é a doutrina bíblica. A Escritura afirma a bondade da criação material e a redenção futura do corpo na ressurreição dos salvos (Romanos 8:23).

·        Responsabilidade humana: A narrativa da Queda (Gênesis 3) mostra Adão e Eva fazendo uma escolha consciente de desobedecer a uma ordem específica de Deus. A responsabilidade recai sobre o ato de desobediência deles, não sobre o fato de possuírem corpos materiais. 

Portanto, a Bíblia não sustenta a visão de que a matéria é a causa do pecado. O pecado é uma questão moral e espiritual que corrompeu a natureza humana como um todo, afetando tanto o espírito quanto a alma e o corpo. 

 

3.4. O pecado como ignorância ou limitação 

A visão de que o pecado é meramente ignorância ou limitação é considerada antibíblica pela teologia cristã tradicional. A Bíblia apresenta o pecado como uma violação deliberada da vontade de Deus, rebelião e desobediência, não apenas uma falta de conhecimento. 

Pontos-chave da perspectiva bíblica:

·        Pecado como Transgressão e Desobediência: O pecado é fundamentalmente descrito como a transgressão da lei de Deus (1 João 3:4) e rebelião contra Ele. Adão e Eva pecaram por desobediência consciente, não por ignorância.

·        Consciência Moral Inata: A Bíblia sugere que a humanidade tem uma consciência moral inata e, de certa forma, conhece a diferença entre o certo e o errado (Romanos 1:18-20; Romanos 2:14-15), o que torna a ignorância total uma desculpa insuficiente.

·        Pecados por Ignorância e a Necessidade de Expiação: Embora a Bíblia reconheça "pecados por ignorância" (Levítico 4:27-28), eles ainda exigiam sacrifício e expiação no Antigo Testamento, indicando que, mesmo sem intenção consciente, o ato continua sendo uma infração à santidade de Deus e necessita de perdão.

·        Deus Ordena Arrependimento Universal: Em Atos 17:30, Paulo declara que, embora Deus tenha "não levado em conta os tempos da ignorância" no passado, agora Ele "manda que todos os homens, em todo o lugar, se arrependam". Isso mostra que a ignorância não isenta permanentemente as pessoas da responsabilidade; há um chamado universal ao arrependimento baseado na revelação de Deus.

·        O Pecado é Contra Deus: A compreensão bíblica enfatiza o aspeto relacional do pecado: é dirigido contra Deus e destrói o relacionamento com Ele e com o próximo. 

Em resumo, a ignorância pode diminuir a culpabilidade de um ato pecaminoso em certos contextos (como em pecados não intencionais), mas a visão bíblica sustenta que o pecado é uma condição universal e uma escolha moral ativa pela desobediência e rebelião contra Deus, não uma simples falta de informação ou uma limitação inerente da condição humana. 

Romanos 1 diz que até a natureza mostra a realidade de um DEUS criador e poderoso.

“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” Romanos 1:20

 

3.5. O mal como escolha e o sofrimento como mistério 

Na perspectiva bíblica, o mal é predominantemente apresentado como resultado da escolha humana (o livre-arbítrio), enquanto o sofrimento é frequentemente tratado como um mistério complexo que, embora permitido por Deus, pode servir a propósitos divinos maiores que nem sempre são plenamente compreendidos pelos seres humanos. 

O Mal Como Escolha Humana

A Bíblia ensina que Deus criou os seres humanos com a capacidade de fazer escolhas morais, o que implica a liberdade de escolher entre o bem e o mal. 

·        Livre Arbítrio: Desde o relato do Jardim do Éden (Gênesis 3), a desobediência (pecado) é mostrada como uma escolha deliberada de Adão e Eva, resultando na introdução do mal moral e suas consequências no mundo.

·        Responsabilidade Pessoal: As Escrituras consistentemente responsabilizam os indivíduos por suas más ações e decisões. A escolha pelo mal não é uma imposição divina, mas uma consequência do uso indevido da liberdade que Deus concedeu à humanidade.

·        Consequências do Pecado: O mal (que inclui o pecado e suas ramificações prejudiciais) é visto como qualquer coisa que não esteja em harmonia com a ordem divina. Ele gera desordem, dor e sofrimento no mundo, como uma consequência natural e espiritual das escolhas erradas. 

O Sofrimento Como Mistério

Enquanto parte do sofrimento pode ser diretamente ligada às escolhas pecaminosas, outra parte é vista como um mistério que transcende a compreensão humana imediata.

·        Propósito Divino: Deus pode permitir o sofrimento para cumprir Seus propósitos soberanos, que podem incluir o crescimento espiritual, a purificação do caráter, o desenvolvimento da fé ou para alertar a humanidade sobre a seriedade do pecado.

·        O Exemplo de Jó: O livro de Jó ilustra vividamente a natureza misteriosa do sofrimento. Jó era um homem justo que sofreu imensamente, não como castigo por pecado, mas para provar a integridade de seu amor e fidelidade a Deus. No final, a razão total do sofrimento de Jó fica evidente – tinha filhos perversos, atribuía sua riqueza à sua religiosidade e não conhecia a DEUS. DEUS lhe concedeu filhos melhores e mais bonitos, o dobro de sua riqueza anterior, muitos dias de vida a mais e se fez conhecer a ele.

·        A Presença de Deus na Dor: A Bíblia garante que Deus não é indiferente ao sofrimento humano (Jesus chorou - João 11:35) e está "pessoalmente" envolvido em nossas lutas. A força do amor de Deus é apresentada como maior do que qualquer sofrimento, oferecendo consolo e esperança.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

João 3:16

·        Mistério Parcial: A Bíblia reconhece que "as coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus" (Deuteronômio 29:29), o que sugere que nem todas as razões para o sofrimento serão reveladas nesta vida. 

Em resumo, a Bíblia equilibra a responsabilidade humana pelo mal com a soberania de um Deus amoroso, que, por razões muitas vezes misteriosas, permite o sofrimento para, em última instância, cumprir um bem maior e eterno (O apóstolo Paulo e seu “espinho na carne” que o diga - 2 Coríntios 12:7). 

 

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A Origem do Pecado dos Anjos Celestiais 
Na verdade, antes de acontecer na terra, o mal se originou no céu. O mal nasceu no seio de um arcanjo que vivia na presença de Deus. Isto é um grande mistério, todavia, continua sendo a essência do ensino cristão acerca da raiz do mal. 

O Pecado de Lúcifer 
O nome tradicional dado a este arcanjo é tirado de Isaías 14.12, com o a expressão “estrela da manhã ” feita na Vulgata Latina: Como caíste do céu, ó estrela da manhã [Lúcifer, na Vulgata Latina], filha da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e, no monte da congregação, me assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei acima das mais altas nuvens e serei 
semelhante ao Altíssimo. (Is 14.12-14).

Apesar de a maioria dos estudiosos da Bíblia acreditarem que esta passagem, no seu contexto, refira-se ao “rei da Babilônia” (v. 4), o orgulho e a queda deste homem são uma representação das escolhas feitas pelo primeiro querubim, o qual se rebelou contra Deus por intermédio de um orgulho similar, porém primitivo e anterior. Paulo falou sobre como deveria ser um líder da igreja: “não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do Diabo” (1 T m 3.6).

Outros Anjos também se Rebelaram 
De acordo com o livro de Apocalipse, outros anjos também seguiram o mesmo caminho. Um terço deles aderiu ao motim de Lúcifer e se transformaram em demônios (já que ele havia se tornado o Diabo). João escreveu: E viu-se outro sinal no céu, e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete diademas. E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra [...] E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. (Ap 12.3-9)
De forma clara, portanto, vemos que o pecado já havia ocorrido fora deste nosso mundo; houve pecado no céu, antes dele ocorrer na terra. Isto fica evidente pela presença do tentador (Satanás) no Jardim do Éden (Gn 3.1ss.). 

Geisler. Norman. Teologia Sistemática. Volume II.p.64. 

 

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Lição 2, CPAD, A Deturpação Da Doutrina Bíblica Do Pecado, 3Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV

 Para me ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva

 

Vídeo https://youtu.be/0Fur_5n1WK8

Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2023/06/escrita-licao-2-cpad-deturpacao-da.html

Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2023/06/slides-licao-2-cpad-deturpacao-da.html

Power Point https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slides-lio-2-cpad-a-deturpao-da-doutrina-bblica-do-pecado-pptx

 

 

TEXTO ÁUREO
“Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” (Rm 3.20)

 


VERDADE PRÁTICA
O pecado de Adão arruinou toda a humanidade. Contudo, Jesus Cristo pode regenerar eficazmente o pecador.

 

 

Resumo da Lição 2, A Deturpação Da Doutrina Bíblica Do Pecado

I – O ENSINO BÍBLICO DA NATUREZA PECAMINOSA
1. Definição de Pecado.

2. A universalidade do Pecado.

3. Corrupção Total.

II – AS TEOLOGIAS MODERNAS
1. Teologia do pecado social.

2. Teologia da libertação.

3. Liberalismo teológico.

III – A NORMALIZAÇÃO DO PECADO
1. Crise ética e moral.

2. Imoralidade sexual.

3. A dessacralização da vida.


LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Jo 3.4 Pecado é transgredir a Lei de Deus
Terça - Rm 5.12 O pecado de Adão passou a toda raça humana
Quarta - 2 Co 5.17 Em Cristo, o pecador torna-se uma nova pessoa
Quinta - 1 Pe 1.15 A santidade é um princípio ético e moral da fé cristã
Sexta - Hb 13.4 A prostituição não pode macular a sexualidade do cristão
Sábado - 1 Co 6.19 O corpo do cristão é morada do Espírito Santo


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - ROMANOS 3.9-20
9 - Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado,
10 - como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
11 - Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus.
12 - Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
13 - A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;
14 - cuja boca está cheia de maldição e amargura.
15 - Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
16 - Em seus caminhos há destruição e miséria;
17 - e não conheceram o caminho da paz.
18 - Não há temor de Deus diante de seus olhos.
19 - Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.
20 - Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.
HINOS SUGERIDOS: 75, 422, 568 DA HARPA CRISTÃ


PALAVRA-CHAVE - Pecado

 

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SUBSÍDIOS PARA A LIÇÃO

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Lição 6,  A Pecaminosidade Humana e a sua Restauração a DEUS

3º Trimestre de 2017 - Título: A Razão da Nossa Fé: Assim Cremos, assim Vivemos

Comentarista: Pr. Pres. Esequias Soares, Assembleia de DEUS, Jundiaí, SP

Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva - 99-99152-0454

FIGURAS ILUSTRATIVAS USADAS NOS VÍDEOS - https://ebdnatv.blogspot.com.br/2017/07/figuras-da-licao-6-licao-6.html

 

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Sl 51.5 Todos os humanos são pecadores

EIS QUE EM INIQÜIDADE FUI FORMADO. Davi reconhece que desde a sua infância possui uma propensão natural para o pecado. Noutras palavras, ele reconhece que sua própria natureza é pecaminosa. Toda pessoa, desde o nascimento, tem uma propensão egoísta para satisfazer seus próprios desejos, fazendo o que lhe apraz, mesmo que isso prejudique e cause sofrimento ao próximo (ver Rm 5.12). Tal inclinação só pode ser expurgada da nossa vida através da redenção em CRISTO e habitação do ESPÍRITO SANTO em nós.

Terça - Ec 7.20 O pecado está presente em todos.

NÃO HÁ HOMEM JUSTO SOBRE A TERRA, QUE FAÇA BEM E NUNCA PEQUE. Este versículo não contradiz a declaração de DEUS sobre a retidão de Jó (ver Jó 1.8; 2.3); pelo contrário, exprime a verdade de que "todos pecaram e destituídos estão da glória de DEUS" (Rm 3.23; cf. 3.10-18).

Quarta - Is 59.2 O pecado nos separa de DEUS.

59.2 INIQÜIDADES FAZEM DIVISÃO ENTRE VÓS E O VOSSO DEUS. O pecado e a iniquidade na vida do crente levantam um muro entre ele e DEUS. Por causa dessa barreira, tal crente já não desfruta do favor de DEUS, nem de proteção, socorro ou livramento. Também, as orações desse crente não serão atendidas (Sl 66.18).

Quinta - Rm 3.10-12 Não há na terra um justo sequer.

NÃO HÁ UM JUSTO. Estes versículos expressam o exato conceito da natureza humana. Todas as pessoas, no seu estado natural, são pecadoras. A totalidade do seu ser é afetada negativamente pelo pecado, sendo também propensas a conformar-se com o mundo, quanto ao diabo (ver Mt 4.10), e quanto à natureza pecaminosa. Todos são culpados de desviar-se do caminho da piedade para o caminho do egoísmo.
Sexta - At 3.19 Somente a fé em JESUS e o arrependimento restaura o pecador

TEMPOS DO REFRIGÉRIO. No decurso de toda a presente era, e até à volta de CRISTO, DEUS enviará tempos do refrigério (i.e., o derramamento do ESPÍRITO SANTO) a todos aqueles que se arrependerem e se converterem. Embora tempos perigosos venham perto do fim desta era, acompanhada da apostasia da fé (2 Tm 3.1; 2 Ts 2.3), DEUS ainda promete enviar reavivamento e tempos de refrigério aos fiéis. A presença de CRISTO, a bênção espiritual, milagres e derramamento do ESPÍRITO SANTO virão sobre os remanescentes que fielmente o buscarem e vencerem o mundo, a carne e o domínio de Satanás (cf. At 26.18).

Sábado - Rm 6.23 A salvação é um dom de DEUS

No reinado da graça, os homens recebem não o que merecem, a morte, mas o favor imerecido de DEUS, a vida eterna. A palavra grega charisma é usada para definir uma dádiva da graça de DEUS. A vida eterna não é um prêmio que conquistamos; mas uma dádiva divina inteiramente gratuita e absolutamente imerecida. A vida eterna é gratuita; a morte é merecida.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Romanos 5.12-21

12 - Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.13 - Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei. 14 - No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir. 15 - Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a graça de DEUS e o dom pela graça, que é de um só homem, JESUS CRISTO, abundou sobre muitos. 16 - E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou; porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. 17 - Porque, se, pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e do dom da justiça reinarão em vida por um só, JESUS CRISTO. 18 - Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. 19 - Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos. 20 - Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; 21 - para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por JESUS CRISTO, nosso Senhor.

 

OBJETIVO GERAL - Compreender a pecaminosidade de todos os seres humanos, que os destitui da glória de DEUS.

 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Definir o termo pecado;

Mostrar a origem do pecado;

Compreender a solução para o pecado.

 

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
No livro de Gênesis encontramos um dos relatos mais tristes da história da humanidade, a Queda. Mas, DEUS não foi pego de surpresa com o pecado de Adão e Eva, pois as Escrituras Sagradas afirmam que desde a fundação do mundo a morte redentora de JESUS, pela salvação da humanidade, já havia sido determinada (Ap 13.8). O homem pecou de modo deliberado contra DEUS, mas o Criador não o deixou entregue a sua própria sorte. O Senhor providenciou a sua redenção.
Vivemos em uma sociedade relativista, onde muitos não acreditam mais que haja certo e errado. O erro, o pecado, segundo os relativistas, vai depender do ponto de vista de cada um. Mas, cremos na Verdade absoluta e que a única solução para o pecado está na fé no sacrifício de JESUS CRISTO.

 

PONTO CENTRAL - Reconhecemos a pecaminosidade de todos os seres humanos.
 

Resumo da Lição 6,  A Pecaminosidade Humana e a sua Restauração a DEUS

I - DEFININDO OS TERMOS
1. Pecado.

2. Os termos hebraicos awon e peshá.

3. O que é pecado?

II - ORIGEM DO PECADO

1. O pecado no céu.

2. O pecado no Éden.

3. A universalidade do pecado.

III - A SOLUÇÃO PARA O PECADO

1. Nem tudo está perdido.

2. A provisão de DEUS.

 

SÍNTESE DO TÓPICO I - Na Bíblia encontramos vários termos para definir pecado.

SÍNTESE DO TÓPICO II - O pecado teve sua origem no céu, porém na terra ele teve início com a desobediência de Adão e Eva.

SÍNTESE DO TÓPICO III - A morte expiatória de JESUS CRISTO foi e é a solução para o pecado.

 

PARA REFLETIR - A respeito da pecaminosidade humana e a sua restauração a DEUS, responda:
Qual o termo genérico para designar o pecado e qual o seu significado? O termo genérico para designar o pecado com todos os seus detalhes, chattath, e seu equivalente verbal chattá (pronuncia-se hatá, com "h" aspirado), que literalmente significa "errar o alvo" (Jz 20.16).
O que é pecado nas palavras de 1 João 3.4? É a transgressão da lei (1 Jo 3.4; ARA).
Onde se originou o pecado e por quem tudo começou? O pecado se originou no céu e tudo começou pelo mau uso do livre-arbítrio.
Qual a prova incontestável da universalidade do pecado? A prova incontestável da universalidade do pecado é a morte (Rm 5.12).
Quem é a provisão de DEUS para o pecador? JESUS CRISTO, "Cordeiro de DEUS, que tira o pecado do mundo".

CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 71, p39.

 

Disponibilizamos novamente o cremos para que seja lido nas Escolas Bíblicas Dominicais.

 

Cremos (Confissão de Fé)

1. Na inspiração divina verbal e plenária da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé e prática para a vida e o caráter cristão (2 Tm 3.14-17);

2. Em um só DEUS, eternamente subsistente em três pessoas distintas que, embora distintas, são iguais em poder, glória e majestade: o Pai, o Filho e o ESPÍRITO SANTO; Criador do Universo, de todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, e, de maneira especial, os seres humanos, por um ato sobrenatural e imediato, e não por um processo evolutivo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29; Gn 1.1; 2.7; Hb 11.3 e Ap 4.11);

3. No Senhor JESUS CRISTO, o Filho Unigênito de DEUS, plenamente DEUS, plenamente Homem, na concepção e no seu nascimento virginal, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e em sua ascensão vitoriosa aos céus como Salvador do mundo (Jo 3.16-18; Rm 1.3,4; Is 7.14; Mt 1.23; Hb 10.12; Rm 8.34 e At 1.9);

4. No ESPÍRITO SANTO, a terceira pessoa da Santíssima Trindade, consubstancial com o Pai e o Filho, Senhor e Vivificador; que convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo; que regenera o pecador; que falou por meio dos profetas e continua guiando o seu povo (2 Co 13.13; 2 Co 3.6,17; Rm 8.2; Jo 16.11; Tt 3.5; 2 Pe 1.21 e Jo 16.13);

5. Na pecaminosidade do homem, que o destituiu da glória de DEUS e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de JESUS CRISTO podem restaurá-lo a DEUS (Rm 3.23; At 3.19);

6. Na necessidade absoluta do novo nascimento pela graça de DEUS mediante a fé em JESUS CRISTO e pelo poder atuante do ESPÍRITO SANTO e da Palavra de DEUS para tornar o homem aceito no Reino dos Céus (Jo 3.3-8, Ef 2.8,9);

7. No perdão dos pecados, na salvação plena e na justificação pela fé no sacrifício efetuado por JESUS CRISTO em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9);

8. Na Igreja, que é o corpo de CRISTO, coluna e firmeza da verdade, una, santa e universal assembleia dos fiéis remidos de todas as eras e todos os lugares, chamados do mundo pelo ESPÍRITO SANTO para seguir a CRISTO e adorar a DEUS (1 Co 12.27; Jo 4.23; 1 Tm 3.15; Hb 12.23; Ap 22.17);

9. No batismo bíblico efetuado por imersão em águas, uma só vez, em nome do Pai, e do Filho, e do ESPÍRITO SANTO, conforme determinou o Senhor JESUS CRISTO (Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12);

10. Na necessidade e na possibilidade de termos vida santa e irrepreensível por obra do ESPÍRITO SANTO, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas de JESUS CRISTO (Hb 9.14; 1 Pe 1.15);

11. No batismo no ESPÍRITO SANTO, conforme as Escrituras, que nos é dado por JESUS CRISTO, demonstrado pela evidência física do falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7);

12. Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo ESPÍRITO SANTO à Igreja para sua edificação, conforme sua soberana vontade para o que for útil (1 Co 12.1-12);

13. Na segunda vinda de CRISTO, em duas fases distintas: a primeira — invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja antes da Grande Tribulação; a segunda — visível e corporal, com a sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1 Ts 4.16, 17; 1 Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 1.14);

14. No comparecimento ante o Tribunal de CRISTO de todos os cristãos arrebatados, para receberem a recompensa pelos seus feitos em favor da causa de CRISTO na Terra (2 Co 5.10);

15. No Juízo Final, onde comparecerão todos os ímpios: desde a Criação até o fim do Milênio; os que morrerem durante o período milenial e os que, ao final desta época, estiverem vivos. E na eternidade de tristeza e tormento para os infiéis e vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis de todos os tempos (Mt 25.46; Is 65.20; Ap 20.11-15; 21.1-4).

16. Cremos, também, que o casamento foi instituído por DEUS e ratificado por nosso Senhor JESUS CRISTO como união entre um homem e uma mulher, nascidos macho e fêmea, respectivamente, em conformidade com o definido pelo sexo de criação geneticamente determinado (Gn 2.18; Jo 2.1,2; Gn 2.24; 1.27).

 

 

Comentário Rápido do Pr. Henrique da Lição 6,  A Pecaminosidade Humana e a sua Restauração a DEUS

 

INTRODUÇÃO

Lembre-se, Hino da harpa não é bíblia. Tem hino absurdo na harpa. Pergunta para você: Como se chamava a árvore que Adão não podia comer dela? Quem a criou?

Versículos para você analisar:

Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Gênesis 2:17

Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas. Isaías 45:7

Como haveria livre arbítrio se não tivesse pelo menos duas opções de escolha? O bem e o mal foram cridos por DEUS para opção anto dos anjos quanto dos homens. 30% dos anjos escolheram o mal e bem mais do que isso dos homens escolheram o mal.

 

Veremos nesta lição a parte da teologia que estuda o pecado - a Hamartiologia. Destacaremos aqui a entrada do pecado no céu e na Terra. Definiremos o que o pecado. Apresentaremos as causas da entrada desse pecado no mundo. Analisaremos o resultado da entrada do pecado no mundo. Focaremos na universalidade do pecado. Apresentaremos a solução dada por DEUS para o perdão do pecado e a restauração do ser humano.

Nesta lição não estudaremos o pecado após a conversão, pecados dos que continuam vivendo em pecado e dos que se acham no direito de pecarem obtendo perdão. Nem abordaremos detalhadamente o pecado imperdoável. A lição não se atém a esses assuntos mas ao pecado de Satanás e à pecaminosidade do ser humano antes de sua conversão e à solução apresentada por DEUS. JESUS.

 

Por Adão o pecado entrou no mundo. Rm 5.12
E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.
E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente,
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.
Gênesis 2:15-18
Eva nem tinha nascido quando DEUS deu a ordem para Adão. Depois Adão contou a Eva, mas DEUS não deu ordem a Eva para não comer.

Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. Romanos 5:12

 

Isaías 53:4,5 - Pecado males
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
Alguns Resultados do pecado
Iniquidade, toda iniquidade é pecado.
Dores, doenças. Aquilo que causa dor. Dói. Ex. Hérnia de disco, enxaqueca, câncer, etc..
Enfermidades, causam problemas, mas não dor. Ex. Depressão. Medo, síndrome de pânico, cegueira, surdez, etc...Solução
Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.

 

Tomemos cuidado com o câncer calvinista.

Este trimestre é para acordarmos antes que o ESPÍRITO SANTO se entristeça de vez e a blasfêmia seja reconhecida em nosso meio. Pode ser a última chance para muitos. DEUS está fazendo tremendos milagres e ainda tem gente tentando extinguir o ESPÍRITO SANTO.

 

Me preocupou um entendimento que vi em alguns estudos. Vi alguns ensinos dizendo que o homem será condenado por causa do pecado de Adão. Não creio assim. Ninguém vai para o inferno porque Adão pecou. A semente do pecado vem de Adão, mas cada um é responsável por dar lugar a esta semente ou não. Não é por causa de Adão que existe condenação, mas é por causa do pecado individual de cada um. Cada um é atraído e só sede se quiser- Cada um tem seu livre-arbítrio Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá. Ezequiel 18:4
Mas, se avisares ao ímpio, e ele não se converter da sua impiedade e do seu mau caminho, ele morrerá na sua iniquidade, mas tu livraste a tua alma. Ezequiel 3:19
A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele. Ezequiel 18:20 Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Tiago 1:14
A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. não podemos jogara culpa de alguém pecar em cima de Adão. Cada um peca porque quer Pecar.
A semente foi plantada em Adão no Éden. Passou de pai para filho. Mas eu decido se vou pecar ou não. Não é forçado alguém pecar.
: Todo ser humano só é condenado porque pecou. Se não pecar não pode ser condenado, Mas existe alguém, assim? Só JESUS conseguiu esta proeza. Por isso mesmo que uma criancinha é salva se morrer antes de ter consciência do pecado. Não teve consciência do que é pecado, não escolheu pecar.
 Temos que tomar cuidado com o calvinismo. Não podemos jogar a culpa de nosso pecado em Adão. Cada um, peca porque atende a seus próprios desejos de pecar. Isso se chama Livre arbítrio. DEUS não iria me condenar ao inferno sendo que eu não pequei, mas foi Adão que pecou.
Quando Paulo faz uma análise ele vê todos pecando, pois não conseguem viver na Terra sem pecar. Só JESUS conseguiu isso. Romanos 3.23. Em Rm 5.12 Paulo fala da semente que está no homem e que lhe dá a escolha entre dar lugar ao pecado ou não. A semente está lá, vamos jogar água e adubar para dar frutos (pecados)? Em Rm 6.23 ele fala do salário deste pecado e de sua solução.
Se alguém diz que o pecado de Adão condenou toda raça humana ao inferno, está dizendo que uma criança recém-nascida vai para o inferno se morrer, pois Adão pecou e esta criança é descendente de Adão.

 

 

Jonas teve sua escolha - Foi para Társis - Desobedeceu e mereceu seu castigo, o juízo. Agora entra o juízo. No juízo DEUS exerce seu poder e autoridade. Jonas já estava morto no interior daquele peixe (espiritualmente falando) - o juízo já tinha vindo. Estar dentro do peixe era como estar dentro da terra, sepultado - JESUS disse isso sobre Jonas figura de CRISTO sepultado. Jonas serve também como figura do crente no batismo nas águas - como que "ressuscitado", como nós após o batismo de morte, batismo nas águas, saiu para uma nova vida de obediência - Todos usaram o livre arbítrio para pecar - Só JESUS que não.
Israel no meio de Canaã. Canaã teve sua escolha. Seguir Israel sabendo que tinham um DEUS poderoso que fazia milagres (Raabe fez sua escolha certa). Faraó teve sua escolha. Escolheu não deixar o povo ir. Alguns egípcios fizerem a escolha certa e foram com os israelitas.
Tudo é questão de escolha e escolha é Livre Arbítrio.

 

Após pecar o homem condenado a juízo só tem pela frente dois destinos.
Primeiro: Se permanecer como está, seu destino é o lago de fogo e enxofre.
Segundo, Se arrepender de seu pecado e crer, pela fé, que JESUS morreu em seu lugar, confessando JESUS como Salvador e Senhor, crendo que Ele ressuscitou, será salvo. Romanos 10.9
Esta operação de Salvação é feita e conduzida pelo ESPÍRITO SANTO que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo.
E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. João 16:8
A salvação é totalmente dependente de DEUS e só acontece pela graça de DEUS. Não tem o mérito humano.
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Efésios 2:8
JESUS fez tudo o que precisava ser feito para nos salvar - só precisamos crer no que já está feito. O livre arbítrio foi usado para pecar. Todos usaram o livre arbítrio para pecar - Só JESUS que não.

 

Livre arbítrio

Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição; Deuteronômio 11:26  Dois caminhos são propostos - isso é livre arbítrio.
Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, Deuteronômio 30:19 Dois caminhos são propostos - isso é livre arbítrio. DEUS ainda orienta qual o melhor caminho a seguir.

A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Romanos 10:9 - Este "se" é condicional. Grifo nosso.

E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Lucas 12:8 Condicional - isto é livre arbítrio - ninguém é obrigado a confessar.
Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mateus 10:32 - Condicional - isto é livre arbítrio - ninguém é obrigado a confessar.

 

Se dissermos que não temos pecado... Se confessarmos nossos pecados.. (Pecados depois da salvação)
1.7 ANDARMOS NA LUZ. Isso significa crer na verdade de Deus, conforme revelada na sua Palavra e esforçar-se sincera e continuamente por sua graça, para cumpri-la por palavras e obras. "O sangue de Jesus Cristo, seu filho, nos purifica de todo pecado", refere-se à obra contínua da santificação dentro do crente, e à purificação contínua, pelo sangue de Cristo, dos nossos pecados involuntários. É provável que aqui João não esteja pensando nos pecados deliberados contra Deus, já que está falando em andar na luz. Essa purificação contínua propicia a nossa íntima comunhão com Deus (ver o estudo A SANTIFICAÇÃO)

1.8 SE DISSERMOS QUE NÃO TEMOS PECADO. João emprega o substantivo "pecado" em vez da forma verbal "pecamos", para enfatizar o pecado como um princípio imanente na natureza humana. (1) João está provavelmente argumentando contra os que afirmam que o pecado não existe como um princípio ou poder na natureza humana, ou contra os que afirmam que as más ações que eles cometem não são realmente pecado. Essa heresia continua ainda hoje entre os que negam a realidade do pecado e que interpretam a iniquidade em termos de causas deterministas, psicológicas ou sociais (ver Rm 6.1nota; 7.9-11 nota). (2) Os crentes devem conscientizar-se de que a carne, ou a natureza humana pecaminosa, é uma ameaça constante na sua vida, e que devem sempre estar mortificando as suas más obras por meio do Espírito Santo que neles habita (Rm 8.13; Gl 5.16-25 (refs2)).

1.9 CONFISSÃO DE PECADO. Devemos reconhecer os nossos pecados e buscar em Deus o perdão e a purificação deles. Os dois resultados disso são (1) o perdão divino e a reconciliação com Deus, e (2) a purificação (i.e., remoção) da culpa e a destruição do poder do pecado, a fim de vivermos uma vida de santidade (Sl 32.1-5; Pv 28.13; Jr 31.34; Lc 15.18; Rm 6.2-14 (refs5)).

1.10 NÃO PECAMOS. Quem afirma que não peca, também não precisa da eficácia salvífica da morte vicária de Cristo, e está fazendo Deus de mentiroso (cf. Rm 3.23).

 

I - DEFININDO OS TERMOS
1. Pecado.

O termo “hamartiologia” deriva de dois vocábulos da língua grega, a língua do Novo Testamento: hamartia e logos, os quais significam “estudo acerca do pecado”. O termo é aplicável ao pecado, seja este considerado um ato, seja considerado um estado ou uma condição. O sentido do termo é que o pecado é um desvio do fim (ou propósito) estabelecido por DEUS para determinado fato ou conduta humana.

A palavra “pecado” é sinônima de muitas outras usadas na Bíblia, as quais indicam conceitos bíblicos distintos sobre o pecado. No Antigo Testamento encontramos pelo menos NOVE palavras básicas que conceituam o pecado; no Novo Testamento, temos, pelo menos, ONZE outras que descrevem as várias formas de manifestações negativas relacionadas com o termo “pecado”.

As Escrituras ensinam que o pecado é real e pessoal; que se originou na queda de Satanás, um ser pessoal, maligno e ativo; e que, através da queda de Adão, propagou-se entre a humanidade, que fora criada boa por um DEUS totalmente bom.

Há um termo genérico para designar o pecado com todos os seus detalhes, chattath, e seu equivalente verbal chattá (pronuncia-se hatá, com "h" aspirado), que literalmente significa "errar o alvo" (Jz 20.16).

 

PECAR -  dicionário Strong Português -  חטא chata’
1) pecar, falhar, perder o rumo, errar, incorrer em culpa, perder o direito, purificar da impureza
1a) (Qal)
1a1) errar
1a2) pecar, errar o alvo ou o caminho do correto e do dever
1a3) incorrer em culpa, sofrer penalidade pelo pecado, perder o direito
1b) (Piel)
1b1) sofrer a perda
1b2) fazer uma oferta pelo pecado
1b3) purificar do pecado
1b4) purificar da impureza
1c) (Hifil)
1c1) errar a marca
1c2) induzir ao pecado, fazer pecar
1c3) trazer à culpa ou condenação ou punição
1d) (Hitpael)
1d1) errar, perder-se, afastar do caminho

 

2. Os termos hebraicos awon e peshá. (e outros)

 

Temos no AT pelo menos 9 nomes dados aos pecados.

1- Hamartia - Hattat *(chattath - Lê-se hatá). Este vocábulo, que aparece 522 vezes nas páginas veterotestamentárias, e seu termo correlato no Novo Testamento — sugerem a idéia de “errar o alvo” ou “desviar-se do rumo”, como o arqueiro antigo que atirava as suas flechas e errava o alvo. Porém, o termo também sugere alguém que erra o alvo propositadamente; ou seja, que atinge outro alvo intencionalmente.

Não se trata de uma idéia passiva de erro, mas implica uma ação proposital. Significa que cada ser humano tem da parte de DEUS um alvo definido diante de si para alcançá-lo. O termo em apreço denota tanto a disposição de pecar como o ato resultante dela. Em síntese, o homem não foi criado para o pecado; se pecou, foi por seu livre-arbítrio, sua livre escolha (Lv 16.21; Sm 1.1; 51.4; 103.10; Is 1. 18; Dn 9.16; Os 12.8).

2- Pesha. O sentido tradicional dessa palavra é “transgredir”, “rebelar”, "revoltar-se”. Porém, uma variante forte para defini-la implica o ato de invadir, de ir além, de rebelar-se. O termo aponta para alguém que foi além dos limites estabelecidos (Gn 31. 36; I Rs 12.19; 2 Rs 3.5; 1 Sm 5.1-12; Is 1.2; Am 4.4).

 

TRANSGRESSÃO - Strong Português -  פשע pesha Ì -  Pesha.
1) transgressão, rebelião
1a1) transgressão (contra indivíduos)
1a2) transgressão (nação contra nação)
1a3) transgressão (contra DEUS)
1a3a) em geral
1a3b) reconhecida pelo pecador
1a3c) como DEUS lida com ela
1a3d) como DEUS perdoa
1a4) culpa de transgressão
1a5) castigo por transgressão
1a6) oferta por transgressão

 

3- Raa. רע ra Ì - 1) ruim, mau 2) mal, aflição, miséria, ferida, calamidade 3) mal, miséria, aflição, ferida  - Outra palavra hebraica que tem seu equivalente no grego — como kakos ou poneros — e traz a idéia básica de romper, quebrar; “aquilo que causa dano, dor ou tristeza”. E um tipo de pecado deliberado, malicioso, planejado, que provoca e enfurece. Dá a idéia de “ser mau” (Gn 8.21; Ex 33.4; Jr 11.11; Mq 2.1-3). Indica também algo injurioso e moralmente errado. São os pecados expressos por violência (Gn 3.5; 38.7; Jz 11.27).

O profeta Isaías profetizou que DEUS criou a luz e as trevas, a paz e o raa Is 4.57. E o mal em forma de calamidade, ruína, miséria, aflição, infortúnio. DEUS não tem culpa do mal existente, porque, na verdade, a responsabilidade pelos pecados cometidos recai, à luz da Bíblia, sobre a criatura rebelde, transgressora e incriminada, e não sobre o Criador.

4- Rama quer dizer “enganar”; dá a idéia de prender numa armadilha, num laço. Implica, portanto, um tipo de pecado em forma de cilada para outrem cair. E uma forma de enganar e agir traiçoeiramente (SI 32.2; 34.13; 55.11; Jó 13.7; Is 53.9).

5- Pata. E um termo que dá a idéia de seduzir. O sentido literal da palavra é “ser aberto” ou “abrir espaço” para o pecado ter livre curso. No Èden, Adão e Eva se deixaram seduzir pelo engano do pecado e pelo pai do pecado (Satanás), personificado numa serpente (Gn 3.4-7).

6- Shagag. O sentido aqui é “errar” ou “extraviar-se”, como uma ovelha ou um bêbado (Is 28.7). E um tipo de erro pelo qual o transgressor torna-se responsável, ante a lei divina que condena o seu erro — pecado (Lv 4.2; Nm 15.22).

7- Rasha. Esta palavra aparece especialmente nos Salmos, com a idéia de impiedade ou perversidade. O sentido metafórico é o pecado em oposição à justiça (Êx 2.13; SI 9; SI 16; Pv 15.9; Ez 18.23).

8- Ta a. Este vocábulo se refere ao ato de extravio deliberado. Não se trata de algo acidental, e sim algo que uma pessoa comete sem perceber o fruto negativo gerado pelos seus atos pecaminosos (Nm 15.22; Sl 58.3; 119.21; Is 53.6; Ez 44.10,15).

9- Awon ("iniquidade"), proveniente da ideia de ser “torto” ou "pervertido", refere-se a pecados graves e muitas veres forma um paralelo com chatta'th (Is 43.24). O verbo 'avar fala em ir além de uma fronteira e, portanto (metaforicamente), da transgressão (Nm 14.41; Dt 17.2). Resha' pode referir-se a coisa errada (Pv 11.10) ou à injustiça (Pv 28.3,4).

 

INIQUIDADE - Strong Português -  עון Ìavon ou עוון Ìavown (2Rs 7.9; Sl 51.5)
1) perversidade, depravação, iniquidade, culpa ou punição por iniquidade
1a) iniquidade
1b) culpa de iniquidade, culpa (como grande), culpa (referindo-se a condição)
1c) consequência ou punição por iniquidade

 

No Novo Testamento. No grego, a palavra “pecado” também tem vários sentidos, e alguns são correlatos com os termos hebraicos

1- Hamartia. Já citada em correlação com kattaa (hb.), seu sentido é “errar o alvo”, “perder o rumo”, “fracassar”. Indica que o primeiro homem, no princípio, perdeu o rumo de sua vida e fracassou em não atingir o padrão divino estabelecido para a sua vida. No Novo Testamento, os escritores usaram o termo hamartia para designar o pecado. Ainda que o sentido equivalente no Antigo Testamento seja o de “errar o alvo”, nas páginas neotestamentárias a palavra em apreço tem uma abrangência bem maior — possui um sentido mais forte que a idéia de fracasso ou transgressão. Ela tem o sentido de “poder de engano do pecado” (Rm 5.12; Hb 3.13); é mais que um fracasso. Trata-se de uma condição responsável ou uma característica que implica culpabilidade.

2- Kakia. No grego, relaciona-se com perversidade ou depravação, como algo oposto à virtude. E um termo que descreve o caráter e a disposição interiores, e não apenas os atos exteriores. Dele deriva-se outra palavra, kakos, cujo sentido transcende a mal-estar físico ou doenças (Mc 1.32; Mt 21.41; 24.48; At 9.13; Rm 12.17;13,3,4,10; 16.19; I Tm 6.10).

3- Adíkía. Denota injustiça, falta de integridade; como alguém que abandona o caminho original. Em sentido amplo, esse termo refere-se a qualquer conduta errada e significa, ainda, “agravo”, “ofensa feita a alguém” (2 Co 12.13; Hb 8.12; Rm 1.18; 9.14). O texto de Romanos 1.18 descreve a injustiça como inimizade para com a verdade. Em I João 5.17, o apóstolo João afirma que toda iniquidade (gr. adikia) é pecado (gr. hamartia).

4- Anomia ou anomos. Denotam ilegalidade; tais palavras são traduzidas freqüentemente como “iniquidade” ou “transgressão”. Porém, o sentido literal de anomia é “sem lei”. Quem transgride a lei de DEUS pratica a iniquidade (Mt 13.41; 24.12; I Tm 1.9). O Anticristo é anomos— “o míquo” (2Ts 2.8).

5- Apistia. Deriva de pistis — “crer”, “confiar” — e significa “infidelidade”, “falta de fé” ou algum tipo de resistência ou vergonha (Hb 3.12; I Tm I.13). Em I Timóteo 1.13 está escrito: “... alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade [gr. apistia]”.

6- Asebeia. Usado por Paulo nas epístolas com o sentido de impiedade (Rm 1.18; 11.26; 2Tm 2.16;Tt 2.12; Jd vv.I5,I8). Portanto, a impiedade ou a irreverência são a base da asebeia.

7- Aselgeia. Denota relaxamento, licenciosidade ou mesmo sensualidade. Em Judas v.4 encontramos dois termos que explicam essas palavras: “... homens ímpios [asebeis] que convertem em dissolução [aselgeian, ‘libertinagem’] a graça de DEUS”. Esse termo descreve, pois, uma entrega sem restrições à prática do pecado. Os especialistas o descrevem como algo maldito que domina uma pessoa e a torna impudica de tal modo que perde totalmente o senso de vergonha e, por isso, faz qualquer coisa degradante sem ocultar seu pecado.

O termo em análise significa, por conseguinte, “a pura e autossatisfação sem o menor pudor”, haja vista o desejo pelos prazeres tornar a sua vítima despudorada, sem restrições. As chamadas taras sexuais, a embriaguez e outras manifestações são típicas de aselgeia. Sem dúvidas, trata-se de uma das palavras mais repulsivas do Novo Testamento (Mt 7.22; 2 Co 12.21; G1 5.19; Ef 4.19; I Pe 4.3; Jd v.4; Rm 13.13; 2 Pe 2.2,7,18). A versão ARC traduz o termo por “libertinagem”, enquanto a ARA prefere “dissolução”.

8- Epitkymía. Significa “desejo”. Porém, é o contexto da palavra encontrada no Novo Testamento que pode indicar o caráter moral do desejo, se é bom ou mau. Coisas, como: motivo, intenção, direção e relação, revelarão o caráter moral de epithymia (Mc 4.19; Lc 22.15; Fp 1.23; I Ts 2.17). De modo geral, o vocábulo quase sempre se identifica com algo negativo e pecaminoso. Daí o significado poderá indicar “desejo incontinente”, normalmente traduzido como “concupiscência”, “paixão impura” (G1 5.24; Cl 3.5; I Ts 4.5;Tg I.I4; 2 Pe 2.10).

9- Parabasis. Aparece nas páginas neotestamentárias umas oito vezes. O significado primário do termo é “transgressão”, que dá a idéia de alguém que não respeita as leis, passando dos limites estabelecidos. Emprega-se esse vocábulo com o sentido de “desvio”, “violação” e “transgressão”. No texto de Romanos 5.14, Paulo faz uma relação entre hamartia e parabasis, ao afirmar: “No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão”.

O apóstolo Paulo não está dizendo que os que pecaram desde Adão até Moisés estão livres de culpa, e sim que aquelas gerações, não tendo a lei de Moisés, seu pecado era tão real quanto ao dos que tinham a lei. Em I Timóteo 2.14 está escrito que Eva caiu em transgressão (parabasis), ao ser enganada, porque ela foi rebelde contra a ordem divina. Não se tratava de reduzir a culpa de Eva, e sim reconhecer que ela podia ter evitado o pecado de desobediência.

10- Paraptoma. Deriva de parapipto e significa “decair ao lado de”, “perder o caminho”, “fracassar”. De modo geral, significa “lapso moral” ou “uma ofensa pela qual a pessoa é responsável”. Vários textos exemplificam o termo paraptoma (Mt 6.14; Rm 5.15-20; 2 Co 5.19; G1 6.19; Ef 2.I;Tg 5.16).

