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24 dezembro 2025
Slides Lição 13, Central Gospel, Guerra contra o Pecado, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
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Vídeo Lição 13, Betel, Paulo, Combatendo O Bom Combate E Guardando A Fé, 4Tr25...
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20 dezembro 2025
Escrita Lição 13, Betel, Paulo – Combatendo o bom combate e guardando a Fé, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
Escrita Lição
13, Betel, Paulo – Combatendo o bom combate e guardando a Fé, 4Tr25, Com.
Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar
PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
EBD, Editora Betel | 4° Trimestre De 2025 | TEMA: PERSONAGENS BÍBLICOS VIRTUOSOS E MARCANTES – Homens e mulheres que permaneceram fiéis a DEUS diante das circunstâncias da vida | Escola Bíblica Dominical
Vídeo https://youtu.be/wLRpFjIh298?si=JJBWVot8RqI-jZK6
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2025/12/escrita-licao-13-betel-paulo-combatendo.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2025/12/slides-licao-13-betel-paulo-combatendo.html
PowerPoint https://pt.slideshare.net/slideshow/slides-licao-13-betel-paulo-combatendo-o-bom-combate-e-guardando-a-fe-4tr25-pptx/284818586
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- A HISTÓRIA
DE PAULO
1.1.
Nascimento, nome e família
1.2. Um vaso
escolhido
1.3. Paulo, de
perseguidor a perseguido
2- PAULO, UM
HOMEM OUSADO E PERSEVERANTE
2.1.
Sobrevivendo às lutas
2.2. O espinho
na Carne
2.3. O dever
cumprido
3- PAULO
TERMINOU A CARREIRA
3.1. O exemplo
de vida
3.2. A gratidão
e o amor pastoral
3.3. A certeza
da Vida Eterna
TEXTO ÁUREO
Antes, subjugo
o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não
venha de alguma maneira a ficar reprovado”, 1 Coríntios 9.27.
VERDADE
APLICADA
A convicção da
experiência da conversão, a firmeza nas verdades bíblicas e a fidelidade ao
Senhor são indispensáveis para desempenharmos com excelência o ministério
cristão.
OBJETIVOS DA
LIÇÃO
Identificar a origem de Paulo
Ressaltar que Paulo se manteve firme até o fim.
Reconhecer que Paulo foi ousado e perseverante.
Ressaltar que Paulo se manteve firme até o fim.
Reconhecer que Paulo foi ousado e perseverante.
TEXTOS DE
REFERÊNCIA – Gálatas 2.20, 6.17; 2 Timóteo 4.6-8
GALATAS 2.20 Já estou crucificado com CRISTO; e vivo, não mais eu, mas CRISTO
vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de DEUS, o
qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.
GALATAS 6.17 Desde agora, ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as
marcas do Senhor JESUS.
2 TIMÓTEO 4.6 Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e
o tempo da minha partida está próximo.
7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
8 Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo
juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que
amarem a sua vinda.
7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
8 Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo
juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que
amarem a sua vinda.
LEITURAS
COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Rm 8.37 Mais do que vencedores.
TERÇA | 1Co 4.1-2 Que cada despenseiro seja fiel.
QUARTA | 1Co 11.1 Sede meus imitadores.
QUINTA | Gl 1.15 Separados desde o ventre da mãe.
SEXTA | Ef 6.10-20 A armadura de DEUS.
SÁBADO | Fp 3.12-14 Prosseguindo para o alvo.
TERÇA | 1Co 4.1-2 Que cada despenseiro seja fiel.
QUARTA | 1Co 11.1 Sede meus imitadores.
QUINTA | Gl 1.15 Separados desde o ventre da mãe.
SEXTA | Ef 6.10-20 A armadura de DEUS.
SÁBADO | Fp 3.12-14 Prosseguindo para o alvo.
HINOS SUGERIDOS: 94, 171, 371
MOTIVO DE
ORAÇÃO: Ore para que possamos combater o
bom combate sem negligenciar a fé.
PONTO DE
PARTIDA: De perseguidor a perseguido.
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SUBSÍDIOS EXRAS
– LIVROS E REVISTAS ANTIGAS E GOOGLE
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Escrita Lição 7, Central Gospel, Paulo, um Legado de Fé, Dedicação e Graça, 2º Trimestre de 2025, Com. Extra Pr Henrique, EBD NA TV
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2025/05/escrita-licao-7-cg-paulo-um-legado-de_14.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2025/05/slides-licao-7-cg-paulo-um-legado-de-fe.html
PowerPoint https://pt.slideshare.net/slideshow/slides-licao-7-cg-paulo-um-legado-de-fe-dedicacao-e-graca-2tr25-pptx/279120637
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. UM CIDADÃO DO MUNDO
1.1. Tarso: berço de um ministério global
1.2. Hebreu de origem, zeloso por sua herança
1.3. Cidadania romana: um privilégio estratégico
2. UM FARISEU SALVO PELA GRAÇA
2.1. O fariseu zeloso: perseguidor e defensor da Lei
2.2. O encontro com a Luz: transformação e chamado
3. UM APÓSTOLO SINGULAR
3.1. A mensagem de Paulo: proclamando CRISTO com ousadia
3.2. As cartas de Paulo: fundamentos para a fé cristã
4.1. Zelo e dedicação: lições de comprometimento
4.2. Coragem e honestidade: exemplos de integridade cristã
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Atos 9.1-6
1 - E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote
2- e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém.
3- E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.
4- E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
5- E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou JESUS, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
6- E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Professor, o apóstolo Paulo é um dos personagens mais destacados do Novo Testamento, mencionado amplamente nas Escrituras, sendo superado apenas por JESUS. O desafio é mostrar que Paulo foi o instrumento divino para revelar a plenitude da graça, que salva tanto judeus quanto gentios (Ef 2.8,9; Rm 1.16).
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SUBSÍDIOS EXTRAS - REVISTAS ANTIGAS E LIVROS
LEIA TUDO E TERÁ ÓTIMA CONDIÇÃO DE DAR AULA SOBRE O TEMA
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Ajuda de revistas antigas
Escrita Lição 12, Central Gospel, Paulo, um Líder Eficaz, 2º Trimestre de 2023, Pr Henrique, EBD NA TV
https://youtu.be/2sa56FytO4E Vídeo
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2023/06/slides-licao-12-central-gospel-paulo-um.html
https://pt.slideshare.net/henriqueebdnatv/slides-lio-12-central-gospel-paulo-um-lder-eficaz-2tr23pptx
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- UMA BREVE BIOGRAFIA DE PAULO, O APÓSTOLO
1-1- Saulo, perseguidor da Igreja
1-2- Saulo, pregador do evangelho
1-3- Paulo, missionário às nações
1-4- Paulo, arquiteto da Igreja
2- CARACTERÍSTICAS DA LIDERANÇA PAULINA
2-1- Paulo é julgado e mandado para Roma
2-1-1- Paulo é apresentado ao governador Festo e ao rei Agripa.
2-1-2- Paulo enfrenta os primeiros percalços
2-2- O grande líder vislumbra o futuro
2-3- O grande líder é encorajador
2-4- O grande líder preocupa-se com as necessidades alheias
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Atos 27.1,4,7,9-11,21,22
1 - Como se determinou que havíamos de navegar para a Itália, entregaram Paulo e alguns outros presos a um centurião por nome Júlio, da Coorte Augusta.
4 - E, partindo dali, fomos navegando abaixo de Chipre, porque os ventos eram contrários.
7 - E, como por muitos dias navegássemos vagarosamente, havendo chegado apenas defronte de Cnido, não nos permitindo o vento ir mais adiante, navegamos abaixo de Creta, junto de Salmona.
9 - Passado muito tempo, e sendo já perigosa a navegação, pois também o jejum já tinha passado, Paulo os admoestava,
10 - dizendo-lhes: Varões, vejo que a navegação há de ser incômoda e com muito dano, não só para o navio e a carga, mas também para a nossa vida.
11 - Mas o centurião cria mais no piloto e no mestre do que no que dizia Paulo.
21 - Havendo já muito que se não comia, então, Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse: Fora, na verdade, razoável, ó varões, ter-me ouvido a mim e não partir de Creta, e assim evitariam este incômodo e esta perdição.
22 - Mas, agora, vos admoesto a que tenhais bom ânimo, porque não se perderá a vida de nenhum de vós, mas somente o navio.
Ajuda de revistas antigas
Lição 1, O Mundo do Apóstolo Paulo - Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos - Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2021/09/slides-licao-1-o-mundo-do-apostolo.html
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 26.1-7
1 - Depois, Agripa disse a Paulo: Permite-se-te que te defendas. Então, Paulo, estendendo a mão em sua defesa, respondeu: 2 - Tenho-me por venturoso, ó rei Agripa, de que perante ti me haja, hoje, de defender de todas as coisas de que sou acusado pelos judeus, 3 - mormente sabendo eu que tens conhecimento de todos os costumes e questões que há entre os judeus; pelo que te rogo que me ouças com paciência. 4 - A minha vida, pois, desde a mocidade, qual haja sido, desde o princípio, em Jerusalém, entre os da minha nação, todos os judeus a sabem. 5 - Sabendo de mim, desde o princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu. 6 - E, agora, pela esperança da promessa que por DEUS foi feita a nossos pais, estou aqui e sou julgado, 7 - à qual as nossas doze tribos esperam chegar, servindo a DEUS continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus.
Resumo da Lição 1, O Mundo do Apóstolo Paulo
I – O MUNDO DE PAULO NO IMPÉRIO ROMANO
1. Entendendo a origem de Paulo.
2. A geografia do mundo de Paulo.
3. Paulo, chamado para os gentios.
II – O MUNDO CULTURAL DE PAULO
1. A língua mundial daqueles dias era o grego.
2. O mundo cultural do apóstolo Paulo.
3. A influência da filosofia grega.
III – O MUNDO RELIGIOSO DE PAULO
1. Paulo se identifica como judeu.
2. Paulo foi criado dentro da fé judaica.
3. O mundo: palco da mensagem de Paulo ao povo gentílico.
Veremos aqui o mundo de Paulo no império romano, sua origem, a geografia do mundo de Paulo, seu chamado para os gentios.
Veremos o mundo cultural de Paulo, a língua mundial daqueles dias era o grego, o mundo cultural do apóstolo Paulo, a influência da filosofia grega.
O mundo religioso de Paulo, ele se identifica como judeu, ele foi criado dentro da fé judaica, o mundo, palco da mensagem de Paulo ao povo gentílico.
Paulo de Tarso, da tribo de Benjamim, Judeu, que falava Hebraico e Aramaico, línguas faladas pelos judeus, Grego, falado pelos gentios em geral e latim, língua falada pelos romanos.
Paulo, o maior imitador de CRISTO. Também chamado "Paulo, o velho" (Fm 1:9), "O prisioneiro de CRISTO" (Fm 1:9).
Paulo escreveu mais da metade dos livros do NT. Considero Hebreus escrito por Paulo.
Paulo influenciou a escrita do evangelho de Lucas e de Marcos. Paulo era usado em todos os dons do ESPÍRITO SANTO.
Pedro abriu a porta, mas quem percorreu todos os cômodos da casa e se instalou nela foi Paulo.
Foi Paulo usado por DEUS para transformar a "seita dos nazarenos" em Igreja de CRISTO.
Paulo usava escrituras, livros e pergaminhos. Anotava sempre o que ia recebendo de DEUS.
É o maior instrumento do ESPÍRITO SANTO para nossos ensino, sempre baseado nos ensinos de JESUS CRISTO. No tempo de JESUS como homem aqui na Terra e de Paulo, eles foram contemporâneos, com diferença de idade entre 9 e 12 anos. O Império romano nesta época se impõe como reino que não tem adversário à altura. Politicamente e belicamente não havia concorrentes. A cultura grega dominava devido à forte influência do ex-império de Alexandre, o grande, mas prevalecia a autoridade Romana. O Império romano governava desde a Inglaterra até a Persia. Entre anos 60 e 150, o governo romano experimentou seu apogeu e a Pax romana, com estradas ligando todo o império, possibilitando assim a intercomunicação e o comércio entre todos os países do império.
O Mar mediterrâneo e norte da África também eram dominados pelo império romano.
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A Vida e a Época do Apóstolo Paulo - 220.92 - Biografia - Ball. Charles Ferguson - A Vida e a Época do Apóstolo Paulo.../ Bali, Charles Ferguson - 1° ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de DEUS, 1998. ISBN 85-263-0186-
1 - Biografia. 2. História Bíblica.
Grande parte da vida e da época de Paulo nos tem sido preservada no Novo Testamento, principalmente nos escritos pessoais do apóstolo. Numa narrativa envolvente, Charles Ferguson Ball apresenta, pormenorizadamente, a vida do grande apóstolo dos gentios. Onde a história se cala, o autor busca prováveis detalhes em suas pesquisas, mantendo sempre a conformidade com o registro bíblico.
OS PORTÕES DO OCIDENTE
A província da Cilícia estendia-se numa estreita faixa de terra a nordeste do mar Mediterrâneo. Medindo apenas 112 quilômetros de norte a sul, alongava-se do ocidente para o oriente da Panfília, indo até as montanhas da Síria. As águas azuis do Mediterrâneo banhavam as costas ao sul, formadas de planícies férteis e montanhas onduladas, até chegar aos sombrios montes Tauros.
Os rochedos, dos três lados da Cilícia, isolavam-na completamente de seus vizinhos, exceto por duas conhecidas passagens nas montanhas.
As passagens eram fáceis de serem vigiadas, pois, através delas, só podia transitar um veículo de cada vez e, mesmo assim, com dificuldade. Em todo o Oriente eram mui afamadas como as guardiãs do único acesso, por terra, entre a Síria e o Ocidente.
Na estrada para Antioquia, em direção ao sul, ficava a passagem conhecida como o Portão da Síria. Todo o trânsito procedente da Ásia e do Sul tinha de ser feito por mar ou pelas estradas montanhosas da Cilícia. Na extremidade ocidental da Cilícia, cruzando os rochedos escarpados em direção às longínquas Grécia e Europa, encontrava-se a outra passagem estreita, chamada Portão da Cilícia ou Ciliciano.
Durante séculos, comerciantes e viajores entraram e saíram por esses portões. Sua localização estratégica proporcionou imensos lucros à Cilícia. Entretanto, por esses mesmos portões marcharam também os exércitos imperiais; e, em caso de guerra, vencia a batalha o comandante que primeiro dominasse as estradas das montanhas. A Cilícia fora conquistada e reconquistada muitas vezes. Disputada por gregos e romanos, agora pertencia a Roma. Não obstante, o idioma falado nas ruas das cidades continuou a ser o grego.
Se esses portões pudessem contar sua história, que formidável narrativa não seria! Conquistadores e cruzados, soldados e mendigos, peregrinos e ladrões - todos passavam por eles em suas viagens entre a Europa e a Ásia. Na verdade, ali estava o portão de saída para o Ocidente.
O rio Cnido, nascido nas rochas de um vale profundo, ia saltando de saliência em saliência até chegar às terras baixas do Sul. Ao longo do percurso, reuniam-se lhe outros rios menores, cada um transbordando com a neve derretida das altas serranias dos montes Tauros. Assim aumentado, alargava-se e percorria preguiçosamente seu caminho em direção ao mar.
Pequenas aldeias, fazendas e cabanas de barro escuro salpicavam a planície. Para o ocidente, a terra era ondulada e menos fértil. Por não se prestar ao cultivo, era usada como pastagem para o rebanho. Na direção leste, porém, o solo era rico e as colheitas boas. Aninhada entre os picos altaneiros, cobertos de neve, e o mar azul e quente, a Cilícia era um lugar mui agradável.
Tarso, a Cidade Natal de Paulo
Tarso, onde Paulo nasceu e foi criado, era a capital e principal cidade da Cilícia. Era uma das maiores cidades do Império Romano. Hoje, não passa de uma insignificante cidadezinha turca. Alguns de seus largos muros de proteção ainda existem, mas em completa ruína, com flores e mato crescendo pelas frestas.
Fora da atual Tarso encontra-se uma ponte sob cujos arcos o rio Cnido correra no passado. (Se essas pedras pudessem falar!) Hoje só podemos olhar as ruínas e os registros históricos da cidade que abrigou Paulo em sua juventude, e imaginar a influência que suas escolas, academias e ginásios exerceram sobre ele.
Apesar de sua grandeza, Tarso não se destacava por sua antiguidade. Embora fundada antes de Atenas e Roma, se comparada a Damasco, ou a Jerusalém, não passava de uma criança. Ela experimentou suas primeiras glórias nos dias de Alexandre, o Grande, quando muitos gregos abastados construíram ali suas residências e palácios. A fama lhe proveio principalmente de seu entusiasmo pela cultura. Suas escolas atraíam filósofos e professores de renome internacional. A afirmação de que ofuscava qualquer cidade como centro cultural era bem justificada.
Uma Cidade Famosa
Bem antes dos dias de Paulo, os filósofos e eruditos de Tarso já ensinavam retórica, matemática, ética, gramática e música. Paulo ainda não brincava nas ruas da cidade, quando grandes poetas, médicos, oradores e filósofos, treinados nas escolas de Tarso, levavam-lhe o nome para outras terras. Era tão grande a reputação da cidade que César Augusto, ele mesmo educado por Atenodoro de Tarso, escolheu Nestor, outro educador da cidade, como mestre de seu filho.
Tarso possuía inúmeros prédios públicos além de palácios e casas humildes. Havia ali um enorme teatro ao ar livre, construído para acomodar milhares de pessoas, num grande espaço aberto, aos pés de uma encosta, com fileiras e fileiras de bancos de mármore dispostos num largo semicírculo. Peças gregas eram encenadas no palco central, atraindo multidões. Ali também se apresentava a música da moda e liam-se poesias. O teatro ocupava um lugar importante na vida de ricos e pobres.
Marco Antônio, famoso general romano, morara em Tarso. Gostava tanto da cidade, que lhe deu autonomia; isto é, permitiu que seus cidadãos fizessem suas próprias leis sem qualquer interferência de Roma e sem lhes cobrar quaisquer impostos. O imperador Augusto, por sua vez, ficou tão impressionado com a cultura da cidade que lhe permitiu ter seus próprios tribunais e nomear seus magistrados. Tarso tornou-se um centro favorecido, despertando a inveja das cidades vizinhas.
Sua fama não lhe provinha apenas da cultura. Tarso era também um centro financeiro. As rotas comerciais davam-lhe proeminência. Nos dias de Paulo, o rio Cnido era tão largo que navios de grande porte subiam por seu leito, cerca de 19 quilômetros, e descarregavam suas mercadorias nos desembarcadouros da cidade. O cais era um espetáculo pitoresco. Transitavam por aqui egípcios de rosto acobreado, e africanos negros e fortes. Navios de Creta, Chipre, Rodes e Jope carregavam em seu bojo uma estranha mistura de marinheiros alegres que exaltavam a grandeza e o cosmopolitismo de Tarso.
Homens desciam o rio Cnido em balsas e barcos rústicos, transportando as mercadorias de suas fazendas e oficinas. Eram os fardos transportados para os navios e trocados por grãos, peles, lã, e barris de óleo e vinho. Os portos eram uma confusão de homens e longas fileiras de jumentos, mulas e cavalos. Quando o navio finalmente acabava de ser carregado, os gritos dos marinheiros e estivadores enchiam o ar à medida que as cordas eram desamarradas e o barco abria caminho no mar cintilante. Esse era o cotidiano no porto de Tarso.
O Barco Dourado de Cleópatra
O mais esplêndido navio que já aportara em Tarso era, agora, apenas uma lembrança, mas ainda perdurava a profunda impressão que deixara. Ficou conhecido como o barco dourado de Cleópatra, a lendária rainha do Egito. Ela fora encontrar-se ali com Marco Antônio para seduzi-lo com os seus encantos. Tinha os lábios pintados de vermelho e as unhas de um amarelo brilhante, cor de açafrão. Por toda parte corria a fama de sua beleza.
Naquele dia longínquo, pessoas ansiosas ajuntavam-se às margens do rio, procurando vislumbrar a belíssima rainha. O dia estava ensolarado e alegre, e o céu, azul. No alto do mastro, uma grande vela de seda vermelha flutuava ao sabor da brisa; flâmulas amarelas, carmesins, azuis e brancas esvoaçavam no mastro principal da embarcação. Um espírito festivo permeava a cidade enquanto o barco subia o rio. Os espectadores podiam ver a sua popa incrustada de ouro e coberta por um dossel dourado. Sob o dossel, num divã, entre macias almofadas, reclinava-se Cleópatra, enfeitada de joias resplendentes.
Os largos remos, revestidos de prata, rebrilhavam, enquanto feriam aquelas águas. Aquele fora um dia inesquecível. Sem dúvida, a história do seu esplendor seria contada e recontada no decorrer dos anos.
Os Jogos
Os gregos e romanos gostavam de competições atléticas. Apreciavam tanto o jovem que se destacava nas corridas quanto o homem que vencia uma batalha. De seus heróis e campeões, erguiam estátuas e monumentos. A pista de corrida era um lugar enorme, aberto, como um teatro. De um lado, enfileiravam-se as arquibancadas, construídas em forma de estádio para as multidões que iam assistir aos jogos e corridas. Milhares de jovens treinavam para os jogos, e sua maior ambição era a conquista dos prêmios.
A leste da cidade, na encosta de um monte, um grande prédio erguia-se em toda a sua magnificência. Era o ginásio - lugar onde os meninos aprendiam a ser ágeis e fortes. Dos 16 aos 18 anos, os rapazes nada aprendiam além de atletismo. Outras áreas da sua educação seriam cuidadas mais tarde. Afinal, o que mais importava para os gregos e romanos era o condicionamento físico. Os meninos aprendiam a correr, saltar, lutar e nadar. Havia ali banhos quentes e frios. Depois dos jogos, eles banhavam-se e esfregavam o corpo com óleo de oliva.
O ginásio era um lugar animado; ressoava com os gritos e risos de centenas de rapazinhos. O edifício era majestoso, com enormes pilares e estátuas esculpidas em mármore, representando grandes mestres, filósofos e homens vigorosos. Os meninos ficavam então cercados de exemplos de homens cultos e fortes - os líderes da sua época.
A Grandeza de Paulo
De todos os homens ilustres de Tarso, produtos do ginásio e das famosas escolas, ninguém foi maior que Paulo. Ele galgou alturas superiores a todos os demais. Todos foram esquecidos e, apesar de tanta grandeza, deixaram apenas uma pequena marca na história. O grande apóstolo de CRISTO, porém, cativou de tal forma o coração de milhões de pessoas em todas as eras, e alçou-se a tal proeminência, que a própria Tarso é lembrada, não por suas escolas e comércio, mas porque Paulo ali viveu.
O Mundo de Paulo
Naqueles dias, toda a vida do mundo concentrava-se no Mediterrâneo. Todas as grandes civilizações desenvolveram-se junto ao mar cujo nome aludia ao centro da terra. A palavra Mediterrâneo é formada por dois vocábulos que, juntos, significam "o meio da terra". Todos os interesses da vida humana achavam-se concentrados numa estreita faixa que se estendia pela costa sul da Europa, pela costa norte da África e pelas costas ocidentais da Síria e Palestina. Além dessa fronteira, havia regiões inexploradas, onde viviam povos bárbaros, que só entrariam na corrente da civilização anos mais tarde.
Três nações da época foram suficientemente grandes e fortes para deixar sua marca sobre as demais: Roma, Grécia e Israel.
ROMA
Os romanos governavam o mundo. Conquistaram esse direito pela força dos seus exércitos. Eles possuíam o dom da colonização e do governo (sua pequena espada, gladium, fez sucesso e era eficiente), as estratégias de guerra era infalível para as conquistas de seus exércitos.
Devido ao poder de suas legiões estacionadas em todas as colônias, eram os donos do mundo. Embora poderosos, não se aproveitavam dos povos conquistados; pelo contrário, procuravam integrá-los ao seu império, dando-lhes um lugar de honra.
Roma enviou grandes construtores e arquitetos, que edificaram magníficas estradas e levantaram prédios e templos por toda parte. As leis e instituições políticas romanas eram famosas por sua justiça, garantindo o direito de todos os cidadãos. Paulo apelou a esta lei, quando se tomou evidente o preconceito dos tribunais da Judéia contra si.
O cenário, porém, não era inteiramente luminoso. Com o aumento do poder e da riqueza, Roma tornou-se corrupta e frívola, presa à sensualidade, ao pecado e ao luxo. Em consequência, o povo fez-se dolente e fraco. O império de que tanto se orgulhavam desmoronou-se diante dos bárbaros vindos do Norte, que o invadiram e saquearam. Mesmo nos dias de seu maior poderio, não tinham força espiritual; deleitavam-se em prazeres vulgares e brutais, como as lutas de gladiadores. Durante os feriados, os lutadores combatiam até a morte nas arenas. No reinado de Trajano, dez mil gladiadores lutaram num período de apenas seis meses. Lutavam entre si como tigres e leões, e milhares de espectadores aplaudiam-nos enquanto mutuamente se matavam. Multidões acorriam ao Coliseu de Roma para assistir à morte de cristãos devorados pelas feras.
Tanto por sua grandiosidade quanto por sua fraqueza, os romanos deixaram na história a sua marca indelével. A seu favor deve ser dito que construíram o maior império que o mundo já viu.
Grécia
Se os romanos foram os líderes mundiais no tocante à lei e ao governo, os gregos lideraram na cultura e no conhecimento. A arte, a ciência e a literatura desenvolveram-se mais na Grécia que em qualquer outra parte. Embora o império fosse romano, a língua grega foi reconhecida como o idioma empregado pelas pessoas cultas. Os eruditos de todas as nações orientais falavam e escreviam o grego. Essa é a razão de o Antigo Testamento ter sido traduzido para o grego muito antes do nascimento de CRISTO, e das cópias mais antigas do Novo Testamento estarem em grego.
Os gregos eram um povo genial. Guiados por Alexandre, o Grande, conquistaram o mundo e procuraram helenizá-lo. Desempenharam tão bem sua tarefa que, mesmo após a morte de Alexandre e a divisão de seu império, uma porção da arte e da literatura gregas permaneceu em cada nação. Os professores e filósofos gregos eram os intelectuais reconhecidos da época. Eles divulgaram, em todas as nações, a literatura, arquitetura e pensamento científico de seu país.
Muitos judeus, nos dias de Paulo, liam as Sagradas Escrituras na tradução grega - a Septuaginta (Até mesmo JESUS usou suas citações) - pois o hebraico estava se tornando rapidamente uma língua morta.
Quando o Cristianismo surgiu, toda praça de mercado tinha seu grupo de eruditos gregos que se deleitavam em discutir palavras e frases, e cujo talento degenerava em confusão. A balbúrdia era às vezes tão grande que milhares de pessoas, tanto conquistadores como conquistados, abandonavam a crença em seus deuses e sistemas filosóficos. As religiões pagãs achavam-se à beira de um completo colapso, decadência e corrupção. Essa era a situação cultural do mundo, quando JESUS e Paulo nasceram.
ISRAEL
A nação, porém, que mais marcou a civilização mundial foi Israel. Sua marca jamais se apagará. Embora os judeus não tivessem poderio militar, destacaram-se por sua religião. Dispersos por todas as terras, construíam sinagogas para adorar a DEUS. Estrabão, um dos grandes historiadores da época de CRISTO, escreveu: "É difícil encontrar um único lugar na terra que não haja admitido essa tribo de homens e sido por ela influenciado".
Isso se dera devido ao fato de a Assíria, Babilônia e Roma terem invadido a Palestina, e levado daqui milhares de judeus para o cativeiro. Onde quer que fosse, o povo escolhido levava consigo as Sagradas Escrituras e as profecias de um Messias vindouro.
Eram homens orgulhosos e exclusivistas, envolvendo-se em seus mantos de justiça enquanto voltavam as costas ao grande propósito para o qual haviam sido chamados: representar a DEUS entre os demais povos. Escrevendo aos Romanos, Paulo resume o lugar de Israel no mundo, e aponta suas falhas em palavras contundentes:
Eis que tu que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em DEUS; e sabes a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei; e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, instruidor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei; tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?... Porque, como está escrito, o nome de DEUS é blasfemado entre os gentios por causa de vós (Rm 2.17-21,24).
Embora seja penosamente óbvio o fracasso dos judeus em executar os planos divinos, eles estabeleceram sinagogas desde a longínqua Babilônia até a cidade de Roma. Na história do Pentecostes, os judeus que voltaram a Jerusalém, abrangiam conterrâneos de todas as províncias do império romano:
Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, Ponto e Ásia. E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes (At 2.9-11).
Lucas faz um resumo, dizendo que os judeus eram de "todas as nações que estão debaixo do céu" (At 2.5).
Onde quer que os judeus construíssem suas sinagogas e cumprissem seus rituais, estabeleciam um centro para a adoração do DEUS Único e Verdadeiro.
Sua presença no Império Romano foi de grande ajuda, servindo de porta para o programa futuro da Igreja. Quando Paulo viajava para um novo local, sempre procurava a sinagoga para pregar, e isso geralmente dava início a uma nova igreja.
O Plano de DEUS
Eis aí um vislumbre do mundo em que Paulo nasceu. O cenário era de confusão, conflito, insatisfação e necessidade - necessidade que não podia ser satisfeita pela lei romana, erudição grega ou religião judaica.
Entretanto, DEUS decidiu enviar a este mundo um homem que, pelos seus dons naturais, pôde cativar toda classe de pessoas. Com seus antecedentes e preparo, estava apto a falar com autoridade aos romanos, gregos e hebreus. DEUS separou esse homem, mudou todo o curso de sua vida e usou-o para fortalecer a Igreja de maneira milagrosa. Saulo de Tarso, o escolhido de DEUS, tornou-se um dos maiores pensadores e, certamente, o maior líder e teólogo da Igreja.
O LAR EM TARSO
Jamais foi escrita uma biografia completa do apóstolo Paulo. Essa tarefa é simplesmente impossível por nos faltarem o início e o fim de sua história. Nosso registro de suas atividades começa em sua juventude, pouco antes de ele iniciar o apostolado. Foi aí que Lucas o conheceu e incluiu-o em sua história da Igreja Primitiva. Além disso, só temos algumas notas pessoais nas 13 epístolas eclesiásticas e pastorais escritas por ele em diferentes partes do Império Romano. Apesar das muitas lacunas desses registros, temos o suficiente para tornar o relato um dos mais emocionantes da História.
Está claro que não houve monotonia na vida de Paulo. Sumariando esse período, ele menciona vividamente alguns episódios:
Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo. Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da. minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos. Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez (2 Co 11.2427).
Em lugar algum, porém, esta história é inteiramente contada. Além do breve relato de um naufrágio, os outros não são mencionados. Não há nenhuma narrativa da noite e do dia terríveis passados em alto mar, agarrado talvez a um destroço. Nem é feita a descrição dos assaltos nas passagens montanhosas, onde os ladrões tornaram-se tão ameaçadores para os viajantes, que estes tinham de se organizar em caravanas. A seguir vieram os rios caudalosos e as enchentes, com apenas algumas pontes para cruzá-los. Para os de viva imaginação, essas aventuras são verdadeiramente estimulantes!
Embora não haja registro da infância de Paulo, uma história muito interessante pode ser montada a partir das informações colhidas da história, da tradição e das notas pessoais nos escritos paulinos.
O Nascimento de Paulo
O grande apóstolo nasceu por volta do ano três de nossa era, no lar de um piedoso casal, no bairro judeu de Tarso. As ruas eram estreitas e as casas pobres, mas aquele dia foi de imensa felicidade para a família. Contemplaram o rosto do filho, e sentiram-se satisfeitos e orgulhosos.
Embora vivessem numa cidade gentia, seus pais resolveram dedicá-lo ao serviço de DEUS, e fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para educá-lo como um verdadeiro israelita.
O pai pertencia à tribo de Benjamim e gabava-se disso sempre que os vizinhos mencionavam suas árvores genealógicas. Todos sabiam que Saul, o primeiro rei de Israel, era benjamita.
Apesar de morar em Tarso, a família considerava as montanhas orientais da Palestina o seu verdadeiro lar como o faziam os judeus piedosos. Para eles, Jerusalém era a cidade mais bela do mundo, pois ali estava a Casa de DEUS. Eles enviavam ofertas para os reparos do Templo, e a cada ano planejavam visitar a Cidade Santa por ocasião da Páscoa.
Oito dias após o nascimento do menino, os pais deram-lhe um nome. A cerimônia foi seguida de uma ceia, para a qual todos os amigos e parentes foram convidados, e cada um levou o seu presente. Ele recebeu o bom nome hebreu de Saulo. Esse era um nome mui querido de todos os descendentes de Benjamim porque assim se chamava o primeiro rei de Israel. Mas como viviam no mundo romano, usaram também a forma latina do nome — Paulo.
Nos negócios, ele era Paulo, porque isso impressionava os gentios. Mas a mãe sempre o chamava de Saulo, pois esse nome agradava-lhe o coração.
Primeiros Ensinamentos em Casa
O pai de Saulo era muito severo. Sendo fariseu, acreditava que os mandamentos de Moisés, como interpretados pelos rabinos e escribas, deveriam ser observados à risca.
Uma caixa metálica brilhante, medindo 2x7 centímetros, ficava pendurada no batente de sua porta. Quando os visitantes chegavam, ou saíam, tocavam-na e beijavam os dedos, resmungando algumas palavras da Escritura. Dentro da caixa, escritos num pedaço de pergaminho, estavam versículos da lei de Moisés, começando com aquelas palavras tão familiares: "Ouve, Israel, o Senhor nosso DEUS é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu DEUS de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder" (Dt 6.4-5). Esta caixa era chamada de mezuzah. Antes de o pequeno Saulo ter idade suficiente para falar, provavelmente já imitava os outros. Do colo da mãe, esticava o bracinho roliço para tocar a caixa brilhante, beijando em seguida a mão como vira outros fazerem. Prazenteira, a mãe sorria, acariciando lhe a cabecinha.
À medida que Saulo crescia, aprendeu a ajoelhar-se com o rosto voltado à distante Jerusalém e, com as mãos cruzadas à frente, já fazia uma oração pela manhã e outra à noite. Quando perguntou a razão de ter de olhar para Jerusalém, foi-lhe dito que o SANTO Templo estava ali, e que no Lugar SANTO, por trás da grande cortina púrpura, DEUS habitava no meio de seu povo. O menino não compreendia tudo, mas ficava impressionado porque a voz da mãe tornava-se solene, e ela curvava a cabeça todas as vezes que falava de DEUS.
Ela também lhe contava como o profeta Daniel, quando exilado numa nação gentia, jamais se esquecera de abrir as janelas em direção à Cidade Santa, e falar com o seu DEUS. Instado a não mais orar, recusou-se a obedecer ao edito do rei e, como castigo, foi lançado à cova dos leões. Mas as feras não lhe fizeram mal algum, porque DEUS fechara-lhes a boca.
A mãe de Saulo contou-lhe as histórias de seu povo. Falou da opressão do Egito e de como DEUS libertara o povo das mãos de Faraó, fazendo-o atravessar em triunfo o mar Vermelho. Ela nunca se cansava de mencionar Saul, o rei de quem o filho levava o nome, e como ele fora o mais alto, belo e majestoso de todos os homens de Israel. Enfatizava repetidamente o fracasso dos juizes e a humildade de Saul, o primeiro rei de Israel. "Por causa de sua humildade", repetia-lhe a mãe, "ele foi honrado por DEUS".
Mas o fim trágico de Saul ficou gravado para sempre no coração de seu jovem homônimo, numa advertência de como DEUS rejeita o que dEle se desvia para buscar a própria glória. A mãe de Saulo costumava concluir seus ensinamentos, citando a Escritura: "Aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão envilecidos" (1 Sm 2.30). De igual modo, contou a Saulo sobre Abraão, o pai do seu povo; Moisés, o grande legislador; Gideão, Sansão e a rainha Ester, filha de judeus pobres. Os heróis da nação judaica tornaram-se parte dos seus pensamentos e da sua conversa diária. Suas histórias preferidas eram as de aventuras e combates.
Quando o sol enorme e quente descia por trás dos morros da Panfília e as estrelas surgiam no céu púrpura, era a hora de todo menino dormir. Saulo e a irmã sentavam-se, então, nos joelhos da mãe e ouviam-na falar de Davi, o pastorzinho que matara um urso e um leão que tentaram devorar-lhe as ovelhas. Ela contava também sobre o grande rei Salomão, cuja glória maravilhava o mundo inteiro; falava ainda sobre a rainha de Sabá que fora a Israel verificar se era verdade tudo o que se dizia sobre a sabedoria e riqueza do rei Salomão.
Uma das histórias favoritas de Saulo era a do profeta Elias, que se escondera numa caverna e fora alimentado pelos corvos. Num dia glorioso, no monte Carmelo, com todos os profetas de Baal contra si, Elias pediu fogo do céu, e mostrou ao povo quem era verdadeiramente o DEUS Todo-Poderoso.
Aos poucos, mas solidamente, foi-se desenvolvendo no menino a consciência de que pertencia a um grande povo. Orgulhava-se de que, embora minoria em Tarso, os judeus tinham Jeová por DEUS, que sempre os abençoava quando eles o reverenciavam.
Nas longas noites de inverno em Tarso, com os postigos e portas bem fechados para impedir a entrada dos ventos frios do Norte, a família reunia-se ao redor da lâmpada de óleo que brilhava. A mãe tecia o pano para fazer um casaco para o pequeno Saulo. Enquanto seus dedos guiavam os fios, contava aos filhos sobre a túnica que Jacó dera a José, e como este, despertando os ciúmes dos irmãos, fora por eles vendido ao Egito. Mas DEUS estava com José, que se tornou o primeiro - ministro no governo de Faraó, rei do Egito. José foi o meio usado para salvar o seu povo da grande fome que sobreviera à terra de Canaã.
Mãe alguma tinha uma reserva tão grande de histórias, nem jamais as contara com tanto orgulho e convicção.
A Sinagoga
A mãe de Saulo levou-o à sinagoga quando ele atingiu a idade apropriada. Ao chegar, lavaram os pés empoeirados e depois sentaram-se na seção das mulheres e crianças, separada da dos homens adultos por uma treliça de pedra. Através da treliça, ele podia ver o pai sentado no chão com os homens, ouvindo enquanto o rabino lia a Lei, e dirigia-se à congregação.
Ouve, Israel, o Senhor nosso DEUS é o único Senhor. Amarás pois o Senhor teu DEUS de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E essas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas (Dt 6.4-9).
O pequeno Saulo não compreendia muita coisa do que se passava na sinagoga. Mas a mãe achava que ele deveria conhecê-la desde a mais tenra idade para, mais tarde, sentir-se estimulado a frequentá-la regularmente. Ela podia imaginá-lo dentro de poucos anos, sentado com os outros homens, discutindo os caminhos de DEUS e, depois, como rabino, explicando as Escrituras. Seu coração estremecia com o privilégio de educar um filho de Israel que frequentasse a sinagoga de Tarso durante toda a sua vida.
Durante aqueles primeiros anos, a mãe de Saulo foi sua única professora. Olhos puros fitavam olhos confiantes. E, assim, Saulo passou a viver conforme o padrão escolhido pela mãe. Ela sabia que era seu dever levar o filho a conhecer e a amar as Escrituras conforme ensinara Moisés:
Quando teu filho te perguntar pelo tempo adiante, dizendo: Quais são os testemunhos, e estatutos e juízos que o Senhor nosso DEUS vos ordenou? Então dirás a teu filho: Éramos servos de Faraó no Egito, porém o Senhor nos tirou com mão forte do Egito
(Dt 6.20,21).
Os Ensinamentos do Pai
Os rabinos da antiguidade diziam que as lições em casa deviam começar aos cinco anos. O pai seria o principal professor nesse período, cuidando da educação do filho. A escola começou então oficialmente para Saulo nessa idade. Depois disso, o aprendizado não se baseava tanto nas histórias, mas na memorização de versículos do Antigo Testamento e dos cânticos da sinagoga. Os salmos de Davi eram usados como hinos de adoração, e cada menino tinha de aprendê-los, juntamente com os mandamentos de Moisés e as tradições dos grandes rabinos.
Grande parte da educação resumia-se em decorar textos. Para Saulo, este exercício iniciou-se aos cinco anos e continuou até os trinta. Os judeus não precisavam estudar outros livros didáticos. As Escrituras continham todos os conhecimentos relativos à vida. As histórias do seu povo eram o seu único prazer, e extrair conhecimento de quaisquer outras fontes era desencorajado e visto com desconfiança.
A primeira lição de Saulo, baseada num versículo de Deuteronômio, foi-lhe transmitida em grego. Ele a repetiu várias vezes até decorá-la: "O que o Senhor requer de mim, senão adorá-lo e andar em seus caminhos, amá-lo e servi-lo de todo o meu coração e alma, e guardar os mandamentos que DEUS ordena neste dia para o meu bem?"
Depois disso, Saulo decorou verso após verso das muitas promessas divinas, pois os seus pais acreditavam que, se um judeu fosse bom e adorasse a DEUS, o Senhor abençoaria sua casa, campos e negócios. Mas, se não amasse e adorasse ao Senhor, certamente DEUS o castigaria, retirando-lhe sua bênção. Desde a infância, Saulo foi levado a crer em tudo o que a Escritura dizia. Mais tarde, não teve dificuldade em aceitar tudo o que ensinava o rabino.
Aos seis anos, seus pais o levaram pela mão à escola de rabinos. Com um olhar de medo e saudade, o menino largou a mão da mãe, que o entregou ao professor. O ambiente não era tão confortável como sua casa. O mestre era um estranho barbudo. O pai ficou ali mais algum tempo, observando o filho sentar-se de pernas cruzadas na companhia de outros trinta garotos, que olhavam fixamente à face severa do mestre.
Os pais voltaram para casa experimentando uma mistura de sentimentos. Orgulhavam- se pelo fato de o menino estar crescendo, mas entristeciam-se porque o tempo de seu aprendizado no lar chegara ao fim. Todavia, sentiam-se satisfeitos porque o filho ia ser educado como um verdadeiro hebreu, embora estivesse numa cidade grega e distante do Templo de Jerusalém.
Diferentemente das escolas gregas, não havia na escola da sinagoga nem aula de desenho nem de pintura. Traçar a figura de um homem, pássaro ou animal era proibido pela Lei. Os jogos e esportes gregos também não tinham espaço nas escolas rabínicas; eram costumes pagãos desprezados pelos eruditos judeus.
Em casa e na escola, Saulo aprendeu que a maior coisa do mundo era adorar a DEUS de todo o coração e obedecer aos mandamentos de Moisés.
Não havia necessidade de carregar livros, pois nem o professor os possuía. Em voz alta e monótona, este repetia as lições aos alunos até que tudo lhes ficasse gravado na memória. Era repetir, repetir e repetir.
Como todos os meninos, Saulo fazia inúmeras perguntas. Seus pais encorajavam-no a isso, especialmente no que dizia respeito aos rituais religiosos. Saulo devia perguntar por que a mãe varria a casa e acendia a lâmpada, entregando esta depois ao pai a fim de procurar migalhas em todos os aposentos. Por que comiam pão sem fermento, com as cabeças cobertas, como se estivessem prontos a fugir do inimigo? Por que a mãe acendia uma vela a cada noite, até que, depois de oito noites, a casa ficasse toda iluminada? Por que esperavam tão ansiosamente a lua nova? Ele perguntava todas essas coisas e muitas outras. O pai, muito orgulhoso, explicava-lhe o significado de cada uma delas: como eles celebravam os grandes dias de sua história, e como DEUS lhes ordenara que essas datas fossem lembradas. Os judeus eram diferentes de todos os povos do mundo; nessa diferença, repousava o seu orgulho e alegria.
A seguir, veio o aprendizado do alfabeto, tanto hebraico quanto grego. Se na sinagoga, o hebraico era falado e lido, em casa e nas ruas, até os judeus falavam o grego. Saulo teve, portanto, de aprender ambos os idiomas. O pai retirava os rolos sagrados da caixa, entregava-os ao filho, e punha-se a contemplá-lo satisfeito, enquanto o menino fazia a leitura na amada língua hebraica.
O Dia de Sábado
Como as escolas não funcionavam aos sábados, as crianças judaicas esperavam ansiosas por esse dia. Os cidadãos de Tarso não guardavam o sábado, e odiavam os judeus por serem tão diferentes. O pai suspendia o trabalho mais cedo na sexta-feira, e parecia contente ao ver a casa varrida e arrumada, os filhos vestidos com as melhores roupas e a refeição da noite sobre a mesa. O dia de descanso começava com o pôr-do-sol na sexta-feira e ia até o fim do sábado.
Quando a escuridão descia sobre a cidade, o som da trombeta era ouvido do alto da sinagoga. Os pais de Saulo inclinavam-se juntos. Em seguida, o chefe de família impetrava a bênção sobre o lar. Ato contínuo, lavava as mãos numa bacia de água e colocava um pouco de vinho na taça. Reunidos em volta da mesa, todos provavam do cálice. Então o pai dizia algumas palavras a respeito do Senhor e, mergulhando um naco de pão no sal, oferecia-o a cada membro da família.
Esse era o começo do melhor dia da semana.
Eles sentavam-se para uma refeição composta de peixe, sopa, pão e frutas. Era o dia de descanso solene e não se avistava nenhuma fumaça evolando-se das casas judias, pois DEUS ordenara fosse o sábado um dia de repouso. Nenhum fogo era aceso; nenhum alimento, cozido; e o pai declarava gravemente que quem desobedecesse devia ser morto. Moisés não condenara à morte o homem flagrado colhendo gravetos para acender o fogo no sábado?
Nesse dia, todos iam à sinagoga. Por trás da treliça que separava as mulheres e crianças da parte principal do prédio, Saulo podia ver o pai no grande salão onde ardia o castiçal de sete hastes. O pai removia os sapatos e amarrava filactérios nos braços e na testa; colocava um xale azul na cabeça, e voltava-se em direção a Jerusalém, para orar com os outros homens.
As portas eram então fechadas e, de algum ponto, uma voz cantava: "Bendito o Senhor, o Rei do universo, que fez a luz e as trevas, que envia a paz e cria todas as coisas e quem, na sua misericórdia, dá luz à terra; quem, na sua bondade, renova dia a dia as obras da criação". Podia se ouvir dos lábios dos ouvintes um "amém" em voz baixa, enquanto todas as cabeças mantinham-se inclinadas.
Enquanto observava, Saulo viu um dos homens pegar um rolo grande de pergaminho e fazer a leitura em hebraico. Era a lei de Moisés. Cada sentença era repetida em grego a fim de que todos pudessem entender. A seguir, um dos principais da sinagoga comentava o trecho lido. Às vezes, argumentava acaloradamente, citando opiniões dos grandes rabinos. Eles também faziam perguntas difíceis e procuravam respondê-las demonstrando grande autoridade.
Depois das perguntas, uma breve bênção despedia o povo que saía em silêncio. Às vezes, reuniam-se nas casas, mas nunca passeavam a pé, já que era proibido andar mais de §00 metros nesse dia. Quando o sol se punha, o pai reunia a família e orava por cada um em particular, pedindo a bênção de DEUS sobre o dia que terminava.
O Rigor dos Fariseus
Todas as regras que Saulo aprendia na escola eram seguidas rigorosamente pelo pai; este era meticuloso até na forma de lavar as mãos. No lar de Saulo, havia mais rigor e disciplina que na maioria dos de seus amigos. Seu pai era fariseu e decidira que o filho também o seria. Ser fariseu significava pertencer a mais importante seita do Judaísmo.
Os saduceus pertenciam à classe alta e rica; eram a aristocracia; ocupavam a maioria dos altos cargos, mas não se importavam com a fé nem com a moral. Aceitavam as Escrituras de modo geral, mas não acreditavam no céu, nem nos anjos, ou na vida após a morte. Os fariseus apiedavam-se deles; achavam que o desejo de ser modernos virara-lhes a cabeça.
Por seu turno, os fariseus não só aceitavam integralmente as Escrituras, como também as tradições orais dos rabinos. Diziam que as tradições se originavam da Palavra de DEUS. Eles estavam continuamente brigando e discutindo com os saduceus, por acharem ter alcançado uma posição superior à de qualquer outra classe. Orgulhosos e intolerantes, agradeciam a DEUS por não serem como os demais.
Andar uma milha, carregar um graveto, ou acender o fogo no sábado era considerado ofensa grave por Saulo e seu pai. Até mesmo comer um ovo posto por uma galinha no sábado era considerado pecado. Saulo pensava, trabalhava e crescia segundo os ensinamentos do farisaísmo. Preparou-se gradualmente para liderar outros nessa tradição, sem jamais sonhar que, um dia, despojar-se-ia dela como de algemas pesadas, liberto que seria por CRISTO.
Influências Gentias
Ao norte da cidade ficava a pista onde eram disputadas as provas de atletismo. A cidade inteira comparecia para apreciar tais eventos. Menino algum que crescesse em Tarso poderia fugir à influência desse lugar. Os jovens da Grécia e de Roma gostavam tanto de correr, e davam a isso tamanha importância, que um vencedor se tornava herói nacional, e tinha uma estátua erguida em sua honra.
Saulo foi tão influenciado por essa pista de corrida que, mais tarde, em seus escritos, comparou a vida cristã a uma prova atlética. Considerou que a vida em CRISTO tem um ponto de partida, uma pista e um alvo. O cristão não é alguém sem rumo; tem um alvo diante de si e concentra-se na busca do prêmio. À medida que a vida de Saulo se aproximava do fim, sua mente voltava à pista. E ele escreveu a Timóteo: "Completei a carreira" (2 Tm 4.7).
Saulo provavelmente nunca teve permissão para assistir a esses jogos. Era um passatempo gentio e impróprio para um bom judeu, principalmente se fosse fariseu. Não obstante, ele via os jovens gregos treinando para as corridas, e não podia deixar de se interessar pelo vencedor.
O teatro também atraía milhares de pessoas cultas; o melhor no campo da música, poesia e drama era apresentado ali. Os judeus, porém, não apreciavam tais frivolidades. O pai de Saulo considerava-as supérfluas e inadequadas ao filho de um fariseu.
Quando permitia que Saulo fosse ao ginásio ver os rapazes saltar, correr e praticar todo tipo de esportes, dizia-lhe que o exercício físico era necessário à formação de bons soldados, mas o jovem que estudasse a lei de Moisés seria um homem melhor.
O Filho da Lei
Quando Saulo completou 13 anos, sua vida passou para um estádio totalmente novo. Aos poucos foi tomando consciência das responsabilidades da vida pessoal e comunitária. Conforme ensinavam os rabinos, ao chegar aos 13 anos, o jovem torna-se responsável por seus atos e já pode ser admitido na seção masculina da sinagoga. A fim de marcar tal mudança, Saulo foi levado à sinagoga para uma cerimônia conhecida atualmente como bar mitzvah.
O pai disse-lhe que até então ele estivera aprendendo a Lei, mas chegara a hora de obedecê-la. Chegara a hora da responsabilidade. Como bons pais, tinham feito o possível para educá-lo na pureza da fé. Agora, achava-se ele por conta própria aos olhos da Lei Mosaica; se deixasse de obedecê-la, poderia ser castigado pelo tribunal da sinagoga como qualquer outro judeu.
Depois de submetido a um exame solene, Saulo foi declarado apto para ter o filactério amarrado no braço, como sinal de haver adentrado a idade adulta. Na sinagoga mal iluminada, os amigos da família reuniram-se enquanto o pai apresentava o filho ao rabino. Este prendeu a pequena caixa preta na parte superior do braço de Saulo, e recomendou-lhe que nunca entrasse na sinagoga sem ela. A seguir, pela primeira vez em público, ele procedeu à leitura da Tora, mostrando ter sido educado como um verdadeiro hebreu. Depois disso, o rabino - seu velho amigo e professor fez-lhe um discurso, no qual resumiu muitas das lições que lhe ensinara. Com palavras de conselho, o líder espiritual acolheu-o na comunhão da sinagoga.
Na audiência, por trás da treliça, a mãe de Saulo ouviu seu menino ser declarado filho da Lei. Seus olhos encheram-se de lágrimas. Nunca mais ele se sentaria ao seu lado na sinagoga. Ela suspirou e chorou. Saulo tornara-se repentinamente um homem, e mãe alguma está preparada para tal mudança.
Na caixa presa ao braço de Saulo, havia trinta versículos da Escritura, escritos em pergaminho, começando com a admoestação:
E te será por sinal sobre tua mão, e por lembrança entre teus olhos; para que a lei do Senhor esteja em tua boca: porquanto com mão forte o Senhor te tirou do Egito. Portanto, tu guardarás este estatuto (Êx 13 9,10).
Veio a seguir a festa em casa; os amigos levaram presentes e deram-lhe os parabéns. Era a aceitação pública de Saulo como homem. Ele passou assim da infância para a idade adulta aos olhos de seu povo. Não era mais um simples escolar, e sim um estudante. Não abandonou os estudos; só mudou a maneira de estudar.
Fabricante de Tendas
Afirma o ditado rabínico: "O homem que não ensina um ofício ao filho quer que ele se tome ladrão, pois quem não trabalha para ganhar o próprio pão come o de outrem". Sabendo disso, o pai de Saulo desejava que o filho tivesse uma profissão. Ele era fabricante de tendas e fora morar em Tarso atraído pela fama de seus tecelões. Essa reputação devia-se ao fato de o cilicium, um tipo especial de tecido, ser um produto da província. Era fabricado com o fio comprido do pelo das cabras que pasciam nos montes da Cilícia, a oeste e ao norte da cidade. O cilicium era considerado o melhor material para tendas, pois, de tão duro, tornava-se quase impermeável. Também era empregado nas velas dos barcos e trajes externos dos pescadores e marinheiros.
Havia uma pequena oficina nos fundos da casa de Saulo. Era um barracão comprido e baixo, aberto numa das extremidades, contendo um tear, rodas para tecer o fio, caldeirões para tingir o pelo de cabra, e um banco para cortar o couro e costurar as tendas. Fardos de peles de cabra amontoavam-se num canto, do jeito que haviam saído das mãos do pastor.
Várias vezes ao ano, o pai de Saulo viajava para as montanhas distantes, a fim de comprar peles. Ele sabia onde encontrar os pastores que vendiam 3s peles de pelo mais longo e resistente de toda a Cilícia. Completadas as compras, carregava os jumentos com sua mercadoria e voltava à oficina. O pelo tinha de ser então penteado e preparado para ser tecido. Uma parte era tingida de vermelho, outras de amarelo, roxo e verde, para atrair os mercadores. O fio era depois enrolado em fusos e preparado para as lançadeiras e o grande tear manual.
Preparado o tecido, vinha a fabricação da tenda. Saulo observava o pai cortar o material em tiras e costurá-lo com um fio bem forte e uma grande agulha de bronze. O segredo era costurar tão bem e tão apertado, que nem uma gota de chuva pudesse atravessar, ou vento algum rasgar o material. Não era fácil fazer uma boa tenda. Era preciso prepará-la, enrolar a corda, fazer as estacas e colocar ilhoses e ganchos de couro para pendurar caldeirões, panelas e arreios. A seguir vinham as decorações. Algumas tendas eram coloridas com largas faixas amarelas, vermelhas ou azuis. Mas o tipo comum não tinha faixas, era sempre preto ou cinza.
Com o passar do tempo, Saulo tornou-se um perito na profissão e podia fabricar tendas tão fortes e boas quanto as de seu pai. Ele nunca se esqueceu do seu ofício e, anos mais tarde, voltou a praticá-lo em muitas das cidades que visitou, pois , em algumas, como Tessalônica e Corinto, não aceitava dinheiro das igrejas para o seu sustento. Um fabricante de tendas de Tarso era sempre bem recebido. Sua habilidade nessa profissão foi reconhecida em todo o mundo.
Todavia, seus pais queriam que ele fosse um professor da Lei de Moisés, um rabino. Naqueles dias, todo rabino tinha um ofício, pois não era costume aceitar dinheiro pelo ensino.
Não use a Lei como enxada para cavar - disse um dos mais famosos.
Faça qualquer tipo de trabalho - disse outro. - Nem que seja tirar a pele de um cavalo à beira da estrada; e não diga para justificar-se: "Sou um sacerdote".
Os Feriados Judeus
A semana mais importante do ano era a da Páscoa. Era uma grande data nacional; tinha um profundo significado religioso. A Páscoa celebrava a libertação dos israelitas do cativeiro no Egito. É claro que havia outros feriados, tal como o da Festa dos Tabernáculos, quando as crianças iam ao campo com os pais, e cortavam ramos para construir uma cabana em cima da casa, na parte plana do teto. Isso era feito para que se lembrassem da época distante, quando os judeus, ao deixarem o Egito, passaram a morar em tendas. Sem uma habitação permanente, vaguearam entre as rochas do deserto.
Havia também a Festa da Colheita, o Purim e o Dia da Expiação. Para cada grande dia, vários peregrinos piedosos deixavam Tarso e voltavam a Jerusalém. Saulo era ainda muito jovem para ir; mas, desde que Tarso ficava junto à estrada principal, ele se acostumara a ver centenas de judeus descansando ali, à noite, na longa viagem para o Sul. Por várias vezes, tios, primos e outros parentes haviam pernoitado em sua casa. Saulo lembrava-se de como, pelo menos uma vez ao ano, seu pai juntava-se a esses grupos de viajantes. Ele embrulhava suas melhores roupas a fim de vesti-las quando chegasse a Jerusalém, e depois arreava um jumento e partia alegre pela estrada que o levaria através das montanhas até o SANTO Templo.
Após meses de ausência, o pai voltava admirado, cheio de histórias de grandes aventuras, que entreteriam a família durante semanas. O menino, que nunca estivera em Jerusalém, ouvia extasiado as descrições entusiasmadas do pai e pensava que a grande cidade deveria estar logo abaixo do céu em glória e grandeza. O pai falava do toque das trombetas dos sacerdotes, ao iniciar-se o dia de adoração no Templo, e dos coros dos levitas, vestidos de branco, cantando os grandes salmos nos degraus de mármore.
As ruas ficavam cheias de multidões alegres; turistas de todas as partes do mundo. Costumes interessantes podiam ser vistos em toda parte, e línguas estrangeiras eram ouvidas quando os grupos se juntavam nos pontos de reunião. O jovem Saulo ouvia essas histórias até sua mente ficar repleta de sonhos e visões. Quando ele também poderia ir a Jerusalém?
- Seja paciente, meu filho, não falta muito para você poder ir com seu pai - dizia-lhe a
mãe.
De fato, na última viagem, o pai fizera alguns planos. Ele sempre esperara e ambicionara tirar o filho da cidade gentia de Tarso, dando-lhe a vantagem de uma escola em Jerusalém. Todo bom rabino fora treinado ali. Para ser bom professor era necessário ter contato com os grandes rabinos do templo.
Desde que a mãe concordara com o plano, não havia mais dúvidas. Os negócios na fábrica de tendas tinham sido bons e, para o filho, não queria nada menos que o melhor. Enquanto estivera em Jerusalém, só se falava do grande Gamaliel. Muitos o procuraram durante os feriados para ouvir-lhe a sabedoria. Não se tratava de um simples boato. Seus discursos eram poderosos, pois ele falava com autoridade. Ficou então decidido que Saulo iria para a Cidade Santa, e talvez retornasse mais tarde como um dos grandes rabinos de Israel.
NA ESCOLA DE GAMALIEL
A sinagoga de Tarso muito se orgulhou ao saber que um de seus rapazes iria estudar com os grandes rabinos de Jerusalém. Muitos dos vizinhos tinham amigos ou parentes nesta cidade, e ofereceram-se para escrever-lhes contando sobre a ida de Saulo, e pedindo-lhes que o acolhessem. Todos queriam ser úteis, e na ceia, oferecida em sua homenagem, levaram-lhe presentes, apresentaram-lhe as congratulações e até lhe ofereceram alguns conselhos. Todos sabiam que Saulo era um bom estudante e dele esperavam grandes coisas. Foram unânimes em afirmar que, um dia, ele voltaria para falar, e talvez ensinar, em sua própria sinagoga.
Semanas antes da viagem, a mãe de Saulo ocupou-se fazendo-lhe roupas novas e arrumando as coisas que ele deveria usar na cidade grande. Ter várias mudas de roupas era sinal de riqueza e boa educação, e ela queria que o filho tivesse um bom começo. Medo e alegria subiam e desciam pelos corredores de sua alma, perseguindo-se mutuamente, quando pensava no filho saindo de casa e no grande vazio que lhe ficaria; mas ao mesmo tempo, pensava na honra e privilégio de sacrificar-se, como é dever de toda mãe, Para que o filho convivesse com os poderosos de Israel. O pai mantinha-se silencioso e distante, mas um brilho de orgulho surgia em seus olhos quando imaginava seu menino na escola de Gamaliel.
Muitas vezes Saulo observara as caravanas carregadas com todo tipo de mercadorias, partindo de manhã bem cedo, para aproveitar ao máximo a luz do dia. Houve ocasiões em que olhara para aquelas caravanas com inveja; agora iria partir com elas, e talvez permanecesse fora durante vários anos. Uma sensação de medo e solidão o envolvera. Era a primeira vez que ficaria longe de casa. E o mundo, agora, lhe parecia tão grande. Todavia, não estava triste, pois eram tidos como bem-aventurados os que podiam fazer a viagem. Nem todos tinham tais oportunidades ou um futuro assim promissor.
Para o leste, numa faixa branca e estreita, a estrada estendia-se pela vasta planície e desaparecia nos montes distantes. Um grito alegre elevou-se da caravana, enquanto os peregrinos acenavam com ramos verdes àqueles que tinham ido à sua despedida.
A Despedida
Saulo juntou-se à estranha caravana de velhos e jovens, ricos e pobres que, vagarosamente, iam deixando Tarso para trás. Seus olhos encheram-se de lágrimas enquanto, repetidas vezes, voltava-se para acenar aos pais, até que a longa estrada fez com que estes e a cidade desaparecessem de vista. O pequeno grupo continuou marchando lentamente, rindo, conversando e trocando histórias. Mas o coração de Saulo estava tão pesado que ele mal disse uma palavra o dia inteiro. Pensava em sua casa e em seus pais. Como tinham sido bons, e quão cuidadosamente protegeram-lhe a vida contra tudo que fosse errado! Agora, porém, estava por conta própria, e sua ambição era fazer com que os pais se orgulhassem dele. Jamais esqueceria as lágrimas da mãe em sua despedida.
O sol já se punha quando os peregrinos se aproximaram da cidade de Adana, a cerca de 32 quilômetros de casa, e armaram as tendas para passar a noite. Alguns mais ricos foram até a estalagem de Adana, mas a maioria acampou fora dos muros da cidade. A estalagem era um simples espaço aberto, cercado por um muro. No meio do cercado havia um poço, e ao longo do muro alinhavam-se pequenos pórticos em forma de arco, onde os viajantes se deitaram a fim de passar a noite. Não havia qualquer tipo de mobília. Cada um desenrolava sua esteira, preparando o próprio leito; todos levavam panelas e potes para cozinhar. Pelo menos estavam a salvo de ladrões.
Aquele era um bando interessante de viajores. Havia um velho mendigo com seu bordão e roupas em frangalhos. Fizera a viagem muitas vezes e nada mais o surpreendia. Havia também o menino de olhos vivazes, que viajava com o pai. Montavam cavalos e mantinham-se longe dos outros, pois eram ricos. E o mercador gordo, de turbante que, com uma faca na cinta, andava ao lado de suas mulas carregadas. Parecia desconfiar das pessoas e não falava muito. Em sua maioria, porém, os viajantes eram alegres e tagarelas, e os dias iam-se passando rapidamente. Cheios de expectativas, os viajantes pensavam no fim da jornada.
Atravessando Terras Históricas
Viajaram dia após dia, armando as tendas e levantando acampamento. As pedras que pavimentavam a estrada eram lisas e gastas, pois os exércitos de várias nações haviam marchado sobre elas. Mercadores com seus camelos caminhavam por essa estrada. Levas de escravos cansados, presos uns aos outros com correntes, tinham sido impelidos como gado ao longo desse mesmo caminho, até que seus pés sangrassem feridos. No quarto dia, os viajantes aproximar-se-iam do litoral, pois a estrada passava por uma larga baía de águas azuis, na extremidade oriental do Mediterrâneo. Em breve, voltar-se-iam para o sul, nas fronteiras da Cilícia.
A sua frente, levantavam-se as serranias da Síria. A estrada serpenteava pelos morros, subindo de saliência em saliência, até chegar a uma passagem estreita e difícil, que marcava a fronteira entre a sua província e a Síria. Era o Grande Portão da Síria. Depois de atravessar essa passagem, Saulo estaria do outro lado das montanhas que haviam sido a fronteira do seu mundo.
A velha cidade de Antioquia ficava logo adiante, estranha e diferente com seus muros maciços, parecendo uma fortaleza no alto de um morro. Antioquia era a capital da Síria. Seus teatros e templos eram mais esplêndidos que os de Tarso. Herodes, o Grande, de Jerusalém, pavimentara a rua principal e a enfeitara com pilares de mármore. A cidade era belíssima, e ainda mais rica que Tarso.
De Antioquia, eles seguiram para a estrada elevada de Damasco e depois pelas montanhas, até aproximarem-se da Terra Prometida. As neves do Monte Hermom brilhavam à distância, muito claras ao sol; e as florestas do Líbano, com suas lindas árvores de cedro, fizeram-no lembrar dos salmos que conhecia e tanto amava.
Chegaram a Nazaré, uma cidade de hospedadas, onde as caravanas sempre pernoitavam. Mas não passava de uma cidadezinha e não tinha boa reputação. Os viajantes apressaram-se por chegar ao rio Jordão. Aí, finalmente, Saulo estava chegando às terras que a história dos judeus tornara famosas. Ele pensou em Josué que, muitos anos antes, guiara os israelitas para uma terra que manava leite e mel. O monte Tabor, com suas densas florestas, fora onde Débora e Baraque reuniram dez mil homens e derrotaram Sísera com seus carros de ferro.
Ao sul do Tabor ficava o vale de Jezreel, salpicado de vilarejos e campos verdejantes. Grandes batalhas travaram-se ali. À distância adivinhava-se o monte Gilboa, onde o rei Saul jogara-se contra a própria espada, depois de perder uma difícil batalha.
O povo de Samaria era hostil aos judeus. Por isso, evitando atravessar a região, os viajantes que iam para a Cidade Santa passavam para a margem leste do rio Jordão, entrando em Decápolis e Peréia. Deixando rapidamente Samaria, Saulo e seus companheiros chegaram ao lugar onde, mil anos antes, os israelitas haviam cruzado o Jordão. O grupo entrou alegremente nas águas frias, como fazem os viajantes judeus até hoje. Atravessaram para o outro lado, e Saulo pôde, enfim, pisar pela primeira vez a terra tão amada pelos Benjamitas. Aqui ficava a cidade que fora inexpugnável -Jerico - mas cujos muros caíram ao som das trombetas de Josué. Aqui também se localizava Gilgal, onde o povo reunira-se para coroar Davi. Cada pedra, ribeiro, vale e colina tinha alguma história preciosa ao coração do judeu. E Saulo viu, pela primeira vez, a terra onde seu povo tornara-se grande e mui poderoso. Para além de Jerico, a terra tomava-se mais inóspita e a planície estreitava-se num vale cercado por montes íngremes e próximos. A estrada mostrava-se sinuosa como uma serpente, e eles corriam o risco de se depararem com bandos de salteadores. A subida era íngreme e os viajantes estavam cansados, mas alegravam-se com a perspectiva de poderem ver, dentro em breve, o monte das Oliveiras e a cidade mais bela da terra.
A Cidade de DEUS
Finalmente, do alto da estrada, avistaram a Cidade de DEUS, construída sobre um monte mais baixo que o das Oliveiras. Do outro lado do vale profundo, seus muros, torres e prédios abobadados apresentaram-se magníficos à luz dourada do sol poente. Entusiasmados, os peregrinos entreolharam-se com olhos úmidos. Experimentaram o mesmo ímpeto de alegria e orgulho pela grandeza da sua terra nativa. Algumas das cúpulas e torres eram revestidas de puro ouro. Do alto da montanha, Saulo contemplou o outro lado do vale do Cedrom e viu o pátio do templo; do ponto mais elevado, avistou também o prédio onde, sob as asas estendidas dos querubins de ouro, habitara Jeová.
Enquanto apreciava com interesse e reverência o cenário, o grupo de peregrinos começou a cantar um dos salmos que, através dos séculos, os viajantes entoavam ao aproximar- se dos muros de Jerusalém:
De bela e alta situação, alegria de toda terra é o monte Sião aos lados do norte, a cidade do grande Rei. Dai voltas a Sião, ide ao redor dela; contai as suas torres. Notai bem os seus ante muros, percorrei os seus palácios, para que tudo narreis à geração seguinte. Porque este DEUS é o nosso DEUS para todo o sempre; ele será nosso guia até a morte (SI 48.2,12-14).
O Templo
Na manhã seguinte, quando o sol surgiu no céu oriental, as ruas já estavam coalhadas de gente. Três toques de trombeta soaram dentro dos muros do Templo, proclamando o amanhecer de um novo dia de adoração. Eram necessários vinte homens para abrir os portões do templo. Quando as portas maciças giraram nos gonzos, a multidão invadiu os pátios externos. Saulo achou-se pela primeira vez no Templo do Senhor, e a primeira coisa que viu foi o sacrifício matutino queimando sobre o altar. Erguendo os olhos à cobertura dourada do Lugar SANTO, ele fez as orações matinais com uma sensação de força e proximidade que nunca antes experimentara.
Naquele lugar, os hinos de Israel pareciam ganhar um novo significado:
Quão amáveis são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos! A minha alma está anelante e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne clamam pelo DEUS vivo! Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si e para sua prole junto dos teus altares, SENHOR dos Exércitos, Rei meu e DEUS meu. Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvar-te-ão continuamente (Sela). Porque vale mais um dia nos teus átrios do que em outra parte, mil. Preferiria estar à porta da Casa do meu DEUS, a habitar nas tendas da impiedade... Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor (SI 84.1-4,10; 122.1).
O grande pátio externo era calçado com pedras coloridas, e muitos adoradores de países estrangeiros encontravam-se ali. Junto aos muros havia redis e gaiolas de madeira, onde se vendiam ovelhas e pombos para os sacrifícios diários. Havia também cambistas trocando moedas romanas e gregas pelo dinheiro de Israel, pois só a moeda hebraica era aceita como oferta no Templo. Ali comprava-se e vendia-se, pechinchava-se e enganava-se, pois os vendedores de animais não partilhavam a mesma reverência dos visitantes.
Saulo jamais vira pilares tão esplêndidos, nem um piso de tamanha magnificência; ajuntamentos de sacerdotes vestidos de branco, e tantas pilhas de dinheiro. Na extremidade do pátio, uma longa fileira de degraus levava a um terraço superior.
Quando Saulo aproximou-se deles, leu em grego e latim estas palavras: "O estrangeiro não deve subir estes degraus, sob pena de morte".
Ele subiu ao pátio interno. Nem sonhava que um dia, exatamente ali, sua vida seria ameaçada. As mulheres não podiam ir além desse segundo pátio, mas Saulo cruzou-o rapidamente, subiu um segundo lance de escadas e passou pela Porta de Nicanor, feita de prata e ouro puros, entrando no pátio dos homens e dos sacerdotes.
Ali, no centro do pavimento, estava o grande altar onde o fogo nunca se apagava. Suas pedras eram rústicas, pois nunca martelo ou cinzel as tocara. Ele viu as mesas onde as ovelhas eram mortas, e as longas filas de adoradores que carregavam ovelhas ou pombos, esperando a sua vez, enquanto os sacerdotes ofereciam os sacrifícios um a um.
A seguir, noutro terraço ainda mais alto, ficava o magnífico Lugar SANTO. Suas pedras eram revestidas de ouro. Grandes pilares brancos sustentavam o teto. Do lado de dentro havia uma porta de ouro puro, coberta por uma cortina externa tecida de azul e escarlate, roxo e branco. Por trás da cortina e da porta de ouro, onde ninguém podia entrar, exceto o sumo sacerdote uma vez ao ano, havia coisas tão sagradas que Saulo teve até medo de olhar para aquele lado. Ajoelhou-se com os olhos fechados e o rosto no chão, profundamente comovido, orando ao Senhor DEUS que habitava no Lugar SANTO.
Saulo sabia que a construção do Templo se iniciara 40 anos antes, mas ainda não havia sido concluída. Havia casas para os sacerdotes e os guardas; era uma cidade dentro da cidade. O número de sacerdotes chegava a vinte mil e o de levitas e guardas era ainda maior. Cada homem tinha de servir apenas duas semanas no ano; portanto, não ficavam sobrecarregados, exceto nas grandes festas, quando todos deviam estar presentes. Os levitas eram cantores, músicos ou porteiros.
Essa não era uma simples sinagoga, mas o centro cultural de uma grande nação. O tesouro do Templo era o lugar mais seguro do mundo para se guardar ouro e joias. Ricos presentes de judeus abastados, pratos de ouro de príncipes estrangeiros, e pilhas de artigos preciosos, enviados de todas as terras, achavam-se aí custodiados. As ofertas diárias dos adoradores, recolhidas dos gazofilácios, eram também depositadas na sala do tesouro.
No pátio externo, havia muitos pórticos com colunatas onde multidões se aglomeravam para ouvir os rabinos. Ouviam um deles por algum tempo e depois iam ouvir outro. Algumas vezes, o rabino falava com voz clara e forte, outras, com voz baixa e fraca. Alguns eram oradores, atraindo grandes multidões; outros tinham apenas pequenos grupos, atraídos mais por sua sabedoria que por seu timbre de voz. Enquanto passava de um para outro, Saulo não ouviu nada de novo. Era praticamente a mesma coisa que aprendera em Tarso. Nada questionou, pois nunca duvidara do conhecimento desses grandes homens. Fora ali para adorar aos seus pés. Só quando o sol já descambava no horizonte e o sacrifício noturno terminava, é que ele deixou os pátios. Aquela era, para ele, a Casa de DEUS. Chegara finalmente ao templo dourado.
Passou dias e dias nos pátios do Senhor, aprendendo tudo sobre a adoração a DEUS. Impressionava-se cada dia mais com a beleza e o esplendor do lugar. Chegaria a hora quando poderia dizer que conhecia e amava cada pedra do Templo. Enquanto Saulo adorava diante do altar, sua ambição de ensinar a Lei de DEUS foi tornando-se cada vez mais forte. Muitas vezes imaginava-se como um rabino famoso, sentado num dos alpendres fechados, interpretando a Lei de DEUS ao povo, mostrando que dominava perfeitamente o conhecimento de todas as eras.
A Escola de Gamaliel
Dentre os muitos rabinos de Jerusalém, o pai de Saulo escolhera Gamaliel. Em primeiro lugar porque, sendo fariseu, advertiria Saulo contra os saduceus; em segundo, pela grande reputação de sua sabedoria e bondade; e, em terceiro, porque era filho do rabino Simeão, e neto do rabino mais culto que já houvera em Israel. O avô Hillel morrera há muito tempo, mas todas as opiniões modernas ainda se baseavam no que ele dissera ou escrevera. Ser neto de um mestre tão ilustre dava a Gamaliel um prestígio que ninguém mais possuía.
Gamaliel era um homem de meia-idade, forte e vigoroso. O povo o considerava tanto que o chamava de raban. Embora fosse um fariseu severo, era justo e mais tolerante que a maioria de seus pares. Anos mais tarde, quando o apóstolo Pedro fosse julgado perante o Sinédrio por falar de JESUS, Gamaliel aconselharia seus colegas a deixá-lo em paz: "Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, deixai-os; porque se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de DEUS, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra DEUS" (At 5-38-39).
É certo que Gamaliel seguiu os passos do pai e do avô em sua tolerância; havia, porém, rabinos mais severos e inflexíveis. O rabino Shammai era tão estreito de mente que foi chamado de "o Presilha". Ele prendia seus seguidores com tantas regras, que a religião tornara-se lhes enorme fardo. Hillel, por outro lado, como fosse bondoso, generoso e tolerante, recebeu o título de "o Afrouxador". Ele iniciara como porteiro, carregando fardos pesados nas costas, e fora tão pobre nos tempos de estudante, que não podia sequer comprar roupas quentes.
Gamaliel olhou para o jovem Saulo e, com um amável bem-vindo, recebeu-o em sua escola. Logo Gamaliel descobriu que Saulo era um aluno dedicado e obediente. Em pouco tempo, já demonstrava grande simpatia pelo novo aluno, esperando deste grandes resultados. Percebeu no rapaz reais possibilidades de liderança. Saulo era tão sincero em seu aprendizado que cativou o coração do professor. Mais que isso, os pais de Saulo haviam cuidado para que o filho considerasse a religião o ponto mais importante de sua vida. Alguns estudantes não nutriam um verdadeiro amor pela cultura e adoração. Mas em Saulo havia um sentimento quase fanático, que o levava a ser piedoso não só nos dias de festas, mas em todo o tempo. Paulatinamente, o Zelo de Saulo foi-se fortalecendo. Ele descobriu que a vida em Jerusalém era diferente da de Tarso. Aqui ninguém ria nem perseguia os judeus. Não havia nada que lhe prejudicasse o desenvolvimento. Não havia influência gentia; só encorajamento para mergulhar cada vez mais fundo nos mistérios do Judaísmo.
Durante os meses que se seguiram, o rapazinho transformou-se num homem independente. Gamaliel alegrou-se com seu progresso. Passado um ano, os pais de Saulo viajaram a Jerusalém para festejar a Páscoa, mas o principal motivo era ver o filho. Aquele foi um grande dia! Ficaram observando orgulhosos, enquanto Saulo discutia vários aspectos da Páscoa. Julgaram ouvir uma nota de autoridade em sua voz, ao ouvi-lo discorrer sobre as coisas que aprendera de Gamaliel, provando-as com passagens das Escrituras. Ele sabia até apresentar argumentos contra os saduceus. Concluíram que Saulo sempre soubera raciocinar e argumentar com lógica, mas agora isso estava sendo trazido à superfície. Que satisfação lhes dava o filho!
Predição do Messias Vindouro
Quando analisado, o Judaísmo parecia uma simples religião de promessas e esperanças. Em seu âmago, a tristeza mesclava-se com o esplendor. Todo judeu sentia pesadamente o jugo de Roma; ansiava e orava pelo dia em que a nação seria liberta, e os exércitos de Roma, expulsos. Os mesmos peregrinos que se gloriavam no Templo também choravam amargamente em suas casas, clamando ao Senhor por livramento. Todos os sacrifícios e cerimônias perderiam o significado se os judeus tivessem de continuar sob o jugo de um rei estrangeiro. Certamente, um dia DEUS haveria de livrar e abençoar o seu povo, como fizera no passado.
Havia um grupo organizado de judeus patriotas, conhecidos como zelotes, que realizavam reuniões secretas e planejavam uma revolta contra Roma. As autoridades romanas mantinham-se ocupadas em procurá-los e castigá-los. Mas a sociedade trabalhava ocultamente, mantendo viva a esperança de que, um dia, DEUS enviaria um libertador poderoso como Moisés, que tiraria seu povo do cativeiro e novamente o exaltaria sobre todas as nações.
Havia uma coisa que Gamaliel ensinava com grande convicção. Não era um simples raio de esperança. Tratava-se do ensinamento dos antigos profetas sobre a vinda de um líder enviado por DEUS. Ele reuniria o povo de todas as partes do mundo para expulsar os romanos, e reinaria em Jerusalém para todo o sempre. Essa era a promessa que DEUS fizera a Davi: seu trono jamais desapareceria, por mais negro que o céu se tornasse. Esse grande Redentor, que traria a salvação a Israel, era o Messias.
Saulo sabia que a vinda do Messias tinha sido mencionada pelos profetas há mais de mil anos. E Gamaliel falava disso mais que qualquer rabino de Tarso, pois o esperava a qualquer momento. O sábio professor lia passagem após passagem sobre o CRISTO nos profetas, e até descobria promessas de sua vinda na Tora. Contava como seria o Messias e como julgaria todas as nações. Ele esmagaria o mal e reinaria com justiça.
Todo judeu sabia que o Messias pertenceria a tribo real de Judá, e nasceria em Belém, pois o profeta Miquéias predissera-o claramente. O professor de Saulo contou-lhe que, quando Ele viesse, ficaria oculto por algum tempo. A seguir, reuniria o povo e marcharia sobre Jerusalém, para dispersar os romanos e reinar para sempre pelo poder de DEUS. evidentemente, como todo religioso, Paulo guardou tudo isto como intelectual, mas não entendia o real significado e não podia mesmo entender sem o ESPÍRITO SANTO.
Duas Opiniões
O que Saulo não sabia, até então, é que os rabinos estavam divididos em suas opiniões sobre o Messias. Alguns liam que Ele seria um príncipe poderoso, livrando seu povo pela guerra, e que as montanhas seriam tingidas de vermelho com o sangue dos seus inimigos. Certos rabinos chegavam a afirmar que chamas sairiam de sua boca para destruir os opositores.
Havia um grupo menor, porém, que estava muito confuso com certas passagens, como o capítulo 53 de Isaías e o Salmo 22. Esses versículos deixavam claro que o Messias muito sofreria. Ao mesmo tempo, ninguém podia negar que Ele viria para reinar com poder. Portanto, cresceu a ideia de que haveria dois Messias - um sofredor; e o outro, um rei triunfante. Nas sinagogas e nos alpendres fechados do Templo, essa diferença era discutida e defendida com grande eloquência pelos eruditos.
Saulo começou a ver muito claramente que as esperanças da nação dependiam desse Salvador vindouro. Passou então a procurar zelosamente um líder e guerreiro, que reunisse grandes exércitos para lutar contra Roma. Os rabinos contavam muitas histórias sobre o Messias que estava para vir. Algumas delas não passavam de sonhos absurdos e tolos. Outras eram fantásticas e irreais, não se baseando de modo algum nas promessas de DEUS. As últimas eram produto da imaginação de um povo oprimido, que não compreendia os caminhos de DEUS. Alguns dos rabinos odiavam tanto os romanos, que descreviam o Messias fazendo toda sorte de crueldades contra estes, a fim de vingar os judeus.
Os anos gastos por Saulo nos estudos foram cheios de reverência, mas, até certo ponto, também de rotina e monotonia. Não havia incentivo para desenvolver qualquer coisa original; o estudo servia apenas para aumentar a capacidade de sua memória. Com esse treinamento, não é de surpreender que a vida de Saulo se tornasse cada vez mais estreita.
Os fariseus eram a sua única companhia e, pouco a pouco, achou-se ele mergulhado cada vez mais nas regras humanas. Seu gosto pela discussão fez com que se transformasse no centro de muitas disputas. Sempre que surgia a oportunidade de defender os sacerdotes ou rabinos, ou o sistema de adoração do Templo contra os estrangeiros, Saulo entrava na arena com a língua afiada e o espírito em chamas.
A Volta de Saulo a Tarso
Exigia-se que os professores estudassem dez anos para que fossem considerados aptos a lecionar. Depois disso, ainda era necessário muito tempo para se construir boa reputação e falar com autoridade. Antes de chegar aos 25 anos, Saulo voltou para sua casa em Tarso.
Seus dias de estudo e aprendizado jamais terminariam. Como, porém, estivera bastante tempo com Gamaliel, já possuía um amplo e profundo conhecimento das opiniões dos grandes rabinos. Sentiu então que já podia firmar-se sobre os próprios pés. Aprendera e vira muita coisa. Conhecera pessoas de todo o mundo e tornara-se um excelente aluno de sua história, especialmente em relação ao Império Romano. Chegara a hora de deixar Jerusalém e os grandes rabinos, e retornar a Tarso levando o conhecimento e a experiência que adquirira. Voltaria a fabricar tendas com o pai, na esperança de que sua cultura o tornasse conhecido e procurado como rabino em Tarso.
De uma coisa tinha certeza - a única esperança para sua nação era a vinda do Messias. Entre os judeus piedosos, esse era o tópico principal das conversas. Em cada coração havia um anseio profundo. Alguns até achavam que Ele já tivesse descido à terra, e estivesse apenas aguardando o momento marcado por DEUS para se apresentar à nação.
OS INÍCIOS DA IGREJA
Saulo deixou Jerusalém e voltou a Tarso provavelmente em 26 A.D. Não era ainda um rabino, pois não tinha idade suficiente para ocupar tal posição. Mas tomou lugar junto aos homens da sinagoga, sentando-se nas principais cadeiras. Foi reconhecido por todos como um culto e jovem judeu, pois retornava da fonte do conhecimento. À medida que crescesse em idade e experiência, poderia ser aceito como rabino; mas até lá, dedicar-se-ia ao comércio de tecelão, costurando tendas e vendendo-as no mercado.
Saulo morou em Tarso durante nove ou dez anos, aumentando o seu zelo por Israel e ganhando o respeito dos amigos. Todos estavam certos de que ele viria a ser o seu líder um dia. Na sinagoga, seus argumentos já eram ouvidos com maior interesse que os do rabino. Era uma voz nova Que surgia, e seu contato com o grande Gamaliel dera-lhe uma fama que poucos poderiam alcançar. Tudo que precisava agora era da autoridade conferida pela vida adulta; dentro de poucos anos, seria um líder destacado em Tarso.
Alvorada da Era Cristã
Enquanto Saulo aguardava pacientemente em Tarso, um evento da maior importância teve lugar na Palestina. JESUS, da pequena cidade de Nazaré, reunira ao redor de si um grupo de amigos; a maioria, seguidores de João Batista. Este de tal maneira havia pregado que milhares de pessoas o aceitaram como profeta de DEUS, talvez comparável a Isaías ou a Jeremias. Ele tinha muitos discípulos e o seu ministério era conhecido em toda a zona rural. Quando, porém, apareceu JESUS, João saiu de cena, apontando o Nazareno como o Messias há muito esperado. Durante algum tempo, houve grande entusiasmo, e alguns se perguntavam se JESUS os guiaria na revolta contra Roma. Mas em vez disso, Ele reuniu alguns discípulos e retirou-se para o campo a fim de ensiná-los sobre o reino dos céus.
Três meses mais tarde, JESUS foi ao Templo de Jerusalém e, contemplando-o em toda a sua beleza, ousou contradizer grande parte dos ensinamentos dos rabinos. Falara com tanta segurança que ofendeu os sacerdotes. De fato, deixara-os tão zangados que todas as sinagogas foram instruídas para que não o recebessem em suas reuniões. Os sacerdotes e rabinos tentaram desesperadamente apanhá-lo em alguma contradição com respeito ao sábado a fim de condená-lo à morte.
Ao conhecer os rabinos do SANTO Templo, Saulo passou a nutrir por eles o maior respeito. A interpretação que faziam das Escrituras era para ele algo inquestionável, divino. Isso não aconteceu com JESUS. A cada passo, Ele entrava em conflito com as tradições dos homens e, quando falava, era com a autoridade de DEUS. Os líderes religiosos estavam irados porque JESUS afirmava ser DEUS, e confirmava tal alegação com prodígios, sinais e maravilhas. Alguns diziam que o Nazareno merecia a morte pois, corajosamente, os havia desafiado a destruir o Templo que levara 49 anos para ser construído. Ouviram-no dizer claramente que o reconstruiria em três dias.
Era fácil para alguns ignorá-lo, acreditando-o louco. Mas a questão era que muitos dentre o povo ouviram-no pregar, e agora testemunhavam que Ele alimentara mais de cinco mil pessoas com apenas cinco pães e dois peixinhos. Milhares criam que Ele era o Messias prometido, e dispunham-se a lutar contra Roma, sob a sua liderança. Alguns diziam que JESUS só conseguia atrair a escória - publicanos, pecadores e indivíduos de reputação duvidosa. Mas era sabido que diversas autoridades e rabinos também o haviam procurado em segredo; muitos destes foram transformados e saíram a pregar que JESUS era, de fato, o Messias de Israel.
Os Ensinamentos de JESUS
Chegou então a hora! JESUS fez um grande discurso, proclamando os princípios do seu reino. O sermão era revolucionário; colocava a palavra de JESUS acima da de Moisés. Para o judeu isso era inconcebível e tão pecaminoso quanto uma blasfêmia. Não havia dúvidas: Ele merecia morrer! Infringira o sábado, afirmara perdoar pecados e, diante dos fariseus, admitira ser o Messias, o Filho de DEUS!
JESUS repreendeu repetidamente os fariseus e saduceus, usando uma linguagem contundente e enérgica. Em certa ocasião, chamou-os de "sepulcros caiados" e "raça de víboras" (Mt 23.27,33). Disse-lhes que não eram filhos de DEUS, mas do diabo (Jo 8.44). Não é de surpreender que os rabinos o odiassem tanto; não podiam se sentir confortáveis em sua presença. Quando o viam, desmanchavam-se em ódio por não suportarem a luz de sua sabedoria. Em seus conselhos, eles já o haviam condenado à morte.
Os rabinos diziam que homem algum podia ensinar antes de haver passado muitos anos na escola de Jerusalém. Saulo fora educado desse modo. Mas ali estava o Homem da Galileia. Ele falava com mais autoridade que todos os rabinos, e era capaz de curar todo tipo de enfermidade. Alguns tinham visto Lázaro depois de ressurreto, e não podiam negar um fato por demais notório e evidente. Mas como JESUS jamais frequentara tal escola, acusaram-no de estar ensinando sem autorização. Os sacerdotes ordenaram ao povo que não mais desse ouvido aos seus ensinamentos.
Quando, porém, os coxos passavam a andar, e os cegos a enxergar, regra alguma, mesmo as estabelecidas pelo sumo sacerdote, era capaz de manter os necessitados longe de JESUS. Estes chegavam aos milhares, e retornavam para suas casas curados de todas as suas enfermidades, proclamando a todos que haviam encontrado o Messias. E Ele os curara!
Durante três maravilhosos anos, JESUS andou pelos campos, pregando na Judéia, Samaria, Decápolis, Galileia e Peréia. Sua fama espalhara-se por toda a terra, e os líderes de Israel já não sabiam o que fazer. Chegou então o dia quando Ele entrou em Jerusalém sob a aclamação do povo. Gritavam para quem quisesse ouvir que o seu rei chegara. Essa seria talvez a centelha que levaria o povo a revoltar-se contra Roma.
JESUS, entretanto, foi direto ao Templo, e escandalizou deliberadamente os sacerdotes. Fazendo um chicote de cordas trançadas, passou a açoitar os vendedores de pombas e ovelhas que se achavam nos pátios do santuário. Com um grito de indignação, derrubou as mesas dos cambistas, fazendo as moedas rolarem pelo pavimento multicolorido. O povo ficou ali parado, com medo, pois ninguém jamais ousara perturbar o SANTO Templo daquela maneira. Os sacerdotes e rabinos encheram-se de horror e indignação. Os adoradores haviam assistido a uma demonstração de autoridade que jamais esqueceriam. Muitos dos israelitas sentiam-se incomodados com os redis de ovelhas e gaiolas de pombas que profanavam a Casa de DEUS. Há muito que os sacerdotes já deveriam ter endireitado as coisas. Mas ninguém tivera coragem.
A raiva dos sacerdotes transbordou. Quiseram pegá-lo, mas temiam a multidão, pois a maioria considerava-o profeta. Em toda a história dos judeus, ninguém jamais pronunciara palavras tão cortantes. JESUS acusou os líderes de colocarem pesados fardos sobre o povo; fardos estes que eles nem ao menos se dignavam a mover com o dedo mínimo. Faziam obras para serem vistos pelos homens; desejavam sempre os primeiros lugares na sinagoga, e gostavam de ser chamados de rabinos.
Com o fogo do céu rebrilhando nos olhos, JESUS pronunciou infortúnios sobre os escribas e fariseus, chamando-os de hipócritas. Eles fechavam o reino dos céus aos homens; não entravam e ainda serviam de obstáculo aos que o desejavam. Chamou-os ainda de guias cegos, pois limpavam o lado de fora do copo enquanto o seu interior continuava sujo; eram tão estreitos de visão, que coavam o mosquito, mas engoliam o camelo.
A Crucificação
Não é de admirar que os sacerdotes e rabinos hajam se reunido no palácio de Caifás, para planejar furtivamente a prisão e morte de JESUS, antes que o povo se amotinasse. Foi nessa ocasião que Judas fez um trato com eles para entregar-lhes o Senhor por trinta moedas de prata.
No Getsêmani, o Messias orava ajoelhado, enquanto os discípulos dormiam. Os inimigos chegaram em meio à oração. Guiados por Judas, entraram no horto com espadas e porretes. O traidor sabia que JESUS ia sempre orar no Getsêmani. A multidão estava decidida a levá-lo à força ao sumo sacerdote.
O Sinédrio foi convocado no palácio do sumo sacerdote. Não queriam deixar a reunião para o dia seguinte, temendo que o povo viesse a sabê-lo e exigisse a soltura de JESUS. Agora que as autoridades o tinham em seu poder, cuidariam para que nada os detivesse. O tribunal reuniu-se então à noite, e a sentença foi lida: "Morte ao Nazareno!"
Porém, segundo a lei romana, nenhum tribunal judaico tinha competência jurídica para aplicar a pena morte. Por conseguinte, era necessário levar JESUS a Pilatos. No entanto, ao saber que JESUS era galileu, o governador romano, para livrar-se daquela responsabilidade, enviou-o a Herodes, representante de César em toda a Galileia. O rei Herodes, porém, mandou-o de volta a Pilatos que, procurando agradar os judeus, entregou-lhes o Senhor para que fosse crucificado. A execução se deu num monte chamado Calvário (ou Caveira), não muito longe dos muros da cidade.
Com a morte de JESUS, os sacerdotes e rabinos suspiraram aliviados. O problema estava finalmente resolvido. O povo não mais seria perturbado pelo falso CRISTO. Isso seria o fim do pequeno grupo que o seguia. Por sentirem-se desanimados e derrotados, seus discípulos retornaram à vida antiga mais mistificados que nunca; o coração pesava-lhes de tristeza pela forma como tudo terminara.
A RESSURREIÇÃO E A ASCENSÃO
No primeiro dia da semana, findo o sábado, o pequeno e abatido grupo ganhou vida com o maior milagre já ocorrido: JESUS saíra da sepultura e aparecera aos discípulos! Eles experimentaram então o sabor da vitória. Esta certeza jamais os abandonaria; levaria-os a preferir a morte a negar o que tinham visto com os próprios olhos.
Durante quarenta dias, o Salvador encontrou-se com os discípulos, provando-lhes a realidade de sua ressurreição, e fortalecendo-lhes a fé. Mas veio o dia em que Ele os deixou, pois tinha de retomar o seu lugar na glória do Pai. Diante deles, JESUS subiu aos céus até ser ocultado por uma nuvem.
Antes de deixá-los, porém, prometera-lhes que, em breve, receberiam o dom do ESPÍRITO SANTO que os habilitaria a pregar o Evangelho a partir de Jerusalém até alcançar os confins da terra.
O Pentecostes
O pequeno grupo de crentes reuniu-se em Jerusalém para orar e esperar o dom prometido. Certa manhã, chegada à festa de Pentecostes, reuniram-se eles novamente para orar. De súbito, o poder de DEUS sacudiu o lugar, e o ESPÍRITO SANTO desceu sobre eles. A experiência foi tão tremenda Que os discípulos gritaram de alegria. E era tão forte o poder de DEUS, que eles o louvam em línguas estranhas. Esse milagre era outra evidência de que o Senhor continuava no meio deles, cumprindo sua promessa.
Diante do milagre, uma multidão reuniu-se à volta dos discípulos. Alguns diziam que estes pareciam tão felizes que deviam estar embriagados. A fim de justificar o estranho evento, Pedro pôs-se de pé e começou a pregar para aquela enorme audiência.
Ele explicou-lhes que a vinda do ESPÍRITO SANTO era um cumprimento da profecia. Em seguida, acusou-os de haverem matado o Messias. Contou-lhes também como DEUS ressuscitara a JESUS em cumprimento às palavras de Davi. Pedro terminou o sermão, dizendo que todos os seguidores de JESUS eram testemunhas de sua ressurreição. E, agora, anunciavam o Evangelho com a total aprovação do céu.
Quando Pedro terminou o sermão, muitos dos presentes, profundamente comovidos, perguntaram-lhe o que deveriam fazer.
"Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de JESUS CRISTO" foi a resposta (At 2.38). Eles arrependeram-se, deixando-se convencer pelo ESPÍRITO de DEUS quanto à veracidade das palavras do apóstolo. Aquele foi um grande dia para os seguidores de JESUS. Era o início da Igreja. Em poucas frases, Lucas faz uma bela descrição da alegria e júbilo que tomaram conta dos primeiros cristãos.
Esse não foi o único milagre a fortalecer a fé dos primeiros cristãos. Pedro e os demais discípulos saíram a pregar, e muitos prodígios e sinais eram feitos por seu intermédio em nome de JESUS. Os inimigos empenharam-se ao máximo para anular o testemunho da Igreja. Os sacerdotes e rabinos opunham-se lhes violentamente. Mas em vão. Pois os adeptos da "nova seita", como eram chamados, inclusive já se reuniam no primeiro dia da semana, e não aos sábados, pois fora num domingo que o Senhor ressuscitara dentre os mortos.
A Vida dos Primeiros Cristãos
A vida dos primeiros cristãos era marcada pela simplicidade e amor. Eles procuravam viver como JESUS vivera. Havia entre si um laço tão forte, unindo-os fraternalmente, que o seu coração transbordava de alegria. Sua vida era uma oração contínua, levando-os testemunhar zelosamente de CRISTO onde quer que fossem.
A Igreja crescia diariamente à medida que o povo ouvia o Evangelho. Os discípulos falavam de CRISTO no Templo e nas casas. No trabalho, continuavam a dar testemunho da graça salvadora. O poder de DEUS acompanhava suas palavras de modo que, em toda parte, homens e mulheres eram atraídos a CRISTO mediante o contato com estes homens simples, mas convictos.
Os discípulos tinham agora uma mensagem para pregar. Mensagem esta que lhes transformara as vidas e dera-lhes não só esperança para esta vida como também a promessa de ressurreição depois da morte.
Onde quer que fossem, saudavam-se com a palavra maranatha: "O Senhor Vem". A vinda do Senhor era a sua única esperança, pois JESUS prometera voltar. E enquanto o observavam subir ao céu, foram consolados pelos entes angelicais com estas palavras: "Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse JESUS que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como o vistes subir" (At 1.11).
A Igreja vivia cada dia como se o Salvador fosse voltar a qualquer hora, pois a promessa de sua volta causara-lhes profunda impressão, purificando-os e afastando-os deste mundo. A promessa encheu o horizonte de suas vidas, levando-os a se dedicarem a CRISTO.
Mas nem tudo andava bem com os membros da Igreja Primitiva. Eram olhados com desconfiança e ódio pelos fariseus e saduceus e por todos os líderes de Israel. Os inimigos de JESUS continuavam a ser inimigos de sua Igreja, e empenhavam-se em esmagar os que eram do "Caminho".
OS MINISTÉRIOS DE PEDRO E JOÃO
Certo dia, quando Pedro e João subiam ao Templo na hora da oração, um mendigo, coxo de nascença, achava-se sentado à porta do santuário, pedindo esmolas. Era seu costume mendigar todos os dias, e tudo que esperava era uma ajuda para sustentar-se. Mas Pedro, movido pelo poder de DEUS, curou o homem daquela enfermidade.
Imediatamente, formou-se um grande ajuntamento em volta dos discípulos, pois todos estavam cheios de assombro e admiração. Pedro aproveitou-se da oportunidade e, colocando-se num dos pórticos do pátio externo, onde os rabinos geralmente ensinavam, pregou-lhes um sermão. O tema do seu discurso era JESUS, o Messias.
Pedro deixou bem claro ao povo que o poder de curar não era dele, mas do Senhor. E continuou a falar, mostrando-lhes que o DEUS de Abraão, Isaque e Jacó glorificara a seu Filho, JESUS, a quem havia entregado a Pilatos, e condenado à morte. Contou-lhes como DEUS levantara a JESUS da sepultura e o levara para o céu, onde permaneceria até que as profecias fossem cumpridas. Então, Ele voltará para o seu povo, trazendo juízo sobre todos os seus inimigos. Em seguida, Pedro convidou o povo a arrepender-se e a converter-se, para que os seus pecados fossem apagados. Através desse testemunho, cerca de cinco mil pessoas creram. E, assim, a Igreja crescia com espantosa rapidez.
Os sacerdotes, as autoridades do Templo e os saduceus, que não criam na vida além-túmulo, enfureceram-se com o atrevimento daqueles homens que, embora não fossem rabinos, pregavam a ressurreição de JESUS. Por isso, enviaram os guardas do Templo para suspender a reunião e prender ambos os discípulos.
No dia seguinte, os discípulos foram levados diante do conselho, composto de setenta membros, que lhes perguntou com que autoridade faziam tais coisas. Eles responderam que ensinavam e curavam em nome do Senhor JESUS. Pedro, que jamais perdia uma oportunidade, pregou o Evangelho de CRISTO diante do Sinédrio. Ao ouvir-lhes a declaração, o Conselho percebeu que, embora indoutos, falavam corajosamente. Maravilhados, disseram entre si que tal coragem devia-se ao fato de eles haverem estado com JESUS. A autoridade com que JESUS falava permanecia em sua lembrança. Resolveram, pois, adverti-los a que não mais testemunhassem em nome de JESUS. Em seguida, libertaram-nos. Pois sabiam que o coxo era conhecido, e condenar os que haviam operado tão grande milagre poderia provocar a ira da multidão.
Novos crentes iam sendo acrescentados à Igreja. O poder do ESPÍRITO que operava nos discípulos, juntamente com o exemplo destes, levou grande número de pessoas a converter-se. A sua fé era confirmada por muitos milagres.
Os saduceus fizeram uma segunda tentativa de extinguir a nova fé. Lançaram os apóstolos na prisão. Mas ficaram abalados ao saber que um anjo os libertara, e que já se encontravam na companhia dos outros discípulos.
Crescimento Contínuo da Igreja Perseguida
Quanto mais os líderes judeus tentavam esmagar a Igreja, mais atiçavam-lhe a chama. A ressurreição do Senhor dera ao povo a esperança e a segurança que antes não existiam. Todos os anseios de Israel, profecias, sacrifícios e esperanças foram cumpridos em JESUS. Contudo, a nação perdera a sua maior oportunidade, rejeitando-o. Esse Evangelho, hoje tão evidente para milhões de cristãos, estava apenas brotando no coração dos judeus.
Com a pregação do Evangelho, muitos estavam vendo, pela primeira vez, o cumprimento de suas esperanças. Presos pela terceira vez, os discípulos foram reconduzidos ao Sinédrio, sob a acusação de haverem desobedecido à ordem de não pregar. Pedro colocou-se corajosamente diante do grupo e, em sua defesa, proclamou de novo a ressurreição de CRISTO, responsabilizando os membros do Conselho pela sua morte.
Ofendidos com tais palavras, eles pediram a morte dos discípulos. Finalmente poderiam acabar com aquela seita, silenciando-lhe os principais pregadores e líderes. Com calma e bom senso, Gamaliel, o famoso rabino que instruíra a Saulo de Tarso, advertiu o Conselho. Lembrou- lhe de que outrora DEUS levantara profetas que, embora rejeitados pelo povo, haviam cumprido fielmente a sua missão. Aconselhou-os, pois, a soltarem os discípulos. Se a mensagem que pregavam fosse de DEUS, nem o Sinédrio poderia destruí-la; e se não o fosse, a seita desapareceria como tantas outras no passado. Sua conclusão foi tão amorosa quanto sábia. Após açoitar os discípulos, o Conselho os deixou ir com uma advertência.
À medida que a Igreja crescia e a perseguição aumentava, também se elevava o número de necessitados. Os apóstolos perceberam então que quase não lhes sobrava tempo para outra coisa senão para socorrer os mais carentes. A fim de terem mais tempo para a pregação e o ensino, indicaram sete diáconos para atender aos pobres. Esse foi o início da organização do ministério eclesiástico. DEUS abençoou a iniciativa dos apóstolos, usando-a para fortalecer o seu povo.
O Ódio do mundo
Como nunca foi popular ser um verdadeiro cristão, os seguidores de JESUS passaram a ser odiados e rejeitados pela sociedade. Eram demitidos de seus empregos e tinham dificuldade em garantir o seu o sustento. Como sempre houvesse necessitados, agrupavam-se para se protegerem e se encorajarem mutuamente. Naqueles primeiros dias, o amor e o desprendimento eram tão reais, que muitos vendiam seus bens e traziam o dinheiro para o fundo comum a fim de socorrer os menos afortunados.
Ondas de ódio e perseguição sucediam-se ameaçando a Igreja. Alguns membros eram tão fracos em suas convicções que, pensando apenas na segurança e conforto pessoais, voltaram para o Judaísmo. A maioria, contudo, permaneceu sólida como as rochas em dias de tempestade.
Cada vez que o braço armado do inimigo se erguia, DEUS suscitava outros heróis para levar adiante a sua obra. Quando Herodes, ao perseguir a Igreja, mandou que se degolasse a Tiago, irmão de João, julgou ter extinguido para sempre o trabalho do Senhor. Mas o relato da história, feito por Lucas em Atos, encerra-se com esta afirmação: "Entretanto a palavra do Senhor crescia e se multiplicava" (At 12.24).
Quanto maior a perseguição, maior o crescimento da Igreja. Muitas vezes, os cristãos tiveram de adorar a DEUS em segredo, mas nunca vacilavam. Quando algum pregador era preso, os outros reuniam-se para orar. O Senhor sempre lhes ouvia as orações, abençoava o seu povo, e usava as dificuldades para fortalecer a Igreja.
O Cristianismo, contudo, não ficou restrito a Jerusalém. Os que ouviram a pregação de Pedro, no Dia de Pentecostes, procediam de todo o Império Romano. E levaram as boas novas do Evangelho aonde quer que fossem.
LUTANDO CONTRA DEUS
Quando ainda estava em Tarso, Saulo ouvira várias histórias sobre JESUS. Algumas eram fantasiosas, pois as histórias costumam desvirtuar-se quando transmitidas oralmente. Muitos dos amigos da sinagoga haviam assistido as festas em Jerusalém, e sabiam o que estava acontecendo no Templo. Na sua volta, Saulo e os principais da sinagoga foram informados sobre o impostor de Nazaré, e ficaram enfurecidos com a ideia de que alguém havia tido a coragem de profanar os pátios da Casa de DEUS com um ensino tão blasfemo. Além disso, tal homem não tinha o direito de ensinar, pois não aprendera com os rabinos. Todavia, todos que o ouviam, confirmavam: ninguém jamais dissera palavras de tanta sabedoria - nem mesmo os grandes rabinos.
Ficou evidente para Saulo que JESUS não podia ser o Messias por ter acusado os doutores da Lei, opondo-se às suas regras. Ouvira dizer também que JESUS ensinava o povo a desobedecer aos rabinos, provocando tamanhos tumulto nas sinagogas que todo o verdadeiro judeu acabou por considerá-lo inimigo de Israel.
Quando chegaram as notícias de que JESUS fora preso, julgado e crucificado, todos agradeceram a DEUS: o blasfemador enfim fora silenciado. Ficava provado, pois, que Ele não passava de mais um falso messias, que tudo fizera para conturbar a religião judaica. Saulo e os demais fariseus aplaudiram a crucificação de JESUS. Não podiam perdoar aquEle que, ousadamente, os havia chamado de víboras e hipócritas.
Saulo não se considerava hipócrita. Seu objetivo era ser um judeu melhor e obedecer a todas as regras dos grandes rabinos. Na sua opinião, essa era a única maneira de se agradar a DEUS. Por isso, quem se opunha à antiga ordem merecia morrer. Foi com um grande alívio que os principais da sinagoga de Tarso ouviram que JESUS fora finalmente tirado do caminho, e os seus ensinamentos interrompidos de vez. Segundo diziam, a justiça divina havia sido feita.
Sua indignação, porém, chegou ao ponto de ebulição ao saberem que os seguidores do Nazareno não haviam sido dispersos, mas reuniam-se em pequenos grupos para adorar a JESUS, declarando ter Ele ressurgido dos mortos. Resolveram então fazer o possível para lutar contra a perigosa seita. Notícias chegadas de Jerusalém davam conta de que alguns fariseus haviam deixado a verdade e se juntado aos nazarenos. Membros da seita podiam ser encontrados também pregando abertamente nos pátios do Templo e nas sinagogas, convencendo a todos de que JESUS era o Messias. E milhares criam neles. Isso tornara-se uma grande ameaça, pois até alguns sacerdotes estavam abandonando a velha ordem para seguir a JESUS. De igual modo, iam os nazarenos pelas ruas da cidade, conversando com o povo em suas casas, persuadindo-os a juntarem-se a si.
Saulo sentia raiva ao pensar neles. Ouvira dizer que alguns de seus líderes haviam sido apanhados e levados diante do Sinédrio por haverem falado abertamente no Templo, e que seu velho mestre, Gamaliel, mostrara-se complacente e até recomendara o relaxamento de sua prisão. Ele sentiu-se irritado com Gamaliel. Como poderiam manter pura a religião de Israel se permitisse que qualquer um alegasse ser o Messias? Não havia dúvidas de que os seguidores de JESUS mereciam a morte. O Conselho deveria ter eliminado para sempre tal ameaça.
A Perseguição dos Nazarenos
Com tais pensamentos em mente, Saulo decidiu deixar Tarso e voltar a Jerusalém. Estava tão insatisfeito, que decidiu lutar pessoalmente contra a seita dos nazarenos. Desligando-se imediatamente de Gamaliel e de sua escola, ofereceu seus préstimos ao sumo sacerdote a fim de eliminar todos os que se opusessem ao Judaísmo. E já perseguia a Igreja com tamanha fúria que seu nome se tornou o terror de todo e qualquer ajuntamento cristão. Saulo era genioso e cruel. Com a sua eloquência, atacou os cristãos que oravam e pregavam no Templo. Rápido em suas ações, dispersou a muitas congregações e igreja locais. Lançou homens e mulheres na prisão, condenando-os à morte. Tão cego em sua ira e tão pronto para esmagar os seguidores de JESUS, que se achava disposto a extirpar de dentre o seu povo todos quantos ousassem oferecer fogo estranho ao Senhor. Com essas idéias fervilhando-lhe na mente e com o olhar brilhante de um fanático, decidiu acabar sumariamente com a seita dos nazarenos.
Estêvão Confunde Saulo
Um dos sete escolhidos pela igreja de Jerusalém para encarregar-se dos pobres era Estevão, o mais capaz e ativo dos diáconos. grandes sinais e pródigos se realizavam através de Estêvão. Ele não nascera em Jerusalém e até recebera um nome grego. Debatendo com os rabinos, provou ser melhor que eles. As suas palavras eram irresistíveis e cativantes como as de JESUS. Em suas prédicas, afirmava que a salvação era obtida por meio de JESUS, o Messias, e não pela obediência à Lei de Moisés. Como Jerusalém possuísse várias sinagogas onde os judeus de diferentes nações costumavam reunir-se, Estêvão ia de uma para outra, pregando o Evangelho e discutindo com os líderes.
A sinagoga alexandrina tivera ocasião de ouvi-lo. As congregações de Cirene e da Cilícia conheciam-lhe os argumentos e lutavam ferozmente contra ele, pois Estêvão persuadira alguns dentre os seus membros a crerem em JESUS.
É provável que tenha sido na sinagoga da Cilícia que Saulo tenha encontrado Estêvão pela primeira vez. Ele ouviu-o com amargo desprezo; mesmo assim, pôde sentir quão atraentes e poderosas eram as suas palavras. O cristão achava-se possuído de um zelo tão santo que ele jamais vira em qualquer rabino. Quando Estêvão falou da ressurreição, Saulo teve de admitir para si mesmo que essa esperança era a doutrina central dos fariseus. Notou também que eram os saduceus quem mais se opunham a esta crença.
Saulo desprezava os saduceus, apiedava-se deles. Fora apenas a questão da ressurreição, Saulo sentia que poderia ouvir com agrado a esse homem. Mas ele falava contra o Templo e desejava mudar os velhos costumes estabelecidos pelos rabinos. Era, portanto, necessário silenciar-lhe a voz.
O jovem fariseu confrontou-o em um debate aberto, e ficou zangado ao descobrir que, apesar de todo o seu conhecimento, não conseguia revidar os argumentos de Estêvão. Seu orgulho sentia-se ferido; sua única defesa agora era um ódio cada vez maior. Achava-se, pois, decidido a se lhe opuser com todas as forças. Foi então de sinagoga em sinagoga e descobriu que os seguidores de JESUS se encontravam em toda parte. Saulo convenceu as pessoas de que os nazarenos deviam ser silenciados mesmo que fosse pela espada. Pois os seus ensinos eram contrários à Lei. E quando diziam que JESUS era o CRISTO, blasfemavam contra DEUS. Mas percebeu que até os analfabetos da seita sabiam citar as Escrituras, e conheciam a história judia tanto quanto ele.
Como Estêvão parecia-lhe o mais poderoso e culto dos nazarenos, decidiu persegui-lo e expulsá-lo de Jerusalém. Quem falasse contra a Lei de Moisés, ou dissesse que o Carpinteiro de Nazaré era o Messias, seria julgado como blasfemo! Onde quer que fosse, Saulo não tinha medo de repetir tal advertência. Estava cansado dos enganadores que desviavam o povo da Lei. E sendo Estêvão um dos piores agitadores, Saulo sentia estar prestando um grande serviço a DEUS livrando-se dele.
Quanto mais pensava nessa seita e nos progressos que ela fazia, tanto mais agitado ficava. Sua raiva transformou-se finalmente em claro preconceito - não podia mais discutir com aquelas pessoas baseado nas Escrituras. Seu único desejo era exterminá-las. Por acaso não foi exatamente isto que DEUS ordenara a Saul? (1 Sm 15).
Estêvão Diante do Sinédrio
Quando chegaram as notícias de que Estêvão fora preso e devia agora comparecer perante o Sinédrio, Saulo sentiu que o líder fora para sempre silenciado, e que seria apenas uma questão de tempo até que todos os cristãos fossem apanhados.
Naquele dia, Saulo compareceu à reunião do Sinédrio. Queria estar lá quando seu oponente chegasse ao tribunal. Ele não era o único; centenas tinham ido assistir ao interrogatório. Os saduceus achavam-se ali sorrindo zombeteiramente. Aquele era o dia tão esperado. Os fariseus também compareceram, juntamente com os sacerdotes, escribas e uma grande multidão que ouvira Estêvão e admirara-se da sua coragem. Saulo tomou seu lugar, e sorriu enquanto esperava.
Aquele era o mesmo Conselho que condenara JESUS. Anás e Caifás, ambos jubilados do sumo sacerdócio, achavam-se presentes. Jônatas, o atual pontífice, era o presidente do Conselho. Também entre eles encontrava-se Gamaliel. o sábio e bondoso fariseu. Todos estavam cansados dessas interferências.
Desde a reunião em que JESUS fora condenado, os membros do Sinédrio haviam tido problemas com Pedro e João. Não bastasse, a cada dia apareciam outros; a nova seita mostrava- se incansável em sua blasfema propagação. Embora houvessem recebido repetidas ordens para que se mantivessem silenciosos em relação a JESUS, sempre desobedeciam. Aliás, os nazarenos haviam se tornado de tal forma atrevidos, que chegaram ao cúmulo de acusar o Conselho de haver matado o Messias.
Agora chegara a vez de Estêvão, o mais ousado de todos.
Quando Estêvão entrou no tribunal, todos os olhares voltaram-se à sua direção. Algumas cabeças curvaram-se de medo, pois o seu rosto era calmo e sereno como a face de um anjo. Chamadas as testemunhas, confirmaram terem-no ouvido falar contra o Templo e os anciãos. Além disso, ensinava a todos que JESUS era o Messias. Quando lhe deram a oportunidade de responder às acusações, voltou-se à multidão silenciosa, procurando um rosto amigo. Não encontrando ninguém, entregou-se à misericórdia do Senhor. E, mostrando uma radiância celeste em sua fisionomia, pôs-se a falar.
Começando com Abraão, Estêvão referiu-se à história judaica para mostrar que os homens podiam adorar a DEUS em outros lugares além do Templo. Ele traçou os caminhos de DEUS com o seu povo desde Abraão até Moisés, e provou que este profetizara sobre o CRISTO: "O Senhor, vosso DEUS, vos levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu"(At 7.37).
Contou como Moisés recebera a planta do Tabernáculo e como Salomão construíra o SANTO Templo. Em seguida, citou o profeta Isaías a fim de provar que o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos humanas: "O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? Porventura, não foi, a minha mão que fez todas estas coisas?" (Is 7.49,50).
Enquanto prosseguia, os ouvintes encaravam-no com ódio sombrio. No final, chegando ao ponto alto de seu discurso, declarou corajosamente ao Sinédrio o que vinha dizendo ao povo em cada sinagoga:
Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvido, vós sempre resistis ao ESPÍRITO SANTO; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas; vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes (7.51-53).
Houve um espoucar de vozes no salão, pois as palavras de Estevão queimavam como fogo e cortavam como afiadas lâminas. Acusações insultuosas! Desafiadoras! De repente, ele se cala. No terrível silêncio que se segue, sua fronte ergue-se para o céu e um sorriso amoldara-lhe a face como se houvera tido uma visão do alto. E Estêvão declara: "Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de DEUS" (7.56).
Não lhe foi permitido dizer mais nada. Alguns fariseus taparam os ouvidos para não ouvir outras blasfêmias. Outros tentaram agarrar o prisioneiro. Estêvão, então, foi rapidamente levado para fora do tribunal antes que a multidão o linchasse. Nunca tinham ouvido palavras tão atrevidas e cortantes!
O Apedrejamento
de Estêvão
Depois de o
prisioneiro ter sido arrastado para fora, o veredicto foi rapidamente
concluído. Na opinião de todos, ele era culpado de morte. A Lei de Moisés
deixava isso bem claro: Aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente
morrerá; toda a congregação o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural,
blasfemando o nome do Senhor, será morto (Lv 24.16).
Saulo ficou mui
comovido com o julgamento, pois acompanhara cada palavra de Estêvão. Gloriou-se
na história de seu povo e impressionou-se pela forma como Estêvão a contara.
Jamais conhecera alguém com tamanho conhecimento da Escritura. Pensou ainda nos
rabinos e nas suas disputas. Como pareciam mesquinhos! Considerou sua própria
opinião sobre o Messias e o que Gamaliel lhe ensinara. Enfim, compreendeu que
os fariseus, embora cressem na ressurreição, nunca haviam podido demonstrá-la.
Mas ali estava uma demonstração plausível - se ao menos fosse verdade! E como o
rosto de Estêvão irradiava êxtase! Era como se estivera vivendo num outro
mundo. E as suas palavras finais? E se ele tivesse realmente visto JESUS à mão
direita de DEUS?
Não, isso era
coisa de fanático. Estevão era um impostor. Aquelas últimas palavras sobre a
hipocrisia dos rabinos eram imperdoáveis. O homem era um inimigo da Lei Divina.
Morte aos inimigos de DEUS! Que seja apedrejado! Saulo ficou tão convencido de
que o julgamento fora justo que estava pronto a ajudar na execução da sentença.
As palavras insultuosas de Estêvão ainda lhe soavam aos ouvidos.
Cercado pelos
guardas do Templo, Estêvão foi arrastado pelas ruas da cidade até um lugar
perto dos muros. De repente, o grito: "Morte ao blasfemo! Morte ao
nazareno!" A Lei de Moisés ordenava que a primeira pedra fosse atirada
pelas testemunhas que, despindo-se de seus mantos, empilharam-nos aos pés de
Saulo. A incumbência deste era cuidar para que as roupas não fossem roubadas.
Estêvão
ajoelhou-se e, ignorando a multidão, orou: "Senhor JESUS, recebe o meu
espírito!" (At 7.59). As pedras foram atiradas, fazendo-o sangrar
mortalmente. Mas antes que sua alma deixasse a morada terrena, partindo para as
mansões celestes, clamou em alta voz: "Senhor, não lhes imputes este
pecado" (At 7.60). Estava tudo acabado. Sua alma já se encontrava com
JESUS.
A Difusão do
Cristianismo
Saulo deixa a
cena em silêncio. Testemunhara algo que jamais houvera visto. Não podia negar
que ficara grandemente abalado. Ouvira a oração de Estêvão. Quem jamais orara
por seus algozes? O ódio de Saulo era amenizado por um estranho sentimento de
piedade. Mas isso durou apenas alguns segundos. Ele não permitiria que suas
emoções o empolgassem. Estêvão merecia morrer! Sua execução desanimaria outros,
e quem sabe, acabasse de vez com a seita dos nazarenos. Todavia, os eventos
daquele dia ficariam para sempre em sua memória.
Depois da morte
de Estêvão, Saulo passou a comandar a perseguição à Igreja. Ele percebeu que a
sua morte não tinha afetado os cristãos. Pelo contrário: tornara-os mais
audaciosos e fortes. Depois de consultar o Sinédrio e os principais sacerdotes,
concluiu que a melhor maneira de acabar com a ameaça ao Judaísmo seria visitar
cada sinagoga, descobrir quem se inclinava a crer em JESUS e levar os
infratores a julgamento.
Tendo em vista
seus precedentes, Saulo cumpriu zelosamente a nova missão. Em breve, tornou-se
conhecido em toda a Judéia como o mais feroz inimigo de CRISTO. Ele caçava os
cristãos, atirando-os nas celas e ordenando-lhes a execução. Sua indignação
ardia como fogo, e seu grito soava amedrontador: "Repudie a fé em JESUS ou
morra!"
A perseguição
tornou-se tão severa que os cristãos se viram forçados a deixar seus
domicílios. Os de Jerusalém espalharam-se por toda a Judéia e Samaria. Isso
contudo não teve o efeito que Saulo e o Sinédrio desejavam, pois onde quer que
os discípulos fossem, contavam a história de CRISTO. Em vez de uma grande
Igreja em Jerusalém, muitos pequenos grupos de crentes passaram a reunir-se
secretamente nas casas. Os esforços de Saulo só fizeram com que o fogo se
espalhasse e se tornasse inextinguível.
Infelizmente,
alguns preferiam abandonar a Igreja a enfrentar a perseguição e as privações
decorrentes desta. Outros foram compelidos a blasfemar o nome de JESUS.
Muitos seguiram
para o norte, em direção a Samaria, onde Paulo não tinha qualquer jurisdição.
Entre estes encontrava-se Filipe, um dos sete diáconos da igreja de Jerusalém.
Colaborador de Estêvão, teve de fugir para salvar a vida. O povo de Samaria
recebeu-o alegremente, pois lembrava-se de JESUS e de seu ministério entre
eles.
Samaria ficava
ao norte de Jerusalém. Era habitada por um povo mestiço, parte dele oriental e
a outra parte de origem hebreia. As dez tribos de Israel habitaram ali, mas os
assírios levaram-nas para o cativeiro, deixando apenas um remanescente na
terra. Milhares de estrangeiros contraíram casamentos mistos com aqueles
judeus, resultando numa raça mestiça. Por isso, todo judeu de sangue puro
olhava para os samaritanos com desprezo. Filipe, contudo, pregou a CRISTO
livremente em Samaria, e DEUS abençoou o seu testemunho. Muitos foram os que se
fizeram seguidores do Senhor, porque viam e ouviam os sinais que Filipe fazia.
Quando os
apóstolos ouviram falar que uma grande obra estava sendo realizada em Samaria,
enviaram para lá Pedro e João para ver se era ou não autêntica. Pois ainda não
estavam convencidos de que alguém pudesse ser um verdadeiro cristão sem
primeiro ser judeu. Mas foi justamente ali, naquela terra odiada, que os
apóstolos descobriram que o ESPÍRITO SANTO também estava sendo derramado sobre
os samaritanos, quando lhes impuseram a mãos. Antes de partirem, Pedro e João
pregaram nas aldeias. E assim a igreja em Samaria cresceu sem que fosse
incomodada pela perseguição.
Início da
Convicção de Saulo
Saulo
enfrentava uma nova dificuldade. Embora houvesse dispersado os nazarenos de
Jerusalém, recebeu diversos relatórios de que estes continuavam espalhando seus
ensinamentos. A Igreja, em vez de diminuir, crescia mais e mais. Ele então
começou a se perguntar se todo o seu trabalho estava ou não baldado ao
fracasso. Será que o seu velho professor Gamaliel tinha razão ao dizer que, se
a seita dos nazarenos fosse de DEUS, nem o Sinédrio nem um poderoso exército
iria detê-la?
Seria realmente
uma obra divina? Estaria Saulo lutando contra DEUS? É certo que fora derrotado
na discussão com os nazarenos, pois estes conheciam as Escrituras e fizeram-no
calar-se na sinagoga. Estêvão certamente vencera os perseguidores, pois na hora
de sua execução, um estranho poder o possuíra, impressionando profundamente a
Saulo. E os cristãos que seguiam para a morte com uma expressão de vitória
estampada no rosto? Até aquele ponto Gamaliel acertara: A perseguição só
ajudara a propagar o novo ensinamento.
As cenas se
sucediam na mente de Saulo. Ele pensou em sua educação farisaica e em todas as
regras que aprendera. Acreditava que, seguindo-as, receberia a vida eterna. Mas
agora tinha de admitir: sua vida era vazia. Quanto aos ensinamentos rabínicos,
não seriam suficientes sem a esperança do Messias. Neste ponto, Saulo
surpreendeu-se pensando no Messias; desejava que Ele viesse logo.
Tinha certeza
de que os nazarenos pregavam um falso messias. Todavia, tinha a sensação de que
o grande e misterioso poder que nEle se achava viera sobre homens como Estêvão.
Saulo perguntou
a si mesmo porque tais homens, a quem condenara à morte, estavam dispostos a
morrer pela nova religião. Ele sempre acreditara que as pessoas defendiam
coisas falsas enquanto lucrassem com isso; mas, quando a espada era posta em
suas gargantas, desistiam imediatamente. Mas por que os seguidores de JESUS se
agarravam à sua fé como se esta lhes fosse mais preciosa que a própria vida?
O PONTO CRÍTICO
Embora
estivesse colecionando lembranças amargas, Saulo decidira continuar a luta.
Irritado com a propagação da Igreja, prepara uma expedição a Damasco, onde,
segundo ouvira falar, vários nazarenos haviam se refugiado por causa da
perseguição desencadeada em Jerusalém. Além disso, pregavam ativamente a CRISTO
nas várias sinagogas. Saulo achava que poderia abater definitivamente os
seguidores de JESUS se os expulsasse dessa fortaleza. Acompanhado por uma tropa
de guardas do Templo, saiu de Jerusalém pela Porta de Damasco respirando
ameaças e mortes. A distância até Damasco era de aproximadamente 240
quilômetros. Apesar de a estrada ser ladeada por uma das paisagens mais belas
do mundo, o propósito de Saulo não era apreciar o cenário; era acabar com a
Igreja de CRISTO.
A região
achava-se repleta de lembranças históricas. Dois mil anos antes, Eliezer, o
damasceno, tornara-se servo de Abraão e viajara por aquela mesma estrada. Naamã
passara por aquele caminho quando fora ter com Eliseu. Mas Saulo não queria
pensar nessas coisas, pois estava dominado pelo ódio. Planejara caçar os
cristãos e levá-los acorrentados a Jerusalém para que fossem julgados e
condenados pelo Sinédrio. Na túnica, trazia uma carta selada do sumo sacerdote
aos rabinos de Damasco, ordenando que se lhe desse toda a assistência, pois era
o representante legal das autoridades judaicas.
O sol ardia
quando eles chegaram às proximidades da velha cidade. À sua frente, estendia-se
um vale bem irrigado e protegido por densas florestas com árvores de todo tipo.
Lá estavam a palmeira com suas delicadas folhas e o álamo. Os vinhedos, nas
encostas, eram os mais ricos de toda a Síria. Os viajantes geralmente
abrigavam-se sob essas árvores quando o sol se encontrava no auge de sua força.
Em sua impaciência, porém, Saulo não quis descansar.
Na sinagoga,
todos já tinham sido avisados de sua chegada. Quanto aos nazarenos, ainda se
lembravam da confusão que ele criara em Jerusalém, por isso tremiam com a ideia
de enfrentar novamente a perseguição. Isso significava que famílias seriam
separadas e reduzidas à pobreza, ou até mortas. Havia, porém, decidido
manter-se fiéis a CRISTO não importando as consequências.
O meio-dia
encontrou Saulo na periferia da cidade, apressando-se em direção a ela. As
estradas estavam desertas àquela hora. Até mesmo o gado havia procurado a
sombra dos arvoredos e aí se acomodara até que passasse o calor. Apesar de toda
aquela calmaria, Saulo não parara a fim de descansar. Os guardas do Templo que
o acompanhavam, embora surpresos, não ousavam fazer-lhe qualquer observação.
O pequeno grupo
aproximou-se do alto de um monte de onde se podia ver os prédios rebrilhando ao
sol. Segundo o poeta, Damasco era "um punhado de pérolas numa taça de
esmeralda".
A Aparição de
CRISTO
Ao descerem o
monte, um raio de luz, mais brilhante que o sol em todo o seu esplendor, veio
subitamente sobre o pequeno grupo. Sua radiância era tanta que o sol pareceu
enfraquecer. Eles ficaram ofuscados com o brilho e caíram por terra; alguns, de
bruços para protegerem-se da luz, e outros com as mãos cobrindo os olhos,
temendo aqueles raios.
Admirados,
entreolharam-se como que pedindo uma explicação do que houvera. Foi então que
viram o seu chefe caído por terra, enquanto o animal, em que montara,
mantinha-se perto dele amedrontado. Saulo falava com alguém, mas eles não viam
o seu interlocutor. Embora parecesse uma voz, não lhe compreendiam as palavras.
Agora os lábios de Saulo se moviam; tinha ele as mãos estendidas à sua frente
como se estivesse cego. Saulo tremia da cabeça aos pés.
Deitado no
chão, sem nada ver, Saulo ouviu uma voz que lhe falava: "Saulo, Saulo, por
que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões" (At
26.14).
Perturbado com
todos os pensamentos que o tinham perseguido desde a morte de Estêvão,
temeroso, ousou perguntar: "Quem és tu, Senhor?" (At 26.15).
"Eu sou
JESUS, a quem tu persegues" (At 26.15).
Na linguagem do
amor, superior a tudo que já conhecera, ele ouve mui claramente: "Eu sou
JESUS". Seria este o JESUS que morrera? De repente, brota-lhe na alma a
terrível compreensão de que estava errado. De fato, toda a sua vida fora um
erro.
O torvelinho
que sentira, as perguntas que iam surgindo, a crescente convicção de que
estivera lutando contra DEUS - todos esses pensamentos pairavam diante de si
com súbita clareza e, de tal forma, que não podia mais suportá-los.
Todo o orgulho
de sua origem farisaica, toda a dignidade do cargo e toda a arrogância advinda
de sua reputação como o principal perseguidor do Cristianismo desmoronaram
enquanto se achava ali, indefeso na estrada. Sua visão física lhe fora tirada
para que a sua alma pudesse enxergar. Ele estava pensando nas palavras:
"Por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrares contra os
aguilhões".
Tais palavras
eram próprias da vida campestre. Saulo vira muitas vezes o boi escoiceando o
aguilhão, oferecendo inútil resistência. Em vez de obedecer a quem o dirigia e
submeter-se a ele, o boi teimava e dava patadas nas varas que o dono usava para
estimulá-lo. Era uma descrição mui apropriada da vida de Saulo. Ele estivera
fazendo isso há meses, e como lhe fora difícil! Saíra para caçar os seguidores
de JESUS; mas, em vez disso, descobriu que estava sendo caçado por JESUS, a
quem perseguia.
Essa foi a
grande crise da vida de Saulo. Ele encontrou-se face a face com o Messias, e
viu-se forçado a reconhecer que estava errado, e os nazarenos, certos: JESUS
era o CRISTO.
Naquele
momento, toda a sua luta cessou. Uma grande revolução, maior do que qualquer
outra que já conhecera, teve lugar em seu íntimo. Estava quebrantado e abatido
nas mãos daquEle que julgara ser seu inimigo. A rendição foi completa. Sua alma
estava finalmente em paz.
A voz do céu
era clara: "Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te
convém fazer" (At 9.6).
A Transformação
Tudo acabara em
poucos instantes, mas foi a maior experiência de Saulo. Nela, pensaria até o
dia da sua morte. Naquele momento, JESUS o dominara, mudando-lhe por completo a
vida. Nenhuma dúvida nem interrogação ser-lhe-iam possíveis a partir daquele
instante. Pois não tivera uma simples visão de JESUS; fora, de fato, uma
aparição do CRISTO, não mais com a glória velada, como nos dias de seu
ministério terreno, mas com tamanha plenitude de glória que o homem não podia
suportar-lhe o brilho.
Saulo falaria
disso mais tarde como a última das aparições de JESUS aos seus seguidores após
a ressurreição (1 Co 15.8). Moisés teve a mesma experiência no Monte Sinai,
quando a visão da glória do Senhor aparecera-lhe como um fogo devorador. Foi
isso que Isaías viu quando o Senhor o chamou para o ministério. Essa foi também
a experiência de Pedro, Tiago e João no monte da Transfiguração. Foi o que João
viu em Patmos e depois de tê-lo visto, "caí a seus pés como morto"
(Ap 1.17). E para o rabino de Tarso, era concedida uma entrevista com o CRISTO
ressurreto.
Posteriormente,
alguns vieram a duvidar de seu apostolado, alegando que ele jamais vira o
Senhor. Mas a todos os seus inimigos, podia responder que recebera a sua
comissão diretamente de JESUS que lhe dissera:
Te apareci por
isso, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto
como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; livrando-te deste povo e dos
gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires os olhos e das trevas os
converteres à luz e do poder de Satanás a DEUS, a fim de que recebam a remissão
dos pecados e sorte entre os santificados pela fé em mim (At 26.16-18).
Quando seus
companheiros, já recuperados dos efeitos da visão, foram ajudá-lo a pôr-se em
pé, descobriram que ele estava cego, por isso tiveram de conduzi-lo pela mão à
cidade. Que mudança nele se operou! Tinha sido um orgulhoso fariseu, cavalgando
com pompa e autoridade, cheio de indignação e soberba. Mas, num momento, foi
transformado num servo trêmulo, que tateava, humilde e quebrantado,
agarrando-se à mão de um soldado que o guiou ao seu destino. Ao chegar a
Damasco, entrou num quarto da casa de Judas, na rua chamada Direita, e pediu
que o deixassem a sós. Queria tempo para pensar.
Já afastado do
mundo por causa de sua cegueira, podia finalmente ordenar seus pensamentos.
Sentou-se no escuro, imaginando como DEUS poderia usar um cego em sua obra.
Saulo não comeu
nem bebeu durante três dias. Estava por demais absorvido em seus pensamentos.
Todo o passado descortinava-se diante de si. Pensou no zelo do pai ao educá-lo
como fariseu. Lembrou-se do rigor da escola em Tarso e de como as palavras dos
rabinos haviam lhe marcado a vida. Recordou-se do Templo e de todas as suas
belas e agradáveis cenas. Como poderia esquecer-se das multidões dos adoradores
entregando os sacrifícios aos sacerdotes.
Agora, porém,
nada disso lhe tinha importância. O Messias aparecera e fora crucificado
exatamente pelas pessoas a quem viera abençoar. Toda a vida de Saulo parecia
estar desmoronando. Podia ver agora que estivera lutando contra DEUS. Cego por
seu farisaísmo, ele havia perseguido o Messias. Todavia, ei-lo quebrantado aos
pés do Salvador. Toda a sua vida mudara por meio da força dessa colisão com o
CRISTO. Estêvão tinha razão: tanto ele (Saulo) como o Sinédrio haviam cometido
um gravíssimo erro. Os anos estéreis, porém, terminaram; o futuro devia ser
ocupado na proclamação dessas grandes descobertas.
Quando prendia
os nazarenos, Saulo o fazia com espírito de vingança e ira. Era o inimigo
mortal deles. Mas quando JESUS de Nazaré o prendeu, não havia vingança nem ira.
Se em seu poder, DEUS o derrubou por terra, em seu amor o levantou e dele tomou
posse. Saulo começa a compreender como Estêvão pôde orar pelos inimigos mesmo
quando as pedras o atingiam mortalmente. Em CRISTO, encontrou uma paz até então
desconhecida para ele, o implacável fariseu.
Enquanto Saulo,
jejuando no escuro, pensava e orava a respeito das estranhas experiências que
tivera, tem uma visão em que um discípulo, chamado Ananias, vinha vê-lo a fim
de lhe restaurar a visão.
As Visões de
Saulo e Ananias
Nessa mesma
ocasião, o Senhor preparava Ananias para que visitasse Saulo. Ananias fora,
certa vez, destacado, em sua sinagoga, como um homem piedoso e que obedecia à
Lei de Moisés com o rigor de um fariseu.
Mas desde que
se tornara cristão, os judeus passaram a suspeitar dele. Alguns diziam que
Saulo tinha ido a Damasco especialmente para prender Ananias, pois os nazarenos
haviam-no reconhecido como seu líder. Mas numa visão, o Senhor ordenou a
Ananias: "Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de
Judas, por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando, e
numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a
mão, para que tornasse a ver" (At 9.11,12).
Ananias
imediatamente protestou. Afinal, os nazarenos de Damasco tinham medo de Saulo
por causa das notícias que chegavam de Jerusalém. Além disso, haviam sido
informados que ele estava na cidade a fim de que, como representante do sumo
sacerdote, procedesse a prisão dos discípulos de JESUS e os conduzisse a
Jerusalém. Os cristãos não haviam orado para que DEUS os livrasse? Quando
chegaram as notícias de que Saulo ficara cego, agradeceram a DEUS. Era a
resposta à sua oração.
Mas, agora,
ordenava o Senhor: "Vai, porque esse é para mim um vaso escolhido para
levar o meu nome diante dos gentios e dos reis, dos filhos de Israel" (At
9.15).
Sem mais
duvidar, Ananias dirigiu-se à casa de Judas, e perguntou por Saulo, o rabino de
Jerusalém. Levado a um quarto nos fundos, deparou-se com o jovem e terrível
fariseu sentado, completamente cego e abalado pelo conflito que se desenrolava
em sua alma. Saulo já não sentia qualquer amargura, pois havia atravessado
águas profundas naqueles três dias; passara por uma sondagem como nunca pensara
ser possível.
Ananias
atravessou o quarto, aproximou-se de Saulo e, impondo a mão sobre a sua cabeça,
disse-lhe em voz baixa: "Irmão Saulo, o Senhor JESUS que te apareceu no
caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do
ESPÍRITO SANTO" (9.17).
Um nazareno o
chamara de "irmão"! E pensar que ele, Saulo, viera justamente prender
um homem como esse que, agora, estendia-lhe a destra da comunhão! Dissipadas as
trevas, Saulo vê o homem que o procurara como mensageiro de DEUS.
Ele acabara de
receber a confirmação do que tinha ouvido na estrada de Damasco. Como não se
render ao CRISTO? Por um momento, Saulo dúvida: como ser perdoado pela
perseguição e pelos problemas que criara à Igreja. Mas a voz de Ananias lhe dá
plena segurança quanto ao amor e benignidade de DEUS.
Saulo sabia que
o batismo era o sinal nazareno do arrependimento. Era uma forma de mostrar
publicamente que havia mudado, invocando o nome daquEle a quem antes odiara,
porém agora, além deste batismo nas águas, recebe o batismo no ESPÍRITO SANTO,
fato totalmente desconhecido para ele (cheio do ESPÍRITO SANTO).
Saulo estava
pronto. Encontrava-se nas mãos de DEUS e já não havia dúvida em seu coração.
Ajoelhou-se com Ananias, e orou ao Senhor como se fora uma criança,
confessando-lhe os pecados, pedindo-lhe que o perdoasse em nome de JESUS e
invocando-lhe o nome de seu Filho, fez como o faziam os nazarenos. A seguir,
Ananias o batizou, marcando definitivamente a sua entrada na nova vida.
Vivendo para
CRISTO
Saulo saíra das
trevas para a luz. Morrera para a velha vida, sob a Lei, e fora cheio do
ESPÍRITO. Desejava, agora, provar o seu arrependimento através de uma vida de
serviço a CRISTO. Essa perspectiva dava-lhe grande alegria. Depois de ter-se
alimentado, levantou-se com um zelo tão intenso por CRISTO que excedia de muito
sua antiga dedicação ao Judaísmo.
Ananias voltou
para anunciar aos cristãos de Damasco que o perigo passara. Saulo não só havia
desistido de persegui-los, como também fora batizado, invocando o nome de
CRISTO. Era agora um nazareno. Eles receberam-no, pois, com grande alegria;
acolheram-no como a um irmão.
Os cristãos de
Damasco fortaleciam a Saulo diariamente com a cordialidade de sua comunhão, e
doutrinavam-no acerca de JESUS. Ele se mostrava mais que atento. Os irmãos
falaram-lhe do Salvador, de sua vida e de sua obra. Ficaram surpresos ao ver o
conhecimento que ele tinha das Escrituras e como constatava rapidamente, agora,
que todas elas apontavam para JESUS. Sua erudição deixou-os admirados. Ele
parecia encontrar argumentos fortes e favoráveis a CRISTO que antes lhe haviam
escapado. Seus corações encheram-se de alegria ao compreender que ele também
viria a ser um grande mestre das doutrinas enunciadas pelo Senhor JESUS.
Durante o curto
período em que permaneceu em Damasco - somente alguns dias - Saulo cresceu
espiritualmente e já ansiava por testemunhar da grandiosa experiência que
tivera na estrada de Damasco. Junto com Ananias e outros nazarenos, visitou a
sinagoga e pregou a CRISTO. Ele era hábil em rebater todos os argumentos dos
fariseus. Como tivesse o dom da oratória, causou grande impressão sobre o povo.
Embora não pudesse dizer muito a respeito dos ensinamentos de JESUS, sabia
apelar para a Lei, os Profetas e os Salmos. Ele sentia-se mui à vontade nesses
tópicos.
A primeira vez
que Saulo visitou a sinagoga, que se achava repleta, foi um grande dia para os
nazarenos. Ali estava um jovem, destemido e forte, que tivera o privilégio de
ser educado na escola de Gamaliel. A maioria dos judeus sabia de seu ódio a
CRISTO, e alguns que suspeitavam dos nazarenos, achavam que a sua missão em
Damasco era necessária.
Inicialmente,
Saulo contou-lhes a história de sua ida a Damasco e do incidente na estrada:
como encontrara a JESUS de Nazaré e O contemplara com os próprios
olhos, aquEle a quem vinha perseguindo, e como, desde então, toda a sua vida se
transformara. Ele cria agora que JESUS era o CRISTO. Com sua habilidade de
rabino, citou passagem após passagem do Antigo Testamento para provar a
messianidade de JESUS. Ao terminar o discurso, confessou publicamente o seu
pecado em perseguir os seguidores de JESUS, e descreveu a nova vida que nele
havia por meio da habitação interior do ESPÍRITO SANTO.
Ninguém podia
acreditar no que estava ouvindo: "Não é este o que em Jerusalém perseguia
os que invocavam esse nome, e para isso veio aqui, para os levar presos aos
principais sacerdotes?" (At 9.21).
