Escrita Lição
13, Betel, Paulo – Combatendo o bom combate e guardando a Fé, 4Tr25, Com.
Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar
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EBD, Editora
Betel | 4° Trimestre De 2025 | TEMA: PERSONAGENS BÍBLICOS VIRTUOSOS E MARCANTES
– Homens e mulheres que permaneceram fiéis a DEUS diante das
circunstâncias da vida | Escola Bíblica Dominical
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- A HISTÓRIA
DE PAULO
1.1.
Nascimento, nome e família
1.2. Um vaso
escolhido
1.3. Paulo, de
perseguidor a perseguido
2- PAULO, UM
HOMEM OUSADO E PERSEVERANTE
2.1.
Sobrevivendo às lutas
2.2. O espinho
na Carne
2.3. O dever
cumprido
3- PAULO
TERMINOU A CARREIRA
3.1. O exemplo
de vida
3.2. A gratidão
e o amor pastoral
3.3. A certeza
da Vida Eterna
TEXTO ÁUREO
Antes, subjugo
o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não
venha de alguma maneira a ficar reprovado”, 1 Coríntios 9.27.
VERDADE
APLICADA
A convicção da
experiência da conversão, a firmeza nas verdades bíblicas e a fidelidade ao
Senhor são indispensáveis para desempenharmos com excelência o ministério
cristão.
OBJETIVOS DA
LIÇÃO
Identificar a origem de Paulo
Ressaltar que Paulo se manteve firme até o fim.
Reconhecer que Paulo foi ousado e perseverante.
TEXTOS DE
REFERÊNCIA – Gálatas 2.20, 6.17; 2 Timóteo 4.6-8
GALATAS 2.20 Já estou crucificado com CRISTO; e vivo, não mais eu, mas CRISTO
vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de DEUS, o
qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.
GALATAS 6.17 Desde agora, ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as
marcas do Senhor JESUS.
2 TIMÓTEO 4.6 Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e
o tempo da minha partida está próximo.
7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
8 Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo
juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que
amarem a sua vinda.
LEITURAS
COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Rm 8.37 Mais do que vencedores.
TERÇA | 1Co 4.1-2 Que cada despenseiro seja fiel.
QUARTA | 1Co 11.1 Sede meus imitadores.
QUINTA | Gl 1.15 Separados desde o ventre da mãe.
SEXTA | Ef 6.10-20 A armadura de DEUS.
SÁBADO | Fp 3.12-14 Prosseguindo para o alvo.
HINOS SUGERIDOS: 94, 171, 371
MOTIVO DE
ORAÇÃO: Ore para que possamos combater o
bom combate sem negligenciar a fé.
PONTO DE
PARTIDA: De perseguidor a perseguido.
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SUBSÍDIOS EXRAS
– LIVROS E REVISTAS ANTIGAS E GOOGLE
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Escrita Lição
7, CG, Paulo, um Legado de Fé, Dedicação e Graça, 2Tr25, Com. Extra Pr
Henrique, EBD NA TV
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2025/05/escrita-licao-7-cg-paulo-um-legado-de_14.html
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ESBOÇO DA LIÇÃO
1. UM CIDADÃO
DO MUNDO
1.1. Tarso:
berço de um ministério global
1.2. Hebreu
de origem, zeloso por sua herança
1.3. Cidadania
romana: um privilégio estratégico
2. UM FARISEU
SALVO PELA GRAÇA
2.1. O fariseu
zeloso: perseguidor e defensor da Lei
2.2. O encontro
com a Luz: transformação e chamado
3. UM APÓSTOLO
SINGULAR
3.1. A mensagem
de Paulo: proclamando CRISTO com ousadia
3.2. As cartas
de Paulo: fundamentos para a fé cristã
4.1. Zelo e
dedicação: lições de comprometimento
4.2. Coragem e
honestidade: exemplos de integridade cristã
TEXTO BÍBLICO
BÁSICO - Atos 9.1-6
1 - E
Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor,
dirigiu-se ao sumo sacerdote
2- e
pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse
alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse presos a
Jerusalém.
3- E, indo no
caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um
resplendor de luz do céu.
4- E, caindo em
terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me
persegues?
5- E ele disse:
Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou JESUS, a quem tu persegues. Duro
é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
6- E ele,
tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor:
Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer.
TEXTO
ÁUREO
Mas em nada
tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha
carreira e o ministério que recebi do Senhor JESUS, para dar testemunho do
evangelho da graça de DEUS. Atos 20.24
OBJETIVOS - Ao
término do estudo bíblico, o aluno deverá:
-
reconhecer que Paulo priorizou o chamado divino acima de quaisquer
aspirações pessoais;
-
explorar os principais feitos ministeriais e a essência dos ensinamentos
paulinos;
-
identificar as características da personalidade de Paulo, que servem como
exemplo para a vida cristã.
ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Professor, o
apóstolo Paulo é um dos personagens mais destacados do Novo Testamento,
mencionado amplamente nas Escrituras, sendo superado apenas por JESUS. No
entanto, por ser frequentemente abordado em estudos e sermões, seus alunos
podem não demonstrar grande interesse inicial pela lição. O desafio é mostrar
que Paulo foi o instrumento divino para revelar a plenitude da graça, que salva
tanto judeus quanto gentios (Ef 2.8,9; Rm 1.16). Para isso, explore aspectos
menos conhecidos de sua vida e ministério, avaliando o que os alunos já sabem.
Utilize mapas das viagens missionárias para ilustrar sua trajetória descrita em
Atos 13-28. oa aula!
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SUBSÍDIOS
EXTRAS
REVISTAS
ANTIGAS E LIVROS
LEIA TUDO E
TERÁ ÓTIMA CONDIÇÃO DE DAR AULA SOBRE O TEMA
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Escrita
Lição 12, Central Gospel, Paulo, um Líder Eficaz, 2Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV
https://youtu.be/2sa56FytO4E Vídeo
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2023/06/slides-licao-12-central-gospel-paulo-um.html
https://pt.slideshare.net/henriqueebdnatv/slides-lio-12-central-gospel-paulo-um-lder-eficaz-2tr23pptx
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- UMA BREVE
BIOGRAFIA DE PAULO, O APÓSTOLO
1-1- Saulo,
perseguidor da Igreja
1-2- Saulo,
pregador do evangelho
1-3- Paulo,
missionário às nações
1-4- Paulo,
arquiteto da Igreja
2-
CARACTERÍSTICAS DA LIDERANÇA PAULINA
2-1- Paulo é
julgado e mandado para Roma
2-1-1- Paulo é
apresentado ao governador Festo e ao rei Agripa.
2-1-2- Paulo
enfrenta os primeiros percalços
2-2- O grande
líder vislumbra o futuro
2-3- O grande
líder é encorajador
2-4- O grande
líder preocupa-se com as necessidades alheias
TEXTO BÍBLICO
BÁSICO - Atos 27.1,4,7,9-11,21,22
1 - Como se
determinou que havíamos de navegar para a Itália, entregaram Paulo e alguns
outros presos a um centurião por nome Júlio, da Coorte Augusta.
4 - E, partindo
dali, fomos navegando abaixo de Chipre, porque os ventos eram contrários.
7 - E, como por
muitos dias navegássemos vagarosamente, havendo chegado apenas defronte de
Cnido, não nos permitindo o vento ir mais adiante, navegamos abaixo de Creta,
junto de Salmona.
9 - Passado
muito tempo, e sendo já perigosa a navegação, pois também o jejum já tinha
passado, Paulo os admoestava,
10 -
dizendo-lhes: Varões, vejo que a navegação há de ser incômoda e com muito dano,
não só para o navio e a carga, mas também para a nossa vida.
11 - Mas o
centurião cria mais no piloto e no mestre do que no que dizia Paulo.
21 - Havendo já
muito que se não comia, então, Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse:
Fora, na verdade, razoável, ó varões, ter-me ouvido a mim e não partir de
Creta, e assim evitariam este incômodo e esta perdição.
22 - Mas,
agora, vos admoesto a que tenhais bom ânimo, porque não se perderá a vida de
nenhum de vós, mas somente o navio.
TEXTO ÁUREO
(...) Para o
que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios. 2 Timóteo 1.11
Lição 1, O
Mundo do Apóstolo Paulo
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO
Comentário: Pr.
Elienai Cabral
Complementos,
ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/09/escrita-licao-1-o-mundo-do-apostolo.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/09/slides-licao-1-o-mundo-do-apostolo.html
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - Atos 26.1-7
1 - Depois,
Agripa disse a Paulo: Permite-se-te que te defendas. Então, Paulo, estendendo a
mão em sua defesa, respondeu: 2 - Tenho-me por venturoso, ó rei Agripa, de que
perante ti me haja, hoje, de defender de todas as coisas de que sou acusado
pelos judeus, 3 - mormente sabendo eu que tens conhecimento de todos os
costumes e questões que há entre os judeus; pelo que te rogo que me ouças com
paciência. 4 - A minha vida, pois, desde a mocidade, qual haja sido, desde o
princípio, em Jerusalém, entre os da minha nação, todos os judeus a sabem. 5 -
Sabendo de mim, desde o princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a
mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu. 6 - E, agora, pela esperança
da promessa que por DEUS foi feita a nossos pais, estou aqui e sou julgado, 7 -
à qual as nossas doze tribos esperam chegar, servindo a DEUS continuamente,
noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus.
Resumo da Lição
1, O Mundo do Apóstolo Paulo
I – O MUNDO DE
PAULO NO IMPÉRIO ROMANO
1. Entendendo a
origem de Paulo.
2. A geografia
do mundo de Paulo.
3. Paulo,
chamado para os gentios.
II – O MUNDO
CULTURAL DE PAULO
1. A língua
mundial daqueles dias era o grego.
2. O mundo
cultural do apóstolo Paulo.
3. A influência
da filosofia grega.
III – O MUNDO
RELIGIOSO DE PAULO
1. Paulo se
identifica como judeu.
2. Paulo foi
criado dentro da fé judaica.
3. O mundo:
palco da mensagem de Paulo ao povo gentílico.
Veremos
nesta lição1 o mundo de Paulo no império romano, sua origem, a geografia do
mundo de Paulo, seu chamado para os gentios.
Veremos o mundo
cultural de Paulo, a língua mundial daqueles dias era o grego, o mundo cultural
do apóstolo Paulo, a influência da filosofia grega.
O mundo
religioso de Paulo, ele se identifica como judeu, ele foi criado dentro da fé
judaica, o mundo, palco da mensagem de Paulo ao povo gentílico.
Paulo de
Tarso, da tribo de Benjamim, Judeu, que falava Hebraico, Aramaico, Grego e
latim (na minha opnião, pois era a língua falada peos romanos).
Paulo, o maior
imitador de CRISTO. Também chamado "Paulo, o velho" (Fm 1:9), "O
prisioneiro de CRISTO" (Fm 1:9).
Paulo escreveu
mais da metade dos livros do NT.
Considero
Hebreus escrito por Paulo.
Paulo
influenciou a escrita do evangelho de Lucas.
Paulo era usado
em todos os dons do ESPÍRITO SANTO
Pedro abriu a
porta, mas quem percorreu todos os cômodos da casa e se instalou nela foi
Paulo.
Foi Paulo
usado por DEUS para transformar a "seita dos nazarenos" em Igreja de
CRISTO.
Paulo
usava escrituras, livros e pergaminhos.
Anotava sempre
o que ia recebendo de DEUS.
É o maior
instrumento do ESPÍRITO SANTO para nossos ensino, sempre baseado nos ensinos de
JESUS CRISTO.
No tempo
de JESUS e de Paulo (eram contemporâneos, com diferença de idade entre 9 e 12
anos) o Império romano se impõe como reino que não tem adversário à altura.
Politicamente e
belicamente não havia concorrentes.
A cultura grega
dominava, mas prevalecia a autoridade Romana.
Império
romano governava desde a Inglaterra até a Persia.
Entre anos 60 e
150, governo romano experimentou seu apogeu e a Pax romana, com estradas
ligando todo o império, possibilitando assim a intercomunicação e o comércio
entre todos os países do império.
Mar
mediterrâneo e norte da África também eram dominados pelo império romano.
COMENTÁRIOS
DE LIVROS A RESPEITO DO ASSUNTO
A Quinta
Defesa de Paulo - Atos 26:1-11 - Comentário Bíblico - Matthew Henry
(Exaustivo) AT e NT
Agripa
era a pessoa mais ilustre na assembleia, tendo o título de rei que lhe fora
concedido, embora sob outros aspectos tivesse somente o poder dos outros
governadores sob o imperador e, mesmo não sendo superior aqui, era veterano em
relação a Festo; e por isso, depois de Festo ter aberto a sessão, Agripa, como
o orador da corte, concede a Paulo licença para que se defenda (v. 1). Paulo
ficou em silêncio até que tivesse conseguido essa liberdade; porque não são os
mais dispostos a falar que são os mais preparados para falar e falam melhor.
Esse era um favor que os judeus não lhe dariam, ou não sem dificuldade; mas
Agripa de bom grado o dá a ele. E a causa de Paulo era tão boa que ele não
queria mais que ter a liberdade de falar por si mesmo; ele não precisava de
advogado, de nenhum Tértulo para falar por ele. Seu gesto é registrado: Ele
estendeu sua mão, como alguém que não estava em nada consternado, mas tinha
perfeita liberdade e domínio de si mesmo; e isso também dá a entender que ele
estava falando sério e esperava a atenção deles enquanto respondia por si.
Observe: Ele não insistiu em seu apelo a César como uma desculpa para ficar em
silêncio, ele não disse: “Eu não mais serei examinado até que eu vá ao
imperador em pessoa”; mas amavelmente abraçou a oportunidade de honrar a causa
pela qual ele sofria. Se nós devemos estar sempre preparados para responder com
mansidão e temor a qualquer que nos pedir a razão da esperança que há em nós,
muito mais a cada homem de autoridade (1 Pe 3.15). Sendo assim, nessa última
parte do discurso:
Esse era o
caráter de Paulo, e essa a sua maneira de viver no início de sua carreira; e
por isso não se poderia presumir que ele fosse cristão por educação ou costume,
ou que tivesse sido atraído pela esperança de promoção, porque todas as
objeções exteriores imagináveis estavam contra ele ser cristão.
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Atos 26:1-7 -
Comentário - NVI (F.F.Bruce)
Alcançamos o
zénite desse ministério especial no que concerne à Palestina. Após as
apresentações feitas por Festo, Agripa assumiu a sessão e,
imediatamente, deu oportunidade a Paulo para que falasse em sua
defesa (26.1).
4) A defesa de
Paulo diante de Agripa e Festo (26.2-23)
O conteúdo e o
estilo da defesa. Essa fala não é uma defesa e um testemunho improvisado, como
foi a sua mensagem à multidão no cap. 22, pois Paulo tinha tido
tempo suficiente para o preparo e percebeu a importância da ocasião. Por
isso, o discurso é tão rico em conteúdo doutrinário, histórico
e apologético e, portanto, muito difícil de ser resumido em espaço
limitado. Alguns estudiosos nos informam que Paulo lembrou das suas lições
em retórica que tinha aprendido em Tarso, visto que nessa ocasião dá
atenção especial ao estilo, embora a língua seja, evidentemente, grego
helenístico, e não clássico. Outros, no entanto, consideram extremamente
duvidoso que ele tenha estudado em uma escola grega em Tarso,
interpretando At 22.3 como significando que Jerusalém foi a cidade da sua
adolescência e juventude.
O preâmbulo (v.
2,3). O preâmbulo era obrigatório nessas “apologias” diante de juízes
distintos, e mais uma vez Paulo soube como combinar polidez e verdade,
podendo de fato considerar-se feliz em expor os seus argumentos
diante de um soberano profundamente versado em questões judaicas, e
não ignorante acerca do início do cristianismo.
Saulo, o
fariseu (v. 4,5). Paulo gostaria que a sua conversão e ministério cristão
fossem vistos contra o pano de fundo da sua história inicial como judeu
ortodoxo, adepto do partido mais rigoroso, o dos fariseus.
Embora fosse nativo de Tarso, cidade de gentios, a sua vida tinha
sido vivida entre os de seu povo, embora isso não excluísse influências
gregas.
Paulo
entregou-se à esperança de Israel (v. 6-8). Ele não era nenhum separatista
perigoso, mas se apegava firmemente à esperança que se originava nas promessas
fundamentais dadas à nação (Gn 12—15) e que tiveram seu cumprimento na
ressurreição; pois desde o início Abraão tinha aprendido a confiar no
DEUS que dá vida aos mortos (Rm 4.16-25). A nação ideal das 12 tribos
(naquele momento representada pelo remanescente fiel) nunca tinha aberto mão
dessa esperança no desenrolar da sua adoração a DEUS, e a ressurreição
dos mortos é incrível somente para os que não conhecem DEUS.
Saulo, o
perseguidor (v. 9-11). Paulo volta à sua história e mostra que não
somente era fariseu, mas o grande líder da primeira perseguição geral
da igreja em Jerusalém.
Podemos
observar os detalhes vívidos daquele período trágico e da sua fúria contra
eles, os cristãos. E difícil entender a relutância de alguns estudiosos em
admitir que a afirmação e quando eles eram condenados à morte eu dava
o meu voto contra eles signifique que Saulo, apesar de muito jovem, era
membro do Sinédrio, pois cortes inferiores não podiam sentenciar a pena de
morte.
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A Vida e a
Época do Apóstolo Paulo - 220.92 - Biografia - Ball. Charles Ferguson - Bala A
Vida e a Época do Apóstolo Paulo.../ Bali, Charles Ferguson - 1° ed. - Rio de
Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de DEUS, 1998. ISBN 85-263-0186-1 -
Biografia. 2. História Bíblica.
Grande parte da
vida e da época de Paulo nos tem sido preservada no Novo Testamento,
principalmente nos escritos pessoais do apóstolo. Numa narrativa envolvente,
Charles Ferguson Ball apresenta, pormenorizadamente, a vida do grande apóstolo
dos gentios. Onde a história se cala, o autor busca prováveis detalhes em suas
pesquisas, mantendo sempre a conformidade com o registro bíblico.
OS PORTÕES DO
OCIDENTE
A província da
Cilícia estendia-se numa estreita faixa de terra a nordeste do mar
Mediterrâneo. Medindo apenas 112 quilômetros de norte a sul, alongava-se do
ocidente para o oriente da Panfília, indo até as montanhas da Síria. As águas
azuis do Mediterrâneo banhavam as costas ao sul, formadas de planícies férteis
e montanhas onduladas, até chegar aos sombrios montes Tauros.
Os rochedos,
dos três lados da Cilícia, isolavam-na completamente de seus vizinhos, exceto
por duas conhecidas passagens nas montanhas.
As passagens
eram fáceis de serem vigiadas, pois, através delas, só podia transitar um
veículo de cada vez e, mesmo assim, com dificuldade. Em todo o Oriente eram mui
afamadas como as guardiãs do único acesso, por terra, entre a Síria e o
Ocidente.
Na estrada para
Antioquia, em direção ao sul, ficava a passagem conhecida como o Portão da
Síria. Todo o trânsito procedente da Ásia e do Sul tinha de ser feito por mar
ou pelas estradas montanhosas da Cilícia. Na extremidade ocidental da Cilícia,
cruzando os rochedos escarpados em direção às longínquas Grécia e Europa,
encontrava-se a outra passagem estreita, chamada Portão da Cilícia ou
Ciliciano.
Durante
séculos, comerciantes e viajores entraram e saíram por esses portões. Sua
localização estratégica proporcionou imensos lucros à Cilícia. Entretanto, por
esses mesmos portões marcharam também os exércitos imperiais; e, em caso de
guerra, vencia a batalha o comandante que primeiro dominasse as estradas das
montanhas. A Cilícia fora conquistada e reconquistada muitas vezes. Disputada
por gregos e romanos, agora pertencia a Roma. Não obstante, o idioma falado nas
ruas das cidades continuou a ser o grego.
Se esses
portões pudessem contar sua história, que formidável narrativa não seria!
Conquistadores e cruzados, soldados e mendigos, peregrinos e ladrões - todos
passavam por eles em suas viagens entre a Europa e a Ásia. Na verdade, ali
estava o portão de saída para o Ocidente.
O rio Cnido,
nascido nas rochas de um vale profundo, ia saltando de saliência em saliência
até chegar às terras baixas do Sul. Ao longo do percurso, reuniam-se lhe outros
rios menores, cada um transbordando com a neve derretida das altas serranias
dos montes Tauros. Assim aumentado, alargava-se e percorria preguiçosamente seu
caminho em direção ao mar.
Pequenas
aldeias, fazendas e cabanas de barro escuro salpicavam a planície. Para o
ocidente, a terra era ondulada e menos fértil. Por não se prestar ao cultivo,
era usada como pastagem para o rebanho. Na direção leste, porém, o solo era
rico e as colheitas boas. Aninhada entre os picos altaneiros, cobertos de neve,
e o mar azul e quente, a Cilícia era um lugar mui agradável.
Tarso, a Cidade
Natal de Paulo
Tarso, onde
Paulo nasceu e foi criado, era a capital e principal cidade da Cilícia. Era uma
das maiores cidades do Império Romano. Hoje, não passa de uma insignificante
cidadezinha turca. Alguns de seus largos muros de proteção ainda existem, mas
em completa ruína, com flores e mato crescendo pelas frestas.
Fora da atual
Tarso encontra-se uma ponte sob cujos arcos o rio Cnido correra no passado. (Se
essas pedras pudessem falar!) Hoje só podemos olhar as ruínas e os registros
históricos da cidade que abrigou Paulo em sua juventude, e imaginar a
influência que suas escolas, academias e ginásios exerceram sobre ele.
Apesar de sua
grandeza, Tarso não se destacava por sua antiguidade. Embora fundada antes de
Atenas e Roma, se comparada a Damasco, ou a Jerusalém, não passava de uma
criança. Ela experimentou suas primeiras glórias nos dias de Alexandre, o
Grande, quando muitos gregos abastados construíram ali suas residências e
palácios. A fama lhe proveio principalmente de seu entusiasmo pela cultura.
Suas escolas atraíam filósofos e professores de renome internacional. A
afirmação de que ofuscava qualquer cidade como centro cultural era bem
justificada.
Uma Cidade
Famosa
Bem antes dos
dias de Paulo, os filósofos e eruditos de Tarso já ensinavam retórica,
matemática, ética, gramática e música. Paulo ainda não brincava nas ruas da
cidade, quando grandes poetas, médicos, oradores e filósofos, treinados nas
escolas de Tarso, levavam-lhe o nome para outras terras. Era tão grande a
reputação da cidade que César Augusto, ele mesmo educado por Atenodoro de
Tarso, escolheu Nestor, outro educador da cidade, como mestre de seu filho.
Tarso possuía
inúmeros prédios públicos além de palácios e casas humildes. Havia ali um
enorme teatro ao ar livre, construído para acomodar milhares de pessoas, num
grande espaço aberto, aos pés de uma encosta, com fileiras e fileiras de bancos
de mármore dispostos num largo semicírculo. Peças gregas eram encenadas no
palco central, atraindo multidões. Ali também se apresentava a música da moda e
liam-se poesias. O teatro ocupava um lugar importante na vida de ricos e
pobres.
Marco Antônio,
famoso general romano, morara em Tarso. Gostava tanto da cidade, que lhe deu
autonomia; isto é, permitiu que seus cidadãos fizessem suas próprias leis sem
qualquer interferência de Roma e sem lhes cobrar quaisquer impostos. O
imperador Augusto, por sua vez, ficou tão impressionado com a cultura da cidade
que lhe permitiu ter seus próprios tribunais e nomear seus magistrados. Tarso
tornou-se um centro favorecido, despertando a inveja das cidades vizinhas.
Sua fama não
lhe provinha apenas da cultura. Tarso era também um centro financeiro. As rotas
comerciais davam-lhe proeminência. Nos dias de Paulo, o rio Cnido era tão largo
que navios de grande porte subiam por seu leito, cerca de 19 quilômetros, e
descarregavam suas mercadorias nos desembarcadouros da cidade. O cais era um
espetáculo pitoresco. Transitavam por aqui egípcios de rosto acobreado, e
africanos negros e fortes. Navios de Creta, Chipre, Rodes e Jope carregavam em
seu bojo uma estranha mistura de marinheiros alegres que exaltavam a grandeza e
o cosmopolitismo de Tarso.
Homens desciam
o rio Cnido em balsas e barcos rústicos, transportando as mercadorias de suas
fazendas e oficinas. Eram os fardos transportados para os navios e trocados por
grãos, peles, lã, e barris de óleo e vinho. Os portos eram uma confusão de
homens e longas fileiras de jumentos, mulas e cavalos. Quando o navio
finalmente acabava de ser carregado, os gritos dos marinheiros e estivadores
enchiam o ar à medida que as cordas eram desamarradas e o barco abria caminho
no mar cintilante. Esse era o cotidiano no porto de Tarso.
O Barco Dourado
de Cleópatra
O mais
esplêndido navio que já aportara em Tarso era, agora, apenas uma lembrança, mas
ainda perdurava a profunda impressão que deixara. Ficou conhecido como o barco
dourado de Cleópatra, a lendária rainha do Egito. Ela fora encontrar-se ali com
Marco Antônio para seduzi-lo com os seus encantos. Tinha os lábios pintados de
vermelho e as unhas de um amarelo brilhante, cor de açafrão. Por toda parte
corria a fama de sua beleza.
Naquele dia
longínquo, pessoas ansiosas ajuntavam-se às margens do rio, procurando
vislumbrar a belíssima rainha. O dia estava ensolarado e alegre, e o céu, azul.
No alto do mastro, uma grande vela de seda vermelha flutuava ao sabor da brisa;
flâmulas amarelas, carmesins, azuis e brancas esvoaçavam no mastro principal da
embarcação. Um espírito festivo permeava a cidade enquanto o barco subia o rio.
Os espectadores podiam ver a sua popa incrustada de ouro e coberta por um
dossel dourado. Sob o dossel, num divã, entre macias almofadas, reclinava-se
Cleópatra, enfeitada de joias resplendentes.
Os largos
remos, revestidos de prata, rebrilhavam, enquanto feriam aquelas águas. Aquele
fora um dia inesquecível. Sem dúvida, a história do seu esplendor seria contada
e recontada no decorrer dos anos.
Os Jogos
Os gregos e
romanos gostavam de competições atléticas. Apreciavam tanto o jovem que se
destacava nas corridas quanto o homem que vencia uma batalha. De seus heróis e
campeões, erguiam estátuas e monumentos. A pista de corrida era um lugar
enorme, aberto, como um teatro. De um lado, enfileiravam-se as arquibancadas,
construídas em forma de estádio para as multidões que iam assistir aos jogos e
corridas. Milhares de jovens treinavam para os jogos, e sua maior ambição era a
conquista dos prêmios.
A leste da
cidade, na encosta de um monte, um grande prédio erguia-se em toda a sua
magnificência. Era o ginásio - lugar onde os meninos aprendiam a ser ágeis e
fortes. Dos 16 aos 18 anos, os rapazes nada aprendiam além de atletismo. Outras
áreas da sua educação seriam cuidadas mais tarde. Afinal, o que mais importava
para os gregos e romanos era o condicionamento físico. Os meninos aprendiam a
correr, saltar, lutar e nadar. Havia ali banhos quentes e frios. Depois dos
jogos, eles banhavam-se e esfregavam o corpo com óleo de oliva.
O ginásio era
um lugar animado; ressoava com os gritos e risos de centenas de rapazinhos. O
edifício era majestoso, com enormes pilares e estátuas esculpidas em mármore,
representando grandes mestres, filósofos e homens vigorosos. Os meninos ficavam
então cercados de exemplos de homens cultos e fortes - os líderes da sua época.
A Grandeza de
Paulo
De todos os
homens ilustres de Tarso, produtos do ginásio e das famosas escolas, ninguém
foi maior que Paulo. Ele galgou alturas superiores a todos os demais. Todos
foram esquecidos e, apesar de tanta grandeza, deixaram apenas uma pequena marca
na história. O grande apóstolo de CRISTO, porém, cativou de tal forma o coração
de milhões de pessoas em todas as eras, e alçou-se a tal proeminência, que a
própria Tarso é lembrada, não por suas escolas e comércio, mas porque Paulo ali
viveu.
O Mundo de
Paulo
Naqueles dias,
toda a vida do mundo concentrava-se no Mediterrâneo. Todas as grandes
civilizações desenvolveram-se junto ao mar cujo nome aludia ao centro da terra.
A palavra Mediterrâneo é formada por dois vocábulos que, juntos, significam
"o meio da terra". Todos os interesses da vida humana achavam-se
concentrados numa estreita faixa que se estendia pela costa sul da Europa, pela
costa norte da África e pelas costas ocidentais da Síria e Palestina. Além
dessa fronteira, havia regiões inexploradas, onde viviam povos bárbaros, que só
entrariam na corrente da civilização anos mais tarde.
Três nações da
época foram suficientemente grandes e fortes para deixar sua marca sobre as
demais: Roma, Grécia e Israel.
ROMA
Os romanos
governavam o mundo. Conquistaram esse direito pela força dos seus exércitos.
Eles possuíam o dom da colonização e do governo (sua pequena espada, gladium,
fez sucesso e era eficiente), as estratégias de guerra era infalível para as
conquistas de seus exércitos.
Devido ao poder
de suas legiões estacionadas em todas as colônias, eram os donos do mundo.
Embora poderosos, não se aproveitavam dos povos conquistados; pelo contrário,
procuravam integrá-los ao seu império, dando-lhes um lugar de honra.
Roma enviou
grandes construtores e arquitetos, que edificaram magníficas estradas e
levantaram prédios e templos por toda parte. As leis e instituições políticas
romanas eram famosas por sua justiça, garantindo o direito de todos os
cidadãos. Paulo apelou a esta lei, quando se tomou evidente o preconceito dos
tribunais da Judéia contra si.
O cenário,
porém, não era inteiramente luminoso. Com o aumento do poder e da riqueza, Roma
tornou-se corrupta e frívola, presa à sensualidade, ao pecado e ao luxo. Em
consequência, o povo fez-se dolente e fraco. O império de que tanto se
orgulhavam desmoronou-se diante dos bárbaros vindos do Norte, que o invadiram e
saquearam. Mesmo nos dias de seu maior poderio, não tinham força espiritual;
deleitavam-se em prazeres vulgares e brutais, como as lutas de gladiadores.
Durante os feriados, os lutadores combatiam até a morte nas arenas. No reinado
de Trajano, dez mil gladiadores lutaram num período de apenas seis meses.
Lutavam entre si como tigres e leões, e milhares de espectadores aplaudiam-nos
enquanto mutuamente se matavam. Multidões acorriam ao Coliseu de Roma para
assistir à morte de cristãos devorados pelas feras.
Tanto por sua
grandiosidade quanto por sua fraqueza, os romanos deixaram na história a sua
marca indelével. A seu favor deve ser dito que construíram o maior império que
o mundo já viu.
Grécia
Se os romanos
foram os líderes mundiais no tocante à lei e ao governo, os gregos lideraram na
cultura e no conhecimento. A arte, a ciência e a literatura desenvolveram-se
mais na Grécia que em qualquer outra parte. Embora o império fosse romano, a
língua grega foi reconhecida como o idioma empregado pelas pessoas cultas. Os
eruditos de todas as nações orientais falavam e escreviam o grego. Essa é a
razão de o Antigo Testamento ter sido traduzido para o grego muito antes do
nascimento de CRISTO, e das cópias mais antigas do Novo Testamento estarem em
grego.
Os gregos eram
um povo genial. Guiados por Alexandre, o Grande, conquistaram o mundo e
procuraram helenizá-lo. Desempenharam tão bem sua tarefa que, mesmo após a
morte de Alexandre e a divisão de seu império, uma porção da arte e da
literatura gregas permaneceu em cada nação. Os professores e filósofos gregos
eram os intelectuais reconhecidos da época. Eles divulgaram, em todas as
nações, a literatura, arquitetura e pensamento científico de seu país.
Muitos judeus,
nos dias de Paulo, liam as Sagradas Escrituras na tradução grega - a
Septuaginta (Até mesmo JESUS usou suas citações) - pois o hebraico estava se
tornando rapidamente uma língua morta.
Quando o
Cristianismo surgiu, toda praça de mercado tinha seu grupo de eruditos gregos
que se deleitavam em discutir palavras e frases, e cujo talento degenerava em
confusão. A balbúrdia era às vezes tão grande que milhares de pessoas, tanto
conquistadores como conquistados, abandonavam a crença em seus deuses e
sistemas filosóficos. As religiões pagãs achavam-se à beira de um completo
colapso, decadência e corrupção. Essa era a situação cultural do mundo, quando
JESUS e Paulo nasceram.
ISRAEL
A nação, porém,
que mais marcou a civilização mundial foi Israel. Sua marca jamais se apagará.
Embora os judeus não tivessem poderio militar, destacaram-se por sua religião.
Dispersos por todas as terras, construíam sinagogas para adorar a DEUS.
Estrabão, um dos grandes historiadores da época de CRISTO, escreveu: "É
difícil encontrar um único lugar na terra que não haja admitido essa tribo de
homens e sido por ela influenciado".
Isso se dera
devido ao fato de a Assíria, Babilônia e Roma terem invadido a Palestina, e
levado daqui milhares de judeus para o cativeiro. Onde quer que fosse, o povo
escolhido levava consigo as Sagradas Escrituras e as profecias de um Messias
vindouro.
Eram homens
orgulhosos e exclusivistas, envolvendo-se em seus mantos de justiça enquanto
voltavam as costas ao grande propósito para o qual haviam sido chamados:
representar a DEUS entre os demais povos. Escrevendo aos Romanos, Paulo resume
o lugar de Israel no mundo, e aponta suas falhas em palavras contundentes:
Eis que tu que
tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em DEUS; e sabes a
sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei; e confias
que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, instruidor dos néscios,
mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei; tu, pois,
que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve
furtar, furtas?... Porque, como está escrito, o nome de DEUS é blasfemado entre
os gentios por causa de vós (Rm 2.17-21,24).
Embora seja
penosamente óbvio o fracasso dos judeus em executar os planos divinos, eles
estabeleceram sinagogas desde a longínqua Babilônia até a cidade de Roma. Na
história do Pentecostes, os judeus que voltaram a Jerusalém, abrangiam
conterrâneos de todas as províncias do império romano:
Partos e medos,
elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, Ponto e Ásia.
E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros
romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes (At 2.9-11).
Lucas faz um
resumo, dizendo que os judeus eram de "todas as nações que estão debaixo
do céu" (At 2.5).
Onde quer que
os judeus construíssem suas sinagogas e cumprissem seus rituais, estabeleciam
um centro para a adoração do DEUS Único e Verdadeiro.
Sua presença no
Império Romano foi de grande ajuda, servindo de porta para o programa futuro da
Igreja. Quando Paulo viajava para um novo local, sempre procurava a sinagoga
para pregar, e isso geralmente dava início a uma nova igreja.
O Plano de DEUS
Eis aí um
vislumbre do mundo em que Paulo nasceu. O cenário era de confusão, conflito,
insatisfação e necessidade - necessidade que não podia ser satisfeita pela lei
romana, erudição grega ou religião judaica.
Entretanto,
DEUS decidiu enviar a este mundo um homem que, pelos seus dons naturais, pôde
cativar toda classe de pessoas. Com seus antecedentes e preparo, estava apto a
falar com autoridade aos romanos, gregos e hebreus. DEUS separou esse homem,
mudou todo o curso de sua vida e usou-o para fortalecer a Igreja de maneira
milagrosa. Saulo de Tarso, o escolhido de DEUS, tornou-se um dos maiores
pensadores e, certamente, o maior líder e teólogo da Igreja.
O LAR EM TARSO
Jamais foi
escrita uma biografia completa do apóstolo Paulo. Essa tarefa é simplesmente
impossível por nos faltarem o início e o fim de sua história. Nosso registro de
suas atividades começa em sua juventude, pouco antes de ele iniciar o
apostolado. Foi aí que Lucas o conheceu e incluiu-o em sua história da Igreja
Primitiva. Além disso, só temos algumas notas pessoais nas 13 epístolas
eclesiásticas e pastorais escritas por ele em diferentes partes do Império
Romano. Apesar das muitas lacunas desses registros, temos o suficiente para
tornar o relato um dos mais emocionantes da História.
Está claro que
não houve monotonia na vida de Paulo. Sumariando esse período, ele menciona
vividamente alguns episódios:
Recebi dos
judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com
varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia
passei no abismo. Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de
salteadores, em perigos dos da. minha nação, em perigos dos gentios, em perigos
na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos
irmãos. Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em
jejum muitas vezes, em frio e nudez (2 Co 11.2427).
Em lugar
algum, porém, esta história é inteiramente contada. Além do breve relato de um
naufrágio, os outros não são mencionados. Não há nenhuma narrativa da noite e
do dia terríveis passados em alto mar, agarrado talvez a um destroço. Nem é
feita a descrição dos assaltos nas passagens montanhosas, onde os ladrões
tornaram-se tão ameaçadores para os viajantes, que estes tinham de se organizar
em caravanas. A seguir vieram os rios caudalosos e as enchentes, com apenas
algumas pontes para cruzá-los. Para os de viva imaginação, essas aventuras são
verdadeiramente estimulantes!
Embora não haja
registro da infância de Paulo, uma história muito interessante pode ser montada
a partir das informações colhidas da história, da tradição e das notas pessoais
nos escritos paulinos.
O Nascimento de
Paulo
O grande
apóstolo nasceu por volta do ano três de nossa era, no lar de um piedoso casal,
no bairro judeu de Tarso. As ruas eram estreitas e as casas pobres, mas aquele
dia foi de imensa felicidade para a família. Contemplaram o rosto do filho, e
sentiram-se satisfeitos e orgulhosos.
Embora vivessem
numa cidade gentia, seus pais resolveram dedicá-lo ao serviço de DEUS, e fazer
tudo o que estivesse ao seu alcance para educá-lo como um verdadeiro israelita.
O pai pertencia
à tribo de Benjamim e gabava-se disso sempre que os vizinhos mencionavam suas
árvores genealógicas. Todos sabiam que Saul, o primeiro rei de Israel, era
benjamita.
Apesar de morar
em Tarso, a família considerava as montanhas orientais da Palestina o seu
verdadeiro lar como o faziam os judeus piedosos. Para eles, Jerusalém era a
cidade mais bela do mundo, pois ali estava a Casa de DEUS. Eles enviavam
ofertas para os reparos do Templo, e a cada ano planejavam visitar a Cidade
Santa por ocasião da Páscoa.
Oito dias após
o nascimento do menino, os pais deram-lhe um nome. A cerimônia foi seguida de
uma ceia, para a qual todos os amigos e parentes foram convidados, e cada um
levou o seu presente. Ele recebeu o bom nome hebreu de Saulo. Esse era um nome
mui querido de todos os descendentes de Benjamim porque assim se chamava o
primeiro rei de Israel. Mas como viviam no mundo romano, usaram também a forma
latina do nome — Paulo.
Nos negócios,
ele era Paulo, porque isso impressionava os gentios. Mas a mãe sempre o chamava
de Saulo, pois esse nome agradava-lhe o coração.
Primeiros
Ensinamentos em Casa
O pai de Saulo
era muito severo. Sendo fariseu, acreditava que os mandamentos de Moisés, como
interpretados pelos rabinos e escribas, deveriam ser observados à risca.
Uma caixa
metálica brilhante, medindo 2x7 centímetros, ficava pendurada no batente de sua
porta. Quando os visitantes chegavam, ou saíam, tocavam-na e beijavam os dedos,
resmungando algumas palavras da Escritura. Dentro da caixa, escritos num pedaço
de pergaminho, estavam versículos da lei de Moisés, começando com aquelas
palavras tão familiares: "Ouve, Israel, o Senhor nosso DEUS é o único
Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu DEUS de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu poder" (Dt 6.4-5). Esta caixa era chamada de
mezuzah. Antes de o pequeno Saulo ter idade suficiente para falar,
provavelmente já imitava os outros. Do colo da mãe, esticava o bracinho roliço
para tocar a caixa brilhante, beijando em seguida a mão como vira outros
fazerem. Prazenteira, a mãe sorria, acariciando lhe a cabecinha.
À medida que
Saulo crescia, aprendeu a ajoelhar-se com o rosto voltado à distante Jerusalém
e, com as mãos cruzadas à frente, já fazia uma oração pela manhã e outra à
noite. Quando perguntou a razão de ter de olhar para Jerusalém, foi-lhe dito
que o SANTO Templo estava ali, e que no Lugar SANTO, por trás da grande cortina
púrpura, DEUS habitava no meio de seu povo. O menino não compreendia tudo, mas
ficava impressionado porque a voz da mãe tornava-se solene, e ela curvava a
cabeça todas as vezes que falava de DEUS.
Ela também lhe
contava como o profeta Daniel, quando exilado numa nação gentia, jamais se
esquecera de abrir as janelas em direção à Cidade Santa, e falar com o seu
DEUS. Instado a não mais orar, recusou-se a obedecer ao edito do rei e, como
castigo, foi lançado à cova dos leões. Mas as feras não lhe fizeram mal algum,
porque DEUS fechara-lhes a boca.
A mãe de Saulo
contou-lhe as histórias de seu povo. Falou da opressão do Egito e de como DEUS
libertara o povo das mãos de Faraó, fazendo-o atravessar em triunfo o mar
Vermelho. Ela nunca se cansava de mencionar Saul, o rei de quem o filho levava
o nome, e como ele fora o mais alto, belo e majestoso de todos os homens de
Israel. Enfatizava repetidamente o fracasso dos juizes e a humildade de Saul, o
primeiro rei de Israel. "Por causa de sua humildade", repetia-lhe a
mãe, "ele foi honrado por DEUS".
Mas o fim
trágico de Saul ficou gravado para sempre no coração de seu jovem homônimo,
numa advertência de como DEUS rejeita o que dEle se desvia para buscar a
própria glória. A mãe de Saulo costumava concluir seus ensinamentos, citando a
Escritura: "Aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão
envilecidos" (1 Sm 2.30). De igual modo, contou a Saulo sobre Abraão, o
pai do seu povo; Moisés, o grande legislador; Gideão, Sansão e a rainha Ester,
filha de judeus pobres. Os heróis da nação judaica tornaram-se parte dos seus
pensamentos e da sua conversa diária. Suas histórias preferidas eram as de
aventuras e combates.
Quando o sol
enorme e quente descia por trás dos morros da Panfília e as estrelas surgiam no
céu púrpura, era a hora de todo menino dormir. Saulo e a irmã sentavam-se,
então, nos joelhos da mãe e ouviam-na falar de Davi, o pastorzinho que matara
um urso e um leão que tentaram devorar-lhe as ovelhas. Ela contava também sobre
o grande rei Salomão, cuja glória maravilhava o mundo inteiro; falava ainda
sobre a rainha de Sabá que fora a Israel verificar se era verdade tudo o que se
dizia sobre a sabedoria e riqueza do rei Salomão.
Uma das
histórias favoritas de Saulo era a do profeta Elias, que se escondera numa
caverna e fora alimentado pelos corvos. Num dia glorioso, no monte Carmelo, com
todos os profetas de Baal contra si, Elias pediu fogo do céu, e mostrou ao povo
quem era verdadeiramente o DEUS Todo-Poderoso.
Aos poucos, mas
solidamente, foi-se desenvolvendo no menino a consciência de que pertencia a um
grande povo. Orgulhava-se de que, embora minoria em Tarso, os judeus tinham
Jeová por DEUS, que sempre os abençoava quando eles o reverenciavam.
Nas longas
noites de inverno em Tarso, com os postigos e portas bem fechados para impedir
a entrada dos ventos frios do Norte, a família reunia-se ao redor da lâmpada de
óleo que brilhava. A mãe tecia o pano para fazer um casaco para o pequeno
Saulo. Enquanto seus dedos guiavam os fios, contava aos filhos sobre a túnica
que Jacó dera a José, e como este, despertando os ciúmes dos irmãos, fora por
eles vendido ao Egito. Mas DEUS estava com José, que se tornou o primeiro -
ministro no governo de Faraó, rei do Egito. José foi o meio usado para salvar o
seu povo da grande fome que sobreviera à terra de Canaã.
Mãe alguma
tinha uma reserva tão grande de histórias, nem jamais as contara com tanto
orgulho e convicção.
A Sinagoga
A mãe de Saulo
levou-o à sinagoga quando ele atingiu a idade apropriada. Ao chegar, lavaram os
pés empoeirados e depois sentaram-se na seção das mulheres e crianças, separada
da dos homens adultos por uma treliça de pedra. Através da treliça, ele podia ver
o pai sentado no chão com os homens, ouvindo enquanto o rabino lia a Lei, e
dirigia-se à congregação.
Ouve, Israel, o
Senhor nosso DEUS é o único Senhor. Amarás pois o Senhor teu DEUS de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E essas palavras, que
hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos, e delas
falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e
levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por testeiras
entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas
(Dt 6.4-9).
O pequeno Saulo
não compreendia muita coisa do que se passava na sinagoga. Mas a mãe achava que
ele deveria conhecê-la desde a mais tenra idade para, mais tarde, sentir-se
estimulado a frequentá-la regularmente. Ela podia imaginá-lo dentro de poucos
anos, sentado com os outros homens, discutindo os caminhos de DEUS e, depois,
como rabino, explicando as Escrituras. Seu coração estremecia com o privilégio
de educar um filho de Israel que frequentasse a sinagoga de Tarso durante toda
a sua vida.
Durante aqueles
primeiros anos, a mãe de Saulo foi sua única professora. Olhos puros fitavam
olhos confiantes. E, assim, Saulo passou a viver conforme o padrão escolhido
pela mãe. Ela sabia que era seu dever levar o filho a conhecer e a amar as
Escrituras conforme ensinara Moisés:
Quando teu
filho te perguntar pelo tempo adiante, dizendo: Quais são os testemunhos, e
estatutos e juízos que o Senhor nosso DEUS vos ordenou? Então dirás a teu
filho: Éramos servos de Faraó no Egito, porém o Senhor nos tirou com mão forte
do Egito
(Dt 6.20,21).
Os Ensinamentos
do Pai
Os rabinos da
antiguidade diziam que as lições em casa deviam começar aos cinco anos. O pai
seria o principal professor nesse período, cuidando da educação do filho. A
escola começou então oficialmente para Saulo nessa idade. Depois disso, o
aprendizado não se baseava tanto nas histórias, mas na memorização de
versículos do Antigo Testamento e dos cânticos da sinagoga. Os salmos de Davi
eram usados como hinos de adoração, e cada menino tinha de aprendê-los,
juntamente com os mandamentos de Moisés e as tradições dos grandes rabinos.
Grande parte da
educação resumia-se em decorar textos. Para Saulo, este exercício iniciou-se
aos cinco anos e continuou até os trinta. Os judeus não precisavam estudar
outros livros didáticos. As Escrituras continham todos os conhecimentos
relativos à vida. As histórias do seu povo eram o seu único prazer, e extrair
conhecimento de quaisquer outras fontes era desencorajado e visto com
desconfiança.
A primeira
lição de Saulo, baseada num versículo de Deuteronômio, foi-lhe transmitida em
grego. Ele a repetiu várias vezes até decorá-la: "O que o Senhor requer de
mim, senão adorá-lo e andar em seus caminhos, amá-lo e servi-lo de todo o meu
coração e alma, e guardar os mandamentos que DEUS ordena neste dia para o meu
bem?"
Depois disso,
Saulo decorou verso após verso das muitas promessas divinas, pois os seus pais
acreditavam que, se um judeu fosse bom e adorasse a DEUS, o Senhor abençoaria
sua casa, campos e negócios. Mas, se não amasse e adorasse ao Senhor,
certamente DEUS o castigaria, retirando-lhe sua bênção. Desde a infância, Saulo
foi levado a crer em tudo o que a Escritura dizia. Mais tarde, não teve
dificuldade em aceitar tudo o que ensinava o rabino.
Aos seis anos,
seus pais o levaram pela mão à escola de rabinos. Com um olhar de medo e
saudade, o menino largou a mão da mãe, que o entregou ao professor. O ambiente
não era tão confortável como sua casa. O mestre era um estranho barbudo. O pai
ficou ali mais algum tempo, observando o filho sentar-se de pernas cruzadas na
companhia de outros trinta garotos, que olhavam fixamente à face severa do
mestre.
Os pais
voltaram para casa experimentando uma mistura de sentimentos. Orgulhavam- se
pelo fato de o menino estar crescendo, mas entristeciam-se porque o tempo de
seu aprendizado no lar chegara ao fim. Todavia, sentiam-se satisfeitos porque o
filho ia ser educado como um verdadeiro hebreu, embora estivesse numa cidade
grega e distante do Templo de Jerusalém.
Diferentemente
das escolas gregas, não havia na escola da sinagoga nem aula de desenho nem de
pintura. Traçar a figura de um homem, pássaro ou animal era proibido pela Lei.
Os jogos e esportes gregos também não tinham espaço nas escolas rabínicas; eram
costumes pagãos desprezados pelos eruditos judeus.
Em casa e na
escola, Saulo aprendeu que a maior coisa do mundo era adorar a DEUS de todo o
coração e obedecer aos mandamentos de Moisés.
Não havia
necessidade de carregar livros, pois nem o professor os possuía. Em voz alta e
monótona, este repetia as lições aos alunos até que tudo lhes ficasse gravado
na memória. Era repetir, repetir e repetir.
Como todos os
meninos, Saulo fazia inúmeras perguntas. Seus pais encorajavam-no a isso,
especialmente no que dizia respeito aos rituais religiosos. Saulo devia
perguntar por que a mãe varria a casa e acendia a lâmpada, entregando esta
depois ao pai a fim de procurar migalhas em todos os aposentos. Por que comiam
pão sem fermento, com as cabeças cobertas, como se estivessem prontos a fugir
do inimigo? Por que a mãe acendia uma vela a cada noite, até que, depois de
oito noites, a casa ficasse toda iluminada? Por que esperavam tão ansiosamente
a lua nova? Ele perguntava todas essas coisas e muitas outras. O pai, muito
orgulhoso, explicava-lhe o significado de cada uma delas: como eles celebravam
os grandes dias de sua história, e como DEUS lhes ordenara que essas datas
fossem lembradas. Os judeus eram diferentes de todos os povos do mundo; nessa
diferença, repousava o seu orgulho e alegria.
A seguir, veio
o aprendizado do alfabeto, tanto hebraico quanto grego. Se na sinagoga, o
hebraico era falado e lido, em casa e nas ruas, até os judeus falavam o grego.
Saulo teve, portanto, de aprender ambos os idiomas. O pai retirava os rolos
sagrados da caixa, entregava-os ao filho, e punha-se a contemplá-lo satisfeito,
enquanto o menino fazia a leitura na amada língua hebraica.
O Dia de Sábado
Como as escolas
não funcionavam aos sábados, as crianças judaicas esperavam ansiosas por esse
dia. Os cidadãos de Tarso não guardavam o sábado, e odiavam os judeus por serem
tão diferentes. O pai suspendia o trabalho mais cedo na sexta-feira, e parecia
contente ao ver a casa varrida e arrumada, os filhos vestidos com as melhores
roupas e a refeição da noite sobre a mesa. O dia de descanso começava com o
pôr-do-sol na sexta-feira e ia até o fim do sábado.
Quando a
escuridão descia sobre a cidade, o som da trombeta era ouvido do alto da
sinagoga. Os pais de Saulo inclinavam-se juntos. Em seguida, o chefe de família
impetrava a bênção sobre o lar. Ato contínuo, lavava as mãos numa bacia de água
e colocava um pouco de vinho na taça. Reunidos em volta da mesa, todos provavam
do cálice. Então o pai dizia algumas palavras a respeito do Senhor e,
mergulhando um naco de pão no sal, oferecia-o a cada membro da família.
Esse era o
começo do melhor dia da semana.
Eles
sentavam-se para uma refeição composta de peixe, sopa, pão e frutas. Era o dia
de descanso solene e não se avistava nenhuma fumaça evolando-se das casas
judias, pois DEUS ordenara fosse o sábado um dia de repouso. Nenhum fogo era
aceso; nenhum alimento, cozido; e o pai declarava gravemente que quem
desobedecesse devia ser morto. Moisés não condenara à morte o homem flagrado
colhendo gravetos para acender o fogo no sábado?
Nesse dia,
todos iam à sinagoga. Por trás da treliça que separava as mulheres e crianças
da parte principal do prédio, Saulo podia ver o pai no grande salão onde ardia
o castiçal de sete hastes. O pai removia os sapatos e amarrava filactérios nos
braços e na testa; colocava um xale azul na cabeça, e voltava-se em direção a
Jerusalém, para orar com os outros homens.
As portas eram
então fechadas e, de algum ponto, uma voz cantava: "Bendito o Senhor, o
Rei do universo, que fez a luz e as trevas, que envia a paz e cria todas as
coisas e quem, na sua misericórdia, dá luz à terra; quem, na sua bondade,
renova dia a dia as obras da criação". Podia se ouvir dos lábios dos
ouvintes um "amém" em voz baixa, enquanto todas as cabeças
mantinham-se inclinadas.
Enquanto
observava, Saulo viu um dos homens pegar um rolo grande de pergaminho e fazer a
leitura em hebraico. Era a lei de Moisés. Cada sentença era repetida em grego a
fim de que todos pudessem entender. A seguir, um dos principais da sinagoga
comentava o trecho lido. Às vezes, argumentava acaloradamente, citando opiniões
dos grandes rabinos. Eles também faziam perguntas difíceis e procuravam
respondê-las demonstrando grande autoridade.
Depois das
perguntas, uma breve bênção despedia o povo que saía em silêncio. Às vezes,
reuniam-se nas casas, mas nunca passeavam a pé, já que era proibido andar mais
de §00 metros nesse dia. Quando o sol se punha, o pai reunia a família e orava
por cada um em particular, pedindo a bênção de DEUS sobre o dia que terminava.
O Rigor dos
Fariseus
Todas as regras
que Saulo aprendia na escola eram seguidas rigorosamente pelo pai; este era
meticuloso até na forma de lavar as mãos. No lar de Saulo, havia mais rigor e
disciplina que na maioria dos de seus amigos. Seu pai era fariseu e decidira
que o filho também o seria. Ser fariseu significava pertencer a mais importante
seita do Judaísmo.
Os saduceus
pertenciam à classe alta e rica; eram a aristocracia; ocupavam a maioria dos
altos cargos, mas não se importavam com a fé nem com a moral. Aceitavam as
Escrituras de modo geral, mas não acreditavam no céu, nem nos anjos, ou na vida
após a morte. Os fariseus apiedavam-se deles; achavam que o desejo de ser
modernos virara-lhes a cabeça.
Por seu turno,
os fariseus não só aceitavam integralmente as Escrituras, como também as
tradições orais dos rabinos. Diziam que as tradições se originavam da Palavra
de DEUS. Eles estavam continuamente brigando e discutindo com os saduceus, por
acharem ter alcançado uma posição superior à de qualquer outra classe.
Orgulhosos e intolerantes, agradeciam a DEUS por não serem como os demais.
Andar uma
milha, carregar um graveto, ou acender o fogo no sábado era considerado ofensa
grave por Saulo e seu pai. Até mesmo comer um ovo posto por uma galinha no
sábado era considerado pecado. Saulo pensava, trabalhava e crescia segundo os
ensinamentos do farisaísmo. Preparou-se gradualmente para liderar outros nessa
tradição, sem jamais sonhar que, um dia, despojar-se-ia dela como de algemas
pesadas, liberto que seria por CRISTO.
Influências
Gentias
Ao norte da
cidade ficava a pista onde eram disputadas as provas de atletismo. A cidade
inteira comparecia para apreciar tais eventos. Menino algum que crescesse em
Tarso poderia fugir à influência desse lugar. Os jovens da Grécia e de Roma
gostavam tanto de correr, e davam a isso tamanha importância, que um vencedor
se tornava herói nacional, e tinha uma estátua erguida em sua honra.
Saulo foi tão
influenciado por essa pista de corrida que, mais tarde, em seus escritos,
comparou a vida cristã a uma prova atlética. Considerou que a vida em CRISTO
tem um ponto de partida, uma pista e um alvo. O cristão não é alguém sem rumo;
tem um alvo diante de si e concentra-se na busca do prêmio. À medida que a vida
de Saulo se aproximava do fim, sua mente voltava à pista. E ele escreveu a
Timóteo: "Completei a carreira" (2 Tm 4.7).
Saulo
provavelmente nunca teve permissão para assistir a esses jogos. Era um
passatempo gentio e impróprio para um bom judeu, principalmente se fosse
fariseu. Não obstante, ele via os jovens gregos treinando para as corridas, e
não podia deixar de se interessar pelo vencedor.
O teatro também
atraía milhares de pessoas cultas; o melhor no campo da música, poesia e drama
era apresentado ali. Os judeus, porém, não apreciavam tais frivolidades. O pai
de Saulo considerava-as supérfluas e inadequadas ao filho de um fariseu.
Quando permitia
que Saulo fosse ao ginásio ver os rapazes saltar, correr e praticar todo tipo
de esportes, dizia-lhe que o exercício físico era necessário à formação de bons
soldados, mas o jovem que estudasse a lei de Moisés seria um homem melhor.
O Filho da Lei
Quando Saulo
completou 13 anos, sua vida passou para um estádio totalmente novo. Aos poucos
foi tomando consciência das responsabilidades da vida pessoal e comunitária.
Conforme ensinavam os rabinos, ao chegar aos 13 anos, o jovem torna-se
responsável por seus atos e já pode ser admitido na seção masculina da
sinagoga. A fim de marcar tal mudança, Saulo foi levado à sinagoga para uma
cerimônia conhecida atualmente como bar mitzvah.
O pai disse-lhe
que até então ele estivera aprendendo a Lei, mas chegara a hora de obedecê-la.
Chegara a hora da responsabilidade. Como bons pais, tinham feito o possível
para educá-lo na pureza da fé. Agora, achava-se ele por conta própria aos olhos
da Lei Mosaica; se deixasse de obedecê-la, poderia ser castigado pelo tribunal
da sinagoga como qualquer outro judeu.
Depois de
submetido a um exame solene, Saulo foi declarado apto para ter o filactério
amarrado no braço, como sinal de haver adentrado a idade adulta. Na sinagoga
mal iluminada, os amigos da família reuniram-se enquanto o pai apresentava o
filho ao rabino. Este prendeu a pequena caixa preta na parte superior do braço
de Saulo, e recomendou-lhe que nunca entrasse na sinagoga sem ela. A seguir,
pela primeira vez em público, ele procedeu à leitura da Tora, mostrando ter
sido educado como um verdadeiro hebreu. Depois disso, o rabino - seu velho
amigo e professor fez-lhe um discurso, no qual resumiu muitas das lições que
lhe ensinara. Com palavras de conselho, o líder espiritual acolheu-o na
comunhão da sinagoga.
Na audiência,
por trás da treliça, a mãe de Saulo ouviu seu menino ser declarado filho da
Lei. Seus olhos encheram-se de lágrimas. Nunca mais ele se sentaria ao seu lado
na sinagoga. Ela suspirou e chorou. Saulo tornara-se repentinamente um homem, e
mãe alguma está preparada para tal mudança.
Na caixa presa
ao braço de Saulo, havia trinta versículos da Escritura, escritos em
pergaminho, começando com a admoestação:
E te será por
sinal sobre tua mão, e por lembrança entre teus olhos; para que a lei do Senhor
esteja em tua boca: porquanto com mão forte o Senhor te tirou do Egito.
Portanto, tu guardarás este estatuto (Êx 13 9,10).
Veio a seguir a
festa em casa; os amigos levaram presentes e deram-lhe os parabéns. Era a
aceitação pública de Saulo como homem. Ele passou assim da infância para a
idade adulta aos olhos de seu povo. Não era mais um simples escolar, e sim um
estudante. Não abandonou os estudos; só mudou a maneira de estudar.
Fabricante de
Tendas
Afirma o ditado
rabínico: "O homem que não ensina um ofício ao filho quer que ele se tome
ladrão, pois quem não trabalha para ganhar o próprio pão come o de
outrem". Sabendo disso, o pai de Saulo desejava que o filho tivesse uma
profissão. Ele era fabricante de tendas e fora morar em Tarso atraído pela fama
de seus tecelões. Essa reputação devia-se ao fato de o cilicium, um tipo
especial de tecido, ser um produto da província. Era fabricado com o fio
comprido do pelo das cabras que pasciam nos montes da Cilícia, a oeste e ao
norte da cidade. O cilicium era considerado o melhor material para tendas,
pois, de tão duro, tornava-se quase impermeável. Também era empregado nas velas
dos barcos e trajes externos dos pescadores e marinheiros.
Havia uma
pequena oficina nos fundos da casa de Saulo. Era um barracão comprido e baixo,
aberto numa das extremidades, contendo um tear, rodas para tecer o fio,
caldeirões para tingir o pelo de cabra, e um banco para cortar o couro e
costurar as tendas. Fardos de peles de cabra amontoavam-se num canto, do jeito
que haviam saído das mãos do pastor.
Várias vezes ao
ano, o pai de Saulo viajava para as montanhas distantes, a fim de comprar
peles. Ele sabia onde encontrar os pastores que vendiam 3s peles de pelo mais
longo e resistente de toda a Cilícia. Completadas as compras, carregava os
jumentos com sua mercadoria e voltava à oficina. O pelo tinha de ser então
penteado e preparado para ser tecido. Uma parte era tingida de vermelho, outras
de amarelo, roxo e verde, para atrair os mercadores. O fio era depois enrolado
em fusos e preparado para as lançadeiras e o grande tear manual.
Preparado o
tecido, vinha a fabricação da tenda. Saulo observava o pai cortar o material em
tiras e costurá-lo com um fio bem forte e uma grande agulha de bronze. O
segredo era costurar tão bem e tão apertado, que nem uma gota de chuva pudesse
atravessar, ou vento algum rasgar o material. Não era fácil fazer uma boa
tenda. Era preciso prepará-la, enrolar a corda, fazer as estacas e colocar
ilhoses e ganchos de couro para pendurar caldeirões, panelas e arreios. A
seguir vinham as decorações. Algumas tendas eram coloridas com largas faixas
amarelas, vermelhas ou azuis. Mas o tipo comum não tinha faixas, era sempre
preto ou cinza.
Com o passar do
tempo, Saulo tornou-se um perito na profissão e podia fabricar tendas tão
fortes e boas quanto as de seu pai. Ele nunca se esqueceu do seu ofício e, anos
mais tarde, voltou a praticá-lo em muitas das cidades que visitou, pois não
aceitava dinheiro das igrejas para o seu sustento. Um fabricante de tendas de
Tarso era sempre bem recebido. Sua habilidade nessa profissão foi reconhecida
em todo o mundo.
Todavia, seus
pais queriam que ele fosse um professor da Lei de Moisés, um rabino. Naqueles
dias, todo rabino tinha um ofício, pois não era costume aceitar dinheiro pelo
ensino.
Não use a Lei
como enxada para cavar - disse um dos mais famosos.
Faça qualquer
tipo de trabalho - disse outro. - Nem que seja tirar a pele de um cavalo à
beira da estrada; e não diga para justificar-se: "Sou um sacerdote".
Os Feriados
Judeus
A semana mais
importante do ano era a da Páscoa. Era uma grande data nacional; tinha um
profundo significado religioso. A Páscoa celebrava a libertação dos israelitas
do cativeiro no Egito. É claro que havia outros feriados, tal como o da Festa
dos Tabernáculos, quando as crianças iam ao campo com os pais, e cortavam ramos
para construir uma cabana em cima da casa, na parte plana do teto. Isso era
feito para que se lembrassem da época distante, quando os judeus, ao deixarem o
Egito, passaram a morar em tendas. Sem uma habitação permanente, vaguearam
entre as rochas do deserto.
Havia também a
Festa da Colheita, o Purim e o Dia da Expiação. Para cada grande dia, vários
peregrinos piedosos deixavam Tarso e voltavam a Jerusalém. Saulo era ainda
muito jovem para ir; mas, desde que Tarso ficava junto à estrada principal, ele
se acostumara a ver centenas de judeus descansando ali, à noite, na longa
viagem para o Sul. Por várias vezes, tios, primos e outros parentes haviam
pernoitado em sua casa. Saulo lembrava-se de como, pelo menos uma vez ao ano,
seu pai juntava-se a esses grupos de viajantes. Ele embrulhava suas melhores
roupas a fim de vesti-las quando chegasse a Jerusalém, e depois arreava um
jumento e partia alegre pela estrada que o levaria através das montanhas até o
SANTO Templo.
Após meses de
ausência, o pai voltava admirado, cheio de histórias de grandes aventuras, que
entreteriam a família durante semanas. O menino, que nunca estivera em
Jerusalém, ouvia extasiado as descrições entusiasmadas do pai e pensava que a
grande cidade deveria estar logo abaixo do céu em glória e grandeza. O pai
falava do toque das trombetas dos sacerdotes, ao iniciar-se o dia de adoração
no Templo, e dos coros dos levitas, vestidos de branco, cantando os grandes
salmos nos degraus de mármore.
As ruas ficavam
cheias de multidões alegres; turistas de todas as partes do mundo. Costumes
interessantes podiam ser vistos em toda parte, e línguas estrangeiras eram
ouvidas quando os grupos se juntavam nos pontos de reunião. O jovem Saulo ouvia
essas histórias até sua mente ficar repleta de sonhos e visões. Quando ele
também poderia ir a Jerusalém?
- Seja
paciente, meu filho, não falta muito para você poder ir com seu pai - dizia-lhe
a
mãe.
De fato, na
última viagem, o pai fizera alguns planos. Ele sempre esperara e ambicionara
tirar o filho da cidade gentia de Tarso, dando-lhe a vantagem de uma escola em
Jerusalém. Todo bom rabino fora treinado ali. Para ser bom professor era
necessário ter contato com os grandes rabinos do templo.
Desde que a mãe
concordara com o plano, não havia mais dúvidas. Os negócios na fábrica de
tendas tinham sido bons e, para o filho, não queria nada menos que o melhor.
Enquanto estivera em Jerusalém, só se falava do grande Gamaliel. Muitos o
procuraram durante os feriados para ouvir-lhe a sabedoria. Não se tratava de um
simples boato. Seus discursos eram poderosos, pois ele falava com autoridade.
Ficou então decidido que Saulo iria para a Cidade Santa, e talvez retornasse
mais tarde como um dos grandes rabinos de Israel.
NA ESCOLA DE
GAMALIEL
A sinagoga de
Tarso muito se orgulhou ao saber que um de seus rapazes iria estudar com os
grandes rabinos de Jerusalém. Muitos dos vizinhos tinham amigos ou parentes
nesta cidade, e ofereceram-se para escrever-lhes contando sobre a ida de Saulo,
e pedindo-lhes que o acolhessem. Todos queriam ser úteis, e na ceia, oferecida
em sua homenagem, levaram-lhe presentes, apresentaram-lhe as congratulações e
até lhe ofereceram alguns conselhos. Todos sabiam que Saulo era um bom
estudante e dele esperavam grandes coisas. Foram unânimes em afirmar que, um
dia, ele voltaria para falar, e talvez ensinar, em sua própria sinagoga.
Semanas antes
da viagem, a mãe de Saulo ocupou-se fazendo-lhe roupas novas e arrumando as
coisas que ele deveria usar na cidade grande. Ter várias mudas de roupas era
sinal de riqueza e boa educação, e ela queria que o filho tivesse um bom
começo. Medo e alegria subiam e desciam pelos corredores de sua alma,
perseguindo-se mutuamente, quando pensava no filho saindo de casa e no grande
vazio que lhe ficaria; mas ao mesmo tempo, pensava na honra e privilégio de
sacrificar-se, como é dever de toda mãe, Para que o filho convivesse com os
poderosos de Israel. O pai mantinha-se silencioso e distante, mas um brilho de
orgulho surgia em seus olhos quando imaginava seu menino na escola de Gamaliel.
Muitas vezes
Saulo observara as caravanas carregadas com todo tipo de mercadorias, partindo
de manhã bem cedo, para aproveitar ao máximo a luz do dia. Houve ocasiões em
que olhara para aquelas caravanas com inveja; agora iria partir com elas, e
talvez permanecesse fora durante vários anos. Uma sensação de medo e solidão o
envolvera. Era a primeira vez que ficaria longe de casa. E o mundo, agora, lhe
parecia tão grande. Todavia, não estava triste, pois eram tidos como
bem-aventurados os que podiam fazer a viagem. Nem todos tinham tais
oportunidades ou um futuro assim promissor.
Para o leste,
numa faixa branca e estreita, a estrada estendia-se pela vasta planície e
desaparecia nos montes distantes. Um grito alegre elevou-se da caravana,
enquanto os peregrinos acenavam com ramos verdes àqueles que tinham ido à sua
despedida.
A Despedida
Saulo juntou-se
à estranha caravana de velhos e jovens, ricos e pobres que, vagarosamente, iam
deixando Tarso para trás. Seus olhos encheram-se de lágrimas enquanto,
repetidas vezes, voltava-se para acenar aos pais, até que a longa estrada fez
com que estes e a cidade desaparecessem de vista. O pequeno grupo continuou
marchando lentamente, rindo, conversando e trocando histórias. Mas o coração de
Saulo estava tão pesado que ele mal disse uma palavra o dia inteiro. Pensava em
sua casa e em seus pais. Como tinham sido bons, e quão cuidadosamente
protegeram-lhe a vida contra tudo que fosse errado! Agora, porém, estava por
conta própria, e sua ambição era fazer com que os pais se orgulhassem dele.
Jamais esqueceria as lágrimas da mãe em sua despedida.
O sol já se
punha quando os peregrinos se aproximaram da cidade de Adana, a cerca de 32
quilômetros de casa, e armaram as tendas para passar a noite. Alguns mais ricos
foram até a estalagem de Adana, mas a maioria acampou fora dos muros da cidade.
A estalagem era um simples espaço aberto, cercado por um muro. No meio do
cercado havia um poço, e ao longo do muro alinhavam-se pequenos pórticos em
forma de arco, onde os viajantes se deitaram a fim de passar a noite. Não havia
qualquer tipo de mobília. Cada um desenrolava sua esteira, preparando o próprio
leito; todos levavam panelas e potes para cozinhar. Pelo menos estavam a salvo
de ladrões.
Aquele era um
bando interessante de viajores. Havia um velho mendigo com seu bordão e roupas
em frangalhos. Fizera a viagem muitas vezes e nada mais o surpreendia. Havia
também o menino de olhos vivazes, que viajava com o pai. Montavam cavalos e
mantinham-se longe dos outros, pois eram ricos. E o mercador gordo, de turbante
que, com uma faca na cinta, andava ao lado de suas mulas carregadas. Parecia
desconfiar das pessoas e não falava muito. Em sua maioria, porém, os viajantes
eram alegres e tagarelas, e os dias iam-se passando rapidamente. Cheios de
expectativas, os viajantes pensavam no fim da jornada.
Atravessando
Terras Históricas
Viajaram dia
após dia, armando as tendas e levantando acampamento. As pedras que
pavimentavam a estrada eram lisas e gastas, pois os exércitos de várias nações
haviam marchado sobre elas. Mercadores com seus camelos caminhavam por essa
estrada. Levas de escravos cansados, presos uns aos outros com correntes,
tinham sido impelidos como gado ao longo desse mesmo caminho, até que seus pés
sangrassem feridos. No quarto dia, os viajantes aproximar-se-iam do litoral,
pois a estrada passava por uma larga baía de águas azuis, na extremidade
oriental do Mediterrâneo. Em breve, voltar-se-iam para o sul, nas fronteiras da
Cilícia.
A sua frente,
levantavam-se as serranias da Síria. A estrada serpenteava pelos morros,
subindo de saliência em saliência, até chegar a uma passagem estreita e
difícil, que marcava a fronteira entre a sua província e a Síria. Era o Grande
Portão da Síria. Depois de atravessar essa passagem, Saulo estaria do outro
lado das montanhas que haviam sido a fronteira do seu mundo.
A velha cidade
de Antioquia ficava logo adiante, estranha e diferente com seus muros maciços,
parecendo uma fortaleza no alto de um morro. Antioquia era a capital da Síria.
Seus teatros e templos eram mais esplêndidos que os de Tarso. Herodes, o
Grande, de Jerusalém, pavimentara a rua principal e a enfeitara com pilares de
mármore. A cidade era belíssima, e ainda mais rica que Tarso.
De Antioquia,
eles seguiram para a estrada elevada de Damasco e depois pelas montanhas, até
aproximarem-se da Terra Prometida. As neves do Monte Hermom brilhavam à
distância, muito claras ao sol; e as florestas do Líbano, com suas lindas
árvores de cedro, fizeram-no lembrar dos salmos que conhecia e tanto amava.
Chegaram a
Nazaré, uma cidade de hospedadas, onde as caravanas sempre pernoitavam. Mas não
passava de uma cidadezinha e não tinha boa reputação. Os viajantes
apressaram-se por chegar ao rio Jordão. Aí, finalmente, Saulo estava chegando
às terras que a história dos judeus tornara famosas. Ele pensou em Josué que,
muitos anos antes, guiara os israelitas para uma terra que manava leite e mel.
O monte Tabor, com suas densas florestas, fora onde Débora e Baraque reuniram
dez mil homens e derrotaram Sísera com seus carros de ferro.
Ao sul do Tabor
ficava o vale de Jezreel, salpicado de vilarejos e campos verdejantes. Grandes
batalhas travaram-se ali. À distância adivinhava-se o monte Gilboa, onde o rei
Saul jogara-se contra a própria espada, depois de perder uma difícil batalha.
O povo de
Samaria era hostil aos judeus. Por isso, evitando atravessar a região, os
viajantes que iam para a Cidade Santa passavam para a margem leste do rio
Jordão, entrando em Decápolis e Peréia. Deixando rapidamente Samaria, Saulo e
seus companheiros chegaram ao lugar onde, mil anos antes, os israelitas haviam
cruzado o Jordão. O grupo entrou alegremente nas águas frias, como fazem os
viajantes judeus até hoje. Atravessaram para o outro lado, e Saulo pôde, enfim,
pisar pela primeira vez a terra tão amada pelos Benjamitas. Aqui ficava a
cidade que fora inexpugnável -Jerico - mas cujos muros caíram ao som das
trombetas de Josué. Aqui também se localizava Gilgal, onde o povo reunira-se
para coroar Davi. Cada pedra, ribeiro, vale e colina tinha alguma história
preciosa ao coração do judeu. E Saulo viu, pela primeira vez, a terra onde seu
povo tornara-se grande e mui poderoso. Para além de Jerico, a terra tomava-se
mais inóspita e a planície estreitava-se num vale cercado por montes íngremes e
próximos. A estrada mostrava-se sinuosa como uma serpente, e eles corriam o
risco de se depararem com bandos de salteadores. A subida era íngreme e os
viajantes estavam cansados, mas alegravam-se com a perspectiva de poderem ver,
dentro em breve, o monte das Oliveiras e a cidade mais bela da terra.
A Cidade de
DEUS
Finalmente, do
alto da estrada, avistaram a Cidade de DEUS, construída sobre um monte mais
baixo que o das Oliveiras. Do outro lado do vale profundo, seus muros, torres e
prédios abobadados apresentaram-se magníficos à luz dourada do sol poente.
Entusiasmados, os peregrinos entreolharam-se com olhos úmidos. Experimentaram o
mesmo ímpeto de alegria e orgulho pela grandeza da sua terra nativa. Algumas
das cúpulas e torres eram revestidas de puro ouro. Do alto da montanha, Saulo
contemplou o outro lado do vale do Cedrom e viu o pátio do templo; do ponto
mais elevado, avistou também o prédio onde, sob as asas estendidas dos
querubins de ouro, habitara Jeová.
Enquanto
apreciava com interesse e reverência o cenário, o grupo de peregrinos começou a
cantar um dos salmos que, através dos séculos, os viajantes entoavam ao
aproximar- se dos muros de Jerusalém:
De bela e alta
situação, alegria de toda terra é o monte Sião aos lados do norte, a cidade do
grande Rei. Dai voltas a Sião, ide ao redor dela; contai as suas torres. Notai
bem os seus ante muros, percorrei os seus palácios, para que tudo narreis à
geração seguinte. Porque este DEUS é o nosso DEUS para todo o sempre; ele será
nosso guia até a morte (SI 48.2,12-14).
O Templo
Na manhã
seguinte, quando o sol surgiu no céu oriental, as ruas já estavam coalhadas de
gente. Três toques de trombeta soaram dentro dos muros do Templo, proclamando o
amanhecer de um novo dia de adoração. Eram necessários vinte homens para abrir
os portões do templo. Quando as portas maciças giraram nos gonzos, a multidão
invadiu os pátios externos. Saulo achou-se pela primeira vez no Templo do
Senhor, e a primeira coisa que viu foi o sacrifício matutino queimando sobre o
altar. Erguendo os olhos à cobertura dourada do Lugar SANTO, ele fez as orações
matinais com uma sensação de força e proximidade que nunca antes experimentara.
Naquele lugar,
os hinos de Israel pareciam ganhar um novo significado:
Quão amáveis
são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos! A minha alma está anelante e
desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne clamam pelo
DEUS vivo! Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si e para sua
prole junto dos teus altares, SENHOR dos Exércitos, Rei meu e DEUS meu.
Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvar-te-ão continuamente (Sela).
Porque vale mais um dia nos teus átrios do que em outra parte, mil. Preferiria
estar à porta da Casa do meu DEUS, a habitar nas tendas da impiedade...
Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor (SI 84.1-4,10; 122.1).
O grande pátio
externo era calçado com pedras coloridas, e muitos adoradores de países
estrangeiros encontravam-se ali. Junto aos muros havia redis e gaiolas de
madeira, onde se vendiam ovelhas e pombos para os sacrifícios diários. Havia
também cambistas trocando moedas romanas e gregas pelo dinheiro de Israel, pois
só a moeda hebraica era aceita como oferta no Templo. Ali comprava-se e
vendia-se, pechinchava-se e enganava-se, pois os vendedores de animais não
partilhavam a mesma reverência dos visitantes.
Saulo jamais
vira pilares tão esplêndidos, nem um piso de tamanha magnificência;
ajuntamentos de sacerdotes vestidos de branco, e tantas pilhas de dinheiro. Na
extremidade do pátio, uma longa fileira de degraus levava a um terraço
superior.
Quando Saulo
aproximou-se deles, leu em grego e latim estas palavras: "O estrangeiro
não deve subir estes degraus, sob pena de morte".
Ele subiu ao
pátio interno. Nem sonhava que um dia, exatamente ali, sua vida seria ameaçada.
As mulheres não podiam ir além desse segundo pátio, mas Saulo cruzou-o
rapidamente, subiu um segundo lance de escadas e passou pela Porta de Nicanor,
feita de prata e ouro puros, entrando no pátio dos homens e dos sacerdotes.
Ali, no centro
do pavimento, estava o grande altar onde o fogo nunca se apagava. Suas pedras
eram rústicas, pois nunca martelo ou cinzel as tocara. Ele viu as mesas onde as
ovelhas eram mortas, e as longas filas de adoradores que carregavam ovelhas ou
pombos, esperando a sua vez, enquanto os sacerdotes ofereciam os sacrifícios um
a um.
A seguir,
noutro terraço ainda mais alto, ficava o magnífico Lugar SANTO. Suas pedras
eram revestidas de ouro. Grandes pilares brancos sustentavam o teto. Do lado de
dentro havia uma porta de ouro puro, coberta por uma cortina externa tecida de
azul e escarlate, roxo e branco. Por trás da cortina e da porta de ouro, onde
ninguém podia entrar, exceto o sumo sacerdote uma vez ao ano, havia coisas tão
sagradas que Saulo teve até medo de olhar para aquele lado. Ajoelhou-se com os
olhos fechados e o rosto no chão, profundamente comovido, orando ao Senhor DEUS
que habitava no Lugar SANTO.
Saulo sabia que
a construção do Templo se iniciara 40 anos antes, mas ainda não havia sido
concluída. Havia casas para os sacerdotes e os guardas; era uma cidade dentro
da cidade. O número de sacerdotes chegava a vinte mil e o de levitas e guardas
era ainda maior. Cada homem tinha de servir apenas duas semanas no ano;
portanto, não ficavam sobrecarregados, exceto nas grandes festas, quando todos
deviam estar presentes. Os levitas eram cantores, músicos ou porteiros.
Essa não era
uma simples sinagoga, mas o centro cultural de uma grande nação. O tesouro do
Templo era o lugar mais seguro do mundo para se guardar ouro e joias. Ricos
presentes de judeus abastados, pratos de ouro de príncipes estrangeiros, e
pilhas de artigos preciosos, enviados de todas as terras, achavam-se aí
custodiados. As ofertas diárias dos adoradores, recolhidas dos gazofilácios,
eram também depositadas na sala do tesouro.
No pátio
externo, havia muitos pórticos com colunatas onde multidões se aglomeravam para
ouvir os rabinos. Ouviam um deles por algum tempo e depois iam ouvir outro.
Algumas vezes, o rabino falava com voz clara e forte, outras, com voz baixa e
fraca. Alguns eram oradores, atraindo grandes multidões; outros tinham apenas
pequenos grupos, atraídos mais por sua sabedoria que por seu timbre de voz.
Enquanto passava de um para outro, Saulo não ouviu nada de novo. Era
praticamente a mesma coisa que aprendera em Tarso. Nada questionou, pois nunca
duvidara do conhecimento desses grandes homens. Fora ali para adorar aos seus
pés. Só quando o sol já descambava no horizonte e o sacrifício noturno
terminava, é que ele deixou os pátios. Aquela era, para ele, a Casa de DEUS.
Chegara finalmente ao templo dourado.
Passou dias e
dias nos pátios do Senhor, aprendendo tudo sobre a adoração a DEUS.
Impressionava-se cada dia mais com a beleza e o esplendor do lugar. Chegaria a
hora quando poderia dizer que conhecia e amava cada pedra do Templo. Enquanto
Saulo adorava diante do altar, sua ambição de ensinar a Lei de DEUS foi
tornando-se cada vez mais forte. Muitas vezes imaginava-se como um rabino
famoso, sentado num dos alpendres fechados, interpretando a Lei de DEUS ao
povo, mostrando que dominava perfeitamente o conhecimento de todas as
eras.
A Escola de
Gamaliel
Dentre os
muitos rabinos de Jerusalém, o pai de Saulo escolhera Gamaliel. Em primeiro
lugar porque, sendo fariseu, advertiria Saulo contra os saduceus; em segundo,
pela grande reputação de sua sabedoria e bondade; e, em terceiro, porque era
filho do rabino Simeão, e neto do rabino mais culto que já houvera em Israel. O
avô Hillel morrera há muito tempo, mas todas as opiniões modernas ainda se
baseavam no que ele dissera ou escrevera. Ser neto de um mestre tão ilustre
dava a Gamaliel um prestígio que ninguém mais possuía.
Gamaliel era um
homem de meia-idade, forte e vigoroso. O povo o considerava tanto que o chamava
de raban. Embora fosse um fariseu severo, era justo e mais tolerante que a
maioria de seus pares. Anos mais tarde, quando o apóstolo Pedro fosse julgado
perante o Sinédrio por falar de JESUS, Gamaliel aconselharia seus colegas a
deixá-lo em paz: "Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, deixai-os;
porque se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de
DEUS, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados
lutando contra DEUS" (At 5-38-39).
É certo que
Gamaliel seguiu os passos do pai e do avô em sua tolerância; havia, porém,
rabinos mais severos e inflexíveis. O rabino Shammai era tão estreito de mente
que foi chamado de "o Presilha". Ele prendia seus seguidores com
tantas regras, que a religião tornara-se lhes enorme fardo. Hillel, por outro
lado, como fosse bondoso, generoso e tolerante, recebeu o título de "o
Afrouxador". Ele iniciara como porteiro, carregando fardos pesados nas
costas, e fora tão pobre nos tempos de estudante, que não podia sequer comprar
roupas quentes.
Gamaliel olhou
para o jovem Saulo e, com um amável bem-vindo, recebeu-o em sua escola. Logo
Gamaliel descobriu que Saulo era um aluno dedicado e obediente. Em pouco tempo,
já demonstrava grande simpatia pelo novo aluno, esperando deste grandes
resultados. Percebeu no rapaz reais possibilidades de liderança. Saulo era tão
sincero em seu aprendizado que cativou o coração do professor. Mais que isso,
os pais de Saulo haviam cuidado para que o filho considerasse a religião o
ponto mais importante de sua vida. Alguns estudantes não nutriam um verdadeiro
amor pela cultura e adoração. Mas em Saulo havia um sentimento quase fanático,
que o levava a ser piedoso não só nos dias de festas, mas em todo o tempo.
Paulatinamente, o Zelo de Saulo foi-se fortalecendo. Ele descobriu que a vida
em Jerusalém era diferente da de Tarso. Aqui ninguém ria nem perseguia os
judeus. Não havia nada que lhe prejudicasse o desenvolvimento. Não havia
influência gentia; só encorajamento para mergulhar cada vez mais fundo nos
mistérios do Judaísmo.
Durante os
meses que se seguiram, o rapazinho transformou-se num homem independente.
Gamaliel alegrou-se com seu progresso. Passado um ano, os pais de Saulo
viajaram a Jerusalém para festejar a Páscoa, mas o principal motivo era ver o
filho. Aquele foi um grande dia! Ficaram observando orgulhosos, enquanto Saulo
discutia vários aspectos da Páscoa. Julgaram ouvir uma nota de autoridade em
sua voz, ao ouvi-lo discorrer sobre as coisas que aprendera de Gamaliel,
provando-as com passagens das Escrituras. Ele sabia até apresentar argumentos
contra os saduceus. Concluíram que Saulo sempre soubera raciocinar e argumentar
com lógica, mas agora isso estava sendo trazido à superfície. Que satisfação
lhes dava o filho!
Predição do
Messias Vindouro
Quando
analisado, o Judaísmo parecia uma simples religião de promessas e esperanças.
Em seu âmago, a tristeza mesclava-se com o esplendor. Todo judeu sentia
pesadamente o jugo de Roma; ansiava e orava pelo dia em que a nação seria
liberta, e os exércitos de Roma, expulsos. Os mesmos peregrinos que se
gloriavam no Templo também choravam amargamente em suas casas, clamando ao
Senhor por livramento. Todos os sacrifícios e cerimônias perderiam o
significado se os judeus tivessem de continuar sob o jugo de um rei
estrangeiro. Certamente, um dia DEUS haveria de livrar e abençoar o seu povo,
como fizera no passado.
Havia um grupo
organizado de judeus patriotas, conhecidos como zelotes, que realizavam
reuniões secretas e planejavam uma revolta contra Roma. As autoridades romanas
mantinham-se ocupadas em procurá-los e castigá-los. Mas a sociedade trabalhava
ocultamente, mantendo viva a esperança de que, um dia, DEUS enviaria um
libertador poderoso como Moisés, que tiraria seu povo do cativeiro e novamente
o exaltaria sobre todas as nações.
Havia uma coisa
que Gamaliel ensinava com grande convicção. Não era um simples raio de
esperança. Tratava-se do ensinamento dos antigos profetas sobre a vinda de um
líder enviado por DEUS. Ele reuniria o povo de todas as partes do mundo para
expulsar os romanos, e reinaria em Jerusalém para todo o sempre. Essa era a
promessa que DEUS fizera a Davi: seu trono jamais desapareceria, por mais negro
que o céu se tornasse. Esse grande Redentor, que traria a salvação a Israel,
era o Messias.
Saulo sabia que
a vinda do Messias tinha sido mencionada pelos profetas há mais de mil anos. E
Gamaliel falava disso mais que qualquer rabino de Tarso, pois o esperava a
qualquer momento. O sábio professor lia passagem após passagem sobre o CRISTO
nos profetas, e até descobria promessas de sua vinda na Tora. Contava como
seria o Messias e como julgaria todas as nações. Ele esmagaria o mal e reinaria
com justiça.
Todo judeu
sabia que o Messias pertenceria a tribo real de Judá, e nasceria em Belém, pois
o profeta Miquéias predissera-o claramente. O professor de Saulo contou-lhe
que, quando Ele viesse, ficaria oculto por algum tempo. A seguir, reuniria o
povo e marcharia sobre Jerusalém, para dispersar os romanos e reinar para
sempre pelo poder de DEUS.
Duas Opiniões
O que Saulo não
sabia, até então, é que os rabinos estavam divididos em suas opiniões sobre o
Messias. Alguns liam que Ele seria um príncipe poderoso, livrando seu povo pela
guerra, e que as montanhas seriam tingidas de vermelho com o sangue dos seus
inimigos. Certos rabinos chegavam a afirmar que chamas sairiam de sua boca para
destruir os opositores.
Havia um grupo
menor, porém, que estava muito confuso com certas passagens, como o capítulo 53
de Isaías e o Salmo 22. Esses versículos deixavam claro que o Messias muito
sofreria. Ao mesmo tempo, ninguém podia negar que Ele viria para reinar com
poder. Portanto, cresceu a ideia de que haveria dois Messias - um sofredor; e o
outro, um rei triunfante. Nas sinagogas e nos alpendres fechados do Templo,
essa diferença era discutida e defendida com grande eloquência pelos eruditos.
Saulo começou a
ver muito claramente que as esperanças da nação dependiam desse Salvador
vindouro. Passou então a procurar zelosamente um líder e guerreiro, que
reunisse grandes exércitos para lutar contra Roma. Os rabinos contavam muitas
histórias sobre o Messias que estava para vir. Algumas delas não passavam de
sonhos absurdos e tolos. Outras eram fantásticas e irreais, não se baseando de
modo algum nas promessas de DEUS. As últimas eram produto da imaginação de um
povo oprimido, que não compreendia os caminhos de DEUS. Alguns dos rabinos
odiavam tanto os romanos, que descreviam o Messias fazendo toda sorte de
crueldades contra estes, a fim de vingar os judeus.
Os anos gastos
por Saulo nos estudos foram cheios de reverência, mas, até certo ponto, também
de rotina e monotonia. Não havia incentivo para desenvolver qualquer coisa
original; o estudo servia apenas para aumentar a capacidade de sua memória. Com
esse treinamento, não é de surpreender que a vida de Saulo se tornasse cada vez
mais estreita.
Os fariseus
eram a sua única companhia e, pouco a pouco, achou-se ele mergulhado cada vez
mais nas regras humanas. Seu gosto pela discussão fez com que se transformasse
no centro de muitas disputas. Sempre que surgia a oportunidade de defender os
sacerdotes ou rabinos, ou o sistema de adoração do Templo contra os
estrangeiros, Saulo entrava na arena com a língua afiada e o espírito em
chamas.
A Volta de
Saulo a Tarso
Exigia-se que
os professores estudassem dez anos para que fossem considerados aptos a
lecionar. Depois disso, ainda era necessário muito tempo para se construir boa
reputação e falar com autoridade. Antes de chegar aos 25 anos, Saulo voltou
para sua casa em Tarso.
Seus dias de
estudo e aprendizado jamais terminariam. Como, porém, estivera bastante tempo
com Gamaliel, já possuía um amplo e profundo conhecimento das opiniões dos
grandes rabinos. Sentiu então que já podia firmar-se sobre os próprios pés.
Aprendera e vira muita coisa. Conhecera pessoas de todo o mundo e tornara-se um
excelente aluno de sua história, especialmente em relação ao Império Romano.
Chegara a hora de deixar Jerusalém e os grandes rabinos, e retornar a Tarso
levando o conhecimento e a experiência que adquirira. Voltaria a fabricar
tendas com o pai, na esperança de que sua cultura o tornasse conhecido e
procurado como rabino em Tarso.
De uma coisa
tinha certeza - a única esperança para sua nação era a vinda do Messias. Entre
os judeus piedosos, esse era o tópico principal das conversas. Em cada coração
havia um anseio profundo. Alguns até achavam que Ele já tivesse descido à
terra, e estivesse apenas aguardando o momento marcado por DEUS para se
apresentar à nação.
OS INÍCIOS DA
IGREJA
Saulo deixou
Jerusalém e voltou a Tarso provavelmente em 26 A.D. Não era ainda um rabino,
pois não tinha idade suficiente para ocupar tal posição. Mas tomou lugar junto
aos homens da sinagoga, sentando-se nas principais cadeiras. Foi reconhecido
por todos como um culto e jovem judeu, pois retornava da fonte do conhecimento.
À medida que crescesse em idade e experiência, poderia ser aceito como rabino;
mas até lá, dedicar-se-ia ao comércio de tecelão, costurando tendas e
vendendo-as no mercado.
Saulo morou em
Tarso durante nove ou dez anos, aumentando o seu zelo por Israel e ganhando o
respeito dos amigos. Todos estavam certos de que ele viria a ser o seu líder um
dia. Na sinagoga, seus argumentos já eram ouvidos com maior interesse que os do
rabino. Era uma voz nova Que surgia, e seu contato com o grande Gamaliel
dera-lhe uma fama que poucos poderiam alcançar. Tudo que precisava agora era da
autoridade conferida pela vida adulta; dentro de poucos anos, seria um líder
destacado em Tarso.
Alvorada da Era
Cristã
Enquanto Saulo
aguardava pacientemente em Tarso, um evento da maior importância teve lugar na
Palestina. JESUS, da pequena cidade de Nazaré, reunira ao redor de si um grupo
de amigos; a maioria, seguidores de João Batista. Este de tal maneira havia
pregado que milhares de pessoas o aceitaram como profeta de DEUS, talvez
comparável a Isaías ou a Jeremias. Ele tinha muitos discípulos e o seu
ministério era conhecido em toda a zona rural. Quando, porém, apareceu JESUS,
João saiu de cena, apontando o Nazareno como o Messias há muito esperado.
Durante algum tempo, houve grande entusiasmo, e alguns se perguntavam se JESUS
os guiaria na revolta contra Roma. Mas em vez disso, Ele reuniu alguns
discípulos e retirou-se para o campo a fim de ensiná-los sobre o reino dos
céus.
Três meses mais
tarde, JESUS foi ao Templo de Jerusalém e, contemplando-o em toda a sua beleza,
ousou contradizer grande parte dos ensinamentos dos rabinos. Falara com tanta
segurança que ofendeu os sacerdotes. De fato, deixara-os tão zangados que todas
as sinagogas foram instruídas para que não o recebessem em suas reuniões. Os
sacerdotes e rabinos tentaram desesperadamente apanhá-lo em alguma contradição
com respeito ao sábado a fim de condená-lo à morte.
Ao conhecer os
rabinos do SANTO Templo, Saulo passou a nutrir por eles o maior respeito. A
interpretação que faziam das Escrituras era para ele algo inquestionável,
divino. Isso não aconteceu com JESUS. A cada passo, Ele entrava em conflito com
as tradições dos homens e, quando falava, era com a autoridade de DEUS. Os
líderes religiosos estavam irados porque JESUS afirmava ser DEUS, e confirmava
tal alegação com prodígios, sinais e maravilhas. Alguns diziam que o Nazareno
merecia a morte pois, corajosamente, os havia desafiado a destruir o Templo que
levara 49 anos para ser construído. Ouviram-no dizer claramente que o
reconstruiria em três dias.
Era fácil para
alguns ignorá-lo, acreditando-o louco. Mas a questão era que muitos dentre o
povo ouviram-no pregar, e agora testemunhavam que Ele alimentara mais de cinco
mil pessoas com apenas cinco pães e dois peixinhos. Milhares criam que Ele era
o Messias prometido, e dispunham-se a lutar contra Roma, sob a sua liderança.
Alguns diziam que JESUS só conseguia atrair a escória - publicanos, pecadores e
indivíduos de reputação duvidosa. Mas era sabido que diversas autoridades e
rabinos também o haviam procurado em segredo; muitos destes foram transformados
e saíram a pregar que JESUS era, de fato, o Messias de Israel.
Os Ensinamentos
de JESUS
Chegou então a
hora! JESUS fez um grande discurso, proclamando os princípios do seu reino. O
sermão era revolucionário; colocava a palavra de JESUS acima da de Moisés. Para
o judeu isso era inconcebível e tão pecaminoso quanto uma blasfêmia. Não havia
dúvidas: Ele merecia morrer! Infringira o sábado, afirmara perdoar pecados e,
diante dos fariseus, admitira ser o Messias, o Filho de DEUS!
JESUS
repreendeu repetidamente os fariseus e saduceus, usando uma linguagem
contundente e enérgica. Em certa ocasião, chamou-os de "sepulcros
caiados" e "raça de víboras" (Mt 23.27,33). Disse-lhes que não
eram filhos de DEUS, mas do diabo (Jo 8.44). Não é de surpreender que os
rabinos o odiassem tanto; não podiam se sentir confortáveis em sua presença.
Quando o viam, desmanchavam-se em ódio por não suportarem a luz de sua
sabedoria. Em seus conselhos, eles já o haviam condenado à morte.
Os rabinos
diziam que homem algum podia ensinar antes de haver passado muitos anos na
escola de Jerusalém. Saulo fora educado desse modo. Mas ali estava o Homem da
Galileia. Ele falava com mais autoridade que todos os rabinos, e era capaz de
curar todo tipo de enfermidade. Alguns tinham visto Lázaro depois de
ressurreto, e não podiam negar um fato por demais notório e evidente. Mas como
JESUS jamais frequentara tal escola, acusaram-no de estar ensinando sem
autorização. Os sacerdotes ordenaram ao povo que não mais desse ouvido aos seus
ensinamentos.
Quando, porém,
os coxos passavam a andar, e os cegos a enxergar, regra alguma, mesmo as
estabelecidas pelo sumo sacerdote, era capaz de manter os necessitados longe de
JESUS. Estes chegavam aos milhares, e retornavam para suas casas curados de
todas as suas enfermidades, proclamando a todos que haviam encontrado o
Messias. E Ele os curara!
Durante três
maravilhosos anos, JESUS andou pelos campos, pregando na Judéia, Samaria,
Decápolis, Galileia e Peréia. Sua fama espalhara-se por toda a terra, e os
líderes de Israel já não sabiam o que fazer. Chegou então o dia quando Ele
entrou em Jerusalém sob a aclamação do povo. Gritavam para quem quisesse ouvir
que o seu rei chegara. Essa seria talvez a centelha que levaria o povo a
revoltar-se contra Roma.
JESUS,
entretanto, foi direto ao Templo, e escandalizou deliberadamente os sacerdotes.
Fazendo um chicote de cordas trançadas, passou a açoitar os vendedores de
pombas e ovelhas que se achavam nos pátios do santuário. Com um grito de
indignação, derrubou as mesas dos cambistas, fazendo as moedas rolarem pelo
pavimento multicolorido. O povo ficou ali parado, com medo, pois ninguém jamais
ousara perturbar o SANTO Templo daquela maneira. Os sacerdotes e rabinos
encheram-se de horror e indignação. Os adoradores haviam assistido a uma
demonstração de autoridade que jamais esqueceriam. Muitos dos israelitas
sentiam-se incomodados com os redis de ovelhas e gaiolas de pombas que
profanavam a Casa de DEUS. Há muito que os sacerdotes já deveriam ter
endireitado as coisas. Mas ninguém tivera coragem.
A raiva dos
sacerdotes transbordou. Quiseram pegá-lo, mas temiam a multidão, pois a maioria
considerava-o profeta. Em toda a história dos judeus, ninguém jamais
pronunciara palavras tão cortantes. JESUS acusou os líderes de colocarem
pesados fardos sobre o povo; fardos estes que eles nem ao menos se dignavam a
mover com o dedo mínimo. Faziam obras para serem vistos pelos homens; desejavam
sempre os primeiros lugares na sinagoga, e gostavam de ser chamados de rabinos.
Com o fogo do
céu rebrilhando nos olhos, JESUS pronunciou infortúnios sobre os escribas e
fariseus, chamando-os de hipócritas. Eles fechavam o reino dos céus aos homens;
não entravam e ainda serviam de obstáculo aos que o desejavam. Chamou-os ainda
de guias cegos, pois limpavam o lado de fora do copo enquanto o seu interior
continuava sujo; eram tão estreitos de visão, que coavam o mosquito, mas
engoliam o camelo.
A Crucificação
Não é de
admirar que os sacerdotes e rabinos hajam se reunido no palácio de Caifás, para
planejar furtivamente a prisão e morte de JESUS, antes que o povo se
amotinasse. Foi nessa ocasião que Judas fez um trato com eles para
entregar-lhes o Senhor por trinta moedas de prata.
No Getsêmani, o
Messias orava ajoelhado, enquanto os discípulos dormiam. Os inimigos chegaram
em meio à oração. Guiados por Judas, entraram no horto com espadas e porretes.
O traidor sabia que JESUS ia sempre orar no Getsêmani. A multidão estava
decidida a levá-lo à força ao sumo sacerdote.
O Sinédrio foi
convocado no palácio do sumo sacerdote. Não queriam deixar a reunião para o dia
seguinte, temendo que o povo viesse a sabê-lo e exigisse a soltura de JESUS.
Agora que as autoridades o tinham em seu poder, cuidariam para que nada os
detivesse. O tribunal reuniu-se então à noite, e a sentença foi lida:
"Morte ao Nazareno!"
Porém, segundo
a lei romana, nenhum tribunal judaico tinha competência jurídica para aplicar a
pena morte. Por conseguinte, era necessário levar JESUS a Pilatos. No entanto,
ao saber que JESUS era galileu, o governador romano, para livrar-se daquela
responsabilidade, enviou-o a Herodes, representante de César em toda a
Galileia. O rei Herodes, porém, mandou-o de volta a Pilatos que, procurando
agradar os judeus, entregou-lhes o Senhor para que fosse crucificado. A
execução se deu num monte chamado Calvário (ou Caveira), não muito longe dos
muros da cidade.
Com a morte de
JESUS, os sacerdotes e rabinos suspiraram aliviados. O problema estava
finalmente resolvido. O povo não mais seria perturbado pelo falso CRISTO. Isso
seria o fim do pequeno grupo que o seguia. Por sentirem-se desanimados e
derrotados, seus discípulos retornaram à vida antiga mais mistificados que
nunca; o coração pesava-lhes de tristeza pela forma como tudo terminara.
A RESSURREIÇÃO
E A ASCENSÃO
No primeiro dia
da semana, findo o sábado, o pequeno e abatido grupo ganhou vida com o maior
milagre já ocorrido: JESUS saíra da sepultura e aparecera aos discípulos! Eles
experimentaram então o sabor da vitória. Esta certeza jamais os abandonaria;
levaria-os a preferir a morte a negar o que tinham visto com os próprios olhos.
Durante
quarenta dias, o Salvador encontrou-se com os discípulos, provando-lhes a
realidade de sua ressurreição, e fortalecendo-lhes a fé. Mas veio o dia em que
Ele os deixou, pois tinha de retomar o seu lugar na glória do Pai. Diante
deles, JESUS subiu aos céus até ser ocultado por uma nuvem.
Antes de
deixá-los, porém, prometera-lhes que, em breve, receberiam o dom do ESPÍRITO
SANTO que os habilitaria a pregar o Evangelho a partir de Jerusalém até
alcançar os confins da terra.
O Pentecostes
O pequeno grupo
de crentes reuniu-se em Jerusalém para orar e esperar o dom prometido. Certa
manhã, chegada à festa de Pentecostes, reuniram-se eles novamente para orar. De
súbito, o poder de DEUS sacudiu o lugar, e o ESPÍRITO SANTO desceu sobre eles.
A experiência foi tão tremenda Que os discípulos gritaram de alegria. E era tão
forte o poder de DEUS, que eles o louvam em línguas estranhas. Esse milagre era
outra evidência de que o Senhor continuava no meio deles, cumprindo sua
promessa.
Diante do
milagre, uma multidão reuniu-se à volta dos discípulos. Alguns diziam que estes
pareciam tão felizes que deviam estar embriagados. A fim de justificar o
estranho evento, Pedro pôs-se de pé e começou a pregar para aquela enorme
audiência.
Ele
explicou-lhes que a vinda do ESPÍRITO SANTO era um cumprimento da profecia. Em
seguida, acusou-os de haverem matado o Messias. Contou-lhes também como DEUS
ressuscitara a JESUS em cumprimento às palavras de Davi. Pedro terminou o
sermão, dizendo que todos os seguidores de JESUS eram testemunhas de sua
ressurreição. E, agora, anunciavam o Evangelho com a total aprovação do céu.
Quando Pedro
terminou o sermão, muitos dos presentes, profundamente comovidos,
perguntaram-lhe o que deveriam fazer.
"Arrependei-vos,
e cada um de vós seja batizado em nome de JESUS CRISTO" foi a resposta (At
2.38). Eles arrependeram-se, deixando-se convencer pelo ESPÍRITO de DEUS quanto
à veracidade das palavras do apóstolo. Aquele foi um grande dia para os seguidores
de JESUS. Era o início da Igreja. Em poucas frases, Lucas faz uma bela
descrição da alegria e júbilo que tomaram conta dos primeiros cristãos.
Esse não foi o
único milagre a fortalecer a fé dos primeiros cristãos. Pedro e os demais
discípulos saíram a pregar, e muitos prodígios e sinais eram feitos por seu
intermédio em nome de JESUS. Os inimigos empenharam-se ao máximo para anular o
testemunho da Igreja. Os sacerdotes e rabinos opunham-se lhes violentamente.
Mas em vão. Pois os adeptos da "nova seita", como eram chamados,
inclusive já se reuniam no primeiro dia da semana, e não aos sábados, pois fora
num domingo que o Senhor ressuscitara dentre os mortos.
A Vida dos
Primeiros Cristãos
A vida dos
primeiros cristãos era marcada pela simplicidade e amor. Eles procuravam viver
como JESUS vivera. Havia entre si um laço tão forte, unindo-os fraternalmente,
que o seu coração transbordava de alegria. Sua vida era uma oração contínua,
levando-os testemunhar zelosamente de CRISTO onde quer que fossem.
A Igreja
crescia diariamente à medida que o povo ouvia o Evangelho. Os discípulos
falavam de CRISTO no Templo e nas casas. No trabalho, continuavam a dar
testemunho da graça salvadora. O poder de DEUS acompanhava suas palavras de
modo que, em toda parte, homens e mulheres eram atraídos a CRISTO mediante o
contato com estes homens simples, mas convictos.
Os discípulos
tinham agora uma mensagem para pregar. Mensagem esta que lhes transformara as
vidas e dera-lhes não só esperança para esta vida como também a promessa de
ressurreição depois da morte.
Onde quer que
fossem, saudavam-se com a palavra maranatha: "O Senhor Vem". A vinda
do Senhor era a sua única esperança, pois JESUS prometera voltar. E enquanto o
observavam subir ao céu, foram consolados pelos entes angelicais com estas
palavras: "Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse
JESUS que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como o vistes
subir" (At 1.11).
A Igreja vivia
cada dia como se o Salvador fosse voltar a qualquer hora, pois a promessa de
sua volta causara-lhes profunda impressão, purificando-os e afastando-os deste
mundo. A promessa encheu o horizonte de suas vidas, levando-os a se dedicarem a
CRISTO.
Mas nem tudo
andava bem com os membros da Igreja Primitiva. Eram olhados com desconfiança e
ódio pelos fariseus e saduceus e por todos os líderes de Israel. Os inimigos de
JESUS continuavam a ser inimigos de sua Igreja, e empenhavam-se em esmagar os
que eram do "Caminho".
OS MINISTÉRIOS
DE PEDRO E JOÃO
Certo dia,
quando Pedro e João subiam ao Templo na hora da oração, um mendigo, coxo de
nascença, achava-se sentado à porta do santuário, pedindo esmolas. Era seu
costume mendigar todos os dias, e tudo que esperava era uma ajuda para
sustentar-se. Mas Pedro, movido pelo poder de DEUS, curou o homem daquela
enfermidade.
Imediatamente,
formou-se um grande ajuntamento em volta dos discípulos, pois todos estavam
cheios de assombro e admiração. Pedro aproveitou-se da oportunidade e,
colocando-se num dos pórticos do pátio externo, onde os rabinos geralmente
ensinavam, pregou-lhes um sermão. O tema do seu discurso era JESUS, o Messias.
Pedro deixou
bem claro ao povo que o poder de curar não era dele, mas do Senhor. E continuou
a falar, mostrando-lhes que o DEUS de Abraão, Isaque e Jacó glorificara a seu
Filho, JESUS, a quem havia entregado a Pilatos, e condenado à morte.
Contou-lhes como DEUS levantara a JESUS da sepultura e o levara para o céu,
onde permaneceria até que as profecias fossem cumpridas. Então, Ele voltará
para o seu povo, trazendo juízo sobre todos os seus inimigos. Em seguida, Pedro
convidou o povo a arrepender-se e a converter-se, para que os seus pecados
fossem apagados. Através desse testemunho, cerca de cinco mil pessoas creram.
E, assim, a Igreja crescia com espantosa rapidez.
Os sacerdotes,
as autoridades do Templo e os saduceus, que não criam na vida além-túmulo,
enfureceram-se com o atrevimento daqueles homens que, embora não fossem
rabinos, pregavam a ressurreição de JESUS. Por isso, enviaram os guardas do
Templo para suspender a reunião e prender ambos os discípulos.
No dia
seguinte, os discípulos foram levados diante do conselho, composto de setenta
membros, que lhes perguntou com que autoridade faziam tais coisas. Eles
responderam que ensinavam e curavam em nome do Senhor JESUS. Pedro, que jamais
perdia uma oportunidade, pregou o Evangelho de CRISTO diante do Sinédrio. Ao
ouvir-lhes a declaração, o Conselho percebeu que, embora indoutos, falavam
corajosamente. Maravilhados, disseram entre si que tal coragem devia-se ao fato
de eles haverem estado com JESUS. A autoridade com que JESUS falava permanecia
em sua lembrança. Resolveram, pois, adverti-los a que não mais testemunhassem
em nome de JESUS. Em seguida, libertaram-nos. Pois sabiam que o coxo era
conhecido, e condenar os que haviam operado tão grande milagre poderia provocar
a ira da multidão.
Novos crentes
iam sendo acrescentados à Igreja. O poder do ESPÍRITO que operava nos
discípulos, juntamente com o exemplo destes, levou grande número de pessoas a
converter-se. A sua fé era confirmada por muitos milagres.
Os saduceus
fizeram uma segunda tentativa de extinguir a nova fé. Lançaram os apóstolos na
prisão. Mas ficaram abalados ao saber que um anjo os libertara, e que já se
encontravam na companhia dos outros discípulos.
Crescimento
Contínuo da Igreja Perseguida
Quanto mais os
líderes judeus tentavam esmagar a Igreja, mais atiçavam-lhe a chama. A
ressurreição do Senhor dera ao povo a esperança e a segurança que antes não
existiam. Todos os anseios de Israel, profecias, sacrifícios e esperanças foram
cumpridos em JESUS. Contudo, a nação perdera a sua maior oportunidade,
rejeitando-o. Esse Evangelho, hoje tão evidente para milhões de cristãos,
estava apenas brotando no coração dos judeus.
Com a pregação
do Evangelho, muitos estavam vendo, pela primeira vez, o cumprimento de suas
esperanças. Presos pela terceira vez, os discípulos foram reconduzidos ao
Sinédrio, sob a acusação de haverem desobedecido à ordem de não pregar. Pedro
colocou-se corajosamente diante do grupo e, em sua defesa, proclamou de novo a
ressurreição de CRISTO, responsabilizando os membros do Conselho pela sua
morte.
Ofendidos com
tais palavras, eles pediram a morte dos discípulos. Finalmente poderiam acabar
com aquela seita, silenciando-lhe os principais pregadores e líderes. Com calma
e bom senso, Gamaliel, o famoso rabino que instruíra a Saulo de Tarso, advertiu
o Conselho. Lembrou- lhe de que outrora DEUS levantara profetas que, embora
rejeitados pelo povo, haviam cumprido fielmente a sua missão. Aconselhou-os,
pois, a soltarem os discípulos. Se a mensagem que pregavam fosse de DEUS, nem o
Sinédrio poderia destruí-la; e se não o fosse, a seita desapareceria como
tantas outras no passado. Sua conclusão foi tão amorosa quanto sábia. Após
açoitar os discípulos, o Conselho os deixou ir com uma advertência.
À medida que a
Igreja crescia e a perseguição aumentava, também se elevava o número de
necessitados. Os apóstolos perceberam então que quase não lhes sobrava tempo
para outra coisa senão para socorrer os mais carentes. A fim de terem mais
tempo para a pregação e o ensino, indicaram sete diáconos para atender aos
pobres. Esse foi o início da organização do ministério eclesiástico. DEUS
abençoou a iniciativa dos apóstolos, usando-a para fortalecer o seu povo.
O Ódio do mundo
Como nunca foi
popular ser um verdadeiro cristão, os seguidores de JESUS passaram a ser
odiados e rejeitados pela sociedade. Eram demitidos de seus empregos e tinham
dificuldade em garantir o seu o sustento. Como sempre houvesse necessitados,
agrupavam-se para se protegerem e se encorajarem mutuamente. Naqueles primeiros
dias, o amor e o desprendimento eram tão reais, que muitos vendiam seus bens e
traziam o dinheiro para o fundo comum a fim de socorrer os menos afortunados.
Ondas de ódio e
perseguição sucediam-se ameaçando a Igreja. Alguns membros eram tão fracos em
suas convicções que, pensando apenas na segurança e conforto pessoais, voltaram
para o Judaísmo. A maioria, contudo, permaneceu sólida como as rochas em dias
de tempestade.
Cada vez que o
braço armado do inimigo se erguia, DEUS suscitava outros heróis para levar
adiante a sua obra. Quando Herodes, ao perseguir a Igreja, mandou que se
degolasse a Tiago, irmão de João, julgou ter extinguido para sempre o trabalho
do Senhor. Mas o relato da história, feito por Lucas em Atos, encerra-se com
esta afirmação: "Entretanto a palavra do Senhor crescia e se
multiplicava" (At 12.24).
Quanto maior a
perseguição, maior o crescimento da Igreja. Muitas vezes, os cristãos tiveram
de adorar a DEUS em segredo, mas nunca vacilavam. Quando algum pregador era
preso, os outros reuniam-se para orar. O Senhor sempre lhes ouvia as orações,
abençoava o seu povo, e usava as dificuldades para fortalecer a Igreja.
O Cristianismo,
contudo, não ficou restrito a Jerusalém. Os que ouviram a pregação de Pedro, no
Dia de Pentecostes, procediam de todo o Império Romano. E levaram as boas novas
do Evangelho aonde quer que fossem.
LUTANDO CONTRA
DEUS
Quando ainda
estava em Tarso, Saulo ouvira várias histórias sobre JESUS. Algumas eram
fantasiosas, pois as histórias costumam desvirtuar-se quando transmitidas
oralmente. Muitos dos amigos da sinagoga haviam assistido as festas em
Jerusalém, e sabiam o que estava acontecendo no Templo. Na sua volta, Saulo e
os principais da sinagoga foram informados sobre o impostor de Nazaré, e
ficaram enfurecidos com a ideia de que alguém havia tido a coragem de profanar
os pátios da Casa de DEUS com um ensino tão blasfemo. Além disso, tal homem não
tinha o direito de ensinar, pois não aprendera com os rabinos. Todavia, todos
que o ouviam, confirmavam: ninguém jamais dissera palavras de tanta sabedoria -
nem mesmo os grandes rabinos.
Ficou evidente
para Saulo que JESUS não podia ser o Messias por ter acusado os doutores da
Lei, opondo-se às suas regras. Ouvira dizer também que JESUS ensinava o povo a
desobedecer aos rabinos, provocando tamanhos tumulto nas sinagogas que todo o
verdadeiro judeu acabou por considerá-lo inimigo de Israel.
Quando chegaram
as notícias de que JESUS fora preso, julgado e crucificado, todos agradeceram a
DEUS: o blasfemador enfim fora silenciado. Ficava provado, pois, que Ele não
passava de mais um falso messias, que tudo fizera para conturbar a religião
judaica. Saulo e os demais fariseus aplaudiram a crucificação de JESUS. Não
podiam perdoar aquEle que, ousadamente, os havia chamado de víboras e
hipócritas.
Saulo não se
considerava hipócrita. Seu objetivo era ser um judeu melhor e obedecer a todas
as regras dos grandes rabinos. Na sua opinião, essa era a única maneira de se
agradar a DEUS. Por isso, quem se opunha à antiga ordem merecia morrer. Foi com
um grande alívio que os principais da sinagoga de Tarso ouviram que JESUS fora
finalmente tirado do caminho, e os seus ensinamentos interrompidos de vez.
Segundo diziam, a justiça divina havia sido feita.
Sua indignação,
porém, chegou ao ponto de ebulição ao saberem que os seguidores do Nazareno não
haviam sido dispersos, mas reuniam-se em pequenos grupos para adorar a JESUS,
declarando ter Ele ressurgido dos mortos. Resolveram então fazer o possível
para lutar contra a perigosa seita. Notícias chegadas de Jerusalém davam conta
de que alguns fariseus haviam deixado a verdade e se juntado aos nazarenos.
Membros da seita podiam ser encontrados também pregando abertamente nos pátios
do Templo e nas sinagogas, convencendo a todos de que JESUS era o Messias. E
milhares criam neles. Isso tornara-se uma grande ameaça, pois até alguns
sacerdotes estavam abandonando a velha ordem para seguir a JESUS. De igual
modo, iam os nazarenos pelas ruas da cidade, conversando com o povo em suas
casas, persuadindo-os a juntarem-se a si.
Saulo sentia
raiva ao pensar neles. Ouvira dizer que alguns de seus líderes haviam sido
apanhados e levados diante do Sinédrio por haverem falado abertamente no
Templo, e que seu velho mestre, Gamaliel, mostrara-se complacente e até
recomendara o relaxamento de sua prisão. Ele sentiu-se irritado com Gamaliel.
Como poderiam manter pura a religião de Israel se permitisse que qualquer um
alegasse ser o Messias? Não havia dúvidas de que os seguidores de JESUS
mereciam a morte. O Conselho deveria ter eliminado para sempre tal ameaça.
A Perseguição
dos Nazarenos
Com tais
pensamentos em mente, Saulo decidiu deixar Tarso e voltar a Jerusalém. Estava
tão insatisfeito, que decidiu lutar pessoalmente contra a seita dos nazarenos.
Desligando-se imediatamente de Gamaliel e de sua escola, ofereceu seus
préstimos ao sumo sacerdote a fim de eliminar todos os que se opusessem ao
Judaísmo. E já perseguia a Igreja com tamanha fúria que seu nome se tornou o
terror de todo e qualquer ajuntamento cristão. Saulo era genioso e cruel. Com a
sua eloquência, atacou os cristãos que oravam e pregavam no Templo. Rápido em
suas ações, dispersou a muitas congregações e igreja locais. Lançou homens e
mulheres na prisão, condenando-os à morte. Tão cego em sua ira e tão pronto
para esmagar os seguidores de JESUS, que se achava disposto a extirpar de
dentre o seu povo todos quantos ousassem oferecer fogo estranho ao Senhor. Com
essas idéias fervilhando-lhe na mente e com o olhar brilhante de um fanático,
decidiu acabar sumariamente com a seita dos nazarenos.
Estêvão
Confunde Saulo
Um dos sete
escolhidos pela igreja de Jerusalém para encarregar-se dos pobres era Estevão,
o mais capaz e ativo dos diáconos. grandes sinais e pródigos se realizavam
através de Estêvão. Ele não nascera em Jerusalém e até recebera um nome grego.
Debatendo com os rabinos, provou ser melhor que eles. As suas palavras eram
irresistíveis e cativantes como as de JESUS. Em suas prédicas, afirmava que a
salvação era obtida por meio de JESUS, o Messias, e não pela obediência à Lei
de Moisés. Como Jerusalém possuísse várias sinagogas onde os judeus de
diferentes nações costumavam reunir-se, Estêvão ia de uma para outra, pregando
o Evangelho e discutindo com os líderes.
A sinagoga
alexandrina tivera ocasião de ouvi-lo. As congregações de Cirene e da Cilícia
conheciam-lhe os argumentos e lutavam ferozmente contra ele, pois Estêvão
persuadira alguns dentre os seus membros a crerem em JESUS.
É provável que
tenha sido na sinagoga da Cilícia que Saulo tenha encontrado Estêvão pela
primeira vez. Ele ouviu-o com amargo desprezo; mesmo assim, pôde sentir quão
atraentes e poderosas eram as suas palavras. O cristão achava-se possuído de um
zelo tão santo que ele jamais vira em qualquer rabino. Quando Estêvão falou da
ressurreição, Saulo teve de admitir para si mesmo que essa esperança era a
doutrina central dos fariseus. Notou também que eram os saduceus quem mais se
opunham a esta crença.
Saulo
desprezava os saduceus, apiedava-se deles. Fora apenas a questão da
ressurreição, Saulo sentia que poderia ouvir com agrado a esse homem. Mas ele
falava contra o Templo e desejava mudar os velhos costumes estabelecidos pelos
rabinos. Era, portanto, necessário silenciar-lhe a voz.
O jovem fariseu
confrontou-o em um debate aberto, e ficou zangado ao descobrir que, apesar de
todo o seu conhecimento, não conseguia revidar os argumentos de Estêvão. Seu
orgulho sentia-se ferido; sua única defesa agora era um ódio cada vez maior.
Achava-se, pois, decidido a se lhe opuser com todas as forças. Foi então de
sinagoga em sinagoga e descobriu que os seguidores de JESUS se encontravam em
toda parte. Saulo convenceu as pessoas de que os nazarenos deviam ser
silenciados mesmo que fosse pela espada. Pois os seus ensinos eram contrários à
Lei. E quando diziam que JESUS era o CRISTO, blasfemavam contra DEUS. Mas
percebeu que até os analfabetos da seita sabiam citar as Escrituras, e
conheciam a história judia tanto quanto ele.
Como Estêvão
parecia-lhe o mais poderoso e culto dos nazarenos, decidiu persegui-lo e
expulsá-lo de Jerusalém. Quem falasse contra a Lei de Moisés, ou dissesse que o
Carpinteiro de Nazaré era o Messias, seria julgado como blasfemo! Onde quer que
fosse, Saulo não tinha medo de repetir tal advertência. Estava cansado dos
enganadores que desviavam o povo da Lei. E sendo Estêvão um dos piores
agitadores, Saulo sentia estar prestando um grande serviço a DEUS livrando-se
dele.
Quanto mais
pensava nessa seita e nos progressos que ela fazia, tanto mais agitado ficava.
Sua raiva transformou-se finalmente em claro preconceito - não podia mais
discutir com aquelas pessoas baseado nas Escrituras. Seu único desejo era
exterminá-las. Por acaso não foi exatamente isto que DEUS ordenara a Saul? (1
Sm 15).
Estêvão Diante
do Sinédrio
Quando chegaram
as notícias de que Estêvão fora preso e devia agora comparecer perante o
Sinédrio, Saulo sentiu que o líder fora para sempre silenciado, e que seria
apenas uma questão de tempo até que todos os cristãos fossem apanhados.
Naquele dia,
Saulo compareceu à reunião do Sinédrio. Queria estar lá quando seu oponente
chegasse ao tribunal. Ele não era o único; centenas tinham ido assistir ao
interrogatório. Os saduceus achavam-se ali sorrindo zombeteiramente. Aquele era
o dia tão esperado. Os fariseus também compareceram, juntamente com os
sacerdotes, escribas e uma grande multidão que ouvira Estêvão e admirara-se da
sua coragem. Saulo tomou seu lugar, e sorriu enquanto esperava.
Aquele era o
mesmo Conselho que condenara JESUS. Anás e Caifás, ambos jubilados do sumo
sacerdócio, achavam-se presentes. Jônatas, o atual pontífice, era o presidente
do Conselho. Também entre eles encontrava-se Gamaliel. o sábio e bondoso
fariseu. Todos estavam cansados dessas interferências.
Desde a reunião
em que JESUS fora condenado, os membros do Sinédrio haviam tido problemas com
Pedro e João. Não bastasse, a cada dia apareciam outros; a nova seita mostrava-
se incansável em sua blasfema propagação. Embora houvessem recebido repetidas
ordens para que se mantivessem silenciosos em relação a JESUS, sempre
desobedeciam. Aliás, os nazarenos haviam se tornado de tal forma atrevidos, que
chegaram ao cúmulo de acusar o Conselho de haver matado o Messias.
Agora chegara a
vez de Estêvão, o mais ousado de todos.
Quando Estêvão
entrou no tribunal, todos os olhares voltaram-se à sua direção. Algumas cabeças
curvaram-se de medo, pois o seu rosto era calmo e sereno como a face de um
anjo. Chamadas as testemunhas, confirmaram terem-no ouvido falar contra o
Templo e os anciãos. Além disso, ensinava a todos que JESUS era o Messias.
Quando lhe deram a oportunidade de responder às acusações, voltou-se à multidão
silenciosa, procurando um rosto amigo. Não encontrando ninguém, entregou-se à
misericórdia do Senhor. E, mostrando uma radiância celeste em sua fisionomia,
pôs-se a falar.
Começando com
Abraão, Estêvão referiu-se à história judaica para mostrar que os homens podiam
adorar a DEUS em outros lugares além do Templo. Ele traçou os caminhos de DEUS
com o seu povo desde Abraão até Moisés, e provou que este profetizara sobre o
CRISTO: "O Senhor, vosso DEUS, vos levantará dentre vossos irmãos um
profeta como eu"(At 7.37).
Contou como
Moisés recebera a planta do Tabernáculo e como Salomão construíra o SANTO
Templo. Em seguida, citou o profeta Isaías a fim de provar que o Altíssimo não
habita em templos feitos por mãos humanas: "O céu é o meu trono, e a
terra, o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é
o lugar do meu repouso? Porventura, não foi, a minha mão que fez todas estas
coisas?" (Is 7.49,50).
Enquanto
prosseguia, os ouvintes encaravam-no com ódio sombrio. No final, chegando ao
ponto alto de seu discurso, declarou corajosamente ao Sinédrio o que vinha
dizendo ao povo em cada sinagoga:
Homens de dura
cerviz e incircuncisos de coração e de ouvido, vós sempre resistis ao ESPÍRITO
SANTO; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram
vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do
qual vós agora fostes traidores e homicidas; vós que recebestes a lei por
ordenação dos anjos, e não a guardastes (7.51-53).
Houve um
espoucar de vozes no salão, pois as palavras de Estevão queimavam como fogo e
cortavam como afiadas lâminas. Acusações insultuosas! Desafiadoras! De repente,
ele se cala. No terrível silêncio que se segue, sua fronte ergue-se para o céu
e um sorriso amoldara-lhe a face como se houvera tido uma visão do alto. E
Estêvão declara: "Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que
está em pé à mão direita de DEUS" (7.56).
Não lhe foi
permitido dizer mais nada. Alguns fariseus taparam os ouvidos para não ouvir
outras blasfêmias. Outros tentaram agarrar o prisioneiro. Estêvão, então, foi
rapidamente levado para fora do tribunal antes que a multidão o linchasse.
Nunca tinham ouvido palavras tão atrevidas e cortantes!
O Apedrejamento
de Estêvão
Depois de o
prisioneiro ter sido arrastado para fora, o veredicto foi rapidamente
concluído. Na opinião de todos, ele era culpado de morte. A Lei de Moisés
deixava isso bem claro: Aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente
morrerá; toda a congregação o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural,
blasfemando o nome do Senhor, será morto (Lv 24.16).
Saulo ficou mui
comovido com o julgamento, pois acompanhara cada palavra de Estêvão. Gloriou-se
na história de seu povo e impressionou-se pela forma como Estêvão a contara.
Jamais conhecera alguém com tamanho conhecimento da Escritura. Pensou ainda nos
rabinos e nas suas disputas. Como pareciam mesquinhos! Considerou sua própria
opinião sobre o Messias e o que Gamaliel lhe ensinara. Enfim, compreendeu que
os fariseus, embora cressem na ressurreição, nunca haviam podido demonstrá-la.
Mas ali estava uma demonstração plausível - se ao menos fosse verdade! E como o
rosto de Estêvão irradiava êxtase! Era como se estivera vivendo num outro
mundo. E as suas palavras finais? E se ele tivesse realmente visto JESUS à mão
direita de DEUS?
Não, isso era
coisa de fanático. Estevão era um impostor. Aquelas últimas palavras sobre a
hipocrisia dos rabinos eram imperdoáveis. O homem era um inimigo da Lei Divina.
Morte aos inimigos de DEUS! Que seja apedrejado! Saulo ficou tão convencido de
que o julgamento fora justo que estava pronto a ajudar na execução da sentença.
As palavras insultuosas de Estêvão ainda lhe soavam aos ouvidos.
Cercado pelos
guardas do Templo, Estêvão foi arrastado pelas ruas da cidade até um lugar
perto dos muros. De repente, o grito: "Morte ao blasfemo! Morte ao
nazareno!" A Lei de Moisés ordenava que a primeira pedra fosse atirada
pelas testemunhas que, despindo-se de seus mantos, empilharam-nos aos pés de
Saulo. A incumbência deste era cuidar para que as roupas não fossem roubadas.
Estêvão
ajoelhou-se e, ignorando a multidão, orou: "Senhor JESUS, recebe o meu
espírito!" (At 7.59). As pedras foram atiradas, fazendo-o sangrar
mortalmente. Mas antes que sua alma deixasse a morada terrena, partindo para as
mansões celestes, clamou em alta voz: "Senhor, não lhes imputes este
pecado" (At 7.60). Estava tudo acabado. Sua alma já se encontrava com
JESUS.
A Difusão do
Cristianismo
Saulo deixa a
cena em silêncio. Testemunhara algo que jamais houvera visto. Não podia negar
que ficara grandemente abalado. Ouvira a oração de Estêvão. Quem jamais orara
por seus algozes? O ódio de Saulo era amenizado por um estranho sentimento de
piedade. Mas isso durou apenas alguns segundos. Ele não permitiria que suas
emoções o empolgassem. Estêvão merecia morrer! Sua execução desanimaria outros,
e quem sabe, acabasse de vez com a seita dos nazarenos. Todavia, os eventos
daquele dia ficariam para sempre em sua memória.
Depois da morte
de Estêvão, Saulo passou a comandar a perseguição à Igreja. Ele percebeu que a
sua morte não tinha afetado os cristãos. Pelo contrário: tornara-os mais
audaciosos e fortes. Depois de consultar o Sinédrio e os principais sacerdotes,
concluiu que a melhor maneira de acabar com a ameaça ao Judaísmo seria visitar
cada sinagoga, descobrir quem se inclinava a crer em JESUS e levar os
infratores a julgamento.
Tendo em vista
seus precedentes, Saulo cumpriu zelosamente a nova missão. Em breve, tornou-se
conhecido em toda a Judéia como o mais feroz inimigo de CRISTO. Ele caçava os
cristãos, atirando-os nas celas e ordenando-lhes a execução. Sua indignação
ardia como fogo, e seu grito soava amedrontador: "Repudie a fé em JESUS ou
morra!"
A perseguição
tornou-se tão severa que os cristãos se viram forçados a deixar seus
domicílios. Os de Jerusalém espalharam-se por toda a Judéia e Samaria. Isso
contudo não teve o efeito que Saulo e o Sinédrio desejavam, pois onde quer que
os discípulos fossem, contavam a história de CRISTO. Em vez de uma grande
Igreja em Jerusalém, muitos pequenos grupos de crentes passaram a reunir-se
secretamente nas casas. Os esforços de Saulo só fizeram com que o fogo se
espalhasse e se tornasse inextinguível.
Infelizmente,
alguns preferiam abandonar a Igreja a enfrentar a perseguição e as privações
decorrentes desta. Outros foram compelidos a blasfemar o nome de JESUS.
Muitos seguiram
para o norte, em direção a Samaria, onde Paulo não tinha qualquer jurisdição.
Entre estes encontrava-se Filipe, um dos sete diáconos da igreja de Jerusalém.
Colaborador de Estêvão, teve de fugir para salvar a vida. O povo de Samaria
recebeu-o alegremente, pois lembrava-se de JESUS e de seu ministério entre
eles.
Samaria ficava
ao norte de Jerusalém. Era habitada por um povo mestiço, parte dele oriental e
a outra parte de origem hebreia. As dez tribos de Israel habitaram ali, mas os
assírios levaram-nas para o cativeiro, deixando apenas um remanescente na
terra. Milhares de estrangeiros contraíram casamentos mistos com aqueles
judeus, resultando numa raça mestiça. Por isso, todo judeu de sangue puro
olhava para os samaritanos com desprezo. Filipe, contudo, pregou a CRISTO
livremente em Samaria, e DEUS abençoou o seu testemunho. Muitos foram os que se
fizeram seguidores do Senhor, porque viam e ouviam os sinais que Filipe fazia.
Quando os
apóstolos ouviram falar que uma grande obra estava sendo realizada em Samaria,
enviaram para lá Pedro e João para ver se era ou não autêntica. Pois ainda não
estavam convencidos de que alguém pudesse ser um verdadeiro cristão sem
primeiro ser judeu. Mas foi justamente ali, naquela terra odiada, que os
apóstolos descobriram que o ESPÍRITO SANTO também estava sendo derramado sobre
os samaritanos, quando lhes impuseram a mãos. Antes de partirem, Pedro e João
pregaram nas aldeias. E assim a igreja em Samaria cresceu sem que fosse
incomodada pela perseguição.
Início da
Convicção de Saulo
Saulo
enfrentava uma nova dificuldade. Embora houvesse dispersado os nazarenos de
Jerusalém, recebeu diversos relatórios de que estes continuavam espalhando seus
ensinamentos. A Igreja, em vez de diminuir, crescia mais e mais. Ele então
começou a se perguntar se todo o seu trabalho estava ou não baldado ao
fracasso. Será que o seu velho professor Gamaliel tinha razão ao dizer que, se
a seita dos nazarenos fosse de DEUS, nem o Sinédrio nem um poderoso exército
iria detê-la?
Seria realmente
uma obra divina? Estaria Saulo lutando contra DEUS? É certo que fora derrotado
na discussão com os nazarenos, pois estes conheciam as Escrituras e fizeram-no
calar-se na sinagoga. Estêvão certamente vencera os perseguidores, pois na hora
de sua execução, um estranho poder o possuíra, impressionando profundamente a
Saulo. E os cristãos que seguiam para a morte com uma expressão de vitória
estampada no rosto? Até aquele ponto Gamaliel acertara: A perseguição só
ajudara a propagar o novo ensinamento.
As cenas se
sucediam na mente de Saulo. Ele pensou em sua educação farisaica e em todas as
regras que aprendera. Acreditava que, seguindo-as, receberia a vida eterna. Mas
agora tinha de admitir: sua vida era vazia. Quanto aos ensinamentos rabínicos,
não seriam suficientes sem a esperança do Messias. Neste ponto, Saulo
surpreendeu-se pensando no Messias; desejava que Ele viesse logo.
Tinha certeza
de que os nazarenos pregavam um falso messias. Todavia, tinha a sensação de que
o grande e misterioso poder que nEle se achava viera sobre homens como Estêvão.
Saulo perguntou
a si mesmo porque tais homens, a quem condenara à morte, estavam dispostos a
morrer pela nova religião. Ele sempre acreditara que as pessoas defendiam
coisas falsas enquanto lucrassem com isso; mas, quando a espada era posta em
suas gargantas, desistiam imediatamente. Mas por que os seguidores de JESUS se
agarravam à sua fé como se esta lhes fosse mais preciosa que a própria vida?
O PONTO CRÍTICO
Embora
estivesse colecionando lembranças amargas, Saulo decidira continuar a luta.
Irritado com a propagação da Igreja, prepara uma expedição a Damasco, onde,
segundo ouvira falar, vários nazarenos haviam se refugiado por causa da
perseguição desencadeada em Jerusalém. Além disso, pregavam ativamente a CRISTO
nas várias sinagogas. Saulo achava que poderia abater definitivamente os
seguidores de JESUS se os expulsasse dessa fortaleza. Acompanhado por uma tropa
de guardas do Templo, saiu de Jerusalém pela Porta de Damasco respirando
ameaças e mortes. A distância até Damasco era de aproximadamente 240
quilômetros. Apesar de a estrada ser ladeada por uma das paisagens mais belas
do mundo, o propósito de Saulo não era apreciar o cenário; era acabar com a
Igreja de CRISTO.
A região
achava-se repleta de lembranças históricas. Dois mil anos antes, Eliezer, o
damasceno, tornara-se servo de Abraão e viajara por aquela mesma estrada. Naamã
passara por aquele caminho quando fora ter com Eliseu. Mas Saulo não queria
pensar nessas coisas, pois estava dominado pelo ódio. Planejara caçar os
cristãos e levá-los acorrentados a Jerusalém para que fossem julgados e
condenados pelo Sinédrio. Na túnica, trazia uma carta selada do sumo sacerdote
aos rabinos de Damasco, ordenando que se lhe desse toda a assistência, pois era
o representante legal das autoridades judaicas.
O sol ardia
quando eles chegaram às proximidades da velha cidade. À sua frente, estendia-se
um vale bem irrigado e protegido por densas florestas com árvores de todo tipo.
Lá estavam a palmeira com suas delicadas folhas e o álamo. Os vinhedos, nas
encostas, eram os mais ricos de toda a Síria. Os viajantes geralmente
abrigavam-se sob essas árvores quando o sol se encontrava no auge de sua força.
Em sua impaciência, porém, Saulo não quis descansar.
Na sinagoga,
todos já tinham sido avisados de sua chegada. Quanto aos nazarenos, ainda se
lembravam da confusão que ele criara em Jerusalém, por isso tremiam com a ideia
de enfrentar novamente a perseguição. Isso significava que famílias seriam
separadas e reduzidas à pobreza, ou até mortas. Havia, porém, decidido
manter-se fiéis a CRISTO não importando as consequências.
O meio-dia
encontrou Saulo na periferia da cidade, apressando-se em direção a ela. As
estradas estavam desertas àquela hora. Até mesmo o gado havia procurado a
sombra dos arvoredos e aí se acomodara até que passasse o calor. Apesar de toda
aquela calmaria, Saulo não parara a fim de descansar. Os guardas do Templo que
o acompanhavam, embora surpresos, não ousavam fazer-lhe qualquer observação.
O pequeno grupo
aproximou-se do alto de um monte de onde se podia ver os prédios rebrilhando ao
sol. Segundo o poeta, Damasco era "um punhado de pérolas numa taça de
esmeralda".
A Aparição de
CRISTO
Ao descerem o
monte, um raio de luz, mais brilhante que o sol em todo o seu esplendor, veio
subitamente sobre o pequeno grupo. Sua radiância era tanta que o sol pareceu
enfraquecer. Eles ficaram ofuscados com o brilho e caíram por terra; alguns, de
bruços para protegerem-se da luz, e outros com as mãos cobrindo os olhos,
temendo aqueles raios.
Admirados,
entreolharam-se como que pedindo uma explicação do que houvera. Foi então que
viram o seu chefe caído por terra, enquanto o animal, em que montara,
mantinha-se perto dele amedrontado. Saulo falava com alguém, mas eles não viam
o seu interlocutor. Embora parecesse uma voz, não lhe compreendiam as palavras.
Agora os lábios de Saulo se moviam; tinha ele as mãos estendidas à sua frente
como se estivesse cego. Saulo tremia da cabeça aos pés.
Deitado no
chão, sem nada ver, Saulo ouviu uma voz que lhe falava: "Saulo, Saulo, por
que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões" (At
26.14).
Perturbado com
todos os pensamentos que o tinham perseguido desde a morte de Estêvão,
temeroso, ousou perguntar: "Quem és tu, Senhor?" (At 26.15).
"Eu sou
JESUS, a quem tu persegues" (At 26.15).
Na linguagem do
amor, superior a tudo que já conhecera, ele ouve mui claramente: "Eu sou
JESUS". Seria este o JESUS que morrera? De repente, brota-lhe na alma a
terrível compreensão de que estava errado. De fato, toda a sua vida fora um
erro.
O torvelinho
que sentira, as perguntas que iam surgindo, a crescente convicção de que
estivera lutando contra DEUS - todos esses pensamentos pairavam diante de si
com súbita clareza e, de tal forma, que não podia mais suportá-los.
Todo o orgulho
de sua origem farisaica, toda a dignidade do cargo e toda a arrogância advinda
de sua reputação como o principal perseguidor do Cristianismo desmoronaram
enquanto se achava ali, indefeso na estrada. Sua visão física lhe fora tirada
para que a sua alma pudesse enxergar. Ele estava pensando nas palavras:
"Por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrares contra os
aguilhões".
Tais palavras
eram próprias da vida campestre. Saulo vira muitas vezes o boi escoiceando o
aguilhão, oferecendo inútil resistência. Em vez de obedecer a quem o dirigia e
submeter-se a ele, o boi teimava e dava patadas nas varas que o dono usava para
estimulá-lo. Era uma descrição mui apropriada da vida de Saulo. Ele estivera
fazendo isso há meses, e como lhe fora difícil! Saíra para caçar os seguidores
de JESUS; mas, em vez disso, descobriu que estava sendo caçado por JESUS, a
quem perseguia.
Essa foi a
grande crise da vida de Saulo. Ele encontrou-se face a face com o Messias, e
viu-se forçado a reconhecer que estava errado, e os nazarenos, certos: JESUS
era o CRISTO.
Naquele
momento, toda a sua luta cessou. Uma grande revolução, maior do que qualquer
outra que já conhecera, teve lugar em seu íntimo. Estava quebrantado e abatido
nas mãos daquEle que julgara ser seu inimigo. A rendição foi completa. Sua alma
estava finalmente em paz.
A voz do céu
era clara: "Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te
convém fazer" (At 9.6).
A Transformação
Tudo acabara em
poucos instantes, mas foi a maior experiência de Saulo. Nela, pensaria até o
dia da sua morte. Naquele momento, JESUS o dominara, mudando-lhe por completo a
vida. Nenhuma dúvida nem interrogação ser-lhe-iam possíveis a partir daquele
instante. Pois não tivera uma simples visão de JESUS; fora, de fato, uma
aparição do CRISTO, não mais com a glória velada, como nos dias de seu
ministério terreno, mas com tamanha plenitude de glória que o homem não podia
suportar-lhe o brilho.
Saulo falaria
disso mais tarde como a última das aparições de JESUS aos seus seguidores após
a ressurreição (1 Co 15.8). Moisés teve a mesma experiência no Monte Sinai,
quando a visão da glória do Senhor aparecera-lhe como um fogo devorador. Foi
isso que Isaías viu quando o Senhor o chamou para o ministério. Essa foi também
a experiência de Pedro, Tiago e João no monte da Transfiguração. Foi o que João
viu em Patmos e depois de tê-lo visto, "caí a seus pés como morto"
(Ap 1.17). E para o rabino de Tarso, era concedida uma entrevista com o CRISTO
ressurreto.
Posteriormente,
alguns vieram a duvidar de seu apostolado, alegando que ele jamais vira o
Senhor. Mas a todos os seus inimigos, podia responder que recebera a sua
comissão diretamente de JESUS que lhe dissera:
Te apareci por
isso, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto
como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; livrando-te deste povo e dos
gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires os olhos e das trevas os
converteres à luz e do poder de Satanás a DEUS, a fim de que recebam a remissão
dos pecados e sorte entre os santificados pela fé em mim (At 26.16-18).
Quando seus
companheiros, já recuperados dos efeitos da visão, foram ajudá-lo a pôr-se em
pé, descobriram que ele estava cego, por isso tiveram de conduzi-lo pela mão à
cidade. Que mudança nele se operou! Tinha sido um orgulhoso fariseu, cavalgando
com pompa e autoridade, cheio de indignação e soberba. Mas, num momento, foi
transformado num servo trêmulo, que tateava, humilde e quebrantado,
agarrando-se à mão de um soldado que o guiou ao seu destino. Ao chegar a
Damasco, entrou num quarto da casa de Judas, na rua chamada Direita, e pediu
que o deixassem a sós. Queria tempo para pensar.
Já afastado do
mundo por causa de sua cegueira, podia finalmente ordenar seus pensamentos.
Sentou-se no escuro, imaginando como DEUS poderia usar um cego em sua obra.
Saulo não comeu
nem bebeu durante três dias. Estava por demais absorvido em seus pensamentos.
Todo o passado descortinava-se diante de si. Pensou no zelo do pai ao educá-lo
como fariseu. Lembrou-se do rigor da escola em Tarso e de como as palavras dos
rabinos haviam lhe marcado a vida. Recordou-se do Templo e de todas as suas
belas e agradáveis cenas. Como poderia esquecer-se das multidões dos adoradores
entregando os sacrifícios aos sacerdotes.
Agora, porém,
nada disso lhe tinha importância. O Messias aparecera e fora crucificado
exatamente pelas pessoas a quem viera abençoar. Toda a vida de Saulo parecia
estar desmoronando. Podia ver agora que estivera lutando contra DEUS. Cego por
seu farisaísmo, ele havia perseguido o Messias. Todavia, ei-lo quebrantado aos
pés do Salvador. Toda a sua vida mudara por meio da força dessa colisão com o
CRISTO. Estêvão tinha razão: tanto ele (Saulo) como o Sinédrio haviam cometido
um gravíssimo erro. Os anos estéreis, porém, terminaram; o futuro devia ser
ocupado na proclamação dessas grandes descobertas.
Quando prendia
os nazarenos, Saulo o fazia com espírito de vingança e ira. Era o inimigo
mortal deles. Mas quando JESUS de Nazaré o prendeu, não havia vingança nem ira.
Se em seu poder, DEUS o derrubou por terra, em seu amor o levantou e dele tomou
posse. Saulo começa a compreender como Estêvão pôde orar pelos inimigos mesmo
quando as pedras o atingiam mortalmente. Em CRISTO, encontrou uma paz até então
desconhecida para ele, o implacável fariseu.
Enquanto Saulo,
jejuando no escuro, pensava e orava a respeito das estranhas experiências que
tivera, tem uma visão em que um discípulo, chamado Ananias, vinha vê-lo a fim
de lhe restaurar a visão.
As Visões de
Saulo e Ananias
Nessa mesma
ocasião, o Senhor preparava Ananias para que visitasse Saulo. Ananias fora,
certa vez, destacado, em sua sinagoga, como um homem piedoso e que obedecia à
Lei de Moisés com o rigor de um fariseu.
Mas desde que
se tornara cristão, os judeus passaram a suspeitar dele. Alguns diziam que
Saulo tinha ido a Damasco especialmente para prender Ananias, pois os nazarenos
haviam-no reconhecido como seu líder. Mas numa visão, o Senhor ordenou a
Ananias: "Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de
Judas, por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando, e
numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a
mão, para que tornasse a ver" (At 9.11,12).
