Lição 5, CRISTO é Superior a Arão, e à Ordem Levítica, Comp60min, 1Tr18,...

ESCRITA - Lição 5, CRISTO é Superior a Arão e à Ordem Levítica, 1Tr18, Pr. Henrique, EBD NA TV

Lição 5, CRISTO é Superior a Arão e à Ordem Levítica
1º Trimestre de 2018 - Título: A Supremacia de CRISTO - Fé, Esperança e Ânimo na Carta aos Hebreus
Comentarista: Pr. José Gonçalves, pastor presidente das Assembleias de DEUS em Água Branca, PI.
Complementos, Ilustrações e Vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva - 99-99152-0454.
Ajuda http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/hebreus.htm
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/leisreferentesaosacerdocio1.htm
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slides-da-lio-5-cristo-superior-a-aro-e-ordem-levtica-5-partes-1tr18-pr-henrique-ebd-na-tv  SLIDES
 

TEXTO ÁUREO"Visto que temos um grande sumo sacerdote, JESUS, Filho de DEUS, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão." (Hb 4.14)
 

VERDADE PRÁTICAComo Filho de DEUS e Sumo Sacerdote, JESUS intercede eficazmente por sua Igreja.
 

LEITURA DIÁRIASegunda - Hb 4.14 JESUS, Sumo Sacerdote qualificado para representar os homens diante de DEUS
Terça - Hb 4.15 JESUS, Sumo Sacerdote identificado com a condição humana
Quarta - Hb 5.4 JESUS, Sumo Sacerdote e ministro do santuário
Quinta - Hb 5.7 JESUS, o Sumo Sacerdote de vida santa 
Sexta - Hb 5.8, 12.28 JESUS, o Sumo Sacerdote obediente e submisso que nos ensina
Sábado - Hb 5.9-14 JESUS, o Sumo Sacerdote transcendente e necessário

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Hebreus 4.14-16; 5.1-14
Hb 4.14 - Visto que temos um grande sumo sacerdote, JESUS, Filho de DEUS, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. 15 - Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. 16 - Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.
 
Hb 5.1 - Porque todo sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a DEUS, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados, 2 - e possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados, pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza. 3 - E, por esta causa, deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados. 4 - E ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado por DEUS, como Arão. 5 - Assim, também CRISTO não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei. 6 - Como também diz noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque. 7 - O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. 8 - Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. 9 - E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem, 10 - chamado por DEUS sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. 11 - Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação, porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. 12 - Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros  rudimentos das palavras de DEUS; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento. 13 - Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. 14 - Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.

OBJETIVO GERALPontuar o sacerdócio do Senhor JESUS como superior à ordem levítica e que, por isso, Ele teve autoridade para inaugurar uma nova ordem. 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Demonstrar biblicamente a natureza da superioridade do sacerdócio de JESUS CRISTO;
Ensinar que o sacerdócio de CRISTO foi superior quanto ao serviço;
Expressar a importância teológica do sacerdócio do Senhor JESUS.

INTERAGINDO COM O PROFESSORHebreus 4.14-16 talvez seja a passagem mais enfática acerca da perfeição do ministério sacerdotal de JESUS CRISTO. Ali, o texto apresenta nosso Senhor como um sumo sacerdote capaz de compadecer-se de nossas fraquezas porque Ele havia sido tentado em tudo. Com base nesse fato que o autor aos Hebreus encoraja os cristãos: "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno" (v.16). Encoraje sua classe a partir dessa Palavra!

PONTO CENTRALJESUS CRISTO é o sacerdote perfeito que executou o mais perfeito sacrifício pela humanidade.
 
Resumo da Lição 5, CRISTO é Superior a Arão e à Ordem Levítica
I - UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO À QUALIFICAÇÃO 
1. Por representar melhor os homens diante de DEUS.
2. Por compreender melhor a condição humana.
3. Pela posição que exerceu.
II - UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO AO SERVIÇO
1. Pela realeza e o propósito pelo qual viveu.
2. Pela vida santa que possuía.
3. Pela submissão que demonstrou.
III - UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO À IMPORTÂNCIA TEOLÓGICA
1. Uma doutrina transcendente.
2. Uma doutrina essencial.
 
 
RESUMO RÁPIDO DO Pr. Henrique da Lição 5, CRISTO é Superior a Arão e à Ordem Levítica
 
Lição 5, CRISTO é Superior a Arão e à Ordem Levítica


INTRODUÇÃO
Começamos a detectar a doutrina bíblica do sacerdócio de CRISTO, na epístola aos Hebreus, a partir do capítulo 4, do versículo 14 ao 16, depois ela continua em alguns capítulos.
JESUS CRISTO é chamado "o grande sumo sacerdote que penetrou os céus". Com certeza "Grande" já diferencia seu sacerdócio dos demais, incluindo ai o de Arão. "Grande" indica superioridade, perfeição, completude, eternidade. Sacerdotes humanos pecavam, tinham limite de vida, ofereciam animais e seu sangue, não possuíam poder de perdão. Em contraste a este sacerdócio o autor aos Hebreus escreve para convencer seus leitores judeus cristãos de que em tudo o sacerdócio de JESUS é superior ao de Arão e da ordem levítica. O autor critica a falta de conhecimento de seus leitores por não estudarem e darem a devida importância a esta doutrina.
 
JESUS é superior à ordem Levítica porque depois de Arão a escolha do sumo-sacerdote passou a ser por pertencer à família de Arão e não por uma escolha direta de DEUS - JESUS foi escolhido diretamente por DEUS.
 
Hoje, há diversas formas utilizadas na escolha e consagração de um pastor, porém, acima de tudo é indispensável que o pastor seja constituído por DEUS. Nós poderíamos pelo menos perguntar a DEUS quem ELE aceita ser colocado como pastor. Vemos que para enviar alguém era necessário que o ESPÍRITO SANTO falasse quem foi escolhido e vemos que todos os que eram escolhidos por DEUS tinham algum Dom do ESPÍRITO SANTO confirmando a escolha de DEUS. --- estamos vivendo a falta de consulta a DEUS e resultados funestos na obra DELE, com pastores sem chamada DIVINA, mas com escolha humana de ministérios.
E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Atos 13:2
Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas. 2 Coríntios 12:12
 
I - UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO À QUALIFICAÇÃO 
1. Por representar melhor os homens diante de DEUS.
O sacerdócio de Arão e sua ordem sacerdotal é concedido a homens por serem eles detentores do conhecimento humano e frágil daqueles a quem representarão diante de DEUS, portanto, somente homens podem representar homens diante de DEUS. Se adequando a isto JESUS CRISTO se faz homem e nos representa junto ao PAI. Nasceu como homem na Terra, filho de uma mulher. Se humanizou. Se tornou tão semelhante aos homens que foi confundido muitas vezes com qualquer um deles. Se cansou, bebeu, comeu, dormiu, orou, jejuou, chorou, foi tentado, perseguido, pagou impostos, mal falado, enfim, em tudo se tornou semelhante aos homens.
JESUS CRISTO foi superior ao sacerdócio de Arão porque ELE mesmo se ofereceu em sacrifício por todos os homens, enquanto que Arão ofereceu sacrifícios de animais.
JESUS é superior à Arão porque Arão morreu e parou de interceder, mas JESUS vive para sempre e ainda continua intercedendo por todos nós.
 
2. Por compreender melhor a condição humana.
Hb 5:2E porque é homem, pode tratar com bondade os outros homens, embora estes sejam insensatos e ignorantes, pois ele também está rodeado das mesmas tentações e compreende muito bem os problemas deles. Ele apresenta as ofertas deles a Deus e oferece a Ele o sangue dos animais que são sacrificados para cobrir os pecados do povo e os seus próprios pecados também.
O sumo sacerdote era uma pessoa humana. No grego metriopatheia significa "compadecer-se" (Hb 5.2,3), ou seja, entender as dificuldades e tratar com elas, sem apoiar os erros, mas também sem condenar, em definitivo, aquele que errou, antes, levando a DEUS o pedido de perdão deste pecador ou transgressor.
μετριοπαθεω metriopatheo (dicionário Stong) - 1) ser afetado moderadamente ou em medida adequada. 2) preservar a moderação nos sentimentos, esp. raiva ou aflição. 2a) de alguém que não está excessivamente pertubado pelos erros, faltas, pecados de outros, mas que os suporta moderadamente.
O autor aos Hebreus afirma que somente JESUS possui essa qualidade em perfeição, pois se fez homem e passou pelas mesmas coisas que os homens passaram.
 
3. Pela posição que exerceu.
A posição de sumo sacerdote era honrosa e de grande destaque entre o povo judeu, era alguém escolhido por DEUS, como o foi Arão. Não era uma escolha humana. Porém, Arão fora escolhido dentre os homens da Terra. JESUS CRISTO, como mostra o autor aos Hebreus, fora escolhido sendo do céu, sendo filho, concebido pelo ESPÍRITO SANTO. Além disto, o sacerdócio de JESUS CRISTO é superior ao de Arão por ser procedente de alguém que foi superior a todos os judeus e por meio de quem veio a existir o povo Hebreu, posteriormente denominado Judeus - Abrão fez aliança com Melquisedeque e figuradamente Arão pagou dízimos a Melquisedeque quando Abrão o fez, pois estava em seus lombos. O menor paga dízimos ao maior, consequentemente Arão pagou dízimos a Melquisedeque e Abrão era superior a Moisés e a Arão. Sabendo disto JESUS CRISTO é superior a Arão quanto a seu sacerdócio também.
 
II - UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO AO SERVIÇO
1. Pela realeza e o propósito pelo qual viveu.
Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei. Salmos 2:7
Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque. Salmos 110:4
O autor aos Hebreus cita esses dois salmos agora para comprovar a superioridade de JESUS CRISTO a Arão e o colégio sacerdotal da ordem Levítica.
No Salmo 2:7 é confirmada a realeza de JESUS CRISTO. A Arão nunca forma mencionadas estas palavras.
No Salmo 110:4 é confirmada a realeza de JESUS CRISTO além do superior sacerdócio já citado acima.
Melquisedeque era ao mesmo tempo sacerdote do DEUS altíssimo e também rei de Salém, que é Jerusalém (rei de paz).
Apesar de JESUS CRISTO ser rei e sacerdote, só será seu ministério político-religioso exercido durante o Milênio. Isso só ocorreu devido a não ser reconhecido por seus irmãos judeus como o Messias esperado,
 
Nosso CRISTO, mesmo sendo Filho de DEUS, não glorificou a si mesmo nem tampouco buscou honra para si, mas exerceu o sacerdócio por meio da vontade do Pai (Fp 2.5-7). Ele recebeu honra do PAI.
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Filipenses 2:5-8
Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai. João 10:18
Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido. 2 Pedro 1:17
 
2. Pela vida santa que possuía.
JESUS tinha uma vida de comunhão com DEUS. Era um sofredor.
Veio para dar a vida por nós. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. João 10:11
JESUS passava noites em oração, em jejum, sua intercessão era feita continuamente pelos homens junto ao PAI e continua sendo feita. 
E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus
Arão intercedeu por um período, enquanto vivia - JESUS morreu por nós, ressuscitou e continua intercedendo.
Os sucessores de Arão intercederam, mas já pararam quando o templo foi destruído pelo general Tito em 70 D.C., mas JESUS continua intercedendo.
Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.
E, afastando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando, e dizendo: “Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; aconteça, no entanto, não segundo a minha vontade, mas segundo a tua”.
JESUS, em tudo foi tentado, mas sem pecado - Foi tentado até a não morrer por nós pecadores, mas venceu também esta tentação e se submeteu a vontade do PAI, foi obediente até a morte e morte de cruz.
Um verdadeiro sacerdote é um intercessor por excelência -  JESUS Intercedia, tinha compaixão, orava muito e suplicava. Um sacerdócio superior, pois entendia claramente os pecadores e passou pelas mesmas tentação que nós.
JESUS sofreu por nós, deu sua vida, Arão não morreu por ninguém, mas por causa de seus próprios pecados.
Porque não temos um sumo sacerdote, que não possa ter compaixão de nossas fraquezas; antes um tal que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.
 
Arão pecou - JESUS nunca pecou.
Pecados de Arão.
Assim feriu o Senhor o povo, por ter sido feito o bezerro que Arão tinha formado. Êxodo 32:35
Então o Senhor desceu na coluna de nuvem, e se pôs à porta da tenda; depois chamou a Arão e a Miriã e ambos saíram. E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o Senhor, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do Senhor; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés? Assim a ira do Senhor contra eles se acendeu; e retirou-se. E a nuvem se retirou de sobre a tenda; e eis que Miriã ficou leprosa como a neve; e olhou Arão para Miriã, e eis que estava leprosa. Números 12:5-10
Arão será recolhido a seu povo, porque não entrará na terra que tenho dado aos filhos de Israel, porquanto rebeldes fostes à minha ordem, nas águas de Meribá. Números 20:24
Porque não temos um sumo sacerdote, que não possa ter compaixão de nossas fraquezas; antes um tal que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
 
3. Pela submissão que demonstrou.
ευλαβεια - eulabeia - dicionário Strong1) precaução, circunspeção, prudência, discrição 
1a) fuga 
1b) distância prudente
2) reverência, veneração 
2a) reverência a Deus, temor divino, piedade
3) medo, ansiedade, temor
JESUS era submisso ao PAI em tudo e sua reverência santa, seu santo temor, o levou a morrer por nós e dar exemplo em tudo a todos nós. No muito amor, misericórdia, perdão, poder, fé, submissão.
Hb 5.7 - "tendo sido ouvido por causa da sua piedade (reverência)".
Foi ouvido porque sofreu, porque se humilhou, porque se submeteu à vontade de DEUS, porque teve fé. (melhor tradução).
 
III - UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO À IMPORTÂNCIA TEOLÓGICA
1. Uma doutrina transcendente.
A falta de interesse teológico dos judeus cristãos tinha lhes causado ignorância e os colocado na posição de crianças, mesmo que já deveriam ser mestres.
A transcendência do assunto, ou seja, a necessária espiritualidade ou comunhão com o ESPÍRITO SANTO, os tinha privado da revelação desse tão importante assunto.
E de conhecer o transcendente conhecimento do amor de Cristo, para que sejais preenchidos com toda a plenitude de Deus
Porque o que foi glorioso não pode ser considerado glorioso comparado a esta glória transcendente (que existe, mas não é conhecida, senão, por revelação do ESPÍRITO SANTO) .
Era preciso profunda meditação na Palavra de DEUS e revelação do ESPÍRITO SANTO para compreenderem tais assuntos necessários à manutenção de sua fé.
 
2. Uma doutrina essencial.
A importância teológica da doutrina do sacerdócio de JESUS CRISTO é de vital interesse do autor aos Hebreus, pois eles poderiam estar já pensando ou até mesmo realizando pedido de sacrifícios por seus pecados no templo. Era imprescindível explicar-lhes que JESUS já havia levado sobre ELE todos os pecados da humanidade. JESUS CRISTO é o cordeiro de DEUS que tira o pecado do mundo.
Não era sem motivo a pouca profundidade da fé dos hebreus cristãos nesta época. Eles não estudavam as escrituras e não tinham mais tempo para orar e buscar a revelação do ESPÍRITO SANTO.
Qualquer semelhança com nossos dias não é mera coincidência.
 
CONCLUSÃO
I - UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO À QUALIFICAÇÃO 
O sacerdócio de JESUS CRISTO era mais bem qualificado por representar melhor os homens diante de DEUS, pois melhor representa quem melhor conhece e tem intimidade com DEUS. Também por compreender melhor a condição humana, pois JESUS se fez homem e sabia o que ocorria por dentro, no íntimo de cada um. Também pela posição que exerceu como mediador e intercessor direto morrendo e sofrendo por todos, também por ter se assentado a direita do PAI onde continua intercedendo.
II - UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO AO SERVIÇO
O sacerdócio de JESUS CRISTO era superior quanto ao serviço pela realeza e o propósito pelo qual viveu. JESUS era de sacerdócio superior pois seu sacerdote recebeu dízimos de Abraão e além de sacerdote também era rei – Melquisedeque. JESUS em tudo foi tentado, mas sem pecado. Também era superior Pela submissão que demonstrou sendo submisso a ponto de aceitar morrer por todos nós.
Se submeteu até a morte e morte de cruz
III - UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO À IMPORTÂNCIA TEOLÓGICA
A  doutrina do sacerdócio de JESUS CRISTO é transcendente, pois só pode ser compreendida pelo estudo e revelação das escrituras pelo ESPÍRITO SANTO. É uma doutrina essencial à vida cristã para que tenhamos fé no sacrifício eficiente, único e eterno de JESUS CRISTO por nós, para perdão de todos nossos pecados.
 