Ao verem-no
abjurar as antigas crenças, ficaram indignados. O primeiro discurso de Saulo
como nazareno foi respondido pelos rabinos da sinagoga, que o tacharam de falso
mestre e traidor da nação. Negaram o uso que o novo discípulo de CRISTO fazia
das Escrituras, discutindo acaloradamente com ele sobre o correto significado
destas. Mas não puderam reputar-lhe os argumentos, nem a sua experiência na
estrada de Damasco. Quando a congregação se retirou, todos estavam comovidos
com o que ouviram. Alguns creram, mas a maioria achava que Saulo merecia ser
expulso da sinagoga e açoitado publicamente. O inimigo declarado e
preconceituoso de CRISTO mudara rápida e drasticamente, transformando-se num
cristão inabalável, com a determinação de entregar sua vida ao serviço do
Senhor. Ao cair diante de sua glória, tornara-se de JESUS um servo para todo o
sempre. Saulo vira-o ressurreto, e tinha plena certeza disso. E, sobre esta
certeza, construiu todas as suas esperanças na eternidade. Foi ainda esta
certeza que o levou a pregá-lo com toda a autoridade (1 Co 9.1).
O EVANGELHO DE
SAULO
Quando alguém
se converte a CRISTO de modo tão inesperado e radical quanto Saulo, passa a
sentir de imediato um forte desejo de partilhar sua experiência com todos.
Diante de um testemunho como o seu não há como disfarçar as emoções. A
experiência de um homem que viu a glória divina nos aquece o coração.
Saído de um
ambiente tão rígido como o do farisaísmo, o choque que Saulo recebeu foi
enorme. Seu modo de pensar modificara-se tão rapidamente, que ele precisava de
tempo para descansar e refletir. Queria repensar o passado, observar lógica e
tranquilamente o futuro, e preparar-se para a grande obra a que DEUS o chamara.
O Senhor não dissera que ele devia levar o nome de CRISTO diante dos gentios,
dos reis e dos filhos de Israel?
Saulo era um
pensador profundo. Não tomava nenhuma atitude sem antes raciocinar e pesar as
consequências. Algumas pessoas a tudo analisam; outras, não se preocupam com
nada. A mente de Saulo era analítica; teve necessidade de refletir para
ajustar-se aos fatos que lhe abalaram a estrutura existencial.
Ao despedir-se
dos cristãos de Damasco, isolou-se na Arábia a fim de concentrar-se nesta nova
etapa de sua vida.
Na Epístola aos
Gálatas, Saulo revela que, depois de sua conversão, não se dirigiu aos
apóstolos em Jerusalém, ou para quaisquer outros, a fim de se inteirar do
Evangelho que mais tarde pregaria. O Evangelho foi-lhe revelado diretamente por
DEUS. O apóstolo enfatizou: "Porque eu recebi do Senhor o que também vos
ensinei" (1 Co 11.23).
Na Arábia
No deserto,
longe do burburinho da vida urbana, com as rochas e areias ardentes durante o
dia, e as estrelas silentes à noite, despojou-se Saulo das amarras de uma vida
inteira, libertando-se da Lei e da tradição judaicas. Na quietude da Arábia,
andou com DEUS. Aqui, o Senhor JESUS revelou a Saulo as grandes verdades que
viriam a ser as âncoras de sua pregação. Foi aqui também que reestudou as
Escrituras, e meditou sobre as grandes doutrinas que iria em breve ensinar em
todas as igrejas. Aprendeu o valor da comunhão com DEUS, tornando-se-lhe
sensível à vontade.
Foi no deserto
que Moisés veio a encontrar DEUS. Naquele mesmo Monte na Arábia onde Paulo
agora estava a ter um encontro pessoal com JESUS (Monte Horebe). E foi num
momento de desespero, que Elias procurou a quietude do deserto. No deserto, o
maná alimentou o povo de DEUS por quarenta anos. Que lugar seria mais propício
para Saulo reencontrar-se com o Senhor? Onde poderia ser alimentado diariamente
pelo pão do céu senão aqui?
É impossível
saber os detalhes daqueles dias de consagração. Mas de uma coisa não temos
dúvida: Saulo deixou o deserto plenamente convicto e preparado para apresentar
as razões de sua fé. Ele sabia que, no exato momento em que abrisse os lábios
na sinagoga, os fariseus opor-se-lhe-iam amargamente, taxando-o de hipócrita,
traidor. Por isso, deveria estar preparado a fim de apresentar tanto a sua
defesa quanto a de JESUS com toda a sua força e poder.
Na defesa da
fé, seria imprescindível que tivesse idéias muito claras acerca da salvação
oferecida por CRISTO. Falar de uma experiência é simples, mas debater com os
filósofos e defensores de outras religiões exige um conhecimento bem definido e
pontos de vista sólidos. Além de justificar a morte de CRISTO conforme predita
nas Escrituras, Saulo teria de explicar porque isso foi necessário e por que
DEUS o exigiu.
Ao pensar no
propósito da vida e na felicidade de que ora desfrutava, Saulo concluiu: o que
aprendera na escola rabínica era de fato uma poderosa verdade, SÓ LHES FALTAVA
A REVELAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO. O supremo propósito do ser humano é receber o
favor divino. Mas a única maneira de se obter tal favor é submeter-se à justiça
de DEUS. Somente Ele pode conceder-nos a paz.
Entendendo o
Dom da Justiça de DEUS
A história do
homem sempre foi o relato do desvio da justiça divina e do deliberado
afastamento de DEUS. Muitos são os que, embora se julguem justos e condenem os
outros, jamais sentiram comunhão com DEUS. Outros, como os judeus, dependem de
sua obediência à Lei para obter o favor divino. Saulo viveu desse modo até
encontrar a JESUS. Mas agora, podia ver quão vazia era a vida dos judeus: por
não haverem recebido a JESUS, achavam-se na mesma condição dos gentios.
Os gentios
falharam em sua busca pela justiça. Não porque DEUS haja se ocultado deles,
pois Ele lhes dera suficiente conhecimento para que viessem a ser conduzidos
pela justiça. Eles, porém, não quiseram seguir a luz; tentaram extingui-la. E
já que não alcançaram o favor de DEUS, fizeram-se filhos da ira. Quanto aos
judeus, gabavam-se de suas muitas vantagens sobre o resto do mundo. Embora
possuíssem a Lei e os Profetas, não tiraram proveito deles.
O que importa
diante de DEUS não é saber o que é certo, mas praticar o que é justo. Antes,
Saulo acreditava que guardar a Lei era a única maneira de se agradar a DEUS.
Isso, porém, jamais lhe havia proporcionado satisfação espiritual. Por outro
lado, estava ciente de que, como depositário da Lei de DEUS, tinha mais
responsabilidades espirituais do que os gentios. Agora, contudo, já não podia
ignorar: tanto os judeus como os gentios, haviam falhado na busca da justiça
divina; encontravam-se ambos expostos à ira de DEUS.
Nem os judeus
nem os gentios eram bons, por haver ambos herdado a natureza pecaminosa de
Adão. Tal natureza torna a pessoa fraca demais para ser justa. A Lei, por
descrever claramente o pecado, teria sido um precioso guia para conduzir-nos à
vida santa. Mas como curar uma natureza tão enferma? Aquilo que queremos fazer,
não o fazemos; e aquilo que não queremos, isso o fazemos. DEUS outorgou a Lei
com o propósito de mostrar-nos qual o padrão de sua justiça.
Todos esses
pensamentos formavam-se na mente de Saulo à medida que o Senhor lhe transmitia
gradualmente a mensagem que deveria ensinar em todas as igrejas. Seu dia mais
ditoso foi aquele em que DEUS ofereceu-lhe um plano de salvação que não
dependia de se guardar a Lei. Foi aí que compreendeu que jamais alcançaria a
justiça divina por seu próprio esforço.
Com o passar
dos dias, Saulo começou a entender mais claramente todo o quadro da salvação
oferecida por DEUS. E essa revelação, obtida na Arábia, foi mencionada
repetidamente por ele como "o meu evangelho". Saulo não a obteve
mediante estudo ou leitura, nem a recebera de homem algum. Foi diretamente e
pessoalmente por intermédio de JESUS que chegou ao conhecimento de tais fatos.
O Verdadeiro
Significado da igreja
O retrato
completo da Igreja apareceu mais vividamente a Saulo, durante sua estada no
deserto. Ele foi o primeiro apóstolo a compreender que a Igreja não era uma
seita judaica, mas uma irmandade universal que se estendia a todas as raças e
nações. Tempos depois, travaria muitas batalhas com os que não estavam
dispostos a admitir os gentios na Igreja.
Saulo
considerava a Igreja um edifício, cujas pedras todas achavam-se bem ajustadas,
tendo a CRISTO como a pedra angular. A seguir, viu-a como um corpo bem
coordenado. E os membros todos desse corpo - braços, pernas, pés, dedos, olhos
e ouvidos - eram os cristãos em particular que, ligados uns aos outros,
constituíam-se num só organismo, tendo a CRISTO por cabeça. A figura ajudou-o a
compreender a unidade da Igreja e a sua dependência em relação ao Senhor JESUS.
Saulo passou a compreender que cada um de nós somos templo do ESPÍRITO SANTO,
morada de DEUS na Terra. Passou a conhecer a pessoa do ESPÍRITO SANTO, fato
vedado ao judeu tradicional sem CRISTO.
Saulo fora
chamado por CRISTO para deixar de lado as regras, tradições e todo o passado do
qual tanto se gloriara. Outros já o haviam feito e tiveram de enfrentar
oposição. O futuro não lhe seria fácil. Ele pensa em Estêvão e como fora este
poderoso no Evangelho. Se Saulo tivesse aberto os olhos antes, quantas centenas
de crentes não teriam sido poupados! Mas ele tomaria o lugar de Estêvão, e quem
sabe, faria para CRISTO uma obra ainda maior. Uma vez mais Saulo delibera ser
fiel à visão celestial, e passar o resto de sua vida pregando o Evangelho aos
judeus e gentios.
O Mundo, um
Campo Missionário
Saulo começa a
refletir sobre o mundo que o rodeava. Embora só o conhecesse parcialmente,
sabia que o Império Romano se estendia para além dos Portões da Cilícia, em
direção ao ocidente. Em suas fronteiras, havia milhões de pessoas.
Que mundo de
trevas era aquele!
Os ídolos eram
adorados por toda a parte. As cidades encontravam-se repletas de estátuas,
altares e templos. Tateando, as pessoas andavam à procura de algo real. Seus
corações estavam vazios; seus olhos, voltados para os grandes blocos de granito
e mármore. Se os gentios pudessem enxergar o vazio de seus templos! Se
soubessem que somente CRISTO podia satisfazê-los!
Saulo
compreende que será mais fácil convencer os gentios do que os judeus. Ele
alegra-se por ter sido escolhido pelo Senhor para levar o Evangelho da graça
salvadora de DEUS aos gentios.
Ao fazer um
retrospecto de sua vida, Saulo percebe que deveria estar louco e cego ao
imaginar que o seu ódio e crueldade pudessem reconduzir os convertidos ao
Judaísmo. Na Arábia, DEUS forçou-o a abandonar os seus métodos e a aprender um
pouco do grande ESPÍRITO que estava em Estêvão, quando este orava por seus
inimigos.
Não se sabe
quanto tempo Paulo permaneceu na Arábia. Sabemos, porém, que passou três anos
em Damasco a sua conversão e a sua volta a Jerusalém. Paulo tivera tempo de
organizar seus pensamentos, e agora estava pronto a pregar o Evangelho com
todas as suas forças, pois sentia- se em débito para com os judeus e gregos.
De qualquer
forma, Saulo achava-se mais bem preparado para, sinceramente, lutar pela fé. Em
cada sinagoga, os fariseus se lhe opunham, zombando de sua mudança de vida e
chamando-o de mentiroso. Ele era obrigado a todo o instante, a defender o
Evangelho a que se habituara a chamar de "meu evangelho", não por ser
diferente do de Pedro, ou de qualquer outro dos discípulos, mas porque JESUS o
entregara diretamente a ele.
Mais tarde,
Saulo aprenderia mais de Pedro e dos demais apóstolos o verdadeiro significado
das declarações e ensinamentos do Senhor. Mas, por ora, já sabia o suficiente
para começar a pregar a JESUS como o CRISTO das Escrituras, por cujo intermédio
podia-se alcançar a justiça divina.
Com as palavras
do Senhor no coração, avançaria e estabeleceria igrejas em todas as partes. Se
em sua ignorância prendera e até matara, agora ofereceria a sua vida por
CRISTO. Afinal, JESUS não vencera a morte levantando-se da sepultura? Sua mente
já estava apaziguada e cultivada pelos ministérios de DEUS.
O REGRESSO A
DAMASCO
Saulo foi
cordialmente recebido pelos irmãos de Damasco. Todos ansiavam por sua volta,
pois somente ele poderia enfrentar os judeus que se opunham ao Evangelho.
Lembravam-se todos de como Saulo silenciara os rabinos antes de partir para a
Arábia. Com um poder muito maior, Saulo retoma o trabalho nas sinagogas. A
oposição judaica contra si já se havia transformado em ódio. A sua determinação
de pregar a JESUS CRISTO, contudo, em nada diminuíra.
Durante o
período de três anos em que esteve em Damasco com os nazarenos, homens e
mulheres aceitavam diariamente a CRISTO ao ouvir-lhe a pregação. O conselho da
sinagoga fez o máximo para tapar os ouvidos de seus congregados. Mas como a
mensagem de Saulo tivesse como base as próprias Escrituras, ninguém era capaz
de resistir-lhe as palavras. Até os rabinos temiam proibir o acesso de alguém
com tamanho conhecimento da Torá na sinagoga.
A cada
discussão com Saulo os rabinos mais se enfureciam. E já instigavam o conselho
da sinagoga contra Saulo, pois mais de uma vez ele os sobrepujara. Em seu ódio,
queriam fazer dele um exemplo público. E tanto fizeram, que vieram a conseguir
o seu intento. Açoitaram-no diante da porta da sinagoga com 39 chibatadas.
Enquanto o chicote raspava-lhe as costas, Saulo experimentava uma estranha
sensação de alegria por ser considerado digno de sofrer pela causa de CRISTO.
Não fora exatamente isso o que ele havia feito com os que seguiam a esse mesmo
JESUS?
O corpo de
Saulo fica marcado para sempre; com orgulho exibiria essas marcas por
haverem-no introduzido numa comunhão mais profunda com o CRISTO e com os que
foram chamados a sofrer pela fé.
Finalmente, ele
foi expulso da sinagoga. Todavia, encontrando-se secretamente com os judeus de
Damasco, ganhou a muitos deles para CRISTO. Os rabinos vieram a compreender,
então, que ninguém poderia deter a propagação do Cristianismo. O que fazer?
Ordenaram-lhe, pois, que deixasse a cidade, mas Saulo não lhes acatou a ordem.
Pelo contrário: agora, pregava a CRISTO com mais vigor e intensidade. O
conselho reuniu-se então em segredo, e chegaram a esta conclusão: "Só há
um meio de calar a Saulo - tirar-lhe a vida".
Os judeus
favoráveis aos nazarenos, alertaram a Saulo sobre a decisão do conselho. Ele,
pois, escondeu-se de modo a que não pudessem encontrá-lo. Cada sinagoga era
vigiada, mas o acusado não aparecia. Seus inimigos finalmente descobriram que
ele sabia da conspiração. E para que Saulo não fugisse disfarçado de mercador,
ou viajante, resolveram ir ao governador e fizeram uma acusação formal contra o
desafeto, dizendo que este era um perturbador da ordem pública, pois incitava
os judeus a se amotinarem. O governador prontamente enviou as ordens para a
prisão de Saulo. Imediatamente, os soldados passaram a vigiar os portões da
cidade, observando as caravanas que saíam de Damasco. Como a cidade só
possuísse quatro portões, os rabinos julgavam que, em breve, o prenderiam.
Sempre atentos
a qualquer movimento, os judeus pretendiam acabar com a seita que os
perturbava, livrando-se de seu novo líder. Diante disso, os amigos de Saulo
perceberam que só havia um meio de salvar-lhe a vida: tirá-lo da cidade.
Os velhos muros
eram tão largos em determinados lugares que casas haviam sido construídas sobre
eles. Numa dessas casas, com janelas salientes, morava um nazareno. Quando a
noite caiu sobre a cidade, Saulo foi levado a essa casa. Então, amarraram uma
corda a um grande cesto que foram baixando pelo muro até que pousasse em
segurança. Ato contínuo, o passageiro deixou rapidamente o cesto,
embrenhando-se na escuridão.
A viagem de
Saulo a Jerusalém
Saulo ganhara a
liberdade. Não foi senão depois de muitos dias que as autoridades da sinagoga
foram informadas de que ele se encontrava em Jerusalém, perturbando o povo de
lá como o fizera em Damasco. Fazia pouco mais de três anos desde que deixara
Jerusalém com uma guarnição e uma ordem de prisão contra os nazarenos. Nessa
época, representava o Templo, os sacerdotes e os fariseus em toda a sua
oposição a CRISTO. Agora, representava a JESUS, e estava voltando justamente
para dar testemunho do Salvador. Saulo encontrara a CRISTO - o Caminho, a
Verdade e a Vida - e estava mui feliz.
A permanência
de Saulo em Jerusalém foi curta. Depois de duas semanas, o vigor de sua
mensagem irritou tanto aos judeus que estes procuraram matá-lo. Quando Saulo
retornou à Cidade Santa, esta não o recebeu como antes, com amizade e
esplendor. Agora, mostrava-se fria e nada acolhedora. Não teve permissão para
visitar a escola de Gamaliel ou o palácio do sumo sacerdote. Era agora
conhecido e odiado nas sinagogas, e a única coisa que pode fazer foi procurar
os nazarenos. Saulo sabia que numerosos discípulos se reuniam na casa de Maria,
mãe de Marcos, e foi então para lá, esperando ter notícias dos demais cristãos
de Jerusalém. Na casa de Maria, Barnabé, Primo de Marcos, imediatamente o
reconheceu e acolheu.
Barnabé era um
judeu originário da ilha de Chipre. Homem rico, dono de grandes propriedades,
fora também um levita do Templo. Em virtude de sua formação, tornou-se um dos
líderes da igreja em Jerusalém, um apóstolo (At 14:14).
Ouvindo a
história de Saulo, Barnabé comoveu-se. De imediato, ofereceu-lhe a destra,
tratando-o de irmão. Mas os outros nazarenos agiram de modo diferente;
suspeitavam de alguma traição; não podiam acreditar na conversão de Saulo. E se
fosse mentira? Aquele homem perseguira de tal forma a Igreja, que muitos
crentes haviam sido expulsos da cidade; famílias haviam sido separadas por sua
causa. Embora friamente recepcionado, Saulo aceitou a tudo graciosamente. Pelo
menos, tinha a Barnabé por amigos.
O respeitado
líder levou-o aos apóstolos que, ao lhe ouvirem a história, creram e
receberam-no como um deles. Quando Pedro soube que Saulo havia ido a Jerusalém
especialmente para vê-lo, acolheu-o em sua casa. Durante duas semanas, Paulo,
que sentara aos pés de Gamaliel, agora achava-se aos pés do pescador que, nesse
curto espaço de tempo, lhe ensinaria mais sobre as Palavras da Vida do que todo
o tempo em que fora aluno do afamadíssimo rabino.
Cada vez que
Pedro falava em JESUS, seus olhos brilhavam. Ele descreveu-lhe o CRISTO sem
pecado que pregara como homem algum jamais o fizera. Os detalhes da vida do
Salvador eram vivos e recentes para Pedro. Pois fazia agora seis anos que JESUS
havia sido crucificado no Calvário.
Pedro
discorreu-lhe sobre os grandes milagres e ensinos de JESUS. Discorreu-lhe ainda
acerca do Reino de DEUS e como os homens, em toda parte, jamais haviam
conseguido opor-se à sabedoria do Rei. Contou-lhe como JESUS fora rejeitado,
traído e crucificado, e como o maior de todos os milagres ocorrera três dias
após a crucificação - o milagre da ressurreição de CRISTO. Pedro também lhe
falou, em termos exaltados, a respeito das muitas vezes em que o Salvador
aparecera aos discípulos, e especialmente da ocasião em que Ele, chamando-o à
parte, conversou consigo depois da ressurreição.
"A cada
dia, Pedro desdenhava-lhe uma figura diferente do CRISTO que, viajando pela
Galileia, ensinava as multidões. Agora, Saulo já se sentia tão seguro do seu
conhecimento acerca de JESUS, que tinha a impressão de haver convivido
pessoalmente com o Salvador. Ele já tinha, pois, plenas condições de anunciar o
Evangelho às mais distantes regiões.
A Perseguição
de Saulo em Jerusalém
Embora haja
ficado apenas duas semanas em Jerusalém, Saulo, à semelhança de Estevão, foi às
sinagogas helenísticas e, ali, declarou corajosamente a todos que era agora um
nazareno. Muitos lembravam-se dele como o perseguidor dessa seita. Mas agora
estavam surpresos ao ouvi-lo conclamar os judeus ao arrependimento por haverem
rejeitado a JESUS.
Entre outras
coisas, disse-lhes que a vida eterna não é conquistada obedecendo à Lei, mas
confiando no Filho de DEUS que, graciosamente, nos concede o dom da salvação.
Homens de grande zelo e habilidade rabínica opunham-se-lhe e o debate ficava a
cada dia mais acalorado. Em Jerusalém, os rabinos lançaram-lhe em rosto os
argumentos que antes ele usara para combater os nazarenos. O próprio Saulo não
dissera que JESUS era um impostor e que havia merecido a morte?
A batalha foi
breve. Saulo tinha agora tantos inimigos, que um movimento surgiu para livrar a
religião judaica dessa maldição. Por que não fazer com ele o que haviam feito
com Estêvão? Ele merecia morrer; era um impostor, um blasfemador e um traidor!
Pior ainda, fora treinado como rabino, mas passara a odiar o sistema que o
nutrira.
O Chamado para
Pregar aos Gentios
Certo dia,
Saulo achava-se no Templo para orar, e enquanto suplicava a orientação e a
sabedoria do Senhor em relação ao seu futuro e quanto à abertura de uma porta a
fim de que pregasse aos judeus ali, no centro de sua adoração, teve ele uma
experiência que lhe determinaria o caminho a ser tomado. Numa visão, o Senhor
lhe disse: "Dá-te pressa e sai apressadamente de Jerusalém, porque não
receberão o teu testemunho acerca de mim" (At 22.18). Saulo respondeu
imediatamente:
Senhor, eles
bem sabem que eu lançava na prisão e açoitava nas sinagogas os que criam em ti.
E quando o sangue de Estêvão, tua testemunha, se derramava, também eu estava
presente, e consentia na sua morte, e guardava as vestes dos que o matavam (At
22. 19,20)
Saulo tinha
consciência de sua dívida. Por isso, em profunda agonia, confessava
repetidamente o seu pecado ao Senhor por haver perseguido a Igreja. Mas JESUS
falou-lhe novamente numa visão: "Vai, porque hei de enviar-te aos gentios
de longe" (At 22.21).
A visão
desapareceu com a mesma rapidez com que surgira. Saulo volta a si. Embora sua
mente estivesse tomada pelo mistério, de uma coisa tinha certeza: DEUS o guiava
e tinha um grande propósito para si - não entre o seu povo, mas em terras
distantes. Pensando já nos vastos países que ficavam a oeste dos Portões da
Cilícia, resignou-se a deixar Jerusalém.
Sabendo dos
planos para silenciar a Saulo, seus amigos, disfarçados por causa da segurança,
conduziram-no a salvo para fora dos muros da cidade. A Jerusalém dos seus
sonhos acabara por ser-lhe uma decepção. Muitos de seus velhos amigos agora o
odiavam e teriam-no apedrejado em nome da Lei de Moisés. Até os nazarenos, seus
novos amigos, mostravam-se reservados quanto à sua conversão. Barnabé e Pedro,
contudo, aceitaram-no abertamente. Eles viam em Saulo de Tarso um defensor da
fé, e alguém que nos anos vindouros seria usado por DEUS para defender o
Evangelho.
Saulo deixou
Jerusalém apenas quinze dias depois de sua chegada. De volta para casa, tomou a
estrada costeira em direção a Cesaréia, capital romana da Palestina.
A Volta de
Saulo a Tarso
Em Cesaréia,
Saulo foi para o porto, e procurou um navio, entre os muitos que ali se achavam
ancorados, que o levasse para Tarso.
Como as coisas
haviam mudado desde a época em que tinha poder e achava-se armado com a
autoridade do sumo sacerdote! Não passava agora de um fugitivo, expulso de
cidade em cidade, perseguido e odiado, tendo de disfarçar-se, e quase sem
amigos. Mas, no seu coração, havia uma leveza e alegria que não conhecera
antes. Era a alegria de CRISTO.
A PRIMEIRA
VIAGEM MISSIONÁRIA
Em seu
regresso, Saulo foi recebido de braços abertos por alguns. Mas os que sabiam de
sua mudança logo sentiram que a sua presença causaria confusão, pois ele,
agora, acreditava no impostor JESUS. A confirmação veio de seus próprios
lábios. Todos estavam desapontados e enfurecidos. Como um fariseu erudito,
cuidadosamente criado e educado por hebreus, e que logo se tornaria rabino,
pôde tomar semelhante atitude?
Não se sabe de
que forma os pais de Saulo receberam o duro golpe. Como não estivessem
preparados, sentiram-se envergonhados por seu filho: justamente ele havia
oferecido fogo estranho no altar.
Quando relatou
sua experiência em Damasco - seu encontro com o CRISTO ressurreto - houve
admiração e desdém. Muitas vozes elevaram-se contra, mas nenhuma pôde calar-lhe
os lábios. CRISTO JESUS era tão real para Saulo, que não lhe importava se o
mundo fosse contrário à sua mensagem; continuaria a pregá-la fielmente. Em
Tarso, Saulo achava-se longe da sombra do Templo e do Sinédrio, e sendo um
hábil orador, é provável que multidões se reunissem para ouvir-lhe os sermões.
Alguns podem ter-se rejubilado com cada palavra e se tornado abertamente
nazarenos.
Os rabinos mais
velhos, invejosos de sua capacidade, certamente o advertiram a não falar contra
as regras. É possível que em Tarso, diante da porta de sua própria sinagoga,
haja sido chicoteado em público, fato que, mais tarde, haveria de mencionar (2
Co 11.24). Mas nisso se gloriou. Por seu intermédio, o Evangelho abriu os olhos
aos cegos e levou a esperança a muitos corações. Nada o deteria. Não lhe
dissera o Senhor que se tornaria apóstolo para os gentios?
Obscuridade e
Fabricação de Tendas (Paulo trabalhou em Tessalônica para servir de exemplo aos
preguiçosos e trabalhou em Corinto para servir de exemplo aos avarentos – nas
outras igrejas recebeu delas salário - Outras igrejas despojei eu para vos
servir, recebendo delas salário; e quando estava presente convosco, e tinha
necessidade, a ninguém fui pesado. 2 Coríntios 11:8)
Apesar de sua
confiança e do chamado divino, Saulo entra num período de inatividade. Durante
sete ou oito anos, pouco se ouve falar dele. Mas aqueles foram anos de espera,
disciplina e paciência. Saulo talvez necessitasse desse tempo para
fortalecer-se e descobrir o segredo de esperar pacientemente no Senhor. Ele
tinha uma missão, mas faltava-lhe a oportunidade.
No plano de
DEUS, para quem o tempo não existe, aquele período haveria de amainar o rancor
dos rabinos. Talvez Saulo tenha permanecido em Tarso, enfrentando a oposição e
sustentando-se na loja de tendas, até que DEUS completasse mais um grande
estágio na história da Igreja. Nesse interregno, Pedro e os demais apóstolos
foram se conscientizando de que a Igreja não era exclusivamente para os judeus.
O Senhor dera a Pedro a visão dos animais puros e impuros, preparando-o para
evangelizar Cornélio, o gentio de Cesaréia, que foi admitido na Igreja sem ter
de passar pelos rituais judaicos. Esse foi um passo que revolucionou toda a
perspectiva do Cristianismo. É possível que nessa ocasião, Saulo haja se
irritado e resmungado contra a demora em seu ministério. Mas acabaria por
aprender que as delongas de DEUS têm sempre um propósito; nada sai errado em
seu cronograma.
Enquanto isso,
Saulo vivia na obscuridade. É provável que haja pregado não apenas em Tarso,
mas também na zona rural que visitara quando menino para comprar pelo de cabra.
Sempre que viajava pelas estradas e trilhas de camelos, através das florestas e
vales, procurava seus conterrâneos. Falava-lhes de JESUS, o Messias, e
convidava-os a procurar nEle a justificação pela fé.
Dispersão da
Igreja de Jerusalém
A Igreja de
Jerusalém teve seus altos e baixos. Quando a perseguição aumentou, os nazarenos
viram-se obrigados a esconder-se. Alguns até saíram da Palestina, e procuraram
refúgio noutras terras. Grande número dirigiu-se a Damasco. Outros foram até
Antioquia, a linda capital romana da Síria, cerca de 480 quilômetros ao norte
de Jerusalém. Em Antioquia, muitos judeus estrangeiros haviam se tornado
seguidores de JESUS. Eles eram mais liberais, e o medo do sumo sacerdote não os
constrangia. Alguns haviam nascido na Grécia, outros na costa africana de
Cirene, e outros em Chipre. À medida que o Evangelho lhes era pregado, grande
número veio a crer. E o ESPÍRITO de DEUS atuava na pregação levando também
muitos gentios de Antioquia a se converterem. E isso muito aborreceu aos
cristãos hebreus, pois estavam certos de que JESUS CRISTO pertencia somente a
eles, e a única maneira de tornar-se nazareno seria tornar- se, primeiro, um
prosélito da sinagoga.
Barnabé em
Antioquia
O movimento de
Antioquia cresceu tanto que um sinal de alarme foi enviado à igreja-mãe. Em
Jerusalém, após as deliberações, Barnabé, com sua mente aberta e esclarecida,
foi enviado a fim de investigar a autenticidade das proclamadas conversões dos
gentios.
Barnabé ouvira
os argumentos dos judeus de mente estreita e também dos judeus oriundos de
Chipre. Vira igualmente as multidões de gentios que haviam abandonado seus
ídolos, e agora professavam alegremente a CRISTO. Barnabé não podia negar a
realidade daquelas conversões. Essas pessoas também haviam sofrido por CRISTO;
algumas, apesar de desprezadas por sua própria gente, regozijavam-se por sua
salvação.
Barnabé,
impressionado com o que via, levantou-se para falar. Não criticou os gentios,
nem ordenou que se afastassem da Igreja até serem instruídos no Judaísmo. Pelo
contrário: maravilhou-se porque a graça de DEUS estendia-se além das fronteiras
de Israel. Ele os exortou a que se agarrassem a JESUS, mesmo em face das
perseguições, e jamais desistissem da fé. Suas palavras alegraram os ouvintes;
houve perfeita unidade na Igreja. E o Senhor acrescentava diariamente os que
iam sendo salvos.
O Chamado para
Antioquia
Ao perceber a
obra esplêndida que se poderia realizar em Antioquia, Barnabé só pôde pensar
num único homem - alguém que encontrara em Jerusalém, que fora criado numa
cidade gentia, e que possuía muitas das qualificações exigidas para uma grande
liderança. E mais que isso: o Senhor lhe colocara no coração o ministério para
os gentios.
A imagem de
Saulo de Tarso formou-se na mente de Barnabé. Tempos atrás, vira-o arder com a
missão de pregar a CRISTO aos estrangeiros. Se Saulo pudesse ir a Antioquia com
seu fervoroso zelo e suas palavras poderosas!
Sem mais
delongas, Barnabé percorreu os 25 quilômetros até o porto de Selêucia.
Encontrou aí um barco e, após um longo dia no mar, chegou ao rio Cnido, onde as
velas foram amadas e os compridos remos o levaram corrente acima, até o porto
de Tarso.
Será que
encontraria Saulo? Quando Barnabé finalmente o encontrou, ambos se abraçaram.
Eles não se viam há oito anos. Barnabé Contou a história, e Saulo prestou
atenção a cada palavra. Havia de fato uma grande obra a ser feita em Antioquia,
e essa era a porta que DEUS lhe estava abrindo! Saulo assentiu em partir
imediatamente.
Saulo em
Antioquia
Com meio milhão
de habitantes, Antioquia da Síria era a terceira maior metrópole do Império
Romano. Os muros da cidade eram tão fortes, que as suas ruínas ainda podem ser
visitadas. Eram largos e possuíam muitas torres. O monte Silpio levantava-se no
centro da cidade, e achava-se coalhado de barracas, onde aquartelavam-se os
soldados romanos que guardavam a região.
Muitos reis
haviam despendido grandes somas para tornar Antioquia ainda mais bela. Ali
havia jardins, lagos e palácios magníficos. Herodes adornara uma de suas ruas
com colunas de mármore, numa extensão de cerca de três quilômetros. Fora da
cidade, encontrava-se um grande anfiteatro onde eram realizados jogos e
corridas.
O povo de
Antioquia adorava as estrelas e vários ídolos, em cuja honra tinham construído
majestosos templos. No lado oposto da cidade, o grande escultor Licos modelara
uma enorme cabeça adornada com uma coroa. Esculpira-a num grande bloco de pedra
que se projetava do solo. A figura tornou-se o símbolo de Antioquia, assim como
a Estátua da Liberdade viria a ser o símbolo da América. Até hoje ela pode ser
vista em muitas das moedas de Antioquia.
Como em todo o
império era intensa a busca pelo prazer e ociosidade. Antioquia não fugia à
regra. Da porta de Dafne, uma estrada estendia-se por oito quilômetros, até o
bosque de Dafne e o templo de Apolo, pontilhada pelas casas e jardins dos mais
abastados. O bosque, um dos lugares mais aprazíveis de toda a região, era palco
de orgias tão desenfreadas que até os próprios romanos delas se escandalizavam.
Visitantes chegavam a Antioquia, vindos de todas as partes do mundo: africanos,
gregos, romanos, persas, egípcios e judeus. As pessoas enchiam as ruas e, num
espírito de permanente feriado, consideravam o bosque de Dafne o lugar mais
interessante e animado do mundo.
Saulo foi
levado à cidade. O Evangelho de JESUS CRISTO penetrara em alguns corações e o
poder do ESPÍRITO SANTO operava nos judeus e gentios igualmente. Apesar de toda
a sua grandeza, Antioquia continuava faminta e necessitada.
Barnabé levou o
amigo a reunião da igreja. Era uma assembleia quase tão forte quanto a de
Jerusalém. Saulo conheceu vários líderes da igreja, entre os quais Manaém, um
parente de Herodes Antipas. Ele era um homem de alta posição em Antioquia.
Havia também Simeão, o Africano, Lúcio de Cirene e tantos estrangeiros de
rincões desconhecidos que Saulo foi levado a regozijar-se em seu meio.
Em Jerusalém e
em todos os outros lugares, os seguidores de JESUS eram chamados de nazarenos,
mas em Antioquia receberam outro nome. O povo chamou-os de "cristãos"
para zombar deles. O nome outrora pronunciado em tom de desprezo nos é hoje
motivo de orgulho. Como qualquer rabino em Israel, Saulo estabeleceu-se em seu
ofício, pois os fabricantes de tendas sempre encontravam trabalho. Dessa forma,
ganhava seu sustento, mas a principal razão de sua presença em Antioquia era
ajudar a Igreja a fortalecer-se na fé.
Saulo visitava
diariamente a sinagoga e os bazares, e muitas vezes ficava à beira da estrada
enquanto o povo ia lotando as pistas de corridas. Ele chamava a todos ao
arrependimento, exortando-os a se voltarem para DEUS. Dizia-lhes que JESUS de
Nazaré - que há dez anos fora crucificado em Jerusalém e ressuscitara ao
terceiro dia - era o CRISTO das Escrituras: o Filho de DEUS enviado ao mundo
para salvar os homens do pecado.
Saulo chamou-os
do vazio da idolatria para a plenitude da vida cristã. Os amantes do prazer,
mercadores, turistas, e mulheres da sociedade - ninguém podia ignorar a
eloquência de Barnabé e a grande sabedoria de Saulo. Não Podiam deixar de
admirar-lhes a coragem e o zelo, mesmo em face da multidão escarnecedora. Pelo
menos não havia sumo sacerdote ali para levantar a mão contra eles. O
ministério do Evangelho estava desimpedido e a Igreja crescia rapidamente; cada
cristão era uma incansável testemunha de JESUS.
Durante um ano,
Saulo trabalhou pelo Evangelho nessa importante cidade. Falava com empenho, e o
Senhor tornava produtivos o seu ensino e pregação. Não demorou muito, e
Antioquia já era um centro cristão mais forte que Jerusalém, pois a igreja,
aqui, não sofria quaisquer distúrbios.
Outras
Perseguições aos Cristãos
Quando o
imperador Calígula foi assassinado, Herodes Agripa achava-se em Roma. Por ter
ajudado o novo imperador, foi ele honrado com o governo das terras de seu avô,
Herodes, o Grande. Houve júbilo em Jerusalém quando ele passou a reinar, pois
sabia-se ter sido ele fariseu; a rigidez da religião judaica não lhe era
estranha.
Seu primeiro
ato como rei foi remover Anás, o saduceu, do cargo de sumo sacerdote, e indicar
Gamaliel para presidente do Sinédrio. Tudo isso parecia promissor aos fariseus,
que se alegraram ao ver surgir um defensor de sua causa. Todavia, quando Agripa
desceu ao seu palácio em Cesaréia, tirou o manto farisaico, passando a viver
abertamente como um romano irrefletido e profano.
Como Herodes
Agripa quisesse cair na graça dos rabinos, pôs-se a perseguir os cristãos.
Ordenou que se prendesse e decapitasse a Tiago, irmão de João. Tiago foi o
primeiro dos apóstolos a morrer. Vendo que o Sinédrio muito se agradara disso,
e estimulado com o crescimento de sua popularidade, Herodes ordenou ainda a
detenção de Pedro. Lançou-o na prisão, pretendendo matá-lo depois da Páscoa. No
entanto, um anjo de DEUS, abrindo as portas do cárcere, soltou o apóstolo.
Presentes para
os Cristãos de Jerusalém
No auge da
perseguição, um certo profeta chamado Ágabo, que morava em Jerusalém, visitou
Antioquia. Levantando-se na assembleia, deu a entender, pelo ESPÍRITO do
Senhor, que DEUS enviaria uma grande fome sobre o império. Isso significava que
tempos difíceis abater-se-iam sobre todos. Isso realmente aconteceu no tempo de
Cláudio César (At 11:28). Ato contínuo, os cristãos de Antioquia levantaram
ofertas e as enviaram aos santos da Judéia pelas mãos de Barnabé e Saulo.
Despedindo-se
da igreja de Antioquia, partiram ambos para Jerusalém, levando Tito consigo.
Nos anos seguintes, viria este a ser um excelente líder, sendo o encarregado de
supervisionar as igrejas de Creta.
Quão tocante
não deve ter sido quando Barnabé e Saulo depuseram as provisões diante dos
irmãos de Jerusalém. Todas aquelas dádivas lhes haviam sido enviadas por homens
e mulheres que jamais tinham visto. E muitos deles eram gentios!
A Grande
Controvérsia
A questão dos
gentios na Igreja era uma das pendências que Saulo pretendia resolver em sua
estadia em Jerusalém. Contrariando seus hábitos, não foi pregar nas sinagogas.
Em vez disso, reuniu-se com os líderes a fim de fazê-los entender que os
gentios tinham o direito de fazer parte da Igreja sem ter de se submeter aos
ritos e cerimônias da sinagoga.
Foi aí que
Saulo veio a constatar: ainda tinha inimigos entre os próprios cristãos, pois
alguns achavam que Tito, por ser grego, não tivera uma real experiência com o
Senhor. Na igreja-mãe, havia também alguns fariseus que alegavam ser seguidores
de JESUS, mas não passavam de traidores; sua presença na Igreja prejudicava o
crescimento do Evangelho. Eram espiões do inimigo, e faziam o máximo para levar
os nazarenos de volta ao Judaísmo.
Saulo os
enfrentou, provando-lhes que a graça de DEUS se havia estendido também aos
gentios. Ele animou-se ao ver que Pedro, João e outros discípulos o aprovavam.
Estes concordaram com Saulo e Barnabé para que fossem pregar aos gentios, e os
admitissem na Igreja sem sujeitá-los aos ritos judaicos.
Mas a questão
ainda não fora resolvida; alguns continuavam a ensinar que a Lei de Moisés era
necessária; outros diziam que não. Preocupados, Barnabé e Saulo deixaram a
igreja de Jerusalém, e prepararam-se para a longa viagem de volta a Antioquia.
A casa de
Maria, parente de Barnabé, era o ponto de encontro dos líderes cristãos. Saulo
e Barnabé haviam desfrutado de sua hospitalidade durante a viagem, e
sentiram-se especialmente atraídos por seu filho, Marcos. Apesar de ser ainda
um rapazinho, Marcos seguia sinceramente a JESUS. Quando criança, conhecera o
Senhor e, mediante a pregação de Pedro e João, passara a ser um fiel nazareno.
Naturalmente Barnabé via grandes possibilidades no jovem; Saulo também se
impressionou com sua dedicação. Ambos o persuadiram a acompanhá-los até
Antioquia. Aquela seria sua primeira viagem para lugares distantes. O chamado
da aventura era forte, e ele Partiu entusiasmado.
O Retorno a
Antioquia
A igreja de
Antioquia recebeu os seus líderes de braços abertos, alegrando-se com as
notícias dos cristãos de Jerusalém. Era bom saber que seus presentes serviram
para encorajá-los num período tão difícil.
Antioquia
estava tornando-se rapidamente o centro das atividades da Igreja. O braço da
perseguição não era tão pesado lá como o era em Jerusalém à sombra do Templo. A
igreja cresceu sem o rancor dos sacerdotes e principais da sinagoga, até que
outras comunidades cristãs menores começaram a aceitar-lhe a liderança.
Muitos dos
cristãos de Antioquia procediam de lares gentios. Eles lembravam-se
naturalmente de seus parentes dispersos por todo o império, e achavam que o
Evangelho também lhes deveria ser pregado. Uma vez que Saulo fora chamado pelo
Senhor para ministrar aos gentios, esses cristãos concluíram que se deveria
formar um grupo missionário, e enviá-lo aos países vizinhos.
A Primeira
Viagem Missionária
Depois de
várias reuniões de jejum e muita oração, os líderes da igreja entenderam que
era a vontade de DEUS que enviassem Barnabé e Saulo nessa missão, Isso foi
decidido e comunicado a eles pelo ESPÍRITO SANTO. Quem seria mais bem
qualificado para ela? Eram homens experimentados, e ambos defendiam a ideia de
que os gentios deviam ser participantes da promessa juntamente com os judeus.
Havia ambos viajado muito e pareciam ser cidadãos do mundo. Estavam capacitados
a representar a CRISTO; para isto haviam sido chamados. Os líderes,
levantando-se numa reunião de jejum e oração da igreja, impuseram as mãos sobre
Barnabé e Saulo, abençoando-os e encarregando-os solenemente da tarefa
missionária.
Com as mochilas
cheias de provisões e presentes oferecidos pelos membros da igreja, Barnabé e
Saulo partiram numa jornada que os manteria longe de casa por mais de dois
anos. Deixaram atrás de si uma igreja que jamais haveria de se esquecer deles
em suas orações.
Os missionários
levaram consigo o jovem Marcos. Quando a primavera chegou aos montes da Síria,
os três partiram; muitos irmãos estavam lá para se despedirem deles. Os
missionários caminharam pela longa estrada pavimentada que os levaria ao porto
de Selêucia, onde havia grande atividade. Navios mercantes chegavam e partiam
para outros portos em todo o Mediterrâneo. Muitos barcos de pequeno porte,
levando frutas de Chipre, distante dali cerca de 113 quilômetros, navegavam
regularmente pela estreita faixa de água azulada, num percurso de seis horas,
com vento favorável. Como Barnabé era de Chipre, eles certamente seriam bem
acolhidos na cidade. Além disso, havia na ilha alguns cristãos que tinham sido
expulsos de Jerusalém quando da perseguição geral.
A Ilha de
Chipre
O pequeno navio
bordejou a ilha, e navegando junto à costa escura e rochosa, chegou à principal
cidade, Salamina, na foz do rio. A atividade no porto era enorme. Dois grandes
diques de pedra estendiam-se como braços protetores para o belíssimo azul das águas,
convidando os navios de todo o globo a ancorarem ali. As ruas da cidade
comparavam-se às de Tarso. Em toda parte, avistava-se santuários de ídolos e
templos erigidos aos deuses gregos. O prédio mais popular da cidade era o
templo de Afrodite, a deusa que representava a beleza feminina, e cuja adoração
era acompanhada por ritos vergonhosos e pecaminosos.
Os sacerdotes
desse templo costumavam contar como, há muito tempo, a bela Afrodite surgira
dentre a espuma das ondas e, vendo as areias macias da praia, fizera de Chipre
sua residência permanente. Essa, segundo eles, era a razão de as mulheres de
Chipre serem tão altas e belas. O aniversário de Afrodite era celebrado com um
festival.
A vida na ilha
era fácil e despreocupada; o povo tinha como principal objetivo a busca do
prazer. Com certeza, Barnabé conhecia muito bem a essa gente. Depois de visitar
os amigos e parentes, passou a frequentar as sinagogas. Enquanto isso, Saulo
anunciava o Evangelho, afirmando que CRISTO cumprira as promessas feitas a
Israel, e viera para ser o seu Messias.
Como houvesse
várias sinagogas em Salamina, Barnabé e Saulo narraram a história de JESUS de
modo que todo judeu pudesse ouvi-la. Sem dúvida, Saulo contou que fora educado
para ser rabino e fariseu, e que passara anos perseguindo os cristãos antes de
encontrar o Senhor ressurreto na estrada de Damasco - o encontro que lhe mudara
a vida. Não se sabe se alguém foi levado a CRISTO em Salamina. Depois de
haverem passado algum tempo ali, os três obreiros viajaram a pé de uma ponta à
outra da ilha.
Eles pregavam a
CRISTO sempre que tinham oportunidade. É possível que o fizessem nas minas de
cobre, nas salinas, nos pomares, nas fábricas, ou onde quer que houvesse grupos
de pessoas. É certo que visitaram as sinagogas nas aldeias, e finalmente,
depois de várias semanas, entraram no vale que descia para o mar ocidental e a
cidade de Pafos. Aqui, na praia beijada pelo sol, achava-se o lugar onde,
supostamente, Afrodite saíra das ondas. Seu templo, com grandes pilares de
mármore, marcava o local onde chegara à praia, e que era considerado sagrado.
Pafos era a capital de Chipre.
Como na maioria
das cidades, havia ali um bairro judeu. E Saulo e Barnabé, acompanhados por
Marcos, conseguiram descobri-lo. De acordo com o seu costume, Saulo pregou
CRISTO à sua gente. Alguns creram; outros sentiram-se insultados.
Sérgio Paulo, o
governador enviado por Roma à ilha, era um homem culto e que se interessava
pela ciência da sua época. Uma ciência, porém, estranhamente misturada à
feitiçaria e à astrologia. Sérgio Paulo, embora estivesse acostumado aos deuses
e deusas de Roma, continuava procurando algo que lhe satisfizesse a alma.
Quando o
governador soube da chegada de Saulo e Barnabé, mandou chamá-los; queria ouvir
a nova doutrina. Essa era a grande oportunidade de Saulo, e ele a encarou como
se fora uma porta aberta para o Evangelho. Com humildade, mas cheio de
entusiasmo, foi encontrar-se com o ilustre romano e sua mulher. Outros
religiosos e supersticiosos também se achavam ali, querendo conhecer a nova
crença.
Como Saulo
também era romano, começou a falar desenvolta e habilmente. Expôs o amor romano
à verdade e à justiça, e sua aceitação e tolerância com todas as religiões. A
seguir contou, um a um, os grandes fatos do Evangelho - a vinda de JESUS
CRISTO, a rejeição de seu próprio povo, sua crucificação e, finalmente, sua
ressurreição. Recapitulou sua experiência pessoal como opositor do
Cristianismo, e como certo dia o Senhor o cativara e transformara-lhe
completamente a vida.
Sérgio Paulo
ficou impressionado. As palavras de Saulo agradaram-lhe os ouvidos. Seu coração
inclinou-se para DEUS e a luta por sua alma já estava quase ganha. Mas
Barjesus, um mágico e feiticeiro da corte, também chamado de Elimas, negava
vigorosamente as palavras de Saulo. Barjesus era judeu e estava vivendo em
oposição à Lei de Moisés, pois esta condenava a feitiçaria. Todavia, diante da
pregação de Saulo, seu judaísmo veio à tona; seus argumentos tornaram-se
fortes.
Paulo discutiu
com ele, e vendo que se vendera a Satanás e estava agora obstruindo a palavra
de DEUS, clamou contra ele:
Ó filho do
diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça,
não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora,
contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. No
mesmo instante a escuridão e as trevas caíram sobre ele, e, andando à roda,
buscava a quem o guiasse pela mão (At 13.8-12).
Enquanto Sérgio
Paulo observava, os olhos de Elimas embaçaram e a escuridão caiu sobre si. O
homem estendeu desesperadamente a mão, tateando para encontrar o caminho, e
teve de ser guiado através do aposento.
O governador
romano vira a poderosa mão de DEUS sobre uma alma rebelde, e deixou- se
convencer. Levantou-se do divã; não pôde mais resistir ao Evangelho. Creu e foi
contado entre os cristãos. Esse foi um grande avanço. DEUS honrara o ministério
de Saulo, dando-lhe o homem mais importante da ilha.
Paulo, um NOVO
Homem
Movimentando-se
entre os gentios, Saulo passou a ser chamado de Paulo, pois essa era a forma
romana de seu nome. Enquanto estava na sinagoga, e mesmo depois de tornar-se
cristão, era conhecido pelos amigos como Saulo. Mas esse nome era israelita, e
de certa forma representava tudo o que ele fora como judeu e fariseu. O nome
Paulo indicava o novo homem e seu novo trabalho. Enquanto permaneceu entre os
gentios das províncias, foi se tornando cada vez mais conhecido como Paulo. Com
o correr dos anos, até o fim de sua vida, usou o nome romano para assinar todas
as suas cartas.
A Caminho de
Perge
Em Chipre, as
circunstâncias eram favoráveis à Paulo, Barnabé e Marcos. Sem que o
percebessem, transcorreram-se vários meses. Mas eles não haviam planejado
passar o inverno lá. O verão já se fora e a colheita terminara, quando os três
despediram-se dos amigos, e começaram a viagem de dois dias para a província da
Panfília, no continente. Esta ficava somente a 160 quilômetros a oeste da casa
de Paulo, em Tarso, sendo, porém, uma porta de saída para as cidades gentias da
Ásia Menor.
O pequeno barco
foi navegando pela costa rochosa da Panfília, procurando encontrar a foz do rio
Cestro. A 13 quilômetros rio acima, chegaram à cidade de Perge. As velas foram
baixadas e os compridos remos levaram o barco finalmente ao molhe. Ali, na encosta
do morro, ficavam o anfiteatro, a pista de corridas e o templo de Diana.
As casas eram
semelhantes às de Tarso - em estilo grego e de grande beleza. Naquela época do
ano, muitos habitantes de Perge iam aos passos, nas montanhas, que levavam à
cidade de Antioquia, no interior da Galácia. Marcos, porém, desanimou. As
montanhas da Panfília eram perigosas e as passagens infestadas de assaltantes.
Plínio fizera um discurso grandioso contra a pirataria em mar aberto, diante do
tribunal de Roma, e o resultado foi uma campanha para expulsar dos mares os
navios piratas. Os meliantes retiraram-se, então, para as montanhas,
tornando-se ladrões de estrada, molestando frequentemente os viajores. É
possível que, pensando nessas coisas e nos animais selvagens à espera nos
desfiladeiros, Marcos haja sentido medo. E, pensando nas possíveis consequências,
decidiu voltar para casa.
Após a partida
de Marcos, Paulo e Barnabé continuaram viagem pelas trilhas montanhosas,
seguindo o curso do rio. Algumas vezes as rochas eram íngremes e o caminho
estreito; outras, viajavam por vastas planícies onde o sol tostava as
pastagens. Levaram uma semana para chegar às terras altas e frias, onde era
mais saudável viver. Ali, no sopé das Montanhas Sultão, a cidade de Antioquia
florescia, com fileiras e fileiras de construções.
O Ministério em
Antioquia da Pisídia
Antioquia da
Pisídia era a porta de saída para o interior da Ásia Menor. Fora antes uma
cidade grega, mas agora havia nela uma fortaleza romana. Os prédios de mármore
branco brilhavam ao sol, emprestando-lhe uma beleza singular. Os judeus sempre
eram bem acolhidos pelos moradores de Antioquia, e Paulo e Barnabé encontraram
um bom local para estabelecer-se. Fabricante de tendas, Paulo gostava de ganhar
seu sustento, aonde fosse, a fim de não ser pesado à Igreja. Além disso, seus
contatos com mercadores e suas viagens às lojas para vender as mercadorias,
davam-lhe muitas oportunidades de falar de JESUS.
Aos sábados,
Paulo e Barnabé iam juntos à sinagoga, e eram convidados pelos líderes a tomar
parte na adoração e falar aos presentes. Havia sempre orações seguidas por
leituras da Lei e dos Profetas. A reunião terminava com um discurso ou um
debate entre os principais membros da sinagoga sobre alguma passagem das
Escrituras. Quando os líderes perceberam que Paulo e Barnabé eram homens
cultos, e pareciam ser portadores de uma mensagem, disseram-lhes: "Varões
irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para o povo, falai" (At
13-15).
Um Importante
Sermão de Paulo
Havia um bom
número de pessoas presentes, tanto judeus como prosélitos (gentios convertidos
ao Judaísmo). Barnabé reconheceu que a experiência de Paulo o qualificava como
mensageiro. Olhou para ele com um sorriso que dizia: "Essa é a sua
oportunidade, aproveite-a!"
Paulo estava
pronto. Levantando-se, pediu silêncio com um gesto. Como de costume, os judeus
estavam sentados no chão, de pernas cruzadas, com os xales de oração sobre os
ombros. Os olhares voltaram-se para ele quando começou a falar lentamente:
Varões
israelitas, e os que temeis a DEUS, ouvi: O DEUS desse povo de Israel escolheu
a nossos pais, e exaltou o povo sendo eles estrangeiros na terra do Egito, e
com braço poderoso o tirou dela; e suportou os seus costumes no deserto por
espaço de quase quarenta anos; e destruindo a sete nações na terra de Canaã,
deu-lhes por sorte a terra deles. E, depois disso, por quase quatrocentos e
cinquenta anos, lhes deu juizes, até o profeta Samuel.
E depois
pediram um rei, e DEUS lhes deu, por quarenta anos, a Saul, filho de Quis,
varão da tribo de Benjamim.
E, quando esse
foi retirado, lhes levantou como rei a Davi, ao qual também deu testemunho e
disse: Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu coração, que
executará toda a minha vontade (At 13.16-22).
Esse
retrospecto da história era familiar aos judeus, que o acompanharam com grande
interesse e aprovação. Mas o objetivo de Paulo ao recapitular tais fatos era
apresentar-lhes JESUS. Então prosseguiu:
Da descendência
desse, conforme a promessa, levantou DEUS a JESUS para Salvador de Israel;
Tendo primeiramente João, antes da vinda dele, pregado a todo o povo de Israel,
o batismo do arrependimento. Mas João, quando completava carreira, disse: Quem
pensais vós que eu sou? Eu não sou o CRISTO; mas eis que após mim vem aquele a
quem não sou digno de desatar as sandálias dos pés.
Varões irmãos,
filhos da geração de Abraão e os que dentre vós temem a DEUS, a vós vos é
enviada a palavra dessa salvação. Por não terem conhecido a este, os que
habitavam em Jerusalém, e os seus príncipes, condenaram-no, cumprindo assim as
vozes dos profetas que se leem todos os sábados. E embora não achassem alguma
causa de morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto. E havendo eles cumprido
todas as coisas que deles estavam escritas, tirando-o do madeiro, puseram-no na
sepultura (At 13 23-29).
Paulo
preparava-se para a parte principal do sermão. As palavras saíam-lhe mais
rápidas. Sua voz elevou-se; ele foi tomado de fervor espiritual ao exclamar
triunfante:
Mas DEUS o
ressuscitou dos mortos; E ele por muitos dias, foi visto pelos que subiram com
ele da Galileia a Jerusalém, e são suas testemunhas para com o povo. E nós vos
anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, DEUS a cumpriu a nós, seus
filhos, ressuscitando a JESUS, como também está escrito no salmo segundo: Meu
filho és tu, hoje eu te gerei.
Seja-vos, pois,
notório, varões irmãos, que por este se vos anuncia remissão dos pecados. E de
tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é
justificado, todo aquele que crê (At 1330-33,38-39).
O sermão de
Paulo terminara. Os ouvintes estavam atônitos. Ele era um pregador corajoso e
todos sentiram-se dominados pelo seu zelo e intrepidez.
Alguns dentre
os principais da congregação começaram a murmurar, mas grande número de judeus
e gentios saíram naquele dia indagando-se: "Será que isso é verdade? Será
mesmo verdade?"
Quando Paulo e
Barnabé voltaram para casa, pequenos grupos seguiam-nos pela rua estreita
pedindo para ouvir mais sobre o novo ensino. Ansiosos, queriam saber tudo a
respeito de JESUS. Naquela noite, quando o sol se pôs e as velas foram acesas
em Antioquia, muitos judeus e gentios tinham o coração aberto ao Salvador e os
olhos voltados ao céu.
No dia
seguinte, o discurso de Paulo era o tema das conversas nos lares judeus. Os
gentios também souberam do acontecido, e suplicaram-lhe que repetisse o sermão
no sábado seguinte.
No dia marcado,
pessoas vieram de todas as direções. A sinagoga sombria, com uma única lâmpada
acesa, estava repleta como nunca. Muita gente teve de ficar do lado de fora.
Mais tarde, escrevendo a respeito, Lucas conta que quase a cidade inteira se
reunira para ouvir a Palavra de DEUS. Paulo repetiu o sermão e o povo escutou.
Mas quando declarou que JESUS era o CRISTO, vozes elevaram-se contra ele.
Alguns judeus, movidos pela inveja, contradisseram-no publicamente. Era costume
interromper o orador na sinagoga. Paulo acostumara-se a isso, e não esperava
outra coisa.
De repente, os
líderes judeus puseram-se a gritar. A violência cresceu. Já agora atacavam
selvagemente a Paulo, pontuando suas palavras com maldições e blasfêmias. Os
dois discípulos elevaram as vozes acima do tumulto, chamando os ouvintes à
razão. Porém os judeus continuaram gritando cada vez mais alto, na tentativa de
calar Paulo.
Dirigindo-se
aos líderes, o apóstolo declarou: "Era mister que a vós se vos pregasse
primeiro a palavra de DEUS; mas, visto que a rejeitais e vos não julgais dignos
da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios" (At 13.46).
O Ministério de
Paulo É Abençoado
A multidão
bloqueava a saída e enchia a rua, ansiosa por ouvir falar da vida eterna. Paulo
e Barnabé deixaram a sinagoga em meio ao murmúrio e maldições dos judeus, mas
na porta foram saudados por um brado de alegria. Os gentios, cansados de sua
religião vazia, tinham ouvido falar pela primeira vez de JESUS, da ressurreição
e da vida eterna. Aquele foi um dia cheio para os apóstolos. Quando a noite
chegou, estavam cansados, mas alegres por tantas almas salvas naquela cidade
gentia.
Durante toda a
semana, a oficina de tendas e a casa onde estavam foram invadidas por pessoas
de todas as classes sociais. Queriam saber mais de CRISTO, que lhes havia
preenchido o vazio dos corações e satisfizera-lhes a maior necessidade da vida:
a salvação. A casa dos apóstolos passou a sediar uma nova igreja. Quando o
inverno chegou, o testemunho da graça salvadora de JESUS era dado diariamente
nos bazares. E, indo às cidades do interior a fim de cuidar de seus negócios,
os crentes aproveitavam para contar as boas novas de como nossos pecados eram
perdoados em CRISTO. Antes de completar um ano, a Palavra de DEUS estava sendo
pregada em toda a região, e muitos grupos de cristãos reuniam-se no Dia do
Senhor para adorar a DEUS e receber as bênçãos da vida eterna.
Com a chegada
da primavera, as estradas nas passagens das montanhas foram abertas e o
comércio ganhou vida nova. Os bazares enchiam-se de estrangeiros vindos de
lugares distantes. Os pregadores não descansavam em seus esforços por ganhar
homens e mulheres para CRISTO. Os judeus continuavam aborrecidos com o sermão
de Paulo, e opunham-se vigorosamente à formação de igrejas cristãs em sua
cidade. Não conseguiram descansar enquanto não dessem fim àquele movimento.
A adoração no
templo de Baco e nos templos do deus-lua era exclusivamente para satisfazer aos
homens. As mulheres sofriam quando seus maridos se entregavam às orgias e
bebedeiras em honra a Baco. A adoração paga, portanto, nunca foi popular entre
as mulheres. Em vista disso, muitas delas começaram a frequentar a sinagoga,
tornando-se prosélitas da religião judaica, pois encontravam ali algo
infinitamente melhor que tudo quanto haviam conhecido. Os líderes das sinagogas
instigaram essas mulheres - principalmente as casadas com cidadãos importantes
de Antioquia - a convencer os maridos de que deviam proibir a pregação dos
discípulos e expulsá-los da região.
Paulo e Barnabé
Forçados a Deixar Antioquia
Paulo e Barnabé
foram intimados a comparecer perante os magistrados, e receberam ordens para
deixar a cidade. As autoridades cuidaram para que as ordens fossem obedecidas.
Enviaram um guarda para acompanhar os apóstolos até bem longe dos portões de
Antioquia, advertindo-os a que saíssem da província e jamais voltassem. Os
líderes dos judeus acompanharam os guardas, contentes por se verem livres
daqueles mestres cristãos. Seguindo a recomendação do Senhor, os viajantes
tiraram os sapatos e sacudiram destes o pó de Antioquia da Pisídia, como sinal
de desprezo pela cidade que os expulsara.
Não obstante,
antes de partirem, haviam reunido os líderes da nova igreja e insistido a que
permanecessem fiéis, mesmo se perseguidos. Quando as torres de Antioquia
desapareceram na distância, um sentimento de alegria inundou o coração dos
deportados. A viagem para Antioquia da Pisídia não foram em vão. DEUS abençoara
sua obra ali, e centenas de crentes estavam testemunhando de CRISTO na cidade,
nas aldeias e povoados de toda a região. O ESPÍRITO de DEUS certamente os
guiara, pois a semente havia sido plantada.
A estrada para
o leste era sinuosa e íngreme, mas bem pavimentada; era a principal rota
comercial, ligando a Síria às cidades do mar Egeu.
Dias Produtivos
em Icônio
Icônio era a
capital da Licaônia e distava de Antioquia mais de 96 quilômetros. Paulo e
Barnabé decidiram ir para lá. Era uma velha cidade murada que prosperara com a
fertilidade das planícies que a cercavam. A jornada era tensa, pois passava por
um território bravio e cheio de bandoleiros.
Os muros de
Icônio podiam ser vistos a quilômetros de distância, enquanto a caravana descia
as montanhas. A região era rica, e a primavera mostrava-se em toda a sua
plenitude nos vinhedos e jardins.
Os principais
ídolos de Icônio eram Adônis e Cibele. Adônis era um belo jovem, amado pela
mitológica Afrodite, e morto por um javali durante uma caçada. Cibele, filha de
Arano, era representada sobre um trono ladeado por enormes leões. Segundo a
lenda, ela fizera Adônis voltar à vida.
Planejando
passar algum tempo em Icônio, Paulo e Barnabé procuraram um alojamento e
voltaram a praticar o seu comércio. Milhares de judeus moravam em Icônio, por
isso foi fácil encontrar abrigo na cidade. O propósito deles era fazer o mesmo
que haviam feito em Antioquia. Quando chegou o sábado, foram à sinagoga e
aguardaram uma oportunidade para falar. O sermão assemelhava-se ao de
Antioquia, pois esse era o grande peso do coração de Paulo. Havia algo
divinamente sedutor na maneira como falavam, e a sua mensagem era tão atraente
que muitos judeus e gregos creram em JESUS.
Início da
Igreja em Icônio
A princípio, os
líderes da sinagoga não se opuseram à Paulo e a Barnabé. pois interessava-lhes
aquele novo ponto de vista. Porém, ao verem quantos da sua congregação creram e
quantos gentios estavam aceitando a CRISTO, aborreceram-se com a pregação. Proibiram
então os discípulos de frequentar a sinagoga, mas não puderam impedir que
falassem nas ruas. O Senhor abençoou tanto o trabalho em Icônio que grande
número de pessoas veio a crer. Estava iniciada ali uma forte igreja.
Quanto maior a
oposição, tanto mais ousadamente os discípulos falavam. A opinião do povo
dividiu-se: alguns eram a favor do novo ensinamento; outros não queriam saber
dele. Os inimigos - judeus e gentios - opuseram-se abertamente, e várias vezes
os ameaçaram nas ruas. Mas a jovem igreja firmara-se na fé e Paulo sabia que,
quando partissem, os irmãos não voltariam aos ídolos. Adônis perdera. Quem
reinava agora nos corações era CRISTO! Ao serem informados por alguns crentes
de que os inimigos planejavam apedrejá-los até a morte, os missionários
despediram-se dos cristãos e deixaram rapidamente a cidade. Seguiram pela
estrada pavimentada até Listra e Derbe, cidades da grande planície, a cerca de
29 quilômetros ao sul.
O Milagre em
Listra
Mal haviam
chegado a Listra e arranjado acomodações, surgiram oportunidades para pregar em
cada esquina. Na praça do mercado e em qualquer lugar onde as pessoas se
aglomerassem, Barnabé e Paulo falavam de JESUS, o Filho de DEUS, e da vida
cheia do ESPÍRITO. O contraste entre a nova vida e as orgias do templo pagão, a
que o povo se acostumara, era de fato notável.
Um grande
templo dedicado a Júpiter ocupava o centro de Listra. O poeta Ovídio conta que
há muito tempo, Júpiter e Mercúrio desceram à terra disfarçados de viajantes.
Procuraram alojamento e alimentação de porta em porta, mas foram repetidamente
escorraçados. Chegaram finalmente a uma casa humilde, onde vivia um casal
idoso. Filemom e sua mulher, Baucis, acolheram os dois e os alimentaram com
seus parcos recursos. Quando a refeição terminou, os estranhos revelaram que
eram deuses e concederam ao casal vida longa como guardiães de um templo
sagrado.
Os moradores de
Listra ouviram atentamente os apóstolos, enquanto estes pregavam a CRISTO, e
muitos deixaram a idolatria, tornando-se cristãos.
Numa tarde,
quando Paulo discorria sobre o DEUS Único e Verdadeiro, viu entre a multidão um
homem paralítico de nascença. Alguma coisa no sermão comoveu o homem, e Paulo
sentiu que o ESPÍRITO de DEUS estava agindo poderosamente. De repente, Paulo
virou-se para o aleijado e ordenou em alta voz: "Levanta-te direito sobre
os teus pés!" (At 14.10).
Todos os olhos
fitaram o infeliz. No mesmo instante, este se pôs em pé e começou a andar e a
saltar. Ninguém podia acreditar! Seria um sonho?!
Os Apóstolos
são Recebidos como Deuses
Uma exclamação
de surpresa seguida de um grande grito fez-se ouvir na multidão. O povo
presenciara um milagre. Embora fosse o grego a língua oficial, na intimidade do
lar, todos falavam o lacônico. Vendo o paralítico andar, maravilharam-se de tal
forma que abandonaram por um instante o grego e gritaram no dialeto nativo:
"Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós" (At
14.11).
A notícia
espalhou-se. Milhares de pessoas vieram ver os discípulos. A lenda de Júpiter e
Mercúrio estava se repetindo diante de seus olhos, confirmando a sua religião.
Enquanto os observava, o povo chamou Barnabé de Júpiter, por causa da sua
altura e porte atlético. A Paulo chamaram de Mercúrio, por ser o portador da
palavra.
Quando os
sacerdotes do templo de Júpiter, no bosque junto à cidade, ouviram falar disso,
trouxeram touros e grinaldas até o portão da casa onde os discípulos estavam
hospedados. Homens e mulheres corriam agitados pelas ruas, contando a todos que
os deuses tinham descido até eles. Uma grande multidão, guiada pelos
sacerdotes, adentrou os portões para oferecer sacrifícios aos deuses
recém-chegados. Os gongos soavam; os tambores batiam. Grinaldas de flores foram
colocadas nos chifres dos touros. Aquele era um grande dia para Listra!
Quando ficou
evidente a Paulo e Barnabé que o povo queria adorá-los, ambos perturbaram-se
imensamente. Só de pensar, sentiam-se repugnados! De acordo com o costume
oriental, eles rasgaram as vestes em sinal de grande angústia e correram
gritando em meio a multidão.
Os gongos e
címbalos silenciaram e a multidão se calou. Os "deuses" estavam
falando!
Varões, por que
fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos as mesmas
paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao DEUS vivo, que
fez o céu e a terra, o mar e tudo o quanto há neles; o qual, nos tempos
passados, deixou andar todos os povos em seus próprios caminhos; contudo, não
se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos
chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria o vosso
coração" (At 14.15-17).
Não foi sem
razão que chamaram Paulo de Mercúrio - o mensageiro dos deuses. A oratória que
o povo ouvia de seus lábios era refinada e bela, muito superior a qualquer
outra que já tivessem ouvido.
As multidões
debandaram com resmungos duvidosos, e os sacerdotes voltaram com os touros aos
estábulos do templo. O entusiasmo diminuíra, mas o povo comentou o episódio
durante vários dias. Aos poucos, homens e mulheres foram conhecendo a JESUS
CRISTO, e convencendo-se da verdade do Evangelho. A igreja em Listra começava a
crescer.
Timóteo e Seu
Lar
Um dos novos
crentes era o jovem Timóteo. Sua mãe, Lóide, e sua avó, Eunice, viviam em
Listra e abriram sua casa aos discípulos. Paulo e Barnabé passaram bastante
tempo com a família e, enquanto o jovem Timóteo os ouvia contar repetidamente a
história de CRISTO, descobriu que também queria ser pregador do Evangelho. Seu
coração foi aquecido pela forma como o ESPÍRITO de DEUS usava os discípulos.
Porém, era
inevitável que judeus de Antioquia e Icônio visitassem amigos em Listra, ou
fossem ali vender suas mercadorias. A história de Paulo e Barnabé continuava
viva em suas mentes; a presença de igrejas cristãs cheias de gentios em suas
cidades ainda machucava os rabinos. Estes achavam-se furiosos porque ambos
continuavam pregando o que, para eles, era uma religião falsa. Decidiram
deliberadamente acabar com aquilo. Não foi difícil instigar os judeus de Listra
contra os discípulos. E, com mentiras e informações manipuladas, fizeram brotar
tamanho ódio no coração dos conterrâneos que logo decidiram agir por conta
própria e matar os discípulos, especialmente o seu porta-voz.
O Apedrejamento
de Paulo
Certo dia,
estando Paulo falando a seus amigos cristãos, um grupo de judeus de Icônio e
Antioquia aproximou-se deles, e opôs-se abertamente às verdades pregadas.
Agitavam-se enraivecidos, enquanto Paulo respondia-lhes usando a mesma
Escritura. Até que, aos berros, aqueles homens correram em meio aos ouvintes
procurando dispersá-los. Punhos ergueram-se acompanhando o grito:
"Apedrejem-no! Ele merece morrer. Qualquer homem que pregue contra a Lei
de Moisés é um traidor. Apedrejem-no!"
As pedras
zumbiam no ar, vindas de todas as direções. Paulo continuou firme onde estava,
suplicando-lhes em nome do Senhor JESUS. A essa altura, já se achava ferido e
sangrando, mas ainda podia ver a crescente ira do povo. Finalmente, um homem
atirou uma pedra mais pesada, atingindo a testa do apóstolo. Sangrando e
inconsciente, Paulo caiu. A multidão rodeou-lhe o corpo e pôs-se a chutá-lo.
Agarrando-o pelas roupas, arrastaram-no para fora da cidade, e abandonaram-no
em uma vala ao lado da estrada. "Esse é o fim de Paulo!", pensaram
satisfeitos, e voltaram às suas casas.
O pequeno grupo
de amigos ficara indefeso ante a multidão. Acompanharam a turba que arrastava o
corpo de Paulo e temeram o pior. A voz de um grande apóstolo fora silenciada.
Já tinham visto muita gente morrer assim, mas... quem sabe ainda estivesse
vivo!
Fora da cidade,
é possível que Barnabé, com seus braços fortes, tenha recolhido e levado o
corpo de Paulo à sombra fresca de uma árvore. Alguém deve ter ido buscar água a
fim de lavar o sangue e a sujeira. A ansiedade dos amigos foi aliviada quando
viram o apóstolo abrir os olhos, recuperando a consciência. Alguém glorificou:
"Louvado seja DEUS, que poupou o seu servo, livrando-o dos nossos
inimigos".
Os corações dos
crentes foram reanimados. Ajudaram Paulo a levantar-se e o levaram até a casa
de Timóteo. As fiéis Eunice e Lóide trataram-lhe os ferimentos e ajudaram-no a
se recuperar.
Ao amanhecer,
antes que os mercadores enchessem as ruas com suas mercadorias e gritos, dois
vultos saíram pelo portão sul da cidade. O mais baixo mancava e apoiava-se no
braço de seu alto companheiro. Eles seguiram pela estrada pavimentada e depois
por um caminho secundário, que passava por uma região montanhosa. Esse era o
caminho para as Portas da Cilícia, que Paulo chamava de lar. A cidade aonde
estavam indo, porém, era Derbe, distante cerca de quarenta quilômetros ao sul.
Era um posto alfandegário, onde Roma recolhia os impostos sobre todas as
mercadorias embarcadas.
O Inverno em
Derbe
Não havia
sinagoga em Derbe, mas ali viviam muitos conterrâneos de Paulo. Como ele
falasse com a autoridade de um rabino, os judeus escutavam-no de boa vontade. O
inverno chegara e as estradas logo estariam cobertas de neve. Nas montanhas, as
passagens ficariam bloqueadas durante meses, e ninguém viajaria até a volta da
primavera, quando a neve se derretia.
Paulo e Barnabé
permaneceram tranquilamente em Derbe, durante todo o inverno. Paulo fez e
vendeu tendas, enquanto ensinava a nova fé em sua casa ou nos lares que se lhe
ofereciam. Embora nada espetacular acontecesse ali, uma forte igreja foi
fundada, pois muitos não puderam resistir à lógica do ensino, convertendo-se
dos ídolos a CRISTO. Durante os longos meses de inverno, os dois discípulos
estiveram completamente ocupados, chamando homens e mulheres a JESUS, e o
Senhor concedeu-lhes grande sucesso.
A neve
derreteu-se nos vales e a brisa da primavera encheu o ar. A igreja de Derbe já
estava forte e capaz de continuar sem a ajuda de Paulo. Fazia mais de dois anos
que a igreja da Síria enviara os dois missionários; sementes haviam sido
plantadas e cresceriam para a vida eterna. O caminho fora difícil, mas o Senhor
estivera com eles e honrara-lhes o trabalho.
A Volta para
Casa
A viagem de
regresso teria sido fácil, se viessem pelas montanhas e pelas portas da Cilícia
até Tarso, passando depois por terreno muito familiar até chegar à Síria.
Paulo, porém, tinha bem vivido na mente o furor de Listra, Icônio e Antioquia.
Sem dúvida seria mais fácil voltar pelo caminho de Tarso; mas, e as igrejas
recém-fundadas? Como estariam suportando o chicote da perseguição? Teriam
crescido, ou algum membro enfraquecera, voltando a Adônis? Estava claro que ele
deveria visitar todas as igrejas e confirmar os cristãos na fé. Eram seus
amigos, e o apóstolo jamais cessara de orar por eles, mencionando-os pelo nome.
E se essa visita resultasse realmente em perseguição? O Senhor não os protegera
sempre? Paulo e Barnabé resolveram, então, voltar pelo mesmo caminho.
Em Listra, as
cenas eram familiares; já sabiam onde encontrar os cristãos. Foram até à casa
de Timóteo e ficaram contentes por saber que o povo de DEUS continuava firme,
apesar da perseguição. Paulo e Barnabé sentiam-se confiantes; os cristãos de
Listra estavam suficientemente fortes para se organizarem. Portanto, em cada
igreja, ordenaram presbíteros para supervisionar espiritualmente a família
cristã. A seguir, orando por todos, ambos partiram para Icônio.
Depois de
alguns meses, a igreja de Icônio fizera um verdadeiro progresso e achava-se
também pronta para ser organizada. Os discípulos fizeram isso e continuaram o
caminho de volta para casa.
Ao chegarem aos
portões de Antioquia, de onde tinham sido expulsos alguns meses antes,
lembraram como os gentios daquela cidade haviam acolhido o Evangelho. Foram
recebidos com alegria pelos velhos amigos e informados de que os cristãos de
Antioquia haviam permanecido firmes durante todos aqueles meses.
Paulo
pregou-lhes novamente e, antes de partir com Barnabé, nomearam homens de
confiança, provados durante a perseguição, para dirigir a igreja.
A primavera já
estava bem avançada, e os discípulos queriam chegar ao porto de Perge antes que
aumentasse o calor do verão. Lembravam-se dos dias e noites quentes quando
chegaram a Perge, e como fora agradável o frio das montanhas em sua viagem a
Antioquia. Na planície que beirava a costa, o verão chegara em toda a sua
força. Como na visita anterior haviam passado pouco tempo pregando em Perge,
decidiram-se demorar ali e testemunhar de CRISTO. Dia após dia foram usados por
DEUS, e fundaram na cidade uma igreja.
Enquanto
pregavam, esperavam por um navio que os levasse para casa. Havia barcos de
muitos lugares, mas nenhum que fosse para Selêucia. Despediram-se dos crentes e
continuaram a viagem pela planície até o mar, e depois ao longo da estrada
costeira até Atália, um dos maiores portos marítimos de todo o império. Atália
era grande e importante, e, como em qualquer outra cidade dessa região, havia
nela muitos judeus. Mas Paulo e Barnabé estavam ansiosos por encontrar um navio
que os levasse de volta, e seguiram imediatamente para o porto. Sua busca teve
sucesso; havia ali uma porção de barcos grandes e pequenos, oriundos de terras
estrangeiras de todas as partes do mundo.
Eles pagaram a
passagem e, quando se levantaram os ventos matutinos, as velas foram
desfraldadas e o barco partiu, acompanhando a costa rochosa até Selêucia.
Durante todo aquele primeiro dia, puderam ver as altas montanhas da Panfília
elevarem-se sobre a vasta planície costeira. Haviam passado dois invernos
naquelas montanhas. O trabalho fora difícil, mas enquanto os morros
desapareciam na distância, os dois homens de DEUS recordavam-se de como o
Senhor havia honrado Sua Palavra. Em cada cidade, muitos que, há apenas um ano,
viviam nas trevas, estavam agora servindo a DEUS.
Todas as
noites, enquanto navegavam e oravam sob as estrelas, Barnabé e Paulo
lembravam-se de cada crente fiel, agradecendo ao Senhor e entregando-os ao seu
cuidado. Até que a viagem terminou.
A GRANDE
CONTROVÉRSIA
Paulo e Barnabé
animaram-se ao avistar Selêucia. Ali estava o porto de Antioquia, protegido
pelo quebra-mar. Para os apóstolos era como voltar à casa paterna; estar
naquela igreja era o mesmo que estar em família. Era uma igreja forte; maior
que a igreja-mãe em Jerusalém. Paulo gostava dos cristãos de Antioquia da
Síria, e considerava-os uma igreja modelo. Afinal, haviam aberto o coração aos
gentios, recebendo-os juntamente com os descendentes de Abraão no Reino de
DEUS.
Os missionários
mal tinham posto os pés no portão da cidade, e a notícia de sua chegada já se
espalhara. Naquela noite, uma grande multidão reuniu-se à volta deles. Dois
anos antes, aqueles crentes haviam acompanhado Paulo e Barnabé até o navio que
os levaria em sua primeira viagem missionária. Agora estavam de volta, e todos
queriam ouvi-los. Foi uma noite emocionante. Jovens e velhos sentaram-se no
chão, de pernas cruzadas, e ouviram-nos discorrer sobre a atuação do poder de
DEUS em cada cidade.
É provável que
tenham contado toda a história; primeiro Barnabé e depois Paulo. Ninguém se
cansou de ouvi-los, e muitos choraram de alegria ao saber dos caminhos de DEUS
para os gentios. Os missionários falaram da viagem até Chipre; de Sérgio Paulo
em Pafos; do calor de Perge e da deserção de Marcos, que muito os desapontara.
Descreveram seu primeiro inverno passado na outra Antioquia, e como muitos ali
haviam se tornado cristãos. As fugas para Icônio e Listra, onde Paulo tinha
sido apedrejado, foram contadas rapidamente. Por último veio a história do
segundo inverno, passado em Derbe.
Em todas as
cidades, tiveram de enfrentar a oposição dos judeus nas sinagogas; mas na praça
do mercado, os gentios tinham-nos ouvido de boa vontade e, deixando os ídolos,
haviam se voltado para DEUS. Centenas tinham aberto o coração para JESUS! Em
cada cidade visitada pelos missionários, uma igreja havia sido estabelecida.
Importância da
Primeira Viagem Missionária
Enquanto os
cristãos de Antioquia ouviam as histórias missionárias, grande alegria inundava
lhes o coração. DEUS estivera trabalhando. O plano de pregar o Evangelho até os
confins da terra estava se cumprindo com tremendo sucesso. Em toda parte,
apesar da oposição, lâmpadas estavam sendo acesas para brilhar e dissipar as
trevas do mundo. A semente fora plantada e regada, não só em Jerusalém e
Antioquia, mas também na Ásia Menor e em Chipre. Agora estava crescendo e
produzindo frutos. Nada mais restava a fazer a não ser convocar uma reunião de
oração e agradecer a DEUS por sua graça. Os cristãos oravam e regozijavam-se
por serem embaixadores a serviço de DEUS, arrancando homens e mulheres de suas
vidas vazias e trazendo-os para a vida abundante; da morte para a vida eterna.
Paulo ficou
vários meses em Antioquia, trabalhando na fabricação e comércio de tendas,
enquanto expunha as grandes verdades do Evangelho. Falava especialmente da
justiça de DEUS, que não pode ser obtida pela guarda da Lei, mas recebida como
um dom da sua maravilhosa graça. Homens e mulheres passaram a ver que todas as
suas esperanças e necessidades eram satisfeitas em JESUS CRISTO, o Salvador.
Crescentes
Dissensões na Igreja
Até essa época,
a oposição encontrada por Paulo na pregação do Evangelho viera de uma única
fonte: o judeu incrédulo que, de tão enfurecido com o ensino cristão,
tornara-se cego. O desgosto dos judeus era aumentado pelo fato de Paulo ter
sido antes fariseu, rabino, amigo da sinagoga e inimigo dos nazarenos. Todo
judeu leal acreditava que Paulo fosse um traidor da Lei de Moisés, e por causa
disso, perdera o direito de ser respeitado. Paulo sabia como se sentiam e
simpatizava com eles. Não tivera os mesmos sentimentos antes de sua conversão?
Ele estava preparado para enfrentar a oposição e considerava um privilégio
argumentar com os que negavam sua mensagem.
O problema,
porém, surgiu dentro da própria igreja: alguns judeus cristãos, de mente
estreita, não haviam aberto o coração aos gentios. Queriam que a Igreja fosse
uma seita judaica, do mesmo modo que o farisaísmo o era em Israel. Não
concordavam em receber os gentios, a não ser que se submetessem primeiro às
cerimônias da sinagoga. Achavam que os crentes gentios deviam tornar-se
prosélitos, e manter as leis judaicas referentes aos alimentos, festas,
abluções e ofertórios.
Pedro era amigo
de Paulo. Desde que o Senhor lhe ensinara que os gentios também faziam parte do
seu plano e o guiara até o gentio Cornélio, tornara-se ele favorável ao
posicionamento de Paulo. Ao ouvir sobre a sólida congregação de Antioquia,
decidiu fazer-lhes uma visita.
A Visita de
Pedro
Paulo recebeu
Pedro com grande entusiasmo. Repetiu-lhe a história da primeira viagem
missionária à Ásia Menor, e contou-lhe como DEUS o abençoara, juntamente com
Barnabé, na pregação aos gentios. O coração do velho pescador aqueceu-se com
cada palavra. Comoveu-se com a fraternidade que observou em Antioquia. Judeus e
gentios reuniam-se ao redor da mesma mesa, compartilhando as refeições como
membros de uma única família. Isso seria algo inconcebível em Jerusalém;
proibido pela Lei Mosaica. E, infelizmente, os crentes em CRISTO ainda levavam
em conta tal proibição.
Encontrar e
ouvir Pedro, o velho pescador que conhecera JESUS pessoalmente e que podia
descrever as histórias ocorridas em seu ministério terreno, foi uma experiência
memorável para os cristãos de Antioquia.
Pedro estava
vendo e experimentando uma liberdade em CRISTO que nunca antes conhecera. Em
Antioquia, um negro e um branco sentavam-se juntos. Um escravo e seu senhor
eram um em CRISTO. Não havia diferença entre judeu e gentio, desde que ambos
tivessem sido batizados pelo ESPÍRITO de DEUS na igreja. Estavam unidos por um
laço mais forte que qualquer outra coisa neste mundo.
A Propagação da
Discórdia
Pedro
alegrou-se com tudo o que viu, até o dia em que mensageiros autonomeados
chegaram a Jerusalém para espalhar a discórdia. Eles sabiam tudo sobre Barnabé
e Paulo, e a história do seu trabalho no Ocidente os desagradara. Resolveram
então ir a Antioquia, e interromper quaisquer o era em mais gentios à Igreja.
Por serem da igreja de Jerusalém, julgavam-se revestidos de autoridade. Com
ousadia, advertiram os gentios de que não seriam cristãos, a não ser que se
submetessem primeiro aos mandamentos dados por Moisés aos israelitas.
Pedro ouviu
falar deles, e reconheceu tratar-se dos fariseus que criam em JESUS, mas não
conseguiam desistir do Judaísmo. Eles representavam muitos de seus
conterrâneos, e o seu zelo em purificar a Igreja de todos os gentios era
suficientemente grande para levá-los a fazer uma viagem tão longa. Pedro não
concordava, mas temendo que viessem a perturbar seu ministério em Jerusalém,
decidiu que enquanto estivessem presentes, se afastaria dos gentios. Isso lhe
pareceu necessário porque alguns daqueles homens tinham grande influência na
igreja e eram nitidamente sinceros.
Paulo Enfrenta
os Perturbadores da Ordem
Nem Pedro nem
os visitantes da Judéia tinham qualquer ideia da grande força e convicção de
Paulo. Em dias passados, Paulo tinha sido um deles e sabia exatamente quais
eram os pensamentos de um fariseu. Portanto, não teve piedade; lutou com todas
as forças contra aqueles homens que estavam tentando destruir a liberdade
desfrutada pelos cristãos mediante a graça de DEUS. Eles afirmavam não haver
salvação sem observância da Lei. Eram um inimigo formidável, pois até Barnabé
ficou impressionado e, por um momento, começou a duvidar se agira corretamente
ao admitir os gentios (Gl 2.12,13).
Certo dia, numa
assembleia da igreja, os visitantes falaram tão convictamente, que uma sombra
de incerteza pairou sobre a congregação.
Paulo subiu à
plataforma. Já vira e ouvira o suficiente! Era hora de colocar aqueles
perturbadores no seu devido lugar! Eles haviam confundido muitos dos gentios
cristãos com a sua estreiteza de espírito. Ou não compreendiam a graça de DEUS,
ou eram inimigos da Igreja, como os lobos que se insinuam para espalhar o
rebanho. Disse então a Pedro e aos outros judeus:
Nós somos
judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não
é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em JESUS CRISTO, temos crido em
JESUS CRISTO, para sermos justificados pela fé de CRISTO e não pelas obras da
lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.
Pois, se nós,
que procuramos ser justificados em CRISTO, nós mesmos também somos achados
pecadores, é porventura, CRISTO ministro do pecado? De maneira nenhuma. Porque
se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor.
Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para DEUS. Já estou
crucificado com CRISTO; e vivo não mais eu, mas CRISTO vive em mim; e a vida
que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de DEUS, o qual me amou e se
entregou a si mesmo por mim (Gl 2.1521).
Enquanto Paulo
continuava argumentando, Barnabé compreendeu que errara ao dar ouvidos aos
visitantes da Judéia, e pensou na forma como DEUS movera o coração dos gentios
em toda a Ásia. Estava convencido de que Paulo tinha razão, e agradeceu ao
Senhor pela coragem que o levara a opor-se aos falsos mestres.
A resposta era
clara. A igreja tinha de chegar a uma decisão definitiva sobre a questão dos
gentios. A controvérsia não poderia ser resolvida em Antioquia, mas apenas em
Jerusalém, onde muitos queriam que a Igreja continuasse como mera seita
judaica.
O Apelo a
Jerusalém
Embora o
argumento de Paulo tivesse vencido temporariamente, e todos tivessem ficado
felizes na igreja de Antioquia, eles compreendiam que, para o futuro da Igreja,
alguma norma definitiva tinha de ser estabelecida. O conselho concordou então
que Paulo e Barnabé fossem enviados a Jerusalém, onde deliberariam com os
apóstolos e resolveriam essa importante questão.
Era inverno, e
os barcos costeiros permaneceriam ancorados até a primavera. Portanto, teriam
de viajar cerca de 11.200 quilômetros por terra. Isso significava seis longas
semanas, ou mais, e embora a viagem não fosse novidade para Paulo, ele achou
mais seguro viajar em caravana.
Providos de
alimentos, roupas quentes e dinheiro dado pela igreja, Paulo e Barnabé partiram
pela estrada do litoral. O céu estava carregado e cinzento, mas os cristãos de
Antioquia acompanharam-nos até certo ponto do caminho. Após a despedida, os
crentes voltaram às suas casas a fim de orar pela segurança dos amigos e para
que tivessem êxito em sua missão.
Dia após dia,
os três cavalgaram pela estrada pavimentada. Os rios tinham se tornado
caudalosos com as chuvas, mas havia pontes de pedra para atravessá-los. Ao cair
da noite, apressavam-se para chegar a algum vilarejo onde encontrar abrigo. No
pátio da estalagem, armavam a tenda e acomodavam-se para passar a noite.
Os apóstolos
pararam em muitas aldeias por toda a província da Fenícia, e quando chegaram a
Tiro e Sidom, ficaram por alguns dias, encontrando vários grupos de crentes e
confirmando-os na fé. Paulo recapitulou, para ouvidos atentos, a história da
sua viagem à Panfília, Pisídia e Licaônia. Os cristãos agradeceram a DEUS, e
animaram a Paulo com suas orações. Rogaram que o Senhor protegesse o grupo que
se dirigia a Jerusalém com o propósito de resolver a questão dos gentios.
Em Samaria
havia muitos cristãos e, em cada igreja, os discípulos contaram a história do
seu trabalho em Antioquia e na Ásia Menor. Os cristãos de Samaria ficaram
contentes com o relato. Eles nunca tinham ficado presos às regras dos rabinos
de Jerusalém, e quando Paulo contou sobre os gentios que aceitaram a CRISTO,
alegraram-se muito. Fortaleceram os apóstolos em sua jornada, com a esperança
de que DEUS honraria o seu testemunho em Jerusalém.
Quando foram
avistadas as montanhas da Judéia, os três servos do Senhor estavam realmente
completando outra viagem missionária, pois haviam fortalecido e confirmado as
igrejas ao longo de todo o trajeto até a Cidade Santa. Fazia seis anos que
Paulo visitara Jerusalém, levando as ofertas dos santos de Antioquia. Mas dessa
vez, encontrava-se ali para defender a si mesmo e aos cristãos gentios dos
ataques dos falsos mestres, que procuravam destruir-lhe a liberdade.
Na casa da mãe
de Marcos, encontraram vários líderes da igreja. Esses homens os receberam
cordialmente, e ouviram de boa vontade a narrativa de como DEUS operara por
meio de Barnabé e Paulo na grande viagem. Paulo ficou sabendo que os falsos
mestres, que tanto perturbaram os crentes de Antioquia, não haviam sido
enviados oficialmente pela igreja de Jerusalém, nem eram líderes desta.
Diante de uma
grande plateia, Barnabé e Paulo discorreram sobre as suas viagens e sobre o
poder de DEUS para salvar pessoas que antes adoravam ídolos. Mesmo assim, houve
quem se levantasse e declarasse que todos esses estrangeiros não eram cristãos
de verdade porque não obedeciam à Lei de Moisés. Estavam até comendo carne que
não fora preparada de acordo com a lei! Enquanto esses homens estreitavam as
portas do reino, Paulo argumentava que a retidão jamais seria conferida a
qualquer homem por obedecer à Lei de Moisés, mas sim pela fé no Senhor JESUS,
que tinha os braços abertos a todos.
A Solução da
Grande Controvérsia
A solução não
foi encontrada de imediato. Após muita disputa e acirradas discussões, os
apóstolos e presbíteros convocaram uma reunião para considerarem as várias
opiniões e chegarem a uma decisão. Participaram da reunião representantes dos
dois partidos. Suas opiniões eram tão inflexíveis que a amargura se insinuou no
debate. Só com grande dificuldade Tiago, o irmão do Senhor, e líder reconhecido
da igreja-mãe, conseguiu manter a ordem.
A seguir,
Pedro, o discípulo que falara com JESUS exatamente sobre o assunto, e que
conhecera a vontade de DEUS através de uma visão repetida três vezes,
levantou-se e exigiu atenção de todos:
Varões irmãos,
bem sabeis que já há muito DEUS me elegeu dentre vós, para que os gentios
ouvissem da minha boca a palavra do Evangelho e cressem. E DEUS, que conhece os
corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o ESPÍRITO SANTO, assim como também a
nós. E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando o seu coração
pela fé. Agora, pois, por que tentais a DEUS, pondo sobre a cerviz dos
discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar? Mas cremos que
seremos salvos pela graça do Senhor JESUS, como eles também (At 157-11).
Pedro sentou-se
e a multidão ficou em silêncio. Todos os olhos voltaram-se a Barnabé e Paulo,
esperando que dessem a última palavra. Mas Paulo já dera sua opinião e só lhe
restava confirmá-la, descrevendo os sinais e prodígios operados por DEUS quando
ele e Barnabé pregaram o Evangelho em terras distantes.
Depois disso,
ninguém mais falou. Até os que se opunham ferozmente a Paulo não puderam mais
defender sua posição. Alguns ainda não se achavam inteiramente convencidos, mas
não puderam argumentar contra o poder de DEUS.
Após alguns
minutos de silêncio, Tiago, respeitado por todos como irmão do Senhor, resumiu
os pensamentos colhidos na reunião:
"Varões
irmãos, ouvi-me", disse ele solenemente e com grande dignidade. Os
ouvintes inclinaram-se para ouvir cada sílaba, pois ele era o seu chefe e
diria, sem dúvida, palavras de sabedoria.
Varões irmãos,
ouvi-me: Simão relatou como, primeiramente DEUS visitou os gentios, para tomar
deles um povo para o seu nome. E com isso concordam as palavras dos profetas,
como está escrito: Pelo que julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os
gentios, que se convertem a DEUS, mas escrever-lhes que se abstenham das
contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue.
Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue e,
cada sábado, é lido nas sinagogas (At 15.1315,19-21).
A Primeira
Carta Circular as Igrejas
Para tornar
oficial a decisão, Tiago e os outros discípulos escreveram uma carta para ser
lida e explicada na igreja de Antioquia. Judas e Silas foram escolhidos para a
levar o documento até lá. Era tão importante a decisão do primeiro concilio,
que eles enviaram seus principais membros como portadores das notícias; homens
revestidos da maior dignidade aos olhos da igreja.
Essas foram
palavras sábias, com as quais todos os apóstolos e presbíteros concordaram.
Paulo vencera a grande controvérsia: estrangeiros de todo o mundo, de qualquer
procedência, poderiam ser cristãos sem prestar obediência à lei judaica.
Resgatada da estreiteza do Judaísmo, a Igreja estender-se-ia ao mundo todo. Os
cristãos estavam livres da sinagoga!
Essa foi a
primeira das cartas circulares às igrejas. O próprio Paulo, em anos
posteriores, usaria esse método de escrever às igrejas, assim como Pedro e
João.
Paulo e Barnabé
viajaram para casa com o coração leve. Seu entusiasmo não conhecia limites!
Agora, podiam fazer um relatório alegre a todas as congregações. A Igreja dera
finalmente um grande passo e removera suas cadeias para sempre. Que imensurável
satisfação para os crentes gentios!
Retornando a
Antioquia, Paulo e Barnabé convocaram os cristãos a fim de comunicar- lhes o
resultado da reunião em Jerusalém. O silêncio reinou quando Judas e Silas foram
apresentados. Seus nomes eram bastante conhecidos na igreja de Jerusalém, e os
crentes de Antioquia tiveram grande satisfação em recebê-los.
Os dois
contaram sobre as reuniões em Jerusalém e do debate acalorado com respeito aos
gentios. A seguir mostraram a carta assinada por Tiago, onde estava escrito.
Os apóstolos, e
os anciãos, e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia,
Síria e Cilícia, saúde.
Porquanto
ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras e
transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento), pareceu- nos
bem, reunidos concordemente, eleger alguns varões e enviá-los com os nossos
amados Barnabé e Paulo, homens que expuseram a vida pelo nome do nosso Senhor
JESUS CRISTO. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais de boca vos
anunciarão também o mesmo. Na verdade, pareceu bem ao ESPÍRITO SANTO e a nós
não vos impor maior encargo, senão essas coisas necessárias: Que vos abstenhais
das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue e da carne sufocada, e da
fornicação; dessas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos vá. (At
15.23-29).
A congregação
louvou a DEUS pela notícia e decidiu, mais fervorosamente que nunca, propagara
mensagem da salvação por JESUS CRISTO a todo o mundo gentio - até à própria
Roma!
Embora para os
discípulos a grande disputa houvesse terminado, muitos em Jerusalém não estavam
plenamente convencidos. Com o passar dos anos, em diversas igrejas por todo o
império, Paulo os encontraria pregando seus padrões farisaicos. Alguns
argumentavam que a liberdade da Igreja corria risco e que a obra de CRISTO
estava dividida. Mas agora, finalmente, os apóstolos tinham liberdade para
pregar aos gentios e recebê-los com todos os direitos na Igreja.
A SEGUNDA
VIAGEM MISSIONÁRIA
Paulo
permaneceu em Antioquia durante todo o inverno. As estradas das montanhas
estavam cobertas de neve e os barcos ancorados no cais, onde permaneceriam até
que as brisas da primavera enchessem o ar. A oficina onde Paulo fabricava suas
tendas era um ponto de comércio e local de encontro para os cristãos, que
gostavam de levar os amigos não convertidos para ouvirem-no falar de JESUS.
Barnabé era o amigo e companheiro constante de Paulo. Com eles, a igreja tinha
uma liderança leal e criara novas forças.
Além de Paulo e
Barnabé, outros homens vindos de Jerusalém ocupavam posições de liderança em
Antioquia, e pregavam na cidade e aldeias vizinhas. Um deles, chegado
recentemente, era Silas. Depois de cumprir sua missão na igreja de Antioquia,
Silas decidira deixar sua antiga casa e encontrar trabalho na Síria, onde
poderia desfrutar da amizade dos novos irmãos.
A Separação de
Paulo e Barnabé
Quando o clima
se tornou favorável às viagens, Paulo sentiu que deveria visitar outra vez as
igrejas do Ocidente. Eram igrejas novas; precisavam ser orientadas. Paulo
carregava no coração um peso constante por esses cristãos novos, e à medida que
o plano foi-se-lhe formando na mente, procurou o amigo Barnabé, na esperança de
viajarem juntos outra vez.
Tornemos a
visitar nossos irmãos por todas as cidades em que já anunciamos a palavra do
Senhor, para ver como estão (At 15-36).
Barnabé
concordou, e imediatamente tiveram início os preparativos para a partida.
Todavia, Barnabé achou que deveriam levar João Marcos, seu primo, para ajudar
no trabalho. Mas Paulo recusou terminantemente. Marcos tivera a sua
oportunidade e os abandonara nas montanhas da Panfília, justamente quando mais
precisavam dele. Desde que Marcos optara pela segurança da cidade, Paulo não
estava disposto a repetir a experiência. Certamente, a mão de DEUS não estivera
na primeira associação de Marcos com os dois apóstolos. Por que haveriam de
supor que as coisas fossem diferentes agora?
Barnabé, porém,
estava decidido a ponto de pôr em risco o sucesso do empreendimento. Sua
determinação colidiu com a recusa direta de Paulo e houve discussão entre
ambos. Era a primeira vez que isso acontecia. As palavras trocadas foram tão
ásperas que os planos para viajarem juntos tiveram de ser cancelados. Um motivo
tão insignificante serviu para separar os amigos que juntos haviam enfrentado
tantos perigos. Mas cada um julgava estar com a razão, e nenhum quis ceder.
DEUS finalmente
transformou o mal em bem: em vez de um, dois grupos foram formados. Barnabé
navegou para Chipre, levando consigo seu jovem primo Marcos, enquanto Paulo
convidou Silas a acompanhá-lo às igrejas da Ásia Menor.
A briga foi
violenta e áspera, mas de pouca duração. Com o passar dos anos, Marcos
justificaria plenamente a confiança do primo, e Paulo alegrar-se-ia em
recebê-lo e servir-se dele como um honrado ministro. Prevaleceria o amor de
DEUS, e o sentimento provocado pela disputa dissipar-se-ia ante a necessidade
de espalhar o Evangelho.
A Segunda
Viagem Missionária
Barnabé e
Marcos embarcaram num navio, enquanto Paulo e Silas foram por terra ao longo da
estrada dos mercadores, atravessando as altas serranias de Listra. O zelo
demonstrado por Silas em Antioquia impressionara Paulo, e dera-lhe a certeza de
que DEUS honraria o seu testemunho onde quer que fosse. Silas, como Paulo, era
cidadão romano. Juntos, pensou Paulo, poderiam realizar grandes coisas para
DEUS, enquanto visitavam as cidades gentias.
Com as mochilas
às costas, e os jumentos carregados de provisões, despediram-se dos irmãos e
partiram para o monte Tauro. Por essa estrada, Paulo viajara quando criança
para ir a Jerusalém com o pai. Era uma estrada larga, e ele tinha a sensação de
conhecer cada palmo dela. Mas, por segurança, foram em grupos, juntando-se aos
mercadores e peregrinos.
Provavelmente,
Paulo conhecia bem a Síria e a Cilícia. Bem pode ser que tenha pregado em
muitas aldeias e cidades dessa região, enquanto aguardava o chamado de DEUS em
Tarso. Havia diversas pequenas igrejas em lugarejos perto da estrada, e Paulo
pretendia visitá-las, confirmando-as na fé e encorajando-as a manter firme
lealdade a CRISTO.
As igrejas
precisavam realmente dessa visita. Não tinham o Novo Testamento para
orientá-las na vida cristã e, às vezes, as ondas da perseguição eram enormes.
Receber a visita do apóstolo Paulo, conhecer Silas que viera da igreja-mãe, e
ouvir sobre os cristãos de outras cidades, era sem dúvida de grande ajuda.
Na Cilícia
Paulo e Silas
viajaram por estradas acidentadas e trilhas pedregosas. Foram de cidade em
cidade, algumas vezes seguindo o curso do rio, outras, subindo as trilhas das
montanhas. Mas seguiam conscientes da presença de DEUS e de que seu povo
carecia de encorajamento. Onde chegavam, encontravam amigos que lhes ofereciam
hospitalidade e convidavam outros crentes para conhecerem os apóstolos.
Atravessaram assim a passagem elevada da montanha, que levava à Cilícia. As
estradas eram íngremes nos Montes Amanos, e havia poucas cidades na parte
ocidental da província. Essa era a terra natal de Paulo, e ele estivera muitas
vezes em cada vilarejo, vendendo suas tendas. Mais tarde, pregara o Evangelho
nessa região. Agora, portas amigas abriam-se para eles em todos os lugares. Os
cristãos reuniam-se com os apóstolos e ouviam Silas ler a carta de Jerusalém.
Também se compraziam com a pregação de Paulo.
No Lar em Tarso
Finalmente,
deixaram o desfiladeiro e os rochedos escarpados, descendo à vasta planície no
vale do Cnido. Tarso continuava sendo o lar de Paulo, embora seus pais já
houvessem falecido. Havia uma igreja em Tarso, e muitos amigos que Paulo
conhecera na sinagoga faziam agora parte dela. Eles alegraram-se com a sua
volta e o acolheram juntamente com Silas. Era um privilégio conhecer aqueles
homens a quem DEUS escolhera para levar o Evangelho ao mundo. A igreja havia
prosperado e contava com muitos gentios entre seus membros. Não havia
diferenças na comunhão; amavam-se como membros de uma mesma família.
A carta de
Tiago foi lida aos cristãos de Tarso. Paulo advertiu-os a que se mantivessem
firmes na liberdade cristã, sem se contaminarem com a idolatria.
Na Licaônia
Paulo e Silas
pretendiam visitar as igrejas recém-estabelecidas. Portanto, despedindo-se dos
cristãos de Tarso, juntaram-se ao fluxo constante de mercadores na importante
estrada que seguia para a província da Licaônia, atravessando os Portões da
Cilícia, no lado norte do Monte Tauro. Apenas um ano se passara desde que Paulo
e Barnabé haviam deixado Derbe. Quando a cidade surgiu à sua frente,
animaram-se com a expectativa de uma recepção amigável.
Lembranças dos
santos de Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia inundaram a mente de
Paulo. Lembrou-se da disposição com que receberam o Evangelho e de seu zelo
face à perseguição. O coração do apóstolo aqueceu-se com a ideia de revê-los.
Estariam todos lá, ou alguns teriam voltado aos ídolos?
Os dois homens
alegraram-se ao ver a fidelidade desses irmãos em CRISTO. Como ficaram felizes
por rever Paulo! Mas este não pôde demorar muito em qualquer desses lugares.
Sua missão não era fundar igrejas. Isso já fora feito e ele notou que, desde
sua primeira visita, a Igreja crescera em cada cidade. Isto foi um grande
incentivo a Paulo. Depois de falarem sobre a decisão do concilio de Jerusalém e
lerem a carta de Tiago, Paulo e Silas partiram apressados, desejosos de chegar
a novos lugares.
Não enfrentaram
perseguição nessa viagem, porque não fazia parte de seus planos pregar nas
praças do mercado. Isto estava sendo feito por outros, e o Senhor vinha
acrescentando diariamente à igreja os que aceitavam a CRISTO.
Em Listra,
Paulo visitou a casa de Timóteo, recordando a bondade de Lóide e Eunice,
especialmente quando fora apedrejado e jogado quase morto numa vala fora da
cidade. O testemunho de Timóteo agradou tanto a Paulo e Silas, que ambos
pensaram em convidar o jovem a acompanhá-los na jornada. Ele substituiria João
Marcos, que desertara na primeira viagem.
Listra e
Timóteo
No ano em que
Paulo e Barnabé ali estiveram, Timóteo trabalhara tão fielmente na igreja que
os membros mais velhos tinham muitos elogios a fazer-lhe. Timóteo era filho de
pai grego e mãe judia. Seu pai, como muitos gregos cultos da época, talvez não
tivesse encontrado qualquer satisfação em seus deuses pagãos. Ele aparentemente
concordara, de boa vontade, que sua esposa ensinasse ao menino a religião
judaica. Timóteo ouvira desde a infância as histórias do Antigo Testamento, e
podia descrever os tratos de DEUS com seu povo e sua promessa do Messias. No
correr do tempo, a mãe de Timóteo, Eunice, ouvira o Evangelho. Assim como o
jovem Timóteo, ela e sua mãe idosa, Lóide, creram em JESUS como o CRISTO e
foram recebidas na igreja.
Agora, de boa
vontade, Eunice entregava a DEUS o rapazinho, deixando que acompanhasse os
missionários numa viagem a terras distantes - talvez ao estrangeiro - levando
as Boas Novas. Paulo amava o rapaz, chegando até a chamá-lo de filho. Orgulhosa
por um de seus jovens estar sendo convocado por DEUS, a igreja de Listra fez
uma reunião especial. Os presbíteros, com Paulo e Silas, impuseram as mãos
sobre Timóteo, em oração solene, separando-o para o ministério.
A Mensagem de
Icônio
A cidade de
Icônio ficava a apenas quarenta quilômetros de distância, e os cristãos de lá
souberam da chegada de Paulo. Quando o pequeno grupo de viajantes se aproximou,
a notícia correu, e muitos crentes foram cumprimentar Paulo. Eles lembravam-se
de sua primeira visita e dos muitos milagres que operara naquela ocasião.
Aqueles cristãos amavam o apóstolo Paulo; deviam a salvação ao seu esforço
incansável na pregação do Evangelho. Silas leu a carta de Tiago aos cristãos
judeus e gentios, que se rejubilaram ao saber que eram um só em CRISTO e
membros do mesmo corpo. Não era sempre que podiam ouvir homens como aqueles,
por isso ficaram até tarde fazendo perguntas e tirando as dúvidas que tinham em
seu primeiro ano de vida como igreja. Paulo teve prazer em ajudá-los e
fortalecê-los com palavras de exortação, animando-os a manterem-se firmes na fé
em CRISTO JESUS e a pregar acerca dEle, aonde quer que fossem.
Em Antioquia da
Pisídia
A mesma
advertência foi repetida em Antioquia, e o coração dos cristãos animou-se com a
visita e as notícias das outras igrejas. Em toda parte, houve júbilo com o
conteúdo da carta de Tiago. Era como se um grande fardo tivesse sido removido
dos ombros dos cristãos gentios. Antes, sentiam-se infelizes pela incerteza da
sua posição. A própria igreja sentia-se inquieta ao pensar que alguns
discípulos de Jerusalém não admitiriam gentios em sua comunhão. Mas agora, tudo
fora resolvido e a igreja desfrutou de grande paz.
Sensibilidade à
Liderança divina
Paulo, Silas e
o novo companheiro, Timóteo, gostaram das visitas, mas queriam seguir para um
território onde o Evangelho ainda não tivesse penetrado. Sentindo que já haviam
ficado o suficiente em Antioquia da Pisídia, despediram-se dos amigos.
Juntando-se a um grupo de viajantes, seguiram na direção nordeste, para a
província da Galácia. Sua ideia era ir até as colônias judaicas do mar Negro. A
estrada era boa, não muito íngreme nem perigosa. Saía dos montes Sultão e
estendia-se por planícies cobertas de matas, passando por vales aprazíveis e
chegando ao mar distante. Viajar sozinhos, porém, não era recomendável, pois os
lobos, leopardos e leões eram comuns no planalto, para além das montanhas. As
feras não molestavam os grupos grandes; os que viajavam sozinhos, porém, jamais
chegavam ao seu destino.
Depois de
percorrerem cerca de 160 quilômetros, chegaram às exuberantes florestas da
Bitínia, onde as encostas desciam suavemente até o mar Negro. Estavam
aproximando-se do seu objetivo, e a viagem parecia convidativa. Mas, de
repente, Paulo compreendeu que DEUS não queria que fossem à Bitínia. Quer
tivesse sonhado ou tido uma visão, ficou cada vez mais claro que deveriam
voltar. Paulo vivia bem perto do Senhor, e era sensível à sua orientação;
jamais começava qualquer viagem sem primeiro colocar seus planos diante de
DEUS. De alguma forma, tornou-se evidente que deveria desistir daquela viagem e
seguir noutra direção.
Paulo Adoece na
Galácia
Consultando-se
entre si, decidiram ir para a Ásia, pregando ao longo do caminho. Mas o
ESPÍRITO de DEUS falou-lhes claramente que não deveriam se demorar pregando na
Ásia. Ficaram perplexos, imaginando aonde DEUS finalmente os levaria. Voltando
pela estrada em direção ao ocidente, Paulo adoeceu e o grupo teve de parar em
uma das cidades da Galácia. Prosseguir era impossível; Paulo estava fraco e
precisava descansar. Os irmãos daquela igreja cuidaram bondosamente dele e
fizeram o possível para que se restabelecesse. Trataram-no como a "um anjo
de DEUS".
Bem mais tarde,
Paulo escrever-lhes-ia, recapitulando toda a história:
E vós sabeis
que primeiro vos anunciei o Evangelho estando em fraqueza na carne. E não
rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne; antes,
me recebestes como a um anjo de DEUS, como JESUS CRISTO mesmo. Qual é, logo, a
vossa bem- aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora,
arrancaríeis os olhos, e mos daria (Gl 4.13-15).
Podemos supor
que Paulo sempre tenha tido problemas com os olhos, e sua enfermidade talvez
tivesse sido uma recidiva que provocou uma inflamação. Considerando isto um
obstáculo ao seu ministério, orou ao Senhor, em três ocasiões, rogando que lhe
removesse a doença. Embora DEUS ouvisse e atendesse às orações de Paulo, sua
resposta foi um não. Em vez de curá-lo, DEUS concedeu-lhe forças para vencer e
provar que o sofrimento e a fraqueza podem ser suportados com dignidade.
Em Trôade
Com a ajuda de
DEUS, Paulo recuperou-se o suficiente para continuar viagem. Sem saber o que o
Senhor lhes reservava, os três viajaram para o Oeste, e atravessaram a
província de Mísia, onde não tiveram oportunidade de pregar. Certo dia,
encontraram-se no porto de Trôade, à beira das águas azuis do mar Egeu. Trôade
era um porto famoso. Era a Tróia* da conhecida poesia de Homero e palco de
muitas batalhas. A história do cavalo de Tróia desperta hoje o mesmo interesse
que despertava nos dias de Homero.
Paulo, porém,
não tinha tempo para pensar no passado; ele refletia sobre o presente e o
futuro. Do alto dos montes que circundavam a cidade, podia-se ver as ilhas
gregas estendendo- se como degraus para que um gigante atravessasse o mar a
seco. Os viajantes sabiam que além delas achava-se o grande continente europeu,
que abrangia as extremidades das terras conhecidas, pelo homem. Ali
encontrava-se o abismo da ignorância paga, e também o centro da cultura grega;
para além, a grande cidade de Roma, a terra dos Césares.
Essa era uma
civilização rica em estátuas, templos e palácios senhoriais. O povo adorava nos
santuários da lascívia e do prazer, rendendo homenagens a Júpiter, Saturno e
Juno, assim como a um exército de deuses menores.
Paulo e Silas
permaneceram ali, perguntando-se aonde o Senhor desejaria levá-los. Ansiavam
por envolver-se na pregação do Evangelho. Estavam perplexos por DEUS não lhes
ter aberto uma porta em quaisquer cidades ou metrópoles do norte da Ásia Menor.
Agora encontravam-se em Trôade, uma cidade-fortaleza romana. Seria esse o lugar
escolhido por DEUS, ou teriam de continuar viajando?
Enquanto
esperavam dia após dia, travaram conhecimento com um pequeno grupo de cristãos.
Paulo não lhes ministrou, mas encontrou entre eles aquele que veio a ser seu
melhor amigo: Lucas. O médico amado, escritor do Evangelho que lhe leva o nome
e do livro de Atos, juntou-se aos três viajantes em Trôade. Ele já era cristão
e, apesar de muito respeitado como médico, estava disposto a passar a vida
curando almas.
*Há
divergências quanto à nomenclatura utilizada. Trôade não deve ser confundida
com a Tróia dos relatos de Homero.
O Chamado para
a Macedônia
Certa noite,
DEUS falou a Paulo num sonho. Paulo podia ver as ilhas da Grécia estendendo-se
como uma ponte sobre o mar Egeu, até as ilhas distantes... Um homem da
Macedônia, de pé, com os braços estendidos, suplicava-lhe que cruzasse o mar e
fosse ajudá-lo e a seus conterrâneos. O chamado há tanto esperado chegara
afinal. O suspense terminara. Pela manhã, Paulo contou o sonho a Silas, Timóteo
e Lucas, e todos concordaram que o Senhor queria que fossem à Europa. Não havia
tempo a perder. Naquela mesma manhã, com suas bagagens às costas, saíram à
procura de um navio que fosse para o Ocidente. Quando a fresca da noite desceu
sobre a cidade e o vento sul assoprou, o navio desfraldou as velas iniciando a
jornada de 160 quilômetros, que levaria os apóstolos até Filipos, na Macedônia.
No dia
seguinte, alcançaram a ilha de Samotrácia; à noite, desembarcaram em Neápolis.
Após uma noite de descanso, fizeram uma viagem curta, pegando a estrada
pavimentada que seguia o rio para o interior, até a cidade de Filipos.
A Obra de Paulo
em Filipos
"Passa à
Macedônia e ajuda-nos!" tinha sido o grito do macedônio. É claro que a
ajuda de que precisavam não se tratava de instrução. Pois eles tinham escolas
muito melhores que as da Judéia. Tão pouco necessitavam ajuda para se tornarem
fortes ou ricos. Filipos tinha riqueza, e aqueles quatro homens nada poderiam
lhes acrescentar. O que nem os romanos nem os gregos possuíam era a felicidade
verdadeira. Os prazeres eram abundantes, mas sem CRISTO não havia como serem
saciados. Filipos tinha sido capturada anos antes por Roma, e muitos cidadãos
romanos vieram morar na cidade. Ela tornara-se parte do grande Império Romano
que se estendia por toda a terra, desde a Bretanha até a Palestina. Era agora
uma colônia livre de impostos, e tinha entre seus habitantes muitos romanos de
alta categoria.
Não havia
sinagoga na cidade, porque o número de judeus era pequeno. Os poucos que havia
reuniam-se todos os sábados para orar num lugar afastado, fora da cidade, às
margens de um rio. O pequeno grupo compunha-se em sua maioria de mulheres.
Algumas delas eram prosélitas que, abandonando a idolatria, haviam encontrado
na religião de Israel algo infinitamente melhor.
Lídia, a
Vendedora de Púrpura
Os quatro
homens destacavam-se entre as mulheres. E quando Paulo começou a pregar, o
coração de uma determinada gentia comoveu-se grandemente. Tratava-se de Lídia,
comerciante de Tiatira, do outro lado do mar. Lídia era uma viúva que se vira
forçada a manter o próprio negócio, como vendedora de tecidos feitos de
púrpura. Tiatira era conhecida pela sua tinta de púrpura, e Lídia enriquecera
vendendo suas mercadorias às mulheres romanas da cidade.
O coração de
Lídia sensibilizou-se com o sermão. Ela cria no DEUS dos hebreus e, como eles,
esperava o Messias. Paulo pregou. O ESPÍRITO de DEUS abriu o coração dessa
mulher especial, e ela recebeu JESUS. As margens do rio, tendo as outras
mulheres por espectadoras, Lídia foi batizada. E toda a sua casa seguiu-lhe o
exemplo!
Grande
hospitaleira, Lídia insistiu que Paulo e seus companheiros ficassem em sua
casa. A princípio eles rejeitaram o oferecimento para não a constranger. O
plano de Paulo fora sempre sustentar-se com a fabricação de tendas, mas Lídia
não aceitou qualquer desculpa e obrigou-os a acatar o convite.
No decorrer das
semanas, os quatro homens não perderam qualquer oportunidade de dar testemunho
de CRISTO. Todos os sábados, reuniam-se no lugar de oração dos judeus, junto ao
rio, e falavam aos presentes sobre as riquezas insondáveis do Evangelho. Só algumas
mulheres se tornaram cristãs. Evódia e Síntique creram, juntamente com dois
homens - Epafrodito e Clemente - e alguns outros cujos nomes constam do Livro
da Vida. Ainda que os resultados fossem pequenos, eram reais. Paulo animou-se a
ficar e pregar não só perto do rio, mas também nos bazares e praças.
A ESCRAVA
(Ptonisa)
Tudo parecia ir
bem, quando a oposição surgiu de fonte inesperada. Havia uma jovem escrava
possuída por um espírito maligno, que fazia adivinhações. As pessoas
procuravam-na para conhecer o futuro, e seus donos muito lucravam com o preço
das consultas. Ela atraía homens inseguros que não se aventuravam a fazer
negócios, ou resolver casos de amor, sem primeiro consultar um médium que
afirmasse manter contato com o mundo espiritual.
Da mesma forma
que o espírito maligno reconhecera JESUS como o Filho de DEUS, o espírito nessa
moça percebeu que os apóstolos eram enviados do Senhor. Seguindo-os diariamente
pelas ruas e na praça do mercado, a escrava gritava aos passantes: "Esses homens,
que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do DEUS Altíssimo" (At
16.17). Seus donos ficaram aborrecidos, mas ela não se importou porque na
verdade os odiava. A mensagem de Paulo cativara-a de tal forma, que ela
esperava todos os dias na rua até que os apóstolos aparecessem.
Paulo, no
entanto, não se agradou do testemunho dos demônios. Indignado com aquela
importunação diária, voltou-se à escrava e ordenou, em nome do Senhor JESUS,
que o espírito a deixasse. A moça ficou parada, atônita; estava finalmente
livre, senhora de suas faculdades.
A Prisão de
Paulo e Silas
Vendo seu meio
de vida ser tirado por aqueles judeus, os donos da escrava ficaram furiosos.
Enraivecidos, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram pelas ruas, gritando aos
que passavam. Uma grande multidão os acompanhou, pensando tratar-se de algum
ladrão. Paulo e Silas foram levados à praça do mercado, sob a acusação de
haverem perturbado a paz. Foi fácil colocar o povo contra eles, uma vez que os
judeus eram muito odiados. O imperador Cláudio não mandara banir todos os
judeus de Roma?
Numa
extremidade da praça, dois magistrados romanos estavam sentados numa plataforma
elevada, sob um dossel que os abrigava do sol. A tarefa deles era ouvir e
julgar as queixas do povo. Esse foi o primeiro tribunal de justiça. Arrastando
os apóstolos pelas vestes e pelos cabelos, os perseguidores levaram-nos aos
magistrados.
"Esses
homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade." Acusaram-nos aos
berros. "E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar,
visto que somos romanos" (At 16.20-21). A multidão gritava: "Fora com
eles! Fora com os judeus!"
Os magistrados
deixaram-se convencer. Não permitiram aos prisioneiros qualquer julgamento ou
defesa. Se soubessem que Paulo era cidadão romano, sem dúvida o tratariam com
respeito, mas nada lhe perguntaram. Os juizes deram ordens para que fossem
publicamente açoitados. Depois de descobrirem as costas dos presos, os pretores
avançaram e levantaram as varas. Enquanto os apóstolos encolhiam-se de dor sob
os açoites, a plebe gritava: "Prendam os judeus!"
Machucados e
sangrando, Paulo e Silas foram levados à prisão e entregues ao carcereiro, com
instruções para guardá-los com toda a segurança. Os dois foram então levados
para um cárcere interior, onde ficaram com os pés presos ao tronco. Ao
deixá-los naquele lugar úmido e frio, o carcereiro ficou imaginando o porquê
daqueles homens que não pareciam marginais serem julgados tão perigosos.
Na casa de
Lídia, Timóteo e Lucas passaram uma noite angustiosa, e oraram em companhia da
dona da casa e de outros cristãos. Mas não foram os únicos a orar: Paulo e
Silas também não conseguiam dormir. Suas costas continuavam doendo por causa
dos açoites e o tronco tornava o sono impossível. Entretanto, podiam orar, e
foi o que fizeram. A paz caiu sobre eles, e começaram a cantar alguns dos
salmos que conheciam desde a infância - salmos de louvor a DEUS. "O Senhor
é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha
vida; de quem me recearei?" (SI 27.1).
A Conversão do
Carcereiro
Aqueles sons no
meio da noite eram sem dúvida estranhos. Os outros prisioneiros estavam
acostumados com gemidos e maldições, mas jamais tinham ouvido algo assim. O que
poderia ser? Estavam escutando os cânticos em silêncio quando, de repente, um
som baixo e ameaçador fez-se ouvir. Aquilo que a princípio parecia um trovão à
distância foi aumentando cada vez mais. O chão começou a tremer. Um terremoto!
O chão balançava, subindo e descendo; as portas foram arrancadas dos batentes e
as cadeias dos prisioneiros abriram-se, libertando-os.
O carcereiro
acordou com o choque. Saltando da cama, seu primeiro pensamento foi para os
prisioneiros sob seus cuidados. Teria algum escapado? Em caso afirmativo, como
se explicaria com Roma? Ao primeiro olhar, viu que as portas estavam
escancaradas. Lá estava a pesada porta de madeira, arrancada dos gonzos. Com
uma tocha na mão, apressou-se pelo corredor.
As celas
interiores estavam danificadas; suas portas, completamente abertas. O homem
puxou rapidamente a espada. Era melhor acabar logo com tudo, escapando ao
horror de um julgamento e da execução pública. Paulo viu quando ele pôs a
espada na garganta para suicidar- se. Uma voz alta e clara, saída da escuridão,
assustou o carcereiro: "Não te faças nenhum mal, que todos aqui
estamos" (At 16.28).
Trêmulo, ele
pegou a tocha e entrou na cela, onde caiu prostrado aos pés de Paulo e Silas. O
homem sentia-se tremendamente perplexo. Não conseguia entender porque não
haviam escapado. Paulo explicou-lhe que eram cidadãos romanos e não tinham
necessidade de fugir; além disso, eram servos do Senhor DEUS e levavam a
mensagem de salvação aos gentios.
Encontrado o
caminho que procurara durante toda a vida, o carcereiro exclamou:
"Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?" (16.30).
Sem hesitar,
Paulo respondeu: "Crê no Senhor JESUS CRISTO e serás salvo, tu e a tua
casa" (16.31).
No pátio da
prisão, com a poeira do terremoto ainda pesando no ar e o ruído da confusão nas
ruas escuras lá fora, Paulo pregou as boas-novas de grande alegria, e explicou
o significado de crer. Imediatamente, o brutal carcereiro passou das trevas
para a luz.
Solícito, levou
os apóstolos para sua casa, onde se achavam sua esposa e filhos. Ali,
lavou-lhes as costas doloridas. Depois de limpar o sangue, esfregou unguento
nas feridas abertas pelas varas dos pretores. Naquela noite Paulo contou-lhes
tudo sobre JESUS e, antes do dia amanhecer, uma família inteira tornou-se
cristã e foi batizada.
Quando raiou o
dia, mensageiros dos magistrados bateram à porta da prisão. Traziam uma
mensagem amedrontada dos seus senhores: "Soltai aqueles homens" (v.
35).
Na mente dos
magistrados estava claro que a catástrofe fora um castigo de DEUS por terem
colocado dois de seus servos na prisão. Entretanto, quando o carcereiro levou a
Paulo e Silas a notícia da sua liberdade, estes não a receberam de bom grado.
Diga a seus
senhores - declarou Paulo - que somos romanos e eles não podem encobrir sua
injustiça, livrando-se de nós às ocultas.
Paulo conhecia
os direitos da cidadania romana; podia apelar à própria Roma, se quisesse.
Sabia que os magistrados estavam agora à sua mercê.
Diga aos seus
senhores que venham pessoalmente e nos ponham em liberdade.
Os orgulhosos
magistrados, com medo de perderem o cargo, viram que não havia outra opção
senão atender ao desejo dos prisioneiros. Sem perda de tempo, apresentaram suas
humildes desculpas em pessoa, suplicando aos apóstolos que nada dissessem sobre
o erro cometido, e deixassem a cidade o mais rápido possível. Eles levaram
Paulo e Silas para a rua e, publicamente, os libertaram.
Os apóstolos
não deixaram imediatamente a cidade. Procuraram a paz e tranquilidade da casa
de Lídia, até que suas feridas sarassem e pudessem viajar. Receberam os
cuidados de Timóteo e do doutor Lucas, e foram visitados pelos poucos que
haviam levado a CRISTO.
A Primeira
Igreja na Europa
Durante aqueles
dias de restabelecimento, Paulo e Silas tiveram a alegria de acolher na nova
igreja de Filipos ao homem que lhes prendera os pés ao tronco, assim como todos
os de sua casa. Mediante sofrimento e fidelidade, o pequeno grupo cresceu até
tornar-se uma das mais fortes igrejas.
Quando Paulo e
Silas sentiram-se suficientemente curados para deixar Filipos, despediram-se
dos crentes e partiram para Tessalônica, a capital da Macedônia. Lucas e
Timóteo ficaram em Filipos por algum tempo, a fim de fortalecer a igreja.
A estrada que
os dois apóstolos escolheram era a melhor da província, pavimentada com blocos
de mármore. Depois de cerca de 169 quilômetros, chegaram a Anfípolis, uma
cidade maior que Filipos. Ansiosos, não ficaram ali; prosseguiram para o sul e
para o oeste, passando por Apolônia e descendo a grande Via Inácia, até a
cidade que Alexandre, o Grande, chamara de Tessalônica, em homenagem à sua
irmã.
Paulo em
Tessalônica
Ao sair da
região montanhosa, eles contemplaram as águas azuis do golfo e entraram na
cidade passando por um enorme arco de mármore, esculpido com cinco cabeças de
touros enfeitadas de guirlandas. Esse monumento era uma lembrança perpétua de
que Otávio e Antônio haviam ganho a batalha de Filipos. Tessalônica, por ter
apoiado os generais conquistadores, tornara-se uma cidade livre. Isto
significava que podia escolher seus próprios magistrados, livrar-se das
guarnições romanas, e não se sujeitar de forma alguma ao governador romano da
Macedônia.
Os apóstolos
hospedaram-se na casa de Jasom, parente de Paulo, e testemunharam na sinagoga
durante três sábados. Paulo começava com as profecias do Antigo Testamento,
explicando aos conterrâneos que elas foram cumpridas em JESUS de Nazaré. Alguns
murmuraram depois de seus apelos veementes, e os líderes da sinagoga
opuseram-se à sua doutrina, proclamando que era falsa. Todavia, outros creram e
tornaram-se amigos de Paulo, seguindo-o por toda parte e encorajando-o em sua
pregação. A maioria dos convertidos era formada por prosélitos gregos e esposas
de oficiais, que haviam abandonado os ritos imorais da adoração aos ídolos.
Elas haviam encontrado no Judaísmo uma religião onde a mulher era respeitada.
Paulo e Silas
não se limitaram a pregar apenas na sinagoga, mas aproveitavam todas as
oportunidades para dar testemunho de JESUS. Em três semanas, conseguiram reunir
um número suficiente de cristãos para formar uma igreja. Não perderam tempo. Os
cristãos reuniam-se todas as noites com Paulo e Silas, que lhes explicavam as
verdades do Evangelho. À medida que outros enxergavam a luz, também eram
recebidos na congregação. Estabelecer uma igreja em três semanas era uma tarefa
colossal, mas foi o que Paulo e Silas fizeram, não só levando os convertidos a
CRISTO como também instruindo-os na fé. Antes dessas breves semanas terminarem,
Paulo falou-lhes sobre a volta do Senhor e os sinais dos tempo. Advertiu-os
sobre o abandono da fé, que precederia a vinda do anticristo.
Paulo É
Obrigado a Deixar Tessalônica
Paulo era um
trabalhador incansável, capaz de formar uma comunidade forte de cristãos quase
da noite para o dia. Mas, como de costume, os judeus incrédulos levantaram-se
contra ele. Instigaram um grande grupo de malfeitores, que rodearam a casa de
Jasom atirando pedras no pátio e exigindo que Paulo e Silas lhes fossem
entregues. Enfurecidos, derrubaram a porta e procuraram em cada aposento,
descobrindo que os dois não se encontravam na casa. Jasom providenciara em
tempo a fuga de ambos, mas ele mesmo não escapou. A turba agarrou-o, como
também a outros cristãos, e arrastou-os até a praça do mercado, onde as
autoridades mantinham seu tribunal:
Esses que têm
alvoroçado o mundo chegaram também aqui, os quais Jasom recolheu. Todos esses
procedem contra os decretos de César, dizendo que há outro rei, JESUS (At
17.6,7).
A acusação era
grave e não podia ser ignorada. Os magistrados tomaram nota e ficaram muito
perturbados; o assunto poderia acabar em desastre. Ordenaram que Jasom e seus
amigos pagassem fiança e voltassem no dia do julgamento.
Como Jasom era
homem de posses, a fiança foi paga e todos tiveram permissão de voltar para
casa. Naquela mesma noite, depois de conferenciarem, os irmãos procuraram Paulo
e Silas e explicaram como seriam prejudicados se eles ficassem. Então, enquanto
a cidade dormia, os dois saíram disfarçados pelos portões, e dirigiram-se ao
sul, para a cidade de Beréia.
A Acolhida em
Beréia
Timóteo
juntou-se a Paulo e Silas em Beréia. Ele chegara de Filipos, onde ficara com
Lucas para fortalecer a igreja, e encontrou-os na sinagoga. Timóteo sabia que
era costume de Paulo procurar a casa de adoração dos judeus, portanto esperou
lá por ele. Quando os apóstolos chegaram, ensinaram na sinagoga que JESUS era o
CRISTO e provaram isso pelas Escrituras. Paulo ficou surpreso e contente ao ver
que os judeus o ouviam sem fazer oposição. De fato, mostraram verdadeiro
interesse, devorando cada palavra pregada. A seguir, foram buscar os grandes
rolos guardados numa caixa por trás da cortina azul, e examinaram
diligentemente as palavras de Isaías, de outros profetas e da Lei de Moisés,
traçando a história do Messias até no seu livro de hinos. Não aceitariam a
mensagem até provarem pelas Escrituras a sua autenticidade. Ao descobrirem que
as citações de Paulo não continham qualquer erro, receberam alegremente a
mensagem e creram em JESUS.
Tudo ia bem até
que as notícias chegaram a Tessalônica, levadas por algum judeu ingênuo, que
não pretendia fazer mal. Uma onda de oposição rebentou quase que imediatamente
sobre a igreja recém-formada. Um bando de judeus zelosos precipitou-se de
Tessalônica e, com mentiras, incitaram os membros da sinagoga contra Paulo.
Principal alvo do ataque maldoso, Paulo achou melhor seguir o conselho dos
irmãos e deixou a cidade.
Atenas, uma
Cidade Idolatra
Um grupo de
cristãos conduziu Paulo ao porto de Dio, onde ele embarcou para Atenas, a maior
cidade da Grécia. Seus amigos acompanharam-no até chegar a Atenas, mas
deixaram- no ali e regressaram.
Silas e Timóteo
ficaram em Beréia para fortalecer os cristãos. Quando terminassem o trabalho,
iriam encontrar-se com Paulo em Atenas. Ambos permaneceram com relativa
segurança em Beréia, pois os inimigos achavam que, sendo Paulo o chefe, não
precisavam preocupar-se com eles.
Depois da
retirada dos amigos, Paulo ficou absolutamente só em uma das cidades mais belas
do mundo: Atenas - a "Mãe da Grécia". A cidade era dominada pela
Acrópole, um monte com a parte superior plana e rochosa, que servia de base a
vários templos. Quinhentos anos antes, Atenas estivera no apogeu da sua glória,
mas desde que fora saqueada pelos romanos, encontrava-se sob o seu domínio.
Paulo estivera em muitas cidades, mas nunca visitara um lugar tão belo e cheio
de esculturas de mármore brilhando ao sol. Os edifícios em estilo clássico eram
elegantes e graciosos. O povo era culto e orgulhava-se de sua liberdade de
pensamento. Arquitetura, pintura, escultura e grandes bibliotecas podiam ser
encontradas em toda parte. Ao longo de cada rua, e em cada praça, havia
estátuas e altares - santuários construídos para a adoração de muitos deuses.
Paulo ficou surpreso ao ler as inscrições. Seu coração acelerou-se ao admirar o
esplendor das estátuas, algumas feitas por Fídias, o maior de todos os
artífices em mármore. Mas também se apiedou ao pensar na cegueira do povo
ateniense.
Naquelas mesmas
ruas e naquela mesma praça ao pé da Acrópole, Sócrates ensinara ao povo; Platão
instruíra seus seguidores naquele mesmo lugar; Demóstenes, o grande orador, era
uma lembrança do passado. A marca de todos eles foram deixada na cultura daquele
povo altivo. Abaixo dos templos da Acrópole, ficava o teatro de Dionísio com
seus assentos de mármore estendendo-se sobre o vale. Todas as noites as
multidões aglomeravam-se nele para assistir às importantes peças teatrais. Não
havia dúvida de que aquele povo era o mais inteligente, refinado e complacente
que Paulo já encontrara.
O apóstolo
alojou-se perto da sinagoga e decidiu ficar ali até a chegada de Silas e
Timóteo. Porém não estava satisfeito. Aqueles ídolos e seus templos não lhe
suscitaram admiração, mas preocupação e piedade. Gostaria que todos fossem
derrubados e, ao invés da confusão dos deuses, o povo pudesse ver o DEUS vivo e
verdadeiro. Todas aquelas estátuas desonravam ao Senhor, e Paulo queria ver em
Atenas uma igreja que apagasse cada ídolo do coração de seus habitantes.
No sábado, ele
foi pregar o Evangelho aos seus conterrâneos na sinagoga, mas não conseguiu
ganhar nenhum deles. Desanimado, saiu de lá e começou a pregar nas ruas e
praças. Muita gente dispôs-se a ouvi-lo; havia nas ruas um grande número de
pessoas que apreciavam uma discussão. Elas passavam o dia indo de um filósofo a
outro, à procura de alguma doutrina nova que pudesse tornar-se moda em Atenas.
Em toda parte,
havia sinais de idolatria. Queimavam incenso diante de cada imagem. Num altar
próximo, Paulo viu mulheres levantando as crianças até o ídolo, num
oferecimento. O apóstolo sentiu o coração confranger-se ao ver a cidade
completamente entregue à idolatria.
Certo dia,
descobriu numa única rua os templos de Atena, Artemis e Afrodite. Ao lado deles
havia altares dedicados à Guerra, Fama, Piedade e Modéstia. Em toda a cidade
havia três mil estátuas e altares onde os atenienses ofereciam sua adoração
vazia. Paulo leu muitas inscrições enquanto caminhava pelas ruas, e ficou
imaginando como um povo tão religioso poderia ser tão cego. Sondou as faces das
pessoas e percebeu que estavam cansadas dos seus deuses.
Alguns
filósofos, estóicos e epicureus, encontraram Paulo numa praça e indagaram: Que
quer dizer esse paroleiro?... Parece que é pregador de deuses estranhos...
Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas? Pois coisas
estranhas nos trazes aos ouvidos: queremos, pois, saber o que vem a ser isso
(At 17.18-20).
O Sermão da
Colina de Marte (Areópago)
Logo depois do
mercado barulhento, na metade do caminho que levava aos templos da Acrópole,
ficava um semicírculo rochoso, conhecido como a colina de Marte. Paulo foi
conduzido a esse lugar para contar sua história.
Varões
atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; porque, passando eu e
vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO
DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais não o conhecendo, é o que eu vos
anuncio
(At 17.22,23).
Imediatamente
interessada, a plateia inclinou-se à escuta. Com um olhar para o conjunto de
templos no topo do monte, e ao próprio Parthenon - edifício mais perfeito do
mundo - Paulo continuou:
O DEUS que fez
o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em
templos feitos por mãos de homens. Nem tão pouco é servido por mãos de homens,
como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida,
a respiração e todas as coisas. E de um só fez toda a geração dos homens para
habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados
e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura,
tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós. Porque
nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas
disseram: Pois somos também sua geração.
Sendo nós,
pois, geração de DEUS, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao
ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos
homens" (At 27.24-29).
A audiência
agradou-se do discurso e, animada, ficou à espera de mais. Sem dúvida, ali
estava alguém de grande cultura. Era judeu, mas conhecia os poetas gregos. E
Paulo então continuou:
Mas DEUS, não
tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em
todo o lugar, que se arrependam. Porquanto tem determinado um dia em que com
justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu
certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos (At 1730-31).
Um cascatear de
risos ouviu-se entre o povo, quando ele falou em ressurreição. "Esse homem
deve estar louco para pregar tais asneiras!" E não quiseram mais ouvi-lo.
Alguns mais
educados sugeriram que o ouviriam noutra ocasião, mas Paulo percebeu tratar-se
de uma desculpa amável para se livrarem dele.
O apóstolo já
encontrara todas as formas de oposição, mas aquela era a primeira vez que
alguém ria de suas palavras. Isso silenciou-o mais que os insultos e pedradas.
Com um sentimento de fracasso, deixou a colina de Marte; desceu às praças logo
abaixo e perdeu-se na multidão. Enquanto lutava com a crescente sensação de
desânimo, ouviu passos às suas costas. Voltando-se, deparou com um pequeno
grupo de homens e mulheres que se apressava para alcançá-lo. Seus rostos eram
amigáveis; queriam fazer mais perguntas sobre a nova doutrina. Dionísio, um
membro do conselho da sinagoga de Atenas, e uma mulher chamada Damaris, além de
outros atenienses não nomeados, creram em suas palavras e receberam a JESUS
CRISTO.
Paulo começou a
inquietar-se em Atenas. Pensava nos cristãos de Beréia, onde Silas e Timóteo se
encontravam, e imaginava a razão de não ter notícias de lá. Sentiu-se tentado a
viajar novamente para o norte e até planejou voltar a Tessalônica, mas as circunstâncias
o impediram. Será que o longo silêncio significava oposição? Teriam os judeus
de Tessalônica continuado a perseguir Silas e Timóteo? Paulo temia pela igreja
de Tessalônica. A perseguição ali fora penosa, e ele ficava a pensar se a fé
dos irmãos resistiria à prova. Ele só estivera com aqueles crentes durante três
semanas...
Paulo em
Corinto
Não mais
suportando a longa espera, Paulo enviou um cristão ateniense para indagar sobre
o bem-estar dos crentes de Tessalônica, e deixou uma mensagem avisando que ia
para Corinto. Se Timóteo e Silas chegassem, deveriam ir à capital, onde ele os
esperaria.
Com uma
sensação de liberdade, deixou para trás Atenas e seus templos de mármore. A
lembrança dos risos no dia em que pregou sobre o CRISTO ressurreto ainda
queimava-lhe no peito. Perguntava-se porque o Senhor não lhe dera mais almas
naquela cidade.
Com o espírito
abatido, Paulo encontrou um navio que ia para Corinto, capital da Acaia.
Sabendo que seu dinheiro estava acabando, começou a questionar o significado
exato da visão sobre o homem da Macedônia. Até então, só tivera uma série de
decepções; fugira de cada cidade a fim de salvar a vida, deixando aos
companheiros de viagem a tarefa de estabelecer a nova igreja.
Áquila e
Priscila
Embora
desanimado, Paulo procurou um local onde pudesse usar a arte que aprendera em
Tarso. Encontrou uma rua onde os fabricantes de tendas tinham suas lojas, e
entrou na oficina de Áquila. O Senhor parecia tê-lo encaminhado justamente
àquele lugar, pois Áquila era um refugiado judeu banido de Roma pelo imperador
Cláudio. Ele e sua mulher, Priscila, haviam se estabelecido no negócio de
tendas em Corinto, poucas semanas antes da chegada de Paulo.
Áquila gostou
da ajuda extra, e Priscila, ao saber que Paulo era judeu, acolheu-o de bom
grado. Bastaram alguns dias de trabalho para que Áquila apreciasse ainda mais a
habilidade de Paulo na fabricação de tendas. Enquanto costurava o couro, Paulo
contava as maravilhosas experiências que tivera; como DEUS o protegera das
dificuldades e o livrara da prisão. O casal ficou espantado por aquele artesão
ter sido um rabino, e haver perseguido ardentemente a seita dos nazarenos.
Pouco a pouco, abriram seus corações a CRISTO e foram salvos.
