Escrita Lição 3, JESUS, o discípulo e a Lei, 2Tr22, Pr Henrique, EBD NA TV

 Lição 3, JESUS, o discípulo e a Lei

Lições Bíblicas - 2º Trimestre de 2022 - CPAD - Para adultos
Tema, OS Valores Do Reino De DEUS, A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de CRISTO

Comentários, Pr. Osiel Gomes (Pr. Pres. Assemb. de DEUS Tirirical, São Luis, MA)
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Lições Bíblicas - 2º Trimestre de 2022 - CPAD - Para adultos

Tema, OS Valores Do Reino De DEUS, A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de CRISTO
Comentários, Pr. Osiel Gomes (Pr. Pres. Assemb. de DEUS Tirirical, São Luis, MA)
       

Lição 3, JESUS, o discípulo e a Lei
Escrita - https://ebdnatv.blogspot.com/2022/04/escrita-licao-3-jesus-o-discipulo-e-lei.html

Slides - https://ebdnatv.blogspot.com/2022/04/slides-licao-3-jesus-o-discipulo-e-lei.html

Vídeo completo - https://youtu.be/yzE20Lw-Gq8

https://pt.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-3-jesus-o-discpulo-e-a-lei-2tr22-pr-henrique-ebd-na-tv

 
TEXTO ÁUREO
“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.” (Mt 5.20)
 
 
VERDADE PRÁTICA
Os seguidores de JESUS são chamados a viver a justiça do Reino de DEUS. Essa justiça, baseada na Nova Aliança em CRISTO, nasce na interior do crente e reflete no exterior da vida.
 

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Mt 5.17; Rm 3.31 JESUS não veio revogar a Lei nem contradizer os profetas
Terça - Hb 1.1-3 O Senhor JESUS CRISTO cumpriu fielmente a Lei
Quarta - Gl 3.24 A função da Lei é levar o homem a CRISTO
Quinta - 1 Tm 1.5 O fim do mandamento: coração puro, boa consciência e fé sincera
Sexta - Rm 7.12; Rm 3.31 A Lei é santa e está estabelecida em CRISTO JESUS, o nosso Senhor
Sábado - Rm 13.8-10; Gl 5.6,25 A Lei está cumprida no amor e dinamizada em nós pelo ESPÍRITO SANTO
 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 5.17-20
17 - Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. 18 - Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido. 19 - Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus. 20 - Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.
 
 
ESTUDOS BEP - CPAD
5.17 NÃO... VIM DESTRUIR A LEI... MAS CUMPRIR. O propósito de CRISTO é que as exigências espirituais da lei de DEUS se cumpram na vida dos seus seguidores (Rm 3.31; 8.4).
O relacionamento entre o crente e a lei de DEUS envolve os seguintes aspectos:
(1) A lei que o crente deve cumprir consiste nos princípios éticos e morais do AT (7.12; 22.36-40; Rm 3.31; Gl 5.14); bem como nos ensinamentos de CRISTO e dos apóstolos (28.20; 1 Co 7.19; Gl 6.2). Essas leis revelam a natureza e a vontade de DEUS para todos e continuam hoje em vigor. As leis do AT destinadas diretamente à nação de Israel, tais como as leis sacrificiais, cerimoniais, sociais ou cívicas, já não são obrigatórias (Hb 10.1-4; e.g., Lv 1.2,3; 24.10). Não se aplicam aos cristãos.
(2) O crente não deve considerar a lei como sistema de mandamentos legais através do qual se pode obter mérito para o perdão e a salvação (Gl 2.16,19). Pelo contrário, a lei deve ser vista como um código moral para aqueles que já estão num relacionamento salvífico com DEUS e que, por meio da sua obediência à lei, expressam a vida de CRISTO dentro de si mesmos (Rm 6.15-22).
(3) A fé em CRISTO é o ponto de partida para o cumprimento da lei. Mediante a fé nEle, DEUS torna-se nosso Pai (cf. Jo 1.12). Por isso, a obediência que prestamos como crentes não provém somente do nosso relacionamento com DEUS como legislador soberano, mas também do relacionamento de filhos para com o Pai (Gl 4.6).
(4) Mediante a fé em CRISTO, o crente, pela graça de DEUS (Rm 5.21) e pelo ESPÍRITO SANTO que nele habita (Gl 3.5,14; Rm 8.13), recebe o impulso interior e o poder para cumprir a lei de DEUS (Rm 16.25,26; Hb 10.16). Nós a cumprimos, ao andarmos segundo o ESPÍRITO (Rm 8.4-14). O ESPÍRITO nos ajuda a mortificar as ações pecaminosas do corpo e a cumprir a vontade de DEUS (Rm 8.13; ver Mt 7.21). A transformação interior do nosso coração e espírito (cf. vv. 21-28) anda em conformidade externa com a lei de DEUS.
(5) Os crentes, tendo sido libertos do poder do pecado, e sendo agora servos de DEUS (Rm 6.18-22), seguem o princípio da fé, pois estão debaixo da lei de CRISTO (1 Co 9.21). Ao fazermos assim, cumprimos a lei de CRISTO (Gl 6.2) e em nós mesmos somos fiéis à exigência da lei (ver Rm 7.4; 8.4; Gl 3.19; Mt 5.16-25).
(6) JESUS ensinava enfaticamente que cumprir a vontade do seu Pai celeste é uma condição permanente para a entrada no reino dos céus (ver Mt 7.21).
5.19 GRANDE NO REINO. A posição do crente no reino dos céus dependerá da sua atitude aqui, para com a lei de DEUS e da sua prática e ensino. A medida da nossa fidelidade a DEUS, aqui, determinará a medida da nossa grandeza no céu.
5.20 SE A VOSSA JUSTIÇA. A justiça dos escribas e dos fariseus era exclusivamente exterior. Eles observavam muitas regras, oravam, cantavam, jejuavam, liam as Escrituras e frequentavam os cultos nas sinagogas. No entanto, substituíam as atitudes interiores corretas pelas aparências externas. JESUS declara aqui que a justiça que DEUS requer do crente vai além disso. O coração e o espírito, e não somente os atos externos, devem conformar-se com a vontade de DEUS, na fé e no amor (ver Mc 7.6 sobre o legalismo).
JESUS cumpriu toda a lei em seus 613 preceitos. Nós estamos em CRISTO, portanto somos cumpridores da lei, desde que permaneçamos em CRISTO.


PALAVRA-CHAVE - Justiça
 

Resumo da Lição 3, JESUS, o discípulo e a Lei
I – JESUS CUMPRIU TODA A LEI
1. Um compromisso com o passado.
2. JESUS não veio destruir a Lei.
3. JESUS cumpriu e aperfeiçoou a Lei.
II – A LETRA DA LEI, A VERDADE DO ESPÍRITO
1. O que a expressão “letra da Lei” significa?
2. A perspectiva teológica da Lei.
3. A Lei e a verdade do ESPÍRITO.
4. Qual é o propósito da Lei para os discípulos de CRISTO? 
III – A JUSTIÇA DO REINO DE DEUS
1. Quem é grande no Reino de DEUS?
2. A justiça do Reino de DEUS.
 
 
Lei Civil ou Judicial - Vale como princípios do nosso viver em sociedade, tem a ver também com nossa saúde física. NÃO SALVAM.
Lei Moral - São imutáveis e eternas. Qualquer transgressão a elas é pecado. NÃO SALVAM.
Lei Cerimonial - São referentes a organização sacerdotal e prestação do culto levítico. Não existem mais para nós. Nós adoramos a DEUS em ESPÍRITO e em Verdade. NÃO SALVAM.
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Efésios 2:8
em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; Efésios 1:13
Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. 1 Coríntios 1:21
 
 
Sobre o Sermão do Monte – Parte V - John Wesley (Com Algumas modificações e acréscimos do Pr. Henrique - Em 16-04-2022)

'Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque, em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um jota ou til se omitirá da lei, até que ela seja cumprida. Qualquer, pois, que violar um desses menores mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no Reino dos céus: aquele, porém, que os cumprir e os ensinar, será chamado grande no Reino dos céus' (Mateus 5:17-20).

1. Em meio à imensidade de reprovações que caíram sobre Ele, que 'era o menosprezado e rejeitado dos homens' (Is 53), não seria de se surpreender, que Ele fosse o professor das boas novas; o introdutor da nova religião. Isto poderia ser afirmado, com muitas cores, porque muitas das expressões que Ele usou não eram comuns entre os judeus: ou eles não as usaram, afinal; ou não as usaram no mesmo sentido; ou no seu significado completo e forte. Acrescente a isto que o adorar a DEUS 'em espírito e verdade' (Jo 4) parecia ser uma religião nova àqueles que não conheceram, até o momento, a não ser a adoração exterior; coisa alguma, a não ser a 'forma de santidade'.

2. E não é improvável que alguns poderiam esperar que Ele fosse abolir a velha religião e trazer uma outra, - uma em que eles tivessem a esperança de ser um caminho mais fácil para os céus. Mas nosso Senhor refuta isto, nessas palavras, tanto as vãs esperanças de uns, quanto as calúnias infundadas de outros. Eu devo considerá-las, na mesma ordem, em que elas se colocam, tomando cada verso do discurso, num título distinto.

I
I. ''Não pensem que vim destruir a Lei, ou os Profetas: eu não vim destruir, mas cumprir'.

A lei ritual ou cerimonial, entregue por Moisés para os filhos de Israel, contendo todas as injunções e ordenanças que eram relacionadas aos antigos sacrifícios e serviços do templo, nosso Senhor, de fato, veio destruir, dissolver e abolir completamente. Para isto, foram testemunhas todos os Apóstolos; não apenas Barnabé e Paulo, que veementemente opuseram-se contra todos que ensinaram que os cristãos deveriam 'manter a lei de Moisés' integralmente (Atos 15:5). 'Alguns, porém, da seita dos fariseus que tinham crido se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés'; não apenas Pedro, que denominou o insistir nisso, na observância da lei ritual, 'por DEUS à prova', e 'colocar um jugo no pescoço dos discípulos, que nem nossos anciãos', diz ele, 'nem nós, somos capazes de suportar', mas todos os Apóstolos, presbíteros, e irmãos, estando reunidos em um só acordo (Atos 15:22)¸ declararam que ordenar a eles que mantenham esta lei, era 'subverter suas almas'; e que 'pareceu bem ao ESPÍRITO SANTO' e para eles, não impor tal fardo sobre eles. (Atos 15:28). Essas 'ordenanças escritas' nosso Senhor destruiu, jogou fora, e pregou em Sua cruz.
A lei cerimonial se cumpriu em CRISTO.