 
COMENTÁRIOS DIVERSOS PARA AJUDA 

LIÇÃO 5 - CRISTO, SUMO SACERDOTE SUPERIOR A ARÃO - LIÇÕES - 3º trimestre 2001 - www.cpad.com.br 
Comentários Pr. Elinaldo Renovato de Lima, Natal - RN
INTRODUÇÃO
Os sumos sacerdotes do Antigo Testamento, apesar de serem santos, eram limitados e imperfeitos. Arão, por exemplo, ainda que grandemente honrado ao ser separado para o ofício de sumo sacerdote, cometeu uma falha indecorosa: levantou um ídolo em forma de bezerro de ouro e levou o povo a pecar. Mas CRISTO, nosso Sumo Sacerdote, é superior a Arão, não somente por sua infalibilidade e perfeição, mas porque cumpriu cabalmente o plano divino de redenção de toda a humanidade.
I. O SUMO SACERDOTE DO ANTIGO TESTAMENTO1. Características básicas (v.1).
a) “Tomado dentre os homens”. O sumo sacerdote na Antiga Aliança era uma pessoa comum que, apesar de separada por DEUS, levava para o sacerdócio suas virtudes e defeitos. Ele não era tomado dentre anjos ou espíritos, mas “dentre os homens”. E essa é uma característica muito importante. 
b) “Constituído a favor dos homens”. O sumo sacerdote não era eleito pelos seus pares, nem pelo povo em geral. Sua investidura no cargo era por nomeação direta da parte de DEUS. Hoje, há diversas formas utilizadas na escolha e consagração de um pastor, porém, acima de tudo é indispensável que o pastor seja constituído por DEUS.
c) “Nas coisas concernentes a DEUS”. O sacerdote falava e agia em nome de DEUS, no que concernia à sua expressa vontade. Por outro lado, ouvia os homens e intercedia por eles diante do Altíssimo. Em tudo, a missão sacerdotal era cuidar dos interesses de DEUS em relação ao povo e os do povo em relação a DEUS. Era um
mediador, um representante do Eterno. 
2. Funções primordiais. De modo geral as principais funções do sumo sacerdote eram ensinar a lei de DEUS e interceder pelo povo.
a) Oferecer dons e sacrifícios pelos pecados (v.1b). Na Antiga Aliança os oferentes não podiam dirigir-se diretamente a DEUS. Traziam suas dádivas e ofertas e as apresentavam ao sacerdote. Segundo estudiosos do Antigo Testamento, os dons eram ofertas de cereais e os sacrifícios eram “ofertas de sangue”. No Novo
Testamento, JESUS, nosso Sumo Sacerdote quanto a nossa salvação, é tanto o oferente como a própria oferta vicária: “ofereceu-se a si mesmo [por nós] a DEUS”.
b) “Compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados” (v.2). O sumo sacerdote deveria ter simpatia, ou seja, capacidade para compartir as alegrias ou as tristezas das pessoas que lhe procuravam e, ao mesmo tempo, ter empatia, capacidade para se colocar na situação do outro. Só quem tem essas qualidades pode de fato ser um intercessor. Da mesma forma devem proceder os obreiros do Senhor no trato com os que erram por ignorância ou por fraqueza.
II. DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE CRISTO E ARÃO1. JESUS, sacerdote perfeito. A Lei previa a possibilidade de erro ou pecado por parte dos sacerdotes (v.3; Lv 4.3). O próprio sumo sacerdote Arão tinha a orientação de DEUS para oferecer sacrifícios não só pelo povo (Lv 16.15 ss.), mas por si próprio (Lv 16.11-14). Enquanto o sumo sacerdote do Antigo Testamento estava sujeito a pecar, JESUS nunca pecou. Ele é perfeito. Satisfez todas as condições para o perfeito sacerdócio. Foi ungido como Rei, como Filho (Sl 2.6,7); e Sacerdote Eterno (Sl 110.4); foi enviado por DEUS (Jo 5.30); veio em nome do Pai (Jo 5.43). JESUS não se glorificou a si mesmo para fazer-se sumo sacerdote (v.6). Diante de todas essas qualificações, o Mestre nunca ofereceu sacrifícios por si próprio. Ele deu-se a si mesmo por nossos pecados (Gl 1.4).
2. Sacerdote eterno (v.6). O escritor aos hebreus faz referência a dois textos bíblicos no livro de Salmos para demonstrar o caráter especial do sacerdócio de CRISTO: um sacerdócio que não tem fim: “Tu és meu filho; hoje te gerei” (Sl 2.7); e “Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4).
III. A MISSÃO TERRENA DE JESUS 1. “Nos dias de sua carne” (v.1). É uma referência direta à vida humana de JESUS. O escritor já houvera acentuado esse aspecto no cap. 2.14-17. Aqui, mais uma vez, ele demonstra que o nosso Sumo Sacerdote, mesmo provindo de uma linhagem especial, encarnou-se, tomando a forma de homem, como vemos no Evangelho de João (1.14): “E o verbo se fez carne...”. O Verbo refere-se a JESUS CRISTO (cf. Ap 19.13).
Os gnósticos ensinavam que o corpo é intrinsecamente mau. Mas JESUS, o Verbo divino, provou o contrário. Ele se fez carne, “e habitou entre nós”, tornando-se homem completo, pleno, perfeito. E não apenas se fez carne, mas tomou a “forma de servo” (Fp 2.7); na semelhança da “carne do pecado” (Rm 8.3), suportou a “paixão da morte” (Hb 2.9).
2. Clamor, lágrimas, orações e súplicas (v.7). A Escritura diz que JESUS clamou a DEUS, com “lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte”. No Evangelho segundo João 11.35 está escrito que JESUS chorou, mas aquela não foi a única vez, como atesta o v.7. É por isso que JESUS entende de lágrimas e, um dia, como DEUS, enxugará dos olhos toda a lágrima (Ap 7.17;21.4).
3. Aprendeu a obediência (v.8). Haverá prova mais autêntica da humanidade de JESUS? “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” (Hb 5.8). Ele, sendo divino, obedeceu a DEUS. A mente humana é, por vezes, levada a indagar: “Afinal, se Ele era DEUS, porque deveria obediência a alguém?” Esse é um mistério que só a fé pode aceitar. JESUS como ser humano teve um desenvolvimento humano normal: “E crescia JESUS em sabedoria, e em estatura, e em graça para com DEUS e os homens” (Lc 2.52). Como Filho de DEUS, Ele obedeceu ao Pai.
4. “Por aquilo que padeceu” (v.8b). A prova suprema da obediência de CRISTO foi a sua paixão e morte. O Diabo tudo fez para que JESUS não executasse o plano da salvação. Na tentação no deserto, seu objetivo era que o Senhor obedecesse suas sugestões (Mt 4.1-11); na crucificação, o inimigo usou alguém para lhe sugerir que “provasse” que Ele era o Filho de DEUS, descendo da cruz (Mt 27.40).
5. Trouxe eterna salvação (v.9). “E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem”. (grifo nosso) JESUS declarou ao Pai: “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer” (Jo 17.4). Na cruz, no momento supremo de seu sacrifício em favor dos pecadores, Ele
exclamou: “Está consumado...” (Jo 19.30). Nesse aspecto, é oportuno lembrar que alguns teólogos, baseados no versículo em foco e em outras referências, pregam a doutrina da predestinação absoluta, resumida na sentença “uma vez salvo, para sempre salvo”. Entretanto, o versículo mostra inequivocamente que a salvação não é eterna a priori, mas sim condicional. Ela é eterna para “todos os que lhe obedecem”. Desse modo, exclusivamente é salvo quem crê e segue a CRISTO em obediência.
6. Chamado por DEUS (v.10). JESUS pertenceu a uma ordem sacerdotal singular, diferente da de Arão. Nisto, vemos mais uma importante distinção entre o sacerdócio de CRISTO e o sacerdócio arônico. JESUS, como diz o v.10, foi “chamado por DEUS sumo sacerdote, segundo a ordem de Melqui-sedeque” (v.10).
CONCLUSÃOComo podemos constatar no capítulo cinco de Hebreus, o texto revela com clareza meridiana a superioridade do sacerdócio de CRISTO em relação ao de Arão. Outro ponto importante diz respeito a humanidade de CRISTO: o escritor assevera que JESUS foi humano o suficiente para buscar a DEUS, o Pai, em oração, súplicas e lágrimas,
sendo obediente como Filho. Trata-se de um exemplo inigualável e uma lição incomparável para nós, mortais, que, às vezes somos relapsos em fazer a vontade do Senhor, em obediência irrestrita.
 