A antiga
Corinto, mais velha que Atenas, tivera tantas batalhas travadas em suas ruas
que só restaram ruínas. Reconstruída por Júlio César, era agora uma bela cidade
e, durante cem anos, ocupara na Grécia uma posição de proeminência. Grande
centro comercial, atraiu logo os judeus da região. A adoração à Afrodite, deusa
do amor, também se centralizava ali. Famosa por suas riquezas e inclinação aos
prazeres e vida fácil, Corinto tornou-se símbolo do pecado. Marinheiros e
mercadores do mundo inteiro levavam a história de Corinto às suas terras,
aumentando-lhe a fama de pecado e encanto.
Paulo foi
apresentado na sinagoga como um judeu que frequentara o templo de Jerusalém, e
recebeu permissão para falar. Mas discursou com um sentimento de fraqueza.
Embora houvesse argumentado, provado e persuadido tanto judeus quanto gregos,
teve de lutar contra o crescente desânimo que começara a envolvê-lo.
SILAS, TIMÓTEO
E PAULO EM CORINTO
Silas e Timóteo
finalmente chegaram. Tinham estado em Atenas e souberam que Paulo havia partido
para Corinto. Que alívio os ver e ouvir as notícias! Agora Paulo sabia que não
estavam presos e que tudo ia bem. E as igrejas de Beréia e Tessalônica? Tinham notícias
de Lucas em Filipos? Os cristãos estavam firmes?
Sim, as
notícias eram boas. As igrejas em toda parte continuavam firmes na fé. E mais:
estavam testemunhando em toda a Macedônia e muitos haviam se rendido a CRISTO
nas últimas semanas. DEUS estava operando nas igrejas e abençoando o testemunho
de seus seguidores. Os irmãos não haviam esquecido Paulo; lembravam-se
diariamente dele em suas orações, do mesmo modo que este se lembrava deles.
Como demonstração do seu amor, tinham enviado uma oferta em dinheiro para o seu
sustento; assim, em vez de trabalhar, Paulo poderia dedicar-se integralmente ao
ministério. O coração do apóstolo alegrou-se grandemente ao ouvir essas
notícias. Seu desânimo desapareceu como a neblina da manhã ao nascer do sol. O
antigo zelo voltou, e com grande vigor, deu início a uma campanha para a
conversão dos coríntios.
Quando, porém,
os judeus se lhe opuseram, blasfemando contra o Senhor, Paulo os abandonou,
advertindo-os de que o sangue deles cairia sobre as suas próprias cabeças.
"Desde
agora parto para os gentios" (At 18.6).
E foi o que
fez. Como resultado, muitos coríntios creram e foram batizados. Todavia, antes
de partir, teve a grande alegria de ganhar Crispo, o principal da sinagoga. Seu
coração aqueceu-se ao vê-lo ser batizado com a mulher e os filhos!
Depois da
chegada de Timóteo e Silas, a casa de Áquila ficou pequena para abrigar todos
eles. Foram então alojar-se ao lado da sinagoga, na casa de um cristão chamado
Justo. Paulo, porém, continuou trabalhando sempre que necessário.
Com o passar
dos dias, a enorme tarefa de testemunhar àquela cidade sem CRISTO começou a
pesar-lhe nos ombros. Enquanto refletia no assunto, um temor sorrateiro foi
tomando conta de seu coração. Corinto era, indiscutivelmente, a cidade mais
perversa do mundo, e Paulo perguntava a si mesmo se haveria ali qualquer
esperança de sucesso.
Certa noite,
deitado em seu leito na casa de Justo, Paulo teve uma visão. O Senhor disse-lhe
palavras semelhantes às que DEUS dissera a Josué, muitos anos atrás, quando o
coração dele se acovardara:
Não temas, mas
fala e não te cales. Porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te
fazer mal, pois tenho muito povo nessa cidade (At 18.9,10).
Isso era tudo o
que Paulo precisava saber. Lembrou-se então do dia em que estivera face a face
com JESUS, na estrada de Damasco, e pôde ouvir novamente as palavras do Senhor
repetidas por Ananias:
Esse é para mim
um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos
filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome (At
9.15,16).
Paulo passou a
pregar com zelo renovado. Os missionários trabalharam durante um ano e meio,
procurando converter homens e mulheres, tanto judeus quanto gentios. Empregavam
todos os esforços para trazê-los das trevas do pecado para a família de DEUS.
Muitos vieram a conhecer a verdade e separaram-se da sua antiga e corrupta
religião, ganhando uma nova vida em CRISTO.
A Primeira
Epístola Aos Tessalonicenses
Paulo ficou tão
comovido com a oferta de Tessalônica e o relatório positivo a respeito daquela
igreja, que resolveu escrever-lhes uma carta. Esta pode ter sido a sua primeira
carta. Era dirigida a todos os discípulos de Tessalônica, e elogiava-os por sua
firmeza na fé, mesmo em face à perseguição. Agradecido pela ajuda, Paulo
escreveu-lhes uma carta de conselhos paternais, recordando-lhes os ensinamentos
que lhes ministrara, e insistindo para que crescessem na graça e andassem como
verdadeiros filhos de DEUS. Deveriam ser cada vez mais profícuos no testemunho
e no viver diário, atentos à aproximação da volta do Senhor para buscar os
salvos - tanto os mortos como os vivos. Era uma linda carta, expressando o
afeto do apóstolo por seus filhos na fé.
Paulo e seus
amigos demoraram-se bastante em Corinto, e seu ensino teve maior sucesso ali
que em qualquer outro lugar. A igreja aumentava a cada dia, à medida que o povo
mais humilde se tornava cristão. Mas nem tudo foi fácil e bem-sucedido; alguns
judeus detestaram a mensagem de Paulo, e ficaram à espera de uma oportunidade
para dar vazão ao seu ódio. Certo dia, conforme planejado, eles incitaram um
grupo de ociosos a agarrarem o apóstolo enquanto este pregava. Paulo foi levado
diante do tribunal de Gálio, o procônsul romano. Gálio era um homem bondoso;
recebera o cargo porque o imperador Cláudio conhecia a sua sabedoria e
capacidade. Diante de Gálio, os judeus não sabiam como apresentar uma acusação
válida contra aquele prisioneiro que não oferecia resistência. A única acusação
que podiam formular era fraca aos seus próprios ouvidos. Não podiam culpar o
apóstolo de perturbar a paz ou instigar uma revolta, e disseram contrafeitos:
"Esse persuade os homens a servir a DEUS contra a lei" (At 18.13).
Enquanto Paulo
preparava-se para responder à acusação, Gálio levantou-se e declarou:
Se houvesse, ó
judeus, algum agravo ou crime enorme, com razão vos sofreria. Mas, se a questão
é de palavras, e de nomes, e da lei que entre vós há, vede-o vós mesmos; porque
eu não quero ser juiz dessas coisas (At 18.14,15).
Impaciente e
irado, expulsou-os do tribunal. Muitos gregos que haviam testemunhado a cena
ressentiram-se contra os judeus. Ofendidos, agarraram Sóstenes, o principal da
sinagoga, e espancaram-no diante do tribunal. Gálio ficou sentado calmamente,
sem aplaudir nem censurar. Desde que a raiva deles não fosse dirigida a Roma,
tudo o mais lhe era indiferente.
Depois de
vários meses, o homem que levara a primeira carta de Paulo a Tessalônica voltou
e contou como a epístola fora recebida. Ela resolvera algumas das dificuldades
dos tessalonicenses, mas aparentemente suscitara outras, especialmente com
respeito à volta de CRISTO. Alguns entenderam que o tempo era tão curto, que
deveriam parar de trabalhar e viver do que haviam poupado, pois em questão de
dias, seriam recebidos nos céus para estar com o Senhor.
A Segunda
Epístola aos Tessalonicenses
Paulo discutiu
o problema com Silas e Timóteo e decidiu enviar uma segunda carta. Elogiou os
tessalonicenses por sua paciência na tribulação e suplicou-lhes que não se
deixassem perturbar com palavras de homens ou cartas falsas, que julgavam ser
dele. Alguém lhes forjara uma carta em nome de Paulo, afirmando que a volta de
CRISTO aconteceria naqueles dias, e que talvez até já houvesse acontecido.
Paulo recordou-lhes o grande plano de DEUS; lembrou-os de que nos últimos dias
muitos se desviariam do Senhor, e o homem da iniquidade viria para se opor a
tudo o que era de DEUS. Assegurou-lhes ainda de que as perseguições que estavam
sofrendo não eram, absolutamente, a Grande Tribulação:
Então, irmãos,
estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra,
seja por epístola nossa. E vós, irmãos, não vos canseis de fazer bem. Mas, se
alguém não obedecer à nossa palavra por essa carta, notai o tal, e não vos
mistureis com ele, para que se envergonhe (2 Ts 2.15; 3.13-14).
A Volta de
Paulo a Antioquia da Síria
Pouco depois
desses acontecimentos, Paulo admitiu que a igreja de Corinto já estava
suficientemente forte; podia deixá-la e dedicar-se a outro trabalho. De algum
modo, sentiu-se impelido a voltar a Antioquia da Síria. Queria igualmente
visitar Jerusalém por ocasião da festa. Áquila e Priscila estavam indo para
Éfeso, e Paulo decidiu ir com eles. Silas e Timóteo não os acompanharam;
permaneceram em Corinto para continuar o trabalho.
A viagem
marítima para Cencréia, porto de Corinto, foi agradável e sem incidentes. O
navio permaneceu em Éfeso o tempo suficiente para Paulo visitar a sinagoga,
onde discutiu com os judeus e mostrou-lhes JESUS, o CRISTO das Escrituras. Os
judeus não se opuseram ao apóstolo dos gentios, nem à sua mensagem. Ao
contrário, pediram-lhe que ficasse mais tempo. Não sendo possível, Paulo
prometeu visitá-los em breve. Deixando Áquila e Priscila testemunhando em
Éfeso, voltou ao navio que o levou em segurança para Cesaréia, o porto mais
próximo de Jerusalém.
Não se demorou
na cidade santa. Sua principal preocupação ali era visitar outra vez a
igreja-mãe. A época era de festa e as ruas estavam repletas de peregrinos.
Paulo cumprimentou os cristãos e renovou sua amizade com Tiago, Pedro e os
demais discípulos que se reuniam na casa de Maria. Depois voltou a Antioquia, a
igreja que o enviara em todas as suas viagens.
A TERCEIRA
VIAGEM MISSIONÁRIA
Já fazia um ano
que Paulo prometera aos judeus de Éfeso voltar e continuar ali o seu
ministério. O apóstolo pensava muito neles e em Áquila e Priscila que lá
ficaram testemunhando. Durante todo o inverno, e até fins do verão seguinte,
ele permaneceu em Antioquia. Sabia que se tivesse de viajar para a Ásia Menor,
seria necessário partir antes que as neves do inverno bloqueassem as passagens
das montanhas.
A Terceira
Viagem Missionária
Quando os
cristãos de Antioquia souberam que o apóstolo Paulo estava planejando uma
terceira viagem, não ficaram surpresos. Entristeceram-se, porém, ao despedir-se
dele mais uma vez. Já haviam compreendido que DEUS preparara Paulo, melhor que
qualquer outro, para levar o Evangelho às terras distantes. Numa reunião de
despedida, entregaram-no aos cuidados de DEUS; depois de lhe darem dinheiro e
provisões para o caminho, levaram-no até os portões da cidade. Ficaram então
olhando e acenando em despedida até que desaparecesse numa curva da montanha.
Não sabiam eles que esse fora o último adeus. O rosto de Paulo não mais seria
visto na amada igreja de Antioquia. Aproximava-se o momento em que o apóstolo
dos gentios encerraria suas viagens.
Pela terceira
vez, Paulo encaminhou-se aos Portões da Cilícia, que o levariam a Tarso e
Derbe, Listra e Icônio. As coisas tinham mudado com o passar do tempo. Em cada
cidade havia agora igrejas estabelecidas; milhares haviam sido atraídos a
CRISTO.
Foi grande a
alegria do apóstolo ao ver o progresso dos cristãos. Ele pensou naqueles
primeiros dias, quando não havia uma única voz levantada para o Senhor em todas
as cidades. Ao deixar cada lugar, Paulo elevava o coração em fervoroso
agradecimento por cada igreja e cada crente.
Visitando
Novamente as Primeiras Igrejas
O trabalho não
era mais uma questão de plantar a semente, mas de arrancar o mato. Muitas vozes
ergueram-se para desviar os cristãos da pureza da fé. Eles foram especialmente
perturbados pelos pregadores itinerantes que, com os seus ensinos, tentaram
perverter o Evangelho da graça e levar os crentes gentios de volta à lei
mosaica. Onde quer que Paulo fosse, tinha de lutar contra essa influência. Em
muitos casos, os falsos mestres haviam solapado o seu ministério, lançando
dúvidas sobre o seu apostolado e depreciando-lhe a autoridade. Em Derbe, Icônio
e em todas as regiões da Galácia, onde estivera com Silas na segunda viagem,
Paulo admoestou:
Maravilho-me de
que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de CRISTO para outro
Evangelho, o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem
transtornar o Evangelho de CRISTO. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu
vos anuncie outro Evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
Assim, como já vo-lo dissemos, e agora de novo vo-lo digo, se alguém anunciar
outro Evangelho além do que já recebestes, seja anátema (Gl 1.6-9).
Paulo tornou a
visitar todas as primeiras igrejas, resolvendo suas dificuldades, respondendo
suas perguntas, rebatendo os falsos mestres, advertindo, censurando,
encorajando e confirmando. Esse era o ministério de que precisavam para se
manterem firmes na fé.
Apolo, um NOVO
Missionário
Ao mesmo tempo
em que Paulo continuava seu paciente ministério nas cidades do interior, um
judeu chamado Apoio chegou a Éfeso. Ele nascera em Alexandria, na embocadura do
Nilo, e era culto e eloquente. Seu conhecimento das Escrituras era comparável
ao de Paulo, pois fora cuidadosamente ensinado por seus pais hebreus. Mas
agora, com os olhos abertos para JESUS, o Messias, ele empenhava-se em divulgar
a Verdade em toda parte.
Apoio nunca
vira JESUS, nem falara com qualquer dos discípulos. Mas ouvira falar de João
Batista e de como ele anunciara que JESUS era o CRISTO, em cumprimento das
profecias. Dominado por esses fatos, partiu com o coração cheio da mensagem,
ansioso por anunciá-la aos seus conterrâneos.
Áquila e sua
esposa foram ouvi-lo na sinagoga de Éfeso e maravilharam-se com a sua
capacidade. Apoio era poderoso nas Escrituras. O casal compreendeu
imediatamente que, se aquele jovem com tanto saber viesse a conhecer o
Evangelho pleno, como Paulo lhes ensinara, seria um dos maiores homens da
igreja. Que instrumento para DEUS!
Amavelmente,
convidaram-no a visitá-los, e ele aceitou. Com bondade, e sem ofendê-lo,
repassaram alguns tópicos de seu sermão, elogiando-o, mas mostrando-lhe que o
ensino de João sobre o arrependimento não era o Evangelho em sua plenitude.
Fizeram-no ver também que o batismo de João não era aquele ordenado por CRISTO.
Dia após dia, o
brilhante orador sentou-se com o fabricante de tendas e sua mulher e, passo a
passo, inteirou-se dos aspectos mais profundos da fé. Com genuína humildade
cristã, o grande orador do Egito ouviu as verdades divinas e alegrou-se nelas.
A cada dia, sua mensagem na sinagoga foi-se tornando mais forte. Áquila e sua
fiel esposa oravam para que o Senhor enchesse aquele vaso com grande poder.
Armado de uma
verdade que antes não possuía, Apoio foi a Corinto, aquela importante cidade da
Acaia, a fim de pregar com todo o fervor e intrepidez da sua juventude. Assim,
enquanto os judeus farisaicos de Jerusalém procuravam por todos os meios
combater a Paulo e ao Evangelho, outro judeu estava visitando algumas das
igrejas fundadas pelo apóstolo e atraindo homens e mulheres para CRISTO.
Organização da
Igreja de Éfeso
Paulo chegou a
Éfeso e ouviu falar de Apoio, poucos dias depois desse ter ido para Corinto. A
primeira providência de Paulo foi procurar seu velho amigo Aquila, o fabricante
de tendas, e inteirar-se de tudo o que acontecera desde que deixara a cidade.
Conheceu alguns crentes convertidos pela pregação de Apoio e, ao descobrir que
esse os batizara no batismo de João, perguntou a 12 deles:
Vocês receberam
o batismo do ESPÍRITO SANTO quando creram? Os 12 cristãos fitaram- no surpresos
e responderam:
Nem mesmo
ouvimos que existe o ESPÍRITO SANTO.
Havia,
evidentemente, muita coisa a ser corrigida, e Paulo ofereceu-se bondosamente
para realizar a tarefa.
Depois de
tê-los ensinado, batizou-os novamente, tanto homens como mulheres, em nome do
Senhor JESUS, e impôs as mãos sobre eles. Uma nova igreja foi fundada naquele
dia, composta de cristãos que, como os do Pentecostes, foram batizados no
ESPÍRITO SANTO.
Durante três
meses, Paulo frequentou a sinagoga de Éfeso e pregou ousadamente que JESUS era
o Filho de DEUS. Mas surgiram disputas tão acirradas quanto à sua mensagem, que
o pequeno grupo de cristãos perdeu a esperança de obter quaisquer novos frutos
na sinagoga. Semana após semana, os judeus tinham ouvido o Evangelho de CRISTO
dos lábios de Áquila e Apoio, e agora de Paulo. Mas não só se recusaram a crer,
como também endureceram os corações contra JESUS e depreciaram a Paulo,
advertindo o povo de que o Cristianismo era antagônico aos judeus.
Saulo
afastou-se triste da sinagoga, para jamais pisar nela. A fim de continuar seus
ensinamentos, ele alugou o salão de palestras da escola pertencente a Tirano.
Esse homem era professor de retórica e filosofia, e dava aulas todas as manhãs.
Paulo reunia seus seguidores à tarde, argumentando com eles diariamente. Não só
discutia as reivindicações de JESUS, como também respondia às muitas perguntas
relativas ao Cristianismo e à vida paga. Provavelmente tratou de assuntos como
casamento, divórcio, escravidão e alimento oferecido aos ídolos - temas que
voltaria a abordar mais tarde em suas cartas. No espaço de dois anos, a igreja
de Éfeso cresceu e floresceu, e o Evangelho de JESUS CRISTO foi pregado em toda
a Ásia romana.
Combatendo a
Adoração aos Ídolos
Éfeso era o
centro de uma grande província. O templo de Diana, ou Artemis, fora levantado
ali havia mil anos. Quando nasceu Alexandre, o Grande, o templo queimara
completamente e os asiáticos reuniram ouro e prata para reconstruí-lo. Cada
família da província deu a sua contribuição, e o novo templo ficou tão
magnífico que veio a ser considerado uma das sete maravilhas do mundo. No dia
da sua inauguração, um príncipe persa atirou uma flecha de sua torre mais alta
e declarou: "Aquele que ultrapassar essa distância, ao aproximar-se desse
edifício, encontrará aqui um santuário e ficará livre da perseguição".
O imenso prédio
era de mármore, com fileiras duplas de colunas entalhadas. Em toda a volta
havia 14 degraus de mármore, subindo em camadas como as de um bolo de noiva, e
na base de cada coluna, profundamente esculpidas na rocha, havia figuras de
homens e mulheres em tamanho natural. No centro do grande templo havia uma
câmara formada por pilares de jaspe verde. Das paredes pendiam caros presentes,
enviados por todas as províncias vizinhas, e perto da entrada, encontrava-se um
altar esculpido por Praxíteles. Uma grande cortina púrpura descia do teto e,
detrás dela, havia uma estátua de madeira em forma de mulher, escurecida pelo
tempo. Era Diana, a deusa dos efésios, que, segundo diziam, caíra do céu. O
ídolo era hediondo; mas, oculto pela cortina mística, tornara-se objeto de
adoração para milhões de pessoas.
Pequenas cópias
da imagem tinham sido feitas de bronze ou prata, e algumas vezes de ouro,
mostrando Diana como uma linda mulher, usando na cabeça uma coroa. Em cada casa
havia uma dessas estatuetas, pois segundo acreditavam, a deusa era poderosa
para afastar o mal.
O templo de
Diana tornara-se o centro da vida de Éfeso. Peregrinos do mundo inteiro iam
visitá-lo. Mercadores deixavam seu dinheiro com os sacerdotes, acreditando ser
o tesouro do templo o lugar mais seguro do mundo. Grande número de artesãos
ganhava a vida explorando a superstição do povo e fabricando imagens para serem
usadas como talismãs.
O Poder de DEUS
Nessa cidade de
mágicos e idolatras, Paulo e seus companheiros anunciaram a CRISTO, levando
centenas de pessoas a abandonarem a idolatria. Através do apóstolo, DEUS
realizou muitos milagres em Éfeso. Aquele povo, que tanto gostava de prodígios,
viu que o poder do Altíssimo era maior que a magia de Diana ou de quaisquer dos
seus seguidores. Assim como Moisés superara os mágicos de Faraó no Egito, pelo
poder de DEUS, Paulo, o servo do Senhor, recebeu autoridade para curar. Sem
necessidade de talismãs, contas, ou pergaminhos contendo fórmulas mágicas,
Paulo demonstrou que o imenso poder de DEUS fluía dele para as pessoas. Os
milagres não aconteciam só pela sua pregação, mas em alguns casos, por meio de
artigos pessoais, como o avental que ele usava na fábrica de tendas, ou o lenço
com que enxugava a testa.
Em um lugar
assim, existiam sempre impostores que ganhavam a vida com as superstições do
povo. Numa família judaica, sete irmãos, filhos do sacerdote Ceva, rebaixaram-
se a ponto de ganhar dinheiro, afirmando curar por meio de talismãs e fórmulas
mágicas. Certo dia, eles viram Paulo expulsar o espírito maligno de um homem e
aprenderam rapidamente as palavras usadas pelo apóstolo. Na primeira
oportunidade, tentaram imitá-lo.
"Esconjuro-vos
por JESUS, a quem Paulo prega" (At 19.13). Mas o poder de DEUS não estava
nas palavras deles e, em vez de ser liberto da possessão demoníaca, o
endemoninhado revidou: "Conheço a JESUS e bem sei quem é Paulo, mas vós,
quem sois?" (At 19.15). E com força sobrenatural, atirou-se sobre os sete
mágicos, rasgando-lhes as roupas, batendo e ferindo- os furiosamente.
As notícias
espalharam-se depressa. Muita gente presenciara o incidente e não mais
acreditava no poder dos mágicos. Muitos dos que haviam praticado artes mágicas
levaram seus livros de magia, amuletos e talismãs, e os queimaram em praça
pública. Aquela foi uma tremenda demonstração, pois os objetos queimados valiam
uma grande soma.
Agora que se
haviam tornado cristãos, DEUS enchera-lhes os corações com um novo poder. E
diante do poder divino, os truques de Satanás perderam o valor.
Os Ajudantes de
Paulo em Éfeso
A obra do
Senhor prosperou, e o testemunho da igreja de Éfeso tornou-se conhecido em toda
a Ásia. Timóteo chegou da Europa e juntou-se novamente a Paulo. Erasto, outro
crente, seguiu os passos de Timóteo e tornou-se um dos ajudantes de Paulo em
Éfeso. De fato, essa igreja veio a ser o centro da divulgação do Evangelho.
Existia uma via
direta de comércio entre Éfeso e Corinto, e os mercadores iam e vinham; os
crentes em JESUS também faziam freqüentes visitas às outras igrejas. Através de
um desses viajantes, ou talvez de Apoio, Paulo recebeu notícias perturbadoras
de Corinto. Muitos cristãos tinham voltado ao mundanismo da vida paga, e a
impureza penetrara na igreja, sendo aceita passivamente.
A Visita a
Corinto
Paulo decidiu
visitar pessoalmente os coríntios e corrigir o erro, antes que o nome do Senhor
fosse desonrado. Sua visita foi triste e penosa, pois ao chegar, descobriu que
as coisas eram ainda piores do que supunha. Sentiu-se humilhado ao ver que
tantos dos seus convertidos estavam vivendo em desacordo com a vida cristã.
A permanência
de Paulo foi breve, e ele usou cada momento para advertir os crentes de Corinto
contra toda forma de impureza. Lembrou-lhes que o propósito do batismo era
demonstrar que haviam morrido para o pecado e ressuscitado para uma vida de
justiça. Ameaçou-os com a exclusão da Igreja, se não deixassem de profaná-la.
Repreendeu-os como um pai; advertiu-os de que, se não melhorassem, retornaria e
não os pouparia. Como fizesse tudo com amor, doçura e humildade, logo após sua
partida para Éfeso, os coríntios interpretaram sua atitude como fraqueza,
achando que Paulo os temia. Continuaram no pecado, desafiando o Senhor e seu
apóstolo.
A Primeira
Epístola aos Coríntios
Pouco tempo
depois, Estéfanas, Fortunato e Acaico, três convertidos de Paulo, chegaram a
Éfeso com um relatório completo sobre a igreja de Corinto. As notícias eram
péssimas; o mundanismo crescera na igreja.
A seguir,
alguns membros da casa de Cloé, uma família cristã importante de Corinto,
chegaram a Éfeso com mais informações. Os crentes haviam-se dividido em quatro
partidos, conforme a preferência que cada um dava aos pregadores locais. Havia
muita contenda entre os grupos; a igreja inteira fervia de inquietação. A
imoralidade, tal como nos templos pagãos, era tolerada sem pudor. Era comum os
cristãos apresentarem queixas, uns contra os outros, nos tribunais seculares.
Até a Ceia do Senhor transformara-se em ocasião para excessos; havia bebedeira
e glutonaria.
Paulo escreveu
imediatamente uma carta severa aos coríntios, ordenando que se afastassem dos
desobedientes e os excluísse da comunhão. Essa carta, ou epístola, é conhecida
como Primeira aos Coríntios.
Então Paulo
esperou para ver como receberiam sua carta. Queria dar-lhes tempo para que se
arrependessem, antes de visitá-los uma terceira vez.
Paulo julgou
necessário enviar Timóteo e Erasto para verificar como iam as coisas. Mais
tarde, escreveu uma outra carta severa aos coríntios, censurando-lhes o
comportamento e corrigindo os males que enfraqueciam o testemunho cristão. Essa
carta (que não chegou até nós) foi levada por Tito,
O jovem que
anos antes o acompanhara a Jerusalém.
A indignação de
Paulo não era apenas pela desordem na igreja de Corinto; ouvira também que
muitas igrejas da Galácia estavam esquecendo as verdades simples do Evangelho,
e aderindo à ideia de que o caminho da salvação passava pela sinagoga e pela
lei de Moisés.
O Novo INIMIGO
Como se já não
houvesse problemas suficientes, um novo inimigo surgiu em Éfeso. O Evangelho
fora pregado eficazmente em todas as cidades e povoados perto de Éfeso, e houve
centenas de convertidos. Resultado: os artesãos que vendiam imagens de prata de
Diana começaram a sentir o declínio em seu comércio. Alarmados, fizeram uma
reunião. O principal orador, Demétrio, era ourives e comprava suas imagens dos
artífices. Em seu discurso, Demétrio explicou aos membros da corporação o
motivo do declínio nas vendas e instigou-lhes a ira, sugerindo que o próprio
templo corria perigo. Inflamados pelo discurso, os negociantes agarraram a Gaio
e a Aristarco, dois fiéis amigos de Paulo, e arrastaram-nos até o teatro ao ar
livre, considerado o maior do mundo.
Atraída pela
gritaria, uma grande multidão ajuntou-se. Sem nem saber o que estava
acontecendo, todos começaram a correr pelas ruas, gritando a plenos pulmões:
"Grande é a Diana dos efésios!" (At 19.28).
As ruas
encheram-se de gente que se dirigia apressada ao teatro, querendo saber o
porquê de tamanha excitação. Paulo escapou da multidão e, quando quis entrar no
teatro para juntar-se aos amigos, os discípulos o retiveram. Até alguns líderes
políticos da Ásia aconselharam-no a ficar longe dos ourives.
Engrossando a
multidão estavam alguns judeus que fariam tudo para silenciar a Paulo, a quem
consideravam um inimigo da sinagoga. Aproveitando-se do tumulto no teatro, um
deles, Alexandre, levantou a mão para ser ouvido. Sua intenção era pedir a
prisão de Paulo, esperando assim dar um golpe na Igreja. Mas quando o povo
reconheceu seus traços e vestimentas judias, não quis ouvi-lo. Em vez disso,
gritaram mais alto: "Grande é a Diana dos efésios! (At 19.34).
Alexandre
deu-se por feliz em ter a vida poupada; sem perda de tempo, misturou-se à
multidão.
O tumulto durou
cerca de duas horas. O poder de Diana fora posto em dúvida e os seus seguidores
estavam enfurecidos. Aquele episódio foi uma demonstração de como os efésios se
sentiam em relação à sua deusa e ao seu templo. Quando os gritos e vozes cessaram,
o escrivão da cidade apazigou-lhes a ira e mandou-os de volta para casa.
Varões efésios,
qual é o homem que não sabe que a cidade dos efésios é a guardadora do templo
da grande deusa Diana e da imagem que desceu de Júpiter? Ora, não podendo isso
ser contraditado, convém que vos aplaqueis e nada façais temerariamente. Porque
esses homens que aqui trouxestes nem são sacrílegos nem blasfemam da vossa
deusa. Mas, se Demétrio e os artífices que estão com ele têm alguma coisa
contra alguém, há audiências e há pro cônsules; que se acusem uns aos outros.
Mas, se alguma outra coisa demandais, averiguar-se-á em legítimo ajuntamento.
Na verdade, até corremos perigo de que, por hoje, sejamos acusados de sedição,
não havendo causa alguma com que possamos justificar esse concurso (At
1935-40).
Paulo Volta à
Macedônia
Naquela mesma
noite Paulo convocou a igreja e contou que iria à Macedônia. Enquanto a poeira
baixava, seria melhor para a igreja de Éfeso que ele não estivesse presente. O
apóstolo pregou seu sermão de despedida e, depois de abraçar cada irmão, seguiu
para o norte, pela estrada que levava a Trôade.
Paulo esperava
encontrar Tito ali, voltando da Grécia, talvez com notícias da igreja de
Corinto. Mas em Trôade, ficou desapontado: Tito não chegara. Esperou alguns
dias, e embora a população de Trôade lhe mostrasse sincera amizade, ele ansiava
por partir. A preocupação com a igreja de Corinto pesava-lhe grandemente, além
de que, pretendia visitar todas as igrejas da Macedônia. Com essa meta,
embarcou para a Macedônia e chegou a Filipos, onde podia contar com amigos
sinceros.
A casa de Lídia
recebeu-o cordialmente. Aquele dia foi gasto visitando cristãos que há muito
não via, mas que sempre tinham sido lembrados em suas orações. O encontro foi
uma alegria a Paulo e a seus filhos na fé. O carcereiro e sua família
continuavam firmes em CRISTO. Também se encontrou novamente com Timóteo e soube
do seu sucesso na pregação do Evangelho.
Mas os cristãos
coríntios não lhe saíam da mente, e embora apreciasse a estada entre os
filipenses, ficou inquieto até que Tito chegou de Corinto trazendo boas
notícias. A carta enviada por Paulo, juntamente com o ministério de Tito, havia
transformado a situação. Os coríntios castigaram o pecador que estava vivendo
em cabal contradição aos mandamentos do Senhor, e purificaram suas vidas dos
pecados específicos que Paulo lhes apontara. Até a divisão da igreja tinha
melhorado; em vez de quatro partidos havia agora só dois - os que eram a favor
de Paulo e os que eram contra. Os inimigos do apóstolo duvidavam de seu
apostolado e até criticavam-lhe as palavras e aparência pessoal. Os amigos,
porém, tinham sido despertados e, genuinamente, se arrependido.
A Segunda
Epístola aos Coríntios
Incomodado com
o relatório trazido por Tito, o apóstolo Paulo escreveu a mais pessoal de todas
as suas cartas - a Segunda Epístola aos Coríntios. Nela, demonstrou toda a sua
preocupação com aqueles crentes. Para eliminar a dúvida que eles tinham sobre o
seu apostolado, repetiu-lhes grande parte de suas experiências, pensamentos,
temores e vida particular. Tinha muito a dizer sobre seus sofrimentos e empenho
na causa de CRISTO. Contou de suas várias prisões; das cinco ocasiões em que
foi publicamente açoitado; e dos três naufrágios que sofrerá, ficando certa vez
na água durante 24 horas.
Essa carta é,
em certo sentido, uma autobiografia de Paulo e uma firme defesa do seu
ministério e convocação superiores. Ele escreveu:
Recebi dos
judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com
varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia
passei no abismo; Em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de
salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos
na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos
irmãos. Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em
jejum, muitas vezes, em frio e nudez (2 Co 11.2427).
Esta Carta aos
Coríntios foi uma mescla de louvor e condenação -louvor aos fiéis e condenação
aos rebeldes.
Paulo,
Missionário em Terras Estrangeiras
Tito
ofereceu-se para voltar com a carta. Lucas, o médico amado, acompanhou-o na
viagem. Mas Paulo permaneceu em Filipos, fazendo dessa cidade o centro de suas
viagens por toda a província. Aonde quer que fosse, exortava os cristãos a uma
vida diferente dos moldes do mundo. Viajou pelas montanhas, a oeste de Filipos,
pregando o Evangelho em aldeias e cidades onde CRISTO nunca havia sido
proclamado. Paulo havia dito que nunca desejara construir sobre os alicerces
lançados por outro; portanto, procurou visitar os lugares onde o Evangelho era
desconhecido. Ele foi verdadeiramente um missionário em terras estrangeiras;
fazia um trabalho pioneiro e, aonde quer que fosse, o Senhor o acompanhava,
operando sinais e prodígios, e atraindo a si tanto gregos como judeus.
Indo de cidade
em cidade, Paulo percebeu a terrível condição das pessoas afastadas de DEUS.
Embora habitassem em lindas cidades, com templos cuja glória maravilhava o
mundo, viviam nas trevas. Desde essa época, Paulo já pensava em visitar Roma;
planejava pregar o Evangelho no coração do Império Romano e, talvez, prosseguir
até a Espanha. Depois de algumas semanas na Macedônia, ele foi para o sul, à
Acaia. Queria verificar pessoalmente o estado da igreja de Corinto. Essa igreja
precisava novamente dele, e além disso, como Corinto fosse a capital da Acaia,
poderia fazer dela a sua base para pregar nas cidades vizinhas. Permaneceu ali
três meses trabalhando com Tito, que se apegara aos cristãos coríntios e vinha
demonstrando ser um ministro verdadeiramente sábio, capaz de lidar com
situações difíceis.
Durante esse
período, Paulo encontrou tempo para visitar todos os crentes e conversar
pessoalmente com eles, fortalecendo-os na fé e advertindo-os contra os falsos
mestres. Assim, passou-se o inverno.
A Epístola aos
romanos
Paulo escreveu
a carta à igreja de Roma exatamente durante esse inverno. Ele nunca visitara os
crentes romanos, mas o desejo de fazê-lo crescia-lhe na alma. Roma era a maior
cidade do mundo, e pregar a mensagem da salvação aos seus habitantes seria de
fato um privilégio. Ele também já tinha vários amigos ali, pois a essa altura,
crentes de todas as cidades que visitara haviam se estabelecido em Roma.
Paulo já era
cristão há mais de 24 anos. Durante esse tempo, passara por muitas experiências
e grandes decepções. Sua mente, porém, abrira-se para JESUS como uma flor se
abre ao sol. Amadurecera na vida cristã, e o Evangelho de CRISTO era-lhe, mais
que nunca, uma preciosa realidade.
Em sua carta,
Paulo decidiu proclamar o Evangelho em sua plenitude. Suas palavras, ditadas a
Tércio, visavam convencer os romanos de que todos, gentios ou judeus,
precisavam da salvação provida por DEUS em seu Único Filho. DEUS a oferecia
como um dom; bastava ao homem recebê-la de graça. Homem algum pode, por esforço
próprio, ser reto e aceitável a DEUS.
"Não há um
justo, nem um sequer" (Rm 3.10).
Nem mesmo
guardando a Lei o indivíduo pode ser justo. A Lei foi dada para provar que o
mundo todo é culpado diante de DEUS. Pelas obras da Lei ninguém pode ser
justificado (Rm 3.20). A retidão de DEUS é revelada em JESUS CRISTO, e pela Sua
graça todos podem crer. Somos justificados pela fé no que DEUS fez por nós, e
não pelas boas obras que possamos fazer (Rm 3.28).
A maior carta
de Paulo continuou sendo escrita dia a dia, estabelecendo as verdades
fundamentais da fé cristã. Assim, quando os falsos mestres chegassem a Roma - o
que sem dúvida aconteceria - os crentes de lá estariam fortalecidos. Paulo
preocupava-se com os romanos, embora nunca os tivesse visto pessoalmente.
Dos altos cumes
das doutrinas superiores, Paulo desceu às campinas da vida prática e rotineira,
e conversou com eles sobre o viver diário, o pagamento de impostos e seu
relacionamento com as autoridades. Terminou a carta com saudações pessoais a
vários homens e mulheres em Roma, a quem citou pelo nome. Depois de colocado o
selo, o rolo foi embrulhado numa proteção de pano e entregue a Febe, uma mulher
de Cencréia, porto de Corinto, que viajava a Roma para negócios.
A Decisão de
Paulo de Voltar para Casa
Passados três
meses, Paulo resolveu embarcar para a Síria. Seus inimigos não ousaram
perturbá-lo enquanto se achava em Corinto, mas ao tomarem conhecimento da sua
ida a Cencréia, conspiraram para matá-lo. Longe da igreja onde os amigos o
defendiam, certamente conseguiriam seu intento. O plano ardiloso, porém,
falhou. Um amigo inteirado do segredo avisou imediatamente a Paulo, que mudou o
itinerário. Enquanto os inimigos vigiavam a estrada litorânea, ele seguiu por
terra para a Macedônia.
Quando Paulo
chegou a Filipos, Lucas juntou-se ele. O médico permaneceria na companhia do
apóstolo até o dia da sua morte, participando de todas as suas aventuras e
registrando cada uma delas no livro de Atos.
Sete homens,
escolhidos em diferentes cidades, propuseram-se a acompanhar Paulo na sua
viagem de volta a casa. Cada um levava uma oferta especial, que lhes fora
confiada pelas diversas igrejas, e destinada aos irmãos carentes de Jerusalém.
O próprio Paulo levava a oferta de Corinto. Esses sete homens foram enviados na
frente, de navio, para Trôade, enquanto Paulo e Lucas permaneceram em Filipos
para a Festa dos Pães Asmos. Essa festa era a mais importante para Paulo e para
todo cristão, pois marcava o dia em que o Salvador ressuscitara dentre os
mortos.
Cinco dias mais
tarde, eles chegaram a Trôade e reuniram-se aos sete homens que os esperavam.
Esses irmãos não haviam ficado ociosos. Tinham procurado todos os cristãos da
cidade e lhes contado que o grande apóstolo estava vindo visitá-los.
Na chegada de
Paulo, os crentes reuniram-se para celebrar a Ceia do Senhor e ouvir a doutrina
cristã. O coração de Paulo pulava de alegria quando se levantou para falar.
Veio-lhe à mente a noite em que recebera, naquela cidade, a visão da Macedônia,
e como, em sua pressa de partir, ofendera os irmãos; mais recentemente, em sua
ânsia e temor pelos coríntios, tornara a partir às pressas, apesar das súplicas
da igreja para que ficasse.
O SERMÃO EM
TRÔADE
Paulo fez novos
planos, devendo viajar no barco que partiria no dia seguinte. Como dizer tudo o
que pretendia àquelas pessoas tão queridas, numa só noite? Ele as exortou
durante muitas horas, pregando com a alma; respondeu-lhes as perguntas e
fortaleceu-as na fé. O ambiente, no terceiro andar, estava superlotado e
aquecido pelas muitas lâmpadas acesas. Pretendendo enxergar melhor por cima da
multidão, um jovem chamado Êutico subiu numa janela e sentou-se ali. Paulo
continuava pregando. De repente, um grito aterrador seguido de um ruído surdo
interrompeu abruptamente o sermão. Êutico adormecera e, perdendo o equilíbrio,
despencara lá de cima.
A confusão
reinou no aposento; ao olharem pela janela, as pessoas viram o corpo sem vida
caído na rua. Todos correram para lá. Lucas, o médico, foi sem dúvida o
primeiro a chegar. Talvez tenha olhado para a forma imóvel e encolhido os
ombros, como se dissesse: "Não adianta, está morto".
Paulo abriu
caminho entre o povo. Como o profeta Elias, estendeu seu corpo sobre o do jovem
e abraçou-o, orando a DEUS para que tudo acabasse bem. A seguir, levantando-se,
disse aos espectadores abalados: "Não vos perturbeis, que a sua alma nele
está" (At 20.10).
Enquanto
observavam, a cor voltou às faces pálidas de Êutico. Paulo entregou-o aos seus
entes queridos, e subiu novamente ao cenáculo, onde os fiéis, cheios de
gratidão, reuniram- se para ouvir mais.
Quando o alvor
da manhã banhou a grande planície a leste de Trôade, Paulo ainda pregava. E os
crentes ouviam! Essa era a sua grande oportunidade e eles não perderam uma só
palavra. Mas, com a chegada do dia, os homens tinham de voltar ao trabalho; e
Lucas e os sete cristãos fiéis precisavam chegar cedo ao navio.
A Viagem a
Jerusalém
Paulo,
entretanto, planejava seguir a pé para Assôs, distante cerca de 32 quilômetros,
e tomar ali o mesmo navio. Ele precisava desse passeio para ficar a sós com os
seus pensamentos e tomar algumas decisões. Não se sentia muito feliz com seu
retorno a Jerusalém. Seu espírito não se sentia livre a respeito; havia
premonições de problemas. Paulo nunca se sentiu bem- vindo em Jerusalém, nem
mesmo na igreja cristã. Seu trabalho era definitivamente entre os gentios.
Portanto, seu espírito achava-se turbado. Mas não era covarde, e se tivesse de
ser preso em Jerusalém, essa não seria a sua primeira prisão. O Senhor não
estivera com ele na cadeia? Decidiu então, naquela caminhada solitária, que
voltaria sem se importar com o que o aguardasse. Seus amigos nas igrejas que
deixara talvez estivessem enganados quando o aconselharam a afastar-se de
Jerusalém. Mas o aviso fora tão insistentemente repetido que não podia deixar
de preocupá-lo. Ele ficou imaginando se estava, quem sabe, negligenciando a voz
do ESPÍRITO de DEUS.
Em Assôs tomou
o navio que, depois de carregado, rumou para a ilha de Lesbos, impelido pelo
vento norte.
Navegaram todo
o dia seguinte entre as ilhas do mar Egeu, passando por Quios e, mais tarde,
pela grande baía onde fora construída a cidade de Éfeso. O comandante do navio
não tinha de aportar em Éfeso, mas o teria feito se Paulo lho pedisse. Este, no
entanto, estava ansioso por chegar a Jerusalém a tempo para a Festa de
Pentecostes, e insistiu com o comandante que não se detivesse na cidade.
Pregando aos
Amados Efésios
Em Mileto, a
cerca de quarenta quilômetros ao sul de Éfeso, o navio ficou mais tempo
ancorado. Descarregaram ali diversas mercadorias e receberam novas cargas para
o restante da viagem. Paulo enviou uma mensagem aos seus amigos de Éfeso,
contando que estava em Mileto e queria vê-los. A sensação de que esse seria seu
último encontro com eles cresceu-lhe no íntimo. Não tinha sido avisado de que
algemas o esperavam em Jerusalém? Pois então era melhor aproveitar cada
oportunidade.
Os cristãos
foram-lhe imediatamente ao encontro, especialmente os presbíteros da igreja,
pois lembravam-se dos três anos que Paulo passara com eles, e amavam-no mais
que a todos os outros. O encontro foi alegre, mas tenso; todos sentiam que era
uma despedida final. As últimas palavras são sempre cheias de solenidade e
importância, e Paulo conversou como alguém que amadurecera na fé. Insistiu para
que se mantivessem firmes e se fortalecessem, não importando o que lhes
sobreviesse no futuro.
Com grande
eloquência, recapitulou seus três anos com eles, lembrando os dias de sol e de
sombras:
E agora, na
verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o reino de DEUS, não
vereis mais o meu rosto. Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo
do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de
DEUS. Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o ESPÍRITO SANTO vos
constituiu bispos, para apascentardes a igreja de DEUS, que ele resgatou com
seu próprio sangue. Porque eu sei isto: que, depois de minha partida, entrarão
no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão o rebanho. E que dentre vós
mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os
discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos,
não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós. Agora,
pois, irmãos, encomendo-vos a DEUS e à palavra da sua graça; a Ele que é
poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados (At
20.25-32).
Sua voz
interrompeu-se e sua cabeça grisalha pendeu. O silêncio era total. Ninguém
sentiu vontade de abrir a boca e parecia que a única coisa a fazer era orar.
Paulo mencionou cada presbítero pelo nome, pedindo que o Salvador o mantivesse
leal, sincero e forte no dia da tentação. Quando se levantaram, todos tinham
lágrimas nos olhos. Eles estavam vendo, pela última vez, o grande guerreiro que
os guiara bravamente na batalha. Como a mãe-pássaro desfaz o ninho, Paulo
estava agora entregando-lhes toda a responsabilidade, deixando-os por conta
própria. Com os corações entristecidos, eles o acompanharam até o navio e
observaram até que o barco desaparecesse de vista.
A Visita a Tiro
Dois dias mais
tarde, depois de costear a ilha de Cós e aportar em Rodes, os nove viajantes
foram até Pátara na Lícia. Aquele era o último porto em que o navio ancoraria.
Porém tiveram sorte, e logo encontraram outra embarcação de partida para a
Síria. Com um vento favorável, encaminharam-se para o alto mar, em direção à
grande cidade de Tiro. Essa era uma cidade gentia, e como sempre houvesse um
local onde os cristãos se reunissem, Paulo e seus amigos procuraram por ele.
Durante sete dias estiveram com os irmãos de Tiro, pregando o reino de DEUS e
encorajando-os com as histórias do que DEUS fizera em cidades distantes.
Foi ali que
Paulo recebeu um aviso de certos discípulos de que o perigo o aguardava em
Jerusalém. Isso confirmou-lhe os sentimentos, mas não lhe abalou o propósito.
Muitas eram as razões que o levavam a Jerusalém. Tinha um grande relatório para
apresentar aos discípulos sobre a divulgação do Evangelho. Além disso, levava
dinheiro para os santos da cidade, o presente da igreja de Corinto, e queria
entregá-lo pessoalmente.
Quando a semana
passou e o navio já estava prestes a partir, Paulo e seus amigos suspiraram
aliviados por terem chegado à última etapa da viagem. Em Ptolemaida, deixaram o
navio que prosseguiu em sua rota. Como ainda faltassem quatorze dias para a
grande festa em Jerusalém, passaram um dia com os cristãos nesse porto.
A Profecia de
Ágabo
Depois de
saudarem os irmãos, eles seguiram para Cesaréia pela estrada costeira. Paulo
visitara frequentemente o lugar, por isso sentia-se em casa. O evangelista
Filipe morava ali, e Paulo estava certo de que seriam bem recebidos.
Durante a sua
estada com Filipe, o profeta Ágabo - o mesmo que previra a grande fome nos dias
do imperador Cláudio - chegou da Judéia. Ágabo conhecia a família de Filipe. As
quatro filhas do evangelista eram conhecidas por terem o dom da profecia, e ele
foi procurá-los.
Ao chegar à
casa em que Paulo se hospedava, Ágabo reconheceu o apóstolo e, conhecedor do
sentimento que havia em Jerusalém contra ele, aconselhou-o a não ir para lá.
Como faziam os profetas do Antigo Testamento, Ágabo ilustrou sua advertência:
tomando o cinto de Paulo, abaixou-se e amarrou com ele os próprios pés e mãos.
Enquanto os presentes o observavam em silêncio, ele profetizou: "Isto diz
o ESPÍRITO SANTO: Assim ligarão os judeus em Jerusalém, o varão de quem é essa
cinta e o entregarão nas mãos dos gentios" (At 21.11).
O grupo
inteiro, inclusive Timóteo e Lucas, rogou a Paulo que desistisse dos planos de
ir a Jerusalém. Com lágrimas nos olhos, suplicaram; mas suas palavras eram como
ondas batendo num penhasco. Paulo estava decidido. As palavras dos amigos o
entristeceram; seus protestos eram bem-intencionados e pretendiam poupá-lo de
danos físicos, mas não era isso o que ele temia. Já enfrentara tais coisas
antes, e o Senhor o livrara. Disse-lhes então: "Que fazeis vós, chorando e
magoando-me o coração? Porque estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a
morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor JESUS" (21.13).
Em face de tal
determinação, eles aquiesceram: "Faça-se a vontade do Senhor!"
(21.14).
Embora soubesse
dos perigos que o aguardavam, Paulo reuniu seus pertences e seguiu para
Jerusalém. Vários cristãos de Cesaréia acompanharam-no; entre eles, Mnasom, um
dos primeiros convertidos. Mnasom tinha uma casa em Jerusalém, e Paulo poderia
hospedar-se nela, ficando a salvo do perigo.
A ÚLTIMA VISITA
A JERUSALÉM
Jerusalém
preparava-se para o Dia de Pentecostes; já estava cheia de judeus provenientes
de todo o império. Paulo e seus amigos abrigaram-se na casa de Mnasom. Era uma
residência senhorial, rodeada por um muro alto, e os cristãos que gozavam da
hospitalidade do seu proprietário tinham todo conforto.
Na casa de
Maria, Paulo encontrou alguns dos líderes da igreja. Tiago, o irmão de JESUS,
era um deles. Ele havia envelhecido e seu cabelo branco e encaracolado
chegava-lhe aos ombros, à moda nazarena. Paulo saudou a igreja, e contou-lhe a
história da sua terceira viagem. Ele atravessara os Portões da Cilícia para a
Galácia, e depois de visitar todas as igrejas dali, fora para Éfeso, onde
permanecera três anos. Viajara depois para a Europa e pregara aos santos de
Filipos, testemunhando de CRISTO nas regiões interioranas do Ilírico. Chegara
finalmente a Corinto, e iniciara uma campanha que o levou a muitas outras
cidades da Grécia. A história de quatro anos de trabalho foi apresentada em
rápidas pinceladas.
Os crentes de
Jerusalém ficaram também conhecendo a igreja rebelde de Corinto, e como esta se
arrependera e afastara-se do mal. A seguir, como se para confirmar suas
palavras, Paulo apresentou um saco pesado de dinheiro, dizendo ser uma
contribuição dos coríntios à igreja-mãe. Aquela oferta era um socorro aos
irmãos reduzidos à pobreza por causa da fé em CRISTO.
Presentes à
Igreja-mãe
Quando Paulo
entregou o presente, seus companheiros de viagem que tinham vindo com o mesmo
propósito também entregaram os seus. Lucas, de Filipos; Timóteo, de Listra;
Sópatro, de Beréia; Aristarco e Segundo, de Tessalônica; Gaio, de Derbe;
Tíquico e Trófimo, de Éfeso - todos eles cristãos de cidades distantes e frutos
do ministério de Paulo - trouxeram sacolas pesadas de dinheiro e entregaram-nas
aos irmãos, para que socorressem os santos da Judéia.
O relatório de
Paulo foi grandioso. Contudo, enquanto dava as informações, pôde sentir a
estreiteza mental dos crentes de Jerusalém. É claro que todos louvaram a DEUS
pelo maravilhoso crescimento do reino e por todo gentio que se juntara a eles.
No entanto, Paulo sentia que nem todos eram como os crentes de Antioquia. Até
mesmo a gloriosa história de heroísmo que contara foi recebida com certa
desconfiança.
Como líder do
grupo, Tiago levantou-se para receber os presentes e agradecer por eles. Tiago
sempre fora um tanto formal, e Paulo e seus amigos notaram isso naquele
momento. Paulo percebeu também que os presbíteros de Jerusalém haviam discutido
sobre ele, e não estavam ainda convencidos de que sua posição fora determinada
por DEUS. Histórias sobre a pregação de Paulo haviam chegado a Jerusalém, e os
presbíteros estavam contrafeitos com o que ouviram. Quando Paulo falou-lhes do
trabalho entre os gentios, dizendo que diante de DEUS não havia diferença, e
que o gentio cristão fazia parte da Igreja da mesma forma que o judeu cristão,
as suspeitas deles foram confirmadas.
O sentimento do
grupo aflorou quando Tiago, o porta-voz, expôs:
Bem vês, irmão,
quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da lei. E já
acerca de ti foram informados que ensinas todos os judeus que estão entre os
gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar os filhos,
nem andar segundo o costume da lei. Que faremos pois? em todo o caso é
necessário que a multidão se ajunte; porque terão ouvido que já és vindo. Faze,
pois, isto que te dizemos:
Temos quatro
varões que fizeram voto. Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze
por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há
daquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas
guardando a lei (At 21.20-24).
Paulo ouviu o
conselho e o analisou. Como ansiasse por unir os partidos contrários, dispôs-se
a ceder nos detalhes de pouca importância. Costumava explicar que estava
preparado para ser tudo para com todos os homens, a fim de ganhar alguns. Essa
era a sua oportunidade de promover a paz. Se aquilo era importante para o seu
testemunho entre os judeus, ele podia atender ao pedido sem qualquer dano
pessoal.
O apóstolo
aceitou a sugestão na esperança de conseguir que houvesse paz entre os dois
partidos. Levando os quatro homens ao Templo, anunciou que estavam prestes a
começar os sete dias de purificação, e pagou, para cada um, dois carneiros, uma
ovelha, um cesto de bolos sem fermento e uma medida de vinho.
Rebelião no
Templo
Um grupo de
judeus da Ásia Menor reuniu-se no Templo para ouvir um rabino discursando sobre
a Lei. De repente, um deles puxou a roupa do amigo, e perguntou: Aquele não é
Paulo, o líder cristão? O que faz ele no Templo?
O pequeno grupo
virou-se rapidamente para identificar o homem a quem se haviam oposto tão
amargamente quando pregara CRISTO na sua sinagoga. Lembravam-se muito bem de
que a pregação dele havia perturbado a sinagoga e dividido as famílias judias.
Ele falara contra a adoração nacional e os costumes judaicos. Sim, esse era o
mesmo homem que havia expulsado da cidade, e aqui estava ele de volta ao
Templo.
Alguém se
lembrou de tê-lo visto antes com Trófimo, o efésio, e em breve todos o culpavam
de haver profanado o santuário, ao introduzir nele um gentio. Correndo em
direção a Paulo, gritaram:
Israelitas,
acudi! Esse é o homem que por todas as partes ensina a todos, contra o povo e
contra a lei, e contra esse lugar; e demais disto, introduziu também no templo
os gregos, e profanou esse santo lugar (At 21.28).
Já agora, havia
gente afluindo de todas as direções. A multidão ajuntou-se e os boatos corriam
livremente. Fora dos muros do Templo, espalharam-se as notícias de que um
traidor de Israel havia sido apanhado e seria morto. As ruas ficaram cheias de
pessoas que corriam ao Templo, querendo presenciar os acontecimentos.
No Templo, a
plebe amotinada agarrara a Paulo e, batendo nele com varas e socos, arrastara-o
para a rua, onde preparava-se para matá-lo.
O socorro,
porém, estava próximo. As tropas romanas que vigiavam a cidade durante as
festas religiosas logo notaram a comoção diante do Templo. O comandante Lísias
não perdeu tempo. Com uma companhia de soldados, apressou-se para o lugar onde
o povo espancava a Paulo. Com a chegada dos soldados romanos, a multidão
afastou-se.
A Defesa de
Paulo
Ao ver que
Paulo era o centro de toda a confusão, o comandante romano supôs que fosse um
criminoso e ordenou que o acorrentassem. A seguir, perguntou à multidão-.
"Quem é esse homem e que mal ele fez?"
Um rugido
brotou da garganta de milhares de judeus, e na confusão Lísia nada conseguia
entender. Ele detestava aqueles judeus rebeldes e suas escaramuças religiosas.
Pareciam ser o único povo conquistado do império que precisava ficar sob
constante observação, pois em cada festa religiosa colocavam em risco a paz
romana. Agora, em meio à confusão daquela cena, cada um gritava uma coisa.
Não conseguindo
entender aqueles gritos selvagens, Lísias fez um gesto impaciente, dando um
sinal aos seus homens. Imediatamente eles cercaram a Paulo e recolheram-no à
fortaleza. O povo mostrou-se desafiador; os gritos e caçoadas aumentaram. Os
amotinados aproximaram-se tanto do prisioneiro que os soldados tiveram de
levantá-lo e literalmente carregá-lo. Pelas vozes e atitude do povo, Lísias
julgou ter capturado o agitador egípcio que, dias antes, havia reunido uma
multidão no Monte das Oliveiras e ameaçado derrubar os muros de Jerusalém.
Ao chegarem aos
degraus, tendo deixado a multidão enfurecida lá embaixo, Paulo voltou-se
respeitosamente ao seu captor e indagou em grego: "É-me permitido dizer-te
alguma coisa?" (At 21.37).
Lísias ficou
espantado ao ver o cativo "egípcio" dirigir-se a ele no idioma grego.
Paulo explicou:
"Na verdade que sou um homem judeu, cidadão de Tarso, cidade não pouco
célebre na Cilícia; rogo-te, porém, que me permitas falar ao povo" (At
21.39).
Lísias ficou
impressionado ao ver a calma de Paulo diante do perigo e, com evidente
admiração, permitiu que falasse. Enquanto os soldados guardavam os degraus,
Paulo levantou a mão à multidão zangada, como sinal de que queria dirigir-lhe a
palavra. Sua coragem fez com que se dispusessem a ouvi-lo. Na sua própria
língua, Paulo começou o discurso.
Abaixo dele
havia um mar de rostos fechados. Aqui, um fariseu com seu manto branco; ali, um
rabino em trajes talares; e por toda parte, olhos ardendo de ódio.
Suas palavras
foram diferentes das usuais, pois aquela gente não estava disposta a ouvir
sermões.
Varões, irmãos
e pais, ouvi agora a minha defesa perante vós (At 22.1).
O povo vibrou.
Aquela era a sua amada língua hebraica.
Quanto a mim,
sou varão judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade aos pés
de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zeloso de
DEUS, como todos vós hoje sois (At 22.3).
Paulo aprendera
que, como orador, devia prender a atenção da plateia dizendo-lhe as coisas que
esta gostava de ouvir.
Persegui este
Caminho até à morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como
mulheres. Como também o sumo sacerdote me é testemunha, e todo o conselho dos
anciãos; e, recebendo destes cartas para os irmãos, fui a Damasco, para trazer
manietados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que fossem
castigados (At 22.4,5).
A seguir,
contou-lhes a respeito da luz que brilhara sobre ele ao entrar na cidade de
Damasco, e da voz e aparição do Senhor. Falou igualmente de Ananias, da
recuperação da sua vista e da comissão divina para ir e pregar CRISTO ao mundo.
Devido à sua súbita transformação de perseguidor em discípulo, os judeus de
Jerusalém haviam se recusado a ouvi-lo. Certo dia, enquanto estava no Templo,
caíra em transe. Ouvira a voz do Senhor, ordenando que deixasse Jerusalém e
fosse pregar aos gentios.
A multidão
ouviu em silêncio até esse ponto, mas quando o nome gentio - termo tão odiado -
foi dito, sentiu-se ferida em seu orgulho religioso. Cheios de raiva,
recomeçaram a gritar. O ruído transformou-se subitamente num clamor enfurecido:
"Tira da terra um tal homem, porque não convém que viva" (At 22.22).
Despindo-se,
lançaram pó ao ar. Era a expressão evidente do seu desagrado, pedindo a morte
de Paulo.
Lísias não pôde
entender a defesa de Paulo, porque não conhecia o idioma hebraico. Ao ver que o
povo redobrava a fúria, mandou que o apóstolo fosse recolhido à segurança da
fortaleza. Depois ordenou aos soldados que o açoitassem e obtivessem a verdade
mediante tortura. Quando estavam atando Paulo com as correias, este perguntou
ao oficial encarregado: "É-vos lícito açoitar um romano, sem ser
condenado?" (At 22.25).
Surpreso com a
pergunta, o oficial ordenou aos soldados que interrompessem o castigo, e foi
procurar Lísias. Repetindo as palavras de Paulo ao comandante, aconselhou-o:
"Vê o que vais fazer, porque esse homem é romano" (At 22.26).
Lísias foi com
o homem até ó poste, aonde Paulo estava acorrentado e com as costas nuas.
"Dize-me, és tu romano?" (At 22.27).
Quando Paulo
afirmou que sim, Lísias mandou que o desamarrassem. Ele quase cometera um
grande erro.
Voltou-se então
a Paulo e disse: "Eu, com grande soma de dinheiro alcancei o direito de
cidadão".
Ao que Paulo
replicou: "Mas eu sou-o de nascimento" (At 22.28).
Os soldados
receberam ordens para devolver as roupas de Paulo e ajudá-lo a vestir-se. O
apóstolo foi então levado a uma cela de pedra, da qual esperava ser libertado
no dia seguinte. Mas, ele passara pela porta de uma prisão romana, e em certo
sentido, jamais seria verdadeiramente livre outra vez.
Paulo Diante do
Sinédrio
Em vez de
solto, Paulo foi levado por uma tropa de soldados ao grande salão do Templo.
Suas correntes haviam sido removidas e ele encontrou-se face a face com o
Sinédrio. O grupo imponente fora convocado por Lísias; ele queria ouvir as
acusações dos judeus para chegar a uma decisão sobre o prisioneiro. Ao entrar
no pátio exterior do Templo, Paulo sentou- se entre os guardas, no mesmo salão
onde ele próprio estivera tantas vezes como acusador, opinando contra os
discípulos de JESUS.
Examinando os
homens do conselho, Paulo sabia que alguns deles haviam estado presentes, um
quarto de século antes, num falso julgamento, quando JESUS encontrava-se
naquele mesmo lugar.
Da última vez
em que Paulo estivera naquele grupo do conselho, seu coração ardia de ódio. Ele
costumava assistir a todas as reuniões do Sinédrio e votar contra os cristãos.
Mas agora, era diferente. Seu coração estava cheio da paz de DEUS, e seu desejo
era falar de um modo que testemunhasse eficazmente de seu Salvador.
Lísias deu-lhe
permissão. Com a habilidade de um grande orador, Paulo começou seu discurso.
Varões irmãos,
até ao dia de hoje tenho andado diante de DEUS com toda a boa consciência (At
23.1).
Os membros do
Sinédrio tinham certeza de que isso era mentira. Consideravam-no um traidor da
sua causa e aquela declaração os espantou. Ananias, o sumo sacerdote,
exaltou-se: "Guardas, batam-lhe na boca!"
Paulo ficou
irado com essa ordem maldosa e, voltando os olhos míopes ao sumo sacerdote,
replicou:
"DEUS te
ferirá, parede branqueada; tu estás aqui assentado para julgar-me conforme a
lei, e contra a lei me mandas ferir?" (At 23.3).
Muitas vozes
elevaram-se e alguém gritou: "Injurias o sumo sacerdote de DEUS?" (At
23.4).
Houve,
imediatamente, uma acusação formal contra Paulo. Este compreendeu que cometera
um erro e desculpou-se na mesma hora: "Não sabia, irmãos, que era o sumo
sacerdote; porque está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo" (At
23.5).
Paulo continuou
seu discurso e, sabendo que o conselho era formado por fariseus e saduceus,
gritou: "Varões irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseu! No tocante à
esperança e ressurreição dos mortos sou julgado!" (At 23.6).
Tinha certeza
de que essas palavras dividiriam o Sinédrio. Desde que os fariseus criam na
ressurreição dos mortos, e os saduceus a negavam, surgiu uma grande
controvérsia no conselho. De pé, com o dedo em riste, homens de ambos os
partidos trocavam palavras contundentes. Por fim, os fariseus lembraram-se da
recomendação de Gamaliel, de que se um espírito ou anjo falara realmente a
Paulo, eles não estavam em posição de lutar contra DEUS.
Portanto,
esquecendo suas reclamações contra o apóstolo, admitiram: "Nenhum mal
achamos nesse homem" (At 23.9).
Os saduceus,
porém, não aceitaram essa decisão e o tumulto aumentou. Desgostoso, Lísias
observava-os. Que cena típica das contendas religiosas judias! Gritos e
maldições eram atirados de um partido contra o outro, enquanto cada um
reivindicava o direito de decisão a respeito de Paulo. Alguns tentaram pôr as
mãos sobre o apóstolo e arrastá-lo à morte, mas os soldados armados, a uma
ordem do comandante, rodearam Paulo e livraram-no de ser feito em pedaços.
Lísias ordenou rapidamente que os guardas reconduzissem o apóstolo à fortaleza.
A Visão Noturna
de Paulo
Naquela noite,
deitado na cama de palha, Paulo tentava dormir, mas estava apreensivo e
inquieto. Na sua agonia, viu o Senhor de pé ao seu lado, encorajando-o:
"Tem ânimo; porque, como de mim testificaste em Jerusalém, assim importa
que testifiques também em Roma" (At 23.11).
O espírito de
Paulo reanimou-se; ele sentiu-se confortado. Não sabia como esta promessa se
cumpriria, mas bastava que DEUS o soubesse. Paulo ficou feliz. O anseio do seu
coração seria respondido. DEUS não terminara ainda seu propósito com ele.
Antes que
findasse o dia seguinte, um jovem entrou na fortaleza pedindo para ver o
prisioneiro. Afirmou ser um parente, e deixaram-no entrar. Ao vê-lo, Paulo
reconheceu o filho de sua irmã. Na juventude de Paulo, em Tarso, sua irmã
casara-se com um habitante de Jerusalém e fora viver nessa cidade, criando uma
família leal à sinagoga.
O Aviso
- Tio Paulo -
segredou o rapaz -, vim avisar o senhor de que há uma conspiração entre os
judeus para matá-lo. Mais de quarenta deles fizeram um juramento de que não vão
comer nem beber até que o liquidem. Amanhã, os principais sacerdotes vão pedir
a Lísias que o leve novamente diante do Sinédrio, alegando que querem lhe fazer
certas perguntas. Mas o grupo de quarenta ficará à espreita e, no momento em
que os guardas o entregarem às autoridades do Templo, eles o atacarão e o
matarão.
Paulo estava
acorrentado ao guarda, mas pediu ao centurião que levasse seu sobrinho até
Lísias e o avisasse da conspiração. O comandante ouviu cada palavra e fez o
jovem prometer que manteria sigilo sobre o assunto.
Lísias
compreendeu, porém, que a única maneira de manter a paz era fazendo Paulo sair
de Jerusalém. Um plano formava-se em sua mente. Ele enviaria o prisioneiro a
Félix, o governador de Cesaréia. Esta cidade era a capital romana da Judéia, e
o perigo de rebelião seria menor numa cidade distante, com uma guarnição romana
maior. Depois de fazer planos para escapulir com Paulo naquela mesma noite, ele
sorriu ao pensar no desgosto dos judeus, quando descobrissem que o preso se
fora. Riu também quando lembrou que os quarenta teriam de quebrar a promessa de
jejum ou morrer de fome.
Naquela noite,
uma escolta de duzentos soldados, sob o comando de dois centuriões, juntamente
com setenta cavaleiros e duzentos lanceiros, dirigiu-se para Cesaréia com o
prisioneiro. O grupo era grande porque Lísias temia um levante dos judeus. Além
disso, a guarnição de Jerusalém fora aumentada durante a Festa do Pentecostes,
mas agora que essa terminara e os peregrinos já haviam retomado às suas casas,
muitos dos soldados iam ser deslocados aos seus postos anteriores.
Em Antipatris,
os soldados de infantaria deixaram Paulo aos cuidados dos cavalarianos, certos
de que não havia mais perigo por parte dos judeus.
Lísias enviara
uma carta a Félix, descrevendo o caso de Paulo e concluindo: "Nada
encontrei contra o prisioneiro que mereça morte ou prisão, mas estou dizendo
aos acusadores que façam suas acusações diante do seu tribunal".
A carta dava a
impressão de que Lísias salvara a Paulo dos judeus por ser ele romano.
Quando Félix a
leu, notou que Paulo era cidadão romano e indagou qual a sua província. Quando
soube que era da Cilícia, ordenou que fosse mantido em segurança e que o
julgamento ocorresse depois que seus acusadores chegassem a Jerusalém.
Paulo, no
entanto, caíra nas mãos de um homem fraco, que tinha por hábito adiar as
coisas, e que para proteger sua autoridade, era inescrupuloso e injusto. Nos
dois anos seguintes, a vida de Paulo passou-se dentro dos muros da prisão de
Cesaréia. A situação era desanimadora; em todo caso, ele tinha a promessa de
DEUS de que pregaria o Evangelho em Roma.
Antônio Félix
fora nomeado para o governo pelo imperador Cláudio, em 52 A.D. Ele casara-se
com uma judia, Drusila, filha de Agripa, depois de fazê-la abandonar o marido.
O pecado tornou-o infeliz, apesar da sua elevada posição. Antes, fora escravo;
depois de solto, recebeu um alto cargo, para o qual não estava capacitado. Seu
governo destacava-se por atos de vingança e crueldade, e pela corrupção
evidente, aceitando e pagando subornos. Os súditos o odiavam, e seu único
remédio para as desordens na Judéia era a força bruta.
O Julgamento
perante Félix
Cinco dias após
a chegada de Paulo a Cesaréia, o sumo sacerdote Ananias e os anciãos de
Jerusalém compareceram para acusá-lo. Como não conhecessem a lei romana,
levaram em sua companhia um advogado astuto de nome Tértulo. Dessa vez, não
iriam perder! De pé, diante do tribunal de Félix, o orador começou seu discurso
elogiando o governador e criticando o comandante Lísias:
Visto como, por
ti, temos tanta paz, e, por tua prudência, se fazem a este povo muitos e
louváveis serviços, sempre e em todo lugar, ó potentíssimo Félix, com todo o
agradecimento o queremos reconhecer. Mas, para que te não detenha muito,
rogo-te que, conforme a tua equidade, nos ouças por pouco tempo (At 24.2-4).
A seguir,
apontando o dedo comprido ao apóstolo sentado à frente da tribuna, sob a guarda
de um soldado, continuou:
Temos achado
que esse homem é uma peste e promotor de sedições entre todos os judeus, por
todo o mundo, e o principal defensor da seita dos nazarenos. O qual intentou
também profanar o templo; e por isso o prendemos...examinando-o, poderás
entender tudo o de que o acusamos (At 2.5-8).
Virando-se aos
seus empregadores com um voltear eloquente da mão, Tértulo perguntou-lhes se os
fatos não eram exatamente aqueles. Enquanto Félix observava-lhes a fisionomia,
todos concordaram com a cabeça.
As acusações
eram graves, especialmente a de incitar motins entre os judeus. Se havia algo
que os romanos vigiavam, era o traidor que perturbava a paz de Roma. Enquanto
ouvia o discurso, Paulo notou os pontos fracos que ele continha e, quando teve
permissão para defender- se, rapidamente os apontou.
A Defesa de
Paulo
No momento em
que Paulo pôs-se de pé diante do tribunal, Félix inclinou-se para escutá-lo
atentamente. Ele ouvira falar dos nazarenos e do seu zelo, e desde que sua
esposa era judia, tinha algum interesse em saber mais a respeito desse JESUS,
que, segundo diziam, levantara-se dentre os mortos.
Tértulo era um
bom orador, mas Paulo ouvira os homens de Atenas e DEUS lhe dera um dom de
oratória, que superava o de qualquer de seus contemporâneos. Quando chegou a
sua vez de falar ao nobre Félix, começou:
Porque sei que
já vai para muitos anos que desta nação és juiz, com tanto melhor ânimo
respondo por mim (At 24.10).
Iniciando a sua
defesa sem mais delongas, negou cada uma das acusações feitas, descrevendo com
grande simplicidade os eventos que levaram à sua prisão.
Pois bem podes
saber que não há mais de doze dias que subi a Jerusalém a adorar. E não me
acharam no templo falando com alguém, nem amotinando o povo nas sinagogas, nem
na cidade. Nem tão pouco podem provar as coisas de que agora me acusam. Mas
confesso-te que, conforme aquele Caminho que chamam seita, assim sirvo ao DEUS
de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas. Tendo
esperança em DEUS, como estes mesmos também esperam, de que há de haver
ressurreição de mortos, tanto dos justos como dos injustos. E, por isso,
procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com DEUS como para
com os homens.
Ora, muitos
anos depois, vim trazer à minha nação esmolas e ofertas. Nisto me acharam já
santificado no templo, não em ajuntamentos, nem com alvoroços, uns certos
judeus da Ásia, os quais convinha que estivessem presentes perante ti, e me
acusassem, se alguma coisa contra mim tivesse. Ou digam estes mesmos, se
acharam em mim alguma iniquidade, quando compareci perante o conselho (At
24.11-20).
Paulo olhou
para todos eles e houve silêncio. Félix sentiu no coração que ele era inocente.
Aquele não fora o seu primeiro encontro com a inveja e maldade judaicas. Mas,
se uma voz lhe dizia para desconsiderar o caso, outra tentava-o a esperar, até
descobrir que lado deveria apoiar em vantagem própria.
Paulo Mantido
na Prisão
A menção de
dinheiro para os irmãos de Jerusalém o fez pensar em uma boa soma que poderia
ser-lhe paga pela liberdade do apóstolo. De qualquer modo, valia a pena tentar!
Se a igreja quisesse a libertação do seu líder, sem dúvida levantaria fundos
para obtê-la. Decidiu adiar sua decisão. Não seria má ideia manter Paulo por
perto durante algum tempo; havia muitas coisas sobre os nazarenos que o
interessavam e queria ter uma conversa particular com o prisioneiro.
Com um aceno
impaciente, Félix encerrou a sessão do tribunal, prometendo ouvi-los de novo
quando Lísias chegasse de Jerusalém. Paulo foi mantido em custódia militar,
acorrentado a um guarda, mas livre para receber seus amigos e conhecidos. Os
meses passaram-se e Lísias nunca chegou. Ananias e os anciãos, decepcionados
com a fraqueza do governador, voltaram irados a Jerusalém.
Durante os dias
que se seguiram, Paulo teve muitos encontros privados com Félix. Certa ocasião,
Félix levou a esposa, Drusila. Ela era uma princesa belíssima e com menos de
vinte anos. Félix falara-lhe de Paulo e, sendo judia, quis ver esse conterrâneo
que se convertera ao Cristianismo. Drusila compreendeu a diferença entre Paulo
e os judeus que o acusavam, e tentou explicá-la ao marido. Seria interessante
ver o homem e ouvir-lhe as palavras. Félix deu ordens para que Paulo fosse
levado ao palácio.
Cercado por
guardas, Paulo entrou no grande salão, onde Félix e sua jovem esposa
reclinavam-se em sofás de seda. Ela era bela e ambiciosa, e com um sorriso
curioso, voltou a atenção ao conterrâneo envelhecido, de quem tanto ouvira
falar. Drusila tinha antecedentes religiosos, mas, uma vez entregue à vida de
iniquidade para conseguir poder e posição, não se preocupava tanto com a
entrevista, estando apenas um pouco curiosa.
Félix
provavelmente não tinha religião. Como a maioria dos de sua classe, tinha um
medo supersticioso do desconhecido e, ao ouvir Paulo, ficou fascinado por sua
convicção e autoridade. Temeu que Paulo estivesse certo no que dizia. Era
possível que houvesse realmente um DEUS vivo, que guardava o futuro em suas
mãos, e talvez esse DEUS castigasse os perversos. Caso fosse verdade, qual
seria a sua posição?
O grande
apóstolo não poupou palavras. Falou com destemor sobre viver em pureza e
retidão e sobre o domínio das paixões.
A vida de Félix
tinha sido indisciplinada e absolutamente egoísta. Ele satisfizera todos os
seus sentimentos de ódio, vingança e desejo. Mas agora, as palavras de Paulo
assustavam-no, e ele tremeu ao pensar no futuro. Drusila arqueou as lindas
sobrancelhas e deu um sorriso vago, ao qual Félix não conseguia resistir.
Compreendeu também que, se permitisse que suas emoções o dominassem a ponto de
ceder à atração de Paulo, teria de desistir dessa mulher bela e pecadora que
era a luz de sua vida lasciva.
Uma sensação de
medo o tomou, e disfarçando tudo, como se estivesse muito ocupado com questões
oficiais, fez sinal com a mão de que a entrevista terminara. "Por agora
vai-te, e tendo oportunidade, te chamarei" (At 24.25).
Quando se
retirava do aposento, Paulo ouviu o riso alegre da jovem princesa enquanto ela
e o marido ocupavam-se rapidamente de outras coisas.
Félix mandou
chamar Paulo repetidas vezes depois disso, pois gostava de conversar com ele
sobre a eternidade e, além do mais, ainda entretinha a esperança de que os
cristãos lhe oferecessem uma soma de dinheiro pela liberdade do líder. Mas, o
dinheiro não chegou. A cada dia Félix rejeitava o Evangelho; a cada dia seu
coração endurecia-se mais. Paulo voltou à sua vida na prisão, mantendo
conversações diárias com os crentes que o visitavam.
Ávida em
Cesaréia continuou rotineira. Paulo passou dois longos anos acorrentado a um
guarda romano, com o seu ministério suspenso e seu caso sem solução. Seus
inimigos, no entanto, não dormiam, e pediram a Félix que o mantivesse preso.
Para fazer um favor aos judeus, o governador deixou que ele permanecesse
encarcerado. Quando os amigos de Paulo fizeram petições, ele prometeu apressar
as coisas e continuar o julgamento depois da chegada das testemunhas. Tanto os
amigos como os inimigos de Paulo suplicaram ao governador que tomasse uma
decisão. Mas ele não atendeu; não mandou matá-lo nem o libertar.
Félix foi
subitamente chamado de volta à Roma. Durante seu termo de serviço, houvera
muitos levantes dos zelotes, que ele havia subjugado pela força, mas que em
breve voltavam à carga noutra região. Relatórios sobre esses fatos chegaram aos
ouvidos de César, que não tolerava a desordem em seu império. Félix foi então
removido, e outro governador, Festo, enviado com instruções para manter a paz
romana.
Paulo Diante de
Festo
Nem bem Festo
chegara ao palácio de Herodes e tomara as rédeas da autoridade, os judeus viram
outra chance de conseguir a morte de Paulo. Quando Festo fez sua primeira
visita oficial a Jerusalém, o sumo sacerdote e alguns dos seus homens esperavam
por ele, e suplicaram que Paulo fosse levado a julgamento nessa cidade. O plano
deles era assassiná-lo em algum ponto da estrada. Mas, excederam-se em sua
ansiedade, e Festo adivinhou que algo se escondia por trás de tanto interesse.
- Não é costume
dos romanos - asseverou ele -, castigar alguém antes de uma acareação com os
acusadores, e de dar oportunidade ao acusado para defender-se. Ele está sendo
mantido em Cesaréia, e quando eu voltar, em breve, que os poderosos entre vocês
me acompanhem e acusem o homem, se é que ele cometeu algo errado.
Esse governador
não era como Félix. Ele cumpriu sua palavra e, no dia seguinte ao seu retorno a
Cesaréia, Paulo foi levado diante da corte para enfrentar os mesmos acusadores
que pediram seu sangue nos dias de Félix. Festo não entendia das leis judaicas e
surpreendeu-se com o zelo daqueles homens de Jerusalém, que tanto se esforçavam
para conseguir uma sentença de morte. Ouviu pacientemente as acusações e
argumentos. Parecia ser uma disputa sobre religião, que ele jamais poderia
resolver.
Estava ansioso
para começar bem o seu governo e ganhar o favor de seus governados. Tendo
ouvido muitas testemunhas da parte deles, voltou-se a Paulo e perguntou:
"Queres tu subir a Jerusalém e ser julgado acerca destas coisas em minha
corte?"
O Apelo a César
Paulo
lembrou-se do ódio do Sinédrio, e compreendeu que em Jerusalém estaria no meio
dos inimigos. Tomou rapidamente uma decisão e apelou:
Estou perante o
tribunal de César, onde convém que seja julgado; não fiz agravo algum aos
judeus, como tu muito bem sabes. Se fiz algum agravo, ou cometi alguma coisa
digna de morte, não recuso morrer; mas, se nada há das coisas de que estes me
acusam, ninguém me pode entregar a eles. Apelo para César (At 25 10 11).
Festo ficou
atônito. Jamais ouvira um apelo desses antes, mas sabia que, pela lei romana,
não podia ser negado, pois Paulo era um cidadão livre, e esse era o seu mais
nobre direito como romano. Depois de conversar às pressas com o conselho,
levantou-se e fez o seu pronunciamento em tom grave: "Apelaste para César?
Para César irás" (At 25.12).
O dado estava
lançado. A causa do Cristianismo deveria comparecer diante da mais alta corte
do mundo. Festo tinha de preparar um relatório para o imperador, mas teve
dificuldade em escrevê-lo. Nada tinha de definido a declarar contra o homem; o
relatório, porém, era imprescindível.
Enquanto Festo
refletia, recebeu hóspedes das províncias e cidades vizinhas, que foram
cumprimentá-lo pelo seu novo cargo e dar-lhe as boas-vindas na Judéia. Entre
eles encontrava-se o rei Herodes Agripa II, da Galileia e da região próxima ao
Jordão. Ele era irmão da jovem e bela Drusila e tataraneto de Herodes o Grande.
Todos os
Herodes gostavam de espetáculos, e Festo fez o máximo para alimentar a vaidade
do hóspede e cotejar-lhe o favor. No curso da conversa, ele contou ao rei sobre
o seu estranho prisioneiro, pedindo conselho sobre como preparar a carta de
apelo ao imperador.
Paulo Diante de
Agripa
O rei pediu
para ouvir pessoalmente o apóstolo, prometendo que depois de escutá-lo ajudaria
Festo a preparar seu relatório para César. O cunhado de Agripa tivera muito
contato com Paulo, e essa seria uma boa oportunidade para ouvir o famoso
orador, enquanto falava sobre um assunto que perturbava Israel.
O pedido foi
aceito. No dia seguinte, Agripa compareceu em real esplendor, acompanhado de
Berenice, adornada com todas as suas joias. Para agradar ao rei, Festo
convidara os oficiais do seu regimento e os principais da cidade. Era um falso
julgamento, pois nada ia ser resolvido, mas Agripa o solicitara.
Com todo
aparato, o grupo entrou no pretório, sentando-se nas cadeiras douradas que
Festo mandara colocar para os visitantes. Junto às paredes, os lictores
postavam-se atentos, e o prisioneiro foi colocado no centro, com uma corrente
prendendo-lhe os pés.
Festo
apresentou o caso segundo seus conhecimentos. A seguir, Agripa pediu a Paulo
que se defendesse, e recostou-se na cadeira para ouvi-lo. Com um movimento
eloquente da mão, Paulo dominou a cena e começou sua defesa:
Tenho-me por
venturoso, ó rei Agripa, de que perante ti me haja, hoje, de defender de todas
as coisas de que sou acusado pelos judeus. Mormente sabendo eu que tens
conhecimento de todos os costumes e questões que há entre os judeus; pelo que
te rogo que me ouças com paciência (At 26.2,3).
Agripa foi
devidamente homenageado e sua atitude era amigável. Paulo fizera um bom começo,
e continuou. Seu testemunho, encontrado em Atos 26, foi essencialmente o
seguinte:
A minha vida,
pois, desde a mocidade, qual haja sido, desde o princípio, em Jerusalém, entre
os da minha nação, todos os judeus a sabem. Sabendo de mim, desde o princípio
(se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa
religião, vivi fariseu. E agora, pela esperança da promessa que por DEUS foi
feita a nossos pais estou aqui e sou julgado. A qual as nossas doze tribos
esperam chegar, servindo a DEUS continuamente, noite e dia. Por esta esperança,
ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus. Pois quê? julga-se coisa incrível
entre vós que DEUS ressuscite os mortos?
Bem tinha eu
imaginado que contra o nome de JESUS, o nazareno, devia eu praticar muitos
atos. O que também fiz... E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas
cidades estranhas os persegui.
Sobre o que,
indo, então a Damasco, com poder e comissão dos principais dos sacerdotes, ao
meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol,
cuja claridade me envolveu a mim e aos que iam comigo. E, caindo nós todos por
terra, ouvi uma voz que me falava, e em língua hebraica, dizia: Saulo, Saulo,
por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões.
E disse eu:
Quem és, Senhor?
E ele
respondeu: Eu sou JESUS, a quem tu persegues. Mas levanta-te e põe-te sobre
teus pés, porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e testemunha
tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda.
Livrando-te deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio. Para lhes abrires
os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a DEUS; a
fim de que recebam a remissão dos pecados, e sorte entre os santificados pela
fé em mim.
Pelo que, ó rei
Agripa, não fui desobediente à visão celestial. Antes, anunciei primeiramente
aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por toda a terra da Judéia, e aos
gentios, que se emendassem e se convertessem a DEUS, fazendo obras dignas de
arrependimento. Por causa disto os judeus lançaram mão de mim no templo e
procuraram matar-me. Mas, alcançando socorro de DEUS, ainda até ao dia de hoje
permaneço, dando testemunho tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada
mais do que o que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer. Isto é,
que o CRISTO devia padecer, e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos,
devia anunciar a luz a este povo e aos gentios (At 27.4-23).
Festo estivera
ouvindo atentamente, com crescente espanto. Ele conhecia JESUS pelos registros
romanos. Sabia que Ele fora crucificado sob o governo de Pôncio Pilatos; agora
isso era história. Mas, esse prisioneiro falava calmamente da sua ressurreição
e de tê-lo visto, e falado com Ele desde esse acontecimento. Que tolice! O
homem devia estar louco.
Estás louco,
Paulo! As muitas letras te fazem delirar - exclamou Festo.
Paulo
respondeu:
Não deliro, ó
potentíssimo Festo; antes digo palavras de verdade e de um são juízo. Porque o
rei, diante de quem falo com ousadia, sabe estas coisas, pois não creio que
nada disto lhe é oculto; porque isto não se fez em qualquer canto. Crês tu nos
profetas, ó rei Agripa? (At 26.25-27).
Ele inclinou-se
para ouvir a resposta. Agripa hesitou e não disse nada. Ele não apreciara a
pergunta, pois qualquer fosse a sua resposta, seria apanhado. Paulo viu sua
hesitação e acrescentou rapidamente:
Bem sei que
crês.
-O rei ficou
comovido, mas também muito embaraçado diante do seu séquito.
Por pouco me
queres persuadir a que me faça cristão!
Rápido como um
esgrimista que avança para matar, Paulo respondeu prontamente: "Prouvera a
DEUS que, ou por pouco ou por muito, não somente tu, mas também todos quantos
hoje me estão ouvindo se tornassem tais qual eu sou" e acrescentou então
três palavras curtas que revelavam tudo o que o Cristianismo fizera por ele,
"exceto estas cadeias" (26.29).
Alguns anos
antes, Paulo deleitara-se em prender homens e mulheres e lançá-los na prisão,
mas agora não colocaria uma algema em ninguém.
Agripa não quis
ouvir mais nada, e levantou-se. Berenice e Festo acompanharam-no para um lado
do aposento. Ficaram conversando alguns minutos e concordaram que Paulo nada
fizera digno de morte ou prisão. "Bem podia soltar-se este homem, se não
houvera apelado para César" (At 26.32).
Festo sentou-se
para fazer seu relatório e Paulo foi levado de volta à cela, a fim de esperar o
dia da viagem para Roma.
A VIAGEM PARA
ROMA
O outono estava
no fim quando Festo reuniu um grupo de prisioneiros e enviou-os a Roma. Em sua
maioria, eram presos políticos que, por terem desafiado alguma lei romana, eram
chamados de criminosos. Estavam sendo enviados à corte suprema, e se condenados,
teriam de lutar com as feras no Coliseu e morrer diante da multidão insensível,
num feriado.
A maior parte
dos navios com destino a Roma haviam sido carregados mais cedo e seguido para o
mar ocidental. Todo marinheiro sabia que os ventos equinociais tornavam
perigosas as longas viagens e, em breve, os barcos seriam forçados a lançar
âncora durante o inverno. Festo não conseguiu encontrar um navio para Roma, mas
querendo livrar-se dos prisioneiros, colocou-os numa pequena embarcação que
fazia viagens comerciais pela costa, do Egito até Adramítio, um porto da Mísia,
perto da cidade de Trôade.
Os
prisioneiros, a cargo de um centurião de nome Júlio e de uma escolta de
soldados, iriam até onde fosse possível com o navio, na expectativa de
encontrarem, em algum porto da Ásia, outro barco com destino a Roma. Festo deu
instruções completas a Júlio, encarregando-o de guardar os homens como sua
própria vida e entregá-los a Roma.
O centurião
sabia que Paulo não era perigoso, pois Festo lhe contara que o levavam para
Roma a seu próprio pedido. Tratava-se de uma questão religiosa sobre a qual
estava sendo julgado. Júlio o tratou com grande respeito e bondade, chegando
até a conceder-lhe privilégios em certos portos em que desembarcaram.
Lucas
acompanhou Paulo como assistente e companheiro. Aristarco, um crente de
Tessalônica, que levara uma oferta à igreja de Jerusalém, estava também entre
os passageiros.
Quando o vento
forte soprou do Ocidente, as cordas foram retiradas e os longos remos levaram a
embarcação para além do quebra-mar, em direção ao mar alto. Os marinheiros
desfraldaram a vela branca; o capitão estabeleceu o curso, e navegaram por
entre as ondas na direção norte, para o porto de Sidom.
O Porto de
Mirra
Em Sidom, o
navio recebeu carregamento para as cidades da Ásia, e Paulo teve permissão para
descer, porém acorrentado a um guarda. Ele passou o tempo visitando os irmãos e
confirmando-os na fé. Era a sua última palavra para eles e quis adverti-los
quanto aos perigos que a Igreja enfrentava. Alertou-os quanto aos inimigos de
CRISTO, sempre a postos. Depois de carregado o navio, os amigos de Paulo
acompanharam-no de volta à nave, acenando enquanto as velas eram desfraldadas e
a proa virava para o oeste, em direção à bela ilha de Chipre.
Os ventos frios
do inverno já começavam a soprar e o mar mostrava-se agitado. O navio teve de
mudar o curso; por segurança, ficou próximo à costa, ao abrigo do continente.
Navegando em águas tempestuosas, passaram pela amada Tarso, a oeste da
Panfília, avançando quando os ventos eram favoráveis e ancorando quando
mostravam-se contrários. Finalmente chegaram ao porto de Mirra, na costa da
Lícia.
Júlio ordenou
que seus homens deixassem a embarcação, e enquanto esta preparava-se para
retornar ao seu porto de origem, ao norte, ele procurou entre os navios
ancorados algum que os levasse a Roma. Finalmente, encontrou um que trabalhava
para os cerealistas egípcios, carregado de grãos, pronto a partir para a
Itália, onde permaneceria durante o inverno.
Já havia muitos
passageiros, mas o capitão abriu espaço para o grupo, esperando ser bem pago
porque Júlio estava em missão imperial. Ao todo, havia 276 homens a bordo
quando o navio se fez ao mar. O peso extra era-lhe favorável e o capitão
levou-o para onde havia vento e águas encapelados, esperando dar tempo de
chegar ao seu destino.
Era outubro, e
o céu tinha a cor de chumbo. Depois de o navio haver deixado Mirra, um vento
forte tirou-os da rota. Costearam a ilha de Rodes, e durante muitos dias
fizeram pouco progresso, a sota-vento das ilhas do Egeu, sendo levados pela
correnteza para o norte até Cnido, e para o sul, até Creta. Dentro de um mês,
não haveria mais navios no mar; as tempestades de inverno dominariam
solitárias. Era prudente apressar-se.
Bons Portos
Com dificuldade
e rangendo, o navio abriu caminho contra o vento, aproximando-se do Cabo
Salmone e costeando a ilha de Creta. Chegaram a Bons Portos e ancoraram na
baía. Bons Portos não passavam de um porto pequeno, inteiramente inadequado
para se passar o inverno. Depois de uma mudança do vento, fizeram uma tentativa
para chegar a Fênix, a sudoeste da ilha.
Qualquer um que
conhecesse o mar teria noção do perigo. Parecia que chegar a Roma estava agora
fora de questão. Tudo o que restava era procurar um porto abrigado e passar ali
o inverno. O conselho de Paulo foi que permanecessem em Bons Portos. Com sua experiência
do mar, onde já naufragara três vezes, aprendera a ser cauteloso. Dirigindo-se
ao piloto e ao mestre, aconselhou: "Varões, vejo que a navegação há de ser
incômoda e com muito dano, não só para o navio e carga, mas também para a nossa
vida" (At 27.10).
O piloto do
navio pensava outra coisa; e os homens, desejando invernar numa cidade maior,
concordaram em seguir para Fênix, distante cerca de quarenta milhas a oeste.
Uma mudança súbita do vento decidiu a questão. A tempestade do Norte abrandou e
vieram ventos suaves do Sul, remanescentes de Alexandria e de um clima mais
quente. Era tudo que desejavam. Nas águas calmas, os homens levantaram âncora e
desfraldaram as velas, pretendendo costear Creta até alcançar Fênix.
A Tempestade
Os planos dos
navegantes, porém, foram rapidamente destroçados. Quando ainda se achavam há
poucas milhas de Bons Portos, o vento mudou subitamente de direção, do Sul para
o Nordeste, e soprou com tamanha violência das montanhas cretenses que
transformou-se em tempestade. O mastro rangeu quando o navio se inclinou ao
primeiro ataque da tormenta. Não houve sequer tempo para puxar o batei preso
por uma corda na popa. Grandes ondas ergueram- se por trás do barco, como se
por um golpe de mágica, e nada restou aos marinheiros senão correr adiante do
temporal.
A frente deles
estava o continente da África e a Baía de Sirte. Todo marinheiro temia esse
lugar, pois não havia ali portos; só praias rasas onde os bancos de areia
mudavam conforme os ventos e tornavam-se o túmulo de muitas embarcações.
Todavia, a pequena ilha de Cauda achava-se ainda diante deles, que agradecidos,
esconderam-se ao abrigo de seus penhascos. Ali ganharam tempo para levantar o
batei cheio d'água e preparar o navio para o que talvez ainda tivessem de
enfrentar. Grandes cordas foram passadas por sob o barco e bem amarradas para
proteger a armação e mantê-la firme, especialmente se acabassem encalhando num
banco de areia.
Até o abrigo
inadequado de Cauda era-lhes suspeito. Encalhar na areia e ser despedaçados
contra a praia era pior que a tempestade em mar aberto. O vento levou-os então
para longe da ilha, e tendo feito tudo que podiam para salvar suas vidas,
prenderam a grande verga ao convés e navegaram com o mastro nu. Tudo o que lhes
restava fazer agora era manter- se em alto mar até que a tempestade passasse.
Trabalharam a
noite inteira temendo o pior, mas esperando que o amanhecer trouxesse alguma
ajuda. Na manhã seguinte, porém, o temporal não melhorara. E entrara tanta água
pelo madeirame do navio, que este afundara ainda mais. O capitão ordenou que
toda a bagagem pessoal fosse lançada ao mar, para aliviar a embarcação. À
medida que o navio fazia água e afundava cada vez mais nas ondas, a carga teve
de ser também lançada ao mar. A seguir, até a mobília, a vela grande e a verga
foram atiradas, junto com todos os aprestos que podiam ser dispensados.
Dia e noite, os
marinheiros lutaram arduamente contra as ondas. O navio subia e descia como uma
rolha; as ondas batendo no convés e a água salgada escorrendo pelos lados.
Seguiram-se dias e noites de terror, durante os quais só se via o céu cinzento;
não havia sol, nem lua, nem estrelas. Ao redor deles, ondas negras assobiavam.
Num momento, as águas eram como uma montanha caindo sobre o navio; no outro, um
vale se abria, e eles afundavam.
Marinheiros e
passageiros já havia, há muito, perdido a esperança. Já não lutavam para salvar
o navio; apenas agarravam-se às cordas e mastros. Sentiam que cada movimento do
convés, afundando entre os vagalhões, seria o último. Ninguém pensava em comer;
estavam certos de que a morte se aproximava.
A Visão de
Paulo
Paulo confiava
na promessa de DEUS: viveria para ver Roma. Durante um dos momentos em que
adormeceu, ao deitar-se exausto abaixo do convés, teve uma visão do Senhor. Ao
seu lado estava um anjo de DEUS, trazendo-lhe a seguinte mensagem: não só ele
seria salvo, como nenhum passageiro a bordo perderia a vida.
Quando o
desânimo deles era grande, Paulo os encorajou:
Fora, na
verdade, razoável, ó varões, ter-me ouvido a mim e não partir de Creta, e
assim, evitariam este incômodo e está perdição. Mas, agora, vos admoesto a que
tenhais bom ânimo, porque não se perderá a vida de nenhum de vós, mas somente o
navio. Porque, esta mesma noite, o anjo de DEUS, de quem eu sou e a quem sirvo
esteve comigo, dizendo: Paulo, não temas! Importa que sejas apresentado a
César, e eis que DEUS te deu todos quantos navegam contigo. Portanto, ó varões,
tende bom ânimo! Porque creio em DEUS que há de acontecer assim como a mim me
foi dito. E, contudo, necessário irmos dar numa ilha (At 27.21-26).
No final da
segunda semana, cerca da meia-noite, pareceu aos marinheiros experimentados que
estavam se aproximando da terra. Encontravam-se em algum ponto do Mar
Adriático. Um grito do vigia rasgou os ares e alarmou os corações:
"Arrebentação! Arrebentação!"
Os marinheiros
ouviram e acreditaram escutar o som das ondas nas rochas. O prumo foi baixado e
descobriram que a água tinha vinte braças de profundidade. Depois de avançarem
um pouco, tornando a lançar o prumo, acharam quinze braças. Isto significava
que o mar estava ficando mais raso e havia o risco de rochas ou bancos de
areia. Como estivesse escuro como breu, lançaram quatro âncoras para segurá-los
e esperaram impacientes pelo nascer do dia.
A Conspiração
dos Marinheiros
Na proa do
barco, tramava-se uma conspiração. Alguns marinheiros planejavam fugir com o
bote salva-vidas içado ao convés. Pretendiam baixar o bote e subir nele, como
se quisessem lançar âncoras pela proa. Escapariam para a terra e abandonariam
os amigos à fúria do mar. Paulo apercebeu-lhes o intento e chamou rapidamente o
centurião e seus soldados. "Se estes não ficarem no navio, não podereis
salvar-vos" (At 27.31).
Júlio entrou em
ação. A uma ordem sua um soldado dirigiu-se à lateral do navio com a espada
desembainhada e cortou o cabo do bote. A pequena embarcação desapareceu nas
trevas. Foi uma atitude imprudente; sem um bote, estavam ainda mais indefesos.
Porém a conspiração terminou, e os marinheiros frustrados reuniram-se em
grupos, tremendo sob a chuva gelada, até que o primeiro raio de luz aparecesse
no leste. Então viram as rochas baixas e escuras da terra firme.
Ninguém sabia
que terra era aquela, mas os 276 que estavam a bordo, subiram ao convés para
ter um vislumbre dela. Com a confiança renovada, Paulo insistiu que todos
comessem; precisariam de forças se quisessem sobreviver. Eles haviam jejuado
durante 14 dias, pois o perigo fora tão grande que ninguém pensara em
alimentar-se. Tomando o pão, Paulo inclinou a cabeça e, na presença dos
soldados e marinheiros pagãos, deu graças a DEUS e começou a comer. Sua
animação foi contagiosa. As esperanças reavivaram-se, e todos se alimentaram.
Com as energias renovadas, decidiram lutar por suas vidas.
Já que o navio
tinha de perder-se e encalhar na praia, que chegasse o mais próximo possível da
terra! Puseram mãos ao trabalho e a embarcação, aliviada da carga, boiou sobre
as ondas. Isso os levaria mais perto da praia.
O que lhes dava
um raio de esperança era a linha rochosa da costa, quebrada por uma pequena
enseada e uma praia arenosa. O capitão julgou poder aproar o navio na direção
da embocadura da enseada e encalhá-lo ali. Tiraram as amarras do leme; as
cordas das âncoras foram cortadas; uma vela leve foi içada no mastro e o navio
cambaleante dirigiu-se à praia. Não foram, porém, muito longe. Desconheciam a
costa, e num lugar onde duas correntes se encontravam, o barco encalhou num
banco de areia. Com um ruído forte, a proa imobilizou-se.
O NAUFRÁGIO
A água batia
fortemente na proa. Não havia jeito de desencalhar a embarcação. As ondas
continuavam furiosas e o madeirame já se soltava do barco. Na proa, os soldados
romanos, sabendo que perderiam a vida se os prisioneiros fugissem, foram falar
com o comandante: "Senhor, não podemos mais responsabilizar-nos pelos
prisioneiros. Ninguém pode nadar nessas águas agitadas acorrentado a outro. Não
seria melhor matá-los todos?"
Mas Júlio,
depois de conhecer melhor a Paulo, passara a gostar dele. Por sua causa,
ordenou que tirassem as correntes dos presos, e todos poderiam nadar até a
praia. Os que não sabiam nadar pularam ao mar agarrados a tábuas ou pedaços de
madeira, deixando que as ondas os levassem à terra firme.
Era um grupo
lastimável aquele reunido na praia. Os homens fracos e exaustos ficaram olhando
o navio ser despedaçado pela força das ondas gigantescas. Mas estavam todos
ali; machucados, abatidos, quase afogados, e tremendo sob a chuva, porém
salvos.
A tragédia
atraíra os nativos à praia, e muitos correram para ajudar os estranhos,
acendendo fogueiras para aquecê-los. Foi então que os náufragos souberam onde
estavam. Tinham chegado à ilha de Malta.
Os habitantes
de Malta eram de descendência egípcia, e durante muitos séculos foram homens do
mar. Com grande simpatia, haviam observado o navio em perigo e os esforços para
salvá-lo. Ao ver os homens chegarem à praia, um a um, os nativos de Malta
maravilharam-se. Estavam certos de que muitos morreriam no naufrágio.
A Vingança dos
Deuses
Na praia, Paulo
juntou-se aos outros para apanhar gravetos. Com uma braçada deles, aproximou-se
do fogo e colocou-os nas chamas. De repente, uma víbora que estivera escondida
na lenha, fugindo do calor, agarrou-se lhe à mão. Por um segundo, ela permaneceu
ali, enquanto um grito de terror elevou-se dos espectadores. Com um movimento
rápido, Paulo sacudiu-a, fazendo-a cair no fogo.
O pensamento
geral foi: ali estava um prisioneiro que escapara do mar, mas a vingança dos
deuses o seguira, e sua hora chegara. Os ilhéus sabiam que a víbora tinha um
veneno mortal, de ação rápida. Esperavam ver Paulo adoecer e cair morto em
questão de minutos. Com o horror estampado nos semblantes, ficaram a
observá-lo. Ele certamente havia cometido algum crime terrível para encontrar a
morte assim tão de repente.
Mas, Paulo não
tinha tais pensamentos. Não temia, porque confiava em DEUS e acreditava que
pregaria o Evangelho em Roma, como lhe fora prometido. Tranquilamente, o
apóstolo atiçou o fogo e aproximou-se dele para secar as roupas e aquecer o
corpo. Quanto mais os minutos passavam, mais crescia o espanto dos
observadores. Paulo não empalidecera, nem parecia um homem em agonia.
Um a um, os
ilhéus supersticiosos menearam as cabeças e concluíram que ele fosse um deus
disfarçado. O acontecimento, combinado com o que houve nas semanas seguintes,
deu a Paulo a oportunidade de pregar o Evangelho. Pôde falar do DEUS Único e
Verdadeiro, que tem poder para livrar seus servos do mal.
A Cura do Pai
do Governador
Os ilhéus
levaram os náufragos à casa de Públio, o governador romano de Malta, que morava
próximo à cena do desastre. Sua residência era grande e seu coração ainda
maior. Ele hospedou a todos durante três dias. Públio tinha um pai idoso que
morava com ele, e que se achava doente, com febre. Quando Paulo soube, pediu
para vê-lo. Recebida a permissão, impôs as mãos sobre o homem e orou. Com os
olhos levantados ao céu, clamou fervorosamente por um milagre. A cura daquele
homem seria um testemunho do poder de DEUS e da verdade do Evangelho.
O Senhor
atendeu-lhe a oração, e o pai do governador ficou bom. Públio ouviu as boas-
novas, assim como muitos doentes de Malta. Os enfermos da ilha iam à procura de
Paulo, esperando que este também os curasse. Durante os três meses de inverno,
enquanto Júlio e seus prisioneiros aguardavam que o mar se tornasse novamente
navegável, Paulo e seus amigos, Lucas e Aristarco, pregaram o Evangelho de
CRISTO. E DEUS confirmava com milagres as suas palavras. Honras especiais foram
concedidas a Paulo e a seus companheiros. Eles haviam conquistado o amor e a
confiança dos ilhéus. Ricos e pobres tinham presenciado o grande poder de DEUS,
e alguns creram.
RUMO A SIRACUSA
Os três meses
passaram-se rapidamente. Com as primeiras brisas mornas da primavera, os
comandantes dos navios ancorados no porto começaram a reunir os tripulantes,
preparando- se para partir. Júlio estava ansioso para seguir viagem. Fez
arranjos com o proprietário de outro navio graneleiro de Alexandria, e os
soldados e seus prisioneiros prepararam-se para ir embora. A essa altura, Paulo
já tinha muitos amigos e esses entristeceram-se com a despedida. Numa
demonstração de amor, levaram presentes e provisões, e reunidos no cais,
disseram adeus ao apóstolo. A pesada embarcação foi levada à baía pelos
remadores, com as velas içadas. Ventos brandos sopraram. Depois de um dia
agradável sob um céu ensolarado, e cercados por águas azuis, chegaram à velha
cidade de Siracusa, aninhada num lindo golfo da Sicília.
Durante três
dias, Paulo e seus companheiros, escoltados por um guarda romano, visitaram a
cidade, cujo povo muito se orgulhava da sua habilidade em corridas de carros.
Ali, à sombra do templo branco de Diana, com os sacerdotes pagãos que matavam
quatrocentos bois por ano sobre o altar dessa deusa, Paulo provavelmente falou
de JESUS. Embora o tempo fosse curto e os ouvintes poucos, a semente de uma
igreja fiel pode ter sido plantada.
O navio, porém,
prosseguiu em sua rota. Na proa que cortava as ondas havia figuras dos irmãos
gêmeos Castor e Pólux, que na mitologia antiga eram filhos de Zeus. Os
marinheiros orgulhavam-se de servir nesse navio, pois esses gêmeos celestiais
eram tidos como protetores dos navegantes.
A Cintilante
Baía de Nápoles
Na direção
oeste, enquanto abriam caminho para o continente, eles podiam ver a montanha de
fogo, cinzenta durante o dia e iluminada à noite. O Etna era um marco para todo
viajante a caminho de Roma. Nos apertados estreitos de Messina, tocaram o
primeiro porto italiano. No bonito porto de Régio, protegido pelos altos montes
da Sicília e pelo continente, o vento cessou e o navio permaneceu imóvel um dia
inteiro. Mas, pela manhã, o vento sul soprou. Com as velas desfraldadas à
brisa, o navio deixou o estreito para trás. Durante todo aquele dia e noite
navegaram contra o vento e, na manhã seguinte, chegaram a um dos grandes portos
de Roma. Era a cidade de Putéolos, na Baía de Nápoles. Rodeando toda a baía,
ficavam os balneários da moda, dos abastados cidadãos romanos. À distância,
erguia-se o Monte Vesúvio. Aos seus pés, encontravam-se as prósperas cidades de
Pompéia e Herculano.
Por causa de
seu magnífico cenário e clima agradável, a Baía de Nápoles era a praia favorita
dos nobres de Roma. O imperador tinha a sua vila nessa baía, a mais bela do
mundo. Na cidade de Putéolos, os grandes navios descarregavam suas cargas e os
passageiros desembarcavam, seguindo a Estrada de Ápio até Roma. Nesse mesmo
porto, havia algum tempo, Calígula, enlouquecido pelo poder, gabara-se de que
poderia andar de carro até a sua vila por sobre a baía brilhante. Cumprindo
suas ordens, barcos foram amarrados uns aos outros e uma estrada de quatro
quilômetros construída por cima deles para que pudesse dizer que dominava o
mar.
Em Putéolos, os
pés de Paulo tocaram o solo italiano pela primeira vez. Júlio permaneceu
durante algum tempo nessa cidade e Paulo teve permissão para encontrar-se
livremente com os amigos. Agora havia cristãos por toda parte, e quando
souberam da presença de Paulo, muitos foram vê-lo e pedir-lhe que ficasse mais
tempo entre eles.
Durante a
parada de sete dias, os cristãos tiveram oportunidade de enviar a Roma notícias
da chegada de Paulo. Os crentes romanos sentiram-se felizes por ver o homem que
passara a vida a serviço de CRISTO. Haviam lido e decorado a carta recebida do
apóstolo. Reuniam-se todos os domingos para a confraternização cristã, e liam
partes dessa carta, alegrando-se na sua salvação. Muitos decidiram ir ao
encontro de Paulo na estrada, pelo prazer de acompanhá-lo até Roma. Alguns
viajaram 64 quilômetros e o encontraram na praça de Ápio; outros, 48
quilômetros, indo até as Três Tavernas.
Quando Paulo
viu os amigos da igreja de Roma, seu coração comoveu-se. Pensou no julgamento
que o aguardava e na possível condenação, mas ao sentir o amor e dedicação
daqueles amigos a CRISTO, agradeceu a DEUS e recobrou ânimo. Entre os crentes
dali estavam seus antigos companheiros, Áquila e Priscila.
Os Portões de
Roma
Roma estava
logo adiante. Roma, a dona do mundo! A cidade de templos e palácios! O centro
da terra! O trono do imperador!
Os portões
agora estavam à vista. Júlio reuniu os prisioneiros no centro da escolta de
soldados e fez com que marchassem pelas ruas até os alojamentos imperiais, onde
foram entregues a Barros, conselheiro-chefe do imperador. Esse velho e honesto
soldado, que perdera uma das mãos na batalha, ouviu com interesse e bondade,
enquanto Júlio falava-lhe sobre cada homem. E quando mencionou Paulo, obteve um
favor especial - um quarto privado onde pudesse morar com o soldado que o
guardava, e permissão para ver os amigos sempre que quisesse.
PRISIONEIRO EM
ROMA
Três dias após
a chegada de Paulo a Roma, seu quarto estava cheio de visitas. Ele enviara
mensagens às principais autoridades das sinagogas, convidando-as a visitá-lo e
ouvir sua história. Ávida do judeu em Roma sempre fora difícil. Durante o
governo de Cláudio, todos eles haviam sido expulsos da cidade, mas agora
houvera um relaxamento das leis. Tantos judeus tinham voltado a Roma que sete
sinagogas foram construídas. Separados dos romanos, eles viviam na margem
ocidental do rio Tibre.
Compreendendo o
quanto seus conterrâneos haviam sofrido nas mãos do imperador romano, e que a
inimizade dos cidadãos podia ser despertada ao menor pretexto, Paulo temia que
sua presença em Roma trouxesse mais problemas aos judeus. Seu apelo a César
poderia ser interpretado como uma tentativa de promover mais perseguição aos
judeus, por chamar a atenção sobre suas disputas religiosas.
Quando os
líderes judeus atenderam ao convite de Paulo, este explicou-lhes que havia
decidido fazer o apelo a César apenas por não haver outro meio de obter a
liberdade. Eles ouviram e não se mostraram hostis.
Varões irmãos,
não havendo eu feito nada contra o povo, ou contra os ritos paternos, vim,
contudo, preso desde Jerusalém, entregue nas mãos dos romanos. Os quais,
havendo-me examinado, queriam soltar-me, por não haver em mim crime algum de
morte. Mas, opondo-se os judeus, foi-me forçoso apelar para César, não tendo,
contudo, de que acusar a minha nação. Por esta causa vos chamei, para vos ver e
falar; porque pela esperança de Israel estou com esta cadeia (At 28.17-20).
Eles sabiam que
Paulo era seguidor de JESUS, e tinham ouvido de suas visitas a muitas sinagogas
no império. Entretanto mostraram-se amáveis, pois compreendiam que qualquer
demonstração contrária poderia provocar a inimizade de Roma.
Nós não
recebemos acerca de ti qualquer carta da Judéia, nem veio aqui irmão algum, que
nos anunciasse ou dissesse de ti algum mal. No entanto bem quiséramos ouvir de
ti o que sentes; porque, quanto a esta seita, notório nos é que em toda a parte
se fala contra ela (At 28.21,22).
Pregando em
Roma
Num determinado
dia, abriu-se finalmente a porta para o velho guerreiro pregar sobre seu tema
favorito: JESUS CRISTO. De manhã até a noite, Paulo conversou com os judeus que
haviam comparecido em grande número para ouvi-lo falar do Messias. A luz do
Evangelho brilhava-lhe nos olhos, e sua voz inflamava-se com o fogo santo,
enquanto fazia os ouvintes examinarem as suas próprias Escrituras. Tudo o que
aprendera na escola de Gamaliel estava sendo útil, e ele citou passagem após
passagem dos rolos sagrados. Usou as palavras de Moisés e dos profetas para
mostrar que a única esperança de Israel estava no Messias. As Escrituras deles
continham tudo isso; se pelo menos cressem!
Quando o dia
terminou, havia divisão entre os ouvintes. Alguns creram e foram embora com a
esperança no coração e uma nova vida no íntimo; outros mostraram desprezo.
Paulo, porém,
continuou enquanto saíam:
Bem falou o
ESPÍRITO SANTO a nossos pais pelo profeta Isaías, dizendo: Vai a este povo, e
dize: De ouvido, ouvireis, e de maneira nenhuma entendereis; e, vendo, vereis,
e de maneira nenhuma percebereis...Seja-vos, pois, notório que esta salvação de
DEUS é enviada aos gentios, e eles a ouvirão (At 28.25,26,28).
Com estas
palavras soando-lhes nos ouvidos, os judeus partiram irados.
A Órbita da
Atividade Cristã
Não muito
depois disso, a igreja de Filipos, sabendo da prisão de Paulo, reuniu e enviou
dinheiro para o sustento do apóstolo em Roma. Foi um presente tão grande e
abençoado, que ele pôde, com o consentimento de seus captores e a ajuda de
alguns cristãos de Roma, mudar-se para uma casa alugada, onde morou durante
dois anos, esperando o dia de seu julgamento pelo tribunal de Nero.
Durante sua
prisão Paulo foi tratado com grande benevolência, embora continuasse sempre
acorrentado a um guarda. Aonde quer que fosse, o soldado o acompanhava. Depois
de dois anos dessa vida, vários guardas já tinham ouvido o Evangelho e alguns
deles se converteram. Paulo não era um cristão oculto; através de seus amigos
crentes, fez saber a todos que explicaria o Evangelho a quem o procurasse em
sua residência. Muitos aceitaram o convite, e sua casa em Roma veio a tornar-se
um centro de testemunho cristão.
Crentes de
várias cidades iam e vinham procurando os conselhos de Paulo sobre assuntos da
fé cristã e levando suas cartas às igrejas do Leste. Listra e Derbe, Corinto e
Éfeso, Colossos e Tessalônica, e até a igreja de Beréia enviaram seus
representantes para trabalhar sob a direção de Paulo. Orientados por ele,
divulgaram o Evangelho nas cidades onde CRISTO não era conhecido. Alguns deles
testemunhavam nas ruas movimentadas de Roma, e ao mesmo tempo ministravam ao
apóstolo. Sua casa tornou-se um centro de atividades, de onde os mensageiros da
Cruz partiam para todo o império. Depois de cada viagem, como os cometas em sua
órbita, voltavam ao ponto de partida.
Paulo passou a
amar os soldados que o guardavam. Eram homens corajosos e fiéis, e não demorou
muito para que um pequeno grupo de crentes se formasse entre a guarda
pretoriana e os homens da casa de César. Ao serem convencidos da Verdade, esses
homens levavam a mensagem aos familiares, bem como a todos os militares nos
quartéis. Cada vez que o velho apóstolo refletia sobre sua prisão, um sorriso
aflorava-lhe aos lábios e ele agradecia a DEUS. Suas cadeias, em vez de
prejudicar o Cristianismo, tinham-no ajudado!
Enquanto os
amigos iam e vinham, Paulo esperava por notícias do julgamento. Com a morte de
Cláudio, Nero subira ao trono. Ele não era filho de Cláudio, mas sua mãe viúva
incentivou-o e fez com que fosse coroado imperador aos dezessete anos.
Britânico, seu meio- irmão, era o herdeiro legítimo; mas pelas manobras da mãe,
Nero foi o escolhido. Antes de completar um ano no poder, ele mandou envenenar
Britânico. Com o passar do tempo, veio a odiar a mãe e ordenou que seus amigos
a matassem. Eles agarraram-na no meio da noite e tentaram afogá-la; não
conseguindo, acabaram por apunhalá-la. Nero casou-se com a gentil Otávia, filha
de Cláudio, a quem passou também a odiar. Quando Paulo chegou a Roma, o jovem
Nero, então com 24 anos, estava planejando matar Otávia e casar-se com Pompéia.
Inteiramente
entregue a uma vida de paixões e perversidade, Nero não tinha a menor intenção
de perder tempo com um prisioneiro judeu. Portanto, Paulo ficou esperando sob
os cuidados de um guarda, enquanto o imperador prosseguia em sua vida devassa.
A Chegada de
Timóteo
Paulo sentiu-se
reanimado quando seu jovem e fiel amigo Timóteo chegou a Roma. O rapaz queria
estar perto de seu pai espiritual e ser dirigido por ele no trabalho do Senhor.
Quatro anos haviam se passado desde que Paulo e Timóteo viajaram juntos para
pregar a CRISTO na Europa. Tinham ido a Filipos e plantado o Evangelho na
Macedônia, começando numa reunião de oração. Naquele dia, Lídia, a vendedora de
púrpura, abrira não somente o coração a CRISTO, como também sua casa aos
cultos. Os pensamentos de Paulo voltaram àquele dia. Lembrou-se de como havia
sido publicamente açoitado na praça do mercado e finalmente preso. Recordou- se
do carcereiro que se tornara cristão com toda a família, e de como a igreja de
Filipos cuidara das suas necessidades quando fora a Tessalônica. Duas vezes
enviaram-lhe dinheiro. E agora, ouvindo falar de suas cadeias em Roma, mandaram
novamente dinheiro por Epafrodito, que ficou para ajudar Paulo e trabalhar para
CRISTO sob a orientação do apóstolo.
Sem dúvida, foi
Lídia, a rica mercadora, quem instigou a igreja de Filipos a ajudar o homem de
DEUS. Como foi animador ouvir dos lábios de Epafrodito que a igreja filipense
continuava firme na fé! Que encorajamento para Paulo saber que um de seus
membros fora ter com ele para ser seu companheiro no trabalho!
A Epístola aos
Filipenses
Epafrodito
pregou o reino de DEUS com tanto zelo e fervor, a ponto de não se importar com
a própria saúde. Nas ruas estreitas de Roma, ajuntava uma multidão e
falava-lhes de JESUS. Depois de alguns meses, uma grave doença interrompeu-lhe
o ministério, confinando-o ao leito, onde esteve à beira da morte durante
várias semanas. Aos poucos começou a melhorar, mas estava fraco e incapaz de
voltar ao trabalho. Paulo percebeu que o amigo tinha saudades de casa, e
resolveu mandá-lo de volta a Filipos.
Com a ajuda de
Timóteo, Paulo começou a ditar uma carta. Seu pensamento retrocedeu alguns anos
e ele lembrou-se vividamente de cada membro da igreja.
Dou graças ao
meu DEUS todas as vezes que me lembro de vós.
E quero,
irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior
proveito do evangelho. De maneira que as minhas prisões em CRISTO foram
manifestas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais lugares. E
muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a
palavra mais confiadamente, sem temor (Fp 1.3,12-14).
Paulo falou do
seu julgamento, sem muita certeza quanto ao futuro. Ele não tinha meios de
saber o que aconteceria. O jovem imperador dava pouco valor à vida, e Paulo não
sabia se seria poupado. De fato, pensara com agrado na possibilidade de morrer,
pois isso significaria estar com CRISTO. Todavia, teve alguns vislumbres de
esperança de que seria solto. Viver significaria trabalhar mais para JESUS;
morrer seria lucro e uma gloriosa entrada no céu. As palavras subiram-lhe do
coração:
Porque para mim
o viver é CRISTO, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da
minha obra, não sei, então, o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em
aperto, tendo desejo de partir e estar com CRISTO, porque isto é ainda muito melhor.
Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne. E, tendo esta
confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para proveito vosso e
gozo da fé. Para que a vossa glória aumente por mim em CRISTO JESUS, pela minha
nova ida a vós.
Somente deveis
portar-vos dignamente conforme o evangelho de CRISTO.
E espero no
Senhor JESUS que em breve vos mandarei Timóteo, para que também eu esteja de
bom ânimo, sabendo dos vossos negócios..., Mas confio no Senhor que também eu
mesmo, em breve, irei ter convosco (At 1.23-28; 2.19,24).
Ele escreveu
sobre Epafrodito, o valoroso cooperador que adoecera e ficara muitas semanas
entre a vida e a morte:
Porquanto tinha
muitas saudades de vós todos, e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido
que ele estivera doente. E, de fato, esteve doente, e quase à morte, mas DEUS
se apiedou dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse
tristeza sobre tristeza. Por isso, vo-lo enviei mais depressa, para que,
vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza. Recebei-o, pois,
no Senhor, com todo o gozo, e tende-o em honra. Porque, pela obra de CRISTO,
chegou até bem próximo da morte, não fazendo caso da vida, para suprir para
comigo a falta do vosso serviço (Fp 2.26-30).
A carta foi
escrita e selada. Epafrodito levou-a consigo à cidade natal. Paulo tinha agora
um companheiro a menos, mas Timóteo e Lucas permaneceram ao seu lado,
mantendo-o em contato com os cristãos de Roma. Marcos, Tíquico, Aristarco,
Demas, Trófimo e Tito colocaram-se à disposição de Paulo; passavam os dias indo
de uma igreja a outra, levando as mensagens do apóstolo.
A Epístola aos
Colossenses
Epafras tinha
sido o missionário por meio de quem os colossenses ouviram pela primeira vez o
Evangelho e se converteram ao Cristianismo. Ele encontrava-se agora em Roma,
trabalhando para o Senhor como um dos colaboradores de Paulo. A igreja de
Colossos enviara seu mais importante líder para pregar o Evangelho na maior
cidade do mundo.
Sendo um dos
companheiros de Paulo, Epafras passou muitas horas com ele. Faziam planos e
discutiam a respeito das várias igrejas sobre as quais Paulo mantinha
vigilância. Todos os dias oravam juntos por cada igreja, lembrando sua
fidelidade e pedindo a DEUS que as fortalecesse. Sempre que orava, os
pensamentos de Epafras voltavam à sua amada congregação em Colossos, e ele
intercedia por aqueles cristãos; que o Senhor os aperfeiçoasse e os completasse
conforme a sua vontade. Paulo nunca vira a igreja de Colossos, mas Epafras
referia-se constantemente a ela por lhe ser tão cara ao coração. Falava de cada
crente; contou que a congregação se reunia em casa de Filemom, e Arquipo ficara
encarregado de prosseguir com a obra.
Ao falar de sua
amada igreja, Epafras revelou uma profunda preocupação com um judeu, que de
maneira muito sutil, estava desviando o povo para duas formas de erro. A
primeira era uma espécie de ascetismo, ensinando que as pessoas tinham de negar
a si mesmas para obter a salvação. Enfatizava a observância de certos dias, e
sua pregação era cheia de proibições. Segundo seus ensinamentos, somente pela
autonegação alguém se tornava digno da vida eterna. O segundo erro era uma
filosofia mística que despojava CRISTO da sua posição como Filho de DEUS e
Salvador dos homens.
Era o velho
erro, que Paulo tantas vezes combatera, surgindo outra vez e prejudicando a
mensagem cristã. Quem estava mais bem preparado para advertir os colossenses
contra tal heresia? Paulo decidiu escrever-lhes uma carta. Com Timóteo ao seu
lado, anotando-lhe os pensamentos enquanto os ditava, começou a missiva.
Falou primeiro
de seu afeto pelos colossenses e de como tivera notícias deles através de
Epafras. Quanto às coisas básicas, só tinha elogios a fazer. Elogiou-lhes a fé
em CRISTO, o amor por todos os cristãos, e sua esperança no céu. A seguir,
passando à admoestação doutrinária, advertiu-os contra o perigo da falsa
filosofia e do ensino judaico que solapava a divindade do Senhor:
Tende cuidado
para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas,
segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo
CRISTO. Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.
Portanto,
ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa,
ou da lua nova, ou dos sábados. Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo
é de CRISTO (Cl 2.8,9,16,17).
Paulo não podia
terminar a carta sem acrescentar alguns conselhos práticos à vida cristã.
Revesti-vos,
pois, como eleitos de DEUS, santos, e amados, de entranhas de misericórdia, de
benignidade, humildade, mansidão, longanimidade. Suportando-vos uns aos outros
e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro: assim como
CRISTO vos perdoou, assim fazei vós também.
E a paz de
DEUS, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos
corações; e sede agradecidos. A palavra de CRISTO habite em vós abundantemente,
em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com
salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso
coração (3.12,13,15,16).
Terminada a
carta, Paulo tomou-a das mãos de Timóteo e escreveu, ele mesmo, uma saudação
final, assinando-a a fim de que não tivessem dúvidas sobre o remetente. Depois
de reler a missiva, para ver se nada esquecera, ordenou a Tíquico que a levasse
à igreja de Colossos; ficasse ali algum tempo, e depois voltasse com notícias.
A Conversão de
Onésimo
Tíquico foi
acompanhado na viagem por um homem chamado Onésimo, que fora escravo na casa de
Filemom, em Colossos. Certo dia, rebelando-se contra a escravidão, Onésimo
roubara roupas e dinheiro de seu dono, e fugira, imaginando que poderia
esconder-se nas ruas movimentadas de Roma e começar uma nova vida. Mas em Roma,
sob a influência do apóstolo Paulo, acabou convertido. Quando conheceu JESUS e
seu amor, a gratidão e reverência encheram-lhe o coração. Onésimo compreendeu
que JESUS morrera para salvá-lo. A ele, um escravo fugitivo e ladrão! Enquanto
crescia na graça e no conhecimento de DEUS, entendeu que, aos olhos do Senhor,
o escravo e o livre são iguais.
Que diferença
entre o tratamento que recebia de Paulo, como crente, e a antiga vida que
conhecera em Colossos! Ao confessar seu pecado a DEUS, Onésimo fez uma entrega
completa. Tão genuína foi a sua conversão, que estava disposto a contar as Boas
Novas a todo mundo. Então Paulo dirigiu-o a ganhar outros para CRISTO. Metade
da população de Roma era composta de escravos, e Onésimo poderia alcançar
muitos deles que, de outra forma, não ouviriam o Evangelho.
Entretanto,
conhecendo a injustiça que Onésimo fizera a Filemom, Paulo o fez compreender
que o único curso de ação era voltar e confessar tudo ao antigo dono. Isso
significava castigo. Embora Filemom e sua mulher, Afia, fossem bondosos e
justos, o supervisor da casa certamente o açoitaria. Ele vira os sofrimentos
infligidos a escravos que tinham sido temerários e desleais, e calculou que
voltar não seria agradável, especialmente agora que era um homem livre em
CRISTO e útil ao grande apóstolo.
Todavia, desde
que se tornara cristão, queria endireitar todos os seus erros, tanto aos olhos
de DEUS quanto aos dos homens. Esse era o único caminho para a paz e serviço.
Decidiu então que, por causa do Senhor, voltaria a ser escravo, corrigindo seu
erro.
A Epístola a
Filemom
A fim de
abrandar a dificuldade da volta, Paulo escreveu uma breve carta pessoal a
Filemom. Este senhor fora um dos seus convertidos; entregara-se a CRISTO
durante a longa estada de Paulo em Éfeso. Agora, com zelo pelo seu Senhor,
Filemom revelava grande hospitalidade à igreja de Colossos. Os membros
reuniam-se todas as semanas em sua bela casa, sob o ministério de Arquipo.
Movido por
forte sentimento cristão, Paulo escreveu um ousado, porém discreto, apelo ao
seu amigo.
Todavia,
peço-te, antes, por caridade, sendo eu tal como sou, Paulo, o velho, e também
agora prisioneiro de JESUS CRISTO. Peço-te por meu filho Onésimo, que gerei nas
minhas prisões.
Eu bem o
quisera conservar comigo, para que, por ti, me servisse nas prisões do
evangelho. Mas nada quis fazer sem o teu parecer, para que o teu benefício não
fosse como por força, mas voluntário. Porque bem pode ser que ele se tenha
separado de ti por algum tempo, para que o retivesses para sempre. Não já como
servo, antes, mais do que servo, como irmão amado, particularmente de mim e
quanto mais de ti, assim na carne como no Senhor?
Assim, pois, se
me tens por companheiro, recebe-o como a mim mesmo. E, se te fez algum dano, ou
te deve alguma coisa, põe isso à minha conta...eu o pagarei.
E juntamente
prepara-me também pousada, porque espero que pelas vossas orações vos hei de
ser concedido (Fm 9,10,13-19,22).
A Epístola aos
Efésios
Enquanto
Tíquico e Onésimo preparavam-se para a viagem, Paulo dava as últimas pinceladas
na carta que vinha escrevendo cuidadosamente havia semanas. Era uma carta
geral; não se destinava a corrigir quaisquer erros em particular. Devia ser
passada entre as várias igrejas, a fim de fortalecer-lhes a fé, encorajá-las na
vida cristã e conscientizá-las de sua posição e privilégios em CRISTO JESUS.
Ele começou com
um hino de louvor às três pessoas da Santíssima Trindade - o Pai, o Filho e o
ESPÍRITO SANTO. A seguir, com mão de mestre, pintou um quadro da igreja como o
templo de DEUS, construído sobre o fundamento de CRISTO. Todas as grandes
doutrinas da fé foram mencionadas nessa belíssima carta. A maturidade cristã do
apóstolo é evidente em cada linha. Não foram feitas referências pessoais, nem
saudações às famílias locais ou colaboradores. Se a carta fosse destinada
apenas aos efésios, Paulo teria enviado cumprimentos a muitos, segundo o seu
costume, pois trabalhara três anos entre eles - mais tempo que em qualquer
outra cidade. Em vez disso, pretendia que ela fosse uma admoestação final a
várias igrejas. Ele era agora Paulo, o velho, e seus dias de missivista logo
terminariam. O apóstolo ansiava por incluir em uma carta circular a plenitude
do Evangelho e o encorajamento que enriqueceria e firmaria cada membro do corpo
de CRISTO. Tal carta aplicar-se-ia a todas as igrejas que fundara. Escreveu então:
E vos
vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo,
andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar,
do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência... Mas DEUS, que é
riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós
ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com CRISTO (pela graça
sois salvos)... Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem
de vós; é dom de DEUS. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.
Portanto,
lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na carne... que, naquele
tempo, estáveis sem CRISTO, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos
concertos da promessa, não tendo esperança e sem DEUS no mundo (Ef
2.1,2,4,5,8,9,11,12).
Numa transição
rápida e precisa, desceu dos altos picos para os vales profundos da vida comum:
"Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação
com que fostes chamados" (Ef 4.1).
Enquanto ditava
o último capítulo de sua obra-prima, Paulo procurava algum exemplo que fixasse
para sempre suas palavras à mente dos leitores. À sua frente estava sentando o
jovem a quem amava como a um filho. Timóteo, com a pena na mão, ouvia e anotava
atentamente cada palavra saída dos lábios de seu mentor. Ao seu lado,
encontrava-se o sempre presente guarda romano, magnífico na armadura do
império, e orgulhoso por estar entre os escolhidos de Nero. Os olhos de Paulo
fitaram o soldado e um sorriso surgiu-lhe nos lábios. Voltando-se a Timóteo,
ditou:
No demais,
irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de
toda a armadura de DEUS, para que possais estar firmes contra as astutas
ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas,
sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das
trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares
celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de DEUS, para que possais resistir
no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo
cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça. E
calçados os pés na preparação do Evangelho da paz (Ef 6.10-15).
Com mais uma
olhadela ao equipamento do guarda, acrescentou:
Tomando
sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados
do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do ESPÍRITO, que é a
palavra de DEUS. Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no ESPÍRITO
e vigiando nisso com toda a perseverança e súplica por todos os santos... Paz
seja com os irmãos, e caridade com fé da parte de DEUS Pai e da do Senhor JESUS
CRISTO. A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor JESUS CRISTO em
sinceridade. Amém (Ef 6.1618,23,24).
O Evangelho
Difundido mediante o Cativeiro
As cartas foram
enviadas e Paulo voltou à rotina diária de ensinar os que iam à sua casa,
fortalecendo-os nas coisas divinas. Durante os anos do seu cativeiro, para
surpresa dos amigos e dele mesmo, o Evangelho fora promovido. Foram tempos
calmos e úteis aqueles. A indulgência do Império Romano contribuiu para que a
prisão forçada não trouxesse tristezas. Sua mente estava livre de cuidados
pessoais; em seu coração crescia cada vez mais a esperança de ser libertado
após o julgamento. Essas palavras foram escritas da sua casa:
Regozijai-vos,
sempre, no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos (Fp 4.4).
O COMBATE, A
CORRIDA E O DEPÓSITO
O tão esperado
julgamento aconteceu finalmente no ano 63 D.C., depois de Paulo haver
permanecido dois anos em prisão domiciliar.
Tudo que ele
esperava e previra aconteceu. A carta favorável de Festo e o relatório de Júlio
fizeram a balança pender a seu favor. Após aqueles longos meses, e com os
acusadores tão distantes, a oposição judaica diminuíra. Em razão de os judeus
serem olhados com suspeita, a corte dispensou rapidamente as acusações contra
Paulo, e ele foi posto em liberdade.
Pouco se sabe
das atividades do apóstolo depois da sua libertação, mas é fácil imaginar quais
foram. Ao voltar para casa e dar-se conta de que, pela primeira vez em quatro
anos, estava sem a companhia de um guarda, deve ter, imediatamente, iniciado
algum plano. Não ficaria inativo; tiraria o máximo proveito do tempo que lhe
restava. Sempre quisera visitar a extremidade ocidental do império. Anos antes,
ao escrever à igreja de Roma, falara-lhes de sua intenção de ir à Espanha. Seu
pensamento estava sempre com as igrejas, e desejava visitar muitas delas na
Ásia e na Grécia. Desde que escrevera a Filemom, e ouvira a história da igreja
de Colossos por intermédio de Epafras, alimentava a esperança de visitá-la.
Essa era a sua oportunidade. A seguir, escrevera à sua igreja favorita - a de
Filipos. A perspectiva de ver os irmãos que cuidaram dele durante a prisão em
Roma aqueceu-lhe o coração.
Tudo decidido,
não perdeu tempo. Encontrou um navio que ia para a Espanha e navegou para o
Ocidente, a fim de conhecer novas pessoas e testemunhar de seu Salvador. Aquela
foi, no entanto, uma curta visita. Depois de encorajar os poucos cristãos dali
e fortalecer- lhes a fé em CRISTO JESUS, Paulo tomou um navio para sua amada
terra. Depois de vários dias, chegou finalmente a Éfeso e, acompanhado por
Lucas, seu fiel companheiro de prisão, dirigiu- se por terra a Colossos.
Em Colossos
Pela primeira
vez Paulo viu a igreja fundada por Epafras, e a quem escrevera uma carta. Foi
recebido cordialmente. Os cristãos reverenciaram-no como o grande líder do
Cristianismo; Filemom, que o conhecera em Éfeso, acolheu-o em sua vasta mansão,
onde reunia-se a igreja de Colossos. Porém não houve acolhida mais cordial e
sincera que a do sorridente Onésimo. O escravo fugido tornara-se um dos troféus
do ministério de Paulo em Roma.
Paulo não pôde
permanecer muito tempo em Colossos, mas a igreja aproveitou cada minuto de sua
companhia. Quando chegou o momento da despedida, ele já tinha recapitulado tudo
que dissera na carta. Lembrara-os novamente de como DEUS viera à terra na
pessoa de seu Único Filho; recordara-lhes que JESUS era verdadeiramente DEUS e
que a vida eterna só era obtida através dEle. Também os advertira contra os
falsos mestres que queriam negar a doutrina de CRISTO e sua divindade. Depois
de lhes haver enriquecido a fé, Paulo partiu para Éfeso.
Ministrando aos
Efésios
Em Éfeso, o
apóstolo sentia-se em casa. A igreja havia prosperado e mantinha-se fiel. Os
membros tinham-se guardado das doutrinas falsas e zelado pela pureza do seu
púlpito. Ninguém era convidado a pregar, a não ser que fosse sólido na fé,
reconhecendo a divindade de JESUS CRISTO e o Evangelho da graça redentora.
Os efésios
ficaram felizes por ver novamente o seu pastor. Havia algum tempo, os
presbíteros de Éfeso tinham chorado ao ver o navio de Paulo afastar-se do cais
em Mileto; acharam que nunca mais lhe veriam o rosto. Contudo, depois de tantos
meses, ele voltara! O rigor dos anos o envelhecera. Desaparecera-lhe o brilho
dos olhos, bem como o andar rápido e decidido. Paulo sofrerá muito desde que
pregara em Éfeso sua última mensagem. Os sulcos em seu rosto santo contavam dos
fardos que tivera de carregar.
Ele não apenas
estivera na prisão, naufragara e fora açoitado, como sentira no espírito a
solidão e sofrerá com a dureza de coração das pessoas. Sobre seus velhos ombros
pesava o cuidado por todas as igrejas. Sempre que um companheiro enfrentava
dificuldades, Paulo sofria com ele. Sempre que alguém era lançado na prisão,
seu espírito sentia-se também aprisionado. Paulo identificava-se com os irmãos
na fé; era como se um laço familiar os unisse e os tornasse um só.
O tempo, porém,
era curto. Ansiando por visitar a Macedônia, Paulo planejou viajar pelo mar
Egeu até Filipos e Tessalônica, e para muitas aldeias onde houvera plantado a
bandeira da cruz. Mas Éfeso precisava de um líder. A igreja era forte, mas
sendo a cidade uma das mais importantes da Ásia Menor, era necessário manter
ali um testemunho que contrabalançasse as forças de Diana.
Paulo
alegrava-se ao pensar na igreja de Éfeso; os crentes haviam agido bem.
Entretanto, ele notava que o mundanismo da cidade grande dificultava, a alguns
cristãos, a conservação do primeiro amor. A oposição era grande, e a cidade
atraía muitos professores de religião que tentavam destruir a pureza da igreja
e confundi-la com teorias e lendas sem fim.
Durante sua
permanência em Éfeso, Paulo aproveitou para advertir a igreja quanto a essas
coisas, aconselhando os cristãos a serem mais vigilantes. Recomendou-lhes que
afastassem da comunhão qualquer um que aparecesse com doutrinas falsas.
Paulo achou que
a situação era suficientemente séria para deixar Timóteo em Éfeso, pedindo que
supervisionasse essa importante igreja e fizesse dela uma fortaleza para o
Evangelho puro. Com o coração apertado, o apóstolo despediu-se de seu querido
amigo, orando para que ele fosse um servo fiel e que a sua presença ali
enriquecesse a igreja com toda sorte de bênçãos espirituais.
A Epístola a
Timóteo
Do outro lado
da estreita faixa de mar, no continente Europeu, os pensamentos de Paulo
continuavam com Timóteo. Ele ministrou aos santos em várias cidades da
Macedônia, encorajando, fortalecendo e advertindo-os, mas não conseguia tirar
da mente o jovem em Éfeso e seu trabalho estratégico.
Pensou outra
vez nos falsos mestres e como já haviam invadido certas igrejas, especialmente
na província da Galácia. Ele estava certo de que Éfeso era a chave para toda a
Ásia.
Com a pena na
mão e o pergaminho à sua frente, Paulo começou a escrever a Timóteo:
Paulo, apóstolo
de JESUS CRISTO, segundo o mandato de DEUS, nosso Salvador, e do Senhor JESUS
CRISTO, esperança nossa, a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé; graça,
misericórdia e paz, da parte de DEUS, nosso Pai, e da de CRISTO JESUS, nosso
Senhor.
Como te roguei,
quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns,
que não ensinem outra doutrina, nem se deem a fábulas ou a genealogias
intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de DEUS, que
consiste na fé (1 Tm 1.1-4).
A carta
prosseguiu cheia de instruções. Perguntas sobre a organização e o governo da
igreja precisavam ser respondidas, e Paulo achou que seu amigo tiraria grande
proveito de tais instruções e encorajamento:
Admoesto-te,
pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações
de graças por todos os homens. Pelos reis, e por todos os que estão em
eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e
honestidade...
Propondo estas
coisas aos irmãos, serás bom ministro de JESUS CRISTO, criado com as palavras
da fé e da boa doutrina que tens seguido. Mas rejeita as fábulas profanas e de
velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade. Porque o exercício corporal para
pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida
presente e da que há de vir.
Ninguém
despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na
caridade, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar,
até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por
profecia, com a imposição das mãos do presbitério...
Mando-te diante
de DEUS, que todas as coisas vivificam, e de CRISTO JESUS, que diante de Pôncio
Pilatos deu o testemunho de boa confissão, que guardes este mandamento sem
mácula e repreensão, até à aparição de nosso Senhor JESUS CRISTO (1 Tm
2.1,2.4.6-8,12-14; 6.13,14).
Rumo a Trôade,
Éfeso e Mileto
Paulo mencionou
na carta a esperança de visitar novamente Timóteo o mais breve possível. Esse
desejo foi realizado; depois de deixar a Macedônia e visitar Trôade, onde
trocou idéias com os líderes da igreja que se reuniam na casa de Carpo, o
apóstolo viajou para o sul e depois para Éfeso.
De fato, Paulo
estava tão apressado, que chegou a deixar seus preciosos livros e material para
escrever, bem como sua capa, pretendendo buscá-los antes do inverno.
Depois de uma
visita satisfatória a Timóteo, ele despediu-se com lágrimas nos olhos e tomou a
estrada que levava a Mileto, a cerca de 48 quilômetros da costa.
Chegaria o dia
em que todas as cidades teriam uma igreja cristã. O quadro passara por grande
transformação durante a vida de Paulo. Poucos anos antes, havia somente alguns
cristãos, mas o Evangelho fora anunciado tão destemidamente, que agora todos os
crentes tinham o seu lugar de culto. E aquele porto marítimo não era exceção.
Paulo e Tito
Durante várias
semanas Paulo esteve com os irmãos em Mileto. Depois de consolá-los,
estabelecendo-os na fé, embarcou para Creta na companhia de Tito, seu fiel
colaborador. A igreja dali era desorganizada. Havia muitos crentes, mas para
que seu testemunho fosse efetivo, algumas coisas precisavam ser mudadas. Era
necessário que os crentes se unissem sob a direção de anciãos e bispos que
zelassem por suas almas.
Tito, um dos
convertidos de Paulo, era grego. Ele acompanhara o grande apóstolo a Jerusalém,
à conferência relativa à admissão dos gentios na igreja, e Paulo tinha plena
confiança nele. Decidiu deixá-lo em Creta, encarregando-o da organização das
igrejas em cada cidade da ilha. Era uma tarefa colossal; mas, com a ajuda do
Senhor, Tito a cumpriria.
