Lição 7 – Os Dez Mandamentos do Senhor, 3pte


III - A CONTINUAÇÃO DOS MANDAMENTOS DIVINOS
1 O quinto mandamento.
Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu DEUS, te dá. (Êx 20.12)
As relações familiares não foram esquecidas por DEUS, e Ele ordenou que os filhos honrassem seus pais. Isso pode ser feito quando os filhos obedecem a seus pais, ajudam a tomar conta deles na terceira idade e quando ouvem seus pais para a tomada de decisões para a vida.
Infelizmente, há filhos que não seguem esse mandamento, desobedecendo àqueles que os criaram, deram educação, alimento, vestimentas e um nome. Estão desrespeitando o quinto mandamento e não terão uma vida abençoada por DEUS. Lembremo-nos de que esse é o primeiro mandamento com promessa, que mostra a extensão de vida dos que honram seus genitores. DEUS deixa claro que aprendemos a usar a honra dentro de nossa própria casa, quando honramos nossos pais.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 74.
Honrar aos próprios progenitores não somente é uma forma de piedade do mais alto calibre, como também é uma regra social de suprema importância, pois os conflitos domésticos naturalmente têm reflexos sobre a sociedade como um todo. Visto que os pais atuam como representantes de DEUS, ocupando o lugar de DEUS no seio da família, este quinto mandamento, na realidade, é uma aplicação dos dois primeiros mandamentos. Assim, honrar a Yahweh implica em honrar aos pais. A solidariedade familiar jamais poderá tomar-se um fato nos lugares onde houver filhos desobedientes, que tentem impingir sua voluntariedade às expensas dos pais. Dentro do contexto hebreu, honrar os próprios pais era uma parte vital da existência, tão vital quanto a respiração. Um filho que ousasse ferir seus pais sofria a pena de morte (Êxo. 21.15). Idêntico castigo cabia a quem amaldiçoasse qualquer de seus pais (Êxo. 21.17). Somente os zombadores insensatos rejeitariam esse princípio de respeito pelos próprios pais, e o fim deles é triste (Pro. 30.17).
Paulo reitera esse mandamento em Efésios 6.1-3. Todavia, o apóstolo também frisou sabiamente a responsabilidade dos pais para com seus filhos (vs. 4). E lembrou que o quinto mandamento é o primeiro mandamento que envolve uma promessa, ou seja, que os filhos obedientes serão abençoados com uma vida longa e feliz (Efé. 6.3). Nesse ponto, Paulo citou o trecho de Deuteronômio 5.16. (veja Efésios 6.1).
A punição capital era imposta no caso de quatro crimes, mencionados em Êxo. 21.12-17. Entre esses queremos destacar aqui a quebra do sexto mandamento (o homicídio; Êxo. 21.12,14) e a quebra do quinto mandamento (os abusos contra os pais; Êxo. 21.17).
Aristóteles pensava que as relações entre filho e progenitor são análogas aquelas que existem entre o homem e DEUS (Ethics, Nic. vii.12 par.5). O confucionismo alicerça toda a sua moralidade sobre as relações entre pais e filhos. Os egípcios enfatizavam a questão a ponto de ameaçarem a uma má vida pós-túmulo aos filhos que fossem desobedientes a seus pais (apud Lenormant, Histoire Ancienne, vs. 1, pág. 343 s.).
Interessante é notar que se os egípcios prometiam uma boa vida pós-túmulo aos filhos obedientes, o código mosaico só prometia uma boa vida neste mundo, uma vida longa e abençoada, mas nenhuma promessa de vida pós-túmulo, o que é típico no Pentateuco. Se existem alguns indícios sobre uma vida para além da morte biológica (Gên. 1.26,27), essa doutrina só passou a ser destacada formalmente, no Antigo Testamento, nos Salmos e nos Profetas.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 392.