A CARTA AOS HEBREUS - Introdução e Comentário por DONALD GUTHRIE - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA E ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO
E. UM SUMO SACERDOTE SUPERIOR (4.14-9.14)
A Lei de Moisés reconhecera e providenciara um sumo sacerdote que pudesse mediar entre DEUS e o homem. Mas o sacerdócio de Arão tinha várias fraquezas, e o escritor demonstra que o sumo-sacerdócio de CRISTO é de um tipo superior. Num interlúdio desafiador, o escritor adverte os leitores acerca das conseqüências de se desviarem da fé cristã. A questão de qual é a ordem sacerdotal à qual CRISTO pertence leva o escritor a discutir a ordem superior de Melquisedeque. Estreitamente vinculado com este tema está o da Nova Aliança, cuja superioridade à antiga é demonstrada.
(i) Nosso grande Sumo Sacerdote (4.14-16)
14. Embora tenha sido declarado certo número de vezes (cf. 1.3; 2.17; 3.1) que o tema do sumo sacerdote ocupava um lugar de destaque na mente do escritor, somente agora é que começa a plena explicação dele. É provável que a conjunção pois (oun), que começa este versículo faça uma ligação direta com 2.17-18, sendo que a seção interveniente é um tipo de interlúdio que, mesmo assim, marca o tom ao chamar a atenção dos leitores à importância do tema. Três declarações são feitas acerca de nosso Sumo Sacerdote. 
Em primeiro lugar, Ele é grande, o que O destaca como sendo superior a outros sacerdotes inferiores. O escritor pensa primariamente na Sua superioridade à ordem arônica do sacerdócio, questão que é tratada na passagem subseqüente. Esta grandeza estende-se não somente ao Seu caráter como também à Sua obra.
A segunda característica é que penetrou os céus. Uma vez que o plural “céus” é usado, alguns sugerem que a idéia judaica de uma série ascendente de céus aqui está em mente. Paulo em 2 Coríntios 12.2 fala de ser arrebatado para “o terceiro céu.” Clemente de Alexandria refere-se a sete céus. Mas posto que era a prática regular no Antigo Testamento usar o plural para o céu, é improvável que a idéia judaica de céus sucessivos esteja em mira. É mais provável que a idéia seja geral e que vise contratar-se com a entrada limitada do sumo sacerdote arônico dentro do véu. Nosso Sumo Sacerdote penetra até à própria presença de DEUS. As palavras sugerem que nenhum impedimento atrapalha Sua passagem. Podemos comparar a declaração aqui com aquela em 10.19 que declara que, tendo em vista a obra do nosso Sumo Sacerdote, agora temos confiança para entrar no “SANTO dos Santos.” Temos participação no acesso do nosso Sumo Sacerdote.
A terceira declaração acerca dEle dá Seu nome: JESUS, o Filho de DEUS. O primeiro dos dois nomes já apareceu em 2.9 e 3.1, onde O identifica na Sua natureza humana para demonstrar Sua elegibilidade para o  cargo de sumo sacerdote. O nome é usado outra vez em conexão com o tema sumo-sacerdotal em 6.20; 7.22; 10.19; 12.24; 13.12. Na verdade, o nome de JESUS, sem quaisquer outros títulos, ocorre tão freqüentemente nesta Epístola quanto o título independente “CRISTO” (9 vezes cada). O escritor não dá a impressão de usar indiscriminadamente os diferentes nomes. É altamente importante para ele estabelecer sem questão de dúvida que nosso Sumo Sacerdote não é nenhum outro senão o JESUS histórico. Ao mesmo tempo, reitera o que já deixou claro: que este JESUS também é o Filho de DEUS. Embora a Filiação de JESUS seja tomada por certa na parte anterior da Epístola, o título Filho de DEUS não é usado até esta altura da discussão, e sem dúvida, é intencionalmente introduzido aqui para combinar a humanidade e a divindade de JESUS como sendo as qualificações perfeitas para um Sumo Sacerdote que teria de ser superior a todos os demais. É usado outra vez em 6.6, 7.3 e 10.29; na primeira e na última destas referências, Filho de DEUS descrever Aquele que é tratado com ignomínia pelos que apostatam. Depois da apresentação de tão grande Sumo Sacerdote, não é surpreendente que uma exortação seja imediatamente acrescentada: conservemos firmes a nossa confissão. O verbo aqui usado (kratõmen) significa “apegar-se- a”, como se exigisse alguma resolução da nossa parte. A idéia, mas com um verbo levemente diferente (katechõmen), volta a ocorrer em 10.23 em relação ao mesmo objeto: confissão. Esta última palavra já foi encontrada em 3.1, e pode ser considerada uma idéia-chave nesta Epístola, visto haver uma ligação direta entre a presente passagem e 10.19-23.
Sem dúvida, 4.14-16 pode ser considerado o prólogo ao tema sumo-sacerdotal, e 10.19-23 o epílogo. Nas duas passagens ocorrem as idéias de conservar firme a confissão, de achegar-nos a DEUS através de um grande Sumo Sacerdote, e de uma confiança (parrèsia) para fazê-lo. Os paralelos são por demais marcantes para serem acidentais. Refletem o propósito do autor na estrutura da sua Epístola. Seu interesse em expor seu tema sumo-sacerdotal não é teórico, mas, sim, prático, i.é, exortar seus  leitores a se achegarem a DEUS.
15. Embora a capacidade do nosso Sumo Sacerdote de simpatizar-Se com os que são tentados já tenha sido ressaltada (2.18), a mesma idéia é agora expressa de um modo negativo: Não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se. Por que o escritor muda da forma positiva para a negativa? Parece mais provável que tenha consciência de uma objeção, talvez que, dalguma maneira, JESUS CRISTO esteve demasiadamente distante da necessidade do homem. Se for assim, apressa-se para dissipar este temor. A declaração é dada aqui como a razão para o conservar-se firme, conforme demonstra a conjunção porque  (gar). Nossa confiança está diretamente relacionada com a capacidade do nosso Sumo Sacerdote. Somente nesta Epístola (aqui e em 10.34) é que o verbo simpatizar (sympatheò, literalmente “sofrer juntamente com”) é usado no Novo Testamento. Aqui, diz respeito à simpatia de CRISTO por Seu povo, e em 1034 à compaixão do cristão pelos encarcerados. A capacidade do cristão para a simpatia é baseada na capacidade de CRISTO simpatizar-se. No presente caso, o objeto da simpatia é nossas fraquezas. Esta idéia de fraqueza (astheneia), que subentende uma consciência de necessidade, ocorre noutros lugares da Epístola com referência à fraqueza da ordem do sacerdócio de Arão (5.2; 7.28), e fica em notável contraste com a ausência de tal fraqueza da parte do.nosso grande Sumo Sacerdote. É porque Ele não tem essa  fraqueza ministerial, que Ele pode simpatizar-se com os homens em suas fraquezas. A palavra fraquezas é suficientemente abrangente para incluir qualquer forma de necessidade. Há simpatia para os necessitados, mas não para os auto-suficientes. Caso alguém pense que mesmo que o nosso Sumo Sacerdote possa simpatizar-se conosco, não pode conhecer as tentações que assaltam os outros homens, as tentações de JESUS agora são especificamente referidas. Ele foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança. Este é um desenvolvimento mais específico da declaração em 2.18, onde o fato da tentação de JESUS é citado como garantia de que Ele pode ajudar aos outros nas suas tentações. Há duas asseverações adicionais aqui que levantam um problema penetrante: que Suas tentações são como as nossas (à nossa semelhança), e que se estendem a todos os aspectos (em todas as coisas). A primeira declaração pode ser entendida no sentido de que Sua natureza é como nossa, e não Suas tentações, mas isto evitaria as implicações da segunda declaração. Em todas as coisas (kata panta) coloca JESUS na mesma categoria que nós mesmos quando se trata da tentação. Isto transmite um aspecto que é tremendamente encorajador. Podemos conseguir grande consolo do fato de que Sua experiência se equipara à nossa. O problema, no entanto, surge da cláusula de exceção: mas sem pecado. Uma vez que nós somos tentados e pecamos, e Ele é tentado e não peca, como Suas tentações podem ser iguais às nossas? Se Ele não tem a mesma tendência ao pecado que nós temos, não está, por este mesmo fato, numa posição privilegiada que imediatamente distingüe Sua tentação da nossa? Para uma solução a esta dificuldade, devemos notar que a tentação, em si mesma, não é pecaminosa. A idéia diz respeito mais ao ser exposto à prova ou à sedução. Isto é claramente possível, e não exige que a pessoa tentada peque. Embora certamente haja um sentido em que o fato de JESUS ter sido exposto à tentação foi diferente das tentações dos homens, porque Ele estava livre da tendência ao pecado, mesmo assim, num outro sentido, Sua própria provação foi, em todos os aspectos, semelhante à nossa. A experiência de JESUS não foi confinada às três tentações no deserto, afetou a totalidade da Sua missão. Basta saber que Ele passou por tensões e pressões que nenhum outro homem já conheceu. O maior neste caso inclui o menor. O que são as minhas tentações, mesmo enfrentando uma tendência que uma Pessoa perfeita e divina não experimentou, comparadas com o que Ele suportou? Sua impecabilidade é demonstrada para Seu povo, não tanto como exemplo quanto como inspiração. Nosso Sumo Sacerdote é altamente experiente nas provações da vida humana. Com esta declaração importante e específica acerca da impecabilidade de CRISTO, podemos comparar o comentário de Paulo em 2 Coríntios 5.21. É um aspecto integral do ensino do Novo Testamento e especialmente importante para o tema sumo-sacerdotal deste escritor (cf. as declarações adicionais em 7.26ss.), que JESUS, embora fosse um homem, nunca pecou.
16. Surge uma outra exortação que, conforme já foi notado supra, volta a ocorrer em 10.22-23. Foi a possibilidade de nos achegarmos a DEUS que captou a imaginação do escritor. Há, aqui, certo número de aspectos que vale a pena notar. Em primeiro lugar, a abordagem a DEUS pelò cristão deve ser caracterizada pela confiança ou ousadia (parrèsia), por uma liberdade de expressão e ausência do medo. Este é um dos aspectos mais marcantes do caminho cristão para DEUS, que nem sequer é embaraçado  pelo senso humano do temor na presença de DEUS. É perfeitamente refletido na Oração Dominical, onde o uso de um trato como “Pai Nosso” revela uma ousadia maravilhosa. O segundo aspecto é a expressão trono da graça. O trono representa a realeza, e certamente poderia inspirar temor se sua característica principal não fosse a graça, i.é, o lugar onde o favor gratuito de DEUS é distribuído. Em 8.1 e 12.2 JESUS CRISTO é visto assentado à destra do trono. Um terceiro aspecto é a combinação da misericórdia e da graça como favores especiais dispensados a partir do trono. Nosso Sumo Sacerdote já foi descrito como sendo misericordioso (cf. 2.17). Este é um tema de destaque no Novo Testamento e é característica especial das Espístolas paulinas. A quarta consideração é a ajuda que está disponível em ocasião oportuna. O fornecimento da graça é irrestrito, sendo que a única condição prévia é a disposição para recebê-la, um senso da sua indispensabilidade.
(ii) A comparação com Arão (5.1-10)
1. Os quatro primeiros versículos do capítulo 5 são históricos e dizemrespeito à ordem de Arão. Se a Epístola é dirigida a cristãos judeus, as declarações vêm como lembrança para servir de pano de fundo para a introdução de uma ordem superior. Tendo já declarado que JESUS CRISTO é um grande Sumo Sacerdote, alguma comparação com a ordem arônica é inevitável e pode, na realidade, ter dois alvos. Pode demonstrar que JESUS preenche todas as condições do sumo-sacerdócio e pode demonstrar, ainda mais, quão superior Ele é à linhagem de Arão. Se este último alvo não tivesse sido incluído, o significado verdadeiro da ordem de Melquisedeque teria ficado desapercebido. A discussão começa com uma declaração bem geral acerca do ofício sumo-sacerdotal. Esta declaração, ademais, segundo se percebe, tem alguma conexão com a seção introdutória no fim do capítulo 4, conforme demonstra a conjunção inicial Porque (gar). Certamente, a capacidade de nosso Sumo Sacerdote de socorrer depende até que ponto Ele cumpre as condições.
Há várias características específicas mencionadas,
(i) O sumo sacerdote é essencialmente um representante do homem; é tomado dentre os homens. É porque é identificado por natureza com os homens que pode agir e pleitear em prol deles. Isto era fundamental ao sacerdócio arônico. Não havia questão da tarefa ser entregue a um ser sobre-humano. Necessitava de um homem que pudesse compreender os homens e sentir por eles.
(ii) É constituído (kathistatai). Como o verbo é passivo, e' subentendido que a nomeação do sumo sacerdote é feita por DEUS. A ordem arônica não fez disposições para a eleição democrática, mas, somente para nomeações teocráticas autoritárias,
(iii) Sua nomeação e' nas coisas concernentes a DEUS (ta pros ton Theon). Sua obra de Mediador, para agir em prol de DEUS para com os homens e em prol dos homens para com DEUS, é vista claramente aqui. Esta é uma função essencial do sacerdócio,
(iv) Seu propósito é oferecer assim dons como sacrifícios pelos pecados. Esta cláusula (uma cláusula com hina) ressalta o resultado dEle estar tão estreitamente identificado tanto com DEUS quanto com os homens. As duas palavras até mesmo são ocasionalmente usadas intercambiavelmente, mas aqui há distinção entre elas. Neste caso os dons (dòra) devem referir-se às ofertas de cereais e os sacrifícios (thysias) às ofertas de sangue. O sumo sacerdote arônico, na realidade, estava se aproximando de DEUS por causa dos pecados dos homens. Aqui a declaração “pelos pecados” é significante, porque não é restrita aos sacrifícios, como também diz respeito aos dons. É melhor, portanto, entender que esta expressão refere-se à gama total da obra do sumo sacerdote. Seu desempenho inteiro como representante do seu povo tem valor expiatório, i.é, tem a ver com os pecados das pessoas que representa.
2. Depois destas funções gerais do ofício, o aspecto mais pessoal é enfocado: a capacidade do sumo sacerdote de condoer-se (ou “tratar mansamente” — metriopathein) dos ignorantes e dos que erram. Embora
não seja dito nada no Antigo Testamento acerca das qualidades morais, o escritor deduziu esta qualidade de mansa compreensão do fato básico de que o sumo sacerdote é essencialmente um homem entre homens. E muito fácil ver-se livre dos ignorantes e dos que erram, ou pelo menos não lhes dar a mínima consideração. São um estorvo em qualquer sociedade bem-organizada. Mas numa sociedade teocrática não podem ser deixados fora de consideração. Deve ser dada atenção a eles. O sumo sacerdote não era apenas o representante das melhores seções da sociedade, era também das piores. As duas descrições — ignorantes (agnoousi) os que erram (planòmenois) — talvez indiquem a origem e a característica do tipo de pecado com o qual o sumo sacerdote pode lidar. Os pecados da ignorância eram cuidadosamente distinguidos dos pecados deliberados, para os quais a lei não fazia provisão. Os que erram são aqueles que se desviaram do caminho de DEUS, mas querem voltar. Não são os rebeldes endurecidos. O sumo sacerdote tinha um ministério especial de mansidão para com aqueles que tinham consciência da sua necessidade. É com estes que podia identificarse nas suas fraquezas. Neste aspecto, porém, a linhagem de Arão difere de nosso Sumo Sacerdote que tem ainda mais capacidade de tratar com mansidão o Seu povo, por causa da Sua força e não por causa da Sua fraqueza. Nunca foi ignorante, nem errou, mas tem perfeita compreensão daqueles que são assim. Mesmo assim, as palavras traduzidas rodeado de fraquezas podem ser entendidas no sentido de “embrulhado em fraqueza.” Neste caso, pode-se pensar no sumo sacerdote como estando vestido das fraquezas do seu povo; se este for o significado, há um paralelo mais estreito com nosso grande Sumo Sacerdote. Todavia, o primeiro sentido, que contrasta a fraqueza de Arão com a força de CRISTO, é mais provável.
3. Há uma divergência ainda mais evidente neste versículo entre JESUS CRISTO e a ordem de Arão. O sumo sacerdote arônico, sendo ele mesmo um homem pecaminoso, deve oferecer sacrifícios pelos pecados... como de si mesmo. Uma parte importante dos procedimentos do Dia da Expiação era que o sumo sacerdote devia primeiramente, oferecer um sacrifício como expiação pelos seus próprios pecados (cf. Lv 16.1 lss.). Na mente do escritor parece haver uma estreita conexão entre a fraqueza e o pecado,  embora não decorram necessariamente um do outro. No caso dos homens, no entanto, i.é, todo homem menos o Homem perfeito, a fraqueza tem como resultado o pecado. O exemplo perfeito de uma forma impecável de fraqueza física é a cruz. Mas a ordem arônica não fazia provisão para esse tipo de fraqueza nos seus sacerdotes, a não ser talvez idealmente, no seu sistema sacrificial. Mas, conforme esta Epístola passará a demonstrar, ao passo que Arão tinha de oferecer um animal, CRISTO ofereceu a Si mesmo. Há claramente um fator comum entre os pecados do sumo sacerdote e os do povo. Estava na mesma condição necessitada que eles. Mais uma vez, porém, nosso Sumo Sacerdote destaca-Se em marcante contraste. Estando sem pecado, não tinha necessidade de oferecer sacrifícios em prol de Si mesmo, e isto O coloca numa categoria diferente.
. Um fator importantíssimo no ofício do sumo sacerdote é sua origem. Era uma nomeação divina e não uma auto-nomeação ou uma nomeação humana: Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo. O caso de
Arão agora é mencionado especificamente, porque foi chamado por DEUS. A chamada divina é um fator importante no Novo Testamento como era no Antigo Testamento, porque chama a atenção à iniciativa divina. Quando a comparação é feita com nosso grande Sumo Sacerdote, fica evidente que Ele também foi nomeado para Seu ofício. Somos lembrados de que Ele reconhecia que DEUS Lhe deu a obra que viera realizar (cf. Jo 17.4).
5. Os seis versículos seguintes explicam o relacionamento entre CRISTO e a ordem de Arão, introduzem a ordem de Melquisedeque, que depois é desenvolvida adicionalmente após o interlúdio de 5.11-6.20. O escritor explora primeiramente a nomeação divina de CRISTO, característica esta que está em linha direta com a posição de Arão. É digno de nota que o título CRISTO é usado aqui ao invés de JESUS (que é preferido em 4.14). Isto sugere que o escritor está profundamente impressionado pelo pensamento de que o ungido, o Messias, no Seu ofício não se glorificou como bem poderia ter feito. O quadro neotestamentário do Messias, no entanto, sempre revela alguém cuja missão é servir, nunca alguém que procurou conquistar posições de honra. Em João 8.54, JESUS sustenta que não honra a Si mesmo, mas, sim, que é honrado pelo Pai. O fato de que foi nomeado é apoiado pelo Salmo 2, de uma passagem que já foi citada em Hebreus 1.5. Este tema, que volta a ocorrer, e que aqui está ligado com outra citação do Salmo 110, sugere que houve meditação sobre estes Salmos, e que formavam uma parte vital da estrutura da Epístola. São como linhas melódicas que se repetem numa música, sendo que cada nova introdução delas apresenta alguma variação. O escritor quer que a idéia do sumo-sacerdote seja estreitamente vinculada com seu conceito sublime de CRISTO como Filho de DEUS. A nomeação por DEUS é uma indicaçãoque nosso Sumo Sacerdote é totalmente aceitável por DEUS. Se Ele tivesse sido nomeado pelos homens, sempre teria havido dúvida.47
6. A segunda citação, do Salmo 110.4, é introduzida por uma fórmula muito geral: Como em outro lugar também diz, presumivelmente para distingui-la da primeira citação. Mesmo assim, é citada como autoritativa, porque “diz” claramente se refere a DEUS. A nomeação divina ao ofício de sacerdote é apoiada por esta citação, mas dois fatores inteiramente novos também são introduzidos, e demonstram que o sacerdócio de CRISTO é diferente do de Arão. Em primeiro lugar, é para sempre, porque nunca poderá ficar melhor do que já é. Sendo perfeito, nunca chega ao ponto de ceder lugar a um melhor. Em segundo lugar, é segundo a ordem de Melquisedeque, porque, conforme será exposto mais tarde, não tem sucessão  como tinha a ordem de Arão. Aconteceu de uma vez por todas, porém é constantemente aplicável. Neste sentido é para todos os tempos. Melquisedeque, diferentemente de Arão, é uma pessoa misteriosa. A menção fugaz dele em Gênesis 14.18-20 mostra que era uma personagem histórica cujo sacerdócio foi aceito por Abraão. É  \igno de nota que o autor da Epístola não tira lição alguma do fato de que o relato de Gênesis diz que Melquisedeque trouxe pão e vinho. Poderia ter atribuído importância simbólica a isto, já que o pão e o vinho são de tão alta significância com referência à Ceia do Senhor. Mas, ao invés disto, concentra-se no fato histórico de que Abraão ofereceu dízimos a Melquisedeque (veja cap.7). Poderia, ainda mais, ter citado e comentado o juramento divino nos capítulos 3 e 4. Não obstante, reserva tal comentário para 6.13, quando, então, faz exposição do significado do juramento. O método do autor de introduzir a figura estranha de Melquisideque é tão misterioso quanto a figura do próprio sacerdote. Há nele uma certa aura que é apropriada, tendo em vista o Sumo Sacerdote exaltado que Melquisedeque tipifica.
7. Nesta Epístola há muitas surpresas na introdução de temas diferentes que, à primeira vista, não parecem acompanhar naturalmente o contexto. A seção seguinte (w. 7-10) é um exemplo disto. O escritor introduz o que pode ser chamado de uma reminiscência histórica da vida de JESUS. Podemos perguntar a nós mesmos o que isto tem a ver com Melquisedeque, cuja ordem sacerdotal é mencionada outra vez no v. 10. É possível que a repetição da citação do Salmo 2 tenha lembrado o escritor da sua seqüência de pensamento onde concentra-se na Filiação divina (capítulo 1) e na humanidade de JESUS (capítulo 2). Parece que quer dissipar qualquer idéia de que JESUS seja uma figura mística nâo-histórica por meio de, abruptamente, lembrar aos leitores aquilo que aconteceu nos dias da sua came. A expressão é interessante porque chama a atenção à realidade da Sua vida humana. O escritor já deixou clara esta realidade no capítulo 2 (veja w. 14 e 17), mas a presente referência introduz muito mais vividamente uma clara alusão ao registro histórico da vida de CRISTO. Sem dúvida, este é um dos exemplos mais vívidos do Novo Testamento, fora dos Evangelhos. No texto grego, o sujeito não é definido, mas deve referir-se a JESUS, que é o sujeito desta seção inteira (cf. v. 5). A declaração principal acerca da vida humana de JESUS diz respeito às Suas poderosas orações. As duas palavras usadas para isto; orações e súplicas, são estreitamente ligadas entre si, mas não deixa de haver distinção entre elas. A primeira (deèsis) é a palavra neotestamentária geral para as orações, mas a última (hiketêria) tem um elemento mais forte de súplica e é derivada da antiga prática de estender um ramo de oliveira como sinal de apelo. Estas são palavras notáveis para descrever a oração do Filho ao Pai, mas demonstram o quão completamente identificado Ele está com Seu povo. O forte clamor e lágrimas parecem ser uma alusão inegável à agonia de JESUS no jardim de Getsêmane, onde Suas orações foram acompanhadas por um suor de sangue, revelando a intensidade interior da luta pela qual passava. Os relatos nos Evangelhos não mencionam as lágrimas, mas estas não estariam fora de harmonia naqueles relatos. Aquele que podia chorar ao lado do túmulo de Lázaro não estaria longe de poder expressar- Se de modo semelhante noutras ocasiões de profunda emoção. Embora as lágrimas geralmente sejam consideradas um sinal de fraqueza, não deixam de ter propriedades curativas. Nosso Sumo Sacerdote não estava tão alto acima de nós que as lágrimas estivessem distantes dEle nas ocasiões em que Sua mente estava cruelmente aflita. Ao aludir-se à Pessoa a quem estas orações intensas eram endereçadas, o escritor deliberadamente usou uma frase descritiva para chamar a atenção à capacidade de DEUS para salvar: quem o podia livrar da morte. Esta ide'ia de DEUS como libertador é tão característica no Novo Testamento que não é fácil apreciar seu pleno significado. Esta Epístola já chamou a atenção à constante escravidão do homem ao pavor da morte (2.15). A mensagem de que a vitória é através de CRISTO tem trazido, no passado, um desafio e nova esperança a muitas pessoas. Não é de se admirar que o escritor volte a ela quando pensa nas orações de JESUS. Quando diz, porém, que Ele, JESUS... tendo sido ouvido por causa da sua piedade... não fica imediatamente claro como as palavras devem ser compreendidas. Muitos comentaristas consideram que a forma das palavras significa que Sua piedade — Sua Paixão — foi transformada em meio para lançar fora todo o medo. As palavras, no entanto, pareceriam ser uma alusão mais direta à agonia no jardim, onde o clímax era a aceitação da vontade divina por JESUS (“contudo, não se faça a minha vontade, e, sim, a tua”), e neste caso a palavra (apo) significaria por causa da (sua piedade). Outro meio de entender a mesma preposição seria o significado mais usual “fora de,” o que daria o significado: “liberto do seu temor piedoso,” mas este pensamento parece estranho ao contexto. O escritor toma cuidado com a palavra que emprega para expressar temor (eulabeia piedade, ARA) e não usa a palavra mais comum (phobos). De fato, é só nesta Epístola, em todo o Novo Testamento, que ocorre esta palavra (cf. também 12.28 onde o significado é “reverência”). Sobre seu uso aqui, Westcott observa: “mais comumente expressa a reverente e bem-pensada hesitação de ser demasiadamente atrevido, que é compatível com a verdadeira coragem.”48 A idéia, portanto, é aplicável à experiência do Getsêmane. Tem sido imaginado que um problema surge pelo fato de os relatos nos Sinóticos declararem que a oração no Getsêmane, pedindo a remoção do cálice, não foi feita assunto de insistência até ao fim. Em que sentido, portanto, JESUS foi ouvido? A resposta acha-se, decerto, na Sua perfeita aceitação da vontade divina.