11- Planao. Tem um sentido subjetivo de pecado porque se refere àquele que se desgarra culposamente. A palavra “desgarrar” relaciona-se com a ovelha que foge do aprisco (I Pe 2.25); também significa levar, por meio do engano, outras pessoas ao mau caminho (Mt 24.5,6; I Jo 1.8).

 

3. O que é pecado?

John Wesley, pai do metodismo, definiu o pecado como uma transgressão voluntária de uma lei conhecida. Um outro famoso teólogo da época ressaltou a natureza dupla do pecado ao declarar que “a idéia primária designada pelo termo pecado nas Escrituras é a falta de conformidade com a lei, uma transgressão da lei; o fazer algo proibido, o deixar de fazer aquilo que é requerido”.

Augustus Hopkins Strong, eminente professor de teologia nos Estados Unidos, escreveu sobre a doutrina do Pecado em sua Teologia Sistemática de 1886, que “pecado é a falta de conformidade com a lei moral de DEUS quer em ato, disposição ou estado”.

W.T. Conner, em Doctrína Cristiana, ao falar da natureza do pecado escreveu: “... definimos o pecado como a rebelião contra a vontade de DEUS”; “o pecado, como algo voluntário, implica conhecimento. Se o homem peca voluntariamente, então seu pecado é contra a luz”. Paulo esclareceu que todo ser humano tem um certo grau de conhecimento da lei moral de DEUS e, por isso, “não há um justo, nenhum sequer” (Rm 3.10).

Charles Hodge escreveu que “o pecado é falta de conformidade com a lei de DEUS” e “inclui culpa e contaminação; a primeira expressa sua relação com a justiça; a segunda, sua relação com a santidade de DEUS”.

Outras definições de pecado. E um ato livre e voluntário do ser humano, tendo em vista que ele é um ser moral e, por isso, capaz de perceber o certo e o errado. O homem é um agente moral livre para decidir o que fazer da sua vida, o qual deve seriamente considerar Eclesiastes 11.9.

O pecado é um tipo de mal. Nem todo mal é pecado. Existem males físicos resultantes da entrada do pecado no mundo. Na esfera física temos um tipo de mal manifesto nas doenças e enfermidades. Entretanto, na esfera ética, o mal tem sentido moral. Nesta esfera moral atua o pecado. Os vários termos hebraicos e gregos das línguas originais da Bíblia, quando falam do pecado apontam para o sentido ético, porque falam da prática do pecado, ou seja, dos atos pecaminosos.

O pecado é, de fato, uma ativa oposição a DEUS, uma transgressão das suas leis, que o homem, por escolha própria (livre), resolveu cometer conforme relata a Bíblia (Gn 3.1-6; Is 48.8; Rm 1.18-32; I Jo 3.4).

Louis Berkhof ensina que o pecado tem caráter absoluto. Sem dúvida, seu conceito está correto e é bíblico. Não se faz distinção ou graduação entre o bem e o mal, porque o caráter é qualitativo. Uma pessoa boa não se torna má por uma diminuição de sua bondade, mas quando se deixa envolver com o pecado. È uma questão de qualidade, e não de quantidade.

O pecado não implica um grau menor de bondade, mas algo negativo e absoluto. Biblicamente, não há neutralidade nem meio termo quanto ao bem ou ao mal. O que é mal não é mais ou menos mal. Ou se está do lado justo e certo ou se está do lado injusto e errado (Mt 10.32,33; 12.30; Lc II.23;Tg 2.10).

Não se trata de pecado apenas porque se praticou algum ato pecaminoso. “O pecado não consiste apenas em atos manifestos”. O pecado não é somente aquilo que se pratica erradamente, mas é algo entranhado na natureza pecaminosa adquirida da raça humana. E um estado pecaminoso que origina hábitos pecaminosos os quais se manifestam na vida cotidiana.

Todas as tendências e propensões pecaminosas típicas da natureza corrompida de cada um de nós demonstram o estado pecaminoso do ser humano. A esse estado decaído, a Bíblia denomina “carne”, o qual precisa ser superado pela nova vida em CRISTO, a vida regenerada pelo ESPÍRITO (2 Co 5.17; Jo 3.5).

 

O Novo Testamento descreve o pecado como:

(a) Errar o alvo, que expressa a mesma idéia que a conhecida palavra do Antigo Testamento.

(b) Dívida. (Mat. 6:12.) O homem deve (a palavra "deve" vem de dívida) a DEUS a guarda dos seus mandamentos; todo pecado cometido é contração de uma dívida. Incapaz de pagá-la, a única esperança do homem é ser perdoado, ou obter remissão da dívida.

(c) Desordem. "O pecado é iniquidade" (literalmente "desordem", 1 João 3:4). O pecador é um rebelde e um idólatra porque deliberadamente quebra um mandamento, ao escolher sua própria vontade em vez de escolher a vontade de DEUS; pior ainda, está se convertendo em lei para si mesmo e, dessa maneira, fazendo do eu uma divindade. O pecado começou no coração daquele exaltado anjo que disse: "Eu farei", em oposição à vontade de DEUS. (Isa. 14:13, 14). O anticristo é proeminentemente "o sem-lei" (tradução literal de "iníquo"), porque se exalta a si mesmo sobre tudo que é adorado ou que é chamado DEUS. (2 Tess. 2:4-9.) O pecado é essencialmente obstinação e obstinação é essencialmente pecado. O pecado destronaria a DEUS; o pecado assassinaria DEUS. Na Cruz do Filho de DEUS, poderiam ter sido escritas estas palavras: "O pecado fez isto!"

(d) Desobediência, literalmente, "ouvir mal"; ouvir com falta de atenção. (Heb. 2:2.) "Vede pois como ouvis" (Luc. 8:18.)

(e) Transgressão, literalmente, "ir além do limite" (Rom. 4:15). Os mandamentos de DEUS são cercas, por assim dizer, que impedem ao homem entrar em território perigoso e dessa maneira sofrer prejuízo para sua alma.

(f) Queda, ou falta, ou cair para um lado (Efés. 1:7) no grego, donde a conhecida expressão, cair no pecado. Pecar é cair de um padrão de conduta.

(g) Derrota é o significado literal da palavra "queda" em Rom. 11:12. Ao rejeitar a CRISTO, a nação judaica sofreu uma derrota e perdeu o propósito de DEUS.

(h) Impiedade, de uma palavra que significa "sem adoração, ou reverência". (Rom. 1:18; 2 Tim. 2:16.) O homem ímpio é o que dá pouca ou nenhuma importância a DEUS e às coisas sagradas. Estas não produzem nele nenhum sentimento de temor e reverência. Ele está sem DEUS porque não quer saber de DEUS.

(i) O erro (Heb. 9:7) Descreve aqueles pecados cometidos como fruto da ignorância, e dessa maneira se diferenciam daqueles pecados cometidos presunçosamente, apesar da luz esclarecedora. O homem que desafiadoramente decide fazer o mal, incorre em maior grau de culpa do que aquele que é apanhado em falta, a que foi levado por sua debilidade.

 

II - ORIGEM DO PECADO

1. O pecado no céu.

A ORIGEM DO PECADO NO UNIVERSO

A primeira manifestação foi na esfera angelical. Os teólogos divergem quanto ao fato de que a primeira manifestação de pecado tenha começado no céu. Sendo DEUS o Criador de todas as coisas, não podemos atribuir a Ele a autoria do pecado. Toda a Bíblia rejeita essa idéia quando diz: “Longe de DEUS a impiedade, e do Todo-poderoso, a perversidade” (Jó 34.10).

Em outra passagem está escrito que não há injustiça nEle (Dt 32.4; SI 92.15). Tiago, no Novo Testamento, disse que o Senhor não pode ser tentado pelo mal (Tg I.13). Por isso, é blasfêmia considerar DEUS como autor do pecado. Ora, duas passagens bíblicas que melhor ilustram a origem do pecado no Céu são metafóricas (Is 14.12-20; Ez 28.12-19); daí a dificuldade na compreensão desses textos pelos intérpretes. Do ponto de vista pentecostal esses textos falam do pecado iniciado entre os anjos e pelo principal deles, Lúcifer.

 

Leituras que nos dão a ideia de que Lúcifer se revoltou contra DEUS e se tornou Satanás, o Diabo.

Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de DEUS exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo. Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o homem que fazia estremecer a terra e que fazia tremer os reinos? Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades? Que não abria a casa de seus cativos? Todos os reis das nações, todos eles, jazem com honra, cada um na sua morada. Porém tu és lançado da tua sepultura, como um renovo abominável, como as vestes dos que foram mortos atravessados à espada, como os que descem ao covil de pedras, como um cadáver pisado. Com eles não te reunirás na sepultura; porque destruíste a tua terra e mataste o teu povo; a descendência dos malignos não será jamais nomeada. Isaías 14:12-20.

 

Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de DEUS; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de DEUS estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de DEUS, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti. Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te vêem. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais subsistirá. Ezequiel 28:12-19

 

Observação do Pr.Henrique:

Satanás também é identificado por JESUS como aquele que entrou na terra por outra porta que não foi o nascimento físico, através de uma mulher.

1 Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. 10 O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. João 10:1,10.

JESUS fala acerca do Diabo dizendo ser ele homicida desde o princípio (Jo 8.44).

O apóstolo João diz que o Diabo peca desde o princípio (1 Jo 3.8). 

 

Anjos que se tornaram demônios

As Escrituras parecem indicar que, em algum momento entre Gênesis 1.31 e Gênesis 3.1, houve uma rebelião no mundo angélico, no qual muitos anjos bons se voltaram contra DEUS e se tornaram maus. O teólogo italiano Tomás de Aquino (1225-1274) ensinou que uma vez que os anjos não têm natureza carnal pecaminosa o pecado deles foi espiritual. Eles foram seduzidos pelo diabo, que os envolveu com o orgulho e a inveja contra DEUS. Os anjos pecaram voluntariamente (Tomás de Aquino, “Suma Contra os Gentios”, 63:1-9). Alguns fazem alusão ao texto de Judas 6 para apoiar esse ponto de vista quanto à queda dos anjos. As táticas de Satanás e dos demônios são a mentira, o engano, o homicídio e toda sorte de malignidade. Fazem isso para afastar as pessoas de DEUS e levá-las à destruição (Jo 8.44; Ap 12.9; Sl 106.37). Mas, assim como Satanás e suas hostes foram expulsos do céu, também seu domínio e ação serão extirpados totalmente da face da terra (1 Jo 3.8; Lc 9.1, 10.19; At 16.18; Rm 16.20; Ap 20.10). (http://www.cacp.org.br/o-que-levou-a-terca-parte-dos-anjos-seguir-a-lucifer).

E houve batalha no Céu; Miguel e seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhava o dragão e seus anjos; mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos Céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o diabo e Satanás, que engana a todo o mundo; ele foi precipitado na Terra, e seus anjos foram lançados com ele”. (Apocalipse 12:7 - 9).

E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia; (Judas 1.6).

Porque, se DEUS não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo; (2 Pedro 2:4).

 

Os textos acima mencionados são tidos como relacionados à queda de Lúcifer e o começo do pecado no Universo. O primeiro (Isaías) refere-se ao rei caído da Babilônia, cujo orgulho tornou-o soberbo; por isso, ele não pôde subsistir, com tirania e orgulho, ante o DEUS Vivo. Diz o texto que esse rei era elevado e importante, mas por seu orgulho foi cortado como uma árvore.

Segundo, a linguagem metafórica, o texto sugere o relato a história da queda de Lúcifer, denominado “estrela da manhã”, o qual, por sua rebelião foi expulso da presença de DEUS. O segundo texto (Ezequiel) apresenta um lamento sobre o rei de Tiro, mas a linguagem figurada ilustra a queda de Satanás.

O registro bíblico da origem do pecado prossegue noutras referências que tratam do assunto. O que fica claro é que o pecado foi originado por Satanás. Ele pecou antes de Adão e Eva quando se apresentou na forma de uma serpente para tentar Eva (Gn 3.1-6; 2 Co 11.3). JESUS declarou que Satanás é homicida “desde o princípio” (Jo 8.44; I Jo 3.8). A expressão “desde o princípio” não quer dizer que este ser angélico foi sempre mau. Seu primeiro estado era de santidade. A expressão “desde o princípio” indica no contexto da história da criação que Ele se fez opositor do DEUS trino desde o início da criação do mundo.

Entretanto, antes da criação do Universo material, os anjos já haviam sido criados. Mesmo considerando as nossas dificuldades para entendermos plenamente a origem do pecado no céu, sabemos que DEUS conhece todas as coisas e “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1. 11).

O pecado entrou na vida da humanidade através de Adão e Eva (Gn 3.1-19). Como isso aconteceu? A história bíblica descreve como o pecado tomou-se uma realidade na vida da humanidade quando uma criatura extraordinária e espiritual se materializou numa “serpente” (Gn 3.1-7) para enganar as mais belas criaturas da terra, o homem e a mulher. Essa criatura é denominada em outras passagens como “a antiga serpente”, o “Diabo” e “Satanás” (Ap 12.9; 20.2). Foi essa criatura que pecou desde o princípio e se tomou inimiga da criação de DEUS e originou a catástrofe cósmica.

Pela soberana e sábia vontade de DEUS permitiu-se que no Eden, o jardim idílico criado por DEUS para que Adão e Eva vivessem felizes, Satanás penetrasse para tentá-los com astúcia e engano. A história da criação da criatura humana relata que Adão e Eva foram criados “bons” e colocados no Eden para desfrutarem de todas as benesses daquele jardim e manter comunhão com seu Criador (Gn 1.26—2.25). Por serem criaturas, humanas e finitas, estavam sujeitas a pecar.

DEUS, então, estabeleceu para eles uma regra para não comerem de uma árvore denominada “árvore do conhecimento do bem e do mal”, mas Eva se deixou enganar pela insinuação diabólica da serpente e tomou do fruto, comeu e o deu ao seu marido (Gn 3.6). Duvidaram da veracidade da palavra de DEUS e acataram as insinuações do Inimigo. Daí desobediência, egotismo, rebeldia, pecado, queda e suas consequências, que se transmitiram à toda posteridade de Adão.

O pecado de Adão foi um ato pessoal. Já consideramos o fato de que o pecado é um estado da vontade e que esse estado egoísta da vontade é universal. Uma vez que o homem preferiu obedecer ao seu “eu”, pervertendo sua própria vontade, também, tornou-se responsável pelas consequências de sua transgressão.

Ele adquiriu uma natureza corrompida e afetou universalmente toda criatura na terra. Seus atos pecaminosos e suas disposições são frutos de seu estado corrupto inato. JESUS explicou muito bem esse ponto quando disse: “... não há árvore boa que dê mau fruto... o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal” (Lc 6.43-45; Mt 12.34).

Tentação e Queda não são coisas míticas ou alegóricas. Tem havido a tentativa de pseudo-teólogos tornarem o relato escriturístico da tentação e a Queda como algo alegórico. Não há qualquer linguagem figurada em Gênesis 3 que negue o fato histórico relatado naquela passagem. No desenrolar da tentação Satanás apelou aos apetites que poderiam dar a Eva o prazer de fazer sua própria vontade em desobediência do Criador. Satanás apelou aos sentidos egoísticos de Eva e ela deu ouvidos ao tentador em vez de rejeitar e expulsar o tentador que visava levá-la a desobedecer a DEUS (Gn 3.1-3).

Satanás levou o casal a duvidar da veracidade de DEUS insinuando que o Criador estaria tirando deles o direito de conhecer coisas mais sublimes. Adão e Eva, então, pecaram e deixaram que seus corações fossem corrompidos e afetasse seus apetites naturais. Diz o relato bíblico que sua disposição interior se manifestou em atos. O texto diz, literalmente: “... ela tomou do seu fruto, e comeu, e deu também ao seu marido, e ele comeu com ela” (Gn 3.6).

O homem seguiu a indução do seu coração e fez a escolha do seu “eu” em desacordo com DEUS. Portanto, o pecado surgiu de dentro do homem, do seu interior, e ele transgrediu a lei do Senhor (Tg I.I5).

 

2. O pecado no Éden.

O PECADO ORIGINAL E SUA AFETAÇÃO

Distinção entre pecado original e culpa original. Na língua latina usa-se a expressão peccatum originale, que se traduz literalmente por “pecado original”. Para entendermos o assunto precisamos fazer distinção entre pecado original e culpa original.

a- Por pecado original entendemos que se trata do pecado herdado de nossos primeiros pais, Adão e Eva, o qual passou a toda criatura humana.

b- A culpa não é herdada, e sim imputada a cada criatura. A expressão “pecado original” não se encontra na Bíblia de forma literal, mas a sua manifestação está implícita na história da Queda; por isso, o pecado original está na vida de todo ser humano desde o seu nascimento. Outrossim, precisamos esclarecer que a expressão “pecado original” nada tem que ver com a constituição original do homem, haja vista DEUS não o ter criado pecador.

Toda criatura humana é culpada em Adão e consequentemente tem sua natureza corrompida desde o nascimento (SI 51.5; 58.3).

Pecados veniais e pecados mortais. A igreja romana ensina e faz distinção entre pecados veniais e mortais. Ao mesmo tempo, ela tem dificuldades em distinguir esses pecados. Tal distinção não é bíblica, visto que todo pecado é anomia diante de DEUS — termo grego que significa “falta de retidão”, “falta de obediência à lei”.

O Antigo Testamento faz distinção entre os pecados cometidos intencionalmente e os praticados por ignorância. Se cometido intencionalmente ou por ignorância, o pecado não deixará de ser pecado, porque é um fato e torna a pessoa culpada diante de DEUS (Gl 6.1; Ef 4.18; I Tm I.I3; 5.24). No Novo Testamento, o apóstolo Paulo deixou clara a idéia de que o grau do pecado é determinado pelo grau de conhecimento (luz) que o pecador possua (Rm LI8-32).

 

3. A universalidade do pecado.

Pelágio, teólogo inglês, renegava a idéia do pecado original porque entendia que os homens que nascem no mundo, desde a Queda, vivem no mesmo estado em que Adão foi criado e que o pecado deste prejudicou apenas a ele próprio. Por isso, essa teoria rejeita a ideia da hereditariedade do pecado sobre toda a raça humana.

Pelágio ensinava que Adão morreu pela constituição de sua natureza, tivesse ele pecado ou não. Entretanto, o ensino claro da Bíblia a esse respeito não deixa dúvida de que a culpa original refere-se àquela recebida por Adão e Eva após terem pecado contra a lei de DEUS.

o viver em pecado consiste então, em viver uma vida centralizada no “eu” e significa o fazer a própria vontade como a da vida. Neste sentido o homem merece receber a punição do seu pecado ( Rm 5.12).

A culpa legal O aspecto legal da culpa perante DEUS diz respeito ao fato de que quando Adão e Eva cometeram o pecado contra a ordem divina, tornaram-se legalmente culpados e dignos da pena estabelecida por DEUS. O Criador havia lhes dito que um só ato de desobediência à sua palavra implicaria na pena de morte (Gn 2.17). O apóstolo Paulo entendeu essa questão doutrinária e declarou que “o juízo veio de uma só ofensa, para condenação” (Rm 5.16).

Portanto, por um só ato pecaminoso contra DEUS, Adão tomou-se incapaz de permanecer na presença santa de DEUS. Essa ofensa de Adão tornou-se a culpa de toda sua descendência, de toda a raça humana. Perante DEUS, legalmente, todos são culpados, “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de DEUS” (Rm 3.23).

Isso significa que em Adão todos participaram da sua transgressão. A expressão “estão destituídos da glória de DEUS” indica a necessidade de recuperação do primeiro estado de glória de Adão antes da Queda. Significa a recuperação daquela realeza moral e espiritual que o homem tinha, isto é, a imagem e semelhança de DEUS, deformada pelo pecado. Foi o segundo Adão, JESUS CRISTO, quem veio a este mundo para recuperar a glória perdida do homem (Rm 3.24-26).

A culpa não significa mera propensão ao castigo. Isso significa que a culpa incorre mediante a transgressão do pecador. Não há na justiça de DEUS o conceito de culpa construtiva, porque o pecador é culpado por aquilo que tem praticado. Somos culpados do pecado, tanto em relação a culpa original de nossos primeiros

pais quanto pelos pecados que cometemos hoje. Devemos entender que somos culpados pela natureza pecaminosa herdada de Adão e Eva. Esse é o aspecto coletivo que abrange todos os homens. Porém, cada um de nós é individualmente responsável pelos seus próprios pecados.

A HEREDITARIEDADE DO PECADO

Como um ato de pecado individual afetou a todos? A Bíblia tem a resposta cabal desta questão. Paulo, em Romanos disse “que todos pecaram” (Rm 3.23) e dá a idéia de que todos os seres humanos participaram da transgressão de Adão; e, como indivíduos, tornaram-se pecadores. Ele explica os efeitos do pecado de Adão: “Portanto, por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens” (Rm 5.12).

Paulo não estava falando de pecados factuais, do dia a dia, mas da herança do pecado. A morte, como punição do pecado, tem um caráter universal, porque “a morte passou a todos os homens”. Por causa do pecado de Adão, todos os seus descendentes tomaram-se pecadores e culpados. Porém, DEUS providenciou a nossa expiação — nas palavras de Paulo — outra vez: “Mas CRISTO morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8).

Portanto, o pecado é hereditário. A sua universalidade deve-se à corrupção da natureza humana. E a Palavra de DEUS afirma que o primeiro homem violou a vontade expressa de DEUS, e, por consequência, toda a vida humana se corrompeu. Inevitavelmente, quando o homem se depara com a idade da consciência moral, está tão identificado com os maus impulsos existentes dentro de si que precisará esforçar-se para manter o equilíbrio moral e espiritual de sua vida.

Não se trata meramente de um impulso momentâneo da sua vontade, mas é algo implícito na sua natureza pecaminosa, que é sinistro e obscuro. A tendência má que se revela numa criança se percebe na semente dessa tendência má. Nesse sentido, toda criança é pecadora, conquanto não tenha culpa pessoal. Não podemos cobrar responsabilidade pessoal de uma criança recém-nascida.

A Bíblia e a consciência moral dão testemunho da responsabilidade que temos de nossa vida, apesar da natureza que temos herdado. Na verdade, a herança do pecado se constituí numa condição de vida, para a qual precisamos da graça salvadora de CRISTO para dominá-la. Por isso, mesmo como pecadores regenerados pelo ESPÍRITO SANTO precisamos negar-nos a nós mesmos, tomar a nossa cruz e sermos crucificados com CRISTO (G1 2.20).

Todo ser humano nasce com uma natureza corrompida. Todos os atos pecaminosos das pessoas são frutos de sua natureza pecaminosa. Ora, o que se entende por natureza

no contexto desse estudo? Ê aquilo que é inato em cada pessoa, isto é, nasce com ela. JESUS, disse, certa feita aos seus discípulos que “não há árvore boa que dê mau fruto... o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal” (Lc 6.43-45).

Portanto, não há criatura humana neste mundo que não tenha nascido com uma “natureza corrompida”. E algo que faz parte do seu ser e é subjacente à sua própria consciência. Por isso, toda criatura constitui-se pecadora diante de DEUS, visto que o pecado em si é herança comum de todas as criaturas sobre a terra.

O salmista Davi declarou que fora formado em iniquidade e concebido em pecado (Sm 51.5). Na verdade, com isso, confessou não o pecado de sua mãe, e sim o seu próprio pecado, e que esse estado — entendeu ele — vinha desde o momento de sua concepção.

A natureza corrompida e congênita de toda criatura humana. O apóstolo Paulo usou uma expressão forte em Efésios, a qual merece a nossa apreciação: “éramos por natureza filhos da ira” (2.3). A expressão “filhos da ira” denota o estado de condenação por causa da herança do pecado que todos recebemos de nossos pais (Adão e Eva). Entende-se por “natureza” algo inato e original distinto daquilo que se adquire posteriormente.15

Sem dúvida, o apóstolo coloca o texto no passado com o verbo “éramos”, para indicar que, ao sermos regenerados pelo ESPÍRITO SANTO, fomos agraciados pela graça de DEUS. A criança é despida de consciência moral, mas congenitamente possui a natureza pecaminosa herdada. Por isso, a morte é a penalidade global que afeta todas as pessoas e, inevitavelmente, afeta as crianças, haja vista elas morrerem como todos os demais seres.

As crianças estão colocadas num estado de pecado e, por isso, necessitam de regeneração e salvação através de JESUS CRISTO. Naturalmente, elas são objeto de salvação pela graça de CRISTO, que as salva, independentemente da consciência moral. Contudo, a condição dos adultos é diferente da das crianças. O adulto precisa de fé pessoal para ser salvo, e a Bíblia declara que CRISTO morreu por todos (2 Co 5.15).

No Juízo Final, as pessoas serão julgadas mediante o teste da conduta pessoal, enquanto as crianças, mesmo tendo uma tendência para mal, são incapazes de transgressão pessoal; por isso, cremos que elas estarão entre os salvos (Mt 25.45,46).

Adão depois da Queda. Já dissemos anteriormente que Adão e Eva, quando pecaram, perderam o direito do primeiro estado de santidade em que foram criados e vieram a ser objeto de várias mudanças negativas transcendentais.

Paulo declarou que por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte” (Rm 5.12).

 

A pecaminosidade do homem está registrada em toda a extensão das Escrituras (Gn 6.5; 1 Rs 8.46; Sl 53.3; 143.2; Pv 20.9; Ec 7.20; Is 53.6; 64.6; Rm 3.1-12,19,20,23;Gl 3.22; Tg 3; 1 Jo 1.8,10). De fato, a Bíblia mostra o pecado como uma herança inevitável que o homem tem de administrar desde o seu nascimento, e que está presente na natureza do homem e com ele continuará até a morte (Sl 5.5; Jó 14.4; Jo 3.6; Ef 2.3). Escrevendo aos Efésios, diz o apóstolo Paulo que nós, os crentes, “éramos por natureza filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.3). o pecado, pois, é algo original, do qual todos participam, e que os fazem culpados diante de DEUS. O pecado e a morte nivelam os homens. A maior prova em favor da universalidade do pecado é que a própria obra realizada por CRISTO na cruz, que no seu escopo apresenta-se como uma obra de caráter universal, e como remédio único para a doença espiritual de toda a humanidade.

 

III - A SOLUÇÃO PARA O PECADO

1. Nem tudo está perdido.

Veio JESUS CRISTO, da parte de DEUS; se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14), assumindo a penalidade da lei, causada pela nossa culpa, tomando-se o nosso substituto vicário, justificando o homem dos seus pecados (Rm 4.24,25; 5.1,8). Adão cometeu o pecado e na qualidade de chefe federal da raça humana; por ele foi imputada a todos os seus descendentes a culpa do pecado. A Bíblia enfatiza este ensino quando declara que a morte é o castigo do pecado, para todos os seus

descendentes (Rm 5.12-19; Ef 2.3; I Co 15.22).

A obra de CRISTO

CRISTO realizou muitas obras, porém a obra suprema que ele consumou foi a de morrer pelos pecados do mundo. (Mat. 1:21; João 1:29.) Incluídas nessa obra expiatória figuram a sua morte, ressurreição, e ascensão. Não somente devia ele morrer por nós, mas também viver por nós. Não somente devia ressuscitar por nós, mas também ascender para interceder por nós diante de DEUS. (Rom. 8:34; 4:25; 5:10.)

Sua morte.

(a) Sua importância. O evento mais importante e a doutrina central do Novo Testamento resumem-se nas seguintes palavras: "CRISTO morreu (o evento) por nossos pecados (a doutrina)" (1 Cor. 15:3). A morte expiatória de CRISTO é o fato que caracteriza a religião cristã. Martinho Lutero declarou que a doutrina cristã distingue-se de qualquer outra, e mui especialmente daquela que apenas parece ser cristã, pelo fato de ser ela a doutrina da Cruz. Todas as batalhas da Reforma travaram-se em torno da correta interpretação da Cruz. O ensino dos reformadores era este: quem compreende perfeitamente a Cruz, compreende a CRISTO e a Bíblia! É essa característica singular dos Evangelhos que faz do Cristianismo a única religião; pois o grande problema da humanidade é o problema do pecado, e a religião que apresenta uma perfeita provisão para o resgate do poder e da culpa do pecado tem um propósito divino. JESUS é o autor da "salvação eterna" (Heb. 5:9), isto é, da salvação final. Tudo quanto a salvação possa significar é assegurado por ele.

(b) Seu significado. Havia certa relação verdadeira entre o homem e seu Criador. Algo sucedeu que interrompeu essa relação. Não somente está o homem distanciado de DEUS, tendo seu caráter manchado, mas existe um obstáculo tão grande no caminho que o homem não pode removê-lo pelos seus próprios esforços. Esse obstáculo é o pecado, ou melhor, a culpa. O homem não pode remover esse obstáculo; a libertação terá que vir da parte de DEUS. Para isso DEUS teria que tomar a iniciativa de salvar o homem. O testemunho das Escrituras é este: que DEUS assim fez. Ele enviou seu Filho do céu à terra para remover esse obstáculo e dessa maneira reconciliou os homens com DEUS. Ao morrer por nossos pecados, JESUS removeu a barreira; levou o que devíamos ter levado; realizou por nós o que estávamos impossibilitados de fazer por nós mesmos; isso ele fez porque era a vontade do Pai. Essa é a essência da expiação de CRISTO. 

 

 Condições da salvação.

Que significa a expressão condições da salvação? Significa o que DEUS exige do homem a quem ele aceita por causa de CRISTO e a quem dispensa as bênçãos do Evangelho da graça.

As Escrituras apresentam o arrependimento e a fé como condições da salvação; o batismo nas águas é mencionado como símbolo exterior da fé interior do convertido. (Mar. 16:16; Atos 22: 16; 16:31; 2:38; 3:19.)

Abandonar o pecado e buscar a DEUS são as condições e os preparativos para a salvação. Estritamente falando, não há mérito nem no arrependimento nem na fé; pois tudo quanto é necessário para a salvação já foi providenciado a favor do penitente. Pelo arrependimento o penitente remove os obstáculos à recepção do dom; pela fé ele aceita o dom. Mas, embora sejam obrigatórios o arrependimento e a fé, sendo mandamentos, é implícita a influência ajudadora do ESPÍRITO SANTO. (Notem a expressão: "Deu DEUS o arrependimento" Atos 11:18.) 

 

A fonte da justificação: a graça.

Graça significa, primeiramente, favor, ou a disposição bondosa da parte de DEUS. Alguém a definiu como a "bondade genuína e favor não recompensados", ou "favor não merecido". Dessa forma a graça nunca incorre em dívida. O que DEUS concede, concede-o como favor; nunca podemos recompensá-lo ou pagar-lhe. A salvação é sempre apresentada como dom, um favor não merecido, impossível de ser recompensado; é um benefício legítimo de DEUS. (Rom. 6:23) O serviço cristão portanto, não é pagamento pela graça de DEUS; serviço cristão é um meio que o crente aproveita para expressar sua devoção e amor a DEUS. "Nós o amamos porque ele primeiramente nos amou."

A graça é transação de DEUS com o homem, absolutamente independente da questão de merecer ou não merecer. "Graça não é tratar a pessoa como merece, nem tratá-la melhor do que merece", escreveu L. S. Chafer. "E tratá-la graciosamente sem a mínima referência aos seus méritos. Graça é amor infinito expressando-se em bondade infinita."

 

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de DEUS. Efésios 2:8

 

2. A provisão de DEUS.

Mas, vindo a plenitude dos tempos, DEUS enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, DEUS enviou aos vossos corações o ESPÍRITO de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Gálatas 4:4-6

Porque DEUS amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16

A questão do pecado encontra resposta e solução quando encontramos na Bíblia a declaração de Paulo de que DEUS propôs JESUS CRISTO como propiciação pelo seu sangue, para receber toda a carga da ira de DEUS contra o pecado (Rm 3.25; 2 Co 5.21; Gl 3.13). Significa que a cruz foi o meio pelo qual DEUS castiga o pecado. O próprio DEUS, perfeito em justiça, tornou possível a expiação dos pecados por aquele que se fez nosso justificador perfeito (Rm 3.26).

A redenção.

Os três primeiros capítulos de Gênesis contêm as três revelações de DEUS, que por toda a Bíblia figuram em todas as relações de DEUS com o homem. O Criador, que trouxe tudo à existência (cap. 1), o DEUS do Pacto que entra em relações pessoais com o homem (cap. 2); o Redentor, que faz provisão para a restauração do homem (cap. 3).

(a) Prometida. (Vide Gên. 3:15.) (1) A serpente procurou fazer aliança com Eva contra DEUS, mas DEUS por fim a essa aliança. "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente (descendentes) e a sua semente." Em outras palavras, haverá uma luta constante entre o homem e o poder maligno que causou a sua queda. (2) Qual será o resultado desse conflito? Primeiro, vitória para a humanidade, por meio do Representante do homem, a Semente da mulher. "Ela (a semente da mulher) te ferirá a cabeça." CRISTO, a Semente da mulher, veio ao mundo para esmagar o poder do diabo. (Mat. 1:23, 25; Luc. 1:31-35,76; Isa. 7:14; Gál. 4:4; Rom. 16:20; Col. 2:15; Heb. 2:14,15; 1 João 3:8; 5:5; Apoc. 12:7, 8, 17; 20:1-3, 10.) (3) Porém a vitória não será sem sofrimento. "E tu (a serpente) lhe ferirás o calcanhar." No Calvário a Serpente feriu o calcanhar da Semente da mulher; mas este ferimento trouxe a cura para a humanidade. (Vide Isa. 53:3,4,12; Dan. 9:26; Mat. 4:1-10; Luc. 22:39-14,53; João 12:31-33; 14:30,31; Heb. 2:18; 5:7; Apoc. 2:10.)

(b) Prefigurada. (Verso 21.) DEUS matou um animal, uma criatura inocente, para poder vestir aqueles que se sentiam nus ante a sua vista por causa do pecado. Do mesmo modo, o Pai deu seu Filho, o Inocente, à morte, a fim de prover uma cobertura expiatória para as almas dos homens.

 

 Três aspectos da salvação.

Há três aspectos da salvação, e cada qual se caracteriza por uma palavra que define ou ilustra cada aspecto:

(a) Justificação é um termo forense que nos faz lembrar um tribunal. O homem, culpado e condenado, perante DEUS, é absolvido e declarado justo — isto é, justificado.

(b) Regeneração (a experiência subjetiva) e Adoção (o privilégio objetivo) sugerem uma cena familiar. A alma, morta em transgressões e ofensas, precisa duma nova vida, sendo esta concedida por um ato divino de regeneração. A pessoa, por conseguinte, torna-se herdeira de DEUS e membro de sua família.

(c) A palavra santificação sugere uma cena do templo, pois essa palavra relaciona-se com o culto a DEUS. Harmonizadas suas relações com a lei de DEUS e tendo recebido uma nova vida, a pessoa, dessa hora em diante, dedica-se ao serviço de DEUS. Comprado por elevado preço, já não é dono de si; não mais se afasta do templo (figurativamente falando), mas serve a DEUS de dia e de noite. (Luc. 2:37.) Tal pessoa é santificada e por sua própria vontade entrega-se a DEUS.

O homem salvo, portanto, é aquele cuja vida foi harmonizada com DEUS, foi adotado na família divina, e agora dedica-se a servi-lo. Em outras palavras, sua experiência da salvação, ou seu estado de graça, consiste em justificação, regeneração (e adoção), e santificação. Sendo justificado, ele pertence aos justos; sendo regenerado, ele é filho de DEUS; sendo santificado, ele é "santo" (literalmente uma pessoa santa)

São essas bênçãos simultâneas ou consecutivas? Existe, de fato, uma ordem lógica: o pecador harmoniza-se, primeiramente, perante a lei de DEUS; sua vida é desordenada; precisa ser transformada. Ele vivia para o pecado e para o mundo e, portanto, precisa separar-se para uma nova vida, para servir a DEUS. Ao mesmo tempo as três experiências são simultâneas no sentido de que, na prática, não se separam. Nós as separamos para poder estudá-las. As três constituem a plena salvação. À mudança exterior, ou legal, chamada justificação, segue-se a mudança subjetiva chamada regeneração, e esta , por sua vez, é seguida por dedicação ao serviço de DEUS. Não concordamos em que a pessoa verdadeiramente justificada não seja regenerada; nem admitimos que a pessoa verdadeiramente regenerada não seja santificada (embora seja possível, na prática, uma pessoa salva, às vezes, violar a sua consagração). Não pode haver plena salvação \ sem essas três experiências, como não pode haver um triângulo sem três lados. Representam elas o tríplice fundamento sobre o qual se baseia subseqüente vida cristã. Começando com esses três princípios, progride a vida cristã em direção à perfeição.

 

Essa tríplice distinção regula a linguagem do Novo Testamento em seus mínimos detalhes. Ilustremos assim:

(a) Em relação à justificação: DEUS é o Juiz, e CRISTO é o Advogado; o pecado é a transgressão da lei; a expiação é a satisfação dessa lei; o arrependimento é convicção; aceitação traz perdão ou remissão dos pecados; o ESPÍRITO testifica do perdão; a vida cristã é obediência e sua perfeição é o cumprimento da lei da justiça.

 

(b) A salvação é também uma nova vida em CRISTO. Em relação a essa nova vida, DEUS é o Pai (Aquele que gera), CRISTO é o Irmão mais velho e a vida; o pecado é obstinação, é a escolha da nossa própria vontade em lugar da vontade do Chefe da família; expiação é reconciliação; aceitação é adoção; renovação de vida é regeneração, é ser nascido de novo; a vida cristã significa a crucificação e mortificação da velha natureza, a qual se opõe ao aparecimento da nova natureza, e a perfeição dessa nova vida é o reflexo perfeito da imagem de CRISTO, o unigênito Filho de DEUS.

 

(c) A vida cristã é a vida dedicada ao culto e ao serviço de DEUS, isto é, a vida santificada. Em relação a essa Vida santificada, DEUS é o SANTO; CRISTO é o sumo sacerdote; o pecado é a impureza; o arrependimento é a consciência dessa impureza; a expiação é o sacrifício expiatório ou substitutivo; a vida cristã é a dedicação sobre o altar (Rom. 12:1); e a perfeição desse aspecto é a inteira separação do pecado; separação para DEUS.

E essas três bênçãos da graça foram providas pela morte expiatória de CRISTO, e as virtudes dessa morte são concedidas ao homem pelo ESPÍRITO SANTO. Quanto à satisfação das reivindicações da lei, a expiação proveu o perdão e a justiça para o homem. Abolindo a barreira existente entre DEUS e o homem, ela possibilitou a nossa vida regenerada. Como sacrifício pela purificação do pecado, seus benefícios são santificação e pureza.

Notemos que essas três bênçãos fluem da nossa união com CRISTO. O crente é um com CRISTO, em virtude de sua morte expiatória e em virtude do seu ESPÍRITO vivificante. Tornamo-nos justiça de DEUS nele, (2 Cor. 5:21); por ele temos perdão dos pecados (Efés. 1:7); nele somos novas criaturas, nascidos de novo, com nova vida (2 Cor. 5:17); nele somos santificados (1Cor. 1:2), e ele é feito para nós santificação (1Cor. 1:30). Ele é "autor da salvação eterna"

 

A ressurreição de CRISTO é o grande milagre do Cristianismo. Uma vez que é estabelecida a realidade desse evento, torna-se desnecessário procurar provar os demais milagres dos Evangelhos. Ademais, é o milagre com o qual a fé cristã está em pé ou cai, isso em razão de ser o Cristianismo uma religião histórica que baseia seus ensinos em eventos definidos que ocorreram na Palestina há mais de mil e novecentos anos. Esses eventos, são: o nascimento e o ministério de JESUS CRISTO, culminando na sua morte, sepultamento e ressurreição. Desses, a ressurreição é a pedra angular, pois se CRISTO não tivesse ressuscitado, então não seria o que ele próprio afirmou ser; e sua morte não seria expiatória. Se CRISTO não houvesse ressuscitado, então os cristãos estariam sendo enganados durante séculos; os pregadores estariam proclamando um erro; e os fiéis estariam sendo enganados por uma falsa esperança de salvação. Mas, graças a DEUS, que, em vez de ponto de interrogação, podemos colocar o ponto de exclamação após ter sido exposta essa doutrina: "Mas agora CRISTO ressuscitou dos mortos, e foi feito as primícias dos que dormem!"

 

A ressurreição. Ela significa que JESUS é tudo quanto ele afirmou ser: Filho de DEUS, Salvador, e Senhor (Rom. 1:4). A resposta do mundo às reivindicações de JESUS foi a cruz; a resposta de DEUS, entretanto, foi a ressurreição. A ressurreição significa que a morte expiatória de CRISTO foi uma divina realidade, e que o homem pode encontrar o perdão dos seus pecados, e assim ter paz com DEUS (Rom. 4:25). A ressurreição é realmente a consumação da morte expiatória de CRISTO. Como sabemos pois que não foi uma morte comum — e que realmente ela tira o pecado? Porque ele ressuscitou! A ressurreição significa que temos um Sumo Sacerdote no céu, que se compadece de nós, que viveu a nossa vida e conhece as nossas tristezas e fraquezas; que é poderoso para dar-nos poder para diariamente vivermos a vida de CRISTO. JESUS que morreu por nós, agora vive por nós. (Rom. 8:34; Heb. 7:25.) Significa que podemos saber que há uma vida vindoura. Uma objeção comum a essa verdade é: "Mas ninguém jamais voltou para falar-nos do outro mundo." Mas alguém voltou — esse alguém é JESUS CRISTO! "Se um homem morrer, tornará a viver?" A essa pergunta antiga a ciência somente pode dizer: "não sei." A filosofia apenas diz: "Deve haver uma vida futura." Porém, o Cristianismo afirma: "Porque ele vive, nós também viveremos; porque ele ressuscitou dos mortos, também todos ressuscitaremos"! A ressurreição de CRISTO não somente constitui a prova da imortalidade, mas também a certeza da imortalidade pessoal, (1 Tes. 4:14; 2 Cor. 4:14; João 14:19.) Isto significa que há certeza de juízo futuro. Como disse o inspirado apóstolo, DEUS "tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos" (Atos 17:31). Tão certo como JESUS ressuscitou dos mortos para ser o Juiz dos homens, assim ressuscitarão também da morte os homens para serem julgados por ele.

 

CONCLUSÃO

Dentre as muitas definições do termo pecado encontramos dois principais termos hebraicos awon e peshá. O que é pecado? "o pecado é a transgressão da lei" (1 Jo 3.4; ARA) e "toda iniquidade é pecado" (1 Jo 5.17). A origem do pecado é vista na Bíblia, primeiro, na esfera celeste, através de Lúcifer, que se torna Satanás;  depois na esfera terrestre, com Eva sendo enganada e Adão sendo responsabilizado pela entrada do pecado no mundo e gerando assim, a morte a todos os seres humanos (Rm 5.12), o que é chamado de universalidade do pecado. Isso se deu no Éden.