O Quinto Mandamento: Honrar os Pais (20.12)
Honra a teu pai e a tua mãe é o primeiro mandamento em relação aos homens e rege o primeiro relacionamento que a pessoa tem com outrem: a relação dos filhos com os pais. Este mandamento é tão básico que é amplamente universal. A maioria das sociedades reconhece a importância de filhos obedientes. A melhor exegese deste versículo é a exortação de Paulo encontrada em Efésios 6.1-3, onde ele destaca as responsabilidades de pais e filhos. Com este mandamento ocorre uma promessa. Quem honra os pais tem a garantia de vida longa. O propósito desta promessa visava a nação em sua permanência na Palestina e o indivíduo que obedece. A promessa ainda vigora: a nação cujos filhos são obedientes permanece sob a bênção de DEUS, e os indivíduos obedientes aos pais têm a promessa de vida mais longa. Haverá exceções a esta regra, mas aqui destacamos sua aplicação geral.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 190-191.
Êx 20.12. Honra a teu pai e a tua mãe. Tal como o versículo 8, este é um mandamento categórico formulado positivamente. O mesmo princípio sob outra forma pode ser encontrado em 21:15,17: “Quem ferir ou amaldiçoar seu pai ou sua mãe, será morto”. Os que constroem uma sociedade na qual a velhice ocupa lugar de honra podem esperar confiantemente desfrutar do mesmo lugar algum dia. Tal doutrina não é muito popular em nossos dias, quando a juventude é adorada, e a velhice temida ou desprezada. O resultado é a loucura que leva homens e mulheres a lutarem por permanecer eternamente jovens, e acabar descobrindo ser isso impossível. Este mandamento é parte da atitude geral para com a Velhice em Israel (como símbolo e, idealmente, personificação da sabedoria prática da vida), elogiada em todo o Velho Testamento (Lv 19:32), e encontrada em muitos outros povos antigos, notavelmente entre os chineses. Não se pode precisar se o mandamento está relacionado à ideia de que sendo a vida sagrada e dom de DEUS, os doadores humanos da vida devem ser tratados com respeito: talvez um israelita não analisasse o mandamento deste modo.
Para que se prolonguem os teus dias. Promessa ligada a um mandamento.
Para aqueles que, até àquela altura, não tinham conhecimento definido de uma vida futura, “dias prolongados” significavam possibilidade de continuada comunhão com DEUS, e eram por isso muito importantes. Este mandamento é o ponto em que a atenção é desviada do relacionamento para com DEUS e se concentra no relacionamento com a comunidade que Ele criou. Assim, o conteúdo total dos dez mandamentos pode ser resumido em duas “palavras” , não uma apenas: amor a DEUS e amor ao nosso próximo (Dt 6:5; Lv 19:18). Mais uma vez, não há contradição: a realidade de nosso amor declarado a DEUS é demonstrada pela realidade de nosso amor expresso para com nossos semelhantes (Jr 22:16).
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 151-152.
2. O sexto mandamento.
Não matarás. (Êx 20.13)
Este mandamento refere-se ao respeito pela vida. Esta é dom de DEUS, e não pode ser retirada por outros homens. Infelizmente, a história da humanidade apresenta um número imenso de pessoas que assassinaram outras, quer por motivos fúteis, quer por motivos políticos. Tais pessoas prestarão contas a DEUS por seus atos.
A cultura judaica previa exceções apresentadas na Bíblia Sagrada, mas cada caso deve ser analisado realmente como exceção, e não como uma regra, observando-se os casos em que eram aplicados na cultura judaica, como a legítima defesa e a morte acidental.
Em nossas leis, matar uma pessoa é crime tanto quanto o era no Antigo Testamento. Como cristãos, não podemos deixar de defender a vida humana em todos os seus aspectos, e cremos que são atos de covardia e assassinato o aborto e a eutanásia.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 74.
Esse mandamento proíbe o homicídio.
O Antigo Testamento justificava, contudo, certas formas de homicídio. Um escravo podia ser morto sem que seu proprietário fosse punido (Êxo. 21.21). Quem invadisse uma casa podia ser morto, sem sanções contra quem lhe tirasse a vida (Êxo. 22.2). O sexto mandamento não proibia os sacrifícios de animais. Matar alguém, durante as batalhas, não era considerado um crime (Deu. 20.1-4). É possível que, em alguns casos, fosse permitida a eutanásia (segundo nos é sugerido em I Sam. 31.4,5). Presume-se que o suicídio era proibido, embora não seja especificamente mencionado. De fato, os trechos de 1 Sam. 17.23 e 31.4,5 até podem ser usados como defesa de alguns casos de suicídio.
