Lição 12- O Diaconato - EBD NA TV - Ev. Henrique

Lição 12- O Diaconato
LIÇÕES BÍBLICAS - 2º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: Dons Espirituais e Ministeriais - Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário
Comentário: Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
Veja - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/donsdoespiritosanto.htm
 
 
TEXTO ÁUREO
“Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em CRISTO JESUS” (1 Tm 3.13).
 
 
VERDADE PRATICA
Embora o diaconato seja um ministério específico, a diaconia é uma missão de todo o crente.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Fp 1,1 Auxiliares dos líderes da igreja local
Terça - At 6-1-5 Homens exemplares
Quarta - At 6.6 Separados com imposição de mãos
Quinta - 1 Tm 3-12 Bons líderes no lar
Sexta - 1 Tm 3.13 Chamados para servir
Sábado - Mt 20.26-28 JESUS veio para servir
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Timóteo 3.8-13.
8 - Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância, 9 - guardando o mistério da fé em uma pura consciência. 10 - E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. 11 - Da mesma sorte as mulheres sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. 12 - Os diáconos sejam maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias casas. 13 - Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em CRISTO JESUS.
 
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Analisar o estilo de vida diaconal de JESUS.
Explicar a instituição do ministério do diácono.
Discorrer sobre o perfil e a função do diácono.
 
PALAVRA-CHAVE - Diácono: Aquele que serve por amor.
 
Resumo da Lição 12- O Diaconato
I - A DIACONIA DE JESUS CRISTO
1. Significado do termo.
2. Serviço de escravo.
3. O discípulo é um serviçal.
II - A INSTITUIÇÃO DOS DIÁCONOS
1. O conceito da função.
2. Origem do diaconato.
3. A escolha dos diáconos.
III - O PERFIL E FUNÇÃO DO DIÁCONO
1. Qualificações do diácono.
Caráter moral, espiritual e familiar.
2. A função dos diáconos em Atos 6.
3. A função dos diáconos hoje.
 
SINOPSE DO TÓPICO (1) - A diaconia de JESUS CRISTO está centralizada na disponibilidade em servir o próximo.
SINOPSE DO TÓPICO (2) - O livro dos Atos dos Apóstolos, no capítulo 6, descreve a instituição do ministério de diácono.
SINOPSE DO TÓPICO (3) - Para o perfil e a função do diácono deve-se levar em conta o caráter moral, o caráter espiritual e o caráter familiar do candidato.
 
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO - Subsídio Teológico
“[Sobre a Escolha dos diáconos]
[...] Lucas não declara como é feita a escolha dos sete homens, mas a congregação como um todo vê a sensatez da proposta dos apóstolos (v.5) e participa na escolha destes diáconos. A qualificação básica é a espiritualidade, mas eles devem ser distintos de duas maneiras.
Eles têm de ser cheios do ESPÍRITO SANTO’. Em vez de ser meros bons administradores ou gerentes de recursos, esta qualificação lhes exige que sejam capacitados pelo ESPÍRITO na ordem dos discípulos no Dia de Pentecostes. Quer dizer, eles devem ter o poder de uma fé que faz milagres.
Eles também têm de ser ‘cheios [...] de sabedoria’. Complementar aos atos de poder está o discurso inspirado pelo ESPÍRITO. Os diáconos têm de ser poderosos em obras e palavras. Como pessoas competentes e maduras que são inspiradas pelo ESPÍRITO, elas têm de ter bom senso prático e serem capazes de lidar com delicados problemas de propriedade. Seu ministério inclui negócios empresariais e a distribuição de ajuda para os necessitados, mas também deve ser espiritual e carismático. Eles devem exercer quaisquer dons espirituais que DEUS lhes concedeu.
Entre os sete homens escolhidos para servir como diáconos estão Estêvão e Filipe (os únicos dois sobre quem Lucas apresenta detalhes). Filipe se destaca como pregador carismático de fé que faz milagres (At 8.4-8,26- 40; 21.8); ele é o primeiro a fundar uma igreja entre os samaritanos. Estêvão é descrito como "homem cheio de fé* (v.5), sem dúvida significando a fé que faz milagres. Ele faz ‘prodígios e grandes sinais entre o povo’ (v.8), e seus oponentes não sabem como lidar com a sabedoria da pregação que ele faz (v. 10). O ministério destes dois homens ilustra os ministérios dos diáconos carismáticos, os quais se estendem muito além das preocupações práticas do dia a dia da Igreja.
A ordenação dos sete diáconos fornece bom modelo para ministrar as minorias da Igreja. Como na Igreja primitiva, devemos nos preocupar com o modo como as minorias — os pobres, as viúvas, os órfãos e as pessoas de diferentes origens raciais — são tratadas. Semelhante às viúvas crentes de fala grega, tais pessoas são indefesas, e suas necessidades podem ser negligenciadas. Cada congregação deve ter um programa próprio para ministrar aos que estão em desvantagem e às minorias, e entregar este ministério àqueles que são espiritualmente dotados e compromissados a cuidar deles” (STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 1: Mateus a Atos. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp.657-8),
 
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ANDRADE, Claudionor de. Manual do Diácono. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999,
STOTT. John R. W. Cristianismo Equilibrado. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 1 995.
 
Meus comentários - Ev. Luiz Henrique
Diaconisa é uma mulher que limpa os banheiros, lava o chão, lava roupa e cozinha para a igreja ou recebe em casa um visitante, ou também, que visita as pessoas, ora pelas pessoas, ajuda os pobres e necessitados. Pode ser tanto a mulher do diácono, como do pastor, como qualquer outra que ajuda na obra de DEUS. Não tem título e nem cargo, mas disposição para servir - este é o significado de diaconia. Lavar os pés aos santos quer dizer isso. Se JESUS quisesse mulheres no ministério eclesiástico colocaria sua mãe como a primeira.

Tem muitas igrejas com dificuldades agora porque não analisaram corretamente a palavra de DEUS antes - Elas agora querem ser pastoras-presidente de campo e estão com toda razão, pois foi-lhes dado um ministério pelos homens.
 
 
Revista Ensinador Cristão CPAD, n°58, p.42.
Por que existe o ministério do diácono? Qual a sua função e importância na vida da igreja local? Estas perguntas podem e devem ser trabalhadas em sala de aula. Muitos alunos não têm a convivência da realidade e dos meandros da organização eclesiástica de suas igrejas locais. Por isso esta é uma excelente oportunidade para abordar um assunto que faz parte da vida cristã de todo membro em uma comunidade local.
Para responder as perguntas elaboradas acima, deve-se partir do sexto capítulo do livro dos Atos dos Apóstolos, pois ali, pela primeira vez, foi constituído um ministério específico de caráter social para resolver uma variante problemática de aspecto étnico: entre as viúvas de fala hebraica e as de fala grega. Tal problema poderia atravancar o avanço da igreja local que estava em Jerusalém. Os apóstolos sentiram-se cobrados em solucionar um problema não muito fácil, entretanto, os ministérios da Palavra e da Oração não poderiam ficar em segundo plano. Mas igualmente, a sobrevivência humana.
Orientados pelo ESPÍRITO SANTO, e também dotados por um profundo bom senso, juntamente com a igreja, os apóstolos não hesitaram em tomar a decisão de permitir aos novos crentes separarem sete homens judeus de fala grega 13 Estêvão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau - para resolverem uma questão de caráter social e urgente. Assim, a igreja de Jerusalém voltou a normalidade da sua atividade coadunando a prática proclamatória do Evangelho com o serviço de interferir socialmente na vida dos crentes, e não-crentes também, para suprir a necessidade de quem precisava de ajuda. Por isso, o caráter do ministério diaconal é profunda e biblicamente enraizado numa intensa preocupação social. O diácono de Atos não foi chamado para fazer trabalhos meramente litúrgicos, (como colher dízimos e ofertas e servir a Santa Ceia), mas principalmente o de cuidar dos mais necessitados, visitar as viúvas e os enfermos, amparando quem realmente precisa de cuidados na comunidade cristã local.
Por conseguinte, o serviço de diácono não é simplesmente uma função eclesiástica, mas um estilo de vida ensinado e promovido por JESUS de Nazaré. Quando um crente olha para o verdadeiro diácono ele deve sentir-se impulsionado para viver um estilo de vida diaconal, como o de CRISTO em seu ministério terreno. Pois o diaconato é um estilo de vida centralizado em JESUS de Nazaré, jamais em si mesmo.
 
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
O crescimento vertiginoso trouxe diversos problemas. Entre os conversos, havia pessoas de outros lugares, além de judeus. Quando a comunidade cristã cresceu grandemente surgiram diversos problemas, inclusive de ordem social (cf. At 6.1-7). Os líderes da Igreja resolveram reunir a assembleia e buscar a solução para o atendimento social aos irmãos carentes. A tarefa era um grande desafio. Ou eles cuidavam da oração e do estudo da palavra de DEUS, ou cuidavam da parte social.
Por decisão sábia e unânime dos irmãos de fala grega, escolheram sete homens, com qualidades exemplares, para cuidarem daquele “importante negócio”, que era dar assistência aos novos convertidos nas suas necessidades básicas. Muitos que aceitavam a CRISTO ficavam em situação difícil, rejeitados por suas famílias, expulsos de casa e desprezados da sociedade. Assim, ante uma crise de caráter humano, os apóstolos tiveram que tomar medidas que serviram de base para a criação do cargo ou da função de diácono que faz parte, até hoje, do ministério ordenado, nas igrejas cristãs.
Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 139-140.
 
Aquilino de Pedro afirmou que o diaconato é o ministério por excelência; o serviço é a sua razão primacial. Se nos voltarmos aos atos dos apóstolos, constataremos que não exagera o ilustrado teólogo. A diaconia outra coisa não é senão um serviço incondicional e amoroso a DEUS e à sua Igreja. O diácono que não vive para servir a igreja de DEUS, não serve para viver como ministro de CRISTO. A essência do diaconato é o serviço; do diaconato, o serviço também é o amoroso fundamento. Sem serviço também a diaconia é impossível. Nesse sentido, quão excelso e perfeito diácono foi o Senhor JESUS!
Valdemir P. Moreira. Manual do Diácono.
 
I - A DIACONIA DE JESUS CRISTO
1. Significado do termo.
A palavra diaconia é originaria do vocábulo grego diákonos e significa, etimologicamente, ajudante, servidor.  Em seu Dicionário do Novo Testamento Grego, oferece-nos W.C. Taylor a seguinte definição de diácono: garçom, servo e administrador. Na Grécia clássica, diácono era o encarregado de levar as iguarias à mesa, e manter sempre satisfeitos os convivas. Na septuaginta, eram os servos chamados de diáconos, porém não desfrutavam da dignidade de que usufruíram seus homônimos do NT, nem eram incumbidos de exercer a tarefa básica destes: socorrer os pobres e necessitados. Não passavam de meros serviçais. Aos olhos judaicos, era esse um cargo nada honroso. A palavra diácono aparece cerca de trinta vezes no NT.  É uma sublime função que passou a existir na Igreja Primitiva a partir de Atos, capítulo seis.
Valdemir P. Moreira. Manual do Diácono.
 
Eles devem ser como o próprio Mestre; e é muito apropriado que eles o fossem, pois, enquanto estivessem no mundo, deveriam ser como Ele foi quando estava no mundo. Porque para ambos o estado atual é um estado de humilhação; a coroa e a glória estavam reservadas para ambos no estado futuro. Eles precisavam considerar que “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos” (v. 28). O nosso Senhor JESUS aqui se coloca diante dos seus discípulos como um padrão de duas qualidades anteriormente recomendadas: a humildade e a utilidade.
[1] Nunca houve um exemplo de humildade e condescendência como houve na vida de CRISTO, que não veio para “ser servido, mas para servir”. Quando o Filho de DEUS entrou no mundo - o Embaixador de DEUS para os filhos dos homens alguém poderia pensar que Ele deveria ser servido, que deveria ter se apresentado em um aparato que estivesse de acordo com a sua pessoa e caráter; mas Ele não fez isso; Ele não agiu como uma celebridade, Ele não teve nenhum séquito pomposo de servos de Estado para servi-lo, nem se vestiu em túnicas de honra, porque tomou sobre si a “forma de servo”. Ele, na verdade, viveu como um homem pobre, e isto fez parte da sua humilhação. Houve pessoas que o serviram com as “suas fazendas” (Lc 8.2,3); mas Ele nunca foi servido como um grande homem. Ele nunca tomou a pompa sobre si, não foi servido em mesas, como um dos grandes deste mundo. JESUS, certa vez, lavou os pés dos seus discípulos, mas nunca lemos que eles tenham lavado os pés dele. Ele veio para ajudar a todos quantos estivessem em aflição. Ele se fez servo para os doentes e debilitados; estava pronto para atender aos seus pedidos como qualquer servo estaria pronto para atender à ordem do seu senhor, e se esforçou muito para servi-los.
O Senhor JESUS serviu continuamente visando este fim, negando a si até mesmo o alimento e o descanso para cumprir essa tarefa.
[2] Nunca houve um exemplo de beneficência e utilidade como houve na morte de CRISTO, que “deu a sua vida em resgate de muitos”. Ele viveu como um servo, e fez o bem; mas morreu como um sacrifício, e com isso Ele fez o maior bem de todos. Ele entrou no mundo com o propósito de dar a sua vida em resgate; isto estava primeiro em sua intenção. Os aspirantes a príncipes dos gentios fizeram da vida de muitos um resgate para a sua própria honra, e talvez um sacrifício para a sua própria diversão.
CRISTO não age assim; o sangue daqueles que lhe são sujeitos é precioso para Ele, e Ele não é pródigo nisso (SI 72.14); mas, ao contrário, Ele dá a sua honra e a sua vida como resgate pelos seus súditos. Note, em primeiro lugar, que JESUS CRISTO sacrificou a sua vida como um resgate. A nossa vida perdeu o direito nas mãos da justiça divina por causa do pecado. CRISTO, entregando a sua vida, fez a expiação pelo pecado, e assim nos resgatou. Ele foi feito “pecado” e uma “maldição” por nós, e morreu, não só para o nosso bem, mas “em nosso lugar” (At 20.28; 1 Pe 1.18,19). Em segundo lugar, foi um resgate por muitos. Ele foi suficiente para todos, mas eficaz para muitos; e se foi eficaz para muitos, então diz a pobre alma duvidosa: “Por que não por mim?” Foi por muitos, para que por ele muitos pudessem ser feitos justos. Esses muitos eram a sua semente, pela qual a sua alma sofreu (Is 53.10,11). “De muitos”, assim eles serão quando forem reunidos, embora parecessem então um pequeno rebanho.
Então esse é um bom motivo para não disputarmos a precedência, porque a cruz é a nossa bandeira, e a morte do nosso Senhor é a nossa vida. Esse é um bom motivo para pensarmos em fazer o bem, e, em consideração ao amor de CRISTO ao morrer por nós, não hesitarmos em “sacrificar as nossas vidas pelos irmãos” (1 Jo 3.16). Os ministros devem estar mais ansiosos do que os outros para servir e sofrer pelo bem das almas, como o bendito apóstolo Paulo estava (At 20.24; Fp 2.17). Quanto mais interessados, favorecidos e próximos estivermos da humildade e da humilhação de CRISTO, mais prontos e cuidadosos estaremos para imitá-las.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 261-262.
 
