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Escrita Lição 13, CPAD, As Promessas De Deus São Infalíveis, 4Tr24, Com. Extras do Pr Henrique, EBD NA TV
Escrita Lição 13, CPAD, As Promessas De DEUS São Infalíveis, 4Tr24, Comentários Extras Pr Henrique, EBD NA TV
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Lição 13, CPAD, As Promessas De Deus São Infalíveis,
4Tr24, Com. Extras do Pr Henrique, EBD NA TV
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Vídeo
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2024/12/escrita-licao-13-cpad-as-promessas-de.html
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ESBOÇO DA LIÇÃO 13 CPAD
I – DEUS É INFALÍVEL
1. A infalibilidade de DEUS
2. Uma promessa infalível
3. A Palavra infalível de DEUS
II – DEUS NÃO MENTE NEM SE ARREPENDE
1. DEUS não mente nem se arrepende
2. DEUS se arrependeu?
3. Uma aparente contradição
III – AS INFALÍVEIS PROMESSAS DE DEUS
1. Um plano glorioso
2. A eternidade
3. Esperança forjada na promessa infalível
de DEUS
TEXTO ÁUREO
“DEUS não é homem, para que minta; nem
filho de homem, para que se arrependa; porventura, diria ele e não o faria? Ou
falaria e não o confirmaria?” (Nm 23.19)
VERDADE PRÁTICA
As promessas de DEUS são infalíveis porque
DEUS e sua Palavra sempre cumprem um propósito.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Rs 8.56 Nenhuma palavra do Senhor caiu sob o
ministério de Moisés
Terça - Jr 1.12 O Senhor nosso DEUS vela para cumprir sua
Palavra
Quarta - Nm 23.19 DEUS confirma o que fala, Ele não mente
Quinta - Ap 13.8 Um plano forjado desde a fundação do
mundo
Sexta - 1 Co 15.54 Uma promessa infalível de
incorruptibilidade
Sábado - 1 Co 13.12 A promessa infalível de conhecer a DEUS
como Ele nos conhece
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Salmos
102.25-27; 2 Pedro 3.8-13
Salmo 102
25 - Desde a antiguidade fundaste a terra;
e os céus são obra das tuas mãos.
26 - Eles perecerão, mas tu permanecerás;
todos eles, como uma veste, envelhecerão; como roupa os mudarás, e ficarão
mudados.
27 - Mas tu és o mesmo, e os teus anos
nunca terão fim.
2 Pedro 3
8 - Mas, amados, não ignoreis uma coisa:
que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia.
9 - O Senhor não retarda a sua promessa,
ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo
que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.
10 - Mas o Dia do Senhor virá como o
ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos,
ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão.
11 - Havendo, pois, de perecer todas estas
coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade,
12 -
aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de DEUS, em que os céus,
em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?
13 - Mas nós, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.
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SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO13 CPAD
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- Hb 6:18 e
Tito 1:2: DEUS não pode mentir
intencionalmente
- Jo 8:32: DEUS é a verdade absoluta e não
pode errar sem querer
- Tg 1:17: DEUS não muda, nem suas perfeições,
nem seus propósitos e promessas
- Salmos
18:30-35: DEUS cumpre o que
promete e é um escudo para os que o procuram
- 2Samuel
22:31: As promessas do Senhor sempre
se cumprem
A fidelidade é
uma das características mais citadas e enaltecidas na Bíblia. DEUS é fiel
à sua palavra e cumpre tudo o que promete.
A expressão
teológica "infalibilidade bíblica" descreve a crença de que a Bíblia
é isenta de erros em temas de fé e prática.
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Tem-se de sustentar enfaticamente que DEUS
não muda (cf. Ml 3:6; Tg 1:17). Ele não muda de ideia, nem sua vontade
ou natureza. Há vários argumentos que demonstram a imutabilidade de DEUS. Vamos
considerar apenas três.
Primeiro, para que alguma coisa mude, algo
tem de ser feito numa ordem cronológica. Tem de haver um ponto antes e outro
ponto depois da mudança. Tudo o que passa por um "antes" e um
"depois" existe no tempo, porque a essência do tempo é vista pelo
progresso cronológico de uma situação anterior para uma posterior. Entretanto, DEUS
é eterno e está fora do tempo (Jo 17:5; 2 Tm 1:9). Então, não pode haver em DEUS uma série
de "anteriores" e "posteriores"; logo, ele não pode mudar,
porque a mudança necessariamente envolve um "antes" e um
"depois".
Segundo, toda mudança é para uma situação
melhor ou pior, pois uma mudança que não faça diferença não é uma mudança. Ou
alguma coisa necessária é obtida, a qual anteriormente não se fazia presente, o
que é uma mudança para melhor; ou alguma coisa que se tem e que é necessária é
perdida, o que é uma mudança para pior. Mas, se DEUS é perfeito, ele de nada
necessita; portanto ele não pode mudar para melhor. E se DEUS fosse perder
alguma coisa, então ele não permaneceria perfeito; portanto Ele não pode mudar
para pior. Assim, DEUS não muda.
Terceiro, quando alguém muda de ideia, é
porque recebeu uma nova informação, da qual não tinha conhecimento
anteriormente, ou porque as circunstâncias mudaram de forma a requerer uma
atitude ou ação diferente. Mas, se DEUS mudou de ideia, não pode ser porque ele
ficou sabendo de qualquer nova informação que desconhecia anteriormente, porque
DEUS é onisciente - ele sabe todas as coisas (Sl 147:5). Portanto, tem de ser porque as
circunstâncias mudaram e demandam uma atitude ou ação diferente. Mas se as
circunstâncias mudaram, isso não significa necessariamente que DEUS tenha
mudado de ideia. Significa apenas que, como as circunstâncias mudaram, o
relacionamento de DEUS com a nova realidade é diferente. Porque as
circunstâncias, e não DEUS, mudaram.
Quando Israel estava ao pé do monte,
envolvido numa adoração a um ídolo, DEUS disse a Moisés que a sua ira estava
ardendo contra os filhos de Israel e que ele se dispunha a destruí-los num
juízo. Entretanto, quando Moisés intercedeu por eles, as circunstâncias
mudaram. A atitude de DEUS para com o pecado é sempre a ira, mas a sua atitude
para com aqueles que o invocam é sempre de misericórdia. Antes de Moisés orar
por Israel, eles estavam sob o juízo de DEUS. Porém, a intercessão de Moisés
pelo povo de Israel levou-os a ficar sob a misericórdia de DEUS. O Senhor não
mudou. O que mudou foram as circunstâncias.
A linguagem empregada nesta passagem é
chamada antropomórfica. É semelhante a uma pessoa que, movendo-se de um lado
para outro, diga: "Agora a casa está à minha direita", e depois:
"Agora a casa está à minha esquerda". Essas afirmações não querem
dizer que a casa se moveu. É que a linguagem, sob a perspectiva de alguém, está
descrevendo que a pessoa mudou a sua posição em relação àquela casa. Quando
Moisés disse que DEUS se arrependeu, essa foi uma forma figurativa de descrever
que a intercessão de Moisés teve êxito em mudar o relacionamento do povo de
Israel com DEUS. Ele tirou a nação do juízo de DEUS e a trouxe para a
misericórdia de sua graça. DEUS não muda, nem muda de ideia, nem de vontade;
sua natureza é imutável.
Obs.: Pr Henrique - Acabaram morrendo pelo
deserto nos seus 40 anos de peregrinação.
33:19
diz: "O SENHOR respondeu: “Farei passar diante de você toda a minha
bondade e anunciarei diante de você o meu nome, Javé. Pois terei misericórdia
de quem eu quiser, e mostrarei compaixão a quem eu quiser".
A bondade e a misericórdia de DEUS salvou
alguns, mas condenou quase todos a morrerem no deserto nos 40 anos.
Manual de Duvidas, Enigmas e Contradições
da Bíblia - Norman Geisler - Thomas Howe - São Paulo: Mundo Cristão, 1999
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Lição 3, A
Inerrância da Bíblia
Lições Bíblicas
- 1º Trimestre de 2022 - CPAD - Para adultos
Tema: A
Supremacia das Escrituras, a Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de DEUS
Comentário: Pr. Douglas Baptista (Pr. Pres. Assembleia de DEUS Missão,
Brasília, DF)
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Jo 10.35
A Palavra de DEUS não pode ser anulada
Terça – Sl 119.160
As Escrituras Sagradas atestam a verdade divina
Quarta - Jo
14.17 O ESPÍRITO SANTO manteve a revelação divina incorruptível
Quinta - Jo
17.17 A Palavra de DEUS é a verdade que santifica
Sexta - Mt
5-17,18 A Palavra de DEUS possui suprema autoridade na vida do cristão
Sábado -
Si 12.6 A Bíblia é divinamente infalível em toda a matéria que aborda
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - Mateus 5.17-21; Hebreus 10.15-17
Mateus 5 17 - Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim
ab-rogar, mas cumprir. 18- Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a
terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja
cumprido. 19 - Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim
ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que
os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus. 20- Porque vos digo
que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo
nenhum entrareis no Reino dos céus. 21 - Ouvistes que foi dito aos antigos: Não
matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.
Hebreus 10 15 -
E também o ESPÍRITO SANTO no-lo testifica, porque depois de haver dito: 16 -
Este é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei
as minhas leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos;
acrescenta: 17 - E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades.
Resumo da Lição
3, A Inerrância da Bíblia
I - O QUE É A
INERRÂNCIA DA BÍBLIA
1.O conceito de
inerrância bíblica.
2. A Bíblia
reivindica a sua inerrância.
3. A
infalibilidade e a inerrância da Bíblia.
II - O ESPÍRITO
SANTO PRESERVOU AS ESCRITURAS
1. Os
manuscritos autógrafos.
2. Os
manuscritos apógrafos.
3. Os apócrifos
e pseudoepígrafos.
III- A VERDADE
NAS ESCRITURAS
1. A Bíblia é a
verdade plena.
2. A verdade
espiritual e moral.
3. A verdade
histórica e científica.
Lição 3, A
Inerrância da Bíblia - Subsídios para as Lições Bíblicas Adultos do 1º
Trimestre de 2022 - Extraído da Revista Ensinador Cristão Nº 88
A bússola é um instrumento que serve como
orientação geográfica, pois ela determina as posições horizontais. Ela dá o
norte, a meta, a direção a seguir. Para o caminho do céu, a Bíblia cumpre o
mesmo papel. Ela dita o norte, meta e direção que devemos tomar. Sem a Bíblia,
podemos falsear ou tomar atalhos por caminhos sedutores. Por isso, há um
aspecto das Sagradas Escrituras não pode ser negociado: sua inerrância.
Inerrância: é preciso sair da zona de conforto
Muitos estão acostumados em estudar a Bíblia de maneira crítica com base em
fundamentos teóricos das ciências humanas e, por isso, afirmar a inerrância
bíblica é sair da zona de conforto. Infelizmente, encontramos na tradição
cristã pessoas que negam o caráter inerrante das Sagradas Letras. Entretanto,
quando estudamos a Bíblia devemos fazer isso numa perspectiva positiva,
afirmando convictos de que ela é a nossa única fonte de autoridade para
determinar qualquer assunto de fé e prática. A nossa confiança está numa
“bússola” que nos leva aos lugares seguros. O nosso Senhor disse que há somente
duas portas: a estreita e o larga (Mt 7.13,14). A estreita nos leva para a
salvação (Mt 7.13) e a larga para a perdição (Mt 7.14). A Bíblia é o livro que
nos leva pelo caminho estreito, mas que, com a sua autoridade, inerrância e
infalibilidade, chegaremos ao porto seguro (Pv 10.9).
O que é Inerrância?
Com inerrância queremos afirmar que a Bíblia não possui erro a respeito de tudo
o que diz. Ela é verdadeira em todos os temas que lhe perpassam: doutrinários,
espirituais, culturais, científicos etc. Como veremos à frente, embora seja
possível encontrar gêneros literários na Bíblia, a Palavra de DEUS nunca
pretendeu ser uma peça literária, em que não há realidade concreta no texto.
Seja a poesia presente, bem como a sua prosa, o que se pretende é revelar o que
é verdadeiro e real dentro da história. Por isso ela é inerrante e infalível.
Nesse sentido, podemos incentivar os nossos alunos a entregarem-se ao conselho
da Bíblia, a Palavra de DEUS, e de coração aberto. Só podemos depositar a nossa
confiança no que é seguro e livre de erros. Por isso, depositamos a nossa
confiança na Bíblia, pois por meio dela DEUS fala conosco. Ela é a inspirada,
inerrante e infalível Palavra de DEUS para a vida.
Também escreveu
ali em pedras uma cópia da lei de Moisés, que já tinha escrito diante dos
filhos de Israel. Josué 8:32
A INERRÂNCIA DA
BÍBLIA SAGRADA - Teologia Sistemática Pentecostal - CPAD
Em sua apologia
sobre a merrância da Bíblia, John Wesley é incisivo e direto: “Se há algum erro
na Bíblia, então pode haver mil erros”. Por isso, conclui: “Se há uma falsidade
sequer naquele Livro, ele não proveio da verdade”. Como discordar de um artigo
de fé tão cristalino e lógico? Sem esta doutrina, o cristianismo seria
impossível; suas verdades, tendo como base a Bíblia Sagrada, exigem seja esta
não apenas divinamente inspirada, mas de igual modo infalível, completa e
inerrante.
Por conseguinte, se não aceitarmos integralmente a inerrância das Sagradas
Escrituras, todo o arcabouço doutrinário da religião fundada por JESUS de Nazaré
haverá de desaparecer. Se primarmos, no entanto, pela ortodoxia bíblica e
teológica, não há por que temer aqueles que, embora se autodenominem liberais,
revelam-se intolerantes e impiedosos em sua abordagem ao fundamentalismo
evangélico. Sob o manto do liberalismo, exibem-se agressivos e inquisitoriais;
a maioria nem mesmo aceita o debate acadêmico.
Afinal, o que é a inerrância bíblica? Por que ela é tão importante para a nossa
fé? E por que sem essa doutrina as Sagradas Escrituras perdem toda a razão de
ser?
Definição. A melhor maneira de se compreender uma doutrina é buscar-lhe uma
definição adequada. Sua conceituação, a partir daí, torna-se mais fácil e não
pecará pela falta de clareza e objetividade. Vejamos, pois, de que forma
haveremos de definir a doutrina da inerrância bíblica.
Definição etimológica. A palavra “inerrância” vem do vocábulo latino inerrantia
e significa, literalmente, “qualidade daquilo que não tem erro; infalível”.
Definição teológica. A inerrância bíblica é a doutrina segundo a qual as
Sagradas Escrituras não contêm quaisquer erros, por serem a inspirada,
infalível e completa Palavra de DEUS. A Bíblia é inerrante tanto nas
informações que nos transmite como nos propósitos que expõe e nas
reivindicações que apresenta. Sua inerrância é plena e absoluta. Isenta de
erros doutrinários, culturais e científicos, inspira-nos ela confiança plena em
seu conteúdo.
Neste sentido, a doutrina da inerrância bíblica pode ser compreendida, também,
como sinônimo de infalibilidade.
O teólogo pentecostal John R. Higgms assim define a doutrina da inerrância das
Sagradas Escrituras:
Embora os termos “infalibilidade” e “inerrância” tenham sido, historicamente,
quase que sinônimos do ponto de vista da doutrina cristã, muitos evangélicos
têm preferido ora um termo, ora outro. Alguns preferem “inerrância” para se
distinguirem dos que sustentam poder a “infalibilidade” referir-se à veracidade
da mensagem da Bíblia, sem necessariamente indicar que a Bíblia não contém
erros. Outros preferem “infalibilidade” a fm de evitar possíveis
mal-entendimentos em virtude de uma definição demasiadamente limitada da
“inerrância”. Atualmente, o termo “inerrância” parece estar mais em voga que
“infalibilidade”.
Inerrância, o grande debate teológico do século XX. Foi exatamente em torno da
inerrância bíblica que girou a maior controvérsia teológica do Século XX. Até
então, tinha-se como pressuposto básico que a Bíblia, como a inspirada Palavra
de DEUS, era absolutamente inerrante tanto no que concerne à doutrina como no
que tange às informações geográficas, históricas e científicas. Nenhum teólogo
cristão ousava colocar em dúvida a inerrância da Palavra de DEUS.
Se, na comunidade cristã, quer católica, quer protestante, ninguém se atrevia a
questionar a inerrância das Sagradas Escrituras, os filósofos seculares vinham,
desde o iluminismo, lançando não poucas dúvidas sobre a integridade da doutrina
e das informações contidas na Bíblia.
Toda essa discussão veio a se acirrar com a chamada teologia liberal, que
conquanto nascida no Século XVIII — veio a ganhar corpo no século passado. De
repente, o que parecia inconcebível já era discutido abertamente no mundo
acadêmico: ‘Afinal, a Bíblia é ou não é a inerrante Palavra de DEUS?” Se a
inerrância era posta em dúvida, por que ficaria intocada a sua inspiração
verbal e plenária?
Semelhante controvérsia levou a ortodoxia cristã a se reunir para apresentar
uma apologia da inerrância e da inspiração sobrenatural da Bíblia Sagrada. E
desse debate resultou um documento conhecido como a Declaração de Chicago.
A Declaração de Chicago. Em 1978, eruditos de várias confissões cristãs se
reuniram na cidade norte-americana de Chicago, a fim de discutir a inspiração
sobrenatural da Bíblia e a sua consequente inerrância. Findos os
trabalhos, os participantes do encontro publicaram uma declaração, realçando a
ortodoxia dos princípios teológicos acerca da Bíblia Sagrada.
A Declaração de Chicago sobre a inerrância Bíblica, entre outras coisas,
afirma:
A autoridade das Escrituras é a chave para a igreja cristã em todos os séculos.
Aqueles que professam a sua fé em JESUS CRISTO como o seu Salvador e Senhor são
intimados a mostrar a realidade de seu discipulado através da humildade e da
obediente fidelidade à Palavra escrita de DEUS. Rejeitar as Escrituras como a
nossa regra de fé e conduta constitui-se em deslealdade para com o nosso
Mestre.
O reconhecimento inquestionável e irrestrito das Sagradas Escrituras é
essencial para a completa compreensão e confissão de sua autoridade.
Os cinco primeiros artigos da Declaração de Chicago sintetizam a fé ortodoxa
concernente à inerrância da Bíblia Sagrada:
Z. DEUS, sendo Ele a própria verdade por falar somente a verdade, inspirou as
Sagradas Escrituras, para que, através delas, revelasse a si mesmo à humanidade
caída, por intermédio de JESUS CRISTO, como o Criador; Senhor; Redentor e
Juiz. As Sagradas Escrituras, portanto, testificam do próprio DEUS.
As Sagradas Escrituras, sendo a própria Palavra de DEUS, escritas por homens
devidamente preparados, inspirados e superintendidos pelo ESPÍRITO SANTO, são
divinamente infalíveis em todas as matérias de que tratam. Por conseguinte,
devem elas ser cridas, como a instrução de DEUS, em tudo o que afirmam;
obedecidas, como mandamento de DEUS, em tudo o que demandam; recebidas, como
garantia de DEUS, em tudo o que prometem.
O ESPÍRITO SANTO, como o autor das Escrituras, tanto autentica o seu testemunho
interno como nos abre a mente para entendê-las.
Sendo total e primariamente dadas pelo próprio DEUS, as Escrituras estão
isentas de erros nem se acham equivocadas quanto a todos os seus ensinos, nem
quanto às suas declarações sobre os atos de DEUS na criação, os eventos da
história mundial e acerca de sua própria origem literal sob a inspiração divina
e também quanto às declarações de DEUS com respeito à salvação individual dos
seres humanos pela graça manifestada em CRISTO JESUS.
A autoridade das Escrituras será fatalmente enfraquecida se a sua absoluta
inerrância for, de alguma forma, menosprezada ou negligenciada, ou vier a
ligar-se a uma visão da verdade contrária à própria Bíblia. Tais desvios
trariam irreparáveis perdas tanto para os crentes em particular quanto para a
igreja de CRISTO como um todo.
O artigo XIII da Declaração de Chicago é mais do que incisivo: “Declaram que a
Bíblia, em sua totalidade, é inerrante, estando, por conseguinte, isenta c toda
falsidade, fraude ou engano”.
A coerência da inerrância. A doutrina da inerrância da Bíblia Sagrada não é
inerente nem fere a razão, embora esteja muito acima desta; a inerrância
bíblica razoável e crível; não precisa ser aceita de forma cega e mística:
comporta os ma duros questionamentos justamente por ser absoluta e
inquestionável. Ela não fei a legitimidade de nenhum ramo do verdadeiro saber
humano, que, sendo outorgado por DEUS, jamais contrariará o saber divino.
Em relação à filosofia. A Bíblia Sagrada, como a inspirada e inerrante P; lavra
de DEUS, não vai de encontro à verdadeira filosofia. Acha-se,
porém infinitamente acima desta. Se a segunda limita-se a levantar os
problemas d vida, a primeira é a sua solução. E se a filosofia limita-se a
especular acerca da realidade última das coisas, a Escritura desvenda-nos o
próprio Deu como o nosso supremo bem, revelando-nos o caminho a seguir.
Em relação à ciência. Não contém a Bíblia quaisquer erros científicos. Por
conseguinte, quando um homem de ciências a acusa de incoerência científica,
duas coisas podem estar acontecendo: o cientista, deixando o campo da
experimentação, põe-se a palmilhar levianamente o terreno movediço d,
especulação. Se assim é, não temos um cientista, mas um confuso filosofe Pois
não são poucas as matérias que, tidas como científicas, na verdade não passam
de mitos e fantasias. Haja vista a teoria da evolução. Aliás, se é teoria como
pode arrogar-se como ciência, se até hoje não foi comprovada?
Entre a ciência e a filosofia, há uma fronteira mui tênue que pode ser cruzada
sem que o cientista o perceba e sem que o filósofo disso se dê conta, Francis
Bacon, por exemplo, embora filósofo, traçou o caminho a ser trilhado pela
ciência moderna. E o discurso do método de Descartes?
Portanto, a ciência não tem a necessária autoridade para julgar a Bíblia
Sagrada Pois se esta é a Palavra revelada daquele que tudo fez, como se haverá
aquela com as suas especulações? Não é a ciência que deve julgar a Bíblia; esta
é que tem de julgar aquela. Aliás, nenhuma autoridade humana, por mais culta e
sábia, detém direito de submeter as Escrituras aos seus crivos. Porque a
Palavra de DEUS julga todas as coisas, discernindo-nos claramente tudo o que
existe no Universo.
A inerrância bíblica é aceita como algo plenamente crível e coerente pela
verdadeira ciência.
Em relação à arqueologia. A arqueologia vem sendo largamente utilizada para
realçar quão firme é a doutrina da inerrância bíblica. Levemos em conta, porém,
que ela, devido às suas limitações, nem sempre consegue reunr as evidências
exigidas pelos céticos acerca dos eventos bíblicos. Jamais encontraremos, por
exemplo, a arca da aliança (Jr 3.16), o Tabernáculo ou os castiçais que estavam
no santo Templo. Além do mais, a História da Salvação, independentemente dos
achados arqueológicos, exige ser aceita pela fé.
Imaginemos se a arca da aliança fosse encontrada. Transformar-se-ia logo tal
evidência em relíquia e seria mais nociva à Bíblia Sagrada do que a falta de
evidências quanto à sua inspiração divina e inerrância.
Uma questão de fé e de bom senso. Diante do exposto, convenhamos: a doutrina da
inerrância das Sagradas Escrituras é perfeitamente razoável. Ê lógica e
coerente. Acha-se em perfeita consonância com o bom senso, conquanto se
encontre bem acima deste. E também uma questão de fé. Se alguém a rejeita,
demonstra não possuir qualquer senso lógico.
A inerrância bíblica é absoluta. Não existe meia inerrância. Ou a Bíblia é a
inerrante Palavra de DEUS ou é a errante e falível palavra do homem. O pensador
Charles Colson afirmou, de forma categórica, que podemos aceitar integralmente
a Bíblia; nela não há erros nem contradições. Mais adiante, conclui:
A Bíblia é historicamente precisa. As evidências refutaram muitas objeções
feitas pelos críticos. Temos todas as razões para acreditar na exatidão dos
textos do Novo Testamento.
Muitos dos homens que o escreveram eram hebreus, e os estudiosos concordam que
os hebreus eram meticulosos, e suas transcrições, precisas.
O testemunho do Antigo Testamento. Lendo a Bíblia com sinceridade e singeleza
de coração, convencemo-nos, de imediato: ela é, de fato, a inspirada e
inerrante Palavra de DEUS. Suas reivindicações quanto à própria inerrância são
irrespondíveis.
0 exórdio profético: “Assim diz o Senhor”. Através dessa fórmula clássica, os
profetas de Jeová apresentavam-se a Israel como mensageiros do DEUS de Abraão,
Isaque e Jacó (Ex 4.22; Is 30.15; Jr 6.16). Ao mesmo tempo, demonstravam: a
Palavra que anunciavam não era propriamente sua; era do Senhor e, como tal, não
continha qualquer erro.
Atesta-nos o apóstolo Pedro:
E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos,
como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela
da alva apareça em vosso coração, sabendo primeiramente isto: que nenhuma
profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca
foi produzida
por vontade de homem algum, mas os homens santos de DEUS falaram inspirados
pelo ESPÍRITO SANTO.
A Palavra de DEUS é reta. Quando o salmista asseverou ser reta a Palavra do
Senhor, quis ele deixar bem claro que nela inexistiam erros ou ilogicidades.
Logo, ela é plena e absolutamente confiável: “Porque a palavra do Senhor é
reta, e todas as suas obras são fiéis” (SI 33.4).
O que levou o salmista a se expressar dessa forma? Sabia ele muito bem que DEUS
está presente em toda a sua Palavra. E o que professa Donald Grey Barnhouse: “O
caminho mais curto para se entender a Bíblia é aceitar o fato de que DEUS está
falando em cada linha”.
A Palavra de DEUS é pura. “Toda palavra de DEUS é pura; escudo é para os que
confiam nele” (Pv 30.5). Por que fez o sábio semelhante assertiva? Ele confiava
na inerrância das Sagradas Escrituras. Ao afirmar serem estas puras, estava
reafirmando: elas não comportavam nenhum erro; são a mais alta expressão da
verdade.
Pode o Autor divino cometer erros comezinhos quanto à geografia, cultura e
etnografia? O pastor e teólogo inglês Matthew Henry testemunha acerca da
inerrância absoluta da Bíblia: “As palavras das Escrituras devem ser
consideradas palavras do ESPÍRITO SANTO”.
A Palavra de DEUS é eterna. Há documentos mais antigos que a Bíblia? Sua
errância, entretanto, tornou-os de tal forma obsoletos e desatualizados que,
hoje, somente são usados como peças paleográficas. Haja vista o Código de
Hamurahi. Concernente à Bíblia, é a eterna contemporânea de todas as gerações.
Na verdade, livros há que, embora vindos à luz depois das Escrituras,
fizeram-se logo desatualizados; alguns não foram além da primeira edição.
Mas a Palavra de DEUS é eterna. Edith Deen escreveu: “A Bíblia jamais envelhece”.
Diante de sua perenidade, cantou o profeta Isaías: “Seca-se a erva, e caem as
flores, mas a palavra de nosso DEUS subsiste eternamente” (Is 40.8).
Os escritores do Novo Testamento. Os autores do Novo Testamento asseveram a
completa inerrância da Bíblia. Estes, que também escreveram inspirados pelo
ESPÍRITO SANTO e de forma inerrante, atestam a infalibilidade das Sagradas Escrituras?
do Antigo Testamento. Para denotar a inspiração sobrenatural e infalível da
Palavra de DEUS, usam os apóstolos várias expressões chave.
Gegraptai. Esta alocução significa, literalmente, “está escrito” (Rm 9.13).
Warfield desta forma comenta a força dessa expressão: “Tudo o que for escrito
como gegraptai tem caráter normativo porque é garantido pelo poder inescapável
de Javé, Rei e Legislador”.
Ta logia. “Os oráculos de DEUS”. Em Romanos 3.2, lemos: “Aos judeus foram
confiados os oráculos de DEUS”. O comentário a seguir é de Edwim A. Blum: “A
interpretação mais adequada do texto de Romanos 3.2 remete a todo o Antigo
Testamento, e não a passagens específicas dele”.
Graphe. Este vocábulo é usado no Novo Testamento, quer no singular, quer no
plural, mais de cinquenta vezes. Shrenk dessa maneira discorre acerca
dessa palavra: “De acordo com a concepção judaica tardia, a Escritura tem
importância normativa, possui autoridade e é sagrada. Sua validade é permanente
e incontestável”.
Ressaltamos que a Bíblia atesta a sua inerrância não somente quanto ao Antigo
Testamento, mas, igualmente, quanto ao Testamento Novo (2 Pe 3.14-18; I Co
11.23; 14.37). Na Segunda Epístola de Paulo a Timóteo, deixa o apóstolo bem
patente que toda a Escritura é inspirada: “Toda a Escritura é inspirada por
DEUS...” (2 Tm 3.16, ARA).
O testemunho interno quanto à inerrância da Bíblia. Além de todos os
testemunhos arrolados, há que se levar em conta, de igual forma, o testemunho
interior do ESPÍRITO SANTO. Lendo as Sagradas Escrituras, sentimos que estamos
diante da inspirada e inerrante Palavra de DEUS. Aliás, esta foi uma das
maiores divisas da Reforma Protestante: Testimonium Spiritus Sancti internum.
Há uma passagem no Evangelho de Lucas que ilustra de modo surpreendente essa
evidência. Refiro-me aos discípulos no caminho de Emaús. Ouvindo o Senhor JESUS
discorrer-lhes sobre as passagens messiânicas do Antigo Testamento, um deles
expressou o que ambos naquele momento sentiam: “Porventura, não ardia em nós o
nosso coração quando, pelo caminho, nos falava e quando nos abria as
Escrituras?” (Lc 24.32). O que é isso senão uma evidência do testemunho interno
do ESPÍRITO SANTO?
Testemunhos externos. Os mais conceituados teólogos aceitam, defendem e
proclamam a inerrância da Bíblia Sagrada como a infalível Palavra de DEUS.
Têm-na como uma das colunas do cristianismo; sem ela, a nossa fé não teria
qualquer razão de ser.
Tomás de Aquino é incisivo quanto a essa verdade: “Em parte alguma pode haver
falsidade no sentido literal das Escrituras Sagradas”.
Agostinho também é contundente: “Creio firmemente que nenhum daqueles autores
errou em qualquer aspecto quando escreveu”.
Martinho Lutero mostrou-se firme quanto à inerrância bíblica: “Aprendi a
atribuir infalibilidade apenas aos livros chamados canônicos, de forma que
creio confiantemente que nenhum de seus autores cometeu erros .
Charles Spurgeon, como príncipe dos pregadores, enuncia: “DEUS escreve com uma
pena que nunca borra, fala com uma língua que nunca erra, age com uma mão que
nunca falha”.
OS MANUSCRITOS
DA BÍBLIA - Bíblia Através dos Séculos - Pr Antônio Gilberto - CPAD
A história da
Bíblia e como chegou até nós, é encontrada em seus manuscritos.
Manuscritos são
rolos ou livros da antiga literatura, escritos à mão. O texto da Bíblia foi
preservado e transmitido mediante os seus manuscritos. Nos tratados sobre a
Bíblia, a palavra manuscritos é sempre indicada pela abreviatura MS, no plural
MSS ou MSs. Há, em nossos dias, cerca de 4.000 MSS da Bíblia, preparados entre
os séculos II e XV. a. Material gráfico dos MSS bíblicos.
Há dois
materiais principais: papiro e pergaminho. (Consulte o Cap. II da presente
matéria.)
O linho era
usado também, mas não tanto como os dois citados.
O centro da
indústria de papiro era o Egito, onde teve início o seu emprego, cerca de 3.000
a.C.
O papiro é um
tipo de junco de grandes proporções. Tem caule tríquetro de 3 a 5 metros de
altura, com 5 a 7 centímetros de diâmetro, tendo sua fronde em forma de
guarda-chuva. As dimensões da folha de papiro preparada para a escrita eram
normalmente 30 cm a 3 m de comprimento por 30 cm de largura. Essas folhas eram
formadas por tiras cortadas da planta, sobrepostas cruzadas, coladas, prensadas
e depois polidas. Eram escritas de um lado, apenas. Tinham cor amarelada. À
folha do papiro assim preparada, os gregos chamavam biblos. Pergaminho é a pele
de animais curtida e preparada para a escrita; seu uso generalizado vem dos
primórdios do cristianismo, mas já era conhecido em tempos remotos, pois já é
mencionado em Isaías 34.4.
O pergaminho
preparado de modo especial chamava-se velo. Este tornou-se comum a partir do século IV. É mais durável.
Foi muito usado nos códices. Tudo indica que o vocábulo pergaminho derivou seu
nome da cidade de Pérgamo, capital de um riquíssimo reino que ocupou grande
parte da Ásia Menor, sendo Eumenes II (197-159 d.C), seu maior rei. Esse rei
projetou formar para si uma biblioteca maior que a de Alexandria, Egito. O rei
do Egito, por inveja, proibiu a exportação do papiro, obrigando Eumenes a
recorrer a outro material gráfico. Tal fato motivou o surgimento de um novo
método de preparar peles, muito aperfeiçoado, que resultou no pergaminho. Vindo
o domínio romano, Pérgamo veio a ser a primeira capital da província da Ásia,
situada ao oeste da Ásia Menor; sua segunda capital foi Éfeso. O Novo
Testamento menciona esse material gráfico em 2 Timóteo 4.13 e Apocalipse 6.14.
Outros
materiais foram usados para a escrita nos tempos antigos, mas de menor
importância, como: • Linho. Tem sido encontrado nas descobertas arqueológicas.
• Ostraco, fragmento de cerâmica. É mencionado em Jó 38.14; Ezequiel 4.1. Foi
muito usado em Babilônia. • Madeira. • Pedra (Êx 24.12; Js 8.30-32). • Tábuas
recobertas de cera (Is 8.1; Lc 1.63).
Um exemplo do
emprego desses materiais é o livro escrito em pedra, conhecido como Código
Hamurabi. Trata-se de um rei de Babilônia coevo de Abraão. É identificado pelos
cientistas como o Anrafel de Gênesis 14.1. É um código de leis descoberto em
Susa, em 1902, lindamente trabalhado em pedra, com 2 m de altura. Esse livro é testemunha de que aquele tempo o homem atingira uma
capacidade literária notável. O código trata do culto nos templos (pagãos, é
claro), administração da justiça e leis em geral. Vimos esse código no Museu do
Louvre, Paris. A tinta usada pelos escribas era uma mistura de carvão em pó com
uma substância líquida semelhante a goma arábica. (Ver Jeremias 36.18; Ezequiel
9.2; 2 Coríntios 3.3; 2 João 12; 3 João 13.) 0 carvão é um elemento que se
conserva admiravelmente através dos séculos, não sendo afetado por substâncias
químicas. Para a escrita em papiro ou pergaminho, usavam penas de aves, pincéis
finos e um tipo de caneta feita de madeira porosa e absorvente. Para a cera
usavam um estilete de metal (Is 30.8).
Cuidado
redobrado havia com a escrita dos livros sagrados. Devemos ser sumamente
agradecidos aos judeus por seu cuidado extremo na preparação e preservação dos
manuscritos do Antigo Testamento. Aqui estão algumas regras que eles exigiam de
cada escriba. O pergaminho tinha de ser preparado de peles de animais limpos,
preparado somente por judeus, sendo as folhas unidas por fios feitos de peles
de animais limpos. A tinta era especialmente preparada. O escriba não podia
escrever uma só palavra de memória. Tinha de pronunciar bem alto cada palavra
antes de escrevê-la. Tinha de limpar a pena com
muita reverência antes de escrever o nome de DEUS. As letras e palavras eram
contadas. Um erro numa folha, inutilizava-a. Três erros numa folha,
inutilizavam todo o rolo.
b. O formato
dos MSS Quanto ao formato, os MSS podem ser códices ou rolos.