Enquanto Tito
adaptava-se à nova responsabilidade, Paulo foi para Corinto e exerceu um breve
ministério junto a essa grande igreja. Ele ficou alegre ao constatar que os
males de Corinto, sobre os quais escrevera alguns anos antes, haviam sido
corrigidos. Seu encontro com os discípulos dali foi cordial e proveitoso. Os
cristãos de toda a cidade foram ouvi-lo. Apesar de idoso, o servo do Senhor
parecia não se cansar de exaltar a CRISTO e confirmar a fé dos seguidores.
Paulo pensou
também em Tito, que estava em Creta, e escreveu-lhe uma carta similar à que
enviara a Timóteo, descrevendo as qualificações para os líderes da igreja. Como
Éfeso e Creta, Corinto também precisava de um representante digno. O escolhido
por Paulo foi seu Erasto, seu fiel colaborador. Deixou-o com a responsabilidade
de ajudar os crentes de Corinto e seguiu para Nicópolis, na costa oeste da
Grécia.
Prisão de Paulo
em Nicópolis
Sentindo que
sua vida se achava perto do fim, Paulo fazia arranjos para deixar obreiros de
confiança em pontos estratégicos. O tempo era curto e ele sentia a necessidade
de apressar-se de cidade em cidade. Nicópolis era um centro importante para o
trabalho missionário e Paulo planejava passar ali o inverno. Aquela cidade
nunca fora visitada antes, e a perspectiva de iniciar um novo trabalho em
curtíssimo tempo era fascinante. Acompanhado de cinco colaboradores, entrou na
cidade e começou a pregar.
As suas
esperanças, porém, foram de curta duração. Era o ano 67 D.C., e três anos
antes, um grande incêndio queimara a cidade de Roma, desabrigando milhares de
pessoas. Ninguém sabia como o fogo começara. Alguns diziam que o próprio Nero
incendiara a cidade durante uma bebedeira, esperando na sua loucura que uma
Roma nova e melhor se levantasse, como um monumento ao seu reinado.
Mas outro
clamor ergueu-se, afirmando que os cristãos haviam incendiado a cidade. O ódio
da população subiu mais alto que as chamas, e começaram-se as perseguições mais
cruéis que a igreja já enfrentara. Os cristãos eram atirados aos leões no
Coliseu, espancados até a morte, mergulhados em piche e incendiados nos jardins
de Nero, como tochas para iluminar a noite.
Todos os que
tinham condições fugiram de Roma. Áquila e Priscila foram para Éfeso. A igreja
teve de esconder-se. Em todo o império, cristãos eram presos e perseguidos sem
misericórdia. Histórias terríveis de tortura chegaram aos ouvidos de Paulo e
seus cinco assistentes. Eles próprios haviam escapado por pouco em algumas
ocasiões, mas agora uma nuvem mais negra parecia pairar sobre eles. Os
missionários temiam ser inevitavelmente presos. Nero e seus homens estavam
dispostos a acabar com o testemunho cristão.
Em meio à
crise, Demas abandonou Paulo, partindo para Tessalônica. Era uma negativa da
fé, e o apóstolo ficou profundamente magoado. Demas, entretanto, não foi o
único a desertar. Crescente partiu para a Galácia; e até Tito, a quem Paulo
confiara tão grande tarefa, pressionado pela perseguição, partiu para as
montanhas da Dalmácia.
Só Lucas e
Tíquico permaneceram com Paulo, e esse último foi enviado a ficar com Timóteo e
ajudá-lo em tudo. Então o golpe abateu-se sobre eles. Um oficial romano,
reconhecendo Paulo como líder das forças cristãs, prendeu-o enquanto pregava o
Evangelho de CRISTO em praça pública. Julgando que Nero se agradaria de ter nas
mãos um líder cristão, enviou-o a Roma.
O Primeiro
Julgamento
Desta vez Paulo
não foi tratado com respeito e tolerância. Era um prisioneiro famoso, e
qualquer um que lhe demonstrasse amizade seria distinguido como um dos acusados
de incendiar Roma. Pouca gente visitou o apóstolo, mas Lucas, o médico amado,
ia vê-lo todos os dias.
Paulo foi
mantido numa cela logo abaixo da rua. Não havia qualquer saída, exceto uma
abertura estreita para escoamento da água no pavimento. As paredes eram frias e
úmidas, e o frio cortante do inverno já se fazia*sentir. A solidão da cela o
deprimia, mas a ideia de ter sido abandonado era ainda mais difícil de
suportar.
O efésio
Onesíforo foi um dos que tentaram ajudá-lo. Ele mostrou ser muito diferente de
tantos amigos da Ásia. Todos haviam esquecido o idoso apóstolo, mas Onesíforo
não se envergonhou das cadeias de Paulo. Depois de uma longa busca, descobriu
onde o prisioneiro se encontrava e passou a visitá-lo com frequência,
levando-lhe ânimo e objetos de uso pessoal.
Chegou então o
dia do julgamento. Segundo o costume romano, todos deviam ter um julgamento
justo. Paulo ficou sozinho diante do tribunal. A sala estava cheia, mas em todo
aquele mar de rostos não havia um que lhe parecesse amigável. Nenhuma voz se
levantou a seu favor. O velho apóstolo começou sua própria defesa com um vigor
vindo da certeza de que o Senhor estava ao seu lado. CRISTO era tão real
naquele dia como o fora na estrada de Damasco, tantos anos antes.
Seu discurso
foi eloquente. Todo o antigo fogo ainda queimava nele. Toda a lógica e poder do
Evangelho estavam-lhe à disposição. Suas sentenças começaram vagarosas, mas à
medida que contava a história do Evangelho, ganharam velocidade. Seus olhos
brilhavam de convicção. Ele estava pregando para obter um veredicto, e seus
argumentos caíam em pesados golpes nos corações dos ouvintes. Esse seria seu
último sermão na terra.
Alexandre, o
latoeiro, era a principal testemunha contra Paulo. Esse homem levantou-se e
identificou-o como líder da igreja cristã e centro de tanta controvérsia.
Afirmou que aonde Paulo ia, formava uma comunidade de cristãos fiéis a JESUS de
Nazaré, e que a lealdade dessas pessoas ao imperador era questionável. Apesar
do testemunho de Alexandre, a corte impressionou-se com as palavras ardentes do
grande apóstolo; o caso foi suspenso até um novo interrogatório.
Paulo escapou
dos dentes do leão para ser enviado de volta à cela sombria, onde aguardaria o
lento girar das rodas da justiça romana. Tratava-se de uma vitória temporária.
Ele, porém, já podia visualizar o final à distância, e esperava que o
julgamento viesse rapidamente. O apóstolo dos gentios só tinha um último
desejo: ver Timóteo antes de morrer.
A Segunda
Epístola a Timóteo
Paulo receava
os dias de ócio forçado na cela desconfortável. Pensou na capa que deixara em
Trôade, com os livros e pergaminhos. Se estivessem agora em suas mãos! Pediu
uma pena, tinta e pergaminho, e obteve permissão para escrever ao amado amigo
Timóteo, em Éfeso:
Por este
motivo, te lembro que despertes o dom de DEUS que existe em ti pela imposição
das minhas mãos... Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor,
nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes, participa das aflições do
evangelho, segundo o poder de DEUS...
Mas não me
envergonho, porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso
para guardar o meu depósito até àquele dia...
Tu, pois, meu
filho, fortifica-te na graça que há em CRISTO JESUS... Procura apresentar-te a
DEUS aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade (2 Tm 1.6,8,12; 2.1,15).
Paulo advertiu
o jovem pregador sobre a maldade dos homens e o perigo da falsa doutrina.
Encarregou-o solenemente de pregar a Palavra de DEUS e jamais perder o
sentimento de urgência:
Porque virá
tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos,
amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências. E
desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu sê sóbrio em tudo,
sofre as aflições, faze a obra dum evangelista, cumpre o teu ministério.
Porque eu já
estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida
está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde
agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me
dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua
vinda.
Procura vir ter
comigo depressa. Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi
para Tessalônica; Crescente, para Galada. Tito para Dalmácia. Só Lucas está
comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito útil para o
ministério. Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo,
e os livros, principalmente os pergaminhos.
Alexandre, o
latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras. Tu,
guarda-te também dele, porque resistiu muito às nossas palavras.
Ninguém me
assistiu na minha primeira defesa; antes, todos me desampararam. Que isto lhes
não seja imputado. Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que, por mim,
fosse cumprida a pregação, e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da
boca do leão. E o Senhor me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o
seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém... Procura vir
antes do inverno (2 Tm 4.3-11,13-18,21).
Essa foi a sua
última carta.
O Segundo
Julgamento
O segundo
julgamento de Paulo seguiu-se logo após o primeiro. Não havia ninguém para
defendê-lo ou apoiá-lo. Ele fora acusado de ser o líder dos cristãos, contra
quem o ressentimento público era grande. Alexandre, o latoeiro, e os demais
acusadores venceram. Sob os olhos desatentos de Nero, foi feita a votação. Era
uma sentença de morte. Por ser um cidadão romano, Paulo não seria crucificado,
mas decapitado.
Com o rosto
pálido, porém de cabeça erguida, o apóstolo foi levado para fora dos muros da
cidade. Ali, em meio a uma multidão hostil, ávida pela execução, o velho
missionário da cruz levantou os olhos para orar. Muitas e muitas vezes o Senhor
o livrara de um momento como aquele. Contudo, muitos outros santos haviam
enfrentado a morte, e a graça de DEUS seria suficiente a Paulo também. O Senhor
JESUS sofrerá uma morte vergonhosa fora dos muros de Jerusalém; mas pela sua
vitória, tornou a morte gloriosa a todo cristão. Enquanto Paulo pensava na
ressurreição, um riso de triunfo dançou-lhe nos olhos e brincou-lhe nos cantos
da boca. Sua face estava radiante, brilhando com a luz de um outro mundo.
NOS Braços de
JESUS
O capitão da
guarda ordenou que parassem. O ar frio do inverno esfriara o cepo junto ao qual
Paulo ajoelhou-se. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
Desde agora, a coroa da justiça me está guardada. A lâmina da espada brilhou ao
sol. Paulo fechou os olhos para a multidão ruidosa, e quando os abriu de novo,
estava na presença de JESUS de Nazaré, onde há plenitude de alegria, e em cuja
destra há prazeres eternos (SI 16.11).
A Vida e a
Época do Apóstolo Paulo - 220.92 - Biografia - Ball. Charles Ferguson - Bala - A
Vida e a Época do Apóstolo Paulo.../ Bali, Charles Ferguson - 1° ed. - Rio de
Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de DEUS, 1998. ISBN 85-263-0186-
1 - Biografia.
2. História Bíblica.
FIM
Paulo, o
maior líder do cristianismo - Editora Hagnos
O apóstolo
Paulo foi, certamente, o maior evangelista, o maior teólogo, o maior
missionário e o maior plantador de igrejas de toda a história do cristianismo.
Plantou igrejas nas províncias da Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia Menor.
Nenhum homem exerceu tanta influência sobre a nossa civilização. Nenhum
escritor foi tão conhecido e teve suas obras tão divulgadas e
comentadas quanto ele. Embora tenha vivido sob fortes pressões internas e
externas, não deixou jamais sua alma ficar amargurada.
Paulo foi o
maior bandeirante do cristianismo, seu expoente mais ilustre, seu arauto mais
eloquente, seu embaixador mais conspícuo. Pregou com zelo aos gentios e aos
judeus, nas escolas, cortes, palácios, sinagogas, praças e prisão. Com a
mesma motivação, pregou quando tinha fartura e também quando passava por
privações. Ele enriqueceu muitos, sem nada possuir. Embora
tenha experimentado fome e frio, suportado cadeias e tribulações, passado
os últimos dias numa masmorra e enfrentado o martírio por ordem de um
imperador insano, sua vida ainda inspira milhões de pessoas em todo o
mundo.
Sua conversão
extraordinária foi um divisor de águas não só em sua vida, mas também na
história da humanidade. Antes dessa insólita experiência, foi o maior
perseguidor do cristianismo; depois dela, tornou-se seu maior arauto. Sua
vida foi vivida sempre com grande ardor e paixão. Antes de sua conversão,
seu zelo sem entendimento o levou a perseguir implacavelmente os cristãos.
Depois de sua conversão, seu zelo pela glória de DEUS o fez gastar-se sem
reservas pelos cristãos.
Convido você,
leitor, a acompanhar comigo a vida desse gigante de DEUS. Enquanto o veterano
apóstolo nos toma pela mão e nos guia pelas veredas de suas variadas
experiências, é necessário termos os olhos abertos e o coração disposto
para aprender com ele preciosas e ricas lições. Que DEUS nos ajude nessa
gloriosa aventura! Hernandes Dias Lopes
Capítulo 01 -
Um religioso memorável
(Quem era esse
homem que provocava verdadeiras revoluções por onde passava? Quais eram suas
credenciais? Quem eram seus pais? Onde nasceu? Como foi educado? Que convicções
religiosas lhe nortearam os passos? Convido você a fazermos uma viagem
rumo ao passado, entrando pelos corredores do tempo, a fim de descobrirmos
essas respostas. Nossa fonte primária é a Sagrada Escritura. Dela, emanam
as informações mais importantes sobre a vida, o ministério e a morte
desse gigante do cristianismo. É tempo de começarmos essa viagem!
Em primeiro
lugar, Paulo era judeu por nascimento. Em sua defesa em Jerusalém, após sua
dramática prisão, teve a oportunidade de se dirigir à multidão alvoroçada,
dizendo: “Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia...” (Atos 22.3). Seus
pais eram judeus. O sangue que corria em suas veias era o mesmo que corria
nas veias do patriarca Abraão. Ao combater a ideia errada dos
falsos mestres judaizantes, que nutriam uma falsa confiança na sua
linhagem judaica, Paulo responde: “Bem que eu poderia confiar também na carne.
Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais:
circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu
de hebreus...” (Fp 3.4,5). Paulo era um judeu puro sangue. Um judeu da
gema. Procedia da mais importante tribo israelita, a de Benjamim.
Em segundo
lugar, Paulo foi criado dentro da fé judaica. Paulo nasceu em Tarso da Cilícia.
Seus pais o educaram na fé judaica, uma vez que foi circuncidado ao oitavo dia
(Fp 3.5). Desde sua infância, bebeu o leite da piedade e aprendeu os
preceitos da lei de DEUS. Jamais foi um jovem devasso. O zelo sempre ardeu
em seu peito. Seu propósito em servir a DEUS foi o vetor que governou sua
vida. Dominava com grande desenvoltura o conhecimento da lei e as opiniões
mais importantes dos grandes mestres de sua época. Ele se destacava dentro
do judaísmo. Chegou mesmo a declarar: “E, na minha nação, quanto ao
judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso
das tradições de meus pais” (Gl 1.14).
Em terceiro
lugar, Paulo foi educado em Jerusalém aos pés de Gamaliel. Perante grande
multidão em Jerusalém, Paulo dá seu testemunho: “... criei-me nesta cidade e
aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de
nossos antepassados, sendo zeloso para com DEUS, assim como todos vós o
sois no dia de hoje” (Atos 22.3). Jerusalém era a cidade santa. Lá estavam
os escribas e doutores da lei. Lá estavam o templo e os sacrifícios. Lá
estavam a lei e as cerimônias. Lá estavam os sacerdotes e os rabinos. Lá
estava o sinédrio. Essa cidade transpirava religião. Tudo girava em torno
do sagrado. Na cidade de Davi, Paulo foi instruído aos pés de Gamaliel, o maior
e o mais ilustre rabino daquela época, homem culto, sábio e piedoso. Ele
foi instruído segundo a exatidão da lei dos seus antepassados. Conhecia
bem de perto as tradições do seu povo. Sabia de cor as inúmeras regras e
preceitos criados pelos anciãos. A tradição oral, fruto da
interpretação meticulosa e extravagante dos escribas, era observada cuidadosamente
por esse jovem brilhante.
Em quarto
lugar, Paulo tinha uma vasta cultura secular. Paulo era um erudito. Seu
conhecimento transcendia o campo religioso. Estava familiarizado com o
conhecimento mais refinado de sua época. Paulo era um poliglota, ou seja,
falava vários idiomas. Trafegava com desenvoltura pelos corredores do
passado e citava com precisão os grandes pensadores e filósofos dos tempos
antigos. Quando pregou na capital intelectual do mundo, a Atenas de
Péricles, Sócrates, Platão e Aristóteles, não hesitou em citar alguns poetas
atenienses (Atos 17.28). Quando escreveu a Tito, na ilha de Creta, fez
referência a Epimênides, um filósofo cretense, do século 6 o a.C (Tt 1.12).
Paulo tinha uma cultura enciclopédica. Festo, mesmo fazendo troça do
apóstolo, precisou se curvar à realidade insofismável de que Paulo era um
homem de muitas letras (Atos 26.24). O próprio apóstolo Pedro faz
referência à sabedoria de Paulo, dizendo que ele escreveu coisas difíceis de
entender, que os ignorantes e instáveis deturpam para sua própria destruição
(2Pe 3.15,16).
Em quinto
lugar, Paulo era fariseu, membro da seita mais rigorosa dos judeus. Escrevendo
aos filipenses, descreveu sua vida pretérita nestes termos: “... quanto à lei,
[eu era] fariseu...” (Fp 3.5). Diante do rei Agripa, quando estava sendo
acusado, em Cesareia, disse: “... porque vivi fariseu conforme a seita
mais severa da nossa religião” (Atos 26.5). Como fariseu, Paulo era zeloso da
lei. Como fariseu, era extremamente zeloso das tradições de seus pais (Gl
1.14). Como fariseu, frequentava assiduamente a sinagoga. Como fariseu,
dava o dízimo criteriosamente e jejuava regularmente. Ele chega a afirmar
que, quanto à justiça que há na lei, era irrepreensível (Fp 3.6). Os
fariseus eram os separados. Eles compunham o grupo religioso mais ortodoxo de
Israel. Os fariseus estavam do lado oposto dos saduceus, grupo religioso
que negava a ressurreição e a existência dos anjos.
Em sexto lugar,
Paulo era membro do sinédrio judaico. Paulo era o maior embaixador do sinédrio
judaico no sentido de promover a fé de seus pais. Por outro lado, era o braço
estendido desse mesmo sinédrio para neutralizar ou desbaratar qualquer
nova vertente religiosa que colocasse em risco sua tradição religiosa. O
sinédrio era o concílio maior dos judeus, composto de setenta
homens maduros, cuja função principal era legislar e julgar a vida
religiosa e moral do povo judeu. Governado especialmente pelos sacerdotes,
da seita dos saduceus, tinha nos fariseus seus membros mais zelosos da lei
(Atos 23.6). Ser membro do sinédrio era ser considerado um dos principais
dos judeus (Jo 3.1). Esse posto de honra dava-lhe projeção e grande
destaque na sociedade. Era um homem respeitado pelo seu conhecimento, pela
sua religiosidade e pelo zelo com que se devotava à causa do seu povo.
Em sétimo
lugar, Paulo era um cidadão romano. Paulo, mesmo sendo filho de judeus, era
cidadão romano (Atos 22.27), pois nasceu numa província romana, em Tarso da
Cilícia. Recebeu o título de cidadão romano não mediante o pagamento de
grande soma de dinheiro (Atos 22.28a), mas por direito de nascimento (Atos
22.28b). Um cidadão romano gozava de certos privilégios. Ele não podia ser
açoitado (Atos 22.25). Paulo não hesitou em lançar mão desse privilégio sempre
que necessário. Pelo menos duas vezes essa credencial de Paulo o livrou
das mãos das autoridades. A primeira vez, na cidade de Filipos, colônia
romana, onde Paulo foi açoitado e preso ilegalmente. Quando os pretores,
as autoridades locais, souberam que Paulo era romano, ficaram cheios de temor
e precisaram se desculpar com o apóstolo (Atos 16.35-40). A segunda vez,
quando Paulo foi preso em Jerusalém e estava sendo amarrado, para ser
interrogado sob açoites, em vista do alvoroço da multidão tresloucada,
Paulo pergunta: “... Ser-vos-á, porventura, lícito açoitar um cidadão
romano, sem estar condenado?” (Atos 22.25). Paulo não fazia propaganda de
suas prerrogativas, mas jamais deixou de usá-las quando isso se fazia
necessário. Humildade não é se esconder. Os humildes não tocam trombeta
fazendo alarde de seu conhecimento, poder ou influência. Os humildes não
querem ser menos do que são; mas jamais deixam de afirmar o que são,
quando isso contribui para a promoção do bem.
Capítulo 02 -
Um perseguidor implacável
O zelo sem
entendimento pode ser uma arma perigosíssima. Muitos crimes hediondos têm sido
praticados em nome de DEUS. Com Paulo, não foi diferente. Ele foi um
perseguidor implacável (Gl 1.13). Ele usou sua influência e força para esmagar
os discípulos de CRISTO. Perseguiu CRISTO (Atos 26.9), a religião de CRISTO
(Atos 22.4) e os seguidores de CRISTO (Atos 26.11).
Paulo foi o
mais severo perseguidor da igreja em seus albores. Olhando pelo retrovisor,
fazendo uma retrospectiva do seu passado, escreveu a Timóteo: “a mim, que,
noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente...” (1Tm 1.13). Ele
feria os cristãos com a língua e com os punhos. Fazia isso com arrogância
e soberba. Usava os instrumentos legais e também a truculência física.
Paulo é visto
como perseguidor
Ressaltamos,
aqui, alguns pontos importantes: Paulo via a si mesmo como perseguidor. Ao
escrever à igreja de Corinto, diz que se considerava o menor dos apóstolos e
até não era digno de ser chamado apóstolo, uma vez que havia perseguido a
igreja de DEUS (1Co 15.9). Escrevendo aos gálatas, testemunha: “Porque
ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira
perseguia eu a igreja de DEUS e a devastava” (Gl 1.13). Diante do povo de
Jerusalém, confessou: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e
metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). Diante do rei Agripa,
ele testemunhou: “Na verdade, a mim me parecia que muitas cousas deviam eu
praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno; e assim procedi em
Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes,
encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto,
quando os matavam. Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas,
obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo
por cidades estranhas os perseguia” (Atos 26.9-11).
CRISTO o viu
como perseguidor. Quando Paulo, enfurecidamente, ia para Damasco com o
propósito de manietar e trazer amarrados os discípulos de CRISTO para Jerusalém
a fim de lançá-los na prisão, CRISTO apareceu-lhe, de maneira gloriosa, na
estrada de Damasco, perguntando-lhe: “... Saulo, Saulo, por que me
persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14).
Perseguir a igreja é perseguir CRISTO. Perseguir os membros do Corpo é
perseguir a Cabeça do Corpo. Perseguir a noiva é perseguir o Noivo. Paulo
não estava apenas se levantando contra homens, mas contra o próprio DEUS.
Aqueles que ferem os santos de DEUS tocam na menina dos olhos de DEUS.
O povo de
Damasco o viu como perseguidor. O zelo sem entendimento pode levar um homem a
fazer loucuras. Paulo atacou furiosamente os cristãos. Ananias, morador de
Damasco, disse ao Senhor acerca dele: “... Senhor, de muitos tenho ouvido
a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em
Jerusalém; e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes
para prender a todos os que invocam o teu nome” (Atos 9.13,14). O mesmo
aconteceu logo que começou a pregar em Damasco. A reação do povo foi
imediata: “Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é
este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de JESUS e para
aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais
sacerdotes?” (Atos 9.21).
Os discípulos
de Jerusalém o viram como perseguidor. Quando Paulo fugiu de Damasco e foi para
Jerusalém com a intenção de ser acolhido pelos discípulos, eles não acreditaram
nele. Pensaram que se tratava de mais um estratagema para perseguir os
cristãos. Lucas relata esse fato assim: “Tendo chegado a Jerusalém,
procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam,
não acreditando que ele fosse discípulo” (Atos 9.26).
Paulo é um
perseguidor cruel e resistente
Duas descrições
metafóricas ilustram a crueldade das perseguições de Paulo aos cristãos.
Primeiro, ele é
visto como uma fera selvagem. A igreja em Jerusalém foi duramente perseguida, e
muitos cristãos fugiram, pregando o evangelho (Atos 8.1-4). Alguns deles foram
para Damasco. E agora, Paulo, ainda respirando ameaças e morte contra os discípulos
do Senhor, dispõe-se a ir a Damasco para manietar, prender e arrastar
presos para Jerusalém aqueles que professavam o nome de CRISTO (Atos
9.1,2). Ele queria destruir os crentes em Jerusalém, por isso os caçava por
toda parte, para trazê-los de volta a Jerusalém e ali os exterminar.
Essa expressão
“respirando ameaças e morte” literalmente é a mesma para descrever uma fera
selvagem que furiosamente extermina o corpo de uma presa. Na linguagem dos
crentes de Damasco, Paulo era um exterminador (Atos 9.21). Paulo era um
monstro celerado, um carrasco impiedoso, um perseguidor truculento, um
tormento na vida dos cristãos primitivos.
A expressão
“respirando ainda ameaças e morte” era também uma alusão ao arfar e ao bufar
dos animais selvagens. Paulo parecia mais um animal selvagem do que um homem.
Em suas próprias palavras, ele estava “demasiadamente enfurecido” (Atos
26.11). Nada é mais perigoso do que o radicalismo religioso sem
entendimento. Muitas “guerras santas” já foram declaradas por causa dessa
atitude ensandecida. Milhares de pessoas já morreram em nome de DEUS para
sustentar essa causa inglória. Muito sangue já foi derramado para
satisfazer os caprichos desses religiosos dominados pelo zelo sem
entendimento.
A expressão
“respirando ameaças e morte” descreve também uma fera selvagem saltando sobre a
presa para devorá-la. Paulo era uma fera selvagem, uma ameaça concreta para
todos aqueles que confessavam o nome de JESUS. Não poupava homens nem
mulheres. Perseguiu a religião do Caminho até a morte (Atos 22.4). Estava
determinado a praticar muitas coisas contra o nome de JESUS, o Nazareno
(Atos 26.9). Ele estava determinado a banir da terra o cristianismo. Não
podia aceitar que um nazareno, crucificado como um criminoso, pudesse ser
o Messias prometido de DEUS. Não podia aceitar que os cristãos anunciassem
a ressurreição daquele que havia sido dependurado numa cruz. Não podia
crer que uma pessoa pregada na cruz e, consequentemente, considerada pecadora
e maldita pudesse ser o Salvador do mundo.
Segundo ele é
visto como um touro bravo. O Senhor JESUS, mesmo sendo perseguido por Paulo,
não abriu mão de sua vida. A fúria de Paulo pelo nome de JESUS, o Nazareno, não
anulou o propósito eletivo de DEUS, que escolheu Paulo antes mesmo de ele
nascer e o separou para o ministério. Paulo mesmo testemunhou esse fato:
“Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua
graça, aprouve revelar seu Filho em mim...” (Gl 1.15,16). Um touro bravo é
amansado pelo aguilhão. O Senhor começou a ferroar sua consciência, ao mostrar
como aqueles discípulos presos, torturados e mortos morriam com
serenidade. O algoz estava furioso, mas as vítimas morriam cantando e
orando.
Quando Estêvão
foi apedrejado em Jerusalém, e se derramava o seu sangue, Paulo consentia em
sua morte e guardava as vestes daqueles que o apedrejavam (Atos 22.20). Paulo,
porém, recusava-se a ceder mesmo diante desses aguilhões. Como uma fera
selvagem, dirigiu-se a Damasco. Respirava ameaças e morte (Atos 9.1). Seu
prazer era matar em nome de DEUS aqueles que abraçavam a fé cristã. JESUS
então aparece-lhe em refulgente glória no caminho de Damasco, derruba-o ao chão
e lhe pergunta: “... Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é
recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). O boi bravo, enfim,
estava no chão, subjugado, manso, domado (Atos 9.3-5). Uma força maior do
que seu ódio entrou em seu peito. Uma luz maior do que seu zelo o dominou. Aquele
a quem ele perseguia com todas as forças da sua alma, agora conquista seu
coração. Quebrado e submisso, ele pergunta: “Quem és tu, Senhor?”. E o
Senhor responde: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues” (Atos 26.15).
Paulo é um
perseguidor violento
A Bíblia faz
descrições dos variados métodos usados por Paulo para perseguir os discípulos
de CRISTO. Vamos analisar esses métodos.
Em primeiro
lugar, Paulo perseguia os cristãos usando o recurso da lei. Paulo usava sua
influência e seu trânsito no sinédrio para munir-se de cartas de autorização
dos principais sacerdotes a fim de encerrar em prisões e matar os cristãos
(Atos 26.10). Sua perseguição tinha um ar de legalidade e oficialidade.
Ele representava o braço repressor da lei religiosa. Ele lançava mão de
artifícios legais para impor aos discípulos de CRISTO as mais duras
sanções. É importante ressaltar que nem tudo o que é legal é moral. Nem
tudo que é lícito é conveniente. Nem tudo o que a lei permite deve
ser feito. Há muitos facínoras que se escondem atrás da lei para matar e
oprimir os inocentes. Há muitos espertalhões que, despudoradamente,
beneficiam-se das filigranas da lei para se abastecerem e oprimirem o
pobre. Há aqueles que fazem as leis, torcem-nas e as manipulam para alcançar
seus propósitos escusos e inconfessos.
Em segundo
lugar, Paulo perseguia os cristãos em seus redutos religiosos. Paulo perseguia
e castigava os cristãos por todas as sinagogas em Jerusalém, bem como por
cidades estranhas (Atos 26.11). Sua área de jurisdição transcendia os
limites da Palestina. Suas cruzadas furiosas avançavam além dos limites de
Israel e chegavam até Damasco, na Síria (Atos 9.1,2). As sinagogas eram os
locais principais de reunião, onde os judeus se congregavam para estudar a
lei e orar. Ali também os cristãos se reuniam para adorar CRISTO e
cultuá-lo. O lugar de comunhão transformou-se num palco de opressão. O
abrigo da sinagoga tornou-se um corredor de perseguição. Paulo não respeitava
os recintos sagrados. Ele pensava com isso estar prestando um serviço a
DEUS.
Em terceiro
lugar, Paulo empregava a tortura psicológica. A perseguição impetrada por essa
fera selvagem e por esse boi bravo não consistia apenas em sanções legais
contra os novos convertidos. Ele os castigava não apenas fisicamente, mas
também psicologicamente. Ele mesmo testemunha: “Muitas vezes, os castiguei
por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar...” (Atos 26.11).
Ele era blasfemo (1Tm 1.13) e forçava os neófitos a blasfemarem. Alguns
crentes, novos na fé, com medo da morte, recuavam e blasfemavam. Outros,
porém, suportavam os açoites, as prisões e a morte, permanecendo fiéis
(Atos 26.10). A tortura psicológica é pior do que o castigo físico.
Os campos de concentração nazistas usaram esse artifício maldito e levaram
muitas pessoas à loucura. Ainda hoje, a tortura é um dos instrumentos mais
aviltantes e ignominiosos, usados para arrancar confissões e declarações
que incriminam as vítimas ou aqueles que se quer condenar.
Em quarto
lugar, Paulo empregava a tortura física. Em sua carta aos Coríntios, Paulo diz
que perseguiu a igreja de DEUS (1Co 15.9). Aos crentes da Galácia, seu relato é
ainda mais contundente: “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora
no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de DEUS e a
devastava” (Gl 1.13). Nessa perseguição, usou vários métodos:
Ele caçava os
crentes por todas as partes. Paulo era um caçador implacável (Atos 9.2; 22.5;
26.9). Ele não se contentou apenas em perseguir os cristãos em Jerusalém;
caçava-os por todas as cidades estranhas. Agora, escoltado por uma
soldadesca do sinédrio, marcha para Damasco, capital da Síria, para
prender os cristãos e levá-los manietados para Jerusalém (Atos 9.2). Seu
propósito em prender os cristãos em Damasco era trazê-los para Jerusalém e
puni-los, exatamente no local onde eles afirmavam que JESUS havia
ressuscitado (Atos 22.5). Sua intenção não era apenas castigar os
cristãos, mas jogar uma pá de cal no cristianismo.
Seu ódio, na
verdade, não era propriamente contra os cristãos, mas contra CRISTO. Ele
testemunha ao rei Agripa: “Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas
deviam eu praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno” (Atos 26.9).
Escrevendo a seu filho Timóteo, Paulo testemunha: “a mim, que, noutro
tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente...” (1Tm 1.13).
Paulo, ao
perseguir a igreja, estava perseguindo o próprio CRISTO. Por isso, quando JESUS
aparece-lhe no caminho de Damasco, pergunta: “Saulo, Saulo, por que me
persegues?” (Atos 9.4). Ele então indaga: “Quem és tu, Senhor?”. E a resposta
foi: “Eu sou JESUS, o Nazareno, a quem tu persegues” (Atos 9.5). Diante do
sinédrio, Paulo disse: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo
e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). O povo de Damasco,
ao ouvir a pregação de Paulo, logo depois da sua conversão, reafirma como
Paulo perseguiu de forma implacável os crentes: “... Não é este o que
exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de JESUS e para aqui veio
precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes?” (Atos
9.21).
Ele manietava
os crentes. Ao entrar nas sinagogas, Paulo não apenas dava ordem de prisão aos
crentes, mas os amarrava e os levava assim aos principais sacerdotes (Atos
9.21). Ele corrobora: “... e ia para Damasco, no propósito de trazer
manietados para Jerusalém os que também lá estivessem, para serem punidos”
(Atos 22.5).
Ele encerrava
os crentes em prisões. O propósito de Paulo em ir a Damasco era descobrir lá
alguns crentes a fim de levá-los presos para Jerusalém (Atos 9.2). Ele diz ao
povo de Jerusalém: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo
em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). Depois de sua conversão,
quando DEUS o mandou sair de Jerusalém, Paulo tentou argumentar com DEUS,
dizendo: “... Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão [...] os que
criam em ti” (Atos 22.19).
Ele açoitava os
crentes. Paulo não somente acorrentava e prendia os cristãos, mas também os
castigava fisicamente (Atos 22.5). Ele disse: “... Senhor, eles bem sabem que
eu [...] açoitava os que criam em ti” (Atos 22.19). Diante de Agripa,
Paulo declara: “Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas,
obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo
por cidades estranhas os perseguia” (Atos 26.11). Paulo era um carrasco,
um homem truculento, selvagem, bárbaro, um monstro celerado em seu zelo
ensandecido.
Ele matava os
crentes. Paulo não apenas caçava os crentes como uma fera selvagem caça a sua
presa, como também os devorava. Ele não apenas os acorrentava, prendia e
açoitava, mas também os matava. Ele devastava a igreja. Sempre que o
sinédrio deliberava sobre a morte dos crentes encerrados em prisão, Paulo
dava seu voto para que fossem mortos. Diz ele: “e assim procedi
em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes,
encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto,
quando os matavam” (Atos 26.10). Diante da multidão amotinada de
Jerusalém, Paulo testemunhou: “Quando se derramava o sangue de Estêvão,
tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até guardei
as vestes dos que o matavam” (Atos 22.20).
Capítulo 03 -
Um touro indomável
A conversão de
Paulo foi a mais importante da história. Talvez nenhum fato seja mais marcante
na história da igreja depois do Pentecostes. Nenhum homem exerceu tanta
influência no cristianismo. Nenhum homem foi tão notório na história da
humanidade. Lucas ficou tão impressionado com a importância da conversão
de Paulo que ele a relata três vezes em Atos (Atos 9, 22, 26). Destacamos
alguns pontos sobre a conversão de Paulo.
Paulo não se
converteu; ele foi convertido
A causa da
conversão de Paulo foi a graça soberana de DEUS. Talvez o apedrejamento de
Estêvão tenha impactado profundamente Paulo. Ele estava perseguindo CRISTO. Na
verdade, CRISTO se revelou a ele. Cremos que com o testemunho de Estêvão, Paulo
desejou no fundo de seu coração conhecer esse JESUS que se levantou para
receber seu discípulo.
Paulo estava
caçando os cristãos para prendê-los, e CRISTO estava caçando Paulo para
salvá-lo (Atos 9.1-6). Não era Paulo que estava buscando a JESUS; era JESUS
quem estava buscando a Paulo. A salvação de Paulo não foi iniciativa dele;
foi iniciativa de JESUS. Não foi Paulo quem clamou por JESUS; foi JESUS
quem chamou pelo nome de Paulo. Não é o homem que se reconcilia com DEUS;
é DEUS quem está em CRISTO reconciliando consigo o mundo (2Co 5.18).
Paulo não é
salvo por seus méritos; ele era uma fera selvagem, um perseguidor implacável,
um assassino insensível. Seus predicados religiosos, nos quais confiava
(circuncidado, fariseu, hebreu de hebreus, da tribo de Benjamim), ele
considerou como esterco (Fp 3.8, ARC). A nossa justiça aos olhos de DEUS
não passa de trapo de imundícia (Is 64.6).
Paulo era um
touro bravo que resistiu aos aguilhões
A conversão de
Paulo não foi de maneira nenhuma repentina. De acordo com a própria narrativa
de Paulo, JESUS lhe disse: “... Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões”
(Atos 26.14). JESUS comparou Paulo a um touro jovem, forte e obstinado, e
ele mesmo, a um fazendeiro que usa aguilhões para domá-lo.
DEUS já estava
trabalhando na vida de Paulo antes de ele se render no caminho de Damasco.
Paulo era como um touro bravo que recalcitrava contra os aguilhões (Atos
26.14). JESUS já estava ferroando sua consciência quando ele viu Estêvão
sendo apedrejado e com rosto de anjo pedir ao Senhor para perdoar seus
algozes. A oração de Estêvão ainda latejava na alma de Paulo.
JESUS estava
ferroando a consciência de Paulo quando ele prendia os cristãos e dava seu voto
para matá-los, e eles morriam cantando. Mas, como esse boi selvagem não amansou
com as ferroadas, JESUS apareceu a ele, o derrubou ao chão e o subjugou
totalmente no caminho de Damasco. Isso nos prova que a eleição de DEUS é
incondicional, que a graça de DEUS é irresistível, e que seu chamado
é irrecusável. Paulo precisou ser jogado ao chão e ficar cego para se
converter. Nabucodonosor precisou ir para o campo comer capim com os
animais para se dobrar. Até quando você vai resistir à voz do ESPÍRITO de
DEUS?
A conversão de
Paulo no caminho de Damasco era o clímax repentino de um longo processo em que
o “Caçador dos céus” tinha estado em seu encalço. Curvou-se a dura cerviz
autossuficiente. O touro estava domado.
Paulo era um
intelectual que resistiu à lógica divina (Atos 9.4-8)
Se a conversão
de Paulo não foi repentina, também não foi compulsiva. CRISTO falou com ele em
vez de esmagá-lo. CRISTO o jogou ao chão, mas não violentou sua personalidade.
Sua conversão não foi um transe hipnótico. JESUS apelou para sua razão e
para seu entendimento.
JESUS
perguntou: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Paulo respondeu: “Quem és tu,
Senhor?”. JESUS respondeu: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues”. JESUS ordenou:
“Mas levanta-te”, e Paulo prontamente obedeceu! A resposta e a obediência
de Paulo foram racionais, conscientes e livres.
A soberania de
DEUS não anula a responsabilidade humana. JESUS picou a mente e a consciência
de Paulo com os seus aguilhões. Então ele se revelou através da luz e da voz,
não para esmagá-lo, mas para salvá-lo. A graça de DEUS não aprisiona. É o
pecado que prende. A graça liberta!
Paulo foi um
homem completamente transformado (Atos 9.3-20)
Destacamos três
fatos benditos sobre essa súbita conversão de Paulo:
Em primeiro
lugar, uma gloriosa manifestação de JESUS (Atos 9.3-6). Três coisas aconteceram
a Paulo:
Paulo viu uma
luz (Atos 22.6,11). Subitamente, uma grande luz do céu brilhou ao seu redor.
Aquilo não foi uma miragem, um êxtase, uma visão subjetiva. Foi uma grande luz
do céu tão forte que lhe abriu os olhos da alma e tirou-lhe a visão
física. Ele ficou cego por causa do fulgor daquela luz (Atos 22.11). Não
foi apenas uma luz que apareceu a Paulo, mas o próprio JESUS (Atos 9.17).
Aquela luz era a glória do próprio Filho de DEUS ressurreto.
Paulo caiu por
terra (Atos 22.7). O touro furioso, selvagem e indomável estava subjugado.
Aquele que prendia estava preso. Aquele que encerrava em prisão estava
dominado. Aquele que se achava detentor de todo o poder para perseguir
estava prostrado ao chão, impotente. O Senhor quebrou todas as suas
resistências.
Paulo ouviu uma
voz (Atos 22.7). O mesmo JESUS que ferroara sua consciência com aguilhões
troveja, agora, aos seus ouvidos, desde o céu: “... Saulo, Saulo, por que me
persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). A
voz do Senhor é poderosa. Ela despede chamas de fogo. Faz tremer o
deserto. É irresistível. Paulo então perguntou: “... quem és tu, Senhor? Ao
que JESUS respondeu: “... Eu sou JESUS, o Nazareno, a quem tu persegues”
(Atos 22.8). O mesmo Paulo que perseguia a JESUS (Atos 26.9) chama, agora,
JESUS de Senhor. Ele se curva. Ele se prostra. O boi selvagem foi
subjugado! Não há salvação sem que o pecador se renda aos pés do Senhor JESUS.
Em segundo
lugar, uma humilde entrega de Paulo (Atos 22.8,10). Três coisas devem ser
destacadas:
Paulo reconhece
que JESUS é o Senhor (Atos 22.8). Aquele a quem ele resistira e perseguira é de
fato o Senhor. Verdadeiramente, ele ressuscitou dentre os mortos.
Verdadeiramente, ele é o Messias, o Filho de DEUS. Aquela luz brilhou na
sua alma, iluminou seu coração, tirou as escamas dos seus olhos
espirituais (2Co 3.16).
Paulo reconhece
que é pecador (Atos 22.8). Paulo toma conhecimento de que seu zelo religioso
não agradava a DEUS. Na verdade, estava perseguindo o próprio Filho de DEUS.
Ele reconhece que é o maior de todos os pecadores. Reconhece que está
perdido e precisa da salvação.
Paulo reconhece
que precisa ser guiado pelo Senhor (Atos 22.10). A autossuficiência de Paulo
acaba no caminho de Damasco. Ele agora pergunta: “... que farei, Senhor?...”
(Atos 22.10). Agora quer ser guiado! Está pronto a obedecer. Ele que
esperava entrar em Damasco na plenitude de seu orgulho e bravura, como um
autoconfiante adversário de CRISTO, estava sendo guiado por outros, humilhado
e cego, capturado pelo CRISTO a quem se opunha. O Senhor ressurreto
aparecera a ele. A luz que viu era a glória de CRISTO, e a voz que ouviu
era a voz de CRISTO. CRISTO o capturou antes que ele pudesse capturar
qualquer crente em Damasco.
Em terceiro
lugar, uma evidência incontestável da conversão de Paulo (Atos
9.10-20). Três verdades nos provam essa tese:
Paulo evidencia
sua conversão pela vida de oração (Atos 9.10,11). A prova que DEUS deu a
Ananias de que Paulo agora era um irmão, e não um perseguidor, é que ele estava
orando. Quem nasce de novo tem prazer de clamar “Aba Pai”. Quem é salvo
tem prazer na comunhão com o Pai. Paulo é convertido e logo começa a orar!
Paulo evidencia
sua conversão pelo recebimento do ESPÍRITO SANTO (Atos 9.17). Ananias impõe as
mãos sobre ele, e ele recebe o ESPÍRITO e fica cheio do ESPÍRITO SANTO. Charles
Spurgeon disse que é mais fácil você convencer um leão a ser vegetariano do
que uma pessoa ser convertida sem a ação do ESPÍRITO SANTO.
Paulo evidencia
sua conversão pelo recebimento do batismo (Atos 9.18). Não é o batismo que
salva, mas o salvo deve ser batizado. O batismo é um testemunho da salvação.
Uma pessoa que crê precisa ser batizada e integrada na igreja. Ananias
chamou Paulo de irmão. Ele entrou para a família de DEUS.
Capítulo 04 -
Uma pedra bruta lapidada
Depois de
convertido, logo Paulo se transforma em pregador do evangelho. Em vez de
perseguir os cristãos, promove a fé evangélica. Em vez de tapar a boca dos
cristãos, abre a boca para testemunhar do nome de JESUS. Destaco três mudanças
radicais que aconteceram na vida de Paulo depois de sua conversão:
Em primeiro
lugar, de agente de morte a pregador do evangelho. Paulo tornou-se um
embaixador de CRISTO, um pregador do evangelho imediatamente após sua conversão
(Atos 9.20). DEUS mesmo o escolheu para levar o evangelho aos gentios e
reis, bem como perante os filhos de Israel (Atos 9.15).
Paulo pregou a
tempo e fora de tempo. Em prisão e em liberdade. Com saúde ou doente. Pregou
nos lares, nas sinagogas, no templo, nas ruas, nas praças, na praia, no navio,
nos salões governamentais, nas escolas. Paulo pregou com senso de
urgência, com lágrimas e no poder do ESPÍRITO SANTO.
Aonde ele
chegava, os corações eram impactados com o evangelho. Ele pregava não apenas
usando palavras de sabedoria, mas com demonstração do ESPÍRITO e de poder (1Co
2.4; 1Ts 1.5).
Em segundo
lugar, de devastador da igreja a plantador de igrejas. DEUS encorajou Ananias a
ir ao encontro de Saulo em Damasco, dando-lhe as seguintes palavras: “... Vai,
porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome
perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (Atos
9.15). O Senhor mesmo levantou Paulo como o maior evangelista, o
maior missionário, o maior pastor, o maior pregador, o maior teólogo e o
maior plantador de igrejas da história do cristianismo. Ele plantou
igrejas na região da Galácia, nas províncias da Macedônia, Acaia e Asia
Menor. Não apenas plantou igrejas, mas pastoreou-as com intenso zelo,
com profundo amor e com grave senso de responsabilidade. Pesava sobre ele
a preocupação com todas as igrejas (2Co 11.28).
Em terceiro
lugar, de receptor de cartas para prender e matar a escritor de cartas para
abençoar e salvar. Como perseguidor e exterminador dos cristãos, Paulo pedia
cartas para prender, amarrar e matar os crentes (Atos 9.2,14). Mas, depois
de convertido, ele escreve cartas para abençoar. Paulo foi o
maior escritor do Novo Testamento. Ele escreveu treze cartas. Suas cartas
são mais conhecidas do que qualquer obra jamais escrita na história da
humanidade. Suas cartas têm sido alimento diário para milhões de crentes
em todos os tempos. Essas cartas são luzeiros que brilham; são pão que
alimenta; são água que dessedenta; são verdades inspiradas pelo ESPÍRITO
SANTO que ensinam, exortam e levam pessoas a CRISTO todos os dias!
Vejamos, agora,
como DEUS trabalhou na vida de Paulo até transformá-lo no apóstolo que foi.
Mesmo que sua conversão tenha sido genuína e radical, seu amadurecimento foi
progressivo.
Pregando em
Damasco
Seminário intensivo com JESUS na Arábia
Há um intervalo muito importante na vida de Paulo entre Atos 9.20,21 e Atos 9.22. No começo, Paulo apenas pregava e afirmava que JESUS era o Filho de DEUS (Atos 9.20,21). Mas, depois, Paulo mais e mais se fortalecia e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que JESUS é o CRISTO (Atos 9.22). Demonstrar é mais do que afirmar. Demonstrar é provar cuidadosa e meticulosamente o que se afirma. Demanda um exame acurado, uma investigação precisa, uma análise profunda.
Onde Paulo esteve e o que aprendeu para passar do primeiro estágio da afirmação para o segundo estágio da demonstração? O livro de Atos não nos responde, mas encontramos a resposta na carta aos Gálatas. Após sua conversão, Paulo não foi para Jerusalém, onde estavam os apóstolos, mas rumou para as regiões da Arábia, onde faz um seminário intensivo com o próprio Senhor JESUS. O próprio Paulo registra esse fato, assim: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de JESUS CRISTO” (Gl 1.11,12).
Depois, já em Damasco de volta, passou três anos examinando cuidadosamente o Antigo Testamento, ele descobriu que JESUS era, de fato, o Messias prometido. Paulo narra como foi que isso aconteceu nesses três anos: “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei, outra vez, para Damasco” (Gl 1.15-17).
Pregação mais precisa em Damasco (permaneceu aí por três anos)
Ao voltar das regiões da Arábia para Damasco é que Paulo, agora, não apenas afirma, mas demonstra que JESUS é o CRISTO, o Messias prometido (Atos 9.22).
Em vez de sua pregação encontrar guarida em Damasco, encontra, pelo contrário, severa
resistência. Paulo precisa fugir de maneira humilhante num cesto muralha abaixo para salvar a vida. Depois de três anos de sua conversão, de Damasco ele vai a Jerusalém (Gl 1.18).
Rejeição e acolhimento em Jerusalém
Ao chegar a Jerusalém, a recepção de Paulo não foi nada calorosa. Os discípulos não acreditavam na sinceridade de sua conversão. Pensavam que ele estava blefando e armando uma cilada para perseguir a igreja. Essa rejeição, possivelmente, foi mais um golpe que Paulo sofreu ainda nos albores da sua caminhada. Estava colhendo os frutos de sua semeadura. Eis o relato de Lucas: “Tendo chegado a Jerusalém, procurou [Paulo] juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo” (Atos 9.26).
Barnabé, o filho da consolação, viu Paulo com outros olhos. Acreditou nele e investiu em sua vida. Assim Lucas relata: “Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de JESUS” (Atos 9.27). Barnabé foi o instrumento usado por DEUS para introduzir Paulo na comunidade cristã de Jerusalém, cidade onde ele outrora devastara a fé que agora pregava (Gl 1.23).
Uma exagerada confiança em si mesmo
Uma vez acolhido na igreja-mãe, onde outrora perseguira com tanta fúria os cristãos, Paulo tem livre trânsito para sair da cidade e entrar nela, a fim de pregar aos judeus e discutir com os helenistas. Mas toda essa desenvoltura não alcança os resultados que Paulo esperava. Talvez até aqui Paulo ainda estivesse confiando em si mesmo para obter sucesso em seu ministério. Ainda estava vivendo sob a égide da antiga aliança.
Em vez de frutos do seu trabalho, enfrenta mais perseguição. Eis o relato de Lucas: “Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando ousadamente em nome do Senhor. Falava e discutia com os helenistas; mas eles procuravam tirar-lhe a vida” (Atos 9.28,29).
Ao dar testemunho de sua conversão muitos anos depois, ao ser preso nessa mesma cidade de Jerusalém, Paulo narra uma experiência dramática. Ele não foi apenas rejeitado pelo povo da cidade. Foi dispensado também da obra pelo próprio DEUS. Acompanhemos o relato que o próprio apóstolo faz: “Tendo eu voltado para Jerusalém, enquanto orava no templo, sobreveio-me um êxtase, e vi aquele que falava comigo: Apressa-te e sai logo de Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho a meu respeito” (Atos 22.17,18).
Em vez de DEUS mudar os oponentes de Paulo, é Paulo que tem de mudar e sair da cidade. Paulo não quer sair da igreja de Jerusalém. Ele chega a discutir com DEUS. Pensa que DEUS está cometendo um erro estratégico ao tirá-lo desse campo. Ele pensa ser o homem certo para essa empreitada. Mas DEUS não cede; é Paulo que tem de arrumar as malas e ir embora. Vejamos a argumentação de Paulo com DEUS: “Eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão e, nas sinagogas, açoitava os que criam em ti. Quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até guardei as vestes dos que o matavam. Mas ele me disse: Vai, porque eu te enviarei para longe, aos gentios” (Atos 22.19-21). Como Paulo reluta em sair, ele é retirado pelos irmãos: “Tendo, porém, isto chegado ao conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesareia e dali o enviaram para Tarso” (Atos 9.30).
O jovem Paulo sofre mais um golpe em seu orgulho. Quando ele arruma as malas e vai embora de Jerusalém, imediatamente os problemas da igreja se resolvem: “A Igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do ESPÍRITO SANTO, crescia em número” (Atos 9.31). Talvez nada fira tanto o orgulho de um pastor do que sair da igreja e ver que após sua saída todos os problemas dela se resolvem. Volte para casa, jovem!
Paulo saiu de Jerusalém e foi para Tarso, sua cidade natal. E ali ficou não pouco tempo no anonimato, num completo ostracismo. Nada sabemos desse longo período de sua vida. Aquele que estava com a mente povoada de muitos sonhos, e nutrindo na alma o ideal de pregar a Palavra em Jerusalém, está, agora, sozinho, esquecido, fora do palco, longe das luzes da ribalta.
É importante perceber que DEUS ainda está tratando com ele. Na verdade, DEUS está mais interessado em quem nós somos do que no que fazemos. Vida com DEUS precede trabalho para DEUS. A nossa maior prioridade não é fazer a obra de DEUS, mas conhecer o DEUS da obra. O DEUS da obra é mais importante do que a obra de DEUS. Paulo precisava aprender que o sucesso na obra não vinha dele mesmo, mas de DEUS. Ele precisava passar da antiga aliança para a nova aliança. Na antiga aliança, tudo depende de nós e nada, de DEUS; na nova aliança, tudo depende de DEUS e nada, de nós. Se quisermos fazer a obra de DEUS fiados em nossas próprias forças, fracassaremos. Se dependermos apenas dos nossos recursos, nos frustraremos. A nossa suficiência vem de DEUS.
Tarso não foi um acidente na vida de Paulo, mas uma escola de treinamento. O deserto é a escola superior do ESPÍRITO SANTO onde DEUS treina seus líderes mais importantes. Tarso foi o deserto de Paulo. O deserto não é um acidente em nossa vida, mas uma agenda de DEUS. É DEUS quem nos leva para o deserto. Não gostamos do deserto. Ele não nos promove. Ele nos tira do palco. Ele apaga as luzes dos holofotes e nos deixa sem qualquer projeção. DEUS nos leva para o deserto não para nos exaltar, mas para nos humilhar. O deserto é o lugar onde DEUS treina seus líderes mais importantes. DEUS não tem pressa quando se trata de preparar os seus líderes. Vivemos numa geração que tem muita pressa. Gostamos de restaurantes fast-food. Mas os líderes não podem amadurecer no carbureto. Eles não podem pular o estágio do deserto. DEUS preparou Moisés quarenta anos para usá-lo durante quarenta anos. DEUS preparou Elias três anos e meio para usá-lo num único dia, no cume do monte Carmelo. O Senhor JESUS só começou seu ministério com 30 anos de idade. Paulo passou quatorze anos em Tarso antes de ser poderosamente usado por DEUS na obra missionária.
Aprenda a ser liderado antes de poder liderar
A evangelização do mundo estava a todo vapor, e isso sem a contribuição de Paulo. Não há pessoas indispensáveis na obra. Somos apenas cooperadores, e não os agentes da obra. O evangelho chegou a Antioquia, a terceira maior cidade do mundo daquela época. A igreja de Jerusalém enviou para lá o mesmo Barnabé que havia acolhido Paulo em Jerusalém. Ao chegar ali, alegrou-se ao ver a obra de DEUS prosperando e lembrou-se de Paulo. Foi atrás dele e o buscou para engrossar fileiras no ministério da evangelização e do ensino naquela cidade metropolitana.
Durante um ano, eles ensinaram a Palavra de DEUS em Antioquia. A igreja era multicultural e multirracial. Fortalecida na Palavra, a igreja orava e jejuava. Foi nesse tempo que o ESPÍRITO SANTO separou Barnabé e Paulo para a grande obra missionária, enviando-os para uma viagem missionária transcultural. É digno de nota, porém, que o ESPÍRITO SANTO separou Barnabé e Paulo, e não Paulo e Barnabé. O líder não era Paulo. Ele precisava aprender a ser liderado antes de poder liderar. Ele precisava estar sob a autoridade de alguém antes de poder exercer autoridade sobre alguém. Ele precisava aprender a ser reserva antes de ocupar o lugar de titular.
Mais uma vez, estamos diante do fato de que DEUS está trabalhando na vida de Paulo, ensinando-o a depender totalmente do Senhor e nada de si mesmo. DEUS estava esvaziando a bola desse homem. Estava lapidando essa pedra, aparando suas arestas e moldando-o como um oleiro faz com o vaso.
Esta, possivelmente, foi a lição mais importante que DEUS ensinou a Paulo em sua trajetória missionária: como viver no poder da nova aliança. O mesmo apóstolo compartilha como isso se deu em sua vida. Escrevendo sua segunda carta aos Coríntios, ele fala das cinco marcas de uma vida vitoriosa: otimismo indestrutível, sucesso constante, impacto inesquecível, integridade irrefutável e realidade inegável (2Co 2.14-17; 3.1-3). Contudo, a grande questão é: “... Quem, porém, é suficiente para estas cousas?” (2Co 2.16). Ele não dá a resposta imediatamente. Só vai fazê-lo no capítulo seguinte, quando escreve: “... a nossa suficiência vem de DEUS” (2Co 3.5). Só depois de aprender esse princípio, Paulo está pronto para ser o grande líder, o grande missionário, o homem poderosamente usado nas mãos de DEUS para levar o evangelho aos mais distantes rincões do mundo.
Capítulo 05 - Semeando com lágrimas, colhendo com júbilo
A primeira viagem missionária de Paulo foi marcada por muitos incidentes e acidentes. Ele enfrentou oposição, perseguição e até apedrejamento. A jornada foi tão dura que o jovem João Marcos desistiu da viagem no meio do caminho.
A direção do ESPÍRITO SANTO na obra missionária
A igreja prega e ensina a Palavra (Atos 13.1), mas quem a dirige na obra missionária é o ESPÍRITO SANTO (Atos 13.2). O ESPÍRITO SANTO é livre e soberano na condução dos destinos da igreja. A orientação do ESPÍRITO é segundo a Palavra, e não à parte dela. O ESPÍRITO se manifesta a uma igreja centralizada na Palavra e a uma igreja que ora e jejua (Atos 13.2,3). O ESPÍRITO SANTO não age à parte da igreja, mas em sintonia com ela. É a igreja que jejua e ora. É a igreja que impõe as mãos e despede, mas é o ESPÍRITO quem envia os missionários (Atos 13.3,4).
Não podemos fazer a obra de DEUS sem a direção do ESPÍRITO SANTO. Ele nos foi enviado para estar para sempre conosco. Ele nos guia a toda a verdade. Precisamos do ESPÍRITO SANTO. Dependemos do ESPÍRITO SANTO. A igreja não pode ver sequer uma conversão sem a obra do ESPÍRITO SANTO. Os pregadores não terão virtude e poder para pregar sem a ação do ESPÍRITO SANTO.
Usando pontes de contato
Paulo anunciava a Palavra de DEUS (Atos 13.4,5), mas empregava os melhores métodos e os meios mais adequados de fazê-lo (Atos 13.5). Paulo não ousava mudar a mensagem, mas era sempre audacioso em usar os melhores métodos. Em Salamina, eles anunciam a Palavra de DEUS nas sinagogas judaicas (Atos 13.5). Nesse lugar, judeus e gentios prosélitos se reuniam para estudar a lei. Ali havia pessoas tementes a DEUS e piedosas. Essas pessoas já estavam preparadas para receber a revelação de DEUS por meio do evangelho.
Precisamos de pontes de contato para atingir com eficácia as pessoas. Precisamos ler a Bíblia e ler o povo. Precisamos conhecer o texto e o contexto. Precisamos ler a Escritura e também a cultura. É sábio aproveitar as portas abertas da cultura religiosa para anunciar o evangelho.
Onde alguém se abre para o evangelho, o diabo cria uma resistência
Quando os missionários Barnabé, Paulo e João Marcos chegaram a Pafos, o procônsul Sérgio Paulo, homem inteligente, demonstrou interesse em ouvir a Palavra de DEUS. Mas, imediatamente, certo judeu, mágico, falso profeta, de nome Barjesus, opôs-se a eles. Esse mensageiro do diabo envidou todos os esforços para afastar da fé o procônsul. É nesse momento que Paulo assume o comando da obra missionária e repreende com autoridade esse embaixador do engano com estas palavras: “Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os retos caminhos do Senhor? Pois, agora, eis aí está sobre ti a mão do Senhor, e ficarás cego, não vendo o sol por algum tempo. No mesmo instante, caiu sobre ele névoa e escuridade, e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão” (Atos 13.10,11). O resultado foi que o procônsul, ao ver o ocorrido, creu, maravilhado com a doutrina do Senhor (Atos 13.12).
Desistência no meio do caminho
Ao saírem de Pafos para Perge da Panfília, o jovem João Marcos desiste da viagem missionária e retorna para sua casa em Jerusalém (Atos 13.13). Longe de esse fato trazer aos dois veteranos da caravana, Paulo e Silas, qualquer desestímulo, eles prosseguiram rumo a Antioquia da Pisídia, onde encontraram uma larga porta aberta para o evangelho.
Por que João Marcos desistiu dessa primeira viagem missionária? O texto não nos responde. Porém, temos pelo menos duas sugestões. A primeira delas é que João Marcos era primo de Barnabé, e, quando saíram de Antioquia da Síria, Barnabé era o líder da caravana; porém, a partir de Pafos, Paulo assumiu essa liderança. Possivelmente, isso trouxe constrangimento e até insegurança na vida desse jovem.
A segunda razão é que a viagem missionária tomou um rumo inesperado, ao dirigir-se às regiões continentais em vez de concentrar-se apenas nas cidades costeiras. Isso implicava maiores riscos e mais dificuldades de uma retirada. O jovem João Marcos, possivelmente, julgou um preço muito alto a pagar e, inexplicavelmente, desistiu da viagem e voltou para casa.
Uma porta aberta para o testemunho
Em Antioquia da Pisídia, os missionários foram convidados a dar uma palavra de exortação ao povo reunido na sinagoga (Atos 13.15). Havia fome de DEUS naquela cidade. Paulo e Barnabé aproveitaram essa oportunidade.
O sermão de Paulo na sinagoga de Antioquia da Pisídia é uma síntese extraordinária da história de Israel (Atos 13.1641). Paulo se dirige aos israelitas e aos prosélitos tementes a DEUS (Atos 13.16), começando sua narrativa com o chamado dos patriarcas, o cativeiro no Egito e a peregrinação de seus descendentes pelo deserto. Nesse tempo, DEUS suportou os maus costumes do povo israelita durante quarenta anos no deserto. De forma miraculosa, DEUS destruiu sete nações poderosas dessa terra e a deu a Israel por herança. Depois de instalá-los nessa terra, deu-lhes juízes para liderá-los, mas o povo, desejando imitar as nações pagãs ao redor, queria um rei. Então lhes foi dado Saul. Por este não ser reto diante de DEUS, o Senhor levantou Davi, homem segundo o coração de DEUS (Atos 13.22). Da descendência de Davi, DEUS trouxe a Israel o Salvador do mundo, que é JESUS.
Paulo dirige-se aos judeus e prosélitos da sinagoga, fazendo uma poderosa aplicação da sua mensagem. Mostra que o povo de Jerusalém e as autoridades judaicas não conheceram JESUS nem entenderam a mensagem dos profetas, que era lida todos os sábados em suas sinagogas, pois condenaram o Messias que lhes fora prometido. Entretanto, ao condenarem JESUS, cumpriram tudo aquilo que acerca dele estava escrito. Então Paulo foca sua mensagem na morte, no sepultamento e na ressurreição de CRISTO, mostrando que esse era o núcleo do evangelho que ele lhes anunciava. Paulo ainda afirma que é por meio de JESUS, e não mediante a lei de Moisés, que eles tinham a remissão de pecados e a justificação. O apóstolo termina sua exposição alertando sobre o perigo de desprezar essa mensagem salvadora.
Um poderoso despertamento e uma cruel perseguição
A mensagem de Paulo na sinagoga de Antioquia da Pisídia foi tão impactante que surtiu de imediato dois resultados. O primeiro deles é que os líderes da sinagoga pediram uma repetição da mesma mensagem para o sábado seguinte (Atos 13.42). O segundo resultado foi que muitos dos judeus e prosélitos piedosos seguiram Paulo e Barnabé, aos quais estes persuadiram a perseverar na graça de DEUS (Atos 13.43).
Durante aquela semana, algo extraordinário aconteceu na cidade. O evangelho produziu um impacto tal nas pessoas que mal elas podiam esperar o sábado seguinte para irem ao encontro dos homens de DEUS na sinagoga. O historiador Lucas relata: “No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de DEUS” (Atos 13.44). Chamamos isso de um avivamento! Nenhum milagre é relatado na cidade, mas a Palavra de DEUS foi pregada com fidelidade e poder, e uma cidade inteira foi despertada a ouvir a mensagem evangélica.
O despertamento espiritual foi seguido imediatamente de implacável e cruel perseguição. Os judeus, tomados de inveja, com blasfêmia contradiziam o que Paulo falava. Nesse momento, Paulo e Barnabé, com toda a ousadia, ao verem os judeus rejeitarem a vida eterna, voltam-se para os gentios (Atos 13.46,47). Os gentios muito se alegram e glorificam a Palavra do Senhor. E Lucas relata: “... e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (Atos 13.48). Mesmo onde se manifestou rejeição, os eleitos creram e foram salvos.
Os judeus, não dando o braço a torcer, manipularam as mulheres piedosas da alta sociedade e as autoridades locais e, perseguindo Paulo e Barnabé, expulsaram-nos do seu território. Os missionários sacudiram o pó de seus pés e foram adiante rumo a Icônio. Os discípulos de CRISTO, porém, transbordavam de alegria e do ESPÍRITO SANTO (Atos 13.50-52).
Pregando aos ouvidos e aos olhos
Paulo e Barnabé chegam a Icônio e ali demoram muito tempo, mesmo debaixo de tensão e perseguição. Na sinagoga de Icônio, Paulo e Barnabé falam com tal poder que uma grande multidão, composta de judeus e gregos, creu no Senhor (Atos 14.1).
Os missionários não pregaram apenas aos ouvidos, mas também aos olhos. Não apenas falaram, mas também demonstraram. Somos informados de que eles falavam com ousadia no Senhor, o qual confirmava a palavra da sua graça, concedendo que por mãos deles se fizessem sinais e prodígios (Atos 14.3).
Os milagres não são o evangelho, mas abrem portas para o evangelho. Os milagres não são realizados pelos missionários, mas por DEUS, pela intermediação dos missionários. A pregação do evangelho precisa ser em demonstração do ESPÍRITO e de poder. Precisamos pregar não apenas aos ouvidos, mas também aos olhos.
Uma orquestração contra os obreiros de DEUS
Se em Antioquia da Pisídia os judeus lideraram a perseguição contra Paulo (Atos 13.50), em Icônio os judeus incrédulos incitaram o ânimo dos gentios contra Paulo e Barnabé, bem como contra os novos convertidos (Atos 14.2). A sanha dos adversários foi tão virulenta que o povo da cidade se dividiu, uns se posicionando a favor dos judeus, e outros se colocando ao lado dos apóstolos (Atos 14.4). Vendo os adversários que a cidade estava dividida, usaram a arma do tumulto, e assim, judeus e gentios, associando-se com as autoridades, planejaram ultrajar e apedrejar Paulo e Barnabé (Atos 14.5,6).
Confiança em DEUS não dispensa prudência
Ao saber da trama armada contra eles, Paulo e Barnabé fogem para Listra e Derbe, onde anunciam o evangelho (Atos 14.6,7). Eles não ignoraram os perigos. Não desafiaram a fúria e a astúcia dos adversários. Não nutriram uma confiança irresponsável, ignorando os perigos. Não enfrentaram de peito aberto as ameaças. Antes, fugiram para outras cidades. Eles prosseguiram fiéis ao mesmo ideal e labutaram na mesma obra. Continuaram pregando o evangelho, mas mudaram de rota. Isso é prudência!
Confiança em DEUS não dispensa prudência e cuidado. DEUS age por meio do bom senso. O contrário seria tentar DEUS. O Senhor nos deu entendimento e sabedoria para serem usados. Esses recursos são dádivas de DEUS e devem ser usados em favor da obra, e não contra ela. Se Paulo e Silas tivessem teimado em permanecer naquelas plagas, poderiam ter sido silenciados precocemente, e a obra de DEUS teria sofrido severas consequências.
Quando o céu se manifesta, o inferno se enfurece
Quando Paulo e Barnabé chegaram a Listra, um milagre logo aconteceu. Um homem aleijado, paralítico desde o nascimento, que jamais pudera andar, ao ouvir a mensagem de Paulo, tendo fé, foi curado imediatamente. O homem cujos ossos e músculos deviam estar atrofiados começa a saltar e a andar (Atos 14.8-10). A falta de discernimento espiritual dos licaônios os levou a pensar que Paulo e Silas fossem deuses; e, imediatamente, começaram a gritar e sacrificar animais a eles (Atos 14.1113). Os embaixadores de DEUS então rasgaram suas roupas e saltaram no meio da multidão idólatra, fazendo cessar tais sacrifícios. Asseveraram que eram homens semelhantes a eles. Em vez de aceitarem a exaltação pagã, Paulo e Silas aproveitam o ensejo para lhes anunciar o evangelho, exortando-os a abandonar suas crenças vãs e colocarem sua confiança no DEUS criador do céu, da terra e do mar, o DEUS da providência (Atos 14.14-18).
Se o milagre do paralítico foi obra do céu, o alvoroço idólatra foi ação do inferno. Onde DEUS realiza um prodígio, o diabo causa um tumulto. Onde o poder de DEUS se manifesta, a fúria do inferno se faz sentir. Aquela bajulação pagã era uma tentativa de desviar o foco da multidão de Listra, da mensagem do evangelho, para os obreiros do evangelho. Sempre que o vaso chama mais atenção do que o tesouro nele contido, algo está errado. Os obreiros que gostam da bajulação da multidão roubam a glória que pertence somente a DEUS.
Os milagres abrem portas para o evangelho e também atraem perseguição
A cura do paralítico em Listra abriu portas para o testemunho do evangelho naquela cidade pagã, mas também despertou ferrenha oposição dos judeus de Antioquia e Icônio. Eles, não se contentando apenas em expulsar Paulo e Barnabé de suas cidades, perseguiram-nos até Listra. Tomados de inveja e zelo sem entendimento, instigaram a multidão e se arremeteram contra Paulo, para apedrejá-lo. O mesmo milagre que abriu portas ao testemunho do evangelho trouxe ao apóstolo o duro golpe do apedrejamento. Os sofrimentos de ordem emocional agora se transformam em agonias físicas. Talvez, Paulo sentisse no corpo o que infligiu a Estêvão, o protomártir do cristianismo. Talvez começasse a sentir na pele o que DEUS dissera em Damasco havia mais de dez anos: “pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (Atos 9.16). Por providência divina, Paulo se recupera das feridas e, longe de reclamar ou queixar-se de DEUS, partiu com Silas para Derbe, onde anunciou o evangelho e fez muitos discípulos (Atos 14.19-21).
Coragem e zelo pela igreja
Depois que Paulo e Barnabé anunciaram o evangelho em Derbe, tomaram a decisão de voltar para o seu quartel-general, em Antioquia da Síria. Nessa volta, não se afastam dos redutos de tensão. Ao contrário, passam pelas mesmas cidades onde foram perseguidos, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia, e fazem isso por quatro razões:
Em primeiro lugar, para fortalecer a alma dos discípulos (Atos 14.22). Paulo e Barnabé não eram apenas missionários itinerantes, mas também pastores do rebanho. Eles não apenas geravam filhos espirituais, mas também cuidavam desses neófitos. Sabiam que aqueles novos convertidos precisavam de encorajamento para viver a vida cristã numa sociedade pagã e hostil.
Em segundo lugar, exortar os discípulos a permanecerem firmes na fé (Atos 14.22). Se os novos convertidos não forem ensinados e exortados, facilmente podem ser enganados pelos falsos mestres ou desanimarem diante das provações. Paulo tinha plena consciência da imperiosa necessidade do discipulado. Diante das lutas, perseguições e ataques do adversário, precisamos ser exortados a permanecer firmes na fé. Muitos se enfraquecem ao lidar com a fúria do mundo ou com sua sedução.
Em terceiro lugar, mostrar que a vida cristã não é uma colônia de férias (Atos 14.22). A vida cristã não é ausência de luta. Somos salvos não da tribulação, mas na tribulação. Importa-nos entrar no reino de DEUS por meio de muitas tribulações. Não há amenidades no cristianismo. Ele não é uma redoma de vidro. Estamos expostos à fraqueza da nossa natureza decaída, a este mundo tenebroso e à fúria de Satanás. As tribulações não nos podem destruir nem nos afastar do amor de DEUS. Elas não são castigo de DEUS, mas instrumentos para o nosso aperfeiçoamento.
Em quarto lugar, fazer a eleição de presbíteros nas igrejas (Atos 14.23). Paulo entendia que a igreja é um organismo e também uma organização. Toda comunidade precisa de uma liderança. Essa liderança é coletiva. Paulo promovia a eleição de presbíteros em cada igreja, e não a nomeação de um chefe. Esses presbíteros deveriam pastorear o rebanho de DEUS. Eles eram pastores que deviam ensinar a verdade e proteger o rebanho dos lobos vorazes. Essa eleição não devia ser feita sem oração e jejum. Os líderes da igreja devem ser escolhidos na total dependência de DEUS. É DEUS quem dá pastores à igreja. É o ESPÍRITO quem constitui bispos para apascentar a igreja de DEUS, que ele comprou com o seu próprio sangue.
Conta as muitas bênçãos, dize quantas são1
É hora de voltar para casa. É hora de recarregar as baterias. É hora de testemunhar os grandes feitos de DEUS na obra missionária. Paulo e Barnabé voltam para Antioquia da Síria, a igreja que os comissionara e enviara à obra missionária (Atos 14.24-26). Esses bravos missionários fizeram três coisas importantes ao chegar à igreja:
Em primeiro lugar, eles relataram as intervenções extraordinárias de DEUS em sua vida (Atos 14.27). O testemunho é algo legítimo e necessário para encorajar a igreja. A igreja estava reunida para ouvir as notícias desse primeiro avanço missionário. Paulo e Barnabé relatam cuidadosamente não o que fizeram por DEUS, mas o que DEUS fizera com eles e por eles. Não testemunharam para exaltar a si mesmos. Não testemunharam para se colocar sob os holofotes nem buscaram glórias para eles mesmos. A ênfase deles está nos feitos de DEUS, e não nas suas realizações.
Em segundo lugar, eles relataram como DEUS abriu aos gentios a porta da fé (Atos 14.27). O sucesso da obra missionária não foi devido ao poder inerente dos missionários nem de seus métodos. Foi DEUS quem abriu aos gentios a porta do evangelho. Foi DEUS quem abriu o coração dos pagãos para a verdade. Foi DEUS quem invadiu as trevas do paganismo com a luz da verdade. A obra de DEUS é feita por DEUS, mas mediante instrumentos humanos. É DEUS quem opera nos evangelistas e também naqueles que recebem o evangelho.
Em terceiro lugar, eles permaneceram muito tempo com os discípulos (Atos 14.28). Não há trabalho missionário desconectado da igreja local. Não há ministério itinerante sem a ligação com a igreja. Paulo e Barnabé precisam da igreja, e a igreja precisa dos missionários. Eles se abastecem na comunhão da igreja e também encorajam a igreja a ser ainda mais comprometida com a obra missionária.
Capítulo 06 - Uma agenda estabelecida no céu
Depois do concílio de Jerusalém, onde as estacas da liberdade cristã foram fincadas e o jugo do judaísmo foi sacudido, era hora de alçar voos para uma nova jornada missionária. As querelas religiosas levantadas pelos judaizantes, vindos da Judeia, impondo aos gentios a necessidade da circuncisão para a salvação, haviam sido respondidas com firmeza pelos apóstolos e presbíteros. A fé em CRISTO é a única condição para a salvação. A mensagem que devia ser anunciada aos gentios é que a graça de CRISTO é absolutamente suficiente para a salvação.
Lançadas as estacas da verdade, é hora de estender o toldo da obra missionária. A agenda missionária deveria contemplar os confins da terra. Novos horizontes precisavam ser alcançados.
A iniciativa da segunda viagem missionária é de Paulo (Atos 15.36). Seu zelo pastoral o constrange a voltar à mesma região da primeira viagem antes de alargar a tenda para outros rincões (Atos 15.36). A lição fica clara: os neófitos precisam ser confirmados, confortados e acompanhados. Paulo tem o cuidado de evangelizá-los no seu primeiro contato, depois os visita novamente no retorno de sua viagem rumo a Antioquia da Síria e agora, antes de iniciar a segunda viagem missionária, toma a decisão de visitá-los uma terceira vez.
Uma desavença entre os missionários
A obra de DEUS é perfeita; mas os seus obreiros, não. Barnabé quer dar uma segunda chance ao jovem João Marcos, seu primo, que havia abandonado a primeira viagem missionária; e, Paulo, de forma intransigente e radical, não achou justo levá-lo depois de uma experiência fracassada. Barnabé, coerente com seu nome, cujo significado é “filho da consolação” prefere indispor-se com Paulo a desistir de João Marcos. Houve tal desavença entre Paulo e Barnabé que não puderam caminhar juntos na segunda viagem missionária.
A providência de DEUS é maior do que nossos fracassos, e a graça de DEUS, maior que os nossos pecados. Por causa dessa desavença, em vez de uma caravana missionária, temos duas. Os obreiros podem errar, mas os propósitos de DEUS jamais podem ser frustrados. Barnabé e João Marcos avançam na direção de Chipre (Atos 15.39), e Paulo escolhe Silas. Encomendados pelos irmãos da Síria à graça do Senhor, passam pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas.
Mais um missionário se junta à equipe de Paulo
Quando Paulo retornou a Derbe e Listra, Timóteo, filho de pai grego e mãe judia (Atos 16.1), ensinado nas Escrituras desde a infância por sua mãe Eunice e sua avó Loide (2Tm 1.5; 3.14,15), mas convertido a CRISTO pelo ministério de Paulo (1Tm 1.2), agrega-se à caravana missionária. Timóteo vem a se tornar um dos maiores colaboradores de Paulo no ministério. Timóteo recebeu o leite da piedade desde sua infância. Cresceu sob a égide da Palavra de DEUS. Por meio de seu contato com o apóstolo Paulo, em sua primeira viagem missionária, demonstrou um crescimento notável, uma vez que, tendo se convertido, logo demonstrou maturidade espiritual, pois dele davam bom testemunho tanto os irmãos de Listra como os de Icônio (Atos 16.2). Seu caráter provado era uma hipoteca moral de seu trabalho. Quando Paulo escreveu aos filipenses, disse que não tinha ninguém igual a Timóteo para enviar-lhes. Olhando pelas lentes dessa carta paulina, destacaremos alguns atributos desse jovem missionário:
Timóteo, um homem cooperador (Fp 2.19,23). Timóteo era filho na fé do apóstolo Paulo (1Tm 1.2), cooperador de Paulo (Rm 16.21) e mensageiro de Paulo às igrejas (1Ts 3.6; 1Co 4.17; 16.10,11; Fp 2.19). Ele esteve preso com Paulo em Roma (Fp 1.1; Hb 13.23). Cuidava dos interesses de CRISTO (Fp 2.21) e da igreja de CRISTO (Fp 2.20).
Timóteo, um homem singular (Fp 2.20a). Havia muitos cooperadores de Paulo, mas Timóteo ocupava um lugar especial no coração do velho apóstolo. Ele era um homem singular pela sua obediência e submissão a CRISTO e ao apóstolo como um filho a um pai. Ele tinha o mesmo sentimento de Paulo, ou seja, era do mesmo estofo. A palavra grega que Paulo usa para “igual sentimento” só aparece aqui em todo o Novo Testamento. É a palavra grega isopsychos, que significa “da mesma alma”. Esse termo foi usado no Antigo Testamento como “meu igual” e “meu íntimo amigo” (Sl 55.13, LXX).
Timóteo, um homem que cuida dos interesses dos outros (Fp 2.20b). Timóteo aprendeu o princípio ensinado por Paulo de buscar os interesses dos outros (Fp 2.4). Esse mesmo princípio foi exemplificado por CRISTO (Fp 2.5) e pelo próprio apóstolo Paulo (Fp 2.17). Timóteo, de igual modo, vive de forma altruísta, pois o centro da sua atenção não está em si mesmo, mas na igreja de DEUS. Ele não busca riqueza nem promoção pessoal. Não está no ministério em busca de vantagens; ele tem um alvo: cuidar dos interesses da igreja.
Timóteo, um homem que cuida dos interesses de CRISTO (Fp 2.21). Só existem dois estilos de vida: aqueles que vivem para si mesmos (Fp 2.21) e aqueles que vivem para CRISTO (Fp 1.21). Estamos em Filipenses 1.21 ou então estaremos em Filipenses 2.21. Timóteo queria cuidar dos interesses de CRISTO, e não dos seus próprios. Sua vida estava centrada em CRISTO (Fp 2.21) e nos irmãos (Fp 2.20b), e não no seu próprio eu (Fp 2.21).
Timóteo, um homem de caráter provado (Fp 2.22). Timóteo tinha bom testemunho antes de ser missionário (Atos 16.1,2) e, agora, quando Paulo está para lhe passar o bastão, como continuador da sua obra, este dá testemunho de que ele continua tendo um caráter provado (Fp 2.22). É lamentável que muitos líderes religiosos que são grandes em fama e riqueza sejam anões em caráter. Vivemos uma crise de integridade avassaladora no meio evangélico brasileiro. Precisamos urgentemente de homens íntegros, provados, que sejam modelo do rebanho.
Timóteo, um homem disposto a servir (Fp 2.22b). É digno de nota que Timóteo serviu ao evangelho. Ele serviu com Paulo, e não a Paulo. Embora a relação entre Paulo e Timóteo fosse de pai e filho, ambos estavam engajados no mesmo projeto.
A agenda missionária é traçada no céu, e não na terra
A equipe missionária estava planejando avançar em direção à Asia, mas o ESPÍRITO de JESUS não o permitiu (Atos 16.6,7). Durante a noite, Paulo teve uma visão, na qual um varão macedônio lhe rogava ajuda. Discernindo ser essa a vontade de DEUS, imediatamente Paulo e os demais membros da caravana partiram para aquele destino (Atos 16.8-10). DEUS não apenas chama e envia os missionários, mas norteia-lhes os passos. A agenda da obra missionária deve ser estabelecida no céu, e não na terra. O campo é o mundo, mas as prioridades do campo são estabelecidas por DEUS.
Devemos seguir a direção de DEUS, e não a nossa. Nossos planos devem estar subalternos aos planos de DEUS. A vontade dele deve prevalecer sobre a nossa. Essa mudança de rumo na obra missionária tem um reflexo profundo na história da humanidade. DEUS deslocou o eixo do cristianismo do Oriente para o Ocidente, da Asia para a Europa. Os resultados dessa guinada na direção missionária são a razão principal de o Ocidente ser o berço evangélico do mundo. Se Paulo tivesse entrado na Ásia, e não na Europa, nessa viagem, possivelmente o Oriente, e não o Ocidente, teria sido o reduto mais evangelizado do mundo. Talvez, hoje, o Ocidente estivesse mergulhado nas densas trevas do paganismo. Devemos tributar a DEUS nossa gratidão por nos enviar o evangelho desde essas priscas eras.
DEUS aponta o rumo, e o homem escolhe os melhores métodos
DEUS apontou o rumo da ação missionária, impedindo Paulo de entrar na Ásia e direcionando seus passos para a Europa. Mas Paulo, ao entrar na Macedônia, escolheu a cidade mais estratégica para pregar o evangelho. Não podemos mudar o evangelho nem engessar os métodos. A mensagem precisa ser fiel, mas também relevante. Paulo era um obreiro estratégico. Ele tinha o cuidado de usar os obreiros, o tempo e os recursos de forma racional. Em virtude da exiguidade do tempo, dava preferência às cidades estratégicas, de onde o evangelho pudesse alcançar com mais rapidez outras regiões. Por essa razão, passou batido em algumas cidades e fixou-se em outras.
Se DEUS nos dá a mensagem e a direção, devemos escolher os melhores métodos e as estratégias mais sábias. Precisamos otimizar tanto os recursos de DEUS como os obreiros de DEUS. Precisamos escolher os melhores métodos para atingirmos os melhores fins.
Filipos, a porta de entrada da Europa
Por que Paulo passou batido por Samotrácia e Neápolis e fixou-se em Filipos? Porque essa era uma colônia romana. Essa cidade ficava no entroncamento entre o Oriente e o Ocidente. Filipos era estratégica tanto histórica como geograficamente. Uma colônia romana era uma espécie de Roma em miniatura. Seus cidadãos viviam sob os auspícios da capital do império. Ali se falava a língua de Roma. Ali se cultivavam os costumes de Roma. Ali imperavam as leis de Roma.
Paulo entendeu que, se o evangelho alcançasse Filipos, dali se espalharia tanto para o Ocidente como para o Oriente. Aquela cidade se tornaria uma ponte para estender para horizontes mais longínquos as boas-novas do evangelho.
O sucesso da evangelização em Filipos não foi sem dor. O evangelho agiu livremente, mas os obreiros foram açoitados e presos. O sucesso da obra passou pelo sofrimento dos obreiros.
A igreja de Filipos tornou-se um exemplo vivo da eficácia e universalidade do evangelho. Três pessoas de diferentes classes sociais são alcançadas pelo evangelho. A primeira delas foi Lídia, uma empresária, vendedora de púrpura, oriunda de Tiatira, cidade da Asia Menor. A segunda pessoa foi uma escrava, uma jovem sem quaisquer direitos sociais. A terceira pessoa foi o carcereiro, um servidor público, da classe média.
Essas três pessoas representavam também diferentes convicções religiosas. Se Lídia era uma mulher temente a DEUS, que frequentava uma reunião de oração, a jovem vivia sob o cativeiro do diabo e de seus senhores, enquanto o carcereiro tinha como deus o próprio imperador romano, a quem servia como guardador de presos.
Essas três pessoas ainda tiveram experiências legítimas, porém muito distintas. Lídia foi convertida num ambiente espiritual, numa reunião de oração, quando ouvia a exposição da Palavra de DEUS. Ali mesmo, DEUS abriu seu coração, e ela creu. A jovem escrava foi liberta num ambiente profundamente carregado, quando estava tomada por espíritos enganadores. O carcereiro, por sua vez, foi salvo nas ruínas de uma prisão abalada por um terremoto e à beira do suicídio.
Quando os homens pensam que estão no controle e se interpõem no caminho de DEUS para impedir sua obra, DEUS reverte as circunstâncias e revela sua soberania. Paulo e Silas foram açoitados e lançados na prisão numa tentativa de silenciá-los e impedir naquela cidade o avanço do evangelho, mas os obreiros não se calaram. O evangelho não ficou amordaçado. O mesmo DEUS que abriu o coração de Lídia, numa reunião de oração, também abriu as portas da cadeia por meio de um terremoto e quebrou todas as resistências do coração do carcereiro.
Lídia foi batizada com toda a sua casa. O carcereiro também foi batizado com toda a sua família. Os obreiros foram embora da cidade, mas no coração daquela colônia romana foi fincada a bandeira tremulante do evangelho. Aquela igreja haveria de se tornar uma das maiores parceiras no ministério de Paulo. Enviaria recursos para o apóstolo em Tessalônica, Corinto e Roma, além de socorrer os pobres da Judeia.
Paulo em Tessalônica, a capital da província da Macedônia
O grande bandeirante do cristianismo saiu de Filipos com vergões no corpo, mas com entusiasmo na alma. Longe de retroceder diante dos perigos, marchou resoluto para alcançar a capital da província da Macedônia. Nesse propósito, passou por Anfípolis e Apolônia e chegou a Tessalônica (Atos 17.1).
Na capital da província, Paulo buscou uma ponte de conexão para a pregação do evangelho. Por isso, durante três sábados seguidos, foi a uma sinagoga de judeus, onde arrazoou com eles sobre as Escrituras. O propósito do apóstolo não era falar sobre prosperidade, curas ou milagres, mas expor e demonstrar a necessidade da morte e ressurreição de CRISTO. Paulo era um pregador cristocêntrico. Ele não era um mestre de banalidades. Sua mensagem tocava o âmago da questão. O CRISTO deveria padecer e depois ressurgir dentre os mortos. Paulo não anunciava um JESUS apenas de milagres, mas o JESUS da cruz e do túmulo vazio.
Essa mensagem trouxe uma verdadeira revolução em Tessalônica (Atos 17.4). Alguns judeus, uma multidão de gregos e diversas senhoras da alta sociedade se uniram a Paulo. A oposição foi imediata. Movidos pela inveja, os líderes judeus reuniram alguns agitadores e alvoroçaram a população contra os missionários. Jasom, hospedeiro de Paulo e Silas, foi preso e levado às autoridades. Somente depois de pagar fiança, conseguiu se livrar de suas mãos. Os judeus invejosos formularam uma acusação contra Paulo e Silas: “... Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui” (Atos 17.6). Afirmaram ainda que tanto os missionários como o próprio Jasom estavam agindo contra os decretos de César (Atos 17.7). Essa afirmação provocou apreensão na cidade, uma vez que Tessalônica perderia seus privilégios de capital da província caso houvesse ali qualquer insurreição ou oposição ao imperador romano (Atos 17.8). Paulo e Silas não puderam permanecer em Tessalônica, mas a Palavra de DEUS continuou lá operando maravilhas nos tessalonicenses e por meio deles (1Ts 1.5-10). A obra de DEUS é maior do que seus obreiros. Os obreiros podem ser expulsos, mas a Palavra de DEUS não pode ser banida. Os missionários podem ser presos, mas a Palavra não pode ser algemada. Os pregadores podem ser perseguidos, enxotados e mortos, mas a Palavra não pode ser detida.
Paulo em Bereia
Confiança em DEUS e prudência não são coisas antagônicas. Diante do alvoroço em Tessalônica, Paulo e Silas foram retirados da cidade à noite, sem alarde, com absoluta discrição (Atos 17.10). Levados para Bereia, não se intimidaram nem mudaram sua agenda. Procuraram imediatamente uma sinagoga para ensinarem a Palavra de DEUS. Os bereanos demonstraram ser mais nobres que os tessalonicenses, pois não apenas ouviram, mas também evidenciaram um vívido interesse, dedicando-se ao estudo diário das Escrituras e conferindo na Palavra tudo que Paulo dizia (Atos 17.11). O resultado foi extraordinário. Novamente uma multidão creu e engrossou as fileiras da igreja nascente (Atos 17.12).
O sucesso da obra de DEUS incomodou novamente os adversários. Os judeus invejosos, ao saberem dos resultados extraordinários da pregação de Paulo em Bereia, rumaram para lá a fim de causar alvoroço e instigar a população (Atos 17.13). Os irmãos bereanos, sem tardança, tiraram Paulo da cidade e o enviaram ao litoral, enquanto Silas e Timóteo continuaram na cidade consolidando o trabalho (Atos 17.14,15).
Paulo em Atenas
Paulo chega a Atenas, a capital intelectual do mundo, a cidade de Péricles, Sócrates, Platão e Aristóteles. O veterano apóstolo pisa na terra dos grandes corifeus da filosofia, dos homens que encheram bibliotecas com sua erudição.
Atenas era o berço da filosofia e das artes. Ao mesmo tempo, ali ficava o Partenon, templo de muitos deuses. Atenas estava eivada de deuses. Havia mais de 30 mil estátuas dedicadas aos deuses naquela meca da filosofia. Havia uma divindade para cada monumento e pórtico daquela cidade. Era mais fácil encontrar um deus em Atenas do que um homem. Ao chegar à cidade, Paulo ficou revoltado com a idolatria reinante. O mesmo povo bafejado pelo mais refinado conhecimento filosófico estava também entregue à mais tosca idolatria. Cultura não é sinônimo de discernimento espiritual. O povo tinha a luz do conhecimento, mas estava cego espiritualmente. Tinha muitos deuses, mas não conhecia o DEUS verdadeiro.
Paulo percorreu e agitou a cidade. Diagnosticou suas mazelas espirituais. Conversou com o povo na praça e discutiu com os filósofos epicureus e estoicos. Sua presença em Atenas tornou-se notória. O povo não falava de outra coisa senão das últimas novidades que Paulo pregava. Arrastado ao Areópago, para dar explicações de sua pregação, o veterano apóstolo fez um dos mais extraordinários discursos da história, falando para os atenienses acerca do DEUS desconhecido.
Destacamos quatro coisas importantes nessa passagem de Paulo em Atenas:
Em primeiro lugar, o que ele viu em Atenas (Atos 17.16). Paulo não chegou a Atenas como um turista, admirado da beleza de seus monumentos. Ele não ficou entusiasmado com seus templos nem com a multiplicidade de suas imagens. Paulo olhou para toda aquela arte esculpida no mármore ou adornada pelo marfim como uma manifestação de idolatria. Os muitos deuses do panteão ateniense eram uma afronta ao DEUS verdadeiro. A religiosidade dos atenienses bafejados de cultura não passava de tosca ignorância espiritual.
Em segundo lugar, o que ele sentiu em Atenas. Paulo não apenas viu a idolatria, mas também ficou indignado. Seu espírito se revoltou diante da idolatria. A idolatria de Atenas era uma afronta ao DEUS vivo. Era uma violação do segundo mandamento da lei de DEUS. Era uma perversão do verdadeiro culto. A revolta de Paulo estava no fato de ver o nome de DEUS sendo escarnecido no meio de uma religiosidade profusa, mas sem discernimento.
Em terceiro lugar, o que Paulo fez (Atos 17.17). Paulo não apenas viu e se indignou; ele aproveitou seu tempo em Atenas para ensinar, pregar e arrazoar com os atenienses acerca do evangelho. Paulo pregou JESUS e a ressurreição. Paulo foi proativo. Não apenas fez o diagnóstico certo, mas deu o remédio correto. Não apenas constatou o problema, mas também apontou a solução.
Em quarto lugar, o método que Paulo usou. Paulo ficou revoltado com a idolatria da cidade, mas dirigiu-se aos atenienses com cortesia. Disse-lhes que eles eram acentuadamente religiosos. Chegou até mesmo a citar o filósofo Aratos, criando uma ponte cultural para levar-lhes o evangelho. Paulo não ficou preso a questões periféricas; ao contrário, falou aos atenienses acerca da pessoa de DEUS.
Paulo ergue sua voz para falar sobre o DEUS criador do universo na capital intelectual do mundo. O mundo não veio de uma geração espontânea nem de uma explosão cósmica. O mundo não deu à luz a si mesmo. Ele não é produto do acaso nem de uma evolução de milhões e milhões de anos. DEUS criou todas as coisas pela Palavra de seu poder. Paulo também apresenta aos atenienses o DEUS da providência. Nele, nós vivemos, nos movemos e existimos. Ele é quem enche a terra de fartura, alimenta as aves dos céus, veste os lírios do campo e nos dá o pão de cada dia. O DEUS desconhecido dos atenienses é o governador das nações. Ele está assentado num alto e sublime trono. Ele reina. Ele levanta reis e depõe reis. Não há um centímetro desse vasto universo do qual ele não seja Senhor. O DEUS desconhecido dos atenienses é o DEUS salvador, que se fez carne e entrou no mundo para morrer e ressuscitar. Os atenienses não conhecem DEUS como o Senhor absoluto do universo, diante de quem todo joelho deve se dobrar. O DEUS desconhecido dos atenienses exige arrependimento de todos os homens, uma vez que os julgará com justiça.
Ao terminar sua prédica, seu auditório se dividiu em três grupos: uns escarneceram, outros disseram que o ouviriam em outra ocasião e alguns creram. Embora não haja registro de multidões se convertendo como aconteceu em Tessalônica e Bereia, a bandeira do evangelho foi fincada no topo da montanha do mais tosco paganismo.
Paulo em Corinto
De Atenas, Paulo foi para a cidade de Corinto, a capital da província da Acaia. Essa era uma cidade estrategicamente importante, uma vez que em suas cercanias ficava o porto de Cencreia. Corinto era banhada pelo mar Jônico e também pelo mar Egeu. Era uma cidade cosmopolita. Caravanas do mundo inteiro passavam pela cidade. Navios procedentes de diversas partes do mundo ancoravam todos os dias naquela febricitante cidade. Os Jogos Ístmicos de Corinto só perdiam em importância para os Jogos Olímpicos de Atenas. A cidade tinha uma economia forte, uma atividade esportiva invejável e também uma intensa agenda religiosa. Ali ficava o templo de Afrodite, a deusa do amor. Na acrópole da cidade, estava o templo dessa deusa, onde mais de mil prostitutas cultuais exerciam sua atividade religiosa, promovendo a mais aviltante promiscuidade sexual do mundo de então. Essas mesmas prostitutas desciam à noite para o cais, e a cidade se tornava o palco da mais deslavada imoralidade. O homossexualismo era uma prática comum e até incentivada em Corinto.
Paulo chega a essa cidade e ali permanece dezoito meses, ensinando a Palavra e pregando na virtude do ESPÍRITO SANTO (1Co 2.4). Em Corinto, Paulo planta uma igreja vibrante, mas também uma igreja que vai trazer muitas lágrimas ao apóstolo. Nenhuma igreja recebeu mais do apóstolo quanto Corinto, mas também nenhuma o fez sofrer tanto quanto ela.
Em Corinto, Paulo foi perseguido. Foi chamado de impostor. A igreja não pagou seu salário. Ele precisou trabalhar, fazendo tendas, e receber ajuda das igrejas pobres da Macedônia para pastorear essa igreja.
De Corinto, Paulo escreveu as cartas aos Gálatas, aos Tessalonicenses e aos Romanos. Nessa cidade, ele enfrentou as maiores pressões. Muitas pessoas da igreja duvidaram das suas motivações, questionaram seu caráter, atacaram sua honra e macularam seu nome.
A igreja de Corinto, embora fosse um canteiro fértil, onde floresciam todos os dons espirituais, era desprovida de maturidade. A igreja estava dividida em vários grupos e partidos. Havia imoralidade tal dentro da igreja que nem mesmo no mundo se via coisa semelhante. Os crentes, em vez de disciplinarem o faltoso e chorar por causa de sua prática ensandecida, aplaudiam seu pecado. Havia brigas e contendas entre os crentes, e, em vez de esses conflitos serem resolvidos domesticamente, eram levados aos tribunais seculares, produzindo enfraquecimento do testemunho da igreja na sociedade. A igreja de Corinto revelava a fragilidade dos relacionamentos familiares e não sabia administrar com sabedoria a liberdade cristã. A igreja havia feito alguns avanços espirituais, mas ainda estava tímida no progresso da generosidade. Era uma igreja remissa quanto à prática da comunhão interna e do amor externo. Tinha um coração trancado para amar e o bolso fechado para contribuir. Se não bastasse tudo isso, a igreja ainda cometia muitos desvios na sua maneira de cultuar DEUS. Havia deficiências na sua teologia, bem como na sua liturgia.
Os filhos que mais fizeram o apóstolo sofrer foram os mais amados. Paulo muitas vezes regou o solo duro com suas lágrimas. Mas suas lágrimas não foram em vão. Em Corinto, Paulo deixou uma igreja que irradiou sua influência para muitos outros recantos do Império Romano. Como a cidade era um corredor do mundo, dali o evangelho se espalhou por vários rincões tanto da Acaia quanto de horizontes mais distantes.
De Corinto, Paulo passou em Éfeso, deixando na capital da Asia Menor, Priscila e Aquila. Dali, foi a Jerusalém, retornou à sua base em Antioquia da Síria e, oportunamente, partiu dessa cidade para a sua terceira viagem missionária, atravessando os territórios da Galácia e da Frígia, confirmando todos os discípulos (Atos 18.18-23).
Paulo em Éfeso
Em sua terceira viagem missionária, Paulo fixou-se em Éfeso, capital da Ásia Menor. Essa era uma das maiores cidades do mundo. Ali ficava o templo de Diana, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Era uma cidade idólatra, um centro de magia, um canteiro fértil para a evangelização.
Nessa cidade, Paulo passou três anos, ensinando tanto a judeus como a gregos, pregando tanto acerca do arrependimento como da fé. Paulo tanto evangelizava como ensinava. Ele era um evangelista e um mestre. Em Éfeso, Paulo enfrentou feras, tribulações maiores que suas forças. Em Éfeso, o evangelho desbancou a idolatria. Em Éfeso, vários sinais de um poderoso avivamento podem ser constatados.
Em primeiro lugar, os novos convertidos recebem um derramamento do ESPÍRITO (Atos 19.1-7). Aqueles que haviam recebido apenas o batismo de João, ao ouvirem sobre o ESPÍRITO SANTO, foram batizados em nome de JESUS, receberam o ESPÍRITO SANTO e tanto profetizaram como falaram em línguas. A mesma experiência que já havia acontecido em Jerusalém e Samaria agora acontecia também em Éfeso. Era a dispensação da graça estendendo seus horizontes para um campo totalmente gentílico. Jerusalém era a cidade dos judeus. Samaria era uma cidade mista, em território palestino. Éfeso, por sua vez, era uma cidade cosmopolita, essencialmente gentílica. O evangelho de CRISTO é multirracial, multicultural e internacional.
Em segundo lugar, os que vivem distantes ouvem a Palavra de DEUS (Atos 19.8-10). A partir de Éfeso, o evangelho espalhou-se por toda a Asia Menor. Em face da perseguição, Paulo deixou a sinagoga e foi para uma escola, e, dali o evangelho penetrou pelos corredores da Asia Menor, a tal ponto que todos os seus habitantes, tanto judeus como gregos, ouviram a Palavra de DEUS. Um avivamento que não transpira para fora dos portões não é genuíno. Quando a igreja é impactada com o poder do ESPÍRITO SANTO, ela sai das quatro paredes e, como fermento, penetra em todos os setores da sociedade.
Em terceiro lugar, os enfermos são curados (Atos 19.11,12). O evangelho em Éfeso chegou não apenas em palavras, mas, sobretudo, em poder. Paulo pregou tanto aos ouvidos quanto aos olhos. Não apenas as pessoas foram perdoadas e salvas, mas também curadas e libertas. É importante ressaltar que a fonte do poder para curar não estava em Paulo. O milagre não era feito pelo poder inerente de Paulo. Não era o apóstolo o agente do poder. O evangelista Lucas diz que DEUS, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam, e os espíritos malignos se retiravam (Atos 19.11,12).
Em quarto lugar, os cativos são libertos (Atos 19.13-17). Paulo era um homem conhecido tanto no céu como no inferno (Atos 19.15). Até os demônios sabiam quem era ele. Os falsos exorcistas, filhos de Ceva, foram expostos à vergonha pública ao tentarem libertar um homem endemoninhado, esconjurando os demônios por JESUS, a quem Paulo pregava. Esses homens foram subjugados pelos demônios, e não lhes restou outra opção senão fugir, nus e feridos. Esse fato produziu grande temor sobre todos os efésios, e o nome de JESUS era mais e mais engrandecido.
Em quinto lugar, os crentes confessavam e denunciavam publicamente suas obras (Atos 19.18). Onde há avivamento, há confissão de pecados. Onde o pecado é encoberto, as chuvas do céu são retidas. Onde o pecado é escondido, o derramamento do ESPÍRITO não é revelado. Aqueles que creem verdadeiramente em CRISTO são os que confessam publicamente suas obras más e as abandonam. Os efésios convertidos a CRISTO não se ocuparam de denunciar os pecados dos outros; eles denunciavam suas próprias obras, e isso de forma pública.
Em sexto lugar, os laços com o ocultismo foram decisivamente rompidos (Atos 19.19). Muitos dos efésios convertidos a CRISTO vieram dos redutos do ocultismo, tão abundantes em Éfeso. Eles não apenas denunciaram suas obras más, mas também queimaram em praça pública seus livros de artes mágicas. Não há compatibilidade entre a fé cristã e o ocultismo. Não há ligação entre CRISTO e os demônios. Não há sintonia entre o santuário de DEUS e os ídolos. Não há comunhão entre a luz e as trevas.
Em sétimo lugar, a Palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente (Atos 19.20). O crescimento da igreja e o crescimento da Palavra são coisas semelhantes. São termos correspondentes. Quando a Palavra cresce, a igreja cresce. É possível a igreja crescer numericamente sem o crescimento da Palavra. Mas esse não é o crescimento que vem de DEUS. Esse não é o crescimento saudável. Nem todo crescimento da igreja exalta a CRISTO. Nem sempre um grande ajuntamento ou uma grande congregação expressa o verdadeiro crescimento da igreja. Não podemos mudar a mensagem para agradar o gosto e a preferência das pessoas. Não podemos transigir com os absolutos de DEUS para atrair as multidões. Não podemos oferecer ao povo um caldo venenoso para mitigar-lhe a fome. Precisamos dar às multidões trigo verdadeiro, e não palha. Precisamos saciar as pessoas com o Pão vivo que desceu do céu. Estava fechado o ciclo da terceira viagem missionária. Era tempo de o bandeirante do cristianismo retornar novamente à sua base.
Em oitavo lugar, uma perseguição implacável (Atos 19.2140). Sempre que a obra de DEUS avança, o diabo contra-ataca. Na mesma medida em que a igreja crescia em Éfeso e a partir de Éfeso, uma implacável perseguição movida por interesses religiosos e financeiros se instalou na cidade, capitaneada por Demétrio, o ourives fabricante das estatuetas de Diana. A cidade ficou totalmente alvoroçada. Uma grande multidão se ajuntou para gritar o nome da deusa Diana a ponto de a maioria nem saber exatamente o que estava acontecendo na cidade. Não fora a intervenção do escrivão da cidade, aquele tumulto teria se transformado numa perigosa sedição, provocando grandes desastres para os crentes efésios e, quiçá, para o próprio apóstolo Paulo.
Capítulo 07 - Uma despedida regada de emoções
Depois de três anos de frutífero ministério em Éfeso, a capital da Asia Menor, onde Paulo enfrentou lutas maiores do que suas forças e teve de travar encardida luta com feras humanas e demoníacas, resolve fazer uma viagem a Jerusalém para levar as ofertas recolhidas entre as igrejas da Macedônia, Acaia e Ásia Menor para os pobres da Judeia. Antes de direcionar seu ministério aos gentios, conforme propósito divino, Paulo assumiu um compromisso com os líderes da igreja de Jerusalém de que não se esqueceria dos pobres (Gl 2.10). Em cumprimento a essa promessa, esse bandeirante da fé ruma para Jerusalém com essas generosas ofertas, mesmo sabendo que à frente encontraria tribulação e cadeias.
Antes de partir para a sua última visita a Jerusalém, onde fora criado aos pés de Gamaliel, chamou os presbíteros de Éfeso para se encontrarem com ele no porto de Mileto. Ali, sob a abóbada celeste, tangidos pela brisa do mar, o veterano apóstolo, num clima regado de profunda emoção, dá suas últimas instruções aos líderes da igreja de Éfeso, a quem ele mesmo havia levado a CRISTO e exortado diariamente com lágrimas. Após essas palavras de despedida, eles se ajoelham na praia e oram com Paulo, abraçando-o e beijando-o afetuosamente.
Nesse exponencial sermão, Paulo fala sobre sete compromissos que assumiu: Vamos, aqui, examiná-los mais detidamente:
Em primeiro lugar, o compromisso de Paulo com DEUS (Atos 20.19). O primeiro compromisso de Paulo não é com a obra de DEUS, mas com o DEUS da obra. Relacionamento com DEUS precede trabalho para DEUS. O primeiro chamado de Paulo é para andar com DEUS e, como resultado dessa caminhada, fazer a obra de DEUS. Ele serve a DEUS ministrando aos homens. Quem serve a DEUS não busca projeção pessoal. Quem serve a DEUS não anda atrás de aplausos e condecorações. Quem serve a DEUS não depende de elogios nem desanima com as críticas. Quem serve a DEUS não teme ameaças nem se intimida diante de perseguições. Quem teme a DEUS não teme os homens, nem o mundo, nem mesmo o diabo. O líder espiritual deve servir a DEUS com senso de profunda humildade. Muitos batem no peito, arrogantemente, dizendo que são servos de DEUS. Outros, besuntados de orgulho, fazem propaganda de seu próprio trabalho. Outros, ainda, servem a DEUS, mas gostam dos holofotes. Há aqueles que fazem do serviço a DEUS um palco onde se apresentam como os atores ilustres sob as luzes da ribalta. Um servo não busca glória para si mesmo. Fazer a obra de DEUS sem humildade é construir um monumento para si mesmo. É levantar outra modalidade da torre de Babel. Mas o líder não deve esperar facilidades pelo fato de estar servindo a
DEUS. Quem serve a DEUS com humildade e integridade desperta animosidade e muita hostilidade no arraial do inimigo. Paulo servia a DEUS com lágrimas. A vida ministerial não lhe foi amena. Em vez de ganhar aplausos do mundo, recebeu ameaças, açoites e prisões. Paulo manteve sua consciência pura diante de DEUS e dos homens, mas os judeus tramaram ciladas contra ele. Viveu num campo minado. Enfrentou inimigos reais, porém, às vezes, ocultos. Nem sempre DEUS nos poupa dos problemas. Às vezes, ele nos treina nos desertos mais tórridos e nos vales mais profundos e escuros.
Em segundo lugar, o compromisso de Paulo com ele mesmo (Atos 20.18,28a). O apóstolo Paulo mostra a necessidade de o líder espiritual ter um sério compromisso consigo mesmo. O líder precisa cuidar de si mesmo antes de cuidar do rebanho de DEUS. A vida do líder é a vida da sua liderança. Há muitos obreiros cansados da obra e na obra porque procuraram cuidar dos outros sem cuidar de si mesmos. Antes de liderar os outros, precisamos liderar a nós mesmos. Antes de exortar os outros, precisamos exortar a nós mesmos. Antes de confrontarmos os pecados dos outros, precisamos confrontar os nossos próprios pecados. O líder não pode ser um homem inconsistente. O líder espiritual também precisa cuidar de si mesmo para não praticar o que condena. A posição de liderança não é uma apólice de seguro contra o fracasso espiritual. O líder espiritual ainda precisa cuidar de si mesmo para não cair em descrédito. A integridade do líder é o fundamento sobre o qual ele constrói seu trabalho. Sem vida íntegra, não existe liderança eficaz.
Em terceiro lugar, o compromisso de Paulo com a Palavra de DEUS (Atos 20.20-27). Paulo anunciou todo o conselho de DEUS (Atos 20.27). O líder espiritual precisa ensinar só a Bíblia e toda a Bíblia. Ele não pode aproximar-se das Escrituras com seletividade. Toda a Escritura é inspirada por DEUS e útil para o ensino e a correção. A única maneira de o líder espiritual cumprir esse desiderato é pregar a Palavra expositivamente. Não pregar suas próprias ideias, mas a Palavra. Não entregar a sua mensagem, mas a de DEUS. A mensagem deve emanar das Escrituras. DEUS não tem nenhum compromisso com a palavra do pregador, mas apenas com a sua Palavra. Paulo pregou para a salvação (Atos 20.21). Ele pregou arrependimento e fé. Ele também ensinou com fidelidade a Palavra (Atos 20.20). Paulo não apenas evangelizava; ele também ensinava. Ele não apenas gerava filhos espirituais, mas também os nutria com o alimento. O líder é um discipulador. Ele deve mentorear seus discípulos. O líder espiritual é um mestre. A ele cabe o privilégio de ensinar as verdades benditas do evangelho ao povo de DEUS. O líder espiritual tem alegria de ensinar tanto as multidões como os pequenos grupos (Atos 20.20). Paulo ensinava de casa em casa e também publicamente. Há líderes que são loucos pelo glamour da multidão, mas não se entusiasmam em falar para pequenos grupos. Há pregadores que só pregam para grandes auditórios. Sentem-se importantes demais para pregar numa pequena congregação ou numa reunião de grupo familiar. Esses indivíduos pensam que são mais importantes do que o apóstolo Paulo. O apóstolo pregava de casa em casa. JESUS pregou seus mais esplêndidos sermões para uma única pessoa. Quem não se dispõe a pregar para um pequeno grupo não está credenciado a pregar para um grande auditório. Nossa motivação não deve estar nas pessoas, mas em DEUS.
Em quarto lugar, o compromisso de Paulo com os valores do ministério (Atos 20.24). O apóstolo sintetiza o seu ministério em três verdades sublimes. Ele diz aos presbíteros de Éfeso: “Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor JESUS para testemunhar o evangelho da graça de DEUS” (Atos 20.24). Paulo fala sobre três verdades: vocação, abnegação e paixão. Paulo diz que recebeu seu ministério do Senhor JESUS. Ele não se lançou no ministério por conta própria. Ele foi chamado, vocacionado e separado para esse trabalho. Paulo não se tornou um pastor porque buscava vantagens pessoais. Não entrou para as lides ministeriais buscando segurança, emprego ou lucro financeiro. Não entrou no ministério com motivações erradas. Paulo não tinha apenas convicção de sua vocação, mas também consciência das implicações desse chamado. Era imperativo exercer uma boa dose de abnegação. Paulo diz que não considerava a vida preciosa para ele mesmo desde que cumprisse o seu ministério. O coração de Paulo não estava nas vantagens auferidas do ministério. Ele não estava no ministério cobiçando prata ou ouro. Não estava numa corrida desenfreada em busca de prestígio ou fama. Seu propósito não era ser aplaudido pelos homens ou ganhar prestígio entre os homens. Na verdade, ele estava pronto a trabalhar com as próprias mãos para ser pastor. Estava pronto a sofrer toda sorte de perseguição e privação para pastorear. Estava disposto a ser preso, a sofrer ataques externos e temores internos para pastorear a igreja de DEUS. Estava pronto a dar a própria vida para cumprir cabalmente seu ministério. Finalmente, Paulo diz que no seu coração ardia uma grande paixão. A grande paixão de Paulo era testemunhar o evangelho da graça de DEUS. A pregação enchia o peito do velho apóstolo de entusiasmo. Ele sabia que o evangelho é o poder de DEUS para salvação de todo que crê. Sabia que a justiça de DEUS se revela no evangelho. Sabia que a mensagem do evangelho de CRISTO é a única porta aberta por DEUS para a salvação do pecador. Paulo se considerava um arauto, um embaixador, um evangelista, um pregador, um ministro da reconciliação. Sua mente estava totalmente voltada para a pregação. Seu tempo era todo dedicado à pregação. Mesmo quando estava preso, entendia que a Palavra não estava algemada.
Em quinto lugar, o compromisso de Paulo com a igreja de DEUS (Atos 20.28-32). Assim como Paulo se gastou no evangelho para cuidar da igreja de DEUS, o líder espiritual deve cuidar de todo o rebanho, e não apenas das ovelhas mais dóceis (Atos 20.28). Há ovelhas dóceis e ovelhas indóceis. Há ovelhas que obedecem ao comando do pastor e ovelhas que se rebelam e fogem de sob o cajado do pastor. Há ovelhas que escoiceiam o pastor e aquelas que são o deleite do pastor. Há um grande perigo de o pastor cuidar apenas das ovelhas amáveis e deixar de lado as outras. A ordem divina é que o pastor deve cuidar de todo o rebanho, e não apenas de parte dele. O líder precisa saber que ele não é o dono do rebanho, mas servo dele (Atos 20.28). A igreja é de DEUS, e não do líder. JESUS é o único dono da igreja. O Senhor nunca nos deu uma procuração para nos apossarmos da sua igreja. Na igreja de DEUS, não existem chefes, caudilhos e donos. Na igreja, todos nós somos nivelados no mesmo patamar, somos servos. Aqueles que se arvoram em donos da igreja e tratam-na como uma empresa particular, buscando abastecer-se das ovelhas em vez de servi-lhes e pastoreá-las, estão em aberta oposição ao propósito divino. Todo líder precisa ter também um claro entendimento do valor da igreja aos olhos de DEUS (Atos 20.28). A igreja é a noiva do Cordeiro, a menina dos olhos de DEUS. Ele a comprou com o sangue de JESUS. Tocar na igreja de DEUS é ferir a noiva do Cordeiro.
DEUS tem zelo pelo seu povo. Perseguir a igreja é perseguir o próprio Senhor da igreja. Finalmente, o líder precisa proteger o rebanho de DEUS dos ataques externos e internos (Atos 20.29,30). Paulo diz que existem lobos do lado de fora buscando uma oportunidade para entrar no meio do rebanho e devorar as ovelhas, e lobos travestidos de ovelhas dentro do rebanho buscando uma oportunidade para arrebatar as ovelhas. O pastor deve ser o guardião e o protetor do rebanho. Como Davi, ele precisa declarar guerra aos ursos e leões, protegendo o rebanho de seus dentes assassinos. Há muitos falsos mestres, com suas perniciosas heresias, tentando entrar na igreja. O perigo, porém, não vem apenas de fora, mas também de dentro. Há aqueles que se levantam no meio da igreja declarando coisas perniciosas e arrastando após si as ovelhas. Há falsos mestres enrustidos que buscam uma ocasião para se manifestar e provocar um estrago no arraial de DEUS. O líder espiritual precisa ser zeloso no ensino, não dando guarida nem oportunidade aos oportunistas que se infiltram no meio da igreja para disseminar suas heresias.
Em sexto lugar, o compromisso de Paulo com a honestidade financeira (Atos 20.33-35). Paulo não era amante do dinheiro. O líder espiritual não pode ser possuído pelo dinheiro. O dinheiro não pode ser seu patrão. Aqueles que se curvam diante de Mamom jamais se levantarão de forma íntegra na presença dos homens. Aqueles que amam o lucro jamais servirão ao rebanho, mas se abastecerão dele. O líder espiritual é aquele que trabalha na obra de DEUS não para auferir lucro, mas com abnegação, apesar do sacrifício pessoal. A regra áurea da economia do reino de DEUS é que é mais bem-aventurado dar do que receber. O líder é alguém que faz a obra de DEUS sem ser motivado pelo dinheiro (Atos 20.33). Paulo não foi a Éfeso para cobiçar prata ou ouro das pessoas, mas para levar a elas as riquezas espirituais. O dinheiro jamais foi o vetor do ministério de Paulo. Ele diz que não cobiçou dinheiro nem vestes. Sua alegria no ministério não era receber benefícios da igreja, mas dar sua vida pela igreja. O líder espiritual é alguém que se dedica à obra mesmo quando lhe falta o dinheiro (Atos 20.34). Paulo trabalhou com suas próprias mãos para continuar o ministério. Ele não abandonou o ministério para trabalhar na fabricação de tendas nem jamais se empolgou com a fabricação de tendas a ponto de diminuir seu entusiasmo com o ministério. Quando as igrejas lhe pagavam o que lhe era devido, Paulo concentrava-se integralmente no ministério, mas, se as igrejas sonegavam seu salário, ele continuava exercendo o ministério, ainda que precisasse trabalhar para isso. O líder espiritual é alguém que entende que mais feliz é aquele que dá dinheiro do que quem recebe dinheiro (Atos 20.35). Paulo cita uma expressão de JESUS: “... Mais bem-aventurado é dar que receber”. A visão do líder espiritual não deve ser a de um homem egoísta e avarento. Ele precisa ser um homem de coração generoso, mãos dadivosas e bolso aberto.
Em sétimo lugar, o compromisso de Paulo com a afetividade (Atos 20.36-38). Os presbíteros de Éfeso e Paulo se abraçaram, beijaram-se e choraram num lugar público. Paulo havia passado três anos em Éfeso, e esse tempo foi suficiente para eles formarem fortes elos de amizade. Agora, eles demonstram a intensidade desse afeto nessa despedida. Nós somos seres afetivos (Atos 20.37). O amor precisa ser verbalizado e demonstrado. Nossas emoções precisam refletir nosso amor. Os presbíteros de Éfeso abraçaram e beijaram Paulo numa praia, um lugar público. Eles não negaram, não camuflaram nem esconderam suas emoções. A mídia empapuçada de violência está minando as nossas emoções. Estamos ficando secos como um deserto. Não conseguimos mais chorar nem expressar emoções. Uma senhora da igreja, depois do culto, disse-me entre lágrimas: “Pastor, eu valorizo muito o seu abraço na porta da igreja, porque é o único abraço que eu recebo na semana”. Há momentos em que a maior necessidade de uma pessoa na igreja não é de ouvir o coral, mas de receber um abraço de um irmão. Nós precisamos demonstrar nosso afeto pelas pessoas que amamos (Atos 20.37). Há muitos líderes que não conseguem expressar seus sentimentos nem verbalizar seu amor pelos seus liderados. Precisamos aprender a declarar o nosso amor pelas pessoas. Precisamos aprender a valorizar as pessoas enquanto elas estão conosco. Precisamos demonstrar nosso apreço por elas enquanto elas podem ouvir nossa voz. Nós precisamos entender a força terapêutica da afetividade (Atos 20.36-38). O amor é o elo de perfeição que une as pessoas. O amor é o cinturão que mantém unidas as demais peças da virtude cristã. Uma pessoa não permanece numa igreja onde ela não tem amigos. A comunhão e a evangelização são temas profundamente conectados. Onde há união entre os irmãos, ali DEUS ordena sua bênção e a vida para sempre. Certa feita, uma irmã da igreja me telefonou, informando-me de que estava pretendendo transferir-se para uma igreja mais próxima de sua casa. Eu, carinhosamente, lhe disse: “O problema é que você é tão importante para a nossa igreja que não podemos abrir mão de sua presença”. Essa mulher começou a chorar ao telefone e disse: “Pastor, na verdade eu não queria ir para outra igreja. Era isso que eu precisava ouvir. Muito obrigada” e desligou o telefone. As pessoas são carentes afetivamente, e os pastores precisam compreender que o amor verbalizado e demonstrado tem um grande poder terapêutico.
Capítulo 08 - Uma saraivada de problemas
A vida cristã não é um mar de rosas, mas uma tempestade na qual não faltam as nuvens pardacentas e os trovões aterradores. Os covardes e medrosos, que têm medo de decidir, não entrarão no reino de DEUS. A vida cristã não é feita de amenidades, mas tecida por lutas renhidas. Não é uma viagem através de águas calmas, mas uma navegação turbulenta em mares revoltos e encapelados.
Um leitor desatento pensará que o relato de Paulo em 2Coríntios 6.4-10 é uma coletânea de experiências sem nenhuma conexão. Porém, uma observação mais detalhada do texto provará que Paulo fez um cuidadoso e lógico arranjo de 27 categorias, dividido em três grupos de nove cada. Nos versículos 4 e 5, seus pensamentos são sobre suas provações; nos versículos 6 e 7, sobre a divina provisão; e nos versículos 8 a 10, acerca da vitória sobre as circunstâncias adversas.
O apóstolo Paulo começa esse catálogo de provas com uma das virtudes mais robustas da vida cristã, a paciência triunfante (2Co 6.4). A palavra grega usada, hupomone, não pode ser traduzida ao pé da letra. Ela não descreve o tipo de mentalidade que se assenta com as mãos cruzadas e a cabeça baixa até que passe a tormenta de problemas, numa resignação passiva. Descreve, ao contrário, a habilidade de alguém suportar as coisas de uma maneira tão triunfante que as transforma profundamente. Crisóstomo, o maior pregador do Oriente, chama hupomone de a raiz de todo o bem, a mãe da piedade, o fruto que não se seca jamais, a fortaleza que nunca pode ser conquistada, o porto que não conhece tormentas. Para Crisóstomo, hupomone é a rainha das virtudes, fundamento de todas as ações justas, paz no meio da guerra, calma na tempestade, segurança nos tumultos.
Essa paciência não é uma capacidade natural de suportar algumas dificuldades da vida, mas um corajoso triunfo, que recebe todas as pressões da vida e sai delas com um brado de alegria. Não somente essa pessoa não se deixa abater pelas dificuldades, mas mostra-se até grata pela oportunidade de passar por elas, sabendo que isso trará glória a DEUS.
A “paciência” aqui é o cabeçalho geral de nove elementos que Paulo relaciona a fim de recomendar seu ministério. Vamos examinar o texto em apreço sob quatro perspectivas.
Quando a vida parece um mar tempestuoso
Escrevendo sua segunda carta aos Coríntios (2Co 6.3-5), sua epístola mais pessoal, Paulo aborda
três grupos, cada um composto de três situações, em que a paciência é aplicada.
Em primeiro lugar, os conflitos internos da vida cristã (2Co 6.4). O apóstolo Paulo menciona três conflitos internos que a paciência triunfante nos capacita a vencer. Esse primeiro grupo expressa termos genéricos, a que todos os cristãos estão sujeitos.
As aflições. A palavra grega que Paulo usa é thlipsis, que significa pressão física, aflição ou tribulação. Representam aquelas situações que são fardos para o coração humano, aquelas desilusões que podem destroçar a vida.
As privações. A palavra grega anagké significa literalmente as necessidades da vida. Essa palavra é usada no sentido de sofrimento, muito possivelmente torturas. São aqueles fardos inevitáveis da vida que retratam necessidades materiais, emocionais e até físicas.
As angústias. A palavra grega que Paulo utiliza, stenochoria, significa um lugar muito apertado. Essa palavra era usada para descrever a condição de um exército encurralado num desfiladeiro estreito e rochoso sem lugar para escapar.
Em segundo lugar, as tribulações externas da vida cristã (2Co 6.5). Mais uma vez, o apóstolo Paulo menciona três circunstâncias difíceis que ele enfrentou. Esse segundo grupo apresenta exemplos particulares.
Os açoites. O sofrimento de Paulo não era apenas espiritual, mas também físico. Paulo foi açoitado várias vezes, fustigado com varas e até apedrejado. É exatamente por que os cristãos primitivos enfrentaram as fogueiras, as feras e toda sorte de castigos físicos que hoje recebemos o legado do cristianismo. O próprio Paulo dá seu testemunho: “Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado...” (2Co 11.24,25). Esses açoites lhe deixaram cicatrizes, pelo que escreveu: “Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de JESUS” (Gl 6.17).
As prisões. Paulo foi preso várias vezes. O livro de Atos registra sua prisão em Filipos, Jerusalém, Cesareia e Roma. Paulo passou vários anos do seu ministério no cárcere. Ele terminou os seus dias numa masmorra romana, de onde saiu para ser decapitado. Ao longo dos séculos, um séquito de crentes em CRISTO suportou prisões e esteve disposto a abandonar sua liberdade em vez da fé.
Os tumultos.
Paulo não enfrentou apenas a severidade da lei judaica e romana por onde passou, mas também a violência da multidão tresloucada. A palavra grega usada por Paulo, akatastasia, significa instabilidade, multidões em rebelião e desordens civis (Atos 13.50; 14.19; 16.19; 19.29). Esses tumultos referem-se àqueles perigos criados pelos homens. Em quase toda cidade por onde passou, Paulo enfrentou multidões enfurecidas, incitadas principalmente pelos judeus. Em Antioquia da Pisídia, os judeus incitaram as mulheres de alta posição e os principais da cidade para expulsarem Paulo de seu território (Atos 13.49-52). Em Icônio, houve um complô para apedrejar Paulo, e ele precisou sair da cidade (Atos 14.5,6). Em Listra, uma ensandecida multidão apedrejou Paulo (Atos 14.19). Em Filipos, uma multidão alvoroçada prendeu Paulo e Silas, açoitando-os e lançando-os na prisão (Atos 16.22,23). Em Tessalônica, uma turba, procurando Paulo, alvoroçou a cidade e arremeteu-se contra Jasom e sua casa (Atos 17.5). Em Éfeso, houve um grande tumulto, e os amigos de viagem de Paulo foram presos (Atos 19.23-40). Mesmo durante o ministério de Paulo em Corinto, ele também foi preso, e procuraram levá-lo diante do governador (Atos 18.12-17). Simon Kistemaker diz que o pior caso de agitação civil ocorreu em Jerusalém. Ali o povo, amotinado, procurou matar Paulo (Atos 21.30-32). Por todo lugar onde Paulo pregou o evangelho, ele se defrontou com multidões tresloucadas.
Em terceiro lugar, as tribulações naturais da vida cristã (2Co 6.5b). As três provas que Paulo passa a mencionar não vieram de fora nem de dentro, mas foram abraçadas voluntariamente por ele. Trata-se de provações assumidas voluntariamente por ele.
Os trabalhos.
A palavra grega kopos, usada por Paulo, é muito sugestiva, pois descreve o trabalho que leva ao esgotamento, o tipo de tarefa que exige todas as forças que o corpo, a mente e o espírito do homem podem dar. O termo kopos implica trabalhar até fatigar-se, o cansaço que segue após o uso das forças ao máximo. Paulo chega a declarar que trabalhou mais do que todos os outros apóstolos (1Co 15.10).
As vigílias. Algumas vezes, Paulo passava noites em oração, e outras vezes não conseguia dormir em virtude dos tumultos e perseguições, quase sem trégua, que vinham a ele de todos os lados. A palavra grega agrupnia, “vigílias”, refere-se àquelas ocasiões em que Paulo voluntariamente ficava sem dormir ou encurtava suas horas de sono a fim de devotar mais tempo ao seu trabalho evangélico, a seu cuidado de todas as igrejas e à oração. Paulo seguiu o exemplo de JESUS (Mc 1.35; Lc 6.12), passando muitas horas da noite e da madrugada em oração.
Os jejuns. Os jejuns referidos por Paulo podem ser tanto os voluntários como os involuntários. A palavra grega nesteía, “jejuns”, refere-se ao jejum voluntário a fim de poder realizar mais trabalhos. Contudo, esses jejuns podem também se referir àqueles momentos em que Paulo passou privações (2Co 11.9) e até fome (2Co 11.27; 1Co 4.11; Fp 4.12).
Quando a vida parece cheia de contradições
Ainda na segunda carta aos coríntios (2Co 6.8-10), o apóstolo Paulo menciona nove paradoxos e antíteses da vida cristã. Trata-se de uma série de contrastes profundos. Aqui está clara a profunda diferença que existe entre a perspectiva de DEUS e a perspectiva dos homens. O crente constitui-se num enigma para os outros, uma perpétua contradição para os que não os compreendem, pois, sua vida consiste numa série de paradoxos.
Esses paradoxos falam dos dois lados opostos da vida de um homem de DEUS - o lado secular e o lado espiritual. O lado visto pelo homem, e o lado visto por DEUS. Essa passagem contrasta como DEUS avaliou o ministério de Paulo com a maneira pela qual seus críticos o avaliaram. O verdadeiro discípulo experimenta tanto o topo da montanha como as regiões mais baixas dos vales mais profundos. Ele oscila entre a honra e a desonra, entre a infâmia e a boa fama, entre a vida e a morte. Vamos considerar esses paradoxos.
Honra e desonra. Aos olhos do mundo, Paulo era um homem despojado de toda honra. Era considerado o lixo do mundo e a escória de todos (1Co 4.13), mas aos olhos de DEUS era mui honrado. A palavra grega atimia, usada para desonra, significa a perda dos direitos de cidadão, a privação dos direitos civis. Ainda que Paulo tivesse perdido todos os direitos como cidadão do mundo, tinha recebido a maior de todas as honras. Ele era cidadão do reino de DEUS. Tombou como mártir na terra, decapitado num patíbulo, mas levantou-se como príncipe no céu (2Tm 4.68).
Infâmia e boa fama. Os opositores de Paulo criticavam cada uma de suas ações e palavras, além de odiá-lo com ódio consumado. Além disso, Paulo sofria infâmia de seus próprios filhos na fé. Embora Paulo e seu ministério obtivessem o reconhecimento de muitos crentes coríntios (1Co 16.15-18), outros o desonravam e falavam dele pelas costas (2Co 10.10; 11.7; 1Co 4.10-13,19). Porém, a despeito de ser difamado na terra, recebeu certamente boa fama no céu.
Enganador e sendo verdadeiro. Os críticos de Paulo o consideravam um charlatão ambulante e um impostor. Para eles, Paulo não era um autêntico apóstolo. Contudo, sua vida, sua conduta e seu ministério irrepreensíveis refutaram peremptoriamente as acusações levianas de seus inimigos. Paulo andou com consciência limpa diante de DEUS e dos homens. Ele estava convicto de que sua mensagem era a verdade do próprio DEUS.
Desconhecido, entretanto bem conhecido. Os judeus que o caluniavam diziam que Paulo era um joão-ninguém, a quem faltava autoridade apostólica e a quem podiam denegrir à vontade. Mas, para seus filhos na fé, Paulo era conhecido e amado. O apóstolo Paulo foi, sem sombra de dúvida, o maior apóstolo, o maior teólogo, o maior evangelista, o maior missionário e o maior plantador de igrejas da história. A palavra grega agooumenoi, traduzida por “desconhecidos”, traz a ideia de ser ignorante. Refere-se a “não valer nada”, sem as credenciais adequadas. Paulo não recebeu reconhecimento do mundo de seu tempo porque o mundo, a literatura, a política e a erudição não se preocupavam com ele e não faziam dele fonte de conversas diárias, nem o procuravam como grande orador. Porém, Paulo é hoje mais conhecido do que qualquer imperador romano. Importa mais receber reconhecimento de DEUS do que dos homens. Importa mais ser amado pelos cristãos do que odiado pelo mundo.
Morrendo, contudo, vivendo.
Paulo viveu sob constante ameaça de morte. Foi apedrejado em Listra, açoitado em Filipos, enfrentou feras em Éfeso e foi atacado por uma multidão furiosa em Jerusalém. O poder divino que ressuscitou JESUS dos mortos impediu que Paulo sofresse uma morte prematura. Sua vida despertou fúria no inferno e tumulto na terra. Paulo, porém, viveu para completar sua carreira e cumprir cabalmente seu ministério (Atos 20.24; 2Tm 4.6-8). A julgar pelos padrões mundanos, a carreira de Paulo foi miserável. Ele esteve continuamente exposto a perigos de morte, sempre perseguido por multidões enfurecidas e pelas autoridades civis, mas DEUS livrou-o vezes sem conta. Portanto, contra todas as expectativas, enquanto o propósito de DEUS não se concretizou nele, ele escapou da morte sem ser assassinado.
Castigado, porém não morto.
Muitas vezes, Paulo enfrentou açoites, cadeias, prisões, tumultos e até apedrejamento. DEUS, porém, o preservou da morte a fim de que ele cumprisse o propósito de levar o evangelho até os confins da terra. Os cristãos não devem entender suas aflições como indicação da reprovação divina, mas, sim, regozijar-se nelas como oportunidades graciosamente oferecidas para glorificarem o nome do Senhor. DEUS não castiga seu povo por quem CRISTO morreu, pois nossa punição pelo pecado foi colocada sobre CRISTO. Seu Filho sofreu em nosso lugar para que pudéssemos ser absolvidos. Portanto, é incorreto dizer que os crentes sofrem a ira de DEUS. O castigo mencionado aqui pelo apóstolo é medidas corretivas de DEUS que têm o objetivo de nos levar para mais perto dele.
Entristecido, mas sempre alegre. As tristezas de Paulo vinham das circunstâncias; sua alegria emanava de sua comunhão com DEUS. Ele se alegrava não nas circunstâncias, mas apesar delas (Atos 16.19-26). Sua alegria não era nem presença de coisas boas nem ausência de coisas ruins. Sua alegria era uma Pessoa. Sua alegria era JESUS. A fonte da sua alegria não estava na terra, mas no céu; não nos homens, mas em DEUS.
Pobre, mas enriquecendo a muitos (2Co 6.10).
Paulo não era como os falsos apóstolos que ganhavam dinheiro mercadejando a Palavra. Paulo era pobre. A palavra ptokós, usada por Paulo, significa extremamente pobre, miserável, indigente, destituído. Descreve a pobreza abjeta de quem não tem, literalmente, nada e que está num perigo real e iminente de
morrer de fome. A palavra ptokós significa penúria completa, como aquela de um mendigo. Ele não tinha dinheiro, mas tinha um tesouro mais precioso do que todo o ouro da terra, o bendito evangelho de CRISTO. Ele enriquecia as pessoas não com coisas materiais, mas com bênçãos espirituais.
Nada tendo, mas possuindo tudo. Paulo não possuía riquezas terrenas, mas era herdeiro daquele que é o dono de todas as coisas. O ímpio tem posse provisória, mas o cristão é dono de todas as coisas que pertencem ao Pai. Somos herdeiros de DEUS e coerdeiros com CRISTO. O ímpio pode ter tudo aqui, mas nada levará. Nós, nada tendo aqui, possuímos tudo.
Quando sofremos pela igreja de DEUS
O apóstolo Paulo, em 2Coríntios 11.23-33, destaca seis aspectos do seu sofrimento:
Em primeiro lugar, trabalhos extenuados. "... em trabalhos, muito mais...” (2Co 11.23). Paulo foi imbatível nesse item. Não apenas suplantou em muito os falsos apóstolos nesse particular, mas trabalhou até mesmo mais do que os legítimos apóstolos de CRISTO (1Co 15.10). O ministério de Paulo não teve pausa. Ele trabalhou diuturnamente, sem intermitência, com saúde ou doente; em liberdade ou na prisão; na fartura ou passando necessidades. Jamais deixou de trabalhar pela causa de CRISTO.
Em segundo lugar, castigos físicos extremados. "... muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado...” (2Co 11.23-25). Destacamos aqui os vários castigos sofridos por Paulo.
As prisões. Paulo foi preso várias vezes. O livro de Atos relata sua prisão em Filipos, em Jerusalém, em Cesareia e em Roma. Paulo passou boa parte da sua atividade apostólica preso. Ele podia estar encarcerado, mas a Palavra de DEUS não estava algemada. Era um embaixador em cadeias. Jamais se sentiu prisioneiro de homens, mas sempre prisioneiro de CRISTO.
Os açoites. Não foram poucas as ocasiões em que Paulo foi açoitado. O livro de Atos não é exaustivo nesses relatos. Temos informação de que ele foi açoitado em Filipos, mas, em muitas outras vezes, seu corpo foi surrado a ponto de ele dizer aos gálatas que trazia no corpo as marcas de CRISTO (Gl 6.17). Cinco vezes recebeu dos judeus 39 açoites. Esse castigo era tão severo que muitos não resistiam. Os açoites eram o método judaico, baseado em Deuteronômio 25.25. A pessoa tinha as suas duas mãos presas a um poste, e suas roupas eram removidas, de modo que seu peito ficava descoberto. Com um chicote feito de uma correia de couro de bezerro e duas de couro de jumento, ligadas a um longo cabo, a pessoa recebia um terço das 39 chicotadas no tórax e dois terços nas costas.
Os perigos de morte. O ministério de Paulo foi turbulento. Não teve folga nem descanso. Aonde ele chegava, havia um tumulto para matá-lo. Foi perseguido em Damasco, apedrejado em Listra, açoitado em Filipos, escorraçado de Tessalônica, enxotado de Bereia, levado ao tribunal em Corinto, perturbado em Éfeso, preso em Jerusalém, acusado em Cesareia, picado por uma víbora em Malta e decapitado em Roma.
O flagelo de ser fustigado com varas. Se a quarentena de açoites era um castigo judaico (Dt 25.1-3), fustigar com varas era um castigo romano. Paulo sofreu castigo tanto de judeus quanto de gentios. O livro de Atos só relata os açoites que Paulo sofreu em Filipos. Mas aqui ele nos informa que três vezes foi fustigado com varas.
O apedrejamento. Paulo foi apedrejado em Listra e arrastado da cidade como morto. DEUS o levantou milagrosamente para dar prosseguimento a seu trabalho missionário. A vida de Paulo é um milagre; seu sofrimento, um monumento; suas cicatrizes, seu vibrante testemunho.
Em terceiro lugar, viagens perigosas. “... em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos” (2Co 11.25,26). As viagens de Paulo foram aventuras épicas, cercadas sempre de muitos perigos. O livro de Atos só relata o naufrágio que Paulo enfrentou em sua viagem para Roma, e obviamente, quando Paulo escreveu essa carta, ela ainda não havia ocorrido. Portanto, Paulo enfrentou quatro naufrágios. Não sabemos onde nem quando, mas um dia e uma noite ficaram à deriva, na voragem do mar. Nas suas andanças, enfrentou perigos nos mares, nos rios, nas cidades e no deserto. Enfrentou perigos entre judeus e gentios. Enfrentou perigos no meio dos pagãos e também entre falsos irmãos.
Em quarto lugar, privações e necessidades dolorosas. “em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez” (2Co 11.27). Paulo trabalhava não só na obra, mas também para seu sustento, e isso com fadiga. Dormia pouco e trabalhava muito. Tinha senso de urgência. Nas suas jornadas a pé ou de navio, passou fome e sede muitas vezes. Não poucas vezes, a situação era tão grave que, mesmo tendo pão, preferia jejuar. Nem sempre tinha roupas suficientes e adequadas para as estações geladas do inverno. Enfrentou frio e também nudez.
Em quinto lugar, preocupação com todas as igrejas. “Além das cousas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas” (2Co 11.28). A atitude de Paulo em relação aos falsos apóstolos era gritantemente diferente. Enquanto eles se abasteciam das igrejas, Paulo se desgastava por amor a elas, e isso diariamente. Enquanto Paulo usava sua autoridade para fortalecer as igrejas, eles usavam as igrejas para fortalecer sua autoridade. Enquanto Paulo trabalhava para servir às igrejas, eles se abasteciam das igrejas. Enquanto eles esbofeteavam os crentes no rosto, Paulo carregava os fardos dos crentes no coração. As outras experiências haviam sido exteriores e ocasionais, mas o peso das igrejas era interior e constante.
Em sexto lugar, fuga ignominiosa. “Em Damasco, o governador preposto do rei Aretas montou guarda na cidade dos damascenos, para me prender; mas, num grande cesto, me desceram por uma janela da muralha abaixo, e assim me livrei das suas mãos” (2Co 11.32,33). No auge da narrativa de seus sofrimentos, Paulo fala da experiência humilhante em Damasco. Paulo descreve de forma vívida a primeira situação de sofrimento após sua conversão. Entrou na cidade de Damasco para prender os crentes, e ele agora é quem estava preso. Os judeus resolveram tirar-lhe a vida e vigiaram os portões da cidade (Atos 9.23,24) para ele não fugir, enquanto o governador gentio também montava guarda na porta para o prender (2Co 11.32). O livramento de Paulo não teve nada de espetacular. Ele escapou de forma humilhante. Para Paulo, essa fuga clandestina de Damasco era o pior dos açoites. O valente Paulo precisa fugir de forma inusitada na calada da noite. Essa fuga ignominiosa de Damasco que Paulo narra contém pouquíssimos elementos de que ele pudesse vangloriar-se. É o primeiro de muitos “perigos de morte” que ele experimentou. Esses primeiros acontecimentos o marcam profundamente. E precisamente essa imagem da recordação revela de forma singular sua “fraqueza”.
Paulo conclui essa listagem de sofrimento, jogando uma pá de cal na presunção de seus oponentes. Enquanto eles se gloriavam em suas virtudes e realizações, Paulo diz: “Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza” (2Co 11.30). Paulo sabia que sua autoridade não vinha de suas habilidades, mas de seu chamado (Rm 1.1,5); não de sua força, mas de sua fraqueza; não de seus feitos, mas de suas cicatrizes.
Quando nosso sofrimento é bênção, e não castigo
No início de 2Coríntios 12, Paulo descreve seu arrebatamento ao terceiro céu e sua visão gloriosa. Viu coisas que não é lícito ao homem referir. Depois da glória, porém, vem a dor; depois do êxtase, vem o sofrimento. Em 2Coríntios 12.7-10, Paulo faz uma transição das visões celestiais para o espinho na carne. DEUS sabe equilibrar em nossa vida as bênçãos e os fardos, o sofrimento e a glória. Que contraste gritante entre as duas experiências do apóstolo! Passou do paraíso à dor, da glória ao sofrimento. Provou a bênção de DEUS no céu e sentiu os golpes de Satanás na terra. Paulo passou do êxtase do céu à agonia da terra. Vamos examinar alguns pontos importantes.