2. Mas a lei moral, contida nos Dez Mandamentos, - e reforçada pelos profetas, Ele não tirou fora. Não era o objetivo de Sua vinda, ab-rogar alguma parte dela. Esta é uma lei que nunca poderá ser quebrada; que resiste, como uma testemunha fiel nos céus.

A lei moral se situa, em uma fundação completamente diferente da lei cerimonial ou ritual, que foi apenas designada para uma restrição temporária, em cima da desobediência e obstinação das pessoas; considerando que isto foi no começo do mundo, não sendo 'escrita em tábuas', mas nos corações de todos os filhos dos homens, quando eles vieram das mãos do Criador. E, não obstante, as letras, uma vez escritas pelo dedo de DEUS, estejam agora, em grande parte, desfiguradas pelo pecado; ainda assim, elas não podem ser apagadas, enquanto nós tivermos alguma consciência de bem e mal (Gn 3.22). Cada parte dessa lei deve permanecer em vigor, sobre toda a humanidade, e em todas as épocas; não dependendo de tempo ou lugar; ou quaisquer outras circunstâncias, sujeitas a mudanças; mas sobre a natureza de DEUS e a natureza do homem, e a relação imutável para com um e outro.

3. 'Eu não vim destruir a lei, mas cumpri-la'. Alguns têm imaginado que nosso Senhor quis dizer, - Eu vim para cumpri-la, através de minha inteira e perfeita obediência a ela. Mas isto não parece ser o que Ele pretende aqui, sendo estranho à extensão de seu presente discurso. Sem dúvida, seu significado neste lugar é, (consistentemente com tudo o que vem antes e segue depois) – Eu vim estabelecê-la, em sua plenitude, a despeito de todo a aparência enganosa dos homens: Eu vim situá-la, em seu entendimento completo e claro, por mais difícil de entender e obscura que seja: eu vim declarar a verdade, e o completo significado de cada parte dela; para mostrar o comprimento e largura; a inteira extensão de todo mandamento contido nela; e a altura e profundidade, a sua pureza e espiritualidade inimagináveis, em todas as suas ramificações. Também tudo o que estava escrito na lei sobre JESUS foi cumprido Nele.

4. E isto nosso Senhor tem abundantemente demonstrado nas partes precedentes e subsequentes do discurso, diante de nós, nas quais ele introduziu uma nova religião no mundo. Mas a mesma, desde o início: - a religião, cuja essência é sem dúvida, tão antiga quanto a criação, sendo contemporânea do homem, e tendo procedido de DEUS, no momento em que 'o homem tornou-se uma alma vivente'; (a essência, eu digo; porque algumas circunstâncias dela, relaciona-se agora ao homem como uma criatura caída); - a religião testemunhada, tanto pela lei, quanto pelos profetas, em todas as gerações que se seguiram. Ainda assim, ela nunca foi tão completamente explicada, nem tão inteiramente entendida, até que o próprio grande Autor condescendeu em dar à humanidade esse comentário autêntico sobre todas as ramificações essenciais dela; ao mesmo tempo, declarando que ela nunca deverá ser mudada, mas deverá permanecer em vigor 'até que o céu e terra passem'.

II
1. 'Em verdade eu digo a vocês', (um prefácio solene, que denota a importância e a certeza do que estava sendo falado) 'até que o céu e terra passem, nem um jota ou um til, deverá, de forma alguma, serem tirado da lei, até que ela seja cumprida'.

'Um jota':-- Literalmente, nem um iota [letra grega]; nem a mais insignificante vogal: 'Nem um til', - um ângulo, ou ponto de uma consoante. Esta é uma expressão proverbial que significa que nenhum mandamento contido na lei moral; nem a menor parte de algum dele, por mais insignificante que seja, deverá ser anulado.

'Não deverá, de maneira nenhuma, deixar de cumprir a lei'. A negativa dupla, aqui usada, fortalece o sentido, de modo a admitir nenhuma contradição: E pode ser observado, que não se trata apenas do futuro, declarando o que será; mas tem igualmente a força de um imperativo, ordenando que deverá ser. Esta é uma palavra de autoridade, expressando a soberana vontade e poder Dele que fala; Dele, cuja palavra é a lei do céu e terra, e se mantém para sempre e sempre.

'Um jota ou um til deverá, de maneira alguma, passar, até que o céu e terra passem'; ou como está expresso imediatamente depois, até que tudo (ou melhor, todas as coisas) sejam cumpridas; até a consumação de todas as coisas. Aqui não existe, por conseguinte, lugar para aquela pobre evasão (com a qual alguns têm livrado a si mesmos grandemente) de que 'nenhuma parte da lei deveria para passar, até que toda a lei fosse cumprida: Mas ela já foi cumprida por CRISTO; portanto, agora, deverá passar, para que o Evangelho possa ser estabelecido'. Não é assim; a palavra todo não significa toda a lei, mas todas as coisas no universo; nem o termo 'cumprida', faz qualquer referência à lei, mas a todas as coisas no céu e terra.

2. De tudo isto nós podemos aprender que não existe contradição entre a lei e o Evangelho; que não existe necessidade da lei ser extinta, para que o Evangelho possa ser estabelecido. De fato, nem um deles substitui o outro, mas concordam perfeitamente bem juntos. Sim, as mesmas palavras, consideradas em diferentes aspectos, são partes, tanto da lei, quanto do Evangelho. Se eles são considerados como mandamentos, eles são parte da lei; se, como promessas, do Evangelho. Assim, 'Tu deves amar ao Senhor teu DEUS com todo teu coração', quando considerado como um mandamento, é uma ramificação da lei; quando levado em conta de promessa, é uma parte essencial do Evangelho; - o Evangelho, sendo nada mais do que os mandamentos da lei, dispostos, através do caminho das promessas. Assim sendo, pobreza de espírito; pureza de coração e qualquer outro que esteja anexa na santa lei de DEUS, não é outra coisa, quando vista sob a luz do Evangelho, do que as tão grandes e preciosas promessas.
Assim, a lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom. Romanos 7:12

3. Existe, por conseguinte, uma conexão intima que pode ser concebida, entre a lei e o Evangelho. De um lado, a lei continuamente cria o caminho para o Evangelho, pois nos condena e mostra a necessidade de um salvador; do outro, o Evangelho continuamente nos conduz a um cumprimento mais exato da lei, guardada em nossos corações. A lei, por exemplo, requer que amemos a DEUS, que amemos nosso próximo, que sejamos humildes, mansos e santos. Nós sentimos que não somos suficientes para essas coisas; sim, que 'com o homem isto é impossível': Mas nós vemos a promessa de DEUS, nos dando aquele amor, e nos tornando humildes, mansos e santos: Nós nos agarramos a esse Evangelho; a essas boas novas; e isto é feito junto a nós, de acordo com nossa fé; e a 'retidão da lei é cumprida em nós', através da fé que está em JESUS CRISTO e na comunhão íntima com o ESPÍRITO SANTO que implantou em nós o fruto do ESPÍRITO.

Nós podemos ainda observar, mais além, que todo mandamento nas Escrituras Sagradas é apenas uma promessa encoberta. Porque, através daquela declaração solene: 'Esta é a aliança que eu farei, diz o Senhor; eu irei colocar as leis em suas mentes, e escrevê-las em seus corações'. DEUS NOS AJUDA A CUMPRIR O QUE ELE ordena. Ele nos ordena, então, que 'oremos, sem cessar?'. Que 'nos regozijemos, mais e mais?'. 'Que sejamos santos, como Ele é santo?'. É o suficiente. Ele irá operar em nós essas mesmas coisas. Elas serão em nós, de acordo com sua palavra.

4. Mas, se essas coisas são assim, nós não podemos estar perdidos quanto ao que pensar sobre aqueles que, em todas as épocas da Igreja, têm empreendido mudar ou substituir alguns mandamentos de DEUS, como eles professaram, através da direção peculiar de seu ESPÍRITO. CRISTO aqui tem nos dado uma regra infalível, por meio da qual, julga todas essas pretensões. O Cristianismo, como ele inclui toda a lei moral de DEUS; tanto pelo caminho da injunção, quanto da promessa, se nós entendermos que ele é designado de DEUS para ser a última de todas as suas revelações; não haverá outra a vir depois disso. Isto deve durar até a consumação de todas as coisas. Como consequência, essas tais novas revelações são de Satanás, e não de DEUS; e todas essas pretensões à outra revelação, por mais perfeitas que sejam, caem por terra, afinal.' Céus e terra passarão'; mas esta palavra 'não passará'.

III
1. 'Qualquer, pois, que violar um desses menores mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no Reino dos céus: aquele, porém, que os cumprir e os ensinar, será chamado grande no Reino dos céus'.

Quem, ou o que são eles que darão à 'pregação da lei', um caráter de reprovação? Será que eles não sabem, em quem a reprovação deles irá cair, -- quais cabeças ela deverá golpear, por fim? Qualquer um que, por este motivo, menosprezar a nós, menosprezará a Ele que nos enviou. Por que homem algum pregou a lei como Ele; mesmo quando ele veio, não para condenar, mas para salvar o mundo; quando ele veio propositadamente para 'trazer vida e imortalidade à luz, através do Evangelho?'. Pode alguém pregar a lei mais expressamente, mais rigorosamente, do que CRISTO faz nessas palavras? E quem é ele que deve corrigi-la? Quem é ele que deve instruir o Filho de DEUS, em como pregar? Quem irá ensinar a Ele um caminho melhor, para entregar a mensagem que Ele recebeu do Pai?

2. 'Qualquer, pois, que violar um desses mandamentos', ou um dos menores desses mandamentos. – Nós podemos observar, que 'esses mandamentos' é um termo usado por nosso Senhor, como equivalente com a lei e os Profetas, -- o que é a mesma coisa; vendo que os Profetas nada acrescentaram à lei; apenas declararam, explicaram ou reforçaram-na, quando movidos, pelo ESPÍRITO SANTO.

'Qualquer que violar alguns desses menores mandamentos'; especialmente, se for feito propositadamente ou presunçosamente: -- Apenas um; -- porque 'ele que mantém toda a lei, e', mesmo assim, 'viola em um ponto, é culpado afinal'; a ira de DEUS habita nele, tão certo, quanto se ele tivesse violado cada um. De modo que nenhuma tolerância é feita para uma única concupiscência predileta; nenhuma ressalva para um ídolo; nenhuma desculpa por se reprimir de todas as demais; apenas dando caminho para um único pecado íntimo. O que DEUS exige é uma obediência total; como se tivéssemos um olho único para todos Seus mandamentos; do contrário, nós perderemos todo o trabalho que tivemos em manter alguns, e as nossas pobres almas para todo o sempre.