A eutanásia, quando aprovada, é a mais conspícua exceção ao sexto manda- mento. A lei proíbe o abuso da propriedade por meio do furto (Êxo. 20.15, o oitavo mandamento). Ora, a vida de um homem é sua mais preciosa possessão, bem como o veículo de que ele precisa para cumprir o desígnio divino em sua vida. Portanto, o homicídio insulta DEUS, e não somente o homem, porquanto interfere no propósito de DEUS que se está cumprindo nos homens. Desde os dias do Antigo Testamento, tem aumentado o respeito peia vida humana; mas o homem está ainda muito longe de ter um autêntico respeito pela sacralidade da vida humana. Os homens chamam de yusías certas guerras. Mas é muito raro que ocorra uma guerra dessas. Há ocasiões em que se torna imprescindível guerrear contra os psicopatas, como certamente foi Hitler, a fim de serem salvas muitas vidas. Mas mesmo assim, multas vítimas inocentes são ceifadas, até mesmo por parte dos chamados poderes justos. Ficamos perplexos diante das chamadas matanças justas, que, presumivelmente, teriam sido impulsionadas por Yahweh.
O trecho de Mateus 5.21,22 expande o sexto mandamento para que inclua o ódio, a inveja, a má vontade e o assassinato de caráter. A ira indevida e pensamentos maliciosos, que se expressem em palavras ou ações, devem ser compreendidos como implicações desse sexto mandamento.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 392-392.
O Sexto Mandamento: Não Matar (20.13)
A vida é a possessão humana mais estimada e é errado privar alguém da vida sem justa causa. A história de Israel mostra que este mandamento não é absoluto. Houve a adição de outras cláusulas, como o homicídio desculpável (21.13), o homicídio acidental (Nm 35.23) e o homicídio justificável (22.2). Israel também foi autorizado a matar os inimigos. Não há exegese racional que condene a pena de morte ou a guerra simplesmente com base neste mandamento.
JESUS esclareceu seu significado quando o citou: “Não matarás” (Mt 19.18). Não há justificativa para a instigação de motins e rebeliões desnecessárias ou outras condições semelhantes que levem ao derramamento de sangue. Há responsabilidade evidente pelo cuidado adequado em viagens, projetos construtivos e jogos esportivos onde haja perigo. Esforços individuais e comunitários são necessários para a preservação da vida humana. Mas este mandamento não requer nem justifica o prolongamento da vida por meio de remédios e equipamentos auxiliares quando a esperança pela vida normal se extingue.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 191.
Êx 20.13. Não matarás. Os três próximos mandamentos são lei apodítica em sua forma mais concisa. O hebraico emprega apenas duas palavras. O termo hebraico raçaí} é uma palavra comparativamente rara para “matar” e normalmente indica o assassinato violento de um inimigo pessoal (Hyatt): “Não assassinarás” é uma tradução viável. O mandamento é pronunciado da forma mais geral possível, mas a lei claramente distinguia entre o assassinato propriamente dito e o homicídio acidental ou não premeditado (21:12-14). Evidentemente este mandamento jamais foi entendido pelos israelitas como uma proibição à pena de morte (21:15), embora esta normalmente seja expressa por um verbo correspondente a “morrer” , e não pelo verbo “matar” . Além disso, não havia pacifistas ao tempo do Velho Testamento. Quer a luz da revelação mais completa no Novo Testamento exija tais conclusões ou não, estas não podem ser provadas exclusivamente a partir do Velho Testamento. Como no versículo 16, a proibição parece ser destinada a evitar o assassinato do “próximo” , um membro da mesma comunidade da aliança. Em qualquer caso, a santidade da vida, como dom de DEUS, é estabelecida: daí a “culpa do sangue” ser uma realidade terrível, desde o tempo de Caim (Gn 4:10).
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 153-154.
3. O sétimo mandamento.
Não adulterarás. (Êx 20.14)
Muito conhecido em todas as épocas, o sétimo mandamento traz um princípio que reflete a proteção à família e à fidelidade entre os cônjuges. Quando DEUS diz que não se pode adulterar, Ele está deixando claro que somos responsáveis por controlar nossos desejos, principalmente os pecaminosos.