Mt 20.26-28 Em uma frase, JESUS ensinou a essência da verdadeira grandeza: Todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal. A grandeza é determinada pelo serviço. O verdadeiro líder coloca as suas necessidades em último lugar, como JESUS exemplificou na sua vida e na sua morte. Ser um “servo” não significa ocupar uma posição servil, mas sim ter uma atitude na vida que atende livremente às necessidades dos outros sem esperar nem exigir nada em troca. Os líderes que são servos apreciam o valor dos outros e percebem que não são superiores a ninguém; eles também entendem que o seu trabalho não é superior a nenhum outro trabalho.
A missão de JESUS era servir aos outros e dar a sua vida por eles. Um verdadeiro líder tem o coração de um servo. Os discípulos devem estar dispostos a servir porque o seu Mestre deu o exemplo. JESUS explicou que Ele não veio para ser servido, mas para servir a outros. A missão de JESUS era servir — em última análise, dando a sua vida para salvar a humanidade pecadora. A sua vida não foi “tomada”, Ele a “deu”, oferecendo-a como sacrifício pelos pecados do povo. Um resgate era o preço pago para libertar um escravo da escravidão. JESUS pagou um resgate por nós, e o preço exigido foi a sua vida. JESUS tomou o nosso lugar, Ele morreu a morte que nós mereceríamos.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 124.
 
Mt 20.28 Nesse ponto, JESUS apresenta-se — o Filho do homem — como o supremo exemplo de serviço para os outros. O versículo é claramente importante para nossa compreensão da percepção de JESUS de sua morte.
Três questões relacionadas pedem discussão.
1. Autenticidade. É bastante comum no Novo Testamento, nas palavras atribuídas a JESUS e a outras existentes em outros trechos começarem com a necessidade dos discípulos matarem o “eu” e terminarem com a morte vicária única de JESUS como um exemplo ético — ou, de forma inversa, começarem com a morte única de JESUS e tê-la aplicada como um exemplo para os discípulos (Jo 12.23-25; Fp 2.5-11; I Pe 2.18-25). Não há motivos substanciais para negar a autenticidade desse dito.
2. Sentido. Ele não veio para ser servido, como um rei que depende de incontáveis cortesãos e criados, mas para servir os outros. Stonehouse observa com acerto que esse versículo presume que o Filho do homem tem todo direito de esperar ser servido, mas, em vez disso, ele serve. Está implícita a autoconsciência de que o Filho do homem possuía origem celestial, possuía autoridade divina. A demonstração da glória divina brilha com mais esplendor quando é separada por causa da morte vergonhosa de um homem redentor. Esse é exatamente o cerne da revelação de si mesmo de JESUS e do evangelho primitivo (ICo 1.23: “Pregamos a CRISTO [Messias] crucificado”).
O Filho do homem veio para “dar a sua vida em resgate por muitos”.
Resgate tem o sentido de “libertação”; e o verbo cognato, de “libertar”, sem referência ao “preço pago” (veja esp. Hill, Greek Words [Palavras gregas], p. 58-80). Isso denota substituição, equivalência, troca (cf. esp. M. J. Harris, DNTT, 3:1179s.). “A vida de JESUS entregue em morte vicária realiza a libertação de vidas confiscadas. Ele agiu em favor de muitos ao tomar o lugar deles” (ibid.,p. 1180).
O termo “muitos” enfatiza os incomensuráveis efeitos da morte solitária de JESUS: um morre, muitos encontram sua vida “resgatada, curada, restaurada, perdoada”, uma grande multidão que nenhum homem pode contar (cf. J. Jeremias, “Das Lõsegeld für Viele” [“O resgate de muitos”] , Judaica 3 [1948], p. 263).  Isso sugere que a morte vicária de JESUS é o pagamento pelo povo escatológico de DEUS e que resulta nesse povo. Isso se ajusta bem ao “muitos” de Isaías 52.13—53.12.
3. Dependência de Isaías 53. A palavra hebraica ’ãsãm inclui a noção de substituição ou, pelo menos, de um equivalente. A implicação da evidência cumulativa é que JESUS se refere explicitamente a si mesmo como o Servo sofredor de Isaías e interpretava sua própria morte sob essa luz — interpretação em que Mateus seguiu seu Senhor (Mt 3.17; 12.15-21).
D. A. CARSON. O Comentário De Mateus. Editora Shedd Publicações. pag. 504-506.
 
2. Serviço de escravo.
Diaconia significa “ministério, serviço”. JESUS CRISTO foi exemplo para a Igreja em todos os aspectos. Em sua Diaconia, Ele foi “apóstolo... da nossa confissão” (Hb 13.1). Foi profeta (Lc 24.19); foi evangelista (Lc 4.18-19); foi Pastor (Jo 10.11) e também foi diácono. Ele demonstrou seu caráter e sua personalidade, dando exemplo de humildade. Para cumprir sua missão sacrificial em favor dos homens, JESUS despojou-se temporariamente de sua glória plena (Jo 17.14). Paulo diz que Ele assumiu a forma de servo, mais que isso, a forma de “escravo”. JESUS, “... sendo em forma de DEUS, não teve por usurpação ser igual a DEUS. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo- se semelhante aos homens-, e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.6-8 — grifo nosso). A expressão “tomando a forma de servo”, “significa aparecer em uma condição humilde e desprezível”.
Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 140.
 
JESUS, o Diácono dos diáconos
Foi o Senhor um diácono em tudo perfeito. Na declaração que faz Ele em Marcos 10.45, encontramos a variante da palavra diakonia duas vezes: “O Filho do Homem também não veio para ser servido [diakonêthênai], mas para servir [diakonêsai] e dar a sua vida em resgate de muitos”. Ele era Senhor, e servia a todos. Era Rei prometido, mas se dizia servo dos servos de DEUS. Deveria estar à mesa, mas ei-lo a lavar os pés dos discípulos.
Embora o apocalipse mostre-o na plenitude de sua gloria, vemo-lo em Isaias, como o servo sofredor. A fim de assumir a sua diaconia, despojou-se de suas prerrogativas, assumiu a nossa forma e pôs-se a servir indistintamente a todos.
Este é o nosso Senhor; Diácono dos diáconos!
Valdemir P. Moreira. Manual do Diácono.
 
A AUTO HUMILHAÇÃO DE JESUS (13.4-20)
2: E, acabada a ceia (o texto grego diz “durante a ceia”), e então continua com a primeira oração no versículo 4: levantou-se da ceia. Ao fazê-lo, o Senhor tirou as vestes (4, cf. 10.17; Fp 2.5-8); i.e., a túnica externa. Então, tomando uma toalha, cingiu-se, o que “marca a ação de um escravo”. Assim preparado, Ele pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxuga-los com a toalha com que estava cingido (5). Evidentemente havia ocorrido alguma “busca de posição” entre os doze (Lc 22.24). JESUS era o único naquela sala que poderia executar até mesmo o simbolismo da purificação — pois só Ele estava limpo no sentido teológico e moral da palavra (cf. 17.19; Hb 13.12).
Quando JESUS foi lavar os pés de Pedro, este lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? (6) A resposta de JESUS, não o sabes tu, agora, não só afirmava a ignorância de Pedro em relação às coisas espirituais (e.g., a vinda do ESPÍRITO), como também incluía uma promessa: tu o saberás depois (7). O que eu faço era a humilhação do Senhor, simbolizada no ato de levar-lhes os pés; na verdade, porém, Ele estava proporcionando toda a obra redentora de DEUS para o homem. Hoskyns comenta que a reação de Pedro não é um contraste entre o orgulho de Pedro e a humildade de JESUS, mas, antes, “entre o conhecimento de JESUS, o qual é a base da ação, e a ignorância de Pedro, que ainda não percebe que a humilhação do Messias é a causa efetiva da salvação cristã” (cf. 2.22; 7.39; 12.16; 14.25-26; 15.26; 16.13; 20.9).9 Mas o entendimento do futuro estava longe demais para Pedro. Ele só via a incongruência imediata da situação — JESUS lavando os seus pés. Impulsivamente, ele declarou: “Nunca em nenhum momento lavarás os meus pés — para sempre” (tradução literal). Pedro esperava colocar um ponto final em tudo aquilo. Mas JESUS conhecia o caminho para o coração de Pedro — a ameaça de ser excluído da presença de JESUS, a quem Pedro amava. Se eu te não lavar, não tens parte comigo (8; cf. Hb 12.14). “Não há lugar na sociedade dos cristãos para aqueles que não forem purificados pelo próprio Senhor JESUS”. Se a comunhão só poderia ser adquirida pela purificação (cf. 1 Jo 1.7), então Pedro queria tudo o que pudesse ter — pés, mãos e cabeça (9).
Não parece haver qualquer evidência de que JESUS quisesse que a lavagem dos pés fosse instituída como um sacramento. Mas fica claro que Ele estava ensinando, pelo exemplo básico e axiomático, embora paradoxal, que a única maneira de ser “o maior” (Lc 22.24) ou de ser bem-aventurado (17) é tomar a estrada do serviço amoroso (13.34) e do sacrifício (10.15), baseado no conhecimento da vontade de DEUS para nós. A palavra traduzida como bem-aventurado no texto das Beatitudes é makarioi (Mt 5.3-12).
Embora seja verdade que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou (16), JESUS assegura aos seus discípulos o relacionamento com Ele e com o Pai. Pois se alguém receber o que eu enviar, me recebe a mim, e quem me recebe a mim recebe aquele que me enviou (20).
Joseph H. Mayfield. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 116-118.
 
JESUS era o exemplo de servo, e Ele mostrou a sua atitude de servo aos seus discípulos. Lavar os pés era um ato comum nos tempos bíblicos. A maioria das pessoas viajava a pé (calçando sandálias) pelas estradas empoeiradas da Judéia. Quando entravam em casa, era costume lavar os pés. Não se oferecer para lavar os pés de um convidado era considerado uma falta de hospitalidade (veja Lucas 7.44). Lavar os pés dos convidados era o trabalho de um dos servos mais simples da casa, e deveria ser realizado quando os convidados chegassem (1 Samuel 25.41). Esta era uma tarefa subserviente. O incomum sobre este ato era que JESUS, o Mestre e Instrutor, estava fazendo isto para os seus discípulos, como o escravo mais inferior faria.
Jo 13.12-16 O ato de JESUS de lavar os pés dos discípulos demonstrava amor em ação. JESUS ensinou a estes, que logo seriam líderes, que quando eles trabalhassem para divulgar o Evangelho, deveriam antes de tudo ser servos daqueles a quem ensinassem. Os discípulos devem ter se lembrado desta lição todas as vezes que enfrentaram problemas, lutas, e alegrias junto aos primeiros crentes.
Quantas vezes eles devem ter se lembrado de que foram chamados para servir. E que diferença isto fez! Imagine como teria sido difícil o crescimento (até mesmo a existência) da igreja primitiva, se estes discípulos tivessem continuado a competir por lugares de grandeza e importância! Felizmente para nós, eles mantiveram a lição de JESUS em seus corações.
Jo 13.17 Somos abençoados (felizes, alegres, realizados), não por causa do que sabemos, mas por causa do que fazemos com aquilo que sabemos. A graça de DEUS a nós encontra a sua perfeição no serviço que nós, como vasos de sua graça, prestamos aos outros. Encontraremos a nossa maior bênção ao obedecermos a CRISTO, servindo aos outros.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 565-566.
 
Sem dúvida, os discípulos ficariam felizes em lavar os pés dele; eles não podiam conceber a ideia de lavar os pés uns dos outros, visto que essa era uma tarefa normalmente reservada para os servos mais inferiores. Pares não lavavam os pés uns dos outros, exceto muito raramente e como sinal de grande amor. Alguns judeus insistiam que não se devia exigir de escravos judeus que lavassem os pés de outros; esse trabalho devia ser reservado para escravos gentios, ou para mulheres, crianças e discípulos (Mekhilta 1 sobre Ex 21.2).
Aqui, JESUS inverte as funções normais. Seu ato de humildade é tão desnecessário quanto atordoante e é, ao mesmo tempo, uma demonstração de amor (v. 1), um símbolo de purificação salvadora (w. 6-9), e um modelo de conduta cristã (w. 12-17).
JESUS tirou sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura - adotando, assim, as vestes de um criado doméstico, vestes que eram desprezadas tanto em círculos judaicos quanto gentios (SB 2. 557; Suetônio, Calígula, 26). Assim, ele começou a lavar os pés de seus discípulos, demonstrando, dessa forma, sua declaração: “eu estou entre vocês como quem serve” (Lc 22.27; cf. Mc 10.45 par.). Aquele que “embora sendo DEUS [...] esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo” (Fp 2.6,7). De fato, ele “foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fp 2.8). O inigualável auto esvaziamento do Filho eterno, da Palavra eterna, alcança seu ápice na cruz. Isso não significa que a Palavra mude da forma de DEUS para a forma de um servo; significa, ao contrário, que ele de tal forma veste nossa carne e vai de olhos bem abertos para a cruz que sua divindade é revelada em nossa carne, supremamente, no momento da maior fraqueza, do maior serviço (cf.1.14).
 
