27 outubro 2025

Escrita Lição 6, Betel, Ana - A força de quem ora gera milagres, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV

Escrita Lição 6, Betel, Ana - A força de quem ora gera milagres, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV

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ESBOÇO DA LIÇÃO

1- A HISTÓRIA DE ANA

1.1- Ana não tinha filhos

1.2- Ana se humilhou diante de DEUS

1.3- Ana fez um voto com DEUS

2- A ORAÇÃO DE ANA

2.1- Ana perseverou em oração

2 2- Ana foi grata

2.3- O choro sincero de Ana

3- A FIDELIDADE DE ANA

3.1- Não faça voto de tolo

3.2- O legado de Ana

3.3- O louvor de Ana

 

 

TEXTO ÁUREO

"Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição, que eu lhe tinha

pedido", 1 Samuel 1.27.

 

VERDADE APLICADA

Na jornada cristã, em todo o tempo, devemos expressar um viver marcado por humildade, oração, perseverança, fidelidade e gratidão ao Senhor.

 

OBJETIVOS DA LIÇÃO

- Reconhecer o valor da oração persistente

- Ressaltar que Ana orava por uma causa específica

- Compreender a importância de cumprir os votos feitos a DEUS

 

TEXTOS DE REFERÊNCIA - 1 SAMUEL 1.10,11; 20-22

1 SAMUEL 1

10. Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou abundantemente. 11. E votou um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim de lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.

20. E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e teve um filho, e chamou o seu nome Samuel, porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor. 21. E subiu aquele homem Elcana, com toda a sua casa, a sacrificar ao Senhor o sacrifício anual e a cumprir o seu voto. 22. Porém Ana não subiu, mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante o Senhor e lá fique para sempre.

 

LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA 1Sm 2.1-10 Ana exaltou o Senhor.

TERÇA SI 37.5 Entrega o seu caminho ao Senhor e confia.

QUARTA SI 113.9 DEUS faz a mulher sem filhos viver em família.

QUINTA Rm 12.12 Quem persevera na oração sempre alcança.

SEXTA Tg 4.10 O Senhor exalta os que se humilham diante dEle.

SÁBADO Ap 21.4 DEUS seca as lágrimas dos que choram.

 

HINOS SUGERIDOS - 151, 210, 577

 

MOTIVO DE ORAÇÃO - Ore para que tenhamos propósitos claros diante de DEUS

 

PONTO DE PARTIDA – A oração persistente alcança DEUS.

 

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SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO – LIVROS E REVISTAS ANTIGAS

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ANA DEU UM FILHO PARA DEUS - RECEBEU CINCO FILHOS A MAIS DE PRESENTE

 

ANA - Dicionário Bíblico Wycliffe

Somente uma mulher com esse nome aparece na Bíblia, embora “Ana” (seu equivalente grego) seja o nome de outra mulher mencionada em Lucas 2,36. Esse nome significa “graça” ou “benevolência".

A história de Ana, mãe de Samuel, é encontrada em 1 Samuel 1 e 2. Ela era uma das duas esposas de Elcana, um levita da linhagem de Coate, que vivia no Monte Efraim. Talvez pelo fato de Ana ter sido estéril, ele se casou com uma segunda esposa chamada Penina, que lhe gerou filhos.

Ana era uma mulher de oração, de muita fé, e determinada. Ela suplicou que DEUS lhe desse um filho, e prometeu que, se Ele o fizesse, ela o daria ao Senhor. E assim fez quando Samuel nasceu; levou-o ao Tabernáculo ainda pequeno, e deixou-o aos cuidados de Eli, o sumo sacerdote. Mais tarde, ela se tomou a mãe de mais cinco filhos (I Sm 2.21). A oração profética de Ana (1 Sm 2.1-10) revela grande maturidade e visão espiritual. Ela era cheia de alegria e reconhecia a santidade, o poder, a soberania e a graça de DEUS. Falava do poder sustentador do Senhor, e que Ele, algum dia, viria para “julgar as extremidades da terra”. Além de tudo isto, parece que, embora vagamente, ela previu o estabelecimento final do Ungido de DEUS como Rei, uma profecia que começou a se cumprir através de Davi, quase um século mais tarde (1 Sm 2.10; cf. Sl 18.50; 89.19-37). J. A. S.

 

ELCANA

Filho de Jeroão e pai de Samuel (1 Sm 1.1,4,8,19,21,23; 2.11,20; 1 Cr 6.27,34). Esse homem, descendente de Elcana, (itens 2 e 3 acima), foi descrito como sendo um efraíta cuja casa estava localizada em Ramá, em Efraim (1 Sm 2.11) e que, com suas duas esposas, Aná e Penina, fazia todo ano uma peregrinação religiosa a Siló para oferecer sacrifícios (1 Sm 1.3). Ana era sua esposa favorita e isso, sem dúvida, contribuiu para despertar o ciúme de Penina (1 Sm 1.5-7).

 

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COMENTÁRIOS BEP - CPAD

1.5 O SENHOR LHE TINHA CERRADO A MADRE. A esterilidade de Ana é atribuída diretamente à ação divina. DEUS não lhe permitira ter filhos, a fim de prepará-la para o nascimento de Samuel. Da mesma maneira, DEUS pode, às vezes, permitir que tenhamos decepções ou então conduzir-nos à situações em que nos sentimos inaptos ou inferiores, para que assim Ele possa continuar a realizar a sua vontade em nossa vida. Devemos então fazer conforme fez Ana levar diretamente ao Senhor as nossas circunstâncias e nossas mágoas, e esperar nEle (vv. 10-19; ver Rm 8.28).

 

1.11 UM FILHO... AO SENHOR O DAREI. Ana demonstrou sua dedicação ao Senhor, pela sua disposição de dedicar seu filho à obra do Senhor. Os pais crentes de hoje também podem expressar sua dedicação a DEUS e à sua obra, dedicando seus filhos e filhas ao ministério ou à obra missionária em outros países. Pais que apoiam, incentivam e oram por seus filhos desfrutarão grandemente do favor de DEUS.

 

1.11 SOBRE A SUA CABEÇA NÃO PASSARÁ NAVALHA. Não cortar o cabelo fazia parte do voto de nazireado (ver Nm 6.5,14).

 

1.20 TEVE UM FILHO... SAMUEL. Embora este livro, na sua maior parte, trate da transição, na história de Israel, do período dos juízes para o da monarquia, seus oito primeiros caps. ocupam-se do nascimento, infância e liderança profética de Samuel, o último juiz de Israel. Esse profeta de DEUS antecedeu a instituição do reino em Israel, cujo rei devia permanecer submisso à Palavra de DEUS e ao seu ESPÍRITO, manifestos em Samuel (11.14-12.25). Através da Bíblia, o profeta, como representante de DEUS em Israel, tinha precedência sobre o rei e todos os demais cargos (cf. Ml 4.5,6; Lc 7.24-28).

 

1.28 AO SENHOR EU O ENTREGUEI. Ana deve ser reconhecida como exemplo da mãe segundo a vontade de DEUS. Desde o primeiro momento em que desejou ter um filho, ela, decididamente e em oração, o apresentava diante do Senhor (vv. 10-28). Ela considerava seu filho uma dádiva graciosa da parte de DEUS, e expressou sua intenção de cumprir seu voto, entregando seu filho ao Senhor (vv. 11,24-28).

 

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Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT

1 Samuel 1:1-8

 

A Aflição de Ana

 

Temos aqui um relato da situação da família na qual Samuel, o profeta, nasceu. O nome de seu pai era Elcana, um levita, da família dos coatitas (a casa mais honrável dessa tribo) como lemos em 1 Crônicas 6.33,34. Seu predecessor, Zufe, era efrateu, isto é, de Belém de Judá, que era chamada de Efrata (Rt 4.1). Essa família de levitas, inicialmente, estabeleceu-se ali, mas uma parte dela, ao cabo de dias, mudou-se para o monte Efraim, de onde descendia Elcana. O levita que ficou na casa de Mica foi de Belém para a montanha de Efraim (Jz 17.8). As famílias de ministros normalmente estão acostumadas a mudar de lugar. Talvez o autor fizesse questão de registrar que eles eram originariamente efrateus, para mostrar sua aliança com Davi. Esse Elcana morou em Ramá, ou Ramataim, que significa a Ramá dupla, ou seja, a cidade alta e a cidade baixa. O mesmo ocorre com Arimatéia, cidade natal de José, aqui chamada de Ramataim-Zofim. Zofim significa atalaias; provavelmente, havia uma escola de profetas ali, porque profetas são denominados de atalaias. A paráfrase da versão dos Caldeus chama Elcana de discípulo dos profetas. Mas, a mim parece que foi por meio de Samuel que a profecia reviveu, visto que antes de seu tempo as visões manifestas não eram freqüentes (3.1). Também não encontramos nenhuma menção de um profeta do Senhor desde Moisés até Samuel, com exceção de Juízes 6.8. Por isso, não temos motivos para pensar que havia alguma escola de profetas até que Samuel fundasse uma (19.19,20). Este é o relato da linhagem de Samuel e do lugar do seu nascimento. O que o texto nos fala acerca da situação de sua família?

I

 Sua família era devota. Todas as famílias de Israel deveriam ter o mesmo comportamento, principalmente as famílias dos levitas. Elcana subiu para o Tabernáculo em Siló, para participar das festas solenes e adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos. Acredito que essa é a primeira vez nas Escrituras que DEUS é chamado de SENHOR dos Exércitos — Jehovah Sabaoth. Posteriormente, esse nome tornou-se bastante comum. Provavelmente o profeta Samuel foi o primeiro a usar esse título de DEUS, para o consolo de Israel, numa época em que seus exércitos eram poucos e fracos e dos inimigos muitos e poderosos. Seria um fato animador lembrar que o DEUS a que serviam era o Senhor dos Exércitos, de todos os exércitos, tanto dos céus como da terra. Esse Senhor tem um comando soberano sobre eles e os usa como bem lhe apraz. Elcana era levita do campo e, pelo que parece, não tinha uma posição ou ofício que requeria sua assistência no Tabernáculo, mas ele subiu como um israelita comum, com seus próprios sacrifícios, para encorajar seus vizinhos e servir-lhes de exemplo. Quando sacrificava, adorava, e assim unia orações e ações de graça com seus sacrifícios. Ele era constante e fiel nas suas obrigações para com a religião, por isso, subia anualmente. O que tornava a sua atitude ainda mais louvável era o seguinte:

1. Que havia uma decadência e negligência geral da religião na nação. Alguns entre eles adoravam outros deuses, e a maioria era desleixada no serviço ao DEUS de Israel; mesmo assim, Elcana manteve sua integridade. Independentemente do que os outros faziam, sua decisão era de que ele e sua casa serviriam ao Senhor.