O desejo sexual dentro do casamento é licito, mas desejar sexualmente uma pessoa que não o cônjuge é o começo do adultério, e isso se aplica a todos os demais pecados na esfera sexual.
JESUS deixou claro que o adultério começa no coração da pessoa, e não no ato da conjunção carnal apenas. Para que estejamos livres desse pecado, é preciso ter uma vida sexual saudável com nossos cônjuges, buscando a pureza sexual dentro do casamento.
Há perdão para os adúlteros? Sim, tanto quanto há perdão para os demais pecados (exceto a blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO), mas lembremo-nos de que o adultério traz consequências que podem perdurar pelo tempo, como o fim do casamento e a ruptura dos laços familiares.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 74-75.
Contra o adultério. No artigo geral, no Dicionário, intitulado Dez Mandamentos ofereço notas detalhadas sobre essa questão que devem ser lidas em conjunto com as deste versículo. Assim como os filhos devem honrar seus pais (Êxo. 20.12), e como os pais devem honrar seus filhos (Efé. 6.4), assim também os cônjuges devem honrar-se mutuamente. Isso faz parte de uma estrutura social que prospera, pelo que faz parte da segunda tábua dos Dez Mandamentos. Desse modo fica salvaguardada a solidariedade da família. A poligamia sempre fez parte da sociedade hebreia, pelo que ter mais de uma esposa, ou ter uma esposa e várias concubinas não era algo proibido pelo sétimo mandamento. Antes, o que era condenado era a sedução da esposa de outro homem, ou (em casos mais raros) a sedução, por parte de uma mulher, do marido de outra mulher.
O trecho de Mateus 5.27 ss. elabora aquilo que constituí o adultério, mostrando- nos que está envolvido mais do que atos sexuais ilícitos. Existe aquele adultério da mente, de que nenhum homem ou mulher escapa. Ver também Heb. 13.4 e Lev. 20.10.
O que está impolítico no adultério ou no sétimo mandamento? O Grande Catecismo de Westminster, respondendo à pergunta 139, elabora:
“o adultério, a formicação, o estupro, o incesto, a sodomia, as paixões desnaturais, a imaginação impura, a impureza nos propósitos e nos afetos, a linguagem Imoral, os olha- res sensuais, o comportamento imodesto, as vestes imodestas, os casamentos ilegítimos, a tolerância de bordéis ou de qualquer tipo de prostituição, o indevido adiamento no casamento, o divórcio, a separação ou deserção do cônjuge, a preguiça, a glutonaria, o alcoolismo, as gravuras, as danças, as peças teatrais e qualquer outra coisa que excita ou promova pensamentos impuros”.
Ό sétimo mandamento trata a família como uma unidade social. Seu real interes- se é a sacralidade do matrimônio. Somente por implicação envolve a gama inteira da moralidade sexual” (J. Edgar Park, in loc.).
“Esse mandamento adverte contra a ditadura do copo físico” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.).
O código de Hamurabi (artigo 157) requeria a pena de morte na fogueira para esse tipo de pecado. O trecho de Levítico 20.10 requeria execução por apedrejamento.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 393.
O Sétimo Mandamento: Não Adulterar (20.14)
A pureza sexual é o princípio subjacente neste mandamento. Adultério constituiu-se em relações sexuais ilícitas feitas por alguém casado. Tratava-se de pecado contra a família. Mas este mandamento é aplicável a todos os tipos de imoralidade sexual. A concepção em vigor atualmente que afirma haver exceções a esta regra não tem justificativa. JESUS deixou claro que o adultério está no coração e ocorre antes do ato (Mt 5.28). Este mandamento condena todas as relações sexuais que acontecem fora do laço matrimonial. Também infere a proibição de atos que precedem e conduzem ao ato sexual.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 191.