8. Esta reminiscência da experiência terrestre de JESUS, que é uma contribuição essencial à Sua qualificação como grande Sumo Sacerdote, leva o escritor a refletir sobre o paradoxo dos seus sofrimentos. Não seria inteiramente ininteligível dizer que os filhos usualmente aprendem a obediência por aquilo que sofrem, i.é, às mãos dos pais terrestres, mas com CRISTO é muito diferente. Sua Filiação era perfeita e, portanto, levanta a pergunta do porque Ele precisava aprender a obediência. Aqui somos confrontados com o mistério da natureza de CRISTO. Ao considerar o Filho divino, talvez seja difícil ligar qualquer sentido ao processo  de aprendizagem (aprendeu a obediência), mas ao pensar no Filho como o Homem perfeito, fica sendo imediatamente inteligível. Quando Lucas diz que JESUS crescia em sabedoria (2.52), quer dizer que por um processo progressivo demonstrou pela Sua obediência à vontade do Pai um processo contínuo de tomar a vontade de DEUS Sua própria, chegando ao seu clímax na Sua maneira de abordar a morte. A exclamação de aceitação no jardim de Getsêmane foi a evidência conclusiva da obediência do Filho ao Pai. Ninguém negará que há profundo mistério aqui, mas o fato desta aceitação toma a compreensão que nosso Sumo Sacerdote tem de nós inquestionavelmente mais real. Há certos paralelos aqui com Filipenses 2.6ss. que também ressalta a obediência de CRISTO na forma de um servo. Nas duas passagens, o Servo Sofredor de Isaías pode estar em mente.
9. Não menos impressionante é a idéia de um processo de aperfeiçoamento sendo aplicado a CRISTO (como em 2.10). Como no primeiro caso, há uma estreita vinculação entre a perfeição e o sofrimento. É através de um caminho de sofrimento que a perfeição é conseguida. No presente caso, é a obediência que está especialmente ligada com a perfeição, lembrando-nos da seqüência de Filipenses 2.8-9. Não pode ser dito de nenhum sumo sacerdote humano: tendo sido aperfeiçoado. Esta expressão não deve ser entendida no sentido de sugerir que houve tempo em que Ele não era perfeito. No curso da Sua vida, a perfeição que JESUS possuía foi submetida ao teste. Essa perfeição permaneceu imaculada através de tudo quanto ele sofreu. Conforme observa Hughes: “Seus sofrimentos tanto testaram quanto, vitoriosamente suportados, atestaram Sua perfeição, livre de fracasso e de derrota. A ênfase recai aqui sobre a perfeição que é uma realidade sempre presente. Deve também ser notado que o verbo é freqüentemente usado na Septuaginta acerca da consagração do Sumo Sacerdote ao seu ofício, idéia esta que tem alguma relevância para o tema desta Epístola. A perfeição de CRISTO é vista como a base da nossa salvação. De fato: tomou-se o Autor da salvação etema. O “tomar-se” (egeneto) refere-se à efetivação da salvação e, por este motivo, é expressado com um tempo passado. Historicamente, parece referir-se àquele momento no tempo quando JESUS assumiu o ofício de Sumo Sacerdote. A palavra traduzida “Autor” (aitios) ocorre somente aqui no Novo Testamento e significa “causa.” Pode referir-se a uma causa boa ou ruim, mas aqui é totalmente boa, e “origem” ou “Autor” traduzem bem este sentido. Não há maneira de fazer um cuito circuito nos meios da salvação. Aquilo que não vem através de JESUS não é nenhuma salvação verdadeira. Para nosso escritor, há significância especial na idéia das coisas eternas. Fala do juízo eterno (6.2), da etema redenção (9.12), do ESPÍRITO eterno (9.14), da etema herança (9.15), da etema aliança (13.20). É óbvio que deseja lançar alicerces permanentes, em contraste com o cenário em constante mudança de qualquer sacerdócio e método terrestres para abordar a DEUS. Há algo de estável e duradouro na salvação que JESUS CRISTO fornece. Podemos comparar a ocorrência freqüente da idéia da vida etema no Evangelho segundo João. Fica bem claro que há condições estabelecidas para aqueles que desejam valer-se desta salvação. Estas são resumidas como a obediência, o equivalente daquilo que o Filho já aprendeu (v. 8). A obediência, nesse sentido, envolve uma aceitação completa da vontade divina. No que diz respeito aos cristãos, isto resume a resposta do homem à provisão de um meio de salvação que DEUS fez. É digno de nota que os que são elegíveis para a salvação são todos os que lhe obedecem, que significa todas as classes dos obedientes, judeus e gentios, ricos e pobres, eruditos e incultos, livres e escravos (cf. por exemplo a declaração de Paulo em G1 3.28). A universalidade do evangelho é refletida na eficácia universal do ofício do Sumo Sacerdote.
10. Agora é usada outra palavra que é única no Novo Testamento para descrever a outorga pública de um nome ou título, que ARA traduz como nomeado (prosagoreuó — “designar”). A proclamação de uma nova ordem de sacerdócio é feita por DEUS, fato este que chama a atenção à nomeação divina, conforme já foi mencionada nos w. 4-5. De qualquer maneira, a ordem de Melquisedeque não é uma ordem com uma sucessão hereditária, conforme demonstra o escritor em 7.3, e, portanto, ninguém poderia ser consagrado nesta ordem a não ser pelo próprio DEUS. É, além disto, uma ordem sem igual, sendo que ninguém mais pertenceu a ela a não ser CRISTO. A palavra incomum mencionada supra é especialmente apropriada para a categoria do nosso Sumo Sacerdote, por ser Ele de uma ordem totalmente diferente da de Arão. A esta altura no desenvolvimento do seu argumento, o autor deixa seu tema de Melquisedeque para tratar dalguns problemas sérios que afetavam seus leitores. Parece ser uma digressão planejada, que volta paulatinamente ao tema de Melquisedeque no fim do capítulo 6 através de uma discussão do juramento a Abraão.
(iii) Um interlúdio desafiador (5.11-6.20)
11. De modo inesperado, o escritor passa repentinamente a refletir sobre a capacidade dos seus leitores de captar aquilo que acaba de dizer e aquilo que pretende expor adiante. Isto revela inconfundivelmente que está se dirigindo a pessoas genuínas cuja situação lhe é conhecida. Tem consciência de que são tardios em ouvir, presumivelmente num sentido espiritual. Talvez pense que sua discussão da ordem de Arão e da sua inferioridade a Melquisedeque soará por demais acadêmica e teórica e alguns dos seus leitores. Parece, pelo menos, reconhecer que há dificuldades na sua exposição por enquanto, e que ainda haverá dificuldades maiores; sabe, porém, que não devem apresentar obstáculos a homens de mentes maduras. Apesar disto, tem problemas sérios no tocante aos leitores, e resolve interromper seu discurso principal para emitir uma forte advertência. Quando diz: A esse respeito temos muitas coisas que dizer, e difíceis de explicar, refere-se especialmente ao tema de Melquisedeque, que não deve ter sido um dos temas mais familiares no judaísmo contemporâneo, embora haja alguma menção dele nos escritos de Filo, e nos documentos de Cunrã. Pode ser notado aqui que um relacionamento direto e' pressuposto entre a condição espiritual e o entendimento. Este último não é meramente uma questão de intelecto. A dificuldade é essencialmente um problema de comunicação, como expressar verdades de uma maneira que fique dentro do alcance dos leitores. Indubitavelmente, o problema que o escritor enfrenta é enfrentado por todo expositor da verdade divina.
12. A crítica acerca deles serem tardios em ouvir daria a impressão e não ter motivo, e por isso precisa de alguma justificativa. Tendo isto em mente, é exposta a razão da avaliação. A primeira coisa é a falta notável dos leitores de cumprirem aquilo que era esperado deles: devíeis ser mestres. A razão porque se esperava deles que ensinassem é que tinham sido cristãos por tempo suficiente para terem adquirido os conhecimentos básicos necessários para poder passá-los a outras pessoas. Surge aqui a questão da identidade destas pessoas. Parece razoável supor que não pode ser uma alusão a todos os membros de uma igreja, porque todas as igrejas contêm aqueles que não são aptos para ensinar. Sugere que está em mente um grupo de pessoas que tinha o potencial para ensinar os outros, mas que, mesmo assim, não tinha o entendimento básico necessário. Eles mesmos precisavam voltar às questões elementares. Formavam provavelmente um pequeno grupo de intelectuais ao qual faltava percepção espiritual. Vale observar que o verbo traduzido devíeis (opheilontes) subentende uma obrigação e não apenas uma característica desejada. A comunicação de uma compreensão plena da mensagem cristã só pode acontecer se os cristãos maduros instruírem os cristãos imaturos. É uma situação grave, portanto, em qualquer comunidade, quando seus mestres em potencial são ainda cristãos imaturos. A necessidade destes leitores passa, então, a ser especificada: de alguém que vos ensine de novo quais são os princípios elementares dos oráculos de DEUS. Parece claro que estas pessoas não tinham meramente avançado: chegaram mesmo a perder seu entendimento dos princípios elementares. Precisavam voltar à estaca zero. A instrução exigida era tão básica assim. É um comentário trágico sobre sua compreensão espiritual. Não admire que o escritor acha dificuldade em comunicar sua mensagem. É de se admirar que não dedicou a totalidade da sua Epístola a uma exposição do Evangelho ao invés de laboriosamente comunicar seu tema do Sumo Sacerdote. A resposta talvez seja que o tema do sumo sacerdote, tão integral para os modos judaicos de pensar, era uma das causas principais dos leitores deixarem de se desenvolver. A frase dos oráculos de DEUS (tòn logiõn tou Theou) é usada noutras partes do Novo Testamento para descrever o Antigo Testamento (cf. At 7.38; Rm 3.2). Aqui, no entanto, parece significar o ensino básico do evangelho, porque é usada em conjunção com “princípios elementares” (stoicheia), palavra comumente usada para descrever o A.B.C. de uma coisa. Se os “oráculos” forem compreendidos no mesmo sentido que noutros lugares, a referência pode, possivelmente, dizer respeito a um fracasso da parte dos leitores de compreenderem os princípios básicos da interpretação do Antigo Testamento, o que os estava levando a conceitos errôneos acerca da singularidade do cristianismo. Precisavam voltar ao pensamento básico acerca disto. O contraste entre leite alimento sõlido não visa tomá-los mutuamente exclusivos, mas, sim, sugerir um desenvolvimento normal de um para outro. A fase do leite é tão essencial quanto a fase do alimento sólido, mas aqueles que nunca chegam a esta última etapa estão tristemente deficientes. A parte física tem um paralelo exato na parte espiritual. Há vários graus de entendimento, e é altamente desejável que o homem de mentalidade espiritual avance nos conhecimentos. Este uso metafórico do leite e do alimento sólido também é empregado em 1 Coríntios 3.1-2.
13. Neste versículo, uma explicação mais detalhada da metáfora do leite passa a ser dada. O cristão “de leite” é aquele que é inexperiente na palavra da justiça, expressão esta que merece comentário. Em primeiro lugar, a palavra “inexperiênte” (apeiros) significa literalmente “não provado,” e daí, “inexperiente,” e sugere que a falta de perícia estava ligada com a falta de prática. É uma situação distinta de um estado de completa ignorância. As coisas de DEUS exigem algo mais do que um mero conhecimento casual. O escritor não hesita em colocar seus leitores na categoria do leite. Nunca chegaram a desenvolver as habilidades necessárias. O segundo comentário diz respeito à frase palavra da justiça. No grego não há artigos aqui, e a frase não deve ser entendida no sentido de qualquer corpo específico de doutrina, mas, sim, do tipo de palavra (logos) que tem o caráter da justiça. Isto concordaria com o uso do mesmo termo (logos) em 6.1 onde se refere à doutrina. O escritor talvez esteja pensando do uso especial da justiça (dikmosyne), que descreve aquilo que é obtido pela fé em CRISTO, mas que também pode referir-se à idéia mais geral da retidão. Estas duas interpretações estão ligadas entre si de qualquer maneira, porque o homem não pode ter  qualquer idéia daquilo que é certo senão através da retidão de CRISTO. Indubitavelmente, quando os homens passam a crer pela primeira vez, não ganham de imediato a capacidade de apreciar este tema, mas alguma interpretação deste tipo é necessariamente indispensável a qualquer pessoa que deseja ser madura. A descrição final da pessoa tipo leite como sendo uma criança decorre naturalmente da metáfora usada. A criança deve anteceder o homem. Ninguém quer ficar sendo criança perpetuamente. Há um paralelo a esta linguagem figurada em 1 Coríntios 13.11 onde Paulo diz: “Quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.” Os homens feitos não são sustentados com uma dieta de leite.
14. Há um comentário igualmente valioso sobre os adultos (teleiòn — “maduros”). A idéia da maturidade está ligada com a perfeição, embora certamente não esteja identificada com ela a não ser no caso de CRISTO. A maturidade aqui é vista como o desenvolvimento desejável a partir da infância espiritual. Esta é uma idéia familiar nas Epístolas paulinas (cf. Ef 4.13ss. — note especialmente “cresçamos em tudo;” cf. 1 Co 2.6; 3.1; 14.20). O Novo Testamento retrata a vida cristã na sua plenitude como uma vida íntegra completa. O cristão experiente sabe que precisa de carne forte para chegar a este tipo de maturidade. O pensamento é desenvolvido ainda mais quando os maduros são definidos como aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas. Há uma referência ao hábito no grego aqui. Na verdade, as palavras pela prática (dia tên hexin) poderiam ser traduzidas “pelo hábito,” o que ressaltaria mais claramente, talvez, a edificação da experiência mediante um processo contínuo no passado. A palavra ocorre somente aqui no Novo Testamento. A maturidade espiritual não advém dos eventos isolados nem de uma grande explosão espiritual. Advém de uma aplicação regular da disciplina espiritual. Outra palavra sem paralelos no Novo Testamento é a usada aqui para faculdades (ta aisthètèria), que denota aquelas faculdades especiais da mente que são usadas para o entendimento e o julgamento. Dentre todos os homens, é o cristão que têm conhecimento das coisas espirituais porque sua mente é treinada na arte da compreensão. Este processo de treinamento é achado em Hebreus 12.11; 1 Timóteo 4.7 e 2 Pedro 2.14, embora neste último caso ocorra no sentido adverso de treinamento na avareza. O poder de distinguir entre o bem e o mal tem sido procurado desde os tempos de Adão e Eva, mas alcançá-los não ocorre facilmente
até mesmo para aqueles com algum conhecimento de CRISTO. Esta perícia imediatamente demonstra a diferença entre o maduro e o imaturo. Deve ser reconhecido que os cristãos, especialmente entre os gentios, teriam de forjar um novo código da moral a fim de não serem maculados pelo mundo.
A Excelencia da Nova Aliança em CRISTO - Orton H Wiley - Comentário Exaustivo da carta aos Hebreus - Editora Central Gospel - Estrada do Guerenguê . 1851 - Taquara I 11111 Rio de Janeiro - RJ - CEP: 22713-001 PEDIDOS: (21) 2187-7090 .
TRECHO DE TRANSIÇÃO
Tendo, pois, a JESUS, o Filho de DEUS, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer- se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna. Hebreus 4.14-16 ARA.
Essa é uma passagem de transição que resume as anteriores e prepara o leitor para as grandes verdades a serem reveladas a respeito do sumo sacerdócio de CRISTO e da oferta que fez de si mesmo pelos nossos pecados. A primeira verdade compreende a superioridade de JESUS sobre os anjos, comparada à coluna de uma grande arcadalo; a segunda verdade, sobre o sacrifício perfeito dele, corresponde à superioridade de JESUS sobre Moisés, e pode ser comparada a outra coluna. O arco que passa por cima das duas é a nova e eterna ordem do sacerdócio. A pedra angular do arco é CRISTO, que reúne em si mesmo tanto o sacerdócio da ordem de Arão como da de Melquisedeque, e, assim, torna-se um verdadeiro Sumo Sacerdote para o homem nas coisas pertencentes a DEUS.
Vemos ainda que se trata de um trecho de transição pelo fato de que o versículo 14, que inicia esse trecho, é introduzido pela palavra grega oun (6uv), pois, funcionando como uma inferência do que O precede, a palavra garporque (v. 15), a qual indica que esses versículos são uma preparação para a análise mais extensa do sacerdócio no capítulo seguinte. Lutero, contudo, achava que o versículo 14 devia ter assinalado o início do capítulo seguinte. Observamos que a maneira incidental de introduzir novos temas é peculiar da Epístola aos Hebreus (cp. 1.4; 3.2). Todo o trecho de transição é exortativo, e suas verdades estão entre as mais ricas do livro inteiro.
  TEMOS UM GRANDE SUMO SACERDOTE
Tendo, pois, a JESUS, o Filho de DEUS, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa corifissão. Hebreus 4.14 ARA.
Mencionam-se quatro características que constituem a grandeza de JESUS como nosso Sumo Sacerdote:
1. Ele não é um sumo sacerdote subordinado. Ele pertence à elevada ordem de Melquisedeque, sendo, portanto, um ReiSacerdote. Como Rei, consente em ministrar como Sacerdote; como Sacerdote, ministra com autoridade de Rei.
2. Ele penetrou os céus. A alusão é ao sumo sacerdote passando pelo véu interior até o SANTO dos Santos, em 'que habitava a presença de DEUS. Assim, JESUS também ascendeu em presença dos Seus discípulos e, passando pelos céus físicos, ocultou-se por uma nuvem semelhante a um véu. Atrás dela, os céus físicos que conhecemos eram apenas o átrio pelo qual Ele passou à glória inefável e à luz inacessível; à presença imediata de DEUS. O que os sacerdotes da ordem de Arão não podiam fazer, a não ser simbolicamente, JESUS realizou de fato, atravessando não um véu material, mas os céus superiores, penetrando no próprio trono de DEUS. Por esta razão, o escritor de Hebreus fala em seguida que CRISTO foi feito mais alto do que os céus (Hb 7.26c). JESUS é grande como Sumo Sacerdote porque tem acesso a DEUS, estando assentado como nosso Mediador à direita da Majestade nas alturas, ministrando por nós em um tabernáculo muito mais amplo e mais perfeito, isto é, o próprio céu.
3. JESUS é um Sumo Sacerdote compassivo. O escritor da Epístola aos Hebreus menciona o nome terreno do Mestre, JESUS, antes de chamá-lo pelo sublime título de Filho de DEUS. O primeiro nos dá a certeza de Sua presença solidária; o segundo, a base de nossa confiança.
4. Ele é o Filho de DEUS, a segunda pessoa da Trindade, e, não obstante, tornou-se carne, a fim de oferecer-se como propiciaçáo pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo (1 Jo 2.2; 4.10). O autor da Epístola, rendo apresentado o nosso grande Sumo Sacerdote como ideal do sacerdócio plenamente realizado, passa a considerar, de maneira incisiva, os benefícios aos quais, por intermédio de CRISTO, temos acesso.
O ESPÍRITO SANTO nos diz que este grande Sumo Sacerdote é nosso, pertence-nos. DEUS mesmo o indicou para este propósito. Devemos depositar nele toda a nossa confiança e seguir a Sua orientação e direção ao nosso espírito. Não somos de nós mesmos; fomos comprados por um alto preço. JESUS ordenou que vivamos mediante o Seu sacerdócio; e de tal modo devem as nossas vontades se identificarem com a Sua que se possa dizer que CRISTO vive em nós e por nosso intermédio manifesta a Sua vida (Gl2.20). Conservemos, então, firmes a nossa confissão, exorta-nos Hebreus 4.14 (ARA), e não nos permitamos ser afastados de nossa herança pelos enganos de Satanás. O ESPÍRITO SANTO energicamente nos afiança a Sua ajuda, usando as duas designações do nosso grande Sumo Sacerdote: Ele é JESUS, O Filho do Homem, que nos compreende integralmente e se compadece de nós; e Ele é o Filho de DEUS, com poder soberano, capacitando-nos para triunfar em todas as coisas.
A COMPAIXÃO DE JESUS
Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecerse das nossas fraquezas. Hebreus 4.15a
Este versículo é introduzido por uma dupla negativa, a fim de salientar e fortalecer a posição contrária. Cowles observou que isto é um tanto fora do comum, sendo adotado por motivos que não são difíceis de encontrar. É possível que nos perguntemos se, de fato, alguém tão superior em dignidade e glória poderia compadecer-se dos humildes, frágeis e sofredores. A resposta é: jamais o coração de JESUS deixaria de ser tocado pela solidariedade para com as nossas fraquezas. Existem dois verbos traduzidos como solidariedade ou compadecerse. Cada um ocorre apenas duas vezes no Novo Testamento, nunca na Septuaginta. O primeiro é sunpaschein, que significa literalmente sofrer com ou com outrem. Não vai além de tomar parte no sofrimento dos companheiros. O segundo verbo, sunpathein (ouvn:a8dv), usado no versículo acima e em Hebreus 10.34, vem de pathos sumpathes (atJrjn:a8i]ç). Assume, assim, um significado superior, o de sentimento comum, em vez de soffrimento comum. Entre os homens, é possível que a solidariedade se extinga por falta de compreensão, mas JESUS, como DEUS-Homem, com Sua consciência teantrópica mais profunda, compreende-nos integralmente e é infalível em Sua compaixão e solidariedade.
O leitor da Epístola aos Hebreus há de notar que a negativa dupla é um tanto incomum, mas não é adotada por razões dificeis de localizar. Talvez, mesmo na linhagem de Arão houvesse sumos sacerdotes que
interpretassem a sua dignidade pessoal em tal sentido, que sufocava toda a solidariedade natural para com os humildes. Os hebreus, que tinham tido experiência com tais sumos sacerdotes, talvez retrocedessem diante de alguém que vinha recomendado pela sua grandeza, dignidade e glória superlativas. Antecipando e prevenindo este temor, o autor diria: "Sim, poderia haver sumos sacerdotes que não se condoessem das nossas enfermidades, porém, nós não temos tal. Jamais devemos temer que JESUS seja insensível, incompassivo, porque foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado (Hb 4.15b ARA). (CoWLEs, Epistle to the Hebrews, p. 55,56).
Miley, em seu capítulo sobre a compassividade de CRISTO, disse: Chegamos, assim, aos próprios alicerces da compaixão de CRISTO que são revelados nas Escrituras e apreendidos no mais profundo pensamento e sentimento cristãos. Estes alicerces não jazem nas experiências de mera consciência humana, com todas as limitações e incapacidades humanas, nem estão sujeitos à Lei do tempo e da variação de condições, como o estão todas as bases da solidariedade humana. As provações de CRISTO, que constituem a base de Sua simpatia, têm lugar na Sua consciência teantrópica. Ali, permanecem sempre, e para todas as exigências de Sua compassividade são ainda fatos vivos, exatamente como o eram nas horas de sua provação. [ ... ] É aqui que encontramos, na solidariedade de CRISTO, a verdadeira doutrina de Sua personalidade. Ele tem de ser uma Pessoa teantrópica; do contrário, não teria tido a consciência da provação e do sofrimento que é necessária à Sua compaixão. Ele é uma Pessoa teantrópica, pois, em unidade pessoal, associa a natureza humana com a Sua natureza divina e, por meio da humana, entra na consciência da provação e sofrimento como os nossos. A consciência teantrópica de CRISTO é a verdade central de Sua personalidade. [ ... ]A consciência divina do humano é um fato intrínseco do caráter teantrópico de CRISTO. [ ... ] Ele é teantrópico em Sua personalidade, não em Suas naturezas. Nestas, Ele é divino humano, mas, na unidade da personalidade, Ele é divino-humano, DEUS-Homem. Na unidade de personalidade, deve haver a unidade da consciência, mas, na consciência teantrópica, é preciso que existam fatos divinos e humanos. Na consciência teantrópica de CRISTO, os fatos divinos vêm com a divindade do Filho; os humanos, mediante a natureza humana em que Ele encarnou. (MILEY, Systematic Theology, 2, p. 40,41)
A TENTAÇÃO DE JESUS
Antes, foi ele tentado ern todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Hebreus 4.15b ARA.
As palavras choris hamartias, aqui traduzidas como sem pecado, encontram-se também em Hebreus 9.28, mas com uma conotação inteiramente diferente. Ali, aludem à segunda vinda de CRISTO, que será isenta de todo pecado e toda oferta propiciatória. Por esta razão as palavras sem pecado são interpretadas no sentido de que Ele virá naquele tempo sem oferta pelo pecado.
Em Hebreus 4.15, contudo, as palavras sem pecado significam um afastamento pessoal do pecado, seja por contato ou contágio, seja por ato ou condição. Podem significar:
(1) que JESUS suportou a tentação sem, de modo algum, contaminar-se com o pecado; ou
(2) que JESUS foi tentado em todos os pontos, como seríamos nós se, como Ele, fôssemos sem pecado.