2. Que Hofni e Finéias, os filhos de Eli, eram os principais homens encarregados no serviço da casa de DEUS. Eles eram homens que se comportavam de maneira muito perversa em suas posições, como veremos mais tarde; no entanto, Elcana subiu para sacrificar. DEUS, naquela época, tinha confinado seu povo a um lugar e um altar, e proibido, independentemente do pretexto, de adorar em outro lugar. Assim, em plena obediência a essa ordem, Elcana dirigia-se a Siló. Se os sacerdotes não estavam cumprindo o dever deles, ele o cumpriria. Graças a DEUS, nós, debaixo do evangelho, não estamos amarrados a um único lugar ou família; mas os pastores e mestres, os quais o Redentor exaltado deu à sua igreja, tem como ministério o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de CRISTO (Ef 4.11,12). Ninguém tem domínio sobre a nossa fé. Mas nossa obrigação é para com aqueles que são os auxiliares da nossa santidade e alegria. Não temos obrigação com as imoralidades escandalosas deles, como as de Hofni e Finéias, que desprezavam a oferta do Senhor, embora a validade e eficácia dos sacramentos não dependessem da pureza daquele que as ministra.

II

 No entanto, ela era uma família dividida e as divisões dela redundavam em culpa e tristeza. É uma pena quando existe piedade em família, mas não unidade. As consagrações em comum de uma família deveriam colocar um fim nas divisões dela.

1. A causa originária dessa divisão era o fato de Elcana ter casado com duas mulheres, que era uma transgressão da instituição original do casamento, de acordo com o nosso Salvador (Mt 19.5,8): ao princípio, não foi assim. Isso causou dano às famílias de Abraão e de Jacó, e aqui à de Elcana. A lei de DEUS proporciona conforto e bem-estar espiritual para nós neste mundo. Sem ela, as coisas seriam muito mais complicadas. É provável que Elcana tivesse se casado primeiramente com Ana e, visto que não podia ter filhos com ela, casou-se com Penina, que lhe deu filhos, mas era, em outras coisas, um aborrecimento para ele. Dessa forma, os homens são surrados com frequência pelas suas próprias varas.

2. A consequência desse erro era que as duas esposas não se entendiam. Elas tinham bênçãos diferentes: Penina, semelhante a Lia, era frutífera e tinha muitos filhos, que deveria tê-la tornado afável e grata, embora fosse a segunda esposa e menos amada. Ana, semelhante a Raquel, era estéril, mas era muito preciosa para o marido. Ele procurava deixar claro, em todas as oportunidades, para ela e para os outros, de que ela era muito amada por ele. Elcana muitas vezes lhe dava uma parte excelente, v. 5, e isso deveria tê-la tornado afável e grata. Mas, elas tinham temperamentos diferentes: Penina não suportava a bênção da fertilidade, e tornou-se arrogante e insolente. Ana não suportava a aflição da esterilidade, e tornou-se melancólica e descontente. E Elcana tinha a difícil missão de buscar a paz entre as duas.

(1) Elcana continuou subindo ao altar de DEUS apesar dessa triste diferença em sua família, e levava suas esposas e filhos com ele, para que, se não pudessem viver em harmonia em outras coisas, pelo menos concordassem em adorar a DEUS juntos. Se as práticas devocionais de uma família não são bem-sucedidas em acabar com suas divisões, não permita que essas divisões acabem colocando um fim nas práticas devocionais.

(2) Ele fez tudo que estava ao seu alcance para encorajar Ana e sustentar seu espírito diante de suas aflições, vv. 4,5. Na festa, ele ofereceu ofertas pacíficas, para suplicar por paz em sua família; e quando ele e sua família assentavam-se para comer sua parte do sacrifício, em memória da sua comunhão com DEUS e seu altar, embora separasse porções adequadas para Penina e seus filhos, ele dava uma porção especial para Ana, o pedaço mais excelente da mesa, o pedaço (independentemente de que parte do animal era) que, nessas ocasiões, costumava-se dar àqueles que eram mais estimados. Isso ele fazia como sinal do seu amor para ela, procurando dar todas as garantias possíveis desse amor. Observe: [1] Elcana amava sua esposa, embora fosse estéril. CRISTO ama sua igreja, apesar de suas fraquezas e esterilidade; e da mesma forma os maridos devem amar a sua esposa (Ef 5.25). Quando nosso amor por um membro da família diminui por causa de uma fraqueza ou debilidade da qual ele não tem culpa, estamos nos indispondo contra a providência divina e acrescentando aflição ao aflito. [2] Ele procurou mostrar ainda mais o seu amor porque ela era afligida, insultada e estava deprimida. É nosso dever apoiar os fracos e sustentar aqueles que são perseguidos ou menosprezados. [3] Ele mostrou o seu grande amor por ela pela porção especial que deu a ela de suas ofertas pacíficas. Deveríamos do mesmo modo mostrar nosso carinho aos nossos amigos e parentes, orando constantemente por eles. Quanto mais os amamos mais devemos orar por eles.

(3) Penina era extremamente impertinente e provocadora. [1] Penina censurava Ana com veemência por causa de sua aflição, desprezando-a por causa de sua esterilidade e falava de maneira insultuosa com ela, como alguém que não recebia nenhum favor dos céus. [2] Penina invejava o benefício que tinha do amor de Elcana. Quanto mais benevolente ele era com Ana, mais Penina a provocava, tornando-se desprezível e grosseira. [3] Penina aumentava o seu ataque quando subiam à Casa do SENHOR, talvez porque então estavam mais tempo juntos ou, porque, então a afeição de Elcana por ela se tornava mais evidente. Mas Penina agia de forma pecaminosa ao mostrar sua maldade em momentos como aqueles, quando mãos puras deveriam ser elevadas ao altar de DEUS, sem ira e queixas. Também foi muito insensível naquela época aborrecer Ana, não apenas porque estavam juntas e os outros poderiam perceber essa importunação, mas esse era um tempo em que Ana buscava concentrar-se nas suas devoções e desejava estar calma e tranquila e livre de perturbação. O grande adversário de nossa pureza e paz é mais insistente em nos irritar em momentos em que buscamos estar mais serenos e tranquilos. Quando os filhos de DEUS vêm para apresentar-se perante o SENHOR, podemos estar certos de que Satanás também está entre eles (Jó 1.6). [4] Penina continuou perturbando o coração dela ano após ano, não uma ou duas vezes, mas de forma constante. Nem a consideração do seu marido, nem a compaixão por Ana, eram capazes de quebrar essa ação perversa. [5] Penina tinha a intenção de atormentar e desgastar Ana, talvez com a esperança de quebrar o seu coração, para que pudesse ficar sozinha com o coração do seu marido, ou porque sentia prazer no desassossego de Ana. Parece que nada a gratificava mais do que ver sua rival aflita. Observe: É uma evidência de uma disposição degradante, deleitar-se em afligir aqueles que estão melancólicos e de espírito pesaroso, ou indispor aqueles que estão inclinados a afligirem-se e ficar incomodados. Devemos levar as cargas uns dos outros, não acrescentar a elas.

(4) Ana (pobre mulher) não suportava a provocação: Ela chorava e não comia, v. 7. Ela ficava apreensiva e alarmava toda a sua parentela. Ela não comeu durante a festa; sua preocupação tirou o seu apetite; isso a tornava inadequada para uma boa companhia e se tornou um abalo na harmonia da família. Era durante a solenidade do sacrifício que ela não comia, porque os israelitas não deveriam comer das coisas sagradas na tristeza deles (Dt 26.14; Lv 10.19). Sua tristeza era tão grande que era incapaz de experimentar a alegria santa em DEUS. As pessoas que apresentam um espírito aflito, e têm a tendência de dar muita atenção a provocações, são inimigas de si mesmas e acabam privando-se do bem-estar da vida e da piedade. Verificamos que DEUS notou o efeito negativo dos dissabores e das discordâncias no relacionamento conjugal, em que as partes prejudicadas cobriam o altar do SENHOR de lágrimas [...] de sorte que ele não olhava mais para a oferta (Ml 2.13).

(5) Elcana procurava confortar Ana de todas as formas. Ela não o repreendeu pela sua insensibilidade ao casar com outra esposa, como ocorreu com Sara. Ela também não retribuiu injúria por injúria, mas ficou com todo o sofrimento para si própria, que a tornou objeto de profunda compaixão. Elcana mostrou-se profundamente aflito com a aflição dela, v. 8: Ana, por que choras? [1] Ele está profundamente inquieto ao vê-la tão subjugada pela tristeza. Aqueles que se tornaram uma só carne por meio do casamento também devem se tornar um só espírito para compartilhar as dificuldades um do outro, a ponto de um não estar tranquilo quando o outro está intranquilo. [2] Ele a repreende de forma amorosa: por que choras?[...] E por que está mal o teu coração? DEUS nos repreende porque nos ama; nós deveríamos fazer o mesmo. Ele busca saber a causa da tristeza dela. Embora tivesse motivos para estar perturbada, ela precisa considerar se deveria estar perturbada a esse ponto, especialmente a ponto de deixar de comer das coisas sagradas. Observe: Nossa tristeza, por qualquer razão, é pecaminosa e imoderada quando nos afasta do nosso dever em relação a DEUS e amarga nosso consolo nele, quando nos torna ingratos em relação às misericórdias de que desfrutamos e receosos em relação à bondade de DEUS por nós em futuras misericórdias, quando lança desânimo sobre nossa alegria em CRISTO e nos impede de cumprir as nossas obrigações e desfrutar do consolo dos nossos relacionamentos particulares. [3] Ele deixa claro que nada deveria faltar de sua parte para equilibrar a aflição dela: “Não te sou eu melhor do que dez filhos? Tu sabes que tens todo o meu amor. Que isso possa te servir de consolo”. Observe: Precisamos estar atentos ao consolo que recebemos; isso nos guardará de ficarmos excessivamente aflitos em relação às diversas cruzes que precisamos carregar. Precisamos estar cientes de que merecemos os fardos que carregamos, mas nossos consolos são resultado da graça de DEUS. Se mantivéssemos o equilíbrio disso, teríamos condições de observar aquilo que está a nosso favor, bem como aquilo que é contra nós. Caso contrário, somos injustos com a Providência e insensíveis conosco mesmos. Também DEUS fez este em oposição àquele (Ec 7.14), e nós deveríamos fazer o mesmo.

 

1 Samuel 1:9-18

Oração e Voto de Ana e Repreensão de Eli

 

Elcana tinha gentilmente repreendido Ana pela sua tristeza exagerada. Observamos, então, o bom efeito dessa repreensão.

I

 A repreensão de Elcana fez com que Ana voltasse a comer. Ela comeu e bebeu, v. 9. Ela não ficou insensível por causa de sua tristeza, nem ficou zangada quando foi repreendida; mas, quando percebeu que seu esposo estava intranquilo pelo fato de ela não ter comido, ela animou o seu espírito tanto quanto era possível e veio à mesa. Precisamos de grande abnegação para controlar nossas paixões, bem como nossos apetites.