Em primeiro lugar, o sofrimento é inevitável. Paulo dá seu testemunho: “E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte” (2Co 12.7). Não há vida indolor. É impossível passar pela vida sem sofrer. O sofrimento é inevitável. O sofrimento de Paulo é tanto físico quanto espiritual. Elencamos aqui dois aspectos do sofrimento do apóstolo.
O espinho na carne. O que seria esse espinho na carne de Paulo? Há muitas ideias e nenhuma resposta conclusiva. A palavra grega skolops, “espinho”, só aparece aqui em todo o Novo Testamento. Trata-se de qualquer objeto pontiagudo. Era a palavra usada para estaca, lasca de madeira ou ponta do anzol. O que era esse espinho na carne de Paulo? Muitas respostas têm sido dadas.
A VERDADE É ESTA (Obs. Abaixo - Pr Henrique):
- O espinho na carne de Paulo consistia em um problema de visão (os Gálatas se pudessem lhe dariam seus próprios olhos (Gálatas 4:15 ) e Paulo escrevia com grandes letras (Gl 6:11), mas, na maioria do tempo, tinha um amanuense (Tércio, Rm 16.12) escrevendo para ele, enquanto ditava o que escrever).
- Enfermidade física. A maioria dos estudiosos concorda que esse termo skolops deve ser interpretado literalmente, isto é, Paulo suportava dor física. Pessoalmente creio que esse espinho na carne era uma deficiência visual de Paulo (Atos 9.9; Gl 4.15; 6.11; Rm 16.22; At 23.5).
A oração não atendida. Assim como JESUS orou três vezes no Getsêmani para DEUS afastar-lhe o cálice e o Pai não o atendeu, mas enviou um anjo para o consolar, Paulo orou também três vezes para DEUS remover o espinho de sua carne, mas a resposta de DEUS não foi a remoção do espinho, mas a força para suportá-lo. DEUS nem sempre nos livra do sofrimento, mas nos dá graça para enfrentá-lo vitoriosamente. Paulo orou na aflição: orou ao Senhor, orou com insistência e especificamente, e mesmo assim DEUS lhe disse não.
Em segundo lugar, o sofrimento é indispensável. Assim como JESUS aprendeu pelas coisas que sofreu, também aprendemos pelo sofrimento. Por que o sofrimento é indispensável?
Para evitar a soberba. O espinho na carne impediu que Paulo inchasse ou explodisse de orgulho diante das gloriosas visões e revelações do Senhor, segredo não deve ser revelado, a menos que, quem revelou autorize. O sofrimento nos põe em nosso devido lugar. Ele quebra nossa altivez e esvazia toda nossa pretensão de glória pessoal. É o próprio DEUS quem nos matricula na escola do sofrimento. O propósito de DEUS não é nossa destruição, mas nossa qualificação para o desempenho do ministério. O fogo da prova não pode chamuscar sequer um fio de cabelo da nossa cabeça; ele só queima nossas amarras. O fogo das provas nos livra das amarras, e DEUS nos livra do fogo.
O apóstolo Paulo diz que o espinho na carne era um mensageiro de Satanás. Ao mesmo tempo que o mensageiro de Satanás infligia sofrimento ao apóstolo, esbofeteando-lhe com golpes fulminantes, DEUS tratava com seu servo, usando essa estranha providência, para o manter humilde. O campo de atuação de Satanás é delimitado por DEUS. Satanás intenciona esbofetear Paulo; DEUS intenciona aperfeiçoar o apóstolo.
Para gerar dependência constante de DEUS. “Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim” (2Co 12.8). O sofrimento levou Paulo à oração. O sofrimento nos mantém de joelhos diante de DEUS para nos colocar de pé diante dos homens. Paulo sabe que DEUS está no controle, não Satanás. Se Satanás realizasse seu desejo, ele teria preferido que o apóstolo Paulo fosse orgulhoso em vez de humilde. Os interesses de Satanás seriam muito mais bem servidos se Paulo fosse se tornar insuportavelmente arrogante.
Para mostrar a suficiência da graça. “Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de CRISTO” (2Co 12.9). A graça de DEUS é melhor do que a vida. A graça de DEUS é que nos capacita a enfrentar vitoriosamente o sofrimento. A graça de DEUS é o tônico para a alma aflita, o remédio para o corpo frágil, a força que põe de pé o caído. A graça de DEUS é a provisão de DEUS para tudo de que precisamos, quando precisamos. A graça nunca está em falta. Ela está continuamente disponível. Não devemos orar por vida fácil. Devemos orar para sermos homens e mulheres capacitados pela graça. Não devemos orar por tarefas iguais ao nosso poder, mas orar por poder igual às nossas tarefas.
Para trazer fortalecimento de poder. O poder de DEUS se aperfeiçoa na fraqueza. Quando somos fracos, aí é que somos fortes. Esse é o grande paradoxo do cristianismo. A força que sabe que é forte, na verdade é fraqueza, mas a fraqueza que sabe que é fraca, na verdade é força. O poder de DEUS revela-se nos fracos. Paulo pediu para DEUS substituição, mas DEUS lhe deu transformação. DEUS não removeu sua aflição, mas lhe deu capacitação para enfrentá-la vitoriosamente. DEUS não deu explicações a Paulo; fez-lhe promessas: “A minha graça te basta”. Não vivemos de explicações; vivemos de promessas. Nossos sentimentos mudam, mas as promessas de DEUS são sempre as mesmas.
Obs. Pr Henrique - A graça é uma pessoa – JESUS CRISTO e sua obra salvífica.
Porque a graça de DEUS se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, Tito 2:11 (ARC).
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós (graça); é dom de DEUS. Efésios 2:8 (ARC).
Mas, agora, em CRISTO JESUS, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de CRISTO chegastes perto. Efésios 2:13
O poder de DEUS é suficiente para o cansaço físico. Paulo suportou toda sorte de privações físicas: fome, sede e nudez. Suportou todo tipo de perseguição: foi açoitado, apedrejado, fustigado com varas e preso. Enfrentou todo tipo de perigos: de rios, de mares, de desertos, no campo, na cidade, entre estrangeiros, entre patrícios e até no meio de falsos irmãos. Enfrentou toda sorte de pressões emocionais: preocupava-se dia e noite com as igrejas. Mas o poder de DEUS o sustentou em todas essas circunstâncias.
Em terceiro lugar, o sofrimento é pedagógico. A vida é a professora mais implacável: primeiro, dá a prova e, depois, a lição. C. S. Lewis disse que “DEUS sussurra em nossos prazeres e grita em nossas dores”. A dor sempre tem um propósito, mais que uma causa. DEUS não desperdiça sofrimento na vida de seus filhos. Se DEUS não remove o espinho é porque ele está trabalhando em nós, para depois trabalhar por meio de nós.
Vejamos algumas lições importantes destacadas por Charles Stanley em seu livro Como lidar com o sofrimento1:
Há um propósito divino em cada sofrimento. Há um propósito divino no sofrimento. No começo dessa carta, Paulo diz que o nosso sofrimento e a nossa consolação são instrumentos usados por DEUS para abençoar outras pessoas (2Co 1.3). Na escola da vida, DEUS está nos preparando para sermos consoladores. Quando DEUS não remove “o espinho”, é porque tem uma razão. DEUS sempre tem um propósito no sofrimento. O propósito é de não nos ensoberbecermos.
E possível que DEUS resolva revelar-nos o propósito do nosso sofrimento. No caso de Paulo, DEUS decidiu revelar-lhe a razão de ser do “espinho”: evitar que o apóstolo ficasse orgulhoso. Quando Paulo orou, nem perguntou por que estava sofrendo; apenas pediu a remoção do sofrimento. Não é raro DEUS revelar as razões do sofrimento. Ele revelou a Moisés a razão por que não lhe seria permitido entrar na terra prometida. Disse a Josué por que ele e seu exército haviam sido derrotados em Ai. O nosso sofrimento tem por finalidade nos humilhar, nos aperfeiçoar, nos burilar e nos usar. É possível também que DEUS não nos dê explicações diante do sofrimento. Foi o que aconteceu com o patriarca Jó. Ele perdeu seus bens, seus filhos, sua saúde, o apoio de sua mulher e de seus amigos, e, diante de seus questionamentos, nenhuma explicação lhe foi dada. DEUS restaurou sua sorte, mas não lhe deu a razão de seu sofrimento.
DEUS nunca nos repreende se perguntarmos por que sofremos, ou se pedirmos que ele remova o sofrimento. Não há evidência de que DEUS tenha repreendido Paulo pelo fato de ele ter-lhe pedido que removesse o espinho. DEUS entende nossa fraqueza. Espera que clamemos quando estivermos passando por sofrimento. DEUS nos manda lançar sobre ele toda a nossa ansiedade.
O sofrimento pode ser um dom de DEUS. Temos a tendência de pensar que o sofrimento é algo que DEUS faz contra nós, e não por nós. Jacó disse: “... Tendes-me privado de filhos: José já não existe, Simeão não está aqui, e ides levar a Benjamim! Todas estas cousas me sobrevêm” (Gn 42.36). O espinho de Paulo era uma dádiva, porque, por meio desse incômodo, DEUS protegeu Paulo daquilo que ele mais temia - ser desqualificado espiritualmente (1Co 9.27). Ele sabia que o orgulho destrói. Viu-o como algo que DEUS fez a seu favor, e não contra ele.
Satanás pode ser o agente do sofrimento. Espere um pouco: é Satanás ou DEUS quem está por trás do espinho na carne de Paulo? Como é que um mensageiro de Satanás pode cooperar para o bem de um servo de DEUS? Parece uma contradição total. A inferência é que DEUS, na sua soberania, usa os mensageiros de Satanás na vida dos seus servos. As bofetadas de Satanás não anulam os propósitos de DEUS, mas contribuem para eles. Até mesmo os esquemas satânicos podem ser usados em nosso benefício e no avanço do reino de DEUS. O diabo intentou contra Jó para afastá-lo de DEUS, mas só conseguiu colocá-lo mais perto do Senhor.
DEUS nos conforta em nossas adversidades. A resposta que DEUS deu a Paulo não era a que ele esperava nem a que ele queria, mas era a que ele precisava. DEUS respondeu a Paulo que ele não o havia abandonado. Não sofria sozinho. DEUS estava no controle da sua vida e operava nele com eficácia.
A graça de DEUS é suficiente nas horas de sofrimento. DEUS não deu a Paulo o que ele pediu; deu-lhe algo melhor, melhor que a própria vida, a sua graça. A graça de DEUS é melhor que a vida; pois por ela enfrentamos o sofrimento vitoriosamente. O que é graça? É a provisão de DEUS para cada uma das nossas necessidades. O nosso DEUS é o DEUS de toda a graça (1Pe 5.10).
Obs. Pr Henrique - A graça é uma pessoa – JESUS CRISTO e sua obra salvífica.
Porque a graça de DEUS se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, Tito 2:11 (ARC).
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós (graça); é dom de DEUS. Efésios 2:8 (ARC).
Mas, agora, em CRISTO JESUS, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de CRISTO chegastes perto. Efésios 2:13
Pode ser que DEUS decida que é melhor não remover o sofrimento. De todos os princípios, esse é o mais difícil. Quantas vezes já pensamos e falamos: “Senhor por que estou sofrendo? Por que desse jeito? Por que até agora? Por que o Senhor ainda não agiu?”. Joni Eareckson ficou tetraplégica e numa cadeira de rodas dá testemunho de JESUS. Fanny Crosby ficou cega com 42 dias e morreu aos 92 anos sem jamais perder a doçura. Escreveu mais de 4 mil hinos. Dietrich Bonhoeffer foi enforcado no dia 9 de abril de 1945 numa prisão nazista. Se DEUS não remover o sofrimento, ele nos assistirá em nossa fraqueza, nos consolará com sua graça e nos assistirá com seu poder.
Nossa alegria não se baseia na natureza de nossas circunstâncias. O que determina a vida de um indivíduo não é o que lhe acontece, mas como reage ao que lhe acontece. Não é o que as pessoas lhe fazem, mas como responde a essas pessoas. Há pessoas que são infelizes tendo tudo; há outras que são felizes não tendo nada. A felicidade não está fora, mas dentro de nós. Há pessoas que pensam que a felicidade está nas coisas: casa, carro, trabalho, renda. Mas Paulo era feliz mesmo passando por toda sorte de adversidades (2Co 11.24-27). Mesmo passando por todas essas lutas, é capaz de afirmar: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de CRISTO. Porque, quando sou fraco, então é que sou forte” (2Co 12.10). O mesmo Paulo comenta em sua carta aos filipenses: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez” (Fp 4.11,12).
A chave para crescermos nos sofrimentos é vê-los em função do amor por CRISTO. Paulo sofria por amor a CRISTO. Sua razão de viver era glorificar CRISTO. O que importava era agradar a CRISTO, servir a CRISTO, tornar CRISTO conhecido. Jim Elliot, o missionário mártir entre os índios aucas, disse: “Não é tolo perder o que não se pode reter, para ganhar o que não se pode perder”. DEUS pode usar até o nosso sofrimento para sua glória. Paulo diz aos filipenses que as coisas que lhe aconteceram contribuíram para o progresso do evangelho (Fp 1.12).
Em quarto lugar, o sofrimento é passageiro. O sofrimento deve ser visto à luz da revelação do céu, do paraíso. O sofrimento do tempo presente não é para se comparar com as glórias por vir a serem reveladas em nós (Rm 8.18). A nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória (2Co 4.14-16). Aqueles que têm a visão do céu são os que triunfam diante do sofrimento. Aqueles que ouvem as palavras inefáveis do paraíso são os que não se intimidam com o rugido do leão.
DEUS mostrou a glória da herança antes do fogo do sofrimento. DEUS abriu as cortinas do céu antes de apontar as areias esbraseantes do deserto. O sofrimento é por breve tempo; o consolo é eterno. A dor vai passar; o céu jamais! A caminhada pode ser difícil. O caminho pode ser estreito. Os inimigos podem ser muitos. O espinho na carne pode doer. Mas a graça de CRISTO nos basta. Só mais um pouco, e nós estaremos para sempre com o Senhor. Então o espinho será tirado, as lágrimas serão enxutas, e não haverá mais pranto, nem luto, nem dor.
1. STANLEY, Charles. Como lidar com o sofrimento. Belo Horizonte: Betânia, 1995.
Capítulo 09 - Um homem sob ataque
O mesmo Paulo que já havia enfrentado prisões e açoites enfrentará agora uma série de solavancos existenciais: prisão, acusação e conspiração. Neste capítulo, vamos examinar a prisão de Paulo em Jerusalém e Cesareia.
Não espere gratidão, mas cadeias e tribulações
Paulo estava indo a Jerusalém para levar as ofertas levantadas entre as igrejas gentílicas para os pobres da Judeia. Seu coração estava cheio de amor, e suas mãos, cheias de dádivas. Sua motivação era a mais pura, e seu propósito, o mais elevado. Porém, os judeus pagaram o bem com o mal. Em vez de alegrarem-se com sua generosidade, conspiraram contra Paulo para matá-lo.
Paulo testemunha aos presbíteros de Éfeso, na cidade de Mileto, que não sabia o que aconteceria em Jerusalém, mas o ESPÍRITO SANTO lhe assegurava que de cidade em cidade cadeias e tribulações o esperavam (Atos 20.22,23). Ao despedir-se dos presbíteros de Éfeso, Paulo tem o pressentimento de que não mais veriam o seu rosto (Atos 20.38). Ao chegar a Cesareia, foi fortemente alertado por um profeta judeu, chamado Agabo, de que seria preso em Jerusalém e entregue nas mãos dos gentios (Atos 21.10,11). Diante dessa profecia, Lucas e os irmãos que estavam em Cesareia tentaram demover Paulo de prosseguir viagem para Jerusalém (Atos 21.12), mas este respondeu: “... Que fazeis chorando e quebrantando-me o coração? Pois estou pronto não só para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor JESUS” (Atos 21.13). Diante da irredutibilidade de Paulo, os irmãos se conformaram e capitularam ante a vontade de DEUS (Atos 21.14).
Paulo e sua comitiva partiram, pois, de Cesareia para Jerusalém. Ali chegando, foram recebidos com alegria pelos irmãos da igreja (Atos 21.16,17). Depois de dar um minucioso relatório do quanto DEUS fizera por seu intermédio à liderança da igreja, foi alertado de que os judeus de Jerusalém nutriam informações distorcidas do seu trabalho missionário. Um boato circulava entre esses judeus de que Paulo estaria engajado numa missão anti-Moisés, pervertendo a lei e os costumes judaicos (Atos 21.18-26).
Os judeus vindos da Ásia, ao ver Paulo no templo com seus companheiros de viagem, alvoroçaram todo o povo e o agarraram, gritando: “... Israelitas, socorro! Este é o homem que por toda parte ensina todos a serem contra o povo, contra a lei e contra este lugar; ainda mais, introduziu até gregos no templo e profanou este recinto sagrado” (Atos 21.28). Paulo foi arrastado com violência de dentro do templo para fora, as portas foram fechadas, e a cidade de Jerusalém se amotinou. O intento dos judeus era matar o apóstolo. Já o espancavam quando o comandante e seus soldados desfizeram o levante ensandecido. Arrebatado das mãos da multidão sanguissedenta, Paulo foi acorrentado e passou a ficar sob custódia do comandante e sua escolta (Atos 21.29-33).
Diante do vozerio ensurdecedor da multidão amotinada, que gritava infrene: “Mata-o! Mata-o!”, Paulo foi recolhido à fortaleza. Enquanto era carregado para a fortaleza, pediu permissão para falar ao povo. Da escada da fortaleza, dirigiu-se à multidão, que silenciosamente o escutou (Atos 21.34-40).
Paulo então dá o seu testemunho, narrando sua trajetória desde o seu nascimento em Tarso da Cilícia. Falou sobre seus estudos aos pés de Gamaliel em Jerusalém e de sua implacável disposição de sufocar e exterminar a religião cristã, ainda no seu nascedouro. Paulo disse à multidão furiosa que um dia também odiou a religião do Caminho com todas as forças da sua alma. Disse que prendeu e lançou em cárceres homens e mulheres. Contou que entrava nas sinagogas para prender e açoitar os que criam em CRISTO. Declarou que esteve por trás do assassinato do primeiro mártir do cristianismo, o diácono Estêvão. Contou, de forma vívida, como saíra de Jerusalém rumo a Damasco para prender e levar manietados os discípulos de CRISTO para Jerusalém. Porém, antes de prender os cristãos, foi capturado por JESUS, ao ver uma luz aurifulgente e ouvir uma voz poderosa. Ali, enquanto seus olhos foram cegados, os olhos da sua alma se abriram, e compreendeu que aquele a quem estava perseguindo era o próprio Senhor, o Filho de DEUS.
Paulo dirige-se à multidão dizendo que, ao estar em Jerusalém, pregando e ensinando, foi dispensado pelo próprio DEUS de seu trabalho. DEUS lhe fechava a porta em Jerusalém, mas abria-lhe uma janela para o mundo. DEUS encerrava seu ministério entre os patrícios, mas o enviava para longe, aos gentios (Atos 22.1-21). Os judeus ouvem o discurso de Paulo até o momento em que ele faz referência aos gentios. Então novamente a multidão se alvoroça, a ponto de gritar e arrojar de si suas capas, atirando poeira para os ares. Por questão de segurança, Paulo foi recolhido à fortaleza. O comandante, perplexo diante da situação, mandou que Paulo fosse açoitado para saber os detalhes de tão inflamada oposição. Nesse momento, o velho apóstolo valeu-se de seu direito de cidadão romano e evitou que sofresse mais uma surra (Atos 22.22-30).
Um cordeiro no meio de lobos
Quando o comandante descobriu que Paulo era cidadão romano, passou a tratá-lo com deferência e convocou os principais sacerdotes e todo o sinédrio a fim de que Paulo pudesse se explicar. Agora, o mesmo apóstolo que já se havia defendido diante da multidão alvoroçada, dirige-se ao sinédrio enraivecido. Bastou que Paulo abrisse a boca para afirmar que estava servindo a DEUS com boa consciência para que levasse uma bofetada no rosto por ordem do sumo sacerdote. Os representantes e fiscais da lei quebravam a lei em nome da lei (Atos 23.1-5).
Com refinada sagacidade, Paulo tirou proveito da divisão interna do sinédrio. Sabendo que esse egrégio concílio era formado de saduceus e fariseus; sabendo que os saduceus eram teólogos progressistas e liberais que não acreditavam na ressurreição nem na existência dos anjos e de espíritos, posicionou-se como fariseu e disse que estava sendo perseguido por causa das crenças defendidas pelos fariseus. Essa atitude atraiu imediata simpatia do grupo dos fariseus, e os dois grupos começaram a se desentender no meio da reunião. A estratégia de Paulo funcionou. O grupo que estava ali para ouvi-lo engalfinhou-se em tal celeuma que o comandante resolveu tirar Paulo do alvoroço e recolhê-lo à fortaleza (Atos 23.6-10).
Uma conspiração ameaçadora
Enquanto quarenta judeus se reuniam para jurar Paulo de morte (Atos 23.12-15), DEUS se revelou a ele a fim de lhe dar forças e descortinar-lhe novos horizontes. Na noite seguinte ao alvoroço do sinédrio, recolhido ainda à fortaleza, o Senhor pôs-se ao lado de Paulo e lhe disse: “... Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma” (Atos 23.11).
A conspiração dos judeus para matar Paulo foi feita com juramento de que não comeriam nem beberiam e seriam considerados malditos enquanto não assassinassem Paulo. Esse pacto foi selado e comunicado aos principais sacerdotes e anciãos. O comandante deveria trazer Paulo novamente ao sinédrio para uma investigação mais detalhada. Antes de Paulo chegar à reunião, eles o atacariam e o matariam (Atos 23.12-15).
Por providência divina, um sobrinho de Paulo descobriu a trama em tempo oportuno, entrou na fortaleza e avisou a Paulo o que estava acontecendo nos sórdidos bastidores do sinédrio. Paulo enviou seu sobrinho ao comandante, e este foi avisado do plano traiçoeiro. Diante das pressões da massa, da conspiração dos judeus radicais e da parcialidade do sinédrio, o comandante resolveu enviar Paulo ao governador Félix, sob forte proteção, livrando o bandeirante do cristianismo de uma morte prematura (Atos 23.16-25).
A prisão de Paulo em Cesareia
Cláudio Lísias escreve uma carta ao governador Félix e, sob a proteção de uma escolta, envia Paulo a Cesareia, não sem antes dar seu parecer de que Paulo era inocente e não merecia nem mesmo estar preso, quanto mais ser alvo de uma conspiração de morte. Lísias informa a Félix que os judeus estavam determinados a matar Paulo pela engenhosidade da traição por questões puramente religiosas. E, porque esse velho missionário era cidadão romano, não o podia entregar ao alvitre de uma turba tão alvoroçada e sanguinária.
Ao chegar a Cesareia, lida a carta de Cláudio Lísias, Félix ouve Paulo e, sabedor de que ele era da província da Cilícia, recolhe-o à prisão até que seus acusadores apresentem contra ele a peça de acusação.
Cinco dias depois, o sumo sacerdote Ananias, acompanhado de alguns anciãos e aparelhado de um orador profissional chamado Tértulo, viaja para Cesareia e comparece diante do governador para apresentar o libelo acusatório contra Paulo. Tecendo elogios rasgados ao governador, Tértulo tenta ganhá-lo para seu lado. Com retórica rebuscada, esse profissional da oratória, profere acusações pesadas e levianas contra o apóstolo, chamando-o de peste. Conspurca-lhe o caráter, denigre-lhe o nome, lança sobre sua honra os mais aviltantes insultos. Desprovido de conhecimento, na contramão dos fatos, Tértulo falseia a verdade ao dizer que Paulo promovia sedições entre os judeus dispersos por todo o mundo. Maliciosamente, estadeia diante do governador a acusação de que Paulo era o principal agitador da seita dos nazarenos. Ainda acusa Paulo de profanar o templo, razão pela qual os judeus o prenderam para julgá-lo diante do sinédrio. Em seu discurso tendencioso, eivado de mentiras escabrosas, Tértulo ainda alfineta o comandante Cláudio Lísias, dizendo que este havia arrebatado Paulo de suas mãos com grande violência para enviá-lo a Cesareia.
Cessada a verborragia desse paladino da mentira, Paulo tem a oportunidade de fazer sua defesa. Com palavras breves, com refinada retórica, o bandeirante do cristianismo põe por terra o discurso de Tértulo, desmantelando ponto por ponto todas as acusações assacadas contra ele. Paulo ressalta que o propósito de sua visita a Jerusalém não foi profanar o templo, mas trazer generosas ofertas aos pobres da Judeia, levantadas entre as igrejas gentílicas. Também afirmou que estava sendo acusado pelo sinédrio exatamente pelas mesmas convicções que os fariseus, membros do sinédrio, defendiam, qual seja, a doutrina da ressurreição dos mortos.
O governador interessou-se por conhecer um pouco mais o cristianismo, chamado de religião do Caminho. Mantendo Paulo preso e tratando-o com urbanidade, aguardou a chegada do comandante Cláudio Lísias para prosseguir com o julgamento. Nesse ínterim, Félix, acompanhado de sua mulher, uma judia chamada Drusila, resolve ouvir Paulo particularmente acerca da fé em CRISTO JESUS. Sem perder a oportunidade, Paulo disserta para o governador e sua mulher acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro. Essa mensagem contundente deixa Félix amedrontado. Em vez de curvar-se ao poder do evangelho, Félix dribla sua consciência, tapa os ouvidos à voz de DEUS e busca novas oportunidades para receber alguma propina de Paulo, uma vez que ele havia trazido das províncias da Macedônia e Acaia grandes somas de dinheiro para os pobres da Judeia.
A prisão de Paulo estendeu-se por dois anos em Cesareia, e nenhuma decisão foi tomada a seu respeito. Ao cabo desse tempo, o governador Félix foi substituído por Pórcio Festo. Por interesses pessoais, buscando alcançar o favor dos judeus, Félix manteve Paulo preso nesses dois anos. A justiça negada a Paulo em Jerusalém nas mãos dos judeus também lhe foi negada em Cesareia nas mãos dos romanos. Se Paulo estava sendo alvo de uma conspiração de morte por parte dos judeus por motivos religiosos, ele estava prestes a ser entregue à morte pelos romanos por motivos políticos e financeiros. A justiça estava ausente em ambos os tribunais, judaico e romano.
Ao assumir o governo da província, três dias depois, Festo subiu de Cesareia a Jerusalém, permanecendo lá cerca de oito a dez dias, tempo suficiente para os judeus tentarem aliciar o governador, rogando-lhe que enviasse Paulo a Jerusalém, com a intenção firme de armar ciladas contra ele para matá-lo. Não cedendo de imediato ao desiderato dos judeus, Festo instruiu aos requerentes da pugna que descessem com ele a Cesareia a fim de apresentarem contra Paulo, no tribunal, suas acusações. Assim foi feito. Os judeus apresentaram contra Paulo muitas e graves acusações, todas, porém, sem a evidência de provas. Paulo se defende dizendo que jamais havia cometido qualquer pecado contra a lei dos judeus, contra o templo ou mesmo contra César.
Os interesses políticos novamente suplantaram a justiça. Festo, buscando ganhar o favor dos judeus, disse a Paulo: “... Queres tu subir a Jerusalém e ser ali julgado por mim a respeito destas cousas?” (Atos 25.9). Os judeus, os governadores romanos (Félix e Festo), bem como Paulo sabiam que a intenção de o levar a Jerusalém não era seu julgamento pelo critério da verdade, mas a sua morte promovida por uma cilada judaica. Sem titubear, Paulo responde ao covarde e tendencioso governador romano: “... Estou perante o tribunal de César, onde convém seja eu julgado; nenhum agravo pratiquei contra os judeus, como tu muito bem sabes. Caso, pois, tenha eu praticado algum mal ou crime digno de morte, estou pronto para morrer; se, pelo contrário, não são verdadeiras as cousas de que me acusam, ninguém, para lhes ser agradável, pode entregar-me a eles. Apelo para César” (Atos 25.10,11). A resposta de Paulo é uma reprovação severa à postura frouxa, covarde e tendenciosa do governador e um aguilhão na consciência dos judeus. Paulo estava pronto para morrer, mas não sem antes defender os seus direitos. Estava pronto para morrer, mas não para servir aos interesses escusos de homens que vendiam sua consciência por vantagens imediatas.
Diante da impossibilidade de Festo lograr alguma vantagem ou favor político por parte dos judeus no julgamento de Paulo, o governador atende à solicitação do apóstolo e decide enviá-lo a Roma (Atos 25.12).
Uma vez que a querela dos judeus contra Paulo não alcançara seu propósito, Paulo foi guardado na prisão até ocasião oportuna de enviá-lo a Roma. Nesse ínterim, chegam a Cesareia o rei Agripa e sua mulher Berenice para saudarem o novo governador romano na província de Cesareia. Compartilhando com eles o embate dos judeus contra Paulo e reconhecendo que os judeus não fizeram nenhuma acusação de peso contra o réu, senão aquelas ligadas à sua religião, Agripa demonstrou interesse em ouvir também esse prisioneiro que estava causando tanto reboliço.
Numa audiência onde não faltou pompa e luxo, Paulo é trazido à presença de Agripa. A intenção de Festo era encontrar alguma informação que lhe pudesse servir de base para construir a peça de acusação contra esse judeu de cidadania também romana. Paulo então tem permissão para falar. Com brilhantismo, eloquência e poder, num discurso rebuscado de rara beleza, Paulo abre o coração para narrar o que JESUS havia feito em sua vida.
Paulo relembra sua vida pregressa quando andava na ignorância e nas trevas. Naquele tempo, era um carrasco, um perseguidor implacável, um monstro celerado, pois perseguia com fúria incessante e rigor desmesurado os cristãos. Seu intento era banir da terra a religião do Caminho, a chamada seita dos nazarenos, insurgindo-se contra o nome de CRISTO e seus fiéis seguidores. Para alcançar seu propósito, andou por todas as sinagogas de Israel e nações vizinhas, açoitando os crentes, manietando-os, forçando-os a blasfemar e os levando prisioneiros à cidade de Jerusalém. Foi com esse específico desiderato que, como embaixador do sinédrio judaico, foi a Damasco.
Diante de um auditório atento, Paulo prossegue seu discurso, narrando sua dramática experiência
no caminho de Damasco. Diz ele que estava ainda no caminho, na entrada de Damasco, quando subitamente, uma luz aurifulgente caiu sobre ele, uma voz como de trovão ribombou das alturas e o jogou ao chão, e ele, caído, vencido, domado, ouviu aquela voz fuzilando seu coração: “... Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). Já transformado e convertido, perguntou: “... Quem és tu, Senhor?...”. E Senhor respondeu: “... Eu sou JESUS, a quem tu persegues” (Atos 26.15).
De forma vívida, Paulo mostrou ao seu seleto auditório como JESUS o havia tirado das trevas para a luz e o havia enviado aos gentios para abrir-lhes os olhos da alma, anunciando-lhes a luz de CRISTO. Em seu discurso, Paulo deu testemunho da ressurreição de CRISTO, deixando claro que o mesmo JESUS que havia vencido a morte também transformara sua vida e o comissionara a ser um instrumento para a salvação dos gentios. Nesse momento, o governador Festo o interrompeu em alta voz: “... Estás louco, Paulo! As muitas letras te fazem delirar” (Atos 26.24). Mas Paulo respondeu com firmeza: “... Não estou louco, ó excelentíssimo Festo! Pelo contrário, digo palavras de verdade e bom senso” (Atos 26.25).
Então Paulo volta-se para o rei Agripa, encurrala-o dentro das cercas da sua própria consciência e pergunta-lhe: “Acreditas, ó rei Agripa, nos profetas? Bem sei que acreditas” (Atos 26.27). Agripa, que era testemunha de todas aquelas verdades, tentando escapar, procurando fugir do cerne da questão e livrar-se das mãos do DEUS Todo-Poderoso, hesita, atalha, contorna, fica em cima do muro e diz: “... Por pouco me persuades a me fazer cristão” (Atos 26.28).
Agripa sente-se comovido. Na verdade, o testemunho de Paulo era verdadeiro. Agripa está cônscio de que CRISTO é o Salvador do mundo, mas, movido pelo orgulho, não abre seu coração. Com medo de perder seu prestígio político, abafa a voz da consciência, envergonhado de render-se à verdade. Agripa perde a grande oportunidade de sua vida e rejeita o evangelho. Ao recusar-se a crer em JESUS, fechou atrás de si a única porta da salvação e deixou de colocar os pés no único caminho que poderia reconciliá-lo com DEUS. Agripa ficou no quase, e o quase o deixou imerso nas trevas mais espessas.
A audiência terminou, os convidados se dispersaram, e a opinião de Agripa é a de que Paulo poderia ter sido solto caso não tivesse apelado para César. Ir a Roma não era apenas um desejo de Paulo, mas também um propósito de DEUS. E para lá é que o apóstolo dos gentios deve ir.
Capítulo 10 - A viagem de Paulo a Roma
Nós escolhemos o destino da nossa viagem, mas não a maneira de chegarmos lá. Planejamos as coisas, mas não temos o poder de garantir sua execução. Muitas vezes, planejamos uma coisa e acontece outra. Fazemos planos, mas a resposta certa vem do Senhor. O sonho de Paulo era ir a Roma, mas ele chega à cidade de Roma preso, depois de um naufrágio, após perder tudo.
A nossa vida é como uma viagem, às vezes tempestuosa. Muitos escritores têm retratado a vida como uma viagem. Homero, em seu livro Odisseia1, descreve a vida como uma viagem. John Bunyan, em seu livro O peregrino2, descreve a vida do cristão como a caminhada de um homem pelos perigos até chegar ao Paraíso. Na jornada da vida, passamos por caminhos cheios de espinhos, despenhadeiros íngremes, pântanos lodacentos, pinguelas estreitas e desertos causticantes.
Essa viagem de Paulo a Roma não é uma alegoria, mas uma dramática realidade, com muitas lições oportunas.
Mesmo quando estamos fazendo a vontade de DEUS e a nossa, encontramos tempestades pela frente. O sonho de Paulo era ir a Roma e, dali, à Espanha (Rm 1.14-16 ; 15.28). Quando Paulo foi preso em Jerusalém, DEUS lhe disse que queria que ele desse testemunho também em Roma (Atos 23.11). Portanto, era da expressa vontade de DEUS que Paulo fosse a Roma. Mas, quando ele embarcou para Roma, enfrentou uma terrível tempestade. Nem sempre estaremos na contramão da vontade de DEUS quando enfrentarmos tempestades. Quando estivermos passando por tempestades, DEUS estará nos guiando. Quando nossos olhos estiverem embaçados pelas brumas espessas e pelo nevoeiro denso da tempestade, podemos ter a garantia de que a mão de DEUS ainda estará nos dirigindo. DEUS enxerga no escuro. A tempestade pode arrancar o leme das nossas mãos, e o nosso navio pode estar fora do nosso controle, mas não fora do controle de DEUS. Podemos chegar como náufragos em uma ilha, tendo apenas a vida como despojo, mas DEUS ainda estará nos guiando para realizarmos seus soberanos propósitos (Atos 27.26). Este texto nos apresenta quatro verdades importantes: Em primeiro lugar, nas tempestades da vida precisamos estar atentos às placas de sinalização de DEUS (Atos 27.9-20). A segurança de uma viagem depende da obediência à sinalização no caminho. Desobedecer à sinalização é entrar em rota de colisão e enveredar-se por caminhos de morte. Há quatro fatos dignos de nota neste texto:
A advertência (Atos 27.10). Quando Paulo e seus companheiros de viagem embarcaram para Roma, a viagem parecia segura e tranquila. Era um bom barco. Havia um comandante e marinheiros experientes. Os passageiros estavam em segurança. Mas, logo que começaram a viagem, começaram a soprar os ventos contrários (Atos 27.4). Chegou a um ponto que Paulo os admoestava, dizendo: “... vejo que a viagem vai ser trabalhosa, com dano e muito prejuízo, não só da carga e do navio, mas também da nossa vida” (Atos 27.10).
Eles não ouviram o conselho de Paulo, e logo veio um tufão e tirou o navio da mão deles. A maioria dos acidentes é provocado por pessoas que transgridem as leis, não observando as placas e as advertências à beira do caminho. Dessa maneira, elas põem em risco a sua vida e a dos outros. Um carro pode ser uma arma mortal se o seu condutor não atentar para as placas de sinalização.
Em dezembro do ano 2000, fiz uma viagem de carro com a família, de Jackson, Mississippi, à cidade de Boston, Massachusetts. Naquela semana, os noticiários alertavam para o perigo das estradas. Estava chovendo e também nevando. Preocupado com a longa viagem de mais de 2 mil quilômetros, pensei em desistir. Mas, não desejando frustrar o grande amigo pastor Dalzir da Silva, que me havia convidado para pregar em sua igreja, resolvi iniciar a viagem. Saímos bem cedo e, por volta do meio-dia, paramos para almoçar já no Estado de Alabama. Por volta das 13h30, reiniciamos a viagem. A temperatura estava abaixo de zero, e uma chuva fina caía no asfalto. De repente, entrei numa longa ponte e avistei que no final dela havia uma aglomeração de pessoas. Segundos depois, percebi que o carro estava sem controle. Não havia aderência, estávamos em cima de uma fina crosta de gelo. O carro, desgovernado, girava sobre a ponte, fazendo piruetas, enquanto clamávamos, aflitos, pela intervenção de DEUS. Em questão de segundos, atravessamos a ponte, e o carro bateu de lado no para-choque de uma picape, que também havia se desgovernado, e foi parar numa vala, entre as duas pistas. O automóvel arrebentou-se todo, mas, pela providência divina, fomos poupados da morte. Naquele dia, pude compreender que não é seguro viajar sem observar os sinais de perigo.
O descrédito (Atos 27.11). A Bíblia diz: “Mas o centurião dava mais crédito ao piloto e ao mestre do navio do que ao que Paulo dizia”. O centurião deve ter pensado: esse Paulo pode saber alguma coisa de Bíblia, mas não entende nada de mar. Assim, o centurião desprezou a advertência de Paulo e prosseguiu viagem. Não é seguro seguir pelas estradas da vida sem observar os sinais.
A voz da maioria nem sempre é a voz de DEUS (Atos 27.12). A maioria deles era de opinião que partissem e não ouvissem o conselho de Paulo. A maioria nem sempre está com a razão. A maioria nem sempre discerne a vontade de DEUS. Seguir a cabeça da maioria pode nos colocar em grandes encrencas.
Quem não escuta conselho, escuta coitado (Atos 27.13-20). O insensato tapa os ouvidos aos conselhos e colhe os frutos amargos da sua desobediência. Há cinco resultados colhidos dessa indisposição de ouvir a advertência.
Primeiro, a aparente segurança (Atos 27.13). Logo que zarparam de Creta, em desobediência à advertência de Paulo, perceberam que soprava um vento brando, e o mar estava esmaltado por águas tranquilas. Certamente, deve ter havido um buchicho dentro do navio, zombando dos conselhos de Paulo. O vento brando faz muita gente confundir as circunstâncias da vida. Por um momento, parecia que Paulo estava errado e a maioria, certa.
Segundo o perigo (Atos 27.14). Depois do vento brando, repentinamente a circunstância mudou, e surgiu um tufão. A crise chegou. O mar se revoltou. Sempre que deixamos de observar as placas de DEUS ao longo da estrada da vida, corremos o risco de sérios acidentes. De repente, o tufão chega, a vida se transtorna, e tudo vira de cabeça para baixo. Os acidentes acontecem repentinamente. Eles surgem inesperadamente. Basta seguir no caminho sem observar as placas que mais cedo ou mais tarde o acidente acontecerá.
Terceiro, a impotência (Atos 27.15). A fúria dos ventos era tão rigorosa que eles perderam o controle do navio. O navio já não obedecia mais ao comando. O leme já não estava mais nas mãos daqueles que conduziam o batel. O navio ficou à deriva. As coisas fugiram do controle, e a vida ficou de ponta-cabeça.
Quarto, o prejuízo (Atos 27.18,19). Precisaram aliviar o navio e jogar seus bens fora para salvar a vida. Houve um grande prejuízo e muitas perdas financeiras. O caminho da desobediência é um caminho de muitos desastres, inclusive financeiro. Singrar as águas para a viagem da vida sem atender às advertências de DEUS é candidatar-se ao naufrágio.
Quinto, a desesperança (Atos 27.20). Diz o historiador Lucas que “dissipou-se, afinal, toda a esperança de salvamento”. O centurião, os marinheiros, a tripulação e os 276 prisioneiros que estavam embarcados naquele navio perderam completamente a esperança de sobrevivência. A morte parecia inevitável. Eles haviam chegado ao fim da linha, ao fundo do poço, ao desespero fatal.
Em segundo lugar, nas tempestades da vida precisamos olhar para DEUS, e não para as circunstâncias (27.21-44). O desânimo é epidêmico; ele é capaz de tirar o oxigênio da esperança de todos em questão de segundos. Apenas dez espias incrédulos levaram toda uma nação ao fracasso no deserto. O relato pessimista de dez homens provocou a morte de mais de 1 milhão de pessoas e transformou o deserto do Sinai no maior cemitério da história. A história de Israel seria muito diferente se apenas os dois espias confiantes em DEUS, Josué e Calebe, tivessem relatado os acontecimentos à nação. Vejamos algumas verdades sublimes:
Na tempestade, precisamos encorajar as pessoas (Atos 27.21,22). Quando toda a esperança se dissipou, Paulo se posicionou como um agente da vida. Ele não ficou dizendo: Eu avisei, benfeito! Agora estamos perdidos. Agora vamos morrer todos. Agora vocês se virem. É fácil pisar em quem já está caído. É fácil esmagar a cana quebrada. É fácil atar mais um fardo de culpa sobre aquele que já está derrotado pelas circunstâncias da vida. Paulo procurou uma alternativa para mudar a crise. Na tempestade, não procure culpados; procure solução. Todo problema traz uma semente de vitória!
Na tempestade, abandone o medo (Atos 27.22). No fragor da tempestade, quando todos estavam desesperados, Paulo disse: “...já agora, vos aconselho bom ânimo”. Paulo não está tomado de medo; ele está tomado de fé. O medo é inimigo da fé. O medo aumenta a sensação de perigo, drena suas forças e embaça os seus olhos.
Na tempestade, abra seus olhos para a intervenção de DEUS (Atos 27.23-26). Lembre-se, quando você estiver na sua noite mais escura, pensando que está sozinho, DEUS está com você. Ele é DEUS Emanuel, que não vai embora na hora da sua crise. Na jornada da fé, tem tempestade, mas também tem DEUS conosco. Tem fornalha ardente, mas tem o quarto Homem. Tem cova de leões, mas tem
o anjo do Senhor fechando a boca dos leões. DEUS não desampara você. Ele está com você. Paulo disse: “Porque, esta mesma noite, um anjo de DEUS, de quem eu sou e a quem sirvo, esteve comigo, dizendo: Paulo, não temas! [...] Portanto, senhores, tende bom ânimo! Pois eu confio em DEUS que sucederá do modo por que me foi dito” (Atos 27.23-25).
Na tempestade, precisamos lançar nossas âncoras (Atos 27.29). Na hora das nossas lutas, precisamos lançar as nossas âncoras. Eles lançaram quatro âncoras. Quais são essas âncoras?
Primeiro, a âncora da fé.
Na tempestade, creia que DEUS está no controle. Ele ainda não completou a obra na sua vida. O último capítulo da sua vida ainda não foi escrito. Edméia Williams, uma grande amiga e irmã, pregadora das mais ilustradas, tem um ministério social de grande envergadura no morro Santa Marta, no Rio de Janeiro. Ela construiu um barraco de tábuas nesse morro para cuidar de crianças carentes. Um dia, caiu um grande temporal, e o barraco desabou. Lá estava a imprensa e muita gente questionando por que o único barraco que havia caído era o barraco da Missão Evangélica. Edméia chorou e perguntou: “DEUS, como vai ficar a tua honra?”. DEUS então segredou ao seu coração: “Para construir um edifício de três andares, eu preciso derrubar esse barraco de tábuas”. Edméia construiu um prédio de três andares no lugar em que estavam os escombros daquele barraco de tábuas. Quando as coisas parecem confusas, perdidas e olhamos para a vida e vemos um montão de escombros, DEUS pode levantar desses escombros um projeto maior e mais seguro. Em lugar de um barraco, DEUS pode lhe dar um prédio!
Segundo a âncora da esperança. Uma coisa é lançar a âncora da esperança quando tudo dá certo; outra coisa é esperar em DEUS quando tudo parece errado. A Bíblia diz que Abraão esperou contra a esperança. Ele empurrou um carrinho de bebê aos 99 anos, mesmo sabendo que sua mulher nongentésima era estéril. Ele creu e esperou em DEUS apesar das circunstâncias, e DEUS o fez pai de grandes multidões. Em vez de lamentar e murmurar, espere em DEUS. Aquiete a sua alma, e saiba que DEUS é poderoso para o guardar da fúria dessa tempestade.
Terceiro, a âncora da oração (Atos 27.29). Quando os recursos da terra acabam, os recursos de DEUS continuam ilimitados. Quando o homem trabalha, o homem trabalha; mas, quando o homem ora, DEUS trabalha. Eles começaram a orar para o dia romper. Ore para o seu dia romper. Ore para que a luz chegue. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã. Quando o dia amanheceu (Atos 27.39), eles chegaram a uma ilha. Eles perderam tudo, mas se agarraram à vida como o maior patrimônio. DEUS nos leva para onde nós nunca esperamos, para a realização de seus planos soberanos.
Quarto, a âncora da certeza (Atos 27.26). Paulo disse aos náufragos: “... é necessário que vamos dar a uma ilha”. Existem coisas que são necessárias. Era necessário dar a uma ilha (Atos 27.26), porque ali DEUS tinha um campo missionário para o apóstolo Paulo. É necessário passar pela tempestade. Esse necessário de DEUS levou Paulo para uma ilha como sobrevivente, como náufrago, sem nada. Às vezes, as pessoas pensam que vamos sair da tempestade ricos e abastados, mas Paulo saiu dessa tempestade só com a vida, e foi a partir daí que DEUS começou um novo projeto em sua história!
Em terceiro lugar, nas tempestades da vida precisamos nos distinguir dos demais (Atos 28.1-6). A tempestade é como uma encruzilhada: uns tomam o caminho certo, outros seguem pelas veredas da morte. A crise sempre revela quem somos: ela aponta os vencedores e denuncia os covardes. É do ventre da crise que surgem os maiores líderes. O texto em apreço ensina-nos quatro preciosas lições.
Aproxime-se da fogueira (Atos 28.1,2). Quando chegaram à ilha de Malta, estava chovendo e fazendo frio (Atos 28.2). Os bárbaros malteses cuidaram daqueles tripulantes e de 276 prisioneiros com singular humanidade, acendendo uma fogueira para eles. Na tempestade, precisamos lutar pela vida. Não adianta ficar revoltado com a crise, perder o ânimo de continuar lutando. Não adianta desesperar-se nem se revoltar contra DEUS. Há pessoas que, quando começam a ter lutas, procuram se afastar da luz, fecham o coração para DEUS, endurecem a cerviz e se unem com gente ainda mais amargurada. A luta não é um ponto final, mas uma escada para você ir de fé em fé, de força em força e de glória em glória. Na tempestade, volte-se para DEUS. Mantenha seu coração aquecido pela devoção. Não desista de lutar pela vida, glorifique a DEUS. Aproxime-se do calor.
As víboras estão soltas; cuidado com elas (Atos 28.3). As víboras se manifestarão quando você estiver buscando aquecer sua vida. Quando Paulo estava jogando um feixe de gravetos na fogueira, uma víbora grudou na mão dele. Então os malteses disseram: “... Certamente, este homem é assassino, porque, salvo do mar, a Justiça não o deixa viver” (Atos 28.4). Os malteses, sem saber, estavam desenterrando o passado de Paulo. De fato, ele tinha sido um assassino. Ele foi um cruel perseguidor da igreja. Quando o sinédrio apedrejou o diácono Estêvão, os algozes depositaram suas vestes aos pés de Paulo. Quando, porém, o diabo vier lembrar a você o seu passado, lembre-o do futuro dele. O seu passado já foi resolvido na cruz. Lá seus pecados foram cancelados. Mas o futuro do diabo é o lago de fogo, onde será atormentado eternamente.
Jogue a víbora no fogo (Atos 28.5). Paulo balançou a mão e jogou a víbora no fogo. Ele tirou o veneno da sua vida. Use o escudo da fé e apague esses dardos inflamados do diabo. Não abra brechas em sua vida para essas investidas do inimigo. A especialidade do inimigo é lançar veneno. O diabo é a antiga serpente. Essa serpente é sagaz, sedutora e mortífera. Precisamos lançar a víbora no fogo e sacudir de nós esse veneno!
Em quarto lugar, nas tempestades da vida precisamos ser fortalecidos pelas promessas de DEUS (Atos 28.2-10). O texto em apreço tem quatro promessas preciosas que são tônicos para o coração e lenitivo para a alma.
DEUS pode levantar pessoas desconhecidas para ajudar você (Atos 28.2). DEUS levantou os bárbaros para ajudar Paulo e seus companheiros de viagem. DEUS pode levantar os ímpios, seus parentes, gente de longe, para abençoar você, para ajudá-lo em sua crise. DEUS pode fazer coisas inusitadas para socorrê-lo em sua aflição. Quando os seus recursos acabam, os celeiros de DEUS ainda continuam abarrotados. Ponha sua confiança no provedor, mais do que na provisão.
DEUS é poderoso para o proteger de todo o mal (Atos 28.6). “mas eles esperavam que ele viesse a inchar ou a cair morto de repente...”. O poder do livramento de DEUS é maior do que o veneno da víbora. Maior é aquele que está em nós do que aquele que está no mundo. DEUS é o nosso escudo. Ele é o nosso protetor. Estamos escondidos com CRISTO em DEUS. Ele é a nossa cidade-refúgio. Estamos seguros nos braços do Eterno.
Aqueles que rotularam você terá de mudar de parecer a seu respeito (Atos 28.6). As mesmas pessoas que disseram que Paulo era um assassino, que esperavam que ele fosse inchar e cair morto, mudaram de parecer acerca dele. Quando você cuida do seu caráter, DEUS cuida da sua reputação. Quando você anda de forma irrepreensível, os críticos terão de se render à verdade incontroversa de que você é de DEUS e terão de mudar de parecer a seu respeito.
A ilha do seu naufrágio pode ser a terra da sua oportunidade (Atos 28.10). Paulo chegou a Malta como um prisioneiro e um náufrago, depois de perder tudo. Mas ele ora pelo pai de Públio, o homem principal da ilha, e ele é curado (Atos 28.8). À vista disso, os demais enfermos da ilha vieram, e foram curados (Atos 28.9). Então abastecem Paulo de tudo o que ele precisava para sua viagem a Roma. Agora, podemos entender por que Atos 27.26 diz que era necessário a Paulo dar a uma ilha. A ilha de Malta não era um acidente, mas uma agenda. Não foi a tempestade que os levou a Malta, mas a mão providente de DEUS. A ilha de Malta estava nos planos de DEUS. Quando você vir as coisas fugindo de controle e sua vida à deriva, saiba que a mão de DEUS pode estar conduzindo o barco da sua vida para que você cumpra propósitos mais elevados. Quando você olhar para o cenário da vida e só enxergar escuridão e não conseguir mais enxergar a luz do céu nem o brilho das estrelas, saiba que DEUS enxerga no escuro e ele está dirigindo você para o centro da sua soberana vontade. Um milagre de DEUS está a caminho, na sua direção. O que é dificuldade para você é oportunidade para DEUS. Glorifique o Senhor!
1. HOMERO. Odisseia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.
2. BUNYAN, John. O peregrino. São Paulo: Mundo Cristão, 2000.
Capítulo 11 - A primeira prisão em Roma
Paulo desejou ir a Roma várias vezes, mas sempre foi impedido de realizar seu sonho (Rm 1.1-13). Queria chegar à capital do império e visitar os crentes com alegria para recrear-se no meio deles (Rm 15.32). Tinha convicção de que chegaria à igreja de Roma na plenitude da bênção de CRISTO (Rm 15.29). Também desejava fazer da igreja de Roma seu novo quartel general, sua base missionária para chegar à Espanha, última fronteira do império do lado ocidental (Rm 15.24,28).
O tempo de DEUS não é o nosso. Paulo foi impedido de ir a Roma no tempo que queria ir e da forma que desejava. Porque não pôde visitar a igreja de Roma dentro desse tempo planejado por ele, acabou escrevendo à igreja. Se Paulo tivesse visitado a igreja, talvez fôssemos privados desse grande tesouro que é sua carta aos Romanos. Quando nossos caminhos parecem fechados, DEUS está abrindo-nos uma porta maior. Os propósitos de DEUS não podem ser frustrados. Os caminhos de DEUS são mais altos do que os nossos. Os impedimentos de DEUS estavam na agenda de DEUS para um benefício maior, não apenas da igreja de Roma, mas de todos os cristãos, de todos os tempos.
Contudo, a visita de Paulo a Roma não era apenas sonho de Paulo; era também projeto de DEUS. Quando Paulo foi preso em Jerusalém, ao testemunhar ousadamente perante o sinédrio judaico, o próprio DEUS apareceu a ele numa visão e lhe disse: “... Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma” (Atos 23.11).
Diante da pusilanimidade do rei Festo, que estava inclinado a ceder à pressão e sedução dos judeus para entregar Paulo nas mãos de seus patrícios, este apelou para ser julgado em Roma (Atos 25.10), no que foi imediatamente atendido (Atos 25.12).
Como vimos no capítulo anterior, sua viagem para Roma foi tumultuada e cheia de percalços. Paulo chegou a Roma como um prisioneiro depois de enfrentar um terrível naufrágio. Durante dois anos, ficou detido numa prisão domiciliar em Roma (Atos 28.30), na companhia de um soldado da guarda pretoriana, que o guardava (Atos 28.16; Fp 1.13). Nessa prisão domiciliar, numa casa alugada por ele mesmo, tinha liberdade para receber as pessoas e instruí-las (Atos 28.23). Nesse tempo, pregou o reino de DEUS com toda a intrepidez, e sem nenhum impedimento ensinava as coisas referentes ao Senhor JESUS CRISTO (Atos 28.31).
Paulo, um escritor prolífico
Paulo foi o maior escritor da nova dispensação. Escreveu treze dos 27 livros do Novo Testamento. De Corinto, escreveu suas duas cartas à igreja de Tessalônica, nas quais fez uma sublime abordagem sobre a escatologia, a doutrina das últimas coisas, e a carta aos gálatas, uma consistente e robusta defesa da fé cristã. De Éfeso, escreveu suas duas cartas a Corinto. A primeira carta para resolver sérios problemas que estavam minando a igreja, como divisões, intrigas, imoralidade, desvios quanto à liberdade cristã, à doutrina da ceia, dos dons e da ressurreição. Na segunda carta, a missiva mais pessoal do apóstolo, ele faz uma defesa contundente do seu apostolado. No fim da terceira viagem missionária, antes de viajar para Jerusalém, possivelmente de Corinto, escreveu sua carta aos romanos, o maior tratado teológico do Novo Testamento.
De sua primeira prisão em Roma, Paulo escreveu quatro cartas: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. A carta aos efésios é o maior tratado eclesiológico do Novo Testamento. A carta aos colossenses foca sua atenção na doutrina de CRISTO, sendo um robusto compêndio de cristologia. A carta a Filemom é uma epístola pessoal do apóstolo, dirigida a um crente de Colossos, cuja igreja se reunia em sua casa. Paulo escreve a Filemom para realçar a necessidade de ele perdoar o seu escravo fugitivo, Onésimo, agora convertido e filho na fé do velho apóstolo. Sua última carta da primeira prisão foi Filipenses. Esta é a missiva da alegria. Nessa carta, Paulo testemunha que as coisas que lhe aconteceram contribuíram para o progresso do evangelho (Fp 1.12). Que coisas aconteceram a Paulo? Ele foi perseguido em Damasco, rejeitado em Jerusalém, esquecido em Tarso, apedrejado em Listra, açoitado e preso em Filipos, escorraçado de Tessalônica, enxotado de Bereia, chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto. Enfrentou feras em Éfeso, foi preso em Jerusalém, acusado em Cesareia. Enfrentou um naufrágio na viagem para Roma e foi picado por uma cobra em Malta. Chegou a Roma preso e algemado. Estava, agora, na antessala do martírio, no corredor da morte, com o pé na sepultura e a cabeça na guilhotina de Roma. Mas olhava para essas circunstâncias pelos óculos da providência divina, dizendo que elas, longe de destruí-lo, contribuíram para o progresso do evangelho.
Paulo, um embaixador em cadeias
Paulo jamais se considerou prisioneiro de César, mas prisioneiro de CRISTO. Jamais murmurou atribuindo a Satanás suas cadeias. Embora Satanás tenha intentado contra ele, nunca Paulo o considerou como o agente de seus sofrimentos. Quem estava no comando de sua agenda não era o inimigo, mas DEUS. Paulo não acreditava em casualidade nem em determinismo. Ele sabia que a mão da Providência o guiava até mesmo na prisão. Ele foi perseguido, odiado, caluniado, açoitado, enclausurado, mas jamais viu os seus adversários como agentes autônomos nessa empreitada. Ele sempre olhou para os acontecimentos na perspectiva da soberania e do propósito de DEUS. Considerava-se embaixador em cadeias. Estava preso, mas a Palavra de DEUS estava livre. Paulo considerava o evangelho mais importante que o evangelista; a obra, mais importante que o obreiro. A divulgação do evangelho é mais importante que o mensageiro. Por isso, na prisão Paulo foca sua atenção na proclamação do evangelho, e não em si mesmo. Não importa se o obreiro vive ou morre, desde que o evangelho seja anunciado (Fp 1.20). Porque ele estava preso, três coisas maravilhosas aconteceram:
Em primeiro lugar, a igreja tornou-se mais ousada para pregar. Eis o testemunho do veterano apóstolo: “e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de DEUS” (Fp 1.14). A perseguição não pode destruir a obra de DEUS. Pelo contrário, ela a promove. A igreja de DEUS jamais foi destruída por tribulações e cadeias. As cadeias de Paulo foram um tônico para a igreja, combustível para alimentar a evangelização.
Em segundo lugar, toda a guarda pretoriana conheceu o evangelho. Paulo faz o seguinte registro: “de maneira que as minhas cadeias, em CRISTO, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais” (Fp 1.13). A guarda pretoriana era corporação de elite do palácio do imperador. Era a guarda de escol do império, a guarda imperial de Roma. Era a tropa de elite instalada no palácio do imperador. Tratava-se de soldados que transitavam no palácio e cuidavam da proteção do próprio imperador. Foi instituída por Augusto e compreendia um corpo de 10 mil soldados escolhidos. Augusto a havia mantido dispersa por toda a Roma e aldeias. Tibério a concentrou em Roma, em um edifício especial com um campo fortificado. Vitélio aumentou o número dessa guarda para 16 mil. Ao final de dezesseis anos de serviço, esses soldados recebiam a cidadania romana. Essa guarda passou a ser quase o corpo de guarda privado do imperador. Nos dois anos em que Paulo ficou preso em Roma, aproveitou o ensejo para evangelizar cada soldado encarregado de sua segurança. O rodízio dessa guarda era um verdadeiro campo missionário para o embaixador em cadeias. Ao cabo de dois anos, toda a guarda pretoriana e todos os demais ouviram as boas-novas do evangelho. Dia e noite, durante dois anos, Paulo era preso a um soldado dessa guarda por uma algema. Visto que cada soldado cumpria um turno de seis horas, a prisão de Paulo abriu caminho para a pregação do evangelho no regimento mais seleto do exército romano, a guarda imperial. Paulo, no mínimo, podia pregar para quatro homens todos os dias. Toda a guarda pretoriana sabia a razão pela qual Paulo estava preso, e muitos desses soldados foram alcançados pelo evangelho. O resultado é que Paulo encontrou um campo aberto para a evangelização dentro do próprio palácio. Quando escreveu sua carta aos filipenses, ao remeter saudações à igreja de Filipos, os crentes de Roma enviam saudações àquela igreja coirmã, e Paulo assim escreve: “Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César” (Fp 4.22).
Em terceiro lugar, Paulo escreveu cartas que abençoam o mundo. Porque Paulo estava preso, impedido de visitar as igrejas, escreveu cartas. Porque ele era prisioneiro de CRISTO (Ef 3.1; 4.1) e embaixador em cadeias (Ef 6.20), pastoreou as igrejas a distância por meio de suas missivas. Essas epístolas (Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom) são verdadeiros tesouros que têm edificado a igreja e fortalecido os cristãos ao longo dos séculos. Certamente o que mais contribuiu para o progresso do evangelho foram essas cartas que Paulo escreveu da prisão. Elas são luzeiros a brilhar. Têm sido instrumento para levar milhões de pessoas a CRISTO e edificar o povo de DEUS ao longo dos séculos.
Dessa prisão, Paulo saiu. E, ao sair, visitou as igrejas, deixando Timóteo em Éfeso, Tito em Creta, e percorrendo outras regiões, sempre levando a edificação ao povo de DEUS. Alguns escritores pensam que nesse tempo Paulo também visitou a Espanha.
No espaço entre sua primeira e segunda prisões, Paulo escreveu duas cartas pastorais: a primeira carta a Timóteo e a carta a Tito, nas quais orientou seus cooperadores como proceder na igreja de DEUS.
O velho apóstolo era como uma vela acesa: brilhava com a mesma intensidade até acabar. Paulo era um homem incansável, um espírito irrequieto, um evangelista superlativo, um pregador incomparável. Depois de plantar igrejas nas quatro províncias romanas - Galácia, Macedônia, Acaia e Asia Menor -, deixa também sua marca na igreja de Roma, ainda que recolhido a uma prisão.
Paulo não granjeou riquezas, mas enriqueceu muitos. Paulo não tinha nada, mas possuía tudo. Paulo não teve filhos naturais, mas gerou milhares de filhos espirituais. Paulo não se casou, mas orienta em suas cartas milhões de casais ainda hoje. Suas cartas inspiradas são monumentos da graça. Seu exemplo, um legado para a igreja em todos os tempos. Suas cadeias, fonte de inspiração para todos os cristãos. Sua morte, uma oferta de libação ao Senhor.
Capítulo 12 - A segunda prisão em Roma e o martírio
A primeira prisão de Paulo foi por motivação religiosa; a segunda, por motivos políticos. A primeira prisão estava ligada à perseguição judaica; a segunda, vinculada ao decreto do imperador. Da primeira prisão, Paulo saiu para dar continuidade à obra missionária; da segunda prisão, para o martírio.
No ano 49 d.C., o imperador Cláudio expulsou de Roma todos os judeus (Atos 18.2). Muitos deles, a essa altura, já eram cristãos. Mas no ano 64 d.C. houve um terrível incêndio em Roma, e o imperador Nero pôs a culpa dessa tragédia nos judeus e cristãos.
Nero chegou ao poder em outubro do ano 54. Insano, pervertido e mau, era filho de Agripina, mulher promíscua e perversa. Na noite de 18 de julho de 64, um incêndio catastrófico estourou em Roma. O fogo durou seis dias e sete noites. Dez dos quatorze bairros da cidade foram destruídos pelas chamas vorazes.
Segundo alguns historiadores, o incêndio foi provocado pelo próprio Nero, que assistiu a ele do topo da torre de Mecenas, no cume do Paladino, vestido como um ator de teatro, tocando sua lira e cantando versos acerca da destruição de Troia. Pelo fato de dois bairros onde havia grande concentração de judeus e cristãos não terem sido atingidos pelo incêndio, Nero encontrou uma boa razão para culpar os cristãos pela tragédia.
Daí em diante, eclodiu uma sangrenta perseguição contra os cristãos. No governo de Nero, o apóstolo Paulo foi preso e decapitado. Muitas foram as atrocidades e crimes bárbaros que foram perpetrados contra os cristãos nessa época.
Milhares foram amarrados em postes e incendiados vivos, para iluminar as praças e os jardins de Roma à noite. Outros, segundo o historiador Tácito, foram jogados nas arenas, enrolados em peles de animais, para que cães famintos os matassem a dentadas. Outros, ainda, foram lançados no picadeiro para que touros enfurecidos os pisoteassem e esmagassem. A loucura de Nero só não foi mais longe porque em 68 boa parte do império se rebelou contra ele, e o senado romano o depôs. Desesperado, sem ter para onde ir, suicidou-se.
No tempo em que explodiu essa brutal perseguição, Paulo estava fora de Roma, visitando as igrejas. Por ser o líder maior do cristianismo, tornou-se alvo dessa ensandecida cruzada de morte. Possivelmente, quando estava em Trôade, na casa de Carpo, Paulo foi preso pelos agentes de Nero e levado a Roma para ser lançado numa masmorra úmida, fria e insalubre. Dessa prisão, ele escreveu sua última missiva, a segunda carta a Timóteo. Nessa epístola, ele não pede orações para sair da prisão nem tem qualquer expectativa de prosseguir em seu trabalho missionário. O velho
apóstolo está convencido de que a hora de seu martírio havia chegado.
Ele está agora fechando as cortinas da vida, fazendo um balanço da sua jornada. Pelas lentes do antropocentrismo idolátrico, Paulo encerra a carreira numa grande depressão. Ele que se havia entregado de corpo e alma à causa do evangelho, estava agora sozinho numa masmorra romana, sem dinheiro, sem amigos e passando privações.
Destacaremos alguns pontos fundamentais acerca das atitudes desse bandeirante da fé quando ele estava no corredor da morte.
A vida não é simplesmente viver; a morte não é simplesmente morrer
Em 2Timóteo 4.6-8, Paulo faz uma profunda análise do seu ministério e, antes de fechar as cortinas da sua vida, abre-nos uma luminosa clareira com respeito ao seu passado, presente e futuro. Acompanhemos sua análise:
Em primeiro lugar, Paulo olhou para o passado com gratidão (2Tm 4.7). Paulo está passando o bastão a seu filho Timóteo, mas, antes de enfrentar o martírio, relembra-o de como havia sido sua vida: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé”. A vida para Paulo não foi uma feira de vaidades nem um parque de diversões, mas um combate renhido. O apóstolo pode morrer tranquilo porque havia concluído sua carreira, e isso era tudo o que lhe importava (Atos 20.24). Mas também deixa claro que nessa peleja jamais abandonou a verdade nem negou a fé. Não morre bem quem não vive bem. A vida é mais do que viver, e morrer é mais do que morrer.
Em segundo lugar, Paulo olhou para o presente com serenidade (2Tm 4.6). O veterano apóstolo sabe que vai morrer. Mas não é Roma que vai lhe tirar a vida; é ele quem vai oferecê-la a DEUS. Assim escreve Paulo: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado”. Numa linguagem eufêmica, Paulo fala da sua morte como uma partida. A palavra grega analyses, “partida”, era usada em três circunstâncias: Primeira, significa aliviar alguém de uma carga. A morte para Paulo era descansar de suas fadigas (Ap 14.13). Segunda, significa levantar acampamento e deixar a tenda temporária para voltar para casa. A morte para Paulo era mudar de endereço. Era deixar o corpo e habitar com o Senhor (2Co 5.8). Era partir e estar com CRISTO, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.23). Terceira, significa desatar o barco e singrar as águas do rio e atravessar para o outro lado. A morte para Paulo era fazer a última viagem da vida, e esta rumo à Pátria celestial. A morte não intimidava Paulo. Ele chegou a afirmar: “... para mim, o viver é CRISTO, e o morrer é lucro” (Fp 1.21).
Em terceiro lugar, Paulo olhou para o futuro com esperança (2Tm 4.8). A gratidão do dever cumprido, associada à serenidade de saber que estava indo para a presença de JESUS, dava a Paulo uma gostosa expectativa do futuro. Mesmo que Nero o condenasse e o tribunal de Roma o considerasse culpado, o reto e justo Juiz o consideraria inocente e lhe daria a coroa da justiça. Como que num brado de triunfo diante do martírio, Paulo proclama: “Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia...” (2Tm 4.8).
A vitória não é ausência de lutas, mas triunfo apesar delas
O céu não é aqui. Aqui não pisamos tapetes aveludados nem caminhamos em ruas de ouro, mas cruzamos vales de lágrimas. Aqui não recebemos os galardões, mas bebemos o cálice da dor. Paulo certamente foi a maior expressão do cristianismo. Viveu de forma superlativa e maiúscula. Pregador incomum, teólogo incomparável, missionário sem precedentes, evangelista sem igual. Viveu perto do Trono, mas, ao mesmo tempo, foi açoitado, preso, algemado e degolado. Tombou como mártir na terra, mas levantou-se como príncipe no céu. Ele não foi poupado dos problemas, mas triunfou no meio deles. Que tipo de luta Paulo enfrentou na antessala do seu martírio?
Em primeiro lugar, Paulo enfrentou a solidão (2Tm 4.9,11,21). Paulo estava numa cela fria, precisando de um ombro amigo. Sua espiritualidade não anula sua humanidade. Ele roga a Timóteo que venha depressa ao seu encontro. Pede a seu filho na fé para vir antes do inverno e trazer também João Marcos. O gigante do cristianismo está precisando de gente amada ao seu lado, antes de caminhar para o patíbulo. Sua comunhão com DEUS não o tornava um super-homem. Dentro do seu peito, batia um coração sedento por relacionamento.
Em segundo lugar, Paulo enfrentou o abandono (2Tm 4.10). Paulo passou a vida investindo na vida das pessoas, e, na hora que mais precisou de ajuda, foi abandonado e esquecido na prisão. Caminhou sozinho para o Getsêmani do seu martírio, assistido apenas pela presença de DEUS.
Em terceiro lugar, Paulo enfrentou a ingratidão (2Tm 4.16). Paulo se arriscou pelos outros; mas ninguém compareceu em sua primeira defesa para estar do seu lado ou falar em seu favor. Mais perturbador do que o frio gelado que se avizinhava pela chegada do inverno, era a geleira da ingratidão que Paulo tinha de suportar no apagar das luzes de sua jornada na terra.
Em quarto lugar, Paulo enfrentou a perseguição (2Tm 4.14). Alexandre, o latoeiro, causou-lhe muitos males, resistindo a ele e à sua mensagem. Os historiadores dizem que foi esse Alexandre que delatou Paulo, resultando em sua segunda prisão e consequente martírio na cidade de Roma. Alexandre tornou-se inimigo do mensageiro e da mensagem.
Em quinto lugar, Paulo enfrentou as privações (2Tm 4.13). Paulo precisava de amigos para a alma, livros para a mente e a capa para o corpo. Ele tinha necessidades físicas, mentais e emocionais. As prisões romanas eram frias, insalubres e escuras. Os prisioneiros morriam de lepra e outras doenças contagiosas. O inverno se aproximava, e Paulo precisava de uma capa quente para enfrentá-lo. Paulo também precisava de livros e dos pergaminhos. Paulo estava no corredor da morte, mas queria aprender mais. Paulo precisava de amigos, roupa e livros. Precisava de provisão para a alma, a mente e o corpo.
Abandonado pelos homens, mas assistido por DEUS
O apóstolo dos gentios não está encerrando, frustrado, a carreira. Não está com a alma amargurada. As agruras da terra não empalidecem as glórias do céu. A ingratidão dos homens não enfraquece a assistência abundante de DEUS. A presença de DEUS assistiu Paulo na hora da morte.
Quatro verdades devem ser aqui destacadas:
Em primeiro lugar, Paulo foi abandonado pelos homens, mas assistido por DEUS (2Tm 4.17). Paulo foi vítima do abandono dos homens, mas foi acolhido e assistido por DEUS. Assim como JESUS foi assistido pelos anjos no Getsêmani quando seus discípulos dormiram, Paulo também foi assistido por DEUS na hora da sua dor mais profunda. DEUS não nos livra do vale, mas caminha conosco no vale. DEUS não nos livra da fornalha, mas nos livra na fornalha. DEUS não nos livra da cova dos leões, mas nos livra na cova dos leões. Às vezes, DEUS nos livra da morte; outras vezes, DEUS nos livra através da morte. Em toda e qualquer situação, DEUS é o nosso refúgio.
Em segundo lugar, Paulo não foi poupado das provas, mas recebeu poder para suportá-las (2Tm 4.17). DEUS revestiu Paulo de forças para que continuasse pregando até o fim. Paulo foi preso, mas a Palavra estava livre e espalhou-se para todos os gentios. Paulo foi levado ao patíbulo e decapitado, mas sua voz ainda ecoa nos ouvidos da história. Suas cartas são luzeiros no mundo.
Em terceiro lugar, DEUS não livrou Paulo da morte, mas na morte (2Tm 4.18). Paulo não foi poupado da morte, mas libertado através da morte. A morte para ele não foi castigo, perda ou derrota, mas vitória. O aguilhão da morte foi tirado. Morrer é lucro, é precioso, é bem-aventurança, é ir para a Casa do Pai, é entrar no céu e estar com CRISTO.
Em quarto lugar, Paulo não termina a vida com palavras de decepção, mas com um tributo de glória ao Salvador (2Tm 4.18b). Paulo foi perseguido, rejeitado, esquecido, apedrejado, fustigado com varas, preso, abandonado, condenado à morte, degolado, mas, em vez de fechar as cortinas da vida com pessimismo, amargura e ressentimento, termina erguendo ao céu um tributo de louvor ao Senhor.
Posso imaginar a cena... O carrasco recebe um pedaço de couro com o nome de um prisioneiro. Munido de uma tocha de fogo e com um pesado molho de chaves, atravessa longos corredores escuros e gelados. Abre uma pesada porta de ferro e grita com voz cavernosa: “Prisioneiro Paulo! Prisioneiro Paulo! Prisioneiro Paulo!”. Do fundo da cela, o velho apóstolo, que trazia as marcas de CRISTO no corpo e uma paz transcendente na alma, responde com firmeza: “Sou eu, estou aqui!”. Paulo é acorrentado e sai da masmorra, atravessando o corredor da morte. Depois de uma longa caminhada, chegam ao lugar do patíbulo. Antes de colocar a cabeça de Paulo num tosco cepo de madeira para decepá-la com a guilhotina romana, o capataz da morte lhe dá a chance de proferir suas últimas palavras. Esperando que o velho prisioneiro soltasse algum gemido de dor ou algum grito de revolta ou desespero, Paulo, de forma imperturbável, com alegria na alma, ergue ao céu sua última doxologia: “A ele, [o Senhor JESUS CRISTO] glória pelos séculos dos séculos. Amém” (2Tm 4.18b). A guilhotina afiada, impiedosa e implacável faz tombar na terra esse príncipe de DEUS. Sua morte, entretanto, não calou sua voz. Suas cartas ainda falam. Sua voz póstuma é poderosa. Milhões de pessoas são abençoadas ainda hoje pela sua vida e pelo seu legado. Cabe-nos, tão-somente, agora, imitar esse homem como ele imitou CRISTO (1Co 11.1).
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Paulo, o maior líder do cristianismo - Data da primeira publicação: 2009
Autor: Hernandes Dias Lopes – (Com algumas modificações do Pr Henrique)
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BILBIA DA LIDERANÇA CRISTÃ - ATOS DOS APOSTOLOS
Os seguidores de JESUS se transformam em líderes
Líderes em Atos dos Apóstolos
Pedro e os primeiros apóstolos, Gamaliel e o Sinédrio, Estêvão, Filipe, Áquila e Priscila, Paulo, Barnabé, Festo, Apoio, Silas
Outras pessoas de influência em Atos
O principal grupo de pessoas que estavam no Cenáculo, Lídia, Lucas, Timóteo, os negociantes de Éfeso, a família da igreja de Antioquia
LIDERANÇA: ESCOLHA DELIBERADA VERSUS ELEIÇÃO DEMOCRÁTICA (At 9.1-20)
Saulo de Tarso havia iniciado sua viagem para se tornar o Apóstolo Paulo na estrada de Damasco. DEUS sabia que Saulo era perfeitamente apropriado para a tarefa.
Primeiramente, Paulo era hebreu e um fariseu. Ninguém poderia acusá-lo de indiferença ou de insegurança para estabelecer um padrão. Ele havia estudado com Gamaliel, de maneira que nenhum judeu poderia acusá-lo de ignorante das Escrituras. Ele cresceu em Tarso, o que lhe dava a cidadania romana e lhe dava passagem livre pelos caminhos do mundo. Ele tinha muita facilidade de comunicação, o que fazia dele uma pessoa perfeita para escrever perto de dois terços dos escritos do Novo Testamento. Ele buscava a perfeição com ardor, uma paixão que o ajudou a alcançar a Ásia Menor.
DEUS elege líderes específicos para cumprirem uma missão. Ele não o faz por meio do voto popular. Se ele o tivesse feito, nenhum dos cristãos da Antiguidade teria votado nele. No entanto, DEUS viu as qualidades de Saulo e o chamou tanto para seguir CRISTO como para guiar pessoas a ele.
21 LEIS - BARNABÉ E A LEI DA DELEGAÇÃO DO PODER - Somente líderes seguros delegam poder a outros - (At 9.27)
Somente pessoas capacitadas podem alcançar seu potencial. Quando um líder não pode ou não quer capacitar outras pessoas, ele cria barreiras dentro da organização que as pessoas não conseguirem superar. Se as barreiras permanecerem por muito tempo, as pessoas desistem ou mudam para outros lugares onde poderão maximizar seu potencial.
Se você deseja ser um líder de sucesso, você deve se tornar um capacitador. Theodore Roosevelt afirmou que "o melhor executivo é aquele que tem a sensibilidade suficiente para escolher bons homens, para que eles façam coisas que ele deseja que aconteçam e que têm suficiente auto resignação para guardar-se de não interferirem enquanto eles estão fazendo o que lhes foi solicitado."
A verdade é que o único caminho para que você possa se fazer indispensável é você se fazer dispensável. Em outras palavras, se você tem a capacidade de sempre delegar poder e capacitar outras pessoas e ajudá-las a desenvolverem seu potencial de maneira que se tornem capazes de realizar sua tarefa, você se tornará tão valioso para a organização que você se tornará indispensável.
Será que eu posso pegar uma carona?
Definitivamente, Barnabé foi um líder que sabia como animar as pessoas. Isso é visto quando ele não deixa passar nenhuma oportunidade de acrescentar coisas boas para os outros. E sua grande e simples contribuição no que diz respeito à delegação de poder pode ser vista em sua interação com Paulo.
1. Ele acreditou em Paulo antes de qualquer outra pessoa.
É muito fácil dar uma opinião a favor de um assunto ou pessoa controvertida diante de líderes que dão apoio a essa pessoa. Outra coisa é você levantar-se e falar diante de outros que não o fazem. Mas foi isso o que Barnabé fez. Ele não esperou que os outros apóstolos apoiassem Paulo para poder acreditar nele. Na verdade, ele acreditou em Paulo, enquanto Pedro e os outros tinham medo dele.
Para ser um líder capaz de encorajar outros, você precisa estar disposto a dar oportunidades às pessoas. Você deve ser capaz de perceber o potencial que há nelas e encorajá-las a acreditar em si mesmas. Isso pode ser arriscado porque elas podem não corresponder. Mas, se elas corresponderem, o retorno pode ser imenso. Você pode tornar-se o responsável por inspirar um líder a pôr em prática coisas que ele nunca tinha pensado que fosse possível. E os líderes nunca esquecem a primeira pessoa que acredita neles.
2. Ele defendeu a liderança de Paulo diante dos outros.
As Escrituras dizem que Barnabé tomou a Paulo e levou até aos apóstolos. E ele lhes declarou a respeito de como tinha visto o Senhor no caminho e aquilo que ele lhe tinha falado e de como ele tinha pessoalmente pregado a respeito de CRISTO em Damasco (At 9.27). Você pode imaginar como essas coisas teriam acontecido em Jerusalém naqueles dias? Certa vez, quando Paulo chegou à cidade, uma palavra chegou aos apóstolos de que ele estava dizendo que era um pregador de JESUS CRISTO. Eles devem ter pensado de que se tratava de um truque. Tratava-se da mesma pessoa que tinha estado diante de Estêvão, primeiro mártir, e aprovado seu apedrejamento. Barnabé deve ter aparecido com Paulo a uma das reuniões dos apóstolos na cidade. Um silêncio desconfortável sem dúvida, deve ter caído sobre as pessoas que estavam reunidas quando elas souberam da identidade daquele que acompanhava Barnabé. Então, Barnabé passou a contar a história de Paulo. Paulo não precisou dizer uma única palavra. Todos os cristãos conheciam Barnabé. Eles sabiam de sua reputação e integridade. Foi isso que Barnabé fez As Escrituras dizem: "Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo" (At 9.28). A Igreja tinha aceitado Paulo
3. Ele delegou poder a Paulo para alcançar seu potencial.
A ligação entre Barnabé e Paulo não terminou em Jerusalém. Depois que o endosso de Barnabé possibilito que Paulo se movimentasse livremente em Jerusalém, ensinando as pessoas e debatendo as verdades das Escrituras não demorou muito para que Paulo se tornasse um inimigo dos que não criam no evangelho. Os apóstolos, então sabiamente, enviaram Paulo de volta a Tarso, para sua segurança pessoal.
Mais tarde, no entanto, quando Barnabé foi designado para dar assistência às igrejas da Antioquia, ele encontrou Paulo e o levou em sua companhia. Essa ação delegou a Paulo o poder de ter seu primeiro serviço como um líder.
Isso também conduziu à parceria de Paulo e Barnabé como missionários, o papel para o qual DEUS estava destinando Paulo.
Para ser um líder capacitado, você precisa mais do que acreditar em líderes que estão surgindo. Você precisa dar passos adiante para ajudá-los a se tornarem líderes de acordo com o potencial que eles têm para desenvolver. Você precisa investir neles se você os quiser tornar capazes para darem o seu melhor. Capacitar pessoas requer um investimento pessoal. Isso requer tempo e energia, mas vale a pena. Se você o fizer bem-feito, terá o privilégio de ver alguém subir para o nível mais elevado. E, como um bônus, ao delegar poder e capacitar outros, você estará aumentando o poder de sua organização.
EDUCABILIDADE: O NOVO EMPREENDIMENTO DE PEDRO FOI ACEITO PELOS LÍDERES DA IGREJA - (At 11. 1-18)
JESUS devia estar falando sério quando ele disse à Igreja que fossem até os gentios. Pedro relatou a seus pares como DEUS o havia guiado até um público completamente novo. Quando eles ouviram essa história, renderam glórias a DEUS pelo novo ministério. Eles continuavam aprendendo. Quando você parar de estudar e aprender, você pára de liderar.
SER PRESTATIVO: NENHUM TRABALHO É SEM IMPORTÂNCIA - (At 11.22-24)
Se um líder da Igreja antiga pode ser chamado de servo, este é Barnabé. Ele tomou a iniciativa e fez tudo quanto achou que pudesse aumentar o ânimo, número de pessoas ou dinheiro. Ele liderou com clareza e exemplo, tornando-se servo. Ele não considerava nenhuma tarefa sem importância. O que permitiu a Barnabé demonstrar um estilo de vida como este? Ele...
1. Não tinha nada a provar.
Ele não estava ali para brincar. Ele nunca procurou notoriedade. Quando ele orientou Paulo, ele alegremente permitiu que esse apóstolo emergente o superasse. Ele não sentia a necessidade de projetar sua própria dignidade ou provar a si mesmo para quem quer que fosse.
2. Não tinha nada a perder.
Barnabé não tinha preocupação de preservar sua reputação ou que o medo pudesse fazer perder sua popularidade. Ele veio para servir e não par ser servido. Isso permitiu pôr seu foco em dar e não em receber. Como servo, ele não tinha direitos a perder.
3. Não tinha nada a esconder.
Barnabé não precisava manter uma fachada ou imagem. Ele permaneceu autêntico, vulnerável e transparente. Ele podia alegrar-se com a vitória dos outros (At 11.23) e nunca se maravilhou com sua própria fama.
Se DEUS chamasse você para ser um novo Barnabé para outro novo Paulo, se você soubesse que esse novo e emergente líder iria rapidamente colocá-lo em sombras, você aceitaria este chamado? Em outras palavras, você é mesmo um servo? Você deve amar mais as pessoas que sua posição.
21 Qualidades Caráter - Herodes teve falta dele e perdeu tudo
(At 12.1-23)
O ego dirigia a vida de Herodes dos dias de Paulo, do mesmo jeito que havia guiado seu pai e seu avô. Todos eles tinham uma irremediável falta de caráter. Herodes era o sobrenome da família de reis que sustentava o poder com a permissão do Império romano. Herodes o Grande, governou nos dias do nascimento de JESUS. Foi ele que mandou matar todos os meninos de até dois anos em Belém. Herodes Antipas foi quem ordenou a decapitação de João Batista. O Herodes de Atos 12 é Herodes Agripa 1, o filho mais velho de Herodes, o Grande. A falta de caráter de Herodes nos dá muitos exemplos a respeito do que não se deve fazer como líder:
1. Ele maltratava seus próprios cidadãos (v. I).
Ele, injustamente ordenou a prisão de cristãos judeus a fim de fustigá-los.
2. Ele executou pessoas inocentes (v. 2).
Ele mandou matar Tiago à espada, embora Tiago não tivesse cometido crime nenhum.
3. Ele tomou decisões, preocupado com sua popularidade (v. 3).
Quando ele percebeu que os judeus ficaram satisfeitos com a morte de Tiago, mandou pôr Pedro na prisão também.
4. Ele agia de modo irracional em tempos de dificuldade (v. 19).
Ele mandou matar todos os 16 guardas que cuidavam da prisão no dia em Pedro fugiu de lá.
5. Ele alimentou ódio por outros (v. 20).
Ele permaneceu irado contra grupos étnicos de fora e procurou meios de subjugá-los.
6. Ele procurou poder para compensar sua insegurança (v. 20).
Ele gostava de controlar os outros e, especialmente, gostava bastante de poder ter pessoas debaixo de sua misericórdia.
7. Ele projetava a imagem de ser infalível (vs. 21-22).
Ele amava vestir sua roupa real e ser reverenciado.
8. Ele se deixava cegar pelo seu ego (v. 23).
Ele vivia em um mundo irreal e não conseguia ver que seu ego estava sabotando sua liderança.
Como você pode evitar as armadilhas de Herodes?
A fim de melhorar seu caráter e construir uma base sólida para a sua liderança, você deve:
1. Procurar suas falhas.
Preste atenção nas principais áreas de sua vida. Identifique quais são os pontos fracos ou em quais delas você costuma tomar atalhos;
2. Procurar parceiros.
Ainda há alguma fraqueza? Parceiros podem ajudá-lo a diagnosticar falhas no caráter.
3. Encarar a realidade.
O reparo das falhas de caráter inicia quando você as encara e quando você defende aquelas em que você a enganou.
4. Permanecer pronto para aprender e rever as coisas.
Uma vez que você enfrenta o passado, crie um plano para fortalecer-se internamente.
A LEI DO CRESCIMENTO EXPLOSIVO: ANTIOQUIA COMISSIONOU LÍDERES - (At 13.1-3)
Pelo meio do Livro de Atos, vemos que três igrejas enviaram líderes missionários: Cirene, Chipre e Jerusalém. Infelizmente, esses esforços parecem ter sido fatos isolados. Em Atos 13, o cuidado de DEUS levou mudanças para a igreja de Antioquia. Por quê? Porque ela continuava comprometida com os efeitos globais do evangelho, ocupada em fazer surgir líderes que viessem a se tornar agentes de mudança para o mundo todo. Jerusalém tinha deixado de ser o centro das atividades de DEUS. Na verdade, ela tornou-se uma igreja com grandes necessidades, necessitando do socorro das igrejas da Ásia e Grécia.
Antioquia floresceu por causa de sua boa visão de enviar líderes pelo mundo. Ela enviava seus líderes como se fossem uma equipe, pessoas com dons que se complementavam e com visão compartilhada. Isso os capacitou a ficarem ligados com as pessoas e a conseguirem bons resultados em quase todos os lugares aos quais iam.
DEUS fez o seu trabalho ao enviar equipe de líderes. JESUS enviou uma equipe de doze (Lc 9.1 -6), e essas parcerias tiveram continuidade em Atos. A maioria dessas equipes de líderes veio da igreja de Antioquia:
1. Pedro e João (At 3);
2. Filipe, Pedro e João (At 8);
3. Pedro e alguns irmãos (At 10);
4. Homens de Chipre e Cirene (At II);
5. Paulo e Barnabé (At 13 e 14);
6. Judas, Silas e Paulo (At 15);
7. Barnabé e Marcos (At 15);
8. Timóteo, Paulo e Silas (At 16);
9. Paulo, Áquila e Priscila (At 18);
10. Timóteo e Erasto (At 19).
RESPONSABILIZAÇÃO: A EQUIPE PERMANECEU RESPONDENDO PARA A IGREJA
(Atos 14.26-28)
Embora os líderes não requeiram uma posição formal para fazer a diferença, DEUS, raramente, os chama para agirem sozinhos. DEUS, normalmente, os chama para fazerem parte de uma equipe e os envia por meio de uma organização, como uma igreja local, por exemplo. Alguns líderes enviam, outros vão. Cada um deve dar suporte ao outro.
A LEI DA INTUIÇÃO: PEDRO PROPÔS UMA MUDANÇA MAIOR DAS COISAS ANTIGAS
(At 15.7-11)
Pedro sugeriu mudanças para o modo como a igreja fazia as coisas. Deveria haver um novo paradigma para o pensamento e a fé. Ele persuadiu os líderes a mudarem por meio de uma comunicação convincente das coisas que DEUS estava fazendo. Pedro viu a necessidade de mudanças antes dos demais. Sua percepção, associada a sua credibilidade, fez a Igreja continuar indo para frente.
ALEI DA INFLUÊNCIA: O CONCÍLIO DA IGREJA LIBERTOU OS GENTIOS - (At 15.22-29)
Por meio de um documento, a igreja de Jerusalém libertou os cristãos de qualquer localidade de terríveis encargos e culpas potenciais que lhes poderiam ser atribuídas pela lei dos judeus. Eles usaram a sua influência e mudaram o curso da história da igreja. Nem sempre o poder é mal. O Concilio da igreja de Jerusalém exerceu uma influência positiva em seu tempo. Nós também podemos.
RECRUTANDO VOLUNTÁRIOS - (At 15.32-35)
Organizações
mantidas por meio de voluntários requerem liderança muito maior sobre o grupo.
Tais organizações precisam de bons líderes, porque o único incentivo que os
voluntários têm vem da visão de sua liderança. Essas organizações não pagam
salários, não oferecem benefícios nem ostentação.
Na verdade,
apenas uma pequena percentagem dos voluntários realmente trabalha. Em muitas
igrejas, cerca de vinte por cento das pessoas faz oitenta por cento do
trabalho. Por que isso ocorre? Por que mais pessoas não se envolvem?
1. Ninguém lhes
pediu nada.
Com receio de
se intrometerem em território alheio, eles esperam ser convidados para ajudar.
2. Elas têm
medo de assumir responsabilidades.
Receosos de que
sejam cobrados a se comprometerem além do que desejam ou podem, eles hesitam em
fazer alguma coisa.
3. Elas sofrem
com experiências passadas.
Tendo passado
de "pilares" para "meros ouvintes", elas sentem a
necessidade de descansar e de serem alimentados.
4. Eles se
sentem intimidadas por obreiros atuais.
"Pilares"
que não estão abertos para mudanças acabam por manterem os outros inúteis.
5. Elas
desconhecem as diretrizes bíblicas para o ministério.
Muitas igrejas
não estabelecem um padrão para o sacerdócio dos crentes ou para a verdade
exposta em Ef 4.11-12.
6. Elas estão
muito preocupadas com seus próprios compromissos e ocupações.
A maioria das
pessoas se esquiva de novas tarefas por causa de compromissos que já assumiram,
e as coisas que podem ser feitas depois perdem para as que precisam ser feitas
agora.
7. Elas se
sentem despreparadas, mal equipadas ou desprovidas de dons.
Muitas pessoas,
equivocadamente, pensam que apenas pessoas que têm certos dons e são treinadas
podem servir e, visto que não têm estes dons especiais ou não foram treinadas,
elas não estão qualificadas para servir.
8. Elas não têm
consciência das opções de trabalho que lhes estão disponíveis.
A maioria dos
líderes, erroneamente, pensa que as pessoas sabem das vastas possibilidades de
serviços que estão à sua disposição.
9. Elas não se
"apropriaram" da causa.
Muitas pessoas
só aceitam participar do ministério se elas puderem ter a visão de todo o
quadro da missão. 10. Elas são egoístas, preguiçosas ou indiferentes.
Algumas não vão
se envolver, simplesmente porque não se preocupam com nada mais além de si
mesmas.
Dessa forma, o
que pode ser feito para mobilizar voluntários? Tente o seguinte:
1. Agende
entrevistas com novos membros para expor-lhes as oportunidades;
2. Ofereça
treinamento para cada cargo ou função; dê modelo de como servir;
3. Associe os
dons espirituais com as oportunidades de trabalho;
4.
Seguidamente, anuncie as opções de serviço disponíveis;
5. Faça o
envolvimento no ministério partir do processo de recepção de membros;
6. Crie vários
níveis de responsabilidades para os novos membros, que se sentem apreensivos;
7. Ensine e
exponha a visão do sacerdócio universal dos crentes; todos têm um dom com o
qual podem participar;
8. Desenvolva
séries de compromissos realistas para que as pessoas possam dividir as
responsabilidades;
9. Promova o
rodízio entre os líderes, tanto quanto possível, para criar espaço para novas
pessoas;
10.
Seguidamente, elogie servos simples que acabam fazendo diferença.
DISCERNIMENTO:
PAULO MUDOU SEUS PLANOS ASSIM QUE TEVE O DISCERNIMENTO DAS NECESSIDADES
(At 16.1-13)
Todos os
líderes precisam ter discernimento. Paulo o tinha e o usava para escolher novos
líderes, para escolher as palavras que iria dizer diante de uma corte e para
saber onde deveria ir em seguida em suas viagens missionárias.
Quando a equipe
de Paulo viajava através da Ásia, ele deveria ter estado a ouvir o ESPÍRITO
SANTO em seus momentos de silêncio. DEUS o proibiu de falar certa vez na Ásia e
o compeliu a ir adiante. Em seguida, o ESPÍRITO proibiu Paulo de evangelizar na
Ásia e na Bitínia. Em Trôade, ele teve a visão na qual um homem o suplicava
para visitar a Macedônia.
Assim era a
dinâmica da liderança de DEUS. Líderes com discernimento, usualmente, repartem
alguns traços em comum. Esses são:
• bons
ouvintes;
• intuitivos e
perceptivos;
• bem
conectados;
• flexíveis;
• otimistas.
A LEI DA
LIGAÇÃO: PAULO FOI MUITO EFICIENTE EM ATENAS (At 17.22-34)
Pedro, Paulo e
Estêvão se valeram da Lei da Ligação em todos os quatro sermões que deles Lucas
registra (At 2.14-36; 7.2-53; 13.16-41; 17.22-31). Esse que Paulo pronunciou,
registrado em Atos 17, é uma obra-prima. Ele conseguiu estabelecer uma ligação
brilhante com o povo de uma cultura diferente, mostrando e compreendendo ambos,
a sociedade grega e a necessidade humana. Leia esta mensagem e veja um mestre
da comunicação em ação:
1. Ele iniciou
com uma afirmação (v. 22);
2. Ele fez uma
ponte de seu assunto com o que era familiar aos gregos (v. 23);
3. Ele ampliou
a visão que eles tinham de DEUS (vs. 24-25);
4. Ele usou uma
linguagem inclusiva (v. 26);
5. Ele lhes deu
encorajamento e esperança (v. 27);
6. Ele se
identificou com um dos poetas deles (v. 28);
7. Ele lhes
ofereceu passos específicos de ação (vs. 29-31).
Líderes
efetivos conseguem uma ligação antes que eles esperem. Somente quando Paulo
conseguiu levantar pontes de relacionamento com as pessoas que ele conseguiu um
claro chamamento ao arrependimento. A ligação precede a decisão. E o que foi
que aconteceu? De acordo com o texto, cada um agiu. Uns riram de Paulo, outros
lhe disseram que o ouviriam em outra ocasião, e outros o seguiram de imediato
(vs. 32-34).
21 Qualidades
Educabilidade Apoio aprendeu e cresceu
(At 18.24-28)
O Livro de Atos
apresenta Apoio como um excelente professor. DEUS o usou grandemente em várias
culturas, ele tornou-se o braço direito do apóstolo.
O que mais
impressiona a respeito de Apoio, contudo, é sua educabilidade. Ele nunca pensou
que tivesse aprendido tanto, que pudesse improvisar o que fazia. Lucas aponta
alguns fatos sobre esse homem:
1. Sua origem é
de uma cidade culta (v. 24);
2. Ele era um
homem de boa educação (v. 24);
3. Ele conhecia
muito bem as Escrituras (v. 24);
4. Ele tinha
sido instruído na fé cristã (v. 25);
5. Ele tinha um
dom natural (v. 25);
6. Ele ensinava
a verdade com denodo (v. 25);
7. Ele ensinava
a verdade com paixão (v. 26).
A história da
Igreja nos conta que Apoio foi era um professor tão bom, que muitas pessoas
queriam ouvir ma s ele do que ao apóstolo Paulo. Isso era mesmo uma pena em seu
chapéu! Isso pode nos fazer assumir que ele tinha tido todas as coisas juntas.
No entanto, Apoio tinha conhecido "apenas o batismo de João" (At
18.25). Ele sabia o quanto era arrependimento. Ele compreendia o que ele
significava para a redenção de DEUS. Mas ele não estava familiarizado com as
verdades mais profundas do discipulado ou de uma vida na plenitude do ESPÍRITO.
Assim, Áquila e Priscila se tornaram seus mentores, tomaram tempo para ouvi-lo,
avaliá-lo, para relatar-lhe coisas e expor-lhe "o caminho para DEUS"
(At 18.26).
Líderes
enfrentam o perigo do contentamento por causa de seu 'status quo'.
Principalmente, se um líder já possa influência e já alcançou um bom nível de
respeito, que razão mais ele tem para querer crescer?
1. Seu
crescimento determina quem você é.
2. Quem você é
determina a quem você atrai.
3. Quem você
atrai determina o sucesso de sua organização.
Líderes devem
permanecer prontos para aprender. Observe estas cinco orientações para se
cultivar uma atitude de aprendizado:
1. Cure a
doença de seu destino.
A falta de
capacidade de aprender está enraizada no ativismo. Se você parar de crescer,
você pára de liderar
2. Supere seu
sucesso.
O sucesso,
frequentemente, impede educabilidade. Não fique olhando para os troféus que já
ganhou e, sim para as metas a serem alcançadas.
3. Prometa não
mais usar atalhos.
Todas as coisas
mensuráveis têm um preço. A maior distância entre dois pontos é um atalho.
4. Desfaça-se
do orgulho.
Admita que não
sabe todas as coisas, mesmo a respeito daquelas que você sabe alguma coisa.
5. Nunca pague
o preço duas vezes pelo mesmo erro.
O crescimento
implica em se cometerem erros, mas você precisa aprender com cada um deles.
Perfil de
Liderança - ÁQÜILA E PRISCILA - Líderes que prepararam mais líderes.
(At 18.24-28)
Liderança não
significa exatamente conseguir outras pessoas para serem seguidores. Liderança
também significa equipar e preparar líderes para guiarem o povo de DEUS. A
responsabilidade de Áquila e sua esposa Priscila, do apóstolo Paulo e Apoio
ilustram esse princípio.
Aquila e
Priscila, que, como Paulo, eram cristãos judeus e fabricantes de tendas, tinham
ido a Corinto de Roma quando o Imperador Cláudio ordenou que todos os judeus
abandonassem a cidade. Quando Paulo chegou a Corinto, ele permaneceu com esse
casal e, evidentemente, lhes ensinou muito a respeito das coisas de DEUS. Eles
levaram esses ensinamentos a sério, pois, quando eles viajaram para Éfeso, eles
instruíram um ministro chamado Apoio a respeito do evangelho de JESUS CRISTO.
Apoio tinha
ouvido e crido numa parte da mensagem cristã e, com grande eloquência, estava
ensinando vigorosamente o que tinha conhecido. Mas, quando Aquila e Priscila o
ouviram pregar, eles perceberam que ele não tinha recebido toda a mensagem, de
maneira que o levaram para um lugar à parte e lhe expuseram de modo mais
completo. Depois disso, Apoio pôde pregar com muito mais eficiência.
Quando nós
vamos a CRISTO para a salvação, DEUS está nos chamando para "irmos e
fazermos discípulos" (Mt 28.19). Do mesmo modo, quando DEUS nos chama para
sermos líderes, ele nos orienta a ajudar equipar outros para que possam liderar
de modo mais eficiente.
A LEI DO
CRESCIMENTO EXPLOSIVO: O SEMINÁRIO DE PAULO ALCANÇOU A ÁSIA
(At 19.8-10)
Paulo deu
início a uma miniatura de seminário em Éfeso para ensinar a estudantes os pró e
os contra do evangelho. Durante dois anos, ele reuniu jovens e os treinou na
Escola de Tirano. Sem dúvida, a educação requer aplicação prática, pondo as
mãos na massa, experimentando, pois Lucas diz que todos na Ásia Menor ouviram a
pregação do evangelho durante estes dois anos (At 19.10).
Como ele estava
orientando estudantes, Paulo permaneceu comprometido com o povo, com o processo
e com o propósito. Seu treinamento sempre resultou em atividades de um grande
comissionamento. Paulo comprometeu-se pessoalmente em desenvolver líderes.
Vamos ver como nós também podemos fazer ao treinarmos líderes:
1. Conheça-se a
si mesmo; fique familiarizado com suas fraquezas e fortalezas.
2. Conheça a
pessoa que você quer desenvolver.
3. Defina,
claramente, os objetivos e as atribuições.
4. Ensine os
"porquês" depois das atribuições.
5. Discuta o
processo de crescimento deles comparado com o seu.
6. Tome tempo
para conviver com eles.
7. Permita-lhes
observar você servindo e liderando.
8. Dê-lhes dos
recursos de que você mesmo necessita.
9. Encoraje-os
a fazerem registros durante o processo.
10. Tenha-os
por responsáveis em seu trabalho.
11. Dê-lhes a
liberdade de errar.
12. Avalie e
confirme-os regularmente.
PAULO: O
CORAÇÃO DE UMA LIDERANÇA EFICIENTE (At 20.18-24)
O que você é
advém do que você faz! Liderança é "ser" antes de "fazer".
Enquanto Paulo
falou aos efésios, ele descrevia os ingredientes para alguém ser um líder
efetivo. Paulo guiava de alma. Ele fez apelos, até chegou a chorar na frente
das pessoas. Mas uma coisa é certa: a liderança começa com o coração. Paulo
tinha um coração que era...
1. Consistente
- ele viveu com serenidade enquanto esteve entre eles (v. 18);
2. Contrito -
ele agiu de modo humilde e voluntariamente revelou suas fraquezas (v. 19);
3. Corajoso -
ele não se abalava por fazer as coisas de modo correto (v. 20);
4. Convicto -
ele falava pessoalmente sobre suas convicções (v. 21);
5. Comprometido
- ele deixou Jerusalém, desejoso de morrer por CRISTO (vs. 22-23);
6. Cativo - ele
mostrou que uma pessoa que se rende a DEUS não precisa sobreviver (v. 24).
COMUNICAÇÃO:
PAULO ADAPTA E COMPARTILHA SUA HISTÓRIA PARA CONVENCER
(At 22.1-21;
26.4-23)
Por três vezes
o Livro de Atos conta a história da conversão de Paulo. Por duas vezes ele
conta sua história diante de autoridades do governo. Em ambos os casos, ele
adapta sua história e enfatiza a parte que vai atender às necessidades de sua
plateia.
Líderes
efetivos sabem não apenas o que dizer, mas também como dizer, de maneira a
tornar sua mensagem com poder de impacto maior diante de seus ouvintes. Quando
eles falam, eles levam em conta o impacto que isso vai causar, não a impressão.
Eles avaliam a sua plateia e lhe comunicam de modo que se obtenha a melhor
ligação com os ouvintes. Em seguida, eles os ajudam a fazer aplicações práticas
de sua mensagem.
Tente um
pequeno exercício. Leia o testemunho de Paulo em Atos 22 e 26, com a
perspectiva de comparar e diferenciar os dois em seus interesses. Que
diferenças você notou? Quais são as semelhanças? Por que ele deu uma ênfase tal
a uma plateia e outra diferente para a segunda? O que você aprendeu com Paulo a
respeito de se dar uma forma especial para cada grupo diferente de ouvintes?
FELIX, FESTO E
AGRIPA - Líderes que cometeram falhas (At 23.23—26.32)
Quando esteve
diante de dois homens poderosos, o Governador romano Festo e o Rei Agripa, esse
homem apareceu esfarrapado e algemado. Agora, Paulo, que esteve na prisão mais
de dois anos e que estava tendo de encarar a possibilidade de sofrer sentença
de morte, falou destemidamente sobre a ressurreição de CRISTO.
Festo havia
herdado essa questão de seu antecessor, Félix, que aprisionou Paulo sob a
acusação de estar incitando tumultos entre judeus e encorajando rebeliões
contra Roma. Ambos, Félix e Festo, estavam mais preocupados em agradar os
judeus do que em fazer o que é certo. Quando Festo falou ao rei Agripa, que o
visitava, a respeito do problema de Paulo, o rei lhe deu a oportunidade de uma
audiência. Paulo aproveitou essa oportunidade para apresentar suas experiências
com CRISTO, mas, quando Agripa as ouviu, elas pareceram a Festo como algo a
respeito do que nunca tinha ouvido nada.
Ambos os
governantes tiveram, naquele dia, a oportunidade de se converterem a CRISTO.
Mas eles não aceitaram o convite. E por que não? Aparentemente, sua posição de
poder e de liderança lhes era mais valiosa do que a condição de sua alma.
Líderes de DEUS
sabem que a busca de um profundo conhecimento (ou obediência) de JESUS é mais
importante do que qualquer outra coisa, incluindo a obtenção do poder ou a
proteção que vem dele. O poder não somente corrompe; ele também dispersa,
diferentemente do genuíno caráter que podemos obter através da submissão a
CRISTO.
PAULO - O líder
mais influente da Igreja primitiva (At 26.1-23)
Desde o início
de tudo, a vida de Paulo em CRISTO influenciou grandemente a todos que estavam
à sua volta.
Esse
perseguidor da Igreja, agora feito apóstolo, esteve diante de reis,
governadores e de todas as estruturas de poder religioso de sua época. Seus
inimigos o acusavam, o aprisionaram, maltrataram e o ameaçaram com a morte. Ele
viajou milhares de quilômetros e ainda sobreviveu a um naufrágio. Em meio a
todas essas coisas, Paulo nunca deixou de defender e pregar com coragem e com
vigor o evangelho de JESUS CRISTO.
Paulo não se
tornou um líder influente por causa de sua eloquência ou por possuir algum dom
muito especial que os outros não possuíam. Paulo conseguiu influência porque,
apesar das circunstâncias, se ele esteve em algemas durante qualquer outro
interrogatório, se ele estivesse lançado em alguma prisão fria e úmida ou se
ele pudesse andar livremente para fazer seu trabalho, ele estaria comprometido
a uma única coisa: pregar o nome de JESUS CRISTO.
Sem
questionamento, Paulo tornou-se o mais influente líder da primeira Igreja. Nós
continuamos a sentir ainda hoje o poder de sua influência.
Pelos padrões
do mundo, então e agora, Paulo deve ter parecido um fanático. Mas tudo o que
ele fez foi obedecer ao chamado de DEUS para influenciar o mundo à sua volta.
Líderes sábios gostariam muito de poderem seguir o exemplo de Paulo ao,
propositadamente, falarem a Palavra de DEUS tanto para o Corpo de CRISTO, como
para o mundo descrente.
PERSUASÃO:
LÍDERES FALAM PARA TRANSFORMAR E NÃO APENAS INFORMAR
(At
26.1-29)
Em uma de suas
falas públicas mais instigantes, Paulo quis atingir o rei Agripa. Quando você
estiver lendo este capítulo, tente sentir a estratégia de Paulo. Paulo
acreditava que a melhor defesa seria uma boa forma de atacar e rapidamente
converter o rei Agripa. Observe como este líder tentou convencer seu ouvinte:
1. Ele apareceu
tranquilo, embora usasse gestos bem animados (v. I);
2. Ele,
humildemente, agradeceu ao rei lhe ter concedido a palavra (v. 2);
3. Ele
reconheceu o conhecimento e habilidade do rei (v. 3);
4. Ele admitiu
que sua vida era um livro aberto (v. 4);
5. Ele lhe
recordou que sua vida passada era conhecida deles (v. 5-8);
6. Ele
identificou que a oposição que ele enfrentava estava relacionada à nova vida
que ele tinha assumido (vs. 9-11);
7. Ele usou uma
narrativa para defender a mudança de sua vida (vs. 12-18);
8. Ele
descreveu que seus motivos eram puros e edificantes (vs. 18);
9. Ele admitiu
que estava obedecendo a uma visão divina (vs. 19-20);
10. Ele expôs
que a causa de seu sofrimento era por causa de sua obediência a DEUS (v. 21);
11. Ele mostrou
como DEUS lhe foi favorável durante sua vida (v. 22);
12. Ele afirmou
que estava pregando as palavras das Escrituras (vs. 22-23);
13. Ele os
desafiou com fatos verificáveis e racionais (v. 25);
14. Ele admitiu
que o rei conhecia esses fatos (v. 26);
15. Ele
confrontou diretamente o rei com uma questão (v. 27);
16. Ele pediu a
eles que obedecessem a DEUS (v. 29).
VISÃO: A VISÃO
DE PAULO O GUIOU PARA A VITÓRIA (At 26.12-29)
A visão
de Paulo no caminho de Damasco tornou-se a força que o mantinha cativo ao seu
sucesso O apóstolo nos ensina sobre o poder de uma visão A visão que DEUS deu a
Paulo realizou uma série de coisas:
I . Ela o parou
(vs. 12-15).
A visão nos
permite que vejamos a nós mesmos Nós vemos coisas não como elas são, mas como
nós somos.
2. Ela o enviou
(vs. 16-18).
A visão nos
permite ver os outros. Ela nos compele a agir.
3. Ela o
fortaleceu (vs. 20-23).
A visão nos
capacita a prosseguirmos apesar das lutas e de nossa falta de recursos.
4. Ela lhe deu
maior alcance (vs. 24-29).
A visão lhe deu
poder para ficar em pé, confiança para falar e compaixão para dividir.
5. Ela o
satisfez (v. 19).
A obediência a
essa visão motivou Paulo a agir Isso o satisfez.
A LEI DE E. F.
HUTTON: UM ACOMPANHANTE ASSUME O COMANDO (At 27.1-44)
Como era
um acompanhante em um navio-prisão virtual, Paulo, de início, não teve
influência
(At 27.11). Ao
final da viagem, contudo, todos o estavam ouvindo, inclusive o centurião. Veja
como foi que esse líder conseguiu ser influente:
1. Ele
conquistou a confiança (v. 3).
Júlio havia
dado privilégios especiais a Paulo, percebendo sua probidade.
2. Ele tomou a
iniciativa (vs. 9-10).
Mesmo sem
permissão ou posição, Paulo tomou a dianteira e agiu.
3. Ele possuía
boa opinião (v. 10).
A fala de Paulo
revelava sabedoria e experiência.
4. Ele falava
com autoridade e credibilidade (v. 21).
Sem
constrangimento, Paulo falava para a tripulação que ele tinha tido razão antes.
5. Ele era
otimista e confiante (vs. 22-24).
Paulo falava
cara a cara.
6. Ele deu
encorajamento (v. 25).
Paulo deu
esperança de sobrevivência e salvação.
7. Ele era
honesto (v. 26).
Paulo falou com
ternura à tripulação que eles deveriam enfrentar o problema.
8. Ele não se
comprometeu em absoluto (vs. 27-32).
Paulo não quis
jamais se afastar das instruções de DEUS.
9. Ele não
perdeu seu foco (vs. 33-34).
Ele pôs seu
foco em seus objetivos e não nos obstáculos.
10 . Ele
liderou por meio do exemplo (vs. 35-38).
Paulo liderou
ao dar um modelo de atitude correta.
11. Ele,
finalmente, obteve sucesso (vs. 39-44).
Paulo, em
consequência, realizava aquilo que ele se determinava a fazer.
A LEI DA BASE
SÓLIDA: PAULO CONQUISTOU O DIREITO DE SER OUVIDO (At 28.3-6)
Como Paulo
permaneceu vivo depois que uma cobra o havia picado, os moradores daquela ilha
o proclamaram um deus (At 28.6). A credibilidade vem em uma dessas maneiras:
alguém pode lhe emprestar a sua ou você pode conquistá-la da vida que você
leva. As pessoas dão credibilidade aos líderes que concluem seu trabalho.
________________________________________
RESUMOS DAS
LIÇÕES - CPAD -
https://www.cpad.com.br/revista-licoes-biblicas-aluno-4-tri-950004/p
O Apóstolo
Paulo: Lições da Vida e Ministério do Apóstolo dos Gentios para a Igreja de
CRISTO
Subsídios
das lições deste trimestre foi escrito por Marcelo Oliveira, chefe do Setor de
Educação Cristã; bacharel em Teologia, licenciado em Letras; pós-graduado em
Educação, Gestão e Docência.
Lição 1 - O
Mundo do Apóstolo Paulo
Neste
trimestre, estudaremos a vida e o ministério do apóstolo Paulo. O mundo em que
viveu, os processos pelos quais passou, os oponentes contra a sua mensagem que
enfrentou, enfim, as diferentes circunstâncias na vida do apóstolo configuram
uma série de lições edificantes para a nossa caminhada cristã. Temas como
perseguição, conversão, vocação, poder no ESPÍRITO, plantação de igrejas,
discipulado, liderança, dentre outros, serão objetos de nosso estudo. Nesse
sentido, ao longo deste quarto trimestre, temos a oportunidade de aprender com
o apóstolo dos gentios.
O assunto desta
primeira lição é sobre o mundo em que o apóstolo viveu. Temos como objetivo
geral refletir sobre como o mundo de hoje pode ser uma porta aberta para a
pregação do Evangelho. Para atingir esse objetivo, estudaremos o mundo do
apóstolo Paulo no Império Romano, na cultura grega e na religião judaica.
Resumo da lição
A respeito do
império romano, estudaremos seu desdobramento político e geográfico. Esse
desdobramento impactou o ministério do apóstolo. Por meio da “pax romana”, um
ambiente de relativa paz no império, de suas malhas viárias e seus meios de
transportes, o apóstolo teve uma boa oportunidade para realizar suas diversas
viagens missionárias.
A respeito da
cultura grega, o grego koinê mostrou-se relevante na difusão dos escritos
apostólicos, além de a filosofia grega abrir oportunidades para novos
pensamentos e ideias. Esse fenômeno linguístico e cultural trouxe grandes
oportunidades para o ministério do apóstolo no mundo gentílico.
A respeito da
religião judaica, o apóstolo era perito em seus ensinamentos. A religião
judaica também influenciava determinadas áreas do império por meio das
sinagogas. A moral judaica como fruto da Lei de Moisés trouxe grande
contribuição ao ministério do apóstolo. Esse contexto ajudou na comunicação do
Evangelho pelo ministério do apóstolo.
Aplicação
É muito
importante que façamos o seguinte exercício reflexivo: a exemplo do apóstolo
Paulo, devemos conscientizar-nos do que há no mundo hoje que seja possível ser
útil para a propagação do Evangelho. Às vezes a nossa profissão pode abrir a
porta do Evangelho. Uma viagem pode abrir a porta do Evangelho. O uso de uma
tecnologia ou de uma arte pode abrir a porta do Evangelho.
Lição 2 - Saulo
de Tarso, o Perseguidor
Nesta lição,
estudaremos sobre as características que constituíam a personalidade
persecutória de Saulo. O nosso objetivo geral com este estudo é conscientizar
os irmãos de nossas classes acerca do problema da perseguição religiosa que
milhares de cristãos espalhados pelo mundo sofrem. A perseguição aos cristãos é
um problema neste século e, infelizmente, por causa de pensamento ideológico ou
por puro preconceito, é solenemente ignorada pela ONU, pela imprensa
internacional e, principalmente, pelas organizações de Direitos Humanos
espalhadas pelo globo.
Resumo da lição
Para fazer essa
conscientização, estudaremos as características persecutórias de Saulo no
primeiro tópico. Ali, há traços na personalidade de Saulo que mostram como ele
perseguia os cristãos. Primeiro, blasfemava contra eles, insultando-os como
heréticos do judaísmo. Segundo lugar, ele os perseguia nas casas, nas praças,
intentando sempre a envergonhá-los. Terceiro, os oprimia com violência,
açoites, sem qualquer respeito ao ser humano que professava a fé cristã.
Um segundo
objetivo específico é mostrar no segundo tópico a perseguição à igreja de Atos
por meio de um caráter mais amplo e sistemático. Ora, a igreja não era
perseguida apenas por um indivíduo, mas também por uma religião (o judaísmo),
sob o auspício de um império (o romano). Nesse sentido, por trás de Saulo,
havia o mecanismo da religião oficial e do poder imperial.
E, finalmente,
o último objetivo específico é mostrar como esse sistema religioso e político
operava contra a igreja. Havia ali prisões deliberadas e corroboradas pelo
império romano. Havia açoites oficiais, confabulações entre a religião oficial
com o império romano. Toda a estrutura religiosa e estatal estava a disposição
para perseguir a igreja que nascia e crescia em Jerusalém.
Aplicação
Busque
informações especializadas acerca da realidade persecutória da igreja
contemporânea. O site da Missão Portas Abertas é um dos que tem credibilidade
em dados. É uma das maiores instituições de apoio à igreja perseguida no mundo.
Converse com
alunos a respeito de milhares de cristãos vivendo a mesma realidade concreta
dos crentes em Atos dos Apóstolos. Eles são perseguidos pela religião oficial
do país em que estão, bem como pelo poder político.
Lição 3 - A
Conversão de Saulo de Tarso
Na lição desta
semana, falaremos sobre a maravilhosa graça de DEUS na vida de Saulo, o
perseguidor, e, ao mesmo tempo, sua resposta em arrependimento e fé ao Senhor
JESUS. O nosso objetivo nesta lição é asseverar que o nosso Senhor nos salva
pela graça mediante a fé, mas, ao mesmo tempo, devemos responder a esse chamado
com arrependimento e fé. Assim ocorre a verdadeira conversão, o novo
nascimento.
Obs. Pr
Henrique - A graça é uma pessoa – JESUS CRISTO e sua obra salvífica.
Porque a graça
de DEUS se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, Tito 2:11
(ARC).
Porque pela
graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós (graça); é dom de DEUS.
Efésios 2:8 (ARC).
Mas, agora, em CRISTO
JESUS, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de CRISTO chegastes perto.
Efésios 2:13
Resumo da lição
com observações do Pr Henrique
O primeiro
tópico apresenta a conversão de Saulo como um ato da graça de DEUS. A morte e
testemunho de Estêvão certamente influenciou Saulo. Saulo viu o Senhor
ressurreto por meio de uma experiência sobrenatural.
O segundo
tópico relaciona a conversão de Saulo a doutrina bíblica da conversão,
mostrando que a obra de conversão no ser humano começa no ouvir o evangelho e
nele crer (Ef 1.13), perpassa uma vida de transformação. Após o ouvir e crer o
ESPÍRITO SANTO traz o Arrependimento que é a condição básica para a verdadeira
conversão. Só recebe o ESPÍRITO SANTO quem ouve o evangelho e crê.
em quem também
vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o ESPÍRITO SANTO da
promessa; Efésios 1:13
E, quando ele
vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo:
João 16:8
O terceiro
tópico elenca três faculdades interiores do ser humano que são afetadas com a
verdadeira conversão: intelecto, emoção e vontade. A verdadeira conversão faz
com que o ser humano todo seja regenerado, então, ele pode agora pensar,
desejar e fazer o que é do alto.
Aplicação
Este estudo nos
mostra que a verdadeira conversão traz uma nova maneira de pensar, sentir e
agir. Vivemos num tempo de profunda confusão existencial. Pessoas pensam uma
coisa, desejam outra e fazem outra coisa completamente diferente do que pensam
e desejam. A conversão bíblica harmoniza coração do crente. Agora é possível
pensar nas coisas do céu, desejá-las e executá-las (Fp 4.8; Cl 3.2-5). Assim,
somos celestialmente coerentes, pois pensamos, sentimos e agimos segundo o
ESPÍRITO SANTO que habita em nós.
Num contexto de
confusão espiritual, a presente lição destaca a importância de cada seguidor de
JESUS apresentar uma coerência existencial como resultado de uma verdadeira
conversão. Isso implica crente que não têm dúvidas a quem pertencem. Essa
convicção exige uma atitude destemida de viver o Evangelho de maneira clara,
coerente e profunda. Nós pertencemos ao Senhor, não há como voltar ao antigo
modo de vida. A única alternativa que a Palavra de DEUS nos dá é avançar,
seguir em frente. Jamais retroceder. Portanto, não retroceda. Avance!
Lição 4 -
Paulo, a Vocação para Ser Apóstolo
A lição desta
semana tem como tema a vocação. Nela, através da vida e do ministério do
apóstolo Paulo, perceberemos como DEUS vocaciona pessoas para a sua obra. Por
isso, estudaremos sobre o ponto de partida para a vocação de Paulo; a
efetivação da vocação do apóstolo Paulo por meio do seu encontro com o CRISTO
Ressurreto; e o aprendizado de Paulo no deserto para exercer a sua vocação.
Resumo da lição
O primeiro
tópico salienta que a presciência divina e a pessoa do ESPÍRITO SANTO são o
ponto de partida para a vocação do apóstolo Paulo. DEUS o chamou para uma
grande obra para viver na plenitude do ESPÍRITO. A vocação de Paulo tinha sido
gestada em DEUS e confirmada no ESPÍRITO SANTO como agente impulsionador do
apóstolo.
O segundo
tópico enfatiza a experiência gloriosa do apóstolo com o CRISTO Ressurreto que
fundamentou sua vocação apostólica. Paulo viu o esplendor glorioso do CRISTO
Ressurreto por meio de uma experiência sobrenatural que mudou completamente sua
vida e ministério. Essa experiência gloriosa mudou definitivamente a vida do
apóstolo.
O terceiro
tópico relaciona a vocação de Paulo com o aprendizado no deserto. Este
aperfeiçoou a vocação do apóstolo em que sua vida foi tremendamente trabalhada
por DEUS para fazer a obra divina. As lições do deserto confrontaram as
convicções de Paulo e o prepararam para a sua mais nova etapa de vida. O
apóstolo foi forjado pelo ESPÍRITO SANTO.
Aplicação
A presente
lição nos ensina que a vocação de DEUS traz experiências profundas. Muitas
vezes o ESPÍRITO SANTO usará circunstâncias em nossas vidas para nos ensinar a
respeito de coisas que servirão lá na frente para nos trazer esperança com base
na experiência. É preciso aprender com as lições do “deserto” da vida
ministerial. Os desafios são muitos. Os obstáculos são grandes. Todavia, o
aprendizado é muito maior para nos tornarmos maduros na fé. Por isso devemos
aproveitar as lições dos “desertos” que enfrentamos.
É tempo de
confiar inteiramente em DEUS e em sua soberania. Quando Ele nos chama, faz com
que a nossa vida seja conduzida sempre em direção ao nosso chamado. Muitas
vezes não nos damos conta disso. Entretanto, é DEUS trabalhando em nosso favor
e nos levando ao centro de sua vontade. Que sejamos sensíveis à voz do ESPÍRITO
SANTO. Ouçamos o Senhor!
Lição 5 -
“JESUS CRISTO, e Este Crucificado” – A Mensagem do Apóstolo
O objetivo
desta lição é ressaltar o centro da mensagem cristã: JESUS, e este crucificado.
O apóstolo descobriu essa verdade sobre o CRISTO Ressurreto e, como
consequência, fez de sua missão de vida pregar o Evangelho por meio do
Crucificado aos gentios. Nesse sentido, o Crucificado é o centro da mensagem
apostólica. Logo, a vida e o ministério de Paulo estimulam-nos a ter esse mesmo
propósito e firme compromisso com a mensagem da Cruz.
Resumo da lição
Para
desenvolver o propósito da lição, o primeiro tópico destaca a centralidade da
pregação de Paulo. Em Paulo, a pregação tem íntima relação com o CRISTO
Crucificado, por isso ela é considerada loucura da pregação entre judeus e
gentios. É uma mensagem humilde que faz com que o ser humano olhe para si mesmo
e peça misericórdia a DEUS pelas suas misérias.
O segundo
tópico elenca as expressões-chave na pregação de Paulo. Expressões como
“Evangelho de CRISTO”, “CRISTO Crucificado” e “CRISTO Ressurreto” são
trabalhadas de modo a resumir o conteúdo da mensagem do apóstolo dos gentios.
Podemos dizer que o Evangelho de CRISTO pode ser sintetizado no “CRISTO
Crucificado” e no “CRISTO Ressurreto”.
O terceiro
tópico pontua os efeitos da mensagem do Evangelho. Esses efeitos se revelam no
crente por meio de uma vida no poder de DEUS, na humildade e na dependência do
ESPÍRITO SANTO. Ora, a mensagem da cruz é uma mensagem de poder. A mensagem da
cruz nos constrange a viver de maneira humilde. E, finalmente, a mensagem da
cruz nos ensina a depender exclusivamente do ESPÍRITO.
Aplicação
A presente
lição nos ensina que não podemos deixar de pregar mensagem da cruz ao pecador.
É uma mensagem de poder. Somos instados pelo ESPÍRITO SANTO a proclamá-la com
autoridade. Ao mesmo tempo, somos chamados a viver de maneira humilde, pois a
mensagem da cruz nos constrange a uma atitude singela e abnegada.
É uma mensagem
que nos faz contritos diante de DEUS. E, finalmente, somos estimulados a viver
na dependência do ESPÍRITO SANTO de DEUS na obra da proclamação do Evangelho.
Sem o ESPÍRITO SANTO não podemos ser bem-sucedidos.
A mensagem da
cruz nos faz depender menos de nós mesmos e mais do ESPÍRITO SANTO. Essa
mensagem traz a verdadeira sabedoria para a vida. Amemos, portanto, a mensagem
da cruz e a proclamemos até a morte!
Lição 6 - Paulo
no Poder do ESPÍRITO
O ponto mais
importante desta lição é que o aluno, após estudá-la, esteja consciente a
respeito da necessidade de viver na plenitude do ESPÍRITO para fazer a obra de
DEUS. Nesse sentido, os demais tópicos colaborarão para que o aluno tenha essa
consciência. Não podemos deixar de reconhecer que é a dependência do ESPÍRITO
SANTO que garante a eficácia da evangelização e o crescimento saudável da
Igreja de CRISTO.
Resumo da lição
O primeiro
tópico da lição procura expor a verdade de que CRISTO deve ser pregado no poder
do ESPÍRITO. No ministério de Paulo, observamos o quanto o apóstolo era movido
pelo ESPÍRITO SANTO. Todo o seu caminho percorrido na exposição da Palavra de
DEUS tinha o ESPÍRITO SANTO como agente confirmador e sustentador. Pelo
ESPÍRITO, Paulo não tinha outra missão, senão, a de pregar CRISTO JESUS no
poder do alto.
O segundo
tópico tem como objetivo identificar o argumento de Paulo sobre a plenitude do
ESPÍRITO. O que o apóstolo quer dizer com essa expressão? Para isso, o texto
bíblico (At 18) mostra como Paulo agiu para que Apolo fosse doutrinado acerca
do ESPÍRITO SANTO. Apolo era um pregador habilidoso, mas não havia
experimentado ainda o poder do ESPÍRITO. Ou seja, além de nascer de novo, o
seguidor de JESUS pode e deve ter uma experiência sobrenatural por intermédio
do Batismo no ESPÍRITO SANTO com evidência das línguas estranhas.
Terceiro tópico
apresenta as fontes de Paulo para a experiência no ESPÍRITO SANTO. Em primeiro
lugar, sem dúvida, eram as Escrituras Sagradas. Embora a Terceira Pessoa da
Santíssima Trindade não aparecesse de maneira clara no Antigo Testamento, era
possível percebê-la e confirmá-la com a revelação em CRISTO JESUS que o
apóstolo acabara de tomar contato. Em segundo, a experiência do Pentecostes foi
algo marcante que chegou ao apóstolo, embora este não estivesse participado
daquele evento.
Aplicação
Assim, fica
claro que o Batismo no ESPÍRITO SANTO é uma capacitação indispensável para a
eficiência da obra de DEUS e o melhor exercício de uma vocação. É preciso que
os vocacionados se encham do ESPÍRITO SANTO para fazer a obra de DEUS com
poder. Um poder que vem do alto, que vem de DEUS. Deixe claro que não é vontade
divina viver uma vida espiritual sem experimentar uma dimensão mais profunda do
ESPÍRITO SANTO.
Lição 7 -
Paulo, o Plantador de Igrejas
A Igreja de
CRISTO tem a sua dimensão visível na igreja local. Para se estabelecer uma
igreja local é preciso que haja pessoas disponíveis, e que tiveram uma
experiência com CRISTO, para plantar igrejas. Nesse sentido, a lição desta
semana tem como propósito motivar a igreja local, especificamente pessoas
vocacionadas, a plantar novas igrejas. O Movimento Pentecostal cresceu porque
houve crentes dispostos que ouviram a voz do ESPÍRITO SANTO para abrir suas
casas como um ponto de pregação ou desbravar o interior do Brasil.
Resumo da lição
Para atingir a
esse propósito, o tópico primeiro mostra que o apóstolo Paulo foi um
desbravador do Evangelho sob uma gloriosa obrigação de pregar o Evangelho de
CRISTO. Não há dúvidas de que o apóstolo foi o grande desbravador do Evangelho
no mundo gentílico. Ele plantou igrejas em lugares que pessoas nunca haviam
tido contato com o nome de JESUS. Essa disposição era vista pelo apóstolo como
uma gloriosa obrigação a ser cumprida. E ele a cumpriu com alegria.
O tópico
segundo procura sinalizar Antioquia como um lugar estratégico para o
crescimento da Igreja Primitiva. Tratava-se de uma igreja missionária. Dela,
muitas outras igrejas foram geradas no Reino de DEUS. Isso lembra muito o
crescimento das igrejas pentecostais no Brasil. A partir de uma igreja numa
determinada localidade, Belém do Pará, milhares de igrejas foram gestadas no
país. Uma igreja referência cumpre uma função estratégica para plantar novas
igrejas. Ela desempenha esse papel formando, capacitando e enviando novos
obreiros.
O terceiro
tópico procura pontuar as características de um plantador de igreja. Uma dessas
primeiras características está na motivação do plantador. No ministério de
Paulo vemos que essa motivação se deu a partir de sua experiência gloriosa com
CRISTO. Essa experiência faz com que o plantador de igrejas tenha um senso de
urgência no mundo a respeito da evangelização. Além, claro, de esse plantador
ser experimentado nos obstáculos da caminhada e perseverar na plantação de
igrejas segundo as Escrituras.
Aplicação
Esta lição nos
ensina que é preciso ter experiência com CRISTO. Quem tem essa experiência
verdadeira tem tudo para buscar a vocação missionária. É preciso também ser
compromissado com a Palavra de DEUS, a Bíblia. Ela é o esteio de regra de fé e
prática da igreja local.
Lição 8 -
Paulo, o Discipulador de Vidas
Pregar e
ensinar são uma missão integral da Igreja de CRISTO. É necessário pregar o
Evangelho, mas também é preciso formar pessoas segundo o Evangelho de nosso
Senhor. Para isso existe o discipulado cristão. O ministério de Paulo nos
ensina que, ao plantar igrejas, o apóstolo procurava sempre as confirmar, ou
seja, averiguar conforme elas estavam progredindo na fé em CRISTO.
Resumo da lição
O objetivo
geral da lição é revelar a missão integral da igreja no discipulado: pregar e
ensinar. Para isso, o primeiro tópico relaciona o ministério do apóstolo Paulo
com o discipulado cristão. Nele, o discipulado aparece como ordem do Senhor
JESUS na Grande Comissão (Mt 28.19,20). Assim, o apóstolo observou essa
ordenança com fidelidade à medida que pregava o Evangelho e discipulava os
nascidos de novo. Seu método era simples: pregação, plantação de igrejas e
formação dos novos crentes.
O segundo
tópico salienta a integralidade da missão da Igreja: pregar e ensinar. Em
Paulo, vemos que a pregação é o ponto de partida. Já o discipulado é o processo
formativo a partir das minúcias do Evangelho. Assim, a Palavra de DEUS deixa
claro que a igreja local deve ser um local de pregação com autoridade do
Evangelho e, ao mesmo tempo, uma agência que ensina a Bíblia de maneira
sistemática e didática a todo crente. Pregar e ensinar: eis a nobre e integral
missão da Igreja de CRISTO.
O terceiro
tópico pondera a respeito do discipulado com pessoas de culturas diferentes. O
ministério de Paulo enfrentou o desafio de ensinar pessoas de diferentes
culturas. Por exemplo, a Carta aos Romanos mostra que o público-alvo era
constituído de judeus e gentios cristãos. Por isso, no capítulo 14 da carta, o
apóstolo trabalha a ideia da tolerância em que esses grupos devem praticar
entre eles. O desafio era cuidar da unidade no que era essencial. O processo do
discipulado nos traz desafios em que o choque de culturas aparecerá
inevitavelmente. Isso aconteceu em Romanos, aos coríntios, aos tessalonicenses.
O discipulado cristão traz desafios culturais.
Aplicação
É necessário
capacitar pessoas para exercer com zelo e piedade o discipulado cristão.
Enfrentemos o desafio de chamar os pecadores e, posteriormente, formá-los
segundo o Evangelho que apresentamos. Estejamos prontos para o desafio de
comunicar o Evangelho aos outros.
Lição 9 - Paulo
e sua Dedicação aos Vocacionados
Além de pregar,
plantar igrejas, formar discípulos, o apóstolo dos gentios se dedicava ao
máximo aos novos obreiros. É tocante como ele trata obreiros novos, como
Timóteo e Tito, em suas cartas pastorais. O ESPÍRITO SANTO inspirou o apóstolo
a registrar em cartas tal preocupação para que essa também fosse a preocupação
das lideranças contemporâneas. Formar novas lideranças e cuidá-las são
responsabilidades das lideranças mais antigas. A vida e o ministério de Paulo
nos mostram que esse zelo é um aspecto importante de uma liderança sábia.
Resumo da lição
Neste
propósito, o primeiro tópico aponta a cidade de Éfeso como ponto de partida dos
vocacionados. A história da Igreja mostra que dali grandes obreiros se
desenvolveram na seara do mestre. A despedida carinhosa de Paulo com os anciões
de Éfeso mostra o quanto esse cuidado paulino era reconhecido entre os efésios.
Não por acaso, a igreja de Éfeso ficou conhecida como a igreja que se destacava
no zelo doutrinário. Ou seja, seus obreiros eram muito bem formados.
Com o objetivo
de assinalar o legado doutrinário de Paulo para os novos líderes, o segundo
tópico destaca advertência de Paulo a respeito dos judaizantes e dos gnósticos
em relação à saúde espiritual da igreja. O apóstolo expôs ao longo de seu
ministério o quanto era incompatível com a mensagem pura do Evangelho os
ensinos dos judaizantes e dos gnósticos. O legado de Paulo nos mostra que
salvação é mediante a graça de DEUS (advertência contra os judaizantes), mas
que essa graça não pode ser banalizada nem profanada (advertência contra os
gnósticos).
O terceiro
tópico apela aos líderes a respeito do desprendimento material do obreiro para
fazer a obra de DEUS, sobre o cuidado pessoal do obreiro e quanto às ameaças
dos “lobos cruéis”. A vida e o ministério do apóstolo dos gentios ensinam esse
modo virtuoso de agir na obra de DEUS. É preciso aprender a estar satisfeito
com o que DEUS nos dá; precisamos nos apresentar a DEUS aprovados; é nosso
dever agir com prudência em relação aos falsos obreiros.
Aplicação
Há muitos entre
nós que se sentem vocacionados por DEUS para uma obra. O ministério de Paulo
nos ensina que a igreja local, por meio de seus líderes mais maduros, deve
cuidar dessas novas vocações com zelo e cuidado. Não se pode deixar essa chama
se apagar.
Lição 10 -
Paulo e seu Amor pela Igreja
Algo que se
destaca com clareza no ministério de Paulo é o seu amor pela Igreja de CRISTO.
Podemos dizer que todo o seu ministério foi desenvolvido sob o prisma do amor
pela Noiva de CRISTO. Por isso, na lição desta semana, nosso objetivo principal
é compreender e estimular os alunos a amar a Igreja de CRISTO. A relevância
desta se lição está no contexto atual em que se tornou muito comum, e de
maneira mórbida, criticar a igreja. Assim, nosso objetivo é olhar de maneira
positiva sobre a importância da igreja local.
Resumo da lição
Para atingir
esse objetivo, o primeiro tópico é um estímulo a amar a igreja local. Ele
destaca o amor de Paulo pela Igreja. Nesse tópico, o apóstolo compara o seu
amor pela Igreja como o de um pai para com o seu filho. Suas admoestações,
exortações e conselhos tinham como base fundamental o amor. Um amor motivado
pela causa do Evangelho. Um amor que norteava toda a vida do apóstolo. Esse
amor era visível na igreja em Tessalônica e, da mesma forma que esse amor era
visível na igreja do primeiro século, pode ser visível na igreja contemporânea.
O segundo
tópico relaciona o amor com a fé na Igreja. Na igreja em Tessalônica a fé se
relacionava com o amor, ou seja, a fé em CRISTO estimulava a vivência no amor.
Uma das coisas mais extraordinária na vida cristã é quando o fervor espiritual
estimula o amor fraternal, isto é, o desenvolvimento do fruto do ESPÍRITO que
só pode ser amadurecido no relacionamento com o próximo. Nesse sentido, em
Efésios, o apóstolo Paulo nos diz: “Enchei-vos do ESPÍRITO” (Ef 5.18). Assim, o
resultado desse enchimento é visível na dimensão prática do amor na relação do
crente com o cônjuge, com os filhos, com o patrão e com os funcionários (Ef
5.22 – 6.9).
O terceiro
tópico elenca três virtudes visíveis na igreja em Tessalônica: fé, amor e
esperança. A virtude da fé nos fala de nossa devoção ao Senhor, de nossa fé
conforme a sã doutrina entregue pelos antigos. A virtude do amor diz respeito
ao sentimento muito profundo que se manifesta na prática concreta ao próximo:
carinho, atenção, suprir necessidade, cuidado, zelo. E, finalmente, a terceira
virtude é a esperança. Esta é uma “irmã gêmea” da fé. Quem espera, persevera e,
como consequência, tem esperança.
Aplicação
Nesta lição,
somos chamados a amar a Igreja e, ao mesmo tempo, cultivar a fé e a esperança
na igreja local.
Lição 11 - O
Zelo do Apóstolo Paulo pela Sã Doutrina
O objetivo
geral desta semana é asseverar o zelo da Igreja pela Sã Doutrina. Recebemos uma
herança doutrinária dos apóstolos. Estes receberam-na do próprio Senhor JESUS.
Por isso, o nosso desafio é perseverar nesse santo ensinamento e praticá-lo com
todo zelo. Não podemos renunciar ao verdadeiro Evangelho. Num contexto em que
há muitas falsificações, urge estar alertas quanto à pureza da preciosa
doutrina.
Resumo da lição
Para
desenvolver esse assunto, o primeiro tópico conceitua e relaciona os termos
Ortodoxia e Heterodoxia. No sentido de mostrar o que queremos dizer com “zelo
doutrinário”, é importante conhecer o que é ortodoxo e heterodoxo. Assim,
ortodoxo é todo ensinamento que está de acordo com o que JESUS CRISTO ensinou e
os apóstolos transmitiram aos novos seguidores de CRISTO. E heterodoxo é todo
ensino que escapa a ordem e o contexto do que JESUS e seus apóstolos ensinaram.
O segundo
tópico adverte para o perigo da corrupção doutrinária. Ou seja, qualquer ensino
que escapa ao que JESUS e os apóstolos ensinaram. Na época apostólica,
ensinamentos espúrios ameaçavam as igrejas locais. Filosofias pagãs eram
disseminadas com vestimentas de ensinamento cristão. O apóstolo Paulo advertiu
sobre isso em suas cartas, mostrando que a igreja local deve ter cautela e
prudência, rejeitando sempre qualquer ensinamento que manche a pureza do santo
Evangelho.
Finalmente, o
terceiro tópico apresenta a Igreja como a guardiã da Sã Doutrina por
excelência. Assim, o Senhor levantou ministros, pessoas chamadas para zelar
pela Palavra de DEUS, bem como sua inerrância e suficiência, a fim de que o
povo de DEUS seja edificado de maneira saudável. Logo, a Igreja de CRISTO deve
exercer o seu papel de “coluna e firmeza da verdade”.
Aplicação
A lição nos
ensina que há uma doutrina verdadeira, legada pelo Senhor JESUS CRISTO e seus
apóstolos. É a nossa herança de fé. É um legado que não podemos abrir mão. É
preciso mergulhar nesse legado.
A lição também
adverte que há um perigo real de corrupção doutrinária. Muitos, infelizmente,
dividiram igrejas por causa de modismos e vãos ensinamentos. É preciso não
ignorar o perigo de um falso ensinamento. Finalmente, como Igreja de CRISTO,
que é “coluna e firmeza da verdade”, devemos perseverar na Sã Doutrina. Aquela
doutrina legada pelo Senhor e seus apóstolos.
Lição 12 - A
Coragem do Apóstolo Paulo diante da Morte
Ter coragem
diante da morte. A Bíblia também nos ensina a respeito de como o crente deve
lidar com a morte. Por isso, a lição desta semana é uma oportunidade de
conscientizar a classe sobre ter coragem diante da morte a partir da vida no
ESPÍRITO e da esperança cristã. Quando a nossa consciência tem uma imagem
vívida da bendita esperança, somos motivados a perseverar diante do sofrimento,
conforme as palavras do salmista: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da
morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado
me consolam” (Sl 23.4).
Resumo da lição
Para
conscientizar a classe acerca desse importante ensinamento, o primeiro tópico
mostra a consciência de Paulo quanto a padecer por CRISTO. A narrativa bíblica
de Atos 21 apresenta a reação do apóstolo diante de uma profecia que afirmava
que ele seria entregue nas mãos dos gentios (At 21.11). A resposta de Paulo
revela a sua consciência profunda a respeito da esperança cristã: “[...] Estou
pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor
JESUS” (At 21.13). O ESPÍRITO SANTO enchia o apóstolo da esperança em CRISTO
para que ele fizesse o caminho voluntário do martírio.
O tópico
segundo aponta essa coragem apostólica para enfrentar as ameaças de morte. Ele
revela que o ESPÍRITO SANTO era a fonte de sua coragem para morrer pela causa
do Evangelho. Como estudamos em lições anteriores, o ESPÍRITO SANTO
impulsionava o ministério apostólico de Paulo. Ele enchia o apóstolo e
falava-lhe ao coração para fazer a vontade divina, mesmo que isso significasse
correr riscos fatais pela causa do Evangelho.