'Algum desses menores', ou um dos menores desses mandamentos: -- Aqui está uma outra desculpa eliminada, por meio da qual, muitos que não enganaram a DEUS, miseravelmente ludibriaram as suas próprias almas. 'Este pecado', diz o pecador, 'não é um pecado pequeno? O Senhor não irá me poupar nisso? Certamente, que ele não será extremista para marcar este, já que eu não ofendi nas maiores questões da lei'. Esperança vã! Falando como homens, nós podemos denominar esses, de grandes, e aqueles, de pequenos mandamentos; mas, na realidade eles não são assim. Se nós usarmos a propriedade da linguagem, não existe tal coisa como um pequeno pecado; todo pecado é uma transgressão da lei santa e perfeita; e uma afronta à grande Majestade dos céus.

3. 'E ensinarem aos homens dessa maneira'. De alguma forma, pode ser dito que, qualquer que abertamente viola algum mandamento, ensina aos outros o mesmo; porque o exemplo fala, e muitas vezes, mais alto do que a regra. Neste sentido, é aparente que cada bêbado declarado é um professor de alcoolismo; Mas isto não é tudo: Um violador habitual da lei, raramente está satisfeito em parar por aqui; ele geralmente ensina outros homens a fazerem o mesmo, através de palavras, assim como, de exemplo; especialmente, quando ele se embrutece, e odeia ser reprovado. Tal pecador, logo se principia, em um advogado para o pecado; ele defende o que ele está resolvido a não renunciar; ele desculpa o pecado que ele não irá deixar, e, assim, ensina diretamente todo pecado que ele comete.

'Ele será chamado o menor no reino dos céus'; -- ou seja, não terá parte nele; Ele é um estranho ao reino dos céus, que está na terra; ele não terá porção naquela herança; não compartilhará daquela 'retidão, e paz, e alegria no ESPÍRITO SANTO'. Nem, em consequência, poderá ter alguma parte na glória a ser revelada.

4. Mas, se até mesmo esses que assim violam, e ensinam a outros a violarem 'um dos menores desses mandamentos, serão chamados menores no reino dos céus'; não terão parte no reino de CRISTO e de DEUS; se estes deverão ser lançados para dentro da 'escuridão exterior, onde existe lamentação e ranger de dentes', então, como será para aqueles que nosso Senhor, principalmente e originalmente, pretende nessas palavras, -- aqueles que, não obstante, levem o caráter de Professores enviados de DEUS, violam seus mandamentos; sim, e abertamente ensinam a outros a assim procederem; sendo corruptos tanto na vida quanto na doutrina?

5. Esses são de diversos tipos. Os do primeiro tipo, vivem em algum pecado terrível habitual. Agora, se um pecador comum ensina, através do seu exemplo, quanto mais um Ministro pecaminoso, -- mesmo que ele não pretenda defender, desculpar ou minorar seu pecado! Se ele faz isto, ele é um assassino, de fato; sim, um assassino geral de sua congregação! Ele povoa as regiões da morte. Ele é o instrumento preferido do príncipe das trevas. Quando ele procede assim, 'o inferno move-se para encontrá-lo em sua vinda'. Nem ele pode afundar no abismo insondável, sem carregar uma multidão atrás de si.

6. Próximo a estes, estão os agradáveis; um tipo de homens bons: os que vivem uma vida fácil, e inofensiva; não se preocupando com pecado exterior, nem com santidade interior; homens que não são notáveis, nem por um caminho, nem por outro; nem para a religião, nem para a descrença; que são bastante regulares, tanto em público, quanto em privado, mas que não pretendem ser alguém mais perfeito do que seu próximo. Um Ministro deste tipo não apenas viola um, ou alguns dos menores mandamentos de DEUS; mas todas as grandes e importantes ramificações de sua lei, que se relaciona ao poder da santidade, e a tudo que requer que 'passemos o tempo de nossa hospedagem em temor'; para 'operarmos nossa salvação com temor e tremor'; ' tendo sempre nossos quadris amarrados, e nossas luzes queimando'; nos esforçando ou nos afligindo 'para entrarmos pelo portão estreito'. E ele ensina os homens assim, através de toda a forma de sua vida, e no teor geral de sua pregação, que uniformemente tende a confortar aqueles que, em seus sonhos prazerosos, se imaginam cristãos e não o são; para persuadir a todos que atendem ao seu ministério, a dormirem e descansarem. Não seria de se maravilhar, por conseguinte, que ele, e aqueles que o seguem acordassem juntos no fogo eterno'.

7. Mas, acima de todos estes, no mais alto pódio dos inimigos do Evangelho de CRISTO, estão aqueles que abertamente e explicitamente 'julgam a lei', por si mesma, e 'falam mal dela'; aqueles que ensinam os homens a violarem, (a dissolverem, a desprenderem-se, a se desobrigarem dela), não apenas de um mandamento, quer seja ele o menor, ou o maior, mas de todos, de uma tacada só; os que ensinam, sem qualquer pretexto, em tantas palavras: 'O que nosso Senhor fez com a lei? Ele a aboliu. Não existe outra obrigação, a não ser crer. Todos os mandamentos são inadequados para nossos tempos. Nenhum homem é obrigado agora a seguir um passo; a gastar um centavo; a retirar ou omitir um pedaço, de qualquer exigência da lei'. Isto, realmente, é levar os assuntos com um pulso forte; isto é opor-se a nosso Senhor, e dizer a Ele que Ele não soube como entregar a mensagem para o qual Ele fora enviado. Ó, Senhor, não coloque este pecado na responsabilidade deles! Perdoa-lhes, Pai; porque eles não sabem o que fazem!

8. A mais surpreendente de todas as circunstâncias que atendem a essa forte ilusão, é que eles que desistiram dela, realmente acreditam que eles honram a CRISTO, subvertendo sua lei, exaltando seu trabalho, enquanto destroem sua doutrina! Sim, eles o honram, assim como fez Judas, quando ele disse: 'Saudações, Mestre', e o beijou. E JESUS pode justamente dizer a cada um deles: 'Traístes o Filho do Homem com um beijo?'. Isto não é nada diferente, do que traí-lo com um beijo; falar de seu sangue, e tirar fora sua coroa; estabelecer a luz, através de alguma parte de sua lei, debaixo da pretensão de melhorar seu Evangelho. Não, de fato, pode alguém escapar dessa responsabilidade, quem prega fé, de tal maneira, que tanto direta, quanto indiretamente tende a colocar de lado algum ramo da obediência. Que prega CRISTO, como que a ab-rogar, ou enfraquecer, de qualquer modo, o menor dos mandamentos de DEUS.

9. É impossível, de fato, ter tão alta estima pela 'fé do eleito de DEUS'. E nós devemos todos declarar: 'Pela graça, você é salvo, através da fé; não da obras, a fim de que homem algum possa gabar-se'. Devemos clamar alto para todo pecador penitente: 'Creia no Senhor JESUS CRISTO, e você será salvo'. Mas, ao mesmo tempo, nós devemos cuidar que todos os homens saibam, que nós não estimamos a fé, a não ser aquela que é operada, através do amor. 'Porque em JESUS CRISTO, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim a fé que opera pelo amor'. (Gálatas 5:6); e que nós não somos salvos pela fé, a menos que sejamos libertos do poder e da culpa do pecado. E, quando nós dizemos: 'Creia, e você será salvo'; nós não queremos dizer: 'Creia, e você dará um passo do pecado para o céu, sem alguma santidade entre eles; a fé substituindo a santidade'; mas: 'Creia, e você será santo; acredite em nosso Senhor JESUS, e terá paz e poder juntos. Você terá a paz Dele, em que você crê, para colocar o pecado debaixo de seus pés; terá poder, para amar o Senhor teu DEUS, com todo o seu coração; e para servi-lo com todas as suas forças: terá poder 'pela perseverança continua em fazer o bem, em buscar pela glória, e honra e imortalidade; você deverá tanto cumprir, como ensinar os mandamentos de DEUS - do menor até o maior: Você deverá ensiná-los, através de sua vida, assim como de suas palavras, e assim sendo, 'ser chamado grande no reino dos céus'.
Somos salvos pela graça (JESUS morrendo por nós e ressuscitando), por meio da fé. Se não acreditarmos nesse evangelho não somos salvos. Aprouve a DEUS salvar os crentes pela loucura da pregação.
em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; Efésios 1:13
Somos justificados pela fé. - Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo; Romanos 5:1
 

1. Qualquer que seja o outro caminho que ensinemos para o reino dos céus, para a glória, honra e imortalidade; seja ele chamado do que quisermos, ele será, na verdade, o caminho para a destruição. Ele não irá trazer paz ao homem, por fim. Para isto, disse o Senhor: '[Verdadeiramente] digo a vocês, que com exceção à sua retidão que deve exceder a retidão dos Escribas e fariseus, você, de maneira alguma, entrará no reino dos céus'.

Os Escribas, tão frequentemente mencionados no Novo Testamento, como alguns dos mais constantes e veemente opositores de nosso Senhor, não eram apenas os secretários, ou homens encarregados das escritas, como este termo nos inclinaria a acreditar. Nem eram advogados, como em nosso senso comum da palavra; embora ela tenha sido assim transcrita em nossa tradução. A ocupação deles não tinha afinidade com aquela de um advogado, entre nós, afinal. Eles eram familiarizados com as leis de DEUS, e não com a lei dos homens. Essas eram a matéria dos estudos deles: Era ocupação pessoal e peculiar deles, lerem e exporem as leis e os Profetas, particularmente nas sinagogas. Eles eram os pregadores costumeiros e declarados entre os judeus. De maneira que, se o sentido da palavra original era para ser observada assim, nós podemos reproduzi-la como, os Clérigos. Porque esses eram os homens que fizeram da Teologia sua profissão: e eles eram geralmente (como os nomes deles literalmente significam), homens de letras; os maiores homens do saber que existiam, então, na nação judaica. Porém sem entendimento. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Romanos 10:2

2. Os fariseus eram uma facção, ou um corpo de homens, muito antigos, entre os judeus; originalmente assim chamados da palavra hebraica PRS – que significa separar ou dividir. Não que eles tivessem feito alguma separação formal, ou divisão dentro da igreja nacional. Eles eram apenas distinguidos de outros, através da maior rigor de vida; através de uma conversa mais precisa. Já que eles eram zelosos da lei, em seus mínimos pontos; pagando o dízimo de hortelã, anis verde, e cominho: e, por isto eles eram honrados, por todas as pessoas, e geralmente, estimados como os homens mais santos. Acreditavam em anjos.