O reverenciado e exaltado Messias assume a função do servo desprezado para o bem de outros. Isto, junto com a noção de purificação, explica por que o episódio do lava-pés pode apontar tão efetivamente para a cruz. Mas o serviço prestado a outros não pode se restringir a esse ato único. Se o evento do lava-pés e da cruz são propiciados pelo incrível amor de JESUS (v. 1), a comunidade dos purificados que ele está criando deve ser caracterizada pelo mesmo amor (w. 34,35) e, portanto, pela mesma abnegação no esforço de servir a outros. E isto significa que o ato do lava-pés é quase obrigado a ter um significado exemplar, assim como a morte de CRISTO, embora única, tem o sentido de exemplo (e.g. Mc 10.35-45; Jo 12.24-26; IPe 2).
JESUS já havia condenado aqueles que ouvem suas palavras mas deixam de guardá-las (12.47,48; c f 8.31). Agora, ele enfatiza a verdade novamente, conforme uma ênfase repetida nos evangelhos (e.g. Mt 7.21-27; Mc 3-35; Lc 6.47,48) e em outras passagens {e.g. Hb 12.14; Tg 1.22-25).
D. A. CARSON. O Comentário De João. Editora Shedd Publicações. pag. 462-469.
 
3. O discípulo é um serviçal.
Mc 10.35-42. A repreensão que Ele fez a dois de seus discípulos, pelo ambicioso pedido que lhe fizeram. Essa história é muito semelhante à que lemos em Mateus 20.20. Mas ali está escrito que a mãe deles fez o pedido, aqui eles mesmos o fazem. Ela os apresentou e fez o pedido, e então eles a apoiaram, e concordaram com o pedido.
Observe:
1. Assim como, por um lado, existem alguns que não usam os grandes incentivos que JESUS nos deu em oração, por outro lado, também existem alguns que abusam deles. Ele tinha dito: “Pedi, e dar-se-vos-á”. E pedir as grandes coisas que Ele prometeu significa uma fé elogiável, mas era uma presunção condenável a desses discípulos, de fazer uma exigência tão ilimitada ao seu Mestre: “Queremos que nos faças o que pedirmos”.
Seria melhor que o deixássemos fazer por nós o que Ele julgar adequado, pois Ele “é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos” (Ef 3.20).
2. Nós devemos tomar muito cuidado com a maneira como fazemos promessas genéricas. JESUS não se comprometeu a fazer o que eles pedissem, mas quis saber deles o que desejavam: “Que quereis que vos faça?” Ele os deixaria prosseguir com o seu pedido, para que pudessem se envergonhar de tê-lo feito.
3. Muitos foram levados a uma armadilha por falsas noções acerca do Reino de DEUS, como se ele fosse deste mundo, e como os reinos das potestades deste mundo.
Tiago e João chegam à seguinte conclusão: se JESUS ressuscitar, Ele deverá ser um rei, e se Ele for um rei, os seus apóstolos deverão ser nobres, e um deles, de bom grado, será o Primus par regni - O primeiro dos nobres do reino, e outro estará ao seu lado, como José, na corte de Faraó, ou Daniel, na de Dario.
4. A honra deste mundo é uma coisa cintilante, com a qual os olhos dos próprios discípulos de CRISTO ficaram, muitas vezes, fascinados. Mas ser bons deveria ser a nossa preocupação, mais do que parecer grandiosos, ou ter alguma proeminência.
5. A nossa fraqueza e falta de perspectiva aparecem tanto nas nossas orações quanto em qualquer outra coisa.
Não podemos dar ordens com as nossas palavras quando falamos com DEUS, tanto a respeito dele quanto a nosso respeito. E loucura fazer exigências a DEUS, mas nos submetermos a Ele é uma atitude sábia.
6. É a vontade de CRISTO que nós nos preparemos para os sofrimentos, e deixemos que Ele cuide de nos recompensar por eles. Ele não precisa ser lembrado, como precisou Assuero, dos serviços do seu povo, nem consegue esquecer a obra da sua fé e de seu trabalho de caridade.
A nossa preocupação deve ser a de termos sabedoria e graça para sabermos como sofrer com Ele, e então confiarmos que Ele possibilitará a melhor maneira de reinarmos com Ele. O Senhor também definirá quando, e onde, e quais serão os graus da nossa glória.
A repreensão de JESUS aos demais discípulos, pelo desconforto deles com o pedido de Tiago e João. Eles começaram a ficar muito descontentes, a indignarem-se contra Tiago e João (v. 41). Eles ficaram irritados com os dois por pedirem preferência, não porque isto não fosse conveniente aos discípulos de CRISTO, mas porque cada um deles esperava tê-la. Assim eles descobriram a sua própria ambição, através do seu desagrado pela ambição de Tiago e João; e JESUS aproveitou essa ocasião para adverti-los quanto a isso, e a todos os seus sucessores, no ministério do Evangelho (w. 42-44). Ele os chamou a si de uma maneira familiar, para dar-lhes o exemplo de condescendência, mesmo quando estava reprovando a sua ambição, e para ensiná-los a nunca manter os seus discípulos à distância. Ele lhes mostra:
1. Que o mundo geralmente abusa ou usa mal o domínio (v. 42): Que eles pareciam dominar os gentios, que têm o nome e o direito de governar; eles exercem soberania sobre outros, e este é o objetivo do seu estudo, não tanto para protegê-los e cuidar do seu bem-estar quanto para exercer autoridade sobre eles. Eles serão obedecidos, desejando ser arbitrários e ter a sua vontade realizada em todos os aspectos. Sic volo, sic jubeo, stat pro ratione voluntas - Assim eu desejo, assim eu ordeno; o meu prazer é a minha lei. A sua preocupação é o que os seus súditos farão para sustentar a sua própria pompa e grandeza, não o que eles farão pelos súditos.
2. Que, portanto, isso não deve ser aceito na igreja: “Entre vós não será assim”; aqueles que estiverem aos seus cuidados deverão ser como ovelhas sob os cuidados do pastor, que deve guiá-las e alimentá-las, e deve ser um serviçal para elas, não como cavalos sob o comando do cocheiro, que os faz trabalhar e os espanca, e obtém os seus pagamentos com eles. Aquele que pretende ser grande e poderoso, ao invés de se lançar a uma dignidade e a uma dominação secular, deverá ser “servo de todos”.
Ele será humilde e desprezível aos olhos de todos os que são sábios e bons: “o que a si mesmo se exaltar será humilhado”. Ou, em outras palavras, aquele que desejar ser verdadeiramente grande e importante, deverá se entregar integralmente a fazer o bem a todos, deverá se curvar aos serviços mais humildes, e trabalhar nos serviços mais duros. Não somente serão mais honrados no futuro, como também são mais honrados agora, aqueles que são mais úteis. Para convencê-los disso, JESUS apresenta o seu próprio exemplo diante deles (v. 45). “O Filho do Homem se submete primeiro às maiores dificuldades e aos maiores perigos, e depois entra na sua glória, e vocês podem esperar conseguir algo tão elevado de outra maneira, ou tendo mais facilidade ou honra do que Ele?”. (1) Ele assume “a forma de servo”. Ele “não veio para ser servido”, e atendido, “mas para servir”, e conceder a sua graça. (2) Ele se apresenta de modo obediente à morte, e ao seu domínio, pois Ele dá “a sua vida em resgate de muitos”. Pois Ele morreu para o benefício de todas as pessoas que o aceitarem como Senhor e Salvador; e será que nós não deveremos nos esforçar para viver de um modo que beneficie os salvos?
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 463-464.
 
JESUS estava pensando no que iria enfrentar em Jerusalém, e na morte que Ele sabia que lhe aguardava ali. Os discípulos, como a maioria dos judeus daquela época, tinham uma ideia errada do Reino do Messias, da maneira que este foi predito pelos profetas do Antigo Testamento. Eles pensavam que JESUS iria estabelecer um reino terreno que libertaria Israel da opressão de Roma.
Tiago e João não entenderam que o Reino de JESUS não é deste mundo; ele não está centralizado em palácios e tronos, mas no coração e na vida de seus seguidores. Nenhum dos discípulos entendeu esta verdade antes da ressurreição de JESUS.
Mc 10.38 JESUS respondeu a Tiago e João que ao fazer tal pedido egocêntrico, eles não sabiam o que estavam pedindo. Pedir posições da mais elevada honra significava também pedir um profundo sofrimento, porque eles não poderiam ter um sem o outro. Portanto, o Senhor perguntou primeiro se eles poderiam beber o cálice amargo de tristeza que Ele iria beber. O “cálice” ao qual JESUS se referiu era o cálice de sofrimento que Ele teria que beber a fim de trazer a salvação aos pecadores. Então JESUS perguntou se eles eram capazes de ser batizados com o batismo de sofrimento que Ele enfrentaria. A referência a “batismo” é uma metáfora do Antigo Testamento em que uma pessoa é esmagada pelo sofrimento.
O “cálice” e o “batismo” se referem àquilo que JESUS iria enfrentar na cruz. Nas duas perguntas, JESUS estava perguntando a Tiago e a João se eles estavam prontos para sofrer por amor ao Reino.
Mc 10.39,40 Tiago e João responderam confiantemente a pergunta de JESUS. A resposta deles pode não ter revelado bravata ou orgulho; ela mostrou a disposição que eles tinham para seguir JESUS, qualquer que fosse o custo desta decisão. Eles disseram que estavam dispostos a enfrentar qualquer tribulação por amor a CRISTO. JESUS respondeu que eles certamente seriam chamados a beber do cálice de JESUS, e seriam batizados com o seu batismo de sofrimento: Tiago morreu como um mártir (Atos 12.2); João viveu muitos anos passando por perseguições, antes de ser forçado a viver os últimos anos de sua vida no exílio, na ilha de Patmos (Apocalipse 1.9).
 
Observação minha - Ev. Luiz Henrique - JESUS sabia que dois homens estariam a seu lado em breve, mas na cruz e isso estava reservado ao PAI queme seriam eles. JESUS não desejava que fosse algum de seus discípulos.
 
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 259- 261.
Ambição de Tiago e João (10.35-45)
 
Enquanto Ele estava pensando em uma cruz, eles estavam pensando em coroas. O fardo do Senhor se confrontava com a cegueira deles, e o seu sacrifício com o egoísmo que demonstravam. Ele só queria dar, mas eles só queriam receber. A motivação dele era servir; a deles era a própria satisfação pessoal.
Sabeis que os que julgam ser príncipes das gentes (literalmente, “aqueles que parecem governar”) delas se assenhoreiam (42). Os discípulos sentiram o aguilhão dessas palavras ao se lembrarem das táticas opressoras dos governadores das províncias. Mas entre vós não será assim (43). O grande entre os seguidores de JESUS será aquele que quiser ser um serviçal (ministro) e servo (escravo) de todos (44).
Mas por que teria que ser assim? “Porque o próprio Filho do Homem não tinha vindo para ser servido, mas para servir” (45, Goodspeed). Nisto, CRISTO nos deixou o exemplo que devemos imitar, seguindo as Suas pisadas (1 Pe 2.21).
Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 288-289.
 
II - A INSTITUIÇÃO DOS DIÁCONOS
1. O conceito da função.
DIÁCONO
Sua forma verbal (diakonein) significa "servir", particularmente "servir às mesas" (cf. Arndt, p. 183). Tem a conotação de um serviço muito pessoal, intimamente relacionado com servir por amor. Para os gregos, o serviço era raramente dignificado; o desenvolvimento próprio deveria ser a meta de uma pessoa ao invés da humilhação própria. Enquanto a LXX não usa a palavra diakonein ("servir"), o judaísmo conserva uma visão diferente sobre o serviço. Isso está exemplificado no segundo mandamento: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 19.18; cf. Mc 12.31). Foi isso que o nosso Senhor ensinou quando lavou os pés de seus discípulos, acrescentando: "Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também" (Jo 13.15). O uso generalizado da palavra "diácono" no NT foi classificado por H. W. Beyer ("Diakoneo, etc", TDNT, II. 81-93) e foram sugeridas as seguintes formas adaptadas: (1) "o servente em uma refeição" (Jo 2.5,9); (2) "o servo de um mestre" (Mt 22.13; Jo 12.26); (3) "o servo de um poder espiritual", bom (Cl 1.23; 2 Co 3.6; Rm 15.8) ou mau (2 Co 11.14ss; Gl 2.17); (4) "o servo de DEUS" (2 Co 6.3ss.) ou de CRISTO (2 Co 11.23) como no caso de Paulo, ou como foi aplicado a seus companheiros de trabalho (1 Ts 3.1-3; 1 Timóteo 4.6; Cl 1.7; 4.7); (5) "os [gentios como] servos de DEUS" (Rm 13.1-4); (6) "um servo da igreja" (Cl 1.24,25; 1 Co 3.5). Nos escritos gregos esse nome está relacionado muito de perto com o sentido do verbo. Ele descreve um atendente à mesa, um servo, um mensageiro, um garçom e ainda era usado com referência a ocupações específicas, como padeiro ou cozinheiro. O termo aparece poucas vezes na LXX e sempre comum sentido secular. Ele descreve os servos do rei em Ester 1.10; 2.2; 6.3,5. Em Provérbios 10.4 (na LXX) o tolo deve ser "servo" do sábio. Josefo, o historiador da nação judaica, caracterizou Eliseu como "discípulo e servo" de Elias".
 
DIÁCONO
diakonos (em português, “diácono”), denota primariamente "criado", quer aquele que faz trabalhos servis, ou o ajudante que presta serviços voluntários, sem referência particular ao seu caráter.
A palavra está provavelmente relacionada com o verbo diõkõ. “apressar-se após, perseguir" (talvez dito originalmente acerca de um corredor). "Ocorre no Novo Testamento em alusão aos criados domésticos (Jo 2.5.9); ao governante civil (Rm 13.4); a CRISTO (Rm 15.8; Gl 2.17); aos seguidores de JESUS em sua relação com o Senhor (Jo 12.26: Ef 6.21; Cl 1.7; 4.7); aos seguidores de JESUS em relação uns com os outros (Mt 20.26: 23.11: Mc 9.35; 10.43); aos servos de CRISTO no trabalho de orar e ensinar (1 Co 3.5: 2 Co 3.6: 6.4; 11.23: Ef 3.7; Cl 1.23.25: 1 Ts 3.2; I Tm 4.6); àqueles que servem nas igrejas (Rm 16.1 [usado acerca de uma mulher só aqui no Novo Testamento]; Fp 1.1; 1 Tm 3.8.12); aos falsos apóstolos, servos de Satanás (2 Co 11.15).
O termo diakonos é usado uma vez onde. aparentemente, a referência é aos anjos (Mt 22.13); em Mt 22.3. onde a referência é aos homens, o termo doulos é usado** (extraído de Notes on Thessalonians, de Hogg e Vine. p. 91).
O termo diakonos deve, falando de modo geral, ser distinguido do termo doidos, "servo, escravo”: o lernio diakonos encara o servo em relação ao seu trabalho: o termo doidos o vê em relação ao seu mestre.
Veja. por exemplo. Mt 22.2-14; aqueles que chamam os convidados e os trazem (Mt 22.3.4.6.8.10) são os douloi: aqueles que executam a sentença do rei (Mt 22.13) são os diakonoi.
Nota: Quanto aos termos sinônimos, leitourgos denota "aquele que executa deveres públicos"; misthios e misthôtos, “servo contratado"; oiketes, “servo doméstico**; huperetes. “funcionário subordinado que serve seu superior" (designava, originalmente. o remador da fileira de baixo numa galera de guerra); therapon, aquele cujo serviço é o de liberdade e dignidade.
Os denominados “sete diáconos" em At 6 não são mencionados por esse nome, embora o tipo de serviço no qual estavam engajados era do caráter daquele consignado para tal.
W. E. VINE; Merril F. UNGER; Wllliam WHITE Jr. Dicionário VINE. Editora CPAD. pag. 563.
 