II

 A repreensão de Elcana a levou a orar. Isso a fez refletir: “Acaso tenho o direito de estar irada? Tenho motivos para lamuriar? Que bem isso está trazendo ao meu coração? Em vez permanecer com o fardo sob os ombros, será que não seria melhor aliviar-me dele e lançá-lo sobre o Senhor por meio da oração?”. Elcana tinha dito: Não te sou eu melhor do que dez filhos? Talvez isso a fizesse pensar: “Caso Elcana não seja assim, estou certa de que DEUS o é. Portanto, a Ele me dirigirei, diante dele derramarei minha queixa e buscarei alívio nele”. Se ela desejasse se aproximar do trono da graça de forma mais solene em relação à sua dificuldade, esse era o momento. Eles estão em Siló, à porta do Tabernáculo, onde DEUS tinha prometido encontrar-se com seu povo, conhecida como a Casa de oração. Eles tinham acabado de oferecer suas ofertas pacíficas, para obter o favor de DEUS como sinal de sua comunhão com Ele; e, diante do consolo de terem sido aceitos por Ele, eles tinham celebrado durante o sacrifício. E agora tinha chegado o momento de derramar suas orações, porque as ofertas pacíficas tipificavam a mediação de CRISTO bem como os sacrifícios pelo pecado, porque por meio dela não somente é operada a expiação pelo pecado, mas a recepção e aceitação das nossas orações e de uma resposta de paz: Devemos estar atentos a esse sacrifício, em todas as nossas súplicas. A oração de Ana pode nos ensinar alguns princípios importantes:

1. A devoção calorosa e intensa de sua oração, que serve como orientação para nossas orações. (1) Ela diminuiu o peso da aflição e preocupação presente no seu espírito ao permitir que um novo estímulo enchesse o coração com seu sentimento piedoso na oração: com amargura de alma, orou ao SENHOR, v. 10. Deveríamos agir da mesma forma diante de aflições. Elas deveriam tornar-nos mais fervorosos na oração a DEUS. Nosso abençoado Salvador, posto em agonia, orava mais intensamente (Lc 22.44). (2) Sua oração foi regada com muitas lágrimas. Não era uma oração seca. Ela chorou abundantemente. Como um verdadeiro israelita, ela chorou e lhe suplicou (Os 12.4), de olho na misericórdia terna do nosso DEUS, que conhece nossa alma inquieta. A oração vinha do coração, como as lágrimas vinham dos olhos. (3) Ela foi muito específica e modesta em sua petição. Ana pediu um filho, um menino, para que pudesse servir no Tabernáculo. DEUS nos dá permissão, em oração, não somente para pedir coisas boas de modo geral, mas uma coisa muito especial, aquilo que mais desejamos e necessitamos. Ela não pede como Raquel: Dá-me filhos (Gn 30.1). Ana ficará muito feliz se receber um filho. (4) Ela fez um voto solene, ou promessa, de que se DEUS lhe desse um filho, ao SENHOR o daria, v. 11. Ele seria levita por nascimento e, por isso, devotado ao serviço de DEUS, mas ele seria, pelo voto dela, nazireu e sua infância seria sagrada. É provável que tivesse inteirado Elcana do seu propósito e obtido o seu consentimento e aprovação. Observe: Os pais têm o direito de dedicar seus filhos a DEUS, como sacrifício vivo e sacerdotes espirituais. Com isso, uma obrigação é colocada sobre eles para servir a DEUS de maneira fiel todos os dias da sua vida. Também observe: É muito apropriado, quando estamos à busca de misericórdia, vincularmos nossa própria alma a determinado compromisso, que, se DEUS nos der algo específico, devotaremos isso à sua glória e com gratidão o usaremos no seu serviço. Não que com isso achemos que nos tornamos dignos de receber algo específico de DEUS, mas que, dessa forma, somos qualificados para o mesmo. Na esperança da misericórdia, vamos prometer obediência. (5) Ela falou tudo isso de maneira tão silenciosa que ninguém a podia ouvir. Seus lábios moviam-se, porém não se ouvia a sua voz, v. 13. Com isso, ela comprovou que acreditava que DEUS conhece o coração e seus desejos. Pensamentos são palavras para Ele. DEUS não é um daqueles deuses aos quais se precise clamar em altas vozes (1 Rs 18.27). Esse também era um exemplo da sua humildade e modéstia ao se aproximar de DEUS. Ela não era uma daquelas que precisava fazer ouvir a [sua] voz no alto (Is 58.4). Era uma oração em oculto e, portanto, embora feita em um lugar público, era feita em segredo e, não, como os fariseus oravam: para serem vistos pelos homens. Não precisamos nos envergonhar da verdadeira oração, mas devemos evitar todo aspecto de ostentação.

2. A repreensão dura que Ana recebeu de Eli. Eli era o sumo sacerdote e juiz em Israel. Ele ficava assentado numa cadeira no templo, para supervisionar o que ocorria ali, v. 9. O Tabernáculo é aqui chamado templo, porque estava agora num lugar fixo e servia todos os propósitos de um templo. Ali, Eli sentava para receber pedidos e dar orientações e, em algum lugar (provavelmente em um canto privado), ele percebeu Ana orando e, pela sua maneira incomum de orar, imaginava que estivesse embriagada e resolveu falar com ela como tal, v. 14: Até quando estarás tu embriagada? — a mesma acusação que Pedro e seus apóstolos receberam quando o ESPÍRITO SANTO concedeu que falassem em outras línguas (At 2.13). Talvez, nessa era degenerada não fosse estranho ver mulheres embriagadas à porta do Tabernáculo; porque, caso contrário, pensaríamos que os desejos depravados de Hofni e Finéias não encontrariam presas tão fáceis (1Sm 2.22). Eli achava que Ana era uma dessas mulheres. Um resultado perverso da iniquidade proliferada é que, com frequência, acaba-se suspeitando de pessoas inocentes. Quando uma enfermidade torna-se epidêmica, todos são suspeitos. (1) A falha era de Eli. Certamente era uma falta grave repreender e censurar alguém sem observar ou informar-se melhor. Se os seus olhos já tivessem ficado obscuros, ele deveria pedir que os obreiros do Tabernáculo verificassem esse tipo de ocorrências. Pessoas embriagadas geralmente são barulhentas e turbulentas, mas essa pobre mulher estava em silêncio e serena. A falha dele era mais grave porque era o sacerdote do Senhor, que deveria ter se compadecido ternamente dos ignorantes (Hb 5.2). Observe: Não devemos nos precipitar em repreender os outros e ser apressados em achar que as pessoas são culpadas de coisas más, quando as evidências no qual a repreensão é baseada são duvidosas e não podem ser provadas. A caridade nos constrange a esperar o melhor de todos e proíbe o hábito de censurar. Paulo recebeu informações confiáveis, mesmo assim ele creu somente em parte (1 Co 11.18), esperando que não fosse assim. Devemos ser especialmente cautelosos quando censuramos a devoção dos outros, cuidando para que não a avaliemos como hipocrisia, entusiasmo ou superstição; devemos apresentar o fruto de um zelo honesto que é aceito por DEUS. (2) Ana estava aflita, além de todo o vinagre que estava sendo derramado nas feridas do seu espírito. Ela tinha sido repreendida por Elcana, porque não queria comer e beber e, agora, estava sendo censurada por Eli como se tivesse comido e bebido em excesso. Tudo isso deve ter machucado muito. Observe: Não é novidade que aqueles que se comportam com decência sejam vistos de maneira imprópria; também não devemos estranhar se isso acontecer conosco.

3. A humilde justificação de Ana em relação a esse pecado do qual estava sendo acusada. Ela o suportou muito bem. Ela não repeliu a acusação e o repreendeu por causa da devassidão dos filhos dele, não o convidou para olhar para a sua própria família e repreender os filhos. Ela também não disse a ele quão impróprio era que alguém na sua posição injuriasse uma pobre adoradora pesarosa diante do trono da graça. Quando somos, em algum momento, injustamente repreendidos, precisamos tomar muito cuidado antes de abrirmos a porta dos nossos lábios, para que não recriminemos e retribuamos condenação por condenação. Ana achou que era suficiente defender-se. Devemos agir da mesma forma, vv. 15,16. (1) Ao justificar-se, ela expressamente nega a acusação e fala a ele com todo respeito possível. Ela o chama de senhor meu e deixa claro quão desejosa estava em mostrar o seu verdadeiro estado e, de forma alguma, mentir diante da repreensão dele. “Não, senhor meu, minha situação não é como o senhor suspeita. Não tenho bebido vinho nem qualquer outra bebida forte” (embora fosse apropriado dar bebida forte aos amargosos de espírito, Provérbios 31.6), “muito menos em excesso. Não tenhas, pois, a tua serva por filha de Belial”. Observe: Pessoas embriagadas são filhos de Belial (especialmente mulheres embriagadas), filhos do maligno, filhos da desobediência, filhos que não suportam o jugo (caso contrário, não estariam embriagados), mais especificamente quando estão embriagados. Aqueles que não conseguem se controlar não permitirão que outro o faça. Ana reconhece que o pecado teria sido muito grande se ela tivesse culpa do que estava sendo acusada, e ele poderia tê-la excluída com justiça do pátio da casa de DEUS; mas a forma como falou em defesa própria era suficiente para demonstrar que não estava embriagada. (2) Para justificar-se diante dele, ela dá um relato do seu comportamento atual, que era motivo da suspeita dele: “Eu sou mulher atribulada de espírito, abatida e inquieta. Esse é o motivo de não ter um semblante semelhante aos dos outros. Os olhos estão vermelhos, não de vinho, mas de choro. Não estava falando comigo mesma, como fazem os embriagados e insensatos, mas tenho derramado minha alma diante do Senhor, que ouve e entende a língua do coração. Ele conhece a abundância da minha queixa e aflição”. Ela estava sendo profundamente fervorosa em oração a DEUS. Esse era o verdadeiro motivo de seus evidentes êxtase e perturbação. Observe: Quando somos repreendidos de maneira injusta deveríamos nos esforçar, não somente em inocentar-nos, mas em satisfazer nossos irmãos, ao apresentar-lhes um relato justo e verdadeiro em relação àquilo que compreenderam mal.

4. A reparação que Eli fez pela sua repreensão precipitada e descortês, por meio de uma bênção amável e paternal, v. 17. Ele não percebe como afronta (como muitos fazem em casos semelhantes) o fato de ter seu engano corrigido e de ser convencido do seu erro; isso também não o deixou de mau humor. Muito pelo contrário, ele agora encorajou a consagração e devoção de Ana, com tanta veemência quanto a havia desaprovado. Ele não só deixou claro que estava satisfeito com a inocência dela por meio das palavras: Vai em paz, mas, sendo sumo sacerdote, e alguém que tinha autoridade, a abençoou em nome do Senhor. Embora desconhecesse a bênção particular que ela estava pedindo do Senhor, ele dá o seu Amém. A opinião de Eli a respeito da prudência e piedade dela era tão boa que exclama: Que o DEUS de Israel te conceda a tua petição, qualquer que seja, que lhe pediste. Observe: Por meio do nosso comportamento humilde e manso em relação àqueles que nos repreendem, pelo fato de não nos conhecer, podemos, talvez, torná-los nossos amigos, e transformar a crítica deles em orações a nosso favor.