Códice é um MS
em formato de livro, feito de pergaminho. As folhas têm normalmente 65 cm de altura por 55 de largura.
Este tipo de MS começou a ser usado no Século II. O rolo podia ser de papiro ou
pergaminho. Era preso a dois cabos de madeira, para facilitar o manuseio
durante a leitura. Era enrolado da direita para a esquerda. Sua extensão
dependia da escrita a ser feita. Portanto, antigamente não era fácil conduzir
pessoalmente os 66 livros como fazemos hoje c. A caligrafia dos MSS. Há dois
tipos de caligrafia ou forma gráfica nos MSS bíblicos, o que os divide em
unciais e cursivos. Uncial é o MS de letras maiúsculas e sem separação entre as
palavras. Cursivo é o de letras minúsculas, tendo espaço entre as palavras. Tal
diferença na forma gráfica deu-se no século X. Palimpsesto é um MS reescrito,
isto é, a escrita primitiva era raspada e novo texto escrito por cima. Isso
ocorria devido ao alto preço do pergaminho. Inutilizava-se assim uma escrita
para se usar o mesmo material. Os manuscritos originais também não tinham
sinais de pontuação. Estes foram introduzidos na arte de escrever em época
recente. É claro, pois, que a pontuação moderna não é inspirada, e por isso não
dá, às vezes, sentido às palavras do original. d. MSS originais da Bíblia. MSS
originais saídos das mãos dos escritores não há nenhum conhecido. É provável
que se houvesse algum, os homens o adorassem mais do que ao seu divino Autor.
Lembremos a adoração da serpente de metal pelos israelitas (2 Rs 18.4) e da
cruz de CRISTO e da virgem Maria, pelos católico-romanos; e o caso de João
querer adorar o mensageiro celestial (Ap 22.8,9).
A falta de MSS
originais provém do seguinte:
1) O costume
dos judeus de enterrar todos os MSS estragados pelo uso ou qualquer outra
coisa; isto para evitar mutilação ou interpolação espúria.
2) Os reis
idolatras e ímpios de Israel podem ter destruído muitos, ou contribuído para
isso. (Veja o episódio de Jeremias
36.20-26.)
3) O monstro
Antíoco Epifânio, rei da Síria (175-164 a.C), dominou sobre a Palestina durante
seu reinado.
Foi
extremamente cruel, sádico; tinha prazer em aplicar torturas. Decidiu
exterminar a religião judaica. Assolou Jerusalém em 168, profanou o templo e
destruiu todas as cópias que achou das Sagradas Escrituras.
4) Nos dias do
feroz imperador Diocleciano (284-305 d.C), os perseguidores dos cristãos
destruíram quantas cópias acharam das Escrituras. Durante dez anos, Diocleciano mandou vasculhar o Império para
destruir todos os escritos sagrados. Ele chegou a julgar que tivesse destruído
tudo, pois mandou cunhar uma moeda comemorando tal "vitória". A
literatura judaica diz que a missão da Grande Sinagoga, presidida por Esdras,
foi reunir e preservar os MSS originais do AT, e que os MSS de que se serviram
os setenta, foram esses preservados pela Grande Sinagoga, que encerrou o cânon
do AT. e. MSS existentes mais antigos e mais importantes
1) MSS do AT em
hebraico.
Até a
descoberta dos MSS do mar Morto, em 1947, os mais antigos MSS do AT hebraico
eram:
• Códice dos
primeiros e últimos profetas. Está na Sinagoga Caraíta, do Cairo. Foi escrito
em Tiberíades, em 895 d.C, por Moses Ben Asher, erudito judeu de renome.
(Caraítas são os judeus que rejeitam a doutrina ortodoxa dos rabinos e reclamam
liberdade na interpretação da Bíblia.) Contém os primeiros profetas, segundo a
organização do cânon hebraico do AT: Josué, Juizes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis.
Contém também os últimos profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel, e os Doze.
• Códice do
Pentateuco. Escrito cerca de 900 d.C, está no Museu Britânico, sob número 4445.
Foi escrito por um filho de Moses Ben Asher: Arão.
• Códice
Petrogradiano. Escrito em 916 d.C. Contém apenas os últimos Profetas. Veio da
Criméia. Está na biblioteca de Leningrado (a antiga Petrogrado), donde o nome.
• Códice
Aleppo. Contém todo o texto do Antigo Testamento. Copiado por Shelomo Ben
Bayaa. Seus sinais vocálicos foram colocados por Moses Ben Asher, cerca de 930
d.C. Foi contrabandeado em anos recentes da Síria para Israel. Será utilizado
como base da nova Bíblia Hebraica, em preparo pela Universidade Hebraica, de
Jerusalém.
• Códice 19 A.
Está na biblioteca de Leningrado (Rússia). Data: 1008 d.C. O original foi
escrito por Moses Ben Asher, cerca de 1000 d.C. Foi copiado no ano 1008, no
Cairo, por Samuel Ben Jacob. Quando a Rússia o adquiriu, o comunismo ainda não
dominava ali. Este é o mais antigo MS completo do AT em hebraico. (Isto é, mais
antigo datado.)
• O rolo de
Isaías, mar Morto, 1947. Nos rolos descobertos, nas proximidades do mar Morto,
em 1947, foi encontrado um MS de Isaías, em hebraico, do ano 100 a.C, isto é,
1.000 anos mais velho que o mais antigo MS até então existente. Uma vez que o
texto de tal rolo concorda com o das nossas Bíblias atuais, temos nisso uma
prova singular da autenticidade das Escrituras, considerando-se que esse rolo
de Isaías tem agora mais de 2.000 anos de existência! 2) MSS do Antigo e Novo
Testamento em grego. É digno de nota que os MSS mais antigos da Bíblia estão em
grego. Esses manuscritos não são originais, são cópias. Os originais saídos das
mãos dos escritores, perderam-se. Pela ordem cronológica, vamos citar os mais
antigos MSS existentes da Bíblia em grego:
• Códice
Vaticano ou "B". Pertence à biblioteca do Vaticano. Data: 325 d.C. O
AT é cópia da Septuaginta. Contém os apócrifos em separado. Essa biblioteca foi
fundada em 1488, e no seu primeiro catálogo, publicado em 1475, aparece esse
MS. Ê uncial.
• O Códice
Sinaítico ou "Álefe". Pertence ao Museu Britânico. Data: 340 d.C. Foi
descoberto pelo erudito cristão Tischendorf, em 1844, no Mosteiro de Santa
Catarina, no sopé do Monte Sinai. A história de sua aquisição é muito
impressionante. Foi o Czar da Rússia que o adquiriu, em 1899. O Governo inglês
comprou-o dos russos, em 1933, por 100.000 libras esterlinas, equivalentes
então a 510.000 dólares. Um dos livros mais caros do mundo. É uncial.
• Códice
Alexandrino ou "A". Pertence ao Museu Britânico. Data: 425 d.C. Tem
este nome porque foi escrito em Alexandria e também pertenceu à sua biblioteca.
Em 1621, foi levado a Constantinopla por Cirilo Lúcar, patriarca de Alexandria.
Em 1624, Cirilo presenteou-o ao rei Tiago I da Inglaterra, o mesmo rei que
autorizou a famosa versão inglesa de 1611. Em 1757, o rei Jorge II doou a
biblioteca da família real à nação, e assim o famoso MS chegou ao Museu
Britânico. É um MS uncial.
• O Códice
Efráemi ou "C". Pertence ao Museu do Louvre, Paris. Data: 345 d.C. É
um palimpsesto. Ao ser restaurada a primeira escrita, constatou-se serem ambos
os Testamentos incompletos. O doutor Tischendorf publicou-o em 1845. É
bilíngüe: grego e latim.
• Códice Bezae
ou "D". Pertence à biblioteca da Universidade de Cambridge,
Inglaterra. Data: Século VI. Contém os Evangelhos, Atos e parte das Epístolas.
• O Códice
Claromontanus ou "D2". Pertence ao Museu do Louvre, Paris. Data:
Século VI. Contém as epístolas paulinas. Estes três últimos são também unciais.
f. As Bíblias impressas mais antigas.
1) O
Antigo Testamento Impresso em Hebraico.
• O primeiro
texto impresso em hebraico do AT foi publicado em 1488, em Soncino, Itália.
Contém os sinais vocálicos.
• O segundo
texto mais antigo impresso em hebraico do AT é o constante da Bíblia chamada
"Complutensiana Poliglota", preparada pelo cardeal Ximenes, de
Cisneros, na Universidade de Alcalá, próximo a Madri, Espanha. Foi impressa em
1514 - 1517, mas somente distribuída em 1522. A Poliglota traz além do AT em
hebraico, o NT em grego, a Septuaginta em latim, e a Vulgata, em latim (AT e
NT). Abrange seis volumes.
• A primeira
Bíblia Rabínica. Foi preparada por Felix Pratensis e publicada por Daniel
Bomberg, em Veneza, em 1516-1517.
• O texto
preparado por Jacob Ben Chayin e impresso por Daniel Bomberg em Veneza, em
1524-1525, tornou-se um texto padrão para estudo. Foi a segunda Bíblia Rabínica
impressa.
• O texto
de Amsterdam, publicado entre 1661-1667. É uma combinação dos textos de Chayin
e o de Ximenes.
• O texto de
Van der Hooght, publicado em 1705. É uma revisão do texto de Amsterdam.
• O texto de
Kennicott, editado em 1776-1780. Este texto segue o de Van der Hooght de 1705.
• O texto de
Letteris, publicado em 1852. É uma revisão do texto de Van der Hooght. Este é o
texto padrão adotado em nossos dias pelas Sociedades Bíblicas em todo o mundo.
• O texto de
Rudolph Kittel, de 1906, originado do texto de Chayin. A terceira edição de
Kittel, em 1937, abandonou o texto de Chayim, publicando o do MSS 19A.
2) O Novo
Testamento impresso em grego
• O primeiro
texto impresso em grego do NT é o da "Complutensiana Poliglota", de
que já falamos quando nos ocupamos do texto impresso em hebraico.
• O texto de
Erasmo (teólogo holandês), publicado e distribuído em 1516. Este foi o primeiro
texto impresso distribuído, do Novo Testamento. A poliglota do Cardeal Ximenes
só veio a público em 1522, mas fora impressa em 1514-1517.
• O texto de
Robert Stephanus, publicado em 1546, em Paris. É baseado no de Erasmo e na
Poliglota.
• O texto de
Theodoro Beza, publicado em 1565 e 1664. Base: Stephanus.
• O texto dos
irmãos Elzevirs, holandeses, de 1624-1678. Base: Stephanus e Beza. É conhecido
como o "Textus Receptus" devido a uma expressão que contém no
prefácio. • O texto de Westcott e Hort, dois eminentes eruditos ingleses. Data:
1881-1882. Suplantou o "Textus Receptus".
• Há, por fim,
os mais recentes textos impressos do NT em grego, que são os de Herman Von
Soden, Scrivener, e Eberhard Nestle. Este último é muito utilizado no preparo
de versões modernas. g.
Os
MSS do mar Morto.
Num dia de
verão, em 1947, o pastor beduíno árabe, Muhammad ad Dib, da tribo dos
Taa'mireh, que se acampa entre Belém e o mar Morto, saiu a procura de uma cabra
desgarrada nas ravinas rochosas da costa noroeste do referido mar, e encontrou
um inestimável tesouro bíblico. Estava o pastor junto à encosta rochosa do uádi
Qüm-ram. Ao atirar uma pedra numa das cavernas ouviu um barulho de cacos se
quebrando. Entrou na caverna e encontrou uma preciosa coleção de MSS bíblicos:
12 rolos de pergaminho e fragmentos de outros. Um dos rolos era um MS de Isaías
do ano 100 a.C, isto é, mil anos mais antigo que os exemplares até então
conhecidos. Os rolos estão escritos em papiro e pergaminho e envolvidos em
panos de linho. Outras cavernas foram vasculhadas e novos MSS foram
encontrados. Novas luzes estão surgindo na interpretação de passagens difíceis
do AT. Exemplos: em Êxodo 1.5, o total de pessoas é 75, concordando assim com
Atos 7.14. (O hebraico não tem algarismos para os números e sim letras; daí,
para um erro não custa muito...) Em Isaías 49.12, o novo MS de Isaías diz
"Siene" e não "Sinin". Ora, Siene era uma importante cidade
fronteiriça do Egito, às margens do Nilo, junto à Etiópia. É hoje a moderna
Assuam, com sua extraordinária represa. Ezequiel 29.10 e 30.6 referem-se a essa
cidade; a versão ARC grafa "Sevené". Muitos eruditos pensavam até
agora que o termo "Sinin" de Isaías 49.12 fosse uma alusão à China. É
muito confortante saber que os textos desses MSS encontrados concordam com os
das nossas Bíblias. Pesquisas revelam que os MSS do mar Morto foram escondidos
pelos essênios - seita ascética judaica - durante a segunda revolução dos
judeus contra os romanos em 132-135 d.C. Os responsáveis por um grande mosteiro
agora descoberto, ao verem aproximar-se as tropas romanas, esconderam ali sua
biblioteca! Nas 267 cavernas examinadas, foram encontrados fragmentos de 332
obras, ao todo. Encontraram, inclusive, cartas do líder dessa revolta: Bar
Kochba, em perfeito estado, estando sua assinatura bem nítida. Nos MSS encontrados
há trechos de todos os livros do AT, exceto Ester. h. Cálculo da data de um MS
Calcula-se a data de um MS:
1) Pela forma
das letras. Cada forma representa uma época, tanto no grego como no hebraico.
2) Pelo modo
como estão escritas as palavras no texto. Se ligadas ou separadas. Isto também
indica época.
3) Pelas letras
iniciais de títulos, parágrafos, etc. Se adornadas ou singelas. Isto também
indica o tempo.
4) Pelo
carbono-14. Este é um método científico e revolucionário. Trata-se do seguinte:
Todo ser vivo absorve C-14. Cada 5.600 anos o C-14 perde metade de sua
radioatividade primitiva. Assim ... se for medida a radioatividade de
substância orgânica morta, ver-se-á quando ela deixou de absorver C-14, ao
morrer. Basta queimar uma pequena parte da substância a ser testada e medir a
radioatividade do C-14. Este método tem uma precisão assombrosa, porque a
natureza tem leis fixas, estabelecidas pelo Criador. Um exemplo: o Unho que
envolvia os MSS da Caverna 1 de Qümram, ao ser testado, provou ser do ano 33
d.C. Isto é, a planta deixara de existir naquele ano.
5) Pelo Raio-X.
Este tipo de raio também ajuda a determinar a idade de objetos antigos, por
meio da fotografia e certas reações.
A INFALIBILIDADE DA BÍBLIA - Teologia Sistemática Pentecostal - CPAD
Ao tratar da infalibilidade da Palavra de DEUS, ousadamente expressou-se Carl
F. Henry: “Há apenas uma única coisa realmente inevitável: é necessário que as
Escrituras se cumpram”. O que isso significa? Simplesmente que a Bíblia é
infalível; as suas palavras hão de cumprir-se de maneira inexorável. Aliás, a
infalibilidade da Escritura acha-se estreitamente ligada à sua inspiração e
inerrância; somente um livro divina e singularmente inspirado poderia ser
absolutamente infalível.
Tudo o que a Bíblia diz, cumpre-se; tudo o que promete, realiza-se; tudo o que
prevê, acontece. A Palavra de DEUS não pode voltar vazia; antes, faz o que lhe
apraz.
O que é a infalibilidade. E a qualidade, ou virtude, do que é infalível; é algo
que jamais poderá falhar. Assim está escrito no Dicionário Teológico, de
Claudionor de Andrade (CPAD), acerca da infalibilidade da Palavra de DEUS:
Doutrina que ensina ser a Bíblia infalível em tudo o que diz. Eis porque a
Palavra de DEUS pode ser assim considerada: l) Suas promessas são rigorosamente
observadas; 2)
Suas profecias cumprem-se deforma detalhada e clara (haja vista as Setenta
Semanas de Daniel); 3) O Plano de Salvação é executado apesar das oposições
satânicas. Nenhuma de suas palavras jamais caiu, nem cairá, por terra.
A Bíblia dá testemunho de sua infalibilidade. Muitas são as passagens que
atestam a infalibilidade das Sagradas Escrituras. Isso significa que elas
realmente são a Palavra de DEUS. Se Ele não mente nem volta atrás, porque seria
diferente a sua Palavra? Vejamos o que os profetas e apóstolos disseram acerca
da doutrina da infalibilidade da Bíblia.
Moisés. “Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não
cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba
a falou o tal profeta; não tenhas temor dele” (Dt 18.22).
O cronista do Reino de Israel. “E crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e
nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra” (I Sm 3.19).
Daniel. “No ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o
número de anos, de que falou o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de
acabar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos” (Dn 9.2).
Mateus. “Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do
Senhor pelo profeta” (Mt 1.22).
JESUS. “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão” (Mc
13.31).
Lucas. “Aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com
muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e
falando do que respeita ao Reino de DEUS” (At 1.3).
No Brasil, não são poucos os teólogos — e até seminários — que lançam suspeições
sobre a infalibilidade das Sagradas Escrituras. Sob a influência da teologia
alemã, que, abandonando os princípios de Lutero e Melanchton, presumem que um
teólogo de vanguarda é aquele que até do supremo Ser duvida, não mais
consideram a Bíblia Sagrada como a infalível Palavra de DEUS.
Ouvi um professor afirmar que a verdadeira teologia nasceu na Alemanha; foi
estragada na Inglaterra e nos Estados Unidos; e é vorazmente consumida no
Brasil. Não concordo com semelhante assertiva. Apesar dos avanços alemães na
área de estudos bíblicos, opto por ficar com os teólogos anglo-americanos. Até
ao presente momento, vêm estes — excetuando-se os liberais — mostrando, além do
conhecimento, uma prática de vida cuja piedade é incontestável.
A CLAREZA DA BÍBLIA
Quem se põe a
ler as profecias de Nostradamus, se depara com um emaranhado de palavras,
frases e orações sem quaisquer nexos. Na obra desse falso profeta, qualquer
interpretação é possível. Eis porque os charlatães, aproveitando-se da
ingenuidade das gentes crédulas, jogam com aqueles versos, afirmando que Nostradamus
é sempre atual. Mas, na realidade, quem entende aqueles cipoais?
No Brasil, onde o misticismo faz parte de nosso atribulado cotidiano, Nostradamus
e seus congêneres nunca foram tão estudados. Cada vez que um cataclismo sacode
o planeta, aparece um intérprete desse falso profeta; e, citando alguma
centúria, força um cumprimento bobamente profético que, desmerecendo todas as
leis da hermenêutica, parece atual, conquanto não passe de um emaranhado de
frases sem nexo.
A Bíblia, porém, é clara e cristalinamente simples; as suas profecias não se
escondem em possibilidades; mostram-se em cumprimentos e realizações. A clareza
das Escrituras é uma das doutrinas mais surpreendentes da Palavra do Senhor;
mostra-nos que podemos confiar num DEUS que se comunica conosco em nossa
linguagem; sua mensagem, posto encontrar-se acima de nossa razão, não a
contraria; surpreende-a com coisas grandes e jamais cogitadas.
Consideremos, pois, a clareza das Sagradas Escrituras.
O que é clareza, “Qualidade do que é claro, inteligível e perfeitamente compreensível”.
A clareza é conhecida também como perspicuidade.
Definição teológica. A clareza da Bíblia é uma de suas principais
características através da qual se torna ela plenamente inteligível aos que se
dispõem a examina-la com um coração reto, humilde e predisposto a aceitá-la
como a inspirada infalível e inerrante Palavra de DEUS.
O testemunho a Bíblia quanto à sua clareza. Nas Sagradas Escrituras, deparamo-nos
com muitos testemunhos acerca de sua clareza. No Salmo 19, lemos: “A lei do
Senhor é perfeita e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel e à
sabedoria aos símplices” (Sm 19.7).
Mais adiante, canta o salmista: “A exposição das tuas palavras dá luz e dá entendimento
aos símplices” (Sm 119.130). Consideremos, ainda, este mandamento do Senhor por
intermédio de Moisés: “E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu
coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e
andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te” (Dt 6.6,7).
Ora, se uma criança é capaz de entender a Palavra de DEUS, como um adulto
ilustrado não a entenderá? Aliás, é a Bíblia tão simples que, para se
compreendê-la, é mister que nos façamos como as crianças: com um coração puro,
ouçamos a voz do Senhor.
A INERRÂNCIA DA
BÍBLIA
a- Definição
etimológica. Vem do vocábulo latino inerrantia e significa, literalmente,
qualidade daquilo que não tem erro.
b- Definição
teológica. As Sagradas Escrituras não contêm quaisquer erros por serem a
inspirada, infalível e completa Palavra de DEUS (Sl 119.140).
A INERRÂNCIA
DAS ESCRITURAS
O conceito de inerrância das Escrituras contraria alguns críticos modernos que
não aceitam a infalibilidade das Escrituras. Tais críticos julgam
haver erros nas Escrituras em razão de encontrarem nelas palavras divinas e
humanas. Para nós que cremos na inspiração plena das Escrituras
estamos convictos de que as dificuldades nela encontradas não representam erros
e, geralmente, são explicadas pelos textos paralelos
encontrados em toda a Bíblia.
A verdade divina revelada nas Escrituras é apresentada de modo explícito, certo
e transparente.
O ensino genuíno das Escrituras não tem discrepâncias doutrinárias; é único em
todo o mundo e adaptável a qualquer cultura (Jo 17.17; 1 Rs
17.24; Sl 119.142,151; Pv 22.21).
a- A infalibilidade das Escrituras. As Escrituras são a infalível Palavra
de DEUS. A sua infalibilidade tem sido alvo de muita contestação
especialmente entre os chamados "racionalistas" que endeusam a razão
humana, sem perceberem que ela é falha, afirmam que o racionalismo
científico, com seus métodos de estudo e pesquisa, será capaz de analisar e
responder todas as indagações do homem. Porém, são
completamente limitados quando analisam coisas espirituais, além da
matéria.
A ciência é incapaz de estudar elementos que não são pesados ou medidos, como a
alma humana. Portanto, o poder sobrenatural das Escrituras
não pode ser analisado em laboratório, porque refere-se a algo milagroso e
sobrenatural.
b- A autoridade divina e humana das Escrituras. Indiscutivelmente a Bíblia
tem dupla autoridade. A autoridade divina é demonstrada pela
infalibilidade das Escrituras, uma vez que elas têm origem em DEUS e são a
expressão de sua mente. A humana é reconhecida pelo fato de DEUS
ter escolhido, pelo menos 40 homens, os quais receberam a sua Palavra e a
transmitiram na forma escrita.
DEUS não pode
errar. A Bíblia é a Palavra de DEUS. Portanto, a Bíblia está isenta de erros.
Todo estudante
de lógica sabe que estas três frases, da maneira como estão montadas, compõem
um silogismo. Esta forma de raciocínio é totalmente válida como argumento
comprobatório. As duas primeiras frases são chamadas de premissas. A última é a
conclusão. Se as premissas são verdadeiras, a conclusão também será verdadeira.
Portanto, o silogismo acima é totalmente verdadeiro.
Porém, muitos
críticos insistem em afirmar que a Bíblia está cheia de erros. Mas o fato é que
até agora ninguém conseguiu apontar e confirmar de fato um único erro no texto
original das Escrituras. Isto não quer dizer que não haja pontos de difícil
compreensão na Palavra de DEUS. Dificuldades, sim; erros, não.
A inerrância da
Bíblia: A Bíblia não contém erros. Ela é infalível em sua mensagem e
inerrante em seu conteúdo. Ela tem saído incólume de todos os ataques: tem
vencido a fogueira dos intolerantes e triunfado sobre a prepotência dos
críticos arrogantes. A Bíblia é a bigorna de DEUS que tem quebrado todos os
martelos dos céticos. A enxada e a pá dos arqueólogos desmentem a falsa
sapiência daqueles que se insurgiram contra sua infalibilidade.
A
Declaração de Chicago Sobre a Inerrância da Bíblia (1978)
Digitação:
Dawson Campos de Lima
Prefácio
A autoridade
das Escrituras é um tema chave para a igreja cristã, tanto desta quanto de
qualquer outra época. Aqueles que professam fé em JESUS CRISTO como Senhor e
Salvador são chamados a demonstrar a realidade de seu discipulado cristão
mediante obediência humilde e fiel à Palavra escrita de DEUS. Afastar-se das
Escrituras, tanto em questões de fé quanto em questões de conduta, é
deslealdade para com nosso Mestre. Para que haja uma compreensão plena e uma
confissão correta da autoridade das Sagradas Escrituras é essencial um
reconhecimento da sua total veracidade e confiabilidade.
A Declaração a
seguir afirma sob nova forma essa inerrância das Escrituras, esclarecendo nosso
entendimento a respeito dela e advertindo contra sua negação. Estamos
convencidos de que negá-la é ignorar o testemunho dado por JESUS CRISTO e pelo
ESPÍRITO SANTO, e rejeitar aquela submissão às reivindicações da própria
palavra de DEUS, submissão esta que caracteriza a verdadeira fé cristã.
Entendemos que é nosso dever nesta hora fazer esta afirmação diante dos atuais
desvios da verdade da inerrância entre nossos irmãos em CRISTO e diante do
entendimento errôneo que esta doutrina tem tido no mundo em geral.
Esta Declaração
consiste de três partes: uma Declaração Resumida, Artigos de Afirmação e
Negação, e uma Explanação. Preparou-se a Declaração durante uma consulta de
três dias de duração, realizada em Chicago, nos Estados Unidos. Aqueles que
subscreveram a Declaração Resumida e os Artigos desejam expressar suas próprias
convicções quanto à inerrância das Escrituras e estimular e desafiar uns aos
outros e a todos os cristãos a uma compreensão e entendimento cada vez maiores
desta doutrina. Reconhecemos as limitações de um documento preparado numa
conferência rápida e intensiva e não propomos que esta Declaração receba o
valor de um credo. Regozijamo-nos, no entanto, com o aprofundamento de nossas
próprias convicções através dos debates que tivemos juntos, e oramos para que
esta Declaração que assinamos seja usada para a glória de DEUS com vistas a uma
nova reforma na Igreja no que tange a sua fé, vida e missão.
Apresentamos
esta Declaração não num espírito de contenda, mas de humildade e amor, o que,
com a graça de DEUS, pretendemos manter em qualquer diálogo que, no futuro,
surja daquilo que dissemos. Reconhecemos (...) que muitos que negam a
inerrância das Escrituras não apresentam em suas crenças e comportamento as consequências
dessa negação, e estamos conscientes de que nós, que confessamos essa doutrina,
frequentemente a negamos em nossa vida, por deixarmos de trazer nossos
pensamentos e orações, tradições e costumes, em verdadeira sujeição à Palavra
divina.
Qualquer pessoa
que veja razões, à luz das Escrituras, para fazer emendas às afirmações desta
Declaração sobre as próprias Escrituras (sob cuja autoridade infalível estamos,
enquanto falamos), é convidada a fazê-lo. Não reivindicamos qualquer
infalibilidade pessoal para o testemunho que damos, e seremos gratos por
qualquer ajuda que nos possibilite fortalecer este testemunho acerca da Palavra
de DEUS. A COMISSÃO DE REDAÇÃO
Uma Breve
Declaração
DEUS, sendo Ele
Próprio a Verdade e falando somente a verdade, inspirou as Sagradas Escrituras
a fim de, desse modo, revelar-Se à humanidade perdida, através de JESUS CRISTO,
como Criador e Senhor, Redentor e Juiz. As Escrituras Sagradas são o testemunho
de DEUS sobre Si mesmo.
As Escrituras
Sagradas, sendo a propria Palavra de DEUS, escritas por homens preparados e
supervisionados por Seu ESPÍRITO, possuem autoridade divina infalível em todos
os assuntos que abordam: devem ser cridas, como instrução divina, em tudo o que
afirmam; obedecidas, como mandamento divino, em tudo o que determinam; aceitas,
como penhor divino, em tudo que prometem.
O ESPÍRITO
SANTO, seu divino Autor, ao mesmo tempo no-las confirma através de Seu
testemunho interior e abre nossas mentes para compreender seu significado.
Tendo sido na
sua totalidade e verbalmente dadas por DEUS, as Escrituras não possuem erro ou
falha em tudo o que ensinam, quer naquilo que afirmam a respeito dos atos de
DEUS na criação e dos acontecimentos da história mundial, quer na sua própria
origem literária sob a direção de DEUS, quer no testemunho que dão sobre a
graça salvadora de DEUS na vida das pessoas.
A autoridade
das Escrituras fica inevitavelmente prejudicada, caso essa inerrância divina
absoluta seja de alguma forma limitada ou desconsiderada, ou caso dependa de um
ponto de vista acerca da verdade que seja contrário ao próprio ponto de vista
da Bíblia; e tais desvios provocam sérias perdas tanto para o indivíduo quanto
para a Igreja.
Artigos de
Afirmação e Negação
Artigo I.
Afirmamos que
as Sagradas Escrituras devem ser recebidas como a Palavra oficial de DEUS.
Negamos que a
autoridade das Escrituras provenha da Igreja, da tradição ou de qualquer outra
fonte humana.
Artigo II.
Afirmamos que
as Sagradas Escrituras são a suprema norma escrita, pela qual DEUS compele a
consciência, e que a autoridade da Igreja está subordinada à das Escrituras.
Negamos que os
credos, concílios ou declarações doutrinárias da Igreja tenham uma autoridade
igual ou maior do que a autoridade da Bíblia.
Artigo III.
Afirmamos que a
Palavra escrita é, em sua totalidade, revelação dada por DEUS.
Negamos que a
Bíblia seja um mero testemunho a respeito da revelação, ou que somente se torne
revelação mediante encontro, ou que dependa das reações dos homens para ter
validade.
Artigo IV.
Afirmamos que
DEUS, que fez a humanidade à Sua imagem, utilizou a linguagem como um meio de
revelação.
Negamos que a
linguagem humana seja limitada pela condição de sermos criaturas, a tal ponto
que se apresente imprópria como veículo de revelação divina. Negamos ainda mais
que a corrupção, através do pecado, da cultura e linguagem humanas tenha
impedido a obra divina de inspiração.
Artigo V.
Afirmamos que a
revelação de DEUS dentro das Sagradas Escrituras foi progressiva.
Negamos que
revelações posteriores, que podem completar revelações mais antigas, tenham
alguma vez corrigido ou contrariado tais revelações. Negamos ainda mais que
qualquer revelação normativa tenha sido dada desde o término dos escritos do
Novo Testamento.
Artigo VI.
Afirmamos que a
totalidade das Escrituras e todas as suas partes, chegando às próprias palavras
do original, foram por inspiração divina.
Negamos que se
possa corretamente falar de inspiração das Escrituras, alcançando-se o todo mas
não as partes, ou algumas partes mas não o todo.
Artigo VII.
Afirmamos que a
inspiração foi a obra em que DEUS, por Seu ESPÍRITO, através de escritores
humanos, nos deus Sua palavra. A origem das Escrituras é divina. O modo como se
deu a inspiração permanece em grande parte um mistério para nós.
Negamos que se
possa reduzir a inspiração à capacidade intuitiva do homem, ou a qualquer tipo
de níveis superiores de consciência.
Artigo VIII.
Afirmamos que
DEUS, em Sua obra de inspiração, empregou as diferentes personalidades e
estilos literários dos escritores que Ele escolheu e preparou.
Negamos que
DEUS, ao fazer esses escritores usarem as próprias palavras que Ele escolheu,
tenha passado por cima de suas personalidades.
Artigo IX.
Afirmamos que a
inspiração, embora não outorgando onisciência, garantiu uma expressão
verdadeira e fidedigna em todas as questões sobre as quais os autores bíblicos
foram levados a falar e a escrever.
Negamos que a
finitude ou a condição caída desses escritores tenha, direta ou indiretamente,
introduzido distorção ou falsidade na Palavra de DEUS.
Artigo X.
Afirmamos que,
estritamente falando, a inspiração diz respeito somente ao texto autográfico
das Escrituras, o qual, pela providência de DEUS, pode-se determinar com grande
exatidão a partir de manuscritos disponíveis. Afirmamos ainda mais que as
cópias e traduções das Escrituras são a Palavra de DEUS na medida em que
fielmente representam o original.
Negamos que
qualquer aspecto essencial da fé cristã seja afetado pela falta dos autógrafos.
Negamos ainda mais que essa falta torne inválida ou irrelevante a afirmação da
inerrância da Bíblia.
Artigo XI.
Afirmamos que
as Escrituras, tendo sido dadas por inspiração divina, são infalíveis, de modo
que, longe de nos desorientar, são verdadeiras e confiáveis em todas as
questões de que tratam.
Negamos que
seja possível a Bíblia ser, ao mesmo tempo infalível e errônea em suas
afirmações. Infalibilidade e inerrância podem ser distinguidas, mas não
separadas.
Artigo XII.
Afirmamos que,
em sua totalidade, as Escrituras são inerrantes, estando isentas de toda
falsidade, fraude ou engano.
Negamos que a
infalibilidade e a inerrância da Bíblia estejam limitadas a assuntos
espirituais, religiosos ou redentores, não alcançando informações de natureza
histórica e científica. Negamos ainda mais que hipóteses científicas acerca da
história da terra possam ser corretamente empregadas para desmentir o ensino
das Escrituras a respeito da criação e do dilúvio.
Artigo XIII.
Afirmamos a
propriedade do uso de inerrância como um termo teológico referente à total
veracidade das Escrituras.
Negamos que
seja correto avaliar as Escrituras de acordo com padrões de verdade e erro
estranhos ao uso ou propósito da Bíblia. Negamos ainda mais que a inerrância
seja contestada por fenômenos bíblicos, tais como uma falta de precisão técnica
contemporânea, irregularidades de gramática ou ortografia, descrições da
natureza feitas com base em observação, referência a falsidades, uso de
hipérbole e números arredondados, disposição tópica do material, diferentes
seleções de material em relatos paralelos ou uso de citações livres.
Artigo XIV.
Afirmamos a
unidade e a coerência interna das Escrituras.
Negamos que
alegados erros e discrepâncias que ainda não tenham sido solucionados invalidem
as declarações da Bíblia quanto à verdade.
Artigo XV.
Afirmamos que a
doutrina da inerrância está alicerçada no ensino da Bíblia acerca da
inspiração.
Negamos que o
ensino de JESUS acerca das Escrituras possa ser desconhecido sob o argumento de
adaptação ou de qualquer limitação natural decorrente de Sua humanidade.
Artigo XVI.
Afirmamos que a
doutrina da inerrância tem sido parte integrante da fé da Igreja ao longo de
sua história.
Negamos que a
inerrância seja uma doutrina inventada pelo protestantismo escolástico ou que
seja uma posição defendida como reação contra a alta crítica negativa.
Artigo XVII.
Afirmamos que o
ESPÍRITO SANTO dá testemunho acerca das Escrituras, assegurando aos crentes a
veracidade da Palavra de DEUS escrita.
Negamos que
esse testemunho do ESPÍRITO SANTO opere isoladamente das Escrituras ou em
oposição a elas.
Artigo XVIII.
Afirmamos que o
texto das Escrituras deve ser interpretado mediante exegese
histórico-gramatical, levando em conta suas formas e recursos literários, e que
as Escrituras devem interpretar as Escrituras.