Ananias
imediatamente protestou. Afinal, os nazarenos de Damasco tinham medo de Saulo
por causa das notícias que chegavam de Jerusalém. Além disso, haviam sido
informados que ele estava na cidade a fim de que, como representante do sumo
sacerdote, procedesse a prisão dos discípulos de JESUS e os conduzisse a
Jerusalém. Os cristãos não haviam orado para que DEUS os livrasse? Quando
chegaram as notícias de que Saulo ficara cego, agradeceram a DEUS. Era a
resposta à sua oração.
Mas, agora,
ordenava o Senhor: "Vai, porque esse é para mim um vaso escolhido para
levar o meu nome diante dos gentios e dos reis, dos filhos de Israel" (At
9.15).
Sem mais
duvidar, Ananias dirigiu-se à casa de Judas, e perguntou por Saulo, o rabino de
Jerusalém. Levado a um quarto nos fundos, deparou-se com o jovem e terrível
fariseu sentado, completamente cego e abalado pelo conflito que se desenrolava
em sua alma. Saulo já não sentia qualquer amargura, pois havia atravessado
águas profundas naqueles três dias; passara por uma sondagem como nunca pensara
ser possível.
Ananias
atravessou o quarto, aproximou-se de Saulo e, impondo a mão sobre a sua cabeça,
disse-lhe em voz baixa: "Irmão Saulo, o Senhor JESUS que te apareceu no
caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do
ESPÍRITO SANTO" (9.17).
Um nazareno o
chamara de "irmão"! E pensar que ele, Saulo, viera justamente prender
um homem como esse que, agora, estendia-lhe a destra da comunhão! Dissipadas as
trevas, Saulo vê o homem que o procurara como mensageiro de DEUS.
Ele acabara de
receber a confirmação do que tinha ouvido na estrada de Damasco. Como não se
render ao CRISTO? Por um momento, Saulo dúvida: como ser perdoado pela
perseguição e pelos problemas que criara à Igreja. Mas a voz de Ananias lhe dá
plena segurança quanto ao amor e benignidade de DEUS.
Saulo sabia que
o batismo era o sinal nazareno do arrependimento. Era uma forma de mostrar
publicamente que havia mudado, invocando o nome daquEle a quem antes odiara,
porém agora, além deste batismo nas águas, recebe o batismo no ESPÍRITO SANTO,
fato totalmente desconhecido para ele (cheio do ESPÍRITO SANTO).
Saulo estava
pronto. Encontrava-se nas mãos de DEUS e já não havia dúvida em seu coração.
Ajoelhou-se com Ananias, e orou ao Senhor como se fora uma criança,
confessando-lhe os pecados, pedindo-lhe que o perdoasse em nome de JESUS e
invocando-lhe o nome de seu Filho, fez como o faziam os nazarenos. A seguir,
Ananias o batizou, marcando definitivamente a sua entrada na nova vida.
Vivendo para
CRISTO
Saulo saíra das
trevas para a luz. Morrera para a velha vida, sob a Lei, e fora cheio do
ESPÍRITO. Desejava, agora, provar o seu arrependimento através de uma vida de
serviço a CRISTO. Essa perspectiva dava-lhe grande alegria. Depois de ter-se
alimentado, levantou-se com um zelo tão intenso por CRISTO que excedia de muito
sua antiga dedicação ao Judaísmo.
Ananias voltou
para anunciar aos cristãos de Damasco que o perigo passara. Saulo não só havia
desistido de persegui-los, como também fora batizado, invocando o nome de
CRISTO. Era agora um nazareno. Eles receberam-no, pois, com grande alegria;
acolheram-no como a um irmão.
Os cristãos de
Damasco fortaleciam a Saulo diariamente com a cordialidade de sua comunhão, e
doutrinavam-no acerca de JESUS. Ele se mostrava mais que atento. Os irmãos
falaram-lhe do Salvador, de sua vida e de sua obra. Ficaram surpresos ao ver o
conhecimento que ele tinha das Escrituras e como constatava rapidamente, agora,
que todas elas apontavam para JESUS. Sua erudição deixou-os admirados. Ele
parecia encontrar argumentos fortes e favoráveis a CRISTO que antes lhe haviam
escapado. Seus corações encheram-se de alegria ao compreender que ele também
viria a ser um grande mestre das doutrinas enunciadas pelo Senhor JESUS.
Durante o curto
período em que permaneceu em Damasco - somente alguns dias - Saulo cresceu
espiritualmente e já ansiava por testemunhar da grandiosa experiência que
tivera na estrada de Damasco. Junto com Ananias e outros nazarenos, visitou a
sinagoga e pregou a CRISTO. Ele era hábil em rebater todos os argumentos dos
fariseus. Como tivesse o dom da oratória, causou grande impressão sobre o povo.
Embora não pudesse dizer muito a respeito dos ensinamentos de JESUS, sabia
apelar para a Lei, os Profetas e os Salmos. Ele sentia-se mui à vontade nesses
tópicos.
A primeira vez
que Saulo visitou a sinagoga, que se achava repleta, foi um grande dia para os
nazarenos. Ali estava um jovem, destemido e forte, que tivera o privilégio de
ser educado na escola de Gamaliel. A maioria dos judeus sabia de seu ódio a
CRISTO, e alguns que suspeitavam dos nazarenos, achavam que a sua missão em
Damasco era necessária.
Inicialmente,
Saulo contou-lhes a história de sua ida a Damasco e do incidente na estrada:
como encontrara a JESUS de Nazaré e O contemplara com os próprios
olhos, aquEle a quem vinha perseguindo, e como, desde então, toda a sua vida se
transformara. Ele cria agora que JESUS era o CRISTO. Com sua habilidade de
rabino, citou passagem após passagem do Antigo Testamento para provar a
messianidade de JESUS. Ao terminar o discurso, confessou publicamente o seu
pecado em perseguir os seguidores de JESUS, e descreveu a nova vida que nele
havia por meio da habitação interior do ESPÍRITO SANTO.
Ninguém podia
acreditar no que estava ouvindo: "Não é este o que em Jerusalém perseguia
os que invocavam esse nome, e para isso veio aqui, para os levar presos aos
principais sacerdotes?" (At 9.21).
Ao verem-no
abjurar as antigas crenças, ficaram indignados. O primeiro discurso de Saulo
como nazareno foi respondido pelos rabinos da sinagoga, que o tacharam de falso
mestre e traidor da nação. Negaram o uso que o novo discípulo de CRISTO fazia
das Escrituras, discutindo acaloradamente com ele sobre o correto significado
destas. Mas não puderam reputar-lhe os argumentos, nem a sua experiência na
estrada de Damasco. Quando a congregação se retirou, todos estavam comovidos
com o que ouviram. Alguns creram, mas a maioria achava que Saulo merecia ser
expulso da sinagoga e açoitado publicamente. O inimigo declarado e
preconceituoso de CRISTO mudara rápida e drasticamente, transformando-se num
cristão inabalável, com a determinação de entregar sua vida ao serviço do
Senhor. Ao cair diante de sua glória, tornara-se de JESUS um servo para todo o
sempre. Saulo vira-o ressurreto, e tinha plena certeza disso. E, sobre esta
certeza, construiu todas as suas esperanças na eternidade. Foi ainda esta
certeza que o levou a pregá-lo com toda a autoridade (1 Co 9.1).
O EVANGELHO DE
SAULO
Quando alguém
se converte a CRISTO de modo tão inesperado e radical quanto Saulo, passa a
sentir de imediato um forte desejo de partilhar sua experiência com todos.
Diante de um testemunho como o seu não há como disfarçar as emoções. A
experiência de um homem que viu a glória divina nos aquece o coração.
Saído de um
ambiente tão rígido como o do farisaísmo, o choque que Saulo recebeu foi
enorme. Seu modo de pensar modificara-se tão rapidamente, que ele precisava de
tempo para descansar e refletir. Queria repensar o passado, observar lógica e
tranquilamente o futuro, e preparar-se para a grande obra a que DEUS o chamara.
O Senhor não dissera que ele devia levar o nome de CRISTO diante dos gentios,
dos reis e dos filhos de Israel?
Saulo era um
pensador profundo. Não tomava nenhuma atitude sem antes raciocinar e pesar as
consequências. Algumas pessoas a tudo analisam; outras, não se preocupam com
nada. A mente de Saulo era analítica; teve necessidade de refletir para
ajustar-se aos fatos que lhe abalaram a estrutura existencial.
Ao despedir-se
dos cristãos de Damasco, isolou-se na Arábia a fim de concentrar-se nesta nova
etapa de sua vida.
Na Epístola aos
Gálatas, Saulo revela que, depois de sua conversão, não se dirigiu aos
apóstolos em Jerusalém, ou para quaisquer outros, a fim de se inteirar do
Evangelho que mais tarde pregaria. O Evangelho foi-lhe revelado diretamente por
DEUS. Em várias ocasiões, apóstolo o enfatizou: "Porque eu recebi do
Senhor o que também vos ensinei" (1 Co 11.23).
Na Arábia
No deserto,
longe do burburinho da vida urbana, com as rochas e areias ardentes durante o
dia, e as estrelas silentes à noite, despojou-se Saulo das amarras de uma vida
inteira, libertando-se da Lei e da tradição judaicas. Na quietude da Arábia,
andou com DEUS. Aqui, o Senhor revelou a Saulo as grandes verdades que viriam a
ser as âncoras de sua pregação. Foi aqui também que reestudou as Escrituras, e
meditou sobre as grandes doutrinas que iria em breve ensinar em todas as
igrejas. Aprendeu o valor da comunhão com DEUS, tornando-se-lhe sensível à
vontade.
Foi no deserto
que Moisés veio a encontrar DEUS. Naquele mesmo Monte na Arábia onde Paulo
agora estava a ter um encontro pessoal com JESUS (Monte Horebe). E foi num
momento de desespero, que Elias procurou a quietude do deserto. No deserto, o
maná alimentou o povo de DEUS por quarenta anos. Que lugar seria mais propício
para Saulo reencontrar-se com o Senhor? Onde poderia ser alimentado diariamente
pelo pão do céu senão aqui?
É impossível
saber os detalhes daqueles dias de consagração. Mas de uma coisa não temos
dúvida: Saulo deixou o deserto plenamente convicto e preparado para apresentar
as razões de sua fé. Ele sabia que, no exato momento em que abrisse os lábios
na sinagoga, os fariseus opor-se-lhe-iam amargamente, taxando-o de hipócrita,
traidor. Por isso, deveria estar preparado a fim de apresentar tanto a sua
defesa quanto a de JESUS com toda a sua força e poder.
Na defesa da
fé, seria imprescindível que tivesse idéias muito claras acerca da salvação
oferecida por CRISTO. Falar de uma experiência é simples, mas debater com os
filósofos e defensores de outras religiões exige um conhecimento bem definido e
pontos de vista sólidos. Além de justificar a morte de CRISTO conforme predita
nas Escrituras, Saulo teria de explicar porque isso foi necessário e por que
DEUS o exigiu.
Ao pensar no
propósito da vida e na felicidade de que ora desfrutava, Saulo concluiu: o que
aprendera na escola rabínica era de fato uma poderosa verdade. O supremo
propósito do ser humano é receber o favor divino. Mas a única maneira de se
obter tal favor é submeter-se à justiça de DEUS. Somente Ele pode conceder-nos
a paz.
Entendendo o
Dom da Justiça de DEUS
A história do
homem sempre foi o relato do desvio da justiça divina e do deliberado
afastamento de DEUS. Muitos são os que, embora se julguem justos e condenem os
outros, jamais sentiram comunhão com DEUS. Outros, como os judeus, dependem de
sua obediência à Lei para obter o favor divino. Saulo viveu desse modo até
encontrar a JESUS. Mas agora, podia ver quão vazia era a vida dos judeus: por
não haverem recebido a JESUS, achavam-se na mesma condição dos gentios.
Os gentios
falharam em sua busca pela justiça. Não porque DEUS haja se ocultado deles,
pois Ele lhes dera suficiente conhecimento para que viessem a ser conduzidos
pela justiça. Eles, porém, não quiseram seguir a luz; tentaram extingui-la. E
já que não alcançaram o favor de DEUS, fizeram-se filhos da ira. Quanto aos
judeus, gabavam-se de suas muitas vantagens sobre o resto do mundo. Embora
possuíssem a Lei e os Profetas, não tiraram proveito deles.
O que importa
diante de DEUS não é saber o que é certo, mas praticar o que é justo. Antes,
Saulo acreditava que guardar a Lei era a única maneira de se agradar a DEUS.
Isso, porém, jamais lhe havia proporcionado satisfação espiritual. Por outro
lado, estava ciente de que, como depositário da Lei de DEUS, tinha mais
responsabilidades espirituais do que os gentios. Agora, contudo, já não podia
ignorar: tanto os judeus como os gentios, haviam falhado na busca da justiça
divina; encontravam-se ambos expostos à ira de DEUS.
Nem os judeus
nem os gentios eram bons, por haver ambos herdado a natureza pecaminosa de
Adão. Tal natureza torna a pessoa fraca demais para ser justa. A Lei, por
descrever claramente o pecado, teria sido um precioso guia para conduzir-nos à
vida santa. Mas como curar uma natureza tão enferma? Aquilo que queremos fazer,
não o fazemos; e aquilo que não queremos, isso o fazemos. DEUS outorgou a Lei
com o propósito de mostrar-nos qual o padrão de sua justiça.
Todos esses
pensamentos formavam-se na mente de Saulo à medida que o Senhor lhe transmitia
gradualmente a mensagem que deveria ensinar em todas as igrejas. Seu dia mais
ditoso foi aquele em que DEUS ofereceu-lhe um plano de salvação que não
dependia de se guardar a Lei. Foi aí que compreendeu que jamais alcançaria a
justiça divina por seu próprio esforço.
Com o passar
dos dias, Saulo começou a entender mais claramente todo o quadro da salvação
oferecida por DEUS. E essa revelação, obtida na Arábia, foi mencionada
repetidamente por ele como "o meu evangelho". Saulo não a obteve
mediante estudo ou leitura, nem a recebera de homem algum. Foi diretamente e
pessoalmente por intermédio de JESUS que chegou ao conhecimento de tais fatos.
O Verdadeiro
Significado da igreja
O retrato
completo da Igreja apareceu mais vividamente a Saulo, durante sua estada no
deserto. Ele foi o primeiro apóstolo a compreender que a Igreja não era uma
seita judaica, mas uma irmandade universal que se estendia a todas as raças e
nações. Tempos depois, travaria muitas batalhas com os que não estavam
dispostos a admitir os gentios na Igreja.
Saulo
considerava a Igreja um edifício, cujas pedras todas achavam-se bem ajustadas,
tendo a CRISTO como a pedra angular. A seguir, viu-a como um corpo bem
coordenado. E os membros todos desse corpo - braços, pernas, pés, dedos, olhos
e ouvidos - eram os cristãos em particular que, ligados uns aos outros,
constituíam-se num só organismo, tendo a CRISTO por cabeça. A figura ajudou-o a
compreender a unidade da Igreja e a sua dependência em relação ao Senhor JESUS.
Saulo passou a compreender que cada um de nós somos templo do ESPÍRITO SANTO,
morada de DEUS na Terra. Passou a conhecer a pessoa do ESPÍRITO SANTO, fato
vedado ao judeu tradicional sem CRISTO.
Saulo fora
chamado por CRISTO para deixar de lado as regras, tradições e todo o passado do
qual tanto se gloriara. Outros já o haviam feito e tiveram de enfrentar
oposição. O futuro não lhe seria fácil. Ele pensa em Estêvão e como fora este
poderoso no Evangelho. Se Saulo tivesse aberto os olhos antes, quantas centenas
de crentes não teriam sido poupadas! Mas ele tomaria o lugar de Estêvão, e quem
sabe, faria para CRISTO uma obra ainda maior. Uma vez mais Saulo delibera ser
fiel à visão celestial, e passar o resto de sua vida pregando o Evangelho aos
judeus e gentios.
O Mundo, um
Campo Missionário
Saulo começa a
refletir sobre o mundo que o rodeava. Embora só o conhecesse parcialmente,
sabia que o Império Romano se estendia para além dos Portões da Cilícia, em
direção ao ocidente. Em suas fronteiras, havia milhões de pessoas.
Que mundo de
trevas era aquele!
Os ídolos eram
adorados por toda a parte. As cidades encontravam-se repletas de estátuas,
altares e templos. Tateando, as pessoas andavam à procura de algo real. Seus
corações estavam vazios; seus olhos, voltados para os grandes blocos de granito
e mármore. Se os gentios pudessem enxergar o vazio de seus templos! Se
soubessem que somente CRISTO podia satisfazê-los!
Saulo
compreende que será mais fácil convencer os gentios do que os judeus. Ele
alegra-se por ter sido escolhido pelo Senhor para levar o Evangelho da graça
salvadora de DEUS aos gentios.
Ao fazer um
retrospecto de sua vida, Saulo percebe que deveria estar louco e cego ao
imaginar que o seu ódio e crueldade pudessem reconduzir os convertidos ao
Judaísmo. Na Arábia, DEUS forçou-o a abandonar os seus métodos e a aprender um
pouco do grande ESPÍRITO que estava em Estêvão, quando este orava por seus
inimigos.
Não se sabe
quanto tempo Paulo permaneceu na Arábia. Sabemos, porém, que passou três anos
em Damasco a sua conversão e a sua volta a Jerusalém. Paulo tivera tempo de
organizar seus pensamentos, e agora estava pronto a pregar o Evangelho com
todas as suas forças, pois sentia- se em débito para com os judeus e gregos.
De qualquer
forma, Saulo achava-se mais bem preparado para, sinceramente, lutar pela fé. Em
cada sinagoga, os fariseus se lhe opunham, zombando de sua mudança de vida e
chamando-o de mentiroso. Ele era obrigado a todo o instante, a defender o
Evangelho a que se habituara a chamar de "meu evangelho", não por ser
diferente do de Pedro, ou de qualquer outro dos discípulos, mas porque JESUS o
entregara diretamente a ele.
Mais tarde,
Saulo aprenderia mais de Pedro e dos demais apóstolos o verdadeiro significado
das declarações e ensinamentos do Senhor. Mas, por ora, já sabia o suficiente
para começar a pregar a JESUS como o CRISTO das Escrituras, por cujo intermédio
podia-se alcançar a justiça divina.
Com as palavras
do Senhor no coração, avançaria e estabeleceria igrejas em todas as partes. Se
em sua ignorância prendera e até matara, agora ofereceria a sua vida por
CRISTO. Afinal, JESUS não vencera a morte levantando-se da sepultura? Sua mente
já estava apaziguada e cultivada pelos ministérios de DEUS.
O REGRESSO A
DAMASCO
Saulo foi
cordialmente recebido pelos irmãos de Damasco. Todos ansiavam por sua volta,
pois somente ele poderia enfrentar os judeus que se opunham ao Evangelho.
Lembravam-se todos de como Saulo silenciara os rabinos antes de partir para a
Arábia. Com um poder muito maior, Saulo retoma o trabalho nas sinagogas. A
oposição judaica contra si já se havia transformado em ódio. A sua determinação
de pregar a JESUS CRISTO, contudo, em nada diminuíra.
Durante o
período em que esteve em Damasco com os nazarenos, homens e mulheres aceitavam
diariamente a CRISTO ao ouvir-lhe a pregação. O conselho da sinagoga fez o
máximo para tapar os ouvidos de seus congregados. Mas como a mensagem de Saulo
tivesse como base as próprias Escrituras, ninguém era capaz de resistir-lhe as
palavras. Até os rabinos temiam proibir o acesso de alguém com tamanho
conhecimento da Torá na sinagoga.
A cada
discussão com Saulo os rabinos mais se enfureciam. E já instigavam o conselho
da sinagoga contra Saulo, pois mais de uma vez ele os sobrepujara. Em seu ódio,
queriam fazer dele um exemplo público. E tanto fizeram, que vieram a conseguir
o seu intento. Açoitaram-no diante da porta da sinagoga com 39 chibatadas.
Enquanto o chicote raspava-lhe as costas, Saulo experimentava uma estranha
sensação de alegria por ser considerado digno de sofrer pela causa de CRISTO.
Não fora exatamente isso o que ele havia feito com os que seguiam a esse mesmo
JESUS?
O corpo de
Saulo fica marcado para sempre; com orgulho exibiria essas marcas por
haverem-no introduzido numa comunhão mais profunda com o CRISTO e com os que
foram chamados a sofrer pela fé.
Finalmente, ele
foi expulso da sinagoga. Todavia, encontrando-se secretamente com os judeus de
Damasco, ganhou a muitos deles para CRISTO. Os rabinos vieram a compreender,
então, que ninguém poderia deter a propagação do Cristianismo. O que fazer?
Ordenaram-lhe, pois, que deixasse a cidade, mas Saulo não lhes acatou a ordem.
Pelo contrário: agora, pregava a CRISTO com mais vigor e intensidade. O
conselho reuniu-se então em segredo, e chegaram a esta conclusão: "Só há
um meio de calar a Saulo - tirar-lhe a vida".
Os judeus
favoráveis aos nazarenos, alertaram a Saulo sobre a decisão do conselho. Ele,
pois, escondeu-se de modo a que não pudessem encontrá-lo. Cada sinagoga era
vigiada, mas o acusado não aparecia. Seus inimigos finalmente descobriram que
ele sabia da conspiração. E para que Saulo não fugisse disfarçado de mercador,
ou viajante, resolveram ir ao governador e fizeram uma acusação formal contra o
desafeto, dizendo que este era um perturbador da ordem pública, pois incitava
os judeus a se amotinarem. O governador prontamente enviou as ordens para a
prisão de Saulo. Imediatamente, os soldados passaram a vigiar os portões da
cidade, observando as caravanas que saíam de Damasco. Como a cidade só
possuísse quatro portões, os rabinos julgavam que, em breve, o prenderiam.
Sempre atentos
a qualquer movimento, os judeus pretendiam acabar com a seita que os
perturbava, livrando-se de seu novo líder. Diante disso, os amigos de Saulo
perceberam que só havia um meio de salvar-lhe a vida: tirá-lo da cidade.
Os velhos muros
eram tão largos em determinados lugares que casas haviam sido construídas sobre
eles. Numa dessas casas, com janelas salientes, morava um nazareno. Quando a
noite caiu sobre a cidade, Saulo foi levado a essa casa. Então, amarraram uma
corda a um grande cesto que foram baixando pelo muro até que pousasse em
segurança. Ato contínuo, o passageiro deixou rapidamente o cesto,
embrenhando-se na escuridão.
A viagem de
Saulo a Jerusalém
Saulo ganhara a
liberdade. Não foi senão depois de muitos dias que as autoridades da sinagoga
foram informadas de que ele se encontrava em Jerusalém, perturbando o povo de
lá como o fizera em Damasco. Fazia pouco mais de três anos desde que deixara
Jerusalém com uma guarnição e uma ordem de prisão contra os nazarenos. Nessa
época, representava o Templo, os sacerdotes e os fariseus em toda a sua
oposição a CRISTO. Agora, representava a JESUS, e estava voltando justamente
para dar testemunho do Salvador. Saulo encontrara a CRISTO - o Caminho, a
Verdade e a Vida - e estava mui feliz.
A permanência
de Saulo em Jerusalém foi curta. Depois de duas semanas, o vigor de sua
mensagem irritou tanto aos judeus que estes procuraram matá-lo. Quando Saulo
retornou à Cidade Santa, esta não o recebeu como antes, com amizade e
esplendor. Agora, mostrava-se fria e nada acolhedora. Não teve permissão para
visitar a escola de Gamaliel ou o palácio do sumo sacerdote. Era agora
conhecido e odiado nas sinagogas, e a única coisa que pode fazer foi procurar
os nazarenos. Saulo sabia que numerosos discípulos se reuniam na casa de Maria,
mãe de Marcos, e foi então para lá, esperando ter notícias dos demais cristãos
de Jerusalém. Na casa de Maria, Barnabé, Primo de Marcos, imediatamente o
reconheceu e acolheu.
Barnabé era um
judeu originário da ilha de Chipre. Homem rico, dono de grandes propriedades,
fora também um levita do Templo. Em virtude de sua formação, tornou-se um dos
líderes da igreja em Jerusalém, um apóstolo (At 14:14).
Ouvindo a
história de Saulo, Barnabé comoveu-se. De imediato, ofereceu-lhe a destra,
tratando-o de irmão. Mas os outros nazarenos agiram de modo diferente;
suspeitavam de alguma traição; não podiam acreditar na conversão de Saulo. E se
fosse mentira? Aquele homem perseguira de tal forma a Igreja, que muitos
crentes haviam sido expulsos da cidade; famílias haviam sido separadas por sua
causa. Embora friamente recepcionado, Saulo aceitou a tudo graciosamente. Pelo
menos, tinha a Barnabé por amigos.
O respeitado
líder levou-o aos apóstolos que, ao lhe ouvirem a história, creram e
receberam-no como um deles. Quando Pedro soube que Saulo havia ido a Jerusalém
especialmente para vê-lo, acolheu-o em sua casa. Durante duas semanas, Paulo,
que sentara aos pés de Gamaliel, agora achava-se aos pés do pescador que, nesse
curto espaço de tempo, lhe ensinaria mais sobre as Palavras da Vida do que todo
o tempo em que fora aluno do afamadíssimo rabino.
Cada vez que
Pedro falava em JESUS, seus olhos brilhavam. Ele descreveu-lhe o CRISTO sem
pecado que pregara como homem algum jamais o fizera. Os detalhes da vida do
Salvador eram vivos e recentes para Pedro. Pois fazia agora seis anos que JESUS
havia sido crucificado no Calvário.
Pedro
discorreu-lhe sobre os grandes milagres e ensinos de JESUS. Discorreu-lhe ainda
acerca do Reino de DEUS e como os homens, em toda parte, jamais haviam
conseguido opor-se à sabedoria do Rei. Contou-lhe como JESUS fora rejeitado,
traído e crucificado, e como o maior de todos os milagres ocorrera três dias
após a crucificação - o milagre da ressurreição de CRISTO. Pedro também lhe
falou, em termos exaltados, a respeito das muitas vezes em que o Salvador
aparecera aos discípulos, e especialmente da ocasião em que Ele, chamando-o à
parte, conversou consigo depois da ressurreição.
"A cada
dia, Pedro desdenhava-lhe uma figura diferente do CRISTO que, viajando pela
Galileia, ensinava as multidões. Agora, Saulo já se sentia tão seguro do seu
conhecimento acerca de JESUS, que tinha a impressão de haver convivido
pessoalmente com o Salvador. Ele já tinha, pois, plenas condições de anunciar o
Evangelho às mais distantes regiões.
A Perseguição
de Saulo em Jerusalém
Embora haja
ficado apenas duas semanas em Jerusalém, Saulo, à semelhança de Estevão, foi às
sinagogas helenísticas e, ali, declarou corajosamente a todos que era agora um
nazareno. Muitos lembravam-se dele como o perseguidor dessa seita. Mas agora
estavam surpresos ao ouvi-lo conclamar os judeus ao arrependimento por haverem
rejeitado a JESUS.
Entre outras
coisas, disse-lhes que a vida eterna não é conquistada obedecendo à Lei, mas
confiando no Filho de DEUS que, graciosamente, nos concede o dom da salvação.
Homens de grande zelo e habilidade rabínica opunham-se-lhe e o debate ficava a
cada dia mais acalorado. Em Jerusalém, os rabinos lançaram-lhe em rosto os
argumentos que antes ele usara para combater os nazarenos. O próprio Saulo não
dissera que JESUS era um impostor e que havia merecido a morte?
A batalha foi
breve. Saulo tinha agora tantos inimigos, que um movimento surgiu para livrar a
religião judaica dessa maldição. Por que não fazer com ele o que haviam feito
com Estêvão? Ele merecia morrer; era um impostor, um blasfemador e um traidor!
Pior ainda, fora treinado como rabino, mas passara a odiar o sistema que o
nutrira.
O Chamado para
Pregar aos Gentios
Certo dia,
Saulo achava-se no Templo para orar, e enquanto suplicava a orientação e a
sabedoria do Senhor em relação ao seu futuro e quanto à abertura de uma porta a
fim de que pregasse aos judeus ali, no centro de sua adoração, teve ele uma
experiência que lhe determinaria o caminho a ser tomado. Numa visão, o Senhor
lhe disse: "Dá-te pressa e sai apressadamente de Jerusalém, porque não
receberão o teu testemunho acerca de mim" (At 22.18). Saulo respondeu
imediatamente:
Senhor, eles
bem sabem que eu lançava na prisão e açoitava nas sinagogas os que criam em ti.
E quando o sangue de Estêvão, tua testemunha, se derramava, também eu estava
presente, e consentia na sua morte, e guardava as vestes dos que o matavam (At
22. 19,20)
Saulo tinha
consciência de sua dívida. Por isso, em profunda agonia, confessava
repetidamente o seu pecado ao Senhor por haver perseguido a Igreja. Mas JESUS
falou-lhe novamente numa visão: "Vai, porque hei de enviar-te aos gentios
de longe" (At 22.21).
A visão
desapareceu com a mesma rapidez com que surgira. Saulo volta a si. Embora sua
mente estivesse tomada pelo mistério, de uma coisa tinha certeza: DEUS o guiava
e tinha um grande propósito para si - não entre o seu povo, mas em terras
distantes. Pensando já nos vastos países que ficavam a oeste dos Portões da
Cilícia, resignou-se a deixar Jerusalém.
Sabendo dos
planos para silenciar a Saulo, seus amigos, disfarçados por causa da segurança,
conduziram-no a salvo para fora dos muros da cidade. A Jerusalém dos seus
sonhos acabara por ser-lhe uma decepção. Muitos de seus velhos amigos agora o
odiavam e teriam-no apedrejado em nome da Lei de Moisés. Até os nazarenos, seus
novos amigos, mostravam-se reservados quanto à sua conversão. Barnabé e Pedro,
contudo, aceitaram-no abertamente. Eles viam em Saulo de Tarso um defensor da
fé, e alguém que nos anos vindouros seria usado por DEUS para defender o
Evangelho.
Saulo deixou
Jerusalém apenas quinze dias depois de sua chegada. De volta para casa, tomou a
estrada costeira em direção a Cesaréia, capital romana da Palestina.
A Volta de
Saulo a Tarso
Em Cesaréia,
Saulo foi para o porto, e procurou um navio, entre os muitos que ali se achavam
ancorados, que o levasse para Tarso.
Como as coisas
haviam mudado desde a época em que tinha poder e achava-se armado com a
autoridade do sumo sacerdote! Não passava agora de um fugitivo, expulso de
cidade em cidade, perseguido e odiado, tendo de disfarçar-se, e quase sem
amigos. Mas, no seu coração, havia uma leveza e alegria que não conhecera
antes. Era a alegria de CRISTO.
A PRIMEIRA
VIAGEM MISSIONÁRIA
Em seu
regresso, Saulo foi recebido de braços abertos por alguns. Mas os que sabiam de
sua mudança logo sentiram que a sua presença causaria confusão, pois ele,
agora, acreditava no impostor JESUS. A confirmação veio de seus próprios
lábios. Todos estavam desapontados e enfurecidos. Como um fariseu erudito,
cuidadosamente criado e educado por hebreus, e que logo se tornaria rabino,
pôde tomar semelhante atitude?
Não se sabe de
que forma os pais de Saulo receberam o duro golpe. Como não estivessem
preparados, sentiram-se envergonhados por seu filho: justamente ele havia
oferecido fogo estranho no altar.
Quando relatou
sua experiência em Damasco - seu encontro com o CRISTO ressurreto - houve
admiração e desdém. Muitas vozes elevaram-se contra, mas nenhuma pôde calar-lhe
os lábios. CRISTO JESUS era tão real para Saulo, que não lhe importava se o
mundo fosse contrário à sua mensagem; continuaria a pregá-la fielmente. Em
Tarso, Saulo achava-se longe da sombra do Templo e do Sinédrio, e sendo um
hábil orador, é provável que multidões se reunissem para ouvir-lhe os sermões.
Alguns podem ter-se rejubilado com cada palavra e se tornado abertamente
nazarenos.
Os rabinos mais
velhos, invejosos de sua capacidade, certamente o advertiram a não falar contra
as regras. É possível que em Tarso, diante da porta de sua própria sinagoga,
haja sido chicoteado em público, fato que, mais tarde, haveria de mencionar (2
Co 11.24). Mas nisso se gloriou. Por seu intermédio, o Evangelho abriu os olhos
aos cegos e levou a esperança a muitos corações. Nada o deteria. Não lhe
dissera o Senhor que se tornaria apóstolo para os gentios?
Obscuridade e
Fabricação de Tendas (Paulo trabalhou em Tessalônica para servir de exemplo aos
preguiçosos e trabalhou em Corinto para servir de exemplo aos avarentos – nas
outras igrejas recebeu delas salário - Outras igrejas despojei eu para vos
servir, recebendo delas salário; e quando estava presente convosco, e tinha
necessidade, a ninguém fui pesado. 2 Coríntios 11:8)
Apesar de sua
confiança e do chamado divino, Saulo entra num período de inatividade. Durante
sete ou oito anos, pouco se ouve falar dele. Mas aqueles foram anos de espera,
disciplina e paciência. Saulo talvez necessitasse desse tempo para
fortalecer-se e descobrir o segredo de esperar pacientemente no Senhor. Ele
tinha uma missão, mas faltava-lhe a oportunidade.
No plano de
DEUS, para quem o tempo não existe, aquele período haveria de amainar o rancor
dos rabinos. Talvez Saulo tenha permanecido em Tarso, enfrentando a oposição e
sustentando-se na loja de tendas, até que DEUS completasse mais um grande
estágio na história da Igreja. Nesse interregno, Pedro e os demais apóstolos
foram se conscientizando de que a Igreja não era exclusivamente para os judeus.
O Senhor dera a Pedro a visão dos animais puros e impuros, preparando-o para
evangelizar Cornélio, o gentio de Cesaréia, que foi admitido na Igreja sem ter
de passar pelos rituais judaicos. Esse foi um passo que revolucionou toda a
perspectiva do Cristianismo. É possível que nessa ocasião, Saulo haja se
irritado e resmungado contra a demora em seu ministério. Mas acabaria por
aprender que as delongas de DEUS têm sempre um propósito; nada sai errado em
seu cronograma.
Enquanto isso,
Saulo vivia na obscuridade. É provável que haja pregado não apenas em Tarso,
mas também na zona rural que visitara quando menino para comprar pelo de cabra.
Sempre que viajava pelas estradas e trilhas de camelos, através das florestas e
vales, procurava seus conterrâneos. Falava-lhes de JESUS, o Messias, e
convidava-os a procurar nEle a justificação pela fé.
Dispersão da
Igreja de Jerusalém
A Igreja de
Jerusalém teve seus altos e baixos. Quando a perseguição aumentou, os nazarenos
viram-se obrigados a esconder-se. Alguns até saíram da Palestina, e procuraram
refúgio noutras terras. Grande número dirigiu-se a Damasco. Outros foram até
Antioquia, a linda capital romana da Síria, cerca de 480 quilômetros ao norte
de Jerusalém. Em Antioquia, muitos judeus estrangeiros haviam se tornado
seguidores de JESUS. Eles eram mais liberais, e o medo do sumo sacerdote não os
constrangia. Alguns haviam nascido na Grécia, outros na costa africana de
Cirene, e outros em Chipre. À medida que o Evangelho lhes era pregado, grande
número veio a crer. E o ESPÍRITO de DEUS atuava na pregação levando também
muitos gentios de Antioquia a se converterem. E isso muito aborreceu aos
cristãos hebreus, pois estavam certos de que JESUS CRISTO pertencia somente a
eles, e a única maneira de tornar-se nazareno seria tornar- se, primeiro, um
prosélito da sinagoga.
Barnabé em
Antioquia
O movimento de
Antioquia cresceu tanto que um sinal de alarme foi enviado à igreja-mãe. Em
Jerusalém, após as deliberações, Barnabé, com sua mente aberta e esclarecida,
foi enviado a fim de investigar a autenticidade das proclamadas conversões dos
gentios.
Barnabé ouvira
os argumentos dos judeus de mente estreita e também dos judeus oriundos de
Chipre. Vira igualmente as multidões de gentios que haviam abandonado seus
ídolos, e agora professavam alegremente a CRISTO. Barnabé não podia negar a
realidade daquelas conversões. Essas pessoas também haviam sofrido por CRISTO;
algumas, apesar de desprezadas por sua própria gente, regozijavam-se por sua
salvação.
Barnabé,
impressionado com o que via, levantou-se para falar. Não criticou os gentios,
nem ordenou que se afastassem da Igreja até serem instruídos no Judaísmo. Pelo
contrário: maravilhou-se porque a graça de DEUS estendia-se além das fronteiras
de Israel. Ele os exortou a que se agarrassem a JESUS, mesmo em face das
perseguições, e jamais desistissem da fé. Suas palavras alegraram os ouvintes;
houve perfeita unidade na Igreja. E o Senhor acrescentava diariamente os que
iam sendo salvos.
O Chamado para
Antioquia
Ao perceber a
obra esplêndida que se poderia realizar em Antioquia, Barnabé só pôde pensar
num único homem - alguém que encontrara em Jerusalém, que fora criado numa
cidade gentia, e que possuía muitas das qualificações exigidas para uma grande
liderança. E mais que isso: o Senhor lhe colocara no coração o ministério para
os gentios.
A imagem de
Saulo de Tarso formou-se na mente de Barnabé. Tempos atrás, vira-o arder com a
missão de pregar a CRISTO aos estrangeiros. Se Saulo pudesse ir a Antioquia com
seu fervoroso zelo e suas palavras poderosas!
Sem mais
delongas, Barnabé percorreu os 25 quilômetros até o porto de Selêucia.
Encontrou aí um barco e, após um longo dia no mar, chegou ao rio Cnido, onde as
velas foram amadas e os compridos remos o levaram corrente acima, até o porto
de Tarso.
Será que
encontraria Saulo? Quando Barnabé finalmente o encontrou, ambos se abraçaram.
Eles não se viam há oito anos. Barnabé Contou a história, e Saulo prestou
atenção a cada palavra. Havia de fato uma grande obra a ser feita em Antioquia,
e essa era a porta que DEUS lhe estava abrindo! Saulo assentiu em partir
imediatamente.
Saulo em
Antioquia
Com meio milhão
de habitantes, Antioquia da Síria era a terceira maior metrópole do Império
Romano. Os muros da cidade eram tão fortes, que as suas ruínas ainda podem ser
visitadas. Eram largos e possuíam muitas torres. O monte Silpio levantava-se no
centro da cidade, e achava-se coalhado de barracas, onde aquartelavam-se os
soldados romanos que guardavam a região.
Muitos reis
haviam despendido grandes somas para tornar Antioquia ainda mais bela. Ali
havia jardins, lagos e palácios magníficos. Herodes adornara uma de suas ruas
com colunas de mármore, numa extensão de cerca de três quilômetros. Fora da
cidade, encontrava-se um grande anfiteatro onde eram realizados jogos e
corridas.
O povo de
Antioquia adorava as estrelas e vários ídolos, em cuja honra tinham construído
majestosos templos. No lado oposto da cidade, o grande escultor Licos modelara
uma enorme cabeça adornada com uma coroa. Esculpira-a num grande bloco de pedra
que se projetava do solo. A figura tornou-se o símbolo de Antioquia, assim como
a Estátua da Liberdade viria a ser o símbolo da América. Até hoje ela pode ser
vista em muitas das moedas de Antioquia.
Como em todo o
império era intensa a busca pelo prazer e ociosidade. Antioquia não fugia à
regra. Da porta de Dafne, uma estrada estendia-se por oito quilômetros, até o
bosque de Dafne e o templo de Apolo, pontilhada pelas casas e jardins dos mais
abastados. O bosque, um dos lugares mais aprazíveis de toda a região, era palco
de orgias tão desenfreadas que até os próprios romanos delas se escandalizavam.
Visitantes chegavam a Antioquia, vindos de todas as partes do mundo: africanos,
gregos, romanos, persas, egípcios e judeus. As pessoas enchiam as ruas e, num
espírito de permanente feriado, consideravam o bosque de Dafne o lugar mais
interessante e animado do mundo.
Saulo foi
levado à cidade. O Evangelho de JESUS CRISTO penetrara em alguns corações e o
poder do ESPÍRITO SANTO operava nos judeus e gentios igualmente. Apesar de toda
a sua grandeza, Antioquia continuava faminta e necessitada.
Barnabé levou o
amigo a reunião da igreja. Era uma assembleia quase tão forte quanto a de
Jerusalém. Saulo conheceu vários líderes da igreja, entre os quais Manaém, um
parente de Herodes Antipas. Ele era um homem de alta posição em Antioquia.
Havia também Simeão, o Africano, Lúcio de Cirene e tantos estrangeiros de
rincões desconhecidos que Saulo foi levado a regozijar-se em seu meio.
Em Jerusalém e
em todos os outros lugares, os seguidores de JESUS eram chamados de nazarenos,
mas em Antioquia receberam outro nome. O povo chamou-os de "cristãos"
para zombar deles. O nome outrora pronunciado em tom de desprezo nos é hoje
motivo de orgulho. Como qualquer rabino em Israel, Saulo estabeleceu-se em seu
ofício, pois os fabricantes de tendas sempre encontravam trabalho. Dessa forma,
ganhava seu sustento, mas a principal razão de sua presença em Antioquia era
ajudar a Igreja a fortalecer-se na fé.
Saulo visitava
diariamente a sinagoga e os bazares, e muitas vezes ficava à beira da estrada
enquanto o povo ia lotando as pistas de corridas. Ele chamava a todos ao
arrependimento, exortando-os a se voltarem para DEUS. Dizia-lhes que JESUS de
Nazaré - que há dez anos fora crucificado em Jerusalém e ressuscitara ao
terceiro dia - era o CRISTO das Escrituras: o Filho de DEUS enviado ao mundo
para salvar os homens do pecado.
Saulo chamou-os
do vazio da idolatria para a plenitude da vida cristã. Os amantes do prazer,
mercadores, turistas, e mulheres da sociedade - ninguém podia ignorar a
eloquência de Barnabé e a grande sabedoria de Saulo. Não Podiam deixar de
admirar-lhes a coragem e o zelo, mesmo em face da multidão escarnecedora. Pelo
menos não havia sumo sacerdote ali para levantar a mão contra eles. O
ministério do Evangelho estava desimpedido e a Igreja crescia rapidamente; cada
cristão era uma incansável testemunha de JESUS.
Durante um ano,
Saulo trabalhou pelo Evangelho nessa importante cidade. Falava com empenho, e o
Senhor tornava produtivos o seu ensino e pregação. Não demorou muito, e
Antioquia já era um centro cristão mais forte que Jerusalém, pois a igreja,
aqui, não sofria quaisquer distúrbios.
Outras
Perseguições aos Cristãos
Quando o
imperador Calígula foi assassinado, Herodes Agripa achava-se em Roma. Por ter
ajudado o novo imperador, foi ele honrado com o governo das terras de seu avô,
Herodes, o Grande. Houve júbilo em Jerusalém quando ele passou a reinar, pois
sabia-se ter sido ele fariseu; a rigidez da religião judaica não lhe era
estranha.
Seu primeiro
ato como rei foi remover Anás, o saduceu, do cargo de sumo sacerdote, e indicar
Gamaliel para presidente do Sinédrio. Tudo isso parecia promissor aos fariseus,
que se alegraram ao ver surgir um defensor de sua causa. Todavia, quando Agripa
desceu ao seu palácio em Cesaréia, tirou o manto farisaico, passando a viver
abertamente como um romano irrefletido e profano.
Como Herodes
Agripa quisesse cair na graça dos rabinos, pôs-se a perseguir os cristãos.
Ordenou que se prendesse e decapitasse a Tiago, irmão de João. Tiago foi o
primeiro dos apóstolos a morrer. Vendo que o Sinédrio muito se agradara disso,
e estimulado com o crescimento de sua popularidade, Herodes ordenou ainda a
detenção de Pedro. Lançou-o na prisão, pretendendo matá-lo depois da Páscoa. No
entanto, um anjo de DEUS, abrindo as portas do cárcere, soltou o apóstolo.
Presentes para
os Cristãos de Jerusalém
No auge da
perseguição, um certo profeta chamado Ágabo, que morava em Jerusalém, visitou
Antioquia. Levantando-se na assembleia, deu a entender, pelo ESPÍRITO do
Senhor, que DEUS enviaria uma grande fome sobre o império. Isso significava que
tempos difíceis abater-se-iam sobre todos. Isso realmente aconteceu no tempo de
Cláudio César (At 11:28). Ato contínuo, os cristãos de Antioquia levantaram
ofertas e as enviaram aos santos da Judéia pelas mãos de Barnabé e Saulo.
Despedindo-se
da igreja de Antioquia, partiram ambos para Jerusalém, levando Tito consigo.
Nos anos seguintes, viria este a ser um excelente líder, sendo o encarregado de
supervisionar as igrejas de Creta.
Quão tocante
não deve ter sido quando Barnabé e Saulo depuseram as provisões diante dos
irmãos de Jerusalém. Todas aquelas dádivas lhes haviam sido enviadas por homens
e mulheres que jamais tinham visto. E muitos deles eram gentios!
A Grande
Controvérsia
A questão dos
gentios na Igreja era uma das pendências que Saulo pretendia resolver em sua
estadia em Jerusalém. Contrariando seus hábitos, não foi pregar nas sinagogas.
Em vez disso, reuniu-se com os líderes a fim de fazê-los entender que os
gentios tinham o direito de fazer parte da Igreja sem ter de se submeter aos
ritos e cerimônias da sinagoga.
Foi aí que
Saulo veio a constatar: ainda tinha inimigos entre os próprios cristãos, pois
alguns achavam que Tito, por ser grego, não tivera uma real experiência com o
Senhor. Na igreja-mãe, havia também alguns fariseus que alegavam ser seguidores
de JESUS, mas não passavam de traidores; sua presença na Igreja prejudicava o
crescimento do Evangelho. Eram espiões do inimigo, e faziam o máximo para levar
os nazarenos de volta ao Judaísmo.
Saulo os
enfrentou, provando-lhes que a graça de DEUS se havia estendido também aos
gentios. Ele animou-se ao ver que Pedro, João e outros discípulos o aprovavam.
Estes concordaram com Saulo e Barnabé para que fossem pregar aos gentios, e os
admitissem na Igreja sem sujeitá-los aos ritos judaicos.
Mas a questão
ainda não fora resolvida; alguns continuavam a ensinar que a Lei de Moisés era
necessária; outros diziam que não. Preocupados, Barnabé e Saulo deixaram a
igreja de Jerusalém, e prepararam-se para a longa viagem de volta a Antioquia.
A casa de
Maria, parente de Barnabé, era o ponto de encontro dos líderes cristãos. Saulo
e Barnabé haviam desfrutado de sua hospitalidade durante a viagem, e
sentiram-se especialmente atraídos por seu filho, Marcos. Apesar de ser ainda
um rapazinho, Marcos seguia sinceramente a JESUS. Quando criança, conhecera o
Senhor e, mediante a pregação de Pedro e João, passara a ser um fiel nazareno.
Naturalmente Barnabé via grandes possibilidades no jovem; Saulo também se
impressionou com sua dedicação. Ambos o persuadiram a acompanhá-los até
Antioquia. Aquela seria sua primeira viagem para lugares distantes. O chamado
da aventura era forte, e ele Partiu entusiasmado.
O Retorno a
Antioquia
A igreja de
Antioquia recebeu os seus líderes de braços abertos, alegrando-se com as
notícias dos cristãos de Jerusalém. Era bom saber que seus presentes serviram
para encorajá-los num período tão difícil.
Antioquia
estava tornando-se rapidamente o centro das atividades da Igreja. O braço da
perseguição não era tão pesado lá como o era em Jerusalém à sombra do Templo. A
igreja cresceu sem o rancor dos sacerdotes e principais da sinagoga, até que
outras comunidades cristãs menores começaram a aceitar-lhe a liderança.
Muitos dos
cristãos de Antioquia procediam de lares gentios. Eles lembravam-se
naturalmente de seus parentes dispersos por todo o império, e achavam que o
Evangelho também lhes deveria ser pregado. Uma vez que Saulo fora chamado pelo
Senhor para ministrar aos gentios, esses cristãos concluíram que se deveria
formar um grupo missionário, e enviá-lo aos países vizinhos.
A Primeira
Viagem Missionária
Depois de
várias reuniões de jejum e muita oração, os líderes da igreja entenderam que
era a vontade de DEUS que enviassem Barnabé e Saulo nessa missão, Isso foi
decidido e comunicado a eles pelo ESPÍRITO SANTO. Quem seria mais bem
qualificado para ela? Eram homens experimentados, e ambos defendiam a ideia de
que os gentios deviam ser participantes da promessa juntamente com os judeus.
Havia ambos viajado muito e pareciam ser cidadãos do mundo. Estavam capacitados
a representar a CRISTO; para isto haviam sido chamados. Os líderes,
levantando-se numa reunião de jejum e oração da igreja, impuseram as mãos sobre
Barnabé e Saulo, abençoando-os e encarregando-os solenemente da tarefa
missionária.
Com as mochilas
cheias de provisões e presentes oferecidos pelos membros da igreja, Barnabé e
Saulo partiram numa jornada que os manteria longe de casa por mais de dois
anos. Deixaram atrás de si uma igreja que jamais haveria de se esquecer deles
em suas orações.
Os missionários
levaram consigo o jovem Marcos. Quando a primavera chegou aos montes da Síria,
os três partiram; muitos irmãos estavam lá para se despedirem deles. Os
missionários caminharam pela longa estrada pavimentada que os levaria ao porto
de Selêucia, onde havia grande atividade. Navios mercantes chegavam e partiam
para outros portos em todo o Mediterrâneo. Muitos barcos de pequeno porte,
levando frutas de Chipre, distante dali cerca de 113 quilômetros, navegavam
regularmente pela estreita faixa de água azulada, num percurso de seis horas,
com vento favorável. Como Barnabé era de Chipre, eles certamente seriam bem
acolhidos na cidade. Além disso, havia na ilha alguns cristãos que tinham sido
expulsos de Jerusalém quando da perseguição geral.
A Ilha de
Chipre
O pequeno navio
bordejou a ilha, e navegando junto à costa escura e rochosa, chegou à principal
cidade, Salamina, na foz do rio. A atividade no porto era enorme. Dois grandes
diques de pedra estendiam-se como braços protetores para o belíssimo azul das águas,
convidando os navios de todo o globo a ancorarem ali. As ruas da cidade
comparavam-se às de Tarso. Em toda parte, avistava-se santuários de ídolos e
templos erigidos aos deuses gregos. O prédio mais popular da cidade era o
templo de Afrodite, a deusa que representava a beleza feminina, e cuja adoração
era acompanhada por ritos vergonhosos e pecaminosos.
Os sacerdotes
desse templo costumavam contar como, há muito tempo, a bela Afrodite surgira
dentre a espuma das ondas e, vendo as areias macias da praia, fizera de Chipre
sua residência permanente. Essa, segundo eles, era a razão de as mulheres de
Chipre serem tão altas e belas. O aniversário de Afrodite era celebrado com um
festival.
A vida na ilha
era fácil e despreocupada; o povo tinha como principal objetivo a busca do
prazer. Com certeza, Barnabé conhecia muito bem a essa gente. Depois de visitar
os amigos e parentes, passou a frequentar as sinagogas. Enquanto isso, Saulo
anunciava o Evangelho, afirmando que CRISTO cumprira as promessas feitas a
Israel, e viera para ser o seu Messias.
Como houvesse
várias sinagogas em Salamina, Barnabé e Saulo narraram a história de JESUS de
modo que todo judeu pudesse ouvi-la. Sem dúvida, Saulo contou que fora educado
para ser rabino e fariseu, e que passara anos perseguindo os cristãos antes de
encontrar o Senhor ressurreto na estrada de Damasco - o encontro que lhe mudara
a vida. Não se sabe se alguém foi levado a CRISTO em Salamina. Depois de
haverem passado algum tempo ali, os três obreiros viajaram a pé de uma ponta à
outra da ilha.
Eles pregavam a
CRISTO sempre que tinham oportunidade. É possível que o fizessem nas minas de
cobre, nas salinas, nos pomares, nas fábricas, ou onde quer que houvesse grupos
de pessoas. É certo que visitaram as sinagogas nas aldeias, e finalmente,
depois de várias semanas, entraram no vale que descia para o mar ocidental e a
cidade de Pafos. Aqui, na praia beijada pelo sol, achava-se o lugar onde,
supostamente, Afrodite saíra das ondas. Seu templo, com grandes pilares de
mármore, marcava o local onde chegara à praia, e que era considerado sagrado.
Pafos era a capital de Chipre.
Como na maioria
das cidades, havia ali um bairro judeu. E Saulo e Barnabé, acompanhados por
Marcos, conseguiram descobri-lo. De acordo com o seu costume, Saulo pregou
CRISTO à sua gente. Alguns creram; outros sentiram-se insultados.
Sérgio Paulo, o
governador enviado por Roma à ilha, era um homem culto e que se interessava
pela ciência da sua época. Uma ciência, porém, estranhamente misturada à
feitiçaria e à astrologia. Sérgio Paulo, embora estivesse acostumado aos deuses
e deusas de Roma, continuava procurando algo que lhe satisfizesse a alma.
Quando o
governador soube da chegada de Saulo e Barnabé, mandou chamá-los; queria ouvir
a nova doutrina. Essa era a grande oportunidade de Saulo, e ele a encarou como
se fora uma porta aberta para o Evangelho. Com humildade, mas cheio de
entusiasmo, foi encontrar-se com o ilustre romano e sua mulher. Outros
religiosos e supersticiosos também se achavam ali, querendo conhecer a nova
crença.
Como Saulo
também era romano, começou a falar desenvolta e habilmente. Expôs o amor romano
à verdade e à justiça, e sua aceitação e tolerância com todas as religiões. A
seguir contou, um a um, os grandes fatos do Evangelho - a vinda de JESUS
CRISTO, a rejeição de seu próprio povo, sua crucificação e, finalmente, sua
ressurreição. Recapitulou sua experiência pessoal como opositor do
Cristianismo, e como certo dia o Senhor o cativara e transformara-lhe
completamente a vida.
Sérgio Paulo
ficou impressionado. As palavras de Saulo agradaram-lhe os ouvidos. Seu coração
inclinou-se para DEUS e a luta por sua alma já estava quase ganha. Mas
Barjesus, um mágico e feiticeiro da corte, também chamado de Elimas, negava
vigorosamente as palavras de Saulo. Barjesus era judeu e estava vivendo em
oposição à Lei de Moisés, pois esta condenava a feitiçaria. Todavia, diante da
pregação de Saulo, seu judaísmo veio à tona; seus argumentos tornaram-se
fortes.
Paulo discutiu
com ele, e vendo que se vendera a Satanás e estava agora obstruindo a palavra
de DEUS, clamou contra ele:
Ó filho do
diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça,
não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora,
contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. No
mesmo instante a escuridão e as trevas caíram sobre ele, e, andando à roda,
buscava a quem o guiasse pela mão (At 13.8-12).
Enquanto Sérgio
Paulo observava, os olhos de Elimas embaçaram e a escuridão caiu sobre si. O
homem estendeu desesperadamente a mão, tateando para encontrar o caminho, e
teve de ser guiado através do aposento.
O governador
romano vira a poderosa mão de DEUS sobre uma alma rebelde, e deixou- se
convencer. Levantou-se do divã; não pôde mais resistir ao Evangelho. Creu e foi
contado entre os cristãos. Esse foi um grande avanço. DEUS honrara o ministério
de Saulo, dando-lhe o homem mais importante da ilha.
Paulo, um NOVO
Homem
Movimentando-se
entre os gentios, Saulo passou a ser chamado de Paulo, pois essa era a forma
romana de seu nome. Enquanto estava na sinagoga, e mesmo depois de tornar-se
cristão, era conhecido pelos amigos como Saulo. Mas esse nome era israelita, e
de certa forma representava tudo o que ele fora como judeu e fariseu. O nome
Paulo indicava o novo homem e seu novo trabalho. Enquanto permaneceu entre os
gentios das províncias, foi se tornando cada vez mais conhecido como Paulo. Com
o correr dos anos, até o fim de sua vida, usou o nome romano para assinar todas
as suas cartas.
A Caminho de
Perge
Em Chipre, as
circunstâncias eram favoráveis à Paulo, Barnabé e Marcos. Sem que o
percebessem, transcorreram-se vários meses. Mas eles não haviam planejado
passar o inverno lá. O verão já se fora e a colheita terminara, quando os três
despediram-se dos amigos, e começaram a viagem de dois dias para a província da
Panfília, no continente. Esta ficava somente a 160 quilômetros a oeste da casa
de Paulo, em Tarso, sendo, porém, uma porta de saída para as cidades gentias da
Ásia Menor.
O pequeno barco
foi navegando pela costa rochosa da Panfília, procurando encontrar a foz do rio
Cestro. A 13 quilômetros rio acima, chegaram à cidade de Perge. As velas foram
baixadas e os compridos remos levaram o barco finalmente ao molhe. Ali, na encosta
do morro, ficavam o anfiteatro, a pista de corridas e o templo de Diana.
As casas eram
semelhantes às de Tarso - em estilo grego e de grande beleza. Naquela época do
ano, muitos habitantes de Perge iam aos passos, nas montanhas, que levavam à
cidade de Antioquia, no interior da Galácia. Marcos, porém, desanimou. As
montanhas da Panfília eram perigosas e as passagens infestadas de assaltantes.
Plínio fizera um discurso grandioso contra a pirataria em mar aberto, diante do
tribunal de Roma, e o resultado foi uma campanha para expulsar dos mares os
navios piratas. Os meliantes retiraram-se, então, para as montanhas,
tornando-se ladrões de estrada, molestando frequentemente os viajores. É
possível que, pensando nessas coisas e nos animais selvagens à espera nos
desfiladeiros, Marcos haja sentido medo. E, pensando nas possíveis consequências,
decidiu voltar para casa.
Após a partida
de Marcos, Paulo e Barnabé continuaram viagem pelas trilhas montanhosas,
seguindo o curso do rio. Algumas vezes as rochas eram íngremes e o caminho
estreito; outras, viajavam por vastas planícies onde o sol tostava as
pastagens. Levaram uma semana para chegar às terras altas e frias, onde era
mais saudável viver. Ali, no sopé das Montanhas Sultão, a cidade de Antioquia
florescia, com fileiras e fileiras de construções.
O Ministério em
Antioquia da Pisídia
Antioquia da
Pisídia era a porta de saída para o interior da Ásia Menor. Fora antes uma
cidade grega, mas agora havia nela uma fortaleza romana. Os prédios de mármore
branco brilhavam ao sol, emprestando-lhe uma beleza singular. Os judeus sempre
eram bem acolhidos pelos moradores de Antioquia, e Paulo e Barnabé encontraram
um bom local para estabelecer-se. Fabricante de tendas, Paulo gostava de ganhar
seu sustento, aonde fosse, a fim de não ser pesado à Igreja. Além disso, seus
contatos com mercadores e suas viagens às lojas para vender as mercadorias,
davam-lhe muitas oportunidades de falar de JESUS.
Aos sábados,
Paulo e Barnabé iam juntos à sinagoga, e eram convidados pelos líderes a tomar
parte na adoração e falar aos presentes. Havia sempre orações seguidas por
leituras da Lei e dos Profetas. A reunião terminava com um discurso ou um
debate entre os principais membros da sinagoga sobre alguma passagem das
Escrituras. Quando os líderes perceberam que Paulo e Barnabé eram homens
cultos, e pareciam ser portadores de uma mensagem, disseram-lhes: "Varões
irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para o povo, falai" (At
13-15).
Um Importante
Sermão de Paulo
Havia um bom
número de pessoas presentes, tanto judeus como prosélitos (gentios convertidos
ao Judaísmo). Barnabé reconheceu que a experiência de Paulo o qualificava como
mensageiro. Olhou para ele com um sorriso que dizia: "Essa é a sua
oportunidade, aproveite-a!"
Paulo estava
pronto. Levantando-se, pediu silêncio com um gesto. Como de costume, os judeus
estavam sentados no chão, de pernas cruzadas, com os xales de oração sobre os
ombros. Os olhares voltaram-se para ele quando começou a falar lentamente:
Varões
israelitas, e os que temeis a DEUS, ouvi: O DEUS desse povo de Israel escolheu
a nossos pais, e exaltou o povo sendo eles estrangeiros na terra do Egito, e
com braço poderoso o tirou dela; e suportou os seus costumes no deserto por
espaço de quase quarenta anos; e destruindo a sete nações na terra de Canaã,
deu-lhes por sorte a terra deles. E, depois disso, por quase quatrocentos e
cinquenta anos, lhes deu juizes, até o profeta Samuel.
E depois
pediram um rei, e DEUS lhes deu, por quarenta anos, a Saul, filho de Quis,
varão da tribo de Benjamim.
E, quando esse
foi retirado, lhes levantou como rei a Davi, ao qual também deu testemunho e
disse: Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu coração, que
executará toda a minha vontade (At 13.16-22).
Esse
retrospecto da história era familiar aos judeus, que o acompanharam com grande
interesse e aprovação. Mas o objetivo de Paulo ao recapitular tais fatos era
apresentar-lhes JESUS. Então prosseguiu:
Da descendência
desse, conforme a promessa, levantou DEUS a JESUS para Salvador de Israel;
Tendo primeiramente João, antes da vinda dele, pregado a todo o povo de Israel,
o batismo do arrependimento. Mas João, quando completava carreira, disse: Quem
pensais vós que eu sou? Eu não sou o CRISTO; mas eis que após mim vem aquele a
quem não sou digno de desatar as sandálias dos pés.
Varões irmãos,
filhos da geração de Abraão e os que dentre vós temem a DEUS, a vós vos é
enviada a palavra dessa salvação. Por não terem conhecido a este, os que
habitavam em Jerusalém, e os seus príncipes, condenaram-no, cumprindo assim as
vozes dos profetas que se leem todos os sábados. E embora não achassem alguma
causa de morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto. E havendo eles cumprido
todas as coisas que deles estavam escritas, tirando-o do madeiro, puseram-no na
sepultura (At 13 23-29).
Paulo
preparava-se para a parte principal do sermão. As palavras saíam-lhe mais
rápidas. Sua voz elevou-se; ele foi tomado de fervor espiritual ao exclamar
triunfante:
Mas DEUS o
ressuscitou dos mortos; E ele por muitos dias, foi visto pelos que subiram com
ele da Galileia a Jerusalém, e são suas testemunhas para com o povo. E nós vos
anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, DEUS a cumpriu a nós, seus
filhos, ressuscitando a JESUS, como também está escrito no salmo segundo: Meu
filho és tu, hoje eu te gerei.
Seja-vos, pois,
notório, varões irmãos, que por este se vos anuncia remissão dos pecados. E de
tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é
justificado, todo aquele que crê (At 1330-33,38-39).
O sermão de
Paulo terminara. Os ouvintes estavam atônitos. Ele era um pregador corajoso e
todos sentiram-se dominados pelo seu zelo e intrepidez.
Alguns dentre
os principais da congregação começaram a murmurar, mas grande número de judeus
e gentios saíram naquele dia indagando-se: "Será que isso é verdade? Será
mesmo verdade?"
Quando Paulo e
Barnabé voltaram para casa, pequenos grupos seguiam-nos pela rua estreita
pedindo para ouvir mais sobre o novo ensino. Ansiosos, queriam saber tudo a
respeito de JESUS. Naquela noite, quando o sol se pôs e as velas foram acesas
em Antioquia, muitos judeus e gentios tinham o coração aberto ao Salvador e os
olhos voltados ao céu.
No dia
seguinte, o discurso de Paulo era o tema das conversas nos lares judeus. Os
gentios também souberam do acontecido, e suplicaram-lhe que repetisse o sermão
no sábado seguinte.
No dia marcado,
pessoas vieram de todas as direções. A sinagoga sombria, com uma única lâmpada
acesa, estava repleta como nunca. Muita gente teve de ficar do lado de fora.
Mais tarde, escrevendo a respeito, Lucas conta que quase a cidade inteira se
reunira para ouvir a Palavra de DEUS. Paulo repetiu o sermão e o povo escutou.
Mas quando declarou que JESUS era o CRISTO, vozes elevaram-se contra ele.
Alguns judeus, movidos pela inveja, contradisseram-no publicamente. Era costume
interromper o orador na sinagoga. Paulo acostumara-se a isso, e não esperava
outra coisa.
De repente, os
líderes judeus puseram-se a gritar. A violência cresceu. Já agora atacavam
selvagemente a Paulo, pontuando suas palavras com maldições e blasfêmias. Os
dois discípulos elevaram as vozes acima do tumulto, chamando os ouvintes à
razão. Porém os judeus continuaram gritando cada vez mais alto, na tentativa de
calar Paulo.
Dirigindo-se
aos líderes, o apóstolo declarou: "Era mister que a vós se vos pregasse
primeiro a palavra de DEUS; mas, visto que a rejeitais e vos não julgais dignos
da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios" (At 13.46).
O Ministério de
Paulo É Abençoado
A multidão
bloqueava a saída e enchia a rua, ansiosa por ouvir falar da vida eterna. Paulo
e Barnabé deixaram a sinagoga em meio ao murmúrio e maldições dos judeus, mas
na porta foram saudados por um brado de alegria. Os gentios, cansados de sua
religião vazia, tinham ouvido falar pela primeira vez de JESUS, da ressurreição
e da vida eterna. Aquele foi um dia cheio para os apóstolos. Quando a noite
chegou, estavam cansados, mas alegres por tantas almas salvas naquela cidade
gentia.
Durante toda a
semana, a oficina de tendas e a casa onde estavam foram invadidas por pessoas
de todas as classes sociais. Queriam saber mais de CRISTO, que lhes havia
preenchido o vazio dos corações e satisfizera-lhes a maior necessidade da vida:
a salvação. A casa dos apóstolos passou a sediar uma nova igreja. Quando o
inverno chegou, o testemunho da graça salvadora de JESUS era dado diariamente
nos bazares. E, indo às cidades do interior a fim de cuidar de seus negócios,
os crentes aproveitavam para contar as boas novas de como nossos pecados eram
perdoados em CRISTO. Antes de completar um ano, a Palavra de DEUS estava sendo
pregada em toda a região, e muitos grupos de cristãos reuniam-se no Dia do
Senhor para adorar a DEUS e receber as bênçãos da vida eterna.
Com a chegada
da primavera, as estradas nas passagens das montanhas foram abertas e o
comércio ganhou vida nova. Os bazares enchiam-se de estrangeiros vindos de
lugares distantes. Os pregadores não descansavam em seus esforços por ganhar
homens e mulheres para CRISTO. Os judeus continuavam aborrecidos com o sermão
de Paulo, e opunham-se vigorosamente à formação de igrejas cristãs em sua
cidade. Não conseguiram descansar enquanto não dessem fim àquele movimento.
A adoração no
templo de Baco e nos templos do deus-lua era exclusivamente para satisfazer aos
homens. As mulheres sofriam quando seus maridos se entregavam às orgias e
bebedeiras em honra a Baco. A adoração paga, portanto, nunca foi popular entre
as mulheres. Em vista disso, muitas delas começaram a frequentar a sinagoga,
tornando-se prosélitas da religião judaica, pois encontravam ali algo
infinitamente melhor que tudo quanto haviam conhecido. Os líderes das sinagogas
instigaram essas mulheres - principalmente as casadas com cidadãos importantes
de Antioquia - a convencer os maridos de que deviam proibir a pregação dos
discípulos e expulsá-los da região.
Paulo e Barnabé
Forçados a Deixar Antioquia
Paulo e Barnabé
foram intimados a comparecer perante os magistrados, e receberam ordens para
deixar a cidade. As autoridades cuidaram para que as ordens fossem obedecidas.
Enviaram um guarda para acompanhar os apóstolos até bem longe dos portões de
Antioquia, advertindo-os a que saíssem da província e jamais voltassem. Os
líderes dos judeus acompanharam os guardas, contentes por se verem livres
daqueles mestres cristãos. Seguindo a recomendação do Senhor, os viajantes
tiraram os sapatos e sacudiram destes o pó de Antioquia da Pisídia, como sinal
de desprezo pela cidade que os expulsara.
Não obstante,
antes de partirem, haviam reunido os líderes da nova igreja e insistido a que
permanecessem fiéis, mesmo se perseguidos. Quando as torres de Antioquia
desapareceram na distância, um sentimento de alegria inundou o coração dos
deportados. A viagem para Antioquia da Pisídia não foram em vão. DEUS abençoara
sua obra ali, e centenas de crentes estavam testemunhando de CRISTO na cidade,
nas aldeias e povoados de toda a região. O ESPÍRITO de DEUS certamente os
guiara, pois a semente havia sido plantada.
A estrada para
o leste era sinuosa e íngreme, mas bem pavimentada; era a principal rota
comercial, ligando a Síria às cidades do mar Egeu.
Dias Produtivos
em Icônio
Icônio era a
capital da Licaônia e distava de Antioquia mais de 96 quilômetros. Paulo e
Barnabé decidiram ir para lá. Era uma velha cidade murada que prosperara com a
fertilidade das planícies que a cercavam. A jornada era tensa, pois passava por
um território bravio e cheio de bandoleiros.
Os muros de
Icônio podiam ser vistos a quilômetros de distância, enquanto a caravana descia
as montanhas. A região era rica, e a primavera mostrava-se em toda a sua
plenitude nos vinhedos e jardins.
Os principais
ídolos de Icônio eram Adônis e Cibele. Adônis era um belo jovem, amado pela
mitológica Afrodite, e morto por um javali durante uma caçada. Cibele, filha de
Arano, era representada sobre um trono ladeado por enormes leões. Segundo a
lenda, ela fizera Adônis voltar à vida.
Planejando
passar algum tempo em Icônio, Paulo e Barnabé procuraram um alojamento e
voltaram a praticar o seu comércio. Milhares de judeus moravam em Icônio, por
isso foi fácil encontrar abrigo na cidade. O propósito deles era fazer o mesmo
que haviam feito em Antioquia. Quando chegou o sábado, foram à sinagoga e
aguardaram uma oportunidade para falar. O sermão assemelhava-se ao de
Antioquia, pois esse era o grande peso do coração de Paulo. Havia algo
divinamente sedutor na maneira como falavam, e a sua mensagem era tão atraente
que muitos judeus e gregos creram em JESUS.
Início da
Igreja em Icônio
A princípio, os
líderes da sinagoga não se opuseram à Paulo e a Barnabé. pois interessava-lhes
aquele novo ponto de vista. Porém, ao verem quantos da sua congregação creram e
quantos gentios estavam aceitando a CRISTO, aborreceram-se com a pregação. Proibiram
então os discípulos de frequentar a sinagoga, mas não puderam impedir que
falassem nas ruas. O Senhor abençoou tanto o trabalho em Icônio que grande
número de pessoas veio a crer. Estava iniciada ali uma forte igreja.
Quanto maior a
oposição, tanto mais ousadamente os discípulos falavam. A opinião do povo
dividiu-se: alguns eram a favor do novo ensinamento; outros não queriam saber
dele. Os inimigos - judeus e gentios - opuseram-se abertamente, e várias vezes
os ameaçaram nas ruas. Mas a jovem igreja firmara-se na fé e Paulo sabia que,
quando partissem, os irmãos não voltariam aos ídolos. Adônis perdera. Quem
reinava agora nos corações era CRISTO! Ao serem informados por alguns crentes
de que os inimigos planejavam apedrejá-los até a morte, os missionários
despediram-se dos cristãos e deixaram rapidamente a cidade. Seguiram pela
estrada pavimentada até Listra e Derbe, cidades da grande planície, a cerca de
29 quilômetros ao sul.
O Milagre em
Listra
Mal haviam
chegado a Listra e arranjado acomodações, surgiram oportunidades para pregar em
cada esquina. Na praça do mercado e em qualquer lugar onde as pessoas se
aglomerassem, Barnabé e Paulo falavam de JESUS, o Filho de DEUS, e da vida
cheia do ESPÍRITO. O contraste entre a nova vida e as orgias do templo pagão, a
que o povo se acostumara, era de fato notável.
Um grande
templo dedicado a Júpiter ocupava o centro de Listra. O poeta Ovídio conta que
há muito tempo, Júpiter e Mercúrio desceram à terra disfarçados de viajantes.
Procuraram alojamento e alimentação de porta em porta, mas foram repetidamente
escorraçados. Chegaram finalmente a uma casa humilde, onde vivia um casal
idoso. Filemom e sua mulher, Baucis, acolheram os dois e os alimentaram com
seus parcos recursos. Quando a refeição terminou, os estranhos revelaram que
eram deuses e concederam ao casal vida longa como guardiães de um templo
sagrado.
Os moradores de
Listra ouviram atentamente os apóstolos, enquanto estes pregavam a CRISTO, e
muitos deixaram a idolatria, tornando-se cristãos.
Numa tarde,
quando Paulo discorria sobre o DEUS Único e Verdadeiro, viu entre a multidão um
homem paralítico de nascença. Alguma coisa no sermão comoveu o homem, e Paulo
sentiu que o ESPÍRITO de DEUS estava agindo poderosamente. De repente, Paulo
virou-se para o aleijado e ordenou em alta voz: "Levanta-te direito sobre
os teus pés!" (At 14.10).
Todos os olhos
fitaram o infeliz. No mesmo instante, este se pôs em pé e começou a andar e a
saltar. Ninguém podia acreditar! Seria um sonho?!
Os Apóstolos
são Recebidos como Deuses
Uma exclamação
de surpresa seguida de um grande grito fez-se ouvir na multidão. O povo
presenciara um milagre. Embora fosse o grego a língua oficial, na intimidade do
lar, todos falavam o lacônico. Vendo o paralítico andar, maravilharam-se de tal
forma que abandonaram por um instante o grego e gritaram no dialeto nativo:
"Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós" (At
14.11).
A notícia
espalhou-se. Milhares de pessoas vieram ver os discípulos. A lenda de Júpiter e
Mercúrio estava se repetindo diante de seus olhos, confirmando a sua religião.
Enquanto os observava, o povo chamou Barnabé de Júpiter, por causa da sua
altura e porte atlético. A Paulo chamaram de Mercúrio, por ser o portador da
palavra.
Quando os
sacerdotes do templo de Júpiter, no bosque junto à cidade, ouviram falar disso,
trouxeram touros e grinaldas até o portão da casa onde os discípulos estavam
hospedados. Homens e mulheres corriam agitados pelas ruas, contando a todos que
os deuses tinham descido até eles. Uma grande multidão, guiada pelos
sacerdotes, adentrou os portões para oferecer sacrifícios aos deuses
recém-chegados. Os gongos soavam; os tambores batiam. Grinaldas de flores foram
colocadas nos chifres dos touros. Aquele era um grande dia para Listra!
Quando ficou
evidente a Paulo e Barnabé que o povo queria adorá-los, ambos perturbaram-se
imensamente. Só de pensar, sentiam-se repugnados! De acordo com o costume
oriental, eles rasgaram as vestes em sinal de grande angústia e correram
gritando em meio a multidão.
Os gongos e
címbalos silenciaram e a multidão se calou. Os "deuses" estavam
falando!
Varões, por que
fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos as mesmas
paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao DEUS vivo, que
fez o céu e a terra, o mar e tudo o quanto há neles; o qual, nos tempos
passados, deixou andar todos os povos em seus próprios caminhos; contudo, não
se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos
chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria o vosso
coração" (At 14.15-17).
Não foi sem
razão que chamaram Paulo de Mercúrio - o mensageiro dos deuses. A oratória que
o povo ouvia de seus lábios era refinada e bela, muito superior a qualquer
outra que já tivessem ouvido.
As multidões
debandaram com resmungos duvidosos, e os sacerdotes voltaram com os touros aos
estábulos do templo. O entusiasmo diminuíra, mas o povo comentou o episódio
durante vários dias. Aos poucos, homens e mulheres foram conhecendo a JESUS
CRISTO, e convencendo-se da verdade do Evangelho. A igreja em Listra começava a
crescer.
Timóteo e Seu
Lar
Um dos novos
crentes era o jovem Timóteo. Sua mãe, Lóide, e sua avó, Eunice, viviam em
Listra e abriram sua casa aos discípulos. Paulo e Barnabé passaram bastante
tempo com a família e, enquanto o jovem Timóteo os ouvia contar repetidamente a
história de CRISTO, descobriu que também queria ser pregador do Evangelho. Seu
coração foi aquecido pela forma como o ESPÍRITO de DEUS usava os discípulos.
Porém, era
inevitável que judeus de Antioquia e Icônio visitassem amigos em Listra, ou
fossem ali vender suas mercadorias. A história de Paulo e Barnabé continuava
viva em suas mentes; a presença de igrejas cristãs cheias de gentios em suas
cidades ainda machucava os rabinos. Estes achavam-se furiosos porque ambos
continuavam pregando o que, para eles, era uma religião falsa. Decidiram
deliberadamente acabar com aquilo. Não foi difícil instigar os judeus de Listra
contra os discípulos. E, com mentiras e informações manipuladas, fizeram brotar
tamanho ódio no coração dos conterrâneos que logo decidiram agir por conta
própria e matar os discípulos, especialmente o seu porta-voz.
O Apedrejamento
de Paulo
Certo dia,
estando Paulo falando a seus amigos cristãos, um grupo de judeus de Icônio e
Antioquia aproximou-se deles, e opôs-se abertamente às verdades pregadas.
Agitavam-se enraivecidos, enquanto Paulo respondia-lhes usando a mesma
Escritura. Até que, aos berros, aqueles homens correram em meio aos ouvintes
procurando dispersá-los. Punhos ergueram-se acompanhando o grito:
"Apedrejem-no! Ele merece morrer. Qualquer homem que pregue contra a Lei
de Moisés é um traidor. Apedrejem-no!"
As pedras
zumbiam no ar, vindas de todas as direções. Paulo continuou firme onde estava,
suplicando-lhes em nome do Senhor JESUS. A essa altura, já se achava ferido e
sangrando, mas ainda podia ver a crescente ira do povo. Finalmente, um homem
atirou uma pedra mais pesada, atingindo a testa do apóstolo. Sangrando e
inconsciente, Paulo caiu. A multidão rodeou-lhe o corpo e pôs-se a chutá-lo.
Agarrando-o pelas roupas, arrastaram-no para fora da cidade, e abandonaram-no
em uma vala ao lado da estrada. "Esse é o fim de Paulo!", pensaram
satisfeitos, e voltaram às suas casas.
O pequeno grupo
de amigos ficara indefeso ante a multidão. Acompanharam a turba que arrastava o
corpo de Paulo e temeram o pior. A voz de um grande apóstolo fora silenciada.
Já tinham visto muita gente morrer assim, mas... quem sabe ainda estivesse
vivo!
Fora da cidade,
é possível que Barnabé, com seus braços fortes, tenha recolhido e levado o
corpo de Paulo à sombra fresca de uma árvore. Alguém deve ter ido buscar água a
fim de lavar o sangue e a sujeira. A ansiedade dos amigos foi aliviada quando
viram o apóstolo abrir os olhos, recuperando a consciência. Alguém glorificou:
"Louvado seja DEUS, que poupou o seu servo, livrando-o dos nossos
inimigos".
Os corações dos
crentes foram reanimados. Ajudaram Paulo a levantar-se e o levaram até a casa
de Timóteo. As fiéis Eunice e Lóide trataram-lhe os ferimentos e ajudaram-no a
se recuperar.
Ao amanhecer,
antes que os mercadores enchessem as ruas com suas mercadorias e gritos, dois
vultos saíram pelo portão sul da cidade. O mais baixo mancava e apoiava-se no
braço de seu alto companheiro. Eles seguiram pela estrada pavimentada e depois
por um caminho secundário, que passava por uma região montanhosa. Esse era o
caminho para as Portas da Cilícia, que Paulo chamava de lar. A cidade aonde
estavam indo, porém, era Derbe, distante cerca de quarenta quilômetros ao sul.
Era um posto alfandegário, onde Roma recolhia os impostos sobre todas as
mercadorias embarcadas.
O Inverno em
Derbe
Não havia
sinagoga em Derbe, mas ali viviam muitos conterrâneos de Paulo. Como ele
falasse com a autoridade de um rabino, os judeus escutavam-no de boa vontade. O
inverno chegara e as estradas logo estariam cobertas de neve. Nas montanhas, as
passagens ficariam bloqueadas durante meses, e ninguém viajaria até a volta da
primavera, quando a neve se derretia.
Paulo e Barnabé
permaneceram tranquilamente em Derbe, durante todo o inverno. Paulo fez e
vendeu tendas, enquanto ensinava a nova fé em sua casa ou nos lares que se lhe
ofereciam. Embora nada espetacular acontecesse ali, uma forte igreja foi
fundada, pois muitos não puderam resistir à lógica do ensino, convertendo-se
dos ídolos a CRISTO. Durante os longos meses de inverno, os dois discípulos
estiveram completamente ocupados, chamando homens e mulheres a JESUS, e o
Senhor concedeu-lhes grande sucesso.
A neve
derreteu-se nos vales e a brisa da primavera encheu o ar. A igreja de Derbe já
estava forte e capaz de continuar sem a ajuda de Paulo. Fazia mais de dois anos
que a igreja da Síria enviara os dois missionários; sementes haviam sido
plantadas e cresceriam para a vida eterna. O caminho fora difícil, mas o Senhor
estivera com eles e honrara-lhes o trabalho.
A Volta para
Casa
A viagem de
regresso teria sido fácil, se viessem pelas montanhas e pelas portas da Cilícia
até Tarso, passando depois por terreno muito familiar até chegar à Síria.
Paulo, porém, tinha bem vivido na mente o furor de Listra, Icônio e Antioquia.
Sem dúvida seria mais fácil voltar pelo caminho de Tarso; mas, e as igrejas
recém-fundadas? Como estariam suportando o chicote da perseguição? Teriam
crescido, ou algum membro enfraquecera, voltando a Adônis? Estava claro que ele
deveria visitar todas as igrejas e confirmar os cristãos na fé. Eram seus
amigos, e o apóstolo jamais cessara de orar por eles, mencionando-os pelo nome.
E se essa visita resultasse realmente em perseguição? O Senhor não os protegera
sempre? Paulo e Barnabé resolveram, então, voltar pelo mesmo caminho.
Em Listra, as
cenas eram familiares; já sabiam onde encontrar os cristãos. Foram até à casa
de Timóteo e ficaram contentes por saber que o povo de DEUS continuava firme,
apesar da perseguição. Paulo e Barnabé sentiam-se confiantes; os cristãos de
Listra estavam suficientemente fortes para se organizarem. Portanto, em cada
igreja, ordenaram presbíteros para supervisionar espiritualmente a família
cristã. A seguir, orando por todos, ambos partiram para Icônio.
Depois de
alguns meses, a igreja de Icônio fizera um verdadeiro progresso e achava-se
também pronta para ser organizada. Os discípulos fizeram isso e continuaram o
caminho de volta para casa.
Ao chegarem aos
portões de Antioquia, de onde tinham sido expulsos alguns meses antes,
lembraram como os gentios daquela cidade haviam acolhido o Evangelho. Foram
recebidos com alegria pelos velhos amigos e informados de que os cristãos de
Antioquia haviam permanecido firmes durante todos aqueles meses.
Paulo
pregou-lhes novamente e, antes de partir com Barnabé, nomearam homens de
confiança, provados durante a perseguição, para dirigir a igreja.
A primavera já
estava bem avançada, e os discípulos queriam chegar ao porto de Perge antes que
aumentasse o calor do verão. Lembravam-se dos dias e noites quentes quando
chegaram a Perge, e como fora agradável o frio das montanhas em sua viagem a
Antioquia. Na planície que beirava a costa, o verão chegara em toda a sua
força. Como na visita anterior haviam passado pouco tempo pregando em Perge,
decidiram-se demorar ali e testemunhar de CRISTO. Dia após dia foram usados por
DEUS, e fundaram na cidade uma igreja.
Enquanto
pregavam, esperavam por um navio que os levasse para casa. Havia barcos de
muitos lugares, mas nenhum que fosse para Selêucia. Despediram-se dos crentes e
continuaram a viagem pela planície até o mar, e depois ao longo da estrada
costeira até Atália, um dos maiores portos marítimos de todo o império. Atália
era grande e importante, e, como em qualquer outra cidade dessa região, havia
nela muitos judeus. Mas Paulo e Barnabé estavam ansiosos por encontrar um navio
que os levasse de volta, e seguiram imediatamente para o porto. Sua busca teve
sucesso; havia ali uma porção de barcos grandes e pequenos, oriundos de terras
estrangeiras de todas as partes do mundo.
Eles pagaram a
passagem e, quando se levantaram os ventos matutinos, as velas foram
desfraldadas e o barco partiu, acompanhando a costa rochosa até Selêucia.
Durante todo aquele primeiro dia, puderam ver as altas montanhas da Panfília
elevarem-se sobre a vasta planície costeira. Haviam passado dois invernos
naquelas montanhas. O trabalho fora difícil, mas enquanto os morros
desapareciam na distância, os dois homens de DEUS recordavam-se de como o
Senhor havia honrado Sua Palavra. Em cada cidade, muitos que, há apenas um ano,
viviam nas trevas, estavam agora servindo a DEUS.
Todas as
noites, enquanto navegavam e oravam sob as estrelas, Barnabé e Paulo
lembravam-se de cada crente fiel, agradecendo ao Senhor e entregando-os ao seu
cuidado. Até que a viagem terminou.
A GRANDE
CONTROVÉRSIA
Paulo e Barnabé
animaram-se ao avistar Selêucia. Ali estava o porto de Antioquia, protegido
pelo quebra-mar. Para os apóstolos era como voltar à casa paterna; estar
naquela igreja era o mesmo que estar em família. Era uma igreja forte; maior
que a igreja-mãe em Jerusalém. Paulo gostava dos cristãos de Antioquia da
Síria, e considerava-os uma igreja modelo. Afinal, haviam aberto o coração aos
gentios, recebendo-os juntamente com os descendentes de Abraão no Reino de
DEUS.
Os missionários
mal tinham posto os pés no portão da cidade, e a notícia de sua chegada já se
espalhara. Naquela noite, uma grande multidão reuniu-se à volta deles. Dois
anos antes, aqueles crentes haviam acompanhado Paulo e Barnabé até o navio que
os levaria em sua primeira viagem missionária. Agora estavam de volta, e todos
queriam ouvi-los. Foi uma noite emocionante. Jovens e velhos sentaram-se no
chão, de pernas cruzadas, e ouviram-nos discorrer sobre a atuação do poder de
DEUS em cada cidade.
É provável que
tenham contado toda a história; primeiro Barnabé e depois Paulo. Ninguém se
cansou de ouvi-los, e muitos choraram de alegria ao saber dos caminhos de DEUS
para os gentios. Os missionários falaram da viagem até Chipre; de Sérgio Paulo
em Pafos; do calor de Perge e da deserção de Marcos, que muito os desapontara.
Descreveram seu primeiro inverno passado na outra Antioquia, e como muitos ali
haviam se tornado cristãos. As fugas para Icônio e Listra, onde Paulo tinha
sido apedrejado, foram contadas rapidamente. Por último veio a história do
segundo inverno, passado em Derbe.
Em todas as
cidades, tiveram de enfrentar a oposição dos judeus nas sinagogas; mas na praça
do mercado, os gentios tinham-nos ouvido de boa vontade e, deixando os ídolos,
haviam se voltado para DEUS. Centenas tinham aberto o coração para JESUS! Em
cada cidade visitada pelos missionários, uma igreja havia sido estabelecida.
Importância da
Primeira Viagem Missionária
Enquanto os
cristãos de Antioquia ouviam as histórias missionárias, grande alegria inundava
lhes o coração. DEUS estivera trabalhando. O plano de pregar o Evangelho até os
confins da terra estava se cumprindo com tremendo sucesso. Em toda parte,
apesar da oposição, lâmpadas estavam sendo acesas para brilhar e dissipar as
trevas do mundo. A semente fora plantada e regada, não só em Jerusalém e
Antioquia, mas também na Ásia Menor e em Chipre. Agora estava crescendo e
produzindo frutos. Nada mais restava a fazer a não ser convocar uma reunião de
oração e agradecer a DEUS por sua graça. Os cristãos oravam e regozijavam-se
por serem embaixadores a serviço de DEUS, arrancando homens e mulheres de suas
vidas vazias e trazendo-os para a vida abundante; da morte para a vida eterna.
Paulo ficou
vários meses em Antioquia, trabalhando na fabricação e comércio de tendas,
enquanto expunha as grandes verdades do Evangelho. Falava especialmente da
justiça de DEUS, que não pode ser obtida pela guarda da Lei, mas recebida como
um dom da sua maravilhosa graça. Homens e mulheres passaram a ver que todas as
suas esperanças e necessidades eram satisfeitas em JESUS CRISTO, o Salvador.
Crescentes
Dissensões na Igreja
Até essa época,
a oposição encontrada por Paulo na pregação do Evangelho viera de uma única
fonte: o judeu incrédulo que, de tão enfurecido com o ensino cristão,
tornara-se cego. O desgosto dos judeus era aumentado pelo fato de Paulo ter
sido antes fariseu, rabino, amigo da sinagoga e inimigo dos nazarenos. Todo
judeu leal acreditava que Paulo fosse um traidor da Lei de Moisés, e por causa
disso, perdera o direito de ser respeitado. Paulo sabia como se sentiam e
simpatizava com eles. Não tivera os mesmos sentimentos antes de sua conversão?
Ele estava preparado para enfrentar a oposição e considerava um privilégio
argumentar com os que negavam sua mensagem.
O problema,
porém, surgiu dentro da própria igreja: alguns judeus cristãos, de mente
estreita, não haviam aberto o coração aos gentios. Queriam que a Igreja fosse
uma seita judaica, do mesmo modo que o farisaísmo o era em Israel. Não
concordavam em receber os gentios, a não ser que se submetessem primeiro às
cerimônias da sinagoga. Achavam que os crentes gentios deviam tornar-se
prosélitos, e manter as leis judaicas referentes aos alimentos, festas,
abluções e ofertórios.
Pedro era amigo
de Paulo. Desde que o Senhor lhe ensinara que os gentios também faziam parte do
seu plano e o guiara até o gentio Cornélio, tornara-se ele favorável ao
posicionamento de Paulo. Ao ouvir sobre a sólida congregação de Antioquia,
decidiu fazer-lhes uma visita.
A Visita de
Pedro
Paulo recebeu
Pedro com grande entusiasmo. Repetiu-lhe a história da primeira viagem
missionária à Ásia Menor, e contou-lhe como DEUS o abençoara, juntamente com
Barnabé, na pregação aos gentios. O coração do velho pescador aqueceu-se com
cada palavra. Comoveu-se com a fraternidade que observou em Antioquia. Judeus e
gentios reuniam-se ao redor da mesma mesa, compartilhando as refeições como
membros de uma única família. Isso seria algo inconcebível em Jerusalém;
proibido pela Lei Mosaica. E, infelizmente, os crentes em CRISTO ainda levavam
em conta tal proibição.
Encontrar e
ouvir Pedro, o velho pescador que conhecera JESUS pessoalmente e que podia
descrever as histórias ocorridas em seu ministério terreno, foi uma experiência
memorável para os cristãos de Antioquia.
Pedro estava
vendo e experimentando uma liberdade em CRISTO que nunca antes conhecera. Em
Antioquia, um negro e um branco sentavam-se juntos. Um escravo e seu senhor
eram um em CRISTO. Não havia diferença entre judeu e gentio, desde que ambos
tivessem sido batizados pelo ESPÍRITO de DEUS na igreja. Estavam unidos por um
laço mais forte que qualquer outra coisa neste mundo.
A Propagação da
Discórdia
Pedro
alegrou-se com tudo o que viu, até o dia em que mensageiros autonomeados
chegaram a Jerusalém para espalhar a discórdia. Eles sabiam tudo sobre Barnabé
e Paulo, e a história do seu trabalho no Ocidente os desagradara. Resolveram
então ir a Antioquia, e interromper quaisquer o era em mais gentios à Igreja.
Por serem da igreja de Jerusalém, julgavam-se revestidos de autoridade. Com
ousadia, advertiram os gentios de que não seriam cristãos, a não ser que se
submetessem primeiro aos mandamentos dados por Moisés aos israelitas.
Pedro ouviu
falar deles, e reconheceu tratar-se dos fariseus que criam em JESUS, mas não
conseguiam desistir do Judaísmo. Eles representavam muitos de seus
conterrâneos, e o seu zelo em purificar a Igreja de todos os gentios era
suficientemente grande para levá-los a fazer uma viagem tão longa. Pedro não
concordava, mas temendo que viessem a perturbar seu ministério em Jerusalém,
decidiu que enquanto estivessem presentes, se afastaria dos gentios. Isso lhe
pareceu necessário porque alguns daqueles homens tinham grande influência na
igreja e eram nitidamente sinceros.
Paulo Enfrenta
os Perturbadores da Ordem
Nem Pedro nem
os visitantes da Judéia tinham qualquer ideia da grande força e convicção de
Paulo. Em dias passados, Paulo tinha sido um deles e sabia exatamente quais
eram os pensamentos de um fariseu. Portanto, não teve piedade; lutou com todas
as forças contra aqueles homens que estavam tentando destruir a liberdade
desfrutada pelos cristãos mediante a graça de DEUS. Eles afirmavam não haver
salvação sem observância da Lei. Eram um inimigo formidável, pois até Barnabé
ficou impressionado e, por um momento, começou a duvidar se agira corretamente
ao admitir os gentios (Gl 2.12,13).
Certo dia, numa
assembleia da igreja, os visitantes falaram tão convictamente, que uma sombra
de incerteza pairou sobre a congregação.
Paulo subiu à
plataforma. Já vira e ouvira o suficiente! Era hora de colocar aqueles
perturbadores no seu devido lugar! Eles haviam confundido muitos dos gentios
cristãos com a sua estreiteza de espírito. Ou não compreendiam a graça de DEUS,
ou eram inimigos da Igreja, como os lobos que se insinuam para espalhar o
rebanho. Disse então a Pedro e aos outros judeus:
Nós somos
judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não
é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em JESUS CRISTO, temos crido em
JESUS CRISTO, para sermos justificados pela fé de CRISTO e não pelas obras da
lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.
Pois, se nós,
que procuramos ser justificados em CRISTO, nós mesmos também somos achados
pecadores, é porventura, CRISTO ministro do pecado? De maneira nenhuma. Porque
se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor.
Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para DEUS. Já estou
crucificado com CRISTO; e vivo não mais eu, mas CRISTO vive em mim; e a vida
que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de DEUS, o qual me amou e se
entregou a si mesmo por mim (Gl 2.1521).
Enquanto Paulo
continuava argumentando, Barnabé compreendeu que errara ao dar ouvidos aos
visitantes da Judéia, e pensou na forma como DEUS movera o coração dos gentios
em toda a Ásia. Estava convencido de que Paulo tinha razão, e agradeceu ao
Senhor pela coragem que o levara a opor-se aos falsos mestres.
A resposta era
clara. A igreja tinha de chegar a uma decisão definitiva sobre a questão dos
gentios. A controvérsia não poderia ser resolvida em Antioquia, mas apenas em
Jerusalém, onde muitos queriam que a Igreja continuasse como mera seita
judaica.
O Apelo a
Jerusalém
Embora o
argumento de Paulo tivesse vencido temporariamente, e todos tivessem ficado
felizes na igreja de Antioquia, eles compreendiam que, para o futuro da Igreja,
alguma norma definitiva tinha de ser estabelecida. O conselho concordou então
que Paulo e Barnabé fossem enviados a Jerusalém, onde deliberariam com os
apóstolos e resolveriam essa importante questão.
Era inverno, e
os barcos costeiros permaneceriam ancorados até a primavera. Portanto, teriam
de viajar cerca de 11.200 quilômetros por terra. Isso significava seis longas
semanas, ou mais, e embora a viagem não fosse novidade para Paulo, ele achou
mais seguro viajar em caravana.
Providos de
alimentos, roupas quentes e dinheiro dado pela igreja, Paulo e Barnabé partiram
pela estrada do litoral. O céu estava carregado e cinzento, mas os cristãos de
Antioquia acompanharam-nos até certo ponto do caminho. Após a despedida, os
crentes voltaram às suas casas a fim de orar pela segurança dos amigos e para
que tivessem êxito em sua missão.
Dia após dia,
os três cavalgaram pela estrada pavimentada. Os rios tinham se tornado
caudalosos com as chuvas, mas havia pontes de pedra para atravessá-los. Ao cair
da noite, apressavam-se para chegar a algum vilarejo onde encontrar abrigo. No
pátio da estalagem, armavam a tenda e acomodavam-se para passar a noite.
Os apóstolos
pararam em muitas aldeias por toda a província da Fenícia, e quando chegaram a
Tiro e Sidom, ficaram por alguns dias, encontrando vários grupos de crentes e
confirmando-os na fé. Paulo recapitulou, para ouvidos atentos, a história da
sua viagem à Panfília, Pisídia e Licaônia. Os cristãos agradeceram a DEUS, e
animaram a Paulo com suas orações. Rogaram que o Senhor protegesse o grupo que
se dirigia a Jerusalém com o propósito de resolver a questão dos gentios.
Em Samaria
havia muitos cristãos e, em cada igreja, os discípulos contaram a história do
seu trabalho em Antioquia e na Ásia Menor. Os cristãos de Samaria ficaram
contentes com o relato. Eles nunca tinham ficado presos às regras dos rabinos
de Jerusalém, e quando Paulo contou sobre os gentios que aceitaram a CRISTO,
alegraram-se muito. Fortaleceram os apóstolos em sua jornada, com a esperança
de que DEUS honraria o seu testemunho em Jerusalém.
Quando foram
avistadas as montanhas da Judéia, os três servos do Senhor estavam realmente
completando outra viagem missionária, pois haviam fortalecido e confirmado as
igrejas ao longo de todo o trajeto até a Cidade Santa. Fazia seis anos que
Paulo visitara Jerusalém, levando as ofertas dos santos de Antioquia. Mas dessa
vez, encontrava-se ali para defender a si mesmo e aos cristãos gentios dos
ataques dos falsos mestres, que procuravam destruir-lhe a liberdade.
Na casa da mãe
de Marcos, encontraram vários líderes da igreja. Esses homens os receberam
cordialmente, e ouviram de boa vontade a narrativa de como DEUS operara por
meio de Barnabé e Paulo na grande viagem. Paulo ficou sabendo que os falsos
mestres, que tanto perturbaram os crentes de Antioquia, não haviam sido
enviados oficialmente pela igreja de Jerusalém, nem eram líderes desta.
Diante de uma
grande plateia, Barnabé e Paulo discorreram sobre as suas viagens e sobre o
poder de DEUS para salvar pessoas que antes adoravam ídolos. Mesmo assim, houve
quem se levantasse e declarasse que todos esses estrangeiros não eram cristãos
de verdade porque não obedeciam à Lei de Moisés. Estavam até comendo carne que
não fora preparada de acordo com a lei! Enquanto esses homens estreitavam as
portas do reino, Paulo argumentava que a retidão jamais seria conferida a
qualquer homem por obedecer à Lei de Moisés, mas sim pela fé no Senhor JESUS,
que tinha os braços abertos a todos.
A Solução da
Grande Controvérsia
A solução não
foi encontrada de imediato. Após muita disputa e acirradas discussões, os
apóstolos e presbíteros convocaram uma reunião para considerarem as várias
opiniões e chegarem a uma decisão. Participaram da reunião representantes dos
dois partidos. Suas opiniões eram tão inflexíveis que a amargura se insinuou no
debate. Só com grande dificuldade Tiago, o irmão do Senhor, e líder reconhecido
da igreja-mãe, conseguiu manter a ordem.
A seguir,
Pedro, o discípulo que falara com JESUS exatamente sobre o assunto, e que
conhecera a vontade de DEUS através de uma visão repetida três vezes,
levantou-se e exigiu atenção de todos:
Varões irmãos,
bem sabeis que já há muito DEUS me elegeu dentre vós, para que os gentios
ouvissem da minha boca a palavra do Evangelho e cressem. E DEUS, que conhece os
corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o ESPÍRITO SANTO, assim como também a
nós. E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando o seu coração
pela fé. Agora, pois, por que tentais a DEUS, pondo sobre a cerviz dos
discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar? Mas cremos que
seremos salvos pela graça do Senhor JESUS, como eles também (At 157-11).
Pedro sentou-se
e a multidão ficou em silêncio. Todos os olhos voltaram-se a Barnabé e Paulo,
esperando que dessem a última palavra. Mas Paulo já dera sua opinião e só lhe
restava confirmá-la, descrevendo os sinais e prodígios operados por DEUS quando
ele e Barnabé pregaram o Evangelho em terras distantes.
Depois disso,
ninguém mais falou. Até os que se opunham ferozmente a Paulo não puderam mais
defender sua posição. Alguns ainda não se achavam inteiramente convencidos, mas
não puderam argumentar contra o poder de DEUS.
Após alguns
minutos de silêncio, Tiago, respeitado por todos como irmão do Senhor, resumiu
os pensamentos colhidos na reunião:
"Varões
irmãos, ouvi-me", disse ele solenemente e com grande dignidade. Os
ouvintes inclinaram-se para ouvir cada sílaba, pois ele era o seu chefe e
diria, sem dúvida, palavras de sabedoria.
Varões irmãos,
ouvi-me: Simão relatou como, primeiramente DEUS visitou os gentios, para tomar
deles um povo para o seu nome. E com isso concordam as palavras dos profetas,
como está escrito: Pelo que julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os
gentios, que se convertem a DEUS, mas escrever-lhes que se abstenham das
contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue.
Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue e,
cada sábado, é lido nas sinagogas (At 15.1315,19-21).
A Primeira
Carta Circular as Igrejas
Para tornar
oficial a decisão, Tiago e os outros discípulos escreveram uma carta para ser
lida e explicada na igreja de Antioquia. Judas e Silas foram escolhidos para a
levar o documento até lá. Era tão importante a decisão do primeiro concilio,
que eles enviaram seus principais membros como portadores das notícias; homens
revestidos da maior dignidade aos olhos da igreja.
Essas foram
palavras sábias, com as quais todos os apóstolos e presbíteros concordaram.
Paulo vencera a grande controvérsia: estrangeiros de todo o mundo, de qualquer
procedência, poderiam ser cristãos sem prestar obediência à lei judaica.
Resgatada da estreiteza do Judaísmo, a Igreja estender-se-ia ao mundo todo. Os
cristãos estavam livres da sinagoga!
Essa foi a
primeira das cartas circulares às igrejas. O próprio Paulo, em anos
posteriores, usaria esse método de escrever às igrejas, assim como Pedro e
João.
Paulo e Barnabé
viajaram para casa com o coração leve. Seu entusiasmo não conhecia limites!
Agora, podiam fazer um relatório alegre a todas as congregações. A Igreja dera
finalmente um grande passo e removera suas cadeias para sempre. Que imensurável
satisfação para os crentes gentios!
Retornando a
Antioquia, Paulo e Barnabé convocaram os cristãos a fim de comunicar- lhes o
resultado da reunião em Jerusalém. O silêncio reinou quando Judas e Silas foram
apresentados. Seus nomes eram bastante conhecidos na igreja de Jerusalém, e os
crentes de Antioquia tiveram grande satisfação em recebê-los.
Os dois
contaram sobre as reuniões em Jerusalém e do debate acalorado com respeito aos
gentios. A seguir mostraram a carta assinada por Tiago, onde estava escrito.
Os apóstolos, e
os anciãos, e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia,
Síria e Cilícia, saúde.
Porquanto
ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras e
transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento), pareceu- nos
bem, reunidos concordemente, eleger alguns varões e enviá-los com os nossos
amados Barnabé e Paulo, homens que expuseram a vida pelo nome do nosso Senhor
JESUS CRISTO. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais de boca vos
anunciarão também o mesmo. Na verdade, pareceu bem ao ESPÍRITO SANTO e a nós
não vos impor maior encargo, senão essas coisas necessárias: Que vos abstenhais
das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue e da carne sufocada, e da
fornicação; dessas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos vá. (At
15.23-29).
A congregação
louvou a DEUS pela notícia e decidiu, mais fervorosamente que nunca, propagara
mensagem da salvação por JESUS CRISTO a todo o mundo gentio - até à própria
Roma!
Embora para os
discípulos a grande disputa houvesse terminado, muitos em Jerusalém não estavam
plenamente convencidos. Com o passar dos anos, em diversas igrejas por todo o
império, Paulo os encontraria pregando seus padrões farisaicos. Alguns
argumentavam que a liberdade da Igreja corria risco e que a obra de CRISTO
estava dividida. Mas agora, finalmente, os apóstolos tinham liberdade para
pregar aos gentios e recebê-los com todos os direitos na Igreja.
A SEGUNDA
VIAGEM MISSIONÁRIA
Paulo
permaneceu em Antioquia durante todo o inverno. As estradas das montanhas
estavam cobertas de neve e os barcos ancorados no cais, onde permaneceriam até
que as brisas da primavera enchessem o ar. A oficina onde Paulo fabricava suas
tendas era um ponto de comércio e local de encontro para os cristãos, que
gostavam de levar os amigos não convertidos para ouvirem-no falar de JESUS.
Barnabé era o amigo e companheiro constante de Paulo. Com eles, a igreja tinha
uma liderança leal e criara novas forças.
Além de Paulo e
Barnabé, outros homens vindos de Jerusalém ocupavam posições de liderança em
Antioquia, e pregavam na cidade e aldeias vizinhas. Um deles, chegado
recentemente, era Silas. Depois de cumprir sua missão na igreja de Antioquia,
Silas decidira deixar sua antiga casa e encontrar trabalho na Síria, onde
poderia desfrutar da amizade dos novos irmãos.
A Separação de
Paulo e Barnabé
Quando o clima
se tornou favorável às viagens, Paulo sentiu que deveria visitar outra vez as
igrejas do Ocidente. Eram igrejas novas; precisavam ser orientadas. Paulo
carregava no coração um peso constante por esses cristãos novos, e à medida que
o plano foi-se-lhe formando na mente, procurou o amigo Barnabé, na esperança de
viajarem juntos outra vez.
Tornemos a
visitar nossos irmãos por todas as cidades em que já anunciamos a palavra do
Senhor, para ver como estão (At 15-36).
Barnabé
concordou, e imediatamente tiveram início os preparativos para a partida.
Todavia, Barnabé achou que deveriam levar João Marcos, seu primo, para ajudar
no trabalho. Mas Paulo recusou terminantemente. Marcos tivera a sua
oportunidade e os abandonara nas montanhas da Panfília, justamente quando mais
precisavam dele. Desde que Marcos optara pela segurança da cidade, Paulo não
estava disposto a repetir a experiência. Certamente, a mão de DEUS não estivera
na primeira associação de Marcos com os dois apóstolos. Por que haveriam de
supor que as coisas fossem diferentes agora?
Barnabé, porém,
estava decidido a ponto de pôr em risco o sucesso do empreendimento. Sua
determinação colidiu com a recusa direta de Paulo e houve discussão entre
ambos. Era a primeira vez que isso acontecia. As palavras trocadas foram tão
ásperas que os planos para viajarem juntos tiveram de ser cancelados. Um motivo
tão insignificante serviu para separar os amigos que juntos haviam enfrentado
tantos perigos. Mas cada um julgava estar com a razão, e nenhum quis ceder.
DEUS finalmente
transformou o mal em bem: em vez de um, dois grupos foram formados. Barnabé
navegou para Chipre, levando consigo seu jovem primo Marcos, enquanto Paulo
convidou Silas a acompanhá-lo às igrejas da Ásia Menor.
A briga foi
violenta e áspera, mas de pouca duração. Com o passar dos anos, Marcos
justificaria plenamente a confiança do primo, e Paulo alegrar-se-ia em
recebê-lo e servir-se dele como um honrado ministro. Prevaleceria o amor de
DEUS, e o sentimento provocado pela disputa dissipar-se-ia ante a necessidade
de espalhar o Evangelho.
A Segunda
Viagem Missionária
Barnabé e
Marcos embarcaram num navio, enquanto Paulo e Silas foram por terra ao longo da
estrada dos mercadores, atravessando as altas serranias de Listra. O zelo
demonstrado por Silas em Antioquia impressionara Paulo, e dera-lhe a certeza de
que DEUS honraria o seu testemunho onde quer que fosse. Silas, como Paulo, era
cidadão romano. Juntos, pensou Paulo, poderiam realizar grandes coisas para
DEUS, enquanto visitavam as cidades gentias.
Com as mochilas
às costas, e os jumentos carregados de provisões, despediram-se dos irmãos e
partiram para o monte Tauro. Por essa estrada, Paulo viajara quando criança
para ir a Jerusalém com o pai. Era uma estrada larga, e ele tinha a sensação de
conhecer cada palmo dela. Mas, por segurança, foram em grupos, juntando-se aos
mercadores e peregrinos.
Provavelmente,
Paulo conhecia bem a Síria e a Cilícia. Bem pode ser que tenha pregado em
muitas aldeias e cidades dessa região, enquanto aguardava o chamado de DEUS em
Tarso. Havia diversas pequenas igrejas em lugarejos perto da estrada, e Paulo
pretendia visitá-las, confirmando-as na fé e encorajando-as a manter firme
lealdade a CRISTO.
As igrejas
precisavam realmente dessa visita. Não tinham o Novo Testamento para
orientá-las na vida cristã e, às vezes, as ondas da perseguição eram enormes.
Receber a visita do apóstolo Paulo, conhecer Silas que viera da igreja-mãe, e
ouvir sobre os cristãos de outras cidades, era sem dúvida de grande ajuda.
Na Cilícia
Paulo e Silas
viajaram por estradas acidentadas e trilhas pedregosas. Foram de cidade em
cidade, algumas vezes seguindo o curso do rio, outras, subindo as trilhas das
montanhas. Mas seguiam conscientes da presença de DEUS e de que seu povo
carecia de encorajamento. Onde chegavam, encontravam amigos que lhes ofereciam
hospitalidade e convidavam outros crentes para conhecerem os apóstolos.
Atravessaram assim a passagem elevada da montanha, que levava à Cilícia. As
estradas eram íngremes nos Montes Amanos, e havia poucas cidades na parte
ocidental da província. Essa era a terra natal de Paulo, e ele estivera muitas
vezes em cada vilarejo, vendendo suas tendas. Mais tarde, pregara o Evangelho
nessa região. Agora, portas amigas abriam-se para eles em todos os lugares. Os
cristãos reuniam-se com os apóstolos e ouviam Silas ler a carta de Jerusalém.
Também se compraziam com a pregação de Paulo.
No Lar em Tarso
Finalmente,
deixaram o desfiladeiro e os rochedos escarpados, descendo à vasta planície no
vale do Cnido. Tarso continuava sendo o lar de Paulo, embora seus pais já
houvessem falecido. Havia uma igreja em Tarso, e muitos amigos que Paulo
conhecera na sinagoga faziam agora parte dela. Eles alegraram-se com a sua
volta e o acolheram juntamente com Silas. Era um privilégio conhecer aqueles
homens a quem DEUS escolhera para levar o Evangelho ao mundo. A igreja havia
prosperado e contava com muitos gentios entre seus membros. Não havia
diferenças na comunhão; amavam-se como membros de uma mesma família.
A carta de
Tiago foi lida aos cristãos de Tarso. Paulo advertiu-os a que se mantivessem
firmes na liberdade cristã, sem se contaminarem com a idolatria.
Na Licaônia
Paulo e Silas
pretendiam visitar as igrejas recém-estabelecidas. Portanto, despedindo-se dos
cristãos de Tarso, juntaram-se ao fluxo constante de mercadores na importante
estrada que seguia para a província da Licaônia, atravessando os Portões da
Cilícia, no lado norte do Monte Tauro. Apenas um ano se passara desde que Paulo
e Barnabé haviam deixado Derbe. Quando a cidade surgiu à sua frente,
animaram-se com a expectativa de uma recepção amigável.
Lembranças dos
santos de Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia inundaram a mente de
Paulo. Lembrou-se da disposição com que receberam o Evangelho e de seu zelo
face à perseguição. O coração do apóstolo aqueceu-se com a ideia de revê-los.
Estariam todos lá, ou alguns teriam voltado aos ídolos?
Os dois homens
alegraram-se ao ver a fidelidade desses irmãos em CRISTO. Como ficaram felizes
por rever Paulo! Mas este não pôde demorar muito em qualquer desses lugares.
Sua missão não era fundar igrejas. Isso já fora feito e ele notou que, desde
sua primeira visita, a Igreja crescera em cada cidade. Isto foi um grande
incentivo a Paulo. Depois de falarem sobre a decisão do concilio de Jerusalém e
lerem a carta de Tiago, Paulo e Silas partiram apressados, desejosos de chegar
a novos lugares.
Não enfrentaram
perseguição nessa viagem, porque não fazia parte de seus planos pregar nas
praças do mercado. Isto estava sendo feito por outros, e o Senhor vinha
acrescentando diariamente à igreja os que aceitavam a CRISTO.
Em Listra,
Paulo visitou a casa de Timóteo, recordando a bondade de Lóide e Eunice,
especialmente quando fora apedrejado e jogado quase morto numa vala fora da
cidade. O testemunho de Timóteo agradou tanto a Paulo e Silas, que ambos
pensaram em convidar o jovem a acompanhá-los na jornada. Ele substituiria João
Marcos, que desertara na primeira viagem.
Listra e
Timóteo
No ano em que
Paulo e Barnabé ali estiveram, Timóteo trabalhara tão fielmente na igreja que
os membros mais velhos tinham muitos elogios a fazer-lhe. Timóteo era filho de
pai grego e mãe judia. Seu pai, como muitos gregos cultos da época, talvez não
tivesse encontrado qualquer satisfação em seus deuses pagãos. Ele aparentemente
concordara, de boa vontade, que sua esposa ensinasse ao menino a religião
judaica. Timóteo ouvira desde a infância as histórias do Antigo Testamento, e
podia descrever os tratos de DEUS com seu povo e sua promessa do Messias. No
correr do tempo, a mãe de Timóteo, Eunice, ouvira o Evangelho. Assim como o
jovem Timóteo, ela e sua mãe idosa, Lóide, creram em JESUS como o CRISTO e
foram recebidas na igreja.
Agora, de boa
vontade, Eunice entregava a DEUS o rapazinho, deixando que acompanhasse os
missionários numa viagem a terras distantes - talvez ao estrangeiro - levando
as Boas Novas. Paulo amava o rapaz, chegando até a chamá-lo de filho. Orgulhosa
por um de seus jovens estar sendo convocado por DEUS, a igreja de Listra fez
uma reunião especial. Os presbíteros, com Paulo e Silas, impuseram as mãos
sobre Timóteo, em oração solene, separando-o para o ministério.
A Mensagem de
Icônio
A cidade de
Icônio ficava a apenas quarenta quilômetros de distância, e os cristãos de lá
souberam da chegada de Paulo. Quando o pequeno grupo de viajantes se aproximou,
a notícia correu, e muitos crentes foram cumprimentar Paulo. Eles lembravam-se
de sua primeira visita e dos muitos milagres que operara naquela ocasião.
Aqueles cristãos amavam o apóstolo Paulo; deviam a salvação ao seu esforço
incansável na pregação do Evangelho. Silas leu a carta de Tiago aos cristãos
judeus e gentios, que se rejubilaram ao saber que eram um só em CRISTO e
membros do mesmo corpo. Não era sempre que podiam ouvir homens como aqueles,
por isso ficaram até tarde fazendo perguntas e tirando as dúvidas que tinham em
seu primeiro ano de vida como igreja. Paulo teve prazer em ajudá-los e
fortalecê-los com palavras de exortação, animando-os a manterem-se firmes na fé
em CRISTO JESUS e a pregar acerca dEle, aonde quer que fossem.
Em Antioquia da
Pisídia
A mesma
advertência foi repetida em Antioquia, e o coração dos cristãos animou-se com a
visita e as notícias das outras igrejas. Em toda parte, houve júbilo com o
conteúdo da carta de Tiago. Era como se um grande fardo tivesse sido removido
dos ombros dos cristãos gentios. Antes, sentiam-se infelizes pela incerteza da
sua posição. A própria igreja sentia-se inquieta ao pensar que alguns
discípulos de Jerusalém não admitiriam gentios em sua comunhão. Mas agora, tudo
fora resolvido e a igreja desfrutou de grande paz.
Sensibilidade à
Liderança divina
Paulo, Silas e
o novo companheiro, Timóteo, gostaram das visitas, mas queriam seguir para um
território onde o Evangelho ainda não tivesse penetrado. Sentindo que já haviam
ficado o suficiente em Antioquia da Pisídia, despediram-se dos amigos.
Juntando-se a um grupo de viajantes, seguiram na direção nordeste, para a
província da Galácia. Sua ideia era ir até as colônias judaicas do mar Negro. A
estrada era boa, não muito íngreme nem perigosa. Saía dos montes Sultão e
estendia-se por planícies cobertas de matas, passando por vales aprazíveis e
chegando ao mar distante. Viajar sozinhos, porém, não era recomendável, pois os
lobos, leopardos e leões eram comuns no planalto, para além das montanhas. As
feras não molestavam os grupos grandes; os que viajavam sozinhos, porém, jamais
chegavam ao seu destino.
Depois de
percorrerem cerca de 160 quilômetros, chegaram às exuberantes florestas da
Bitínia, onde as encostas desciam suavemente até o mar Negro. Estavam
aproximando-se do seu objetivo, e a viagem parecia convidativa. Mas, de
repente, Paulo compreendeu que DEUS não queria que fossem à Bitínia. Quer
tivesse sonhado ou tido uma visão, ficou cada vez mais claro que deveriam
voltar. Paulo vivia bem perto do Senhor, e era sensível à sua orientação;
jamais começava qualquer viagem sem primeiro colocar seus planos diante de
DEUS. De alguma forma, tornou-se evidente que deveria desistir daquela viagem e
seguir noutra direção.
Paulo Adoece na
Galácia
Consultando-se
entre si, decidiram ir para a Ásia, pregando ao longo do caminho. Mas o
ESPÍRITO de DEUS falou-lhes claramente que não deveriam se demorar pregando na
Ásia. Ficaram perplexos, imaginando aonde DEUS finalmente os levaria. Voltando
pela estrada em direção ao ocidente, Paulo adoeceu e o grupo teve de parar em
uma das cidades da Galácia. Prosseguir era impossível; Paulo estava fraco e
precisava descansar. Os irmãos daquela igreja cuidaram bondosamente dele e
fizeram o possível para que se restabelecesse. Trataram-no como a "um anjo
de DEUS".
Bem mais tarde,
Paulo escrever-lhes-ia, recapitulando toda a história:
E vós sabeis
que primeiro vos anunciei o Evangelho estando em fraqueza na carne. E não
rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne; antes,
me recebestes como a um anjo de DEUS, como JESUS CRISTO mesmo. Qual é, logo, a
vossa bem- aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora,
arrancaríeis os olhos, e mos daria (Gl 4.13-15).
Podemos supor
que Paulo sempre tenha tido problemas com os olhos, e sua enfermidade talvez
tivesse sido uma recidiva que provocou uma inflamação. Considerando isto um
obstáculo ao seu ministério, orou ao Senhor, em três ocasiões, rogando que lhe
removesse a doença. Embora DEUS ouvisse e atendesse às orações de Paulo, sua
resposta foi um não. Em vez de curá-lo, DEUS concedeu-lhe forças para vencer e
provar que o sofrimento e a fraqueza podem ser suportados com dignidade.
Em Trôade
Com a ajuda de
DEUS, Paulo recuperou-se o suficiente para continuar viagem. Sem saber o que o
Senhor lhes reservava, os três viajaram para o Oeste, e atravessaram a
província de Mísia, onde não tiveram oportunidade de pregar. Certo dia,
encontraram-se no porto de Trôade, à beira das águas azuis do mar Egeu. Trôade
era um porto famoso. Era a Tróia* da conhecida poesia de Homero e palco de
muitas batalhas. A história do cavalo de Tróia desperta hoje o mesmo interesse
que despertava nos dias de Homero.
Paulo, porém,
não tinha tempo para pensar no passado; ele refletia sobre o presente e o
futuro. Do alto dos montes que circundavam a cidade, podia-se ver as ilhas
gregas estendendo- se como degraus para que um gigante atravessasse o mar a
seco. Os viajantes sabiam que além delas achava-se o grande continente europeu,
que abrangia as extremidades das terras conhecidas, pelo homem. Ali
encontrava-se o abismo da ignorância paga, e também o centro da cultura grega;
para além, a grande cidade de Roma, a terra dos Césares.
Essa era uma
civilização rica em estátuas, templos e palácios senhoriais. O povo adorava nos
santuários da lascívia e do prazer, rendendo homenagens a Júpiter, Saturno e
Juno, assim como a um exército de deuses menores.
Paulo e Silas
permaneceram ali, perguntando-se aonde o Senhor desejaria levá-los. Ansiavam
por envolver-se na pregação do Evangelho. Estavam perplexos por DEUS não lhes
ter aberto uma porta em quaisquer cidades ou metrópoles do norte da Ásia Menor.
Agora encontravam-se em Trôade, uma cidade-fortaleza romana. Seria esse o lugar
escolhido por DEUS, ou teriam de continuar viajando?
Enquanto
esperavam dia após dia, travaram conhecimento com um pequeno grupo de cristãos.
Paulo não lhes ministrou, mas encontrou entre eles aquele que veio a ser seu
melhor amigo: Lucas. O médico amado, escritor do Evangelho que lhe leva o nome
e do livro de Atos, juntou-se aos três viajantes em Trôade. Ele já era cristão
e, apesar de muito respeitado como médico, estava disposto a passar a vida
curando almas.
*Há
divergências quanto à nomenclatura utilizada. Trôade não deve ser confundida
com a Tróia dos relatos de Homero.
O Chamado para
a Macedônia
Certa noite,
DEUS falou a Paulo num sonho. Paulo podia ver as ilhas da Grécia estendendo-se
como uma ponte sobre o mar Egeu, até as ilhas distantes... Um homem da
Macedônia, de pé, com os braços estendidos, suplicava-lhe que cruzasse o mar e
fosse ajudá-lo e a seus conterrâneos. O chamado há tanto esperado chegara
afinal. O suspense terminara. Pela manhã, Paulo contou o sonho a Silas, Timóteo
e Lucas, e todos concordaram que o Senhor queria que fossem à Europa. Não havia
tempo a perder. Naquela mesma manhã, com suas bagagens às costas, saíram à
procura de um navio que fosse para o Ocidente. Quando a fresca da noite desceu
sobre a cidade e o vento sul assoprou, o navio desfraldou as velas iniciando a
jornada de 160 quilômetros, que levaria os apóstolos até Filipos, na Macedônia.
No dia
seguinte, alcançaram a ilha de Samotrácia; à noite, desembarcaram em Neápolis.
Após uma noite de descanso, fizeram uma viagem curta, pegando a estrada
pavimentada que seguia o rio para o interior, até a cidade de Filipos.
A Obra de Paulo
em Filipos
"Passa à
Macedônia e ajuda-nos!" tinha sido o grito do macedônio. É claro que a
ajuda de que precisavam não se tratava de instrução. Pois eles tinham escolas
muito melhores que as da Judéia. Tão pouco necessitavam ajuda para se tornarem
fortes ou ricos. Filipos tinha riqueza, e aqueles quatro homens nada poderiam
lhes acrescentar. O que nem os romanos nem os gregos possuíam era a felicidade
verdadeira. Os prazeres eram abundantes, mas sem CRISTO não havia como serem
saciados. Filipos tinha sido capturada anos antes por Roma, e muitos cidadãos
romanos vieram morar na cidade. Ela tornara-se parte do grande Império Romano
que se estendia por toda a terra, desde a Bretanha até a Palestina. Era agora
uma colônia livre de impostos, e tinha entre seus habitantes muitos romanos de
alta categoria.
Não havia
sinagoga na cidade, porque o número de judeus era pequeno. Os poucos que havia
reuniam-se todos os sábados para orar num lugar afastado, fora da cidade, às
margens de um rio. O pequeno grupo compunha-se em sua maioria de mulheres.
Algumas delas eram prosélitas que, abandonando a idolatria, haviam encontrado
na religião de Israel algo infinitamente melhor.
Lídia, a
Vendedora de Púrpura
Os quatro
homens destacavam-se entre as mulheres. E quando Paulo começou a pregar, o
coração de uma determinada gentia comoveu-se grandemente. Tratava-se de Lídia,
comerciante de Tiatira, do outro lado do mar. Lídia era uma viúva que se vira
forçada a manter o próprio negócio, como vendedora de tecidos feitos de
púrpura. Tiatira era conhecida pela sua tinta de púrpura, e Lídia enriquecera
vendendo suas mercadorias às mulheres romanas da cidade.
O coração de
Lídia sensibilizou-se com o sermão. Ela cria no DEUS dos hebreus e, como eles,
esperava o Messias. Paulo pregou. O ESPÍRITO de DEUS abriu o coração dessa
mulher especial, e ela recebeu JESUS. As margens do rio, tendo as outras
mulheres por espectadoras, Lídia foi batizada. E toda a sua casa seguiu-lhe o
exemplo!
Grande
hospitaleira, Lídia insistiu que Paulo e seus companheiros ficassem em sua
casa. A princípio eles rejeitaram o oferecimento para não a constranger. O
plano de Paulo fora sempre sustentar-se com a fabricação de tendas, mas Lídia
não aceitou qualquer desculpa e obrigou-os a acatar o convite.
No decorrer das
semanas, os quatro homens não perderam qualquer oportunidade de dar testemunho
de CRISTO. Todos os sábados, reuniam-se no lugar de oração dos judeus, junto ao
rio, e falavam aos presentes sobre as riquezas insondáveis do Evangelho. Só algumas
mulheres se tornaram cristãs. Evódia e Síntique creram, juntamente com dois
homens - Epafrodito e Clemente - e alguns outros cujos nomes constam do Livro
da Vida. Ainda que os resultados fossem pequenos, eram reais. Paulo animou-se a
ficar e pregar não só perto do rio, mas também nos bazares e praças.
A ESCRAVA
(Ptonisa)
Tudo parecia ir
bem, quando a oposição surgiu de fonte inesperada. Havia uma jovem escrava
possuída por um espírito maligno, que fazia adivinhações. As pessoas
procuravam-na para conhecer o futuro, e seus donos muito lucravam com o preço
das consultas. Ela atraía homens inseguros que não se aventuravam a fazer
negócios, ou resolver casos de amor, sem primeiro consultar um médium que
afirmasse manter contato com o mundo espiritual.
Da mesma forma
que o espírito maligno reconhecera JESUS como o Filho de DEUS, o espírito nessa
moça percebeu que os apóstolos eram enviados do Senhor. Seguindo-os diariamente
pelas ruas e na praça do mercado, a escrava gritava aos passantes: "Esses homens,
que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do DEUS Altíssimo" (At
16.17). Seus donos ficaram aborrecidos, mas ela não se importou porque na
verdade os odiava. A mensagem de Paulo cativara-a de tal forma, que ela
esperava todos os dias na rua até que os apóstolos aparecessem.
Paulo, no
entanto, não se agradou do testemunho dos demônios. Indignado com aquela
importunação diária, voltou-se à escrava e ordenou, em nome do Senhor JESUS,
que o espírito a deixasse. A moça ficou parada, atônita; estava finalmente
livre, senhora de suas faculdades.
A Prisão de
Paulo e Silas
Vendo seu meio
de vida ser tirado por aqueles judeus, os donos da escrava ficaram furiosos.
Enraivecidos, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram pelas ruas, gritando aos
que passavam. Uma grande multidão os acompanhou, pensando tratar-se de algum
ladrão. Paulo e Silas foram levados à praça do mercado, sob a acusação de
haverem perturbado a paz. Foi fácil colocar o povo contra eles, uma vez que os
judeus eram muito odiados. O imperador Cláudio não mandara banir todos os
judeus de Roma?
Numa
extremidade da praça, dois magistrados romanos estavam sentados numa plataforma
elevada, sob um dossel que os abrigava do sol. A tarefa deles era ouvir e
julgar as queixas do povo. Esse foi o primeiro tribunal de justiça. Arrastando
os apóstolos pelas vestes e pelos cabelos, os perseguidores levaram-nos aos
magistrados.
"Esses
homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade." Acusaram-nos aos
berros. "E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar,
visto que somos romanos" (At 16.20-21). A multidão gritava: "Fora com
eles! Fora com os judeus!"
Os magistrados
deixaram-se convencer. Não permitiram aos prisioneiros qualquer julgamento ou
defesa. Se soubessem que Paulo era cidadão romano, sem dúvida o tratariam com
respeito, mas nada lhe perguntaram. Os juizes deram ordens para que fossem
publicamente açoitados. Depois de descobrirem as costas dos presos, os pretores
avançaram e levantaram as varas. Enquanto os apóstolos encolhiam-se de dor sob
os açoites, a plebe gritava: "Prendam os judeus!"
Machucados e
sangrando, Paulo e Silas foram levados à prisão e entregues ao carcereiro, com
instruções para guardá-los com toda a segurança. Os dois foram então levados
para um cárcere interior, onde ficaram com os pés presos ao tronco. Ao
deixá-los naquele lugar úmido e frio, o carcereiro ficou imaginando o porquê
daqueles homens que não pareciam marginais serem julgados tão perigosos.
Na casa de
Lídia, Timóteo e Lucas passaram uma noite angustiosa, e oraram em companhia da
dona da casa e de outros cristãos. Mas não foram os únicos a orar: Paulo e
Silas também não conseguiam dormir. Suas costas continuavam doendo por causa
dos açoites e o tronco tornava o sono impossível. Entretanto, podiam orar, e
foi o que fizeram. A paz caiu sobre eles, e começaram a cantar alguns dos
salmos que conheciam desde a infância - salmos de louvor a DEUS. "O Senhor
é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha
vida; de quem me recearei?" (SI 27.1).
A Conversão do
Carcereiro
Aqueles sons no
meio da noite eram sem dúvida estranhos. Os outros prisioneiros estavam
acostumados com gemidos e maldições, mas jamais tinham ouvido algo assim. O que
poderia ser? Estavam escutando os cânticos em silêncio quando, de repente, um
som baixo e ameaçador fez-se ouvir. Aquilo que a princípio parecia um trovão à
distância foi aumentando cada vez mais. O chão começou a tremer. Um terremoto!
O chão balançava, subindo e descendo; as portas foram arrancadas dos batentes e
as cadeias dos prisioneiros abriram-se, libertando-os.
O carcereiro
acordou com o choque. Saltando da cama, seu primeiro pensamento foi para os
prisioneiros sob seus cuidados. Teria algum escapado? Em caso afirmativo, como
se explicaria com Roma? Ao primeiro olhar, viu que as portas estavam
escancaradas. Lá estava a pesada porta de madeira, arrancada dos gonzos. Com
uma tocha na mão, apressou-se pelo corredor.
As celas
interiores estavam danificadas; suas portas, completamente abertas. O homem
puxou rapidamente a espada. Era melhor acabar logo com tudo, escapando ao
horror de um julgamento e da execução pública. Paulo viu quando ele pôs a
espada na garganta para suicidar- se. Uma voz alta e clara, saída da escuridão,
assustou o carcereiro: "Não te faças nenhum mal, que todos aqui
estamos" (At 16.28).
Trêmulo, ele
pegou a tocha e entrou na cela, onde caiu prostrado aos pés de Paulo e Silas. O
homem sentia-se tremendamente perplexo. Não conseguia entender porque não
haviam escapado. Paulo explicou-lhe que eram cidadãos romanos e não tinham
necessidade de fugir; além disso, eram servos do Senhor DEUS e levavam a
mensagem de salvação aos gentios.
Encontrado o
caminho que procurara durante toda a vida, o carcereiro exclamou:
"Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?" (16.30).
Sem hesitar,
Paulo respondeu: "Crê no Senhor JESUS CRISTO e serás salvo, tu e a tua
casa" (16.31).
No pátio da
prisão, com a poeira do terremoto ainda pesando no ar e o ruído da confusão nas
ruas escuras lá fora, Paulo pregou as boas-novas de grande alegria, e explicou
o significado de crer. Imediatamente, o brutal carcereiro passou das trevas
para a luz.
Solícito, levou
os apóstolos para sua casa, onde se achavam sua esposa e filhos. Ali,
lavou-lhes as costas doloridas. Depois de limpar o sangue, esfregou unguento
nas feridas abertas pelas varas dos pretores. Naquela noite Paulo contou-lhes
tudo sobre JESUS e, antes do dia amanhecer, uma família inteira tornou-se
cristã e foi batizada.
Quando raiou o
dia, mensageiros dos magistrados bateram à porta da prisão. Traziam uma
mensagem amedrontada dos seus senhores: "Soltai aqueles homens" (v.
35).
Na mente dos
magistrados estava claro que a catástrofe fora um castigo de DEUS por terem
colocado dois de seus servos na prisão. Entretanto, quando o carcereiro levou a
Paulo e Silas a notícia da sua liberdade, estes não a receberam de bom grado.
Diga a seus
senhores - declarou Paulo - que somos romanos e eles não podem encobrir sua
injustiça, livrando-se de nós às ocultas.
Paulo conhecia
os direitos da cidadania romana; podia apelar à própria Roma, se quisesse.
Sabia que os magistrados estavam agora à sua mercê.
Diga aos seus
senhores que venham pessoalmente e nos ponham em liberdade.
Os orgulhosos
magistrados, com medo de perderem o cargo, viram que não havia outra opção
senão atender ao desejo dos prisioneiros. Sem perda de tempo, apresentaram suas
humildes desculpas em pessoa, suplicando aos apóstolos que nada dissessem sobre
o erro cometido, e deixassem a cidade o mais rápido possível. Eles levaram
Paulo e Silas para a rua e, publicamente, os libertaram.
Os apóstolos
não deixaram imediatamente a cidade. Procuraram a paz e tranquilidade da casa
de Lídia, até que suas feridas sarassem e pudessem viajar. Receberam os
cuidados de Timóteo e do doutor Lucas, e foram visitados pelos poucos que
haviam levado a CRISTO.
A Primeira
Igreja na Europa
Durante aqueles
dias de restabelecimento, Paulo e Silas tiveram a alegria de acolher na nova
igreja de Filipos ao homem que lhes prendera os pés ao tronco, assim como todos
os de sua casa. Mediante sofrimento e fidelidade, o pequeno grupo cresceu até
tornar-se uma das mais fortes igrejas.
Quando Paulo e
Silas sentiram-se suficientemente curados para deixar Filipos, despediram-se
dos crentes e partiram para Tessalônica, a capital da Macedônia. Lucas e
Timóteo ficaram em Filipos por algum tempo, a fim de fortalecer a igreja.
A estrada que
os dois apóstolos escolheram era a melhor da província, pavimentada com blocos
de mármore. Depois de cerca de 169 quilômetros, chegaram a Anfípolis, uma
cidade maior que Filipos. Ansiosos, não ficaram ali; prosseguiram para o sul e
para o oeste, passando por Apolônia e descendo a grande Via Inácia, até a
cidade que Alexandre, o Grande, chamara de Tessalônica, em homenagem à sua
irmã.
Paulo em
Tessalônica
Ao sair da
região montanhosa, eles contemplaram as águas azuis do golfo e entraram na
cidade passando por um enorme arco de mármore, esculpido com cinco cabeças de
touros enfeitadas de guirlandas. Esse monumento era uma lembrança perpétua de
que Otávio e Antônio haviam ganho a batalha de Filipos. Tessalônica, por ter
apoiado os generais conquistadores, tornara-se uma cidade livre. Isto
significava que podia escolher seus próprios magistrados, livrar-se das
guarnições romanas, e não se sujeitar de forma alguma ao governador romano da
Macedônia.
Os apóstolos
hospedaram-se na casa de Jasom, parente de Paulo, e testemunharam na sinagoga
durante três sábados. Paulo começava com as profecias do Antigo Testamento,
explicando aos conterrâneos que elas foram cumpridas em JESUS de Nazaré. Alguns
murmuraram depois de seus apelos veementes, e os líderes da sinagoga
opuseram-se à sua doutrina, proclamando que era falsa. Todavia, outros creram e
tornaram-se amigos de Paulo, seguindo-o por toda parte e encorajando-o em sua
pregação. A maioria dos convertidos era formada por prosélitos gregos e esposas
de oficiais, que haviam abandonado os ritos imorais da adoração aos ídolos.
Elas haviam encontrado no Judaísmo uma religião onde a mulher era respeitada.
Paulo e Silas
não se limitaram a pregar apenas na sinagoga, mas aproveitavam todas as
oportunidades para dar testemunho de JESUS. Em três semanas, conseguiram reunir
um número suficiente de cristãos para formar uma igreja. Não perderam tempo. Os
cristãos reuniam-se todas as noites com Paulo e Silas, que lhes explicavam as
verdades do Evangelho. À medida que outros enxergavam a luz, também eram
recebidos na congregação. Estabelecer uma igreja em três semanas era uma tarefa
colossal, mas foi o que Paulo e Silas fizeram, não só levando os convertidos a
CRISTO como também instruindo-os na fé. Antes dessas breves semanas terminarem,
Paulo falou-lhes sobre a volta do Senhor e os sinais dos tempo. Advertiu-os
sobre o abandono da fé, que precederia a vinda do anticristo.
Paulo É
Obrigado a Deixar Tessalônica
Paulo era um
trabalhador incansável, capaz de formar uma comunidade forte de cristãos quase
da noite para o dia. Mas, como de costume, os judeus incrédulos levantaram-se
contra ele. Instigaram um grande grupo de malfeitores, que rodearam a casa de
Jasom atirando pedras no pátio e exigindo que Paulo e Silas lhes fossem
entregues. Enfurecidos, derrubaram a porta e procuraram em cada aposento,
descobrindo que os dois não se encontravam na casa. Jasom providenciara em
tempo a fuga de ambos, mas ele mesmo não escapou. A turba agarrou-o, como
também a outros cristãos, e arrastou-os até a praça do mercado, onde as
autoridades mantinham seu tribunal:
Esses que têm
alvoroçado o mundo chegaram também aqui, os quais Jasom recolheu. Todos esses
procedem contra os decretos de César, dizendo que há outro rei, JESUS (At
17.6,7).
A acusação era
grave e não podia ser ignorada. Os magistrados tomaram nota e ficaram muito
perturbados; o assunto poderia acabar em desastre. Ordenaram que Jasom e seus
amigos pagassem fiança e voltassem no dia do julgamento.
Como Jasom era
homem de posses, a fiança foi paga e todos tiveram permissão de voltar para
casa. Naquela mesma noite, depois de conferenciarem, os irmãos procuraram Paulo
e Silas e explicaram como seriam prejudicados se eles ficassem. Então, enquanto
a cidade dormia, os dois saíram disfarçados pelos portões, e dirigiram-se ao
sul, para a cidade de Beréia.
A Acolhida em
Beréia
Timóteo
juntou-se a Paulo e Silas em Beréia. Ele chegara de Filipos, onde ficara com
Lucas para fortalecer a igreja, e encontrou-os na sinagoga. Timóteo sabia que
era costume de Paulo procurar a casa de adoração dos judeus, portanto esperou
lá por ele. Quando os apóstolos chegaram, ensinaram na sinagoga que JESUS era o
CRISTO e provaram isso pelas Escrituras. Paulo ficou surpreso e contente ao ver
que os judeus o ouviam sem fazer oposição. De fato, mostraram verdadeiro
interesse, devorando cada palavra pregada. A seguir, foram buscar os grandes
rolos guardados numa caixa por trás da cortina azul, e examinaram
diligentemente as palavras de Isaías, de outros profetas e da Lei de Moisés,
traçando a história do Messias até no seu livro de hinos. Não aceitariam a
mensagem até provarem pelas Escrituras a sua autenticidade. Ao descobrirem que
as citações de Paulo não continham qualquer erro, receberam alegremente a
mensagem e creram em JESUS.
Tudo ia bem até
que as notícias chegaram a Tessalônica, levadas por algum judeu ingênuo, que
não pretendia fazer mal. Uma onda de oposição rebentou quase que imediatamente
sobre a igreja recém-formada. Um bando de judeus zelosos precipitou-se de
Tessalônica e, com mentiras, incitaram os membros da sinagoga contra Paulo.
Principal alvo do ataque maldoso, Paulo achou melhor seguir o conselho dos
irmãos e deixou a cidade.
Atenas, uma
Cidade Idolatra
Um grupo de
cristãos conduziu Paulo ao porto de Dio, onde ele embarcou para Atenas, a maior
cidade da Grécia. Seus amigos acompanharam-no até chegar a Atenas, mas
deixaram- no ali e regressaram.
Silas e Timóteo
ficaram em Beréia para fortalecer os cristãos. Quando terminassem o trabalho,
iriam encontrar-se com Paulo em Atenas. Ambos permaneceram com relativa
segurança em Beréia, pois os inimigos achavam que, sendo Paulo o chefe, não
precisavam preocupar-se com eles.
Depois da
retirada dos amigos, Paulo ficou absolutamente só em uma das cidades mais belas
do mundo: Atenas - a "Mãe da Grécia". A cidade era dominada pela
Acrópole, um monte com a parte superior plana e rochosa, que servia de base a
vários templos. Quinhentos anos antes, Atenas estivera no apogeu da sua glória,
mas desde que fora saqueada pelos romanos, encontrava-se sob o seu domínio.
Paulo estivera em muitas cidades, mas nunca visitara um lugar tão belo e cheio
de esculturas de mármore brilhando ao sol. Os edifícios em estilo clássico eram
elegantes e graciosos. O povo era culto e orgulhava-se de sua liberdade de
pensamento. Arquitetura, pintura, escultura e grandes bibliotecas podiam ser
encontradas em toda parte. Ao longo de cada rua, e em cada praça, havia
estátuas e altares - santuários construídos para a adoração de muitos deuses.
Paulo ficou surpreso ao ler as inscrições. Seu coração acelerou-se ao admirar o
esplendor das estátuas, algumas feitas por Fídias, o maior de todos os
artífices em mármore. Mas também se apiedou ao pensar na cegueira do povo
ateniense.
Naquelas mesmas
ruas e naquela mesma praça ao pé da Acrópole, Sócrates ensinara ao povo; Platão
instruíra seus seguidores naquele mesmo lugar; Demóstenes, o grande orador, era
uma lembrança do passado. A marca de todos eles foram deixada na cultura daquele
povo altivo. Abaixo dos templos da Acrópole, ficava o teatro de Dionísio com
seus assentos de mármore estendendo-se sobre o vale. Todas as noites as
multidões aglomeravam-se nele para assistir às importantes peças teatrais. Não
havia dúvida de que aquele povo era o mais inteligente, refinado e complacente
que Paulo já encontrara.
O apóstolo
alojou-se perto da sinagoga e decidiu ficar ali até a chegada de Silas e
Timóteo. Porém não estava satisfeito. Aqueles ídolos e seus templos não lhe
suscitaram admiração, mas preocupação e piedade. Gostaria que todos fossem
derrubados e, ao invés da confusão dos deuses, o povo pudesse ver o DEUS vivo e
verdadeiro. Todas aquelas estátuas desonravam ao Senhor, e Paulo queria ver em
Atenas uma igreja que apagasse cada ídolo do coração de seus habitantes.
No sábado, ele
foi pregar o Evangelho aos seus conterrâneos na sinagoga, mas não conseguiu
ganhar nenhum deles. Desanimado, saiu de lá e começou a pregar nas ruas e
praças. Muita gente dispôs-se a ouvi-lo; havia nas ruas um grande número de
pessoas que apreciavam uma discussão. Elas passavam o dia indo de um filósofo a
outro, à procura de alguma doutrina nova que pudesse tornar-se moda em Atenas.
Em toda parte,
havia sinais de idolatria. Queimavam incenso diante de cada imagem. Num altar
próximo, Paulo viu mulheres levantando as crianças até o ídolo, num
oferecimento. O apóstolo sentiu o coração confranger-se ao ver a cidade
completamente entregue à idolatria.
Certo dia,
descobriu numa única rua os templos de Atena, Artemis e Afrodite. Ao lado deles
havia altares dedicados à Guerra, Fama, Piedade e Modéstia. Em toda a cidade
havia três mil estátuas e altares onde os atenienses ofereciam sua adoração
vazia. Paulo leu muitas inscrições enquanto caminhava pelas ruas, e ficou
imaginando como um povo tão religioso poderia ser tão cego. Sondou as faces das
pessoas e percebeu que estavam cansadas dos seus deuses.
Alguns
filósofos, estóicos e epicureus, encontraram Paulo numa praça e indagaram: Que
quer dizer esse paroleiro?... Parece que é pregador de deuses estranhos...
Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas? Pois coisas
estranhas nos trazes aos ouvidos: queremos, pois, saber o que vem a ser isso
(At 17.18-20).
O Sermão da
Colina de Marte (Areópago)
Logo depois do
mercado barulhento, na metade do caminho que levava aos templos da Acrópole,
ficava um semicírculo rochoso, conhecido como a colina de Marte. Paulo foi
conduzido a esse lugar para contar sua história.
Varões
atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; porque, passando eu e
vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO
DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais não o conhecendo, é o que eu vos
anuncio
(At 17.22,23).
Imediatamente
interessada, a plateia inclinou-se à escuta. Com um olhar para o conjunto de
templos no topo do monte, e ao próprio Parthenon - edifício mais perfeito do
mundo - Paulo continuou:
O DEUS que fez
o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em
templos feitos por mãos de homens. Nem tão pouco é servido por mãos de homens,
como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida,
a respiração e todas as coisas. E de um só fez toda a geração dos homens para
habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados
e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura,
tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós. Porque
nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas
disseram: Pois somos também sua geração.
Sendo nós,
pois, geração de DEUS, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao
ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos
homens" (At 27.24-29).
A audiência
agradou-se do discurso e, animada, ficou à espera de mais. Sem dúvida, ali
estava alguém de grande cultura. Era judeu, mas conhecia os poetas gregos. E
Paulo então continuou:
Mas DEUS, não
tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em
todo o lugar, que se arrependam. Porquanto tem determinado um dia em que com
justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu
certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos (At 1730-31).
Um cascatear de
risos ouviu-se entre o povo, quando ele falou em ressurreição. "Esse homem
deve estar louco para pregar tais asneiras!" E não quiseram mais ouvi-lo.
Alguns mais
educados sugeriram que o ouviriam noutra ocasião, mas Paulo percebeu tratar-se
de uma desculpa amável para se livrarem dele.