Muitos dos Escribas eram da seita dos fariseus. Assim o próprio Paulo, que foi educado por um Escriba, primeiro na Universidade de Társis; e, mais tarde, naquela em Jerusalém, sob a responsabilidade de Gamaliel, (um dos mais ilustrados Escribas ou Doutores da lei que existiam, então, na nação) declara de si mesmo, perante o Concílio: 'Varões, irmãos, eu sou um fariseu, filho de fariseu!' (Atos 23:6). E, diante do Rei Agripa: 'Sabendo de mim, desde o princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu'. (Atos 26:5). E todo o corpo de Escribas, geralmente, estimava e atuava, em concordância com os fariseus. Por isto, nós encontramos nosso Senhor, tão frequentemente, unindo os dois, em muitos aspectos, debaixo da mesma consideração. Assim sendo, eles parecem ter sido mencionados juntos, como os mais eminentes professores de religião; os primeiros deles, considerados os mais sábios, -- os últimos, os mais santos dos homens. Ensinavam, mas não praticavam. Não se submetiam ao senhorio de DEUS em seu íntimo.

IV
3. O que 'a retidão dos Escribas e fariseus' realmente eram, não é difícil determinar. Nosso Senhor tem preservado um relato autêntico, do que um deles deu de si mesmo: E ele é claro e completo na descrição de sua própria retidão; e não se pode supor que tenha omitido alguma parte dele. Ele fora, realmente, 'até o templo para orar'; mas estava tão concentrado em suas próprias virtudes, que ele se esqueceu do porquê tinha vindo. Porque é digno de nota, que ele não orou propriamente, afinal. Ele apenas disse a DEUS quão sábio e bom ele era. 'DEUS, eu agradeço a ti, que eu não seja como os outros homens, extorquidores, injustos, adúlteros; ou mesmo como esse publicano. Eu jejuo duas vezes, na semana: Eu dou o dízimo de tudo que possuo'. Sua retidão, por conseguinte, consistiu de três partes:

1º. Disse ele, 'eu não sou como os outros homens'; Eu não sou um extorquidor, um homem injusto, um adúltero; nem 'mesmo como esse publicano'.

2º. 'Eu jejuo duas vezes na semana':

3º. 'Eu dou o dízimo de tudo que possuo'.

'Eu não sou como outros homens são'. Este não é um ponto pequeno. Não é todo homem que pode dizer isto. Isto é como se ele tivesse dito: 'Eu não me deixarei levar embora por esta grande correnteza, o hábito. Eu não vivo, através do que é de costume, mas, através da razão; não pelos exemplos de homens, a não ser a Palavra de DEUS. Eu não sou um extorquidor, um injusto, um adúltero; não obstante, o quão comuns esses pecados sejam, mesmo entre esses que são chamados o povo de DEUS; (extorsão, em particular, -- uma espécie de injustiça legal, não punível, através de alguma lei humana; o obter ganho da ignorância ou carência de outro, tendo preenchido cada canto da terra): nem mesmo como esse publicano; nem culpado de algum pecado declarado ou presumido; nem um pecador exterior; mas um homem justo e honesto, de vida e conversa irrepreensíveis".

4. 'Eu jejuo duas vezes na semana'. Existe mais coisa incluída nisto, do que nós podemos, a princípio estar sensíveis a respeito. Todos os estritos fariseus observavam os jejuns semanais; ou seja, toda segunda e quinta-feira. No primeiro dia, eles jejuavam, em memória de Moisés ter recebido, naquela data, (como a tradição deles ensina), as duas tábuas de pedra escritas pelo dedo de DEUS; no último, em memória da expulsão deles de suas terras, quando ele viu o povo dançando em volta do bezerro de ouro. Nesses dias, eles não se alimentavam, afinal, até três horas da tarde; a hora que começavam a oferecer o sacrifício vespertino no templo. Até esta hora, era costume deles permanecerem no templo, em alguns cantos, salas, ou pátio dele; para que eles pudessem estar prontos para assistir todos os sacrifícios, e reunirem-se em todas as orações públicas. O tempo de espera eles estavam acostumados a empregar, parcialmente em recomendações pessoais a DEUS; parcialmente no estudo das Escrituras, em ler a Lei e os Profetas, e em meditação depois disso. Assim, muito está subtendido em 'Eu jejuo duas vezes na semana'; a segunda ramificação da retidão de um fariseu.
O jejum deveria ser para ficar disponível para agradar a DEUS e ser instrumento de seu amor.

5. 'Eu dou o dízimo de tudo que possuo'. Isto os fariseus faziam com a mais extrema exatidão. Eles não faziam exceção da coisa mais insignificante; não, nem hortelã, anis verde, e cominho. Eles não trariam de volta a menor parte do que eles acreditavam pertencer propriamente a DEUS; mas davam um décimo inteiro de todo recurso anualmente, e de todo o ganho, qualquer que ele fosse.
A intenção era serem recompensados com riquezas porque eram fiéis nos dízimos.

Sim, os estritos fariseus (como tem sido frequentemente observado, por aqueles que são versados nos escritos judeus antigos), não satisfeitos em dar um décimo do que tinham para DEUS, nos seus sacerdotes e Levitas [membro da tribo de Levi, entre os judeus]; dar outro décimo para DEUS, nos pobres; e assim continuamente; eles davam a mesma proporção de tudo que tinham em donativos, como eles estavam acostumados a dar em dízimo. Ele isto igualmente eles ajustavam com a mais extrema exatidão; para que não trouxessem de volta alguma parte, mas devolvendo completamente a DEUS as coisas que eram de DEUS, como eles consideravam isto ser. De modo que, sobre o total, eles tiravam, de ano a ano, um quinto completo de tudo que eles possuíam.

6. Esta era 'a retidão dos Escribas e fariseus'; uma retidão que, em muitos aspectos, vai muito além da concepção que muitos estão acostumados a tomar em consideração, no que concerne a ela. Mas, talvez, seja dito: 'Era tudo falso e dissimulado; porque eles eram todos uma companhia de hipócritas'. Alguns deles, sem dúvida, eram; homens que não tinham religião alguma realmente; nenhum temor a DEUS, ou desejo de agradá-lo; que não tinham preocupação pela honra que vem de DEUS, mas apenas pelo reconhecimento de homens. E esses são aqueles que nosso Senhor condena severamente; reprova tão categoricamente, em muitas ocasiões.

Nós não podemos supor, porque muitos fariseus eram hipócritas, que, por conseguinte, todos eram assim. Nem de fato é a hipocrisia, por meio de algum significado, os princípios básicos do caráter de um fariseu. Esta não é a marca característica da seita deles. Ela é, preferivelmente, de acordo com o relato de nosso Senhor, isto: 'Eles confiavam em si mesmos, que eles eram retos, e menosprezavam outros'. Este é o distintivo genuíno deles. Mas o fariseu desse tipo não era um hipócrita. Ele devia ser, em um senso comum, sincero; do contrário, ele não poderia 'confiar em si mesmo que ele fosse justo'. O homem que estava aqui recomendando a si mesmo a DEUS, inquestionavelmente acreditava que era reto. Consequentemente, ele não era hipócrita; ele mesmo não era consciente de alguma insinceridade. Ele agora falava para DEUS, exatamente o que ele pensava; ou seja, que ele era abundantemente melhor do que outros homens.

Mas o exemplo de Paulo, não existisse algum outro, é suficiente para colocar isto fora de toda questão. Ele não poderia apenas dizer, quando cristão, 'E, por isto, procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, em direção a DEUS e em direção a homens' (Atos 24:16); mas mesmo concernente ao tempo em que era um fariseu, 'Varões e irmãos, eu tenho vivido em boa consciência, diante de DEUS, até esse dia'. (Atos 23:1). Ele era, portanto, sincero, enquanto fariseu. Ele era hipócrita, quando perseguia a Igreja. Que a isto, então, seja acrescentado: 'a retidão dos Escribas e fariseus', -- uma crença sincera de que eles eram justos, e, em todas as coisas, fazendo o serviço de DEUS'.

7. E ainda, 'com exceção de sua retidão', diz nosso Senhor, exceder a retidão dos Escribas e fariseus; ainda assim, de maneira alguma, entrará no reino dos céus'. Uma declaração solene e importante, e que coube a todos os que eram chamados pelo nome de CRISTO, considerarem séria e profundamente. Mas, antes que perguntemos como nossa retidão pode exceder a deles, vamos examinar se, no momento, nós nos aproximamos dela.

Primeiro, um fariseu não era 'como outros homens eram'. No exterior ele era singularmente bom. Nós somos assim? Nós nos atrevemos a sermos singulares, afinal? Nós não preferimos nadar com a correnteza? Nós não prescindimos da religião e da razão juntas, muitas vezes, porque não pareceríamos singulares? Nós não estamos mais temerosos de estarmos fora da moda, do que de estarmos fora do caminho da salvação? Nós temos coragem de enfrentar a maré? – de andar na contramão do mundo? – 'de obedecer a DEUS, preferivelmente, a homem'. Do contrário, o fariseu nos deixa para trás, no mesmo primeiro passo. Seria bom, se nós o alcançássemos mais.

Mas, para chegar perto, nós podemos usar sua primeira justificativa com DEUS, que é, em substância: 'Eu não causo dano: Eu não vivo em pecado exterior. Eu não faço coisa alguma, pela qual meu coração me condena'. Você não faz? Você está certo disto? Você não vive, em uma prática, pela qual seu coração o condena? Se você não é um adúltero, se você não é lascivo, tanto na palavra ou ação, você não é injusto? A grande medida da justiça, assim como da misericórdia é: Não faça aos outros, o que você não quer que seja feito a você'. Você caminha por esta regra? Você nunca fez a alguém o que você não gostaria que ele fizesse a você? Mais ainda: você não é grosseiramente injusto? Você não é um extorquidor? Você não obtém ganho com a ignorância e carência de alguém; nem comprando, nem vendendo? Suponha que você esteja envolvido em um comércio: Você demanda; você recebe não mais do que o valor real do que você vende? Você demanda; você recebe, não mais do ignorante do que do instruído, -- de uma criança pequena, do que de um experiente comerciante? Se você faz, porque seu coração não o condena? Você é um extorquidor descarado! Você não exige de alguém que esteja em necessidade premente, mais do que o preço usual das mercadorias, -- a quem você deve, e isto sem demora, as coisas com as quais você apenas pode prover a ele? Se você procede assim, isto também é uma extorsão clara. De fato, você não alcança a retidão de um fariseu.