Êx 20.14. Não adulterarás. A Lei permitia poligamia (talvez uma instituição social necessária à proteção de mulheres solteiras), mas jamais permitiu poliandria (caso em que uma mulher tem vários maridos simultaneamente). O fato de um homem ter relações sexuais com a esposa de outro homem era considerado um pecado hediondo tanto contra DEUS como contra o homem, já bem antes da lei, ao tempo dos patriarcas (Gn 39:9). Talvez este mandamento esteja relacionado ao “furto” e à “cobiça” proibidos nos dois mandamentos seguintes, já que a esposa pertencia a outrem. Talvez isto explique um dos aspectos mais intrigantes para nós que vivemos sob a nova aliança: apesar de que relações sexuais com prostitutas não sejam recomendadas, também não são proibidas (embora fosse proibido aos israelitas o permitir que suas filhas se entregassem a tais práticas degradantes, Lv 19:29). Talvez isso não infringisse os direitos de outrem, como no caso de um adultério. Por outro lado, é claro (ver Mt 19:4-6) que a monogamia era o plano de DEUS para o homem na criação: e sem sombra de dúvida, tal como o divórcio, a poligamia e mesmo a fornicação eram toleradas na economia mosaica devido à dureza do coração humano (Mt 19:8). Em CRISTO, elas se tornam absolutamente impensáveis (1 Cor 6:15). Longe de anular este mandamento, CRISTO o intensificou, incluindo como “adultério” muito do que não é apenas tolerado, mas justificado por nossa sociedade permissiva (Mt 5:28). Semelhantemente Ele incluiu os pensamentos maldosos na proibição de assassinato: os mandamentos têm como alvo o pensamento e a motivação, não apenas o ato (ver o comentário do décimo mandamento).
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 154.
4. O oitavo mandamento.
Não furtarás. (Êx 20.15)
DEUS abençoa uma vida produtiva de trabalho, e abençoa os bens trazidos para casa de forma justa. Por isso, Ele espera que a propriedade seja preservada de ataques, e para isso proíbe o furto e o roubo. O furto é a retirada furtiva dos bens de uma pessoa, e o roubo, geralmente, tem o emprego da intimidação ou da violência. Em ambos os casos, DEUS condena os bens adquiridos por meios ilícitos.
Não podemos tirar vantagens de outras pessoas, pois isso é também é uma forma de furto. Se desejamos ter bens, que sejam adquiridos de forma lícita, permitida por DEUS e debaixo da sua bênção.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 75.
Respeito pela propriedade alheia. O ser humano tem direito possuir coisas. E uma vez que as possua, não pode ser privado delas por parte de quem quer que seja. Fica entendido, contudo, que tal ser humano entrou na possessão de suas coisas de maneira honesta, pois, em caso contrário, ele já roubou tais coisas de alguém, quebrando assim o oitavo mandamento. O comunismo oficializou o furto de propriedade privada, por parte do estado, mediante o decreto de alguns poucos mandamentos. O ladrão às vezes apenas furta sub-repticiamente, mas muitas vezes também rouba mediante a violência, incluindo à mão amada. Neste último caso há violência física, mas todo furto ou roubo é um ato egoísta.
Por muitas vezes, as coisas que as pessoas possuem foram adquiridas em troca de trabalho árduo e longo. E contra a natureza privar um homem daquilo que ele chegou a possuir mediante trabalho e sacrifício pessoal. Os impostos, embora decretados oficialmente, também podem ser exorbitantes e pecaminosos, como modos ilegítimos de que os governantes se valem para lesar os governados. Logo, taxas excessivas devem ser classificadas como quebras do oitavo mandamento. E também há uma maneira passiva de fazer a mesma coisa. Devemos mostrar-nos generosos, compartilhando com outros de nossos valores monetários. Se assim não fizermos, então estaremos furtando o que deveria ser dado a pessoas menos afortunadas do que nós.
Dificilmente pode ser mantida uma sociedade estável quando os ladrões fazem o que bem entendem. A desonestidade, em todas as suas formas, é um grande mal social, custando aos governos um alto preço na tentativa de controlá-la. Como já dissemos, há formas violentas e não-violentas de roubo, como também há formas particulares e públicas. E também há desonestidades individuais e coletivas.
A sacralidade da propriedade fica implícita no oitavo mandamento.