2. Origem do diaconato.
O ministério ou serviço dos diáconos, no Novo Testamento, surgiu a partir de uma bênção, de um problema e de uma murmuração. A bênção foi o crescimento extraordinário dos que criam em JESUS e o aceitavam como Salvador, deixando o judaísmo e outras religiões e tornavam-se cristãos. O problema foi causado pela situação social de muitos que aceitavam a fé, especialmente envolvendo viúvas dos gregos ou gentios, que aceitavam o evangelho. A murmuração foi a reclamação desses, que se julgavam discriminados pelos líderes da Igreja, em relação ao atendimento de suas necessidades básicas. Diz o texto:
“Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de DEUS e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do ESPÍRITO SANTO e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do ESPÍRITO SANTO, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; e os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos. E crescia a palavra de DEUS, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé” (At 6.1-7 — grifo nosso).
Mas os líderes da Igreja foram sábios. Não procuraram resolver tamanha questão sozinhos. Reuniram a multidão, em assembleia, a Eclésia, e eles elegeram sete homens com qualidades exemplares sobre aquele “importante negócio”, para que os líderes pudessem perseverar “na oração e no ministério da palavra”. Na maioria das igrejas, os diáconos estão desviados da função para que foram instituídos, que foi cuidar da assistência social dos carentes. Mas sua escolha é de grande valor para o funcionamento ministerial das igrejas cristãs.
Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 141.
 
A instituição do diaconato
O diácono é o único ministério cristão a originar-se de um fato social; surgiu de uma premente necessidade da Igreja Primitiva: o socorro às viúvas helenistas. Atenhamo-nos no que diz o texto que escreveu Lucas (At 6.1-7). Do texto sagrado, apontemos alguma das razões que levaram os apóstolos a instituírem o diaconato:
a) O crescimento da Igreja
Do Pentecostes à instituição do diaconato, a Igreja Primitiva cresceu de três mil convertidos, a cinco mil; a partir daí, o rebanho do Senhor não mais parou de multiplicar-se (At 2.41; 4.4). De forma que, em atos capítulo seis, o número de discípulos já havia superado a capacidade estrutural da Igreja (At 6.1). Crescendo o número de fiéis, cresceram também os problemas. Tivesse a Igreja se limitado aos cento e vinte, certamente nenhuma dificuldade teriam os primitivos cristãos. Não haveriam de precisar de diáconos, presbíteros ou pastores. Acontece que as grandes igrejas enfrentam grandes desafios, e demandam, por conseguinte, grandes soluções. Com a chegada das ovelhas, vai o aprisco deixando sua rotina, vai o pastoreio desdobrando-se em cuidados e desvelos pelas almas, e o Reino de DEUS vai alargando suas fronteiras e descortinando os mais promissores horizontes.
b) O descontentamento social     
Relata-nos Lucas que “houve uma murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo esquecidas na distribuição diária”. Tal contingência não podia esperar; exigia imediata solução. Caso não houvesse uma alternativa urgente e satisfatória, a situação deteriorar-se-ia, agravando a injustiça social, e aprofundando a fissura entre os dois principais segmentos culturais da igreja em Jerusalém: os hebreus (crentes judeus) e os helenistas (crentes gregos).
A situação que se desdenhava deixou os apóstolos mui preocupados. Como israelitas, sabiam eles que a injustiça e a desigualdade social eram intoleráveis aos olhos de DEUS (Dt 15.7,11).
c) O comprometimento do ministério apostólico      
Continuassem os apóstolos a suprir as necessidades dos órfãos e das viúvas, haveriam de comprometer de forma irremediável as principais funções de seu ministério (At 6.2-4). Por isso deliberaram: “Não é razoável que nós deixemos a palavra de DEUS e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do ESPÍRITO SANTO e de sabedoria, aos quais encarreguemos deste serviço. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra” (At 6.2-4). Como seria maravilhoso se os pastores seguissem o exemplo dos apóstolos! Infelizmente, não são poucos os que se acham de tal forma empenhados com os negócios materiais do rebanho, que já não têm tempo de orar, nem mais ligam importância à exposição da Palavra. Transformaram-se em meros executivos. Vivem mais preocupados com os rendimentos financeiros do redil do que com o bem-estar das ovelhas. Será que ainda não perceberam ter sido o diaconato instituído justamente para que os pastores nos entregassem amorosamente à oração e à proclamação dos conselhos de DEUS? Queira o Senhor que, no termino de nosso ministério, possamos dizer como o apostolo Paulo: “Porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de DEUS” (At 20.27).
d) A organização ministerial da Igreja
Até a instituição dos diáconos, a Igreja conhecia apenas o ministerial apostólico. Eram os apóstolos responsáveis inclusive pelo socorro cotidiano. E isto, como vimos, por pouco não compromete o desempenho do principal magistério da Igreja. Com a instituição dos diáconos, porém, formou-se a base do ministério eclesiástico. Levemos em conta também os anciãos; estavam eles sempre prontos a secundar os apóstolos. Mais tarde, o termo ancião (ou presbítero) passaria a ser sinônimo de pastor e bispo.
Valdemir P. Moreira. Manual do Diácono.
 
1. Nosso coração se sente bem ao descobrir que cresceu o número dos discípulos (v. 1), à proporção inversa que, sem dúvida, irritou o coração dos sacerdotes e saduceus (cap. 4.1; 5.17) pelo mesmo motivo. A oposição que a pregação do evangelho enfrentou, em vez de deter seu progresso, contribuiu para o seu sucesso.
2. Causa-nos desalento descobrir que o crescimento do número dos discípulos (v. 1) dá oportunidade para discórdias. Até agora, todos eles eram unânimes em uma mesma opinião. Esta. observação frequente significava uma honra para eles. Mas agora que cresciam em número, começaram a murmurar, semelhantemente ao que ocorreu no velho mundo. Quando os homens começaram a multiplicar-se, eles se corromperam (Gn 6.1,12).
Houve uma murmuração, não uma desavença aberta, mas um ressentimento secreto. (1) Os queixosos eram os gregos, ou helenistas, contra os hebreus (v. 1). Os gregos eram os judeus que se espalharam pela Grécia e outras regiões, falavam comumente a língua grega e liam o Antigo Testamento na versão grega, não no original hebraico. Muitos deles estavam em Jerusalém para a festa quando aceitaram a fé cristã e foram acrescentados à igreja. Estes murmuraram contra os hebreus, que eram os judeus nativos que usavam o original hebraico do Antigo Testamento. Alguns pertencentes a cada um desses grupos se tornaram cristãos, mas, pelo visto, essa aceitação conjunta da fé não teve sucesso, como deveria, em extinguir os poucos ciúmes que tinham uns dos outros antes da conversão. Eles retiveram um pouco do fermento velho e não entenderam ou não se lembraram de que em CRISTO JESUS não há nem grego nem judeu (Cl 3.9). Portanto, não há distinção entre hebreus e helenistas, mas todos são igualmente acolhidos em CRISTO, e deveriam ser, por causa dele, queridos uns dos outros.
(2) A murmuração destes gregos era que as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano (v. 1), quer dizer; na distribuição de refeições, e as viúvas hebreias eram mais bem cuidadas. É pena que as pequenas coisas deste mundo sejam pontos de discórdia entre os que admitem ter relações com as grandes coisas do outro mundo. Os apóstolos fizeram a distribuição, obviamente, com a mais absoluta imparcialidade, e nem de longe intentaram respeitar os hebreus mais que os gregos.
Contudo, houve queixa deles, que diziam estarem as viúvas gregas sendo desprezadas. Embora elas fossem aptas a receber esse tipo de assistência social, os apóstolos não lhes deram o suficiente, ou não contemplaram todas, ou não deram exatamente a mesma soma oferecida às viúvas hebreias. [1] Talvez esta murmuração (v. 1) fosse infundada e injusta, sem motivo algum. Mas aqueles que, por qualquer razão, se encontram em situação desfavorável (como estavam os judeus gregos em comparação com os que eram hebreus de hebreus), são susceptíveis a, por ciúme, acharem que estão sendo desprezados quando na verdade não estão. É erro comum de pessoas pobres que, em vez de serem gratas pelo que recebem, se queixem e reclamem. Tendem a pensar que recebem pouco, ou que os outros ganham mais que elas. Há inveja e cobiça, raízes de amargura que se encontram tanto entre os pobres quanto entre os ricos, apesar das situações humilhantes em que estão e às quais devem se adaptar. [2] Partamos do pressuposto de que havia motivo para a murmuração. Em primeiro lugar, certos estudiosos sugerem que os outros pobres no grupo dos gregos tinham a subsistência provida, embora as suas viúvas fossem desprezadas (v. 1). Essa falha acontecia porque os gerentes administravam de acordo com uma regra antiga observada entre os hebreus: a viúva deve ser sustentada pelos filhos do seu marido (veja 1 Tm 5.4). Em segundo lugar, as viúvas, ao meu ver, são citadas no lugar de todos os pobres, porque muitos desses que estavam nos registros da igreja e recebiam esmolas, eram viúvas que tinham sido fartamente sustentadas pelas atividades dos seus maridos enquanto estavam vivos, mas que caíram em grandes dificuldades financeiras quando faleceram. Os que administram a justiça pública devem de uma maneira particular proteger as viúvas de injustiças (Is 1.17; Lc 18.3), assim os que administram os fundos da caridade pública devem de uma maneira particular sustentar as viúvas no que for necessário (veja 1 Tm 5.3). Perceba que estas viúvas e os outros pobres recebiam uma ajuda diária (v. 1). Talvez, após um cálculo prévio, sabiam que não podiam acumular sua porção para o futuro. Então os administradores dos fundos, num gesto de bondade, davam-lhes dia a dia o pão necessário. Eles dependiam do quinhão do dia para viver. Pelo visto, as viúvas gregas foram, comparativamente, desprezadas.
Talvez os que distribuíam o dinheiro consideraram que os hebreus ricos contribuíam mais para o fundo do que os gregos ricos, que não tinham propriedades para vender, como os hebreus. Por conseguinte, os gregos pobres deveriam ter menos direito ao fundo. Embora houvesse certa dose de tolerância, tratava-se de procedimento cruel e injusto. Veja que mesmo na igreja mais bem organizada do mundo sempre haverá algo impróprio, administração incompetente, queixas ou, pelo menos, algumas reclamações.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 59-60.
 
A palavra grega para ministério é traduzida como “socorro” em 11.29. Esta é, evidentemente, a idéia aqui. Com os fundos que os cristãos tornavam disponíveis (cf. 2.44- 45; 4.32-37), os pobres e os necessitados eram cuidados no cotidiano com uma doação de alimentos. Knowling faz esta sugestão significativa: “E bem possível que as viúvas helénicas tivessem sido ajudadas anteriormente com o tesouro do Templo, e que essa ajuda tenha cessado, visto que elas se uniram à comunidade cristã”.
Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 247-248.
 
Os grupos de língua grega passavam por dificuldades nos encontros cristãos, nos quais se falava – inclusive por parte dos apóstolos – o aramaico. Deve ter surgido rapidamente uma tendência para realizar reuniões próprias no idioma familiar grego. Por outro lado, a beneficência da igreja, que de acordo com At 4.35 não podia mais ser um empreendimento meramente pessoal em vista do crescente número de cristãos, mas acontecia pela mediação dos apóstolos, não alcançou de maneira plena esses grupos “helenistas”. As viúvas “estavam sendo esquecidas na distribuição diária”. Mais uma vez notamos como toda a narrativa de Lucas é sucinta. “E se distribuía a cada um segundo a necessidade da pessoa” (At 4.35). Assim ele escrevera, sintetizando brevemente o essencial. Para ele deve ter sido evidente que entre os “necessitados” estavam em primeiro lugar as “viúvas”. De 1Tm 5.3-16 depreendemos que a previdência para as viúvas continuou sendo uma área central do serviço da igreja. Na Antiguidade simplesmente não havia uma possibilidade de ganho próprio para mulheres. Se uma viúva não tinha filhos que providenciassem seu sustento, ela se encontrava em grande aflição. Nessa situação, porém, estavam sobretudo as viúvas dos “helenistas”. Depois de velhos, casais haviam se mudado do exterior para a Terra Santa, sobretudo para Jerusalém. Estando morto o marido, e vivendo os filhos numa terra longínqua, o que seria da esposa agora? Começou o serviço beneficente da igreja, inicialmente da judaica, e agora também da cristã. Consequentemente, as diferenças linguísticas e a grande extensão da igreja transformaram-se em empecilhos. Naquele tempo as viúvas viviam uma vida sossegada e recatada. Provavelmente os apóstolos conheciam melhor as viúvas do grupo aramaico e viam-nas com mais frequência. As viúvas helenistas eram “esquecidas”. Tampouco Lucas relatou que essa “distribuição para cada um de acordo com sua necessidade” já levara a uma forma de ajuda regular. Uma atividade dessas se consolida inesperadamente numa instituição. Ao que parece, portanto, desenvolveu-se a prática de alimentar regularmente os necessitados, de realizar refeições diárias para as quais as viúvas helenistas não eram convidadas. Porém, a circunstância de que determinadas pessoas não apenas se viam excluídas de uma doação livre e eventual, mas de uma assistência regular, que parecia conceder também a elas um “direito” a determinados benefícios, gera especial tristeza e amargura. Todos sabemos com que rapidez nos sentimos magoados, com que facilidade suspeitamos de “intenções” por trás de esquecimentos que na realidade se explicam por razões bem inofensivas. Rapidamente generalizamos casos isolados, e o egoísmo coletivo acaba exacerbando tudo. “Houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária.”
Werner de Boor. Comentário Esperança Atos. Editora Evangélica Esperança.
 