Westcott disse que o primeiro destes pensamentos não está excluído da expressão sem pecado, mas o último parece ser a ideia dominante. Outros exegetas assumem a mesma posição. Von Hofmann observou: "Não apenas a tentação não produziu pecado nele, mas não se ligou a pecado algum". "'E Vaughan afirmou que JESUS "foi tentado em todos os pontos como nós, mas com absoluta separação, sem a mínima admissão de pecado". Para Lowrie, a expressão sem pecado limita a noção de semelhança de CRISTO conosco. Não se trata apenas de que Ele não pecasse, "mas que a tentação foi inteiramente desacompanhada
do pecado nele". O Dr. Adam Clarke chegou à mesma conclusão, traduzindo as palavras kath homoiotetasegundo a semelhança, como "até onde a Sua natureza humana poderia ter afinidade com a nossa". As expressões à nossa semelhança sem pecado marcam a distinção entre a humanidade verdadeira de JESUS e a nossa em estado decaído. CRISTO não apenas não cedeu sob a pressão da tentação; nele não havia pecado para corresponder a ela. Tampouco havia hábitos pecaminosos a vencer, como é comum na humanidade. Todavia, Ele tinha todos os desejos inocentes que pertencem à natureza humana e foram dados por DEUS.
Esses desejos humanos, em contraste com a natureza divina, são chamados astheneia (áa8tvna), ftaquezas, pois as Escrituras nos dizem que JESUS foi crucificado em ftaqueza (2 Co 13.4 ARA). Foi por causa de Sua humanidade que Ele foi tentado, experimentou a fome, a sede, o cansaço, o opróbrio e sofreu com a rejeição por parte dos pecadores. Satanás procurou perverter os desejos inocentes de JESUS, tornandoos desordenados, a fim de levá-lo a pecar. Mas não conseguiu. JESUS pôde reconhecer, em todos os pontos, a malícia do tentador e desafiar-lhe o poder, pois não conhecia pecado. Assim, aquele que se tornou o supremo Sumo Sacerdote no céu compreende as nossas tentações, e a grandeza de Sua simpatia e de Seu auxílio excedem em muito as necessidades do Seu povo. Eis outro comentário do Dr. Adam Clarke sobre a expressão à nossa semelhança, referindo-se a CRISTO: Pois, embora Ele tivesse um corpo humano perfeito e uma perfeita alma humana, esse corpo era perfeitamente equilibrado, isento de impulsos mórbidos e, conseqüentemente, livre de qualquer movimento irregular. Sua mente ou alma humana, estando limpa de todo pecado; sendo em todos os aspectos perfeita, não poderia ter impulsos irregulares, nada que fosse incongruente com a pureza infinita. Sob todos esses aspectos, Ele foi diferente de nós, não podendo, como homem, solidarizar-se conosco em sentimentos desta espécie. Mas, como DEUS, ofereceu amparo ao corpo sob todas as suas provações e fraquezas; para a alma ofereceu a expiação e o sacrifício purificador, de sorte que limpa o coração de toda impureza e enche a alma do ESPÍRITO SANTO, transformando-a em Seu próprio templo e habitação contínua. Ele assumiu a nossa carne e o nosso sangue, um corpo e uma alma humana, e viveu humanamente. Eis a semelhança da carne pecaminosa (Rm 8.5). E, assim, assumindo a natureza humana, Ele habilitou-se perfeitamente para fazer expiação pelos pecados do povo. (CLARKE, Commentary on the Epistle to the Hebrews 2, N, p. 733 ss.).
Como nós, JESUS se cansou do trabalho, desfaleceu de fome, sentiu frio e foi oprimido pelo calor do verão, não tendo onde reclinar a cabeça. E, passando destes a outros males muito mais difíceis de serem
suportados, Ele enfrentou a rejeição por parte dos pecadores; calúnias de uma vida irrepreensível; maquinações contra os apelos mais afáveis e os mais fortes argumentos; repulsa persistente, tanto às Suas críticas mais dedicadas como às Suas.súplicas banhadaS de lágrimas. Veio para o que era Seu, e os Seus não o receberam. Além disso, tudo o que pode haver de mais horrível nas mais ferozes tentações de Satanás Ele sofreu repetidas vezes; toda aquela fragilidade humana que torna a ministração angélica tão preciosa Ele, certamente, sentiu, e teve ocasião de bendizer a Sua suave consolação e conforto. (CoWLES, Epistle to the Hebrews, p. 55,56)
Ora, é muito claro que um homem poderá, desta maneira, achar-se na situação de ser tentado, sem ser necessário supor que haja nele, por isso, uma inclinação maligna [ ... ] Assim foi com referência à tentação de CRISTO. Ele foi tentado em todos os aspectos, na alegria e na dor, no temor e na esperança, nas mais variadas situações, mas sem pecado. Ser tentado, para Ele, era questão puramente passiva, puramente objetiva durante todo o período da Sua vida. Ele renunciou aos prazeres da vida em relação aos quais tinha uma natural suscetibilidade, porque não poderia alimentá-los apenas em consonância com as esperanças carnais do Messias acalentadas pela multidão. E Ele manteve Sua norma de conduta a despeito da perspectiva, que se rornava cada vez mais certa, de que a Sua fidelidade e [a conseqüente] perseguição [que sofria] o conduziriam ao sofrimento e à morte, dos quais Ele sentia um medo natural. Aquela suscetibilidade ao prazer e este medo foram os que o tentaram; não as inclinações pecaminosas, mas afeições puras, inocentes, que pertencia essencialmente à Sua natureza humana. (EBRARD, Biblical commentary on the Epistle to the Hebrews, p. 169,170)
O TRONO DA GRAÇA
Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna. Hebreus 4.16 ARA
O autor da Epístola, tendo descrito CRISTO como o Sumo Sacerdote ideal, Sua tentação e Sua solidariedade para com o povo, considera-o agora a ministrar a graça do Seu trono no céu. Rico como é este versículo ao coração do povo de DEUS, assume significado ainda mais profundo quando as palavras gregas são analisadas em seus vários matizes de significado. O vocábulo trono vem de uma antiga palavra grega que passou para o nosso idioma com o significado de lugar onde se assenta o rei. Este trono da graça corresponde ao da Majestade, nas alturas (Hb 1.3), mas apresentado sob aspectos diferentes, visto que o Filho, como nosso Mediador, é apresentado à destra do Pai para administrar graça e verdade. Devemos, pois, aproximar-nos de DEUS não como de nosso Juiz, mas como nosso gracioso Pai celestial.
A alusão a CRISTO nesse texto é à entrada do Sumo Sacerdote no SANTO dos Santos no grande Dia da Expiação; contudo, a grandeza de JESUS como nosso Sumo Sacerdote não consiste em atravessar um véu material, mas o próprio céu, para ali administrar no tabernáculo maior e mais perfeito.
Tendo feito Sua oferta propiciatória, CRISTO penetrou os céus até a presença de DEUS, para comparecer por nós naquele local. Assim, todos os homens podem, agora, aproximar-se com confiança deste trono da graça e com ousadia.
O autor da Epístola, tendo descrito CRISTO como o Sumo Sacerdote ideal, Sua tentação e Sua solidariedade para com o povo, considera-o agora a ministrar a graça do Seu trono no céu. Rico como é este versículo ao coração do povo de DEUS, assume significado ainda mais profundo quando as palavras gregas são analisadas em seus vários matizes de significado. O vocábulo trono vem de uma antiga palavra grega quepassou para o nosso idioma com o significado de lugar onde se assenta o rei. Este trono da graça corresponde ao da Majestade, nas alturas (Hb 1.3), mas apresentado sob aspectos diferentes, visto que o Filho, como nosso Mediador, é apresentado à destra do Pai para administrar graça e verdade. Devemos, pois, aproximar-nos de DEUS não como de nosso Juiz, mas como nosso gracioso Pai celestial. A alusão a CRISTO nesse texto é à entrada do Sumo Sacerdote no SANTO dos Santos no grande Dia da Expiação; contudo, a grandeza de JESUS como nosso Sumo Sacerdote não consiste em atravessar um véu material, mas o próprio céu, para ali administrar no tabernáculo maior e mais perfeito. Tendo feito Sua oferta propiciatória, CRISTO penetrou os céus até a presença de DEUS, para comparecer por nós naquele local. Assim, todos os homens podem, agora, aproximar-se com confiança deste trono da graça e com ousadia.
1. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente (Hb 4.16a ARA)
O verbo proserchomethaaproximar-se, aqui traduzido como achegar-se, tem o· mesmo significado em Atos 7.31 e também em Hebreus 10.22. É usado no Antigo Testamento para designar o serviço dos sacerdotes no santuário, especialmente o do sumo sacerdote. Em Hebreus 4.16, o verbo está no tempo presente, ativo e volitivo, e significa continuemos a aproximar-nos de DEUS por intermédio do nosso grande Sumo Sacerdote. CRISTO fez infinita provisão por nós e o homenageamos quando nos aproximamos confiadamente do trono de DEUS para receber a graça adquirida e a nós prometida. A palavra confiadamente vem do radical parresias, que significa dizer tudo, mas sem presunção. O convite, portanto, é para nos aproximarmos corno estamos, dizermos o que desejamos e pedirmos com confiança aquilo de que necessitamos. Que gracioso convite é este! Os que se aproximam do trono da graça com vacilação e medo demonstram pouca confiança nas provisões maravilhosas que CRISTO fez por nós por meio da graça. O uso da palavra proserchometha, achegar-se, é significativo por ser mais uma alusão ao descanso da fé, sob o simbolismo do santuário celestial, e salientar mais especialmente o processo de sua realização do que a obra consumada, pois o autor da Epístola, indiretamente, alude ao véu rompido do corpo de CRISTO, à Sua entrada como Precursor no tabernáculo celestial, maior e mais perfeito, e ao caminho que Ele abriu para nós até o SANTO dos Santos, a presença de DEUS. Corno a obra apostólica de CRISTO conduz ao descanso da alma em DEUS, assim a Sua obra sacerdotal proporciona a nós, dentro do véu, a plenitude da vida e da bênção. O escritor de Hebreus ainda não chegou aos ensinos sobre a oferta sacrificial do nosso grande Sumo Sacerdote, às promessas melhores e ao santuário celestial. Devemos, portanto, considerar este primeiro acheguemo-nos à luz da oração singela, que o mais frágil dos crentes não pode deixar de compreender. Mas os que se mantêm aproximando-se do trono da graça serão logo levados ao segundo achegar-se em que a vida aquém do véu é passada à· plenitude da bênção de CRISTO (Rm 15.29 ARA).
2. A fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna (Hb 4.16b)
verbo labomenaqui traduzido como recebermos, na sua forma mais simples, significa tomar. CRISTO provou a morte por todo homem e, agora, todo homem é livre para ir ao propiciatório da cruz e tomar livremente da misericórdia que lhe foi assegurada e que o aguarda ali. A palavra misericórdia refere-se mais especialmente ao perdão dos pecados, enquanto graça é aquilo que procuramos para purificar o coração e sustentar-nos em todas as provações e decepções. Por isso, o verbo heuroman, significa achar no sentido de descobrir ou encontrar por teste em tempos de necessidade. Porque JESUS consumou a obra de expiação de nossos pecados, temos certeza de misericórdia, e porque Ele é o nosso Sumo Sacerdote à destra de DEUS, é apto para fazer toda graça abundar para nós em todas as coisas. A expressão em ocasião oportuna é uma tradução da palavra grega eukaironeu significando bem, kairon, oportunidade, de sorte que o termo significa ajuda em tempo próprio ou oportuno, isto é, socorro necessário, quando necessário. Isto é o que o Rev. Will Huff, um dos grandes pregadores da geração passada, chamou "graça para o momento oportuno". A palavra boetheiansocorro, pode igualmente ser bem traduzida como assistência ou apoio. Existe, porém, um significado mais profundo e ainda mais precioso: correr ao grito de socorro. Podemos compreender, portanto, que, mesmo do trono da graça, o apoio ou socorro não será concedido sem o grito, sem o clamor. Mas quão bom é saber que, quando em dificuldades e tribulações clamamos por socorro, o nosso grande Sumo Sacerdote, cheio de solidariedade e compaixão, corre ao nosso encontro e jamais deixa de conceder graça em tempos de necessidade! Lembremo-nos também de que o clamor há de ser por socorro imediato, e não quanto a algo num futuro distante e desconhecido. A única justificativa para aproximar-nos deste trono da graça é o fato de que temos uma necessidade urgente. Seja qual for a necessidade, grande ou diminuta, DEUS pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra (2 Co 9.8 ARA).
EXORTAÇÃO FINAL
Ao findar esta exortação, faz-se necessária uma palavra final a respeito da ousadia com que devemos aproximar-nos do trono da graça. Vimos que a palavra grega traduzida como confiadamente não admite o sentido de presunção, tampouco pode ser interpretada como mero estado ou condição produzida em nós por esforço próprio ou determinação. Ela é usada em Hebreus 4.16 e ocorre em dois outros lugares na Epístola (Hb 3.6; 10.35), onde aparece como ousadia confiança, respectivamente. Em Hebreus 3.6, somos exortados a guardar firme a ousadia, e em Hebreus 10.35 somos advertidos a não abandonar a nossa confiança. Esta implica fé em outrem, não sendo, portanto, nossa meramente. Nossa fé e confiança foram asseguradas pelo sangue de JESUS e inspiradas em nós pelo ESPÍRITO SANTO. João nos disse que a fé procede de um perfeito amor- o qual lança fora o medo do coração purificado - e que é isto que nos assegura a ousadia no Dia do Julgamento. Isso também é ilustrado por Pedro e João, os quais, ao ministrar cura a um coxo, negaram que o milagre fosse devido ao seu próprio poder e à sua santidade. No entanto, a ousadia deles espantou os sacerdotes e saduceus, que observaram terem eles estado na companhia de JESUS (At 3.12; 4.13).
Sendo assim, o segredo da ousadia e confiança na obra de DEUS é a constante comunhão com JESUS, que inspira na alma a força e a coragem do perfeito amor: Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna (Hb 4.16 ARA).
HEBREUS 5
5 - O CARGO E A OBRA DO SACERDOTE
Deixando o capítulo 4 da Epístola, entramos na sua terceira e maior divisão. Acabamos de estudar a obra profética de CRISTO, tipificado por Moisés, e a herança prometida interpretada como o descanso dafé. Ingressamos, agora, na divisão que trata da obra sacerdotal de CRISTO, tipificado por Arão, a qual compreende três subdivisões principais: o sacerdócio, o santuário e o serviço. Conquanto estes assuntos sejam tratados nos capítulos 5 a 10, é difícil oferecer um esboço definido, pois os assuntos se desvanecem e fundem-se uns nos outros. Primeiro, há uma análise do sacerdócio; depois, do santuário, como local de sua ação, e, por fim, do serviço prestado no santuário, das ofertas e dos sacrifícios. Em geral, pode-se dizer que o sacerdócio é considerado principalmente-nos capítulos 5, 6 e 7; o santuário, nos capítulos 8 e 9 (incluindo a aliança), e o sacrifício, no capítulo 10. Assim, como Levítico 16 é o grande capítulo da expiação do Antigo Testamento, Hebreus 9 e 10 são os grandes capítulos neotestamentários da expiação; o capítulo 9 mostra CRISTO como o Ofertante sumo sacerdotal, e o capítulo 1 O mostra-o como a Oferta sacrificial.
O capítulo 5 de Hebreus continua o assunto iniciado na passagem de transição do anterior (Hb 4.14-16), mas a maneira como os dois textos estão relacionados depende da interpretação da palavra porque, cabendo perguntar se o capítulo 5 é mera explanação da passagem anterior ou se é uma seção independente na continuação do argumento. Na primeira hipótese, as declarações anteriores a respeito do sacerdócio de CRISTO são confirmadas, demonstrando que elas satisfazem plenamente todos os requisitos do sacerdócio de Arão; na segunda, o capítulo 5 é uma declaração independente dos requisitos básicos do sacerdócio de acordo com as qualificações exigidas da linhagem de Arão. Analisaremos o capítulo 5 em conformidade com esta última hipótese.
AS SEIS QUALIFICAÇÕES E A OBRA DO SACERDOTE
Existem seis qualificações essenciais ao sumo sacerdote arônico, em conformidade com a primeira divisão do capítulo (Hb 5.1-5). Estas podem ser assim enumeradas:
a. Ele deve ser tomado dentre os homens (Hb 5.1a) e, portanto, deve ser da mesma natureza que aqueles a quem serve;
b. Ele é ordenado ou indicado a favor dos homens; é um representante deles e, apesar de seu cargo pertencer a DEUS, está sempre interessado em interceder pelos homens (Hb 5.1b);
c. Ele não deve comparecer à presença de DEUS de mãos vazias; deve, porém, oferecer tanto dons como sacriflcios pelos pecados (Hb 5.lc ARA);
d. Ele deve manifestar uma atitude de compaixão e moderação para com os que são ignorantes e os que erram (Hb 5.2a);
e. Porque é tomado dentre os homens e compartilha de suas fraquezas e pecados (Hb 5.2a), ele deve fazer oferta por si mesmo, bem como pelo povo (Hb 5.3);
f. Não toma para si a honra de ser sumo sacerdote, mas é chamado e constituído por DEUS, com Arão (Hb 5.4).
É evidente que estas seis qualificações podem ser facilmente reduzidas a duas principais e essenciais: ele deve ser escolhido dentre os homens e constituído por DEUS. Neste caso, os outros atributos são meramente explicativos. Todavia, em nosso estudo mais completo do sacerdócio de Arão, para maior simplicidade, seguiremos a ordem encontrada na primeira seção (Hb 5.1-3).
a. Porque todo sumo sacerdote, tomado dentre os homens (Hb 5.1 a).
Esta é a principal qualificação para o sumo sacerdócio! Ebrard declara que tal sentença pode ser disposta logicamente como segue: "Todo sumo sacerdote pode comparecer diante de DEUS a favor dos homens, somente em virtude de ser tomado dentre eles". O fato de ser tomado dentre aqueles que representa é necessário para a verdadeira comunhão, compreensão e simpatia [entre o sumo sacerdote e aqueles por quem intercede e oferece sacrificio]. Por esta razão, o escritor de Hebreus anteriormente declarou que CRISTO não tomou os anjos, mtTS tomou a descendência de Abraão (Hb 2.16). Esta mesma expressão, porém, tomado dentre os homens, sugere a ideia de que existe um outro Sumo Sacerdote de quem poderia ser feita uma descrição diferente - CRISTO, o qual, embora, como homem, esteja associado à humanidade, é ao mesmo tempo de origem celestial (Hb 7.28).
b. É constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a DEUS (Hb 5.1 h).
A palavra kathistatai (Ka8(a't:a't:al) é o vocábulo usual para designar indicação para um cargo. Aqui, trata-se principalmente da natureza do cargo, daí as palavras constituído ou ordenado como próprias para expressar o cargo assim estabelecido. A expressão constituído a favor dos homens é parte enfática da declaração. O sumo sacerdote, embora tomado dentre os homens a fim de agir nas coisas concernentes a DEUS, continua vitalmente associado aos homens. Ao comparecer diante de DEUS no desempenho das funções de seu cargo, o sumo sacerdote agirá a favor dos homens. Desviar-se deste propósito, ou mesmo ser negligente nele, seria violar a própria natureza do cargo.
c. Para oferecer tanto dons como sacrifícios pelos pecados (Hb 5.1 c ARA)
Muitas autoridades no assunto acham que thusia (8vaía), sacriflcios, fazia referência aos animais mortos [para exiaçáo do pecado e da culpa]; e dora (bwQa), dons, às ofertas voluntárias, tais como as ofertas de manjares, ofertas de bebidas e de ações de graças. Contudo, embora a palavra sacrifícios se restrinja aos sacrifícios ou ofertas de sangue, o termo dons não tem essa limitação nas Escrituras e é, às vezes, aplicado também aos sacrifícios de animais, como em Hebreus 8.4, em que a palavra dora abrange os dons e sacrifícios, conforme se verifica no versículo precedente. A teoria geralmente aceita é que dora é um termo geral aplicado a todas as ofertas e que thusia é um vocábulo específico aplicado às ofertas pelo pecado. Contudo, usadas juntas, serve para distinguir as ofertas voluntárias das ofertas pelo pecado.
A palavra prospherei significa apresentar e é o termo que, com frequência, aplica-se ao ato do sacerdote de levar a vítima até o altar do sacrifício. Tecnicamente, a obra do sumo sacerdote não era sacrificar a vítima, o que era muitas vezes feito pelos outros [sacerdotes ou levitas], e sim apresentar o sacrifício diante de DEUS no altar das ofertas queimadas.
d. E é capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram (Hb 5 .2a ARA)
Esta qualificação está relacionada ao estado de espírito que o sumo sacerdote deve ter ao apresentar sua oferta e tem a ver com a declaração de que ele é tomado dentre os homens, podendo sofrer como eles (e compadecer-se deles]. A palavra metriopathein [traduzida como condoer-se (ARA) ou compadecer-se (ARC)] não ocorre em outra parte do Novo Testamento nem se encontra na Septuaginta. É de origem
grega posterior e parece ter sido usada, primeiro, em oposição aos estoicos, que achavam que o homem sábio deveria estar isento de paixão, apático, apathes (ãna8ríç). A formação da palavra metriopathein indica que é um meio termo entre a ausência de paixão e a entrega violenta a ela. Implica, portanto, o exercício da paciência e a demonstração de sentimento moderado; o oposto da ira violenta e da completa indiferença. É assim [com paciência e moderação] que o sumo sacerdote deve condoer-se dos que são ignorantes edos que erram.
A diferença entre a palavra sumpathesai, atribuída a CRISTO (Hb 4.15), e metriopathein é que a primeira indica solidariedade como um sentimento positivo de bondade, enquanto a última indica mais especificamente a contenção de sentimentos impiedosos.
Lindsay observou que: Talvez a seleção das palavras tenha visado a expressar a idéia de que reinava no seio de CRISTO uma bondade mais positiva e mais pura; uma solidariedade não produzida pelo sentimento de Sua própria fragilidade [humana], mas resultante da compaixão divina de Sua natureza. No caso do sacerdote terreno, a moderação de sentimentos de desprazer contra o pecador é produzida pela consciência de seus próprios pecados. (LINDSAY, Lectures on Hebrews, 1, p. 20 1).
Pelas expressões os ignorantes os que erram, entendemos que o escritor de Hebreus não afirmou que a obra do sacerdote precisava apenas aos pecadores moderados; os demais estariam exduídos. Ao contrário, as expressões os ignorantes os que erram incluem todos os pecadores; aludem a todos os tipos de pecado cometidos [por vontade e por omissão], pelos quais o sacerdote oferece expiação.
O primeiro termo, ignorância, agnoousin (àyvoovaiv), é usado na Septuaginta em suas várias formas no lugar das palavras hebraicas que indicam um conteúdo de maior ou menor transgressão e pecado, como no  Salmo 25.7, em que Davi suplica o perdão dos pecados da sua juventude e de suas transgressões.
palavra agnoousin provavelmente está relacionada com a expressão engano do pecado (Hb 3.13), em que a ideia não é de absoluta ignorância, mas de concepção confusa, engano, ocasionada pelo pecado.
Já a expressão os que erram, planomenois, traz em si a ideia de extraviar-se ou afastar-se do verdadeiro dono ou do caminho certo. Por esta razão, na Authorized Version, aparece os que saíram do caminho. O sentido de planomenois é o mesmo na frase estes sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos (Hb 3.10 ARA).
Stuart sugeriu que as duas palavras, agnoousin planomenois,são usadas a fim de designar transgressores de várias espécies. Assim, o sumo sacerdote deve condoer-se tanto dos que se desviam como dos
que erram, bem como procurar, por todos os meios possíveis, restaurá-los ao caminho da verdade.
Lindsay salientou que: A escolha desta palavra [metriopathein, condoer-se] foi das mais felizes, como se verá ao lembrar que os homens têm uma inclinação freqüente para a curiosidade acentuada no sentido inverso da sua própria bondade. O pior dos dois ladrões [crucificados ao lado de JESUS] foi o mais impiedoso contra Crisro. O [sumo] sacerdote terreno, com todos os seus pecados e imperfeições, inclina-se mais à severidade do que o celestial e, por esta razão, deve habitualmente recordar-se de que é um  pecador, como aqueles a favor dos quais ministra. (LINDSAY, Lectures on the Epistle to the Hebrews, 1, p. 201)
e. E, por esta causa, deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados (Hb 5 .3)
A referência aqui é ao grande Dia da Expiação, em que o sumo sacerdote oferecia sacrifício por si mesmo e, depois, pelo povo. A preposição regular usada em fazer oferta pelos pecados é peri e ocorre três vezes neste versículo: pelo povo, por si mesmo pelos pecados. A palavra deve é opheilei (óq>~:LAn) e traz em si a noção de obrigação, no sentido de que as relações que o sumb sacerdote assumira exigiam que ele fosse coerente. As palavras pois também ele mesmo está rodeado de fraquezas (Hb 5.2 ARA), pronunciadas a respeito do sumo sacerdote, tornam-se, neste contexto [do versículo 3], o fundamento da  necessidade de uma oferta por si mesmo. O termo rodeado é perikeitai, que significa ficar em volta, cercar, enquanto que fraquezas é astheneian, que significa, fundamentalmente, fraqueza, mas é aqui usada no sentido de fraqueza moral ou pecado.
Duas grandes verdades destacam-se claramente aqui:
a. O sumo sacerdote não tinha quem fizesse a expiação pelos pecados dele e, por isso, estando rodeado de fraquezas, como o povo do qual fora tirado, deveria fazer expiação por si mesmo. Isto naturalmente chama atenção para as imperfeições do sumo sacerdócio arônico e prepara o caminho para a apresentação da perfeição de CRISTO, como o Filho de DEUS.
b. Relacionada a isto está a necessidade de aptidão pessoal como qmilificação para o sacerdócio. O sumo sacerdote deveria comparecer diante de DEUS isento de culpa e ser aceitável ao Senhor antes de apresentar as necessidades do povo. No caso do sacerdócio levítico, esta era uma purificação cerimonial e apontava para a necessidade de Alguém que fosse sem pecado pessoal e inerente: o Filho de DEUS. O sumo sacerdócio arônico, portanto, é simbólico e temporário, de CRISTO, real e eterno.
fNinguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por DEUS, como aconteceu com Arão (Hb 5.4 ARA)
Em Hebreus 5.1-3, é analisado o cargo de sumo sacerdote e são enumeradas as suas qualificações e funções. Agora, no versículo 4, enfati7ase a característica final e suprema do sumo sacerdote: ele é especificamente chamado por DEUS para servir nesta qualidade. Para confirmar isto, o escritor da Epístola apela para Aráo [o primeiro sumo sacerdote constituído por DEUS] e, ao fazê-lo, refere-se ao sumo sacerdócio conforme foi originalmente constituído e, portanto, em sua pureza e simplicidade. Aquilo que aperfeiçoa as qualificações de um sumo sacerdote, então, é o chamado de DEUS. Isto tão-somente é o que poderia dar ao antigo sumo sacerdote arônico ou levítico confiança para aproximar-se de DEUS. E só esse fator poderia criar aquela confiança no povo, que lhe permitiria colocar nas mãos do sumo sacerdote os seus interesses eternos. Sendo assim, ninguém poderia legitimamente tomar para si esta honra [a de autoconstituir-se sumo sacerdote], e os que presumiram fazê-lo sofreram o castigo divino. Isso porque, uma vez que DEUS é o ofendido, só Ele pode nomear o sumo sacerdote por intermédio do qual o povo poderá achegar-se a Ele. Estes três versículos (I a 3, de Hebreus 5), com o versículo de transição (v. 4), demonstraram que CRISTO satisfez plenamente todas as qualificações de sumo sacerdote, como foi apresentado em Hebreus 4.14-16, e com uma dignidade e uma glória maiores do que aquelas que se associavam ao antigo sacerdócio levítico. CRISTO, isento de todo defeito moral, exibe muito maior compaixão e capacidade intercessória do que Arão jamais foi capaz. Hebreus 5.4, que ofereceu a qualificação suprema do sumo sacerdote, torna-se, agora, a introdução de uma nova seção: CRISTO e a nova ordem do sacerdócio (Hb 5.5-10).
CRISTO E A NOVA ORDEM DO SACERDÓCIO
Assim, também CRISTO a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei; como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. Ele, JESUS, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem, tendo sido nomeado por DEUS sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.  Hebreus 5.5-10 ARA
Embora o tema aqui seja uma continuação do assunto nos versículos que precedem essa pasagem- a apresentação de CRISTO tipificado por Arão -, lembremos que as seis qualificações e ftmçóes do sumo sacerdócio mencionadas em 5.1-4 podem reduzir-se a duas: ser tomado dentre os homens (Hb 5.1) e ser chamado por DEUS (Hb 5.4). Assim, nesta seção, isto será considerado em ordem inversa, sendo mencionado primeiro o chamado de DEUS e depois a natureza humana do sumo sacerdote, à luz de um novo elemento introduzido no último versículo: o da nova ordem de sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque, e não segundo a arônica ou levítica;
1. Assim, também CRISTO a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote (Hb 5.5a ARA)
Esta é uma continuação do versículo anterior e completa o paralelo entre Arão e CRISTO. Visto que ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por DEUS, como aconteceu com Arão (Hb 5.4 ARA), CRISTO não glorificou a si mesmo para tornar-se Sumo Sacerdote. Existe uma elipse em Hebreus 5.4, que completa. a contraposição de ideias: "DEUS glorificou CRISTO"; ou "mas DEUS O glorificou"; ou "mas DEUS o glorificou em virtude de ter-lhe falado». [Essa antítese deixa de ser elíptica em Hebreus 5.5: mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei.] Em Hebreus 4.14, o nome JESUS é mencionado como o grande sumo sacerdote que penetrou os céus (ARA). Já em Hebreus 5.5, o autor da Epístola usa o título CRISTO associado ao sumo sacerdócio talvez porque o sumo sacerdote era ungido com óleo, e a palavra CRISTO significa O Ungido, sendo este o termo que melhor expressa Seu ofício.
Além disso [em Hebreus 5.4], em conexão com o sumo sacerdócio, o autor da Epístola usa o termo honra. Mas [em Hebreus 5.5], especificamente para CRISTO, usa um vocábulo mais rico: glória [subentendido pelo verbo glorificou]. O fato de que DEUS considerasse uma honra para Seu Filho tornar-se o Sumo Sacerdote- por meio de quem todo aquele, perdido e culpado, que nele cresse seria salvo (cf. Jo 3.16) -manifesta um amor que excede todo entendimento, pois procede do coração infinito de DEUS. É difícil para o homem mortal entender que CRISTO deixou a glória que tinha com o Pai, antes que o mundo existisse, considerando uma glória maior redimir-nos por Sua morte na cruz, purificar-nos de todo pecado por meio do Seu precioso sangue e conceder-nos o ESPÍRITO para habitar em nós como Consolador constante. O homem nunca compreenderá isso plenamente; apenas se maravilhará e adorará a DEUS. Sua admiração e a adoração não cessarão; pelo contrário, hão de aumentar no decorrer dos séculos eternos. O cerimonial da consagração, conforme a Lei de Moisés, iniciava-se com a lavagem à porta do Tabernáculo e seguia-se a colocação das roupas sacerdotais. Sobre a pessoa consagrada, lavada e vestida, derramava-se o óleo da unção. Em conexão com isto, era feito um sacrifício para remoção da culpa; uma oferta era queimada para expressar consagração completa e fazia-se uma oferta pacífica para demonstrar a aceitação da parte de DEUS. Mas o óleo era para a santificação: Depois, derramou do azeite da unção sobre a cabeça de Aráo e ungiu-o, para santificá-lo (Lv 8.12). O sumo sacerdote estava acima de seus irmãos; [era aquele] sobre cuja cabeça foi derramado o azeite da unção em abundância (Lv 21.10). Nosso Senhor foi consagrado para o Seu cargo pelo ESPÍRITO SANTO que Ele recebeu sem medida; porque a este o Pai, DEUS, o selou ao 6.27d). Todos os outros particulares da consagração caíram, a não ser que o batismo de CRISTO correspondesse à lavagem do sumo sacerdote. Contudo, a diferença essencial estava em que CRISTO, enquanto encarnado, recebeu o ESPÍRITO da unção, consagrando-se a si mesmo: E por eles me antifico a mim mesmo ao 17.19a). Pela glória divina de Sua filiação, Ele dedicou Sua pessoa e Seu ser à propiciação dos pecados dos homens. (PoPE, Compendium ofchristian theology, 2, p. 219,220)
2. Mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei (Hb S.Sb ARA)
Não há menção específica aqui a uma indicação para o sumo sacerdócio. Alguns acham que o ofício messiânico compreende em si mesmo o profético, o sacerdotal e as funções reais. Bruce considerou o sacerdócio contemporâneo da filiação. Para ele, os termos estão tão interligados que dizer Tu és meu Filho equivale a proclamar "Tu és sacerdote". Ebrard sustentou que a referência ao Salmo 2 contém palavras dirigidas àquele Filho de Davi que logo viria ser identificado com o Messias. E, visto que este seria sacerdote, JESUS, sendo o Messias, era também Sacerdote. Todavia, é provável que a verdade esteja em um nível bem mais profundo. O escritor da Epístola aos Hebreus apresentou, na primeira parte da Epístola, o Filho como o Herdeiro de todas as coisas; disse que os mundos foram feitos por Ele, que Ele é o resplendor da glória ·e a expressão exata da pessoa do Pai, que o Filho sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder e que, tendo por si mesmo purificado os nossos pecados, sentou-se à destra da Majestade nas alturas (Hb 1.1-3). O Filho, portanto, é a única Porta de entrada para o templo da comunhão com DEUS. Somente o Filho tem as necessárias qualificações para o sacerdócio espiritual que Ele exerce, tornando-nos participantes de Si mesmo e da glória que Ele tem com o no Pai. Por esta razão, ninguém poderia ser o nosso grande Sumo Sacerdote, senão o Filho de DEUS. Esse testemunho do Pai- Tu és meu Filho- não apenas revela a obra sacerdotal de CRISTO fundamentada na Sua filiação divina, mas também a natureza dessa obra que, por meio da filiação, restaura os homens à comunhão com DEUS. As palavras Eu hoje te gerei são da máxima importância também neste sentido. Paulo e João consideraram a expressão primogênito como se referindo à ressurreição de CRISTO (Cl 1.18; Ap 1.5). Tendo sido feita a oferta de Si mesmo sobre o altar da cruz, a ressurreição "foi a investidura oficial de CRISTO no sacerdócio. O seu exercício aguardava a ascensão, que estava para a ressurreição como a coroação está para a ascensão de um soberano, Epistle to the Hebrews, p. 92).
3. Como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre~ segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.6 ARA)
Tendo sido lançado o fundamento nas palavras Tu és meu Filho - que formam a um tempo a base e a natureza do sacerdócio de CRISTO-, o escritor da Epístola agora confirma a Sua designação direta. Faz isso com outra citação dos Salmos, o Salmo 110 um dos que sempre foram considerados messiânicos, e ao qual tanto nosso Senhor como os apóstolos se referiram como profético a respeito das reivindicações de CRISTO. As palavras Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque são enfáticas. Demonstram que DEUS constituiu o Messias no cargo sacerdotal, confirmando Sua autoridade. Mas este táo verdadeiramente designado para o sacerdócio (assim como Aráo), Hb 5 introduz um  elemento inteiramente novo: CRISTO era Sacerdote de urna ordem diferente [como Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Alóssimo, cuja nomeação e autoridade provavelmente não foram conferidas por outro homem, mas por DEUS (cf. Gn 14.18; Hb 7.1,10-17)]. A ênfase, então, é tão-somente sobre a ideia da designação. Em Hebreus 5.6, a palavra sacerdote, hiereus, foi usada em lugar de sumo sacerdote, archiereus, pois não havia sacerdotes subordinados a Melquisedeque. Em hebraico, eram usadas duas palavras significando ordem. A que foi usada no Salmo 110.4 [para designar o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque] difere da que era empregada para designar O sacerdócio segundo a ordem levítica, conforme a Lei de Moisés. [Em grego] A palavra taxin foi usada na tradução de ambas as palavras [hebraicas para ordem]. Ela aparece em Lucas 1.8 e muitos outros textos neotestamentários. Mas essa palavra grega, taxin, também significa qualidade, espécie, hierarquia ou posição; e estes significados sáo os que melhor expressam verdade sobre a ordem de Melquisedeque, sumo sacerdote que não teve predecessor nem sucessor. O autor da Epístola citou todo o versículo [do Salmo 110.4], em parte para uma melhor compreensão dele, mas, principalmente, por ser wn principio pedagógico deste escritor mencionar sucintamente, de antemão, o assunto que tenciona tratar de maneira extensa. Por isso, a frase Tu és sacerdote para sempre é usada três vezes (Hb 5.6,10; 6.20) antes de ser discutida no capítulo 7, onde é usada mais duas (Hb 7.17,21). As seguintes características a respeito de Melquisedeque ilustram o caráter de CRISTO como o verdadeiro Sacerdote daquela ordem [divina]:
a. Melquisedeque era sacerdote por seu próprio direito, e não em virtude de suas relações com os outros;
b. Era sacerdote para sempre, sem substituto nem sucessor;
c. Ele não foi ungido com óleo, mas com o ESPÍRITO SANTO, como sacerdote do Altíssimo;
4. Não ofereceu sacrifícios de animais, mas pão e vinho, símbolos da Ceia que CRISTO depois instituiu;
d. E (talvez o principal pensamento na mente do escritor da Epístola) ele uniu em si as funções sacerdotais e reais, coisa estritamente proibida em Israel, mas a ser manifesta em CRISTO, Sacerdote no Seu trono (Zc 6.13). Foi na véspera do sacrifício na cruz que nosso Senhor solenemente assumiu a função sacerdotal; primeiro, pela instituição da Santa Ceia, o sacrifício memorial do cristianismo; e segundo, pelo que se costuma chamar Oração sumo sacerdotal- sendo a lavagem simbólica dos pés interposta em uma relação que afeta ambas. A instituição sacramental [da Santa Ceia] está permeada de idéias sacrificiais: exibe o verdadeiro Cordeiro pascal, cujo sangue é, ao mesmo tempo, derramado pela remissão dos pecados, em virtude de uma nova aliança ratificada com sangue [de JESUS] para a propiciação [do homem] pelo benefício [advindo] da morte [do Cordeiro de DEUS], que é celebrado em uma contínua festa de ofertas pacíficas. A Oração sumo sacerdotal foi a autoconsagração de JESUS para a submissão final às dores inerentes à expiação [do pecado do homem]. Todos os cargos messiânicos são santificados nessa oração suprema: o profético- Dei-lhes a tua palavra (v. 14a); o real- Assim como lhe deste poder sobre toda carne (v. 2a); o sacerdotal - E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade (cp. ]o 17.19). Mas trata-se, preeminentemente, da oração de consagração do Sumo Sacerdote; a assunção formal, na cruz, Seu altar, Sua obra expiatória. (POPE, Compendium ofchristian theology, 2, 217,218)
4. O qual nos dias da sua carne (Hb 5.7a ARe)
O autor da Epístola, tendo abundantemente demonstrado que JESUS é Sumo Sacerdote por designação divina, passa agora à segunda característica essencial do sacerdócio: a da solidariedade humana mediante a posse dessa natureza. Verificar-se-á, neste contexto, que CRISTO cumpre esta qualificacft.o tão perfeitar'nente como a primeira, rendo aprendido, pela experiência real do sofrimento, a solidarizar-se perfeitamente com a fraqueza do homem. Como é comum ao escritor de Hebreus, o assunto é introduzido casualmente pelo pronome o qual, hos, que se refere a CRISTO, no versículo 5. [Na ARA, o pronome o qual foi substituído por Ele, seguido do aposto JESUS, a fim de reiterar quem é o sujeito da oração: Ele, JESUS, nos dias da sua carne.].
A expressão nos dias da sua carne refere-se a todo o período da vida terrena de CRISTO, incluindo também a Sua morte. A palavra sarx assinala a distinção entre a criatura e o DEUS invisível. Refere-se não tanto aos elementos essenciais da humanidade quanto às condições da vida presente. É um termo que se remete à natureza humana em sua fragilidade e seu sofrimento. Paulo usou o termo sarx para aludir à natureza humana pecaminosa ou tal qual passou a existir após a Queda. Contudo, visto que o escritor, em Hebreus 4.15, declara que JESUS era sem pecado, devemos excluir todo vestígio de pecado em Sua natureza, atribuindo-se somente as fraquezas isentas de pecado da natureza humana, tais como as dores e aflições da vida. No quadro todo da existência da humanidade, com suas fragilidades e seus sofrimentos, CRISTO cabe perfeitamente, com esta única exceção: era sem pecado.
5. Tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas (Hb 5. 7b ARA)
Parece haver um paralelo com a afirmação anterior do autor da Epístola de que o sacerdote deve oferecer dons e sacrifícios [Hb 5.1], reforçado pelas palavras com forte clamor e lágrimas. Dissemos que com o dom, doron, honramos a DEUS, e com sacrifício, thusia (8vaí.a), somos libertos do perigo que só DEUS pode evitar. No caso do pecador, este perigo surge do pecado, que deve ser perdoado; no caso de CRISTO, origina-se do fardo esrnagador das iniquidades da humanidade, em meio às quais só DEUS poderia sustentá-lo e preservá-lo até a consumação de Sua missão. Parece haver na mente do escritor de Hebreus também um paralelo entre o sacerdócio levítico e o da ordem de Melquisedeque. O sacerdote levítico era um representante pecaminoso de um povo no pecado, que necessitava de purificação. Por isso, tinha de sacrificar por si mesmo antes de oferecer sacrifício pelo povo. CRISTO era sem pecado, mas, na agonia de Sua súplica, Ele suou, por assim dizer, grandes gotas de sangue; o início do derramamento daquele sangue que depois veneu de Sua fronte coroada de espinhos, das mãos e dos pés pregados na cruz e da lança que atravessou o Seu lado. Este sangue derramado no Calvário é que é a propiciaçáo pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo (1 Jo 2.2). Quem poderia compreender a profundeza infinita das palavras: Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de DEUS (2 Co 5.21)?
A palavra comum para oração é proseche, e a que significa simples petição ou pedido é aitema. A que é usada aqui, no versículo 7, porém, é deeseis, que significa rogos ou pedidos humildes e piedosos, sendo, por isso, às vezes traduzida como súplicas (Fp 4.6).
A palavra usualmente traduzida como súplicas é hiketerias e, em geral, é tida como mais formal. É o termo usado quando se enviam embaixadores com insígnias externas de instância. Com substantivo, denota o costume de um suplicante atar um ramo de oliva a um pedaço de lã e exibi-lo como sinal de seu caráter ou missão. Trata-se, ponanto, de uma súplica humilde e modesta, traduzindo-se, às vezes, como instância [rogo insistente]. A palavra traduzida como clamor é kraugesa traduzida como forte é ischuras, que significa forte, poderoso, veemente; e a traduzida como lágrimas é dakruon. Estas expressões devem, sem dúvida, referir-se a alguma ocasião particular, e a nossa mente naturalmente se volta para o jardim do Getsêmani, local em que, segundo o relato dos evangelistas, o Senhor sofreu grande agonia. Mateus conta que as palavras do Mestre foram: A minha alma está cheia de tristeza até à morte (Mt 26.38b). Marcos revela que Ele começou a ter pavor e a angustiar-se (Me 14.33b), enquanto Lucas enfatiza que, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão (Lc 22.44). Julgam alguns que as palavras krauge ischura, forte clamor [em Hebreus 5.7], referem-se à crucifié'ação, quando JESUS exclamou: DEUS meu, DEUS meu, por que me desamparaste? (Mt 27.46c), bem como aos instantes quando, pouco antes de morrer, clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito(Lc 23.46b). E a despeito de essas cenas nos últimos momentos de JESUS se adaptarem bem às descrições feitas em Hebreus 5.7, não há razão para eliminar a hipóstese de que o autor da Epístola não tivesse em mente também outros momentos de dor e sofrimento na vida terrena de JeSus, referindo-se a todas essas ocasiões ao afirrp.ar que Ele ofereceu, com forte clamor e Ugrimas, orações e súplicas. Ao usar essas palavras enfáticas, o propósito supremo do escritor de Hebreus era descrever a agonia de JESUS em sua intensidade máxima. É uma descrição dele no abismo mais profundo da humilhação. As lágrimas brotam espontâneas, à medida que lemos acerca de Suas instâncias e Seus rogos, Suas súplicas hwnildes e reiteradas, os altos clamores, as lágrimas que acompanharam a agonia de Sua alma e o suor que brotava de todos os poros, caindo ao chão como grandes gotas de sangue. Especialmente no Getsêmani, o véu se levanta um pouco e começamos a ver o Seu ser santo recuar pelo puro temor da maldição. JESUS via a morte como castigo. Dentro de poucas horas, haveria de enfrentar a cruz, e não lera Ele nas Escrituras: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro? (Gl3.13; cp. Dt 21.23). Todavia, Ele deveria ser pregado no madeiro e, assim, tornar-se maldito em nosso lugar, para redimir-nos da maldição da Lei e para que recebêssemos pela fé, o ESPÍRITO prometido (Gl3.14 ARA).
JESUS era peculiarmente sensível ao sofrimento, e Sua própria pureza, em um mundo como o nosso, expunha-o a angústias às quais somos alheios. E tudo o que lemos nas Escrituras, em consonância com isto, leva-nos a supor que as cenas finais da vida dele foram acompanhadas por sofrimentos jamais experimentados por alguém neste mundo. Quem não pressente o fato de que, se cenas como a do Getsêmani não tivessem sido registradas, seríamos inclinados a supor que, de alguma maneira, a divindade de JESUS o teria impedido de sentir toda agonia do Seu fardo? E não se teria, então, perdido para nós o Seu exemplo de sofrimento paciente? Além disso, havia outra peculiaridade nos sofrimentos de CRISTO: Ele conhecia de antemão cada passo do caminho áspero que havia de palmilhar. Os sofrimentos que se desenvolvem gradualmente jamais podem exercer a mesma influência sobre o espírito que os que são previstos desde o princípio. "Devemos admirar-nos, então", disse Lidsay, "que os sofrimentos previstos de JESUS tenham enchido a Sua alma de tão grande agonia?" Não se pode duvidar que, quanto mais JESUS se aproximava do Calvário, mais agudo se tornava o Seu sofrimento, até que a ministração angélica trouxe-lhe a quietude de alma com que Ele se aproximou da cruz.· O escritor de Hebreus propôs-se a provar a segunda característica essencial do sacerdócio de CRISTO nele cumprido: Ele foi tomado dentre os homens, nutrindo a mais profunda solidariedade para com aqueles que deveria representar. Aqui se demonstra que Ele sofreu o peso dos pecados de toda a humanidade e, ao fazê-lo, sofreu como nenhum outro, manteve-se íntegro em Seu ofício.
6. A quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade (Hb 5. 7 c ARA)
Tendo falado da intensa agonia de JESUS, que envolvia súplicas com forte clamor e as lágrimas de um coração dilacerado pela angústia, o autor da Epístola refere-se à natureza das súplicas e à resposta que JESUS recebeu. Pelo que CRISTO orou? Qual foi a resposta? Ha várias conjecturas quanto a isso por parte 4os comentadotes bíblicos. As diferenças residem na interpretação das duas expressões principais: a quem o podia livrar da morte tendo sido ouvido por causa da sua piedade. Concernente à primeira, na expressão ek thanatou, a preposição ek, de, indica separação, egresso ou estar fora de, sendo usada aqui em lugar de apo, que também significa de, mas indicando origem ou procedência. Destacam-se, assim, dois significados diferentes para ek thanatou: (1) ser salvo da morte;' de modo a escaparlhe ou ser isento dela; ou (2) trazer da morte para uma nova vida. [Neste segundo caso, a súplica de JESUS não era para ser livre da morte (no sentido de não morrer); era para escapar dela pela ressurreição.] A segunda sentença principal éapo tes eulabeias (Traduzida como quanto ao que temia, na ARC, e como por causa de sua piedade, na ARA). [Isso porque] A palavra eulabeias (n) tem dois significados: (1) pode denotar temor piedoso ou reverência; (2) pode significar medo, temor ou terror ante a calamidade iminente. É usada em ambas as acepções no grego clássico e também em diferentes traduções da Bíblia. O primeiro significado, temor piedoso, foi adotado na Vulgata, bem como pelos escritores gregos em geral e na maior parte das versões inglesas, incluindo as notas marginais da Authorized V ersion. De um modo geral, é preferível à segunda ideia, de temor ou terror. Esse sentido, por influência de Calvino e de Beza, foi usado no texto da Bíblia em genovês, na Bíblia dos Bispos, e na Authorized Version, de 1611. A tradução de eulabeias como temor (godly fear) consta tanto na American Revised Version {1881) como na Revised Standard Version. É evidente que qualquer interpretação desse texto há de levar em consideração os vários significados das duas expressões participiais: quem o podia livrar da morte tendo sido ouvido por causa da sua piedade (ARA), ou quanto ao que temia (ARe).
Eis a seguir algumas das tentativas de solução dos problemas implicados no texto:
a- A primeira interpretação depende do uso de ek, traduzido cotno de (da morte), e eulabeiascomo piedade. A oração de JESUS, portanto, não era para ser isento da morte física, mas para ser liberto dela pela ressurreição. A oração foi respondida, pois, ao terceiro dia, Ele ressuscitou e surgiu a clamar: Eis que estou vivo pelos séculos dos séculos (Ap 1.18). Esta é a solução apresentada no Commentary de Ellicott em que lemos: "A oração, estamos convencidos, não era para que a morte fosse afastada, .tnas para que houvesse libertação em meio à morte. A oração foi respondida: a morte foi o início da Sua glória" (Hb 2.9).
b- A segunda interpretação, que difere muito da precedente, é a de Lowrie (emAn explanation ofthe Epistle to the Hebrews, p. 155-157). Ele acha que a frase a quem o podia livrar da morte acrescenta noções importantes ao texto. Não lemos que CRISTO orou pedindo libertação da morte física, mas que orou Àquele que o podia livrar da morte, mas com a consciência de que não o livraria, pois foi criado para o sofrimento da .morte (Hb 2.9). Assim, o termo a seguir, eulabeiasteria sido usado no sentido de temor ou terror. O autor da Epístola já falara de CRISTO como sendo um que,como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado (Hb 4.15b). Estaria descrevendo-o agora [em Hb 5.7] submetido àquela tentação que se tornara o temor contínuo dos que viera salvar (Hb 2.14-15). CRISTO se permitira ser oprimido pelo temor da morte, como os outros homens, solidarizando-se com as fraquezas deles ao participar da natureza humana. A razão pela qual Ele recuou [apelando a quem o podia livrar da morte] só pode ser explicada pela suposição de que Ele viu na morte a pena da maldição e o confronto com todas as forças do pecado e até com o próprio inferno. A segunda parte da cláusula partici piai nos diz não apenas que Ele foi ouvido, mas também como a Sua oração foi respondida: E tendo sido ouvido por causa da sua piedade (Hb 5. 7 ARA) ou quanto ao que temia (ARe). A resposta, então, foi a libertação daquele temor que o oprimira. Um anjo veio e fortaleceu JESUS. A partir de então, Ele enfrentou os embates finais de Sua vida terrena com perfeita serenidade; até mesmo a cruz. Tendo CRISTO triunfado sobre a morte, ela deixou de ser motivo de temor para o povo de DEUS.