Negamos a
legitimidade de qualquer abordagem do texto ou de busca de fontes por trás do
texto que conduzam a um revigoramento, desistorização ou minimização de seu
ensino, ou a uma rejeição de suas afirmações quanto à autoria.
Artigo XIX.
Afirmamos que
uma confissão da autoridade, infalibilidade e inerrância plenas das Escrituras
é vital para uma correta compreensão da totalidade da fé cristã. Afirmamos
ainda mais que tal confissão deve conduzir a uma conformidade cada vez maior à
imagem de CRISTO.
Negamos que tal
confissão seja necessária para a salvação. Contudo, negamos ainda mais que se
possa rejeitar a inerrância sem graves consequências, quer para o indivíduo
quer para a Igreja.
Explanação
Nossa
compreensão da doutrina da inerrância deve dar-se no contexto mais amplo dos
ensinos das Escrituras sobre si mesma. Esta explanação apresenta uma descrição
do esboço da doutrina, na qual se baseiam nossa breve declaração e os artigos.
Criação,
Revelação e Inspiração
O DEUS Triúno,
que formou todas as coisas por Sues proferimentos criadores e que a tudo
governa pela Palavra de Sua vontade, criou a humanidade à Sua própria imagem
para uma vida de comunhão consigo mesmo, tendo por modelo a eterna comunhão da
comunicação dentro da Divindade. Como portador da imagem de DEUS, o homem deve
ouvir a Palavra de DEUS dirigida a ele e reagir com a alegria de uma obediência
em adoração. Além da autorrevelação de DEUS na ordem criada e na sequência de
acontecimentos dentro dessa ordem, desde Adão os seres humanos têm recebido
mensagens verbais dEle, quer diretamente, conforme declarado nas Escrituras,
quer indiretamente na forma de parte ou totalidade das próprias Escrituras.
Quando Adão
caiu, o Criador não abandonou a humanidade ao juízo final, mas prometeu
salvação e começou a revelar-Se como Redentor numa sequência de acontecimentos
históricos centralizados na família de Abraão e que culminam com a vida, morte,
ressurreição, atual ministério celestial e a prometida volta de JESUS CRISTO.
Dentro desse arcabouço, de tempos em tempos DEUS tem proferido palavras específicas
de juízo e misericórdia, promessa e mandamento, a seres humanos pecaminosos, de
modo a conduzi-los a um relacionamento, uma aliança, de compromisso mútuo entre
as duas partes, mediante o qual Ele os abençoa com dons da graça, e eles O
bendizem numa reação de adoração. Moisés, que DEUS usou como mediador para
transmitir Suas palavras a Seu povo à época do êxodo, está no início de uma
longa linhagem de profetas em cujas bocas e escritos DEUS colocou Suas palavras
para serem entregues a Israel. O propósito de DEUS nesta sucessão de mensagens
era manter Sua aliança ao fazer com que Seu povo conhecesse Seu Nome, isto é,
Sua natureza, e tantos preceitos quanto os propósitos de Sua vontade, quer para
o presente, que para o futuro. Essa linhagem de porta-vozes proféticos da parte
de DEUS culminou em JESUS CRISTO, a Palavra encarnada de DEUS, sendo Ele um
profeta (mais do que um profeta, mas não menos do que isso), e nos apóstolos e
profetas da primeira geração de cristãos. Quando a mensagem final e culminante de
DEUS, Sua palavra ao mundo a respeito de JESUS CRISTO, foi proferida e
esclarecida por aqueles que pertenciam ao círculo apostólico, cessou a
seqüência de mensagens reveladas. Daí por diante, a Igreja devia viver e
conhecer a DEUS através daquilo que Ele já havia dito, e dito para todas as
épocas.
No Sinai, DEUS
escreveu os termos de Sua aliança em tábuas de pedra, como Seu testemunho
duradouro e para ser permanentemente acessível, e ao longo do período de
revelação profética e apostólica levantou homens para escreverem as mensagens
dadas a eles e através deles, junto com os registros que celebravam Seu
envolvimento com Seu povo, além de reflexões éticas sobre a vida em aliança e
de formas de louvor e oração em que se pede a misericórdia da aliança. A
realidade teológica da inspiração na elaboração de documentos bíblicos
corresponde à das profecias faladas: embora as personalidades dos escritores
humanos se manifestassem naquilo que escreveram, as palavras foram divinamente
dadas. Assim, aquilo que as Escrituras dizem, DEUS diz; a autoridade das Escrituras
é a autoridade de DEUS, pois Ele é seu derradeiro Autor, tendo entregue as
Escrituras através das mentes e palavras dos homens escolhidos e preparados, os
quais, livre e fielmente, "falaram inspirados pelo ESPÍRITO
SANTO" (2 Pe 1.21). Deve-se reconhecer as Escrituras Sagradas como a
Palavra de DEUS em virtude de sua origem divina.
Autoridade:
CRISTO e a Bíblia
JESUS CRISTO, o
Filho de DEUS, que é a Palavra (Verbo) feita carne, nosso Profeta, Sacerdote e
Rei, é o Mediador último da comunicação de DEUS ao homem, como também o é de
todos os dons da graça de DEUS. A revelação dada por Ele foi mais do que
verbal; Ele também revelou o Pai mediante Sua presença e Seus atos. Suas
palavras, no entanto, foram de importância crucial, pois Ele era DEUS, Ele
falou da parte do Pai, e Suas palavras julgarão ao todos os homens no último
dia.
Na qualidade de
Messias prometido, JESUS CRISTO é o tema central das Escrituras. O Antigo
Testamento olhava para Ele no futuro; o Novo Testamento olha para trás, ao
vê-lo em Sua primeira vinda, e para frente em Sua segunda vinda. As Escrituras
canônicas são o testemunho divinamente inspirado e, portanto, normativo, a
respeito de CRISTO. Deste modo, não é aceitável alguma hermenêutica em que
CRISTO não seja o ponto central. Deve-se tratar as Escrituras Sagradas como
aquilo que são em essência: o testemunho do Pai a respeito do Filho encarnado.
Parece que o
cânon do Antigo Testamento já estava estabelecido à época de JESUS.
Semelhantemente, o cânon do Novo Testamento está encerrado na medida em que
nenhuma nova testemunha apostólica do CRISTO histórico pode nascer agora.
Nenhuma nova revelação (distinta da compreensão que o ESPÍRITO dá acerca da
revelação existente) será dada até que CRISTO volte. O cânon foi criado no
princípio por inspiração divina. A parte da Igreja foi discernir o cânon que
DEUS havia criado, não elaborar o seu próprio cânon. Os critérios relevantes
foram e são: autoria (ou Sua confirmação), conteúdo e o testemunho confirmador
do ESPÍRITO SANTO.
A
palavra cânon, que significa regra ou padrão, é um indicador de
autoridade, o que significa o direito de governar e controlar. No cristianismo
a autoridade pertence a DEUS em Sua revelação, o que significa, de um lado,
JESUS CRISTO, a Palavra viva, e, de outro, as Sagradas Escrituras, a Palavra
escrita. Mas a autoridade de CRISTO e das Escrituras são uma só. Como nosso
Profeta, CRISTO deu testemunho de que as Escrituras não podem falhar. Como
nosso Sacerdote e Rei, Ele dedicou Sua vida terrena a cumprir a lei e os
profetas, até ao ponto de morrer em obediência às palavras da profecia
messiânica. Desta forma, assim como Ele via as Escrituras testemunhando dEle e
de Sua autoridade, de igual modo, por Sua própria submissão às Escrituras, Ele
testemunhou da autoridade delas. Assim como Ele se curvou diante da instrução
de Seu Pai dada em Sua Bíblia (nosso Antigo Testamento), de igual maneira Ele
requer que Seus discípulos assim o façam, todavia não isoladamente, mas em
conjunto com o testemunho apostólico acerca dEle, testemunho que ele passou a
inspirar mediante a Sua dádiva do ESPÍRITO SANTO. Desta maneira, os cristãos
revelam-se servos fiéis de seu Senhor, por se curvarem diante da instrução
divina dada nos escritos proféticos e apostólicos que, juntos, constituem nossa
Bíblia.
Ao confirmarem
a autoridade um do outro, CRISTO e as Escrituras fundem-se numa única fonte de
autoridade. O CRISTO biblicamente interpretado e a Bíblia centralizada em
CRISTO e que O proclama são, desse ponto de vista, uma só coisa. Assim como a
partir do fato da inspiração inferimos que aquilo que as Escrituras dizem, DEUS
diz, assim também a partir do relacionamento revelado entre JESUS CRISTO e as
Escrituras podemos igualmente declarar que aquilo que as Escrituras dizem,
CRISTO diz.
Infalibilidade,
Inerrância, Interpretação
As Escrituras
Sagradas, na qualidade de Palavra inspirada de DEUS que dá testemunho oficial
acerca de JESUS CRISTO, podem ser adequadamente chamadas
de infalíveis e inerrantes. Estes termos negativos possuem
especial valor, pois salvaguardam explicitamente verdades positivas.
Infalível significa
a qualidade de não desorientar nem ser desorientado e, dessa forma, salvaguarda
em termos categóricos a verdade de que as Santas Escrituras são uma regra e um
guia certos, seguros e confiáveis em todas as questões.
Semelhantemente, inerrante significa
a qualidade de estar livre de toda falsidade ou engano e, dessa forma,
salvaguarda a verdade de que as Santas Escrituras são totalmente verídicas e
fidedignas em todas as suas afirmações.
Afirmamos que
as Escrituras canônicas sempre devem ser interpretadas com base no fato de que
são infalíveis e inerrantes. No entanto, ao determinar o que o escritor
ensinado por DEUS está afirmando em cada passagem, temos de dedicar a mais
cuidadosa atenção às afirmações e ao caráter do texto como sendo uma produção
humana. Na inspiração DEUS utilizou a cultura e os costumes do ambiente de seus
escritores, um ambiente que DEUS controla em Sua soberana providência; é
interpretação errônea imaginar algo diferente.
Assim, deve-se
tratar história como história, poesia como poesia, e hipérbole e metáfora como
hipérbole e metáfora, generalização e aproximações como aquilo que são, e assim
por diante. Também se deve observar diferenças de práticas literárias entre os
períodos bíblicos e o nosso: visto que, por exemplo, naqueles dias, narrativas
são cronológicas e citações imprecisas eram habituais e aceitáveis e não
violavam quaisquer expectativas, não devemos considerar tais coisas como
falhas, quando as encontramos nos autores bíblicos. Quando não se esperava nem
se buscava algum tipo específico de precisão absoluta, não constitui erro o
fato de ela existir. As Escrituras são inerrantes não no sentido de serem
totalmente precisas de acordo com os padrões atuais, mas no sentido de que
validam suas afirmações e atingem a medida de verdade que seus autores buscaram
alcançar.
A veracidade
das Escrituras não é negada pela aparição, no texto, de irregularidades
gramaticais ou ortográficas, de descrições fenomenológicas da natureza, de
relatos de afirmações falsas (por exemplo, as mentiras de Satanás), ou as
aparentes discrepâncias entre uma passagem e outra. Não é certo jogar os
chamados fenômenos das Escrituras contra o ensino da Escritura sobre si mesma.
Não se devem ignorar aparentes incoerências. A solução delas, onde se possa
convincentemente alcançá-las, estimulará nossa fé, e, onde no momento não
houver uma solução convincente disponível, significativamente daremos honra a
DEUS, por confiar em Sua garantia de que Sua Palavra é verdadeira, apesar das
aparências em contrário, e por manter a confiança de que um dia se verá que
elas eram enganos.
Na medida em
que toda a Escritura é o produto de uma só mente divina, a interpretação tem de
permanecer dentro dos limites da analogia das Escrituras e abster-se de
hipóteses que visam corrigir uma passagem bíblica por meio de outra, seja em
nome da revelação progressiva ou do entendimento imperfeito por parte do
escritor inspirado.
Embora as
Sagradas Escrituras em lugar algum estejam limitadas pela cultura, no sentido
de que seus ensinos carecem de validade universal, algumas vezes estão
culturalmente condicionadas pelos hábitos e pelas idéias aceitas de um período
em particular, de modo que a aplicação de seus princípios, hoje em dia, requer
um tipo diferente de ação (por exemplo, na questão do corte de cabelo e do
penteado das mulheres, cf. 1 Co 11).
Ceticismo e
Crítica
Desde a
Renascença, e mais especificamente desde o Iluminismo, têm-se desenvolvido
filosofias que envolvem o ceticismo diante das crenças cristãs básicas. É o
caso do agnosticismo, que nega que DEUS seja cognoscível; do racionalismo, que
nega que Ele seja incompreensível; do idealismo, que nega que Ele seja
transcendente; e do existencialismo, que nega a racionalidade de Seus
relacionamentos conosco. Quanto esses princípios não bíblicos e antibíblicos
infiltram-se nas teologias do homem a nível das pressuposições, como frequentemente
acontecem hoje em dia, a fiel interpretação das Sagradas Escrituras torna-se
impossível.
Transmissão e
Tradução
Uma vez que em
nenhum lugar DEUS prometeu uma transmissão inerrante da Escritura, é necessário
afirmar que somente o texto autográfico dos documentos originais foi inspirado
e manter a necessidade da crítica textual como meio de detectar quaisquer
desvios que possam ter se infiltrado no texto durante o processo de sua
transmissão. O veredicto dessa ciência é, entretanto, que os textos hebraicos e
grego parecem estar surpreendentemente bem preservados, de modo que tempos
amplo apoio para afirmar, junto com a Confissão de Westminster, uma providência
especial de DEUS nessa questão e em declarar que de modo algum a autoridade das
Escrituras corre perigo devido ao fato de que as cópias que possuímos não estão
totalmente livres de erros.
Semelhantemente,
tradução alguma é perfeita, nem pode sê-lo, e todas as traduções são um passo
adicional de distanciamento dos autographa. Porém, o veredicto da linguística
é que pelo menos os cristãos de língua inglesa estão muitíssimos bem servidos
na atualidade com uma infinidade de traduções excelentes e não têm motivo para
hesitar em concluir que a Palavra verdadeira de DEUS está ao seu alcance.
Aliás, em vista da frequente repetição, nas Escrituras, dos principais assuntos
de que elas tratam e também em vista do constante testemunho do ESPÍRITO SANTO
a respeito da Palavra e através dela, nenhuma tradução séria das Santas
Escrituras chegará a de tal forma destruir seu sentido, a ponto de tornar
inviável que elas façam o seu leitor "sábio para a salvação, pela fé
que há em CRISTO JESUS" (2 Tm 3.15).
Inerrância e
Autoridade
Ao confiarmos
que a autoridade das Escrituras envolve a verdade total da Bíblia, estamos
conscientemente nos posicionando ao lado de CRISTO e de Seus apóstolos, aliás,
ao lado da Bíblia inteira e da principal vertente da história da igreja, desde
os primeiros dias até bem recentemente. Estamos preocupados com a maneira
casual, inadvertida e aparentemente impensada como uma crença de importância e
alcance tão vastos foi por tantas pessoas abandonada em nossos dias.
Também estamos
cônscios de que uma grande e grave confusão é resultado de parar de afirmar a
total veracidade da Bíblia, cuja autoridade as pessoas professam conhecer. O
resultado de dar esse passo é que a Bíblia que DEUS entregou perde sua
autoridade e, no lugar disso, o que tem autoridade é uma Bíblia com o conteúdo
reduzido de acordo com as exigências do raciocínio crítico das pessoas, sendo
que, a partir do momento em que a pessoa deu início a essa redução, esse
conteúdo pode em princípio ser reduzido mais e mais. Isto significa que, no
fundo, a razão independente possui atualmente a autoridade, em oposição ao
ensino das Escrituras. Se isso não é visto e se, por enquanto, ainda são
sustentadas as doutrinas evangélicas fundamentais, as pessoas que negam a total
veracidade das Escrituras podem reivindicar uma identidade com os evangélicos,
ao mesmo tempo em que, metodologicamente, se afastaram da posição evangélica
acerca do conhecimento para um subjetivismo instável, e não acharão difícil ir
ainda mais longe.
Afirmamos que
aquilo que as Escrituras dizem, DEUS diz. Que Ele seja glorificado. Amém e
amém.
Anteriormente
publicada no site www.textosdareforma.net, que infelizmente deixou de existir.
Este texto foi uma produção de 1978 do ICBI - International Council on Biblical
Inerrancy, em um esforço de defender a inerrância das Escrituras Sagradas,
frente aos desafios lançados pelos liberais e neo-ortodoxos.
A seguinte nota se encontra no rodapé do documento no site de origem:
Retirado do apêndice do livro O ALICERCE DA AUTORIDADE BÍBLICA James Montgomery
Boice
Páginas 183 a 196 Editado por: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova - Edição:
1989; Reimpressão: 1997
Todos os direitos reservados pela editora – Reproduzido com autorização
Fone: 0xx11 5666-1911 – E-mail: evnsp@uol.com.br
CONCLUSÃO
As Escrituras têm produzido resultados práticos indiscutíveis; têm influenciado
beneficamente civilizações, transformado vidas e trazido luz,
inspiração e conforto a milhões de pessoas. Nelas podemos confiar a orientação
integral de nossa vida, e delas podemos extrair os fundamentos
do bem-estar e liberdade humana. O Senhor as estabeleceu como regra, bússola,
alimento e fonte de bênçãos para a vida do crente.
O CUMPRIMENTO
DA BÍBLlA DEMONSTRA SUA INERRÂNCIA
Entre os demais
povos da terra nos tempos anteriores a CRISTO, distinguia-se o povo judaico por
seu monoteísmo ou pelo culto estrito de um só DEUS. Os estudiosos têm procurado
explicar o surto e a persistência do monoteísmo no povo de Israel desde Abraão
(século XIX a.C.); não encontram elucidação sociológica ou psicológica para tal
fenômeno, pois Israel era um povo militar e culturalmente inferior aos seus
vizinhos politeístas; tendia a adotar os deuses e os costumes dos pagãos...;
não obstante, à revelia de todas as influências politeístas, Israel professou
constantemente o monoteísmo , suplantando assim, no plano da religião, os
grandes reinos e impérios que o cercavam. Este fato só se entende se DEUS quis
intervir na história, suscitando e conservando Ele mesmo o monoteísmo em Israel
(como, aliás, professa a Bíblia). Desta maneira a história de Israel é um
portento, que a Providência Divina quis realizar a fim de preparar a vinda do
Messias ou do Senhor JESUS. Este é o Prometido a Israel desde os tempos de
Abraão. Nos séculos anteriores próximos a CRISTO, o povo israelita se achava em
fase de declínio. Após o apogeu de sua história sob Salomão († 932 a.C.), as
tribos de Israel conheceram duas deportações (721 e 587 a.C.); após esta
última, viveram sempre sob domínio estrangeiro.
A destruição de
Jerusalém
A cidade
de Jerusalém foi destruída pelos romanos em 70 d.C. O cerco e a queda de
Jerusalém são descritos com pormenores gráficos pelo historiador judeu do
primeiro século, Flávio Josefo, no livro Guerras dos Judeus, que foi
publicado cerca do ano 75 d.C. De acordo com os Evangelhos, JESUS profetizou
este evento aproximadamente no ano 30 d.C. Vejamos o relato de Mateus da
profecia de JESUS, e comparemo-lo com a história de Josefo.
JESUS: “Quando,
pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar
santo (quem lê entenda), então os que estiverem na Judéia, fujam para os
montes; quem estiver sobre o eirado não desça para tirar de casa alguma coisa;
e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa” (Mateus
24:15-18).
Josefo: “É
então um caso miserável, uma visão que até poria lágrimas em nossos olhos, como
os homens aguentaram quanto ao seu alimento ... a fome foi demasiado dura para
todas as outras paixões... a tal ponto que os filhos arrancavam os próprios
bocados que seus pais estavam comendo de suas próprias bocas, e o que mais dava
pena, assim também faziam as mães quanto a seus filhinhos... quando viam alguma
casa fechada, isto era para eles sinal de que as pessoas que estavam dentro
tinham conseguido alguma comida, e então eles arrombavam as portas e corriam
para dentro... os velhos, que seguravam bem sua comida eram espancados, e se as
mulheres escondiam o que tinham dentro de suas mãos, seu cabelo era arrancado
por fazerem isso...” (Guerras dos Judeus, livro 5, capítulo 10, seção 3).
JESUS: “Ai
das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias!” (Mateus
24:19).
Josefo: “Ela
então tentou a coisa mais natural, e agarrando seu filho, que era uma criança
de peito, disse, ‘Oh, pobre criança! Para quem eu te preservarei nesta guerra,
nesta fome e nesta rebelião? ...’ Logo que acabou de dizer isto, ela matou seu
filho e, então, assou-o, e comeu metade dele, e guardou a outra metade
escondida para si.” (Guerras, livro 6, capítulo 3, seção 4).
JESUS: “Orai
para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado, porque nesse tempo
haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem
havido, e nem haverá jamais” (Mateus 24:20-21).
Josefo: “Eu
falarei portanto aberta e francamente aqui de uma vez por todas e brevemente:
que nenhuma outra cidade sofreu tais misérias nem nenhuma era produziu uma
geração mais frutífera em perversidade do que era esta, desde o começo do
mundo.” (Guerras, livro 5, capítulo 10, seção 5).
JESUS: “Não
tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas por causa dos
escolhidos tais dias serão abreviados” (Mateus 24:22).
Josefo: “Ora, o
número daqueles que foram levados cativos durante toda esta guerra foi
verificado ser noventa e sete mil, como foi o número daqueles que pereceram
durante todo o cerco onze centenas de milhares, a maior parte dos quais era na
verdade da mesma nação, porém não pertencentes à própria cidade, pois tinham
vindo de todo o país para a festa dos pães asmos e foram subitamente fechados
por um exército...” (Guerras, livro 6, capítulo 9, seção 3).
JESUS: “Tendo
JESUS saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os seus
discípulos para lhe mostrar as construções do templo. Ele, porém, lhes disse:
Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra
que não seja derrubada” (Mateus 24:1-2).
Josefo: “Ora,
uma vez que César não foi de modo algum capaz de conter a entusiástica fúria
dos soldados, e o fogo avançava mais e mais... assim foi a sagrada casa
queimada, sem a aprovação de César.” (Guerras, livro 6, capítulo 4, Seção 7).
“Ora, tão logo o exército não teve mais pessoas para matar ou saquear ... César
deu ordens para que não demolissem mais a cidade inteira e o templo...” (livro
7, capítulo 1, seção 1).
No artigo sobre
evidências do número anterior desta revista, examinamos algumas evidências dos
manuscritos do Novo Testamento, e vimos que apontam para a conclusão de que seu
conteúdo fosse escrito quando e por quem ele declara ter sido escrito. De fato,
no caso do Evangelho de Mateus, há um fragmento recentemente descoberto que
data de algum tempo antes de 68 d.C. Como foi observado acima, Jerusalém foi
destruída em 70 d.C.
Restauração de
Israel:
Pois vos
tirarei dentre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei
para a vossa terra. (Ezequiel 36:24)
Israel foi uma
nação formada por DEUS, com origem no patriarca Abrão e com o objetivo de ser
um reino sacerdotal na Terra.
Deveria
anunciar aos demais povos a fé no verdadeiro e único DEUS. Falhou por acabar
seguindo os mesmos erros das nações e rejeitando o governo teocrático do
Senhor. Não ouviu a Palavra dos profetas e, por sua desobediência, acabou
caindo nas mãos dos homens.
As principais
punições sofridas foram: a escravidão no Egito por quatrocentos anos, o
cativeiro na Babilônia por setenta anos e a dispersão mundial a partir do ano
70 A.D. DEUS, no entanto, não rejeitou este povo para sempre, pois assumiu
promessas infalíveis e as cumpri-las-á.
O agir de DEUS
Enquanto a guerra se desenvolvia, DEUS agia nos bastidores da história para
consolidar seus projetos e aniquilar definitivamente os propósitos daqueles que
pretendiam levantar-se contra Israel.
"Em maio de 1947, a Assembleia Geral da ONU, adotou uma resolução
estabelecendo o Comitê Especial das Nações Unidas para a Palestina, integrado
por 11 países. O problema da Palestina havia se agravado e a Grã-Bretanha, como
potência mandatária, já não tinha condições de manter a paz e a ordem e
controlar as agitações e violências que lá irrompiam". Este foi um dos
primeiros passos dados pela ONU para que a profecia de Ezequiel se cumprisse!
Após os primeiros passos serem dados, já no ano de 1948 o Senhor providencia
para que, no dia 14 de maio fosse proclamado o Estado de Israel!
Este foi e continua sendo um milagre que o mundo presenciou e que lhe
proporcionou a oportunidade de reconhecer que DEUS existe e que continua no
governo (controle) da história da humanidade! Não há paralelo na história de
tal fato! Somente através da ação minuciosa e precisa de DEUS tal coisa seria
possível! E aconteceu!
O Eterno cuidou para que nenhum detalhe fosse esquecido na restauração do
Estado de Israel!
O que a Bíblia
diz, a verdadeira ciência, como uma serva obediente, confirma: (Texto
Chave: Salmos 19)
a) Isaías
40:22: "Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra".
Isaías fez esta afirmação em 700 a.C. A ciência SÓ descobriu este fato em 1519
quando Magalhães navegou ao redor do mundo, 2200 anos depois. Como Isaías sabia
disto 2200 anos antes da ciência???!!
b) Jó
26:7: "... e suspende a terra sobre o nada". O livro de Jó é o
mais antigo da Bíblia, tendo sido escrito por volta de 2000 a.C. Mesmo quando
Isac Newton explicou como a gravidade do sol era equilibrada pela a força
centrífuga da rotação da terra em 1687, ele nada acrescentou a esta afirmação
científica proferida por Jó!!! Como Jó sabia disto 3600 anos antes da
ciência???!!!
c) Gênesis
2:7: "E formou o SENHOR DEUS o homem do pó da terra e soprou em suas
narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente". Será que
devemos levar o livro de Gênesis a sério? Desde o final do séc. XVIII,
cientistas vêm desenvolvendo técnicas para analisar os minerais. Comparação
entre as análises químicas da composição do corpo humano e do pó da terra
mostram os seguintes elementos em comum: cálcio, ferro, magnésio, oxigênio,
carbono, nitrogênio, fósforo, sódio, potássio, cloro, hidrogênio, enxofre... E
mais: em 11/1982, Seleções Reader’s Digest incluiu um artigo intitulado
"Como a vida na Terra começou", onde diz que cientistas da NASA
declararam que os ingredientes necessários para formar o ser humano estão no
BARRO. O artigo disse ainda: "O cenário descrito pela Bíblia quanto à
criação da vida vem a ser NÃO MUITO DISTANTE DO ALVO" (PÁG. 116). Não, a
Bíblia não "passou não muito distante do alvo" – ela atingiu
exatamente o alvo!!! Como Moisés sabia disto 3000 anos antes da ciência???!!!
d) Eclesiastes
1:6: "O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte;
continuamente vai girando o vento e volta fazendo os seus circuitos". O
vento apresenta alguns fenômenos, dentre os quais: circular entre o equador e
os dois pólos, descoberto por Hardley no séc. XVII; girar, evidenciando a força
Coriolis, descoberta no séc. XIX e apresentar circuitos específicos, descoberto
apenas recentemente. Como Salomão sabia disto 1000 a.C.? Quem contou isso para
ele???!!!
e) Eclesiastes
1:7: "Todos os rios vão para o mar e contudo o mar não se enche; ao
lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr". Acrescentar
Jó 36:27-29; Salmo 135:7 e Amós 9:6. Como todos estes escritores bíblicos, que
escreveram entre 2000 a.C. e 800 a.C. sabiam sobre o ciclo hidrológico
(evaporação, condensação e precipitação pluviométrica) e a decorrente formação
e manutenção de rios, lagos, mares e oceanos por causa deste ciclo, se isto só
foi reconhecido pela ciência quando foi descoberto por Galileu em 1630 d.
C.???!!! Quem contou isto a eles???!!!
f) Provérbios
6:6-9: "Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus
caminhos, e sê sábio. Pois ela, não tendo chefe, nem guarda, nem dominador,
prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento. Ó preguiçoso, até
quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono?". Na Life’s
Nature Library, em "Os insetos" (pág. 163) diz: "Um dos enigmas
entomológicos do último século diz respeito a esta observação por Salomão. Não
havia nenhuma evidência de que formigas, realmente, faziam colheitas de grãos.
Em 1871, entretanto, um naturalista britânico mostrou que Salomão, afinal de
contas, tinha estado certo" Como Salomão detalhou este fato científico em
1000 a.C.? Quem contou isto a ele???!!!
g) Levítico
15:13: "Quando, pois, o que tem fluxo, estiver limpo do seu fluxo,
contar-se-ão sete dias para a sua purificação, e lavará as suas roupas, e
banhará a sua carne em águas CORRENTES; e será limpo". Até fins do século
XVIII todos os médico de um hospital lavavam suas mãos em uma mesma bacia, dia
após dia (disseminando os germes com velocidade, facilidade e mortandade igual
a de fogo em capim seco). Até cirurgiões eram sujos, e 17% das grávidas que
entravam no melhor hospital do mundo (em Viena, Áustria) morriam de infecção.
Isto até que com Pasteur e Koch e os avanços em microscopia e bacteriologia é
que os médicos começaram a lavar as mão em águas CORRENTES, provando-se que a
purificação salva mais que todos os remédios juntos. Como Moisés sabia disto em
1490 a. C.? Quem contou isso a ele???!!!
h) Salmo
8:8: "... as aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo que passa
pelas veredas dos mares". Matthew Fontaine Maury, ministro da marinha
americana, em 1860 aproximadamente, lançou-se ao empreendimento de encontrar
estes curiosos "caminhos nos mares" e descobre que os oceanos têm
caminhos que fluem através deles. Ele descobriu as correntes marítimas. Davi
escreveu o Salmo 8 por volta de 1000 a. C. Quem falou isto a Davi 2800 antes da
ciência???!!!
i) Levítico
17:11: "Porque a vida da carne está no sangue...". Durante
séculos os cientistas discutiram sobre a "vida da carne" e sugeriram
que vários órgãos no corpo humano tinham esta responsabilidade. O sangue nunca
esteve na lista. Só em 1628, Harvey provou que o sangue circula do coração e
volta para ele, alcançando todas as partes do corpo através de artérias e
veias. A partir daí, descobriu-se que é o sangue que dá continuidade a todos os
processos da vida, no corpo; que é o sangue que causa o crescimento, constrói
novas células e faz o transporte de substâncias vitais (como oxigênio, glicose,
aminoácidos...) e remove os metabólitos tóxicos (dióxido de carbono, lactato, ureia...),
que se não forem removidos das células, elas morrem; que é o sangue que faz
crescer osso e carne, armazena gordura, faz cabelo e até unha... Por milhares
de anos, os médicos tratavam as pessoas com uma prática chamada de
"sangria", pensando curar doenças com a extração de sangue. Em 1799,
George Washington foi sangrado até a morte. Os médicos sem saberem estavam na
verdade, retirando a vida dele. Só no início dos anos 1900 é que o Dr. Lister
descobriu que o sangue provê o sistema imunológico aos corpos, motivo pelo qual
uma vacina é aplicada na corrente sanguínea. Como pode aquele livro
maravilhoso, escrito milhares de anos atrás e por homens com conhecimento
científico muito limitado, estar tão à frente do melhor que a humanidade pôde
produzir nos últimos 4000 anos???!!
A
Inerrância Da Bíblia - Norman Geisler - pdf gratuito - Monergismo.com
A Inerrância
dos Autógrafos - http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/inerrancia-autografos_bahnsen.pdf
Greg. L.
Bahnsen
Ao dirigir-se à
casa e aos amigos de Cornélio, Pedro relatou detalhadamente como o ministério
ungido, ou messiânico, de JESUS de Nazaré culminara com sua morte e
ressurreição (At 10.36-40). Depois da ressurreição, CRISTO apareceu às
testemunhas escolhidas, a quem ele incumbira de pregar ao povo e de testificar
que DEUS fizera dele juiz escatológico da humanidade (cf. v. 41,42). Segundo o
próprio CRISTO, todos os profetas testemunharam a seu respeito ao dizer que,
pelo seu nome, todos os que acreditassem teriam remidos os seus pecados (v.
43). Aqui temos exposto o coração da proclamação evangélica, bem como a
comissão vital de que ele deveria ser proclamado a todos os confins para o bem
eterno do homem. É óbvio que a proclamação dessa mensagem em sua forma correta
era crucial para que seus ouvintes pudessem escapar à ira vindoura e desfrutar
da genuína remissão de pecados por meio de CRISTO. Um evangelho diferente, ou
distorcido, não passaria, portanto, de anátema; as boas-novas que dão vida aos
que as acolhem não poderiam ter origem no homem, e sim na revelação de JESUS
CRISTO (Gl 1.6-12). Assim, Pedro nos informa que a pregação do evangelho (a
respeito da qual o ESPÍRITO de CRISTO testificou no AT) pelos apóstolos no NT
deu-se por meio do ESPÍRITO SANTO enviado do céu (1 Pe 1.10-12). A exemplo do
que ocorre com toda profecia genuína, essa proclamação evangélica não se deu
pela vontade humana; DEUS falou por meio do ESPÍRITO aos homens (2Pe 1.21). De
acordo com a promessa de CRISTO, esse ESPÍRITO enviado do céu para inspirar a
pregação do evangelho guiou os apóstolos em toda a verdade (Jo 16.13). Como
ESPÍRITO da verdade, não poderia permitir a intromissão de erros nas boas-novas
de vida trazidas por CRISTO e anunciadas pelos apóstolos. Sua mensagem,
portanto, é inerrante. Além disso, os apóstolos exprimiram-se por meio de
palavras ensinadas pelo ESPÍRITO de DEUS (1Co 2.12,13); e esse mesmo ESPÍRITO
que falava por intermédio deles controlava tanto o que era dito como também o
modo de dizer (v. Mt 10.19,20). Portanto, de acordo com o testemunho da própria
Escritura, a forma verbal e o conteúdo do registro apostólico da mensagem
evangélica são integralmente verdadeiros e isentos de erros. O texto bíblico
pressupõe sua própria autoridade. O AT, por exemplo, é sempre citado no NT
depois de fórmulas como “DEUS disse” ou o “ESPÍRITO SANTO predisse” (como em At
1.16; 3.24,25; 2Co 6.16). A palavra da Escritura é identificada com a palavra
de DEUS (e.g., Gl 3.8; Rm 9.16). Por esse motivo, todos os argumentos
teológicos são decididos de uma vez por todas pela autoridade inerente expressa
na fórmula “está escrito”. Essa mesma autoridade é atribuída aos escritos
apostólicos em pé de igualdade com as Escrituras do AT (2Pe 3.15; Ap 1.3). Os
escritos apostólicos normalmente vêm antecedidos pela mesma fórmula “está
escrito” (e.g., Jo 20.31). Portanto, tanto o NT como o AT são apresentados na
Bíblia como Palavra de DEUS escrita e dotada de autoridade. Em virtude de sua
origem divina, as Escrituras são integralmente confiáveis e infalíveis (v. 1Tm
1.15; 3.1; 4.9; 2Tm 2.11; Tt 3.8; Hb 2.3; 2Pe 1.19), de modo que por meio delas
podemos distinguir entre o que é verdadeiro e o que é falso (v. 1Ts 5.21; 1Jo
4.1). As Escrituras são modelo de confiabilidade (Lc 1.1-4) e jamais nos
desapontarão, tampouco nos confundirão (Is 28.16; Jo 19.35; 20.31; Rm 9.33; 1Pe
2.6; 1Jo 1.1-3). Sua precisão se estende a cada detalhe mínimo, como disse
nosso Senhor — à menor “letra” e ao menor “traço” (Mt 5.18) — de tal forma que
a solidez da mínima porção dela encontra respaldo no todo (v. Is 40.8; Mt
24.35; 1Pe 1.24,25). Cada uma das palavras da Bíblia é, por sua própria
definição, infalivelmente verdadeira. DEUS mesmo disse: “Eu, o SENHOR, falo a
verdade; eu anuncio o que é certo” (Is 45.19). Consequentemente, o salmista
podia dizer: “O compêndio da tua palavra é a verdade” (Sl 119.160; Edição
Pastoral), e a literatura sapiencial nos consola: “Cada palavra de DEUS é
comprovadamente pura [verdadeira, sem erro]” (Pv 30.5). Se nossa perspectiva
doutrinária estiver alicerçada na Palavra de DEUS, só nos resta confessar que a
Escritura é integralmente verdadeira, ou inerrante. JESUS testificou de modo
incontestável: “A tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). A Confissão de Fé de
Westminster baseia-se, portanto, em fundamento sólido quando diz que “todos os
livros do AT e do NT” são integralmente “Escritura Sagrada ou Palavra de DEUS
escrita” (I.2), “dada inteiramente por meio de inspiração da parte de DEUS”,
que é “seu autor”, sendo ele mesmo a “própria verdade” (I.4). Portanto, os
livros do AT e do NT são integralmente “infalíveis e de autoridade divina”
(I.5), de modo que “o cristão acredita ser verdade tudo o que é revelado na
Palavra, uma vez que a autoridade do próprio DEUS fala por meio dela” (XIV.2).