Alguns estudiosos ampliam esse mandamento, por implicação, para o que envolvem os danos causados pela maledicência e pelos ataques vertais contra outrem. Boa fama, em homem ou mulher, É a joia imediata de suas almas. Quem me furta a bolsa, furta ninharias, Mas quem me furta o bom nome, Furta-me daquilo que não o enriquece,
Mas realmente me empobrece. (Apud Adam Clarke, poeta inglês desconhecido)
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 393.
O Oitavo Mandamento: Não Furtar (20.15)
Este mandamento regula o direito da propriedade particular. E errado tomar de outro o que é legalmente dele. Constitui roubo quando a pessoa se apossa do que legalmente pertence a uma empresa ou instituição. Não há justificativa para a “apropriação” mesmo quando a pessoa sente que o produto lhe é devido. Este mandamento é quebrado quando a pessoa intencionalmente preenche a declaração do Imposto de Renda com informações falsas, desta forma retendo tributos devidos ao governo. Esta prática é imprópria mesmo que o cidadão desaprove o governo.
Também passa a ser roubo o ato de tirar vantagens de outrem na venda de propriedades ou produtos, ou na administração de transações comerciais. E impróprio pagar salários mais baixos do que devem receber por direito. O amor do dinheiro é o pecado básico condenado por este mandamento. A obediência é perfeita somente com um coração puro.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 191.
Êx 20.15. Não furtarás. Mais uma vez aqui esta proibição visa preservar a comunhão da comunidade da aliança. Talvez a proibição original visasse o rapto com propósito de escravidão (ver a experiência de José em Gn 37), mas sem dúvida todos os tipos de furto estão incluídos. O código da aliança esclarece os detalhes (por exemplo, 22:1-4), de modo que não há necessidade de explicações aqui. Numa sociedade camponesa onde a vida é árdua, qualquer roubo pode levar à morte, de modo que o furto se torna um crime sério. Há uma clara ligação entre este mandamento e o décimo.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 154.
5. O nono mandamento.
Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. (Ex 20.16)
Por meio deste mandamento, DEUS ordenou que tivéssemos duas atitudes: não mentir nem falar falsamente das pessoas que nos estão próximas. Esse mandamento afeta diretamente os hábitos de pessoas que não controlam o que falam, que falam sem pensar e, pior, pessoas que sempre caluniam seu próximo.
Caluniar é atribuir falsamente a outra pessoa a prática de um ato que a lei considera crime. Se Roberto diz que Mário roubou um carro, sem que Mário o tenha feito, Roberto está caluniando Mário.
Injuriar é atribuir a outra pessoa fato que pode ofender sua reputação. Se Ricardo diz que Jorge foi à igreja bêbado, sem que isso tenha ocorrido, está ofendendo sua moral e sua dignidade.
Difamar é falar mal de outra pessoa a uma terceira ou mais pessoas, dando-lhes uma notícia que fira a moral ou a honra de quem se fala.
Todas essas formas de falso testemunho são passíveis de condenação penal e são igualmente condenadas por DEUS.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 75-76.
Parece que o objetivo central deste mandamento é a proteção ao sistema judiei- al. Os tribunais seriam inúteis se os homens chegassem ali para mentir. Se tiver de ser feita uma acusação contra outra pessoa, e se o acusado tiver de defender-se, a verdade terá de ser dita por ambas as parles, sob pena da justiça naufragar. Mas esse mandamento também se aplica a questões individuais. A sociedade em geral perturba-se quando as pessoas saem a espalhar mentiras e calúnias sobre seus semelhantes. O trecho de Êxo. 23.1 condena o falso testemunho em nível pessoal. Ver Deu. 19.16-20 que requeria juízo apropriado contra falsas testemunhas que perturbavam o sistema judicial. A linguagem e os fatos devem concordar entre si. Ver Deu. 13.14; 17.4; 22.20; Jer. 9,5; Sal. 9.5; 15.2; Pro. 12.19; 14.25; 22.21. A verdade precisa ser dita como tempero do amor (Efé. 4.15). Algumas vezes, as meias verdades prejudicam mais do que as mentiras francas. O amor, porém, guarda-nos tanto da mentira aberta quanto das meias verdades.