DEUS em seu infinito amor e misericórdia traçou um plano de redenção antes mesmo da fundação do mundo, já que para DEUS não existe passado, presente e futuro; ELE viu o nascimento do primeiro homem e sua queda e o resultado de seu pecado na raça humana inteira, assim já criou meio pelo qual a raça humana pudesse ser salva, perdoada de seus pecados. Enviou ao mundo a solução para o pecado. Nem tudo estava perdido. DEUS trouxe sua provisão – JESUS CRISTO. Glória a DEUS. Fomos restaurados a DEUS pelo arrependimento (At 3.19; 2 Co 7.10) e pela fé em JESUS (Rm 5.1). Confessamos a JESUS e cremos em sua morte e ressurreição e somos salvos. (Rm 10.9). Sem merecimento algum, somente pelka graça de DEUS (Ef 2.8, 9).

 

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Comentários de algumas Bíblias, Dicionários e Livros

 

Teologia Sistemática Pentecostal - CPAD - Capítulo 6 - Hamartiologia - A Doutrina do Pecado - Pr. Elienai Cabral

Um dos mais profundos problemas da teologia e da filosofia é a existência e a ação do mal. Ao longo da História, o mal tem sido motivo de estudo, pesquisa e discussão, de modo especulativo, mas também de maneira séria. Haja vista o poder do mal impor-se de modo natural na experiência humana, a preocupação com a sua origem desafia a inteligência e aguça o interesse em descobri-lo na sua essência.

Neste campo da realidade universal do mal entra a História da raça humana através da primeira criatura: o homem. Este, por seu livre-arbítrio, cai na rede de engano do agente do mal, o Diabo, e pratica o pecado de rebelião contra o Criador.

O que é pecado? Como se manifesta? Como entrou no mundo? Essas perguntas têm deixado muitos pensadores perplexos. Neste capítulo, trataremos da abordagem teológica e também filosófica acerca do pecado e o que corretamente ensina a Bíblia sobre o assunto.

Introdução à Hamartiologia

A questão do mal é tratada na Bíblia a partir do relato do livro de Gênesis sobre a Queda do homem. O relato histórico descreve o princípio da tentação ao homem e seu pecado, trazendo maldição para a sua vida pessoal e a toda a humanidade. As questões levantadas ao longo da História sobre a Queda serão aclaradas neste capítulo.

Na teologia cristã, a doutrina do pecado ocupa grande espaço porque o cristianismo é a religião da redenção da raça humana. De todas as doutrinas bíblicas, três delas são de vasta amplitude porque tratam de DEUS, do pecado e da redenção. Existe uma inter-relação entre essas três doutrinas. É impossível tratar do pecado sem mencionar a redenção do pecador e, naturalmente, a sua relação com a sua fonte: DEUS.

O termo “hamartiologia” deriva de dois vocábulos da língua grega, a língua do Novo Testamento: hamartia e logos, os quais significam “estudo acerca do pecado”. O termo é aplicável ao pecado, seja este considerado um ato, seja considerado um estado ou uma condição. O sentido do termo é que o pecado é um desvio do fim (ou propósito) estabelecido por DEUS para determinado fato ou conduta humana.

 

O QUE É PECADO

A palavra “pecado” é sinônima de muitas outras usadas na Bíblia, as quais indicam conceitos bíblicos distintos sobre o pecado. São vários os termos que amplificam o conceito de pecado nas suas várias manifestações.

No Antigo Testamento. Encontramos no Antigo Testamento pelo menos oito palavras básicas que conceituam o pecado; no Novo Testamento, temos, pelo menos, doze outras que descrevem as várias formas de manifestações negativas relacionadas com o termo “pecado”. No étimo das palavras mencionadas no Antigo Testamento descobrimos a abrangência do pecado em suas manifestações.

1.    Hattat. Este vocábulo, que aparece 522 vezes nas páginas veterotestamentárias, e seu termo correlato no Novo Testamento — hamartia — sugerem a idéia de “errar o alvo” ou “desviar-se do rumo”, como o arqueiro antigo que atirava as suas flechas e errava o alvo. Porém, o termo também sugere alguém que erra o alvo propositadamente; ou seja, que atinge outro alvo intencionalmente.

Não se trata de uma idéia passiva de erro, mas implica uma ação proposital. Significa que cada ser humano tem da parte de DEUS um alvo definido diante de si para alcançá-lo. O termo em apreço denota tanto a disposição de pecar como o ato resultante dela. Em síntese, o homem não foi criado para o pecado; se pecou, foi por seu livre-arbítrio, sua livre escolha (Lv 16.21; Sm 1.1; 51.4; 103.10; Is 1. 18; Dn 9.16; Os 12.8).

2.    Pesha. O sentido tradicional dessa palavra é “transgredir”, “rebelar”, "revoltar-se”. Porém, uma variante forte para defini-la implica o ato de invadir, de ir além, de rebelar-se. O termo aponta para alguém que foi além dos limites estabelecidos (Gn 31. 36; I Rs 12.19; 2 Rs 3.5; Sm 51.13; 89.32; Is 1.2; Am 4.4).

3.    Raa. Outra palavra hebraica que tem seu equivalente no grego — como kakos ou poneros — e traz a idéia básica de romper, quebrar; “aquilo que causa dano, dor ou tristeza”. E um tipo de pecado deliberado, malicioso, planejado, que provoca e enfurece. Dá a idéia de “ser mau” (Gn 8.21; Ex 33.4; Jr 11.11; Mq 2.1-3). Indica também algo injurioso e moralmente errado. São os pecados expressos por violência (Gn 3.5; 38.7; Jz 11.27).

O profeta Isaías profetizou que DEUS criou a luz e as trevas, a paz e o raa Is 4.57. E o mal em forma de calamidade, ruína, miséria, aflição, infortúnio. DEUS não tem culpa do mal existente, porque, na verdade, a responsabilidade pelos pecados cometidos recai, à luz da Bíblia, sobre a criatura rebelde, transgressora e incriminada, e não sobre o Criador.

4.    Rama quer dizer “enganar”; dá a idéia de prender numa armadilha, num laço. Implica, portanto, um tipo de pecado em forma de cilada para outrem cair. E uma forma de enganar e agir traiçoeiramente (SI 32.2; 34.13; 55.11; Jó 13.7; Is 53.9).

5.    Pata. E um termo que dá a idéia de seduzir. O sentido literal da palavra é “ser aberto” ou “abrir espaço” para o pecado ter livre curso. No Èden, Adão e Eva se deixaram seduzir pelo engano do pecado e pelo pai do pecado (Satanás), personificado numa serpente (Gn 3.4-7).

6.    Shagag. O sentido aqui é “errar” ou “extraviar-se”, como uma ovelha ou um bêbado (Is 28.7). E um tipo de erro pelo qual o transgressor torna-se responsável, ante a lei divina que condena o seu erro — pecado (Lv 4.2; Nm 15.22).

7.    Rasha. Esta palavra aparece especialmente nos Salmos, com a idéia de impiedade ou perversidade. O sentido metafórico é o pecado em oposição à justiça (Êx 2.13; SI 9; SI 16; Pv 15.9; Ez 18.23).

8.    Ta a. Este vocábulo se refere ao ato de extravio deliberado. Não se trata de algo acidental, e sim algo que uma pessoa comete sem perceber o fruto negativo gerado pelos seus atos pecaminosos (Nm 15.22; Sl 58.3; 119.21; Is 53.6; Ez 44.10,15).

Existem outras variantes do termo que ensinam sobre o pecado no Antigo Testamento, mas nos detivemos apenas em oito deles que ilustram a diversidade e a perversidade do pecado em suas várias manifestações.

No Novo Testamento. No grego, a palavra “pecado” também tem vários sentidos, e alguns são correlatos com os termos hebraicos. Todos esses vocábulos do grego bíblico descrevem o pecado em seus vários aspectos. Apresentaremos uma lista menos extensa, mas igualmente proveitosa para definir o incisivas das palavras mais incisivas e usadas com mais freqüência no Novo Testamento acerca do pecado.

1.    Hamartia. Já citada em correlação com kattaa (hb.), seu sentido é “errar o alvo”, “perder o rumo”, “fracassar”. Indica que o primeiro homem, no princípio, perdeu o rumo de sua vida e fracassou em não atingir o padrão divino estabelecido para a sua vida. No Novo Testamento, os escritores usaram o termo bamartia para designar o pecado.

Ainda que o sentido equivalente no Antigo Testamento seja o de “errar o alvo”, nas páginas neotestamentárias a palavra em apreço tem uma abrangência bem maior — possui um sentido mais forte que a idéia de fracasso ou transgressão. Ela tem o sentido de “poder de engano do pecado” (Rm 5.12; Hb 3.13); é mais que um fracasso. Trata-se de uma condição responsável ou uma característica que implica culpabilidade.

2.    Kakia. No grego, relaciona-se com perversidade ou depravação, como algo oposto à virtude. E um termo que descreve o caráter e a disposição interiores, e não apenas os atos exteriores. Dele deriva-se outra palavra, kakos, cujo sentido transcende a mal-estar físico ou doenças (Mc 1.32; Mt 21.41; 24.48; At 9.13; Rm 12.17; 13,3,4,10; 16.19; I Tm 6.10).

3.    Adíkía. Denota injustiça, falta de integridade; como alguém que abandona o caminho original. Em sentido amplo, esse termo refere-se a qualquer conduta errada e significa, ainda, “agravo”, “ofensa feita a alguém” (2 Co 12.13; Hb 8.12; Rm 1.18; 9.14). O texto de Romanos 1.18 descreve a injustiça como inimizade para com a verdade. Em I João 5.17, o apóstolo João afirma que toda iniquidade (gr. adikia) é pecado (gr. hamartia).

4.    Anomia ou anomos. Denotam ilegalidade; tais palavras são traduzidas freqüentemente como “iniquidade” ou “transgressão”. Porém, o sentido literal de literal de anomia é “sem lei”. Quem transgride a lei de DEUS pratica a iniquidade (Mt 13.41; 24.12; I Tm 1.9). O Anticristo é anomos— “o míquo” (2Ts 2.8).

5.    Apistia. Deriva de pistis — “crer”, “confiar” — e significa “infidelidade”, “falta de fé” ou algum tipo de resistência ou vergonha (Hb 3.12; I Tm I.13). Em I Timóteo 1.13 está escrito: “... alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade [gr. apistia]”.

6.    Asebeia. Usado por Paulo nas epístolas com o sentido de impiedade (Rm 1.18; 11.26; 2Tm 2.16;Tt 2.12; Jd vv.I5,I8). Portanto, a impiedade ou a irreverência são a base da asebeia.

7.    Aselgeia. Denota relaxamento, licenciosidade ou mesmo sensualidade. Em Judas v.4 encontramos dois termos que explicam essas palavras: “... homens ímpios [asebeis] que convertem em dissolução [aselgeian, ‘libertinagem’] a graça de DEUS”. Esse termo descreve, pois, uma entrega sem restrições à prática do pecado. Os especialistas o descrevem como algo maldito que domina uma pessoa e a torna impudica de tal modo que perde totalmente o senso de vergonha e, por isso, faz qualquer coisa degradante sem ocultar seu pecado.

O termo em análise significa, por conseguinte, “a pura e auto-satisfação sem o menor pudor”, haja vista o desejo pelos prazeres tornar a sua vítima despudorada, sem restrições. As chamadas taras sexuais, a embriaguez e outras manifestações são típicas de aselgeia. Sem dúvidas, trata-se de uma das palavras mais repulsivas do Novo Testamento (Mt 7.22; 2 Co 12.21; G1 5.19; Ef 4.19; I Pe 4.3; Jd v.4; Rm 13.13; 2 Pe 2.2,7,18). A versão ARC traduz o termo por “libertinagem”, enquanto a ARA prefere “dissolução”.

8.    Epitkymía. Significa “desejo”. Porém, é o contexto da palavra encontrada no Novo Testamento que pode indicar o caráter moral do desejo, se é bom ou mau. Coisas, como: motivo, intenção, direção e relação, revelarão o caráter moral de epithymia (Mc 4.19; Lc 22.15; Fp 1.23; I Ts 2.17). De modo geral, o vocábulo quase sempre se identifica com algo negativo e pecaminoso. Daí o significado poderá indicar “desejo incontinente”, normalmente traduzido como “concupiscência”,

“paixão impura” (G1 5.24; Cl 3.5; I Ts 4.5;Tg I.I4; 2 Pe 2.10).

9.    Parabasis. Aparece nas páginas neotestamentárias umas oito vezes. O significado primário do termo é “transgressão”, que dá a idéia de alguém que não respeita as leis, passando dos limites estabelecidos. Emprega-se esse vocábulo com o sentido de “desvio”, “violação” e “transgressão”. No texto de Romanos 5.14, Paulo faz uma relação entre hamartia e parabasis, ao afirmar: “No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão” (grifos do autor).

O apóstolo Paulo não está dizendo que os que pecaram desde Adão até Moisés estão livres de culpa, e sim que aquelas gerações, não tendo a lei de Moisés, seu pecado era tão real quanto ao dos que tinham a lei. Em I Timóteo 2.14 está escrito que Eva caiu em transgressão (parabasis), ao ser enganada, porque ela foi rebelde contra a ordem divina. Não se tratava de reduzir a culpa de Eva, e sim reconhecer que ela podia ter evitado o pecado de desobediência.

10.                   Paraptoma. Deriva de parapipto e significa “decair ao lado de”, “perder o caminho”, “fracassar”. De modo geral, significa “lapso moral” ou “uma ofensa pela qual a pessoa é responsável”.1 Vários textos exemplificam o termo paraptoma (Mt 6.14; Rm 5.15-20; 2 Co 5.19; G1 6.19; Ef 2.I;Tg 5.16).

11.                   Planao. Tem um sentido subjetivo de pecado porque se refere àquele que se desgarra culposamente. A palavra “desgarrar” relaciona-se com a ovelha que foge do aprisco (I Pe 2.25); também significa levar, por meio do engano, outras pessoas ao mau caminho (Mt 24.5,6; I Jo 1.8).

Todas essas palavras, segundo o seu étimo, descrevem o caráter geral do pecado. Porém, definiremos o pecado, também, em outras perspectivas, para que entendamos toda a sua abrangência na vida humana.

 

O HOMEM ANTES DA QUEDA

 

A Bíblia é a única fonte segura concernente a criação do homem e seu estado original. De forma simples e objetiva o Gênesis declara que, depois de tudo feito — especialmente, o homem —, “viu DEUS que era muito bom” (Gn 1.31). Contudo, a Bíblia não só revela o primeiro estado do homem, como relata a história da perda do seu primeiro estado de santidade, pela Queda, e também a possibilidade de sua restauração (Cl 3.10; Ef 4.24).

Criado à imagem e semelhança de DEUS (Gn 1.26,27). Em que consiste esta imagem de DEUS? Ao longo da História, os teólogos vêm discutindo sobre as diferenças entre “imagem e semelhança”. Porém, a distinção entre as duas características quase se confunde com a diferença entre personalidade (ou pessoalidade) e espiritualidade. No hebraico, as palavras “imagem” (selem) e “semelhança” (demut) exprimem a idéia de algo similar, mas não idêntico à coisa que representa ou de que é uma “imagem”.

Há uma distância infinita entre DEUS e a sua criatura-prima — o homem. Só CRISTO é a imagem expressa da Pessoa de DEUS, como o Filho do Pai, que possui a mesma natureza daquEle. Na verdade, a imagem divina no homem é como a sombra no espelho.

 

 

A ORIGEM DO PECADO NO UNIVERSO

A primeira manifestação foi na esfera angelical. Os teólogos divergem quanto ao fato de que a primeira manifestação de pecado tenha começado no céu. Sendo DEUS o Criador de todas as coisas, não podemos atribuir a Ele a autoria do pecado. Toda a Bíblia rejeita essa idéia quando diz: “Longe de DEUS a impiedade, e do Todo-poderoso, a perversidade” (Jó 34.10).

Em outra passagem está escrito que não há injustiça nEle (Dt 32.4; SI 92.15). Tiago, no Novo Testamento, disse que o Senhor não pode ser tentado pelo mal (Tg I.13). Por isso, é blasfêmia considerar DEUS como autor do pecado. Ora, duas passagens bíblicas que melhor ilustram a origem do pecado no Céu são metafóricas (Is 14.12-14; Ez 28.12-17); daí a dificuldade na compreensão desses textos pelos intérpretes. Do ponto de vista pentecostal esses textos falam do pecado miciado entre os anjos e pelo principal deles, Lúcifer.

Os dois textos acima mencionados são tidos como relacionados à queda de Lúcifer e o começo do pecado no Universo. O primeiro (Isaías) refere-se ao rei caído da Babilônia, cujo orgulho tornou-o soberbo; por isso, ele não pôde subsistir, com tirania e orgulho, ante o DEUS Vivo. Diz o texto que esse rei era elevado e importante, mas por seu orgulho foi cortado como uma árvore.

Segundo, a linguagem metafórica, o texto sugere o relato a história da queda de Lúcifer, denominado “estrela da manhã”, o qual, por sua rebelião foi expulso da presença de DEUS. O segundo texto (Ezequiel) apresenta um lamento sobre o rei de Tiro, mas a linguagem figurada ilustra a queda de Satanás.

O registro bíblico da origem do pecado prossegue noutras referências que tratam do assunto. O que fica claro é que o pecado foi originado por Satanás. Ele pecou antes de Adão e Eva quando se apresentou na forma de uma serpente para tentar Eva (Gn 3.1-6; 2 Co 11.3). JESUS declarou que Satanás é homicida “desde o princípio” (Jo 8.44; I Jo 3.8). A expressão “desde o princípio” não quer dizer que este ser angélico foi sempre mau. Seu primeiro estado era de santidade. A expressão “desde o princípio” indica no contexto da história da criação que Ele se fez opositor do DEUS trino desde o início da criação do mundo.

Entretanto, antes da criação do Universo material, os anjos já haviam sido criados. Mesmo considerando as nossas dificuldades para entendermos plenamente a origem do pecado no céu, sabemos que DEUS conhece todas as coisas e “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1. 11).

O pecado entrou na vida da humanidade através de Adão e Eva (Gn 3.1-19). Como isso aconteceu? A história bíblica descreve como o pecado tomou-se uma realidade na vida da humanidade quando uma criatura extraordinária e espiritual se materializou numa “serpente” (Gn 3.1-7) para enganar as mais belas criaturas da terra, o homem e a mulher. Essa criatura é denominada em outras passagens como “a antiga serpente”, o “Diabo” e “Satanás” (Ap 12.9; 20.2). Foi essa criatura que pecou desde o princípio e se tomou inimiga da criação de DEUS e originou a catástrofe cósmica.

Pela soberana e sábia vontade de DEUS permitiu-se que no Eden, o jardim idílico criado por DEUS para que Adão e Eva vivessem felizes, Satanás penetrasse para tentá-los com astúcia e engano. A história da criação da criatura humana relata que Adão e Eva foram criados “bons” e colocados no Eden para desfrutarem de todas as benesses daquele jardim e manter comunhão com seu Criador (Gn 1.26—2.25). Por serem criaturas, humanas e finitas, estavam sujeitas a pecar.

DEUS, então, estabeleceu para eles uma regra para não comerem de uma árvore denominada “árvore do conhecimento do bem e do mal”, mas Eva se deixou enganar pela insinuação diabólica da serpente e tomou do fruto, comeu e o deu ao seu marido (Gn 3.6). Duvidaram da veracidade da palavra de DEUS e acataram as insinuações do Inimigo. Daí desobediência, egotismo, rebeldia, pecado, queda e suas consequências, que se transmitiram à toda posteridade de Adão.

O pecado de Adão foi um ato pessoal. Já consideramos o fato de que o pecado é um estado da vontade e que esse estado egoísta da vontade é universal. Uma vez que o homem preferiu obedecer ao seu “eu”, pervertendo sua própria vontade, também, tornou-se responsável pelas consequências de sua transgressão.

Ele adquiriu uma natureza corrompida e afetou universalmente toda criatura na terra. Seus atos pecaminosos e suas disposições são frutos de seu estado corrupto inato. JESUS explicou muito bem esse ponto quando disse: “... não há árvore boa que dê mau fruto... o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal” (Lc 6.43-45; Mt 12.34).

Tentação e Queda não são coisas míticas ou alegóricas. Tem havido a tentativa de pseudo-teólogos tornarem o relato escriturístico da tentação e a Queda como algo alegórico. Não há qualquer linguagem figurada em Gênesis 3 que negue o fato histórico relatado naquela passagem. No desenrolar da tentação Satanás apelou aos apetites que poderiam dar a Eva o prazer de fazer sua própria vontade em desobediência do Criador. Satanás apelou aos sentidos egoísticos de Eva e ela deu ouvidos ao tentador em vez de rejeitar e expulsar o tentador que visava levá-la a desobedecer a DEUS (Gn 3.1-3).

Satanás levou o casal a duvidar da veracidade de DEUS insinuando que o Criador estaria tirando deles o direito de conhecer coisas mais sublimes. Adão e Eva, então, pecaram e deixaram que seus corações fossem corrompidos e afetasse seus apetites naturais. Diz o relato bíblico que sua disposição interior manifestou-se em atos. O texto diz, literalmente: “... ela tomou do seu fruto, e comeu, e deu também ao seu marido, e ele comeu com ela” (Gn 3.6).

O homem seguiu a indução do seu coração e fez a escolha do seu “eu” em desacordo com DEUS. Portanto, o pecado surgiu de dentro do homem, do seu interior, e ele transgrediu a lei do Senhor (Tg I.I5).

 

O PECADO ORIGINAL E SUA AFETAÇÃO

 

Distinção entre pecado original e culpa original. Na língua latina usa-se a expressão peccatum originale, que se traduz literalmente por “pecado original”. Para entendermos o assunto precisamos fazer distinção entre pecado original e culpa original.

1.    Por pecado original entendemos que se trata do pecado herdado de nossos primeiros pais, Adão e Eva, o qual passou a toda criatura humana.

2.    A culpa não é herdada, e sim imputada a cada criatura. A expressão “pecado original” não se encontra na Bíblia de forma literal, mas a sua manifestação está implícita na história da Queda; por isso, o pecado original está na vida de todo ser humano desde o seu nascimento. Outrossim, precisamos esclarecer que a expressão “pecado original” nada tem que ver com a constituição original do homem, haja vista DEUS não o ter criado pecador.

Toda criatura humana é culpada em Adão e consequentemente tem sua natureza corrompida desde o nascimento (SI 51.5; 58.3).

 

Pecados veniais e pecados mortais. A igreja romana ensina e faz distinção entre pecados veniais e mortais. Ao mesmo tempo, ela tem dificuldades em distinguir esses pecados. Tal distinção não é bíblica, visto que todo pecado é anomia diante de DEUS — termo grego que significa “falta de retidão”, “falta de obediência à lei”.

O Antigo Testamento faz distinção entre os pecados cometidos intencionalmente e os praticados por ignorância. Se cometido intencionalmente ou por ignorância, o pecado não deixará de ser pecado, porque é um fato e torna a pessoa culpada diante de DEUS (Gl 6.1; Ef 4.18; I Tm I.I3; 5.24). No Novo Testamento, o apóstolo Paulo deixou clara a idéia de que o grau do pecado é determinado pelo grau de conhecimento (luz) que o pecador possua (Rm LI8-32).

 

A CULPA DO PECADO

O que e qual é a culpa do pecado? Ora, a culpa é o sentimento pessoal na consciência, de transgressão de uma lei mediante o ato do pecado. Inclui a idéia dupla de responsabilidade pelo ato praticado do pecado, assim como a punição (castigo) pelo pecado. A punição, ou seja, a pena, segue automaticamente ao pecado.

A culpa é o estado ou a condição delituosa de quem transgrediu a lei. A culpa toma forma de condenação pela desaprovação de DEUS. Logo após Adão e Eva terem pecado, seus olhos foram abertos, ou seja, tiveram consciência de suas culpas: “então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus” (Gn 3.7). A culpa é a convicção na consciência, pela violação voluntária da lei de DEUS. O transgressor é conscientizado pela consciência ou pela lei, que o seu ato exige expiação para que seja perdoado.

Já dissemos anteriormente acerca da distinção entre pecado original e culpa original. Pelágio, teólogo inglês, renegava a idéia do pecado original porque entendia que os homens que nascem no mundo, desde a Queda, vivem no mesmo estado em que Adão foi criado e que o pecado deste prejudicou apenas a ele próprio. Por isso, essa teoria rejeita a ideia da hereditariedade do pecado sobre toda a raça humana.

Pelágio ensinava que Adão morreu pela constituição de sua natureza, tivesse ele pecado ou não. Entretanto, o ensino claro da Bíblia a esse respeito não deixa dúvida de que a culpa original se refere àquela recebida por Adão e Eva após terem pecado contra a lei de DEUS.

o viver em pecado consiste então, em viver uma vida centralizada no “eu” e significa o fazer a própria vontade como a da vida. Neste sentido o homem merece receber a punição do seu pecado ( Rm 5.12).

A natureza da culpa. Ainda que haja uma interligação entre os pontos destacados neste capítulo, ao tratar da natureza da culpa, entendemos que o mérito da culpa é a punição. Culpa, portanto, significa o merecimento da punição, por ter o culpado de satisfazer a justiça divina pelo seu pecado praticado.

O apóstolo Paulo escreveu aos romanos que “do céu se manifesta a ira de DEUS sobre toda a impiedade e injustiça dos homens” (Rm 1.18). Ora, a ira de DEUS no contexto dessa passagem significa a reação da santidade de DEUS contra o pecado; não importando se tenha ocorrido por ato ou estado, o pecado acarreta a manifestação da justiça de DEUS.

A culpa legal O aspecto legal da culpa perante DEUS diz respeito ao fato de que quando Adão e Eva cometeram o pecado contra a ordem divina, tornaram-se legalmente culpados e dignos da pena estabelecida por DEUS. O Criador havia lhes dito que um só ato de desobediência à sua palavra implicaria na pena de morte (Gn 2.17). O apóstolo Paulo entendeu essa questão doutrinária e declarou que “o juízo veio de uma só ofensa, para condenação” (Rm 5.16).

Portanto, por um só ato pecaminoso contra DEUS, Adão tomou-se incapaz de permanecer na presença santa de DEUS. Essa ofensa de Adão tornou-se a culpa de toda sua descendência, de toda a raça humana. Perante DEUS, legalmente, todos são culpados, “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de DEUS” (Rm 3.23).

Isso significa que em Adão todos participaram da sua transgressão. A expressão “estão destituídos da glória de DEUS” indica a necessidade de recuperação do primeiro estado de glória de Adão antes da Queda. Significa a recuperação daquela realeza moral e espiritual que o homem tinha, isto é, a imagem e semelhança de DEUS, deformada pelo pecado. Foi o segundo Adão, JESUS CRISTO, quem veio a este mundo para recuperar a glória perdida do homem (Rm 3.24-26).

A culpa não significa mera propensão ao castigo. Isso significa que a culpa incorre mediante a transgressão do pecador. Não há na justiça de DEUS o conceito de culpa construtiva, porque o pecador é culpado por aquilo que tem praticado. Somos culpados do pecado, tanto em relação a culpa original de nossos primeiros

pais quanto pelos pecados que cometemos hoje. Devemos entender que somos culpados pela natureza pecaminosa herdada de Adão e Eva. Esse é o aspecto coletivo que abrange todos os homens. Porém, cada um de nós é individualmente responsável pelos seus próprios pecados.

A manifestação da culpa na consciência humana. A culpa do pecado se manifesta na consciência, que é o componente racional e moral do espírito humano, para sinalizar o certo e o errado nas decisões do ser humano (Rm 2.15,16). Pela corrupção moral e espiritual do homem por causa da Queda, há em todo homem uma disposição geral para o pecado e para esconder ou negar a responsabilidade pelo pecado cometido, como fizeram Adão e Eva (Gn 3.8-14).

Entende-se, portanto, que a acusação de sua consciência contribuiu para assinalar a culpa do pecado. Visto que o pecado é transgressão diante de um DEUS SANTO, o pecado é merecedor de punição e reprovação divina. A culpa se manifesta como um resultado objetivo, isto é, ela é produzida mediante o fato da prática do pecado e não deve ser confundida com o papel da consciência que expõe a culpa subjetivamente.

Ora, o que é consciência subjetiva da culpa? O que está revelado em Levítico 5.17 esclarece bem este ponto, quando diz: “e, se alguma pessoa pecar e fizer contra algum de todos os mandamentos do Senhor o que não se deve fazer, ainda que o não soubesse, contudo, será ela culpada e levará a sua iniquidade”.

A expressão “ainda que o não soubesse” indica que a culpa implica inicialmente uma relação com DEUS e, depois, uma relação com a consciência. O texto trata da prática do pecado por ignorância, por não se saber que determinada ação seja pecaminosa. Então a consciência age subjetivamente.

Um determinado teólogo declarou que “o maior dos pecados é não estar consciente de nada”, isso porque a consciência pode tornar-se cauterizada, pela multiplicação do pecado, extinguindo no pecador a sensibilidade moral acerca do que é errado ou certo. Por isso, quando andamos com DEUS segundo a sua justiça a partir da conversão, somos por Ele santificados quanto ao pecado, e a nossa santificação subjetiva pelo ESPÍRITO SANTO desenvolve em nós mais e mais a consciência da realidade do pecado.

A culpa tem relação com a lei moral de DEUS. “A culpa não faz parte da essência do pecado, mas é, antes, uma relação com a sanção penal da lei”.10 Por isso, a culpa só pode ser removida mediante a satisfação da lei. Visto que a justiça original no homem tornou-se em “trapos de imundícia” (Is 64.6), a justiça requerida tem de ser vicária e pessoal. Ela pode ser transferida de uma pessoa para outra, mas, nenhuma criatura humana teria condições para assumir os pecados das demais, por sermos todos uma raça de pecadores (Sm 14.1-3; Rm 3.9-12).

Veio JESUS CRISTO, da parte de DEUS; se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14), assumindo a penalidade da lei, causada pela nossa culpa, tomando-se o nosso substituto vicário, justificando o homem dos seus pecados (Rm 4.24,25; 5.1,8). Adão cometeu o pecado e na qualidade de chefe federal da raça humana; por ele foi imputada a todos os seus descendentes a culpa do pecado. A Bíblia enfatiza este ensino quando declara que a morte é o castigo do pecado, para todos os seus descendentes (Rm 5.12-19; Ef 2.3; I Co 15.22).

Graus de culpa. Tem havido interpretações equivocadas sobre esse ponto. Não obstante, é fato bíblico que existem diferentes graus de culpa atribuídos a certos tipos de pecados. Não encontra aqui respaldo a doutrina católica romana que distingue pecados veniais e pecados mortais. Com esse conceito a Igreja Romana entende que pode determinar o grau do pecado de uma pessoa e aplicar à mesma a penitencia equivalente.

Ora, entendemos que todo pecado é venial, isto é, pode ser perdoado. A exceção está no “pecado contra o ESPÍRITO SANTO” (Mt I2.3I).Que tipos de pecados são esses para os quais são atribuídos graus de culpa? Na realidade, existem pecados perdoáveis e os pecados não perdoáveis, ou seja, pecados que são para a morte e pecados que não são para a morte.

Em I João 5.16,17 está escrito: Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não é para a morte; orará, e DEUS dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda iniquidade é pecado, e há pecado que não é para morte.

 

Percebe-se que há um contraste entre o pecado para a morte e o que não é para a morte. Há quem diga que o pecado para morte é aquele que, sendo extremamente grave, conduz inevitavelmente à morte eterna; e que o pecado que não é para a morte seria o pecado venial; ou seja, o menos grave. São idéias sem suporte bíblico.

Outros afirmam que esse texto refere-se a “pecados intencionais ou não”, sendo o último o pecado perdoável, e o primeiro, não (Nm 15.22-30). Naturalmente, o sentido da palavra “morte” no contexto dessa passagem refere-se à morte física, e isso se toma claro quando o autor aconselha a orar para que tenha vida, e diz, literalmente: “orará, e DEUS dará a vida àqueles que não pecarem para morte”.

Ora, a Bíblia afirma que toda iniquidade é pecado (I Jo 5-17). Portanto, distinguir e graduar os tipos de pecados é impraticável. E bem verdade que, em I Coríntios 11.30, Paulo fala de um tipo de juízo que afeta o crente que peca até ao ponto de DEUS aplicar-lhe disciplina. Mas a morte física, aqui, não significa morte eterna ou punição final, e sim morte que não é final.

Nessa esfera, poderíamos apontar os pecados de ignorância e pecados de conhecimento, como cita Strong:11 pecados da carne (Gl 5.19-21); o pecado de blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO (Mt 12.31,32).

 

Strong escreveu:

... o pecado contra o ESPÍRITO SANTO não deve ser considerado como um simples ato isolado, mas também como o sintoma exterior de um coração tão radical e irreversível contra DEUS que nenhuma força que DEUS possa consistentemente usar o poupará.

Tal pecado, portanto, só pode ser o clímax de um longo curso de endurecimento de si mesmo e depravação de si mesmo.

Em relação ao episódio da blasfêmia dos fariseus contra JESUS entendemos que o pecado de blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO refere-se, no ensino do Mestre, à atribuição voluntária e consciente de seus adversários de que a obra que Ele fazia era demoníaca. Tratava-se de uma rejeição presunçosa daquela casta religiosa à pessoa de JESUS e a atribuição de ação demoníaca à obra do ESPÍRITO SANTO.

Realidade da ação do pecado

Consequências do pecado no mundo. Indiscutivelmente, o pecado trouxe graves consequências ao Universo, especialmente à vida na Terra. A Bíblia faz várias declarações a respeito da universalidade do pecado. Por exemplo, temos no Antigo Testamento alguns exemplos, tais como: “não há homem que não peque” (I Rs 8.46); “porque à tua vista não há justo nenhum vivente” (Sm 143.2).

Paulo, em Romanos, disse: “Não há um justo, nenhum sequer; não há quem faça o bem, nenhum sequer” (Rm 3.10-12); “pois todos pecaram e carecem da gloria de DEUS” (Rm 3.23). O apóstolo João também disse: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (I Jo 1.8).

A escolha preferencial do “eu” em detrimento de DEUS. O pecado de Adão e Eva foi uma escolha feita por ambos, uma escolha preferencial do “eu”, em detrimento de DEUS como objeto do sentimento e fim principal de suas vidas. Preferiram atender aos ímpetos do seu ego a fazer de DEUS o centro de suas vidas. Renderam-se incondicionalmente ao seu ego em prejuízo do projeto do Criador para suas vidas.

O Dr. E.G. Robinson, citado por Berkhof, escreveu que “enquanto o pecado como estado é dessemelhança em relação a DEUS, como princípio é oposição a DEUS, e como ato é transgressão à lei de DEUS”. Portanto, entendemos que o pecado não é, meramente, algo de fora (ou externo), tampouco é o fruto de coação vinda de fora, mas “é uma depravação dos sentimentos e uma perversão da vontade, que constitui caráter íntimo do homem”. A realidade do pecado traz as consequências inevitáveis que são a culpa e o castigo.

 

A HEREDITARIEDADE DO PECADO

Como um ato de pecado individual afetou a todos? A Bíblia tem a resposta cabal desta questão. Paulo, em Romanos disse “que todos pecaram” (Rm 3.23) e dá a idéia de que todos os seres humanos participaram da transgressão de Adão; e, como indivíduos, tornaram-se pecadores. Ele explica os efeitos do pecado de Adão: “Portanto, por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens” (Rm 5.12).

Paulo não estava falando de pecados factuais, do dia a dia, mas da herança do pecado. A morte, como punição do pecado, tem um caráter universal, porque “a morte passou a todos os homens”. Por causa do pecado de Adão, todos os seus descendentes tomaram-se pecadores e culpados. Porém, DEUS providenciou a nossa expiação — nas palavras de Paulo — outra vez: “Mas CRISTO morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8).

Portanto, o pecado é hereditário. A sua universalidade deve-se à corrupção da natureza humana. E a Palavra de DEUS afirma que o primeiro homem violou a vontade expressa de DEUS, e, por consequência, toda a vida humana se corrompeu. Inevitavelmente, quando o homem se depara com a idade da consciência moral, está tão identificado com os maus impulsos existentes dentro de si que precisará esforçar-se para manter o equilíbrio moral e espiritual de sua vida.

Não se trata meramente de um impulso momentâneo da sua vontade, mas é algo implícito na sua natureza pecaminosa, que é sinistro e obscuro. A tendência má que se revela numa criança se percebe na semente dessa tendência má. Nesse sentido, toda criança é pecadora, conquanto não tenha culpa pessoal. Não podemos cobrar responsabilidade pessoal de uma criança recém-nascida.

A Bíblia e a consciência moral dão testemunho da responsabilidade que temos de nossa vida, apesar da natureza que temos herdado. Na verdade, a herança do pecado se constituí numa condição de vida, para a qual precisamos da graça salvadora de CRISTO para dominá-la. Por isso, mesmo como pecadores regenerados pelo ESPÍRITO SANTO precisamos negar-nos a nós mesmos, tomar a nossa cruz e sermos crucificados com CRISTO (G1 2.20).

Todo ser humano nasce com uma natureza corrompida. Todos os atos pecaminosos das pessoas são frutos de sua natureza pecaminosa. Ora, o que se entende por natureza

no contexto desse estudo? Ê aquilo que é inato em cada pessoa, isto é, nasce com ela. JESUS, disse, certa feita aos seus discípulos que “não há árvore boa que dê mau fruto... o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal” (Lc 6.43-45).

Portanto, não há criatura humana neste mundo que não tenha nascido com uma “natureza corrompida”. E algo que faz parte do seu ser e é subjacente à sua própria consciência. Por isso, toda criatura constitui-se pecadora diante de DEUS, visto que o pecado em si é herança comum de todas as criaturas sobre a terra.

O salmista Davi declarou que fora formado em iniquidade e concebido em pecado (Sm 51.5). Na verdade, com isso, confessou não o pecado de sua mãe, e sim o seu próprio pecado, e que esse estado — entendeu ele — vinha desde o momento de sua concepção.

A natureza corrompida e congênita de toda criatura humana. O apóstolo Paulo usou uma expressão forte em Efésios, a qual merece a nossa apreciação: “éramos por natureza filhos da ira” (2.3). A expressão “filhos da ira” denota o estado de condenação por causa da herança do pecado que todos recebemos de nossos pais (Adão e Eva). Entende-se por “natureza” algo inato e original distinto daquilo que se adquire posteriormente.

Sem dúvida, o apóstolo coloca o texto no passado com o verbo “éramos”, para indicar que, ao sermos regenerados pelo ESPÍRITO SANTO, fomos agraciados pela graça de DEUS. A criança é despida de consciência moral, mas congenitamente possui a natureza pecaminosa herdada. Por isso, a morte é a penalidade global que afeta todas as pessoas e, inevitavelmente, afeta as crianças, haja vista elas morrerem como todos os demais seres.

As crianças estão colocadas num estado de pecado e, por isso, necessitam de regeneração e salvação através de JESUS CRISTO. Naturalmente, elas são objeto de salvação pela graça de CRISTO, que as salva, independentemente da consciência moral. Contudo, a condição dos adultos é diferente da das crianças. O adulto precisa de fé pessoal para ser salvo, e a Bíblia declara que CRISTO morreu por todos (2 Co 5.15).

No Juízo Final, as pessoas serão julgadas mediante o teste da conduta pessoal, enquanto as crianças, mesmo tendo uma tendência para mal, são incapazes de transgressão pessoal; por isso, cremos que elas estarão entre os salvos (Mt 25.45,46).

Adão depois da Queda. Já dissemos anteriormente que Adão e Eva, quando pecaram, perderam o direito do primeiro estado de santidade em que foram criados e vieram a ser objeto de várias mudanças negativas transcendentais.

      I.          O casal submeteu-se ao domínio da morte espiritual. A penalidade declarada por DEUS antes da Queda foi: “porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Imediatamente ao ato pessoal do pecado, Adão e Eva tiveram a sentença cumprida. Não só se tornaram culpados e submissos à

pena do pecado com a limitação da vida física e a morte física posteriormente, mas imediatamente ficaram sob a égide da morte espiritual, perdendo a comunhão livre que tinham com DEUS, separando-se da relação com Ele.

2.    O juízo de DEUS veio também sobre Satanás e a serpente usada por ele (Gn 3.14). O Criador predisse, então, o futuro conflito entre CRISTO e o Diabo, conforme Gênesis 3.15: “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente, esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.

A semente da mulher foi JESUS CRISTO, que, sendo o Filho de DEUS, fez-se homem, para identificar-se com os homens, e foi ferido no Calvário. JESUS morreu na cruz, mas não foi retido na sepultura e na morte. Pelo contrário, pelo ESPÍRITO SANTO foi ressuscitado e venceu a morte e o próprio Diabo. Ele morreu por toda a humanidade; além disso, anulou a sentença da morte eterna aos que o aceitarem como Salvador e Senhor.

3.    DEUS proferiu um juízo específico sobre a mulher, Eva, a qual experimentaria a dor ao dar a luz seus filhos e seria submissa ao seu marido (Gn

16.                  . Quarto, uma maldição especial caiu sobre o homem, Adão, o qual teria que lavrar a terra, agora maldita com espinhos e cardos, para obter sua subsistência (v. 17).

A terra foi amaldiçoada (Gn 3.17.18) e o efeito do pecado atingiria a vida dos descendentes de Adão. Foi expulso do Jardim de DEUS e começou a experimentar a dor e a luta para sobreviver. O pior em toda esta maldição foi Adão experimentar a morte espiritual e, por isso, perder sua comunhão com o Criador e sofrer a pena da morte física.

Três imputações. Como resultado imediato da Queda, todo o gênero humano foi atingido. A Bíblia menciona, pelo menos, três imputações decorrentes do pecado de Adão:

1.    Seu pecado foi imputado à sua posteridade (Rm 5.12-14).

2.    Seu pecado foi imputado a CRISTO (2 Co 5.21).

3.    DEUS imputou sua justiça sobre os que crêem em CRISTO (Gn 3.15; 15.6; Sl 32.2; Rm 3.22; 4.3,8,21-25; 2 Co 5.21). Nesse sentido, a Bíblia revela que se efetuou uma transferência de caráter judicial do pecado do homem para JESUS CRISTO, que levou sobre a cruz o pecado da humanidade (Is 53.5; Jo 1.29; I Pe 2.24; 3.18).

Outra verdade, nesse contexto, é o fato de que, de igual modo, DEUS efetuou a transferência, de caráter judicial, da justiça de DEUS para o crente em CRISTO (2 Co 5.21), visto que o único modo de justificação ou aceitação diante de DEUS era este. Por este ato justificador de CRISTO, o crente passa a fazer parte da vida organística de CRISTO, isto é, do seu corpo e, por conseguinte, participa de tudo o que CRISTO é.

Torna-se claro, portanto, que a participação dos homens na Queda resultante do pecado não se efetua quando cometem seus primeiros pecados, porque eles nascem sob a égide do pecado, como criaturas caídas, procedentes de Adão. Os pecadores não se convertem em pecadores por meio da prática de qualquer pecado individual, mas eles pecam imbuídos pela sua própria natureza pecaminosa adquirida; por isso, são pecadores.

O significado de estar debaixo do pecado. O texto de Romanos 3.9 diz, literalmente: “Pois quê? Somos melhores do que eles? De maneira nenhuma, pois já demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado”. Quando Paulo escreveu sobre esse assunto, estava enfrentando discussões e polêmicas entre os cristãos convertidos em Roma, cidade que reunia judeus e gentios.

Cada qual tentava justificar sua posição diante de DEUS. Paulo, então, colocou ambos na mesma condição e posição, quando disse: “Todos estão debaixo do pecado”. Uma vez que pecado é transgressão da lei de DEUS, o próprio judeu que possuía a lei de DEUS foi o primeiro a pecar contra ela.