c- A terceira interpretação diz que JESUS orou apenas com um se [sabendo que poderia ou não ser livre da morre], de sorte que o objetivo real de Sua oração era o cumprime~to da vontade de DEUS. Esta tese considera eulabeias como temor reverente ou piedoso, e não o temor da morte, mas o de DEUS, que recua ante a transgressão da vontade de DEUS. A verdadeira oração de JESUS, portanto, foi: "Seja feita a Tua vontade" - oração que foi plenamente respondida em Sua vida.
d- A quarta interpretação foi sugerida por Westcott. Ele observou que a oração de CRISTO foi pela vitória sobre a morte como fruto do pecado e que o atendimento da oração, que ensina obediência, não é tanto a concessão de pedidos específicos; é a certeza de que o que é concedido conduz, da maneira mais eficaz, ao objetivo. CRISTO assim aprendeu que cada detalhe de Sua vida e paixão contribuía para a obra que veio cumprir e, portanto, Ele foi perfeitamente atendido. Neste sentido é que JESUS foi ouvido em Sua oração piedosa (WESTCOTI, Commentary on the Epistle to the Hebrews, p. 128,129).
7. Embora sendo Filho (Hb 5.8a ARA)
Existe necessariamente uma íntima conexão entre este e o versículo precedente. O Filho é mencionado aqui não apenas para defender Sua dignidade e glória, mas também para enaltecê-las. Mesmo a .palavra Filho sendo em geral usada quanto ao CRISTO encarnado, aqui se refere ao Filho eterno, isto é, ao Filho como segunda pessoa na Trindade santa. Isso, porém, está sempre ligado ao uso da palavra Filho em conexão com a encarnação. O autor da Epístola, tendo anteriormente declarado que o Filho é o resplendor da glória [do Pai] e a expressão exata do seu Ser (Hb 1.3 ARA), descreve-o agora como humilde suplicante, achegando-se ao Pai com forte clamor e lágrimas. Esse período de humilhação não diminuiu a glória do Filho, pois se constata que esses sofrimentos são vicários e propiciatórios e encontram sua perfeição na morte de JESUS na cruz. A obra redentora de CRISTO é mais uma nova glória, posto que, sendo Ele Filho de DEUS, foi obediente ao Pai até a morte: Pelo que também DEUS o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de JESUS se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que JESUS CRISTO é o Senhor, para glória de DEUS Pai.Filipenses 2.8-11
8. Aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu (Hb 5.8b ARA)
Essas palavras, no grego, são uma aliteração: emathen aph hon epathenisto é, Ele aprendeu pelo que sofreu. A ênfase, no entanto, deve ser colocada sobre o último termo, ephaten, sofreu. Não é dito aqui que o Filho aprendeu a obedecer, pois sempre foi obediente; tampouco que lhe foi imposta uma lição de obediência por meio do sofrimento, pois a respeito dele está escrito: Deleito-me em fazer a tua vontade, ó DEUS meu (Sl 40. 8a; Hb 10. 7). Observa-se também que foi usado o artigo definido com a palavra obediência, ten hupakoen, que lhe dá o sentido de uma obediência especial ou completa, em contraste com a obediência comum. (Já em Embora sendo Filho] O artigo definido é omitido antes da palavra Filho. O texto poderia ser traduzido como: "Embora fosse (o) Filho, aprendeu obediência". · Lindsay comentou sobre o verdadeiro significado do texto: Ele Uesus] adquiriu experiência real do que significa obedecer em circunstâncias de angústia esmagadora. Uma grande obra lhe foi confiada; surgiam dificuldades umas após outras no Seu caminho. Sofrimentos inauditos se acumularam sobre Ele ao aproximar-se o fim. Então, a alma encheu-se-lhe de agonia, p"orém, nem por um momento Ele hesitou na obediência a DEUS. Com perfeita resignação, enfrentou a hora e o poder das trevas e, assim, a Sua obediência foi cabalmente provada. Por dolorosa experiência aprendeu Ele o que é obedecer. Que amargor, que provação, quando o sofrimento e a morte colocam-se no caminho do dever! (LrNDSAY, Lectures on the Epistle to the Hebrews, p. 219). Podemos dizer, então, que aprender obediência é experimentar roda a extensão e profundidade daquele sofrimento que Ele, como Salvador, exigiu de si mesmo e a que se submeteu, a fim de assegurar a plena redenção da humanidade.
9. E, tendo sido apeifeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem (Hb 5.9a ARA)
Esta é a segunda vez que o autor da Epístola lisa a expressão aperfeiçoado em relação a por aquilo que padeceu (Hb 5.8 ARe) ou pelas coisas que sofreu (ARA). Em Hebreus 2.10, a palavra é teleiosai ('rEÀn4Jam), que está no aoristo ativo e com respeito ao Pai, de quem lemos que aperfeiçoou, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles (Hb 2.10 ARA). Em Hebreus 5.9, porém, a palavra é teleiotheis, que, usada passivamente a respeito de CRISTO, indica o efeito destes sofrimentos sobre Ele. Além disso, em Hebreus 2.10, a declaração é feita tendo como base a tipificação de CRISTO por meio de Moisés; é uma referência à obra apostólica de CRISTO, que se identifica com o Seu povo e vai adiante dele como um grande Líder, para levar muitos filhos à glória. Em Hebreus 5.9, a tipificação de CRISTO é por meio de Arão. Assim, CRISTO, como Sumo Sacerdote, oferece-se como propiciação pelos pecados do povo. A frase tendo sido aperfeiçoado não pode referir-se ao aperfeiçoamento do caráter moral de CRISTO, pois isto seria contraditório a tudo o que anteriormente se descreveu a Seu respeito. Tampouco pode referir-se ao relacionamento do Filho com o Pai, visto que esta comunhão era inerente e eternamente perfeita. Se o Filho tivesse permanecido como era na glória original do Pai, jamais teria se tornado o Autor da salvação, e não poderia conduzir muitos filhos à glória. Foi o amor ao Pai que constrangeu o Filho a tomar-se homem, pois essa era a vontade do Pai Qo 14.31). E CRISTO, por amor de nós, tendo também assumido a nossa natureza e experimentado nossas condições de vida, o caminho da glória para Ele, assim como para nós, era mediante os sofrimentos da morte e da ressurreição.
A perfeição do DEUS-Homem deve ser considerada sob os aspectos natural e sobrenatural.
a- Sob o aspecto natural ou humano, convinha que CRISTO fosse aperfeiçoado, não com relação à moral, mas no sentido de estar inteiramente qualificado para Seu ofício. Era-lhe necessário, como Filho do Homem, oferecer a DEUS o sacrifício exigido de uma humanidade perfeita.
Que se compreenda claramente isto: o Salvador, como Deus-Homem, recuperou para nós, pelas Suas perfeições positivas e pela excelência pessoal, tudo o que o primeiro Adão perdera na Queda e mais. Durante todos os Seus dias na terra, Ele enfrentou, dia a dia, as correntes adversas de um mundo pecaminoso, sofreu com elas e, por Sua obediência ativa ao Pai, sobre elas triunfou. Jamais CRISTO se apartou da vontade de DEUS, mas foi obediente até a morte, e morte. de cruz. Suá luta foi mais severa quando enfrentou a morte, porém, por meio da morte, Ele venceu aquele que tinha o poder sobre ela e se ofereceu a si mesmo imaculado a DEUS (Hb 9.14b).
Essa obediência total à vontade de DEUS e a submissão perfeita ao castigo da morte por parte daquele que não conheceu pecado tornaram a oferta vicária dele a base da expiação de todo pecado da humanidade.  Sendo voluntária essa oferta perfeita, recebeu CRISTO, como recompensa do Seu grande feito, autoridade para administrar a salvação que adquirira com Seu próprio sangue derramado. E, com Sua obediência, mediante o sofrimento, mostrou aquela solidariedmie necessária para compreender e rogar pelas necessidades daqueles que cressem que Ele os salvou pelo Seu sacrifício vicário. Essas três coisas: a natureza humana aperfeiçoada (como sacrifício vicário), a autoridade (conferida a CRISTO para administrar esta salvação como recompensa pela Sua oferta voluntária e perfeita) e a solidariedade (Sua capacidade para compreender, pela experiência humana real, aqueles a quem haveria de salvar) tinham de ser adquiridas pelo Homem-DEUS, pois não lhe pertenciam apenas como Filho de DEUS eterno. Neste ponto, reside o intenso significado da natureza humana aperfeiçoada de CRISTO como fundamento de Sua obra intercessória e sacerdotal.
b- Sob o ponto de vista sobrenatural ou divino, as palavras tendo sido aperfeiçoado (Hb 5.9a ARA) indicam um estado ou condição que transcende aquela que existia nos dias da sua carne (Hb 5.7). Durante a Sua vida terrena, CRISTO foi participante da natureza humana e, embora Ele próprio fosse sem pecado, lemos que foi feito em semelhança da carne do pecado (Rm 8.3). [Ou seja, , Ele era de fato humano e podia pecar, como qualquer ser humano, mas não pecou.]
A natureza humana que CRISTO assumiu [antes do Seu sofrimento] ainda não havia sido levada à perfeição para a qual fora divinamente criada. Assim, Ele próprio, igualmente, não chegara ao fim designado para o qual viera ao mundo. A perfeição última [como homem completo] adveio somente quando CRISTO ressuscitou dentre os mortos, assumiu um corpo glorificado, ascendeu ao santuário celeste e assentou-se à destra de DEUS. Então, Ele se tornou as primícias da humanidade, sendo aperfeiçoado, exaltado e glorificado.
Em CRISTO, a nossa natureza humana libertou-se da maldição; nele foi exaltada até o trono de DEUS. Tendo a natureza humana sido aperfeiçoada no Homem-DEUS, este se tomou o Autor da salvação eterna. E, de Sua posição exaltada no trono de DEUS, CRISTO comunica esta vida celestial a nós e, sacerdotalmente, assegura obediência ao Seu povo; a obediência pela fé. Essa nova humanidade em CRISTO foi chamada por Paulo de o novo homem, sendo ela o penhor da nova humanidade redimida, como o velho homem é o penhor da raça pecaminosa e depravada. Do DEUS-Homem procedem duas correntes nesta grande obra redentora: a nova e redimida humanidade e o espírito que nele habita sem medida. Estas se combinam na nova vida que CRISTO comunica aos que lhe obedecem. Mas esta vida só pode chegar à plenitude quando a velha vida do eu é crucificada, para que CRISTO possa ser tudo em todos (1 Co 12.6). Por isso, somos exortados a despojar-nos do velho homem e a revestir-nos do novo homem, que, segundo DEUS, é criado em verdadeira justiça e santidade (Ef 4.24).
A SALVAÇÃO ETERNA
E, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem. Hebreus 5.9 ARA
A expressão salvação eterna é usada pelo autor da Epístola para denotar o quarto aspecto da salvação completa sob as provisões da nova aliança. Esta salvação em CRISTO é chamada eterna para assinalar o contraste dela com a obra sacerdotal de Arão, ·que devia fazer expiação pelo pecado [dele e do povo] todos os anos. Os antigos sacrifícios judaicos não podiam remover a contaminação moral, tirar o pecado [apenas cobri-lo]; portanto, não podiam assegurar a salvação eterna. Mas a oferta de CRISTO foi de validade eterna, proporcionando perdão para todo pecado e uma libertação eterna para os que andam em obediência à verdade divina.
1. Tornou-se o Autor da salvação eterna (Hb 5.9b ARA)
O Sumo Sacerdote aperfeiçoado tornou-se o Autor da salvação, realizando, assim, em virtude de ter sido aperfeiçoado, aquilo que, sem essa perfeição, jamais poderia ter realizado. Novamente aqui, as palavras do texto sagrado assumem grande significado. Tornou-se, egeneto (tytvao), e não se torna, pois, do lado divino, a obra propiciatória de CRISTO fora cabalmente completada, razão pela qual a ela nos referimos como expiação concluída. A palavra aitios (al.noÇ) não ocorre em outra parte do Novo Testamento. O vocábulo traduzido como autor (Hb 12.2) é idêntico ao que é traduzido como capitão em Hb 2.1 O em algumas versões, não sendo o mesmo que se usa aqui. Como Autor da nossa salvação, CRISTO é, no mais pleno sentido, o nosso Salvador, porque a proporcionou por Sua oferta propiciatória e a administra por intermédio do ESPÍRITO SANTO. A palavra aíoniou (aiwv(ou) torna-se enfática nesta sentença, e pasin (nqow), todos, inclui todos os que, sejam judeus, sejam gentios, foram salvos pela fé e, por isso, aderiram a uma vida de obediência a CRISTO.
2. Para todos os que lhe obedecem (Hb 5.9c ARA)
Tendo em vista que a nossa salvação é somente pela fé, não nos devemos deixar trair pelo erro de supor que a fé suplanta a obediência a DEUS. Esta é, antes, a prova daquela. Aliás, o que não conduz à obediência não é fé, mas presunção. O verbo hupakouousinobedecem, é usado em Hebreus 5.9 no sentido de obediência da fé; como JESUS assinala em João 6.29: A obra de DEUS é esta: que creiais naquele que ele enviou. A salvação é fruto da graça de DEUS. Há os estágios preliminares operados pelo ESPÍRITO SANTO no despertamento, na convicção e no arrependimento do pecador Go 16.8-11), mas estes devem ser considerados como condições da fé. A graça opera tão-somente sobre o plano do desarnparo humano. O homem tem de despir-se de toda justiça própria antes que possa receber a justiça que pertence à fé; deve despojar-se de toda confiança própria antes de poder confiar exclusivamente em CRISTO. Posto que esses estágios preliminares de rendição a DEUS possam, em certo sentido, ser chamados obediência, não são a obediência de um cristão. Unicamente a conversão, o novo nascimento, é que caracteriza o início da vida cristã e, portanto, da verdadeira obediência. Devemos ter em mente também que o autor da Epístola se dirigia a cristãos judeus que se haviam convertido, mas ainda não se tinham apossado de tudo aquilo que a nova aliança proporciona. Ao falar sobre CRISTO como tendo sido aperfeiçoado, parece ser o objetivo do autor de Hebreus preparar a mente de seus leitores para o imperativo seguinte: Prossigamos até a perfeição (Hb 6.1). A vida cristã plena não se inicia antes de ser resolvida a questão do pecado, pois os que são de CRISTO sob as provisões da nova aliança não apenas se despojaram das obras da carne na conversão, mas igualmente crucificaram a própria carne como fonte de todas as paixões e desejos desordenados. Na conversão, o poder do pecado é dominado; na santificação completa do crente, o próprio pecado, com todas as suas contradições internas, é removido pelo sangue purificador de JESUS (Gl5.24; 1 Jo 1.7,9). Pecar ainda é possível após a conversão. Contudo, a natureza carnal não tem mais domínio sobre o novo homem, como tem sobre o velho homem, que tem a natureza adâmica. Assim, a luta contra o pecado continua. Como a obediência de CRISTO a DEUS levou-o à morte na cruz, a nossa obediência a Ele deve conduzir o nosso eu carnal à morte. Isto é ser crucificado com CRISTO. Nossa carne deve estar de tal modo pregada à cruz que façamos apenas a vontade de CRISTO, nosso Senhor. Assim, nossos pés já não andarão pelos nossos ·próprios caminhos; nossa fronte haverá de curvar-se humilde à grandeza de DEUS, negando as pretensões da lógica meramente humana; e o nosso coração será governado pelo ESPÍRITO, e nada procederá dele, senão vida e amor a CRISTO e aos que perecem. Paulo usou outra ilustração relacionada à crucificação da carne: Porque, se fomos plantados juntamente com ele [CRISTO] na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição{Rm 6.5). Ora, é evidente que a palavra ressurreição aqui não se refere à ressurreição futura do corpo, assim como o fato de estarmos unidos a CRISTO na Sua morte não se refere à morte do corpo físico. Significa a morte da mente ou do eu carnal e a ressurreição para a santidade. Como o Pai deu o Filho ao mundo para redimi-lo por meio do Seu sangue vertido na cruz, também CRISTO deu a si mesmo à Igreja, para a santificação e purificação dela (Ef 5.26,27). E, como a fé em CRISTO nos assegura a redenção operada na terra, assim a fé no dom prometido do ESPÍRITO SANTO. assegura-nos esta salvação aperfeiçoada no céu. Como uma é recebida pela fé, assim também a outra.
A QUARTA ADVERTÊNCIA: CONTRA A INDIFERENÇA
A esse respeito temos muitas coisas que dizer e diflceis de explicar, porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir. Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de DEUS; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal. Hebreus 5.11-14 ARA
Esta quarta advertência é uma humilhante censura ao fato de os cristãos judeus terem-se tornado tardios em ouvir. A palavra traduzida como tardios é nothroi (vw8Qól.), sendo a mesma que se traduz por indolentes em Hebreus 6.12 [ou negligente na ARe] . O sentido geral da palavra é preguiçoso e ocorre apenas nessas duas passagens. Pode-se dizer que a palavra nothroi, na presente acepção, aplica-se apenas ao fato de a pessoa deixar de assimilar as verdades mais profundas e significativas do cristianismo, ao passo que em Hebreus 6.12 é uma advertência contra o deixar de agir em conformidade com as verdades conhecidas. No primeiro caso, concerne à compreensão apenas; no segundo, às atividades da vida. Esta distinção é importante.
A ADVERTÊNCIA É DIRIGIDA A CRISTÃOS
Que os destinatários eram cristãos evidencia-se pelo fato de que tinham a faculdade de ouvir, embora enfraquecidos pela falta de atenção; eram crianças e, portanto, capazes de crescimento. Podiam andar, mas não tinham feito progresso sensível. No versísulo 9, são chamados amados e elogiados por suportarem grande aflição e aceitarem com alegria a espoliação de seus bens. Contudo, eles estavam sujeitos à tentação de retornar às exterioridades do judaísmo e necessitavam de firmeza para manter a fé. Em suma, não pode haver dúvida de que tinham vida espiritual, pois o escritor de Hebreus não exortaria pecadores à firmeza. Convenientemente interpretadas, estas palavras são uma censura à negligência dos cristãos judeus.
POR QUE ERA NECESSÁRIA ESTA ADVERTÊNCIA?
O escritor acabara de falar de CRISTO como Sumo Sacerdote e, ao fazê-lo, reforçara a expressão pelo uso do particípio aoristochamado por DEUS (Hb 5.4), sumo sacerdote (Hb 5.5), sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.6). Esta nova ordem [a de Melquisedeque], muito mais significativa do que a de Arão, reflete a grandeza e a eternidade do sumo sacerdócio de CRISTO. O significado desta grande verdade tinha passado despercebido pelos cristãos judeus, que não compreendiam que a profundidade e o mistério residiam não em Melquisedeque, mas em CRISTO, a quem Melquisedeque [como rei e sacerdote do Altíssimo] prenunciara. Essa ordem, conhecida desde o tempo de Abraão, teve o seu perfeito cumprimento em CRISTO, o Autor da salvação eterna. A este respeito, o autor da Epístola aos Hebreus afirmol:l que havia muito a dizer. É isto que este assinala em Hebreus 5.11: A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de explicar, porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir (ARA).
CRIANÇAS OU MESTRES?
Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais· são os princípios elementares dos oráculos de DEUS; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido. Hebreus 5.12 ARA
O autor da Epístola censura seus leitores pela indolência de espírito de que deviam envergonhar-se. É como se dissesse: "Olhem para si mesmos: embora sejam cristãos há muito tempo, espiritualmente ainda são apenas crianças, que precisam de leite e não podem ingerir alimento sólido; e mesmo esta dieta leve precisa ser administrada por outros!" Diversos vocábulos gregos são de interesse nesse texto. A palavra chronon, em mestres pelo tempo, significa tempo em extensão ou duração. Fossem judeus palestinos ou os da Dispersão, eles deveriam conhecer as Escrituras veterotestamentárias, que proporcionam  as bases para a interpretação cristã. O verbo gegonate, traduzido como haveis feito (ARA) ou fizestes (ARe), indica que aqueles a quem era endereçada a Epístola já tinham estado atentos à verdade antes, mas negligenciaram. na devidos à indolência mental. Também indica que aquele estado infantil era decorrente de deixarem de prosseguir até a plenitude da bênção de CRISTO (Hb 6.1). A palvra logion significava a princípio meramente dizeres, a seguir, oráculos de DEUS e, finalmente, revelação divina. A palavra stoicheia significa elementos, rudimentos, e é aqui traduzida como elemetares (ARA) e rudimentos (ARe). Neste sentido, a palavra refere-se aos elementos mais simples de que uma coisa consiste; como o alfabeto é o princípio elementar da linguagem. Outro termo relevante é o que relaciona o ensino cristão ao Antigo Testamento: arches (áQxi,lç), traduzido como princípios (ARA). Os princípios do cristianismo se encontram no Antigo Testamento. O problema não é que os cristãos a quem a Epístola aos Hebreus foi endereçada não estivessem familiarizados com o simbolismo do Antigo Testamento. Eles não tinham sido capazes ainda de interpretar esses símbolos como os princípios elementares da doutrina de CRISTO (Hb 6.1 ARA). Não tinham percebido que a insistência das Escrituras quanto ao arrependimento e à fé eram os princípios da doutrina cristã do perdão real dos pecados e da justificação pela fé. Tais cristãos conheciam as doutirnas básicas, como a do batismo e da imposição das mãos [o autor da Epístola lembra sobre isso em Hebreus 6.2], mas provavelmente eles não tinham compreendido que estas lavagens deviam cumprir-se na pureza cristã real, interior e exterior, e que a imposição das mãos indicava o elemento divino, a comunicação da vida e da pureza mediante o ESPÍRITO. Também fica evidente pelo texto em questão que o judaísmo dos dias de CRISTO acreditava na ressurreição dos mortos, conforme é demonstrado pelos seus ensinos e pelos milagres de CRISTO, nada sendo mais claro do que os judeus acreditarem também no juízo eterno. [Contudo, os cristãos judeus ainda precisavam aprofundar-se no significado real por trás de cada um desses rudimentos do judaísmo e do cristianismo. Essa é a proposta do autor da Epístola aos seus  leitores quando assinala que estes precisavam ser novamente ensinados sobre quais são os princípios elementares dos oráculos de DEUS.]
INEXPERIENTES NA PALAVRA DA JUSTIÇA
Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança Hebreus 5.13 ARA
O escritor de Hebreus usa a forma inversa para salientar o fato de que aquele que não progrediu mais espiritualmente, estando sua dieta espiritual ainda baseada no leite, é criança. Como tal, é apeiros, inexperiente, só podendo falar de coisas de menino (1 Co 13.11). Eis o estado a que os cristãos judeus se tinham permitido ficar desde a conversão! Usando cada vez menos seus dons e suas habilidades espirituais, o desenvolvimento desses cristãos se embargara tanto, que se tornaram incapazes de distiguir entre o bem e o mal. Não estavam, portanto, preparados para as grandes verdades que o autor da Epístola queria apresentar-lhes. A expressão logou dikaiosunespalavra da justiça, tem sido fonte de várias interpretações. Lenski achava que o termo justiça, na presente acepção, tem sentido adjetivo e, portanto, significa apenas que, como crianças, os judeus tinham progredido insuficientemente para entrar em um estudo justo ou próprio. A maioria dos comentadores, porém, julgou o termo justiça como um genitivo que se refere à justiça que CRISTO comunica pela fé. Westcott adotou uma posição intermediária, pois considerou que a palavra justiça aqui não aludia a toda a doutrina cristã (2 Co 3.9), e sim ao fato de que CRISTO é a Fonte da justiça e o Meio pelo qual os homens participam dela. Ebrard deu grande ênfase ao tema e o aplicou aos cristãos judeus alegando que a linha de pensamento (do autor da Epístola] é esta: "Vós ainda precisais de leite; o alimento forte não vos serve, pois quem quer que (como vós) não tenha assimilado nem mesmo a doutrina fundamentai da justiça em CRISTO (quem quer que ainda faça a sua salvação depender dos serviços e sacrifícios do templo) ainda precisa de leite, é ainda criança, detendo-se nos primeiros elementos do conhecimento de CRISTO". A distinção entre o KllÀÓV e KaKOV não pertence, como alguns estranhamente supõem, ao alimento sólido, mas o hábito já adquirido de distinguir o verdadeiro do falso é, antes, o fruto imediato da correta compreensão da palavra da justiça, e forma com esta a condição indispensável que deve ser satisfeita antes que se possa pensar em alimento sólido. Aquele que tomou o leite do evangelho, isto é, a doutrina fundamental da justificação[ ... ], de sorte que pode espontaneamente e por percepção imediata (consequentemente sem exigir longas reflexões e raciocínio prévio) distinguir o certo do errado, o caminho em que o cristão deve andar dos atalhos judaicos, a verdade evangélica da justiça farisaica da Lei, de modo a poder encontrar o caminho certo, por assim dizer, embora dormindo- aquele que tornou a digerir completamente estes elementos, não mais necessita ser instruído neles (o leite). Consequentemente, já não é KllÀÓV, mas KaKOV, e pode agora receber o alimento sólido, as doutrinas difíceis da simbologia mais elevada da Nova Aliança e da eterna natureza melquisedéquica do Sumo Sacerdote do Novo Testamento. (EBRARD, Biblical Commentary on the Epistle to the Hebrews, p. 194)
ALIMENTO SÓLIDO PARA OS PERFEITOS
Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal. Hebreus 5 .14b ARA A palavra traduzida como adultos é teleionperfeitos, vocábulo que aparece em Filipenses 3.15 como perfeitos. É possível que o autor da Epístola aos Hebreus tenha introduzido este termo a fim de preparar a mente dos leitores para a posterior discussão do termo perfeição no capítulo seguinte, onde ocorre o mesmo radical na primeira sentença: Deixemo-nos levar para o que é perfeito (Hb 6.1 ARA). 
 