A mentira artística vem sendo aprovada desde os tempos mais antigos, conforme muitos eruditos supõem. Ver o caso de Labão (Gên. 29.21-27), e o caso um tanto anterior de Jacó (Gên. 27.6-36). Por outro lado, a luz que brilhou por meio de Moisés por certo condenava qualquer tipo de mentira ou abuso de linguagem.
Antes de Falar:
Faz tudo passar diante de três portas de ouro: As portas estreitas são, a primeira: É Verdade? Em seguida: É Necessário? Em tua mente Fornece uma resposta veraz. E a próxima É a última e mais difícil: É Gentil? E se tudo chegar, afinal, aos teus lábios, Depois de feres passado por essas três portas, Então poderás relatar o caso, sem temeres Qual seja o resultado de tuas palavras. (Beth Day)
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 393.
O Nono Mandamento: Não Dar Falso Testemunho (20.16)
Enquanto que o roubo nos priva da propriedade, a conduta da falsa testemunha nos rouba da boa reputação. Seja no tribunal ou em outro lugar, nossa palavra sempre deve ser verdadeira. Não devemos divulgar um relato até que verifiquemos sua veracidade. A repetição da fofoca é imoral; antes de falar devemos averiguar a correção do que dizemos. Há ocasiões em que mesmo a informação verdadeira não deve ser propagada; não temos a obrigação de anunciar a todos o que sabemos que é a verdade. Mas quando falarmos, até onde sabemos, sempre devemos dizer a verdade.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 192.
Êx 20.16. Não' dirás falso testemunho. Já que numa sociedade simples, vivendo no deserto, quase todos os crimes envolviam penas capitais,“ falso testemunho” bem sucedido seria equivalente a assassinato. Para evitar tal problema, a testemunha deveria ser também o executor (Dt 17:7), de modo a incorrer na culpa do sangue se estivesse mentindo. O falso testemunho assume grandes proporções no Velho Testamento (1 Rs 21:10, por exemplo), como em qualquer sociedade em que a extrema pobreza exponha o homem à tentação do suborno. Não há dúvida de que o mandamento poderia ser generalizado para incluir a proibição de intrigas e mexericos (Lv 19:16), especialmente de mexerico falso e maldoso que prejudicasse o próximo.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 154-155.
6. O décimo mandamento.
Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo. (Ex 20.17)
A cobiça é uma das formas mais tristes de tratarmos aquilo que os outros têm. O cobiçoso sempre vai desejar aquilo que não possui e será consumido por esse tipo de sentimento, pois vai se achar sempre inferior aos outros. Nunca estará contente com o que já possui.
Este mandamento geralmente é citado em nossos dias como “não cobiçarás a mulher do teu próximo”, mas DEUS também condena:
Cobiçar a casa — a habitação da pessoa que me é próxima.
Cobiçar o servo e a serva — pessoas que trabalham para o meu próximo.
Cobiçar o boi e o jumento — instrumentos de trabalho ou posse do meu próximo.
Cobiçar coisa alguma — qualquer outra coisa que meu próximo possua.
O que DEUS ordena abrange todas as coisas que o próximo possui. Não é meu dever cobiçar o que meu próximo tem, pois isso nos induz a querer retirar dele o que ele tem. A cobiça é o princípio de uma vida insatisfeita, que esquece o que já recebeu de DEUS e fixa seu olhar naquilo que ainda não se tem.
Esses mandamentos foram dados para serem seguidos. Ressalvando- se as particularidades da cultura judaica, os princípios dos Dez Mandamentos não foram revogados. Portanto, tenhamos cuidado em dar testemunho nesses quesitos.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 76-77.