O gentio, por outro lado, não tinha a lei de Moisés, mas tinha a lei da consciência escrita no coração e não podia justificar-se diante de DEUS, tanto quanto o judeu. Paulo mostrou aos Romanos, em 3.10-12, a universalidade do pecado; e terminou enunciando o veredicto final de DEUS contra o pecado em 3.19,20. O judeu tendo a lei de Moisés não conseguiu justificar-se do pecado mediante as obras da lei, e está incluído na universalidade da frase: todos estão debaixo do pecado”. O remédio para o pecado está, não em algum mérito pessoal do pecador, mas no mérito da obra expiatória de CRISTO que tira o pecador do estado de pecado e o coloca “debaixo da graça salvadora de DEUS através de CRISTO JESUS (Rm 5.1). Vemos, então, que “o pecador é salvo com base meritória, mas o mérito é daquEle que foi feito justiça de DEUS para ele”.

 

O CASTIGO do pecado

Já dissemos que o pecado é tanto um ato como um estado. E um ato porque o homem mesmo preferiu, de seu livre-arbítrio, desobedecer à lei de DEUS, rebelando-se contra Ele. Porém, o pecado implica um estado pecaminoso porque o homem quebrou a comunhão e a relação com o seu Criador, separando-se dEle. Inevitavelmente, segue-se à prática do pecado o juízo, ou seja, o castigo positivo (Gn 2.17; Rm 6.23).

O castigo imediato do pecado. Em pontos anteriores já abordamos sobre o castigo sem aprofundar a sua importância no contexto da doutrina do pecado. A partir do capítulo

3.    de Gênesis, a Bíblia trata da Queda e dos efeitos imediatos do pecado na vida do homem. Adão experimentou, de modo imediato, as consequências do seu pecado após ter desobedecido a DEUS. Fugiu da presença de DEUS no jardim do Éden (Gn 3.8) levando consigo o estigma do pecado e tomando-se culpado aos olhos de DEUS.

1.    O pecado desfigurou a imagem divina do homem. Adão não perdeu completamente a imagem divina porque em parte permaneceram nele os elementos de pessoalidade dessa imagem, na sua alma e no seu espírito. Porém, esses elementos da imagem foram desfigurados pelo pecado. Em que consistia a imagem original de DEUS no homem? O texto de Gn 1.26,27 diz que o homem foi criado à imagem de DEUS. “Strong define a pessoalidade, como imagem natural de DEUS e a santidade como imagem moral de DEUS. Em relação à pessoalidade, o homem foi criado como ser pessoal e isto o distingue dos seres irracionais”.

Trata-se da capacidade do homem para pensar, conhecer a si mesmo e relacionar-se com o mundo ao seu redor e determinar o seu “eu” quanto ao certo e o errado, ao que é justo e o que é injusto (Gn 9.6; I Co 11.7; Tg 3.9). Em relação à imagem moral, o homem foi dotado de sentimento, inteligência e vontade que o capacita a ter escrúpulos e autodeterminação quanto à justiça e santidade. Esse sentido moral da imagem divina no homem revela-se na finalidade da sua criação que é a retidão. Diz a Bíblia que “DEUS fez o homem reto” (Ec 7.29) e a justiça é essencial à sua imagem (Ef 4.24; Cl 3.10). Mas ele a distorceu por seu pecado afetando toda a criação e sua descendência (Rm 5.12).

2.    O pecado deu origem a um estado pecaminoso que afetou toda a raça humana. Myer Pearlman afirmou: “O efeito da Queda arraigou-se tão profundamente na natureza humana, que Adão, como pai da raça humana, transmitiu a seus descendentes a tendência ou inclinação para pecar”. Neste aspecto toda criatura humana é pecadora porque adquiriu a imagem degenerada e decaída de seu pai.

Ernesto Naville escreveu: “Não digo que todos sejamos malfeitores manifestos, mas, sim, afirmo que em cada um dos homens existe o princípio do egoísmo que é a natureza do pecado”. Existe uma disposição entranhada no interior de cada criatura humana para praticar o pecado (Ef 2.2,3), e Paulo ensina e atribui a universalidade do pecado ao cabeça da raça humana (Rm 5.12).

O apóstolo Paulo tratou profundamente da doutrina do pecado e ensina que os cristãos autênticos, antes de serem alcançados pela graça de DEUS, mediante a obra expiatória de CRISTO, viviam em ofensas e pecados, fazendo a vontade do

Diabo, da carne e dos pensamentos, e por isso eram considerados “filhos da ira divina” (Ef 2.3).

Mais uma vez Myer Pearlman esclarece esse assunto:

Esta condição moral da alma é descrita de muitas maneiras: todos pecaram (Rm 3.9); todos estão debaixo da maldição (Cl 3.1 0); o homem natural é estranho às coisas de DEUS (l Co 2.14); o coração natural é enganoso e perverso (Jr 1 7.9); a natureza mental e moral é corrupta (Gn 6.5,12; 8.21; Rm 1,19-21); a mente carnal é inimizade contra DEUS (Rm S. 1,8); o pecador é escravo do pecado (Rm 6.11; 1.15); é controlado pelo príncipe das potestades do ar (Ef 2.2); está morto em ofensas e pecados (Ef 2.1); é filho da ira (Ef 2.3).

3.    O pecado acarretou punições naturais e físicas na vida do homem. Louis Berkhof diz que são “punições naturais e positivas” em que as leis naturais da vida são violadas. São punições de ordem física que resultam em doenças, dores e sofrimentos ao homem. Não se trata de punições imediatas à qualquer prática de pecado, mas se trata daquelas doenças impregnadas na terra, no ar e nas águas. Essas punições naturais resultam da “maldição do pecado” no nosso planeta.

A promessa de cura e redenção da Terra e do homem provém da pessoa de JESUS, o Filho de DEUS, que se fez carne, habitou entre nós, para expiar a culpa do pecado dos homens (Gn 3.15; Is 53.4,5; Rm 5.21). Os sofrimentos da vida tomaram-se realidade na vida cotidiana do homem, como resultado da penalidade do pecado.

Seu corpo físico tomou-se presa de doenças e fraquezas provocando mal-estar e desconforto. Sua vida mental e emocional ficou sujeita a angústias, tristezas, paixões sem domínio e desejos conflitantes. Sua vontade perdeu a capacidade de escolha, e conforme disse Paulo, toda a criação ficou sujeita à vaidade e escravidão (Rm 8.20). De certo modo, nosso sofrimento físico nos dá, pela morte física, a esperança de obtermos, um dia, corpos transformados e espirituais.

4.    O pecado gerou um contínuo conflito moral e espiritual entre corpo e alma de cada criatura humana. Tão logo o homem pecou, entranhou-se em seu ser um conflito entre sua natureza superior, expressa por alma e espírito, e sua natureza inferior, manifesta através do corpo. O homem se encontrou dividido em si mesmo, e sua natureza física e inferior, tornou-se frágil e subjugada aos poderes do pecado (Rm 7.24).

O grande pregador Charles H. Spurgeon falou em uma de suas pregações que “o mar todo fora do navio não causa dano enquanto a água não penetra nele e enche- lhe o porão”. Aprendemos com esse ensino de Spurgeon que o perigo está dentro de nós mesmos. E interno e na linguagem metafórica da Bíblia esse perigo chama-se coração, que é, de fato, o nosso maior inimigo, porque nos engana. A síntese dessa idéia é que devemos ter o coração sob controle para que ele não nos engane.

Nesse fato está a questão da tentação. Ela em si mesma não se constitui pecado, mas ela pode se tornar em ocasião para o pecado. O Novo Testamento, especialmente, fala constantemente sobre “carne e espírito” como opostos um ao outro (Gl 5.13,24; Mt 26-41). Esse conflito envolve a totalidade da pessoa, porque a “carne” induz a volta ao domínio do pecado, no caso do cristão. Porém, o cristão fortalece o seu espírito para vencer a carne e estar submisso ao senhorio de CRISTO JESUS e do ESPÍRITO SANTO (Gl 5.16; Rm 8.4-14).

5.    O pecado despertou a consciência do homem. Diz o texto literalmente: “Então, foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus, e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (Gn 3.7). Na verdade, quando os seus olhos foram abertos, os olhos de suas almas, olhos do interior, uma forte convicção de que haviam desobedecido a DEUS lhes sobreveio. Quando já era demasiado tarde, compreenderam a loucura de haver comido do fruto proibido por DEUS.

A lei moral de suas consciências deu o sinal quando descobriram que estavam nus. Esta consciência de nudez os fez perceber que haviam perdido todas as honras e encantos da vida no paraíso que DEUS havia feito para eles. Outrossim, ficaram envergonhados, porque se viram frente ao desprezo e à perda da comunhão com o Criador. Ficaram totalmente indefesos, porque, a partir da Queda, estavam sós, sem a presença do Criador.

6.    O pecado trouxe ao homem a punição da morte física. Paulo declarou que por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte” (Rm 5.12). A palavra “morte”, thanatos (gr.), significa separação das partes física e espiritual do ser humano. Indiscutivelmente, a separação de corpo e alma faz parte da penalidade imediata do pecado. A Bíblia diz que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).

Pelágio e seus discípulos ensinaram que a morte física fazia parte do primeiro estado do homem antes do pecado e que ele fora criado como um ser mortal. Naturalmente, esse conceito errôneo foi rejeitado através da história. A igreja adotou uma posição definida quanto a questão da morte, a saber, que a morte sempre se constituiu uma penalidade do pecado.

O castigo disciplinador Os teólogos procuram fazer distinção entre castigo, punição e pena e, sem dúvida, há certa distinção que deve merecer a nossa apreciação. Entretanto, preferi usar o termo castigo com abrangência ao modo de tratamento de DEUS quanto aos pecados cotidianos dos cristãos e quanto aos pecados que implicam o tratamento final de DEUS.

Nesse ponto, especialmente, o castigo disciplinador relaciona-se com o comportamento do cristão, e objetiva corrigido e repreendê-lo, a fim de que não se perca. A doutrina no que tange a esse tipo de castigo revela que é possível até

mesmo morte prematura do cristão como modo de disciplina divina e a salvação da alma (I Co 11.30-32). O autor da Carta aos Hebreus faz uma distinção entre filhos e bastardos (Hb 12.6-8). Neste texto DEUS se mostra como “Pai amoroso que corrige os filhos”; por isso, a correção tem sentido disciplinador.

Quando o escritor emprega o termo “bastardo”, faz isso para distingui-lo do filho verdadeiro de DEUS, aquele que aceita a correção do Pai (v.8). Chafer escreveu, em sua Teologia Sistemática, que “a disciplina, numa forma ou outra, é a experiência universal de todos os que são salvos; o ramo que produz fruto é podado, para que produza mais fruto ainda (Jo 15.12)”.

O castigo (a pena) final do pecado. Se morte física significa separação de corpo e alma e é parte da pena do pecado, entendemos que, de modo nenhum, a morte física venha significar a penalidade final. Nas Escrituras a palavra morte é frequentemente usada com sentido moral e espiritual. Isto significa que a verdadeira vida da alma e do espírito, é a relação com a presença de DEUS. Portanto, a pena divina contra o pecado do homem no Éden foi a separação da comunhão com o Criador.

A morte espiritual tem dois sentidos especiais: um sentido é negativo e o outro é positivo. Em relação à vida cristã, todo verdadeiro crente está morto para

o pecado, porque a pena do pecado foi cancelada e ele está livre do domínio do pecado (Rm 6.14).Trata-se da separação da vida de pecado depois que se aceita a CRISTO e é expiado por Ele. Porém, em relação ao futuro, o crente terá a vida eterna, isto é, terá a redenção plena do corpo do pecado (Ap 21.27; 22.15).

Porém, o sentido negativo de morte espiritual refere-se à morte no pecado. O crente está morto para o pecado, mas o ímpio está morto espiritualmente no pecado. Significa que o pecador vive um estado de vida separado de DEUS e de sua comunhão. Significa estar “debaixo do pecado” e estar sob o seu domínio (Ef 2.1,5). O efeito desses dois sentidos é presente e temporal. O pecador sem DEUS, no presente, está numa condição temporal de excomunhão com DEUS, mas pela graça de DEUS poderá sair desse estado e morrer para o pecado (Ef 4.18; Gn 2.17).

A punição final do pecado é a morte eterna, ou seja, o juízo final contra o pecado (Hb 9.27). A morte eterna é a culminância e complementação da morte espiritual. Diz respeito à repugnância da santidade divina que requer justiça contra o pecado e contra o pecador impenitente. Significa a retribuição positiva de um DEUS pessoal, tanto sobre o corpo como sobre a sua alma e espírito (Mt 10.28; 2Ts 1.9; Hb 10.31; Ap 14.11).

Existem algumas teorias que tentam anular a doutrina bíblica da morte eterna, como castigo final do pecado. O universalismo ensina que DEUS é bom demais para excluir alguém da sua presença no Céu, pois JESUS morreu por todos; por isso, ao final, todos serão salvos. O restauracionismo é outra idéia equivocada e antibíblica, porque ensina que DEUS vai restaurar todas as coisas ao final da história da humanidade, quando então todos serão salvos.

A idéia do purgatório, ensinada pela igreja romana, de que o purgatório é um período probatório pelo qual, entre a morte e a ressurreição, os pecadores que morreram serão provados e poderão se recuperar e se livrar da pena final de seus pecados. Por último, a teoria da aniquilação ensina que, ao final de tudo, no juízo, todos os ímpios serão aniquilados; isto é, extinguidos, como quem extingue uma folha de papel no fogo que vira cinza. Interpretam erradamente 2 Tessalonicenses 1.9; substituem a palavra “aniquilar” por “extinguir”. O sentido bíblico de “aniquilar” é “banir” da presença de DEUS.

Portanto, morte eterna é a eterna separação (banimento) da presença de DEUS e a impossibilidade de arrependimento e salvação. Os ímpios são constituídos por aquelas pessoas que rejeitaram conscientemente a graça de DEUS e, por isso, depois da morte física, serão ressuscitados e comparecerão diante do Grande Trono Branco do Juízo de DEUS e receberão a justa retribuição dos seus pecados com a morte eterna, sendo lançados no Geena, isto é, o “lago de fogo eterno (Ap 20.14,15; Mt 5.22,29,30; 10.26; 23.14,15,33).

Existe uma distinção entre a primeira e a segunda morte. A primeira é física; morre-se uma só vez (Hb 9.27); é temporal e para todas as pessoas no mundo: justos e injustos. A “segunda” morte é espiritual e eterna; a “segunda” tem um sentido moral, porque todos quantos irão passar por ela saberão e terão “consciência” depois da primeira morte (At 24.15).

Uma das grandes verdades acerca do castigo do pecado é que a justiça de DEUS o exige afim que ninguém o acuse de injustiça. Pelo contrário, Ele é o Senhor que pratica a misericórdia, juízo e justiça na terra (Jr 9.24).

A questão do pecado encontra resposta e solução quando encontramos na Bíblia a declaração de Paulo de que DEUS propôs JESUS CRISTO como propiciação pelo seu sangue, para receber toda a carga da ira de DEUS contra o pecado (Rm 3.25; 2 Co 5.21; Gl 3.13). Significa que a cruz foi o meio pelo qual DEUS castiga o pecado. O próprio DEUS, perfeito em justiça, tornou possível a expiação dos pecados por aquele que se fez nosso justificador perfeito (Rm 3.26).

 

As Grandes Doutrinas da Bíblia - HAMARTIOLOGIA - Raimundo de Oliveira - CPAD

ÍNDICE

I. A ORIGEM DO PECADO

1. Conceitos Históricos Sobre a Origem do Pecado

2. O Que a Bíblia Ensina Sobre a Origem do Pecado

3. O Caráter do Primeiro Pecado do Homem

4. A Universalidade do Pecado

II. A NATUREZA ESSENCIAL DO PECADO

1. A Idéia Bíblica do Pecado

2. O Pecado Original

3. O Pecado Atual

4. O Pecado Imperdoável

5. O Pecado e o Crente

 

HAMARTIOLOGIA

INTRODUÇÃO

As Escrituras destacam dois grandes princípios morais mediadores do comportamento do homem em relação a DEUS: a santidade e o pecado. Na esfera moral, a santidade corresponde ao bem, enquanto o pecado corresponde ao mal. Todos os mais princípios e qualidades morais podem ser classificados de maneira a se identificarem com a santidade e o bem, ou com o pecado e o mal. Por essa razão a doutrina do pecado recebe especial atenção na Bíblia.

 

I.A ORIGEM DO PECADO

Qualquer pessoa que se dá a meditar na doutrina do pecado, procurando compreendê-la mesmo à luz das Escrituras, inevitavelmente há de se defrontar com a seguinte indagação: Qual a origem do pecado? Esta indagação quer a encaremos no contexto da Igreja ou da Teologia, amplia-se numa indagação sobre a origem do mal em todo o mundo. As perturbações da vida e a consciência de algo anormal atuando decisivamente no mundo, conduzem o homem pensante a essa questão; e inúmeras são as respostas formuladas através da história; respostas nem sempre harmônicas entre si.    

 

1.Conceitos Históricos Sobre a Origem do Pecado

São os mais diversos conceitos que ao longo da historias surgiram acerca da origem do pecado. Irineu, bispo de Lyon, na Ásia Menor (130-208 d.C.), foi, talvez, o primeiro dos países da Igreja Antiga, a assegurar que o pecado no mundo se originou na transgressão voluntária do homem no Éden. O conceito de Irineu logo tomou conta do pensamento e da teologia da Igreja, especialmente como arma no combate ao gnosticismo, pois este ensinava que o mal é inerente à matéria.

Do Gnosticismo a Orígenes

O gnosticismo ensinava que o contato da alma humana com a matéria era que a tornava imediatamente pecadora. Esta teoria naturalmente despojou o pecado do seu caráter voluntário como é apresentado na Bíblia. Orígenes (185-254 d.C.) sustentou este mesmo ponto de vista por meio de sua teoria chamada “preexistencismo”. Segundo ele, as almas dos homens pecaram voluntariamente em existência prévia, e, portanto, todas entraram no mundo numa condição pecaminosa.

Este conceito de Orígenes sofreu forte oposição mesmo nos seus dias.

Os pais da Igreja Grega

Em geral os Pais da Igreja grega dos séculos III e IV se mostraram inclinados a negar a relação direta entre o pecado de Adão e seus descendentes. Em contraposição, os Pais da Igreja latina ensinaram com bastante clareza que a presente condição pecaminosa do homem encontra sua explicação na primeira transgressão de Adão no Éden.

De Agostinho à Reforma

O ensino da Igreja do Ocidente quanto à origem do pecado teve seu ponto mais elevado na pessoa de Agostinho. Ele insistiu no ensino de que em Adão toda a humanidade se acha culpada e maculada. Já os teólogos semipelagianos, admitiam que a mancha do pecado, e não o pecado mesmo, é que era causada pelo relacionamento humanidade – Adão. Durante a Idade Média, o que se cria a respeito de assunto era uma mistura de agostinismo e pelagianismo. Os Reformadores, particularmente, comungaram do ensino de Agostinho.

Do Racionalismo a Karl Barth

Sob a influência do racionalismo e da teoria evolucionista, a doutrina da queda do homem e de seus efeitos fatais sobre araçá humana, foi descartando-se gradualmente. Começou a si difundir a idéia de que, se realmente houve o que a Bíblia chama “queda” do homem, essa queda foi para o alto. A idéia do pecado odioso aos olhos santos de DEUS foi substituída pelo mal, e este mal se aplicou de diferentes maneiras. Por exemplo, Emmanuel Kant o considerou como parte inseparável do que há de mais profundo no ser humano, e que não se pode explicar. O evolucionismo chama esse “mal” de oposição das baixas inclinações ao desenvolvimento gradual da consciência moral. Karl Barth, teólogo suíço (1886-1968), fala da origem do pecado como um mistério da predestinação. Em suma: o que muitas correntes da teologia racional erradamente ensinam é que Adão foi na verdade o primeiro pecador, porém sua obediência não pode ser considerada como causa do pecado no mundo. O pecado do homem estaria relacionado de alguma forma com a sua condição de criatura. A história do paraíso nada mais proporciona ao homem do que a simples informação de que ele necessariamente não precisa ser pecador.

 

2. O Que a Bíblia Ensina Sobre a Origem do Pecado

Na Bíblia, o mal moral que assola o mundo, normalmente chamado pelos homens de fraqueza, equívoco, deslize, queda para o alto, se define claramente como pecado, fracasso, erro, iniquidade, transgressão, contravenção, e injustiça. A Bíblia apresenta o homem como transgressor por natureza. Mas, como adquiriu o homem essa natureza pecaminosa? O que a Bíblia nos diz acerca disso? Para termos respondidas estas indagações, é interessante e indispensável considerar o seguinte:

a) DEUS não é o Autor do Pecado

Evidentemente DEUS, na sua onisciência, já vira a entrada do pecado no mundo, bem antes da criação do homem. Porém, deve-se ter cuidado para que ao se fazer esta interpretação, não fazer de DEUS a causa ou autor do pecado. “Longe de DEUS o praticar ele a perversidade, e do Todo-poderoso o cometer injustiça” (Jó 34.10). DEUS é santo (Is 6.3). E não há nele nenhuma injustiça (Dt 32.4; Sl 95.15). “Ninguém ao ser tentado, diga: Sou tentado por DEUS; por que DEUS não pode ser tentado pelo mal, e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13). DEUS odeia o pecado e como prova disto enviou a JESUS CRISTO como provisão salvadora para o homem. Assim sendo, as Escrituras rechaçam todas aquelas idéias deterministas, segundo as quais DEUS é autor e responsável pela entrada do pecado no mundo. Tais idéias são contrárias às Escrituras, mas também à voz da consciência que dá testemunho da responsabilidade do homem perante o DEUS cuja santidade foi ultrajada.

b) O Pecado Teve Origem no Mundo Angélico

Se quisermos conhecer a origem do pecado, teremos de ir além da queda do homem, descrita no capítulo 3 de Gêneses, e pôr a nossa atenção em algo que aconteceu no mundo dos anjos. DEUS criou os anjos dotados de perfeição, porém, Lúcifer e legiões deles se rebelaram contra DEUS, pelo que caíram em terrível condenação. O tempo exato dessa queda não é dado a conhecer na Bíblia. JESUS fala acerca do Diabo dizendo ser ele homicida desde o princípio (Jo 8.44). O apóstolo João diz que o Diabo peca desde o princípio (1 Jo 3.8). Pouco se diz a respeito do pecado que ocasionou a queda dos anjos; porém, quando Paulo adverte a Timóteo no sentido de que nenhum neófito seja designado bispo sobre a casa de DEUS, diz o apóstolo porque: “...para não suceder que se ensoberbeça e caia na condenação do Diabo” (1 Tm 3.6). Daí se conclui que o pecado do Diabo foi a soberba e o desejo de sobrepujar a DEUS.

c) A Origem do Pecado na Raça Humana

A origem do pecado na história da raça humana foi a transgressão voluntária de Adão no Éden. O homem deu ouvidos à insinuação do tentador, de que, se colocasse em oposição a DEUS, se tornaria igual a Ele. Tomando do fruto que DEUS proibira, Adão caiu, abrindo a porta de acesso ao pecado no mundo. Ele não somente pecou, ele também se tornou servo do pecado. Neste sentido escreve o apóstolo Paulo: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram...Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos” (Rm 5.12,18,19).

 

3. O Caráter do Primeiro Pecado do Homem

De acordo com o relato sagrado, primeiro pecado do homem, consistiu em haver Adão comido da árvore do conhecimento do bem e do mal, em desacato a ordem de DEUS: “... da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17).

a) Seu Caráter Formal

Ignoramos a razão porque o elemento de prova do homem no Éden é chamado de “árvore do conhecimento do bem e do mal”. Porém, segundo uma idéia muito comum, ela se chama assim pelo fato de que o homem, comendo dela, adquiriria conhecimento prático do bem e do mal. Berkhof é da opinião de que essa interpretação dificilmente se harmoniza com as Escrituras que afirmam que o homem, ao comer dela se tornaria igual a DEUS no que diz respeito à aquisição do conhecimento do bem e do mal e portanto não tem conhecimento prático dele. Parece muito mais aceitável que essa árvore se chamava assim pelo fato de que ele estava destinado a revelar: Se o estado futuro do homem seria bom ou mau; Se o homem permitiria que DEUS determinasse em seu lugar o que lhe era bom ou mau, ou se o homem determinaria por si mesmo. Qualquer significado que se dê à árvore do conhecimento do bem e do mal, deve-se ter sempre em mente que a finalidade da sua designação por DEUS foi de simplesmente de provar o homem criado à sua imagem e semelhança. Adão teria de demonstrar interesse e se submeter à sua própria vontade ou à vontade de DEUS, com obediência implícita e absoluta.

b) Seu Caráter Essencial e Material      

A essência do pecado de Adão consiste em que ele se colocou em oposição a DEUS, recusando submeter-se à sua vontade e impedindo que DEUS determinasse o curso da sua vida. Adão tomou as rédeas da sua vida das mãos de DEUS, determinado o seu futuro por si mesmo. O homem que não tinha nenhum direito sobre DEUS, separou-se dele como se nada lhe devesse. Com essa ação, o homem estava como que levantando os punhos em direção a DEUS e lhe dizendo: ”Eu não preciso mais de ti”. A idéia de que a ordem de DEUS ainda estava na mente do homem no momento do seu pecado é comprovada na resposta de Eva à pergunta de Satanás, “nem tocareis nele” (Gn 3.3). Possivelmente, Eva quis enfatizar que o mandamento de DEUS não havia sido razoável, isto é, era muito mais pesado do que se podia imaginar. Foi assim que no desejo de ser igual a DEUS, o homem pecou e foi reduzido à categoria de servo do pecado.

 

4. A Universalidade do Pecado

Ainda que muitos tenham diferentes opiniões quanto à natureza do pecado e o modo como ele se originou, bem poucos se inclinam a negar o fato de que o pecado é um tormento no coração do homem, em todos os quadrantes da terra. Seja em grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, ou nas mais esquecidas aldeias no seio da África, o pecado é um flagelo diário.

a) O Testemunho da História

A própria história das religiões pagãs testifica da universalidade do pecado. A pergunta do patriarca Jó: “Como, pois, seria justo o homem perante DEUS, e como seria puro aquele que nasce da mulher?” (Jó 25.4). É uma pergunta feita tanto por aqueles que conhecem a revelação especial DEUS, quanto por aqueles que a ignoram. Quase todas as religiões dão testemunho de um conhecimento universal do pecado e da necessidade de reconciliação com o Supremo. Há um sentimento generalizado de que os deuses estão ofendidos e de que algo deve ser feito para apaziguá-los. A voz da consciência acusa o homem diante do seu fracasso em alcançar o ideal da vida perfeita dizendo que ele está condenado aos alhos de alguém que possui um poder superior. Os altares banhados de sangue e as freqüentes confissões de agravo, feitas por pessoas que buscam livrar-se do mal, apontam conjuntamente pêra o conhecimento do pecado e da gravidade dele. Onde quer que os missionários cristãos se encontrem, apodera-se deles a certeza de que o pecado é um flagelo universal. Os filósofos gregos, na sua luta contra o problema do mal, foram levados a admitir a universalidade do pecado, ainda que incapaz de explicar esse fenômeno.

b) Todos Pecaram 

A pecaminosidade do homem está registrada em toda a extensão das Escrituras (Gn 6.5; 1 Rs 8.46; Sl 53.3; 143.2; Pv 20.9; Ec 7.20; Is 53.6; 64.6; Rm 3.1-12,19,20,23; Gl 3.22; Tg 3; 1 Jo 1.8,10). De fato, a Bíblia mostra o pecado como uma herança inevitável que o homem tem de administrar desde o seu nascimento, e que está presente na natureza do homem e com ele continuará até a morte (Sl 5.5; Jó 14.4; Jo 3.6; Ef 2.3). Escrevendo aos Efésios, diz o apóstolo Paulo que nós, os crentes, “éramos por natureza filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.3). o pecado, pois, é algo original, do qual todos participam, e que os fazem culpados diante de DEUS. O pecado e a morte nivelam os homens. A maior prova em favor da universalidade do pecado é que a própria obra realizada por CRISTO na cruz, que no seu escopo apresenta-se como uma obra de caráter universal, e como remédio único para a doença espiritual de toda a humanidade.

 

II. A NATUREZA ESSENCIAL DO PECADO

O caráter santo de DEUS é a norma única e final mediante a qual podemos julgar com exatidão os valores morais. Para aqueles que não levam DEUS em conta, não existem normas morais fora dos costumes sociais e dos ditames duma consciência pervertida.

 

1. A Idéia Bíblica do Pecado          

Não podemos assimilar a idéia bíblica do pecado, a menos que levemos em consideração as seguintes particularidades na conceituação do pecado.

a) O Pecado é uma Classe Específica de Mal  

Comparativamente, o que ouvimos e lemos hoje sobre o mal é muito mais do que aquilo que ouvimos e lemos a respeito do pecado. Isto se dá, talvez, devido à opinião comum de que mal e pecado são a mesma coisa. Porém, é bom lembrar que, apesar de todo o pecado ser um mal, nem tudo que consideramos mal é pecado. O pecado não deve ser confundido com o mal físico que produz prejuízos e calamidades. O pecado é a causa do mal, enquanto que o mal é o efeito do pecado. Os termos bíblicos para designar o pecado são variados. Em geral é apresentado como “fracasso”, “erro”, “iniquidade”, “transgressão”, “contravenção”, “falta de lei” e “injustiça”. Porém, a definição de pecado não pode ser derivada simplesmente dos termos bíblicos para denotá-lo. A característica principal ele está orientado contra DEUS (Sl 51.4; Rm 8.7).

b) O Pecado Tem um Caráter Absoluto

O contraste entre o bem e o mal é absoluto, e não há neutralidade alguma entre ambos; tanto que a transição entre um e outro não é de caráter quantitativo, mas qualitativo. Um ser moral, que não é bom, não se torna mau só por diminuir a sua bondade, mas por uma mudança radical que o leva a envolver-se com o pecado. JESUS disse: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12.30). o homem tem de estar do lado do bem e da justiça, ou do mal. Em assuntos espirituais, a Escritura não conhece uma posição de neutralidade.

c) O Pecado é Sempre Dirigido Contra DEUS

É impossível se ter um conceito correto do pecado sem vê-lo em relação com a pessoa e a vontade de DEUS. É compreendendo assim que o pecado pode ser interpretado como “falta de conformidade com a lei de DEUS”. Esta é a definição formal mais correta de pecado. Os seguintes trechos extraídos das Escrituras abordam o pecado em relação a DEUS e a sua Lei: “os quais, conhecendo a justiça de DEUS (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também aprovam aos que as fazem” (Rm 1.32). “... se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores” (Tg 2.9). “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei” (1 Jo 3.4).

d) O Pecado Inclui Tanto a Culpa Como a Corrupção

A culpa é um estado em que se sente merecer o castigo pela a violação da lei moral. Ela expressa também a relação que o pecado tem com a justiça e com o castigo da lei. Porém, por ser uma palavra de significado duplo, a culpa tanto denota a qualidade própria do pecado, como denota a culpabilidade que nos faz dignos do juízo e do castigo divino. Dabney fala deste último aspecto da culpa como “culpa potencial”. A culpa atual pode ser removida por meio de um substituto, mediante a satisfação das exigências da lei (Mt 6.12; Rm 3.19; 5.18; Ef 2.3). Corrupção é a contaminação inerente a cada pecador, e é uma realidade na vida de todo indivíduo. Todo aquele que é nascido de Adão tem em si a natureza manchada pelo pecado (Jó 14.4; Jr 17.9; Mt 7.15-20; Rm 8.5-8; Ef 4.17-19).

e) O Pecado tem Lugar no Coração

O pecado não reside em nenhuma faculdade da alma, mas sim no coração, o âmago da alma, de onde flui a vida. Ele é o centro das influencias que põe em operação o intelecto, a vontade e os afetos. Em seu estado pecaminoso, o coração torna o homem objeto do desagrado de DEUS. Sobre o coração como continente do pecado, escreveu o profeta Jeremias: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jr 17.9; Pv 4.23; Mt 15.19,20; Lc 6.45; Hb 3.12).

 

2. O Pecado Original     

A condição pecaminosa em nasce o homem é definida teologicamente como “pecado original”. Ele é chamado assim: - porque se deriva de Adão, o tronco original da raça humana; -  porque está presente na vida de cada indivíduo desde o momento do seu nascimento, pelo que não pode ser considerado como resultado de simples imitação; - porque é a raiz interna de todos os pecados atuais que maculam a vida do homem. Deve-se, porém, evitar o erro de se pensar que o termo “pecado original” implica em que este pecado pertence à constituição original da natureza humana, posto que isto implicaria em que DEUS criou o homem como pecador.

a) Conceito Histórico  

É de opinião geral dos teólogos que os Pais da Igreja primitiva não se deram ao labor de escrever o suficiente sobre o pecado original. Contudo, segundo os Pais da Igreja grega, há uma corrupção física na raça humana proveniente de Adão, porém isto não envolve culpa. A liberdade da vontade em nada foi afetada pela queda. Respeitáveis teólogos são da opinião de que este parecer dos Pais gregos, culminou com o surgimento do pelagianismo, movimento religioso herético fundado por Pelágio, britânico, que viveu entre 360 e 422 da nossa Era. O pelagianismo negava completamente as doutrinas da graça e do pecado original. Na igreja latina, porém apareceu uma tendência diferente através da pessoa de Tertuliano, que segundo alguns teólogos, foi o homem que depois de Paulo, teve maior senso a respeito do pecado. Tertuliano considerou o pecado original uma infecção hereditária. Ambrósio, outro famoso Pai da Igreja latina, foi além de Tertuliano na questão do pecado original e o descreveu como um estado, e fez uma distinção entre corrupção inata e a resultante culpa do homem. Porém, foi através do talento e do espírito de estudo de Agostinho que a doutrina do pecado original alcançou um total desenvolvimento. Segundo ele, a natureza do pecador, tanto física como moralmente, está de toda corrompida por causa do pecado de Adão, de tal maneira que o homem não consegue fazer outra coisa senão pecar. Os reformadores, de modo geral, estiveram de acordo com Agostinho. Somente Calvino diferia dele, principalmente em dois pontos: Primeiro, que o pecado original não é algo completamente negativo, uma vez que esse pecado, segundo ele, dá lugar à eleição de DEUS; Segundo, que esse pecado está limitado à natureza sensível do homem.

b) Elementos do Pecado Original

São dois os principais aspectos do pecado original: culpa e corrupção. A palavra culpa, com relação ao pecado original, expressa a relação que a justiça tem com o pecado, e, como expressavam os teólogos mais antigos, a relação que o pecado tem com a pena da Lei. É assim que a culpa do pecado de Adão, como cabeça federal da raça humana, é impossível a todos os seus descendentes (Rm 5.12-19; Ef 2.3; 1 Co 15.22). A corrupção original do homem inclui a ausência da justiça original e a presença de um mal real. É a tendência da natureza caída, herdada de Adão, que condiciona o homem para pecar. Deve-se, portanto, notar: Primeiro, que essa corrupção não é meramente uma enfermidade; Segundo, ele não é meramente uma privação.

3. O Pecado Atual

O pecado se originou num ato de livre vontade de Adão como representante da raça humana; uma transgressão da lei de DEUS e uma corrupção da natureza humana que deixou o homem exposto ao juízo e castigo de DEUS.

É esta natureza corrompida a fonte donde flui todos os pecados atuais, diários.

a) Relação Entre Pecado Original e Pecado Atual     

“Pecados atuais” são aquelas ações externas que se executam através do corpo. São também todos aqueles maus pensamentos conscientes. São os pecados individuais de fato. O pecado original é um só, enquanto o pecado atual desdobra-se em diferentes classes, tais como: atos ou atitudes. O que o apóstolo João escreveu no capítulo primeiro em sua primeira epístola universal, poderá nos ajudar a compreender melhor a diferença entre pecado original e pecados atuais. “Se dissermos que não temos PECADO, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos PECADOS, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 8,9). Atente para os termos PECADO e PECADOS. A palavra PECADO, no singular, citada no versículo 8, é uma referência precisa e direta ao pecado original, ou seja, à natureza caída do homem; enquanto a palavra PECADOS, no plural, citada no versículo 9, refere-se ao pecado atual, do dia-a-dia.

b) Classificação dos Pecados Atuais

É impossível classificar todos os pecados atuais, pois variam de classe e de grau e podem diferenciar-se em mais de um ponto. A teologia católico-romana faz uma bem conhecida distinção entre pecados veniais e pecados mortais, porém tem dificuldades em apontar quando o pecado é venial ou mortal. A mais completa lista das diferentes classes de pecados habituais, registrada na Bíblia, é extraída dos escritos do apóstolo Paulo, mas precisamente da Epístola aos Gálatas. “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que praticam tais coisas não herdarão o Reino de DEUS” (Gl 5.19-21). O Novo Testamento determina a gravidade do pecado de acordo com o grau de conhecimento que se tenha a respeito dele. Os gentios, que estão no seu pecado, são culpados aos olhos de DEUS; porém, aqueles que gozam do favor do Evangelho e têm revelação de DEUS são muito mais culpados quando caem (Mt 10.15; Lc 12.47,48; 23.24; Jo 19.11). o crente, em particular, é advertido no sentido de evitar o pecado que tão de perto o rodeia (Hb 12.1). O pecado tanto pode ser por comissão como por omissão. Isto é: aquele que não faz o bem e deveria fazer, é tão culpado diante de DEUS quanto aquele que faz o mal que não deveria fazer.

 

4. O Pecado Imperdoável

Diferentes passagens das Escrituras falam de um pecado que não pode ser perdoado, sendo impossível a mudança de coração depois de alguém o haver cometido, e pelo qual não se deve orar. Sobre ele, disse JESUS: “Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o ESPÍRITO não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o ESPÍRITO SANTO, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro” (Mt 12.31,32).

Opinião Sobre Esse Pecado

Durante séculos têm surgido as mais diversas opiniões a respeito da natureza do pecado para o qual não há perdão. Por exemplo, Jerônimo e Crisóstomo pensavam que esse foi o pecado cometido unicamente pelos contemporâneos de JESUS, durante o seu ministério terreno. Agostinho e alguns teólogos luteranos e escoceses ensinaram que esse pecado consistia da penitência que persiste até o fim. Anos depois da Reforma, alguns teólogos luteranos ensinavam que só as pessoas regeneradas estão sujeitas ao pecado de blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO, pecado para o qual não há perdão.

b) Opinião Correta a Respeito Desse Pecado  

O conceito reformado quanto ao pecado imperdoável, é o que melhor se harmoniza com as Escrituras a respeito do assunto. Esse pecado consiste na rejeição consciente, maliciosa e voluntária da evidência e convicção do testemunho do ESPÍRITO SANTO, com respeito à graça de DEUS manifesta em JESUS CRISTO. Esse pecado não consiste em duvidar da verdade manifesta em e por CRISTO, nem em simplesmente negá-la, mas sim em contradizê-la. Ao cometer esse pecado, o homem voluntária, maliciosa e tencionalmente atribui à influência de satanás aquilo que reconhecidamente é obra de DEUS. Em suma, esse pecado não é outra coisa senão um deliberado ultraje ao ESPÍRITO SANTO, uma declaração audaz de que o ESPÍRITO SANTO é um espírito maligno, que a verdade é mentira e que CRISTO é satanás. Esse pecado é imperdoável não porque sua gravidade supere os méritos e eficácia da obra de CRISTO levada a afeito na cruz do Calvário, ou porque ele foge aos limites do poder restaurador do ESPÍRITO SANTO, mas porque nos domínios do pecado, existem leis e ordenanças estabelecidas e mantidas por DEUS.

c) O Crente Está Sujeito a Este Pecado

De que o crente pode cometer o pecado de blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO e cair em declarada apostasia é ensino implícito no seguinte texto das Escrituras: “é impossível, pois, que aqueles que uma vez iluminados e provaram o dom celestial e se tornaram participantes do ESPÍRITO SANTO, e provaram a boa palavra de DEUS e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para o arrependimento, visto que de novo estão crucificando para si mesmo o filho de DEUS, e expondo-o à ignomínia” (Hb 6.4-6). A respeito do perigo de se cometer este pecado, escreveu o saudoso pastor e escritor João de Oliveira: “pecando o homem contra DEUS, veio JESUS para conduzi-lo de volta a DEUS; havendo pecado contra JESUS, veio o ESPÍRITO SANTO para reconciliá-lo com JESUS; mas, pecando o homem contra o ESPÍRITO SANTO, quem o há de salvar?”. Em atenção ao fato de que esse pecado nunca segue o arrependimento, é possível assegurar que aqueles que julgam tê-lo cometido e se entristecem por isso, e desejam as orações de outros para perdão, na verdade nunca cometeram. É o ESPÍRITO SANTO quem conduz o homem ao arrependimento; se alguém tivesse pecado contra Ele, é obvio que Ele não levaria esse alguém ao arrependimento, se o perdão completo não fosse atingível.

 

5. O pecado e o Crente

O significado e a gravidade do pecado são mais bem compreendidos pelo do que por qualquer outra pessoa. Ao longo de toda a narrativa bíblica, o crente é advertido contra o “pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1), e a caminhar para o alvo maior, que é a semelhança da estatura e perfeição de CRISTO. Por isso, ao ouvido de cada crente, hoje, deve continuar soando a solene advertência de CRISTO: “... vai e não peques mais” (Jo 8.11).

a) É Possível o Crente Pecar?

Para muitos cristãos, a descoberta de que após aceitar a JESUS ainda estavam sujeitos ao pecado, foi tão espantoso quanto ao próprio fato de agora saberem que foram feitos novas criaturas em CRISTO. De que é possível o crente pecar, é assunto pacífico em toda a Escritura. Só no NT há capítulos inteiros, como por exemplo, Romanos 7 e 8, que mostram o conflito interior do crente entre a sua natureza divina que nele habita, mostrando a possibilidade de o crente vir a cometer pecado. Sobre esse assunto, escreveu o apóstolo João: “Se dissermos que não temos PECADO, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos PECADOS, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.8,9). Já mostramos que a palavra PECADO, no singular, citada no versículo 8, é uma referência à natureza caída do homem, de onde provêm os PECADOS, no plural (versículo 9). É evidente que o cristão possui dupla natureza: a natureza caída, ainda sujeita ao pecado, e a natureza divina. Esta última foi implantada no crente mediante a sua ligação com JESUS CRISTO, “a videira verdadeira” (Jo 15.1). Enquanto a primeira natureza estiver subjugada o crente estará sendo levado a viver de vitória em vitória.

b) Possíveis Causas de Pecados na Vida do Crente

Dentre as muitas causas pelas quais o crente poderá ser levado à pratica do pecado, destacamos as três principais, dadas a seguir:

- A natureza pecaminosa (Rm 8.21-15).

- O sistema mundial que está sob domínio de satanás (1 Jo 2.15-17).

- Falta de oração e de cuidadoso estudo das Escrituras (Ef 6.10-15).

O crente que relaxa o hábito da oração e da leitura e estudo das Escrituras, está incorrendo em sérios riscos espirituais, podendo se tornar presa fácil dos laços do adversário.

c) Consequências do Pecado na Vida do Crente

Dentre as muitas consequências do pecado na vida do crente, vale destacar:

- A perda da comunhão com DEUS (1 Jo 5.6; Sl 51.11).