3. A escolha dos diáconos.
O diaconato não é um ministério como em Efésios 11.4 (podemos colocá-los como auxiliares do ministério congregacional)
Ministério é um trabalho, ou função eclesiástica, exercida por aqueles que são biblicamente chamados e escolhidos por JESUS e capacitados pelo ESPÍRITO SANTO.
A instituição do diaconato não foi inspirada pelo ESPÍRITO SANTO, pois foi uma decisão tomada pelos apóstolos para resolverem uma questão estrutural da igreja, quem os escolheu foi o povo de fala grega e confirmada depois pelos apóstolos.
Observação minha - Ev. Luiz Henrique
 
A real dimensão do diaconato
O pastor é sobre os diáconos da igreja. Que ele reconheça sempre a verdadeira dimensão de seu cargo e a exata razão de sua chamada. Cabe aqui lembrar o que disse Otis Bardwell, experimentadíssimo diácono: “O diácono não foi chamado para receber honrarias, mas para servir a DEUS e à Igreja”.
O diaconato como um importante negócio
Na versão Revista e Corrigida de Almeida, lemos: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões (...) aos quais constituamos sobre este importante negócio” (At 6.3). A versão atualizada, porém, buscando maior aproximação com o grego, usa a seguinte expressão: “aos quais encarreguemos deste serviço”. É o diaconato, afinal, um serviço ou um importante negócio?  Ambas as coisas, pois estão certas ambas as versões. A palavra grega chréia tanto pode ser traduzida como serviço quanto como negócio. Ela pode ser compreendida, ainda, como “um serviço para suprir auxilio em caso de necessidade”. Portanto, nenhum erro cometeu os revisores dessas versões. Servir a Igreja, a Noiva do Cordeiro, é de fato um importante negócio! Pense nisso, diácono, e conscientize-se de sua responsabilidade.
Valdemir P. Moreira. Manual do Diácono.
 
Até aqui, os apóstolos dirigiam a atividade assistencial. As pessoas lhes faziam pedidos e apelavam em casos de rixas e injustiças.
1. Como o método foi proposto pelos apóstolos: Eles convocaram a multidão dos discípulos (v. 2), os diligentes das congregações de cristãos de Jerusalém, os homens em posição de liderança. Os doze sozinhos não determinariam nada sem eles, pois há vitória na multidão dos conselheiros (Pv 24.6). Em assuntos dessa natureza, os discípulos, que eram mais entendidos nos negócios desta vida, dariam melhor conselho do que os apóstolos. (1) Os apóstolos ressaltaram veementemente: Não é razoável que nós deixemos a palavra de DEUS e sirvamos às mesas (v. 2). Seu dever era pregar a palavra de DEUS. Eles não tiveram a oportunidade de estudar para ser pregador como acontece conosco (eles recebiam a palavra no momento em que a proferiam e estudavam o Antigo Testamento, Mt 10.19). Acharam que era muita atividade para uma pessoa só empregar todas as suas reflexões, cuidados e tempo, embora um desses homens valesse mais que dez de nós. Se fossem servir às mesas, deveriam, em certa medida, deixar a palavra de DEUS e a oração. Não haveria como atender a obra da pregação com o zelo e atenção devidas.   Além disso haviam as chicotadas recebidas nas costas. Enquanto o número dos discípulos era pequeno, os apóstolos conseguiam administrar sem fazer interrupções importantes em sua atividade principal. Mas agora que o número dos discípulos estava aumentando, não mais seria possível proceder dessa forma. Não é razoável, ouk areston estin não é conveniente, ou não é recomendável (v. 2).Veja que a oração, o estudo da bíblia e a pregação do evangelho é a melhor obra, a mais apropriada e necessária com a qual o ministro pode se envolver e com a qual deve se ocupar inteiramente (1 Tm 4.15). Para realizá-la, ele não deve se embaraçar com negócio desta vida (2 Tm 2.4), e nem mesmo com a obra de fora da Casa de DEUS (Ne 11.16).
(2) Os apóstolos pediram aos irmãos que fossem escolhidos sete varões (v. 3), bem qualificados para o objetivo em vista, cujo negócio seria servir às mesas, diakonein trapezais - ser diáconos às mesas (v. 2). O negócio tinha de ser bem cuidado, mais bem administrado do que fora até o momento pelos apóstolos. Logo, pessoas apropriadas eram inseridas ocasionalmente no ministério da palavra e da oração, mas não tão dedicadas a essas funções como eram os apóstolos. Elas deviam cuidar das provisões da igreja, ou seja, inspecionar, pagar e manter as contas. Tinham de comprar o que fosse necessário para a festa ágape (Jo 13.29) e atender tudo que fosse necessário in ordine ad spiritualia - para os exercícios espirituais, a fim de que tudo fosse feito com decência e ordem, e ninguém fosse negligenciado. [1] Os candidatos tinham de ser devidamente qualificados. Os irmãos da congregação de fala grega deviam escolher, e os apóstolos, ordenar. Mas os irmãos da congregação não tinham autoridade para escolher, nem os apóstolos para ordenar homens totalmente impróprios para o ofício. Eles deveriam ter qualificações: Escolhei [...] sete varões (v. 3), tantos quantos julgarem que bastariam por ora; mas depois o número poderia ser maior caso houvesse necessidade. Estes deviam ser, em primeiro lugar, homens de boa reputação (v. 3), livres de escândalo, considerados pelos vizinhos como homens íntegros e fiéis, de bom testemunho, em quem se pode confiar, sem a marca de vícios e maus hábitos, mas, ao contrário, reputados por tudo que seja virtuoso e louvável, martyroumenoics - homens que produzam bons testemunhos em seu convívio social. Veja que os que são postos em qualquer ofício na igreja devem ser homens de boa reputação, irrepreensíveis. E não só isso, mas de caráter admirável, requisito indispensável ao ofício e sua execução. Em segundo lugar, eles deviam ser homens cheios do ESPÍRITO SANTO (v. 3), cheios dos dons e da graça do ESPÍRITO SANTO, que são necessários para a administração correta deste cargo. Tinham de ser honestos, hábeis e ousados: Homens capazes, tementes a DEUS, homens de verdade, que aborreçam a avareza (Ex 18.21). Deveriam estar cheios do ESPÍRITO SANTO. Em terceiro lugar, eles deviam ser homens cheios [...] de sabedoria (v. 3). Não bastava que fiassem homens honestos e bons, deviam também ser homens discretos e de bom siso, que não pudessem ser enganados e que organizassem as tarefas com disciplina. Deviam ser homens cheios do ESPÍRITO SANTO e de sabedoria, quer dizer, do ESPÍRITO SANTO como ESPÍRITO de sabedoria.
Os que recebem a incumbência de tratar não só do dinheiro público como de distribuir meios de sobrevivência aos pobres devem ser cheios [...] de sabedoria para que o distribuam não só com fidelidade, mas com comedimento. [2] Os candidatos tinham de ser nomeados pelos irmãos da congregação:
Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões (v. 3). Considerai entre vós quem são os mais adequados para tal função e em quem podeis confiar de modo mais satisfatório”. Presumia-se que os irmãos de fala grega da congregação soubessem melhor que os apóstolos, ou pelo menos fossem mais aptos para se informar do caráter desses homens. Por conseguinte, cabia-lhes o privilégio da escolha.
[3] Os apóstolos ordenariam os escolhidos ao serviço e lhes dariam o cargo para que soubessem o que fazer e tivessem consciência de fazê-lo. Os apóstolos lhes dariam autoridade para que as pessoas interessadas soubessem a quem fazer solicitações e se submeter em assuntos dessa natureza: Homens aos quais constituamos sobre este importante negócio (v. 3) para assumir essa responsabilidade e cuidar para que não haja desperdício ou falta.
(3) Os apóstolos se entregaram inteiramente à obra como ministros, agindo com a maior cautela possível para desobrigar-se convenientemente desse ofício laborioso: Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra (v. 4). Veja aqui: [1] Quais são os dois grandes meios de graça do evangelho: a palavra e a oração (v. 4). Por meio deles, a comunhão entre DEUS e o seu povo é mantida e preservada. Pela palavra, DEUS fala com o povo e, pela oração, o povo fala com DEUS. Essas práticas têm uma ligação mútua entre si. [2] Qual é o grande negócio dos ministros do evangelho: dedicar-se continuamente à oração e ao ministério da palavra (v. 4). Eles devem ser a boca de DEUS para o povo no ministério da palavra, e a boca do povo para DEUS na oração. Não devemos só ministrar a palavra, temos também de orar por eles para que essa ministração seja eficaz. A graça de DEUS pode fazer tudo sem a nossa oração, mas a nossa oração não pode fazer nada sem a graça de DEUS. Os apóstolos foram capacitados com dons extraordinários do ESPÍRITO SANTO, línguas e milagres. Contudo, as práticas às quais eles se dedicavam continuamente era pregar e orar, para, por meio delas, edificar a igreja.
2. Como esta proposta foi aceita e posta em execução pelos discípulos. Os apóstolos não impuseram a proposta por poder absoluto, embora tivessem o direito de exigir o que se deveria fazer (Fm 8). Mas propuseram como algo altamente conveniente, e este parecer contentou a toda, a multidão (v. 5) dos discípulos (v. 2). A multidão [...] dos discípulos se agradou em saber que eles se dedicariam à palavra e à oração. Eles não contestaram a proposta, nem adiaram sua implementação.
(1) A multidão [...] dos discípulos elegeu as pessoas (v. 5). Não é provável que todos tivessem escolhido os mesmos homens. Todo o mundo tinha o amigo de quem pensava bem. Mas a maioria dos votos caiu nas pessoas aqui nomeadas, tendo o consentimento tanto dos candidatos quanto dos eleitores.
Esse método deve ser reputado à providência de DEUS, que tem o coração e a boca de todos os homens em seu poder. Há uma lista dos indivíduos escolhidos. É mais provável que estes homens se encontrassem entre os que se converteram desde o derramamento do ESPÍRITO até a presente hora. O enchimento do ESPÍRITO era um dos requisitos para todos aqueles que fossem escolhidos para este serviço. Reflitamos acerca destes sete varões. [1] Denre estes sete varões estava pelo menos um que vendeu suas propriedades e depositou o dinheiro no fundo assistencial (aos pés dos apóstolos). Portanto, estes varões eram os mais aptos para receber a incumbência da distribuição daquilo alguns deles mesmos doaram. [2] Estes sete varões eram todos do grupo dos gregos ou judeus helenistas, porque todos têm nomes gregos. Esta medida seria provável para silenciar a murmuração dos gregos (a qual ocasionou essa decisão) e para garantir que os estrangeiros não fossem negligenciados visto que a responsabilidade foi colocada em estrangeiros. Foram escolhidos Estevão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas, e Nicolau.
Nicolau (v. 5) era prosélito de Antioquia. Estêvão, homem cheio de fé e do ESPÍRITO SANTO. Ele tinha muita fé na doutrina de CRISTO. “Cheio de fidelidade, cheio de coragem” (conforme traduzem alguns), porque estava cheio [...1 do Espirito SANTO, dos seus dons e graças. Ele era homem extraordinário e de destaque em tudo o que era bom. Seu nome significa “coroa”. Filipe é o segundo nomeado, porque ele, tendo servido bem como diácono, adquiriu para si boa posição (1 Tm 3.13), e depois foi ordenado ao ofício de evangelista. Ele era companheiro e cooperador dos apóstolos (cap. 21.8; compare com Ef 4.11). E óbvio que a pregação e o batismo, serviços que ele desempenhava (lemos no capítulo 8.12), não eram funções de diácono, mas de evangelista. Foi promovido a evangelista, pois fazia a obra de um evangelista, principalmente em Samaria, onde o povo se convertia vendo e ouvindo os sinais que Filipe fazia. O último nomeado é Nicolau. Dos outros pouco se sabe. (2) Os apóstolos designaram estes sete varões para o trabalho de servir às mesas por ora (v. 6). A multidão [...] dos discípulos os apresentou aos apóstolos (v. 6), que aprovaram os candidatos e os ordenaram. [1] Os apóstolos oraram (v. 6) com os sete varões e por eles, para que DEUS lhes desse cada vez mais do ESPÍRITO SANTO e sabedoria e para que os qualificasse para o serviço ao qual foram chamados. Oraram ainda a fim de que DEUS fizesse deles uma bênção para a igreja e, particularmente, para os pobres do rebanho. Todos que são envolvidos no serviço da igreja devem ser entregues à direção da graça divina por suas orações. [2] Os apóstolos impuseram as mãos (v. 6) sobre os sete varões, quer dizer, eles os abençoaram em nome do Senhor (SI 129.8), pois a imposição de mãos era usada para esse fim. Assim Jacó [...] abençoou cada um dos filhos de José (Hb 11.21), e, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior (Hb 7.7). Dessa maneira, eles estavam autorizando os sete varões a exercerem seu ofício e colocando sobre os membros da congregação a obrigação de observarem os diáconos nesse particular.
O avanço da igreja depois disto.
Quando as coisas foram postas em ordem na igreja (queixas atendidas e inquietações acalmadas), a igreja se firmou (v. 7).
1.A palavra de DEUS [...] crescia, (v. 7). Agora que os apóstolos resolveram manter-se mais do que nunca restritos à oração e à pregação, o evangelho espalhou-se mais e devido à demonstração de mais poder. Os ministros que se desembaraçam de empregos seculares e se dedicam completa e vigorosamente à obra, contribuem muito para o sucesso do evangelho.
2. Os cristãos cresceram a cântaros: Em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos (v. 7). Quando JESUS estava na terra, o seu ministério teve pouco sucesso em Jerusalém. Agora essa cidade proporciona a maioria dos convertidos. DEUS tem seus remanescentes até nos piores lugares.
3. Grande parte dos sacerdotes obedecia, à fé (v. 7). A palavra e a graça de DEUS são grandemente glorificadas, quando as pessoas menos prováveis são influenciadas pelo evangelho, como ocorre aqui com os sacerdotes, que ou se opuseram ou pelo menos se uniram com os que se opunham à mensagem evangelística. Os sacerdotes estavam propensos a serem conduzidos pelo evangelho de CRISTO. Pelo visto, eles vieram em massa. Muitos deles concordaram em unir-se e entregar, de uma só vez, seus nomes a JESUS CRISTO para continuarem tendo o crédito uns dos outros e para fortalecerem as mãos uns dos outros: uma grande multidão de sacerdotes foi, pela graça de DEUS, ajudada a vencer seus preconceitos e a obedecer à fé, assim é descrita conversão dos sacerdotes. (1) Os sacerdotes adotaram a doutrina do evangelho. Seus entendimentos foram levados cativos ao poder da verdade de CRISTO, e todo pensamento contestador e oponente foi conduzido à obediência de CRISTO (2 Co 10.4,5).
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 60-63.
 