De acordo com essa grande confissão de fé da igreja, não se pode apontar nenhum
erro em parte alguma da Bíblia. Afinal de contas, se DEUS faz afirmações falsas
em áreas de menor importância — em que nossa pesquisa pode pôr à prova sua
precisão (como em detalhes históricos ou geográficos) —, como ter certeza de
que ele também não teria cometido erros em questões de maior importância, como
em teologia, por exemplo?1 Se não é possível acreditar na Palavra do Senhor
quando ele fala de coisas terrenas, como acreditaremos nele quando nos falar de
coisas celestiais? (v. Jo 3.12).
Ainda sobre
isso, Archibald Alexander escreveu: “Se fosse possível demonstrar que os
evangelistas cometeram erros evidentes ao lidar com fatos de menor importância,
não teríamos como provar a inspiração de nenhum de seus escritos”. De igual
modo, Charles Hodge disse que a Bíblia “é isenta de todo tipo de erro, seja
doutrinário, factual ou normativo”; a inspiração, segundo Hodge, “não se limita
a verdades morais e religiosas, estendendo-se a enunciações de fatos
científicos, históricos ou geográficos”. Alexander, Hodge e B. B. Warfield
afirmaram categoricamente que não há na Bíblia “um único erro sequer” em todos
os assuntos referidos em seus ensinamentos — quer se trate de declarações sobre
história, história natural, etnologia, arqueologia, geografia, ciência natural,
fatos históricos ou da física, princípios psicológicos ou filosóficos, ou ainda
de doutrinas e deveres espirituais. A doutrina da inerrância das Escrituras,
seja apresentada nas páginas da Bíblia, nas confissões das igrejas ou por
teólogos de renome, jamais é mera curiosidade acadêmica ou simples digressão
secundária. Ela remete ao âmago da confiabilidade e da verdade da mensagem
devida do evangelho encontrada na palavra escrita de DEUS. Se a Bíblia não for
totalmente verdadeira, segue-se disso que nossa confiança na salvação não
repousa sobre uma garantia divina e confiável, e sim sobre a autoridade mínima
e falível dos homens. Warfield observou isso com muita clareza: A atual
controvérsia diz respeito a algo muito mais vital do que a “inerrância” pura e
simples das Escrituras, seja nas cópias que dela se fizeram ou nos manuscritos
“autógrafos”. O que está em pauta aqui é a confiabilidade da Bíblia em suas
declarações expressas, bem como nas concepções fundamentais de seus autores no
que se refere ao curso histórico das interações de DEUS com seu povo. Está em
jogo aqui, em síntese, a autoridade das representações bíblicas no que se
refere à natureza da religião revelada, bem como o modo e a direção seguida por
essa revelação. O que se discute é se devemos encarar a Bíblia como portadora
de um relato avalizado por DEUS, totalmente confiável, sobre o modo benevolente
com que ele se dirige a seu povo; ou se trata-se simplesmente de uma massa de
acontecimentos mais ou menos confiável da qual é preciso filtrar alguns fatos
para que se possa organizar um relato confiável da revelação redentora de DEUS
e do modo como ele se relacionou com seu povo. A igreja, em
obediência à Palavra de DEUS, reconhece a inerrância absoluta da Escritura como
aspecto crucial e inalienável da autoridade da revelação divina por meio da
qual alcançamos o conhecimento genuíno de CRISTO e a alegria incontestável da
vida eterna (v. 2Tm 3.15,16).
ESCRITURIZAÇÃO
E DISTINÇÃO
Para preservar
o testemunho apostólico e estender a comunhão da igreja à “palavra da vida”
(1Jo 1.1-4) é que a proclamação e o ensinamento dos apóstolos foram fixados por
escrito. Essa escriturização da revelação divina era necessária para que a
igreja pudesse proclamá-la até o fim dos tempos (Mt 28.18-20). Van Til ressalta
que a escriturização da Palavra de DEUS confere à sua forma a maior permanência
possível, tornando-a menos suscetível a distorções tão comuns na tradição oral.
O maior atributo da palavra escrita é sua objetividade. A palavra oral também
tem sua medida de objetividade, mas não se pode compará-la à flexibilidade ou à
durabilidade da palavra escrita. A memória é imperfeita. O desejo de mudar ou
de distorcer está sempre presente. A desvantagem da revelação em forma oral
(tradição) é que ela se torna muito mais sensível a vários tipos de influências
degeneradoras oriundas das imperfeições humanas e de sua natureza pecaminosa
(por exemplo, lapsos de memória e distorções intencionais). Para inibir essas
forças, ensinou-nos Kuyper, DEUS decidiu fixar sua palavra por escrito —
conferindo-lhe assim maior durabilidade, estabilidade, pureza e catolicidade.
Um documento escrito pode ser distribuído universalmente por meio de inúmeras
cópias. Além disso, pode ser acondicionado nos mais diversos locais para
consulta de futuras gerações. Como tal, pode funcionar tanto como norma fixa —
por meio da qual pode-se testar todas as doutrinas dos homens — e também como
guia de pureza para o dia a dia. Contudo, essa admirável característica de
escriturização gera uma dificuldade para a doutrina da inerrância da Escritura
— uma dificuldade da qual não podemos fugir. A palavra escrita tem muitas
vantagens em relação à tradição oral, mas não está imune àquilo que Kuyper
chamou de “vicissitudes do tempo”. A difusão da Palavra de DEUS por meio da
transmissão textual e da tradução abre as portas para a variação entre a forma
original da palavra escrita e as formas secundárias (cópias e traduções). Essa
variação requer um refinamento da doutrina bíblica da inerrância, uma vez que
agora somos obrigados a nos perguntar qual seria o objeto específico da
inerrância que atribuímos à Escritura. Será que a inerrância (ou
infalibilidade, inspiração) é inerente aos escritos originais (autógrafos), às
cópias desses originais (e, talvez, às traduções), ou a ambos? É óbvio que, ao
responder a essas indagações, alguns acabaram exagerando nas conclusões a que
chegaram na tentativa de resguardar a autoridade divina das Escrituras. Certas
histórias supersticiosas levaram Fílon a postular que a tradução do AT da
Septuaginta era inspirada. Alguns católicos romanos, seguindo a declaração do
papa Sixto V de que a Vulgata era a Escritura autêntica, disseram tratar-se de
tradução inspirada. Houve protestantes que defenderam a infalibilidade
inspirada dos pontos vocálicos do AT hebraico (e.g., Buxtorfs e John Owen. A
Fórmula Consensus Helvetica é mais cautelosa e refere-se à inspiração “no
mínimo, do poder dos pontos”). A transmissão sem erros e a preservação do texto
original da Escritura foram ensinadas inicialmente por homens como Holiaz,
Quenstedt e Turretin, que erraram ao não reconhecer a significação das
variações textuais nas cópias das Escrituras, sempre presentes em toda a
história da igreja. Não obstante tais posições, a visão que predominou ao longo
dos séculos, e que é mais comum entre os evangélicos atualmente, é a de que a
inerrância (ou infalibilidade, inspiração) das Escrituras é inerente apenas ao
texto dos autógrafos originais. Em uma carta a Jerônimo (Carta 82), Agostinho
fez o seguinte comentário sobre coisas com que deparava na Bíblia e que lhe
pareciam contrárias à verdade: “Para mim, ou se trata de texto corrompido, ou o
tradutor não o reproduziu como deveria; ou ainda, quem sabe, não fui capaz de
entendê-lo”. Aqui, é clara a distinção entre os autógrafos e as cópias das
Escrituras, bem como a limitação da inerrância àqueles. De igual modo, em sua
convicção de que os textos originais não continham erros, Calvino mostrou-se preocupado
com possíveis adulterações do texto, como se vê em seu comentário a Hebreus 9.1
e Tiago 4.7. Lutero fez um trabalho de tradução e exegese bastante criterioso
na tentativa de recuperar os dizeres originais do texto bíblico. Segundo
Richard Baxter, “não há erro nem contradição [nas Escrituras]. Algumas cópias,
porém, trazem falhas dos indivíduos incumbidos de preservá-las, transcrevê-las,
imprimi-las e traduzi-las”. Warfield cita essa declaração e alude ainda ao
trabalho de homens como John Lightfoot, Ussher, Walton e Rutherford para
ilustrar como era candente a questão da inspiração limitada aos autógrafos por
ocasião da Assembleia de Westminster. Portanto, conclui, as traduções hoje
disponíveis são adequadas às necessidades do povo de DEUS, não importa a época.
A fé histórica da igreja sempre advogou que as declarações de todo tipo
registradas nas Escrituras [...] são isentas de erros sempre que a ipsissima
verba dos autógrafos originais forem analisadas e interpretadas em conformidade
com o sentido natural e pretendido por seu autor [...] Portanto, não se pode
afirmar a ocorrência de “erros” cuja existência não possa ser atestada nos
textos originais. Edwin Palmer cita Kuyper e Bavinck ao tratar dessa
mesma questão. Cita também Dijk, para quem a autoridade da Bíblia “refere-se
sempre e somente aos textos puros e originais dos autógrafos (e não às suas
traduções)”. Outros estudiosos distinguem igualmente entre os autógrafos e as
cópias dos originais, limitando a inerrância (ou infalibilidade, inspiração)
aos textos originais. São Eles: J. Gresham Machen, W. H. Griffith Thomas,
James M. Gray, Lewis Sperry Chafer, Loraine Boetnner, Edward J. Young, R.
Surburg, J. I. Packer, John R. W. Stott, Carl F. H. Henry, entre outros. Henry sintetiza bem esse pensamento: A inerrância refere-se
exclusivamente à proclamação oral ou escrita dos profetas e apóstolos
originalmente inspirados. Não apenas sua comunicação da Palavra de DEUS era
eficaz para o ensinamento da verdade da revelação, como também sua transmissão
dessa Palavra era isenta de erros. A inerrância, entretanto, não se estende às
cópias e traduções. É evidente que H. P. Smith e C. A. Briggs enganaram-se
redondamente ao afirmarem que a inerrância original da Escritura era uma nova
doutrina formulada por “escolásticos modernos”. A resposta de Warfield foi,
como sempre, bastante apropriada: Trata-se de uma denúncia relativamente séria,
própria do senso comum de inúmeras gerações que nos precederam. Que diremos,
então? Devemos acreditar que ninguém, até o final do nosso maravilhoso século
XIX, foi perspicaz o bastante para detectar um erro de impressão ou mesmo
dar-se conta de que manuscritos copiados à mão estariam sujeitos a alterações
de tempos em tempos? Estamos prontos a acreditar, por exemplo, que para os
felizes donos de exemplares da “Bíblia Decaída”, o mandamento “Adulterarás” é
tão divinamente “inerrante” quanto o texto genuíno do sétimo mandamento —
considerando-se que “a inerrância dos autógrafos originais das Escrituras
Sagradas” em nada “difere das Escrituras Sagradas que hoje possuímos”? [...] É
claro que todo homem sensato, desde o início dos tempos, reconhece a diferença
entre o texto genuíno e os erros de transmissão, depositando por conseguinte
sua confiança no primeiro e rejeitando o segundo. Para os cristãos que se
debruçaram sobre a questão inescapável suscitada pela escriturização da palavra
de DEUS (ou seja, será que a inspiração, a infalibilidade e/ou a inerrância
fazem parte dos autógrafos, das cópias que deles se fizeram ou de ambos?), o
pensamento corrente, testado pelo tempo e pelo bom senso, é o de que a
inerrância limita-se ao texto original autógrafo das Escrituras. Contudo, essa
doutrina evangélica básica da Escritura tem sido duramente atacada e ridicularizada
por muitos em anos recentes, e por isso devemos defendê-la. H. P. Smith diz em
suas críticas que a doutrina da inerrância original não passa de mera
especulação cujo objeto é um texto que já não mais existe e que não pode, de
forma alguma, ser recuperado. David Hubbard reitera que a perspectiva
evangélica tradicional advoga a inerrância, não de quaisquer textos, e sim dos
textos autógrafos, aos quais nenhuma geração da igreja jamais teve acesso. Por
conseguinte, advogar uma inerrância limitada aos autógrafos é uma tolice que de
nada nos serve, objetou C. A. Briggs há cerca de um século: “Jamais teremos
acesso aos escritos sagrados que tanto alegraram a vista daqueles que os viram
pela primeira vez, cujos corações se regozijaram ao ouvi-los pela primeira vez.
Se as palavras externas do original foram inspiradas, isso de nada nos
aproveita, uma vez que fomos separados delas para sempre”. À luz da crítica
textual, Brunner considerava inútil, idólatra e indefensável a distinção entre
autógrafos inspirados ou infalíveis e cópias não inspiradas e falíveis das
Escrituras. Para ele, a distinção é irrelevante e não tem nenhum valor prático,
uma vez que a ocorrência de uma qualidade digna de louvor (seja ela a
inspiração, a infalibilidade ou a inerrância) não se aplica a nenhum texto
existente. É absurdo porque é impossível definir o caráter de um texto que já
não mais existe. Os originais perderam a importância porque não podemos
recuperá-los completamente, e é óbvio que DEUS não acha necessário que os tenhamos
à nossa disposição. Mesmo assim, somos abençoados espiritualmente por meio
dessas cópias falíveis, e ele se daria se tivéssemos em mãos originais
falíveis. O argumento, portanto, pretende mostrar que a limitação da inerrância
aos autógrafos não passa de fuga intelectual desonesta de uma situação
embaraçosa, ou mero “pretexto” apologético. É o tipo de raciocínio que vem
quase sempre acompanhado de uma alta dose de sarcasmo. Trata-se de um argumento
[a saber, as investidas contra as Escrituras] baseado em dois pressupostos: o
de que DEUS jamais nos deu uma Bíblia sem erros e, se deu, essa Bíblia não está
disponível para ninguém. Há um clima pesado de referências mordazes às cópias
autografas que homem algum jamais viu, que se perderam completamente e que nunca
serão recuperadas. Os defensores da confiabilidade das Escrituras são sempre
indagados, sarcasticamente, qual seria a utilidade de defender tão
ardorosamente a inspiração plena de autógrafos extintos para sempre. Isso
explica a “Bíblia perdida de Princeton”, enorme sátira que se fez a esses
supostos autógrafos originais. Lester De Koster elevou ao máximo o grau de
sarcasmo despejado sobre os que limitam a inerrância aos autógrafos: ninguém
pode recorrer a autógrafos desaparecidos; a Bíblia que temos sobre a mesa não é
a Palavra inerrante e infalível de DEUS. Portanto, hoje a igreja não dispõe de
nenhuma Bíblia inerrante pela qual possa viver. Assim, a pregação torna-se
impossível porque estaria fundamentada na palavra não inspirada do homem. A
doutrina da inerrância bíblica, que parecia estar tão de acordo com o
testemunho da Escritura, hoje se vê ameaçada por uma qualificação ou restrição
que subverte sua significação e sua importância. Que reposta daremos a isso?
Nas seções que se seguem, trataremos da atitude bíblica em relação aos
autógrafos e às cópias, o que deveria ser o ponto de partida de todo
comprometimento genuinamente cristão. Em seguida, explicaremos por que a igreja
evangélica limita a inerrância aos autógrafos, procurando mostrar que nossa avaliação
das cópias e das traduções não é uma questão decisiva. O raciocínio por trás da
restrição evangélica é passado então em revista seguido de várias indicações da
importância dessa doutrina em relação à Escritura. Discutiremos diferentes
aspectos que nos asseguram, hoje, de que temos a Palavra de DEUS em nossas
Bíblias. Por fim, concluiremos com a análise de algumas críticas explícitas à
restrição evangélica da inerrância (ou infalibilidade, inspiração) aos
autógrafos das Escrituras. Concluiremos que a doutrina da inerrância original é
a um só tempo certa e defensável, e que se trata também de uma doutrina
recomendada a todos os crentes para quem a autoridade da Bíblia como Palavra
indisputável de DEUS é de fundamental importância.
A ATITUDE
BÍBLICA
A Escritura
traz poucas indicações de que se preocupa com a questão das cópias e da
tradução da Palavra de DEUS; também não mostra muito interesse em reconhecer
sua existência como algo distinto dos autógrafos. Podemos tirar várias
inferências muito úteis de várias passagens com algo a nos dizer sobre a
atitude da Escritura em relação a cópias então existentes e às posteriores
traduções delas. O que aprendemos basicamente é que esses manuscritos não
autógrafos eram considerados próprios para a realização dos propósitos que DEUS
tinha em vista originalmente para as Escrituras. O que o rei Salomão possuía
era, provavelmente, uma cópia da lei mosaica original (v. Dt 17.18) que, apesar
disso, era considerada verdadeira e genuinamente, “o [que] o SENHOR, o seu DEUS,
exige [...] conforme se acham escritos [i.e., os mandamentos, ordenanças e
testemunhos] na Lei de Moisés” (1 Rs 2.3).27 O livro de Provérbios faz uma
pausa e chama explicitamente a atenção para o fato de que “estes são outros
provérbios de Salomão, compilados pelos servos de Ezequias, rei de Judá” (Pv
25.1). As cópias são consideradas canônicas e revestidas de autoridade divina.
A Lei de DEUS que Esdras tinha em mãos era obviamente uma cópia da original,
mas nem por isso deixou de funcionar como elemento de autoridade em seu
ministério (Es 7.14). Quando Esdras lia a Lei para o povo, para que assim
pudessem tomar conhecimento da orientação divina para sua vida, tudo indica que
usava uma tradução que lhes permitia compreender o sentido das palavras no aramaico
a que haviam se habituado no exílio: “Liam o livro da Lei de DEUS, traduzindo-o
e dando explicações, para que o povo entendesse a leitura” (Ne 8.8; Edição
Pastoral).28 Em todos esses exemplos, o texto secundário faz o trabalho da
Palavra escrita de DEUS ao mesmo tempo que compartilha de sua autoridade
original em um sentido prático. O NT também parece interessar-se por cópias
secundárias da Palavra escrita de DEUS. Paulo, principalmente, preocupava-se
sobremaneira que lhe trouxessem “[meus] livros, especialmente os pergaminhos”
(2Tm 4.13). A prática de coleta de epístolas do NT para as várias igrejas (v.
Cl 4.16) encorajou, naturalmente, a cópia dos manuscritos originais. Não faltam
motivos para se acreditar que, em vista dos exemplos de JESUS e dos apóstolos,
tais epístolas fossem consideradas úteis para a correção e para a instrução na
justiça (v. 2Tm 3.1 6b). Quando os autores do NT apelam para a autoridade do
AT, utilizam os textos e versões que tinham à mão, assim como nós hoje.29 JESUS
pregava com base nos pergaminhos existentes e os considerava “Escrituras” (Lc
4.16-21). Os apóstolos usavam as Escrituras que tinham à disposição para
argumentar (At 17.2) e referendar suas conclusões (At 18.28). Os ouvintes
conferiam a proclamação apostólica compulsando as Escrituras do AT que possuíam
(At 17.11). Uma vez que seus adversários compartilhavam da crença na autoridade
funcional dos manuscritos disponíveis das Escrituras, JESUS e seus apóstolos os
confrontaram de igual para igual recorrendo aos manuscritos existentes, sem se
preocuparem com os autógrafos.30 Isso é percebido pelo imperativo presente
aplicado à ordem de examinar as Escrituras, porque testificam de CRISTO (Jo
5.39), bem como pelas perguntas retóricas empregadas em textos didáticos:
“Vocês não leram …?” e “O que diz a Lei? Como vocês a interpretam?” (e.g., Mt
12.3,5; 21.16,42; Lc 10.26). É bem provável que as “sagradas letras” que
Timóteo conheceu na infância não apenas eram cópias da Escritura, se não a
própria tradução da Septuaginta. E mesmo assim elas podiam “torná-lo
sábio para a salvação”. Esses exemplos mostram que a mensagem transmitida pelas
palavras dos autógrafos, e não a página física onde encontramos a impressão,
constitui o verdadeiro objeto da inspiração. Portanto, dado que a mensagem foi
fixada de forma confiável nas cópias ou traduções disponíveis para os autores
sagrados, podiam usá-las de maneira prática confiados na autoridade dos
documentos que tinham à mão. Contrariamente às inferências radicais e sem
fundamento de Beegle, a exortação e os desafios baseados nas cópias da
Escritura são parte integrante da mensagem transmitida e nada nos dizem em si
mesmos sobre textos remanescentes. Tampouco procuram mostrar que os autores
bíblicos não faziam distinção entre o texto original e as cópias. Se assim
fosse, a autoridade única e inalterável da mensagem bíblica não seria
preservada tão tenazmente por esses mesmos autores. Uma vez que CRISTO não
colocou em dúvida a Escritura disponível a seus contemporâneos, podemos supor
seguramente que o texto do AT em uso no século I refletia de modo integral a
representação da palavra divina dada originalmente. JESUS considerava as cópias
existentes em seus dias tão próximas dos textos originais em sua mensagem que
recorria a elas como fonte de autoridade. O respeito que JESUS e seus apóstolos
devotavam ao texto do AT então disponível era, no mínimo, expressão de sua
confiança na providência divina, graças à qual o conteúdo das cópias e
traduções permaneceu substancialmente idêntico aos originais inspirados.
Portanto, é enganoso dizer que não limitavam a inerrância aos autógrafos, e que
seu ensinamento sobre a inspiração tinha em vista as cópias imperfeitas de que
dispunham. O fato é que, embora as cópias e traduções atuais tivessem
autoridade prática e fossem suficientes para os propósitos da revelação divina,
a Bíblia demonstra uma preocupação constante em vincular as cópias existentes
ao texto autógrafo. Não há, como se poderia esperar, nenhum ensinamento
explícito relativo aos autógrafos e cópias deles; contudo, o que se deseja
destacar fica muito claro pelos ensinamentos e declarações da Bíblia. Temos,
portanto, uma resposta à indagação de Pinnock — a limitação da inerrância aos
autógrafos é realmente escriturística? —; e também uma réplica à alegação de
Chapman de que não é bíblico limitar a inspiração aos autógrafos. De acordo com
Beegle, não há nenhum ensinamento explícito no NT que faça distinção entre os
autógrafos e as cópias; os escritos originais não são separados e postos em
posição especial, uma vez que os autores bíblicos consideravam inspirados os
manuscritos falíveis de que dispunham. Ao examinarmos as passagens bíblicas
relativas a essa questão, procuraremos demonstrar a fragilidade de tais
argumentações. Ao iniciarmos nossa análise do AT, constatamos imediatamente
que: A maior parte das referências à inspiração encontradas no AT refere-se aos
autógrafos semíticos. A maioria diz respeito às composições dos autores
bíblicos, as quais são identificadas não como produtos de ditado divino, e sim
como equivalentes às palavras de DEUS. Davi, por exemplo, diz: “O ESPÍRITO do
SENHOR falou por meu intermédio” (2Sm 23.2); Isaías: “Procurem no livro do
SENHOR e leiam” (Is 34.16); Jeremias: “Cumprirei naquela terra [...] tudo o que
está escrito neste livro” (Je 25.13; v. 30.2; 36.2), ou mesmo Salomão, em
Eclesiastes 12.11. Outras referências dizem respeito a passagens muito
recentes. Isso significa que os manuscritos originais talvez estivessem
disponíveis — como quando Josué refere-se ao “livro da Lei de DEUS” (Js 24.26)
— ou fossem facilmente acessíveis — por exemplo, quando Joel cita a profecia
contemporânea (?) de Obadias: “...conforme prometeu o SENHOR” (Jl 2.32). A
Escritura pressupõe que não há outra escolha senão seguir o texto original da palavra
de DEUS escrita. As cópias atuais têm autoridade porque estima-se que reflitam
os textos autógrafos corretamente. Essa perspectiva de fundamental importância
vem à tona de tempos em tempos. Foi pedido a Israel, por exemplo, que fizesse o
que DEUS “dera aos seus antepassados por meio de Moisés” (Jz 3.4). Essa
referência aponta implicitamente para a mensagem original, procedente do
próprio autor. Foi dito explicitamente a Isaías que escrevesse, e seu livro
permaneceria como testemunho para sempre (Is 8.1; 30.8); o texto autógrafo era
a norma permanente para o futuro. Daniel compreendeu “pelas Escrituras”
(possivelmente cópias) que as palavras dadas por DEUS eram “palavras do SENHOR
dadas ao profeta Jeremias” (Dn 9.2). O verbo empregado no aspecto
perfeito indica ação completa no tocante à comunicação da palavra de DEUS
especificamente a Jeremias. De igual modo, o NT pressupõe que os ensinamentos
contidos nas cópias da Escritura então disponíveis eram corretos, porque
remontavam ao texto autógrafo. Mateus 1.22 cita Isaías 7.14 como “o que o
Senhor tinha dito pelo profeta” (v. 2.15). JESUS ensinou que deveríamos viver
“de toda palavra que procede da boca de DEUS” (Mt 4.4), atrelando assim a
autoridade das Escrituras à comunicação original transmitida por inspiração
divina, O que as pessoas liam como “Escritura” nos livros de Moisés era “o que
DEUS lhes [dizia]”, nas palavras de CRISTO (Mt 22.29-32; Mc 12.24-26). Davi,
inspirado, falou ao povo na cópia do livro dos Salmos que possuíam (Mt 22.43;
Mc 12.36; Lc 20.42), assim como a leitura de Daniel deixa claro ao leitor que é
o profeta que lhe fala naquela cópia das Escrituras (Mt 24.15; Mc 13.14). Em
todos os casos, o texto autógrafo se faz presente por meio da cópia consultada.
Quando CRISTO indagava: “Vocês não leram …[nas cópias existentes na época,
evidentemente]?” (Mt 19.4; cf. v. 7), ele se referia, na verdade, ao que Moisés
ordenara aos judeus (Mc 10.3). As palavras de Moisés que JESUS reproduzia com
base em Gênesis 2.24 eram, para ele, equivalentes ao que “DEUS [dissera]” como
autor original da Escritura (Mt 19.4,5). Os que possuem os manuscritos
existentes “têm Moisés e os profetas”, e cabe a eles, portanto, ouvi-los (Lc
16.29). A distância real entre os autógrafos e as cópias feitas com base neles
não nos interessa neste momento, já que partimos do pressuposto de que o texto
original se encontra reproduzido nas cópias. Afinal de contas, são as coisas
escritas pelos profetas que nos constrangem (Lc 18.31). Ao expor as Escrituras
então existentes, CRISTO na verdade expunha o que fora dito pelos profetas, e
assim podia condenar os que demoravam a crer naquilo que os profetas haviam
dito (Lc 24.25-27). Nas cópias das Escrituras então disponíveis, os seguidores
de JESUS encontravam o que nele se realizava, a saber, todas as coisas “que
foram escritas” em todo o AT (Lc 24.44-46; tradução do autor). Os “escritos”
então disponíveis, e que tornavam culpados seus ouvintes, eram considerados
idênticos aos que Moisés escrevera (Jo 5.45- 47); e a Lei apontada como fundamental
nas controvérsias de então era de procedência reconhecidamente mosaica (Jo
7.19; cf. v. 23). O texto de João 10.34-36 é particularmente instrutivo. JESUS
disse: “Não está escrito na lei de vocês…?”, referindo-se com isso às cópias
dos manuscritos do AT que possuíam. Depois, cita Salmos 82.6, depositando a
força de seu argumento em uma palavra do texto. A premissa de seu argumento é
de que DEUS “chamou-os de deuses, a quem a palavra de DEUS foi dada”. Isto é,
DEUS chamou os juízes contemporâneos de Asafe — autor do salmo — de “deuses”, e
foi a eles que a palavra de DEUS foi transmitida. É o texto original de Asafe,
portanto, que é posto em pé de igualdade com a palavra de DEUS. JESUS acatou a
fé dos judeus na autoridade das leis que possuíam (cópias), porque julgou que
refletissem corretamente o texto original, e foi sobre esse fundamento que
trabalhou. A “Escritura” a que apelou nessa controvérsia está intimamente
relacionada com o que fora efetivamente dito àqueles a quem “a palavra de DEUS
fora dada”. A palavra de DEUS escriturizada, transmitida originariamente aos
israelitas, hoje se acha escrita em seus livros da lei. Aqui deparamos com uma
indicação bastante explícita de que a autoridade das cópias atuais remonta aos
autógrafos à sua retaguarda. A importância dos autógrafos para as Escrituras do
NT já era perceptível na promessa de JESUS de que o ESPÍRITO SANTO tomaria suas
palavras originais e as tornaria presentes na lembrança dos apóstolos, para que
pudessem reproduzi-la (Jo 14.25,26). Quando os apóstolos citavam o AT em sua
pregação e em seus escritos, faziam-no na suposição de que assim reproduziam a
Escritura conforme fora transmitida inicialmente. Por conseguinte, Pedro
referiu-se a “essa Escritura” (i.e., Sl 69.25) como aquela que “o ESPÍRITO
SANTO predisse por boca de Davi” (At 1.16; v. 4.25). O manuscrito mais antigo,
dado anteriormente por meio do ESPÍRITO SANTO, é a primeira referência de sua
pregação baseada em cópias dos salmos. De igual modo, Paulo cita Isaías 6.9,10
dizendo: “Bem que o ESPÍRITO SANTO falou aos seus antepassados...” (At 28.25;
Rm 3.2). O apóstolo prossegue mediante o pressuposto de que a citação feita era
fiel à transmissão original do texto ocorrida muitos anos antes. A citação de
Jeremias 31 em Hebreus 10 é tida como reprodução do que o ESPÍRITO SANTO falara
originalmente por meio do profeta (Hb 10.15). Na verdade, a consolação
proporcionada pelas cópias então existentes das Escrituras devia-se a “tudo o
que foi escrito no passado”, ou seja, ao texto original escrito há muitos anos
(Rm 15.4). De modo semelhante, o texto que Paulo diz inspirado é de sua própria
autoria: “… o que lhes estou escrevendo é mandamento do Senhor” (1Co 14.37; v.
2.13). Por diversas vezes somos confrontados com o fato óbvio de que os autores
bíblicos usaram as cópias de que dispunham em seu tempo, partindo sempre do
pressuposto de que a autoridade daquelas reproduções era um desdobramento do
texto original que refletiam fielmente. É particularmente importante observar
esse fato no tocante a dois versículos que ensinam a inspiração da Escritura.
Em 2Timóteo 3.16, Paulo enfatiza que todas as Escrituras são inspiradas por
DEUS, ressaltando obviamente sua origem e, portanto, sua forma autografa. As
sagradas letras que Timóteo conhecia (possivelmente a Septuaginta) podiam
torná-lo sábio para a salvação porque baseavam-se nas Escrituras originais, de
procedência divina — escritos esses que eram consequência direta da inspiração
e que Paulo aqui associa à forma original da Escritura proveniente de DEUS. De
igual modo, em 2Pedro 1.19- 21, aprendemos que “temos [...] a palavra dos
profetas” (provavelmente cópias), a qual devemos acatar e tratar como fonte de autoridade.
E por quê? Porque homens falaram da parte de DEUS, “movidos” pelo ESPÍRITO
SANTO.
A suficiência e
a função dos manuscritos bíblicos existentes não se acham divorciados dos
manuscritos originais (que justificam a existência daqueles), os quais eram
produtos divinos. É vasta, portanto, a lista de exemplos que apontam para o
fato de que a suficiência das cópias existentes da Bíblia explica-se em função
dos textos autógrafos que lhes dariam respaldo. A importância e a autoridade
criteriológica dos textos autógrafos da Escritura manifestam-se em quatro
situações específicas do AT. Cada uma delas mostra que a inspiração, a
infalibilidade e a inerrância da Bíblia devem ser buscadas nos textos
autógrafos, que são norma para o povo de DEUS e para a identificação de tudo o
que reclama para si o título de “Palavra de DEUS”. O primeiro caso conhecido de
necessidade de restauração textual ocorre em Êxodo 32 e 34. As primeiras Tábuas
da Lei foram escritas pelo próprio DEUS (Êx 32.15,16), porém, foram
subseqüentemente destruídas por Moisés em um momento de cólera (v.19). DEUS
providenciou novas tábuas (Êx 34.1,27,28), e a Bíblia faz questão de ressaltar
de que nas tábuas novas DEUS escreveu “o que tinha escrito anteriormente” (Dt
10.2,4). Aqui temos um modelo exemplar para as futuras cópias dos autógrafos
bíblicos: todas deveriam reproduzir as palavras que constavam da primeira tábua
ou página para que fosse preservada integralmente a autoridade divina da
mensagem nelas contida. Assim, também em Jeremias 36.1-32, lemos que o profeta
ditou a palavra de DEUS a Baruque, que a registrou em um pergaminho. Quando
esse pergaminho, com sua mensagem pouco auspiciosa, foi lido perante o rei
Jeoaquim, ele o fez em pedaços e o queimou. A Palavra de DEUS veio então a
Jeremias e o instruiu a fazer uma nova cópia da Escritura. Vemos aí claramente
que a norma para a confecção da nova cópia era a obediência ao texto original:
“Pegue outro rolo e escreva nele todas as palavras que estavam no primeiro” (v.
28). O bom senso nos diz que a cópia, para que fosse confiável, deveria
reproduzir o texto original com precisão. A natureza paradigmática ou
criteriológica do texto autógrafo das Escrituras também é ensinada em
Deuteronômio 17.18. Embora o autógrafo mosaico tivesse sido posto, pelos
levitas, próximo da Arca da Aliança (Dt 31.24-26), o rei deveria também
escrever para si uma “cópia do livro [da leo] que está aos cuidados dos
sacerdotes levitas”. Essa cópia serviria de guia revestido de autoridade
somente se refletisse fielmente o texto original. Se não houvesse preocupação
alguma com uma cópia que transmitisse fielmente o texto autógrafo, o rei não
teria como evitar de se desviar para a direita ou para a esquerda no que se
refere ao mandamento divino (Dt 17.19,20). Portanto, as cópias das Escrituras
não poderiam se afastar o mínimo que fosse do texto original.