O apóstolo já
encontrara todas as formas de oposição, mas aquela era a primeira vez que
alguém ria de suas palavras. Isso silenciou-o mais que os insultos e pedradas.
Com um sentimento de fracasso, deixou a colina de Marte; desceu às praças logo
abaixo e perdeu-se na multidão. Enquanto lutava com a crescente sensação de
desânimo, ouviu passos às suas costas. Voltando-se, deparou com um pequeno
grupo de homens e mulheres que se apressava para alcançá-lo. Seus rostos eram
amigáveis; queriam fazer mais perguntas sobre a nova doutrina. Dionísio, um
membro do conselho da sinagoga de Atenas, e uma mulher chamada Damaris, além de
outros atenienses não nomeados, creram em suas palavras e receberam a JESUS
CRISTO.
Paulo começou a
inquietar-se em Atenas. Pensava nos cristãos de Beréia, onde Silas e Timóteo se
encontravam, e imaginava a razão de não ter notícias de lá. Sentiu-se tentado a
viajar novamente para o norte e até planejou voltar a Tessalônica, mas as circunstâncias
o impediram. Será que o longo silêncio significava oposição? Teriam os judeus
de Tessalônica continuado a perseguir Silas e Timóteo? Paulo temia pela igreja
de Tessalônica. A perseguição ali fora penosa, e ele ficava a pensar se a fé
dos irmãos resistiria à prova. Ele só estivera com aqueles crentes durante três
semanas...
Paulo em
Corinto
Não mais
suportando a longa espera, Paulo enviou um cristão ateniense para indagar sobre
o bem-estar dos crentes de Tessalônica, e deixou uma mensagem avisando que ia
para Corinto. Se Timóteo e Silas chegassem, deveriam ir à capital, onde ele os
esperaria.
Com uma
sensação de liberdade, deixou para trás Atenas e seus templos de mármore. A
lembrança dos risos no dia em que pregou sobre o CRISTO ressurreto ainda
queimava-lhe no peito. Perguntava-se porque o Senhor não lhe dera mais almas
naquela cidade.
Com o espírito
abatido, Paulo encontrou um navio que ia para Corinto, capital da Acaia.
Sabendo que seu dinheiro estava acabando, começou a questionar o significado
exato da visão sobre o homem da Macedônia. Até então, só tivera uma série de
decepções; fugira de cada cidade a fim de salvar a vida, deixando aos
companheiros de viagem a tarefa de estabelecer a nova igreja.
Áquila e
Priscila
Embora
desanimado, Paulo procurou um local onde pudesse usar a arte que aprendera em
Tarso. Encontrou uma rua onde os fabricantes de tendas tinham suas lojas, e
entrou na oficina de Áquila. O Senhor parecia tê-lo encaminhado justamente
àquele lugar, pois Áquila era um refugiado judeu banido de Roma pelo imperador
Cláudio. Ele e sua mulher, Priscila, haviam se estabelecido no negócio de
tendas em Corinto, poucas semanas antes da chegada de Paulo.
Áquila gostou
da ajuda extra, e Priscila, ao saber que Paulo era judeu, acolheu-o de bom
grado. Bastaram alguns dias de trabalho para que Áquila apreciasse ainda mais a
habilidade de Paulo na fabricação de tendas. Enquanto costurava o couro, Paulo
contava as maravilhosas experiências que tivera; como DEUS o protegera das
dificuldades e o livrara da prisão. O casal ficou espantado por aquele artesão
ter sido um rabino, e haver perseguido ardentemente a seita dos nazarenos.
Pouco a pouco, abriram seus corações a CRISTO e foram salvos.
A antiga
Corinto, mais velha que Atenas, tivera tantas batalhas travadas em suas ruas
que só restaram ruínas. Reconstruída por Júlio César, era agora uma bela cidade
e, durante cem anos, ocupara na Grécia uma posição de proeminência. Grande
centro comercial, atraiu logo os judeus da região. A adoração à Afrodite, deusa
do amor, também se centralizava ali. Famosa por suas riquezas e inclinação aos
prazeres e vida fácil, Corinto tornou-se símbolo do pecado. Marinheiros e
mercadores do mundo inteiro levavam a história de Corinto às suas terras,
aumentando-lhe a fama de pecado e encanto.
Paulo foi
apresentado na sinagoga como um judeu que frequentara o templo de Jerusalém, e
recebeu permissão para falar. Mas discursou com um sentimento de fraqueza.
Embora houvesse argumentado, provado e persuadido tanto judeus quanto gregos,
teve de lutar contra o crescente desânimo que começara a envolvê-lo.
SILAS, TIMÓTEO
E PAULO EM CORINTO
Silas e Timóteo
finalmente chegaram. Tinham estado em Atenas e souberam que Paulo havia partido
para Corinto. Que alívio os ver e ouvir as notícias! Agora Paulo sabia que não
estavam presos e que tudo ia bem. E as igrejas de Beréia e Tessalônica? Tinham notícias
de Lucas em Filipos? Os cristãos estavam firmes?
Sim, as
notícias eram boas. As igrejas em toda parte continuavam firmes na fé. E mais:
estavam testemunhando em toda a Macedônia e muitos haviam se rendido a CRISTO
nas últimas semanas. DEUS estava operando nas igrejas e abençoando o testemunho
de seus seguidores. Os irmãos não haviam esquecido Paulo; lembravam-se
diariamente dele em suas orações, do mesmo modo que este se lembrava deles.
Como demonstração do seu amor, tinham enviado uma oferta em dinheiro para o seu
sustento; assim, em vez de trabalhar, Paulo poderia dedicar-se integralmente ao
ministério. O coração do apóstolo alegrou-se grandemente ao ouvir essas
notícias. Seu desânimo desapareceu como a neblina da manhã ao nascer do sol. O
antigo zelo voltou, e com grande vigor, deu início a uma campanha para a
conversão dos coríntios.
Quando, porém,
os judeus se lhe opuseram, blasfemando contra o Senhor, Paulo os abandonou,
advertindo-os de que o sangue deles cairia sobre as suas próprias cabeças.
"Desde
agora parto para os gentios" (At 18.6).
E foi o que
fez. Como resultado, muitos coríntios creram e foram batizados. Todavia, antes
de partir, teve a grande alegria de ganhar Crispo, o principal da sinagoga. Seu
coração aqueceu-se ao vê-lo ser batizado com a mulher e os filhos!
Depois da
chegada de Timóteo e Silas, a casa de Áquila ficou pequena para abrigar todos
eles. Foram então alojar-se ao lado da sinagoga, na casa de um cristão chamado
Justo. Paulo, porém, continuou trabalhando sempre que necessário.
Com o passar
dos dias, a enorme tarefa de testemunhar àquela cidade sem CRISTO começou a
pesar-lhe nos ombros. Enquanto refletia no assunto, um temor sorrateiro foi
tomando conta de seu coração. Corinto era, indiscutivelmente, a cidade mais
perversa do mundo, e Paulo perguntava a si mesmo se haveria ali qualquer
esperança de sucesso.
Certa noite,
deitado em seu leito na casa de Justo, Paulo teve uma visão. O Senhor disse-lhe
palavras semelhantes às que DEUS dissera a Josué, muitos anos atrás, quando o
coração dele se acovardara:
Não temas, mas
fala e não te cales. Porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te
fazer mal, pois tenho muito povo nessa cidade (At 18.9,10).
Isso era tudo o
que Paulo precisava saber. Lembrou-se então do dia em que estivera face a face
com JESUS, na estrada de Damasco, e pôde ouvir novamente as palavras do Senhor
repetidas por Ananias:
Esse é para mim
um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos
filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome (At
9.15,16).
Paulo passou a
pregar com zelo renovado. Os missionários trabalharam durante um ano e meio,
procurando converter homens e mulheres, tanto judeus quanto gentios. Empregavam
todos os esforços para trazê-los das trevas do pecado para a família de DEUS.
Muitos vieram a conhecer a verdade e separaram-se da sua antiga e corrupta
religião, ganhando uma nova vida em CRISTO.
A Primeira
Epístola Aos Tessalonicenses
Paulo ficou tão
comovido com a oferta de Tessalônica e o relatório positivo a respeito daquela
igreja, que resolveu escrever-lhes uma carta. Esta pode ter sido a sua primeira
carta. Era dirigida a todos os discípulos de Tessalônica, e elogiava-os por sua
firmeza na fé, mesmo em face à perseguição. Agradecido pela ajuda, Paulo
escreveu-lhes uma carta de conselhos paternais, recordando-lhes os ensinamentos
que lhes ministrara, e insistindo para que crescessem na graça e andassem como
verdadeiros filhos de DEUS. Deveriam ser cada vez mais profícuos no testemunho
e no viver diário, atentos à aproximação da volta do Senhor para buscar os
salvos - tanto os mortos como os vivos. Era uma linda carta, expressando o
afeto do apóstolo por seus filhos na fé.
Paulo e seus
amigos demoraram-se bastante em Corinto, e seu ensino teve maior sucesso ali
que em qualquer outro lugar. A igreja aumentava a cada dia, à medida que o povo
mais humilde se tornava cristão. Mas nem tudo foi fácil e bem-sucedido; alguns
judeus detestaram a mensagem de Paulo, e ficaram à espera de uma oportunidade
para dar vazão ao seu ódio. Certo dia, conforme planejado, eles incitaram um
grupo de ociosos a agarrarem o apóstolo enquanto este pregava. Paulo foi levado
diante do tribunal de Gálio, o procônsul romano. Gálio era um homem bondoso;
recebera o cargo porque o imperador Cláudio conhecia a sua sabedoria e
capacidade. Diante de Gálio, os judeus não sabiam como apresentar uma acusação
válida contra aquele prisioneiro que não oferecia resistência. A única acusação
que podiam formular era fraca aos seus próprios ouvidos. Não podiam culpar o
apóstolo de perturbar a paz ou instigar uma revolta, e disseram contrafeitos:
"Esse persuade os homens a servir a DEUS contra a lei" (At 18.13).
Enquanto Paulo
preparava-se para responder à acusação, Gálio levantou-se e declarou:
Se houvesse, ó
judeus, algum agravo ou crime enorme, com razão vos sofreria. Mas, se a questão
é de palavras, e de nomes, e da lei que entre vós há, vede-o vós mesmos; porque
eu não quero ser juiz dessas coisas (At 18.14,15).
Impaciente e
irado, expulsou-os do tribunal. Muitos gregos que haviam testemunhado a cena
ressentiram-se contra os judeus. Ofendidos, agarraram Sóstenes, o principal da
sinagoga, e espancaram-no diante do tribunal. Gálio ficou sentado calmamente,
sem aplaudir nem censurar. Desde que a raiva deles não fosse dirigida a Roma,
tudo o mais lhe era indiferente.
Depois de
vários meses, o homem que levara a primeira carta de Paulo a Tessalônica voltou
e contou como a epístola fora recebida. Ela resolvera algumas das dificuldades
dos tessalonicenses, mas aparentemente suscitara outras, especialmente com
respeito à volta de CRISTO. Alguns entenderam que o tempo era tão curto, que
deveriam parar de trabalhar e viver do que haviam poupado, pois em questão de
dias, seriam recebidos nos céus para estar com o Senhor.
A Segunda
Epístola aos Tessalonicenses
Paulo discutiu
o problema com Silas e Timóteo e decidiu enviar uma segunda carta. Elogiou os
tessalonicenses por sua paciência na tribulação e suplicou-lhes que não se
deixassem perturbar com palavras de homens ou cartas falsas, que julgavam ser
dele. Alguém lhes forjara uma carta em nome de Paulo, afirmando que a volta de
CRISTO aconteceria naqueles dias, e que talvez até já houvesse acontecido.
Paulo recordou-lhes o grande plano de DEUS; lembrou-os de que nos últimos dias
muitos se desviariam do Senhor, e o homem da iniquidade viria para se opor a
tudo o que era de DEUS. Assegurou-lhes ainda de que as perseguições que estavam
sofrendo não eram, absolutamente, a Grande Tribulação:
Então, irmãos,
estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra,
seja por epístola nossa. E vós, irmãos, não vos canseis de fazer bem. Mas, se
alguém não obedecer à nossa palavra por essa carta, notai o tal, e não vos
mistureis com ele, para que se envergonhe (2 Ts 2.15; 3.13-14).
A Volta de
Paulo a Antioquia da Síria
Pouco depois
desses acontecimentos, Paulo admitiu que a igreja de Corinto já estava
suficientemente forte; podia deixá-la e dedicar-se a outro trabalho. De algum
modo, sentiu-se impelido a voltar a Antioquia da Síria. Queria igualmente
visitar Jerusalém por ocasião da festa. Áquila e Priscila estavam indo para
Éfeso, e Paulo decidiu ir com eles. Silas e Timóteo não os acompanharam;
permaneceram em Corinto para continuar o trabalho.
A viagem
marítima para Cencréia, porto de Corinto, foi agradável e sem incidentes. O
navio permaneceu em Éfeso o tempo suficiente para Paulo visitar a sinagoga,
onde discutiu com os judeus e mostrou-lhes JESUS, o CRISTO das Escrituras. Os
judeus não se opuseram ao apóstolo dos gentios, nem à sua mensagem. Ao
contrário, pediram-lhe que ficasse mais tempo. Não sendo possível, Paulo
prometeu visitá-los em breve. Deixando Áquila e Priscila testemunhando em
Éfeso, voltou ao navio que o levou em segurança para Cesaréia, o porto mais
próximo de Jerusalém.
Não se demorou
na cidade santa. Sua principal preocupação ali era visitar outra vez a
igreja-mãe. A época era de festa e as ruas estavam repletas de peregrinos.
Paulo cumprimentou os cristãos e renovou sua amizade com Tiago, Pedro e os
demais discípulos que se reuniam na casa de Maria. Depois voltou a Antioquia, a
igreja que o enviara em todas as suas viagens.
A TERCEIRA
VIAGEM MISSIONÁRIA
Já fazia um ano
que Paulo prometera aos judeus de Éfeso voltar e continuar ali o seu
ministério. O apóstolo pensava muito neles e em Áquila e Priscila que lá
ficaram testemunhando. Durante todo o inverno, e até fins do verão seguinte,
ele permaneceu em Antioquia. Sabia que se tivesse de viajar para a Ásia Menor,
seria necessário partir antes que as neves do inverno bloqueassem as passagens
das montanhas.
A Terceira
Viagem Missionária
Quando os
cristãos de Antioquia souberam que o apóstolo Paulo estava planejando uma
terceira viagem, não ficaram surpresos. Entristeceram-se, porém, ao despedir-se
dele mais uma vez. Já haviam compreendido que DEUS preparara Paulo, melhor que
qualquer outro, para levar o Evangelho às terras distantes. Numa reunião de
despedida, entregaram-no aos cuidados de DEUS; depois de lhe darem dinheiro e
provisões para o caminho, levaram-no até os portões da cidade. Ficaram então
olhando e acenando em despedida até que desaparecesse numa curva da montanha.
Não sabiam eles que esse fora o último adeus. O rosto de Paulo não mais seria
visto na amada igreja de Antioquia. Aproximava-se o momento em que o apóstolo
dos gentios encerraria suas viagens.
Pela terceira
vez, Paulo encaminhou-se aos Portões da Cilícia, que o levariam a Tarso e
Derbe, Listra e Icônio. As coisas tinham mudado com o passar do tempo. Em cada
cidade havia agora igrejas estabelecidas; milhares haviam sido atraídos a
CRISTO.
Foi grande a
alegria do apóstolo ao ver o progresso dos cristãos. Ele pensou naqueles
primeiros dias, quando não havia uma única voz levantada para o Senhor em todas
as cidades. Ao deixar cada lugar, Paulo elevava o coração em fervoroso
agradecimento por cada igreja e cada crente.
Visitando
Novamente as Primeiras Igrejas
O trabalho não
era mais uma questão de plantar a semente, mas de arrancar o mato. Muitas vozes
ergueram-se para desviar os cristãos da pureza da fé. Eles foram especialmente
perturbados pelos pregadores itinerantes que, com os seus ensinos, tentaram
perverter o Evangelho da graça e levar os crentes gentios de volta à lei
mosaica. Onde quer que Paulo fosse, tinha de lutar contra essa influência. Em
muitos casos, os falsos mestres haviam solapado o seu ministério, lançando
dúvidas sobre o seu apostolado e depreciando-lhe a autoridade. Em Derbe, Icônio
e em todas as regiões da Galácia, onde estivera com Silas na segunda viagem,
Paulo admoestou:
Maravilho-me de
que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de CRISTO para outro
Evangelho, o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem
transtornar o Evangelho de CRISTO. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu
vos anuncie outro Evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
Assim, como já vo-lo dissemos, e agora de novo vo-lo digo, se alguém anunciar
outro Evangelho além do que já recebestes, seja anátema (Gl 1.6-9).
Paulo tornou a
visitar todas as primeiras igrejas, resolvendo suas dificuldades, respondendo
suas perguntas, rebatendo os falsos mestres, advertindo, censurando,
encorajando e confirmando. Esse era o ministério de que precisavam para se
manterem firmes na fé.
Apolo, um NOVO
Missionário
Ao mesmo tempo
em que Paulo continuava seu paciente ministério nas cidades do interior, um
judeu chamado Apoio chegou a Éfeso. Ele nascera em Alexandria, na embocadura do
Nilo, e era culto e eloquente. Seu conhecimento das Escrituras era comparável
ao de Paulo, pois fora cuidadosamente ensinado por seus pais hebreus. Mas
agora, com os olhos abertos para JESUS, o Messias, ele empenhava-se em divulgar
a Verdade em toda parte.
Apoio nunca
vira JESUS, nem falara com qualquer dos discípulos. Mas ouvira falar de João
Batista e de como ele anunciara que JESUS era o CRISTO, em cumprimento das
profecias. Dominado por esses fatos, partiu com o coração cheio da mensagem,
ansioso por anunciá-la aos seus conterrâneos.
Áquila e sua
esposa foram ouvi-lo na sinagoga de Éfeso e maravilharam-se com a sua
capacidade. Apoio era poderoso nas Escrituras. O casal compreendeu
imediatamente que, se aquele jovem com tanto saber viesse a conhecer o
Evangelho pleno, como Paulo lhes ensinara, seria um dos maiores homens da
igreja. Que instrumento para DEUS!
Amavelmente,
convidaram-no a visitá-los, e ele aceitou. Com bondade, e sem ofendê-lo,
repassaram alguns tópicos de seu sermão, elogiando-o, mas mostrando-lhe que o
ensino de João sobre o arrependimento não era o Evangelho em sua plenitude.
Fizeram-no ver também que o batismo de João não era aquele ordenado por CRISTO.
Dia após dia, o
brilhante orador sentou-se com o fabricante de tendas e sua mulher e, passo a
passo, inteirou-se dos aspectos mais profundos da fé. Com genuína humildade
cristã, o grande orador do Egito ouviu as verdades divinas e alegrou-se nelas.
A cada dia, sua mensagem na sinagoga foi-se tornando mais forte. Áquila e sua
fiel esposa oravam para que o Senhor enchesse aquele vaso com grande poder.
Armado de uma
verdade que antes não possuía, Apoio foi a Corinto, aquela importante cidade da
Acaia, a fim de pregar com todo o fervor e intrepidez da sua juventude. Assim,
enquanto os judeus farisaicos de Jerusalém procuravam por todos os meios
combater a Paulo e ao Evangelho, outro judeu estava visitando algumas das
igrejas fundadas pelo apóstolo e atraindo homens e mulheres para CRISTO.
Organização da
Igreja de Éfeso
Paulo chegou a
Éfeso e ouviu falar de Apoio, poucos dias depois desse ter ido para Corinto. A
primeira providência de Paulo foi procurar seu velho amigo Aquila, o fabricante
de tendas, e inteirar-se de tudo o que acontecera desde que deixara a cidade.
Conheceu alguns crentes convertidos pela pregação de Apoio e, ao descobrir que
esse os batizara no batismo de João, perguntou a 12 deles:
Vocês receberam
o batismo do ESPÍRITO SANTO quando creram? Os 12 cristãos fitaram- no surpresos
e responderam:
Nem mesmo
ouvimos que existe o ESPÍRITO SANTO.
Havia,
evidentemente, muita coisa a ser corrigida, e Paulo ofereceu-se bondosamente
para realizar a tarefa.
Depois de
tê-los ensinado, batizou-os novamente, tanto homens como mulheres, em nome do
Senhor JESUS, e impôs as mãos sobre eles. Uma nova igreja foi fundada naquele
dia, composta de cristãos que, como os do Pentecostes, foram batizados no
ESPÍRITO SANTO.
Durante três
meses, Paulo frequentou a sinagoga de Éfeso e pregou ousadamente que JESUS era
o Filho de DEUS. Mas surgiram disputas tão acirradas quanto à sua mensagem, que
o pequeno grupo de cristãos perdeu a esperança de obter quaisquer novos frutos
na sinagoga. Semana após semana, os judeus tinham ouvido o Evangelho de CRISTO
dos lábios de Áquila e Apoio, e agora de Paulo. Mas não só se recusaram a crer,
como também endureceram os corações contra JESUS e depreciaram a Paulo,
advertindo o povo de que o Cristianismo era antagônico aos judeus.
Saulo
afastou-se triste da sinagoga, para jamais pisar nela. A fim de continuar seus
ensinamentos, ele alugou o salão de palestras da escola pertencente a Tirano.
Esse homem era professor de retórica e filosofia, e dava aulas todas as manhãs.
Paulo reunia seus seguidores à tarde, argumentando com eles diariamente. Não só
discutia as reivindicações de JESUS, como também respondia às muitas perguntas
relativas ao Cristianismo e à vida paga. Provavelmente tratou de assuntos como
casamento, divórcio, escravidão e alimento oferecido aos ídolos - temas que
voltaria a abordar mais tarde em suas cartas. No espaço de dois anos, a igreja
de Éfeso cresceu e floresceu, e o Evangelho de JESUS CRISTO foi pregado em toda
a Ásia romana.
Combatendo a
Adoração aos Ídolos
Éfeso era o
centro de uma grande província. O templo de Diana, ou Artemis, fora levantado
ali havia mil anos. Quando nasceu Alexandre, o Grande, o templo queimara
completamente e os asiáticos reuniram ouro e prata para reconstruí-lo. Cada
família da província deu a sua contribuição, e o novo templo ficou tão
magnífico que veio a ser considerado uma das sete maravilhas do mundo. No dia
da sua inauguração, um príncipe persa atirou uma flecha de sua torre mais alta
e declarou: "Aquele que ultrapassar essa distância, ao aproximar-se desse
edifício, encontrará aqui um santuário e ficará livre da perseguição".
O imenso prédio
era de mármore, com fileiras duplas de colunas entalhadas. Em toda a volta
havia 14 degraus de mármore, subindo em camadas como as de um bolo de noiva, e
na base de cada coluna, profundamente esculpidas na rocha, havia figuras de
homens e mulheres em tamanho natural. No centro do grande templo havia uma
câmara formada por pilares de jaspe verde. Das paredes pendiam caros presentes,
enviados por todas as províncias vizinhas, e perto da entrada, encontrava-se um
altar esculpido por Praxíteles. Uma grande cortina púrpura descia do teto e,
detrás dela, havia uma estátua de madeira em forma de mulher, escurecida pelo
tempo. Era Diana, a deusa dos efésios, que, segundo diziam, caíra do céu. O
ídolo era hediondo; mas, oculto pela cortina mística, tornara-se objeto de
adoração para milhões de pessoas.
Pequenas cópias
da imagem tinham sido feitas de bronze ou prata, e algumas vezes de ouro,
mostrando Diana como uma linda mulher, usando na cabeça uma coroa. Em cada casa
havia uma dessas estatuetas, pois segundo acreditavam, a deusa era poderosa
para afastar o mal.
O templo de
Diana tornara-se o centro da vida de Éfeso. Peregrinos do mundo inteiro iam
visitá-lo. Mercadores deixavam seu dinheiro com os sacerdotes, acreditando ser
o tesouro do templo o lugar mais seguro do mundo. Grande número de artesãos
ganhava a vida explorando a superstição do povo e fabricando imagens para serem
usadas como talismãs.
O Poder de DEUS
Nessa cidade de
mágicos e idolatras, Paulo e seus companheiros anunciaram a CRISTO, levando
centenas de pessoas a abandonarem a idolatria. Através do apóstolo, DEUS
realizou muitos milagres em Éfeso. Aquele povo, que tanto gostava de prodígios,
viu que o poder do Altíssimo era maior que a magia de Diana ou de quaisquer dos
seus seguidores. Assim como Moisés superara os mágicos de Faraó no Egito, pelo
poder de DEUS, Paulo, o servo do Senhor, recebeu autoridade para curar. Sem
necessidade de talismãs, contas, ou pergaminhos contendo fórmulas mágicas,
Paulo demonstrou que o imenso poder de DEUS fluía dele para as pessoas. Os
milagres não aconteciam só pela sua pregação, mas em alguns casos, por meio de
artigos pessoais, como o avental que ele usava na fábrica de tendas, ou o lenço
com que enxugava a testa.
Em um lugar
assim, existiam sempre impostores que ganhavam a vida com as superstições do
povo. Numa família judaica, sete irmãos, filhos do sacerdote Ceva, rebaixaram-
se a ponto de ganhar dinheiro, afirmando curar por meio de talismãs e fórmulas
mágicas. Certo dia, eles viram Paulo expulsar o espírito maligno de um homem e
aprenderam rapidamente as palavras usadas pelo apóstolo. Na primeira
oportunidade, tentaram imitá-lo.
"Esconjuro-vos
por JESUS, a quem Paulo prega" (At 19.13). Mas o poder de DEUS não estava
nas palavras deles e, em vez de ser liberto da possessão demoníaca, o
endemoninhado revidou: "Conheço a JESUS e bem sei quem é Paulo, mas vós,
quem sois?" (At 19.15). E com força sobrenatural, atirou-se sobre os sete
mágicos, rasgando-lhes as roupas, batendo e ferindo- os furiosamente.
As notícias
espalharam-se depressa. Muita gente presenciara o incidente e não mais
acreditava no poder dos mágicos. Muitos dos que haviam praticado artes mágicas
levaram seus livros de magia, amuletos e talismãs, e os queimaram em praça
pública. Aquela foi uma tremenda demonstração, pois os objetos queimados valiam
uma grande soma.
Agora que se
haviam tornado cristãos, DEUS enchera-lhes os corações com um novo poder. E
diante do poder divino, os truques de Satanás perderam o valor.
Os Ajudantes de
Paulo em Éfeso
A obra do
Senhor prosperou, e o testemunho da igreja de Éfeso tornou-se conhecido em toda
a Ásia. Timóteo chegou da Europa e juntou-se novamente a Paulo. Erasto, outro
crente, seguiu os passos de Timóteo e tornou-se um dos ajudantes de Paulo em
Éfeso. De fato, essa igreja veio a ser o centro da divulgação do Evangelho.
Existia uma via
direta de comércio entre Éfeso e Corinto, e os mercadores iam e vinham; os
crentes em JESUS também faziam freqüentes visitas às outras igrejas. Através de
um desses viajantes, ou talvez de Apoio, Paulo recebeu notícias perturbadoras
de Corinto. Muitos cristãos tinham voltado ao mundanismo da vida paga, e a
impureza penetrara na igreja, sendo aceita passivamente.
A Visita a
Corinto
Paulo decidiu
visitar pessoalmente os coríntios e corrigir o erro, antes que o nome do Senhor
fosse desonrado. Sua visita foi triste e penosa, pois ao chegar, descobriu que
as coisas eram ainda piores do que supunha. Sentiu-se humilhado ao ver que
tantos dos seus convertidos estavam vivendo em desacordo com a vida cristã.
A permanência
de Paulo foi breve, e ele usou cada momento para advertir os crentes de Corinto
contra toda forma de impureza. Lembrou-lhes que o propósito do batismo era
demonstrar que haviam morrido para o pecado e ressuscitado para uma vida de
justiça. Ameaçou-os com a exclusão da Igreja, se não deixassem de profaná-la.
Repreendeu-os como um pai; advertiu-os de que, se não melhorassem, retornaria e
não os pouparia. Como fizesse tudo com amor, doçura e humildade, logo após sua
partida para Éfeso, os coríntios interpretaram sua atitude como fraqueza,
achando que Paulo os temia. Continuaram no pecado, desafiando o Senhor e seu
apóstolo.
A Primeira
Epístola aos Coríntios
Pouco tempo
depois, Estéfanas, Fortunato e Acaico, três convertidos de Paulo, chegaram a
Éfeso com um relatório completo sobre a igreja de Corinto. As notícias eram
péssimas; o mundanismo crescera na igreja.
A seguir,
alguns membros da casa de Cloé, uma família cristã importante de Corinto,
chegaram a Éfeso com mais informações. Os crentes haviam-se dividido em quatro
partidos, conforme a preferência que cada um dava aos pregadores locais. Havia
muita contenda entre os grupos; a igreja inteira fervia de inquietação. A
imoralidade, tal como nos templos pagãos, era tolerada sem pudor. Era comum os
cristãos apresentarem queixas, uns contra os outros, nos tribunais seculares.
Até a Ceia do Senhor transformara-se em ocasião para excessos; havia bebedeira
e glutonaria.
Paulo escreveu
imediatamente uma carta severa aos coríntios, ordenando que se afastassem dos
desobedientes e os excluísse da comunhão. Essa carta, ou epístola, é conhecida
como Primeira aos Coríntios.
Então Paulo
esperou para ver como receberiam sua carta. Queria dar-lhes tempo para que se
arrependessem, antes de visitá-los uma terceira vez.
Paulo julgou
necessário enviar Timóteo e Erasto para verificar como iam as coisas. Mais
tarde, escreveu uma outra carta severa aos coríntios, censurando-lhes o
comportamento e corrigindo os males que enfraqueciam o testemunho cristão. Essa
carta (que não chegou até nós) foi levada por Tito,
O jovem que
anos antes o acompanhara a Jerusalém.
A indignação de
Paulo não era apenas pela desordem na igreja de Corinto; ouvira também que
muitas igrejas da Galácia estavam esquecendo as verdades simples do Evangelho,
e aderindo à ideia de que o caminho da salvação passava pela sinagoga e pela
lei de Moisés.
O Novo INIMIGO
Como se já não
houvesse problemas suficientes, um novo inimigo surgiu em Éfeso. O Evangelho
fora pregado eficazmente em todas as cidades e povoados perto de Éfeso, e houve
centenas de convertidos. Resultado: os artesãos que vendiam imagens de prata de
Diana começaram a sentir o declínio em seu comércio. Alarmados, fizeram uma
reunião. O principal orador, Demétrio, era ourives e comprava suas imagens dos
artífices. Em seu discurso, Demétrio explicou aos membros da corporação o
motivo do declínio nas vendas e instigou-lhes a ira, sugerindo que o próprio
templo corria perigo. Inflamados pelo discurso, os negociantes agarraram a Gaio
e a Aristarco, dois fiéis amigos de Paulo, e arrastaram-nos até o teatro ao ar
livre, considerado o maior do mundo.
Atraída pela
gritaria, uma grande multidão ajuntou-se. Sem nem saber o que estava
acontecendo, todos começaram a correr pelas ruas, gritando a plenos pulmões:
"Grande é a Diana dos efésios!" (At 19.28).
As ruas
encheram-se de gente que se dirigia apressada ao teatro, querendo saber o
porquê de tamanha excitação. Paulo escapou da multidão e, quando quis entrar no
teatro para juntar-se aos amigos, os discípulos o retiveram. Até alguns líderes
políticos da Ásia aconselharam-no a ficar longe dos ourives.
Engrossando a
multidão estavam alguns judeus que fariam tudo para silenciar a Paulo, a quem
consideravam um inimigo da sinagoga. Aproveitando-se do tumulto no teatro, um
deles, Alexandre, levantou a mão para ser ouvido. Sua intenção era pedir a
prisão de Paulo, esperando assim dar um golpe na Igreja. Mas quando o povo
reconheceu seus traços e vestimentas judias, não quis ouvi-lo. Em vez disso,
gritaram mais alto: "Grande é a Diana dos efésios! (At 19.34).
Alexandre
deu-se por feliz em ter a vida poupada; sem perda de tempo, misturou-se à
multidão.
O tumulto durou
cerca de duas horas. O poder de Diana fora posto em dúvida e os seus seguidores
estavam enfurecidos. Aquele episódio foi uma demonstração de como os efésios se
sentiam em relação à sua deusa e ao seu templo. Quando os gritos e vozes cessaram,
o escrivão da cidade apazigou-lhes a ira e mandou-os de volta para casa.
Varões efésios,
qual é o homem que não sabe que a cidade dos efésios é a guardadora do templo
da grande deusa Diana e da imagem que desceu de Júpiter? Ora, não podendo isso
ser contraditado, convém que vos aplaqueis e nada façais temerariamente. Porque
esses homens que aqui trouxestes nem são sacrílegos nem blasfemam da vossa
deusa. Mas, se Demétrio e os artífices que estão com ele têm alguma coisa
contra alguém, há audiências e há pro cônsules; que se acusem uns aos outros.
Mas, se alguma outra coisa demandais, averiguar-se-á em legítimo ajuntamento.
Na verdade, até corremos perigo de que, por hoje, sejamos acusados de sedição,
não havendo causa alguma com que possamos justificar esse concurso (At
1935-40).
Paulo Volta à
Macedônia
Naquela mesma
noite Paulo convocou a igreja e contou que iria à Macedônia. Enquanto a poeira
baixava, seria melhor para a igreja de Éfeso que ele não estivesse presente. O
apóstolo pregou seu sermão de despedida e, depois de abraçar cada irmão, seguiu
para o norte, pela estrada que levava a Trôade.
Paulo esperava
encontrar Tito ali, voltando da Grécia, talvez com notícias da igreja de
Corinto. Mas em Trôade, ficou desapontado: Tito não chegara. Esperou alguns
dias, e embora a população de Trôade lhe mostrasse sincera amizade, ele ansiava
por partir. A preocupação com a igreja de Corinto pesava-lhe grandemente, além
de que, pretendia visitar todas as igrejas da Macedônia. Com essa meta,
embarcou para a Macedônia e chegou a Filipos, onde podia contar com amigos
sinceros.
A casa de Lídia
recebeu-o cordialmente. Aquele dia foi gasto visitando cristãos que há muito
não via, mas que sempre tinham sido lembrados em suas orações. O encontro foi
uma alegria a Paulo e a seus filhos na fé. O carcereiro e sua família
continuavam firmes em CRISTO. Também se encontrou novamente com Timóteo e soube
do seu sucesso na pregação do Evangelho.
Mas os cristãos
coríntios não lhe saíam da mente, e embora apreciasse a estada entre os
filipenses, ficou inquieto até que Tito chegou de Corinto trazendo boas
notícias. A carta enviada por Paulo, juntamente com o ministério de Tito, havia
transformado a situação. Os coríntios castigaram o pecador que estava vivendo
em cabal contradição aos mandamentos do Senhor, e purificaram suas vidas dos
pecados específicos que Paulo lhes apontara. Até a divisão da igreja tinha
melhorado; em vez de quatro partidos havia agora só dois - os que eram a favor
de Paulo e os que eram contra. Os inimigos do apóstolo duvidavam de seu
apostolado e até criticavam-lhe as palavras e aparência pessoal. Os amigos,
porém, tinham sido despertados e, genuinamente, se arrependido.
A Segunda
Epístola aos Coríntios
Incomodado com
o relatório trazido por Tito, o apóstolo Paulo escreveu a mais pessoal de todas
as suas cartas - a Segunda Epístola aos Coríntios. Nela, demonstrou toda a sua
preocupação com aqueles crentes. Para eliminar a dúvida que eles tinham sobre o
seu apostolado, repetiu-lhes grande parte de suas experiências, pensamentos,
temores e vida particular. Tinha muito a dizer sobre seus sofrimentos e empenho
na causa de CRISTO. Contou de suas várias prisões; das cinco ocasiões em que
foi publicamente açoitado; e dos três naufrágios que sofrerá, ficando certa vez
na água durante 24 horas.
Essa carta é,
em certo sentido, uma autobiografia de Paulo e uma firme defesa do seu
ministério e convocação superiores. Ele escreveu:
Recebi dos
judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com
varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia
passei no abismo; Em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de
salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos
na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos
irmãos. Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em
jejum, muitas vezes, em frio e nudez (2 Co 11.2427).
Esta Carta aos
Coríntios foi uma mescla de louvor e condenação -louvor aos fiéis e condenação
aos rebeldes.
Paulo,
Missionário em Terras Estrangeiras
Tito
ofereceu-se para voltar com a carta. Lucas, o médico amado, acompanhou-o na
viagem. Mas Paulo permaneceu em Filipos, fazendo dessa cidade o centro de suas
viagens por toda a província. Aonde quer que fosse, exortava os cristãos a uma
vida diferente dos moldes do mundo. Viajou pelas montanhas, a oeste de Filipos,
pregando o Evangelho em aldeias e cidades onde CRISTO nunca havia sido
proclamado. Paulo havia dito que nunca desejara construir sobre os alicerces
lançados por outro; portanto, procurou visitar os lugares onde o Evangelho era
desconhecido. Ele foi verdadeiramente um missionário em terras estrangeiras;
fazia um trabalho pioneiro e, aonde quer que fosse, o Senhor o acompanhava,
operando sinais e prodígios, e atraindo a si tanto gregos como judeus.
Indo de cidade
em cidade, Paulo percebeu a terrível condição das pessoas afastadas de DEUS.
Embora habitassem em lindas cidades, com templos cuja glória maravilhava o
mundo, viviam nas trevas. Desde essa época, Paulo já pensava em visitar Roma;
planejava pregar o Evangelho no coração do Império Romano e, talvez, prosseguir
até a Espanha. Depois de algumas semanas na Macedônia, ele foi para o sul, à
Acaia. Queria verificar pessoalmente o estado da igreja de Corinto. Essa igreja
precisava novamente dele, e além disso, como Corinto fosse a capital da Acaia,
poderia fazer dela a sua base para pregar nas cidades vizinhas. Permaneceu ali
três meses trabalhando com Tito, que se apegara aos cristãos coríntios e vinha
demonstrando ser um ministro verdadeiramente sábio, capaz de lidar com
situações difíceis.
Durante esse
período, Paulo encontrou tempo para visitar todos os crentes e conversar
pessoalmente com eles, fortalecendo-os na fé e advertindo-os contra os falsos
mestres. Assim, passou-se o inverno.
A Epístola aos
romanos
Paulo escreveu
a carta à igreja de Roma exatamente durante esse inverno. Ele nunca visitara os
crentes romanos, mas o desejo de fazê-lo crescia-lhe na alma. Roma era a maior
cidade do mundo, e pregar a mensagem da salvação aos seus habitantes seria de
fato um privilégio. Ele também já tinha vários amigos ali, pois a essa altura,
crentes de todas as cidades que visitara haviam se estabelecido em Roma.
Paulo já era
cristão há mais de 24 anos. Durante esse tempo, passara por muitas experiências
e grandes decepções. Sua mente, porém, abrira-se para JESUS como uma flor se
abre ao sol. Amadurecera na vida cristã, e o Evangelho de CRISTO era-lhe, mais
que nunca, uma preciosa realidade.
Em sua carta,
Paulo decidiu proclamar o Evangelho em sua plenitude. Suas palavras, ditadas a
Tércio, visavam convencer os romanos de que todos, gentios ou judeus,
precisavam da salvação provida por DEUS em seu Único Filho. DEUS a oferecia
como um dom; bastava ao homem recebê-la de graça. Homem algum pode, por esforço
próprio, ser reto e aceitável a DEUS.
"Não há um
justo, nem um sequer" (Rm 3.10).
Nem mesmo
guardando a Lei o indivíduo pode ser justo. A Lei foi dada para provar que o
mundo todo é culpado diante de DEUS. Pelas obras da Lei ninguém pode ser
justificado (Rm 3.20). A retidão de DEUS é revelada em JESUS CRISTO, e pela Sua
graça todos podem crer. Somos justificados pela fé no que DEUS fez por nós, e
não pelas boas obras que possamos fazer (Rm 3.28).
A maior carta
de Paulo continuou sendo escrita dia a dia, estabelecendo as verdades
fundamentais da fé cristã. Assim, quando os falsos mestres chegassem a Roma - o
que sem dúvida aconteceria - os crentes de lá estariam fortalecidos. Paulo
preocupava-se com os romanos, embora nunca os tivesse visto pessoalmente.
Dos altos cumes
das doutrinas superiores, Paulo desceu às campinas da vida prática e rotineira,
e conversou com eles sobre o viver diário, o pagamento de impostos e seu
relacionamento com as autoridades. Terminou a carta com saudações pessoais a
vários homens e mulheres em Roma, a quem citou pelo nome. Depois de colocado o
selo, o rolo foi embrulhado numa proteção de pano e entregue a Febe, uma mulher
de Cencréia, porto de Corinto, que viajava a Roma para negócios.
A Decisão de
Paulo de Voltar para Casa
Passados três
meses, Paulo resolveu embarcar para a Síria. Seus inimigos não ousaram
perturbá-lo enquanto se achava em Corinto, mas ao tomarem conhecimento da sua
ida a Cencréia, conspiraram para matá-lo. Longe da igreja onde os amigos o
defendiam, certamente conseguiriam seu intento. O plano ardiloso, porém,
falhou. Um amigo inteirado do segredo avisou imediatamente a Paulo, que mudou o
itinerário. Enquanto os inimigos vigiavam a estrada litorânea, ele seguiu por
terra para a Macedônia.
Quando Paulo
chegou a Filipos, Lucas juntou-se ele. O médico permaneceria na companhia do
apóstolo até o dia da sua morte, participando de todas as suas aventuras e
registrando cada uma delas no livro de Atos.
Sete homens,
escolhidos em diferentes cidades, propuseram-se a acompanhar Paulo na sua
viagem de volta a casa. Cada um levava uma oferta especial, que lhes fora
confiada pelas diversas igrejas, e destinada aos irmãos carentes de Jerusalém.
O próprio Paulo levava a oferta de Corinto. Esses sete homens foram enviados na
frente, de navio, para Trôade, enquanto Paulo e Lucas permaneceram em Filipos
para a Festa dos Pães Asmos. Essa festa era a mais importante para Paulo e para
todo cristão, pois marcava o dia em que o Salvador ressuscitara dentre os
mortos.
Cinco dias mais
tarde, eles chegaram a Trôade e reuniram-se aos sete homens que os esperavam.
Esses irmãos não haviam ficado ociosos. Tinham procurado todos os cristãos da
cidade e lhes contado que o grande apóstolo estava vindo visitá-los.
Na chegada de
Paulo, os crentes reuniram-se para celebrar a Ceia do Senhor e ouvir a doutrina
cristã. O coração de Paulo pulava de alegria quando se levantou para falar.
Veio-lhe à mente a noite em que recebera, naquela cidade, a visão da Macedônia,
e como, em sua pressa de partir, ofendera os irmãos; mais recentemente, em sua
ânsia e temor pelos coríntios, tornara a partir às pressas, apesar das súplicas
da igreja para que ficasse.
O SERMÃO EM
TRÔADE
Paulo fez novos
planos, devendo viajar no barco que partiria no dia seguinte. Como dizer tudo o
que pretendia àquelas pessoas tão queridas, numa só noite? Ele as exortou
durante muitas horas, pregando com a alma; respondeu-lhes as perguntas e
fortaleceu-as na fé. O ambiente, no terceiro andar, estava superlotado e
aquecido pelas muitas lâmpadas acesas. Pretendendo enxergar melhor por cima da
multidão, um jovem chamado Êutico subiu numa janela e sentou-se ali. Paulo
continuava pregando. De repente, um grito aterrador seguido de um ruído surdo
interrompeu abruptamente o sermão. Êutico adormecera e, perdendo o equilíbrio,
despencara lá de cima.
A confusão
reinou no aposento; ao olharem pela janela, as pessoas viram o corpo sem vida
caído na rua. Todos correram para lá. Lucas, o médico, foi sem dúvida o
primeiro a chegar. Talvez tenha olhado para a forma imóvel e encolhido os
ombros, como se dissesse: "Não adianta, está morto".
Paulo abriu
caminho entre o povo. Como o profeta Elias, estendeu seu corpo sobre o do jovem
e abraçou-o, orando a DEUS para que tudo acabasse bem. A seguir, levantando-se,
disse aos espectadores abalados: "Não vos perturbeis, que a sua alma nele
está" (At 20.10).
Enquanto
observavam, a cor voltou às faces pálidas de Êutico. Paulo entregou-o aos seus
entes queridos, e subiu novamente ao cenáculo, onde os fiéis, cheios de
gratidão, reuniram- se para ouvir mais.
Quando o alvor
da manhã banhou a grande planície a leste de Trôade, Paulo ainda pregava. E os
crentes ouviam! Essa era a sua grande oportunidade e eles não perderam uma só
palavra. Mas, com a chegada do dia, os homens tinham de voltar ao trabalho; e
Lucas e os sete cristãos fiéis precisavam chegar cedo ao navio.
A Viagem a
Jerusalém
Paulo,
entretanto, planejava seguir a pé para Assôs, distante cerca de 32 quilômetros,
e tomar ali o mesmo navio. Ele precisava desse passeio para ficar a sós com os
seus pensamentos e tomar algumas decisões. Não se sentia muito feliz com seu
retorno a Jerusalém. Seu espírito não se sentia livre a respeito; havia
premonições de problemas. Paulo nunca se sentiu bem- vindo em Jerusalém, nem
mesmo na igreja cristã. Seu trabalho era definitivamente entre os gentios.
Portanto, seu espírito achava-se turbado. Mas não era covarde, e se tivesse de
ser preso em Jerusalém, essa não seria a sua primeira prisão. O Senhor não
estivera com ele na cadeia? Decidiu então, naquela caminhada solitária, que
voltaria sem se importar com o que o aguardasse. Seus amigos nas igrejas que
deixara talvez estivessem enganados quando o aconselharam a afastar-se de
Jerusalém. Mas o aviso fora tão insistentemente repetido que não podia deixar
de preocupá-lo. Ele ficou imaginando se estava, quem sabe, negligenciando a voz
do ESPÍRITO de DEUS.
Em Assôs tomou
o navio que, depois de carregado, rumou para a ilha de Lesbos, impelido pelo
vento norte.
Navegaram todo
o dia seguinte entre as ilhas do mar Egeu, passando por Quios e, mais tarde,
pela grande baía onde fora construída a cidade de Éfeso. O comandante do navio
não tinha de aportar em Éfeso, mas o teria feito se Paulo lho pedisse. Este, no
entanto, estava ansioso por chegar a Jerusalém a tempo para a Festa de
Pentecostes, e insistiu com o comandante que não se detivesse na cidade.
Pregando aos
Amados Efésios
Em Mileto, a
cerca de quarenta quilômetros ao sul de Éfeso, o navio ficou mais tempo
ancorado. Descarregaram ali diversas mercadorias e receberam novas cargas para
o restante da viagem. Paulo enviou uma mensagem aos seus amigos de Éfeso,
contando que estava em Mileto e queria vê-los. A sensação de que esse seria seu
último encontro com eles cresceu-lhe no íntimo. Não tinha sido avisado de que
algemas o esperavam em Jerusalém? Pois então era melhor aproveitar cada
oportunidade.
Os cristãos
foram-lhe imediatamente ao encontro, especialmente os presbíteros da igreja,
pois lembravam-se dos três anos que Paulo passara com eles, e amavam-no mais
que a todos os outros. O encontro foi alegre, mas tenso; todos sentiam que era
uma despedida final. As últimas palavras são sempre cheias de solenidade e
importância, e Paulo conversou como alguém que amadurecera na fé. Insistiu para
que se mantivessem firmes e se fortalecessem, não importando o que lhes
sobreviesse no futuro.
Com grande
eloquência, recapitulou seus três anos com eles, lembrando os dias de sol e de
sombras:
E agora, na
verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o reino de DEUS, não
vereis mais o meu rosto. Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo
do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de
DEUS. Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o ESPÍRITO SANTO vos
constituiu bispos, para apascentardes a igreja de DEUS, que ele resgatou com
seu próprio sangue. Porque eu sei isto: que, depois de minha partida, entrarão
no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão o rebanho. E que dentre vós
mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os
discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos,
não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós. Agora,
pois, irmãos, encomendo-vos a DEUS e à palavra da sua graça; a Ele que é
poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados (At
20.25-32).
Sua voz
interrompeu-se e sua cabeça grisalha pendeu. O silêncio era total. Ninguém
sentiu vontade de abrir a boca e parecia que a única coisa a fazer era orar.
Paulo mencionou cada presbítero pelo nome, pedindo que o Salvador o mantivesse
leal, sincero e forte no dia da tentação. Quando se levantaram, todos tinham
lágrimas nos olhos. Eles estavam vendo, pela última vez, o grande guerreiro que
os guiara bravamente na batalha. Como a mãe-pássaro desfaz o ninho, Paulo
estava agora entregando-lhes toda a responsabilidade, deixando-os por conta
própria. Com os corações entristecidos, eles o acompanharam até o navio e
observaram até que o barco desaparecesse de vista.
A Visita a Tiro
Dois dias mais
tarde, depois de costear a ilha de Cós e aportar em Rodes, os nove viajantes
foram até Pátara na Lícia. Aquele era o último porto em que o navio ancoraria.
Porém tiveram sorte, e logo encontraram outra embarcação de partida para a
Síria. Com um vento favorável, encaminharam-se para o alto mar, em direção à
grande cidade de Tiro. Essa era uma cidade gentia, e como sempre houvesse um
local onde os cristãos se reunissem, Paulo e seus amigos procuraram por ele.
Durante sete dias estiveram com os irmãos de Tiro, pregando o reino de DEUS e
encorajando-os com as histórias do que DEUS fizera em cidades distantes.
Foi ali que
Paulo recebeu um aviso de certos discípulos de que o perigo o aguardava em
Jerusalém. Isso confirmou-lhe os sentimentos, mas não lhe abalou o propósito.
Muitas eram as razões que o levavam a Jerusalém. Tinha um grande relatório para
apresentar aos discípulos sobre a divulgação do Evangelho. Além disso, levava
dinheiro para os santos da cidade, o presente da igreja de Corinto, e queria
entregá-lo pessoalmente.
Quando a semana
passou e o navio já estava prestes a partir, Paulo e seus amigos suspiraram
aliviados por terem chegado à última etapa da viagem. Em Ptolemaida, deixaram o
navio que prosseguiu em sua rota. Como ainda faltassem quatorze dias para a
grande festa em Jerusalém, passaram um dia com os cristãos nesse porto.
A Profecia de
Ágabo
Depois de
saudarem os irmãos, eles seguiram para Cesaréia pela estrada costeira. Paulo
visitara frequentemente o lugar, por isso sentia-se em casa. O evangelista
Filipe morava ali, e Paulo estava certo de que seriam bem recebidos.
Durante a sua
estada com Filipe, o profeta Ágabo - o mesmo que previra a grande fome nos dias
do imperador Cláudio - chegou da Judéia. Ágabo conhecia a família de Filipe. As
quatro filhas do evangelista eram conhecidas por terem o dom da profecia, e ele
foi procurá-los.
Ao chegar à
casa em que Paulo se hospedava, Ágabo reconheceu o apóstolo e, conhecedor do
sentimento que havia em Jerusalém contra ele, aconselhou-o a não ir para lá.
Como faziam os profetas do Antigo Testamento, Ágabo ilustrou sua advertência:
tomando o cinto de Paulo, abaixou-se e amarrou com ele os próprios pés e mãos.
Enquanto os presentes o observavam em silêncio, ele profetizou: "Isto diz
o ESPÍRITO SANTO: Assim ligarão os judeus em Jerusalém, o varão de quem é essa
cinta e o entregarão nas mãos dos gentios" (At 21.11).
O grupo
inteiro, inclusive Timóteo e Lucas, rogou a Paulo que desistisse dos planos de
ir a Jerusalém. Com lágrimas nos olhos, suplicaram; mas suas palavras eram como
ondas batendo num penhasco. Paulo estava decidido. As palavras dos amigos o
entristeceram; seus protestos eram bem-intencionados e pretendiam poupá-lo de
danos físicos, mas não era isso o que ele temia. Já enfrentara tais coisas
antes, e o Senhor o livrara. Disse-lhes então: "Que fazeis vós, chorando e
magoando-me o coração? Porque estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a
morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor JESUS" (21.13).
Em face de tal
determinação, eles aquiesceram: "Faça-se a vontade do Senhor!"
(21.14).
Embora soubesse
dos perigos que o aguardavam, Paulo reuniu seus pertences e seguiu para
Jerusalém. Vários cristãos de Cesaréia acompanharam-no; entre eles, Mnasom, um
dos primeiros convertidos. Mnasom tinha uma casa em Jerusalém, e Paulo poderia
hospedar-se nela, ficando a salvo do perigo.
A ÚLTIMA VISITA
A JERUSALÉM
Jerusalém
preparava-se para o Dia de Pentecostes; já estava cheia de judeus provenientes
de todo o império. Paulo e seus amigos abrigaram-se na casa de Mnasom. Era uma
residência senhorial, rodeada por um muro alto, e os cristãos que gozavam da
hospitalidade do seu proprietário tinham todo conforto.
Na casa de
Maria, Paulo encontrou alguns dos líderes da igreja. Tiago, o irmão de JESUS,
era um deles. Ele havia envelhecido e seu cabelo branco e encaracolado
chegava-lhe aos ombros, à moda nazarena. Paulo saudou a igreja, e contou-lhe a
história da sua terceira viagem. Ele atravessara os Portões da Cilícia para a
Galácia, e depois de visitar todas as igrejas dali, fora para Éfeso, onde
permanecera três anos. Viajara depois para a Europa e pregara aos santos de
Filipos, testemunhando de CRISTO nas regiões interioranas do Ilírico. Chegara
finalmente a Corinto, e iniciara uma campanha que o levou a muitas outras
cidades da Grécia. A história de quatro anos de trabalho foi apresentada em
rápidas pinceladas.
Os crentes de
Jerusalém ficaram também conhecendo a igreja rebelde de Corinto, e como esta se
arrependera e afastara-se do mal. A seguir, como se para confirmar suas
palavras, Paulo apresentou um saco pesado de dinheiro, dizendo ser uma
contribuição dos coríntios à igreja-mãe. Aquela oferta era um socorro aos
irmãos reduzidos à pobreza por causa da fé em CRISTO.
Presentes à
Igreja-mãe
Quando Paulo
entregou o presente, seus companheiros de viagem que tinham vindo com o mesmo
propósito também entregaram os seus. Lucas, de Filipos; Timóteo, de Listra;
Sópatro, de Beréia; Aristarco e Segundo, de Tessalônica; Gaio, de Derbe;
Tíquico e Trófimo, de Éfeso - todos eles cristãos de cidades distantes e frutos
do ministério de Paulo - trouxeram sacolas pesadas de dinheiro e entregaram-nas
aos irmãos, para que socorressem os santos da Judéia.
O relatório de
Paulo foi grandioso. Contudo, enquanto dava as informações, pôde sentir a
estreiteza mental dos crentes de Jerusalém. É claro que todos louvaram a DEUS
pelo maravilhoso crescimento do reino e por todo gentio que se juntara a eles.
No entanto, Paulo sentia que nem todos eram como os crentes de Antioquia. Até
mesmo a gloriosa história de heroísmo que contara foi recebida com certa
desconfiança.
Como líder do
grupo, Tiago levantou-se para receber os presentes e agradecer por eles. Tiago
sempre fora um tanto formal, e Paulo e seus amigos notaram isso naquele
momento. Paulo percebeu também que os presbíteros de Jerusalém haviam discutido
sobre ele, e não estavam ainda convencidos de que sua posição fora determinada
por DEUS. Histórias sobre a pregação de Paulo haviam chegado a Jerusalém, e os
presbíteros estavam contrafeitos com o que ouviram. Quando Paulo falou-lhes do
trabalho entre os gentios, dizendo que diante de DEUS não havia diferença, e
que o gentio cristão fazia parte da Igreja da mesma forma que o judeu cristão,
as suspeitas deles foram confirmadas.
O sentimento do
grupo aflorou quando Tiago, o porta-voz, expôs:
Bem vês, irmão,
quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da lei. E já
acerca de ti foram informados que ensinas todos os judeus que estão entre os
gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar os filhos,
nem andar segundo o costume da lei. Que faremos pois? em todo o caso é
necessário que a multidão se ajunte; porque terão ouvido que já és vindo. Faze,
pois, isto que te dizemos:
Temos quatro
varões que fizeram voto. Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze
por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há
daquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas
guardando a lei (At 21.20-24).
Paulo ouviu o
conselho e o analisou. Como ansiasse por unir os partidos contrários, dispôs-se
a ceder nos detalhes de pouca importância. Costumava explicar que estava
preparado para ser tudo para com todos os homens, a fim de ganhar alguns. Essa
era a sua oportunidade de promover a paz. Se aquilo era importante para o seu
testemunho entre os judeus, ele podia atender ao pedido sem qualquer dano
pessoal.
O apóstolo
aceitou a sugestão na esperança de conseguir que houvesse paz entre os dois
partidos. Levando os quatro homens ao Templo, anunciou que estavam prestes a
começar os sete dias de purificação, e pagou, para cada um, dois carneiros, uma
ovelha, um cesto de bolos sem fermento e uma medida de vinho.
Rebelião no
Templo
Um grupo de
judeus da Ásia Menor reuniu-se no Templo para ouvir um rabino discursando sobre
a Lei. De repente, um deles puxou a roupa do amigo, e perguntou: Aquele não é
Paulo, o líder cristão? O que faz ele no Templo?
O pequeno grupo
virou-se rapidamente para identificar o homem a quem se haviam oposto tão
amargamente quando pregara CRISTO na sua sinagoga. Lembravam-se muito bem de
que a pregação dele havia perturbado a sinagoga e dividido as famílias judias.
Ele falara contra a adoração nacional e os costumes judaicos. Sim, esse era o
mesmo homem que havia expulsado da cidade, e aqui estava ele de volta ao
Templo.
Alguém se
lembrou de tê-lo visto antes com Trófimo, o efésio, e em breve todos o culpavam
de haver profanado o santuário, ao introduzir nele um gentio. Correndo em
direção a Paulo, gritaram:
Israelitas,
acudi! Esse é o homem que por todas as partes ensina a todos, contra o povo e
contra a lei, e contra esse lugar; e demais disto, introduziu também no templo
os gregos, e profanou esse santo lugar (At 21.28).
Já agora, havia
gente afluindo de todas as direções. A multidão ajuntou-se e os boatos corriam
livremente. Fora dos muros do Templo, espalharam-se as notícias de que um
traidor de Israel havia sido apanhado e seria morto. As ruas ficaram cheias de
pessoas que corriam ao Templo, querendo presenciar os acontecimentos.
No Templo, a
plebe amotinada agarrara a Paulo e, batendo nele com varas e socos, arrastara-o
para a rua, onde preparava-se para matá-lo.
O socorro,
porém, estava próximo. As tropas romanas que vigiavam a cidade durante as
festas religiosas logo notaram a comoção diante do Templo. O comandante Lísias
não perdeu tempo. Com uma companhia de soldados, apressou-se para o lugar onde
o povo espancava a Paulo. Com a chegada dos soldados romanos, a multidão
afastou-se.
A Defesa de
Paulo
Ao ver que
Paulo era o centro de toda a confusão, o comandante romano supôs que fosse um
criminoso e ordenou que o acorrentassem. A seguir, perguntou à multidão-.
"Quem é esse homem e que mal ele fez?"
Um rugido
brotou da garganta de milhares de judeus, e na confusão Lísia nada conseguia
entender. Ele detestava aqueles judeus rebeldes e suas escaramuças religiosas.
Pareciam ser o único povo conquistado do império que precisava ficar sob
constante observação, pois em cada festa religiosa colocavam em risco a paz
romana. Agora, em meio à confusão daquela cena, cada um gritava uma coisa.
Não conseguindo
entender aqueles gritos selvagens, Lísias fez um gesto impaciente, dando um
sinal aos seus homens. Imediatamente eles cercaram a Paulo e recolheram-no à
fortaleza. O povo mostrou-se desafiador; os gritos e caçoadas aumentaram. Os
amotinados aproximaram-se tanto do prisioneiro que os soldados tiveram de
levantá-lo e literalmente carregá-lo. Pelas vozes e atitude do povo, Lísias
julgou ter capturado o agitador egípcio que, dias antes, havia reunido uma
multidão no Monte das Oliveiras e ameaçado derrubar os muros de Jerusalém.
Ao chegarem aos
degraus, tendo deixado a multidão enfurecida lá embaixo, Paulo voltou-se
respeitosamente ao seu captor e indagou em grego: "É-me permitido dizer-te
alguma coisa?" (At 21.37).
Lísias ficou
espantado ao ver o cativo "egípcio" dirigir-se a ele no idioma grego.
Paulo explicou:
"Na verdade que sou um homem judeu, cidadão de Tarso, cidade não pouco
célebre na Cilícia; rogo-te, porém, que me permitas falar ao povo" (At
21.39).
Lísias ficou
impressionado ao ver a calma de Paulo diante do perigo e, com evidente
admiração, permitiu que falasse. Enquanto os soldados guardavam os degraus,
Paulo levantou a mão à multidão zangada, como sinal de que queria dirigir-lhe a
palavra. Sua coragem fez com que se dispusessem a ouvi-lo. Na sua própria
língua, Paulo começou o discurso.
Abaixo dele
havia um mar de rostos fechados. Aqui, um fariseu com seu manto branco; ali, um
rabino em trajes talares; e por toda parte, olhos ardendo de ódio.
Suas palavras
foram diferentes das usuais, pois aquela gente não estava disposta a ouvir
sermões.
Varões, irmãos
e pais, ouvi agora a minha defesa perante vós (At 22.1).
O povo vibrou.
Aquela era a sua amada língua hebraica.
Quanto a mim,
sou varão judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade aos pés
de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zeloso de
DEUS, como todos vós hoje sois (At 22.3).
Paulo aprendera
que, como orador, devia prender a atenção da plateia dizendo-lhe as coisas que
esta gostava de ouvir.
Persegui este
Caminho até à morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como
mulheres. Como também o sumo sacerdote me é testemunha, e todo o conselho dos
anciãos; e, recebendo destes cartas para os irmãos, fui a Damasco, para trazer
manietados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que fossem
castigados (At 22.4,5).
A seguir,
contou-lhes a respeito da luz que brilhara sobre ele ao entrar na cidade de
Damasco, e da voz e aparição do Senhor. Falou igualmente de Ananias, da
recuperação da sua vista e da comissão divina para ir e pregar CRISTO ao mundo.
Devido à sua súbita transformação de perseguidor em discípulo, os judeus de
Jerusalém haviam se recusado a ouvi-lo. Certo dia, enquanto estava no Templo,
caíra em transe. Ouvira a voz do Senhor, ordenando que deixasse Jerusalém e
fosse pregar aos gentios.
A multidão
ouviu em silêncio até esse ponto, mas quando o nome gentio - termo tão odiado -
foi dito, sentiu-se ferida em seu orgulho religioso. Cheios de raiva,
recomeçaram a gritar. O ruído transformou-se subitamente num clamor enfurecido:
"Tira da terra um tal homem, porque não convém que viva" (At 22.22).
Despindo-se,
lançaram pó ao ar. Era a expressão evidente do seu desagrado, pedindo a morte
de Paulo.
Lísias não pôde
entender a defesa de Paulo, porque não conhecia o idioma hebraico. Ao ver que o
povo redobrava a fúria, mandou que o apóstolo fosse recolhido à segurança da
fortaleza. Depois ordenou aos soldados que o açoitassem e obtivessem a verdade
mediante tortura. Quando estavam atando Paulo com as correias, este perguntou
ao oficial encarregado: "É-vos lícito açoitar um romano, sem ser
condenado?" (At 22.25).
Surpreso com a
pergunta, o oficial ordenou aos soldados que interrompessem o castigo, e foi
procurar Lísias. Repetindo as palavras de Paulo ao comandante, aconselhou-o:
"Vê o que vais fazer, porque esse homem é romano" (At 22.26).
Lísias foi com
o homem até ó poste, aonde Paulo estava acorrentado e com as costas nuas.
"Dize-me, és tu romano?" (At 22.27).
Quando Paulo
afirmou que sim, Lísias mandou que o desamarrassem. Ele quase cometera um
grande erro.
Voltou-se então
a Paulo e disse: "Eu, com grande soma de dinheiro alcancei o direito de
cidadão".
Ao que Paulo
replicou: "Mas eu sou-o de nascimento" (At 22.28).
Os soldados
receberam ordens para devolver as roupas de Paulo e ajudá-lo a vestir-se. O
apóstolo foi então levado a uma cela de pedra, da qual esperava ser libertado
no dia seguinte. Mas, ele passara pela porta de uma prisão romana, e em certo
sentido, jamais seria verdadeiramente livre outra vez.
Paulo Diante do
Sinédrio
Em vez de
solto, Paulo foi levado por uma tropa de soldados ao grande salão do Templo.
Suas correntes haviam sido removidas e ele encontrou-se face a face com o
Sinédrio. O grupo imponente fora convocado por Lísias; ele queria ouvir as
acusações dos judeus para chegar a uma decisão sobre o prisioneiro. Ao entrar
no pátio exterior do Templo, Paulo sentou- se entre os guardas, no mesmo salão
onde ele próprio estivera tantas vezes como acusador, opinando contra os
discípulos de JESUS.
Examinando os
homens do conselho, Paulo sabia que alguns deles haviam estado presentes, um
quarto de século antes, num falso julgamento, quando JESUS encontrava-se
naquele mesmo lugar.
Da última vez
em que Paulo estivera naquele grupo do conselho, seu coração ardia de ódio. Ele
costumava assistir a todas as reuniões do Sinédrio e votar contra os cristãos.
Mas agora, era diferente. Seu coração estava cheio da paz de DEUS, e seu desejo
era falar de um modo que testemunhasse eficazmente de seu Salvador.
Lísias deu-lhe
permissão. Com a habilidade de um grande orador, Paulo começou seu discurso.
Varões irmãos,
até ao dia de hoje tenho andado diante de DEUS com toda a boa consciência (At
23.1).
Os membros do
Sinédrio tinham certeza de que isso era mentira. Consideravam-no um traidor da
sua causa e aquela declaração os espantou. Ananias, o sumo sacerdote,
exaltou-se: "Guardas, batam-lhe na boca!"
Paulo ficou
irado com essa ordem maldosa e, voltando os olhos míopes ao sumo sacerdote,
replicou:
"DEUS te
ferirá, parede branqueada; tu estás aqui assentado para julgar-me conforme a
lei, e contra a lei me mandas ferir?" (At 23.3).
Muitas vozes
elevaram-se e alguém gritou: "Injurias o sumo sacerdote de DEUS?" (At
23.4).
Houve,
imediatamente, uma acusação formal contra Paulo. Este compreendeu que cometera
um erro e desculpou-se na mesma hora: "Não sabia, irmãos, que era o sumo
sacerdote; porque está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo" (At
23.5).
Paulo continuou
seu discurso e, sabendo que o conselho era formado por fariseus e saduceus,
gritou: "Varões irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseu! No tocante à
esperança e ressurreição dos mortos sou julgado!" (At 23.6).
Tinha certeza
de que essas palavras dividiriam o Sinédrio. Desde que os fariseus criam na
ressurreição dos mortos, e os saduceus a negavam, surgiu uma grande
controvérsia no conselho. De pé, com o dedo em riste, homens de ambos os
partidos trocavam palavras contundentes. Por fim, os fariseus lembraram-se da
recomendação de Gamaliel, de que se um espírito ou anjo falara realmente a
Paulo, eles não estavam em posição de lutar contra DEUS.
Portanto,
esquecendo suas reclamações contra o apóstolo, admitiram: "Nenhum mal
achamos nesse homem" (At 23.9).
Os saduceus,
porém, não aceitaram essa decisão e o tumulto aumentou. Desgostoso, Lísias
observava-os. Que cena típica das contendas religiosas judias! Gritos e
maldições eram atirados de um partido contra o outro, enquanto cada um
reivindicava o direito de decisão a respeito de Paulo. Alguns tentaram pôr as
mãos sobre o apóstolo e arrastá-lo à morte, mas os soldados armados, a uma
ordem do comandante, rodearam Paulo e livraram-no de ser feito em pedaços.
Lísias ordenou rapidamente que os guardas reconduzissem o apóstolo à fortaleza.
A Visão Noturna
de Paulo
Naquela noite,
deitado na cama de palha, Paulo tentava dormir, mas estava apreensivo e
inquieto. Na sua agonia, viu o Senhor de pé ao seu lado, encorajando-o:
"Tem ânimo; porque, como de mim testificaste em Jerusalém, assim importa
que testifiques também em Roma" (At 23.11).
O espírito de
Paulo reanimou-se; ele sentiu-se confortado. Não sabia como esta promessa se
cumpriria, mas bastava que DEUS o soubesse. Paulo ficou feliz. O anseio do seu
coração seria respondido. DEUS não terminara ainda seu propósito com ele.
Antes que
findasse o dia seguinte, um jovem entrou na fortaleza pedindo para ver o
prisioneiro. Afirmou ser um parente, e deixaram-no entrar. Ao vê-lo, Paulo
reconheceu o filho de sua irmã. Na juventude de Paulo, em Tarso, sua irmã
casara-se com um habitante de Jerusalém e fora viver nessa cidade, criando uma
família leal à sinagoga.
O Aviso
- Tio Paulo -
segredou o rapaz -, vim avisar o senhor de que há uma conspiração entre os
judeus para matá-lo. Mais de quarenta deles fizeram um juramento de que não vão
comer nem beber até que o liquidem. Amanhã, os principais sacerdotes vão pedir
a Lísias que o leve novamente diante do Sinédrio, alegando que querem lhe fazer
certas perguntas. Mas o grupo de quarenta ficará à espreita e, no momento em
que os guardas o entregarem às autoridades do Templo, eles o atacarão e o
matarão.
Paulo estava
acorrentado ao guarda, mas pediu ao centurião que levasse seu sobrinho até
Lísias e o avisasse da conspiração. O comandante ouviu cada palavra e fez o
jovem prometer que manteria sigilo sobre o assunto.
Lísias
compreendeu, porém, que a única maneira de manter a paz era fazendo Paulo sair
de Jerusalém. Um plano formava-se em sua mente. Ele enviaria o prisioneiro a
Félix, o governador de Cesaréia. Esta cidade era a capital romana da Judéia, e
o perigo de rebelião seria menor numa cidade distante, com uma guarnição romana
maior. Depois de fazer planos para escapulir com Paulo naquela mesma noite, ele
sorriu ao pensar no desgosto dos judeus, quando descobrissem que o preso se
fora. Riu também quando lembrou que os quarenta teriam de quebrar a promessa de
jejum ou morrer de fome.
Naquela noite,
uma escolta de duzentos soldados, sob o comando de dois centuriões, juntamente
com setenta cavaleiros e duzentos lanceiros, dirigiu-se para Cesaréia com o
prisioneiro. O grupo era grande porque Lísias temia um levante dos judeus. Além
disso, a guarnição de Jerusalém fora aumentada durante a Festa do Pentecostes,
mas agora que essa terminara e os peregrinos já haviam retomado às suas casas,
muitos dos soldados iam ser deslocados aos seus postos anteriores.
Em Antipatris,
os soldados de infantaria deixaram Paulo aos cuidados dos cavalarianos, certos
de que não havia mais perigo por parte dos judeus.
Lísias enviara
uma carta a Félix, descrevendo o caso de Paulo e concluindo: "Nada
encontrei contra o prisioneiro que mereça morte ou prisão, mas estou dizendo
aos acusadores que façam suas acusações diante do seu tribunal".
A carta dava a
impressão de que Lísias salvara a Paulo dos judeus por ser ele romano.
Quando Félix a
leu, notou que Paulo era cidadão romano e indagou qual a sua província. Quando
soube que era da Cilícia, ordenou que fosse mantido em segurança e que o
julgamento ocorresse depois que seus acusadores chegassem a Jerusalém.
Paulo, no
entanto, caíra nas mãos de um homem fraco, que tinha por hábito adiar as
coisas, e que para proteger sua autoridade, era inescrupuloso e injusto. Nos
dois anos seguintes, a vida de Paulo passou-se dentro dos muros da prisão de
Cesaréia. A situação era desanimadora; em todo caso, ele tinha a promessa de
DEUS de que pregaria o Evangelho em Roma.
Antônio Félix
fora nomeado para o governo pelo imperador Cláudio, em 52 A.D. Ele casara-se
com uma judia, Drusila, filha de Agripa, depois de fazê-la abandonar o marido.
O pecado tornou-o infeliz, apesar da sua elevada posição. Antes, fora escravo;
depois de solto, recebeu um alto cargo, para o qual não estava capacitado. Seu
governo destacava-se por atos de vingança e crueldade, e pela corrupção
evidente, aceitando e pagando subornos. Os súditos o odiavam, e seu único
remédio para as desordens na Judéia era a força bruta.
O Julgamento
perante Félix
Cinco dias após
a chegada de Paulo a Cesaréia, o sumo sacerdote Ananias e os anciãos de
Jerusalém compareceram para acusá-lo. Como não conhecessem a lei romana,
levaram em sua companhia um advogado astuto de nome Tértulo. Dessa vez, não
iriam perder! De pé, diante do tribunal de Félix, o orador começou seu discurso
elogiando o governador e criticando o comandante Lísias:
Visto como, por
ti, temos tanta paz, e, por tua prudência, se fazem a este povo muitos e
louváveis serviços, sempre e em todo lugar, ó potentíssimo Félix, com todo o
agradecimento o queremos reconhecer. Mas, para que te não detenha muito,
rogo-te que, conforme a tua equidade, nos ouças por pouco tempo (At 24.2-4).
A seguir,
apontando o dedo comprido ao apóstolo sentado à frente da tribuna, sob a guarda
de um soldado, continuou:
Temos achado
que esse homem é uma peste e promotor de sedições entre todos os judeus, por
todo o mundo, e o principal defensor da seita dos nazarenos. O qual intentou
também profanar o templo; e por isso o prendemos...examinando-o, poderás
entender tudo o de que o acusamos (At 2.5-8).
Virando-se aos
seus empregadores com um voltear eloquente da mão, Tértulo perguntou-lhes se os
fatos não eram exatamente aqueles. Enquanto Félix observava-lhes a fisionomia,
todos concordaram com a cabeça.
As acusações
eram graves, especialmente a de incitar motins entre os judeus. Se havia algo
que os romanos vigiavam, era o traidor que perturbava a paz de Roma. Enquanto
ouvia o discurso, Paulo notou os pontos fracos que ele continha e, quando teve
permissão para defender- se, rapidamente os apontou.
A Defesa de
Paulo
No momento em
que Paulo pôs-se de pé diante do tribunal, Félix inclinou-se para escutá-lo
atentamente. Ele ouvira falar dos nazarenos e do seu zelo, e desde que sua
esposa era judia, tinha algum interesse em saber mais a respeito desse JESUS,
que, segundo diziam, levantara-se dentre os mortos.
Tértulo era um
bom orador, mas Paulo ouvira os homens de Atenas e DEUS lhe dera um dom de
oratória, que superava o de qualquer de seus contemporâneos. Quando chegou a
sua vez de falar ao nobre Félix, começou:
Porque sei que
já vai para muitos anos que desta nação és juiz, com tanto melhor ânimo
respondo por mim (At 24.10).
Iniciando a sua
defesa sem mais delongas, negou cada uma das acusações feitas, descrevendo com
grande simplicidade os eventos que levaram à sua prisão.
Pois bem podes
saber que não há mais de doze dias que subi a Jerusalém a adorar. E não me
acharam no templo falando com alguém, nem amotinando o povo nas sinagogas, nem
na cidade. Nem tão pouco podem provar as coisas de que agora me acusam. Mas
confesso-te que, conforme aquele Caminho que chamam seita, assim sirvo ao DEUS
de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas. Tendo
esperança em DEUS, como estes mesmos também esperam, de que há de haver
ressurreição de mortos, tanto dos justos como dos injustos. E, por isso,
procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com DEUS como para
com os homens.
Ora, muitos
anos depois, vim trazer à minha nação esmolas e ofertas. Nisto me acharam já
santificado no templo, não em ajuntamentos, nem com alvoroços, uns certos
judeus da Ásia, os quais convinha que estivessem presentes perante ti, e me
acusassem, se alguma coisa contra mim tivesse. Ou digam estes mesmos, se
acharam em mim alguma iniquidade, quando compareci perante o conselho (At
24.11-20).
Paulo olhou
para todos eles e houve silêncio. Félix sentiu no coração que ele era inocente.
Aquele não fora o seu primeiro encontro com a inveja e maldade judaicas. Mas,
se uma voz lhe dizia para desconsiderar o caso, outra tentava-o a esperar, até
descobrir que lado deveria apoiar em vantagem própria.
Paulo Mantido
na Prisão
A menção de
dinheiro para os irmãos de Jerusalém o fez pensar em uma boa soma que poderia
ser-lhe paga pela liberdade do apóstolo. De qualquer modo, valia a pena tentar!
Se a igreja quisesse a libertação do seu líder, sem dúvida levantaria fundos
para obtê-la. Decidiu adiar sua decisão. Não seria má ideia manter Paulo por
perto durante algum tempo; havia muitas coisas sobre os nazarenos que o
interessavam e queria ter uma conversa particular com o prisioneiro.
Com um aceno
impaciente, Félix encerrou a sessão do tribunal, prometendo ouvi-los de novo
quando Lísias chegasse de Jerusalém. Paulo foi mantido em custódia militar,
acorrentado a um guarda, mas livre para receber seus amigos e conhecidos. Os
meses passaram-se e Lísias nunca chegou. Ananias e os anciãos, decepcionados
com a fraqueza do governador, voltaram irados a Jerusalém.
Durante os dias
que se seguiram, Paulo teve muitos encontros privados com Félix. Certa ocasião,
Félix levou a esposa, Drusila. Ela era uma princesa belíssima e com menos de
vinte anos. Félix falara-lhe de Paulo e, sendo judia, quis ver esse conterrâneo
que se convertera ao Cristianismo. Drusila compreendeu a diferença entre Paulo
e os judeus que o acusavam, e tentou explicá-la ao marido. Seria interessante
ver o homem e ouvir-lhe as palavras. Félix deu ordens para que Paulo fosse
levado ao palácio.
Cercado por
guardas, Paulo entrou no grande salão, onde Félix e sua jovem esposa
reclinavam-se em sofás de seda. Ela era bela e ambiciosa, e com um sorriso
curioso, voltou a atenção ao conterrâneo envelhecido, de quem tanto ouvira
falar. Drusila tinha antecedentes religiosos, mas, uma vez entregue à vida de
iniquidade para conseguir poder e posição, não se preocupava tanto com a
entrevista, estando apenas um pouco curiosa.
Félix
provavelmente não tinha religião. Como a maioria dos de sua classe, tinha um
medo supersticioso do desconhecido e, ao ouvir Paulo, ficou fascinado por sua
convicção e autoridade. Temeu que Paulo estivesse certo no que dizia. Era
possível que houvesse realmente um DEUS vivo, que guardava o futuro em suas
mãos, e talvez esse DEUS castigasse os perversos. Caso fosse verdade, qual
seria a sua posição?
O grande
apóstolo não poupou palavras. Falou com destemor sobre viver em pureza e
retidão e sobre o domínio das paixões.
A vida de Félix
tinha sido indisciplinada e absolutamente egoísta. Ele satisfizera todos os
seus sentimentos de ódio, vingança e desejo. Mas agora, as palavras de Paulo
assustavam-no, e ele tremeu ao pensar no futuro. Drusila arqueou as lindas
sobrancelhas e deu um sorriso vago, ao qual Félix não conseguia resistir.
Compreendeu também que, se permitisse que suas emoções o dominassem a ponto de
ceder à atração de Paulo, teria de desistir dessa mulher bela e pecadora que
era a luz de sua vida lasciva.
Uma sensação de
medo o tomou, e disfarçando tudo, como se estivesse muito ocupado com questões
oficiais, fez sinal com a mão de que a entrevista terminara. "Por agora
vai-te, e tendo oportunidade, te chamarei" (At 24.25).
Quando se
retirava do aposento, Paulo ouviu o riso alegre da jovem princesa enquanto ela
e o marido ocupavam-se rapidamente de outras coisas.
Félix mandou
chamar Paulo repetidas vezes depois disso, pois gostava de conversar com ele
sobre a eternidade e, além do mais, ainda entretinha a esperança de que os
cristãos lhe oferecessem uma soma de dinheiro pela liberdade do líder. Mas, o
dinheiro não chegou. A cada dia Félix rejeitava o Evangelho; a cada dia seu
coração endurecia-se mais. Paulo voltou à sua vida na prisão, mantendo
conversações diárias com os crentes que o visitavam.
Ávida em
Cesaréia continuou rotineira. Paulo passou dois longos anos acorrentado a um
guarda romano, com o seu ministério suspenso e seu caso sem solução. Seus
inimigos, no entanto, não dormiam, e pediram a Félix que o mantivesse preso.
Para fazer um favor aos judeus, o governador deixou que ele permanecesse
encarcerado. Quando os amigos de Paulo fizeram petições, ele prometeu apressar
as coisas e continuar o julgamento depois da chegada das testemunhas. Tanto os
amigos como os inimigos de Paulo suplicaram ao governador que tomasse uma
decisão. Mas ele não atendeu; não mandou matá-lo nem o libertar.
Félix foi
subitamente chamado de volta à Roma. Durante seu termo de serviço, houvera
muitos levantes dos zelotes, que ele havia subjugado pela força, mas que em
breve voltavam à carga noutra região. Relatórios sobre esses fatos chegaram aos
ouvidos de César, que não tolerava a desordem em seu império. Félix foi então
removido, e outro governador, Festo, enviado com instruções para manter a paz
romana.
Paulo Diante de
Festo
Nem bem Festo
chegara ao palácio de Herodes e tomara as rédeas da autoridade, os judeus viram
outra chance de conseguir a morte de Paulo. Quando Festo fez sua primeira
visita oficial a Jerusalém, o sumo sacerdote e alguns dos seus homens esperavam
por ele, e suplicaram que Paulo fosse levado a julgamento nessa cidade. O plano
deles era assassiná-lo em algum ponto da estrada. Mas, excederam-se em sua
ansiedade, e Festo adivinhou que algo se escondia por trás de tanto interesse.
- Não é costume
dos romanos - asseverou ele -, castigar alguém antes de uma acareação com os
acusadores, e de dar oportunidade ao acusado para defender-se. Ele está sendo
mantido em Cesaréia, e quando eu voltar, em breve, que os poderosos entre vocês
me acompanhem e acusem o homem, se é que ele cometeu algo errado.
Esse governador
não era como Félix. Ele cumpriu sua palavra e, no dia seguinte ao seu retorno a
Cesaréia, Paulo foi levado diante da corte para enfrentar os mesmos acusadores
que pediram seu sangue nos dias de Félix. Festo não entendia das leis judaicas e
surpreendeu-se com o zelo daqueles homens de Jerusalém, que tanto se esforçavam
para conseguir uma sentença de morte. Ouviu pacientemente as acusações e
argumentos. Parecia ser uma disputa sobre religião, que ele jamais poderia
resolver.
Estava ansioso
para começar bem o seu governo e ganhar o favor de seus governados. Tendo
ouvido muitas testemunhas da parte deles, voltou-se a Paulo e perguntou:
"Queres tu subir a Jerusalém e ser julgado acerca destas coisas em minha
corte?"
O Apelo a César
Paulo
lembrou-se do ódio do Sinédrio, e compreendeu que em Jerusalém estaria no meio
dos inimigos. Tomou rapidamente uma decisão e apelou:
Estou perante o
tribunal de César, onde convém que seja julgado; não fiz agravo algum aos
judeus, como tu muito bem sabes. Se fiz algum agravo, ou cometi alguma coisa
digna de morte, não recuso morrer; mas, se nada há das coisas de que estes me
acusam, ninguém me pode entregar a eles. Apelo para César (At 25 10 11).
Festo ficou
atônito. Jamais ouvira um apelo desses antes, mas sabia que, pela lei romana,
não podia ser negado, pois Paulo era um cidadão livre, e esse era o seu mais
nobre direito como romano. Depois de conversar às pressas com o conselho,
levantou-se e fez o seu pronunciamento em tom grave: "Apelaste para César?
Para César irás" (At 25.12).
O dado estava
lançado. A causa do Cristianismo deveria comparecer diante da mais alta corte
do mundo. Festo tinha de preparar um relatório para o imperador, mas teve
dificuldade em escrevê-lo. Nada tinha de definido a declarar contra o homem; o
relatório, porém, era imprescindível.
Enquanto Festo
refletia, recebeu hóspedes das províncias e cidades vizinhas, que foram
cumprimentá-lo pelo seu novo cargo e dar-lhe as boas-vindas na Judéia. Entre
eles encontrava-se o rei Herodes Agripa II, da Galileia e da região próxima ao
Jordão. Ele era irmão da jovem e bela Drusila e tataraneto de Herodes o Grande.
Todos os
Herodes gostavam de espetáculos, e Festo fez o máximo para alimentar a vaidade
do hóspede e cotejar-lhe o favor. No curso da conversa, ele contou ao rei sobre
o seu estranho prisioneiro, pedindo conselho sobre como preparar a carta de
apelo ao imperador.
Paulo Diante de
Agripa
O rei pediu
para ouvir pessoalmente o apóstolo, prometendo que depois de escutá-lo ajudaria
Festo a preparar seu relatório para César. O cunhado de Agripa tivera muito
contato com Paulo, e essa seria uma boa oportunidade para ouvir o famoso
orador, enquanto falava sobre um assunto que perturbava Israel.
O pedido foi
aceito. No dia seguinte, Agripa compareceu em real esplendor, acompanhado de
Berenice, adornada com todas as suas joias. Para agradar ao rei, Festo
convidara os oficiais do seu regimento e os principais da cidade. Era um falso
julgamento, pois nada ia ser resolvido, mas Agripa o solicitara.
Com todo
aparato, o grupo entrou no pretório, sentando-se nas cadeiras douradas que
Festo mandara colocar para os visitantes. Junto às paredes, os lictores
postavam-se atentos, e o prisioneiro foi colocado no centro, com uma corrente
prendendo-lhe os pés.
Festo
apresentou o caso segundo seus conhecimentos. A seguir, Agripa pediu a Paulo
que se defendesse, e recostou-se na cadeira para ouvi-lo. Com um movimento
eloquente da mão, Paulo dominou a cena e começou sua defesa:
Tenho-me por
venturoso, ó rei Agripa, de que perante ti me haja, hoje, de defender de todas
as coisas de que sou acusado pelos judeus. Mormente sabendo eu que tens
conhecimento de todos os costumes e questões que há entre os judeus; pelo que
te rogo que me ouças com paciência (At 26.2,3).
Agripa foi
devidamente homenageado e sua atitude era amigável. Paulo fizera um bom começo,
e continuou. Seu testemunho, encontrado em Atos 26, foi essencialmente o
seguinte:
A minha vida,
pois, desde a mocidade, qual haja sido, desde o princípio, em Jerusalém, entre
os da minha nação, todos os judeus a sabem. Sabendo de mim, desde o princípio
(se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa
religião, vivi fariseu. E agora, pela esperança da promessa que por DEUS foi
feita a nossos pais estou aqui e sou julgado. A qual as nossas doze tribos
esperam chegar, servindo a DEUS continuamente, noite e dia. Por esta esperança,
ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus. Pois quê? julga-se coisa incrível
entre vós que DEUS ressuscite os mortos?
Bem tinha eu
imaginado que contra o nome de JESUS, o nazareno, devia eu praticar muitos
atos. O que também fiz... E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas
cidades estranhas os persegui.
Sobre o que,
indo, então a Damasco, com poder e comissão dos principais dos sacerdotes, ao
meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol,
cuja claridade me envolveu a mim e aos que iam comigo. E, caindo nós todos por
terra, ouvi uma voz que me falava, e em língua hebraica, dizia: Saulo, Saulo,
por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões.
E disse eu:
Quem és, Senhor?
E ele
respondeu: Eu sou JESUS, a quem tu persegues. Mas levanta-te e põe-te sobre
teus pés, porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e testemunha
tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda.
Livrando-te deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio. Para lhes abrires
os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a DEUS; a
fim de que recebam a remissão dos pecados, e sorte entre os santificados pela
fé em mim.
Pelo que, ó rei
Agripa, não fui desobediente à visão celestial. Antes, anunciei primeiramente
aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por toda a terra da Judéia, e aos
gentios, que se emendassem e se convertessem a DEUS, fazendo obras dignas de
arrependimento. Por causa disto os judeus lançaram mão de mim no templo e
procuraram matar-me. Mas, alcançando socorro de DEUS, ainda até ao dia de hoje
permaneço, dando testemunho tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada
mais do que o que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer. Isto é,
que o CRISTO devia padecer, e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos,
devia anunciar a luz a este povo e aos gentios (At 27.4-23).
Festo estivera
ouvindo atentamente, com crescente espanto. Ele conhecia JESUS pelos registros
romanos. Sabia que Ele fora crucificado sob o governo de Pôncio Pilatos; agora
isso era história. Mas, esse prisioneiro falava calmamente da sua ressurreição
e de tê-lo visto, e falado com Ele desde esse acontecimento. Que tolice! O
homem devia estar louco.
Estás louco,
Paulo! As muitas letras te fazem delirar - exclamou Festo.
Paulo
respondeu:
Não deliro, ó
potentíssimo Festo; antes digo palavras de verdade e de um são juízo. Porque o
rei, diante de quem falo com ousadia, sabe estas coisas, pois não creio que
nada disto lhe é oculto; porque isto não se fez em qualquer canto. Crês tu nos
profetas, ó rei Agripa? (At 26.25-27).
Ele inclinou-se
para ouvir a resposta. Agripa hesitou e não disse nada. Ele não apreciara a
pergunta, pois qualquer fosse a sua resposta, seria apanhado. Paulo viu sua
hesitação e acrescentou rapidamente:
Bem sei que
crês.
-O rei ficou
comovido, mas também muito embaraçado diante do seu séquito.
Por pouco me
queres persuadir a que me faça cristão!
Rápido como um
esgrimista que avança para matar, Paulo respondeu prontamente: "Prouvera a
DEUS que, ou por pouco ou por muito, não somente tu, mas também todos quantos
hoje me estão ouvindo se tornassem tais qual eu sou" e acrescentou então
três palavras curtas que revelavam tudo o que o Cristianismo fizera por ele,
"exceto estas cadeias" (26.29).
Alguns anos
antes, Paulo deleitara-se em prender homens e mulheres e lançá-los na prisão,
mas agora não colocaria uma algema em ninguém.
Agripa não quis
ouvir mais nada, e levantou-se. Berenice e Festo acompanharam-no para um lado
do aposento. Ficaram conversando alguns minutos e concordaram que Paulo nada
fizera digno de morte ou prisão. "Bem podia soltar-se este homem, se não
houvera apelado para César" (At 26.32).
Festo sentou-se
para fazer seu relatório e Paulo foi levado de volta à cela, a fim de esperar o
dia da viagem para Roma.
A VIAGEM PARA
ROMA
O outono estava
no fim quando Festo reuniu um grupo de prisioneiros e enviou-os a Roma. Em sua
maioria, eram presos políticos que, por terem desafiado alguma lei romana, eram
chamados de criminosos. Estavam sendo enviados à corte suprema, e se condenados,
teriam de lutar com as feras no Coliseu e morrer diante da multidão insensível,
num feriado.
A maior parte
dos navios com destino a Roma haviam sido carregados mais cedo e seguido para o
mar ocidental. Todo marinheiro sabia que os ventos equinociais tornavam
perigosas as longas viagens e, em breve, os barcos seriam forçados a lançar
âncora durante o inverno. Festo não conseguiu encontrar um navio para Roma, mas
querendo livrar-se dos prisioneiros, colocou-os numa pequena embarcação que
fazia viagens comerciais pela costa, do Egito até Adramítio, um porto da Mísia,
perto da cidade de Trôade.
Os
prisioneiros, a cargo de um centurião de nome Júlio e de uma escolta de
soldados, iriam até onde fosse possível com o navio, na expectativa de
encontrarem, em algum porto da Ásia, outro barco com destino a Roma. Festo deu
instruções completas a Júlio, encarregando-o de guardar os homens como sua
própria vida e entregá-los a Roma.
O centurião
sabia que Paulo não era perigoso, pois Festo lhe contara que o levavam para
Roma a seu próprio pedido. Tratava-se de uma questão religiosa sobre a qual
estava sendo julgado. Júlio o tratou com grande respeito e bondade, chegando
até a conceder-lhe privilégios em certos portos em que desembarcaram.
Lucas
acompanhou Paulo como assistente e companheiro. Aristarco, um crente de
Tessalônica, que levara uma oferta à igreja de Jerusalém, estava também entre
os passageiros.
Quando o vento
forte soprou do Ocidente, as cordas foram retiradas e os longos remos levaram a
embarcação para além do quebra-mar, em direção ao mar alto. Os marinheiros
desfraldaram a vela branca; o capitão estabeleceu o curso, e navegaram por
entre as ondas na direção norte, para o porto de Sidom.
O Porto de
Mirra
Em Sidom, o
navio recebeu carregamento para as cidades da Ásia, e Paulo teve permissão para
descer, porém acorrentado a um guarda. Ele passou o tempo visitando os irmãos e
confirmando-os na fé. Era a sua última palavra para eles e quis adverti-los
quanto aos perigos que a Igreja enfrentava. Alertou-os quanto aos inimigos de
CRISTO, sempre a postos. Depois de carregado o navio, os amigos de Paulo
acompanharam-no de volta à nave, acenando enquanto as velas eram desfraldadas e
a proa virava para o oeste, em direção à bela ilha de Chipre.
Os ventos frios
do inverno já começavam a soprar e o mar mostrava-se agitado. O navio teve de
mudar o curso; por segurança, ficou próximo à costa, ao abrigo do continente.
Navegando em águas tempestuosas, passaram pela amada Tarso, a oeste da
Panfília, avançando quando os ventos eram favoráveis e ancorando quando
mostravam-se contrários. Finalmente chegaram ao porto de Mirra, na costa da
Lícia.
Júlio ordenou
que seus homens deixassem a embarcação, e enquanto esta preparava-se para
retornar ao seu porto de origem, ao norte, ele procurou entre os navios
ancorados algum que os levasse a Roma. Finalmente, encontrou um que trabalhava
para os cerealistas egípcios, carregado de grãos, pronto a partir para a
Itália, onde permaneceria durante o inverno.
Já havia muitos
passageiros, mas o capitão abriu espaço para o grupo, esperando ser bem pago
porque Júlio estava em missão imperial. Ao todo, havia 276 homens a bordo
quando o navio se fez ao mar. O peso extra era-lhe favorável e o capitão
levou-o para onde havia vento e águas encapelados, esperando dar tempo de
chegar ao seu destino.
Era outubro, e
o céu tinha a cor de chumbo. Depois de o navio haver deixado Mirra, um vento
forte tirou-os da rota. Costearam a ilha de Rodes, e durante muitos dias
fizeram pouco progresso, a sota-vento das ilhas do Egeu, sendo levados pela
correnteza para o norte até Cnido, e para o sul, até Creta. Dentro de um mês,
não haveria mais navios no mar; as tempestades de inverno dominariam
solitárias. Era prudente apressar-se.
Bons Portos
Com dificuldade
e rangendo, o navio abriu caminho contra o vento, aproximando-se do Cabo
Salmone e costeando a ilha de Creta. Chegaram a Bons Portos e ancoraram na
baía. Bons Portos não passavam de um porto pequeno, inteiramente inadequado
para se passar o inverno. Depois de uma mudança do vento, fizeram uma tentativa
para chegar a Fênix, a sudoeste da ilha.
Qualquer um que
conhecesse o mar teria noção do perigo. Parecia que chegar a Roma estava agora
fora de questão. Tudo o que restava era procurar um porto abrigado e passar ali
o inverno. O conselho de Paulo foi que permanecessem em Bons Portos. Com sua experiência
do mar, onde já naufragara três vezes, aprendera a ser cauteloso. Dirigindo-se
ao piloto e ao mestre, aconselhou: "Varões, vejo que a navegação há de ser
incômoda e com muito dano, não só para o navio e carga, mas também para a nossa
vida" (At 27.10).
O piloto do
navio pensava outra coisa; e os homens, desejando invernar numa cidade maior,
concordaram em seguir para Fênix, distante cerca de quarenta milhas a oeste.
Uma mudança súbita do vento decidiu a questão. A tempestade do Norte abrandou e
vieram ventos suaves do Sul, remanescentes de Alexandria e de um clima mais
quente. Era tudo que desejavam. Nas águas calmas, os homens levantaram âncora e
desfraldaram as velas, pretendendo costear Creta até alcançar Fênix.
A Tempestade
Os planos dos
navegantes, porém, foram rapidamente destroçados. Quando ainda se achavam há
poucas milhas de Bons Portos, o vento mudou subitamente de direção, do Sul para
o Nordeste, e soprou com tamanha violência das montanhas cretenses que
transformou-se em tempestade. O mastro rangeu quando o navio se inclinou ao
primeiro ataque da tormenta. Não houve sequer tempo para puxar o batei preso
por uma corda na popa. Grandes ondas ergueram- se por trás do barco, como se
por um golpe de mágica, e nada restou aos marinheiros senão correr adiante do
temporal.
A frente deles
estava o continente da África e a Baía de Sirte. Todo marinheiro temia esse
lugar, pois não havia ali portos; só praias rasas onde os bancos de areia
mudavam conforme os ventos e tornavam-se o túmulo de muitas embarcações.
Todavia, a pequena ilha de Cauda achava-se ainda diante deles, que agradecidos,
esconderam-se ao abrigo de seus penhascos. Ali ganharam tempo para levantar o
batei cheio d'água e preparar o navio para o que talvez ainda tivessem de
enfrentar. Grandes cordas foram passadas por sob o barco e bem amarradas para
proteger a armação e mantê-la firme, especialmente se acabassem encalhando num
banco de areia.
Até o abrigo
inadequado de Cauda era-lhes suspeito. Encalhar na areia e ser despedaçados
contra a praia era pior que a tempestade em mar aberto. O vento levou-os então
para longe da ilha, e tendo feito tudo que podiam para salvar suas vidas,
prenderam a grande verga ao convés e navegaram com o mastro nu. Tudo o que lhes
restava fazer agora era manter- se em alto mar até que a tempestade passasse.
Trabalharam a
noite inteira temendo o pior, mas esperando que o amanhecer trouxesse alguma
ajuda. Na manhã seguinte, porém, o temporal não melhorara. E entrara tanta água
pelo madeirame do navio, que este afundara ainda mais. O capitão ordenou que
toda a bagagem pessoal fosse lançada ao mar, para aliviar a embarcação. À
medida que o navio fazia água e afundava cada vez mais nas ondas, a carga teve
de ser também lançada ao mar. A seguir, até a mobília, a vela grande e a verga
foram atiradas, junto com todos os aprestos que podiam ser dispensados.
Dia e noite, os
marinheiros lutaram arduamente contra as ondas. O navio subia e descia como uma
rolha; as ondas batendo no convés e a água salgada escorrendo pelos lados.
Seguiram-se dias e noites de terror, durante os quais só se via o céu cinzento;
não havia sol, nem lua, nem estrelas. Ao redor deles, ondas negras assobiavam.
Num momento, as águas eram como uma montanha caindo sobre o navio; no outro, um
vale se abria, e eles afundavam.
Marinheiros e
passageiros já havia, há muito, perdido a esperança. Já não lutavam para salvar
o navio; apenas agarravam-se às cordas e mastros. Sentiam que cada movimento do
convés, afundando entre os vagalhões, seria o último. Ninguém pensava em comer;
estavam certos de que a morte se aproximava.
A Visão de
Paulo
Paulo confiava
na promessa de DEUS: viveria para ver Roma. Durante um dos momentos em que
adormeceu, ao deitar-se exausto abaixo do convés, teve uma visão do Senhor. Ao
seu lado estava um anjo de DEUS, trazendo-lhe a seguinte mensagem: não só ele
seria salvo, como nenhum passageiro a bordo perderia a vida.
Quando o
desânimo deles era grande, Paulo os encorajou:
Fora, na
verdade, razoável, ó varões, ter-me ouvido a mim e não partir de Creta, e
assim, evitariam este incômodo e está perdição. Mas, agora, vos admoesto a que
tenhais bom ânimo, porque não se perderá a vida de nenhum de vós, mas somente o
navio. Porque, esta mesma noite, o anjo de DEUS, de quem eu sou e a quem sirvo
esteve comigo, dizendo: Paulo, não temas! Importa que sejas apresentado a
César, e eis que DEUS te deu todos quantos navegam contigo. Portanto, ó varões,
tende bom ânimo! Porque creio em DEUS que há de acontecer assim como a mim me
foi dito. E, contudo, necessário irmos dar numa ilha (At 27.21-26).
No final da
segunda semana, cerca da meia-noite, pareceu aos marinheiros experimentados que
estavam se aproximando da terra. Encontravam-se em algum ponto do Mar
Adriático. Um grito do vigia rasgou os ares e alarmou os corações:
"Arrebentação! Arrebentação!"
Os marinheiros
ouviram e acreditaram escutar o som das ondas nas rochas. O prumo foi baixado e
descobriram que a água tinha vinte braças de profundidade. Depois de avançarem
um pouco, tornando a lançar o prumo, acharam quinze braças. Isto significava
que o mar estava ficando mais raso e havia o risco de rochas ou bancos de
areia. Como estivesse escuro como breu, lançaram quatro âncoras para segurá-los
e esperaram impacientes pelo nascer do dia.
A Conspiração
dos Marinheiros
Na proa do
barco, tramava-se uma conspiração. Alguns marinheiros planejavam fugir com o
bote salva-vidas içado ao convés. Pretendiam baixar o bote e subir nele, como
se quisessem lançar âncoras pela proa. Escapariam para a terra e abandonariam
os amigos à fúria do mar. Paulo apercebeu-lhes o intento e chamou rapidamente o
centurião e seus soldados. "Se estes não ficarem no navio, não podereis
salvar-vos" (At 27.31).
Júlio entrou em
ação. A uma ordem sua um soldado dirigiu-se à lateral do navio com a espada
desembainhada e cortou o cabo do bote. A pequena embarcação desapareceu nas
trevas. Foi uma atitude imprudente; sem um bote, estavam ainda mais indefesos.
Porém a conspiração terminou, e os marinheiros frustrados reuniram-se em
grupos, tremendo sob a chuva gelada, até que o primeiro raio de luz aparecesse
no leste. Então viram as rochas baixas e escuras da terra firme.
Ninguém sabia
que terra era aquela, mas os 276 que estavam a bordo, subiram ao convés para
ter um vislumbre dela. Com a confiança renovada, Paulo insistiu que todos
comessem; precisariam de forças se quisessem sobreviver. Eles haviam jejuado
durante 14 dias, pois o perigo fora tão grande que ninguém pensara em
alimentar-se. Tomando o pão, Paulo inclinou a cabeça e, na presença dos
soldados e marinheiros pagãos, deu graças a DEUS e começou a comer. Sua
animação foi contagiosa. As esperanças reavivaram-se, e todos se alimentaram.
Com as energias renovadas, decidiram lutar por suas vidas.
Já que o navio
tinha de perder-se e encalhar na praia, que chegasse o mais próximo possível da
terra! Puseram mãos ao trabalho e a embarcação, aliviada da carga, boiou sobre
as ondas. Isso os levaria mais perto da praia.
O que lhes dava
um raio de esperança era a linha rochosa da costa, quebrada por uma pequena
enseada e uma praia arenosa. O capitão julgou poder aproar o navio na direção
da embocadura da enseada e encalhá-lo ali. Tiraram as amarras do leme; as
cordas das âncoras foram cortadas; uma vela leve foi içada no mastro e o navio
cambaleante dirigiu-se à praia. Não foram, porém, muito longe. Desconheciam a
costa, e num lugar onde duas correntes se encontravam, o barco encalhou num
banco de areia. Com um ruído forte, a proa imobilizou-se.
O NAUFRÁGIO
A água batia
fortemente na proa. Não havia jeito de desencalhar a embarcação. As ondas
continuavam furiosas e o madeirame já se soltava do barco. Na proa, os soldados
romanos, sabendo que perderiam a vida se os prisioneiros fugissem, foram falar
com o comandante: "Senhor, não podemos mais responsabilizar-nos pelos
prisioneiros. Ninguém pode nadar nessas águas agitadas acorrentado a outro. Não
seria melhor matá-los todos?"
Mas Júlio,
depois de conhecer melhor a Paulo, passara a gostar dele. Por sua causa,
ordenou que tirassem as correntes dos presos, e todos poderiam nadar até a
praia. Os que não sabiam nadar pularam ao mar agarrados a tábuas ou pedaços de
madeira, deixando que as ondas os levassem à terra firme.
Era um grupo
lastimável aquele reunido na praia. Os homens fracos e exaustos ficaram olhando
o navio ser despedaçado pela força das ondas gigantescas. Mas estavam todos
ali; machucados, abatidos, quase afogados, e tremendo sob a chuva, porém
salvos.
A tragédia
atraíra os nativos à praia, e muitos correram para ajudar os estranhos,
acendendo fogueiras para aquecê-los. Foi então que os náufragos souberam onde
estavam. Tinham chegado à ilha de Malta.
Os habitantes
de Malta eram de descendência egípcia, e durante muitos séculos foram homens do
mar. Com grande simpatia, haviam observado o navio em perigo e os esforços para
salvá-lo. Ao ver os homens chegarem à praia, um a um, os nativos de Malta
maravilharam-se. Estavam certos de que muitos morreriam no naufrágio.
A Vingança dos
Deuses
Na praia, Paulo
juntou-se aos outros para apanhar gravetos. Com uma braçada deles, aproximou-se
do fogo e colocou-os nas chamas. De repente, uma víbora que estivera escondida
na lenha, fugindo do calor, agarrou-se lhe à mão. Por um segundo, ela permaneceu
ali, enquanto um grito de terror elevou-se dos espectadores. Com um movimento
rápido, Paulo sacudiu-a, fazendo-a cair no fogo.
O pensamento
geral foi: ali estava um prisioneiro que escapara do mar, mas a vingança dos
deuses o seguira, e sua hora chegara. Os ilhéus sabiam que a víbora tinha um
veneno mortal, de ação rápida. Esperavam ver Paulo adoecer e cair morto em
questão de minutos. Com o horror estampado nos semblantes, ficaram a
observá-lo. Ele certamente havia cometido algum crime terrível para encontrar a
morte assim tão de repente.
Mas, Paulo não
tinha tais pensamentos. Não temia, porque confiava em DEUS e acreditava que
pregaria o Evangelho em Roma, como lhe fora prometido. Tranquilamente, o
apóstolo atiçou o fogo e aproximou-se dele para secar as roupas e aquecer o
corpo. Quanto mais os minutos passavam, mais crescia o espanto dos
observadores. Paulo não empalidecera, nem parecia um homem em agonia.
Um a um, os
ilhéus supersticiosos menearam as cabeças e concluíram que ele fosse um deus
disfarçado. O acontecimento, combinado com o que houve nas semanas seguintes,
deu a Paulo a oportunidade de pregar o Evangelho. Pôde falar do DEUS Único e
Verdadeiro, que tem poder para livrar seus servos do mal.
A Cura do Pai
do Governador
Os ilhéus
levaram os náufragos à casa de Públio, o governador romano de Malta, que morava
próximo à cena do desastre. Sua residência era grande e seu coração ainda
maior. Ele hospedou a todos durante três dias. Públio tinha um pai idoso que
morava com ele, e que se achava doente, com febre. Quando Paulo soube, pediu
para vê-lo. Recebida a permissão, impôs as mãos sobre o homem e orou. Com os
olhos levantados ao céu, clamou fervorosamente por um milagre. A cura daquele
homem seria um testemunho do poder de DEUS e da verdade do Evangelho.
O Senhor
atendeu-lhe a oração, e o pai do governador ficou bom. Públio ouviu as boas-
novas, assim como muitos doentes de Malta. Os enfermos da ilha iam à procura de
Paulo, esperando que este também os curasse. Durante os três meses de inverno,
enquanto Júlio e seus prisioneiros aguardavam que o mar se tornasse novamente
navegável, Paulo e seus amigos, Lucas e Aristarco, pregaram o Evangelho de
CRISTO. E DEUS confirmava com milagres as suas palavras. Honras especiais foram
concedidas a Paulo e a seus companheiros. Eles haviam conquistado o amor e a
confiança dos ilhéus. Ricos e pobres tinham presenciado o grande poder de DEUS,
e alguns creram.
RUMO A SIRACUSA
Os três meses
passaram-se rapidamente. Com as primeiras brisas mornas da primavera, os
comandantes dos navios ancorados no porto começaram a reunir os tripulantes,
preparando- se para partir. Júlio estava ansioso para seguir viagem. Fez
arranjos com o proprietário de outro navio graneleiro de Alexandria, e os
soldados e seus prisioneiros prepararam-se para ir embora. A essa altura, Paulo
já tinha muitos amigos e esses entristeceram-se com a despedida. Numa
demonstração de amor, levaram presentes e provisões, e reunidos no cais,
disseram adeus ao apóstolo. A pesada embarcação foi levada à baía pelos
remadores, com as velas içadas. Ventos brandos sopraram. Depois de um dia
agradável sob um céu ensolarado, e cercados por águas azuis, chegaram à velha
cidade de Siracusa, aninhada num lindo golfo da Sicília.
Durante três
dias, Paulo e seus companheiros, escoltados por um guarda romano, visitaram a
cidade, cujo povo muito se orgulhava da sua habilidade em corridas de carros.
Ali, à sombra do templo branco de Diana, com os sacerdotes pagãos que matavam
quatrocentos bois por ano sobre o altar dessa deusa, Paulo provavelmente falou
de JESUS. Embora o tempo fosse curto e os ouvintes poucos, a semente de uma
igreja fiel pode ter sido plantada.
O navio, porém,
prosseguiu em sua rota. Na proa que cortava as ondas havia figuras dos irmãos
gêmeos Castor e Pólux, que na mitologia antiga eram filhos de Zeus. Os
marinheiros orgulhavam-se de servir nesse navio, pois esses gêmeos celestiais
eram tidos como protetores dos navegantes.
A Cintilante
Baía de Nápoles
Na direção
oeste, enquanto abriam caminho para o continente, eles podiam ver a montanha de
fogo, cinzenta durante o dia e iluminada à noite. O Etna era um marco para todo
viajante a caminho de Roma. Nos apertados estreitos de Messina, tocaram o
primeiro porto italiano. No bonito porto de Régio, protegido pelos altos montes
da Sicília e pelo continente, o vento cessou e o navio permaneceu imóvel um dia
inteiro. Mas, pela manhã, o vento sul soprou. Com as velas desfraldadas à
brisa, o navio deixou o estreito para trás. Durante todo aquele dia e noite
navegaram contra o vento e, na manhã seguinte, chegaram a um dos grandes portos
de Roma. Era a cidade de Putéolos, na Baía de Nápoles. Rodeando toda a baía,
ficavam os balneários da moda, dos abastados cidadãos romanos. À distância,
erguia-se o Monte Vesúvio. Aos seus pés, encontravam-se as prósperas cidades de
Pompéia e Herculano.
Por causa de
seu magnífico cenário e clima agradável, a Baía de Nápoles era a praia favorita
dos nobres de Roma. O imperador tinha a sua vila nessa baía, a mais bela do
mundo. Na cidade de Putéolos, os grandes navios descarregavam suas cargas e os
passageiros desembarcavam, seguindo a Estrada de Ápio até Roma. Nesse mesmo
porto, havia algum tempo, Calígula, enlouquecido pelo poder, gabara-se de que
poderia andar de carro até a sua vila por sobre a baía brilhante. Cumprindo
suas ordens, barcos foram amarrados uns aos outros e uma estrada de quatro
quilômetros construída por cima deles para que pudesse dizer que dominava o
mar.
Em Putéolos, os
pés de Paulo tocaram o solo italiano pela primeira vez. Júlio permaneceu
durante algum tempo nessa cidade e Paulo teve permissão para encontrar-se
livremente com os amigos. Agora havia cristãos por toda parte, e quando
souberam da presença de Paulo, muitos foram vê-lo e pedir-lhe que ficasse mais
tempo entre eles.
Durante a
parada de sete dias, os cristãos tiveram oportunidade de enviar a Roma notícias
da chegada de Paulo. Os crentes romanos sentiram-se felizes por ver o homem que
passara a vida a serviço de CRISTO. Haviam lido e decorado a carta recebida do
apóstolo. Reuniam-se todos os domingos para a confraternização cristã, e liam
partes dessa carta, alegrando-se na sua salvação. Muitos decidiram ir ao
encontro de Paulo na estrada, pelo prazer de acompanhá-lo até Roma. Alguns
viajaram 64 quilômetros e o encontraram na praça de Ápio; outros, 48
quilômetros, indo até as Três Tavernas.
Quando Paulo
viu os amigos da igreja de Roma, seu coração comoveu-se. Pensou no julgamento
que o aguardava e na possível condenação, mas ao sentir o amor e dedicação
daqueles amigos a CRISTO, agradeceu a DEUS e recobrou ânimo. Entre os crentes
dali estavam seus antigos companheiros, Áquila e Priscila.
Os Portões de
Roma
Roma estava
logo adiante. Roma, a dona do mundo! A cidade de templos e palácios! O centro
da terra! O trono do imperador!
Os portões
agora estavam à vista. Júlio reuniu os prisioneiros no centro da escolta de
soldados e fez com que marchassem pelas ruas até os alojamentos imperiais, onde
foram entregues a Barros, conselheiro-chefe do imperador. Esse velho e honesto
soldado, que perdera uma das mãos na batalha, ouviu com interesse e bondade,
enquanto Júlio falava-lhe sobre cada homem. E quando mencionou Paulo, obteve um
favor especial - um quarto privado onde pudesse morar com o soldado que o
guardava, e permissão para ver os amigos sempre que quisesse.
PRISIONEIRO EM
ROMA
Três dias após
a chegada de Paulo a Roma, seu quarto estava cheio de visitas. Ele enviara
mensagens às principais autoridades das sinagogas, convidando-as a visitá-lo e
ouvir sua história. Ávida do judeu em Roma sempre fora difícil. Durante o
governo de Cláudio, todos eles haviam sido expulsos da cidade, mas agora
houvera um relaxamento das leis. Tantos judeus tinham voltado a Roma que sete
sinagogas foram construídas. Separados dos romanos, eles viviam na margem
ocidental do rio Tibre.
Compreendendo o
quanto seus conterrâneos haviam sofrido nas mãos do imperador romano, e que a
inimizade dos cidadãos podia ser despertada ao menor pretexto, Paulo temia que
sua presença em Roma trouxesse mais problemas aos judeus. Seu apelo a César
poderia ser interpretado como uma tentativa de promover mais perseguição aos
judeus, por chamar a atenção sobre suas disputas religiosas.
Quando os
líderes judeus atenderam ao convite de Paulo, este explicou-lhes que havia
decidido fazer o apelo a César apenas por não haver outro meio de obter a
liberdade. Eles ouviram e não se mostraram hostis.
Varões irmãos,
não havendo eu feito nada contra o povo, ou contra os ritos paternos, vim,
contudo, preso desde Jerusalém, entregue nas mãos dos romanos. Os quais,
havendo-me examinado, queriam soltar-me, por não haver em mim crime algum de
morte. Mas, opondo-se os judeus, foi-me forçoso apelar para César, não tendo,
contudo, de que acusar a minha nação. Por esta causa vos chamei, para vos ver e
falar; porque pela esperança de Israel estou com esta cadeia (At 28.17-20).
Eles sabiam que
Paulo era seguidor de JESUS, e tinham ouvido de suas visitas a muitas sinagogas
no império. Entretanto mostraram-se amáveis, pois compreendiam que qualquer
demonstração contrária poderia provocar a inimizade de Roma.
Nós não
recebemos acerca de ti qualquer carta da Judéia, nem veio aqui irmão algum, que
nos anunciasse ou dissesse de ti algum mal. No entanto bem quiséramos ouvir de
ti o que sentes; porque, quanto a esta seita, notório nos é que em toda a parte
se fala contra ela (At 28.21,22).
Pregando em
Roma
Num determinado
dia, abriu-se finalmente a porta para o velho guerreiro pregar sobre seu tema
favorito: JESUS CRISTO. De manhã até a noite, Paulo conversou com os judeus que
haviam comparecido em grande número para ouvi-lo falar do Messias. A luz do
Evangelho brilhava-lhe nos olhos, e sua voz inflamava-se com o fogo santo,
enquanto fazia os ouvintes examinarem as suas próprias Escrituras. Tudo o que
aprendera na escola de Gamaliel estava sendo útil, e ele citou passagem após
passagem dos rolos sagrados. Usou as palavras de Moisés e dos profetas para
mostrar que a única esperança de Israel estava no Messias. As Escrituras deles
continham tudo isso; se pelo menos cressem!
Quando o dia
terminou, havia divisão entre os ouvintes. Alguns creram e foram embora com a
esperança no coração e uma nova vida no íntimo; outros mostraram desprezo.
Paulo, porém,
continuou enquanto saíam:
Bem falou o
ESPÍRITO SANTO a nossos pais pelo profeta Isaías, dizendo: Vai a este povo, e
dize: De ouvido, ouvireis, e de maneira nenhuma entendereis; e, vendo, vereis,
e de maneira nenhuma percebereis...Seja-vos, pois, notório que esta salvação de
DEUS é enviada aos gentios, e eles a ouvirão (At 28.25,26,28).
Com estas
palavras soando-lhes nos ouvidos, os judeus partiram irados.
A Órbita da
Atividade Cristã
Não muito
depois disso, a igreja de Filipos, sabendo da prisão de Paulo, reuniu e enviou
dinheiro para o sustento do apóstolo em Roma. Foi um presente tão grande e
abençoado, que ele pôde, com o consentimento de seus captores e a ajuda de
alguns cristãos de Roma, mudar-se para uma casa alugada, onde morou durante
dois anos, esperando o dia de seu julgamento pelo tribunal de Nero.
Durante sua
prisão Paulo foi tratado com grande benevolência, embora continuasse sempre
acorrentado a um guarda. Aonde quer que fosse, o soldado o acompanhava. Depois
de dois anos dessa vida, vários guardas já tinham ouvido o Evangelho e alguns
deles se converteram. Paulo não era um cristão oculto; através de seus amigos
crentes, fez saber a todos que explicaria o Evangelho a quem o procurasse em
sua residência. Muitos aceitaram o convite, e sua casa em Roma veio a tornar-se
um centro de testemunho cristão.
Crentes de
várias cidades iam e vinham procurando os conselhos de Paulo sobre assuntos da
fé cristã e levando suas cartas às igrejas do Leste. Listra e Derbe, Corinto e
Éfeso, Colossos e Tessalônica, e até a igreja de Beréia enviaram seus
representantes para trabalhar sob a direção de Paulo. Orientados por ele,
divulgaram o Evangelho nas cidades onde CRISTO não era conhecido. Alguns deles
testemunhavam nas ruas movimentadas de Roma, e ao mesmo tempo ministravam ao
apóstolo. Sua casa tornou-se um centro de atividades, de onde os mensageiros da
Cruz partiam para todo o império. Depois de cada viagem, como os cometas em sua
órbita, voltavam ao ponto de partida.
Paulo passou a
amar os soldados que o guardavam. Eram homens corajosos e fiéis, e não demorou
muito para que um pequeno grupo de crentes se formasse entre a guarda
pretoriana e os homens da casa de César. Ao serem convencidos da Verdade, esses
homens levavam a mensagem aos familiares, bem como a todos os militares nos
quartéis. Cada vez que o velho apóstolo refletia sobre sua prisão, um sorriso
aflorava-lhe aos lábios e ele agradecia a DEUS. Suas cadeias, em vez de
prejudicar o Cristianismo, tinham-no ajudado!
Enquanto os
amigos iam e vinham, Paulo esperava por notícias do julgamento. Com a morte de
Cláudio, Nero subira ao trono. Ele não era filho de Cláudio, mas sua mãe viúva
incentivou-o e fez com que fosse coroado imperador aos dezessete anos.
Britânico, seu meio- irmão, era o herdeiro legítimo; mas pelas manobras da mãe,
Nero foi o escolhido. Antes de completar um ano no poder, ele mandou envenenar
Britânico. Com o passar do tempo, veio a odiar a mãe e ordenou que seus amigos
a matassem. Eles agarraram-na no meio da noite e tentaram afogá-la; não
conseguindo, acabaram por apunhalá-la. Nero casou-se com a gentil Otávia, filha
de Cláudio, a quem passou também a odiar. Quando Paulo chegou a Roma, o jovem
Nero, então com 24 anos, estava planejando matar Otávia e casar-se com Pompéia.
Inteiramente
entregue a uma vida de paixões e perversidade, Nero não tinha a menor intenção
de perder tempo com um prisioneiro judeu. Portanto, Paulo ficou esperando sob
os cuidados de um guarda, enquanto o imperador prosseguia em sua vida devassa.
A Chegada de
Timóteo
Paulo sentiu-se
reanimado quando seu jovem e fiel amigo Timóteo chegou a Roma. O rapaz queria
estar perto de seu pai espiritual e ser dirigido por ele no trabalho do Senhor.
Quatro anos haviam se passado desde que Paulo e Timóteo viajaram juntos para
pregar a CRISTO na Europa. Tinham ido a Filipos e plantado o Evangelho na
Macedônia, começando numa reunião de oração. Naquele dia, Lídia, a vendedora de
púrpura, abrira não somente o coração a CRISTO, como também sua casa aos
cultos. Os pensamentos de Paulo voltaram àquele dia. Lembrou-se de como havia
sido publicamente açoitado na praça do mercado e finalmente preso. Recordou- se
do carcereiro que se tornara cristão com toda a família, e de como a igreja de
Filipos cuidara das suas necessidades quando fora a Tessalônica. Duas vezes
enviaram-lhe dinheiro. E agora, ouvindo falar de suas cadeias em Roma, mandaram
novamente dinheiro por Epafrodito, que ficou para ajudar Paulo e trabalhar para
CRISTO sob a orientação do apóstolo.
Sem dúvida, foi
Lídia, a rica mercadora, quem instigou a igreja de Filipos a ajudar o homem de
DEUS. Como foi animador ouvir dos lábios de Epafrodito que a igreja filipense
continuava firme na fé! Que encorajamento para Paulo saber que um de seus
membros fora ter com ele para ser seu companheiro no trabalho!
A Epístola aos
Filipenses
Epafrodito
pregou o reino de DEUS com tanto zelo e fervor, a ponto de não se importar com
a própria saúde. Nas ruas estreitas de Roma, ajuntava uma multidão e
falava-lhes de JESUS. Depois de alguns meses, uma grave doença interrompeu-lhe
o ministério, confinando-o ao leito, onde esteve à beira da morte durante
várias semanas. Aos poucos começou a melhorar, mas estava fraco e incapaz de
voltar ao trabalho. Paulo percebeu que o amigo tinha saudades de casa, e
resolveu mandá-lo de volta a Filipos.
Com a ajuda de
Timóteo, Paulo começou a ditar uma carta. Seu pensamento retrocedeu alguns anos
e ele lembrou-se vividamente de cada membro da igreja.
Dou graças ao
meu DEUS todas as vezes que me lembro de vós.
E quero,
irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior
proveito do evangelho. De maneira que as minhas prisões em CRISTO foram
manifestas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais lugares. E
muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a
palavra mais confiadamente, sem temor (Fp 1.3,12-14).
Paulo falou do
seu julgamento, sem muita certeza quanto ao futuro. Ele não tinha meios de
saber o que aconteceria. O jovem imperador dava pouco valor à vida, e Paulo não
sabia se seria poupado. De fato, pensara com agrado na possibilidade de morrer,
pois isso significaria estar com CRISTO. Todavia, teve alguns vislumbres de
esperança de que seria solto. Viver significaria trabalhar mais para JESUS;
morrer seria lucro e uma gloriosa entrada no céu. As palavras subiram-lhe do
coração:
Porque para mim
o viver é CRISTO, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da
minha obra, não sei, então, o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em
aperto, tendo desejo de partir e estar com CRISTO, porque isto é ainda muito melhor.
Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne. E, tendo esta
confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para proveito vosso e
gozo da fé. Para que a vossa glória aumente por mim em CRISTO JESUS, pela minha
nova ida a vós.
Somente deveis
portar-vos dignamente conforme o evangelho de CRISTO.
E espero no
Senhor JESUS que em breve vos mandarei Timóteo, para que também eu esteja de
bom ânimo, sabendo dos vossos negócios..., Mas confio no Senhor que também eu
mesmo, em breve, irei ter convosco (At 1.23-28; 2.19,24).
Ele escreveu
sobre Epafrodito, o valoroso cooperador que adoecera e ficara muitas semanas
entre a vida e a morte:
Porquanto tinha
muitas saudades de vós todos, e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido
que ele estivera doente. E, de fato, esteve doente, e quase à morte, mas DEUS
se apiedou dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse
tristeza sobre tristeza. Por isso, vo-lo enviei mais depressa, para que,
vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza. Recebei-o, pois,
no Senhor, com todo o gozo, e tende-o em honra. Porque, pela obra de CRISTO,
chegou até bem próximo da morte, não fazendo caso da vida, para suprir para
comigo a falta do vosso serviço (Fp 2.26-30).
A carta foi
escrita e selada. Epafrodito levou-a consigo à cidade natal. Paulo tinha agora
um companheiro a menos, mas Timóteo e Lucas permaneceram ao seu lado,
mantendo-o em contato com os cristãos de Roma. Marcos, Tíquico, Aristarco,
Demas, Trófimo e Tito colocaram-se à disposição de Paulo; passavam os dias indo
de uma igreja a outra, levando as mensagens do apóstolo.
A Epístola aos
Colossenses
Epafras tinha
sido o missionário por meio de quem os colossenses ouviram pela primeira vez o
Evangelho e se converteram ao Cristianismo. Ele encontrava-se agora em Roma,
trabalhando para o Senhor como um dos colaboradores de Paulo. A igreja de
Colossos enviara seu mais importante líder para pregar o Evangelho na maior
cidade do mundo.
Sendo um dos
companheiros de Paulo, Epafras passou muitas horas com ele. Faziam planos e
discutiam a respeito das várias igrejas sobre as quais Paulo mantinha
vigilância. Todos os dias oravam juntos por cada igreja, lembrando sua
fidelidade e pedindo a DEUS que as fortalecesse. Sempre que orava, os
pensamentos de Epafras voltavam à sua amada congregação em Colossos, e ele
intercedia por aqueles cristãos; que o Senhor os aperfeiçoasse e os completasse
conforme a sua vontade. Paulo nunca vira a igreja de Colossos, mas Epafras
referia-se constantemente a ela por lhe ser tão cara ao coração. Falava de cada
crente; contou que a congregação se reunia em casa de Filemom, e Arquipo ficara
encarregado de prosseguir com a obra.
Ao falar de sua
amada igreja, Epafras revelou uma profunda preocupação com um judeu, que de
maneira muito sutil, estava desviando o povo para duas formas de erro. A
primeira era uma espécie de ascetismo, ensinando que as pessoas tinham de negar
a si mesmas para obter a salvação. Enfatizava a observância de certos dias, e
sua pregação era cheia de proibições. Segundo seus ensinamentos, somente pela
autonegação alguém se tornava digno da vida eterna. O segundo erro era uma
filosofia mística que despojava CRISTO da sua posição como Filho de DEUS e
Salvador dos homens.
Era o velho
erro, que Paulo tantas vezes combatera, surgindo outra vez e prejudicando a
mensagem cristã. Quem estava mais bem preparado para advertir os colossenses
contra tal heresia? Paulo decidiu escrever-lhes uma carta. Com Timóteo ao seu
lado, anotando-lhe os pensamentos enquanto os ditava, começou a missiva.
Falou primeiro
de seu afeto pelos colossenses e de como tivera notícias deles através de
Epafras. Quanto às coisas básicas, só tinha elogios a fazer. Elogiou-lhes a fé
em CRISTO, o amor por todos os cristãos, e sua esperança no céu. A seguir,
passando à admoestação doutrinária, advertiu-os contra o perigo da falsa
filosofia e do ensino judaico que solapava a divindade do Senhor:
Tende cuidado
para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas,
segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo
CRISTO. Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.
Portanto,
ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa,
ou da lua nova, ou dos sábados. Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo
é de CRISTO (Cl 2.8,9,16,17).
Paulo não podia
terminar a carta sem acrescentar alguns conselhos práticos à vida cristã.
Revesti-vos,
pois, como eleitos de DEUS, santos, e amados, de entranhas de misericórdia, de
benignidade, humildade, mansidão, longanimidade. Suportando-vos uns aos outros
e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro: assim como
CRISTO vos perdoou, assim fazei vós também.
E a paz de
DEUS, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos
corações; e sede agradecidos. A palavra de CRISTO habite em vós abundantemente,
em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com
salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso
coração (3.12,13,15,16).
Terminada a
carta, Paulo tomou-a das mãos de Timóteo e escreveu, ele mesmo, uma saudação
final, assinando-a a fim de que não tivessem dúvidas sobre o remetente. Depois
de reler a missiva, para ver se nada esquecera, ordenou a Tíquico que a levasse
à igreja de Colossos; ficasse ali algum tempo, e depois voltasse com notícias.
A Conversão de
Onésimo
Tíquico foi
acompanhado na viagem por um homem chamado Onésimo, que fora escravo na casa de
Filemom, em Colossos. Certo dia, rebelando-se contra a escravidão, Onésimo
roubara roupas e dinheiro de seu dono, e fugira, imaginando que poderia
esconder-se nas ruas movimentadas de Roma e começar uma nova vida. Mas em Roma,
sob a influência do apóstolo Paulo, acabou convertido. Quando conheceu JESUS e
seu amor, a gratidão e reverência encheram-lhe o coração. Onésimo compreendeu
que JESUS morrera para salvá-lo. A ele, um escravo fugitivo e ladrão! Enquanto
crescia na graça e no conhecimento de DEUS, entendeu que, aos olhos do Senhor,
o escravo e o livre são iguais.
Que diferença
entre o tratamento que recebia de Paulo, como crente, e a antiga vida que
conhecera em Colossos! Ao confessar seu pecado a DEUS, Onésimo fez uma entrega
completa. Tão genuína foi a sua conversão, que estava disposto a contar as Boas
Novas a todo mundo. Então Paulo dirigiu-o a ganhar outros para CRISTO. Metade
da população de Roma era composta de escravos, e Onésimo poderia alcançar
muitos deles que, de outra forma, não ouviriam o Evangelho.
Entretanto,
conhecendo a injustiça que Onésimo fizera a Filemom, Paulo o fez compreender
que o único curso de ação era voltar e confessar tudo ao antigo dono. Isso
significava castigo. Embora Filemom e sua mulher, Afia, fossem bondosos e
justos, o supervisor da casa certamente o açoitaria. Ele vira os sofrimentos
infligidos a escravos que tinham sido temerários e desleais, e calculou que
voltar não seria agradável, especialmente agora que era um homem livre em
CRISTO e útil ao grande apóstolo.
Todavia, desde
que se tornara cristão, queria endireitar todos os seus erros, tanto aos olhos
de DEUS quanto aos dos homens. Esse era o único caminho para a paz e serviço.
Decidiu então que, por causa do Senhor, voltaria a ser escravo, corrigindo seu
erro.
A Epístola a
Filemom
A fim de
abrandar a dificuldade da volta, Paulo escreveu uma breve carta pessoal a
Filemom. Este senhor fora um dos seus convertidos; entregara-se a CRISTO
durante a longa estada de Paulo em Éfeso. Agora, com zelo pelo seu Senhor,
Filemom revelava grande hospitalidade à igreja de Colossos. Os membros
reuniam-se todas as semanas em sua bela casa, sob o ministério de Arquipo.
Movido por
forte sentimento cristão, Paulo escreveu um ousado, porém discreto, apelo ao
seu amigo.
Todavia,
peço-te, antes, por caridade, sendo eu tal como sou, Paulo, o velho, e também
agora prisioneiro de JESUS CRISTO. Peço-te por meu filho Onésimo, que gerei nas
minhas prisões.
Eu bem o
quisera conservar comigo, para que, por ti, me servisse nas prisões do
evangelho. Mas nada quis fazer sem o teu parecer, para que o teu benefício não
fosse como por força, mas voluntário. Porque bem pode ser que ele se tenha
separado de ti por algum tempo, para que o retivesses para sempre. Não já como
servo, antes, mais do que servo, como irmão amado, particularmente de mim e
quanto mais de ti, assim na carne como no Senhor?
Assim, pois, se
me tens por companheiro, recebe-o como a mim mesmo. E, se te fez algum dano, ou
te deve alguma coisa, põe isso à minha conta...eu o pagarei.
E juntamente
prepara-me também pousada, porque espero que pelas vossas orações vos hei de
ser concedido (Fm 9,10,13-19,22).
A Epístola aos
Efésios
Enquanto
Tíquico e Onésimo preparavam-se para a viagem, Paulo dava as últimas pinceladas
na carta que vinha escrevendo cuidadosamente havia semanas. Era uma carta
geral; não se destinava a corrigir quaisquer erros em particular. Devia ser
passada entre as várias igrejas, a fim de fortalecer-lhes a fé, encorajá-las na
vida cristã e conscientizá-las de sua posição e privilégios em CRISTO JESUS.
Ele começou com
um hino de louvor às três pessoas da Santíssima Trindade - o Pai, o Filho e o
ESPÍRITO SANTO. A seguir, com mão de mestre, pintou um quadro da igreja como o
templo de DEUS, construído sobre o fundamento de CRISTO. Todas as grandes
doutrinas da fé foram mencionadas nessa belíssima carta. A maturidade cristã do
apóstolo é evidente em cada linha. Não foram feitas referências pessoais, nem
saudações às famílias locais ou colaboradores. Se a carta fosse destinada
apenas aos efésios, Paulo teria enviado cumprimentos a muitos, segundo o seu
costume, pois trabalhara três anos entre eles - mais tempo que em qualquer
outra cidade. Em vez disso, pretendia que ela fosse uma admoestação final a
várias igrejas. Ele era agora Paulo, o velho, e seus dias de missivista logo
terminariam. O apóstolo ansiava por incluir em uma carta circular a plenitude
do Evangelho e o encorajamento que enriqueceria e firmaria cada membro do corpo
de CRISTO. Tal carta aplicar-se-ia a todas as igrejas que fundara. Escreveu então:
E vos
vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo,
andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar,
do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência... Mas DEUS, que é
riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós
ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com CRISTO (pela graça
sois salvos)... Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem
de vós; é dom de DEUS. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.
Portanto,
lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na carne... que, naquele
tempo, estáveis sem CRISTO, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos
concertos da promessa, não tendo esperança e sem DEUS no mundo (Ef
2.1,2,4,5,8,9,11,12).
Numa transição
rápida e precisa, desceu dos altos picos para os vales profundos da vida comum:
"Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação
com que fostes chamados" (Ef 4.1).
Enquanto ditava
o último capítulo de sua obra-prima, Paulo procurava algum exemplo que fixasse
para sempre suas palavras à mente dos leitores. À sua frente estava sentando o
jovem a quem amava como a um filho. Timóteo, com a pena na mão, ouvia e anotava
atentamente cada palavra saída dos lábios de seu mentor. Ao seu lado,
encontrava-se o sempre presente guarda romano, magnífico na armadura do
império, e orgulhoso por estar entre os escolhidos de Nero. Os olhos de Paulo
fitaram o soldado e um sorriso surgiu-lhe nos lábios. Voltando-se a Timóteo,
ditou:
No demais,
irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de
toda a armadura de DEUS, para que possais estar firmes contra as astutas
ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas,
sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das
trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares
celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de DEUS, para que possais resistir
no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo
cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça. E
calçados os pés na preparação do Evangelho da paz (Ef 6.10-15).
Com mais uma
olhadela ao equipamento do guarda, acrescentou:
Tomando
sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados
do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do ESPÍRITO, que é a
palavra de DEUS. Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no ESPÍRITO
e vigiando nisso com toda a perseverança e súplica por todos os santos... Paz
seja com os irmãos, e caridade com fé da parte de DEUS Pai e da do Senhor JESUS
CRISTO. A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor JESUS CRISTO em
sinceridade. Amém (Ef 6.1618,23,24).
O Evangelho
Difundido mediante o Cativeiro
As cartas foram
enviadas e Paulo voltou à rotina diária de ensinar os que iam à sua casa,
fortalecendo-os nas coisas divinas. Durante os anos do seu cativeiro, para
surpresa dos amigos e dele mesmo, o Evangelho fora promovido. Foram tempos
calmos e úteis aqueles. A indulgência do Império Romano contribuiu para que a
prisão forçada não trouxesse tristezas. Sua mente estava livre de cuidados
pessoais; em seu coração crescia cada vez mais a esperança de ser libertado
após o julgamento. Essas palavras foram escritas da sua casa:
Regozijai-vos,
sempre, no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos (Fp 4.4).
O COMBATE, A
CORRIDA E O DEPÓSITO
O tão esperado
julgamento aconteceu finalmente no ano 63 D.C., depois de Paulo haver
permanecido dois anos em prisão domiciliar.
Tudo que ele
esperava e previra aconteceu. A carta favorável de Festo e o relatório de Júlio
fizeram a balança pender a seu favor. Após aqueles longos meses, e com os
acusadores tão distantes, a oposição judaica diminuíra. Em razão de os judeus
serem olhados com suspeita, a corte dispensou rapidamente as acusações contra
Paulo, e ele foi posto em liberdade.
Pouco se sabe
das atividades do apóstolo depois da sua libertação, mas é fácil imaginar quais
foram. Ao voltar para casa e dar-se conta de que, pela primeira vez em quatro
anos, estava sem a companhia de um guarda, deve ter, imediatamente, iniciado
algum plano. Não ficaria inativo; tiraria o máximo proveito do tempo que lhe
restava. Sempre quisera visitar a extremidade ocidental do império. Anos antes,
ao escrever à igreja de Roma, falara-lhes de sua intenção de ir à Espanha. Seu
pensamento estava sempre com as igrejas, e desejava visitar muitas delas na
Ásia e na Grécia. Desde que escrevera a Filemom, e ouvira a história da igreja
de Colossos por intermédio de Epafras, alimentava a esperança de visitá-la.
Essa era a sua oportunidade. A seguir, escrevera à sua igreja favorita - a de
Filipos. A perspectiva de ver os irmãos que cuidaram dele durante a prisão em
Roma aqueceu-lhe o coração.
Tudo decidido,
não perdeu tempo. Encontrou um navio que ia para a Espanha e navegou para o
Ocidente, a fim de conhecer novas pessoas e testemunhar de seu Salvador. Aquela
foi, no entanto, uma curta visita. Depois de encorajar os poucos cristãos dali
e fortalecer- lhes a fé em CRISTO JESUS, Paulo tomou um navio para sua amada
terra. Depois de vários dias, chegou finalmente a Éfeso e, acompanhado por
Lucas, seu fiel companheiro de prisão, dirigiu- se por terra a Colossos.
Em Colossos
Pela primeira
vez Paulo viu a igreja fundada por Epafras, e a quem escrevera uma carta. Foi
recebido cordialmente. Os cristãos reverenciaram-no como o grande líder do
Cristianismo; Filemom, que o conhecera em Éfeso, acolheu-o em sua vasta mansão,
onde reunia-se a igreja de Colossos. Porém não houve acolhida mais cordial e
sincera que a do sorridente Onésimo. O escravo fugido tornara-se um dos troféus
do ministério de Paulo em Roma.
Paulo não pôde
permanecer muito tempo em Colossos, mas a igreja aproveitou cada minuto de sua
companhia. Quando chegou o momento da despedida, ele já tinha recapitulado tudo
que dissera na carta. Lembrara-os novamente de como DEUS viera à terra na
pessoa de seu Único Filho; recordara-lhes que JESUS era verdadeiramente DEUS e
que a vida eterna só era obtida através dEle. Também os advertira contra os
falsos mestres que queriam negar a doutrina de CRISTO e sua divindade. Depois
de lhes haver enriquecido a fé, Paulo partiu para Éfeso.
Ministrando aos
Efésios
Em Éfeso, o
apóstolo sentia-se em casa. A igreja havia prosperado e mantinha-se fiel. Os
membros tinham-se guardado das doutrinas falsas e zelado pela pureza do seu
púlpito. Ninguém era convidado a pregar, a não ser que fosse sólido na fé,
reconhecendo a divindade de JESUS CRISTO e o Evangelho da graça redentora.
Os efésios
ficaram felizes por ver novamente o seu pastor. Havia algum tempo, os
presbíteros de Éfeso tinham chorado ao ver o navio de Paulo afastar-se do cais
em Mileto; acharam que nunca mais lhe veriam o rosto. Contudo, depois de tantos
meses, ele voltara! O rigor dos anos o envelhecera. Desaparecera-lhe o brilho
dos olhos, bem como o andar rápido e decidido. Paulo sofrerá muito desde que
pregara em Éfeso sua última mensagem. Os sulcos em seu rosto santo contavam dos
fardos que tivera de carregar.
Ele não apenas
estivera na prisão, naufragara e fora açoitado, como sentira no espírito a
solidão e sofrerá com a dureza de coração das pessoas. Sobre seus velhos ombros
pesava o cuidado por todas as igrejas. Sempre que um companheiro enfrentava
dificuldades, Paulo sofria com ele. Sempre que alguém era lançado na prisão,
seu espírito sentia-se também aprisionado. Paulo identificava-se com os irmãos
na fé; era como se um laço familiar os unisse e os tornasse um só.
O tempo, porém,
era curto. Ansiando por visitar a Macedônia, Paulo planejou viajar pelo mar
Egeu até Filipos e Tessalônica, e para muitas aldeias onde houvera plantado a
bandeira da cruz. Mas Éfeso precisava de um líder. A igreja era forte, mas
sendo a cidade uma das mais importantes da Ásia Menor, era necessário manter
ali um testemunho que contrabalançasse as forças de Diana.
Paulo
alegrava-se ao pensar na igreja de Éfeso; os crentes haviam agido bem.
Entretanto, ele notava que o mundanismo da cidade grande dificultava, a alguns
cristãos, a conservação do primeiro amor. A oposição era grande, e a cidade
atraía muitos professores de religião que tentavam destruir a pureza da igreja
e confundi-la com teorias e lendas sem fim.
Durante sua
permanência em Éfeso, Paulo aproveitou para advertir a igreja quanto a essas
coisas, aconselhando os cristãos a serem mais vigilantes. Recomendou-lhes que
afastassem da comunhão qualquer um que aparecesse com doutrinas falsas.
Paulo achou que
a situação era suficientemente séria para deixar Timóteo em Éfeso, pedindo que
supervisionasse essa importante igreja e fizesse dela uma fortaleza para o
Evangelho puro. Com o coração apertado, o apóstolo despediu-se de seu querido
amigo, orando para que ele fosse um servo fiel e que a sua presença ali
enriquecesse a igreja com toda sorte de bênçãos espirituais.
A Epístola a
Timóteo
Do outro lado
da estreita faixa de mar, no continente Europeu, os pensamentos de Paulo
continuavam com Timóteo. Ele ministrou aos santos em várias cidades da
Macedônia, encorajando, fortalecendo e advertindo-os, mas não conseguia tirar
da mente o jovem em Éfeso e seu trabalho estratégico.
Pensou outra
vez nos falsos mestres e como já haviam invadido certas igrejas, especialmente
na província da Galácia. Ele estava certo de que Éfeso era a chave para toda a
Ásia.
Com a pena na
mão e o pergaminho à sua frente, Paulo começou a escrever a Timóteo:
Paulo, apóstolo
de JESUS CRISTO, segundo o mandato de DEUS, nosso Salvador, e do Senhor JESUS
CRISTO, esperança nossa, a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé; graça,
misericórdia e paz, da parte de DEUS, nosso Pai, e da de CRISTO JESUS, nosso
Senhor.
Como te roguei,
quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns,
que não ensinem outra doutrina, nem se deem a fábulas ou a genealogias
intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de DEUS, que
consiste na fé (1 Tm 1.1-4).
A carta
prosseguiu cheia de instruções. Perguntas sobre a organização e o governo da
igreja precisavam ser respondidas, e Paulo achou que seu amigo tiraria grande
proveito de tais instruções e encorajamento:
Admoesto-te,
pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações
de graças por todos os homens. Pelos reis, e por todos os que estão em
eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e
honestidade...
Propondo estas
coisas aos irmãos, serás bom ministro de JESUS CRISTO, criado com as palavras
da fé e da boa doutrina que tens seguido. Mas rejeita as fábulas profanas e de
velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade. Porque o exercício corporal para
pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida
presente e da que há de vir.
Ninguém
despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na
caridade, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar,
até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por
profecia, com a imposição das mãos do presbitério...
Mando-te diante
de DEUS, que todas as coisas vivificam, e de CRISTO JESUS, que diante de Pôncio
Pilatos deu o testemunho de boa confissão, que guardes este mandamento sem
mácula e repreensão, até à aparição de nosso Senhor JESUS CRISTO (1 Tm
2.1,2.4.6-8,12-14; 6.13,14).
Rumo a Trôade,
Éfeso e Mileto
Paulo mencionou
na carta a esperança de visitar novamente Timóteo o mais breve possível. Esse
desejo foi realizado; depois de deixar a Macedônia e visitar Trôade, onde
trocou idéias com os líderes da igreja que se reuniam na casa de Carpo, o
apóstolo viajou para o sul e depois para Éfeso.
De fato, Paulo
estava tão apressado, que chegou a deixar seus preciosos livros e material para
escrever, bem como sua capa, pretendendo buscá-los antes do inverno.
Depois de uma
visita satisfatória a Timóteo, ele despediu-se com lágrimas nos olhos e tomou a
estrada que levava a Mileto, a cerca de 48 quilômetros da costa.
Chegaria o dia
em que todas as cidades teriam uma igreja cristã. O quadro passara por grande
transformação durante a vida de Paulo. Poucos anos antes, havia somente alguns
cristãos, mas o Evangelho fora anunciado tão destemidamente, que agora todos os
crentes tinham o seu lugar de culto. E aquele porto marítimo não era exceção.