- Oportunidade de os inimigos blasfemarem do nome de DEUS (2 Sm 12.14).

- Perda do galardão (1 Co 4.5; 3.13-15).

- Possível morte (Act 5.1-11; 1 Co 11.30).

- Mau exemplo (1 Co 8.9,10).

- Destruição da fé e conseqüente morte espiritual (Rm 6.16; 1 Jo 5.16,17).

d) Como o Crente Deve tratar Com o Pecado

Quando ao trato que o crente deve dar ao pecado, a Bíblia recomenda que o crente deve:

- Reconhecê-lo (Sl 51.3)

- Evitá-lo (1 Tm 5.22)

- detestá-lo (Jd v.23)

- Resiste a ele com confiança em DEUS (Tg 4.7,8).

- Confessá-lo (1 Jo 1.9).

- Abandoná-lo (Pv 28.13).

O apóstolo João escreveu dizendo: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, JESUS CRISTO, o Justo” (1Jo 2.1).

 

 

 A Doutrina do Pecado - Severino Pedro - CPAD - O Pecado Herdado e a Imputação da Culpa

 

I. O Pecado Herdado

1. O pecado herdado. Com a queda do homem, o pecado assumiu uma espécie de “veículo transmissor”. Há o pecado “congênito”, inato, herdado de Adão, nosso pai (a exemplo do veneno da serpente que se generaliza no corpo através da corrente sanguínea), que só termina seu poder de ação, quando a pessoa humana se toma uma “nova criatura”, por meio de JESUS CRISTO (2 Co 5.17). É exatamente o que Paulo declara em Romanos 6.23, “o salário do pecado”. Há o pecado praticado, isto é, a “transgressão” (1 Jo 1.9). O primeiro vem no singular, o segundo no plural. No tocante a sua prática, a primeira é por comissão (a voluntariedade), conforme se depreende de Tiago 1.14,15, quando diz: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”; a segunda por omissão (a indisposição). Tiago descreve também esta segunda parte, em 4.17, quando diz: “Aquele pois que sabe fazer o bem e não faz, comete pecado”. E Paulo acrescenta: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Rm 5.12). Neste versículo e naqueles que se seguem, o apóstolo mostra-nos que a introdução do pecado no mundo deu-se por causa da desobediência de Adão. De acordo com os ensinamentos de Paulo e de outros escritores do Novo Testamento, a ‘culpa original’ passou a todos os homens. Assim; “todos pecaram”. Quando uma criança pode ser capaz (ou incapaz) de assumir a culpa do pecar. Pensando na “culpa herdada”, alguns estudiosos têm perguntado: “Quando uma criança pode se tomar um pecador?”, ou ainda “quando DEUS passa a imputar o pecado na vida de uma criança?”. Tanto sociólogos, como psicólogos e teólogos sustentam que há uma espécie de “idade de responsabilidade” antes da qual as crianças não são consideradas responsáveis pelo pecado e portanto, não são culpadas perante DEUS — ainda que sejam advertidas no campo moral comparativo. Do ponto de vista divino de observação, depreendido do Antigo Testamento, DEUS tomou isento da culpa as pessoas de “20 anos para baixo” e imputável as de “20 anos para cima”. Assim Ele falou a Moisés, dizendo: “Neste deserto cairão os vossos cadáveres, como também todos os que de vós foram contados segundo a vossa conta, ‘de vinte anos e para cima’, os que dentre vós contra mim murmurastes” (Nm 14.29). Os rabinos (depois passou para os Pais da Igreja) admitiam uma espécie de “predestinação ampla” para todas as crianças. “As crianças (diziam eles) não são responsáveis pelo “pecado hereditário”, pois há não culpa sem a noção do bem e do mal. Somente aos 20 anos (segundo este conceito) começa a plena responsabilidade,

que toma possível o pecado atual”. Este ensinamento foi deduzido de certas passagens do Antigo Testamento (Êx 30.14; 38.26; Nm 14.29).

2. O pecado herdado no conceito dos Pais da Igreja. Os Pais da Igreja, entretanto, achavam a faixa de “vinte anos” para concepção do “EU” bastante longa e passaram a estabelecerem certos números de anos, tais como: “um ano”, “sete anos”. Um terceiro grupo, opinou para “nove”. Os rabinos judaicos passaram para suas tradições doze para a sociedade (Êx 2.10; 1 Sm 1.2028; 2.1-11; Lc 2.42; 8.42) e para maioridade religiosa treze (Gn 17.25). A Bíblia não nos informa se esta determinação de DEUS fora apenas para aquela geração ou se ela tomou-se extensiva a todos os jovens israelitas ou não. As Escrituras silenciam nesta direção, então é melhor não arriscar. Alguns teólogos e psicólogos vêm esta exigência por parte de DEUS, de modo diferente e opinam que, a idade para a Imputação da culpa é de 7 anos, outros, defendem 13 anos; isso levando em contas a maioridade judaica. Idade esta, que segundo a tradição judaica o menino é apresentado a congregação e os rabinos o declaram como membro da fé em DEUS e participante do Pacto Abraâmico (Gn 17.25).

3. Como o pelagianismo entendia por pecado herdado. A teoria do pelagianismo é atribuída a Pelágio (350-425), um monge da Bretanha. Pelágio foi um professor de índole cristã muito popular em Roma por volta de 383-410 d.C., e mais tarde na Palestina até 424 d. C. Ele ensinava que DEUS considera o homem responsável somente por aquelas coisas que o homem é capaz de fazer. Como DEUS nos adverte a fazer o bem, portanto, devemos ter essa capacidade de praticar o bem que DEUS ordena. A posição pelagiana rejeita a doutrina do “pecado herdado” ou do “pecado original” e sustenta que o pecado consiste somente em atos pecaminosos isolados.

a) O pelagianismo é uma teoria teológica cristã. O pelagianismo é uma teoria teológica cristã atribuída a Pelágio, conforme já ficou demonstrado acima. Essa teoria sustenta basicamente que todo homem é totalmente responsável pela sua própria salvação e portanto, não necessita da graça divina. Segundo os Pelagianos, todo homem nasce “moralmente neutro”, sendo capaz, por si mesmo, sem qualquer influência divina, de salvar-se quando assim o desejar. Uma das grandes disputas durante a Reforma Protestante versou sobre a natureza e a extensão do pecado original. No início do século V, Pelágio havia debatido ferozmente com SANTO Agostinho sobre este assunto. Agostinho mantinha que o pecado original de Adão foi herdado por toda a humanidade e que, mesmo que o homem caído retenha a habilidade para escolher, ele está escravizado ao pecado e não pode não pecar. Por outro lado, Pelágio insistia que a queda de Adão afetara apenas a Adão, e que se DEUS exige das pessoas que vivam vidas perfeitas, ele também dá a habilidade moral para que elas possam fazê-lo e embora considerasse Adão como “um mau exemplo” para a sua descendência, suas ações não teriam consequências para a mesma, sendo o papel de JESUS definido pelos Pelagianos como “um bom exemplo fixo” para o resto da humanidade (contrariando assim o mau exemplo de Adão), bem como proporciona uma expiação pelos seus pecados, tendo a humanidade em suma, total controle pelas suas ações, posteriormente Pelágio reivindicou que a graça divina era desnecessária para a salvação, embora facilitasse a obediência.

b) O pensamento pelagiano rejeita o conceito da culpa (pecado) original.

Pelágio rejeitava o conceito bíblico do ‘pecado herdado’ e do ‘pecado original’. Mas, esta sua concepção de ver o homem como um inocente no tocante a esse ponto de vista, não encontra apoio nas Escrituras e também não se coaduna com a tese e argumento principal, do pensamento cristão. Com a queda do homem, o pecado assumiu uma espécie de “veículo transmissor”. Há o pecado “congênito”, inato, herdado de Adão, nosso pai (a exemplo do veneno da serpente que se generaliza no corpo através da corrente sanguínea), que só termina seu poder de ação, quando o homem se toma uma “nova criatura”. DEUS coloca diante do homem “a vida e o bem, e a morte e o mal”. Depois no contexto posterior Ele acrescenta: “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua semente” (Dt 30.15,19).’

c) O pensamento das Escrituras desaprova o pelagianismo sobre o pecado herdado. Refutando o conceito pelagiano devemos analisar aqui três pontos de vista, no tocante ao homem: a sua salvação; a culpa herdada e o pecado como herança hereditária. A ideia cristã desaprova a doutrina pelagiana, apresentando vários aspectos. O pensamento de perdoar o homem sem que ele tenha consciência daquilo que DEUS fez e está fazendo na sua vida, não é a vontade divina. E, este, com efeito, não era o plano de DEUS, pois tal pensamento não se coaduna com o pensamento geral das Escrituras e nem com a tese e argumento principal. Outrossim, não é o mundo que irá criar o “caminho da Redenção”. Este foi criado por DEUS e inaugurado pelo próprio CRISTO por meio de sua morte na cruz (Hb 10.20). A culpa praticada (quer dizer: a culpa herdada pela transgressão individual e voluntária) é apresentada nas Escrituras desde o início até o fim. O profeta Ezequiel fala disso por expressa ordem de DEUS, quando diz: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” (Ez 18.20). Outras passagens das Escrituras nos informam que DEUS perdoa, mas corrige “a iniquidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente. Que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração” (Ex 34.7). Com efeito, porém, mesmo havendo um sentimento de boa vontade no pensamento pelagiano a este respeito, contudo, a ideia de que somos somente responsáveis perante DEUS por aquilo que somos capazes de fazer é contrário ao pensamento geral das Escrituras, visto que por si mesmo, o homem é incapaz de praticar o bem de natureza espiritual, sem que nele passe a habitar o ESPÍRITO SANTO de DEUS.

 

II. A Imputação da Culpa

1. A culpa ocasionada pela ofensa de Adão. A culpa ocasionada através do pecado de Adão tomou-se uma deformação genética a todos os homens. DEUS alumia a todo o homem que vem ao mundo (Jo 1.9). Também, segundo um conceito mais radical, exige também santidade de todo o homem que está no mundo. Então, nesse caso, esse tipo de culpa imputada não é a culpa praticada, mas a culpa herdada. É neste sentido que o Salmista declara em seu argumento sobre o pecado, dizendo: “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). E ainda acrescenta no salmo 58.3, quando diz: “Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram”. Também no passado, cidades inteiras foram destruídas por expressa ordem de DEUS. Em algumas delas, a ordem de destruição era total, como por exemplo:

a) Na destruição de Jericó. “E, tudo quanto na cidade havia, destruíram totalmente ao fio da espada, desde o homem até à mulher, desde o menino até ao velho” (Js 6.21).

b) Na destruição dos amalequitas. “Assim diz o Senhor dos exércitos: Eu me recordarei do que fez Amaleque a Israel, como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito. Vai, pois, agora e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de mama” (1 Sm 15.2,3).

c) Na destruição de Jerusalém. “Matai velhos, mancebos, e virgens, e meninos, e mulheres, até exterminá-los” (Ez 9.6a).

2. A culpa ocasionada pela ofensa de Adão pode ser anulada. O homem culpado que olha para CRISTO, tem a sua culpa anulada. Este é conceito geral das Escrituras com respeito ao pecado e a salvação da pessoa humana. Todo o processo se dá por meio de JESUS CRISTO. Ele é o mediador entre DEUS e o homem. “Porque há um só DEUS, e um só Mediador entre DEUS e os homens, JESUS CRISTO homem” (1 Tm 2.5). O homem não é capaz de salvar a si mesmo, sem que haja por parte de DEUS uma participação neste processo. Paulo disse: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto (enfatiza o apóstolo) não vem de vós; é dom de DEUS” (Ef 2.8).

Um pouco de silêncio sobre a Imputação da culpa. A Bíblia não nos informa se esta determinação de DEUS fora aplicada (como uma espécie de dispensação) apenas para aquela geração ou se ela tomou-se extensiva a todos os jovens israelitas ou não. As Escrituras silenciam nesta direção, então é melhor não arriscar. Com efeito, porém, mesmo havendo um sentimento de boa vontade no pensamento pelagiano a este respeito, contudo, a ideia de que somos somente responsáveis perante DEUS por aquilo que somos capazes de fazer é contrário ao pensamento geral das Escrituras, visto que por si mesmo, o homem é incapaz de praticar bem de natureza espiritual, sem que nele passe a habitar o ESPÍRITO SANTO de DEUS.

3. A culpa hereditária e a culpa praticada. A culpa herdade tomou-se uma espécie de consequência hereditária. Já a culpa praticada ou contraída, é factual e pode existir e não existir. Pois nesse caso, ela somente passa a ser inquirida depois de sua prática. Paulo durante todo o passo do argumento em foco, usa a expressão “ofensa” como contraposta ao “dom gratuito” da parte de DEUS e a frase estar presente nos seguintes versículos: 15,16 (3 vezes), 17,18,20. É evidente, portanto, que analisemos dois pontos importantes nesta argumentação:

a) A culpa herdada no pensamento cristão. A culpa herdada passou a estar presente a todos os descendentes de Adão. Atuando com maior agressividade de Adão até Moisés: “sobre aqueles que não pecaram à semelhança de Adão”. A culpa herdada neste caso tomou-se uma espécie de consequência volubilidade, à semelhança de uma família em que um dos membros foi envolvido num ato perverso de grande magnitude. Doravante perante as autoridades e aos olhos da própria sociedade, aquela família, mesmo não tendo culpa, passa a ser co-participante indiretamente das consequências e dissabores dos atos e processos até que aquele (ou aquela) membro da família seja condenado ou absolvido. Sendo que, a consequência somente é debelada através do processo de absolvição. Fora disso, a culpa involuntária continua. DEUS podia corrigir o pecado até a 4a geração daqueles que lhe aborreciam (Ex 34.7). Na culpa herdada, os descendentes de Adão não foram envolvidos nela voluntariamente; e, sim, na extensão da consequência não expiada. Com a presença da Lei, o pecado reviveu; isto é, passou a estar presente — mas como solução imediata, DEUS abriu uma espécie de “caminho da redenção” pelos sacrifícios estabelecidos pela lei cerimonial. Eles eram sombra do sacrifício perfeito de CRISTO que através do seu próprio sangue inauguraria um sacrifício maior e mais perfeito.

1°. O que alguns rabinos pensam sobre a origem e a culpa trazida pelo pecado. No conceito rabínico, a origem do pecado — especialmente sua introdução no mundo, encontra-se envolvido tanto na história da Bíblia como na própria tradição. O rabino Manis Friedman declara que na primeira sexta-feira, sexto dia da Criação, quando o mundo era inocente e puro, Adão e Eva estavam vivendo no jardim do Éden, recentemente criados pelas mãos de DEUS. Receberam a tarefa de cultivar e proteger o Jardim. DEUS lhes ordenou: “Não comam da árvore do conhecimento, pois no dia em que comerem morrerão”. Tiveram uma opção: abster-se de comer o fruto da árvore e viver para sempre no Jardim; ou comê-lo e serem banidos para o mundo da mortalidade. Após três horas de sua criação, comeram da árvore. DEUS permitiu que Adão e Eva permanecessem enquanto durasse o Shabat, mas quando este terminou, foram expulsos do Éden para sempre. É uma história intrigante (continua o rabino), e desperta várias questões. DEUS criou dois seres humanos perfeitos, sem nenhuma malícia ou “bagagem.” Ele, o Todo-Poderoso, ordenou-lhes explicitamente para não comer do fruto de uma determinada árvore. Mesmo assim, estas duas almas inocentes, que jamais haviam sido expostas a influências corruptoras, desobedeceram-no em poucas horas. Houve alguma falha em sua criação? Ou, inimaginável, havia algo errado com DEUS? O diretor de uma escola cujas instruções seguem ignoradas é um líder ineficiente. Se DEUS falasse a você e dissesse: “Não coma desta árvore,” após algumas horas, você iria em frente e comería? Era o plano de DEUS que Adão e Eva vivessem para sempre no Jardim, em um estado divino de pureza, inocência e imortalidade? Ou, seu plano era criar um mundo no qual existisse o mal e, ou obedecemos suas leis escrupulosamente e vamos para o céu, ou as desobedecemos e vamos para o inferno? Nos ensinamentos clássicos, esta pergunta é feita em tons mais suaves: Por que DEUS desejaria instilar em nós um pedacinho de si mesmo, a alma Divina, e expô-la a um mundo de feiúra e trevas?

Mais à frente, em uma outra seção de seu argumento, o rabino invoca para enfatizar seu ponto de vista no tocante ao pecado e a culpa em cada pessoa, os ensinamentos cabalísticos. Então ele diz: “Como a Cabala explicará, a descida proporciona uma subida ainda maior. DEUS criou o universo por um desejo de “uma morada nos mundos inferiores”. Este é o significado mais profundo de “algo a partir do nada,” como a Torá descreve a criação. “Nada” significa que nada há sobre um universo físico que justifique sua própria existência — somente o desejo de DEUS de fazer de nosso mundo um lar, de tomar este mundo de carne e pedra hospitaleiro a Ele, onde Ele possa ser conhecido e adorado. Eva entendeu a necessidade de DEUS de que este mundo inferior, um mundo contaminado pela morte e pelo pecado, fosse elevado e unido a Ele. Ela entendeu que os seres humanos devem deixar o Éden e descer ao mundo inferior, e ali criar um lar para DEUS. Ela entendeu que a tarefa de elevar os “seis dias da semana” culminando no Shabat e os “seis milênios” levando à nossa redenção. E assim ela comeu da árvore, e convenceu Adão a fazer o mesmo. Quando DEUS perguntou a Adão: “Tu comeste da árvore?” — não foi uma repreensão ou censura. Ele estava admirando a sabedoria de Adão em ter tomado a decisão correta. Adão, em sua inocência, admitiu que fora a sabedoria de Eva, não a sua. “Ela deu-me o fruto da árvore, e eu comi.” Em resposta, DEUS disse: “Porque o fizeste, morrerás; comerás o pão pelo suor de teu rosto, e em dor darás à luz.” Este não foi um castigo pelo pecado, mas sim uma continuação do plano, com o qual Adão e Eva tinham voluntariamente se comprometido. O mundo agora pode tomar-se confortável para Ele, quando as coisas que O definem — seus mandamentos — são praticados. Assim fazendo, preparamos o mundo para nossa suprema redenção”.2

2º. O pensamento cabalístico sobre a culpa herdada é contrário a Bíblia. Na opinião cabalística conforme acabamos de ver, é admitido que Eva entendeu que o plano de DEUS era que eles deixassem o Éden e fossem habitar no “mundo inferior”. Mas este, com efeito, não era o plano de DEUS, pois tal pensamento não se coaduna com o pensamento geral das Escrituras e nem com a tese e argumento principal. Outrossim, não é o mundo que irá criar o “caminho da Redenção”. Este foi criado por DEUS e inaugurado pelo próprio CRISTO por meio de sua morte na cruz (Hb 10.20).

b) A culpa praticada. (Quer dizer: a culpa herdada pela transgressão individual e voluntária). O profeta Ezequiel fala disso por expressa ordem de DEUS, quando diz: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” (Ez 18.20). Outras passagens das Escrituras nos informam que DEUS perdoa, mas corrige “a iniquidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente. Que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração” (Ex 34.7).

1º. A culpa imputada pelo pecado de omissão. Muitas vezes pecamos por fazermos, esta é a transgressão; e em outras oportunidades, pecamos porque não fazemos, esta é a “omissão”. Frost descreve isso da seguinte maneira: “Aqui passamos do lado negativo para o lado positivo da vida cristã, ou vice-versa, e aprendemos que deixar por fazer aquilo que sabemos omitimo-nos, é pecar conscientemente. Suponhamos que, do presente momento em diante, nunca mais praticássemos qualquer mal, nem prejudicássemos de nenhuma forma nosso semelhante, viveriamos sem pecar? Não, pois nosso pecado aparecería no fato de não fazermos todo o bem que deveriamos fazer”.3

O Senhor JESUS julgará aqueles que cometerem o pecado de omissão. Então Ele diz: “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai- vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna” (Mt 25.41-46). De igual modo Tiago fala em seu livro do pecado de omissão quando diz: “Aquele pois que sabe fazer o bem e o não faz, comete pecado” (Tg 4.17). Por outro lado, existem também as pessoas que a si mesmas se exercitaram tanto na prática do pecado, que são por conseguinte, chamados de “os obreiros da iniquidade” (Sl 53.4).

2º. A culpa imputada pelo pecado de comissão. O pecado de “comissão”, do ponto de vista teológico, significa aquele pecado que é praticado com satisfação na alma do que tal ato pratica. No pecado de “omissão”, existe uma omissão por parte do bem, mas não existe uma voluntariedade para que tal coisa seja assim. No de “comissão”, porém, existe uma vontade de que tal prática seja realizada para satisfação dos desejos daquele que tal coisa pratica. O pecado em seu estágio avançado, toma-se depravação (Ap 22.15). A depravação é o inverso do pecado de “omissão”. No primeiro, a pessoa se omite; aqui, porém, a pessoa se deprava; quer dizer, sua mente se toma dissoluta e libertina como o soltar das águas. Nesse sentido, o pecado procede de algo que é mais profundo do que a própria volição, o que igualmente sucede à volição pecaminosa. Um ato pecaminoso é a expressão de um coração depravado (Pv 4.23; 23.7; Mc 7.20-23). O pecado deve incluir, por conseguinte, a perversidade do coração (quando é voluntário), e essa consiste e persiste sempre em corações depravados, que quer dizer “desprovidos da natureza divina”.

(I) A culpa sem controle emocional — mente depravada. Quando a mente humana fica desprovida do controle divino, ela não somente peca, mas se exercita na imaginação e criação do erro. Paulo os descreve em Romanos 1.29-31, dizendo: “Estando cheios [os depravados] de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de DEUS, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia”.

O testemunho das Escrituras Sagradas sobre a universalidade e totalidade dessa “depravação” é explícita em Gênesis 6.5,8,21: provém de um caso comprovado.

(1) Há ali a intensidade da depravação: “a maldade do homem se multiplicava sobre a terra”;

(2) Há ali o seu caráter íntimo: “toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”. Expressões estas que ultrapassam qualquer possibilidade de entendimento da pessoa humana. É difícil identificar que o movimento rudimentar do pensamento era perverso;

(3) Há ali a totalidade de depravação: “Todo designo”, do coração é só mau continuamente.

(4) Há ali extensão da depravação toda sua consciência: era só má “continuamente”;

(5) Há seu exclusivismo: “continuamente má”;

(6) Há sua manifestação desde o princípio: “desde a meninice”.

(II) As qualificações pecaminosas são ascendentes. As qualificações bíblicas posteriores sobre nossa condição pecaminosa seguem a mesma direção. Por isso, em certo sentido, somos “nascidos em pecados” (Sl 51.5); e, na concepção dos judeus: “nascido todo em pecado” (Jo 9.34); e, se não arrepender-se, morrerá no pecado sem misericórdia (Lc 13.5; Jo 8.24).

(1) Em relação aos padrões morais estabelecidos por DEUS. Há ainda outro ponto peculiar à moralidade das Escrituras, e que é, ao mesmo tempo, verdadeiro em si mesmo e admirável. Em toda a Bíblia se fala do pecado, como sendo um mal contra DEUS, e, de outro lado, em parte alguma é exaltado o instrumento ou agente humano [pelo menos do ponto de vista divino] porque pecou. Talvez tomássemos como exceções alguns casos registrados na Bíblia, tais como, a afirmação de Raabe diante de seus patrícios de que os “espias” já tivessem partido de sua casa — seria então o pecado de mentira (Js 2.4,5), ou no caso de Sansão, que enquanto escondia seu segredo, conserva consigo o poder de DEUS; quando porém, falou a verdade, este poder foi retirado de seu coração — porque nesse caso, segundo a visão da lógica, ele somente conservava este poder enquanto mentia (Jz 16). Contudo, devemos ter em mente que, em ambos os casos não houve nenhuma transgressão diretamente contra DEUS; e, sim, atos que foram realizados, ainda que de forma ilícita aos nossos olhos, em favor do povo de DEUS contra agentes humanos completamente inimigos de DEUS e do seu povo — ainda que isso não foi legal na concepção do direito que não está mesclado com a caridade. Nas Escrituras, ao contrário da filosofia pagã, o pecado é representado como coisa amarga e má, porque é desonroso para DEUS: Essa ideia aparece distintamente no Antigo Testamento, sendo na verdade uma das suas mais notadas particularidades. Exemplificando, temos o poder de DEUS se manifestando de forma versátil e sendo lançado no campo da destruição física e da repreensão moral, em coisas e em indivíduos, como por exemplo:

(2) A destruição de Sodoma e Gomorra juntamente com as cidades da campina (Gn 19).

(3) As dez pragas mortíferas que desabaram sobre o Egito, contra Faraó e contra seus súditos (Ex 7 — 12).

(4) A destruição dos amalequitas (Ex 17).

(5) O juízo severo contra Coré e o seu grupo, que foram tragados pelo castigo iminente de DEUS (Nm 16).

(6) Os castigos de DEUS, ainda que mesclados com misericórdia contra Israel — levando-o para o cativeiro em diversas oportunidades (2 Cr 36; Lc 21).

(7) Contra o monarca Senaqueribe e seu exército invasor (2 Cr 32).

(8) Contra o rei Belsazar durante sua orgia na corte babilônica (Dn 6).

(9) O abandono do mundo gentílico à depravação (Rm 1).

Outros castigos foram aplicados por DEUS contra famílias e indivíduos etc.

Assim sendo, o pecado é reputado como sendo o “grande tirano”, denunciado pela justiça divina sem lhe oferecer nenhuma trégua em todos os elementos doutrinários das Escrituras Sagradas.

4. A culpa contraída. Um outro ponto a ser analisado neste argumento, é o pecado contraído; isto é, em outras palavras: “o pecado do erro”. Uns erram movidos pelo engano; outros erram porque gostam de errar e que já nascem alienados como o erro (Sl 58.3). O erro praticado voluntariamente, trás o sentido mais lato e ordinário da definição do pecado e suas formas de expressão. Exatamente é o erro, que quer dizer “fraqueza” ou “errar o alvo no sentido religioso”. Na declaração feita por DEUS em Gênesis 8.21, de que não mais iria amaldiçoar a terra por causa do homem, “porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice”; significa que o coração humano é por natureza “inclinado” (pendido) para o mal. Também se fala o mesmo em relação a Israel. Arão lembrou a Moisés, seu irmão, quando o mesmo lhe fazia inquirimento no tocante ao pecado do povo, então ele lhe respondeu dizendo: “Não se acenda a ira do meu Senhor; tu sabes que este povo é inclinado ao mal” (Êx 32.22b).

 

 

Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - Teologia Sistemática - Myer Pearman

PECADO

I. O fato do pecado

Não há necessidade de discutir a questão da realidade do pecado; a história e o próprio conhecimento intimo do homem oferecem abundante testemunho do fato. Muitas teorias, porém, apareceram para negar, desculpar, ou diminuir a natureza do pecado.

1. O ateísmo, ao negar a DEUS, nega também o pecado, porque, estritamente falando, todo pecado é contra DEUS; e se não há DEUS, não há pecado. O homem pode ser culpado de pecar em relação a outros; pode pecar contra si mesmo, porém estas coisas constituem pecado unicamente em relação a DEUS. Enfim, todo mal praticado é dirigido contra DEUS, porque o mal é uma violação do direito, e o direito é a lei de DEUS. "Pequei contra o céu e perante ti", exclamou o pródigo. Portanto, o homem necessita do perdão baseado em uma provisão divina de expiação.

2. O determinismo é a teoria que afirma ser o livre arbítrio uma ilusão e não uma realidade. Nós imaginamos que somos livres para fazer nossa escolha, porém realmente nossas opções são ditadas por impulsos internos e circunstâncias que escaparam ao nosso domínio. A fumaça que sai pela chaminé parece estar livre, porém se esvai por leis inexoráveis. Sendo assim — continua essa teoria, — uma pessoa não pode deixar de atuar da maneira como o faz, e estritamente falando, não deve ser louvada por ser boa nem culpada por ser má. O homem é simplesmente um escravo das circunstâncias. Mas as Escrituras afirmam terminantemente que o homem é livre para escolher entre o bem e o mal — uma liberdade implícita em todos os mandamentos e exortações. Longe de ser vítima da fatalidade e casualidade, declara-se que o homem é o árbitro do seu próprio destino. Durante uma discussão sobre a questão do livre arbítrio, o Dr. Johnson, notável autor e erudito inglês, declarou: "Cavalheiro, sabemos que nossa vontade é livre, e isto é tudo que há no assunto!" Cada grama de bom senso excede em peso a uma tonelada de filosofia! Uma consequência prática do determinismo é tratar o pecado como se fosse uma enfermidade por cuja causa o pecador merece dó ao invés de ser castigado. Porém, a voz da consciência que diz "eu devo" refuta essa teoria. Recentemente, um homicida de dezessete anos recusou-se a alegar loucura. Seu crime era indesculpável, ele declarou, porque sabia que o havia cometido conscientemente, apesar dos ensinos que recebera dos pais e na Escola Dominical. Desse modo, insistiu que fosse cumprida a pena capital. Jovem como era, e diante da morte, recusou enganar-se a si mesmo.

3. O hedonismo (da palavra grega que significa "prazer") é a teoria que sustenta que o melhor ou o mais proveitoso que existe na vida é a conquista do prazer e a fuga à dor; de modo que a primeira pergunta que se faz não é: "Isto e correto?", mas: "Traz prazer?" Nem todos os hedonistas têm uma vida de vícios, mas a tendência geral do hedonista é desculpar o pecado e disfarçá-lo, qual pílula açucarada, com designações tais como estas: "é uma fraqueza inofensiva"; "é pequeno desvio"; "é mania do prazer"; "é fogo da juventude". Eles desculpam o pecado com expressões como estas: "Errar é humano"; "o que é natural é belo e o que é belo é direito." é sobre essa teoria que se baseia o ensino moderno de "autoexpressão". Em linguagem técnica, o homem deve "libertar suas inibições"; em linguagem simples, "ceder à tentação porque reprimi-la é prejudicial à saúde". Naturalmente, isso muitas vezes representa um intento para justificar a imoralidade. Mas esses mesmos teóricos não concordariam em que a pessoa desse liberdade às suas inibições de ira, ódio criminoso, inveja, embriaguez ou alguma outra tendência similar. No fundo dessa teoria está o desejo de diminuir a gravidade do pecado, e ofuscar a linha divisória entre o bem e o mal, o certo e o errado. Representa uma variação moderna da mentira antiga: "Certamente não morrerás." E muitos descendentes de Adão têm engolido a amarga pílula do pecado, adoçada com a suposta suavizante segurança: "Isto não te fará dano algum." O bem é simbolizado pela alvura, e o pecado pela negrura, porém alguns querem misturá-los, dando-lhes uma cor cinzenta neutra. A admoestação divina àqueles que procuram confundir as distinções morais, é: "Ai daqueles que chamam o mal bem, e o bem mal"

4. Ciência Cristã. Esta seita nega a realidade do pecado. Declara que o pecado não é algo positivo, mas simplesmente a ausência do bem. Nega que o pecado tenha existência real e afirmam que é apenas um "erro da mente moral". O homem pensa que o pecado é real, por conseguinte, seu pensamento necessita de correção. Mas, depois de examinar o pecado e a ruína que são mais do que reais no mundo, parece que esse tal "erro da mente mortal" é tão terrível como aquilo que toda gente conhece por "pecado"! As Escrituras denunciam o pecado como uma violação positiva da lei de DEUS, como uma verdadeira ofensa que merece castigo real num inferno real.

5. A evolução considera o pecado como herança do animalismo primitivo do homem. Desse modo em lugar de exortar a gente a deixar o "homem velho", ou o "antigo Adão", os proponentes dessa teoria deviam admoestá-los a que deixassem o "velho macaco" ou o "velho tigre"! Como já vimos, a teoria da evolução é antibíblica. Alem disso, os animais não pecam; eles vivem segundo sua natureza, e não experimentam nenhum sentido de culpa por seu comportamento. O Dr. Leander Keyser comenta: "Se a luta egoísta e sangrenta pela existência no reino animal for o método de progresso que trouxe o homem à existência, por que deverá ser um mal que o homem continue nessa rota sangrenta?" É certo que o homem tem uma natureza física, porém essa parte inferior de seu ser foi criação de DEUS, e é plano de DEUS que esteja sujeita a uma inteligência divinamente iluminada.

 

II. A origem do pecado

O terceiro capítulo de Gênesis oferece os pontos chaves que caracterizam a história espiritual do homem, as quais são: A tentação, a culpa, o juízo e a redenção.

 

1. A tentação: sua possibilidade, origem e sutileza.

(a) A possibilidade da tentação. O segundo capítulo de Gênesis relata o fato da queda do homem, informando acerca do primeiro lar do homem, sua inteligência, seu serviço no Jardim no Éden, as duas árvores, e o primeiro matrimônio. Menciona especialmente as duas árvores do destino — a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da vida. Essas duas árvores constituem um sermão em forma de quadro dizendo constantemente a nossos primeiros pais: "Se seguirdes o bem e rejeitardes o mal, tereis a vida." E não é esta realmente a essência do Caminho da Vida encontrada através das Escrituras? (Vide Deut. 30:15.) Notemos a árvore proibida. Por que foi colocada ali? Para prover um teste pelo qual o homem pudesse, amorosa e livremente, escolher servir a DEUS e dessa maneira desenvolver seu caráter. Sem vontade livre o homem teria sido meramente uma máquina.

(b) A origem da tentação. "Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor DEUS tinha feito." É razoável deduzir que a serpente, que naquele tempo deveria ter sido uma criatura formosa, foi o agente empregado por Satanás, o qual já tinha sido lançado fora do céu antes da criação do homem. (Ezeq. 23:13-17; Isa. 14:12-15.) Por essa razão, Satanás é descrito como "essa antiga serpente, chamada o diabo" (Apoc. 12:9). Geralmente Satanás trabalha por meio de agentes. Quando Pedro (embora sem má intenção) procurou dissuadir seu Mestre da senda do dever, JESUS olhou além de Pedro, e disse, "Para trás de mim, Satanás" (Mat. 16:22,23). Neste caso Satanás trabalhou por meio de um dos amigos de JESUS; no Éden empregou a serpente, uma criatura da qual Eva não desconfiava.

(c) A sutileza da tentação. A sutileza é mencionada como característica distintiva da serpente. (Vide Mat. 10:16.) Com grande astúcia ela oferece sugestões, as quais, ao serem abraçadas, abrem caminho a desejos e atos pecaminosos. Ela começa falando com a mulher, o vaso mais frágil, que, além dessa circunstância, não tinha ouvido diretamente a proibição divina. (Gên. 2:16, 17.) E ela espera até que Eva esteja só. Note-se a astúcia na aproximação. Ela torce as palavras de DEUS (Vide Gén. 3:1 e 2:16, 17) e então finge surpresa por estarem assim torcidas; dessa maneira ela, astutamente, semeia dúvida e suspeitas no coração da ingênua mulher, e ao mesmo tempo insinua que está bem qualificada para ser juiz quanto à justiça de tal proibição. Por meio da pergunta no versículo 1, lança a tríplice dúvida acerca de DEUS.

1) Dúvida sobre a bondade de DEUS. Ela diz, com efeito: "DEUS está retendo alguma bênção de ti."

2) Dúvida sobre a retidão de DEUS. "Certamente não morrereis." Isto é, "DEUS não pretendia dizer o que disse".

3) Dúvida sobre a santidade de DEUS. No versículo 5 a serpente diz, com efeito: "DEUS vos proibiu comer da árvore porque tem inveja de vos. Não quer que chegueis a ser sábios tanto quanto ele, de modo que vos mantém em ignorância. Não é porque ele se interesse por vós, para salvar-vos da morte, e sim por interesse dele, para impedir que chegueis a ser semelhantes a ele."

 

2. A Culpa.

Notemos as evidências de uma consciência culpada:

1) "Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus." Expressão usada para indicar esclarecimento milagroso ou repentino. (Gên. 21:19; 2 Reis. 6:17.) As palavras da serpente (versículo 5) cumpriram-se; porém, o conhecimento adquirido foi diferente do que eles esperavam. Em vez de fazê-los semelhantes a DEUS, experimentaram um miserável sentimento de culpa que os fez ter medo de DEUS. Notemos que a nudez física é um quadro de uma consciência nua ou culpada. Os distúrbios emocionais refletem-se muitas vezes em nossas feições. Alguns comentadores sustentam que antes da queda, Adão e Eva estavam vestidos com uma auréola ou traje de luz, que era um sinal da comunhão com DEUS e do domínio do espírito sobre o corpo. Quando pecaram, essa comunhão foi interrompida; o corpo venceu o espírito, e ali começou esse conflito entre a carne e o espírito (Rom. 7:14-24), que tem sido a causa de tanta miséria.

2) "E coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais." Assim como a nudez física é sinal de uma consciência culpada, da mesma maneira, o procurar cobrir a nudez é um quadro que representa o homem a procurar cobrir sua culpa com a indumentária do esquecimento ou o traje das desculpas. Mas, somente uma veste feita por DEUS pode cobrir o pecado (Verso 21).

3) "E ouviram a voz do Senhor DEUS, que passeava no jardim pela viração do dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor DEUS entre as árvores do jardim." O instinto do homem culpado é fugir de DEUS. E assim como Adão e Eva procuraram esconder-se entre as árvores, da mesma forma as pessoas hoje em dia procuram esconder-se nos prazeres e em outras atividades.

 

3. O juízo.

(a) Sobre a serpente. "Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e o pó comerás todos os dias da tua vida." Essas palavras implicam que a serpente outrora foi uma criatura formosa e honrada. Depois, porque veio a ser o instrumento para a queda do homem, tomou-se maldita e degradada na escala da criação animal. Uma vez que a serpente foi simplesmente o instrumento de Satanás, por que deve ser punida? Porque é a vontade de DEUS fazer da maldição da serpente um tipo e profecia da maldição sobre o diabo e sobre todos os poderes do mal. O homem deve reconhecer, pelo castigo da serpente, como a maldição de DEUS ferirá todo pecado e maldade; arrastando-se no pó recordaria ao homem o dia em que DEUS derribará até ao pó, o poder do diabo. Isso é um estimulo para o homem: ele, o tentado, está em pé, erguido, enquanto a serpente está sob a maldição. Pela graça de DEUS o homem pode ferir-lhe a cabeça — pode vencer o mal. (Vide Luc. 10:18; Rom. 16:20; Apoc. 12:9; 20:1-3, 10.)

(b) Sobre a mulher. "E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua concepção; com dor terás filhos; e o teu desejo será para teu marido, e ele te dominará" (Gên. 3:16). Assim disse certo escritor: A presença do pecado tem sido a causa de muito sofrimento, precisamente do modo indicado acima. Não há dúvida que dar à luz filhos constitui um momento critico e penoso na vida da mulher. O sentimento de faltas passadas pesa de uma maneira particular sobre ela, e também a crueldade e loucura do homem contribuíram para fazer o processo mais doloroso e perigoso para a mulher do que para os animais. O pecado tem corrompido todas as relações da vida, e mui particularmente a relação matrimonial. Em muitos países a mulher é praticamente escrava do homem; a posição e a condição triste de meninas viúvas e meninas mães na Índia têm sido um fato horrível em cumprimento dessa maldição.

(c) Sobre o homem. (Versos 17-19.) O trabalho para o homem já tinha sido designado (2:15). O castigo consiste no afã, nas decepções e aflições que muitas vezes acompanham o trabalho. A agricultura é especificada em particular, porque sempre tem sido um dos empregos humanos mais necessários. De alguma maneira misteriosa, a terra e a criação em geral têm participado da maldição e da queda do seu senhor (o homem) porém estão destinadas a participar da sua redenção. Este é o pensamento de Rom. 8:19-23. Em Isaias 11:1-9 e 65:17-25, temos exemplos de versículos que predizem a remoção da maldição da terra durante o Milênio. Além da maldição física que se apossou da terra, também é certo que o capricho e o pecado humanos têm dificultado de muitas maneiras o labor e provocado as condições de trabalho mais difíceis e mais duras para o homem. Notemos a pena de morte. "Porquanto és pó, e em pó te tornarás." O homem foi criado capaz de não morrer fisicamente; teria existência física indefinidamente se tivesse preservado sua inocência e continuasse a comer da árvore da vida. Ainda que volte à comunhão com DEUS (e dessa maneira vença a morte espiritual) por meio do arrependimento e da oração, não obstante, deve voltar ao seu Criador através da morte. Visto que a morte faz parte da pena do pecado, a salvação completa deve incluir a ressurreição do corpo, (1 Cor. 15:54-57.) não obstante, certas pessoas, como Enoque, terão o privilégio de escapar da morte física. (Gên. 5:24; 1 Cor. 15:51.)

 

4. A redenção.

Os três primeiros capítulos de Gênesis contêm as três revelações de DEUS, que por toda a Bíblia figuram em todas as relações de DEUS com o homem. O Criador, que trouxe tudo à existência (cap. 1), o DEUS do Pacto que entra em relações pessoais com o homem (cap. 2); o Redentor, que faz provisão para a restauração do homem (cap. 3).

(a) Prometida. (Vide Gên. 3:15.) (1) A serpente procurou fazer aliança com Eva contra DEUS, mas DEUS por fim a essa aliança. "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente (descendentes) e a sua semente." Em outras palavras, haverá uma luta constante entre o homem e o poder maligno que causou a sua queda. (2) Qual será o resultado desse conflito? Primeiro, vitória para a humanidade, por meio do Representante do homem, a Semente da mulher. "Ela (a semente da mulher) te ferirá a cabeça." CRISTO, a Semente da mulher, veio ao mundo para esmagar o poder do diabo. (Mat. 1:23, 25; Luc. 1:31-35,76; Isa. 7:14; Gál. 4:4; Rom. 16:20; Col. 2:15; Heb. 2:14,15; 1 João 3:8; 5:5; Apoc. 12:7, 8, 17; 20:1-3, 10.) (3) Porém a vitória não será sem sofrimento. "E tu (a serpente) lhe ferirás o calcanhar." No Calvário a Serpente feriu o calcanhar da Semente da mulher; mas este ferimento trouxe a cura para a humanidade. (Vide Isa. 53:3,4,12; Dan. 9:26; Mat. 4:1-10; Luc. 22:39-14,53; João 12:31-33; 14:30,31; Heb. 2:18; 5:7; Apoc. 2:10.)

(b) Prefigurada. (Verso 21.) DEUS matou um animal, uma criatura inocente, para poder vestir aqueles que se sentiam nus ante a sua vista por causa do pecado. Do mesmo modo, o Pai deu seu Filho, o Inocente, à morte, a fim de prover uma cobertura expiatória para as almas dos homens.

 

III. A natureza do pecado

Que é pecado? A Bíblia usa uma variedade de termos para expressar o mal de ordem moral, os quais nos explicam algo de sua natureza.

Um estudo desses termos, nos originais hebraico e grego, proporcionará a definição bíblica do pecado.