A quarta
situação que se verifica no AT e que manifesta a estima e a deferência
conferida pelos judeus ao texto autógrafo aparece em 2Reis 22 e em 2Crônicas
34, em que se relata a restauração da cópia do Livro da Lei pertencente ao
templo durante o reinado de Josias. A existência do Livro da Lei era conhecida
de antemão; ele fora posto ao lado da Arca da Aliança e era usado de tempos em
tempos em leituras públicas (Dt 3 1.12,24-26; 2Cr 35.3). Contudo, embora
houvesse provavelmente cópias particulares da Lei nas mãos de alguns sacerdotes
e profetas, a cópia autografa oficial havia desaparecido. O cronista registra
que Josias havia começado a seguir a Lei sem muito discernimento, provavelmente
com base no conhecimento tradicional (34.3-7). Depois disso, o templo começou a
ser reconstruído, e foi nessa época que Hilquias, o sumo sacerdote, achou o
Livro da Lei. O desejo de Josias de restaurar o templo já demonstrava sua
disposição em promover o culto ao Senhor. Portanto, a descoberta de Hilquias
foi motivo de grande comoção. Com o tempo, Josias passou a demonstrar enorme
preocupação com as palavras desse “livro que foi encontrado” (2Rs 22.13). Ao
que parece, ele trouxe à sua atenção um material (provavelmente imprecações da
Aliança: 2Rs 22.11,13,16,18,19; v. Dt 28; Lv 26) que não constava de outras
cópias ou tradições da Lei disponíveis. O que é importante observar aqui é o
fato de que esse Livro da Lei recuperado, que corrigia e completava a
perspectiva teológica de Josias, era, creio eu, o autógrafo original preservado
de Moisés. O que foi encontrado não era simplesmente “um livro” (uma cópia de
algum volume bem conhecido), e sim “o livro da Lei” — um manuscrito um tanto
diferente de outros (2Rs 22.8). Era, sobretudo, o livro da Lei “dado por meio
[pela mão] de Moisés” (2Cr 34.14). Embora não haja prova conclusiva disso e
ainda que o livro recuperado não seja necessariamente o autógrafo de Moisés, o
peso das evidências favorece essa interpretação; as provas em contrário são
desprezíveis. Esse incidente do AT amplia o valor, a função corretiva e a
autoridade normativa do texto autógrafo da Escritura em relação a todas as
demais cópias ou à compreensão tradicional daquilo que DEUS havia dito. A
suficiência de uma cópia é proporcional à precisão com que reproduz o original.
Quaisquer desvios em relação aos autógrafos constituem ameaça ao proveito que
se pode tirar da cópia como fonte de instrução doutrinária e de bússola para
uma vida de retidão. Os autores bíblicos, portanto, sabiam perfeitamente como
distinguir entre os autógrafos e as cópias, e eram capazes de perceber o
significado dessa distinção. O autógrafo da Escritura encontrado na época de
Josias foi um acontecimento espetacular, porque não se tratava do simples
acréscimo de mais uma cópia, entre outros manuscritos, a um repositório
indiferenciado de Bíblias! Existem, contudo, outras maneiras pelas quais a
Escritura ensina ou ilustra o padrão regulador dos autógrafos em relação às
cópias de modo explícito ou assumido. Em primeiro lugar, a Bíblia nos adverte a
todo momento quanto a alterações no texto da Palavra de DEUS. De acordo com o
mandamento divino, nada deve ser acrescentado a ela nem retirado (Dt 4.2;
12.32). Provérbios aconselha: “Nada acrescente às palavras dele, do contrário,
ele o repreenderá e mostrará que você é mentiroso” (Pv 30.6). A honestidade
requer que nos apeguemos à mensagem transmitida originalmente por DEUS, sem
nenhum tipo de complementação. Caso contrário, a norma permanente de julgamento
dificilmente poderia ser expressa pelas palavras: “À lei e aos mandamentos! Se
eles não falarem conforme esta palavra, vocês jamais verão a luz!” (Is 8.20).
As Escrituras do NT demonstram o mesmo ciúme em relação à pureza imaculada do
texto original, como se pode ver pela bem conhecida advertência do livro de
Apocalipse (22.18,19). O padrão normativo da mensagem autografa consiste no
pressuposto subjacente ao conflito com a tradição seguido por CRISTO e pelos
apóstolos (e.g., Mt 15.6; Cl 2.8). Conforme se vê em Mateus 5.12ss., a tradição
era portadora, em certa medida, do texto veterotestamentário, porém não deveria
em hipótese alguma obscurecer a autêntica Palavra de DEUS (Mc 7.1-13). Por
conseguinte, CRISTO condena o ensinamento dos fariseus quando ele modifica o
texto das Escrituras do AT— e.g., no que diz respeito ao ódio (Mt 5.43) e ao
divórcio (Mt 19.7). Em conformidade com as admoestações do AT, Paulo instrui os
cristãos a não torcerem a Palavra de DEUS (2Co 4.2). O NT faz questão de deixar
muito claro que todo ensinamento contrário à mensagem apostólica deve ser
rejeitado (e.g., Rm 16.17; Gl 1.8; 1Jo 4.1-6). Deparamos inclusive, como era de
esperar, com uma advertência enérgica para que não nos afastemos do texto
apostólico (2Ts 3.14, em que a norma é “o que dizemos nesta carta”). Os crentes
devem estar alertas em relação a textos que se passam por Escritura, mas não o
são. Não devemos nos alarmar, diz Paulo, “por carta supostamente vinda de nós”
(2Ts 2.2). Em geral, Paulo empregava uma amanuense para escrever suas cartas
(e.g., Rm 16.22) — um expediente que dava margem à muita falsificação. Todavia,
o apóstolo tinha o costume de apor sua assinatura às cartas, autenticando-as,
como ele mesmo observa em 2Ts 3.17: “Eu, Paulo, escrevo esta saudação de
próprio punho, a qual é um sinal em todas as minhas cartas. É dessa forma que
escrevo” (v. 1Co 16.21; Gl 6.11; Cl 4.18). Vale ressaltar que o apóstolo faz
essa afirmativa na mesma epístola em que adverte quanto a cartas apostólicas
espúrias. Aqui Paulo chama a atenção para o texto bastante literal dos “autógrafos”
como instrumento de autenticação da mensagem a ser crida e obedecida pelos
cristãos! A autoridade textual criteriológica, portanto, está presente de modo
uniforme na Escritura sob a forma dos textos originais, autógrafos, dos livros
bíblicos. Todas as cópias devem ser avaliadas e consideradas à luz dos
autógrafos, os quais devem aparecer refletidos nas cópias. Sua autoridade
procede do texto original, cuja autoridade, por sua vez, procede de DEUS.
Podemos, portanto, resumir a atitude que a Bíblia demonstra em relação aos
autógrafos e às cópias dessa maneira. A autoridade e a utilidade das cópias e
traduções das Escrituras são evidentes na Bíblia toda. Elas podem levar o homem
ao conhecimento da verdade salvadora, bem como orientar sua vida. Contudo, é
igualmente óbvio que o uso da autoridade da Escritura procedente das cópias
traz em si o entendimento implícito, e muitas vezes o requisito explícito, de
que tais cópias têm autoridade porque — e tendo em vista que — reproduzem o
texto autógrafo original. Os autores bíblicos entendiam que havia uma distinção
entre o original e a cópia e manifestavam seu comprometimento com a autoridade
criteriológica do original. Essas duas características — a suficiência das
cópias existentes e a autoridade crucial e primordial dos autógrafos — aparecem
em uma combinação muito feliz na fórmula padrão utilizada pelo NT quando cita a
Escritura para encerrar uma discussão: “Está escrito”. Essa forma (no tempo
perfeito) aparece pelo menos 73 vezes só nos evangelhos. Significa que algo foi
estabelecido, realizado ou concluído e que continua a sê-lo ou tem efeito
permanente. A expressão “está escrito” exprime a verdade segundo a qual o que
foi escrito na Escritura original continua escrito nas cópias hoje disponíveis
e vice-versa: o recurso que o autor faz às cópias da Escritura como padrão
normativo se explica pelo fato de que elas são consideradas testemunho
permanente do texto autógrafo. Os argumentos do NT baseados em uma frase (como,
por exemplo, em At 15.13-17), uma palavra (Jo 10.35), ou até mesmo na
diferenciação entre o singular e o plural de uma palavra do AT (Gl 3.16)
ficariam totalmente destituídos de sua força genuína nos dois casos seguintes:
1) A frase, palavra ou forma apontada não consta das cópias atuais do AT, o que
invalidaria o argumento perante o adversário em questão, já que é espúrio (ou
seja, não há como provar que o inimigo está errado). 2) A frase, palavra ou
forma deve ter sido parte integrante do texto original da passagem citada, caso
contrário o argumento perde o lastro de autoridade que lhe daria a Palavra de
DEUS (ou seja, a autoridade desse elemento do texto não seria superior à da
palavra de um ser humano qualquer, na melhor das hipóteses, além do que — na
pior das hipóteses — constituiria um erro embaraçoso do copista). Quando um
autor do NT deixa de apelar ao texto original por meio das cópias à sua
disposição, sua argumentação torna-se vã. Vemos, portanto, que a Bíblia quer
deixar claro duas coisas. Em primeiro lugar, o texto bíblico de que dispomos
satisfaz uma necessidade permanente do povo de DEUS: confiar substancialmente
nas cópias existentes. Não há por que não acreditarmos nas cópias da Escritura
de que dispomos e ser salvos sem ter de compulsar os textos autógrafos, uma vez
que a própria Bíblia afirma que as cópias refletem o texto original e,
portanto, são também portadoras de sua autoridade. Em segundo lugar, as
características e qualidades indisputáveis das Escrituras — tais como
inspiração, infalibilidade e inerrância — são todas identificadas com a palavra
original de DEUS e são também encontradas no texto autógrafo — e só os
autógrafos podem ser considerados como palavra de DEUS ao homem. Podemos
acrescentar agora uma breve conclusão a esta seção sobre o uso da Septuaginta
pelo NT e sobre o problema das citações de textos do AT pelo NT que parecem se
afastar do original. Nenhuma dessas duas práticas invalidam nossas conclusões
anteriores. A Septuaginta foi usada para facilitar a comunicação da mensagem do
NT. Era uma versão popular naqueles dias. Esse fato, porém, não lhe confere
inspiração (conforme acreditavam Fílon e Agostinho). Até mesmo Beagle admite
que se os autores do NT considerassem inspirada a Septuaginta, isso se dava
somente de modo “secundário e derivativo”. Conforme defendia Jerônimo em sua
disputa com Agostinho no tocante a essa questão, somente o texto hebraico era
estritamente inspirado. Os autores do NT, supomos, usavam a Septuaginta somente
na medida em que essa tradução não se desviava fundamentalmente do texto hebraico.
Assim como alguém pode escrever usando seu próprio vocabulário sem introduzir
elementos falsos à sua escrita, podendo inclusive questionar fontes duvidosas
sem incorporar partes errôneas delas, assim também os autores do NT podiam usar
o vocabulário e o texto da Septuaginta sem compactuar com erros. Graças à
intervenção do ESPÍRITO SANTO em seu trabalho (v. 2Pe 1.21), os autores
sagrados ficavam protegidos de tais erros, porque o ESPÍRITO é o “ESPÍRITO da
verdade” (Jo 16.13). A diversidade de textos era reconhecida pelos autores do
NT, mas não constituía fonte de perplexidade, já que eram dirigidos pelo
ESPÍRITO. Podiam escolher a redação que melhor comportasse o significado
divino, citando com frequência a Septuaginta como Palavra de DEUS sem deixar de
corrigir muitas vezes o texto dos LXX! Uma dificuldade maior deve-se ao fato de
que a Septuaginta é por vezes citada de um modo que, a princípio, parece
contrariar o texto hebraico de uma maneira que dificilmente seria permitida por
muitos críticos, a saber: o modo como o NT cita por vezes o AT parece
demonstrar pouca preocupação pelo emprego preciso do original. Fitzmyer
observa: “Para a crítica acadêmica moderna, o modo como eles lêem [i.e., os
autores do NT] o AT parece quase sempre muito arbitrário, já que não dão a
devida atenção ao sentido e ao conteúdo do original”. Aqui não é o lugar para
discutirmos em detalhes passagens bem conhecidas e difíceis, referentes à
questão levantada mais acima. Algumas dessas passagens requerem um estudo mais
aprofundado em face da atitude mais abrangente prescrita pela Escritura em
relação à inerrância e ao texto original. Como sempre, os fenômenos bíblicos
devem ser avaliados sob o aspecto do testemunho básico e contextual que a
Escritura dá de si mesma — isto é, à luz dos pressupostos inerentes a ela.
Basta dizer aqui que não é necessário impor um padrão de precisão artificial e
estranho à cultura e aos hábitos literários da época em que a Bíblia foi
escrita em nome da inerrância ou da fidelidade aos autógrafos. Os métodos de
citação não eram tão precisos naqueles dias como são hoje, e não há razão
alguma para que as citações feitas pelo NT fossem verbalmente exatas. A questão
é saber se o significado do texto autógrafo está ou não por trás dos textos e
das traduções usadas pelos autores do NT. Esse, aliás, deve ser o pressuposto
do testemunho bíblico, conforme defendi mais acima. Ao se limitarem a um ponto
ou a um insight específico (por vezes restrito, outras vezes mais amplo), as
citações do AT feitas pelo NT precisam somente recorrer a uma precisão que
melhor se adapte ao propósito do autor. Os pregadores de hoje não são infiéis à
Escritura quando misturam uma alusão passageira a uma citação específica da
Bíblia, quando dão novo formato a frases bíblicas ou quando fazem uma paráfrase
de assuntos vinculados a um determinado contexto para a obtenção da declaração,
frase ou palavra desejada. Seu ponto de vista escriturístico pode ser
comunicado de tal forma que seja fiel ao sentido sem que para isso tenha de
reproduzir com clareza cristalina o texto citado. Portanto, o emprego que o NT
faz da Septuaginta ou as versões inexatas de textos do AT não desvirtuam o
comprometimento dos autores envolvidos com a autoridade criteriológica dos
autógrafos. Tal prática, aliás, enfatiza a aceitação tranquila de textos ou
versões não necessariamente originais para propósitos práticos imediatos de
ensino. Eles eram adequados precisamente porque eram considerados portadores do
sentido genuíno do original. t, New Testament studies, 1961, p. 332
EXPLICAÇÃO E
BASE PARA A RESTRIÇÃO
Depois de
analisada a atitude bíblica em relação aos autógrafos e às cópias feitas com
base neles, explicaremos agora em que sentido os evangélicos, diante disso,
limitam a inerrância aos autógrafos da Escritura, propondo ao mesmo tempo
algumas razões para isso. Existe hoje em dia uma compreensão errônea e de
graves conseqüências a respeito da limitação evangélica da inerrância (ou
inspiração, infalibilidade) aos textos autógrafos, bem como sobre as
implicações resultantes disso. De Koster alega que existem apenas duas opções:
ou a Bíblia que usamos no púlpito é a Palavra inspirada de DEUS, ou então é a
palavra não inspirada do homem. Uma vez que a inspiração e a inerrância se
limitam aos autógrafos (hoje perdidos e, portanto, ausentes de nossos
púlpitos), segue-se que nossas Bíblias contêm as palavras não-inspiradas do
homem, e não a Palavra de DEUS de que temos tanta necessidade. Outros
construíram uma argumentação epistemológica malfeita no tocante à inerrância
bíblica alegando que um único erro na Bíblia invalida todo o resto. Nesse caso,
não podemos confiar em nada do que diz; consequentemente, DEUS não pode
utilizá-la para comunicar-se conosco, já que ela não tem mais autoridade
alguma. Partindo desse ponto de vista errôneo, a crítica prossegue dizendo que
a restrição da inerrância aos textos autógrafos feita pelos evangélicos
significa que, em virtude dos erros presentes em todas as versões atuais,
nossas Bíblias não merecem confiança alguma, são incapazes de nos transmitir a
palavra de DEUS e tampouco podem ser a Palavra inspirada de DEUS. Se nossas
Bíblias atuais, com seus erros, não são inspiradas, nada mais nos resta (uma
vez que os autógrafos se perderam). Esse dilema repousa sobre inúmeras falácias
e mal-entendidos.
Em primeiro
lugar, confunde-se texto autógrafo (palavras) com códice autógrafo (documento
físico). A perda deste último não significa necessariamente que o primeiro
também tenha se perdido. Certos manuscritos podem ter se deteriorado e se
perdido, porém as palavras contidas nesses manuscritos continuam conosco em
cópias bem cuidadas. Em segundo lugar, quando os evangélicos defendem a
inerrância, não pretendem com isso cometer a falácia lógica de dizer que se um
livro, em uma determinada passagem, contém um erro, disso segue-se que todas as
demais passagens estão automaticamente comprometidas. Em terceiro lugar, o
predicado “inerrante” (ou “inspirado”) não significa que devamos fazer uma
escolha radical entre tudo ou nada. Criamos um falso dilema ao dizer que um
livro é totalmente inspirado ou não (assim como é falacioso achar que um livro
deva ser integralmente verdadeiro ou falso). Muitos predicados (e.g., “calvo”,
“quente”, “rápido”) são usados de modo gradativo. Ele se aplica a “inerrante” e
“inspirado”. Um livro pode ser quase que totalmente inerrante, o que significa
que pode conter alguns poucos erros. É possível que contenha uma certa dose de
material inspirado e não inspirado. Uma antologia de textos sagrados de várias
religiões, por exemplo, pode ser inspirado na medida em que apresente excertos
da Bíblia. Isso não significa que a inerrância ou inspiração, como qualidades
que são, admitam gradação, como se algumas passagens da Bíblia fossem “mais
inspiradas” do que outras ou como se certas afirmativas de sentido específico
fossem uma mistura de verdade e erro. Na verdade, os objetos (i.e., certos
livros) desses predicados possuem elementos ou partes às quais os predicados se
aplicam integralmente; outras, não. O fato de que podemos nos referir à calvície
como um processo gradativo significa que certos objetos (i.e., cabeças) podem
apresentar áreas com cabelos e áreas sem cabelos, e não que exista alguma
qualidade que seja um misto de presença e ausência de cabelos. É imprescindível
reiterar da maneira mais clara possível, e sem nenhuma ambigüidade, que a
restrição evangélica aos autógrafos:
1) refere-se ao
texto autógrafo, preservando assim a singularidade da mensagem verbal de DEUS;
2) o que
não significa que as Bíblias hoje existentes, uma vez que não são totalmente
inerrantes, não podem ser Palavra de DEUS. Para o evangélico, a inerrância ou
inspiração das Bíblias atuais não é algo que se deva aceitar ou rejeitar por
inteiro. Tenho uma edição antiga de uma peça de Shakespeare, publicada pela
editora da Universidade de Cambridge, que provavelmente contém erros ou
palavras que dão margem a discórdias se comparadas com o texto original do
autor. Contudo, isso não me leva à conclusão radical de que o livro que tenho
sobre minha mesa não é da autoria de Shakespeare. É uma obra shakespeariana —
na medida em que reflete o trabalho do autor, o que a qualifica como tal (em
vista do alto grau de aceitação dessa correlação) de um modo que não precisa
ser explicitado e reiterado com freqüência. Assim também, a versão da Bíblia
que possuo contém diversos termos incorretos ou contestáveis se comparados ao
texto autógrafo da Escritura, mas nem por isso deixa de ser Palavra de DEUS,
inspirada e inerrante — na medida em que reflete a obra original de DEUS, o que
(dado o grau objetivo, preeminente e universalmente aceito dessa correlação à
luz da crítica textual) lhe confere uma qualificação que raras vezes necessita
de afirmação. Não é difícil entender que a cópia só será considerada uma
reprodução confiável da obra original na medida em que se mantiver fiel às
palavras do seu autor. Explicaremos agora da maneira clara as implicações do
ponto de vista evangélico segundo o qual a inerrância só se aplica aos
autógrafos. De acordo com Francis Patton, “o texto bíblico que hoje possuímos
só será inspirado se reproduzir com fidelidade os documentos originais [...]
Nosso texto é confiável? Se não for, estaremos destituídos da palavra de DEUS
na exata proporção de sua falta de confiabilidade”. Muitos evangélicos fazem
hoje em dia o mesmo tipo de afirmação. Segundo Pinnock, “nossas Bíblias são
Palavra de DEUS na medida em que refletem as Escrituras em seu texto original”,
e prossegue: “Uma cópia confiável de uma obra original tem a mesma
funcionalidade desse original na medida em que corresponda a ele e esteja em
conformidade com seu texto”. Assim também as traduções, conforme observa Henry
“serão infalíveis na medida em que sua fidelidade for um reflexo das cópias
hoje disponíveis”. Palma, portanto, responde ao falso dilema de De Koster:
temos ou não diante de nós a Palavra inerrante e inspirada de DEUS? Ele
ressalta que as cópias e traduções são inspiradas, infalíveis e inerrantes na
medida em que reproduzem de maneira fiel o texto original. Na medida em que
acrescentam e subtraem algo do texto ou o distorcem, não se pode considerá-las
Palavra de DEUS inspirada. Existe algum fundamento razoável para esse ponto de
vista? Com base em que os evangélicos limitam a inerrância (inspiração,
infalibilidade) aos autógrafos da Bíblia? Para a crítica, a restrição da
inerrância aos autógrafos teria motivos apologéticos, por isso condenam essa
limitação qualificando-a de evasiva desesperada e “artifício apologético” (para
citar as palavras de Brunner) — um pretexto intelectual desonesto para evitar
maiores constrangimentos. Rogers discorda da restrição evangélica e diz
tratar-se de uma tentativa de garantir uma “posição apologética inatacável” (a
qual, segundo Pinnock, produziria uma posição imune a falsificações, porém sem
sentido). Tal abuso é improcedente. O recurso dos evangélicos aos autógrafos
desaparecidos de maneira específica é limitada, já que as evidências por si
mesmas (longe de qualquer constrangimento apologético) respaldam a sugestão de
erro de transcrição. O crítico Stephen Davis reconhece que a limitação da
inerrância aos autógrafos não é de forma alguma uma manobra apologética absurda
por parte dos evangélicos, uma vez que a crítica textual, em grande parte, já fixou
firmemente o texto bíblico. Uma vez que o apologeta defende o ensinamento do
texto autógrafo (com ou sem a presença física dos manuscritos autógrafos),
dificilmente pode-se acusá-lo de retirada tática, já que ele afirma, em
consonância com Warfield, que “o texto autógrafo do NT encontra-se ao alcance
da crítica de forma tão abrangente que não há motivo para nos desesperançarmos,
como se não pudéssemos recuperar o livro divino, palavra por palavra,
exatamente como o Senhor o deu por inspiração aos homens, e restituí-lo à
igreja de DEUS e a nós mesmos”. A restrição da inerrância aos autógrafos não
deixa o evangélico apenas com uma utopia por defender. Além disso, evangélicos
como Warfield não se deixam iludir a ponto de acreditar que a recuperação do texto
autógrafo (algo que jamais se daria com perfeição absoluta) poderia livrá-los
de todas as dificuldades bíblicas que exigem respostas. Não há dúvida de que
algumas das dificuldades e discrepâncias aparentes nos textos atuais
desapareceriam com a recuperação do texto original da Escritura. Ninguém,
porém, jamais afirmou em sã consciência que todas as dificuldades e
discrepâncias aparentes nos textos disponíveis da Escritura resultariam
simplesmente de adulterações textuais, e não de nossa ignorância histórica ou
de outros fatos quaisquer. A restrição da inerrância aos autógrafos, portanto,
não é pretexto apologético dos evangélicos para escapar às dificuldades do
texto bíblico. Nada disso. Se a motivação evangélica não é apologética, qual
seria então? Simplesmente teológica. DEUS não prometeu em sua Palavra que as
Escrituras seriam comunicadas com perfeição, portanto não é um a priori que se
possa reivindicar. Além disso, a Palavra inspirada de DEUS registrada pelas
Escrituras é detentora de uma singularidade que deve ser preservada de
quaisquer distorções. Consequentemente, não podemos ser teologicamente cegos ao
significado dos erros de transmissão, tampouco podemos assumir teologicamente a
ausência de tais erros. O que se pede de nós teologicamente, portanto, é que
restrinjamos a inspiração, a infalibilidade e a inerrância aos autógrafos. Não
há nada de absurdo na afirmativa de que um texto infalível nos foi comunicado
de modo falível. O fato de ser um documento cópia da Escritura Sagrada não
implica que esteja isento de erros. Embora concordemos com Beegle quando afirma
que não há nenhuma razão inerente para que DEUS não preservasse de possíveis
incorreções os escribas que copiaram a Bíblia, ele com certeza engana-se quando
diz que deveríamos considerar as cópias das Escrituras como resultado da
inspiração divina, a menos que a Bíblia nos diga explicitamente o contrário. O
fato é que a inspiração é um dom ou predicado extraordinário, que não pode ser
entendido como algo aplicável a um indivíduo qualquer. Se alguém se dispõe a
asseverar que os escribas da Bíblia foram inspirados em seu trabalho,
produzindo resultados automaticamente infalíveis, cabe a esse indivíduo
apresentar a prova teológica disso. O que se depreende da leitura das
Escrituras, porém, é que a inspiração se refere às palavras originais
comunicadas por intermédio do ESPÍRITO SANTO, e não à produção de cópias pelas
mãos dos escribas. Contrariamente ao que Beegle diz, o fato de que a Escritura
original teve sua origem em DEUS não significa que as cópias, como reproduções
que são dos textos, também tenham sua origem em DEUS, e sim que a mensagem por
elas transmitida remete, em última análise, e em certa medida, à revelação
concedida por DEUS. E. J. Young propõe um arrazoado mais convincente: Se a
Escritura é produto do “sopro” divino, segue-se disso naturalmente que só os
originais nos foram comunicados dessa maneira. Se homens santos de DEUS falaram
da parte de DEUS cheios do ESPÍRITO SANTO, consequentemente apenas aquilo que
falaram sob orientação do ESPÍRITO é inspirado. Certamente seria impróprio
dizer que também eram inspiradas as cópias de suas palavras, uma vez que essas
cópias não foram produzidas por homens cheios do ESPÍRITO. Portanto, não foram
“sopradas” por DEUS como as do texto original. A esta altura, deve estar claro
que a restrição da inerrância aos autógrafos deve-se à relutância dos
evangélicos em sustentar a infalibilidade ou inerrância absoluta do texto
transmitido, uma vez que a Escritura, em parte alguma, nos permite inferir que
sua transmissão e tradução se dariam sem erros por obra da intervenção divina.
Não há nenhuma garantia nas Escrituras de que DEUS haveria de realizar o
milagre perpétuo de preservar sua Palavra escrita de erros sempre que fosse
transcrita de uma cópia para outra. Uma vez que a Bíblia jamais afirma que todo
copista, tradutor, compositor tipográfico e impressor compartilharia da
infalibilidade do documento original, não cabe também ao cristão afirmá-lo.
Trata-se de uma doutrina sem respaldo escriturístico, e o protestante se acha
comprometido com o princípio metodológico do Sola Scriptura. Por conseguinte, o
motivo primordial para que se restrinja a inerrância ao documento original da
Palavra de DEUS, autenticado profética e apostolicamente, explica-se pela
existência de evidência bíblica para a inerrância dos autógrafos. Já ele não se
pode dizer das cópias. A distinção e a restrição são, portanto, do ponto de
vista teológico, garantidas e necessárias. Todo o mundo sabe que nenhum livro
jamais foi impresso, muito menos copiado à mão, sem que alguns erros se
intrometessem no processo; e assim como não culpamos o autor por essas falhas
quando ocorrem em livros comuns, tampouco devemos culpar a DEUS por elas quando
ocorrem nesse livro extraordinário que é a Bíblia. Esta citação de Warfield
mostra que é próprio do bom senso restringir as qualidades valorativas de uma
obra literária a seu texto autógrafo. O bom senso nos diz que a identidade de
um texto literário é determinada por seu autógrafo original (“a primeira
transcrição completa, pessoal ou aprovada de um grupo singular de palavras
composto por seu autor”). No momento em que um pequeno erro ou distorção se
introduz na cópia de uma obra literária, cria-se com isso um texto literário um
tanto diferente e com uma certa dose de originalidade. Se decidimos ignorar as
mudanças de menor porte, nada impede que continuemos a nos referir ao texto
original e a cópia ligeiramente distorcida da mesma forma, mas isso não
significa que possamos nos portar com indiferença em relação a um texto
preciso. Que autor moderno observaria impassível a edição de uma de suas peças
em que centenas de palavras espalhadas aqui e ali fossem alteradas em
decorrência de erros de impressão, de composição e revisão? […] Não permitimos
que “uma pequena adulteração” passe despercebida na transmissão de nossa
herança literária, assim como era impossível que “um pequeno pecado” pudesse
subsistir no Éden. O valor real da produção literária de um autor não pode ser
avaliado com segurança se não tivermos certeza se o texto à nossa frente
representa sua obra ou a “originalidade” de algum escriba. Digamos que
estejamos avaliando o que acreditamos ser Hamlet, de Shakespeare, e aí
deparamos com a frase “solid fresh” [carne sólida] na famosa fala: “Oh, se esta
carne sólida, tão sólida, se desfizesse” que sua honra natural ou herdada foi
maculada pelo sangue infame de sua mãe, conforme indica a versão original, o
que acarreta uma diferença muito significativa ao sentido da fala. O mérito ou
demérito da expressão “carne sólida” deve-se a algum copista ou editor, e não
ao autor. O bom senso nos impede de atribuir alterações secundárias no texto,
bem como seu valor (ou ausência de valor) ao autor, uma vez que ele é responsável
somente pelo texto autógrafo de sua obra literária. Esse princípio aplica-se
igualmente à Palavra de DEUS. O que dizemos a seu respeito quando a avaliamos
deve restringir-se ao que DEUS nela introduziu originalmente, devendo excluir,
portanto, a “originalidade” de escribas intermediários. Conforme assinala
Warfield: “É a Bíblia que afirmamos ser “verdade infalível” — a Bíblia que DEUS
nos deu —, e não as adulterações ou os lapsos que os escribas e impressores nos
legaram”. A verdade absoluta combina com a Palavra de DEUS, mas não aquelas
palavras resultantes de erros dos escribas e impressores. A identidade da
Bíblia ou das Escrituras é, portanto, determinada pelo texto autógrafo, e o
valor predicativo da “inerrância” só pode ser legitimamente aplicado a esse
texto (não importa quantos manuscritos ele contenha). Quando não pudermos ter
certeza se um determinado manuscrito reflete o texto autógrafo, devemos nos
abster de fazer quaisquer julgamentos e guardar a avaliação para o original.
Isso aplica-se sobretudo à palavra de DEUS fixada pelas Escrituras, pois
trata-se de comunicação exclusiva de DEUS ao homem em linguagem humana. A
Escritura possui um status extraordinário, já que não é meramente humana no que
diz respeito à sua qualidade (v. Gl 1.12; 1Ts 2.13). Ao tomarmos esses escritos
e os distinguirmos dos demais por causa de sua inspiração especial, lançamos a
base para que a igreja estabeleça a diferença entre composições canônicas e não
canônicas. Somente o que DEUS disse pode ser norma de avaliação para as
declarações de verdade feitas pelos cristãos. Isso é que dirá se há autoridade
teológica naquilo que afirmam. Por isso mesmo, as versões textuais decorrentes
de erros de copistas não podem ser elevadas à categoria de autoridade divina
simplesmente porque são rotulados com o título de “Escritura Sagrada”. A
Palavra de DEUS, portanto, não é algo elástico e mutável; pelo contrário, é
única e segue um padrão determinado. Até mesmo os evangélicos que negam a
inerrância certamente se mostrarão sensíveis à exposição feita, já que eles
também desejam preservar o status singular da Palavra de DEUS, inspirada e
infalível (embora errante). Caso contrário, ver-se-iam na contingência de
aceitar a consequência supersticiosa e de absurda de que qualquer coisa
colocada entre as capas de um livro formalmente rotulado de “Bíblia” é
necessariamente a Palavra inspirada de DEUS. Os sucessivos erros dos copistas
acabariam por destruir completamente a mensagem de DEUS. Será que poderíamos
considerá-la inspirada depois disso? É claro que não. Os evangélicos que não
crêem na inerrância das Escrituras não têm base alguma para achar que os erros
dos copistas se refiram sempre a fatos históricos e científicos, enquanto as
questões relativas à fé e à prática estariam imunes a erros (pois pertenceriam
ao domínio da “infalibilidade”, segundo vários teóricos). A infame “Bíblia
Decaída”, de 1631, traduz o sétimo mandamento da seguinte forma: “Adulterarás”
(omitindo a partícula negativa “não”, de importância crucial aqui). Esse erro
de impressão escandaloso fez com que o arcebispo impusesse uma multa pesada aos
impressores. Será que algum evangélico afirmaria seriamente que tal versão é
inspirada ou infalível? Se não, isso significa então que todos os evangélicos
estão de alguma forma comprometidos com a restrição de sua bibliologia aos
autógrafos. Até mesmo os evangélicos que defendem a existência de erros
destacam a qualidade única da Palavra escrita e inspirada de DEUS, e reconhecem
que embora a salvação e a instrução possam proceder de uma tradução menos que
perfeita, “o que temos é a palavra de DEUS na medida em que reflete e reproduz
o texto original”. Aqueles que, a exemplo de Davis, sustentam que “os
manuscritos [autógrafos] não desempenham nenhum papel relevante para minha
compreensão da Bíblia, pois creio que as Bíblias que hoje temos são infalíveis
e constituem a Palavra de DEUS para todos quantos as lêem”, estão simplesmente
sendo ingênuos ou tolos. A limitação ao texto autógrafo é uma atitude de bom
senso que todos os evangélicos acabam por adotar em um determinado momento, já
que é seu desejo preservar a qualidade extraordinária da Palavra de DEUS
escrita.
A
IMPORTÂNCIA DA LIMITAÇÃO
Tendo exposto
detalhadamente o que diz a Bíblia sobre a relação dos autógrafos para com as
cópias, e a importância de cada um deles; e depois de explicar em que sentido
os evangélicos limitam a inerrância aos autógrafos, e o que isso implica para
as cópias atuais, concluímos apresentando a base teológica para essa restrição.
Todavia, uma pergunta logo vem à tona: não seria essa, afinal de contas, uma
discussão trivial, uma vez que jamais teremos acesso aos autógrafos? Piepkorn
observa: “Uma vez que os documentos originais são hoje inacessíveis e, ao que
tudo indica, jamais serão recuperados, qualificar tais documentos de inerrantes
é, em última análise, de valor prático nulo”. Evans faz a seguinte indagação
retórica: “De que forma a inexistência de erros nos originais afeta o registro
com erros de que hoje dispomos?”. A resposta imediata a isso é que a restrição
da inerrância aos autógrafos permite-nos confessar de forma consistente a
veracidade divina — o que é, sem dúvida alguma, muito importante! Se não pudéssemos
fazê-lo, a teologia ficaria seriamente prejudicada. Só com um autógrafo
inerrante será possível evitar que se atribuam erros ao DEUS da verdade. Um
erro no original seria um erro do próprio DEUS, já que ele, nas páginas das
Escrituras, assume a responsabilidade pelas palavras dos autores bíblicos. Os
erros encontrados nas cópias, entretanto, são de responsabilidade exclusiva dos
escribas que as transcreveram, não podendo, portanto, ser imputados a DEUS. Faz
alguns anos, um teólogo “liberal” […] observou que pouco importava se um
determinado par de calças, originalmente perfeitas, hoje estavam cobertas de
remendos. Ao que o destemido e sempre espirituoso David James Burrell retrucou
dizendo tratar-se de coisa de somenos importância para o dono das calças,
embora o alfaiate que as confeccionou jamais teria permitido que saíssem de sua
loja naquele estado. Por fim, acrescentou que se o Altíssimo fosse achado entre
os mestres da tesoura, sem dúvida seria ele o mais hábil de todos, incapaz de
liberar uma roupa se nela houvesse uma costura malfeita. Se as Escrituras, a
exemplo das palavras de Homero e de outros, chegaram até nós graças
simplesmente à providência divina geral na história, disso decorre que a
presença de erros nos originais pouca diferença faria para nós; já a inspiração
é coisa totalmente distinta. “Surpreendente, na verdade, é a maneira arrogante
como os teólogos modernos relegam a doutrina da inerrância das Escrituras
originais ao limbo da insignificância”, exclama Young, pois a veracidade de
DEUS e a perfeição da divindade não são algo que se possa separar dessa
doutrina. Ele, naturalmente, nos diz que sua Palavra é pura. Se, porém, há
erros nessa Palavra, disso deduzimos que não é pura […] Ele diz que sua lei é a
verdade. Sua lei contém a verdade; acreditamos nisso. Contudo, sabemos que
contém erros. Se os autógrafos das Escrituras se encontram desfigurados pelo
erro, segue-se daí que DEUS não nos disse a verdade sobre sua Palavra. Supor
que ele seria capaz de gerar uma Palavra que contivesse erros é o mesmo que
dizer que o próprio DEUS comete erros. No momento em que admitimos isso,
perdemos, em princípio, o fundamento derradeiro do conhecimento teológico.