Paulo e Tito
Durante várias
semanas Paulo esteve com os irmãos em Mileto. Depois de consolá-los,
estabelecendo-os na fé, embarcou para Creta na companhia de Tito, seu fiel
colaborador. A igreja dali era desorganizada. Havia muitos crentes, mas para
que seu testemunho fosse efetivo, algumas coisas precisavam ser mudadas. Era
necessário que os crentes se unissem sob a direção de anciãos e bispos que
zelassem por suas almas.
Tito, um dos
convertidos de Paulo, era grego. Ele acompanhara o grande apóstolo a Jerusalém,
à conferência relativa à admissão dos gentios na igreja, e Paulo tinha plena
confiança nele. Decidiu deixá-lo em Creta, encarregando-o da organização das
igrejas em cada cidade da ilha. Era uma tarefa colossal; mas, com a ajuda do
Senhor, Tito a cumpriria.
Enquanto Tito
adaptava-se à nova responsabilidade, Paulo foi para Corinto e exerceu um breve
ministério junto a essa grande igreja. Ele ficou alegre ao constatar que os
males de Corinto, sobre os quais escrevera alguns anos antes, haviam sido
corrigidos. Seu encontro com os discípulos dali foi cordial e proveitoso. Os
cristãos de toda a cidade foram ouvi-lo. Apesar de idoso, o servo do Senhor
parecia não se cansar de exaltar a CRISTO e confirmar a fé dos seguidores.
Paulo pensou
também em Tito, que estava em Creta, e escreveu-lhe uma carta similar à que
enviara a Timóteo, descrevendo as qualificações para os líderes da igreja. Como
Éfeso e Creta, Corinto também precisava de um representante digno. O escolhido
por Paulo foi seu Erasto, seu fiel colaborador. Deixou-o com a responsabilidade
de ajudar os crentes de Corinto e seguiu para Nicópolis, na costa oeste da
Grécia.
Prisão de Paulo
em Nicópolis
Sentindo que
sua vida se achava perto do fim, Paulo fazia arranjos para deixar obreiros de
confiança em pontos estratégicos. O tempo era curto e ele sentia a necessidade
de apressar-se de cidade em cidade. Nicópolis era um centro importante para o
trabalho missionário e Paulo planejava passar ali o inverno. Aquela cidade
nunca fora visitada antes, e a perspectiva de iniciar um novo trabalho em
curtíssimo tempo era fascinante. Acompanhado de cinco colaboradores, entrou na
cidade e começou a pregar.
As suas
esperanças, porém, foram de curta duração. Era o ano 67 D.C., e três anos
antes, um grande incêndio queimara a cidade de Roma, desabrigando milhares de
pessoas. Ninguém sabia como o fogo começara. Alguns diziam que o próprio Nero
incendiara a cidade durante uma bebedeira, esperando na sua loucura que uma
Roma nova e melhor se levantasse, como um monumento ao seu reinado.
Mas outro
clamor ergueu-se, afirmando que os cristãos haviam incendiado a cidade. O ódio
da população subiu mais alto que as chamas, e começaram-se as perseguições mais
cruéis que a igreja já enfrentara. Os cristãos eram atirados aos leões no
Coliseu, espancados até a morte, mergulhados em piche e incendiados nos jardins
de Nero, como tochas para iluminar a noite.
Todos os que
tinham condições fugiram de Roma. Áquila e Priscila foram para Éfeso. A igreja
teve de esconder-se. Em todo o império, cristãos eram presos e perseguidos sem
misericórdia. Histórias terríveis de tortura chegaram aos ouvidos de Paulo e
seus cinco assistentes. Eles próprios haviam escapado por pouco em algumas
ocasiões, mas agora uma nuvem mais negra parecia pairar sobre eles. Os
missionários temiam ser inevitavelmente presos. Nero e seus homens estavam
dispostos a acabar com o testemunho cristão.
Em meio à
crise, Demas abandonou Paulo, partindo para Tessalônica. Era uma negativa da
fé, e o apóstolo ficou profundamente magoado. Demas, entretanto, não foi o
único a desertar. Crescente partiu para a Galácia; e até Tito, a quem Paulo
confiara tão grande tarefa, pressionado pela perseguição, partiu para as
montanhas da Dalmácia.
Só Lucas e
Tíquico permaneceram com Paulo, e esse último foi enviado a ficar com Timóteo e
ajudá-lo em tudo. Então o golpe abateu-se sobre eles. Um oficial romano,
reconhecendo Paulo como líder das forças cristãs, prendeu-o enquanto pregava o
Evangelho de CRISTO em praça pública. Julgando que Nero se agradaria de ter nas
mãos um líder cristão, enviou-o a Roma.
O Primeiro
Julgamento
Desta vez Paulo
não foi tratado com respeito e tolerância. Era um prisioneiro famoso, e
qualquer um que lhe demonstrasse amizade seria distinguido como um dos acusados
de incendiar Roma. Pouca gente visitou o apóstolo, mas Lucas, o médico amado,
ia vê-lo todos os dias.
Paulo foi
mantido numa cela logo abaixo da rua. Não havia qualquer saída, exceto uma
abertura estreita para escoamento da água no pavimento. As paredes eram frias e
úmidas, e o frio cortante do inverno já se fazia*sentir. A solidão da cela o
deprimia, mas a ideia de ter sido abandonado era ainda mais difícil de
suportar.
O efésio
Onesíforo foi um dos que tentaram ajudá-lo. Ele mostrou ser muito diferente de
tantos amigos da Ásia. Todos haviam esquecido o idoso apóstolo, mas Onesíforo
não se envergonhou das cadeias de Paulo. Depois de uma longa busca, descobriu
onde o prisioneiro se encontrava e passou a visitá-lo com frequência,
levando-lhe ânimo e objetos de uso pessoal.
Chegou então o
dia do julgamento. Segundo o costume romano, todos deviam ter um julgamento
justo. Paulo ficou sozinho diante do tribunal. A sala estava cheia, mas em todo
aquele mar de rostos não havia um que lhe parecesse amigável. Nenhuma voz se
levantou a seu favor. O velho apóstolo começou sua própria defesa com um vigor
vindo da certeza de que o Senhor estava ao seu lado. CRISTO era tão real
naquele dia como o fora na estrada de Damasco, tantos anos antes.
Seu discurso
foi eloquente. Todo o antigo fogo ainda queimava nele. Toda a lógica e poder do
Evangelho estavam-lhe à disposição. Suas sentenças começaram vagarosas, mas à
medida que contava a história do Evangelho, ganharam velocidade. Seus olhos
brilhavam de convicção. Ele estava pregando para obter um veredicto, e seus
argumentos caíam em pesados golpes nos corações dos ouvintes. Esse seria seu
último sermão na terra.
Alexandre, o
latoeiro, era a principal testemunha contra Paulo. Esse homem levantou-se e
identificou-o como líder da igreja cristã e centro de tanta controvérsia.
Afirmou que aonde Paulo ia, formava uma comunidade de cristãos fiéis a JESUS de
Nazaré, e que a lealdade dessas pessoas ao imperador era questionável. Apesar
do testemunho de Alexandre, a corte impressionou-se com as palavras ardentes do
grande apóstolo; o caso foi suspenso até um novo interrogatório.
Paulo escapou
dos dentes do leão para ser enviado de volta à cela sombria, onde aguardaria o
lento girar das rodas da justiça romana. Tratava-se de uma vitória temporária.
Ele, porém, já podia visualizar o final à distância, e esperava que o
julgamento viesse rapidamente. O apóstolo dos gentios só tinha um último
desejo: ver Timóteo antes de morrer.
A Segunda
Epístola a Timóteo
Paulo receava
os dias de ócio forçado na cela desconfortável. Pensou na capa que deixara em
Trôade, com os livros e pergaminhos. Se estivessem agora em suas mãos! Pediu
uma pena, tinta e pergaminho, e obteve permissão para escrever ao amado amigo
Timóteo, em Éfeso:
Por este
motivo, te lembro que despertes o dom de DEUS que existe em ti pela imposição
das minhas mãos... Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor,
nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes, participa das aflições do
evangelho, segundo o poder de DEUS...
Mas não me
envergonho, porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso
para guardar o meu depósito até àquele dia...
Tu, pois, meu
filho, fortifica-te na graça que há em CRISTO JESUS... Procura apresentar-te a
DEUS aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade (2 Tm 1.6,8,12; 2.1,15).
Paulo advertiu
o jovem pregador sobre a maldade dos homens e o perigo da falsa doutrina.
Encarregou-o solenemente de pregar a Palavra de DEUS e jamais perder o
sentimento de urgência:
Porque virá
tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos,
amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências. E
desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu sê sóbrio em tudo,
sofre as aflições, faze a obra dum evangelista, cumpre o teu ministério.
Porque eu já
estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida
está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde
agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me
dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua
vinda.
Procura vir ter
comigo depressa. Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi
para Tessalônica; Crescente, para Galada. Tito para Dalmácia. Só Lucas está
comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito útil para o
ministério. Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo,
e os livros, principalmente os pergaminhos.
Alexandre, o
latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras. Tu,
guarda-te também dele, porque resistiu muito às nossas palavras.
Ninguém me
assistiu na minha primeira defesa; antes, todos me desampararam. Que isto lhes
não seja imputado. Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que, por mim,
fosse cumprida a pregação, e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da
boca do leão. E o Senhor me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o
seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém... Procura vir
antes do inverno (2 Tm 4.3-11,13-18,21).
Essa foi a sua
última carta.
O Segundo
Julgamento
O segundo
julgamento de Paulo seguiu-se logo após o primeiro. Não havia ninguém para
defendê-lo ou apoiá-lo. Ele fora acusado de ser o líder dos cristãos, contra
quem o ressentimento público era grande. Alexandre, o latoeiro, e os demais
acusadores venceram. Sob os olhos desatentos de Nero, foi feita a votação. Era
uma sentença de morte. Por ser um cidadão romano, Paulo não seria crucificado,
mas decapitado.
Com o rosto
pálido, porém de cabeça erguida, o apóstolo foi levado para fora dos muros da
cidade. Ali, em meio a uma multidão hostil, ávida pela execução, o velho
missionário da cruz levantou os olhos para orar. Muitas e muitas vezes o Senhor
o livrara de um momento como aquele. Contudo, muitos outros santos haviam
enfrentado a morte, e a graça de DEUS seria suficiente a Paulo também. O Senhor
JESUS sofrerá uma morte vergonhosa fora dos muros de Jerusalém; mas pela sua
vitória, tornou a morte gloriosa a todo cristão. Enquanto Paulo pensava na
ressurreição, um riso de triunfo dançou-lhe nos olhos e brincou-lhe nos cantos
da boca. Sua face estava radiante, brilhando com a luz de um outro mundo.
NOS Braços de
JESUS
O capitão da
guarda ordenou que parassem. O ar frio do inverno esfriara o cepo junto ao qual
Paulo ajoelhou-se. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
Desde agora, a coroa da justiça me está guardada. A lâmina da espada brilhou ao
sol. Paulo fechou os olhos para a multidão ruidosa, e quando os abriu de novo,
estava na presença de JESUS de Nazaré, onde há plenitude de alegria, e em cuja
destra há prazeres eternos (SI 16.11).
FIM
Paulo, o
maior líder do cristianismo - Editora Hagnos
O apóstolo
Paulo foi, certamente, o maior evangelista, o maior teólogo, o maior
missionário e o maior plantador de igrejas de toda a história do cristianismo.
Plantou igrejas nas províncias da Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia Menor.
Nenhum homem exerceu tanta influência sobre a nossa civilização. Nenhum
escritor foi tão conhecido e teve suas obras tão divulgadas e
comentadas quanto ele. Embora tenha vivido sob fortes pressões internas e
externas, não deixou jamais sua alma ficar amargurada.
Paulo foi o
maior bandeirante do cristianismo, seu expoente mais ilustre, seu arauto mais
eloquente, seu embaixador mais conspícuo. Pregou com zelo aos gentios e aos
judeus, nas escolas, cortes, palácios, sinagogas, praças e prisão. Com a
mesma motivação, pregou quando tinha fartura e também quando passava por
privações. Ele enriqueceu muitos, sem nada possuir. Embora
tenha experimentado fome e frio, suportado cadeias e tribulações, passado
os últimos dias numa masmorra e enfrentado o martírio por ordem de um
imperador insano, sua vida ainda inspira milhões de pessoas em todo o
mundo.
Sua conversão
extraordinária foi um divisor de águas não só em sua vida, mas também na
história da humanidade. Antes dessa insólita experiência, foi o maior
perseguidor do cristianismo; depois dela, tornou-se seu maior arauto. Sua
vida foi vivida sempre com grande ardor e paixão. Antes de sua conversão,
seu zelo sem entendimento o levou a perseguir implacavelmente os cristãos.
Depois de sua conversão, seu zelo pela glória de DEUS o fez gastar-se sem
reservas pelos cristãos.
Convido você,
leitor, a acompanhar comigo a vida desse gigante de DEUS. Enquanto o veterano
apóstolo nos toma pela mão e nos guia pelas veredas de suas variadas
experiências, é necessário termos os olhos abertos e o coração disposto
para aprender com ele preciosas e ricas lições. Que DEUS nos ajude nessa
gloriosa aventura! Hernandes Dias Lopes
Capítulo 01 -
Um religioso memorável
(Quem era esse
homem que provocava verdadeiras revoluções por onde passava? Quais eram suas
credenciais? Quem eram seus pais? Onde nasceu? Como foi educado? Que convicções
religiosas lhe nortearam os passos? Convido você a fazermos uma viagem
rumo ao passado, entrando pelos corredores do tempo, a fim de descobrirmos
essas respostas. Nossa fonte primária é a Sagrada Escritura. Dela, emanam
as informações mais importantes sobre a vida, o ministério e a morte
desse gigante do cristianismo. É tempo de começarmos essa viagem!
Em primeiro
lugar, Paulo era judeu por nascimento. Em sua defesa em Jerusalém, após sua
dramática prisão, teve a oportunidade de se dirigir à multidão alvoroçada,
dizendo: “Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia...” (Atos 22.3). Seus
pais eram judeus. O sangue que corria em suas veias era o mesmo que corria
nas veias do patriarca Abraão. Ao combater a ideia errada dos
falsos mestres judaizantes, que nutriam uma falsa confiança na sua
linhagem judaica, Paulo responde: “Bem que eu poderia confiar também na carne.
Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais:
circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu
de hebreus...” (Fp 3.4,5). Paulo era um judeu puro sangue. Um judeu da
gema. Procedia da mais importante tribo israelita, a de Benjamim.
Em segundo
lugar, Paulo foi criado dentro da fé judaica. Paulo nasceu em Tarso da Cilícia.
Seus pais o educaram na fé judaica, uma vez que foi circuncidado ao oitavo dia
(Fp 3.5). Desde sua infância, bebeu o leite da piedade e aprendeu os
preceitos da lei de DEUS. Jamais foi um jovem devasso. O zelo sempre ardeu
em seu peito. Seu propósito em servir a DEUS foi o vetor que governou sua
vida. Dominava com grande desenvoltura o conhecimento da lei e as opiniões
mais importantes dos grandes mestres de sua época. Ele se destacava dentro
do judaísmo. Chegou mesmo a declarar: “E, na minha nação, quanto ao
judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso
das tradições de meus pais” (Gl 1.14).
Em terceiro
lugar, Paulo foi educado em Jerusalém aos pés de Gamaliel. Perante grande
multidão em Jerusalém, Paulo dá seu testemunho: “... criei-me nesta cidade e
aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de
nossos antepassados, sendo zeloso para com DEUS, assim como todos vós o
sois no dia de hoje” (Atos 22.3). Jerusalém era a cidade santa. Lá estavam
os escribas e doutores da lei. Lá estavam o templo e os sacrifícios. Lá
estavam a lei e as cerimônias. Lá estavam os sacerdotes e os rabinos. Lá
estava o sinédrio. Essa cidade transpirava religião. Tudo girava em torno
do sagrado. Na cidade de Davi, Paulo foi instruído aos pés de Gamaliel, o maior
e o mais ilustre rabino daquela época, homem culto, sábio e piedoso. Ele
foi instruído segundo a exatidão da lei dos seus antepassados. Conhecia
bem de perto as tradições do seu povo. Sabia de cor as inúmeras regras e
preceitos criados pelos anciãos. A tradição oral, fruto da
interpretação meticulosa e extravagante dos escribas, era observada cuidadosamente
por esse jovem brilhante.
Em quarto
lugar, Paulo tinha uma vasta cultura secular. Paulo era um erudito. Seu
conhecimento transcendia o campo religioso. Estava familiarizado com o
conhecimento mais refinado de sua época. Paulo era um poliglota, ou seja,
falava vários idiomas. Trafegava com desenvoltura pelos corredores do
passado e citava com precisão os grandes pensadores e filósofos dos tempos
antigos. Quando pregou na capital intelectual do mundo, a Atenas de
Péricles, Sócrates, Platão e Aristóteles, não hesitou em citar alguns poetas
atenienses (Atos 17.28). Quando escreveu a Tito, na ilha de Creta, fez
referência a Epimênides, um filósofo cretense, do século 6 o a.C (Tt 1.12).
Paulo tinha uma cultura enciclopédica. Festo, mesmo fazendo troça do
apóstolo, precisou se curvar à realidade insofismável de que Paulo era um
homem de muitas letras (Atos 26.24). O próprio apóstolo Pedro faz
referência à sabedoria de Paulo, dizendo que ele escreveu coisas difíceis de
entender, que os ignorantes e instáveis deturpam para sua própria destruição
(2Pe 3.15,16).
Em quinto
lugar, Paulo era fariseu, membro da seita mais rigorosa dos judeus. Escrevendo
aos filipenses, descreveu sua vida pretérita nestes termos: “... quanto à lei,
[eu era] fariseu...” (Fp 3.5). Diante do rei Agripa, quando estava sendo
acusado, em Cesareia, disse: “... porque vivi fariseu conforme a seita
mais severa da nossa religião” (Atos 26.5). Como fariseu, Paulo era zeloso da
lei. Como fariseu, era extremamente zeloso das tradições de seus pais (Gl
1.14). Como fariseu, frequentava assiduamente a sinagoga. Como fariseu,
dava o dízimo criteriosamente e jejuava regularmente. Ele chega a afirmar
que, quanto à justiça que há na lei, era irrepreensível (Fp 3.6). Os
fariseus eram os separados. Eles compunham o grupo religioso mais ortodoxo de
Israel. Os fariseus estavam do lado oposto dos saduceus, grupo religioso
que negava a ressurreição e a existência dos anjos.
Em sexto lugar,
Paulo era membro do sinédrio judaico. Paulo era o maior embaixador do sinédrio
judaico no sentido de promover a fé de seus pais. Por outro lado, era o braço
estendido desse mesmo sinédrio para neutralizar ou desbaratar qualquer
nova vertente religiosa que colocasse em risco sua tradição religiosa. O
sinédrio era o concílio maior dos judeus, composto de setenta
homens maduros, cuja função principal era legislar e julgar a vida
religiosa e moral do povo judeu. Governado especialmente pelos sacerdotes,
da seita dos saduceus, tinha nos fariseus seus membros mais zelosos da lei
(Atos 23.6). Ser membro do sinédrio era ser considerado um dos principais
dos judeus (Jo 3.1). Esse posto de honra dava-lhe projeção e grande
destaque na sociedade. Era um homem respeitado pelo seu conhecimento, pela
sua religiosidade e pelo zelo com que se devotava à causa do seu povo.
Em sétimo
lugar, Paulo era um cidadão romano. Paulo, mesmo sendo filho de judeus, era
cidadão romano (Atos 22.27), pois nasceu numa província romana, em Tarso da
Cilícia. Recebeu o título de cidadão romano não mediante o pagamento de
grande soma de dinheiro (Atos 22.28a), mas por direito de nascimento (Atos
22.28b). Um cidadão romano gozava de certos privilégios. Ele não podia ser
açoitado (Atos 22.25). Paulo não hesitou em lançar mão desse privilégio sempre
que necessário. Pelo menos duas vezes essa credencial de Paulo o livrou
das mãos das autoridades. A primeira vez, na cidade de Filipos, colônia
romana, onde Paulo foi açoitado e preso ilegalmente. Quando os pretores,
as autoridades locais, souberam que Paulo era romano, ficaram cheios de temor
e precisaram se desculpar com o apóstolo (Atos 16.35-40). A segunda vez,
quando Paulo foi preso em Jerusalém e estava sendo amarrado, para ser
interrogado sob açoites, em vista do alvoroço da multidão tresloucada,
Paulo pergunta: “... Ser-vos-á, porventura, lícito açoitar um cidadão
romano, sem estar condenado?” (Atos 22.25). Paulo não fazia propaganda de
suas prerrogativas, mas jamais deixou de usá-las quando isso se fazia
necessário. Humildade não é se esconder. Os humildes não tocam trombeta
fazendo alarde de seu conhecimento, poder ou influência. Os humildes não
querem ser menos do que são; mas jamais deixam de afirmar o que são,
quando isso contribui para a promoção do bem.
Capítulo 02 -
Um perseguidor implacável
O zelo sem
entendimento pode ser uma arma perigosíssima. Muitos crimes hediondos têm sido
praticados em nome de DEUS. Com Paulo, não foi diferente. Ele foi um
perseguidor implacável (Gl 1.13). Ele usou sua influência e força para esmagar
os discípulos de CRISTO. Perseguiu CRISTO (Atos 26.9), a religião de CRISTO
(Atos 22.4) e os seguidores de CRISTO (Atos 26.11).
Paulo foi o
mais severo perseguidor da igreja em seus albores. Olhando pelo retrovisor,
fazendo uma retrospectiva do seu passado, escreveu a Timóteo: “a mim, que,
noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente...” (1Tm 1.13). Ele
feria os cristãos com a língua e com os punhos. Fazia isso com arrogância
e soberba. Usava os instrumentos legais e também a truculência física.
Paulo é visto
como perseguidor
Ressaltamos,
aqui, alguns pontos importantes: Paulo via a si mesmo como perseguidor. Ao
escrever à igreja de Corinto, diz que se considerava o menor dos apóstolos e
até não era digno de ser chamado apóstolo, uma vez que havia perseguido a
igreja de DEUS (1Co 15.9). Escrevendo aos gálatas, testemunha: “Porque
ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira
perseguia eu a igreja de DEUS e a devastava” (Gl 1.13). Diante do povo de
Jerusalém, confessou: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e
metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). Diante do rei Agripa,
ele testemunhou: “Na verdade, a mim me parecia que muitas cousas deviam eu
praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno; e assim procedi em
Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes,
encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto,
quando os matavam. Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas,
obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo
por cidades estranhas os perseguia” (Atos 26.9-11).
CRISTO o viu
como perseguidor. Quando Paulo, enfurecidamente, ia para Damasco com o
propósito de manietar e trazer amarrados os discípulos de CRISTO para Jerusalém
a fim de lançá-los na prisão, CRISTO apareceu-lhe, de maneira gloriosa, na
estrada de Damasco, perguntando-lhe: “... Saulo, Saulo, por que me
persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14).
Perseguir a igreja é perseguir CRISTO. Perseguir os membros do Corpo é
perseguir a Cabeça do Corpo. Perseguir a noiva é perseguir o Noivo. Paulo
não estava apenas se levantando contra homens, mas contra o próprio DEUS.
Aqueles que ferem os santos de DEUS tocam na menina dos olhos de DEUS.
O povo de
Damasco o viu como perseguidor. O zelo sem entendimento pode levar um homem a
fazer loucuras. Paulo atacou furiosamente os cristãos. Ananias, morador de
Damasco, disse ao Senhor acerca dele: “... Senhor, de muitos tenho ouvido
a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em
Jerusalém; e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes
para prender a todos os que invocam o teu nome” (Atos 9.13,14). O mesmo
aconteceu logo que começou a pregar em Damasco. A reação do povo foi
imediata: “Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é
este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de JESUS e para
aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais
sacerdotes?” (Atos 9.21).
Os discípulos
de Jerusalém o viram como perseguidor. Quando Paulo fugiu de Damasco e foi para
Jerusalém com a intenção de ser acolhido pelos discípulos, eles não acreditaram
nele. Pensaram que se tratava de mais um estratagema para perseguir os
cristãos. Lucas relata esse fato assim: “Tendo chegado a Jerusalém,
procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam,
não acreditando que ele fosse discípulo” (Atos 9.26).
Paulo é um
perseguidor cruel e resistente
Duas descrições
metafóricas ilustram a crueldade das perseguições de Paulo aos cristãos.
Primeiro, ele é
visto como uma fera selvagem. A igreja em Jerusalém foi duramente perseguida, e
muitos cristãos fugiram, pregando o evangelho (Atos 8.1-4). Alguns deles foram
para Damasco. E agora, Paulo, ainda respirando ameaças e morte contra os discípulos
do Senhor, dispõe-se a ir a Damasco para manietar, prender e arrastar
presos para Jerusalém aqueles que professavam o nome de CRISTO (Atos
9.1,2). Ele queria destruir os crentes em Jerusalém, por isso os caçava por
toda parte, para trazê-los de volta a Jerusalém e ali os exterminar.
Essa expressão
“respirando ameaças e morte” literalmente é a mesma para descrever uma fera
selvagem que furiosamente extermina o corpo de uma presa. Na linguagem dos
crentes de Damasco, Paulo era um exterminador (Atos 9.21). Paulo era um
monstro celerado, um carrasco impiedoso, um perseguidor truculento, um
tormento na vida dos cristãos primitivos.
A expressão
“respirando ainda ameaças e morte” era também uma alusão ao arfar e ao bufar
dos animais selvagens. Paulo parecia mais um animal selvagem do que um homem.
Em suas próprias palavras, ele estava “demasiadamente enfurecido” (Atos
26.11). Nada é mais perigoso do que o radicalismo religioso sem
entendimento. Muitas “guerras santas” já foram declaradas por causa dessa
atitude ensandecida. Milhares de pessoas já morreram em nome de DEUS para
sustentar essa causa inglória. Muito sangue já foi derramado para
satisfazer os caprichos desses religiosos dominados pelo zelo sem
entendimento.
A expressão
“respirando ameaças e morte” descreve também uma fera selvagem saltando sobre a
presa para devorá-la. Paulo era uma fera selvagem, uma ameaça concreta para
todos aqueles que confessavam o nome de JESUS. Não poupava homens nem
mulheres. Perseguiu a religião do Caminho até a morte (Atos 22.4). Estava
determinado a praticar muitas coisas contra o nome de JESUS, o Nazareno
(Atos 26.9). Ele estava determinado a banir da terra o cristianismo. Não
podia aceitar que um nazareno, crucificado como um criminoso, pudesse ser
o Messias prometido de DEUS. Não podia aceitar que os cristãos anunciassem
a ressurreição daquele que havia sido dependurado numa cruz. Não podia
crer que uma pessoa pregada na cruz e, consequentemente, considerada pecadora
e maldita pudesse ser o Salvador do mundo.
Segundo ele é
visto como um touro bravo. O Senhor JESUS, mesmo sendo perseguido por Paulo,
não abriu mão de sua vida. A fúria de Paulo pelo nome de JESUS, o Nazareno, não
anulou o propósito eletivo de DEUS, que escolheu Paulo antes mesmo de ele
nascer e o separou para o ministério. Paulo mesmo testemunhou esse fato:
“Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua
graça, aprouve revelar seu Filho em mim...” (Gl 1.15,16). Um touro bravo é
amansado pelo aguilhão. O Senhor começou a ferroar sua consciência, ao mostrar
como aqueles discípulos presos, torturados e mortos morriam com
serenidade. O algoz estava furioso, mas as vítimas morriam cantando e
orando.
Quando Estêvão
foi apedrejado em Jerusalém, e se derramava o seu sangue, Paulo consentia em
sua morte e guardava as vestes daqueles que o apedrejavam (Atos 22.20). Paulo,
porém, recusava-se a ceder mesmo diante desses aguilhões. Como uma fera
selvagem, dirigiu-se a Damasco. Respirava ameaças e morte (Atos 9.1). Seu
prazer era matar em nome de DEUS aqueles que abraçavam a fé cristã. JESUS
então aparece-lhe em refulgente glória no caminho de Damasco, derruba-o ao chão
e lhe pergunta: “... Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é
recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). O boi bravo, enfim,
estava no chão, subjugado, manso, domado (Atos 9.3-5). Uma força maior do
que seu ódio entrou em seu peito. Uma luz maior do que seu zelo o dominou. Aquele
a quem ele perseguia com todas as forças da sua alma, agora conquista seu
coração. Quebrado e submisso, ele pergunta: “Quem és tu, Senhor?”. E o
Senhor responde: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues” (Atos 26.15).
Paulo é um
perseguidor violento
A Bíblia faz
descrições dos variados métodos usados por Paulo para perseguir os discípulos
de CRISTO. Vamos analisar esses métodos.
Em primeiro
lugar, Paulo perseguia os cristãos usando o recurso da lei. Paulo usava sua
influência e seu trânsito no sinédrio para munir-se de cartas de autorização
dos principais sacerdotes a fim de encerrar em prisões e matar os cristãos
(Atos 26.10). Sua perseguição tinha um ar de legalidade e oficialidade.
Ele representava o braço repressor da lei religiosa. Ele lançava mão de
artifícios legais para impor aos discípulos de CRISTO as mais duras
sanções. É importante ressaltar que nem tudo o que é legal é moral. Nem
tudo que é lícito é conveniente. Nem tudo o que a lei permite deve
ser feito. Há muitos facínoras que se escondem atrás da lei para matar e
oprimir os inocentes. Há muitos espertalhões que, despudoradamente,
beneficiam-se das filigranas da lei para se abastecerem e oprimirem o
pobre. Há aqueles que fazem as leis, torcem-nas e as manipulam para alcançar
seus propósitos escusos e inconfessos.
Em segundo
lugar, Paulo perseguia os cristãos em seus redutos religiosos. Paulo perseguia
e castigava os cristãos por todas as sinagogas em Jerusalém, bem como por
cidades estranhas (Atos 26.11). Sua área de jurisdição transcendia os
limites da Palestina. Suas cruzadas furiosas avançavam além dos limites de
Israel e chegavam até Damasco, na Síria (Atos 9.1,2). As sinagogas eram os
locais principais de reunião, onde os judeus se congregavam para estudar a
lei e orar. Ali também os cristãos se reuniam para adorar CRISTO e
cultuá-lo. O lugar de comunhão transformou-se num palco de opressão. O
abrigo da sinagoga tornou-se um corredor de perseguição. Paulo não respeitava
os recintos sagrados. Ele pensava com isso estar prestando um serviço a
DEUS.
Em terceiro
lugar, Paulo empregava a tortura psicológica. A perseguição impetrada por essa
fera selvagem e por esse boi bravo não consistia apenas em sanções legais
contra os novos convertidos. Ele os castigava não apenas fisicamente, mas
também psicologicamente. Ele mesmo testemunha: “Muitas vezes, os castiguei
por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar...” (Atos 26.11).
Ele era blasfemo (1Tm 1.13) e forçava os neófitos a blasfemarem. Alguns
crentes, novos na fé, com medo da morte, recuavam e blasfemavam. Outros,
porém, suportavam os açoites, as prisões e a morte, permanecendo fiéis
(Atos 26.10). A tortura psicológica é pior do que o castigo físico.
Os campos de concentração nazistas usaram esse artifício maldito e levaram
muitas pessoas à loucura. Ainda hoje, a tortura é um dos instrumentos mais
aviltantes e ignominiosos, usados para arrancar confissões e declarações
que incriminam as vítimas ou aqueles que se quer condenar.
Em quarto
lugar, Paulo empregava a tortura física. Em sua carta aos Coríntios, Paulo diz
que perseguiu a igreja de DEUS (1Co 15.9). Aos crentes da Galácia, seu relato é
ainda mais contundente: “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora
no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de DEUS e a
devastava” (Gl 1.13). Nessa perseguição, usou vários métodos:
Ele caçava os
crentes por todas as partes. Paulo era um caçador implacável (Atos 9.2; 22.5;
26.9). Ele não se contentou apenas em perseguir os cristãos em Jerusalém;
caçava-os por todas as cidades estranhas. Agora, escoltado por uma
soldadesca do sinédrio, marcha para Damasco, capital da Síria, para
prender os cristãos e levá-los manietados para Jerusalém (Atos 9.2). Seu
propósito em prender os cristãos em Damasco era trazê-los para Jerusalém e
puni-los, exatamente no local onde eles afirmavam que JESUS havia
ressuscitado (Atos 22.5). Sua intenção não era apenas castigar os
cristãos, mas jogar uma pá de cal no cristianismo.
Seu ódio, na
verdade, não era propriamente contra os cristãos, mas contra CRISTO. Ele
testemunha ao rei Agripa: “Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas
deviam eu praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno” (Atos 26.9).
Escrevendo a seu filho Timóteo, Paulo testemunha: “a mim, que, noutro
tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente...” (1Tm 1.13).
Paulo, ao
perseguir a igreja, estava perseguindo o próprio CRISTO. Por isso, quando JESUS
aparece-lhe no caminho de Damasco, pergunta: “Saulo, Saulo, por que me
persegues?” (Atos 9.4). Ele então indaga: “Quem és tu, Senhor?”. E a resposta
foi: “Eu sou JESUS, o Nazareno, a quem tu persegues” (Atos 9.5). Diante do
sinédrio, Paulo disse: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo
e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). O povo de Damasco,
ao ouvir a pregação de Paulo, logo depois da sua conversão, reafirma como
Paulo perseguiu de forma implacável os crentes: “... Não é este o que
exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de JESUS e para aqui veio
precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes?” (Atos
9.21).
Ele manietava
os crentes. Ao entrar nas sinagogas, Paulo não apenas dava ordem de prisão aos
crentes, mas os amarrava e os levava assim aos principais sacerdotes (Atos
9.21). Ele corrobora: “... e ia para Damasco, no propósito de trazer
manietados para Jerusalém os que também lá estivessem, para serem punidos”
(Atos 22.5).
Ele encerrava
os crentes em prisões. O propósito de Paulo em ir a Damasco era descobrir lá
alguns crentes a fim de levá-los presos para Jerusalém (Atos 9.2). Ele diz ao
povo de Jerusalém: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo
em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). Depois de sua conversão,
quando DEUS o mandou sair de Jerusalém, Paulo tentou argumentar com DEUS,
dizendo: “... Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão [...] os que
criam em ti” (Atos 22.19).
Ele açoitava os
crentes. Paulo não somente acorrentava e prendia os cristãos, mas também os
castigava fisicamente (Atos 22.5). Ele disse: “... Senhor, eles bem sabem que
eu [...] açoitava os que criam em ti” (Atos 22.19). Diante de Agripa,
Paulo declara: “Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas,
obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo
por cidades estranhas os perseguia” (Atos 26.11). Paulo era um carrasco,
um homem truculento, selvagem, bárbaro, um monstro celerado em seu zelo
ensandecido.
Ele matava os
crentes. Paulo não apenas caçava os crentes como uma fera selvagem caça a sua
presa, como também os devorava. Ele não apenas os acorrentava, prendia e
açoitava, mas também os matava. Ele devastava a igreja. Sempre que o
sinédrio deliberava sobre a morte dos crentes encerrados em prisão, Paulo
dava seu voto para que fossem mortos. Diz ele: “e assim procedi
em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes,
encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto,
quando os matavam” (Atos 26.10). Diante da multidão amotinada de
Jerusalém, Paulo testemunhou: “Quando se derramava o sangue de Estêvão,
tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até guardei
as vestes dos que o matavam” (Atos 22.20).
Capítulo 03 -
Um touro indomável
A conversão de
Paulo foi a mais importante da história. Talvez nenhum fato seja mais marcante
na história da igreja depois do Pentecostes. Nenhum homem exerceu tanta
influência no cristianismo. Nenhum homem foi tão notório na história da
humanidade. Lucas ficou tão impressionado com a importância da conversão
de Paulo que ele a relata três vezes em Atos (Atos 9, 22, 26). Destacamos
alguns pontos sobre a conversão de Paulo.
Paulo não se
converteu; ele foi convertido
A causa da
conversão de Paulo foi a graça soberana de DEUS. Talvez o apedrejamento de
Estêvão tenha impactado profundamente Paulo. Ele estava perseguindo CRISTO. Na
verdade, CRISTO se revelou a ele. Cremos que com o testemunho de Estêvão, Paulo
desejou no fundo de seu coração conhecer esse JESUS que se levantou para
receber seu discípulo.
Paulo estava
caçando os cristãos para prendê-los, e CRISTO estava caçando Paulo para
salvá-lo (Atos 9.1-6). Não era Paulo que estava buscando a JESUS; era JESUS
quem estava buscando a Paulo. A salvação de Paulo não foi iniciativa dele;
foi iniciativa de JESUS. Não foi Paulo quem clamou por JESUS; foi JESUS
quem chamou pelo nome de Paulo. Não é o homem que se reconcilia com DEUS;
é DEUS quem está em CRISTO reconciliando consigo o mundo (2Co 5.18).
Paulo não é
salvo por seus méritos; ele era uma fera selvagem, um perseguidor implacável,
um assassino insensível. Seus predicados religiosos, nos quais confiava
(circuncidado, fariseu, hebreu de hebreus, da tribo de Benjamim), ele
considerou como esterco (Fp 3.8, ARC). A nossa justiça aos olhos de DEUS
não passa de trapo de imundícia (Is 64.6).
Paulo era um
touro bravo que resistiu aos aguilhões
A conversão de
Paulo não foi de maneira nenhuma repentina. De acordo com a própria narrativa
de Paulo, JESUS lhe disse: “... Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões”
(Atos 26.14). JESUS comparou Paulo a um touro jovem, forte e obstinado, e
ele mesmo, a um fazendeiro que usa aguilhões para domá-lo.
DEUS já estava
trabalhando na vida de Paulo antes de ele se render no caminho de Damasco.
Paulo era como um touro bravo que recalcitrava contra os aguilhões (Atos
26.14). JESUS já estava ferroando sua consciência quando ele viu Estêvão
sendo apedrejado e com rosto de anjo pedir ao Senhor para perdoar seus
algozes. A oração de Estêvão ainda latejava na alma de Paulo.
JESUS estava
ferroando a consciência de Paulo quando ele prendia os cristãos e dava seu voto
para matá-los, e eles morriam cantando. Mas, como esse boi selvagem não amansou
com as ferroadas, JESUS apareceu a ele, o derrubou ao chão e o subjugou
totalmente no caminho de Damasco. Isso nos prova que a eleição de DEUS é
incondicional, que a graça de DEUS é irresistível, e que seu chamado
é irrecusável. Paulo precisou ser jogado ao chão e ficar cego para se
converter. Nabucodonosor precisou ir para o campo comer capim com os
animais para se dobrar. Até quando você vai resistir à voz do ESPÍRITO de
DEUS?
A conversão de
Paulo no caminho de Damasco era o clímax repentino de um longo processo em que
o “Caçador dos céus” tinha estado em seu encalço. Curvou-se a dura cerviz
autossuficiente. O touro estava domado.
Paulo era um
intelectual que resistiu à lógica divina (Atos 9.4-8)
Se a conversão
de Paulo não foi repentina, também não foi compulsiva. CRISTO falou com ele em
vez de esmagá-lo. CRISTO o jogou ao chão, mas não violentou sua personalidade.
Sua conversão não foi um transe hipnótico. JESUS apelou para sua razão e
para seu entendimento.
JESUS
perguntou: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Paulo respondeu: “Quem és tu,
Senhor?”. JESUS respondeu: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues”. JESUS ordenou:
“Mas levanta-te”, e Paulo prontamente obedeceu! A resposta e a obediência
de Paulo foram racionais, conscientes e livres.
A soberania de
DEUS não anula a responsabilidade humana. JESUS picou a mente e a consciência
de Paulo com os seus aguilhões. Então ele se revelou através da luz e da voz,
não para esmagá-lo, mas para salvá-lo. A graça de DEUS não aprisiona. É o
pecado que prende. A graça liberta!
Paulo foi um
homem completamente transformado (Atos 9.3-20)
Destacamos três
fatos benditos sobre essa súbita conversão de Paulo:
Em primeiro
lugar, uma gloriosa manifestação de JESUS (Atos 9.3-6). Três coisas aconteceram
a Paulo:
Paulo viu uma
luz (Atos 22.6,11). Subitamente, uma grande luz do céu brilhou ao seu redor.
Aquilo não foi uma miragem, um êxtase, uma visão subjetiva. Foi uma grande luz
do céu tão forte que lhe abriu os olhos da alma e tirou-lhe a visão
física. Ele ficou cego por causa do fulgor daquela luz (Atos 22.11). Não
foi apenas uma luz que apareceu a Paulo, mas o próprio JESUS (Atos 9.17).
Aquela luz era a glória do próprio Filho de DEUS ressurreto.
Paulo caiu por
terra (Atos 22.7). O touro furioso, selvagem e indomável estava subjugado.
Aquele que prendia estava preso. Aquele que encerrava em prisão estava
dominado. Aquele que se achava detentor de todo o poder para perseguir
estava prostrado ao chão, impotente. O Senhor quebrou todas as suas
resistências.
Paulo ouviu uma
voz (Atos 22.7). O mesmo JESUS que ferroara sua consciência com aguilhões
troveja, agora, aos seus ouvidos, desde o céu: “... Saulo, Saulo, por que me
persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). A
voz do Senhor é poderosa. Ela despede chamas de fogo. Faz tremer o
deserto. É irresistível. Paulo então perguntou: “... quem és tu, Senhor? Ao
que JESUS respondeu: “... Eu sou JESUS, o Nazareno, a quem tu persegues”
(Atos 22.8). O mesmo Paulo que perseguia a JESUS (Atos 26.9) chama, agora,
JESUS de Senhor. Ele se curva. Ele se prostra. O boi selvagem foi
subjugado! Não há salvação sem que o pecador se renda aos pés do Senhor JESUS.
Em segundo
lugar, uma humilde entrega de Paulo (Atos 22.8,10). Três coisas devem ser
destacadas:
Paulo reconhece
que JESUS é o Senhor (Atos 22.8). Aquele a quem ele resistira e perseguira é de
fato o Senhor. Verdadeiramente, ele ressuscitou dentre os mortos.
Verdadeiramente, ele é o Messias, o Filho de DEUS. Aquela luz brilhou na
sua alma, iluminou seu coração, tirou as escamas dos seus olhos
espirituais (2Co 3.16).
Paulo reconhece
que é pecador (Atos 22.8). Paulo toma conhecimento de que seu zelo religioso
não agradava a DEUS. Na verdade, estava perseguindo o próprio Filho de DEUS.
Ele reconhece que é o maior de todos os pecadores. Reconhece que está
perdido e precisa da salvação.
Paulo reconhece
que precisa ser guiado pelo Senhor (Atos 22.10). A autossuficiência de Paulo
acaba no caminho de Damasco. Ele agora pergunta: “... que farei, Senhor?...”
(Atos 22.10). Agora quer ser guiado! Está pronto a obedecer. Ele que
esperava entrar em Damasco na plenitude de seu orgulho e bravura, como um
autoconfiante adversário de CRISTO, estava sendo guiado por outros, humilhado
e cego, capturado pelo CRISTO a quem se opunha. O Senhor ressurreto
aparecera a ele. A luz que viu era a glória de CRISTO, e a voz que ouviu
era a voz de CRISTO. CRISTO o capturou antes que ele pudesse capturar
qualquer crente em Damasco.
Em terceiro
lugar, uma evidência incontestável da conversão de Paulo (Atos
9.10-20). Três verdades nos provam essa tese:
Paulo evidencia
sua conversão pela vida de oração (Atos 9.10,11). A prova que DEUS deu a
Ananias de que Paulo agora era um irmão, e não um perseguidor, é que ele estava
orando. Quem nasce de novo tem prazer de clamar “Aba Pai”. Quem é salvo
tem prazer na comunhão com o Pai. Paulo é convertido e logo começa a orar!
Paulo evidencia
sua conversão pelo recebimento do ESPÍRITO SANTO (Atos 9.17). Ananias impõe as
mãos sobre ele, e ele recebe o ESPÍRITO e fica cheio do ESPÍRITO SANTO. Charles
Spurgeon disse que é mais fácil você convencer um leão a ser vegetariano do
que uma pessoa ser convertida sem a ação do ESPÍRITO SANTO.
Paulo evidencia
sua conversão pelo recebimento do batismo (Atos 9.18). Não é o batismo que
salva, mas o salvo deve ser batizado. O batismo é um testemunho da salvação.
Uma pessoa que crê precisa ser batizada e integrada na igreja. Ananias
chamou Paulo de irmão. Ele entrou para a família de DEUS.
Capítulo 04 -
Uma pedra bruta lapidada
Depois de
convertido, logo Paulo se transforma em pregador do evangelho. Em vez de
perseguir os cristãos, promove a fé evangélica. Em vez de tapar a boca dos
cristãos, abre a boca para testemunhar do nome de JESUS. Destaco três mudanças
radicais que aconteceram na vida de Paulo depois de sua conversão:
Em primeiro
lugar, de agente de morte a pregador do evangelho. Paulo tornou-se um
embaixador de CRISTO, um pregador do evangelho imediatamente após sua conversão
(Atos 9.20). DEUS mesmo o escolheu para levar o evangelho aos gentios e
reis, bem como perante os filhos de Israel (Atos 9.15).
Paulo pregou a
tempo e fora de tempo. Em prisão e em liberdade. Com saúde ou doente. Pregou
nos lares, nas sinagogas, no templo, nas ruas, nas praças, na praia, no navio,
nos salões governamentais, nas escolas. Paulo pregou com senso de
urgência, com lágrimas e no poder do ESPÍRITO SANTO.
Aonde ele
chegava, os corações eram impactados com o evangelho. Ele pregava não apenas
usando palavras de sabedoria, mas com demonstração do ESPÍRITO e de poder (1Co
2.4; 1Ts 1.5).
Em segundo
lugar, de devastador da igreja a plantador de igrejas. DEUS encorajou Ananias a
ir ao encontro de Saulo em Damasco, dando-lhe as seguintes palavras: “... Vai,
porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome
perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (Atos
9.15). O Senhor mesmo levantou Paulo como o maior evangelista, o
maior missionário, o maior pastor, o maior pregador, o maior teólogo e o
maior plantador de igrejas da história do cristianismo. Ele plantou
igrejas na região da Galácia, nas províncias da Macedônia, Acaia e Asia
Menor. Não apenas plantou igrejas, mas pastoreou-as com intenso zelo,
com profundo amor e com grave senso de responsabilidade. Pesava sobre ele
a preocupação com todas as igrejas (2Co 11.28).
Em terceiro
lugar, de receptor de cartas para prender e matar a escritor de cartas para
abençoar e salvar. Como perseguidor e exterminador dos cristãos, Paulo pedia
cartas para prender, amarrar e matar os crentes (Atos 9.2,14). Mas, depois
de convertido, ele escreve cartas para abençoar. Paulo foi o
maior escritor do Novo Testamento. Ele escreveu treze cartas. Suas cartas
são mais conhecidas do que qualquer obra jamais escrita na história da
humanidade. Suas cartas têm sido alimento diário para milhões de crentes
em todos os tempos. Essas cartas são luzeiros que brilham; são pão que
alimenta; são água que dessedenta; são verdades inspiradas pelo ESPÍRITO
SANTO que ensinam, exortam e levam pessoas a CRISTO todos os dias!
Vejamos, agora,
como DEUS trabalhou na vida de Paulo até transformá-lo no apóstolo que foi.
Mesmo que sua conversão tenha sido genuína e radical, seu amadurecimento foi
progressivo.
Pregando em
Damasco
Logo após ser
curado da cegueira, ser batizado e ter recebido o ESPÍRITO, Paulo começou a
pregar em Damasco, afirmando que JESUS é o Filho de DEUS (Atos 9.20). Sua
pregação consistia apenas numa declaração de que aquele a quem ele
perseguia era o Filho de DEUS. Essa pregação causou espanto nos
damascenos, em virtude de sua reputação de exterminador dos que invocavam o
nome de JESUS (Atos 9.21).
Seminário
intensivo com JESUS na Arábia
Há um intervalo
muito importante na vida de Paulo entre Atos 9.20,21 e Atos 9.22. No começo,
Paulo apenas pregava e afirmava que JESUS era o Filho de DEUS (Atos 9.20,21).
Mas, depois, Paulo mais e mais se fortalecia e confundia os judeus que
moravam em Damasco, demonstrando que JESUS é o CRISTO (Atos 9.22).
Demonstrar é mais do que afirmar. Demonstrar é provar cuidadosa
e meticulosamente o que se afirma. Demanda um exame acurado, uma
investigação precisa, uma análise profunda.
Onde Paulo
esteve e o que aprendeu para passar do primeiro estágio da afirmação para o
segundo estágio da demonstração? O livro de Atos não nos responde, mas
encontramos a resposta na carta aos Gálatas. Após sua conversão, Paulo não
foi para Jerusalém, onde estavam os apóstolos, mas rumou para as regiões
da Arábia, onde faz um seminário intensivo com o próprio Senhor JESUS. O
próprio Paulo registra esse fato, assim: “Faço-vos, porém, saber,
irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu
não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de
JESUS CRISTO” (Gl 1.11,12).
Depois, já em
Damasco de volta, passou três anos examinando cuidadosamente o Antigo
Testamento, ele descobriu que JESUS era, de fato, o Messias prometido. Paulo
narra como foi que isso aconteceu nesses três anos: “Quando, porém, ao que
me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar
seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não
consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram
apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei,
outra vez, para Damasco” (Gl 1.15-17).
Pregação mais
precisa em Damasco (permaneceu aí por três anos)
Ao voltar das
regiões da Arábia para Damasco é que Paulo, agora, não apenas afirma, mas
demonstra que JESUS é o CRISTO, o Messias prometido (Atos 9.22).
Em vez de sua
pregação encontrar guarida em Damasco, encontra, pelo contrário, severa
resistência.
Paulo precisa fugir de maneira humilhante num cesto muralha abaixo para salvar
a vida. Depois de três anos de sua conversão, de Damasco ele vai a Jerusalém
(Gl 1.18).
Rejeição e
acolhimento em Jerusalém
Ao chegar a
Jerusalém, a recepção de Paulo não foi nada calorosa. Os discípulos não
acreditavam na sinceridade de sua conversão. Pensavam que ele estava blefando e
armando uma cilada para perseguir a igreja. Essa rejeição, possivelmente,
foi mais um golpe que Paulo sofreu ainda nos albores da sua caminhada.
Estava colhendo os frutos de sua semeadura. Eis o relato de Lucas: “Tendo
chegado a Jerusalém, procurou [Paulo] juntar-se com os discípulos; todos,
porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo” (Atos 9.26).
Barnabé, o
filho da consolação, viu Paulo com outros olhos. Acreditou nele e investiu em
sua vida. Assim Lucas relata: “Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos
apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe
falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de JESUS” (Atos
9.27). Barnabé foi o instrumento usado por DEUS para introduzir Paulo na
comunidade cristã de Jerusalém, cidade onde ele outrora devastara a fé
que agora pregava (Gl 1.23).
Uma exagerada
confiança em si mesmo
Uma vez
acolhido na igreja-mãe, onde outrora perseguira com tanta fúria os cristãos,
Paulo tem livre trânsito para sair da cidade e entrar nela, a fim de pregar aos
judeus e discutir com os helenistas. Mas toda essa desenvoltura não
alcança os resultados que Paulo esperava. Talvez até aqui Paulo ainda
estivesse confiando em si mesmo para obter sucesso em seu ministério.
Ainda estava vivendo sob a égide da antiga aliança.
Em vez de
frutos do seu trabalho, enfrenta mais perseguição. Eis o relato de Lucas:
“Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando ousadamente em nome
do Senhor. Falava e discutia com os helenistas; mas eles procuravam
tirar-lhe a vida” (Atos 9.28,29).
Ao dar
testemunho de sua conversão muitos anos depois, ao ser preso nessa mesma cidade
de Jerusalém, Paulo narra uma experiência dramática. Ele não foi apenas
rejeitado pelo povo da cidade. Foi dispensado também da obra pelo próprio
DEUS. Acompanhemos o relato que o próprio apóstolo faz: “Tendo eu voltado
para Jerusalém, enquanto orava no templo, sobreveio-me um êxtase, e vi
aquele que falava comigo: Apressa-te e sai logo de Jerusalém, porque não
receberão o teu testemunho a meu respeito” (Atos 22.17,18).
Em vez de DEUS
mudar os oponentes de Paulo, é Paulo que tem de mudar e sair da cidade. Paulo
não quer sair da igreja de Jerusalém. Ele chega a discutir com DEUS. Pensa que
DEUS está cometendo um erro estratégico ao tirá-lo desse campo. Ele pensa
ser o homem certo para essa empreitada. Mas DEUS não cede; é Paulo que tem
de arrumar as malas e ir embora. Vejamos a argumentação de Paulo com DEUS:
“Eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão e, nas
sinagogas, açoitava os que criam em ti. Quando se derramava o sangue de
Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até
guardei as vestes dos que o matavam. Mas ele me disse: Vai, porque eu te
enviarei para longe, aos gentios” (Atos 22.19-21). Como Paulo reluta em
sair, ele é retirado pelos irmãos: “Tendo, porém, isto chegado ao conhecimento
dos irmãos, levaram-no até Cesareia e dali o enviaram para Tarso” (Atos
9.30).
O jovem Paulo
sofre mais um golpe em seu orgulho. Quando ele arruma as malas e vai embora de
Jerusalém, imediatamente os problemas da igreja se resolvem: “A Igreja, na
verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e
caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do ESPÍRITO SANTO, crescia
em número” (Atos 9.31). Talvez nada fira tanto o orgulho de um pastor do
que sair da igreja e ver que após sua saída todos os problemas dela se
resolvem. Volte para casa, jovem!
Paulo saiu de
Jerusalém e foi para Tarso, sua cidade natal. E ali ficou não pouco tempo no
anonimato, num completo ostracismo. Nada sabemos desse longo período de sua
vida. Aquele que estava com a mente povoada de muitos sonhos, e nutrindo
na alma o ideal de pregar a Palavra em Jerusalém, está, agora, sozinho,
esquecido, fora do palco, longe das luzes da ribalta.
É importante
perceber que DEUS ainda está tratando com ele. Na verdade, DEUS está mais
interessado em quem nós somos do que no que fazemos. Vida com DEUS precede
trabalho para DEUS. A nossa maior prioridade não é fazer a obra de DEUS,
mas conhecer o DEUS da obra. O DEUS da obra é mais importante do que a
obra de DEUS. Paulo precisava aprender que o sucesso na obra não vinha
dele mesmo, mas de DEUS. Ele precisava passar da antiga aliança para a nova
aliança. Na antiga aliança, tudo depende de nós e nada, de DEUS; na nova
aliança, tudo depende de DEUS e nada, de nós. Se quisermos fazer a obra de
DEUS fiados em nossas próprias forças, fracassaremos. Se dependermos
apenas dos nossos recursos, nos frustraremos. A nossa suficiência vem de DEUS.
Tarso não foi
um acidente na vida de Paulo, mas uma escola de treinamento. O deserto é a
escola superior do ESPÍRITO SANTO onde DEUS treina seus líderes mais
importantes. Tarso foi o deserto de Paulo. O deserto não é um acidente em
nossa vida, mas uma agenda de DEUS. É DEUS quem nos leva para o deserto.
Não gostamos do deserto. Ele não nos promove. Ele nos tira do palco.
Ele apaga as luzes dos holofotes e nos deixa sem qualquer projeção. DEUS
nos leva para o deserto não para nos exaltar, mas para nos humilhar. O
deserto é o lugar onde DEUS treina seus líderes mais importantes. DEUS não
tem pressa quando se trata de preparar os seus líderes. Vivemos
numa geração que tem muita pressa. Gostamos de restaurantes fast-food. Mas
os líderes não podem amadurecer no carbureto. Eles não podem pular o
estágio do deserto. DEUS preparou Moisés quarenta anos para usá-lo durante
quarenta anos. DEUS preparou Elias três anos e meio para usá-lo num único
dia, no cume do monte Carmelo. O Senhor JESUS só começou seu ministério com
30 anos de idade. Paulo passou quatorze anos em Tarso antes de ser
poderosamente usado por DEUS na obra missionária.
Aprenda a ser
liderado antes de poder liderar
A evangelização
do mundo estava a todo vapor, e isso sem a contribuição de Paulo. Não há
pessoas indispensáveis na obra. Somos apenas cooperadores, e não os agentes da
obra. O evangelho chegou a Antioquia, a terceira maior cidade do mundo
daquela época. A igreja de Jerusalém enviou para lá o mesmo Barnabé que
havia acolhido Paulo em Jerusalém. Ao chegar ali, alegrou-se ao ver a obra
de DEUS prosperando e lembrou-se de Paulo. Foi atrás dele e o buscou para
engrossar fileiras no ministério da evangelização e do ensino naquela
cidade metropolitana.
Durante um ano,
eles ensinaram a Palavra de DEUS em Antioquia. A igreja era multicultural e
multirracial. Fortalecida na Palavra, a igreja orava e jejuava. Foi nesse tempo
que o ESPÍRITO SANTO separou Barnabé e Paulo para a grande obra
missionária, enviando-os para uma viagem missionária transcultural. É
digno de nota, porém, que o ESPÍRITO SANTO separou Barnabé e Paulo, e não Paulo
e Barnabé. O líder não era Paulo. Ele precisava aprender a ser liderado
antes de poder liderar. Ele precisava estar sob a autoridade de alguém
antes de poder exercer autoridade sobre alguém. Ele precisava aprender a
ser reserva antes de ocupar o lugar de titular.
Mais uma vez,
estamos diante do fato de que DEUS está trabalhando na vida de Paulo,
ensinando-o a depender totalmente do Senhor e nada de si mesmo. DEUS estava
esvaziando a bola desse homem. Estava lapidando essa pedra, aparando suas
arestas e moldando-o como um oleiro faz com o vaso.
Esta,
possivelmente, foi a lição mais importante que DEUS ensinou a Paulo em sua
trajetória missionária: como viver no poder da nova aliança. O mesmo apóstolo
compartilha como isso se deu em sua vida. Escrevendo sua segunda carta aos
Coríntios, ele fala das cinco marcas de uma vida vitoriosa: otimismo
indestrutível, sucesso constante, impacto inesquecível, integridade irrefutável
e realidade inegável (2Co 2.14-17; 3.1-3). Contudo, a grande questão é:
“... Quem, porém, é suficiente para estas cousas?” (2Co 2.16). Ele não dá
a resposta imediatamente. Só vai fazê-lo no capítulo seguinte, quando
escreve: “... a nossa suficiência vem de DEUS” (2Co 3.5). Só depois
de aprender esse princípio, Paulo está pronto para ser o grande líder, o
grande missionário, o homem poderosamente usado nas mãos de DEUS para
levar o evangelho aos mais distantes rincões do mundo.
Capítulo 05 -
Semeando com lágrimas, colhendo com júbilo
A primeira
viagem missionária de Paulo foi marcada por muitos incidentes e acidentes. Ele
enfrentou oposição, perseguição e até apedrejamento. A jornada foi tão dura que
o jovem João Marcos desistiu da viagem no meio do caminho.
A direção do
ESPÍRITO SANTO na obra missionária
A igreja prega
e ensina a Palavra (Atos 13.1), mas quem a dirige na obra missionária é o
ESPÍRITO SANTO (Atos 13.2). O ESPÍRITO SANTO é livre e soberano na condução dos
destinos da igreja. A orientação do ESPÍRITO é segundo a Palavra, e não à
parte dela. O ESPÍRITO se manifesta a uma igreja centralizada na Palavra e
a uma igreja que ora e jejua (Atos 13.2,3). O ESPÍRITO SANTO não age à
parte da igreja, mas em sintonia com ela. É a igreja que jejua e ora. É a
igreja que impõe as mãos e despede, mas é o ESPÍRITO quem envia os
missionários (Atos 13.3,4).
Não podemos
fazer a obra de DEUS sem a direção do ESPÍRITO SANTO. Ele nos foi enviado para
estar para sempre conosco. Ele nos guia a toda a verdade. Precisamos do
ESPÍRITO SANTO. Dependemos do ESPÍRITO SANTO. A igreja não pode ver sequer
uma conversão sem a obra do ESPÍRITO SANTO. Os pregadores não terão
virtude e poder para pregar sem a ação do ESPÍRITO SANTO.
Usando pontes
de contato
Paulo anunciava
a Palavra de DEUS (Atos 13.4,5), mas empregava os melhores métodos e os meios
mais adequados de fazê-lo (Atos 13.5). Paulo não ousava mudar a mensagem, mas
era sempre audacioso em usar os melhores métodos. Em Salamina, eles
anunciam a Palavra de DEUS nas sinagogas judaicas (Atos 13.5). Nesse
lugar, judeus e gentios prosélitos se reuniam para estudar a lei. Ali
havia pessoas tementes a DEUS e piedosas. Essas pessoas já estavam preparadas
para receber a revelação de DEUS por meio do evangelho.
Precisamos de
pontes de contato para atingir com eficácia as pessoas. Precisamos ler a Bíblia
e ler o povo. Precisamos conhecer o texto e o contexto. Precisamos ler a
Escritura e também a cultura. É sábio aproveitar as portas abertas da
cultura religiosa para anunciar o evangelho.
Onde alguém se
abre para o evangelho, o diabo cria uma resistência
Quando os
missionários Barnabé, Paulo e João Marcos chegaram a Pafos, o procônsul Sérgio
Paulo, homem inteligente, demonstrou interesse em ouvir a Palavra de DEUS. Mas,
imediatamente, certo judeu, mágico, falso profeta, de nome Barjesus,
opôs-se a eles. Esse mensageiro do diabo envidou todos os esforços para
afastar da fé o procônsul. É nesse momento que Paulo assume o comando da
obra missionária e repreende com autoridade esse embaixador do engano com
estas palavras: “Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a
malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os retos
caminhos do Senhor? Pois, agora, eis aí está sobre ti a mão do Senhor, e
ficarás cego, não vendo o sol por algum tempo. No mesmo instante, caiu sobre
ele névoa e escuridade, e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela
mão” (Atos 13.10,11). O resultado foi que o procônsul, ao ver o ocorrido,
creu, maravilhado com a doutrina do Senhor (Atos 13.12).
Desistência no
meio do caminho
Ao saírem de
Pafos para Perge da Panfília, o jovem João Marcos desiste da viagem missionária
e retorna para sua casa em Jerusalém (Atos 13.13). Longe de esse fato trazer
aos dois veteranos da caravana, Paulo e Silas, qualquer desestímulo, eles
prosseguiram rumo a Antioquia da Pisídia, onde encontraram uma larga porta
aberta para o evangelho.
Por que João
Marcos desistiu dessa primeira viagem missionária? O texto não nos responde.
Porém, temos pelo menos duas sugestões. A primeira delas é que João Marcos era
primo de Barnabé, e, quando saíram de Antioquia da Síria, Barnabé era o
líder da caravana; porém, a partir de Pafos, Paulo assumiu essa liderança.
Possivelmente, isso trouxe constrangimento e até insegurança na vida desse
jovem.
A segunda razão
é que a viagem missionária tomou um rumo inesperado, ao dirigir-se às regiões
continentais em vez de concentrar-se apenas nas cidades costeiras. Isso
implicava maiores riscos e mais dificuldades de uma retirada. O jovem João
Marcos, possivelmente, julgou um preço muito alto a pagar e,
inexplicavelmente, desistiu da viagem e voltou para casa.
Uma porta
aberta para o testemunho
Em Antioquia da
Pisídia, os missionários foram convidados a dar uma palavra de exortação ao
povo reunido na sinagoga (Atos 13.15). Havia fome de DEUS naquela cidade. Paulo
e Barnabé aproveitaram essa oportunidade.
O sermão de
Paulo na sinagoga de Antioquia da Pisídia é uma síntese extraordinária da
história de Israel (Atos 13.1641). Paulo se dirige aos israelitas e aos
prosélitos tementes a DEUS (Atos 13.16), começando sua narrativa com o
chamado dos patriarcas, o cativeiro no Egito e a peregrinação de seus
descendentes pelo deserto. Nesse tempo, DEUS suportou os maus costumes do povo
israelita durante quarenta anos no deserto. De forma miraculosa, DEUS
destruiu sete nações poderosas dessa terra e a deu a Israel por herança.
Depois de instalá-los nessa terra, deu-lhes juízes para liderá-los, mas o
povo, desejando imitar as nações pagãs ao redor, queria um rei. Então lhes foi
dado Saul. Por este não ser reto diante de DEUS, o Senhor levantou Davi,
homem segundo o coração de DEUS (Atos 13.22). Da descendência de Davi, DEUS
trouxe a Israel o Salvador do mundo, que é JESUS.
Paulo dirige-se
aos judeus e prosélitos da sinagoga, fazendo uma poderosa aplicação da sua
mensagem. Mostra que o povo de Jerusalém e as autoridades judaicas não
conheceram JESUS nem entenderam a mensagem dos profetas, que era lida
todos os sábados em suas sinagogas, pois condenaram o Messias que lhes
fora prometido. Entretanto, ao condenarem JESUS, cumpriram tudo aquilo que
acerca dele estava escrito. Então Paulo foca sua mensagem na morte, no
sepultamento e na ressurreição de CRISTO, mostrando que esse era o núcleo
do evangelho que ele lhes anunciava. Paulo ainda afirma que é por meio de
JESUS, e não mediante a lei de Moisés, que eles tinham a remissão de
pecados e a justificação. O apóstolo termina sua exposição alertando sobre o
perigo de desprezar essa mensagem salvadora.
Um poderoso
despertamento e uma cruel perseguição
A mensagem de
Paulo na sinagoga de Antioquia da Pisídia foi tão impactante que surtiu de
imediato dois resultados. O primeiro deles é que os líderes da sinagoga pediram
uma repetição da mesma mensagem para o sábado seguinte (Atos 13.42). O
segundo resultado foi que muitos dos judeus e prosélitos piedosos seguiram
Paulo e Barnabé, aos quais estes persuadiram a perseverar na graça de DEUS
(Atos 13.43).
Durante aquela
semana, algo extraordinário aconteceu na cidade. O evangelho produziu um
impacto tal nas pessoas que mal elas podiam esperar o sábado seguinte para irem
ao encontro dos homens de DEUS na sinagoga. O historiador Lucas relata:
“No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de
DEUS” (Atos 13.44). Chamamos isso de um avivamento! Nenhum milagre é
relatado na cidade, mas a Palavra de DEUS foi pregada com fidelidade e poder, e
uma cidade inteira foi despertada a ouvir a mensagem evangélica.
O despertamento
espiritual foi seguido imediatamente de implacável e cruel perseguição. Os
judeus, tomados de inveja, com blasfêmia contradiziam o que Paulo falava. Nesse
momento, Paulo e Barnabé, com toda a ousadia, ao verem os judeus
rejeitarem a vida eterna, voltam-se para os gentios (Atos 13.46,47). Os
gentios muito se alegram e glorificam a Palavra do Senhor. E Lucas relata:
“... e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (Atos
13.48). Mesmo onde se manifestou rejeição, os eleitos creram e foram
salvos.
Os judeus, não
dando o braço a torcer, manipularam as mulheres piedosas da alta sociedade e as
autoridades locais e, perseguindo Paulo e Barnabé, expulsaram-nos do seu
território. Os missionários sacudiram o pó de seus pés e foram adiante
rumo a Icônio. Os discípulos de CRISTO, porém, transbordavam de alegria e
do ESPÍRITO SANTO (Atos 13.50-52).
Pregando aos
ouvidos e aos olhos
Paulo e Barnabé
chegam a Icônio e ali demoram muito tempo, mesmo debaixo de tensão e
perseguição. Na sinagoga de Icônio, Paulo e Barnabé falam com tal poder que uma
grande multidão, composta de judeus e gregos, creu no Senhor (Atos 14.1).
Os missionários
não pregaram apenas aos ouvidos, mas também aos olhos. Não apenas falaram, mas
também demonstraram. Somos informados de que eles falavam com ousadia no
Senhor, o qual confirmava a palavra da sua graça, concedendo que por mãos
deles se fizessem sinais e prodígios (Atos 14.3).
Os milagres não
são o evangelho, mas abrem portas para o evangelho. Os milagres não são
realizados pelos missionários, mas por DEUS, pela intermediação dos
missionários. A pregação do evangelho precisa ser em demonstração do
ESPÍRITO e de poder. Precisamos pregar não apenas aos ouvidos, mas também
aos olhos.
Uma
orquestração contra os obreiros de DEUS
Se em Antioquia
da Pisídia os judeus lideraram a perseguição contra Paulo (Atos 13.50), em
Icônio os judeus incrédulos incitaram o ânimo dos gentios contra Paulo e
Barnabé, bem como contra os novos convertidos (Atos 14.2). A sanha dos
adversários foi tão virulenta que o povo da cidade se dividiu, uns se
posicionando a favor dos judeus, e outros se colocando ao lado dos apóstolos
(Atos 14.4). Vendo os adversários que a cidade estava dividida, usaram a arma
do tumulto, e assim, judeus e gentios, associando-se com as autoridades,
planejaram ultrajar e apedrejar Paulo e Barnabé (Atos 14.5,6).
Confiança em
DEUS não dispensa prudência
Ao saber da
trama armada contra eles, Paulo e Barnabé fogem para Listra e Derbe, onde
anunciam o evangelho (Atos 14.6,7). Eles não ignoraram os perigos. Não
desafiaram a fúria e a astúcia dos adversários. Não nutriram uma confiança
irresponsável, ignorando os perigos. Não enfrentaram de peito aberto as
ameaças. Antes, fugiram para outras cidades. Eles prosseguiram fiéis ao
mesmo ideal e labutaram na mesma obra. Continuaram pregando o evangelho, mas
mudaram de rota. Isso é prudência!
Confiança em
DEUS não dispensa prudência e cuidado. DEUS age por meio do bom senso. O
contrário seria tentar DEUS. O Senhor nos deu entendimento e sabedoria para
serem usados. Esses recursos são dádivas de DEUS e devem ser usados em
favor da obra, e não contra ela. Se Paulo e Silas tivessem teimado em
permanecer naquelas plagas, poderiam ter sido silenciados precocemente, e
a obra de DEUS teria sofrido severas consequências.
Quando o céu se
manifesta, o inferno se enfurece
Quando Paulo e
Barnabé chegaram a Listra, um milagre logo aconteceu. Um homem aleijado,
paralítico desde o nascimento, que jamais pudera andar, ao ouvir a mensagem de
Paulo, tendo fé, foi curado imediatamente. O homem cujos ossos e músculos
deviam estar atrofiados começa a saltar e a andar (Atos 14.8-10). A falta
de discernimento espiritual dos licaônios os levou a pensar que Paulo e
Silas fossem deuses; e, imediatamente, começaram a gritar e sacrificar animais
a eles (Atos 14.1113). Os embaixadores de DEUS então rasgaram suas roupas e
saltaram no meio da multidão idólatra, fazendo cessar tais sacrifícios.
Asseveraram que eram homens semelhantes a eles. Em vez de aceitarem a
exaltação pagã, Paulo e Silas aproveitam o ensejo para lhes anunciar o evangelho, exortando-os
a abandonar suas crenças vãs e colocarem sua confiança no DEUS criador do céu,
da terra e do mar, o DEUS da providência (Atos 14.14-18).
Se o milagre do
paralítico foi obra do céu, o alvoroço idólatra foi ação do inferno. Onde DEUS
realiza um prodígio, o diabo causa um tumulto. Onde o poder de DEUS se
manifesta, a fúria do inferno se faz sentir. Aquela bajulação pagã era uma
tentativa de desviar o foco da multidão de Listra, da mensagem do
evangelho, para os obreiros do evangelho. Sempre que o vaso chama
mais atenção do que o tesouro nele contido, algo está errado. Os obreiros
que gostam da bajulação da multidão roubam a glória que pertence somente a
DEUS.
Os milagres
abrem portas para o evangelho e também atraem perseguição
A cura do
paralítico em Listra abriu portas para o testemunho do evangelho naquela cidade
pagã, mas também despertou ferrenha oposição dos judeus de Antioquia e Icônio.
Eles, não se contentando apenas em expulsar Paulo e Barnabé de suas
cidades, perseguiram-nos até Listra. Tomados de inveja e zelo sem
entendimento, instigaram a multidão e se arremeteram contra Paulo, para
apedrejá-lo. O mesmo milagre que abriu portas ao testemunho do evangelho trouxe
ao apóstolo o duro golpe do apedrejamento. Os sofrimentos de ordem
emocional agora se transformam em agonias físicas. Talvez, Paulo sentisse
no corpo o que infligiu a Estêvão, o protomártir do cristianismo. Talvez
começasse a sentir na pele o que DEUS dissera em Damasco havia mais de dez
anos: “pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (Atos
9.16). Por providência divina, Paulo se recupera das feridas e, longe de
reclamar ou queixar-se de DEUS, partiu com Silas para Derbe, onde anunciou
o evangelho e fez muitos discípulos (Atos 14.19-21).
Coragem e zelo
pela igreja
Depois que
Paulo e Barnabé anunciaram o evangelho em Derbe, tomaram a decisão de voltar
para o seu quartel-general, em Antioquia da Síria. Nessa volta, não se afastam
dos redutos de tensão. Ao contrário, passam pelas mesmas cidades onde
foram perseguidos, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia, e fazem isso por
quatro razões:
Em primeiro
lugar, para fortalecer a alma dos discípulos (Atos 14.22). Paulo e Barnabé não
eram apenas missionários itinerantes, mas também pastores do rebanho. Eles não
apenas geravam filhos espirituais, mas também cuidavam desses neófitos.
Sabiam que aqueles novos convertidos precisavam de encorajamento para
viver a vida cristã numa sociedade pagã e hostil.
Em segundo
lugar, exortar os discípulos a permanecerem firmes na fé (Atos 14.22). Se os
novos convertidos não forem ensinados e exortados, facilmente podem ser
enganados pelos falsos mestres ou desanimarem diante das provações. Paulo
tinha plena consciência da imperiosa necessidade do discipulado. Diante
das lutas, perseguições e ataques do adversário, precisamos ser exortados
a permanecer firmes na fé. Muitos se enfraquecem ao lidar com a fúria do
mundo ou com sua sedução.
Em terceiro
lugar, mostrar que a vida cristã não é uma colônia de férias (Atos 14.22). A
vida cristã não é ausência de luta. Somos salvos não da tribulação, mas na
tribulação. Importa-nos entrar no reino de DEUS por meio de muitas
tribulações. Não há amenidades no cristianismo. Ele não é uma redoma de
vidro. Estamos expostos à fraqueza da nossa natureza decaída, a este mundo
tenebroso e à fúria de Satanás. As tribulações não nos podem destruir nem
nos afastar do amor de DEUS. Elas não são castigo de DEUS, mas
instrumentos para o nosso aperfeiçoamento.
Em quarto
lugar, fazer a eleição de presbíteros nas igrejas (Atos 14.23). Paulo entendia
que a igreja é um organismo e também uma organização. Toda comunidade precisa
de uma liderança. Essa liderança é coletiva. Paulo promovia a eleição de
presbíteros em cada igreja, e não a nomeação de um chefe. Esses
presbíteros deveriam pastorear o rebanho de DEUS. Eles eram pastores que
deviam ensinar a verdade e proteger o rebanho dos lobos vorazes. Essa
eleição não devia ser feita sem oração e jejum. Os líderes da igreja devem
ser escolhidos na total dependência de DEUS. É DEUS quem dá pastores à
igreja. É o ESPÍRITO quem constitui bispos para apascentar a igreja de DEUS,
que ele comprou com o seu próprio sangue.
Conta as muitas
bênçãos, dize quantas são1
É hora de
voltar para casa. É hora de recarregar as baterias. É hora de testemunhar os
grandes feitos de DEUS na obra missionária. Paulo e Barnabé voltam para
Antioquia da Síria, a igreja que os comissionara e enviara à obra
missionária (Atos 14.24-26). Esses bravos missionários fizeram três coisas
importantes ao chegar à igreja:
Em primeiro
lugar, eles relataram as intervenções extraordinárias de DEUS em sua vida (Atos
14.27). O testemunho é algo legítimo e necessário para encorajar a igreja. A
igreja estava reunida para ouvir as notícias desse primeiro avanço
missionário. Paulo e Barnabé relatam cuidadosamente não o que fizeram por
DEUS, mas o que DEUS fizera com eles e por eles. Não testemunharam para exaltar
a si mesmos. Não testemunharam para se colocar sob os holofotes nem
buscaram glórias para eles mesmos. A ênfase deles está nos feitos de DEUS,
e não nas suas realizações.
Em segundo
lugar, eles relataram como DEUS abriu aos gentios a porta da fé (Atos 14.27). O
sucesso da obra missionária não foi devido ao poder inerente dos missionários
nem de seus métodos. Foi DEUS quem abriu aos gentios a porta do evangelho.
Foi DEUS quem abriu o coração dos pagãos para a verdade. Foi DEUS quem
invadiu as trevas do paganismo com a luz da verdade. A obra de DEUS
é feita por DEUS, mas mediante instrumentos humanos. É DEUS quem opera nos
evangelistas e também naqueles que recebem o evangelho.
Em terceiro
lugar, eles permaneceram muito tempo com os discípulos (Atos 14.28). Não há
trabalho missionário desconectado da igreja local. Não há ministério itinerante
sem a ligação com a igreja. Paulo e Barnabé precisam da igreja, e a igreja
precisa dos missionários. Eles se abastecem na comunhão da igreja e também
encorajam a igreja a ser ainda mais comprometida com a obra missionária.
Capítulo 06 -
Uma agenda estabelecida no céu
Depois do
concílio de Jerusalém, onde as estacas da liberdade cristã foram fincadas e o
jugo do judaísmo foi sacudido, era hora de alçar voos para uma nova jornada
missionária. As querelas religiosas levantadas pelos judaizantes, vindos da
Judeia, impondo aos gentios a necessidade da circuncisão para a salvação,
haviam sido respondidas com firmeza pelos apóstolos e presbíteros. A fé em
CRISTO é a única condição para a salvação. A mensagem que devia ser anunciada
aos gentios é que a graça de CRISTO é absolutamente suficiente para a
salvação.
Lançadas as
estacas da verdade, é hora de estender o toldo da obra missionária. A agenda
missionária deveria contemplar os confins da terra. Novos horizontes precisavam
ser alcançados.
A iniciativa da
segunda viagem missionária é de Paulo (Atos 15.36). Seu zelo pastoral o
constrange a voltar à mesma região da primeira viagem antes de alargar a tenda
para outros rincões (Atos 15.36). A lição fica clara: os neófitos precisam
ser confirmados, confortados e acompanhados. Paulo tem o cuidado de
evangelizá-los no seu primeiro contato, depois os visita novamente no retorno
de sua viagem rumo a Antioquia da Síria e agora, antes de iniciar a
segunda viagem missionária, toma a decisão de visitá-los uma terceira vez.
Uma desavença
entre os missionários
A obra de DEUS
é perfeita; mas os seus obreiros, não. Barnabé quer dar uma segunda chance ao
jovem João Marcos, seu primo, que havia abandonado a primeira viagem
missionária; e, Paulo, de forma intransigente e radical, não achou justo
levá-lo depois de uma experiência fracassada. Barnabé, coerente com seu
nome, cujo significado é “filho da consolação” prefere indispor-se
com Paulo a desistir de João Marcos. Houve tal desavença entre Paulo e
Barnabé que não puderam caminhar juntos na segunda viagem missionária.
A providência
de DEUS é maior do que nossos fracassos, e a graça de DEUS, maior que os nossos
pecados. Por causa dessa desavença, em vez de uma caravana missionária, temos
duas. Os obreiros podem errar, mas os propósitos de DEUS jamais podem ser
frustrados. Barnabé e João Marcos avançam na direção de Chipre (Atos
15.39), e Paulo escolhe Silas. Encomendados pelos irmãos da Síria à graça
do Senhor, passam pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas.
Mais um
missionário se junta à equipe de Paulo
Quando Paulo
retornou a Derbe e Listra, Timóteo, filho de pai grego e mãe judia (Atos 16.1),
ensinado nas Escrituras desde a infância por sua mãe Eunice e sua avó Loide
(2Tm 1.5; 3.14,15), mas convertido a CRISTO pelo ministério de Paulo (1Tm
1.2), agrega-se à caravana missionária. Timóteo vem a se tornar um dos
maiores colaboradores de Paulo no ministério. Timóteo recebeu o leite da
piedade desde sua infância. Cresceu sob a égide da Palavra de DEUS. Por meio de
seu contato com o apóstolo Paulo, em sua primeira viagem missionária,
demonstrou um crescimento notável, uma vez que, tendo se convertido, logo
demonstrou maturidade espiritual, pois dele davam bom testemunho tanto os
irmãos de Listra como os de Icônio (Atos 16.2). Seu caráter provado era uma
hipoteca moral de seu trabalho. Quando Paulo escreveu aos filipenses, disse que
não tinha ninguém igual a Timóteo para enviar-lhes. Olhando pelas lentes
dessa carta paulina, destacaremos alguns atributos desse jovem
missionário:
Timóteo, um
homem cooperador (Fp 2.19,23). Timóteo era filho na fé do apóstolo Paulo (1Tm
1.2), cooperador de Paulo (Rm 16.21) e mensageiro de Paulo às igrejas (1Ts 3.6;
1Co 4.17; 16.10,11; Fp 2.19). Ele esteve preso com Paulo em Roma (Fp 1.1;
Hb 13.23). Cuidava dos interesses de CRISTO (Fp 2.21) e da igreja de
CRISTO (Fp 2.20).
Timóteo, um
homem singular (Fp 2.20a). Havia muitos cooperadores de Paulo, mas Timóteo
ocupava um lugar especial no coração do velho apóstolo. Ele era um homem
singular pela sua obediência e submissão a CRISTO e ao apóstolo como um
filho a um pai. Ele tinha o mesmo sentimento de Paulo, ou seja, era do
mesmo estofo. A palavra grega que Paulo usa para “igual sentimento” só
aparece aqui em todo o Novo Testamento. É a palavra grega isopsychos, que
significa “da mesma alma”. Esse termo foi usado no Antigo Testamento como
“meu igual” e “meu íntimo amigo” (Sl 55.13, LXX).
Timóteo, um
homem que cuida dos interesses dos outros (Fp 2.20b). Timóteo aprendeu o
princípio ensinado por Paulo de buscar os interesses dos outros (Fp 2.4). Esse
mesmo princípio foi exemplificado por CRISTO (Fp 2.5) e pelo próprio
apóstolo Paulo (Fp 2.17). Timóteo, de igual modo, vive de forma altruísta,
pois o centro da sua atenção não está em si mesmo, mas na igreja de
DEUS. Ele não busca riqueza nem promoção pessoal. Não está no ministério
em busca de vantagens; ele tem um alvo: cuidar dos interesses da igreja.
Timóteo, um
homem que cuida dos interesses de CRISTO (Fp 2.21). Só existem dois estilos de
vida: aqueles que vivem para si mesmos (Fp 2.21) e aqueles que vivem para
CRISTO (Fp 1.21). Estamos em Filipenses 1.21 ou então estaremos em
Filipenses 2.21. Timóteo queria cuidar dos interesses de CRISTO, e não dos
seus próprios. Sua vida estava centrada em CRISTO (Fp 2.21) e nos irmãos
(Fp 2.20b), e não no seu próprio eu (Fp 2.21).
Timóteo, um
homem de caráter provado (Fp 2.22). Timóteo tinha bom testemunho antes de ser
missionário (Atos 16.1,2) e, agora, quando Paulo está para lhe passar o bastão,
como continuador da sua obra, este dá testemunho de que ele continua tendo
um caráter provado (Fp 2.22). É lamentável que muitos líderes religiosos
que são grandes em fama e riqueza sejam anões em caráter. Vivemos uma
crise de integridade avassaladora no meio evangélico brasileiro. Precisamos
urgentemente de homens íntegros, provados, que sejam modelo do rebanho.
Timóteo, um
homem disposto a servir (Fp 2.22b). É digno de nota que Timóteo serviu ao
evangelho. Ele serviu com Paulo, e não a Paulo. Embora a relação entre Paulo e
Timóteo fosse de pai e filho, ambos estavam engajados no mesmo projeto.
A agenda
missionária é traçada no céu, e não na terra
A equipe
missionária estava planejando avançar em direção à Asia, mas o ESPÍRITO de
JESUS não o permitiu (Atos 16.6,7). Durante a noite, Paulo teve uma visão, na
qual um varão macedônio lhe rogava ajuda. Discernindo ser essa a vontade de
DEUS, imediatamente Paulo e os demais membros da caravana partiram para aquele
destino (Atos 16.8-10). DEUS não apenas chama e envia os missionários, mas
norteia-lhes os passos. A agenda da obra missionária deve ser estabelecida no
céu, e não na terra. O campo é o mundo, mas as prioridades do campo são
estabelecidas por DEUS.
Devemos seguir
a direção de DEUS, e não a nossa. Nossos planos devem estar subalternos aos
planos de DEUS. A vontade dele deve prevalecer sobre a nossa. Essa mudança de
rumo na obra missionária tem um reflexo profundo na história da humanidade.
DEUS deslocou o eixo do cristianismo do Oriente para o Ocidente, da Asia para a
Europa. Os resultados dessa guinada na direção missionária são a razão
principal de o Ocidente ser o berço evangélico do mundo. Se Paulo tivesse
entrado na Ásia, e não na Europa, nessa viagem, possivelmente o Oriente, e não
o Ocidente, teria sido o reduto mais evangelizado do mundo. Talvez, hoje,
o Ocidente estivesse mergulhado nas densas trevas do paganismo. Devemos
tributar a DEUS nossa gratidão por nos enviar o evangelho desde essas
priscas eras.
DEUS aponta o
rumo, e o homem escolhe os melhores métodos
DEUS apontou o
rumo da ação missionária, impedindo Paulo de entrar na Ásia e direcionando seus
passos para a Europa. Mas Paulo, ao entrar na Macedônia, escolheu a cidade mais
estratégica para pregar o evangelho. Não podemos mudar o evangelho nem engessar
os métodos. A mensagem precisa ser fiel, mas também relevante. Paulo era
um obreiro estratégico. Ele tinha o cuidado de usar os obreiros, o tempo e
os recursos de forma racional. Em virtude da exiguidade do tempo, dava
preferência às cidades estratégicas, de onde o evangelho pudesse alcançar com
mais rapidez outras regiões. Por essa razão, passou batido em algumas
cidades e fixou-se em outras.
Se DEUS nos dá
a mensagem e a direção, devemos escolher os melhores métodos e as estratégias
mais sábias. Precisamos otimizar tanto os recursos de DEUS como os obreiros de
DEUS. Precisamos escolher os melhores métodos para atingirmos os melhores
fins.
Filipos, a
porta de entrada da Europa
Por que Paulo
passou batido por Samotrácia e Neápolis e fixou-se em Filipos? Porque essa era
uma colônia romana. Essa cidade ficava no entroncamento entre o Oriente e o
Ocidente. Filipos era estratégica tanto histórica como geograficamente.
Uma colônia romana era uma espécie de Roma em miniatura. Seus cidadãos
viviam sob os auspícios da capital do império. Ali se falava a língua de
Roma. Ali se cultivavam os costumes de Roma. Ali imperavam as leis de Roma.
Paulo entendeu
que, se o evangelho alcançasse Filipos, dali se espalharia tanto para o
Ocidente como para o Oriente. Aquela cidade se tornaria uma ponte para estender
para horizontes mais longínquos as boas-novas do evangelho.
O sucesso da
evangelização em Filipos não foi sem dor. O evangelho agiu livremente, mas os
obreiros foram açoitados e presos. O sucesso da obra passou pelo sofrimento dos
obreiros.
A igreja de
Filipos tornou-se um exemplo vivo da eficácia e universalidade do evangelho.
Três pessoas de diferentes classes sociais são alcançadas pelo evangelho. A
primeira delas foi Lídia, uma empresária, vendedora de púrpura, oriunda de
Tiatira, cidade da Asia Menor. A segunda pessoa foi uma escrava, uma jovem
sem quaisquer direitos sociais. A terceira pessoa foi o carcereiro,
um servidor público, da classe média.
Essas três
pessoas representavam também diferentes convicções religiosas. Se Lídia era uma
mulher temente a DEUS, que frequentava uma reunião de oração, a jovem vivia sob
o cativeiro do diabo e de seus senhores, enquanto o carcereiro tinha como
deus o próprio imperador romano, a quem servia como guardador de presos.
Essas três
pessoas ainda tiveram experiências legítimas, porém muito distintas. Lídia foi
convertida num ambiente espiritual, numa reunião de oração, quando ouvia a
exposição da Palavra de DEUS. Ali mesmo, DEUS abriu seu coração, e ela
creu. A jovem escrava foi liberta num ambiente profundamente carregado,
quando estava tomada por espíritos enganadores. O carcereiro, por sua vez,
foi salvo nas ruínas de uma prisão abalada por um terremoto e à beira do
suicídio.
Quando os
homens pensam que estão no controle e se interpõem no caminho de DEUS para
impedir sua obra, DEUS reverte as circunstâncias e revela sua soberania. Paulo
e Silas foram açoitados e lançados na prisão numa tentativa de
silenciá-los e impedir naquela cidade o avanço do evangelho, mas os
obreiros não se calaram. O evangelho não ficou amordaçado. O mesmo
DEUS que abriu o coração de Lídia, numa reunião de oração, também abriu as
portas da cadeia por meio de um terremoto e quebrou todas as resistências
do coração do carcereiro.
Lídia foi
batizada com toda a sua casa. O carcereiro também foi batizado com toda a sua
família. Os obreiros foram embora da cidade, mas no coração daquela colônia
romana foi fincada a bandeira tremulante do evangelho. Aquela igreja
haveria de se tornar uma das maiores parceiras no ministério de Paulo.
Enviaria recursos para o apóstolo em Tessalônica, Corinto e Roma, além
de socorrer os pobres da Judeia.
Paulo em
Tessalônica, a capital da província da Macedônia
O grande
bandeirante do cristianismo saiu de Filipos com vergões no corpo, mas com
entusiasmo na alma. Longe de retroceder diante dos perigos, marchou resoluto
para alcançar a capital da província da Macedônia. Nesse propósito, passou
por Anfípolis e Apolônia e chegou a Tessalônica (Atos 17.1).
Na capital da
província, Paulo buscou uma ponte de conexão para a pregação do evangelho. Por
isso, durante três sábados seguidos, foi a uma sinagoga de judeus, onde
arrazoou com eles sobre as Escrituras. O propósito do apóstolo não era
falar sobre prosperidade, curas ou milagres, mas expor e demonstrar a
necessidade da morte e ressurreição de CRISTO. Paulo era um pregador
cristocêntrico. Ele não era um mestre de banalidades. Sua mensagem tocava
o âmago da questão. O CRISTO deveria padecer e depois ressurgir dentre os
mortos. Paulo não anunciava um JESUS apenas de milagres, mas o JESUS da
cruz e do túmulo vazio.
Essa mensagem
trouxe uma verdadeira revolução em Tessalônica (Atos 17.4). Alguns judeus, uma
multidão de gregos e diversas senhoras da alta sociedade se uniram a Paulo. A
oposição foi imediata. Movidos pela inveja, os líderes judeus reuniram
alguns agitadores e alvoroçaram a população contra os missionários. Jasom,
hospedeiro de Paulo e Silas, foi preso e levado às autoridades. Somente
depois de pagar fiança, conseguiu se livrar de suas mãos. Os judeus
invejosos formularam uma acusação contra Paulo e Silas: “... Estes que têm
transtornado o mundo chegaram também aqui” (Atos 17.6). Afirmaram ainda
que tanto os missionários como o próprio Jasom estavam agindo contra os
decretos de César (Atos 17.7). Essa afirmação provocou apreensão na cidade, uma vez
que Tessalônica perderia seus privilégios de capital da província caso houvesse
ali qualquer insurreição ou oposição ao imperador romano (Atos 17.8).
Paulo e Silas não puderam permanecer em Tessalônica, mas a Palavra de DEUS
continuou lá operando maravilhas nos tessalonicenses e por meio deles (1Ts
1.5-10). A obra de DEUS é maior do que seus obreiros. Os obreiros podem
ser expulsos, mas a Palavra de DEUS não pode ser banida. Os missionários
podem ser presos, mas a Palavra não pode ser algemada. Os pregadores podem
ser perseguidos, enxotados e mortos, mas a Palavra não pode ser detida.
Paulo em Bereia
Confiança em
DEUS e prudência não são coisas antagônicas. Diante do alvoroço em Tessalônica,
Paulo e Silas foram retirados da cidade à noite, sem alarde, com absoluta
discrição (Atos 17.10). Levados para Bereia, não se intimidaram nem
mudaram sua agenda. Procuraram imediatamente uma sinagoga para ensinarem a
Palavra de DEUS. Os bereanos demonstraram ser mais nobres que os
tessalonicenses, pois não apenas ouviram, mas também evidenciaram um vívido
interesse, dedicando-se ao estudo diário das Escrituras e conferindo na
Palavra tudo que Paulo dizia (Atos 17.11). O resultado foi extraordinário.
Novamente uma multidão creu e engrossou as fileiras da igreja nascente
(Atos 17.12).
O sucesso da
obra de DEUS incomodou novamente os adversários. Os judeus invejosos, ao
saberem dos resultados extraordinários da pregação de Paulo em Bereia, rumaram
para lá a fim de causar alvoroço e instigar a população (Atos 17.13). Os
irmãos bereanos, sem tardança, tiraram Paulo da cidade e o enviaram ao
litoral, enquanto Silas e Timóteo continuaram na cidade consolidando
o trabalho (Atos 17.14,15).
Paulo em Atenas
Paulo chega a
Atenas, a capital intelectual do mundo, a cidade de Péricles, Sócrates, Platão
e Aristóteles. O veterano apóstolo pisa na terra dos grandes corifeus da
filosofia, dos homens que encheram bibliotecas com sua erudição.
Atenas era o
berço da filosofia e das artes. Ao mesmo tempo, ali ficava o Partenon, templo
de muitos deuses. Atenas estava eivada de deuses. Havia mais de 30 mil estátuas
dedicadas aos deuses naquela meca da filosofia. Havia uma divindade para
cada monumento e pórtico daquela cidade. Era mais fácil encontrar um deus
em Atenas do que um homem. Ao chegar à cidade, Paulo ficou revoltado com a
idolatria reinante. O mesmo povo bafejado pelo mais refinado
conhecimento filosófico estava também entregue à mais tosca idolatria.
Cultura não é sinônimo de discernimento espiritual. O povo tinha a luz do
conhecimento, mas estava cego espiritualmente. Tinha muitos deuses, mas
não conhecia o DEUS verdadeiro.
Paulo percorreu
e agitou a cidade. Diagnosticou suas mazelas espirituais. Conversou com o povo
na praça e discutiu com os filósofos epicureus e estoicos. Sua presença em
Atenas tornou-se notória. O povo não falava de outra coisa senão das
últimas novidades que Paulo pregava. Arrastado ao Areópago, para dar
explicações de sua pregação, o veterano apóstolo fez um dos
mais extraordinários discursos da história, falando para os atenienses
acerca do DEUS desconhecido.
Destacamos
quatro coisas importantes nessa passagem de Paulo em Atenas:
Em primeiro
lugar, o que ele viu em Atenas (Atos 17.16). Paulo não chegou a Atenas como um
turista, admirado da beleza de seus monumentos. Ele não ficou entusiasmado com
seus templos nem com a multiplicidade de suas imagens. Paulo olhou para
toda aquela arte esculpida no mármore ou adornada pelo marfim como uma
manifestação de idolatria. Os muitos deuses do panteão ateniense eram uma
afronta ao DEUS verdadeiro. A religiosidade dos atenienses bafejados de
cultura não passava de tosca ignorância espiritual.
Em segundo
lugar, o que ele sentiu em Atenas. Paulo não apenas viu a idolatria, mas também
ficou indignado. Seu espírito se revoltou diante da idolatria. A idolatria de
Atenas era uma afronta ao DEUS vivo. Era uma violação do segundo
mandamento da lei de DEUS. Era uma perversão do verdadeiro culto. A
revolta de Paulo estava no fato de ver o nome de DEUS sendo escarnecido
no meio de uma religiosidade profusa, mas sem discernimento.
Em terceiro
lugar, o que Paulo fez (Atos 17.17). Paulo não apenas viu e se indignou; ele
aproveitou seu tempo em Atenas para ensinar, pregar e arrazoar com os
atenienses acerca do evangelho. Paulo pregou JESUS e a ressurreição. Paulo
foi proativo. Não apenas fez o diagnóstico certo, mas deu o remédio
correto. Não apenas constatou o problema, mas também apontou a solução.
Em quarto
lugar, o método que Paulo usou. Paulo ficou revoltado com a idolatria da
cidade, mas dirigiu-se aos atenienses com cortesia. Disse-lhes que eles eram
acentuadamente religiosos. Chegou até mesmo a citar o filósofo Aratos,
criando uma ponte cultural para levar-lhes o evangelho. Paulo não ficou
preso a questões periféricas; ao contrário, falou aos atenienses acerca da
pessoa de DEUS.
Paulo ergue sua
voz para falar sobre o DEUS criador do universo na capital intelectual do
mundo. O mundo não veio de uma geração espontânea nem de uma explosão cósmica.
O mundo não deu à luz a si mesmo. Ele não é produto do acaso nem de uma
evolução de milhões e milhões de anos. DEUS criou todas as coisas pela
Palavra de seu poder. Paulo também apresenta aos atenienses o DEUS da
providência. Nele, nós vivemos, nos movemos e existimos. Ele é quem enche a
terra de fartura, alimenta as aves dos céus, veste os lírios do campo e
nos dá o pão de cada dia. O DEUS desconhecido dos atenienses é o
governador das nações. Ele está assentado num alto e sublime trono. Ele
reina. Ele levanta reis e depõe reis. Não há um centímetro desse vasto universo
do qual ele não seja Senhor. O DEUS desconhecido dos atenienses é o DEUS
salvador, que se fez carne e entrou no mundo para morrer e ressuscitar. Os
atenienses não conhecem DEUS como o Senhor absoluto do universo, diante de
quem todo joelho deve se dobrar. O DEUS desconhecido dos atenienses exige
arrependimento de todos os homens, uma vez que os julgará com justiça.
Ao terminar sua
prédica, seu auditório se dividiu em três grupos: uns escarneceram, outros
disseram que o ouviriam em outra ocasião e alguns creram. Embora não haja
registro de multidões se convertendo como aconteceu em Tessalônica e
Bereia, a bandeira do evangelho foi fincada no topo da montanha do mais
tosco paganismo.
Paulo em
Corinto
De Atenas,
Paulo foi para a cidade de Corinto, a capital da província da Acaia. Essa era
uma cidade estrategicamente importante, uma vez que em suas cercanias ficava o
porto de Cencreia. Corinto era banhada pelo mar Jônico e também pelo mar
Egeu. Era uma cidade cosmopolita. Caravanas do mundo inteiro passavam pela
cidade. Navios procedentes de diversas partes do mundo ancoravam todos os
dias naquela febricitante cidade. Os Jogos Ístmicos de Corinto só perdiam
em importância para os Jogos Olímpicos de Atenas. A cidade tinha uma economia
forte, uma atividade esportiva invejável e também uma intensa agenda
religiosa. Ali ficava o templo de Afrodite, a deusa do amor. Na acrópole
da cidade, estava o templo dessa deusa, onde mais de mil prostitutas
cultuais exerciam sua atividade religiosa, promovendo a mais aviltante
promiscuidade sexual do mundo de então. Essas mesmas prostitutas desciam à
noite para o cais, e a cidade se tornava o palco da mais deslavada
imoralidade. O homossexualismo era uma prática comum e até incentivada em
Corinto.
Paulo chega a
essa cidade e ali permanece dezoito meses, ensinando a Palavra e pregando na
virtude do ESPÍRITO SANTO (1Co 2.4). Em Corinto, Paulo planta uma igreja
vibrante, mas também uma igreja que vai trazer muitas lágrimas ao
apóstolo. Nenhuma igreja recebeu mais do apóstolo quanto Corinto, mas
também nenhuma o fez sofrer tanto quanto ela.
Em Corinto,
Paulo foi perseguido. Foi chamado de impostor. A igreja não pagou seu salário.
Ele precisou trabalhar, fazendo tendas, e receber ajuda das igrejas pobres da
Macedônia para pastorear essa igreja.
De Corinto,
Paulo escreveu as cartas aos Gálatas, aos Tessalonicenses e aos Romanos. Nessa
cidade, ele enfrentou as maiores pressões. Muitas pessoas da igreja duvidaram
das suas motivações, questionaram seu caráter, atacaram sua honra e
macularam seu nome.
A igreja de
Corinto, embora fosse um canteiro fértil, onde floresciam todos os dons
espirituais, era desprovida de maturidade. A igreja estava dividida em vários
grupos e partidos. Havia imoralidade tal dentro da igreja que nem mesmo no
mundo se via coisa semelhante. Os crentes, em vez de disciplinarem o
faltoso e chorar por causa de sua prática ensandecida, aplaudiam seu
pecado. Havia brigas e contendas entre os crentes, e, em vez de esses
conflitos serem resolvidos domesticamente, eram levados aos tribunais
seculares, produzindo enfraquecimento do testemunho da igreja na
sociedade. A igreja de Corinto revelava a fragilidade dos relacionamentos
familiares e não sabia administrar com sabedoria a liberdade cristã. A
igreja havia feito alguns avanços espirituais, mas ainda estava tímida no
progresso da generosidade. Era uma igreja remissa quanto à prática da
comunhão interna e do amor externo. Tinha um coração trancado para amar e o
bolso fechado para contribuir. Se não bastasse tudo isso, a igreja ainda
cometia muitos desvios na sua maneira de cultuar DEUS. Havia deficiências
na sua teologia, bem como na sua liturgia.
Os filhos que
mais fizeram o apóstolo sofrer foram os mais amados. Paulo muitas vezes regou o
solo duro com suas lágrimas. Mas suas lágrimas não foram em vão. Em Corinto,
Paulo deixou uma igreja que irradiou sua influência para muitos outros
recantos do Império Romano. Como a cidade era um corredor do mundo, dali o
evangelho se espalhou por vários rincões tanto da Acaia quanto de
horizontes mais distantes.
De Corinto,
Paulo passou em Éfeso, deixando na capital da Asia Menor, Priscila e Aquila.
Dali, foi a Jerusalém, retornou à sua base em Antioquia da Síria e,
oportunamente, partiu dessa cidade para a sua terceira viagem missionária,
atravessando os territórios da Galácia e da Frígia, confirmando todos os
discípulos (Atos 18.18-23).
Paulo em Éfeso
Em sua terceira
viagem missionária, Paulo fixou-se em Éfeso, capital da Ásia Menor. Essa era
uma das maiores cidades do mundo. Ali ficava o templo de Diana, uma das sete
maravilhas do mundo antigo. Era uma cidade idólatra, um centro de magia,
um canteiro fértil para a evangelização.
Nessa cidade,
Paulo passou três anos, ensinando tanto a judeus como a gregos, pregando tanto
acerca do arrependimento como da fé. Paulo tanto evangelizava como ensinava.
Ele era um evangelista e um mestre. Em Éfeso, Paulo enfrentou feras,
tribulações maiores que suas forças. Em Éfeso, o evangelho desbancou a
idolatria. Em Éfeso, vários sinais de um poderoso avivamento podem ser
constatados.
Em primeiro
lugar, os novos convertidos recebem um derramamento do ESPÍRITO (Atos 19.1-7).
Aqueles que haviam recebido apenas o batismo de João, ao ouvirem sobre o
ESPÍRITO SANTO, foram batizados em nome de JESUS, receberam o ESPÍRITO
SANTO e tanto profetizaram como falaram em línguas. A mesma experiência
que já havia acontecido em Jerusalém e Samaria agora acontecia também
em Éfeso. Era a dispensação da graça estendendo seus horizontes para um
campo totalmente gentílico. Jerusalém era a cidade dos judeus. Samaria era
uma cidade mista, em território palestino. Éfeso, por sua vez, era uma
cidade cosmopolita, essencialmente gentílica. O evangelho de CRISTO é
multirracial, multicultural e internacional.
Em segundo
lugar, os que vivem distantes ouvem a Palavra de DEUS (Atos 19.8-10). A partir
de Éfeso, o evangelho espalhou-se por toda a Asia Menor. Em face da
perseguição, Paulo deixou a sinagoga e foi para uma escola, e, dali o evangelho
penetrou pelos corredores da Asia Menor, a tal ponto que todos os seus
habitantes, tanto judeus como gregos, ouviram a Palavra de DEUS.
Um avivamento que não transpira para fora dos portões não é genuíno.
Quando a igreja é impactada com o poder do ESPÍRITO SANTO, ela sai das
quatro paredes e, como fermento, penetra em todos os setores da sociedade.
Em terceiro
lugar, os enfermos são curados (Atos 19.11,12). O evangelho em Éfeso chegou não
apenas em palavras, mas, sobretudo, em poder. Paulo pregou tanto aos ouvidos
quanto aos olhos. Não apenas as pessoas foram perdoadas e salvas, mas
também curadas e libertas. É importante ressaltar que a fonte do poder
para curar não estava em Paulo. O milagre não era feito pelo
poder inerente de Paulo. Não era o apóstolo o agente do poder. O
evangelista Lucas diz que DEUS, pelas mãos de Paulo, fazia milagres
extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu
uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam, e os espíritos malignos
se retiravam (Atos 19.11,12).
Em quarto
lugar, os cativos são libertos (Atos 19.13-17). Paulo era um homem conhecido
tanto no céu como no inferno (Atos 19.15). Até os demônios sabiam quem era ele.
Os falsos exorcistas, filhos de Ceva, foram expostos à vergonha pública ao
tentarem libertar um homem endemoninhado, esconjurando os demônios por
JESUS, a quem Paulo pregava. Esses homens foram subjugados pelos demônios,
e não lhes restou outra opção senão fugir, nus e feridos. Esse fato produziu
grande temor sobre todos os efésios, e o nome de JESUS era mais e mais
engrandecido.
Em quinto
lugar, os crentes confessavam e denunciavam publicamente suas obras (Atos
19.18). Onde há avivamento, há confissão de pecados. Onde o pecado é encoberto,
as chuvas do céu são retidas. Onde o pecado é escondido, o derramamento do
ESPÍRITO não é revelado. Aqueles que creem verdadeiramente em CRISTO são
os que confessam publicamente suas obras más e as abandonam. Os efésios
convertidos a CRISTO não se ocuparam de denunciar os pecados dos outros; eles
denunciavam suas próprias obras, e isso de forma pública.
Em sexto lugar,
os laços com o ocultismo foram decisivamente rompidos (Atos 19.19). Muitos dos
efésios convertidos a CRISTO vieram dos redutos do ocultismo, tão abundantes em
Éfeso. Eles não apenas denunciaram suas obras más, mas também queimaram em
praça pública seus livros de artes mágicas. Não há compatibilidade entre a
fé cristã e o ocultismo. Não há ligação entre CRISTO e os demônios. Não há
sintonia entre o santuário de DEUS e os ídolos. Não há comunhão entre a luz e
as trevas.
Em sétimo
lugar, a Palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente (Atos 19.20). O
crescimento da igreja e o crescimento da Palavra são coisas semelhantes. São
termos correspondentes. Quando a Palavra cresce, a igreja cresce. É
possível a igreja crescer numericamente sem o crescimento da Palavra. Mas
esse não é o crescimento que vem de DEUS. Esse não é o crescimento saudável.
Nem todo crescimento da igreja exalta a CRISTO. Nem sempre um grande
ajuntamento ou uma grande congregação expressa o verdadeiro crescimento da
igreja. Não podemos mudar a mensagem para agradar o gosto e a preferência
das pessoas. Não podemos transigir com os absolutos de DEUS para atrair as
multidões. Não podemos oferecer ao povo um caldo venenoso para mitigar-lhe a fome. Precisamos
dar às multidões trigo verdadeiro, e não palha. Precisamos saciar as pessoas
com o Pão vivo que desceu do céu. Estava fechado o ciclo da terceira
viagem missionária. Era tempo de o bandeirante do cristianismo retornar
novamente à sua base.
Em oitavo
lugar, uma perseguição implacável (Atos 19.2140). Sempre que a obra de DEUS
avança, o diabo contra-ataca. Na mesma medida em que a igreja crescia em Éfeso
e a partir de Éfeso, uma implacável perseguição movida por interesses
religiosos e financeiros se instalou na cidade, capitaneada por Demétrio,
o ourives fabricante das estatuetas de Diana. A cidade ficou
totalmente alvoroçada. Uma grande multidão se ajuntou para gritar o nome
da deusa Diana a ponto de a maioria nem saber exatamente o que estava
acontecendo na cidade. Não fora a intervenção do escrivão da cidade,
aquele tumulto teria se transformado numa perigosa sedição,
provocando grandes desastres para os crentes efésios e, quiçá, para o
próprio apóstolo Paulo.
Capítulo 07 -
Uma despedida regada de emoções
Depois de três
anos de frutífero ministério em Éfeso, a capital da Asia Menor, onde Paulo
enfrentou lutas maiores do que suas forças e teve de travar encardida luta com
feras humanas e demoníacas, resolve fazer uma viagem a Jerusalém para
levar as ofertas recolhidas entre as igrejas da Macedônia, Acaia e Ásia
Menor para os pobres da Judeia. Antes de direcionar seu ministério
aos gentios, conforme propósito divino, Paulo assumiu um compromisso com
os líderes da igreja de Jerusalém de que não se esqueceria dos pobres (Gl
2.10). Em cumprimento a essa promessa, esse bandeirante da fé ruma para
Jerusalém com essas generosas ofertas, mesmo sabendo que à
frente encontraria tribulação e cadeias.
Antes de partir
para a sua última visita a Jerusalém, onde fora criado aos pés de Gamaliel,
chamou os presbíteros de Éfeso para se encontrarem com ele no porto de Mileto.
Ali, sob a abóbada celeste, tangidos pela brisa do mar, o veterano
apóstolo, num clima regado de profunda emoção, dá suas últimas instruções
aos líderes da igreja de Éfeso, a quem ele mesmo havia levado a CRISTO e
exortado diariamente com lágrimas. Após essas palavras de despedida, eles se
ajoelham na praia e oram com Paulo, abraçando-o e beijando-o
afetuosamente.
Nesse
exponencial sermão, Paulo fala sobre sete compromissos que assumiu: Vamos,
aqui, examiná-los mais detidamente:
Em primeiro
lugar, o compromisso de Paulo com DEUS (Atos 20.19). O primeiro compromisso de
Paulo não é com a obra de DEUS, mas com o DEUS da obra. Relacionamento com DEUS
precede trabalho para DEUS. O primeiro chamado de Paulo é para andar com
DEUS e, como resultado dessa caminhada, fazer a obra de DEUS. Ele serve a
DEUS ministrando aos homens. Quem serve a DEUS não busca projeção pessoal.
Quem serve a DEUS não anda atrás de aplausos e condecorações. Quem serve a
DEUS não depende de elogios nem desanima com as críticas. Quem serve a DEUS não
teme ameaças nem se intimida diante de perseguições. Quem teme a DEUS não
teme os homens, nem o mundo, nem mesmo o diabo. O líder espiritual deve
servir a DEUS com senso de profunda humildade. Muitos batem no peito,
arrogantemente, dizendo que são servos de DEUS. Outros, besuntados de
orgulho, fazem propaganda de seu próprio trabalho. Outros, ainda, servem a
DEUS, mas gostam dos holofotes. Há aqueles que fazem do serviço a DEUS um
palco onde se apresentam como os atores ilustres sob as luzes da ribalta.
Um servo não busca glória para si mesmo. Fazer a obra de DEUS sem
humildade é construir um monumento para si mesmo. É levantar
outra modalidade da torre de Babel. Mas o líder não deve esperar
facilidades pelo fato de estar servindo a
DEUS. Quem
serve a DEUS com humildade e integridade desperta animosidade e muita
hostilidade no arraial do inimigo. Paulo servia a DEUS com lágrimas. A vida
ministerial não lhe foi amena. Em vez de ganhar aplausos do mundo, recebeu
ameaças, açoites e prisões. Paulo manteve sua consciência pura diante de
DEUS e dos homens, mas os judeus tramaram ciladas contra ele. Viveu num
campo minado. Enfrentou inimigos reais, porém, às vezes, ocultos. Nem sempre
DEUS nos poupa dos problemas. Às vezes, ele nos treina nos desertos mais
tórridos e nos vales mais profundos e escuros.
Em segundo
lugar, o compromisso de Paulo com ele mesmo (Atos 20.18,28a). O apóstolo Paulo
mostra a necessidade de o líder espiritual ter um sério compromisso consigo
mesmo. O líder precisa cuidar de si mesmo antes de cuidar do rebanho de
DEUS. A vida do líder é a vida da sua liderança. Há muitos obreiros
cansados da obra e na obra porque procuraram cuidar dos outros sem cuidar de
si mesmos. Antes de liderar os outros, precisamos liderar a nós mesmos.
Antes de exortar os outros, precisamos exortar a nós mesmos. Antes de
confrontarmos os pecados dos outros, precisamos confrontar os nossos
próprios pecados. O líder não pode ser um homem inconsistente. O
líder espiritual também precisa cuidar de si mesmo para não praticar o que
condena. A posição de liderança não é uma apólice de seguro contra o
fracasso espiritual. O líder espiritual ainda precisa cuidar de si mesmo
para não cair em descrédito. A integridade do líder é o fundamento sobre o
qual ele constrói seu trabalho. Sem vida íntegra, não existe liderança eficaz.
Em terceiro
lugar, o compromisso de Paulo com a Palavra de DEUS (Atos 20.20-27). Paulo
anunciou todo o conselho de DEUS (Atos 20.27). O líder espiritual precisa
ensinar só a Bíblia e toda a Bíblia. Ele não pode aproximar-se das
Escrituras com seletividade. Toda a Escritura é inspirada por DEUS e
útil para o ensino e a correção. A única maneira de o líder espiritual
cumprir esse desiderato é pregar a Palavra expositivamente. Não pregar
suas próprias ideias, mas a Palavra. Não entregar a sua mensagem, mas a de
DEUS. A mensagem deve emanar das Escrituras. DEUS não tem
nenhum compromisso com a palavra do pregador, mas apenas com a sua
Palavra. Paulo pregou para a salvação (Atos 20.21). Ele pregou
arrependimento e fé. Ele também ensinou com fidelidade a Palavra (Atos
20.20). Paulo não apenas evangelizava; ele também ensinava. Ele não apenas
gerava filhos espirituais, mas também os nutria com o alimento. O líder é
um discipulador. Ele deve mentorear seus discípulos. O líder espiritual é
um mestre. A ele cabe o privilégio de ensinar as verdades benditas do
evangelho ao povo de DEUS. O líder espiritual tem alegria de ensinar tanto as
multidões como os pequenos grupos (Atos 20.20). Paulo ensinava de casa em
casa e também publicamente. Há líderes que são loucos pelo glamour da
multidão, mas não se entusiasmam em falar para pequenos grupos. Há
pregadores que só pregam para grandes auditórios. Sentem-se importantes demais
para pregar numa pequena congregação ou numa reunião de grupo familiar. Esses
indivíduos pensam que são mais importantes do que o apóstolo Paulo. O
apóstolo pregava de casa em casa. JESUS pregou seus mais esplêndidos
sermões para uma única pessoa. Quem não se dispõe a pregar para um pequeno
grupo não está credenciado a pregar para um grande auditório. Nossa motivação
não deve estar nas pessoas, mas em DEUS.
Em quarto
lugar, o compromisso de Paulo com os valores do ministério (Atos 20.24). O
apóstolo sintetiza o seu ministério em três verdades sublimes. Ele diz aos
presbíteros de Éfeso: “Porém em nada considero a vida preciosa para mim
mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do
Senhor JESUS para testemunhar o evangelho da graça de DEUS” (Atos
20.24). Paulo fala sobre três verdades: vocação, abnegação e paixão. Paulo
diz que recebeu seu ministério do Senhor JESUS. Ele não se lançou no
ministério por conta própria. Ele foi chamado, vocacionado e separado para
esse trabalho. Paulo não se tornou um pastor porque buscava vantagens
pessoais. Não entrou para as lides ministeriais buscando segurança,
emprego ou lucro financeiro. Não entrou no ministério com motivações
erradas. Paulo não tinha apenas convicção de sua vocação, mas também
consciência das implicações desse chamado. Era imperativo exercer uma boa dose
de abnegação. Paulo diz que não considerava a vida preciosa para ele mesmo
desde que cumprisse o seu ministério. O coração de Paulo não estava nas
vantagens auferidas do ministério. Ele não estava no ministério cobiçando
prata ou ouro. Não estava numa corrida desenfreada em busca de
prestígio ou fama. Seu propósito não era ser aplaudido pelos homens ou
ganhar prestígio entre os homens. Na verdade, ele estava pronto a
trabalhar com as próprias mãos para ser pastor. Estava pronto a sofrer
toda sorte de perseguição e privação para pastorear. Estava disposto a ser
preso, a sofrer ataques externos e temores internos para pastorear a
igreja de DEUS. Estava pronto a dar a própria vida para cumprir cabalmente
seu ministério. Finalmente, Paulo diz que no seu coração ardia uma grande
paixão. A grande paixão de Paulo era testemunhar o evangelho da graça de DEUS.
A pregação enchia o peito do velho apóstolo de entusiasmo. Ele sabia que o
evangelho é o poder de DEUS para salvação de todo que crê. Sabia que a
justiça de DEUS se revela no evangelho. Sabia que a mensagem do evangelho
de CRISTO é a única porta aberta por DEUS para a salvação do
pecador. Paulo se considerava um arauto, um embaixador, um evangelista, um
pregador, um ministro da reconciliação. Sua mente estava totalmente
voltada para a pregação. Seu tempo era todo dedicado à pregação. Mesmo
quando estava preso, entendia que a Palavra não estava algemada.
Em quinto
lugar, o compromisso de Paulo com a igreja de DEUS (Atos 20.28-32). Assim como
Paulo se gastou no evangelho para cuidar da igreja de DEUS, o líder espiritual
deve cuidar de todo o rebanho, e não apenas das ovelhas mais dóceis (Atos
20.28). Há ovelhas dóceis e ovelhas indóceis. Há ovelhas que obedecem ao
comando do pastor e ovelhas que se rebelam e fogem de sob o cajado do
pastor. Há ovelhas que escoiceiam o pastor e aquelas que são o deleite do
pastor. Há um grande perigo de o pastor cuidar apenas das ovelhas amáveis
e deixar de lado as outras. A ordem divina é que o pastor deve cuidar de
todo o rebanho, e não apenas de parte dele. O líder precisa saber que ele não é
o dono do rebanho, mas servo dele (Atos 20.28). A igreja é de DEUS, e não
do líder. JESUS é o único dono da igreja. O Senhor nunca nos deu uma
procuração para nos apossarmos da sua igreja. Na igreja de DEUS, não
existem chefes, caudilhos e donos. Na igreja, todos nós somos nivelados
no mesmo patamar, somos servos. Aqueles que se arvoram em donos da igreja
e tratam-na como uma empresa particular, buscando abastecer-se das ovelhas
em vez de servi-lhes e pastoreá-las, estão em aberta oposição ao propósito
divino. Todo líder precisa ter também um claro entendimento do valor da
igreja aos olhos de DEUS (Atos 20.28). A igreja é a noiva do Cordeiro, a menina
dos olhos de DEUS. Ele a comprou com o sangue de JESUS. Tocar na igreja de
DEUS é ferir a noiva do Cordeiro.
DEUS tem zelo
pelo seu povo. Perseguir a igreja é perseguir o próprio Senhor da igreja.
Finalmente, o líder precisa proteger o rebanho de DEUS dos ataques externos e
internos (Atos 20.29,30). Paulo diz que existem lobos do lado de fora
buscando uma oportunidade para entrar no meio do rebanho e devorar as
ovelhas, e lobos travestidos de ovelhas dentro do rebanho buscando uma
oportunidade para arrebatar as ovelhas. O pastor deve ser o guardião e o
protetor do rebanho. Como Davi, ele precisa declarar guerra aos ursos e
leões, protegendo o rebanho de seus dentes assassinos. Há muitos falsos
mestres, com suas perniciosas heresias, tentando entrar na igreja. O perigo,
porém, não vem apenas de fora, mas também de dentro. Há aqueles que se
levantam no meio da igreja declarando coisas perniciosas e arrastando após
si as ovelhas. Há falsos mestres enrustidos que buscam uma ocasião para se
manifestar e provocar um estrago no arraial de DEUS. O líder
espiritual precisa ser zeloso no ensino, não dando guarida nem oportunidade
aos oportunistas que se infiltram no meio da igreja para disseminar suas
heresias.
Em sexto lugar,
o compromisso de Paulo com a honestidade financeira (Atos 20.33-35). Paulo não
era amante do dinheiro. O líder espiritual não pode ser possuído pelo dinheiro.
O dinheiro não pode ser seu patrão. Aqueles que se curvam diante de Mamom jamais
se levantarão de forma íntegra na presença dos homens. Aqueles que amam o
lucro jamais servirão ao rebanho, mas se abastecerão dele. O líder
espiritual é aquele que trabalha na obra de DEUS não para auferir lucro, mas
com abnegação, apesar do sacrifício pessoal. A regra áurea da economia do
reino de DEUS é que é mais bem-aventurado dar do que receber. O líder é
alguém que faz a obra de DEUS sem ser motivado pelo dinheiro (Atos 20.33).
Paulo não foi a Éfeso para cobiçar prata ou ouro das pessoas, mas
para levar a elas as riquezas espirituais. O dinheiro jamais foi o vetor
do ministério de Paulo. Ele diz que não cobiçou dinheiro nem vestes. Sua
alegria no ministério não era receber benefícios da igreja, mas dar sua
vida pela igreja. O líder espiritual é alguém que se dedica à obra mesmo quando
lhe falta o dinheiro (Atos 20.34). Paulo trabalhou com suas próprias mãos
para continuar o ministério. Ele não abandonou o ministério para trabalhar
na fabricação de tendas nem jamais se empolgou com a fabricação de tendas
a ponto de diminuir seu entusiasmo com o ministério. Quando as igrejas
lhe pagavam o que lhe era devido, Paulo concentrava-se integralmente no
ministério, mas, se as igrejas sonegavam seu salário, ele continuava
exercendo o ministério, ainda que precisasse trabalhar para isso. O líder
espiritual é alguém que entende que mais feliz é aquele que dá dinheiro do que
quem recebe dinheiro (Atos 20.35). Paulo cita uma expressão de JESUS: “...
Mais bem-aventurado é dar que receber”. A visão do líder espiritual não
deve ser a de um homem egoísta e avarento. Ele precisa ser um homem de
coração generoso, mãos dadivosas e bolso aberto.
Em sétimo
lugar, o compromisso de Paulo com a afetividade (Atos 20.36-38). Os presbíteros
de Éfeso e Paulo se abraçaram, beijaram-se e choraram num lugar público. Paulo
havia passado três anos em Éfeso, e esse tempo foi suficiente para eles
formarem fortes elos de amizade. Agora, eles demonstram a intensidade
desse afeto nessa despedida. Nós somos seres afetivos (Atos 20.37). O amor
precisa ser verbalizado e demonstrado. Nossas emoções precisam refletir nosso
amor. Os presbíteros de Éfeso abraçaram e beijaram Paulo numa praia, um
lugar público. Eles não negaram, não camuflaram nem esconderam suas
emoções. A mídia empapuçada de violência está minando as nossas emoções.
Estamos ficando secos como um deserto. Não conseguimos mais chorar nem expressar
emoções. Uma senhora da igreja, depois do culto, disse-me entre lágrimas:
“Pastor, eu valorizo muito o seu abraço na porta da igreja, porque é o
único abraço que eu recebo na semana”. Há momentos em que a maior
necessidade de uma pessoa na igreja não é de ouvir o coral, mas de receber
um abraço de um irmão. Nós precisamos demonstrar nosso afeto pelas pessoas que
amamos (Atos 20.37). Há muitos líderes que não conseguem expressar seus
sentimentos nem verbalizar seu amor pelos seus liderados. Precisamos
aprender a declarar o nosso amor pelas pessoas. Precisamos aprender a
valorizar as pessoas enquanto elas estão conosco. Precisamos demonstrar nosso
apreço por elas enquanto elas podem ouvir nossa voz. Nós precisamos
entender a força terapêutica da afetividade (Atos 20.36-38). O amor é o
elo de perfeição que une as pessoas. O amor é o cinturão que mantém unidas
as demais peças da virtude cristã. Uma pessoa não permanece numa igreja onde
ela não tem amigos. A comunhão e a evangelização são temas profundamente
conectados. Onde há união entre os irmãos, ali DEUS ordena sua bênção e a
vida para sempre. Certa feita, uma irmã da igreja me telefonou,
informando-me de que estava pretendendo transferir-se para uma igreja
mais próxima de sua casa. Eu, carinhosamente, lhe disse: “O problema é que
você é tão importante para a nossa igreja que não podemos abrir mão de sua
presença”. Essa mulher começou a chorar ao telefone e disse: “Pastor, na
verdade eu não queria ir para outra igreja. Era isso que eu
precisava ouvir. Muito obrigada” e desligou o telefone. As pessoas são
carentes afetivamente, e os pastores precisam compreender que o amor
verbalizado e demonstrado tem um grande poder terapêutico.
Capítulo 08 -
Uma saraivada de problemas
A vida cristã
não é um mar de rosas, mas uma tempestade na qual não faltam as nuvens
pardacentas e os trovões aterradores. Os covardes e medrosos, que têm medo de
decidir, não entrarão no reino de DEUS. A vida cristã não é feita de
amenidades, mas tecida por lutas renhidas. Não é uma viagem através de
águas calmas, mas uma navegação turbulenta em mares revoltos
e encapelados.
Um leitor
desatento pensará que o relato de Paulo em 2Coríntios 6.4-10 é uma coletânea de
experiências sem nenhuma conexão. Porém, uma observação mais detalhada do texto
provará que Paulo fez um cuidadoso e lógico arranjo de 27 categorias,
dividido em três grupos de nove cada. Nos versículos 4 e 5, seus
pensamentos são sobre suas provações; nos versículos 6 e 7, sobre a
divina provisão; e nos versículos 8 a 10, acerca da vitória sobre as
circunstâncias adversas.
O apóstolo
Paulo começa esse catálogo de provas com uma das virtudes mais robustas da vida
cristã, a paciência triunfante (2Co 6.4). A palavra grega usada, hupomone, não
pode ser traduzida ao pé da letra. Ela não descreve o tipo de mentalidade
que se assenta com as mãos cruzadas e a cabeça baixa até que passe a
tormenta de problemas, numa resignação passiva. Descreve, ao contrário,
a habilidade de alguém suportar as coisas de uma maneira tão triunfante
que as transforma profundamente. Crisóstomo, o maior pregador do Oriente,
chama hupomone de a raiz de todo o bem, a mãe da piedade, o fruto que não
se seca jamais, a fortaleza que nunca pode ser conquistada, o porto que
não conhece tormentas. Para Crisóstomo, hupomone é a rainha das virtudes, fundamento
de todas as ações justas, paz no meio da guerra, calma na tempestade, segurança
nos tumultos.
Essa paciência
não é uma capacidade natural de suportar algumas dificuldades da vida, mas um
corajoso triunfo, que recebe todas as pressões da vida e sai delas com um brado
de alegria. Não somente essa pessoa não se deixa abater pelas
dificuldades, mas mostra-se até grata pela oportunidade de passar por
elas, sabendo que isso trará glória a DEUS.
A “paciência”
aqui é o cabeçalho geral de nove elementos que Paulo relaciona a fim de
recomendar seu ministério. Vamos examinar o texto em apreço sob quatro
perspectivas.
Quando a vida
parece um mar tempestuoso
Escrevendo sua
segunda carta aos Coríntios (2Co 6.3-5), sua epístola mais pessoal, Paulo
aborda
três grupos,
cada um composto de três situações, em que a paciência é aplicada.
Em primeiro
lugar, os conflitos internos da vida cristã (2Co 6.4). O apóstolo Paulo
menciona três conflitos internos que a paciência triunfante nos capacita a
vencer. Esse primeiro grupo expressa termos genéricos, a que todos os
cristãos estão sujeitos.
As aflições. A
palavra grega que Paulo usa é thlipsis, que significa pressão física, aflição
ou tribulação. Representam aquelas situações que são fardos para o coração
humano, aquelas desilusões que podem destroçar a vida.
As privações. A
palavra grega anagké significa literalmente as necessidades da vida. Essa
palavra é usada no sentido de sofrimento, muito possivelmente torturas. São
aqueles fardos inevitáveis da vida que retratam necessidades materiais,
emocionais e até físicas.
As angústias. A
palavra grega que Paulo utiliza, stenochoria, significa um lugar muito
apertado. Essa palavra era usada para descrever a condição de um exército
encurralado num desfiladeiro estreito e rochoso sem lugar para escapar.
Em segundo
lugar, as tribulações externas da vida cristã (2Co 6.5). Mais uma vez, o
apóstolo Paulo menciona três circunstâncias difíceis que ele enfrentou. Esse
segundo grupo apresenta exemplos particulares.
Os açoites. O
sofrimento de Paulo não era apenas espiritual, mas também físico. Paulo foi
açoitado várias vezes, fustigado com varas e até apedrejado. É exatamente por
que os cristãos primitivos enfrentaram as fogueiras, as feras e toda sorte
de castigos físicos que hoje recebemos o legado do cristianismo. O próprio
Paulo dá seu testemunho: “Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de
açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado...”
(2Co 11.24,25). Esses açoites lhe deixaram cicatrizes, pelo que escreveu:
“Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de
JESUS” (Gl 6.17).
As prisões.
Paulo foi preso várias vezes. O livro de Atos registra sua prisão em Filipos,
Jerusalém, Cesareia e Roma. Paulo passou vários anos do seu ministério no
cárcere. Ele terminou os seus dias numa masmorra romana, de onde saiu para
ser decapitado. Ao longo dos séculos, um séquito de crentes em CRISTO
suportou prisões e esteve disposto a abandonar sua liberdade em vez da fé.
Os tumultos.
Paulo não
enfrentou apenas a severidade da lei judaica e romana por onde passou, mas
também a violência da multidão tresloucada. A palavra grega usada por Paulo,
akatastasia, significa instabilidade, multidões em rebelião e desordens
civis (Atos 13.50; 14.19; 16.19; 19.29). Esses tumultos referem-se àqueles
perigos criados pelos homens. Em quase toda cidade por onde passou, Paulo
enfrentou multidões enfurecidas, incitadas principalmente pelos judeus.
Em Antioquia da Pisídia, os judeus incitaram as mulheres de alta posição e
os principais da cidade para expulsarem Paulo de seu território (Atos
13.49-52). Em Icônio, houve um complô para apedrejar Paulo, e ele precisou
sair da cidade (Atos 14.5,6). Em Listra, uma ensandecida multidão
apedrejou Paulo (Atos 14.19). Em Filipos, uma multidão alvoroçada prendeu
Paulo e Silas, açoitando-os e lançando-os na prisão (Atos 16.22,23). Em
Tessalônica, uma turba, procurando Paulo, alvoroçou a cidade e
arremeteu-se contra Jasom e sua casa (Atos 17.5). Em Éfeso, houve um grande
tumulto, e os amigos de viagem de Paulo foram presos (Atos 19.23-40).
Mesmo durante o ministério de Paulo em Corinto, ele também foi preso, e
procuraram levá-lo diante do governador (Atos 18.12-17). Simon Kistemaker diz
que o pior caso de agitação civil ocorreu em Jerusalém. Ali o povo,
amotinado, procurou matar Paulo (Atos 21.30-32). Por todo lugar onde Paulo
pregou o evangelho, ele se defrontou com multidões tresloucadas.
Em terceiro
lugar, as tribulações naturais da vida cristã (2Co 6.5b). As três provas que
Paulo passa a mencionar não vieram de fora nem de dentro, mas foram abraçadas
voluntariamente por ele. Trata-se de provações assumidas voluntariamente
por ele.
Os trabalhos.
A palavra grega
kopos, usada por Paulo, é muito sugestiva, pois descreve o trabalho que leva ao
esgotamento, o tipo de tarefa que exige todas as forças que o corpo, a mente e
o espírito do homem podem dar. O termo kopos implica trabalhar até fatigar-se,
o cansaço que segue após o uso das forças ao máximo. Paulo chega a
declarar que trabalhou mais do que todos os outros apóstolos (1Co 15.10).
As vigílias.
Algumas vezes, Paulo passava noites em oração, e outras vezes não conseguia
dormir em virtude dos tumultos e perseguições, quase sem trégua, que vinham a
ele de todos os lados. A palavra grega agrupnia, “vigílias”, refere-se
àquelas ocasiões em que Paulo voluntariamente ficava sem dormir ou
encurtava suas horas de sono a fim de devotar mais tempo ao seu
trabalho evangélico, a seu cuidado de todas as igrejas e à oração. Paulo
seguiu o exemplo de JESUS (Mc 1.35; Lc 6.12), passando muitas horas da
noite e da madrugada em oração.
Os jejuns. Os
jejuns referidos por Paulo podem ser tanto os voluntários como os
involuntários. A palavra grega nesteía, “jejuns”, refere-se ao jejum voluntário
a fim de poder realizar mais trabalhos. Contudo, esses jejuns podem também
se referir àqueles momentos em que Paulo passou privações (2Co 11.9) e até
fome (2Co 11.27; 1Co 4.11; Fp 4.12).
Quando a vida
parece cheia de contradições
Ainda na
segunda carta aos coríntios (2Co 6.8-10), o apóstolo Paulo menciona nove
paradoxos e antíteses da vida cristã. Trata-se de uma série de contrastes
profundos. Aqui está clara a profunda diferença que existe entre a
perspectiva de DEUS e a perspectiva dos homens. O crente constitui-se num
enigma para os outros, uma perpétua contradição para os que não os compreendem,
pois, sua vida consiste numa série de paradoxos.
Esses paradoxos
falam dos dois lados opostos da vida de um homem de DEUS - o lado secular e o
lado espiritual. O lado visto pelo homem, e o lado visto por DEUS. Essa
passagem contrasta como DEUS avaliou o ministério de Paulo com a maneira
pela qual seus críticos o avaliaram. O verdadeiro discípulo experimenta
tanto o topo da montanha como as regiões mais baixas dos vales
mais profundos. Ele oscila entre a honra e a desonra, entre a infâmia e a
boa fama, entre a vida e a morte. Vamos considerar esses paradoxos.
Honra e
desonra. Aos olhos do mundo, Paulo era um homem despojado de toda honra. Era
considerado o lixo do mundo e a escória de todos (1Co 4.13), mas aos olhos de
DEUS era mui honrado. A palavra grega atimia, usada para desonra,
significa a perda dos direitos de cidadão, a privação dos direitos civis.
Ainda que Paulo tivesse perdido todos os direitos como cidadão do mundo,
tinha recebido a maior de todas as honras. Ele era cidadão do reino de DEUS.
Tombou como mártir na terra, decapitado num patíbulo, mas levantou-se como
príncipe no céu (2Tm 4.68).
Infâmia e boa
fama. Os opositores de Paulo criticavam cada uma de suas ações e palavras, além
de odiá-lo com ódio consumado. Além disso, Paulo sofria infâmia de seus
próprios filhos na fé. Embora Paulo e seu ministério obtivessem o
reconhecimento de muitos crentes coríntios (1Co 16.15-18), outros o
desonravam e falavam dele pelas costas (2Co 10.10; 11.7; 1Co
4.10-13,19). Porém, a despeito de ser difamado na terra, recebeu
certamente boa fama no céu.
Enganador e
sendo verdadeiro. Os críticos de Paulo o consideravam um charlatão ambulante e
um impostor. Para eles, Paulo não era um autêntico apóstolo. Contudo, sua vida,
sua conduta e seu ministério irrepreensíveis refutaram peremptoriamente as
acusações levianas de seus inimigos. Paulo andou com consciência limpa
diante de DEUS e dos homens. Ele estava convicto de que sua mensagem era a
verdade do próprio DEUS.
Desconhecido,
entretanto bem conhecido. Os judeus que o caluniavam diziam que Paulo era um
joão-ninguém, a quem faltava autoridade apostólica e a quem podiam denegrir à
vontade. Mas, para seus filhos na fé, Paulo era conhecido e amado. O apóstolo
Paulo foi, sem sombra de dúvida, o maior apóstolo, o maior teólogo, o
maior evangelista, o maior missionário e o maior plantador de igrejas da
história. A palavra grega agooumenoi, traduzida por “desconhecidos”, traz a
ideia de ser ignorante. Refere-se a “não valer nada”, sem as credenciais
adequadas. Paulo não recebeu reconhecimento do mundo de seu tempo porque o
mundo, a literatura, a política e a erudição não se preocupavam com ele e
não faziam dele fonte de conversas diárias, nem o procuravam como grande orador.
Porém, Paulo é hoje mais conhecido do que qualquer imperador romano. Importa
mais receber reconhecimento de DEUS do que dos homens. Importa mais ser
amado pelos cristãos do que odiado pelo mundo.
Morrendo,
contudo, vivendo.
Paulo viveu sob
constante ameaça de morte. Foi apedrejado em Listra, açoitado em Filipos,
enfrentou feras em Éfeso e foi atacado por uma multidão furiosa em
Jerusalém. O poder divino que ressuscitou JESUS dos mortos impediu que
Paulo sofresse uma morte prematura. Sua vida despertou fúria no inferno e
tumulto na terra. Paulo, porém, viveu para completar sua carreira e
cumprir cabalmente seu ministério (Atos 20.24; 2Tm 4.6-8). A julgar pelos
padrões mundanos, a carreira de Paulo foi miserável. Ele esteve continuamente
exposto a perigos de morte, sempre perseguido por multidões enfurecidas e
pelas autoridades civis, mas DEUS livrou-o vezes sem conta. Portanto,
contra todas as expectativas, enquanto o propósito de DEUS não se
concretizou nele, ele escapou da morte sem ser assassinado.
Castigado,
porém não morto.
Muitas vezes,
Paulo enfrentou açoites, cadeias, prisões, tumultos e até apedrejamento. DEUS,
porém, o preservou da morte a fim de que ele cumprisse o propósito de
levar o evangelho até os confins da terra. Os cristãos não devem entender
suas aflições como indicação da reprovação divina, mas, sim, regozijar-se
nelas como oportunidades graciosamente oferecidas para glorificarem o nome
do Senhor. DEUS não castiga seu povo por quem CRISTO morreu, pois
nossa punição pelo pecado foi colocada sobre CRISTO. Seu Filho sofreu em
nosso lugar para que pudéssemos ser absolvidos. Portanto, é incorreto
dizer que os crentes sofrem a ira de DEUS. O castigo mencionado aqui pelo
apóstolo é medidas corretivas de DEUS que têm o objetivo de nos levar para
mais perto dele.
Entristecido,
mas sempre alegre. As tristezas de Paulo vinham das circunstâncias; sua alegria
emanava de sua comunhão com DEUS. Ele se alegrava não nas circunstâncias, mas
apesar delas (Atos 16.19-26). Sua alegria não era nem presença de coisas boas
nem ausência de coisas ruins. Sua alegria era uma Pessoa. Sua alegria era
JESUS. A fonte da sua alegria não estava na terra, mas no céu; não nos
homens, mas em DEUS.
Pobre, mas
enriquecendo a muitos (2Co 6.10).
Paulo não era
como os falsos apóstolos que ganhavam dinheiro mercadejando a Palavra. Paulo
era pobre. A palavra ptokós, usada por Paulo, significa extremamente
pobre, miserável, indigente, destituído. Descreve a pobreza abjeta de
quem não tem, literalmente, nada e que está num perigo real e iminente de
morrer de fome.
A palavra ptokós significa penúria completa, como aquela de um mendigo. Ele não
tinha dinheiro, mas tinha um tesouro mais precioso do que todo o ouro da terra,
o bendito evangelho de CRISTO. Ele enriquecia as pessoas não com coisas materiais,
mas com bênçãos espirituais.
Nada tendo, mas
possuindo tudo. Paulo não possuía riquezas terrenas, mas era herdeiro daquele
que é o dono de todas as coisas. O ímpio tem posse provisória, mas o cristão é
dono de todas as coisas que pertencem ao Pai. Somos herdeiros de DEUS e
coerdeiros com CRISTO. O ímpio pode ter tudo aqui, mas nada levará. Nós,
nada tendo aqui, possuímos tudo.
Quando sofremos
pela igreja de DEUS
O apóstolo
Paulo, em 2Coríntios 11.23-33, destaca seis aspectos do seu sofrimento:
Em primeiro
lugar, trabalhos extenuados. "... em trabalhos, muito mais...” (2Co
11.23). Paulo foi imbatível nesse item. Não apenas suplantou em muito os falsos
apóstolos nesse particular, mas trabalhou até mesmo mais do que os
legítimos apóstolos de CRISTO (1Co 15.10). O ministério de Paulo não teve
pausa. Ele trabalhou diuturnamente, sem intermitência, com saúde ou doente;
em liberdade ou na prisão; na fartura ou passando necessidades. Jamais
deixou de trabalhar pela causa de CRISTO.
Em segundo
lugar, castigos físicos extremados. "... muito mais em prisões; em
açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos
judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com
varas; uma vez, apedrejado...” (2Co 11.23-25). Destacamos aqui os vários
castigos sofridos por Paulo.
As prisões.
Paulo foi preso várias vezes. O livro de Atos relata sua prisão em Filipos, em
Jerusalém, em Cesareia e em Roma. Paulo passou boa parte da sua atividade
apostólica preso. Ele podia estar encarcerado, mas a Palavra de DEUS não
estava algemada. Era um embaixador em cadeias. Jamais se sentiu
prisioneiro de homens, mas sempre prisioneiro de CRISTO.
Os açoites. Não
foram poucas as ocasiões em que Paulo foi açoitado. O livro de Atos não é
exaustivo nesses relatos. Temos informação de que ele foi açoitado em Filipos,
mas, em muitas outras vezes, seu corpo foi surrado a ponto de ele dizer
aos gálatas que trazia no corpo as marcas de CRISTO (Gl 6.17). Cinco vezes
recebeu dos judeus 39 açoites. Esse castigo era tão severo que muitos não
resistiam. Os açoites eram o método judaico, baseado em Deuteronômio 25.25. A
pessoa tinha as suas duas mãos presas a um poste, e suas roupas eram
removidas, de modo que seu peito ficava descoberto. Com um chicote feito
de uma correia de couro de bezerro e duas de couro de jumento, ligadas a
um longo cabo, a pessoa recebia um terço das 39 chicotadas no tórax e dois
terços nas costas.
Os perigos de
morte. O ministério de Paulo foi turbulento. Não teve folga nem descanso. Aonde
ele chegava, havia um tumulto para matá-lo. Foi perseguido em Damasco,
apedrejado em Listra, açoitado em Filipos, escorraçado de Tessalônica,
enxotado de Bereia, levado ao tribunal em Corinto, perturbado em Éfeso,
preso em Jerusalém, acusado em Cesareia, picado por uma víbora em Malta e
decapitado em Roma.
O flagelo de
ser fustigado com varas. Se a quarentena de açoites era um castigo judaico (Dt
25.1-3), fustigar com varas era um castigo romano. Paulo sofreu castigo tanto
de judeus quanto de gentios. O livro de Atos só relata os açoites que
Paulo sofreu em Filipos. Mas aqui ele nos informa que três vezes foi
fustigado com varas.
O
apedrejamento. Paulo foi apedrejado em Listra e arrastado da cidade como morto.
DEUS o levantou milagrosamente para dar prosseguimento a seu trabalho
missionário. A vida de Paulo é um milagre; seu sofrimento, um monumento;
suas cicatrizes, seu vibrante testemunho.
Em terceiro
lugar, viagens perigosas. “... em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia
passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em
perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre
gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar,
em perigos entre falsos irmãos” (2Co 11.25,26). As viagens de Paulo
foram aventuras épicas, cercadas sempre de muitos perigos. O livro de Atos
só relata o naufrágio que Paulo enfrentou em sua viagem para Roma, e
obviamente, quando Paulo escreveu essa carta, ela ainda não havia
ocorrido. Portanto, Paulo enfrentou quatro naufrágios. Não sabemos onde
nem quando, mas um dia e uma noite ficaram à deriva, na voragem do mar.
Nas suas andanças, enfrentou perigos nos mares, nos rios, nas cidades e no
deserto. Enfrentou perigos entre judeus e gentios. Enfrentou perigos no
meio dos pagãos e também entre falsos irmãos.
Em quarto
lugar, privações e necessidades dolorosas. “em trabalhos e fadigas, em
vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e
nudez” (2Co 11.27). Paulo trabalhava não só na obra, mas também para seu
sustento, e isso com fadiga. Dormia pouco e trabalhava muito. Tinha senso
de urgência. Nas suas jornadas a pé ou de navio, passou fome e sede muitas
vezes. Não poucas vezes, a situação era tão grave que, mesmo tendo pão,
preferia jejuar. Nem sempre tinha roupas suficientes e adequadas para as
estações geladas do inverno. Enfrentou frio e também nudez.
Em quinto
lugar, preocupação com todas as igrejas. “Além das cousas exteriores, há o que
pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas” (2Co 11.28). A
atitude de Paulo em relação aos falsos apóstolos era gritantemente
diferente. Enquanto eles se abasteciam das igrejas, Paulo se desgastava
por amor a elas, e isso diariamente. Enquanto Paulo usava sua autoridade para
fortalecer as igrejas, eles usavam as igrejas para fortalecer sua
autoridade. Enquanto Paulo trabalhava para servir às igrejas, eles se
abasteciam das igrejas. Enquanto eles esbofeteavam os crentes no
rosto, Paulo carregava os fardos dos crentes no coração. As outras
experiências haviam sido exteriores e ocasionais, mas o peso das igrejas
era interior e constante.
Em sexto lugar,
fuga ignominiosa. “Em Damasco, o governador preposto do rei Aretas montou
guarda na cidade dos damascenos, para me prender; mas, num grande cesto, me
desceram por uma janela da muralha abaixo, e assim me livrei das suas
mãos” (2Co 11.32,33). No auge da narrativa de seus sofrimentos, Paulo fala
da experiência humilhante em Damasco. Paulo descreve de forma vívida a
primeira situação de sofrimento após sua conversão. Entrou na cidade de Damasco
para prender os crentes, e ele agora é quem estava preso. Os judeus
resolveram tirar-lhe a vida e vigiaram os portões da cidade (Atos 9.23,24)
para ele não fugir, enquanto o governador gentio também montava guarda na
porta para o prender (2Co 11.32). O livramento de Paulo não teve nada de
espetacular. Ele escapou de forma humilhante. Para Paulo, essa fuga clandestina
de Damasco era o pior dos açoites. O valente Paulo precisa fugir de forma
inusitada na calada da noite. Essa fuga ignominiosa de Damasco que Paulo
narra contém pouquíssimos elementos de que ele pudesse vangloriar-se. É o
primeiro de muitos “perigos de morte” que ele experimentou.