O terceiro
tópico destaca as acusações e prisões de Paulo no Templo. Essas acusações
mentirosas implicaram a prisão do apóstolo. Entretanto, mesmo preso, o apóstolo
foi muito produtivo na causa do Evangelho. Muitas de suas cartas foram escritas
na prisão. O ministério de Paulo mostra-nos uma das verdades mais consoladora e
encorajadora da fé cristã: quem vive na liberdade do ESPÍRITO, ainda que esteja
fisicamente preso, continua experimentando a verdadeira liberdade em CRISTO.
Aplicação
O ESPÍRITO
SANTO por meio da bendita esperança cristã nos encoraja e nos enche de
confiança quanto ao padecimento por amor à causa de CRISTO. O ESPÍRITO faz isso
por nós e em nós. Vivamos no ESPÍRITO! Tenhamos esperança!
Lição 13 - A
Gloriosa Esperança do Apóstolo
Chegamos ao
final de mais um trimestre. Esta última lição coroa o estudo sobre a vida e o
ministério do apóstolo Paulo. A Palavra de DEUS mostra que o apóstolo cultivava
a esperança cristã em sua vida e que ela cumpriu um papel importante diante de
circunstâncias das mais difíceis na vida do apóstolo. Nesse sentido, com base
na esperança apostólica, esta última lição tem como objetivo enfatizar a
gloriosa esperança dos cristãos.
Resumo da lição
O primeiro
tópico ressalta a consciência de Paulo diante de morte. Uma das coisas mais
importantes na caminhada cristã é estar consciente diante do enfrentamento que
se trava. O apóstolo estava preso e estava consciente de que a sua saída da
cela era para a morte. Mas o que enchia o apóstolo de esperança era a herança
espiritual que lhe esperava. O apóstolo já estava completamente desapegado da
Terra, seu alvo era apenas ser participante da glória celestial que breve
estaria diante dele.
O segundo
tópico apresenta a doutrina bíblica de Paulo sobre a volta do Senhor. O tópico
mostra que a volta de CRISTO se dará em duas fases: a primeira, visível somente
aos santos do Senhor; a segunda, visível a todos os homens. A primeira fase é o
Arrebatamento da Igreja e a segunda é vinda gloriosa e triunfal do Senhor JESUS
com sua Noiva.
O terceiro
tópico expõe sobre os tempos e estações até a volta do Senhor. Esse tópico
ressalta que não cabe a nós adivinhar os tempos e as estações de que todas
essas coisas acontecerão. O precisamos cultivar é uma vida no ESPÍRITO, com
vigilância, aguardando que o Senhor venha a qualquer momento.
Aplicação
Com Paulo
aprendemos que a esperança cristã lida com a morte de uma maneira concreta. A
morte existe e não podemos evitá-la. Entretanto, é possível enfrentá-la de
maneira gloriosa e sublime, pois a morte não é o fim, mas o início de uma nova
etapa da vida cristã. Devemos nos preparar para essa etapa da vida cristã: o
Arrebatamento da Igreja. Essa preparação envolve vigilância espiritual,
santidade na vida e cultivo da verdadeira esperança. Nossos olhos devem estar
voltados para esse grande acontecimento.
O nosso
objetivo, portanto, não é adivinhar o dia e a hora da vinda do Senhor, mas
viver a vida cristã na dimensão do ESPÍRITO SANTO e na dimensão do porvir.
Nosso Senhor breve virá!
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 2, Saulo
de Tarso, o Perseguidor - Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para
adultos - Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos
gentios para a igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/escrita-licao-2-saulo-de-tarso-o.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/slides-licao-2-saulo-de-tarso-o.html
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slides-lio-2-saulo-de-tarso-o-perseguidor-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
Vídeo desta
Lição https://www.youtube.com/watch?v=SJ3_EPof0ek
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - Atos 8.1-3; 22.4,5; 26.9-11
Atos 8
1 - E também
Saulo consentiu na morte dele [Estevão]. E fez-se, naquele dia, uma grande
perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos
pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos. 2 - E uns varões
piedosos foram enterrar Estevão e fizeram sobre ele grande pranto. 3 - E Saulo
assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os
encerrava na prisão.
Atos 22
4 - Persegui
este Caminho até a morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como
mulheres, 5 - como também o sumo sacerdote me é testemunha, e todo o conselho
dos anciãos; e, recebendo destes cartas para os irmãos, fui a Damasco, para
trazer manietados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que
fossem castigados.
Atos 26
9 - Bem tinha
eu imaginado que contra o nome de JESUS, o Nazareno, devia eu praticar muitos
atos, 10 - o que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido poder dos
principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os
matavam, eu dava o meu voto contra eles. 11 - E, castigando-os muitas vezes por
todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente
contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.
Resumo da Lição
2, Saulo de Tarso, o Perseguidor
I – SAULO DE
TARSO, O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL
1. Saulo se
descreve como “blasfemo”, “perseguidor” e “opressor” (1 Tm 1.13).
2. As ameaças
de Saulo de Tarso.
3. Por que
Saulo perseguia os cristãos?
II – A
PERSEGUIÇÃO CONTRA A IGREJA DE CRISTO
1. Contra os
seguidores de JESUS.
2. Saulo de
Tarso e Estevão.
3. Uma
intolerância religiosa e política contra a igreja atual.
III – QUANDO UM
SISTEMA SE VOLTA CONTRA A IGREJA
1. Como era a
perseguição contra os primeiros discípulos?
2. Perseguição,
tortura e método.
3. Perseguição
aos pentecostais.
INTRODUÇÃO
VEREMOS NESTA
LIÇÃO SAULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL, que se descreve a si mesmo como
“blasfemo”, “perseguidor” e “opressor” (1 Tm 1.13), faz ameaças aos cristãos e
os persegue por zelo religioso.
A PERSEGUIÇÃO
CONTRA A IGREJA DE CRISTO é contra os seguidores de JESUS e o próprio JESUS.
Saulo de Tarso assiste e apoia o julgamento e o apedrejamento de Estevão (Atos
7) que se defende e pede a JESUS que não os julgue e condene e ainda tem uma
visão celestial quando morre. Hoje, ainda vemos uma intolerância religiosa e
política contra a igreja.
Paulo via a si
mesmo como perseguidor (1Co 15.9; Gl 1.13; Atos 22.4; Atos 26.9-11).
CRISTO o viu como perseguidor (Atos 26.14). O povo de Damasco o viu como
perseguidor (Atos 9.13,14; 21). Os discípulos de Jerusalém o viram como
perseguidor (Atos 9.26).
QUANDO UM
SISTEMA SE VOLTA CONTRA A IGREJA
A perseguição
contra os primeiros discípulos foi ferrenha e orquestrada por Saulo. A
perseguição, tortura e método eram meticulosamente estudadas e colocadas em
prática como atualmente.
A Bíblia faz
descrições dos variados métodos usados por Paulo para perseguir os discípulos
de CRISTO. Vamos analisar esses métodos.
Em primeiro
lugar, Paulo perseguia os cristãos usando o recurso da lei (Atos 26.10). Em
segundo lugar, Paulo perseguia os cristãos em seus redutos religiosos (Atos
9.1,2; 26.11).
Em terceiro
lugar, Paulo empregava a tortura psicológica (Atos 26.10, 11; 1Tm 1.13. Em
quarto lugar, Paulo empregava a tortura física (1Co 15.9; Gl 1.13; Atos
9.2,4,21; 22.5; 26.9; 1Tm 1.13). Em quinto lugar Ele manietava os crentes (Atos
9.21; 22.5). Em sexto lugar Ele encerrava os crentes em prisões (Atos 9.2;
22.4; 19). Em sétimo lugar Ele açoitava os crentes (Atos 22.5; 19; 26.11). Em
oitavo Ele matava os crentes (Atos 22.20; 26.10).
A perseguição
aos pentecostais continua por parte não só de "igrejas" como dos
sistemas religiosos e políticos, principalmente, islamismo e comunismo
(incluindo aqui o socialismo, que é a iniciação ao comunismo).
Paulo era judeu
por Nascimento, era grego porque Tarso era cidade que antes pertencia ao
império grego e cidadão romano, pois o império Romano assim decretou todos que
ali nasceram, pois muitos tribunos, generais romanos e políticos romanos ali
fizeram morada.
O nome Saulo é
proveniente da transliteração grega do nome hebraico Shaul, que é Saulos.
Em Latim é
Paullus e em português Paulo.
Seu nome não
foi mudado por DEUS.
παυλος - Saulus
- Paulos - Paullus
Paulo =
“pequeno ou menor”
Paulo era o
mais famoso dos apóstolos e escreveu boa parte do NT, as 14 epístolas paulinas
(incluindo Hebreus)
Paulo era
Fariseu - Dicionário Bíblico Wycliffe
Acredita-se que
o termo fariseu deriva do verbo hebraico parask, isto é, “dividir ou separar”.
Portanto, os fariseus eram “o povo separado”. Porém, tanto a origem desse grupo
judeu como do nome que recebeu ainda são incertos. A “separação” da qual o nome
está falando poderia referir-se a uma separação geral das impurezas ou do
mundo, ou poderia estar ligada a alguma situação histórica em particular. Por
exemplo, os fariseus poderiam ter surgido como a expressão de uma rígida
abstenção dos costumes pagãos na época de Esdras e de Neemias (ç.u.), ou da
recusa de adotar costumes gregos mesmo sob a ameaça de morte na época de
Antíoco Epifânio (q.v.), ou da ruptura que aconteceu em 165 a.C, após a
reconquista do Templo, entre os macabeus (q.v) e os “piedosos” ou Chasidim, que
estavam dispostos a lutar pela liberdade religiosa, mas não pela independência
política. Todas essas possibilidades foram levantadas como teorias, e todas
podem ser consideradas como a personificação de alguns aspectos do espírito
farisaico; mas as evidências não são conclusivas para nenhuma delas.
A primeira
referência aos fariseus, como um grupo existente em Israel, foi feita durante o
reinado de João Hircano (135-104 a.C.). De acordo com Josefo, nessa época eles
exerciam grande influência junto às massas. Hircano foi um de seus discípulos,
mas por causa de desentendimentos ele separou-se e juntou-se aos saduceus (Ant.
xiii.10. 5. f.). Em uma observação repleta de presságios, Josefo acrescenta:
“Por causa disso, naturalmente, cresceu o ódio das massas por ele e seus
filhos” (ibid). Consta, também, que Hircano deixou de observar certos
“regulamentos” que os fariseus haviam estabelecido para o povo. Josefo explica
que “os fariseus haviam transmitido ao povo certos regulamentos (nomima)
herdados das gerações anteriores, mas que não haviam sido registrados na lei de
Moisés (ttonwi) ׳, por essa razão eles
foram rejeitados pelo grupo saduceu” (10. xiii.6).
Esse relato
serve para realçar o principal fator que existe em qualquer definição do
farisaísmo - o conceito da tradição, de uma contínua expansão da lei oral. Ele
também indica que, na época de Hircano, o farisaísmo já era um florescente
movimento com grande influência sobre a população. Além disso, a referência à
transmissão de regulamentos que haviam sido herdados das gerações anteriores
sugere alguma continuidade com o passado. Portanto, aqueles que têm procurado
acompanhai os fariseus desde os Chasidim, que lutaram ao lado de Judas Macabeu,
até a nova dedicação do Templo (1 Mac 2.42ss.; 7.13ss.; 2 Mac 14.6) podem ter
chegado muito próximo da verdade. Embora algumas de suas características tenham
raízes que se estendem até tempos remotos, o farÍ8aísmo que conhecemos a partir
de fontes disponíveis parece ter se originado como uma resposta judaica ao
desafio da cultura grega no início do segundo século a.C.
Em uma época
bastante posterior, quando o farisaísmo já havia se tornado a expressão
normativa do judaísmo, os hiatos históricos foram preenchidos de forma a fazer
crer que a lei oral havia sido estabelecida pelo próprio Moisés, via Josué, os
anciãos, os profetas, os homens da Grande Sinagoga fundada por Esdras, e também
por homens como Simeão, o Justo, e Antígono de Socho (séculos IV e III a.C.)
até os “pares” (zugoth) de mestres investidos de autoridade (por exemplo,
Semaías e Abtalion, Hilel e Shammai) e o rabinos que vieram depois deles (veja
o tratado de Mishna, conhecido como PirkeAboth, capítulo 1), Vale a pena notar
que a origem dos “pares” coincide aproximadamente com o momento em que os
fariseus começaram a constar em nossas fontes. É muito provável que a era dos
macabeus tenha marcado o seu verdadeiro aparecimento, embora eles afirmassem
que seus ancestrais espirituais haviam sido homens como Esdras, que haviam
confirmado e explicado a Torá. Eles podem até ter possuído algumas tradições
orais que remontavam até o início da época posterior ao Exílio.
Depois da
ruptura com a casa real hasmoneana, representada por João Hircano, o destino
político dos fariseus sofreu algumas flutuações. Eles tornaram-se os líderes de
uma contínua oposição popular ao seu sucessor, Alexandre Janeu (10376־ a.C.), de forma que em seu leito de
morte, impressionado pela influência que exerciam sobre as massas, Alexandre
insistiu com sua esposa Salomé Alexandra (76-67 a.C.) que trabalhasse mais
próxima deles (Josefo, Ant. xiii. 15.5.). Os tradicionais regulamentos herdados
“dos pais” foram restabelecidos, e os fariseus tornaram-se o poder por detrás
do trono, livres para vingar as injustiças que acreditavam ter sido feitas
contra eles por Alexandre (ibid., xiii. 16.1; cf. Wars i.5. 2. f.). Na luta
pelo poder que se seguiu à morte de Alexandra, parece que os fariseus se
tornaram um terceiro partido que não apoiava nenhum de seus dois filhos; eles
requisitaram aos romanos que abolissem o reinado judaico (que os sacerdotes
haviam usurpado depois da revolta dos macabeus) e o retomo ao antigo tipo de
regulamento sacerdotal (Ant. xiv. 3.2). Essa expectativa não se realizou, mas
os romanos realmente puseram um ponto final a essa disputa entre facções quando
Pompeu capturou o Templo, invadiu o santuário, exilou um dos filhos de
Alexandra e indicou o outro (Hircano II) como sumo sacerdote e representante do
rei. A independência política, conquistada de maneira tão nobre no século
anterior, foi novamente perdida quando o povo judeu passou a sofrer o domínio
romano em 63 a.C.
Os Salmos de
Salomão representam a expressão mais refinada da piedade farisaica pré-cristã.
A data da sua autoria corresponde ao período tumultuado que se seguiu à
conquista de Pompeu, pois articulavam a ira piedosa dos fariseus contra os
“pecadores^ de Israel, cujos atos haviam provocado o terrível castigo de DEUS
(isto é, os últimos governantes da casta sacerdotal dos hasmoneus e os saduceus
que os apoiaram), e contra os gentios que haviam invadido os limites impostos
por DEUS sobre eles ao castigar o seu próprio povo (Salmos de Salomão 2.16-29).
O desconhecido autor desses Salmos delineou claramente a situação (“Nações
estrangeiras ascenderam ao teu altar, eles orgulhosamente pisotearam sobre ele
com suas sandálias”, 2.2), e se mostrou jubiloso com a subsequente morte
violenta de Pompeu em 48 a.C. (“DEUS me mostrou o insolente assassinado nas
montanhas do Egito”, 2.30). Os fariseus encontravam nestes versos a ilustração
de um de seus temas clássicos, o conceito da retribuição; DEUS vingando os
*justos” (isto é, os próprios fariseus) e punindo os “pecadores”. A doutrina de
uma futura ressurreição, tão uniformemente atribuída aos fariseus (cf. At
23.6ss.; Josefo, Ant. XVIII. 1.3ss. Wars ii.8.
14), é
simplesmente o produto da consistente aplicação de seu princípio da retribuição
(cf. Salmos de Salomão 3.16).
A esperança
messiânica dos fariseus foi estabelecida de uma forma bela na última parte do
Salmo de Salomão 17. O Senhor “levantará entre eles o seu rei, o filho de Davi”
(17.23) que “destruirá as nações Ímpias com a palavra de sua boca” (v. 27).
Sobre Davi
diziam: “Será um rei justo sobre eles, ensinado por DEUS, e não haverá
injustiças nesses dias em seu meio, pois todos serão santos e seu rei será o
ungido do Senhor” (w. 35ss.). Embora o rei e o reino que os fariseus estavam
buscando fossem terrenos, eles também eram espirituais e não seriam alcançados
“pela confiança no cavalo, no cavaleiro e no arco” (v. 37).
Depois da
conquista de Pompeu, os fariseus, em sua maior parte, tomaram-se politicamente
conformados. Embora houvesse alguns zelotes destacando-se entre eles, os
fariseus formavam um grupo que procurava evitar conflitos com Roma, e somente
depois de muita relutância foram finalmente arrastados para a malograda revolta
do ano 70 d.C. Depois da destruição de Jerusalém, foram os fariseus que se
incumbiram de recolher os fragmentos da fé e da vida judaica e reconstruir o
judaísmo que conhecemos por meio dos escritos dos rabinos. A situação era
análoga àquela que havia prevalecido após o exílio na Babilônia; não havia uma
nação judaica e a unidade do povo expressava-se através da lei, da sinagoga e
das boas obras. A esperança escatológica não estava ligada à atividade
revolucionária, mas à intervenção divina, e isso em seu momento oportuno. Dessa
forma, desde o ano 70 d.C. o judaísmo tomou-se o rebento daquilo que
previamente havia sido apenas um grupo entre vários outros — os fariseus.
Se os Salmos de
Salomão mostram o farisaísmo sob o seu melhor aspecto, o NT mostra o que de
pior havia nele. Na época de JESUS, parece que os fariseus formavam um grupo de
laicos (isto é, homens que não eram sacerdotes), em que alguns de seus membros
haviam sido especialmente treinados no estudo das Escrituras. Havia os
escribas, e foi contra estes e contra os fariseus que o Senhor JESUS dirigiu
algumas de suas mais severas denúncias. O Senhor não contestava categoricamente
aquilo que aqueles homens ensinavam na sinagoga: “Na cadeira de Moisés, estão
assentados os escribas e fariseus” (Mt 23.2ss.); seus ensinos deveriam ser
seguidos. Mas eles eram hipócritas porque não viviam de acordo com seus
elevados padrões de justiça. Colocavam sobre o povo um jugo que eles próprios
não estavam dispostos a suportar (Mt 23.4) e faziam uso da casuística para
fugir ao espírito da lei, enquanto exigiam que ela fosse cumprida à risca (Mt
23.16-22; cf. Mc 7.9-13). Os fariseus gloriavam-se em sua justiça própria e só
faziam boas obras para serem vistos pelos homens (cf. Mt 23.5-12; 6.1-6,16-18;
Lc 18.9-14). João Batista havia chamado os fariseus de “raça de víboras” que se
apoiavam de forma complacente sobre a filiação deles à Abraão (Mt 3.7ss.). O
Senhor JESUS confirmou esse veredicto (Mt 23.33) acrescentando que eram como
“sepulcros caiados” (23.27) e filhos, não dos “profetas e dos justos”, para
quem haviam construído túmulos bem elaborados, mas daqueles que haviam
assassinado esses mesmos profetas e homens justos, desde Abel até Zacarias
(23.29-36). Eram “condutores cegos” de outros cegos, que procuravam encontrar
muitos prosélitos, mas na realidade deixavam os homens fora do Reino dos céus
(Mt 15.14; 23.13-15).
Esse pensamento
do NT é bem conhecido, mas não devemos nos esquecer de que naquela ocasião os
fariseus eram vistos sob uma luz um pouco mais favorável (por exemplo, Lc
7.36ss.; 13.3 lss.). Foram atribuídas a Gamaliel (.q.v.) algumas das boas
qualidades que Josefo encontrou nos fariseus - moderação, renúncia a castigos
severos, consciência da soberania divina e da responsabilidade humana (At
5.33-39; cf. Josefo, Ant. xiii. 5.9; 10.6; Wars ii.8.14). Paulo tinha sido um
fariseu antes de sua conversão e aparentemente considerava esse grupo como a
mais elevada expressão da “justiça que há na lei” (Fp 3.4-6; cf. Gl 1.14).
Também não devemos nos esquecer de que mesmo sendo denunciados por JESUS,
os fariseus eram capazes de pesquisar e de fazer uma rigorosa autocrítica. O
Talmude descreve, de forma jocosa, sete classes de fariseus. Entre eles
existiam os “fariseus de ombro” que levavam as suas boas obras em seus ombros,
para que pudessem ser vistos pelos homens; os “fariseus pilão”, cuja cabeça era
curvada como o pilão em um almofariz como um sinal de falsa humildade. Porém,
existiam aqueles que verdadeiramente amavam a DEUS, e que eram como Abraão
(veja, por exemplo, Ber. 9,14b; Sot. 5,20c; Sot. 22b, explicados de forma muito
conveniente na obra de C. G. Montefiore e H. Loewe A Rabbinic Anthology, p.
1385).
Uma definição
do farisaísmo poderia começar insistindo que ele era legal, mas não literal.
Era uma religião que “construiu uma cerca em volta da lei” (Pirke Aboth 1.1),
selecionando os regulamentos legais do AT, muitos dos quais eram dirigidos aos
sacerdotes levitas e tornando-os relevantes e aplicáveis a cada judeu. Isso foi
feito através de seu sistema de interpretação oral da tradição. Eles levaram a
lei ao alcance de cada homem, de forma que em um sentido diferente de Martinho
Lutero, o farisaísmo representou o *sacerdócio do crente”. Para o fariseu
sincero, a lei não representava uma “letra morta”, como havia sido explicada e
interpretada pelos escribas, mas a sua própria vida.
Então, por que
o Senhor JESUS denunciou o farisaísmo? Em parte por causa da hipocrisia de
alguns de seus representantes, que “diziam, mas não praticavam” (Mt 23.3), e em
parte porque o farisaísmo, em sua honesta tentativa de adaptar a eterna lei de
DEUS às mutáveis condições humanas, havia comprometido a justa e absoluta
exigência divina (Mt 15.3). Ao aplicarem a si mesmos e a seus seguidores certos
deveres exteriores, eles haviam realmente dado uma forma mais fácil à justiça,
um objetivo que seria alcançável através de uma certa obediência, para que
quando esses atos fossem realizados os fariseus pudessem pensar que haviam
feito tudo o que deles era exigido. Contra essa atitude, JESUS disse que mesmo
quando tais exigências tivessem sido cumpridas, o servo de DEUS ainda não
poderia permanecer seguro. A exigência ética ainda estava presente; ele ainda
seria um “servo inútil” (Lc 17.10). Portanto, JESUS disse aos seus discípulos:
“Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis
no Reino dos céus” (Mt 5.20). J. R. M. - Dicionário Bíblico Wycliffe
PAULO - Visão
Geral - Dicionário Bíblico Wycliffe
Os estudos
modernos sobre Paulo mais uma vez enfatizam a presença da sua “judaicidade”.
Esta impressão fica clara em várias nuances do seu ambiente cultural. Alguns escritores - como W. D. Davies, Paul
and Rabbinic Judaism (1948); J, Munck, Paul and the Salvatíon of Mankind
(1959); H. J. Schoeps, Paul. The Theology of the Apostle in the Light of Jewish
Religious History (1961); e R. N. Longeneeker, Paul. Apostle of Liberty (1964) - contribuíram para os trabalhos
eruditos, e acabaram por estabelecer esta tese para o presente. (A situação até
1960 foi brevemente pesquisada em E. E. Ellis, Paul and His Recent
Interpreters).
O próprio
testemunho de Paulo, certamente, aponta para esta direção. Um israelita
circuncidado da tribo de Benjamin, que falava a língua aramaica em sua casa,
herdeiro da tradição do farisaísmo, estrito observador das exigências da Torá,
e mais avançado no judaísmo do que seus contemporâneos, era o primeiro e o mais
proeminente entre OS judeus (Fp 3.5,6; Gl 1.14). Estas qualidades estavam tão
enraizadas na sua alma, que até mesmo quase no final de sua vida, ele falaria
com um honesto apreço daquela herança. Mais de 20 anos depois de sua conversão
cristã, ele dizia: “Eu sou fariseu, filho de fariseu! No tocante à esperança e
ressurreição dos mortos sou julgado!” (At 23.6). Mesmo depois desta afirmação,
ele declarou: “Sirvo ao DEUS de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na
Lei e nos Profetas” (At 24.14).
Contudo, ele
era um judeu da Dispersão, nascido em Tarso da Cilícia, um lugar que não era
insignificante (At 21.39), Quando criança viveu no meio da cultura grega, um
lugar de educação e comércio. “Era a cidade cujas instituições reuniam melhor e
mais completamente, o caráter oriental e ocidental” (Ramsay, Cities, p. 88).
Tal ambiente
provavelmente acarretou alguns problemas para um judeu. Primeiro, ele seria
membro de uma minoria, e até certo ponto, um grupo desprezado. Sua lealdade
obstinada às idéias da sua religião incitaria o povo de Tarso aos insultps (cf.
Schonfield, The Jew of Tarsus, p. 33). E fácil admitir que a defesa altamente
desenvolvida de Paulo, tão evidente nas epistolas, teve suas raízes nestes
dias. Segundo um judeu seria confrontado com o problema do relacionamento
social com os gentios. Entre os judeus, principalmente os fariseus eram
sensíveis, embora não necessariamente hostis a tais contatos. Toda esta área de
sua vida tão enfatizada nas cartas, deve ter sido, eventual mente, pensada por
Paulo com muito cuidado. E é mérito seu ter desenvolvido um espírito de
parentesco com estes ״estranhos'’.
Ele aprendeu a entendê- los a ponto de poder dizer: “Fiz-me tudo para todos” (1
Co 9.22).
A ideia que se
tem, é que Paulo teve uma vida bastante comum neste ambiente, até pelo menos
sua adolescência antes de ir para Jerusalém e ser educado por Gamaliel (At
22.3). Mas nos últimos anos, esta conjectura levou um sério golpe segundo o
estudo cuidadoso de Unnik, Tarsus or Jerusalém. The City of PauTs Youth (1962).
De acordo com este trabalho, a tríade das palavras: (1) “nascido”, (2) “criado”
e (3) "instruído” (At 22.3) era uma ordem literária única (veja também
Atos 7.20- 22i, indicando que enquanto o lugar de nascimento de Paulo foi
Tarso, sua criação, tanto em casa como na escola, foi em Jerusalém. Sustentando
esta conclusão com muitas evidências vindas da literatura antiga, van Unnik
arrisca a hipótese de que a mudança de Tarso “ocorreu bem cedo na vida de
Paulo, aparentemente antes que ele começasse a espiar pela fechadura e,
certamente, antes de perambular pelas ruas” (p. 54).
Será que tudo
isso significa que Paulo teve poucas oportunidades de realmente aprender do
mundo grego em que nasceu? De modo algum; isto significa que algumas atitudes
básicas em relação à vida ficaram, bem cedo, impregnadas em sua mente. Depois
de sua conversão, Paulo passou um período de 8 a 10 anos na Síria e Cilícia
(veja Gl 1.21—2.1; cf. At 9.30) enquanto adulto, e assim tornou-se
profundamente consciente da cultura do mundo em que vivia. Estes foram anos de
preparação para aquele ministério em que ficou conhecido como o “apóstolo dos
gentios”.
Além destes
aspectos da sua vida, um outro está enfatizado diretamente em Atos, e está
implícito nas epístolas. Ele era um cidadão romano (At 16.37-39; 22.25-28), e
esta foi uma posse premiada, porque se estimava que um a dois terços da
população do império romano era da classe dos escravos e, portanto, sem
cidadania romana. Paulo reconheceu o valor de ambas as cidadanias, a de Tarso
(At 21.39) e a romana (At 22.2528־). É interessante
notar a diferença na estimativa destas respectivas cidadanias aos olhos do
capitão romano Cláudio Lísias. A primeira apenas estabeleceu o fato de que
Paulo não era um egípcio (At 21.38); a segunda lhe deu uma imunidade aos
açoites.
Paulo
aparentemente herdou sua cidadania romana de seu pai: “Eu na verdade nasci (um
cidadão)”. O pai do apóstolo deve ter recebido sua cidadania por ter prestado
algum serviço relevante ao governo romano. Alguns dos privilégios contidos
nesta cidadania eram: (1) a garantia do julgamento (perante César, se exigido,
cf. Atos 25.11) nos casos de acusação; (2) imunidade legal dos açoites antes da
condenação (ao contrário do caso do Senhor JESUS, Mt 27.24-26); e (3) imunidade
em relação à crucificação, a pior forma de pena de morte, no caso de
condenação.
Nestas
epístolas, Paulo não só defendeu fortemente a manutenção da lei e da ordem (o
fundamento do governo romano), mas também se referiu frequentemente à
cidadania. Os crentes em CRISTO já não são “estrangeiros, nem forasteiros, mas
concidadãos dos santos” (Ef 2,19). Sua cidadania era do céu (Fp 3.20). A
palavra aparece novamente em Filipenses 1,27, e poderia ser literalmente
traduzida da seguinte forma: “Cumpram suas obrigações como cidadãos”
(Lightfoot). Tal ênfase era particularmente significativa aos destinatários da
carta aos filipenses, porque a cidade era uma colônia romana (At 16.12); e
eles, sem dúvida, lembravam-se de que Paulo havia ali apelado para sua
cidadania romana.
Conversão
Em sua carta
aos Gálatas, Paulo referiu-se a seu modo de vida anterior no judaísmo, e como
“sobremaneira perseguia a Igreja de DEUS e a assolava” (Gl 1.13). Naquela hora
ele acreditava que ao seguir aquele caminho, estava servindo a DEUS e mantendo
a pureza da lei. A passagem em Gaiatas 1.15 não mostra nenhuma indicação de ter
havido um intervalo neste esforço de agradar a DEUS durante a época da sua
conversão. E em Filipenses 3.6 ele mostrava sua “perfeição quanto à justiça que
há na lei”.
Enquanto as
narrativas em Atos, assim como as notas nas cartas, parecem indicar sua
“súbita” conversão, alguns argumentam que certas experiências devem tê-lo
preparado previamente. Seu consentimento na morte de Estêvão (At 7.58-8.1), e o
fervor da sua campanha de casa em casa contra aqueles do Caminho (At 8.3;
9.1,2; 22.4; 26.10,11) dificilmente não o afetariam; sua furiosa jornada em
direção a Damasco representou o clímax dos seus esforços.
De qualquer
modo, há dois elementos na história que são claros: (1) Paulo estava convencido
de que tinha visto o Senhor ressurrecto; e, (2) Sua vida foi radicalmente
mudada daquele dia em diante. A base da sua afirmação para o apostolado reside
naquela experiência. Mais uma vez ele insiste nisso (veja 1 Co 9.1; 15.8-15;
Gal 1.15-17; cf At 9.3-8; 22.6-11; 26.12-18). Visto que ele não era um dos doze
discípulos, e não tinha nem um chamado do Senhor JESUS, e tinha perseguido seus
seguidores, a necessidade da revelação pessoal de CRISTO para Paulo parece
visível.
BEP - CPAD
8.1 UMA GRANDE
PERSEGUIÇÃO. Parece que Saulo foi o líder da primeira perseguição em grande
escala contra a igreja (vv. 1-3; 9.1), perseguição essa intensa e severa.
Homens e mulheres eram encerrados na prisão (v. 3) e açoitados (22.19), e
muitos foram mortos (22.20; 26.10,11). DEUS, porém, transformou essa
perseguição em início da grande obra missionária da igreja (v. 4).
8.5-24 DESCENDO
FILIPE À ... SAMARIA. Note a sequência de eventos nesse registro do
derramamento do ESPÍRITO SANTO nos crentes samaritanos.
(1) Filipe
pregou o evangelho do reino, e DEUS confirmou a Palavra com sinais e prodígios
(vv. 5-7).
(2) Muitos
samaritanos receberam a Palavra de DEUS (v. 14), creram em JESUS (v. 12), foram
curados e libertos de espíritos imundos (v. 7), e batizados nas águas (vv.
12,13). Assim, experimentaram a salvação, a obra regeneradora do ESPÍRITO SANTO
e o poder do reino de DEUS (ver v. 12).
(3) O ESPÍRITO
SANTO, porém, não tinha descido sobre nenhum deles depois da sua conversão a
CRISTO e batismo em água (v. 16).
(4) Alguns dias
depois da conversão dos samaritanos, Pedro e João chegaram a Samaria e oraram
para os novos crentes receberem o ESPÍRITO SANTO (vv. 14,15). Houve um definido
intervalo entre a conversão deles e o recebimento do batismo no ESPÍRITO SANTO
(vv. 16,17; cf. 2.4). Este caso dos samaritanos segue o padrão da experiência
idêntica dos discípulos no dia de Pentecoste.
(5) Sem dúvida
houve manifestação externa neste caso de recebimento do ESPÍRITO SANTO, a
saber: línguas e profecia (ver v. 18)
8.6 OS SINAIS
QUE ELE FAZIA. A promessa de CRISTO no sentido de operar sinais e milagres para
confirmar a pregação da Palavra não se limitava aos apóstolos (Mc 16.15-18).
Ele prometeu que os convertidos por seus discípulos (os que crerem na palavra
deles) operarão milagres em nome de JESUS, tais como expulsar demônios (Mc
16.17) e curar os enfermos (Mc 16.18). Foi exatamente o que Filipe fez (vv.
6,7)
Atos -
Introdução e Comentário - I. Howard Marshall - Série Cultura Bíblica - edições
1985,1988, 1991, 1999 e 2001 - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova - SP
Estêvão se
entregou ao JESUS a quem vira na visão. É um exemplo marcante de uma fórmula de
palavras aplicáveis originalmente ao Pai, sendo endereçadas ao Filho, e
demonstra como os cristãos primitivos colocavam JESUS no mesm9 nível que o Pai.
Depois, Estêvão orou, pedindo perdão por seus algozes, ecoando, mais uma vez,
as palavras de JESUS (Lc 23:34), suas palavras se contrastam, de modo marcante,
com a sua atitude de denúncia no discurso, e ilustram como o cristão, embora
denunciasse o pecado e a desobediência a DEUS a fim de levar ao arrependimento
os seus ouvintes, deve ter por eles preocupação pastoral, e orar no senti40 de
serem eles perdoados. Dizendo assim, adormeceu (cf. 1 Ts 4:14-15), o primeiro
cristão a morrer por amor a JESUS.
Ainda assim,
pelo menos um homem ficou sem comover-se, e não ficou triste ao vê-lo morrer.
Não fica claro neste ponto se Saulo era membro do Sinédrio, mas 26:10 é mais
bem interpretado neste sentido. Não seria tarefa fácil converter semelhante
homem; Lucas está dando uma indicação prévia do caráter extraordinário da
transformação subsequente de Saulo.
e. A sequela à
morte de Estêvão (8:1b-3).
Este breve
parágrafo termina. a história de Estêvão ao mencionar o seu enterro, mas,
sobretudo, prepara o caminho para o desenvolvimento da narrativa ao indicar
como a morte de Estêvão levou à dispersão dos cristãos e à consequente
divulgação do evangelho "(8:4-40; 11 :19-30); e, também, ao sublinhar o
nome de Saulo, o perseguidor da igreja, prepara os leitores para a maravilha de
sua reviravolta (9 :1-31). As várias lições vinculam-se de modo não muito
estreito: os eventos no v. 2 provavelmente antecederam os do v. 1', e o v. 3 é
realmente uma expansão do v. 1, talvez deliberadamente retido para fazer forte
contraste com o v. 2.
lb. O ataque
bem-sucedido contra Estêvão ficou sendo o sinal para um ataque em escala maior
como da igreja em Jerusalém, sem dúvida instigado pelo mesmo grupo que atacara
àquele. Esta é a primeira ocorrência da palavra perseguição em Atos
(excetuando-se o emprego do verbo em 7 :52). Conforme seu emprego aqui,
significa oprimir alguém a fim de persuadi-lo ou forçá-lo a rejeitar a sua
religião, ou simplesmente atacar alguém por motivos religiosos. Os cristãos
mantiveram a sua fé e preservaram a sua vida ao fugirem para lugares onde os
perseguidores não se dariam o trabalho de alcançar. Bastou-lhes fugir para a
zona campestre da Judéia e da Samaria a fim de escaparem às opressões. É de
significância que alguns cristãos se dispuseram a permanecer na Samaria e que
ali não passaram por perseguições. Pode-se supor que a oposição em Jerusalém
adviesse principalmente dos opositores de Estêvão e que se dirigisse
principalmente contra os associados dele dentro da igreja. Supõe-se que os
apóstolos fossem deixados em paz; o fato de poderem continuar em Jerusalém (sem
dúvida em companhia dalguns outros cristãos) confirma a ideia que fora mormente
o grupo de Estêvão que estava sendo perseguido.
2. A despeito
do perigo que havia nisto (e é esta a razão de colocar o v. 2 depois do v. 1),
havia homens piedosos na igreja que estavam dispostos a dar a Estêvão um
sepultamento apropriado. Era normal sepultar criminosos executados, mas a
codificação posterior da lei feita pelos judeus proibiu o pranto público por
eles; se esta proibição estava em vigor durante o século I, os pranteadores
estavam, na realidade, fazendo um protesto público contra a execução de
Estêvão, e assim se exporiam a riscos consideráveis. A palavra piedoso se
emprega noutros lugares para judeus piedosos (2:5; Lc 2:25), mas mais tarde se
emprega para descrever Ananias, reconhecidamente como "piedoso conforme a
lei" (22:12), embora fosse um cristão. Pode-se supor que aqui há alusão a
cristãos.
3. Tipo
diferente de zelo religioso foi aquele demonstrado por Sau10 que assumiu um
papel de liderança na perseguição da igreja. Ia de casa em casa entre os
cristãos e os arrastou para o cárcere, nem sequer poupando as mulheres. A
atividade de Saulo é plenamente confirmada em termos gerais pelo seu próprio
testemunho insuspeito (1" Co 159; Gl 1 :13, 22-23, Fp 3:6; 1 Tm 1:13).83
Sem dúvida, as autoridades romanas eram coniventes com o que acontecia; de
qualquer forma, não é necessário que o ataque tenha durado muito tempo
(períodos longos de perseguição tendem a ser raros), e é possível que muitos
cristãos tivessem voltado quietamente a Jerusalém uma vez arrefecido o primeiro
calor dos ataques.
f. O evangelho
avança até Samaria (8:4-25).
A dispersão dos
cristãos levou ao mais significativo avanço na missão.
8.2 As
descobertas arqueológicas em Giv'at ha-Mivtar demonstraram este fato; ver
NIDNTI, I, pág. 393; (em port., vol. I, art. Cruz, CL).
8.3 À luz
destas claras referências nos seus próprios escritos a atividade que somente
podem ter sido realizadas em Jerusalém e nos seus arrabaldes, a declaração de
Paulo em GI 1 :22 de que "não era conhecido de vista das igrejas da
Judéia, que estavam em CRISTO" cerca de três anos após a sua conversão,
não pode significar que estas últimas nunca o viram da igreja. Pode-se dizer
que ficou sendo necessária a perseguição para levá10s a cumprir o mandamento
implícito em 1 :8. Na medida em que os cristãos avançavam para novas áreas,
descobriram que havia uma resposta imediata ao evangelho, conforme exemplifica
a resposta dada pelo povo da Samaria. A pregação de Filipe foi acompanhada
pelos mesmos tipos de sinais que já tinham sido vistos no ministério de JESUS e
dos apóstolos, e havia uma reposta poderosa à chamada ao batismo. Esta resposta
era tanto mais notável porque as pessoas às quais Filipe pregava já tinham
estado sob o fascínio de um charlatão religioso de nome Simão. A missão
bem-sucedida levou a uma visita por Pedro e João que descobriram que os
convertidos não tinham recebido o ESPÍRITO e que impuseram sobre eles as mãos a
fim de que O recebessem. Até mesmo Simão quis obter alguma coisa - não
meramente o dom do ESPÍRITO, mas, sim, o dom de outorgar aos outros o dom do
ESPÍRITO; foi, porém, necessário adverti-lo fortemente contra a atitude
pecaminosa e sem arrependimento que revelou no modo de fazer este pedido.
A história é
significativa de dois modos. Em primeiro lugar, registra o recebimento do
evangelho pelos samaritanos, um povo ao qual os judeus odiavam intensamente e
consideravam como sendo herético; o sentimento de hostilidade, porém, era
mútuo. Embora possamos ser tentados a ver na missão à Samaria a primeira
tentativa da igreja rio sentido de evangelizar aos gentios, esta seria uma
interpretação errônea. Para os judeus, os samaritanos não eram gentios, mas,
sim, cismáticos; parte das "ovelhas perdidas da casa de Israel"
(Jervell, págs. 113-132). Para Lucas, eram pessoas que observavam a lei e que
demonstravam mais piedade do que muitos judeus (Lc 10:33-,37; 17:11-19), embora
também pudessem mostrar hostilidade aos discípulos de JESUS (Le 9:52-56). Por
detrás da narrativa, portanto, podemos muito bem perceber que a hostilidade
entre os judeus e os samaritanos foi vencida pela fé que os dois grupos tinham
em JESUS CRISTO, e é neste sentido que se pode encarar esta história como um
passo na direção da solução do problema maior de reunir os judeus e os gentios.
Se for correta esta ideia, talvez ofereça a chave ao problema inegável
apresentado pelo fato de que os crentes samaritanos n[o receberam o ESPÍRITO
até que os apóstolos impusessem sobre eles as mãos. Destarte, foram levados à
comunhão com a igreja inteira, e n[o meramente com a seção helenística dela.
Esta explicação é preferível ao ponto de vista de que os samaritanos n[o
corresponderam plenamente à pregação do evangelho. Outros pontos de vista,
como, por exemplo, aquele que declara que o ESPÍRITO n[o poderia ser recebido
sendo pela imposição das mãos apostólicas, são contrários à tendência geral do
quadro que Lucas nos dá em Atos (cf. 9 :17).
Em segundo
lugar, a história dá destaque a Simão, o mago, que mais tarde ficou sendo de má
fama corno herege gnóstico. Há grande incerteza quanto a Simão realmente ter
sido um gnóstico que sustentava pelo menos alguns dos conceitos heréticos
atribuídos a ele por escritores posteriores, ou se foi meramente um mágico e
charlatão a cujo nome crenças gnósticas vieram a ser posteriormente
atribuídas.84 Certamente, é curioso que alguns dos estudiosos mais radicais do
Novo Testamento (tais quais Haenchen, págs. 303, 307), que teriam muita cautela
em atribuir ao próprio JESUS qualquer parte da cristologia da igreja, estejam
tão dispostos a acreditar que crenças gnósticas do século 11 já eram
sustentadas por Simão na primeira metade do século I. Parece mais provável que
certas reivindicações do Simão histórico tenham capacitado seus seguidores
posteriores a considerá10 um gnóstico, embora ele mesmo não tenha chegado
àquela etapa.
4. A história
começa a mostrar corno a perseguição da igreja em Jerusalém acabou surtindo um
efeito favorável. Aqueles que foram expulsos dos seus lares ou que acharam
melhor deixá-los regavam a Palavra corno boas novas enquanto iam de lugar em
lugar. interessante que este movimento específico não é atribuído a qualquer
orientação precisa da parte do ESPÍRITO, tal qual ocorria noutras etapas
cruciais na expansão da igreja. Pelo contrário, parece que era considerado
coisa natural para os cristãos viajantes espalharem o evangelho; talvez
surgissem naturalmente oportunidades para assim fazer, à medida em que as
pessoas entre as quais vieram viver perguntavam a eles por que tinham deixado
seus lares.
5. Uma das
pessoas que foram para a Samaria (8:1-5) foi Filipe que é claramente aquele
membro dos Sete mencionado em 6:5. A sua pregação acerca do Messias certamente
teria despertado o interesse, no mínimo, dos ouvintes, visto que a expectativa
da vinda de um libertador futuro (conhecido como o "restaurador")
fazia parte firme das promessas proféticas da Bíblia.
Samaria
- Os MSS têm "à cidade de Samaria" (ARA), que GNB parafraseia
como sendo "a cidade principal da Samaria". Se o último texto é o
certo, a fraseologia é um pouco estranha, e a tradução de GNB não é totalmente
satisfatória como tentativa para tratar do problema. As cidades possivelmente
em mira são Sebaste (o novo nome que Herodes Magno deu à Samaria do Antigo
Testamento), Siquém, ou possivelmente Gita, onde Simão nasceu. Seja qual for a
identificação, não influencia a história propriamente dita. Na
teologia
samaritana (Jo 4:25); esta expectativa se baseava em Deuteronômio 18:15 e
segs., e a pessoa esperada tinha mais o caráter de um Ensinador e legislador do
que de um soberano.
6-8. Havia um
movimento em massa entre o povo na medida em que escutava atentamente à
mensagem de Filipe. Sua atenção foi despertada por aquilo que ouviram e viram.
Filipe tinha a mesma capacidade dos apóstolos para operar sinais que serviam
como confirmação da sua mensagem. Como Pedro (5 :16), podia expulsar espíritos
maus, e o povo podia escutar os gritos que saíam das vítimas possessas quando
os poderes demoníacos as deixavam (cf. Lc 4:33; Mc 1 :26).86 Além disto, o povo
podia ver por si mesmo como as pessoas que tinham sido paralíticas e coxas
agora conseguiam andar; mais uma vez, a atividade de Filipe tem correspondência
com a de Pedro (3:1-10) e de JESUS. Estes milagres de cura trouxeram júbilo ao
povo. Por enquanto, porém, nada se diz acerca de o povo passar a realmente crer
no evangelho. e, embora houvesse alusão a uma situação em que JESUS não podia
curar onde não havia fé (Mc 6:5-6), sabemos que podia existir a cura sem a
resposta apropriada da fé e da gratidão a DEUS (Lc 17:17-19).
9-11. Antes,
porém, de registrar a conversão do povo, Lucas volta a atenção dos leitores
àquilo que estava acontecendo antes da chegada de Filipe. Havia na cidade um
homem chamado Simão, que alegava ser pessoa de grande importância, e obteve
crédito mediante os seus poderes milagrosos. O povo foi enganado por ele ao
ponto de dizer que era o poder de DEUS, chamado o Grande Poder. Os fatos acerca
de Simão dificilmente se desentranham das lendas posteriores. Temos informações
fidedignas da parte de Justino Mártir, ele mesmo nativo da Samaria, de que
Simão ali vivia e de que mais tarde mudou para Roma, onde continuou seus atos
enganosos. Mais tarde, Irineu registra que viajou juntamente com uma certa
Helena, escrava, a qual dizia ser uma encarnação do "Pensamento" (um
poder gnóstico). Hipólito, outro escritor que tratava das heresias, conta uma
história acerca de como Simão foi derrotado numa disputa com Pedro. Finalmente
Simão disse "que se fosse enterrado vivo, ressuscitaria no terceiro dia. Mandando
cavar uma sepultura, ordenou que seus discípulos empilhassem terra sobre ele.
Fizeram como mandara, mas ele permanece ali até hoje. Isto porque não era o
CRISTO". É difícil aquilatar a quantidade de veracidade nestas histórias,
e noutras tantas. Certamente, Lucas
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Paulo, fariseu
da diáspora - APOSTOLO PAULO, VIDA, OBRA E TEOLOGIA - Editora Academia Cristã
Ltda - J. Becker
Para determinar
o ponto de vista teológico de Paulo como judeu, faz sentido utilizar, como fio
condutor, a única indicação do Apóstolo a respeito de si mesmo acerca desse
tema. Não há nenhum motivo que possa levar a suspeitar de sua autodesignação
como ex-fariseu, nem mesmo de vê-la como alternativa a um Paulo apocalíptico,
por mais certeza que se tenha de que a cosmovisão de Paulo também tenha traços
apocalípticos, como ainda será demonstrado. Analisando as fontes judaicas a
respeito do farisaísmo contemporâneo a Paulo, portanto, do farisaísmo que se
estende do tempo de Herodes até a época da conquista de Jerusalém por Tito em
70/71 d.C., a curiosidade histórica ficará mais decepcionada do que satisfeita.
O rabinismo, mais tarde, não só limitou drasticamente a tradição, como também a
elaborou a partir da ótica dos vencedores. Assim, o rabinismo, mais tarde,
compreendeu a si mesmo como sendo a única ortodoxia judaica e, por isso mesmo,
desqualificou, consequentemente, todas as outras correntes judaicas, sufocando
grande parte dessas tradições. Ele também apresentou a sua pré-história
farisaica de tal modo que ela, posteriormente, desembocasse diretamente na
ortodoxia até dissipar em boa medida o pluralismo, visível ainda
esporadicamente no farisaísmo anterior. Por fim, o rabinismo nem mesmo
reconheceu essa história como continuidade e desenvolvimento, conservando
apenas antigas controvérsias e antigos episódios que lhe pareciam importantes
para a interpretação da Lei. Mas qual era a importância e quanto eram típicas
para aquela época tais tradições, supondo que se lhes atribua confiabilidade
histórica? Quem refletir sobre isso não se surpreenderá acerca da diversidade e
contradição presentes nas apresentações mais recentes do farisaísmo. Mesmo
assim, algumas linhas mestras podem ser reconhecidas: tal qual os essênios,
também os fariseus têm sua origem no movimento hassídico do séc. II a.C. Na
época de Paulo, eles já há muito tempo estavam reunidos em corporações, com a
finalidade de colocar o povo todo sob a ação santificadora da Torá, mediante a
observação da Lei. Embora a eles também pertencessem sacerdotes e escribas, com
certeza a maioria dos membros, contudo, era composta por leigos, que eram mais
ou menos dependentes da interpretação da Torá feita pelos escribas. Indícios
mostram que a uniformização da mentalidade farisaica é um produto tardio da
história. Há para isso diversas indicações: na época herodiana, Hillel e
Shammai, ambos com suas escolas, estavam em controvérsia com uma interpretação
da Lei que, por um lado, era monística e, por outro, orientada para a
historicidade da vida. Parece ainda que uma parte dos fariseus de orientação
radical político nacional agiu, ao modo dos zelotes, entre Herodes e Tito,
contra tudo o que fosse estrangeiro, embora a maioria, provavelmente, tenha se
restringido somente à observância religiosa da Lei. Na diáspora, por sua vez,
alguns fariseus, entre outros grupos, devem ter multiplicado o número de
simpatizantes das sinagogas, i.e., os assim chamados "tementes a
DEUS", que eram adeptos do monoteísmo judaico, mas que praticavam a
circuncisão, bem como os prosélitos (Mt 23.25). Todas essas variações, mesmo
assim, reconciliam-se na linha básica de orientação na Lei como única norma de
vida para todo o Israel. A compreensão da Lei, porém, também passou por uma
evolução histórica, dentro da história geral do farisaísmo. Isso tem a ver com
a compreensão fundamental da Lei, com a interpretação da promessa de vida da
Torá e, enfim, com as ponderações legais. Quanto ao primeiro ponto, a Lei,
através da marcha vitoriosa do pensamento sapiencial no judaísmo antigo, também
para os fariseus havia sido identificada com a sabedoria preexistente
(Eclesiástico): A Torá era, pois, "o instrumento, por meio do qual o mundo
foi criado" (Aboth 3,14). Como tal, tornou-se a lei interior de toda a
criação e da história, bem como norma de vida de cada existência humana: a Lei,
entendida sapiencialmente, conduz ao temor de DEUS (1.3) que devia ser
realizado mediante o cumprimento da Lei (1.17), sendo a Lei uma grandeza
unitária, na qual todos os mandamentos eram, no mesmo grau, expressão da
vontade da única majestade divina (2.1). De forma velada, essa concepção pode
ser reconhecida em Paulo, por exemplo, em Rm 1.18-3.20. A Lei, por sua vez,
prometia vida a quem a cumprisse. Os saduceus e os essênios concebiam ainda
essa vida prometida, na época do cristianismo primitivo, como vida terrena do
homem; enquanto o farisaísmo, ao contrário, ensinava, provavelmente desde o
séc. I anterior à era cristã, que esta vida teria uma continuação no mundo
vindouro, no início da qual haveria recompensa e castigo para o comportamento
humano em relação à Torá no mundo atual (Mc 12.18-27 par.; At 23.6-8; Aboth
2.1,7,16; 3.14-16). Com isso, uma concepção fundamental da apocalíptica judaica
antiga havia se tornado também parte da visão farisaica. Desde então, não só
ocorreu a união entre farisaísmo e teologia sapiencial, como também entre
farisaísmo e apocalíptica. Também Paulo mostra viver numa compreensão da
realidade segundo a qual essa mesma realidade será substituída por outra,
vindoura e eterna, sendo o juízo divino a porta de entrada para a salvação
final (cf. infra). Percebe-se, nessas duas opções decisivas do farisaísmo, a
sua capacidade de abrir-se, na sua orientação fundamentalmente legal, para a
mudança histórica da época. Assim, certamente terá também assumido uma abertura
intelectual para o helenismo e, em consequência disso, terá assimilado a
situação de diáspora do judaísmo. Um bom exemplo para isso é o historiador
judeu Josefo (ca. de 37/38 até final do séc. I d.C.): oriundo da nobreza
sacerdotal saduceia, na juventude adere aos fariseus e toma parte da guerra
judaica na Galileia, tornando-se prisioneiro romano, para, a partir de então,
ao lado de Tito, acompanhar o final da guerra, habitando depois em Roma, com
direito à cidadania romana e a uma renda anual. Sua obra literária dedica-se à
tentativa de conciliar judaísmo e cultura helenístico-romana, a partir de uma
base judaica. A Lei, porém, continha mandamentos diversificados, que deviam ser
levados em conta na prática. Aqui, novas pesquisas têm demonstrado que os
fariseus se empenhavam de modo especialmente intenso nisso, no sentido de que
as leis de pureza deviam ser observadas na vida diária de todo o povo, não se
reduzindo simplesmente ao papel de Torá sacerdotal. Com isso, estava
estabelecida a santificação ritual do quotidiano, como programa para todo o
povo de Israel. Na medida em que esse objetivo também foi assumido na diáspora
helenista, estava claramente demarcada a separação em relação a todos os
não-judeus. Uma vez que a santificação, como preservação - igualmente ritual -
da própria identidade como povo da aliança, constituía o motor da prática
farisaica, torna-se compreensível porque Paulo agiu de modo tão agressivo
contra judeu-cristãos em Damasco, enquanto estes viam essa fronteira com mais
tolerância (cf. eap. 4.2). Com essas observações gerais a respeito do
farisaísmo, limitamo-nos a caracterizar o marco que condicionaria a consciência
do judeu Paulo. Deve-se especificar mais? Para isso, deve-se utilizar as outras
cartas paulinas de um modo mais consequente do que se costuma fazer. Isso quer
dizer que quem procura por materiais tradicionais e conceitos judaicos em
Paulo, não deve ver nisso apenas conhecimentos gerais cristãos a respeito do
judaísmo, mas deveria interrogar, até que ponto tais afirmações descrevem o
próprio Paulo, relativamente à sua antiga mentalidade judaica. É improvável que
Paulo tenha desenvolvido sua visão a respeito do judaísmo apenas após sua
conversão. E bem mais provável que seu juízo cristão do judaísmo, que sua
descrição cristã do mesmo, bem como a utilização de materiais judaicos, tenha
suas raízes no período judaico do Apóstolo. É praticamente impossível imaginar
que ele tenha adquirido uma visão do judaísmo somente após sua conversão.
Antes, quando Paulo caracteriza o judaísmo, basicamente está em jogo o seu
próprio passado judaico. Aqui, aparece uma diferença fundamental entre a
análise das cartas de Paulo e a tradição sinótica: nessa última, a história da
tradição ocorreu em meio a um crescimento anônimo; nas cartas paulinas, pode-se
identificar um portador individual da tradição. Nessa colocação do problema, é
possível identificar, no próprio Paulo, alguns aspectos claros de sua doutrina
farisaica. Esses aspectos se poderão atribuir ao judeu Paulo, com maior ou
menor fundamento, segundo seu grau de verificabilidade em fontes judaicas.
Antes de qualquer discussão específica, convém lembrar que as indicações
contidas nos escritos paulinos estão a nosso dispor em grego. Em nenhuma
passagem, podemos comprovar claramente, mediante a simples tradução para o
aramaico, que Paulo houvesse efetuado só posteriormente - sendo já cristão -
uma transformação grega. Isso leva à suposição de que Paulo tenha formulado
essas afirmações em grego, ainda quando era judeu. O que é mais um indício de
que Paulo era fariseu da diáspora. Isso também é confirmado pelo tema carregado
de polêmica, a respeito do qual a sinagoga da diáspora altercava o monoteísmo
estrito, que aparecia como um elemento único no mundo da religião
romano-helenista, com a atitude sincera e tolerante do helenismo. O único DEUS
verdadeiro, como criador e juiz, está em confronto com os deuses (Rm 1.18s; 1Ts
1.9). Os deuses carecem de realidade e não possuem nenhuma significação
positiva. Eles são enquadrados como potências que perderam seu poder, portanto,
como demônios que, por exemplo, são venerados como deuses, mas que nenhum culto
merece (1Co 8.4s; 10.18-22). Este culto é justamente o pecado dos gentios,
expressão de sua desobediência ao DEUS único. Isso leva, decididamente, à
pecaminosa perversão humana, que demonstra que o mundo dos deuses pagãos não
traz nenhuma salvação aos homens, mas segundo o parecer judaico, está sob o
juízo de DEUS (Rm 1.18ss). Daí que, quanto a esse tema, seja impossível
qualquer acordo entre judaísmo e helenismo. Pelo contrário, deve ser evitada
toda atitude pagã na religião e na conduta moral. "Não tenhas nada em
comum com um pecador" diz um imperativo fundamental em Aboth 1.7. O
fariseu comum - o acima mencionado Josefo constitui uma exceção - vive conforme
um modelo de desqualificação polêmica, segundo o qual Israel representa a
verdadeira religião, enquanto todo o paganismo deve ser evitado, porquanto
considerado desvio pecaminoso. Se avaliarmos bem o casus belli de Damasco entre
Paulo e os cristãos (cf. cap. 4.2 e 4.3), ele terá representado coerentemente o
ideal farisaico de pureza, condenando todo e qualquer culto gentio. “Tu és
santo e teu nome é terrível, e não há nenhum DEUS além de ti", deve ter
orado também Paulo, conforme a terceira petição da oração das dezoito petições.
Essa oração inicia com "Louvado sejas tu... DEUS de Abraão, DEUS de Isaque
e DEUS de Jacó, ... DEUS altíssimo, criador dos céus e da terra, nosso escudo e
escudo de nossos pais...". Com isso, duas coisas são ditas: a faceta
cósmica do DEUS criador, criador do mundo e da humanidade, e a faceta
particular, na linha da história sagrada, através da fé que começa com os patriarcas
de Israel. Não sendo mero acaso o fato da oração iniciar com a proclamação
histórico-salvífica de DEUS. Conforme G1 2.15, Paulo apresenta uma situação
inicial diferente para os judeus e gentios na passagem para o cristianismo, e o
faz tão obviamente, a ponto de distinguir entre judeus de nascimento e os povos
pecadores. A tematização do futuro destino de Israel em Rm 9-11 somente é
compreensível à luz dessa diferenciação entre o povo eleito e outros povos. Por
causa desse princípio fundamental da fé judaica (cf. Aboth 1.7; 3.14; 4 Esd
6.55s), Paulo vê-se obrigado a demonstrar com o exemplo do primeiro
representante da eleição de Israel, Abraão, até que ponto este, agora na
perspectiva cristã, é pai de todos os crentes (G1 3; Rm 4). 1 Tessalonicenses é
prova de como Paulo transforma e reformula, do ponto de vista cristão, esse
artigo de fé tão fundamental para a autocompreensão de Israel e de sua eleição
(cf. cap. 6.2). A conclusão inevitável é a desqualificação dos povos gentios
como idólatras, culpáveis e não-eleitos. (cf. Rm 1.18ss; G1 4.8): também Paulo
é capaz de designar os povos, para caracterizar a diferença em relação ao
cristianismo, em continuidade com o juízo judaico, como "geração má e
pervertida" (Fl 2.15), aplicando Dt 32.5 - seguindo, nisso, claramente o
antigo costume farisaico. Transparece também, claramente, a posição pré-cristã
de Paulo, quando ele proíbe os cristãos de conduzirem processos diante de
"injustos", i.e., diante de gentios (1Co 6.1ss). Já a sinagoga havia
instaurado uma jurisdição própria, para que não se dependesse (somente) da
jurisdição dos gentios. Paulo faz a transposição para a relação entre cristãos
e gentios. Por outro lado, podem-se salientar os privilégios de Israel, isso é:
a eleição de Israel, mediante o pacto da aliança com os pais, que deu a Israel
a filiação divina; a legislação, como dom, para a identificação da vontade do
DEUS da aliança, para, por meio de suas ordens, alcançar a vida; o culto que,
unicamente, agrada a DEUS, como meio de expiação dos pecados de Israel; enfim,
as promessas, antes de qualquer coisa, de que Israel terá parte na salvação
final e que DEUS não voltará atrás quanto ao que prometeu (Rm 3.1s; 11.2,28s).
Em Rm 9.4, Paulo formulou, de maneira habilidosa, numa estrutura articulada em
duas linhas de três membros, os predicados que pertencem a Israel: a filiação a
glória de DEUS as alianças a Lei o culto as promessas Ambas as linhas se
interpretam reciprocamente: filiação e Torá também em Aboth, 3.14 estão juntas.
A glória (terrena de DEUS) habita no templo, onde Israel realiza o culto. As
alianças (patriarcas, Moisés) direcionam-se, preferencialmente, às promessas a
respeito do futuro de Israel. Consciente de estar caracterizando acertadamente
o judeu, o ex-fariseu Paulo assim o interpela em Rm 2.17ss: í. a) ele se
denomina judeu, b) apoia-se na Lei, c) gloria-se em DEUS, d) conhece a vontade
(de DEUS), e) prova o que pode ser distinguido, instrui a partir da Lei. Em
paralelismo com este juízo sobre suas relações com DEUS, segue a comparação com
os gentios: 2. a) O judeu está convencido de ser guia de cegos, b) luz para os
que vivem nas trevas, c) instrutor de ignorantes d) mestre de crianças
(menores, que não sabem ), e) possuidor do saber e da verdade elaborados na
Lei. Ambos os textos falam, não por acaso, da posição destacada da Torá, de sua
observância e de sua universal imposição. E de conhecimento geral que isso é
exatamente o judaísmo de interpretação farisaica. Consequência significativa é
que Paulo se tenha compreendido como judeu fariseu. Garantia dessa conclusão é
mais uma vez Fl 2.15s, que é muito esclarecedor. Nesse texto, Paulo transfere
as pretensões e a consciência judaica para a comunidade cristã. Assim, ele
espera que os cristãos sejam "irrepreensíveis e puros". Não deve ser
assim também o verdadeiro judeu (Rm 2.10,13; Fl 3.6)? Eles devem também ser
"filhos de DEUS imaculados" (cf. a filiação judaica, Rm 9.4), em meio
a uma "geração má e perversa" (cf. Rm 2.19s), "como luzes
brilhando no mundo" (cf. Rm 2.19) e "mantendo a palavra da vida"
(cf. Rm 9.4). Acerca dessa transposição de uma comunidade a outra, advém a
observação adicional de que Paulo mesmo se classifica dentro do quadro dessas
prerrogativas judaicas, quando ele se descreve como ex-fariseu (Fl 3.4-6).
Corresponder a essa situação de eleição, i.e., observar a Torá como revelação
da vontade divina e garantir-lhe o devido valor na vida de cada israelita, era
o interesse fundamental do farisaísmo (cf. apenas Aboth 1.12; 2.7,12). Uma vida
consagrada à Lei, para a honra de DEUS. Paulo julga a sua própria prática de
vida nessa Lei como princípio supremo e se considera irrepreensível e justo (Fl
3.6; G1 1.14). Não podemos, sem mais nem menos, condenar essa atitude como
autojustificação, como mostra a parábola do fariseu e do publicano (Lc
18.11ss). Deve-se ver, em primeiro lugar, que Paulo relaciona a vida e o
destino humano não à consciência de seu próprio valor, mas ao julgamento do
divino juiz (1Co 4.3-5), o que também era a posição típica dos fariseus (Aboth
2.1,14s; 3.1). "Justo" significa fiel à Torá segundo o juízo de DEUS.
Que, a partir dessa base, também, entre outras coisas, houvesse a possibilidade
de, mediante paciente realização de boas obras, procurar alcançar por si só a
vida eterna (cf. Rm 2.7), ou mesmo apresentar' ao juiz as próprias boas obras
(Lc 18.11s), deveria estar fora de discussão. A fidelidade a Torá supõe-se o
cumprimento da Lei como dever para toda a vida e a disposição para a penitência
pelos pecados cometidos, como a própria impõe a obediência e a expiação: A
confiança (verdade) dos justos está no Senhor seu salvador. Na casa do justo
não se acumula pecado sobre pecado. O justo vigia continuamente a sua casa,
para poder eliminar a injustiça cometida, causa de sua transgressão. Ele expia
pecados involuntários por meio de jejum, humilhando sua alma. O Senhor purifica
todo homem piedoso bem como sua casa. Assim descreve SISal 3.6-8 o justo,
colocando-o em contraste com o pecador que, em sua vida, acumula pecado sobre
pecado (3.9s). Aquele que é fiel à Lei sabe que vive da misericórdia divina,
que cabe a ele, o justo, sabendo que até a morte deverá estar preparado para a
penitência e conversão (Aboth 2.2,8,12; 3.1,15; 4.11). Nesse sentido, também se
deverá entender as afirmações paulinas em Fl 3.6; G1 1.14. Paulo certamente não
negará a nenhum judeu que, nesse sentido, ele possa ser justificado. Por causa
do conhecimento de JESUS CRISTO, contudo, ele julgaria isso como não tendo
valor (Fl 3.7ss e cap. 12.4). Uma vida consagrada à Lei significa para o fariseu
Paulo: obediência ao Criador e Juiz. Todas as pessoas devem essa obediência por
causa de sua condição de criaturas. Israel, por sua vez, tem o privilégio de
conhecer a vontade de DEUS por meio da Lei. Essa situação humana de dívida
encontra sua expressão mais clara na ideia de juízo final. Paulo não só se
ateve como cristão à ideia de juízo (p.ex. 1Co 3.5-17; 2Co 5.10; Rm 14.10-12),
como antes, em Rm 2.2ss, tratou, de forma discursiva, uma visão judeu-helenista
da ideia de juízo, que hoje, com razão, classificamos entre os conteúdos
"pré-paulinos". O cristão Paulo, nessa passagem, dirige as afirmações
contra a concepção judaica de uma forma insuportável para o judeu. Isso
acontece, porém, porque ele parte de uma base comum a ele e ao lado judaico (v.
2: "sabemos que..."), considerando o judeu justamente a partir de tal
consenso, como sendo inescusável no julgamento divino. Disso conclui-se que,
abstraindo desse recrudescimento polêmico, deverá aparecer, em linhas gerais, a
visão tradicional de juízo. Pois Paulo não só usou, esporadicamente, um
vocábulo helenístico-judaico sem raiz, (p.ex., "justo julgamento" no
v. 5), antes, tais observações linguísticas assinalam uma visão de conjunto, a
partir da qual Paulo pensa e na qual ele entende estar em conformidade com o
judeu. Isso significa que a visão de conjunto a respeito do juízo, acerca da
qual Paulo e o judaísmo estão em acordo, é típica para Paulo, caso não tenha,
contrariamente, criado para si uma visão do judaísmo após ter-se tornado
cristão. Como é essa concepção geral? A resposta a essa pergunta deve ocorrer
de tal modo que, ao longo do texto paulino, apresentem-se as respectivas
analogias judaicas. Todas as criaturas vivem na perspectiva do juízo vindouro.
Ninguém lhe pode escapar (Rm 2.2s; 9.18-24; cf. Aboth 2.1; 3.1). Um tempo ou
data para o juízo ou mesmo um tempo aproximado para o juízo, está fora de
cogitação. A questão não é quando será o dia do juízo, mas decisivo é que a
observância ou rejeição da Torá terá consequências no juízo (cf. Aboth 2.1,15;
3.1). O juízo está posto a serviço da torálogia. Inculca-se não ser possível
ignorar impunemente a vontade de DEUS: DEUS não deixa zombar de si (G1 6.7),
portanto, sê observante da Torá (cf. Aboth 1.16; 2.8). O tempo da "riqueza
de sua bondade, paciência e longanimidade" pretende levar as pessoas
"à penitência", dura até o juízo. Quem não aproveita esse tempo é de
dura cerviz e atrai para si a ira divina (Rm 2.4s; cf. Aboth 2.1, 8, 10, 12). A
história é entendida, portanto, como a possibilidade concedida por DEUS de
conduzir uma vida conforme a Torá, sendo, simultaneamente, compreendida
consequentemente em função do juízo final. Também os povos, aos quais a Torá
escrita é desconhecida, não estão dispensados de realizar a vontade de DEUS,
pois - um pensamento estóico agora é transposto - as exigências da Lei são
conhecidas por eles "a partir da natureza", pois, como a sua
consciência atesta, a Lei lhes "foi gravada em seus corações" (Rm
2.14s). O juízo final tem caráter forense e escatológico. Ele se realiza
"conforme a verdade" (Rm 2.2; Aboth 3.16), i.e., "sem acepção de
pessoas" (Rm 2.11; cf. Aboth 4.22: SISal 2.18 etc.) como manifestação do
"justo juízo de DEUS" (Rm 2.5; TestLevi 3.2:15.2), com o que foi
utilizada uma nova formulação helenística, que Paulo não utiliza. As três
afirmações expressam a incorruptibilidade do juiz, que não dá preferência a
ninguém, que julga severa e inexoravelmente conforme as ações de cada pessoa
(Rm 2.6) e que também julga "os segredos dos homens" (Rm 2.16). O
julgamento de DEUS é justo enquanto atribui a cada um a sua sorte definitiva
(justiça retributiva), correspondendo "à verdade", i.e., à
realidade da criatura humana. Assim, em Rm 2.6, Paulo pode citar o SI 62.13
(cf. Pv 24.12): DEUS "retribuirá a cada um segundo suas obras".
Originalmente, essa afirmação tinha em mente a estreita relação entre o agir e
a sua consequência, recaindo, conforme isso, a consequência de uma ação
imediatamente sobre o seu autor, sendo DEUS aquele que garante esta relação.
Agora, porém, essa afirmação deve ser lida no contexto dos três princípios
sobre o juízo, adquirindo assim o significado de "retribuição"
escatológica: DEUS faz justiça mediante um ato de julgamento, enquanto ele
recompensa os que realizam boas obras, i.e., creditando-lhes recompensa
"conforme o devido" (Rm 4.2, 4), ao passo que, aos que praticam o
mal, proporcionará "ira e indignação" (2.8ss). Da mesma forma, fala
Aboth acerca da "retribuição" divina (1.7), querendo com isso indicar
a escatológica "distribuição de salário" (2.1; 4.2) na qual DEUS,
igual a um patrão, distribui o salário pelo trabalho realizado (2.16). Isso
ocorre com base no fato de que todas as ações das pessoas estão registradas num
"livro" (2.1), devendo elas "prestar contas" (3.1) e, inversamente,
DEUS tudo lhes "credita" (2.2; 3.8). Semelhante linguagem de direito
trabalhista e comercial pode encontrar sua descrição diretamente na imagem do
comerciante e do banqueiro (3.16). O "acúmulo" de ira (Rm 2.5) deve
ser compreendido a partir desse pano de fundo. Trata-se da ideia de que DEUS,
no juízo final, ratifica a concluída história humana mediante seu ajuste de
contas. Ele reage às ações humanas mediante seu juízo. Nesse sentido, desde a
perspectiva do juízo, tais ações possuem um significado de salvação e perdição.
Para Rm 2, é fundamental que recompensa e castigo não são quantificados. Uma
vez que só há justos e pecadores, também só haverá vida ou sofrimento final:
"glória, honra e eternidade" (novamente, um conceito helenístico).
“Glória, honra e paz” (2.7,10) equivalem ao que é "vida eterna"
(Paulo define, em sentido cristão e novo, essas expressões em 1Ts 4.17; 5.10).
Inversamente, "ira e indignação" (Rm 2.8) são qualificações do estado
de condenação definitiva. É necessário, para isso, recordar-se das exposições
de Paulo sobre o ser justo sob a Lei: justo significa ser fiel à Torá. Essas
afirmações descrevem, com clareza, os desenlaces paralelos da vida. Em 1Ts
4.13-5.11, o cristão Paulo não mostrará mais nenhum interesse na sorte dos incrédulos:
ele ainda está interessado somente na salvação da comunidade escatológica. O
interesse judaico na justiça compensatória no fim do mundo, contudo, exige esse
duplo aspecto (p.ex., SISal 3.6-12 etc.). Paulo, como cristão, nesse ponto,
estará em conformidade com a visão farisaica, enquanto também ele conhece
somente uma qualificação fundamental no juízo final e, naquele momento, haverá
um único estado de salvação. Essa ideia de juízo contém, nas entrelinhas,
também a sua afirmação acerca da antropologia: o farisaísmo pressupõe que o
imperativo "tu deves" atinge a pessoa a qual é apropriado o "tu
podes". O pecado é ação falha por falta de possível engajamento da pessoa
e não reflexo de uma qualificação negativa da pessoa que age. Em outras
palavras, o livre arbítrio é doutrina farisaica (cf., p.ex., Aboth 3.15). Pelo
fato de a pessoa, em princípio, ser livre quanto ao bem e ao mal, não sendo,
portanto, dominada pelo pecado (Rm 7.14s), basta olhar para as suas obras, não
necessitando ela de nenhuma renovação fundamental antes de poder ser alguém que
realiza o bem. Aqui, Paulo, após sua vocação, pensará de outro modo, quando ele
muda sua avaliação da pessoa como criatura nova (cf. cap. 14.3). Olhando, após
essas elaborações de Paulo acerca do juízo final, para o judaísmo helenista,
percebe-se que este, não sempre, mas certamente em alguns casos, apropriou-se
de afirmações análogas sobre o juízo final, extraídas da apocalíptica. Isso é
testemunhado, por exemplo, pelos Test XII, pelos OrSib e HenEsl. Sobretudo,
porém, LibAnt, redigido por um autor que, ao menos, estava próximo ao
pensamento farisaico, mostra o uso que fez o farisaísmo do pensamento
apocalíptico para a interpretação da Lei. Aqui encontramos uma nova versão da
história de Israel que amplia o relato do dilúvio universal, tomando-o como
sinal da ira de DEUS (cf. Rm 1.18ss antes de 2.1ss), mas também acrescenta que,
no final dos tempos, DEUS ressuscitará todos os mortos e "retribuirá a
cada um segundo suas obras" (Rm 2.5s). Os que se salvam serão os "justificados"
e viverão em uma "morada eterna" (LibAnt 3.9-10). O fato de o
farisaísmo ter conseguido aproximar-se da concepção apocalíptica de juízo
final, enquanto considerava esse como elemento integrante de sua compreensão da
Lei, interpretando, portanto, o anúncio da Torá a respeito da vida como vida
escatológica, ainda não fazia com que os fariseus fossem apocalípticos. O
fariseu Paulo não era um apocalíptico, assim como o autor de LibAnt, os
oradores de SISal, e os mestres de Israel, que ocorrem em Aboth, não o eram. A
apocalíptica, por sua vez, quer justamente ser enquadrada nas grandes figuras
da história, mediante eventos extraordinários de revelação, e não granjear o
simples reconhecimento nas verdades contidas na lei judaica. A apocalíptica
quer, justamente ao lado de Moisés e para além dele, estabelecer-se como
autoridade (cf., p.ex., 4Esd 14.37-48), para verdades complementares. Um
fariseu conhece somente a autoridade de Moisés: unicamente a Lei basta para
obter a vida. Desse modo, a resposta dada ao homem rico, em Lc 16.27ss, ao seu
pedido de que se concedesse a seus irmãos uma revelação especial, é tipicamente
farisaica: "Eles têm Moisés e os profetas, que os ouçam... Se não escutam
nem a Moisés nem aos profetas, mesmo que alguém ressuscite dos mortos, não se
convencerão". Por essa razão, o fariseu também não fala anônima ou
pseudonimamente, antes, ele ensina com a autoridade de Moisés. Para ele, nenhum
antepassado como Enoque ou Esdras, reivindica revelações especiais que, em si,
estão escondidas e apenas ao visionário são reveladas, ele somente conhece a
revelação da Lei de DEUS no Sinai e sua interpretação por meio da tradição oral
(Aboth 1,1). A revelação especial a que se refere a apocalíptica é, geralmente,
expressão da atmosfera de crise, que compreende a história do mundo como
história de perdição, na qual a visão a respeito da ação divina, criadora de
sentido, está em geral escondida ou foi perdida. A perplexidade e a situação
sem saída da apocalíptica, no sentido global da história e em seu sentido cósmico,
devem ser superadas mediante tal revelação especial, a qual ensina não só que o
mundo e a história estão submetidos a uma ordem e periodização secreta, como
também a conexão do tempo presente e da história cósmica com o tempo final. O
fariseu, ao contrário, descreve a história como tempo da paciência de DEUS, em
que cada indivíduo tem a chance e a tarefa de cumprir a Torá, para um dia,
quanto a isso, poder prestar contas a DEUS. Ele não necessita de nenhuma
periodização secreta da história, nem de visões cósmicas especiais acerca do
mundo e do final dos tempos. O juízo final, para ele, concentra-se no sentido
antropológico da recompensa e do castigo de cada pessoa no que diz respeito aos
mandamentos da Torá. O que Paulo, também como cristão, manterá formalmente (Rm
14.10; 2Co 5.10 etc.). Da época em que Paulo era fariseu, procede esta tradição
(Aboth 3.1): "Observa com atenção três coisas e não cairás em poder do
pecado. Sabe de onde vieste e para onde vais e diante de quem terás que prestar
contas. Donde vieste? De uma gota malcheirosa. Para onde vais? Para larvas e
vermes. Diante de quem haverás de prestar contas? Diante do rei de todos os
reis...". Para o fariseu, o indivíduo sempre pode apoiar-se na
confiabilidade da vida, pois a esperança da retribuição divina é constante e
inabalável. Tudo se decide em cada indivíduo e em sua obediência a Torá. Ele, e
somente ele, precisa superar o juízo vindouro. Mais do que isso, ele não
necessita saber na vida. Esse conhecimento fundamental, contudo, é seguramente
garantido por Moisés.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 3, A
Conversão de Saulo de Tarso
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
Vídeo da Lição
= https://youtu.be/uARvjTf69OA
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/escrita-licao-3-conversao-de-saulo-de.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/slides-licao-3-conversao-de-saulo-de.html
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - Atos 9.1-9
1 - E Saulo,
respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao
sumo-sacerdote, 2 - e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim
de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os
conduzisse presos a Jerusalém. 3 - E, indo no caminho, aconteceu que, chegando
perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.
4 - E, caindo
em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? 5 -
E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou JESUS, a quem tu
persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. 6 - E ele, tremendo
e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te
e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer. 7 - E os varões,
que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. 8 -
E Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E
guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco.
9 - E esteve
três dias sem ver, e não comeu, nem bebeu.
RESUMO DA Lição
3, A Conversão de Saulo de Tarso
I – A CONVERSÃO
DE SAULO: UM ATO DA GRAÇA DE DEUS
1. A conversão
de Saulo e sua experiência sobrenatural.
2. A iniciativa
de JESUS para transformar a mente de Saulo.
3. A graça
salvadora se manifestou a Saulo.
II – SAULO E A
DOUTRINA BÍBLICA DA CONVERSÃO
1. A conversão
começa no arrependimento.
2. A conversão
de Saulo promoveu uma transformação pessoal.
3. A conversão
faz parte da doutrina bíblica da Salvação.
III – AS TRÊS
FACULDADES INTERIORES TRANSFORMADAS NA CONVERSÃO
1. Faculdade
intelectual.
2. Faculdade
das emoções.
3. Faculdade da
vontade.
INTRODUÇÃO
Vamos estudar
nesta lição sobre a conversão de Saulo de Tarso (Paulo).
Conversão é
instantânea e acontece em fração de segundos quando se tem um encontro com
JESUS, ou seja, quando se ouve o evangelho e crê.
A salvação se
dá no mesmo instante da conversão.
Graça é JESUS
nascendo como homem aqui na terra e levando sobre Ele nossos pecados, doenças,
enfermidades e maldições, e morrendo por nós na cruz e ressuscitando.
Porque a graça
de DEUS se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, Tito 2:11
Porque pela
graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de DEUS.
Efésios 2:8
A fé exigida
por DEUS na obra de JESUS é nossa, por isso mesmo existem diversas formas e
tamanhos de fé. Se fosse DEUS quem desse a fé para a salvação seria injusta por
dar a uns mais do que a outros.
Exemplos de
tamanho de fé:
Então,
respondeu JESUS e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé. Seja isso feito para
contigo, como tu desejas. E, desde aquela hora, a sua filha ficou sã. Mateus
15:28
E logo JESUS,
estendendo a mão, segurou-o e disse-lhe: Homem de pequena fé, por que
duvidaste? Mateus 14:31
E JESUS lhes
disse: Por causa da vossa pequena fé; porque em verdade vos digo que, se
tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para
acolá — e há de passar; e nada vos será impossível. Mateus 17:20
Ora, sem fé é
impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de DEUS
creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam. Hebreus 11:6
Sendo, pois,
justificados pela fé, temos paz com DEUS por nosso Senhor JESUS CRISTO; Romanos
5:1
De sorte que a
fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de DEUS. Romanos 10:17
em quem também
vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o ESPÍRITO SANTO da
promessa; Efésios 1:13 (Primeiro ouve o evangelho, depois crê e depois recebe o
ESPÍRITO SANTO - Este é processo da Salvação).
Para resolver
questões difíceis vamos ver dois pontos:
1- Para mim
Paulo estava a cavalo.
esta era a
maneira de se viajar nesta época - Exemplo: E, chamando dois centuriões, lhes
disse: Aprontai para as três horas da noite duzentos soldados, e setenta de
cavalo, e duzentos lanceiros para irem até Cesareia; e aparelhai cavalgaduras,
para que, pondo nelas a Paulo, o levem salvo ao governador Félix. Atos 23:23,24
2- Para mim os
acompanhantes de Paulo viram a luz, mas não viram JESUS. Ouviram a voz, mas não
a entenderam.
E os que
estavam comigo viram, em verdade, a luz, e se atemorizaram muito; mas não
ouviram a voz daquele que falava comigo. Atos 22:9
E os varões,
que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. Atos
9:7
Conversão -
επιστροφη epistrophe
conversão - dos
gentios da idolatria para o DEUS verdadeiro - Das trevas para a Luz.
para lhes
abrires os olhos e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás a
DEUS, a fim de que recebam a remissão dos pecados e sorte entre os santificados
pela fé em mim. Atos 26:18
Converterem
- שוב shuwb
1) retornar,
voltar
1a) (Qal)
1a1) voltar,
retornar; 1a1a) voltar; 1a1b) retornar, chegar ou ir de volta; 1a1c) retornar
para ir de volta, voltar; 1a1d) referindo-se à morte; 1a1e) referindo-se às
relações humanas (fig.); 1a1f) referindo-se às relações espirituais (fig.);
1a1f1) voltar as costas (para DEUS), apostatar; 1a1f2) afastar-se (de DEUS);
1a1f3) voltar (para DEUS), arrepender; 1a1f4) voltar-se (do mal); 1a1g)
referindo-se a coisas inanimadas
1a1h) em
repetição
1b) (olel)
1b1) trazer de
volta; 1b2) restaurar, renovar, reparar (fig.); 1b3) desencaminhar
(sedutoramente); 1b4) demonstrar afastamento, apostatar;
1c) (Pual)
restaurado (particípio)
1d) (Hifil)
fazer retornar, trazer de volta
1d1) trazer de
volta, deixar retornar, pôr de volta, retornar, devolver, restaurar, permitir
voltar, dar em pagamento; 1d2) trazer de volta, renovar, restaurar; 1d3) trazer
de volta, relatar a, responder; 1d4) devolver, retribuir, pagar (como
recompensa); 1d5) voltar ou virar para trás, repelir, derrotar, repulsar,
retardar, rejeitar, recusar; 1d6) virar (o rosto), voltar-se para; 1d7)
voltar-se contra; 1d8) trazer de volta à memória; 1d9) demonstrar afastamento;
1d10) reverter, revogar
1e) (Hofal) ser
devolvido, ser restaurado, ser trazido de volta
1f) (ulal)
trazido de volta
CONVERSÃO
Esta palavra
significa literalmente “fazer a volta ou “mudar de direção”, e é usada para
traduzir a palavra heb. shub, e a palavra gr. strepho e seus derivados,
especialmente epistrepho. Estas palavras são às vezes usadas na Bíblia em um
sentido literal de virar-se fisicamente para algo (cf. Mt 9.22; At 9.40). O
significado primário e, espiritual denota uma revolução espiritual. E usada no
mau sentido de converter-se do certo para o errado em duas passagens (Gl 4.9; 2
Pe 2.21). No entanto, o bom significado de voltar-se do indesejável para o
desejável é o usual. Neste sentido, é usada tanto em relação a incrédulos como
a cristãos.
Quando usada
com relação a incrédulos, ela denota a mudança de coração ou de pensamento
(relacionado ao arrependimento e à fé) que permite que alguém receba a graça de
DEUS na salvação (cf. At 3.19). Embora se pense na conversão como sendo o ato
de um homem, em contraste com a justificação e a regeneração que são atos
exclusivos de DEUS, a implicação está sempre presente de forma que a conversão
completa só pode ser conquistada com a ajuda do ESPÍRITO SANTO. A conversão
implica em um completo repúdio ao pecado e uma fiel rendição a CRISTO como
Senhor.
Quando usada
com relação a crentes, ela denota um retorno ao correto relacionamento com
DEUS, que pode ter estado rompido por um fracasso moral (como no caso de Pedro,
em Lucas 22.32) ou devido ao abandono da doutrina verdadeira (cf. Tg 5.19,20).
O uso espiritual desta palavra ilustra o fato de que o vocabulário cristão, a
princípio, era primeiramente figurativo. A necessidade de expressar conceitos
espirituais sem um vocabulário determinado, levou os apóstolos a adotarem
muitas palavras comuns e convertê-las aos seus próprios usos.
Bibliografia.
Georg Bertram. “Strephoetc”, TDNT, VII, 714-729. F. L. F. - Dicionário Bíblico
Wycliffe.
- [Do hb. sub,
voltar atrás; do gr. metanoeõ, voltar; e, do lat. conversionem, transformação]
Mudança que DEUS opera na vida do que aceita a CRISTO como seu Salvador
pessoal, modificando-lhe radicalmente a maneira de ser, pensar e agir desde que
o mesmo esteja de acordo.
A conversão é o
lado objetivo e externo do novo nascimento. Por intermédio dela, o pecador
arrependido mostra ao mundo a obra que CRISTO operou em seu interior: a
regeneração.
Em suma: o novo
nascimento tem dois lados: um subjetivo e outro objetivo. O subjetivo é
conhecido como a regeneração; somente DEUS pode aferi-lo. E, o objetivo,
conforme já o dissemos, é a conversão: pode ser constatado por todos.
Dicionário Teológico - Claudionor Correia de Andrade.
Palavra
portuguesa que traduz o verbo grego “epistrefo” (voltar) (Mt 12,44; 24,18; Lc
2,39) e o substantivo “metanoia” (metanoeõ - mudança de mentalidade).
A tradução
desses termos por “penitência” conduz a conclusões errôneas, porque a conversão
implica não em dor pelo passado, mas uma mudança de vida de quem se dispõe a
abandonar a vida anterior e aceitar JESUS e sua obra como messias e Senhor,
moldando sua própria existência aos seus ensinamentos. O chamado à conversão é
parte essencial da pregação de JESUS (Mc 1,14-15) e aparece simbolizado em
relatos como o do filho pródigo (Lc 15) ou em similares, como o do doente que
precisa do médico (Mc 2,16-17). Toda a humanidade deve converter-se, pois sem
conversão a única expectativa é a da condenação (Lc 13,1). A razão disso reside
no fato de que todos os homens são pecadores, todos estão perdidos e todos
necessitam receber, pela fé, a salvação realizada por JESUS para alcançar a
vida eterna (Jo 3,16). É exatamente a conversão que permite ascender à condição
de filho de DEUS (Jo 1,12) e obter a vida eterna (Jo 5,24). E, por ser
imprescindível o momento em que se decide o destino eterno do homem, DEUS se
alegra com a conversão (Lc 15,4-32) e JESUS considera o chamado a ela como
núcleo central e irrefutável de seu evangelho (Lc 24,47). Dicionário de JESUS e
Evangelhos.
Como o
Crente Deve tratar Com o Pecado?
Quando ao trato
que o crente deve dar ao pecado, a Bíblia recomenda que o crente deve:
- Reconhecê-lo
(Sl 51.3)
- Evitá-lo (1
Tm 5.22)
- Detestá-lo
(Jd v.23)
- Resiste a ele
com confiança em DEUS (Tg 4.7,8).
- Confessá-lo
(1 Jo 1.9).
- Abandoná-lo
(Pv 28.13).
O apóstolo João
escreveu dizendo: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não
pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, JESUS CRISTO,
o Justo” (1Jo 2.1).
Atos
9.1-9
1 - E Saulo,
respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao
sumo-sacerdote, 2 - e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim
de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os
conduzisse presos a Jerusalém. 3 - E, indo no caminho, aconteceu que, chegando
perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.
4 - E, caindo
em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? 5 -
E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou JESUS, a quem tu
persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. 6 - E ele, tremendo
e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te
e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer. 7 - E os varões,
que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. 8 -
E Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E
guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco. 9 - E esteve três dias sem ver, e
não comeu, nem bebeu.
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
A Conversão de
Saulo - Atos 9:1-9 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
(com algumas aliterações e adições do Pr. Henrique)
Encontramos na
história de Estêvão duas ou três menções a Saulo, pois o escritor sagrado
desejava chegar à história de Paulo. Agora que isso foi feito, não deixamos
Pedro de lado já que daqui em diante ele é associado principalmente com Paulo,
o apóstolo dos gentios, como Pedro era o apóstolo da circuncisão. Em hebraico,
seu nome era Saulo – desejado. O nome romano que ele usava entre os cidadãos de
Roma era Paulo. Nasceu em Tarso, cidade da Cilícia, cidade livre dos romanos,
sendo ele mesmo homem livre daquela cidade (possuía cidadania romana,
portanto). Seu pai e mãe eram ambos judeus nativos; por isso ele se chama
hebreu de hebreus (Fp 3.5). Ele era da tribo de Benjamim que permaneceu fiel à
tribo de Judá (mesma tribo do rei Saul). Sua formação educacional foi
primeiramente nas escolas de Tarso, que era uma pequena Atenas para a
aprendizagem. Lá ele estudou os primeiros rudimentos da Torah na sinagoga e em
casa, com seus pais e também, na escola secular, deve ter
se familiarizado com a filosofia e a poesia dos gregos. De lá, ele
foi enviado para a universidade em Jerusalém a fim de estudar teologia e a lei
judaica. O seu tutor era Gamaliel, fariseu eminente. Possuía extraordinários
talentos naturais e se dedicou bastante ao estudo dos ensinamentos propagados
pelos fariseus. Ele tinha um comércio de habilidades manuais (fizeram-no
aprender a profissão de fazedor de tendas), que era comum entre os judeus que
desde pequeno estudavam para ser eruditos (como disse o Dr. Lightfoot), a fim
de ganharem o próprio sustento e evitarem o ócio. Este é o jovem em quem a
graça de DEUS operou esta mudança maravilhosa aqui registrada cerca de um ano
depois da ascensão de CRISTO ou um pouco mais. (Os judeus estudam e se formam
em alguma profissão intelectual, mas também se formam em alguma profissão
braçal - faltando uma, a outra a cobre para seu sustento).
I
Como Saulo agiu
mal antes da sua conversão.
Ele era inimigo
inveterado do cristianismo e fez o que pôde para erradicá-lo, perseguindo todos
que o aceitassem. Sob outros aspectos, Saulo era muito bom. Era, segundo a
justiça que há na lei, irrepreensível (Fp 3.6), homem de bons costumes, mas
blasfemo de CRISTO, perseguidor dos cristãos e prejudicial a ambos (1 Tm 1.13).
Sua consciência estava tão mal-informada que ele pensava que deveria fazer o
que fez contra o nome de CRISTO (At 26.9) e que estava na verdade servindo a
DEUS com este procedimento, como fora predito (Jo 16.2). Aqui temos:
1. A inimizade
e fúria geral de Saulo contra a religião cristã: E Saulo, respirando ainda
ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor (v. 1). Os perseguidos eram os
discípulos do Senhor. Só por terem essa característica, ele os odiava e os
perseguia. O tema da perseguição era ameaças e mortes. Há perseguição nas
ameaças (At 4.17,21). Elas aterrorizam e quebrantam o espírito. Embora se diga
que as pessoas ameaçadas vivam muito, as pessoas que Saulo ameaçava, se ele não
fosse bem-sucedido em fazê-las fugir com medo de CRISTO, as matava e as
perseguia até à morte (At 22.4). O fato de ele respirar ameaças e mortes dá a
entender que isso lhe era natural e fazia parte de sua atividade constante. Ele
até se sentia bem nesse meio, respirando seus elementos com naturalidade. Ele
respirava com fúria e veemência. Sua própria respiração, como a de algumas
criaturas venenosas, era pestilenta. Ele respirava morte contra os cristãos por
onde quer que fosse. Em seu orgulho, ele assoprava para eles (Sl 12.4,5). Em
sua raiva, ele cuspia seu veneno neles. Essa respiração de Saulo também dá a
entender: (1) Que Saulo persistia ainda mais nisso. Não satisfeito com o sangue
de quem tinha matado, ele ainda clamava: Dá, Dá (Pv 30.15). (2) Que Saulo em
breve pertenceria a outro meio. Por enquanto, ele respirava ameaças e mortes,
mas não tinha de viver essa vida por muito tempo. Essa respiração logo cessará.
2. O desígnio
particular de Saulo acerca dos cristãos em Damasco. Fazia pouco tempo que o
evangelho chegara ali levado pelos cristãos que fugiram da perseguição causada
pela morte de Estêvão. Eles pensavam que estavam seguros e sossegados nessa
cidade e tinham a tolerância daqueles que estavam no poder. Mas Saulo não
ficava sossegado se soubesse que um cristão se encontrasse em paz. Ouvindo que
os cristãos em Damasco estavam em paz, ele resolve perturbá-los. Para isso, ele
solicita uma procuração ao sumo sacerdote (v. 1) para ir a Damasco (v. 2). O
sumo sacerdote não precisava ser levado a perseguir os cristãos, pois ele
sempre estava disposto a fazê-lo. Mas parece que o jovem perseguidor foi mais
vigoroso em seus esforços que o idoso perseguidor. Os líderes no pecado são os
piores pecadores. Os prosélitos que os escribas e fariseus fazem se mostram
sete vezes mais filhos do inferno que eles (Mt 23.15). Saulo disse que esta
procuração foi dada por todo o conselho dos anciãos (At 22.5). Por isso, este
homem fanático e furioso estava bastante orgulhoso de ter uma procuração dada
exclusivamente a ele com o selo do grande Sinédrio. A procuração o autorizava a
investigar entre as sinagogas ou congregações dos judeus que estavam em
Damasco, a existência de alguém que pertencesse àqueles que se inclinavam a
favor desta nova seita ou heresia, aqueles que criam em CRISTO. Se ele achasse
um dos tais, quer homens, quer mulheres, devia levá-los prisioneiros para
Jerusalém a fim de que fosse instaurado inquérito contra eles de acordo com a
lei pelo grande conselho. Observe: (1) Os cristãos aqui são chamados alguns
daquela seita (v. 2), “alguns que eram do Caminho” (versão RA), conforme o
original. Talvez os cristãos às vezes se chamassem assim: de CRISTO, “o
Caminho”. Ou porque eles se consideravam que estavam apenas no caminho, não
tendo ainda chegado ao lar; ou porque os inimigos os representavam estar longe
por si mesmo, um caminho retirado, pouco frequentado, um partido, uma facção.
(2) O sumo
sacerdote e o Sinédrio requeriam o direito de exercer poder sobre os judeus em
todos os países. E todas as sinagogas, mesmo aquelas que não estivessem na
jurisdição do governo civil da nação judaica, prestavam deferência respeitosa a
estas autoridades em questões de religião. Hoje, o pontífice romano reivindica
tal soberania como então fizera o pontífice judaico, embora ele não tenha muito
o que mostrar.
(3) Por esta
procuração, todos que adorassem a DEUS do modo que o sumo sacerdote e o
Sinédrio considerassem heresia, embora concordassem exatamente com os
institutos originais até da igreja judaica, quer fossem homens ou mulheres,
seriam processados. Até o sexo frágil, que num caso desta natureza poderia
ficar isento, ou pelo menos sob compaixão, não receberá de Saulo nada menos do
que receberam dos perseguidores papistas.
(4) Saulo
recebeu a ordem de levar todos esses indivíduos para Jerusalém amarrados como
criminosos de primeira magnitude. Este procedimento visava a amedrontar os
prisioneiros e engrandecer Saulo, na qualidade de comandante da força policial
que fora buscá-los e pela oportunidade de respirar ameaças e morte. Saulo foi
usado quando a graça de DEUS operou essa grande mudança nele. Não nos
desesperemos da graça renovadora em prol da conversão dos maiores pecadores,
nem desistamos da misericórdia perdoadora de DEUS a favor do maior pecado, pois
o próprio Paulo obteve misericórdia para que ele fosse um exemplo notável (1 Tm
1.13).
II
Como foi súbita
e extraordinária a mudança maravilhosa ocasionada em Saulo, não por meio de
expedientes comuns, mas por milagre. A conversão de Saulo é uma das maravilhas
da igreja. Aqui está:
1. O lugar e a
hora da conversão de Saulo:
Indo no
caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco (v. 3), JESUS o encontrou.
(1) Saulo
estava indo no caminho (v. 3) em sua viagem. Ele não estava no templo, nem na
sinagoga, nem na reunião dos cristãos, mas indo no caminho. Os pensamentos são
tão livres e há boa oportunidade de refletir com nosso próprio coração na
estrada quanto na cama. Lá, o ESPÍRITO pode começar sua obra em nós, pois esse
vento assopra onde quer (Jo 3.8). Saulo já havia ouvido e visto o testemunho de
Estêvão (ouvido sua sabedoria e suas palavras de amor, visto sua coragem e fé).
(2) Saulo
estava perto de Damasco (v. 3), quase no fim da viagem, prestes a entrar na
cidade, a principal da Síria. Alguns eruditos observam que ele, que seria o
apóstolo dos gentios, converteu-se à fé de CRISTO em um país gentio. Outrora
Damasco fora infame por perseguir o povo de DEUS: seus habitantes trilharam a
Gileade com trilhos de ferro (Am 1.3). Agora, era provável que o mesmo
acontecesse de novo.
(3) Saulo
estava prosseguindo no mau caminho, cumprindo seu desígnio contra os cristãos
em Damasco e se agradando com o pensamento de que lá devoraria esta criança
recém-nascida do cristianismo. Veja que às vezes a graça de DEUS opera nos
pecadores quando eles estão no pior e fervorosamente empenhados em seus mais
desesperados interesses pecaminosos, os quais são para a glória da piedade e do
poder de DEUS.
(4) O edito e
decreto cruel que Saulo trazia consigo estava perto de ser posto em execução.
Mas felizmente foi impedido, fato que pode ser considerado:
[1] Como grande
bondade para com os pobres santos em Damasco, que ficaram sabendo da ida de
Saulo, segundo deduzimos do que Ananias disse (vv. 13,14), e estavam
apreensivos diante do perigo que ele representava para eles, tremendo como
fracos cordeiros diante do ataque de um lobo voraz. A conversão de Saulo foi,
por ora, a segurança dos santos damascenos. JESUS tem muitas maneiras de livrar
da tentação os piedosos. Às vezes, Ele livra mudando o caráter dos
perseguidores, quer lhes contendo o espírito colérico (Sl 76.10) e o
apaziguando durante certo tempo, como fez com o rei Saul que mais de uma vez
apiedou-se de Davi (1 Sm 24.16; 26.21), quer renovando-lhes o espírito e
fixando nele impressões duráveis, como fez com Saulo.
[2] Mostrando
bastante misericórdia para com o próprio Saulo, não o deixando executar seu
desígnio mau. Caso tivesse ido em frente, talvez tivesse alcançado o
preenchimento da medida da sua iniquidade. Veja que será valorizado como sinal
notável do favor divino se DEUS, quer pela operação interior da sua graça, quer
pelas ocorrências exteriores da sua providência, nos impedir de prosseguir e
executar um propósito pecaminoso (1 Sm 25.32).
2. A aparição
de JESUS na sua glória a Saulo.
Aqui, somos
informados somente que subitamente o cercou um resplendor de luz do céu (v. 3).
Mas pelo que se segue (v. 17), concluímos que o Senhor JESUS estava nesta luz e
lhe apareceu desta maneira. Ele viu o Justo (Atos 22.14) e viu uma luz (Atos
26.13). Quer ele o tenha visto a distância, como Estêvão o viu nos céus, quer o
visse mais próximo no ar não sabemos com certeza. Não é incompatível com a
escritura que diz que o céu contém JESUS até ao fim dos tempos (At 3.21) supor
que Ele, em tal ocasião extraordinária, fez uma visita pessoal e brevíssima a
esta terra. A fim de que Paulo fosse apóstolo era necessário que ele visse o
Senhor, e ele o viu (1 Co 9.1; 15.8). (1) Esta luz (v. 3) brilhou sobre Saulo
subitamente – exaiphnes, quando ele sequer pensava em tal coisa e sem aviso
prévio. As manifestações de JESUS para as pessoas são muitas vezes súbitas e
muito surpreendentes, e Ele as antecipa com as bênçãos da sua bondade. Foi o
que sucedeu com os discípulos que JESUS chamou para si. Antes de eu o sentir (Ct
6.12). (2) Era uma luz do céu (v. 3), a fonte da luz, do DEUS do céu, o Pai das
luzes. Era uma luz mais intensa que o brilho do sol (Atos 26.13), pois foi
visível ao meio-dia e excedia o esplendor do sol na sua força e fulgor
meridiano (Is 24.23). (3) A luz cercou [...] Saulo, não só em torno do rosto,
mas do corpo inteiro. De qualquer lado que se virasse, ele estava rodeado com a
manifestação do milagre. O propósito disso era não só sobressaltá-lo e
despertar-lhe a atenção (para ouvir bem quando visse algo tão extraordinário
assim), mas também dar a entender a iluminação do seu entendimento com o
conhecimento de CRISTO. O diabo entra na alma nas densas trevas. Deste modo,
ele obtém e mantém a posse da alma. Mas JESUS entra na alma à plena luz, pois
Ele próprio é a luz do mundo, brilhante e gloriosa para nós, como a luz. A luz
é primeira coisa nesta nova criatura, como é na criação do mundo (2 Co 4.6).
Por conseguinte, todos os cristãos são filhos da luz e filhos do dia (1 Ts
5.5).
3. A detenção
de Saulo e sua separação:
Ele caiu em
terra (v. 4). É provável que ele estivesse a cavalo, como Balaão que montava
uma jumenta quando foi amaldiçoar Israel, e talvez cavalgasse melhor que ele,
pois Saulo estava em função oficial, tinha pressa e a viagem era longa, de
forma que não é provável que ele estivesse viajando a pé.
Vemos que esta
é a hipótese mais aceita, pois assim era o comportamento padrão. A pessoa mais
importante viajava a cavalo.
"E,
chamando dois centuriões, lhes disse: Aprontai para as três horas da noite
duzentos soldados, e setenta de cavalo, e duzentos lanceiros para irem até
Cesareia; aparelhai cavalgaduras, para que, pondo nelas a Paulo, o levem salvo
ao governador Félix". Atos 23:23,24
A luz súbita
amedrontaria o cavalo no qual ele montava e o derrubaria. Foi a boa providência
de DEUS que o corpo de Saulo não se machucasse com a queda. Pelo visto, todos
que estavam com ele também caíram por terra (Atos 26.14), mas o alvo era ele.
Isto pode ser considerado:
(1) Como o
efeito da aparição de JESUS para Saulo e da luz do céu que o cercou.
Veja que a
manifestação de JESUS para os pecadores visa a humilhá-los. Esse fenômeno
miraculoso os rebaixa, fazendo-os pensar vilmente sobre si e submeter-se
humildemente à vontade de DEUS. Agora te veem os meus olhos, disse Jó. Por
isso, me abomino (Jó 42.4,5); Eu vi ao Senhor, disse Isaías, assentado sobre um
alto e sublime trono. [...] Então eu disse: ai de mim, que vou perecendo! (Is
6.1,5); E, estando ele falando comigo, caí com o meu rosto em terra,
adormecido; ele, pois, me tocou e me fez estar em pé. Daniel 8:18; E
levantei-me e saí ao vale, e eis que a glória do Senhor estava ali, como a
glória que vi junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto. Ezequiel 3:23.
(2) Como um
degrau para este avanço planejado.
O propósito era
que Saulo fosse não só cristão e ministro, mas também apóstolo, grande
apóstolo. Portanto, ele precisava ser subjugado desta forma. Veja que aqueles a
quem JESUS escolhe para receber as maiores honras são primeiramente humilhados.
Aqueles a quem JESUS quer dar conhecimento e graça sobejamente são em primeiro
lugar humilhados para que sintam a própria ignorância e pecaminosidade. Aqueles
a quem DEUS vai usar são primeiramente golpeados com o senso da própria
indignidade em serem usados.
4. A acusação
de Saulo. Sendo pela queda levado em custódia e como se estivesse num tribunal,
ele ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? (v. 4).
Essa voz era nítida somente para ele, pois os demais ouviam apenas um som (v.
7), não distinguindo as palavras (Atos 22.9). Observe aqui:
(1) Saulo viu
uma luz do céu e ouviu uma voz do céu (v. 4).
Sempre que a
glória de DEUS foi vista, a palavra de DEUS foi ouvida (Êx 20.18) por Moisés
(Nm 7.89) e pelos profetas. As manifestações de DEUS nunca foram exibições
mudas, porque Ele engrandece sua palavra acima de todo o seu nome. O que foi
visto sempre teve o propósito de abrir caminho ao que foi dito. Saulo [...]
ouviu uma voz. Veja que a fé vem pelo ouvir a Palavra de DEUS. Por conseguinte,
o ESPÍRITO é recebido pelo ouvir da fé (Rm 10.17; Gl 3.2). A voz que ele ouviu
era a voz de JESUS. Quando ele viu aquele Justo, ouviu a voz da sua boca (Atos
22.14). Veja que a palavra que ouvimos tem maior probabilidade de nos
beneficiar quando a ouvimos como a voz de JESUS (1 Ts 2.13). Esta é a voz do
meu amado (Ct 2.8). É somente a voz dele que pode alcançar o coração. Ver e
ouvir são dois métodos de aprendizagem. JESUS entrou no coração de Saulo por
ambas estas portas.
(2) O que Saulo
ouviu era muito estimulante.
[1] Saulo foi
chamado por nome e duas vezes: Saulo, Saulo (v. 4). Certos estudiosos são de
opinião de que, ao chamá-lo de Saulo, JESUS dá a entender o terrível
perseguidor de Davi cujo nome era semelhante – Saul. Ele foi de fato um segundo
Saul, grande inimigo do Filho de Davi como o outro fora para Davi. Chamá-lo
pelo nome indica a consideração especial que JESUS tinha por ele (Is 45.4; veja
Êx 33.12). Chamá-lo pelo nome convenceu-o e não lhe deixou dúvida de quem era a
voz que lhe falava (como Ele saberia seu nome se não fosse DEUS?). Veja que o
que DEUS fala em geral tem maior probabilidade de nos fazer bem quando
aplicamos o que ouvimos a nós mesmos e inserimos nosso nome nos preceitos e
promessas expressos de modo geral, como se Ele nos chamasse pelo nome. Quando
disse: Ó vós todos (Is 55.1), Ele dissera: Ó fulano (Rt 4.1): Samuel, Samuel (1
Sm 3.10); Saulo, Saulo. Chamar duplamente: Saulo, Saulo, indica, em primeiro
lugar, o sono profundo em que Saulo se encontrava. Ele precisava ser chamado
muitas vezes, como ocorre em Jeremias 22.29: Ó terra, terra, terra! Em segundo
lugar, a preocupação amorosa que o santo JESUS tinha por Saulo e por sua
recuperação. Ele fala como alguém que é sincero. É como Marta, Marta (Lc
10.41), ou Simão, Simão (Lc 22.31), ou Jerusalém, Jerusalém (Mt 23.37). Ele
fala com ele como com alguém que está em perigo iminente, à beira da cova,
prestes a cair: “Saulo, Saulo, tu não sabes para onde estás indo. Ou: O que tu
estás fazendo?”
[2] A acusação
apresentada contra Saulo é: Por que me persegues? (v. 4). Observe aqui, em
primeiro lugar, que antes de Saulo se tornar santo, ele tem de se ver pecador,
um grande pecador, um pecador contra JESUS. Agora ele vê esse mal nele que ele
nunca vira antes. O pecado reviveu e ele morreu. Veja que a convicção humilde
de pecado é o primeiro passo para a conversão salvadora do pecado. Em segundo
lugar, que Saulo é convencido de um pecado em particular, do qual ele era mais
notoriamente culpado, no qual tinha se justificado e por meio do qual é
convencido de todos os outros pecados. Em terceiro lugar, que o pecado do qual
Saulo é convencido é perseguição: Por que me persegues? (v. 4). Trata-se de uma
repreensão muito afetuosa, o suficiente para derreter um coração de pedra.
Observe: 1. A pessoa que pecou:
“És tu. Tu, que
não és um da multidão ignorante, rude e irracional, que destruirá qualquer
coisa que ouve com um nome ruim. Mas és tu que tiveste uma educação culta e
liberal, tens talentos, dons e conhecimento das Escrituras, os quais, se
devidamente considerados, te mostrariam a loucura disto. É pior em ti do que em
outro”.
2. A pessoa
contra quem pecou:
“Sou Eu, que
nunca te fez mal, que veio do céu para a terra fazer o bem, que não faz muito
tempo que foi crucificado por ti. E não foi o bastante, mas devo Eu ser
crucificado mais uma vez por ti?”
3. O tipo e
persistência do pecado:
perseguição e,
naquele momento, Saulo estava engajado nisso: “Tu não só tens perseguido, mas
tu persegues e persistes nessa ação”. Naquele momento, ele não estava
arrastando alguém para a prisão, nem estava matando-o. Mas era esta a missão na
qual ele estava indo a Damasco. Era este seu intento, o qual lhe agradava o
pensamento. Note que os que intentam causar dano já estão, na conta de DEUS,
causando danos.
4. A pergunta
que JESUS fez para Saulo: “Por que tu fazes isso?”
(1) É linguajar
de queixa. “Por que tu ages assim injustamente, assim indelicadamente, com os
meus discípulos?” JESUS nunca reclamou tanto daqueles que o perseguiram em
pessoa como Ele reclamou aqui daqueles que o perseguiram nos seus seguidores.
Ele reclama como se fosse o pecado de Saulo: “Por que tu és tal inimigo de ti
mesmo, do teu DEUS?” Note que os pecados dos pecadores são cargas muito
dolorosas ao Senhor JESUS. Ele se condói dessas cargas (Mc 3.5); Ele é
pressionado sob essas cargas (Am 2.13).
(2) É linguajar
convincente: “Por que tu ages assim? Tu podes me dar uma boa razão para isso?”
Veja que é bom nos perguntarmos por que agimos desta ou daquela maneira, para
que nos demos conta de quão irracional é o pecado. De todos os pecados nenhum é
tão irracional, tão irresponsável, quanto o pecado de perseguir os discípulos
de JESUS, sobretudo quando descobrimos que estamos, como certamente estão
perseguindo JESUS. Não tem conhecimento quem persegue o povo de DEUS (Sl 14.4).
Por que me persegues? Ele pensava que estava perseguindo somente um grupo de
pessoas pobres, fracas e tolas, que eram uma afronta e ofensiva de se olhar
para os fariseus, sem imaginar que com tudo isso ele estava insultando uma
pessoa no céu. Com toda a certeza, se tivesse sabido disso, ele não teria
perseguido o Senhor da glória. Veja que os que perseguem os santos perseguem o
próprio JESUS. O que é feito contra eles Ele recebe como se tivesse sido feito
contra si mesmo, e o julgamento no grande Dia será feito em conformidade com isso
(Mt 25.45).
5. A pergunta
de Saulo na sua acusação e a resposta (v. 5).
(1) Saulo faz
perguntas acerca de JESUS: Quem és, Senhor? (v. 5).
Ele não
responde diretamente à indagação de JESUS, mas a própria consciência e
procedimento o acusavam. Quando DEUS nos faz ver nossos pecados, não podemos
justificar um entre mil, especialmente quando se trata de perseguição. As
convicções de pecado, quando atingem com poder a consciência, calam todas as
desculpas e justificações. Ainda que eu fosse justo, lhe não responderia (Jó
9.15). Mas Saulo deseja saber quem é o seu juiz. A interpelação é respeitosa:
Senhor. Ele, que fora blasfemo do nome de JESUS, agora fala com Ele como o seu
Senhor. A pergunta é apropriada: Quem és...? Isso dá a entender o seu
desconhecimento de JESUS. Ele não conhecia a voz de JESUS como as suas ovelhas
a conhecem, mas desejava se familiarizar com ela. A luz que o envolve o convence
de que é alguém do céu que lhe fala, e ele respeita aquilo que lhe parece vir
do céu. Quem és, Senhor? Qual é o teu nome? (Jz 13.17; Gn 32.29). Observe que
as pessoas se enchem de esperança quando começam a perguntar por JESUS CRISTO.
(2) Saulo
recebe uma resposta imediatamente, na qual temos:
[1] A revelação
graciosa e pessoal de JESUS para Saulo. Ele sempre está pronto a responder as
perguntas investigativas e sérias daqueles que desejam conhecê-lo: Eu sou
JESUS, a quem tu persegues (v. 5). Na certa Paulo agora ouve o mesmo nome que
ouviu da boca de Estêvão - E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia:
Senhor JESUS, recebe o meu espírito. Atos 7:59. Então Estevão realmente estava
vendo e falando com Ele? O nome de JESUS não lhe era desconhecido. Seu coração
se revoltara contra esse nome muitas vezes, e com alegria ele o faria cair no
esquecimento. Ele sabia que era o nome que ele perseguia, mas nem imaginava que
o ouviria do céu, ou em meio à tamanha glória que agora o cercava. Perceba que
JESUS traz as pessoas para comunhão com Ele se manifestando pessoalmente a
elas. Ele disse, em primeiro lugar: Eu sou JESUS, o Salvador. Eu sou JESUS, o
Nazareno (At 22.8). Saulo o chamava assim quando contra Ele blasfemava: “Eu sou
aquele mesmo JESUS a quem tu acostumavas chamar com desprezo ‘JESUS, o Nazareno’”.
Ele mostraria que agora que Ele está na sua glória não se envergonha da sua
humilhação. Em segundo lugar: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues. Portanto, o
risco é teu se tu persistires em continuar neste curso mau”. Não há nada mais
eficaz para despertar e humilhar os pecadores do que eles verem o pecado que
cometem contra JESUS, sendo uma afronta para Ele e uma contradição aos seus
desígnios.
[2] A
reprovação gentil de JESUS: Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões (v.
5) – dar soco em ponta de faca. Retornar atrás quando espetado por um ferrão de
ponta aguda como nos carros de boi. É duro, é em si mesmo uma coisa absurda e
má, e será de consequência fatal para aquele que o fizer. Essas recalcitrações
contra os aguilhões que abafam e sufocam as convicções da consciência, que se
rebelam contra as verdades e leis de DEUS, que brigam com as providências
divinas e que perseguem e se opõem aos seus ministros, porque eles as reprovam,
e as suas palavras são como pontas de ferro (aguilhões) e pregos. Aqueles que
se revoltam cada vez mais quando são atingidos pela palavra ou vara de DEUS,
que se enfurecem com as reprovações e insultam os reprovadores, recalcitram
contra os aguilhões e terão muito a prestar contas.
6. Por fim, a
rendição de Saulo ao Senhor JESUS (v. 6). Veja aqui:
(1) A
disposição mental e temperamento nos quais Saulo estava quando JESUS estivera
tratando dele.
[1] Saulo
tremia (v. 6) como alguém que estava com muito medo. Observe que as convicções
fortes, dadas pelo bendito ESPÍRITO, farão o pecador-alvo tremer. Esses
indivíduos não têm escolha senão tremer ao verem que o DEUS eterno foi
provocado contra eles, que a criação inteira está em guerra com eles e que a
própria alma se encontra à beira da ruína! [2] Saulo ficou atônito (v. 6),
muito surpreso e espantado, como alguém que é levado a um país estrangeiro, que
não sabe em que ambiente está. Note que a obra convincente e convertedora de
JESUS é surpreender o pecador e enchê-lo de admiração. “O que é isto que DEUS
está fazendo comigo? O que mais Ele vai fazer?”
(2) As palavras
de Saulo para JESUS, quando aquele estava nesta disposição mental e
temperamento: Senhor, que queres que faça? (v. 6). Podemos considerar esta
pergunta: [1] Como um pedido sério de Saulo pelos ensinamentos de CRISTO:
“Senhor (v. 6), eu percebo que até aqui tenho estado fora dos teus caminhos. Tu
tens me mostrado meus erros, corrigindo-me. Tu descobriste os meus pecados,
descubra-me também o caminho do perdão e da paz”. É igual a: Que faremos,
varões irmãos? (At 2.37). Observe que o desejo sério de ser instruído por JESUS
no caminho da salvação é prova clara de que a boa obra começou na alma. Ou: [2]
Como uma resignação sincera de Saulo à direção e governo do Senhor JESUS. Esta
foi a primeira palavra que a graça comunicou a Saulo, e assim começou uma vida
espiritual: Senhor [JESUS], que queres que eu faça? (v. 6). A grande mudança na
conversão é operada na vontade, que consiste em sua resignação à vontade de
JESUS. A conversão trás desejo de trabalhar para JESUS.
(3) A
orientação geral que JESUS deu a Saulo em resposta à pergunta feita:
Levanta-te
e entra na cidade (v. 6) de Damasco, que está perto de ti, e lá te será dito o
que te convém fazer. É muito animador ter a promessa de mais instruções, mas:
[1] Saulo não receberá mais instruções agora. Em breve lhe será dito o que ele
tem de fazer. Por ora, ele tem de permanecer no que lhe foi dito e se
aperfeiçoar nisso. Ele deve refletir no que fez perseguindo JESUS, humilhar-se
muitíssimo por isso, para que então lhe seja dito o que mais ele tem de fazer.
[2] Saulo não receberá mais instruções por este meio, por uma voz do céu, pois
está claro que ele não suportará. Ele está tremendo e atônito (v. 6). Mais
tarde sim voltará a ouvir e ver JESUS. Agora um homem como ele lhe dirá o que
ele tem de fazer, cujo terror não o deixará amedrontado, nem sua mão lhe será
pesada, que era o que Israel desejou no monte Sinai. Ou é indicação de que
levaria certo tempo para outras e maiores manifestações de JESUS para Saulo,
quando ele tivesse se recomposto e este espanto tivesse acabado. JESUS se
manifesta aos seus por etapas. Tanto o que Ele faz quanto o que Ele quer que
eles façam, embora não saibam agora, saberão depois.
7. Até que
ponto os companheiros de viagem de Saulo foram afetados pelo episódio
miraculoso e que impressão isso lhes causou.
Eles caíram em
terra, a seu exemplo, mas se levantaram sem a necessidade de receberem ordem,
ao passo que ele ficou caído em terra e só se levantou quando recebeu a ordem:
Levanta-te (v. 6). É que ele ficou debaixo de uma carga mais pesada que os
outros. Mas, quando os varões, que iam com [Saulo], se levantaram (v. 7): (1)
Eles pararam espantados, confusos, e isso era tudo. Eles estavam na mesma
missão má em que Saulo estava, e talvez, no melhor de suas forças, eram tão
rancorosos quanto ele. Não somos informados se algum deles se converteu, embora
tivessem visto a luz, caíssem em terra e ficassem espantados pelo episódio. Não
há meio externo que, por si só, ocasione a mudança na alma, sem que operem o
ESPÍRITO e a graça de DEUS, que distinguem uns dos outros. Dentre este grupo
que viajava junto, um é tomado, e os outros são deixados. Eles pararam
espantados, ou “emudecidos” (versão RA). Nenhum deles disse: Quem és, Senhor?
ou: Senhor, que queres que faça? como fez Saulo. Nenhum dos filhos de DEUS
nasce emudecido. (2) Eles ouviam a voz, mas não nitidamente, não viam ninguém.
Eles ouviam Saulo falar, mas não viam com quem falava, nem ouviam claramente o
que lhe era dito. Isto se harmoniza com a descrição deste mesmo episódio
registrada no capítulo 22.9: Os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, e
se atemorizaram muito (o medo era compreensível, pois eles não viam ninguém na
luz como Saulo via), e que eles não ouviram a voz daquele que falava com Saulo,
para que entendessem o que Ele dizia, embora ouvissem um ruído confuso. Assim,
os varões que seriam instrumentos da raiva de Saulo contra a igreja servem de
testemunhas do poder de DEUS que caiu sobre ele. Assim também quando DEUS falou
com JESUS no batismo nas águas, os que ali se encontravam não entenderam o que
a voz dizia. Só João Batista e JESUS entenderam. Ora, a multidão que ali estava
e que a tinha ouvido dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe
falou. Joao 12:29
8. Em que
condição Saulo ficou depois do episódio miraculoso (vv. 8,9).
(1) Saulo
levantou-se da terra (v. 8), quando JESUS o ordenou, mas provavelmente não sem
ajuda. A visão o deixou tão abatido e fraco, não direi como Belsazar, quando as
juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro (Dn
5.6), mas como Daniel, quando por causa da visão que teve ele ficou sem força
alguma (Dn 10.16,17).
(2) Saulo
[...], abrindo os olhos (v. 8), descobriu que ficara cego. Ele não via a
ninguém, a nenhum dos varões que o acompanhavam na missão, que imediatamente
passaram a ocupar-se com ele. Não foi tanto esta luz brilhante que,
deslumbrando os seus olhos, os escureceram – nimium sensibile loedit sensum,
pois então os que estavam com ele também teriam perdido a visão. Foi a visão de
JESUS, que os demais não tiveram, que causou este efeito em Saulo. A visão
cristã da glória de DEUS na face de CRISTO deslumbra os olhos de todas as
coisas aqui da terra. JESUS, para dar outras e maiores revelações de si e do
seu evangelho para Saulo, tirou-lhe a visão de outras coisas, das quais ele
tinha de desviar o olhar, para que visse JESUS e tão-somente Ele.
(3) Os
companheiros de viagem de Saulo, guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco (v.
8). Sabemos que Paulo ficou hospedado em uma casa de alguém da mesma cidade
natal dele - Tarso - seu nome era Judas (Atos 9.11). Aquele que pensava
conduzir os discípulos de JESUS prisioneiros e cativos para Jerusalém foi ele
mesmo conduzido prisioneiro e cativo a JESUS para Damasco. Ele aprendeu que
precisava da graça de JESUS para conduzir a sua alma (sendo naturalmente cego e
passível de erro) em toda a verdade.
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Lição 4, Paulo, a Vocação para Ser Apóstolo
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
Vídeo desta Lição - https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/video-completo-licao-4-paulo-vocacao.html
Slides desta Lição - https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/slides-licao-4-paulo-vocacao-para-ser.html
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 9.15-22; Gálatas 1.11-18
Atos 9
15 - Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. 16 - E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome. 17 - E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor JESUS, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do ESPÍRITO SANTO. 18 - E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado. 19 - E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco. 20 - E logo, nas sinagogas, pregava a JESUS, que este era o Filho de DEUS. 21 - Todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais dos sacerdotes? 22 - Saulo, porém, se esforçava muito mais e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que aquele era o CRISTO.
Gálatas 1
11 - Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens, 12 - porque não o recebi de homem algum, mas pela revelação de JESUS CRISTO. 13 - Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de DEUS e a assolava. 14 - E, na minha nação, excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais. 15 - Mas, quando aprouve a DEUS, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça, 16 - revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei carne nem sangue, 17 - nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.
18 - Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro e fiquei com ele quinze dias.
Lição 4, Paulo, a Vocação para Ser Apóstolo
I – O PONTO DE PARTIDA PARA A VOCAÇÃO DE PAULO
1. Chamada e presciência divina.
2. Um ministério na plenitude do ESPÍRITO.
3. DEUS mudou o nome de Saulo para Paulo?
II – UMA VOCAÇÃO EFETIVADA PELO CRISTO RESSURRETO
1. Saulo viu o esplendor glorioso do CRISTO ressurreto (At 9.3-6).
2. Uma vocação inevitável para o apostolado entre os gentios.
3. A vocação mudou o rumo da vida de Saulo.
III – VOCAÇÃO DE PAULO E O APRENDIZADO NO DESERTO
1. A ida para o deserto.
2. As lições do deserto.
3. Mais lições do deserto.
Observações Iniciais:
O apóstolo Paulo não passou 3 anos na Arábia. Foi a Arábia, muito provavelmente ao Monte Horebe, que ficava na cadeia montanhosa do Sinai, do lado Árabe, na Terra de Midiã, onde viveu e se casou Moisés, tendo ali também recebido a Lei. Paulo disse que saiu de Damasco, foi a Arábia e depois voltou a Damasco. Três anos depois disto foi a Jerusalém, onde passou 15 dias com Pedro e viu também a Tiago, irmão de JESUS, que agora também era apóstolo. Paulo, na certa, pensou: Se Moisés falou com DEUS no Monte Horebe, na Arábia, então eu também vou até lá falar com DEUS. E falou mesmo. Ali JESUS lhe revelou várias coisas, como por exemplo, sobre a Santa Ceia: Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor JESUS, na noite em que foi traído, tomou o pão; 1 Coríntios 11:23.
Aqui, o texto Bíblico.
nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco. Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro e fiquei com ele quinze dias.
E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor. Gálatas 1:17-19
Existem apóstolos hoje na Igreja, só naõ são reconhecidos e mantidos adequadamente. São aqueles que desbravam lugares onde nunca ouviram a pregação do evangelho legítimo, abrem igrejas e as coordenam instituindo líderes para cada uma delas. Estes apóstolos também instruem e doutrinam seus membros. São homens cheios do ESPÍRITO SANTO com sinais, prodígios e maravilhas acontecendo em seus ministérios.
O apóstolo Paulo deu dica de como saber se alguém é apóstolo: Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas. 2 Coríntios 12:12.
Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor. 1 Coríntios 9:2
CHAMAR
Embora a palavra “chamar” tenha muitas aplicações comuns nas Escrituras, sua principal importância é a de ser um termo especificamente teológico. A forma verbal (kaleo), quando usada tecnicamente, se refere à chamada de DEUS aos homens para participar da bênção da redenção. Seus benefícios podem ser descritos como a chamada de DEUS à sua glória (1 Pe 5.10; 2 Pe 1.3); à vida eterna (1 Tm 6.12); à comunhão com o seu Filho (1 Co 1.9) e das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9).
A chamada depende do propósito de DEUS (Gl 1.15), estabelecido através da dádiva de sua graça (Gl 1.6,15) e alcança os homens através da proclamação do Evangelho (2 Ts 2.14) tornando-se, dessa maneira, a única esperança de salvação para a humanidade (Ef 4.4). A chamada está dirigida não só à salvação do homem como também ao seu comportamento. Assim, os cristãos são chamados não só à pureza, mas à santificação (1 Ts 4.7), à liberdade (Gl 5.13) e a viver em paz (Fl 4.7).
O termo “chamada”, como substantivo, (klesis), aparece no NT exclusivamente em um sentido técnico. O convite é para entrar no reino de DEUS, para recebê-lo como uma dádiva e um bem. Incluída nesse convite está uma decisiva ênfase na soberana iniciativa de DEUS que nos enviou seu filho para dar a vida por nós. "que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade". 1 Timóteo 2:4
“Porque a loucura de DEUS é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de DEUS é mais forte do que os homens.
Porque vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas DEUS escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e DEUS escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes. E DEUS escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em JESUS CRISTO, o qual para nós foi feito por DEUS sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor. (1 Coríntios 1:25-31” cf. Ef 4.4). Mas essa Divina chamada exige, da mesma forma, uma resposta do homem. “Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis” (2 Pe 1.10). "Pelo que também rogamos sempre por vós, para que o nosso DEUS vos faça dignos da sua vocação e cumpra todo desejo da sua bondade e a obra da fé com poder"; 2 Tessalonicenses 1:11.
A chamada pode ser considerada como vinda do céu! (Hb 3.1) e uma luta santa, desejando a vida celestial (Fp 3.14). É, também, um santo convite - "que nos salvou e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em CRISTO JESUS, antes dos tempos dos séculos, e que é manifesta, agora, pela aparição de nosso Salvador JESUS CRISTO, o qual aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, pelo evangelho, para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios; por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho, porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia". 2 Timóteo 1:9-12 - que está aberto a toda raça humana, mas exige fé daqueles que ouvem o evangelho (Ef 1.13 e 2.8 - Ouvir o evangelho e crer para receber o ESPÍRITO SANTO, ou seja, a salvação - A fé é exigida - em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o ESPÍRITO SANTO da promessa; Efésios 1:13 - Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de DEUS. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2:8,9).
O adjetivo verbal “chamado” (kletos) é usado de duas maneiras. Na maioria dos casos ele tem em vista o chamado à salvação (como em Rm 1.6,7; 1 Co 1.24; Jd 1; Ap 17.14).
O termo Apóstolo aparece com nova dimensão em Romanos 1.1 e em 1 Coríntios 1.1 onde a chamada se torna efetiva em termos de um ofício - “chamado para ser apóstolo” - αποστολος - apóstolos - 1) um delegado, mensageiro, alguém enviado com ordens - 1a) Primeiro colegiado apostólico especificamente aplicado aos doze apóstolos de CRISTO - 1b) num sentido mais amplo aplicado a outros apóstolos da igreja que surgiram após os primeiros apóstolos - cristãos eminentes 1b1) Barnabé; 1b2 Paulo; 1b3) Tiago, irmão de JESUS; 1b4 Andronico; 1b5 Júnia,; 1b46 Timóteo e 1b7 Silvano. Veja e confira nas passagens bíblicas a seguir:
Ouvindo, porém, isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas vestes e saltaram para o meio da multidão, clamando Atos 14:14
E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor. Gálatas 1:19
Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em DEUS, nosso Pai, e no Senhor JESUS CRISTO: 2 Tessalonicenses 1:1
Paulo, apóstolo de JESUS CRISTO, pela vontade de DEUS, e o irmão Timóteo, Colossenses 1:1
para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios; 2 Timóteo 1:11
Rm 16:7 Saudai a Andrónico e a Júnia, meus parentes e meus companheiros na prisão, os quais se distinguiram entre os apóstolos e que foram antes de mim em CRISTO.
1Corintios cap. 15 e vers. 5 diz: e foi visto por Cefas e depois pelos DOZE, e no versículo 8 Paulo diz que JESUS apareceu a ele próprio por último (fazendo distinção dos 12), indicando que JESUS apareceu primeiro aos 12 no verso 5.
A quem Paulo se referiu em respeito aos 12?
Paulo aparece no verso 8 como distinto dos 12, então a resposta é óbvia, não era Judas Iscariotes pois ele não viu o CRISTO ressurreto e se perdeu, suicidando-se, portanto, Matias viu, e quando Paulo fala que os 12 viram, já haviam feito a substituição de Judas por Matias, pelo motivo de se referir aos 12 e não aos 11, Paulo reconheceu ser Matias dos 12.
E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Efésios 4:11
E a parábola de Mateus sobre a festa de casamento (“porque muitos são chamados [kletos], mas poucos escolhidos [eklektoi]״ Mt 22.14) que encerra o texto com maior dificuldade. Ao contrário da prática encontrada em outras situações (veja especialmente Ap 17.14 e também Rm 8.28ss), os eleitos são aqui diferenciados daqueles que são chamados. A despeito da advertência de K. L. Schmidt, de que desconhecemos as palavras escritas em aramaico que estão por trás deste texto (TWNT, III, 496), o contexto fornece um claro suporte a essa distinção. A tensão dialética da qual o verso está falando, não pode ser situada no fato de que em alguns casos muitos serão chamados, enquanto em outros casos apenas alguns poucos o serão, como afirma Schmidt. E mais provável que muitos serão convidados, mas poucos serão aceitos. O que o texto está afirmando é que DEUS, por ser aquele que está convidando, tem a especial prerrogativa de qualificar os que podem comparecer. O propósito dessa elocução não é proporcionar conforto aos poucos que foram escolhidos. Nessa parábola, o chamado a muitos foi estendido e recusado. Aqueles que serão reunidos foram homens originalmente deixados de lado. Mas nem estes ficarão isentos de julgamento. Cada um deve ter as suas vestes de casamento para ser aceito (escolhido).
Essa parábola é uma advertência. Ela reitera o que já foi dito anteriormente em Mateus (cf. Mt 5.20) e, particularmente, o que faz parte do contexto imediato. Na parábola da vinha, que a precedeu, a conclusão é que ele “arrendará a vinha a outros lavradores, que, a seu tempo, lhe deem os frutos... Portanto, eu vos digo que o Reino de DEUS vos será tirado e será dado a uma nação que dê os seus frutos” (Mt 21.41,43).
Em Mateus 23.3, esse tema contínua na condenação que o Senhor JESUS proferiu contra os fariseus que pregavam a justiça, mas não a praticavam. O mérito consiste não em ser um dos poucos, mas em possuir uma justiça que seja aceitável a DEUS.
Dicionário Bíblico Wycliffe (com alguns acréscimos do Pr. Henrique)
O termo grego apostolos vem do verbo apostellein, “enviar”, “remeter”. O substantivo e o verbo são usados pela LXX para traduzir o hebraico shalah e seus derivativos. Estas palavras gregas e hebraicas são ocasionalmente usadas para mensageiros com ênfase naquele que envia, de forma que o agente se toma uma extensão da personalidade e da influência do mestre (Gn 45.4-8; 1 Rs 14.6). K. H. Rengstorf, T. W. Manson e outros tentaram rastrear a palavra do NT e chegar ao termo judaico shaliah (usado em relação a um representante cujas funções não podem ser transferidas; representante da autoridade religiosa, seja de um indivíduo ou de um grupo; agente de DEUS). A palavra Apostolos, usada para “mensageiro” ou “agente”, também é encontrada no grego clássico (Heródoto i.21; v. 38; cf. Eurípedes, Iphigeneia in Aulis, 688). No NT a palavra “apóstolo” é usada tanto em um sentido amplo quanto estrito. Todo apostolado é centrado em JESUS, que é o Apóstolo (Hb 3.1-6) enviado por DEUS para ser o Salvador do mundo (1 Jo 4.14). Embora João não use o substantivo, ele frequentemente usa o verbo e descreve as funções do Senhor JESUS como o Apóstolo de DEUS. Ele foi enviado por DEUS (Jo 7.28,29; 8.42) para falar as palavras de DEUS (3.34), para fazer as obras (5.36; 6.29) e a vontade (6.38) de DEUS, para revelar a DEUS (5.37-47), para dar a vida eterna (17.2,3). Todo o apostolado subsequente tem seu centro em DEUS através de JESUS CRISTO (Jo 17.18-26; 20.21-23) e é mediador de CRISTO em palavra e pessoa (Mt 10.40; Lc 10.16).
Mateus e Marcos usam o termo “apóstolo” apenas uma vez para se referirem aos doze que foram enviados em uma viagem missionária (Mt 10.2; Mc 6.30). Aqui, este termo designa uma função ao invés de uma posição. Durante o ministério de JESUS, os doze não eram, a princípio, mensageiros, mas, homens selecionados que foram iniciados no reino vindouro e, portanto, consideravam seu dever conclamar o povo de Israel ao arrependimento e, em última análise, julgá-lo (Mt 19.28-30).
Lucas, frequentemente, e quase que exclusivamente, chama os doze de “apóstolos” (Lc 6.13; 9.10; 17.5; 22.14; 24.10; At 1.26; 2.43; 4.35,37; 5.2,12,18; 8.1. Exceções: Lc 11.49; At 14.4,14). Os apóstolos foram testemunhas oculares das atividades de JESUS na terra e consequentemente testificaram que JESUS era o Senhor ressurrecto (Lc 24.45-48; 1 Jo 1.1- 3). Os pré-requisitos para a substituição apostólica nesta função única são dados em At 1.21,22. A lista de apóstolos de Lucas (Lc 6.14- 16; At 1.13) corresponde à lista dos doze dadas em Mateus 10.2-4 e Marcos 3.16-19.
Mateus lista os discípulos aos pares, supostamente como enviados por JESUS, Tadeu (em Mateus e Marcos) era idêntico a Judas o filho de Tiago (em Lucas). Pedro, Tiago e João formavam um círculo íntimo dentre os doze, e estavam presentes no episódio da transfiguração (Mt 17,1-9; Mc 9.2-10; Lc 9.28-36) e no Getsêmani (Mt 26.36-46; Mc 14.32-42; Lc 22.39-46). Os doze foram selecionados para ser os companheiros de JESUS e proclamar o Evangelho (Mc 3.14). Durante o ministério de JESUS, os doze serviram como seus representantes, uma função compartilhada por outros (Lc 10.1).
Aparentemente, a posição dos apóstolos não foi fixada permanentemente antes da ressurreição (Mt 19.28-30; Lc 22.28-34; cf. Jo 21.15- 18). O CRISTO ressurrecto fez deste grupo seleto de testemunhas do seu ministério e ressurreição, apóstolos e testemunhas permanentes de que Ele é o Senhor, os comissionou como missionários, os instruiu a ensinar e batizar (Mt 28.18-20; Mc 16.15-18; Lc 24.46- 48), e completou o processo com o envio do ESPÍRITO SANTO no Pentecostes (Lc 24.49; At 1.1-8; 2.1-13). No período inicial, os 12 apóstolos eram os únicos ensinadores e líderes da igreja, e outros ofícios foram derivados deles (At 6.1-6; 15.4). O apostolado não implicava em uma liderança permanente. Embora Pedro tenha iniciado missões aos judeus (Atos 2) e aos gentios (At 10.1-11.18), Tiago o substituiu como líder entre os judeus, e Paulo como líder entre os gentios.
Paulo usa o termo “apóstolo” em um sentido amplo para um mensageiro ou agente (2 Co 8.23; Fp 2.25; e possivelmente em Rm 16.7). Este uso mais amplo tornou possível falar de falsos apóstolos (Ap 2.2). Geralmente, porém, Paulo usa a palavra para um grupo de testemunhas que havia visto o Senhor ressurrecto e que havia recebido um chamado específico para um apostolado. Este grupo era maior que os doze (At 15.5,6). Incluído neste grupo estava Tiago, o irmão do Senhor (At 15.13; Gl 1.19), Paulo (Rm 1.1; 1 Co 1.1; 9.1,2; 15.8-10; Gl 2.7,8), provavelmente Barnabé (1 Co 9.1-6; Gl 2.9; cf. At 14.4.14), e possivelmente outros (Rm 16.7). No entanto, o Senhor ressurrecto, de quem Paulo se tornou uma testemunha é idêntico ao JESUS histórico de quem os doze também testemunharam. Consequentemente, a proclamação de Paulo deve ser idêntica à dos doze (1 Co 15.11; Gl 1.18; 2.7-10; cf. At 15).
João enfatiza a obra do ESPÍRITO que testemunha através das palavras dos apóstolos (Jo 15.26,27). Através da pregação do Evangelho, JESUS CRISTO, o Senhor ressurrecto, é contemporâneo aos ouvintes, e os coloca no mesmo patamar das testemunhas oculares (cf. 1 Co 3.21-23).
Os membros da igreja são sacerdotes, reis, servos de DEUS e santos que usam seus dons para a edificação da igreja como um todo (1Co 12.1-11; 1 Pe 2.9; Ap 1.6; 5.8,10; 7.3) e, como os apóstolos, são mediadores de CRISTO Mt 25.40,45; Mc 9.37; Lc 9.48) e reinarão com Ele (Ap 3.21).
Os apóstolos, porém, através do testemunho de sua palavra, sempre serão a norma e os arautos do fundamento sobre o qual CRISTO edifica a sua igreja (Ef 2.20; Ap 18.20; 21.14). Os apóstolos são as primeiras dádivas de CRISTO para a sua igreja (Ef 4.11) e os ministros estabelecidos por DEUS na igreja (1 Co 12.28,29).
Para detalhes sobre os doze, veja os tópicos que trazem o nome de cada um, incluindo Matias. Dicionário Bíblico Wycliffe
Atos 9
15 - Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. 16 - E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome. 17 - E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor JESUS, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do ESPÍRITO SANTO. 18 - E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado. 19 - E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco. 20 - E logo, nas sinagogas, pregava a JESUS, que este era o Filho de DEUS. 21 - Todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais dos sacerdotes? 22 - Saulo, porém, se esforçava muito mais e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que aquele era o CRISTO.
JESUS não aceita a objeção de Ananias (vv. 15,16): “Tu não precisas me dizer como Saulo foi mau, pois Eu o conheço muito bem. Mas vai por teu caminho a toda pressa e lhe dá toda ajuda que puderes, porque este é para mim um vaso, ou “instrumento” (versão RA), escolhido (v. 15). Eu tenho confiança nele, portanto não há necessidade de teres medo dele”. Ele era um vaso no qual o tesouro-evangelho deveria se instalar para servir de veículo para muitos. Era um vaso de barro (2 Co 4.7), mas um vaso escolhido. O vaso que DEUS usa, Ele mesmo escolhe. É justo que Ele mesmo escolha os instrumentos que Ele usa: Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós (Jo 15.16). Ele é um vaso de honra, e não deve ser negligenciado em atual penúria, nem jogado fora como um vaso quebrado e imprestável ou um vaso no qual não há prazer. Saulo é nomeado: (1) Para prestar serviços eminentes: Levar o meu nome diante dos gentios (v. 15). Ele será o apóstolo dos gentios, levando o evangelho às nações pagãs. O nome de JESUS é o padrão pelo qual as almas devem ser reunidas e sob o qual devem ser registradas, e Saulo é o portador-padrão. Ele tem de levar o nome de JESUS para testemunhar de JESUS perante reis, o rei Agripa e o próprio César, e perante os filhos de Israel, embora muitos já estivessem ocupados trabalhando entre eles. (2) Para ter sofrimentos eminentes: Eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome (v. 16). Aquele que fora perseguidor agora ele mesmo será perseguido. O fato de JESUS mostrar isso para Saulo dá a entender, talvez, que Ele o conduzirá a estas provações, como diz Salmos 60.3: Fizeste ver ao teu povo duras coisas. Ou Ele o avisa sobre estes acontecimentos futuros para que ele não se surpreenda quando acontecerem. Note que os que levam o nome de JESUS terão de levar a cruz pelo seu nome. Os que fazem mais por JESUS são chamados a padecer mais por Ele. Saulo tem de padecer grandes coisas (subentendido na palavra quanto). Há quem pense que estas palavras eram um consolo vazio para um recém-convertido. Mas é o mesmo que dizer a um soldado de espírito corajoso e valente, quando ele se alista, que em breve ele entrará em ação no campo de batalha. Os sofrimentos de Saulo por CRISTO redundarão muitíssimo para a honra de CRISTO e para o serviço da igreja. Serão sofrimentos muito bem equilibrados com as consolações espirituais e recompensados com a glória eterna, que de modo nenhum lhe é desanimador ficar sabendo de antemão quanto ele tem de sofrer pelo nome de CRISTO.