 

1. O ensino do Antigo Testamento.

O pecado considerado — As diferentes palavras hebraicas descrevem o pecado operando nas seguintes esferas: (*)

(a) Na esfera moral. As palavras usadas para expressar o pecado nesta esfera são as seguintes:

1) A palavra mais comumente usada para o pecado significa "errar o alvo". Reúne as seguintes idéias: (1) Errar o alvo, como um arqueiro que atira mas erra, do mesmo modo, o pecador erra o alvo final da vida. (2) Errar o caminho, como um viajante que sai do caminho certo. (3) Ser achado em falta ao ser pesado na balança de DEUS. Em Gên. 4:7, onde a palavra é mencionada pela primeira vez, o pecado é personificado como uma besta feroz pronta para lançar-se sobre quem lhe der ocasião.

2) Outra palavra significa literalmente "tortuosidade", e é muitas vezes traduzida por "perversidade". É, pois, o contrário de retidão, que significa literalmente, o que é reto ou conforme um ideal reto.

3) Outra expressão comum que se traduz por "mal", exprime o pensamento de violência ou infração, e descreve o homem que infringe ou viola a lei de DEUS.

(b) Na esfera da conduta fraternal. A palavra usada para determinar o pecado nesta esfera, significa violência ou conduta injuriosa. (Gên. 6:11; Ezeq. 7:23; Prov. 16:29.) Ao excluir a restrição da lei, o homem maltrata e oprime seus semelhantes.

(c) Na esfera da santidade. As palavras usadas para descrever o pecado nesta esfera implicam que o ofensor usufruiu da relação com DEUS. Toda a nação israelita foi constituída em "um reino de sacerdotes", cada membro considerado como estando em contato com DEUS e seu santo tabernáculo. Portanto, cada israelita era santo, isto é, separado para DEUS, e toda a atividade e esfera de sua vida estavam reguladas pela Lei da Santidade. As coisas fora dessa lei eram "profanas" (o contrário de santas), e o que participava delas se tornava "imundo" ou contaminado. (Lev. 11:24, 27, 31, 33, 39.) Se persistisse na profanação, era considerada uma pessoa irreligiosa ou profana. (Lev. 21:14; Heb. 12:16.) Se acaso se rebelasse e deliberadamente repudiasse a jurisdição da lei da santidade, era considerado "transgressor". (Sal. 37:38; 51:13; Isa. 53:12.) Se prosseguia neste último caminho, era julgado como criminoso, e tais eram os publicanos, na opinião dos contemporâneos do nosso Senhor JESUS.

(d) Na esfera da verdade. As palavras que descrevem o pecado nesta esfera dão ênfase ao inútil e fraudulento elemento do pecado. Os pecadores falam e tratam falsamente (Sal. 58:3; Isa. 28:15), representam falsamente e dão falso testemunho (Êxo. 20:16; Sal. 119:128; Prov. 19:5, 9). Tal atividade é "vaidade" (Sal. 12:2; 24:4; 41:6), isto é, vazia e sem valor. O primeiro pecador foi um mentiroso (João 8:44); o primeiro pecado começou com uma mentira (Gên. 3:4); e todo pecado contém o elemento do engano (Heb. 3:13).

(e) Na esfera da sabedoria. Os homens se portam impiamente porque não pensam ou não querem pensar corretamente; não dirigem suas vidas de acordo com a vontade de DEUS, seja por descuido ou por deliberada ignorância.

1) Muitas exortações são dirigidas aos "simples" (Prov. 1:4, 22; 8:5). Essa palavra descreve o homem natural, que não se desenvolveu, quer na direção do bem, quer do mal; sem princípios fixos, mas com uma inclinação natural para o mal, a qual pode ser usada a fim de seduzi-lo. Falta-lhe firmeza e fundamento moral; ele ouve mas esquece; portanto, é facilmente conduzido ao pecado. (Vide Mat. 7:26.)

2) Muitas vezes lemos acerca desses "faltos de entendimento" (Prov. 7:7; 9:4), isto é, aqueles que por falta de entendimento, mais do que por propensão pecaminosa, são vítimas do pecado. Faltos de sabedoria, são conduzidos a expressar precipitados juízos acerca da providência divina e das coisas além da sua compreensão. Desse modo precipitam-se na impiedade. Tanto essa classe, como os "simples", são indesculpáveis porque as Escrituras apresentam o Senhor oferecendo gratuitamente — sim, rogando-lhes que aceitem (Prov. 8:1-10) — aquilo que os fará sábios para a salvação.

3) A palavra frequentemente traduzida "insensato" (Prov. 15:20), descreve uma pessoa capaz de fazer o bem, contudo está presa às coisas da carne e facilmente é conduzida ao pecado pelas suas inclinações carnais. Não se disciplina a si mesma nem guia as suas tendências de acordo com as leis divinas.

4) O "escarnecedor" (Sal. 1:1; Prov. 14:6) é o homem ímpio que justifica sua impiedade com argumentos racionais contra a existência ou realidade de DEUS, e contra as coisas espirituais em geral. Assim, "escarnecedor" é a palavra do Antigo Testamento equivalente à nossa moderna palavra "infiel", e a expressão "roda dos escarnecedores" provavelmente se refere à sociedade local dos infiéis.

 

2. O ensino do Novo Testamento.

O Novo Testamento descreve o pecado como:

(a) Errar o alvo, que expressa a mesma idéia que a conhecida palavra do Antigo Testamento.

(b) Dívida. (Mat. 6:12.) O homem deve (a palavra "deve" vem de dívida) a DEUS a guarda dos seus mandamentos; todo pecado cometido é contração de uma dívida. Incapaz de pagá-la, a única esperança do homem é ser perdoado, ou obter remissão da dívida.

(c) Desordem. "O pecado é iniquidade" (literalmente "desordem", 1 João 3:4). O pecador é um rebelde e um idólatra porque deliberadamente quebra um mandamento, ao escolher sua própria vontade em vez de escolher a vontade de DEUS; pior ainda, está se convertendo em lei para si mesmo e, dessa maneira, fazendo do eu uma divindade. O pecado começou no coração daquele exaltado anjo que disse: "Eu farei", em oposição à vontade de DEUS. (Isa. 14:13, 14). O anticristo é proeminentemente "o sem-lei" (tradução literal de "iníquo"), porque se exalta a si mesmo sobre tudo que é adorado ou que é chamado DEUS. (2 Tess. 2:4-9.) O pecado é essencialmente obstinação e obstinação é essencialmente pecado. O pecado destronaria a DEUS; o pecado assassinaria DEUS. Na Cruz do Filho de DEUS, poderiam ter sido escritas estas palavras: "O pecado fez isto!"

(d) Desobediência, literalmente, "ouvir mal"; ouvir com falta de atenção. (Heb. 2:2.) "Vede pois como ouvis" (Luc. 8:18.)

(e) Transgressão, literalmente, "ir além do limite" (Rom. 4:15). Os mandamentos de DEUS são cercas, por assim dizer, que impedem ao homem entrar em território perigoso e dessa maneira sofrer prejuízo para sua alma.

(f) Queda, ou falta, ou cair para um lado (Efés. 1:7) no grego, donde a conhecida expressão, cair no pecado. Pecar é cair de um padrão de conduta.

(g) Derrota é o significado literal da palavra "queda" em Rom. 11:12. Ao rejeitar a CRISTO, a nação judaica sofreu uma derrota e perdeu o propósito de DEUS.

(h) Impiedade, de uma palavra que significa "sem adoração, ou reverência". (Rom. 1:18; 2 Tim. 2:16.) O homem ímpio é o que dá pouca ou nenhuma importância a DEUS e às coisas sagradas. Estas não produzem nele nenhum sentimento de temor e reverência. Ele está sem DEUS porque não quer saber de DEUS.

(i) O erro (Heb. 9:7) Descreve aqueles pecados cometidos como fruto da ignorância, e dessa maneira se diferenciam daqueles pecados cometidos presunçosamente, apesar da luz esclarecedora. O homem que desafiadoramente decide fazer o mal, incorre em maior grau de culpa do que aquele que é apanhado em falta, a que foi levado por sua debilidade.

IV. Consequências do pecado

O pecado é tanto um ato como um estado. Como rebelião contra a lei de DEUS, é um ato da vontade do homem; como separação de DEUS, vem a ser um estado pecaminoso. Segue-se uma dupla consequência: o pecador traz o mal sobre si mesmo por suas más ações, e incorre em culpa aos olhos de DEUS. Duas coisas, portanto, devem distinguir-se; as más consequências que seguem os atos do pecado, e o castigo que virá no juízo. Isto pode ser ilustrado da seguinte maneira: Um pai proíbe ao filho pequeno o fumar cigarros, e fá-lo ver uma dupla consequência: primeira, o fumar fá-lo-á sentir-se doente; segunda, ser castigado pela sua desobediência. O menino desobedece e fuma pela primeira vez. As náuseas que lhe sobrevêm representam as más consequências do seu pecado, e o castigo corporal subsequente representa o castigo positivo pela culpa. Da mesma maneira as Escrituras descrevem dois efeitos do pecado sobre o culpado: primeiro, é seguido por consequências desastrosas para sua alma; segundo, trará da parte de DEUS o positivo decreto de condenação.

 

1. Fraqueza espiritual.

(a) Desfiguração da imagem divina. O homem não perdeu completamente a imagem divina, porque ainda em sua posição decaída é considerado uma criatura à imagem de DEUS (Gên. 9:6; Tia. 3:9) — uma verdade expressa no provérbio popular: "Há algo de bom no pior dos homens." Maudesley, o grande psiquiatra inglês, sustenta que a majestade inerente da mente humana se evidencia até mesmo na ruína causada pela loucura. Apesar de não estar inteiramente perdida, a imagem divina no homem encontra-se muito desfigurada. JESUS CRISTO veio ao mundo tornar possível ao homem a recuperação completa da semelhança divina por ser recriado à imagem de DEUS. (Gál. 3:10.)

(b) Pecado inerente, ou "pecado original". O efeito da queda arraigou-se tão profundamente na natureza humana que Adão, como pai da raça, transmitiu a seus descendentes a tendência ou inclinação para pecar. (Sal. 51:5.) Esse impedimento espiritual e moral, sob o qual os homens nascem, é conhecido como pecado original. Os atos pecaminosos que se seguem durante a idade de plena responsabilidade do homem são conhecidos como "pecado atual". CRISTO, o segundo Adão, veio ao mundo resgatar-nos de todos os efeitos da queda. (Rom. 5:12-21.) Esta condição moral da alma é descrita de muitas maneiras: todos pecaram (Rom. 3:9); todos estão debaixo da maldição (Gál. 3:10); o homem natural é estranho às coisas de DEUS (1 Cor. 2:14); o coração natural é enganoso e perverso (Jer. 17:9); a natureza mental e moral é corrupta (Gên. 6:5, 12; 8:21; Rom. 1:19-31); a mente carnal é inimizade contra DEUS (Rom. 8:7, 8); o pecador é escravo do pecado (Rom. 6:17; 7:5); é controlado pelo príncipe das potestades do ar (Efés. 2:2); está morto em ofensas e pecados (Efés. 2:1); e é filho da ira (Efés. 2:3).

(c) Discórdia interna. No princípio DEUS fez o corpo do homem do pó, dotando-o, desse modo, de uma natureza física ou inferior; depois soprou em seu nariz o fôlego da vida, comunicando-lhe assim uma natureza mais elevada, unindo-o a DEUS. Era o propósito de DEUS a harmonia do ser humano, ter o corpo subordinado à alma. Mas o pecado interrompeu a relação de tal maneira que o homem se encontrou dividido em si mesmo; o "eu" oposto ao "eu" em uma guerra entre a natureza superior e a inferior. Sua natureza inferior, frágil em si mesma, rebelou-se contra a superior e abriu as portas de seu ser ao inimigo. Na intensidade do conflito, o homem exclama: "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?" (Rom. 7:24.) O "DEUS de paz" (1 Tess. 5:23) subjuga os elementos beligerantes da natureza do homem e santifica-o no espírito, alma e corpo. O resultado é a bem-aventurança interna — "justiça, e paz, e alegria no ESPÍRITO SANTO" (Rom. 14:17).

 

2. Castigo positivo.

"No dia em que dela comeres certamente morrerás" (Gên. 2:17) "O salário do pecado é a morte" (Rom. 6:23). O homem foi criado capaz de viver eternamente; isto é, não morreria se obedecesse à lei de DEUS. Para que pudesse "lançar mão" da imortalidade e da vida eterna, foi colocado sob um pacto de obras, figurado pelas duas árvores — a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da vida. Desse modo, a vida estava condicionada à obediência; enquanto Adão observasse a lei da vida teria direito à árvore da vida. Mas desobedeceu; quebrou o pacto de vida, e ficou separado de DEUS, a Fonte da vida. Desde esse momento, teve a morte o seu início e foi consumada na morte física com a separação da alma e do corpo. Mas notamos que o castigo incluía mais do que uma morte física; a dissolução física era uma indicação do desagrado de DEUS, do fato que o homem estava sem contato com a Fonte da vida. Ainda que Adão se tivesse reconciliado mais tarde com o seu Criador, a morte física continuaria de acordo com o decreto divino: "No dia em que dela comeres certamente morrerás." Somente por um ato de redenção e de recriação o homem teria outra vez direito à árvore da vida que está no meio do paraíso de DEUS. Por meio de CRISTO a justiça é restaurada à alma, a qual, na ressurreição, é reunida a um corpo glorificado.

Vemos, então, que a morte física veio ao mundo como castigo, e, nas Escrituras, sempre que o homem é ameaçado com a morte como castigo pelo pecado, significa primeiramente a perda do favor de DEUS. Assim, o pecador já está "morto em ofensas e pecados" e no momento da morte física ele entra no mundo invisível na mesma condição. Então no grande Julgamento o Juiz pronunciará a sentença da segunda morte, que envolve "indignação e ira, tribulação e angústia" (Rom. 2:7-12). De maneira que "a morte", como castigo, não é a extinção da personalidade, e, sim, o meio de separação de DEUS. Há três fases desta morte: morte espiritual, enquanto o homem vive (Efés. 2:1; l Tim. 5:6); morte física (Heb. 9:27); e a segunda ou morte eterna (Apoc. 21:8; João 5:28, 29; 2 Tess. 1:9; Mat. 25:41).

Por outro lado, quando as Escrituras falam da vida como recompensa pela justiça, isso significa mais do que existência, pois os ímpios existem no inferno. Vida significa viver em comunhão com DEUS e no seu favor — comunhão que a morte não pode interromper ou destruir. (João 11:25, 26.) é uma vida que proporciona união consciente com DEUS, a Fonte da vida. "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti só (em experiência e comunhão) por único DEUS verdadeiro, e a JESUS CRISTO, a quem enviaste" (João 17:3). A vida eterna é uma existência perfeita; a morte eterna é uma existência má, miserável e degradada.

Notemos que a palavra "destruição", usada quanto à sorte dos ímpios (Mat. 7:13; João 17:12; 2 Tess. 2:3), não significa extinção. De acordo com o grego, perecer ou ser destruído, não significa extinção e sim ruína. Por exemplo: que os odres "estragam-se" (Mat. 9:17) significa que já não servem como odres, e não que tenham deixado de existir. Da mesma maneira, o pecador que perece, ou que é destruído, não é reduzido ao nada, mas experimenta a ruína no que concerne a desfrutar comunhão com DEUS e a vida eterna. O mesmo uso ainda existe hoje; quando dizemos: "sua vida está arrumada", não queremos dizer que o homem está morto, e, sim, que perdeu o verdadeiro alvo ou objetivo da vida.

 

 

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Lição 8: O pecado, a transgressão da Lei Divina - Data: 19 de Novembro de 2006

Lições Bíblicas CPAD - Jovens e Adultos - 4º Trimestre de 2006

Título: As verdades centrais da Fé Cristã - Comentarista: Claudionor Corrêa de Andrade

 

TEXTO ÁUREO

 “Qualquer que comete o pecado também comete iniquidade, porque o pecado é iniquidade” (1 Jo 3.4).

 

VERDADE PRÁTICA

 Só existe um antídoto eficaz contra o pecado: o sangue de Cristo Jesus derramado na cruz do Calvário.

 

LEITURA DIÁRIA

 Segunda - 1 Jo 3.8 O Diabo peca desde o princípio.

 Terça - Tg 1.15 O pecado gera a morte.

 Quarta - 1 Co 15.56 O aguilhão da morte é o pecado.

 Quinta - Rm 6.23 O salário do pecado é a morte.

 Sexta - Rm 6.14 O pecado não terá domínio sobre os que estão sob a graça.

 Sábado - Jo 16.8 Somente o Espírito Santo pode convencer-nos do pecado.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 João 3.1-7.

1 - Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a ele.

2 - Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.

3 - E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.

4 - Qualquer que comete o pecado também comete iniquidade, porque o pecado é iniquidade.

5 - E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado.

6 - Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu.

7 - Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo.

 

PONTO DE CONTATO

Professor, a doutrina do pecado encontra-se claramente exposta em toda a Bíblia. O pecado não é apenas um coadjuvante na história da vida humana, mas, uma de suas personagens principais. A Bíblia, em nenhuma hipótese, lhe nega a força, a sutileza tentadora que, no interior do homem é uma inclinação para o mal, e no exterior, uma sedução para a prática das concupiscências da carne. Trata-se de uma luta renhida entre a carne e o Espírito: de um lado, a consciência e o dever de fazer o bem; de outro, a convicção de que o mal está sempre presente (Rm 7.21; Gl 5.17). O apóstolo Paulo foi incisivo ao tentar descrever esta angustiante batalha: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24).

Leia com seus alunos, Romanos 8.1-29, para que eles possam compreender o final glorioso desse drama encenado pelo homem, o pecado, o amor e a graça de Cristo.

 

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

Conceituar a doutrina do pecado.

Explicar as consequências do pecado.

Descrever a universalidade do pecado.

 

SÍNTESE TEXTUAL

A doutrina do pecado, chamada de Hamartiologia, se ocupa do estudo da origem, natureza e universalidade do pecado, conforme as Escrituras. O termo procede de duas palavras gregas: hamartia , traduzida por “pecado”, em At 3.19 e 1Co 15.17, e logia , que significa em At 7.38 e Rm 3.2, “palavra”, “oráculo” ou “declaração”. Em sua origem, o pecado manifestou-se na criatura moral celeste, conforme Ez 28.1-19; Is 14.12-15; Jo 8.44; 1Jo 3.8,12. Mais tarde, Adão, como representante da raça humana, também sucumbiu diante do pecado, sujeitando todos os seus descendentes aos aguilhões do mal moral; tornando-o, portanto, universal a todas criaturas racionais, e afetando até mesmo a criação (Gn 3; Sl 14; Rm 1.18-32; 3.23; 5.12-21; Rm 8.20-23). A natureza do pecado é descrita mediante diversos vocábulos hebraicos e gregos designados pelas Escrituras: hattā’â — pecado; errar o alvo (Gn 4.7); pesha‘ — revolta contra o padrão; transgredir (Gn 50.17); anomia — pecado; sem lei (Rm 6.19); asebeia — impiedade; falta de reverência (Rm 1.18).

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

Professor, a Bíblia usa diversas palavras para descrever a natureza do pecado. Tanto no hebraico quanto no grego, os vocábulos são usados em textos que revelam a sutileza e a variedade de atos considerados pecados pela Escritura. O emprego de vários termos para descrever o pecado e a natureza do mesmo, revela não apenas a multiplicidade de pecados existentes, mas também a universalidade deles, pois mesmo àqueles que se consideram moral ou socialmente bons, cometem outros tipos de pecados, às vezes, tolerado pela sociedade, mas condenados pela Escritura. Portanto, usaremos como recurso para esta lição, uma tabela com alguns termos hebraicos e gregos que descrevem a natureza do pecado. Esta tabela pode ser usada no tópico I, subtópico 3: “Definição bíblica”.

 

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

“O pecado não é um brinquedo — é um tirano”. A afirmação de J. Blanchard, além de explicitar a natureza do pecado, adverte-nos severamente: embora o pecado seja considerado um mero folguedo pelos que zombam de Deus e de sua Palavra, pode lançar-nos no inferno se não o vencermos pelo sangue de Cristo.

Nesta lição, estudaremos a doutrina do pecado: origem, natureza, consequências. Mostraremos ainda que, apesar de seu império, curva-se ele ante o sacrifício do Calvário.

 

 

I. O QUE É O PECADO

1. Definição etimológica. Tanto em hebraico como no grego, a palavra pecado traz esta conotação: errar o alvo. Veio o Todo-Poderoso e ordenou ao homem: “Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda” (Is 30.21). Mas o ser humano, ao desprezar a recomendação divina, pôs-se a trilhar a senda da rebelião, errando assim o alvo que lhe propusera o Criador: servi-lo na beleza de sua santidade.

2. Definição teológica. O pecado pode ser definido, teologicamente, como a transgressão deliberada e voluntária das leis estabelecidas por Deus.

3. Definição bíblica. Em 1 João 3.4, temos uma definição, embora pequena, essencial e completa: “O pecado é iniquidade”.

 

 

II. A POSSIBILIDADE DO PECADO

1. O pecado de Satanás. Em 1 João 3.8, escreve João que o Diabo peca desde o início; ele jamais se firmou na verdade (Jo 8.44). Dotado de livre-arbítrio, o mais excelso e maravilhoso dos anjos, conhecido também como querubim ungido, envaideceu-se até que, em si, foi achada iniquidade (Ez 28.15). Seu pecado é conhecido também como a “condenação do diabo” (1 Tm 3.6).

2. O livre-arbítrio do homem. Dotado de livre-arbítrio e menosprezando a recomendação divina, o homem apostatou-se contra o seu Criador, pensando que, assim, seria tão sábio e perfeito quando Deus. Todavia, ao invés da onisciência, veio a adquirir uma consciência culpada e envergonhada pelo pecado (Gn 3.9-11).

3. A tentação. Foram nossos primeiros genitores tentados pela concupiscência dos olhos, pela concupiscência da carne e pela soberba da vida (1Jo 2.16). Eva, vendo que o fruto da árvore era bom para se comer (concupiscência da carne), agradável aos olhos (concupiscência dos olhos) e desejável para dar entendimento (soberba da vida), o tomou, o comeu e ainda ofereceu ao seu marido (Gn 3.6). O ciclo da queda estava completo. O que era tentação torna-se, agora, transgressão da Lei de Deus.

4. O agente tentador. Por que Satanás tentou Adão e Eva? Por devotar-lhes intenso e implacável ódio. Assevera o Senhor Jesus que o Diabo é homicida desde o princípio (Jo 8.44). Tivera ele permissão, mataria o homem ali mesmo, no Éden. Como não pôde fazê-lo, induziu Adão a revoltar-se contra o Senhor. Nesta sanha, não mediu esforços para arruinar nossos pais. Usando a serpente para levar Eva ao pecado (2Co 11.3), ato contínuo, induziu a esta a instigar o homem à rebelião contra o Criador (1Tm 2.14). Leia com atenção Gênesis 3.

 

 

III. A UNIVERSALIDADE DO PECADO

1. Os gentios. Paulo enfoca a universalidade do pecado no mundo greco-romano, garantindo que a mais brilhante civilização da história era, na verdade, uma abominação contra o Senhor (Rm 1.23-27).

2. Os judeus. Em seguida, o apóstolo trata da apostasia dos judeus, mostrando estarem eles tão comprometidos com o pecado quanto os gentios (Rm 2.17-23).

3. A universalidade do pecado. No capítulo três, o apóstolo é obrigado a concluir: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Por conseguinte, não há nação, por mais adiantada ou por mais atrasada, que não possua uma clara noção de pecado.

 

 

IV. AS CONSEQÜÊNCIAS DO PECADO

Vejamos, pois, as consequências do pecado.

1. No homem. Colocado por Deus no Éden para que o lavrasse, o homem não pode considerar o trabalho como se fora uma maldição. Devido ao pecado, porém, tornar-se-lhe-ia o trabalho mui penoso (Gn 3.17-19).

2. Na mulher. Por causa de sua desobediência, a mulher muito sofreria em sua mais sublime missão: dar à luz filhos (Gn 3.16).

3. Na natureza. Não fora o pecado, a natureza seria harmônica e benfazeja em todos os sentidos. Assevera Paulo que a criação geme em consequência da transgressão adâmica (Rm 8.20-22).

4. No relacionamento com Deus. Em consequência do pecado, foi o homem expulso do Éden e perdeu a comunhão que desfrutava com o Senhor (Is 59.2). Sem Cristo, não passamos de filhos da ira (Ef 2.3).

5. O salário do pecado é a morte. Além de causar a morte espiritual, o pecado leva à morte física (Gn 2.17; Rm 6.23); e caso persista o homem em seus delitos, haverá de experimentar a segunda morte: o lago de fogo (Ap 21.8).

 

 

CONCLUSÃO

Na Bíblia, encontramos não poucos exemplos de homens que conheciam a Deus e com Ele andavam. No entanto, por falta de vigilância, acabaram por pecar contra o Senhor. Haja vista Davi. Tais exemplos nulificam o que João escreveu? De forma alguma. O que o apóstolo procura mostrar é que, na vida de quem ama a Deus, o pecado não é um hábito; é um lamentável e triste acidente. O versículo 6 poderia ser também assim traduzido: “O que nEle permanece, não vive na prática do pecado”.

 

VOCABULÁRIO

Antídoto: Medicamento usado para frustrar a ação de um veneno.
Asseverar: Afirmar com certeza, segurança; assegurar; dar como certo; certificar; atestar.
Benfazejo: Que faz o bem; caritativo.
Hipótese: Suposição, conjetura; Suposição duvidosa, mas não improvável, relativa a fenômenos naturais, pela qual se antecipa um conhecimento, e que poderá ser posteriormente confirmada direta ou indiretamente.
Nulificar: Anular; tornar nulo; invalidar.
Sanha: Ira, ódio, rancor, fúria.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

LEITE FILHO, T. G. O homem em três tempos. RJ: CPAD, 1997.
BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. RJ: CPAD, 2005.
HORTON, S. M. Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. RJ: CPAD, 1996.
OLIVEIRA, R. As grandes doutrinas da Bíblia. RJ: CPAD, 2003.

 

EXERCÍCIOS

1. O que é o pecado de acordo com 1 Jo 3.4?

R. O pecado é iniquidade.

2. Quais os três tipos de pecados mencionados em 1 Jo 2.16?

R. Concupiscência da carne, dos olhos e soberba da vida.

3. O que você entende por universalidade do pecado?

R. Que todos os homens são pecadores.

4. Quais as consequências do pecado?

R. Morte, trabalho penoso, multiplicação da dor no parto, etc.

5. Quem foi o agente tentador no Éden?

R. Satanás.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

Subsídio Teológico

“Classes de Pecado

Diante do perdão de Deus, não podemos dizer que os pecados estão divididos em classes. No entanto, para nossa própria compreensão deles, podemos admitir que, assim como todos os edifícios e casas não são do mesmo tamanho, assim também os nossos pecados são de diferentes tipos.

1. Pecados de debilidade e de presunção. Pecados de debilidade são aqueles que têm a atenuante de serem produtos da precipitação no juízo, ou de pouca energia na vontade, apesar de revelarem corrupção e desordem. Os de presunção são os que resultam da premeditação e de uma vontade a serviço da injustiça (Sl 19.12,13; Is 5.18; Ml 7.2,3; Gl 3.1; Ef 4.14).

2. Pecados de comissão e de omissão. É comum a pessoa se preocupar mais em não fazer o mal do que em fazer o bem. No entanto, para Deus os dois pecados têm a mesma implicação. Observemos, no entanto, que, enquanto no Decálogo a maior parte das proibições começa com um não, no Novo Testamento a ênfase é a de fazer o bem: Jo 13.34,35; 15.17. Em Mateus 25.41-46, no grande julgamento, são mencionados cinco pecados de omissão.

3. Pecados sociais. O pecado é a infidelidade no cumprimento de nossas responsabilidades diante de Deus, e uma das que as Escrituras apresentam é a que se refere à prática da justiça e retidão entre os homens: Gn 39.9; Dt 24.15; 2 Rs 18.14; Êx 23.7. Também os profetas denunciavam a falta de justiça e a opressão que havia entre o povo, que significavam rebelião contra Deus.

4. Pecados contra o Espírito Santo. Em Mateus 12.32 e Lucas 12.10, temos referências ao pecado contra o Espírito Santo. É imperdoável porque não significa apenas falar contra o Espírito Santo (Hb 6.4-6; 10.26-29), mas também atribuir maliciosamente a poderes malignos o que é realizado pelo poder do Espírito Santo. É uma obstinada resistência à clara manifestação do Espírito da graça”.

(LEITE FILHO, T. G. O homem em três tempos. 3.ed., RJ: CPAD, 1997, p.114-5.)

 

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Capítulo V: O pecado - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - Teologia Sistemática - Myer Pearman
Está escrito que Deus, ao completar a obra da criação, declarou que tudo era "muito bom". Observando, mesmo ligeiramente, chegamos à convicção de que muitas coisas que agora existem não são boas — o mal, a impiedade, a opressão, a luta, a guerra, a morte, e o sofrimento. E naturalmente surge a pergunta: Como entrou o mal no mundo? — pergunta que tem deixado perplexos muitos pensadores. A Bíblia oferece a resposta de Deus; ainda mais, informa-nos o que o pecado realmente é; melhor ainda, apresenta-nos o remédio para o pecado.

I. O fato do pecado
Não há necessidade de discutir a questão da realidade do pecado; a história e o próprio conhecimento íntimo do homem oferecem abundante testemunho do fato. Muitas teorias, porém, apareceram para negar, desculpar, ou diminuir a natureza do pecado.
1. O ateísmo, ao negar a Deus, nega também o pecado, porque, estritamente falando, todo pecado é contra Deus; e se não há Deus, não há pecado. O homem pode ser culpado de pecar em relação a outros; pode pecar contra si mesmo, porém estas coisas constituem pecado unicamente em relação a Deus. Enfim, todo mal praticado é dirigido contra Deus, porque o mal é uma violação do direito, e o direito é a lei de Deus. "Pequei contra o céu e perante ti", exclamou o pródigo. Portanto, o homem necessita do perdão baseado em uma provisão divina de expiação.
2. O determinismo é a teoria que afirma ser o livre arbítrio uma ilusão e não uma realidade. Nós imaginamos que somos livres para fazer nossa escolha, porém realmente nossas opções são ditadas por impulsos internos e circunstâncias que escaparam ao nosso domínio. A fumaça que sai pela chaminé parece estar livre, porém se esvai por leis inexoráveis. Sendo assim — continua essa teoria, — uma pessoa não pode deixar de atuar da maneira como o faz, e estritamente falando, não deve ser louvada por ser boa nem culpada por ser má. O homem é simplesmente um escravo das circunstâncias. Mas as Escrituras afirmam terminantemente que o homem é livre para escolher entre o bem e o mal — uma liberdade implícita em todos os mandamentos e exortações. Longe de ser vítima da fatalidade e casualidade, declara-se que o homem é o árbitro do seu próprio destino. Durante uma discussão sobre a questão do livre arbítrio, o Dr. Johnson, notável autor e erudito inglês, declarou: "Cavalheiro, sabemos que nossa vontade é livre, e isto é tudo que há no assunto!" Cada grama de bom senso excede em peso a uma tonelada de filosofia! Uma consequência prática do determinismo é tratar o pecado como se fosse uma enfermidade por cuja causa o pecador merece dó ao invés de ser castigado. Porém, a voz da consciência que diz "eu devo" refuta essa teoria. Recentemente, um homicida de dezessete anos recusou-se a alegar loucura. Seu crime era indesculpável, ele declarou, porque sabia que o havia cometido conscientemente, apesar dos ensinos que recebera dos pais e na Escola Dominical. Desse modo, insistiu que fosse cumprida a pena capital. Jovem como era, e diante da morte, recusou enganar-se a si mesmo.
3. O hedonismo (da palavra grega que significa "prazer") é a teoria que sustenta que o melhor ou o mais proveitoso que existe na vida é a conquista do prazer e a fuga à dor; de modo que a primeira pergunta que se faz não é: "Isto e correto?", mas: "Traz prazer?" Nem todos os hedonistas têm uma vida de vícios, mas a tendência geral do hedonista é desculpar o pecado e disfarçá-lo, qual pílula açucarada, com designações tais como estas: "é uma fraqueza inofensiva"; "é pequeno desvio"; "é mania do prazer"; "é fogo da juventude". Eles desculpam o pecado com expressões como estas: "Errar é humano"; "o que é natural é belo e o que é belo é direito." é sobre essa teoria que se baseia o ensino moderno de "autoexpressão". Em linguagem técnica, o homem deve "libertar suas inibições"; em linguagem simples, "ceder à tentação porque reprimi-la é prejudicial à saúde". Naturalmente, isso muitas vezes representa um intento para justificar a imoralidade. Mas esses mesmos teóricos não concordariam em que a pessoa desse liberdade às suas inibições de ira, ódio criminoso, inveja, embriaguez ou alguma outra tendência similar. No fundo dessa teoria está o desejo de diminuir a gravidade do pecado, e ofuscar a linha divisória entre o bem e o mal, o certo e o errado. Representa uma variação moderna da mentira antiga: "Certamente não morrerás." E muitos descendentes de Adão têm engolido a amarga pílula do pecado, adoçada com a suposta suavizante segurança: "Isto não te fará dano algum." O bem é simbolizado pela alvura, e o pecado pela negrura, porém alguns querem misturá-los, dando-lhes uma cor cinzenta neutra. A admoestação divina àqueles que procuram confundir as distinções morais, é: "Ai daqueles que chamam o mal bem, e o bem mal"
4. Ciência Cristã. Esta seita nega a realidade do pecado. Declara que o pecado não é algo positivo, mas simplesmente a ausência do bem. Nega que o pecado tenha existência real e afirmam que é apenas um "erro da mente moral". O homem pensa que o pecado é real, por conseguinte, seu pensamento necessita de correção. Mas, depois de examinar o pecado e a ruína que são mais do que reais no mundo, parece que esse tal "erro da mente mortal" é tão terrível como aquilo que toda gente conhece por "pecado"! As Escrituras denunciam o pecado como uma violação positiva da lei de Deus, como uma verdadeira ofensa que merece castigo real num inferno real.
5. A evolução considera o pecado como herança do animalismo primitivo do homem. Desse modo em lugar de exortar a gente a deixar o "homem velho", ou o "antigo Adão", os proponentes dessa teoria deviam admoestá-los a que deixassem o "velho macaco" ou o "velho tigre"! Como já vimos, a teoria da evolução é antibíblica. Alem disso, os animais não pecam; eles vivem segundo sua natureza, e não experimentam nenhum sentido de culpa por seu comportamento. O Dr. Leander Keyser comenta: "Se a luta egoísta e sangrenta pela existência no reino animal for o método de progresso que trouxe o homem à existência, por que deverá ser um mal que o homem continue nessa rota sangrenta?" É certo que o homem tem uma natureza física, porém essa parte inferior de seu ser foi criação de Deus, e é plano de Deus que esteja sujeita a uma inteligência divinamente iluminada.

II. A origem do pecado
O terceiro capítulo de Gênesis oferece os pontos chaves que caracterizam a história espiritual do homem, as quais são: A tentação, a culpa, o juízo e a redenção.

1. A tentação: sua possibilidade, origem e sutileza.
(a) A possibilidade da tentação. O segundo capítulo de Gênesis relata o fato da queda do homem, informando acerca do primeiro lar do homem, sua inteligência, seu serviço no Jardim no Éden, as duas árvores, e o primeiro matrimônio. Menciona especialmente as duas árvores do destino — a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da vida. Essas duas árvores constituem um sermão em forma de quadro dizendo constantemente a nossos primeiros pais: "Se seguirdes o bem e rejeitardes o mal, tereis a vida." E não é esta realmente a essência do Caminho da Vida encontrada através das Escrituras? (Vide Deut. 30:15.) Notemos a árvore proibida. Por que foi colocada ali? Para prover um teste pelo qual o homem pudesse, amorosa e livremente, escolher servir a Deus e dessa maneira desenvolver seu caráter. Sem vontade livre o homem teria sido meramente uma máquina.

(b) A origem da tentação. "Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito." É razoável deduzir que a serpente, que naquele tempo deveria ter sido uma criatura formosa, foi o agente empregado por Satanás, o qual já tinha sido lançado fora do céu antes da criação do homem. (Ezeq. 23:13-17; Isa. 14:12-15.) Por essa razão, Satanás é descrito como "essa antiga serpente, chamada o diabo" (Apoc. 12:9). Geralmente Satanás trabalha por meio de agentes. Quando Pedro (embora sem má intenção) procurou dissuadir seu Mestre da senda do dever, Jesus olhou além de Pedro, e disse, "Para trás de mim, Satanás" (Mat. 16:22,23). Neste caso Satanás trabalhou por meio de um dos amigos de Jesus; no Éden empregou a serpente, uma criatura da qual Eva não desconfiava.

(c) A sutileza da tentação. A sutileza é mencionada como característica distintiva da serpente. (Vide Mat. 10:16.) Com grande astúcia ela oferece sugestões, as quais, ao serem abraçadas, abrem caminho a desejos e atos pecaminosos. Ela começa falando com a mulher, o vaso mais frágil, que, além dessa circunstância, não tinha ouvido diretamente a proibição divina. (Gên. 2:16, 17.) E ela espera até que Eva esteja só. Note-se a astúcia na aproximação. Ela torce as palavras de Deus (Vide Gén. 3:1 e 2:16, 17) e então finge surpresa por estarem assim torcidas; dessa maneira ela, astutamente, semeia dúvida e suspeitas no coração da ingênua mulher, e ao mesmo tempo insinua que está bem qualificada para ser juiz quanto à justiça de tal proibição. Por meio da pergunta no versículo 1, lança a tríplice dúvida acerca de Deus.
1) Dúvida sobre a bondade de Deus. Ela diz, com efeito: "Deus está retendo alguma bênção de ti."
2) Dúvida sobre a retidão de Deus. "Certamente não morrereis." Isto é, "Deus não pretendia dizer o que disse".
3) Dúvida sobre a santidade de Deus. No versículo 5 a serpente diz, com efeito: "Deus vos proibiu comer da árvore porque tem inveja de vos. Não quer que chegueis a ser sábios tanto quanto ele, de modo que vos mantém em ignorância. Não é porque ele se interesse por vós, para salvar-vos da morte, e sim por interesse dele, para impedir que chegueis a ser semelhantes a ele."

2. A Culpa.
Notemos as evidências de uma consciência culpada:
1) "Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus." Expressão usada para indicar esclarecimento milagroso ou repentino. (Gên. 21:19; 2 Reis. 6:17.) As palavras da serpente (versículo 5) cumpriram-se; porém, o conhecimento adquirido foi diferente do que eles esperavam. Em vez de fazê-los semelhantes a Deus, experimentaram um miserável sentimento de culpa que os fez ter medo de Deus. Notemos que a nudez física é um quadro de uma consciência nua ou culpada. Os distúrbios emocionais refletem-se muitas vezes em nossas feições. Alguns comentadores sustentam que antes da queda, Adão e Eva estavam vestidos com uma auréola ou traje de luz, que era um sinal da comunhão com Deus e do domínio do espírito sobre o corpo. Quando pecaram, essa comunhão foi interrompida; o corpo venceu o espírito, e ali começou esse conflito entre a carne e o espírito (Rom. 7:14-24), que tem sido a causa de tanta miséria.
2) "E coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais." Assim como a nudez física é sinal de uma consciência culpada, da mesma maneira, o procurar cobrir a nudez é um quadro que representa o homem a procurar cobrir sua culpa com a indumentária do esquecimento ou o traje das desculpas. Mas, somente uma veste feita por Deus pode cobrir o pecado (Verso 21).
3) "E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim." O instinto do homem culpado é fugir de Deus. E assim como Adão e Eva procuraram esconder-se entre as árvores, da mesma forma as pessoas hoje em dia procuram esconder-se nos prazeres e em outras atividades.

3. O juízo.
(a) Sobre a serpente. "Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e o pó comerás todos os dias da tua vida." Essas palavras implicam que a serpente outrora foi uma criatura formosa e honrada. Depois, porque veio a ser o instrumento para a queda do homem, tomou-se maldita e degradada na escala da criação animal. Uma vez que a serpente foi simplesmente o instrumento de Satanás, por que deve ser punida? Porque é a vontade de Deus fazer da maldição da serpente um tipo e profecia da maldição sobre o diabo e sobre todos os poderes do mal. O homem deve reconhecer, pelo castigo da serpente, como a maldição de Deus ferirá todo pecado e maldade; arrastando-se no pó recordaria ao homem o dia em que Deus derribará até ao pó, o poder do diabo. Isso é um estímulo para o homem: ele, o tentado, está em pé, erguido, enquanto a serpente está sob a maldição. Pela graça de Deus o homem pode ferir-lhe a cabeça — pode vencer o mal. (Vide Luc. 10:18; Rom. 16:20; Apoc. 12:9; 20:1-3, 10.)

(b) Sobre a mulher. "E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua concepção; com dor terás filhos; e o teu desejo será para teu marido, e ele te dominará" (Gên. 3:16). Assim disse certo escritor: A presença do pecado tem sido a causa de muito sofrimento, precisamente do modo indicado acima. Não há dúvida que dar à luz filhos constitui um momento critico e penoso na vida da mulher. O sentimento de faltas passadas pesa de uma maneira particular sobre ela, e também a crueldade e loucura do homem contribuíram para fazer o processo mais doloroso e perigoso para a mulher do que para os animais. O pecado tem corrompido todas as relações da vida, e mui particularmente a relação matrimonial. Em muitos países a mulher é praticamente escrava do homem; a posição e a condição triste de meninas viúvas e meninas mães na Índia têm sido um fato horrível em cumprimento dessa maldição.

(c) Sobre o homem. (Versos 17-19.) O trabalho para o homem já tinha sido designado (2:15). O castigo consiste no afã, nas decepções e aflições que muitas vezes acompanham o trabalho. A agricultura é especificada em particular, porque sempre tem sido um dos empregos humanos mais necessários. De alguma maneira misteriosa, a terra e a criação em geral têm participado da maldição e da queda do seu senhor (o homem) porém estão destinadas a participar da sua redenção. Este é o pensamento de Rom. 8:19-23. Em Isaias 11:1-9 e 65:17-25, temos exemplos de versículos que predizem a remoção da maldição da terra durante o Milênio. Além da maldição física que se apossou da terra, também é certo que o capricho e o pecado humanos têm dificultado de muitas maneiras o labor e provocado as condições de trabalho mais difíceis e mais duras para o homem. Notemos a pena de morte. "Porquanto és pó, e em pó te tornarás." O homem foi criado capaz de não morrer fisicamente; teria existência física indefinidamente se tivesse preservado sua inocência e continuasse a comer da árvore da vida. Ainda que volte à comunhão com Deus (e dessa maneira vença a morte espiritual) por meio do arrependimento e da oração, não obstante, deve voltar ao seu Criador através da morte. Visto que a morte faz parte da pena do pecado, a salvação completa deve incluir a ressurreição do corpo, (1 Cor. 15:54-57.) não obstante, certas pessoas, como Enoque, terão o privilégio de escapar da morte física. (Gên. 5:24; 1 Cor. 15:51.)