Nossa certeza pessoal de salvação, alicerçada objetivamente nas Escrituras, vai
por água abaixo — uma vez que as promessas divinas, por mais bem-intencionadas
que sejam, não são imunes ao erro. O fato de que não sejamos capazes de ver
hoje os autógrafos inerrantes não anula a importância da afirmação de que um
dia eles existiram. Como assinala Van Til, quando se atravessa um rio cujas
águas já começam a cobrir a ponte, ficamos felizes em saber que a ponte está
ali, ainda que não possamos vê-la! Em momento algum desprezamos a importância
dessa ponte que não conseguimos ver, a ponto de tentar cruzar o rio em outro
local qualquer. Ao olhar para a Bíblia que tenho em mãos, não vejo nela uma
cópia fiel dos autógrafos, mas sem dúvida fico feliz em saber que eles amparam
minha caminhada e fazem uma ponte entre mim e DEUS, permitindo que eu volte para
ele sem que para isso tenha de recorrer arbitrariamente a um outro expediente
qualquer. O valor da minha Bíblia é conseqüência, no fim das contas, de sua
dependência em relação aos originais inerrantes, como mostra R. Laird Harris:
Se refletirmos um pouco, veremos que a doutrina da inspiração verbal é válida,
mesmo que não tenhamos mais acesso aos originais. Suponhamos, à guisa de
ilustração, que queiramos medir o comprimento de um lápis qualquer. Com a ajuda
de uma fita métrica, verificamos que o lápis em questão mede 15 cm. Com o
auxílio de uma régua mais precisa, constatamos que ele mede, na verdade, 15,5
cm. Se verificarmos novamente o tamanho do lápis usando uma régua de
engenheiro, veremos que mede pouco mais de 15,53 cm. Agora, se o medirmos cuidadosamente
com uma régua de aço dentro de um laboratório, observaremos que o lápis medirá
15,512 cm. Não satisfeitos, mandamos o lápis para Washington, onde aparelhos de
medição sofisticados mostrarão que ele mede 15,5126 cm. A medição obtida nesses
aparelhos será referendada por uma medida padrão gravada em uma barra de
platina na capital americana. Suponhamos, agora, que o jornal noticie o roubo
dessa barra por um criminoso muito inteligente, que a teria derretido para
obter o metal precioso usado em sua fabricação. Isso aconteceu de fato com a
medida padrão britânica! Que diferença isso faria para nós? Muito pouca. Nenhum
de nós jamais viu a tal barra de platina. É possível que muitos nem sequer
soubessem que ela existia. Apesar disso, usamos tranqüilamente fitas métricas,
réguas, escalas e objetos de medição semelhantes. O valor dessas medidas
aproximadas depende de outras, mais precisas. Contudo, essas aproximações são
também de imenso valor — se tiverem, naturalmente, um padrão preciso à sua
retaguarda. Concluímos, portanto, que apesar de não termos à mão um texto
inerrante, isso não impede que sejamos abençoados e possamos formular as
grandes doutrinas da fé. A importância dos autógrafos, por conseguinte, não
fica anulada, e a afirmativa de que DEUS não tinha necessariamente de nos dar
originais inerrantes revela-se ilusória. DEUS pode atuar por meio de nossas
cópias imperfeitas e manifestar a nós a fé salvadora, mas isso não diminui a
diferença qualitativa entre um original perfeito e sua cópia imperfeita — assim
como um mapa imperfeito pode nos guiar até nosso destino, embora falte a ele um
detalhamento que só um mapa mais preciso pode apresentar. Nunca é demais
ressaltar que a inerrância limita-se aos autógrafos das Escrituras e, ao mesmo
tempo, fazer a distinção aí implícita. Concordamos com Davis que DEUS não
preservou de erros os copistas e que, mesmo assim, a igreja prosperou e
sobreviveu com o texto a que teve acesso, mas concluir daí que um autógrafo
inerrante não fosse vital para DEUS nem necessário para nós, seria o mesmo que
cair na falácia da generalização apressada. A importância da inerrância
original é que ela nos capacita a confessar de maneira consistente a veracidade
de DEUS. Assim, ficamos desobrigados de dizer que aquele que se chama a si
mesmo de “Verdade” cometeu erros e mentiu naquilo que disse. Todavia, é
possível que alguns se perguntem: “Se DEUS se preocupou e considerou crucial
garantir uma precisão absoluta ao texto original da Escritura, por que não
teria se preocupado, e com maior fervor ainda, em preservar de erros as cópias?
Por que permitiu a introdução de erros na transcrição dos originais?”. Vários
evangélicos afirmam que DEUS assim o fez para evitar que seu povo caísse na
idolatria e passasse a adorar os manuscritos inerrantes. Com isso, porém, caem
no mesmo erro de muitos críticos da inerrância original no tocante a outros
pontos — a saber: confundem o texto autógrafo com o códice autógrafo. Os
manuscritos originais podem muito bem ter desaparecido, evitando assim que fossem
idolatrados, mas a pergunta que persiste é por que o texto dos autógrafos não
foi preservado de erros? Talvez uma resposta mais convincente seja a de que a
necessidade da crítica textual, cuja existência se justifica pela existência de
um texto falho das Escrituras, teria como efeito desviar a atenção de detalhes
triviais do texto (que poderiam vir a ser usados como amuletos ou cabala) para
a mensagem nele contida. Com o passar do tempo, porém, teríamos que abandonar
tais perguntas, que parecem trazer em si uma idéia a priori do que esperar de
DEUS e confessar: “Não sabemos por que DEUS não quis preservar o texto das
cópias originais da Bíblia”. “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, mas as
reveladas pertencem a nós” (Dt 29.29). DEUS preferiu não compartilhar conosco
por que motivo permitiu que o texto dos autógrafos fosse modificado em algumas
partes da Escritura. Saber a resposta a essa pergunta certamente não é condição
necessária para que afirmemos a limitação da inerrância aos autógrafos,
contanto que tal posição seja ratificada por bases suficientemente
independentes. Alguns evangélicos dão a impressão, em seus escritos, de
acreditar que dois tipos muito diferentes de restrição à inerrância da
Escritura são igualmente prejudiciais à doutrina e têm praticamente o mesmo
efeito. Os evangélicos que acreditam na existência de erros no texto bíblico
restringem a confiabilidade plena das Escrituras às questões próprias da
revelação que podem nos tornar “sábios para a salvação”, ao passo que os
evangélicos adeptos da inerrância limitam-na ao texto autógrafo. Uma vez que
prevalece a idéia de que esses dois tipos de restrição têm o mesmo efeito
prático, os defensores da presença de erros no texto bíblico por vezes afirmam
que a oposição dos evangélicos (que defendem a inerrância) ao seu ponto de
vista é trivial. Afinal de contas, presume-se que o status epistemológico dos
dois pontos de vista seja o mesmo, uma vez que os erros existentes nas cópias
da Escritura que possuímos não podem ser ignorados, ameaçando com isso a
autoridade indisputável desses manuscritos. Se, porém, analisarmos com bastante
cuidado a questão, veremos que a importância da inerrância dos originais não
fica fragilizada por esse raciocínio. Se os manuscritos originais da Escritura
contiverem erros, não há como sabermos qual a extensão deles. A amplitude de
possíveis falhas é praticamente ilimitada, pois quem pode afirmar em que
momento um DEUS que comete erros deixará de cometê-los? Quem ousará dizer que
sabe como consertar os “erros” de DEUS? (compare com Rm 3.4; 9.20; 11.34; 1Co
2.16). Em contrapartida, erros de transmissão podem, em princípio, ser
corrigidos pela crítica textual. Wenham compreendeu isso quando disse:
Comenta-se que como não há necessidade de inerrância neste momento, não há razão
por que supor que um dia houve tal coisa. Todavia, a distinção entre a
Escritura, em sua forma manifestada original, e a Escritura tal como a temos
agora, não é mero pedantismo. Por um lado, é indispensável que nos apeguemos à
verdade absoluta da comunicação divina direta. DEUS não fala uma verdade
aproximada. As exposições humanas daquilo que DEUS disse, por outro lado,
aproximam-se efetivamente da verdade, o que nos permite falar de diferentes
graus substanciais de aproximação. Se a expressão “infalibilidade essencial”
for aplicada à comunicação divina, seu significado torna-se vago. É como um
remédio que se sabe adulterado, mas não se sabe até que ponto. Quando, porém, a
“infalibilidade essencial” refere-se às Escrituras, outrora inerrantes, porém
hoje ligeiramente degradadas em seu texto, o significado poderá ser preciso,
guardadas as devidas proporções. É como se estivéssemos diante de uma garrafa
com o seguinte rótulo: “Esta bebida contém menos de 0,01% de impurezas”. O
Senhor mesmo (no caso do AT) deu-nos o exemplo tomando ele próprio o remédio
que prescreveu. O último desejo de um homem em seu testamento não fica
invalidado por erros superficiais de transcrição; tampouco os testamentos de
origem divina da Bíblia. Uma inerrância que se restringisse às questões de fé e
prática (supondo[1]se, por enquanto, que seja possível separá-las dos
detalhes históricos e científicos da Palavra de DEUS) não se acha no mesmo
nível epistemológico de uma inerrância que compreende tudo o que foi ensinado
na Palavra de DEUS, limitando-se, porém, ao texto autógrafo. É impossível
preservar o princípio do Sola Scriptura com base na inerrância limitada, uma
vez que uma autoridade sujeita a erros — e que precisa ser corrigida por alguma
fonte externa — não pode atuar como fonte e árbitro exclusivo da teologia cristã.
Essa base filosófica da certeza, em que CRISTO fala de modo inerrante por meio
de uma revelação histórica que identificamos como a Palavra de DEUS escrita,
encontra-se preservada, em princípio, pela doutrina da inerrância original, mas
acha-se ao mesmo tempo viciada por uma doutrina de inerrância limitada, em que
DEUS fala em meio a erros sobre determinadas questões. A inerrância original é
para nós ponto de partida e autoridade última na busca da verdade e da derrota
do ceticismo filosófico; ao passo que a inerrância limitada não nos deixa em
uma posição epistemológica melhor, tampouco proporciona uma autoridade
teológica final mais segura do que aquela que nos proporciona a literatura
pagã. Do ponto de vista da teologia, por que deveríamos buscar o texto
autógrafo se isso não dá segurança alguma à palavra inerrante de DEUS? “Se o
erro tivesse se introduzido na verbalização profético-apostólica original da
revelação, não haveria nenhum vínculo essencial entre a recuperação de um texto
específico e o significado autêntico da revelação divina.” Em resumo, a
doutrina da inerrância original só permite que haja dúvidas no tocante à
identificação do texto — dúvidas que podem ser atenuadas por métodos empregados
na crítica textual. Nesse caso, a Palavra de DEUS continua isenta de erros até
prova em contrário; isto é, o que acho consignado em minha Bíblia deve ser tido
como verdadeiro a menos que alguém, movido por uma razão muito bem
fundamentada, levante dúvidas quanto à integridade do texto. A doutrina da inerrância
limitada, porém, ao afirmar a existência de erros inerentes ao texto em
questões relativas à história e à ciência, suscita dúvidas terríveis quanto à
verdade da Palavra de DEUS, e de tal forma que suas afirmativas não podem ser
totalmente acatadas até que sejam investigadas ou isentas de erros por uma
autoridade externa que dará a palavra final. Em outras palavras, a diferença
entre os que defendem a inerrância original e os que advogam a existência de
uma inerrância limitada fica evidente na divergência de resultados da crítica
textual em ambos os casos. No momento em que o texto em questão é identificado
por alguém que defende a inerrância original, o que se tem é uma verdade
incontestável. Contudo, para os que defendem a inerrância limitada, o texto
identificado não passa de algo que pode ser verdade (ou não). Vimos, portanto,
que a doutrina pela qual a inerrância fica limitada aos autógrafos da Bíblia
está longe de ser trivial ou irrelevante. Sua importância é enorme, não por que
a inerrância seja necessária aos planos de DEUS, possibilitando ao leitor
desfrutar de sua Bíblia, e sim para que seja mantida a veracidade de DEUS e a
autoridade epistemológica indisputável de nossos comprometimentos teológicos.
A CERTEZA DE
POSSUIRMOS A PALAVRA DE DEUS
Ao longo da
discussão anterior, insistimos na restrição da inerrância ao texto autógrafo da
Bíblia e defendemos com veemência essa posição. A pergunta natural que surge
agora é a seguinte: será que podemos ter certeza de possuirmos a Palavra de
DEUS genuína nas cópias e traduções que temos hoje à nossa disposição? Afinal
de contas, a inspiração e a inerrância das Escrituras limitam-se apenas ao
texto original e aplicam-se ao texto atual na medida em que este reflete o
original. Como podemos saber se as cópias existentes são de fato transcrições
substancialmente corretas dos autógrafos? A resposta aqui é dupla: a
providência divina e os resultados apresentados pela ciência textual
permite-nos sabê-lo. Se não partirmos do pressuposto de que DEUS falou claramente
e nos concedeu um meio adequado para que possamos saber o que ele disse de
fato, segue-se que a história toda da Bíblia e o projeto nela delineado do
plano de DEUS para a salvação do homem não fazem sentido algum. Conforme
observou James Orr, uma vez que a preservação do texto da Escritura é parte da
transmissão do conhecimento de DEUS, é razoável esperar que DEUS providencie o
meio para sua concretização; caso contrário, sua revelação aos homens se
frustrará. A providência divina cuida para que as cópias da Escritura não se
corrompam a ponto de se tornarem ininteligíveis aos propósitos originais de
DEUS ao nos concedê-la ou tão adulterada que acabe gerando uma falsificação
imensa do texto de sua mensagem. A Escritura nos assegura que a Palavra de DEUS
permanecerá para sempre (Is 40.8; Lc 16.17; 1Pe 1.24,25), e por meio de seu
controle providencial, DEUS garante o cumprimento de tal promessa. John Skilton
nos dá uma resposta bastante útil à discussão atual: Suponhamos que o cuidado e
a providência divinas, apesar de sua singularidade característica, não tenham
preservado nenhum dos manuscritos do AT ou do NT. Suponhamos ainda que DEUS não
tenha preservado de erros os que transcreveram as Escrituras durante o longo
período em que o texto sagrado foi retransmitido por meio de cópias
manuscritas. Temos, contudo, de reconhecer que o DEUS que nos deu as
Escrituras, que faz todas as coisas em conformidade com o conselho de sua
vontade, demonstrou um desvelo especial para com sua Palavra, preservando-a
durante séculos em um estado de pureza essencial, capacitando-a a realizar o
propósito para o qual nos foi concedida. É inconcebível que o DEUS soberano,
que se deleitou em nos dar sua Palavra como instrumento vital e necessário para
a salvação de seu povo pudesse permitir que ela se tornasse de tal modo
maculada em sua transmissão que já não pudesse mais exercer o Fim para o qual
nos foi legada. Pelo contrário, tão certo quanto o Senhor é DEUS, não podemos
esperar dele outra coisa senão um cuidado especial na preservação de sua
revelação escrita. A fé na consistência de DEUS — sua fidelidade à
sua intenção de tornar os homens sábios para a salvação — permite-nos inferir
que ele jamais permitiria que a Escritura se desvirtuasse de tal modo que não
pudesse mais cumprir seu propósito de modo adequado. Teologicamente, podemos
concluir que, para todos os fins práticos, o texto da Escritura é sempre
suficientemente preciso para que dele não nos desviemos. Se partirmos do
pressuposto de que DEUS é soberano, assinala Van Til, deixa de ser preocupante
o fato de que a transmissão da Escritura não seja totalmente preciso. A
providência divina cuidou para que a transcrição do texto bíblico se desse de
forma fundamentalmente precisa. Sustentamos, portanto, que a Bíblia hoje ao nosso
alcance é perfeitamente suficiente para nos levar a CRISTO, instruir-nos em sua
doutrina e guiar-nos em um justo viver. É óbvio que DEUS realizou sua obra na
igreja, e por meio dela, durante séculos, apesar de pequenas falhas nas cópias
existentes da Escritura. Por conseguinte, é natural que a necessidade de
restringir a inerrância aos autógrafos não se dá porque seja algo indispensável
à sua eficácia. “Não se segue […] que só um texto isento de erros possa ter
efeitos benéficos para os cristãos; tampouco os que crêem na inerrância da
Escritura defendem tal ponto de vista.” As cópias que hoje possuímos são
reconhecidamente precisas e suficientes para dirimir todas as dúvidas
possíveis, exceto por alguns detalhes de menor importância. Como deixa claro a
Confissão de Fé Westminster, ao limitar a inspiração imediata ao texto original
das Escrituras, a Bíblia em vernáculo comum utilizada pelos cristãos é
suficiente para todos os propósitos da vida religiosa e para a esperança dos
crentes (I.8). Podemos simplesmente ignorar a distinção entre os autógrafos e
as cópias, tornando-nos ousados em relação à Palavra de DEUS. Todavia, quando
passamos a estudar a Escritura mais detalhadamente, temos de levar em conta
essa distinção e permanecer receptivos a um texto mais preciso. A suficiência
das cópias e traduções atuais não eliminam, evidentemente, a necessidade da
crítica textual. “A verdade e o poder das Escrituras não ficam invalidados pela
presença de uma certa corrupção textual. Esse fato, porém, não deve ser motivo
para complacência. Um texto imperfeito deve ser substituído por outro de melhor
qualidade.” Afinal de contas, “se homens santos falaram da parte de DEUS, como
afirmam os cristãos, temos de levar em conta aquilo que disseram, e não uma
série de glosas interpoladas por algum escriba medieval”. Por respeito a DEUS e
à singularidade de sua Palavra, a igreja, como parte de seus cuidados para com
a Bíblia, procura fazer o melhor possível para corrigir as cópias existentes da
Escritura de modo que fique preservado integralmente o impacto daquilo que foi
transmitido originalmente, mantendo a fidelidade a questões específicas de fé e
prática.” As pessoas se perguntam, como já observei anteriormente, qual seria a
utilidade de um original inerrante se não é possível recuperá-lo de forma
alguma? “Esse é o problema da crítica textual”, observa Harris. Não é possível
no curto espaço deste texto analisar os princípios, a história e os resultados
da crítica textual. Seja como for, a qualidade evidente dos textos bíblicos à nossa
disposição é bem conhecida. O texto original nos foi comunicado praticamente em
todos os detalhes, o que justifica a declaração de Frederick Kenyon: O cristão
pode pegar a Bíblia toda nas mãos e dizer sem medo ou hesitação que ali está a
verdadeira Palavra de DEUS, legada a nós sem perdas essenciais de uma geração à
outra ao longo dos séculos. A crítica textual das cópias da Escritura que
possuímos trouxe resultados imensamente confortadores à igreja de CRISTO. Vos
conclui que “possuímos hoje o texto bíblico de uma forma substancialmente
idêntica à dos autógrafos”. Vale a pena reproduzir o que disse Warfield a esse
respeito: Em contrapartida, se compararmos o estado atual do texto do Novo
Testamento com o de um outro documento antigo qualquer, só há um veredicto
possível: o texto neotestamentário é maravilhosamente correto. Tal foi o
cuidado com que o NT foi copiado — um cuidado nascido sem dúvida alguma da
reverência por suas palavras sagradas; tal foi a providência de DEUS ao
preservar para sua igreja, em todas as épocas, um texto competente e exato das
Escrituras, que o NT não encontra paralelo entre os escritos antigos, tal a
pureza do texto transmitido e em uso. Mas não apenas isso, a infinidade de
testemunhos que chegou até nós, corrigindo os poucos erros encontrados no
texto, também é sem igual. A divergência entre o texto atual e os autógrafos
causa admiração em qualquer impressor contemporâneo: a proximidade com o texto
autógrafo é de causar inveja a todo leitor moderno de livros antigos. A grande
massa de textos do NT, em outras palavras, nos foi transmitida com pouca ou
nenhuma variação; e até mesmo na forma mais corrompida que já apareceu.
Conforme as palavras sempre citadas de Richard Bentley, “o texto real dos
escritores sagrados é de uma exatidão rigorosa; […] jamais um artigo de fé ou
um preceito moral corrompeu-se ou se perdeu […] por mais constrangedora que
nossa escolha possa ser, por mais perverso que seja o nosso intento ao
pinçarmos um texto qualquer entre todos à nossa disposição”. Se, portanto,
fizermos a crítica textual do NT como que por obrigação, a única conclusão
possível será necessariamente mediada pela inspiração da esperança. O texto
autógrafo do NT pode ser perfeitamente estudado pela crítica em sua maior
parte. Portanto, não há por que perdermos a esperança de restituir à igreja de
DEUS o livro divino, palavra por palavra, conforme DEUS o deu por inspiração
aos homens. Em outro lugar, Warfield afirma que aqueles que ridicularizam
os “autógrafos perdidos” sempre o fazem como se a Bíblia que nos foi legada por
DEUS estivesse a tal ponto perdida que não fosse possível recuperá-la, que os
homens têm agora de se contentar com textos irremediavelmente perdidos e que é
impossível saber o que havia nos autógrafos. Contra essa visão absurda e
extrema, Warfield sustentava que “temos o texto autógrafo” entre as cópias que
circulam entre nós, e não é impossível restaurar o original. Os defensores da
veracidade da Escritura sempre afirmaram, a uma só voz, que DEUS nos concedeu a
Bíblia como testemunho isento de erros de sua vontade para com os homens, e
que, em sua graça sem medida, preservou-a para eles até o dia presente — sim, e
a preservará até o final dos tempos [...] Não apenas era a Palavra inspirada,
dada por DEUS, isenta de erros, como também […] jamais deixou de sê-lo […] É
heresia confessa afirmar que os homens perderam o acesso à Bíblia inerrante,
assim como é heresia dizer que jamais houve uma Bíblia inerrante. A acusação de
que DEUS aparentemente não se preocupou em preservar o texto original básico é
vã, porque, longe de irremediavelmente corrompidas, nossas cópias praticamente
nos apresentam o texto autógrafo. O escárnio de que são vítimas os evangélicos
por causa dos “autógrafos perdidos” é totalmente sem propósito, já que não os
consideramos perdidos de forma alguma! Como assinala Harris: Para todos os
efeitos, temos os autógrafos. Portanto, quando dizemos que acreditamos na
inspiração verbal dos autógrafos, não estamos nos referindo a algo imaginário e
distante, e sim aos textos escritos por aqueles indivíduos inspirados, e que
foram preservados para nós com tanto desvelo por crentes fiéis de um passado
longínquo. A doutrina da inerrância original, portanto, não priva os crentes de
hoje da Palavra de DEUS em forma adequada no tocante a tudo aquilo que DEUS
quis revelar a seu povo. Ao pressupormos a providência divina na preservação do
texto bíblico, e observando ainda os resultados significativos obtidos pela
crítica textual das Escrituras, podemos ter plena segurança de que possuímos a
Palavra de DEUS necessária à nossa salvação e ao nosso viver com CRISTO. A
idéia de que o texto autógrafo perdeu-se para sempre não tem fundamento e é
totalmente vã. As Bíblias que temos ao nosso alcance são versões confiáveis da
mensagem original de DEUS, suficientes em tudo aquilo a que se propõem como
cópias e portadoras que são da Palavra de DEUS plena de autoridade.
CRÍTICAS FINAIS
Antes de dar
por encerrada nossa discussão, examinaremos três tipos finais de ataques
diretos à doutrina da limitação da inerrância ao texto autógrafo. O primeiro
deles alega que a doutrina não pode ser provada; o segundo, que não pode ser
defendida de maneira consistente ao lado de outras doutrinas e verdades
evangélicas sobre a Bíblia; e, por último, não é fiel ao ensinamento da
Escritura. Em primeiro lugar, existem aqueles que procuram exagerar a
impossibilidade da inerrância original porque os autógrafos há muito se
perderam. Uma vez que os manuscritos bíblicos originais não podem ser
inspecionados, porque não estão disponíveis, segue-se que não passa de
especulação tomá-los como documentos isentos de erros. Afinal de contas,
ninguém jamais viu efetivamente tais autógrafos inerrantes. A crítica, porém,
não compreende a natureza e a fonte da doutrina original da inerrância. Não se
trata de uma doutrina resultante da investigação empírica de certos textos
escritos; ela é, na verdade, um compromisso teológico alicerçado no ensinamento
da Palavra do próprio DEUS. A natureza de DEUS (que é a verdade) e a natureza
dos livros bíblicos (palavras efetivamente divinas) obrigam-nos a ver os
manuscritos originais, produzidos sob a orientação do ESPÍRITO SANTO da verdade,
como um corpus integralmente verdadeiro e sem erros. Com relação à crítica de
que os autógrafos sem erros jamais foram vistos, só podemos dizer que também os
autógrafos com erros jamais foram vistos. A idéia de que os originais da Bíblia
continham erros é algo tão distante da prova empírica direta disso quanto a
idéia contrária a ela. A questão básica continua a ser direcionada e respondida
pela Bíblia. Qual seria a natureza da Escritura dada pela boca do próprio DEUS?
Os evangélicos não acreditam que sua resposta a essa pergunta não possa ser
provada, e sim que a Palavra de DEUS a demonstra em toda a sua inteireza. Uma
segunda crítica direta à limitação da inspiração (e, portanto, da inerrância)
aos autógrafos foi formulada por George Mavrodes, que duvida do fato de que os
evangélicos se deixem guiar pelo princípio do Sola Scriptura e os desafia a
darem uma definição de “autógrafo” que se aplique a todos os livros da Bíblia,
e que não negue o emprego de amanuenses não inspirados na produção desses manuscritos
autógrafos (desconsiderando, portanto, a idéia de uma cópia literalmente
manuscrita pelo autor). Além disso, tal ponto de vista não deve restringir
arbitrariamente a inspiração aos manuscritos produzidos por esses amanuenses.
Já respondi a esse desafio no mesmo periódico em que foi lançado com o
argumento de que a inspiração não é algo restrito arbitrariamente ao texto
autógrafo, e sim de maneira prática, dado que não podemos ter certeza — uma vez
que não temos os autógrafos para comparar — de que cópias sujeitas a erros (já
que DEUS não prometeu que nos legaria cópias isentas de erros de sua Palavra)
serão rigorosamente precisas. Dito isso, entendo por autógrafo uma transcrição
feita pela primeira vez, de modo pessoal ou referendado, de um grupo único de
palavras composto por um autor específico. Nesse sentido, observamos que todo
livro bíblico tem um autógrafo — nada impede também que os amanuenses fossem
usados em sua produção. O fato de que o produto acabado é tido como “inspirado
por DEUS” (2Tm 3.16) assegura a transcrição inerrante pelos amanuenses sem
contudo colocá-los na mesma categoria do autor, que era movido pelo ESPÍRITO
SANTO (v. 2Pe 1.21). Por conseguinte, a limitação da inspiração ao texto
autógrafo é perfeitamente defensável, paralelamente a princípios teológicos
fundamentais (tais como o Sola Scriptura), além de fatos óbvios sobre a Bíblia
(como, por exemplo, o uso de amanuenses em sua produção). Em resposta a meu
artigo, Sidney Chapman optou por outro tratamento da questão ao criticar a
limitação da inspiração aos autógrafos. Ele conclui dizendo simplesmente o
impossível: que a Septuaginta era inspirada, uma vez que “toda Escritura é
inspirada por DEUS” (2Tm 3.16), e que Paulo tratou uma citação praticamente
tirada da Septuaginta como “Escritura” (Rm 4.3). Portanto, a versão da
Septuaginta era inspirada. Chapman, porém, acaba enredado em diversas falácias
lógicas no decorrer de sua argumentação. Em primeiro lugar, há um equívoco
óbvio no tocante à palavra Escritura encontrada nos dois textos citados. Em
Romanos 4.3, Paulo está simplesmente interessado no sentido ou significado do
ensinamento espiritual do AT registrado em Gênesis 15.6. Tal ensino pode ser
transmitido por uma cópia ou tradução precisa e, em face do público a quem se
dirigia, Paulo prontamente recorreu à versão da Septuaginta disponível. Em 2Tm
3.16, entretanto, Paulo refere-se à Escritura de maneira específica, como algo
procedente de DEUS, e que só pode ser encontrada nos autógrafos (ou textos
idênticos a eles contidos em manuscritos posteriores). Assim, a versão da
Septuaginta pode ser considerada “Escritura” em vista do fato de que expressa o
sentido do original, ao passo que os autógrafos são “Escritura” em sentido
preciso e literal, em si e por si mesmos. Quando me refiro à Nova Versão
Internacional como “Escritura” (porque entendo tratar-se de uma versão capaz de
transmitir com alta precisão o original), dificilmente quero dizer com isso que
não faço distinção entre a tradução para o português e o original em hebraico e
grego ou que não distingo entre os autógrafos e as cópias feitas com base
neles. Em segundo lugar, Chapman deve levar em conta o fato de que Paulo não
afirma explicitamente que a Septuaginta, ou qualquer parte dela, seja de fato
“Escritura”. Ele nem sequer menciona a Septuaginta nesse sentido. Além disso,
Paulo não salienta o fato, tampouco dá entender que a Septuaginta é “Escritura”
no mesmo sentido em que o termo é usado em 2Timóteo 3.16, uma vez que o texto
usado pelo apóstolo não é idêntico ao grupo de palavras empregado pela
Septuaginta. Em terceiro lugar, mesmo que a versão da Septuaginta nesse ponto
fosse “Escritura” no sentido pleno da palavra (e não simplesmente
escriturístico), só poderíamos conceder esse mesmo status a todos os textos da
Septuaginta se lançássemos mão de um expediente de composição falaciosa ou de
generalização apressada. Portanto, concluímos que Romanos 4.3 não ensina nem
mostra que a versão dos LXX era inspirada. Chapman não foi capaz de apresentar
um contraexemplo satisfatório para a tese de que a inspiração se limita ao
texto autógrafo da Escritura. A segunda vertente da argumentação de Chapman
contra a limitação da inspiração aos autógrafos afirma que tal restrição
acabaria também por restringir o desfrute da Escritura (v. 2Tm 3.16) aos
autógrafos. Nesse caso, as traduções que hoje temos à disposição de nada nos
serviriam para a doutrina e a instrução na justiça. Contudo, tal raciocínio não
leva em consideração os seguintes fatos:
1) uma tradução
atual pode ser escriturística em seu âmago, contanto que comunique o sentido
original da Palavra de DEUS;
2) uma vez que
os predicados “desfrute” e “inspirado” não implicam necessariamente uma
mutualidade, uma tradução moderna pode ser benéfica porque transmite a Palavra
de DEUS, e ainda assim não ser inspirada; e
3) o caráter de
inspiração e/ou desfrute de uma cópia ou tradução das Escrituras pode ser
aplicado gradativamente (conforme explicamos anteriormente neste capítulo).
Portanto, o fato de que a inspiração ou a inerrância limitam-se aos autógrafos
não significa que nossas cópias e traduções atuais da Bíblia não possam ser
usadas com proveito genuíno em nossa experiência cristã. Para concluir, este
estudo sustenta que, embora a Bíblia ensine sua própria inerrância, a
escriturização e a transcrição da Palavra de DEUS nos obrigam a identificar o
objeto próprio e específico da inerrância nos autógrafos originais. Esse ponto
de vista sensato e já provado pelo tempo é sustentado pelos evangélicos, pelo
que têm sido criticados e ridicularizados desde os tempos da controvérsia
modernista em torno das Escrituras. Não obstante isso, em conformidade com a
atitude dos autores bíblicos, que eram capazes de distinguir — e distinguiam de
fato — as cópias dos autógrafos, as cópias da Bíblia hoje disponíveis atendem
ao propósito da revelação e têm autoridade exatamente por que acredita-se que
estejam vinculadas ao texto autógrafo e à sua autoridade criteriológica. A
doutrina evangélica diz respeito ao texto autógrafo, e não ao códice autógrafo,
e sustenta que as cópias e traduções atuais são inerrantes na medida em que
refletem com precisão os originais bíblicos. Portanto, a inspiração e a
inerrância das Bíblias atuais não são uma questão que se possa aceitar ou
rejeitar pura e simplesmente. Os evangélicos defendem a doutrina da inerrância
original não como um artifício apologético, e sim por razões teológicas, a
saber:
1) DEUS não
prometeu que inspiraria os copistas e asseguraria a transmissão perfeita da
Escritura e;
2) a qualidade
extraordinária da Palavra revelada de DEUS deve ser preservada contra quaisquer
alterações arbitrárias.
A importância
da inerrância original não decorre do
fato de que DEUS não possa realizar seus propósito a não ser por intermédio de
um texto totalmente isento de erros, e sim que sem tal texto ficaríamos
impossibilitados de confessar a veracidade de DEUS, de confiar plenamente na
promessa de salvação registrada nas Escrituras e de defender a autoridade
epistemológica e o axioma teológico do Sola Scriptura (uma vez que os erros do
original, diferentemente daqueles oriundos da transmissão, não seriam, em
princípio, passíveis de correção). Podemos ter certeza de que possuímos a
Palavra de DEUS em nossas Bíblias atuais graças à providência divina. DEUS não
permite que seu objetivo de se revelar a si mesmo se frustre. Na verdade, os
resultados da crítica textual confirmam que possuímos um texto bíblico
substancialmente idêntico aos autógrafos. Por fim, contrariamente a críticas
recentes, a doutrina da inerrância (ou inspiração) original pode ser provada,
porque não foi corrompida pelo emprego de amanuenses por parte dos autores
bíblicos nem é contestada pelo uso que faz o NT da Septuaginta como
“Escritura”. Portanto, a restrição evangélica da inerrância aos autógrafos
originais é certa, basilar e defensável. Além disso, não coloca em risco a
suficiência e a autoridade de nossas Bíblias atuais. Por conseguinte, a
doutrina da inerrância original é recomendada a todos os crentes sensíveis à
autoridade da Bíblia como Palavra de DEUS e que se sentem motivados a
propagá-la como tal nos dias de hoje.
Fonte: A
Inerrância da Bíblia, Norman Geisler (editor), Editora Vida, pág. 185-232.
A Inerrância Da
Bíblia - Norman Geisler - pdf gratuito - Monergismo.com
Evidências
da Autenticidade das Escrituras - TEOLOGIA SISTEMÁTICA HORTON
Os parágrafos que se seguem, apresentam algumas das evidências em favor da
identidade da Bíblia como a Palavra de DEUS.
Apoio interno. É legítimo procurar a origem e o caráter de uma obra escrita por
meio do exame de seu conteúdo. A Bíblia fornece um testemunho interno
convincente de sua autoridade incomparável como a mensagem da parte de DEUS.