III
Comissionado por JESUS para encontrar-se com Saulo, Ananias parte imediatamente e obtém bons resultados. Ele levantara objeções para encontrar-se com ele, mas, quando cada uma delas lhe foi respondida, retira-as e não insiste mais nelas. Quando as dificuldades são afastadas, o que temos de fazer é continuar o nosso trabalho e não ficar presos a objeções.
1. Ananias entregou sua mensagem para Saulo (v. 17). Provavelmente o achou na cama e o tratou como paciente. (1) Ananias impôs as mãos sobre Saulo (v. 17). Conforme a promessa de JESUS, um dos sinais que seguiriam os que cressem era que eles poriam as mãos sobre os enfermos e os curariam (Mc 16.17,18). Foi com essa intenção que Ananias impôs as mãos sobre ele. Saulo foi a Damasco para pôr mãos violentas sobre os discípulos de JESUS, mas aqui um discípulo de JESUS põe mãos curadoras e ajudadoras sobre ele. Os homens sanguinários aborrecem aquele que é sincero, mas os retos procuram o seu bem (Pv 29.10). (2) Ananias chamou Saulo de irmão (v. 17), porque ele foi feito participante da graça de DEUS, embora ainda não fosse batizado. Sua prontidão em reconhecê-lo como irmão lhe deu a entender a prontidão de DEUS em reconhecê-lo como filho, mesmo que ele tivesse sido blasfemo de DEUS e perseguidor dos seus filhos. (3) Ananias realiza sua missão da mesma mão que agarrara Saulo no caminho e que agora o mantinha em custódia. “Aquele mesmo Senhor JESUS, que te apareceu no caminho por onde vinhas (v. 17) e te convenceu do pecado de persegui-lo, me enviou agora para te consolar.” Una eademque manus vulnus opemque tulit – A mão que feriu cura. “Sua luz te deixou cego, mas Ele me enviou a ti para que tornes a ver, pois o propósito não era cegar teus olhos, mas os encantar para que visses as coisas por outra luz. Aquele que pôs barro em teus olhos me enviou para que tu os lavasses a fim de que eles sejam curados.” Ananias poderia entregar sua mensagem a Saulo muito apropriadamente nas palavras do profeta Oséias: Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele despedaçou e nos sarará, fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias, nos dará a vida; ao terceiro dia, nos ressuscitará, e viveremos diante dele (Os 6.1,2). Não serão mais aplicados agentes corrosivos, mas agentes lenitivos. (4) Ananias garante a Saulo que ele não só terá sua visão restabelecida, mas será cheio do ESPÍRITO SANTO (v. 17). Já que ele será apóstolo, não deve em nada ficar atrás do principal dos apóstolos. Ele tem de receber o ESPÍRITO SANTO imediatamente, e não, como os outros, pela interposição dos apóstolos. O fato de Ananias impor as mãos sobre ele, antes de ele ser batizado, tem como alvo conceder o ESPÍRITO SANTO.
2. Ananias viu de dois modos os bons resultados da sua missão. (1) No favor de JESUS para com Saulo. Pela palavra de Ananias, Saulo foi liberado da prisão através do restabelecimento da visão. A missão de JESUS de abrir a prisão aos presos (Is 61.1) é explicada pela doação de visão aos cegos (Lc 4.18; Is 42.7). A missão de JESUS é abrir os olhos dos cegos e tirar os prisioneiros da prisão. Saulo é libertado do espírito de escravidão pelo recebimento da visão, que foi representado pela queda imediata e instantânea de umas escamas dos seus olhos (v. 18). A cura foi súbita para mostrar que foi milagrosa. Isto significava sua recuperação: [1] Da escuridão do seu estado não convertido. Quando Saulo perseguia a igreja de DEUS e andava no espírito e caminho dos fariseus, ele era cego. Ele não via o significado da lei ou do evangelho (Rm 7.9). JESUS disse muitas vezes aos fariseus que eles eram cegos e que não podia conscientizá-los disso. Eles diziam: Vemos (Jo 9.41). Saulo é salvo da sua cegueira farisaica, conscientizando-se dela. Note que a graça convertedora abre os olhos da alma e faz as escamas caírem, abrindo os olhos dos homens e os tirando das trevas para a luz (Atos 26.18). Com essa finalidade, Saulo foi enviado aos gentios, para a pregação do evangelho; por isso, ele tem de experimentá-lo primeiro. [2] Da escuridão dos seus terrores presentes, sob o medo da culpa que lhe pesava a consciência, e sob a ira de DEUS contra ele. Essa situação o deixou totalmente aturdido durante os três dias que ficou cego, como Jonas durante os três dias que ficou no ventre do inferno. Mas agora umas escamas caíram dos seus olhos (v. 18), as nuvens se dispersaram e o Sol da justiça nasceu em sua alma, trazendo-lhe cura debaixo das suas asas (Ml 4.2). (2) Na sujeição de Saulo a JESUS. Ele foi batizado e, desse modo, submeteu-se ao governo de CRISTO e se dispôs na graça de CRISTO. Assim ele entrou na escola de CRISTO, passou a fazer parte de sua família, alistou-se sob sua bandeira e se uniu a Ele incondicionalmente. A guerra foi ganha: acabou. Agora Saulo é discípulo de JESUS, que não só deixa de lhe fazer oposição, mas se dedica inteiramente ao seu serviço e honra.
IV
A boa obra começada em Saulo é continuada maravilhosamente. Este cristão recém-nascido, embora parecesse um nascido fora de tempo (1 Co 15.8, versão RA), em pouco chegará à maturidade.
1. Saulo recebeu sua força física (v. 19). Ele jejuara por três dias, o que, somado ao grande peso que por todo aquele tempo estava sobre seu espírito, o deixara muito fraco. Mas, tendo comido, ficou confortado (v. 19), ou “depois de ter-se alimentado, sentiu-se fortalecido” (versão RA). O Senhor é para o corpo (1 Co 6.13), por isso devemos cuidar do corpo e mantê-lo em boas condições. Assim, ele será adequado para servir à alma que serve a DEUS, e CRISTO será nele engrandecido (Fp 1.20).
2. Saulo se associou com os discípulos que estavam em Damasco, entrou em contato com eles, conviveu com eles, participou de suas reuniões e esteve em comunhão com eles. Recentemente, respirara ameaças e mortes contra eles, mas agora respira amor e afeto. Agora morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará (Is 11.6). Note que os que recebem DEUS por seu DEUS recebem o seu povo por seu povo. Saulo se associou com os discípulos, porque agora via amabilidade e excelência neles, porque os amava e achava que aumentou em conhecimento e graça convivendo com eles. Desse modo, fez confissão da sua fé cristã e abertamente se declarou discípulo de CRISTO, associando-se com os que eram os seus discípulos.
3. Saulo pregou JESUS [...] nas sinagogas (v. 20). Ele teve um chamado extraordinário e uma qualificação ímpar para pregar JESUS, pois DEUS lhe revelou seu Filho imediatamente para que ele o pregasse (Gl 1.15,16). Ele estava tão cheio do próprio CRISTO que o ESPÍRITO em seu interior o constrangia (Jó 32.18) a pregar aos outros, e, como Eliú, a falar para se desafogar (Jó 32.20, versão RA). Observe: (1) Onde Saulo pregava: Ele pregava [...] nas sinagogas dos judeus (v. 20), porque o evangelho tinha de ser oferecido primeiramente aos judeus. As sinagogas eram lugares de encontro, onde eles se reuniam. Lá costumavam pregar contra CRISTO e castigar seus discípulos. O próprio Saulo os castigara muitas vezes por todas as sinagogas (Atos 26.11). Justamente por isso, ele teria de enfrentar os inimigos de JESUS lá, onde seriam mais ousados – e confessaria abertamente o cristianismo onde teria maior oposição. (2) O que Saulo pregava: Ele pregava a JESUS (v. 20). Quando começou a ser pregador, ele fixou esta máxima por seu princípio ao qual se manteve firme desde então: Não nos pregamos a nós mesmos, mas a CRISTO JESUS, o Senhor (2 Co 4.5); nada mais que JESUS CRISTO e este crucificado (1 Co 2.2). Ele pregava CRISTO, o Filho de DEUS, seu Filho amado, em quem Ele se comprazia. (3) Como as pessoas foram afetadas pela conversão de Saulo: “Todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome? (v. 21). Agora é ele que invoca este nome, persuade outros a invocá-lo e fortalece as mãos dos que o fazem”. Quantum mutatus ab illo – Oh! Que mudança! Está também [Saulo] entre os profetas? (1 Sm 10.11). Mas ele não veio até aqui com este propósito: prender todos os cristãos que encontrar para os levar cativos aos principais dos sacerdotes? (v. 21). Sim, veio. Quem teria imaginado que ele algum dia pregaria JESUS CRISTO? Indubitavelmente, muitos viam como forte confirmação da verdade do cristianismo o fato de alguém, que fora perseguidor notório do evangelho, tornar-se, de uma hora para outra, pregador inteligente, estrênuo e pleno do evangelho. Este milagre no espírito de tal homem excedia em magnitude os milagres no corpo físico. Dar a um homem semelhante coração diferente era mais que dar aos homens o dom de falar em outras línguas.
4. Saulo rebateu e confundiu os que eram contra a doutrina de CRISTO (v. 22). Ele se tornou notável não só no púlpito, mas também nas escolas e se mostrou sobrenaturalmente habilitado para pregar a verdade, mantê-la e defendê-la, quando a pregava. (1) Saulo aumentou em força. Ele se tornou mais estreitamente familiarizado com o evangelho de CRISTO, e os seus sentimentos piedosos se fortaleceram. Ele se tornou ainda mais corajoso, ousado e resoluto na defesa do evangelho: Ele se esforçava muito mais (v. 22) por causa das críticas que lhe lançavam (v. 21). Seus novos amigos o censuraram por ter sido perseguidor, e seus velhos amigos o censuravam por agora ser um renegado. Mas Saulo, em vez de se desanimar por causa dessas observações sobre sua conversão, deixava-se incentivar ainda mais, achando que eram recursos imediatos mais do que suficientes para responder o que dissessem dele. (2) Saulo venceu seus antagonistas e confundiu os judeus que habitavam em Damasco (v. 22). Ele os silenciou e os envergonhou, respondendo plenamente suas objeções para o contentamento de todas as pessoas indiferentes, e os assediou com argumentos para os quais eles não sabiam o que responder. Ao mesmo tempo, em todos os discursos com os judeus, ele provava que esse JESUS era o CRISTO, o Ungido de DEUS, o verdadeiro Messias prometido aos pais. Ele estava provando, symbibazon – afirmando e confirmando, ensinando com persuasão. Temos razão em pensar que ele foi o instrumento para converter muitos à fé cristã e para edificar a igreja em Damasco, para onde ele fora com o propósito de causar dano. Assim, do comedor saiu comida, e doçura saiu do forte (Jz 14.14).
Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
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Lição 5, JESUS CRISTO, e Este Crucificado, A Mensagem do Apóstolo
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
Vídeo desta Lição - https://www.youtube.com/watch?v=4CxFoMZm4FQ
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/escrita-licao-5-jesus-cristo-e-este.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/slides-licao-5-jesus-cristo-e-este.html
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-5-jesus-cristo-e-este-crucificado-a-mensagem-do-apstolo-3-partes-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Coríntios 1.18-25; 2.1-5
1 Coríntios 1
18 - Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de DEUS. 19 - Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes. 20 - Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou DEUS louca a sabedoria deste mundo? 21 - Visto como, na sabedoria de DEUS, o mundo não conheceu a DEUS pela sua sabedoria, aprouve a DEUS salvar os crentes pela loucura da pregação. 22 - Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; 23 - mas nós pregamos a CRISTO crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos. 24 - Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a CRISTO, poder de DEUS e sabedoria de DEUS.
25 - Porque a loucura de DEUS é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de DEUS é mais forte do que os homens.
1 Coríntios 2
1 - E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de DEUS, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. 2 - Porque nada me propus saber entre vós, senão a JESUS CRISTO e este crucificado. 3 - E eu estive convosco em fraquezas, e em temor, e em grande tremor. 4 - A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do ESPÍRITO e de poder. 5 - para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de DEUS.
Comentários BEP - CPAD
1.21 PELA LOUCURA DA PREGAÇÃO. Não é o método da pregação que é tido como loucura pela sabedoria humana, mas a mensagem do supremo senhorio de CRISTO crucificado e ressurreto.
2.1 NÃO FUI COM... SABEDORIA. O conteúdo da pregação de Paulo não foi segundo a última expressão da "sabedoria" humana, quer no mundo, quer na igreja. Antes, concentrava sua atenção, na verdade central do evangelho (a redenção em CRISTO) e no poder do ESPÍRITO SANTO. Ele tinha plena consciência das suas limitações humanas, da sua insuficiência pessoal e dos seus temores e tremores interiores. Daí, ele não depender de si mesmo, mas da sua mensagem bíblica e do ESPÍRITO SANTO (v. 4). Como resultado, houve uma maior demonstração da obra e do poder do ESPÍRITO.
2.4 EM DEMONSTRAÇÃO DO ESPÍRITO E DE PODER. (1) Como demonstração do poder do ESPÍRITO SANTO (1.18,24), a pregação de Paulo incluía (a) a ação do ESPÍRITO SANTO, que convence as pessoas do pecado, da justiça e do juízo, e o testemunho que Ele dá do poder salvífico do CRISTO ressurreto (cf. caps. 5-6; ver Jo 16.8; At 2.36-41); (b) o poder de transformar vidas (1Co 1.26,27; cf. At 4.13); (c) o poder de levar a efeito a santidade no crente (5.3-5); e (d) o poder de DEUS manifesto por sinais e maravilhas (At 2.29-33; 4.29,30; 5.12; 14.3; 2 Co 12.12). (2) Vários outros trechos do NT acentuam que a pregação do evangelho nos tempos neotestamentários era acompanhada de poder especial do ESPÍRITO SANTO: Mc 16.17,18; Lc 10.19; At 28.3-6; Rm 15.19; 1 Co 4.20; 1 Ts 1.5; Hb 2.4. (3) Todo ministro do evangelho deve orar para que, através do seu ministério: (a) o povo seja salvo (At 2.41; 11.21,24; 14.1), (b) os novos crentes sejam cheios do ESPÍRITO SANTO (At 2.4; 4.31; 8.17; 19.6), (c) os espíritos malignos sejam expulsos (At 5.16; 8.7; 16.18), (d) os enfermos sejam curados (At 3.6; 4.29,30; 14.10), e (e) os discípulos aprendam a obedecer aos padrões e ensinos justos de CRISTO (Mt 28.18-20; At 11.23,26).
Resumo da Lição 5, JESUS CRISTO, e Este Crucificado, A Mensagem do Apóstolo
I – A CENTRALIDADE DA PREGAÇÃO DE PAULO
1. O ministério de pregação e o CRISTO Crucificado.
2. A palavra da Cruz é a loucura da pregação.
3. Para os judeus e gregos.
II – EXPRESSÕES-CHAVE NA DOUTRINA DE PAULO
1. “Evangelho de CRISTO”.
2. “CRISTO Crucificado”.
3. “CRISTO Ressurreto”.
III – OS EFEITOS DA MENSAGEM DA CRUZ
1. Uma vida no poder de DEUS.
2. Uma vida de humildade.
3. Uma vida na dependência do ESPÍRITO.
INTRODUÇÃO
Paulo pregava a respeito do mais eficiente púlpito que já existiu, o mais atraente - A Cruz.
E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. João 12:32
E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, João 3:14
CRISTO nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; Gálatas 3:13
O objetivo desta lição é ressaltar o centro da mensagem cristã: JESUS, e este crucificado. O apóstolo descobriu essa verdade sobre o CRISTO Ressurreto e, como consequência, fez de sua missão de vida pregar o Evangelho por meio do Crucificado aos gentios. Nesse sentido, o Crucificado é o centro da mensagem apostólica. Logo, a vida e o ministério de Paulo estimulam-nos a ter esse mesmo propósito e firme compromisso com a mensagem da Cruz.
Resumo da lição
Para desenvolver o propósito da lição, o primeiro tópico destaca a centralidade da pregação de Paulo. Em Paulo, a pregação tem íntima relação com o CRISTO Crucificado, por isso ela é considerada loucura da pregação entre judeus e gentios. É uma mensagem humilde que faz com que o ser humano olhe para si mesmo e peça misericórdia a DEUS pelas suas misérias.
O segundo tópico elenca as expressões-chave na pregação de Paulo. Expressões como “Evangelho de CRISTO”, “CRISTO Crucificado” e “CRISTO Ressurreto” são trabalhadas de modo a resumir o conteúdo da mensagem do apóstolo dos gentios. Podemos dizer que o Evangelho de CRISTO pode ser sintetizado no “CRISTO Crucificado” e no “CRISTO Ressurreto”.
O terceiro tópico pontua os efeitos da mensagem do Evangelho. Esses efeitos se revelam no crente por meio de uma vida no poder de DEUS, na humildade e na dependência do ESPÍRITO SANTO. Ora, a mensagem da cruz é uma mensagem de poder. A mensagem da cruz nos constrange a viver de maneira humilde. E, finalmente, a mensagem da cruz nos ensina a depender exclusivamente do ESPÍRITO.
Aplicação
A presente lição nos ensina que não podemos deixar de pregar mensagem da cruz ao pecador. É uma mensagem de poder. Somos instados pelo ESPÍRITO SANTO a proclamá-la com autoridade. Ao mesmo tempo, somos chamados a viver de maneira humilde, pois a mensagem da cruz nos constrange a uma atitude singela e abnegada.
É uma mensagem que nos faz contritos diante de DEUS. E, finalmente, somos estimulados a viver na dependência do ESPÍRITO SANTO de DEUS na obra da proclamação do Evangelho. Sem o ESPÍRITO SANTO não podemos ser bem-sucedidos.
A mensagem da cruz nos faz depender menos de nós mesmos e mais do ESPÍRITO SANTO. Essa mensagem traz a verdadeira sabedoria para a vida. Amemos, portanto, a mensagem da cruz e a proclamemos até a morte!
Resumo rápido (Pr. Henrique)
I – A CENTRALIDADE DA PREGAÇÃO DE PAULO
1. O ministério de pregação e o CRISTO Crucificado. Paulo, o maior teólogo. Aprendeu diretamente do próprio JESUS e do ESPÍRITO SANTO. Percebeu que a pregação legítima abrange a vida, morte e ressurreição de JESUS. Sem a morte, sem o sacrifício de JESUS na cruz, não há perdão.
2. A palavra da Cruz é a loucura da pregação. A morte de cruz era sinal de maldição. A cruz não atrai os que amam as trevas. Para quem não se converte a cruz é sinal de fraqueza, mas para quem é salvo é lugar de vitória sobre o pecado.
3. Para os judeus e gregos. Para judeus a cruz é escândalo (como um messias general e dominador morreria na cruz sem conquistar Roma?). Para Gregos que amavam tantos seus deuses que lhes pareciam tão poderosos e cheios de pompa e sempre presentes em orgias poderia ser tão santo e tão pobre e tão humilde? Ele não escreveu nada e nem lhes passou nenhuma filosofia. Morrer numa cruz?
II – EXPRESSÕES-CHAVE NA DOUTRINA DE PAULO
1. “Evangelho de CRISTO”. Evangelho é boas novas, boas notícias de salvação a todo o que crê.
2. “CRISTO Crucificado”. A sabedoria de DEUS coloca uma mensagem simples, mas poderosa para salvação. A mensagem da cruz. JESUS ali nos substituiu.
3. “CRISTO Ressurreto”. Se JESUS CRISTO não tivesse ressuscitado seríamos salvos só para viver na Terra e sem futuro após a morte. Ele ressuscitou e nos ressuscitará para estarmos para sempre com Ele.
III – OS EFEITOS DA MENSAGEM DA CRUZ
1. Uma vida no poder de DEUS. O ESPÍRITO SANTO acompanha a mensagem da cruz e dá poder para transformar o mais vil pecador em uma nova criatura. Depois de salvo é o mesmo ESPÍRITO SANTO que concede poder ao crente para evangelizar. Sinais, prodígios e maravilhas são a segunda asa do evangelho, sendo a primeira a pregação da vida, morte e ressurreição de JESUS.
2. Uma vida de humildade. JESUS nos chama a carregar cada um sua própria cruz. Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência,
perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou. E também todos os que piamente querem viver em CRISTO JESUS padecerão perseguições. 2 Timóteo 3:10-12 -- Sede meus imitadores, como também eu, de CRISTO. 1 Coríntios 11:1
3. Uma vida na dependência do ESPÍRITO. JESUS era cheio do ESPÍRITO SANTO e era guiado pelo mesmo ESPÍRITO SANTO. Sejamos seus imitadores. E JESUS, cheio do ESPÍRITO SANTO, voltou do Jordão e foi levado pelo ESPÍRITO ao deserto. Lucas 4:1
A Eficácia do Evangelho. O Caráter do Evangelho - 1 Coríntios 1:17-31 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Temos aqui:
I
A maneira em que Paulo pregava o evangelho e a cruz de CRISTO: “não em sabedoria de palavras” (v. 17), “palavras persuasivas de sabedoria humana” (1Co 2.4), não pela ostentação da oratória ou a exatidão da linguagem filosófica, das quais os gregos se orgulhavam tanto e que parece terem sido particularmente recomendadas por alguns chefes de facções dessa igreja que mais se opunham ao apóstolo. Ele não pregava o evangelho dessa maneira, “para que a cruz de CRISTO se não faça vã”, pois senão o resultado seria atribuído à força da arte, e não da verdade; não à simples doutrina de um JESUS crucificado, mas à oratória poderosa daqueles que a difundiam, e com isso a honra da cruz seria diminuída ou obscurecida. Paulo tinha sido educado na erudição dos judeus, aos pés de Gamaliel, mas com a pregação da cruz ele deixou de lado a sua erudição. Ele pregava um JESUS crucificado numa linguagem clara, e dizia às pessoas que JESUS, que havia sido crucificado, era o Filho de DEUS e o Salvador dos homens, e que todos que queriam ser salvos deveriam arrepender-se de seus pecados e acreditar nele, e submeter-se ao seu governo e às suas leis. Esta verdade não precisava de nenhuma roupagem artificial; ela brilhava com a maior majestade em sua própria luz e prevalecia no mundo pela sua autoridade divina e a demonstração do ESPÍRITO, sem qualquer ajuda humana. A clara pregação de um JESUS crucificado era mais poderosa que toda a oratória e filosofia do mundo pagão.
II
Temos os diferentes aspectos dessa pregação: para os que se perdem, ela é loucura, mas para aqueles que são salvos ela “é o poder de DEUS” (v. 18). Ela é “escândalo para os judeus e loucura para os gregos. Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a CRISTO, poder de DEUS e sabedoria de DEUS” (vv. 23,24): 1. O CRISTO crucificado é um escândalo para os judeus. Eles não podiam suportar isso. Eles tinham a ideia de que seu Messias esperado seria um grande príncipe e por isso nunca reconheceriam como seu libertador e rei alguém que assumisse uma aparência tão humilde na vida e morresse de morte tão execrável. Eles o desprezaram e o olharam como execrável, porque Ele foi levantado no madeiro, e porque Ele não os satisfez com um sinal para sua mente, embora seu poder divino se mostrasse em inúmeros milagres. Os judeus queriam um sinal (v. 22). Ver Mt 12.38. 2. Ele era loucura para os gregos. Eles riam da história de um Salvador crucificado e desprezavam o modo como os apóstolos a contavam. Eles procuravam a sabedoria. Eles eram homens de saber e de leitura, homens que tinham cultivado as artes e as ciências, e tinham sido, durante algum tempo, por assim dizer, a grande fonte de conhecimento e erudição. Não havia nada na clara doutrina da cruz que se adequasse ao gosto deles, nem cedesse à sua ostentação, nem satisfizesse a um temperamento curioso e questionador: eles o acolhiam, portanto, com escárnio e desdém. Que esperança havia em ser salvo por alguém que não pôde salvar-se a si mesmo? E confiar em alguém que foi condenado e crucificado como um malfeitor, um homem de nascimento desprezível e de condição pobre e que morreu uma morte tão vil e ignominiosa? Era isso que o orgulho da razão humana e da erudição não podia apreciar. Os gregos pensavam ser quase uma estupidez receber tal doutrina e prestar essa alta consideração a tal pessoa: e assim eles foram justamente deixados para perderem-se em seu orgulho e obstinação. Observe que é justo da parte de DEUS abandonar a si mesmos aqueles que derramam tal desdém orgulhoso sobre a sabedoria e a graça divinas. 3. Para aqueles que são chamados e salvos, Ele é “poder de DEUS e sabedoria de DEUS”. Aqueles que são chamados e santificados, que receberam o evangelho e são iluminados pelo ESPÍRITO de DEUS, discernem mais descobertas gloriosas da sabedoria e do poder de DEUS na doutrina do CRISTO crucificado do que em todos as outras coisas. Observe que aqueles que são salvos são reconciliados à doutrina da cruz e conduzidos a um conhecimento experimental dos mistérios do CRISTO crucificado.
III
Nós temos aqui o triunfo da cruz sobre a sabedoria humana, de acordo com a antiga profecia (Is 29.14): “destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou DEUS louca a sabedoria deste mundo?” (vv. 19,20). Toda a erudição valiosa deste mundo foi confundida, frustrada e obscurecida pela revelação cristã e os triunfos gloriosos da cruz. Os políticos e os filósofos pagãos e os rabinos e doutores judeus, os curiosos pesquisadores dos segredos da natureza, foram todos apresentados e expostos ao embaraço. Esse esquema mostra-se fora do alcance do mais profundo dos estadistas e filósofos e dos maiores pretendentes à erudição entre os judeus e os gregos. Quando DEUS se propôs a salvar o mundo, Ele estabeleceu um modo por si mesmo; e com boa razão, pois “o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria” (v. 21). Toda ciência orgulhosa do mundo pagão não podia efetivamente trazer o mundo para DEUS. Apesar de toda a sua sabedoria, ainda prevalecia a ignorância e a iniquidade ainda abundava. Os homens estavam cheios por seu conhecimento imaginário e completamente alienados de DEUS; e por isso aprouve a DEUS salvar os crentes pela loucura da pregação – nem tanto na verdade, mas na opinião comum.
1. O conteúdo pregado era loucura aos olhos dos homens sábios segundo o mundo. Nossa vida através de alguém que morreu, nosso ser abençoado por alguém que foi feito maldição, nosso ser justificado por alguém que foi condenado por si mesmo, era tudo tolice e inconsistência aos homens cegados por sua opinião própria e unidos a seus próprios preconceitos e descobertas orgulhosas de sua razão e filosofia.
2. O modo de pregar o evangelho também era tolice para eles. Nenhum dos homens famosos pela sabedoria ou eloquência foram empregados para implantar a igreja ou propagar o evangelho. Uns poucos pescadores foram chamados e enviados com esta missão. Esses foram comissionados para discipularem as nações; esses vasos escolhidos para carregar o tesouro do conhecimento salvador ao mundo. À primeira vista, neles não havia nada que parecesse grande ou elevado o suficiente para vir de DEUS, e os orgulhosos pretendentes à erudição e à sabedoria desprezavam a doutrina por causa daqueles que a dispensavam. E ainda “a loucura de DEUS é mais sábia do que os homens” (v. 25). Aqueles métodos da conduta divina, que homens presunçosos estão dispostos a censurar como insensata e fraca, têm mais sabedoria bem-sucedida, sólida e verdadeira do que toda a erudição e sabedoria que estão entre os homens: porque vede, irmãos, a vossa vocação; que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados (v. 26). Vocês vêem a condição do cristianismo; poucos homens eruditos, ou autoridades, ou de nobre procedência, são chamados. Há uma grande quantidade de insignificância e fraqueza na aparência exterior de nossa religião. Pois: (1) Poucos personagens distintos em qualquer desses casos foram escolhidos para o trabalho do ministério. DEUS não escolheu filósofos, nem oradores, nem estadistas, nem homens prósperos, poderosos e de interesse no mundo, para publicar o evangelho da graça e da paz. Não os homens sábios segundo a carne, embora homens estivessem dispostos a pensar que uma reputação de sabedoria e erudição poderia ter contribuído muito para o sucesso do evangelho. Não o poderoso e nobre, embora homens estivessem dispostos a imaginar que pompa secular e poder seriam os meios para sua aceitação no mundo. Mas DEUS não vê como o homem vê. Ele tem escolhido as coisas loucas do mundo, as coisas fracas do mundo, as coisas comuns e desprezíveis do mundo, homens de vil nascimento, de classe baixa, sem ampla educação, para serem os pregadores do evangelho e implantadores da igreja. Seus pensamentos não são como os nossos pensamentos, nem seus caminhos como os nossos caminhos. Ele é um juiz melhor que nós acerca de quais instrumentos e medidas servirão aos propósitos de sua glória. (2) Poucos da classe distinta foram chamados para ser cristãos. Como os pregadores eram pobres e miseráveis, assim geralmente eram os convertidos. Poucos sábios, poderosos e nobres abraçaram a doutrina da cruz. Os primeiros cristãos, entre os judeus e os gregos, eram fracos, simples e humildes, homens de capacitação desprezível em relação aos seus aperfeiçoamentos mentais, e de grau e condição muito desprezíveis em relação ao seu estado exterior; e ainda assim, que descobertas gloriosas não há da sabedoria divina em todo o esquema do evangelho e, nessas circunstâncias particulares, de seu sucesso!
IV
Temos um relatório de quão admiravelmente tudo está adequado: 1. Para derrubar todo orgulho e ostentação dos homens. DEUS escolheu “as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias” – homens que não possuem nenhuma instrução para confundir os maiores eruditos; “as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes” – homens de grau e circunstâncias desprezíveis para confundir e prevalecer contra todo poder e autoridade dos reis terrenos; “e as coisas vis deste mundo e as desprezíveis” – coisas que os homens têm em baixa estima, ou em extremo desdém, para despejar desdém e desgraça sobre tudo que eles valorizam e veneram; “e que não são, para aniquilar (desprezar) as que são” – a conversão de gentios (de quem os judeus tinham pensamentos vis e desprezíveis) estava para abrir um caminho para a abolição daquela constituição da qual eles estavam tão afeiçoados e a respeito da qual eles se valorizavam tanto a ponto de, por causa dela, desprezarem o resto do mundo. É comum para os judeus falarem dos gentios sob essa imagem, como coisas que não são. Assim, no livro apócrifo de Ester, ela é apresentada louvando a DEUS que não daria o cetro àqueles que nada são (Et 14.11). Esdras, em um dos livros apócrifos que estão sob seu nome, fala a DEUS dos pagãos como aqueles que são reputados como nada (2 Ed 6.56,57). E o apóstolo Paulo parece ter esta linguagem comum aos judeus em seu ponto de vista quando chama Abraão de “pai de todos nós, perante aquele no qual creu, a saber, DEUS, que chama as coisas que não são como se já fossem” (Rm 4.17). O evangelho era adequado para destruir o orgulho de judeus e gregos, para envergonhar o saber orgulhoso e a erudição dos gregos; e para derrubar aquela constituição sobre a qual os judeus se valorizavam e desprezavam todo o mundo, pois “para que nenhuma carne se glorie perante ele” (v. 29), não pode haver nenhuma pretensão para orgulhar-se. A sabedoria divina tinha somente o instrumento do método da redenção; a graça divina somente a revelou, tornando-a conhecida. Ela mostra, em ambos os aspectos, os limites humanos. E a doutrina e a descoberta prevaleceram a despeito de toda oposição que encontraram da parte das artes e da autoridade humanas: assim, efetivamente, DEUS escondeu e envergonhou todo orgulho humano. A dispensação do evangelho é um instrumento para o homem humilde. Mas: 2. Ela está admiravelmente adequada para glorificar a DEUS. Há uma grande porção de poder e de glória na essência e na vida do cristianismo. Embora os ministros fossem pobres e incultos, e os convertidos geralmente de classes desprezíveis, ainda assim a mão do Senhor concordava com os pregadores e era poderosa nos corações dos ouvintes, e JESUS CRISTO era verdadeiramente engrandecido e honrado a ministros e cristãos. Tudo o que temos, o temos de DEUS como a fonte e em e através de CRISTO como o canal condutor. DEUS o fez para nós “sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (v. 30): tudo de que precisamos ou podemos desejar. Somos tolos, ignorantes e cegos em relação às coisas de DEUS, com todo o nosso conhecimento arrogante; e Ele é feito sabedoria para nós. Somos culpados, detestáveis à justiça, e Ele é feito justiça, nossa grande redenção e sacrifício. Somos depravados e corruptos, e Ele é feito santificação, a primavera de nossa vida espiritual. A partir dele, o cabeça, ela é comunicada a todos os membros de seu corpo místico por meio do seu ESPÍRITO SANTO. Estamos em algemas, e Ele é feito redenção para nós, nosso Salvador e Libertador. Observe que onde CRISTO é feito justiça para qualquer alma, Ele também é feito santificação. Ele nunca manda embora a culpa do pecado sem libertar do seu poder. Porque Ele é feito justiça e santificação, para que, no fim, Ele possa ser feito completa redenção, possa libertar a alma do verdadeiro ser do pecado, e soltar o corpo das algemas da sepultura: e o que é projetado em tudo é “que toda carne glorie-se no Senhor” (v. 31). Observe que é a vontade de DEUS que todo o nosso glorificar deva ser no Senhor, e a nossa salvação seja somente através de CRISTO. Foi efetivamente planejado para ser assim. O homem é humilhado, e DEUS é glorificado e exaltado por todo esse plano.
1 Coríntios 2
1 - E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de DEUS, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. 2 - Porque nada me propus saber entre vós, senão a JESUS CRISTO e este crucificado. 3 - E eu estive convosco em fraquezas, e em temor, e em grande tremor. 4 - A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do ESPÍRITO e de poder. 5 - para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de DEUS.
O Ministério do Apóstolo - 1 Coríntios 2:1-5 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Nessa passagem, o apóstolo prossegue seu intento e recorda os coríntios como ele agiu quando pregou o evangelho pela primeira vez no meio deles.
I
Em relação à matéria ou assunto que ele nos narra (v. 2): “porque nada me propus saber entre vós, senão a JESUS CRISTO e este crucificado” – para não mostrar nenhum outro conhecimento além deste, para não pregar nada, para não descobrir o conhecimento de nada, a não ser JESUS CRISTO e este crucificado. Observe que CRISTO, em sua pessoa e funções, é o resumo e a essência do evangelho, e deve ser o grande assunto da pregação de um ministro do evangelho. Sua função é apresentar a bandeira da cruz e convidar as pessoas para virem a ela. Ninguém que ouviu Paulo pregar o achou tocando tão continuamente a mesma tecla, que ele diria que não conhecia nada a não ser CRISTO e este crucificado. Qualquer que fosse outro conhecimento que ele tivesse, esse era o único conhecimento que ele descobriu e mostrou-se preocupado em propagar entre seus ouvintes.
II
Também a maneira em que ele pregava o evangelho é aqui observável. 1. Negativamente. Ele não veio “entre eles com sublimidade de palavras ou de sabedoria” (v. 1). Seu discurso e “pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana” (v. 4). Ele não aparentava ser um excelente orador ou um filósofo profundo, nem se insinuou em suas mentes, pela ostentação de palavras, ou por uma exibição pomposa de uma razão profunda e de um saber extraordinário e hábil. Ele não se colocou para cativar o ouvido por excelentes divagações e expressões eloquentes, nem para agradar ou divertir a imaginação com elevados voos de idéias sublimes. Nem seu discurso, nem a sabedoria que ele ensinava, tinham o sabor da habilidade humana. Ele as aprendeu em uma outra escola. A sabedoria divina não precisava ser atraente com os ornamentos humanos. 2. Positivamente. Ele veio entre eles anunciando “o testemunho de DEUS” (v. 1). Ele impulsionou uma revelação divina e deu provas suficientes pela sua autoridade, tanto pela concordância com as antigas profecias quanto por operações miraculosas; e lá ele deixou o assunto. Ornamentos de discurso, habilidade filosófica e argumentos não poderiam acrescentar nenhum peso ao que veio recomendado por tal autoridade. Ele estava com eles em fraqueza, e em temor, e grande tremor, e ainda a sua palavra e pregação eram “em demonstração do ESPÍRITO e de poder” (vv. 3,4). Seus inimigos na igreja de Corinto falavam muito desdenhosamente dele: mas a sua presença pessoal é fraca, e a palavra, desprezível (2 Co 10.10). Possivelmente ele tenha tido um corpo de baixa estatura e uma voz fraca, mas, embora não tivesse tão boa oratória como alguns, está claro que não era nenhum pregador desprezível. Os homens de Listra viram nele o deus pagão Mercúrio que descera até eles na forma de homem, porque ele era o pregador principal (At 14.12). E ele nem queria coragem nem determinação para levar adiante o seu trabalho; ele não era aterrorizado em nada pelos seus adversários. E ele também não era ostentador. Ele não se vangloriava orgulhosamente de si mesmo, como seus opositores. Ele conduziu-se em sua ocupação com muita modéstia, preocupação e cuidado. Ele se comportou com grande humildade entre eles, não como alguém vaidoso com a honra e a autoridade outorgadas a ele, mas alguém preocupado em mostrar-se fiel, e temeroso de si mesmo, para que não administrasse mal a sua confiança. Observe que ninguém conhece o medo e o tremor dos ministros fiéis, que são zelosos pelas almas com um bom zelo; e um profundo sentimento de sua própria fraqueza é a ocasião para esse temor e tremor. Eles conhecem como são insuficientes e são por essa razão assustados e trêmulos por si mesmos. Mas, embora Paulo administrasse sua vida com essa modéstia e preocupação, ele ainda falava com autoridade: “em demonstração do ESPÍRITO e de poder”. Ele pregava as verdades de CRISTO na forma nativa deles, com um discurso claro. Ele expunha a doutrina como o ESPÍRITO a entregava, e deixava que o ESPÍRITO, pela sua operação exterior em sinais e milagres, e suas influências internas nos corações dos homens, demonstrasse a sua verdade e obtivesse acolhida.
III
Aqui está o fim mencionado para o qual ele pregava CRISTO crucificado dessa maneira: “para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de DEUS” (v. 5) – que eles não pudessem ser arrastados por motivos humanos, nem dominados por meros argumentos humanos, para que não fosse dito que a retórica ou a lógica os tivessem tornado cristãos. Mas, quando nada além de CRISTO crucificado era pregado claramente, o sucesso devia ser totalmente atribuído ao poder divino que acompanhava a palavra. Sua fé devia ser fundada, não na sabedoria humana, mas na evidência e na operação divinas. O evangelho era tão bem pregado que DEUS podia aparecer e ser glorificado em tudo.
A MORTE VICÁRIA DE JESUS - PORQUE PRIMEIRAMENTE VOS ENTREGUEI O QUE TAMBÉM RECEBI: QUE CRISTO MORREU POR NOSSOS PECADOS, SEGUNDO AS ESCRITURAS
1 CORÍNTIOS 15.3 - CRISTOLOGIA - A doutrina de JESUS CRISTO - Esequias Soares
A morte de JESUS deve ser estudada como fato histórico com suas relevantes implicações teológicas no plano divino da redenção humana. A morte não foi acidente de percurso, estava previsto nas Escrituras Sagradas, e esse acontecimento afetou e ainda afeta a vida de todos os humanos. Não se trata apenas da morte de um justo, mas de um sacrifício como oblação pelos nossos pecados, que DEUS recebeu e propôs como propiciação pelas nossas ofensas (Rm 3.25). O aspecto histórico está nos evangelhos, o teológico, em Atos, nas epístolas e em Apocalipse.
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Lição 6, Paulo no Poder do ESPÍRITO - Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
Lição 6, Paulo no Poder do ESPÍRITO
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/escrita-licao-6-paulo-no-poder-do.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/slides-licao-6-paulo-no-poder-do.htmlSlides Power-Point https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-6-paulo-no-poder-do-esprito-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 19.1-7
1 - E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, 2 - disse-lhes: Recebestes vós já o ESPÍRITO SANTO quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja ESPÍRITO SANTO. 3 - Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados, então? E eles disseram: No batismo de João. 4 - Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em JESUS CRISTO. 5 - E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor JESUS. 6 - E impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o ESPÍRITO SANTO; e falavam línguas e profetizavam. 7 - Estes eram, ao todo, uns doze varões.
COMENTÁRIOS BEP - CPAD
19.1 ÉFESO... ALGUNS DISCÍPULOS. Estes discípulos de Éfeso eram cristãos, ou discípulos de João Batista? Ambas as hipóteses são possíveis. (1) Alguns acham que eram cristãos. (a) Lucas os chama discípulos (v. 1), palavra esta que ele comumente aplica aos cristãos. Se Lucas quisesse indicar que eram apenas discípulos de João Batista, e não de CRISTO, teria dito isto mais claramente. (b) Paulo se dirige a eles como a crentes (v. 2). O verbo crer é empregado cerca de vinte vezes em Atos sem nenhum objeto direto. Em todos os demais casos, o contexto indica que o sentido é crer em CRISTO de modo salvífico. (2) Outros argumentam que os discípulos de Éfeso eram discípulos de João Batista que ainda esperavam a chegada do Messias. Depois de terem ouvido a respeito de JESUS da parte de Paulo, creram nEle como o CRISTO predito nas Escrituras, e nasceram de novo pelo ESPÍRITO (vv. 4,5). (3) Em qualquer das hipóteses, fica claro que foi somente depois de crerem, de serem batizados e receberem a imposição das mãos, é que foram cheios do ESPÍRITO SANTO (vv. 5,6).
OBJETIVO GERAL - Conscientizar de que é preciso viver na plenitude do ESPÍRITO para fazer a obra de DEUS.
Resumo da Lição 6, Paulo no Poder do ESPÍRITO
I – PREGANDO A CRISTO NO PODER DO ESPÍRITO
1. Paulo, movido pelo poder do ESPÍRITO.
2. O caminho de pregação.
3. Paulo e as duas viagens missionárias.
II – O ARGUMENTO DE PAULO SOBRE A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO
1. Paulo aclara o ensino sobre a plenitude do ESPÍRITO.
2. É preciso crer para receber o ESPÍRITO SANTO.
3. Paulo cuida para esclarecer Apolo (At 18.21-28).
III – A FONTE DO ENSINO DE PAULO SOBRE O ESPÍRITO SANTO AOS EFÉSIOS
1. As Escrituras como fonte de revelação sobre o ESPÍRITO SANTO.
2. O Pentecostes como fonte de revelação do ESPÍRITO SANTO.
3. Paulo ensina acerca do ESPÍRITO SANTO aos efésios (At 19.1-6).
Comentários do Pr. Henrique
INTRODUÇÃO
Paulo foi o maior imitador de CRISTO de que temos notícia. O imitava nas pregações, nos ensinos e nos sinais, prodígios e maravilhas. Como não podia de deixar de acontecer, também O imitava nas aflições, perseguições, tribulações e até na morte pelo evangelho. Nesta lição veremos a ação do ESPÍRITO SANTO no apostolado de Paulo. Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas. 2 Coríntios 12:12.
Metade do evangelho fala de sinais, prodígios e maravilhas. O ministério de JESUS, Pedro, Estêvão, Filipe e Paulo foram confirmados por DEUS através de sinais, prodígios e maravilhas (ou milagres).
Varões israelitas, escutai estas palavras: A JESUS Nazareno, varão aprovado por DEUS entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que DEUS por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; Atos 2:22.
de sorte que transportavam os enfermos para as ruas e os punham em leitos e em camilhas, para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles. Atos 5:15
E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Atos 6:8
E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia, pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. Atos 8:6,7
A presença e ação do ESPÍRITO SANTO deve ser constante na igreja de hoje. Nunca houve tanta necessidade de operações do ESPÍRITO SANTO (multiplicação de ações demoníacas, multiplicação de doenças e enfermidades, multiplicação de falsos mestres).
ERRO NA LIÇÃO 6.
Temos novamente o mesmo erro na lição 6.
Paulo não passou três anos na Arábia.
O texto é bem simples e dá para até uma criança perceber que Paulo foi de Damasco para a Arábia, voltou para Damasco e depois de passados três anos foi a Jerusalém, onde passou 15 dias com Pedro e lá viu, o agora apóstolo do segundo colegiado, Tiago, irmão de JESUS.
BATISMO NAS ÁGUAS E COM O ESPÍRITO SANTO
Atos 19.3 Perguntou- lhes então: Em que sois batizados então? E eles disseram: o batismo de João, 4 Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em JESUS CRISTO.
5 E os que ouviram foram batizados em nome do SENHOR JESUS. 6 E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o ESPÍRITO SANTO; e falavam línguas, e profetizavam.
O batismo nas águas de Apolo não valia nada para a Igreja. O batismo nas águas judaico não tem valor para a igreja. O batismo nas águas cristão é em nome do PAI, do FILHO e do ESPÍRITO SANTO. O crente batizado já está salvo, não se batiza para ser salvo. Não é para arrependimento de pecados, pois o crente já se arrependeu antes do batismo, no momento da conversão. A urgência e necessidade do cristão ser batizado com o ESPÍRITO SANTO são demonstradas várias vezes em Atos. Pena que a igreja hoje não enxergue mais isto. Paulo batizou os doze nas águas e depois impondo as mãos sobre eles orou e todos os doze foram batizados com o ESPÍRITO SANTO.
Vemos em Atos que todos os que se convertiam eram batizados com o ESPÍRITO SANTO.
Eu disse e a Palavra de DEUS diz:
T O D O S.
Foi assim no Pentecostes, foi assim em Samaria, foi assim na casa Cornélio, foi assim com esses doze.
TODOS FORAM BATIZADOS.
Infelizmente não é o que vemos hoje. Faltam legítimas conversões porque faltam legítimas pregações e modo de viver digno.
CHEIO DO ESPÍRITO SANTO
Como já dizia o Pastor Antônio Gilberto, não existe ninguém cheio do ESPÍRITO SANTO que não fale em línguas.
Crente que não fala em línguas todos os dias não é cheio do ESPÍRITO SANTO.
Lc 4:1 E JESUS, cheio do ESPÍRITO SANTO, voltou do Jordão e foi levado pelo ESPÍRITO ao deserto;
At 2:4 E todos foram cheios do ESPÍRITO SANTO, e começaram a falar noutras línguas, conforme o ESPÍRITO SANTO lhes concedia que falassem.
At 4:8 Então Pedro, cheio do ESPÍRITO SANTO, lhes disse: Principais do povo, e vós, anciãos de Israel.
At 4:31 E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do ESPÍRITO SANTO, e anunciavam com ousadia a palavra de DEUS.
At 6:3 Escolhei, pois, irmãos, de entre vós sete varões de boa reputação, cheios do ESPÍRITO SANTO e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.
At 6:5 E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do ESPÍRITO SANTO, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timon, e Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia;
At 7:55 Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO, fixando os olhos no céu, viu a glória de DEUS, e JESUS, que estava à direita de DEUS;
At 9:17 E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o SENHOR JESUS, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do ESPÍRITO SANTO.
At 11:24 Porque era homem de bem, e cheio do ESPÍRITO SANTO e de fé. E muita gente se uniu ao SENHOR,
At 13:9 Todavia, Saulo, que também se chama Paulo, cheio do ESPÍRITO SANTO, e fixando os olhos nele disse:
At 13:52 E os discípulos estavam cheios de alegria e do ESPÍRITO SANTO.
RESUMO RÁPIDO DO Pr. Henrique
PAULO PREGAVA A CRISTO NO PODER DO ESPÍRITO SANTO. Paulo era movido pelo poder do ESPÍRITO SANTO. O caminho da pregação e do ensino passa sempre pela inspiração e demonstração de poder do ESPÍRITO SANTO. Paulo em suas duas viagens missionárias foi guiado e capacitado pelo ESPÍRITO SANTO.
O ARGUMENTO DE PAULO SOBRE A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO nos indica que ninguém é batizado com o ESPÍRITO SANTO sem antes ser salvo. Primeiro se é mergulhado no corpo de CRISTO, no momento da conversão (o ESPÍRITO SANTO vem morar dentro do crente), depois se é "dominado" controlado pelo ESPÍRITO SANTO no batismo com o ESPÍRITO SANTO.
Paulo nos aclara o ensino sobre a plenitude do ESPÍRITO ao ensinar que ser cheio quer dizer dirigido, guiado, controlado pelo ESPÍRITO SANTO.
É preciso crer para receber o ESPÍRITO SANTO e isso aprendemos de Paulo em Efésios 1.13 - Primeiro ouvimos o evangelho, depois cremos (fé) e depois recebemos a promessa do ESPÍRITO (salvação). "em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o ESPÍRITO SANTO da promessa"; Efésios 1:13. Pelo que parece Paulo cuida para esclarecer Apolo (At 18.21-28), enviando Priscila e Áquila para explicarem a ele sobre o batismo nas águas e no ESPÍRITO SANTO.
A FONTE DO ENSINO DE PAULO SOBRE O ESPÍRITO SANTO AOS EFÉSIOS são as Escrituras do AT, o Pentecostes e seu próprio ensino acerca do ESPÍRITO SANTO na carta lhes endereçada (At 19.1-6).
Através Da Bíblia Livro Por Livro - Myer Pearlman
Observem que Paulo fez milagres especiais em Éfeso. Isto foi concedido a Paulo por ter sido Éfeso o centro principal de idolatria na Asia. Era uma fortaleza dos poderes das trevas. Por esta causa, DEUS conferiu ao Seu servo um poder adicional para triunfar sobre Satanás. Alguns exorcistas profissionais (os que tinham a profissão de expulsar demônios), procuraram usar esse nome através do qual Paulo tinha efetuado milagres. Sofreram severamente pela sua temeridade. O seu castigo ensinou aos efésios que o nome de JESUS era um nome poderoso e sagrado, que não podia dele se abusar (19:17). Muitos fiéis ficaram impressionados com este acontecimento e confessaram seus pecados, especialmente o de ocupar-se de ciências ocultas, magia (vers. 18, 19): Seguiu-se um grande avivamento (v. 20). Reparem que a visão missionária de Paulo está se ampliando. Deve pregar em Roma (v. 21). Os versículos 23 a 41 registram um acontecimento que comprova, duma maneira concreta, o êxito de Paulo em Éfeso. Deu um golpe tão forte nesta grande fortaleza de Satanás, que a adoração de Diana estava diminuindo. Isto alarmou aqueles que faziam ídolos, que então levantaram um tumulto contra Paulo.
Durante a sua estada em Éfeso, Paulo escreveu a primeira epístola aos Coríntios
AQUILA, PRISCILA
Alguns casais sabem como obter o máximo de sua vida. complementam-se um ao outro, utilizam as virtudes uns dos outros e formam uma equipe efetiva. Seus esforços unidos impactam a quem está a seu redor. Aquila e Priscila eram desse tipo de casal. Nunca lhes menciona separados na Bíblia. No matrimônio e no ministério, estiveram sempre juntos.
Priscila e Aquila se encontraram com Paulo em Corinto, enquanto o apóstolo realizava sua segunda viagem missionária. Acabavam de serem expulsos de Roma pelo decreto do imperador Claudio César contra os judeus. Seu lar era tão mutável como as tendas que faziam para manter-se. Abriram seu lar a Paulo, quem colaborou com eles na fabricação de tendas. Paulo lhes abriu seu coração, lhes ensinando sua riqueza e sabedoria espiritual.
Priscila e Aquila fizeram de sua educação espiritual o melhor. Escutaram com atenção os sermões e os avaliavam. Quando ouviram Apolo falar, impressionou-lhes sua habilidade na oratória, mas chegaram à conclusão de que o conteúdo de sua mensagem não era completa. Em lugar de ter uma confrontação aberta, o casal convidou privadamente Apolo a seu lar e lhe instruíram o que precisava saber. Até então, Apolo sabia o que João o Batista disse em sua mensagem a respeito de CRISTO somente. Priscila e Aquila lhe falaram da vida de JESUS, sua morte e ressurreição, e a realidade da presença do ESPÍRITO SANTO e seu poder. Apolo continuou pregando, mas agora com a história completa.
Priscila e Aquila seguiram usando seu lar como um lugar agradável de pregação e louvor. De retorno a Roma, muitos anos depois, auspiciaram uma das Igrejas nos lares que se desenvolveram.
Em uma época em que o enfoque está principalmente no que acontece entre marido e esposa, Aquila e Priscila são um exemplo do que pode ocorrer na obra realizada pela esposa e o marido. Sua unidade eficaz fala da relação entre um e outro. Sua hospitalidade abriu a porta de salvação a muitos. O lar cristão é ainda uma das melhores ferramentas para difundir o evangelho. Acham seus convidados a CRISTO em seu lar?
Versículos chave :
"Saúdem a Priscila e a Aquila, meus colaboradores em CRISTO JESUS, que expuseram sua vida por mim; aos quais não só eu sou grato, mas também todas as Igrejas dos gentios" (Rom 16:3-4).
Sua história se narra em Atos 18.2, 18, 26. Também se mencionam em Rom 16:3-5; 1Co 16:19; 2Tm 4:19.
19.2-4 O batismo do João foi um sinal de arrependimento de pecados e preparação para a vinda de CRISTO. Como Apolo (18.24-26), estes crentes efésios necessitavam de mais informação quanto à mensagem e o ministério do JESUS CRISTO, além do ministério do ESPÍRITO SANTO. Pela fé acreditavam em JESUS como o Messias, mas não entendiam o significado da morte e ressurreição de CRISTO nem a obra do ESPÍRITO SANTO. Ser cristão envolve mudança de atitude (arrependimento) e voltar-se para CRISTO (fé). Experiência com o ESPÍRITO SANTO. Estes crentes estavam incompletos.
Segundo o livro de Atos, os crentes receberam o ESPÍRITO SANTO de diversas formas. O ESPÍRITO SANTO enchia a uma pessoa assim que professava sua fé em CRISTO, como no caso de Cornélio e sua família e amigos. Neste caso em Atos 19, entretanto, DEUS permitiu que fora depois porque o conhecimento destes discípulos era incompleto. A plenitude do ESPÍRITO SANTO lhes confirmou como crentes sinceros e fiéis.
O Pentecostes foi o derramamento formal do ESPÍRITO SANTO na Igreja. Outros derramamentos no livro de Atos foram usados para acrescentar novos membros à igreja. O sinal da verdadeira igreja não é simplesmente a boa doutrinas e as boas ações, também existe a obra do ESPÍRITO SANTO.
Paulo EMPREENDE UMA TERCEIRA VIAGEM : Assim que Paulo teve a oportunidade, empreendeu sua terceira viagem, inquietado talvez por algum mal-entendido entre as Igrejas fundadas. Pressuroso foi ao norte, logo ao oeste, voltando pelas cidades que antes visitou. Nesta oportunidade, entretanto, seguiu em forma mais direta a rota oeste para o Éfeso.
19.6 Quando Paulo impôs suas mãos sobre estes discípulos, estes receberam o batismo com o ESPÍRITO SANTO da mesma forma que os discípulos no Pentecostes. Isto também aconteceu quando o ESPÍRITO SANTO veio aos gentis (não judeus, veja-se Atos 10.45-47, na casa de Cornélio).
ESTUDOS BEP - CPAD SOBRE O ESPÍRITO SANTO
O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
At 1.5 “Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o ESPÍRITO SANTO, não muito depois destes dias.”
Uma das doutrinas principais das Escrituras é o batismo no ESPÍRITO SANTO. A respeito do batismo no ESPÍRITO SANTO, a Palavra de DEUS ensina o seguinte:
O batismo no ESPÍRITO é para todos que professam sua fé em CRISTO; que nasceram de novo, e, assim, receberam o ESPÍRITO SANTO para neles habitar. Um dos alvos principais de CRISTO na sua missão terrena foi batizar seu povo no ESPÍRITO (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Ele ordenou aos discípulos não começarem a testemunhar até que fossem batizados no ESPÍRITO SANTO e revestidos do poder do alto (Lc 24.49; At 1.4.5.8).
O batismo no ESPÍRITO SANTO é uma obra distinta e à parte da regeneração, também por Ele efetuada. Assim como a obra santificadora do ESPÍRITO é distinta e completiva em relação à obra regeneradora do mesmo ESPÍRITO, assim também o batismo no ESPÍRITO complementa a obra regeneradora e santificadora do ESPÍRITO. No mesmo dia em que JESUS ressuscitou, Ele assoprou sobre seus discípulos e disse: “Recebei o ESPÍRITO SANTO” (Jo 20.22), indicando que a regeneração e a nova vida estavam-lhes sendo concedidas. Depois, Ele lhes disse que também deviam ser “revestidos de poder” pelo ESPÍRITO SANTO (Lc 24.49; cf. At 1.5,8). Portanto, este batismo é uma experiência subsequente à regeneração (ver 11.17; 19.6).
Ser batizado no ESPÍRITO significa experimentar a plenitude do ESPÍRITO, (cf. 15; 2.4). Este batismo teria lugar somente a partir do dia de Pentecoste. Quanto aos que foram cheios do ESPÍRITO SANTO antes do dia de Pentecoste (e.g. Lc 1.15,67), Lucas não emprega a expressão “batizados no ESPÍRITO SANTO”. Este evento só ocorreria depois da ascensão de CRISTO (1.2-5; Lc 24.49-51, Jo 16.7-14).
O livro de Atos descreve o falar noutras línguas como o sinal inicial do batismo no ESPÍRITO SANTO (2.4; 10.45,46; 19.6).
O batismo no ESPÍRITO SANTO outorgará ao crente ousadia e poder celestial para este realizar grandes obras em nome de CRISTO e ter eficácia no seu testemunho e pregação (cf. 18; 2.14-41; 4.31; 6.8; Rm 15.18,19; 1Co 2.4). Esse poder não se trata de uma força impessoal, mas de uma manifestação do ESPÍRITO SANTO, na qual a presença, a glória e a operação de JESUS estão presentes com seu povo (Jo 14.16-18; 16.14; 1Co 12.7).
Outros resultados do genuíno batismo no ESPÍRITO SANTO são: (a) mensagens proféticas e louvores (2.4, 17; 10.46; 1Co 14.2,15); (b) maior sensibilidade contra o pecado que entristece o
ESPÍRITO SANTO, uma maior busca da retidão e uma percepção mais profunda do juízo divino contra a impiedade (ver Jo 16.8; At 1.8); (c) uma vida que glorifica a JESUS CRISTO (Jo 16.13,14; At; (d) visões da parte do ESPÍRITO (2.17); (e) manifestação dos vários dons do ESPÍRITO SANTO (1Co 12.4-10); (f) maior desejo de orar e interceder (2.41,42; 3.1; 4.23-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26); (g) maior amor à Palavra de DEUS e melhor compreensão dela (Jo 16.13; At 2.42) e (h) uma convicção cada vez maior de DEUS como nosso Pai (At 1.4; Rm 8.15; Gl 4.6).
A Palavra de DEUS cita várias condições prévias para o batismo no ESPÍRITO SANTO. (a) Devemos aceitar pela fé a JESUS CRISTO como Senhor e Salvador e apartar-nos do pecado e do mundo (2.38-40; 8.12-17). Isto importa em submeter a DEUS a nossa vontade (“àqueles que lhe obedecem”. Devemos abandonar tudo o que ofende a DEUS, para então podermos ser “vaso para honra, santificado e idôneo para o uso do Senhor” (2Tm 2.21). (b) É preciso querer o batismo. O crente deve ter grande fome e sede pelo batismo no ESPÍRITO SANTO (Jo 7.37-39; cf. Is 44.3; Mt 5.6; 6.33).
Muitos recebem o batismo como resposta à oração neste sentido (Lc 11.13; At 1.14; 2.1-4; 4.31; 8.15,17). (d) Devemos esperar convictos que DEUS nos batizará no ESPÍRITO SANTO (Mc 11.24; At
1.4,5).
O batismo no ESPÍRITO SANTO permanece na vida do crente mediante a oração (4.31), o testemunho (4.31, 33), a adoração no ESPÍRITO (Ef 5.18,19) e uma vida santificada (ver Ef 5.18). Por mais poderosa que seja a experiência inicial do batismo no ESPÍRITO SANTO sobre o crente, se ela não for expressa numa vida de oração, de testemunho e de santidade, logo se tornará numa glória desvanecente.
O batismo no ESPÍRITO SANTO ocorre uma só vez na vida do crente e move-o à consagração à obra de DEUS, para, assim, testemunhar com poder e retidão. A Bíblia fala de renovações posteriores ao batismo inicial do ESPÍRITO SANTO (ver 4.31; cf. 2.4; 4.8, 31; 13.9; Ef 5.18). O batismo no ESPÍRITO, portanto, conduz o crente a um relacionamento com o ESPÍRITO, que deve ser renovado (4.31) e conservado (Ef 5.18).
O FALAR EM LÍNGUAS
At 2.4 “E todos foram cheios do ESPÍRITO SANTO e começaram a falar em outras línguas, conforme o ESPÍRITO SANTO lhes concedia que falassem.”
O falar noutras línguas, ou a glossolália (gr. glossais lalo), era entre os crentes do NT, um sinal da parte de DEUS para evidenciar o batismo no ESPÍRITO SANTO (ver 2.4; 10.45-47; 19.6). Esse padrão bíblico para o viver na plenitude do ESPÍRITO continua o mesmo para os dias de hoje.
O VERDADEIRO FALAR EM LÍNGUAS. (1) As línguas como manifestação do ESPÍRITO. Falar noutras línguas é uma manifestação sobrenatural do ESPÍRITO SANTO, i.e., uma expressão vocal inspirada pelo ESPÍRITO, mediante a qual o crente fala numa língua (gr. glossa) que nunca aprendeu (2.4; 1Co 14.14,15). Estas línguas podem ser humanas, i.e., atualmente faladas (2.6), ou desconhecidas na terra (cf. 1Co 13.1). Não é “fala extática”, como algumas traduções afirmam, pois a Bíblia nunca se refere à “expressão vocal extática” para referir-se ao falar noutras línguas pelo ESPÍRITO.
Línguas como sinal externo inicial do batismo no ESPÍRITO SANTO. Falar noutras línguas é uma expressão verbal inspirada, mediante a qual o espírito do crente e o ESPÍRITO SANTO se unem no louvor e/ou profecia. Desde o início, DEUS vinculou o falar noutras línguas ao batismo no ESPÍRITO SANTO (2.4), de modo que os primeiros 120 crentes no dia do Pentecoste, e os demais batizados a partir de então, tivessem uma confirmação física de que realmente receberam o batismo no ESPÍRITO SANTO (cf. 10.45,46). Desse modo, essa experiência podia ser comprovada quanto a tempo e local de recebimento. No decurso da história da igreja, sempre que as línguas como sinal foram rejeitadas, ou ignoradas, a verdade e a experiência do Pentecoste foram distorcidas, ou totalmente suprimidas.
As línguas como dom. Falar noutras línguas também é descrito como um dos dons concedidos ao crente pelo ESPÍRITO SANTO (1Co 12.4-10). Este dom tem dois propósitos principais: (a) O falar noutras línguas seguido de interpretação, também pelo ESPÍRITO, em culto público, como mensagem verbal à congregação para sua edificação espiritual (1Co 14.5,6,13-17). (b) O falar noutras línguas pelo crente para dirigir-se a DEUS nas suas devoções particulares e, deste modo, edificar sua vida espiritual (1Co 14.4). Significa falar ao nível do espírito (14.2,14), com o propósito de orar, dar graças (14.16,17) ou cantar (14.15; ver 1Co 14).
OUTRAS LÍNGUAS, PORÉM, FALSAS. O simples fato de alguém falar “noutras línguas”, ou exercitar outra manifestação sobrenatural não é evidência irrefutável da obra e da presença do ESPÍRITO SANTO. O ser humano pode imitar as línguas estranhas como o fazem os demônios. A Bíblia nos adverte a não crermos em todo espírito, e averiguarmos se nossas experiências espirituais procedem realmente de DEUS (ver 1Jo 4.1).
Somente devemos aceitar as línguas se elas procederem do ESPÍRITO SANTO, como em 2.4. Esse fenômeno, segundo o livro de Atos, deve ser espontâneo e resultado do derramamento inicial do ESPÍRITO SANTO. Não é algo aprendido, nem ensinado, como por exemplo instruir crentes a pronunciar sílabas sem nexo.
O ESPÍRITO SANTO nos adverte claramente que nestes últimos dias surgirá apostasia dentro da igreja (1Tm 4.1,2); sinais e maravilhas operados por Satanás (Mt 7.22,23; cf. 2Ts 2.9) e obreiros fraudulentos que fingem ser servos de DEUS (2Pe 2.1,2).
Se alguém afirma que fala noutras línguas, mas não é dedicado a JESUS CRISTO, nem aceita a autoridade das Escrituras, nem obedece à Palavra de DEUS, qualquer manifestação sobrenatural que nele ocorra não provém do ESPÍRITO SANTO (1 Jo 3.6-10; 4.1-3; cf. Gl 1.9; Mt 24.11-24, Jo8.31).
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Lição 7, Paulo, o Plantador de Igrejas - Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/escrita-licao-7-paulo-o-plantador-de.html Escrita
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Coríntios 3.6-9; Atos 13.1-3; 16.1-5,9,10
1 Coríntios 3
6 - Eu plantei, Apolo regou; mas DEUS deu o crescimento. 7 - Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas DEUS, que dá o crescimento. 8 - Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho. 9 - Porque nós somos cooperadores de DEUS; vós sois lavoura de DEUS e edifício de DEUS.
Atos 13
1 - Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. 2 - E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. 3 - Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
Atos 16.1-5,9,10
1 - E chegou a Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai grego, 2 - do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio. 3 - Paulo quis que este fosse com ele e, tomando-o, o circuncidou, por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego. 4 - E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém 5 - de sorte que as igrejas eram confirmadas na fé e cada dia cresciam em número.
9 - E Paulo teve, de noite, uma visão em que se apresentava um varão da Macedônia e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos! 10 - E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho.
Atos 13.1-3 - BEP - CPAD
13.2 SERVINDO... E JEJUANDO. O cristão cheio do ESPÍRITO é muito sensível ao que o ESPÍRITO SANTO comunica durante a oração e o jejum (ver Mt 6.16). Aqui, a comunicação da parte do ESPÍRITO SANTO provavelmente foi uma mensagem dada em profecia (cf. v. 1).
13.2 PARA A OBRA A QUE OS TENHO CHAMADO. Paulo e Barnabé foram chamados à obra missionária, não temos menção de Paulo quanto a seu sustento por parte desta igreja, portanto quem o enviou, foi o ESPÍRITO SANTO pessoalmente (muitas vezes não é a igreja que envia os missionários, vão pela fé). As características dessa obra estão descritas em At 9.15; 13.5; 22.14,15,21 e At 26.16-18.
(1) Paulo e Barnabé foram chamados para pregar o evangelho e conduzir homens e mulheres à salvação em CRISTO. As Escrituras não indicam em lugar nenhum que os missionários do NT foram enviados aos campos para realizarem trabalhos sociais ou políticos, i.e., propagar o evangelho e fundar igrejas mediante o exercício de todos os tipos de atividades sociais ou políticas para o bem da população do Império Romano. O alvo dos missionários era conduzir pessoas a CRISTO (At 16.31; 20.21), livrá-las do poder de Satanás (At 26.18), levá-las a receber o ESPÍRITO SANTO (At 19.6) e organizá-las em igrejas. Nesses novos cristãos, o ESPÍRITO SANTO veio habitar e manifestar-se através do amor; Ele deu dons espirituais (1 Co 12.1-14.40) e transformou esses fiéis de tal maneira que suas vidas glorificavam ao seu Salvador. (2) Os missionários do evangelho de hoje devem ter a mesma atividade prioritária: ser ministros e testemunhas do evangelho, que levem outros a CRISTO, livrando-os do domínio de Satanás (At 26.18), fazendo-os discípulos, motivando-os a receber o ESPÍRITO SANTO e os seus dons (At 2.38; 8.17) e ensinando-os a observar tudo quanto CRISTO ordenou (Mt 28.19,20). Isto deve ser acompanhado de sinais e prodígios, cura de enfermos e libertação de oprimidos pelos demônios (At 2.43; 4.30; 8.7; 10.38; Mc 16.17,18). Esta tarefa suprema de pregar o evangelho, no entanto, deve também incluir atos pessoais de amor, de misericórdia e de bondade para com os necessitados (cf. Gl 2.10). Deste modo, todos que são chamados a dar testemunho do evangelho servirão na causa divina segundo o modelo de JESUS (ver Lc 9.2). A igreja tem o dever de sustentar os missionários para que não se vejam obrigados a trabalhar num serviço secular para se sustentarem.
13.3 OS DESPEDIRAM. Com estas palavras começa o grande movimento missionário da igreja até aos confins da terra (1.8). Os princípios missionários vistos no capítulo 13 são um modelo para todas as igrejas que enviam missionários. (1) A atividade missionária é originada pelo ESPÍRITO SANTO, através de líderes espirituais que estão profundamente dedicados ao Senhor e ao seu reino, buscando-o com oração e jejum (v. 2). (2) A igreja deve estar atenta ao ministério e atividade proféticos do ESPÍRITO SANTO e sua orientação (v. 2). (3) Os missionários que são enviados, devem fazê-lo segundo a chamada e a vontade específicas do ESPÍRITO SANTO (v. 2b). (4) Mediante a oração e o jejum, a igreja buscando constantemente estar em harmonia com a vontade do ESPÍRITO SANTO (vv. 3,4), confirma a chamada divina de determinadas pessoas à obra missionária. O propósito é que a igreja envie somente aqueles que forem da vontade do ESPÍRITO SANTO. (5) Pela imposição de mãos e o envio de missionários, a igreja indica que se compromete a sustentar e assistir os que saem à obra. A responsabilidade da igreja que envia missionários inclui demonstrar amor e cuidado para com eles de um modo digno de DEUS (3 Jo 6), orar por eles (v. 3; Ef 6.18,19) e sustentá-los financeiramente (Lc 10.7; 3 Jo 6-8). Isso inclui ofertas especiais de amor para necessidades específicas deles (Fp 4.10, 14-18). O missionário é uma projeção do propósito, interesse e missão da igreja que os envia. Essa igreja fica sendo, portanto, uma cooperadora da verdade (Fp 1.5; 3 Jo 8). (6) Aqueles que saem como missionários devem estar dispostos a expor a vida pelo nome de nosso Senhor JESUS CRISTO (At 15.26).
Atos 16.1-5,9,10 - BEP - CPAD
16.5 AS IGREJAS ERAM CONFIRMADAS. Ver At 12.5 sobre a intercessão em favor daqueles que são perseguidos por pregar o evangelho. Pedro, pois, era guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele a DEUS. Atos 12:5
16.6 IMPEDIDOS PELO ESPÍRITO SANTO. Toda a iniciativa no evangelismo e na atividade missionária, especialmente no caso das viagens missionárias registradas em Atos, deve ser orientada pelo ESPÍRITO SANTO, como vemos em At 1.8; 2.14-41; 4.8-12,31; 8.26-29,39,40; 10.19,20; 13.2; 16.6-10; 20.22. A orientação aqui, pode ter ocorrido em forma de uma revelação profética, de um impulso interior, de circunstâncias externas, ou visões (vv. 6-9). Pelo impulso do ESPÍRITO, avançavam para levar o evangelho aos não salvos. Quando o ESPÍRITO os impedia de ir numa direção, iam noutra, confiando nEle para aprovar ou desaprovar seus planos de viagem. Portanto o missionário e aqueles que os orientam devem manter estreita comunhão com o ESPÍRITO SANTO.
Resumo da Lição 7, Paulo, o Plantador de Igrejas
I – PAULO, O DESBRAVADOR SOB UMA GLORIOSA OBRIGAÇÃO
1. Paulo, o desbravador.
2. Uma gloriosa obrigação.
3. Plantação de igreja, uma parceria.
II – ANTIOQUIA, O PONTO DE PARTIDA PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA
1. Uma igreja missionária.
2. A primeira viagem missionária.
3. A segunda viagem missionária.
III – CARACTERÍSTICAS DE UM PLANTADOR DE IGREJAS
1. Motivado pelo chamado.
2. Experimentado no deserto da vida.
3. A igreja segundo as Escrituras.
A melhor tática do predador é afastar a vítima do rebanho.
NÃO DEIXE DE CONGREGAR.
Hb 10:25 Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia
Resumo Rápido da Lição 7, Paulo, o Plantador de Igrejas - Pr. Henrique
Nosso assunto é Paulo e a plantação de Igrejas em seu trabalho apostolar. Missões está no coração de DEUS e toda igreja deve primar por isto.
PAULO FOI O DESBRAVADOR SOB UMA GLORIOSA OBRIGAÇÃO. Era desbravador porque abria igrejas em locais onde não havia nem igrejas e nem pregadores do evangelho (Rm 15.20). Tinha uma gloriosa obrigação, pois JESUS mesmo o incumbiu de pregar o evangelho primeiro aos judeus e depois a todos os gentios, até mesmo a reis. Paulo era o prisioneiro literal de CRISTO em Roma e ao mesmo tempo estava preso a seu chamado apostólico dado por JESUS em sua conversão “pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho” (1 Co 9.16). A Plantação de igreja é uma parceria entre a igreja e DEUS. Nós cooperamos pregando o evangelho e discipulando enquanto DEUS coopera dando revelação do pecado, da justiça e do juízo, bem como colocando este crente no corpo de CRISTO e capacitando-o para a obra através do batismo com o ESPÍRITO SANTO e o usando em dons espirituais. (1 Co 3.6-9 nós somos os seus cooperadores e, a igreja, a lavoura e o edifício de DEUS)
A CIDADE DE ANTIOQUIA DA SÍRIA FOI O PONTO DE PARTIDA PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA, pois foi ali que se reuniram obreiros cheios do ESPÍRITO SANTO, em oração e jejum para buscarem orientação de DEUS quanto a sua obra. O ESPÍRITO SANTO falou através e um de seus servos nesta oração escolhendo Barnabé e Saulo para a obra missionária. Paulo e Barnabé empreenderam a primeira viagem missionária saindo de Antioquia, passando por Chipre (At 13.4 aqui o apóstolo desmascarou o feiticeiro Elimas, o encantador, e ganhou o procônsul para CRISTO), Perge, Listra, Antioquia da Psídia, Icônio e Derbe, regiões da Licaônia, Galácia e Frígia; onde abriram várias igrejas (nas casas). Sinais prodígios e maravilhas autenticavam seu ministério (Atos 14.1-28).
Após o Concílio de Jerusalém (At 15), com as seguintes decisões: abstenção das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação, Paulo e Silas empreenderam a segunda viagem missionária saindo de Antioquia e passando por Tarso, Derbe, Listra, Icônio, Antioquia da Psídia, Trôade, Filipos, Anfípolis, Beréia, Atenas, Corinto, Éfeso, onde abriram várias igrejas e revisitaram algumas já abertas na primeira viagem; regiões de Acaia e Macedônia agora incluídas. Também passaram por Cesareia, Samaria e Jerusalém. Sinais prodígios e maravilhas autenticavam seu ministério.
QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DE UM PLANTADOR DE IGREJAS? Precisa ser motivado pelo chamado de DEUS, em comunhão íntima com o ESPÍRITO SANTO e seu mestre JESUS. Precisa ser experimentado no deserto da vida, ou seja, ter experiência na pregação, ensino e ministração de curas (Sinais prodígios e maravilhas), bem como nas perseguições, afeções e tribulações pelos quais, certamente todo obreiro de valor passa (At 9.1-22). A igreja local, segundo as Escrituras, funciona com estratégias de evangelização, muito estudo da Palavra de DEUS, bom relacionamento espiritual entre seus membros, amor uns pelos outros e pelos pecadores, conversões, batismos nas águas e com o ESPÍRITO SANTO, manifestação de dons espirituais em benefício de todos, na cura e libertação, tudo isso regado com muita oração, tanto na língua comum a todos, quanto em línguas espirituais (At 6.4). Nessa igreja batizamos em nome do Pai, do Filho e do ESPÍRITO SANTO, partilhamos da ceia do Senhor e aguardamos a sua volta para nos encontrar com Ele. Não podemos perder de vista que nós plantamos, mas é DEUS que dá o crescimento e aprova a obra (1 Co 3.6).
CONCLUSÃO
O apóstolo Paulo foi forjado por DEUS para que fosse usado, também sua visão foi aumentada acerca do mundo todo a ser evangelizado. DEUS ainda chama plantadores de igrejas. Crentes apaixonados pelas almas, com o amor de DEUS em seus corações e com fé em DEUS e em seu poder.
Testemunho pessoal - Pela graça de DEUS abri 7 igrejas em Divinópolis, MG, em apenas 1 ano e dois meses. O segredo é manter íntima comunhão com o ESPÍRITO SANTO, estudar sempre a bíblia e jejuar sempre que possível. JESUS continua salvando, curando, libertando e batizando com o ESPÍRITO SANTO.
Paulo Adota Timóteo - Atos 16:1-5
Assim como Barnabé cuidou e orientou Paulo no início de seu ministério, Paulo era um pai espiritual de grande envergadura para Timóteo a quem chamava de filho. Aqui, ele adota espiritualmente Timóteo e cuida da educação de muitos outros filhos espirituais que, através do seu ministério, foram gerados para CRISTO. Em todos estes procedimentos ele mostra que é um pai sábio e amoroso. Aqui está:
I
Paulo aceita Timóteo em suas relações e o torna seu aluno. Um dos propósitos do Livro de Atos é ajudar-nos a entender as epístolas de Paulo, duas das quais são endereçadas a Timóteo. Era necessário que na história de Paulo houvesse alguns trechos narrativos sobre Timóteo. Este é um desses trechos narrativos. 1. Timóteo era discípulo (v. 1), um dos que pertenciam a CRISTO, e foi batizado, provavelmente quando ainda um adolescente, quando sua mãe se tornou crente, como a casa de Lídia foi batizada quando creu (v. 15). Sendo discípulo de CRISTO, Paulo o tomou para ser seu discípulo, a fim de ensiná-lo mais detidamente no conhecimento e na fé de CRISTO; ele o tomou para ser treinado para CRISTO. 2. A mãe de Timóteo era originalmente judia, mas crente (v. 1). Ela se chamava Eunice, e o nome da avó do rapaz era Lóide. Paulo fala dessas duas mulheres com grande respeito, visto que se destacaram em virtude e devoção religiosa, e as elogia especialmente por não expressarem uma fé fingida (2 Tm 1.5), tendo aceitado e abraçado sinceramente a doutrina de CRISTO. 3. O pai de Timóteo era grego (v. 1), um gentio. O casamento de uma judia com um homem gentio (embora alguns estudiosos afirmem que não faria diferença) era proibido tanto quanto o casamento de um judeu com uma mulher gentia: Não darás tuas filhas a seus filhos e não tomarás suas filhas para teus filhos (Dt 7.3). Não obstante, essa norma estava sendo quebrada embora o perigo de influência e contaminação fosse maior. Pelo fato de seu pai ser grego, Timóteo não foi circuncidado, já que o vínculo do concerto e o seu selo, como os outros vínculos dessa nação, passavam pelo pai e não pela mãe. Não sendo seu pai judeu, não lhe obrigaram a circuncisão, nem lhe deram o direito ao rito, exceto quando adulto e se manifestasse desejo disso. Mas, observe que embora sua mãe não conseguisse que ele fosse circuncidado na infância, porque o pai era de outra mentalidade e modo de vida, ela o educou no temor do Senhor, para que, mesmo desejando o sinal do concerto, ele não deixasse de desejar a coisa significada. 4. Timóteo adquirira um caráter muito bom entre os cristãos: Dele davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio (v. 2). Além de sua reputação ser imaculada e livre de escândalos, ele era brilhante. Muitos elogios lhe eram dados por ser jovem extraordinário e alguém de quem se esperava grandes coisas. As pessoas do lugar onde ele nasceu e os moradores das cidades circunvizinhas o admiravam e falavam dele com orgulho. Ele tinha boa fama por praticar o bem. 5. Paulo queria que Timóteo [...] fosse com ele (v. 3), que o acompanhasse, que estivesse a seu serviço, que recebesse seus ensinamentos e se unisse a ele no trabalho do evangelho – pregar no lugar dele quando houvesse ocasião e ser deixado para trás nos lugares onde ele já houvesse plantado igrejas. Paulo tinha um profundo amor por ele, não só porque era um jovem inventivo e de grande talento, mas porque era jovem sério e de sentimentos religiosos: Paulo sempre se lembrava das lágrimas do jovem (2 Tm 1.4). 6. Paulo tomou Timóteo e o circuncidou (v. 3), ou ordenou que o fosse. Era estranho. Paulo não se opusera ferrenhamente a quem era a favor de impor o rito da circuncisão nos convertidos gentios? Sim, se opusera. Nessa época ele já não tinha consigo os decretos do concílio de Jerusalém no qual manifestou opinião contrária a esse rito? Sim, já tinha. Contudo, ele circuncidou Timóteo não para obrigá-lo a guardar a lei cerimonial (que era o que pretendiam esses mestres ao querer impor a circuncisão), mas somente para tornar as relações sociais e o ministério do rapaz admissível e, quem sabe, aceitável entre os judeus que enxameavam aqueles rincões. Ele sabia que Timóteo tinha o potencial de fazer grande obra entre eles, estando admiravelmente qualificado para o ministério, se não mostrassem preconceitos contra ele. Portanto, para que os judeus não se afastassem do jovem dizendo que ele estava imundo, porque era incircunciso, Paulo o tomou e o circuncidou. Assim, ele se fez como judeu para os judeus, para ganhar os judeus e se fez tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns (1 Co 9.20,22). O apóstolo era contra os que tornavam a circuncisão obrigatória para a salvação, mas ele a usou quando era conducente para a edificação; não foi implacável em opor-se ao rito, como eles foram em impô-lo. Nesse caso, ele não agiu de acordo com a letra do decreto, mas de acordo com o espírito, que era espírito de ternura e brandura para com os judeus e de boa vontade para conscientizá-los gradualmente dos seus preconceitos. Paulo não tinha a mínima dificuldade em tomar Timóteo por seu companheiro, mesmo sendo ele incircunciso. Mas os judeus não dariam ouvidos ao rapaz se ele o fosse. Por isso, o apóstolo cede aos judeus. É bem provável que tenha sido neste momento que Paulo impôs as mãos em Timóteo para lhe conferir o dom do ESPÍRITO SANTO (2 Tm 1.6) e depois cobra dele a prática neste dom "Por este motivo, te lembro que despertes o dom de DEUS, que existe em ti pela imposição das minhas mãos". 2 Timóteo 1:6.
II
Paulo confirma as igrejas que ele plantara (vv. 4,5): Ele ia passando pelas cidades (v. 4) em que havia anunciado a palavra do Senhor, como pretendia (Atos 15.36), para examinar o estado em que se encontravam.
1. Paulo e Silas entregavam às igrejas cópias dos decretos do sínodo de Jerusalém (v. 4) para lhes servirem de orientação no governo eclesiástico, terem o que responder aos mestres judaizantes e se justificarem por aderirem à liberdade com que CRISTO as libertou (Gl 5.1). Todas as igrejas estavam interessadas nesses decretos, sendo, então, necessário que todos os autenticassem adequadamente. Embora Paulo tivesse circuncidado Timóteo por certa razão particular, ele não queria que isso abrisse um precedente: Ele entregava os decretos (v. 4) às igrejas [...] para serem religiosamente observados, porque tinham de aceitar e executar a regra e não serem desestimuladas por um exemplo particular.
2. Este serviço que Paulo (mestre e apóstolo) e Silas (profeta - atos 15:32) faziam era muito bom para as igrejas. (1) As igrejas eram confirmadas na fé (v. 5). Elas eram particularmente confirmadas em sua opinião contra a imposição da lei cerimonial aos gentios. A firmeza e veemência com que os mestres judaizantes insistiam na necessidade da circuncisão, bem como os argumentos plausíveis que eles davam, abalaram as igrejas, de forma que começaram a vacilar a esse respeito. Quando elas viram o testemunho não só dos apóstolos e anciãos (v. 4), mas do ESPÍRITO SANTO que neles estava, contra esse ensino, foram estabelecidas e não vacilaram mais tempo quanto a isso. Note que os testemunhos da verdade, mesmo que não consigam convencer os que se opõem a ela, podem ser utilíssimos para confirmar os que estão em dúvida e firmá-los. Não somente isso, mas quando esses decretos puseram de lado a lei cerimonial e as suas ordenanças carnais, as igrejas foram confirmadas em geral na fé cristã e ficaram mais seguras de que era de DEUS, porque estabelecia um modo espiritual de servir a DEUS muito mais adequado à natureza de DEUS e do homem. O espírito de ternura e condescendência que se mostra claramente nestas cartas indicava que os apóstolos e anciãos estavam sob a orientação daquele que é o amor em pessoa. (2) As igrejas [...] cada dia cresciam em número (v. 5). A imposição do jugo da lei cerimonial nos convertidos era suficiente para afugentar as pessoas das igrejas. Se eles estivessem dispostos a se tornar judeus, há muito que o teriam sido, antes mesmo da chegada dos apóstolos. Se não havia meio de ter os privilégios cristãos sem se submeter ao jugo dos judeus, então eles prefeririam ficar como estavam. Se eles concluíssem que não havia perigo de serem escravizados dessa forma, então se sentiriam livres para aceitar o cristianismo e unir-se à igreja. E assim as igrejas [...] cresciam em número a cada dia. Não falhava um dia sem que uma ou outra pessoa se entregasse para JESUS. Todos que do fundo coração desejam promover a honra de CRISTO, a prosperidade da igreja e a felicidade do povo alegram-se com esse aumento.
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Lição 8, Paulo, o Discipulador de Vidas - Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos - Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
https://www.youtube.com/watch?v=vFR5h6hmub4 subsídio - Lição 12, A Urgência do Discipulado, 1Trimestre dev 2021, Pr Henrique, EBD NA TV
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/escrita-licao-8-paulo-o-discipulador-de.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/sides-licao-8-paulo-o-discipulador-de.html
Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=n7zfAyKPlks Vídeo desta lição
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 2.42-47; 20.1-4
Atos 2.42 - E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. 43 - Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. 44 - Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. 45 - Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade. 46 - E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, 47 - louvando a DEUS e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.
Atos 20.1 - Depois que cessou o alvoroço, Paulo chamou a si os discípulos e, abraçando-os, saiu para a Macedônia.2 - E, havendo andado por aquelas terras e exortando-os com muitas palavras, veio à Grécia. 3 - Passando ali três meses e sendo-lhe pelos judeus postas ciladas, como tivesse de navegar para a Síria, determinou voltar pela Macedônia. 4 - E acompanhou-o, até à Asia, Sópatro, de Beréia, e, dos de Tessalônica, Aristarco e Segundo, e Gaio, de e Timóteo, e, dos da Ásia, Tíquico e Trófimo.
2.42 DOUTRINA DOS APÓSTOLOS, E NA COMUNHÃO, E NO PARTIR DO PÃO, E NAS ORAÇÕES.
A IGREJA. Através do livro de Atos, bem como outros trechos do NT, tomamos conhecimento das normas ou dos padrões estabelecidos para uma igreja neotestamentária.
(1) Antes de mais nada, a igreja é o agrupamento de pessoas em congregações locais e unidas pelo ESPÍRITO SANTO, que diligentemente buscam um relacionamento pessoal, fiel e leal com DEUS e com JESUS CRISTO (At 13.2; 16.5; 20.7; Rm 16.3,4; 1 Co 16.19; 2 Co 11.28; Hb 11.6).
(2) Mediante o poderoso testemunho da igreja, os pecadores são salvos, nascidos de novo, batizados nas águas e acrescentados à igreja; participam da Ceia do Senhor e esperam a volta de CRISTO (At 2.41,42; 4.33; 5.14; 11.24; 1 Co 11.26).
(3) O batismo no ESPÍRITO SANTO será pregado e concedido aos novos crentes (ver At 2.39), e sua presença e poder se manifestarão.
(4) Os dons do ESPÍRITO SANTO estarão em operação (Rm 12.6-8; 1 Co 12.4-11; Ef 4.11,12), inclusive prodígios, sinais e curas (At 2.18,43; 4.30; 5.12; 6.8; 14.10; 19.11; 28.8; Mc 16.18).
(5) Para dirigir a igreja, DEUS lhe provê um ministério quíntuplo, o qual adestra os santos para o trabalho do Senhor (Ef 4.11,12).
(6) Os crentes expulsarão demônios (At 5.16; 8.7; 16.18; 19.12; Mc 16.17).
(7) Haverá lealdade absoluta ao evangelho, i.e., aos ensinamentos originais de CRISTO e dos apóstolos (2.42; ver Ef 2.20). Os membros da igreja se dedicarão ao estudo da Palavra de DEUS e à obediência a ela (6.4; 18.11; Rm 15.18; Cl 3.16; 2 Tm 2.15).
(8) No primeiro dia da semana (At 20.7; 1 Co 16.2), a congregação local se reunirá para a adoração e a mútua edificação através da Palavra de DEUS escrita e das manifestações do ESPÍRITO (1 Co 12.7-11; 14.26; 1 Tm 5.17).
(9) A igreja manterá a humildade, reverência e santo temor diante da presença de um DEUS santo (5.11). Os membros terão uma preocupação vital com a pureza da igreja, disciplinarão aqueles que caírem no pecado, bem como os falsos mestres que são desleais à fé bíblica (20.28; 1 Co 5.1-13; ver Mt 18.15).
(10) Aqueles que perseverarem no caráter piedoso e nos padrões da justiça ensinados pelos apóstolos, serão ordenados ministros para a direção das igrejas locais e a manutenção da sua vida espiritual (Mt 18.15; 1 Co 5.1-5; 1 Tm 3.1-7; Tt 1.5-9).
(11) Semelhantemente, a igreja terá diáconos responsáveis para cuidarem dos negócios temporais e materiais da igreja (ver 1 Tm 3.8).
(12) Haverá amor e comunhão no ESPÍRITO evidente entre os membros (At 2.42,44-46; ver Jo 13.34), não somente dentro da congregação local como também entre ela e outras congregações que crêem na Bíblia (15.1-31; 2 Co 8.1-8).
(13) A igreja será uma igreja de oração e jejum (At 1.14; 6.4; 12.5; 13.2; Rm 12.12; Cl 4.2; Ef 6.18).
(14) Os crentes se separarão dos conceitos materialistas prevalecentes no mundo, bem como de suas práticas (2.40; Rm 12.2; 2 Co 6.17; Gl 1.4; 1 Jo 2.15,16).
(15) Haverá sofrimento e aflição por causa do mundo e dos seus costumes (At 4.1-3; 5.40; 9.16; 14.22).
(16) A igreja trabalhará ativamente para enviar missionários a outros países (At 2.39; 13.2-4). Nenhuma igreja local tem o direito de se chamar de igreja segundo as normas do NT, a não ser que esteja se esforçando para manter estas 16 características práticas entre seus membros.
CONTÍNUA ORAÇÃO. Os crentes do NT enfrentavam a perseguição em oração fervorosa. A situação parecia impossível; Tiago fora morto. Herodes mantinha Pedro na prisão vigiado por dezesseis soldados. Todavia, a igreja primitiva tinha a convicção de que a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16), e oraram de um modo intenso e contínuo a respeito da situação de Pedro. A oração deles não demorou a ser atendida (vv. 6-17). As igrejas do NT frequentemente se dedicavam à oração coletiva prolongada (At 1.4; 2.42; 4.24-31; 12.5,12; 13.2). A intenção de DEUS é que seu povo se reúna para a oração definida e perseverante; note as palavras de JESUS: A minha casa será chamada casa de oração (Mt 21.13). As igrejas que declaram basear sua teologia, prática e missão, no padrão divino revelado no livro de Atos e noutros escritos do NT, devem exercer a oração fervorosa e coletiva como elemento vital da sua adoração e não apenas um ou dois minutos por culto. Na igreja primitiva, o poder e presença de DEUS e as reuniões de oração integravam-se. Nenhum volume de pregação, ensino, cânticos, música, animação, movimento e entusiasmo manifestará o poder e presença genuínos no ESPÍRITO SANTO, sem a oração neotestamentária, mediante a qual os crentes perseveravam unanimemente em oração e súplicas (1.14).
Resumo da Lição 8, Paulo, o Discipulador de Vidas
I – PAULO E O DISCIPULADO BÍBLICO
1. O discipulado bíblico.
2. Paulo, o discipulador.
3. A metodologia de Paulo para o discipulado.
II – O DISCIPULADO E A MISSÃO INTEGRAL DE PREGAR E ENSINAR
1. A pregação: o ponto de partida.
2. O Ensino: “fazer discípulos”.
3. Pregação e ensino.
III – O DISCIPULADO COM PESSOAS DE OUTRAS CULTURAS
1. A pregação para os seus irmãos.
2. A expansão para os gentios.
3. O discipulado numa cultura diferente.
DISCIPULADO - Pr. Henrique
Discipulado é fazer o discípulo parecido com CRISTO.
O discipulado não tem fim, mas tem objetivo: fazer o discípulo gerar outro discípulo.
DISCIPULADO
O verdadeiro discipulado estimula a leitura da bíblia completa, a frequência na EBD e a evangelização, enquanto ministra o batismo nas águas e o batismo com o ESPÍRITO SANTO a todos novos convertidos.
Doutrinas cristãs básicas - Hb 6.
PELO que, deixando os rudimentos da doutrina de CRISTO, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do
1- arrependimento das obras mortas e da
2- fé em DEUS,
3- E da doutrina dos baptismos, e da
4- imposição das mãos, e da
5- ressurreição dos mortos, e do
6- juízo eterno.
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Lição 9, Paulo e sua Dedicação aos Vocacionados - Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos - Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 20.17-34
17 - De Mileto, mandou a Éfeso chamar os anciãos da igreja. 18 - E, logo que chegaram junto dele, disse-lhes: Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, como em todo esse tempo me portei no meio de vós, 19 - servindo ao Senhor com toda a humildade e com muitas lágrimas e tentações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram; 20 - como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar e ensinar publicamente e pelas casas, 21 - testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a DEUS e a fé em nosso Senhor JESUS CRISTO. 22 - E, agora, eis que, ligado eu pelo espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que lá me há de acontecer, 23 - senão o que o ESPÍRITO SANTO, de cidade em cidade, me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações. 24 - Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor JESUS, para dar testemunho do evangelho da graça de DEUS. 25 - E, agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o Reino de DEUS, não vereis mais o meu rosto. 26 - Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos; 27 - porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de DEUS. 28 - Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o ESPÍRITO SANTO vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja, que ele resgatou com seu próprio sangue. 29 - porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão o rebanho. 30 - E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. 31 - Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós. 32 - Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a DEUS e à palavra da sua graça; a ele, que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados. 33 - De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste. 34 - Vós mesmos sabeis que, para o que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me serviram.
Comentários BEP - CPAD
20.19 COM MUITAS LÁGRIMAS. Paulo, em muitas ocasiões, menciona que servia ao Senhor com lágrimas (v. 31; 2 Co 2.4; Fp 3.18). Nesse discurso diante dos anciãos de Éfeso (vv. 17-38), Paulo refere-se à admoestação que, com lágrimas, lhes dirigiu durante três anos (v. 31). As lágrimas não resultaram de fraqueza; pelo contrário, Paulo via a condição perdida da raça humana, a maldade do pecado, a distorção do evangelho e o perigo de rejeitar o Senhor, como coisas tão graves, que sua pregação era frequentemente acompanhada de lágrimas (cf. Mc 9.24; Lc 19.41).
20.20 NADA... DEIXEI DE VOS ANUNCIAR. Paulo pregava tudo que era útil ou necessário à salvação de seus ouvintes. O ministro do evangelho deve ser fiel ao anunciar toda a verdade de DEUS à sua congregação. Não deve procurar agradar aos desejos dos ouvintes, nem satisfazer o gosto deles, nem promover sua própria popularidade. Mesmo se tiver que falar palavras de repreensão e de reprovação, ensinar contrariamente a preconceitos naturais, ou pregar padrões bíblicos opostos aos desejos da natureza carnal; o pregador fiel entregará a verdade plena por amor ao rebanho (e.g., Gl 1.6-10; 2 Tm 4.1-5).
20.22 LIGADO EU PELO ESPÍRITO. O espírito de Paulo, sob o controle do ESPÍRITO SANTO, sentia-se compelido a ir até Jerusalém. Sabia que aflições e sofrimentos o aguardavam (v. 23), mas confiou em DEUS, não sabendo se isso redundaria em vida ou em morte para ele (ver At 21.4).
20.23 O ESPÍRITO SANTO... ME REVELA. A revelação do ESPÍRITO SANTO a Paulo de que prisões e tribulações o esperavam provavelmente veio-lhe através dos profetas, nas igrejas por onde ele ia passando (cf. 1 Co 12.10).
20.24 EM NADA TENHO A MINHA VIDA POR PRECIOSA. A preocupação principal de Paulo não era preservar a sua própria vida. O mais importante para ele era cumprir o ministério para o qual DEUS o chamara. Seja qual fosse o fim em vista, mesmo em se tratando do sacrifício da sua vida, ele, com alegria, iria até o fim da sua carreira com esta confiança: CRISTO será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte (Fp 1.20). Engrandecermos a CRISTO estando vivos é fácil entender; mas engrandecê-lo por nossa morte é difícil para todos entender e aceitar. Para Paulo, a vida e o serviço para CRISTO são representados como uma carreira ou corrida que se deve correr com absoluta fidelidade ao seu Senhor (cf. At 13.25; 1 Co 9.24; 2 Tm 4.7; Hb 12.1).
20.26 ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS. A palavra sangue é empregada normalmente no sentido de derramamento de sangue, ou seja: o crime de provocar a morte dalguma pessoa (cf. 5.28; Mt 23.35; 27.25). (1) Aqui significa que se alguém ali morresse espiritualmente e se perdesse para sempre, Paulo estaria isento de culpa. (2) Se os pastores não quiserem ser considerados culpados pela perdição de pessoas que eles pastoreiam, deverão declarar-lhes toda a vontade de DEUS (v. 27).
20.28 OLHAI... POR TODO O REBANHO. Visitação e aconselhamento são importantíssimos aos crentes por parte de seus líderes.
20.29 ENTRARÃO... LOBOS CRUÉIS. Movidos pela ambição de edificar seus próprios impérios, ou por amor ao dinheiro, ao poder, ou à popularidade (e.g., 1 Tm 1.6,7; 2 Tm 1.15; 4.3,4; 3Jo 9), impostores na igreja, perverterão o evangelho original segundo o NT: (1) repudiando ou rejeitando algumas das suas verdades fundamentais; (2) acrescentando-lhe idéias humanistas, filosofias, sabedoria ou psicologia; (3) misturando suas doutrinas e práticas com coisas como os ensinos malignos da Nova Era ou do ocultismo e espiritismo; (4) e tolerando modos de vida imorais, contrários aos retos padrões de DEUS (ver 1 Tm 4.1; Ap 2.3). Que tais lobos realmente entraram no meio do rebanho e perverteram a doutrina e prática apostólicas em Éfeso, fica evidente em 1 Tm 1.3,4,18,19; 4.1-3; 2 Tm 1.15; 2.17,18; 3.1-8. As epístolas pastorais revelam uma rejeição geral dos ensinos bíblicos apostólicos, que naquele tempo começou a ganhar ímpeto em toda a província da Ásia
20.31 PORTANTO, VIGIAI. Os dirigentes do povo de DEUS sempre devem ter sensibilidade para discernir os membros das suas congregações, que não são sinceramente leais, e dedicados a viver conforme a mensagem original de CRISTO e dos apóstolos. Devem estar em tão íntima comunhão com o ESPÍRITO SANTO que, com cuidados e lágrimas, se preocupem com seus membros, sem nunca cessar, noite e dia, de admoestar o rebanho, a respeito do perigo que o ameaça, sempre dirigindo os fiéis para o único alicerce seguro CRISTO, sua Palavra e seu poder.
20.33 DE NINGUÉM COBICEI A PRATA. Paulo dá um exemplo a todos os ministros de DEUS. Ele nunca visou a riqueza, nem buscou enriquecer através do seu trabalho no evangelho (cf. 2 Co 12.14). Paulo teve muitas oportunidades de acumular riquezas. Como apóstolo, tinha influência sobre os crentes, e realizava milagres e curas; além disso, os cristãos primitivos estavam dispostos a doar dinheiro e propriedades aos líderes eclesiásticos de destaque, para serem distribuídos aos necessitados (ver At 4.34,35,37). Se Paulo tivesse tirado vantagem dos seus dons e da sua posição, e da generosidade dos crentes, poderia ter tido uma vida abastada. Não fez assim porque o ESPÍRITO SANTO dentro dele o orientava, e porque amava o evangelho que pregava (cf. 1 Co 9.4-18; 2 Co 11.7-12; 12.14-18; 1 Ts 2.5,6). Muitas vezes foi sustentado por igrejas, mas nunca para enriquecimento, mas para sua subsistência apenas. (Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e, quando estava presente convosco e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. 2 Coríntios 11:8)
Paulo mandou chamar todos os novos convertidos, crentes em geral e obreiros que estavam na igreja em Éfeso para se encontrarem com ele em Mileto, cidade que ficava próxima a Éfeso, um pouco mais a abaixo (vide mapa). Ele queria fazer uma grande despedida sua desses irmãos. Paulo diz para eles sobre sua evangelização ali entre eles. Ele se emociona e chora. Ele se entristece muito por ter que deixar os irmãos e partir. Ele fala do seu sofrimento para evangelizá-los. Paulo fala da importância da pregação e ensino de casa em casa. Quantas perseguições! Quantas lágrimas! Quanta Tribulação! E agora diz que o ESPÍRITO SANTO tem revelado a ele de cidade em cidade que quando chegar em Jerusalém vai sofrer muito. Mas ele está decidido a cumprir o seu Ministério. Ele sabe que JESUS o chamou para arriscar sua própria vida e até mesmo dar sua vida pelo evangelho. Sabe que vai sofrer por causa do evangelho. Mas ele está disposto a se gastar e a se deixar gastar pelo evangelho e pelos crentes que o aceitaram. Pelas revelações dadas pelo ESPÍRITO SANTO aos profetas da igreja por onde passou que passará por tribulações e por prisões. Mas ele diz bem claro que não tem a sua vida por preciosa. A sua vida pertence a DEUS. Ele recebeu o Ministério diretamente de JESUS. Está disposto a cumprir seu Ministério até o fim. E que tem uma carreira proposta. Ele tem um Ministério proposto. E ele foi vocacionado para isto mesmo. Seu Ministério é dar testemunho de JESUS CRISTO. Do evangelho da graça de DEUS a todos, custando o que custasse. Ele diz agora para eles que sabe que por toda a parte onde ele passou pregando o Reino de DEUS, eles não verão mais o seu rosto porque ele está se despedindo para não voltar. Sabe que o espera prisões, açoites, perseguições e tribulações. Mas novamente diz que está disposto a passar por tudo isto. Preocupado com os efésios, ele chama a atenção dos líderes. É um momento de alerta. Diz que está limpo do sangue de todos aqueles que ouviram o evangelho através dele, tanto os que obedeceram, quanto aos que não obedeceram. Ele fez a sua parte, pregou o evangelho legítimo na sinceridade de seu coração e fé. Anunciou o evangelho verdadeiro. O evangelho de JESUS CRISTO que nunca deixou de anunciar. O verdadeiro conselho de DEUS, a verdadeira palavra de DEUS. E ele adverte a eles para que olhem para si mesmos. Para o tipo de Evangelho que eles estão pregando e principalmente pelo tipo de evangelho que eles estavam vivendo. Exorta-os a que percebessem como estavam tratando o rebanho de DEUS sobre o qual o ESPÍRITO SANTO os constituiu para que cuidassem dele e o apascentassem. Este rebanho é a igreja de JESUS CRISTO que foi comprada com seu próprio sangue, portanto caríssimo preço, valor inestimável. Paulo diz que sabe que depois de sua partida muitos falsos mestres, falsos pastores, falsos líderes, falsos irmãos que viviam a espreita do rebanho, esses que ele chama de lobos Cruéis, entrarão no meio do rebanho, no meio da igreja e tentarão de toda maneira se levantar dentre eles mesmos e falar com perversas palavras e vão atrair os discípulos após eles. É claro, com enganos e com mentiras. Com falsas promessas. Com amor fingido. Ele os alerta para que vigiem. Durante 3 anos esteve ali entre eles e não cessou, noite e dia, com lágrimas, de lhes anunciar JESUS e a salvação só através Dele, sempre advertindo-os dos perigos dos falsos mestres, falsos pastores, falsos líderes, falsos irmãos. E ele diz agora que encomenda cada um a DEUS e a Palavra da sua graça. Diz que DEUS é poderoso para os edificar e dar herança entre os santificados. É claro desde que eles estivessem debaixo da orientação do ESPÍRITO SANTO e em santificação de vida. Ou seja, em separação completa para DEUS. Em sua defesa diz: “De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste. Vós mesmos sabeis que, para o que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me serviram”. Não era ambicioso não fez nada por dinheiro, por causa de riqueza. Sabemos que o que era necessário para ele sobreviver, tanto trabalhou na fabricação de tendas quanto também foi sustentado por várias igrejas das quais recebia salário, incluindo aí, principalmente, os filipenses. Este é um resumo da nossa leitura.
Resumo da Lição 9, Paulo e sua Dedicação aos Vocacionados
I – ÉFESO, O PONTO DE APRENDIZADO DOS VOCACIONADOS
1. O ponto de partida.
2. Paulo e o despertamento de novas vocações.
3. Paulo, um mestre inspirado.
II – O LEGADO DOUTRINÁRIO DE PAULO PARA OS NOVOS LÍDERES
1. A advertência de Paulo a respeito dos judaizantes e dos gnósticos.
a) Quem eram os judaizantes?
b) Quem eram os gnósticos?
2. O compromisso de Paulo com o Senhor (At 20.19).
III - PAULO APELA AOS LÍDERES
1. Sobre o desprendimento do obreiro para realizar a obra de DEUS (At 20.24).
2. Sobre o cuidado pessoal do obreiro (At 20.28).
3. Sobre a ameaça de “lobos cruéis” no rebanho de DEUS (At 20.29,30).
ESTUDOS A FINS
OS PASTORES E SEUS DEVERES
At 20.28 “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o ESPÍRITO SANTO vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de DEUS, que ele resgatou com seu próprio sangue.”
Nenhuma igreja poderá funcionar sem dirigentes para dela cuidar. Logo, conforme 14.23, a congregação local, cheia do ESPÍRITO, buscando a direção de DEUS em oração e jejum, elegiam certos irmãos para o cargo de presbítero ou bispo de acordo com as qualificações espirituais estabelecidas pelo ESPÍRITO SANTO em 1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9. Na realidade é o ESPÍRITO que constitui o dirigente de igreja. O discurso de Paulo diante dos presbíteros de Éfeso (20.17-35) é um trecho básico quanto a princípios bíblicos sobre o exercício do ministério de pastor de uma igreja local.
PROPAGANDO A FÉ. (1) Um dos deveres principais do dirigente é alimentar as ovelhas mediante o ensino da Palavra de DEUS. Ele deve ter sempre em mente que o rebanho que lhe foi entregue é a congregação de DEUS, que Ele comprou para si com o sangue precioso do seu Filho amado (cf. 20.28; 1Co 6.20; 1Pe 1.18,19; Ap 5.9). (2) Em 20.19-27, Paulo descreve de que maneira serviu como pastor da igreja de Éfeso; tornou patente toda a vontade de DEUS, advertindo e ensinando fielmente os cristãos efésios (20.27). Daí, ele poder exclamar: “estou limpo do sangue de todos” (20.26). Os pastores de nossos dias também devem instruir suas igrejas em todo o desígnio de DEUS. Que “pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.2) e nunca ministrar para agradar os ouvintes, dizendo apenas aquilo que estes desejam ouvir (2Tm 4.3).
GUARDANDO A FÉ. Além de alimentar o rebanho de DEUS, o verdadeiro pastor deve diligentemente resguardá-lo de seus inimigos. Paulo sabe que no futuro Satanás levantará falsos mestres dentro da própria igreja, e, também, falsários vindos de fora, infiltrar-se-ão e atingirão o rebanho com doutrinas antibíblicas, conceitos mundanos e idéias pagãs e humanistas. Os ensinos e a influência destes dois tipos de elementos arruinarão a fé bíblica do povo de DEUS. Paulo os chama de “lobos cruéis”, indicando que são fortes, difíceis de subjugar, insaciáveis e perigosos (ver 20.29; cf. Mt 10.16). Tais indivíduos desviarão as pessoas dos ensinos de CRISTO e os atrairão a si mesmos e ao seu evangelho distorcido. O apelo veemente de Paulo (20.28-31) impõe uma solene obrigação sobre todos os obreiros da igreja, no sentido de defendê-la e opor-se aos que distorcem a revelação original e fundamental da fé, segundo o NT.
A igreja verdadeira consiste somente daqueles que, pela graça de DEUS e pela comunhão do ESPÍRITO SANTO, são fiéis ao Senhor JESUS CRISTO e à Palavra de DEUS. Por isso, é de grande importância na preservação da pureza da igreja de DEUS que os seus pastores mantenham a disciplina corretiva com amor (Ef 4.15), e reprovem com firmeza (2Tm 4.1-4; Tt 1.9-11) quem na igreja fale coisas perversas contrárias à Palavra de DEUS e ao testemunho apostólico (20.30).
Líderes eclesiásticos, pastores de igrejas locais e dirigentes administrativos da obra devem lembrar-se de que o Senhor JESUS os têm como responsáveis pelo sangue de todos os que estão sob seus cuidados (20.26,27; cf. Ez 3.20,21). Se o dirigente deixar de ensinar e pôr em prática todo o conselho de DEUS para a igreja (20.27), principalmente quanto à vigilância sobre o rebanho (20.28), não estará “limpo do sangue de todos” (20.26; cf. Ez 34.1-10). DEUS o terá por culpado do sangue dos que se perderem, por ter ele deixado de proteger o rebanho contra os falsificadores da Palavra (ver também 2Tm 1.14; Ap 2.2).
É altamente importante que os responsáveis pela direção da igreja mantenham a ordem quanto a assuntos teológicos doutrinários e morais na mesma. A pureza da doutrina bíblica e de vida cristã deve ser zelosamente mantida nas faculdades evangélicas, institutos bíblicos, seminários, editoras e demais segmentos administrativos da igreja (2Tm 1.13,14).
A questão principal aqui é nossa atitude para com as Escrituras divinamente inspiradas, que Paulo chama a “palavra da sua graça” (20.32). Falsos mestres, pastores e líderes tentarão enfraquecer a autoridade da Bíblia através de seus ensinos corrompidos e princípios antibíblicos. Ao rejeitarem a autoridade absoluta da Palavra de DEUS, negam que a Bíblia é verdadeira e fidedigna em tudo que ela ensina (20.28-31; ver Gl 1.6; 1Tm 4.1; 2Tm 3.8). A bem da igreja de DEUS, tais pessoas devem ser excluídas da comunhão (2Jo 9-11; ver Gl 1.9).
A igreja que perde o zelo ardente do ESPÍRITO SANTO pela sua pureza (20.18-35), que se recusa a tomar posição firme em prol da verdade e que se omite em disciplinar os que minam a autoridade da Palavra de DEUS, logo deixará de existir como igreja neotestamentária (ver 12.5).
QUALIFICAÇÕES MORAIS DO PASTOR
1Tm 3.1,2 “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto
para ensinar.”
Se algum homem deseja ser “bispo” (gr. episkopos, i.e., aquele que tem sobre si a responsabilidade pastoral, o pastor), deseja um encargo nobre e importante (3.1). É necessário, porém, que essa aspiração seja confirmada pela Palavra de DEUS (3.1-10; 4.12) e pela igreja (3.10), porque DEUS estabeleceu para a igreja certos requisitos específicos. Quem se disser chamado por DEUS para o trabalho pastoral deve ser aprovado pela igreja segundo os padrões bíblicos de 3.1-13; 4.12; Tt 1.5-). Isso significa que a igreja não deve aceitar pessoa alguma para a obra ministerial tendo por base apenas seu desejo, sua escolaridade, sua espiritualidade, ou porque essa pessoa acha que tem visão ou chamada. A igreja da atualidade não tem o direito de reduzir esses preceitos que DEUS estabeleceu mediante o ESPÍRITO SANTO. Eles estão plenamente em vigor e devem ser observados por amor ao nome de DEUS, ao seu reino e da honra e credibilidade da elevada posição de ministro.
Os padrões bíblicos do pastor, como vemos aqui, são principalmente morais e espirituais. O caráter íntegro de quem aspira ser pastor de uma igreja é mais importante do que personalidade influente, dotes de pregação, capacidade administrativa ou graus acadêmicos. O enfoque das qualificações ministeriais concentra-se no comportamento daquele que persevera na sabedoria divina, nas decisões acertadas e na santidade devida. Os que aspiram ao pastorado sejam primeiro provados quanto à sua trajetória espiritual (cf. 3.10). Partindo daí, o ESPÍRITO SANTO estabelece o elevado padrão para o candidato, i.e., que ele precisa ser um crente que se tenha mantido firme e fiel a JESUS CRISTO e aos seus princípios de retidão, e que por isso pode servir como exemplo de fidelidade, veracidade, honestidade e pureza. Noutras palavras, seu caráter deve demonstrar o ensino de CRISTO em Mt 25.21 de que ser “fiel sobre o pouco” conduz à posição de governar “sobre o muito”.
O líder cristão deve ser, antes de mais nada, “exemplo dos fiéis” (4.12; cf. 1Pe 5.3). Isto é: sua vida cristã e sua perseverança na fé podem ser mencionadas perante a congregação como dignas de imitação.
Os dirigentes devem manifestar o mais digno exemplo de perseverança na piedade, fidelidade, pureza em face à tentação, lealdade e amor a CRISTO e ao evangelho (4.12,15).
O povo de DEUS deve aprender a ética cristã e a verdadeira piedade, não somente pela Palavra de DEUS, mas também pelo exemplo dos pastores que vivem conforme os padrões bíblicos. O pastor deve ser alguém cuja fidelidade a CRISTO pode ser tomada como padrão ou exemplo (cf. 1Co 11.1;
Fp 3.17; 1Ts 1.6; 2Ts 3.7,9; 2Tm 1.13).
O ESPÍRITO SANTO acentua grandemente a liderança do crente no lar, no casamento e na família (32,4,5; Tt 1.6). Isto é: o obreiro deve ser um exemplo para a família de DEUS, especialmente na sua fidelidade à esposa e aos filhos. Se aqui ele falhar, como “terá cuidado da igreja de DEUS?” (3.5). Ele deve ser “marido de uma [só] mulher” (3.2). Esta expressão denota que o candidato ao ministério pastoral deve ser um crente que foi sempre fiel à sua esposa. A tradução literal do grego em 3.2 (mias gunaikos, um genitivo atributivo) é “homem de uma única mulher”, i.e., um marido sempre fiel à sua esposa.
Consequentemente, quem na igreja comete graves pecados morais, desqualifica-se para o exercício pastoral e para qualquer posição de liderança na igreja local (cf. 3.8-12). Tais pessoas podem ser plenamente perdoadas pela graça de DEUS, mas perderam a condição de servir como exemplo de perseverança inabalável na fé, no amor e na pureza (4.11-16; Tt 1.9). Já no AT, DEUS expressamente requereu que os dirigentes do seu povo fossem homens de elevados padrões morais e espirituais. Se falhassem, seriam substituídos (ver Gn 49.4; Lv 10.2; 21.7,17; Nm 20.12; 1Sm 2.23; Jr 23.14; 29.23).
A Palavra de DEUS declara a respeito do crente que venha a adulterar que “o seu opróbrio nunca se apagará” (Pv 6.32,33). Isto é, sua vergonha não desaparecerá. Isso não significa que nem DEUS nem a igreja perdoará tal pessoa. DEUS realmente perdoa qualquer pecado enumerado em 3.1-13, se houver tristeza segundo DEUS e arrependimento por parte da pessoa que cometeu tal pecado. O que o ESPÍRITO SANTO está declarando, porém, é que há certos pecados que são tão graves que a vergonha e a ignomínia (i.e., o opróbrio) daquele pecado permanecerão com o indivíduo mesmo depois do perdão (cf. 2Sm 12.9-14).
Mas o que dizer do rei Davi? Sua continuação como rei de Israel, a despeito do seu pecado de adultério e de homicídio (2Sm 11.1-21; 12.9-15) é vista por alguns como uma justificativa bíblica para a pessoa continuar à frente da igreja de DEUS, mesmo tendo violado os padrões já mencionados. Essa comparação, no entanto, é falha por vários motivos.
O cargo de rei de Israel do AT, e o cargo de ministro espiritual da igreja de JESUS CRISTO, segundo o NT, são duas coisas inteiramente diferentes. DEUS não somente permitiu a Davi, mas, também a muitos outros reis que foram extremamente ímpios e perversos, permanecerem como reis da nação de Israel. A liderança espiritual da igreja do NT, sendo esta comprada com o sangue de JESUS CRISTO, requer padrões espirituais muito mais altos.
Segundo a revelação divina no NT e os padrões do ministério ali exigidos, Davi não teria as qualificações para o cargo de pastor de uma igreja do NT. Ele teve diversas esposas, praticou infidelidade conjugal, falhou grandemente no governo do seu próprio lar, tornou-se homicida e derramou muito sangue (1Cr 22.8; 28.3). Observe-se também que por ter Davi, devido ao seu pecado, dado lugar a que os inimigos de DEUS blasfemassem, ele sofreu castigo divino pelo resto da sua vida (2Sm 12.9-14).
As igrejas atuais não devem, pois, desprezar as qualificações justas exigidas por DEUS para seus pastores e demais obreiros, conforme está escrito na revelação divina. É dever de toda igreja orar por seus pastores, assisti-los e sustentá-los na sua missão de servirem como “exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (4.12).
A Epístola aos Efésios
Enquanto Tíquico e Onésimo preparavam-se para a viagem, Paulo dava as últimas pinceladas na carta que vinha escrevendo cuidadosamente havia semanas. Era uma carta geral; não se destinava a corrigir quaisquer erros em particular. Devia ser passada entre as várias igrejas, a fim de fortalecer-lhes a fé, encorajá-las na vida cristã e conscientizá-las de sua posição e privilégios em CRISTO JESUS.
Ele começou com um hino de louvor às três pessoas da Santíssima Trindade - o Pai, o Filho e o ESPÍRITO SANTO. A seguir, com mão de mestre, pintou um quadro da igreja como o templo de DEUS, construído sobre o fundamento de CRISTO. Todas as grandes doutrinas da fé foram mencionadas nessa belíssima carta. A maturidade cristã do apóstolo é evidente em cada linha. Não foram feitas referências pessoais, nem saudações às famílias locais ou colaboradores. Se a carta fosse destinada apenas aos efésios, Paulo teria enviado cumprimentos a muitos, segundo o seu costume, pois trabalhara três anos entre eles - mais tempo que em qualquer outra cidade. Em vez disso, pretendia que ela fosse uma admoestação final a várias igrejas. Ele era agora Paulo, o velho, e seus dias de missivista logo terminariam. O apóstolo ansiava por incluir em uma carta circular a plenitude do Evangelho e o encorajamento que enriqueceria e firmaria cada membro do corpo de CRISTO. Tal carta aplicar-se-ia a todas as igrejas que fundara. Escreveu então:
E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo, andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência... Mas DEUS, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com CRISTO (pela graça sois salvos)... Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de DEUS. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Falou-lhes da necessidade de fé na pregação do evangelho, antes: em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o ESPÍRITO SANTO da promessa; Efésios 1:13
Portanto, lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na carne... que, naquele tempo, estáveis sem CRISTO, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem DEUS no mundo (Ef 2.1,2,4,5,8,9,11,12).
Numa transição rápida e precisa, desceu dos altos picos para os vales profundos da vida comum: "Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados" (Ef 4.1).
Enquanto ditava o último capítulo de sua obra-prima, Paulo procurava algum exemplo que fixasse para sempre suas palavras à mente dos leitores. À sua frente estava sentado o jovem a quem amava como a um filho. Timóteo, com a pena na mão, ouvia e anotava atentamente cada palavra saída dos lábios de seu mentor. Ao seu lado, encontrava-se o sempre presente guarda romano, magnífico na armadura do império, e orgulhoso por estar entre os escolhidos de Nero. Os olhos de Paulo fitaram o soldado e um sorriso surgiu-lhe nos lábios. Voltando-se a Timóteo, ditou:
No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de DEUS, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de DEUS, para que possais resistir no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça. E calçados os pés na preparação do Evangelho da paz (Ef 6.10-15).
Com mais uma olhadela ao equipamento do guarda, acrescentou:
Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do ESPÍRITO, que é a palavra de DEUS. Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no ESPÍRITO e vigiando nisso com toda a perseverança e súplica por todos os santos... Paz seja com os irmãos, e caridade com fé da parte de DEUS Pai e da do Senhor JESUS CRISTO. A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor JESUS CRISTO em sinceridade. Amém (Ef 6.1618,23,24).
JESUS ensinava, pregava e curava a todos.
Mt 9:35 E percorria JESUS todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
Mt 4:23 E percorria JESUS toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o Evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
Lucas 4.18 O ESPÍRITO SANTO é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, 19 A apregoar liberdade aos cativos, e dar vista aos cegos; a pôr em liberdade os oprimidos; a anunciar o ano aceitável do SENHOR.
SOMOS IMITADORES DE CRISTO?
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Lição 10, Paulo e seu Amor pela Igreja
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/escrita-licao-10-paulo-e-seu-amor-pela.htmlSlides da Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/slides-licao-10-paulo-e-seu-amor-pela.html
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Tessalonicenses 1.1-10
1 - Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em DEUS, o Pai, e no Senhor JESUS CRISTO; graça e paz tenhais de DEUS, nosso Pai, e do Senhor JESUS CRISTO. 2 - Sempre damos graças a DEUS por vós todos, fazendo menção de vós em nossas orações, 3 - Lembrando-nos, sem cessar, da obra da vossa fé, do trabalho do amor e da paciência da esperança em nosso Senhor JESUS CRISTO, diante de nosso DEUS e Pai, 4 - Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de DEUS; 5 - Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no ESPÍRITO SANTO, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós. 6 - E vós fostes feitos nossos imitadores e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do ESPÍRITO SANTO, 7 - De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na Macedônia e Acaia. 8 - Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente na Macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com DEUS se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma; 9 - Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a DEUS, para servir ao DEUS vivo e verdadeiro. 10 - E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, JESUS, que nos livra da ira futura.
Comentários BEP - CPAD
1.4 A VOSSA ELEIÇÃO. A descrição que Paulo faz dos eleitos de DEUS acha-se nos versículos 6-10. São os que seguem a CRISTO, sofrem as tribulações com gozo do ESPÍRITO SANTO e se tornam exemplos de fé e retidão para o próximo. Deixaram o pecado, servem a DEUS e esperam a segunda vinda do Filho de DEUS. A doutrina que alguns defendem, de que se alguém professar CRISTO como Salvador será salvo, independente do seu modo de viver (i.e., de se arrepender, aceitar CRISTO como Senhor, perseverar na fé ou possuir o fruto do ESPÍRITO SANTO), não se acha em parte alguma da Palavra de DEUS, e é uma flagrante corrupção da doutrina original da salvação pregada por CRISTO e pelos apóstolos.
1.5 EM PODER... NO ESPÍRITO SANTO. A pregação apostólica do evangelho consistia em quatro elementos essenciais. (1) Os apóstolos pregavam aos outros a Palavra de DEUS (2.8) e de CRISTO (3.2). (2) Pregavam a Palavra de DEUS no poder do ESPÍRITO SANTO (Mt 3.11; At 1.5-8; 2.4). Esse poder resultava na convicção do pecado, na libertação da escravidão de Satanás e na operação de milagres e curas (ver At 4.30; 1 Co 2.4). (3) A mensagem era proclamada com profunda convicção. Porque tinham fé em CRISTO e o ESPÍRITO SANTO operando nele; possuíam em seus corações a plena certeza da veracidade e do poder da mensagem (cf. Rm 1.16). (4) Aqueles que criam na mensagem obedeciam à Palavra e a praticavam; eram santos e justos diante de todos. Sem esses quatro elementos para acompanhar a proclamação do evangelho, a plena redenção em CRISTO não será experimentada nas igrejas.
1.10 ESPERAR DOS CÉUS A SEU FILHO. A grande esperança dos crentes tessalonicenses era a vinda de CRISTO, que os livraria "da ira futura". (1) A genuína conversão a CRISTO, segundo o NT, abrange (a) desviar-se do pecado, e (b) voltar-se para DEUS a fim de aguardar a volta do seu Filho (v. 9). Esperar a volta de CRISTO envolve uma expectativa contínua e estado de prontidão. (2) "A ira futura" refere-se à ira e juízo divinos que serão derramados sobre o mundo durante o período da tribulação. Os crentes, porém, não precisam temê-la, porque DEUS enviará JESUS para nos livrar daquele tempo de ira. É fato claro que a volta de CRISTO antecede essa ira (ver Ap 3.10). (3) Essa é a primeira referência em 1 Tessalonicenses à volta de CRISTO, quando, então, para arrebatar os seus santos e levá-los à casa do Pai (ver Jo 14.3; outros trechos são 1Ts 2.19; 3.13; 4.17; 5.1-11,23)
OBJETIVO GERAL - Compreender o amor pela Igreja.
Resumo da Lição 10, Paulo e seu Amor pela Igreja
I – O AMOR DE PAULO PELA IGREJA
1. O Amor como o de um pai para um filho.
2. O amor motivado pelo modo de viver o Evangelho.
3. O amor deve nortear a nossa vida na igreja local.
II - AMOR E FÉ NA IGREJA
1. Amor, uma palavra proeminente nas cartas de Paulo.
2. A fé e o amor no ensino de Paulo.
3. A dimensão prática do amor na igreja.
III – AS TRÊS VIRTUDES NA IGREJA DE TESSALÔNICA: FÉ, AMOR E ESPERANÇA
1. As três virtudes teologais (1 Ts 1.3).
2. A virtude da fé.
3. A virtude do amor.
4. A virtude da esperança.
AMOR
Marcas da Igreja de Tessalônica: seu amor ao Senhor JESUS e o amor recíproco entre os irmãos. Amor vertical e horizontal.
Amor - É a revelação da natureza e do poder de DEUS em nossas vidas.
Oração
Meu DEUS, meu PAI, me ensina a amar como o Senhor ama (Mesmo sabendo que não conseguirei, lhe peço assim mesmo).
Meu DEUS, meu PAI, ajuda-me a amar meu semelhante como a mim mesmo (Mesmo sabendo que não conseguirei, lhe peço assim mesmo).
Meu DEUS, meu PAI, me ensina e me ajude a pelo menos me esforçar por amar como o Senhor ama.
Como nunca atingiremos o perfeito amor, como é o desejo de DEUS para nós, então o que é perfeito só será visto, sentido e vivido no céu após o arrebatamento. Isso não quer dizer que não vamos continuar tentando crescer no amor de DEUS tanto para com ELE mesmo, como para com nossos irmãos e outras pessoas também, enquanto por aqui estivermos.
Aqui os dons são importantes demonstrações do poder e cuidado de DEUS para com a humanidade e não devem ser desprezados, são armas de conversão e de edificação, portanto, indispensáveis enquanto aqui vivermos, mas, no céu não teremos mais necessidade dos dons, lá só o amor prevalecerá.
O único ser humano que conseguiu amar como DEUS foi JESUS, que nasceu sem a semente do pecado, venceu o pecado em todas as suas formas e ELE mesmo É DEUS.
Amar é sentir empatia por outrem.
O que é a empatia? https://www.significados.com.br/empatia/
Empatia é a capacidade psicológica de sentir o que sentiria outra pessoa, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. É tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar o que sente outro indivíduo.
A empatia leva as pessoas a ajudarem umas às outras. Está intimamente ligada ao altruísmo - amor e interesse pelo próximo - e à capacidade de ajudar.
A empatia também ajuda a compreender melhor o comportamento alheio em determinadas circunstâncias e a forma como outra pessoa toma as decisões.
Como conhecemos o amor verdadeiro?
"Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos". 1 João 3:16
O Fruto Do ESPÍRITO - 9 aspectos - Primeiro o Amor: o Fruto Excelente, o início para que as outras 8 virtudes floresçam.
"Amados, amemo-nos uns aos outros, porque a caridade é de DEUS; e qualquer que ama é nascido de DEUS e conhece a DEUS." (1Jo 4.7)
O amor é a essência de todas as virtudes morais de CRISTO originadas pelo ESPÍRITO SANTO, e implantadas no crente
Cl 3.14 O Amor é o vínculo da perfeição
1 Pedro 4.8, Mas, sobretudo, tende ardente caridade uns para com os outros, porque a caridade cobrirá a multidão de pecados,
João 13.34 Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.
Romanos 13.8 A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.
1Jo 4.7 O Amor confirma a filiação divina
4.7 AMEMO-NOS UNS AOS OUTROS. Embora o amor seja um aspecto do fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22,23) e uma evidência do novo nascimento (2.29; 3.9,10; 5.1), é também algo que temos a responsabilidade de desenvolver. Por essa razão, João nos exorta a amar uns aos outros, a termos solicitude por eles e procurar o bem-estar deles. João não está falando apenas em sentimento de boa-vontade, mas em disposição decisiva e prática, de ajudar as pessoas nas suas necessidades (3.16-18; cf. Lc 6.31). João nos admoesta a demonstrar amor, por três razões: (1) O amor é a própria natureza de DEUS (vv. 7-9), e Ele o demonstrou ao dar seu próprio Filho por nós (vv. 9,10). Compartilhamos da sua natureza porque nascemos dEle (v. 7). (2) Porque DEUS nos amou, nós, que temos experimentado o seu amor, perdão e ajuda, temos a obrigação de ajudar o próximo, mesmo com grande custo pessoal. (3) Se amamos uns aos outros, DEUS continua a habitar em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado (v. 12).
1Co 13.13 O Amor é a essência das virtudes cristãs
13.13 A MAIOR... É A CARIDADE. Este capítulo deixa claro que um caráter semelhante ao de CRISTO, DEUS o enaltece acima do ministério, da fé ou da posse dos dons espirituais. (1) DEUS valoriza e destaca o caráter que age com amor, paciência (v. 4), benignidade (v. 4), altruísmo (v. 5), aversão ao mal e amor à verdade (v.6), honestidade (v.6), e perseverança na retidão (v. 7), muito mais do que a fé que move montanhas ou realiza grandes feitos na igreja (vv. 1,2,8,13). (2) Os maiores no reino de DEUS serão aqueles que aqui se distinguem em piedade interior e no amor a DEUS, e não aqueles que se notabilizam pelas realizações exteriores (ver Lc 22.24-30). O amor de DEUS derramado dentro do coração do crente pelo ESPÍRITO SANTO, é sempre maior do que a fé, a esperança, ou qualquer outra coisa (Rm 5.5).
Rm 12.9 O Amor combate a hipocrisia
Hb 1.9 AMASTE A JUSTIÇA E ABORRECESTE A INIQÜIDADE. Não basta o crente amar a justiça; ele deve, também, aborrecer o mal. Vemos esse fato claramente na devoção de CRISTO à justiça (Is 11.5) e, na sua aversão à iniquidade; na sua vida, no seu ministério e na sua morte (ver Jo 3.19; 11.33). (1) A fidelidade de CRISTO ao seu Pai, enquanto Ele estava na terra, conforme Ele demonstrou pelo seu amor à justiça e sua aversão à iniquidade, é a base para DEUS ungir o seu Filho (v. 9). Da mesma maneira, a unção do cristão virá somente à medida que ele se identificar com a atitude do seu Mestre para com a justiça e a iniquidade (Sl 45.7). (2) O amor do crente à justiça e seu ódio ao mal crescerá por dois meios: (a) crescimento em sincero amor e compaixão por aqueles, cujas vidas estão sendo destruídas pelo pecado, e (b) por uma sempre crescente união com o nosso DEUS e Salvador, do qual está dito: "O temor do SENHOR é aborrecer o mal?? (ver Pv 8.13; Sl 94.16; 97.10; Am 5.15; Rm 12.9; 1 Jo 2.15; Ap 2.6).
Rm 5.5 O Amor é resultado da ação do ESPÍRITO SANTO no crente
5.5 O AMOR DE DEUS... EM NOSSO CORAÇÃO. Os cristãos experimentam o amor de DEUS nos seus corações, pelo ESPÍRITO SANTO; especialmente em tempos de aflição. O verbo "derramar" está no tempo pretérito perfeito contínuo, significando que o ESPÍRITO continua a fazer o amor transbordar em nossos corações. É essa experiência sempre presente do amor de DEUS, que nos sustenta na tribulação (v. 3) e nos assegura que nossa esperança da glória futura não é ilusória (vv. 4,5). A volta de CRISTO para nos buscar é certa (cf. 8.17; Jo 14.3)
1Jo 4.16 DEUS é a fonte e a causa do Amor
1 João 4.8 Aquele que não ama não conhece a DEUS, porque DEUS é caridade.
12 Ninguém jamais viu a DEUS; se nós amamos uns aos outros, DEUS está em nós, e em nós é perfeita a sua caridade.
1 João 3.24 E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós: pelo ESPÍRITO que nos tem dado.
PARTE II - Amor a DEUS - A Dimensão Vertical
1- Amar a DEUS acima de tudo
EU AMO A DEUS, devo toda a minha vida a Ele, e a Ele entrego-me com alegria para o seu serviço. Dedicar-me-ei a este curso, participando com empenho e com prazer, esforçando-me para aprender, de maneira que eu possa crescer espiritualmente, fortalecendo-me na graça e no conhecimento do meu Senhor, JESUS CRISTO.
2- O Exemplo de JESUS
À esta altura percebemos que o “amor ao próximo”, conforme apresentado na primeira epístola de João, embora não negue um peculiar caráter “opcional”, ultrapassa a dimensão da escolha racional para tornar-se, principalmente, um resultado da graça divina. Sua fonte transfere-se da alma (antropologia hebraica) para o ser de DEUS. A adesão (sent. próprio do hebraico 'ahabh), segundo esta teologia joanina, não é uma mera filiação partidária ou paixão por uma causa (coisa que os “do mundo” também pode ter); ela é, antes, uma aliança ou pacto com o próprio DEUS. É aderir não a algo, mas a alguém. A partir deste ponto, podemos interpretar João com os olhos de Agostinho que entendia o Ágape joanino como sendo uma pessoa. Aliás, note-se que, desde o evangelho e o Apocalipse, é comum para João personificar em DEUS, os títulos que lhe atribuímos. E assim como o Logos e a Luz procederam do Pai, encarnando-se na figura histórica de JESUS CRISTO, do mesmo modo o Amor manifestado entre os homens (4:9) é outra “figuração personificada” para falar do mistério da encarnação. Portanto, o dizer que o Amor procede de DEUS (h agaph ek tou qeou estin[ 4:7]) é uma explícita referência à procedência de CRISTO do Pai (para tou Patera [João 6:46; 7:29; 8:14; 8:42; 11:27, 16:28]) e quando se diz “DEUS é amor”(o Qeos agaph estin) paralelamente se deve lembrar do dito “e o Verbo era DEUS” (kai Qeos hn o logos).
O amor/ágape é, enfim, o Filho de DEUS vindo ao mundo e o “permanecer” neste amor equivale a “andar como ele andou” (amando ao próximo, cumprindo a justiça, obedecendo à lei) e confessar o que ele é de fato (1:6 e 4:2). Fazendo isto, trazemos para o presente uma encarnação salvadora fazendo com que ela deixe de ser mero evento de um longínquo passado com o qual não temos relação.
3- O Teste do Amor ágape
Como sabermos se amamos com o amor de DEUS?
Se somos capazes de amar como DEUS ama, então sentimos este amor fluir de cada um de nós.
Jo 3.16 "Porque DEUS tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
Somos capazes de amar a ponto de darmos tudo o que temos de mais precioso, por amor aos outros?
Rm 5.8, Mas DEUS demonstra seu amor por nós: CRISTO morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores.
Veja que DEUS não nos amou porque éramos bons; somos capazes de amar aos pecadores e por eles darmos nossas vidas?
Mt 5.44, Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem,
Somos capazes de amar nossos inimigos e orar por eles?
Jo 13.35 A marca distintiva do crente
35 Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.
CONHECERÃO QUE SOIS MEUS DISCÍPULOS. O amor (gr. agape) deve ser a marca distintiva dos seguidores de CRISTO (1 Jo 3.23; 4.7-21). Este amor é, em suma, um amor abnegado e sacrificial, que visa ao bem do próximo (1 Jo 4.9,10). Por isso, o relacionamento entre os crentes deve ser caracterizado por uma solicitude dedicada e firme, que vise altruisticamente a promover o sumo bem uns dos outros. Os cristãos devem ajudar uns aos outros nas provações, evitar ferir os sentimentos e a reputação uns dos outros e negar-se a si mesmos para promover o mútuo bem-estar (cf 1 Jo 3.23; 1 Co 13; 1 Ts 4.9; 1 Pe 1.22; 2 Ts 1.3; Gl 6.2; 2 Pe 1.7).
PARTE III - Amor Ao Próximo - A Dimensão Horizontal
A questão do relacionamento humano, se torna ajustada, encaminhada e equilibrada quando há o diferencial DEUS, que nos tornou, pela salvação em CRISTO JESUS, seus filhos, e criou a família de fé na qual somos irmãos que devem aprender a se amar. Afinal, "Aquele que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas; não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos" e, "Nisto são manifestos os filhos de DEUS, e os filhos do diabo: quem não pratica a justiça não é de DEUS, nem aquele que não ama a seu irmão" (1Jo 2.11; 3.10).Entendamos: para o Antigo Testamento, para a cultura hebreia, o próximo, o semelhante era o igual. Os termos de Levítico 19.18 deixam claro esse fato: "Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo, mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor" (cf. Pv 3.28; Jr 22.13). Amar o próximo tinha como contrapartida odiar o inimigo. Assim o refletem Êxodo 15.6 e Levítico 26.8: "A tua destra, ó Senhor, é gloriosa em poder; a tua destra, ó Senhor, despedaça o inimigo"; "Cinco de vós perseguirão a cem, e cem de vós perseguirão a dez mil, e os vossos inimigos cairão à espada diante de vós". JESUS e os apóstolos, porém, estendem o significado: "Amar ao próximo como a si mesmo excede a todos os holocaustos e sacrifícios", disse um escriba ao Mestre, que aprovou a sua exclamação (cf. Mc 12.33). "Cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação", enunciou Paulo (Rm 15.2), precisamente na linha de João que deixou a exortação, "Aquele que não ama a seu irmão a quem viu, como pode amar a DEUS a quem não viu?" (1Jo 4.20b).
4.7 AMEMO-NOS UNS AOS OUTROS. Embora o amor seja um aspecto do fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22,23) e uma evidência do novo nascimento (2.29; 3.9,10; 5.1), é também algo que temos a responsabilidade de desenvolver. Por essa razão, João nos exorta a amar uns aos outros, a termos solicitude por eles e procurar o bem-estar deles. João não está falando apenas em sentimento de boa-vontade, mas em disposição decisiva e prática, de ajudar as pessoas nas suas necessidades (3.16-18; cf. Lc 6.31). João nos admoesta a demonstrar amor, por três razões: (1) O amor é a própria natureza de DEUS (vv. 7-9), e Ele o demonstrou ao dar seu próprio Filho por nós (vv. 9,10). Compartilhamos da sua natureza porque nascemos dEle (v. 7). (2) Porque DEUS nos amou, nós, que temos experimentado o seu amor, perdão e ajuda, temos a obrigação de ajudar o próximo, mesmo com grande custo pessoal. (3) Se amamos uns aos outros, DEUS continua a habitar em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado (v. 12).
PARTE IV - Amor A Si Mesmo - A Dimensão Interior
1- O Amor a si mesmo reflete o amor de DEUS por nós
É importante ser ensinável, se submeter à sã doutrina. Mas há algumas coisas que nenhum ser humano pode ensinar. Há algumas crises que só o ESPÍRITO SANTO pode levar à uma saída. Às vezes inexistem respostas em lugar algum da mente humana, e então o ESPÍRITO SANTO precisa nos ensinar como sair da crise! Necessitamos voltar-nos para o nosso interior, e bloquear todas as vozes e as falas exteriores. Eis a prova:
“...a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine...” (I João 2:27).
“...a loucura de DEUS é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de DEUS é mais forte do que os homens” (1 Coríntios 1:25).
As coisas que DEUS deseja fazer por nós ainda nem sequer chegaram à mente dos conselheiros sábios do mundo.
“...nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que DEUS tem preparado para aqueles que o amam” (1 Coríntios 2:9).
Elas são reveladas pelo ESPÍRITO em nós!
“DEUS no-lo revelou pelo ESPÍRITO...”
Se aquilo que DEUS preparou para nós ainda “nem penetrou na mente humana”, como alguém poderá me dizer algo que não sabe?
“Porque qual dos homens sabe as cousas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as cousas de DEUS, ninguém as conhece, senão o ESPÍRITO de DEUS” (1 Coríntios 2:11).
Não estou contra o cristão buscar bom aconselhamento. Não estou contra a psicologia cristã. Mas nenhuma delas vale sequer mencionar, a menos que leve a pessoa à esta verdade absoluta: nenhum outro ser humano pode ser a sua fonte de felicidade e paz!
Os que se apoiam nos braços da carne cavam poços que não aguentam um teste. Estão sempre precisando de alguém para lhes derramar um conselho, mas não o retém. São cisternas rotas.
”Não sabeis que sois santuário de DEUS e que o ESPÍRITO de DEUS habita em vós?” (1 Coríntios 3:16).
”Mas o fruto do
ESPÍRITO é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio...” (Gal. 5:22).
”é necessário
que aquele que se aproxima de DEUS creia que ele existe (em nós) e que se torna
galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6).
”em quem também
vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação,
tendo nele também crido, fostes selados com o SANTO ESPÍRITO da promessa, o
qual é o penhor da nossa herança, até o resgate da sua propriedade...” (Efésios
1:13,14).
Você está
pronto para receber essa verdade e agir baseado nela? O que foi que acabamos de
ler? Ele está em você: para consolar, para guiar à toda a verdade; para lhe
mostrar as coisas que virão; para lhe vivificar; para lhe ajudar em suas
enfermidades; para lhe ajudar a entender todas as coisas que DEUS graciosamente
lhe concedeu; para lhe trazer alegria, amor, paz, paciência, bondade, domínio
próprio; para lhe dar tudo que foi prometido a um filho de DEUS; para lhe
recompensar por sua diligência; para lhe assegurar liberdade; para lhe prover
acesso ao Pai; para lhe levar a um lugar de repouso suave e de verdade.
2- O Pecado
impede que a pessoa ame a si mesma
O pecado faz
divisão entre nós e DEUS, causa o efeito "Falta de confiança para falar
com DEUS ou ouvir DEUS falando conosco". A fé fraqueja no momento mais
difícil e de precisão da alma que anseia pela comunhão, mas sucumbe na dúvida.
3- Relação
entre as três dimensões do amor ágape
Há uma
distinção entre ágape e as outras qualidades do amor, sempre integradas uma à
outra e presentes em toda experiência do amor. Pelo seu caráter transcendente,
ágape não pode ser experimentada como força vital, senão através das outras e
especialmente do eros. Contudo, em todas as decisões morais, ágape deve ser o
elemento determinante, pois é ligado à justiça e transcende a finitude do amor
humano. Sozinha, ágape se tornaria moralista e legalista. Mas sem ágape, o amor
perderia a sua seriedade. Contudo, não vimos uma ordem hierárquica entre as
qualidades do amor, a não ser em relação à ágape.