“Servir” é o verbo diakoneo. O substantivo cognato diakonia é traduzido como “ministério” no versículo 1. Como “diácono” vem de diakonos, os homens aqui escolhidos são frequentemente mencionados como “os sete diáconos”, mas esta designação não lhes é dada no texto. Provavelmente, não havia um cargo técnico como o dos diáconos neste estágio primitivo da igreja.
“Servir às mesas” normalmente é interpretado como servir comida. Mas a palavra trapeza era usada para as mesas dos cambistas (e.g., Mt 21.12). Em Atenas, hoje, pode-se ver uma Trapeza em cada banco. Também trapezeites (somente em Mt 25.27) significa “banqueiro”, ou “cambista”. Lumby comenta aqui: “Servir às mesas significa dirigir a mesa ou o balcão onde o dinheiro era distribuído”. E possível que a frase fosse interpretada com o sentido mais amplo de administrar os assuntos financeiros da igreja, da qual uma parte importante era a provisão de comida para os necessitados. Não é provável que os doze apóstolos realmente servissem às mesas de comida, embora tivessem servido pão e peixes, com as próprias mãos, aos cinco mil e aos quatro mil. De qualquer forma, o verbo forte traduzido como deixemos (ou “abandonemos”) implica que todo o tempo dos doze estava sendo tomado por estes cuidados com as necessidades temporais dos irmãos”. Quando ministros ordenados passam a maior parte do tempo cuidando dos assuntos materiais da igreja, a vida espiritual do povo fica prejudicada.
As qualificações destes homens deviam ser três: 1. Boa reputação; 2. Cheios do ESPÍRITO SANTO; 3. Cheios... de sabedoria — “sabedoria prática” ou tato. Essas ainda são as três qualificações principais para os trabalhadores cristãos.
Aqui temos alguma ajuda sobre “como solucionar problemas”: 1. Reconhecer o problema (1-2a); 2. Recusar-se a subordinar o que é essencial (26); 3. Remover as causas de reclamações (3-6); 4. Colher os resultados de uma solução sensata (7).
O resultado desta manobra tática que libertou os apóstolos para um ministério espiritual de tempo integral tinha três partes: 1. A palavra de DEUS crescia em poder e em publicidade; 2. Multiplicava-se muito o número dos discípulos em Jerusalém, devido tanto às necessidades materiais quanto às espirituais da congregação que estava sendo cuidada adequadamente; 3. O crescimento de grande parte dos sacerdotes que obedecia à fé — Josefo diz que havia vinte mil sacerdotes nessa época. Por que a menção especial à conversão de grande número de sacerdotes? Lumby sugere: “Para estes homens, o sacrifício seria maior do que para os israelitas comuns, pois eles sentiam o peso completo do ódio contra os cristãos, e perdiam o seu status e apoio, assim como os seus amigos”.
Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 248-250.
 
Nas comunidades judaicas a diretoria local geralmente era formada por sete homens, os quais eram chamados “os sete da cidade”. Por isso os apóstolos podem ter pensado involuntariamente nesse número. Seja como for, esses homens depois são denominados “os Sete” (At 21.8).
Lucas não está descrevendo como um cargo “inferior”, o da “diaconia”, é criado ao lado do cargo mais alto de “apóstolo”. Não contribui para o “surgimento da constituição eclesiástica”. Pelo contrário, está mostrando como uma igreja viva sabe tomar providências práticas quando aparecem dificuldades e carências, vendo também em atividades dessa natureza repercussões do ESPÍRITO de DEUS que nela habita.
 
At 6.4 “Quanto a nós, porém, perseveraremos na oração e no ministério da palavra.”
 
Observação minha - Ev. Luiz Henrique - O dinheiro e alimentos não eram mais importantes do que a oração e a palavra para os apóstolos. Será que é assim em nossos dias?
 
Deveríamos ouvir de forma nova o que os apóstolos expressam com tanta clareza e determinação. Em primeiro lugar citam a necessidade da oração! Será que a flagrante impotência de nossa igreja não tem como raiz o fato de que nossos ministros não conseguem mais “perseverar na oração” por causa de tantas sobrecargas? Mais uma vez admiramos a força de formulação do ESPÍRITO SANTO quando Pedro acrescenta à oração o “serviço da palavra”. O “serviço da palavra” simplesmente não deixa sobrar tempo e força para outro ministério. Será que isso realmente seria diferente nos dias de hoje?
No caso desses homens ocorre algo semelhante como no caso dos apóstolos. Na sequência ouviremos mais somente sobre Estêvão e Filipe; os demais não são mais citados em Atos dos Apóstolos. Assim também ouvimos mais acerca de Pedro e João do que dos outros apóstolos.
 
Observação minha - Ev. Luiz Henrique - Já imaginou sobre o que seria a igreja se entre cada grupo de doze ou de sete surgissem dois como Pedro e João ou como Estêvão e Filipe?
 
Desde o AT a imposição das mãos era uma transferência real de plenos poderes e força para o ministério (Nm 27.18-23; Dt 34.9), o que é enfatizado seriamente pela imagem negativa oposta, de transmissão real da culpa pela imposição das mãos (Êx 29.15; Lv 16.21; Nm 8.12).
Werner de Boor. Comentário Esperança Atos. Editora Evangélica Esperança.
 
III - O PERFIL E FUNÇÃO DO DIÁCONO
1. Qualificações do diácono.
Os diáconos tiveram papel muito honroso nos primórdios da Igreja. Os bispos e os diáconos eram líderes da igreja. Paulo usou o termo diáconos como favorito para si e para seus cooperadores, muitas vezes significando servos ou servas que lhe prestavam algum tipo de serviço (cf. Rm 16.1). As qualidades são exigidas em Atos 6.1-7. Paulo indica outros importantes requisitos para o diaconato. Após enumerar as qualificações para bispo ou presbítero, Paulo aproveita o ensino para discorrer sobre as qualificações dos diáconos ou ministros que serviam nas igrejas. E o faz de modo imediato, sem lacuna ou pausa em sua ministração, dizendo que os diáconos, “da mesma sorte” que os bispos ou presbíteros, deveriam ter as seguintes qualificações (1 Tm 3.8-10, 11-13):
1) “Sejam honestos”. Isso significa que devem ser “honrados, dignos, corretos, íntegros”. Corresponde à “boa reputação”, indispensável ao indicado para diácono, quando houve sua instituição (At 6.3); nas igrejas, hoje, os diáconos recolhem dízimos e ofertas; alguns são tesoureiros, em congregações ou igrejas. Se forem desonestos, podem cair no laço do Diabo de roubarem até os dízimos, como já aconteceu em várias ocasiões. Para sua maldição (Zc 5.3,4).
2) “Não de língua dobre”. Isto é, que não sejam homens de duas palavras, ou de “duas caras”; que diz uma coisa sobre um assunto, e diz outra coisa sobre o mesmo problema. JESUS disse: Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna (Mt 5.37). Um animal que tem língua dobre (dupla) é a serpente.
3) “Não dados a muito vinho”. No tempo de Paulo, a exemplo do que ocorria no tempo de JESUS, o vinho era uma bebida familiar. Havia o vinho fermentado e o não fermentado, o suco da uva (gr. guenematos tês ampèlou), que JESUS tomou na instituição da Ceia. Não fica bem para o diácono (ministro, servo), ser habituado a tomar vinho ou qualquer bebida alcoólica.
4) “Não cobiçosos de torpe ganância”. Um diácono não deve ser ganancioso, ou seja, cobiçoso, ávido por dinheiro, ou qualquer outro tipo de vantagem ou lucro pessoal, na obra do Senhor, ou em sua vida pessoal. Muitos têm afundado moralmente, por causa da desonestidade, que resulta da ganância por riquezas materiais (1 Tm 6.10).
5) “Guardando o mistério da fé em uma pura consciência”. Esse “mistério” é a revelação de DEUS, através de CRISTO (cf. Rm 16.25). E “a sabedoria de DEUS oculta em mistério”, “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que DEUS preparou para os que o amam. “Mas DEUS no-las revelou pelo seu ESPÍRITO; porque o ESPÍRITO penetra todas as coisas, ainda as profundezas de DEUS” (1 Co 2.9,10). O diácono deve ter consciência de que não é um serviçal qualquer, mas um “servo de DEUS” a serviço da sua Igreja.
6) “Que sejam primeiro provados”. Só deve ser indicado para ser diácono pessoa que seja avaliada pelo ministério, ou pela liderança. “Depois sirvam, se forem irrepreensíveis”. Tal recomendação demonstra a responsabilidade de quem indica um crente para o diaconato. Ele não vai fazer um trabalho qualquer, mas um “importante negócio” (At 6.3). Deve ser “irrepreensível” (íntegro, fiel).
7) “Maridos de uma mulher”. Os diáconos devem ser homens fiéis às suas esposas. Não significa que está inapto para o ministério ou diaconia, se foi vítima de uma infidelidade conjugal. Se for o causador da infidelidade fica desqualificado para o diaconato. O radicalismo não constrói bom entendimento das Escrituras. Um diácono não pode ser bígamo ou infiel.
 
Observação minha - Ev. Luiz Henrique - Melhor seria que só se casasse uma vez, mesmo que ficasse viúvo, também o divórcio era impensável.
 
8) Que ‘‘governem bem seus filhos e suas próprias casas”. A exemplo dos bispos ou presbíteros, os diáconos também devem ser bons donos de casa, bons esposos e bons pais; que saibam cuidar de seus filhos, para poderem cuidar das atividades que lhes forem confiadas na casa de DEUS.
Após enumerar essas qualificações para o diaconato, Paulo conclui, dizendo que os que as possuírem alcançam uma avaliação positiva para servirem na igreja: “Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em CRISTO JESUS” (1 Tm 3.13).
Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 142-144.
 