5. A grande satisfação interior que toma conta de Ana ao sair pelo seu caminho, v. 18. Ela implora pela bênção de Eli e que continue orando por ela. Então ela se foi seu caminho e comeu do que havia sobrado das ofertas pacíficas (nada dessa ofertas poderia sobrar até a manhã seguinte), e o seu semblante já não era triste, não como antes, em que mostrava sinais de transtorno e confusão interior. Agora ela possuía um semblante aprazível e alegre e tudo estava bem. De onde veio essa alegre mudança súbita? Por meio da oração ela havia entregado seu caso a DEUS e o deixado com Ele; agora já não estava mais desorientada por causo disso. Ela havia orado por si mesma e Eli também havia orado por ela. Ana cria que DEUS daria a ela a misericórdia que tinha pedido ou suprira a sua necessidade de outra forma. Observe: A oração proporciona bem-estar à alma graciosa. A semente de Jacó tem, com frequência, constatado isso. DEUS jamais dirá a eles: Buscai-me em vão (Is 45.19; veja Fp 4.6,7). A oração suavizará o semblante. Ela de fato o faria.

 

1 Samuel 1:19-28

Nascimento de Samuel e  Apresentação ao Senhor

I

 O retorno de Elcana e sua família à sua própria habitação, após os dias da celebração, v. 19. Observe como passavam o tempo no Tabernáculo. Nos dias em que estavam lá, mesmo durante o dia da jornada para casa, eles adoravam a DEUS; e eles levantaram de madrugada para esse propósito. É saudável começar o dia com DEUS. Aquele que é o mais importante deve receber a parte principal. Eles estavam diante de uma jornada e filhos para levar, mesmo assim não se moveriam até que tivessem adorado a DEUS juntos. Oração e provisões não atrapalham uma jornada. Eles haviam passado vários dias em adoração juntos e, mesmo assim, não iniciaram a jornada até que tivessem adorado ao Senhor. A boa conduta não deveria nos incomodar.

II

 O nascimento e nome desse filho desejado. Finalmente, o Senhor lembrou-se de Ana, em relação ao pedido específico dela, v. 11. Isso era tudo que ela queria e, no devido tempo, ela concebeu e teve um filho. Embora possa parecer que DEUS esqueceu-se dos fardos, dificuldades, cuidados e orações do seu povo, no tempo oportuno ficará evidente que Ele não havia se esquecido deles. Ana chamou seu filho de Samuel, v. 20. Alguns etimólogos acreditam que esse nome é semelhante a Ismael — DEUS ouviu, porque as orações da mãe foram atendidas de uma forma notável, e ele foi uma resposta a essas orações. Outros, por causa do motivo que ela deu em relação ao nome, parecem sugerir o significado pedido de DEUS. O significado é muito parecido. Ana desejava perpetuar a memória do favor de DEUS, atendendo suas orações. Assim, sempre que o nome dele fosse mencionado, ela queria receber o encorajamento e dar a glória a DEUS pelo gracioso presente. Observe: As misericórdias que provêm de respostas de oração devem ser lembradas com profundas expressões de gratidão (Sl 116.1,2). Existem inúmeros livramentos e provisões oportunos que poderíamos chamar de Samuel, DEUS ouviu. Deveríamos consagrá-los a DEUS de uma forma especial. Por meio desse nome, Ana queria que seu filho se lembrasse da obrigação de que pertencia ao Senhor, visto que tinha sido pedido de DEUS e, era, ao mesmo tempo, dedicado a Ele. Um filho de oração é, de forma especial, compelido a ser um filho devoto. A mãe de Lemuel o lembrava de que era filho de suas promessas (Pv 31.2).

III

 O grande cuidado de Ana na criação de Samuel. Ela não somente agia assim porque ele era precioso para ela, mas porque tinha sido dedicado a DEUS. Ela o estava preparando para Ele. Ela própria dava de mamar ao menino, não desejando que outra ama cuidasse dele. Devemos cuidar dos nossos filhos, não somente com a intenção de obedecer à lei da natureza, mas, porque estamos de olho no concerto da graça à medida que eles são apresentados a DEUS (Ez 16.20,21). A criação deles é santificada quando é feita para o Senhor. Elcana subia todos os anos para adorar no Tabernáculo e, de um modo especial, cumprir seu voto. Talvez tivesse feito um voto a DEUS, diferente do voto de Ana, caso DEUS lhe desse um filho por meio dela, v. 21. Mas Ana, embora sentisse um respeito especial pelos pátios da casa de DEUS, pediu para ficar em casa para cuidar do menino. As mulheres não tinham a obrigação de subir ao Tabernáculo nas três solenidades, como era o caso dos homens. Ela havia se acostumado a ir, mas agora desejava ser dispensada desse compromisso.

1. Assim não estaria tanto tempo ausente de sua amamentação. Pode uma mulher esquecer-se tanto do filho que cria (Is 49.15). Podemos supor que ela permaneceu o tempo todo em casa, porque, se tivesse ido a algum lugar, esse lugar teria sido Siló. Observe: DEUS requer misericórdia, não sacrifício. Aqueles que são impedidos de práticas públicas, pelo fato de estarem amamentando e criando filhos pequenos, devem sentir-se encorajados, e crer que, se o fizerem para a glória de DEUS, Ele os aceitará de forma graciosa. Embora fiquem em casa, participarão da repartição do despojo.

2. Ela não subiria até que seu filho estivesse grande o suficiente, não somente para ser levado para lá, mas para ser deixado ali. Caso o levasse até Siló, ela entendia em seu coração que não poderia mais levá-lo de volta. Observe: Aqueles que estão firmemente determinados a cumprir seus votos poderão, no devido tempo, ter boas razões para pagar sua promessa. Tudo fez formoso no seu tempo determinado. Nenhum animal era aceito para o sacrifício até que tivesse estado por um determinado tempo debaixo de sua mãe (Lv 22.27). A melhor fruta é a que está madura. Elcana concorda com o que ela propõe, v. 23: Faze o que bem te parecer a teus olhos. Ele não queria opor-se a ela; por isso, deixou essa situação inteiramente aos cuidados dela. Quão bom e quão suave é quando companheiros de jugo caminham juntos e se adaptam um ao outro, cada um reconhecendo o que o outro faz, especialmente nas obras de piedade e caridade. Ele acrescenta uma oração: tão-somente confirme o SENHOR a sua palavra, isto é: “Que DEUS proteja o menino durante os perigos da infância, para que o voto solene que DEUS atendeu ao dar-nos um filho possa ser cumprido no seu devido tempo e, assim, toda a situação seja completada”. Observe: Aqueles que sinceramente dedicaram seus filhos a DEUS podem com confiança orar por eles, para que DEUS estabeleça a palavra selada a eles, no mesmo tempo que foram seladas para Ele.

IV

 A entrada solene do menino no serviço do santuário. Podemos achar que foi por acaso que ele foi apresentado ao Senhor após 40 dias de vida, como ocorria com todos os primogênitos (Lc 2.22,23). Esse aspecto não é mencionado aqui, porque não havia nada de singular nisso; mas, agora que foi desmamado, ele foi apresentado, não para ser redimido. Alguns acham que isso ocorreu tão logo Samuel foi desmamado do peito, o que, de acordo com os judeus, não ocorria antes dos três anos de vida. Lemos que ela criou o filho no peito, até que o desmamou, v. 23. Outros acreditam que isso não aconteceu antes que fosse “desmamado” de coisas infantis, aos oito ou dez anos de idade. Mas, não vejo nenhuma inconveniência em permitir a presença dessa criança no Tabernáculo aos três anos de idade, para ser educado entre os filhos dos sacerdotes. Lemos, v. 24: E era o menino ainda muito criança, mas, sendo muito inteligente, não causou nenhum problema. Ninguém é novo demais para ser devoto. A criança era criança, de acordo com a tradução hebraica, na idade de aprendizagem. A quem, pois, se ensinaria a ciência a não ser ao desmamado e ao arrancado dos seios? (Is 28.9). Observe como ela apresentou o seu menino:

1. Com um sacrifício; não menos do que três bezerros, ou seja, uma oferta de manjares para cada um, v. 24. Um bezerro, talvez, para cada ano da vida da criança. Ou, um bezerro para o holocausto, outro para o sacrifício pelo pecado e o terceiro para o sacrifício pacífico. Não passava pela mente dela que, ao apresentar seu filho a DEUS, ela tornava DEUS o seu devedor, e que achava que essas ofertas de sangue eram necessárias para buscar a aceitação de DEUS do seu sacrifício vivo. Todos os nossos concertos com DEUS por nós mesmos e pelos nossos deve ser feito por meio de sacrifício, o grande sacrifício.

2. Com um reconhecimento grato da bondade de DEUS pela resposta de sua oração. Ana expressa esse reconhecimento a Eli, porque ele a havia encorajado a aguardar por uma resposta de oração, vv. 26,27: Por este menino orava eu. Este menino é fruto da oração e ele é entregue ao DEUS que ouve orações. “O senhor me esqueceu, mas eu, que agora me apresento com tanta alegria, sou aquela mulher, que há três anos estava parada diante do senhor aqui, chorando e orando, e esse é o filho pelo qual estava orando”. Podemos triunfar humildemente pelas respostas de oração, dando toda glória a DEUS. Temos aqui um testemunho público acerca de DEUS. “Sou testemunha de que Ele é gracioso (Sl 116.16-19). Orei por essa misericórdia e conforto, e o SENHOR me concedeu a minha petição”. Veja também Salmos 34.2,4,6. Ana não lembra Eli da suspeita que ele havia expressado anteriormente. Ela não diz: “Eu sou a mulher que o senhor censurou severamente. O que o senhor acha de mim agora?”. Pessoas íntegras não devem ser repreendidas em relação a suas fraquezas e descuidos passados. Eles já se arrependeram dessas coisas e não precisam ficar ouvindo admoestações nesse sentido.

3. Com uma rendição completa de todo o seu interesse nesse filho ao Senhor, v. 28: Pelo que também ao SENHOR eu o entreguei, por todos os dias que viver. Ele será “devolvido” (cf. ARA) ou entregue ao SENHOR. (A versão em inglês traz a idéia de emprestar o menino). Não que ela intentasse tê-lo de volta mais tarde, como nós fazemos em relação àquilo que emprestamos, mas ela usa essa palavra Shaol, emprestar, porque é a mesma palavra que havia usado anteriormente (v. 20: o tenho pedido ao SENHOR), somente em outra inflexão verbal. E, v. 27, o Senhor me concedeu a minha petição que eu lhe tinha pedido (Shaalti, in Kal), portanto, eu o emprestei (Hishilti, a mesma palavra no Hifil) e, assim, o nome de Samuel recebe outra etimologia, não somente pedido de DEUS, mas emprestado a DEUS. E observe:

(1) Tudo quanto entregarmos a DEUS é fruto daquilo que primeiro pedimos e recebemos dele. Todos os presentes que damos a Ele foram presentes dados por Ele a nós. Senhor [...] da tua mão to damos (1 Cr 29.14,16).