Contra todas as formas de cobiça. De acordo com muitos eruditos, esse é o décimo dos mandamentos mosaicos. Mas os luteranos e os católicos romanos pensam que o primeiro mandamento incorpora os vss. 3-6. E assim, neste ponto, eles fazem o vs. 17 desdobrar-se em dois mandamentos, para ser conseguido o número dez. Na Septuaginta, neste versículo e em Deu. 5.21, a esposa é mencionada antes de casar, para que haja um mandamento específico para que não se cobice a mulher do próximo, ao passo que fica criado um décimo mandamento, relativo à cobiça acerca dos bens materiais do próximo. No Dicionário há um artigo detalhado chamado Cobiça, que inclui as injunções neotestamentárias sobre a questão. Meu artigo ali também fornece notáveis exemplos bíblicos de cobiça. Neste ponto, no tocante ao décimo mandamento, aprendemos que a lei aplica-se não somente aos atos, mas também aos senti- mentos e intenções do coração. Em outras palavras, a lei envolvia sentimentos interiores, e não apenas atos externos. O sétimo mandamento proíbe o sexo com a mulher de outro homem; e o décimo mandamento proíbe o desejo disso. Neste ponto, a lei aproxima-se da abordagem feita por JESUS a respeito, em Mat. 5.21 ss. Todos os pensamentos devem ser levados ao cativeiro a CRISTO (II Cor. 10.5). Se o oitavo mandamento proíbe o roubo, o décimo proíbe até mesmo o desejo de roubar.
Por conseguinte, o décimo mandamento opera como uma espécie de limiar das noções neotestamentárias sobre essas mesmas questões. O Novo Testamento repete dez dos mandamentos, deixando de fora aquele atinente ao sábado. Mas o dia do Senhor ou domingo, embora não seja um sábado ou descanso, envolve as implicações espirituais do mandamento relativo ao sábado, enaltecendo e iluminando o sentido espiritual do sábado.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 395.
O Décimo Mandamento: Não Cobiçar (20.17)
Este último mandamento está por baixo dos quatro precedentes, visto que atinge o propósito do coração. Matar, adulterar, roubar e mentir são resultados de desejos errados que inflamam nosso ser. E singular que a lei hebraica inclua este desafio ao nosso pensamento e intenção. “Os antigos moralistas não reconheciam esta condição” e não condenavam os desejos maus. Mas é no coração onde se inicia toda a rebelião, e este mandamento revela o aspecto interior de todos os mandamentos de DEUS. Paulo reconheceu este aspecto interior da lei quando se conscientizou de sua condição pecaminosa (Rm 7.7). Muitas pessoas são absolvidas de crimes com base em atos exteriores, mas são condenadas quando levam em conta os pensamentos interiores. Estes desejos cobiçosos são, por exemplo, pela propriedade ou pela mulher pertencente ao próximo (17). Tais desejos criminosos precisam ser purgados pelo ESPÍRITO de DEUS; só assim viveremos em obediência perfeita à santa lei de DEUS.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 192.
Êx 20.17. Não cobiçarás. O termo hebraico hãmaçl, “desejar” , é em si mesmo neutro. É apenas quando mal orientado para aquilo que pertence a outrem que tal “desejo” se torna errado. Alguns consideram que este é o único dos dez mandamentos a proibir uma atitude mental e não o simples ato externo; mas fazer tal distinção é, provavelmente, uma falsa compreensão da mentalidade israelita. Tal como no caso de “amar” e “odiar” , “desejar” é uma atividade, quase equivalente a uma tentativa de aquisição. Esta mesma identificação pode ser vista no comportamento infantil.
Casa indica família, no sentido antigo da palavra,* e a ideia de esposa é primária. Isto é explicitamente demonstrado em Deuteronômio 5:21, onde a esposa é mencionada em primeiro lugar.
Boi e jumento são a riqueza típica do camponês ou semi-nômade da Idade do Bronze, para quem as perplexidades da sociedade desenvolvida ainda não haviam surgido. “Escravos” eram a única outra forma de propriedade móvel. Em última análise, desejar, e tentar obter a propriedade alheia é estar insatisfeito com o que se recebeu de DEUS, e assim demonstrar falta de fé em Seu amor. Além do mais, a inveja estimulada por tal atitude levará mais cedo ou mais tarde a que se prejudique de alguma maneira o próximo, o que não se coaduna com o dever essencial do amor.
Alt, citado por Hyatt, entende o oitavo mandamento como uma proibição ao rapto de israelitas ao passo que o décimo se referiria a uma proibição ao rapto de suas esposas ou roubo de suas possessões. Tal divisão parece forçada: se há alguma distinção a ser feita, seria melhor fazê-la entre “ato” (oitavo) e “motivo” (décimo),, embora, como já foi dito acima, mesmo esta distinção não deva ser exageradamente enfatizada.
 
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 155.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.