4. A redenção.
Os três primeiros capítulos de Gênesis contêm as três revelações de Deus, que por toda a Bíblia figuram em todas as relações de Deus com o homem. O Criador, que trouxe tudo à existência (cap. 1), o Deus do Pacto que entra em relações pessoais com o homem (cap. 2); o Redentor, que faz provisão para a restauração do homem (cap. 3).
(a) Prometida. (Vide Gên. 3:15.) (1) A serpente procurou fazer aliança com Eva contra Deus, mas Deus por fim a essa aliança. "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente (descendentes) e a sua semente." Em outras palavras, haverá uma luta constante entre o homem e o poder maligno que causou a sua queda. (2) Qual será o resultado desse conflito? Primeiro, vitória para a humanidade, por meio do Representante do homem, a Semente da mulher. "Ela (a semente da mulher) te ferirá a cabeça." Cristo, a Semente da mulher, veio ao mundo para esmagar o poder do diabo. (Mat. 1:23, 25; Luc. 1:31-35,76; Isa. 7:14; Gál. 4:4; Rom. 16:20; Col. 2:15; Heb. 2:14,15; 1 João 3:8; 5:5; Apoc. 12:7, 8, 17; 20:1-3, 10.) (3) Porém a vitória não será sem sofrimento. "E tu (a serpente) lhe ferirás o calcanhar." No Calvário a Serpente feriu o calcanhar da Semente da mulher; mas este ferimento trouxe a cura para a humanidade. (Vide Isa. 53:3,4,12; Dan. 9:26; Mat. 4:1-10; Luc. 22:39-14,53; João 12:31-33; 14:30,31; Heb. 2:18; 5:7; Apoc. 2:10.)

(b) Prefigurada. (Verso 21.) Deus matou um animal, uma criatura inocente, para poder vestir aqueles que se sentiam nus ante a sua vista por causa do pecado. Do mesmo modo, o Pai deu seu Filho, o Inocente, à morte, a fim de prover uma cobertura expiatória para as almas dos homens.

III. A natureza do pecado
Que é pecado? A Bíblia usa uma variedade de termos para expressar o mal de ordem moral, os quais nos explicam algo de sua natureza.
Um estudo desses termos, nos originais hebraico e grego, proporcionará a definição bíblica do pecado.

1. O ensino do Antigo Testamento.
O pecado considerado — As diferentes palavras hebraicas descrevem o pecado operando nas seguintes esferas: (*)
(a) Na esfera moral. As palavras usadas para expressar o pecado nesta esfera são as seguintes:
1) A palavra mais comumente usada para o pecado significa "errar o alvo". Reúne as seguintes idéias: (1) Errar o alvo, como um arqueiro que atira mas erra, do mesmo modo, o pecador erra o alvo final da vida. (2) Errar o caminho, como um viajante que sai do caminho certo. (3) Ser achado em falta ao ser pesado na balança de Deus. Em Gên. 4:7, onde a palavra é mencionada pela primeira vez, o pecado é personificado como uma besta feroz pronta para lançar-se sobre quem lhe der ocasião.
2) Outra palavra significa literalmente "tortuosidade", e é muitas vezes traduzida por "perversidade". É, pois, o contrário de retidão, que significa literalmente, o que é reto ou conforme um ideal reto.
3) Outra expressão comum que se traduz por "mal", exprime o pensamento de violência ou infração, e descreve o homem que infringe ou viola a lei de Deus.

(b) Na esfera da conduta fraternal. A palavra usada para determinar o pecado nesta esfera, significa violência ou conduta injuriosa. (Gên. 6:11; Ezeq. 7:23; Prov. 16:29.) Ao excluir a restrição da lei, o homem maltrata e oprime seus semelhantes.

(c) Na esfera da santidade. As palavras usadas para descrever o pecado nesta esfera implicam que o ofensor usufruiu da relação com Deus. Toda a nação israelita foi constituída em "um reino de sacerdotes", cada membro considerado como estando em contato com Deus e seu santo tabernáculo. Portanto, cada israelita era santo, isto é, separado para Deus, e toda a atividade e esfera de sua vida estavam reguladas pela Lei da Santidade. As coisas fora dessa lei eram "profanas" (o contrário de santas), e o que participava delas se tornava "imundo" ou contaminado. (Lev. 11:24, 27, 31, 33, 39.) Se persistisse na profanação, era considerada uma pessoa irreligiosa ou profana. (Lev. 21:14; Heb. 12:16.) Se acaso se rebelasse e deliberadamente repudiasse a jurisdição da lei da santidade, era considerado "transgressor". (Sal. 37:38; 51:13; Isa. 53:12.) Se prosseguia neste último caminho, era julgado como criminoso, e tais eram os publicanos, na opinião dos contemporâneos do nosso Senhor Jesus.

(d) Na esfera da verdade. As palavras que descrevem o pecado nesta esfera dão ênfase ao inútil e fraudulento elemento do pecado. Os pecadores falam e tratam falsamente (Sal. 58:3; Isa. 28:15), representam falsamente e dão falso testemunho (Êxo. 20:16; Sal. 119:128; Prov. 19:5, 9). Tal atividade é "vaidade" (Sal. 12:2; 24:4; 41:6), isto é, vazia e sem valor. O primeiro pecador foi um mentiroso (João 8:44); o primeiro pecado começou com uma mentira (Gên. 3:4); e todo pecado contém o elemento do engano (Heb. 3:13).

(e) Na esfera da sabedoria. Os homens se portam impiamente porque não pensam ou não querem pensar corretamente; não dirigem suas vidas de acordo com a vontade de Deus, seja por descuido ou por deliberada ignorância.
1) Muitas exortações são dirigidas aos "simples" (Prov. 1:4, 22; 8:5). Essa palavra descreve o homem natural, que não se desenvolveu, quer na direção do bem, quer do mal; sem princípios fixos, mas com uma inclinação natural para o mal, a qual pode ser usada a fim de seduzi-lo. Falta-lhe firmeza e fundamento moral; ele ouve mas esquece; portanto, é facilmente conduzido ao pecado. (Vide Mat. 7:26.)
2) Muitas vezes lemos acerca desses "faltos de entendimento" (Prov. 7:7; 9:4), isto é, aqueles que por falta de entendimento, mais do que por propensão pecaminosa, são vítimas do pecado. Faltos de sabedoria, são conduzidos a expressar precipitados juízos acerca da providência divina e das coisas além da sua compreensão. Desse modo precipitam-se na impiedade. Tanto essa classe, como os "simples", são indesculpáveis porque as Escrituras apresentam o Senhor oferecendo gratuitamente — sim, rogando-lhes que aceitem (Prov. 8:1-10) — aquilo que os fará sábios para a salvação.
3) A palavra frequentemente traduzida "insensato" (Prov. 15:20), descreve uma pessoa capaz de fazer o bem, contudo está presa às coisas da carne e facilmente é conduzida ao pecado pelas suas inclinações carnais. Não se disciplina a si mesma nem guia as suas tendências de acordo com as leis divinas.
4) O "escarnecedor" (Sal. 1:1; Prov. 14:6) é o homem ímpio que justifica sua impiedade com argumentos racionais contra a existência ou realidade de Deus, e contra as coisas espirituais em geral. Assim, "escarnecedor" é a palavra do Antigo Testamento equivalente à nossa moderna palavra "infiel", e a expressão "roda dos escarnecedores" provavelmente se refere à sociedade local dos infiéis.

2. O ensino do Novo Testamento.
O Novo Testamento descreve o pecado como:
(a) Errar o alvo, que expressa a mesma idéia que a conhecida palavra do Antigo Testamento.

(b) Dívida. (Mat. 6:12.) O homem deve (a palavra "deve" vem de dívida) a Deus a guarda dos seus mandamentos; todo pecado cometido é contração de uma dívida. Incapaz de pagá-la, a única esperança do homem é ser perdoado, ou obter remissão da dívida.

(c) Desordem. "O pecado é iniquidade" (literalmente "desordem", 1 João 3:4). O pecador é um rebelde e um idólatra porque deliberadamente quebra um mandamento, ao escolher sua própria vontade em vez de escolher a vontade de Deus; pior ainda, está se convertendo em lei para si mesmo e, dessa maneira, fazendo do eu uma divindade. O pecado começou no coração daquele exaltado anjo que disse: "Eu farei", em oposição à vontade de Deus. (Isa. 14:13, 14). O anticristo é proeminentemente "o sem-lei" (tradução literal de "iníquo"), porque se exalta a si mesmo sobre tudo que é adorado ou que é chamado Deus. (2 Tess. 2:4-9.) O pecado é essencialmente obstinação e obstinação é essencialmente pecado. O pecado destronaria a Deus; o pecado assassinaria Deus. Na Cruz do Filho de Deus, poderiam ter sido escritas estas palavras: "O pecado fez isto!"

(d) Desobediência, literalmente, "ouvir mal"; ouvir com falta de atenção. (Heb. 2:2.) "Vede pois como ouvis" (Luc. 8:18.)

(e) Transgressão, literalmente, "ir além do limite" (Rom. 4:15). Os mandamentos de Deus são cercas, por assim dizer, que impedem ao homem entrar em território perigoso e dessa maneira sofrer prejuízo para sua alma.

(f) Queda, ou falta, ou cair para um lado (Efés. 1:7) no grego, donde a conhecida expressão, cair no pecado. Pecar é cair de um padrão de conduta.

(g) Derrota é o significado literal da palavra "queda" em Rom. 11:12. Ao rejeitar a Cristo, a nação judaica sofreu uma derrota e perdeu o propósito de Deus.

(h) Impiedade, de uma palavra que significa "sem adoração, ou reverência". (Rom. 1:18; 2 Tim. 2:16.) O homem ímpio é o que dá pouca ou nenhuma importância a Deus e às coisas sagradas. Estas não produzem nele nenhum sentimento de temor e reverência. Ele está sem Deus porque não quer saber de Deus.

(i) O erro (Heb. 9:7) Descreve aqueles pecados cometidos como fruto da ignorância, e dessa maneira se diferenciam daqueles pecados cometidos presunçosamente, apesar da luz esclarecedora. O homem que desafiadoramente decide fazer o mal, incorre em maior grau de culpa do que aquele que é apanhado em falta, a que foi levado por sua debilidade.

IV. Consequências do pecado
O pecado é tanto um ato como um estado. Como rebelião contra a lei de Deus, é um ato da vontade do homem; como separação de Deus, vem a ser um estado pecaminoso. Segue-se uma dupla consequência: o pecador traz o mal sobre si mesmo por suas más ações, e incorre em culpa aos olhos de Deus. Duas coisas, portanto, devem distinguir-se; as más consequências que seguem os atos do pecado, e o castigo que virá no juízo. Isto pode ser ilustrado da seguinte maneira: Um pai proíbe ao filho pequeno o fumar cigarros, e fá-lo ver uma dupla consequência: primeira, o fumar fá-lo-á sentir-se doente; segunda, ser castigado pela sua desobediência. O menino desobedece e fuma pela primeira vez. As náuseas que lhe sobrevêm representam as más consequências do seu pecado, e o castigo corporal subsequente representa o castigo positivo pela culpa. Da mesma maneira as Escrituras descrevem dois efeitos do pecado sobre o culpado: primeiro, é seguido por consequências desastrosas para sua alma; segundo, trará da parte de Deus o positivo decreto de condenação.

1. Fraqueza espiritual.
(a) Desfiguração da imagem divina. O homem não perdeu completamente a imagem divina, porque ainda em sua posição decaída é considerado uma criatura à imagem de Deus (Gên. 9:6; Tia. 3:9) — uma verdade expressa no provérbio popular: "Há algo de bom no pior dos homens." Maudesley, o grande psiquiatra inglês, sustenta que a majestade inerente da mente humana evidencia-se até mesmo na ruína causada pela loucura. Apesar de não estar inteiramente perdida, a imagem divina no homem encontra-se muito desfigurada. Jesus Cristo veio ao mundo tornar possível ao homem a recuperação completa da semelhança divina por ser recriado à imagem de Deus. (Gál. 3:10.)

(b) Pecado inerente, ou "pecado original". O efeito da queda arraigou-se tão profundamente na natureza humana que Adão, como pai da raça, transmitiu a seus descendentes a tendência ou inclinação para pecar. (Sal. 51:5.) Esse impedimento espiritual e moral, sob o qual os homens nascem, é conhecido como pecado original. Os atos pecaminosos que se seguem durante a idade de plena responsabilidade do homem são conhecidos como "pecado atual". Cristo, o segundo Adão, veio ao mundo resgatar-nos de todos os efeitos da queda. (Rom. 5:12-21.) Esta condição moral da alma é descrita de muitas maneiras: todos pecaram (Rom. 3:9); todos estão debaixo da maldição (Gál. 3:10); o homem natural é estranho às coisas de Deus (1 Cor. 2:14); o coração natural é enganoso e perverso (Jer. 17:9); a natureza mental e moral é corrupta (Gên. 6:5, 12; 8:21; Rom. 1:19-31); a mente carnal é inimizade contra Deus (Rom. 8:7, 8); o pecador é escravo do pecado (Rom. 6:17; 7:5); é controlado pelo príncipe das potestades do ar (Efés. 2:2); está morto em ofensas e pecados (Efés. 2:1); e é filho da ira (Efés. 2:3).

(c) Discórdia interna. No princípio Deus fez o corpo do homem do pó, dotando-o, desse modo, de uma natureza física ou inferior; depois soprou em seu nariz o fôlego da vida, comunicando-lhe assim uma natureza mais elevada, unindo-o a Deus. Era o propósito de Deus a harmonia do ser humano, ter o corpo subordinado à alma. Mas o pecado interrompeu a relação de tal maneira que o homem se encontrou dividido em si mesmo; o "eu" oposto ao "eu" em uma guerra entre a natureza superior e a inferior. Sua natureza inferior, frágil em si mesma, rebelou-se contra a superior e abriu as portas de seu ser ao inimigo. Na intensidade do conflito, o homem exclama: "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?" (Rom. 7:24.) O "Deus de paz" (1 Tess. 5:23) subjuga os elementos beligerantes da natureza do homem e santifica-o no espírito, alma e corpo. O resultado é a bem-aventurança interna — "justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo" (Rom. 14:17).

2. Castigo positivo.
"No dia em que dela comeres certamente morrerás" (Gên. 2:17) "O salário do pecado é a morte" (Rom. 6:23). O homem foi criado capaz de viver eternamente; isto é, não morreria se obedecesse à lei de Deus. Para que pudesse "lançar mão" da imortalidade e da vida eterna, foi colocado sob um pacto de obras, figurado pelas duas árvores — a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da vida. Desse modo, a vida estava condicionada à obediência; enquanto Adão observasse a lei da vida teria direito à árvore da vida. Mas desobedeceu; quebrou o pacto de vida, e ficou separado de Deus, a Fonte da vida. Desde esse momento, teve a morte o seu inicio e foi consumada na morte física com a separação da alma e do corpo. Mas notamos que o castigo incluía mais do que uma morte física; a dissolução física era uma indicação do desagrado de Deus, do fato que o homem estava sem contato com a Fonte da vida. Ainda que Adão se tivesse reconciliado mais tarde com o seu Criador, a morte física continuaria de acordo com o decreto divino: "No dia em que dela comeres certamente morrerás." Somente por um ato de redenção e de recriação o homem teria outra vez direito à árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus. Por meio de Cristo a justiça é restaurada à alma, a qual, na ressurreição, é reunida a um corpo glorificado.
Vemos, então, que a morte física veio ao mundo como castigo, e, nas Escrituras, sempre que o homem é ameaçado com a morte como castigo pelo pecado, significa primeiramente a perda do favor de Deus. Assim, o pecador já está "morto em ofensas e pecados" e no momento da morte física ele entra no mundo invisível na mesma condição. Então no grande Julgamento o Juiz pronunciará a sentença da segunda morte, que envolve "indignação e ira, tribulação e angústia" (Rom. 2:7-12). De maneira que "a morte", como castigo, não é a extinção da personalidade, e, sim, o meio de separação de Deus. Há três fases desta morte: morte espiritual, enquanto o homem vive (Efés. 2:1; l Tim. 5:6); morte física (Heb. 9:27); e a segunda ou morte eterna (Apoc. 21:8; João 5:28, 29; 2 Tess. 1:9; Mat. 25:41).
Por outro lado, quando as Escrituras falam da vida como recompensa pela justiça, isso significa mais do que existência, pois os ímpios existem no inferno. Vida significa viver em comunhão com Deus e no seu favor — comunhão que a morte não pode interromper ou destruir. (João 11:25, 26.) é uma vida que proporciona união consciente com Deus, a Fonte da vida. "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti só (em experiência e comunhão) por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:3). A vida eterna é uma existência perfeita; a morte eterna é uma existência má, miserável e degradada.
Notemos que a palavra "destruição", usada quanto à sorte dos ímpios (Mat. 7:13; João 17:12; 2 Tess. 2:3), não significa extinção. De acordo com o grego, perecer ou ser destruído, não significa extinção e sim ruína. Por exemplo: que os odres "estragam-se" (Mat. 9:17) significa que já não servem como odres, e não que tenham deixado de existir. Da mesma maneira, o pecador que perece, ou que é destruído, não é reduzido ao nada, mas experimenta a ruína no que concerne a desfrutar comunhão com Deus e a vida eterna. O mesmo uso ainda existe hoje; quando dizemos: "sua vida está arrumada", não queremos dizer que o homem está morto, e, sim, que perdeu o verdadeiro alvo ou objetivo da vida.

 

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HAMARTIOLOGIA - As Grandes Doutrinas da Bíblia - Pr. Raimundo de Oliveira
ÍNDICE
I. A ORIGEM DO PECADO
1. Conceitos Históricos Sobre a Origem do Pecado
2. O Que a Bíblia Ensina Sobre a Origem do Pecado
3. O Caráter do Primeiro Pecado do Homem
4. A Universalidade do Pecado
II. A NATUREZA ESSENCIAL DO PECADO
1. A Idéia Bíblica do Pecado
2. O Pecado Original
3. O Pecado Atual
4. O Pecado Imperdoável
5. O Pecado e o Crente

HAMART IOLOGIA
INTRODUÇÃO
As Escrituras destacam dois grandes princípios morais mediadores do comportamento do homem em relação a Deus: a santidade e o pecado. Na esfera moral, a santidade corresponde ao bem, enquanto que o pecado corresponde ao mal. Todos os mais princípios e qualidades morais podem ser classificados de maneira a se identificarem com a santidade e o bem, ou com o pecado e o mal. Por essa razão a doutrina do pecado recebe especial atenção na Bíblia.
I.A ORIGEM DO PECADO
Qualquer pessoa que se dá a meditar na doutrina do pecado, procurando compreendê-la mesmo à luz das Escrituras, inevitavelmente há de se defrontar com a seguinte indagação: Qual a origem do pecado? Esta indagação quer a encaremos no contexto da Igreja ou da Teologia, amplia-se numa indagação sobre a origem do mal em todo o mundo. As perturbações da vida e a consciência de algo anormal atuando decisivamente no mundo, conduzem o homem pensante a essa questão; e inúmeras são as respostas formuladas através da história; respostas nem sempre harmônicas entre si.
1.Conceitos Históricos Sobre a Origem do Pecado
São os mais diversos conceitos que ao longo da historias surgiram acerca da origem do pecado. Irineu, bispo de Lyon, na Ásia Menor (130-208 d.C.), foi, talvez, o primeiro dos países da Igreja Antiga, a assegurar que o pecado no mundo se originou na transgressão voluntária do homem no Éden. O conceito de Irineu logo tomou conta do pensamento e da teologia da Igreja, especialmente como arma no combate ao gnosticismo, pois este ensinava que o mal é inerente à matéria.
Do Gnosticismo a Orígenes
O gnosticismo ensinava que o contato da alma humana com a matéria era que a tornava imediatamente pecadora. Esta teoria naturalmente despojou o pecado do seu caráter voluntário como é apresentado na Bíblia. Orígenes (185-254 d.C.) sustentou este mesmo ponto de vista por meio de sua teoria chamada “preexistencismo”. Segundo ele, as almas dos homens pecaram voluntariamente em existência prévia, e, portanto, todas entraram no mundo numa condição pecaminosa.
Este conceito de Orígenes sofreu forte oposição mesmo nos seus dias.
Os pais da Igreja Grega
Em geral os Pais da Igreja grega dos séculos III e IV se mostraram inclinados a negar a relação direta entre o pecado de Adão e seus descendentes. Em contraposição, os Pais da Igreja latina ensinaram com bastante clareza que a presente condição pecaminosa do homem encontra sua explicação na primeira transgressão de Adão no Éden.
De Agostinho à Reforma
O ensino da Igreja do Ocidente quanto à origem do pecado teve seu ponto mais elevado na pessoa de Agostinho. Ele insistiu no ensino de que em Adão toda a humanidade se acha culpada e maculada. Já os teólogos sem pelagianos, admitiam que a mancha do pecado, e não o pecado mesmo, é que era causada pelo relacionamento humanidade – Adão. Durante a Idade Média, o que se cria a respeito de assunto era uma mistura de agostinismo e pelagianismo. Os Reformadores, particularmente, comungaram do ensino de Agostinho.
Do Racionalismo a Karl Barth
Sob a influência do racionalismo e da teoria evolucionista, a doutrina da queda do homem e de seus efeitos fatais sobre a raça humana, foi descartando-se gradualmente. Começou a si difundir a idéia de que, se realmente houve o que a Bíblia chama “queda” do homem, essa queda foi para o alto. A idéia do pecado odioso aos olhos santos de Deus foi substituída pelo mal, e este mal se aplicou de diferentes maneiras. Por exemplo, Emmanuel Kant o considerou como parte inseparável do que há de mais profundo no ser humano, e que não se pode explicar. O evolucionismo chama esse “mal” de oposição das baixas inclinações ao desenvolvimento gradual da consciência moral. Karl Barth, teólogo suíço (1886-1968), fala da origem do pecado como um mistério da predestinação. Em suma: o que muitas correntes da teologia racional erradamente ensinam é que Adão foi na verdade o primeiro pecador, porém sua obediência não pode ser considerada como causa do pecado no mundo. O pecado do homem estaria relacionado de alguma forma com a sua condição de criatura. A história do paraíso nada mais proporciona ao homem do que a simples informação de que ele necessariamente não precisa ser pecador.
2. O Que a Bíblia Ensina Sobre a Origem do Pecado
Na Bíblia, o mal moral que assola o mundo, normalmente chamado pelos homens de fraqueza, equívoco, deslize, queda para o alto, se define claramente como pecado, fracasso, erro, iniquidade, transgressão, contravenção, e injustiça. A Bíblia apresenta o homem como transgressor por natureza. Mas, como adquiriu o homem essa natureza pecaminosa? O que a Bíblia nos diz acerca disso? Para termos respondidas estas indagações, é interessante e indispensável considerar o seguinte:
a) Deus não é o Autor do Pecado
Evidentemente Deus, na sua onisciência, já vira a entrada do pecado no mundo, bem antes da criação do homem. Porém, deve-se ter cuidado para que ao se fazer esta interpretação, não fazer de Deus a causa ou autor do pecado. “Longe de Deus o praticar ele a perversidade, e do Todo-poderoso o cometer injustiça” (Jó 34.10). Deus é santo (Is 6.3). E não há nele nenhuma injustiça (Dt 32.4; Sl 95.15). “Ninguém ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; por que Deus não pode ser tentado pelo mal, e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13). Deus odeia o pecado e como prova disto enviou a Jesus Cristo como provisão salvadora para o homem. Assim sendo, as Escrituras rechaçam todas aquelas idéias deterministas, segundo as quais Deus é autor e responsável pela a entrada do pecado no mundo. Tais idéias são contrárias às Escrituras, mas também à voz da consciência que dá testemunho da responsabilidade do homem perante o Deus cuja santidade foi ultrajada.
b) O Pecado Teve Origem no Mundo Angélico
Se quisermos conhecer a origem do pecado, teremos de ir além da queda do homem, descrita no capitulo 3 de Gêneses, e pôr a nossa atenção em algo que aconteceu no mundo dos anjos. Deus criou os anjos dotados de perfeição, porém, Lúcifer e legiões deles se rebelaram contra Deus, pelo que caíram em terrível condenação. O tempo exato dessa queda não é dado a conhecer na Bíblia. Jesus fala acerca do Diabo dizendo ser ele homicida desde o princípio (Jo 8.44). O apóstolo João diz que o Diabo peca desde o princípio (1 Jo 3.8). Pouco se diz a respeito do pecado que ocasionou a queda dos anjos; porém, quando Paulo adverte a Timóteo no sentido de que nenhum neófito seja designado bispo sobre a casa de Deus, diz o apóstolo porque: “...para não suceder que se ensoberbeça e caia na condenação do Diabo” (1 Tm 3.6). Daí se conclui que o pecado do Diabo foi a soberba e o desejo de sobrepujar a Deus.
c) A Origem do Pecado na Raça Humana
A origem do pecado na história da raça humana foi a transgressão voluntária de Adão no Éden. O homem deu ouvidos à insinuação do tentador, de que, se colocasse em oposição a Deus, se tornaria igual a Ele. Tomando do fruto que Deus proibira, Adão caiu, abrindo a porta de acesso ao pecado no mundo. Ele não somente pecou, ele também se tornou servo do pecado. Neste sentido escreve o apóstolo Paulo: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram...Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos” (Rm 5.12,18,19).
3. O Caráter do Primeiro Pecado do Homem
De acordo com o relato sagrado, primeiro pecado do homem, consistiu em haver Adão comido da árvore do conhecimento do bem e do mal, em desacato a ordem de Deus: “... da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17).
a) Seu Caráter Formal
Ignoramos a razão porque o elemento de prova do homem no Éden é chamado de “árvore do conhecimento do bem e do mal”. Porém, segundo uma idéia muito comum, ela se chama assim pelo fato de que o homem, comendo dela, adquiriria conhecimento prático do bem e do mal. Berkhof é da opinião de que essa interpretação dificilmente se harmoniza com as Escrituras que afirmam que o homem, ao comer dela se tornaria igual a Deus no que diz respeito à aquisição do conhecimento do bem e do mal e portanto não tem conhecimento prático dele. Parece muito mais aceitável que essa árvore se chamava assim pelo fato de que ele estava destinado a revelar: Se o estado futuro do homem seria bom ou mau; Se o homem permitiria que Deus determinasse em seu lugar o que lhe era bom ou mau, ou se o homem determinaria por si mesmo. Qualquer significado que se dê à árvore do conhecimento do bem e do mal, deve-se ter sempre em mente que a finalidade da sua designação por Deus foi de simplesmente de provar o homem criado à sua imagem e semelhança. Adão teria de demonstrar interesse e se submeter à sua própria vontade ou à vontade de Deus, com obediência implícita e absoluta.
b) Seu Caráter Essencial e Material
A essência do pecado de Adão consiste em que ele se colocou em oposição a Deus, recusando submeter-se à sua vontade e impedindo que Deus determinasse o curso da sua vida. Adão tomou as rédeas da sua vida das mãos de Deus, determinado o seu futuro por si mesmo. O homem que não tinha nenhum direito sobre Deus, separou-se dele como se nada lhe devesse. Com essa ação, o homem estava como que levantando os punhos em direção a Deus e lhe dizendo: ”Eu não preciso mais de ti”. A idéia de que a ordem de Deus ainda estava na mente do homem no momento do seu pecado é comprovada na resposta de Eva à pergunta de Satanás, “nem tocareis nele” (Gn 3.3). Possivelmente, Eva quis enfatizar que o mandamento de Deus não havia sido razoável, isto é, era muito mais pesado do que se podia imaginar. Foi assim que no desejo de ser igual a Deus, o homem pecou e foi reduzido à categoria de servo do pecado.
4. A Universalidade do Pecado
Ainda que muitos tenham diferentes opiniões quanto à natureza do pecado e o modo como ele se originou, bem poucos se inclinam a negar o fato de que o pecado é um tormento no coração do homem, em todos os quadrantes da terra. Seja em grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, ou nas mais esquecidas aldeias no seio da África, o pecado é um flagelo diário.
a) O Testemunho da História
A própria história das religiões pagãs testifica da universalidade do pecado. A pergunta do patriarca Jó: “Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce da mulher?” (Jó 25.4). É uma pergunta feita tanto por aqueles que conhecem a revelação especial Deus, quanto por aqueles que a ignoram. Quase todas as religiões dão testemunho de um conhecimento universal do pecado e da necessidade de reconciliação com o Supremo. Há um sentimento generalizado de que os deuses estão ofendidos e de que algo deve ser feito para apaziguá-los. A voz da consciência acusa o homem diante do seu fracasso em alcançar o ideal da vida perfeita dizendo que ele está condenado aos alhos de alguém que possui um poder superior. Os altares banhados de sangue e as freqüentes confissões de agravo, feitas por pessoas que buscam livrar-se do mal, apontam conjuntamente pêra o conhecimento do pecado e da gravidade dele. Onde quer que os missionários cristãos se encontrem, apodera-se deles a certeza de que o pecado é um flagelo universal. Os filósofos gregos, na sua luta contra o problema do mal, foram levados a admitir a universalidade do pecado, ainda que incapaz de explicar esse fenômeno.
b) Todos Pecaram
A pecaminosidade do homem está registrada em toda a extensão das Escrituras (Gn 6.5; 1 Rs 8.46; Sl 53.3; 143.2; Pv 20.9; Ec 7.20; Is 53.6; 64.6; Rm 3.1-12,19,20,23; Gl 3.22; Tg 3; 1 Jo 1.8,10). De fato, a Bíblia mostra o pecado como uma herança inevitável que o homem tem de administrar desde o seu nascimento, e que está presente na natureza do homem e com ele continuará até a morte (Sl 5.5; Jó 14.4; Jo 3.6; Ef 2.3). Escrevendo aos Efésios, diz o apóstolo Paulo que nós, os crentes, “éramos por natureza filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.3). o pecado, pois, é algo original, do qual todos participam, e que os fazem culpados diante de Deus. O pecado e a morte nivelam os homens. A maior prova em favor da universalidade do pecado é que a própria obra realizada por Cristo na cruz, que no seu escopo apresenta-se como uma obra de caráter universal, e como remédio único para a doença espiritual de toda a humanidade.
II. A NATUREZA ESSENCIAL DO PECADO
O caráter santo de Deus é a norma única e final mediante a qual podemos julgar com exatidão os valores morais. Para aqueles que não levam Deus em conta, não existem normas morais fora dos costumes sociais e dos ditames duma consciência pervertida.
1. A Idéia Bíblica do Pecado
Não podemos assimilar a idéia bíblica do pecado, a menos que levemos em consideração as seguintes particularidades na conceituação do pecado.

a) O Pecado é uma Classe Específica de Mal
Comparativamente, o que ouvimos e lemos hoje sobre o mal é muito mais do que aquilo que ouvimos e lemos a respeito do pecado. Isto se dá, talvez, devido à opinião comum de que mal e pecado são a mesma coisa. Porém, é bom lembrar que, apesar de todo o pecado ser um mal, nem tudo que consideramos mal é pecado. O pecado não deve ser confundido com o mal físico que produz prejuízos e calamidades. O pecado é a causa do mal, enquanto que o mal é o efeito do pecado. Os termos bíblicos para designar o pecado são variados. Em geral é apresentado como “fracasso”, “erro”, “iniquidade”, “transgressão”, “contravenção”, “falta de lei” e “injustiça”. Porém, a definição de pecado não pode ser derivada simplesmente dos termos bíblicos para denotá-lo. A característica principal ele está orientado contra Deus (Sl 51.4; Rm 8.7).
b) O Pecado Tem um Caráter Absoluto
O contraste entre o bem e o mal é absoluto, e não há neutralidade alguma entre ambos; tanto que a transição entre um e outro não é de caráter quantitativo, mas qualitativo. Um ser moral, que não é bom, não se torna mau só por diminuir a sua bondade, mas por uma mudança radical que o leva a envolver-se com o pecado. Jesus disse: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12.30). o homem tem de estar do lado do bem e da justiça, ou do mal. Em assuntos espirituais, a Escritura não conhece uma posição de neutralidade.
c) O Pecado é Sempre Dirigido Contra Deus
É impossível se ter um conceito correto do pecado sem vê-lo em relação com a pessoa e a vontade de Deus. É compreendendo assim que o pecado pode ser interpretado como “falta de conformidade com a lei de Deus”. Esta é a definição formal mais correta de pecado. Os seguintes trechos extraídos das Escrituras abordam o pecado em relação a Deus e a sua Lei: “os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também aprovam aos que as fazem” (Rm 1.32). “... se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores” (Tg 2.9). “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei” (1 Jo 3.4).

d) O Pecado Inclui Tanto a Culpa Como a Corrupção
A culpa é um estado em que se sente merecer o castigo pela a violação da lei moral. Ela expressa também a relação que o pecado tem com a justiça e com o castigo da lei. Porém, por ser uma palavra de significado duplo, a culpa tanto denota a qualidade própria do pecado, como denota a culpabilidade que nos faz dignos do juízo e do castigo divino. Dabney fala deste último aspecto da culpa como “culpa potencial”. A culpa atual pode ser removida por meio de um substituto, mediante a satisfação das exigências da lei (Mt 6.12; Rm 3.19; 5.18; Ef 2.3). Corrupção é a contaminação inerente a cada pecador, e é uma realidade na vida de todo individuo. Todo aquele que é nascido de Adão tem em si a natureza manchada pelo pecado (Jó 14.4; Jr 17.9; Mt 7.15-20; Rm 8.5-8; Ef 4.17-19).
e) O Pecado tem Lugar no Coração
O pecado não reside em nenhuma faculdade da alma, mas sim no coração, o âmago da alma, de onde flui a vida. Ele é o centro das influencias que põe em operação o intelecto, a vontade e os afetos. Em seu estado pecaminoso, o coração torna o homem objeto do desagrado de Deus. Sobre o coração como continente do pecado, escreveu o profeta Jeremias: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jr 17.9; Pv 4.23; Mt 15.19,20; Lc 6.45; Hb 3.12).
2. O Pecado Original
A condição pecaminosa em nasce o homem é definida teologicamente como “pecado original”. Ele é chamado assim: - porque se deriva de Adão, o tronco original da raça humana; - porque está presente na vida de cada indivíduo desde o momento do seu nascimento, pelo que não pode ser considerado como resultado de simples imitação; - porque é a raiz interna de todos os pecados atuais que maculam a vida do homem. Deve-se, porém, evitar o erro de se pensar que o termo “pecado original” implica em que este pecado pertence à constituição original da natureza humana, posto que isto implicaria em que Deus criou o homem como pecador.
a) Conceito Histórico
É de opinião geral dos teólogos que os Pais da Igreja primitiva não se deram ao labor de escrever o suficiente sobre o pecado original. Contudo, segundo os Pais da Igreja grega, há uma corrupção física na raça humana proveniente de Adão, porém isto não envolve culpa. A liberdade da vontade em nada foi afetada pela queda. Respeitáveis teólogos são da opinião de que este parecer dos Pais gregos, culminou com o surgimento do pelagianismo, movimento religioso herético fundado por Pelágio, britânico, que viveu entre 360 e 422 da nossa Era. O pelagianismo negava completamente as doutrinas da graça e do pecado original. Na igreja latina, porém apareceu uma tendência diferente através da pessoa de Tertuliano, que segundo alguns teólogos, foi o homem que depois de Paulo, teve maior senso a respeito do pecado. Tertuliano considerou o pecado original uma infecção hereditária. Ambrosio, outro famoso Pai da Igreja latina, foi além de Tertuliano na questão do pecado original e o descreveu como um estado, e fez uma distinção entre corrupção inata e a resultante culpa do homem. Porém, foi através do talento e do espírito de estudo de Agostinho que a doutrina do pecado original alcançou um total desenvolvimento. Segundo ele, a natureza do pecador, tanto física como moralmente, está de toda corrompida por causa do pecado de Adão, de tal maneira que o homem não consegue fazer outra coisa senão pecar. Os reformadores, de modo geral, estiveram de acordo com Agostinho. Somente Calvino diferia dele, principalmente em dois pontos: Primeiro, que o pecado original não é algo completamente negativo, uma vez que esse pecado, segundo ele, dá lugar à eleição de Deus; Segundo, que esse pecado está limitado à natureza sensível do homem.
b) Elementos do Pecado Original
São dois os principais aspectos do pecado original: culpa e corrupção. A palavra culpa, com relação ao pecado original, expressa a relação que a justiça tem com o pecado, e, como expressavam os teólogos mais antigos, a relação que o pecado tem com a pena da Lei. É assim que a culpa do pecado de Adão, como cabeça federal da raça humana, é impossível a todos os seus descendentes (Rm 5.12-19; Ef 2.3; 1 Co 15.22). A corrupção original do homem inclui a ausência da justiça original e a presença de um mal real. É a tendência da natureza caída, herdada de Adão, que condiciona o homem para pecar. Deve-se, portanto, notar: Primeiro, que essa corrupção não é meramente uma enfermidade; Segundo, ele não é meramente uma privação.
3. O Pecado Atual
O pecado se originou num ato de livre vontade de Adão como representante da raça humana; uma transgressão da lei de Deus e uma corrupção da natureza humana que deixou o homem exposto ao juízo e castigo de Deus.
É esta natureza corrompida a fonte donde flui todos os pecados atuais, diários.
a) Relação Entre Pecado Original e Pecado Atual
“Pecados atuais” são aquelas ações externas que se executam através do corpo. São também todos aqueles maus pensamentos conscientes. São os pecados individuais de fato. O pecado original é um só, enquanto o pecado atual desdobra-se em diferentes classes, tais como: atos ou atitudes. O que o apóstolo João escreveu no capítulo primeiro em sua primeira epístola universal, poderá nos ajudar a compreender melhor a diferença entre pecado original e pecados atuais. “Se dissermos que não temos PECADO, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos PECADOS, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 8,9). Atente para os termos PECADO e PECADOS. A palavra PECADO, no singular, citada no versículo 8, é uma referência precisa e direta ao pecado original, ou seja, à natureza caída do homem; enquanto que a palavra PECADOS, no plural, citada no versículo 9, refere-se ao pecado atual, do dia-a-dia.
b) Classificação dos Pecados Atuais
É impossível classificar todos os pecados atuais, pois variam de classe e de grau e podem diferenciar-se em mais de um ponto. A teologia católico-romana faz uma bem conhecida distinção entre pecados veniais e pecados mortais, porém tem dificuldades em apontar quando o pecado é venial ou mortal. A mais completa lista das diferentes classes de pecados habituais, registrada na Bíblia, é extraída dos escritos do apóstolo Paulo, mas precisamente da Epístola aos Gálatas. “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia,idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que praticam tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gl 5.19-21). O Novo Testamento determina a gravidade do pecado de acordo com o grau de conhecimento que se tenha a respeito dele. Os gentios, que estão no seu pecado, são culpados aos olhos de Deus; porém, aqueles que gozam do favor do Evangelho e têm revelação de Deus são muito mais culpados quando caem (Mt 10.15; Lc 12.47,48; 23.24; Jo 19.11). o crente, em particular, é advertido no sentido de evitar o pecado que tão de perto o rodeia (Hb 12.1). O pecado tanto pode ser por comissão como por omissão. Isto é: aquele que não faz o bem e deveria fazer, é tão culpado diante de Deus quanto aquele que faz o mal que não deveria fazer.
4. O Pecado Imperdoável
Diferentes passagens das Escrituras falam de um pecado que não pode ser perdoado, sendo impossível a mudança de coração depois de alguém o haver cometido, e pelo qual não se deve orar. Sobre ele, disse Jesus: “Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro” (Mt 12.31,32).
Opinião Sobre Esse Pecado
Durante séculos têm surgido as mais diversas opiniões a respeito da natureza do pecado para o qual não há perdão. Por exemplo, Jerônimo e Crisóstomo pensavam que esse foi o pecado cometido unicamente pelos contemporâneos de Jesus, durante o seu ministério terreno. Agostinho e alguns teólogos luteranos e escoceses ensinaram que esse pecado consistia da penitência que persiste até o fim. Anos depois da Reforma, alguns teólogos luteranos ensinavam que só as pessoas regeneradas estão sujeitas ao pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo, pecado para o qual não há perdão.
b) Opinião Correta a Respeito Desse Pecado
O conceito reformado quanto ao pecado imperdoável, é o que melhor se harmoniza com as Escrituras a respeito do assunto. Esse pecado consiste na rejeição consciente, maliciosa e voluntária da evidência e convicção do testemunho do Espírito Santo, com respeito à graça de Deus manifesta em Jesus Cristo. Esse pecado não consiste em duvidar da verdade manifesta em e por Cristo, nem em simplesmente negá-la, mas sim em contradizê-la. Ao cometer esse pecado, o homem voluntária, maliciosa e tencionalmente atribui à influência de satanás aquilo que reconhecidamente é obra de Deus. Em suma, esse pecado não é outra coisa senão um deliberado ultraje ao Espírito Santo, uma declaração audaz de que o Espírito Santo é um espírito maligno, que a verdade é mentira e que Cristo é satanás. Esse pecado é imperdoável não porque sua gravidade supere os méritos e eficácia da obra de Cristo levada a afeito na cruz do Calvário, ou porque ele foge aos limites do poder restaurador do Espírito Santo, mas porque nos domínios do pecado, existem leis e ordenanças estabelecidas e mantidas por Deus.
c) O Crente Está Sujeito a Este Pecado
De que o crente pode cometer o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo e cair em declarada apostasia é ensino implícito no seguinte texto das Escrituras: “é impossível, pois, que aqueles que uma vez iluminados e provaram o dom celestial e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para o arrependimento, visto que de novo estão crucificando para si mesmo o filho de Deus, e expondo-o à ignomínia” (Hb 6.4-6). A respeito do perigo de se cometer este pecado, escreveu o saudoso pastor e escritor João de Oliveira: “pecando o homem contra Deus, veio Jesus para conduzi-lo de volta a Deus; havendo pecado contra Jesus, veio o Espírito Santo para reconciliá-lo com Jesus; mas, pecando o homem contra o Espírito Santo, quem o há de salvar?”. Em atenção ao fato de que esse pecado nunca segue o arrependimento, é possível assegurar que aqueles que julgam tê-lo cometido e se entristecem por isso, e desejam as orações de outros para perdão, na verdade nunca cometeram. É o Espírito Santo quem conduz o homem ao arrependimento; se alguém tivesse pecado contra Ele, é obvio que Ele não levaria esse alguém ao arrependimento, se o perdão completo não fosse atingível.
5. O pecado e o Crente
O significado e a gravidade do pecado são mais bem compreendidos pelo do que por qualquer outra pessoa. Ao longo de toda a narrativa bíblica, o crente é advertido contra o “pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1), e a caminhar para o alvo maior, que é a semelhança da estatura e perfeição de Cristo. Por isso, ao ouvido de cada crente, hoje, deve continuar soando a solene advertência de Cristo: “... vai e não peques mais” (Jo 8.11).
a) É Possível o Crente Pecar?
Para muitos cristãos, a descoberta de que após aceitar a Jesus ainda estavam sujeitos ao pecado, foi tão espantoso quanto ao próprio fato de agora saberem que foram feitos novas criaturas em Cristo. De que é possível o crente pecar, é assunto pacífico em toda a Escritura. Só no NT há capítulos inteiros, como por exemplo, Romanos 7 e 8, que mostram o conflito interior do crente entre a sua natureza divina que nele habita, mostrando a possibilidade de o crente vir a cometer pecado. Sobre esse assunto, escreveu o apóstolo João: “Se dissermos que não temos PECADO, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos PECADOS, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.8,9). Já mostramos que a palavra PECADO, no singular, citada no versículo 8, é uma referência à natureza caída do homem, de onde provêm os PECADOS, no plural (versículo 9). É evidente que o cristão possui dupla natureza: a natureza caída, ainda sujeita ao pecado, e a natureza divina. Esta última foi implantada no crente mediante a sua ligação com Jesus Cristo, “a videira verdadeira” (Jo 15.1). Enquanto a primeira natureza estiver subjugada o crente estará sendo levado a viver de vitória em vitória.
b) Possíveis Causas de Pecados na Vida do Crente
Dentre as muitas causas pelas quais o crente poderá ser levado à pratica do pecado, destacamos as três principais, dadas a seguir:
- A natureza pecaminosa (Rm 8.21-15).
- O sistema mundial que está sob domínio de satanás (1 Jo 2.15-17).
- Falta de oração e de cuidadoso estudo das Escrituras (Ef 6.10-15).
O crente que relaxa o hábito da oração e da leitura e estudo das Escrituras, está incorrendo em sérios riscos espirituais, podendo se tornar presa fácil dos laços do adversário.
c) Consequências do Pecado na Vida do Crente
Dentre as muitas consequências do pecado na vida do crente, vale destacar:
- A perda da comunhão com Deus (1 Jo 5.6; Sl 51.11).
- Oportunidade de os inimigos blasfemarem do nome de Deus (2 Sm 12.14).
- Perda do galardão (1 Co 4.5; 3.13-15).
- Possível morte (Act 5.1-11; 1 Co 11.30).
- Mau exemplo (1 Co 8.9,10).
- Destruição da fé e conseqüente morte espiritual (Rm 6.16; 1 Jo 5.16,17).
d) Como o Crente Deve tratar Com o Pecado
Quando ao trato que o crente deve dar ao pecado, a Bíblia recomenda que o crente deve:
- Reconhecê-lo (Sl 51.3)
- Evitá-lo (1 Tm 5.22)
- detestá-lo (Jd v.23)
- Resiste a ele com confiança em Deus (Tg 4.7,8).
- Confessá-lo (1 Jo 1.9).
- Abandoná-lo (Pv 28.13).
O apóstolo João escreveu dizendo: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1Jo 2.1).