(2) Tudo que damos a DEUS, de acordo com esse relato, foi emprestado (devolvido) a Ele e, por isso, não o pedimos de volta, como uma coisa emprestada. Estamos certos de que Ele certamente irá nos recompensar com juros, para o nosso indescritível proveito, especialmente aquilo que damos ao pobre (Pv 19.17). Quando, pelo batismo, dedicamos nossos filhos a DEUS, vamos lembrar que antes pertenciam a Ele pelo seu direito soberano e, que continuam nossos para o nosso consolo. Ana renuncia Samuel para o Senhor, não por certo período, como quando os filhos são enviados como aprendizes de uma profissão, mas durante vita — durante toda sua vida, ele será emprestado (devolvido) ao Senhor, um nazireu para sempre. Essa deve ser a nossa aliança com DEUS, uma aliança de casamento; enquanto vivermos devemos ser dele, e jamais abandoná-Lo.

Por último, o filho Samuel fez a sua parte, além do que podia se esperar de alguém de sua idade. Dele lemos: E ele adorou ali ao SENHOR, isto é, ele fez suas orações. Ele era, sem dúvida, extraordinariamente avançado (conhecemos crianças que começaram a ter sensibilidade em relação às coisas de DEUS muito cedo), e sua mãe, designando-o para o santuário, tomou todo cuidado para treiná-lo naquilo que seria o seu trabalho no santuário. Observe: Crianças pequenas deveriam aprender a adorar a DEUS cedo. Os pais deveriam instruí-las a adorá-Lo da melhor forma possível e DEUS graciosamente as aceitará e as ensinará a adorá-Lo de forma muito mais profunda.

 

1 Samuel 2:1-10

O Cântico de Gratidão de Ana

 

Temos aqui as ações de graça de Ana, ditadas não somente pelo espírito de oração, mas pelo espírito de profecia. Vimos anteriormente sua petição pela misericórdia que desejava (1.11), e aqui temos a sua resposta de louvor. Nas duas situações, da abundância do seu coração profundamente afetado (na anterior, conforme seu próprio desejo, e aqui, conforme a bondade de DEUS) fala a boca (Lc 6.45). Observe, em geral: 1. Quando Ana recebeu a misericórdia de DEUS, ela a reconheceu, com gratidão em seu louvor; não como os nove leprosos (Lc 17.17). O louvor é o nosso tributo. Somos injustos, se não o pagarmos. 2. Essa misericórdia era resposta de oração e, portanto, Ana sentia-se especialmente obrigada a agradecer por ela. Aquilo que obtemos pela oração podemos usar com conforto e devemos usar com louvor. 3. Sua ação de graças é aqui chamada de oração: orou Ana. Ações de graças é uma parte essencial da oração. Cada vez que nos dirigimos a DEUS, devemos expressar um respeito agradecido a Ele como nosso benfeitor. Devemos aceitar as ações de graças pelas misericórdias recebidas como petição para recebermos mais misericórdias. 4. Ela aproveitou a ocasião, com um coração elevado e grato, para falar das coisas gloriosas de DEUS e do seu governo do mundo para o bem de sua igreja. Sempre que tivermos oportunidade devemos levantar nosso louvor dessa forma. 5. A sua oração era silenciosa: Não se ouvia a sua voz; mas nas suas ações de graças ela falou, para que todos pudessem ouvi-la. Ela fez sua súplica com gemidos inexprimíveis, mas agora seus lábios abriram-se para contar os louvores de DEUS. 6. Essas ações de graças são aqui anunciadas para que ficasse registrado como encorajamento de que as pessoas do sexo frágil também têm acesso ao trono da graça. DEUS considerará as orações e louvores delas. O cântico da virgem Maria é bastante similar ao cântico da Ana (Lc 1.46). Verificamos três aspectos neste cântico:

I

 Ana triunfa em DEUS, em relação à sua perfeição gloriosa e às grandes coisas que havia feito por ela, vv. 1-3. Observe:
1. As grandes coisas que ela diz acerca de DEUS. Ela não ressalta a misericórdia específica de DEUS que estava desfrutando agora, não diz que Samuel é a criança mais bela e mais esperta de sua idade, como os pais normalmente fazem. Não, ela deixa de lado o dom e louva o doador. Infelizmente, a maioria das pessoas esquece o doador e se fixa no dom (presente). Cada córrego deveria levar-nos à fonte, e os favores que recebemos de DEUS deveriam elevar nossa admiração em relação às perfeições infinitas que existem em DEUS. Podem haver outros “Samuéis”, mas não há outro Jeová. Não há outro fora de ti. Observe: DEUS deve ser louvado como um ser inigualável e de uma perfeição incomparável. Essa glória é devida ao seu nome. Precisamos reconhecer que não há nenhum semelhante a ele e não há outro fora de ti. Todos os outros eram embusteiros (Sl 18.31). Ana celebra quatro atributos gloriosos de DEUS: (1) Sua pureza imaculada. Esse é o atributo mais reconhecido no mundo acima, por aqueles que sempre contemplam a sua face (Is 6.3; Ap 4.8). Quando Israel triunfou sobre os egípcios, DEUS foi exaltado como glorificado em santidade (Êx 15.11). Lemos o mesmo aqui no triunfo de Ana: Não há santo como é o SENHOR. Trata-se da retidão de sua natureza, do seu concerto infinito consigo mesmo e da equidade do seu governo. Devemos dar graças ao lembrarmo-nos desses fatos. (2) Seu poder onipotente: e rocha (ou força, como é traduzido em alguns textos) nenhuma há como o nosso DEUS. Ana tinha experimentado um apoio poderoso ao estabelecer-se nele. É possível que tenha se referido às palavras pronunciadas por Moisés (Dt 32.31). (3) Sua sabedoria insondável: o SENHOR é o DEUS da sabedoria. Ele claramente e perfeitamente conhece o caráter de cada pessoa e o mérito de cada causa, e Ele dá sabedoria e compreensão àqueles que buscam essas coisas nele. (4) Sua justiça infalível: por ele são as obras pesadas na balança. As suas próprias obras são pesadas de acordo com os seus conselhos eternos. As ações dos filhos dos homens são pesadas na balança do seu julgamento. Assim, pagará ele ao homem conforme a sua obra, e jamais se enganará em relação ao que o homem é e faz.
2. O consolo de Ana nessas coisas. Sempre que damos a glória a DEUS, seremos consolados. (1) Ana glorifica a DEUS com uma alegria santa: O meu coração exulta no SENHOR; não tanto em seu filho, mas em seu DEUS. O Senhor deve ser a sua grande alegria (Sl 43.4), e nossa alegria deve fundamentar-se sempre nele: “me alegro na tua salvação; não somente neste favor específico para mim, mas na salvação do seu povo Israel, da qual esse menino participará como instrumento nas mãos de DEUS e, acima de tudo, na salvação por CRISTO, que os israelitas apenas tipificavam”. (2) Ana glorifica a DEUS em santo triunfo: “o meu poder (‘chifre’ ou ‘corneta’ na versão hebraica) está exaltado. Não somente a minha reputação foi resguardada pelo nascimento do filho, mas grandemente elevada por ter sido presenteada com um filho assim”. Lemos acerca de alguns cantores que Davi colocou para exaltar com a corneta, um instrumento de música para louvar a DEUS (1 Cr 25.5). Assim, o meu poder (chifre) está exaltado significa: “Meus louvores são grandemente elevados”. Exaltado no SENHOR. DEUS deve receber a honra de toda nossa exaltação, e nele devemos triunfar. A minha boca se dilatou, isto é: “Agora tenho a possibilidade de responder àqueles que me reprovavam”. Aqueles que têm sua aljava cheia de filhos não serão envergonhados quando falarem com os seus inimigos à porta (Sl 127.5).
3. Como Ana silencia aqueles que haviam se colocado como rivais de DEUS e se rebelavam contra Ele (v. 3): Não multipliqueis palavras de altíssimas altivezas. Penina e seus filhos já não podem mais censurá-la quanto à sua confiança em DEUS e das suas orações a Ele: no devido tempo ela percebeu que a sua dedicação não tinha sido em vão. E a minha inimiga verá isso, e cobri-la-á a confusão, a ela que me diz: Onde está o SENHOR, teu DEUS? (Mq 7.10). Ou, talvez, ela achava indigno preocupar-se tanto com Penina e sua maldade, neste cântico; mas a intenção aqui é reprimir a insolência dos filisteus e dos outros inimigos de DEUS e de Israel, que erguem a sua boca contra os céus (Sl 73.9). “Que isso os silencie e envergonhe. Aquele que me julgou dessa forma contra o meu adversário também julgará o seu povo contra todos os seus adversários.”
II
 Ana observa a sabedoria e soberania da providência divina em lidar com as questões dos filhos dos homens. As inconstâncias e mudanças estranhas e repentinas mostram que existe um passo muito curto entre o apogeu da prosperidade e o abismo da adversidade. DEUS não somente fez este em oposição àquele (Ec 7.14), mas um muito próximo do outro, sem estabelecer a distância do abismo entre eles, para que pudéssemos folgar, como se não estivéssemos folgando e chorar, como se não estivéssemos chorando (1 Co 7.20).
1. Os fortes são logo enfraquecidos e os fracos são logo fortalecidos, de acordo com a vontade de DEUS, v. 4. Por um lado, se Ele fala a palavra: O arco dos fortes foi quebrado, eles são desarmados e incapacitados a fazer o que faziam antes. Aqueles que estavam certos de sua vitória, e estavam em vantagem, acabaram sendo derrotados na batalha (Sl 46.9; 37.15,17). Indivíduos específicos são logo enfraquecidos pela enfermidade e idade e eles descobrem que o arco não permanece muito tempo com sua força. Muitos homens poderosos que se gloriavam na sua própria força tinham um arco enganoso, que falhou quando precisaram dele. Por outro lado, se o Senhor anuncia a palavra, aqueles que tropeçam em fraqueza, que estavam tão fracos a ponto de não conseguir andar com a cabeça erguida, são cingidos de força, no corpo e na mente, e são capazes de realizar grandes coisas. Aqueles que foram enfraquecidos pela enfermidade voltarão aos dias da sua juventude (Jó 33.25), e aqueles que foram enfraquecidos pela tristeza recuperarão o seu consolo, que fortalecerá as mãos fracas e os joelhos trementes (Is 35.3). A vitória surge do lado daqueles que haviam desistido e até os coxos roubarão a presa (Is 33.23).
2. Os ricos são subitamente empobrecidos, e os pobres, estranha e repentinamente, enriquecidos (v. 5). Às vezes, a providência divina destrói a posição dos homens e desfaz os seus esforços e com um fogo não assoprado consome os seus bens. Aqueles que estavam cheios (seus celeiros cheios e os sacos cheios, suas casas cheias de bens, Jó 22.18, e os ventres cheios desses tesouros ocultos, Salmos 17.14) foram subjugados a tamanha dificuldade que desejam apenas o sustento da vida, dispondo-se a se alugar por pão, precisando cavar valetas, visto que tem vergonha para mendigar (Lc 16.3). As riquezas voarão (Pv 23.5) e deixam miseráveis aqueles que, quando as tinham, depositaram sua alegria nelas. Para aqueles que viviam na abundância a pobreza e escravidão certamente será penosa. Mas, por outro lado, às vezes a Providência faz com que os que eram famintos agora cessam de se alugar por pão, como faziam. Aqueles que já haviam sido designados de antemão e que foram diligentes debaixo da bênção de DEUS e que tinham o suficiente para viver de forma sossegada nunca mais terão fome, nunca mais terão sede (Ap 7.16). Isso não deve ser atribuído ao mero destino, nem à sabedoria ou loucura das pessoas. A riqueza não é dos prudentes, nem o favor dos inteligentes (Ec 9.11). Nem sempre o estado de pobreza é culpa dos homens, mas o SENHOR empobrece alguns e enriquece outros (v. 7). O empobrecimento de um é o enriquecimento de outro, de acordo com a vontade de DEUS. A alguns ele dá poder para obter prosperidade, a outros ele tira poder para ficar com o que têm. Somos pobres? DEUS nos fez pobres, o que é um bom motivo para estarmos contentes e nos conformarmos com a nossa condição. Somos ricos? DEUS nos fez ricos, o que é um bom motivo para estarmos agradecidos e dispostos a servi-Lo com alegria na abundância das coisas boas que nos tem dado. Precisamos nos lembrar também: aqueles que eram ricos, DEUS os tornou pobres e, depois de certo tempo, os torna ricos novamente, como ocorreu com Jó. Ele deu, ele tirou e, então, deu novamente. O rico deve cuidar para não se tornar orgulhoso e seguro, porque DEUS pode torná-lo pobre de um momento para outro. Por outro lado, o pobre não deve se desanimar e desesperar-se, porque DEUS pode, no devido tempo, enriquecê-lo outra vez.
3. Famílias sem filhos são supridas e famílias numerosas diminuídas. Este é um exemplo que se aproxima da ocasião da ação de graças: a estéril teve sete filhos, referindo-se a si mesma, porque, embora no momento ela tivesse somente um filho, e este sendo nazireu, dedicado a DEUS e empregado no seu serviço, tinha o valor de sete filhos para Ana. Agora que ela tinha gerado um ela esperava por mais. E Ana não foi desapontada. Ela teve mais cinco, v. 21, assim que se considerarmos que Samuel valia dois, o que não é nenhum exagero, ela obteve o número de filhos que havia prometida a si mesma: a estéril teve sete filhos, enquanto, por outro lado, a que tinha muitos filhos perde o vigor e deixa de ter filhos. Penina está agora aflita e abatida. A tradição dos judeus diz que quando Ana tinha um filho, Penina enterrava dois. Há muitos exemplos de crescimento de famílias que eram insignificantes e a extinção de famílias que eram famosas (Jó 22.23; Sl 107.38ss.).
4. DEUS é o Senhor soberano da vida e da morte (v. 6): O SENHOR é o que tira a vida e a dá. Entenda isso:
(1) O domínio soberano de DEUS e a atividade universal da vida e da morte dos filhos dos homens. Ele preside os nascimentos e os sepultamentos. Sempre que alguém morre, é DEUS quem dirige as setas da morte. O SENHOR é o que tira a vida. A morte é seu mensageiro. Ele golpeia quem e quando quer. Ninguém volta ao pó sem a intervenção dele, porque em suas mãos estão as chaves da morte e do inferno (Ap 1.18). Sempre que alguém nasce é Ele que dá a vida. Tu não sabes qual o caminho do vento (a mesma palavra para “espírito”, no hebraico, Eclesiastes 11.5), mas de uma coisa nós sabemos: ele vem do Pai dos espíritos. Sempre que alguém é restaurado de uma enfermidade e livrado de perigos iminentes, é DEUS quem está por trás dessa ação; porque a JEOVÁ, o Senhor, pertencem as saídas para escapar da morte (Sl 68.20).
(2) A distinção que Ele faz entre as pessoas: O SENHOR é o que tira a vida de alguns e a dá, isto é, mantém a de outros que estavam diante do mesmo perigo (por exemplo, na guerra ou doença epidêmica). Duas pessoas podem estar deitadas numa cama — uma é levada pela morte e a outra é mantida vivo. Assim é, ó Pai, porque assim te aprouve (Mt 11.26; Lc 10.21). Alguns que pareciam ter todas as chances de viver são levados à sepultura e, outros, que estavam prestes a morrer, vêem sua vida resgatada. A providência de DEUS em relação a alguns é a morte e em relação a outros, ao mesmo tempo, restauração para a vida.
(3) A mudança que faz com a mesma pessoa: Ele tira a vida e [...] faz descer à sepultura, isto é, Ele chega a levar alguém à porta da morte e, então, desperta e levanta, quando havia desespero da vida, e a sentença de morte já havia sido recebida (2 Co 1.8,9). Ele reduz o homem à destruição e, então diz: Volvei (Sl 90.3). Nada é difícil demais para DEUS, nem mesmo a ressurreição dos mortos, dando vida a ossos secos.
5. Tanto a melhoria quanto a degradação vêm dele. Ele rebaixa alguns e exalta outros, v. 7, humilha os orgulhos e dá graça e honra aos humildes, coloca no pó aqueles que argumentam com DEUS que está acima deles e que esmagam todos que estão ao redor deles (Jó 40.12,13), mas exalta com sua salvação aqueles que se humilham diante dele (Tg 4.10). É possível que esteja referindo-se às mesmas pessoas: Ele exalta aqueles que tinha abatido, após serem suficientemente humilhados. Observamos isso no versículo 8. Levanta o pobre do pó, de uma condição baixa e desprezível, do próprio esterco, uma condição verdadeiramente desprezível e servil, repugnante, para fazê-lo assentar-se com os príncipes (Sl 113.7,8). A promoção não vem por acaso, mas do conselho de DEUS, que, com frequência, prefere aqueles que os homens achavam indignos. José e Daniel, Moisés e Davi, foram estranhamente exaltados dessa forma: da prisão para o palácio, do pasto de ovelhas para o cetro. Os príncipes, no meio dos quais foram colocados, podem ser tentados a desprezá-los, mas DEUS pode honrá-los de forma surpreendente e fazê-los herdar o trono de glória. Aqueles que foram promovidos pela Providência divina não devem ser censurados com o pó e o esterco de onde foram retirados, porque quanto mais humilhante tiver sido a sua origem, tanto mais serão favorecidos, e DEUS será glorificado, na sua promoção, seja pelo expediente da lei ou de forma honrosa.
6. Existe uma razão para todas essas dispensações, que nos obriga a sujeitar-nos a elas, independentemente de quão surpreendentes sejam: porque do SENHOR são os alicerces da terra. (1) Se entendermos isso literalmente, precisamos reconhecer o supremo poder de DEUS, que não pode ser controlado. Ele sustenta toda criação, fundou a terra e continua mantendo-a pela palavra do seu poder. Ele faz muito mais pelas famílias e reinos do que podemos admitir e esperar. É Ele que suspende a terra sobre o nada (Jó 26.7). (2) Mas, se entendermos isso figurativamente, precisamos reconhecer sua soberania incontestável, que não poder ser abalada. Os príncipes, os governantes e os poderosos da terra são os alicerces da terra (Sl 75.3). As transições dos acontecimentos do mundo parecem mudar de direção, mas elas são controladas pelo Senhor (Sl 47.9). Recebem o poder dele e, portanto, Ele favorece a quem deseja; e quem poderá dizer: Que fazes?
III
 A predição da preservação e favorecimento e progresso de todos os amigos fiéis de DEUS e a destruição de todos os inimigos. Após testificar acerca de todo o triunfo alegre naquilo que DEUS havia feito, e está fazendo, ela conclui com uma esperança jubilosa em relação ao que Ele ainda faria, vv. 9,10. O bispo Patrick ressalta que sentimentos devotos naqueles dias ascendiam até ao grau de profecia, por meio dos quais DEUS continuava a sua verdadeira religião naquela nação, mesmo diante de suas inclinações idólatras.
1. Essa profecia refere-se mais imediatamente ao governo de Israel por meio de Samuel e Davi, a quem Samuel deveria ungir. Os israelitas, os santos de DEUS, deveriam ser protegidos e libertos. Os filisteus, seus inimigos, deveriam ser conquistados e subjugados, mais especificamente, por intermédio de uma grande trovoada (7.10). Os domínios de Israel deveriam ser expandidos, o rei Davi fortalecido e grandemente exaltado, e Israel (que no tempo dos juízes havia sido reduzido e enfrentava muita resistência) deveria, em breve, tornar-se grande e notável, e governar todos os seus vizinhos. Que mudança extraordinária; e o nascimento de Samuel, como sabemos, deu início a esse dia. 2. Temos motivos para pensar que essa profecia tinha uma abrangência mais ampla, até o Reino de CRISTO, e a administração desse reino de graça, a qual ela agora anunciará, após ter falado tão profundamente acerca do reino da providência. Lemos aqui, pela primeira vez, acerca do Messias, ou do Ungido. Os expositores antigos, tanto judeus como cristãos, entendem que esse texto vai além de Davi, até o Filho de Davi. Coisas gloriosas são reveladas a respeito do reino do Mediador, de aspectos anteriores e a partir de sua encarnação; porque o método desse governo, tanto pela Palavra eterna como pela Palavra que se fez carne, é basicamente igual. Recebemos a seguinte garantia em relação a esse reino: (1) Que todos os subalternos fiéis desse reino serão cuidadosamente e poderosamente protegidos, v. 9: Os pés dos seus santos guardará. Existe um povo no mundo que são os santos de DEUS, escolhidos e santificados. Ele guardará seus santos, isto é, tudo que pertence a eles deverá estar debaixo da proteção dele e debaixo dos pés deles, que é a parte mais baixa do corpo. Se Ele guardar os seus pés, certamente também guardará a cabeça e o coração. Ou, Ele guardará os pés dos seus santos, isto é, Ele protegerá o solo no qual estão parados e determinará o curso de suas vidas. Ele colocará uma proteção de graça em seus sentimentos e ações, para que os pés não errem o caminho nem tropecem. Quando os pés estiverem prestes a escorregar (Sl 73.2) a benignidade do SENHOR os susterá (Sl 94.18) e os guardará de tropeçar (Jd 24). Enquanto guardarmos os caminhos de DEUS, Ele guardará os nossos pés. (Salmos 37.23,24). (2) Que todos os poderes empregados contra esse povo não serão capazes de causar a destruição dele. Nenhum homem prevalecerá pela força. A força de DEUS está comprometida com a igreja; e, enquanto isso for assim, a força do homem não prevalecerá contra ela. A igreja parece destituída de força e com poucos amigos, mas a supremacia não vem da força humana (Sl 33.16). DEUS não precisa dela (Sl 147.10) nem tem medo dela. (3) Que todos os inimigos da igreja certamente serão quebrados e reduzidos: os ímpios ficarão mudos nas trevas, v. 9. Eles serão cegados e emudecidos, não sendo capazes de ver seu próprio caminho nem tendo nada a dizer a seu favor. Pecadores condenados são lançados nas trevas, e lá, eles serão emudecidos para sempre (Mt 22.12,13). Os ímpios são chamados de os inimigos de DEUS, o SENHOR, e são vaticinados que serão quebrantados. Seus intentos contra seu reino entre os homens será apagado e eles serão destruídos. Como podem ser mais velozes aqueles que se levantam contra a Onipotência? Veja Lucas 19.27. DEUS tem muitas maneiras de realizá-lo e, em vez de falhar, desde os céus, trovejará sobre eles e, assim, não somente os colocará em terror e consternação, mas também os levará à destruição. Quem consegue permanecer firme diante dos raios e trovões de DEUS? (4) Que as conquistas desse reino estender-se-ão a regiões distantes: o SENHOR julgará as extremidades da terra. As vitórias e domínios de Davi estenderam-se a terras distantes, mas os confins da terra são prometidos ao Messias, por sua possessão (Sl 2.8), para ser reduzido ao seu cetro de ouro ou destruído pela sua vara de ferro. DEUS é o Juiz de tudo e de todos, e Ele julgará a favor do seu povo contra os seus inimigos (Sl 110.5,6). (5) Que o poder e honra do Messias, o príncipe, crescerá e aumentará cada vez mais: Ele dará força ao seu rei, para o cumprimento de sua grande missão (Sl 89.21; veja também Lc 22.43), fortalecendo-o para prevalecer diante das dificuldades de sua humilhação. Na sua exaltação Ele prosseguirá de cabeça erguida (Sl 110.7), exaltará a corneta, o poder e a honra do seu ungido, e fá-lo-á mais elevado do que os reis da terra (Sl 89.27). Isso coroa o triunfo e, é, mais do qualquer outra coisa, o motivo da exultação dela. O seu coração (chifre ou força) exulta (v. 1) porque ela antevê que a força do Messias será assim. Isso garante a esperança. Os subalternos do Reino de CRISTO estarão seguros e os inimigos desse Reino serão destruídos, porque o ungido, o Senhor CRISTO, é cingido com força e é capaz de salvar e destruir até os confins da terra.
Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
 