Esses primeiros acontecimentos o marcam profundamente. E precisamente essa
imagem da recordação revela de forma singular sua “fraqueza”.
Paulo conclui
essa listagem de sofrimento, jogando uma pá de cal na presunção de seus
oponentes. Enquanto eles se gloriavam em suas virtudes e realizações, Paulo
diz: “Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha
fraqueza” (2Co 11.30). Paulo sabia que sua autoridade não vinha de suas
habilidades, mas de seu chamado (Rm 1.1,5); não de sua força, mas de sua
fraqueza; não de seus feitos, mas de suas cicatrizes.
Quando nosso
sofrimento é bênção, e não castigo
No início de
2Coríntios 12, Paulo descreve seu arrebatamento ao terceiro céu e sua visão
gloriosa. Viu coisas que não é lícito ao homem referir. Depois da
glória, porém, vem a dor; depois do êxtase, vem o sofrimento. Em
2Coríntios 12.7-10, Paulo faz uma transição das visões celestiais para
o espinho na carne. DEUS sabe equilibrar em nossa vida as bênçãos e os
fardos, o sofrimento e a glória. Que contraste gritante entre as duas
experiências do apóstolo! Passou do paraíso à dor, da glória ao
sofrimento. Provou a bênção de DEUS no céu e sentiu os golpes de Satanás na
terra. Paulo passou do êxtase do céu à agonia da terra. Vamos examinar
alguns pontos importantes.
Em primeiro
lugar, o sofrimento é inevitável. Paulo dá seu testemunho: “E, para que
não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na
carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me
exalte” (2Co 12.7). Não há vida indolor. É impossível passar pela
vida sem sofrer. O sofrimento é inevitável. O sofrimento de Paulo é tanto
físico quanto espiritual. Elencamos aqui dois aspectos do sofrimento do
apóstolo.
O espinho na
carne. O que seria esse espinho na carne de Paulo? Há muitas ideias e nenhuma
resposta conclusiva. A palavra grega skolops, “espinho”, só aparece aqui
em todo o Novo Testamento. Trata-se de qualquer objeto pontiagudo. Era a
palavra usada para estaca, lasca de madeira ou ponta do anzol. O que era
esse espinho na carne de Paulo? Muitas respostas têm sido dadas.
A VERDADE É
ESTA (Obs. Abaixo - Pr Henrique):
- O espinho na
carne de Paulo consistia em um problema de visão (os Gálatas se pudessem
lhe dariam seus próprios olhos (Gálatas 4:15 ) e Paulo escrevia com grandes
letras (Gl 6:11), mas, na maioria do tempo, tinha um amanuense (Tércio, Rm
16.12) escrevendo para ele, enquanto ditava o que escrever).
- Enfermidade
física. A maioria dos estudiosos concorda que esse termo skolops deve
ser interpretado literalmente, isto é, Paulo suportava dor física.
Pessoalmente creio que esse espinho na carne era uma deficiência visual de
Paulo (Atos 9.9; Gl 4.15; 6.11; Rm 16.22; At 23.5).
A oração não
atendida. Assim como JESUS orou três vezes no Getsêmani para DEUS afastar-lhe o
cálice e o Pai não o atendeu, mas enviou um anjo para o consolar, Paulo orou
também três vezes para DEUS remover o espinho de sua carne, mas a resposta
de DEUS não foi a remoção do espinho, mas a força para suportá-lo. DEUS
nem sempre nos livra do sofrimento, mas nos dá graça para enfrentá-lo
vitoriosamente. Paulo orou na aflição: orou ao Senhor, orou com insistência
e especificamente, e mesmo assim DEUS lhe disse não.
Em segundo
lugar, o sofrimento é indispensável. Assim como JESUS aprendeu pelas coisas que
sofreu, também aprendemos pelo sofrimento. Por que o sofrimento é
indispensável?
Para evitar a
soberba. O espinho na carne impediu que Paulo inchasse ou explodisse de orgulho
diante das gloriosas visões e revelações do Senhor, segredo não deve ser
revelado, a menos que, quem revelou autorize. O sofrimento nos põe em nosso
devido lugar. Ele quebra nossa altivez e esvazia toda nossa pretensão de
glória pessoal. É o próprio DEUS quem nos matricula na escola do
sofrimento. O propósito de DEUS não é nossa destruição, mas
nossa qualificação para o desempenho do ministério. O fogo da prova não
pode chamuscar sequer um fio de cabelo da nossa cabeça; ele só queima
nossas amarras. O fogo das provas nos livra das amarras, e DEUS nos livra
do fogo.
O apóstolo
Paulo diz que o espinho na carne era um mensageiro de Satanás. Ao mesmo tempo
que o mensageiro de Satanás infligia sofrimento ao apóstolo, esbofeteando-lhe
com golpes fulminantes, DEUS tratava com seu servo, usando essa estranha
providência, para o manter humilde. O campo de atuação de Satanás é
delimitado por DEUS. Satanás intenciona esbofetear Paulo; DEUS intenciona
aperfeiçoar o apóstolo.
Para gerar
dependência constante de DEUS. “Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que
o afastasse de mim” (2Co 12.8). O sofrimento levou Paulo à oração. O sofrimento
nos mantém de joelhos diante de DEUS para nos colocar de pé diante dos homens.
Paulo sabe que DEUS está no controle, não Satanás. Se Satanás realizasse seu
desejo, ele teria preferido que o apóstolo Paulo fosse orgulhoso em vez de
humilde. Os interesses de Satanás seriam muito mais bem servidos se
Paulo fosse se tornar insuportavelmente arrogante.
Para mostrar a
suficiência da graça. “Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o
poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas
fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de CRISTO” (2Co 12.9). A
graça de DEUS é melhor do que a vida. A graça de DEUS é que nos capacita a
enfrentar vitoriosamente o sofrimento. A graça de DEUS é o tônico para
a alma aflita, o remédio para o corpo frágil, a força que põe de pé o
caído. A graça de DEUS é a provisão de DEUS para tudo de que precisamos,
quando precisamos. A graça nunca está em falta. Ela está continuamente
disponível. Não devemos orar por vida fácil. Devemos orar para
sermos homens e mulheres capacitados pela graça. Não devemos orar por
tarefas iguais ao nosso poder, mas orar por poder igual às nossas tarefas.
Para trazer
fortalecimento de poder. O poder de DEUS se aperfeiçoa na fraqueza. Quando
somos fracos, aí é que somos fortes. Esse é o grande paradoxo do cristianismo.
A força que sabe que é forte, na verdade é fraqueza, mas a fraqueza que
sabe que é fraca, na verdade é força. O poder de DEUS revela-se nos
fracos. Paulo pediu para DEUS substituição, mas DEUS lhe deu
transformação. DEUS não removeu sua aflição, mas lhe deu capacitação para
enfrentá-la vitoriosamente. DEUS não deu explicações a Paulo; fez-lhe promessas:
“A minha graça te basta”. Não vivemos de explicações; vivemos de
promessas. Nossos sentimentos mudam, mas as promessas de DEUS são sempre
as mesmas.
Obs. Pr
Henrique - A graça é uma pessoa – JESUS CRISTO e sua obra salvífica.
Porque a graça
de DEUS se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, Tito 2:11
(ARC).
Porque pela
graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós (graça); é dom de DEUS.
Efésios 2:8 (ARC).
Mas, agora, em CRISTO
JESUS, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de CRISTO chegastes perto.
Efésios 2:13
O poder de DEUS
é suficiente para o cansaço físico. Paulo suportou toda sorte de privações
físicas: fome, sede e nudez. Suportou todo tipo de perseguição: foi açoitado,
apedrejado, fustigado com varas e preso. Enfrentou todo tipo de perigos:
de rios, de mares, de desertos, no campo, na cidade, entre estrangeiros,
entre patrícios e até no meio de falsos irmãos. Enfrentou toda sorte de
pressões emocionais: preocupava-se dia e noite com as igrejas. Mas o poder
de DEUS o sustentou em todas essas circunstâncias.
Em terceiro
lugar, o sofrimento é pedagógico. A vida é a professora mais implacável:
primeiro, dá a prova e, depois, a lição. C. S. Lewis disse que “DEUS sussurra
em nossos prazeres e grita em nossas dores”. A dor sempre tem um
propósito, mais que uma causa. DEUS não desperdiça sofrimento na vida de
seus filhos. Se DEUS não remove o espinho é porque ele está trabalhando em nós,
para depois trabalhar por meio de nós.
Vejamos algumas
lições importantes destacadas por Charles Stanley em seu livro Como lidar com o
sofrimento1:
Há um propósito
divino em cada sofrimento. Há um propósito divino no sofrimento. No começo
dessa carta, Paulo diz que o nosso sofrimento e a nossa consolação são
instrumentos usados por DEUS para abençoar outras pessoas (2Co 1.3). Na
escola da vida, DEUS está nos preparando para sermos consoladores. Quando
DEUS não remove “o espinho”, é porque tem uma razão. DEUS sempre tem um
propósito no sofrimento. O propósito é de não nos ensoberbecermos.
E possível que
DEUS resolva revelar-nos o propósito do nosso sofrimento. No caso de Paulo,
DEUS decidiu revelar-lhe a razão de ser do “espinho”: evitar que o apóstolo
ficasse orgulhoso. Quando Paulo orou, nem perguntou por que estava
sofrendo; apenas pediu a remoção do sofrimento. Não é raro DEUS revelar as
razões do sofrimento. Ele revelou a Moisés a razão por que não lhe
seria permitido entrar na terra prometida. Disse a Josué por que ele e seu
exército haviam sido derrotados em Ai. O nosso sofrimento tem por
finalidade nos humilhar, nos aperfeiçoar, nos burilar e nos usar. É
possível também que DEUS não nos dê explicações diante do sofrimento. Foi o que
aconteceu com o patriarca Jó. Ele perdeu seus bens, seus filhos, sua
saúde, o apoio de sua mulher e de seus amigos, e, diante de seus
questionamentos, nenhuma explicação lhe foi dada. DEUS restaurou sua sorte,
mas não lhe deu a razão de seu sofrimento.
DEUS nunca nos
repreende se perguntarmos por que sofremos, ou se pedirmos que ele remova o
sofrimento. Não há evidência de que DEUS tenha repreendido Paulo pelo fato de
ele ter-lhe pedido que removesse o espinho. DEUS entende nossa fraqueza.
Espera que clamemos quando estivermos passando por sofrimento. DEUS nos
manda lançar sobre ele toda a nossa ansiedade.
O sofrimento
pode ser um dom de DEUS. Temos a tendência de pensar que o sofrimento é algo
que DEUS faz contra nós, e não por nós. Jacó disse: “... Tendes-me privado de
filhos: José já não existe, Simeão não está aqui, e ides levar a Benjamim!
Todas estas cousas me sobrevêm” (Gn 42.36). O espinho de Paulo era uma
dádiva, porque, por meio desse incômodo, DEUS protegeu Paulo daquilo que
ele mais temia - ser desqualificado espiritualmente (1Co 9.27). Ele sabia que o
orgulho destrói. Viu-o como algo que DEUS fez a seu favor, e não contra
ele.
Satanás pode
ser o agente do sofrimento. Espere um pouco: é Satanás ou DEUS quem está por
trás do espinho na carne de Paulo? Como é que um mensageiro de Satanás pode
cooperar para o bem de um servo de DEUS? Parece uma contradição total. A
inferência é que DEUS, na sua soberania, usa os mensageiros de Satanás na
vida dos seus servos. As bofetadas de Satanás não anulam os propósitos de
DEUS, mas contribuem para eles. Até mesmo os esquemas satânicos podem ser
usados em nosso benefício e no avanço do reino de DEUS. O diabo intentou
contra Jó para afastá-lo de DEUS, mas só conseguiu colocá-lo mais perto do
Senhor.
DEUS nos
conforta em nossas adversidades. A resposta que DEUS deu a Paulo não era a que
ele esperava nem a que ele queria, mas era a que ele precisava. DEUS respondeu
a Paulo que ele não o havia abandonado. Não sofria sozinho. DEUS estava no
controle da sua vida e operava nele com eficácia.
A graça de DEUS
é suficiente nas horas de sofrimento. DEUS não deu a Paulo o que ele pediu;
deu-lhe algo melhor, melhor que a própria vida, a sua graça. A graça de DEUS é
melhor que a vida; pois por ela enfrentamos o sofrimento vitoriosamente. O
que é graça? É a provisão de DEUS para cada uma das nossas necessidades. O
nosso DEUS é o DEUS de toda a graça (1Pe 5.10).
Obs. Pr
Henrique - A graça é uma pessoa – JESUS CRISTO e sua obra salvífica.
Porque a graça
de DEUS se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, Tito 2:11
(ARC).
Porque pela
graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós (graça); é dom de DEUS.
Efésios 2:8 (ARC).
Mas, agora, em CRISTO
JESUS, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de CRISTO chegastes perto.
Efésios 2:13
Pode ser que
DEUS decida que é melhor não remover o sofrimento. De todos os princípios, esse
é o mais difícil. Quantas vezes já pensamos e falamos: “Senhor por que estou
sofrendo? Por que desse jeito? Por que até agora? Por que o Senhor ainda
não agiu?”. Joni Eareckson ficou tetraplégica e numa cadeira de rodas dá
testemunho de JESUS. Fanny Crosby ficou cega com 42 dias e morreu aos
92 anos sem jamais perder a doçura. Escreveu mais de 4 mil hinos. Dietrich
Bonhoeffer foi enforcado no dia 9 de abril de 1945 numa prisão nazista. Se
DEUS não remover o sofrimento, ele nos assistirá em nossa fraqueza, nos
consolará com sua graça e nos assistirá com seu poder.
Nossa alegria
não se baseia na natureza de nossas circunstâncias. O que determina a vida de
um indivíduo não é o que lhe acontece, mas como reage ao que lhe acontece. Não
é o que as pessoas lhe fazem, mas como responde a essas pessoas. Há
pessoas que são infelizes tendo tudo; há outras que são felizes não tendo
nada. A felicidade não está fora, mas dentro de nós. Há pessoas que pensam
que a felicidade está nas coisas: casa, carro, trabalho, renda. Mas Paulo era
feliz mesmo passando por toda sorte de adversidades (2Co 11.24-27). Mesmo
passando por todas essas lutas, é capaz de afirmar: “Pelo que sinto prazer
nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas
angústias, por amor de CRISTO. Porque, quando sou fraco, então é que sou
forte” (2Co 12.10). O mesmo Paulo comenta em sua carta aos filipenses:
“Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em
toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser
honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto
de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez” (Fp
4.11,12).
A chave para
crescermos nos sofrimentos é vê-los em função do amor por CRISTO. Paulo sofria
por amor a CRISTO. Sua razão de viver era glorificar CRISTO. O que importava
era agradar a CRISTO, servir a CRISTO, tornar CRISTO conhecido. Jim
Elliot, o missionário mártir entre os índios aucas, disse: “Não é tolo
perder o que não se pode reter, para ganhar o que não se pode perder”. DEUS
pode usar até o nosso sofrimento para sua glória. Paulo diz aos filipenses
que as coisas que lhe aconteceram contribuíram para o progresso do
evangelho (Fp 1.12).
Em quarto
lugar, o sofrimento é passageiro. O sofrimento deve ser visto à luz da
revelação do céu, do paraíso. O sofrimento do tempo presente não é para se
comparar com as glórias por vir a serem reveladas em nós (Rm 8.18). A
nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória
(2Co 4.14-16). Aqueles que têm a visão do céu são os que triunfam diante do
sofrimento. Aqueles que ouvem as palavras inefáveis do paraíso são os que
não se intimidam com o rugido do leão.
DEUS mostrou a
glória da herança antes do fogo do sofrimento. DEUS abriu as cortinas do céu
antes de apontar as areias esbraseantes do deserto. O sofrimento é por breve
tempo; o consolo é eterno. A dor vai passar; o céu jamais! A caminhada
pode ser difícil. O caminho pode ser estreito. Os inimigos podem ser
muitos. O espinho na carne pode doer. Mas a graça de CRISTO nos basta.
Só mais um pouco, e nós estaremos para sempre com o Senhor. Então o
espinho será tirado, as lágrimas serão enxutas, e não haverá mais pranto,
nem luto, nem dor.
1. STANLEY,
Charles. Como lidar com o sofrimento. Belo Horizonte: Betânia, 1995.
Capítulo 09 -
Um homem sob ataque
O mesmo Paulo
que já havia enfrentado prisões e açoites enfrentará agora uma série de
solavancos existenciais: prisão, acusação e conspiração. Neste capítulo, vamos
examinar a prisão de Paulo em Jerusalém e Cesareia.
Não espere
gratidão, mas cadeias e tribulações
Paulo estava
indo a Jerusalém para levar as ofertas levantadas entre as igrejas gentílicas
para os pobres da Judeia. Seu coração estava cheio de amor, e suas mãos, cheias
de dádivas. Sua motivação era a mais pura, e seu propósito, o mais
elevado. Porém, os judeus pagaram o bem com o mal. Em vez de alegrarem-se
com sua generosidade, conspiraram contra Paulo para matá-lo.
Paulo
testemunha aos presbíteros de Éfeso, na cidade de Mileto, que não sabia o que
aconteceria em Jerusalém, mas o ESPÍRITO SANTO lhe assegurava que de cidade em
cidade cadeias e tribulações o esperavam (Atos 20.22,23). Ao despedir-se
dos presbíteros de Éfeso, Paulo tem o pressentimento de que não mais
veriam o seu rosto (Atos 20.38). Ao chegar a Cesareia, foi fortemente alertado
por um profeta judeu, chamado Agabo, de que seria preso em Jerusalém e entregue
nas mãos dos gentios (Atos 21.10,11). Diante dessa profecia, Lucas e os irmãos
que estavam em Cesareia tentaram demover Paulo de prosseguir viagem para
Jerusalém (Atos 21.12), mas este respondeu: “... Que fazeis chorando e
quebrantando-me o coração? Pois estou pronto não só para ser preso, mas até
para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor JESUS” (Atos 21.13). Diante
da irredutibilidade de Paulo, os irmãos se conformaram e capitularam ante
a vontade de DEUS (Atos 21.14).
Paulo e sua
comitiva partiram, pois, de Cesareia para Jerusalém. Ali chegando, foram
recebidos com alegria pelos irmãos da igreja (Atos 21.16,17). Depois de dar um
minucioso relatório do quanto DEUS fizera por seu intermédio à liderança
da igreja, foi alertado de que os judeus de Jerusalém nutriam informações
distorcidas do seu trabalho missionário. Um boato circulava entre esses
judeus de que Paulo estaria engajado numa missão anti-Moisés, pervertendo
a lei e os costumes judaicos (Atos 21.18-26).
Os judeus
vindos da Ásia, ao ver Paulo no templo com seus companheiros de viagem,
alvoroçaram todo o povo e o agarraram, gritando: “... Israelitas, socorro! Este
é o homem que por toda parte ensina todos a serem contra o povo, contra a
lei e contra este lugar; ainda mais, introduziu até gregos no templo e
profanou este recinto sagrado” (Atos 21.28). Paulo foi arrastado com
violência de dentro do templo para fora, as portas foram fechadas, e a cidade
de Jerusalém se amotinou. O intento dos judeus era matar o apóstolo. Já o
espancavam quando o comandante e seus soldados desfizeram o levante
ensandecido. Arrebatado das mãos da multidão sanguissedenta, Paulo foi
acorrentado e passou a ficar sob custódia do comandante e sua escolta (Atos
21.29-33).
Diante do
vozerio ensurdecedor da multidão amotinada, que gritava infrene: “Mata-o!
Mata-o!”, Paulo foi recolhido à fortaleza. Enquanto era carregado para a
fortaleza, pediu permissão para falar ao povo. Da escada da fortaleza,
dirigiu-se à multidão, que silenciosamente o escutou (Atos 21.34-40).
Paulo então dá
o seu testemunho, narrando sua trajetória desde o seu nascimento em Tarso da
Cilícia. Falou sobre seus estudos aos pés de Gamaliel em Jerusalém e de sua
implacável disposição de sufocar e exterminar a religião cristã, ainda no
seu nascedouro. Paulo disse à multidão furiosa que um dia também odiou a
religião do Caminho com todas as forças da sua alma. Disse que prendeu
e lançou em cárceres homens e mulheres. Contou que entrava nas sinagogas
para prender e açoitar os que criam em CRISTO. Declarou que esteve por
trás do assassinato do primeiro mártir do cristianismo, o diácono Estêvão.
Contou, de forma vívida, como saíra de Jerusalém rumo a Damasco para
prender e levar manietados os discípulos de CRISTO para Jerusalém. Porém, antes
de prender os cristãos, foi capturado por JESUS, ao ver uma luz
aurifulgente e ouvir uma voz poderosa. Ali, enquanto seus olhos foram
cegados, os olhos da sua alma se abriram, e compreendeu que aquele a quem
estava perseguindo era o próprio Senhor, o Filho de DEUS.
Paulo dirige-se
à multidão dizendo que, ao estar em Jerusalém, pregando e ensinando, foi
dispensado pelo próprio DEUS de seu trabalho. DEUS lhe fechava a porta em
Jerusalém, mas abria-lhe uma janela para o mundo. DEUS encerrava seu ministério
entre os patrícios, mas o enviava para longe, aos gentios (Atos 22.1-21).
Os judeus ouvem o discurso de Paulo até o momento em que ele faz
referência aos gentios. Então novamente a multidão se alvoroça, a ponto de
gritar e arrojar de si suas capas, atirando poeira para os ares. Por
questão de segurança, Paulo foi recolhido à fortaleza. O comandante,
perplexo diante da situação, mandou que Paulo fosse açoitado para saber os
detalhes de tão inflamada oposição. Nesse momento, o velho apóstolo
valeu-se de seu direito de cidadão romano e evitou que sofresse mais uma
surra (Atos 22.22-30).
Um cordeiro no
meio de lobos
Quando o
comandante descobriu que Paulo era cidadão romano, passou a tratá-lo com
deferência e convocou os principais sacerdotes e todo o sinédrio a fim de que
Paulo pudesse se explicar. Agora, o mesmo apóstolo que já se havia
defendido diante da multidão alvoroçada, dirige-se ao sinédrio enraivecido.
Bastou que Paulo abrisse a boca para afirmar que estava servindo a
DEUS com boa consciência para que levasse uma bofetada no rosto por ordem
do sumo sacerdote. Os representantes e fiscais da lei quebravam a lei em
nome da lei (Atos 23.1-5).
Com refinada
sagacidade, Paulo tirou proveito da divisão interna do sinédrio. Sabendo que
esse egrégio concílio era formado de saduceus e fariseus; sabendo que os
saduceus eram teólogos progressistas e liberais que não acreditavam na
ressurreição nem na existência dos anjos e de espíritos, posicionou-se
como fariseu e disse que estava sendo perseguido por causa das
crenças defendidas pelos fariseus. Essa atitude atraiu imediata simpatia
do grupo dos fariseus, e os dois grupos começaram a se desentender no meio
da reunião. A estratégia de Paulo funcionou. O grupo que estava ali para
ouvi-lo engalfinhou-se em tal celeuma que o comandante resolveu tirar Paulo
do alvoroço e recolhê-lo à fortaleza (Atos 23.6-10).
Uma conspiração
ameaçadora
Enquanto
quarenta judeus se reuniam para jurar Paulo de morte (Atos 23.12-15), DEUS se
revelou a ele a fim de lhe dar forças e descortinar-lhe novos horizontes. Na
noite seguinte ao alvoroço do sinédrio, recolhido ainda à fortaleza, o
Senhor pôs-se ao lado de Paulo e lhe disse: “... Coragem! Pois do modo por
que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também
o faças em Roma” (Atos 23.11).
A conspiração
dos judeus para matar Paulo foi feita com juramento de que não comeriam nem
beberiam e seriam considerados malditos enquanto não assassinassem Paulo. Esse
pacto foi selado e comunicado aos principais sacerdotes e anciãos. O
comandante deveria trazer Paulo novamente ao sinédrio para uma
investigação mais detalhada. Antes de Paulo chegar à reunião, eles o atacariam
e o matariam (Atos 23.12-15).
Por providência
divina, um sobrinho de Paulo descobriu a trama em tempo oportuno, entrou na
fortaleza e avisou a Paulo o que estava acontecendo nos sórdidos bastidores do
sinédrio. Paulo enviou seu sobrinho ao comandante, e este foi avisado do
plano traiçoeiro. Diante das pressões da massa, da conspiração dos judeus
radicais e da parcialidade do sinédrio, o comandante resolveu enviar Paulo
ao governador Félix, sob forte proteção, livrando o bandeirante do cristianismo
de uma morte prematura (Atos 23.16-25).
A prisão de
Paulo em Cesareia
Cláudio Lísias
escreve uma carta ao governador Félix e, sob a proteção de uma escolta, envia
Paulo a Cesareia, não sem antes dar seu parecer de que Paulo era inocente e não
merecia nem mesmo estar preso, quanto mais ser alvo de uma conspiração de
morte. Lísias informa a Félix que os judeus estavam determinados a matar
Paulo pela engenhosidade da traição por questões puramente religiosas. E,
porque esse velho missionário era cidadão romano, não o podia entregar ao
alvitre de uma turba tão alvoroçada e sanguinária.
Ao chegar a
Cesareia, lida a carta de Cláudio Lísias, Félix ouve Paulo e, sabedor de que
ele era da província da Cilícia, recolhe-o à prisão até que seus acusadores
apresentem contra ele a peça de acusação.
Cinco dias
depois, o sumo sacerdote Ananias, acompanhado de alguns anciãos e aparelhado de
um orador profissional chamado Tértulo, viaja para Cesareia e comparece diante
do governador para apresentar o libelo acusatório contra Paulo. Tecendo
elogios rasgados ao governador, Tértulo tenta ganhá-lo para seu lado. Com
retórica rebuscada, esse profissional da oratória, profere acusações
pesadas e levianas contra o apóstolo, chamando-o de peste. Conspurca-lhe o
caráter, denigre-lhe o nome, lança sobre sua honra os mais aviltantes
insultos. Desprovido de conhecimento, na contramão dos fatos, Tértulo
falseia a verdade ao dizer que Paulo promovia sedições entre os judeus
dispersos por todo o mundo. Maliciosamente, estadeia diante do governador
a acusação de que Paulo era o principal agitador da seita dos nazarenos. Ainda
acusa Paulo de profanar o templo, razão pela qual os judeus o prenderam
para julgá-lo diante do sinédrio. Em seu discurso tendencioso, eivado de
mentiras escabrosas, Tértulo ainda alfineta o comandante Cláudio Lísias,
dizendo que este havia arrebatado Paulo de suas mãos com grande violência
para enviá-lo a Cesareia.
Cessada a
verborragia desse paladino da mentira, Paulo tem a oportunidade de fazer sua
defesa. Com palavras breves, com refinada retórica, o bandeirante do
cristianismo põe por terra o discurso de Tértulo, desmantelando ponto por
ponto todas as acusações assacadas contra ele. Paulo ressalta que o
propósito de sua visita a Jerusalém não foi profanar o templo, mas trazer
generosas ofertas aos pobres da Judeia, levantadas entre as igrejas
gentílicas. Também afirmou que estava sendo acusado pelo sinédrio exatamente
pelas mesmas convicções que os fariseus, membros do sinédrio, defendiam,
qual seja, a doutrina da ressurreição dos mortos.
O governador
interessou-se por conhecer um pouco mais o cristianismo, chamado de religião do
Caminho. Mantendo Paulo preso e tratando-o com urbanidade, aguardou a chegada
do comandante Cláudio Lísias para prosseguir com o julgamento. Nesse
ínterim, Félix, acompanhado de sua mulher, uma judia chamada Drusila,
resolve ouvir Paulo particularmente acerca da fé em CRISTO JESUS. Sem
perder a oportunidade, Paulo disserta para o governador e sua mulher acerca
da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro. Essa mensagem
contundente deixa Félix amedrontado. Em vez de curvar-se ao poder do
evangelho, Félix dribla sua consciência, tapa os ouvidos à voz de DEUS e
busca novas oportunidades para receber alguma propina de Paulo, uma
vez que ele havia trazido das províncias da Macedônia e Acaia grandes
somas de dinheiro para os pobres da Judeia.
A prisão de
Paulo estendeu-se por dois anos em Cesareia, e nenhuma decisão foi tomada a seu
respeito. Ao cabo desse tempo, o governador Félix foi substituído por Pórcio
Festo. Por interesses pessoais, buscando alcançar o favor dos judeus,
Félix manteve Paulo preso nesses dois anos. A justiça negada a Paulo em
Jerusalém nas mãos dos judeus também lhe foi negada em Cesareia nas mãos
dos romanos. Se Paulo estava sendo alvo de uma conspiração de morte por parte
dos judeus por motivos religiosos, ele estava prestes a ser entregue à
morte pelos romanos por motivos políticos e financeiros. A justiça estava
ausente em ambos os tribunais, judaico e romano.
Ao assumir o
governo da província, três dias depois, Festo subiu de Cesareia a Jerusalém,
permanecendo lá cerca de oito a dez dias, tempo suficiente para os judeus
tentarem aliciar o governador, rogando-lhe que enviasse Paulo a Jerusalém,
com a intenção firme de armar ciladas contra ele para matá-lo. Não cedendo
de imediato ao desiderato dos judeus, Festo instruiu aos requerentes da
pugna que descessem com ele a Cesareia a fim de apresentarem contra Paulo,
no tribunal, suas acusações. Assim foi feito. Os judeus apresentaram
contra Paulo muitas e graves acusações, todas, porém, sem a evidência de
provas. Paulo se defende dizendo que jamais havia cometido qualquer pecado
contra a lei dos judeus, contra o templo ou mesmo contra César.
Os interesses
políticos novamente suplantaram a justiça. Festo, buscando ganhar o favor dos
judeus, disse a Paulo: “... Queres tu subir a Jerusalém e ser ali julgado por
mim a respeito destas cousas?” (Atos 25.9). Os judeus, os governadores
romanos (Félix e Festo), bem como Paulo sabiam que a intenção de o levar a
Jerusalém não era seu julgamento pelo critério da verdade, mas a sua morte
promovida por uma cilada judaica. Sem titubear, Paulo responde ao covarde e
tendencioso governador romano: “... Estou perante o tribunal de César,
onde convém seja eu julgado; nenhum agravo pratiquei contra os judeus,
como tu muito bem sabes. Caso, pois, tenha eu praticado algum mal ou crime
digno de morte, estou pronto para morrer; se, pelo contrário, não são verdadeiras
as cousas de que me acusam, ninguém, para lhes ser agradável, pode
entregar-me a eles. Apelo para César” (Atos 25.10,11). A resposta de Paulo
é uma reprovação severa à postura frouxa, covarde e tendenciosa do
governador e um aguilhão na consciência dos judeus. Paulo estava pronto
para morrer, mas não sem antes defender os seus direitos. Estava pronto
para morrer, mas não para servir aos interesses escusos de homens que
vendiam sua consciência por vantagens imediatas.
Diante da
impossibilidade de Festo lograr alguma vantagem ou favor político por parte dos
judeus no julgamento de Paulo, o governador atende à solicitação do apóstolo e
decide enviá-lo a Roma (Atos 25.12).
Uma vez que a
querela dos judeus contra Paulo não alcançara seu propósito, Paulo foi guardado
na prisão até ocasião oportuna de enviá-lo a Roma. Nesse ínterim, chegam a
Cesareia o rei Agripa e sua mulher Berenice para saudarem o novo
governador romano na província de Cesareia. Compartilhando com eles o
embate dos judeus contra Paulo e reconhecendo que os judeus não fizeram
nenhuma acusação de peso contra o réu, senão aquelas ligadas à sua religião,
Agripa demonstrou interesse em ouvir também esse prisioneiro que estava
causando tanto reboliço.
Numa audiência
onde não faltou pompa e luxo, Paulo é trazido à presença de Agripa. A intenção
de Festo era encontrar alguma informação que lhe pudesse servir de base para
construir a peça de acusação contra esse judeu de cidadania também romana.
Paulo então tem permissão para falar. Com brilhantismo, eloquência e
poder, num discurso rebuscado de rara beleza, Paulo abre o coração para
narrar o que JESUS havia feito em sua vida.
Paulo relembra
sua vida pregressa quando andava na ignorância e nas trevas. Naquele tempo, era
um carrasco, um perseguidor implacável, um monstro celerado, pois perseguia com
fúria incessante e rigor desmesurado os cristãos. Seu intento era banir da
terra a religião do Caminho, a chamada seita dos nazarenos, insurgindo-se
contra o nome de CRISTO e seus fiéis seguidores. Para alcançar
seu propósito, andou por todas as sinagogas de Israel e nações vizinhas,
açoitando os crentes, manietando-os, forçando-os a blasfemar e os levando
prisioneiros à cidade de Jerusalém. Foi com esse específico desiderato
que, como embaixador do sinédrio judaico, foi a Damasco.
Diante de um
auditório atento, Paulo prossegue seu discurso, narrando sua dramática
experiência
no caminho de
Damasco. Diz ele que estava ainda no caminho, na entrada de Damasco, quando
subitamente, uma luz aurifulgente caiu sobre ele, uma voz como de trovão
ribombou das alturas e o jogou ao chão, e ele, caído, vencido, domado,
ouviu aquela voz fuzilando seu coração: “... Saulo, Saulo, por que me
persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14).
Já transformado e convertido, perguntou: “... Quem és tu, Senhor?...”. E
Senhor respondeu: “... Eu sou JESUS, a quem tu persegues” (Atos 26.15).
De forma
vívida, Paulo mostrou ao seu seleto auditório como JESUS o havia tirado das
trevas para a luz e o havia enviado aos gentios para abrir-lhes os olhos da
alma, anunciando-lhes a luz de CRISTO. Em seu discurso, Paulo deu
testemunho da ressurreição de CRISTO, deixando claro que o mesmo JESUS que
havia vencido a morte também transformara sua vida e o comissionara a ser
um instrumento para a salvação dos gentios. Nesse momento, o governador
Festo o interrompeu em alta voz: “... Estás louco, Paulo! As muitas letras
te fazem delirar” (Atos 26.24). Mas Paulo respondeu com firmeza: “... Não
estou louco, ó excelentíssimo Festo! Pelo contrário, digo palavras de verdade
e bom senso” (Atos 26.25).
Então Paulo
volta-se para o rei Agripa, encurrala-o dentro das cercas da sua própria
consciência e pergunta-lhe: “Acreditas, ó rei Agripa, nos profetas? Bem sei que
acreditas” (Atos 26.27). Agripa, que era testemunha de todas aquelas
verdades, tentando escapar, procurando fugir do cerne da questão e
livrar-se das mãos do DEUS Todo-Poderoso, hesita, atalha, contorna, fica em
cima do muro e diz: “... Por pouco me persuades a me fazer cristão” (Atos
26.28).
Agripa sente-se
comovido. Na verdade, o testemunho de Paulo era verdadeiro. Agripa está cônscio
de que CRISTO é o Salvador do mundo, mas, movido pelo orgulho, não abre seu
coração. Com medo de perder seu prestígio político, abafa a voz da
consciência, envergonhado de render-se à verdade. Agripa perde a grande
oportunidade de sua vida e rejeita o evangelho. Ao recusar-se a crer em
JESUS, fechou atrás de si a única porta da salvação e deixou de colocar os pés
no único caminho que poderia reconciliá-lo com DEUS. Agripa ficou no
quase, e o quase o deixou imerso nas trevas mais espessas.
A audiência
terminou, os convidados se dispersaram, e a opinião de Agripa é a de que Paulo
poderia ter sido solto caso não tivesse apelado para César. Ir a Roma não era
apenas um desejo de Paulo, mas também um propósito de DEUS. E para lá é
que o apóstolo dos gentios deve ir.
Capítulo 10 - A
viagem de Paulo a Roma
Nós escolhemos
o destino da nossa viagem, mas não a maneira de chegarmos lá. Planejamos as
coisas, mas não temos o poder de garantir sua execução. Muitas vezes,
planejamos uma coisa e acontece outra. Fazemos planos, mas a resposta certa vem
do Senhor. O sonho de Paulo era ir a Roma, mas ele chega à cidade de Roma
preso, depois de um naufrágio, após perder tudo.
A nossa vida é
como uma viagem, às vezes tempestuosa. Muitos escritores têm retratado a vida
como uma viagem. Homero, em seu livro Odisseia1, descreve a vida como uma
viagem. John Bunyan, em seu livro O peregrino2, descreve a vida do cristão
como a caminhada de um homem pelos perigos até chegar ao Paraíso. Na
jornada da vida, passamos por caminhos cheios de espinhos, despenhadeiros
íngremes, pântanos lodacentos, pinguelas estreitas e desertos causticantes.
Essa viagem de
Paulo a Roma não é uma alegoria, mas uma dramática realidade, com muitas lições
oportunas.
Mesmo quando
estamos fazendo a vontade de DEUS e a nossa, encontramos tempestades pela
frente. O sonho de Paulo era ir a Roma e, dali, à Espanha (Rm 1.14-16 ;
15.28). Quando Paulo foi preso em Jerusalém, DEUS lhe disse que queria que
ele desse testemunho também em Roma (Atos 23.11). Portanto, era da
expressa vontade de DEUS que Paulo fosse a Roma. Mas, quando ele embarcou
para Roma, enfrentou uma terrível tempestade. Nem sempre estaremos
na contramão da vontade de DEUS quando enfrentarmos tempestades. Quando
estivermos passando por tempestades, DEUS estará nos guiando. Quando
nossos olhos estiverem embaçados pelas brumas espessas e pelo nevoeiro
denso da tempestade, podemos ter a garantia de que a mão de DEUS
ainda estará nos dirigindo. DEUS enxerga no escuro. A tempestade pode
arrancar o leme das nossas mãos, e o nosso navio pode estar fora do nosso
controle, mas não fora do controle de DEUS. Podemos chegar como náufragos
em uma ilha, tendo apenas a vida como despojo, mas DEUS ainda estará
nos guiando para realizarmos seus soberanos propósitos (Atos 27.26). Este
texto nos apresenta quatro verdades importantes: Em primeiro lugar, nas
tempestades da vida precisamos estar atentos às placas de sinalização de
DEUS (Atos 27.9-20). A segurança de uma viagem depende da obediência à
sinalização no caminho. Desobedecer à sinalização é entrar em rota de
colisão e enveredar-se por caminhos de morte. Há quatro fatos dignos de
nota neste texto:
A advertência
(Atos 27.10). Quando Paulo e seus companheiros de viagem embarcaram para Roma,
a viagem parecia segura e tranquila. Era um bom barco. Havia um comandante e
marinheiros experientes. Os passageiros estavam em segurança. Mas, logo
que começaram a viagem, começaram a soprar os ventos contrários (Atos
27.4). Chegou a um ponto que Paulo os admoestava, dizendo: “... vejo que a
viagem vai ser trabalhosa, com dano e muito prejuízo, não só da carga e
do navio, mas também da nossa vida” (Atos 27.10).
Eles não
ouviram o conselho de Paulo, e logo veio um tufão e tirou o navio da mão deles.
A maioria dos acidentes é provocado por pessoas que transgridem as leis, não
observando as placas e as advertências à beira do caminho. Dessa maneira,
elas põem em risco a sua vida e a dos outros. Um carro pode ser uma arma
mortal se o seu condutor não atentar para as placas de sinalização.
Em dezembro do
ano 2000, fiz uma viagem de carro com a família, de Jackson, Mississippi, à
cidade de Boston, Massachusetts. Naquela semana, os noticiários alertavam para
o perigo das estradas. Estava chovendo e também nevando. Preocupado com a
longa viagem de mais de 2 mil quilômetros, pensei em desistir. Mas, não
desejando frustrar o grande amigo pastor Dalzir da Silva, que me havia
convidado para pregar em sua igreja, resolvi iniciar a viagem. Saímos bem cedo
e, por volta do meio-dia, paramos para almoçar já no Estado de Alabama.
Por volta das 13h30, reiniciamos a viagem. A temperatura estava abaixo de
zero, e uma chuva fina caía no asfalto. De repente, entrei numa longa
ponte e avistei que no final dela havia uma aglomeração de pessoas. Segundos
depois, percebi que o carro estava sem controle. Não havia aderência, estávamos
em cima de uma fina crosta de gelo. O carro, desgovernado, girava sobre a
ponte, fazendo piruetas, enquanto clamávamos, aflitos, pela intervenção de
DEUS. Em questão de segundos, atravessamos a ponte, e o carro bateu de
lado no para-choque de uma picape, que também havia se desgovernado, e foi
parar numa vala, entre as duas pistas. O automóvel arrebentou-se todo,
mas, pela providência divina, fomos poupados da morte. Naquele dia, pude
compreender que não é seguro viajar sem observar os sinais de perigo.
O descrédito
(Atos 27.11). A Bíblia diz: “Mas o centurião dava mais crédito ao piloto e ao
mestre do navio do que ao que Paulo dizia”. O centurião deve ter pensado: esse
Paulo pode saber alguma coisa de Bíblia, mas não entende nada de mar.
Assim, o centurião desprezou a advertência de Paulo e prosseguiu viagem.
Não é seguro seguir pelas estradas da vida sem observar os sinais.
A voz da
maioria nem sempre é a voz de DEUS (Atos 27.12). A maioria deles era de opinião
que partissem e não ouvissem o conselho de Paulo. A maioria nem sempre está com
a razão. A maioria nem sempre discerne a vontade de DEUS. Seguir a cabeça
da maioria pode nos colocar em grandes encrencas.
Quem não escuta
conselho, escuta coitado (Atos 27.13-20). O insensato tapa os ouvidos aos
conselhos e colhe os frutos amargos da sua desobediência. Há cinco resultados
colhidos dessa indisposição de ouvir a advertência.
Primeiro, a
aparente segurança (Atos 27.13). Logo que zarparam de Creta, em desobediência à
advertência de Paulo, perceberam que soprava um vento brando, e o mar estava
esmaltado por águas tranquilas. Certamente, deve ter havido um buchicho
dentro do navio, zombando dos conselhos de Paulo. O vento brando faz muita
gente confundir as circunstâncias da vida. Por um momento, parecia que
Paulo estava errado e a maioria, certa.
Segundo o
perigo (Atos 27.14). Depois do vento brando, repentinamente a circunstância
mudou, e surgiu um tufão. A crise chegou. O mar se revoltou. Sempre que
deixamos de observar as placas de DEUS ao longo da estrada da vida,
corremos o risco de sérios acidentes. De repente, o tufão chega, a vida se
transtorna, e tudo vira de cabeça para baixo. Os acidentes acontecem
repentinamente. Eles surgem inesperadamente. Basta seguir no caminho sem
observar as placas que mais cedo ou mais tarde o acidente acontecerá.
Terceiro, a
impotência (Atos 27.15). A fúria dos ventos era tão rigorosa que eles perderam
o controle do navio. O navio já não obedecia mais ao comando. O leme já não
estava mais nas mãos daqueles que conduziam o batel. O navio ficou à
deriva. As coisas fugiram do controle, e a vida ficou de ponta-cabeça.
Quarto, o
prejuízo (Atos 27.18,19). Precisaram aliviar o navio e jogar seus bens fora
para salvar a vida. Houve um grande prejuízo e muitas perdas financeiras. O
caminho da desobediência é um caminho de muitos desastres, inclusive
financeiro. Singrar as águas para a viagem da vida sem atender às
advertências de DEUS é candidatar-se ao naufrágio.
Quinto, a
desesperança (Atos 27.20). Diz o historiador Lucas que “dissipou-se, afinal,
toda a esperança de salvamento”. O centurião, os marinheiros, a tripulação e os
276 prisioneiros que estavam embarcados naquele navio perderam
completamente a esperança de sobrevivência. A morte parecia inevitável.
Eles haviam chegado ao fim da linha, ao fundo do poço, ao desespero fatal.
Em segundo
lugar, nas tempestades da vida precisamos olhar para DEUS, e não para as
circunstâncias (27.21-44). O desânimo é epidêmico; ele é capaz de tirar o
oxigênio da esperança de todos em questão de segundos. Apenas dez espias
incrédulos levaram toda uma nação ao fracasso no deserto. O relato
pessimista de dez homens provocou a morte de mais de 1 milhão de pessoas e
transformou o deserto do Sinai no maior cemitério da história. A história
de Israel seria muito diferente se apenas os dois espias confiantes em
DEUS, Josué e Calebe, tivessem relatado os acontecimentos à nação. Vejamos
algumas verdades sublimes:
Na tempestade,
precisamos encorajar as pessoas (Atos 27.21,22). Quando toda a esperança se
dissipou, Paulo se posicionou como um agente da vida. Ele não ficou dizendo: Eu
avisei, benfeito! Agora estamos perdidos. Agora vamos morrer todos. Agora
vocês se virem. É fácil pisar em quem já está caído. É fácil esmagar a
cana quebrada. É fácil atar mais um fardo de culpa sobre aquele que já
está derrotado pelas circunstâncias da vida. Paulo procurou uma
alternativa para mudar a crise. Na tempestade, não procure culpados;
procure solução. Todo problema traz uma semente de vitória!
Na tempestade,
abandone o medo (Atos 27.22). No fragor da tempestade, quando todos estavam
desesperados, Paulo disse: “...já agora, vos aconselho bom ânimo”. Paulo não
está tomado de medo; ele está tomado de fé. O medo é inimigo da fé. O medo
aumenta a sensação de perigo, drena suas forças e embaça os seus olhos.
Na tempestade,
abra seus olhos para a intervenção de DEUS (Atos 27.23-26). Lembre-se, quando
você estiver na sua noite mais escura, pensando que está sozinho, DEUS está com
você. Ele é DEUS Emanuel, que não vai embora na hora da sua crise. Na
jornada da fé, tem tempestade, mas também tem DEUS conosco. Tem fornalha
ardente, mas tem o quarto Homem. Tem cova de leões, mas tem
o anjo do
Senhor fechando a boca dos leões. DEUS não desampara você. Ele está com você.
Paulo disse: “Porque, esta mesma noite, um anjo de DEUS, de quem eu sou e a
quem sirvo, esteve comigo, dizendo: Paulo, não temas! [...] Portanto,
senhores, tende bom ânimo! Pois eu confio em DEUS que sucederá do modo por
que me foi dito” (Atos 27.23-25).
Na tempestade,
precisamos lançar nossas âncoras (Atos 27.29). Na hora das nossas lutas,
precisamos lançar as nossas âncoras. Eles lançaram quatro âncoras. Quais são
essas âncoras?
Primeiro, a
âncora da fé.
Na tempestade,
creia que DEUS está no controle. Ele ainda não completou a obra na sua vida. O
último capítulo da sua vida ainda não foi escrito. Edméia Williams, uma
grande amiga e irmã, pregadora das mais ilustradas, tem um ministério social de
grande envergadura no morro Santa Marta, no Rio de Janeiro. Ela construiu
um barraco de tábuas nesse morro para cuidar de crianças carentes. Um dia,
caiu um grande temporal, e o barraco desabou. Lá estava a imprensa e muita
gente questionando por que o único barraco que havia caído era o barraco
da Missão Evangélica. Edméia chorou e perguntou: “DEUS, como vai ficar a tua
honra?”. DEUS então segredou ao seu coração: “Para construir um edifício
de três andares, eu preciso derrubar esse barraco de tábuas”. Edméia
construiu um prédio de três andares no lugar em que estavam os escombros
daquele barraco de tábuas. Quando as coisas parecem confusas, perdidas e
olhamos para a vida e vemos um montão de escombros, DEUS pode levantar
desses escombros um projeto maior e mais seguro. Em lugar de um
barraco, DEUS pode lhe dar um prédio!
Segundo a
âncora da esperança. Uma coisa é lançar a âncora da esperança quando tudo dá
certo; outra coisa é esperar em DEUS quando tudo parece errado. A Bíblia diz
que Abraão esperou contra a esperança. Ele empurrou um carrinho de bebê
aos 99 anos, mesmo sabendo que sua mulher nongentésima era estéril. Ele
creu e esperou em DEUS apesar das circunstâncias, e DEUS o fez pai
de grandes multidões. Em vez de lamentar e murmurar, espere em DEUS.
Aquiete a sua alma, e saiba que DEUS é poderoso para o guardar da fúria
dessa tempestade.
Terceiro, a
âncora da oração (Atos 27.29). Quando os recursos da terra acabam, os recursos
de DEUS continuam ilimitados. Quando o homem trabalha, o homem trabalha; mas,
quando o homem ora, DEUS trabalha. Eles começaram a orar para o dia
romper. Ore para o seu dia romper. Ore para que a luz chegue. O choro pode
durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã. Quando o dia amanheceu
(Atos 27.39), eles chegaram a uma ilha. Eles perderam tudo, mas se agarraram à
vida como o maior patrimônio. DEUS nos leva para onde nós nunca esperamos,
para a realização de seus planos soberanos.
Quarto, a
âncora da certeza (Atos 27.26). Paulo disse aos náufragos: “... é necessário
que vamos dar a uma ilha”. Existem coisas que são necessárias. Era necessário
dar a uma ilha (Atos 27.26), porque ali DEUS tinha um campo missionário
para o apóstolo Paulo. É necessário passar pela tempestade.
Esse necessário de DEUS levou Paulo para uma ilha como sobrevivente, como
náufrago, sem nada. Às vezes, as pessoas pensam que vamos sair da
tempestade ricos e abastados, mas Paulo saiu dessa tempestade só com a
vida, e foi a partir daí que DEUS começou um novo projeto em sua história!
Em terceiro
lugar, nas tempestades da vida precisamos nos distinguir dos demais (Atos
28.1-6). A tempestade é como uma encruzilhada: uns tomam o caminho certo,
outros seguem pelas veredas da morte. A crise sempre revela quem somos:
ela aponta os vencedores e denuncia os covardes. É do ventre da crise que
surgem os maiores líderes. O texto em apreço ensina-nos quatro preciosas
lições.
Aproxime-se da
fogueira (Atos 28.1,2). Quando chegaram à ilha de Malta, estava chovendo e
fazendo frio (Atos 28.2). Os bárbaros malteses cuidaram daqueles tripulantes e
de 276 prisioneiros com singular humanidade, acendendo uma fogueira para
eles. Na tempestade, precisamos lutar pela vida. Não adianta ficar
revoltado com a crise, perder o ânimo de continuar lutando. Não
adianta desesperar-se nem se revoltar contra DEUS. Há pessoas que, quando
começam a ter lutas, procuram se afastar da luz, fecham o coração para
DEUS, endurecem a cerviz e se unem com gente ainda mais amargurada. A luta
não é um ponto final, mas uma escada para você ir de fé em fé, de força
em força e de glória em glória. Na tempestade, volte-se para DEUS.
Mantenha seu coração aquecido pela devoção. Não desista de lutar pela
vida, glorifique a DEUS. Aproxime-se do calor.
Cate gravetos
para alimentar a fogueira (Atos 28.3). O centurião, os marinheiros e os presos
estavam todos apenas desfrutando do calor da fogueira. Eles só estavam pensando
em resolver o problema imediato e nada fizeram para alimentar aquela
fogueira. Paulo, porém, buscou gravetos para jogar na fogueira. Ele disse:
eu vou ajudar, vou arranjar mais combustível para esse fogo. Você
precisa fazer investimento para o futuro. Você precisa de azeite na sua
candeia. Você precisa de combustível para alimentar as chamas que o
aquecem.
As víboras
estão soltas; cuidado com elas (Atos 28.3). As víboras se manifestarão quando
você estiver buscando aquecer sua vida. Quando Paulo estava jogando um feixe de
gravetos na fogueira, uma víbora grudou na mão dele. Então os malteses
disseram: “... Certamente, este homem é assassino, porque, salvo do mar, a
Justiça não o deixa viver” (Atos 28.4). Os malteses, sem saber,
estavam desenterrando o passado de Paulo. De fato, ele tinha sido um
assassino. Ele foi um cruel perseguidor da igreja. Quando o sinédrio
apedrejou o diácono Estêvão, os algozes depositaram suas vestes aos pés de
Paulo. Quando, porém, o diabo vier lembrar a você o seu passado, lembre-o
do futuro dele. O seu passado já foi resolvido na cruz. Lá seus pecados
foram cancelados. Mas o futuro do diabo é o lago de fogo, onde será
atormentado eternamente.
Jogue a víbora
no fogo (Atos 28.5). Paulo balançou a mão e jogou a víbora no fogo. Ele tirou o
veneno da sua vida. Use o escudo da fé e apague esses dardos inflamados do
diabo. Não abra brechas em sua vida para essas investidas do inimigo. A
especialidade do inimigo é lançar veneno. O diabo é a antiga serpente.
Essa serpente é sagaz, sedutora e mortífera. Precisamos lançar a víbora no
fogo e sacudir de nós esse veneno!
Em quarto
lugar, nas tempestades da vida precisamos ser fortalecidos pelas promessas de
DEUS (Atos 28.2-10). O texto em apreço tem quatro promessas preciosas que são
tônicos para o coração e lenitivo para a alma.
DEUS pode
levantar pessoas desconhecidas para ajudar você (Atos 28.2). DEUS levantou os
bárbaros para ajudar Paulo e seus companheiros de viagem. DEUS pode levantar os
ímpios, seus parentes, gente de longe, para abençoar você, para ajudá-lo
em sua crise. DEUS pode fazer coisas inusitadas para socorrê-lo em sua
aflição. Quando os seus recursos acabam, os celeiros de DEUS ainda
continuam abarrotados. Ponha sua confiança no provedor, mais do que na
provisão.
DEUS é poderoso
para o proteger de todo o mal (Atos 28.6). “mas eles esperavam que ele viesse a
inchar ou a cair morto de repente...”. O poder do livramento de DEUS é maior do
que o veneno da víbora. Maior é aquele que está em nós do que aquele que está
no mundo. DEUS é o nosso escudo. Ele é o nosso protetor. Estamos
escondidos com CRISTO em DEUS. Ele é a nossa cidade-refúgio.
Estamos seguros nos braços do Eterno.
Aqueles que
rotularam você terá de mudar de parecer a seu respeito (Atos 28.6). As mesmas
pessoas que disseram que Paulo era um assassino, que esperavam que ele fosse
inchar e cair morto, mudaram de parecer acerca dele. Quando você cuida do
seu caráter, DEUS cuida da sua reputação. Quando você anda de forma
irrepreensível, os críticos terão de se render à verdade incontroversa de que
você é de DEUS e terão de mudar de parecer a seu respeito.
A ilha do seu
naufrágio pode ser a terra da sua oportunidade (Atos 28.10). Paulo chegou a
Malta como um prisioneiro e um náufrago, depois de perder tudo. Mas ele ora
pelo pai de Públio, o homem principal da ilha, e ele é curado (Atos 28.8).
À vista disso, os demais enfermos da ilha vieram, e foram curados (Atos
28.9). Então abastecem Paulo de tudo o que ele precisava para sua viagem a
Roma. Agora, podemos entender por que Atos 27.26 diz que era necessário a
Paulo dar a uma ilha. A ilha de Malta não era um acidente, mas uma agenda.
Não foi a tempestade que os levou a Malta, mas a mão providente de DEUS. A
ilha de Malta estava nos planos de DEUS. Quando você vir as coisas fugindo
de controle e sua vida à deriva, saiba que a mão de DEUS pode estar conduzindo
o barco da sua vida para que você cumpra propósitos mais elevados. Quando
você olhar para o cenário da vida e só enxergar escuridão e não conseguir
mais enxergar a luz do céu nem o brilho das estrelas, saiba que DEUS
enxerga no escuro e ele está dirigindo você para o centro da sua soberana
vontade. Um milagre de DEUS está a caminho, na sua direção. O que é
dificuldade para você é oportunidade para DEUS. Glorifique o Senhor!
1.
HOMERO. Odisseia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.
2.
BUNYAN, John. O peregrino. São Paulo: Mundo Cristão, 2000.
Capítulo 11 - A
primeira prisão em Roma
Paulo desejou
ir a Roma várias vezes, mas sempre foi impedido de realizar seu sonho (Rm
1.1-13). Queria chegar à capital do império e visitar os crentes com alegria
para recrear-se no meio deles (Rm 15.32). Tinha convicção de que chegaria à
igreja de Roma na plenitude da bênção de CRISTO (Rm 15.29). Também
desejava fazer da igreja de Roma seu novo quartel general, sua
base missionária para chegar à Espanha, última fronteira do império do
lado ocidental (Rm 15.24,28).
O tempo de DEUS
não é o nosso. Paulo foi impedido de ir a Roma no tempo que queria ir e da
forma que desejava. Porque não pôde visitar a igreja de Roma dentro desse tempo
planejado por ele, acabou escrevendo à igreja. Se Paulo tivesse visitado a
igreja, talvez fôssemos privados desse grande tesouro que é sua carta aos
Romanos. Quando nossos caminhos parecem fechados, DEUS está abrindo-nos
uma porta maior. Os propósitos de DEUS não podem ser frustrados. Os
caminhos de DEUS são mais altos do que os nossos. Os impedimentos de DEUS
estavam na agenda de DEUS para um benefício maior, não apenas da igreja de
Roma, mas de todos os cristãos, de todos os tempos.
Contudo, a
visita de Paulo a Roma não era apenas sonho de Paulo; era também projeto de
DEUS. Quando Paulo foi preso em Jerusalém, ao testemunhar ousadamente perante o
sinédrio judaico, o próprio DEUS apareceu a ele numa visão e lhe disse:
“... Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em
Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma” (Atos 23.11).
Diante da
pusilanimidade do rei Festo, que estava inclinado a ceder à pressão e sedução
dos judeus para entregar Paulo nas mãos de seus patrícios, este apelou para ser
julgado em Roma (Atos 25.10), no que foi imediatamente atendido (Atos 25.12).
Como vimos no
capítulo anterior, sua viagem para Roma foi tumultuada e cheia de percalços.
Paulo chegou a Roma como um prisioneiro depois de enfrentar um terrível
naufrágio. Durante dois anos, ficou detido numa prisão domiciliar em Roma
(Atos 28.30), na companhia de um soldado da guarda pretoriana, que o
guardava (Atos 28.16; Fp 1.13). Nessa prisão domiciliar, numa casa
alugada por ele mesmo, tinha liberdade para receber as pessoas e
instruí-las (Atos 28.23). Nesse tempo, pregou o reino de DEUS com toda a intrepidez,
e sem nenhum impedimento ensinava as coisas referentes ao Senhor JESUS
CRISTO (Atos 28.31).
Paulo, um
escritor prolífico
Paulo foi o
maior escritor da nova dispensação. Escreveu treze dos 27 livros do Novo
Testamento. De Corinto, escreveu suas duas cartas à igreja de Tessalônica, nas
quais fez uma sublime abordagem sobre a escatologia, a doutrina das
últimas coisas, e a carta aos gálatas, uma consistente e robusta defesa da
fé cristã. De Éfeso, escreveu suas duas cartas a Corinto. A primeira carta
para resolver sérios problemas que estavam minando a igreja, como divisões,
intrigas, imoralidade, desvios quanto à liberdade cristã, à doutrina da
ceia, dos dons e da ressurreição. Na segunda carta, a missiva mais pessoal
do apóstolo, ele faz uma defesa contundente do seu apostolado. No fim da
terceira viagem missionária, antes de viajar para Jerusalém, possivelmente de Corinto,
escreveu sua carta aos romanos, o maior tratado teológico do Novo Testamento.
De sua primeira
prisão em Roma, Paulo escreveu quatro cartas: Efésios, Filipenses, Colossenses
e Filemom. A carta aos efésios é o maior tratado eclesiológico do Novo
Testamento. A carta aos colossenses foca sua atenção na doutrina de
CRISTO, sendo um robusto compêndio de cristologia. A carta a Filemom é uma
epístola pessoal do apóstolo, dirigida a um crente de Colossos, cuja igreja
se reunia em sua casa. Paulo escreve a Filemom para realçar a necessidade
de ele perdoar o seu escravo fugitivo, Onésimo, agora convertido e filho
na fé do velho apóstolo. Sua última carta da primeira prisão foi
Filipenses. Esta é a missiva da alegria. Nessa carta, Paulo testemunha que as
coisas que lhe aconteceram contribuíram para o progresso do evangelho (Fp
1.12). Que coisas aconteceram a Paulo? Ele foi perseguido em Damasco,
rejeitado em Jerusalém, esquecido em Tarso, apedrejado em Listra, açoitado
e preso em Filipos, escorraçado de Tessalônica, enxotado de Bereia,
chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto. Enfrentou feras em
Éfeso, foi preso em Jerusalém, acusado em Cesareia. Enfrentou um naufrágio
na viagem para Roma e foi picado por uma cobra em Malta. Chegou a Roma
preso e algemado. Estava, agora, na antessala do martírio, no corredor da
morte, com o pé na sepultura e a cabeça na guilhotina de Roma. Mas olhava
para essas circunstâncias pelos óculos da providência divina, dizendo que
elas, longe de destruí-lo, contribuíram para o progresso do evangelho.
Paulo, um
embaixador em cadeias
Paulo jamais se
considerou prisioneiro de César, mas prisioneiro de CRISTO. Jamais murmurou
atribuindo a Satanás suas cadeias. Embora Satanás tenha intentado contra ele,
nunca Paulo o considerou como o agente de seus sofrimentos. Quem estava no
comando de sua agenda não era o inimigo, mas DEUS. Paulo não acreditava em
casualidade nem em determinismo. Ele sabia que a mão da Providência o
guiava até mesmo na prisão. Ele foi perseguido, odiado, caluniado,
açoitado, enclausurado, mas jamais viu os seus adversários como agentes
autônomos nessa empreitada. Ele sempre olhou para os acontecimentos na
perspectiva da soberania e do propósito de DEUS. Considerava-se embaixador
em cadeias. Estava preso, mas a Palavra de DEUS estava livre.
Paulo considerava o evangelho mais importante que o evangelista; a obra,
mais importante que o obreiro. A divulgação do evangelho é mais importante
que o mensageiro. Por isso, na prisão Paulo foca sua atenção na
proclamação do evangelho, e não em si mesmo. Não importa se o obreiro vive ou
morre, desde que o evangelho seja anunciado (Fp 1.20). Porque ele estava preso,
três coisas maravilhosas aconteceram:
Em primeiro
lugar, a igreja tornou-se mais ousada para pregar. Eis o testemunho do veterano
apóstolo: “e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas,
ousam falar com mais desassombro a palavra de DEUS” (Fp 1.14). A
perseguição não pode destruir a obra de DEUS. Pelo contrário, ela a
promove. A igreja de DEUS jamais foi destruída por tribulações e cadeias.
As cadeias de Paulo foram um tônico para a igreja, combustível para
alimentar a evangelização.
Em segundo
lugar, toda a guarda pretoriana conheceu o evangelho. Paulo faz o seguinte
registro: “de maneira que as minhas cadeias, em CRISTO, se tornaram conhecidas
de toda a guarda pretoriana e de todos os demais” (Fp 1.13). A guarda
pretoriana era corporação de elite do palácio do imperador. Era a guarda
de escol do império, a guarda imperial de Roma. Era a tropa de elite instalada
no palácio do imperador. Tratava-se de soldados que transitavam no palácio
e cuidavam da proteção do próprio imperador. Foi instituída por Augusto e
compreendia um corpo de 10 mil soldados escolhidos. Augusto a havia
mantido dispersa por toda a Roma e aldeias. Tibério a concentrou em Roma,
em um edifício especial com um campo fortificado. Vitélio aumentou o número dessa
guarda para 16 mil. Ao final de dezesseis anos de serviço, esses soldados
recebiam a cidadania romana. Essa guarda passou a ser quase o corpo de
guarda privado do imperador. Nos dois anos em que Paulo ficou preso em
Roma, aproveitou o ensejo para evangelizar cada soldado encarregado de
sua segurança. O rodízio dessa guarda era um verdadeiro campo missionário
para o embaixador em cadeias. Ao cabo de dois anos, toda a guarda
pretoriana e todos os demais ouviram as boas-novas do evangelho. Dia e
noite, durante dois anos, Paulo era preso a um soldado dessa guarda por
uma algema. Visto que cada soldado cumpria um turno de seis horas, a
prisão de Paulo abriu caminho para a pregação do evangelho no regimento
mais seleto do exército romano, a guarda imperial. Paulo, no mínimo, podia
pregar para quatro homens todos os dias. Toda a guarda pretoriana sabia
a razão pela qual Paulo estava preso, e muitos desses soldados foram
alcançados pelo evangelho. O resultado é que Paulo encontrou um campo
aberto para a evangelização dentro do próprio palácio. Quando escreveu sua
carta aos filipenses, ao remeter saudações à igreja de Filipos, os crentes
de Roma enviam saudações àquela igreja coirmã, e Paulo assim escreve:
“Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César” (Fp 4.22).
Em terceiro
lugar, Paulo escreveu cartas que abençoam o mundo. Porque Paulo estava preso,
impedido de visitar as igrejas, escreveu cartas. Porque ele era prisioneiro de
CRISTO (Ef 3.1; 4.1) e embaixador em cadeias (Ef 6.20), pastoreou as
igrejas a distância por meio de suas missivas. Essas epístolas (Efésios,
Filipenses, Colossenses e Filemom) são verdadeiros tesouros que têm edificado
a igreja e fortalecido os cristãos ao longo dos séculos. Certamente o que
mais contribuiu para o progresso do evangelho foram essas cartas que Paulo
escreveu da prisão. Elas são luzeiros a brilhar. Têm sido instrumento para
levar milhões de pessoas a CRISTO e edificar o povo de DEUS ao longo
dos séculos.
Dessa prisão,
Paulo saiu. E, ao sair, visitou as igrejas, deixando Timóteo em Éfeso, Tito em
Creta, e percorrendo outras regiões, sempre levando a edificação ao povo de
DEUS. Alguns escritores pensam que nesse tempo Paulo também visitou a
Espanha.
No espaço entre
sua primeira e segunda prisões, Paulo escreveu duas cartas pastorais: a
primeira carta a Timóteo e a carta a Tito, nas quais orientou seus cooperadores
como proceder na igreja de DEUS.
O velho
apóstolo era como uma vela acesa: brilhava com a mesma intensidade até acabar.
Paulo era um homem incansável, um espírito irrequieto, um evangelista
superlativo, um pregador incomparável. Depois de plantar igrejas nas quatro
províncias romanas - Galácia, Macedônia, Acaia e Asia Menor -, deixa também sua
marca na igreja de Roma, ainda que recolhido a uma prisão.
Paulo não
granjeou riquezas, mas enriqueceu muitos. Paulo não tinha nada, mas possuía
tudo. Paulo não teve filhos naturais, mas gerou milhares de filhos espirituais.
Paulo não se casou, mas orienta em suas cartas milhões de casais ainda
hoje. Suas cartas inspiradas são monumentos da graça. Seu exemplo, um
legado para a igreja em todos os tempos. Suas cadeias, fonte de
inspiração para todos os cristãos. Sua morte, uma oferta de libação ao
Senhor.
Capítulo 12 - A
segunda prisão em Roma e o martírio
A primeira
prisão de Paulo foi por motivação religiosa; a segunda, por motivos políticos.
A primeira prisão estava ligada à perseguição judaica; a segunda, vinculada ao
decreto do imperador. Da primeira prisão, Paulo saiu para dar continuidade
à obra missionária; da segunda prisão, para o martírio.
No ano 49 d.C.,
o imperador Cláudio expulsou de Roma todos os judeus (Atos 18.2). Muitos deles,
a essa altura, já eram cristãos. Mas no ano 64 d.C. houve um terrível incêndio
em Roma, e o imperador Nero pôs a culpa dessa tragédia nos judeus e cristãos.
Nero chegou ao
poder em outubro do ano 54. Insano, pervertido e mau, era filho de Agripina,
mulher promíscua e perversa. Na noite de 18 de julho de 64, um incêndio
catastrófico estourou em Roma. O fogo durou seis dias e sete noites. Dez
dos quatorze bairros da cidade foram destruídos pelas chamas vorazes.
Segundo alguns
historiadores, o incêndio foi provocado pelo próprio Nero, que assistiu a ele
do topo da torre de Mecenas, no cume do Paladino, vestido como um ator de
teatro, tocando sua lira e cantando versos acerca da destruição de Troia.
Pelo fato de dois bairros onde havia grande concentração de judeus e
cristãos não terem sido atingidos pelo incêndio, Nero encontrou uma
boa razão para culpar os cristãos pela tragédia.
Daí em diante,
eclodiu uma sangrenta perseguição contra os cristãos. No governo de Nero, o
apóstolo Paulo foi preso e decapitado. Muitas foram as atrocidades e crimes
bárbaros que foram perpetrados contra os cristãos nessa época.
Milhares foram
amarrados em postes e incendiados vivos, para iluminar as praças e os jardins
de Roma à noite. Outros, segundo o historiador Tácito, foram jogados nas
arenas, enrolados em peles de animais, para que cães famintos os matassem
a dentadas. Outros, ainda, foram lançados no picadeiro para que touros
enfurecidos os pisoteassem e esmagassem. A loucura de Nero só não foi mais
longe porque em 68 boa parte do império se rebelou contra ele, e o senado
romano o depôs. Desesperado, sem ter para onde ir, suicidou-se.
No tempo em que
explodiu essa brutal perseguição, Paulo estava fora de Roma, visitando as
igrejas. Por ser o líder maior do cristianismo, tornou-se alvo dessa
ensandecida cruzada de morte. Possivelmente, quando estava em Trôade, na
casa de Carpo, Paulo foi preso pelos agentes de Nero e levado a Roma para
ser lançado numa masmorra úmida, fria e insalubre. Dessa prisão,
ele escreveu sua última missiva, a segunda carta a Timóteo. Nessa
epístola, ele não pede orações para sair da prisão nem tem qualquer
expectativa de prosseguir em seu trabalho missionário. O velho
apóstolo está
convencido de que a hora de seu martírio havia chegado.
Ele está agora
fechando as cortinas da vida, fazendo um balanço da sua jornada. Pelas lentes
do antropocentrismo idolátrico, Paulo encerra a carreira numa grande depressão.
Ele que se havia entregado de corpo e alma à causa do evangelho, estava
agora sozinho numa masmorra romana, sem dinheiro, sem amigos e passando
privações.
Destacaremos
alguns pontos fundamentais acerca das atitudes desse bandeirante da fé quando
ele estava no corredor da morte.
A vida não é
simplesmente viver; a morte não é simplesmente morrer
Em 2Timóteo
4.6-8, Paulo faz uma profunda análise do seu ministério e, antes de fechar as
cortinas da sua vida, abre-nos uma luminosa clareira com respeito ao seu
passado, presente e futuro. Acompanhemos sua análise:
Em primeiro
lugar, Paulo olhou para o passado com gratidão (2Tm 4.7). Paulo está passando o
bastão a seu filho Timóteo, mas, antes de enfrentar o martírio, relembra-o de
como havia sido sua vida: “Combati o bom combate, completei a carreira,
guardei a fé”. A vida para Paulo não foi uma feira de vaidades nem um
parque de diversões, mas um combate renhido. O apóstolo pode
morrer tranquilo porque havia concluído sua carreira, e isso era tudo o
que lhe importava (Atos 20.24). Mas também deixa claro que nessa peleja
jamais abandonou a verdade nem negou a fé. Não morre bem quem não vive
bem. A vida é mais do que viver, e morrer é mais do que morrer.
Em segundo
lugar, Paulo olhou para o presente com serenidade (2Tm 4.6). O veterano
apóstolo sabe que vai morrer. Mas não é Roma que vai lhe tirar a vida; é ele
quem vai oferecê-la a DEUS. Assim escreve Paulo: “Quanto a mim, estou
sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado”.
Numa linguagem eufêmica, Paulo fala da sua morte como uma partida. A palavra
grega analyses, “partida”, era usada em três circunstâncias: Primeira,
significa aliviar alguém de uma carga. A morte para Paulo era descansar de
suas fadigas (Ap 14.13). Segunda, significa levantar acampamento e deixar
a tenda temporária para voltar para casa. A morte para Paulo era mudar
de endereço. Era deixar o corpo e habitar com o Senhor (2Co 5.8). Era
partir e estar com CRISTO, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.23).
Terceira, significa desatar o barco e singrar as águas do rio e atravessar
para o outro lado. A morte para Paulo era fazer a última viagem da vida, e
esta rumo à Pátria celestial. A morte não intimidava Paulo. Ele chegou a
afirmar: “... para mim, o viver é CRISTO, e o morrer é lucro” (Fp 1.21).
Em terceiro
lugar, Paulo olhou para o futuro com esperança (2Tm 4.8). A gratidão do dever
cumprido, associada à serenidade de saber que estava indo para a presença de
JESUS, dava a Paulo uma gostosa expectativa do futuro. Mesmo que Nero o
condenasse e o tribunal de Roma o considerasse culpado, o reto e justo
Juiz o consideraria inocente e lhe daria a coroa da justiça. Como que num
brado de triunfo diante do martírio, Paulo proclama: “Já agora a coroa da
justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele
Dia...” (2Tm 4.8).
A vitória não é
ausência de lutas, mas triunfo apesar delas
O céu não é
aqui. Aqui não pisamos tapetes aveludados nem caminhamos em ruas de ouro, mas
cruzamos vales de lágrimas. Aqui não recebemos os galardões, mas bebemos o
cálice da dor. Paulo certamente foi a maior expressão do cristianismo.
Viveu de forma superlativa e maiúscula. Pregador incomum, teólogo
incomparável, missionário sem precedentes, evangelista sem igual. Viveu
perto do Trono, mas, ao mesmo tempo, foi açoitado, preso, algemado e
degolado. Tombou como mártir na terra, mas levantou-se como príncipe no
céu. Ele não foi poupado dos problemas, mas triunfou no meio deles. Que
tipo de luta Paulo enfrentou na antessala do seu martírio?
Em primeiro
lugar, Paulo enfrentou a solidão (2Tm 4.9,11,21). Paulo estava numa cela fria,
precisando de um ombro amigo. Sua espiritualidade não anula sua humanidade. Ele
roga a Timóteo que venha depressa ao seu encontro. Pede a seu filho na fé
para vir antes do inverno e trazer também João Marcos. O gigante do
cristianismo está precisando de gente amada ao seu lado, antes de caminhar
para o patíbulo. Sua comunhão com DEUS não o tornava um super-homem. Dentro
do seu peito, batia um coração sedento por relacionamento.
Em segundo
lugar, Paulo enfrentou o abandono (2Tm 4.10). Paulo passou a vida investindo na
vida das pessoas, e, na hora que mais precisou de ajuda, foi abandonado e
esquecido na prisão. Caminhou sozinho para o Getsêmani do seu martírio,
assistido apenas pela presença de DEUS.
Em terceiro
lugar, Paulo enfrentou a ingratidão (2Tm 4.16). Paulo se arriscou pelos outros;
mas ninguém compareceu em sua primeira defesa para estar do seu lado ou falar
em seu favor. Mais perturbador do que o frio gelado que se avizinhava pela
chegada do inverno, era a geleira da ingratidão que Paulo tinha de
suportar no apagar das luzes de sua jornada na terra.
Em quarto
lugar, Paulo enfrentou a perseguição (2Tm 4.14). Alexandre, o latoeiro,
causou-lhe muitos males, resistindo a ele e à sua mensagem. Os historiadores
dizem que foi esse Alexandre que delatou Paulo, resultando em sua segunda
prisão e consequente martírio na cidade de Roma. Alexandre tornou-se
inimigo do mensageiro e da mensagem.
Em quinto
lugar, Paulo enfrentou as privações (2Tm 4.13). Paulo precisava de amigos para
a alma, livros para a mente e a capa para o corpo. Ele tinha necessidades
físicas, mentais e emocionais. As prisões romanas eram frias, insalubres e
escuras. Os prisioneiros morriam de lepra e outras doenças contagiosas. O
inverno se aproximava, e Paulo precisava de uma capa quente para
enfrentá-lo. Paulo também precisava de livros e dos pergaminhos. Paulo
estava no corredor da morte, mas queria aprender mais. Paulo precisava de
amigos, roupa e livros. Precisava de provisão para a alma, a mente e o
corpo.
Abandonado
pelos homens, mas assistido por DEUS
O apóstolo dos
gentios não está encerrando, frustrado, a carreira. Não está com a alma
amargurada. As agruras da terra não empalidecem as glórias do céu. A ingratidão
dos homens não enfraquece a assistência abundante de DEUS. A presença
de DEUS assistiu Paulo na hora da morte.
Quatro verdades
devem ser aqui destacadas:
Em primeiro
lugar, Paulo foi abandonado pelos homens, mas assistido por DEUS (2Tm
4.17). Paulo foi vítima do abandono dos homens, mas foi acolhido e
assistido por DEUS. Assim como JESUS foi assistido pelos anjos no
Getsêmani quando seus discípulos dormiram, Paulo também foi assistido por
DEUS na hora da sua dor mais profunda. DEUS não nos livra do vale, mas caminha
conosco no vale. DEUS não nos livra da fornalha, mas nos livra na
fornalha. DEUS não nos livra da cova dos leões, mas nos livra na cova dos
leões. Às vezes, DEUS nos livra da morte; outras vezes, DEUS nos livra
através da morte. Em toda e qualquer situação, DEUS é o nosso refúgio.
Em segundo
lugar, Paulo não foi poupado das provas, mas recebeu poder para suportá-las
(2Tm 4.17). DEUS revestiu Paulo de forças para que continuasse pregando
até o fim. Paulo foi preso, mas a Palavra estava livre e espalhou-se para
todos os gentios. Paulo foi levado ao patíbulo e decapitado, mas sua voz
ainda ecoa nos ouvidos da história. Suas cartas são luzeiros no mundo.
Em terceiro
lugar, DEUS não livrou Paulo da morte, mas na morte (2Tm 4.18). Paulo não
foi poupado da morte, mas libertado através da morte. A morte para ele não foi
castigo, perda ou derrota, mas vitória. O aguilhão da morte foi tirado.
Morrer é lucro, é precioso, é bem-aventurança, é ir para a Casa do Pai, é
entrar no céu e estar com CRISTO.
Em quarto
lugar, Paulo não termina a vida com palavras de decepção, mas com um tributo de
glória ao Salvador (2Tm 4.18b). Paulo foi perseguido, rejeitado,
esquecido, apedrejado, fustigado com varas, preso, abandonado, condenado à
morte, degolado, mas, em vez de fechar as cortinas da vida com pessimismo,
amargura e ressentimento, termina erguendo ao céu um tributo de louvor ao
Senhor.
Posso imaginar
a cena... O carrasco recebe um pedaço de couro com o nome de um prisioneiro.
Munido de uma tocha de fogo e com um pesado molho de chaves, atravessa longos
corredores escuros e gelados. Abre uma pesada porta de ferro e grita com
voz cavernosa: “Prisioneiro Paulo! Prisioneiro Paulo! Prisioneiro Paulo!”.
Do fundo da cela, o velho apóstolo, que trazia as marcas de CRISTO no
corpo e uma paz transcendente na alma, responde com firmeza: “Sou eu, estou
aqui!”. Paulo é acorrentado e sai da masmorra, atravessando o corredor da
morte. Depois de uma longa caminhada, chegam ao lugar do patíbulo. Antes
de colocar a cabeça de Paulo num tosco cepo de madeira para decepá-la com
a guilhotina romana, o capataz da morte lhe dá a chance de proferir suas
últimas palavras. Esperando que o velho prisioneiro soltasse algum gemido de
dor ou algum grito de revolta ou desespero, Paulo, de forma imperturbável,
com alegria na alma, ergue ao céu sua última doxologia: “A ele, [o Senhor
JESUS CRISTO] glória pelos séculos dos séculos. Amém” (2Tm 4.18b). A
guilhotina afiada, impiedosa e implacável faz tombar na terra esse príncipe de
DEUS. Sua morte, entretanto, não calou sua voz. Suas cartas ainda falam.
Sua voz póstuma é poderosa. Milhões de pessoas são abençoadas ainda hoje
pela sua vida e pelo seu legado. Cabe-nos, tão-somente, agora, imitar esse
homem como ele imitou CRISTO (1Co 11.1).
editorial@hagnos.com.br
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Paulo, o maior
líder do cristianismo - Data da primeira publicação: 2009
Autor: Hernandes
Dias Lopes – (Com algumas modificações do Pr Henrique)
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BILBIA DA
LIDERANÇA CRISTÃ - ATOS DOS APOSTOLOS
Os seguidores
de JESUS se transformam em líderes
Líderes em Atos
dos Apóstolos
Pedro e os
primeiros apóstolos, Gamaliel e o Sinédrio, Estêvão, Filipe, Áquila e Priscila,
Paulo, Barnabé, Festo, Apoio, Silas
Outras pessoas
de influência em Atos
O principal
grupo de pessoas que estavam no Cenáculo, Lídia, Lucas, Timóteo, os negociantes
de Éfeso, a família da igreja de Antioquia
LIDERANÇA:
ESCOLHA DELIBERADA VERSUS ELEIÇÃO DEMOCRÁTICA (At 9.1-20)
Saulo de
Tarso havia iniciado sua viagem para se tornar o Apóstolo Paulo na estrada de
Damasco. DEUS sabia que Saulo era perfeitamente apropriado para a tarefa.
Primeiramente,
Paulo era hebreu e um fariseu. Ninguém poderia acusá-lo de indiferença ou de
insegurança para estabelecer um padrão. Ele havia estudado com Gamaliel, de
maneira que nenhum judeu poderia acusá-lo de ignorante das Escrituras. Ele
cresceu em Tarso, o que lhe dava a cidadania romana e lhe dava passagem livre
pelos caminhos do mundo. Ele tinha muita facilidade de comunicação, o que fazia
dele uma pessoa perfeita para escrever perto de dois terços dos escritos do
Novo Testamento. Ele buscava a perfeição com ardor, uma paixão que o ajudou a
alcançar a Ásia Menor.
DEUS elege
líderes específicos para cumprirem uma missão. Ele não o faz por meio do voto
popular. Se ele o tivesse feito, nenhum dos cristãos da Antiguidade teria
votado nele. No entanto, DEUS viu as qualidades de Saulo e o chamou tanto para
seguir CRISTO como para guiar pessoas a ele.
21 LEIS -
BARNABÉ E A LEI DA DELEGAÇÃO DO PODER - Somente líderes seguros delegam poder a
outros
(At 9.27)
Somente pessoas
capacitadas podem alcançar seu potencial. Quando um líder não pode ou não quer
capacitar outras pessoas, ele cria barreiras dentro da organização que as
pessoas não conseguirem superar. Se as barreiras permanecerem por muito tempo,
as pessoas desistem ou mudam para outros lugares onde poderão maximizar seu
potencial.
Se você deseja
ser um líder de sucesso, você deve se tornar um capacitador. Theodore Roosevelt
afirmou que "o melhor executivo é aquele que tem a sensibilidade
suficiente para escolher bons homens, para que eles façam coisas que ele deseja
que aconteçam e que têm suficiente auto resignação para guardar-se de não
interferirem enquanto eles estão fazendo o que lhes foi solicitado."
A verdade é que
o único caminho para que você possa se fazer indispensável é você se fazer
dispensável. Em outras palavras, se você tem a capacidade de sempre delegar
poder e capacitar outras pessoas e ajudá-las a desenvolverem seu potencial de
maneira que se tornem capazes de realizar sua tarefa, você se tornará tão
valioso para a organização que você se tornará indispensável.
Será que eu
posso pegar uma carona?
Definitivamente,
Barnabé foi um líder que sabia como animar as pessoas. Isso é visto quando ele
não deixa passar nenhuma oportunidade de acrescentar coisas boas para os
outros. E sua grande e simples contribuição no que diz respeito à delegação de
poder pode ser vista em sua interação com Paulo.
1. Ele
acreditou em Paulo antes de qualquer outra pessoa.
É muito fácil
dar uma opinião a favor de um assunto ou pessoa controvertida diante de líderes
que dão apoio a essa pessoa. Outra coisa é você levantar-se e falar diante de
outros que não o fazem. Mas foi isso o que Barnabé fez. Ele não esperou que os
outros apóstolos apoiassem Paulo para poder acreditar nele. Na verdade, ele
acreditou em Paulo, enquanto Pedro e os outros tinham medo dele.
Para ser um
líder capaz de encorajar outros, você precisa estar disposto a dar
oportunidades às pessoas. Você deve ser capaz de perceber o potencial que há
nelas e encorajá-las a acreditar em si mesmas. Isso pode ser arriscado porque
elas podem não corresponder. Mas, se elas corresponderem, o retorno pode ser
imenso. Você pode tornar-se o responsável por inspirar um líder a pôr em
prática coisas que ele nunca tinha pensado que fosse possível. E os líderes
nunca esquecem a primeira pessoa que acredita neles.
2. Ele defendeu
a liderança de Paulo diante dos outros.
As Escrituras
dizem que Barnabé tomou a Paulo e levou até aos apóstolos. E ele lhes declarou
a respeito de como tinha visto o Senhor no caminho e aquilo que ele lhe tinha
falado e de como ele tinha pessoalmente pregado a respeito de CRISTO em Damasco
(At 9.27). Você pode imaginar como essas coisas teriam acontecido em Jerusalém
naqueles dias? Certa vez, quando Paulo chegou à cidade, uma palavra chegou aos
apóstolos de que ele estava dizendo que era um pregador de JESUS CRISTO. Eles
devem ter pensado de que se tratava de um truque. Tratava-se da mesma pessoa
que tinha estado diante de Estêvão, primeiro mártir, e aprovado seu
apedrejamento. Barnabé deve ter aparecido com Paulo a uma das reuniões dos
apóstolos na cidade. Um silêncio desconfortável sem dúvida, deve ter caído
sobre as pessoas que estavam reunidas quando elas souberam da identidade
daquele que acompanhava Barnabé. Então, Barnabé passou a contar a história de
Paulo. Paulo não precisou dizer uma única palavra. Todos os cristãos conheciam
Barnabé. Eles sabiam de sua reputação e integridade. Foi isso que Barnabé fez
As Escrituras dizem: "Estava com eles em Jerusalém, entrando e
saindo" (At 9.28). A Igreja tinha aceitado Paulo
3. Ele delegou
poder a Paulo para alcançar seu potencial.
A ligação entre
Barnabé e Paulo não terminou em Jerusalém. Depois que o endosso de Barnabé
possibilito que Paulo se movimentasse livremente em Jerusalém, ensinando as
pessoas e debatendo as verdades das Escrituras não demorou muito para que Paulo
se tornasse um inimigo dos que não criam no evangelho. Os apóstolos, então
sabiamente, enviaram Paulo de volta a Tarso, para sua segurança pessoal.
Mais tarde, no
entanto, quando Barnabé foi designado para dar assistência às igrejas da
Antioquia, ele encontrou Paulo e o levou em sua companhia. Essa ação delegou a
Paulo o poder de ter seu primeiro serviço como um líder.
Isso também
conduziu à parceria de Paulo e Barnabé como missionários, o papel para o qual
DEUS estava destinando Paulo.
Para ser um
líder capacitado, você precisa mais do que acreditar em líderes que estão
surgindo. Você precisa dar passos adiante para ajudá-los a se tornarem líderes
de acordo com o potencial que eles têm para desenvolver. Você precisa investir
neles se você os quiser tornar capazes para darem o seu melhor. Capacitar
pessoas requer um investimento pessoal. Isso requer tempo e energia, mas vale a
pena. Se você o fizer bem-feito, terá o privilégio de ver alguém subir para o
nível mais elevado. E, como um bônus, ao delegar poder e capacitar outros, você
estará aumentando o poder de sua organização.
EDUCABILIDADE:
O NOVO EMPREENDIMENTO DE PEDRO FOI ACEITO PELOS LÍDERES DA IGREJA
(At 11. 1-18)
JESUS devia
estar falando sério quando ele disse à Igreja que fossem até os gentios. Pedro
relatou a seus pares como DEUS o havia guiado até um público completamente
novo. Quando eles ouviram essa história, renderam glórias a DEUS pelo novo
ministério. Eles continuavam aprendendo. Quando você parar de estudar e
aprender, você pára de liderar.
SER PRESTATIVO:
NENHUM TRABALHO É SEM IMPORTÂNCIA
(At 11.22-24)
Se um líder da
Igreja antiga pode ser chamado de servo, este é Barnabé. Ele tomou a iniciativa
e fez tudo quanto achou que pudesse aumentar o ânimo, número de pessoas ou
dinheiro. Ele liderou com clareza e exemplo, tornando-se servo. Ele não
considerava nenhuma tarefa sem importância. O que permitiu a Barnabé demonstrar
um estilo de vida como este? Ele...
1. Não tinha
nada a provar.
Ele não estava
ali para brincar. Ele nunca procurou notoriedade. Quando ele orientou Paulo,
ele alegremente permitiu que esse apóstolo emergente o superasse. Ele não
sentia a necessidade de projetar sua própria dignidade ou provar a si mesmo
para quem quer que fosse.
2. Não tinha
nada a perder.
Barnabé não
tinha preocupação de preservar sua reputação ou que o medo pudesse fazer perder
sua popularidade. Ele veio para servir e não par ser servido. Isso permitiu pôr
seu foco em dar e não em receber. Como servo, ele não tinha direitos a perder.
3. Não tinha
nada a esconder.
Barnabé não
precisava manter uma fachada ou imagem. Ele permaneceu autêntico, vulnerável e
transparente. Ele podia alegrar-se com a vitória dos outros (At 11.23) e nunca
se maravilhou com sua própria fama.
Se DEUS
chamasse você para ser um novo Barnabé para outro novo Paulo, se você soubesse
que esse novo e emergente líder iria rapidamente colocá-lo em sombras, você
aceitaria este chamado? Em outras palavras, você é mesmo um servo? Você deve
amar mais as pessoas que sua posição.
21 Qualidades
Caráter - Herodes teve falta dele e perdeu tudo
(At 12.1-23)
O ego dirigia a
vida de Herodes dos dias de Paulo, do mesmo jeito que havia guiado seu pai e
seu avô. Todos eles tinham uma irremediável falta de caráter. Herodes era o
sobrenome da família de reis que sustentava o poder com a permissão do Império
romano. Herodes o Grande, governou nos dias do nascimento de JESUS. Foi ele que
mandou matar todos os meninos de até dois anos em Belém. Herodes Antipas foi
quem ordenou a decapitação de João Batista. O Herodes de Atos 12 é Herodes
Agripa 1, o filho mais velho de Herodes, o Grande. A falta de caráter de
Herodes nos dá muitos exemplos a respeito do que não se deve fazer como líder:
1. Ele
maltratava seus próprios cidadãos (v. I).
Ele,
injustamente ordenou a prisão de cristãos judeus a fim de fustigá-los.
2. Ele executou
pessoas inocentes (v. 2).
Ele mandou
matar Tiago à espada, embora Tiago não tivesse cometido crime nenhum.
3. Ele tomou
decisões, preocupado com sua popularidade (v. 3).
Quando ele
percebeu que os judeus ficaram satisfeitos com a morte de Tiago, mandou pôr
Pedro na prisão também.
4. Ele agia de
modo irracional em tempos de dificuldade (v. 19).
Ele mandou
matar todos os 16 guardas que cuidavam da prisão no dia em Pedro fugiu de lá.
5. Ele
alimentou ódio por outros (v. 20).
Ele permaneceu
irado contra grupos étnicos de fora e procurou meios de subjugá-los.
6. Ele procurou
poder para compensar sua insegurança (v. 20).
Ele gostava de
controlar os outros e, especialmente, gostava bastante de poder ter pessoas
debaixo de sua misericórdia.
7. Ele
projetava a imagem de ser infalível (vs. 21-22).
Ele amava
vestir sua roupa real e ser reverenciado.
8. Ele se
deixava cegar pelo seu ego (v. 23).
Ele vivia em um
mundo irreal e não conseguia ver que seu ego estava sabotando sua liderança.
Como você pode
evitar as armadilhas de Herodes?
A fim de
melhorar seu caráter e construir uma base sólida para a sua liderança, você
deve:
1. Procurar
suas falhas.
Preste atenção
nas principais áreas de sua vida. Identifique quais são os pontos fracos ou em
quais delas você costuma tomar atalhos;
2. Procurar
parceiros.
Ainda há alguma
fraqueza? Parceiros podem ajudá-lo a diagnosticar falhas no caráter.
3. Encarar a
realidade.
O reparo das
falhas de caráter inicia quando você as encara e quando você defende aquelas em
que você a enganou.
4. Permanecer
pronto para aprender e rever as coisas.
Uma vez que
você enfrenta o passado, crie um plano para fortalecer-se internamente.
A LEI DO
CRESCIMENTO EXPLOSIVO: ANTIOQUIA COMISSIONOU LÍDERES
(At 13.1-3)
Pelo meio do
Livro de Atos, vemos que três igrejas enviaram líderes missionários: Cirene,
Chipre e Jerusalém. Infelizmente, esses esforços parecem ter sido fatos
isolados. Em Atos 13, o cuidado de DEUS levou mudanças para a igreja de
Antioquia. Por quê? Porque ela continuava comprometida com os efeitos globais
do evangelho, ocupada em fazer surgir líderes que viessem a se tornar agentes
de mudança para o mundo todo. Jerusalém tinha deixado de ser o centro das
atividades de DEUS. Na verdade, ela tornou-se uma igreja com grandes
necessidades, necessitando do socorro das igrejas da Ásia e Grécia.
Antioquia
floresceu por causa de sua boa visão de enviar líderes pelo mundo. Ela enviava
seus líderes como se fossem uma equipe, pessoas com dons que se complementavam
e com visão compartilhada. Isso os capacitou a ficarem ligados com as pessoas e
a conseguirem bons resultados em quase todos os lugares aos quais iam.
DEUS fez o seu
trabalho ao enviar equipe de líderes. JESUS enviou uma equipe de doze (Lc 9.1
-6), e essas parcerias tiveram continuidade em Atos. A maioria dessas equipes
de líderes veio da igreja de Antioquia:
1. Pedro e João
(At 3);
2. Filipe,
Pedro e João (At 8);
3. Pedro e
alguns irmãos (At 10);
4. Homens de
Chipre e Cirene (At II);
5. Paulo e
Barnabé (At 13 e 14);
6. Judas, Silas
e Paulo (At 15);
7. Barnabé e
Marcos (At 15);
8. Timóteo,
Paulo e Silas (At 16);
9. Paulo,
Áquila e Priscila (At 18);
10. Timóteo e
Erasto (At 19).
RESPONSABILIZAÇÃO:
A EQUIPE PERMANECEU RESPONDENDO PARA A IGREJA
(Atos 14.26-28)
Embora os
líderes não requeiram uma posição formal para fazer a diferença, DEUS,
raramente, os chama para agirem sozinhos. DEUS, normalmente, os chama para
fazerem parte de uma equipe e os envia por meio de uma organização, como uma
igreja local, por exemplo. Alguns líderes enviam, outros vão. Cada um deve dar
suporte ao outro.
A LEI DA
INTUIÇÃO: PEDRO PROPÔS UMA MUDANÇA MAIOR DAS COISAS ANTIGAS
(At 15.7-11)
Pedro sugeriu
mudanças para o modo como a igreja fazia as coisas. Deveria haver um novo
paradigma para o pensamento e a fé. Ele persuadiu os líderes a mudarem por meio
de uma comunicação convincente das coisas que DEUS estava fazendo. Pedro viu a
necessidade de mudanças antes dos demais. Sua percepção, associada a sua
credibilidade, fez a Igreja continuar indo para frente.
ALEI DA
INFLUÊNCIA: O CONCÍLIO DA IGREJA LIBERTOU OS GENTIOS
(At 15.22-29)
Por meio de um
documento, a igreja de Jerusalém libertou os cristãos de qualquer localidade de
terríveis encargos e culpas potenciais que lhes poderiam ser atribuídas pela
lei dos judeus. Eles usaram a sua influência e mudaram o curso da história da
igreja. Nem sempre o poder é mal. O Concilio da igreja de Jerusalém exerceu uma
influência positiva em seu tempo. Nós também podemos.
RECRUTANDO
VOLUNTÁRIOS
(At 15.32-35)
Organizações
mantidas por meio de voluntários requerem liderança muito maior sobre o grupo.
Tais organizações precisam de bons líderes, porque o único incentivo que os
voluntários têm vem da visão de sua liderança. Essas organizações não pagam
salários, não oferecem benefícios nem ostentação.
Na verdade,
apenas uma pequena percentagem dos voluntários realmente trabalha. Em muitas
igrejas, cerca de vinte por cento das pessoas faz oitenta por cento do
trabalho. Por que isso ocorre? Por que mais pessoas não se envolvem?
1. Ninguém lhes
pediu nada.
Com receio de
se intrometerem em território alheio, eles esperam ser convidados para ajudar.
2. Elas têm
medo de assumir responsabilidades.
Receosos de que
sejam cobrados a se comprometerem além do que desejam ou podem, eles hesitam em
fazer alguma coisa.
3. Elas sofrem
com experiências passadas.
Tendo passado
de "pilares" para "meros ouvintes", elas sentem a
necessidade de descansar e de serem alimentados.
4. Eles se
sentem intimidadas por obreiros atuais.
"Pilares"
que não estão abertos para mudanças acabam por manterem os outros inúteis.
5. Elas
desconhecem as diretrizes bíblicas para o ministério.
Muitas igrejas
não estabelecem um padrão para o sacerdócio dos crentes ou para a verdade
exposta em Ef 4.11-12.
6. Elas estão
muito preocupadas com seus próprios compromissos e ocupações.
A maioria das
pessoas se esquiva de novas tarefas por causa de compromissos que já assumiram,
e as coisas que podem ser feitas depois perdem para as que precisam ser feitas
agora.
7. Elas se
sentem despreparadas, mal equipadas ou desprovidas de dons.
Muitas pessoas,
equivocadamente, pensam que apenas pessoas que têm certos dons e são treinadas
podem servir e, visto que não têm estes dons especiais ou não foram treinadas,
elas não estão qualificadas para servir.
8. Elas não têm
consciência das opções de trabalho que lhes estão disponíveis.
A maioria dos
líderes, erroneamente, pensa que as pessoas sabem das vastas possibilidades de
serviços que estão à sua disposição.
9. Elas não se
"apropriaram" da causa.
Muitas pessoas
só aceitam participar do ministério se elas puderem ter a visão de todo o
quadro da missão. 10. Elas são egoístas, preguiçosas ou indiferentes.
Algumas não vão
se envolver, simplesmente porque não se preocupam com nada mais além de si
mesmas.
Dessa forma, o
que pode ser feito para mobilizar voluntários? Tente o seguinte:
1. Agende
entrevistas com novos membros para expor-lhes as oportunidades;
2. Ofereça
treinamento para cada cargo ou função; dê modelo de como servir;
3. Associe os
dons espirituais com as oportunidades de trabalho;
4.
Seguidamente, anuncie as opções de serviço disponíveis;
5. Faça o
envolvimento no ministério partir do processo de recepção de membros;
6. Crie vários
níveis de responsabilidades para os novos membros, que se sentem apreensivos;
7. Ensine e
exponha a visão do sacerdócio universal dos crentes; todos têm um dom com o
qual podem participar;
8. Desenvolva
séries de compromissos realistas para que as pessoas possam dividir as
responsabilidades;
9. Promova o
rodízio entre os líderes, tanto quanto possível, para criar espaço para novas
pessoas;
10.
Seguidamente, elogie servos simples que acabam fazendo diferença.
DISCERNIMENTO:
PAULO MUDOU SEUS PLANOS ASSIM QUE TEVE O DISCERNIMENTO DAS NECESSIDADES
(At 16.1-13)
Todos os
líderes precisam ter discernimento. Paulo o tinha e o usava para escolher novos
líderes, para escolher as palavras que iria dizer diante de uma corte e para
saber onde deveria ir em seguida em suas viagens missionárias.
Quando a equipe
de Paulo viajava através da Ásia, ele deveria ter estado a ouvir o ESPÍRITO
SANTO em seus momentos de silêncio. DEUS o proibiu de falar certa vez na Ásia e
o compeliu a ir adiante. Em seguida, o ESPÍRITO proibiu Paulo de evangelizar na
Ásia e na Bitínia. Em Trôade, ele teve a visão na qual um homem o suplicava
para visitar a Macedônia.
Assim era a
dinâmica da liderança de DEUS. Líderes com discernimento, usualmente, repartem
alguns traços em comum. Esses são:
• bons
ouvintes;
• intuitivos e
perceptivos;
• bem
conectados;
• flexíveis;
• otimistas.
A LEI DA
LIGAÇÃO: PAULO FOI MUITO EFICIENTE EM ATENAS
(At 17.22-34)
Pedro, Paulo e
Estêvão se valeram da Lei da Ligação em todos os quatro sermões que deles Lucas
registra (At 2.14-36; 7.2-53; 13.16-41; 17.22-31). Esse que Paulo pronunciou,
registrado em Atos 17, é uma obra-prima. Ele conseguiu estabelecer uma ligação
brilhante com o povo de uma cultura diferente, mostrando e compreendendo ambos,
a sociedade grega e a necessidade humana. Leia esta mensagem e veja um mestre
da comunicação em ação:
1. Ele iniciou
com uma afirmação (v. 22);
2. Ele fez uma
ponte de seu assunto com o que era familiar aos gregos (v. 23);
3. Ele ampliou
a visão que eles tinham de DEUS (vs. 24-25);
4. Ele usou uma
linguagem inclusiva (v. 26);
5. Ele lhes deu
encorajamento e esperança (v. 27);
6. Ele se
identificou com um dos poetas deles (v. 28);
7. Ele lhes
ofereceu passos específicos de ação (vs. 29-31).
Líderes
efetivos conseguem uma ligação antes que eles esperem. Somente quando Paulo
conseguiu levantar pontes de relacionamento com as pessoas que ele conseguiu um
claro chamamento ao arrependimento. A ligação precede a decisão. E o que foi
que aconteceu? De acordo com o texto, cada um agiu. Uns riram de Paulo, outros
lhe disseram que o ouviriam em outra ocasião, e outros o seguiram de imediato
(vs. 32-34).
21 Qualidades
Educabilidade Apoio aprendeu e cresceu
(At 18.24-28)
O Livro de Atos
apresenta Apoio como um excelente professor. DEUS o usou grandemente em várias
culturas, ele tornou-se o braço direito do apóstolo.
O que mais
impressiona a respeito de Apoio, contudo, é sua educabilidade. Ele nunca pensou
que tivesse aprendido tanto, que pudesse improvisar o que fazia. Lucas aponta
alguns fatos sobre esse homem:
1. Sua origem é
de uma cidade culta (v. 24);
2. Ele era um
homem de boa educação (v. 24);
3. Ele conhecia
muito bem as Escrituras (v. 24);
4. Ele tinha
sido instruído na fé cristã (v. 25);
5. Ele tinha um
dom natural (v. 25);
6. Ele ensinava
a verdade com denodo (v. 25);
7. Ele ensinava
a verdade com paixão (v. 26).
A história da
Igreja nos conta que Apoio foi era um professor tão bom, que muitas pessoas
queriam ouvir ma s ele do que ao apóstolo Paulo. Isso era mesmo uma pena em seu
chapéu! Isso pode nos fazer assumir que ele tinha tido todas as coisas juntas.
No entanto, Apoio tinha conhecido "apenas o batismo de João" (At
18.25). Ele sabia o quanto era arrependimento. Ele compreendia o que ele
significava para a redenção de DEUS. Mas ele não estava familiarizado com as
verdades mais profundas do discipulado ou de uma vida na plenitude do ESPÍRITO.
Assim, Áquila e Priscila se tornaram seus mentores, tomaram tempo para ouvi-lo,
avaliá-lo, para relatar-lhe coisas e expor-lhe "o caminho para DEUS"
(At 18.26).
Líderes
enfrentam o perigo do contentamento por causa de seu 'status quo'.
Principalmente, se um líder já possa influência e já alcançou um bom nível de
respeito, que razão mais ele tem para querer crescer?
1. Seu
crescimento determina quem você é.
2. Quem você é
determina a quem você atrai.
3. Quem você
atrai determina o sucesso de sua organização.
Líderes devem
permanecer prontos para aprender. Observe estas cinco orientações para se
cultivar uma atitude de aprendizado:
1. Cure a
doença de seu destino.
A falta de
capacidade de aprender está enraizada no ativismo. Se você parar de crescer,
você pára de liderar
2. Supere seu
sucesso.
O sucesso,
frequentemente, impede educabilidade. Não fique olhando para os troféus que já
ganhou e, sim para as metas a serem alcançadas.
3. Prometa não
mais usar atalhos.
Todas as coisas
mensuráveis têm um preço. A maior distância entre dois pontos é um atalho.
4. Desfaça-se
do orgulho.
Admita que não
sabe todas as coisas, mesmo a respeito daquelas que você sabe alguma coisa.
5. Nunca pague
o preço duas vezes pelo mesmo erro.
O crescimento
implica em se cometerem erros, mas você precisa aprender com cada um deles.
Perfil de
Liderança - ÁQÜILA E PRISCILA - Líderes que prepararam mais líderes.
(At 18.24-28)
Liderança não
significa exatamente conseguir outras pessoas para serem seguidores. Liderança
também significa equipar e preparar líderes para guiarem o povo de DEUS. A
responsabilidade de Áquila e sua esposa Priscila, do apóstolo Paulo e Apoio
ilustram esse princípio.
Aquila e
Priscila, que, como Paulo, eram cristãos judeus e fabricantes de tendas, tinham
ido a Corinto de Roma quando o Imperador Cláudio ordenou que todos os judeus
abandonassem a cidade. Quando Paulo chegou a Corinto, ele permaneceu com esse
casal e, evidentemente, lhes ensinou muito a respeito das coisas de DEUS. Eles
levaram esses ensinamentos a sério, pois, quando eles viajaram para Éfeso, eles
instruíram um ministro chamado Apoio a respeito do evangelho de JESUS CRISTO.
Apoio tinha
ouvido e crido numa parte da mensagem cristã e, com grande eloquência, estava
ensinando vigorosamente o que tinha conhecido. Mas, quando Aquila e Priscila o
ouviram pregar, eles perceberam que ele não tinha recebido toda a mensagem, de
maneira que o levaram para um lugar à parte e lhe expuseram de modo mais
completo. Depois disso, Apoio pôde pregar com muito mais eficiência.
Quando nós
vamos a CRISTO para a salvação, DEUS está nos chamando para "irmos e
fazermos discípulos" (Mt 28.19). Do mesmo modo, quando DEUS nos chama para
sermos líderes, ele nos orienta a ajudar equipar outros para que possam liderar
de modo mais eficiente.
A LEI DO
CRESCIMENTO EXPLOSIVO: O SEMINÁRIO DE PAULO ALCANÇOU A ÁSIA
(At 19.8-10)
Paulo deu
início a uma miniatura de seminário em Éfeso para ensinar a estudantes os pró e
os contra do evangelho. Durante dois anos, ele reuniu jovens e os treinou na
Escola de Tirano. Sem dúvida, a educação requer aplicação prática, pondo as
mãos na massa, experimentando, pois Lucas diz que todos na Ásia Menor ouviram a
pregação do evangelho durante estes dois anos (At 19.10).
Como ele estava
orientando estudantes, Paulo permaneceu comprometido com o povo, com o processo
e com o propósito. Seu treinamento sempre resultou em atividades de um grande
comissionamento. Paulo comprometeu-se pessoalmente em desenvolver líderes.
Vamos ver como nós também podemos fazer ao treinarmos líderes:
1. Conheça-se a
si mesmo; fique familiarizado com suas fraquezas e fortalezas.
2. Conheça a
pessoa que você quer desenvolver.
3. Defina,
claramente, os objetivos e as atribuições.
4. Ensine os
"porquês" depois das atribuições.
5. Discuta o
processo de crescimento deles comparado com o seu.
6. Tome tempo
para conviver com eles.
7. Permita-lhes
observar você servindo e liderando.
8. Dê-lhes dos
recursos de que você mesmo necessita.
9. Encoraje-os
a fazerem registros durante o processo.
10. Tenha-os
por responsáveis em seu trabalho.
11. Dê-lhes a
liberdade de errar.
12. Avalie e
confirme-os regularmente.
PAULO: O
CORAÇÃO DE UMA LIDERANÇA EFICIENTE (At 20.18-24)
O que você é
advém do que você faz! Liderança é "ser" antes de "fazer".
Enquanto Paulo
falou aos efésios, ele descrevia os ingredientes para alguém ser um líder
efetivo. Paulo guiava de alma. Ele fez apelos, até chegou a chorar na frente
das pessoas. Mas uma coisa é certa: a liderança começa com o coração. Paulo
tinha um coração que era...
1. Consistente
- ele viveu com serenidade enquanto esteve entre eles (v. 18);
2. Contrito -
ele agiu de modo humilde e voluntariamente revelou suas fraquezas (v. 19);
3. Corajoso -
ele não se abalava por fazer as coisas de modo correto (v. 20);
4. Convicto -
ele falava pessoalmente sobre suas convicções (v. 21);
5. Comprometido
- ele deixou Jerusalém, desejoso de morrer por CRISTO (vs. 22-23);
6. Cativo - ele
mostrou que uma pessoa que se rende a DEUS não precisa sobreviver (v. 24).
COMUNICAÇÃO:
PAULO ADAPTA E COMPARTILHA SUA HISTÓRIA PARA CONVENCER
(At 22.1-21;
26.4-23)
Por três vezes
o Livro de Atos conta a história da conversão de Paulo. Por duas vezes ele
conta sua história diante de autoridades do governo. Em ambos os casos, ele
adapta sua história e enfatiza a parte que vai atender às necessidades de sua
plateia.
Líderes
efetivos sabem não apenas o que dizer, mas também como dizer, de maneira a
tornar sua mensagem com poder de impacto maior diante de seus ouvintes. Quando
eles falam, eles levam em conta o impacto que isso vai causar, não a impressão.
Eles avaliam a sua plateia e lhe comunicam de modo que se obtenha a melhor
ligação com os ouvintes. Em seguida, eles os ajudam a fazer aplicações práticas
de sua mensagem.
Tente um
pequeno exercício. Leia o testemunho de Paulo em Atos 22 e 26, com a
perspectiva de comparar e diferenciar os dois em seus interesses. Que
diferenças você notou? Quais são as semelhanças? Por que ele deu uma ênfase tal
a uma plateia e outra diferente para a segunda? O que você aprendeu com Paulo a
respeito de se dar uma forma especial para cada grupo diferente de ouvintes?
FELIX, FESTO E
AGRIPA - Líderes que cometeram falhas (At 23.23—26.32)
Quando esteve
diante de dois homens poderosos, o Governador romano Festo e o Rei Agripa, esse
homem apareceu esfarrapado e algemado. Agora, Paulo, que esteve na prisão mais
de dois anos e que estava tendo de encarar a possibilidade de sofrer sentença
de morte, falou destemidamente sobre a ressurreição de CRISTO.
Festo havia
herdado essa questão de seu antecessor, Félix, que aprisionou Paulo sob a
acusação de estar incitando tumultos entre judeus e encorajando rebeliões
contra Roma. Ambos, Félix e Festo, estavam mais preocupados em agradar os
judeus do que em fazer o que é certo. Quando Festo falou ao rei Agripa, que o
visitava, a respeito do problema de Paulo, o rei lhe deu a oportunidade de uma
audiência. Paulo aproveitou essa oportunidade para apresentar suas experiências
com CRISTO, mas, quando Agripa as ouviu, elas pareceram a Festo como algo a
respeito do que nunca tinha ouvido nada.
Ambos os
governantes tiveram, naquele dia, a oportunidade de se converterem a CRISTO.
Mas eles não aceitaram o convite. E por que não? Aparentemente, sua posição de
poder e de liderança lhes era mais valiosa do que a condição de sua alma.
Líderes de DEUS
sabem que a busca de um profundo conhecimento (ou obediência) de JESUS é mais
importante do que qualquer outra coisa, incluindo a obtenção do poder ou a
proteção que vem dele. O poder não somente corrompe; ele também dispersa,
diferentemente do genuíno caráter que podemos obter através da submissão a
CRISTO.
PAULO - O líder
mais influente da Igreja primitiva (At 26.1-23)
Desde o início
de tudo, a vida de Paulo em CRISTO influenciou grandemente a todos que estavam
à sua volta.
Esse
perseguidor da Igreja, agora feito apóstolo, esteve diante de reis,
governadores e de todas as estruturas de poder religioso de sua época. Seus
inimigos o acusavam, o aprisionaram, maltrataram e o ameaçaram com a morte. Ele
viajou milhares de quilômetros e ainda sobreviveu a um naufrágio. Em meio a
todas essas coisas, Paulo nunca deixou de defender e pregar com coragem e com
vigor o evangelho de JESUS CRISTO.
Paulo não se
tornou um líder influente por causa de sua eloquência ou por possuir algum dom
muito especial que os outros não possuíam. Paulo conseguiu influência porque,
apesar das circunstâncias, se ele esteve em algemas durante qualquer outro
interrogatório, se ele estivesse lançado em alguma prisão fria e úmida ou se
ele pudesse andar livremente para fazer seu trabalho, ele estaria comprometido
a uma única coisa: pregar o nome de JESUS CRISTO.
Sem
questionamento, Paulo tornou-se o mais influente líder da primeira Igreja. Nós
continuamos a sentir ainda hoje o poder de sua influência.
Pelos padrões
do mundo, então e agora, Paulo deve ter parecido um fanático. Mas tudo o que
ele fez foi obedecer ao chamado de DEUS para influenciar o mundo à sua volta.
Líderes sábios gostariam muito de poderem seguir o exemplo de Paulo ao,
propositadamente, falarem a Palavra de DEUS tanto para o Corpo de CRISTO, como
para o mundo descrente.
PERSUASÃO:
LÍDERES FALAM PARA TRANSFORMAR E NÃO APENAS INFORMAR
(At
26.1-29)
Em uma de suas
falas públicas mais instigantes, Paulo quis atingir o rei Agripa. Quando você
estiver lendo este capítulo, tente sentir a estratégia de Paulo. Paulo
acreditava que a melhor defesa seria uma boa forma de atacar e rapidamente
converter o rei Agripa. Observe como este líder tentou convencer seu ouvinte:
1. Ele apareceu
tranquilo, embora usasse gestos bem animados (v. I);
2. Ele,
humildemente, agradeceu ao rei lhe ter concedido a palavra (v. 2);
3. Ele
reconheceu o conhecimento e habilidade do rei (v. 3);
4. Ele admitiu
que sua vida era um livro aberto (v. 4);
5. Ele lhe
recordou que sua vida passada era conhecida deles (v. 5-8);
6. Ele
identificou que a oposição que ele enfrentava estava relacionada à nova vida
que ele tinha assumido (vs. 9-11);
7. Ele usou uma
narrativa para defender a mudança de sua vida (vs. 12-18);
8. Ele
descreveu que seus motivos eram puros e edificantes (vs. 18);
9. Ele admitiu
que estava obedecendo a uma visão divina (vs. 19-20);
10. Ele expôs
que a causa de seu sofrimento era por causa de sua obediência a DEUS (v. 21);
11. Ele mostrou
como DEUS lhe foi favorável durante sua vida (v. 22);
12. Ele afirmou
que estava pregando as palavras das Escrituras (vs. 22-23);
13. Ele os
desafiou com fatos verificáveis e racionais (v. 25);
14. Ele admitiu
que o rei conhecia esses fatos (v. 26);
15. Ele
confrontou diretamente o rei com uma questão (v. 27);
16. Ele pediu a
eles que obedecessem a DEUS (v. 29).
VISÃO: A VISÃO
DE PAULO O GUIOU PARA A VITÓRIA (At 26.12-29)
A visão
de Paulo no caminho de Damasco tornou-se a força que o mantinha cativo ao seu
sucesso O apóstolo nos ensina sobre o poder de uma visão A visão que DEUS deu a
Paulo realizou uma série de coisas:
I . Ela o parou
(vs. 12-15).
A visão nos
permite que vejamos a nós mesmos Nós vemos coisas não como elas são, mas como
nós somos.
2. Ela o enviou
(vs. 16-18).
A visão nos
permite ver os outros. Ela nos compele a agir.
3. Ela o
fortaleceu (vs. 20-23).
A visão nos
capacita a prosseguirmos apesar das lutas e de nossa falta de recursos.
4. Ela lhe deu
maior alcance (vs. 24-29).
A visão lhe deu
poder para ficar em pé, confiança para falar e compaixão para dividir.
5. Ela o
satisfez (v. 19).
A obediência a
essa visão motivou Paulo a agir Isso o satisfez.
A LEI DE E. F.
HUTTON: UM ACOMPANHANTE ASSUME O COMANDO (At 27.1-44)
Como era
um acompanhante em um navio-prisão virtual, Paulo, de início, não teve
influência
(At 27.11). Ao
final da viagem, contudo, todos o estavam ouvindo, inclusive o centurião. Veja
como foi que esse líder conseguiu ser influente:
1. Ele
conquistou a confiança (v. 3).
Júlio havia
dado privilégios especiais a Paulo, percebendo sua probidade.
2. Ele tomou a
iniciativa (vs. 9-10).
Mesmo sem
permissão ou posição, Paulo tomou a dianteira e agiu.
3. Ele possuía
boa opinião (v. 10).
A fala de Paulo
revelava sabedoria e experiência.
4. Ele falava
com autoridade e credibilidade (v. 21).
Sem
constrangimento, Paulo falava para a tripulação que ele tinha tido razão antes.
5. Ele era
otimista e confiante (vs. 22-24).
Paulo falava
cara a cara.
6. Ele deu
encorajamento (v. 25).
Paulo deu
esperança de sobrevivência e salvação.
7. Ele era
honesto (v. 26).
Paulo falou com
ternura à tripulação que eles deveriam enfrentar o problema.
8. Ele não se
comprometeu em absoluto (vs. 27-32).
Paulo não quis
jamais se afastar das instruções de DEUS.
9. Ele não
perdeu seu foco (vs. 33-34).
Ele pôs seu
foco em seus objetivos e não nos obstáculos.
10 . Ele
liderou por meio do exemplo (vs. 35-38).
Paulo liderou
ao dar um modelo de atitude correta.
11. Ele,
finalmente, obteve sucesso (vs. 39-44).
Paulo, em
consequência, realizava aquilo que ele se determinava a fazer.
A LEI DA BASE
SÓLIDA: PAULO CONQUISTOU O DIREITO DE SER OUVIDO (At 28.3-6)
Como Paulo
permaneceu vivo depois que uma cobra o havia picado, os moradores daquela ilha
o proclamaram um deus (At 28.6). A credibilidade vem em uma dessas maneiras:
alguém pode lhe emprestar a sua ou você pode conquistá-la da vida que você
leva. As pessoas dão credibilidade aos líderes que concluem seu trabalho.
________________________________________
RESUMOS DAS
LIÇÕES - CPAD -
https://www.cpad.com.br/revista-licoes-biblicas-aluno-4-tri-950004/p
O Apóstolo
Paulo: Lições da Vida e Ministério do Apóstolo dos Gentios para a Igreja de
CRISTO
Subsídios das
lições deste trimestre foi escrito por Marcelo Oliveira, chefe do Setor de
Educação Cristã; bacharel em Teologia, licenciado em Letras; pós-graduado em
Educação, Gestão e Docência.
Lição 1 - O
Mundo do Apóstolo Paulo
Neste
trimestre, estudaremos a vida e o ministério do apóstolo Paulo. O mundo em que
viveu, os processos pelos quais passou, os oponentes contra a sua mensagem que
enfrentou, enfim, as diferentes circunstâncias na vida do apóstolo configuram
uma série de lições edificantes para a nossa caminhada cristã. Temas como
perseguição, conversão, vocação, poder no ESPÍRITO, plantação de igrejas,
discipulado, liderança, dentre outros, serão objetos de nosso estudo. Nesse
sentido, ao longo deste quarto trimestre, temos a oportunidade de aprender com
o apóstolo dos gentios.
O assunto desta
primeira lição é sobre o mundo em que o apóstolo viveu. Temos como objetivo
geral refletir sobre como o mundo de hoje pode ser uma porta aberta para a
pregação do Evangelho. Para atingir esse objetivo, estudaremos o mundo do
apóstolo Paulo no Império Romano, na cultura grega e na religião judaica.
Resumo da lição
A respeito do
império romano, estudaremos seu desdobramento político e geográfico. Esse
desdobramento impactou o ministério do apóstolo. Por meio da “pax romana”, um
ambiente de relativa paz no império, de suas malhas viárias e seus meios de
transportes, o apóstolo teve uma boa oportunidade para realizar suas diversas
viagens missionárias.
A respeito da
cultura grega, o grego koinê mostrou-se relevante na difusão dos escritos
apostólicos, além de a filosofia grega abrir oportunidades para novos
pensamentos e ideias. Esse fenômeno linguístico e cultural trouxe grandes
oportunidades para o ministério do apóstolo no mundo gentílico.
A respeito da
religião judaica, o apóstolo era perito em seus ensinamentos. A religião
judaica também influenciava determinadas áreas do império por meio das
sinagogas. A moral judaica como fruto da Lei de Moisés trouxe grande
contribuição ao ministério do apóstolo. Esse contexto ajudou na comunicação do
Evangelho pelo ministério do apóstolo.
Aplicação
É muito
importante que façamos o seguinte exercício reflexivo: a exemplo do apóstolo
Paulo, devemos conscientizar-nos do que há no mundo hoje que seja possível ser
útil para a propagação do Evangelho. Às vezes a nossa profissão pode abrir a
porta do Evangelho. Uma viagem pode abrir a porta do Evangelho. O uso de uma
tecnologia ou de uma arte pode abrir a porta do Evangelho.
Lição 2 - Saulo
de Tarso, o Perseguidor
Nesta lição,
estudaremos sobre as características que constituíam a personalidade
persecutória de Saulo. O nosso objetivo geral com este estudo é conscientizar
os irmãos de nossas classes acerca do problema da perseguição religiosa que
milhares de cristãos espalhados pelo mundo sofrem. A perseguição aos cristãos é
um problema neste século e, infelizmente, por causa de pensamento ideológico ou
por puro preconceito, é solenemente ignorada pela ONU, pela imprensa
internacional e, principalmente, pelas organizações de Direitos Humanos
espalhadas pelo globo.
Resumo da lição
Para fazer essa
conscientização, estudaremos as características persecutórias de Saulo no
primeiro tópico. Ali, há traços na personalidade de Saulo que mostram como ele
perseguia os cristãos. Primeiro, blasfemava contra eles, insultando-os como
heréticos do judaísmo. Segundo lugar, ele os perseguia nas casas, nas praças,
intentando sempre a envergonhá-los. Terceiro, os oprimia com violência,
açoites, sem qualquer respeito ao ser humano que professava a fé cristã.
Um segundo
objetivo específico é mostrar no segundo tópico a perseguição à igreja de Atos
por meio de um caráter mais amplo e sistemático. Ora, a igreja não era
perseguida apenas por um indivíduo, mas também por uma religião (o judaísmo),
sob o auspício de um império (o romano). Nesse sentido, por trás de Saulo,
havia o mecanismo da religião oficial e do poder imperial.
E, finalmente,
o último objetivo específico é mostrar como esse sistema religioso e político
operava contra a igreja. Havia ali prisões deliberadas e corroboradas pelo
império romano. Havia açoites oficiais, confabulações entre a religião oficial
com o império romano. Toda a estrutura religiosa e estatal estava a disposição
para perseguir a igreja que nascia e crescia em Jerusalém.
Aplicação
Busque
informações especializadas acerca da realidade persecutória da igreja
contemporânea. O site da Missão Portas Abertas é um dos que tem credibilidade
em dados. É uma das maiores instituições de apoio à igreja perseguida no mundo.
Converse com
alunos a respeito de milhares de cristãos vivendo a mesma realidade concreta
dos crentes em Atos dos Apóstolos. Eles são perseguidos pela religião oficial
do país em que estão, bem como pelo poder político.
Lição 3 - A
Conversão de Saulo de Tarso
Na lição desta
semana, falaremos sobre a maravilhosa graça de DEUS na vida de Saulo, o
perseguidor, e, ao mesmo tempo, sua resposta em arrependimento e fé ao Senhor
JESUS. O nosso objetivo nesta lição é asseverar que o nosso Senhor nos salva
pela graça mediante a fé, mas, ao mesmo tempo, devemos responder a esse chamado
com arrependimento e fé. Assim ocorre a verdadeira conversão, o novo
nascimento.
Obs. Pr
Henrique - A graça é uma pessoa – JESUS CRISTO e sua obra salvífica.
Porque a graça
de DEUS se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, Tito 2:11
(ARC).
Porque pela
graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós (graça); é dom de DEUS.
Efésios 2:8 (ARC).
Mas, agora, em CRISTO
JESUS, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de CRISTO chegastes perto.
Efésios 2:13
Resumo da lição
com observações do Pr Henrique
O primeiro
tópico apresenta a conversão de Saulo como um ato da graça de DEUS. A morte e
testemunho de Estêvão certamente influenciou Saulo. Saulo viu o Senhor
ressurreto por meio de uma experiência sobrenatural.
O segundo
tópico relaciona a conversão de Saulo a doutrina bíblica da conversão,
mostrando que a obra de conversão no ser humano começa no ouvir o evangelho e
nele crer (Ef 1.13), perpassa uma vida de transformação. Após o ouvir e crer o
ESPÍRITO SANTO traz o Arrependimento que é a condição básica para a verdadeira
conversão. Só recebe o ESPÍRITO SANTO quem ouve o evangelho e crê.
em quem também
vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o ESPÍRITO SANTO da
promessa; Efésios 1:13
E, quando ele
vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo:
João 16:8
O terceiro
tópico elenca três faculdades interiores do ser humano que são afetadas com a
verdadeira conversão: intelecto, emoção e vontade. A verdadeira conversão faz
com que o ser humano todo seja regenerado, então, ele pode agora pensar,
desejar e fazer o que é do alto.
Aplicação
Este estudo nos
mostra que a verdadeira conversão traz uma nova maneira de pensar, sentir e
agir. Vivemos num tempo de profunda confusão existencial. Pessoas pensam uma
coisa, desejam outra e fazem outra coisa completamente diferente do que pensam
e desejam. A conversão bíblica harmoniza coração do crente. Agora é possível
pensar nas coisas do céu, desejá-las e executá-las (Fp 4.8; Cl 3.2-5). Assim,
somos celestialmente coerentes, pois pensamos, sentimos e agimos segundo o
ESPÍRITO SANTO que habita em nós.
Num contexto de
confusão espiritual, a presente lição destaca a importância de cada seguidor de
JESUS apresentar uma coerência existencial como resultado de uma verdadeira
conversão. Isso implica crente que não têm dúvidas a quem pertencem. Essa
convicção exige uma atitude destemida de viver o Evangelho de maneira clara,
coerente e profunda. Nós pertencemos ao Senhor, não há como voltar ao antigo
modo de vida. A única alternativa que a Palavra de DEUS nos dá é avançar,
seguir em frente. Jamais retroceder. Portanto, não retroceda. Avance!
Lição 4 -
Paulo, a Vocação para Ser Apóstolo
A lição desta
semana tem como tema a vocação. Nela, através da vida e do ministério do
apóstolo Paulo, perceberemos como DEUS vocaciona pessoas para a sua obra. Por
isso, estudaremos sobre o ponto de partida para a vocação de Paulo; a
efetivação da vocação do apóstolo Paulo por meio do seu encontro com o CRISTO
Ressurreto; e o aprendizado de Paulo no deserto para exercer a sua vocação.
Resumo da lição
O primeiro
tópico salienta que a presciência divina e a pessoa do ESPÍRITO SANTO são o
ponto de partida para a vocação do apóstolo Paulo. DEUS o chamou para uma
grande obra para viver na plenitude do ESPÍRITO. A vocação de Paulo tinha sido
gestada em DEUS e confirmada no ESPÍRITO SANTO como agente impulsionador do
apóstolo.
O segundo
tópico enfatiza a experiência gloriosa do apóstolo com o CRISTO Ressurreto que
fundamentou sua vocação apostólica. Paulo viu o esplendor glorioso do CRISTO
Ressurreto por meio de uma experiência sobrenatural que mudou completamente sua
vida e ministério. Essa experiência gloriosa mudou definitivamente a vida do
apóstolo.
O terceiro
tópico relaciona a vocação de Paulo com o aprendizado no deserto. Este
aperfeiçoou a vocação do apóstolo em que sua vida foi tremendamente trabalhada
por DEUS para fazer a obra divina. As lições do deserto confrontaram as
convicções de Paulo e o prepararam para a sua mais nova etapa de vida. O
apóstolo foi forjado pelo ESPÍRITO SANTO.
Aplicação
A presente
lição nos ensina que a vocação de DEUS traz experiências profundas. Muitas
vezes o ESPÍRITO SANTO usará circunstâncias em nossas vidas para nos ensinar a
respeito de coisas que servirão lá na frente para nos trazer esperança com base
na experiência. É preciso aprender com as lições do “deserto” da vida
ministerial. Os desafios são muitos. Os obstáculos são grandes. Todavia, o
aprendizado é muito maior para nos tornarmos maduros na fé. Por isso devemos
aproveitar as lições dos “desertos” que enfrentamos.
É tempo de
confiar inteiramente em DEUS e em sua soberania. Quando Ele nos chama, faz com
que a nossa vida seja conduzida sempre em direção ao nosso chamado. Muitas
vezes não nos damos conta disso. Entretanto, é DEUS trabalhando em nosso favor
e nos levando ao centro de sua vontade. Que sejamos sensíveis à voz do ESPÍRITO
SANTO. Ouçamos o Senhor!
Lição 5 -
“JESUS CRISTO, e Este Crucificado” – A Mensagem do Apóstolo
O objetivo
desta lição é ressaltar o centro da mensagem cristã: JESUS, e este crucificado.
O apóstolo descobriu essa verdade sobre o CRISTO Ressurreto e, como
consequência, fez de sua missão de vida pregar o Evangelho por meio do
Crucificado aos gentios. Nesse sentido, o Crucificado é o centro da mensagem
apostólica. Logo, a vida e o ministério de Paulo estimulam-nos a ter esse mesmo
propósito e firme compromisso com a mensagem da Cruz.
Resumo da lição
Para
desenvolver o propósito da lição, o primeiro tópico destaca a centralidade da
pregação de Paulo. Em Paulo, a pregação tem íntima relação com o CRISTO
Crucificado, por isso ela é considerada loucura da pregação entre judeus e
gentios. É uma mensagem humilde que faz com que o ser humano olhe para si mesmo
e peça misericórdia a DEUS pelas suas misérias.
O segundo
tópico elenca as expressões-chave na pregação de Paulo. Expressões como
“Evangelho de CRISTO”, “CRISTO Crucificado” e “CRISTO Ressurreto” são
trabalhadas de modo a resumir o conteúdo da mensagem do apóstolo dos gentios.
Podemos dizer que o Evangelho de CRISTO pode ser sintetizado no “CRISTO
Crucificado” e no “CRISTO Ressurreto”.
O terceiro
tópico pontua os efeitos da mensagem do Evangelho. Esses efeitos se revelam no
crente por meio de uma vida no poder de DEUS, na humildade e na dependência do
ESPÍRITO SANTO. Ora, a mensagem da cruz é uma mensagem de poder. A mensagem da
cruz nos constrange a viver de maneira humilde. E, finalmente, a mensagem da
cruz nos ensina a depender exclusivamente do ESPÍRITO.
Aplicação
A presente
lição nos ensina que não podemos deixar de pregar mensagem da cruz ao pecador.
É uma mensagem de poder. Somos instados pelo ESPÍRITO SANTO a proclamá-la com
autoridade. Ao mesmo tempo, somos chamados a viver de maneira humilde, pois a
mensagem da cruz nos constrange a uma atitude singela e abnegada.
É uma mensagem
que nos faz contritos diante de DEUS. E, finalmente, somos estimulados a viver
na dependência do ESPÍRITO SANTO de DEUS na obra da proclamação do Evangelho.
Sem o ESPÍRITO SANTO não podemos ser bem-sucedidos.
A mensagem da
cruz nos faz depender menos de nós mesmos e mais do ESPÍRITO SANTO. Essa
mensagem traz a verdadeira sabedoria para a vida. Amemos, portanto, a mensagem
da cruz e a proclamemos até a morte!
Lição 6 - Paulo
no Poder do ESPÍRITO
O ponto mais
importante desta lição é que o aluno, após estudá-la, esteja consciente a
respeito da necessidade de viver na plenitude do ESPÍRITO para fazer a obra de
DEUS. Nesse sentido, os demais tópicos colaborarão para que o aluno tenha essa
consciência. Não podemos deixar de reconhecer que é a dependência do ESPÍRITO
SANTO que garante a eficácia da evangelização e o crescimento saudável da
Igreja de CRISTO.
Resumo da lição
O primeiro
tópico da lição procura expor a verdade de que CRISTO deve ser pregado no poder
do ESPÍRITO. No ministério de Paulo, observamos o quanto o apóstolo era movido
pelo ESPÍRITO SANTO. Todo o seu caminho percorrido na exposição da Palavra de
DEUS tinha o ESPÍRITO SANTO como agente confirmador e sustentador. Pelo
ESPÍRITO, Paulo não tinha outra missão, senão, a de pregar CRISTO JESUS no
poder do alto.
O segundo
tópico tem como objetivo identificar o argumento de Paulo sobre a plenitude do
ESPÍRITO. O que o apóstolo quer dizer com essa expressão? Para isso, o texto
bíblico (At 18) mostra como Paulo agiu para que Apolo fosse doutrinado acerca
do ESPÍRITO SANTO. Apolo era um pregador habilidoso, mas não havia
experimentado ainda o poder do ESPÍRITO. Ou seja, além de nascer de novo, o
seguidor de JESUS pode e deve ter uma experiência sobrenatural por intermédio
do Batismo no ESPÍRITO SANTO com evidência das línguas estranhas.
Terceiro tópico
apresenta as fontes de Paulo para a experiência no ESPÍRITO SANTO. Em primeiro
lugar, sem dúvida, eram as Escrituras Sagradas. Embora a Terceira Pessoa da
Santíssima Trindade não aparecesse de maneira clara no Antigo Testamento, era
possível percebê-la e confirmá-la com a revelação em CRISTO JESUS que o
apóstolo acabara de tomar contato. Em segundo, a experiência do Pentecostes foi
algo marcante que chegou ao apóstolo, embora este não estivesse participado
daquele evento.
Aplicação
Assim, fica
claro que o Batismo no ESPÍRITO SANTO é uma capacitação indispensável para a
eficiência da obra de DEUS e o melhor exercício de uma vocação. É preciso que
os vocacionados se encham do ESPÍRITO SANTO para fazer a obra de DEUS com
poder. Um poder que vem do alto, que vem de DEUS. Deixe claro que não é vontade
divina viver uma vida espiritual sem experimentar uma dimensão mais profunda do
ESPÍRITO SANTO.
Lição 7 -
Paulo, o Plantador de Igrejas
A Igreja de
CRISTO tem a sua dimensão visível na igreja local. Para se estabelecer uma
igreja local é preciso que haja pessoas disponíveis, e que tiveram uma
experiência com CRISTO, para plantar igrejas. Nesse sentido, a lição desta
semana tem como propósito motivar a igreja local, especificamente pessoas
vocacionadas, a plantar novas igrejas. O Movimento Pentecostal cresceu porque
houve crentes dispostos que ouviram a voz do ESPÍRITO SANTO para abrir suas
casas como um ponto de pregação ou desbravar o interior do Brasil.
Resumo da lição
Para atingir a
esse propósito, o tópico primeiro mostra que o apóstolo Paulo foi um
desbravador do Evangelho sob uma gloriosa obrigação de pregar o Evangelho de
CRISTO. Não há dúvidas de que o apóstolo foi o grande desbravador do Evangelho
no mundo gentílico. Ele plantou igrejas em lugares que pessoas nunca haviam
tido contato com o nome de JESUS. Essa disposição era vista pelo apóstolo como
uma gloriosa obrigação a ser cumprida. E ele a cumpriu com alegria.
O tópico
segundo procura sinalizar Antioquia como um lugar estratégico para o
crescimento da Igreja Primitiva. Tratava-se de uma igreja missionária. Dela,
muitas outras igrejas foram geradas no Reino de DEUS. Isso lembra muito o
crescimento das igrejas pentecostais no Brasil. A partir de uma igreja numa
determinada localidade, Belém do Pará, milhares de igrejas foram gestadas no
país. Uma igreja referência cumpre uma função estratégica para plantar novas
igrejas. Ela desempenha esse papel formando, capacitando e enviando novos
obreiros.
O terceiro
tópico procura pontuar as características de um plantador de igreja. Uma dessas
primeiras características está na motivação do plantador. No ministério de
Paulo vemos que essa motivação se deu a partir de sua experiência gloriosa com
CRISTO. Essa experiência faz com que o plantador de igrejas tenha um senso de
urgência no mundo a respeito da evangelização. Além, claro, de esse plantador
ser experimentado nos obstáculos da caminhada e perseverar na plantação de
igrejas segundo as Escrituras.
Aplicação
Esta lição nos
ensina que é preciso ter experiência com CRISTO. Quem tem essa experiência
verdadeira tem tudo para buscar a vocação missionária. É preciso também ser
compromissado com a Palavra de DEUS, a Bíblia. Ela é o esteio de regra de fé e
prática da igreja local.
Lição 8 -
Paulo, o Discipulador de Vidas
Pregar e
ensinar são uma missão integral da Igreja de CRISTO. É necessário pregar o
Evangelho, mas também é preciso formar pessoas segundo o Evangelho de nosso
Senhor. Para isso existe o discipulado cristão. O ministério de Paulo nos
ensina que, ao plantar igrejas, o apóstolo procurava sempre as confirmar, ou
seja, averiguar conforme elas estavam progredindo na fé em CRISTO.
Resumo da lição
O objetivo
geral da lição é revelar a missão integral da igreja no discipulado: pregar e
ensinar. Para isso, o primeiro tópico relaciona o ministério do apóstolo Paulo
com o discipulado cristão. Nele, o discipulado aparece como ordem do Senhor
JESUS na Grande Comissão (Mt 28.19,20). Assim, o apóstolo observou essa
ordenança com fidelidade à medida que pregava o Evangelho e discipulava os
nascidos de novo. Seu método era simples: pregação, plantação de igrejas e
formação dos novos crentes.
O segundo
tópico salienta a integralidade da missão da Igreja: pregar e ensinar. Em
Paulo, vemos que a pregação é o ponto de partida. Já o discipulado é o processo
formativo a partir das minúcias do Evangelho. Assim, a Palavra de DEUS deixa
claro que a igreja local deve ser um local de pregação com autoridade do
Evangelho e, ao mesmo tempo, uma agência que ensina a Bíblia de maneira
sistemática e didática a todo crente. Pregar e ensinar: eis a nobre e integral
missão da Igreja de CRISTO.
O terceiro
tópico pondera a respeito do discipulado com pessoas de culturas diferentes. O
ministério de Paulo enfrentou o desafio de ensinar pessoas de diferentes
culturas. Por exemplo, a Carta aos Romanos mostra que o público-alvo era
constituído de judeus e gentios cristãos. Por isso, no capítulo 14 da carta, o
apóstolo trabalha a ideia da tolerância em que esses grupos devem praticar
entre eles. O desafio era cuidar da unidade no que era essencial. O processo do
discipulado nos traz desafios em que o choque de culturas aparecerá
inevitavelmente. Isso aconteceu em Romanos, aos coríntios, aos tessalonicenses.
O discipulado cristão traz desafios culturais.
Aplicação
É necessário
capacitar pessoas para exercer com zelo e piedade o discipulado cristão.
Enfrentemos o desafio de chamar os pecadores e, posteriormente, formá-los
segundo o Evangelho que apresentamos. Estejamos prontos para o desafio de
comunicar o Evangelho aos outros.
Lição 9 - Paulo
e sua Dedicação aos Vocacionados
Além de pregar,
plantar igrejas, formar discípulos, o apóstolo dos gentios se dedicava ao
máximo aos novos obreiros. É tocante como ele trata obreiros novos, como
Timóteo e Tito, em suas cartas pastorais. O ESPÍRITO SANTO inspirou o apóstolo
a registrar em cartas tal preocupação para que essa também fosse a preocupação
das lideranças contemporâneas. Formar novas lideranças e cuidá-las são
responsabilidades das lideranças mais antigas. A vida e o ministério de Paulo
nos mostram que esse zelo é um aspecto importante de uma liderança sábia.
Resumo da lição
Neste
propósito, o primeiro tópico aponta a cidade de Éfeso como ponto de partida dos
vocacionados. A história da Igreja mostra que dali grandes obreiros se
desenvolveram na seara do mestre. A despedida carinhosa de Paulo com os anciões
de Éfeso mostra o quanto esse cuidado paulino era reconhecido entre os efésios.
Não por acaso, a igreja de Éfeso ficou conhecida como a igreja que se destacava
no zelo doutrinário. Ou seja, seus obreiros eram muito bem formados.
Com o objetivo
de assinalar o legado doutrinário de Paulo para os novos líderes, o segundo
tópico destaca advertência de Paulo a respeito dos judaizantes e dos gnósticos
em relação à saúde espiritual da igreja. O apóstolo expôs ao longo de seu
ministério o quanto era incompatível com a mensagem pura do Evangelho os
ensinos dos judaizantes e dos gnósticos. O legado de Paulo nos mostra que
salvação é mediante a graça de DEUS (advertência contra os judaizantes), mas
que essa graça não pode ser banalizada nem profanada (advertência contra os
gnósticos).
O terceiro
tópico apela aos líderes a respeito do desprendimento material do obreiro para
fazer a obra de DEUS, sobre o cuidado pessoal do obreiro e quanto às ameaças
dos “lobos cruéis”. A vida e o ministério do apóstolo dos gentios ensinam esse
modo virtuoso de agir na obra de DEUS. É preciso aprender a estar satisfeito
com o que DEUS nos dá; precisamos nos apresentar a DEUS aprovados; é nosso
dever agir com prudência em relação aos falsos obreiros.
Aplicação
Há muitos entre
nós que se sentem vocacionados por DEUS para uma obra. O ministério de Paulo
nos ensina que a igreja local, por meio de seus líderes mais maduros, deve
cuidar dessas novas vocações com zelo e cuidado. Não se pode deixar essa chama
se apagar.
Lição 10 -
Paulo e seu Amor pela Igreja
Algo que se
destaca com clareza no ministério de Paulo é o seu amor pela Igreja de CRISTO.
Podemos dizer que todo o seu ministério foi desenvolvido sob o prisma do amor
pela Noiva de CRISTO. Por isso, na lição desta semana, nosso objetivo principal
é compreender e estimular os alunos a amar a Igreja de CRISTO. A relevância
desta se lição está no contexto atual em que se tornou muito comum, e de
maneira mórbida, criticar a igreja. Assim, nosso objetivo é olhar de maneira
positiva sobre a importância da igreja local.
Resumo da lição
Para atingir
esse objetivo, o primeiro tópico é um estímulo a amar a igreja local. Ele
destaca o amor de Paulo pela Igreja. Nesse tópico, o apóstolo compara o seu
amor pela Igreja como o de um pai para com o seu filho. Suas admoestações,
exortações e conselhos tinham como base fundamental o amor. Um amor motivado
pela causa do Evangelho. Um amor que norteava toda a vida do apóstolo. Esse
amor era visível na igreja em Tessalônica e, da mesma forma que esse amor era
visível na igreja do primeiro século, pode ser visível na igreja contemporânea.
O segundo
tópico relaciona o amor com a fé na Igreja. Na igreja em Tessalônica a fé se
relacionava com o amor, ou seja, a fé em CRISTO estimulava a vivência no amor.
Uma das coisas mais extraordinária na vida cristã é quando o fervor espiritual
estimula o amor fraternal, isto é, o desenvolvimento do fruto do ESPÍRITO que
só pode ser amadurecido no relacionamento com o próximo. Nesse sentido, em
Efésios, o apóstolo Paulo nos diz: “Enchei-vos do ESPÍRITO” (Ef 5.18). Assim, o
resultado desse enchimento é visível na dimensão prática do amor na relação do
crente com o cônjuge, com os filhos, com o patrão e com os funcionários (Ef
5.22 – 6.9).
O terceiro
tópico elenca três virtudes visíveis na igreja em Tessalônica: fé, amor e
esperança. A virtude da fé nos fala de nossa devoção ao Senhor, de nossa fé
conforme a sã doutrina entregue pelos antigos. A virtude do amor diz respeito
ao sentimento muito profundo que se manifesta na prática concreta ao próximo:
carinho, atenção, suprir necessidade, cuidado, zelo. E, finalmente, a terceira
virtude é a esperança. Esta é uma “irmã gêmea” da fé. Quem espera, persevera e,
como consequência, tem esperança.
Aplicação
Nesta lição,
somos chamados a amar a Igreja e, ao mesmo tempo, cultivar a fé e a esperança
na igreja local.
Lição 11 - O
Zelo do Apóstolo Paulo pela Sã Doutrina
O objetivo
geral desta semana é asseverar o zelo da Igreja pela Sã Doutrina. Recebemos uma
herança doutrinária dos apóstolos. Estes receberam-na do próprio Senhor JESUS.
Por isso, o nosso desafio é perseverar nesse santo ensinamento e praticá-lo com
todo zelo. Não podemos renunciar ao verdadeiro Evangelho. Num contexto em que
há muitas falsificações, urge estar alertas quanto à pureza da preciosa
doutrina.
Resumo da lição
Para
desenvolver esse assunto, o primeiro tópico conceitua e relaciona os termos
Ortodoxia e Heterodoxia. No sentido de mostrar o que queremos dizer com “zelo
doutrinário”, é importante conhecer o que é ortodoxo e heterodoxo. Assim,
ortodoxo é todo ensinamento que está de acordo com o que JESUS CRISTO ensinou e
os apóstolos transmitiram aos novos seguidores de CRISTO. E heterodoxo é todo
ensino que escapa a ordem e o contexto do que JESUS e seus apóstolos ensinaram.
O segundo
tópico adverte para o perigo da corrupção doutrinária. Ou seja, qualquer ensino
que escapa ao que JESUS e os apóstolos ensinaram. Na época apostólica,
ensinamentos espúrios ameaçavam as igrejas locais. Filosofias pagãs eram
disseminadas com vestimentas de ensinamento cristão. O apóstolo Paulo advertiu
sobre isso em suas cartas, mostrando que a igreja local deve ter cautela e
prudência, rejeitando sempre qualquer ensinamento que manche a pureza do santo
Evangelho.