8. Em Segundo lugar, um fariseu (para expressar seu sentido em nosso caminho comum) usou todos os meios da graça. Como ele jejuava frequentemente e muito, duas vezes em cada semana, então ele atendia todos os sacrifícios. Ele era constante nas orações públicas e privadas, e em ler e ouvir as Escrituras. Você chega a tanto? Você jejua muito e frequentemente? – duas vezes na semana? Eu temo que não! Eu temo que alguns, entre nós, não podem alegar até mesmo isto! Você não negligencia a oportunidade de atender e participar do sacrifício cristão?

Quantos são eles que chamam a si mesmos cristãos, e, ainda assim, são extremamente descuidados disto, -- ainda assim, não comem daquele pão; ou bebem daquela taça, por meses; talvez, anos, juntos? Você ouve, lê e medita sobre as Escrituras, todos os dias? Você se reúne em oração com a grande congregação, diariamente, se você tem oportunidade; se não, quando você pode; particularmente, naquele dia que você 'lembra de mantê-lo santo?'. Você se esforça para 'criar oportunidades?'. Você fica feliz, quando eles dizem a você: 'Vamos à casa do Senhor?'. Você é zeloso e diligente nas orações privadas? Você não suporta um dia passar sem elas? Antes, alguns de vocês não estão tão longe de passarem nisto, (como os fariseus) diversas horas, no dia, de maneira a pensarem que uma hora já é completamente suficiente, se não, muito? Você passa uma hora de um dia, ou de uma semana, em oração para o Pai que está em secreto? Sim, uma hora em um mês? Você passa uma hora, reunido em oração privada, desde que você nasceu? Ah! Pobres cristãos! O fariseu não deveria se levantar em julgamento contra vocês e condená-los? A retidão dele está tão acima da sua, quanto os céus estão acima da terra!

9. Em Terceiro lugar, o fariseu dava os dízimos, e fazia donativos de tudo o que possuía. E de que maneira profusa! De modo que ele era (como nós expressamos isto) 'um homem que fazia muito o bem'. Nós o alcançamos aqui? Qual de nós é assim tão abundante como ele, nas boas obras? Qual de nós dá a quinta parte de tudo que tem a DEUS? Do lucro? Quem de nós, em vez de (supondo-se) 25 mil reais por ano, dá dois mil e quinhentos a DEUS e ao pobre; em vez de 20 reais; pelo menos dois mil e quinhentos reais por ano: Quando nossa retidão, usando de todos os meios da graça; atendendo a todas as ordenanças de DEUS; evitando o mal e fazendo o bem, irá se igualar, por fim, à retidão dos Escribas e fariseus?

10. E, mesmo que apenas se iguale à deles, de que proveito seria? 'Porque, verdadeiramente, eu digo, que, exceto, se a retidão de vocês excederem à retidão dos Escribas e fariseus, vocês, de modo algum, entrarão no reino dos céus'. Mas como ela poderá exceder a deles? Em que a retidão de um cristão excederia aquela de um Escriba e fariseu? A retidão cristã excede a deles:

Primeiro, na extensão dela. A maioria dos fariseus, embora fossem rigorosamente exatos, em muitas coisas, ainda assim, eram encorajados, pelas tradições dos presbíteros a prescindirem de outras de igual importância. Assim, eles eram extremamente pontuais em manter o quarto mandamento, -- eles não roubariam uma espiga de milho, no sábado judeu; mas, não em manter o terceiro, afinal, -- tendo a menor consideração ao mais leve, ou até mesmo falso juramento. De modo que a retidão deles era parcial; considerando que a retidão de um cristão real é universal. Ele não observa uma, ou algumas partes da lei de DEUS, e negligencia o restante; mas mantêm todos os seus mandamentos, amando-os todos, valorizando-os acima do outro e pedras preciosas. Seu coração é sincero e temente a DEUS. Sabe ser amoroso para com DEUS e seu próximo.

11. Realmente, pode ser que alguns dos Escribas e fariseus se esforçaram para manterem todos os mandamentos; e, consequentemente foram, no tocante à retidão da lei, ou seja, de acordo com a letra dela, irrepreensíveis. Mas, ainda assim, a retidão de um cristão excede todas essas retidões de um Escriba e fariseu, no viver em ESPÍRITO, tanto quanto da letra da lei; através da obediência interior e exterior. Nisto, na espiritualidade dela, não se admite comparação. Este é o ponto que nosso Senhor tem tão largamente provado, em todo o teor deste discurso. A retidão deles era apenas externa: a retidão cristã está no intimo do homem. O fariseu 'limpava o exterior da taça e da travessa'; o cristão é limpo por dentro onde habita o ESPÍRITO SANTO. O fariseu esforçava-se para apresentar a DEUS uma vida boa; o cristão, um coração santo. Um livrava-se das folhas, talvez dos frutos do pecado; o outro, 'deitava o machado na raiz', não estando contente com a forma da santidade exterior, por mais exata que ela pudesse ser, a menos que a vida, o ESPÍRITO e o poder de DEUS junto à salvação, fossem sentidos, no mais íntimo da alma.

Assim sendo, não causar mal, fazer o bem, e atender a todas as ordenanças de DEUS (a retidão de um fariseu) eram todas externas; considerando que, ao contrário, a pobreza de espírito, o murmurar, a humildade, a fome e sede em busca da retidão, o amor nosso próximo, e a pureza do coração - (a retidão de um cristão) - são todas internas. E mesmo a pacificação (ou fazer o bem), e sofrer por causa da retidão, dão direito às bênçãos anexadas a eles, apenas porque implicam nessas disposições interiores que brotam deles, são exercitadas e confirmadas neles. Assim, considerando que a retidão dos Escribas e fariseus era tão somente externa, pode-se dizer, em algum sentido, que a retidão de um cristão é apenas interna: todas as suas ações e sofrimentos, como não sendo nada em si mesmos, e sendo considerados, diante de DEUS, apenas, através dos temperamentos do qual elas brotam.

12. Quem quer que, por conseguinte, você seja, que carregue o nome santo e honrado de um cristão, veja, primeiro, que a sua retidão não se resuma na retidão de um Escriba e fariseu. Não seja você, 'como os outros homens'. Ouse permanecer sozinho, em ser 'um exemplo contra o singularmente bom'. Se você 'seguir a multidão', afinal, será como 'praticar o mal'. Não permita que o costume e a moda sejam seus guias, mas a razão e a religião. A prática de outros é nada para você: 'Cada homem dará um relato de si mesmo a DEUS'. De fato, se você não pode salvar a alma de outro, tente, pelo menos, salvar a sua, -- a própria alma. Caminhe, não nos passos do morto, porque é largo, e muitos caminham nele. Mais ainda, por essa mesma marca, você pode identificá-lo. É este o caminho, no qual você caminha – um caminho largo, bem frequentado, moderno? Então, ele infalivelmente o conduzirá para a destruição. Oh! Não seja 'condenado, apenas por companhia!'. Cesse o mal; fuja do pecado, como da face de uma serpente! Por fim, não cause dano. 'ele que comete o pecado é do diabo'. Que você não seja encontrado neste número! No tocante aos pecados exteriores, certamente a graça de DEUS é, mesmo agora, suficiente para você. 'Nisto', pelo menos, 'exercite-se para ter uma consciência que evita a ofensa, em direção a DEUS, e em direção ao homem'.

Segundo. Não permita que sua retidão esteja abaixo da deles, com respeito às ordenanças de DEUS. Se a sua força de trabalho ou corpórea não lhe permite jejuar duas vezes na semana, de qualquer modo, proceda fielmente com sua alma, e jejue tão frequentemente quanto suas forças permitam (treine seu corpo com o jejum paulatinamente e ele se acostumará a ser submisso). Não omita a oportunidade pública ou privada de derramar a sua alma em oração. Não negligencie a ocasião de comer do pão e beber daquela taça que é a comunhão do corpo e sangue de CRISTO. Seja diligente em buscar as Escrituras: leia-nas, o quanto pode, e medite nelas dia e noite. Regozije-se em abraçar cada oportunidade de ouvir 'a palavra da reconciliação' declarada pelos 'embaixadores de CRISTO', os 'administradores dos mistérios de DEUS'. Em usar todos os meios da graça; em um atendimento constante e cuidadoso a cada ordenança de DEUS, esteja à altura (até que você possa ir além) 'da retidão dos Escribas e fariseus'.

Em Terceiro lugar: Não esteja abaixo de um fariseu, no fazer o bem. Dê donativos de tudo o que possui. Alguém está faminto? Alimente. Está com sede? Dê-lhe de beber. Nu? Cubra-o com uma vestimenta. Se você tem esses bens materiais, não limite sua beneficência a uma proporção insuficiente. Seja misericordioso, ao extremo do seu poder. Por que não, tanto quanto esse fariseu? Agora, 'faça amizade com eles', enquanto o tempo é do 'espírito de cobiça da retidão', para que, quando caíres¸ quando esse tabernáculo terrestre for dissolvido, 'eles possam receber a ti nas habitações eternas'.

13. Mas não fique por aqui. Deixe que sua 'retidão exceda a retidão dos Escribas e fariseus'. Não fique satisfeito 'em manter toda a lei, e ofender em algum ponto'. Cumpra rapidamente todos os mandamentos Dele, e, todos 'os falsos caminhos, abomine totalmente'. Faça todas as coisas que Ele tem ordenado, e isto, com toda a sua força. Você pode fazer todas as coisas, através de CRISTO que o fortalece; embora, sem ele, você nada possa.

Acima de tudo, permita que sua retidão exceda a deles, na pureza e espiritualidade dela. Qual é a mais diligente forma de religião para você? A mais perfeita na retidão exterior? Vá mais além e mais profundamente do que todas essas! Permita que sua religião seja a religião do coração. Seja pobre em espírito (sentindo necessidade de conhecer e receber mais de DEUS); maravilhado e humilhado, diante do 'amor de DEUS, que está em JESUS CRISTO, seu Senhor. Seja sério: Permita que toda a correnteza de seus pensamentos, palavras e obras sejam tais que fluam da mais profunda convicção de que você está na beira do grande abismo; você e todos os filhos dos homens; prontos para caírem, tanto na glória, quanto no fogo eterno! Seja manso: Deixe que sua alma seja repleta com a brandura, gentileza, perseverança, longanimidade, em direção a todos os homens; ao mesmo tempo, que tudo que existe em você, esteja sedento de DEUS, do DEUS vivo, desejando acordo em busca de Seu semblante, e estar satisfeito com ele. Seja um amante de DEUS, e de toda a humanidade. Neste espírito, suporte todas as coisas. Assim, 'excedido a retidão dos Escribas e Fariseus', você será 'chamado o maior no reino dos céus'. 
 