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Lição 1, Conhecendo os Dois Livros de Samuel - 4º Trimestre de 2019 - O Governo Divino Em Mãos Humanas - Liderança do Povo de DEUS em 1 e 2 Samuel - Comentarista CPAD - Pr Osiel Gomes
Complementos, Ilustrações e Vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva - 99-99152-0454. - henriquelhas@hotmail.com – Cajamar, SP
 
Slides - https://ebdnatv.blogspot.com/2019/10/slides-da-licao-1-conhecendo-os-dois.html
Vídeo desta Lição 1 - https://www.youtube.com/watch?v=X1wtqmibBwo
SlideShare https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-1-conhecendo-os-dois-livros-de-samuel-4tr19-pr-henrique-ebd-na-tv
 
Lição 1, Conhecendo os Dois Livros de Samuel
 
PONTO CENTRAL - DEUS levanta pessoas para cumprir o seu propósito.
   
O DEUS dos milagres já inicia o livro de Samuel com a história do milagre chamado Samuel.
E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e deu à luz um filho, ao qual chamou Samuel; porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor. 1 Samuel 1:20
Visitou, pois, o Senhor a Ana, que concebeu, e deu à luz três filhos e duas filhas; e o jovem Samuel crescia diante do Senhor. 1 Samuel 2:21
Para quem não podia ter filhos, DEUS concedeu 6 filhos (muito provavelmente o mesmo número de filhos que Maria, mãe de JESUS, teve - Mt 13:55,56).
  
GENEALOGIA DE SAMUEL - ELE PERTENCIA A TRIBO DE LEVI - SAMUEL FOI SACERDOTE, JUÍZ E PROFETA.
 
O GOVERNO DE DEUS É TEOCRÁTICO.
NUNCA FOI DO DESEJO DE DEUS UMA MONARQUIA, UM SOCIALISMO OU UMA DEMOCRACIA, OU QUALQUER OUTRO SISTEMA DE GOVERNO, SENÃO, O TEOCRÁTICO (GOVERNO DE DEUS).
SAMUEL É UM EXEMPLO A SER SEGUIDO DE HOMEM ÍNTEGRO QUE NUNCA ACEITOU SUBORNO, NUNCA SE CORROMPEU.
PRIMEIRO SEMPRE DEVE VIR O GOVERNO SACERDOTAL E DEPOIS O POLÍTICO.
O SISTEMA POLÍTICO DEVE DEPENDER DO GOVERNO SACERDOTAL.
 DEUS SABIA DE ANTEMÃO QUE UM DIA SE DESVIARIAM E PEDIRIAM UM REI PARA IMITAR O MUNDO A SUA VOLTA
Quando entrares na terra que te dá o Senhor teu DEUS, e a possuíres, e nela habitares, e disseres: Porei sobre mim um rei, assim como têm todas as nações que estão em redor de mim; Porás certamente sobre ti como rei aquele que escolher o Senhor teu DEUS; dentre teus irmãos porás rei sobre ti; não poderás pôr homem estranho sobre ti, que não seja de teus irmãos. Porém ele não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito para multiplicar cavalos; pois o Senhor vos tem dito: Nunca mais voltareis por este caminho. Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração não se desvie; nem prata nem ouro multiplicará muito para si. Será também que, quando se assentar sobre o trono do seu reino, então escreverá para si num livro, um traslado desta lei, do original que está diante dos sacerdotes levitas. E o terá consigo, e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer ao Senhor seu DEUS, para guardar todas as palavras desta lei, e estes estatutos, para cumpri-los; Para que o seu coração não se levante sobre os seus irmãos, e não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda; para que prolongue os seus dias no seu reino, ele e seus filhos no meio de Israel. Deuteronômio 17:14-20.
  
Existem alguns tendo uma visão equivocada sobre o desejo ou não por parte de DEUS de que o povo de Israel tivesse um rei.
DEUS NUNCA DESEJOU QUE SEU POVO TIVESSE UM REI.
Na presciência de DEUS Ele viu que seu povo um dia desejaria substituir seu governo por um governo de um rei.
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NA ÍNTEGRA LIÇÃO 6, BETEL, ANA, 4TR25
 
Escrita Lição 6, Betel, Ana - A força de quem ora gera milagres, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
 
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- A HISTÓRIA DE ANA
1.1- Ana não tinha filhos
1.2- Ana se humilhou diante de DEUS
1.3- Ana fez um voto com DEUS
2- A ORAÇÃO DE ANA
2.1- Ana perseverou em oração
2 2- Ana foi grata
2.3- O choro sincero de Ana
3- A FIDELIDADE DE ANA
3.1- Não faça voto de tolo
3.2- O legado de Ana
3.3- O louvor de Ana
 
TEXTO ÁUREO
"Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição, que eu lhe tinha
pedido", 1 Samuel 1.27.
 
VERDADE APLICADA
Na jornada cristã, em todo o tempo, devemos expressar um viver marcado por humildade, oração, perseverança, fidelidade e gratidão ao Senhor.
 
OBJETIVOS DA LIÇÃO
- Reconhecer o valor da oração persistente
- Ressaltar que Ana orava por uma causa específica
- Compreender a importância de cumprir os votos feitos a DEUS
 
TEXTOS DE REFERÊNCIA - 1 SAMUEL 1.10,11; 20-22
1 SAMUEL 1
10. Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou abundantemente. 11. E votou um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim de lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.
20. E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e teve um filho, e chamou o seu nome Samuel, porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor. 21. E subiu aquele homem Elcana, com toda a sua casa, a sacrificar ao Senhor o sacrifício anual e a cumprir o seu voto. 22. Porém Ana não subiu, mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante o Senhor e lá fique para sempre.
 
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA 1Sm 2.1-10 Ana exaltou o Senhor.
TERÇA SI 37.5 Entrega o seu caminho ao Senhor e confia.
QUARTA SI 113.9 DEUS faz a mulher sem filhos viver em família.
QUINTA Rm 12.12 Quem persevera na oração sempre alcança.
SEXTA Tg 4.10 O Senhor exalta os que se humilham diante dEle.
SÁBADO Ap 21.4 DEUS seca as lágrimas dos que choram.
 
HINOS SUGERIDOS - 151, 210, 577
 
MOTIVO DE ORAÇÃO - Ore para que tenhamos propósitos claros diante de DEUS
 
PONTO DE PARTIDA – A oração persistente alcança DEUS.
 
INTRODUÇÃO
Nada é impossível para DEUS, e Ana experimentou essa verdade. Sua história nos mostra a importância de perseverar na oração e de cumprir nossos votos a DEUS, cuja bondade é de eternidade a eternidade.
 
1- A HISTÓRIA DE ANA
Ana é mencionada somente nos dois primeiros capítulos da Primeira Carta de Samuel, mas seu nome até hoje é lembrado no meio cristão. Do hebraico Hanah, seu nome significa "graça ; "benevolência" ou "favor”. Uma mulher atribulada de espírito por não conseguir engravidar, ela orou incessantemente até fazer um voto ao Senhor: "[...] e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha” 1 Sm 1.11.
 
1.1- Ana não tinha filhos
Casada com Elcana, um levita da tribo de Coate (1Cr 6.22-23,32-34), Ana não tinha filhos. Porém, a outra mulher de Elcana, Penina, já tinha filhos (1Sm 1.2). Por essa razão, Penina humilhava Ana constantemente. Elcana amava muito a Ana, tanto que ele subia a Siló todos os anos para adorar e sacrificar ao Senhor e dava a ela uma porção do sacrifício maior e melhor, embora desse porções do sacrifício também a Penina (1Sm 1.3-5).
 
Para muitos escritores, os sete filhos relatados por Ana na oração de exaltação em seu cântico de forma poética, no capítulo 2, verso 5, quando ela diz que a estéril teve sete filhos e a que tinha muitos filhos enfraqueceu, é tido como uma metáfora para representar que o milagre realizado por DEUS foi perfeito. Pois, na cultura da época, o número sete representava a perfeição. O sacerdote Eli sempre abençoava Elcana e sua mulher Ana, dizendo: "O Senhor te dê semente desta mulher, pela petição que fez ao Senhor': Então o Senhor abençoou Ana, que concebeu e deu à luz três filhos e
duas filhas (1 Sm 2.20,21).
 