Finalmente, o
terceiro tópico apresenta a Igreja como a guardiã da Sã Doutrina por
excelência. Assim, o Senhor levantou ministros, pessoas chamadas para zelar
pela Palavra de DEUS, bem como sua inerrância e suficiência, a fim de que o
povo de DEUS seja edificado de maneira saudável. Logo, a Igreja de CRISTO deve
exercer o seu papel de “coluna e firmeza da verdade”.
Aplicação
A lição nos
ensina que há uma doutrina verdadeira, legada pelo Senhor JESUS CRISTO e seus
apóstolos. É a nossa herança de fé. É um legado que não podemos abrir mão. É
preciso mergulhar nesse legado.
A lição também
adverte que há um perigo real de corrupção doutrinária. Muitos, infelizmente,
dividiram igrejas por causa de modismos e vãos ensinamentos. É preciso não
ignorar o perigo de um falso ensinamento. Finalmente, como Igreja de CRISTO,
que é “coluna e firmeza da verdade”, devemos perseverar na Sã Doutrina. Aquela
doutrina legada pelo Senhor e seus apóstolos.
Lição 12 - A
Coragem do Apóstolo Paulo diante da Morte
Ter coragem
diante da morte. A Bíblia também nos ensina a respeito de como o crente deve
lidar com a morte. Por isso, a lição desta semana é uma oportunidade de
conscientizar a classe sobre ter coragem diante da morte a partir da vida no
ESPÍRITO e da esperança cristã. Quando a nossa consciência tem uma imagem
vívida da bendita esperança, somos motivados a perseverar diante do sofrimento,
conforme as palavras do salmista: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da
morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado
me consolam” (Sl 23.4).
Resumo da lição
Para
conscientizar a classe acerca desse importante ensinamento, o primeiro tópico
mostra a consciência de Paulo quanto a padecer por CRISTO. A narrativa bíblica
de Atos 21 apresenta a reação do apóstolo diante de uma profecia que afirmava
que ele seria entregue nas mãos dos gentios (At 21.11). A resposta de Paulo
revela a sua consciência profunda a respeito da esperança cristã: “[...] Estou
pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor
JESUS” (At 21.13). O ESPÍRITO SANTO enchia o apóstolo da esperança em CRISTO
para que ele fizesse o caminho voluntário do martírio.
O tópico
segundo aponta essa coragem apostólica para enfrentar as ameaças de morte. Ele
revela que o ESPÍRITO SANTO era a fonte de sua coragem para morrer pela causa
do Evangelho. Como estudamos em lições anteriores, o ESPÍRITO SANTO
impulsionava o ministério apostólico de Paulo. Ele enchia o apóstolo e
falava-lhe ao coração para fazer a vontade divina, mesmo que isso significasse
correr riscos fatais pela causa do Evangelho.
O terceiro
tópico destaca as acusações e prisões de Paulo no Templo. Essas acusações
mentirosas implicaram a prisão do apóstolo. Entretanto, mesmo preso, o apóstolo
foi muito produtivo na causa do Evangelho. Muitas de suas cartas foram escritas
na prisão. O ministério de Paulo mostra-nos uma das verdades mais consoladora e
encorajadora da fé cristã: quem vive na liberdade do ESPÍRITO, ainda que esteja
fisicamente preso, continua experimentando a verdadeira liberdade em CRISTO.
Aplicação
O ESPÍRITO
SANTO por meio da bendita esperança cristã nos encoraja e nos enche de
confiança quanto ao padecimento por amor à causa de CRISTO. O ESPÍRITO faz isso
por nós e em nós. Vivamos no ESPÍRITO! Tenhamos esperança!
Lição 13 - A
Gloriosa Esperança do Apóstolo
Chegamos ao
final de mais um trimestre. Esta última lição coroa o estudo sobre a vida e o
ministério do apóstolo Paulo. A Palavra de DEUS mostra que o apóstolo cultivava
a esperança cristã em sua vida e que ela cumpriu um papel importante diante de
circunstâncias das mais difíceis na vida do apóstolo. Nesse sentido, com base
na esperança apostólica, esta última lição tem como objetivo enfatizar a
gloriosa esperança dos cristãos.
Resumo da lição
O primeiro
tópico ressalta a consciência de Paulo diante de morte. Uma das coisas mais
importantes na caminhada cristã é estar consciente diante do enfrentamento que
se trava. O apóstolo estava preso e estava consciente de que a sua saída da
cela era para a morte. Mas o que enchia o apóstolo de esperança era a herança
espiritual que lhe esperava. O apóstolo já estava completamente desapegado da
Terra, seu alvo era apenas ser participante da glória celestial que breve
estaria diante dele.
O segundo
tópico apresenta a doutrina bíblica de Paulo sobre a volta do Senhor. O tópico
mostra que a volta de CRISTO se dará em duas fases: a primeira, visível somente
aos santos do Senhor; a segunda, visível a todos os homens. A primeira fase é o
Arrebatamento da Igreja e a segunda é vinda gloriosa e triunfal do Senhor JESUS
com sua Noiva.
O terceiro
tópico expõe sobre os tempos e estações até a volta do Senhor. Esse tópico
ressalta que não cabe a nós adivinhar os tempos e as estações de que todas
essas coisas acontecerão. O precisamos cultivar é uma vida no ESPÍRITO, com
vigilância, aguardando que o Senhor venha a qualquer momento.
Aplicação
Com Paulo
aprendemos que a esperança cristã lida com a morte de uma maneira concreta. A
morte existe e não podemos evitá-la. Entretanto, é possível enfrentá-la de
maneira gloriosa e sublime, pois a morte não é o fim, mas o início de uma nova
etapa da vida cristã. Devemos nos preparar para essa etapa da vida cristã: o
Arrebatamento da Igreja. Essa preparação envolve vigilância espiritual,
santidade na vida e cultivo da verdadeira esperança. Nossos olhos devem estar
voltados para esse grande acontecimento.
O nosso
objetivo, portanto, não é adivinhar o dia e a hora da vinda do Senhor, mas
viver a vida cristã na dimensão do ESPÍRITO SANTO e na dimensão do porvir.
Nosso Senhor breve virá!
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 2, Saulo
de Tarso, o Perseguidor
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO
Comentário: Pr.
Elienai Cabral
Complementos,
ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/escrita-licao-2-saulo-de-tarso-o.html
Slides
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Vídeo desta
Lição https://www.youtube.com/watch?v=SJ3_EPof0ek
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - Atos 8.1-3; 22.4,5; 26.9-11
Atos 8
1 - E também
Saulo consentiu na morte dele [Estevão]. E fez-se, naquele dia, uma grande
perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos
pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos. 2 - E uns varões
piedosos foram enterrar Estevão e fizeram sobre ele grande pranto. 3 - E Saulo
assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os
encerrava na prisão.
Atos 22
4 - Persegui
este Caminho até a morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como
mulheres, 5 - como também o sumo sacerdote me é testemunha, e todo o conselho
dos anciãos; e, recebendo destes cartas para os irmãos, fui a Damasco, para
trazer manietados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que
fossem castigados.
Atos 26
9 - Bem tinha
eu imaginado que contra o nome de JESUS, o Nazareno, devia eu praticar muitos
atos, 10 - o que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido poder dos
principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os
matavam, eu dava o meu voto contra eles. 11 - E, castigando-os muitas vezes por
todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente
contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.
BEP - CPAD –
8.1 UMA GRANDE
PERSEGUIÇÃO. Parece que Saulo foi o líder da primeira perseguição em grande
escala contra a igreja (vv. 1-3; 9.1), perseguição essa intensa e severa.
Homens e mulheres eram encerrados na prisão (v. 3) e açoitados (At 22.19), e
muitos foram mortos (At 22.20; 26.10,11). DEUS, porém, transformou essa
perseguição em início da grande obra missionária da igreja (v. 4).
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Elencar as
características persecutórias de Saulo;
Expor a
respeito da perseguição contra a igreja em Atos;
Esclarecer a
respeito de um sistema contra a Igreja.
PONTO CENTRAL -
No mundo de hoje há perseguição contra os cristãos.
Resumo da Lição
2, Saulo de Tarso, o Perseguidor
I – SAULO DE
TARSO, O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL
1. Saulo se
descreve como “blasfemo”, “perseguidor” e “opressor” (1 Tm 1.13).
2. As ameaças
de Saulo de Tarso.
3. Por que
Saulo perseguia os cristãos?
II – A
PERSEGUIÇÃO CONTRA A IGREJA DE CRISTO
1. Contra os
seguidores de JESUS.
2. Saulo de
Tarso e Estevão.
3. Uma
intolerância religiosa e política contra a igreja atual.
III – QUANDO UM
SISTEMA SE VOLTA CONTRA A IGREJA
1. Como era a
perseguição contra os primeiros discípulos?
2. Perseguição,
tortura e método.
3. Perseguição
aos pentecostais.
INTRODUÇÃO
VEREMOS NESTA
LIÇÃO SAULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL, que se descreve a si mesmo como
“blasfemo”, “perseguidor” e “opressor” (1 Tm 1.13), faz ameaças aos cristãos e
os persegue por zelo religioso.
A PERSEGUIÇÃO
CONTRA A IGREJA DE CRISTO é contra os seguidores de JESUS e o próprio JESUS.
Saulo de Tarso assiste e apoia o julgamento e o apedrejamento de Estevão (Atos
7) que se defende e pede a JESUS que não os julgue e condene e ainda tem uma
visão celestial quando morre. Hoje, ainda vemos uma intolerância religiosa e
política contra a igreja.
Paulo via a si
mesmo como perseguidor (1Co 15.9; Gl 1.13; Atos 22.4; Atos 26.9-11).
CRISTO o viu como perseguidor (Atos 26.14). O povo de Damasco o viu como
perseguidor (Atos 9.13,14; 21). Os discípulos de Jerusalém o viram como
perseguidor (Atos 9.26).
QUANDO UM
SISTEMA SE VOLTA CONTRA A IGREJA
A perseguição
contra os primeiros discípulos foi ferrenha e orquestrada por Saulo. A
perseguição, tortura e método eram meticulosamente estudadas e colocadas em
prática como atualmente.
A Bíblia faz
descrições dos variados métodos usados por Paulo para perseguir os discípulos
de CRISTO. Vamos analisar esses métodos.
Em primeiro
lugar, Paulo perseguia os cristãos usando o recurso da lei (Atos 26.10). Em
segundo lugar, Paulo perseguia os cristãos em seus redutos religiosos (Atos
9.1,2; 26.11).
Em terceiro
lugar, Paulo empregava a tortura psicológica (Atos 26.10, 11; 1Tm 1.13. Em
quarto lugar, Paulo empregava a tortura física (1Co 15.9; Gl 1.13; Atos
9.2,4,21; 22.5; 26.9; 1Tm 1.13). Em quinto lugar Ele manietava os crentes (Atos
9.21; 22.5). Em sexto lugar Ele encerrava os crentes em prisões (Atos 9.2;
22.4; 19). Em sétimo lugar Ele açoitava os crentes (Atos 22.5; 19; 26.11). Em
oitavo Ele matava os crentes (Atos 22.20; 26.10).
A perseguição
aos pentecostais continua por parte não só de "igrejas" como dos
sistemas religiosos e políticos, principalmente, islamismo e comunismo
(incluindo aqui o socialismo, que é a iniciação ao comunismo).
Paulo era judeu
por Nascimento, era grego porque Tarso era cidade que antes pertencia ao
império grego e cidadão romano, pois o império Romano assim decretou todos que
ali nasceram, pois muitos tribunos, generais romanos e políticos romanos ali
fizeram morada.
O nome Saulo é
proveniente da transliteração grega do nome hebraico Shaul, que é Saulos.
Em Latim é
Paullus e em português Paulo.
Seu nome não
foi mudado por DEUS.
παυλος - Saulus
- Paulos - Paullus
Paulo =
“pequeno ou menor”
Paulo era o
mais famoso dos apóstolos e escreveu boa parte do NT, as 14 epístolas paulinas
(incluindo Hebreus)
Paulo era
Fariseu - Dicionário Bíblico Wycliffe
Acredita-se que
o termo fariseu deriva do verbo hebraico parask, isto é, “dividir ou separar”.
Portanto, os fariseus eram “o povo separado”. Porém, tanto a origem desse grupo
judeu como do nome que recebeu ainda são incertos. A “separação” da qual o nome
está falando poderia referir-se a uma separação geral das impurezas ou do
mundo, ou poderia estar ligada a alguma situação histórica em particular. Por
exemplo, os fariseus poderiam ter surgido como a expressão de uma rígida
abstenção dos costumes pagãos na época de Esdras e de Neemias (ç.u.), ou da
recusa de adotar costumes gregos mesmo sob a ameaça de morte na época de
Antíoco Epifânio (q.v.), ou da ruptura que aconteceu em 165 a.C, após a
reconquista do Templo, entre os macabeus (q.v) e os “piedosos” ou Chasidim, que
estavam dispostos a lutar pela liberdade religiosa, mas não pela independência
política. Todas essas possibilidades foram levantadas como teorias, e todas
podem ser consideradas como a personificação de alguns aspectos do espírito
farisaico; mas as evidências não são conclusivas para nenhuma delas.
A primeira
referência aos fariseus, como um grupo existente em Israel, foi feita durante o
reinado de João Hircano (135-104 a.C.). De acordo com Josefo, nessa época eles
exerciam grande influência junto às massas. Hircano foi um de seus discípulos,
mas por causa de desentendimentos ele separou-se e juntou-se aos saduceus (Ant.
xiii.10. 5. f.). Em uma observação repleta de presságios, Josefo acrescenta:
“Por causa disso, naturalmente, cresceu o ódio das massas por ele e seus
filhos” (ibid). Consta, também, que Hircano deixou de observar certos
“regulamentos” que os fariseus haviam estabelecido para o povo. Josefo explica
que “os fariseus haviam transmitido ao povo certos regulamentos (nomima)
herdados das gerações anteriores, mas que não haviam sido registrados na lei de
Moisés (ttonwi) ׳, por essa razão eles
foram rejeitados pelo grupo saduceu” (10. xiii.6).
Esse relato
serve para realçar o principal fator que existe em qualquer definição do
farisaísmo - o conceito da tradição, de uma contínua expansão da lei oral. Ele
também indica que, na época de Hircano, o farisaísmo já era um florescente
movimento com grande influência sobre a população. Além disso, a referência à
transmissão de regulamentos que haviam sido herdados das gerações anteriores
sugere alguma continuidade com o passado. Portanto, aqueles que têm procurado
acompanhai os fariseus desde os Chasidim, que lutaram ao lado de Judas Macabeu,
até a nova dedicação do Templo (1 Mac 2.42ss.; 7.13ss.; 2 Mac 14.6) podem ter
chegado muito próximo da verdade. Embora algumas de suas características tenham
raízes que se estendem até tempos remotos, o farÍ8aísmo que conhecemos a partir
de fontes disponíveis parece ter se originado como uma resposta judaica ao
desafio da cultura grega no início do segundo século a.C.
Em uma época
bastante posterior, quando o farisaísmo já havia se tornado a expressão
normativa do judaísmo, os hiatos históricos foram preenchidos de forma a fazer
crer que a lei oral havia sido estabelecida pelo próprio Moisés, via Josué, os
anciãos, os profetas, os homens da Grande Sinagoga fundada por Esdras, e também
por homens como Simeão, o Justo, e Antígono de Socho (séculos IV e III a.C.)
até os “pares” (zugoth) de mestres investidos de autoridade (por exemplo,
Semaías e Abtalion, Hilel e Shammai) e o rabinos que vieram depois deles (veja
o tratado de Mishna, conhecido como PirkeAboth, capítulo 1), Vale a pena notar
que a origem dos “pares” coincide aproximadamente com o momento em que os
fariseus começaram a constar em nossas fontes. É muito provável que a era dos
macabeus tenha marcado o seu verdadeiro aparecimento, embora eles afirmassem
que seus ancestrais espirituais haviam sido homens como Esdras, que haviam
confirmado e explicado a Torá. Eles podem até ter possuído algumas tradições
orais que remontavam até o início da época posterior ao Exílio.
Depois da
ruptura com a casa real hasmoneana, representada por João Hircano, o destino
político dos fariseus sofreu algumas flutuações. Eles tornaram-se os líderes de
uma contínua oposição popular ao seu sucessor, Alexandre Janeu (10376־ a.C.), de forma que em seu leito de
morte, impressionado pela influência que exerciam sobre as massas, Alexandre
insistiu com sua esposa Salomé Alexandra (76-67 a.C.) que trabalhasse mais
próxima deles (Josefo, Ant. xiii. 15.5.). Os tradicionais regulamentos herdados
“dos pais” foram restabelecidos, e os fariseus tornaram-se o poder por detrás
do trono, livres para vingar as injustiças que acreditavam ter sido feitas
contra eles por Alexandre (ibid., xiii. 16.1; cf. Wars i.5. 2. f.). Na luta
pelo poder que se seguiu à morte de Alexandra, parece que os fariseus se
tornaram um terceiro partido que não apoiava nenhum de seus dois filhos; eles
requisitaram aos romanos que abolissem o reinado judaico (que os sacerdotes
haviam usurpado depois da revolta dos macabeus) e o retomo ao antigo tipo de
regulamento sacerdotal (Ant. xiv. 3.2). Essa expectativa não se realizou, mas
os romanos realmente puseram um ponto final a essa disputa entre facções quando
Pompeu capturou o Templo, invadiu o santuário, exilou um dos filhos de
Alexandra e indicou o outro (Hircano II) como sumo sacerdote e representante do
rei. A independência política, conquistada de maneira tão nobre no século
anterior, foi novamente perdida quando o povo judeu passou a sofrer o domínio
romano em 63 a.C.
Os Salmos de
Salomão representam a expressão mais refinada da piedade farisaica pré-cristã.
A data da sua autoria corresponde ao período tumultuado que se seguiu à
conquista de Pompeu, pois articulavam a ira piedosa dos fariseus contra os
“pecadores^ de Israel, cujos atos haviam provocado o terrível castigo de DEUS
(isto é, os últimos governantes da casta sacerdotal dos hasmoneus e os saduceus
que os apoiaram), e contra os gentios que haviam invadido os limites impostos
por DEUS sobre eles ao castigar o seu próprio povo (Salmos de Salomão 2.16-29).
O desconhecido autor desses Salmos delineou claramente a situação (“Nações
estrangeiras ascenderam ao teu altar, eles orgulhosamente pisotearam sobre ele
com suas sandálias”, 2.2), e se mostrou jubiloso com a subsequente morte
violenta de Pompeu em 48 a.C. (“DEUS me mostrou o insolente assassinado nas
montanhas do Egito”, 2.30). Os fariseus encontravam nestes versos a ilustração
de um de seus temas clássicos, o conceito da retribuição; DEUS vingando os
*justos” (isto é, os próprios fariseus) e punindo os “pecadores”. A doutrina de
uma futura ressurreição, tão uniformemente atribuída aos fariseus (cf. At
23.6ss.; Josefo, Ant. XVIII. 1.3ss. Wars ii.8.
14), é
simplesmente o produto da consistente aplicação de seu princípio da retribuição
(cf. Salmos de Salomão 3.16).
A esperança
messiânica dos fariseus foi estabelecida de uma forma bela na última parte do
Salmo de Salomão 17. O Senhor “levantará entre eles o seu rei, o filho de Davi”
(17.23) que “destruirá as nações Ímpias com a palavra de sua boca” (v. 27).
Sobre Davi
diziam: “Será um rei justo sobre eles, ensinado por DEUS, e não haverá
injustiças nesses dias em seu meio, pois todos serão santos e seu rei será o
ungido do Senhor” (w. 35ss.). Embora o rei e o reino que os fariseus estavam
buscando fossem terrenos, eles também eram espirituais e não seriam alcançados
“pela confiança no cavalo, no cavaleiro e no arco” (v. 37).
Depois da
conquista de Pompeu, os fariseus, em sua maior parte, tomaram-se politicamente
conformados. Embora houvesse alguns zelotes destacando-se entre eles, os
fariseus formavam um grupo que procurava evitar conflitos com Roma, e somente
depois de muita relutância foram finalmente arrastados para a malograda revolta
do ano 70 d.C. Depois da destruição de Jerusalém, foram os fariseus que se
incumbiram de recolher os fragmentos da fé e da vida judaica e reconstruir o
judaísmo que conhecemos por meio dos escritos dos rabinos. A situação era
análoga àquela que havia prevalecido após o exílio na Babilônia; não havia uma
nação judaica e a unidade do povo expressava-se através da lei, da sinagoga e
das boas obras. A esperança escatológica não estava ligada à atividade
revolucionária, mas à intervenção divina, e isso em seu momento oportuno. Dessa
forma, desde o ano 70 d.C. o judaísmo tomou-se o rebento daquilo que
previamente havia sido apenas um grupo entre vários outros — os fariseus.
Se os Salmos de
Salomão mostram o farisaísmo sob o seu melhor aspecto, o NT mostra o que de
pior havia nele. Na época de JESUS, parece que os fariseus formavam um grupo de
laicos (isto é, homens que não eram sacerdotes), em que alguns de seus membros
haviam sido especialmente treinados no estudo das Escrituras. Havia os
escribas, e foi contra estes e contra os fariseus que o Senhor JESUS dirigiu
algumas de suas mais severas denúncias. O Senhor não contestava categoricamente
aquilo que aqueles homens ensinavam na sinagoga: “Na cadeira de Moisés, estão
assentados os escribas e fariseus” (Mt 23.2ss.); seus ensinos deveriam ser
seguidos. Mas eles eram hipócritas porque não viviam de acordo com seus
elevados padrões de justiça. Colocavam sobre o povo um jugo que eles próprios
não estavam dispostos a suportar (Mt 23.4) e faziam uso da casuística para
fugir ao espírito da lei, enquanto exigiam que ela fosse cumprida à risca (Mt
23.16-22; cf. Mc 7.9-13). Os fariseus gloriavam-se em sua justiça própria e só
faziam boas obras para serem vistos pelos homens (cf. Mt 23.5-12; 6.1-6,16-18;
Lc 18.9-14). João Batista havia chamado os fariseus de “raça de víboras” que se
apoiavam de forma complacente sobre a filiação deles à Abraão (Mt 3.7ss.). O
Senhor JESUS confirmou esse veredicto (Mt 23.33) acrescentando que eram como
“sepulcros caiados” (23.27) e filhos, não dos “profetas e dos justos”, para
quem haviam construído túmulos bem elaborados, mas daqueles que haviam
assassinado esses mesmos profetas e homens justos, desde Abel até Zacarias
(23.29-36). Eram “condutores cegos” de outros cegos, que procuravam encontrar
muitos prosélitos, mas na realidade deixavam os homens fora do Reino dos céus
(Mt 15.14; 23.13-15).
Esse pensamento
do NT é bem conhecido, mas não devemos nos esquecer de que naquela ocasião os
fariseus eram vistos sob uma luz um pouco mais favorável (por exemplo, Lc
7.36ss.; 13.3 lss.). Foram atribuídas a Gamaliel (.q.v.) algumas das boas
qualidades que Josefo encontrou nos fariseus - moderação, renúncia a castigos
severos, consciência da soberania divina e da responsabilidade humana (At
5.33-39; cf. Josefo, Ant. xiii. 5.9; 10.6; Wars ii.8.14). Paulo tinha sido um
fariseu antes de sua conversão e aparentemente considerava esse grupo como a
mais elevada expressão da “justiça que há na lei” (Fp 3.4-6; cf. Gl 1.14).
Também não devemos nos esquecer de que mesmo sendo denunciados por JESUS,
os fariseus eram capazes de pesquisar e de fazer uma rigorosa autocrítica. O
Talmude descreve, de forma jocosa, sete classes de fariseus. Entre eles
existiam os “fariseus de ombro” que levavam as suas boas obras em seus ombros,
para que pudessem ser vistos pelos homens; os “fariseus pilão”, cuja cabeça era
curvada como o pilão em um almofariz como um sinal de falsa humildade. Porém,
existiam aqueles que verdadeiramente amavam a DEUS, e que eram como Abraão
(veja, por exemplo, Ber. 9,14b; Sot. 5,20c; Sot. 22b, explicados de forma muito
conveniente na obra de C. G. Montefiore e H. Loewe A Rabbinic Anthology, p.
1385).
Uma definição
do farisaísmo poderia começar insistindo que ele era legal, mas não literal.
Era uma religião que “construiu uma cerca em volta da lei” (Pirke Aboth 1.1),
selecionando os regulamentos legais do AT, muitos dos quais eram dirigidos aos
sacerdotes levitas e tornando-os relevantes e aplicáveis a cada judeu. Isso foi
feito através de seu sistema de interpretação oral da tradição. Eles levaram a
lei ao alcance de cada homem, de forma que em um sentido diferente de Martinho
Lutero, o farisaísmo representou o *sacerdócio do crente”. Para o fariseu
sincero, a lei não representava uma “letra morta”, como havia sido explicada e
interpretada pelos escribas, mas a sua própria vida.
Então, por que
o Senhor JESUS denunciou o farisaísmo? Em parte por causa da hipocrisia de
alguns de seus representantes, que “diziam, mas não praticavam” (Mt 23.3), e em
parte porque o farisaísmo, em sua honesta tentativa de adaptar a eterna lei de
DEUS às mutáveis condições humanas, havia comprometido a justa e absoluta
exigência divina (Mt 15.3). Ao aplicarem a si mesmos e a seus seguidores certos
deveres exteriores, eles haviam realmente dado uma forma mais fácil à justiça,
um objetivo que seria alcançável através de uma certa obediência, para que
quando esses atos fossem realizados os fariseus pudessem pensar que haviam
feito tudo o que deles era exigido. Contra essa atitude, JESUS disse que mesmo
quando tais exigências tivessem sido cumpridas, o servo de DEUS ainda não
poderia permanecer seguro. A exigência ética ainda estava presente; ele ainda
seria um “servo inútil” (Lc 17.10). Portanto, JESUS disse aos seus discípulos:
“Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis
no Reino dos céus” (Mt 5.20). J. R. M. - Dicionário Bíblico Wycliffe
PAULO - Visão
Geral - Dicionário Bíblico Wycliffe
Os estudos
modernos sobre Paulo mais uma vez enfatizam a presença da sua “judaicidade”.
Esta impressão fica clara em várias nuances do seu ambiente cultural. Alguns escritores - como W. D. Davies, Paul
and Rabbinic Judaism (1948); J, Munck, Paul and the Salvatíon of Mankind
(1959); H. J. Schoeps, Paul. The Theology of the Apostle in the Light of Jewish
Religious History (1961); e R. N. Longeneeker, Paul. Apostle of Liberty (1964) - contribuíram para os trabalhos
eruditos, e acabaram por estabelecer esta tese para o presente. (A situação até
1960 foi brevemente pesquisada em E. E. Ellis, Paul and His Recent
Interpreters).
O próprio
testemunho de Paulo, certamente, aponta para esta direção. Um israelita
circuncidado da tribo de Benjamin, que falava a língua aramaica em sua casa,
herdeiro da tradição do farisaísmo, estrito observador das exigências da Torá,
e mais avançado no judaísmo do que seus contemporâneos, era o primeiro e o mais
proeminente entre OS judeus (Fp 3.5,6; Gl 1.14). Estas qualidades estavam tão
enraizadas na sua alma, que até mesmo quase no final de sua vida, ele falaria
com um honesto apreço daquela herança. Mais de 20 anos depois de sua conversão
cristã, ele dizia: “Eu sou fariseu, filho de fariseu! No tocante à esperança e
ressurreição dos mortos sou julgado!” (At 23.6). Mesmo depois desta afirmação,
ele declarou: “Sirvo ao DEUS de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na
Lei e nos Profetas” (At 24.14).
Contudo, ele
era um judeu da Dispersão, nascido em Tarso da Cilícia, um lugar que não era
insignificante (At 21.39), Quando criança viveu no meio da cultura grega, um
lugar de educação e comércio. “Era a cidade cujas instituições reuniam melhor e
mais completamente, o caráter oriental e ocidental” (Ramsay, Cities, p. 88).
Tal ambiente
provavelmente acarretou alguns problemas para um judeu. Primeiro, ele seria
membro de uma minoria, e até certo ponto, um grupo desprezado. Sua lealdade
obstinada às idéias da sua religião incitaria o povo de Tarso aos insultps (cf.
Schonfield, The Jew of Tarsus, p. 33). E fácil admitir que a defesa altamente
desenvolvida de Paulo, tão evidente nas epistolas, teve suas raízes nestes
dias. Segundo um judeu seria confrontado com o problema do relacionamento
social com os gentios. Entre os judeus, principalmente os fariseus eram
sensíveis, embora não necessariamente hostis a tais contatos. Toda esta área de
sua vida tão enfatizada nas cartas, deve ter sido, eventual mente, pensada por
Paulo com muito cuidado. E é mérito seu ter desenvolvido um espírito de
parentesco com estes ״estranhos'’.
Ele aprendeu a entendê- los a ponto de poder dizer: “Fiz-me tudo para todos” (1
Co 9.22).
A ideia que se
tem, é que Paulo teve uma vida bastante comum neste ambiente, até pelo menos
sua adolescência antes de ir para Jerusalém e ser educado por Gamaliel (At
22.3). Mas nos últimos anos, esta conjectura levou um sério golpe segundo o
estudo cuidadoso de Unnik, Tarsus or Jerusalém. The City of PauTs Youth (1962).
De acordo com este trabalho, a tríade das palavras: (1) “nascido”, (2) “criado”
e (3) "instruído” (At 22.3) era uma ordem literária única (veja também
Atos 7.20- 22i, indicando que enquanto o lugar de nascimento de Paulo foi
Tarso, sua criação, tanto em casa como na escola, foi em Jerusalém. Sustentando
esta conclusão com muitas evidências vindas da literatura antiga, van Unnik
arrisca a hipótese de que a mudança de Tarso “ocorreu bem cedo na vida de
Paulo, aparentemente antes que ele começasse a espiar pela fechadura e,
certamente, antes de perambular pelas ruas” (p. 54).
Será que tudo
isso significa que Paulo teve poucas oportunidades de realmente aprender do
mundo grego em que nasceu? De modo algum; isto significa que algumas atitudes
básicas em relação à vida ficaram, bem cedo, impregnadas em sua mente. Depois
de sua conversão, Paulo passou um período de 8 a 10 anos na Síria e Cilícia
(veja Gl 1.21—2.1; cf. At 9.30) enquanto adulto, e assim tornou-se
profundamente consciente da cultura do mundo em que vivia. Estes foram anos de
preparação para aquele ministério em que ficou conhecido como o “apóstolo dos
gentios”.
Além destes
aspectos da sua vida, um outro está enfatizado diretamente em Atos, e está
implícito nas epístolas. Ele era um cidadão romano (At 16.37-39; 22.25-28), e
esta foi uma posse premiada, porque se estimava que um a dois terços da
população do império romano era da classe dos escravos e, portanto, sem
cidadania romana. Paulo reconheceu o valor de ambas as cidadanias, a de Tarso
(At 21.39) e a romana (At 22.2528־). É interessante
notar a diferença na estimativa destas respectivas cidadanias aos olhos do
capitão romano Cláudio Lísias. A primeira apenas estabeleceu o fato de que
Paulo não era um egípcio (At 21.38); a segunda lhe deu uma imunidade aos
açoites.
Paulo
aparentemente herdou sua cidadania romana de seu pai: “Eu na verdade nasci (um
cidadão)”. O pai do apóstolo deve ter recebido sua cidadania por ter prestado
algum serviço relevante ao governo romano. Alguns dos privilégios contidos
nesta cidadania eram: (1) a garantia do julgamento (perante César, se exigido,
cf. Atos 25.11) nos casos de acusação; (2) imunidade legal dos açoites antes da
condenação (ao contrário do caso do Senhor JESUS, Mt 27.24-26); e (3) imunidade
em relação à crucificação, a pior forma de pena de morte, no caso de
condenação.
Nestas
epístolas, Paulo não só defendeu fortemente a manutenção da lei e da ordem (o
fundamento do governo romano), mas também se referiu frequentemente à
cidadania. Os crentes em CRISTO já não são “estrangeiros, nem forasteiros, mas
concidadãos dos santos” (Ef 2,19). Sua cidadania era do céu (Fp 3.20). A
palavra aparece novamente em Filipenses 1,27, e poderia ser literalmente
traduzida da seguinte forma: “Cumpram suas obrigações como cidadãos”
(Lightfoot). Tal ênfase era particularmente significativa aos destinatários da
carta aos filipenses, porque a cidade era uma colônia romana (At 16.12); e
eles, sem dúvida, lembravam-se de que Paulo havia ali apelado para sua
cidadania romana.
Conversão
Em sua carta
aos Gálatas, Paulo referiu-se a seu modo de vida anterior no judaísmo, e como
“sobremaneira perseguia a Igreja de DEUS e a assolava” (Gl 1.13). Naquela hora
ele acreditava que ao seguir aquele caminho, estava servindo a DEUS e mantendo
a pureza da lei. A passagem em Gaiatas 1.15 não mostra nenhuma indicação de ter
havido um intervalo neste esforço de agradar a DEUS durante a época da sua
conversão. E em Filipenses 3.6 ele mostrava sua “perfeição quanto à justiça que
há na lei”.
Enquanto as
narrativas em Atos, assim como as notas nas cartas, parecem indicar sua
“súbita” conversão, alguns argumentam que certas experiências devem tê-lo
preparado previamente. Seu consentimento na morte de Estêvão (At 7.58-8.1), e o
fervor da sua campanha de casa em casa contra aqueles do Caminho (At 8.3;
9.1,2; 22.4; 26.10,11) dificilmente não o afetariam; sua furiosa jornada em
direção a Damasco representou o clímax dos seus esforços.
De qualquer
modo, há dois elementos na história que são claros: (1) Paulo estava convencido
de que tinha visto o Senhor ressurrecto; e, (2) Sua vida foi radicalmente
mudada daquele dia em diante. A base da sua afirmação para o apostolado reside
naquela experiência. Mais uma vez ele insiste nisso (veja 1 Co 9.1; 15.8-15;
Gal 1.15-17; cf At 9.3-8; 22.6-11; 26.12-18). Visto que ele não era um dos doze
discípulos, e não tinha nem um chamado do Senhor JESUS, e tinha perseguido seus
seguidores, a necessidade da revelação pessoal de CRISTO para Paulo parece
visível.
LUTANDO CONTRA
DEUS - A VIDA E OS TEMPOS DO APÓSTOLO PAULO - A Vida E Os Tempos Do
Apostolo Paulo Charles Ferguson Ball
Crescimento
Contínuo da Igreja Perseguida
Quanto mais os
líderes judeus tentavam esmagar a Igreja, mais atiçavam-lhe a chama. A
ressurreição do Senhor dera ao povo a esperança e a segurança que antes não
existiam. Todos os anseios de Israel, profecias, sacrifícios e esperanças foram
cumpridos em JESUS. Contudo, a nação perdera a sua maior oportunidade,
rejeitando-o. Esse Evangelho, hoje tão evidente para milhões de cristãos,
estava apenas brotando no coração dos judeus.
Com a pregação
do Evangelho, muitos estavam vendo, pela primeira vez, o cumprimento de suas
esperanças. Presos pela terceira vez, os discípulos foram reconduzidos ao
Sinédrio, sob a acusação de haverem desobedecido à ordem de não pregar. Pedro
colocou-se corajosamente diante do grupo e, em sua defesa, proclamou de novo a
ressurreição de CRISTO, responsabilizando os membros do Conselho pela sua
morte.
Ofendidos com
tais palavras, eles pediram a morte dos discípulos. Finalmente poderiam acabar
com aquela seita, silenciando-lhe os principais pregadores e líderes. Com calma
e bom senso, Gamaliel, o famoso rabino que instruíra a Saulo de Tarso, advertiu
o Conselho. Lembrou- lhe de que outrora DEUS levantara profetas que, embora
rejeitados pelo povo, haviam cumprido fielmente a sua missão. Aconselhou-os,
pois, a soltarem os discípulos. Se a mensagem que pregavam fosse de DEUS, nem o
Sinédrio poderia destruí-la; e se não o fosse, a seita desapareceria como
tantas outras no passado. Sua conclusão foi tão amorosa quanto sábia. Após
açoitar os discípulos, o Conselho os deixou ir com uma advertência.
À medida que a
Igreja crescia e a perseguição aumentava, também se elevava o número de
necessitados. Os apóstolos perceberam então que quase não lhes sobrava tempo
para outra coisa senão para socorrer os mais carentes. A fim de terem mais
tempo para a oração, pregação e o ensino (doutrina), indicaram sete diáconos
para atender aos pobres. Esse foi o início da organização do ministério
eclesiástico. DEUS abençoou a iniciativa dos apóstolos, usando-a para
fortalecer o seu povo.
O Ódio do mundo
Como nunca foi
popular ser um verdadeiro cristão, os seguidores de JESUS passaram a ser
odiados e rejeitados pela sociedade. Eram demitidos de seus empregos e tinham
dificuldade em garantir o seu sustento. Como sempre houvesse necessitados,
agrupavam-se para se protegerem e se encorajarem mutuamente. Naqueles primeiros
dias, o amor e o desprendimento eram tão reais, que muitos vendiam seus bens e
traziam o dinheiro para o fundo comum a fim de socorrer os menos afortunados.
Barnabé se destacou como lado positivo e Ananias e Safira como lado negativo,
neste tão importante negócio.
Ondas de ódio e
perseguição sucediam-se ameaçando a Igreja. Alguns membros eram tão fracos em
suas convicções que, pensando apenas na segurança e conforto pessoais, voltaram
para o Judaísmo. A maioria, contudo, permaneceu sólida como as rochas em dias
de tempestade.
Cada vez que o
braço armado do inimigo se erguia, DEUS suscitava outros heróis para levar
adiante a sua obra. Quando Herodes, ao perseguir a Igreja, mandou que se
degolasse a Tiago, irmão de João, julgou ter extinguido para sempre o trabalho
do Senhor. Mas o relato da história, feito por Lucas em Atos, encerra-se com
esta afirmação: "Entretanto a palavra do Senhor crescia e se
multiplicava" (At 12.24).
Quanto maior a
perseguição, maior o crescimento da Igreja. Muitas vezes, os cristãos tiveram
de adorar a DEUS em segredo, mas nunca vacilavam. Quando algum pregador era
preso, os outros reuniam-se para orar. O Senhor sempre lhes ouvia as orações,
abençoava o seu povo, e usava as dificuldades para fortalecer a Igreja
(como o caso da prisão de Pedro e sua soltura milagrosa).
O Cristianismo,
contudo, não ficou restrito a Jerusalém. Os que ouviram a pregação de Pedro, no
Dia de Pentecostes, procediam de todo o Império Romano. E levaram as boas novas
do Evangelho aonde quer que fossem.
LUTANDO CONTRA
DEUS
Quando ainda
estava em Tarso, Saulo ouvira várias histórias sobre JESUS. Algumas eram
fantasiosas, pois as histórias costumam desvirtuar-se quando transmitidas
oralmente. Muitos dos amigos da sinagoga haviam assistido as festas em
Jerusalém, e sabiam o que estava acontecendo no Templo. Na sua volta, Saulo e
os principais da sinagoga foram informados sobre o impostor de Nazaré, e
ficaram enfurecidos com a ideia de que alguém havia tido a coragem de profanar
os pátios da Casa de DEUS com um ensino tão blasfemo. Além disso, tal homem não
tinha o direito de ensinar, pois não aprendera com os rabinos. Todavia, todos
que o ouviam, confirmavam: ninguém jamais dissera palavras de tanta sabedoria -
nem mesmo os grandes rabinos.
Ficou evidente
para Saulo que JESUS não podia ser o Messias por ter acusado os doutores da
Lei, opondo-se às suas regras. Ouvira dizer também que JESUS ensinava o povo a
desobedecer aos rabinos, provocando tamanhos tumultos nas sinagogas que todo o
verdadeiro judeu acabou por considerá-lo inimigo de Israel.
Quando chegaram
as notícias de que JESUS fora preso, julgado e crucificado, todos agradeceram a
DEUS: o blasfemador enfim fora silenciado. Ficava provado, pois, que Ele não
passava de mais um falso messias, que tudo fizera para conturbar a religião
judaica. Saulo e os demais fariseus aplaudiram a crucificação de JESUS. Não
podiam perdoar aquEle que, ousadamente, os havia chamado de víboras e
hipócritas.
Saulo não se
considerava hipócrita. Seu objetivo era ser um judeu melhor e obedecer a todas
as regras dos grandes rabinos. Na sua opinião, essa era a única maneira de se
agradar a DEUS. Por isso, quem se opunha à antiga ordem merecia morrer. Foi com
um grande alívio que os principais da sinagoga de Tarso ouviram que JESUS fora
finalmente tirado do caminho, e os seus ensinamentos interrompidos de vez.
Segundo diziam, a justiça divina havia sido feita. Imagina quantos bullying's
Arimatéia e Nicodemus suportaram!
Sua indignação,
porém, chegou ao ponto de ebulição ao saberem que os seguidores do Nazareno não
haviam sido dispersos, mas reuniam-se em pequenos grupos para adorar a JESUS,
declarando ter Ele ressurgido dos mortos. Resolveram então fazer o possível
para lutar contra a perigosa seita. Notícias chegadas de Jerusalém davam conta
de que alguns fariseus haviam deixado a verdade e se juntado aos nazarenos.
Membros da seita podiam ser encontrados também pregando abertamente nos pátios
do Templo e nas sinagogas, convencendo a todos de que JESUS era o Messias. E
milhares criam neles. Isso tornara-se uma grande ameaça, pois até alguns
sacerdotes estavam abandonando a velha ordem para seguir a JESUS. De igual
modo, iam os nazarenos pelas ruas da cidade, conversando com o povo em suas
casas, persuadindo-os a juntarem-se a si.
Saulo sentia
raiva ao pensar neles. Ouvira dizer que alguns de seus líderes haviam sido
apanhados e levados diante do Sinédrio por haverem falado abertamente no
Templo, e que seu velho mestre, Gamaliel, mostrara-se complacente e até
recomendara o relaxamento de sua prisão. Ele sentiu-se irritado com Gamaliel.
Como poderiam manter pura a religião de Israel se permitisse que qualquer um
alegasse ser o Messias? Não havia dúvidas de que os seguidores de JESUS
mereciam a morte. O Conselho deveria ter eliminado para sempre tal ameaça. Se o
Messias havia chegado, por que Roma continuava a escravizá-los?
A Perseguição
dos Nazarenos
Com tais
pensamentos em mente, Saulo decidiu deixar Tarso e voltar a Jerusalém. Estava
tão insatisfeito, que decidiu lutar pessoalmente contra a seita dos nazarenos.
Desligando-se imediatamente de Gamaliel e de sua escola, ofereceu seus
préstimos ao sumo sacerdote a fim de eliminar todos os que se opusessem ao
Judaísmo. E já perseguia a Igreja com tamanha fúria que seu nome se tornou o
terror de todo e qualquer ajuntamento cristão. Saulo era genioso e cruel. Com a
sua eloquência, atacou os cristãos que oravam e pregavam no Templo. Rápido em
suas ações, dispersou a muitas congregações e igreja locais. Lançou homens e
mulheres na prisão, condenando-os à morte. Tão cego em sua ira e tão pronto
para esmagar os seguidores de JESUS, que se achava disposto a extirpar de
dentre o seu povo todos quantos ousassem oferecer fogo estranho ao Senhor. Com
essas idéias fervilhando-lhe na mente e com o olhar brilhante de um fanático,
decidiu acabar sumariamente com a seita dos nazarenos.
Estêvão
Confunde Saulo
Um dos sete
escolhidos pela igreja de Jerusalém para encarregar-se dos pobres era Estevão,
o mais capaz e ativo dos diáconos. Grandes sinais e pródigos se realizavam
através de Estêvão. Ele não nascera em Jerusalém e até recebera um nome grego.
Debatendo com os rabinos, provou ser melhor que eles. As suas palavras eram
irresistíveis e cativantes como as de JESUS. Em suas prédicas, afirmava que a
salvação era obtida por meio de JESUS, o Messias, e não pela obediência à Lei
de Moisés. Como Jerusalém possuísse várias sinagogas onde os judeus de
diferentes nações costumavam reunir-se, Estêvão ia de uma para outra, pregando
o Evangelho e discutindo com os líderes.
A sinagoga
alexandrina tivera ocasião de ouvi-lo. As congregações de Cirene e da Cilícia
conheciam-lhe os argumentos e lutavam ferozmente contra ele, pois Estêvão
persuadira alguns dentre os seus membros a crerem em JESUS.
É provável que
tenha sido na sinagoga da Cilícia que Saulo tenha encontrado Estêvão pela
primeira vez. Ele ouviu-o com amargo desprezo; mesmo assim, pôde sentir quão
atraentes e poderosas eram as suas palavras. O cristão achava-se possuído de um
zelo tão santo que ele jamais vira em qualquer rabino. Quando Estêvão falou da
ressurreição, Saulo teve de admitir para si mesmo que essa esperança era a
doutrina central dos fariseus. Notou também que eram os saduceus quem mais se
opunham a esta crença.
Saulo
desprezava os saduceus, apiedava-se deles. Fora apenas a questão da
ressurreição, Saulo sentia que poderia ouvir com agrado a esse homem. Mas ele
falava contra o Templo e desejava mudar os velhos costumes estabelecidos pelos
rabinos. Era, portanto, necessário silenciar-lhe a voz.
O jovem fariseu
confrontou-o em um debate aberto, e ficou zangado ao descobrir que, apesar de
todo o seu conhecimento, não conseguia revidar os argumentos de Estêvão. Seu
orgulho sentia-se ferido; sua única defesa agora era um ódio cada vez maior.
Achava-se, pois, decidido a se lhe opuser com todas as forças. Foi então de
sinagoga em sinagoga e descobriu que os seguidores de JESUS se encontravam em
toda parte. Saulo convenceu as pessoas de que os nazarenos deviam ser
silenciados mesmo que fosse pela espada. Pois os seus ensinos eram contrários à
Lei. E quando diziam que JESUS era o CRISTO, blasfemavam contra DEUS. Mas
percebeu que até os analfabetos da seita sabiam citar as Escrituras, e
conheciam a história judia tanto quanto ele.
Como Estêvão
parecia-lhe o mais poderoso e culto dos nazarenos, decidiu persegui-lo e
expulsá-lo de Jerusalém. Quem falasse contra a Lei de Moisés, ou dissesse que o
Carpinteiro de Nazaré era o Messias, seria julgado como blasfemo! Onde quer que
fosse, Saulo não tinha medo de repetir tal advertência. Estava cansado dos
enganadores que desviavam o povo da Lei. E sendo Estêvão um dos piores
agitadores, Saulo sentia estar prestando um grande serviço a DEUS livrando-se
dele.
Quanto mais
pensava nessa seita e nos progressos que ela fazia, tanto mais agitado ficava.
Sua raiva transformou-se finalmente em claro preconceito - não podia mais
discutir com aquelas pessoas baseado nas Escrituras. Seu único desejo era
exterminá-las. Por acaso não foi exatamente isto que DEUS ordenara a Saul? (1
Sm 15).
Estêvão Diante
do Sinédrio
Quando chegaram
as notícias de que Estêvão fora preso e devia agora comparecer perante o
Sinédrio, Saulo sentiu que o líder fora para sempre silenciado, e que seria
apenas uma questão de tempo até que todos os cristãos fossem apanhados.
Naquele dia,
Saulo compareceu à reunião do Sinédrio. Queria estar lá quando seu oponente
chegasse ao tribunal. Ele não era o único; centenas tinham ido assistir ao
interrogatório. Os saduceus achavam-se ali sorrindo zombeteiramente. Aquele era
o dia tão esperado. Os fariseus também compareceram, juntamente com os
sacerdotes, escribas e uma grande multidão que ouvira Estêvão e admirara-se da
sua coragem. Saulo tomou seu lugar, e sorriu enquanto esperava.
Aquele era o
mesmo Conselho que condenara JESUS. Anás e Caifás, ambos jubilados do sumo
sacerdócio, achavam-se presentes. Jônatas, o atual pontífice, era o presidente
do Conselho. Também entre eles encontrava-se Gamaliel. o sábio e bondoso
fariseu. Todos estavam cansados dessas interferências.
Desde a reunião
em que JESUS fora condenado, os membros do Sinédrio haviam tido problemas com
Pedro e João. Não bastasse, a cada dia apareciam outros; a nova seita mostrava-
se incansável em sua blasfema propagação. Embora houvessem recebido repetidas
ordens para que se mantivessem silenciosos em relação a JESUS, sempre
desobedeciam. Aliás, os nazarenos haviam se tornado de tal forma atrevidos, que
chegaram ao cúmulo de acusar o Conselho de haver matado o Messias.
Agora chegara a
vez de Estêvão, o mais ousado de todos.
Quando Estêvão
entrou no tribunal, todos os olhares voltaram-se à sua direção. Algumas cabeças
curvaram-se de medo, pois o seu rosto era calmo e sereno como a face de um
anjo. Chamadas as testemunhas, confirmaram terem-no ouvido falar contra o
Templo e os anciãos. Além disso, ensinava a todos que JESUS era o Messias.
Quando lhe deram a oportunidade de responder às acusações, voltou-se à multidão
silenciosa, procurando um rosto amigo. Não encontrando ninguém, entregou-se à
misericórdia do Senhor. E, mostrando uma radiância celeste em sua fisionomia,
pôs-se a falar.
Começando com
Abraão, Estêvão referiu-se à história judaica para mostrar que os homens podiam
adorar a DEUS em outros lugares além do Templo. Ele traçou os caminhos de DEUS
com o seu povo desde Abraão até Moisés, e provou que este profetizara sobre o
CRISTO: "O Senhor, vosso DEUS, vos levantará dentre vossos irmãos um
profeta como eu"(At 7.37).
Contou como
Moisés recebera a planta do Tabernáculo e como Salomão construíra o SANTO
Templo. Em seguida, citou o profeta Isaías a fim de provar que o Altíssimo não
habita em templos feitos por mãos humanas: "O céu é o meu trono, e a
terra, o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é
o lugar do meu repouso? Porventura, não foi, a minha mão que fez todas estas
coisas?" (Is 7.49,50).
Enquanto
prosseguia, os ouvintes encaravam-no com ódio sombrio. No final, chegando ao
ponto alto de seu discurso, declarou corajosamente ao Sinédrio o que vinha
dizendo ao povo em cada sinagoga:
Homens de dura
cerviz e incircuncisos de coração e de ouvido, vós sempre resistis ao ESPÍRITO
SANTO; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram
vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do
qual vós agora fostes traidores e homicidas; vós que recebestes a lei por
ordenação dos anjos, e não a guardastes (7.51-53).
Houve um
espoucar de vozes no salão, pois as palavras de Estevão queimavam como fogo e
cortavam como afiadas lâminas. Acusações insultuosas! Desafiadoras! De repente,
ele se cala. No terrível silêncio que se segue, sua fronte ergue-se para o céu
e um sorriso emoldura-lhe a face como se houvera tido uma visão do alto. E
Estêvão declara: "Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que
está em pé à mão direita de DEUS" (7.56).
Não lhe foi
permitido dizer mais nada. Alguns fariseus taparam os ouvidos para não ouvir
outras blasfêmias. Outros tentaram agarrar o prisioneiro. Estêvão, então, foi
rapidamente levado para fora do tribunal antes que a multidão o linchasse.
Nunca tinham ouvido palavras tão atrevidas e cortantes!
O Apedrejamento
de Estêvão
Depois de o
prisioneiro ter sido arrastado para fora, o veredicto foi rapidamente
concluído. Na opinião de todos, ele era culpado de morte. A Lei de Moisés
deixava isso bem claro: Aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente
morrerá; toda a congregação o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural,
blasfemando o nome do Senhor, será morto (Lv 24.16).
Saulo ficou mui
comovido com o julgamento, pois acompanhara cada palavra de Estêvão. Gloriou-se
na história de seu povo e impressionou-se pela forma como Estêvão a contara.
Jamais conhecera alguém com tamanho conhecimento da Escritura. Pensou ainda nos
rabinos e nas suas disputas. Como pareciam mesquinhos! Considerou sua própria
opinião sobre o Messias e o que Gamaliel lhe ensinara. Enfim, compreendeu que
os fariseus, embora cressem na ressurreição, nunca haviam podido demonstrá-la.
Mas ali estava uma demonstração plausível - se ao menos fosse verdade! E como o
rosto de Estêvão irradiava êxtase! Era como se estivera vivendo num outro
mundo. E as suas palavras finais? E se ele tivesse realmente visto JESUS à mão
direita de DEUS?
Não, isso era
coisa de fanático. Estevão era um impostor. Aquelas últimas palavras sobre a
hipocrisia dos rabinos eram imperdoáveis. O homem era um inimigo da Lei Divina.
Morte aos inimigos de DEUS! Que seja apedrejado! Saulo ficou tão convencido de
que o julgamento fora justo que estava pronto a ajudar na execução da sentença.
As palavras insultuosas de Estêvão ainda lhe soavam aos ouvidos.
Cercado pelos
guardas do Templo, Estêvão foi arrastado pelas ruas da cidade até um lugar
perto dos muros. De repente, o grito: "Morte ao blasfemo! Morte ao
nazareno!" A Lei de Moisés ordenava que a primeira pedra fosse atirada
pelas testemunhas que, despindo-se de seus mantos, empilharam-nos aos pés de
Saulo. A incumbência deste era cuidar para que as roupas não fossem roubadas.
Estêvão
ajoelhou-se e, ignorando a multidão, orou: "Senhor JESUS, recebe o meu
espírito!" (At 7.59). As pedras foram atiradas, fazendo-o sangrar
mortalmente. Mas antes que sua alma deixasse a morada terrena, partindo para as
mansões celestes, clamou em alta voz: "Senhor, não lhes imputes este
pecado" (At 7.60). Estava tudo acabado. Sua alma já se encontrava com
JESUS.
A Difusão do
Cristianismo
Saulo deixa a
cena em silêncio. Testemunhara algo que jamais houvera visto. Não podia negar
que ficara grandemente abalado. Ouvira a oração de Estêvão. Quem jamais orara
por seus algozes? O ódio de Saulo era amenizado por um estranho sentimento de
piedade. Mas isso durou apenas alguns segundos. Ele não permitiria que suas
emoções o empolgassem. Estêvão merecia morrer! Sua execução desanimaria outros,
e quem sabe, acabasse de vez com a seita dos nazarenos. Todavia, os eventos
daquele dia ficariam para sempre em sua memória.
Depois da morte
de Estêvão, Saulo passou a comandar a perseguição à Igreja. Ele percebeu que a
sua morte não tinha afetado os cristãos. Pelo contrário: tornara-os mais
audaciosos e fortes. Depois de consultar o Sinédrio e os principais sacerdotes,
concluiu que a melhor maneira de acabar com a ameaça ao Judaísmo seria visitar
cada sinagoga, descobrir quem se inclinava a crer em JESUS e levar os
infratores a julgamento.
Tendo em vista
seus precedentes, Saulo cumpriu zelosamente a nova missão. Em breve, tornou-se
conhecido em toda a Judéia como o mais feroz inimigo de CRISTO. Ele caçava os
cristãos, atirando-os nas celas e ordenando-lhes a execução. Sua indignação
ardia como fogo, e seu grito soava amedrontador: "Repudie a fé em JESUS ou
morra!"
A perseguição
tornou-se tão severa que os cristãos se viram forçados a deixar seus
domicílios. Os de Jerusalém espalharam-se por toda a Judéia e Samaria. Isso
contudo não teve o efeito que Saulo e o Sinédrio desejavam, pois onde quer que
os discípulos fossem, contavam a história de CRISTO. Em vez de uma grande
Igreja em Jerusalém, muitos pequenos grupos de crentes passaram a reunir-se
secretamente nas casas. Os esforços de Saulo só fizeram com que o fogo se
espalhasse e se tornasse inextinguível.
Infelizmente,
alguns preferiam abandonar a Igreja a enfrentar a perseguição e as privações
decorrentes desta. Outros foram compelidos a blasfemar o nome de JESUS.
Muitos seguiram
para o norte, em direção a Samaria, onde Paulo não tinha qualquer jurisdição.
Entre estes encontrava-se Filipe, um dos sete diáconos da igreja de Jerusalém.
Colaborador de Estêvão, teve de fugir para salvar a vida. O povo de Samaria
recebeu-o alegremente, pois lembrava-se de JESUS e de seu ministério entre
eles.
Samaria ficava
ao norte de Jerusalém. Era habitada por um povo mestiço, parte dele oriental e
a outra parte de origem hebreia. As dez tribos de Israel habitaram ali, mas os
assírios levaram-nas para o cativeiro, deixando apenas um remanescente na
terra. Milhares de estrangeiros contraíram casamentos mistos com aqueles
judeus, resultando numa raça mestiça. Por isso, todo judeu de sangue puro
olhava para os samaritanos com desprezo. Filipe, contudo, pregou a CRISTO
livremente em Samaria, e DEUS abençoou o seu testemunho. Muitos foram os que se
fizeram seguidores do Senhor, porque viam e ouviam os sinais que Filipe fazia.
Quando os
apóstolos ouviram falar que uma grande obra estava sendo realizada em Samaria,
enviaram para lá Pedro e João para ver se era ou não autêntica. Pois ainda não
estavam convencidos de que alguém pudesse ser um verdadeiro cristão sem
primeiro ser judeu. Mas foi justamente ali, naquela terra odiada, que os
apóstolos descobriram que o ESPÍRITO SANTO também estava sendo derramado sobre
os samaritanos, quando lhes impuseram a mãos. Antes de partirem, Pedro e João
pregaram nas aldeias. E assim a igreja em Samaria cresceu sem que fosse
incomodada pela perseguição.
Início da
Convicção de Saulo
Saulo
enfrentava uma nova dificuldade. Embora houvesse dispersado os nazarenos de
Jerusalém, recebeu diversos relatórios de que estes continuavam espalhando seus
ensinamentos. A Igreja, em vez de diminuir, crescia mais e mais. Ele então
começou a se perguntar se todo o seu trabalho estava ou não baldado ao
fracasso. Será que o seu velho professor Gamaliel tinha razão ao dizer que, se
a seita dos nazarenos fosse de DEUS, nem o Sinédrio nem um poderoso exército
iria detê-la?
Seria realmente
uma obra divina? Estaria Saulo lutando contra DEUS? É certo que fora derrotado
na discussão com os nazarenos, pois estes conheciam as Escrituras e fizeram-no
calar-se na sinagoga. Estêvão certamente vencera os perseguidores, pois na hora
de sua execução, um estranho poder o possuíra, impressionando profundamente a
Saulo. E os cristãos que seguiam para a morte com uma expressão de vitória
estampada no rosto? Até aquele ponto Gamaliel acertara: A perseguição só
ajudara a propagar o novo ensinamento.
As cenas se
sucediam na mente de Saulo. Ele pensou em sua educação farisaica e em todas as
regras que aprendera. Acreditava que, seguindo-as, receberia a vida eterna. Mas
agora tinha de admitir: sua vida era vazia. Quanto aos ensinamentos rabínicos,
não seriam suficientes sem a esperança do Messias. Neste ponto, Saulo
surpreendeu-se pensando no Messias; desejava que Ele viesse logo.
Tinha certeza
de que os nazarenos pregavam um falso messias. Todavia, tinha a sensação de que
o grande e misterioso poder que nEle se achava viera sobre homens como Estêvão.
Saulo perguntou
a si mesmo porque tais homens, a quem condenara à morte, estavam dispostos a
morrer pela nova religião. Ele sempre acreditara que as pessoas defendiam
coisas falsas enquanto lucrassem com isso; mas, quando a espada era posta em
suas gargantas, desistiam imediatamente. Mas por que os seguidores de JESUS se
agarravam à sua fé como se esta lhes fosse mais preciosa que a própria vida?
O PONTO CRÍTICO
Embora
estivesse colecionando lembranças amargas, Saulo decidira continuar a luta.
Irritado com a propagação da Igreja, prepara uma expedição a Damasco, onde,
segundo ouvira falar, vários nazarenos haviam se refugiado por causa da
perseguição desencadeada em Jerusalém. Além disso, pregavam ativamente a CRISTO
nas várias sinagogas. Saulo achava que poderia abater definitivamente os
seguidores de JESUS se os expulsasse dessa fortaleza. Acompanhado por uma tropa
de guardas do Templo, saiu de Jerusalém pela Porta de Damasco respirando
ameaças e mortes. A distância até Damasco era de aproximadamente 240
quilômetros. Apesar de a estrada ser ladeada por uma das paisagens mais belas
do mundo, o propósito de Saulo não era apreciar o cenário; era acabar com a
Igreja de CRISTO.
A região
achava-se repleta de lembranças históricas. Dois mil anos antes, Elieser, o
damasceno, tornara-se servo de Abraão e viajara por aquela mesma estrada. Naamã
passara por aquele caminho quando fora ter com Eliseu. Mas Saulo não queria
pensar nessas coisas, pois estava dominado pelo ódio. Planejara caçar os
cristãos e levá-los acorrentados a Jerusalém para que fossem julgados e
condenados pelo Sinédrio. Na túnica, trazia uma carta selada do sumo sacerdote
aos rabinos de Damasco, ordenando que se lhe desse toda a assistência, pois era
o representante legal das autoridades judaicas.
O sol ardia
quando eles chegaram às proximidades da velha cidade. À sua frente, estendia-se
um vale bem irrigado e protegido por densas florestas com árvores de todo tipo.
Lá estavam a palmeira com suas delicadas folhas e o álamo. Os vinhedos, nas
encostas, eram os mais ricos de toda a Síria. Os viajantes geralmente
abrigavam-se sob essas árvores quando o sol se encontrava no auge de sua força.
Em sua impaciência, porém, Saulo não quis descansar.
Na sinagoga,
todos já tinham sido avisados de sua chegada. Quanto aos nazarenos, ainda se
lembravam da confusão que ele criara em Jerusalém, por isso tremiam com a ideia
de enfrentar novamente a perseguição. Isso significava que famílias seriam
separadas e reduzidas à pobreza, ou até mortas. Havia, porém, decidido
manter-se fiéis a CRISTO não importando as consequências.
O meio-dia
encontrou Saulo na periferia da cidade, apressando-se em direção a ela. As
estradas estavam desertas àquela hora. Até mesmo o gado havia procurado a
sombra dos arvoredos e aí se acomodara até que passasse o calor. Apesar de toda
aquela calmaria, Saulo não parara a fim de descansar. Os guardas do Templo que
o acompanhavam, embora surpresos, não ousavam fazer-lhe qualquer observação.
O pequeno grupo
aproximou-se do alto de um monte de onde se podia ver os prédios rebrilhando ao
sol. Segundo o poeta, Damasco era "um punhado de pérolas numa taça de
esmeralda".
Paulo, o maior
líder do cristianismo - Editora Hagnos
Capítulo 02 -
Um perseguidor implacável
O zelo sem
entendimento pode ser uma arma perigosíssima. Muitos crimes hediondos têm sido
praticados em nome de DEUS. Com Paulo, não foi diferente. Ele foi um
perseguidor implacável (Gl 1.13). Ele usou sua influência e força para esmagar
os discípulos de CRISTO. Perseguiu CRISTO (Atos 26.9), a religião de CRISTO
(Atos 22.4) e os seguidores de CRISTO (Atos 26.11).
Paulo foi o
mais severo perseguidor da igreja em seus albores. Olhando pelo retrovisor,
fazendo uma retrospectiva do seu passado, escreveu a Timóteo: “a mim, que,
noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente...” (1Tm 1.13). Ele
feria os cristãos com a língua e com os punhos. Fazia isso com arrogância
e soberba. Usava os instrumentos legais e a truculência física.
Paulo é visto
como perseguidor
Ressaltamos,
aqui, alguns pontos importantes:
Paulo via a si
mesmo como perseguidor. Ao escrever à igreja de Corinto, diz que se considerava
o menor dos apóstolos e até não era digno de ser chamado apóstolo, uma vez
que havia perseguido a igreja de DEUS (1Co 15.9). Escrevendo aos gálatas, testemunha:
“Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo,
como sobremaneira perseguia eu a igreja de DEUS e a devastava” (Gl 1.13).
Diante do povo de Jerusalém, confessou: “Persegui este Caminho até à
morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4).
Diante do rei Agripa, ele testemunhou: “Na verdade, a mim me parecia
que muitas cousas deviam eu praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno; e
assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais
sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o
meu voto, quando os matavam. Muitas vezes, os castiguei por todas
as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido
contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia” (Atos 26.9-11).
CRISTO o viu
como perseguidor. Quando Paulo, enfurecidamente, ia para Damasco com o
propósito de manietar e trazer amarrados os discípulos de CRISTO para Jerusalém
a fim de lançá-los na prisão, CRISTO apareceu-lhe, de maneira gloriosa, na
estrada de Damasco, perguntando-lhe: “... Saulo, Saulo, por que me
persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14).
Perseguir a igreja é perseguir CRISTO. Perseguir os membros do Corpo é
perseguir a Cabeça do Corpo. Perseguir a noiva é perseguir o Noivo. Paulo
não estava apenas se levantando contra homens, mas contra o próprio DEUS.
Aqueles que ferem os santos de DEUS tocam na menina dos olhos de DEUS.
O povo de
Damasco o viu como perseguidor. O zelo sem entendimento pode levar um homem a
fazer loucuras. Paulo atacou furiosamente os cristãos. Ananias, morador de
Damasco, disse ao Senhor acerca dele: “... Senhor, de muitos tenho ouvido
a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em
Jerusalém; e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes
para prender a todos os que invocam o teu nome” (Atos 9.13,14). O mesmo
aconteceu logo que começou a pregar em Damasco. A reação do povo foi
imediata: “Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é
este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de JESUS e para
aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais
sacerdotes?” (Atos 9.21).
Os discípulos
de Jerusalém o viram como perseguidor. Quando Paulo fugiu de Damasco e foi para
Jerusalém com a intenção de ser acolhido pelos discípulos, eles não acreditaram
nele. Pensaram que se tratava de mais um estratagema para perseguir os
cristãos. Lucas relata esse fato assim: “Tendo chegado a Jerusalém,
procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam,
não acreditando que ele fosse discípulo” (Atos 9.26).
Paulo é um
perseguidor cruel e resistente
Duas descrições
metafóricas ilustram a crueldade das perseguições de Paulo aos cristãos.
Primeiro, ele é
visto como uma fera selvagem. A igreja em Jerusalém foi duramente perseguida, e
muitos cristãos fugiram, pregando o evangelho (Atos 8.1-4). Alguns deles foram
para Damasco. E agora, Paulo, ainda respirando ameaças e morte contra os discípulos
do Senhor, dispõe-se a ir a Damasco para manietar, prender e arrastar
presos para Jerusalém aqueles que professavam o nome de CRISTO (Atos
9.1,2). Ele queria destruir os crentes em Jerusalém, por isso os caçava por
toda parte, para trazê-los de volta a Jerusalém e ali os exterminar.
Essa expressão
“respirando ameaças e morte” literalmente é a mesma para descrever uma fera
selvagem que furiosamente extermina o corpo de uma presa. Na linguagem dos
crentes de Damasco, Paulo era um exterminador (Atos 9.21). Paulo era um
monstro celerado, um carrasco impiedoso, um perseguidor truculento, um
tormento na vida dos cristãos primitivos.
A expressão
“respirando ainda ameaças e morte” era também uma alusão ao arfar e ao bufar
dos animais selvagens. Paulo parecia mais um animal selvagem do que um homem.
Em suas próprias palavras, ele estava “demasiadamente enfurecido” (Atos
26.11). Nada é mais perigoso do que o radicalismo religioso sem
entendimento. Muitas “guerras santas” já foram declaradas por causa dessa
atitude ensandecida. Milhares de pessoas já morreram em nome de DEUS para
sustentar essa causa inglória. Muito sangue já foi derramado para
satisfazer os caprichos desses religiosos dominados pelo zelo sem
entendimento.
A expressão
“respirando ameaças e morte” descreve também uma fera selvagem saltando sobre a
presa para devorá-la. Paulo era uma fera selvagem, uma ameaça concreta para
todos aqueles que confessavam o nome de JESUS. Não poupava homens
nem mulheres. Perseguiu a religião do Caminho até a morte (Atos 22.4).
Estava determinado a praticar muitas coisas contra o nome de JESUS, o
Nazareno (Atos 26.9). Ele estava determinado a banir da terra o cristianismo.
Não podia aceitar que um nazareno, crucificado como um criminoso, pudesse
ser o Messias prometido de DEUS. Não podia aceitar que os cristãos
anunciassem a ressurreição daquele que havia sido dependurado numa cruz.
Não podia crer que uma pessoa pregada na cruz e,
consequentemente, considerada pecadora e maldita pudesse ser o Salvador do
mundo.
Segundo ele é
visto como um touro bravo. O Senhor JESUS, mesmo sendo perseguido por Paulo,
não abriu mão de sua vida. A fúria de Paulo pelo nome de JESUS, o Nazareno, não
anulou o propósito eletivo de DEUS, que escolheu Paulo antes mesmo de ele
nascer e o separou para o ministério. Paulo mesmo testemunhou esse fato:
“Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua
graça, aprouve revelar seu Filho em mim...” (Gl 1.15,16). Um touro bravo é
amansado pelo aguilhão. O Senhor começou a ferroar sua consciência, ao mostrar
como aqueles discípulos presos, torturados e mortos morriam com
serenidade. O algoz estava furioso, mas as vítimas morriam cantando e
orando.
Quando Estêvão
foi apedrejado em Jerusalém, e se derramava o seu sangue, Paulo consentia em
sua morte e guardava as vestes daqueles que o apedrejavam (Atos 22.20). Paulo,
porém, recusava-se a ceder mesmo diante desses aguilhões. Como uma fera
selvagem, dirigiu-se a Damasco. Respirava ameaças e morte (Atos 9.1). Seu
prazer era matar em nome de DEUS aqueles que abraçavam a fé cristã. JESUS
então aparece-lhe em refulgente glória no caminho de Damasco, derruba-o ao chão
e lhe pergunta: “... Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é
recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). O boi bravo, enfim,
estava no chão, subjugado, manso, domado (Atos 9.3-5). Uma força maior do
que seu ódio entrou em seu peito. Uma luz maior do que seu zelo o dominou. Aquele
a quem ele perseguia com todas as forças da sua alma, agora conquista seu
coração. Quebrado e submisso, ele pergunta: “Quem és tu, Senhor?”. E o
Senhor responde: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues” (Atos 26.15).
Em primeiro
lugar, Paulo perseguia os cristãos usando o recurso da lei.
Paulo é um
perseguidor violento
A Bíblia faz
descrições dos variados métodos usados por Paulo para perseguir os discípulos
de CRISTO. Vamos analisar esses métodos.
Paulo usava sua
influência e seu trânsito no sinédrio para munir-se de cartas de autorização
dos principais sacerdotes a fim de encerrar em prisões e matar os cristãos
(Atos 26.10). Sua perseguição tinha um ar de legalidade e oficialidade.
Ele representava o braço repressor da lei religiosa. Ele lançava mão de
artifícios legais para impor aos discípulos de CRISTO as mais duras
sanções. É importante ressaltar que nem tudo o que é legal é moral. Nem
tudo que é lícito é conveniente. Nem tudo o que a lei permite deve
ser feito. Há muitos facínoras que se escondem atrás da lei para matar e
oprimir os inocentes. Há muitos espertalhões que, despudoradamente,
beneficiam-se das filigranas da lei para se abastecerem e oprimirem o
pobre. Há aqueles que fazem as leis, torcem-nas e as manipulam para alcançar
seus propósitos escusos e inconfessos.
Em segundo
lugar, Paulo perseguia os cristãos em seus redutos religiosos.
Paulo perseguia
e castigava os cristãos por todas as sinagogas em Jerusalém, bem como por
cidades estranhas (Atos 26.11). Sua área de jurisdição transcendia os
limites da Palestina. Suas cruzadas furiosas avançavam além dos limites de
Israel e chegavam até Damasco, na Síria (Atos 9.1,2). As sinagogas eram os
locais principais de reunião, onde os judeus se congregavam para estudar a
lei e orar. Ali também os cristãos se reuniam para adorar CRISTO e
cultuá-lo. O lugar de comunhão transformou-se num palco de opressão. O
abrigo da sinagoga tornou-se um corredor de perseguição. Paulo não respeitava
os recintos sagrados. Ele pensava com isso estar prestando um serviço a
DEUS.
Em terceiro
lugar, Paulo empregava a tortura psicológica.
A perseguição
impetrada por essa fera selvagem e por esse boi bravo não consistia apenas em
sanções legais contra os novos convertidos. Ele os castigava não apenas
fisicamente, mas também psicologicamente. Ele mesmo testemunha: “Muitas
vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar...”
(Atos 26.11). Ele era blasfemo (1Tm 1.13) e forçava os neófitos a
blasfemarem. Alguns crentes, novos na fé, com medo da morte, recuavam e
blasfemavam. Outros, porém, suportavam os açoites, as prisões e a morte,
permanecendo fiéis (Atos 26.10). A tortura psicológica é pior do que o castigo
físico. Os campos de concentração nazistas usaram esse artifício maldito e
levaram muitas pessoas à loucura. Ainda hoje, a tortura é um dos instrumentos
mais aviltantes e ignominiosos, usados para arrancar confissões e
declarações que incriminam as vítimas ou aqueles que se quer condenar.
Em quarto
lugar, Paulo empregava a tortura física.
Em sua carta
aos Coríntios, Paulo diz que perseguiu a igreja de DEUS (1Co 15.9). Aos crentes
da Galácia, seu relato é ainda mais contundente: “Porque ouvistes qual foi
o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu
a igreja de DEUS e a devastava” (Gl 1.13). Nessa perseguição, usou vários
métodos:
Ele caçava os
crentes por todas as partes. Paulo era um caçador implacável (Atos 9.2; 22.5;
26.9). Ele não se contentou apenas em perseguir os cristãos em Jerusalém;
caçava-os por todas as cidades estranhas. Agora, escoltado por uma
soldadesca do sinédrio, marcha para Damasco, capital da Síria, para
prender os cristãos e levá-los manietados para Jerusalém (Atos 9.2). Seu
propósito em prender os cristãos em Damasco era trazê-los para Jerusalém e
puni-los, exatamente no local onde eles afirmavam que JESUS havia
ressuscitado (Atos 22.5). Sua intenção não era apenas castigar os
cristãos, mas jogar uma pá de cal no cristianismo.
Seu ódio, na
verdade, não era propriamente contra os cristãos, mas contra CRISTO. Ele
testemunha ao rei Agripa: “Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas
deviam eu praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno” (Atos 26.9).
Escrevendo a seu filho Timóteo, Paulo testemunha: “a mim, que, noutro
tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente...” (1Tm 1.13).
Paulo, ao
perseguir a igreja, estava perseguindo o próprio CRISTO. Por isso, quando JESUS
aparece-lhe no caminho de Damasco, pergunta: “Saulo, Saulo, por que me
persegues?” (Atos 9.4). Ele então indaga: “Quem és tu, Senhor?”. E a resposta
foi: “Eu sou JESUS, o Nazareno, a quem tu persegues” (Atos 9.5).
Diante do
sinédrio, Paulo disse: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo
e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). O povo de Damasco,
ao ouvir a pregação de Paulo, logo depois da sua conversão, reafirma como
Paulo perseguiu de forma implacável os crentes: “... Não é este o que
exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de JESUS e para aqui veio
precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes?” (Atos
9.21).
Em quinto lugar
Ele manietava os crentes.
Ao entrar nas
sinagogas, Paulo não apenas dava ordem de prisão aos crentes, mas os amarrava e
os levava assim aos principais sacerdotes (Atos 9.21). Ele corrobora: “...
e ia para Damasco, no propósito de trazer manietados para Jerusalém os que
também lá estivessem, para serem punidos” (Atos 22.5).
Em sexto lugar
Ele encerrava os crentes em prisões.
O propósito de
Paulo em ir a Damasco era descobrir lá alguns crentes a fim de levá-los presos
para Jerusalém (Atos 9.2). Ele diz ao povo de Jerusalém: “Persegui este
Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos
22.4). Depois de sua conversão, quando DEUS o mandou sair de Jerusalém,
Paulo tentou argumentar com DEUS, dizendo: “... Senhor, eles bem sabem que
eu encerrava em prisão [...] os que criam em ti” (Atos 22.19).
Em sétimo lugar
Ele açoitava os crentes.
Paulo não
somente acorrentava e prendia os cristãos, mas também os castigava fisicamente
(Atos 22.5). Ele disse: “... Senhor, eles bem sabem que eu [...] açoitava os
que criam em ti” (Atos 22.19). Diante de Agripa, Paulo declara: “Muitas
vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar.
E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os
perseguia” (Atos 26.11). Paulo era um carrasco, um homem
truculento, selvagem, bárbaro, um monstro celerado em seu zelo ensandecido.
Em oitavo Ele
matava os crentes.
Paulo não
apenas caçava os crentes como uma fera selvagem caça a sua presa, como também
os devorava. Ele não apenas os acorrentava, prendia e açoitava, mas
também os matava. Ele devastava a igreja. Sempre que o sinédrio deliberava
sobre a morte dos crentes encerrados em prisão, Paulo dava seu voto para
que fossem mortos. Diz ele: “e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu
recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos
santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam”
(Atos 26.10). Diante da multidão amotinada de Jerusalém, Paulo
testemunhou: “Quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu
também estava presente, consentia nisso e até guardei as vestes dos que o
matavam” (Atos 22.20).
Atos 8
1 - E também
Saulo consentiu na morte dele [Estevão]. E fez-se, naquele dia, uma grande
perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos
pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos. 2 - E uns varões
piedosos foram enterrar Estevão e fizeram sobre ele grande pranto. 3 - E Saulo
assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os
encerrava na prisão.
))))))))))))))))))))))))))))))))
A Perseguição
Sofrida pela Igreja - Atos 8:1-3 - Comentário Bíblico - Matthew Henry
(Exaustivo) AT e NT
Nestes
versículos, temos:
I
Mais
informações sobre Estêvão e sua morte. Como as pessoas reagiram a estes
acontecimentos: de diferentes formas, como geralmente se dá em tais casos, de
acordo com os diferentes sentimentos que as pessoas têm das coisas. Quando
JESUS estava prestes a deixar os discípulos, ele lhes disse: Em verdade, em
verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará (Jo
16.20, versão RA). Em conformidade com isto, aqui está: 1. A morte de Estêvão
alegrou muitas pessoas, mas uma em particular: Saulo (v. 1), que mais tarde foi
chamado Paulo. Ele consentiu na morte de Estevão, syneudokon – ele consentiu
nisso com prazer (este é o significado da palavra). Ele ficou contente com
isso. Ele alimentou os olhos com este espetáculo sangrento na esperança de que
acabaria com o crescimento do cristianismo. Temos razões para deduzir que Paulo
ordenou que Lucas inserisse esta informação para sua vergonha e glória da graça
livre. Portanto, ele se confessa culpado do sangue de Estêvão e o agrava com o
dado de que ele não o fez com pesar e relutância, mas com prazer e muita
satisfação, como os que não somente as fazem, mas também aprovam os que assim
procedem (Rm 1.32, versão RA). 2. A morte de Estêvão é pranteada por uns varões
piedosos (v. 2). Alguns eruditos entendem que essa nomenclatura (varões
piedosos) se refere aos prosélitos, entre os quais o próprio Estêvão
provavelmente se encontrava. Ou, pode ser considerada em sentido mais amplo. Os
varões piedosos eram certos membros da igreja que eram mais devotos e zelosos
que os demais. Eles foram recolher o cadáver contundido e abatido de Estevão e
lhe deram um sepultamento decente, provavelmente no Campo de Sangue que há
pouco tempo fora comprado para a sepultura dos estrangeiros (Mt 27.7,8). Eles o
enterraram solenemente e fizeram sobre ele grande pranto. Embora sua morte lhe
fosse muito benéfica e de grande serventia para a igreja, eles o lamentaram
como perda geral. Ele era muito bem qualificado para o serviço e utilíssimo
tanto como diácono quanto como defensor da fé. Quando pessoas desse nível
morrem, é mau sintoma não lhe serem prestados os respeitos devidos. Esses
varões piedosos fizeram as últimas homenagens a Estêvão: (1) Para mostrar que
eles não tinham vergonha da causa pela qual Estêvão sofreu e que também não
estavam com medo dos que se opunham a essa causa. Embora os inimigos tivessem
triunfado, a causa é causa justa e, no fim, será vitoriosa. (2) Para mostrar o
grande valor e estima que acolhiam por Estêvão, fiel servo de JESUS CRISTO, o
primeiro mártir do evangelho, cuja memória para sempre lhes será preciosa,
apesar da infâmia da sua morte. Eles visam a honrar aquele a quem DEUS honrou.
(3) Para testemunhar a crença e esperança que eles tinham da ressurreição dos
mortos e da vida no mundo vindouro.
II
Um relato da
perseguição que a igreja sofreu a partir do martírio de Estêvão. Quando a fúria
dos judeus se desencadeou com tamanha violência e intensidade contra Estêvão,
ela não pôde ser rapidamente contida ou exaurida. As Escrituras dizem que os
sanguinários têm sede de sangue, porque quando provam sangue têm ainda mais
sede de sangue. O leitor pensaria que as orações e consolações de Estêvão na
hora da morte teriam comovido os perseguidores, levando-os a ter uma opinião
melhor dos cristãos e do cristianismo; mas isso não ocorreu. A perseguição
continuou, porque ficaram mais exasperados quando viram que não poderiam sair
vitoriosos. E, como se esperassem ser muito veementes em favor do próprio DEUS,
resolveram prosseguir com a perseguição. Talvez porque ninguém caiu morto por
apedrejar Estêvão, o coração tenha ficado mais firme para fazer o mal. Pode ser
também que os discípulos se animaram a debater com eles ao observarem o
testemunho de Estevão, no final da vida. São possibilidades que os incentivariam
a ser fiéis a DEUS nesta grande perseguição. Observe:
1. Contra quem
foi feita esta grande perseguição: contra a igreja que estava em Jerusalém (v.
1) que, no mesmo instante da sua implantação, foi perseguida, como JESUS
afirmou que surgiriam tribulação e perseguição por causa da palavra (Mt 13.21).
JESUS predissera especificamente que logo Jerusalém ficaria muito perigosa para
os seus seguidores, pois esta cidade era famosa por matar os profetas e
apedrejar os que lhe eram enviados (Mt 23.37). Pelo visto, nesta grande
perseguição, muitos foram mortos, pois Paulo reconhece que nessa época ele
perseguiu este Caminho até à morte (Atos 22.4) e, quando matavam os cristãos,
ele punha seu voto contra eles (Atos 26.10).
2. Quem foi
enérgico nesta grande perseguição. Ninguém foi tão zeloso, tão vigoroso, quanto
Saulo (v. 3), o jovem fariseu. Quanto a Saulo (já mencionado neste texto, e
agora, outra vez, como perseguidor notório), ele assolava a igreja. Ele fez de
tudo para prejudicá-la e arruiná-la. Ele não se importava com o dano que
causava aos discípulos de JESUS, e nem mesmo sabia quando parar. Seu objetivo
era não menos que extirpar de Israel o evangelho, para que não houvesse mais
memória do seu nome (Sl 83.4). Ele era a ferramenta mais adequada que os
principais dos sacerdotes poderiam ter para servir aos seus propósitos. Ele era
o informante-geral contra os discípulos, o mensageiro do grande conselho a ser
empregado para vasculhar as reuniões e prender todos que fossem suspeitos de
serem a favor do Caminho. Tendo estudado desde pequeno, Saulo era um erudito,
um cavalheiro, mas mesmo assim não pensou que fosse indigno ser empregado no
trabalho mais vil daquele tipo. (1) Saulo entrava pelas casas (v. 3), não tendo
dificuldade em arrombar portas, de noite ou de dia, pois com esta finalidade
era assistido por uma força policial. Ele entrava em toda casa onde os
discípulos de JESUS faziam reuniões, ou em toda casa onde houvesse algum
cristão, ou que ele pensasse haver. Ninguém estava seguro em sua própria casa,
ainda que fosse um castelo. (2) Saulo puxava à força, com o maior desprezo e
crueldade, homens e mulheres (v. 3), arrastando-os pelas ruas, sem a mínima
consideração pelo sexo mais fraco. Ele se rebaixou ao ponto de tomar
conhecimento do mais insignificante que se corrompera com o evangelho; e isso
de tão extremamente fanático que era. (3) Saulo [...] os encerrava na prisão
(v. 3) para serem julgados e mortos a menos que renunciassem a JESUS. Alguns
talvez tenham sido forçados por ele a blasfemar (Atos 26.11).
3. Qual foi o
efeito desta grande perseguição: Todos foram dispersos (v. 1), não todos os
crentes, mas todos os pregadores, que foram mais visados e contra quem foram
emitidos mandados de prisão para prendê-los. Eles, lembrando-se da regra de
nosso Mestre (quando, pois, vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra, Mt
10.23), se dispersaram por comum acordo pelas terras da Judéia e da Samaria.
Não tanto por medo dos sofrimentos (pois Judéia e Samaria não ficavam muito
longe de Jerusalém, mas se eles aparecessem publicamente nesta cidade, como
estavam determinados a fazer, as tropas policiais dos perseguidores logo os
localizariam), mas porque entenderam que essa grande perseguição era indicação
da Providência para que eles se espalhassem. Eles fizeram um trabalho muito bom
em Jerusalém, e agora estava na hora de pensar nas necessidades de outros
lugares. O Mestre lhes dissera que seriam suas testemunhas primeiramente em
Jerusalém, e depois em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (Atos
1.8). Eles observaram este método. A perseguição não nos afasta de nosso
trabalho, mas pode ser sugestão da Providência para trabalharmos em outro
lugar. Todos os pregadores foram espalhados, exceto os apóstolos, que,
provavelmente, foram dirigidos pelo ESPÍRITO a permanecer em Jerusalém por mais
algum tempo. Os apóstolos foram, pela providência especial de DEUS, escondidos
da tempestade, e, pela graça especial de DEUS, foram capacitados a enfrentar a
tempestade. Eles permaneceram em Jerusalém para que estivessem preparados para
ir aonde sua ajuda fosse necessária, pois os outros pregadores foram enviados
para abrir caminho. JESUS ordenou que os discípulos fossem para os lugares onde
Ele planejava ir (Lc 10.1). Os apóstolos continuaram muito mais tempo juntos em
Jerusalém do que se imagina, tendo em vista a ordem e a comissão que receberam
de ir por todo o mundo e fazer discípulos de todas as nações (Mc 16.15; Mt
18.19, versão RA; veja Atos 15.6; Gl 1.17). Mas o que foi feito pelos
evangelistas que eles enviaram foi considerado como se tivesse sido feito por
eles.
Comentário -
NVI (F.F.Bruce)
PERSEGUIÇÃO E
EXPANSÃO (8.1— 3)
1) O segundo
estágio do testemunho cristão (8.1b-25)
Os evangelistas
anônimos (8.1b-4).
Jerusalém havia
sido intensamente evangelizada sob a proteção do Nome, mas a Palestina estava
para ouvir a palavra pelos lábios daqueles que foram espalhados por toda
essa região em virtude da cruel perseguição que assolava Jerusalém.
Assim, “DEUS é fiel e se cumpre” de muitas maneiras e realiza
seus propósitos por meio da ira dos homens. Atingimos o segundo estágio do
programa de 1.8: “toda a Judéia e Samaria”.
E impossível
destacar demais a importância do testemunho individual na difusão do evangelho.
Filipe é mencionado posteriormente como mensageiro de DEUS a Samaria, mas
os que haviam sido dispersos pregavam a palavra por onde quer que fossem
(v. 4). Centenas de evangelistas anônimos estavam pregando o evangelho a
milhares de almas, e a mensagem se tornou conhecida em toda a região.
Quando a pregação da palavra é “profissionalizada”, perde-se uma grande
parte da vitalidade do testemunho cristão.
Uma perseguição
severa (8.1b-4). A perseguição, provavelmente, afetou os
cristãos helenistas muito mais do que os discípulos de fala aramaica,
fiéis a todos os “costumes”. Os apóstolos eram respeitados, provavelmente
porque parte da sua aura de popularidade como realizadores de milagres
ainda persistia. A forte declaração Todos [...] foram dispersos (v. lb)
seria, provavelmente, modificada se pudéssemos ver a imagem na mente do
autor. Os Doze, dificilmente, teriam permanecido se não tivesse havido rebanho
para ser cuidado, e encontramos muitos cristãos hebreus em Jerusalém mais
tarde.
Saulo [...]
devastava a igreja (v. 3) com a energia cruel de um exército destruidor.
Os detalhes de 8.1,3 deveriam ser suplementados pelas afirmações futuras
de Paulo que revelaram um incômodo na consciência que o seu serviço
posterior nunca silenciou completamente: 22.4; 26.9-11; 1Co 15.9; G1
1.13; Ef 3.8; 1Tm 1.13.
Os homens
piedosos (v. 2) que sepultaram o corpo de Estêvão eram, provavelmente, judeus
piedosos que sabiam apreciar o poder da vida e do testemunho do mártir.
Atos 22
4 - Persegui
este Caminho até a morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como
mulheres, 5 - como também o sumo sacerdote me é testemunha, e todo o conselho
dos anciãos; e, recebendo destes cartas para os irmãos, fui a Damasco, para
trazer manietados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que
fossem castigados.
A Primeira
Defesa de Paulo - Atos 22:3-5 - Comentário Bíblico - Matthew Henry
(Exaustivo) AT e NT
Paulo aqui faz
um discurso tão bom que não só poderia servir para convencer o tribuno de que
ele não era aquele egípcio que o tribuno pensou que ele fosse, mas também os
judeus de que ele não era aquele inimigo de sua igreja e nação, de sua lei e
templo, que eles pensavam que ele fosse, e que o que ele fez ao pregar CRISTO,
e particularmente ao pregar aos gentios, ele o fez por uma comissão divina. Ele
aqui os faz entender:
I
Quais eram sua
ascendência e formação.
1. Ele era da
própria nação deles, da linhagem de Israel, da semente de Abraão, um hebreu de
hebreus, não de alguma família obscura, ou um renegado de alguma outra nação:
“Não, quanto a mim, sou varão judeu, aner Ioudaios – um homem judeu; eu sou um
homem, e, portanto, não devo ser tratado como um animal; um homem que é judeu,
não um bárbaro; eu sou um amigo sincero de vossa nação, porque eu pertenço a
ela, e macularia meu próprio ninho se eu o defraudasse, se eu depreciasse
injustamente a honra de vossa lei e de vosso templo.”
2. Ele nasceu
em um lugar respeitável, em Tarso, da Cilícia, e era por seu nascimento um
homem livre daquela cidade. Ele não nasceu em servidão, como alguns dos judeus
da dispersão provavelmente tinham nascido; mas ele tinha nascido como um
cavalheiro, e talvez pudesse mostrar o certificado de sua liberdade naquela
antiga e honrosa cidade. Isso, na verdade, era apenas uma questão pequena para
fazer alarde, e, no entanto, foi necessário que se mencionasse nessa ocasião
para aqueles que o trataram com insolência, como se ele devesse ser
classificado com os filhos de loucos, sim, com os filhos de gente sem nome (Jó
30.8).
3. Ele teve uma
educação culta e liberal. Ele não era somente um judeu, e um cavalheiro, mas um
erudito. Ele foi criado em Jerusalém, a sede principal da instrução judaica, e
aos pés de Gamaliel, que todos sabiam ser um eminente doutor da lei judaica, da
qual o próprio Paulo era destinado a ser um mestre; e, portanto, ele não
poderia ser ignorante da lei, nem se poderia imaginar que a depreciasse por não
a conhecer. Seus pais haviam-no levado muito jovem para essa cidade, querendo
que ele se tornasse fariseu; e alguns pensam que o fato de ter sido criado aos
pés de Gamaliel mostra não somente que ele era um de seus discípulos, mas que
ele era, mais que qualquer outro, diligente e frequentador de suas palestras,
observador e obsequioso para com ele, em tudo que ele dizia, como Maria, a
qual, assentando-se também aos pés de JESUS, ouvia a sua palavra.
4. Ele foi no
início de sua carreira um zeloso e eminente professor da religião dos judeus;
seus estudos e ensino eram todos direcionados nesse sentido. Ele estava tão
longe de ser iniciado em sua juventude em qualquer desafeto com relação aos
costumes religiosos dos judeus que não havia nenhum jovem entre eles que
tivesse uma veneração maior e mais completa por esses costumes do que ele, que
fosse mais rigoroso em observá-los por si mesmo, ou mais impetuoso em forçá-los
aos outros.
(1) Ele era um
professor inteligente de sua religião, e possuía uma mente esclarecida. Ele
estava atento às suas ocupações aos pés de Gamaliel e era ali instruído
conforme a verdade da lei de nossos pais. Os desvios que ele teve de fazer da
lei não foram devidos a quaisquer noções confusas ou equivocadas dela, pois ele
a entendia a fundo, kata akribeian – de acordo com o método mais preciso e
exato. Ele não foi treinado nos princípios dos latitudinários, não tinha nada
de saduceu, mas era daquela seita que era mais aplicada à lei, mantinha-se mais
perto dela, e, para torná-la mais estrita do que era, acrescentava-lhe as
tradições dos anciãos, a lei dos pais, a lei que lhes foi dada, e que eles
deram a seus filhos, e assim foi passada a nós. Paulo tinha tanta consideração
pela Antiguidade, a tradição e a autoridade da igreja judaica quanto qualquer
um deles; e jamais houve um judeu dentre eles que entendesse sua religião
melhor do que Paulo, ou que pudesse melhor explicá-la ou fundamentá-la.
(2) Ele era um
professor ativo de sua religião, e tinha um coração fervoroso: Eu fui zeloso
para com DEUS, como todos vós hoje sois. Muitos que são bastante informados na
teoria da religião preferem deixar a sua prática para outros, mas Paulo era
tanto um entusiasta quanto um rabi. Ele era zeloso contra tudo que a lei
proibia, e a favor de tudo que a lei ordenava; e isso era zelo para com DEUS,
porque ele pensava que era para a honra de DEUS e a serviço de seus interesses;
e aqui ele elogia seus ouvintes com uma opinião franca e caridosa sobre eles,
de que todos eles foram nesse dia zelosos para com DEUS; ele dá testemunho
deles (Rm 10.2) de que eles têm zelo por DEUS, mas não com entendimento. Ao
odiá-lo e expulsá-lo, eles disseram: Que o Senhor seja glorificado (Is 66.5),
e, embora isso não justifique de modo algum a fúria deles, ainda assim,
capacitou aqueles que oraram: Pai perdoa-lhes, a alegar, como fez CRISTO:
Porque eles não sabem o que fazem. E quando Paulo confessa que tinha sido
zeloso por DEUS na lei de Moisés, como vós hoje sois, ele declara sua esperança
de que eles possam ser zelosos por DEUS, em CRISTO, como ele era agora.
II
Que perseguidor
impetuoso e furioso ele tinha sido da religião cristã no início de sua carreira
(vv. 4,5).
Ele menciona
isso para fazer com que pareça tanto mais claro e evidente que a mudança
operada nele, quando ele foi convertido à fé cristã, era puramente o efeito do
poder divino; pois ele estava tão longe de ter quaisquer inclinações prévias a
ela, ou opiniões favoráveis a ela, que imediatamente antes que essa mudança
repentina ocorresse, ele tinha a mais extrema antipatia imaginável ao
cristianismo, e estava cheio de raiva contra ele ao último grau. E talvez ele
mencione isso para justificar DEUS em sua presente dificuldade; por mais
injustos que fossem aqueles que o perseguiam, DEUS era justo, que os permitia
fazer isso, pois houve um tempo em que ele tinha sido um perseguidor; e ele
pode ter uma visão mais profunda disso para convidar e encorajar aquelas
pessoas a se arrependerem, porque ele mesmo tinha sido um blasfemador e um
perseguidor, e ainda assim obteve misericórdia. Vejamos o quadro que Paulo
pinta de si mesmo quando ele era um perseguidor. 1. Ele odiava o cristianismo
com inimizade mortal: eu persegui esse Caminho até a morte, isto é: “Eu tinha
por objetivo, se possível, levar à morte aqueles que andavam nesse caminho.”
Ele respirava ameaças contra eles (Atos 9.1). Quando eles eram entregues à
morte, ele dava seu voto contra eles (Atos 26.10). Mais ainda, ele perseguia
não somente aqueles que andavam nesse caminho, mas o próprio caminho, o
cristianismo, que era estigmatizado como um desvio, uma seita; ele queria
persegui-lo até à morte, ser a ruína dessa religião. Ele o perseguiu até à
morte, isto é, ele poderia entregar-se a si mesmo para morrer em sua oposição
ao cristianismo, como alguns o entendem. Ele teria perdido sua vida com prazer,
e ainda teria pensado estar fazendo a coisa certa, em defesa das leis e
tradições dos pais. 2. Ele fez tudo que podia para espantar o povo desse
movimento, e para fora dele, prendendo e metendo em prisão tanto homens como
mulheres; ele encheu as cadeias de cristãos. Agora que ele mesmo se encontrava
preso, ele salienta de maneira particular essa parte de sua acusação contra si,
de que ele tinha atado os cristãos e os levado à prisão; ele igualmente reflete
sobre isso com tristeza especial por ter aprisionado não somente os homens, mas
as mulheres, o sexo mais frágil, que deveriam ser tratadas com especial ternura
e compaixão. 3. Ele foi empregado pelo grande sinédrio, o sumo sacerdote, e
todo o conselho dos anciãos, como um agente para suprimir essa nova seita; tudo
isso ele já tinha registrado como sinal de seu zelo contra a seita (v. 5). O
sumo sacerdote pode testemunhar que ele estava pronto para ser empregado em
qualquer serviço contra os cristãos. Quando eles ouviram que muitos dos judeus
em Damasco tinham abraçado a fé cristã, para impedir outros de fazer o mesmo
eles resolveram proceder contra eles com a mais extrema severidade, e não
podiam pensar em uma pessoa mais adequada para ser empregada nessa tarefa, nem
alguém com mais probabilidade de executá-la do que Paulo. Por isso, eles o
enviaram, e as cartas levadas por ele, aos judeus em Damasco, aqui chamados os
irmãos, porque todos eles descendiam de um mesmo tronco comum, e eram de uma
família também na religião, ordenando a eles que auxiliassem a Paulo na captura
dos que entre eles tinham se tornado cristãos e em levá-los como prisioneiros a
Jerusalém, para serem punidos como desertores da fé e do culto do DEUS de
Israel; e dessa maneira pudessem ser compelidos a se retratar, ou ser entregues
à morte para terror dos demais. Desse modo, Saulo assolava a igreja, e, se ele
tivesse continuado mais um pouco, estava na direção de arruiná-la e extirpá-la.
“É assim”, diz Paulo, “que eu fui no início, exatamente como vocês são agora,
eu conheço o coração de um perseguidor, e por isso tenho pena de vocês, e oro
para que vocês possam conhecer o coração de um convertido, como DEUS logo me
fez conhecer. E quem era, então, eu para que pudesse resistir a DEUS?”
III
De que maneira
ele foi convertido, e se tornou o que ele era agora. Não foi por quaisquer
causas naturais ou externas; ele não mudou sua religião por gostar de novidade,
pois ele era então tão bem afeito à Antiguidade como sempre tinha sido; nem foi
isso resultado de descontentamento porque estava desapontado com seu cargo,
pois ele estava na ocasião, mais do que nunca, no caminho da promoção na igreja
judaica; muito menos poderia ser resultado da cobiça ou ambição, ou qualquer
esperança de melhorar de vida no mundo ao tornar-se cristão, pois ia se expor a
todo tipo de desgraça e dificuldade; nem teve ele qualquer conversa com os
apóstolos ou quaisquer outros cristãos, por cuja sutileza ou sofisma ele
pudesse ter sido convencido para essa mudança. Não, isso foi obra do Senhor, e
as circunstâncias de sua obra foram suficientes para justificá-lo na mudança, a
todos aqueles que crêem que há um poder sobrenatural; e ninguém pode condená-lo
por isso, sem refletir sobre aquela força divina pela qual ele foi dominado
nisso. E ele relata aqui a história de sua conversão em detalhes, como nós já
lemos (Atos 9), tentando mostrar que ela foi puramente uma obra de DEUS.
Comentário -
NVI (F.F.Bruce)
A história de
Paulo como líder judaico (v. 3-5). A geração mais nova de judeus da
Palestina sabia
pouco ou nada de Saulo de Tarso, embora Paulo pudesse apelar à memória do sumo
sacerdote ou do Sinédrio (v. 5). Há uma óbvia conveniência no fato
de ele destacar a sua antiga identificação completa com o judaísmo zeloso
e fanático, sua educação aos pés de Gamaliel e sua liderança na
perseguição aos do Caminho cristão. Ninguém poderia entender melhor do que ele
as paixões religiosas agora suscitadas em oposição a ele e sua mensagem.
Atos 26
9 - Bem tinha
eu imaginado que contra o nome de JESUS, o Nazareno, devia eu praticar muitos
atos, 10 - o que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido poder dos
principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os
matavam, eu dava o meu voto contra eles. 11 - E, castigando-os muitas vezes por
todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente
contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.
Atos
26:9-11 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
(1) Quão tolo
ele era em sua opinião (v. 9): Ele pensava consigo mesmo que contra o nome de
JESUS, o Nazareno, devia praticar muitos atos, tudo que estava em seu poder,
contrário à sua doutrina, sua honra e seu interesse. Esse nome não fez nenhum
mal, contudo, porque ele não concordava com a noção que ele tinha do reino do
Messias, ele estava pronto para fazer tudo que pudesse contra esse nome. Ele
pensava prestar um bom serviço a DEUS ao perseguir aqueles que invocavam o nome
de JESUS CRISTO. Note: É possível que os que estão evidentemente no caminho
errado estejam confiantes de que estão no caminho certo; e que os que estão
voluntariosamente persistindo no maior dos pecados pensem que estão fazendo o
seu dever. Aqueles que odiavam seus irmãos e os expulsavam, diziam: O Senhor
seja glorificado (Is 66.5). Sob o disfarce e pretexto de religião, as vilanias
mais bárbaras e desumanas têm sido não apenas justificadas, mas santificadas e
exaltadas (Jo 16.2).
(2) Com que
fúria ele agia (vv. 10,11). Não há um princípio mais violento no mundo do que a
consciência mal-informada. Quando Paulo considerava ser seu dever fazer tudo
que pudesse contra o nome de CRISTO, ele não poupava esforços nem custo nessa
tarefa. Ele dá um relato do que fez nesse sentido, e o agrava como algo pelo
qual estava verdadeiramente arrependido: fui blasfemo, e perseguidor (1 Tm
1.13).
[1] Ele encheu
as celas com cristãos, como se eles fossem os piores criminosos, cogitando por
esse meio não somente aterrorizá-los, mas torná-los odiosos ao povo. Ele era o
diabo que lançava alguns deles na prisão (Ap 2.10), os levava sob custódia,
para que fossem processados. Encerrei muitos dos santos nas prisões (v. 10),
tanto homens como mulheres (Atos 8.3).
[2] Ele
tornou-se o agente dos principais sacerdotes. Deles recebeu poder, como um
oficial inferior, para pôr suas leis em execução, e orgulhava-se muito de que
era um homem com autoridade para esse propósito.
[3] Ele era
muito solícito para se manifestar, mesmo que não solicitado, a favor da entrega
dos cristãos à morte, particularmente Estêvão, em cuja morte Saulo consentiu
(Atos 8.1), e assim tornou-se particeps criminis – cúmplice no crime. Talvez
ele tenha, por seu grande zelo, embora jovem, se tornado um membro do sinédrio,
e ali votado pela condenação dos cristãos à morte; ou, depois que eles eram
condenados, ele justificava o fato, e o celebrava, tornando-se assim culpado ex
post facto – depois de cometido o ato, como se ele tivesse sido um juiz ou
jurado.
[4] Ele os
punia com castigos de uma natureza inferior, nas sinagogas, onde eles eram
castigados como transgressores das regras da sinagoga. Ele teve participação no
castigo de muitos; mais ainda, parece que as mesmas pessoas eram por seus meios
castigadas muitas vezes, como ele mesmo foi cinco vezes (2 Co 11.24).
[5] Ele não
somente os punia pela religião deles, mas, orgulhando-se de triunfar sobre a
consciência das pessoas, ele as forçava a abjurar de sua religião,
entregando-as à tortura: “Os obriguei a blasfemar contra CRISTO, e a dizer que
Ele era um enganador e que eles haviam sido enganados por Ele – compelia-os a
negar seu Mestre, e a renunciar a suas obrigações para com Ele”. Nada será mais
pesado sobre os acusadores do que forçar a consciência dos homens, por mais que
eles possam agora triunfar pelos prosélitos que eles fizeram pela violência.
[6] Sua fúria
cresceu tanto contra os cristãos e o cristianismo que a própria Jerusalém se
tornou um palco muito estreito para ele agir, e assim, ele declara: E,
enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.
Ele estava furioso contra eles, para ver o quanto eles tinham a dizer a favor
de si mesmos, não obstante tudo que ele fazia contra eles, enfurecido por
vê-los se multiplicar ainda mais por serem afligidos. Ele estava enfurecido
demasiadamente; e o rio de sua fúria não admitiria nenhuma margem, nenhum
limite, contudo ele era um terror tão grande para si mesmo como era para eles,
tamanho era seu tormento dentro de si mesmo pelo fato de não poder vencer, como
era grande também sua indignação contra eles. Perseguidores são homens
enfurecidos, e alguns deles demasiadamente enfurecidos. Paulo estava irritado
por ver que aqueles em outras cidades não eram tão violentos contra os
cristãos, e por isso se ocupou onde ele não tinha obrigações, e perseguiu os
cristãos até mesmo em cidades estrangeiras. Não há um princípio mais incansável
do que fazer o mal, especialmente aquele que aparenta consciência.
Esse era o
caráter de Paulo, e essa a sua maneira de viver no início de sua carreira; e
por isso não se poderia presumir que ele fosse cristão por educação ou costume,
ou que tivesse sido atraído pela esperança de promoção, porque todas as
objeções exteriores imagináveis estavam contra ele ser cristão.
Comentário -
NVI (F.F.Bruce)
Saulo, o
perseguidor (v. 9-11). Paulo volta à sua história e mostra que não
somente era fariseu, mas o grande líder da primeira perseguição geral
da igreja em Jerusalém.
Podemos
observar os detalhes vívidos daquele período trágico e da sua fúria contra
eles, os cristãos. E difícil entender a relutância de alguns estudiosos em
admitir que a afirmação e quando eles eram condenados à morte eu dava
o meu voto contra eles signifique que Saulo, apesar de muito jovem, era
membro do Sinédrio, pois cortes inferiores não podiam sentenciar a pena de
morte.
BEP - CPAD
8.1 UMA GRANDE
PERSEGUIÇÃO. Parece que Saulo foi o líder da primeira perseguição em grande
escala contra a igreja (vv. 1-3; 9.1), perseguição essa intensa e severa.
Homens e mulheres eram encerrados na prisão (v. 3) e açoitados (22.19), e
muitos foram mortos (22.20; 26.10,11). DEUS, porém, transformou essa
perseguição em início da grande obra missionária da igreja (v. 4).
8.5-24 DESCENDO
FILIPE À ... SAMARIA. Note a sequência de eventos nesse registro do
derramamento do ESPÍRITO SANTO nos crentes samaritanos.
(1) Filipe
pregou o evangelho do reino, e DEUS confirmou a Palavra com sinais e prodígios
(vv. 5-7).
(2) Muitos
samaritanos receberam a Palavra de DEUS (v. 14), creram em JESUS (v. 12), foram
curados e libertos de espíritos imundos (v. 7), e batizados nas águas (vv.
12,13). Assim, experimentaram a salvação, a obra regeneradora do ESPÍRITO SANTO
e o poder do reino de DEUS (ver v. 12).
(3) O ESPÍRITO
SANTO, porém, não tinha descido sobre nenhum deles depois da sua conversão a
CRISTO e batismo em água (v. 16).
(4) Alguns dias
depois da conversão dos samaritanos, Pedro e João chegaram a Samaria e oraram
para os novos crentes receberem o ESPÍRITO SANTO (vv. 14,15). Houve um definido
intervalo entre a conversão deles e o recebimento do batismo no ESPÍRITO SANTO
(vv. 16,17; cf. 2.4). Este caso dos samaritanos segue o padrão da experiência
idêntica dos discípulos no dia de Pentecoste.
(5) Sem dúvida
houve manifestação externa neste caso de recebimento do ESPÍRITO SANTO, a
saber: línguas e profecia (ver v. 18)
8.6 OS SINAIS
QUE ELE FAZIA. A promessa de CRISTO no sentido de operar sinais e milagres para
confirmar a pregação da Palavra não se limitava aos apóstolos (Mc 16.15-18).
Ele prometeu que os convertidos por seus discípulos (os que crerem na palavra
deles) operarão milagres em nome de JESUS, tais como expulsar demônios (Mc
16.17) e curar os enfermos (Mc 16.18). Foi exatamente o que Filipe fez (vv.
6,7)
Atos -
Introdução e Comentário - I. Howard Marshall - Série Cultura Bíblica - edições
1985,1988, 1991, 1999 e 2001 - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova - SP
Estêvão se
entregou ao JESUS a quem vira na visão. É um exemplo marcante de uma fórmula de
palavras aplicáveis originalmente ao Pai, sendo endereçadas ao Filho, e
demonstra como os cristãos primitivos colocavam JESUS no mesm9 nível que o Pai.
Depois, Estêvão orou, pedindo perdão por seus algozes, ecoando, mais uma vez,
as palavras de JESUS (Lc 23:34), suas palavras se contrastam, de modo marcante,
com a sua atitude de denúncia no discurso, e ilustram como o cristão, embora
denunciasse o pecado e a desobediência a DEUS a fim de levar ao arrependimento
os seus ouvintes, deve ter por eles preocupação pastoral, e orar no senti40 de
serem eles perdoados. Dizendo assim, adormeceu (cf. 1 Ts 4:14-15), o primeiro
cristão a morrer por amor a JESUS.
Ainda assim,
pelo menos um homem ficou sem comover-se, e não ficou triste ao vê-lo morrer.
Não fica claro neste ponto se Saulo era membro do Sinédrio, mas 26:10 é mais
bem interpretado neste sentido. Não seria tarefa fácil converter semelhante
homem; Lucas está dando uma indicação prévia do caráter extraordinário da
transformação subsequente de Saulo.
e. A sequela à
morte de Estêvão (8:1b-3).
Este breve
parágrafo termina. a história de Estêvão ao mencionar o seu enterro, mas,
sobretudo, prepara o caminho para o desenvolvimento da narrativa ao indicar
como a morte de Estêvão levou à dispersão dos cristãos e à consequente
divulgação do evangelho "(8:4-40; 11 :19-30); e, também, ao sublinhar o
nome de Saulo, o perseguidor da igreja, prepara os leitores para a maravilha de
sua reviravolta (9 :1-31). As várias lições vinculam-se de modo não muito
estreito: os eventos no v. 2 provavelmente antecederam os do v. 1', e o v. 3 é
realmente uma expansão do v. 1, talvez deliberadamente retido para fazer forte
contraste com o v. 2.
lb. O ataque
bem-sucedido contra Estêvão ficou sendo o sinal para um ataque em escala maior
como da igreja em Jerusalém, sem dúvida instigado pelo mesmo grupo que atacara
àquele. Esta é a primeira ocorrência da palavra perseguição em Atos
(excetuando-se o emprego do verbo em 7 :52). Conforme seu emprego aqui,
significa oprimir alguém a fim de persuadi-lo ou forçá-lo a rejeitar a sua
religião, ou simplesmente atacar alguém por motivos religiosos. Os cristãos
mantiveram a sua fé e preservaram a sua vida ao fugirem para lugares onde os
perseguidores não se dariam o trabalho de alcançar. Bastou-lhes fugir para a
zona campestre da Judéia e da Samaria a fim de escaparem às opressões. É de
significância que alguns cristãos se dispuseram a permanecer na Samaria e que
ali não passaram por perseguições. Pode-se supor que a oposição em Jerusalém
adviesse principalmente dos opositores de Estêvão e que se dirigisse
principalmente contra os associados dele dentro da igreja. Supõe-se que os
apóstolos fossem deixados em paz; o fato de poderem continuar em Jerusalém (sem
dúvida em companhia dalguns outros cristãos) confirma a ideia que fora mormente
o grupo de Estêvão que estava sendo perseguido.
2. A despeito
do perigo que havia nisto (e é esta a razão de colocar o v. 2 depois do v. 1),
havia homens piedosos na igreja que estavam dispostos a dar a Estêvão um
sepultamento apropriado. Era normal sepultar criminosos executados, mas a
codificação posterior da lei feita pelos judeus proibiu o pranto público por
eles; se esta proibição estava em vigor durante o século I, os pranteadores
estavam, na realidade, fazendo um protesto público contra a execução de
Estêvão, e assim se exporiam a riscos consideráveis. A palavra piedoso se
emprega noutros lugares para judeus piedosos (2:5; Lc 2:25), mas mais tarde se
emprega para descrever Ananias, reconhecidamente como "piedoso conforme a
lei" (22:12), embora fosse um cristão. Pode-se supor que aqui há alusão a
cristãos.
3. Tipo
diferente de zelo religioso foi aquele demonstrado por Sau10 que assumiu um
papel de liderança na perseguição da igreja. Ia de casa em casa entre os
cristãos e os arrastou para o cárcere, nem sequer poupando as mulheres. A
atividade de Saulo é plenamente confirmada em termos gerais pelo seu próprio
testemunho insuspeito (1" Co 159; Gl 1 :13, 22-23, Fp 3:6; 1 Tm 1:13).83
Sem dúvida, as autoridades romanas eram coniventes com o que acontecia; de
qualquer forma, não é necessário que o ataque tenha durado muito tempo
(períodos longos de perseguição tendem a ser raros), e é possível que muitos
cristãos tivessem voltado quietamente a Jerusalém uma vez arrefecido o primeiro
calor dos ataques.
f. O evangelho
avança até Samaria (8:4-25).
A dispersão dos
cristãos levou ao mais significativo avanço na missão.
8.2 As
descobertas arqueológicas em Giv'at ha-Mivtar demonstraram este fato; ver
NIDNTI, I, pág. 393; (em port., vol. I, art. Cruz, CL).
8.3 À luz
destas claras referências nos seus próprios escritos a atividade que somente
podem ter sido realizadas em Jerusalém e nos seus arrabaldes, a declaração de
Paulo em GI 1 :22 de que "não era conhecido de vista das igrejas da
Judéia, que estavam em CRISTO" cerca de três anos após a sua conversão,
não pode significar que estas últimas nunca o viram da igreja. Pode-se dizer
que ficou sendo necessária a perseguição para levá10s a cumprir o mandamento
implícito em 1 :8. Na medida em que os cristãos avançavam para novas áreas,
descobriram que havia uma resposta imediata ao evangelho, conforme exemplifica
a resposta dada pelo povo da Samaria. A pregação de Filipe foi acompanhada
pelos mesmos tipos de sinais que já tinham sido vistos no ministério de JESUS e
dos apóstolos, e havia uma reposta poderosa à chamada ao batismo. Esta resposta
era tanto mais notável porque as pessoas às quais Filipe pregava já tinham
estado sob o fascínio de um charlatão religioso de nome Simão. A missão
bem-sucedida levou a uma visita por Pedro e João que descobriram que os
convertidos não tinham recebido o ESPÍRITO e que impuseram sobre eles as mãos a
fim de que O recebessem. Até mesmo Simão quis obter alguma coisa - não
meramente o dom do ESPÍRITO, mas, sim, o dom de outorgar aos outros o dom do
ESPÍRITO; foi, porém, necessário adverti-lo fortemente contra a atitude
pecaminosa e sem arrependimento que revelou no modo de fazer este pedido.
A história é
significativa de dois modos. Em primeiro lugar, registra o recebimento do
evangelho pelos samaritanos, um povo ao qual os judeus odiavam intensamente e
consideravam como sendo herético; o sentimento de hostilidade, porém, era
mútuo. Embora possamos ser tentados a ver na missão à Samaria a primeira
tentativa da igreja rio sentido de evangelizar aos gentios, esta seria uma
interpretação errônea. Para os judeus, os samaritanos não eram gentios, mas,
sim, cismáticos; parte das "ovelhas perdidas da casa de Israel"
(Jervell, págs. 113-132). Para Lucas, eram pessoas que observavam a lei e que
demonstravam mais piedade do que muitos judeus (Lc 10:33-,37; 17:11-19), embora
também pudessem mostrar hostilidade aos discípulos de JESUS (Le 9:52-56). Por
detrás da narrativa, portanto, podemos muito bem perceber que a hostilidade
entre os judeus e os samaritanos foi vencida pela fé que os dois grupos tinham
em JESUS CRISTO, e é neste sentido que se pode encarar esta história como um
passo na direção da solução do problema maior de reunir os judeus e os gentios.
Se for correta esta ideia, talvez ofereça a chave ao problema inegável
apresentado pelo fato de que os crentes samaritanos n[o receberam o ESPÍRITO
até que os apóstolos impusessem sobre eles as mãos. Destarte, foram levados à
comunhão com a igreja inteira, e n[o meramente com a seção helenística dela.
Esta explicação é preferível ao ponto de vista de que os samaritanos n[o
corresponderam plenamente à pregação do evangelho. Outros pontos de vista,
como, por exemplo, aquele que declara que o ESPÍRITO n[o poderia ser recebido
sendo pela imposição das mãos apostólicas, são contrários à tendência geral do
quadro que Lucas nos dá em Atos (cf. 9 :17).
Em segundo
lugar, a história dá destaque a Simão, o mago, que mais tarde ficou sendo de má
fama corno herege gnóstico. Há grande incerteza quanto a Simão realmente ter
sido um gnóstico que sustentava pelo menos alguns dos conceitos heréticos
atribuídos a ele por escritores posteriores, ou se foi meramente um mágico e
charlatão a cujo nome crenças gnósticas vieram a ser posteriormente
atribuídas.84 Certamente, é curioso que alguns dos estudiosos mais radicais do
Novo Testamento (tais quais Haenchen, págs. 303, 307), que teriam muita cautela
em atribuir ao próprio JESUS qualquer parte da cristologia da igreja, estejam
tão dispostos a acreditar que crenças gnósticas do século 11 já eram
sustentadas por Simão na primeira metade do século I. Parece mais provável que
certas reivindicações do Simão histórico tenham capacitado seus seguidores
posteriores a considerá10 um gnóstico, embora ele mesmo não tenha chegado
àquela etapa.
4. A história
começa a mostrar corno a perseguição da igreja em Jerusalém acabou surtindo um
efeito favorável. Aqueles que foram expulsos dos seus lares ou que acharam
melhor deixá-los regavam a Palavra corno boas novas enquanto iam de lugar em
lugar. interessante que este movimento específico não é atribuído a qualquer
orientação precisa da parte do ESPÍRITO, tal qual ocorria noutras etapas
cruciais na expansão da igreja. Pelo contrário, parece que era considerado
coisa natural para os cristãos viajantes espalharem o evangelho; talvez
surgissem naturalmente oportunidades para assim fazer, à medida em que as
pessoas entre as quais vieram viver perguntavam a eles por que tinham deixado
seus lares.
5. Uma das
pessoas que foram para a Samaria (8:1-5) foi Filipe que é claramente aquele
membro dos Sete mencionado em 6:5. A sua pregação acerca do Messias certamente
teria despertado o interesse, no mínimo, dos ouvintes, visto que a expectativa
da vinda de um libertador futuro (conhecido como o "restaurador")
fazia parte firme das promessas proféticas da Bíblia.
Samaria
- Os MSS têm "à cidade de Samaria" (ARA), que GNB parafraseia
como sendo "a cidade principal da Samaria". Se o último texto é o
certo, a fraseologia é um pouco estranha, e a tradução de GNB não é totalmente
satisfatória como tentativa para tratar do problema. As cidades possivelmente
em mira são Sebaste (o novo nome que Herodes Magno deu à Samaria do Antigo
Testamento), Siquém, ou possivelmente Gita, onde Simão nasceu. Seja qual for a
identificação, não influencia a história propriamente dita. Na
teologia
samaritana (Jo 4:25); esta expectativa se baseava em Deuteronômio 18:15 e
segs., e a pessoa esperada tinha mais o caráter de um Ensinador e legislador do
que de um soberano.
6-8. Havia um
movimento em massa entre o povo na medida em que escutava atentamente à
mensagem de Filipe. Sua atenção foi despertada por aquilo que ouviram e viram.
Filipe tinha a mesma capacidade dos apóstolos para operar sinais que serviam
como confirmação da sua mensagem. Como Pedro (5 :16), podia expulsar espíritos
maus, e o povo podia escutar os gritos que saíam das vítimas possessas quando
os poderes demoníacos as deixavam (cf. Lc 4:33; Mc 1 :26).86 Além disto, o povo
podia ver por si mesmo como as pessoas que tinham sido paralíticas e coxas
agora conseguiam andar; mais uma vez, a atividade de Filipe tem correspondência
com a de Pedro (3:1-10) e de JESUS. Estes milagres de cura trouxeram júbilo ao
povo. Por enquanto, porém, nada se diz acerca de o povo passar a realmente crer
no evangelho. e, embora houvesse alusão a uma situação em que JESUS não podia
curar onde não havia fé (Mc 6:5-6), sabemos que podia existir a cura sem a
resposta apropriada da fé e da gratidão a DEUS (Lc 17:17-19).
9-11. Antes,
porém, de registrar a conversão do povo, Lucas volta a atenção dos leitores
àquilo que estava acontecendo antes da chegada de Filipe. Havia na cidade um
homem chamado Simão, que alegava ser pessoa de grande importância, e obteve
crédito mediante os seus poderes milagrosos. O povo foi enganado por ele ao
ponto de dizer que era o poder de DEUS, chamado o Grande Poder. Os fatos acerca
de Simão dificilmente se desentranham das lendas posteriores. Temos informações
fidedignas da parte de Justino Mártir, ele mesmo nativo da Samaria, de que
Simão ali vivia e de que mais tarde mudou para Roma, onde continuou seus atos
enganosos. Mais tarde, Irineu registra que viajou juntamente com uma certa
Helena, escrava, a qual dizia ser uma encarnação do "Pensamento" (um
poder gnóstico). Hipólito, outro escritor que tratava das heresias, conta uma
história acerca de como Simão foi derrotado numa disputa com Pedro. Finalmente
Simão disse "que se fosse enterrado vivo, ressuscitaria no terceiro dia. Mandando
cavar uma sepultura, ordenou que seus discípulos empilhassem terra sobre ele.
Fizeram como mandara, mas ele permanece ali até hoje. Isto porque não era o
CRISTO". É difícil aquilatar a quantidade de veracidade nestas histórias,
e noutras tantas. Certamente, Lucas
Espada Cortante
2 - Orlando S. Boyer - CPAD - Rio de Janeiro - RJ
Com o martírio
de Estêvão findou a primeira etapa da Igreja Primitiva, a de pregar o Evangelho
em Jerusalém, cap. 1.8. Foi somente com a "grande perseguição contra a
Igreja (8.1) que obedeceram à ordem divina de proclamar a Mensagem "em
toda a Judéia e Samaria..."Ainda havia grande número dos habitantes de
Jerusalém não evangelizados, a obra crescia cada vez mais e havia grande gozo
do ESPÍRITO em todos os membros da Igreja. Qual a razão de alguém sair de
Jerusalém em demanda de outro campo? Contudo foi a Vontade divina que assim
fizessem, e os que não fizeram primeiramente de livre vontade, depois foram
obrigados a fazer.
I. OS
DISCÍPULOS EM JERUSALÉM DISPERSOS, 8.1-3.
8.1 "E
também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se, naquele dia, uma grande
perseguição contra a igreja que estava
em Jerusalém; e
todos foram dispersos pelas terras da Judéia e da Samaria, exceto os apóstolos.
2 "E uns varões piedosos foram enterrar Estêvão e fizeram sobre ele grande
pranto. 3"E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens
e mulheres, os encerrava na prisão.
E também Saulo
consentia (v.l): Saulo não presenciou o martírio de Estêvão, penalizado pelo
horror de ver um homem justo assim sofrer. Ao contrário, a palavra traduzida
"consentia" dá a entender que não apenas apoiava o ato, mas se
regozijava em ver um membro da desprezada "seita" morrer.
Fez-se naquele
dia uma grande perseguição (v.l): Seria natural supor que, com o derramamento
do sangue de Estêvão, as autoridades sentissem remorso e resolvessem adotar
outros planos. Mas sentiram sede se sangue - sede que podiam estancar só
derramando o sangue de outros discípulos. (v.3; cap. 26.10). Ficaram
determinados a matar até acabar com a "seita".
Contra a igreja
em Jerusalém (v. 1 ): Compare com as palavras que CRISTO predisse acerca desta
cidade, Mt 23.37-39.
Todos foram
dispersos (v.l): Muito grande foi a multidão que, abandonando seus lares e o
lugar onde se converteram, fugiu de Jerusalém para toda a parte. Depois de
mencionar "três mil" membros (2.41), e "cinco mil" (4.4),
diz que o número "crescia cada vez mais" (5.14); e, por fim, que
"se multiplicava muito o número" (6.7).
Com essa
perseguição a Igreja perdeu, mais ou menos, a visão de Jerusalém terrestre e
começou a olhar mais para a Jerusalém celestial, Hb 12.22. Quando a Igreja está
governada de Jerusalém, de Roma, ou de qualquer outro ponto da terra, ela
sempre fica embaraçada e limitada na sua visão celestial.
Uns varões
Piedosas foram enterrar a Estêvão (v.2): Estes homens foram membros da Igreja
que, mais fervorosos do que os demais, levantaram, com ternura, o corpo
esmagado do amado Estêvão, para enterrá-lo? Ou, lembrados de José de Arimatéia
e de Nicodemos, julgamos que fossem judeus piedosos, que desejavam honrar um
homem tão nobre como Estêvão? Não sabemos quem foram, mas é certo que não se
envergonharam da causa pela qual Estêvão sofrera e nem temiam a ira dos
inimigos dela.
Fizeram sobre
ele grande pranto (v.2): Estêvão era um homem bom, uma bênção para a Igreja e
membro poderoso na obra. Quando foi arrebatado, pelos inimigos. do meio dos
irmãos, sentiram grande falta dele e o prantearam.
Saulo assolava
a igreja, arrastando homens e mulheres (v.3): Saulo julgava que nisto fazia
serviço a DEUS, Atos 26.9-11; Fp 3.4-6. Mas o que lhe dava grande prazer (v.
1), depois se tornou motivo de grande remorso, 1 Co 15.9; 1 Tm 1.12,13.
II- O EVANGELHO
É LEVADO A SAMARIA, 8.4-25.
O grande vento
de perseguição em Jerusalém dispersou, por toda a parte, a boa semente do Reino
de DEUS, a qual nasceu produzindo uma nova e gloriosa colheita de almas.
"O sangue dos mártires é a semente da Igreja."
Com o martírio
de Estêvão, as autoridades determinaram acabar de uma vez com o cristianismo,
caçando e matando a todos, tanto mulheres como homens, que criam em CRISTO. Mas
se enganavam, pensando que matar os que crêem no Evangelho é acabar com o
Evangelho. O cristianismo é CRISTO e ninguém pode destruir a CRISTO. Os
discípulos foram mortos, mas CRISTO continuava a viver, e continuava a suscitar
outros discípulos.
Iam por toda a
parte, anunciando a palavra (v.4): Obedeciam à ordem do seu Mestre: “Quando,
pois, vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra", Mt 10.23.
Muitos crentes
pensam foram os apóstolos que foram dispersos e que iam por toda parte
proclamando a Palavra. Mas os apóstolos não foram dispersos, v.1. Foram,
portanto, todos os discípulos, os leigos, que anunciaram a Mensagem em toda
parte. Qualquer crente, por mais humilde que seja, pode pregar, isso é,
anunciar a Mensagem de JESUS. O ministério da Palavra não é privativo ao
púlpito. Naturalmente os membros da Igreja Primitiva, tinham de sofrer muito
desprezo em todo lugar onde chegassem, pela razão de terem sido expulsos de
Jerusalém. Mas, os fiéis, com o coração ardendo, testificam em qualquer
situação. O maravilhoso crescimento da Igreja Primitiva não foi fruto da obra
de grandes pregadores, mas de fidelidade de todos os membros em testificarem,
cheios do ESPÍRITO SANTO, para todas as pessoas a seu alcance.
Descendo Filipe
à cidade de Samaria (v.5): Este não era Filipe, o apóstolo (cap. 1.13), mas
Filipe, diácono, escolhido ao lado de Estêvão, cap. 6.5. Filipe, naturalmente,
tinha de fugir para escapar com a vida, quando Estêvão foi morto. Filipe foi
conhecido depois como "Filipe, o evangelista" (cap. 21.8), servindo
como boa ilustração das palavras de Paulo: "Os que servirem bem como
diáconos, adquirirão para si uma boa posição, e muita confiança na fé que há em
cristo JESUS", 1 Tm 3.13.
À cidade de
Samaria (v.5): A antiga capital das doze tribos, mas reformada e adornada por
Herodes, o Grande.
Filipe... lhes
pregava a CRISTO (v.5): Qual é o assunto principal do púlpito moderno? É
ciência, filosofia, história, boas obras? Exaltamos cristo, como Filipe, ou a
nós mesmos, como Simão? Salientamos aquilo que CRISTO faz ou o que nós fazemos?
Proclamar a Sua morte e ressurreição, ou pregamos um legalismo - o que devemos
e não devemos fazer? (Lede 1 Co 2.1-5). A pregação que é de lei é só negativa
(contra), e mata. Mas a pregação positiva, no poder do ESPÍRITO, produz vida.
(Vede verso 5 a 8). Se colocarmos CRISTO no Seu próprio lugar, toda a doutrina
e toda a obra sempre se endireitam mesmo como os planetas, todos continuam na
sua própria posição, pela influência do sol. E enquanto existe o sol, os
planetas não se podem desviar de suas próprias órbitas. Um sistema de doutrinas
mortas não evita o desvio dos membros da igreja. Filipe não discutia com Simão,
mas pregava a CRISTO.
Os judeus não
se comunicavam com os samaritanos (João 4.9), mas os membros da Igreja
Primitiva amavam, em vez de desprezar, as pessoas de outras raças ou de outras
nações.
E as multid5es
unanimemente... (vv.6-8): A narrativa faz lembrar tanto o ministério de JESUS
como o que Ele predissera: "Aquele que crê em mim também fará as obras que
eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai - João
14.12.
Lembremo-nos,
também, que o maravilhoso êxito de Filipe foi em um campo dificílimo. Simão, o
mago, ganhara os ouvidos de todo o povo; "ao qual todos atendiam, desde o
menor até o maior dizendo: Este é a grande virtude de DEUS", v.10. Havia
grande alegria naquela cidade (v.8): Se pudéssemos entrar em todas as casas de
nossa cidade onde há um pai subjugado pela embriaguez, um filho tomado pelo
vício, uma filha mundana, uma mãe chorando e inconsolável e levar a todos a
conhecerem e amarem a JESUS como Salvador, quão grande seria o gozo da cidade!
A Mensagem de CRISTO é a mais alegre e produz mais felicidade que todas as
religiões do mundo. (Compare cap. 8.39). Quanto mais estamos cheios de CRISTO,
tanto mais alegres estamos.
EXEMPLOS DE
PERSEGUIÇÃO HOJE EM DIA:
1- NO MÊS DE
JANEIRO DE 2011, Líderes do catolicismo tradicionalista, uma mistura de
catolicismo romano e rituais nativos, expulsaram 32 cristãos em uma vila no
estado de Hidalgo e outros 25 de uma cidade em Oaxaca, NO MÉXICO. Nos dois
casos, os evangélicos foram retirados de suas propriedades por se recusarem a
participar de festivais de embriaguez e adoração a ícones católicos.
2- Radicais
muçulmanos ameaçam cristão de morte
O homem é
Andreas Sanau, 29 anos, acusado juntamente com Henry Sutanto pela Frente de
Defesa Islâmica (FPI) e organizar batismos em massa. A FPI é um grupo radical
muçulmano conhecido por sua violência contra as minorias religiosas,
principalmente cristãos.
Por anos, os
extremistas muçulmanos perseguiram os cristãos, acusando a "classe"
de tentar "cristianizar" a cidade. Nos primeiros meses de 2010, os
grupos muçulmanos radicais interromperam cultos e impediram os cristãos de
entrar em suas igrejas.
3- Ore pelos
pastores indianos, vítimas de ataques frequentes
A organização
Release International (RI) relatou em uma matéria recente que dois pastores,
Shidu Kurialose e Nithya Vachanam, da Igreja Assembleia de DEUS Betel, foram
gravemente feridos e carros foram queimados por causa de acusações de conversão
forçada.
Os pastores
foram feridos quando homens os atacaram com barras de ferro em Chandapura,
Karnataka, os acusando de converter pessoas ao cristianismo à força. Depois do
ataque, eles foram levados para um hospital.
4- Extremismo
por trás de ataques a igrejas indonésias.
Mais de 300
membros do fórum de extremistas islâmicos (FUI) e a frontaria dos defensores
islâmicos (FPI) romperam a barricada formada por policiais e feriram pelo menos
uma dúzia de pessoas durante o culto aberto de domingo. A igreja tem enfrentado
ataques desde novembro de 2000, quando construíam o prédio.
5- Chines é
condenado a 15 anos de prisão por professar sua fé.
Em 20 de abril
de 2010, a esposa e dois filhos de Alim o viram pela primeira vez em mais de
dois anos. Mal reconhecendo o pai, o menino de quatro anos só pode olhar para
ele por uma parede de vidro.
Quatro
“máquinas globais de perseguição” no mundo atual
(http://igrejaperseguida.forumpratodos.com/):
1- o
nacionalismo religioso;
2- o extremismo
muçulmano;
3- a
insegurança totalitária;
4- intolerância
secular.
OS DEZ PAÍSES
QUE MAIS PERSEGUEM A
IGREJA (http://www.portasabertas.org.br/artigos/artigo.asp?ID=5918)
1. Coreia do
Norte (Diz-se que os cristãos têm sido usados como testes para armas biológicas
e químicas).
2. Irã (A maior
parte dos presos foi maltratada na prisão - O islã é a religião oficial no
Irã).
3. Arábia
Saudita (A apostasia - converter-se a outra religião - é punível com morte se o
acusado não se retratar.
4. Somália (O
grupo extremista al-Shabaab está caçando os cristãos, e recebemos relatórios de
ao menos 11 assassinatos).
5. Maldivas (A
legislação proíbe a prática de qualquer religião exceto o islamismo).
6. Afeganistão
(O Talibã ameaçou imigrantes, agentes sociais cristãos e a igreja local).
7. Iêmen
(Cidadãos iemenitas não podem se converter a qualquer religião. Ex-muçulmanos
podem sofrer pena de morte se forem descobertos).
8. Mauritânia
(Prisão de 35 cristãos mauritanos no mesmo mês; e a detenção de um grupo de 150
cristãos subsaarianos em agosto, por realizar seu próprio culto).
9. Laos
(Cristãos são detidos - sofrem abuso físico e emocional para renunciar a nova
fé. Em 2009, dois cristãos foram mortos; outros 21 foram detidos sem
julgamento.
10. Uzbequistão
(Invasões a cultos cristãos e confisco de livros. Muitos cristãos presos e
multados, líderes foram interrogados e sofreram abuso físico e mental).
Quem deve
utilizar a Apologia:
Embora muitos
cristãos pensem que a apologética seja de uso estrito aos intelectuais, ela
deve ser utilizada por todo cristão verdadeiro. Neste sentido escreveu Charles
Colson:
“A
responsabilidade pela apologética não é limitada aos pastores cristãos ou aos
intelectuais. Quando desafio pessoas a aprenderem a defesa da fé e “pensar como
cristãos” , frequentemente respondem: “Oh, eu não estou pronto para isso”, ou:
“É muito profundo para mim”. Mas DEUS criou cada um de nós com uma mente, com a
capacidade de estudar, pensar e fazer perguntas. Ninguém é expert em toda as
áreas, mas cada um de nós pode dominar os assuntos nos quais tem alguma
experiência.”
“Procura
apresentar-te a DEUS aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade”. 2 Timóteo 2:15
E Hank
Hanegraaf:
“Um número
demasiadamente grande de pessoas acredita que a apologética é do domínio
exclusivo dos eruditos e teólogos. Não é verdade ! A defesa da fé não é algo
opcional; é um treinamento básico par todo crente. ”
Isto posto,
vislumbramos a necessidade do uso da apologia para a defesa do evangelho, como
pressuposto básico de ganhar almas, pois quem o faz sábio é!
O próximo passo
será analisar os argumentos lógicos que dão base ao pensamento cristão.
Valmir
Nascimento Milomem Santos.
Não Nos
Esqueçamos Da Pior Perseguição Que Existe: As Heresias. Foi Através De Heresias
Que Toda A Igreja Da Turquia Se Tornou Islâmica E Inimiga Do Evangelho. Igrejas
Fundadas Por Paulo, E Dirigidas Pelo Apóstolo João, Timóteo E Barnabé.
LEIS ESTÃO
SENDO ELABORADAS AOS MONTES PARA TENTAREM ABAFAR A PALAVRA DE DEUS SOBRE O
PECADO.
Nós vivemos num
país onde temos total liberdade de culto, mas devemos ficar atentos pois essa
nova lei a pl-122/2006, que coloca o homossexual acima de qualquer crítica, com
a aprovação dessa lei alguns trechos da bíblia que abordam o assunto podem ser
proibidos de serem lidos durante os cultos e pastores que lerem ou expressarem
publicamente sua opinião sobre este tema podem ser presos pegando de 5 a 8 anos
de cadeia.
A partir daí
vêm outras absurdas leis que tentam impedir a pregação da Bíblia.
EM QUE CREMOS?
(DOUTRINAS BÁSICAS DE NOSSA FÉ QUE DEVEM SER PREGADAS SEMPRE).
1 - Em um só
DEUS, eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o filho e o ESPÍRITO
SANTO, Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29.
2 - Na
inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para
a vida e o caráter cristão, 2 Tm 3.14-17.
3 - No
nascimento virginal de JESUS, em sua morte vicária e expiatória, em sua
ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus, Is
7.14; Rm 8.34; At 1.9.
4 - Na
pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de DEUS, e que somente o
arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de JESUS CRISTO é que o
pode restaurar a DEUS, Rm 3.23; At 3.19.
5 - Na
necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em CRISTO e pelo poder atuante
do ESPÍRITO SANTO e da palavra de DEUS, para tornar o homem digno do reino dos
céus, Jo 3.3-8.
6 - No perdão
dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma
recebidos gratuitamente de DEUS pela fé no sacrifício efetuado por JESUS CRISTO
em nosso favor, At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9.
7 - No batismo
bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do
Pai, do Filho e do ESPÍRITO SANTO, conforme determinou o Senhor CRISTO, Mt
28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12.
8 - Na
necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra
expiatória e redentora de JESUS no Calvário, através do poder regenerador,
inspirador e santificador do ESPÍRITO SANTO, que nos capacita a viver como
fiéis testemunhas do poder de CRISTO, Hb 9.14; 1 Pe 1.15.
9 - No batismo
bíblico com o ESPÍRITO SANTO que nos é dado por DEUS mediante a intercessão de
CRISTO, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua
vontade, At 1.5;2.4; 10.44-46; 19.1-7.
10 - Na sua
atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo ESPÍRITO SANTO à Igreja para
sua edificação, conforme a sua soberana vontade, 1 Co 12. 1-12.
11 - Na segunda
vinda premilenial de CRISTO, em duas fases distintas. Primeira - invisível ao
mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da grande tribulação;
segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o
mundo durante mil anos, 1 Ts 4.16,17; 1 Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14.
12 - Que todos
os cristãos comparecerão ante ao tribunal de CRISTO, para receber a recompensa
dos seus feitos em favor da causa de CRISTO na terra, 2 Co 5.10.
13 - No juízo
vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis, Ap 20.11-15. E na
vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento para os
infiéis, Mt 25.46.
EPICUREUS E
ESTOICOS (Filosofias prevalescentes na época de Paulo)
Ao lermos At
17:16-34 que fala de DEUS DESCONHECIDO dos gregos, deparamos com filósofos
epicureus e estoicos que contendiam com o apóstolo Paulo.
QUEM ERAM OS
EPICUREUS E ESTOICOS? (https://gloria-aleluia.org.br/epicureus-e-estoicos/)
Epicureus eram
seguidores de Epicuro, um filósofo grego, que foi mestre em Atenas desde o ano
307 a.C. Segundo o seu sistema, o grande fim da vida é uma vida de prazer.
Admitia a existência de seres divinos, mas não acreditava que eles tivessem
qualquer comunicação com os homens. Estes entes existiam num estado de perfeita
pureza, tranquilidade e felicidade. Com respeito à vida do homem, ensinava
Epicuro que uma vida tranquila, livre de males e rica de prazeres, é o
principal bem da vida humana. Sustentava os seus sectários que o mundo não
tinha sido formado por DEUS, nem com qualquer desígnio, mas por um concurso
fortuito de átomos. Negavam imortalidade da alma. A felicidade que eles
procuravam era a obtida pelo gozo da vida. Segundo Epicuro, a vida do homem
constava de prazer e dor, portanto era um verdadeiro filósofo aquele que podia
encontrar a alegria da vida e diminuir as situações contrárias.
Os estoicos
formavam uma seita de filósofos gregos, discípulos de Zenon (229 a.C). As
principais doutrinas dos estoicos eram: que DEUS não procede de nenhuma causa;
é incorruptível e eterno; é possuidor de infinita sabedoria e bondade; é causa
e preservador de todas as coisas e qualidades; que a matéria nos seus
primitivos elementos é, também, sem precedência e eterna. Acreditavam na
existência da alma depois da morte, supunham que ela ia para as regiões
celestes dos deuses, onde permaneceria até que todas as almas, tanto dos homens
como as dos deuses, fossem absorvidas na divindade. Admitiam uma espécie de
purgatório. Ensinavam que um homem sábio e virtuoso podia ser feliz no meio da
tortura, e que todas as coisas externas eram para ele indiferentes. Se um homem
estava satisfeito consigo mesmo, isso era suficiente.
Possivelmente,
Paulo e outros apóstolos confrontaram com tais filósofos em muitas cidades por
onde pregaram. Cuidado, irmãos, porque no mundo de hoje também, existem
filosofias parecidíssimas com essas dos gregos. Portanto, a Bíblia diz:
“Não vos
deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas […]” (Hb 13:9)
“Cuidado que
ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a
tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo CRISTO” (Cl
2:8)
“Tais coisas,
com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo e de falsa
humildade, e de rigor ascético; todavia, não tem valor algum contra a
sensualidade.” (Cl 2:23)
“[…] Filhos da
desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as
inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e
éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.” (Ef 2:2-3).
E, enquanto
Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a
cidade tão entregue à idolatria. De sorte que disputava na sinagoga com os
judeus e religiosos e, todos os dias, na praça, com os que se apresentavam. E
alguns dos filósofos epicureus e estoicos contendiam com ele. Uns diziam: Que
quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos.
Porque lhes anunciava a JESUS e a ressurreição. Atos 17:16-18
A seguir,
alguns pensamentos incompatíveis com as Palavras de DEUS que devem ser
abandonados:
DEUS é amor,
por isso não condena ninguém (cf. 2 Ts 1:8-9);
Todos são bons
(cf. Hb 11:6);
Fui educado na
religião (cf. Mt 3:7-9);
Todos serão
salvos (cf. Mc 16:16);
Cada um se
salvará segundo seu próprio caminho (cf. Is 55:7-8);
Tenho coração
bom (cf. Jr 17:9)
Paulo, fariseu
da diáspora - APOSTOLO PAULO, VIDA, OBRA E TEOLOGIA - Editora Academia Cristã
Ltda - J. Becker
Para determinar
o ponto de vista teológico de Paulo como judeu, faz sentido utilizar, como fio
condutor, a única indicação do Apóstolo a respeito de si mesmo acerca desse
tema. Não há nenhum motivo que possa levar a suspeitar de sua autodesignação
como ex-fariseu, nem mesmo de vê-la como alternativa a um Paulo apocalíptico,
por mais certeza que se tenha de que a cosmovisão de Paulo também tenha traços
apocalípticos, como ainda será demonstrado. Analisando as fontes judaicas a
respeito do farisaísmo contemporâneo a Paulo, portanto, do farisaísmo que se
estende do tempo de Herodes até a época da conquista de Jerusalém por Tito em
70/71 d.C., a curiosidade histórica ficará mais decepcionada do que satisfeita.