CONSULTE a Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 73, p38.
SUGESTÃO DE LEITURA - Faces do Antigo Testamento, Teologia do Antigo Testamento, Pregando a partir do Antigo Testamento
   
AJUDA BIBLIOGRÁFICA
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
Peq.Enc.Bíb. - Orlando Boyer - CPAD = Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal. = O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS. = Revista Ensinador Cristão - CPAD. = Comentário Bíblico Beacon, v.5 - CPAD.
GARNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA = CHAMPLIN, R.N. O Novo e o Antigo Testamento Interpretado versículo por Versículo.  = STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
AS GRANDES DEFESAS DO CRISTIANISMO - CPAD - Jéfferson Magno Costa
O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edições Vida Nova – J. D. Douglas
Comentário Bíblico Expositivo - Novo Testamento - Volume I - Warren W. Wiersbe
Comentário Bíblico TT W. W. Wiersbe = Teologia Sistemática Pentecostal - A Doutrina da Salvação - Antonio Gilberto - CPAD = Bíblia The Word. = Teologia Sistemática - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - A Salvação - Myer Pearman - Editora Vida = CRISTOLOGIA - A doutrina de JESUS CRISTO - Esequias Soares - CPAD
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - Myer Pearman - Editora Vida = Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Teologia Sistemática de Charles Finney
A CARTA AOS HEBREUS - Introdução e Comentário por DONALD GUTHRIE - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA E ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO
SÉRIE Comentário Bíblico - HEBREUS - As coisas novas e grandes que DEUS preparou para vocè - SEVERINO PEDRO DA SILVA
A Excelencia da Nova Aliança em CRISTO - Orton H Wiley - Comentário Exaustivo da carta aos Hebreus - Editora Central Gospel - Estrada do Guerenguê . 1851 - Taquara I 11111 Rio de Janeiro - RJ - CEP: 22713-001 PEDIDOS: (21) 2187-7090 .