1.2- Ana se humilhou diante de DEUS
A humildade levou Ana à vitória tão esperada, uma vez que a humildade precede a honra (Pv 15.33). Com o coração amargurado e muito choro, Ana se humilhou diante de DEUS por sua causa: ter um filho varão. A resposta à oração de Ana mostra que DEUS tem poder para mudar circunstâncias, mesmo as que, aos olhos humanos, pareçam impossíveis. O Senhor ouve e responde às nossas súplicas, e isso de acordo com a Sua vontade e no Seu tempo.
 
Dicionário Bíblico Universal (1957): "Humildade - uma humilde disposição espiritual. O paganismo não tinha qualquer palavra para significar a graça e beleza da humildade.
Os termos correspondentes queriam dizer fraqueza e baixeza de alma. A humildade é preciosa aos olhos de DEUS (1 Pe 3.4); revela que mais graça será dada a quem a possuir (SI 25.9; Tg 4.6) [...] JESUS nos deu o grande exemplo de humildade (Fp 2.6-8)".
 
1.3- Ana fez um voto com DEUS
Uma mulher sem filhos, na cultura judaica da época, era um tipo de maldição, e Ana vivia essa dura realidade. Humilhada por Penina, embora Elcana a amasse mais, ela não se conformou com aquela situação. Certamente, Ana compreendia a seriedade de fazer um voto a DEUS (Ec 5.5), mas ela foi ousada e disse que, se o Senhor lhe desse um filho varão, ela não só entregaria o menino para o serviço a Ele como também seus cabelos nunca seriam cortados (1 Sm 1.11).
 
Pr. Valdir Bícego: "DEUS lhe concedeu outros cinco filhos: três homens e duas mulheres (1 Sm 2.21), dando-lhe, assim, a bênção que mais tarde o salmista registrou (SI 113.9). Ana foi honrada pelo Senhor (1 Sm 2.30). Os que se humilham serão
exaltados (Mt 23.12). Samuel foi um dos maiores personagens do Antigo Testamento, exercendo, como já foi dito, os ministérios de profeta, sacerdote e juiz. Ele marcou o fim da época dos juízes e o início do período dos reis de Israel, cabendo a ele ungir
dois dos primeiros monarcas de Israel: Saul e Davi, para assim constar da galeria dos heróis da fé" (Hb 11.32).
 
EU ENSINEI QUE: A humildade levou Ana à vitória tão esperada, uma vez que a humildade precede a honra (Pv 15.33).
 
2- A ORAÇÃO DE ANA
Ana ainda é lembrada como um exemplo de fé, oração e perseverança. Ela estava orando com amargura de alma e chorando muito quando fez o seguinte voto: se o Senhor lhe desse um filho varão, ela daria o menino para servir ao Senhor pela vida toda (1 Sm 1.10,11). Ana, após anos de esterilidade e angústia, recebeu a bênção de conceber Samuel, que mais tarde se tornaria um grande profeta e juiz em Israel.
 
2.1- Ana perseverou em oração
Ana entendeu que não podia retroceder nem abdicar de seu sonho (Hb 10.38,39), e a sua atitude de fé perseverante a faz ser lembrada até hoje. A
história de Samuel também começa com a oração de sua mãe. A resposta veio, sugerindo que os dons de DEUS muitas vezes vêm com um propósito maior: Samuel foi um presente para Ana, mas também um instrumento divino para o povo de Israel.
 
Bispo Samuel Ferreira (1998): "A vida de Ana traz até nós a realidade do DEUS do impossível. Após anos vivendo uma situação difícil, Ana busca a presença do Senhor, lutando por um filho que nunca havia chegado por ser estéril. A perseverança de Ana diante do Senhor e a palavra profética do sacerdote Eli fizeram dela uma mulher vitoriosa. A vitória de Ana ainda hoje é motivo de inspiração e desafio para muitos que
desejam uma bênção de DEUS. Creia no DEUS de Ana, pois Ele também é o seu DEUS".
 
2 2- Ana foi grata
Ao dizer: "O Senhor me concedeu a minha petição que eu lhe tinha pedido" (1 Sm 1.27), Ana expressa gratidão e reconhecimento pela bênção de DEUS. Isso nos ensina a importância de dar o devido crédito a DEUS pelas vitórias em nossa vida. Como aprendemos com Tiago, o líder da Igreja primitiva em Jerusalém: "Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação", Tg 1.12 ARA. Ana suportou, perseverou, creu e, após receber a bênção pedida, expressou sua gratidão e cumpriu seu voto a DEUS.
 
Bispo Samuel Ferreira (1998): "Ana perseverou diante do Senhor. A vitória de Ana se deu também devido a sua perseverança: "E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o Senhor, Eli fez atenção à sua boca" (1 Sm 1.12). Diante de tantas dificuldades à sua volta, Ana precisou lutar com DEUS em oração: isso é perseverança.
O Apóstolo Paulo nos ensina que devemos perseverar na oração (Rm 12.12). Foi pela perseverança que a Igreja Primitiva triunfou diante das lutas e tribulações (At 2.42). JESUS nos ensinou a orar sempre e nunca desfalecer (Lc 18.1)".
 
2.3- O choro sincero de Ana
O choro de Ana expressou a dor de sua alma. Seu pranto não era apenas por tristeza, mas um clamor profundo a DEUS: "Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou abundantemente"; 1 Sm 1.10. Seu choro revelou sua vulnerabilidade, mas também sua confiança absoluta em DEUS, e a resposta veio em 1 Sm 1.27, quando o Senhor transformou suas lágrimas em alegria. O choro de Ana nos ensina que, mesmo em meio ao sofrimento, a súplica sincera encontra eco no coração de DEUS: "Os justos clamam, e o Senhor os ouve"; Sl 34.17.
 
Bispo Samuel Ferreira (1998): "Ana, uma mulher de lágrimas. O marido de Ana via toda sua situação, se condoía por ela, mas nada podia fazer: "Então Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que está mal o teu coração?", 1 Sm 1.8. Ana era uma mulher de lágrimas e angústias, mas suas lágrimas eram anotadas no livro de DEUS (Sl 56.8). DEUS vê quando choramos em sua presença: "...e vi as tuas lágrimas...", Is 38.5. Por isso, JESUS afirmou: "Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados", Mt 5.4.
 
EU ENSINEI QUE: Ana ainda é lembrada como um exemplo de fé, oração e perseverança.
 
3- A FIDELIDADE DE ANA
Quando Samuel foi desmamado, Ana não hesitou em levar o menino ao Templo para servir sob a tutela do sacerdote Eli (1 Sm 1.24-27). Em vez de recuar diante do sacrifício de deixar ali seu tão desejado filho, ela declarou: "Ao Senhor eu o entreguei"; 1 Sm 1.28. Ao cumprir seu voto, Ana mostrou sua fidelidade e obediência ao DEUS que ouviu seu clamor (Ec 5.4).
 
3.1- Não faça voto de tolo
O Senhor não se agrada de quem vota e não cumpre, fazendo voto de tolo (Ec 5.1-5). No hebraico, o termo neder significa "voto"; "promessa"; e está ligado, pela mesma raiz, à nadir, que significa "raro"; "incomum': Assim, fazer um voto a DEUS é assumir o raro compromisso e cumprir a promessa, conforme o propósito específico pretendido pelo votante. Essa atitude é essencial para manter o vínculo de fidelidade com DEUS: "Quando a DEUS fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votes e não pagues"; Ec 5.4,5).
 
Bispo Samuel Ferreira (1998): "Ana cumpre seu voto perante o Senhor. Era desejo de Ana cumprir o seu voto; mas, como uma mãe cuidadosa, ela esperou o tempo determinado para que Samuel fosse desmamado (1 Sm 1.22). Só então o levou à Casa de DEUS: "E, havendo-o desmamado, o levou consigo... e o trouxe à casa do Senhor, a Siló, e era o menino ainda muito criança", 1 Sm 1.24. Ana trouxe consigo uma oferta ao Senhor e, diante de Eli, ela declarou a razão do seu voto e da sua alegria (1Sm 1.26-28). O verdadeiro crente se alegra quando paga seus votos ao Senhor (SI 116.12-14).
 
3.2- O legado de Ana
O legado de Ana transcende sua história pessoal e se eterniza como um testemunho de fé, oração e propósito divino. De sua angústia e clamor (1 Sm 1.10), nasceu Samuel, um dos maiores profetas e juízes de Israel, que ungiu os primeiros reis da nação, Saul e Davi (1 Sm 10.1; 16.13). Assim, sua fidelidade a DEUS expressa na entrega de Samuel ao Senhor, teve participação e reflexos no desenvolvimento do Plano Redentor, pois o estabelecimento da monarquia e a unção de Davi estavam conectados com a vinda do Messias.
 
Joyce G. Baldwin (1997, p. 65) comenta 1 Samuel 2.10, o cântico de Ana: "Embora Israel não tenha tido rei até alguns anos depois disso, a necessidade que sentiam disso já havia sido expressa na época dos juízes (Jz 8.22; 9). Contudo, a esperança de um rei era tão antiga quanto a aliança abraâmica (Gn 17.6). [...] Portanto, não há nada anacrônico no discernimento de Ana de que estava para raiar uma era de realeza mediante o ministério de seus filho, pois ela desempenha um papel profético aqui"
 
3.3- O louvor de Ana
O cântico de louvor de Ana (1 Sm 2.1-10) exalta a soberania divina e prenuncia o cântico de Maria, no NT (Lc 1.46-55), refletindo uma espiritualidade profunda e que inspirou gerações. O legado de Ana é um exemplo de como nossa fidelidade pode ecoar na Salvação Eterna, mostrando que DEUS usa corações quebrantados para cumprir Seus grandes propósitos.
 
Lawrence Richards (2004, pp.233-234) comenta o cântico de Ana, pontuando que muitos poderiam considerara situação de abrir mão do filho tão desejado como angustiante, mas Ana louva ao Senhor: `Ana era capaz de olhar além de si mesma e de suas necessidades. Conseguia sentir o amor de DEUS e confiar nele. E estava conseguindo enxergar o futuro que DEUS preparara para aquele filho que ela amava tão intensamente. Visto que Ana havia de fato entregado o filho ao Senhor, confiava que DEUS iria cuidar dele e proporcionar-lhe uma vida plena e realizada.
 
EU ENSINEI QUE: 0 cântico de louvor de Ana exalta a soberania divina e prenuncia o cântico de Maria, no NT.
 
CONCLUSÃO
O sacerdote Eli, num primeiro momento, não foi capaz de compreender a profundidade do sofrimento de Ana: "Até quando estarás tu embriagada?” 1 Sm 1.14. Entretanto, Ana nos deixou uma poderosa lição de fé e submissão à Soberania de DEUS. Do choro desesperado à entrega de Samuel para o serviço de DEUS, Ana transformou sua dor em um ato de adoração, cumprindo seu voto ao Senhor com fidelidade e gratidão (1 Sm 1.27,28).
 
Fonte – Editora Betel