"E a evidência interna positiva de sua origem divina que dá poder e
autoridade às reivindicações da Bíblia”. 67
A Bíblia revela unidade e consistência espantosas quanto ao seu conteúdo,
levando-se em conta a grande diversidade havida na sua composição. Foi escrita
no decurso de um período de quinze séculos por mais de quarenta autores
provenientes de várias classes sociais - políticos, pescadores, agricultores,
médicos, reis, soldados e outro. Escreveram eles em diferentes locais (no
deserto, no palácio, na prisão) e em várias circunstâncias (na guerra, no
exílio, nas viagens). Alguns escreveram história; outros, leis; e ainda outros,
poesia. Os gêneros literários variam entre alegoria, biografia e
correspondência pessoal. Todos tinham os seus antecedente, experiências,
virtudes e fraquezas pessoais. Escreveram em continentes diferentes, em três
idiomas distintos, e trataram de centenas de temas. Mesmo assim, os seus
escritos combinam-se entre si para formar um todo consistente que desdobra,
de modo belíssimo, na história do relacionamento entre DEUS e a humanidade.
"Não é uma unidade superficial, mas profunda... Quanto mais profundamente
a estudamos, mais completa essa unidade se nos revela”. 68
Josh McDowell conta interessante história que compara a Bíblia com os Grandes
Livros do Mundo Ocidental. Posto que o conjunto de livros consista na obra de
muitos autores diferentes, o vendedor da coletânea reconhece que não oferece
nenhuma "unidade", mas uma mera "conglomeração”. 69 "A
Bíblia não é simplesmente uma antologia; há nela uma unidade que harmoniza todo
o conjunto. Uma antologia é compilada por um antólogo, mas nenhum antólogo
compilou a Bíblia".70 Semelhante unidade extraordinária pode ser mais
plausivelmente explicada como o resultado da revelação outorgada por um só
DEUS.71
A Bíblia, correlacionada com a natureza complexa do ser humano, lida com todas
as áreas essenciais de nossa vida. À medida que uma pessoa lê a Bíblia, esta,
por sua vez, lê a pessoa. Embora escrita há muitos séculos, fala dinamicamen-
te às necessidades de cada geração. É a voz de DEUS que a penetra até ao
próprio âmago de nosso ser, e oferece respostas plausíveis às perguntas mais
importantes (Hb 4.12,13). A Palavra de DEUS dirige continuamente o leitor em
direção a DEUS como a fonte originária da relevância e do propósito para si
mesmo e para o seu mundo. Para quem acolhe a sua mensagem, a Palavra tem poder
de transformação. Cria fé no coração, e leva-nos a um encontro dinâmico com o
DEUS vivo (Rm 10.17).
As Escrituras expõem um padrão de ética que supera em muito o que seria
esperado de homens e mulheres comuns. Conclama a pessoa a uma moralidade que
supera a nossa medida de justiça. "Cada um desses escritos... apresenta
ideias morais e religiosas muito adiantadas para a época em que surgiram, e
tais ideias continuam orientando o mundo".72 A Bíblia lida, com
franqueza, com os fracassos humanos e com o problema do pecado. Seu sistema
ético é compreensivo, pois inclui todas as áreas da vida. O alvo da ética
bíblica não é meramente o que a pessoa faz, mas o que a pessoa é. Aderir a um
código exterior está aquém da exigência que a Bíblia faz: a bondade no íntimo
(1 Sm 16.7; Mt 5; 15.8). Mas tanto o nosso fracasso moral quanto a nossa
redenção são entendidos somente em termos de nosso relacionamento com um DEUS
santo. Através da Bíblia, DEUS — nos chama, não a uma simples melhoria, mas à
transformação, para nos tornarmos novas criaturas em CRISTO (2 Co 5.17; Ef
4.20-24).
As profecias que falam dos eventos futuros (em vários casos, muitos séculos
antes) permeiam as Escrituras. A exatidão dessas predições, conforme o
demonstra seus respectivos cumprimentos, é realmente notável. Dezenas de profecias
dizem respeito a Israel e às nações em seu redor. Por exemplo: Jerusalém e o
seu templo seriam reedificados (Is 44-28); e Judá, embora salva dos assírios,
cairia nas mãos de Babilônia (Is 39.6; Jr 25.9-12). O restaurador de Judá, Ciro
da Pérsia, é mencionado pelo nome mais de cem anos antes de seu nascimento (Is
44.28).73 A Bíblia contém centenas de profecias feitas séculos antes dos
próprios eventos.74 Entre elas, há predições acerca do nascimento virginal de
CRISTO (Is 7.14; Mt 1.23), do local de seu nascimento (Mq 5.2; Mt 2.6), da
maneira de sua morte (SI 22.16; Jo 19.36), e do local de seu sepultamento (Is
53.9; Mt 25.57-60). 75
Alguns críticos têm procurado, através da atribuição de novas datas aos livros
do Antigo Testamento, minimizar o milagre preditivo das profecias bíblicas.
Mesmo se concordássemos com as datas menos antigas, as profecias ainda teriam
sido escritas centenas de anos antes do nascimento de CRISTO. (Posto que a
tradução da Septuaginta [LXX] das Escrituras Hebraicas foi completada cerca de
250 a.C, as profecias nela contidas teriam sido, forçosamente, compostas antes
dessa data).
Alguns têm sugerido que as profecias não predisseram a atividades de JESUS, mas
que o próprio JESUS agiu deliberadamente para cumprir o que fora dito no
Antigo Testamento. Muitas das predições específicas, porém, estavam além do
controle ou manipulação humanos. E os cumprimentos das predições não eram meras
coincidências, levando-se em conta o número significativo das pessoas e eventos
envolvidos. Peter Stoner examinou oito das predições a respeito de JESUS,
concluindo que, na vida de uma só pessoa, a probabilidade de elas se
coincidirem era de 1 e 1017 (1 em 100.000.000.000.000.000).76 A única
explicação racional de tantas predições exatas, específicas, a longo prazo, é
que o DEUS onisciente, soberano sobre a história, haja revelado tais
conhecimentos aos escritores sagrados.
Apoio externo. A Bíblia também tem áreas de apoio externo à sua asseveração de
que é a revelação divina. Quem negaria sua tremenda influência sobre a
sociedade humana? Impressa, no todo, ou em parte, em mais de dois mil idiomas,
é o livro mais lido de toda a história. 77 Reconhecendo-lhe a sabedoria e o
valor, cristãos e incrédulos, indistintamente, citam-na em apoio aos seus
pontos de vistas. Tem se dito que se a Bíblia fosse perdida, poderia ela ser
reconstruída em suas partes base a partir das citações tiradas dos livros que
se acham nas prateleiras das bibliotecas públicas. Seus princípios têm servido
como o alicerce das leis das nações modernas, e como o ímpeto maior para as
grandes reformas sociais da história. "A Bíblia... produziu os resultados
supremos em todas as profissões existentes na vida humana. Tem inspirado
sublimemente as artes, a arquitetura, a literatura e a música... Não há livro
que se compare a ela na sua influência benéfica sobre a raça humana." 78
DEUS atua na sociedade através das vidas das pessoas transformadas, e que
seguem os ensinamentos de sua Palavra (SI 33.12).
A exatidão da Bíblia em todas as áreas, incluindo pessoas, locais, costumes,
eventos e ciência, tem sido mostrada pela história e pela arqueologia. Ás
vezes, pensa-se que a Bíblia está historicamente errada, mas as descobertas têm
dado testemunho de sua veracidade. Por exemplo: há algum tempo, pensava-se que
a escrita não havia sido inventada senão depois dos tempos de Moisés. Mas
agora, sabemos que essa ciência remonta até antes de 3000 a.C. Houve tempos
quando os críticos negavam a existência de Belsázar. As escavações, contudo,
identificam-no com seu nome babilónico: Bel-shar-usur. Os críticos diziam que
os heteus, mencionados 22 vezes na Bíblia, nunca existiram. Agora sabemos que
eles foram uma grande potência no Oriente Médio. 79
A história bíblica é confirmada pelas respectivas histórias das nações
envolvidas com Israel. As descobertas arqueológicas continuam a apoiar e a
ajudar a interpretar o texto bíblico. McDowell compartilha com seus leitores
uma citação interessante de uma conversa entre Earl Radmacher, presidente do
Seminário Batista Conservador do Oeste, e Nelson Glueck, arqueólogo e
ex-presidente de um seminário teológico judaico:
Tenho sido acusado de ensinar a inspiração verbal e plenária das Escrituras...
Mas só cheguei a dizer que, em todas as minhas investigações arqueológicas,
nunca descobri um único artefato da antiguidade que contradissesse qualquer
declaração da Palavra de DEUS. 80
O mesmo juízo foi pronunciado pelo renomado arqueólogo William F. Albright:
O ceticismo excessivo dirigido contra a Bíblia por escolas históricas
importantes dos séculos XVIII e XIX... vem sendo progressivamente
desacreditado. Uma descoberta após outra tem confirmado a exatidão de
pormenores, e tem aumentado cada vez mais o reconhecimento do valor da Bíblia
como fonte de informações exatas para a história. 81
Mesmo os estudiosos que negam a exatidão total da i Bíblia por motivos
filosóficos, sentem grandes dificuldades em defender a alegação de que há
inexatidões no texto bíblico. Kenneth Kantzer comenta: "Embora Barth
continuasse a asseverar a presença de erros nas Escrituras, é muitíssimo
difícil localizar qualquer exemplo nos seus escritos de que realmente tais
erros existem".82 Considerando o grande número de pormenores na Bíblia,
espera-se uma coletânea considerável de tais erros. No entanto, a exatidão
espantosa da Bíblia indica que ela é, realmente, a revelação do DEUS
verdadeiro.
A capacidade notável da sobrevivência da Bíblia também dá testemunho de sua
autoridade divina. Comparativamente, poucos livros sobrevivem aos estragos
produzidos pelo tempo. Quantas obras literárias de mil anos de idade podemos
mencionar pelo nome? Um livro que sobrevive um século é um livro raro. A
Bíblia, porém, além de sobreviver, tem se multiplicado. Existem literalmente
milhares de manuscritos bíblicos; mais do que todos os manuscritos reunidos
das demais obras literárias. 83
O que torna mais notável a sobrevivência da Bíblia é o fato de ela haver
passado por incontáveis períodos, quando sua leitura era proibida pelas
autoridades eclesiásticas (durante a Idade Média) e das tentativas de vários
governantes em se eliminá-la. Desde o Edito de Diocleciano em 303, que ordenou
a destruição de todos os exemplares da Bíblia, até o presente, houve esforços
organizados para se destruir a Bíblia. "A Bíblia não somente tem recebido
mais veneração e adoração do que qualquer outro livro, como também tem sido
objeto da mais implacável perseguição e oposição". 84 Considerando que
durante os primeiros séculos do Cristianismo, as Escrituras eram copiadas
manualmente, a extinção total da Bíblia não teria sido humanamente impossível.
O célebre deísta francês Voltaire predisse que dentro de cem anos, o
Cristianismo desapareceria. Cinquenta anos depois da sua morte ocorrida em
1778, a Sociedade Bíblica de Genebra estava usando o seu prelo e a sua casa
para produzir grandes pilhas de Bíblias!85' Se, porém, a Bíblia realmente for a
mensagem da redenção divina à humanidade, sua indestrutibilidade não seria tão
espantosa. DEUS, com a sua mão onipotente, tem protegido a sua obra!
Tanto a autenticidade quanto a historicidade dos documentos do Novo Testamento
estão confirmadas de modo sólido. Norman Geisler indica que as evidências
documentárias em favor da autenticidade do Novo Testamento são esmagadoras, e
fornecem uma base, igualmente sólida, para a reconstrução do texto grego
original. 86 Bruce Metzger, especialista em crítica textual, informa que, no
século III a.G, os estudiosos em Alexandria indicavam que as cópias que
possuíam da Ilíada de Homero apresentavam cerca de 95% de fidedignidade.
Indica, também, que os textos setentrional e meridional da Mahabharata da
índia diferem entre si numa extensão de 26.000 linhas. 87 Isto se contrasta com
"mais de 99,5% de exatidão para as cópias manuscritas do Novo Testamento".88
Esse meio-porcento de diferença consiste principalmente nos erros de
ortografia dos copistas e, mesmo assim, passíveis de correção. Nenhuma
doutrina da Bíblia depende de algum texto cuja forma original não possa ser
determinada com exatidão.
JESUS e seu Conceito das Escrituras
No fim do século I (no mais tardar) os escritos do Novo Testamento já haviam
sido completados; muitos destes, entre 20 e 30 anos apenas após a morte e
ressurreição de JESUS. / Temos ainda a garantia de que até mesmo a narração dos
eventos foi orientada pelo ESPÍRITO SANTO a fim de que fossem evitados os erros
ocasionados por eventuais esquecimentos (Jo 14.26). Os evangelhos, que contam
detalhadamente a vida de JESUS, foram escritos por contemporâneos e testemunhas
oculares. Tais escritos, fartamente corroborados, fornecem informações
fidedignas a respeito de CRISTO e de seus ensinos. A autoridade da Palavra
escrita está ancorada na autoridade de JESUS. Posto que Ele nos é apresentado
como o DEUS encarnado, seus ensinos são verdadeiros e plenos de autoridade. Por
isso, o que JESUS ensina a respeito das Escrituras, determina sua justa
reivindicação à autoridade divina. JESUS dá testemunho consistente e enfático
de que elas são, de fato, a Palavra de DEUS.
Em especial, JESUS dirigia a sua atenção ao Antigo Testamento. Quando falava
de Adão, de Moisés, de Abraão ou de , Jonas, Ele os tratava como a pessoas
reais e históricas. Às vezes, correlacionava situações que lhe diziam respeito
com um evento histórico do Antigo Testamento (Mt 12.39,40). Noutras ocasiões, buscava
num determinado fato do Antigo Testamento apoio, ou reforço, para alguma coisa
que estava ensinando (Mt 19.4,5). JESUS honrava as Escrituras do Antigo
Testamento, e enfatizava que Ele não viera abolir a Lei e os Profetas, mas
cumpri-los (Mt 5.17). As vezes, fustigava os líderes religiosos por haverem
elevado as próprias tradições acima das Escrituras (Mt 15.3; 22.29).
JESUS, nos seus ensinos, citou pelo menos quinze livros do Antigo Testamento, e
fez alusão a muitos outros. Tanto no modo de falar quanto nas declarações
específicas, demonstrava com clareza a sua estima pelas Escrituras do Antigo
Testamento como a Palavra de DEUS. Era a palavra e o mandamento de DEUS (Mc
7.6-13). Citando Gênesis 2.24, JESUS declarou: "O Criador [não Moisés]...
disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe" (Mt 19.4,5). Disse que Davi
fez uma declaração "pelo ESPÍRITO SANTO" (Mc 12.36). A respeito de
uma declaração registrada em Êxodo 3.6, Ele perguntou: "Não tendes lido o
que DEUS vos declarou?" (Mt 22.31). Repetidas vezes, JESUS apelou à
autoridade do Antigo Testamento, citando a fórmula: "Está escrito"
(Lc 4.4). John W. Wenham assevera que JESUS entendia essa fórmula no sentido
de "DEUS diz!"
"Há uma objetividade grandiosa e sólida no uso do tempo pretérito perfeito
gegraptai, 'permanece escrito': 'aqui está o testemunho eterno e imutável do
DEUS Eterno, registrado por escrito para a nossa instrução'."89 O modo
decisivo de JESUS utilizar essa fórmula revela de modo enfático como ele
considerava a autoridade das Escrituras. "A Palavra escrita, portanto, é
a autoridade de DEUS para solucionar todas as disputas a respeito da doutrina
ou da prática. E a Palavra de DEUS nas palavras humanas; é a verdade divina em
linguagem humana".90 Os que gostariam de alegar que JESUS simplesmente se
acomodava ao modo judaico de entender as Escrituras, acompanhando passivamente
as supostas falsas crenças dos judeus nesse assunto, deixam totalmente
desapercebidos o seu tom enfático de plena aceitação e autoridade. Em vez de
acomodar-se às opiniões religiosas dos seus dias, Ele as corrigia, e colocava
as Escrituras de volta à sua suprema posição. Além disso, a acomodação à
mentira não é moralmente possível para o DEUS que é a mesma verdade (Nm 23.19;
Hb 6.18).
JESUS reivindicava a autoridade divina, não somente para as Escrituras do
Antigo Testamento, como também para seus próprios ensinos. O que ouve as suas
palavras e as pratica é sábio (Mt 7.24), porque os seus ensinos provêm de DEUS
(Jo 7.15-17; 8.26-28; 12.48-50; 14.10). JESUS é o semeador que semeia a boa
semente da Palavra de DEUS (Lc 8.1-13). Sua expressão frequente: "Eu,
porém, vos digo" (Mt 5.22), usada lado a lado com a total compreensão do
Antigo Testamento, demonstrava que "suas palavras levam toda a autoridade
das palavras de DEUS".91 "O céu e a terra passarão, mas as minhas
palavras não hão de passar" (Mt 24.35).
JESUS indicou, também, que haveria uma característica divina e especial no
testemunho que seus seguidores dariam dEle. O Senhor os havia treinado
mediante suas palavras e seu exemplo, e os comissionara para serem testemunhas
até aos confins da terra, ensinando as pessoas a guardar todas as coisas que
Ele lhes mandara (Mt 28.18-20). Ele lhes ordenara ainda que esperassem, em
Jerusalém, a vinda do ESPÍRITO SANTO, a quem o Pai enviaria em seu nome, para
que tivessem poder a fim de lhe servirem como testemunhas (Lc 24.49; Jo 14.26;
At 1.8). O ESPÍRITO SANTO faria os discípulos lembrar-se de tudo quanto JESUS
lhes dissera (Jo 14.26). O ESPÍRITO lhes ensinaria todas as coisas, guiá-los-ia
em toda a verdade, contar-lhes-ia o que havia de acontecer, lançaria mão das
coisas de CRISTO e as faria conhecidas aos discípulos (Jo 14.26; 15.26,27;
16.13-15).
Foram cumpridas as promessas que JESUS fizera aos seus discípulos. O ESPÍRITO
SANTO inspirou alguns deles a escreverem a respeito do seu Senhor.
Consequentemente, tanto os escritos do Antigo, quanto os do Novo Testamento;
enfim, a Bíblia toda reivindica, de modo específico e direto, que é a revelação
especial da parte de DEUS. 92
A Extensão da Autoridade Bíblica
A Bíblia trata de assuntos pertencentes a várias áreas: ciências econômicas,
geografia, cultura, biologia, política, astronomia etc. Todavia, não se declara
livro-texto exaustivo sobre tais assuntos, nem deve ser considerada como tal.
Os modos de vestir, os meios de transporte, as estruturas políticas, os
costumes e outras coisas correlatas, não são colocados como modelos a serem
seguidos pelo simples fato de haverem sido mencionados nas Escrituras. Embora
tudo quanto foi escrito nessas áreas seja fidedigno, não é necessariamente
normativo. A Escritura não pretende ser normativa nessas áreas, a não ser que
impliquem em questões teológicas ou éticas. (Por exemplo: do ponto de vista
bíblico, não faz diferença se montamos um camelo ou se andamos de automóvel,
mas se estes meios de transporte foram adquiridos de maneira honesta. Isto
sim, faz toda a diferença).
Os sessenta e seis livros da Bíblia reivindicam autoridade plena e total no
tocante à autorrevelação de DEUS e a todas as implicações quanto à fé e à
prática. Embora a autoridade da Bíblia seja histórica, porque DEUS se revelou
em eventos históricos, sua autoridade é primariamente teológica. A Bíblia
revela DEUS à humanidade, e explica o seu relacionamento com a sua criação.
Pelo fato de DEUS ter de ser conhecido através deste livro, suas palavras têm
de ser igualmente autorizadas. A autoridade da Palavra é absoluta - as
palavras do próprio DEUS a respeito dEle mesmo.
A autoridade ética da Bíblia provém de sua autoridade teológica. Não fala de
tudo quanto deve ser feito em todas as épocas, nem de tudo quanto era feito nos
tempos em que foi escrita. Mesmo assim, os princípios que ela apresenta, seu
padrão de retidão, suas informações a respeito de DEUS, sua mensagem de
redenção e suas lições para a vidas, são obrigatórios em todos os tempos e
épocas.
Certos trechos bíblicos não nos impõem determinada conduta, hoje, mas têm
autoridade por nos revelarem um aspecto do relacionamento de DEUS com a
humanidade. Por exemplo: as cerimônias do Antigo Testamento cumpridas em
CRISTO. "No caso de uma promessa (ou prefiguração) e seu cumprimento, a
figura só tem um propósito temporário, e cessa de ter autoridade obrigatória
depois de cumprida".93 Embora CRISTO seja o cumprimento, as cerimônias são
uma apresentação autorizada de um aspecto da obra divina da redenção. O
relacionamento entre DEUS e os seres humanos, e a condição destes diante de
DEUS, têm implicações para todos os aspectos da vida. Por isso, a Palavra tem
aplicação autorizada a todas as esferas de nossa vida.
O escopo da autoridade das Escrituras é tão extensivo como a própria autoridade
de DEUS em relação a todas as áreas da existência humana. DEUS está acima de
todas as áreas de nossa vida, e fala a todas elas mediante a sua Palavra. A
autoridade da Palavra escrita é a autoridade do próprio DEUS. A Bíblia não é
meramente um registro da autoridade de DEUS no passado, mas continua sendo a
autoridade de DEUS, hoje. Mediante a Palavra escrita, o ESPÍRITO SANTO
continua a confrontar os homens e mulheres, em nossos dias, com as
reivindicações de DEUS. Trata-se ainda de: 'Assim diz o Senhor!"
12
Dificuldades da Bíblia - Bíblia Através dos Séculos - Pr. Antônio Gilberto -
CPAD
I. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
1. As dificuldades da Bíblia situam-se no campo da Hermenêutica Sagrada.
2. Hermenêutica é o estudo das leis e princípios de interpretação das Sagradas
Escrituras, para se chegar ao sentido do texto bíblico.
3. O termo "hermenêutica" significa literalmente
"interpretar".
4. A Bíblia foi tecida no tear da História, e não pode ser realmente
compreendida se o leitor ignorar os acontecimentos e as circunstâncias que a
cercam, como por exemplo, a igreja primitiva e seu lugar no mundo greco-romano.
II. REQUISITOS PARA O PROGRESSO NO CONHECIMENTO DAS SAGRADAS ESCRITURAS
Antes de abordarmos o campo das dificuldades bíblicas, vejamos alguns
assuntos prioritários que devem preceder à abordagem de dificuldades bíblicas.
Um deles é o dos requisitos para o progresso no conhecimento das Sagradas
Escrituras.
O plano de DEUS para o cristão é que uma vez salvo prossiga até o pleno
conhecimento da verdade (1 Tm 2.4 ARA). A tragédia é que milhões de cristãos
estacionam após o primeiro passo na vida cristã, o que infalivelmente resulta
no seu nanismo espiritual.
Alguns
requisitos ou fatores de progresso no conhecimento da Palavra de DEUS, são os
que passamos a considerar.
1. A
espiritualidade do cristão (1 Co 2.15) É o cultivo da vida espiritual profunda.
Essa espiritualidade fundamenta-se num profundo amor à Palavra de DEUS (Dt
6.6b). Considerar, aí, o termo afetivo "coração".
2. A operação do ESPÍRITO SANTO no cristão (Jo 14.26; 16.13)
3. A oração constante do cristão (Tg 1.5)
4. O ministério de ensino de mestres cristãos (Ef 4.11). DEUS tem na sua Igreja
pessoas com o dom e o ministério de ensinar a sua Palavra.
5. Livros apropriados (2 Tm 4.13) Livros de cultura bíblica e secular.
6. Domínio da língua materna.
- Como poderá o leitor entender o sentido bíblico do texto, se não entender
antes, o que diz o texto na sua língua materna?
7. Conhecimento das línguas originais da Bíblia (um mínimo possível - temos
várias Bíblias e livros que trazem os originais, bem como para internet em
computadores e celulares).
8. Conhecimento de Hermenêutica Sagrada.
III. REGRAS PARA ELIMINAÇÃO DE DIFICULDADES BÍBLICAS
Este é outro assunto prioritário em relação a dificuldades da Bíblia.
Seguem-se algumas regras simples, postas em prática pelo autor, no estudo da
Bíblia, anos a fio.
1. Leitura simples, mas contínua da Bíblia toda. A leitura seguida e completa
de toda a Bíblia é a única maneira de conhecermos toda a verdade sobre um
assunto que se quer conhecer.
- Por que é preciso ler toda a Bíblia, nesse caso? - Porque a revelação divina
através da Bíblia é progressiva. Isto é, nada é dito de uma vez, nem uma vez
por todas. Um assunto inicia em Gênesis e termina no Apocalipse, por exemplo.
2. O contexto bíblico. Deve-se considerar sempre o contexto do que se estiver
lendo. Destacar textos bíblicos, isolar idéias, enquadrar num tema geral
ensinos de uma só parte da Bíblia, é cair em grave erro.
1) O contexto geral da Bíblia. Isto é, a analogia geral da Bíblia é um fato.
Noutras palavras: nela não há contradições.
2) O contexto imediato da Bíblia. Este pode ser anterior ou posterior ao texto
que se lê ou estuda.
3) O contexto remoto da Bíblia é o que fica a longa distância do texto em
consideração, mas que com ele faz liame.
3. Comparar Escritura com Escritura (2 Pe 1.20). Aqui o estudante precisa ter
um prévio e geral conhecimento da Bíblia e dispor, pelo menos, de uma
concordância bíblica completa. Isto é, deixar a Bíblia falar por si mesma!
4. Qualificações intelectuais do estudante.
5. Qualificações espirituais do estudante Especialmente humildade e piedade.
6. Os sentidos da Escritura
O estudante da Palavra de DEUS deve ter sempre em mente durante o estudo, os
dois grandes sentidos do texto bíblico:
• O sentido literal do texto.
• O sentido figurado do texto.
IV. O PERIGO DO INTELECTUALISMO
1. O nosso século é caracterizado pela busca incessante do saber por parte
de todos, e também pela oferta do saber, considerada a multiplicação e a
modernização dos meios de comunicação de massa e instituições de ensino. Essa
busca e oferta podem ser do saber legítimo ou do falso (1 Tm 6.20).
2. Na área da Bíblia há uma tendência atual do estudante de depender
primeiramente do seu intelecto, de cursos, de saber acumulado, de livros de
consulta, sem depender primeiramente dos meios divinos, caindo, assim, infalivelmente,
no modernismo teológico, no racionalismo e no humanismo, no liberalismo
teológico.
3. Os livros, escolas e cursos podem ser bons, mas jamais serão substitutos da
Bíblia.
4. Devemos, sim, examinar livros, mas não para sermos um mero eco ou reflexo
deles. Há divergência entre autores de livros, mas na Bíblia, jamais! Não
devemos levar mais tempo com os livros, do que com a própria Bíblia!
V. DIFICULDADES DA BÍBLIA
• Referências a considerar, ao se estudar este assunto (Dt 29.29; SI 145.3;
Ez 14.23; Rm 11.33,34; 1 Co 13.12; 2 Pe 3.16).
• Há, é certo, dificuldades na Bíblia, mas não contradições. Não há nela
contradições históricas, nem científicas, nem doutrinárias.
• As dificuldades da Bíblia são todas do lado humano, como: tradução mal feita,
estudo superficial, má compreensão, incapacidade humana, idéias preconcebidas,
falsa aplicação do texto, falhas de editoração, interpretação forçada.
• Os inimigos da Bíblia, ou aqueles que a encaram apenas como literatura comum,
sustentam haver erros nela, mas é claro que um espírito ceticista, farisaico,
preconceituoso e orgulhoso, sempre achará falhas na Bíblia, porque dela se
aproxima querendo "importar" suas falsas idéias, quando a atitude
correta, devia ser "exportar" as idéias dela.
• Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano.
Portanto, ao encontrarmos na Bíblia um trecho discrepante, não pensemos logo
que é erro!
Passemos agora
a considerar as dificuldades da Bíblia.
1. DIFICULDADES LINGÜÍSTICAS
a. Línguas originais antigas. Línguas essas que evoluíram tremendamente. As
duas principais línguas originais são o hebraico e o grego (pequenos trechos em
aramaico também).
Uma dessas línguas principais é semítica: o hebraico; outra é helênica: o
grego.
b. Linguagem figurada em abundância Isto é um fato comum na Bíblia.
c. Diferentes gêneros literários - Isto, por serem muitos os escritores, como
por exemplo: Encontramos na Bíblia Epístola, Biografia, Poesia, História, Drama
e Tragédia
d. Má tradução das línguas originais. Isto constitui séria dificuldade.
e. Língua materna do falante.
Alguns exemplos
na Bíblia, de dificuldades linguísticas.
1) Gênesis
10.25
"E a Éber nasceram dois filhos: o nome dum foi Pelegue, porquanto em seus
dias se repartiu a terra..." Aqui, se trata de repartir no sentido de
fissura, separação, divisão.
Há muitos verbos hebraicos que significam dividir, repartir, havendo pequena
diferença entre eles. Dois desses verbos têm significado bem diferente:
"chalak", dividir, aquinhoar, partilhar. O outro verbo é
"palag", dividir fazendo pressão ou força sobre o objeto a ser
dividido. É este o verbo usado em Gênesis 10.25.
Trata-se, pois, aqui, na terra sendo dividida em continentes.
Em Gênesis 1.9, temos a terra formando um só bloco. No mesmo livro, 10.25,
temos a terra sendo dividida em continentes. Ainda hoje os continentes
continuam se separando, conforme afirma e comprova a ciência. (vide na internet
- pangeia)
2) Esdras 4.6
"E sob o reino de Assuero, no princípio do seu reinado, escreveram uma
acusação contra os habitantes de Judá e de Jerusalém". Esse
"Assuero" é o mesmo "Xerxes" da História secular.
"Assuero" é vocábulo hebraico; "Xerxes" é vocábulo grego.
3) Isaías 45.1
"Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro. "Ciro, chamado por DEUS de
"meu ungido", sendo ele um homem não-crente.
O termo "ungido", em hebraico é "messias". Este termo não
se refere apenas a JESUS. Em algumas passagens, refere-se a reis, profetas, e
sacerdotes de Israel. No caso de Ciro, refere-se à sua designação por DEUS,
para uma missão especial. O termo, nesse caso, nada tem a ver com a
santificação ou caráter de Ciro.
4) Isaías 45.7
"Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o
Senhor faço todas essas coisas". "Mal" aqui, não é mal no
sentido moral, mas no sentido de contratempos.
5) Mateus 12.40-ARC
"Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia,
assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra".
"Baleia" na ARC, é má tradução. No grego é "ketos", peixe.
No hebraico é "daggadol", peixe grande. Ora, todos sabem que baleia
não é peixe! A versão ARA traduziu corretamente: "peixe".
6) Mateus 23.35 + 2 Crônicas 24.20
Mateus 23.35 diz que o homem morto no templo foi Zacarias, filho de Baraquias.
2 Crônicas 24.20,21 afirma que o homem morto no templo foi Zacarias, filho de
Jeoiada. É que o termo hebraico Jeoiada corresponde ao grego Baraquias.
2. DIFICULDADES
GEOGRÁFICAS
a. A Bíblia foi escrita em lugares de três
continentes (Europa, Ásia e África), contendo portanto expressões, imagens
mentais e pensamentos bem diferentes entre si.
b. A Bíblia cita lugares com mais de um nome cada um, como veremos no
exemplário adiante.
c. A Bíblia dá um mesmo nome a diversos lugares.
d. A Bíblia trata de lugares que há muito trocaram de nome: (países, cidades,
rios, montanhas, mares, etc).
e. Exemplos de dificuldades bíblicas geográficas
1) Diferentes lugares com um mesmo nome: Cesaréia de Filipe, no Norte da
Galiléia, cidade interiorana. Cesaréia, porto marítimo, capital política da
Palestina, nos dias de JESUS, na província da Judéia (Mt 16.13; At 8.40).
Outras cidades com nomes iguais, Antioquia da Síria (At 13.1) Antioquia da
Pisídia (At 13.14)
2) Um mesmo lugar com mais de um nome:
Mar da Galiléia
Mar de Genezaré
Mar de Tiberíades
3) Lugares que trocaram de nome:
Pérsia (Irã)
Babilônia (Iraque)
Ilírico (Iugoslávia)
Sevene (Ez 29.10) corresponde à moderna Assuam, no Egito.
3. DIFICULDADES ANTROPOLÓGICAS
a. Toda dificuldade bíblica é basicamente antropológica.
b. Incapacidade de compreensão da revelação divina.
c. Incompetência do leitor.
d. Ignorância de fatos que esclarecem o assunto.
e. Nanismo espiritual.
f. Exame superficial do texto bíblico.
g. Culturas orientais dos tempos bíblicos, totalmente diferentes das nossas
ocidentais atuais. São usos e costumes que já não existem, nem mesmo lá no
Oriente, quanto mais aqui.
h. Desqualificação do estudante, por incompetência de cultura geral, cultura
bíblica, e crítica textual científica (Hermenêutica).
i. Diferentes personagens com o mesmo nome.
j. Nomes diferentes dados a uma mesma pessoa.
1. Exemplário de dificuldades antropológicas
1) Herodes. Há sete deles na Bíblia. Como diferençá-los.
2) César, o imperador. Há três mencionados no NT. É preciso determinar qual
deles é o do texto em tratamento.
3) Diferentes nomes para uma pessoa:
Jetro, o sogro de Moisés aparece na Bíblia com quatro antropônimos:
• Jetro (Êx 3.1; Êx 18.2)
• Reuel (Êx 2.18; Números 10.29)
• Raguel (Nm 10.29) (FIG)
• Hobabe (Jz 4.11) - (Não confundir com Hobabe, filho do próprio Jetro, Nm
10.29).
O rei Jeoiaquim, de Judá, aparece com três nomes:
• Jeoiaquim (2 Rs 23.36 ARC) (Jeoaquim, ARA)
• Jeconias (1 Cr 3.16,17)
• Conias (Jr 22.24 ARC)
4) Dificuldades de compreensão.
Êxodo 29.37 - "...e o altar será santíssimo: tudo o que tocar o altar será
santo".
O sentido é que tudo o que tocar o altar deverá santificar-se antes disso.
Mateus 18.18; 16.19
"Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares
na terra será desligado nos céus". O sentido, é que, aquilo que a Igreja
desligar ou ligar aqui na terra, deverá ser o que já foi desligado ou ligado
nos céus. Os modismos do grego, em tais casos, são de difícil tradução para as
línguas neolatinas. Outro caso: 1 João 3.9. Temos aí o presente infinitivo
ativo, no grego, de difícil precisão em português a não ser que se adote
paráfrase.
5) Contexto histórico:
Por exemplo: Filipenses 3.20: "a nossa cidade está nos céus".
"Nossa cidade" significa nossa cidadania. O leitor precisa conhecer o
sentido especial de "cidade" entre os romanos, naquela parte do
mundo, e conhecer a história de Filipos, para entender de fato esses
versículos.
4. DIFICULDADES CRONOLÓGICAS
a. A Bíblia, quando menciona datas, fá-lo com base em eventos importantes,
mas particulares. Os escritores da Bíblia não dispunham de um sistema de datas,
como os temos no mundo ocidental. Daí, toda cronologia bíblica ser incerta.
b. Dificuldades nas eras. As eras atuais entraram em uso há pouco tempo, em
comparação com a extensão da história bíblica. A Era Grega vem de 776 a.C.
(data da primeira Olimpíada); a Era Romana vem de 753 a.C. (data da fundação de
Roma); a Era Maometana vem de 662 d.C. (data em que Maomé fugiu de Meca); a Era
Cristã vem de 5 a.C. (data do nascimento de CRISTO), etc.