   

A Explicação da Lei de Moisés - Dicionário Bíblico Wycliffe (Com Algumas modificações e acréscimos do Pr. Henrique - Em 16-04-2022)

Os vários aspectos da Lei de Moisés podem ser descritos pelas seguintes distinções:
(1) Algumas partes da lei estabelecem ordens como imperativos categóricos (Exemplo: os Dez Mandamentos, Ex 20.1-17); outras, tratam de casos específicos e geralmente são introduzidas por “se” (como em Ex 21-22). A primeira estabelece os princípios básicos de toda a lei (leis irrefutáveis e categóricas); e a última, aplica esses princípios, juntamente com as leis da consciência e da sociedade, a casos específicos (casuística ou jurisprudência). Essa é a forma dominante da lei conhecida na Antiguidade do Oriente Próximo.
(2) As mudanças introduzidas nas leis originalmente outorgadas no Êxodo, como encontramos em Deuteronômio, levantaram um problema para muitos. As diferenças que existem entre as leis do Sinai e aquelas que foram renovadas por Moisés, 40 anos mais tarde nas planícies de Moabe, e encontradas em Deuteronômio, devem ser explicadas pelas mudanças ocorridas nas circunstâncias e, consequentemente, nas leis especificas necessárias quando Israel passou da vida nômade no deserto, menos complexa e mais simples, para as condições mais difíceis que acompanhavam a residência fixa na Terra Prometida. Devemos, também, dar atenção ao que parece para muitos ser uma diferença entre a atitude em relação à lei de Moisés nos Sinóticos e no evangelho de João. Elas têm um aspecto legal - “Faze isso e viverás” (Lc 10.28), enquanto o evangelho de João é considerado cheio de amor e bondade. Esse problema fica resolvido quando observamos que a lei está expressa de duas maneiras nas Escrituras: negativamente nos Dez Mandamentos, pois foi distribuída a pessoas rebeldes; e, positivamente nos dois grandes mandamentos da lei, “Amarás, pois, o Senhor, teu DEUS, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder” (Dt 6.5; cf. Mt 22.37) e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19.18; cf. Mt 22,39). Nos Sinóticos, o aspecto negativo da lei é mais acentuado. Em João, prevalece o positivo. Está evidenciado que ambos não devem ser considerados mutuamente excludentes, quando vemos CRISTO reuni-los, ao fazer um resumo dos mandamentos das duas tábuas da lei e dizer: “Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mt 22.40). AMOR.
(3) Uma distinção muito comum foi estabelecida entre as legislações moral, cível (ou judiciária) e cerimonial incluídas no Pentateuco. A lei moral está resumida nos Dez Mandamentos. A cível é encontrada nas muitas aplicações ou amplificações da lei moral a casos específicos (como em Êx 21-22). E a cerimonial está contida nos numerosos ritos relativos ao sacerdócio e aos sacrifícios (como em Êx 25.1-31.17; 35-40, em todo o livro de Levítico e Números 1.1-10.10; 15; 17-19; 28-36). Essa distinção recebe uma análise mais completa abaixo sob o título, “O Cristão e a Lei de Moisés”.
(4) Podemos fazer uma distinção entre as leis que se originam à parte de um caso específico (como na entrega dos Dez Mandamentos), e as leis que se originam claramente de uma situação específica (como em Nm 27.1- 11; 36.1-12).
(5) Outra diferença pode ser vista nas leis anteriores ao Sinai, como a circuncisão (Gn 17.9-27) e a Páscoa (Êx 12.1-28) e, por outro lado, nas leis que se originaram no Sinai como regulamentos completamente novos (como a legislação cerimonial mencionada acima).
(6) Também podemos ver uma diferença entre as leis que tratam principalmente de gentios, geralmente chamados de “estrangeiros” ou “forasteiros” (gerím, Ex 23.9; Lv 19.10 etc.), e as leis que tratam principalmente dos israelitas, como em Êxodo 20-23.
(7) Finalmente, pode ser feita uma distinção entre leis que tratam quase exclusivamente de sacerdotes e levitas (como em Levítico 1.10), e leis que tratam de toda a nação de Israel (como em Dt 19.26). Não devemos supor, entretanto, que qualquer das diferenças mencionadas acima esteja incluindo contradições ou uma autoria que não seja mosaica.

A Importância dos Dez Mandamentos
A lei moral outorgada a Moisés no monte Sinai assume um lugar muito importante na revelação bíblica:
(1) Esta lei foi especificamente escrita pela mão de DEUS; portanto, foi recebida por Israel como o fundamento de sua teocracia (Êx 24.12; 31.18; 32.15,16; Dt 5,22; 9.10,11).
(2) Essa lei foi colocada na arca do testemunho onde continuamente representou a base da aliança entre DEUS e Israel (Dt 10.1-5; 1 Rs 8.9).
(3) Provavelmente, essa parte da lei foi mencionada naquelas passagens que retratam o prazer que o justo sente pela lei de DEUS (Sl 1 e 119).
(4) Essa parte da lei estava provavelmente na mente dos profetas quando falavam sobre a lei de DEUS escrita sobre o coração do homem na nova aliança (Jr 31.31-34; Ez 11.17-20; 36.25- 27; 37.24-28).
(5) Nas questões e controvérsias sobre a lei de DEUS, os Dez Mandamentos (q.v.) são citados como o receptáculo da essência de sua lei (Mt 19.16-20; Lc 10.25-28; Rm 2.17-23; 7.7; 13.9,10; 1Tm 1.7-10).
(6) Este é o componente da lei que Paulo descreve como: “santo, justo e bom” (Rm 7.12), e “espiritual” (7.14). Essa é a lei que revela o pecado do homem (7.7).
(7) CRISTO tinha em mente, em primeiro lugar, os Dez Mandamentos em sua restauração do verdadeiro propósito da lei quando exigiu a obediência do coração ao invés de unicamente a conformidade exterior (Mt 5.21-48; cf, Rm 13.9,10).

Contraste entre as Opiniões Crítica e Conservadora da Lei de Moisés
Aproximadamente no final do século XIX, a opinião tradicional ou conservadora sobre a autoria mosaica da lei recebeu a oposição da comumente chamada opinião crítica. As diferenças radicais entre essas duas opiniões podem ser estabelecidas da seguinte maneira:
(1) Os conservadores afirmam que a legislação do Sinai (Êx 10-Nm 9) e das planícies de Moabe (Deuteronômio) originaram-se na época histórica de Moisés; porém, os críticos liberais negam que tenha sido nessa época, insistindo, antes, que ela foi produzida por autores ou escolas (geralmente chamadas J, E, D, e P) no decorrer da história que se estende desde o retomo do exílio na Babilônia.
(2) Os conservadores acreditam na historicidade dos acontecimentos relatados no Pentateuco, enquanto os críticos questionam ou negam os eventos dessa história, incluindo, com bastante firmeza, que esses eventos foram embelezados e exaltados por autores tendenciosos de uma era posterior.
(3) Os conservadores aceitam, sem questionar, os acontecimentos miraculosos da era mosaica, ao contrário dos críticos liberais que sutilmente insinuam que esses milagres se devem mais à invenção de um autor ou de autores posteriores do que ao sóbrio relato de um historiador contemporâneo,
(4; Finalmente, os conservadores afirmam a superioridade e singularidade da legislação mosaica sobre todas as outras leis que se originaram na Antiguidade (como o famoso Código de Hamurabi, ANET, pp. 163-180), enquanto os estudiosos liberais, admitindo, muito a contra gosto, certa superioridade, procuram “distribuir" as leis de Israel ao longo de seus predecessores ou contemporâneos pagãos a ponto de asseverarem com audácia que certos ritos foram na verdade emprestados dos cananeus e de outros povos não israelitas.

A Lei na História de Israel
A difundida prevalência da legislação mosaica na história de Israel será prontamente reconhecida no breve resumo que fizemos abaixo:
(1) As provisões da lei foram escrupulosamente elaboradas por Josué na geração seguinte à de Moisés (Js 1.13-18; 4.10; 8.30-35; 11.12,15,20,23; 14.1-4; 17.4; 20.2; 21.2,8; 22.2,4,5,9; 23.6).
(2) As injunções da lei que conclamavam Israel à obediência são citadas em importantes ocasiões (1 Rs 2.1-3; 1 Cr 22.11-13; 28.8,9; 29.19).
(3) A função legislativa da lei é insistentemente mencionada em ocasiões específicas (2 Rs 14.6 [cf. Dt 24.161; 1 Cr 15.15 (cf. Nm 4.1-15; 7.9]; 1 Cr 23.13 [cf. Êx 28.1; 29.33-37,44;. 30.6-10; Nm 6.23-27; 18.3-8]; 2 Cr 8.13 [cf. Ex 23.14- 17; Lv 23.37]; 2 Cr 23.18 [cf Nm 28.1-31]; 2 Cr 24.6-9 [cf Êx 30.12-14); 2 Cr 30.16-20 [cf. Nm 9.1-14]; Ed 3.1-4 [cf. Nm 29.16; Dt 12.5-7] ; Ed 6.18-22 [cf. Nm 3.6-13; 8.6-19]; Ed 9.11,12 [cf Lv 18.24-30; Dt 7.3]; Ne 13.1-3 [cf Dt 23.3-5].
(4) Os castigos relacionados com a desobediência à lei são citados e executados em acontecimentos da história de Israel (2 Rs 18.11,12 [cf. Dt 29.24-28); 2 Rs 21.8-15; 2 Cr 34.24,25,30-32 [cf Dt 28.15- 68]; Ne 1.7-9 [cf Dt 30.1-6]; Ne 9.13-18; Dn9.11-13 [cf.Dt 32.15-43].
(5) Ao longo de toda a história do AT a lei é sempre atribuída a Moisés (Js 1.7; 22.5; 23.6; Jz 3.4; 1 Rs 2.3; 2 Rs 18.6,12; 2 Cr 8.13; 34.14; Ed 6.18; 7.6,10; Ne 1.7,8; 9.14; Ml 4.4). As instituições de Israel (como o sábado e a adoração no Tabernáculo) são atribuídas à era mosaica (1 Cr 21.29; 2 Cr 1.3; Ne 9.14). Os profetas são considerados confirmadores do testemunho da lei (2 Rs 17.13,23; Dn 9.10-14).