O rabinismo, mais tarde, não só limitou drasticamente a tradição, como também a
elaborou a partir da ótica dos vencedores. Assim, o rabinismo, mais tarde,
compreendeu a si mesmo como sendo a única ortodoxia judaica e, por isso mesmo,
desqualificou, consequentemente, todas as outras correntes judaicas, sufocando
grande parte dessas tradições. Ele também apresentou a sua pré-história
farisaica de tal modo que ela, posteriormente, desembocasse diretamente na
ortodoxia até dissipar em boa medida o pluralismo, visível ainda
esporadicamente no farisaísmo anterior. Por fim, o rabinismo nem mesmo
reconheceu essa história como continuidade e desenvolvimento, conservando
apenas antigas controvérsias e antigos episódios que lhe pareciam importantes
para a interpretação da Lei. Mas qual era a importância e quanto eram típicas
para aquela época tais tradições, supondo que se lhes atribua confiabilidade
histórica? Quem refletir sobre isso não se surpreenderá acerca da diversidade e
contradição presentes nas apresentações mais recentes do farisaísmo. Mesmo
assim, algumas linhas mestras podem ser reconhecidas: tal qual os essênios,
também os fariseus têm sua origem no movimento hassídico do séc. II a.C. Na
época de Paulo, eles já há muito tempo estavam reunidos em corporações, com a
finalidade de colocar o povo todo sob a ação santificadora da Torá, mediante a
observação da Lei. Embora a eles também pertencessem sacerdotes e escribas, com
certeza a maioria dos membros, contudo, era composta por leigos, que eram mais
ou menos dependentes da interpretação da Torá feita pelos escribas. Indícios
mostram que a uniformização da mentalidade farisaica é um produto tardio da
história. Há para isso diversas indicações: na época herodiana, Hillel e
Shammai, ambos com suas escolas, estavam em controvérsia com uma interpretação
da Lei que, por um lado, era monística e, por outro, orientada para a
historicidade da vida. Parece ainda que uma parte dos fariseus de orientação
radical político nacional agiu, ao modo dos zelotes, entre Herodes e Tito,
contra tudo o que fosse estrangeiro, embora a maioria, provavelmente, tenha se
restringido somente à observância religiosa da Lei. Na diáspora, por sua vez,
alguns fariseus, entre outros grupos, devem ter multiplicado o número de
simpatizantes das sinagogas, i.e., os assim chamados "tementes a
DEUS", que eram adeptos do monoteísmo judaico, mas que praticavam a
circuncisão, bem como os prosélitos (Mt 23.25). Todas essas variações, mesmo
assim, reconciliam-se na linha básica de orientação na Lei como única norma de
vida para todo o Israel. A compreensão da Lei, porém, também passou por uma
evolução histórica, dentro da história geral do farisaísmo. Isso tem a ver com
a compreensão fundamental da Lei, com a interpretação da promessa de vida da
Torá e, enfim, com as ponderações legais. Quanto ao primeiro ponto, a Lei,
através da marcha vitoriosa do pensamento sapiencial no judaísmo antigo, também
para os fariseus havia sido identificada com a sabedoria preexistente
(Eclesiástico): A Torá era, pois, "o instrumento, por meio do qual o mundo
foi criado" (Aboth 3,14). Como tal, tornou-se a lei interior de toda a
criação e da história, bem como norma de vida de cada existência humana: a Lei,
entendida sapiencialmente, conduz ao temor de DEUS (1.3) que devia ser
realizado mediante o cumprimento da Lei (1.17), sendo a Lei uma grandeza
unitária, na qual todos os mandamentos eram, no mesmo grau, expressão da
vontade da única majestade divina (2.1). De forma velada, essa concepção pode
ser reconhecida em Paulo, por exemplo, em Rm 1.18-3.20. A Lei, por sua vez,
prometia vida a quem a cumprisse. Os saduceus e os essênios concebiam ainda
essa vida prometida, na época do cristianismo primitivo, como vida terrena do
homem; enquanto o farisaísmo, ao contrário, ensinava, provavelmente desde o
séc. I anterior à era cristã, que esta vida teria uma continuação no mundo
vindouro, no início da qual haveria recompensa e castigo para o comportamento
humano em relação à Torá no mundo atual (Mc 12.18-27 par.; At 23.6-8; Aboth
2.1,7,16; 3.14-16). Com isso, uma concepção fundamental da apocalíptica judaica
antiga havia se tornado também parte da visão farisaica. Desde então, não só
ocorreu a união entre farisaísmo e teologia sapiencial, como também entre
farisaísmo e apocalíptica. Também Paulo mostra viver numa compreensão da
realidade segundo a qual essa mesma realidade será substituída por outra,
vindoura e eterna, sendo o juízo divino a porta de entrada para a salvação
final (cf. infra). Percebe-se, nessas duas opções decisivas do farisaísmo, a
sua capacidade de abrir-se, na sua orientação fundamentalmente legal, para a
mudança histórica da época. Assim, certamente terá também assumido uma abertura
intelectual para o helenismo e, em consequência disso, terá assimilado a
situação de diáspora do judaísmo. Um bom exemplo para isso é o historiador
judeu Josefo (ca. de 37/38 até final do séc. I d.C.): oriundo da nobreza
sacerdotal saduceia, na juventude adere aos fariseus e toma parte da guerra
judaica na Galileia, tornando-se prisioneiro romano, para, a partir de então,
ao lado de Tito, acompanhar o final da guerra, habitando depois em Roma, com
direito à cidadania romana e a uma renda anual. Sua obra literária dedica-se à
tentativa de conciliar judaísmo e cultura helenístico-romana, a partir de uma
base judaica. A Lei, porém, continha mandamentos diversificados, que deviam ser
levados em conta na prática. Aqui, novas pesquisas têm demonstrado que os
fariseus se empenhavam de modo especialmente intenso nisso, no sentido de que
as leis de pureza deviam ser observadas na vida diária de todo o povo, não se
reduzindo simplesmente ao papel de Torá sacerdotal. Com isso, estava
estabelecida a santificação ritual do quotidiano, como programa para todo o
povo de Israel. Na medida em que esse objetivo também foi assumido na diáspora
helenista, estava claramente demarcada a separação em relação a todos os
não-judeus. Uma vez que a santificação, como preservação - igualmente ritual -
da própria identidade como povo da aliança, constituía o motor da prática
farisaica, torna-se compreensível porque Paulo agiu de modo tão agressivo
contra judeu-cristãos em Damasco, enquanto estes viam essa fronteira com mais
tolerância (cf. eap. 4.2). Com essas observações gerais a respeito do
farisaísmo, limitamo-nos a caracterizar o marco que condicionaria a consciência
do judeu Paulo. Deve-se especificar mais? Para isso, deve-se utilizar as outras
cartas paulinas de um modo mais consequente do que se costuma fazer. Isso quer
dizer que quem procura por materiais tradicionais e conceitos judaicos em
Paulo, não deve ver nisso apenas conhecimentos gerais cristãos a respeito do
judaísmo, mas deveria interrogar, até que ponto tais afirmações descrevem o
próprio Paulo, relativamente à sua antiga mentalidade judaica. É improvável que
Paulo tenha desenvolvido sua visão a respeito do judaísmo apenas após sua
conversão. E bem mais provável que seu juízo cristão do judaísmo, que sua
descrição cristã do mesmo, bem como a utilização de materiais judaicos, tenha
suas raízes no período judaico do Apóstolo. É praticamente impossível imaginar
que ele tenha adquirido uma visão do judaísmo somente após sua conversão.
Antes, quando Paulo caracteriza o judaísmo, basicamente está em jogo o seu
próprio passado judaico. Aqui, aparece uma diferença fundamental entre a
análise das cartas de Paulo e a tradição sinótica: nessa última, a história da
tradição ocorreu em meio a um crescimento anônimo; nas cartas paulinas, pode-se
identificar um portador individual da tradição. Nessa colocação do problema, é
possível identificar, no próprio Paulo, alguns aspectos claros de sua doutrina
farisaica. Esses aspectos se poderão atribuir ao judeu Paulo, com maior ou
menor fundamento, segundo seu grau de verificabilidade em fontes judaicas.
Antes de qualquer discussão específica, convém lembrar que as indicações
contidas nos escritos paulinos estão a nosso dispor em grego. Em nenhuma
passagem, podemos comprovar claramente, mediante a simples tradução para o
aramaico, que Paulo houvesse efetuado só posteriormente - sendo já cristão -
uma transformação grega. Isso leva à suposição de que Paulo tenha formulado
essas afirmações em grego, ainda quando era judeu. O que é mais um indício de
que Paulo era fariseu da diáspora. Isso também é confirmado pelo tema carregado
de polêmica, a respeito do qual a sinagoga da diáspora altercava o monoteísmo
estrito, que aparecia como um elemento único no mundo da religião
romano-helenista, com a atitude sincera e tolerante do helenismo. O único DEUS
verdadeiro, como criador e juiz, está em confronto com os deuses (Rm 1.18s; 1Ts
1.9). Os deuses carecem de realidade e não possuem nenhuma significação
positiva. Eles são enquadrados como potências que perderam seu poder, portanto,
como demônios que, por exemplo, são venerados como deuses, mas que nenhum culto
merece (1Co 8.4s; 10.18-22). Este culto é justamente o pecado dos gentios,
expressão de sua desobediência ao DEUS único. Isso leva, decididamente, à
pecaminosa perversão humana, que demonstra que o mundo dos deuses pagãos não
traz nenhuma salvação aos homens, mas segundo o parecer judaico, está sob o
juízo de DEUS (Rm 1.18ss). Daí que, quanto a esse tema, seja impossível
qualquer acordo entre judaísmo e helenismo. Pelo contrário, deve ser evitada
toda atitude pagã na religião e na conduta moral. "Não tenhas nada em
comum com um pecador" diz um imperativo fundamental em Aboth 1.7. O
fariseu comum - o acima mencionado Josefo constitui uma exceção - vive conforme
um modelo de desqualificação polêmica, segundo o qual Israel representa a
verdadeira religião, enquanto todo o paganismo deve ser evitado, porquanto
considerado desvio pecaminoso. Se avaliarmos bem o casus belli de Damasco entre
Paulo e os cristãos (cf. cap. 4.2 e 4.3), ele terá representado coerentemente o
ideal farisaico de pureza, condenando todo e qualquer culto gentio. “Tu és
santo e teu nome é terrível, e não há nenhum DEUS além de ti", deve ter
orado também Paulo, conforme a terceira petição da oração das dezoito petições.
Essa oração inicia com "Louvado sejas tu... DEUS de Abraão, DEUS de Isaque
e DEUS de Jacó, ... DEUS altíssimo, criador dos céus e da terra, nosso escudo e
escudo de nossos pais...". Com isso, duas coisas são ditas: a faceta
cósmica do DEUS criador, criador do mundo e da humanidade, e a faceta
particular, na linha da história sagrada, através da fé que começa com os patriarcas
de Israel. Não sendo mero acaso o fato da oração iniciar com a proclamação
histórico-salvífica de DEUS. Conforme G1 2.15, Paulo apresenta uma situação
inicial diferente para os judeus e gentios na passagem para o cristianismo, e o
faz tão obviamente, a ponto de distinguir entre judeus de nascimento e os povos
pecadores. A tematização do futuro destino de Israel em Rm 9-11 somente é
compreensível à luz dessa diferenciação entre o povo eleito e outros povos. Por
causa desse princípio fundamental da fé judaica (cf. Aboth 1.7; 3.14; 4 Esd
6.55s), Paulo vê-se obrigado a demonstrar com o exemplo do primeiro
representante da eleição de Israel, Abraão, até que ponto este, agora na
perspectiva cristã, é pai de todos os crentes (G1 3; Rm 4). 1 Tessalonicenses é
prova de como Paulo transforma e reformula, do ponto de vista cristão, esse
artigo de fé tão fundamental para a autocompreensão de Israel e de sua eleição
(cf. cap. 6.2). A conclusão inevitável é a desqualificação dos povos gentios
como idólatras, culpáveis e não-eleitos. (cf. Rm 1.18ss; G1 4.8): também Paulo
é capaz de designar os povos, para caracterizar a diferença em relação ao
cristianismo, em continuidade com o juízo judaico, como "geração má e
pervertida" (Fl 2.15), aplicando Dt 32.5 - seguindo, nisso, claramente o
antigo costume farisaico. Transparece também, claramente, a posição pré-cristã
de Paulo, quando ele proíbe os cristãos de conduzirem processos diante de
"injustos", i.e., diante de gentios (1Co 6.1ss). Já a sinagoga havia
instaurado uma jurisdição própria, para que não se dependesse (somente) da
jurisdição dos gentios. Paulo faz a transposição para a relação entre cristãos
e gentios. Por outro lado, podem-se salientar os privilégios de Israel, isso é:
a eleição de Israel, mediante o pacto da aliança com os pais, que deu a Israel
a filiação divina; a legislação, como dom, para a identificação da vontade do
DEUS da aliança, para, por meio de suas ordens, alcançar a vida; o culto que,
unicamente, agrada a DEUS, como meio de expiação dos pecados de Israel; enfim,
as promessas, antes de qualquer coisa, de que Israel terá parte na salvação
final e que DEUS não voltará atrás quanto ao que prometeu (Rm 3.1s; 11.2,28s).
Em Rm 9.4, Paulo formulou, de maneira habilidosa, numa estrutura articulada em
duas linhas de três membros, os predicados que pertencem a Israel: a filiação a
glória de DEUS as alianças a Lei o culto as promessas Ambas as linhas se
interpretam reciprocamente: filiação e Torá também em Aboth, 3.14 estão juntas.
A glória (terrena de DEUS) habita no templo, onde Israel realiza o culto. As
alianças (patriarcas, Moisés) direcionam-se, preferencialmente, às promessas a
respeito do futuro de Israel. Consciente de estar caracterizando acertadamente
o judeu, o ex-fariseu Paulo assim o interpela em Rm 2.17ss: í. a) ele se
denomina judeu, b) apoia-se na Lei, c) gloria-se em DEUS, d) conhece a vontade
(de DEUS), e) prova o que pode ser distinguido, instrui a partir da Lei. Em
paralelismo com este juízo sobre suas relações com DEUS, segue a comparação com
os gentios: 2. a) O judeu está convencido de ser guia de cegos, b) luz para os
que vivem nas trevas, c) instrutor de ignorantes d) mestre de crianças
(menores, que não sabem ), e) possuidor do saber e da verdade elaborados na
Lei. Ambos os textos falam, não por acaso, da posição destacada da Torá, de sua
observância e de sua universal imposição. E de conhecimento geral que isso é
exatamente o judaísmo de interpretação farisaica. Consequência significativa é
que Paulo se tenha compreendido como judeu fariseu. Garantia dessa conclusão é
mais uma vez Fl 2.15s, que é muito esclarecedor. Nesse texto, Paulo transfere
as pretensões e a consciência judaica para a comunidade cristã. Assim, ele
espera que os cristãos sejam "irrepreensíveis e puros". Não deve ser
assim também o verdadeiro judeu (Rm 2.10,13; Fl 3.6)? Eles devem também ser
"filhos de DEUS imaculados" (cf. a filiação judaica, Rm 9.4), em meio
a uma "geração má e perversa" (cf. Rm 2.19s), "como luzes
brilhando no mundo" (cf. Rm 2.19) e "mantendo a palavra da vida"
(cf. Rm 9.4). Acerca dessa transposição de uma comunidade a outra, advém a
observação adicional de que Paulo mesmo se classifica dentro do quadro dessas
prerrogativas judaicas, quando ele se descreve como ex-fariseu (Fl 3.4-6).
Corresponder a essa situação de eleição, i.e., observar a Torá como revelação
da vontade divina e garantir-lhe o devido valor na vida de cada israelita, era
o interesse fundamental do farisaísmo (cf. apenas Aboth 1.12; 2.7,12). Uma vida
consagrada à Lei, para a honra de DEUS. Paulo julga a sua própria prática de
vida nessa Lei como princípio supremo e se considera irrepreensível e justo (Fl
3.6; G1 1.14). Não podemos, sem mais nem menos, condenar essa atitude como
autojustificação, como mostra a parábola do fariseu e do publicano (Lc
18.11ss). Deve-se ver, em primeiro lugar, que Paulo relaciona a vida e o
destino humano não à consciência de seu próprio valor, mas ao julgamento do
divino juiz (1Co 4.3-5), o que também era a posição típica dos fariseus (Aboth
2.1,14s; 3.1). "Justo" significa fiel à Torá segundo o juízo de DEUS.
Que, a partir dessa base, também, entre outras coisas, houvesse a possibilidade
de, mediante paciente realização de boas obras, procurar alcançar por si só a
vida eterna (cf. Rm 2.7), ou mesmo apresentar' ao juiz as próprias boas obras
(Lc 18.11s), deveria estar fora de discussão. A fidelidade a Torá supõe-se o
cumprimento da Lei como dever para toda a vida e a disposição para a penitência
pelos pecados cometidos, como a própria impõe a obediência e a expiação: A
confiança (verdade) dos justos está no Senhor seu salvador. Na casa do justo
não se acumula pecado sobre pecado. O justo vigia continuamente a sua casa,
para poder eliminar a injustiça cometida, causa de sua transgressão. Ele expia
pecados involuntários por meio de jejum, humilhando sua alma. O Senhor purifica
todo homem piedoso bem como sua casa. Assim descreve SISal 3.6-8 o justo,
colocando-o em contraste com o pecador que, em sua vida, acumula pecado sobre
pecado (3.9s). Aquele que é fiel à Lei sabe que vive da misericórdia divina,
que cabe a ele, o justo, sabendo que até a morte deverá estar preparado para a
penitência e conversão (Aboth 2.2,8,12; 3.1,15; 4.11). Nesse sentido, também se
deverá entender as afirmações paulinas em Fl 3.6; G1 1.14. Paulo certamente não
negará a nenhum judeu que, nesse sentido, ele possa ser justificado. Por causa
do conhecimento de JESUS CRISTO, contudo, ele julgaria isso como não tendo
valor (Fl 3.7ss e cap. 12.4). Uma vida consagrada à Lei significa para o fariseu
Paulo: obediência ao Criador e Juiz. Todas as pessoas devem essa obediência por
causa de sua condição de criaturas. Israel, por sua vez, tem o privilégio de
conhecer a vontade de DEUS por meio da Lei. Essa situação humana de dívida
encontra sua expressão mais clara na ideia de juízo final. Paulo não só se
ateve como cristão à ideia de juízo (p.ex. 1Co 3.5-17; 2Co 5.10; Rm 14.10-12),
como antes, em Rm 2.2ss, tratou, de forma discursiva, uma visão judeu-helenista
da ideia de juízo, que hoje, com razão, classificamos entre os conteúdos
"pré-paulinos". O cristão Paulo, nessa passagem, dirige as afirmações
contra a concepção judaica de uma forma insuportável para o judeu. Isso
acontece, porém, porque ele parte de uma base comum a ele e ao lado judaico (v.
2: "sabemos que..."), considerando o judeu justamente a partir de tal
consenso, como sendo inescusável no julgamento divino. Disso conclui-se que,
abstraindo desse recrudescimento polêmico, deverá aparecer, em linhas gerais, a
visão tradicional de juízo. Pois Paulo não só usou, esporadicamente, um
vocábulo helenístico-judaico sem raiz, (p.ex., "justo julgamento" no
v. 5), antes, tais observações linguísticas assinalam uma visão de conjunto, a
partir da qual Paulo pensa e na qual ele entende estar em conformidade com o
judeu. Isso significa que a visão de conjunto a respeito do juízo, acerca da
qual Paulo e o judaísmo estão em acordo, é típica para Paulo, caso não tenha,
contrariamente, criado para si uma visão do judaísmo após ter-se tornado
cristão. Como é essa concepção geral? A resposta a essa pergunta deve ocorrer
de tal modo que, ao longo do texto paulino, apresentem-se as respectivas
analogias judaicas. Todas as criaturas vivem na perspectiva do juízo vindouro.
Ninguém lhe pode escapar (Rm 2.2s; 9.18-24; cf. Aboth 2.1; 3.1). Um tempo ou
data para o juízo ou mesmo um tempo aproximado para o juízo, está fora de
cogitação. A questão não é quando será o dia do juízo, mas decisivo é que a
observância ou rejeição da Torá terá consequências no juízo (cf. Aboth 2.1,15;
3.1). O juízo está posto a serviço da torálogia. Inculca-se não ser possível
ignorar impunemente a vontade de DEUS: DEUS não deixa zombar de si (G1 6.7),
portanto, sê observante da Torá (cf. Aboth 1.16; 2.8). O tempo da "riqueza
de sua bondade, paciência e longanimidade" pretende levar as pessoas
"à penitência", dura até o juízo. Quem não aproveita esse tempo é de
dura cerviz e atrai para si a ira divina (Rm 2.4s; cf. Aboth 2.1, 8, 10, 12). A
história é entendida, portanto, como a possibilidade concedida por DEUS de
conduzir uma vida conforme a Torá, sendo, simultaneamente, compreendida
consequentemente em função do juízo final. Também os povos, aos quais a Torá
escrita é desconhecida, não estão dispensados de realizar a vontade de DEUS,
pois - um pensamento estóico agora é transposto - as exigências da Lei são
conhecidas por eles "a partir da natureza", pois, como a sua
consciência atesta, a Lei lhes "foi gravada em seus corações" (Rm
2.14s). O juízo final tem caráter forense e escatológico. Ele se realiza
"conforme a verdade" (Rm 2.2; Aboth 3.16), i.e., "sem acepção de
pessoas" (Rm 2.11; cf. Aboth 4.22: SISal 2.18 etc.) como manifestação do
"justo juízo de DEUS" (Rm 2.5; TestLevi 3.2:15.2), com o que foi
utilizada uma nova formulação helenística, que Paulo não utiliza. As três
afirmações expressam a incorruptibilidade do juiz, que não dá preferência a
ninguém, que julga severa e inexoravelmente conforme as ações de cada pessoa
(Rm 2.6) e que também julga "os segredos dos homens" (Rm 2.16). O
julgamento de DEUS é justo enquanto atribui a cada um a sua sorte definitiva
(justiça retributiva), correspondendo "à verdade", i.e., à
realidade da criatura humana. Assim, em Rm 2.6, Paulo pode citar o SI 62.13
(cf. Pv 24.12): DEUS "retribuirá a cada um segundo suas obras".
Originalmente, essa afirmação tinha em mente a estreita relação entre o agir e
a sua consequência, recaindo, conforme isso, a consequência de uma ação
imediatamente sobre o seu autor, sendo DEUS aquele que garante esta relação.
Agora, porém, essa afirmação deve ser lida no contexto dos três princípios
sobre o juízo, adquirindo assim o significado de "retribuição"
escatológica: DEUS faz justiça mediante um ato de julgamento, enquanto ele
recompensa os que realizam boas obras, i.e., creditando-lhes recompensa
"conforme o devido" (Rm 4.2, 4), ao passo que, aos que praticam o
mal, proporcionará "ira e indignação" (2.8ss). Da mesma forma, fala
Aboth acerca da "retribuição" divina (1.7), querendo com isso indicar
a escatológica "distribuição de salário" (2.1; 4.2) na qual DEUS,
igual a um patrão, distribui o salário pelo trabalho realizado (2.16). Isso
ocorre com base no fato de que todas as ações das pessoas estão registradas num
"livro" (2.1), devendo elas "prestar contas" (3.1) e, inversamente,
DEUS tudo lhes "credita" (2.2; 3.8). Semelhante linguagem de direito
trabalhista e comercial pode encontrar sua descrição diretamente na imagem do
comerciante e do banqueiro (3.16). O "acúmulo" de ira (Rm 2.5) deve
ser compreendido a partir desse pano de fundo. Trata-se da ideia de que DEUS,
no juízo final, ratifica a concluída história humana mediante seu ajuste de
contas. Ele reage às ações humanas mediante seu juízo. Nesse sentido, desde a
perspectiva do juízo, tais ações possuem um significado de salvação e perdição.
Para Rm 2, é fundamental que recompensa e castigo não são quantificados. Uma
vez que só há justos e pecadores, também só haverá vida ou sofrimento final:
"glória, honra e eternidade" (novamente, um conceito helenístico).
“Glória, honra e paz” (2.7,10) equivalem ao que é "vida eterna"
(Paulo define, em sentido cristão e novo, essas expressões em 1Ts 4.17; 5.10).
Inversamente, "ira e indignação" (Rm 2.8) são qualificações do estado
de condenação definitiva. É necessário, para isso, recordar-se das exposições
de Paulo sobre o ser justo sob a Lei: justo significa ser fiel à Torá. Essas
afirmações descrevem, com clareza, os desenlaces paralelos da vida. Em 1Ts
4.13-5.11, o cristão Paulo não mostrará mais nenhum interesse na sorte dos incrédulos:
ele ainda está interessado somente na salvação da comunidade escatológica. O
interesse judaico na justiça compensatória no fim do mundo, contudo, exige esse
duplo aspecto (p.ex., SISal 3.6-12 etc.). Paulo, como cristão, nesse ponto,
estará em conformidade com a visão farisaica, enquanto também ele conhece
somente uma qualificação fundamental no juízo final e, naquele momento, haverá
um único estado de salvação. Essa ideia de juízo contém, nas entrelinhas,
também a sua afirmação acerca da antropologia: o farisaísmo pressupõe que o
imperativo "tu deves" atinge a pessoa a qual é apropriado o "tu
podes". O pecado é ação falha por falta de possível engajamento da pessoa
e não reflexo de uma qualificação negativa da pessoa que age. Em outras
palavras, o livre arbítrio é doutrina farisaica (cf., p.ex., Aboth 3.15). Pelo
fato de a pessoa, em princípio, ser livre quanto ao bem e ao mal, não sendo,
portanto, dominada pelo pecado (Rm 7.14s), basta olhar para as suas obras, não
necessitando ela de nenhuma renovação fundamental antes de poder ser alguém que
realiza o bem. Aqui, Paulo, após sua vocação, pensará de outro modo, quando ele
muda sua avaliação da pessoa como criatura nova (cf. cap. 14.3). Olhando, após
essas elaborações de Paulo acerca do juízo final, para o judaísmo helenista,
percebe-se que este, não sempre, mas certamente em alguns casos, apropriou-se
de afirmações análogas sobre o juízo final, extraídas da apocalíptica. Isso é
testemunhado, por exemplo, pelos Test XII, pelos OrSib e HenEsl. Sobretudo,
porém, LibAnt, redigido por um autor que, ao menos, estava próximo ao
pensamento farisaico, mostra o uso que fez o farisaísmo do pensamento
apocalíptico para a interpretação da Lei. Aqui encontramos uma nova versão da
história de Israel que amplia o relato do dilúvio universal, tomando-o como
sinal da ira de DEUS (cf. Rm 1.18ss antes de 2.1ss), mas também acrescenta que,
no final dos tempos, DEUS ressuscitará todos os mortos e "retribuirá a
cada um segundo suas obras" (Rm 2.5s). Os que se salvam serão os "justificados"
e viverão em uma "morada eterna" (LibAnt 3.9-10). O fato de o
farisaísmo ter conseguido aproximar-se da concepção apocalíptica de juízo
final, enquanto considerava esse como elemento integrante de sua compreensão da
Lei, interpretando, portanto, o anúncio da Torá a respeito da vida como vida
escatológica, ainda não fazia com que os fariseus fossem apocalípticos. O
fariseu Paulo não era um apocalíptico, assim como o autor de LibAnt, os
oradores de SISal, e os mestres de Israel, que ocorrem em Aboth, não o eram. A
apocalíptica, por sua vez, quer justamente ser enquadrada nas grandes figuras
da história, mediante eventos extraordinários de revelação, e não granjear o
simples reconhecimento nas verdades contidas na lei judaica. A apocalíptica
quer, justamente ao lado de Moisés e para além dele, estabelecer-se como
autoridade (cf., p.ex., 4Esd 14.37-48), para verdades complementares. Um
fariseu conhece somente a autoridade de Moisés: unicamente a Lei basta para
obter a vida. Desse modo, a resposta dada ao homem rico, em Lc 16.27ss, ao seu
pedido de que se concedesse a seus irmãos uma revelação especial, é tipicamente
farisaica: "Eles têm Moisés e os profetas, que os ouçam... Se não escutam
nem a Moisés nem aos profetas, mesmo que alguém ressuscite dos mortos, não se
convencerão". Por essa razão, o fariseu também não fala anônima ou
pseudonimamente, antes, ele ensina com a autoridade de Moisés. Para ele, nenhum
antepassado como Enoque ou Esdras, reivindica revelações especiais que, em si,
estão escondidas e apenas ao visionário são reveladas, ele somente conhece a
revelação da Lei de DEUS no Sinai e sua interpretação por meio da tradição oral
(Aboth 1,1). A revelação especial a que se refere a apocalíptica é, geralmente,
expressão da atmosfera de crise, que compreende a história do mundo como
história de perdição, na qual a visão a respeito da ação divina, criadora de
sentido, está em geral escondida ou foi perdida. A perplexidade e a situação
sem saída da apocalíptica, no sentido global da história e em seu sentido cósmico,
devem ser superadas mediante tal revelação especial, a qual ensina não só que o
mundo e a história estão submetidos a uma ordem e periodização secreta, como
também a conexão do tempo presente e da história cósmica com o tempo final. O
fariseu, ao contrário, descreve a história como tempo da paciência de DEUS, em
que cada indivíduo tem a chance e a tarefa de cumprir a Torá, para um dia,
quanto a isso, poder prestar contas a DEUS. Ele não necessita de nenhuma
periodização secreta da história, nem de visões cósmicas especiais acerca do
mundo e do final dos tempos. O juízo final, para ele, concentra-se no sentido
antropológico da recompensa e do castigo de cada pessoa no que diz respeito aos
mandamentos da Torá. O que Paulo, também como cristão, manterá formalmente (Rm
14.10; 2Co 5.10 etc.). Da época em que Paulo era fariseu, procede esta tradição
(Aboth 3.1): "Observa com atenção três coisas e não cairás em poder do
pecado. Sabe de onde vieste e para onde vais e diante de quem terás que prestar
contas. Donde vieste? De uma gota malcheirosa. Para onde vais? Para larvas e
vermes. Diante de quem haverás de prestar contas? Diante do rei de todos os
reis...". Para o fariseu, o indivíduo sempre pode apoiar-se na
confiabilidade da vida, pois a esperança da retribuição divina é constante e
inabalável. Tudo se decide em cada indivíduo e em sua obediência a Torá. Ele, e
somente ele, precisa superar o juízo vindouro. Mais do que isso, ele não
necessita saber na vida. Esse conhecimento fundamental, contudo, é seguramente
garantido por Moisés.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 3, A
Conversão de Saulo de Tarso
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO
Comentário: Pr.
Elienai Cabral
Complementos,
ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Lição 3, A
Conversão de Saulo de Tarso
Vídeo da Lição
= https://youtu.be/uARvjTf69OA
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/escrita-licao-3-conversao-de-saulo-de.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/slides-licao-3-conversao-de-saulo-de.html
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - Atos 9.1-9
1 - E Saulo,
respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao
sumo-sacerdote, 2 - e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim
de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os
conduzisse presos a Jerusalém. 3 - E, indo no caminho, aconteceu que, chegando
perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.
4 - E, caindo
em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? 5 -
E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou JESUS, a quem tu
persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. 6 - E ele, tremendo
e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te
e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer. 7 - E os varões,
que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. 8 -
E Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E
guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco.
9 - E esteve
três dias sem ver, e não comeu, nem bebeu.
OBJETIVO GERAL
- Asseverar que a salvação é por meio da graça, acompanhada de arrependimento e
fé do pecador como resposta à salvação.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Apresentar a
conversão de Saulo como ato da graça de DEUS;
Relacionar a
conversão de Saulo com a doutrina bíblica da conversão;
Elencar três
faculdades interiores que são transformadas na conversão
RESUMO DA Lição
3, A Conversão de Saulo de Tarso
I – A CONVERSÃO
DE SAULO: UM ATO DA GRAÇA DE DEUS
1. A conversão
de Saulo e sua experiência sobrenatural.
2. A iniciativa
de JESUS para transformar a mente de Saulo.
3. A graça
salvadora se manifestou a Saulo.
II – SAULO E A
DOUTRINA BÍBLICA DA CONVERSÃO
1. A conversão
começa no arrependimento.
2. A conversão
de Saulo promoveu uma transformação pessoal.
3. A conversão
faz parte da doutrina bíblica da Salvação.
III – AS TRÊS
FACULDADES INTERIORES TRANSFORMADAS NA CONVERSÃO
1. Faculdade
intelectual.
2. Faculdade
das emoções.
3. Faculdade da
vontade.
INTRODUÇÃO
Vamos estudar
nesta lição sobre a conversão de Saulo de Tarso (Paulo).
Conversão é
instantânea e acontece em fração de segundos quando se tem um encontro com
JESUS, ou seja, quando se ouve o evangelho e crê.
A salvação se
dá no mesmo instante da conversão.
Graça é JESUS
nascendo como homem aqui na terra e levando sobre Ele nossos pecados, doenças,
enfermidades e maldições, e morrendo por nós na cruz e ressuscitando.
Porque a graça
de DEUS se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, Tito 2:11
Porque pela
graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de DEUS.
Efésios 2:8
A fé exigida
por DEUS na obra de JESUS é nossa, por isso mesmo existem diversas formas e
tamanhos de fé. Se fosse DEUS quem desse a fé para a salvação seria injusta por
dar a uns mais do que a outros.
Exemplos de
tamanho de fé:
Então,
respondeu JESUS e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé. Seja isso feito para
contigo, como tu desejas. E, desde aquela hora, a sua filha ficou sã. Mateus
15:28
E logo JESUS,
estendendo a mão, segurou-o e disse-lhe: Homem de pequena fé, por que
duvidaste? Mateus 14:31
E JESUS lhes
disse: Por causa da vossa pequena fé; porque em verdade vos digo que, se
tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para
acolá — e há de passar; e nada vos será impossível. Mateus 17:20
Ora, sem fé é
impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de DEUS
creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam. Hebreus 11:6
Sendo, pois,
justificados pela fé, temos paz com DEUS por nosso Senhor JESUS CRISTO; Romanos
5:1
De sorte que a
fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de DEUS. Romanos 10:17
em quem também
vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o ESPÍRITO SANTO da
promessa; Efésios 1:13 (Primeiro ouve o evangelho, depois crê e depois recebe o
ESPÍRITO SANTO - Este é processo da Salvação).
Para resolver
questões difíceis vamos ver dois pontos:
1- Para mim
Paulo estava a cavalo.
esta era a
maneira de se viajar nesta época - Exemplo: E, chamando dois centuriões, lhes
disse: Aprontai para as três horas da noite duzentos soldados, e setenta de
cavalo, e duzentos lanceiros para irem até Cesareia; e aparelhai cavalgaduras,
para que, pondo nelas a Paulo, o levem salvo ao governador Félix. Atos 23:23,24
2- Para mim os
acompanhantes de Paulo viram a luz, mas não viram JESUS. Ouviram a voz, mas não
a entenderam.
E os que
estavam comigo viram, em verdade, a luz, e se atemorizaram muito; mas não
ouviram a voz daquele que falava comigo. Atos 22:9
E os varões,
que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. Atos
9:7
Conversão -
επιστροφη epistrophe
conversão - dos
gentios da idolatria para o DEUS verdadeiro - Das trevas para a Luz.
para lhes
abrires os olhos e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás a
DEUS, a fim de que recebam a remissão dos pecados e sorte entre os santificados
pela fé em mim. Atos 26:18
Converterem
- שוב shuwb
1) retornar,
voltar
1a) (Qal)
1a1) voltar,
retornar; 1a1a) voltar; 1a1b) retornar, chegar ou ir de volta; 1a1c) retornar
para ir de volta, voltar; 1a1d) referindo-se à morte; 1a1e) referindo-se às
relações humanas (fig.); 1a1f) referindo-se às relações espirituais (fig.);
1a1f1) voltar as costas (para DEUS), apostatar; 1a1f2) afastar-se (de DEUS);
1a1f3) voltar (para DEUS), arrepender; 1a1f4) voltar-se (do mal); 1a1g)
referindo-se a coisas inanimadas
1a1h) em
repetição
1b) (olel)
1b1) trazer de
volta; 1b2) restaurar, renovar, reparar (fig.); 1b3) desencaminhar
(sedutoramente); 1b4) demonstrar afastamento, apostatar;
1c) (Pual)
restaurado (particípio)
1d) (Hifil)
fazer retornar, trazer de volta
1d1) trazer de
volta, deixar retornar, pôr de volta, retornar, devolver, restaurar, permitir
voltar, dar em pagamento; 1d2) trazer de volta, renovar, restaurar; 1d3) trazer
de volta, relatar a, responder; 1d4) devolver, retribuir, pagar (como
recompensa); 1d5) voltar ou virar para trás, repelir, derrotar, repulsar,
retardar, rejeitar, recusar; 1d6) virar (o rosto), voltar-se para; 1d7)
voltar-se contra; 1d8) trazer de volta à memória; 1d9) demonstrar afastamento;
1d10) reverter, revogar
1e) (Hofal) ser
devolvido, ser restaurado, ser trazido de volta
1f) (ulal)
trazido de volta
CONVERSÃO
Esta palavra
significa literalmente “fazer a volta ou “mudar de direção”, e é usada para
traduzir a palavra heb. shub, e a palavra gr. strepho e seus derivados,
especialmente epistrepho. Estas palavras são às vezes usadas na Bíblia em um
sentido literal de virar-se fisicamente para algo (cf. Mt 9.22; At 9.40). O
significado primário e, espiritual denota uma revolução espiritual. E usada no
mau sentido de converter-se do certo para o errado em duas passagens (Gl 4.9; 2
Pe 2.21). No entanto, o bom significado de voltar-se do indesejável para o
desejável é o usual. Neste sentido, é usada tanto em relação a incrédulos como
a cristãos.
Quando usada
com relação a incrédulos, ela denota a mudança de coração ou de pensamento
(relacionado ao arrependimento e à fé) que permite que alguém receba a graça de
DEUS na salvação (cf. At 3.19). Embora se pense na conversão como sendo o ato
de um homem, em contraste com a justificação e a regeneração que são atos
exclusivos de DEUS, a implicação está sempre presente de forma que a conversão
completa só pode ser conquistada com a ajuda do ESPÍRITO SANTO. A conversão
implica em um completo repúdio ao pecado e uma fiel rendição a CRISTO como
Senhor.
Quando usada
com relação a crentes, ela denota um retorno ao correto relacionamento com
DEUS, que pode ter estado rompido por um fracasso moral (como no caso de Pedro,
em Lucas 22.32) ou devido ao abandono da doutrina verdadeira (cf. Tg 5.19,20).
O uso espiritual desta palavra ilustra o fato de que o vocabulário cristão, a
princípio, era primeiramente figurativo. A necessidade de expressar conceitos
espirituais sem um vocabulário determinado, levou os apóstolos a adotarem
muitas palavras comuns e convertê-las aos seus próprios usos.
Bibliografia.
Georg Bertram. “Strephoetc”, TDNT, VII, 714-729. F. L. F. - Dicionário Bíblico
Wycliffe.
- [Do hb. sub,
voltar atrás; do gr. metanoeõ, voltar; e, do lat. conversionem, transformação]
Mudança que DEUS opera na vida do que aceita a CRISTO como seu Salvador
pessoal, modificando-lhe radicalmente a maneira de ser, pensar e agir desde que
o mesmo esteja de acordo.
A conversão é o
lado objetivo e externo do novo nascimento. Por intermédio dela, o pecador
arrependido mostra ao mundo a obra que CRISTO operou em seu interior: a
regeneração.
Em suma: o novo
nascimento tem dois lados: um subjetivo e outro objetivo. O subjetivo é
conhecido como a regeneração; somente DEUS pode aferi-lo. E, o objetivo,
conforme já o dissemos, é a conversão: pode ser constatado por todos.
Dicionário Teológico - Claudionor Correia de Andrade.
Palavra
portuguesa que traduz o verbo grego “epistrefo” (voltar) (Mt 12,44; 24,18; Lc
2,39) e o substantivo “metanoia” (metanoeõ - mudança de mentalidade).
A tradução
desses termos por “penitência” conduz a conclusões errôneas, porque a conversão
implica não em dor pelo passado, mas uma mudança de vida de quem se dispõe a
abandonar a vida anterior e aceitar JESUS e sua obra como messias e Senhor,
moldando sua própria existência aos seus ensinamentos. O chamado à conversão é
parte essencial da pregação de JESUS (Mc 1,14-15) e aparece simbolizado em
relatos como o do filho pródigo (Lc 15) ou em similares, como o do doente que
precisa do médico (Mc 2,16-17). Toda a humanidade deve converter-se, pois sem
conversão a única expectativa é a da condenação (Lc 13,1). A razão disso reside
no fato de que todos os homens são pecadores, todos estão perdidos e todos
necessitam receber, pela fé, a salvação realizada por JESUS para alcançar a
vida eterna (Jo 3,16). É exatamente a conversão que permite ascender à condição
de filho de DEUS (Jo 1,12) e obter a vida eterna (Jo 5,24). E, por ser
imprescindível o momento em que se decide o destino eterno do homem, DEUS se
alegra com a conversão (Lc 15,4-32) e JESUS considera o chamado a ela como
núcleo central e irrefutável de seu evangelho (Lc 24,47). Dicionário de JESUS e
Evangelhos.
Como o Crente
Deve tratar Com o Pecado?
Quando ao trato
que o crente deve dar ao pecado, a Bíblia recomenda que o crente deve:
- Reconhecê-lo
(Sl 51.3)
- Evitá-lo (1
Tm 5.22)
- Detestá-lo
(Jd v.23)
- Resiste a ele
com confiança em DEUS (Tg 4.7,8).
- Confessá-lo
(1 Jo 1.9).
- Abandoná-lo
(Pv 28.13).
O apóstolo João
escreveu dizendo: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não
pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, JESUS CRISTO,
o Justo” (1Jo 2.1).
BEP - CPAD
Jo 3.3: “JESUS
respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer
de novo não pode ver o Reino de DEUS.”
Em 3.1-8, JESUS
trata de uma das doutrinas fundamentais da fé cristã: a regeneração (Tt 3.5),
ou o nascimento espiritual. Sem o novo nascimento, ninguém poderá ver o reino
de DEUS, i.e., receber a vida eterna e a salvação mediante JESUS CRISTO.
Apresentamos a seguir, importantes fatos a respeito do novo nascimento.
A regeneração é
a nova criação e transformação da pessoa (Rm 12.2; Ef 4.23,24), efetuadas por
DEUS e o ESPÍRITO SANTO (3.6; Tt 3.5) e o crente arrependido se submetendo a
DEUS numa nova vida de santificação no espírito, na lama e no corpo. Por esta
operação, a vida eterna da parte do próprio DEUS é outorgada ao crente (3.16;
2Pe 1.4; 1Jo 5.11), e este se torna um filho de DEUS (1.12; Rm 8.16,17; Gl
3.26) e uma nova criatura (2Co 5.17; Cl 3.10). Já não se conforma com este
mundo (Rm 12.2), mas é criado segundo DEUS “em verdadeira justiça e santidade”
(Ef 4.24).
A regeneração é
necessária porque, à parte de CRISTO, todo ser humano, pela sua natureza
inerente e pecadora, é incapaz de obedecer a DEUS e de agradar-lhe (Sl 51.5;
58.3; Rm 8.7,8; 5.12; 1Co 2.14).
A regeneração
tem lugar naquele que se arrepende dos seus pecados, volta-se para DEUS (Mt e
coloca a sua fé pessoal em JESUS CRISTO como seu Senhor e Salvador (ver 1.12).
A regeneração
envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de obediência a
JESUS CRISTO (2Co 5.17; Ef 4.23,24; Cl 3.10). Aquele que realmente nasceu de
novo está liberto da escravidão do pecado (ver 8.36; Rm 6.14-23), e passa a ter
desejo e disposição espiritual de obedecer a DEUS e de seguir a direção do
ESPÍRITO (Rm 8.13,14). Vive uma vida de retidão (1Jo, ama aos demais crentes
(1Jo 4.7), evita uma vida de pecado (1Jo 3.9; 5.18) e não ama o mundo ( 1Jo
2.15,16).
Quem é nascido
de DEUS não pode fazer do pecado uma prática habitual na sua vida (ver 1Jo
3.9). Não é possível permanecer nascido de novo sem o desejo sincero e o
esforço vitorioso de agradar a DEUS e de evitar o mal (1Jo 2.3-11, 15-17,
24-29; 3.6-24; 4.7,8, 20; 5.1), mediante uma comunhão profunda com CRISTO (ver
15.4) e a dependência do ESPÍRITO SANTO (Rm 8.2-14).
Aqueles que
continuam vivendo na imoralidade e nos caminhos pecaminosos do mundo, seja qual
for a religião que professam, demonstram que ainda não nasceram de novo (1Jo
3.6,7).
Assim como uma
pessoa nasce do ESPÍRITO ao receber a vida de DEUS, também pode extinguir essa
vida ao enveredar pelo mal e viver em iniquidade. As Escrituras afirmam: “se
viverdes segundo a carne, morrereis” (Rm 8.13). Ver também Gl 5.19-21,
atentando para a expressão “como já antes vos disse” (v. 21).
O novo
nascimento não pode ser equiparado ao nascimento físico, pois o relacionamento
entre DEUS e o salvo é questão do espírito e não da carne (3.6). Logo, embora a
ligação física entre um pai e um filho nunca possa ser desfeita, o
relacionamento de pai para filho, que DEUS quer manter conosco, é voluntário e
dissolúvel durante nosso período probatório na terra (ver Rm 8.13). Nosso
relacionamento com DEUS é condicionado pela nossa fé em CRISTO durante nossa
vida terrena; fé esta demonstrada numa vida de obediência e amor sinceros (Hb
5.9; 2Tm 2.12).
Atos 9.1-9
1 - E Saulo,
respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao
sumo-sacerdote, 2 - e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim
de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os
conduzisse presos a Jerusalém. 3 - E, indo no caminho, aconteceu que, chegando
perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.
4 - E, caindo
em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? 5 -
E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou JESUS, a quem tu
persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. 6 - E ele, tremendo
e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te
e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer. 7 - E os varões,
que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. 8 -
E Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E
guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco. 9 - E esteve três dias sem ver, e
não comeu, nem bebeu.
A Conversão de
Saulo - Atos 9:1-9 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
(com algumas aliterações e adições do Pr. Henrique)
Encontramos na
história de Estêvão duas ou três menções a Saulo, pois o escritor sagrado
desejava chegar à história de Paulo. Agora que isso foi feito, não deixamos
Pedro de lado já que daqui em diante ele é associado principalmente com Paulo,
o apóstolo dos gentios, como Pedro era o apóstolo da circuncisão. Em hebraico,
seu nome era Saulo – desejado. O nome romano que ele usava entre os cidadãos de
Roma era Paulo. Nasceu em Tarso, cidade da Cilícia, cidade livre dos romanos,
sendo ele mesmo homem livre daquela cidade (possuía cidadania romana,
portanto). Seu pai e mãe eram ambos judeus nativos; por isso ele se chama
hebreu de hebreus (Fp 3.5). Ele era da tribo de Benjamim que permaneceu fiel à
tribo de Judá (mesma tribo do rei Saul). Sua formação educacional foi
primeiramente nas escolas de Tarso, que era uma pequena Atenas para a
aprendizagem. Lá ele estudou os primeiros rudimentos da Torah na sinagoga e em
casa, com seus pais e também, na escola secular, deve ter
se familiarizado com a filosofia e a poesia dos gregos. De lá, ele
foi enviado para a universidade em Jerusalém a fim de estudar teologia e a lei
judaica. O seu tutor era Gamaliel, fariseu eminente. Possuía extraordinários
talentos naturais e se dedicou bastante ao estudo dos ensinamentos propagados
pelos fariseus. Ele tinha um comércio de habilidades manuais (fizeram-no
aprender a profissão de fazedor de tendas), que era comum entre os judeus que
desde pequeno estudavam para ser eruditos (como disse o Dr. Lightfoot), a fim
de ganharem o próprio sustento e evitarem o ócio. Este é o jovem em quem a
graça de DEUS operou esta mudança maravilhosa aqui registrada cerca de um ano
depois da ascensão de CRISTO ou um pouco mais. (Os judeus estudam e se formam
em alguma profissão intelectual, mas também se formam em alguma profissão
braçal - faltando uma, a outra a cobre para seu sustento).
I
Como Saulo agiu
mal antes da sua conversão.
Ele era inimigo
inveterado do cristianismo e fez o que pôde para erradicá-lo, perseguindo todos
que o aceitassem. Sob outros aspectos, Saulo era muito bom. Era, segundo a
justiça que há na lei, irrepreensível (Fp 3.6), homem de bons costumes, mas
blasfemo de CRISTO, perseguidor dos cristãos e prejudicial a ambos (1 Tm 1.13).
Sua consciência estava tão mal-informada que ele pensava que deveria fazer o
que fez contra o nome de CRISTO (At 26.9) e que estava na verdade servindo a
DEUS com este procedimento, como fora predito (Jo 16.2). Aqui temos:
1. A inimizade
e fúria geral de Saulo contra a religião cristã: E Saulo, respirando ainda
ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor (v. 1). Os perseguidos eram os
discípulos do Senhor. Só por terem essa característica, ele os odiava e os
perseguia. O tema da perseguição era ameaças e mortes. Há perseguição nas
ameaças (At 4.17,21). Elas aterrorizam e quebrantam o espírito. Embora se diga
que as pessoas ameaçadas vivam muito, as pessoas que Saulo ameaçava, se ele não
fosse bem-sucedido em fazê-las fugir com medo de CRISTO, as matava e as
perseguia até à morte (At 22.4). O fato de ele respirar ameaças e mortes dá a
entender que isso lhe era natural e fazia parte de sua atividade constante. Ele
até se sentia bem nesse meio, respirando seus elementos com naturalidade. Ele
respirava com fúria e veemência. Sua própria respiração, como a de algumas
criaturas venenosas, era pestilenta. Ele respirava morte contra os cristãos por
onde quer que fosse. Em seu orgulho, ele assoprava para eles (Sl 12.4,5). Em
sua raiva, ele cuspia seu veneno neles. Essa respiração de Saulo também dá a
entender: (1) Que Saulo persistia ainda mais nisso. Não satisfeito com o sangue
de quem tinha matado, ele ainda clamava: Dá, Dá (Pv 30.15). (2) Que Saulo em
breve pertenceria a outro meio. Por enquanto, ele respirava ameaças e mortes,
mas não tinha de viver essa vida por muito tempo. Essa respiração logo cessará.
2. O desígnio
particular de Saulo acerca dos cristãos em Damasco. Fazia pouco tempo que o
evangelho chegara ali levado pelos cristãos que fugiram da perseguição causada
pela morte de Estêvão. Eles pensavam que estavam seguros e sossegados nessa
cidade e tinham a tolerância daqueles que estavam no poder. Mas Saulo não
ficava sossegado se soubesse que um cristão se encontrasse em paz. Ouvindo que
os cristãos em Damasco estavam em paz, ele resolve perturbá-los. Para isso, ele
solicita uma procuração ao sumo sacerdote (v. 1) para ir a Damasco (v. 2). O
sumo sacerdote não precisava ser levado a perseguir os cristãos, pois ele
sempre estava disposto a fazê-lo. Mas parece que o jovem perseguidor foi mais
vigoroso em seus esforços que o idoso perseguidor. Os líderes no pecado são os
piores pecadores. Os prosélitos que os escribas e fariseus fazem se mostram
sete vezes mais filhos do inferno que eles (Mt 23.15). Saulo disse que esta
procuração foi dada por todo o conselho dos anciãos (At 22.5). Por isso, este
homem fanático e furioso estava bastante orgulhoso de ter uma procuração dada
exclusivamente a ele com o selo do grande Sinédrio. A procuração o autorizava a
investigar entre as sinagogas ou congregações dos judeus que estavam em
Damasco, a existência de alguém que pertencesse àqueles que se inclinavam a
favor desta nova seita ou heresia, aqueles que criam em CRISTO. Se ele achasse
um dos tais, quer homens, quer mulheres, devia levá-los prisioneiros para
Jerusalém a fim de que fosse instaurado inquérito contra eles de acordo com a
lei pelo grande conselho. Observe: (1) Os cristãos aqui são chamados alguns
daquela seita (v. 2), “alguns que eram do Caminho” (versão RA), conforme o
original. Talvez os cristãos às vezes se chamassem assim: de CRISTO, “o
Caminho”. Ou porque eles se consideravam que estavam apenas no caminho, não
tendo ainda chegado ao lar; ou porque os inimigos os representavam estar longe
por si mesmo, um caminho retirado, pouco frequentado, um partido, uma facção.
(2) O sumo
sacerdote e o Sinédrio requeriam o direito de exercer poder sobre os judeus em
todos os países. E todas as sinagogas, mesmo aquelas que não estivessem na
jurisdição do governo civil da nação judaica, prestavam deferência respeitosa a
estas autoridades em questões de religião. Hoje, o pontífice romano reivindica
tal soberania como então fizera o pontífice judaico, embora ele não tenha muito
o que mostrar.
(3) Por esta
procuração, todos que adorassem a DEUS do modo que o sumo sacerdote e o
Sinédrio considerassem heresia, embora concordassem exatamente com os
institutos originais até da igreja judaica, quer fossem homens ou mulheres,
seriam processados. Até o sexo frágil, que num caso desta natureza poderia
ficar isento, ou pelo menos sob compaixão, não receberá de Saulo nada menos do
que receberam dos perseguidores papistas.
(4) Saulo
recebeu a ordem de levar todos esses indivíduos para Jerusalém amarrados como
criminosos de primeira magnitude. Este procedimento visava a amedrontar os
prisioneiros e engrandecer Saulo, na qualidade de comandante da força policial
que fora buscá-los e pela oportunidade de respirar ameaças e morte. Saulo foi
usado quando a graça de DEUS operou essa grande mudança nele. Não nos
desesperemos da graça renovadora em prol da conversão dos maiores pecadores,
nem desistamos da misericórdia perdoadora de DEUS a favor do maior pecado, pois
o próprio Paulo obteve misericórdia para que ele fosse um exemplo notável (1 Tm
1.13).
II
Como foi súbita
e extraordinária a mudança maravilhosa ocasionada em Saulo, não por meio de
expedientes comuns, mas por milagre. A conversão de Saulo é uma das maravilhas
da igreja. Aqui está:
1. O lugar e a
hora da conversão de Saulo:
Indo no
caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco (v. 3), JESUS o encontrou.
(1) Saulo
estava indo no caminho (v. 3) em sua viagem. Ele não estava no templo, nem na
sinagoga, nem na reunião dos cristãos, mas indo no caminho. Os pensamentos são
tão livres e há boa oportunidade de refletir com nosso próprio coração na
estrada quanto na cama. Lá, o ESPÍRITO pode começar sua obra em nós, pois esse
vento assopra onde quer (Jo 3.8). Saulo já havia ouvido e visto o testemunho de
Estêvão (ouvido sua sabedoria e suas palavras de amor, visto sua coragem e fé).
(2) Saulo
estava perto de Damasco (v. 3), quase no fim da viagem, prestes a entrar na
cidade, a principal da Síria. Alguns eruditos observam que ele, que seria o
apóstolo dos gentios, converteu-se à fé de CRISTO em um país gentio. Outrora
Damasco fora infame por perseguir o povo de DEUS: seus habitantes trilharam a
Gileade com trilhos de ferro (Am 1.3). Agora, era provável que o mesmo
acontecesse de novo.
(3) Saulo
estava prosseguindo no mau caminho, cumprindo seu desígnio contra os cristãos
em Damasco e se agradando com o pensamento de que lá devoraria esta criança
recém-nascida do cristianismo. Veja que às vezes a graça de DEUS opera nos
pecadores quando eles estão no pior e fervorosamente empenhados em seus mais
desesperados interesses pecaminosos, os quais são para a glória da piedade e do
poder de DEUS.
(4) O edito e
decreto cruel que Saulo trazia consigo estava perto de ser posto em execução.
Mas felizmente foi impedido, fato que pode ser considerado:
[1] Como grande
bondade para com os pobres santos em Damasco, que ficaram sabendo da ida de
Saulo, segundo deduzimos do que Ananias disse (vv. 13,14), e estavam
apreensivos diante do perigo que ele representava para eles, tremendo como
fracos cordeiros diante do ataque de um lobo voraz. A conversão de Saulo foi,
por ora, a segurança dos santos damascenos. JESUS tem muitas maneiras de livrar
da tentação os piedosos. Às vezes, Ele livra mudando o caráter dos
perseguidores, quer lhes contendo o espírito colérico (Sl 76.10) e o
apaziguando durante certo tempo, como fez com o rei Saul que mais de uma vez
apiedou-se de Davi (1 Sm 24.16; 26.21), quer renovando-lhes o espírito e
fixando nele impressões duráveis, como fez com Saulo.
[2] Mostrando
bastante misericórdia para com o próprio Saulo, não o deixando executar seu
desígnio mau. Caso tivesse ido em frente, talvez tivesse alcançado o
preenchimento da medida da sua iniquidade. Veja que será valorizado como sinal
notável do favor divino se DEUS, quer pela operação interior da sua graça, quer
pelas ocorrências exteriores da sua providência, nos impedir de prosseguir e
executar um propósito pecaminoso (1 Sm 25.32).
2. A aparição
de JESUS na sua glória a Saulo.
Aqui, somos
informados somente que subitamente o cercou um resplendor de luz do céu (v. 3).
Mas pelo que se segue (v. 17), concluímos que o Senhor JESUS estava nesta luz e
lhe apareceu desta maneira. Ele viu o Justo (Atos 22.14) e viu uma luz (Atos
26.13). Quer ele o tenha visto a distância, como Estêvão o viu nos céus, quer o
visse mais próximo no ar não sabemos com certeza. Não é incompatível com a
escritura que diz que o céu contém JESUS até ao fim dos tempos (At 3.21) supor
que Ele, em tal ocasião extraordinária, fez uma visita pessoal e brevíssima a
esta terra. A fim de que Paulo fosse apóstolo era necessário que ele visse o
Senhor, e ele o viu (1 Co 9.1; 15.8). (1) Esta luz (v. 3) brilhou sobre Saulo
subitamente – exaiphnes, quando ele sequer pensava em tal coisa e sem aviso
prévio. As manifestações de JESUS para as pessoas são muitas vezes súbitas e
muito surpreendentes, e Ele as antecipa com as bênçãos da sua bondade. Foi o
que sucedeu com os discípulos que JESUS chamou para si. Antes de eu o sentir (Ct
6.12). (2) Era uma luz do céu (v. 3), a fonte da luz, do DEUS do céu, o Pai das
luzes. Era uma luz mais intensa que o brilho do sol (Atos 26.13), pois foi
visível ao meio-dia e excedia o esplendor do sol na sua força e fulgor
meridiano (Is 24.23). (3) A luz cercou [...] Saulo, não só em torno do rosto,
mas do corpo inteiro. De qualquer lado que se virasse, ele estava rodeado com a
manifestação do milagre. O propósito disso era não só sobressaltá-lo e
despertar-lhe a atenção (para ouvir bem quando visse algo tão extraordinário
assim), mas também dar a entender a iluminação do seu entendimento com o
conhecimento de CRISTO. O diabo entra na alma nas densas trevas. Deste modo,
ele obtém e mantém a posse da alma. Mas JESUS entra na alma à plena luz, pois
Ele próprio é a luz do mundo, brilhante e gloriosa para nós, como a luz. A luz
é primeira coisa nesta nova criatura, como é na criação do mundo (2 Co 4.6).
Por conseguinte, todos os cristãos são filhos da luz e filhos do dia (1 Ts
5.5).
3. A detenção
de Saulo e sua separação:
Ele caiu em
terra (v. 4). É provável que ele estivesse a cavalo, como Balaão que montava
uma jumenta quando foi amaldiçoar Israel, e talvez cavalgasse melhor que ele,
pois Saulo estava em função oficial, tinha pressa e a viagem era longa, de
forma que não é provável que ele estivesse viajando a pé.
Vemos que esta
é a hipótese mais aceita, pois assim era o comportamento padrão. A pessoa mais
importante viajava a cavalo.
"E,
chamando dois centuriões, lhes disse: Aprontai para as três horas da noite
duzentos soldados, e setenta de cavalo, e duzentos lanceiros para irem até
Cesareia; aparelhai cavalgaduras, para que, pondo nelas a Paulo, o levem salvo
ao governador Félix". Atos 23:23,24
A luz súbita
amedrontaria o cavalo no qual ele montava e o derrubaria. Foi a boa providência
de DEUS que o corpo de Saulo não se machucasse com a queda. Pelo visto, todos
que estavam com ele também caíram por terra (Atos 26.14), mas o alvo era ele.
Isto pode ser considerado:
(1) Como o
efeito da aparição de JESUS para Saulo e da luz do céu que o cercou.
Veja que a
manifestação de JESUS para os pecadores visa a humilhá-los. Esse fenômeno
miraculoso os rebaixa, fazendo-os pensar vilmente sobre si e submeter-se
humildemente à vontade de DEUS. Agora te veem os meus olhos, disse Jó. Por
isso, me abomino (Jó 42.4,5); Eu vi ao Senhor, disse Isaías, assentado sobre um
alto e sublime trono. [...] Então eu disse: ai de mim, que vou perecendo! (Is
6.1,5); E, estando ele falando comigo, caí com o meu rosto em terra,
adormecido; ele, pois, me tocou e me fez estar em pé. Daniel 8:18; E
levantei-me e saí ao vale, e eis que a glória do Senhor estava ali, como a
glória que vi junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto. Ezequiel 3:23.
(2) Como um
degrau para este avanço planejado.
O propósito era
que Saulo fosse não só cristão e ministro, mas também apóstolo, grande
apóstolo. Portanto, ele precisava ser subjugado desta forma. Veja que aqueles a
quem JESUS escolhe para receber as maiores honras são primeiramente humilhados.
Aqueles a quem JESUS quer dar conhecimento e graça sobejamente são em primeiro
lugar humilhados para que sintam a própria ignorância e pecaminosidade. Aqueles
a quem DEUS vai usar são primeiramente golpeados com o senso da própria
indignidade em serem usados.
4. A acusação
de Saulo. Sendo pela queda levado em custódia e como se estivesse num tribunal,
ele ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? (v. 4).
Essa voz era nítida somente para ele, pois os demais ouviam apenas um som (v.
7), não distinguindo as palavras (Atos 22.9). Observe aqui:
(1) Saulo viu
uma luz do céu e ouviu uma voz do céu (v. 4).
Sempre que a
glória de DEUS foi vista, a palavra de DEUS foi ouvida (Êx 20.18) por Moisés
(Nm 7.89) e pelos profetas. As manifestações de DEUS nunca foram exibições
mudas, porque Ele engrandece sua palavra acima de todo o seu nome. O que foi
visto sempre teve o propósito de abrir caminho ao que foi dito. Saulo [...]
ouviu uma voz. Veja que a fé vem pelo ouvir a Palavra de DEUS. Por conseguinte,
o ESPÍRITO é recebido pelo ouvir da fé (Rm 10.17; Gl 3.2). A voz que ele ouviu
era a voz de JESUS. Quando ele viu aquele Justo, ouviu a voz da sua boca (Atos
22.14). Veja que a palavra que ouvimos tem maior probabilidade de nos
beneficiar quando a ouvimos como a voz de JESUS (1 Ts 2.13). Esta é a voz do
meu amado (Ct 2.8). É somente a voz dele que pode alcançar o coração. Ver e
ouvir são dois métodos de aprendizagem. JESUS entrou no coração de Saulo por
ambas estas portas.
(2) O que Saulo
ouviu era muito estimulante.
[1] Saulo foi
chamado por nome e duas vezes: Saulo, Saulo (v. 4). Certos estudiosos são de
opinião de que, ao chamá-lo de Saulo, JESUS dá a entender o terrível
perseguidor de Davi cujo nome era semelhante – Saul. Ele foi de fato um segundo
Saul, grande inimigo do Filho de Davi como o outro fora para Davi. Chamá-lo
pelo nome indica a consideração especial que JESUS tinha por ele (Is 45.4; veja
Êx 33.12). Chamá-lo pelo nome convenceu-o e não lhe deixou dúvida de quem era a
voz que lhe falava (como Ele saberia seu nome se não fosse DEUS?). Veja que o
que DEUS fala em geral tem maior probabilidade de nos fazer bem quando
aplicamos o que ouvimos a nós mesmos e inserimos nosso nome nos preceitos e
promessas expressos de modo geral, como se Ele nos chamasse pelo nome. Quando
disse: Ó vós todos (Is 55.1), Ele dissera: Ó fulano (Rt 4.1): Samuel, Samuel (1
Sm 3.10); Saulo, Saulo. Chamar duplamente: Saulo, Saulo, indica, em primeiro
lugar, o sono profundo em que Saulo se encontrava. Ele precisava ser chamado
muitas vezes, como ocorre em Jeremias 22.29: Ó terra, terra, terra! Em segundo
lugar, a preocupação amorosa que o santo JESUS tinha por Saulo e por sua
recuperação. Ele fala como alguém que é sincero. É como Marta, Marta (Lc
10.41), ou Simão, Simão (Lc 22.31), ou Jerusalém, Jerusalém (Mt 23.37). Ele
fala com ele como com alguém que está em perigo iminente, à beira da cova,
prestes a cair: “Saulo, Saulo, tu não sabes para onde estás indo. Ou: O que tu
estás fazendo?”
[2] A acusação
apresentada contra Saulo é: Por que me persegues? (v. 4). Observe aqui, em
primeiro lugar, que antes de Saulo se tornar santo, ele tem de se ver pecador,
um grande pecador, um pecador contra JESUS. Agora ele vê esse mal nele que ele
nunca vira antes. O pecado reviveu e ele morreu. Veja que a convicção humilde
de pecado é o primeiro passo para a conversão salvadora do pecado. Em segundo
lugar, que Saulo é convencido de um pecado em particular, do qual ele era mais
notoriamente culpado, no qual tinha se justificado e por meio do qual é
convencido de todos os outros pecados. Em terceiro lugar, que o pecado do qual
Saulo é convencido é perseguição: Por que me persegues? (v. 4). Trata-se de uma
repreensão muito afetuosa, o suficiente para derreter um coração de pedra.
Observe: 1. A pessoa que pecou:
“És tu. Tu, que
não és um da multidão ignorante, rude e irracional, que destruirá qualquer
coisa que ouve com um nome ruim. Mas és tu que tiveste uma educação culta e
liberal, tens talentos, dons e conhecimento das Escrituras, os quais, se
devidamente considerados, te mostrariam a loucura disto. É pior em ti do que em
outro”.
2. A pessoa
contra quem pecou:
“Sou Eu, que
nunca te fez mal, que veio do céu para a terra fazer o bem, que não faz muito
tempo que foi crucificado por ti. E não foi o bastante, mas devo Eu ser
crucificado mais uma vez por ti?”
3. O tipo e
persistência do pecado:
perseguição e,
naquele momento, Saulo estava engajado nisso: “Tu não só tens perseguido, mas
tu persegues e persistes nessa ação”. Naquele momento, ele não estava
arrastando alguém para a prisão, nem estava matando-o. Mas era esta a missão na
qual ele estava indo a Damasco. Era este seu intento, o qual lhe agradava o
pensamento. Note que os que intentam causar dano já estão, na conta de DEUS,
causando danos.
4. A pergunta
que JESUS fez para Saulo: “Por que tu fazes isso?”
(1) É linguajar
de queixa. “Por que tu ages assim injustamente, assim indelicadamente, com os
meus discípulos?” JESUS nunca reclamou tanto daqueles que o perseguiram em
pessoa como Ele reclamou aqui daqueles que o perseguiram nos seus seguidores.
Ele reclama como se fosse o pecado de Saulo: “Por que tu és tal inimigo de ti
mesmo, do teu DEUS?” Note que os pecados dos pecadores são cargas muito
dolorosas ao Senhor JESUS. Ele se condói dessas cargas (Mc 3.5); Ele é
pressionado sob essas cargas (Am 2.13).
(2) É linguajar
convincente: “Por que tu ages assim? Tu podes me dar uma boa razão para isso?”
Veja que é bom nos perguntarmos por que agimos desta ou daquela maneira, para
que nos demos conta de quão irracional é o pecado. De todos os pecados nenhum é
tão irracional, tão irresponsável, quanto o pecado de perseguir os discípulos
de JESUS, sobretudo quando descobrimos que estamos, como certamente estão
perseguindo JESUS. Não tem conhecimento quem persegue o povo de DEUS (Sl 14.4).
Por que me persegues? Ele pensava que estava perseguindo somente um grupo de
pessoas pobres, fracas e tolas, que eram uma afronta e ofensiva de se olhar
para os fariseus, sem imaginar que com tudo isso ele estava insultando uma
pessoa no céu. Com toda a certeza, se tivesse sabido disso, ele não teria
perseguido o Senhor da glória. Veja que os que perseguem os santos perseguem o
próprio JESUS. O que é feito contra eles Ele recebe como se tivesse sido feito
contra si mesmo, e o julgamento no grande Dia será feito em conformidade com isso
(Mt 25.45).
5. A pergunta
de Saulo na sua acusação e a resposta (v. 5).
(1) Saulo faz
perguntas acerca de JESUS: Quem és, Senhor? (v. 5).
Ele não
responde diretamente à indagação de JESUS, mas a própria consciência e
procedimento o acusavam. Quando DEUS nos faz ver nossos pecados, não podemos
justificar um entre mil, especialmente quando se trata de perseguição. As
convicções de pecado, quando atingem com poder a consciência, calam todas as
desculpas e justificações. Ainda que eu fosse justo, lhe não responderia (Jó
9.15). Mas Saulo deseja saber quem é o seu juiz. A interpelação é respeitosa:
Senhor. Ele, que fora blasfemo do nome de JESUS, agora fala com Ele como o seu
Senhor. A pergunta é apropriada: Quem és...? Isso dá a entender o seu
desconhecimento de JESUS. Ele não conhecia a voz de JESUS como as suas ovelhas
a conhecem, mas desejava se familiarizar com ela. A luz que o envolve o convence
de que é alguém do céu que lhe fala, e ele respeita aquilo que lhe parece vir
do céu. Quem és, Senhor? Qual é o teu nome? (Jz 13.17; Gn 32.29). Observe que
as pessoas se enchem de esperança quando começam a perguntar por JESUS CRISTO.
(2) Saulo
recebe uma resposta imediatamente, na qual temos:
[1] A revelação
graciosa e pessoal de JESUS para Saulo. Ele sempre está pronto a responder as
perguntas investigativas e sérias daqueles que desejam conhecê-lo: Eu sou
JESUS, a quem tu persegues (v. 5). Na certa Paulo agora ouve o mesmo nome que
ouviu da boca de Estêvão - E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia:
Senhor JESUS, recebe o meu espírito. Atos 7:59. Então Estevão realmente estava
vendo e falando com Ele? O nome de JESUS não lhe era desconhecido. Seu coração
se revoltara contra esse nome muitas vezes, e com alegria ele o faria cair no
esquecimento. Ele sabia que era o nome que ele perseguia, mas nem imaginava que
o ouviria do céu, ou em meio à tamanha glória que agora o cercava. Perceba que
JESUS traz as pessoas para comunhão com Ele se manifestando pessoalmente a
elas. Ele disse, em primeiro lugar: Eu sou JESUS, o Salvador. Eu sou JESUS, o
Nazareno (At 22.8). Saulo o chamava assim quando contra Ele blasfemava: “Eu sou
aquele mesmo JESUS a quem tu acostumavas chamar com desprezo ‘JESUS, o Nazareno’”.
Ele mostraria que agora que Ele está na sua glória não se envergonha da sua
humilhação. Em segundo lugar: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues. Portanto, o
risco é teu se tu persistires em continuar neste curso mau”. Não há nada mais
eficaz para despertar e humilhar os pecadores do que eles verem o pecado que
cometem contra JESUS, sendo uma afronta para Ele e uma contradição aos seus
desígnios.
[2] A
reprovação gentil de JESUS: Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões (v.
5) – dar soco em ponta de faca. Retornar atrás quando espetado por um ferrão de
ponta aguda como nos carros de boi. É duro, é em si mesmo uma coisa absurda e
má, e será de consequência fatal para aquele que o fizer. Essas recalcitrações
contra os aguilhões que abafam e sufocam as convicções da consciência, que se
rebelam contra as verdades e leis de DEUS, que brigam com as providências
divinas e que perseguem e se opõem aos seus ministros, porque eles as reprovam,
e as suas palavras são como pontas de ferro (aguilhões) e pregos. Aqueles que
se revoltam cada vez mais quando são atingidos pela palavra ou vara de DEUS,
que se enfurecem com as reprovações e insultam os reprovadores, recalcitram
contra os aguilhões e terão muito a prestar contas.
6. Por fim, a
rendição de Saulo ao Senhor JESUS (v. 6). Veja aqui:
(1) A
disposição mental e temperamento nos quais Saulo estava quando JESUS estivera
tratando dele.
[1] Saulo
tremia (v. 6) como alguém que estava com muito medo. Observe que as convicções
fortes, dadas pelo bendito ESPÍRITO, farão o pecador-alvo tremer. Esses
indivíduos não têm escolha senão tremer ao verem que o DEUS eterno foi
provocado contra eles, que a criação inteira está em guerra com eles e que a
própria alma se encontra à beira da ruína! [2] Saulo ficou atônito (v. 6),
muito surpreso e espantado, como alguém que é levado a um país estrangeiro, que
não sabe em que ambiente está. Note que a obra convincente e convertedora de
JESUS é surpreender o pecador e enchê-lo de admiração. “O que é isto que DEUS
está fazendo comigo? O que mais Ele vai fazer?”
(2) As palavras
de Saulo para JESUS, quando aquele estava nesta disposição mental e
temperamento: Senhor, que queres que faça? (v. 6). Podemos considerar esta
pergunta: [1] Como um pedido sério de Saulo pelos ensinamentos de CRISTO:
“Senhor (v. 6), eu percebo que até aqui tenho estado fora dos teus caminhos. Tu
tens me mostrado meus erros, corrigindo-me. Tu descobriste os meus pecados,
descubra-me também o caminho do perdão e da paz”. É igual a: Que faremos,
varões irmãos? (At 2.37). Observe que o desejo sério de ser instruído por JESUS
no caminho da salvação é prova clara de que a boa obra começou na alma. Ou: [2]
Como uma resignação sincera de Saulo à direção e governo do Senhor JESUS. Esta
foi a primeira palavra que a graça comunicou a Saulo, e assim começou uma vida
espiritual: Senhor [JESUS], que queres que eu faça? (v. 6). A grande mudança na
conversão é operada na vontade, que consiste em sua resignação à vontade de
JESUS. A conversão trás desejo de trabalhar para JESUS.
(3) A
orientação geral que JESUS deu a Saulo em resposta à pergunta feita:
Levanta-te
e entra na cidade (v. 6) de Damasco, que está perto de ti, e lá te será dito o
que te convém fazer. É muito animador ter a promessa de mais instruções, mas:
[1] Saulo não receberá mais instruções agora. Em breve lhe será dito o que ele
tem de fazer. Por ora, ele tem de permanecer no que lhe foi dito e se
aperfeiçoar nisso. Ele deve refletir no que fez perseguindo JESUS, humilhar-se
muitíssimo por isso, para que então lhe seja dito o que mais ele tem de fazer.
[2] Saulo não receberá mais instruções por este meio, por uma voz do céu, pois
está claro que ele não suportará. Ele está tremendo e atônito (v. 6). Mais
tarde sim voltará a ouvir e ver JESUS. Agora um homem como ele lhe dirá o que
ele tem de fazer, cujo terror não o deixará amedrontado, nem sua mão lhe será
pesada, que era o que Israel desejou no monte Sinai. Ou é indicação de que
levaria certo tempo para outras e maiores manifestações de JESUS para Saulo,
quando ele tivesse se recomposto e este espanto tivesse acabado. JESUS se
manifesta aos seus por etapas. Tanto o que Ele faz quanto o que Ele quer que
eles façam, embora não saibam agora, saberão depois.
7. Até que
ponto os companheiros de viagem de Saulo foram afetados pelo episódio
miraculoso e que impressão isso lhes causou.
Eles caíram em
terra, a seu exemplo, mas se levantaram sem a necessidade de receberem ordem,
ao passo que ele ficou caído em terra e só se levantou quando recebeu a ordem:
Levanta-te (v. 6). É que ele ficou debaixo de uma carga mais pesada que os
outros. Mas, quando os varões, que iam com [Saulo], se levantaram (v. 7): (1)
Eles pararam espantados, confusos, e isso era tudo. Eles estavam na mesma
missão má em que Saulo estava, e talvez, no melhor de suas forças, eram tão
rancorosos quanto ele. Não somos informados se algum deles se converteu, embora
tivessem visto a luz, caíssem em terra e ficassem espantados pelo episódio. Não
há meio externo que, por si só, ocasione a mudança na alma, sem que operem o
ESPÍRITO e a graça de DEUS, que distinguem uns dos outros. Dentre este grupo
que viajava junto, um é tomado, e os outros são deixados. Eles pararam
espantados, ou “emudecidos” (versão RA). Nenhum deles disse: Quem és, Senhor?
ou: Senhor, que queres que faça? como fez Saulo. Nenhum dos filhos de DEUS
nasce emudecido. (2) Eles ouviam a voz, mas não nitidamente, não viam ninguém.
Eles ouviam Saulo falar, mas não viam com quem falava, nem ouviam claramente o
que lhe era dito. Isto se harmoniza com a descrição deste mesmo episódio
registrada no capítulo 22.9: Os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, e
se atemorizaram muito (o medo era compreensível, pois eles não viam ninguém na
luz como Saulo via), e que eles não ouviram a voz daquele que falava com Saulo,
para que entendessem o que Ele dizia, embora ouvissem um ruído confuso. Assim,
os varões que seriam instrumentos da raiva de Saulo contra a igreja servem de
testemunhas do poder de DEUS que caiu sobre ele. Assim também quando DEUS falou
com JESUS no batismo nas águas, os que ali se encontravam não entenderam o que
a voz dizia. Só João Batista e JESUS entenderam. Ora, a multidão que ali estava
e que a tinha ouvido dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe
falou. Joao 12:29
8. Em que
condição Saulo ficou depois do episódio miraculoso (vv. 8,9).
(1) Saulo
levantou-se da terra (v. 8), quando JESUS o ordenou, mas provavelmente não sem
ajuda. A visão o deixou tão abatido e fraco, não direi como Belsazar, quando as
juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro (Dn
5.6), mas como Daniel, quando por causa da visão que teve ele ficou sem força
alguma (Dn 10.16,17).
(2) Saulo
[...], abrindo os olhos (v. 8), descobriu que ficara cego. Ele não via a
ninguém, a nenhum dos varões que o acompanhavam na missão, que imediatamente
passaram a ocupar-se com ele. Não foi tanto esta luz brilhante que,
deslumbrando os seus olhos, os escureceram – nimium sensibile loedit sensum,
pois então os que estavam com ele também teriam perdido a visão. Foi a visão de
JESUS, que os demais não tiveram, que causou este efeito em Saulo. A visão
cristã da glória de DEUS na face de CRISTO deslumbra os olhos de todas as
coisas aqui da terra. JESUS, para dar outras e maiores revelações de si e do
seu evangelho para Saulo, tirou-lhe a visão de outras coisas, das quais ele
tinha de desviar o olhar, para que visse JESUS e tão-somente Ele.
(3) Os
companheiros de viagem de Saulo, guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco (v.
8). Sabemos que Paulo ficou hospedado em uma casa de alguém da mesma cidade
natal dele - Tarso - seu nome era Judas (Atos 9.11). Aquele que pensava
conduzir os discípulos de JESUS prisioneiros e cativos para Jerusalém foi ele
mesmo conduzido prisioneiro e cativo a JESUS para Damasco. Ele aprendeu que
precisava da graça de JESUS para conduzir a sua alma (sendo naturalmente cego e
passível de erro) em toda a verdade.
(4) Saulo fica
sem ver (v. 9) e em jejum por três dias, pois não comeu, nem bebeu. Durante
todo esse tempo ele esteve sofrendo os terrores de DEUS pelos seus pecados, que
agora eram colocados em fila diante dele. Ele estava na escuridão concernente
ao seu próprio estado espiritual. o jejum era a melhor opção para quem desejava
se humilhar diante de seu salvador - nem comida nem bebida experimentou por
três dias. Sua comida agora era fazer a vontade de DEUS.
_______________________________________________
A
conversão e o chamado de Saulo (9.1-30) - Comentário - NVI (F.F.Bruce)
Saulo e seu
chamado. A mensagem cristã estava se espalhando por toda a Palestina, e não
muito tempo depois Pedro estaria pregando o evangelho na casa de um
gentio, abrindo a porta do Reino para os incircuncisos, ou gentios. Nesse
momento, o Senhor põe a mão sobre o inquisidor-mor, que, segundo os
desígnios de DEUS, seria o apóstolo aos gentios. Anos passariam até que Barnabé
e Saulo saíssem para o que foi chamado de “primeira viagem
missionária”, mas DEUS comissionou o seu servo a tempo para que pudesse
ser treinado em segredo antes de ser reconhecido como o apóstolo que
completaria a obra ao mundo gentílico.
Muito tempo
depois, Paulo falou da condução providencial de DEUS nele já a partir do seu
nascimento (G1 1.15) para que, nascido hebreu, filho de pais hebreus,
formado na melhor tradição do judaísmo e mesmo assim um cidadão de Tarso e
do império, com trânsito completamente livre também com a cultura
helenística, estivesse ele idealmente preparado para fazer a ponte entre o
Oriente e o Ocidente, carregando a mensagem preparada e nutrida em Israel
até os confins da terra. A sua rara dotação intelectual foi energizada por
meio de um forte temperamento que não conhecia nada de
meias-medidas. Como perseguidor, era terrível, mas, uma vez tendo se
entregue a JESUS CRISTO, a sua lealdade foi absoluta, e o seu serviço,
transbordante. Esse era um vaso escolhido de DEUS, o grande apóstolo mestre,
comissionado pelo Senhor glorificado para marcar as linhas da estratégia
missionária e para ser o mordomo principal do mistério de CRISTO e de sua
igreja (Ef 2; 3; Cl 1.24—2.7; 1Tm 1.12-17; 2Tm 1.8-12; At 26.16-20).
Os relatos da
conversão. Lucas destaca o apostolado de Paulo ao apresentar a história da sua
conversão três vezes em Atos: aqui, como parte da história geral; em
22.3-16, como testemunho de Paulo diante dos judeus; em 26.9-10, como o
elemento principal na sua defesa diante de Agripa II. Diferentes propósitos
determinam as leves diferenças nos detalhes, principalmente devidas ao
grau de condensação.
Uma extensão de
perseguição é proposta (v. 1,2). Saulo respirava ameaças contra os nazarenos
segundo a suposta maneira de dragões cuspidores de fogo (v. 1) e viu
o perigo da propagação da “doença” entre os judeus da Dispersão, onde
a influência do Sinédrio era mais fraca. Essa assembleia certamente tinha
poderes extraterritoriais sobre as sinagogas no exterior, e a extradição
de judeus para julgamento não era desconhecida. Em Damasco, cerca de 10
mil judeus se encontravam nas muitas sinagogas, e a notícia da presença de
nazarenos entre eles tinha chegado a Jerusalém.
A raiva de
Saulo era inflamada ainda mais profundamente pelos impulsos da sua consciência
pesada, que é a única explicação para a expressão “resistir ao aguilhão”
(26.14). Conversões como essa não são produzidas num vácuo
psicológico. Acerca de outras referências à fé cristã como o Caminho, v.
18.26; 19.9; 22.4; 24.14,22.
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A Vida e a
Época do Apóstolo Paulo - 220.92 - Biografia - Ball. Charles Ferguson -
Bela A Vida e a Época do Apóstolo Paulo.../ Bali, Charles Ferguson - 1° ed. -
Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de DEUS, 1998. ISBN
85-263-0186-1 - Biografia. 2. História Bíblica.
Grande parte da
vida e da época de Paulo nos tem sido preservada no Novo Testamento,
principalmente nos escritos pessoais do apóstolo. Numa narrativa envolvente,
Charles Ferguson Ball apresenta, pormenorizadamente, a vida do grande apóstolo
dos gentios. Onde a história se cala, o autor busca prováveis detalhes em suas
pesquisas, mantendo sempre a conformidade com o registro bíblico.
Início da
Convicção de Saulo
Saulo
enfrentava uma nova dificuldade. Embora houvesse dispersado os nazarenos de
Jerusalém, recebeu diversos relatórios de que estes continuavam espalhando seus
ensinamentos. A Igreja, em vez de diminuir, crescia mais e mais. Ele então
começou a se perguntar se todo o seu trabalho estava ou não baldado ao
fracasso. Será que o seu velho professor Gamaliel tinha razão ao dizer que, se
a seita dos nazarenos fosse de DEUS, nem o Sinédrio nem um poderoso exército
iria detê-la?
Seria realmente
uma obra divina? Estaria Saulo lutando contra DEUS? É certo que fora derrotado
na discussão com os nazarenos, pois estes conheciam as Escrituras e fizeram-no
calar-se na sinagoga. Estêvão certamente vencera os perseguidores, pois na hora
de sua execução, um estranho poder o possuíra, impressionando profundamente a
Saulo. E os cristãos que seguiam para a morte com uma expressão de vitória
estampada no rosto? Até aquele ponto Gamaliel acertara: A perseguição só
ajudara a propagar o novo ensinamento.
As cenas se
sucediam na mente de Saulo. Ele pensou em sua educação farisaica e em todas as
regras que aprendera. Acreditava que, seguindo-as, receberia a vida eterna. Mas
agora tinha de admitir: sua vida era vazia. Quanto aos ensinamentos rabínicos,
não seriam suficientes sem a esperança do Messias. Neste ponto, Saulo
surpreendeu-se pensando no Messias; desejava que Ele viesse logo.
Tinha certeza
de que os nazarenos pregavam um falso messias. Todavia, tinha a sensação de que
o grande e misterioso poder que nEle se achava viera sobre homens como Estêvão.
Saulo perguntou
a si mesmo porque tais homens, a quem condenara à morte, estavam dispostos a
morrer pela nova religião. Ele sempre acreditara que as pessoas defendiam
coisas falsas enquanto lucrassem com isso; mas, quando a espada era posta em
suas gargantas, desistiam imediatamente. Mas por que os seguidores de JESUS se
agarravam à sua fé como se esta lhes fosse mais preciosa que a própria vida?
O PONTO CRÍTICO
Embora
estivesse colecionando lembranças amargas, Saulo decidira continuar a luta.
Irritado com a propagação da Igreja, prepara uma expedição a Damasco, onde,
segundo ouvira falar, vários nazarenos haviam se refugiado por causa da
perseguição desencadeada em Jerusalém. Além disso, pregavam ativamente a CRISTO
nas várias sinagogas. Saulo achava que poderia abater definitivamente os
seguidores de JESUS se os expulsasse dessa fortaleza. Acompanhado por uma tropa
de guardas do Templo, saiu de Jerusalém pela Porta de Damasco respirando
ameaças e mortes. A distância até Damasco era de aproximadamente 240
quilômetros. Apesar de a estrada ser ladeada por uma das paisagens mais belas
do mundo, o propósito de Saulo não era apreciar o cenário; era acabar com a
Igreja de CRISTO.
A região
achava-se repleta de lembranças históricas. Dois mil anos antes, Elieser, o
damasceno, tornara-se servo de Abraão e viajara por aquela mesma estrada. Naamã
passara por aquele caminho quando fora ter com Eliseu. Mas Saulo não queria
pensar nessas coisas, pois estava dominado pelo ódio. Planejara caçar os
cristãos e levá-los acorrentados a Jerusalém para que fossem julgados e
condenados pelo Sinédrio. Na túnica, trazia uma carta selada do sumo sacerdote
aos rabinos de Damasco, ordenando que se lhe desse toda a assistência, pois era
o representante legal das autoridades judaicas.
O sol ardia
quando eles chegaram às proximidades da velha cidade. À sua frente, estendia-se
um vale bem irrigado e protegido por densas florestas com árvores de todo tipo.
Lá estavam a palmeira com suas delicadas folhas e o álamo. Os vinhedos, nas
encostas, eram os mais ricos de toda a Síria. Os viajantes geralmente
abrigavam-se sob essas árvores quando o sol se encontrava no auge de sua força.
Em sua impaciência, porém, Saulo não quis descansar.
Na sinagoga,
todos já tinham sido avisados de sua chegada. Quanto aos nazarenos, ainda se
lembravam da confusão que ele criara em Jerusalém, por isso tremiam com a ideia
de enfrentar novamente a perseguição. Isso significava que famílias seriam
separadas e reduzidas à pobreza, ou até mortas. Havia, porém, decidido
manter-se fiéis a CRISTO não importando as consequências.
O meio-dia
encontrou Saulo na periferia da cidade, apressando-se em direção a ela. As
estradas estavam desertas àquela hora. Até mesmo o gado havia procurado a
sombra dos arvoredos e aí se acomodara até que passasse o calor. Apesar de toda
aquela calmaria, Saulo não parara a fim de descansar. Os guardas do Templo que
o acompanhavam, embora surpresos, não ousavam fazer-lhe qualquer observação.
O pequeno grupo
aproximou-se do alto de um monte de onde se podia ver os prédios rebrilhando ao
sol. Segundo o poeta, Damasco era "um punhado de pérolas numa taça de
esmeralda".
A Aparição de
CRISTO
Ao descerem o
monte, um raio de luz, mais brilhante que o sol em todo o seu esplendor, veio
subitamente sobre o pequeno grupo. Sua radiância era tanta que o sol pareceu
enfraquecer. Eles ficaram ofuscados com o brilho e caíram por terra; alguns, de
bruços para protegerem-se da luz, e outros com as mãos cobrindo os olhos,
temendo aqueles raios. Outros foram derrubados por terra pelos cavalos
assustados. Admirados, entreolharam-se como que pedindo uma explicação do que
houvera. Foi então que viram o seu chefe caído por terra, enquanto o animal, em
que montara, mantinha-se perto dele amedrontado. Saulo falava com alguém, mas
eles não viam o seu interlocutor. Embora parecesse uma voz, não lhe
compreendiam as palavras. Agora os lábios de Saulo se moviam; tinha ele as mãos
estendidas à sua frente como se estivesse cego. Saulo tremia da cabeça aos pés.
Deitado no
chão, sem nada ver, Saulo ouviu uma voz que lhe falava: "Saulo, Saulo, por
que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões" (At
26.14).
Perturbado com
todos os pensamentos que o tinham perseguido desde a morte de Estêvão,
temeroso, ousou perguntar: "Quem és tu, Senhor?" (At 26.15).
"Eu sou
JESUS, a quem tu persegues" (At 26.15).
Na linguagem do
amor, superior a tudo que já conhecera, ele ouve mui claramente: "Eu sou
JESUS". Seria este o JESUS que morrera? De repente, brota-lhe na alma a
terrível compreensão de que estava errado. De fato, toda a sua vida fora um
erro.
O torvelinho
que sentira, as perguntas que iam surgindo, a crescente convicção de que
estivera lutando contra DEUS - todos esses pensamentos pairavam diante de si
com súbita clareza e, de tal forma, que não podia mais suportá-los.
Todo o orgulho
de sua origem farisaica, toda a dignidade do cargo e toda a arrogância advinda
de sua reputação como o principal perseguidor do Cristianismo desmoronaram
enquanto se achava ali, indefeso na estrada. Sua visão física lhe fora tirada
para que a sua alma pudesse enxergar. Ele estava pensando nas palavras:
"Por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrares contra os
aguilhões".
Tais palavras
eram próprias da vida campestre. Saulo vira muitas vezes o boi escoiceando o
aguilhão, oferecendo inútil resistência. Em vez de obedecer a quem o dirigia e
submeter-se a ele, o boi teimava e dava patadas nas varas que o dono usava para
estimulá-lo. Era uma descrição mui apropriada da vida de Saulo. Ele estivera
fazendo isso há meses, e como lhe fora difícil! Saíra para caçar os seguidores
de JESUS; mas, em vez disso, descobriu que estava sendo caçado por JESUS, a
quem perseguia.
Sabia agora que
era um assassino e descumprira o mandamento - Não matarás. Essa foi a grande
crise da vida de Saulo. Ele encontrou-se face a face com o Messias, e viu-se
forçado a reconhecer que estava errado, e os nazarenos, certos: JESUS era o
CRISTO. Estêvão era um Mártir.
Naquele
momento, toda a sua luta cessou. Uma grande revolução, maior do que qualquer
outra que já conhecera, teve lugar em seu íntimo. Estava quebrantado e abatido
nas mãos daquEle que julgara ser seu inimigo. A rendição foi completa. Sua alma
estava finalmente em paz.
A voz do céu
era clara: "Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te
convém fazer" (At 9.6).
A Transformação
Tudo acabara em
poucos instantes, mas foi a maior experiência de Saulo. Nela, pensaria até o
dia da sua morte. Naquele momento, JESUS o dominara, mudando-lhe por completo a
vida. Nenhuma dúvida nem interrogação ser-lhe-iam possíveis a partir daquele
instante. Pois não tivera uma simples visão de JESUS; fora, de fato, uma
aparição do CRISTO, não mais com a glória velada, como nos dias de seu
ministério terreno, mas com tamanha plenitude de glória que o homem não podia
suportar-lhe o brilho.
Saulo falaria
disso mais tarde como a última das aparições de JESUS aos seus seguidores após
a ressurreição (1 Co 15.8). Moisés teve a mesma experiência no Monte Sinai,
quando a visão da glória do Senhor aparecera-lhe como um fogo devorador. Foi
isso que Isaías viu quando o Senhor o chamou para o ministério. Essa foi também
a experiência de Pedro, Tiago e João no monte da Transfiguração. Foi o que João
viu em Patmos e depois de tê-lo visto, "caí a seus pés como morto"
(Ap 1.17). E para o rabino de Tarso, era concedida uma entrevista com o CRISTO
ressurreto.
Posteriormente,
alguns vieram a duvidar de seu apostolado, alegando que ele jamais vira o
Senhor. Mas a todos os seus inimigos, podia responder que recebera a sua
comissão diretamente de JESUS que lhe dissera:
Te apareci por
isso, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto
como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; livrando-te deste povo e dos
gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires os olhos e das trevas os
converteres à luz e do poder de Satanás a DEUS, a fim de que recebam a remissão
dos pecados e sorte entre os santificados pela fé em mim (At 26.16-18).
Quando seus
companheiros, já recuperados dos efeitos da visão, foram ajudá-lo a pôr-se em
pé, descobriram que ele estava cego, por isso tiveram de conduzi-lo pela mão à
cidade. Que mudança nele se operou! Tinha sido um orgulhoso fariseu, cavalgando
com pompa e autoridade, cheio de indignação e soberba. Mas, num momento, foi
transformado num servo trêmulo, que tateava, humilde e quebrantado,
agarrando-se à mão de um soldado que o guiou ao seu destino. Ao chegar a
Damasco, entrou num quarto da casa de Judas, na rua chamada Direita, e pediu
que o deixassem a sós. Queria tempo para pensar e privacidade para jejuar por
três dias.
Já afastado do
mundo por causa de sua cegueira, podia finalmente ordenar seus pensamentos.
Sentou-se no escuro, imaginando como DEUS poderia usar um cego em sua obra.
Saulo não comeu
nem bebeu durante três dias. Agora, absorvido em seus pensamentos, todo o
passado descortinava-se diante de si. Pensou no zelo do pai ao educá-lo como
fariseu. Lembrou-se do rigor da escola em Tarso e de como as palavras dos
rabino Gamaliel haviam lhe marcado a vida. Recordou-se do Templo e de todas as
suas belas e agradáveis cenas. Como poderia esquecer-se das multidões dos
adoradores entregando os sacrifícios aos sacerdotes.
Agora, porém,
nada disso lhe tinha importância. O Messias aparecera e fora crucificado
exatamente pelas pessoas a quem viera abençoar. Toda a vida de Saulo parecia
estar desmoronando. Podia ver agora que estivera lutando contra DEUS. Cego por
seu farisaísmo, ele havia perseguido o Messias. Todavia, ei-lo quebrantado aos
pés do Salvador. Toda a sua vida mudara por meio da força dessa colisão com o
CRISTO. Estêvão tinha razão: tanto ele (Saulo) como o Sinédrio haviam cometido
um gravíssimo erro. Os anos estéreis, porém, terminaram; o futuro devia ser
ocupado na proclamação dessas grandes descobertas.
Quando prendia
os nazarenos, Saulo o fazia com espírito de vingança e ira. Era o inimigo
mortal deles. Mas quando JESUS de Nazaré o prendeu, não havia vingança nem ira.
Se em seu poder, DEUS o derrubou por terra, em seu amor o levantou e dele tomou
posse. Saulo começa a compreender como Estêvão pôde orar pelos inimigos mesmo
quando as pedras o atingiam mortalmente. Em CRISTO, encontrou uma paz até então
desconhecida para ele, o implacável fariseu.
Enquanto Saulo,
jejuando no escuro, pensava e orava a respeito das estranhas experiências que
tivera, tem uma visão em que um discípulo, chamado Ananias, vinha vê-lo a fim
de lhe restaurar a visão.
As Visões de
Saulo e Ananias
Nessa mesma
ocasião, o Senhor preparava Ananias para que visitasse Saulo.
Alguns diziam
que Saulo tinha ido a Damasco inclusive para prender Ananias, pois os nazarenos
haviam-no reconhecido como seu líder. Mas numa visão, o Senhor ordenou a
Ananias: "Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de
Judas, por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando, e
numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a
mão, para que tornasse a ver" (At 9.11,12).
Ananias
imediatamente protestou. Afinal, os nazarenos de Damasco tinham medo de Saulo
por causa das notícias que chegavam de Jerusalém. Além disso, haviam sido
informados que ele estava na cidade a fim de que, como representante do sumo
sacerdote, procedesse a prisão dos discípulos de JESUS e os conduzisse a
Jerusalém. Os cristãos não haviam orado para que DEUS os livrasse? Quando
chegaram as notícias de que Saulo ficara cego, agradeceram a DEUS. Era a
resposta à sua oração.
Mas, agora,
ordenava o Senhor: "Vai, porque esse é para mim um vaso escolhido para
levar o meu nome diante dos gentios e dos reis, dos filhos de Israel" (At
9.15).
Sem mais
duvidar, Ananias dirigiu-se à casa de Judas, e perguntou por Saulo, o rabino de
Jerusalém. Levado a um quarto nos fundos, deparou-se com o jovem e terrível
fariseu sentado, completamente cego e abalado pelo conflito que se desenrolava
em sua alma. Saulo já não sentia qualquer amargura, pois havia atravessado
águas profundas naqueles três dias; passara por uma sondagem como nunca pensara
ser possível.
Ananias
atravessou o quarto, aproximou-se de Saulo e, impondo a mão sobre a sua cabeça,
disse-lhe em voz baixa: "Irmão Saulo, o Senhor JESUS que te apareceu no
caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do
ESPÍRITO SANTO" (9.17).
Um nazareno o
chamara de "irmão"! E pensar que ele, Saulo, viera justamente prender
um homem como esse que, agora, estendia-lhe a destra da comunhão! Dissipadas as
trevas, Saulo vê o homem que o procurara como mensageiro de DEUS.
Ele acabara de
receber a confirmação do que tinha ouvido na estrada de Damasco. Como não se
render ao CRISTO? Por um momento, Saulo duvida: como ser perdoado pela
perseguição e pelos problemas que criara à Igreja. Mas a voz de Ananias lhe dá
plena segurança quanto ao amor e benignidade de DEUS.
Saulo sabia que
o batismo era o sinal nazareno do arrependimento. Era uma forma de mostrar
publicamente que havia mudado, invocando o nome daquEle a quem antes odiara,
porém agora, além deste batismo nas águas, recebe o batismo no ESPÍRITO SANTO,
fato totalmente desconhecido para ele (cheio do ESPÍRITO SANTO).
Saulo estava
pronto. Encontrava-se nas mãos de DEUS e já não havia dúvida em seu coração.
Ajoelhou-se com Ananias, e orou ao Senhor como se fora uma criança,
confessando-lhe os pecados, pedindo-lhe que o perdoasse em nome de JESUS e
invocando-lhe o nome de seu Filho, fez como o faziam os nazarenos. A seguir,
Ananias o batizou, marcando definitivamente a sua entrada na nova vida.
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Paulo, o maior
líder do cristianismo - Editora Hagnos
Um touro
indomável
A conversão de
Paulo foi a mais importante da história. Talvez nenhum fato seja mais marcante
na história da igreja depois do Pentecostes. Nenhum homem exerceu tanta
influência no cristianismo. Nenhum homem foi tão notório na história da
humanidade. Lucas ficou tão impressionado com a importância da conversão
de Paulo que ele a relata três vezes em Atos (Atos 9, 22, 26). Destacamos
alguns pontos sobre a conversão de Paulo.
Paulo não se
converteu; ele foi convertido
A causa da
conversão de Paulo foi a graça soberana de DEUS. Ele não se decidiu por CRISTO;
estava perseguindo CRISTO. Na verdade, foi CRISTO quem se decidiu por ele.
Paulo estava
caçando os cristãos para prendê-los, e CRISTO estava caçando Paulo para
salvá-lo (Atos 9.1-6). Não era Paulo que estava buscando a JESUS; era JESUS
quem estava buscando a Paulo. A salvação de Paulo não foi iniciativa dele;
foi iniciativa de JESUS. Não foi Paulo quem clamou por JESUS; foi JESUS
quem chamou pelo nome de Paulo. A salvação é obra exclusiva de DEUS. Não é
o homem que se reconcilia com DEUS; é DEUS quem está em CRISTO
reconciliando consigo o mundo (2Co 5.18).
Paulo não é
salvo por seus méritos; ele era uma fera selvagem, um perseguidor implacável,
um assassino insensível. Seus predicados religiosos, nos quais confiava
(circuncidado, fariseu, hebreu de hebreus, da tribo de Benjamim), ele
considerou como esterco (Fp 3.8, ARC). A nossa justiça aos olhos de DEUS
não passa de trapo de imundícia (Is 64.6).
Paulo era um
touro bravo que resistiu aos aguilhões
A conversão de
Paulo não foi de maneira nenhuma repentina. De acordo com a própria narrativa
de Paulo, JESUS lhe disse: “... Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões”
(Atos 26.14). JESUS comparou Paulo a um touro jovem, forte e obstinado, e
ele mesmo, a um fazendeiro que usa aguilhões para domá-lo.
DEUS já estava
trabalhando na vida de Paulo antes de ele se render no caminho de Damasco.
Paulo era como um touro bravo que recalcitrava contra os aguilhões (Atos
26.14). JESUS já estava ferroando sua consciência quando ele viu Estêvão
sendo apedrejado e com rosto de anjo pedir ao Senhor para perdoar seus
algozes. A oração de Estêvão ainda latejava na alma de Paulo.
JESUS estava
ferroando a consciência de Paulo quando ele prendia os cristãos e dava seu voto
para matá-los, e eles morriam cantando. Mas, como esse boi selvagem não amansou
com as ferroadas, JESUS apareceu a ele, o derrubou ao chão e o subjugou
totalmente no caminho de Damasco. Isso nos prova que a eleição de DEUS é
incondicional, que a graça de DEUS é irresistível, e que seu chamado
é irrecusável. Paulo precisou ser jogado ao chão e ficar cego para se
converter. Nabucodonosor precisou ir para o campo comer capim com os
animais para se dobrar. Até quando você vai resistir à voz do ESPÍRITO de
DEUS?
A conversão de
Paulo no caminho de Damasco era o clímax repentino de um longo processo em que
o “Caçador dos céus” tinha estado em seu encalço. Curvou-se a dura cerviz
autossuficiente. O touro estava domado.
Paulo era um
intelectual que resistiu à lógica divina (Atos 9.4-8)
Se a conversão
de Paulo não foi repentina, também não foi compulsiva. CRISTO falou com ele em
vez de esmagá-lo. CRISTO o jogou ao chão, mas não violentou sua personalidade.
Sua conversão não foi um transe hipnótico. JESUS apelou para sua razão e
para seu entendimento.
JESUS
perguntou: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Paulo respondeu: “Quem és tu,
Senhor?”. JESUS respondeu: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues”. JESUS ordenou:
“Mas levanta-te”, e Paulo prontamente obedeceu! A resposta e a obediência
de Paulo foram racionais, conscientes e livres.
A soberania de
DEUS não anula a responsabilidade humana. JESUS picou a mente e a consciência
de Paulo com os seus aguilhões. Então ele se revelou através da luz e da voz,
não para esmagá-lo, mas para salvá-lo. A graça de DEUS não aprisiona. É o
pecado que prende. A graça liberta!
Paulo foi um
homem completamente transformado (Atos 9.3-20)
Destacamos três
fatos benditos sobre essa súbita conversão de Paulo:
Em primeiro
lugar, uma gloriosa manifestação de JESUS (Atos 9.3-6). Três coisas aconteceram
a Paulo:
Paulo viu uma
luz (Atos 22.6,11). Subitamente, uma grande luz do céu brilhou ao seu redor.
Aquilo não foi uma miragem, um êxtase, uma visão subjetiva. Foi uma grande luz
do céu tão forte que lhe abriu os olhos da alma e tirou-lhe a visão
física. Ele ficou cego por causa do fulgor daquela luz (Atos 22.11). Não
foi apenas uma luz que apareceu a Paulo, mas o próprio JESUS (Atos 9.17).
Aquela luz era a glória do próprio Filho de DEUS ressurreto.
Paulo caiu por
terra (Atos 22.7). O touro furioso, selvagem e indomável estava subjugado.
Aquele que prendia estava preso. Aquele que encerrava em prisão estava
dominado. Aquele que se achava detentor de todo o poder para perseguir
estava prostrado ao chão, impotente. O Senhor quebrou todas as suas
resistências.
Paulo ouviu uma
voz (Atos 22.7). O mesmo JESUS que ferroara sua consciência com aguilhões
troveja, agora, aos seus ouvidos, desde o céu: “... Saulo, Saulo, por que me
persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). A
voz do Senhor é poderosa. Ela despede chamas de fogo. Faz tremer o
deserto. É irresistível. Paulo então perguntou: “... quem és tu, Senhor? Ao
que JESUS respondeu: “... Eu sou JESUS, o Nazareno, a quem tu persegues”
(Atos 22.8). O mesmo Paulo que perseguia a JESUS (Atos 26.9) chama, agora,
JESUS de Senhor. Ele se curva. Ele se prostra. O boi selvagem foi
subjugado! Não há salvação sem que o pecador se renda aos pés do Senhor JESUS.
Em segundo
lugar, uma humilde entrega de Paulo (Atos 22.8,10). Três coisas devem ser
destacadas:
Paulo reconhece
que JESUS é o Senhor (Atos 22.8). Aquele a quem ele resistira e perseguira é de
fato o Senhor. Verdadeiramente, ele ressuscitou dentre os mortos.
Verdadeiramente, ele é o Messias, o Filho de DEUS. Aquela luz brilhou na
sua alma, iluminou seu coração, tirou as escamas dos seus olhos
espirituais (2Co 3.16).
Paulo reconhece
que é pecador (Atos 22.8). Paulo toma conhecimento de que seu zelo religioso
não agradava a DEUS. Na verdade, estava perseguindo o próprio Filho de DEUS.
Ele reconhece que é o maior de todos os pecadores. Reconhece que está
perdido e precisa da salvação.
Paulo reconhece
que precisa ser guiado pelo Senhor (Atos 22.10). A autossuficiência de Paulo
acaba no caminho de Damasco. Ele agora pergunta: “... que farei, Senhor?...”
(Atos 22.10). Agora quer ser guiado! Está pronto a obedecer. Ele que
esperava entrar em Damasco na plenitude de seu orgulho e bravura, como um
autoconfiante adversário de CRISTO, estava sendo guiado por outros, humilhado
e cego, capturado pelo CRISTO a quem se opunha. O Senhor ressurreto
aparecera a ele. A luz que viu era a glória de CRISTO, e a voz que ouviu
era a voz de CRISTO. CRISTO o capturou antes que ele pudesse capturar
qualquer crente em Damasco.
Em terceiro
lugar, uma evidência incontestável da conversão de Paulo (Atos 9.10-20). Três
verdades nos provam essa tese:
Paulo evidencia
sua conversão pela vida de oração (Atos 9.10,11). A prova que DEUS deu a
Ananias de que Paulo agora era um irmão, e não um perseguidor, é que ele estava
orando. Quem nasce de novo tem prazer de clamar “Aba Pai”. Quem é salvo
tem prazer na comunhão com o Pai. Paulo é convertido e logo começa a orar!
Paulo evidencia
sua conversão pelo recebimento do ESPÍRITO SANTO (Atos 9.17). Ananias impõe as
mãos sobre ele, e ele recebe o ESPÍRITO e fica cheio do ESPÍRITO SANTO. Charles
Spurgeon disse que é mais fácil você convencer um leão a ser vegetariano do
que uma pessoa ser convertida sem a ação do ESPÍRITO SANTO.
Paulo evidencia
sua conversão pelo recebimento do batismo (Atos 9.18). Não é o batismo que
salva, mas o salvo deve ser batizado. O batismo é um testemunho da salvação.
Uma pessoa que crê precisa ser batizada e integrada na igreja. Ananias
chamou Paulo de irmão. Ele entrou para a família de DEUS.
Capítulo 04 -
Uma pedra bruta lapidada
Depois de
convertido, logo Paulo se transforma em pregador do evangelho. Em vez de
perseguir os cristãos, promove a fé evangélica. Em vez de tapar a boca dos
cristãos, abre a boca para testemunhar do nome de JESUS. Destaco três mudanças
radicais que aconteceram na vida de Paulo depois de sua conversão:
Em primeiro
lugar, de agente de morte a pregador do evangelho. Paulo tornou-se um
embaixador de CRISTO, um pregador do evangelho imediatamente após sua conversão
(Atos 9.20). DEUS mesmo o escolheu para levar o evangelho aos gentios e
reis, bem como perante os filhos de Israel (Atos 9.15).
Paulo pregou a
tempo e fora de tempo. Em prisão e em liberdade. Com saúde ou doente. Pregou
nos lares, nas sinagogas, no templo, nas ruas, nas praças, na praia, no navio,
nos salões governamentais, nas escolas. Paulo pregou com senso de
urgência, com lágrimas e no poder do ESPÍRITO SANTO.
Aonde ele
chegava, os corações eram impactados com o evangelho. Ele pregava não apenas
usando palavras de sabedoria, mas com demonstração do ESPÍRITO e de poder (1Co
2.4; 1Ts 1.5).
Em segundo
lugar, de devastador da igreja a plantador de igrejas. DEUS encorajou Ananias a
ir ao encontro de Saulo em Damasco, dando-lhe as seguintes palavras: “... Vai,
porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome
perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (Atos
9.15). O Senhor mesmo levantou Paulo como o maior evangelista, o
maior missionário, o maior pastor, o maior pregador, o maior teólogo e o
maior plantador de igrejas da história do cristianismo. Ele plantou
igrejas na região da Galácia, nas províncias da Macedônia, Acaia e Asia
Menor. Não apenas plantou igrejas, mas pastoreou-as com intenso zelo,
com profundo amor e com grave senso de responsabilidade. Pesava sobre ele
a preocupação com todas as igrejas (2Co 11.28).
Em terceiro
lugar, de receptor de cartas para prender e matar a escritor de cartas para
abençoar e salvar. Como perseguidor e exterminador dos cristãos, Paulo pedia
cartas para prender, amarrar e matar os crentes (Atos 9.2,14). Mas, depois
de convertido, ele escreve cartas para abençoar. Paulo foi o
maior escritor do Novo Testamento. Ele escreveu treze cartas. Suas cartas
são mais conhecidas do que qualquer obra jamais escrita na história da
humanidade. Suas cartas têm sido alimento diário para milhões de crentes
em todos os tempos. Essas cartas são luzeiros que brilham; são pão que
alimenta; são água que dessedenta; são verdades inspiradas pelo ESPÍRITO
SANTO que ensinam, exortam e levam pessoas a CRISTO todos os dias!
Vejamos, agora,
como DEUS trabalhou na vida de Paulo até transformá-lo no apóstolo que foi.
Mesmo que sua conversão tenha sido genuína e radical, seu amadurecimento foi
progressivo.
Pregando em
Damasco
Logo após ser
curado da cegueira, ser batizado e ter recebido o ESPÍRITO, Paulo começou a
pregar em Damasco, afirmando que JESUS é o Filho de DEUS (Atos 9.20). Sua
pregação consistia apenas numa declaração de que aquele a quem ele
perseguia era o Filho de DEUS. Essa pregação causou espanto nos
damascenos, em virtude de sua reputação de exterminador dos que invocavam o
nome de JESUS (Atos 9.21).
Seminário
intensivo com JESUS na Arábia
Há um intervalo
muito importante na vida de Paulo entre Atos 9.20,21 e Atos 9.22. No começo,
Paulo apenas pregava e afirmava que JESUS era o Filho de DEUS (Atos 9.20,21).
Mas, depois, Paulo mais e mais se fortalecia e confundia os judeus que
moravam em Damasco, demonstrando que JESUS é o CRISTO (Atos 9.22).
Demonstrar é mais do que afirmar. Demonstrar é provar cuidadosa
e meticulosamente o que se afirma. Demanda um exame acurado, uma
investigação precisa, uma análise profunda.
Onde Paulo
esteve e o que aprendeu para passar do primeiro estágio da afirmação para o
segundo estágio da demonstração? O livro de Atos não nos responde, mas
encontramos a resposta na carta aos Gálatas. Após sua conversão, Paulo não
foi para Jerusalém, onde estavam os apóstolos, mas rumou para as regiões
da Arábia, onde permaneceu fazendo um seminário intensivo com o próprio
Senhor JESUS. O próprio Paulo registra esse fato, assim: “Faço-vos, porém,
saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem,
porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante
revelação de JESUS CRISTO” (Gl 1.11,12).
Depois de
passar três anos examinando cuidadosamente o Antigo Testamento, em Damasco, ele
descobriu que JESUS era, de fato, o Messias prometido. Paulo narra como foi que
isso aconteceu nesses três anos: “Quando, porém, ao que me separou antes
de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim,
para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei
carne e sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes
de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei, outra vez, para
Damasco” (Gl 1.15-17) Passou ai em Damasco 3 anos estudando e pregando.
Pregação mais
precisa em Damasco
Ao voltar das
regiões da Arábia para Damasco é que Paulo, agora, não apenas afirma, mas
demonstra que JESUS é o CRISTO, o Messias prometido (Atos 9.22).
Em vez de sua
pregação encontrar guarida em Damasco, encontra, pelo contrário, severa resistência.
Paulo precisa fugir de maneira humilhante num cesto muralha abaixo para salvar
a vida. Depois de três anos de sua conversão, de Damasco ele vai a Jerusalém
(Gl 1.18).
Rejeição e
acolhimento em Jerusalém
Ao chegar a
Jerusalém, a recepção de Paulo não foi nada calorosa. Os discípulos não
acreditavam na sinceridade de sua conversão. Pensavam que ele estava blefando e
armando uma cilada para perseguir a igreja. Essa rejeição, possivelmente,
foi mais um golpe que Paulo sofreu ainda nos albores da sua caminhada.
Estava colhendo os frutos de sua semeadura. Eis o relato de Lucas: “Tendo
chegado a Jerusalém, procurou [Paulo] juntar-se com os discípulos; todos,
porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo” (Atos 9.26).
Barnabé, o
filho da consolação, viu Paulo com outros olhos. Acreditou nele e investiu em
sua vida. Assim Lucas relata: “Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos
apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe
falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de JESUS” (Atos
9.27). Barnabé foi o instrumento usado por DEUS para introduzir Paulo na
comunidade cristã de Jerusalém, cidade onde ele outrora devastara a fé
que agora pregava (Gl 1.23).
Uma exagerada
confiança em si mesmo
Uma vez
acolhido na igreja-mãe, onde outrora perseguira com tanta fúria os cristãos,
Paulo tem livre trânsito para sair da cidade e entrar nela, a fim de pregar aos
judeus e discutir com os helenistas. Mas toda essa desenvoltura não
alcança os resultados que Paulo esperava. Talvez até aqui Paulo ainda
estivesse confiando em si mesmo para obter sucesso em seu ministério.
Ainda estava vivendo sob a égide da antiga aliança.
Em vez de
frutos do seu trabalho, enfrenta mais perseguição. Eis o relato de Lucas:
“Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando ousadamente em nome
do Senhor. Falava e discutia com os helenistas; mas eles procuravam
tirar-lhe a vida” (Atos 9.28,29).
Ao dar
testemunho de sua conversão muitos anos depois, ao ser preso nessa mesma cidade
de Jerusalém, Paulo narra uma experiência dramática. Ele não foi apenas
rejeitado pelo povo da cidade. Foi dispensado também da obra pelo próprio
DEUS. Acompanhemos o relato que o próprio apóstolo faz: “Tendo eu voltado
para Jerusalém, enquanto orava no templo, sobreveio-me um êxtase, e vi
aquele que falava comigo: Apressa-te e sai logo de Jerusalém, porque não
receberão o teu testemunho a meu respeito” (Atos 22.17,18).
Em vez de DEUS
mudar os oponentes de Paulo, é Paulo que tem de mudar e sair da cidade. Paulo
não quer sair da igreja de Jerusalém. Ele chega a discutir com DEUS. Pensa que
DEUS está cometendo um erro estratégico ao tirá-lo desse campo. Ele pensa
ser o homem certo para essa empreitada. Mas DEUS não cede; é Paulo que tem
de arrumar as malas e ir embora. Vejamos a argumentação de Paulo com DEUS:
“Eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão e, nas
sinagogas, açoitava os que criam em ti. Quando se derramava o sangue de
Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até
guardei as vestes dos que o matavam. Mas ele me disse: Vai, porque eu te
enviarei para longe, aos gentios” (Atos 22.19-21). Como Paulo reluta em
sair, ele é retirado pelos irmãos: “Tendo, porém, isto chegado ao conhecimento
dos irmãos, levaram-no até Cesareia e dali o enviaram para Tarso” (Atos
9.30).
O jovem Paulo
sofre mais um golpe em seu orgulho. Quando ele arruma as malas e vai embora de
Jerusalém, imediatamente os problemas da igreja se resolvem: “A Igreja, na
verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e
caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do ESPÍRITO SANTO, crescia
em número” (Atos 9.31). Talvez nada fira tanto o orgulho de um pastor do
que sair da igreja e ver que após sua saída todos os problemas dela se
resolvem. Volte para casa, jovem!
Paulo saiu de
Jerusalém e foi para Tarso, sua cidade natal. E ali ficou não pouco tempo no
anonimato, num completo ostracismo. Nada sabemos desse longo período de sua
vida. Aquele que estava com a mente povoada de muitos sonhos, e nutrindo
na alma o ideal de pregar a Palavra em Jerusalém, está, agora, sozinho,
esquecido, fora do palco, longe das luzes da ribalta.
É importante
perceber que DEUS ainda está tratando com ele. Na verdade, DEUS está mais
interessado em quem nós somos do que no que fazemos. Vida com DEUS precede
trabalho para DEUS. A nossa maior prioridade não é fazer a obra de DEUS,
mas conhecer o DEUS da obra. O DEUS da obra é mais importante do que a
obra de DEUS. Paulo precisava aprender que o sucesso na obra não vinha
dele mesmo, mas de DEUS. Ele precisava passar da antiga aliança para a nova
aliança. Na antiga aliança, tudo depende de nós e nada, de DEUS; na nova
aliança, tudo depende de DEUS e nada, de nós. Se quisermos fazer a obra de
DEUS fiados em nossas próprias forças, fracassaremos. Se dependermos
apenas dos nossos recursos, nos frustraremos. A nossa suficiência vem de DEUS.
Tarso não foi
um acidente na vida de Paulo, mas uma escola de treinamento. O deserto é a
escola superior do ESPÍRITO SANTO onde DEUS treina seus líderes mais
importantes. Tarso foi o deserto de Paulo. O deserto não é um acidente em
nossa vida, mas uma agenda de DEUS. É DEUS quem nos leva para o deserto.
Não gostamos do deserto. Ele não nos promove. Ele nos tira do palco.
Ele apaga as luzes dos holofotes e nos deixa sem qualquer projeção. DEUS
nos leva para o deserto não para nos exaltar, mas para nos humilhar. O
deserto é o lugar onde DEUS treina seus líderes mais importantes. DEUS não
tem pressa quando se trata de preparar os seus líderes. Vivemos
numa geração que tem muita pressa. Gostamos de restaurantes fast-food. Mas
os líderes não podem amadurecer no carbureto. Eles não podem pular o
estágio do deserto. DEUS preparou Moisés quarenta anos para usá-lo durante
quarenta anos. DEUS preparou Elias três anos e meio para usá-lo num único
dia, no cume do monte Carmelo. O Senhor JESUS só começou seu ministério com
30 anos de idade. Paulo passou quatorze anos em Tarso antes de ser
poderosamente usado por DEUS na obra missionária.
Aprenda a ser
liderado antes de poder liderar
A evangelização
do mundo estava a todo vapor, e isso sem a contribuição de Paulo. Não há
pessoas indispensáveis na obra. Somos apenas cooperadores, e não os agentes da
obra. O evangelho chegou a Antioquia, a terceira maior cidade do mundo
daquela época. A igreja de Jerusalém enviou para lá o mesmo Barnabé que
havia acolhido Paulo em Jerusalém. Ao chegar ali, alegrou-se ao ver a obra
de DEUS prosperando e lembrou-se de Paulo. Foi atrás dele e o buscou para
engrossar fileiras no ministério da evangelização e do ensino naquela
cidade metropolitana.
Durante um ano,
eles ensinaram a Palavra de DEUS em Antioquia. A igreja era multicultural e
multirracial. Fortalecida na Palavra, a igreja orava e jejuava. Foi nesse tempo
que o ESPÍRITO SANTO separou Barnabé e Paulo para a grande obra
missionária, enviando-os para uma viagem missionária transcultural. É
digno de nota, porém, que o ESPÍRITO SANTO separou Barnabé e Paulo, e não Paulo
e Barnabé. O líder não era Paulo. Ele precisava aprender a ser liderado
antes de poder liderar. Ele precisava estar sob a autoridade de alguém
antes de poder exercer autoridade sobre alguém. Ele precisava aprender a
ser reserva antes de ocupar o lugar de titular.
Mais uma vez,
estamos diante do fato de que DEUS está trabalhando na vida de Paulo,
ensinando-o a depender totalmente do Senhor e nada de si mesmo. DEUS estava
esvaziando a bola desse homem. Estava lapidando essa pedra, aparando suas
arestas e moldando-o como um oleiro faz com o vaso.
Esta,
possivelmente, foi a lição mais importante que DEUS ensinou a Paulo em sua
trajetória missionária: como viver no poder da nova aliança. O mesmo apóstolo
compartilha como isso se deu em sua vida. Escrevendo sua segunda carta aos
Coríntios, ele fala das cinco marcas de uma vida vitoriosa: otimismo
indestrutível, sucesso constante, impacto inesquecível, integridade irrefutável
e realidade inegável (2Co 2.14-17; 3.1-3). Contudo, a grande questão é:
“... Quem, porém, é suficiente para estas cousas?” (2Co 2.16). Ele não dá
a resposta imediatamente. Só vai fazê-lo no capítulo seguinte, quando
escreve: “... a nossa suficiência vem de DEUS” (2Co 3.5). Só depois
de aprender esse princípio, Paulo está pronto para ser o grande líder, o
grande missionário, o homem poderosamente usado nas mãos de DEUS para
levar o evangelho aos mais distantes rincões do mundo.
De DEUS
No homem
Ele regenera
Na faculdade
intelectual
Ele justifica
Na faculdade
emocional
Ele santifica
Na faculdade da
vontade
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 4, Paulo,
a Vocação para Ser Apóstolo
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO
Comentário: Pr.
Elienai Cabral
Complementos,
ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Vídeo desta
Lição -
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/video-completo-licao-4-paulo-vocacao.html
Slides desta
Lição -
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LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - Atos 9.15-22; Gálatas 1.11-18
Atos 9
15 - Disse-lhe,
porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu
nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. 16 - E eu lhe
mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome. 17 - E Ananias foi, e entrou na
casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor JESUS, que te
apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas
cheio do ESPÍRITO SANTO. 18 - E logo lhe caíram dos olhos como que umas
escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado. 19 - E, tendo
comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que
estavam em Damasco. 20 - E logo, nas sinagogas, pregava a JESUS, que este era o
Filho de DEUS. 21 - Todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este
o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome e para isso veio aqui,
para os levar presos aos principais dos sacerdotes? 22 - Saulo,
porém, se esforçava muito mais e confundia os judeus que habitavam em Damasco,
provando que aquele era o CRISTO.
Gálatas 1
11 - Mas
faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo
os homens, 12 - porque não o recebi de homem algum, mas pela revelação de JESUS
CRISTO. 13 - Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no
judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de DEUS e a assolava. 14 - E, na
minha nação, excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente
zeloso das tradições de meus pais. 15 - Mas, quando aprouve a DEUS, que desde o
ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça, 16 - revelar seu
Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei carne nem
sangue, 17 - nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram
apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.
18 - Depois,
passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro e fiquei com ele quinze
dias.
PONTO CENTRAL -
DEUS chama para a sua obra.
Lição 4, Paulo,
a Vocação para Ser Apóstolo
I – O PONTO DE
PARTIDA PARA A VOCAÇÃO DE PAULO
1. Chamada e
presciência divina.
2. Um
ministério na plenitude do ESPÍRITO.
3. DEUS mudou o
nome de Saulo para Paulo?
II – UMA
VOCAÇÃO EFETIVADA PELO CRISTO RESSURRETO
1. Saulo viu o
esplendor glorioso do CRISTO ressurreto (At 9.3-6).
2. Uma vocação
inevitável para o apostolado entre os gentios.
3. A vocação
mudou o rumo da vida de Saulo.
III – VOCAÇÃO
DE PAULO E O APRENDIZADO NO DESERTO
1. A ida para o
deserto.
2. As lições do
deserto.
3. Mais lições
do deserto.
Observações
Iniciais:
O apóstolo
Paulo não passou 3 anos na Arábia. Foi a Arábia, muito provavelmente ao Monte
Horebe, que ficava na cadeia montanhosa do Sinai, do lado Árabe, na Terra de
Midiã, onde viveu e se casou Moisés, tendo ali também recebido a Lei. Paulo
disse que saiu de Damasco, foi a Arábia e depois voltou a Damasco. Três anos
depois disto foi a Jerusalém, onde passou 15 dias com Pedro e viu também a
Tiago, irmão de JESUS, que agora também era apóstolo. Paulo, na certa, pensou:
Se Moisés falou com DEUS no Monte Horebe, na Arábia, então eu também vou até lá
falar com DEUS. E falou mesmo. Ali JESUS lhe revelou várias coisas, como por
exemplo, sobre a Santa Ceia: Porque eu recebi do Senhor o que também vos
ensinei: que o Senhor JESUS, na noite em que foi traído, tomou o pão; 1
Coríntios 11:23.
Aqui, o texto
Bíblico.
nem tornei a
Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a
Arábia e voltei outra vez a Damasco. Depois, passados três anos, fui a
Jerusalém para ver a Pedro e fiquei com ele quinze dias.
E não vi a
nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor. Gálatas 1:17-19
Existem
apóstolos hoje na Igreja, só naõ são reconhecidos e mantidos
adequadamente. São aqueles que desbravam lugares onde nunca ouviram a pregação
do evangelho legítimo, abrem igrejas e as coordenam instituindo líderes para
cada uma delas. Estes apóstolos também instruem e doutrinam seus membros. São
homens cheios do ESPÍRITO SANTO com sinais, prodígios e maravilhas acontecendo
em seus ministérios.
O apóstolo
Paulo deu dica de como saber se alguém é apóstolo: Os sinais do meu apostolado
foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais, prodígios e
maravilhas. 2 Coríntios 12:12.
Se eu não sou
apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque vós sois o selo do meu
apostolado no Senhor. 1 Coríntios 9:2
CHAMAR
Embora a
palavra “chamar” tenha muitas aplicações comuns nas Escrituras, sua principal
importância é a de ser um termo especificamente teológico. A forma verbal
(kaleo), quando usada tecnicamente, se refere à chamada de DEUS aos homens para
participar da bênção da redenção. Seus benefícios podem ser descritos como a
chamada de DEUS à sua glória (1 Pe 5.10; 2 Pe 1.3); à vida eterna (1 Tm 6.12);
à comunhão com o seu Filho (1 Co 1.9) e das trevas para a sua maravilhosa luz
(1 Pe 2.9).
A chamada
depende do propósito de DEUS (Gl 1.15), estabelecido através da dádiva de sua
graça (Gl 1.6,15) e alcança os homens através da proclamação do Evangelho (2 Ts
2.14) tornando-se, dessa maneira, a única esperança de salvação para a
humanidade (Ef 4.4). A chamada está dirigida não só à salvação do homem como
também ao seu comportamento. Assim, os cristãos são chamados não só à pureza,
mas à santificação (1 Ts 4.7), à liberdade (Gl 5.13) e a viver em paz (Fl 4.7).
O termo
“chamada”, como substantivo, (klesis), aparece no NT exclusivamente em um
sentido técnico. O convite é para entrar no reino de DEUS, para recebê-lo como
uma dádiva e um bem. Incluída nesse convite está uma decisiva ênfase na
soberana iniciativa de DEUS que nos enviou seu filho para dar a vida por nós.
"que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da
verdade". 1 Timóteo 2:4
“Porque a
loucura de DEUS é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de DEUS é mais
forte do que os homens.
Porque vede,
irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem
muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas DEUS escolheu
as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e DEUS escolheu as
coisas fracas deste mundo para confundir as fortes. E DEUS escolheu as coisas
vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são;
para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em JESUS
CRISTO, o qual para nós foi feito por DEUS sabedoria, e justiça, e
santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria,
glorie-se no Senhor. (1 Coríntios 1:25-31” cf. Ef 4.4). Mas essa Divina chamada
exige, da mesma forma, uma resposta do homem. “Portanto, irmãos, procurai fazer
cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca
jamais tropeçareis” (2 Pe 1.10). "Pelo que também rogamos sempre por vós,
para que o nosso DEUS vos faça dignos da sua vocação e cumpra todo desejo da
sua bondade e a obra da fé com poder"; 2 Tessalonicenses 1:11.
A chamada pode
ser considerada como vinda do céu! (Hb 3.1) e uma luta santa, desejando a vida
celestial (Fp 3.14). É, também, um santo convite - "que nos salvou e
chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu
próprio propósito e graça que nos foi dada em CRISTO JESUS, antes dos tempos
dos séculos, e que é manifesta, agora, pela aparição de nosso Salvador JESUS
CRISTO, o qual aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, pelo
evangelho, para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos
gentios; por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho, porque eu
sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu
depósito até àquele Dia". 2 Timóteo 1:9-12 - que está aberto a
toda raça humana, mas exige fé daqueles que ouvem o evangelho (Ef 1.13 e 2.8 -
Ouvir o evangelho e crer para receber o ESPÍRITO SANTO, ou seja, a salvação - A
fé é exigida - em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da
verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes
selados com o ESPÍRITO SANTO da promessa; Efésios 1:13 - Porque pela graça sois
salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de DEUS. Não vem das
obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2:8,9).
O adjetivo
verbal “chamado” (kletos) é usado de duas maneiras. Na maioria dos casos ele
tem em vista o chamado à salvação (como em Rm 1.6,7; 1 Co 1.24; Jd 1; Ap
17.14).
O termo
Apóstolo aparece com nova dimensão em Romanos 1.1 e em 1 Coríntios 1.1 onde a
chamada se torna efetiva em termos de um ofício - “chamado para ser apóstolo” -
αποστολος - apóstolos - 1) um delegado, mensageiro, alguém enviado com ordens -
1a) Primeiro colegiado apostólico especificamente aplicado aos doze apóstolos
de CRISTO - 1b) num sentido mais amplo aplicado a outros apóstolos da igreja
que surgiram após os primeiros apóstolos - cristãos eminentes 1b1) Barnabé; 1b2
Paulo; 1b3) Tiago, irmão de JESUS; 1b4 Andronico; 1b5 Júnia,; 1b46 Timóteo
e 1b7 Silvano. Veja e confira nas passagens bíblicas a seguir:
Ouvindo, porém,
isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas vestes e saltaram para o
meio da multidão, clamando Atos 14:14
E não vi a
nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor. Gálatas 1:19
Paulo, e
Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em DEUS, nosso Pai, e no
Senhor JESUS CRISTO: 2 Tessalonicenses 1:1
Paulo, apóstolo
de JESUS CRISTO, pela vontade de DEUS, e o irmão Timóteo, Colossenses 1:1
para o que fui
constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios; 2 Timóteo 1:11
Rm 16:7 Saudai
a Andrónico e a Júnia, meus parentes e meus companheiros na prisão, os quais se
distinguiram entre os apóstolos e que foram antes de mim em CRISTO.
1Corintios cap.
15 e vers. 5 diz: e foi visto por Cefas e depois pelos DOZE, e no versículo 8
Paulo diz que JESUS apareceu a ele próprio por último (fazendo distinção dos
12), indicando que JESUS apareceu primeiro aos 12 no verso 5.
A quem Paulo se
referiu em respeito aos 12?
Paulo aparece
no verso 8 como distinto dos 12, então a resposta é óbvia, não era Judas
Iscariotes pois ele não viu o CRISTO ressurreto e se perdeu, suicidando-se,
portanto, Matias viu, e quando Paulo fala que os 12 viram, já haviam feito a
substituição de Judas por Matias, pelo motivo de se referir aos 12 e não aos
11, Paulo reconheceu ser Matias dos 12.
E ele mesmo deu
uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e
outros para pastores e doutores, Efésios 4:11
E a parábola de
Mateus sobre a festa de casamento (“porque muitos são chamados [kletos], mas
poucos escolhidos [eklektoi]״ Mt
22.14) que encerra o texto com maior dificuldade. Ao contrário da prática
encontrada em outras situações (veja especialmente Ap 17.14 e também Rm
8.28ss), os eleitos são aqui diferenciados daqueles que são chamados. A
despeito da advertência de K. L. Schmidt, de que desconhecemos as palavras
escritas em aramaico que estão por trás deste texto (TWNT, III, 496), o
contexto fornece um claro suporte a essa distinção. A tensão dialética da qual
o verso está falando, não pode ser situada no fato de que em alguns casos
muitos serão chamados, enquanto em outros casos apenas alguns poucos o serão,
como afirma Schmidt. E mais provável que muitos serão convidados, mas poucos
serão aceitos. O que o texto está afirmando é que DEUS, por ser aquele que está
convidando, tem a especial prerrogativa de qualificar os que podem comparecer.
O propósito dessa elocução não é proporcionar conforto aos poucos que foram
escolhidos. Nessa parábola, o chamado a muitos foi estendido e recusado.
Aqueles que serão reunidos foram homens originalmente deixados de lado. Mas nem
estes ficarão isentos de julgamento. Cada um deve ter as suas vestes de
casamento para ser aceito (escolhido).
Essa parábola é
uma advertência. Ela reitera o que já foi dito anteriormente em Mateus (cf. Mt
5.20) e, particularmente, o que faz parte do contexto imediato. Na parábola da
vinha, que a precedeu, a conclusão é que ele “arrendará a vinha a outros
lavradores, que, a seu tempo, lhe deem os frutos... Portanto, eu vos digo que o
Reino de DEUS vos será tirado e será dado a uma nação que dê os seus frutos”
(Mt 21.41,43).
Em Mateus 23.3,
esse tema contínua na condenação que o Senhor JESUS proferiu contra os fariseus
que pregavam a justiça, mas não a praticavam. O mérito consiste não em ser um
dos poucos, mas em possuir uma justiça que seja aceitável a DEUS.
Dicionário
Bíblico Wycliffe (com alguns acréscimos do Pr. Henrique)
ELEIÇÃO E
PREDESTINAÇÃO (BEP - CPAD)
Ef 1.4,5 “Como
também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele em caridade, e nos predestinou para filhos de
adoção por JESUS CRISTO, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade.”
ELEIÇÃO. A
escolha por DEUS daqueles que crêem em CRISTO é uma doutrina importante (ver Rm
8.29-33; 9.6-26; 11.5, 7, 28; Cl 3.12; 1Ts 1.4; 2Ts 2.13; Tt 1.1). A eleição
(gr. eklegoe) refere-se à escolha feita por DEUS, em CRISTO, de um povo para si
mesmo, a fim de que sejam santos e inculpáveis diante dEle (cf. 2Ts 2.13). Essa
eleição é uma expressão do amor de DEUS, que recebe como seus todos os que
recebem seu Filho JESUS (Jo 1.12). A doutrina da eleição abarca as seguintes
verdades:
A eleição é
cristocêntrica, i.e., a eleição de pessoas ocorre somente em união com JESUS
CRISTO. DEUS nos elegeu em CRISTO para a salvação (1.4; ver v. 1). O próprio
CRISTO é o primeiro de todos os eleitos de DEUS. A respeito de JESUS, DEUS
declara: “Eis aqui o meu servo, que escolhi” (Mt 12.18; cf. Is 42.1,6; 1Pe
2.4). Ninguém é eleito sem estar unido a CRISTO pela fé.
A eleição é
feita em CRISTO, pelo seu sangue; “em quem [CRISTO]... pelo seu sangue” (1.7).
O propósito de DEUS, já antes da criação (1.4), era ter um povo para si
mediante a morte redentora de CRISTO na cruz. Sendo assim, a eleição é
fundamentada na morte sacrificial de CRISTO, no Calvário, para nos salvar dos
nossos pecados (At 20.28; Rm 3.24-26).
A eleição em
CRISTO é em primeiro lugar coletiva, i.e., a eleição de um povo (1.4,5, 7, 9;
1Pe 1.1;
. Os eleitos
são chamados “o seu [CRISTO] corpo” (1.23; 4.12), “minha igreja” (Mt 16.18), o
“povo adquirido” por DEUS (1Pe 2.9) e a “noiva” de CRISTO (Ap 21.9). Logo, a
eleição é coletiva e abrange o ser humano como indivíduo, somente à medida que
este se identifica e se une ao corpo de CRISTO, a igreja verdadeira (1.22,23;
ver Robert Shank, Elect in the Son (Eleitos no Filho). É uma eleição como a de
Israel no AT (ver Dt 29.18-21; 2Rs 21.14).
A eleição para
a salvação e a santidade do corpo de CRISTO são inalteráveis. Mas
individualmente a certeza dessa eleição depende da condição da fé pessoal e
viva em JESUS CRISTO, e da perseverança na união com Ele. O apóstolo Paulo
demonstra esse fato da seguinte maneira: (a) O propósito eterno de DEUS para a
igreja é que sejamos “santos e irrepreensíveis diante dele” (1.4). Isso se
refere tanto ao perdão dos pecados (1.7) como à santificação e santidade. O
povo eleito de DEUS está sendo conduzido pelo ESPÍRITO SANTO em direção à
santificação e à santidade (ver Rm 8.14; Gl 5.16-25). O apóstolo enfatiza
repetidas vezes o propósito supremo de DEUS (ver 2.10; 3.14-19; 4.1-3, 13,14;
5.18). (b) O cumprimento desse propósito para a igreja como corpo não falhará:
CRISTO a apresentará “a si mesmo igreja gloriosa... santa e irrepreensível”
(5.27). (c) O cumprimento desse propósito para o crente como indivíduo dentro
da igreja é condicional. CRISTO nos apresentará “santos e irrepreensíveis
diante dele” (1.4), somente se continuarmos na fé. A Bíblia mostra isso
claramente: CRISTO irá “vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e
inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé e não vos
moverdes da esperança do evangelho” (Cl 1.22,23).
A eleição para
a salvação em CRISTO é oferecida a todos (Jo 3.16,17; 1Tm 2.4-6; Tt 2.11; Hb
, e torna-se
uma realidade para cada pessoa consoante seu prévio arrependimento e fé, ao
aceitar o dom da salvação em CRISTO (2.8; 3.17; cf. At 20.21; Rm 1.16; 4.16).
Mediante a fé, o ESPÍRITO SANTO admite o crente ao corpo eleito de CRISTO (a
igreja) (1 Co 12.13), e assim ele torna-se um dos eleitos. Daí, tanto DEUS
quanto o homem têm responsabilidade na eleição (ver Rm 8.29; 2Pe 1.1-11).
A
PREDESTINAÇÃO. A predestinação (gr. proorizo) significa “decidir de antemão” e
se aplica aos propósitos de DEUS inclusos na eleição. A eleição é a escolha
feita por DEUS, “em CRISTO”, de um povo para si mesmo (a igreja verdadeira). A
predestinação abrange o que acontecerá ao povo de DEUS (todos os crentes
genuínos em CRISTO).
DEUS predestina
seus eleitos a serem: (a) chamados (Rm 8.30); justificados (Rm 3.24; 8.30); (c)
glorificados (Rm 8.30); (d) conformados à imagem do Filho (Rm 8.29); (e) santos
e inculpáveis (1.4); (f) adotados como filhos (1.5); (g) redimidos (1.7); (h) participantes
de uma herança (1.14); (i) para o louvor da sua glória (1.12; 1Pe 2.9); (j)
participantes do ESPÍRITO SANTO (1.13; Gl 3.14); e (l) criados em CRISTO JESUS
para boas obras (2.10).
A
predestinação, assim como a eleição, refere-se ao corpo coletivo de CRISTO
(i.e., a verdadeira igreja), e abrange indivíduos somente quando inclusos neste
corpo mediante a fé viva em JESUS CRISTO (15, 7, 13; cf. At 2.38-41; 16.31).
RESUMO. No
tocante à eleição e predestinação, podemos aplicar a analogia de um grande
navio viajando para o céu. DEUS escolhe o navio (a igreja) para ser sua própria
nau. CRISTO é o Capitão e Piloto desse navio. Todos os que desejam estar nesse
navio eleito, podem fazê-lo mediante a fé viva em CRISTO. Enquanto permanecerem
no navio, acompanhando seu Capitão, estarão entre os eleitos. Caso alguém
abandone o navio e o seu Capitão, deixará de ser um dos eleitos. A
predestinação concerne ao destino do navio e ao que DEUS preparou para quem
nele permanece. DEUS convida todos a entrar a bordo do navio eleito mediante
JESUS CRISTO.
O termo grego
apostolos vem do verbo apostellein, “enviar”, “remeter”. O substantivo e o
verbo são usados pela LXX para traduzir o hebraico shalah e seus derivativos.
Estas palavras gregas e hebraicas são ocasionalmente usadas para mensageiros
com ênfase naquele que envia, de forma que o agente se toma uma extensão da
personalidade e da influência do mestre (Gn 45.4-8; 1 Rs 14.6). K. H.
Rengstorf, T. W. Manson e outros tentaram rastrear a palavra do NT e chegar ao
termo judaico shaliah (usado em relação a um representante cujas funções não
podem ser transferidas; representante da autoridade religiosa, seja de um
indivíduo ou de um grupo; agente de DEUS). A palavra Apostolos, usada para
“mensageiro” ou “agente”, também é encontrada no grego clássico (Heródoto i.21;
v. 38; cf. Eurípedes, Iphigeneia in Aulis, 688). No NT a palavra “apóstolo” é
usada tanto em um sentido amplo quanto estrito. Todo apostolado é centrado em
JESUS, que é o Apóstolo (Hb 3.1-6) enviado por DEUS para ser o Salvador do
mundo (1 Jo 4.14). Embora João não use o substantivo, ele frequentemente usa o
verbo e descreve as funções do Senhor JESUS como o Apóstolo de DEUS. Ele foi
enviado por DEUS (Jo 7.28,29; 8.42) para falar as palavras de DEUS (3.34), para
fazer as obras (5.36; 6.29) e a vontade (6.38) de DEUS, para revelar a DEUS
(5.37-47), para dar a vida eterna (17.2,3). Todo o apostolado subsequente tem
seu centro em DEUS através de JESUS CRISTO (Jo 17.18-26; 20.21-23) e é mediador
de CRISTO em palavra e pessoa (Mt 10.40; Lc 10.16).
Mateus e Marcos
usam o termo “apóstolo” apenas uma vez para se referirem aos doze que foram
enviados em uma viagem missionária (Mt 10.2; Mc 6.30). Aqui, este termo designa
uma função ao invés de uma posição. Durante o ministério de JESUS, os doze não
eram, a princípio, mensageiros, mas, homens selecionados que foram iniciados no
reino vindouro e, portanto, consideravam seu dever conclamar o povo de Israel
ao arrependimento e, em última análise, julgá-lo (Mt 19.28-30).
Lucas,
frequentemente, e quase que exclusivamente, chama os doze de “apóstolos” (Lc
6.13; 9.10; 17.5; 22.14; 24.10; At 1.26; 2.43; 4.35,37; 5.2,12,18; 8.1.
Exceções: Lc 11.49; At 14.4,14). Os apóstolos foram testemunhas oculares das
atividades de JESUS na terra e consequentemente testificaram que JESUS era o
Senhor ressurrecto (Lc 24.45-48; 1 Jo 1.1- 3). Os pré-requisitos para a
substituição apostólica nesta função única são dados em At 1.21,22. A lista de
apóstolos de Lucas (Lc 6.14- 16; At 1.13) corresponde à lista dos doze dadas em
Mateus 10.2-4 e Marcos 3.16-19.
Mateus lista os
discípulos aos pares, supostamente como enviados por JESUS, Tadeu (em Mateus e
Marcos) era idêntico a Judas o filho de Tiago (em Lucas). Pedro, Tiago e João
formavam um círculo íntimo dentre os doze, e estavam presentes no episódio da
transfiguração (Mt 17,1-9; Mc 9.2-10; Lc 9.28-36) e no Getsêmani (Mt 26.36-46;
Mc 14.32-42; Lc 22.39-46). Os doze foram selecionados para ser os companheiros
de JESUS e proclamar o Evangelho (Mc 3.14). Durante o ministério de JESUS, os
doze serviram como seus representantes, uma função compartilhada por outros (Lc
10.1).
Aparentemente,
a posição dos apóstolos não foi fixada permanentemente antes da ressurreição
(Mt 19.28-30; Lc 22.28-34; cf. Jo 21.15- 18). O CRISTO ressurrecto fez deste
grupo seleto de testemunhas do seu ministério e ressurreição, apóstolos e
testemunhas permanentes de que Ele é o Senhor, os comissionou como
missionários, os instruiu a ensinar e batizar (Mt 28.18-20; Mc 16.15-18; Lc
24.46- 48), e completou o processo com o envio do ESPÍRITO SANTO no Pentecostes
(Lc 24.49; At 1.1-8; 2.1-13). No período inicial, os 12 apóstolos eram os
únicos ensinadores e líderes da igreja, e outros ofícios foram derivados deles
(At 6.1-6; 15.4). O apostolado não implicava em uma liderança permanente.
Embora Pedro tenha iniciado missões aos judeus (Atos 2) e aos gentios (At
10.1-11.18), Tiago o substituiu como líder entre os judeus, e Paulo como líder
entre os gentios.
Paulo usa o
termo “apóstolo” em um sentido amplo para um mensageiro ou agente (2 Co 8.23;
Fp 2.25; e possivelmente em Rm 16.7). Este uso mais amplo tornou possível falar
de falsos apóstolos (Ap 2.2). Geralmente, porém, Paulo usa a palavra para um
grupo de testemunhas que havia visto o Senhor ressurrecto e que havia recebido
um chamado específico para um apostolado. Este grupo era maior que os doze (At
15.5,6). Incluído neste grupo estava Tiago, o irmão do Senhor (At 15.13; Gl
1.19), Paulo (Rm 1.1; 1 Co 1.1; 9.1,2; 15.8-10; Gl 2.7,8), provavelmente
Barnabé (1 Co 9.1-6; Gl 2.9; cf. At 14.4.14), e possivelmente outros (Rm 16.7).