QUESTINÁRIO DE HARMATIOLOGIA
1. Quais são os dois grandes princípios morais mediadores do comportamento do homem em relação a Deus?
2. Qual o conceito de Irineu, bispo de Lyon, quanto à origem do pecado?
3. Que ensinava o gnosticismo quanto a origem do pecado?
4. Qual o ensino dos Pais da Igreja dos séculos III e IV quanto a origem do pecado?
5. Quanto a origem do pecado, o que ensinava Agostinho?
6. O que ensinava Karl Barth quanto a origem do pecado na raça humana?
7. O que a Bíblia ensina quanto a origem do pecado?
8. Qual o caráter formal do primeiro pecado do homem?
9. Qual o caráter essencial e material desse mesmo pecado?
10. Dê duas provas históricas e duas bíblicas da universalidade do pecado?
11. Qual a idéia bíblica do pecado?
12. Dê dois conceitos históricos do pecado original.
13. O que se entende por “culpa” e “corrupção” como elementos do pecado original?
14. Que relação há entre pecado original e pecado atual?
15. Segundo a Bíblia, qual o pecado para o qual não há perdão?
16. Qual a opinião de Jerônimo e Crisóstomo acerca do pecado imperdoável?
17. Qual a opinião de Agostinho e de alguns teólogos luteranos quanto ao pecado imperdoável?
18. Qual a correta conceituação do pecado imperdoável?
19. Por que o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo não tem perdão?
20. Falando do perigo de o crente vir a blasfemar contra o Espírito Santo, o que disse o saudoso pastor João de Oliveira?
21. É possível o crente pecar? Explique.
22. Cite três possíveis causas de pecado na vida do crente.

 

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 Os pecados contra o ESPÍRITO SANTO consistem em palavras, atitudes e atos. Entre os pecados por palavras, acham-se as afrontas verbais e as blasfêmias. As atitudes e atos constam da resistência ao ESPÍRITO, e da recusa contínua de se cumprir a vontade de DEUS. Contudo, a resistência ao ESPÍRITO é o pecado inicial que se comete contra o Consolador. Uma vez cometida esta ofensa, as demais parecerão de somenos importância, visto que o coração do ofensor, afetado terrivelmente pela iniquidade, considerará o pecado algo comum e corriqueiro.

Lembremo-nos que o ESPÍRITO SANTO, simbolizado nas Escrituras pela pomba, é muito sensível.

  

I. RESISTÊNCIA AO ESPÍRITO SANTO

O verbo resistir usado por Estevão no original, vai além de uma mera resistência.

Aqui a resistência é ao amor de DEUS, à revelação da palavra de DEUS.

  

II. AGRAVO AO ESPÍRITO SANTO

 Insultar o ESPÍRITO SANTO e rebelar-se contra Ele, o qual comunica a graça de DEUS ao nosso coração, é um agravo terrível, pois sem O mesmo, não há como entendermos a salvação pela graça de DEUS; talvez por isso mesmo, muitos buscam a salvação nas obras da lei.

  

III. ENTRISTECER O ESPÍRITO SANTO

 "E não entristeçais o ESPÍRITO SANTO de DEUS, no qual estais selados para o Dia da redenção. Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós" (Ef 4.30,31).

 

IV. MENTIR AO ESPÍRITO SANTO

1 Mas um certo varão chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade
2 e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos apóstolos.

5.3 MENTISSES AO ESPÍRITO SANTO. A fim de obterem prestígio e reconhecimento, Ananias e Safira mentiram diante da igreja a respeito das suas contribuições. DEUS considerou um delito grave essas mentiras contra o ESPÍRITO SANTO. As mortes de Ananias e Safira ficaram como exemplos perpétuos da atitude de DEUS para com qualquer coração enganoso entre aqueles que professam ser cristãos. Note, também, que mentir ao ESPÍRITO SANTO é a mesma coisa que mentir a DEUS, logo, o ESPÍRITO SANTO também é DEUS (vv. 3,4; ver Ap 22.15).
5.4 POR QUE FORMASTE ESTE DESÍGNIO...? A raiz do pecado de Ananias e de Safira era seu amor ao dinheiro e elogio dos outros. Isto os fez tentar o ESPÍRITO SANTO (v. 9). Quando o amor ao dinheiro e o aplauso dos homens tomam posse de uma pessoa, seu espírito fica vulnerável a todos os tipos de males satânicos (1 Tm 6.10). Ninguém pode estar cheio de amor ao dinheiro e, ao mesmo tempo, amar e servir a DEUS (Mt 6.24; Jo 5.41-44).
5.5 ANANIAS... CAIU E EXPIROU. DEUS feriu com severidade a Ananias e Safira (vv. 5,10), para que se manifestasse sua aversão a todo engano, mentira e desonestidade no reino de DEUS. Um dos pecados mais abomináveis na igreja é enganar o povo de DEUS no tocante ao nosso relacionamento com CRISTO, trabalho para Ele, e a dimensão do nosso ministério. Entregar-se a esse tipo de hipocrisia significa usar o sangue derramado de CRISTO para exaltar e glorificar o próprio eu diante dos outros. Esse pecado desconsidera o propósito dos sofrimentos e da morte de CRISTO (Ef 1.4; Hb 13.12), e revela ausência de temor do Senhor (vv. 5,11) e de respeito e honra ao ESPÍRITO SANTO (v. 3), e merece o justo juízo de DEUS.
5.11 HOUVE UM GRANDE TEMOR EM TODA A IGREJA O julgamento divino contra o pecado de Ananias e Safira levou a um aumento de humildade, reverência e temor do povo para com um DEUS santo. Sem o devido temor do DEUS santo e da sua ira contra o pecado, o povo de DEUS voltará, em pouco tempo, aos caminhos ímpios do mundo, cessará de experimentar o derramamento do ESPÍRITO e a presença milagrosa de DEUS e então lhe será cortado o fluxo da graça divina. Este é um elemento essencial da fé neotestamentária e do cristianismo bíblico hoje em dia.

 

1. O sentido da palavra "mentira" em Atos 5.3. Aqui, o termo original corresponde a contar uma falsidade como se fosse verdade.

2. As implicações de se mentir ao ESPÍRITO SANTO. Quem mente ao ESPÍRITO SANTO, menospreza a sua deidade; Ele é DEUS (vv.3,4).

   

 

V. EXTINGUIR O ESPÍRITO SANTO

Paulo escrevendo aos irmãos de Tessalônica, exortou-os: "Não extingais o ESPÍRITO" (1 Ts 5.19).

 

5.19,20 NÃO EXTINGAIS O ESPÍRITO.

(1) Paulo compara o extinguir o fogo do ESPÍRITO com o desprezo e rejeição às manifestações sobrenaturais do ESPÍRITO SANTO, tais como a profecia (vv. 19,20). Reprimir ou rejeitar o uso correto e ordenado da profecia, ou de outros dons espirituais, resultará na perda em geral da manifestação do ESPÍRITO (1 Co 12.7-10,28-30). O ministério do ESPÍRITO SANTO a favor dos crentes é descrito em Jo 14.26; 15.26,27; 16.13,14; At 1.8; 13.2; Rm 8.4,11,16,26; 1 Co 2.9-14; 12.1-11; Gl 5.22-25.

(2) Estes dois versículos mostram com clareza que outras igrejas tinham em seu meio a manifestação de dons espirituais nos cultos de oração. Note-se bem que as mensagens proféticas não desprezadas, mas também aceitas após exame cuidadoso (v. 21; ver 1 Co 14.29).

 

VI. BLASFEMAR CONTRA O ESPÍRITO SANTO

Os adversários de JESUS blasfemavam contra Ele e o ESPÍRITO SANTO, declarando consciente, proposital e seguidamente que JESUS operava milagres pelo poder de Satanás, o chefe dos demônios (Mt 9.32-34; 12.22-24; Mc 3.22; Lc 11.14,15).

 

BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO. A blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO é a rejeição contínua e deliberada do testemunho que o ESPÍRITO SANTO dá de CRISTO, da sua Palavra e da sua obra de convencer o homem, do pecado (cf. Jo 16.7-11). Aquele que rejeita a voz do ESPÍRITO e se opõe a ela, afasta de si mesmo o único recurso que pode levá-lo ao perdão o ESPÍRITO SANTO. Os passos que levam à blasfêmia contra o ESPÍRITO:

(1) entristecer o ESPÍRITO. Se isto for contínuo, levará à resistência ao ESPÍRITO (Ef 4.30);
(2) resistir ao ESPÍRITO leva ao apagamento do ESPÍRITO dentro da pessoa (1 Ts 5.19);

(3) apagar o ESPÍRITO leva ao endurecimento do coração (Hb 3.8-13);

(4) o endurecimento do coração leva a uma mente réproba e depravada, a ponto de chamar o bem de mal e o mal de bem (Rm 1.28; Is 5.20). Quando o endurecimento do coração atinge certa intensidade que somente DEUS conhece, o ESPÍRITO já não contenderá para levar aquela pessoa ao arrependimento (cf. Gn 6.3; ver Dt 29.18-21; 1 Sm 2.25; Pv 29.1). Quanto àqueles que se preocupam pensando que já cometeram o pecado imperdoável, a sua disposição de se arrependerem e quererem o perdão, é evidência de que não cometeram o tal pecado imperdoável.

2. A blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO é imperdoável.

O ser humano pode chegar a tal cegueira espiritual a ponto de blasfemar contra o ESPÍRITO.

 

 

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LIÇÃO CPAD NA ÍNTEGRA - 3º Trimestre de 2023

 

 

Lição 2, A Deturpação Da Doutrina Bíblica Do Pecado, 3Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV

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TEXTO ÁUREO
“Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” (Rm 3.20)


VERDADE PRÁTICA
O pecado de Adão arruinou toda a humanidade. Contudo, Jesus Cristo pode regenerar eficazmente o pecador.

 


LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Jo 3.4 Pecado é transgredir a Lei de Deus
Terça - Rm 5.12 O pecado de Adão passou a toda raça humana
Quarta - 2 Co 5.17 Em Cristo, o pecador torna-se uma nova pessoa
Quinta - 1 Pe 1.15 A santidade é um princípio ético e moral da fé cristã
Sexta - Hb 13.4 A prostituição não pode macular a sexualidade do cristão
Sábado - 1 Co 6.19 O corpo do cristão é morada do Espírito Santo


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - ROMANOS 3.9-20
9 - Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado,
10 - como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
11 - Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus.
12 - Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
13 - A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;
14 - cuja boca está cheia de maldição e amargura.
15 - Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
16 - Em seus caminhos há destruição e miséria;
17 - e não conheceram o caminho da paz.
18 - Não há temor de Deus diante de seus olhos.
19 - Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.
20 - Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.
HINOS SUGERIDOS: 75, 422, 568 DA HARPA CRISTÃ


PALAVRA-CHAVE - Pecado

 


INTRODUÇÃO
A Queda no Éden transmitiu à humanidade a inclinação do coração humano ao erro. Por isso, a regeneração é o único meio possível de desfazer as consequências do pecado em que a natureza humana só pode ser transformada pela obra de Cristo (Tt 3.5,6). Não obstante, por influência de teologias modernas, a Doutrina do Pecado vem sendo deturpada e enfraquecida. Esse processo abriu as portas para a normalização do pecado em muitos lugares denominados cristãos. Nesta lição, vamos estudar o perigo dessas teologias para a ortodoxia cristã.


I – O ENSINO BÍBLICO DA NATUREZA PECAMINOSA
1. Definição de Pecado.

Dentre os termos para “pecado”, destacamos o substantivo hebraico chatá, cuja raiz significa “errar o alvo” (Gn 4.7); e o seu correspondente grego hamartia, que possui conotação de “erro moral” (2 Pe 2.13,14). Assim, a Bíblia define “pecado” como a transgressão da Lei de Deus (1 Jo 3.4). A palavra abrange não apenas errar o alvo, mas deliberadamente acertar o alvo errado. Trata-se de rebelião e desobediência contra Deus e a sua Palavra (1 Sm 15.22,23). Além disso, o pecado afasta o homem de Deus, fazendo-o pecar contra o próximo (1 Jo 1.6,7) e por se omitir em fazer o bem (Tg 4.17). Portanto, pecado é a condição do homem não regenerado e só pode ser expelido por meio do Novo Nascimento (Jo 3.3-7). Essa reconciliação do homem com Deus só é possível em Cristo Jesus (2 Co 5.19).


2. A universalidade do Pecado.

O ser humano foi criado em estado de inocência, sem pecado, perfeito (Ec 7.29) e dotado de livre-arbítrio (Gn 2.16,17). Porém, o primeiro homem escolheu desobedecer a Deus e a sua Queda corrompeu toda a humanidade (Gn 3.9-19). O pecado de Adão foi transmitido a toda raça humana (Rm 5.12). Assim, a partir da Queda, todos os seres humanos nascem em pecado (Sl 51.5). Portanto, o pecado não é passado adiante meramente pela força do mau exemplo, mas é um mal inerente à natureza humana (Rm 7.14-24). Em consequência disso, todo ser humano está debaixo da escravidão do pecado e da condenação da morte (Rm 3.23; 6.23). Apesar de corrompida pelo pecado, a natureza humana pode ser eficazmente regenerada pela fé em Cristo (Rm 3.24; 2 Co 5.17).


3. Corrupção Total.

É o estado de corrupção mental, moral e espiritual da natureza humana (Rm 3.10-18). Nesse aspecto, a inclinação para fazer o errado é resultado do pecado (Gn 6.5; Rm 5.19). Por causa da Queda, todas as áreas de nosso ser foram corrompidas. Essa corrupção impede o homem de tomar a iniciativa no processo de regeneração (Rm 8.7,8). Ele só pode ser liberto do pecado após o convencimento do Espírito (Jo 16.8). Sem essa ajuda divina ninguém pode ser transformado (Tt 3.5), ou seja, o livre-arbítrio precisa ser divinamente restaurado (Rm 2.4). Somente por meio da graça o homem recebe capacidade para crer, arrepender-se e ser salvo (Rm 3.24,25). Dessa forma, a libertação do pecado não provém de nenhum esforço humano, mas é gratuita e divinamente ofertada (Rm 6.23; Ef 2.8,9).


II – AS TEOLOGIAS MODERNAS
1. Teologia do pecado social.

A tese do pecado social remonta aos concílios católicos de Medellín (1968, Colômbia) e Puebla (1979, México). Essa tese defende que o pecado é algo que se constrói por meio de estruturas opressoras, tais como, a pobreza, a injustiça e a desigualdade. Dessa maneira, a redenção do pecado não se restringe ao aspecto espiritual, sendo preciso tratar as questões sociais. O pecado deixa de ser tratado no nível da moral e passa a ser considerado no nível econômico e social. A mudança de ênfase do pecado original (natureza humana) para o pecado social (estrutural) enfraquece a responsabilidade moral do pecador. Então, deixa-se de enfatizar a causa para explorar os sintomas (Mt 23.27,28). A partir daí, resolver as questões da ordem social é visto como solução para o problema do pecado. Naturalmente, essa é uma deturpação do ensino bíblico a respeito do pecado.


2. Teologia da libertação.

A teologia da libertação tem afinidade com as ideias socialistas de Karl Marx. Essa teoria busca “libertar” o oprimido das estruturas opressoras da sociedade. Ela nasce na década de 1970 com Gustavo Gutiérrez (Peru) e Leonardo Boff (Brasil). Para eles, o estudo teológico não deve estar centrado em doutrinas bíblicas para libertar o homem do pecado, mas na indignação social para libertar o homem da injustiça social, econômica e cultural. Desse impulso surgem as teologias de cunho emancipatório de gênero (transexualidade), de sexualidade (homossexualidade) e de raça. Uma de suas vertentes é a Teologia da Missão Integral (TMI). O grande impacto dessas influências é que a fé cristã é reduzida a militância política socialista e marxista. As pautas sociais e progressistas são disfarçadas pela roupagem de Evangelho, postas acima dos valores morais do Reino de Deus. Então, transforma-se o Evangelho em inconformismo, criticismo e assistencialismo (1 Co 15.19; Fp 3.18-20).


3. Liberalismo teológico.

Após a Reforma Protestante (1517), floresce o liberalismo teológico, onde a razão é colocada acima da revelação divina. Como resultado disso, a inspiração, inerrância e infalibilidade das Escrituras são questionadas; os milagres e o sobrenatural são considerados mitológicos; as doutrinas da fé são reinterpretadas e ressignificadas. Troca-se a mensagem da salvação de arrependimento, confissão de pecados e mudança de caráter por uma visão progressista que enfatiza a transformação social pelo paradigma do marxismo. Assim, o pecado é relativizado, o ecumenismo religioso é propagado e toda experiência espiritual é considerada válida. O ideário da teologia liberal é de oposição às antigas doutrinas bíblicas que se fundamentam na revelação das Escrituras (2 Tm 4.3).


III – A NORMALIZAÇÃO DO PECADO
1. Crise ética e moral.

Em termos gerais, os valores que regulam a conduta de uma pessoa denominam-se ética (1 Pe 1.15) e a prática dessa conduta recebe o nome de moral. Nessa concepção, a obediência aos princípios bíblicos reflete o caráter de um cristão (Rm 12.2). Porém, o conceito deturpado e relativizado do pecado resulta em desvio e falha de caráter (2 Tm 3.5). Desse modo, a sociedade deixa de ser eticamente sólida e se torna moralmente desajustada (Hc 1.4). Dessa crise de integridade irrompe ações incompatíveis com a fé bíblica (Rm 2.21,22). Temas progressistas violam a ética e a moral bíblicas e passam a ser normalizados, tais como: a imoralidade sexual, o aborto e o uso de drogas ilícitas (1 Sm 2.6; Rm 1.27; 1 Co 6.15,19).


2. Imoralidade sexual.

A deturpação da doutrina do pecado favorece o avanço da imoralidade sexual (Rm 1.24). Em defesa da liberdade de decisão sobre o corpo, banaliza-se o sexo pré-conjugal, extraconjugal, normaliza-se a homossexualidade (Rm 1.26,27) e a doutrina da castidade é vista como opressora (Rm 6.12). Nesse aspecto, o afrouxamento da moral, o ensino da ideologia de gênero e a erotização da infância promovem luxúria e licenciosidade. O pecado é tolerado, a família é desconstruída e a doutrina da santidade é negligenciada (Hb 13.4).


3. A dessacralização da vida.

As Escrituras ensinam que a vida humana é sagrada porque tem origem divina (Gn 1.27). Por conseguinte, a vida é inviolável e deve ser valorizada (2 Pe 1.3). O corpo humano deve ser cuidado, alimentado e preservado (Ef 5.29). Não obstante, a vulgarização do pecado fomenta ideologias que desprezam a sacralidade e a dignidade humana. Propala-se a autonomia incondicional sobre o próprio corpo sem as devidas limitações éticas e morais. O slogan “meu corpo, minhas regras” reivindica o pseudodireito de a pessoa usar drogas, prostituir-se, abortar, cometer o suicídio e a eutanásia. Assim, o corpo que é templo do Espírito Santo é profanado (1 Co 6.19). A criatura, de modo proposital, afronta a vontade do Criador (Rm 1.25).


CONCLUSÃO
A relativização do pecado que o restringe à solução de pautas sociais em prejuízo da moral e, por sua vez, o exclusivismo moral em detrimento de causas sociais, igualmente, não retratam a fé cristã. Apesar de a Igreja não ser apolítica e nem insensível às desigualdades sociais, o mal primário a ser combatido é o pecado inerente à natureza humana. Uma vez regenerado pela fé em Cristo, o crente repudia as injustiças contra o seu próximo (Rm 1.18; 1 Co 13.6). A Igreja atuante é aquela que ainda milita na terra contra a carne, o mundo, o Diabo, o pecado e a morte (Ef 6.12).

 

SINÓPSE I - O pecado é a transgressão da Lei de Deus. Por ele, o ser humano foi totalmente corrompido.

SINÓPSE II - A teologia do pecado social, da libertação e o liberalismo teológico derivam da deturpação da doutrina bíblica do pecado.
SINÓPSE III - Quando se normaliza o pecado sobra uma crise ética e moral, bem como a dessacralização da vida.

 

PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
A doutrina bíblica do pecado, por natureza, faz oposição às principais ideologias modernas que buscam enaltecer o homem, destacando sua suposta bondade intrínseca. Quando a doutrina bíblica do pecado é deturpada, então, tudo o mais no campo moral também o é. Talvez essa seja a raiz de fenômenos éticos tão distantes do cristianismo bíblico, que podem ser encontrados em movimentos que se dizem cristãos, tais como: "igreja gay"; "casamentos abertos"; "prática sexual entre solteiros" etc.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Expor o ensino bíblico da natureza pecaminosa; II) Pontuar teologias modernas que derivam da deturpação da doutrina bíblica do pecado; III) Mostrar as consequências da normalização do pecado.
B) Motivação: Quando assistimos pessoas influentes dizendo que a Bíblia deve ser atualizada diante dos desafios de gênero, saiba que estamos diante de cristãos que deixaram de lado a visão bíblica do pecado. Nesse sentido, não há disposição para sustentar uma verdade bíblica tão intragável para o mundo moderno: o homem é por natureza pecador e, por isso, deve se arrepender de seus pecados. Então, se enfraquecemos a doutrina bíblica do pecado, passamos a aceitar tudo o que a Bíblia diz que é pecado.
C) Sugestão de Método: Pergunte aos alunos se eles já ouviram falar de pecado social, teologia da libertação e liberalismo teológico. Ouça as respostas e, em seguida, diga que essas três expressões são consequências do processo de deturpação da doutrina bíblica do pecado. Em seguida, inicie a exposição do primeiro tópico.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Esta lição exorta os alunos a não perderem de vista a doutrina bíblica do pecado. Devemos estar cientes de que a sociedade atual tem dificuldades de aceitar essa visão bíblica, mas ao mesmo tempo devemos estar encorajados a demonstrar que essa doutrina bíblica pode ser provada de maneira concreta em cada esquina onde uma pessoa é assaltada, assassinada e violada sexualmente.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 94, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "A Sombra do Pecado", localizado depois do primeiro tópico, aprofunda a reflexão a respeito da natureza do pecado; 2) O texto "Questões ambientais e sociais como extensão do pecado", ao final do segundo tópico, traz uma ampliação a respeito das ênfases que derivam da deturpação da doutrina bíblica do pecado, adequando um eficaz entendimento do lugar social na doutrina bíblica do pecado.

 

 

AUXÍLIO TEOLÓGICO
A SOMBRA DO PECADO
“Compreender o pecado nos ajuda no conhecimento de Deus, porém o pecado distorce até mesmo nosso conhecimento do próprio-eu. Mas se a luz da iluminação divina consegue penetrar essas trevas, e não somente as trevas mas também a própria luz, então poderão ser melhor analisadas. Percebe-se a importância prática do estudo do pecado na sua gravidade. O pecado é contra Deus. Afeta a totalidade da criação, inclusive a humanidade. Até mesmo o menor dos pecados pode provocar o juízo eterno. E o remédio para o pecado é nada menos que a morte de Cristo na cruz” (HORTON, Stanley M (ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.263).

 


AUXÍLIO TEOLÓGICO
QUESTÕES AMBIENTAIS E SOCIAIS COMO EXTENSÃO DO PECADO
“A compreensão da natureza do pecado deve renovar a nossa sensibilidade diante das questões do meio ambiente e levar-nos a retomar a comissão original de cuidar do mundo de Deus, o qual não devemos deixar nas mãos daqueles que preferem adorar a criação ao invés de ao Criador. Questões como justiça social e necessidade humana devem ser advogadas pela Igreja como testemunho da veracidade do amor, em contraste à mentira que é o pecado. Mesmo assim, semelhante testemunho deve apontar sempre para o Deus da justiça e do amor, que enviou o seu Filho a morrer por nós. Somente a salvação, e não a legislação ou um evangelho social que desconsidera a cruz [...], pode curar o problema e seus sintomas” (HORTON, Stanley M (ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.298).


REVISANDO O CONTEÚDO
1. Segundo a lição, como a Bíblia define o “pecado”?
A Bíblia define “pecado” como a transgressão da Lei de Deus (1 Jo 3.4).
2. O que é Corrupção Total?
É o estado de corrupção mental, moral e espiritual da natureza humana (Rm 3.10-18).
3. O que enfraquece a responsabilidade moral do pecador?
A mudança de ênfase do pecado original (natureza humana) para o pecado social (estrutural) enfraquece a responsabilidade moral do pecador.
4. O que reflete o caráter do cristão?
A obediência aos princípios bíblicos reflete o caráter de um cristão (Rm 12.2).
5. Por que a vida humana é sagrada?
As Escrituras ensinam que a vida humana é sagrada porque tem origem divina (Gn 1.27).


VOCABULÁRIO
Emancipatório de gênero: Libertação e independência do gênero biológico.
Marxista: Relativo a Karl Marx e sua doutrina exposta em suas obras.
Progressista: Relativo à ideia de transformação, revolução e reformas no campo social, ético e moral.
Inconformismo: Tendência e atitude de estar inconformado; recusa de aceitar a condição incômoda ou desfavorável.
Criticismo: Relativo ao ato de criticar de maneira generalizada e mórbida alguma coisa ou objeto.
Assistencialismo: Um sistema de assistência aos carentes e necessitados.
Liberalismo Teológico: Método de abordagem da religião sob uma perspectiva crítica, racionalista e materialista.
Ideário: Conjunto de ideias principais de um autor, doutrina ou movimento.
Propalar: Tornar público; divulgar; dar publicidade.

 

 

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NA ÍNTEGRA COMO NA REVISTA - ESCRITA LIÇÃO 7, CENTRAL GOSPEL, A ORIGEM DO PECADO, 4º TRIMESTRE 2025

 

Escrita Lição 7, Central Gospel, A Origem do Pecado, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV

Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva

 

ESBOÇO DA LIÇÃO

1. CONCEITUAÇÕES NECESSÁRIAS 

1.1. Hamartia 

1.1.1. Os sentidos como instrumentos, não como causa do pecado 

1.2. Autonomia radical 

1.3. Mal físico e mal moral: distinções fundamentais 

2. O ENSINO DAS ESCRITURAS SOBRE A ORIGEM DO PECADO 

2.1. DEUS não é o autor do pecado 

2.2. O surgimento do pecado nas regiões celestiais 

2.3. A entrada do pecado na humanidade por intermédio de Adão 

2.4. A raiz interna do pecado: orgulho, autossuficiência e egocentrismo 

3. RESPOSTAS HUMANAS, LIMITES ETERNOS 

3.1. A teoria da necessidade metafísica 

3.2. O dualismo maniqueísta 

3.3. A matéria como causa do pecado 

3.4. O pecado como ignorância ou limitação 

3.5. O mal como escolha e o sofrimento como mistério 

 

TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Gn 3.6, 22-23; Rm 8.22-23; Jo 9.2-3; Dt 29.29 

Romanos 8.6 - E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. 22- Então, disse o Senhor DEUS: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente, 

23- o Senhor DEUS, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra, de que fora tomado. 

Romanos 8.22 - Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. 

23 - E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do ESPÍRITO, também gememos em nós mesmos [...]. 

João 9.2 - [...] Seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? 

3- JESUS respondeu: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que 

se manifestem nele as obras de DEUS. 

Deuteronômio 29.29 - As coisas encobertas são para o Senhor, nosso DEUS; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos, para sempre, para cumprirmos todas as palavras desta lei. 

 

TEXTO ÁUREO 

Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram. Romanos 5.12 

 

SUBSIDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO 

2a feira - Gênesis 1.27-31 Tudo era bom - o mal veio depois 

3a feira - Tiago 1.13-15 O mal cresce onde o desejo reina 

4a feira - João 1.14; Filipenses 2.6-11 JESUS habitou o corpo, não o negou 

5a feira - Romanos 1.21-22 Sem reverência, tudo se quebra 

6a feira - Gênesis 4.1-7 A queda é escolha, não destino 

Sábado - 1 João 3.7-8 CRISTO veio desfazer as obras do mal 

 

OBJETIVOS - Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:

- compreender que o pecado humano não foi criado por DEUS, mas surgiu da escolha livre de Adão em um mundo já tocado pela rebelião celestial; 

- refletir sobre a seriedade da desobediência como ruptura da comunhão com o Criador e a necessidade de redenção;

- rejeitar explicações filosóficas que relativizam ou negam a responsabilidade humana na origem do mal moral. 

 

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS 

Caro professor, a narrativa da entrada do pecado no mundo foi apresentada na Lição 4. Esta lição retoma o tema sob uma nova perspectiva: doutrinária, histórica e teológica. O objetivo, nesta oportunidade, é compreender seu significado, a razão de seu surgimento e como diferentes cosmovisões tentaram explicar a origem do mal, contrastando essas ideias com o testemunho das Escrituras. 

Ajude os alunos a discernirem a singularidade do ensino bíblico, que apresenta o pecado como fratura relacional e o mal como uma realidade complexa - nem sempre explicável, mas sempre enfrentada à luz da revelação. Excelente aula! 

 

 

COMENTÁRIO - Palavra introdutória 

As lições anteriores exploraram a entrada do mal no mundo e suas primeiras expressões. Esta, por sua vez, amplia o olhar para o enigma de sua origem - não para esgotá-lo, mas para acolher o que as Escrituras revelam. 

O estudo começa com conceitos essenciais, passa pela perspectiva bíblica sobre a origem do pecado e conclui com um olhar sobre outras cosmovisões - contrastando-as com a Graça que, ainda hoje, responde ao mistério que, muitas vezes, nos escapa. 

 

1. CONCEITUAÇÕES NECESSÁRIAS 

Falar do pecado como distorção da identidade é afirmar que ele não é um erro no código da Criação, mas uma falha moral que se inicia na liberdade individual. 

 

1.1. Hamartia 

O termo grego mais comumente utilizado no Novo Testamento para designar o pecado é hamartia, com a ideia de "errar o alvo" - não por falha técnica, mas por escolha voluntária. O alvo é a glória de DEUS (Rm 3.23); pecar, nesse contexto, é recusar tal propósito. 

Portanto, não se trata apenas de desobediência, mas de uma traição relacional, de um coração que, como o de Caim (Gn 4.5-7), rejeita a orientação do Senhor e insiste em sua própria vontade. Hamartia é errar sabendo, errar querendo. É quando o "eu" ocupa o lugar do Altíssimo. 

 

1.1.1. Os sentidos como instrumentos, não como causa do pecado 

Ao longo da história cristã, especialmente em correntes ascéticas, houve quem visse nos sentidos físicos - visão, audição, olfato, paladar, tato - a porta de entrada do pecado. Assim, para proteger a alma, propunha-se a mortificação do corpo. Essa leitura, embora compreensível no zelo, falha em um ponto essencial: os sentidos são canais, não causas. 

JESUS foi claro ao ensinar que o mal não entra pela boca, mas sai do coração (Mt 15.18-19). Tiago reforça essa verdade ao dizer que a tentação se origina no desejo interior, que seduz, concebe e dá à luz a transgressão (Tg 1.14-15). O caminho da maturidade espiritual passa, portanto, não pela fuga sensorial, mas pela vigilância cuidadosa. Aquilo que permitimos que nos habite moldará nossa forma de ver, ouvir, tocar e falar. O corpo só responde aos anseios do coração. 

 

1.2. Autonomia radical 

No coração do Éden, a promessa da serpente não foi apenas uma provocação, mas uma semente arquetípica de toda transgressão: [...] Sereis como DEUS [...]. (Gn 3.5). A proposta era sedutora: não precisar mais depender, obedecer ou escutar. Ser como o Senhor significava, naquele contexto, tornar-se o próprio centro definidor do bem e do mal, juiz e legislador da própria existência. 

Fomos feitos à imagem, não como réplicas. Carregamos semelhança, mas não autonomia divina. Nossa liberdade é relacional e só se sustenta quando estamos dispostos a respeitar os limites. Quando rejeitamos a voz do Criador, essa condição se desfigura e passamos a refletir apenas a nós mesmos. 

Querer ser como DEUS, à parte d'Ele, é o início de toda nudez e perdição - da alma, da verdade e da comunhão. Significa dizer que a autonomia radical, sem reverência, converte-se em autodestruição. 

 

1.3. Mal físico e mal moral: distinções fundamentais 

Nos primeiros séculos da Igreja, alguns pensadores compreenderam que o mal, consequência da Queda, se desdobra em dimensões distintas. A tradição patrística distinguiu o mal físico e o mal moral: 

- Mal físico - como doenças, dores e catástrofes - pode ser experimentado por justos e injustos (Jo 9.1-3; Jó 1-2).

- Mal moral nasce da liberdade ferida, quando o pecado fere o coração da aliança com o Senhor (Tg 1.14-15). 

No entendimento dos pais da Igreja, DEUS pode permitir o mal físico como forma de disciplina ou revelação (Hb 12.6; 2 Cọ 12.7-10), mas jamais será autor do mal moral (Tg 1.13). 

É importante ressaltar, neste tópico, que, ao longo da história do cristianismo, diversas teodiceias foram formuladas para tentar explicar a realidade do mal (cf. Lição 5; Tópico 3). Algumas ganharam destaque, outras se perderam no tempo. Mas há uma que permanece e, de certo modo, reflete com honestidade os anseios do coração humano: a consciência de que o mal carrega em si um mistério que nos escapa. Por sua relevância, esse tema será retomado no Tópico 3.5 desta lição. 

 

2. O ENSINO DAS ESCRITURAS SOBRE A ORIGEM DO PECADO 

Após conceituarmos o pecado como "transgressão", "erro", "distorção da identidade", voltamo-nos ao texto sagrado - fonte segura para compreender sua origem. 

 

2.1. DEUS não é o autor do pecado 

A primeira afirmação doutrinária que a Escritura faz sobre a origem do pecado é esta: DEUS não o criou. Ele é absolutamente santo (Lv 11.44; Is 6.3; Ap 4.8). N'Ele não há trevas nem sombra de variação (1 Jo 1.5; Tg 1.17). Ao fazer essa afirmação, a Bíblia não busca defender a reputação do Divino, mas revelar Sua natureza. "SANTO" não é mero adjetivo, mas a essência de quem Ele é. 

Ressalte-se que a soberania do Altíssimo não foi anulada pelo surgimento da iniquidade. O Senhor pode usar até as decisões más dos homens para cumprir Seus propósitos redentores como fez com os irmãos de José (Gn 50.20) ou com os algozes de JESUS (At 4.27-28). Mas usar não significa "aprovar". Permitir não equivale a "dar origem". 

 

2.2. O surgimento do pecado nas regiões celestiais 

Na Lição 5, refletimos, à luz da tradição bíblica, sobre a identidade e a queda de Lúcifer (Gn 3.1; Ap 12.9-11; Is 14.12- 15; Ez 28.12-17). Aqui, olhamos para esse evento como um sinal de advertência: se até anjos caíram, que vigilância se espera de nós? 

O mal não nasceu entre os homens: foi herdado de uma rebelião anterior. Mesmo entre os que habitavam a glória, houve quem escolhesse o orgulho e o afastamento. Esse fato nos mostra que o pecado não se impõe - ele se forma no íntimo como desejo de usurpar o lugar que pertence unicamente a DEUS. 

A serpente no Éden teve um papel preponderante na queda do primeiro casal; contudo, sua atuação, embora real, não os isentou de culpa nem anulou sua responsabilidade. 

 

OBSERVAÇÃO 1

O mal não nasceu na Terra. Ele irrompeu antes, como rebelião nas regiões celestiais. O pecado, nesse contexto, é sua expressão nas dimensões espiritual e humana: uma escolha consciente que rompe a comunhão com o Senhor. Se o mal é a negação do bem, o pecado é a decisão de caminhar sem obediência. 

 

2.3. A entrada do pecado na humanidade por intermédio de Adão 

Adão rompeu, deliberadamente, a aliança com o Senhor (cf. Lição 6). As consequências desse ato alcançaram toda a humanidade: o pecado tornou-se uma condição, não apenas um gesto. 

De Adão, herdamos não somente a culpa, mas a inclinação para repetir a ruptura. A imagem do Criador em nós foi fragmentada - não apagada, mas ferida. Carregamos dentro de nós espelhos trincados: ainda refletimos a Luz, mas entre rachaduras. 

Em CRISTO, a imagem divina pode ser restaurada; o reflexo, curado. O amor que nos formou é o mesmo que nos refaz - e a liberdade que nos afastou será redimida pela Graça que nos chama de volta aos braços do Pai. 

 

2.4. A raiz interna do pecado: orgulho, autossuficiência e egocentrismo 

O orgulho é o solo da rebelião; a autossuficiência e o egocentrismo, tronos onde o "eu" se impõe como ditador. Não por acaso, essa raiz se manifesta em histórias como as de Caim (Gn 4.6-7), Saul (1 Sm 15.24) e Judas (Jo 13.2) - não nas ações em si, mas nas intenções que as precederam. 

Por essa razão, a cura não começa de fora para dentro, mas de dentro para fora - e é o ESPÍRITO SANTO quem desvela o quanto ainda preferimos o nosso nome ao nome do Senhor (Gn 11.4). Só Ele pode nos conduzir ao lugar onde o orgulho se curva, o "eu" se cala, e o Príncipe da Paz passa a reinar. 

 

3. RESPOSTAS HUMANAS, LIMITES ETERNOS 

Diversas cosmovisões buscaram explicar, ao longo das eras, a origem do mal. A fé cristã, todavia, reconhece o mistério que cerca o tema - e convida à confiança na revelação.

 

3.1. A teoria da necessidade metafísica 

Essa teoria defende que o mal moral seria inevitável em razão da limitação humana. O texto sagrado, no entanto, aponta outro caminho: DEUS criou o Homem muito bom (Gn 1.31), sendo livre para amar e corresponder à Sua vontade. Significa dizer que ele (o mal moral) não nasceu da Criação, mas da recusa em ouvir e obedecer. O Senhor não criou o pecado, criou a liberdade; pois, somente nela é possível amar verdadeiramente. 

 

3.2. O dualismo maniqueísta 

Essa proposição defende a ideia de que o bem e o mal são polos opostos e equivalentes em constante tensão. De acordo com essa visão, o mal não teve origem: sempre existiu, sendo tão necessário quanto o bem. Mas a Bíblia anuncia outra realidade: há um só DEUS, e nele não há treva alguma (1 Jo 1.5). O mal moral não faz parte da Criação, mas é uma ruptura; não é força eterna, mas rebelião passageira - teve início; por isso, terá fim. 

 

3.3. A matéria como causa do pecado 

Algumas tradições antigas atribuíram o mal à matéria, como se o corpo fosse, por natureza, corrupto - prisioneiro de desejos, oposto ao espírito. Mas essa ideia contraria o coração do evangelho: o Verbo se fez carne (Jo 1.14). Se o corpo fosse mau, o Filho de DEUS não o teria assumido. 

O corpo pode ser instrumento, não origem. Quando guiado pelo ESPÍRITO, ele se torna templo e canal de serviço. Pecar não é viver no corpo; é viver para si. 

 

3.4. O pecado como ignorância ou limitação 

Alguns sugerem que o mal moral seria apenas ausência do bem, fruto da ignorância humana. De acordo com essa visão, o pecado seria um erro inocente, não uma ofensa deliberada. 

Essa ideia, porém, esvazia a seriedade da Queda. A Escritura revela que Adão e Eva sabiam o que faziam (Gn 2.17). O mal moral não é mero equívoco: é recusa consciente da vontade de DEUS. Se fosse só ausência de conhecimento, não haveria arrependimento, nem Cruz, nem redenção. 

 

3.5. O mal como escolha e o sofrimento como mistério 

De acordo com o Tópico 1.3 desta lição, a explicação mais coerente com o texto sagrado é esta: o mal moral surgiu do mau uso da liberdade; foi escolha, não destino. Já o mal físico - perdas, dores, catástrofes - decorre de um mundo ferido pela Queda (Rm 8.20-22) e pode atingir até os justos (Jó 1.8-12). Ainda assim, DEUS pode usá-lo para revelação e redenção (Jo 9.3; 2 Co 12.9). 

A Cruz, todavia, nos assegura: 0 mal não está fora de controle - ele será vencido (Ap 21.4; 1 Jo 3.8). Enquanto isso, somos chamados à esperança firme, mesmo quando não compreendemos (Pv 3.5; Hc 3.17-18), pois se tudo se explicasse pela razão, a fé não seria necessária (Hb 11.1, 6). 

 

OBSERVAÇÃO 2

Há dores que resistem a toda teologia. O choro de uma criança em sofrimento terminal, por exemplo, não pode ser traduzido nem alcançado por limitadas palavras humanas. Nem todo mal se explica - alguns só se enfrentam com reverência, confiança e fé. O mistério da iniquidade nos convida não a entender tudo, mas a confiar mesmo sem entender. 

 

CONCLUSÃO 

A origem do pecado não está na Criação, mas na recusa de obedecer ao Criador. Ele (o pecado) surgiu como escolha ainda hoje se perpetua em cada gesto de autossuficiência. 

Contudo, a mesma liberdade que permite a queda pode conduzir ao retorno. Ao reconhecermos o mal que nos habita, somos convidados a descansar na Graça que nos restaura. A Cruz não explica todos os mistérios, mas nos assegura: DEUS permanece no controle e o bem sempre triunfará. 

 

 

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO 

1. Qual o sentido da palavra grega hamartia, utilizada no Novo Testamento para designar "pecado"? 

R.: A palavra carrega a ideia de "errar o alvo". 

 

 

 

 

 

 

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