Essa pluralidade de eras choca o leitor comum ou leigo, que só tem noções do
nosso calendário...
c. Dificuldades no texto bíblico. Há, especialmente no período dos juízes de
Israel, no período do reino dividido, e no dos profetas, muitos períodos
coincidentes em parte, reinados associados, intervalos de anarquia política,
frações de anos tomadas por anos inteiros, parte tomada pelo todo, e
arredondamento de números.
d. O erro do nosso calendário. O nosso próprio calendário (chamado Calendário
Gregoriano) está atrasado em quase 5 anos devido a um erro de cálculo de
Dionísio, o monge que o organizou.
É ainda digno de nota que, em 1582 d.C, o Papa Gregório XIII alterou o
calendário cristão, aumentando-lhe 10 dias, para corrigir uma diferença de
minutos que se vinha acumulando desde o ano 46 a.C, quando César reformou o
calendário de então.
e. O dia civil. Entre os judeus era contado de um pôr-do-sol a outro. Entre os
romanos ia de uma meia-noite a outra. O evangelista João emprega o calendário
romano, de modo que parece haver choque de horário nos eventos da paixão de CRISTO,
entre ele e os demais evangelistas, mas não há.
f. O ano. O ano judeu era lunar, causando desencontro entre ele e as estações
agrícolas. Para corrigir isto, os judeus tinham, cada três anos, um ano com 13
meses. Isto forçou os israelitas a adotarem o ano do ciclo solar, mais tarde.
g. A Bíblia foi escrita num extenso período de 16 séculos. Isto implica uma
evidente dificuldade cronológica.
h. Exemplos de dificuldades cronológicas da Bíblia:
1) Gênesis
15.13 e Êxodo 12.40
Gênesis 15.13 afirma que a peregrinação de Israel seria de 400 anos em terra
estranha. Êxodo 12.40 e Gálatas 3.17 falam de 430 anos. Gênesis 15.13 trata,
sem dúvida, de arredondamento de números, porque o somatório dos dados
fornecidos pelo livro de Gênesis perfaz 430 anos, a saber: • 75? ano de Abraão
(Gn 12.14), o nascimento de Isaque, quando Abraão tinha 100 anos (Gn 21.5) 25
anos
• Do nascimento de Isaque (Gn 21.5) ao nascimento de Jacó (Gn 25.26)... 60 anos
• Do nascimento de Jacó (Gn 25.26), à sua morte (Gn 47.28)... 147 anos
• Da morte de Jacó (Gn 47.28) à morte de José (Gn 37.2 + Gn 41.46 + Gn 47.28 +
Gn 50.22)... 54 anos
• Da morte de José (Gn 50.22) ao Êxodo dos israelitas
(Êxodo 12.17)............................................... 144 anos
2) Gênesis 2.2,3 - .......................................430 anos
Os seis dias da criação adâmica, foram ou não dias de 24 horas?
Foram dias de 24 horas. É somente comparar Gênesis 2.2,3 com Êxodo 20.11 e
31.17, com o devido cuidado, e isenção de preconceitos.
5. DIFICULDADES IMAGINÁRIAS E PRECONCEITUOSAS
Essas dificuldades advêm do nosso modo humano de pensar, de julgar, e de
ver as coisas, e, nessa situação, queremos interpretar a revelação divina,
a. Exemplos de
dificuldades imaginárias e preconceituosas
1) Gênesis 6.2
"Viram os filhos de DEUS que as filhas dos homens eram formosas, e tomaram
para si mulheres de todas as que escolheram".
Um estudo acurado dos textos bíblicos pertinentes mostrará que "filhos de DEUS"
eram os descendentes da linhagem piedosa de Sete, e que as "filhas dos
homens" eram as descendentes da linhagem ímpia cainita. (Ver Deuteronômio
14.1; Mateus 22.30.) Os "filhos de DEUS" não poderiam jamais ser
anjos decaídos, porque estando eles decaídos, jamais poderiam ser chamados
"filhos de DEUS". Por outro lado, anjos não se casam, porque
pertencem a outra esfera de vida, posição e trabalho. (Ver Mateus 22.30.)
2) João 20.12 e Marcos 16.5
João 20.12 fala de dois anjos na manhã da ressurreição de JESUS. Marcos 16.5
fala de um anjo. Não há aqui qualquer dificuldade, porque onde há dois, há um.
3) Atos 20.35 - Aqui há menção de palavras de JESUS, que não são encontradas
nos Evangelhos. Não há qualquer dificuldade aqui. Muitas palavras que JESUS
falou não foram registradas. Com inúmeros milagres, ocorreu a mesma coisa (Jo
21.25).
4) Romanos 4.3 com Tiago 2.21: Abraão justificado pela fé e pelas obras ao
mesmo tempo. - Como? Pela fé, diante de DEUS, porque DEUS vê fé, e não obras,
para a salvação. Pelas obras, diante dos homens, porque o homem vê obras,
mudança de vida, e não fé.
6. APARENTES CONTRADIÇÕES
São aparentes
contradições, apenas. Exemplos:
a. Gênesis 46.27 e Atos 7.14
Gênesis 46.27 afirma que todos os descendentes de Jacó que foram ao Egito,
somaram 70 pessoas. Atos 7.14 afirma que eram 75 pessoas. A casa de Jacó era de
70 pessoas (Êx 1.5). A esse número precisamos somar 5 netos de José (que já
estavam no Egito).
Dois eram filhos de Manasses: Maquir e Gileade (Nm 26.29).
Três eram filhos de Efraim: Sutela, Bequer, Taã (Nm 26.35).
b. Números 25.9 e 1 Coríntios 10.8
Aqui se trata de um juízo divino que ceifou milhares de israelitas.
1 Coríntios 10.8 afirma que morreram 23.000 pessoas. Números 25.9 fala de todos
os que morreram daquela praga - 24.000
c. 1 Reis 8.12 versus 1 João 1.5
1 Reis 8.12 declara: "O Senhor disse que habitaria nas trevas".
1 João 1.5 declara que "DEUS é luz, e não há nele treva nenhuma".
1 Reis 8.12 fala de trevas no sentido de inescrutabilidade, mistério,
infinitude.
1 João 1.5 fala de trevas no sentido moral.
d. 1 João 2.15 e João 3.16
1 João 2.15. (gr "kosmos") Aqui a Bíblia adverte: "Não ameis o
mundo nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo o amor do Pai não está
nele". João 3.16. (gr "kosmos") Aqui a Bíblia afirma que "DEUS
amou o mundo".
1 João 2.15 fala de "mundo" como um sistema de vida, sob a influência
diabólica.
João 3.16 fala do "mundo" no sentido de "humanidade".
e. Ezequiel 20.25
Aqui se nos diz que DEUS deu a Israel estatutos que não eram bons.
O sentido é que DEUS permitiu que os captores de Israel, durante o cativeiro
baixassem leis para Israel que não eram boas para eles. Essas leis não eram a
lei de Jeová, como a vemos na Bíblia.
f. Mateus 27.9
Aqui está escrito: "Então se realizou o que vaticinara o profeta Jeremias:
Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, preço que certos
filhos de Israel avaliaram".
Ocorre que a profecia acima, encontra-se em Zacarias 11.12,13 e não em
Jeremias.
Certamente Jeremias profetizou, e Zacarias escreveu. Ou então Zacarias recebeu
profecia idêntica.
7. DIFICULDADES REAIS DA PRÓPRIA ESCRITURA
a. Lucas 16.9. Esta é de fato uma dificuldade bíblica, que, pelo menos o
autor não sabe explicar. A leitura em grego leva para a forma interrogativa.
Isso pode ajudar a resolver a dificuldade.
E eu vos
digo:granjeai amigos com as riquezas da injustiça, para que, quando estas vos
faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos. Lucas 16:9. (Ajude a todos
tanto na vida sem DEUS, quanto na vida cristã?)
b. 2 Tessalonicenses 2.6-8. - Quem, nesta passagem, é o elemento inibidor,
repressor, quanto à manifestação aberta do Anticristo aqui no mundo?
- Se consultarmos Gênesis 19, concluiremos que esse elemento é a Igreja do DEUS
vivo, habitada pelo ESPÍRITO SANTO.
Os anjos executores do juízo sobre as cidades da campina nada puderam fazer
enquanto Ló, o justo, não saiu de Sodoma.
De igual modo, o juízo do Dilúvio só ocorreu após Enoque ter saído deste mundo.
O mesmo acontece agora, enquanto a Igreja do DEUS vivo, habitada pelo ESPÍRITO SANTO,
permanecer na terra.
c. 1 Pedro 3.18,19
Texto realmente difícil!
'"Pregou", no v.18, é "kerusso", proclamar, anunciar (como
em Ef 2.17).
A passagem, sem dúvida está ligada a Atos 2.31 e Efésios 4.8,9.
nesta previsão,
disse da ressurreição de CRISTO, que a sua alma não foi deixada no Hades, nem a
sua carne viu a corrupção. Atos 2:31
Pelo que diz:
Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens. Ora, isto —
ele subiu — que é, senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas
da terra? Efésios 4:8,9
8. DIFICULDADES CIENTÍFICAS DA BÍBLIA
A Bíblia não é um manual de ciência, mas o manual da salvação.
Quando ela aborda fatos científicos, fá-lo não na linguagem técnica,
especializada da ciência, mas na linguagem do povo comum. Isto, tem se
constituído numa das dificuldades da Bíblia.
a. A esfericidade da Terra (Is 40.22) – RECENTEMENTE COMPROVADASE APELOS.
b. As estrelas são incontáveis (Jr 33.22)
c. O movimento sistemático do sol (SI 19.5)
d. O Universo envelhecendo (SI 102.25-27)
e. Fogo na crosta interior da terra (Jó 28.5)
f. O frio vem do Norte (Jó 37.9)
g. A luz tem "caminho", não "morada "permanente (Jó 38.19).
h. A terra suspensa no espaço (Jó 26.7)
i. O ar tem peso (Jó 28.25)
j. Os elementos físicos do Cosmos são mais antigos do que os biológicos (Gn
1.1,24)
l. O vento vem
do Sul (Ec 1.6)
9. DECLARAÇÕES E ENSINOS SOBRE DEUS, EXPRESSOS EM LINGUAGEM HUMANA
São os antropomorfismos e os antropopatismos, tão comuns na Escritura.
Um caso de antropopatismo: 1 Samuel 15.11 versus 1 Samuel 15.29 - (DEUS "arrepender-se").
Arrependo-me de haver posto a Saul como rei; porquanto deixou de me seguir e não executou as minhas palavras. Então, Samuel se contristou e toda a noite clamou ao Senhor. 1 Samuel 15:11
E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem, para que se arrependa. 1 Samuel 15:29.
10. DECLARAÇÕES E ENSINOS DA BÍBLIA, SOBRE O CÉU E A VIDA FUTURA, EXPRESSOS EM LINGUAGEM HUMANA
É o caso das visões das coisas celestiais de Ezequiel, como temos no capítulo 1 do seu livro (os desconhecidos seres viventes).
Para onde o ESPÍRITO queria ir, iam; pois o ESPÍRITO os impelia; e as rodas se elevavam defronte deles, porque o ESPÍRITO da criatura vivente estava nas rodas. Ezequiel 1:20
É também o caso das visões de João, o apóstolo, descritas no livro de Apocalipse, quando João procura comparar as coisas celestiais com as terrenas, para poder expressar-se sobre o que viu no Céu.
11. DECLARAÇÕES E ENSINOS CALCADOS NO MUNDO FÍSICO, PORÉM, EM REFERÊNCIA AO MUNDO ESPIRITUAL
Tanto o Antigo, como o Novo Testamento se enquadram aqui.
12. FATOS ABORDADOS E TRATADOS PELA BÍBLIA, QUE SÓ SERÃO CONHECIDOS NO FUTURO
E evidente que isto constitui uma dificuldade. Profecias e Escatologia.
SUBSÍDIOS - Lição 3, A Inerrância da Bíblia - 1Tr22 - CPAD
"A Exatidão da Bíblia
Tanto a autenticidade quanto a historicidade dos documentos do Novo Testamento estão confirmadas de modo sólido. Norman Geisler indica que as evidências documentárias em favor da autenticidade do Novo Testamento são esmagadoras, e fornecem uma base, igualmente sólida, para a reconstrução do texto grego original. Bruce Metzger, especialista em crítica textual, informa que, no século 111 a.C., os estudiosos em Alexandria indicavam que as cópias que possuíam da Ilíada de Homero apresentavam cerca de 95% de fidedignidade. Indica, também, que os textos setentrional e meridional da Mahabharata da índia diferem entre si numa extensão de 26.000 linhas. Isto se contrasta com mais de 99,55 de exatidão para as cópias manuscritas do Novo Testamento'. Esse meio-porcento de diferença consiste principalmente nos erros de ortografia dos copistas e, mesmo assim, passíveis de correção. Nenhuma doutrina da Bíblia depende de algum texto cuja forma original não possa ser determinada com exatidão."
(HIGGINS,j. A palavra inspirada de DEUS. In HORTON, S.M.Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.94.)
(HIGGINS,j. A palavra inspirada de DEUS. In HORTON, S.M.Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.94.)
APLICAÇÃO PESSOAL
"Alegrar-me-ei em teus mandamentos, que eu amo" (SI 119.47). Em um outro belo e piedoso verso o salmista prorrompe: "Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia" (v.97). As igrejas de todo o Brasil costumam organizar gincanas, sorteios e usar estratégias de marketing para atrair cada vez mais alunos para a Escola Bíblica Dominical. Não há qualquer problema nesses métodos. Porém, nenhuma dessas estratégias seria necessária se cada crente amasse ardentemente as Escrituras assim como o salmista. O que deve incitar o crente à Escola Dominical é o incomensurável amor pela Palavra de DEUS. Que todos os crentes exclamem como o poeta: "Oh! Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais doces do que o mel à minha boca ... Pelo que amo os teus mandamentos mais do que o ouro, e ainda mais do que o ouro fino" (vv.l 03, 127).
REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que é inerrância?
2. Mencione textos bíblicos em que a ideia de inerrância esteja presente
3. O que são os manuscritos autógrafos?
4. O que são os manuscritos apógrafos?
5. Por que a Bíblia não se equivoca quando descreve a criação, os eventos da história e os fenômenos da ciência?
INTRODUÇÃO
Infalibilidade e inerrância são vocábulos que apontam a veracidade das Escrituras. Indicam que a Bíblia Sagrada não falha e não erra. Significa afirmar que ela é a verdade em tudo o que diz, tanto em questões espirituais quanto históricas e científicas (Mt 5.17,18; Jo 10.35) . Nesta lição, veremos a inerrância, a preservação e a verdade da Palavra de DEUS.
I - O QUE É A INERRÂNCIA DA BÍBLIA
1.O conceito de inerrância bíblica.
A inerrância é a doutrina segundo a qual a Bíblia não contém erro algum. Significa que ela é verdadeira em tudo o que afirma. Desse modo, a Escritura é isenta de erros nos aspectos doutrinários, espirituais, históricos, culturais científicos e em todos os demais temas. O argumento é irrefutável: DEUS não pode errar, e, como a Bíblia é divinamente inspirada, ela não pode conter erros. Assim sendo, a inerrância, a infalibilidade e a inspiração estão entrelaçadas. Nesse sentido, nossa Declaração de Fé professa que “a Bíblia é a nossa única fonte de autoridade, a inerrante, infalível, completa e inspirada Palavra de DEUS” (SI 19.7; Jo 10.35).
2. A Bíblia reivindica a sua inerrância.
O termo “inerrância” não aparece na Bíblia, mas a ideia está presente nas páginas do texto sagrado. No livro de Provérbios está escrito que “toda palavra de DEUS é pura” (Pv 30.5); O salmista afirma que “a palavra do Senhor é provada” (SI 18.30); Samuel assegura que “O caminho de DEUS é perfeito e a palavra do Senhor, refinada” (2 Sm 22.31). CRISTO atestou a inerrância ao afirmar que nem um jota ou um til se omitirá da lei (Mt 5.18); o Senhor igualmente ratificou que “a Escritura não pode ser anulada” (Jo 10.35) ; e que a “Palavra é a verdade” (Jo 17.17). Essas declarações indicam que a Bíblia é plenamente confiável, sem nenhuma falsidade ou equívoco.
3. A infalibilidade e a inerrância da Bíblia.
O vocábulo “infalível” indica o “que não pode, nem consegue falhar”. Em relação à Bíblia, significa que as suas palavras hão de se cumprir cabalmente (Is 55.11). Por causa da etimologia, os termos “inerrância” e “infalibilidade” são por vezes confundidos como sinônimos. Não obstante, outros afirmam que a Bíblia é somente infalível quanto à sua mensagem salvífica, e não a consideram como inerrante. Por isso, preferimos o uso de ambos os termos, isto é, cremos e ensinamos que a Bíblia é infalível (inca[1]paz de falhar), e, é igualmente inerrante (livre de erro). Negar essas verdades é desacreditar de sua autoridade e inspiração divina (Jd 1.3,4).
II - O ESPÍRITO SANTO PRESERVOU AS ESCRITURAS
1. Os manuscritos autógrafos.
Os manuscritos originais são chamados de autógrafos. São os textos com a grafia de próprio punho do autor bíblico ou de seu escrevente (Fm 1.19; Rm 16.22). Neles foram primeiramente registradas as palavras inspiradas pelo ESPÍRITO SANTO (2 Pe 1.21). Cremos que a inerrância das Escrituras pertence a esses documentos, e, que as cópias fiéis desses manuscritos preservaram a exatidão dos originais. O ESPÍRITO SANTO providencialmente manteve a revelação divina incorruptível (Jo 14.17; 16.13,14). Fora dessa compreensão, a Bíblia não seria fonte de autoridade (Jo 5.39; G13.8-22).
2. Os manuscritos apógrafos.
As cópias dos manuscritos originais são chamadas de apógrafos. Atualmente, existem cerca de 25.000 cópias dos manuscritos bíblicos, a maioria deles em hebraico, grego e latim. Os escribas judeus transcreveram os originais do Antigo Testamento com precisão milimétrica. E as inúmeras cópias dos manuscritos do Novo Testamento também afiançam a credibilidade desses escritos. Nessa perspectiva, cremos que o ato da inspiração aconteceu uma só vez na redação primária da Palavra de DEUS (os autógrafos), mas a qualidade dessa inspiração foi preservada pelo ESPÍRITO SANTO nas cópias dos originais (os apógrafos). Assim sendo, a versão da Bíblia fidedigna aos originais, não deixou de manter a exatidão do real significado das palavras inspiradas por DEUS (Mt 5.18; 24.35).
3. Os apócrifos e pseudoepígrafos.
Nossa Declaração de Fé assegura que os manuscritos apócrifos (“escondidos”), tais como, Tobias, Judite, Macabeus, Baruque, e outros, apresentam erros, anacronismos, doutrinas falsas e práticas divergentes das Escrituras, a exemplo da oração pelos mortos. Os pseudoepígrafos (“falsos escritos”), dentre eles, a Assunção de Moisés e o Apocalipse de Pedro, foram produzidos por autores anônimos e espúrios, que atribuíram indevidamente sua autoria a profetas e apóstolos. Na Bíblia dos judeus atestada por JESUS como a “Lei, Profetas e Escritos” (Lc 24.44) não faziam parte os livros apócrifos, nem os pseudoepígrafos. Por essa razão eles não integram o cânon bíblico protestante. Dessa forma, não reconhecemos a autoridade desses livros por não serem inspirados pelo ESPÍRITO SANTO.
III- A VERDADE NAS ESCRITURAS
1. A Bíblia é a verdade plena.
O termo “verdade”, do hebraico emeth, significa o que é “confiável” e “correto”. O vocábulo grego aletheia tem 0 sentido de “real” e “fidedigno”. Nas Escrituras corresponde à realidade exata dos fatos em concordância com o pensamento de DEUS. A Bíblia ensina que DEUS é a verdade (Jo 14.6; Rm 3.4) e a sua Palavra também é a verdade (Jo 17.17). O escritor aos Hebreus declara que é “impossível que DEUS minta” (Hb 6.18). Paulo ratifica que DEUS “não pode mentir” (Tt 1.2). Em vista disso, cremos que a Palavra de DEUS possui autoridade (Mt 5.17,18); e deve ser obedecida acima de qualquer autoridade humana (Mt 15.3- 6). Assim, esses textos servem de base para a afirmação: “O que a Bíblia diz é o que DEUS diz”.
2. A verdade espiritual e moral.
Nossa Declaração de Fé afirma que a Bíblia nos revela o conhecimento completo de DEUS, não sendo necessário nenhuma nova revelação para a nossa salvação e crescimento espiritual (Dt 4.2; Pv 30.5,6). Antonio Gilberto ensinou que tudo o que DEUS requer do homem, e tudo o que homem precisa saber, quanto à sua redenção, está revelado na Bíblia. Igualmente, a ética e a moral se fundamentam na revelação divina. Os padrões bíblicos para o nosso viver não podem sofrer mudanças. Aquilo que a Palavra de DEUS diz ser pecado, permanece sendo pecado. Por isso, os valores cristãos são permanentes, pois a fonte de autoridade é permanente (Mt 24.35) . Assim, enfatizamos que a Bíblia é a inerrante verdade tanto espiritual quanto moral.
3. A verdade histórica e científica.
Cremos que a Bíblia é divinamente infalível em toda a matéria que aborda (SI 12.6; 19.8). John Wesley escreveu que se houver um erro, pode haver mil. E, se existir alguma falsidade então a Bíblia não é o livro da verdade de DEUS. Por conseguinte, a Escritura não se equivoca quando descreve a criação, os eventos da história e os fenômenos da ciência. Significa que DEUS guiou os autores bíblicos e os preservou do registro de inverdades de qualquer natureza (2 Pe 1.21). Assim sendo, endossamos que a Bíblia Sagrada é a verdade inspirada de DEUS, inerrante em sua totalidade, isenta de toda a falsidade, fraude ou engano.
CONCLUSÃO
Apesar de alguns considerarem redundante o uso dos termos inspiração, inerrância e infalibilidade para legitimar a autoridade das Escrituras Sagradas, nossa ortodoxia professa e ensina que a Bíblia é a inspirada Palavra de DEUS, inerrante e infalível com plena autoridade em tudo o que diz.
I – DEUS É INFALÍVEL
1. A infalibilidade de DEUS
2. Uma promessa infalível
3. A Palavra infalível de DEUS
II – DEUS NÃO MENTE NEM SE ARREPENDE
1. DEUS não mente nem se arrepende
2. DEUS se arrependeu?
3. Uma aparente contradição
III – AS INFALÍVEIS PROMESSAS DE DEUS
1. Um plano glorioso
2. A eternidade
3. Esperança forjada na promessa infalível de DEUS
“DEUS não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa; porventura, diria ele e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria?” (Nm 23.19)
As promessas de DEUS são infalíveis porque DEUS e sua Palavra sempre cumprem um propósito.
Segunda - 1 Rs 8.56 Nenhuma palavra do Senhor caiu sob o ministério de Moisés
Salmo 102
25 - Desde a antiguidade fundaste a terra; e os céus são obra das tuas mãos.
26 - Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles, como uma veste, envelhecerão; como roupa os mudarás, e ficarão mudados.
27 - Mas tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim.
2 Pedro 3
8 - Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia.
9 - O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.
10 - Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão.
11 - Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade,
12 - aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de DEUS, em que os céus, em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?
13 - Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.
1. INTRODUÇÃO
Ao longo deste trimestre, estudamos sobre as Promessas de DEUS. O nosso estudo mostrou que DEUS é Onipotente, Onisciente, Onipresente. É nesta natureza, em que seus atributos são manifestados, que suas promessas estão fundamentadas. Por isso, nesta última lição, estudaremos a respeito da infalibilidade das promessas de DEUS. A infalibilidade divina da promessa está fundamentada na infalibilidade de DEUS. Assim, DEUS não pode violar a própria natureza e, como consequência, a Bíblia o revela como um ser zeloso, verdadeiro e fiel. O nosso DEUS não falha!
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Apresentar a doutrina bíblica da infalibilidade de DEUS; II) Explicar o aparente paradoxo a respeito de "DEUS não mente nem se arrepende"; III) Afirmar que as promessas de DEUS são infalíveis.
B) Motivação: A Bíblia revela o nosso DEUS como um ser absoluto, infalível e imutável. Por isso, tudo o que Ele diz não pode falhar. Todo o seu projeto é glorioso, pois Ele habita a eternidade, sua dimensão de tempo é completamente distinta da nossa. Com base nessa realidade bíblica é que a promessa de DEUS está fundamentada. Por isso, ela não falha.
C) Sugestão de Método: Inicie a aula desta semana fazendo uma revisão de tudo o que vimos ao longo deste 4º trimestre de estudos bíblicos. Relembre as principais promessas estudadas, os assuntos que você percebeu que foi bem valorizado na classe. Peça aos alunos para falarem a respeito do que eles mais gostaram ao longo do trimestre. Em seguida, faça a introdução desta lição, esclarecendo que tudo o que vimos ao longo do trimestre como preciosas promessas de DEUS está fundamentado na natureza infalível do eterno e gracioso DEUS Pai.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Quem tem a sua esperança ancorada nas promessas de DEUS faz uma caminhada segura, sabendo que nada neste mundo é capaz de roubar de nós o que DEUS prometeu. Nas promessas de DEUS erguemos a nossa motivação na vida e caminhamos rumo à Cidade Celestial.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 99, p.42, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
A Bíblia revela atributos exclusivos de DEUS: sua onipotência, onipresença, onisciência, e, o que enfatizaremos nesta lição, sua imutabilidade. Por isso, Ele não falha em suas santas promessas, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. A infalibilidade de DEUS em suas promessas é um tema de grande valor que fortalece a nossa vida espiritual e aprofunda o nosso relacionamento com Ele.
1. A infalibilidade de DEUS
O Salmo 102 revela a autoridade de DEUS, exemplificada pelo seu governo sobre a Criação (v.25). Contudo, o salmista faz o contraste entre DEUS e sua Criação; o que há na Criação um dia passará, envelhecerá e mudará, mas o Criador não muda, Ele permanece para sempre (v.26). A imutabilidade de DEUS revela que Ele é infalível (v.27). Por isso que, na Bíblia, não há uma só referência que mostre que DEUS falhou em seus planos, palavras e promessas. Ele é absoluto, infalível e imutável.
Ele não esquece nenhuma de suas promessas, porque é zeloso para cumprir o que prometeu. Portanto, a Bíblia, a Palavra de DEUS, é a fonte de promessas infalíveis [...].”
Em 2 Pedro 3, vemos que o apóstolo Pedro tem o propósito de responder à igreja a respeito da suposta demora do retorno do Senhor JESUS. Ele explica que o tempo de DEUS é diferente do nosso, pois Ele é o Criador e nós somos as criaturas (v.8). O motivo de o Senhor ainda não retornar para nos buscar nada tem a ver com alguma falha em sua promessa, mas por sua longanimidade e bondade, pois não deseja que o ser humano se perca (v.9). Ele é paciente. Mas haverá um momento em que o Senhor voltará, surpreenderá a muitos e transformará todas as coisas (vv.10-13). A promessa de sua vinda é infalível.
Ao longo da Bíblia, vemos que DEUS cumpre suas promessas, conforme lemos em Reis: “Bendito seja o Senhor, que deu repouso ao seu povo de Israel, segundo tudo o que disse; nem uma só palavra caiu de todas as suas boas palavras que falou pelo ministério de Moisés, seu servo” (1 Rs 8.56). Esse texto confirma a infalibilidade de DEUS em cumprir suas preciosas promessas. Ele não esquece nenhuma delas, porque é zeloso para cumprir o que prometeu (Jr 1.12). Portanto, a Bíblia, a Palavra de DEUS, é a fonte de promessas infalíveis para as nossas vidas.
“Talvez você esteja enfrentando águas profundas e duras provações em sua vida. Se este for o caso, caro amigo leitor, busque a DEUS e confie em suas promessas. Uma tranquilidade e paz sobrenaturais estão ao seu alcance em qualquer situação. Elas são suas, é só apropriar-se delas. Entregue-se a DEUS e às suas promessas — e confie verdadeiramente nEle — e essa paz será sua. Ele lhe dará forças. DEUS é fiel!
Nunca se esqueça de que nosso DEUS cumpre suas promessas. Números 23.19 afirma: ‘DEUS não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa; porventura, diria ele e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria?’ Antes de morrer, Josué, já em idade avançada, declarou: ‘E eis aqui eu vou, hoje, pelo caminho de toda a terra; e vós bem sabeis, com todo o vosso coração e com toda a vossa alma que nem uma só palavra caiu de todas as boas palavras que falou de vós o Senhor, vosso DEUS; todas vos sobrevieram, nem delas caiu uma só palavra’ (Js 23.14; veja também 21.45). Tempos depois, Salomão proclamou: ‘Bendito seja o Senhor, que deu repouso ao seu povo de Israel, segundo tudo o que disse; nem uma só palavra caiu de todas as suas boas palavras que falou pelo ministério de Moisés, seu servo’ (1 Rs 8.56). Verdadeiramente, DEUS é fiel”. (RHODES, Ron. O Livro Completo das Promessas Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.13)
1. DEUS não mente nem se arrepende
Em Números lemos que DEUS “não mente” nem “se arrepende” (Nm 23.19). Ao longo do capítulo 23, há um contexto que reforça a verdade de que o Altíssimo não mente nem se arrepende. Por ocasião da tentativa de Balaque em fazer com que Balaão amaldiçoasse o povo de Israel, lemos que, ao introduzir a mensagem da Palavra de DEUS que não agradaria a Balaque, o profeta Balaão enfatizou que Ele não mente nem se arrepende para, em seguida, arrematar: “Eis que recebi mandado de abençoar; pois ele tem abençoado, e eu não o posso revogar” (Nm 23.20). Assim, Balaão não podia fazer o que DEUS não havia decretado.
Em Gênesis 6 lemos que Noé construiu uma arca para a salvação dele, de sua família e dos animais por causa da destruição que viria devido a grande corrupção e violência da sociedade de sua época (Gn 6.3,14; 1 Pe 3.20). Entretanto, esse mesmo texto diz que DEUS havia “se arrependido” de ter feito o ser humano, pois “pesou-lhe o coração” ao contemplar o caminho de corrupção e violência que a humanidade decidiu trilhar. Assim, poderíamos nos perguntar: Afinal de contas, DEUS se arrepende?
Em Números lemos que DEUS não “se arrepende” (Nm 23.19), em Gênesis, que Ele “se arrependeu” (Gn 6.6). Contudo, em Gênesis 6, o “arrependimento” nada tem a ver com algo que Ele tenha feito de errado, ou alterado um plano original, mas sim com o que a humanidade fez com o plano e o propósito que o Senhor havia delineado para ela desde sempre. Juntamente com a expressão “arrependimento”, a expressão “pesou-lhe em seu coração” traz a conotação humana aplicada a DEUS para reforçar a ideia do quanto Ele se entristeceu com a escolha que o ser humano fez. Na Teologia, damos o nome a esse fenômeno presente nas Escrituras de “antropopatismo”, ou seja, a forma que o autor sagrado usa para atribuir características humanas a DEUS, no sentido de que a mensagem fosse mais bem compreendida pelo leitor do texto sagrado. Em Gênesis 6, a falha não estava em DEUS, mas no ser humano; o “arrependimento” de DEUS não era em relação ao seu plano criador, mas ao ato rebelde do ser humano.
“DEUS nunca falha; nunca hesita; nunca muda. Por sua própria natureza, Ele é fiel e leal às suas promessas e alianças. Mesmo assim, esse atributo de fidelidade de DEUS não exclui a possibilidade de Ele alterar seus planos ou intenções sob determinadas circunstâncias. Por exemplo, DEUS realmente muda, às vezes, seus planos no tocante ao juízo, em resposta às orações intercessórias do seu povo fiel (ver Êx 32.11,14) ou como resultado do arrependimento de um povo iníquo (Jn 3.1-10;4.2)”.
O alicerce da esperança do crente procede da natureza de DEUS, de JESUS CRISTO e da Palavra de DEUS. As Escrituras revelam como DEUS sempre foi fiel, no passado, ao seu povo. O Salmo 22, por exemplo, revela a luta de Davi numa situação pessoal crítica, que ameaça a sua vida. Todavia, ao meditar nos feitos de DEUS no passado ele confia que DEUS o livrará: ‘Em Ti confiaram nossos pais; cofiaram e tu os livrastes’ (v.4). O poder maravilhoso que o DEUS Criador já manifestou em favor do seu povo está exemplificado no êxodo, na conquista de Canaã, nos milagres de JESUS e dos apóstolos, e em casos semelhantes, os quais edificam a nossa confiança no Senhor como nosso Ajudador” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp.269, 841).
1. Um plano glorioso
A queda do ser humano não pegou DEUS de surpresa. Pelo contrário, havia um plano delineado por Ele desde o início, conforme lemos em Apocalipse: “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8). Um plano glorioso que, segundo o conselho da sua vontade (Ef 1.11,12), já havia sido planejado por meio de JESUS, o nosso Salvador (Jo 1.1-4). Assim, o mistério da salvação foi revelado como promessa infalível de DEUS (Gn 3.15; Jo 3.16).
Juntamente com o seu plano de salvação, DEUS promete a vida eterna (1 Jo 2.24,25). Isso mostra que não fomos criados para a queda, para a rebelião contra DEUS e, consequente, a finitude. Fomos criados para, eternamente, andar e viver na presença de DEUS. Dessa forma, o Senhor JESUS é o garantidor da eternidade que um dia experimentaremos por ocasião de sua vinda e transformação do nosso corpo corruptível em um incorruptível, celestial (1 Co 15.54).
Ao longo dos séculos, o ser humano busca uma maior expectativa de vida. Ele a tem buscado no suporte dos avanços da Medicina, dos novos recursos científicos e tecnológicos à disposição da humanidade. Mas o envelhecimento e a morte são realidades vivenciadas pelo homem, inexoravelmente. Contudo, os que têm a sua esperança forjada na promessa infalível de DEUS sabem que nada nesse mundo pode enfraquecer a alegria da salvação que desfrutamos em CRISTO JESUS. Compreendemos que a vida é um dom de DEUS (Rm 6.23) e que, por isso, de maneira grata e alegre, tomamos a caminhada com DEUS até chegar o dia em que o conheceremos como Ele nos conhece (1 Co 13.12).
Concluímos mais um trimestre estudando a respeito das promessas infalíveis de DEUS. Aqui, temos a oportunidade de renovar a nossa esperança no Senhor, sabendo que podemos fazer a nossa caminhada com CRISTO de maneira confiante e segura, pois o nosso DEUS é fiel para cumprir as suas infalíveis promessas. Confiemos em DEUS e na força do seu poder!
1. O que o Salmo 102 revela?
O Salmo 102 revela a autoridade de DEUS, exemplificada pelo seu governo sobre a Criação (v.25).
2. O que lemos no Livro de Números, segundo a lição?
Em Números lemos que DEUS “não mente” nem “se arrepende” (Nm 23.19).
3. O que tem a ver o “arrependimento” em Gênesis 6?
Em Gênesis 6, o “arrependimento” nada tem a ver com algo que DEUS tenha feito de errado, ou alterado um plano original, mas sim com o que a humanidade fez com o plano e o propósito que o Senhor havia delineado para ela desde sempre.
4. De acordo com a lição, como o mistério da salvação foi revelado?
O mistério da salvação foi revelado como promessa infalível de DEUS (Gn 3.15; Jo 3.16).
5. O que os que têm a sua esperança forjada na promessa infalível de DEUS sabem?
Os que têm a sua esperança forjada na promessa infalível de DEUS sabem que nada nesse mundo pode enfraquecer a alegria da salvação que desfrutamos em CRISTO JESUS.