A Latente Espiritualização da Lei no AT
Até para o leitor ocasional do AT torna-se evidente que a lei de Moisés não é um fim em si mesma, nem a suprema adoração por parte do homem, O breve resumo abaixo mostra como a lei, corretamente entendida, preparou o caminho para a revelação do NT.
(1) A legislação mosaica contém referências mostrando que a lei só pode ser cumprida devido a uma mudança radical da natureza da pessoa (Dt 10.16; 30.6; cf. Jr 6.10; 9.25,26).
(2), Na história e nas profecias do Antigo Testamento, a obediência a DEUS é descrita de maneira muito mais importante do que a obediência aos ritos e às cerimônias (1 Sm 15.21-23; Sl 40.6-8; Is 1.11-17; Os 6.6).
(3) A incapacidade humana de cumprir a lei toma-se, muitas vezes, uma obrigação nas confissões do povo de DEUS (Ne 9.13-38; Sl 51.1-9; Dn 9.4-19).
(4) A obediência exterior à lei tornou-se tão deturpada que muitas vezes os profetas faziam o contraste entre a forma exterior e a obediência interior (Is 1.11-17; Jr 7.21-28; Am 5.21-24; Mq 6.6-8).
(5) A incapacidade da lei de justificar é expressa tacitamente no exemplo de Abraão (Gn 15.6 [cf. Rm 4.1-25; Gl 3.9-29]), na afirmação de Davi (Sl 32.1,2), e nas declarações e símbolos dos profetas (Is 53.11,12; 60.21; 62.1,2; Jr 33.15,16; Hb 2.4; Zc 3.1-10). Dessa forma, o “evangelho” foi preparado antes da outorga da lei (cf. Gl 3.6-8).
(6) Consequentemente, os profetas estão aguardando o momento em que a lei será escrita nos corações regenerados e não em tábuas de pedra (Jr 31.31,33; Ez 11.19,20; 36.24).
(7) Tão extensa e precursora é a antecipação profética relacionada com a vinda do Messias, que eles antevêem uma completa transformação da adoração. O Templo de Jerusalém será restaurado na vinda do Messias (Ez 40-48), e dele os gentios participarão e oferecerão sacrifícios de louvor (Is 2.1-4; 56.3-8; Zc 6.13, 15; Ml 1.11; cf. Em 15.9-12; Ef 2.11-22).
(8) Com uma esperança tão gloriosa à sua frente, os profetas falam sobre uma lei que irá surgir em Jerusalém, e que, à luz ao NT, deverá ser o evangelho propagado em todo o mundo pelos renascidos em CRISTO (cf. Is 2.3; 51.4,5 com Lc 24.47; At 1.8; 13.46-48; Rm 10.18). Dessa forma, a lei introduz o evangelho (cf. Gl 3.19-25).

JESUS e a Lei de Moisés
As inúmeras relações de CRISTO com a legislação mosaica podem ser sucintamente descritas da seguinte maneira;
(1) “Nascido sob a lei* (Gl 4.4). Aqui a palavra “sob" indica que Ele estava sujeito a obedecer às cerimônias da lei (Lc 2.21-27), que observava os rituais básicos da lei (Mc 1.21; 14.12), e ensinava os outros a obedecer a esses rituais (Lc 5.14; 17.14). Esses ritos e cerimônias foram válidos até a crucificação (Mt 27.51).
(2) O Purificador da lei. JESUS purificou a lei moral das perversões que a ela foram anexadas pelos judeus (Mt 5.27-48) e purificou a lei cerimonial das mesmas perversões (Mt 15.1-11). Isso estava de acordo com a missão dele, que havia sido prevista (Ml 3.1-4).
(3) O Defensor da lei. JESUS ensinou que a lei tinha autoridade divina (Mt 5.18; Lc 16.17). Ele colocou a lei no mesmo nível de suas próprias palavras (João 5.45-47). Ele mostrou que a lei tinha previsões a seu respeito (Lc 24.27,44; Jo 5.45,46).
(4) O Intérprete da lei. JESUS resumiu a lei no absoluto amor a DEUS e ao próximo (Mt 7.12; 22.34-40; Mc 12.28-34; Lc 10.25-37).
(5) O Cumpridor da lei. JESUS cumpriu a lei cerimonial ao observar os seus ritos (Lc 2.21-27). Ele praticou a lei cível (ou judicial) ao observar a lei romana (Mt 17.24-27; 22.17- 22), e praticou a lei moral ao obedecer perfeitamente os mandamentos de DEUS. Por essa obediência, Ele se tornou a perfeita justiça do pecador que infringiu a lei (Dn 9.24; Mt 3.15; Rm 10.3,4; 2 Co 5.21; Gl 4,4,5).
(6) Aquele que aboliu a lei cerimonial. A morte de CRISTO na cruz aboliu a legislação cerimonial, pois ela se cumpriu Nele mesmo (Mt 27.51); porém, mesmo antes desse acontecimento, CRISTO havia feito declarações que prepararam o caminho para uma adoração simplificada na Era dos evangelho (Mc 7.15,19; Lc 11.41; Jo 4.23,24; cf. At 10.15; 11.9; Rm 14.1-12; Cl 2.16; Hb 13.9-16).

A Lei e o Evangelho
O relacionamento entre a lei e o evangelho deu margem a inúmeros erros e falsas interpretações no ensino, e na prática cristã, desde a época dos apóstolos até hoje. Portanto, seria bom descrever alguns aspectos desse relacionamento à luz de toda a revelação de DEUS na Bíblia.
(1) A lei outorgada no Sinai não alterou a promessa da graça dada a Abraão (Gn 12,3; 18.18,19; 22.18; 26,4,5; At 3.25,26; Rm 4.11- 18; Gl 3.5-9,16-18). A lei foi dada para mostrar com mais clareza o pecado humano contra o cenário da graça de DEUS (Rm 7.7-11; Gl 3.19-25). Devemos sempre nos lembrar de que, tanto Abraão como Moisés, assim como os outros santos do AT, todos foram salvos exclusivamente pela fé (Hb 11.1-40). A justificação se dá pela fé e não por obras ou pela guarda da lei.
Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei. Romanos 3:28;
Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com DEUS por nosso Senhor JESUS CRISTO; Romanos 5:1
(2) A lei, dentro de sua natureza essencial foi escrita no coração dos homens no momento da criação e, ali, permanece para esclarecer a consciência humana (Rm 2.14). O evangelho, entretanto, só foi revelado ao homem depois que ele havia pecado (Gn 3.15; Jo 3.16; Rm 16.25,26; Ef 3.3-9). A lei mostra o pecado que revela a necessidade de CRISTO, o salvador, mas somente o evangelho pode salvar (Gl 3.19-25). Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por JESUS CRISTO. João 1:17
(3) A lei declara o homem pecador com base em sua desobediência (Rm 3.19,20; 5.20), e o evangelho declara o homem como justo com base em sua fé em JESUS CRISTO (Is 45.24,25; 54.17; Jr 23.6; 33.16; Rm 3.22-28; 4.6-8; 22-24; 5.19. 1 Co 1.30; 2 Co 5.21; Fp 3.9). Agora o crente não deve mais viver na prática do pecado.
(4) A lei promete a vida em termos de uma perfeita obediência (Lv 18.5; Lc 10.28; Rm 10.5; Gl 3.10,12; Tg 2.10), um requisito agora impossível ao homem (At 13.39; Rm 3.20; Gl 2.16), enquanto o evangelho promete a vida em termos da fé na perfeita obediência a JESUS CRISTO (Is 53.10-12; Dn 9.24; Rm 5.18,19; Fp 2.8; Tt 3.4-7; Ap 7.9-17). Com a ajuda do ESPÍRITO SANTO.
(5) A lei é uma ministração da morte (Rm 7.9-11; 2 Co 3.6-9; Hb 12.18-21); o evangelho é a ministração da vida (Jo 10.10,28; 17.2,3; 20.31; Rm 5.21; 6.23; 1 Jo 5.11-13,20). A lei conduz o homem à escravidão (At 15.10; Rm 8.15; Gl 4,1-7,9-11,21-31); o evangelho conduz o homem à liberdade em CRISTO (Jo 8.36; 2 Co 3.17; Gl 2.4; 3.23-26; 5.1,13).
(7) A lei escreve os mandamentos de DEUS em tábuas de pedra (Êx 24.12; 34.1,4,28); o evangelho coloca os mandamentos de DEUS no coração do crente (Jr 31.31, 33; Ez 11.19, 20; 36.24-27; Rm 7.6; 8,1-10; 2 Co 3.3; 7.12; Gl 5,22,23; Hb 8.10; 10.16). (8) Alei estabelece para o homem um perfeito padrão de conduta, mas não fornece os meios pelos quais esse padrão pode ser alcançado (Rm 7,21-25); o evangelho fornece os meios pelos quais o padrão divino de justiça pode ser conquistado pelo crente por meio da fé em CRISTO, pela ajuda do ESPÍRITO SANTO morando em nós (Mt 5.10; Rm 8.1-4; 10.3-10; Gl 2.21; Fp 3.9). (9) A lei coloca o homem sob a ira de DEUS (Rm 2.1-29; 3,19; 4,15); o evangelho livra o homem da ira de DEUS (1 Ts 1,10; 5.10; Ef 2.3-6).

O Cristão e a Lei de Moisés
Qual seria o relacionamento mais adequado entre o cristão atual e a lei de Moisés? Essa é uma questão que pode ser debatida interminavelmente. Posições opostas e extremas já foram adotadas e a solução de um dos lados poderá ser rejeitada pelo outro. Entretanto, nenhuma delas seria adequada sem considerar globalmente toda a legislação mosaica sem qualquer distinção, Como indicamos acima sob o título “A Explicação da Lei de Moisés”, existe uma diferença válida entre as legislações moral, cível ou judicial e a legislação cerimonial recebida por intermédio de Moisés. Essa tríplice diferença leva certas questões a um foco mais apropriado.
Lei moral. A atitude do cristão em relação a essa parte da lei de Moisés pode ser resumida da seguinte maneira;
(1) Ninguém pode ser salvo apenas obedecendo aos Dez Mandamentos. Esse fato não só é explicado claramente no NT (At 13.39; Rm 3.20; Gl 2.16), como também é aceito pela maioria dos cristãos.
(2) Entretanto, esses mandamentos ainda estão válidos porque levam o cristão a descobrir a natureza e o poder do pecado. Essa verdade é ensinada por Paulo (Rm 3.20; 5.20; 7.7; Gl 3.19) e é universalmente reconhecida pelos cristãos.
(3) Como a lei é “santa” (Rm 7.12), ela é uma fonte de prazer espiritual para os filhos de DEUS. Essa abordagem da lei moral, ainda válida para o cristão de nossos dias, é magnificamente descrita no Salmo 119.97, “Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia!”
(4) Ela também representa uma norma para a vida cristã porque quase todos os Dez Mandamentos são repetidos especificamente em um princípio aplicável ao crente (Mt 5.21-48; Rm 7.7; 13.9; 1 Co 8.1-6; 10.14-22; Ef 5.3-5; 6.1-3). No NT, está faltando o mandamento referente à guarda do sábado. Assim sendo, a lei moral do AT funciona como um guia para conhecer a vontade de DEUS, e faz parte do padrão de nossa santificação. Ao mesmo tempo, os requisitos da lei são exercidos apenas pelo ESPÍRITO SANTO quando Ele opera no interior e por meio de cada crente (Rm 8.3,4). JESUS é nosso descanso. Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Mateus 11:28.