Tenho um amigo, cuja vocação é ser diácono. Neste ministério, não lhe foi difícil alcançar a excelência. Pois sempre reconheceu, com profunda humildade, ter sido ungido para servir à mesa de CRISTO, à mesa da Igreja e a mesa de seu pastor. Para esse meu amigo, é a diaconia uma raríssima oportunidade de agradar ao Senhor JESUS.
Com que solicitude, serve ele a Igreja de CRISTO! Sabe lidar com as crianças. É tolerante com os jovens. Trata os idosos com paciência. Socorre os necessitados. Evangeliza. E está sempre à disposição dos que se afadigam na Palavra. Tão especial é esse meu amigo que o ministério achou por bem, certa vez, homenageá-lo. Mas como premiar alguém que tão eficazmente vinha desempenhando o diaconato? Que ao presbitério seja promovido! E, assim, foi. De um dia para o outro, perdemos um excelente diácono, e não ganhamos um presbítero. Tempos depois, lá estava o meu amigo importunando o pastor a fim de voltar às lides diaconais. E a sua importância era tão oportuna, que não havia como desconsiderá-la. A fim de remediar a situação, houveram por bem “removê-lo” à função para qual fora vocacionado.
I. AS QUALIFICAÇÕES DO DIÁCONO
As qualificações diaconais são os requisitos imprescindíveis que tornam o obreiro cristão apto a exercer o ministério de socorro aos necessitados e de serviço aos santos. Tais qualificações acham-se compreendidas em Atos 6.3 e na primeira Epístola de Paulo a Timóteo 3.8-13. Em ambas as passagens, há um elenco de virtudes e requisitos, que só encontraremos em homens de valor. Por que tais qualificações fazem-se tão necessárias?
A resposta é obvia. Diferentemente do escravo do AT, de quem era requerida apenas uma cega subserviência, o diácono do NT viria a ocupar um lugar de honrado destaque na Igreja de CRISTO. Não seria ele um servo comum; erguer-se-ia como ministro. Eis a seguir os requisitos exigidos:
1. De boa reputação
Afirmou Publílio Siro que a reputação é um segundo patrimônio. Se o admirável poeta latino estivesse a reviver os passos iniciais da Igreja de CRISTO, certamente haveria se içar a reputação à mais alta das grandezas sociais. Pois a primeira virtude que os cristãos primitivos reclamaram dos postulantes ao diaconato foi justamente a boa reputação: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação...” (At 6.3).
a) O que é a reputação
Originaria do vocábulo latino reputatione, a palavra reputação significa fama, celebridade e renome. O erudito evangélico Samuel Vila realça quão significativo é este termo: “Reputação é uma das vozes mais sábias que tem a nossa língua. É a nossa fama ou credito pessoal; é algo que se submete ao julgamento público todos os dias. Reputar, pois, é julgar repetidamente a uma pessoa ante o fórum da moral pública”.
De conformidade com o étimo da palavra, os sete primeiros diáconos já vinham sendo observados e rigorosamente julgados tanto pelo colégio apostólico quanto pela igreja. E, nesse julgamento, foram todos eles aprovados com o máximo louvor. Por conseguinte, antes de separarmos um obreiro ao diaconato, exijamos tenha ele uma boa reputação. Se não for bem conceituado diante da igreja e do ministério, que não seja aceito. E que sua reputação seja também comprovada pela família e pela sociedade.
O diácono haverá de ser um esposo exemplar, um pai responsável e prestimoso, um cidadão honesto e cumpridor de seus deveres. Se a sua reputação não transcender a tais limites, reprovemo-lo. Doutra forma, trará somente aborrecimentos à igreja, e transtornos à obra de DEUS.
b) O significado grego da palavra reputação
No original, temos o vocábulo marturouménous que significa não somente reputação como também testemunho. Devem os diáconos portanto, desfrutar de um inconfundível atestado público. Que todos lhe comprovem a idoneidade do caráter e a fé sábia e experimentada nas boas obras. Você tem zelado por sua reputação? Como obreiros de CRISTO, somos submetidos a julgamentos diários. Somos julgados em casa, na sociedade e na igreja. Até mesmo em nosso íntimo, somos nós julgados. É com base em tais julgamentos que seremos chamados a ocupar as maiores responsabilidades no Reino de DEUS. Você tem um nome a zelar; cuide de sua reputação.
2. Cheios do ESPÍRITO SANTO
O ser cheio do ESPÍRITO SANTO é o mesmo que ser batizado? Mais do que isso - os discípulos só eram considerados cheios do ESPÍRITO SANTO somente depois de haverem passado pela experiência pentecostal (At 2.4; 10.47; 19.6). Sobre a controvérsia, pronuncia-se o Dr. George E. Ladd: “Quando o ESPÍRITO SANTO foi dado aos homens, os discípulos foram batizados e ao mesmo tempo cheios do ESPÍRITO SANTO”. Stanley M. Horton também é bastante taxativo; não admite réplicas: “Todos os 120 presentes foram cheios, todos falaram em novas línguas, e o som das línguas foi publicamente notório” (Grifos nossos).
“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do ESPÍRITO”. Como harmonizar essa recomendação de Paulo com a reivindicação feita aos sete diáconos? Em primeiro lugar, há que se entender que, em todos os episódios de Atos dos Apóstolos, onde se menciona o “encher do ESPÍRITO SANTO”, temos um ato soberano e instantâneo de DEUS. É algo que se dá de fora para dentro, de cima para baixo.
Temos, aqui, pois, a efusão ou derramamento do ESPÍRITO SANTO. Ao passo que, em Efésios, deparamo-nos não com um ato, mas com um processo de enchimento que se dá de dentro para fora. E este processo, ao contrario daquele, depende da vontade do crente. Se este não seguir a recomendação bíblica, e desprezar o exercício da piedade, não poderá conservar o enchimento do ESPÍRITO SANTO.
Vejamos como, no original, o verbo grego é usado em Efésios 5.18: allá plerousthe em pneúmati. “Mais enchei-vos do ESPÍRITO SANTO”. O verbo plerousthe acha-se no presente do imperativo passivo da segunda pessoa do plural. Neste caso, o tempo presente exige uma ação habitual continuada. É como se o apóstolo Paulo estivesse recomendando aos irmãos de Eféso: “Deveis, constante e permanentemente, permitir que o ESPÍRITO SANTO domine vossas vidas”. Deve o diácono, por conseguinte, não apenas ser batizado no ESPÍRITO SANTO como também manter a plenitude do ESPÍRITO através do cultivo da piedade e do fruto do ESPÍRITO SANTO. É uma ordem a ser cumprida hoje e por todo o crente, seja este obreiro ou não.
Conclui-se, pois, que os diáconos têm de ser não somente batizados no ESPÍRITO SANTO como se manter na plenitude do ESPÍRITO.
É por isso que separamos para o ministério somente os que, além de sua comprovada conversão, já receberam o batismo com o ESPÍRITO, e na plenitude do ESPÍRITO SANTO, perseveram. Por ser um ministério que se põe na linha de frente, exige de quem o exerce um poder sobrenatural. Já pensou se Estevão ou Felipe não desfrutassem de semelhante virtude? Como se haveriam naqueles dias tão difíceis?
3. Cheio de sabedoria
Alguém já disse, mui apropriadamente, que este é o século do conhecimento, mas não da sabedoria. Embora tenhamos avançado tanto, em todas as áreas da tecnologia, espiritualmente pouco, ou quase nada logramos. Se para obter conhecimento, bastam os estudos e a pesquisa, o mesmo não acontece com a sabedoria. Para se conquista-lá, demanda-se o exercício contínuo e pessoal da piedade; o temor do Senhor é o seu principio (Pv 1.7).
De acordo com a ótica Bíblica, a sabedoria é a forma como vivemos, agimos e reagimos às circunstâncias; é o reflexo da natureza divina em nossa existência. Traduz-se a sabedoria num viver irrepreensível e santo. Esse era o tipo de sabedoria que os apóstolos esperavam encontrar nos diáconos. Não buscavam necessariamente homens ilustrados e cultos. Mesmo porque, como diria Chaucer, nem sempre são os mais eruditos igualmente os mais sábios. Os diáconos, porém, não deveriam eles de ser plenos. A expressão grega não deixa dúvidas: pléreis sphías. Cheios de sabedoria! É o que se impunha a cada um dos diáconos.
a) O que é sabedoria
Afirma Souter que a sabedoria é “o variado conhecimento de coisas humanas e divinas adquirido pela agudez e experiência, e resumida em máximas e provérbios; perícia na direção de afazeres; prudência nas relações com homens incrédulos; discrição e aptidão em ensinar a verdade; o conhecimento e a prática dos requisitos de uma vida reta e piedosa; conhecimento do plano divino. Por conseguinte, a sabedoria que as Sagradas Escrituras estão a exigir dos diáconos não é a cultura livresca e acadêmica. É a experiência que nos advém de uma vida de intima comunhão com o Senhor.
b) Como adquirir semelhante sabedoria
A verdadeira sabedoria é adquirida através da:
- Leitura diária da Bíblia Sagrada: quanto não temos de aprender dos profetas e apóstolos! Foram estes sábios divinamente inspirados a espargir luz onde só havia trevas. E todas as vezes que, com eles nos privamos, tornamo-nos mais sábios.
- Orando e chorando: faz bem o diácono que se dedica diariamente a oração. É um exercício que requer perseverança e Constância. Quanto mais buscar a DEUS, mais municiado sentir-se-á. E, com o passar dos tempos, haverá você de constatar que o seu ministério será de tal forma honrado, que, naturalmente (ou sobrenaturalmente?), estará a realizar outras tarefas ao seu Senhor? Haja vista o que aconteceu a Estevão e a Felipe.
- Cultivando o temor do Senhor: a Bíblia é muito clara: o principio da sabedoria é o temor a DEUS (Pv 1.7). Esse temor, que pode ser interpretado como a mais profunda e singular reverência ao Todo-Poderoso, força-nos a cultivar uma vida de intensa piedade. A partir daí, tudo faremos para jamais desagradar ao Único e Verdadeiro DEUS (Ap 14.7).
4. Sejam honestos
Pelas as expressões que usa, tinha ele os diáconos em elevada consideração. Destes, exige o apóstolo promovidas qualificações: “Da mesma sorte os diáconos” (1 Tm 3.8). No original, tal expressão é mui significativa: Diakónous hosaútos. Devem os diáconos, portanto, ser tão qualificados quanto os bispos.
a) O que é honestidade
Probidade, decência, decoro. É a qualidade de quem é íntegro e digno. A palavra grega para honestidade é semnótes: seriedade, honradez, respeito.
b) A razão da honestidade
Em virtude de suas obrigações administrativas, o diácono tem de se mostrar incorruptível. É ele quem estará a lidar com os tesouros dos santos. Em muitas igrejas, além de recolher os dízimos e ofertas, estará também administrando os recursos captados aos homens, mulheres, jovens e crianças que vêm ao santuário adorar ao Criador com as suas fazendas e haveres. Caso não seja honesto, agirá o diácono como Judas: lançara mão de quanto se deposita na bolsa do CRISTO (Jo 12.6).
A honestidade também é sinônima de seriedade. Como estará o diácono a tratar como povo, é imperativo inspire ele respeito. Como seria lamentável se as senhoras o evitasse por causa de sua postura lasciva! Na casa de DEUS, tem o diácono um elevado papel a representar. Honestidade é um de nossos maiores legados.
5. Não de língua dobre
Por força das reivindicações diaconais, terão os candidatos ao cargo uma só palavra. O seu dizer será: sim, sim, e não, não. O que disto passar virá certamente do maligno. No original, a Expressão língua dobre é mui significativa. Dialógous significa língua-dupla. O que detém semelhante deformidade moral dá a um mesmo fato as mais variadas versões. O bom diácono é discreto; sabe guardar segredo. Possui ele o suficiente despacho para resolver as mais embaraçosas situações sem comprometer o caráter de seus conservos. Ele tem uma só palavra; não se preocupa em ser politicamente correto conquanto seja justo, fiel e leal.
6. Não dados a muito vinho
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1 Co 6.12). Entre a licitude e a conveniência, optemos por esta; aquela acarreta-nos, não raro, dificuldades e amargores.
Como diria Salomão, o vinho é escarnecedor (Pv 20.1). Escarnece o vinho de tudo; jamais se farta de escarnecer. Conscientizemo-nos de que o Senhor JESUS nos chamou para sermos uma sociedade de temperança.
Tanto a sociedade grega quanto a hebréia encaravam com naturalidade o vinho; tinham-nos como benção dos céus. Até que, em Efésios, recomenda o apóstolo: “E não vos embriagues com vinho em que há contenda, mas enchei-vos do ESPÍRITO” (Ef 5.18).
A ideia, no original, retrata alguém com a mente voltada para o vinho; não pode livrar-se dessa obsessão. Como pode ser um ministro se não ministra o próprio ser? Willbur B. Wallis é categórico: “O testemunho da Bíblia é consistentemente contra o uso da bebida forte. A aplicação prática do princípio na sociedade moderna é de total abstinência”. Se não beberem, estarão livres de cometer aqueles pequenos desatinos e lapsos que tanto mancham o homem de DEUS.
Sejamos mais explícitos: que jamais se deem ao vinho; o exercício de seu oficio exige em tudo sobriedade. Estejam sempre atentos às reivindicações de seu ministério; não se deixem levar pela alegria fútil e irresponsável das bebidas fortes.
7. Não cobiçosos de torpe ganância
Como esquecer a Balaão? Este profeta bem que poderia haver entrado para a história sagrada com as honras do misterioso Melquisedeque, ou com as deferências do avisado e sábio Jetro. Ambos, estrangeiros e gentios como ele. Desventuradamente, Balaão deixou-se induzir pelo prêmio da corrupção. Corrupto e corruptor, viveu para corromper, e, corrompido, pereceu ele. Balaão era um típico cobiçoso de torpe ganância. Vendeu-se para amaldiçoar e fazer tropeçar a Israel (Nm 22.1-7).
Até onde conduz a torpe ganância! O que começou em ambição, termina em heresias; em gravíssimos pecados, acaba-se.
No grego: mé aischokerdeis. A expressão pode ser entendida também como: não amante do lucro, não mercenário. Por que não podem os diáconos ser gananciosos? Em primeiro lugar, exige-se tenha o homem de DEUS uma postura íntegra e santa. Ele tem de ser, no mínimo, incorruptível. Pois estará a lidar com os bens econômicos e financeiros da Igreja. Se incorrupto e reto, jamais cairá em torpes ganâncias.
Saberá como encaminhar devidamente as ofertas e os dízimos dos fiéis. Que o diácono administre correta, sabia e piedosamente os próprios bens. Se for avaro, não haverá de permitir sejam os recursos dos santos empregados em favor dos necessitados. Quererá tudo para si. Não fazia assim Iscariotes? Tecnicamente, foi Judas o primeiro diácono. E que péssimo diácono foi ele! Amou tanto o dinheiro, que pelo dinheiro foi arruinado. A única coisa que logrou com tudo o que roubara foi a própria sepultura (At 1.18.19).
8. Guardando o ministério da fé em uma pura consciência
Além das qualidades morais e sociais, exige-se seja o diácono são na fé. Que esteja de conformidade com as Sagradas Escrituras, e as tenha como única regra de fé e prática. Que sustente a sã doutrina, e não evidencie quaisquer desvios no que tange à ortodoxia. Estejamos atentos a recomendação de Paulo: “Guardando o ministério da fé em uma pura consciência” (1 Tm 3.9).
Requer-se, pois, do diácono obediência ativa e reverente. Doutra forma, cairá na tentação do diabo; e não demora muito, eis mais um heresiarca egresso das fileiras diaconais. Somente uma consciência purificada pelo sangue de JESUS pode debelar a virulência da heresia. Por conseguinte, é inadmissível um diácono que, embora social e moralmente correto, ostente aleijões doutrinais. Tem de ser ele um expoente incorruptível da Palavra de DEUS. Haja vista Estevão. Diante do sinédrio, expôs este com tanta mestria a história da salvação, que deixou a todos assombrados (At 7).
Seu discurso é o pronunciamento de uma autoridade incontestável das Sagradas Escrituras. E Filipe? Não se revelaria ele um abalizado evangelista? O plano da salvação que expôs ao eunuco de Candace foi tão eficaz, que levou o etíope a converte-se radicalmente ao Senhor JESUS (At 8.26-40).
Conselhos piedosamente observados:
a) Leitura diária da Bíblia
Deve o diácono ser um assíduo leitor das Escrituras Sagradas. Quanto mais estudar a Bíblia, mais livre estará de cair em heresias e enganos. A recomendação de Paulo é mui taxativa: “Persiste em ler” (1 Tm 4.13).
b) Estudo sistemático da Bíblia
Além do estudo diário e devocional das Sagradas Escrituras, deve o diácono também estudar sistematicamente a Palavra de DEUS. Faria bem o diácono se cursar um seminário que zele pela ortodoxia.
9. Os diáconos sejam maridos de uma mulher    
A vida conjugal do diácono tem de ser um exemplo. Atenhamo-nos à recomendação do apóstolo: “sejam maridos de uma mulher” (1 Tm 3.12). O seu comportamento em relação às mulheres deve evidenciar um homem comprovadamente de DEUS. Com as jovens, seja um irmão mais velho; respeitador e cortês. Com as mais idosas, um filho querido e solícito. Com as crianças, um pai cuidadoso e atento. Se não se contiver diante do sexo oposto, seja vetada sua indicação ao diaconato. O diácono tem de ser fiel à esposa. E que jamais se dê aos namoricos e flertes!
10. Governem bem seus filhos
A advertência de Paulo não admite evasivas: “e governem bem seus filhos” (1 Tm 3.12). Busquemos a expressão no grego: téknõn kalõs proistámenoi. O verbo proístemi, aqui na primeira pessoa do indicativo singular, é riquíssimo em acepções. Etimologicamente, significa: tomo posição em frente, assumo a direção, a liderança e o governo. Significa também: sou cuidadoso, sou atencioso, e aplico-me aos meus deveres. Da expressão paulina, somos instados a concluir: o pai cristão não é um mero educador; é antes de tudo o administrador de seus filhos. Nessa condição, tudo fará a fim de que estes sejam bem sucedidos tanto diante de DEUS quanto diante dos homens.
Se há um obreiro que necessita trazer os filhos sob disciplina, é o diácono. Pela natureza mesma de seu cargo, seus filhos têm de ser um consumado exemplo de vida cristã. Isto não significa, porém, que estes devam abdicar da infância e das coisas próprias de sua idade. Doutra forma, haveriam eles de nascer já adultos. Haja vista o que Paulo confessa aos coríntios. Quando menino, falava como menino e, como menino, agia. Mas chegando a maturidade, já se comportava como adulto e, como adulto, já discorria (1 Co 13.11).
Se por um lado, não podemos violentar a pueril natureza de nossos filhos; por outro, não devemos deixá-los entregues à própria vontade. Em seus provérbios, exorta-nos Salomão a educar a criança no caminho em que deve andar porque, mesmo grande, jamais apartar-se-á dele (Pv 22.6). Faça culto domestico todos os dias. Ore com os seus filhos; leia a Bíblia com eles. Ouça-os em seus dilemas. Admoeste-os na Palavra. Leve-os à Escola Bíblica Dominical. Procure saber quem são os seus amigos e colegas. Interrogue-os acerca de seus lazeres.
Na casa de DEUS, que eles se portem com decência e profundo temor. Crianças, adolescentes ou jovens, podem os nossos filhos ter uma postura reconhecidamente cristã, e nem por isso deixarão de ser eles mesmos. Que exemplo maravilhoso viu Paulo na casa de Filipe! Em sua viagem a Jerusalém, visitou Paulo esse antigo diácono, e ficou impressionado pela maneira como agora evangelista dirigia o lar. Tinha este quatro filhas virgens, e todas elas profetizavam (At 21.9). Se conseguirmos ordenar assim o nosso lar, que maravilha não haverá de ser!
11. Governem bem suas próprias casas
Governar a casa não é somente trazer os filhos sob disciplina nem manter perfeita sintonia com a esposa. É gerir os negócios do lar de tal forma que este venha a funcionar produtiva e eficazmente. Aliás, a palavra economia tem uma etimologia bastante interessante. Ela é formada por dois vocábulos gregos: oikos, casa, e nomos, lei.
Se fosse necessário, daríamos a esta palavra a seguinte definição: Conjunto das leis que regulam o funcionamento de uma casa, com o objetivo de suprir-lhe todas as necessidades, e equilibrar suas receitas e despesas. Talvez tivesse Paulo este vocábulo em mente ao recomendar: “que governe (...) bem a sua casa” (1 Tm 3.12).
Em grego: proistámenoi kai ton idíon oikon. Governar a casa implica em contemplar-lhe e suprir-lhes todas as carências e demandas; saldar-lhe os compromissos; fazer com que as rendas da família sejam bem empregadas. Governar bem a casa implica em equilibrar-lhe as receitas e as despesas. Afinal, terá o diácono de, em algumas igrejas, administrar os bens materiais destas. Se não tem ele o governo de sua casa, como haverá de agir a casa de DEUS? Se não sabe lidar com o próprio dinheiro, como lidará com o dinheiro dos santos? Que esta pergunta seja respondida com sinceridade por todos os diáconos.
Valdemir P. Moreira. Manual do Diácono.
 