O fruto do
ESPÍRITO é como uma linda flor que se abre com uma chave chamada AMOR; é só a
partir do Amor que conhecemos as outras qualidades do fruto do ESPÍRITO em nós
implantado, no instante em que aceitamos a CRISTO como nosso Senhor e Salvador.
PARTE V -
CARACTERÍSTICAS DO AMOR DE DEUS NO CRENTE
1. É
sofredor.
2. É
benigno.
3. Não é
invejoso.
4. Não é
leviano.
5. Não é
soberbo.
6. Não é
indecente.
7. Não é
interesseiro.
8. Não se
irrita.
9. Não suspeita
mal.
10. Não se
regozija com a injustiça.
11. Regozija-se
com a verdade.
12. Tudo sofre,
crê, espera, suporta.
Para conhecer o
amor de DEUS, primeiramente necessitamos saber como é o amor do homem.
Segundo a
Bíblia o amor do homem é frio (Mt 24:12), carnal (Gn 6:1-2), dobre, ou seja,
passageiro (Os 6:4), deturpado pelos mundanos e adúlteros (Pv 7:18) e busca
seus interesses (Sl 116:1).
O amor de DEUS
é muito diferente do amor do homem, veja:
Como é o amor
de DEUS?
Incondicional: Jo
13:1;
Inseparável: nada
pode nos separar dele. Rm 8:35-39;
Inexprimível: palavras
não podem expressá-lo. Ef 3:19;
Extremamente
grandioso: Jo 3:16;
Cobre a
multidão de pecados: I Pe 4:8;
Renova o amor
dos cristãos: Sf 3:17;
Faz com que o
cristão obedeça a DEUS através do constrangimento: I1 Co 5:14;
Traz consolo a
vida do crente: II Ts 2:16;
Disciplinador: nos
corrige como um pai ao filho. Hb 12:6;
Repleto de
bênçãos: II Tm 4:8;
Manifestação do
amor de DEUS
O ESPÍRITO
SANTO: Rm 5:5;
Através de sua
misericórdia: Ef 2:4-7;
A nossa
obediência traz a manifestação do amor de DEUS: I Jo 2:5; Jo 14:21.
Provas do amor
de DEUS
A morte de
JESUS CRISTO pela humanidade pecadora: Rm 5:8; Jo 3:16; I JO 3:16; Jo
15:13-14;
Libertação do
jugo deste mundo: Dt 7:8;
Vida no
ESPÍRITO SANTO: Ef 2:4-5.
Características
do verdadeiro amor
Não pratica o
mal, é santo: Rm 13:10;
Edifica uma
vida: 1 Co 8:1b;
Suporta
tudo: I1 Co 2:4; Ef 4:2b;
É o fim da fé -
a fé opera por ele: Gl 5:6;
É perfeito,
resplandece a glória de DEUS: Cl 3:14;
Não tem
medo: I Jo 4:18;
Se gasta pelo
próximo: I1 Co 12:15;
Traz
obras: I Jo 3:18;
Imparcial: Dt
10:19;
É sincero e
verdadeiro: Rm 12:9;
Forte como a
morte: Ct 8:6-7.
DEUS, pelo seu
grande amor que nos amou espera que venhamos a correspondê-lo. O amor só pode
ser correspondido por obras, veja o que DEUS espera que você faça para
manifestar o seu amor a ele.
Atitudes que
DEUS espera do que o ama
Permaneça no
seu amor: Jo 15:9;
Obedeça a
DEUS: Dt 10:12; Jo 14:15;
Guarde o
amor: Os 12:6;
Andar no
exemplo do amor abnegado (desvinculado) de CRISTO: Ef 5:1-2;
Que o cristão
siga o amor e ande nele: 1 Co 14:1; Ef 5:2;
Seja constante
no amor: Hb 13:1;
Sirva o próximo
por amor: Gl 5:13;
Que todas suas
obras sejam feitas com amor: 1 Co 16:14;
Deteste o
mal: Sl 97:10;
Rejeite a
Satanás e seus caminhos: Mt 6:24;
Estimule os
outros a amar: Hb 10:24;
Que manifeste
seu amor: Pv 27:5,
Que declare seu
amor a ele: Sl 18:1
Perca sua vida
por amor de CRISTO: Mt 12:24-26; Gl 2:20;
Ordens de DEUS
sobre o amor
Amar o próximo
ardentemente de coração: I Pe 1:22; Jo 15:17;
Amá-lo com tudo
que possuímos: Dt 6:5;
Amar os
ímpios: Dt 10:19; Mt 5:44.
DEUS, como bom
galardoador que é, não deixará nem um de seus filhos sem a devida
correspondência, assim como ao pecador é dada uma punição, ao obediente é dado
um galardão. Veja o que a Bíblia Sagrada promete para aqueles que amam o seu
próximo.
Bênçãos
prometidas para quem ama
CRISTO, através
do ESPÍRITO SANTO, habita ricamente nesta vida: Ef 3:17; Jo 14:26; Jo
16:27;
Traz
crescimento espiritual em CRISTO JESUS: Ef 4:15; Ef 6:24;
Permanece
ligado a CRISTO: I Jo 4:16;
Traz a guarda
do Senhor sobre nós: Sl 145:20;
Repreensão por
amor: Pv 3:12;
Perdão de
pecados: Is 38:17;
Traz o amor de
DEUS sobre nós: Jo 16:27;
Todas as coisas
que acontecerem na vida do crente serão usadas para o seu bem: Rm 8:28;
Sua vida é
conhecida por DEUS: 1 Co 8:3;
A pessoa que
ama está na luz do Senhor: I Jo 2:10;
Todo que ama é
filho de DEUS: I Jo 4:7;
Libertação: Sl
91:14;
Traz capacidade
para perdoar o próximo: Pv 10:12;
Bênçãos
inefáveis: que não se podem expressar. 1 Co 2:9.
Fontes do
verdadeiro amor
De DEUS - o
ESPÍRITO SANTO: Gl 5:22; II Tm 1:7; I Ts 3:12; I Jo 4:7;
De um coração
puro: I Tm 1:5;
De uma
consciência boa: I Tm 1:5;
De uma fé
cristã santa e verdadeira: I Tm 1:5;
Da misericórdia
de DEUS: Tt 3:4-5;
Palavras de
CRISTO sobre o amor
Ele é o
princípio e a base de toda a lei de DEUS: Mt 22:37-40; Lc 11:42.
O verdadeiro
amor consiste em conhecer o poderoso nome do Senhor: Jo 17:26;
Homens
religiosos, carnais e que não crêem em DEUS não podem ter o seu amor: Jo
5:37-47
Findaremos este
estudo com alguns textos bíblicos que falam sobre o amor.
"O amor
seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Amai-vos cordialmente
uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. No
zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao
Senhor;" Romanos 12:9-11
Leituras
complementares: Pv 15:17; Ct 1:2; Mt 5:43-48; Lc 10:25-37; Jo 21:15-23; Ap
12:11
Conclusão sobre
o amor
Como vimos, o
amor não pode por um lado ser um tema abandonado, nem por outro, um discurso
isolado. Se somos cristãos de fato, a mais autêntica cristologia bíblica deverá
acompanhar este amor e a importância dada aos demais mandamentos da lei de DEUS
deverá testemunhar de nossa fidelidade (ou adesão) ao Bem Maior, que é CRISTO
JESUS. Não amamos porque somos naturalmente bons, mas porque nascemos da graça.
Não cumpriremos a lei para fazer-nos “justos”, mas porque ele nos justificou
com sua justiça. Não brilharemos porque temos luz própria, mas porque
refletimos o sol da justiça.
TRÊS VIRTUDE
TEOLOGAIS - FÉ, AMOR E PACIÊNCIA DA ESPERANÇA
(Strong
Português)
FÉ - πιστις pistis -
1) convicção da
verdade de algo, fé; no NT, de uma convicção ou crença que diz respeito ao
relacionamento do homem com DEUS e com as coisas divinas, geralmente com a
ideia inclusa de confiança e fervor santo nascido da fé e unido com ela.
1a) relativo a
DEUS
1a1) a
convicção de que DEUS existe e é o criador e governador de todas as coisas, o
provedor e doador da salvação eterna em CRISTO
1b) relativo a
CRISTO
1b1) convicção
ou fé forte e benvinda de que JESUS é o Messias, através do qual nós obtemos a
salvação eterna no reino de DEUS
1c) a fé
religiosa dos cristãos
1d) fé com a
ideia predominante de confiança (ou confidência) seja em DEUS ou em CRISTO,
surgindo da fé no mesmo
2) fidelidade,
lealdade
2a) o caráter
de alguém em quem se pode confiar
AMOR - αγαπη agape
1) amor
fraterno, de irmão, afeição, boa vontade, amor, benevolência
2) banquetes de
amor
ESPERANÇA - ελπις elpis
1) expectativa
do mal, medo
2) expectativa
do bem, esperança
2a) no sentido
cristão
2a1) regozijo e
expectativa confiante da eterna salvação
3) sob a
esperança, em esperança, tendo esperança
3a) o autor da
esperança, ou aquele que é o seu fundamento
3b) o que se
espera
Agora, pois,
permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.
1 Coríntios 13:13 - POR QUE?
Porque após
sermos arrebatados estaremos com JESUS, então não precisaremos mais da fé, pois
a fé é ver antes de acontecer, mas lá já estaremos com JESUS e já não
precisaremos mais da fé para crer nele, pois se vemos não precisamos de fé. A
fé nos impulsiona para realizarmos obras para DEUS. A fé nos impulsiona a
buscar e ministrar os dons do ESPÍRITO SANTO com o objetivo de ganharmos almas
e ajudarmos aos irmãos. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO SÓ OPERAM SE O INSTRUMENTO
USADO (O CRENTE) AMAR AOS QUE VÃO RECEBER A AÇÃO DOS DONS. POR ISSO MESMO
A FALTA DO DONS DO ESPÍRITO SANTO EM NOSSOS DIAS. "Segui o amor e procurai
com zelo os dons espirituais", 1 Coríntios 14:1a
Após o
arrebatamento seremos perfeitos e não precisaremos mais dos dons, pois ninguém
mais precisará de ser curado ou de ouvir uma mensagem de DEUS, estaremos para
sempre com Ele. "E DEUS limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá
mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são
passadas". Apocalipse 21:4
A esperança não
será mais necessária, pois o que esperávamos já aconteceu, neste tempo, já
fomos arrebatados e nos encontramos com JESUS, portanto a esperança não será
mais necessária. pois Já teremos alcançado o que esperávamos. "Porque, em
esperança, somos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o
que alguém vê, como o esperará?" Romanos 8:24
JÁ O AMOR É
ETERNO, POIS SEMPRE AMAREMOS A JESUS, PORTANTO O AMOR NUNCA ACABA E NUNCA DEVE
DEIXAR DE EXISTIR EM NÓS.
"conservai
a vós mesmos no amor de DEUS, esperando a misericórdia de nosso Senhor JESUS
CRISTO, para a vida eterna". Judas 1:21
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 11, O
Zelo do Apóstolo Paulo pela Sã Doutrina - Lições Bíblicas - 4º Trimestre de
2021 - CPAD - Para adultos - Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e
ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO - Comentário: Pr.
Elienai Cabral
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/escrita-licao-11-o-zelo-do-apostolo.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/slides-licao-11-o-zelo-do-apostolo.html
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-11-o-zelo-do-apstolo-paulo-pela-s-doutrina-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv-americana-sp
Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=R2pD1-qvdto
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - 1 Timóteo 6.3-6,11; 2 Timóteo 3.14-17
1 Timóteo 6
3 - Se alguém
ensina alguma outra DOUTRINA e se não conforma com as sãs palavras de nosso
Senhor JESUS CRISTO e com a DOUTRINA que é segundo a piedade, 4 - é soberbo e
nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais
nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas,5 - contendas de homens
corruptos de entendimento e privados da verdade, cuidando que a piedade seja
causa de ganho. Aparta-te dos tais. 6 - Mas é grande ganho a piedade com
contentamento. 11 - Mas tu, ó homem de DEUS, foge destas coisas e segue a
justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.
2 Timóteo 3
14 - Tu, porém,
permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o
tens aprendido. 15 - E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que
podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em CRISTO JESUS. 16 - Toda
Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para
corrigir, para instruir em justiça. 17 - para que o homem de DEUS seja perfeito
e perfeitamente instruído para toda boa obra.
Comentários da
BEP - CPAD
6.3 DOUTRINA
QUE É SEGUNDO A PIEDADE. Qualquer mensagem que não provém do Senhor JESUS
CRISTO e que não contém em si um veemente apelo à piedade e à santidade, é um
evangelho diferente daquele que é apresentado no NT.
6.5 HOMENS
CORRUPTOS DE ENTENDIMENTO. Paulo volta ao assunto dos falsos mestres (cf. 1Tm
1.3 ss), e informa a Timóteo qual deve ser seu conceito de tais homens. A
indiferença atual ante as doutrinas antibíblicas é um flagrante desvio da
atitude apostólica e desprezo às admoestações claras dadas nesta epístola e nas
demais do NT (cf. Gl 1.9).
6.6 É GRANDE
GANHO A PIEDADE. Os falsos mestres em Éfeso praticavam exteriormente a
"piedade" a fim de obterem grandes lucros. Eram impulsionados por uma
motivação oculta de cobiça, e ensinavam que suas riquezas eram um sinal de que
DEUS aprovava seus ensinos.
Resumo da Lição
11, O Zelo do Apóstolo Paulo pela Sã Doutrina
I – ORTODOXIA
VERSUS HETERODOXIA
1. Dois termos
técnicos importantes.
2. Conceito de
ortodoxia.
3. Conceito de
heterodoxia.
II – A AMEAÇA
DE CORRUPÇÃO DOUTRINÁRIA
1. A
advertência do apóstolo.
2. Quais eram
os problemas de ordem doutrinária?
3. Fábulas e
genealogias intermináveis (1 Tm 1.4).
III – A IGREJA
COMO GUARDIÃ DA SÃ DOUTRINA
1. A Igreja é
“coluna e firmeza da verdade”.
2. O objetivo
do zelo pela sã DOUTRINA.
3. A primazia
do amor.
Referências a
DOUTRINA
Deuteronômio
32.1-4 - 1 Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras
da minha boca. 2 Goteje a minha DOUTRINA como a chuva, destile o meu dito como
o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva. 3
Porque apregoarei o nome do SENHOR; dai grandeza a nosso DEUS. 4 Ele é a Rocha
cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos juízo são; DEUS é a
verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é.
Provérbios 4.1
Ouvi, filhos, a correção do pai e estai atentos para conhecerdes a prudência. 2
Pois dou-vos boa DOUTRINA; não deixeis a minha lei. 3 Porque eu era filho de
meu pai, tenro e único em estima diante de minha mãe. 4 E ele ensinava-me e
dizia-me: Retenha as minhas palavras o teu coração; guarda os meus mandamentos
e vive. 5 Adquire a sabedoria, adquire a inteligência e não te esqueças nem te
apartes das palavras da minha boca.
Provérbios
13.14 A DOUTRINA do sábio é uma fonte de vida para desviar dos laços da morte.
Isaías 29.24 E
os errados de espírito virão a ter entendimento, e os murmuradores aprenderão
DOUTRINA.
Mateus 7.28 E
aconteceu que, concluindo JESUS este discurso, a multidão se admirou da sua
DOUTRINA, 29 porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas.
Mateus 15.8
Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. 9
Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens
(DOUTRINA ruim).
Mateus 16.12
Então, compreenderam que não dissera que se guardassem do fermento do pão, mas
da DOUTRINA dos fariseus (DOUTRINA ruim).
Mateus 22.29
JESUS, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras,
nem o poder de DEUS. 30 Porque, na ressurreição, nem casam, nem são dados em
casamento; mas serão como os anjos no céu. 31 E, acerca da ressurreição dos
mortos, não tendes lido o que DEUS vos declarou, dizendo: 32 Eu sou o DEUS de
Abraão, o DEUS de Isaque e o DEUS de Jacó? Ora, DEUS não é DEUS dos mortos, mas
dos vivos. 33 E, as turbas, ouvindo isso, ficaram maravilhadas da sua DOUTRINA.
Marcos 1.27 E
todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Que
nova DOUTRINA é esta? Pois com autoridade ordena aos espíritos imundos, e eles
lhe obedecem! 28 E logo correu a sua fama por toda a província da Galileia.
Marcos 4.2 E
ensinava-lhes muitas coisas por parábolas e lhes dizia na sua DOUTRINA:
Lucas 4.31 E
desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e os ensinava nos sábados. 32 E
admiravam-se da sua DOUTRINA, porque a sua palavra era com autoridade.
João 7.16 JESUS
respondeu e disse-lhes: A minha DOUTRINA não é minha, mas daquele que me
enviou. 17 Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma DOUTRINA,
conhecerá se ela é de DEUS ou se eu falo de mim mesmo.
João 18.19 E o
sumo sacerdote interrogou JESUS acerca dos seus discípulos e da sua DOUTRINA.
20 JESUS lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na
sinagoga e no templo, onde todos os judeus se ajuntam, e nada disse em oculto.
Atos 2.42 E
perseveravam na DOUTRINA dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e
nas orações. 43 Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se
faziam pelos apóstolos.
Atos 5.28 Não
vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que
enchestes Jerusalém dessa vossa DOUTRINA e quereis lançar sobre nós o sangue
desse homem.
Atos 13.12
Então, o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da DOUTRINA
do Senhor.
Atos 17.19 E,
tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova
DOUTRINA é essa de que falas?
Romanos 6.17
Mas graças a DEUS que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à
forma de DOUTRINA a que fostes entregues.
Romanos 16.17 E
rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a
DOUTRINA que aprendestes; desviai-vos deles. 18 Porque os tais não servem a
nosso Senhor JESUS CRISTO, mas ao seu ventre; e, com suaves palavras e
lisonjas, enganam o coração dos símplices.
1 Coríntios
14.6 E, agora, irmãos, se eu for ter convosco falando línguas estranhas, que
vos aproveitaria, se vos não falasse ou por meio da revelação, ou da ciência,
ou da profecia, ou da DOUTRINA?
1 Coríntios
14.26 Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo,
tem DOUTRINA, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para
edificação.
Efésios 4.14
para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento
de DOUTRINA, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente.
15 Antes, seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a
cabeça, CRISTO, (DOUTRINA ruim)
Efésios 6.4 E
vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na DOUTRINA e
admoestação do Senhor.
Colossenses 2.
20 Se, pois, estais mortos com CRISTO quanto aos rudimentos do mundo, por que
vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, 21 tais como: não
toques, não proves, não manuseies? 22 As quais coisas todas perecem pelo uso,
segundo os preceitos e doutrinas dos homens; 23 as quais têm, na verdade,
alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade e em disciplina
do corpo, mas não são de valor algum, senão para a satisfação da carne.
(DOUTRINA ruim)
1 Timóteo 1.3
Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para
advertires a alguns que não ensinem outra DOUTRINA, 4 nem se deem a fábulas ou
a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de
DEUS, que consiste na fé; assim o faço agora. (DOUTRINA ruim)
1 Timóteo 1.8
Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente, 9 sabendo
isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados,
para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas
e matricidas, para os homicidas, 10 para os fornicadores, para os sodomitas,
para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que
for contrário à sã DOUTRINA,
1 Timóteo 4.1
Mas o ESPÍRITO expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da
fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios, 2 pela
hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria
consciência, 3 proibindo o casamento e ordenando a abstinência dos manjares que
DEUS criou para os fiéis e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem
deles com ações de graças; 4 porque toda criatura de DEUS é boa, e não há nada
que rejeitar, sendo recebido com ações de graças, 5 porque, pela palavra de
DEUS e pela oração, é santificada. (DOUTRINA ruim)
1 Timóteo
4.6 Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de JESUS CRISTO,
criado com as palavras da fé e da boa DOUTRINA que tens seguido. 7 Mas rejeita
as fábulas profanas e de velhas e exercita-te a ti mesmo em piedade. 8 Porque o
exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa,
tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.
1 Timóteo 4.15
Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja
manifesto a todos. 16 Tem cuidado de ti mesmo e da DOUTRINA; persevera nestas
coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te
ouvem.
1 Timóteo 5.17
Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra,
principalmente os que trabalham na palavra e na DOUTRINA. 18 Porque diz a
Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu
salário.
1 Timóteo 6.1
Todos os servos que estão debaixo do jugo estimem a seus senhores por dignos de
toda a honra, para que o nome de DEUS e a DOUTRINA não sejam blasfemados. 2 E
os que têm senhores crentes não os desprezem, por serem irmãos; antes, os
sirvam melhor, porque eles, que participam do benefício, são crentes e amados.
Isto ensina e exorta.
1 Timóteo
6.3 Se alguém ensina alguma outra DOUTRINA e se não conforma com as sãs
palavras de nosso Senhor JESUS CRISTO e com a DOUTRINA que é segundo a piedade,
4 é soberbo e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras,
das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, 5 contendas de
homens corruptos de entendimento e privados da verdade, cuidando que a piedade
seja causa de ganho. Aparta-te dos tais.
2 Timóteo 3.10
Tu, porém, tens seguido a minha DOUTRINA, modo de viver, intenção, fé,
longanimidade, caridade, paciência, 11 perseguições e aflições tais quais me
aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas perseguições sofri, e
o Senhor de todas me livrou.
2 Timóteo 4.2
que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas,
exortes, com toda a longanimidade e DOUTRINA. 3 Porque virá tempo em que não
sofrerão a sã DOUTRINA; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si
doutores conforme as suas próprias concupiscências; 4 e desviarão os ouvidos da
verdade, voltando às fábulas. 5 Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições,
faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.
Tito 1.7 Porque
convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de DEUS, não
soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe
ganância; 8 mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo,
temperante, 9 retendo firme a fiel palavra, que é conforme a DOUTRINA, para que
seja poderoso, tanto para admoestar com a sã DOUTRINA como para convencer os
contradizentes.
Tito 2.1 Tu,
porém, fala o que convém à sã DOUTRINA.
Tito 2.6 Exorta
semelhantemente os jovens a que sejam moderados. 7 Em tudo, te dá por exemplo
de boas obras; na DOUTRINA, mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, 8
linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo
nenhum mal que dizer de nós. 9 Exorta os servos a que se sujeitem a seu senhor
e em tudo agradem, não contradizendo, 10 não defraudando; antes, mostrando toda
a boa lealdade, para que, em tudo, sejam ornamento da DOUTRINA de DEUS, nosso
Salvador.
Hebreus 6.1
Pelo que, deixando os rudimentos da DOUTRINA de CRISTO, prossigamos até a
perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas
e de fé em DEUS, 2 e da DOUTRINA dos batismos, e da imposição das mãos, e da
ressurreição dos mortos, e do juízo eterno. 3 E isso faremos, se DEUS o
permitir.
Hebreus 13.9
Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é
que o coração se fortifique com graça e não com manjares, que de nada
aproveitaram aos que a eles se entregaram. (DOUTRINA ruim)
2 João 1.9 Todo
aquele que prevarica e não persevera na DOUTRINA de CRISTO não tem a DEUS; quem
persevera na DOUTRINA de CRISTO, esse tem tanto o Pai como o Filho. 10 Se
alguém vem ter convosco e não traz esta DOUTRINA, não o recebais em casa, nem
tampouco o saudeis. 11 Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras.
Apocalipse
2.14, Mas umas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a
DOUTRINA de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos
de Israel para que comessem dos sacrifícios da idolatria e se prostituíssem. 15
Assim, tens também os que seguem a DOUTRINA dos nicolaítas, o que eu aborreço.
16 Arrepende-te, pois; quando não, em breve virei a ti e contra eles batalharei
com a espada da minha boca. (DOUTRINA ruim)
Apocalipse
2.24, Mas eu vos digo a vós e aos restantes que estão em Tiatira, a todos
quantos não têm esta DOUTRINA e não conheceram, como dizem, as profundezas de
Satanás, que outra carga vos não porei. 25 Mas o que tendes, retende-o até que
eu venha.
CARACTERÍSTICAS
DA DOUTRINA DE CRISTO:
O bom Ministro
é o criado na fé e na Doutrina (1Tm.4:6)
É vinda de DEUS
(Jo.7:16);
Pode ser
provada como verdadeira (Jo.7:17);
Deve ser
perseverada (At.2:42);
Deve ser
obedecida de coração (Rm.6: 17);
Temos que
cuidar dela para nossa salvação (1Tm.4:16);
Indica modo de
vida na fé (2Tm.3:10);
Convence
contradizentes (Tt.1:9);
Deve ter
incorrupção, seriedade e sinceridade (Tt.2:7), levando à perfeição em CRISTO
(Hb.6:1).
NECESSIDADE DA
DOUTRINA:
Verdade precisa
(opinião final): Todas as pessoas têm uma teologia e os seus atos demonstram
suas crenças, pois a vida humana é uma viagem e as pessoas precisam estar
certas do que DEUS lhes planejou. Pode-se ser teólogo sem ser religioso e ser
religioso sem o conhecimento teológico da DOUTRINA.
Essencial para
desenvolver o caráter cristão: Sem uma crença firme e bem definida, que é parte
da religião, não haverá crescimento correto, pois podemos viver a vida dita
cristã, sem conhecer a DOUTRINA; mas não haverá experiências cristãs.
Abrigo contra
mentira e erros de interpretação: DEUS é eterno; homens ignorantes criaram
conceitos errôneos, originando males na consciência e as Doutrinas bíblicas
expulsam falsas idéias que conduzem os homens para a cegueira e perdição.
Necessária para
ensinar a Palavra Divina: A Bíblia fala de muitas verdades espalhadas nos seus
diversos livros, obedecendo o tema JESUS. É necessário relacionar os diversos
temas e organizá-los de maneira a facilitar o seu estudo.
A DOUTRINA
estuda a fé Cristã, sobre a verdade da realidade
espiritual, única, envolvendo a existência de DEUS, a possibilidade dos
milagres, a confiabilidade das escrituras, a divindade de CRISTO, a encarnação
de DEUS em CRISTO e a verdade da Bíblia como a Palavra de DEUS genuína.
DOUTRINA E
TEOLOGIA:
TEOLOGIA -
Estudo das questões referentes ao conhecimento da divindade, de seus atributos
e relações com o mundo e com os homens, e à verdade religiosa, expressa na
DOUTRINA de CRISTO, que como já dissemos, ensina as verdades fundamentais da
Bíblia, organizadamente.
Teologia é o
estudo racional dos textos sagrados, dos dogmas e das tradições do
cristianismo, geralmente ministrados em cursos ou faculdades, formando os
teólogos. É a ciência que trata do nosso conhecimento de DEUS e das relações
com o homem; ciência, pois organiza em sequência lógica fatos comprovados,
podendo aplicar na religião.
Visa entender a
revelação, fé e tradição na atual diversidade, milagres e curas.
ÁREAS DE ESTUDO
DA TEOLOGIA:
Teologia
Fundamental - Analisa a realidade cristã da auto manifestação de DEUS, sua
plenitude e o plano da Salvação por JESUS CRISTO. Explica a razão do mistério,
a liberdade e a necessidade que temos de conhecer esse plano, pois querendo ou
não termos compromisso com DEUS.
Fala sobre o
que é teologia e sobre as condições básicas que possibilitam a fé num contexto
sócio-histórico e cultural.
Teologia
Bíblica - Estuda a introdução geral da Bíblia, com estudo dos livros do Antigo
e do Novo testamento, falando sobre a história do povo de DEUS e reflete temas
gerais, familiarizando os alunos com termos bíblicos e as línguas bíblicas,
como aramaico, hebraico e grego.
Usa a
“exegese”- que analisa criticamente o texto, desde a seleção do texto, sua
estrutura gramatical, sua mensagem e tema central para hoje “hermenêutica”,
aplicando a mensagem para hoje.
Teologia Moral
- Visa refletir sobre a resposta concreta que o cristão dá a DEUS nos diversos
âmbitos de sua existência seja pessoal, interpessoal, comunitária, social,
familiar e política, analisando as bases e os critérios de como o cristão deve
agir e sobre temas globais como sexualidade, ética e ecologia, política,
globalização etc.
Teologia
Sistemática ou Dogmática - Compreende uma série de disciplinas estudadas pela
igreja, como cristologia (JESUS), eclesiologia (igreja), trindade, antropologia
teológica (vendo o homem quanto à criação, pecado, graça e salvação),
escatologia (últimas coisas) e Heresiologias (Seitas e Heresias).
Ademais, não se
ocupa em repetir dogmas, que são declarações de fé do que as pessoas crêem,
tenta entender a vida, e refletir a real e pura fé cristã.
História da
Igreja - Visa conhecer uma visão panorâmica das grandes fases da história
universal, as relações da igreja cristã com o mundo, os conflitos de
mentalidades, idéias e movimentos sociais e as idéias e eventos do passado que
repercutem hoje em dia. Compreende desde a história antiga, medieval, moderna,
contemporânea e atual.
Espiritualidade
- Envolve não apenas disciplinas teológicas, mas dimensões da vida cristã como
fé, louvor, reino de DEUS, o seguimento a JESUS e outros temas, como cruz,
esperança, caridade, piedade, liberdade cristã.
Outros -
(Patrologia: Estudo dos pensadores cristãos até o século V; Teologia Pastoral,
Teologia das Religiões, Homilética (Arte de pregar). Religiosidade Popular
(tradições culturais), Aconselhamento Pessoal, Pastoral e Missões.
OBSERVAÇÃO:
Enquanto a
religião externa uma forma de crer, a DOUTRINA é uma crença racional, baseada
na Palavra de DEUS, onde fé e razão andam juntas.
A fé usa a
razão e a razão não pode ser bem-sucedida sem a fé, na descoberta da verdade.
A razão não
pode produzir fé , mas a acompanha, pois, a fé não vem de um questionamento,
mas de DEUS.
Contudo, a
pessoa pode tentar compreender aquilo em que acredita, envolvendo a vontade de
descobrir, por exemplo, a lógica de que DEUS existe, se relaciona com as
pessoas e que através da teologia, poderemos defender racionalmente, a verdade
das coisas de DEUS pela investigação escriturística da DOUTRINA.
Defendamos
nossa fé (1 Pe.3:15; 2 Co.10:4-5), combatendo as heresias (Fp.1:7; Jd.3; Jd.22;
Tt.1:9; 2Tm.2:24-25).
A PALAVRA
DE DEUS - BEP - CPAD
Is 55.10,11
“Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas
regam a terra e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao
que come, assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim
vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei.”
A NATUREZA DA
PALAVRA DE DEUS. A expressão “a palavra de DEUS”
(também “a palavra do Senhor”, ou simplesmente “a palavra”) possui várias
aplicações na Bíblia. (1) Obviamente, refere-se, em primeiro lugar, a tudo
quanto DEUS tem falado diretamente. Quando DEUS falou a Adão e Eva (e.g., Gn
2.16.17; Gn 3.9-19). o que Ele lhes disse era, de fato, a palavra de DEUS. De
modo semelhante. Ele se dirigiu a Abraão (e.g. Gn 12.1-3). a Isaque (e.g. Gn
26.1-5). a Jacó (e.g. Gn 28.13-15) e a Moisés (e.g. Êx 3-4). DEUS também falou
à totalidade da nação de Israel. no monte Sinai. ao proclamar-lhe os dez
mandamentos (ver Êx 20.1-19). As palavras que os israelitas ouviram eram
palavras de DEUS. (2) Além da fala direta. DEUS ainda falou através dos
profetas. Quando eles se dirigiam ao povo de DEUS. assim introduziam as suas
declarações: “Assim diz o Senhor”. ou “Veio a mim a palavra do Senhor”. Quando.
portanto. os israelitas ouviam as palavras do profeta. ouviam. na verdade. a
palavra de DEUS. (3) A mesma coisa pode ser dita a respeito do que os apóstolos
falaram no NT. Embora não introduzissem suas palavras com a expressão “assim
diz o Senhor”. o que falavam e proclamavam era. verdadeiramente. a palavra de
DEUS. O sermão de Paulo ao povo de Antioquia da Pisídia (At 13.14-41). por
exemplo. criou tamanha comoção que. “no sábado seguinte. ajuntou-se quase toda
a cidade a ouvir a palavra de DEUS” (At 13.44). O próprio Paulo assegurou aos
tessalonicenses que. “havendo recebido de nós a palavra da pregação de DEUS. a
recebestes. não como palavra de homens. mas (segundo é. na verdade) como
palavra de DEUS” (1Ts 2.13; cf. At 8.25). (4) Além disso. tudo quanto JESUS
falava era palavra de DEUS. pois Ele. antes de tudo, é DEUS (Jo 1.1.18; 10.30;
1Jo 5.20). Lucas. escritor do terceiro evangelho. declara explicitamente que.
quando as pessoas ouviam a JESUS. ouviam na verdade a palavra de DEUS (Lc 5.1).
Note como. em contraste com os profetas do AT. JESUS introduzia seus ditos: Eu
“vos digo...” (e.g. Mt 5.18.20.22.23.32.39; 11.22.24; Mc 9.1; 10.15; Lc 10.12;
12.4; Jo 5.19; 6.26; 8.34). Noutras palavras. Ele tinha dentro de si mesmo a
autoridade divina para falar a palavra de DEUS. É tão importante ouvir as
palavras de JESUS. pois “quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou
tem a vida eterna e não entrará em condenação” (Jo 5.24). JESUS, na realidade,
está tão estreitamente identificado com a palavra de DEUS que é chamado “o
Verbo” [“a Palavra”] (Jo 1.1.14; 1Jo 1.1; Ap 19.13 16; ver Jo 1.1). (5) A
palavra de DEUS é o registro do que os profetas. apóstolos e JESUS falaram.
i.e., a própria Bíblia. No NT. quer um escritor usasse a expressão “Moisés
disse”. “Davi disse”, “o ESPÍRITO SANTO diz”. ou “DEUS diz”. nenhuma diferença
fazia (ver At 3.22; Rm 10.5.19; Hb 3.7; 4.7); pois o que estava escrito na
Bíblia era. sem dúvida alguma. a palavra de DEUS. (6) Mesmo não estando no
mesmo nível das Escrituras. a proclamação feita pelos autênticos pregadores ou
profetas. na igreja de hoje. pode ser chamada a palavra de DEUS. (a) Pedro
indicou que. a palavra que seus leitores recebiam mediante a pregação. era
palavra de DEUS (1Pe 1.25). e Paulo mandou Timóteo “pregar a Palavra” (2Tm
4.2). A pregação. porém. não pode existir independentemente da Palavra de DEUS.
Na realidade. o
teste para se determinar se a palavra de DEUS está sendo proclamada num sermão.
ou mensagem. é se ela corresponde exatamente à Palavra de DEUS escrita. (b) O
que se diz de uma pessoa que recebe uma profecia. ou revelação. no âmbito do
culto de adoração (1Co 14.26-32)? Ela está recebendo. ou não. a palavra de
DEUS? A resposta é um “sim”. Paulo assevera que semelhantes mensagens estão
sujeitas à avaliação por outros profetas. Todavia. há a possibilidade de tais
profecias não serem palavra de DEUS (ver 1Co 14.29). É somente em sentido
secundário que os profetas. hoje. falam sob a inspiração do ESPÍRITO SANTO; sua
revelação jamais deve ser elevada à categoria da inerrância (ver 1Co 14.31).
O PODER DA
PALAVRA DE DEUS. A palavra de DEUS permanece firme
nos céus (Sl 119.89; Is 40.8; 1Pe 1.24.25). Não é, porém. estática; é dinâmica
e poderosa (cf. Hb 4.12). pois realiza grandes coisas (55.11). (1) A palavra de
DEUS é criadora. Segundo a narrativa da
criação. as
coisas vieram a existir à medida que DEUS falava a sua palavra (e.g. Gn
1.3.4.6.7.9). Tal fato é resumido pelo salmista: “Pela palavra do SENHOR foram
feitos os céus” (Sl 33.6. 9); e pelo escritor aos Hebreus: “Pela fé. entendemos
que os mundos. pela palavra de DEUS. foram criados”
(Hb 11.3; cf.
2Pe 3.5). De conformidade com João. a Palavra que DEUS usou para criar todas as
coisas foi JESUS CRISTO (Jo 1.1-3). (2) A palavra de DEUS sustenta a criação.
Nas palavras do escritor aos Hebreus. DEUS sustenta “todas as coisas pela
palavra do seu poder” (Hb 1.3; ver também Sl 147.15-18). Assim como a palavra
criadora. essa palavra relaciona-se com JESUS CRISTO segundo Paulo insiste:
“todas as coisas subsistem por ele [JESUS]” (Cl 1.17). (3) A palavra de DEUS
tem o poder de outorgar vida nova. Pedro testifica que nascemos de novo “pela
palavra de DEUS. viva e que permanece para sempre” (1Pe 1.23; cf. 2 Tm 3.15; Tg
1.18). É por essa razão que o próprio JESUS é chamado o Verbo da vida (1Jo
1.1). (4) A palavra de DEUS também libera graça. poder e revelação. por meio
dos quais os crentes crescem na fé e na sua dedicação a JESUS CRISTO. Isaías
emprega um expressivo quadro verbal: assim como a água proveniente do céu faz
as coisas crescerem. assim a palavra que sai da boca de DEUS nos leva a crescer
espiritualmente (55.10.11). Pedro ecoa o mesmo pensamento ao escrever que. ao
bebermos do leite puro da palavra de DEUS. crescemos em nossa salvação (1Pe
2.2). (5) A palavra de DEUS é a arma que o Senhor nos proveu para lutarmos
contra Satanás (Ef 6.17; cf.Ap 19.13-15). JESUS derrotou Satanás. pois fazia
uso da Palavra de DEUS: “Está escrito” (i.e., “consta como a Palavra infalível
de DEUS”; cf. Lc 4.1-11; ver Mt 4.1-11). (6) Finalmente. a palavra de DEUS tem
o poder de nos julgar. Os profetas do AT e os apóstolos do NT frequentemente
pronunciavam palavras de juízo recebidas do Senhor. O próprio JESUS assegurou
que a sua palavra condenará os
que o
rejeitarem (Jo 12.48). E o autor aos Hebreus escreve que a poderosa palavra de
DEUS julga “os pensamentos e intenções do coração” (ver Hb 4.12). Noutras
palavras: os que optam por desconsiderar a palavra de DEUS. acabarão por
experimentá-la como palavra de condenação.
NOSSA ATITUDE
ANTE A PALAVRA DE DEUS.
A Bíblia
descreve. em linguagem clara e inconfundível. como devemos proceder quanto a
palavra de DEUS em suas diferentes expressões. Devemos ansiar por ouvi-la
(1.10; Jr 7.1.2; At 17.11) e procurar compreendê-la (Mt 13.23). Devemos louvar.
no Senhor. a palavra de DEUS (Sl 56.4.10). amá-la (Sl 119.47.113). e dela fazer
a nossa alegria e deleite (Sl 119.16.47). Devemos aceitar o que a palavra de
DEUS diz (Mc 4.20; At 2.41; 1Ts 2.13). ocultá-la nas profundezas de nosso
coração (Sl 119.11). confiar nela (Sl 119.42). e colocar a nossa esperança em
suas promessas (Sl 119.74.81.114; 130.5). Acima de tudo. devemos obedecer ao
que ela ordena (Sl 119.17.67; Tg 1.22-24) e viver de acordo com seus ditames
(Sl. DEUS conclama os que ministram a palavra (cf. 1Tm 5.17) a manejá-la
corretamente (2Tm 2.15 e a pregá-la fielmente (2Tm 4.2). Todos os crentes são
convocados a proclamarem a palavra de DEUS por onde quer que forem (At 8.4).
A INSPIRAÇÃO E
A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS - BEP - CPAD
2Tm 3.16,17
“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para
redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de DEUS
seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.”
O termo
“Escritura”, conforme se encontra em 2Tm 3.16, refere-se principalmente aos
escritos do AT (3.15). Há evidências, porém, de que escritos do NT já eram
considerados Escritura divinamente inspirada por volta do período em que Paulo
escreveu 2Tm (1Tm 5.18, cita Lc 10.7; 2Pe 3.15,16). Para nós, hoje, a Escritura
refere-se aos escritos divinamente inspirados tanto do AT quanto do NT, i.e., a
Bíblia. São (os escritos) a mensagem original de DEUS para a humanidade, e o
único testemunho infalível da graça salvífica de DEUS para todas as pessoas.
Paulo afirma
que toda a Escritura é inspirada por DEUS. A palavra “inspirada” (gr.
theopneustos) provém de duas palavras gregas: Theos, que significa “DEUS”, e
pneuo, que significa “respirar”. Sendo assim, “inspirado” significa “respirado
por DEUS”. Toda a Escritura, portanto, é respirada por DEUS; é a própria vida e
Palavra de DEUS. A Bíblia, nas palavras dos seus manuscritos originais, não
contém erro; sendo absolutamente verdadeira, fidedigna e infalível. Esta
verdade permanece inabalável, não somente quando a Bíblia trata da salvação,
dos valores éticos e da moral, como também está isenta de erro em tudo aquilo
que ela trata, inclusive a história e o cosmos (cf. 2Pe 1.20,21; note também a
atitude do salmista para com as Escrituras no Sl 119).
Os escritores
do AT estavam conscientes de que o que disseram ao povo e o que escreveram é a
Palavra de DEUS (ver Dt 18.18; 2Sm 23.2). Repetidamente os profetas iniciavam
suas mensagens com a expressão: “Assim diz o Senhor”.
JESUS também
ensinou que a Escritura é a inspirada Palavra de DEUS até em seus mínimos
detalhes (Mt 5.18). Afirmou, também, que tudo quanto Ele disse foi recebido da
parte do Pai e é verdadeiro (Jo 5.19, 30,31; 7.16; 8.26). Ele falou da
revelação divina ainda futura (i.e., a verdade revelada do restante do NT), da
parte do ESPÍRITO SANTO através dos apóstolos (Jo 16.13; cf. 14.16,17;
15.26,27).
Negar a
inspiração plenária das Sagradas Escrituras, portanto, é desprezar o testemunho
fundamental de JESUS CRISTO (Mt 5.18; 15.3-6; Lc 16.17; 24.25-27, 44,45; Jo
10.35), do ESPÍRITO SANTO (Jo 15.26; 16.13; 1Co 2.12-13; 1Tm 4.1) e dos
apóstolos (3.16; 2Pe 1.20,21). Além disso, limitar ou descartar a sua
inerrância é depreciar sua autoridade divina.
Na sua ação de
inspirar os escritores pelo seu ESPÍRITO, DEUS, sem violar a personalidade
deles, agiu neles de tal maneira que escreveram sem erro (3.16; 2Pe 1.20,21;
ver 1Co 2.12,13).
A inspirada
Palavra de DEUS é a expressão da sabedoria e do caráter de DEUS e pode,
portanto, transmitir sabedoria e vida espiritual através da fé em CRISTO (Mt
4.4; Jo 6.63; 2Tm 3.15; 1Pe 2.2).
As Sagradas
Escrituras são o testemunho infalível e verdadeiro de DEUS, na sua atividade
salvífica a favor da humanidade, em CRISTO JESUS. Por isso, as Escrituras são
incomparáveis, eternamente completas e incomparavelmente obrigatórias. Nenhuma
palavra de homens ou declarações de instituições religiosas igualam-se à
autoridade delas.
Qualquer
DOUTRINA, comentário, interpretação, explicação e tradição deve ser julgado e
validado pelas palavras e mensagem das Sagradas Escrituras (ver Dt 13.3).
As Sagradas
Escrituras como a Palavra de DEUS devem ser recebidas, cridas e obedecidas como
a autoridade suprema em todas as coisas pertencentes à vida e à piedade (Mt
5.17-19; Jo 14.21; 15.10; 2Tm 3.15,16; ver Êx 20.3). Na igreja, a Bíblia deve
ser a autoridade final em todas as questões de ensino, de repreensão, de
correção, de DOUTRINA e de instrução na justiça (2Tm 3.16,17). Ninguém pode
submeter-se ao senhorio de CRISTO sem estar submisso a DEUS e à sua Palavra
como a autoridade máxima (Jo 8.31,32, 37).
Só podemos
entender devidamente a Bíblia se estivermos em harmonia com o ESPÍRITO SANTO. É
Ele quem abre as nossas mentes para compreendermos o seu sentido, e quem dá
testemunho em nosso interior da sua autoridade (ver 1Co 2.12).
Devemos nos
firmar na inspirada Palavra de DEUS para vencer o poder do pecado, de Satanás e
do mundo em nossas vidas (Mt 4.4; Ef 6.12,17; Tg 1.21).
Todos na igreja
devem amar, estimar e proteger as Escrituras como um tesouro, tendo-as como a
única verdade de DEUS para um mundo perdido e moribundo. Devemos manter puras
as suas doutrinas, observando fielmente os seus ensinos, proclamando a sua
mensagem salvífica, confiando-as a homens fiéis, e defendendo-as contra todos
que procuram destruir ou distorcer suas verdades eternas (ver Fp 1.16; 2Tm
1.13,14; 2.2; Jd 3). Ninguém tem autoridade de acrescentar ou subtrair qualquer
coisa da Escritura (ver Dt 4.2; Ap 22.19).
Um fato final a
ser observado aqui. A Bíblia é infalível na sua inspiração somente no texto
original dos livros que lhe são inerentes. Logo, sempre que acharmos nas
Escrituras alguma coisa que parece errada, ao invés de pressupor que o escritor
daquele texto bíblico cometeu um engano, devemos ter em mente três
possibilidades no tocante a um tal suposto problema: (a) as cópias existentes
do manuscrito bíblico original podem conter inexatidão; (b) as traduções
atualmente existentes do texto bíblico grego ou hebraico podem conter falhas;
ou (c) a nossa própria compreensão do texto bíblico pode ser incompleta ou
incorreta.
A DOUTRINA DO
ESPÍRITO SANTO - BEP - CPAD
At 5.3,4
“Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que
mentisses ao ESPÍRITO SANTO e retivesses parte do preço da herdade?
Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que
formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a DEUS.”
É essencial que
os crentes reconheçam a importância do ESPÍRITO SANTO no plano divino da
redenção. Sem a presença do ESPÍRITO SANTO neste mundo, não haveria a criação,
o universo, nem a raça humana (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30). Sem o
ESPÍRITO SANTO, não teríamos a Bíblia (2Pe 1.21), nem o NT (Jo 14.26, 1Co 2.10)
e nenhum poder para proclamar o evangelho (1.8). Sem o ESPÍRITO SANTO, não
haveria fé, nem novo nascimento, nem santidade e nenhum cristão neste mundo.
Este estudo examina alguns dos ensinamentos básicos a respeito do ESPÍRITO
SANTO.
A PESSOA DO
ESPÍRITO SANTO.
Através da
Bíblia, o ESPÍRITO SANTO é revelado como Pessoa, com sua própria
individualidade (2Co 3.17,18; Hb 9.14; 1Pe 1.2). Ele é uma Pessoa divina como o
Pai e o Filho (5.3,4). O ESPÍRITO SANTO não é mera influência ou poder. Ele tem
atributos pessoais, a saber: Ele pensa (Rm 8.27), sente (Rm 15.30), determina
(1Co 12.11) e tem a faculdade de amar e de deleitar-se na comunhão. Foi enviado
pelo Pai para levar os crentes à íntima presença e comunhão com JESUS (Jo
14.16-18,26). À luz destas verdades, devemos tratá-lo como pessoa, que é, e
considerá-lo DEUS vivo e infinito em nosso coração, digno da nossa adoração,
amor e dedicação (ver Mc 1.11).
A OBRA DO
ESPÍRITO SANTO.
(1) A revelação
do ESPÍRITO SANTO no AT. (2) A revelação do ESPÍRITO SANTO no NT.
(a) O ESPÍRITO SANTO é o agente da salvação. Nisto Ele convence-nos do pecado
(Jo 16.7,8), revela-nos a verdade a respeito de JESUS (Jo 14.16,26), realiza o
novo nascimento (Jo 3.3-6), e faz-nos membros do corpo de CRISTO (1Co
. Na conversão,
nós, crendo em CRISTO, recebemos o ESPÍRITO SANTO (Jo 3.3-6; 20.22) e nos
tornamos coparticipantes da natureza divina (2Pe 1.4). (b) O ESPÍRITO SANTO é o
agente da nossa santificação. Na conversão, o ESPÍRITO passa a habitar no
crente, que começa a viver sob sua influência santificadora (Rm 8.9; 1Co 6.19).
Note algumas das coisas que o ESPÍRITO SANTO faz, ao habitar em nós. Ele nos
santifica, i.e., purifica, dirige e leva-nos a uma vida santa, libertando-nos
da escravidão ao pecado (Rm 8.2-4; Gl 5.16,17; 2Ts 2.13). Ele testifica que
somos filhos de DEUS (Rm 8.16), ajuda-nos na adoração a DEUS (At 10.45,46; Rm
8.26,27) e na nossa vida de oração, e intercede por nós quando clamamos a DEUS
(Rm
8.26,27). Ele
produz em nós as qualidades do caráter de CRISTO, que O glorificam (Gl 5.22,23;
1Pe
. Ele é o nosso
mestre divino, que nos guia em toda a verdade (Jo 16.13; 14.26; 1Co 2.10-16) e
também nos revela JESUS e nos guia em estreita comunhão e união com Ele (Jo
14.16-18; 16.14). Continuamente, Ele nos comunica o amor de DEUS (Rm 5.5) e nos
alegra, consola e ajuda (Jo 14.16; 1Ts 1.6). (c) O ESPÍRITO SANTO é o agente
divino para o serviço do Senhor, revestindo os crentes de poder para realizar a
obra do Senhor e dar testemunho dEle. Esta obra do ESPÍRITO SANTO relaciona-se
com o batismo ou com a plenitude do ESPÍRITO. Quando somos batizados no
ESPÍRITO, recebemos poder para testemunhar de CRISTO e trabalhar de modo eficaz
na igreja e diante do mundo (1.8). Recebemos a mesma unção divina que desceu
sobre CRISTO (Jo 1.32,33) e sobre os discípulos (2.4; ver 1.5), e que nos
capacita a proclamar a Palavra de DEUS (1.8; 4.31) e a operar milagres (2.43;
3.2-8; 5.15; 6.8; 10.38). O plano de DEUS é que todos os cristãos atuais
recebam o batismo no ESPÍRITO SANTO (2.39). Para realizar o trabalho do Senhor,
o ESPÍRITO SANTO outorga dons espirituais aos fiéis da igreja para edificação e
fortalecimento do corpo de CRISTO (1Co 12—14). Estes dons são uma manifestação
do ESPÍRITO através dos santos, visando ao bem de todos (1Co 12.7-11). (d) O
ESPÍRITO SANTO é o agente divino que batiza ou implanta os crentes no corpo
único de CRISTO, que é sua igreja (1Co 12.13) e que permanece nela (1Co 3.16),
edificando-a (Ef 2.22), e nela inspirando a adoração a DEUS (Fp 3.3), dirigindo
a sua missão (13.2,4), escolhendo seus obreiros (20.28) e concedendo-lhe dons
(1Co 12.4-11), escolhendo seus pregadores (2.4; 1Co 2.4), resguardando o
evangelho contra os erros (2Tm 1.14) e efetuando a sua retidão (Jo 16.8; 1Co
3.16; 1Pe 1.2).
As diversas
operações do ESPÍRITO são complementares entre si, e não contraditórias. Ao
mesmo tempo, essas atividades do ESPÍRITO SANTO formam um todo, não havendo
plena separação entre elas. Alguém não pode ter (a) a nova vida total em
CRISTO, (b) um santo viver, (c) o poder para testemunhar do Senhor ou (d) a
comunhão no seu corpo, sem exercitar estas quatro coisas. Por exemplo: uma
pessoa não pode conservar o batismo no ESPÍRITO SANTO se não vive uma vida de
retidão, produzida pelo mesmo ESPÍRITO, que também quer conduzir esta mesma
pessoa no conhecimento das verdades bíblicas e sua obediência às mesmas.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 12, A
Coragem do Apóstolo Paulo diante da Morte - Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos - Tema:
O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
Vídeo https://youtu.be/KsB81-v5Dxs
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/escrita-licao-12-coragem-do-apostolo.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/slides-licao-12-coragem-do-apostolo.html
Slides Power Point https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-12-a-coragem-do-apstolo-paulo-diante-da-morte-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - Atos 21.7-15
7 - E nós,
concluída a navegação de Tiro, viemos a Ptolemaida; e, havendo saudado os
irmãos, ficamos com eles um dia. 8 - No dia seguinte, partindo dali Paulo e nós
que com ele estávamos, chegamos a Cesareia; e, entrando em casa de Filipe, o
evangelista, que um dos sete, ficamos com ele. 9 - Tinha este quatro filhas
donzelas, que profetizavam. 10 - E, demorando-nos ali por muitos dias, chegou
da Judeia um profeta, por nome Ágabo; 11 - e, vindo ter conosco, tomou a cinta
de Paulo e, lingando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o ESPÍRITO
SANTO; Assim ligarão os judeus, em Jerusalém, o varão de quem é esta cinta e o
entregarão nas mãos dos gentios. 12 - E, ouvindo nós isto, rogamos-lhe, tanto
nós como os que eram daquele lugar, que não subisse a Jerusalém. 13 - Mas Paulo
respondeu: Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou
pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor
JESUS. 14 - E, como não podíamos convencê-lo, nos aquietamos, dizendo: Faça-se
a vontade do Senhor! 15 - Depois daqueles dias, havendo feito os nossos
preparativos, subimos a Jerusalém.
Comentários da
BEP - CPAD (com algumas modificações do Pr. Henrique)
21.9
FILHAS...QUE PROFETIZAVAM. A igreja pode receber o dom espiritual de profetizar
(i.e., um dos dons de manifestação do ESPÍRITO) cf. 1 Co 11.5; 12.10,11.
Entretanto, nos escritos do NT não consta que uma mulher exercesse o ministério
de profeta. O versículo em apreço diz que as quatro filhas de Filipe
profetizavam (gr. propheteusai - 1 Co 12.4), mas não são chamadas profetizas.
Por outro lado, somente homens, como é o caso de Ágabo, em At 21.10, são
chamados profetas; isto quanto ao dom ministerial de profeta (ver Ef 4.11).
21.10 UM
PROFETA, POR NOME ÁGABO. Ágabo, um dos profetas da igreja que predisseram a
fome de 46 d.C. (At 11.27,28), agora prediz que Paulo será preso e encarcerado.
Quanto mais perto de Jerusalém Paulo se aproximava, tanto mais claras e
específicas ficaram as revelações sobre a sua ida (v. 11). A profecia de Ágabo
não dizia que Paulo não fosse a Jerusalém, mas somente o que lhe aguardava se
fosse. Note que, em nenhum incidente registrado no NT, o dom de profecia foi
usado para dirigir pessoas em casos que pudessem ser resolvidos pelos
princípios bíblicos. As decisões no tocante à moralidade, compra e venda, ao
casamento, ao lar e à família devem ser tomadas mediante a aplicação e
obediência aos princípios da Palavra de DEUS e não meramente à base de uma profecia
. No NT, expressões vocais proféticas visavam, em primeiro lugar, à edificação,
exortação e consolação da igreja (1 Co 14.3), e frequentemente à orientação no
cumprimento de missão (ver 16.16). Fica evidente que um profeta pode ser usado
por DEUS para trazer uma mensagem diretamente de DEUS sobre o futuro (dom
Palavra de Sabedoria) ou uma revelação sobrenatural do passado ou do presente
(dom Palavra de Conhecimento).
21.13 MAS PAULO
RESPONDEU. Este trecho demonstra que a vontade da maioria, ou até mesmo o
desejo unânime de crentes genuínos e sinceros, nem sempre significa a vontade
de DEUS. Paulo não estava indiferente à imploração e às lágrimas dos seus
amigos; mesmo assim, não podia alterar seu propósito resoluto em sofrer
encarceramento e até mesmo morrer por amor ao nome do Senhor JESUS, pois para
isto mesmo foi chamado.
21.14 FAÇA-SE A
VONTADE DO SENHOR. Muitos discípulos (v. 4), bem como o profeta Ágabo (v. 11),
profetizaram dos sofrimentos que Paulo passaria se fosse a Jerusalém. Estes
cristãos interpretaram a palavra profética como uma orientação pessoal a Paulo
para que ele não fosse a Jerusalém (vv. 4,12). Paulo, embora reconhecesse a
veracidade da revelação (v. 11), não aceitou a sincera interpretação que os
discípulos deram à profecia (v. 13). Confiava na orientação pessoal do ESPÍRITO
SANTO e na Palavra de DEUS aplicada pessoalmente a si para tomar uma decisão
tão importante (At 23.11; ver At 21.4). No tocante ao nosso ministério futuro,
devemos esperar numa palavra pessoal de DEUS, e não meramente depender da
palavra dos outros. Os irmãos agiram sentimentalmente, enquanto Paulo agiu
espiritualmente.
Na casa de
Filipe, o evangelista, em Cesareia, estavam agora três ministros de CRISTO -
três ministérios da igreja reunidos. Apóstolo (Paulo), Profeta(Ágabo) e
Evangelista (Filipe). E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para
profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,
Efésios 4:11.
Resumo da Lição
12, A Coragem do Apóstolo
I – A
CONSCIÊNCIA DE PAULO QUANTO A PADECER POR JESUS
1. A
insistência de Paulo em ir a Jerusalém.
2. De Mileto
para Tiro.
3. Passando por
Cesareia.
II – A CORAGEM
PARA ENFRENTAR AS AMEAÇAS DE MORTE
1. A coragem do
apóstolo pela voz do ESPÍRITO.
2. A chegada em
Jerusalém.
3. Paulo se
depara com seus oponentes judeus.
III – ACUSAÇÕES
E A PRISÃO DE PAULO NO TEMPLO
1. As acusações
mentirosas contra Paulo.
2. A prisão do
apóstolo e o enfrentamento contra seus algozes.
3. Paulo
dialoga com Lísias (At 21.37-40).
Resumo geral da
Lição
INTRODUÇÃO
Muitas vezes
nosso chamado requer de nós até mesmo a morte, por isso precisamos de coragem
para enfrentar tudo o que viver a nos confrontar, mesmo que seja um confronto
do bem, ou seja, de parentes e amigos.
I – A
CONSCIÊNCIA DE PAULO QUANTO A PADECER POR JESUS
JESUS já havia
revelado a Ananias que Paulo haveria de padecer pelo seu nome.
Através das
várias revelações de DEUS a seus profetas da Igreja, Paulo discerniu que era a
vontade de DEUS que ele enfrentasse prisões e açoites pelo nome de JESUS, em
Jerusalém.
O apóstolo
decidiu, em seu coração, que deveria ouvir a voz do ESPÍRITO SANTO e partir
para seu destino de um gloriosos fim de ministério. Nem mesmo os filhos da fé
que ele fizera para CRISTO e seus mais íntimos amigos o poderiam deter.
Os discípulos
em Tiro aconselharam Paulo a não ir a Jerusalém, pois enfrentaria muitas
ameaças, mas Paulo estava decidido a dar até mesmo sua vida para que JESUS
fosse conhecido e reconhecido como filho de DEUS.
Passando por
Cesareia Paulo encontrou Filipe, um dos diáconos eleitos em Jerusalém, que se
tornara um evangelista inflamado pelo ESPÍRITO SANTO.
Filipe era
homem espiritual, cheio do ESPÍRITO SANTO e muito usado em dons do Mesmo e suas
quatro filhas donzelas eram usadas em dom de profecia (At 21.8,9).
Paulo passou
oito dias em Cesareia desfrutando da companhia de irmãos como Filipe e quem
sabe, até de Cornélio e sua família que haviam se convertido quando Pedro os
visitou. Cesareia seria a morada de Paulo por pouco mais de dois anos mais
tarde, quando de sua prisão e testemunho diante de governadores e rei.
II – A CORAGEM
PARA ENFRENTAR AS AMEAÇAS DE MORTE
Depois de
insistirem para Paulo não ir a Jerusalém e diante de sua recusa em ouvi-los, os
irmãos lhe disseram: “Faça-se a vontade do Senhor” (At 21.14).
A recepção de
Paulo em Jerusalém foi feita de muito boa vontade pelos irmãos da igreja (At
21.17).
Acontecia ali a
festa tradicional de Pentecostes que comemorava as colheitas e a promulgação da
lei.
Paulo
encontrou-se com os anciãos e Tiago, o irmão do Senhor, um dos principais
líderes da igreja em Jerusalém (At 21.18; Gl 2.9), agora apóstolo da igreja do
segundo colegiado (Gl 1.19), assim como Paulo e Barnabé (At 14.14).
Quando os
líderes ouviram do apóstolo o que DEUS estava fazendo na vida dos gentios e os
milagres em seu ministério (At 21.19) glorificaram a DEUS pelas maravilhas que
Ele havia feito por intermédio do seu servo (At 21.20).
Os judaizantes
queriam um cristianismo judaizante, com costumes e ritos, tais como a
circuncisão, a guarda do sábado, entre outros. Porém nem a liderança da igreja
em Jerusalém e nem Paulo concordavam com isto.
III – ACUSAÇÕES
E A PRISÃO DE PAULO NO TEMPLO
As principais
acusações dos judaizantes contra o apóstolo Paulo eram de que ensinava que os
judeus entre os gentios deviam se apartar da lei de Moisés; ensinava que eles
não deveriam circuncidar os filhos; e ensinava que não deviam andar segundo a
lei de Moisés (At 21.21).
Tiago e os
anciãos da igreja, procurando promover a paz na Igreja formada por judeus e
gentios apresentaram sugestões para o apóstolo Paulo: dentre elas: Levar quatro
homens que fizeram voto de nazireu; pagar as despesas deles; raspar a própria
cabeça como demonstração de que praticava a lei (At 21.23,24).
A maioria dos
judeus da Ásia, que veio para a Festa de Pentecoste ao ver Paulo no Templo
começou a alvoroçar todo o povo, lançando mão ao apóstolo, acusando-o de
inimigo de Moisés e profanador do Templo (At 21.27,28).
Os judeus que
ouviram esses incitadores agarraram o apóstolo e o arrastaram para fora do
Templo, fechando suas portas (At 21.30). Essa gente começou a pedir o
linchamento (ou apedrejamento) de Paulo e essa notícia chegou ao comandante
chamado Claudio Lísias.
O comandante
Claudio Lísias investigou o problema, prendeu e algemou o apóstolo, levando-o
ao quartel–general que ficava na Torre Antônia, onde eram colocados seus presos
(At 21.33).
Paulo se
declarou cidadão romano ao comandante Claudio Lísias.
O apóstolo
padecia pelo nome de JESUS porque desejava proclamar o Evangelho para as
pessoas que o odiassem.
CONCLUSÃO
A visão que
Paulo tinha da missão evangelizadora o fazia enfrentar toda e qualquer oposição
e sofrimento.
Atos 21:7 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com
algumas modificações do Pr. Henrique)
A chegada deles
a Ptolemaida, que não era distante de Tiro (v. 7): E nós (...) viemos a
Ptolemaida, que alguns pensam que é o mesmo local de Aco, que nós encontramos
na tribo de Aser (Jz 1.31). Paulo rogou que o deixassem desembarcar ali, para
saudar os irmãos, para saber da situação deles, e testemunhar sua boa vontade
para com eles; embora não pudesse ficar muito tempo, mesmo assim ele não
passaria por ali sem fazer uma visita de cortesia, e ficou com eles um dia,
talvez fosse o dia do Senhor; melhor uma breve estadia do que nenhuma
visita.
A Visita de
Paulo a Jerusalém. A Conformidade de Paulo com a Lei Judaica - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com
algumas modificações do Pr. Henrique)
Atos
21:15-26
Nesses
versículos, nós temos:
I
A viagem de
Paulo a Jerusalém desde Cesaréia, e a comitiva que foi junto com ele.
1. Eles levaram
suas carruagens, suas bolsas e bagagens, e como parece, semelhantes a viajantes
pobres ou soldados, eram seus próprios carregadores; eles tinham poucas mudas
de roupa. Omnia mea mecum porto – Tudo que tenho levo comigo. Alguns pensam que
eles tinham consigo o dinheiro que foi coletado nas igrejas da Macedônia e
Acaia para os santos pobres em Jerusalém. Se eles tivessem persuadido Paulo a
ir a algum outro lugar, eles teriam ido alegremente junto com ele; mas se, não
obstante sua dissuasão, ele vai para Jerusalém, eles não dizem: “Então que ele
vá sozinho!”; mas, como Tomé em um caso semelhante, quando CRISTO poderia
correr perigo em Jerusalém: Vamos nós também, para morrermos com ele (Jo
11.16). A sua intenção de acompanhar Paulo era semelhante à de Itai de
acompanhar Davi (2 Sm 15.21): que no lugar em que estiver o rei, meu senhor,
seja para morte seja para vida, aí certamente estará também o teu servidor.
Assim a coragem de Paulo os incentivou.
2. Alguns dos
discípulos de Cesaréia foram com eles. Se eles já haviam planejado ir de
qualquer forma, e aproveitaram esta oportunidade de ir com essa boa comitiva,
ou se eles foram com o propósito de ver se poderiam prestar a Paulo qualquer
serviço e se possível evitar a sua dificuldade, ou pelo menos apoiá-lo na
ocasião, não fica claro. Quanto menos tempo é provável que Paulo desfrute de
sua liberdade tanto mais eles se esforçam em aproveitar toda oportunidade de
conversação com ele. Eliseu manteve-se perto de Elias quando soube que o tempo
se aproximava, e que Elias deveria ser levado. 3. Eles trouxeram consigo um
velho e honesto cavalheiro que tinha uma casa própria em Jerusalém na qual ele
alegremente acolheria Paulo e sua comitiva: Mnasom, natural de Chipre (v. 16),
com quem havíamos de hospedar-nos. Havia tamanha multidão de pessoas para a
festa que era difícil conseguir alojamentos; as hospedarias seriam tomadas por
aqueles de classe mais alta, e era visto como uma coisa escandalosa para os que
tinham casas particulares alugar seus quartos vazios nessas ocasiões, mas eles
deviam acomodar de bom grado os estrangeiros. Cada um então escolhia seus
amigos para serem seus convidados, e Mnasom levou Paulo e sua comitiva para
serem seus hóspedes; ainda que ele tenha ouvido dos problemas que Paulo
provavelmente enfrentará, e dos problemas que poderão ter os que o acolherem
também, ele o receberá, não importa o resultado. Este Mnasom é chamado um
discípulo antigo – um discípulo desde o princípio; alguns pensam ser um dos
setenta discípulos de CRISTO, ou um dos primeiros convertidos depois do
derramar do ESPÍRITO, ou um dos primeiros que foram convertidos através da
pregação do evangelho em Chipre (Atos 13.4). De qualquer modo, parece que ele
era cristão havia muito tempo, e estava agora em idade avançada. Note: É uma
coisa honrosa ser um discípulo antigo de JESUS CRISTO, ter sido capacitado pela
graça de DEUS a continuar por muito tempo no curso do dever, firme na fé, e se
tornando cada vez mais prudente e experimentado até uma boa velhice. E com
esses discípulos antigos é que se deve hospedar; pois a multidão dos seus anos
ensina sabedoria.
II
O acolhimento
de Paulo em Jerusalém.
1. Muitos dos
irmãos ali o receberam de muito boa vontade (v. 17). Assim que eles tiveram
notícia de que ele tinha vindo à cidade, foram para o seu alojamento na casa de
Mnasom, e o cumprimentaram por sua chegada segura, e disseram que estavam
felizes em vê-lo, e convidaram-no a ir a suas casas, considerando uma honra
serem conhecidos de tão eminente servo de CRISTO. Streso observa que a palavra
aqui usada com relação ao acolhimento que eles deram aos apóstolos, menos
apodechein, é usada com relação ao acolhimento da doutrina dos apóstolos (Atos
2.41). Eles de bom grado receberam a sua palavra. Nós pensamos que se
tivéssemos Paulo entre nós, nós deveríamos recebê-lo alegremente; mas é uma
questão saber se nós o faríamos ou não, tendo sua doutrina, se nós não
recebemos a esta alegremente.
2. Eles fizeram
uma visita a Tiago e aos anciãos da igreja, em uma reunião da igreja (v. 18):
“No dia seguinte, Paulo entrou conosco em casa de Tiago (irmão de JESUS), nos
levou com ele, pois éramos seus companheiros, para nos apresentar e nos tornar
conhecidos da igreja em Jerusalém”. Tiago estava agora no cargo de líder da
Igreja como apóstolo da igreja do segundo colegiado como Paulo e Barnabé eram
fora de Jerusalém, e todos os anciãos ou presbíteros que eram os pastores
ordinários da igreja, tanto para pregar como para governar, estavam presentes.
Paulo saudou a todos, mostrou sua consideração por eles, perguntou sobre seu
bem-estar e lhes deu a mão direita da comunhão. E havendo-os saudado, isto é,
desejou-lhes toda a saúde e felicidade, e orou a DEUS para abençoá-los. O
próprio significado de saudação é “querer a salvação para você”: salve, ou
salus tibi sit; como “a paz esteja contigo”. E essas saudações mútuas, ou votos
de felicidade, são muito adequadas aos cristãos, como símbolo do amor de uns para
com os outros e união diante de DEUS.
III
O relato que
eles tiveram dele sobre o seu ministério entre os gentios, e a satisfação deles
nisso.
1. Ele lhes fez
um relato do sucesso do evangelho nos países onde ele tinha atuado, sabendo que
seria muito aceitável a eles ouvir falar do crescimento do reino de CRISTO: Ele
contou-lhes minuciosamente o que por seu ministério DEUS fizera entre os gentios,
sinais, prodígios e maravilhas (v. 19). Observe como ele fala modestamente, não
que coisas ele tinha feito (ele era apenas o instrumento), mas o que DEUS tinha
feito pelo seu ministério. Não eu, mas a graça de DEUS que estava comigo. Ele
plantou e regou, mas DEUS deu o crescimento. Ele declarou isso de maneira
enfática, para que a graça de DEUS pudesse aparecer o mais distinta possível
nas circunstâncias do seu sucesso. Assim Davi conta a outros o que DEUS fez por
sua alma (Sl 66.16), como Paulo conta o que DEUS fez por sua mão, e ambos para
que seus amigos possam ajudá-los a serem gratos.
2. Então eles
aproveitaram a ocasião para louvar a DEUS (v. 20): E ouvindo-o eles,
glorificaram ao Senhor. Paulo atribuiu tudo a DEUS, e a DEUS eles louvaram.
Eles não irromperam em grandes encômios a Paulo, mas deixaram que seu Mestre
lhe dissesse: Muito bem! Servo bom e fiel; mas eles deram glória à graça de
DEUS que foi estendida aos gentios. Note: A conversão de pecadores deve ser
motivo de nossa alegria e louvor como é dos anjos. DEUS honrou a Paulo mais do
que a qualquer um deles, fazendo sua utilidade mais extensa, contudo eles não o
invejaram, nem ficaram ciumentos de sua crescente reputação, mas, pelo
contrário, glorificaram ao Senhor. E eles não poderiam fazer mais para
encorajar Paulo a continuar alegremente em seu trabalho do que glorificar a DEUS
por seu sucesso; pois, se DEUS é louvado, Paulo está contente.
IV
O pedido de
Tiago e dos anciãos da igreja em Jerusalém a Paulo, ou antes o seu conselho,
para que ele satisfizesse os convertidos judeus mostrando alguma
condescendência para com a lei cerimonial, e aparecesse publicamente no templo
para oferecer sacrifício, o que não era em si uma coisa pecaminosa; pois a lei
cerimonial, embora não devesse de forma alguma ser imposta aos pagãos
convertidos (como os falsos mestres queriam, e por isso se esforçaram em
subverter o evangelho), ainda não havia se tornado ilegítima para aqueles que
tinham sido criados na sua observância, mas estavam longe de esperar
justificação por ela. Estava morta, mas não enterrada; morta, mas ainda não era
mortífera. E, não sendo pecaminosa, eles pensaram que seria prudente da parte
de Paulo conformar-se até esse ponto. Observe o conselho que eles dão sobre
isso a Paulo, não como tendo autoridade sobre ele, mas como afeto para com ele.
1. Eles queriam
que ele tivesse conhecimento do grande número de judeus convertidos: Vês,
irmão, quantos milhares de judeus há que crêem. Eles o chamaram de irmão,
porque o consideravam um colaborador na obra do evangelho. Embora eles fossem
da circuncisão, e ele o apóstolo dos gentios, embora eles fossem conformistas,
e ele um não-conformista, contudo, eles eram irmãos, e reconheciam essa
ligação. Tu tens estado em algumas de nossas assembleias, e viste quão
numerosos eles são: quantos milhares de judeus há que crêem. A palavra na
verdade significa mais do que milhares, dez milhares. Até mesmo entre os
judeus, que eram os maiores adversários do evangelho, havia grandes multidões
que o receberam; pois a graça de DEUS pode desfazer os laços mais fortes de Satanás.
O número dos nomes era no princípio apenas cento e vinte, contudo, agora muitos
milhares. Portanto, que ninguém menospreze o dia das coisas pequenas; pois,
embora o começo seja pequeno, DEUS pode fazer o fim aumentar grandemente. Por
isso parecia que DEUS não havia abandonado totalmente o seu povo, os judeus,
pois entre eles havia um remanescente, uma eleição, que ainda vigorava (veja Rm
11.1,5,7): muitos milhares que crêem. E este relato que eles puderam dar a
Paulo do sucesso do evangelho entre os judeus era, sem dúvida, tão agradável a
Paulo como o relato que ele lhes fez da conversão dos gentios era para eles;
pois o desejo de seu coração e oração a DEUS pelos judeus era que eles pudessem
ser salvos.
2. Eles o
informaram de uma fraqueza que prevalecia entre esses judeus crentes da qual
eles ainda não tinham sido curados: Eles todos são zelosos da lei. Eles
acreditam em CRISTO como o verdadeiro Messias, eles descansam em sua justiça e
se submetem ao seu governo; mas eles sabem que a lei de Moisés era de DEUS,
eles acharam benefício espiritual em sua observância e em suas instituições, e,
portanto, eles não podem de jeito nenhum pensar em abandoná-la, não, nem ficar
indiferentes a ela. E talvez eles argumentem que o fato de CRISTO ter nascido
sob a lei, e tê-la observado (o que devia significar nossa libertação da lei),
seja uma razão para continuarem debaixo dela. Isso era uma grande fraqueza e
equívoco, ser assim apaixonado pelas sombras quando a substância tinha
aparecido, manter o pescoço debaixo de um jugo de escravidão quando CRISTO
tinha vindo fazê-los livres. Mas veja: (1) O poder da educação e do uso
continuado, e especialmente de uma lei cerimonial. (2) A permissão caridosa que
deve ser feita em atenção a isso. Esses judeus convertidos não foram, portanto,
renegados e rejeitados como não-cristãos porque eles eram apegados à lei, na
verdade, eram zelosos por ela, enquanto isso se limitava a sua prática pessoal,
e eles não a impunham a outros. O fato de serem zelosos pela lei capacitava a
lei a uma boa construção, que a caridade poria sobre ela; e daria uma boa
desculpa, considerando as coisas a que eles foram expostos, e as pessoas entre
quem eles viviam.
3. Eles lhe
deram a entender que esses judeus, que eram tão zelosos da lei, tinham sido
indispostos contra ele (v. 21). O próprio Paulo, embora tão fiel como nenhum
outro servo que CRISTO jamais teve, ainda não conseguia ser bem falado por
todos que pertenciam à família de CRISTO: “Já acerca de ti foram informados (e
formaram uma opinião a seu respeito de acordo com isso) que tu não só não
ensinas os gentios a observar a lei, como gostariam que fizesse (nós os
convencemos a abandonar isso), mas ensinas todos os judeus que estão entre os
gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos
nem andar segundo o costume de nossa nação, que eram de ordenança divina, até
onde podem ser observados mesmo entre os gentios, longe do templo, nem observar
os jejuns e festividades da congregação, nem usar seus filactérios, nem se
abster de carne impura.” Ora:
(1) Era verdade
que Paulo pregava a anulação da lei de Moisés, ele ensinava que era impossível
ser justificado por ela, e que, portanto, nós não estamos mais obrigados à sua
observância. Mas:
(2) Era falso
que ele lhes ensinava a abandonar Moisés; porque a religião que ele pregava não
tendia a destruir a lei, mas cumpri-la. Ele proclamava a CRISTO (o fim da lei
para a justiça), e arrependimento e fé, no exercício dos quais nós devemos
fazer grande uso da lei. Os judeus entre os gentios a quem Paulo ensinou
estavam tão distantes de abandonar Moisés que eles nunca o entenderam tão bem,
nem mesmo o abraçaram tão sinceramente como agora quando eles foram ensinados a
fazer uso dele como um aio, para os conduzir a CRISTO. Mas até mesmo os judeus
convertidos, tendo recebido essa noção de Paulo de que ele era um inimigo de
Moisés, e talvez dando valor exagerado aos judeus descrentes também, ficaram
muito exasperados contra ele. Seus ministros, os anciãos aqui presentes, o
amaram e honraram, e aprovaram o que ele fez, e o chamaram de irmão, contudo, o
povo dificilmente poderia ser induzido a ter um pensamento favorável sobre ele;
pois é certo que os menos judiciosos são os maiores censuradores, os cabeças-ocas
são os cabeças-quentes. Eles não puderam identificar a doutrina de Paulo como
deveriam ter feito, e então condenaram-na como um todo, por ignorância.
4. Portanto,
eles desejavam de Paulo que, agora que ele tinha vindo a Jerusalém, pudesse por
algum ato público fazer parecer que a acusação contra ele era falsa, e que ele
não ensinava o povo a abandonar Moisés e a romper com os costumes da igreja
judaica, porque ele mesmo mantinha a prática deles.
(1) Eles
concluem que algo desse tipo deve ser feito: “Que faremos pois? O que deve ser
feito? Porque terão ouvido que já és vindo”. Essa é uma inconveniência que
atinge pessoas famosas, que suas idas e vindas são conhecidas mais que de
outras pessoas, e são comentadas, por alguns com boa vontade e por outros com
má vontade. “Quando eles ouvirem que tu vieste, é necessário que a multidão se
ajunte, eles esperarão que nós os chamemos, para tomar conselho com eles se nós
devemos admitir-te para pregar entre nós como um irmão ou não; ou, eles se
reunirão por si mesmos esperando ouvir a ti.” Sendo assim, algo deve ser feito
para os convencer de que Paulo não ensina o povo a abandonar Moisés, e eles
pensam que isso é necessário: [1] Por causa de Paulo, para que sua reputação
seja limpa, e para que um homem tão bom não fique sob qualquer suspeita, nem um
homem tão útil trabalhe sob qualquer desvantagem que possa obstruir sua
utilidade. [2] Por causa do povo, para que eles não continuem preconceituosos
contra um homem tão bom, nem percam o benefício de seu ministério por causa
desses preconceitos. [3] Por causa de si mesmos, pois desde que sabiam que era
seu dever reconhecer a Paulo, esse ato não devia se tornar motivo de repreensão
entre aqueles que estavam sob sua responsabilidade.
(2) Eles deram
uma boa oportunidade para que Paulo pudesse se esclarecer: “Faze, pois, isso
que te dizemos, segue nosso conselho neste caso. Nós temos quatro varões,
judeus, de nossas próprias igrejas, que crêem, e eles fizeram voto, um voto de
nazireado durante um certo tempo; o tempo deles agora expirou (v. 23), e eles
devem fazer suas ofertas de acordo com a lei, quando eles raspam a cabeça em
sinal de separação, apresentam um cordeiro como oferta queimada, uma ovelha
como oferta pelo pecado, e um carneiro como oferta pacífica, com outras ofertas
pertinentes a eles (Nm 6.13-20)”. Muitos costumavam fazer isso juntos, quando
seus votos expiravam ao mesmo tempo, ou para maior presteza ou para maior
solenidade. Agora que Paulo tinha até aqui agido de acordo com a lei a ponto de
fazer um voto de nazireado e demonstrar a expiração do voto raspando a cabeça
em Cencréia (Atos 18.18), de acordo com o costume daqueles que viviam longe do
templo, eles queriam que ele fosse um pouco mais longe, e se unisse com esses quatro
oferecendo os sacrifícios de um nazireu: “Santifica-te com eles de acordo com a
lei; e dispõe-te não somente a sofrer essa dificuldade, mas a ser responsável
por eles, comprando sacrifícios para essa ocasião solene, e te unindo com eles
no sacrifício.” Isso, eles pensam, fechará efetivamente a boca de calúnia, e
todo mundo ficará convencido de que o relatório era falso, que Paulo não era o
homem que diziam ser, não ensinava os judeus a abandonar Moisés, mas que ele
mesmo, sendo originariamente um judeu, caminhava ordenadamente, e guardava a
lei; e então tudo ficaria bem.
5. Eles
declaram solenemente que isso não será nenhuma infração do decreto há pouco
anunciado a favor dos convertidos pagãos, nem eles pretendem com isso de forma
alguma diminuir a liberdade permitida a eles (v. 25): “Quanto aos que crêem dos
gentios, já nós havemos escrito e achado por bem, e resolvemos cumprir isso,
que nada disso observem; nós não vamos fazer que sejam amarrados pela lei
cerimonial de forma alguma, mas somente que eles se guardem do que se sacrifica
aos ídolos, e do sangue, e do sufocado, e da prostituição; mas que não sejam
amarrados aos sacrifícios e purificações judaicos, nem a nenhum dos seus ritos
e cerimônias.” Eles sabiam quão zeloso era Paulo pela preservação da liberdade
dos gentios convertidos, e por isso expressamente se comprometem com ela. Até
aqui essa é a proposta deles.
V
Aqui está a
condescendência de Paulo com isso. Ele estava disposto a agradá-los nessa
questão. Embora ele não tivesse sido persuadido a não ir a Jerusalém, contudo,
quando ele estava lá, foi persuadido a fazer como faziam ali (v. 26). Então,
Paulo, tomando consigo aqueles varões, como aconselharam, e logo no dia
seguinte [...], já santificado com eles, e não em ajuntamentos, nem com
alvoroços, como ele mesmo alega (Atos 24.18), ele entrou [...] no templo, como
outros judeus devotos que vinham com tais incumbências faziam, para demonstrar
o cumprimento dos dias de purificação aos sacerdotes; desejando que o sacerdote
designasse uma ocasião em que a oferta fosse feita para cada um deles, uma para
cada um. Ainsworth, comentando Números 6.18, cita de Maimônides uma passagem
que lança alguma luz sobre isso: Se um homem diz: Em mim esteja metade das
oblações de um nazireu, ou: Em mim esteja metade da raspagem de um nazireu,
então ele traz metade das ofertas pelas quais ele será nazireu, e aquele
nazireu paga suas ofertas daquela que é sua. Assim Paulo fez aqui; ele
contribuiu com o que ele prometeu com voto para as ofertas desses nazireus, e
alguns pensam que se ligou à lei de nazireado, e ao comparecimento no templo
com jejuns e orações durante sete dias, não pretendendo que a oferta fosse
apresentada até então, que foi o que ele demonstrou ao sacerdote. Agora, muitos
perguntam se Tiago e os anciãos fizeram bem em dar a Paulo esse conselho, e se
ele fez bem em recebê-lo.
1. Alguns
acusaram essa conformidade ocasional de Paulo de ser condescendente demais com
os judeus em sua adesão à lei cerimonial, e um desencorajamento para aqueles
que estavam firmes na liberdade com a qual CRISTO os tinha feito livres. Não
era bastante para Tiago e os anciãos de Jerusalém serem condescendentes com
esse engano nos próprios judeus convertidos, mas deviam ainda persuadir com
lisonjas a Paulo para apoiá-los nisso? Não teria sido melhor, quando eles
tinham falado para Paulo quão zelosos os convertidos judeus eram pela lei, se
eles tivessem desejado que ele, a quem DEUS tinha dotado com tais excelentes
dons, se esforçasse com seu povo para os convencer do seu erro, e mostrar-lhes
que eles estavam livres da lei pelo seu matrimônio com CRISTO? (Rm 7.4).
Insistir com ele para que os encoraje nisso por seu exemplo parece ter em si
mais de sabedoria carnal que da graça de DEUS. Seguramente Paulo sabia o que
ele tinha que fazer melhor do que eles poderiam ensiná-lo. Mas:
2. Outros
pensam que o conselho foi prudente e bom, e que o ato de Paulo de segui-lo foi
bastante justificável, dada a situação. Esse era o princípio declarado de
Paulo: E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus (1 Co 9.20).
Ele tinha circuncidado a Timóteo, para agradar os judeus; embora ele não
observasse constantemente a lei cerimonial, contudo, para ter uma oportunidade
de fazer o bem, e mostrar até que ponto ele poderia condescender, ele iria
ocasionalmente ao templo e participaria ali dos sacrifícios. Aqueles que são
fracos na fé devem ser tolerados, ao passo que aqueles que arruínam a fé devem
ser confrontados. É verdade que essa condescendência de Paulo acelerou o mal
contra ele, porque essa mesma coisa com a qual ele esperava pacificar os judeus
apenas os provocou, e lhe trouxe problemas; contudo, isso não é uma base
suficiente para condená-lo: Paulo pode fazer o bem, e ainda sofrer por isso.
Mas talvez o DEUS sábio tenha governado tanto o conselho deles quanto a
complacência de Paulo para servir a um propósito melhor do que o que era
pretendido; porque nós temos razão de pensar que quando os judeus crentes, que
tinham se empenhado em seu zelo pela lei para se recomendar à boa opinião
daqueles que não acreditavam, viram quão barbaramente eles usaram Paulo (que se
esforçou para agradá-los), eles ficaram por isso mais alienados da lei
cerimonial do que eles poderiam ter estado pelos discursos mais argumentativos
ou apaixonados. Eles viram que era inútil pensar em agradar a homens que não seriam
agradados com nada menos que a extirpação do cristianismo. É provável que a
integridade e retidão nos preservem mais do que a condescendência servil. E
quando nós consideramos que grande problema deve necessariamente ter sido para
Tiago e os presbíteros, ao refletirem sobre isso, descobrir que por seu
conselho colocaram Paulo em dificuldade, isso deve ser uma advertência para nós
não pressionarmos os homens a nos agradar fazendo qualquer coisa contrária à
sua própria vontade.
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 13, A
Gloriosa Esperança do Apóstolo
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos - Tema: O Apóstolo Paulo - Lições
da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO - Comentário:
Pr. Elienai Cabral
Vídeo - https://youtu.be/Ob6EL76x2qE
Slides https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-13-a-gloriosa-esperana-do-apstolo-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - 2 Timóteo 4.6-8; 1 Tessalonicenses 5.1-11
2 Timóteo 4. 6
- Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da
minha partida está próximo. 7 - Combati o bom combate, acabei a carreira,
guardei a fé. 8 - Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o
Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a
todos os que amarem a sua vinda.
1
Tessalonicenses 5. 1 - Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não
necessitais de que se vos escreva; 2 - porque vós mesmos sabeis muito bem que o
Dia do Senhor virá como ladrão de noite. 3 - Pois que, quando disserem: Há paz
e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto
àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão. 4 - Mas vós, irmãos, já
não estais em trevas, para que aquele Dia vos surpreenda como um ladrão; 5 -
porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem
das trevas. 6 - Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos
sóbrios. 7 - Porque os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam,
embebedam-se de noite. 8 - Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios,
vestindo-nos da couraça da fé e do amor e tendo por capacete a esperança da
salvação. 9 - Porque DEUS não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da
salvação, por nosso Senhor JESUS CRISTO, 10 - que morreu por nós, para que,
quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele. 11 - Pelo que
exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis.
COMENTÁRIOS BEP
- CPAD
2 Timóteo 4.
4.7 COMBATI O
BOM COMBATE. Ao passar em revista a sua vida dedicada a DEUS, Paulo reconhece
agora que a sua morte é iminente (v. 6), e descreve sua vida cristã nos
seguintes termos. (1) Considera a vida cristã como um "bom combate";
ela é a única luta que vale a pena. Lutou contra Satanás (Ef 6.12); contra os
erros religiosos dos judeus e dos pagãos (3.1-5; Rm 1.21-32; Gl 5.19-21);
contra o judaísmo (At 14.19; 20.19; Gl 5.1-6); contra o antinomismo e a
imoralidade na igreja (2Tm 3.5; 4.3; Rm 6; 1 Co 5.1; 6.9,10; 2 Co 12.20,21);
contra os falsos mestres (vv.3-5; At 20.28-31; Rm 16.17,18); contra a
deturpação do evangelho (Gl 1.6-12); contra o mundanismo (Rm 12.2); e contra o
pecado (Rm 6; 8.13; 1 Co 9.24-27). (2) Completou a sua carreira em meio a
provações, dificuldades e tentações, e permaneceu fiel ao seu Senhor e Salvador
durante toda a sua vida (cf. 2.12; Hb 12.1,2; 10.23; 11). (3) Conservou
lealmente a fé, em tempos de severas provações, de grande desalento e de muitas
aflições, não somente quando era abandonado pelos amigos, mas também quando
teve de enfrentar a oposição dos falsos mestres. Nunca cedeu terreno no tocante
à verdade original do evangelho (2Tm 1.13,14; 2.2; 3.14-16; 1 Tm 6.12).
4.8 A COROA DA
JUSTIÇA. Por ter Paulo permanecido fiel ao seu Senhor e ao evangelho que lhe
foi confiado, o ESPÍRITO lhe testificou que a aprovação amorosa de DEUS e a
"coroa da justiça" o aguardavam no céu. DEUS tem reservado no céu
galardões para todos que conservam a fé com justiça (cf. Mt 19.27-29; 2 Co
5.10). A recompensa será no Tribunal de CRISTO (Rm 14:10; 2 Co 5:10).
4.8 OS QUE
AMAREM A SUA VINDA. Os cristãos do NT anelavam grandemente a volta do Senhor
para levá-los daqui, para ficarem com Ele para sempre (ver 1 Ts 4.13-18; cf. Fp
3.20,21; Tt 2.13). Uma marca distintiva dos fiéis de DEUS é que eles se sentem
fora do seu lugar, neste mundo, e já daqui eles aguardam o seu lar celestial
(cf. Hb 11.13-16).
1
Tessalonicenses 5.
5.1 DOS TEMPOS
E DAS ESTAÇÕES. Tendo falado a respeito da volta de CRISTO a fim de arrebatar
os seus seguidores (v.v. 13-18), Paulo agora passa ao assunto do derradeiro
juízo divino contra os que rejeitaram a salvação em CRISTO, nesse tempo
terrível chamado "o Dia do Senhor" (5. 2). O arrebatamento dos
crentes (v. 17) deve ser simultâneo com o início do "Dia do Senhor",
para que a volta de CRISTO seja iminente e inesperada, como Ele ensinou (ver Mt
24.42,44).
5.2 O DIA DO
SENHOR. O "Dia do Senhor" refere-se, normalmente, não a um dia de 24
horas, mas a um extenso período de tempo durante o qual os inimigos de DEUS são
derrotados (Is 2.12-21; 13.9-16; 34.1-4; Jr 46.10; Jl 1.15-2.11,28; 3.9,12-17;
Am 5.18-20; Zc 14.1-3), vindo a seguir o reino terrestre de CRISTO (Sf 3.14-17;
Ap 20.4-7).
(1) Esse
"Dia" começa quando o juízo e tribulação divinos e diretos, caírem
sobre o mundo, no fim desta era (v. 3). O período da grande tribulação está
incluso no "Dia do Senhor" (Ap 6.19; ver 6.1). Essa ira de DEUS
culmina com a vinda de CRISTO para destruir todos os ímpios (Jl 3.14; ver Ap
16.16; Ap 19.11-2.1).
(2) Segundo
parece, o Dia do Senhor começa num momento em que as pessoas estão confiantes
na paz e na segurança (v. 3).
(3) O
"Dia" não surpreenderá os crentes como um ladrão de noite, porque
eles foram destinados à salvação, e não à ira, e estão alertas, espiritualmente
vigilantes e vivendo na fé, no amor e na justiça (vv. 4-9).
(4) Os crentes
serão livres da "ira futura" (1Ts 1.10) pelo Senhor JESUS CRISTO (v.
9), quando Ele vier nas nuvens para arrebatar sua igreja e levá-la ao céu (cf.
4.17; ver Jo 14.3; Ap 3.10).
(5) O Dia do
Senhor terminará depois do reino milenar de CRISTO (Ap 20.4-10), na ocasião da
criação do novo céu e da nova terra (cf. 2 Pe 3.13; Ap 21.1).
5.2 COMO O
LADRÃO DE NOITE. A metáfora sobre o ladrão de noite significa que o tempo do
início do Dia do Senhor é incerto e imprevisto. Não há maneira de prever a sua
data (ver Mt 24.42-44).
5.3 PAZ E
SEGURANÇA. São os incrédulos que estarão dizendo: "Há paz e
segurança". Isso talvez signifique que o mundo estará numa expectativa e
esperança de paz. O "Dia do Senhor", trazendo tribulação mundial,
lhes sobrevirá repentinamente, destruindo qualquer esperança de paz e
segurança.
5.4 VÓS,
IRMÃOS, JÁ NÃO ESTAIS EM TREVAS. Os crentes não vivem em pecado e rebelião
contra DEUS. Pertencem ao dia, e não experimentarão a noite da ira determinada
por DEUS (vv. 8,9)
5.6 VIGIEMOS.
"Vigiar" (gr. gregoreo) significa "manter-se acordado e
alerta". O contexto (vv. 4-9) indica que Paulo não está exortando seus
leitores a ficarem à espera do "Dia do Senhor" (v. 2), mas a estarem
espiritualmente preparados para escapar da ira do Dia do Senhor (cf. 2.11,12;
Lc 21.34-36).
(1) Se
quisermos escapar da ira de DEUS (v. 3), devemos permanecer espiritualmente
acordados e moralmente alertas, e devemos continuar na fé, no amor e na
esperança da salvação (vv. 8,9; ver Lc 21.36; Ef 6.11).
(2) Visto que
os fiéis serão protegidos da ira de DEUS, por meio do arrebatamento (ver v. 2),
não devem temer o "Dia do Senhor", mas "esperar dos céus a seu
Filho... JESUS, que nos livra da ira futura" (1.10)
5.6 SEJAMOS
SÓBRIOS. A palavra "sóbrio" (gr. nepho) tinha dois significados nos
tempos do NT.
(1) O
significado primário e literal, conforme explicam vários léxicos do grego, é
"um estado de abstinência de vinho", "não beber vinho", "abster-se de vinho",
"estar totalmente livre dos efeitos do vinho" ou "estar sóbrio,
abstinente de vinho". A palavra tem um segundo sentido, metafórico, de
alerta, vigilância ou domínio próprio, i.e., estar espiritualmente alerta e
controlado, exatamente como alguém que não toma bebida alcoólica.
(2) O contexto
deste versículo deixa ver que Paulo tinha em mente o significado literal. As palavras "vigiemos e sejamos sóbrios" são
contrastadas com as palavras do versículo seguinte: "os que se embebedam
embebedam-se de noite" (v. 7). Sendo assim, o contraste que Paulo fez
entre nepho e a embriaguez física indica que ele tinha em mente o sentido
literal: "abstinência do vinho". Compare com a declaração de JESUS a
respeito dos que comem e bebem com os ébrios, e assim são apanhados
desprevenidos na sua volta (Mt 24.48-51). O que não deixa de alertar para a
sobriedade espiritual (sem envolvimento com seitas e heresias).
5.9 DEUS NÃO
NOS DESTINOU PARA A IRA. Uma razão por que a esperança da volta de CRISTO é tão
grande consolo para os crentes (1Ts 4.17,18) é que Ele nos livra da terrível
ira de DEUS, i.e., os juízos do Dia do Senhor (vv. 2,3; cf. Ap 6.16,17; 11.18;
14.10,19; 15.1,7; 16.1,19; 19.15).
5.10 VIVAMOS
JUNTAMENTE COM ELE. Paulo identifica nosso livramento do dia da ira de DEUS,
bem como nossa esperança da salvação, com a morte sacrificial de CRISTO e seu
retorno para nos levar à vida eterna juntamente com Ele.
Resumo da Lição
13, A Gloriosa Esperança do Apóstolo
I – A
CONSCIÊNCIA DE PAULO DIANTE DA MORTE
1. Uma morte
como oferta de sacrifício (2 Tm 4.6).
2. “Combati o
bom combate” (2 Tm 4.7).
3. Gratidão e
esperança (2 Tm 4.7,8).
II – A DOUTRINA
BÍBLICA DE PAULO SOBRE A VOLTA DO SENHOR
1. A volta do
Senhor em 1 Tessalonicenses.
2. As duas
fases dessa vinda.
3. Sobre a
Grande Tribulação.
III – DOS
TEMPOS E DAS ESTAÇÕES ATÉ A VOLTA DO SENHOR
1. Uma atenção
à expressão “dos tempos e das estações”.
2. Uma dimensão
do ESPÍRITO; uma dimensão do porvir.
3. ESPÍRITO e
Porvir: temas da nossa pregação.
TRIBUNAL DE CRISTO
(Na Nova Jerusalém, após o arrebatamento)
E, se alguém
sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas,
madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a
declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra
de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá
galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será
salvo, todavia como pelo fogo. 1 Coríntios 3:12-15
Mas tu, por que
julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos
havemos de comparecer ante o tribunal de CRISTO. Porque está escrito: Pela
minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua
confessará a DEUS. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a DEUS.
Romanos 14:10-12.
Porque todos
devemos comparecer ante o tribunal de CRISTO, para que cada um receba segundo o
que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal. 2 Coríntios 5:10
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
LIÇÃO NA
ÍNTEGRA -
Escrita Lição
12, Central Gospel, Paulo, um Líder Eficaz, 2Tr23, Pr Henrique, EBD
NA TV
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- UMA BREVE
BIOGRAFIA DE PAULO, O
APÓSTOLO
1-1- Saulo,
perseguidor da Igreja
1-2- Saulo,
pregador do evangelho
1-3- Paulo,
missionário às nações
1-4- Paulo,
arquiteto da Igreja
2-
CARACTERÍSTICAS DA LIDERANÇA PAULINA
2-1- Paulo é
julgado e mandado para Roma
2-1-1- Paulo é
apresentado ao governador Festo e ao rei Agripa.
2-1-2- Paulo
enfrenta os primeiros percalços
2-2- O grande
líder vislumbra o futuro
2-3- O grande
líder é encorajador
2-4- O grande
líder preocupa-se com as necessidades alheias
TEXTO BÍBLICO
BÁSICO - Atos 27.1,4,7,9-11,21,22
1 - Como se
determinou que havíamos de navegar para a Itália, entregaram Paulo e alguns
outros presos a um centurião por nome Júlio, da Coorte Augusta.
4 - E, partindo
dali, fomos navegando abaixo de Chipre, porque os ventos eram contrários.
7 - E, como por
muitos dias navegássemos vagarosamente, havendo chegado apenas defronte de
Cnido, não nos permitindo o vento ir mais adiante, navegamos abaixo de Creta,
junto de Salmona.
9 - Passado
muito tempo, e sendo já perigosa a navegação, pois também o jejum já tinha
passado, Paulo os admoestava,
10 -
dizendo-lhes: Varões, vejo que a navegação há de ser incômoda e com muito dano,
não só para o navio e a carga, mas também para a nossa vida.
11 - Mas o
centurião cria mais no piloto e no mestre do que no que dizia Paulo.
21 - Havendo já
muito que se não comia, então, Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse:
Fora, na verdade, razoável, ó varões, ter-me ouvido a mim e não partir de
Creta, e assim evitariam este incômodo e esta perdição.
22 - Mas,
agora, vos admoesto a que tenhais bom ânimo, porque não se perderá a vida de
nenhum de vós, mas somente o navio.
TEXTO ÁUREO
(...) Para o
que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios. 2 Timóteo 1.11
ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Caro professor,
o apóstolo Paulo é um dos personagens mais emblemáticos e mais explorados de
todo o Novo Testamento. De certa forma, as citações diretas e indiretas feitas
a seu nome só não superam, em número, às feitas ao Senhor JESUS. Portanto,
devido à frequência com que o personagem é abordado em estudos e sermões, é
possível que seus alunos não se sintam, em um primeiro momento, genuinamente
interessados por este estudo. O desafio, nesta oportunidade, não consiste em
apresentar-lhes um novo e desconhecido Paulo, mas destacar as
características de sua liderança. Assim, nesta lição, procure focá-las,
reforçando a ideia de que tais características podem ser aplicadas à vida de
todos, indistintamente: o grande líder vislumbra o futuro; é encorajador; e preocupa-se
com as necessidades alheias. Boa aula!
COMENTÁRIO - Palavra
introdutória
A biografia do
apóstolo Paulo abre um leque imenso de possibilidades de estudos, visto ter
sido ele o nome de maior expressão no cristianismo, depois do nome de JESUS.
Nela, deparamo-nos com um grande repertório, que vai da sua conversão à sua
capacidade de compreensão e de revelação do mistério de CRISTO; da sua
experiência de vida como pregador do evangelho aos seus escritos; da sua
obediência aos líderes da Igreja primitiva à sua liderança expressiva; da sua
autoridade apostólica à sua humildade para servir. O apóstolo Paulo tinha plena
convicção do seu chamado. Ele apresentava-se como apóstolo, mas também como
servo de JESUS CRISTO (Rm 1.1; Fp 1.1). O título de apóstolo não inflava o seu
ego; Paulo era um homem humilde, que não esperava que outros fizessem trabalho
algum, quando ele próprio era capaz de realizá-lo.
1- UMA BREVE
BIOGRAFIA DE PAULO, O APÓSTOLO
Filho de pais
judeus, nascido em Tarso, cidade célebre da Cilícia (At 21.39), Paulo foi
criado em Jerusalém e provavelmente herdou a cidadania romana de seu pai. Ao
nascer, recebeu o nome de Saulo, que significa pequeno. Mais tarde, adotou a
forma grega do mesmo nome, vindo a chamar-se Paulo. Nada se sabe acerca do ano
em que ele nasceu, mas, provavelmente, foi na primeira Década do calendário
cristão, pois quando Estêvão morreu (32 d.C.), Paulo era um jovem (At 7.58).
Sua compleição
física não impressionava pessoa alguma (2 Co 10.10). Uma descrição de sua
aparência no livro apócrifo de Atos de Paulo e Tecla, diz: “E ele viu Paulo que
se aproximava, um homem de baixa estatura, quase calvo, pernas tortas, corpo
volumoso, sobrancelhas unidas, um nariz um tanto adunco, cheio de graça: pois
algumas vezes parecia um homem, e outras vezes tinha fisionomia de um anjo.”. A
família de Paulo pertencia à tribo de Benjamim, era altamente religiosa e fazia
parte da seita dos fariseus (Rm 11.1; Fp 3.5; At 23.6). Sabe-se também que
Paulo fora ensinado aos pés do respeitado rabino Gamaliel (At 22.3; 26.4);
tinha uma irmã que vivia em Jerusalém (At 23.16); e tinha a profissão de
fabricante de tendas (At 18.3), provavelmente herdada do pai.
SUBSÍDIO
1 - Alguns estudiosos acreditam que Paulo também tivesse formação em Estética,
Filosofia, Matemática e Esportes — fato que se evidencia em suas menções sobre
coroa (1 Co 9.24-27), combate (2 Tm 4.7), exercício corporal (1 Tm 4.8) etc.
Sua habilidade com o grego, o hebraico e o latim, revelam, ainda, um grande
repertório cultural.
1-1- Saulo,
perseguidor da Igreja
Paulo gabava-se
da sua origem e do seu conhecimento religioso (Gl 1.14; Fp 3.4-6). Em seu zelo
pela religião judaica, foi um ferrenho perseguidor da Igreja de CRISTO e ele
mesmo reconhece isso (1 Tm 1.13). No dia em que viajava para Damasco, em busca
de cristãos, na intenção de prendê-los, Paulo foi surpreendido por uma luz e
uma voz que dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? (...) Duro é para ti
recalcitrar contra os aguilhões (At 9.4,5). Naquele instante, ele rendeu-se
humildemente ao Salvador, reconhecendo-o como o Messias tão aguardado pelos
judeus (At 9.3-9; 22.6-11; 26.12-18).
1-2- Saulo,
pregador do evangelho
O próprio Paulo
aponta os locais que percorreu em seus primeiros anos de fé: ele passou pela
Arábia, Damasco e Jerusalém — onde esteve por quinze dias em companhia de Pedro
(Gl 1.17,18) —; seguiu para a Síria e a Cilícia (Gl 1.21). Quatorze anos
depois, voltou a Jerusalém com Barnabé, visto que ainda não era muito bem
aceito por aquela igreja (Gl 2.1). Não demorou para que Saulo se tornasse um
pregador do evangelho (At 9.22).
1-3- Paulo,
missionário às nações
A igreja em
Antioquia estava crescendo. Barnabé foi a Tarso em busca de Saulo, para levá-lo
consigo a Antioquia (At 11.25). Dali, obedecendo a uma ordem do ESPÍRITO SANTO,
Saulo e Barnabé, um dos doutores da Igreja, partiram para o campo missionário
(At 13.1).
Foram, ao todo,
três viagens missionárias. Por onde passavam, anunciavam a CRISTO como o
Messias Salvador — tanto a judeus quanto a gentios — e plantavam igrejas. Paulo
reconheceu que DEUS lhe dera a missão de alcançar os gentios, enquanto a Pedro,
a missão de alcançar os judeus (Gl 2.8).
1-4- Paulo,
arquiteto da Igreja
O apóstolo
Paulo autointitula-se sábio arquiteto da Igreja. Observe: Segundo a graça de
DEUS que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro
edifica sobre ele (...) (1 Co 3.10). Além de hábil evangelista e plantador de
igrejas, o apóstolo Paulo deixou um grande legado para o cristianismo: foram
treze cartas doutrinárias, por meio das quais a Igreja de CRISTO norteia-se
para compreender e exercer a sua fé. O ESPÍRITO SANTO, que o inspirou, deixou
registrada, nessas cartas, a porção necessária para o desenvolvimento do
caráter cristão. É verdade que contamos com outras cartas, as quais fornecem ao
Corpo de CRISTO importantes instruções — como a de Hebreus, cujo autor é
desconhecido, e as escritas por Pedro, Tiago, João e Judas. Mas, estas não
Cobrem assuntos de maior profundidade teológica, como os encontrados nos
escritos paulinos.
2-
CARACTERÍSTICAS DA LIDERANÇA PAULINA
Há muitos
eventos bíblicos que sublinham a liderança de Paulo — além dos seus próprios
escritos, principalmente suas cartas pastorais a Timóteo e a Tito —; mas, nesta
lição, será feito o recorte da chegada do grande arauto da fé cristã à capital
do Império Romano.
SUBSÍDIO2 - O
grande sonho de Paulo era de, um dia, chegar a Roma (Rm 1.15), e isso realmente
aconteceu, só que em uma condição um tanto atípica: Paulo foi para a capital do
Império como prisioneiro.
2-1- Paulo é
julgado e mandado para Roma
Os judeus,
incomodados com a pessoa de Paulo, faziam de tudo para interromper sua
trajetória. Um grupo de judeus, vindos da Ásia, vendo Paulo e alguns irmãos
adentrarem ao templo em Jerusalém, lançaram mão dele, acusando-o de pregar
contra a Lei e de profanar o Templo. Em seguida, arrastaram-no para fora dali,
fecharam as portas e tentaram matá-lo (At 21.27-31). Com a chegada do tribuno,
prenderam o apóstolo, e, assim, os soldados protegeram-no de ser morto (At
21.32,33). Sendo-lhe permitido falar, Paulo falou ao seu povo, em sua
autodefesa, em língua hebraica, do alto de uma escada (At 21.37—22.21). Mesmo
preso, os judeus tramaram um plano de entrar com um recurso judicial, sob o
pretexto de ouvi-lo novamente e, então, matá-lo. O sobrinho de Paulo, ao saber
disso, informou-o sobre a trama elaborada contra ele, e a notícia foi levada ao
tribuno, que, imediatamente, montou uma escolta e transferiu Paulo para
Cesareia, onde estava o procônsul Félix (At 23.12—25.12).
2-1-1- Paulo é
apresentado ao governador Festo e ao rei Agripa
O rei Agripa
ofereceu a Paulo a oportunidade de falar em sua defesa. O apóstolo, de maneira
brilhante, fez a sua exposição, ressaltando que a razão de ele estar preso
devia-se a uma contenda religiosa dos judeus contra ele (At 25.13-27). Depois
de ser interrogado pelo governador Festo e pelo rei Agripa, Paulo poderia ficar
livre, mas, como apelou para César, tinha agora de ser mandado para a capital
do Império (At 26.32). Nas mãos de Júlio, centurião da Coorte Augusta, Paulo e
outros presos embarcaram para Roma (At 27.1).
2-1-2- Paulo
enfrenta os primeiros percalços
Os dois últimos
capítulos de Atos dos Apóstolos narram a conturbada viagem de Paulo, de
Cesareia para Roma, onde permaneceu cativo por dois anos, em prisão domiciliar,
uma vez que dispunha desse direito por ser cidadão romano (At 28.30). O
apóstolo e os demais presos embarcaram em um navio adramitino. Quando passaram
pela ilha de Chipre, começaram a enfrentar sérios problemas com os ventos
contrários. Em Mirra, na Lícia, trocaram de embarcação e seguiram viagem em um
navio de Alexandria, porém essa troca não amenizou o problema (At 27).
2-2- O grande
líder vislumbra o futuro
Paulo
recomendou que permanecessem ali por algum tempo, dizendo: A navegação há de
ser incômoda e com muito dano, não só para o navio e a carga, mas também para a
nossa vida (At 27.10). Com Paulo aprendemos que o grande líder não precisa
ocupar uma posição de proeminência para dar o seu parecer sobre uma situação
emergente e potencialmente calamitosa. Paulo não estava no comando do navio;
antes, era um prisioneiro que estava sendo levado para ser julgado em Roma. No
entanto, sua percepção era aguçada; ele enxergava adiante. As condições do
tempo não lhe permitiram ficar calado: o apóstolo pensava na segurança de
todos.
2-3- O grande
líder é encorajador
Como grande
líder, Paulo trouxe a todos uma palavra de encorajamento e de esperança (At
27.22). Ele esperava receber algum crédito, depois de haver anunciado algo que
ocorreu exatamente conforme previra. Além disso, o apóstolo levou a todos uma
palavra de revelação divina, recebida de um anjo, que lhe comunicara acerca dos
próximos acontecimentos (At 27.23). As 276 pessoas daquele navio deviam ser
gratas pela presença de Paulo naquela embarcação. Elas poderiam ter naufragado
ao longo da viagem tempestuosa, mas a presença do apóstolo protegeu a todos.
2-4- O grande
líder preocupa-se com as necessidades alheias
Passados 14
dias desde a última refeição, Paulo recomendou a todos que comessem: Portanto,
exorto-vos a que comais alguma coisa, pois é para a vossa saúde (At 27.33-38).
O apóstolo preocupava-se com a saúde física dos seus companheiros mais
próximos.
Todos teriam
ainda de enfrentar outro desafio: pular ao mar para chegar à ilha de Malta.
Assim, encalharam o navio e saltaram dele. Diz o texto bíblico que a ideia dos
soldados foi que matassem os presos para que nenhum fugisse, escapando a nado.
Mas o centurião, querendo salvar a Paulo, lhes estorvou este intento; e mandou
que os que pudessem nadar se lançassem primeiro ao mar e se salvassem em terra;
e os demais, uns em tábuas e outros em coisas do navio. Deste modo, todos foram
salvos (At 27.39-44).
CONCLUSÃO
Essa história
específica apresenta outros desdobramentos, no último capítulo do livro de Atos
(cap. 28), mas nossa análise se encerrará neste ponto.
Temos de
admitir que a vida do apóstolo Paulo tem muito a nos ensinar. O pouco que vimos
sobre a força da sua liderança, neste episódio, abre os nossos olhos para
entender que um líder levantado por DEUS é apto para contribuir com a sua
experiência de vida, sua sabedoria e tenacidade até mesmo fora do seu ambiente.
A história de Paulo se encerra em Roma, onde ele esteve por dois anos em uma
casa que alugara, pregando o reino de DEUS e ensinando com toda a liberdade as
coisas pertencentes ao Senhor JESUS CRISTO, sem impedimento algum (At 28.31).
Paulo ensina-nos, acima de tudo, que o grande líder combate o bom combate,
acaba a carreira e guarda a sua fé (2 Tm 4.7).
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
LIÇÃO 7, CG, NA
ÍNTEGRA COMO NA REVISTA, 2Tr2025
Escrita Lição
7, CG, Paulo, um Legado de Fé, Dedicação e Graça, 2Tr25, Com. Extra Pr
Henrique, EBD NA TV
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. UM CIDADÃO
DO MUNDO
1.1. Tarso:
berço de um ministério global
1.2. Hebreu
de origem, zeloso por sua herança
1.3. Cidadania
romana: um privilégio estratégico
2. UM FARISEU
SALVO PELA GRAÇA
2.1. O fariseu
zeloso: perseguidor e defensor da Lei
2.2. O encontro
com a Luz: transformação e chamado
3. UM APÓSTOLO
SINGULAR
3.1. A mensagem
de Paulo: proclamando CRISTO com ousadia
3.2. As cartas
de Paulo: fundamentos para a fé cristã
4.1. Zelo e
dedicação: lições de comprometimento
4.2. Coragem e
honestidade: exemplos de integridade cristã
TEXTO BÍBLICO
BÁSICO - Atos 9.1-6
1 - E
Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor,
dirigiu-se ao sumo sacerdote
2- e
pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse
alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse presos a
Jerusalém.
3- E, indo no
caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um
resplendor de luz do céu.
4- E, caindo em
terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me
persegues?
5- E ele disse:
Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou JESUS, a quem tu persegues. Duro
é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
6- E ele,
tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor:
Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer.
TEXTO
ÁUREO
Mas em nada
tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha
carreira e o ministério que recebi do Senhor JESUS, para dar testemunho do
evangelho da graça de DEUS. Atos 20.24
OBJETIVOS - Ao
término do estudo bíblico, o aluno deverá:
-
reconhecer que Paulo priorizou o chamado divino acima de quaisquer
aspirações pessoais;
-
explorar os principais feitos ministeriais e a essência dos ensinamentos
paulinos;
-
identificar as características da personalidade de Paulo, que servem como
exemplo para a vida cristã.
ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Professor, o
apóstolo Paulo é um dos personagens mais destacados do Novo Testamento,
mencionado amplamente nas Escrituras, sendo superado apenas por JESUS. No
entanto, por ser frequentemente abordado em estudos e sermões, seus alunos
podem não demonstrar grande interesse inicial pela lição. O de- safio é mostrar
que Paulo foi o instrumento divino para revelar a plenitude da graça, que salva
tanto judeus quanto gentios (Ef 2.8,9; Rm 1.16). Para isso, explore aspectos
menos conhecidos de sua vida e ministério, avaliando o que os alunos já sabem.
Utilize mapas das viagens missionárias para ilustrar sua trajetória descrita em
Atos 13-28.
Boa aula!
COMENTÁRIO -
Palavra introdutória
Paulo é, sem
dúvida, um dos personagens do Novo Testamento que mais impactou a história do
cristianismo. Suas cartas, escritas há séculos, continuam moldando a fé e o
pensamento de cristãos e até de não cristãos ao redor do mundo. Em uma época em
que muitos se juntam a comunidades evangélicas sem entender plenamente o
significado de pertencer a JESUS, a vida de Paulo permanece como um exemplo
inspirador de fé, obediência e total dedicação a DEUS.
Nas Escrituras,
Paulo frequentemente apresenta-se de forma pessoal e transparente a seus
leitores. Ao reunir trechos de sua autobiografia, temos um retrato do apóstolo
abortivo (1 Co 15.8), cuja vida transformou profundamente os padrões religiosos
e teológicos de sua época, afirmando a supremacia da graça divina e o poder da
cruz de CRISTO (Ef 2.8,9; Gl 6.14).
1. UM CIDADÃO
DO MUNDO
Paulo foi um
dos personagens mais versáteis e influentes do Novo Testamento. Ele conciliava
diversas identidades: discípulo de Gamaliel (At 22.3); fariseu zeloso;
fabricante de tendas (At 18.3); apóstolo dos gentios (Rm 11.13); plantador de
igrejas e defensor da fé (At 14.21-23). Sua habilidade de adaptar-se a
diferentes contextos para proclamar o evangelho (1 Co 9.19-23) e seu testemunho
impactaram líderes religiosos e autoridades políticas (At 22.30-23.6; 26.1-29).
Ao longo de sua vida, ele sempre colocou o ministério acima de suas aspirações
e via CRISTO como a razão de sua existência (Fp 1.21).
1.1. Tarso:
berço de um ministério global
Nascido em
Tarso, uma cidade da Cilícia, Paulo cresceu em um ambiente marcado pela
diversidade social e intelectual (At 21.39; 22.3). Tarso, localizada entre o
mundo helenístico e o judaico, era famosa pelo comércio de feltro usado em
roupas e tendas. Essa origem deu a Paulo uma perspectiva única para evangelizar
gentios (Ef 3.6,7).
Os judeus de
sua época dividiam-se entre hebreus, que preservavam suas tradições ancestrais
e falavam aramaico, e helenistas, mais abertos à influência grega. Embora Paulo
fosse fluente em grego e conhecesse a filosofia helenística, ele se
identificava como um hebreu de origem pura, nascido de hebreus.
1.2. Hebreu
de origem, zeloso por sua herança
Paulo
frequentemente destacava sua herança judaica, apresentando-se como descendente
direto de Abraão e membro da tribo de Benjamim (Rm 11.1; Fp 3.5). Essa
identidade era relevante em suas discussões com judaizantes, que de- fendiam
que os gentios deveriam seguir rituais judaicos para serem cristãos (At
15.5-21). Paulo, no entanto, defendia a salvação pela graça e não pelas obras
da Lei.
Observação:
A origem de
Paulo como benjamita tinha forte valor simbólico. Seu nome hebraico, Saulo,
provavelmente homenageava o primeiro rei de Israel, também da tribo de Benjamim
(1 Sm 9.1,2 - Saul). No entanto, ele adotou o nome grego, Paulo,
refletindo sua missão entre os gentios.
1.3. Cidadania
romana: um privilégio estratégico
Paulo possuía
cidadania romana por nascimento (At 22.28), um privilégio que lhe garantia
proteção legal e status especial no Império. Isso incluía direitos como
julgamento justo e imunidade contra punições severas (At 16.37,38; 22.25-29).
Embora não se saiba exatamente como sua família adquiriu esse privilégio, é
provável que tenha sido por serviço militar ou concessão especial do governo
romano. Essa cidadania foi um recurso valioso para Paulo, permitindo-lhe de-
fender-se de acusações e avançar seu ministério, mesmo em contextos
adversos (At 25.11).
Paulo era,
portanto, um homem singularmente qualificado para seu papel como apóstolo dos
gentios, unindo herança judaica, educação helenística e direitos romanos em
prol da missão de CRISTO.
2. UM FARISEU
SALVO PELA GRAÇA
A experiência
marcante que Saulo teve no caminho de Damasco transformou completamente sua
visão sobre JESUS, o Messias. De perseguidor feroz da Igreja, ele tornou-se um
apóstolo dedicado, influenciando decisivamente a história do cristianismo (At
9.1-5; 22.4,5).
Observação:
Os fariseus
frequentemente divergiam de outros segmentos do judaísmo. Os saduceus, por
exemplo, negavam a ressurreição e a existência de anjos ou espíritos (At
23.6-8). Já os essênios criticavam o zelo farisaico, considerando-o
insuficiente
para alcançar a santidade exigida por DEUS, adotando um ascetismo mais
extremo.
2.1. O fariseu
zeloso: perseguidor e defensor da Lei
Paulo
identificava-se como fariseu, membro de um grupo rigoroso na observância da Lei
e defensor da pureza religiosa. Tendo sido treinado aos pés de Gamaliel (At
22.3), um dos mais respeitados mestres da época, ele destacava-se por sua
estrita obediência às tradições judaicas (Fp 3.5,6).
Além de
profundo conhecedor das Escrituras Hebraicas, Paulo dominava a Septuaginta e
possuía grande habilidade na retórica greco-romana, o que o tornava apto a
dialogar tanto com judeus quanto com gentios, como exemplificado em seu
discurso no Areópago (At 17.22-34).
Antes de sua
conversão, Saulo perseguia a Igreja com fervor, considerando-se irrepreensível
sob os padrões da Lei. Esse zelo se manifestava em ações concretas: munido de
cartas de autorização do Sinédrio, ele prendia cristãos e os levava a Jerusalém
para julgamento, muitas vezes culminando em penas de morte (At 9.1,2; 26.9-11).
Contudo, ao encontrar JESUS no caminho para Damasco, ele compreendeu que sua
antiga vida era perda diante da excelência de conhecer a CRISTO (Fp 3.8).
2.2. O encontro
com a Luz: transformação e chamado
JESUS
revelou-se a Saulo como a verdadeira Luz (Jo 1.4; 8.12), resplandecendo em
glória. Nesse momento, Ele confrontou o perseguidor com uma pergunta incisiva:
Saulo, Saulo, por que me persegues? Surpreso, Saulo respondeu: Quem és, Senhor?
Então, ouviu a resposta que transformaria sua vida para sempre: Eu sou JESUS, a
quem tu persegues (At 9.3-5).
Nesse breve
diálogo, Saulo descobriu três verdades essenciais: JESUS está vivo; Ele é o
grande Eu Sou e identifica-se com Seus seguidores. Esse encontro redefiniu sua
vida e missão, transformando-o de um perseguidor implacável em um dos mais
ardorosos proclamadores da fé cristã (1 Tm 1.12-15).
3. UM APÓSTOLO
SINGULAR
Paulo
demonstrou uma dedicação inigualável ao evangelho, esforçando-se para
anunciá-lo em regiões onde ainda não havia sido proclamado. Entre seus muitos
feitos, destaca-se a missão divina de levar a mensagem de salvação à Europa (At
16.6-10). Seu compromisso o levou a realizar extensas viagens missionárias -
três grandes jornadas foram registradas no Livro de Atos, as quais foram
realizadas ao longo de aproximadamente uma década (At 13-20).
3.1. A mensagem
de Paulo: proclamando CRISTO com ousadia
Os sete sermões
registrados no Livro de Atos refletem o conteúdo central de sua mensagem. Paulo
enfatizava sua conversão, a fidelidade ao judaísmo, a ressurreição de JESUS, os
argumentos das Escrituras sobre o Messias e os sofrimentos que enfrentou em Jerusalém
(At 13.16-41; 17.22-34; 20.18- 36; 22.1-29; 23.1-11; 24.10-21; 26.1-29).
Cada sermão
revela um apóstolo profundamente convicto da mensagem que pregava, com foco em
temas essenciais como a centralidade da Ressurreição, o cumprimento das
profecias em CRISTO e a esperança eterna que Ele oferece. Sua ousadia em pregar
diante de multidões, sacerdotes e líderes políticos demonstrava um compromisso
inabalável com sua missão.
3.2. As cartas
de Paulo: fundamentos para a fé cristã
Paulo é autor
de 13 cartas no Novo Testamento, muitas delas dirigidas a igrejas que ele mesmo
havia fundado. Entre elas estão: Romanos; 1 e 2 Coríntios; Gálatas; Efésios;
Filipenses; Colossenses; 1 e 2 Tessalonicenses; 1 e 2 Timóteo; Tito e Filemom.
Esses escritos abordam questões fundamentais, como: pecado (Rm 3.23; 6.23);
salvação pela graça (Ef 2.8,9; Tt 3.5); escatologia (1 Ts 4.13-18; 1 Co
15.51,52); ética cristã (Rm 12.1,2; Ef 4.25-32) e missão da Igreja (2 Co
5.18-20).
As cartas de
Paulo não apenas instruem os cristãos sobre doutrinas essenciais, mas também
fornecem um vislumbre do contexto social e cultural do primeiro século. Suas
reflexões, marcadas por profundidade teológica e clareza pastoral, moldaram o
pensamento cristão, apresentando a Igreja como o Corpo de CRISTO e destacando a
centralidade de JESUS em to- das as coisas (Rm 12.4,5; Ef 1.22,23).
Paulo não foi
apenas um pregador ousado, mas também um teólogo cuja influência atravessou os
séculos, oferecendo fundamentos sólidos para a fé cristã e um modelo de
dedicação incondicional ao evangelho.
4. LIÇÕES DA
VIDA DE PAULO PARA A JORNADA DE FÉ
O apóstolo
Paulo nos deixou um legado extraordinário de fé, dedicação e caráter. Suas
cartas e sermões continuam a ser fontes de aprendizado e inspiração. Ele
assumia plena responsabilidade por seus atos (1 Tm 1.15; Rm 3.23; 7.19,20,24) e
incentivava outros a seguirem seu exemplo (1 Co 11.1; Fp 3.17).
Com zelo,
dedicação, coragem e honestidade, o apóstolo apresentou um modelo de conduta
que ainda desafia e inspira os seguidores de CRISTO em todo o mundo (Fp 4.8; Rm
12.17; 13.7; Ef 6.9; CI 3.25; Tt 2.7).
4.1. Zelo e
dedicação: lições de comprometimento
Antes de sua
conversão, Paulo era rigoroso na aplicação da Lei (At 22.3; Gl 1.14). Após
conhecer a CRISTO, esse mesmo zelo foi direcionado à causa do evangelho,
tornando-o um servo fervoroso do Reino (2 Co 11.2; 1 Co 15.10).
A dedicação a
boas obras, característica desejada pelo Senhor (Tt 2.14), também foi refletida
em figuras como Fineias (Nm 25.11-13) e Elias (1 Rs 19.10), sendo Paulo um
modelo equivalente no Novo Testamento.
Além disso,
Paulo combinava erudição com pragmatismo. Seguindo a tradição rabínica,
aprendeu um ofício manual, tornando-se fabricante de tendas (At 18.1-3). Ele
sustentava a si mesmo durante suas jornadas missionárias, dividindo seu tempo
entre pregar, ensinar e trabalhar (1 Co 9.12; 1 Ts 2.9; 2 Ts 3.8). Somente mais
tarde, passou a receber ofertas de igrejas parceiras, como a de Filipos (Fp
4.16-18).
4.2. Coragem e
honestidade: exemplos de integridade cristã
A coragem de
Paulo destacou-se em meio às adversidades. Mesmo enfrentando perseguições e
desafios, ele permanecia firme na fé e encorajava outros, como Timóteo, a não
temer as dificuldades (2 Tm 1.7-9; 4.7). Em sua Carta aos Romanos, ele
reafirmou que nenhuma tribulação pode nos separar do amor de DEUS (Rm 8.35-39),
demonstrando sua confiança inabalável.
Paulo também
foi um exemplo de honestidade, tanto em suas palavras quanto em suas ações. Ele
reconhecia suas fragilidades pessoais (Rm 7.19,24; 2 Co 12.7), mas nunca usava
de artimanhas ou enganos em seu ministério (2 Co 2.17; 8.21); pelo contrário,
exortava os crentes a serem íntegros em todos os aspectos da vida (Fp
4.8; Rm 12.17; 13.7; Ef 6.9; CI 3.25).
CONCLUSÃO
Na primeira
Carta aos Coríntios, Paulo refere-se a si mesmo como um abortivo (1 Co 15.8),
reconhecendo que, ao contrário dos outros apóstolos, não teve o privilégio de
ser treinado diretamente por JESUS durante Seu ministério terreno. Contudo,
apesar dessa ausência de contato físico com o Mestre, Paulo
destacou-se como um dos homens mais eruditos e produtivos da história do
cristianismo. Sua contribuição à teologia cristã é incomparável, consolidando-o
como um dos maiores pensadores e líderes que a Igreja já conheceu.
ATIVIDADE PARA
FIXAÇÃO
1. Quem foram os
principais responsáveis pela educação religiosa de Saulo (Paulo) de
Tarso?
R.: O rabino
Gamaliel (At 22.3) NO JUDAÍSMO E Barnabé NO CRISTIANISMO (At 9.26, 27, 11.25).
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
NA
ÍNTEGRA LIÇÃO 13, BETEL, PAULO – COMBATENDO O BOM COMBATE E GUARDANDO A FÉ, 4º
Trimestre de 2025
Escrita Lição
13, Betel, Paulo – Combatendo o bom combate e guardando a Fé, 4Tr25, Com.
Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar
PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
EBD, Editora
Betel | 4° Trimestre De 2025 | TEMA: PERSONAGENS BÍBLICOS VIRTUOSOS E MARCANTES
– Homens e mulheres que permaneceram fiéis a DEUS diante das
circunstâncias da vida | Escola Bíblica Dominical
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- A HISTÓRIA
DE PAULO
1.1.
Nascimento, nome e família
1.2. Um vaso
escolhido
1.3. Paulo, de
perseguidor a perseguido
2- PAULO, UM
HOMEM OUSADO E PERSEVERANTE
2.1.
Sobrevivendo às lutas
2.2. O espinho
na Carne
2.3. O dever
cumprido
3- PAULO
TERMINOU A CARREIRA
3.1. O exemplo
de vida
3.2. A gratidão
e o amor pastoral
3.3. A certeza
da Vida Eterna
TEXTO ÁUREO
Antes, subjugo
o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não
venha de alguma maneira a ficar reprovado”, 1 Coríntios 9.27.
VERDADE
APLICADA
A convicção da
experiência da conversão, a firmeza nas verdades bíblicas e a fidelidade ao
Senhor são indispensáveis para desempenharmos com excelência o ministério
cristão.
OBJETIVOS DA
LIÇÃO
Identificar a origem de Paulo
Ressaltar que Paulo se manteve firme até o fim.
Reconhecer que Paulo foi ousado e perseverante.
TEXTOS DE
REFERÊNCIA – Gálatas 2.20, 6.17; 2 Timóteo 4.6-8
GALATAS 2.20 Já estou crucificado com CRISTO; e vivo, não mais eu, mas CRISTO
vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de DEUS, o
qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.
GALATAS 6.17 Desde agora, ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as
marcas do Senhor JESUS.
2 TIMÓTEO 4.6 Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e
o tempo da minha partida está próximo.
7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
8 Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo
juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que
amarem a sua vinda.
LEITURAS
COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Rm 8.37 Mais do que vencedores.
TERÇA | 1Co 4.1-2 Que cada despenseiro seja fiel.
QUARTA | 1Co 11.1 Sede meus imitadores.
QUINTA | Gl 1.15 Separados desde o ventre da mãe.
SEXTA | Ef 6.10-20 A armadura de DEUS.
SÁBADO | Fp 3.12-14 Prosseguindo para o alvo.
HINOS SUGERIDOS: 94, 171, 371
MOTIVO DE
ORAÇÃO: Ore para que possamos combater o
bom combate sem negligenciar a fé.
PONTO DE
PARTIDA: De perseguidor a perseguido.
INTRODUÇÃO
Paulo foi um apóstolo aprovado por DEUS. Passou de perseguidor de
cristãos a perseguido por causa de CRISTO, levando sua missão nesta terra até o
fim. Ele nos ensina que, apesar das dificuldades, devemos perseverar no caminho
do Senhor até o fim, sem nunca abandonar a nossa fé.
1- A HISTÓRIA DE PAULO
Paulo ficou conhecido como o apóstolo dos gentios. Deixou treze
cartas, que são escritos doutrinários, edificantes e consoladores para a
igreja. Ele as escreveu em liberdade, mas também na prisão. Como missionário,
enfrentou desafios diversos, mas sempre fiel ao seu chamado. É um dos
personagens bíblicos mais conhecidos por cristãos e não cristãos.
1.1. Nascimento, nome e família
Embora fosse cidadão romano, natural de Tarso, na Cilícia (At
21.39; 22.25-27), Paulo era judeu, da tribo de Benjamim (Fp 3.5) .
Foi instruído por Gamaliel, um doutor da Lei de posição importante no Sinédrio
(At 22.3). Embora tivesse o nome romano de Saulo (At 9.17), mais tarde passou a
se chamar Paulo (At 13.9), possivelmente depois da conversão e do batismo.
A Bíblia não menciona filiação, esposa ou filhos de Paulo. As
únicas passagens que mencionam alguns parentes de Paulo são At 23.16 e Rm
16.7,21. Paulo apenas cita que aprouve a DEUS o escolher desde o ventre de sua
mãe, separá-lo e chamá-lo pela Sua graça (G1 1.15). Ele diz que era filho de
fariseu, mas não diz o nome do seu pai (At 23.6). O Apóstolo Paulo possuía
cidadania romana, como ele próprio afirma (At 22.28), mas também se declara
“hebreu de hebreus” (Fp 3.5); tendo, assim, dupla cidadania. Paulo era
fabricante de tendas (At 18.3). Possivelmente as fabricava e vendia para não
depender de ninguém e dar exemplo para os outros (2Ts. 3.6-9).
1.2. Um vaso escolhido
Numa visão, o Senhor JESUS chama o discípulo Ananias e manda que
ele vá encontrar um homem de Tarso, chamado Saulo. Ananias logo temeu, pois
tinha ouvido que aquele homem fazia muito mal aos santos
de Jerusalém (At 9.10-13). Porém, o Senhor lhe disse: “Ele é para mim
um vaso escolhido”, At 9.15; e Ananias foi ter com Saulo.
Lawrence O. Richards comenta: “A experiência da conversão de Paulo
é crítica para que compreendamos este homem, cujo comprometimento total com JESUS
está refletido não somente no Livro de Atos, mas também em suas 13 cartas
encontradas em nosso Novo Testamento. Lucas nos dá nada menos que três versões
da história da conversão (9.1-19; 21.37; 22. 21; 26.1-32), duas das quais
representam a história contada por Paulo, primeiramente a uma audiência de
judeus e depois a uma de gentios. Está claro que a aparição de CRISTO
ressuscitado ao apóstolo foi fundamental não somente para sua conversão, mas
também para sua consciência de que ele havia sido separado por DEUS como uma
testemunha e um apóstolo para o mundo”
1.3. Paulo, de perseguidor a perseguido
No caminho de Damasco, Saulo teve uma experiência com o Senhor:
“Saulo, Saulo, por que me persegues?’; At 9.4. Como membro do concílio do
Sinédrio, ele dava voto a favor da morte dos cristãos (At 26.10), além de
persegui-los (Gl 1.13). Inclusive, consentiu a morte de Estevão (At 7.58; 8.1).
Porém, ao ser chamado por JESUS, Saulo passou por uma transformação radical e
se tornou um dos maiores propagadores do Evangelho.
Para Pr. Antônio Veras de Souza: “DEUS, em todo o tempo, usou
homens para seu serviço. Quando precisou de um valente obreiro, foi buscá-lo
nas fileiras do inimigo, transformando Saulo num verdadeiro apóstolo dos
gentios. O poder sobrenatural do ESPÍRITO lapidou esta pedra bruta e preparou-o
para uma grande missão missionária. Mais uma vez, o grande poder de DEUS e a
imensa graça do Senhor se manifestaram para transformar a vida de um homem
comum em um baluarte do Evangelho”.
EU ENSINEI QUE:
No caminho de Damasco, Saulo teve uma experiência com o Senhor.
2- PAULO, UM
HOMEM OUSADO E PERSEVERANTE
Paulo não temia as adversidades nem se curvava às circunstâncias.
Foi perseverante em tudo que fez, sem parar no meio do caminho. Como ele mesmo
declarou: prosseguia para o alvo, porque ainda não tinha alcançado a perfeição
almejada. Além disso, sua coragem ao confrontar erros, como no caso de Pedro
(Gl 2.11-14), refletia seu compromisso com a Verdade do Evangelho.
2.1. Sobrevivendo às lutas
Paulo enfrentou inúmeras dificuldades, incluindo prisões, açoites,
naufrágios e rejeição (2Co 11.23-28). Apesar disso, ele permaneceu fiel,
considerando seus sofrimentos como participação nos sofrimentos de CRISTO (Fp
3.10). Ele perseverou por seu amor a JESUS, comprometimento com o anúncio do
Evangelho e cuidado com as igrejas (2Co 11.28).
Devemos aprender com Paulo, que não olhava para trás, não ficava se
lastimando, mas seguia em frente. Ele dizia que ia esquecendo das coisas que
ficavam para trás e avançava para as que estavam diante dele. Paulo prosseguia
porque tinha um alvo: o prêmio da soberana vocação de DEUS em CRISTO JESUS (Fp
3.12- 14). Ao longo da sua intensa carreira cristã, Paulo manteve em mente que
a Graça do Senhor superabundava na vida dele, pois se considerava o pior dos
pecadores (1Tm 1.15). E ele testificava que essa mesma graça é que o
fortalecia, em todo o tempo, para perseverar na jornada cristã.
2.2. O espinho na Carne
Paulo implorou a DEUS, em três ocasiões diferentes, para ficar
livre de um “espinho na carne” (2Co 12.7-9). O Senhor, todavia, não lhe
atendeu, tendo apenas respondido ao apóstolo: “A minha graça te basta’: Isso
porque o Poder de DEUS se aperfeiçoa na fraqueza, e aquele espinho afastaria
qualquer possibilidade de exaltação pessoal (2Co 12.7-10).
Comentário na Bíblia de Estudo Pentecostal: “A palavra espinho’
comunica a ideia de dor, de aflição, de sofrimento, de humilhação, ou de
enfermidades físicas, mas não a de tentação para pecar (G14.13-14). (1) O
espinho de Paulo permanece indefinido, de modo que aqueles que têm qualquer
espinho’ na vida podem, assim, aplicar a si mesmos a lição espiritual dessa
passagem. (2) O espinho de Paulo pode ter sido uma ação demoníaca
contra ele, permitida por DEUS, mas por Ele limitada (v.7; Jó 2.lss). (3) Ao
mesmo tempo, esse espinho de Paulo lhe foi dado para impedir que se orgulhasse
a respeito das revelações que recebera. (4) O espinho de Paulo tornou-o mais
dependente da graça divina (v.9; Hb 12.10)”.
2.3. O dever cumprido
O ministério que Paulo recebeu do Senhor JESUS foi cumprido, não
negligenciado nem deixado em segundo plano (At 20.24). Seus ensinamentos e seu
exemplo foram passados e absorvidos (Fp 3.17), numa vida que deveria ser
imitada (1 Co 11.1). Paulo ainda exorta a igreja a fazer a obra com zelo, de
todo o coração, como sendo para o Senhor e não para os homens (Cl 3.23-24).
Paulo pensava tanto no seu ministério, querendo ter consciência
tranquila ao parar, que declarou, em Atos 20.24, que não tinha a sua vida
preciosa por coisa nenhuma, mas teria alegria de cumprir a carreira e o
ministério que lhe foi proposto pelo Senhor. Ele disse que todos que o viram
pregar o Evangelho do Reino não voltariam a ver seu rosto outra vez, e se
declara inocente do sangue de todos (At 20.25-26).
EU ENSINEI QUE:
Paulo não temia as adversidades nem se curvava às circunstâncias.
3- PAULO TERMINOU A CARREIRA
Paulo é mais um exemplo do Poder de DEUS para transformar e usar
vidas segundo os Seus propósitos. As viagens missionárias, as epístolas e a
perseverança diante do sofrimento moldaram a Igreja Primitiva e continuam a nos
inspirar hoje. Sua missão: proclamar “CRISTO crucificado” (1 Co 1.23), uma
mensagem que transcende culturas e une todos que creem em JESUS (Gl 3.28).
3.1. O exemplo de vida
Paulo é uma referência de entrega ao chamado de DEUS, pois se
esforçava para não ser reprovado (1 Co 9.27). É verdade que somos limitados por
nossa humanidade, mas o serviço a DEUS deve ser cumprido com excelência. Paulo
terminou a carreira, nós estamos na carreira, amanhã outros estarão na
carreira, até que JESUS venha.
Paulo deixou o legado de alguém que cumpriu bem o seu dever. Foi
perseguidor, mas passou a ser perseguido ao aceitar o bom combate. O apóstolo
dos gentios entendeu bem o seu chamado e o cumpriu com brilhantismo. Um homem
cheio de talentos, com uma liderança eficaz, o Apóstolo Paulo terminou a sua
carreira, marcou a história do cristianismo e, principalmente, guardou a fé.
3.2. A gratidão e o amor pastoral
Paulo demonstrou amor pastoral ao chamar os crentes de “meus
filhinhos” (Gl 4.19) e investir na formação de líderes como Timóteo e Tito. Ele
também expressou sua gratidão a DEUS (Fp 1.3), aos companheiros e colaboradores
leais (Fp 4.1-4) e aos seus filhos na fé (Tt 1.3-4). Por fim, declarou que cada
um receberá seu galardão de acordo com as próprias obras, sendo todos nós
cooperadores de DEUS (1 Co 3.6-9).
Gratidão é o reconhecimento por algum benefício recebido. Gratidão
é a qualidade de reconhecer e valorizar as dádivas recebidas. É muito mais do
que um simples muito obrigado, e era algo que Paulo levaria para o resto da
vida. Paulo diz, em suas epístolas, que sempre dava graças a DEUS pelas igrejas
e por todos que invocavam o nome de nosso Senhor JESUS CRISTO (1 Co 1.1-9). Ele
se sentia feliz quando os irmãos viviam pensando a mesma coisa, tendo o mesmo
amor, o mesmo ânimo (Fp 2.1-2).
3.3. A certeza da Vida Eterna
A despedida confiante e em paz, a última exortação em amor, a
bênção apostólica (2Co 13.11,13), o tempo da partida já próximo e a esperança
de receber a coroa da justiça, a qual o Senhor, o Justo Juiz, lhe dará naquele
dia (2Tm 4.6,8). Assim Paulo deixou aos irmãos a expectativa de receber a
coroa, mas também a responsabilidade de fazer a Obra do Senhor sem negligência.
Todas as epístolas paulinas trazem a saudação final e o
agradecimento aos irmãos e companheiros de ministério. Na Segunda Carta aos
Tessalonicenses 3.16-17, ele diz que escreveu a saudação de próprio punho e que
ora ao Senhor da Paz que lhes dê paz e impetra que a Graça de nosso Senhor JESUS
CRISTO seja com todos. Ainda diz que esse é o sinal em cada epístola. É assim
que escreve. Uma despedida de quem escreveu muito sobre a Salvação e seus
pré-requisitos. Um sabedor exímio sobre o arrebatamento nas nuvens para o
encontro com o Senhor nos ares (1Ts 4.13-18).
EU ENSINEI QUE:
Somos limitados por nossa humanidade, mas o serviço a DEUS deve ser
cumprido com excelência.
CONCLUSÃO
A firmeza e a fidelidade de Paulo no exercício do ministério que
recebeu do Senhor JESUS foram relevantes para que a então novel igreja não se
tornasse um movimento predominantemente judaico, mas uma profissão de fé
cristocêntrica universal. Ele estabeleceu igrejas, discipulou líderes e
escreveu cartas que continuam a guiar a Igreja, sendo seu entendimento,
principalmente recebido do Senhor, acerca da Graça, da Cruz e da ressurreição,
central para a fé cristã.
Pr Henrique, EBD NA TV, Cajamar, SP, Revista Lições Bíblicas, CPAD, Assembleia de Deus Belém, Missões, Central Gospel, ADVEC, BETEL, Madureira, adultos, estudantes, professores, Imperatriz, MA, Ervália, MG, estudos bíblicos, gospel, DEUS, ESPÍRITO SANTO, JESUS, Slides, Trimestres, Tema diversos, meu telefone, 99-99152-0454, Luiz Henrique de Almeida Silva, Canal YouTube, Henriquelhas, Rodovia Edgar Máximo Zambotto, 354, Residencial Vista Bella, Torre A, Apto 95, Jordanésia, Cajamar, SP. CEP: 07786-015



