Lei cível ou judicial. É difícil explicar o relacionamento da vida cristã com essa legislação. Por exemplo, até que ponto iria um cristão atual, se desejasse observar as leis relativas às restrições alimentares (Dt 14.1- 21), ao vestuário (22.5), à mistura das sementes (22.9-11), e ao serviço militar (24.5)? Se tais leis fossem extensões ou aplicações dos Dez Mandamentos, em princípio elas ainda seriam válidas.
O apelo de Paulo à lei da natureza em um caso semelhante (1 Co 11.14) irá certamente justificar a obediência a Deuteronômio 22.5 em nosso mundo moderno. O discernimento espiritual do qual o NT está impregnado irá guiar o cristão sincero e protegê-lo contra os extremos, tanto do legalismo como da licenciosidade.
Devemos nos lembrar que essas leis específicas foram outorgadas principalmente à nação de Israel da Antiguidade, e a sua aplicação à vida cristã atual deve ser governada pelos princípios básicos estabelecidos no NT. Lei Cerimonial - Aqui o cristão deverá observar certas verdades facilmente percebidas à luz do NT.
(1) Os ritos e as cerimônias levitas eram válidos até a morte de CRISTO (Mt 27.51), mas desde esse momento perderam essa validade na vida cristã (Gl 5.1-12; Cl 2.16-23). Esses ritos haviam sido impostos a Israel como exemplos da futura salvação por meio do Messias (Hb 9.9,10); porém agora, pela morte do Senhor JESUS CRISTO, eles são completamente retirados e já não servem mais como instrumentos de adoração (Hb 10.8-10). Recorrer a tais coisas (como é feito pela Católica Romana no vestuário de seu clero) é algo totalmente contrário à espiritualidade da adoração do NT (Jo 4.23,24; Fp 3.3).
E que podemos dizer sobre o retomo aos prenunciados sacrifícios de animais, se admitirmos literalmente Ezequiel 40-48 para uma era futura (Ez40.39-43; 42.13; 43.19-27; 45.15- 25; 46.2-24; Zc 14.21)? Muitos afirmam que estas passagens devem ser consideradas de forma figurada. Certamente as palavras de Hebreus 10.18 devem ser cuidadosamente consideradas e, de forma alguma ignoradas: “Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado”. Duas respostas seriam possíveis; Talvez a passagem em Ezequiel 40- 48 devesse ser considerada em sentido figurado. Entretanto, muitos acreditam que um ato tão drástico seria desnecessário.
DEUS pode ter escolhido, em sua infinita sabedoria, reinstituir o sacrifício de animais durante o reino milenial de CRISTO. Se assim for, este é um privilégio exclusivo do Senhor e, além de estar certo, deve ser absolutamente respeitado. No entanto, podemos certamente concluir, a partir de Hebreus 10.18, que este seria um ato meramente comemorativo.
(2) O cristão não deve negligenciar o vasto significado espiritual e típico da legislação levítica. Ele irá compreender que CRISTO é o verdadeiro Cordeiro Pascal (Jo 1.29; 1 Co 5.7) e que o crente, como um sacerdote (1 Pe 2.5,9; Ap 1.8) agora oferece ״sacrifícios” aceitáveis a DEUS (Ml 1.11; Rm 12.1; Fp 4.18; Hb 13.15,16). W.B.

SUBSÍDIOS DA LIÇÃO 3 - CPAD
 
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
Qual é a relação entre JESUS e a Lei? E o que Ele deseja que seus discípulos aprendam acerca dessa relação. Basicamente, esta lição tem como propósito mostrar que a relação de JESUS com a Lei apenas nos mostra que a nossa justiça é elevada. Logo, o objetivo de estudar essa relação de JESUS com Lei é o de trazer aos cristãos um compromisso profundo com a justiça de DEUS.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Mostrar que JESUS cumpriu toda a Lei; II) Comparar a Letra da Lei com a Verdade do ESPÍRITO; III) Conceituar a Justiça do Reino de DEUS.
B) Motivação: O que é justiça? Na perspectiva bíblica, a palavra justiça tem a ver com retidão, integridade, honestidade. O Sermão do Monte nos convida a cultivar a retidão, a integridade e a honestidade para viver a justiça do reino divino.
C) Sugestão de Método: Ao iniciar o terceiro tópico, pergunte aos alunos o que eles entendem por justiça. Dê um tempo para que eles exponham o que pensam. Ouça-os com atenção. Em seguida, exponha o tópico conceituando a palavra justiça, destacando seu aspecto reto, íntegro e honesto.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Viver a retidão, a integridade e honestidade são desafios diante de um mundo relativista. Por isso, mostre aos alunos as esferas concretas em que seremos provados em nossa justiça: família, escola e universidade, trabalho, amizades etc.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas. Na edição 89, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final dos tópicos, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "O Princípio Básico", localizado ao final do segundo tópico, é uma reflexão a respeito de como nosso Senhor compreendia a Lei; 2) O texto "Sobre a Justiça", localizado ao final do terceiro tópico, é uma reflexão a respeito da comparação da "justiça" de JESUS com a dos fariseus, bem como o padrão elevado exigido de nós pelo nosso Senhor.
 
 
SINÓPSE I - JESUS apresentou um compromisso com o passado, pois Ele não veio destruir a Lei, mas aperfeiçoá-la.
SINÓPSE II - Letra da Lei diz respeito ao Antigo Concerto; a verdade do ESPÍRITO diz respeito a vida em CRISTO que grava a vontade de DEUS no coração.
SINÓPSE III - O Sermão do Monte esclarece que as bem-aventuranças são a verdadeira felicidade para quem nasceu de novo.
 
AMPLIANDO O CONHECIMENTO TOP1
A Lei - “A lei revelava a vontade de DEUS quanto à conduta do seu povo (19.4-6; 20.1-17; 21.1–24.8) e prescrevia os sacrifícios de sangue para a expiação pelos seus pecados (Lv 1.5; 16.33). A lei não foi dada como um meio de salvação com DEUS (20.2). Antes, pela lei DEUS ensinou ao seu povo como andar em retidão diante dEle como seu Redentor, e igualmente diante do seu próximo.” Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal, publicada pela CPAD,
"Em CRISTO, o que era visto por meio do Decálogo e dos profetas, concretizou-se fielmente em JESUS, conforme nos revela o escritor aos Hebreus (Hb 1.1-3)."
 

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO TOP2
“O Princípio Básico - Os oponentes de JESUS o criticavam por não guardar as minúcias das observâncias tradicionais da lei judaica. Aqui JESUS deixa claro que Ele não está ausente para destruir a lei, mas para cumpri-la e até intensificá-la. Ele fixa padrões mais altos. Seu principal interesse é a razão de a lei existir; Ele insiste que guardar a lei começa com a atitude do coração. Por este princípio JESUS afirma simultaneamente o valor das pessoas e da lei. Neste aspecto Ele cumpre a lei antecipada por Jeremias: ‘Porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu DEUS, e eles serão o meu povo’ (Jr 31.33b). Como sucessor de Moisés, JESUS dá a palavra final na lei. Mas o que Ele quer dizer quando fala que cumpre a lei? Não significa que Ele simplesmente a observa. Nem quer dizer que Ele anulou o Antigo Testamento e as leis (como sugerido por Márcion e os hereges gnósticos). A obra de JESUS e sua Igreja está firmemente arraigada na história de salvação. Em certo sentido, JESUS deu à lei uma expressão mais plena, e em outro, transcendeu a lei, visto que Ele se tornou a corporificação do seu cumprimento. Mateus vê o cumprimento da lei em JESUS semelhantemente ao cumprimento da profecia do Antigo Testamento: O novo é como o velho, mas o novo é maior que o velho. Não só o novo cumpre o velho, mas o transcende. JESUS e a lei do novo Reino são o intento, destino e meta final da lei” (ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.44).

AUXÍLIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ TOP3
Sobre a Justiça - “[...] Os fariseus eram zelosos em guardar tanto a lei escrita quanto a oral. Ao explicar o verdadeiro significado da Palavra de DEUS, CRISTO estava prestes a revelar uma justiça que ‘ultrapassava’ qualquer justiça que os fariseus imaginassem possuir, guardando os mandamentos. Como cidadãos do Reino de JESUS, você e eu somos chamados para viver uma vida justa. Mas devemos evitar o engano dos fariseus. Não devemos confundir a verdadeira justiça, ou supor que, por fazermos determinadas coisas e evitarmos outras, alcançamos elevada espiritualidade. O que fazemos é importante, é verdade. Mas DEUS está mais interessado no que somos” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.557).


VOCABULÁRIO
Binômio: que tem dois nomes ou dois termos.
Estático: sem movimento; parado, imóvel.
Retrógada: que anda para trás, não avança.

REVISANDO O CONTEÚDO
1. Segundo a lição, JESUS tinha o propósito de destruir a Lei? Quando nosso Senhor começou a ensinar, seu propósito nunca foi o de desconstruir tudo ou não valorizar o passado relativo aos ensinos da Lei e dos Profetas.
2. Qual é a tríplice divisão da Lei? Para os judeus, a Lei apresentava sua completude por meio de uma tríplice divisão: moral, cerimonial, judicial.
3. De acordo com a lição, o que a letra da Lei expressa? Essa letra expressa os desígnios de DEUS em forma de proibições escritas que revela o pecado e leva à condenação, como nos mostra Romanos 7.7-25.
4. Como o Senhor JESUS cumpriu todo o Antigo Testamento? Nosso Senhor cumpriu todo o Antigo Testamento, obedecendo perfeitamente a Lei, cumprindo os tipos, sombras, símbolos e profecias.
5. O que é a justiça no Reino de DEUS? JESUS ensina aos seus discípulos que a nova justiça no Reino de DEUS é interior, moral e espiritual e não se trata mais daquela velha justiça exterior, cerimonial e legalista.


LEITURAS PARA APROFUNDAR: O Sábado, a Lei e a Graça; Um Mestre fora da Lei