A função mais antiga dos diáconos era cuidar da distribuição dos fundos de caridade da igreja. Como ressalta B. S. Easton: “Ainda que o substantivo grego transliterado por ‘diácono’ signifique ‘servo’ ou ‘assistente’, qualquer tradução é enganosa, porque os diáconos não eram assistentes dos administradores, mas despenseiros das obras de caridade da igreja; eles ‘serviam’ os pobres e os doentes”. O termo “diácono” que vigora na igreja de hoje perdeu grande parte de sua denotação original. Em certas igrejas, o diaconato é a ordem inicial do ministério ordenado, levando normalmente ao sacerdócio ou presbitério, ao passo que em outras, trata-se de um cargo ocupado por crentes leigos. Mas na igreja do século I, os diáconos mantinham lugar de dignidade e influência comparável à dos bispos, e vemos que as qualificações que Paulo detalha para este ofício não são menos exigentes.
 
I Tm 3. 8-10. Lemos aqui acerca do caráter dos diáconos: esses eram os responsáveis pelos interesses temporais da igreja, isto é, a manutenção dos ministros e a provisão pelos pobres. Eles serviam às mesas, enquanto os ministros ou bispos se dedicavam somente ao ministério da palavra e da oração (At 6.2,4).
A integridade e a retidão em um ofício inferior são o caminho para se alcançar uma posição mais elevada na igreja: Os diáconos adquirirão para si uma boa posição. 6. Isso também resultará em grande ousadia na fé, enquanto a falta de integridade e retidão tornará uma pessoa tímida e pronta a tremer diante da própria sombra. Fogem os ímpios, sem que ninguém os persiga; mas qualquer justo está confiado como o filho do leão (Pv 28.1).
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 692.
 
2. A função dos diáconos em Atos 6.
Se antes os seus deveres circunscreviam-se à congregação, suas obrigações, agora, vão mais além. Manter-se-á ele atento, desde já às necessidades de seu pastor, às exigências do ministério e aos reclamos do credo e dos estatutos de sua igreja e denominação.
A- RESPONSABILIDADES DO DIÁCONO EM RELAÇÃO AO SEU PASTOR
É o diácono o auxiliar mais direto de que dispõe o pastor. Ou pelo menos deveria sê-lo. Na Igreja Primitiva, foram os diáconos constituídos justamente para que os apóstolos se mantivessem afeitos aos ofícios de seu ministério: a oração e a palavra. Disso ciente, estará o diácono sempre vigilante quanto aos reclamos de seu pastor. Jamais permitirá venha este a negligenciar o espiritual a fim de envolver-se com o material. Pois quem deve lidar com o material é o diácono; pelo espiritual consumir-se-á o pastor. Como seria lamentável se viesse o pastor a deixar de lado o sermão de domingo por causa da bancada do templo que não foi alinhada, ou porque os elementos de Santa Ceia não foram ainda preparados! Que os diáconos se encarreguem dessas providências. E, que no momento da adoração, esteja o santuário devidamente arrumado. Infelizmente, estão os diáconos tão absolvidos em pregar, acham-se tão entretidos em disputar os primeiros lugares, que acabam por se esquecer de seu pastor. Não estou insinuando deva o diácono privar-se do púlpito. Se houver oportunidade, aproveite-a. Eu também fui diácono, e jamais deixei de ocupar a sagrada tribuna. Pregava e ministrava estudos bíblicos. Escola Bíblica Dominical. Todavia, não me lembro de haver descurado uma vez sequer de minhas responsabilidades. Felipe e Estevão eram doutores a serviço dos santos. Diácono seja cuidadoso com o seu pastor. Propicie-lhe as necessárias condições a fim de que possa ele dedicar-se às lides: orar pelo rebanho e alimentar os santos com a Palavra de DEUS. Por que abandoná-lo às preocupações materiais do redil? Você foi separado para auxiliá-lo a conduzir o rebanho de DEUS através dos campos sempre verdejantes. Pode haver trabalho mais glorioso?
B- RESPONSABILIDADE DO DIÁCONO EM RELAÇÃO AO MINISTÉRIO
Você já pertence ao ministério eclesiástico. Esteja, pois, em perfeita sintonia com os integrantes deste. Veja-os como companheiros de luta. Jamais intente uma carreira solo. Os obreiros de DEUS somos vistos sempre em equipe. São os setenta que saem de dois em dois; os doze que se afainam e repousam ao lado do Senhor; os cento e vinte que, em perseverante oração, aguardam, no cenáculo, o pentecostes. E o que dizer de Paulo?
Embora o maior missionário, jamais deixou de ter os seus assistentes. Lendo-lhe as cartas, deparamo-nos de contínuo com os integrantes de sua operosa equipe. Os que se isolam, diz Salomão, estão a rebuscar os próprios interesses. Participe das reuniões de ministério. Inteire-se dos assuntos tratados. Com humildade e sempre reconhecendo o seu lugar, opine, sugira, ofereça subsídios. Seja amigo de todos; de cada um em particular, um cooperador sempre querido. Não se ausente. Cultive aquele companheirismo tão próprio dos cristãos primitivos. Esteja atento às orientações de seu pastor. Agindo assim, você se surpreenderá com êxitos de seu ministério. Isolado, ninguém poderá crescer; em equipe, todo avanço é possível.
Valdemir P. Moreira. Manual do Diácono.
 
DIACONOS ORIGINAIS
Alguns têm suposto que tal número foi regulado pela circunstância de que a cidade de Jerusalém, naquela época, estava dividida em sete distritos. Porém, acerca disso não há qualquer evidência comprobatória.
Talvez esse número tenha sido escolhido por ser considerado um número sagrado segundo o pensamento dos hebreus.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag.135.
 
3. A função dos diáconos hoje.
A ÉTICA DIACONAL
Olinto era um velho diácono de minha primeira igreja. Homem alto, forte, barrigudo. De minha quase segunda infância, cuidava eu tratar-se de um gigante. O velho Olinto não falava; trovejava.
Sua voz parecia percorrer não somente o templo, como os campos todos de São Bernardo, aquela outrora pacata e graciosa cidade paulista. Não preciso dizer que os meus amigos e eu não gostávamos dele. Pois estava constantemente a surpreender-nos em peralvilhices. Ele chegava ao absurdo de não permitir que ficássemos correndo pelo templo, nem que fossemos à rua . Onde já viu tal coisa? Quantos ralhos não levei do velho Olinto! E a carranca daquele italiano? E o seu sotaque carregado? Aquelas palavras que não entendíamos.
Aquelas frases – meio toscanas, meio portuguesas – soavam como se fossem broncas, ecoavam corretivas e disciplinadoras. Francamente, as crianças não gostávamos do velho Olinto. Mas ali, na lateral esquerda daquele templo querido e sempre benfazejo, onde presenciei, ainda em minha peraltice, tantas manifestações da glória de DEUS, achava-se um diácono ético e santo. Um homem que gozava da inteira confiança de seu pastor. Um dia o Senhor JESUS achou por bem recolher o velho Olinto. Ele foi-se embora! Mas a sua imagem, guardo-a no coração. Hoje, fosse escrever-lhe o epitáfio, escolheria esta inscrição: “Aqui jaz um diácono que soube ser ético”. O velho Olinto sabia que, além das qualificações que a Palavra de DEUS demanda de cada candidato ao diaconato, todos precisam observar um código de ética. Sem ética, nenhum ministério cristão é possível.
I. O QUE É A ÉTICA DIACONAL
Antes de entrarmos a ver o que é a ética diaconal, é necessário que busquemos uma definição de ética.
1. O que é ética
Numa primeira instancia, podemos dizer que a ética é o: “Estudo sistemático dos deveres e obrigações do individuo, da sociedade e do governo. Seu objetivo: estabelecer o que é certo e o que é errado. Ela tem como fonte a consciência, o direito natural, a tradição e as legislações escritas; mas, acima de tudo, o que DEUS estabeleceu em Sua Palavra – a Ética das éticas. A essência da ética acha-se registrada nos Dez Mandamentos – a única legislação capaz de substituir a todas as legislações humanas”. Dicionário Teológico, Edições CPAD.
2. O que é a ética diaconal
Ética diaconal, por conseguinte, é a norma de conduta que o diácono deve observar no desempenho de seu ministério. Através desse código de procedimento, terá ele condições de discernir entre o que é certo e o que é errado. Para que jamais venha a ferir as normas de conduta de seu ministério, é imprescindível tenha ele sempre consigo as fontes da ética diaconal.
II. FONTES DA ÉTICA DIACONAL
Do que já vimos até ao presente instante, não nos é difícil inferir quais as fontes da ética diaconal. São estas a Bíblia, os regulamentos da igreja local e a consciência do próprio diácono.
1. A Bíblia
Os evangélicos temos a Bíblia como a infalível e inspirada Palavra de DEUS. É a nossa inapelável regra de norma e conduta. Quaisquer estatutos ou regulamento eclesiásticos têm de emanar da Bíblia, e não pode, sob hipótese alguma, contrariar a esta.
O diácono, portanto, orientar-se-á espiritual e eticamente através da Bíblia. Quanto ao seu cargo especifico, terá em conta as seguintes passagens: Atos 6.1-6; 1 Timóteo 3.8-13. Leia sempre esses textos; tenha-os em mente; inscreva-os na tábua do seu coração. Agindo assim, jamais tropeçará.
2. Regulamento da igreja local
Além das Sagradas Escrituras, estará o diácono atento aos regulamentos, estatutos e convenções da igreja local. É claro que, conforme já dissemos, têm de estar estes em perfeita consonância com a Palavra de DEUS. Esteja atento, pois, às particulares culturais e estatutárias de sua igreja. Aja de conformidade com estas; não as despreze nem as fira. Se não contrariam a Palavra de DEUS, por que não observá-las? Lembre-se: é melhor obedecer do que sacrificar. Tenha a necessária sabedoria para não ferir as convenções locais. Quem no-lo recomenda é a lei do amor.
3. A consciência do próprio diácono
É a consciência aquela voz secreta que temos na alma que, de conformidade com os nossos atos, aprova-nos ou reprova-nos.
O apóstolo Paulo dá como válido o testemunho da consciência: “Pois não são justos diante de DEUS os que só ouvem a lei; mas serão justificados os que praticam a lei (porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem por natureza as coisas da lei, eles, embora não tendo lei, para si mesmo são lei, pois mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os)” (Rm 2.13-15). Por conseguinte, mantenha sempre a consciência em absoluta consonância com a Palavra De DEUS. Não a deixe cauterizar-se. Permita que o ESPÍRITO SANTO domine-a por completo. E, todas as vezes que, quer em sua vida particular, quer no exercício do ministério, sentir que ela o acusa, dobre os joelhos, e ore como o rei Davi: “Sonda-me, ó DEUS, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23,24). O Senhor, então, mostrar-lhe-á como agir e corrigir-se se for necessário. Lembre-se: a sua consciência, posto que necessária, não é autoridade última de sua vida. Ela somente será valida se estiver em conformidade com os reclamos e demandas da Palavra de DEUS.