No entanto, o Senhor ressurrecto, de quem Paulo se tornou uma testemunha é
idêntico ao JESUS histórico de quem os doze também testemunharam.
Consequentemente, a proclamação de Paulo deve ser idêntica à dos doze (1 Co
15.11; Gl 1.18; 2.7-10; cf. At 15).
João enfatiza a
obra do ESPÍRITO que testemunha através das palavras dos apóstolos (Jo
15.26,27). Através da pregação do Evangelho, JESUS CRISTO, o Senhor
ressurrecto, é contemporâneo aos ouvintes, e os coloca no mesmo patamar das
testemunhas oculares (cf. 1 Co 3.21-23).
Os membros da
igreja são sacerdotes, reis, servos de DEUS e santos que usam seus dons para a
edificação da igreja como um todo (1Co 12.1-11; 1 Pe 2.9; Ap 1.6; 5.8,10; 7.3)
e, como os apóstolos, são mediadores de CRISTO Mt 25.40,45; Mc 9.37; Lc 9.48) e
reinarão com Ele (Ap 3.21).
Os apóstolos,
porém, através do testemunho de sua palavra, sempre serão a norma e os arautos
do fundamento sobre o qual CRISTO edifica a sua igreja (Ef 2.20; Ap 18.20;
21.14). Os apóstolos são as primeiras dádivas de CRISTO para a sua igreja (Ef
4.11) e os ministros estabelecidos por DEUS na igreja (1 Co 12.28,29).
Para detalhes
sobre os doze, veja os tópicos que trazem o nome de cada um, incluindo Matias.
Dicionário Bíblico Wycliffe
Atos 9
15 - Disse-lhe,
porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu
nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. 16 - E eu lhe
mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome. 17 - E Ananias foi, e entrou na
casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor JESUS, que te
apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas
cheio do ESPÍRITO SANTO. 18 - E logo lhe caíram dos olhos como que umas
escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado. 19 - E, tendo
comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que
estavam em Damasco. 20 - E logo, nas sinagogas, pregava a JESUS, que este era o
Filho de DEUS. 21 - Todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este
o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome e para isso veio aqui,
para os levar presos aos principais dos sacerdotes? 22 - Saulo,
porém, se esforçava muito mais e confundia os judeus que habitavam em Damasco,
provando que aquele era o CRISTO.
JESUS não
aceita a objeção de Ananias (vv. 15,16): “Tu não precisas me dizer como Saulo
foi mau, pois Eu o conheço muito bem. Mas vai por teu caminho a toda pressa e
lhe dá toda ajuda que puderes, porque este é para mim um vaso, ou “instrumento”
(versão RA), escolhido (v. 15). Eu tenho confiança nele, portanto não há
necessidade de teres medo dele”. Ele era um vaso no qual o tesouro-evangelho
deveria se instalar para servir de veículo para muitos. Era um vaso de barro (2
Co 4.7), mas um vaso escolhido. O vaso que DEUS usa, Ele mesmo escolhe. É justo
que Ele mesmo escolha os instrumentos que Ele usa: Não me escolhestes vós a
mim, mas eu vos escolhi a vós (Jo 15.16). Ele é um vaso de honra, e não deve
ser negligenciado em atual penúria, nem jogado fora como um vaso quebrado e
imprestável ou um vaso no qual não há prazer. Saulo é nomeado: (1) Para prestar
serviços eminentes: Levar o meu nome diante dos gentios (v. 15). Ele será o
apóstolo dos gentios, levando o evangelho às nações pagãs. O nome de JESUS é o padrão
pelo qual as almas devem ser reunidas e sob o qual devem ser registradas, e
Saulo é o portador-padrão. Ele tem de levar o nome de JESUS para testemunhar de
JESUS perante reis, o rei Agripa e o próprio César, e perante os filhos de
Israel, embora muitos já estivessem ocupados trabalhando entre eles. (2) Para
ter sofrimentos eminentes: Eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome
(v. 16). Aquele que fora perseguidor agora ele mesmo será perseguido. O fato de
JESUS mostrar isso para Saulo dá a entender, talvez, que Ele o conduzirá a
estas provações, como diz Salmos 60.3: Fizeste ver ao teu povo duras coisas. Ou
Ele o avisa sobre estes acontecimentos futuros para que ele não se surpreenda
quando acontecerem. Note que os que levam o nome de JESUS terão de levar a cruz
pelo seu nome. Os que fazem mais por JESUS são chamados a padecer mais por Ele.
Saulo tem de padecer grandes coisas (subentendido na palavra quanto). Há quem
pense que estas palavras eram um consolo vazio para um recém-convertido. Mas é o
mesmo que dizer a um soldado de espírito corajoso e valente, quando ele se
alista, que em breve ele entrará em ação no campo de batalha. Os sofrimentos de
Saulo por CRISTO redundarão muitíssimo para a honra de CRISTO e para o serviço
da igreja. Serão sofrimentos muito bem equilibrados com as consolações
espirituais e recompensados com a glória eterna, que de modo nenhum lhe é
desanimador ficar sabendo de antemão quanto ele tem de sofrer pelo nome de
CRISTO.
III
Comissionado
por JESUS para encontrar-se com Saulo, Ananias parte imediatamente e obtém bons
resultados. Ele levantara objeções para encontrar-se com ele, mas, quando cada
uma delas lhe foi respondida, retira-as e não insiste mais nelas. Quando as
dificuldades são afastadas, o que temos de fazer é continuar o nosso trabalho e
não ficar presos a objeções.
1. Ananias
entregou sua mensagem para Saulo (v. 17). Provavelmente o achou na cama e o
tratou como paciente. (1) Ananias impôs as mãos sobre Saulo (v. 17). Conforme a
promessa de JESUS, um dos sinais que seguiriam os que cressem era que eles
poriam as mãos sobre os enfermos e os curariam (Mc 16.17,18). Foi com essa
intenção que Ananias impôs as mãos sobre ele. Saulo foi a Damasco para pôr mãos
violentas sobre os discípulos de JESUS, mas aqui um discípulo de JESUS põe mãos
curadoras e ajudadoras sobre ele. Os homens sanguinários aborrecem aquele que é
sincero, mas os retos procuram o seu bem (Pv 29.10). (2) Ananias chamou Saulo
de irmão (v. 17), porque ele foi feito participante da graça de DEUS, embora
ainda não fosse batizado. Sua prontidão em reconhecê-lo como irmão lhe deu a
entender a prontidão de DEUS em reconhecê-lo como filho, mesmo que ele tivesse
sido blasfemo de DEUS e perseguidor dos seus filhos. (3) Ananias realiza sua
missão da mesma mão que agarrara Saulo no caminho e que agora o mantinha em custódia.
“Aquele mesmo Senhor JESUS, que te apareceu no caminho por onde vinhas (v. 17)
e te convenceu do pecado de persegui-lo, me enviou agora para te consolar.” Una
eademque manus vulnus opemque tulit – A mão que feriu cura. “Sua luz te deixou
cego, mas Ele me enviou a ti para que tornes a ver, pois o propósito não era
cegar teus olhos, mas os encantar para que visses as coisas por outra luz.
Aquele que pôs barro em teus olhos me enviou para que tu os lavasses a fim de
que eles sejam curados.” Ananias poderia entregar sua mensagem a Saulo muito
apropriadamente nas palavras do profeta Oséias: Vinde, e tornemos para o
Senhor, porque ele despedaçou e nos sarará, fez a ferida e a ligará. Depois de
dois dias, nos dará a vida; ao terceiro dia, nos ressuscitará, e viveremos
diante dele (Os 6.1,2). Não serão mais aplicados agentes corrosivos, mas
agentes lenitivos. (4) Ananias garante a Saulo que ele não só terá sua visão
restabelecida, mas será cheio do ESPÍRITO SANTO (v. 17). Já que ele será
apóstolo, não deve em nada ficar atrás do principal dos apóstolos. Ele tem de
receber o ESPÍRITO SANTO imediatamente, e não, como os outros, pela
interposição dos apóstolos. O fato de Ananias impor as mãos sobre ele, antes de
ele ser batizado, tem como alvo conceder o ESPÍRITO SANTO.
2. Ananias viu
de dois modos os bons resultados da sua missão. (1) No favor de JESUS para com
Saulo. Pela palavra de Ananias, Saulo foi liberado da prisão através do
restabelecimento da visão. A missão de JESUS de abrir a prisão aos presos (Is
61.1) é explicada pela doação de visão aos cegos (Lc 4.18; Is 42.7). A missão
de JESUS é abrir os olhos dos cegos e tirar os prisioneiros da prisão. Saulo é
libertado do espírito de escravidão pelo recebimento da visão, que foi
representado pela queda imediata e instantânea de umas escamas dos seus olhos
(v. 18). A cura foi súbita para mostrar que foi milagrosa. Isto significava sua
recuperação: [1] Da escuridão do seu estado não convertido. Quando Saulo
perseguia a igreja de DEUS e andava no espírito e caminho dos fariseus, ele era
cego. Ele não via o significado da lei ou do evangelho (Rm 7.9). JESUS disse
muitas vezes aos fariseus que eles eram cegos e que não podia conscientizá-los
disso. Eles diziam: Vemos (Jo 9.41). Saulo é salvo da sua cegueira farisaica,
conscientizando-se dela. Note que a graça convertedora abre os olhos da alma e
faz as escamas caírem, abrindo os olhos dos homens e os tirando das trevas para
a luz (Atos 26.18). Com essa finalidade, Saulo foi enviado aos gentios, para a
pregação do evangelho; por isso, ele tem de experimentá-lo primeiro. [2] Da
escuridão dos seus terrores presentes, sob o medo da culpa que lhe pesava a
consciência, e sob a ira de DEUS contra ele. Essa situação o deixou totalmente
aturdido durante os três dias que ficou cego, como Jonas durante os três dias
que ficou no ventre do inferno. Mas agora umas escamas caíram dos seus olhos
(v. 18), as nuvens se dispersaram e o Sol da justiça nasceu em sua alma,
trazendo-lhe cura debaixo das suas asas (Ml 4.2). (2) Na sujeição de Saulo a
JESUS. Ele foi batizado e, desse modo, submeteu-se ao governo de CRISTO e se
dispôs na graça de CRISTO. Assim ele entrou na escola de CRISTO, passou a fazer
parte de sua família, alistou-se sob sua bandeira e se uniu a Ele
incondicionalmente. A guerra foi ganha: acabou. Agora Saulo é discípulo de
JESUS, que não só deixa de lhe fazer oposição, mas se dedica inteiramente ao
seu serviço e honra.
IV
A boa obra
começada em Saulo é continuada maravilhosamente. Este cristão recém-nascido,
embora parecesse um nascido fora de tempo (1 Co 15.8, versão RA), em pouco
chegará à maturidade.
1. Saulo
recebeu sua força física (v. 19). Ele jejuara por três dias, o que, somado ao
grande peso que por todo aquele tempo estava sobre seu espírito, o deixara
muito fraco. Mas, tendo comido, ficou confortado (v. 19), ou “depois de ter-se
alimentado, sentiu-se fortalecido” (versão RA). O Senhor é para o corpo (1 Co
6.13), por isso devemos cuidar do corpo e mantê-lo em boas condições. Assim,
ele será adequado para servir à alma que serve a DEUS, e CRISTO será nele
engrandecido (Fp 1.20).
2. Saulo se
associou com os discípulos que estavam em Damasco, entrou em contato com eles,
conviveu com eles, participou de suas reuniões e esteve em comunhão com eles.
Recentemente, respirara ameaças e mortes contra eles, mas agora respira amor e
afeto. Agora morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se
deitará (Is 11.6). Note que os que recebem DEUS por seu DEUS recebem o seu povo
por seu povo. Saulo se associou com os discípulos, porque agora via amabilidade
e excelência neles, porque os amava e achava que aumentou em conhecimento e
graça convivendo com eles. Desse modo, fez confissão da sua fé cristã e
abertamente se declarou discípulo de CRISTO, associando-se com os que eram os
seus discípulos.
3. Saulo pregou
JESUS [...] nas sinagogas (v. 20). Ele teve um chamado extraordinário e uma
qualificação ímpar para pregar JESUS, pois DEUS lhe revelou seu Filho
imediatamente para que ele o pregasse (Gl 1.15,16). Ele estava tão cheio do
próprio CRISTO que o ESPÍRITO em seu interior o constrangia (Jó 32.18) a pregar
aos outros, e, como Eliú, a falar para se desafogar (Jó 32.20, versão RA).
Observe: (1) Onde Saulo pregava: Ele pregava [...] nas sinagogas dos judeus (v.
20), porque o evangelho tinha de ser oferecido primeiramente aos judeus. As
sinagogas eram lugares de encontro, onde eles se reuniam. Lá costumavam pregar
contra CRISTO e castigar seus discípulos. O próprio Saulo os castigara muitas
vezes por todas as sinagogas (Atos 26.11). Justamente por isso, ele teria de
enfrentar os inimigos de JESUS lá, onde seriam mais ousados – e confessaria
abertamente o cristianismo onde teria maior oposição. (2) O que Saulo pregava:
Ele pregava a JESUS (v. 20). Quando começou a ser pregador, ele fixou esta
máxima por seu princípio ao qual se manteve firme desde então: Não nos pregamos
a nós mesmos, mas a CRISTO JESUS, o Senhor (2 Co 4.5); nada mais que JESUS
CRISTO e este crucificado (1 Co 2.2). Ele pregava CRISTO, o Filho de DEUS, seu
Filho amado, em quem Ele se comprazia. (3) Como as pessoas foram afetadas pela
conversão de Saulo: “Todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é
este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome? (v. 21). Agora é
ele que invoca este nome, persuade outros a invocá-lo e fortalece as mãos dos
que o fazem”. Quantum mutatus ab illo – Oh! Que mudança! Está também [Saulo]
entre os profetas? (1 Sm 10.11). Mas ele não veio até aqui com este propósito:
prender todos os cristãos que encontrar para os levar cativos aos principais
dos sacerdotes? (v. 21). Sim, veio. Quem teria imaginado que ele algum dia
pregaria JESUS CRISTO? Indubitavelmente, muitos viam como forte confirmação da
verdade do cristianismo o fato de alguém, que fora perseguidor notório do
evangelho, tornar-se, de uma hora para outra, pregador inteligente, estrênuo e
pleno do evangelho. Este milagre no espírito de tal homem excedia em magnitude
os milagres no corpo físico. Dar a um homem semelhante coração diferente era
mais que dar aos homens o dom de falar em outras línguas.
4. Saulo
rebateu e confundiu os que eram contra a doutrina de CRISTO (v. 22). Ele se
tornou notável não só no púlpito, mas também nas escolas e se mostrou
sobrenaturalmente habilitado para pregar a verdade, mantê-la e defendê-la,
quando a pregava. (1) Saulo aumentou em força. Ele se tornou mais estreitamente
familiarizado com o evangelho de CRISTO, e os seus sentimentos piedosos se
fortaleceram. Ele se tornou ainda mais corajoso, ousado e resoluto na defesa do
evangelho: Ele se esforçava muito mais (v. 22) por causa das críticas que lhe
lançavam (v. 21). Seus novos amigos o censuraram por ter sido perseguidor, e
seus velhos amigos o censuravam por agora ser um renegado. Mas Saulo, em vez de
se desanimar por causa dessas observações sobre sua conversão, deixava-se
incentivar ainda mais, achando que eram recursos imediatos mais do que
suficientes para responder o que dissessem dele. (2) Saulo venceu seus
antagonistas e confundiu os judeus que habitavam em Damasco (v. 22). Ele os
silenciou e os envergonhou, respondendo plenamente suas objeções para o
contentamento de todas as pessoas indiferentes, e os assediou com argumentos
para os quais eles não sabiam o que responder. Ao mesmo tempo, em todos os
discursos com os judeus, ele provava que esse JESUS era o CRISTO, o Ungido de
DEUS, o verdadeiro Messias prometido aos pais. Ele estava provando, symbibazon
– afirmando e confirmando, ensinando com persuasão. Temos razão em pensar que
ele foi o instrumento para converter muitos à fé cristã e para edificar a
igreja em Damasco, para onde ele fora com o propósito de causar dano. Assim, do
comedor saiu comida, e doçura saiu do forte (Jz 14.14).
Comentário
Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Gálatas 1
11 - Mas
faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo
os homens, 12 - porque não o recebi de homem algum, mas pela revelação de JESUS
CRISTO. 13 - Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no
judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de DEUS e a assolava. 14 - E, na
minha nação, excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente
zeloso das tradições de meus pais. 15 - Mas, quando aprouve a DEUS, que desde o
ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça, 16 - revelar seu
Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei carne nem
sangue, 17 - nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram
apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.
18 - Depois,
passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro e fiquei com ele quinze
dias.
Acerca da
maneira como recebeu o evangelho que pregou a eles. Ele lhes assegura (vv.
11,12) que não o tinha recebido de outros, mas pela revelação do céu. Uma coisa
peculiar na posição de um apóstolo era ter sido chamado e instruído para esse
ofício diretamente por CRISTO. E ele prova a autenticidade do seu ofício,
independentemente do que seus inimigos alegavam. Em ministros comuns, quando
recebem o chamado para pregar o evangelho, isso ocorre pela mediação de outros.
Eles recebem seu conhecimento pela instrução e auxílio deles. Mas Paulo os
informa que recebera seu conhecimento do evangelho, bem como sua autoridade
para pregá-lo, diretamente do Senhor JESUS. O evangelho que pregava “...não é
segundo os homens, porque não o recebi, nem aprendi de homem algum”, mas pela
inspiração imediata, ou revelação de CRISTO. Ele procurou deixar isso claro,
para provar que era apóstolo. Para esse propósito:
1. Ele descreve
a sua instrução, e o que fazia (vv. 13,14). De um modo especial, ele lhes diz
que foi criado na religião judaica, e que “...na minha nação, excedia em
judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições...”
dos anciãos, doutrinas e costumes que tinham sido inventados pelos “...meus
pais”, e transmitidos de uma geração a outra. Seu zelo era tão grande que
“...sobremaneira perseguia a igreja de DEUS e a assolava”. Ele não só tinha
sido alguém que rejeitava a religião cristã, apesar das diversas provas quanto
à sua origem divina, mas também tinha sido um perseguidor dela, e tinha buscado
destruir os adeptos dela com violência e fúria. Paulo menciona esse aspecto com
frequência, por causa da grandiosidade dessa graça livre e preciosa que o
tornou um penitente sincero, transformando-o de um perseguidor furioso em um
apóstolo. Era muito oportuno mencionar isso aqui, porque ficava claro que ele
não tinha sido levado ao cristianismo, como foi o caso de muitos outros,
puramente pelo ensino, uma vez que tinha sido criado em aversão e oposição a
essa doutrina. Assim, eles podem sensatamente supor que tenha ocorrido algo
realmente extraordinário para promover uma mudança tão radical nele, a ponto de
vencer os preconceitos da sua educação e o levar não somente a professar, mas a
pregar, essa doutrina, à qual tinha se oposto com tanta veemência.
2. Ele descreve
a maneira maravilhosa como foi dissuadido do erro dos seus caminhos, como foi
levado ao conhecimento e fé em CRISTO e designado para o ofício do apostolado
(vv. 15,16). Isso não foi feito de uma forma comum, nem por meios ordinários,
mas de uma maneira extraordinária. Porque: (1) DEUS “...desde o ventre de minha
mãe me separou...”. A mudança operada nele foi em consequência de um propósito
divino, em que foi designado para ser cristão e apóstolo, antes de vir ao mundo
ou ter feito bem ou mal. (2) Ele foi chamado “...pela sua graça”. Todos os
convertidos são chamados pela graça de DEUS. A conversão é o resultado do favor
de DEUS em relação aos convertidos, e é realizado pelo seu poder e graça neles.
Mas havia algo peculiar no caso de Paulo, quanto à rapidez e à grandeza da
mudança operada nele, e também da maneira como foi operada. Essa mudança não
ocorreu pela mediação de outros, mas pela aparição pessoal de CRISTO a ele e a
operação imediata nele. Dessa maneira, ficou evidente a ação extraordinária do
poder e favor divinos. (3) Ele tinha CRISTO revelado nele. Ele não só foi
revelado a ele, mas nele. Não nos beneficiaremos da revelação de CRISTO feita a
nós se também Ele não for revelado em nós. Mas esse não era o caso de Paulo.
Agradou a DEUS “...revelar seu Filho...” nele, levá-lo ao conhecimento de
CRISTO e seu evangelho pela revelação especial e imediata. (4) Foi com esse
desígnio que ele deveria pregá-lo aos gentios. O apóstolo não só deveria
recebê-lo, mas pregá-lo a outros. Dessa forma, ele era tanto um cristão quanto
um apóstolo pela revelação.
3. Ele lhes diz
a forma em que procedeu em relação a isso (vv. 16-24). Sendo chamado assim para
esse trabalho e ofício, “...não consultei carne nem sangue...”. Isto pode ser
entendido de maneira mais geral, e dessa forma devemos reconhecer que, quando
DEUS nos chama por sua graça, não devemos consultar carne nem sangue. O
significado disso é que ele não consultou homens. Ele não solicitou o conselho
e a direção de ninguém; “...nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes
de mim eram apóstolos”, como se precisasse ser aprovado por eles, ou receber
outras instruções ou autoridade deles. Mas, em vez disso, “...parti para a
Arábia...”, talvez como um lugar de isolamento, apropriado para receber outras
revelações divinas, ou para pregar o evangelho entre os gentios daquela região,
sendo designado para ser o apóstolo aos gentios. E, de lá, “...voltei outra vez
a Damasco”, onde havia começado seu ministério, e de onde tinha escapado com
dificuldade da ira dos seus inimigos (At 9). Somente “...três anos...” após a
sua conversão, ele foi “...a Jerusalém para ver a Pedro”. E quando o fez, ficou
pouco tempo com ele, não mais de “...quinze dias”. Enquanto esteve lá, ele não
entrou em muitas conversações, porque não viu “...a nenhum outro dos apóstolos,
senão a Tiago, irmão do Senhor”. Portanto, fica difícil insistir que Paulo se
sentia endividado em relação aos outros apóstolos quanto ao seu conhecimento do
evangelho ou sua autoridade para pregá-lo. Fica claro que tanto suas
qualificações, quanto seu chamado para o ofício apostólico foram
extraordinários e divinos. Esse relato era importante para estabelecer sua
reivindicação em relação a esse ofício, para eliminar as críticas injustas dos
seus adversários e para corrigir os gálatas das impressões erradas que tinham recebido
a respeito dele. Ele confirma isso por meio de um juramento solene (v. 20),
declarando, na presença de DEUS, que aquilo que tinha dito era totalmente
verdade, e que não tinha fraudado o seu relato. Embora isso não justifique que
façamos um voto solene a DEUS em cada ocasião, mostra que, em questões de peso
e importância podemos fazê-lo, e que às vezes isso não só é legítimo, mas um
dever. Depois disso, ele lhes informa que foi “...para as partes da Síria e da
Cilícia”. Após fazer essa visita breve a Pedro, ele volta novamente ao seu
trabalho. Ele não tinha contato naquela época com as “...igrejas da Judéia, que
estavam em CRISTO”. Ele não era conhecido de vista pelos cristãos da Judéia.
Eles “...somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia,
agora, a fé que, antes, destruía. E glorificavam a DEUS a respeito dele”. Por
causa disso, muitas ações de graça foram expressas a DEUS. Esse relato da
mudança poderosa ocorrida nele enchia-os de alegria e estimulava-os a dar
glórias a DEUS.
Comentário
Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
A Vida e a
Época do Apóstolo Paulo - 220.92 - Biografia - Ball. Charles Ferguson -
BAL - A Vida e a Época do Apóstolo Paulo.../ Bali, Charles Ferguson - 1° ed. -
Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de DEUS, 1998. ISBN
85-263-0186-1 - Biografia. 2. História Bíblica.
Grande parte da
vida e da época de Paulo nos tem sido preservada no Novo Testamento,
principalmente nos escritos pessoais do apóstolo. Numa narrativa envolvente,
Charles Ferguson Ball apresenta, pormenorizadamente, a vida do grande apóstolo
dos gentios. Onde a história se cala, o autor busca prováveis detalhes em suas
pesquisas, mantendo sempre a conformidade com o registro bíblico.
As Visões de
Saulo e Ananias
Nessa mesma
ocasião, o Senhor preparava Ananias para que visitasse Saulo. Ananias fora,
certa vez, destacado, em sua sinagoga, como um homem piedoso e que obedecia à
Lei de Moisés com o rigor de um fariseu.
Mas desde que
se tornara cristão, os judeus passaram a suspeitar dele. Alguns diziam que
Saulo tinha ido a Damasco especialmente para prender Ananias, pois os nazarenos
haviam-no reconhecido como seu líder. Mas numa visão, o Senhor ordenou a
Ananias: "Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de
Judas, por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando, e
numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a
mão, para que tornasse a ver" (At 9.11,12).
Ananias
imediatamente protestou. Afinal, os nazarenos de Damasco tinham medo de Saulo
por causa das notícias que chegavam de Jerusalém. Além disso, haviam sido
informados que ele estava na cidade a fim de que, como representante do sumo
sacerdote, procedesse a prisão dos discípulos de JESUS e os conduzisse a
Jerusalém. Os cristãos não haviam orado para que DEUS os livrasse? Quando
chegaram as notícias de que Saulo ficara cego, agradeceram a DEUS. Era a
resposta à sua oração.
Mas, agora,
ordenava o Senhor: "Vai, porque esse é para mim um vaso escolhido para
levar o meu nome diante dos gentios e dos reis, dos filhos de Israel" (At
9.15).
Sem mais
duvidar, Ananias dirigiu-se à casa de Judas, e perguntou por Saulo, o rabino de
Jerusalém. Levado a um quarto nos fundos, deparou-se com o jovem e terrível
fariseu sentado, completamente cego e abalado pelo conflito que se desenrolava
em sua alma. Saulo já não sentia qualquer amargura, pois havia atravessado
águas profundas naqueles três dias; passara por uma sondagem como nunca pensara
ser possível.
Ananias
atravessou o quarto, aproximou-se de Saulo e, impondo a mão sobre a sua cabeça,
disse-lhe em voz baixa: "Irmão Saulo, o Senhor JESUS que te apareceu no
caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do
ESPÍRITO SANTO" (9.17).
Um nazareno o
chamara de "irmão"! E pensar que ele, Saulo, viera justamente prender
um homem como esse que, agora, estendia-lhe a destra da comunhão! Dissipadas as
trevas, Saulo vê o homem que o procurara como mensageiro de DEUS.
Ele acabara de
receber a confirmação do que tinha ouvido na estrada de Damasco. Como não se
render ao CRISTO? Por um momento, Saulo dúvida: como ser perdoado pela
perseguição e pelos problemas que criara à Igreja. Mas a voz de Ananias lhe dá
plena segurança quanto ao amor e benignidade de DEUS.
Saulo sabia que
o batismo era o sinal nazareno do arrependimento. Era uma forma de mostrar
publicamente que havia mudado, invocando o nome daquEle a quem antes odiara,
porém agora, além deste batismo nas águas, recebe o batismo no ESPÍRITO SANTO,
fato totalmente desconhecido para ele (cheio do ESPÍRITO SANTO).
Saulo estava
pronto. Encontrava-se nas mãos de DEUS e já não havia dúvida em seu coração.
Ajoelhou-se com Ananias, e orou ao Senhor como se fora uma criança,
confessando-lhe os pecados, pedindo-lhe que o perdoasse em nome de JESUS e
invocando-lhe o nome de seu Filho, fez como o faziam os nazarenos. A seguir,
Ananias o batizou, marcando definitivamente a sua entrada na nova vida.
Vivendo para
CRISTO
Saulo saíra das
trevas para a luz. Morrera para a velha vida, sob a Lei, e fora cheio do
ESPÍRITO. Desejava, agora, provar o seu arrependimento através de uma vida de
serviço a CRISTO. Essa perspectiva dava-lhe grande alegria. Depois de ter-se
alimentado, levantou-se com um zelo tão intenso por CRISTO que excedia de muito
sua antiga dedicação ao Judaísmo.
Ananias voltou
para anunciar aos cristãos de Damasco que o perigo passara. Saulo não só havia
desistido de persegui-los, como também fora batizado, invocando o nome de
CRISTO. Era agora um nazareno. Eles receberam-no, pois, com grande alegria;
acolheram-no como a um irmão.
Os cristãos de
Damasco fortaleciam a Saulo diariamente com a cordialidade de sua comunhão, e
doutrinavam-no acerca de JESUS. Ele se mostrava mais que atento. Os irmãos
falaram-lhe do Salvador, de sua vida e de sua obra. Ficaram surpresos ao ver o
conhecimento que ele tinha das Escrituras e como constatava rapidamente, agora,
que todas elas apontavam para JESUS. Sua erudição deixou-os admirados. Ele
parecia encontrar argumentos fortes e favoráveis a CRISTO que antes lhe haviam
escapado. Seus corações encheram-se de alegria ao compreender que ele também
viria a ser um grande mestre das doutrinas enunciadas pelo Senhor JESUS.
Durante o curto
período em que permaneceu em Damasco - somente alguns dias - Saulo cresceu
espiritualmente e já ansiava por testemunhar da grandiosa experiência que
tivera na estrada de Damasco. Junto com Ananias e outros nazarenos, visitou a
sinagoga e pregou a CRISTO. Ele era hábil em rebater todos os argumentos dos
fariseus. Como tivesse o dom da oratória, causou grande impressão sobre o povo.
Embora não pudesse dizer muito a respeito dos ensinamentos de JESUS, sabia
apelar para a Lei, os Profetas e os Salmos. Ele sentia-se mui à vontade nesses
tópicos.
A primeira vez
que Saulo visitou a sinagoga, que se achava repleta, foi um grande dia para os
nazarenos. Ali estava um jovem, destemido e forte, que tivera o privilégio de
ser educado na escola de Gamaliel. A maioria dos judeus sabia de seu ódio a
CRISTO, e alguns que suspeitavam dos nazarenos, achavam que a sua missão em
Damasco era necessária.
Inicialmente,
Saulo contou-lhes a história de sua ida a Damasco e do incidente na estrada:
como encontrara a JESUS de Nazaré e O contemplara com os próprios
olhos, aquEle a quem vinha perseguindo, e como, desde então, toda a sua vida se
transformara. Ele cria agora que JESUS era o CRISTO. Com sua habilidade de
rabino, citou passagem após passagem do Antigo Testamento para provar a
messianidade de JESUS. Ao terminar o discurso, confessou publicamente o seu
pecado em perseguir os seguidores de JESUS, e descreveu a nova vida que nele
havia por meio da habitação interior do ESPÍRITO SANTO.
Ninguém podia
acreditar no que estava ouvindo: "Não é este o que em Jerusalém perseguia
os que invocavam esse nome, e para isso veio aqui, para os levar presos aos
principais sacerdotes?" (At 9.21).
Ao verem-no
abjurar as antigas crenças, ficaram indignados. O primeiro discurso de Saulo
como nazareno foi respondido pelos rabinos da sinagoga, que o tacharam de falso
mestre e traidor da nação. Negaram o uso que o novo discípulo de CRISTO fazia
das Escrituras, discutindo acaloradamente com ele sobre o correto significado
destas. Mas não puderam relutar-lhe os argumentos, nem a sua experiência na
estrada de Damasco. Quando a congregação se retirou, todos estavam comovidos
com o que ouviram. Alguns creram, mas a maioria achava que Saulo merecia ser
expulso da sinagoga e açoitado publicamente. O inimigo declarado e
preconceituoso de CRISTO mudara rápida e drasticamente, transformando-se num
cristão inabalável, com a determinação de entregar sua vida ao serviço do
Senhor. Ao cair diante de sua glória, tornara-se de JESUS um servo para todo o
sempre. Saulo vira-o ressurreto, e tinha plena certeza disso. E, sobre esta
certeza, construiu todas as suas esperanças na eternidade. Foi ainda esta
certeza que o levou a pregá-lo com toda a autoridade (1 Co 9.1).
O EVANGELHO DE
SAULO
Quando alguém
se converte a CRISTO de modo tão inesperado e radical quanto Saulo, passa a
sentir de imediato um forte desejo de partilhar sua experiência com todos.
Diante de um testemunho como o seu não há como disfarçar as emoções. A
experiência de um homem que viu a glória divina nos aquece o coração.
Saído de um
ambiente tão rígido como o do farisaísmo, o choque que Saulo recebeu foi
enorme. Seu modo de pensar modificara-se tão rapidamente, que ele precisava de
tempo para descansar e refletir. Queria repensar o passado, observar lógica e
tranquilamente o futuro, e preparar-se para a grande obra a que DEUS o chamara.
O Senhor não dissera que ele devia levar o nome de CRISTO diante dos gentios,
dos reis e dos filhos de Israel?
Saulo era um
pensador profundo. Não tomava nenhuma atitude sem antes raciocinar e pesar as
consequências. Algumas pessoas a tudo analisam; outras, não se preocupam com
nada. A mente de Saulo era analítica; teve necessidade de refletir para
ajustar-se aos fatos que lhe abalaram a estrutura existencial.
Ao despedir-se
dos cristãos de Damasco, isolou-se na Arábia a fim de concentrar-se nesta nova
etapa de sua vida.
Na Epístola aos
Gálatas, Saulo revela que, depois de sua conversão, não se dirigiu aos
apóstolos em Jerusalém, ou para quaisquer outros, a fim de se inteirar do
Evangelho que mais tarde pregaria. O Evangelho foi-lhe revelado diretamente por
DEUS. Em várias ocasiões, apóstolo o enfatizou: "Porque eu recebi do
Senhor o que também vos ensinei" (1 Co 11.23).
Na Arábia
No deserto,
longe do burburinho da vida urbana, com as rochas e areias ardentes durante o
dia, e as estrelas silentes à noite, despojou-se Saulo das amarras de uma vida
inteira, libertando-se da Lei e da tradição judaicas. Na quietude da Arábia,
andou com DEUS. Aqui, o Senhor revelou a Saulo as grandes verdades que viriam a
ser as âncoras de sua pregação. Foi aqui também que reestudou as Escrituras, e
meditou sobre as grandes doutrinas que iria em breve ensinar em todas as
igrejas. Aprendeu o valor da comunhão com DEUS, tornando-se-lhe sensível à
vontade.
Foi no deserto
que Moisés veio a encontrar DEUS. Naquele mesmo Monte na Arábia onde Paulo
agora estava a ter um encontro pessoal com JESUS (Monte Horebe). E foi num
momento de desespero, que Elias procurou a quietude do deserto. No deserto, o
maná alimentou o povo de DEUS por quarenta anos. Que lugar seria mais propício
para Saulo reencontrar-se com o Senhor? Onde poderia ser alimentado diariamente
pelo pão do céu senão aqui?
É impossível
saber os detalhes daqueles dias de consagração. Mas de uma coisa não temos
dúvida: Saulo deixou o deserto plenamente convicto e preparado para apresentar
as razões de sua fé. Ele sabia que, no exato momento em que abrisse os lábios
na sinagoga, os fariseus opor-se-lhe-iam amargamente, taxando-o de hipócrita,
traidor. Por isso, deveria estar preparado a fim de apresentar tanto a sua
defesa quanto a de JESUS com toda a sua força e poder.
Na defesa da
fé, seria imprescindível que tivesse idéias muito claras acerca da salvação
oferecida por CRISTO. Falar de uma experiência é simples, mas debater com os
filósofos e defensores de outras religiões exige um conhecimento bem definido e
pontos de vista sólidos. Além de justificar a morte de CRISTO conforme predita
nas Escrituras, Saulo teria de explicar porque isso foi necessário e por que
DEUS o exigiu.
Ao pensar no
propósito da vida e na felicidade de que ora desfrutava, Saulo concluiu: o que
aprendera na escola rabínica era de fato uma poderosa verdade. O supremo
propósito do ser humano é receber o favor divino. Mas a única maneira de se
obter tal favor é submeter-se à justiça de DEUS. Somente Ele pode conceder-nos
a paz.
Entendendo o
Dom da Justiça de DEUS
A história do
homem sempre foi o relato do desvio da justiça divina e do deliberado
afastamento de DEUS. Muitos são os que, embora se julguem justos e condenem os
outros, jamais sentiram comunhão com DEUS. Outros, como os judeus, dependem de
sua obediência à Lei para obter o favor divino. Saulo viveu desse modo até
encontrar a JESUS. Mas agora, podia ver quão vazia era a vida dos judeus: por
não haverem recebido a JESUS, achavam-se na mesma condição dos gentios.
Os gentios
falharam em sua busca pela justiça. Não porque DEUS haja se ocultado deles,
pois Ele lhes dera suficiente conhecimento para que viessem a ser conduzidos
pela justiça. Eles, porém, não quiseram seguir a luz; tentaram extingui-la. E
já que não alcançaram o favor de DEUS, fizeram-se filhos da ira. Quanto aos
judeus, gabavam-se de suas muitas vantagens sobre o resto do mundo. Embora
possuíssem a Lei e os Profetas, não tiraram proveito deles.
O que importa
diante de DEUS não é saber o que é certo, mas praticar o que é justo. Antes,
Saulo acreditava que guardar a Lei era a única maneira de se agradar a DEUS.
Isso, porém, jamais lhe havia proporcionado satisfação espiritual. Por outro
lado, estava ciente de que, como depositário da Lei de DEUS, tinha mais
responsabilidades espirituais do que os gentios. Agora, contudo, já não podia
ignorar: tanto os judeus como os gentios, haviam falhado na busca da justiça
divina; encontravam-se ambos expostos à ira de DEUS.
Nem os judeus
nem os gentios eram bons, por haver ambos herdado a natureza pecaminosa de
Adão. Tal natureza torna a pessoa fraca demais para ser justa. A Lei, por
descrever claramente o pecado, teria sido um precioso guia para conduzir-nos à
vida santa. Mas como curar uma natureza tão enferma? Aquilo que queremos fazer,
não o fazemos; e aquilo que não queremos, isso o fazemos. DEUS outorgou a Lei
com o propósito de mostrar-nos qual o padrão de sua justiça.
Todos esses
pensamentos formavam-se na mente de Saulo à medida que o Senhor lhe transmitia
gradualmente a mensagem que deveria ensinar em todas as igrejas. Seu dia mais
ditoso foi aquele em que DEUS ofereceu-lhe um plano de salvação que não
dependia de se guardar a Lei. Foi aí que compreendeu que jamais alcançaria a
justiça divina por seu próprio esforço.
Com o passar
dos dias, Saulo começou a entender mais claramente todo o quadro da salvação
oferecida por DEUS. E essa revelação, obtida na Arábia, foi mencionada
repetidamente por ele como "o meu evangelho". Saulo não a obteve
mediante estudo ou leitura, nem a recebera de homem algum. Foi diretamente e
pessoalmente por intermédio de JESUS que chegou ao conhecimento de tais fatos.
O Verdadeiro
Significado da igreja
O retrato
completo da Igreja apareceu mais vividamente a Saulo, durante sua estada no
deserto. Ele foi o primeiro apóstolo a compreender que a Igreja não era uma
seita judaica, mas uma irmandade universal que se estendia a todas as raças e
nações. Tempos depois, travaria muitas batalhas com os que não estavam
dispostos a admitir os gentios na Igreja.
Saulo
considerava a Igreja um edifício, cujas pedras todas achavam-se bem ajustadas,
tendo a CRISTO como a pedra angular. A seguir, viu-a como um corpo bem
coordenado. E os membros todos desse corpo - braços, pernas, pés, dedos, olhos
e ouvidos - eram os cristãos em particular que, ligados uns aos outros,
constituíam-se num só organismo, tendo a CRISTO por cabeça. A figura ajudou-o a
compreender a unidade da Igreja e a sua dependência em relação ao Senhor JESUS.
Saulo passou a compreender que cada um de nós somos templo do ESPÍRITO SANTO,
morada de DEUS na Terra. Passou a conhecer a pessoa do ESPÍRITO SANTO, fato
vedado ao judeu tradicional sem CRISTO.
Saulo fora
chamado por CRISTO para deixar de lado as regras, tradições e todo o passado do
qual tanto se gloriara. Outros já o haviam feito e tiveram de enfrentar
oposição. O futuro não lhe seria fácil. Ele pensa em Estêvão e como fora este
poderoso no Evangelho. Se Saulo tivesse aberto os olhos antes, quantas centenas
de crentes não teriam sido poupadas! Mas ele tomaria o lugar de Estêvão, e quem
sabe, faria para CRISTO uma obra ainda maior. Uma vez mais Saulo delibera ser
fiel à visão celestial, e passar o resto de sua vida pregando o Evangelho aos
judeus e gentios.
O Mundo, um
Campo Missionário
Saulo começa a
refletir sobre o mundo que o rodeava. Embora só o conhecesse parcialmente,
sabia que o Império Romano se estendia para além dos Portões da Cilícia, em
direção ao ocidente. Em suas fronteiras, havia milhões de pessoas.
Que mundo de
trevas era aquele!
Os ídolos eram
adorados por toda a parte. As cidades encontravam-se repletas de estátuas,
altares e templos. Tateando, as pessoas andavam à procura de algo real. Seus
corações estavam vazios; seus olhos, voltados para os grandes blocos de granito
e mármore. Se os gentios pudessem enxergar o vazio de seus templos! Se
soubessem que somente CRISTO podia satisfazê-los!
Saulo
compreende que será mais fácil convencer os gentios do que os judeus. Ele
alegra-se por ter sido escolhido pelo Senhor para levar o Evangelho da graça
salvadora de DEUS aos gentios.
Ao fazer um
retrospecto de sua vida, Saulo percebe que deveria estar louco e cego ao
imaginar que o seu ódio e crueldade pudessem reconduzir os convertidos ao
Judaísmo. Na Arábia, DEUS forçou-o a abandonar os seus métodos e a aprender um
pouco do grande ESPÍRITO que estava em Estêvão, quando este orava por seus
inimigos.
Não se sabe
quanto tempo Paulo permaneceu na Arábia. Sabemos, porém, que passou três anos
em Damasco a sua conversão e a sua volta a Jerusalém. Paulo tivera tempo de
organizar seus pensamentos, e agora estava pronto a pregar o Evangelho com
todas as suas forças, pois sentia- se em débito para com os judeus e gregos.
De qualquer
forma, Saulo achava-se mais bem preparado para, sinceramente, lutar pela fé. Em
cada sinagoga, os fariseus se lhe opunham, zombando de sua mudança de vida e
chamando-o de mentiroso. Ele era obrigado a todo o instante, a defender o
Evangelho a que se habituara a chamar de "meu evangelho", não por ser
diferente do de Pedro, ou de qualquer outro dos discípulos, mas porque JESUS o
entregara diretamente a ele.
Mais tarde,
Saulo aprenderia mais de Pedro e dos demais apóstolos o verdadeiro significado
das declarações e ensinamentos do Senhor. Mas, por ora, já sabia o suficiente
para começar a pregar a JESUS como o CRISTO das Escrituras, por cujo intermédio
podia-se alcançar a justiça divina.
Com as palavras
do Senhor no coração, avançaria e estabeleceria igrejas em todas as partes. Se
em sua ignorância prendera e até matara, agora ofereceria a sua vida por
CRISTO. Afinal, JESUS não vencera a morte levantando-se da sepultura? Sua mente
já estava apaziguada e cultivada pelos ministérios de DEUS.
O REGRESSO A
DAMASCO
Saulo foi
cordialmente recebido pelos irmãos de Damasco. Todos ansiavam por sua volta,
pois somente ele poderia enfrentar os judeus que se opunham ao Evangelho.
Lembravam-se todos de como Saulo silenciara os rabinos antes de partir para a
Arábia. Com um poder muito maior, Saulo retoma o trabalho nas sinagogas. A
oposição judaica contra si já se havia transformado em ódio. A sua determinação
de pregar a JESUS CRISTO, contudo, em nada diminuíra.
Durante o
período em que esteve em Damasco com os nazarenos, homens e mulheres aceitavam
diariamente a CRISTO ao ouvir-lhe a pregação. O conselho da sinagoga fez o
máximo para tapar os ouvidos de seus congregados. Mas como a mensagem de Saulo
tivesse como base as próprias Escrituras, ninguém era capaz de resistir-lhe as
palavras. Até os rabinos temiam proibir o acesso de alguém com tamanho
conhecimento da Torá na sinagoga.
A cada
discussão com Saulo os rabinos mais se enfureciam. E já instigavam o conselho
da sinagoga contra Saulo, pois mais de uma vez ele os sobrepujara. Em seu ódio,
queriam fazer dele um exemplo público. E tanto fizeram, que vieram a conseguir
o seu intento. Açoitaram-no diante da porta da sinagoga com 39 chibatadas.
Enquanto o chicote raspava-lhe as costas, Saulo experimentava uma estranha
sensação de alegria por ser considerado digno de sofrer pela causa de CRISTO.
Não fora exatamente isso o que ele havia feito com os que seguiam a esse mesmo
JESUS?
O corpo de
Saulo fica marcado para sempre; com orgulho exibiria essas marcas por
haverem-no introduzido numa comunhão mais profunda com o CRISTO e com os que
foram chamados a sofrer pela fé.
Finalmente, ele
foi expulso da sinagoga. Todavia, encontrando-se secretamente com os judeus de
Damasco, ganhou a muitos deles para CRISTO. Os rabinos vieram a compreender,
então, que ninguém poderia deter a propagação do Cristianismo. O que fazer?
Ordenaram-lhe, pois, que deixasse a cidade, mas Saulo não lhes acatou a ordem.
Pelo contrário: agora, pregava a CRISTO com mais vigor e intensidade. O
conselho reuniu-se então em segredo, e chegaram a esta conclusão: "Só há
um meio de calar a Saulo - tirar-lhe a vida".
Os judeus
favoráveis aos nazarenos, alertaram a Saulo sobre a decisão do conselho. Ele,
pois, escondeu-se de modo a que não pudessem encontrá-lo. Cada sinagoga era
vigiada, mas o acusado não aparecia. Seus inimigos finalmente descobriram que
ele sabia da conspiração. E para que Saulo não fugisse disfarçado de mercador,
ou viajante, resolveram ir ao governador e fizeram uma acusação formal contra o
desafeto, dizendo que este era um perturbador da ordem pública, pois incitava
os judeus a se amotinarem. O governador prontamente enviou as ordens para a
prisão de Saulo. Imediatamente, os soldados passaram a vigiar os portões da
cidade, observando as caravanas que saíam de Damasco. Como a cidade só
possuísse quatro portões, os rabinos julgavam que, em breve, o prenderiam.
Sempre atentos
a qualquer movimento, os judeus pretendiam acabar com a seita que os
perturbava, livrando-se de seu novo líder. Diante disso, os amigos de Saulo
perceberam que só havia um meio de salvar-lhe a vida: tirá-lo da cidade.
Os velhos muros
eram tão largos em determinados lugares que casas haviam sido construídas sobre
eles. Numa dessas casas, com janelas salientes, morava um nazareno. Quando a
noite caiu sobre a cidade, Saulo foi levado a essa casa. Então, amarraram uma
corda a um grande cesto que foram baixando pelo muro até que pousasse em
segurança. Ato contínuo, o passageiro deixou rapidamente o cesto,
embrenhando-se na escuridão.
Comentário
Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
_________________________________________________________
Paulo, o maior
líder do cristianismo - Editora Hagnos
Uma pedra
bruta lapidada
Depois de
convertido, logo Paulo se transforma em pregador do evangelho. Em vez de
perseguir os cristãos, promove a fé evangélica. Em vez de tapar a boca dos
cristãos, abre a boca para testemunhar do nome de JESUS. Destaco três mudanças
radicais que aconteceram na vida de Paulo depois de sua conversão:
Em primeiro
lugar, de agente de morte a pregador do evangelho. Paulo tornou-se um
embaixador de CRISTO, um pregador do evangelho imediatamente após sua conversão
(Atos 9.20). DEUS mesmo o escolheu para levar o evangelho aos gentios e
reis, bem como perante os filhos de Israel (Atos 9.15).
Paulo pregou a
tempo e fora de tempo. Em prisão e em liberdade. Com saúde ou doente. Pregou
nos lares, nas sinagogas, no templo, nas ruas, nas praças, na praia, no navio,
nos salões governamentais, nas escolas. Paulo pregou com senso de
urgência, com lágrimas e no poder do ESPÍRITO SANTO.
Aonde ele
chegava, os corações eram impactados com o evangelho. Ele pregava não apenas
usando palavras de sabedoria, mas com demonstração do ESPÍRITO e de poder (1Co
2.4; 1Ts 1.5).
Em segundo
lugar, de devastador da igreja a plantador de igrejas. DEUS encorajou Ananias a
ir ao encontro de Saulo em Damasco, dando-lhe as seguintes palavras: “... Vai,
porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome
perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (Atos
9.15). O Senhor mesmo levantou Paulo como o maior evangelista, o
maior missionário, o maior pastor, o maior pregador, o maior teólogo e o
maior plantador de igrejas da história do cristianismo. Ele plantou
igrejas na região da Galácia, nas províncias da Macedônia, Acaia e Asia
Menor. Não apenas plantou igrejas, mas pastoreou-as com intenso zelo,
com profundo amor e com grave senso de responsabilidade. Pesava sobre ele
a preocupação com todas as igrejas (2Co 11.28).
Em terceiro
lugar, de receptor de cartas para prender e matar a escritor de cartas para
abençoar e salvar. Como perseguidor e exterminador dos cristãos, Paulo pedia
cartas para prender, amarrar e matar os crentes (Atos 9.2,14). Mas, depois
de convertido, ele escreve cartas para abençoar. Paulo foi o
maior escritor do Novo Testamento. Ele escreveu treze cartas. Suas cartas
são mais conhecidas do que qualquer obra jamais escrita na história da
humanidade. Suas cartas têm sido alimento diário para milhões de crentes
em todos os tempos. Essas cartas são luzeiros que brilham; são pão que
alimenta; são água que dessedenta; são verdades inspiradas pelo ESPÍRITO
SANTO que ensinam, exortam e levam pessoas a CRISTO todos os dias!
Vejamos, agora,
como DEUS trabalhou na vida de Paulo até transformá-lo no apóstolo que foi.
Mesmo que sua conversão tenha sido genuína e radical, seu amadurecimento foi
progressivo.
Pregando em
Damasco
Logo após ser
curado da cegueira, ser batizado e ter recebido o ESPÍRITO, Paulo começou a
pregar em Damasco, afirmando que JESUS é o Filho de DEUS (Atos 9.20). Sua
pregação consistia apenas numa declaração de que aquele a quem ele
perseguia era o Filho de DEUS. Essa pregação causou espanto nos
damascenos, em virtude de sua reputação de exterminador dos que invocavam o
nome de JESUS (Atos 9.21).
Seminário
intensivo com JESUS na Arábia
Há um intervalo
muito importante na vida de Paulo entre Atos 9.20,21 e Atos 9.22. No começo,
Paulo apenas pregava e afirmava que JESUS era o Filho de DEUS (Atos 9.20,21).
Mas, depois, Paulo mais e mais se fortalecia e confundia os judeus que
moravam em Damasco, demonstrando que JESUS é o CRISTO (Atos 9.22).
Demonstrar é mais do que afirmar. Demonstrar é provar cuidadosa
e meticulosamente o que se afirma. Demanda um exame acurado, uma
investigação precisa, uma análise profunda.
Onde Paulo
esteve e o que aprendeu para passar do primeiro estágio da afirmação para o
segundo estágio da demonstração? O livro de Atos não nos responde, mas
encontramos a resposta na carta aos Gálatas. Após sua conversão, Paulo não
foi para Jerusalém, onde estavam os apóstolos, mas rumou para as regiões
da Arábia, onde permaneceu três anos, fazendo um seminário intensivo com o
próprio Senhor JESUS. O próprio Paulo registra esse fato, assim: “Faço-vos,
porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o
homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante
revelação de JESUS CRISTO” (Gl 1.11,12).
Depois de
passar três anos examinando cuidadosamente o Antigo Testamento, ele descobriu
que JESUS era, de fato, o Messias prometido. Paulo narra como foi que isso
aconteceu nesses três anos: “Quando, porém, ao que me separou antes de eu
nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para
que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e
sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de mim, mas
parti para as regiões da Arábia e voltei, outra vez, para Damasco” (Gl
1.15-17).
Pregação mais
precisa em Damasco
Ao voltar das
regiões da Arábia para Damasco é que Paulo, agora, não apenas afirma, mas
demonstra que JESUS é o CRISTO, o Messias prometido (Atos 9.22).
Em vez de sua
pregação encontrar guarida em Damasco, encontra, pelo contrário, severa
resistência.
Paulo precisa fugir de maneira humilhante num cesto muralha abaixo para salvar
a vida. Depois de três anos de sua conversão, de Damasco ele vai a Jerusalém
(Gl 1.18).
Rejeição e
acolhimento em Jerusalém
Ao chegar a
Jerusalém, a recepção de Paulo não foi nada calorosa. Os discípulos não
acreditavam na sinceridade de sua conversão. Pensavam que ele estava blefando e
armando uma cilada para perseguir a igreja. Essa rejeição, possivelmente,
foi mais um golpe que Paulo sofreu ainda nos albores da sua caminhada.
Estava colhendo os frutos de sua semeadura. Eis o relato de Lucas: “Tendo
chegado a Jerusalém, procurou [Paulo] juntar-se com os discípulos; todos,
porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo” (Atos 9.26).
Barnabé, o
filho da consolação, viu Paulo com outros olhos. Acreditou nele e investiu em
sua vida. Assim Lucas relata: “Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos
apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe
falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de JESUS” (Atos
9.27). Barnabé foi o instrumento usado por DEUS para introduzir Paulo na
comunidade cristã de Jerusalém, cidade onde ele outrora devastara a fé
que agora pregava (Gl 1.23).
Uma exagerada
confiança em si mesmo
Uma vez
acolhido na igreja-mãe, onde outrora perseguira com tanta fúria os cristãos,
Paulo tem livre trânsito para sair da cidade e entrar nela, a fim de pregar aos
judeus e discutir com os helenistas. Mas toda essa desenvoltura não
alcança os resultados que Paulo esperava. Talvez até aqui Paulo ainda
estivesse confiando em si mesmo para obter sucesso em seu ministério.
Ainda estava vivendo sob a égide da antiga aliança.
Em vez de
frutos do seu trabalho, enfrenta mais perseguição. Eis o relato de Lucas:
“Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando ousadamente em nome
do Senhor. Falava e discutia com os helenistas; mas eles procuravam
tirar-lhe a vida” (Atos 9.28,29).
Ao dar
testemunho de sua conversão muitos anos depois, ao ser preso nessa mesma cidade
de Jerusalém, Paulo narra uma experiência dramática. Ele não foi apenas
rejeitado pelo povo da cidade. Foi dispensado também da obra pelo próprio
DEUS. Acompanhemos o relato que o próprio apóstolo faz: “Tendo eu voltado
para Jerusalém, enquanto orava no templo, sobreveio-me um êxtase, e vi
aquele que falava comigo: Apressa-te e sai logo de Jerusalém, porque não
receberão o teu testemunho a meu respeito” (Atos 22.17,18).
Em vez de DEUS
mudar os oponentes de Paulo, é Paulo que tem de mudar e sair da cidade. Paulo
não quer sair da igreja de Jerusalém. Ele chega a discutir com DEUS. Pensa que
DEUS está cometendo um erro estratégico ao tirá-lo desse campo. Ele pensa
ser o homem certo para essa empreitada. Mas DEUS não cede; é Paulo que tem
de arrumar as malas e ir embora. Vejamos a argumentação de Paulo com DEUS:
“Eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão e, nas
sinagogas, açoitava os que criam em ti. Quando se derramava o sangue de
Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até
guardei as vestes dos que o matavam. Mas ele me disse: Vai, porque eu te
enviarei para longe, aos gentios” (Atos 22.19-21). Como Paulo reluta em
sair, ele é retirado pelos irmãos: “Tendo, porém, isto chegado ao conhecimento
dos irmãos, levaram-no até Cesareia e dali o enviaram para Tarso” (Atos
9.30).
O jovem Paulo
sofre mais um golpe em seu orgulho. Quando ele arruma as malas e vai embora de
Jerusalém, imediatamente os problemas da igreja se resolvem: “A Igreja, na
verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e
caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do ESPÍRITO SANTO, crescia
em número” (Atos 9.31). Talvez nada fira tanto o orgulho de um pastor do
que sair da igreja e ver que após sua saída todos os problemas dela se
resolvem. Volte para casa, jovem!
Paulo saiu de
Jerusalém e foi para Tarso, sua cidade natal. E ali ficou não pouco tempo no
anonimato, num completo ostracismo. Nada sabemos desse longo período de sua
vida. Aquele que estava com a mente povoada de muitos sonhos, e nutrindo
na alma o ideal de pregar a Palavra em Jerusalém, está, agora, sozinho,
esquecido, fora do palco, longe das luzes da ribalta.
É importante
perceber que DEUS ainda está tratando com ele. Na verdade, DEUS está mais
interessado em quem nós somos do que no que fazemos. Vida com DEUS precede
trabalho para DEUS. A nossa maior prioridade não é fazer a obra de DEUS,
mas conhecer o DEUS da obra. O DEUS da obra é mais importante do que a
obra de DEUS. Paulo precisava aprender que o sucesso na obra não vinha
dele mesmo, mas de DEUS. Ele precisava passar da antiga aliança para a nova
aliança. Na antiga aliança, tudo depende de nós e nada, de DEUS; na nova
aliança, tudo depende de DEUS e nada, de nós. Se quisermos fazer a obra de
DEUS fiados em nossas próprias forças, fracassaremos. Se dependermos
apenas dos nossos recursos, nos frustraremos. A nossa suficiência vem de DEUS.
Tarso não foi
um acidente na vida de Paulo, mas uma escola de treinamento. O deserto é a
escola superior do ESPÍRITO SANTO onde DEUS treina seus líderes mais
importantes. Tarso foi o deserto de Paulo. O deserto não é um acidente em
nossa vida, mas uma agenda de DEUS. É DEUS quem nos leva para o deserto.
Não gostamos do deserto. Ele não nos promove. Ele nos tira do palco.
Ele apaga as luzes dos holofotes e nos deixa sem qualquer projeção. DEUS
nos leva para o deserto não para nos exaltar, mas para nos humilhar. O
deserto é o lugar onde DEUS treina seus líderes mais importantes. DEUS não
tem pressa quando se trata de preparar os seus líderes. Vivemos
numa geração que tem muita pressa. Gostamos de restaurantes fast-food. Mas
os líderes não podem amadurecer no carbureto. Eles não podem pular o
estágio do deserto. DEUS preparou Moisés quarenta anos para usá-lo durante
quarenta anos. DEUS preparou Elias três anos e meio para usá-lo num único
dia, no cume do monte Carmelo. O Senhor JESUS só começou seu ministério com
30 anos de idade. Paulo passou quatorze anos em Tarso antes de ser
poderosamente usado por DEUS na obra missionária.
Aprenda a ser
liderado antes de poder liderar
A evangelização
do mundo estava a todo vapor, e isso sem a contribuição de Paulo. Não há
pessoas indispensáveis na obra. Somos apenas cooperadores, e não os agentes da
obra. O evangelho chegou a Antioquia, a terceira maior cidade do mundo
daquela época. A igreja de Jerusalém enviou para lá o mesmo Barnabé que
havia acolhido Paulo em Jerusalém. Ao chegar ali, alegrou-se ao ver a obra
de DEUS prosperando e lembrou-se de Paulo. Foi atrás dele e o buscou para
engrossar fileiras no ministério da evangelização e do ensino naquela
cidade metropolitana.
Durante um ano,
eles ensinaram a Palavra de DEUS em Antioquia. A igreja era multicultural e
multirracial. Fortalecida na Palavra, a igreja orava e jejuava. Foi nesse tempo
que o ESPÍRITO SANTO separou Barnabé e Paulo para a grande obra
missionária, enviando-os para uma viagem missionária transcultural. É
digno de nota, porém, que o ESPÍRITO SANTO separou Barnabé e Paulo, e não Paulo
e Barnabé. O líder não era Paulo. Ele precisava aprender a ser liderado
antes de poder liderar. Ele precisava estar sob a autoridade de alguém
antes de poder exercer autoridade sobre alguém. Ele precisava aprender a
ser reserva antes de ocupar o lugar de titular.
Mais uma vez,
estamos diante do fato de que DEUS está trabalhando na vida de Paulo,
ensinando-o a depender totalmente do Senhor e nada de si mesmo. DEUS estava
esvaziando a bola desse homem. Estava lapidando essa pedra, aparando suas
arestas e moldando-o como um oleiro faz com o vaso.
Esta,
possivelmente, foi a lição mais importante que DEUS ensinou a Paulo em sua
trajetória missionária: como viver no poder da nova aliança. O mesmo apóstolo
compartilha como isso se deu em sua vida. Escrevendo sua segunda carta aos
Coríntios, ele fala das cinco marcas de uma vida vitoriosa: otimismo
indestrutível, sucesso constante, impacto inesquecível, integridade irrefutável
e realidade inegável (2Co 2.14-17; 3.1-3). Contudo, a grande questão é:
“... Quem, porém, é suficiente para estas cousas?” (2Co 2.16). Ele não dá
a resposta imediatamente. Só vai fazê-lo no capítulo seguinte, quando
escreve: “... a nossa suficiência vem de DEUS” (2Co 3.5). Só depois
de aprender esse princípio, Paulo está pronto para ser o grande líder, o
grande missionário, o homem poderosamente usado nas mãos de DEUS para
levar o evangelho aos mais distantes rincões do mundo.
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 5, JESUS
CRISTO, e Este Crucificado, A Mensagem do Apóstolo
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO
Comentário: Pr.
Elienai Cabral
Complementos,
ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Vídeo desta
Lição - https://www.youtube.com/watch?v=4CxFoMZm4FQ
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/escrita-licao-5-jesus-cristo-e-este.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/slides-licao-5-jesus-cristo-e-este.html
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-5-jesus-cristo-e-este-crucificado-a-mensagem-do-apstolo-3-partes-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - 1 Coríntios 1.18-25; 2.1-5
1 Coríntios 1
18 - Porque a
palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos,
é o poder de DEUS. 19 - Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios
e aniquilarei a inteligência dos inteligentes. 20 - Onde está o sábio? Onde
está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou
DEUS louca a sabedoria deste mundo? 21 - Visto como, na sabedoria de DEUS, o
mundo não conheceu a DEUS pela sua sabedoria, aprouve a DEUS salvar os crentes
pela loucura da pregação. 22 - Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam
sabedoria; 23 - mas nós pregamos a CRISTO crucificado, que é escândalo para os
judeus e loucura para os gregos. 24 - Mas, para os que são chamados, tanto
judeus como gregos, lhes pregamos a CRISTO, poder de DEUS e sabedoria de DEUS.
25 - Porque a
loucura de DEUS é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de DEUS é mais
forte do que os homens.
1 Coríntios 2
1 - E eu,
irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de DEUS, não fui
com sublimidade de palavras ou de sabedoria. 2 - Porque nada me propus saber
entre vós, senão a JESUS CRISTO e este crucificado. 3 - E eu estive convosco em
fraquezas, e em temor, e em grande tremor. 4 - A minha palavra e a minha
pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em
demonstração do ESPÍRITO e de poder. 5 - para que a vossa fé não se apoiasse em
sabedoria dos homens, mas no poder de DEUS.
Comentários BEP
- CPAD
1.21 PELA
LOUCURA DA PREGAÇÃO. Não é o método da pregação que é tido como loucura pela
sabedoria humana, mas a mensagem do supremo senhorio de CRISTO crucificado e
ressurreto.
2.1 NÃO FUI
COM... SABEDORIA. O conteúdo da pregação de Paulo não foi segundo a última
expressão da "sabedoria" humana, quer no mundo, quer na igreja.
Antes, concentrava sua atenção, na verdade central do evangelho (a redenção em
CRISTO) e no poder do ESPÍRITO SANTO. Ele tinha plena consciência das suas
limitações humanas, da sua insuficiência pessoal e dos seus temores e tremores
interiores. Daí, ele não depender de si mesmo, mas da sua mensagem bíblica e do
ESPÍRITO SANTO (v. 4). Como resultado, houve uma maior demonstração da obra e
do poder do ESPÍRITO.
2.4 EM
DEMONSTRAÇÃO DO ESPÍRITO E DE PODER. (1) Como demonstração do poder do ESPÍRITO
SANTO (1.18,24), a pregação de Paulo incluía (a) a ação do ESPÍRITO SANTO, que
convence as pessoas do pecado, da justiça e do juízo, e o testemunho que Ele dá
do poder salvífico do CRISTO ressurreto (cf. caps. 5-6; ver Jo 16.8; At
2.36-41); (b) o poder de transformar vidas (1Co 1.26,27; cf. At 4.13); (c) o
poder de levar a efeito a santidade no crente (5.3-5); e (d) o poder de DEUS
manifesto por sinais e maravilhas (At 2.29-33; 4.29,30; 5.12; 14.3; 2 Co
12.12). (2) Vários outros trechos do NT acentuam que a pregação do evangelho
nos tempos neotestamentários era acompanhada de poder especial do ESPÍRITO
SANTO: Mc 16.17,18; Lc 10.19; At 28.3-6; Rm 15.19; 1 Co 4.20; 1 Ts 1.5; Hb 2.4.
(3) Todo ministro do evangelho deve orar para que, através do seu ministério:
(a) o povo seja salvo (At 2.41; 11.21,24; 14.1), (b) os novos crentes sejam
cheios do ESPÍRITO SANTO (At 2.4; 4.31; 8.17; 19.6), (c) os espíritos malignos
sejam expulsos (At 5.16; 8.7; 16.18), (d) os enfermos sejam curados (At 3.6;
4.29,30; 14.10), e (e) os discípulos aprendam a obedecer aos padrões e ensinos
justos de CRISTO (Mt 28.18-20; At 11.23,26).
Resumo da Lição
5, JESUS CRISTO, e Este Crucificado, A Mensagem do Apóstolo
I – A
CENTRALIDADE DA PREGAÇÃO DE PAULO
1. O ministério
de pregação e o CRISTO Crucificado.
2. A palavra da
Cruz é a loucura da pregação.
3. Para os
judeus e gregos.
II –
EXPRESSÕES-CHAVE NA DOUTRINA DE PAULO
1. “Evangelho
de CRISTO”.
2. “CRISTO
Crucificado”.
3. “CRISTO
Ressurreto”.
III – OS
EFEITOS DA MENSAGEM DA CRUZ
1. Uma vida no
poder de DEUS.
2. Uma vida de
humildade.
3. Uma vida na
dependência do ESPÍRITO.
INTRODUÇÃO
Paulo pregava a
respeito do mais eficiente púlpito que já existiu, o mais atraente - A Cruz.
E eu, quando
for levantado da terra, todos atrairei a mim. João 12:32
E, como Moisés
levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja
levantado, João 3:14
CRISTO nos
resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, porque está escrito:
Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; Gálatas 3:13
O objetivo
desta lição é ressaltar o centro da mensagem cristã: JESUS, e este crucificado.
O apóstolo descobriu essa verdade sobre o CRISTO Ressurreto e, como
consequência, fez de sua missão de vida pregar o Evangelho por meio do
Crucificado aos gentios. Nesse sentido, o Crucificado é o centro da mensagem
apostólica. Logo, a vida e o ministério de Paulo estimulam-nos a ter esse mesmo
propósito e firme compromisso com a mensagem da Cruz.
Resumo da lição
Para
desenvolver o propósito da lição, o primeiro tópico destaca a centralidade da
pregação de Paulo. Em Paulo, a pregação tem íntima relação com o CRISTO
Crucificado, por isso ela é considerada loucura da pregação entre judeus e
gentios. É uma mensagem humilde que faz com que o ser humano olhe para si mesmo
e peça misericórdia a DEUS pelas suas misérias.
O segundo
tópico elenca as expressões-chave na pregação de Paulo. Expressões como
“Evangelho de CRISTO”, “CRISTO Crucificado” e “CRISTO Ressurreto” são
trabalhadas de modo a resumir o conteúdo da mensagem do apóstolo dos gentios.
Podemos dizer que o Evangelho de CRISTO pode ser sintetizado no “CRISTO
Crucificado” e no “CRISTO Ressurreto”.
O terceiro
tópico pontua os efeitos da mensagem do Evangelho. Esses efeitos se revelam no
crente por meio de uma vida no poder de DEUS, na humildade e na dependência do
ESPÍRITO SANTO. Ora, a mensagem da cruz é uma mensagem de poder. A mensagem da
cruz nos constrange a viver de maneira humilde. E, finalmente, a mensagem da
cruz nos ensina a depender exclusivamente do ESPÍRITO.
Aplicação
A presente
lição nos ensina que não podemos deixar de pregar mensagem da cruz ao pecador.
É uma mensagem de poder. Somos instados pelo ESPÍRITO SANTO a proclamá-la com
autoridade. Ao mesmo tempo, somos chamados a viver de maneira humilde, pois a
mensagem da cruz nos constrange a uma atitude singela e abnegada.
É uma mensagem
que nos faz contritos diante de DEUS. E, finalmente, somos estimulados a viver
na dependência do ESPÍRITO SANTO de DEUS na obra da proclamação do Evangelho.
Sem o ESPÍRITO SANTO não podemos ser bem-sucedidos.
A mensagem da
cruz nos faz depender menos de nós mesmos e mais do ESPÍRITO SANTO. Essa
mensagem traz a verdadeira sabedoria para a vida. Amemos, portanto, a mensagem
da cruz e a proclamemos até a morte!
Resumo rápido
(Pr. Henrique)
I – A
CENTRALIDADE DA PREGAÇÃO DE PAULO
1. O ministério
de pregação e o CRISTO Crucificado. Paulo, o maior teólogo. Aprendeu
diretamente do próprio JESUS e do ESPÍRITO SANTO. Percebeu que a pregação
legítima abrange a vida, morte e ressurreição de JESUS. Sem a morte, sem o
sacrifício de JESUS na cruz, não há perdão.
2. A palavra da
Cruz é a loucura da pregação. A morte de cruz era sinal de maldição. A cruz não
atrai os que amam as trevas. Para quem não se converte a cruz é sinal de
fraqueza, mas para quem é salvo é lugar de vitória sobre o pecado.
3. Para os
judeus e gregos. Para judeus a cruz é escândalo (como um messias general e
dominador morreria na cruz sem conquistar Roma?). Para Gregos que amavam tantos
seus deuses que lhes pareciam tão poderosos e cheios de pompa e sempre
presentes em orgias poderia ser tão santo e tão pobre e tão humilde? Ele não
escreveu nada e nem lhes passou nenhuma filosofia. Morrer numa cruz?
II –
EXPRESSÕES-CHAVE NA DOUTRINA DE PAULO
1. “Evangelho
de CRISTO”. Evangelho é boas novas, boas notícias de salvação a todo o que crê.
2. “CRISTO
Crucificado”. A sabedoria de DEUS coloca uma mensagem simples, mas poderosa
para salvação. A mensagem da cruz. JESUS ali nos substituiu.
3. “CRISTO
Ressurreto”. Se JESUS CRISTO não tivesse ressuscitado seríamos salvos só para
viver na Terra e sem futuro após a morte. Ele ressuscitou e nos ressuscitará
para estarmos para sempre com Ele.
III – OS
EFEITOS DA MENSAGEM DA CRUZ
1. Uma vida no
poder de DEUS. O ESPÍRITO SANTO acompanha a mensagem da cruz e dá poder para
transformar o mais vil pecador em uma nova criatura. Depois de salvo é o mesmo
ESPÍRITO SANTO que concede poder ao crente para evangelizar. Sinais, prodígios
e maravilhas são a segunda asa do evangelho, sendo a primeira a pregação da
vida, morte e ressurreição de JESUS.
2. Uma vida de
humildade. JESUS nos chama a carregar cada um sua própria cruz. Tu, porém, tens
seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor,
paciência,
perseguições e
aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas
perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou. E também todos os que
piamente querem viver em CRISTO JESUS padecerão perseguições. 2 Timóteo 3:10-12
-- Sede meus imitadores, como também eu, de CRISTO. 1 Coríntios 11:1
3. Uma vida na
dependência do ESPÍRITO. JESUS era cheio do ESPÍRITO SANTO e era guiado pelo
mesmo ESPÍRITO SANTO. Sejamos seus imitadores. E JESUS, cheio do ESPÍRITO
SANTO, voltou do Jordão e foi levado pelo ESPÍRITO ao deserto. Lucas 4:1
COMENTÁRIOS
DIVERSOS
Predição do
Messias Vindouro
Quando
analisado, o Judaísmo parecia uma simples religião de promessas e esperanças.
Em seu âmago, a tristeza mesclava-se com o esplendor. Todo judeu sentia
pesadamente o jugo de Roma; ansiava e orava pelo dia em que a nação seria
liberta, e os exércitos de Roma, expulsos. Os mesmos peregrinos que se
gloriavam no Templo também choravam amargamente em suas casas, clamando ao
Senhor por livramento. Todos os sacrifícios e cerimônias perderiam o
significado se os judeus tivessem de continuar sob o jugo de um rei
estrangeiro. Certamente, um dia DEUS haveria de livrar e abençoar o seu povo,
como fizera no passado.
Havia um grupo
organizado de judeus patriotas, conhecidos como zelotes, que realizavam
reuniões secretas e planejavam uma revolta contra Roma. As autoridades romanas
mantinham-se ocupadas em procurá-los e castigá-los. Mas a sociedade trabalhava
ocultamente, mantendo viva a esperança de que, um dia, DEUS enviaria um
libertador poderoso como Moisés, que tiraria seu povo do cativeiro e novamente
o exaltaria sobre todas as nações.
Havia uma coisa
que Gamaliel ensinava com grande convicção. Não era um simples raio de
esperança. Tratava-se do ensinamento dos antigos profetas sobre a vinda de um
líder enviado por DEUS. Ele reuniria o povo de todas as partes do mundo para
expulsar os romanos, e reinaria em Jerusalém para todo o sempre. Essa era a
promessa que DEUS fizera a Davi: seu trono jamais desapareceria, por mais negro
que o céu se tornasse. Esse grande Redentor, que traria a salvação a Israel,
era o Messias.
Saulo sabia que
a vinda do Messias tinha sido mencionada pelos profetas há mais de mil anos. E
Gamaliel falava disso mais que qualquer rabino de Tarso, pois o esperava a
qualquer momento. O sábio professor lia passagem após passagem sobre o CRISTO
nos profetas, e até descobria promessas de sua vinda na Tora. Contava como
seria o Messias e como julgaria todas as nações. Ele esmagaria o mal e reinaria
com justiça.
Todo judeu
sabia que o Messias pertenceria a tribo real de Judá, e nasceria em Belém, pois
o profeta Miquéias predissera-o claramente. O professor de Saulo contou-lhe
que, quando Ele viesse, ficaria oculto por algum tempo. A seguir, reuniria o
povo e marcharia sobre Jerusalém, para dispersar os romanos e reinar para
sempre pelo poder de DEUS.
Duas Opiniões
O que Saulo não
sabia, até então, é que os rabinos estavam divididos em suas opiniões sobre o
Messias. Alguns liam que Ele seria um príncipe poderoso, livrando seu povo pela
guerra, e que as montanhas seriam tingidas de vermelho com o sangue dos seus
inimigos. Certos rabinos chegavam a afirmar que chamas sairiam de sua boca para
destruir os opositores.
Havia um grupo
menor, porém, que estava muito confuso com certas passagens, como o capítulo 53
de Isaías e o Salmo 22. Esses versículos deixavam claro que o Messias muito
sofreria. Ao mesmo tempo, ninguém podia negar que Ele viria para reinar com
poder. Portanto, cresceu a ideia de que haveria dois Messias - um sofredor; e o
outro, um rei triunfante. Nas sinagogas e nos alpendres fechados do Templo,
essa diferença era discutida e defendida com grande eloquência pelos eruditos.
Saulo começou a
ver muito claramente que as esperanças da nação dependiam desse Salvador
vindouro. Passou então a procurar zelosamente um líder e guerreiro, que
reunisse grandes exércitos para lutar contra Roma. Os rabinos contavam muitas
histórias sobre o Messias que estava para vir. Algumas delas não passavam de
sonhos absurdos e tolos. Outras eram fantásticas e irreais, não se baseando de
modo algum nas promessas de DEUS. As últimas eram produto da imaginação de um
povo oprimido, que não compreendia os caminhos de DEUS. Alguns dos rabinos
odiavam tanto os romanos, que descreviam o Messias fazendo toda sorte de
crueldades contra estes, a fim de vingar os judeus.
Os anos gastos
por Saulo nos estudos foram cheios de reverência, mas, até certo ponto, também
de rotina e monotonia. Não havia incentivo para desenvolver qualquer coisa
original; o estudo servia apenas para aumentar a capacidade de sua memória. Com
esse treinamento, não é de surpreender que a vida de Saulo se tornasse cada vez
mais estreita.
Os fariseus
eram a sua única companhia e, pouco a pouco, achou-se ele mergulhado cada vez
mais nas regras humanas. Seu gosto pela discussão fez com que se transformasse
no centro de muitas disputas. Sempre que surgia a oportunidade de defender os
sacerdotes ou rabinos, ou o sistema de adoração do Templo contra os
estrangeiros, Saulo entrava na arena com a língua afiada e o espírito em
chamas.
CRUZ
Um pilar
vertical com uma viga horizontal fixada perto do topo, onde os condenados eram
executados no mundo romano.
Formas;
(1) Crux
simplex, a cruz simples, a saber, um pilar único ou estaca vertical;
(2) crux
commissa ou crux humilus, a de S. Antônio, na forma de um “T”;
(3) crux
clecus- sata, a de S. André, na forma de um “X”;
(4) crux
im,missa, a cruz latina;
(5) Cruz de
George, formada por dois pedaços de mesmo comprimento;
(6) cruz
tripla, 3 cruzes em uma fileira, usada pelos sacerdotes e dignatários da igreja
a partir do século V. Aceita-se de forma geral que CRISTO foi crucificado na
crux immissa, ou cruz latina, visto que as Escrituras declaram que a inscrição
“Este é JESUS, o rei dos judeus”, foi colocada sobre a sua cabeça (Mt 27.37;
cf. Mc 15.26; Lc 23.38; Jo 19,19). Acredita-se que na cruz de S. André, e na
cruz de S. Antônio isso não poderia ter sido feito. As tradições cristãs
primitivas afirmam que JESUS morreu sobre uma cruz latina (Irineu, Against
Heresies, ii.24.4; Justino, Trypho, 91).
A cruz de tau
consistia em galhos ou estacas verticais plantadas permanentemente no campo de
execução. Seu topo se afilava até um determinado ponto. O patíbulo era uma
barra de madeira que pesava pouco mais de 56 quilos, com uma cavidade redonda
esculpida no seu centro que se ajustava à ponta da haste. Algumas autoridades
acreditam que esta era a cruz preferida pelos executores romanos, e que o
título da placa podia ser fixado em um pedaço de madeira e pregado no
patibulum, acima da cabeça ao criminoso.
A cruz, como um
sinal, pode ter sido usada pelos primeiros cristãos judeus de Jerusalém, antes
da destruição da cidade em 70 d.C. Ossuários (caixas retangulares de pedra onde
se depositavam ossos humanos) foram encontrados em 1945 no subúrbio de Talpio-th,
sendo que um deles estava marcado em cada um dos quatro lados com uma cruz
rudimentar, como um sinal de mais. Um ossuário marcado de forma similar foi
encontrado em um cemitério aparentemente cristão no Monte das Oliveiras (FLAP,
pp. 331ss.). Na cidade de Herculano, destruída em 79 d.C. pela erupção do Monte
Vesúvio, uma casa escavada mostrava uma cruz latina gravada na parede de
cimento em cima de um pequeno gabinete de madeira, considerado como um local de
oração ou altar (FLAP, pp. 363ss.).
Símbolo o
emblema. A cruz é o símbolo de uma morte sob a maior culpa e a pior maldição
(Gl 3.13). Thayer diz que a cruz era “um instrumento conhecido como a punição
mais cruel e vergonhosa, emprestada aos gregos e romanos pelos fenícios; a ela
foram condenados - entre os romanos, desde o tempo de Constantino O Grande - os
criminosos mais execráveis, os piores escravos, assaltantes, autores e
cúmplices de revoltas, e ocasionalmente nas províncias, para o divertimento
arbitrário dos governadores, também os homens justos e pacíficos, e até mesmo
os próprios cidadãos romanos” (J. H. Thayer, A Greek-English Lexicon of the New
Testament, p. 586). Por isso a cruz, para nós cristãos, se tomou o sinal de que
CRISTO tomou sobre si a culpa, e assim pagou a penalidade pelos nossos pecados
(Como previsto em Isaías 53 e declarado por Paulo em Gl 3.13).
No Antigo
Testamento, a morte era por apedrejamento entre os judeus (Dt 21.20,21), e
assim o corpo morto era pendurado sobre uma árvore ou estaca como uma
advertência às pessoas (Dt 21.22,23; Js 10.26). Este ato de pendurar o corpo em
uma árvore era considerado como uma maneira particular de maldição (seu cadáver
não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia, porquanto
o pendurado é maldito de DEUS; assim, não contaminarás a tua terra, que o
Senhor, teu DEUS, te dá em herança. Deuteronômio 21:23), isto explica o texto
de Gálatas 3.13. “CRISTO nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição
por nós, porque está escrito. Maldito todo aquele que for pendurado no
madeiro”, A cruz (stauros, “estaca”) é também chamada “árvore” ou “madeiro”
(jnylon) no Novo Testamento (At 5.30; 10.39; 1 Pe 2.24) e assim é relacionada à
concepção do Antigo Testamento de profunda humilhação e vergonha (Hb 12.2).
Aqui pode ser vista a continuidade de uma ideia de vergonha e maldição,
expressa em duas culturas diferentes.
Aquele que era
condenado à crucificação era primeiro espancado ou açoitado com um flagrum, um
chicote com várias tiras de couro, em cujas pontas eram colocadas bolas de
chumbo ou ossos de carneiro. Após este flagelo, a vítima nua era forçada a
carregar o pesado patibulum, ou a barra transversal da sua cruz, ao lugar da
sua execução. A intensidade dos sofrimentos de CRISTO, até mesmo antes da sua
crucificação, é revelada pelo fato de que, depois de uma noite de tortura e
açoites, Ele estava fraco demais para carregar a sua própria cruz. Ela foi,
então, colocada sobre Simão, de Cirene (Mt 27.32; Mc 15.21; Lc 23.26).
No Gólgota, os
soldados devem ter lançado JESUS ao chão e esticado os seus braços sobre a
barra para que fosse pregado. O algoz deve ter usado pregos fortes e grandes,
de forma quadrada, cujos lados deveriam medir aproximadamente um terço de
polegada, e dado um simples golpe entre o osso carpal ou ossos do pulso na
altura da mão da vítima não atravessando a palma). Geralmente rasgava-se o
nervo mediano. Edward R. Bloomquist, M.D., explica que “o tecido da palma da
mão não poderia sustentar o peso do corpo, e a vítima cairia no chão poucos
minutos depois de ter sido levantada” (p.48), embora JESUS tenha mostrado suas
mãos a Tomé (E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. Lucas 24:40).
Então cremos que as mãos foram furadas e pregadas e seus braços amarrados.
Ele ainda
explica que os pés eram pregados (pelo espaço do segundo metatarsiano) a fim de
dar à vítima um "degrau” cruel para se suportar, de forma que ainda
pudesse respirar. De outra forma, o corpo sucumbido pendurado pelos braços
entraria em um espasmo tetânico que impediria a exalação. A vítima, então,
seria rapidamente sufocada devido à incapacidade de usar seus músculos
respiratórios, À medida que as horas se passavam, o corpo ficava banhado pelo
suor, a sede se tornava intensa, e a dor e o choque eram tremendos. Ali é dada
como exemplo a descoberta, em 1968, de um túmulo nas proximidades de Jerusalém,
onde um prego de ferro atravessou os ossos do calcanhar de uma pessoa que fora
crucificada. Quebrar as pernas significava que a vítima não poderia mais se
sustentar sobre o prego a fim de poder respirar, e assim ela morreria logo (Jo
19.32). Como JESUS já estava morto, quando os soldados quebraram as pernas
daqueles que haviam sido crucificados à sua direita e à sua esquerda,
simplesmente deram seu golpe de misericórdia ao apunhalar com uma lança o lado
direito do esterno, chegando ao seu coração (“A Doctor Looks at the
Crucifixion”, Christian Herald (Marco de 1964], 35,46-48).
Quando se
descobre o que significava ser pendurado em uma árvore, na revelação do Antigo
Testamento, e ser crucificado nos dias de CRISTO, entende-se uma das razões
pelas quais a cruz era uma pedra de tropeço para os judeus (1 Co 1.23; Gl
5.11). Outra razão era que ela significava a total impossibilidade de
justificação pelas obras, até mesmo ao manter-se a perfeita lei de DEUS (Rm
9.31- 33). Ao mesmo tempo, para os gregos com suas filosofias, a pregação da
cruz era uma loucura. Contudo, ela libera o poder de DEUS para salvar o homem e
revela a infinita sabedoria do Senhor (1Co 1.24). Quanto mais o crente entende
o pecado, sua origem, natureza e poder, a queda do homem e a devastação
resultante, mais ele enxerga quão maravilhosa e suficiente foi a morte substitutiva
de CRISTO na cruz. JESUS era o cordeiro de DEUS oferecido em sacrifício,
representando o altar de sacrifícios ou de holocaustos do culto levítico.
Quando JESUS
diz que ao ser levantado a todos atrairia a si estava falando da cruz e a
mensagem que nela estava embutida. O sacrifício substituto ou vicário. Uma
vítima inocente morrendo em lugar de pecadores.
Significados
figurados da cruz
1. Tomar a
própria cruz.
CRISTO diz: “Se
alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz
[Lucas acrescenta, cada dia] e siga-me” (Mt 16.24; Mc 8.34; Lc 9.23). Eis aqui
uma analogia clara de se carregar o patíbulo, citado acima. O Senhor JESUS
CRISTO conclama os crentes a estar prontos para sacrificar os seus interesses
egoístas e suportar diariamente reprovações, mal-entendidos e vergonha ao
trabalhar para Ele, como Ele fez em sua vida e morte (Mt 10.38; 16.24-26; Mc
8.34-38; Lc 9.23-26).
2. A pregação
da expiação substitutiva.
Este é o
significado ligado à cruz em muitas passagens nas epístolas de Paulo (1 Co
1.18; Gl 6.14; Fp 3.18; Cl 1.20). Ela expressa todo o conceito da obra de
CRISTO, de ter tomado sobre si mesmo todos os nossos pecados, doenças,
enfermidades e maldiçoes, como nosso representante (Is 53.4; 2 Co 5.21; Gl
3.13; 1 Pe 2.24). Através da cruz, CRISTO reconciliou o pecador com DEUS, e fez
a paz entre DEUS e o pecador (Cl 1.20), de maneira que DEUS agora está propício
ou bem-disposto em relação ao pecador, e Paulo poderia, portanto, escrever.
“Rogamos-vos, pois, da parte de CRISTO que vos reconcilieis com DEUS” (2 Co
5.20; cf Rm 5.10).
3. Um símbolo
da união do crente com CRISTO, e o compartilhamento de uma nova vida Divina.
Na morte de
CRISTO, o crente morreu, nele, para o pecado e para o sistema do mundo (Rm
6.4ss.; Gl 6.14), e agora deve viver como Paulo, que escreve: “Já estou
crucificado com CRISTO; e vivo, não mais eu, mas CRISTO vive em mim; e a vida
que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de DEUS, o qual me amou e se
entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20). Bibliografia. Johannes Schneider,
'Staurns etc” TDNT, VII, 572-584. R. A. K. e J.R. - Dicionário
Bíblico Wycliffe
PAIXÃO DE
CRISTO - Sofrimento até a morte.
A expressão
“paixão de CRISTO” tem a sua origem na tradução do infinitivo aorista do verbo
pascho em Atos 1.3, onde Lucas diz que CRISTO “depois de ter padecido, se
apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas”. O verbo aqui colocado no
particípio significa “sofrer”, e é frequentemente usado para se referir aos
sofrimentos e à morte de CRISTO (Mt 26.21; 17.12), e especificamente à morte de
CRISTO em Lucas 22.15; 24.26. A expressão não deve ser confundida com as
“paixões dos homens”, que se referem às emoções humanas (At 14.15; Tg 5.17). O
seu uso em relação a CRISTO personifica a ideia dos seus sofrimentos e da morte
na cruz.
O cumprimento
das profecias
A morte
sacrificial de CRISTO foi antecipada no sistema de sacrifícios do Antigo
Testamento, e também foi o assunto frequente das profecias do Antigo Testamento
(Sl 22.69; Is 53; Zc 12.10; 13.7; cf. Ap 1.7). CRISTO predisse constantemente
os seus próprios sofrimentos e a sua morte, ao longo do ministério da sua vida
e especialmente à medida que se aproximava do seu final (Mt 16.21; 17.22,23;
20.17-19; 26.12,28,31; Mc 9.31; 14.8,24,27; Lc 9.22,44,45; 18.31-34; 22.20; Jo
2.19-21; 10.17,18; 12.7). Também houve uma antecipação no anúncio de João
Batista (Jo 1.29), quando CRISTO foi apresentado como “o Cordeiro de DEUS, que
tira o pecado do mundo”, e especialmente no Evangelho de João em diversas
passagens clássicas (3.14-16; 6.51; 10.11; 11.49-52; 12.24; 15.13).
A crucificação
- uma morte atormentadora prescrita pela lei romana para aqueles que não eram
cidadãos romanos - juntamente com o sepultamento de CRISTO, estão descritos nos
quatro Evangelhos (Mt 27.31-56; Mc 15.20-41; Lc 23.26-49; Jo 19.16-37). A ordem
dos acontecimentos nos Evangelhos inclui a tentativa de JESUS de carregar a
cruz até o lugar da crucificação. Por Ele não ter conseguido fazer isso, Simão,
de Cirene (uma cidade no norte da África), foi obrigado a carregar a cruz (Mt
27.32; Mc 15.21; Lc 23.26). Somente João não menciona Simão. O lugar da
crucificação, descrito como Gólgota, é interpretado como “o lugar da Caveira”
(Mt 27.33; Mc 15.22; Jo 19.17). Somente Lucas o chama de Calvário (Lc 23.33), o
que dá no mesmo, já que este nome significa lugar da caveira e Gólgota
significa caveira.
A ordem dos
acontecimentos que se seguiram ao ato da crucificação é a seguinte:
(1) CRISTO
recusando o vinagre com fel (Mt 27.34; Mc 15.23);
(2) a
crucificação de CRISTO juntamente com dois ladrões (Mt 27.35-38; Mc 15.24-28;
Lc 23.33-38; Jo 19.18-24);
(3) a sua
primeira frase na cruz “Pai, perdoa-lhes” (Lc 23.34);
(4) os soldados
lançando sortes sobre as suas vestes, como cumprimento da profecia (Sl 22.18;
Mt 27,35; Mc 15.24; Lc 23.34; Jo 19.23,24);
(5) a zombaria
dos judeus (Mt 27.39-44; Mc 15.29-32; Lc 23.35-37);
(6) a zombaria
dos dois ladrões, embora mais tarde um deles viesse a crer (Mt 27.44; Mc 15.32;
Lc 23.39-43);
(7) a segunda
frase de CRISTO “hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43);
(8) a terceira
frase de CRISTO “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19.26,27);
(9) as três
horas de escuridão (Mt 27.45; Mc 15.33; Lc 23.44);
(10) a quarta
frase de CRISTO “DEUS meu, DEUS meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46,47; Mc
15.34,35);
(11) a quinta
frase de CRISTO “Tenho sede” (Jo 19.28);
(12) a sexta
frase de CRISTO “Está consumado” (Jo 19.30);
(13) a sétima e
última frase de CRISTO “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46);
(14) CRISTO
entregando o seu espírito (Mt 27.50; Mc 15.37; Lc 23.46; Jo 19.30);
Imediatamente
após a sua morte, o véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo, e os
sepulcros se abriram (lembrando que não havia mais arca da Aliança e nem tábuas
da lei e nem vaso contendo o Maná e nem a Vara de Arão no santo dos santos).
Mais tarde, os soldados quebraram as pernas dos dois ladrões, mas como
encontraram CRISTO morto, eles lhe perfuraram a lateral do corpo, como
cumprimento das Escrituras, atingindo-lhe o coração do qual saiu sangue e água
como testemunho de sua morte como homem já que nasceu com água da bolsa
amniótica e sangue da placenta (Jo 19.31-37; cf. Zc 12.10; Ap 1.7) - Este é
aquele que veio por água e sangue, isto é, JESUS CRISTO; não só por água, mas
por água e por sangue. E o ESPÍRITO é o que testifica, porque o ESPÍRITO é a
verdade. 1 João 5:6 - Contudo, um dos soldados lhe furou o lado com uma lança,
e logo saiu sangue e água. João 19:34
O corpo de
CRISTO foi solicitado por José de Arimatéia, que, juntamente com Nicodemos,
preparou-o para o sepultamento e colocou-o num sepulcro novo, em um horto. Ao
sepultamento de CRISTO seguiu-se a sua ressurreição no primeiro dia da semana.
A Importância Teológica da Morte de CRISTO, o significado central da morte de
CRISTO, está contido em três palavras importantes - redenção, propiciação e
reconciliação. De acordo com Romanos 3.24, os que crêem em CRISTO são
“justificados gratuitamente por sua graça, pela redenção que há em CRISTO
JESUS”. A ideia da redenção é a do resgate por meio do pagamento de um preço. A
imagem envolve tanto a redenção pelo pagamento, como a libertação do objeto da
redenção. CRISTO, em sua morte, também constituiu uma propiciação ou uma
satisfação da justiça de DEUS (Is 53.11), como explicado pelo apóstolo Paulo em
Romanos 3.25,26. Da mesma forma, em seu sacrifício, “DEUS estava em CRISTO
reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” (2 Co 5.19).
Por meio da morte de CRISTO, o pecador desfruta uma transformação, tanto em sua
situação como em sua natureza, recebe a vida eterna e consequentemente se
reconcilia com DEUS e com os seus santos padrões.
As Diferentes
Teorias Sobre a Expiação
Na história da
igreja, foram apresentadas várias teorias sobre a expiação. A ortodoxia
histórica apoiou o conceito de uma expiação substitutiva, também descrita como
vicária ou penal. Isto se refere à morte de CRISTO, como basicamente dirigida a
DEUS e à satisfação do seu caráter santo, e das suas justas exigências em
relação aos pecadores (cf. Jo 1.29; 2 Co 5.21; Gl 3.13; Hb 9.20; 1 Pe 2.24). A
expiação substitutiva é indicada por meio do uso das preposições peri, hyper e
anti, usadas em relação ao sacrifício de CRISTO em benefício do pecador.
A teoria da
confissão vicária baseia-se na ideia de que DEUS poderia perdoar, se o homem
pudesse arrepender-se adequadamente, e confessasse os seus pecados. Como ele
não poderia fazê-lo, CRISTO o fez em seu lugar.
As Escrituras
apoiam o conceito substitutivo de que CRISTO realmente morreu no lugar no
pecador, e que isso trouxe uma base de justiça para que DEUS perdoasse e
salvasse os pecadores arrependidos (Is 53.11; Rm 3.25,26; 1 Pe 2.24). A morte
de CRISTO é, portanto, essencial, não somente para a fé e para a salvação
humana, mas para o programa divino de redenção, e constitui um fundamento da
doutrina cristã. - Dicionário Bíblico Wycliffe
A Crucificação
Não é de
admirar que os sacerdotes e rabinos hajam se reunido no palácio de Caifás, para
planejar furtivamente a prisão e morte de JESUS, antes que o povo se
amotinasse. Foi nessa ocasião que Judas fez um trato com eles para
entregar-lhes o Senhor por trinta moedas de prata.
No Getsêmani, o
Messias orava ajoelhado, enquanto os discípulos dormiam. Os inimigos chegaram
em meio à oração. Guiados por Judas, entraram no horto com espadas e porretes.
O traidor sabia que JESUS ia sempre orar no Getsêmani. A multidão estava
decidida a levá-lo à força ao sumo sacerdote.
O Sinédrio foi
convocado no palácio do sumo sacerdote. Não queriam deixar a reunião para o dia
seguinte, temendo que o povo viesse a sabê-lo e exigisse a soltura de JESUS.
Agora que as autoridades o tinham em seu poder, cuidariam para que nada os
detivesse. O tribunal reuniu-se então à noite, e a sentença foi lida:
"Morte ao Nazareno!"
Porém, segundo
a lei romana, nenhum tribunal judaico tinha competência jurídica para aplicar a
pena de morte. Por conseguinte, era necessário levar JESUS a Pilatos. No
entanto, ao saber que JESUS era galileu, o governador romano, para livrar-se
daquela responsabilidade, enviou-o a Herodes, representante de César em toda a
Galileia. O rei Herodes, porém, mandou-o de volta a Pilatos que, procurando
agradar os judeus, entregou-lhes o Senhor para que fosse crucificado. A
execução se deu num monte chamado Calvário (ou Caveira), não muito longe dos
muros da cidade.
Com a morte de
JESUS, os sacerdotes e rabinos suspiraram aliviados. O problema estava
finalmente resolvido. O povo não mais seria perturbado pelo falso CRISTO. Isso
seria o fim do pequeno grupo que o seguia. Por sentirem-se desanimados e
derrotados, seus discípulos retornaram à vida antiga mais mistificados que
nunca; o coração pesava-lhes de tristeza pela forma como tudo terminara.
A RESSURREIÇÃO
E A ASCENSÃO
No primeiro dia
da semana, findo o sábado, o pequeno e abatido grupo ganhou vida com o maior
milagre já ocorrido: JESUS saíra da sepultura e aparecera aos discípulos! Eles
experimentaram então o sabor da vitória. Esta certeza jamais os abandonaria;
levaria-os a preferir a morte a negar o que tinham visto com os próprios olhos.
Durante
quarenta dias, o Salvador encontrou-se com os discípulos, provando-lhes a
realidade de sua ressurreição, e fortalecendo-lhes a fé. Mas veio o dia em que
Ele os deixou, pois tinha de retomar o seu lugar na glória do Pai. Diante
deles, JESUS subiu aos céus até ser ocultado por uma nuvem.
Antes de
deixá-los, porém, prometera-lhes que, em breve, receberiam o dom do ESPÍRITO
SANTO que os habilitaria a pregar o Evangelho a partir de Jerusalém até
alcançar os confins da terra.
O EVANGELHO DE
SAULO
Quando alguém
se converte a CRISTO de modo tão inesperado e radical quanto Saulo, passa a
sentir de imediato um forte desejo de partilhar sua experiência com todos.
Diante de um testemunho como o seu não há como disfarçar as emoções. A
experiência de um homem que viu a glória divina nos aquece o coração.
Saído de um
ambiente tão rígido como o do farisaísmo, o choque que Saulo recebeu foi
enorme. Seu modo de pensar modificara-se tão rapidamente, que ele precisava de
tempo para descansar e refletir. Queria repensar o passado, observar lógica e
tranquilamente o futuro, e preparar-se para a grande obra a que DEUS o chamara.
O Senhor não dissera que ele devia levar o nome de CRISTO diante dos gentios,
dos reis e dos filhos de Israel?
Saulo era um
pensador profundo. Não tomava nenhuma atitude sem antes raciocinar e pesar as
consequências. Algumas pessoas a tudo analisam; outras, não se preocupam com
nada. A mente de Saulo era analítica; teve necessidade de refletir para
ajustar-se aos fatos que lhe abalaram a estrutura existencial.
Ao despedir-se
dos cristãos de Damasco, isolou-se na Arábia a fim de concentrar-se nesta nova
etapa de sua vida.
Na Epístola aos
Gálatas, Saulo revela que, depois de sua conversão, não se dirigiu aos
apóstolos em Jerusalém, ou para quaisquer outros, a fim de se inteirar do
Evangelho que mais tarde pregaria. O Evangelho foi-lhe revelado diretamente por
DEUS. Em várias ocasiões, apóstolo o enfatizou: "Porque eu recebi do
Senhor o que também vos ensinei" (1 Co 11.23).
Na Arábia
No deserto,
longe do burburinho da vida urbana, com as rochas e areias ardentes durante o
dia, e as estrelas silentes à noite, despojou-se Saulo das amarras de uma vida
inteira, libertando-se da Lei e da tradição judaicas. Na quietude da Arábia,
andou com DEUS. Aqui, o Senhor revelou a Saulo as grandes verdades que viriam a
ser as âncoras de sua pregação. Foi aqui também que reestudou as Escrituras, e
meditou sobre as grandes doutrinas que iria em breve ensinar em todas as
igrejas. Aprendeu o valor da comunhão com DEUS, tornando-se-lhe sensível à
vontade.
Foi no deserto
que Moisés veio a encontrar DEUS. Naquele mesmo Monte na Arábia onde Paulo
agora estava a ter um encontro pessoal com JESUS (Monte Horebe). E foi num
momento de desespero, que Elias procurou a quietude do deserto. No deserto, o
maná alimentou o povo de DEUS por quarenta anos. Que lugar seria mais propício
para Saulo reencontrar-se com o Senhor? Onde poderia ser alimentado diariamente
pelo pão do céu senão aqui?
É impossível
saber os detalhes daqueles dias de consagração. Mas de uma coisa não temos
dúvida: Saulo deixou o deserto plenamente convicto e preparado para apresentar
as razões de sua fé. Ele sabia que, no exato momento em que abrisse os lábios
na sinagoga, os fariseus opor-se-lhe-iam amargamente, taxando-o de hipócrita,
traidor. Por isso, deveria estar preparado a fim de apresentar tanto a sua
defesa quanto a de JESUS com toda a sua força e poder.
Na defesa da
fé, seria imprescindível que tivesse idéias muito claras acerca da salvação
oferecida por CRISTO. Falar de uma experiência é simples, mas debater com os
filósofos e defensores de outras religiões exige um conhecimento bem definido e
pontos de vista sólidos. Além de justificar a morte de CRISTO conforme predita
nas Escrituras, Saulo teria de explicar porque isso foi necessário e por que
DEUS o exigiu.
Ao pensar no
propósito da vida e na felicidade de que ora desfrutava, Saulo concluiu: o que
aprendera na escola rabínica era de fato uma poderosa verdade. O supremo
propósito do ser humano é receber o favor divino. Mas a única maneira de se
obter tal favor é submeter-se à justiça de DEUS. Somente Ele pode conceder-nos
a paz.
Entendendo o
Dom da Justiça de DEUS
A história do
homem sempre foi o relato do desvio da justiça divina e do deliberado
afastamento de DEUS. Muitos são os que, embora se julguem justos e condenem os
outros, jamais sentiram comunhão com DEUS. Outros, como os judeus, dependem de
sua obediência à Lei para obter o favor divino. Saulo viveu desse modo até
encontrar a JESUS. Mas agora, podia ver quão vazia era a vida dos judeus: por
não haverem recebido a JESUS, achavam-se na mesma condição dos gentios.
Os gentios
falharam em sua busca pela justiça. Não porque DEUS haja se ocultado deles,
pois Ele lhes dera suficiente conhecimento para que viessem a ser conduzidos
pela justiça. Eles, porém, não quiseram seguir a luz; tentaram extingui-la. E
já que não alcançaram o favor de DEUS, fizeram-se filhos da ira. Quanto aos
judeus, gabavam-se de suas muitas vantagens sobre o resto do mundo. Embora
possuíssem a Lei e os Profetas, não tiraram proveito deles.
O que importa
diante de DEUS não é saber o que é certo, mas praticar o que é justo. Antes,
Saulo acreditava que guardar a Lei era a única maneira de se agradar a DEUS.
Isso, porém, jamais lhe havia proporcionado satisfação espiritual. Por outro
lado, estava ciente de que, como depositário da Lei de DEUS, tinha mais
responsabilidades espirituais do que os gentios. Agora, contudo, já não podia
ignorar: tanto os judeus como os gentios, haviam falhado na busca da justiça
divina; encontravam-se ambos expostos à ira de DEUS.
Nem os judeus
nem os gentios eram bons, por haver ambos herdado a natureza pecaminosa de
Adão. Tal natureza torna a pessoa fraca demais para ser justa. A Lei, por
descrever claramente o pecado, teria sido um precioso guia para conduzir-nos à
vida santa. Mas como curar uma natureza tão enferma? Aquilo que queremos fazer,
não o fazemos; e aquilo que não queremos, isso o fazemos. DEUS outorgou a Lei
com o propósito de mostrar-nos qual o padrão de sua justiça.
Todos esses
pensamentos formavam-se na mente de Saulo à medida que o Senhor lhe transmitia
gradualmente a mensagem que deveria ensinar em todas as igrejas. Seu dia mais
ditoso foi aquele em que DEUS ofereceu-lhe um plano de salvação que não
dependia de se guardar a Lei. Foi aí que compreendeu que jamais alcançaria a
justiça divina por seu próprio esforço.
Com o passar
dos dias, Saulo começou a entender mais claramente todo o quadro da salvação
oferecida por DEUS. E essa revelação, obtida na Arábia, foi mencionada
repetidamente por ele como "o meu evangelho". Saulo não a obteve
mediante estudo ou leitura, nem a recebera de homem algum. Foi diretamente e
pessoalmente por intermédio de JESUS que chegou ao conhecimento de tais fatos.
1 Coríntios 1
18 - Porque a
palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos,
é o poder de DEUS. 19 - Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios
e aniquilarei a inteligência dos inteligentes. 20 - Onde está o sábio? Onde
está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou
DEUS louca a sabedoria deste mundo? 21 - Visto como, na sabedoria de DEUS, o
mundo não conheceu a DEUS pela sua sabedoria, aprouve a DEUS salvar os crentes
pela loucura da pregação. 22 - Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam
sabedoria; 23 - mas nós pregamos a CRISTO crucificado, que é escândalo para os
judeus e loucura para os gregos. 24 - Mas, para os que são chamados, tanto
judeus como gregos, lhes pregamos a CRISTO, poder de DEUS e sabedoria de DEUS.
25 - Porque a loucura de DEUS é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de
DEUS é mais forte do que os homens.
A Eficácia do
Evangelho. O Caráter do Evangelho - 1 Coríntios 1:17-31 - Comentário Bíblico -
Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Temos aqui:
I
A maneira em
que Paulo pregava o evangelho e a cruz de CRISTO: “não em sabedoria de
palavras” (v. 17), “palavras persuasivas de sabedoria humana” (1Co 2.4), não
pela ostentação da oratória ou a exatidão da linguagem filosófica, das quais os
gregos se orgulhavam tanto e que parece terem sido particularmente recomendadas
por alguns chefes de facções dessa igreja que mais se opunham ao apóstolo. Ele
não pregava o evangelho dessa maneira, “para que a cruz de CRISTO se não faça
vã”, pois senão o resultado seria atribuído à força da arte, e não da verdade;
não à simples doutrina de um JESUS crucificado, mas à oratória poderosa
daqueles que a difundiam, e com isso a honra da cruz seria diminuída ou
obscurecida. Paulo tinha sido educado na erudição dos judeus, aos pés de
Gamaliel, mas com a pregação da cruz ele deixou de lado a sua erudição. Ele
pregava um JESUS crucificado numa linguagem clara, e dizia às pessoas que
JESUS, que havia sido crucificado, era o Filho de DEUS e o Salvador dos homens,
e que todos que queriam ser salvos deveriam arrepender-se de seus pecados e
acreditar nele, e submeter-se ao seu governo e às suas leis. Esta verdade não
precisava de nenhuma roupagem artificial; ela brilhava com a maior majestade em
sua própria luz e prevalecia no mundo pela sua autoridade divina e a
demonstração do ESPÍRITO, sem qualquer ajuda humana. A clara pregação de um
JESUS crucificado era mais poderosa que toda a oratória e filosofia do mundo
pagão.
II
Temos os
diferentes aspectos dessa pregação: para os que se perdem, ela é loucura, mas
para aqueles que são salvos ela “é o poder de DEUS” (v. 18). Ela é “escândalo
para os judeus e loucura para os gregos. Mas, para os que são chamados, tanto
judeus como gregos, lhes pregamos a CRISTO, poder de DEUS e sabedoria de DEUS”
(vv. 23,24): 1. O CRISTO crucificado é um escândalo para os judeus. Eles não
podiam suportar isso. Eles tinham a ideia de que seu Messias esperado seria um
grande príncipe e por isso nunca reconheceriam como seu libertador e rei alguém
que assumisse uma aparência tão humilde na vida e morresse de morte tão
execrável. Eles o desprezaram e o olharam como execrável, porque Ele foi
levantado no madeiro, e porque Ele não os satisfez com um sinal para sua mente,
embora seu poder divino se mostrasse em inúmeros milagres. Os judeus queriam um
sinal (v. 22). Ver Mt 12.38. 2. Ele era loucura para os gregos. Eles riam da
história de um Salvador crucificado e desprezavam o modo como os apóstolos a
contavam. Eles procuravam a sabedoria. Eles eram homens de saber e de leitura,
homens que tinham cultivado as artes e as ciências, e tinham sido, durante
algum tempo, por assim dizer, a grande fonte de conhecimento e erudição. Não
havia nada na clara doutrina da cruz que se adequasse ao gosto deles, nem
cedesse à sua ostentação, nem satisfizesse a um temperamento curioso e
questionador: eles o acolhiam, portanto, com escárnio e desdém. Que esperança
havia em ser salvo por alguém que não pôde salvar-se a si mesmo? E confiar em
alguém que foi condenado e crucificado como um malfeitor, um homem de
nascimento desprezível e de condição pobre e que morreu uma morte tão vil e
ignominiosa? Era isso que o orgulho da razão humana e da erudição não podia
apreciar. Os gregos pensavam ser quase uma estupidez receber tal doutrina e
prestar essa alta consideração a tal pessoa: e assim eles foram justamente
deixados para perderem-se em seu orgulho e obstinação. Observe que é justo da
parte de DEUS abandonar a si mesmos aqueles que derramam tal desdém orgulhoso
sobre a sabedoria e a graça divinas. 3. Para aqueles que são chamados e salvos,
Ele é “poder de DEUS e sabedoria de DEUS”. Aqueles que são chamados e
santificados, que receberam o evangelho e são iluminados pelo ESPÍRITO de DEUS,
discernem mais descobertas gloriosas da sabedoria e do poder de DEUS na
doutrina do CRISTO crucificado do que em todos as outras coisas. Observe que
aqueles que são salvos são reconciliados à doutrina da cruz e conduzidos a um
conhecimento experimental dos mistérios do CRISTO crucificado.
III
Nós temos aqui
o triunfo da cruz sobre a sabedoria humana, de acordo com a antiga profecia (Is
29.14): “destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos
inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor
deste século? Porventura, não tornou DEUS louca a sabedoria deste mundo?” (vv.
19,20). Toda a erudição valiosa deste mundo foi confundida, frustrada e
obscurecida pela revelação cristã e os triunfos gloriosos da cruz. Os políticos
e os filósofos pagãos e os rabinos e doutores judeus, os curiosos pesquisadores
dos segredos da natureza, foram todos apresentados e expostos ao embaraço. Esse
esquema mostra-se fora do alcance do mais profundo dos estadistas e filósofos e
dos maiores pretendentes à erudição entre os judeus e os gregos. Quando DEUS se
propôs a salvar o mundo, Ele estabeleceu um modo por si mesmo; e com boa razão,
pois “o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria” (v. 21). Toda ciência
orgulhosa do mundo pagão não podia efetivamente trazer o mundo para DEUS.
Apesar de toda a sua sabedoria, ainda prevalecia a ignorância e a iniquidade
ainda abundava. Os homens estavam cheios por seu conhecimento imaginário e
completamente alienados de DEUS; e por isso aprouve a DEUS salvar os crentes
pela loucura da pregação – nem tanto na verdade, mas na opinião comum.
1. O conteúdo
pregado era loucura aos olhos dos homens sábios segundo o mundo. Nossa vida
através de alguém que morreu, nosso ser abençoado por alguém que foi feito
maldição, nosso ser justificado por alguém que foi condenado por si mesmo, era
tudo tolice e inconsistência aos homens cegados por sua opinião própria e
unidos a seus próprios preconceitos e descobertas orgulhosas de sua razão e
filosofia.
2. O modo de
pregar o evangelho também era tolice para eles. Nenhum dos homens famosos pela
sabedoria ou eloquência foram empregados para implantar a igreja ou propagar o
evangelho. Uns poucos pescadores foram chamados e enviados com esta missão.
Esses foram comissionados para discipularem as nações; esses vasos escolhidos
para carregar o tesouro do conhecimento salvador ao mundo. À primeira vista,
neles não havia nada que parecesse grande ou elevado o suficiente para vir de
DEUS, e os orgulhosos pretendentes à erudição e à sabedoria desprezavam a
doutrina por causa daqueles que a dispensavam. E ainda “a loucura de DEUS é
mais sábia do que os homens” (v. 25). Aqueles métodos da conduta divina, que
homens presunçosos estão dispostos a censurar como insensata e fraca, têm mais
sabedoria bem-sucedida, sólida e verdadeira do que toda a erudição e sabedoria
que estão entre os homens: porque vede, irmãos, a vossa vocação; que não são
muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres
que são chamados (v. 26). Vocês vêem a condição do cristianismo; poucos homens
eruditos, ou autoridades, ou de nobre procedência, são chamados. Há uma grande
quantidade de insignificância e fraqueza na aparência exterior de nossa
religião. Pois: (1) Poucos personagens distintos em qualquer desses casos foram
escolhidos para o trabalho do ministério. DEUS não escolheu filósofos, nem
oradores, nem estadistas, nem homens prósperos, poderosos e de interesse no
mundo, para publicar o evangelho da graça e da paz. Não os homens sábios
segundo a carne, embora homens estivessem dispostos a pensar que uma reputação
de sabedoria e erudição poderia ter contribuído muito para o sucesso do
evangelho. Não o poderoso e nobre, embora homens estivessem dispostos a
imaginar que pompa secular e poder seriam os meios para sua aceitação no mundo.
Mas DEUS não vê como o homem vê. Ele tem escolhido as coisas loucas do mundo,
as coisas fracas do mundo, as coisas comuns e desprezíveis do mundo, homens de
vil nascimento, de classe baixa, sem ampla educação, para serem os pregadores
do evangelho e implantadores da igreja. Seus pensamentos não são como os nossos
pensamentos, nem seus caminhos como os nossos caminhos. Ele é um juiz melhor
que nós acerca de quais instrumentos e medidas servirão aos propósitos de sua
glória. (2) Poucos da classe distinta foram chamados para ser cristãos. Como os
pregadores eram pobres e miseráveis, assim geralmente eram os convertidos.
Poucos sábios, poderosos e nobres abraçaram a doutrina da cruz. Os primeiros
cristãos, entre os judeus e os gregos, eram fracos, simples e humildes, homens
de capacitação desprezível em relação aos seus aperfeiçoamentos mentais, e de
grau e condição muito desprezíveis em relação ao seu estado exterior; e ainda
assim, que descobertas gloriosas não há da sabedoria divina em todo o esquema
do evangelho e, nessas circunstâncias particulares, de seu sucesso!
IV
Temos um
relatório de quão admiravelmente tudo está adequado: 1. Para derrubar todo
orgulho e ostentação dos homens. DEUS escolheu “as coisas loucas deste mundo
para confundir as sábias” – homens que não possuem nenhuma instrução para
confundir os maiores eruditos; “as coisas fracas deste mundo para confundir as
fortes” – homens de grau e circunstâncias desprezíveis para confundir e
prevalecer contra todo poder e autoridade dos reis terrenos; “e as coisas vis
deste mundo e as desprezíveis” – coisas que os homens têm em baixa estima, ou
em extremo desdém, para despejar desdém e desgraça sobre tudo que eles
valorizam e veneram; “e que não são, para aniquilar (desprezar) as que são” – a
conversão de gentios (de quem os judeus tinham pensamentos vis e desprezíveis)
estava para abrir um caminho para a abolição daquela constituição da qual eles
estavam tão afeiçoados e a respeito da qual eles se valorizavam tanto a ponto
de, por causa dela, desprezarem o resto do mundo. É comum para os judeus
falarem dos gentios sob essa imagem, como coisas que não são. Assim, no livro
apócrifo de Ester, ela é apresentada louvando a DEUS que não daria o cetro
àqueles que nada são (Et 14.11). Esdras, em um dos livros apócrifos que estão
sob seu nome, fala a DEUS dos pagãos como aqueles que são reputados como nada
(2 Ed 6.56,57). E o apóstolo Paulo parece ter esta linguagem comum aos judeus
em seu ponto de vista quando chama Abraão de “pai de todos nós, perante aquele
no qual creu, a saber, DEUS, que chama as coisas que não são como se já fossem”
(Rm 4.17). O evangelho era adequado para destruir o orgulho de judeus e gregos,
para envergonhar o saber orgulhoso e a erudição dos gregos; e para derrubar
aquela constituição sobre a qual os judeus se valorizavam e desprezavam todo o
mundo, pois “para que nenhuma carne se glorie perante ele” (v. 29), não pode
haver nenhuma pretensão para orgulhar-se. A sabedoria divina tinha somente o
instrumento do método da redenção; a graça divina somente a revelou, tornando-a
conhecida. Ela mostra, em ambos os aspectos, os limites humanos. E a doutrina e
a descoberta prevaleceram a despeito de toda oposição que encontraram da parte
das artes e da autoridade humanas: assim, efetivamente, DEUS escondeu e
envergonhou todo orgulho humano. A dispensação do evangelho é um instrumento
para o homem humilde. Mas: 2. Ela está admiravelmente adequada para glorificar
a DEUS. Há uma grande porção de poder e de glória na essência e na vida do
cristianismo. Embora os ministros fossem pobres e incultos, e os convertidos geralmente
de classes desprezíveis, ainda assim a mão do Senhor concordava com os
pregadores e era poderosa nos corações dos ouvintes, e JESUS CRISTO era
verdadeiramente engrandecido e honrado a ministros e cristãos. Tudo o que
temos, o temos de DEUS como a fonte e em e através de CRISTO como o canal
condutor. DEUS o fez para nós “sabedoria, e justiça, e santificação, e
redenção” (v. 30): tudo de que precisamos ou podemos desejar. Somos tolos,
ignorantes e cegos em relação às coisas de DEUS, com todo o nosso conhecimento
arrogante; e Ele é feito sabedoria para nós. Somos culpados, detestáveis à
justiça, e Ele é feito justiça, nossa grande redenção e sacrifício. Somos
depravados e corruptos, e Ele é feito santificação, a primavera de nossa vida
espiritual. A partir dele, o cabeça, ela é comunicada a todos os membros de seu
corpo místico por meio do seu ESPÍRITO SANTO. Estamos em algemas, e Ele é feito
redenção para nós, nosso Salvador e Libertador. Observe que onde CRISTO é feito
justiça para qualquer alma, Ele também é feito santificação. Ele nunca manda
embora a culpa do pecado sem libertar do seu poder. Porque Ele é feito justiça
e santificação, para que, no fim, Ele possa ser feito completa redenção, possa
libertar a alma do verdadeiro ser do pecado, e soltar o corpo das algemas da
sepultura: e o que é projetado em tudo é “que toda carne glorie-se no Senhor”
(v. 31). Observe que é a vontade de DEUS que todo o nosso glorificar deva ser
no Senhor, e a nossa salvação seja somente através de CRISTO. Foi efetivamente
planejado para ser assim. O homem é humilhado, e DEUS é glorificado e exaltado
por todo esse plano.
1 Coríntios 2
1 - E eu,
irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de DEUS, não fui
com sublimidade de palavras ou de sabedoria. 2 - Porque nada me propus saber
entre vós, senão a JESUS CRISTO e este crucificado. 3 - E eu estive convosco em
fraquezas, e em temor, e em grande tremor. 4 - A minha palavra e a minha
pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em
demonstração do ESPÍRITO e de poder. 5 - para que a vossa fé não se apoiasse em
sabedoria dos homens, mas no poder de DEUS.
O
Ministério do Apóstolo - 1 Coríntios 2:1-5 - Comentário Bíblico - Matthew Henry
(Exaustivo) AT e NT
Nessa passagem,
o apóstolo prossegue seu intento e recorda os coríntios como ele agiu quando
pregou o evangelho pela primeira vez no meio deles.
I
Em relação à
matéria ou assunto que ele nos narra (v. 2): “porque nada me propus saber entre
vós, senão a JESUS CRISTO e este crucificado” – para não mostrar nenhum outro
conhecimento além deste, para não pregar nada, para não descobrir o
conhecimento de nada, a não ser JESUS CRISTO e este crucificado. Observe que
CRISTO, em sua pessoa e funções, é o resumo e a essência do evangelho, e deve
ser o grande assunto da pregação de um ministro do evangelho. Sua função é
apresentar a bandeira da cruz e convidar as pessoas para virem a ela. Ninguém
que ouviu Paulo pregar o achou tocando tão continuamente a mesma tecla, que ele
diria que não conhecia nada a não ser CRISTO e este crucificado. Qualquer que
fosse outro conhecimento que ele tivesse, esse era o único conhecimento que ele
descobriu e mostrou-se preocupado em propagar entre seus ouvintes.
II
Também a
maneira em que ele pregava o evangelho é aqui observável. 1. Negativamente. Ele
não veio “entre eles com sublimidade de palavras ou de sabedoria” (v. 1). Seu
discurso e “pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria
humana” (v. 4). Ele não aparentava ser um excelente orador ou um filósofo
profundo, nem se insinuou em suas mentes, pela ostentação de palavras, ou por
uma exibição pomposa de uma razão profunda e de um saber extraordinário e
hábil. Ele não se colocou para cativar o ouvido por excelentes divagações e
expressões eloquentes, nem para agradar ou divertir a imaginação com elevados
voos de idéias sublimes. Nem seu discurso, nem a sabedoria que ele ensinava,
tinham o sabor da habilidade humana. Ele as aprendeu em uma outra escola. A
sabedoria divina não precisava ser atraente com os ornamentos humanos. 2.
Positivamente. Ele veio entre eles anunciando “o testemunho de DEUS” (v. 1).
Ele impulsionou uma revelação divina e deu provas suficientes pela sua
autoridade, tanto pela concordância com as antigas profecias quanto por
operações miraculosas; e lá ele deixou o assunto. Ornamentos de discurso,
habilidade filosófica e argumentos não poderiam acrescentar nenhum peso ao que
veio recomendado por tal autoridade. Ele estava com eles em fraqueza, e em
temor, e grande tremor, e ainda a sua palavra e pregação eram “em demonstração
do ESPÍRITO e de poder” (vv. 3,4). Seus inimigos na igreja de Corinto falavam
muito desdenhosamente dele: mas a sua presença pessoal é fraca, e a palavra, desprezível
(2 Co 10.10). Possivelmente ele tenha tido um corpo de baixa estatura e uma voz
fraca, mas, embora não tivesse tão boa oratória como alguns, está claro que não
era nenhum pregador desprezível. Os homens de Listra viram nele o deus pagão
Mercúrio que descera até eles na forma de homem, porque ele era o pregador
principal (At 14.12). E ele nem queria coragem nem determinação para levar
adiante o seu trabalho; ele não era aterrorizado em nada pelos seus
adversários. E ele também não era ostentador. Ele não se vangloriava
orgulhosamente de si mesmo, como seus opositores. Ele conduziu-se em sua
ocupação com muita modéstia, preocupação e cuidado. Ele se comportou com grande
humildade entre eles, não como alguém vaidoso com a honra e a autoridade
outorgadas a ele, mas alguém preocupado em mostrar-se fiel, e temeroso de si
mesmo, para que não administrasse mal a sua confiança. Observe que ninguém
conhece o medo e o tremor dos ministros fiéis, que são zelosos pelas almas com
um bom zelo; e um profundo sentimento de sua própria fraqueza é a ocasião para
esse temor e tremor. Eles conhecem como são insuficientes e são por essa razão
assustados e trêmulos por si mesmos. Mas, embora Paulo administrasse sua vida
com essa modéstia e preocupação, ele ainda falava com autoridade: “em
demonstração do ESPÍRITO e de poder”. Ele pregava as verdades de CRISTO na
forma nativa deles, com um discurso claro. Ele expunha a doutrina como o
ESPÍRITO a entregava, e deixava que o ESPÍRITO, pela sua operação exterior em
sinais e milagres, e suas influências internas nos corações dos homens,
demonstrasse a sua verdade e obtivesse acolhida.
III
Aqui está o fim
mencionado para o qual ele pregava CRISTO crucificado dessa maneira: “para que
a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de DEUS” (v.
5) – que eles não pudessem ser arrastados por motivos humanos, nem dominados
por meros argumentos humanos, para que não fosse dito que a retórica ou a
lógica os tivessem tornado cristãos. Mas, quando nada além de CRISTO
crucificado era pregado claramente, o sucesso devia ser totalmente atribuído ao
poder divino que acompanhava a palavra. Sua fé devia ser fundada, não na
sabedoria humana, mas na evidência e na operação divinas. O evangelho era tão
bem pregado que DEUS podia aparecer e ser glorificado em tudo.
A MORTE VICÁRIA
DE JESUS - PORQUE PRIMEIRAMENTE VOS ENTREGUEI O QUE TAMBÉM RECEBI: QUE CRISTO
MORREU POR NOSSOS PECADOS, SEGUNDO AS ESCRITURAS
1 CORÍNTIOS
15.3 - CRISTOLOGIA - A doutrina de JESUS CRISTO - Esequias Soares
A morte de
JESUS deve ser estudada como fato histórico com suas relevantes implicações
teológicas no plano divino da redenção humana. A morte não foi acidente de
percurso, estava previsto nas Escrituras Sagradas, e esse acontecimento afetou
e ainda afeta a vida de todos os humanos. Não se trata apenas da morte de um
justo, mas de um sacrifício como oblação pelos nossos pecados, que DEUS recebeu
e propôs como propiciação pelas nossas ofensas (Rm 3.25). O aspecto histórico
está nos evangelhos, o teológico, em Atos, nas epístolas e em Apocalipse.
A MORTE DE
JESUS NO PLANO DIVINO
No capítulo
sete, JESUS, Sacerdote Eterno, falou-se sobre o sacrifício como tema central do
Antigo Testamento e que esse sistema sacrificial implicava expiação, redenção,
perdão e castigo vicário. O primeiro anúncio da vinda do Messias já vinculava a
sua morte: “esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).
Isso fala de seu sofrimento e, também, de sua glória. Os detalhes são revelados
progressivamente no transcorrer do tempo. Depois do dilúvio, DEUS escolheu o
patriarca Abraão e prometeu suscitar dentre os seus descendentes o Redentor,
pois a promessa divina feita a Abraão era: “À tua semente darei esta terra” (Gn
12.7). Segundo o apóstolo Paulo, é uma profecia messiânica, pois essa Semente
diz respeito ao Messias (Gl 3.16). Dentre os filhos de Jacó, DEUS escolheu
Judá, para ser um dos progenitores da Semente da Mulher (Gn 49.10). Judá é o
pai de Perez (Gn 38.26-30), dele descendeu o rei Davi (Rt 4.18-22). A partir
daí, os profetas apresentaram detalhes da obra e da identidade de JESUS.
A morte física
de JESUS aconteceu “segundo as Escrituras” (1 Co 15.3), isso significa que
estava prevista no Antigo Testamento por figuras e tipos, a começar pelo ritual
do tabernáculo, e de maneira direta pelos profetas. A descrição do cordeiro da
Páscoa, desde o êxodo do Egito, aponta para CRISTO e o seu sacrifício: “não
levarás daquela carne fora da casa, nem dela quebrareis osso” (Êx 12.46). Os
soldados quebraram as pernas dos dois malfeitores que foram crucificados ao
lado do Senhor JESUS, mas não quebraram as pernas do Mestre: “Mas, vindo a
JESUS e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas... para que se cumprisse
a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado” (Jo 19.33, 36).
O altar do
sacrifício é outro tipo significativo. É identificado como altar dos
holocaustos, altar de bronze ou de ofertas queimadas. Era uma caixa de mais ou
menos 2,50m de comprimento e a mesma medida a sua largura, sua altura de
aproximadamente 1,75m, de madeira de cetim e revestida de bronze ou cobre (a
palavra hebraica é a mesma para esses metais), com quatro pontas, uma em cada
canto (Êx 29.1, 20). As pontas eram aspergidas com sangue na consagração de
sacerdotes (Êx 29.12), no dia da expiação (Lv 16.18) e na oferta pelo pecado,
quando o pecador apresentava o substituto para o sacrifício (Lv 4.18, 25, 34).
As marcas de sangue nas quatro pontas do altar apontam para as quatro marcas de
sangue na cruz: na parte superior proveniente da coroa de espinhos, os cravos
nos braços direito e esquerdo e o dos pés: o altar do sacrifício, onde o Filho
de DEUS morreu em nosso lugar. Não há necessidade de se apresentar mais
exemplos para mostrar os tipos e as figuras do sacrifício do Calvário.
O salmo 22
começa com as palavras que JESUS pronunciou do alto da cruz: “DEUS meu, DEUS
meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). A passagem paralela do evangelho de
Marcos, a citação está em aramaico: “Eloí, Eloí, lemá sabactâni? Isso,
traduzido, é: DEUS meu, DEUS meu, por que me desamparaste?” (Mc 15.34), mas o
Targum de Jonathan usa “Eli”, igual ao hebraico, no salmo 22.1 [22.2]. O salmo
é profético e descreve alguém abandonado, mas com uma fé inabalável em DEUS. O
versículo 8 cumpriu-se na crucificação: “Confiou no SENHOR, que o livre;
livre-o, pois nele tem prazer” (Cf Mt 27.43); da mesma forma, o 18: “Repartem
entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre a minha túnica” (Cf Mc 15.24;
Lc 23.34; Jo 19.23, 24). Isaías 53 descreve a cena do Calvário com abundância
de detalhes. Segundo Alfred Edersheim, o Targum de Jonathan e o Targum de
Jerusalém “adotam com franqueza a interpretação messiânica destas profecias”
(EDERSHEIM, 1997, p. 90). O profeta Zacarias anunciou de antemão que o Messias
seria traspassado (12.10 Cf Jo 19.34, 37).
JESUS afirmou
que a Lei de Moisés e os Profetas se convergem nele, sendo sua paixão e morte o
cumprimento das Escrituras Sagradas (Lc 24.26, 27; 44-46). Os quatro evangelhos
apontam essa morte como cumprimento das Escrituras dos Profetas (Mt 27.35; Mc
15.24; Lc 23.34; Jo 19.24, 36, 37). O sacrifício de JESUS é a conclusão lógica
dos ensinamentos do Antigo Testamento.
A CRUCIFICAÇÃO
O relato da
execução de JESUS está registrado nos quatro evangelhos sinóticos. Eles devem
ser entendidos como uma narrativa completa. Há apenas um evangelho descrito e
apresentado em quatro maneiras. Há muita coisa em comum neles, mas há também
muitas coisas peculiares que só aparecem em cada um deles, havendo muito mais
coisas em comum e semelhantes do que diferenças. Quando se fala da harmonia dos
evangelhos isso quer dizer, mediante fatos e provas, que os evangelhos não se
contradizem. Nenhum deles é completo, o que falta em um, aparece no outro. De
modo que as aparentes discrepâncias são, na verdade, complementos dessas
narrativas, formando um só evangelho, narrando a vida de JESUS CRISTO. Muitas
coisas que JESUS fez e ensinou não foram escritas (Jo 21.25). DEUS permitiu que
fosse registrado apenas o suficiente para a salvação da humanidade. Todos eles
tinham como meta apresentar em ordem a narrativa do nascimento, ministério,
paixão e ressurreição de JESUS.
Somente Mateus
mencionou a abertura dos sepulcros e a ressurreição dos mortos quando JESUS
morreu (27.50-53), apenas Lucas registrou o arrependimento de um dos dois
malfeitores crucificados ao lado do Senhor JESUS (23.40-43). João foi o único a
escrever que JESUS carregou, ele mesmo, às costas, a cruz (19.17), que falou
com Maria, sua mãe, desde o alto da cruz (19.26, 27) e que ele foi traspassado
(19.34). Das sete palavras da cruz, as frases proferidas por CRISTO do alto da
cruz, uma foi registrada por Mateus e Marcos: “DEUS meu, DEUS meu, por que me
desamparaste?” (Mt 27.46; Mc 15.34); três por Lucas: “Pai, perdoa-lhes, porque
não sabem o que fazem” (23.34), “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
Paraíso” (v 43), “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (v. 46) e as
outras três por João: “Mulher, eis aí o teu filho... Eis aí tua mãe” (19.26,
27), “Tenho sede” (v. 28) e “Está consumado” (v. 30). Esses são alguns exemplos
de detalhes de cada narrativa.
JESUS esteve na
cruz durante seis horas, depois de uma longa noite de interrogatório e de uma
sessão de tortura. Quando o prenderam no Getsêmani, ele foi conduzido à casa do
sumo sacerdote para o primeiro interrogatório (Lc 22.54), ali mesmo começou a
tortura física e a zombaria: “E os homens que detinham JESUS zombavam dele,
ferindo-o. E, vendando-lhe os olhos, feriam-no no rosto e perguntavam-lhe,
dizendo: Profetiza-nos: quem é que te feriu?” (Lc 22.63, 64). Pela manhã cedo,
ele foi conduzido ao sinédrio (Lc 22.66), onde a sessão de interrogatório
prosseguiu e de lá para o governador romano da Judéia, Pôncio Pilatos (Lc
23.1), que logo o remeteu de volta a Herodes, mas antes, em sua presença, foi
zombado e ultrajado, em seguida foi devolvido para Pilatos (Lc 23.7, 11).
Então, foi torturado, recebeu uma coroa de espinhos, um bastão real e um manto
de púrpura (Mt 27.29; Jo 19.2), escarnecendo-se dele, pois dizia ser o rei dos
judeus. Foi crucificado às nove horas da manhã: “E era a hora terceira, e o
crucificaram” (Mc 15.25).20 A injustiça era tanta que até a natureza se
revoltou, o sol negou a sua luz em pleno dia, houve trevas em toda a terra
desde um pouco antes do meio-dia até às três horas das tarde (Lc 23.44-46).
Somente Lucas
registrou as ipsis litteris (por suas palavras) de JESUS, ao entregar o
espírito ao Pai: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46). Era
uma oração registrada no livro dos Salmos: “Nas tuas mãos, entrego o meu
espírito” (31.5 ARA), que as crianças judias recitavam como oração ao
anoitecer. O relato de Lucas mostra de maneira inconfundível que JESUS se
entregou por nós, ele deu sua vida pelos pecadores, como ele mesmo havia
prometido, “a minha vida”, disse “ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a
dou” (Jo 10.18). JESUS entregou o espírito com “grande brado” (Mc 15.37) ou com
“grande voz” (v. 46; Mt 27.50). O termo “está consumado” (Jo 19.30), tanto em
grego τετέλεσται (τελεω teleo -Tetelestai - "Está Consumado" ou "Totalmente
Pago"), como em aramaico משַׁלַּם (moshallam),
tem o mesmo significado. O brado de JESUS no alto da cruz declara haver
concluído a obra da redenção entregando ao Pai o seu espírito indica triunfo, e
não mero “está acabado” como um derrotado. Ele foi crucificado, mas vitorioso,
cumpriu a sua missão com sucesso, aleluia!
O “véu do
templo” era a cortina que separava o lugar santo do lugar santíssimo, ou santo
dos santos, lugar da presença de DEUS onde somente o sumo sacerdote entrava uma
vez por ano, no dia da expiação (Êx 26.33; 30.10; Lv 16.15). O véu rasgado
mostra que a morte de JESUS abriu a todos os seres humanos o caminho para DEUS
(Hb 6.19, 20; 10.19, 20).
A morte de
JESUS causou o maior impacto de toda a sua vida. O centurião reconheceu haver
crucificado um homem justo, e a multidão “voltava batendo nos peitos” (Lc
23.48) como gesto de aturdimento. Estava ali participando de um espetáculo de
zombaria, de repente, as palavras de JESUS com a reação da natureza despertaram
a consciência daquelas pessoas que voltavam para casa batendo dos peitos como
gesto de lamentação pelo horrendo crime, sem precedente na História, era uma
sensação coletiva de culpa e vergonha. Essa estranha reação foi um preparativo
para o povo receber a mensagem do evangelho, pregado pelo apóstolo Pedro, no
dia de Pentecostes (At 2.23).
O SACRIFÍCIO
VICÁRIO
A Bíblia ensina
que “todos pecaram e destituídos estão da glória de DEUS” (Rm 3.23) e que o
homem é completamente incapaz de salvar-se a si mesmo (Is 64.6), de ir ao céu
pela sua própria força, justiça e bondade. Assim, DEUS proveu a salvação de
maneira que a paz e a justiça se encontrassem (Sl 85.10). O sacrifício de JESUS
satisfez toda a justiça da lei e dos profetas. O Antigo Testamento não somente
anuncia a vinda de JESUS com sua paixão e morte como também apresenta a
importância do sangue, no sacrifício, apontando para o Calvário: “... é o
sangue que fará expiação...” (Lv 17.11). Isso é confirmado no Novo
Testamento... sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb 9.22).
“Expiação”, portanto, significa reconciliação, é a restauração de uma relação quebrada.
Na cruz fomos reconciliados com DEUS (2 Co 5.19; Ef 2.23-26).
O termo
“vicário” vem do latim vicarius, que significa “o que faz as vezes de outro,
substituto” (SARAIVA, 2000, p. 1273). Morte vicária significa morte
substitutiva, pois JESUS morreu em nosso lugar (1 Co 15.3; Gl 2.20). Os
apóstolos entenderam o significado teológico na morte de JESUS, pois DEUS
propôs o sangue de seu Filho como propiciação pelos nossos pecados (Rm 3.25; 1
Pe 3.18; 1 Jo 2.1,2).
Os muçulmanos
negam peremptoriamente a morte de JESUS. O Alcorão ensina textualmente que
JESUS não morreu. Essa é a mais grotesca negação do cristianismo, pois os
céticos sempre têm questionado o significado de eventos ligados aos ensinos e
às obras de CRISTO. Porém, rechaçar a História, afirmando que JESUS não morreu,
é um disparate, pois toda a estrutura bíblica gravita em torno desse
acontecimento: a paixão e a morte de JESUS é contada como parte de sua vida
terrena nos quatro evangelhos, sendo as evidências externas sólidas e
indestrutíveis.
Há inúmeras
referências à morte de CRISTO no Antigo Testamento, alguns exemplos foram
citados acima. O próprio JESUS predisse, várias vezes, a sua morte; dois
exemplos são suficientes para confirmar esse fato:
Desde então,
começou JESUS a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e
padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e
ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia ... E, subindo JESUS a Jerusalém,
chamou à parte os seus doze discípulos e, no caminho, disse-lhes: Eis que vamos
para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e
aos escribas, e condená-lo-ão à morte” (Mt 16.21; 20.17, 18).
Historiadores
judeus e romanos atestaram a morte de JESUS. O fato foi registrado por Josefo:
Nesse mesmo
tempo, apareceu JESUS, que era um homem sábio, se é que podemos considerá-lo
simplesmente um homem, tão admiráveis eram as suas obras. Ele ensinava os que
tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos
judeus, mas também por muitos gentios. Ele era o CRISTO. Os mais ilustres
dentre os de nossa nação acusaram-no perante Pilatos, e este ordenou que o
crucificassem. Os que o haviam amado durante a sua vida não o abandonaram
depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os
santos profetas haviam predito, dizendo que ele faria muitos outros milagres. É
dele que os cristãos, os quais vemos ainda hoje, tiraram o seu nome
(Antiguidades, Livro 18.4.772).
Josefo não era
cristão e por isso muitos críticos duvidam da autenticidade da menção de JESUS
em sua obra. Porém, nada há nos manuscritos que justifiquem tal suspeita, ela é
fundamentada apenas nos adjetivos que o historiador aplicou a JESUS.21 A
literatura judaica antiga menciona a morte de JESUS, o Talmud Babilônico
declara a morte de JESUS na véspera da Páscoa (Sanh. 43a). Tácito, o
historiador romano, afirma: “CRISTO, foi executado no reinado de Tibério pelo
procurador Pôncio Pilatos” (Anais XV.44.2,3). Luciano de Samosata, satirista
grego e zombador dos cristãos, por volta de 170 escreveu: “Os cristãos, como
todos sabem, adoram um homem até hoje – o distinto personagem que iniciou seus
novos rituais – foi crucificado por causa disso” (MCDOWELL, 1995, p. 60). A
confirmação bíblica e histórica da morte de JESUS é fato incontestável. A
verdade é que a cruz de CRISTO sempre foi escândalo para os que perecem (1 Co
1.23).
O homem
precisava e precisa de JESUS, ele que se tornou o nosso sacrifício, morreu em
nosso lugar para abrir o caminho ao céu. O que é tão ofensivo na cruz? O
orgulho do homem faz com que se rebele contra a sentença de DEUS. O incrédulo
ofende-se porque DEUS não aceita seus esforços pessoais! O sacrifício de JESUS
CRISTO mostra que o homem é completamente incapaz de ir ao céu, à presença de
DEUS, pela própria bondade e força. JESUS deixou isso claro: “Disse-lhe JESUS:
Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo
14.6); “sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15.5).
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 6, Paulo
no Poder do ESPÍRITO
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO
Comentário: Pr.
Elienai Cabral
Complementos,
ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Lição 6, Paulo
no Poder do ESPÍRITO
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/escrita-licao-6-paulo-no-poder-do.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/slides-licao-6-paulo-no-poder-do.html
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-6-paulo-no-poder-do-esprito-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - Atos 19.1-7
1 - E sucedeu
que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as
regiões superiores, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, 2 -
disse-lhes: Recebestes vós já o ESPÍRITO SANTO quando crestes? E eles
disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja ESPÍRITO SANTO. 3 -
Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados, então? E eles disseram: No
batismo de João. 4 - Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do
arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto
é, em JESUS CRISTO. 5 - E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor
JESUS. 6 - E impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o ESPÍRITO SANTO; e
falavam línguas e profetizavam. 7 - Estes eram, ao todo, uns doze varões.
COMENTÁRIOS BEP
- CPAD
19.1 ÉFESO...
ALGUNS DISCÍPULOS. Estes discípulos de Éfeso eram cristãos, ou discípulos de
João Batista? Ambas as hipóteses são possíveis. (1) Alguns acham que eram
cristãos. (a) Lucas os chama discípulos (v. 1), palavra esta que ele comumente
aplica aos cristãos. Se Lucas quisesse indicar que eram apenas discípulos de
João Batista, e não de CRISTO, teria dito isto mais claramente. (b) Paulo se
dirige a eles como a crentes (v. 2). O verbo crer é empregado cerca de vinte
vezes em Atos sem nenhum objeto direto. Em todos os demais casos, o contexto
indica que o sentido é crer em CRISTO de modo salvífico. (2) Outros argumentam
que os discípulos de Éfeso eram discípulos de João Batista que ainda esperavam
a chegada do Messias. Depois de terem ouvido a respeito de JESUS da parte de
Paulo, creram nEle como o CRISTO predito nas Escrituras, e nasceram de novo
pelo ESPÍRITO (vv. 4,5). (3) Em qualquer das hipóteses, fica claro que foi
somente depois de crerem, de serem batizados e receberem a imposição das mãos,
é que foram cheios do ESPÍRITO SANTO (vv. 5,6).
OBJETIVO GERAL
- Conscientizar de que é preciso viver na plenitude do ESPÍRITO para fazer a
obra de DEUS.
Resumo da Lição
6, Paulo no Poder do ESPÍRITO
I – PREGANDO A
CRISTO NO PODER DO ESPÍRITO
1. Paulo,
movido pelo poder do ESPÍRITO.
2. O caminho de
pregação.
3. Paulo e as
duas viagens missionárias.
II – O
ARGUMENTO DE PAULO SOBRE A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO
1. Paulo aclara
o ensino sobre a plenitude do ESPÍRITO.
2. É preciso
crer para receber o ESPÍRITO SANTO.
3. Paulo cuida
para esclarecer Apolo (At 18.21-28).
III – A FONTE
DO ENSINO DE PAULO SOBRE O ESPÍRITO SANTO AOS EFÉSIOS
1. As
Escrituras como fonte de revelação sobre o ESPÍRITO SANTO.
2. O
Pentecostes como fonte de revelação do ESPÍRITO SANTO.
3. Paulo ensina
acerca do ESPÍRITO SANTO aos efésios (At 19.1-6).
Comentários do
Pr. Henrique
INTRODUÇÃO
Paulo foi o
maior imitador de CRISTO de que temos notícia. O imitava nas pregações, nos
ensinos e nos sinais, prodígios e maravilhas. Como não podia de deixar de
acontecer, também O imitava nas aflições, perseguições, tribulações e até na
morte pelo evangelho. Nesta lição veremos a ação do ESPÍRITO SANTO no
apostolado de Paulo. Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós,
com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas. 2 Coríntios 12:12.
Metade do
evangelho fala de sinais, prodígios e maravilhas. O ministério de JESUS, Pedro,
Estêvão, Filipe e Paulo foram confirmados por DEUS através de sinais, prodígios
e maravilhas (ou milagres).
Varões
israelitas, escutai estas palavras: A JESUS Nazareno, varão aprovado por DEUS
entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que DEUS por ele fez no meio de
vós, como vós mesmos bem sabeis; Atos 2:22.
de sorte que
transportavam os enfermos para as ruas e os punham em leitos e em camilhas,
para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns
deles. Atos 5:15
E Estêvão,
cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Atos 6:8
E as multidões
unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os
sinais que ele fazia, pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os
tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. Atos
8:6,7
A presença e
ação do ESPÍRITO SANTO deve ser constante na igreja de hoje. Nunca houve tanta
necessidade de operações do ESPÍRITO SANTO (multiplicação de ações demoníacas,
multiplicação de doenças e enfermidades, multiplicação de falsos mestres).
ERRO NA LIÇÃO
6.
Temos novamente
o mesmo erro na lição 6.
Paulo não
passou três anos na Arábia.
O texto é bem
simples e dá para até uma criança perceber que Paulo foi de Damasco para a
Arábia, voltou para Damasco e depois de passados três anos foi a Jerusalém,
onde passou 15 dias com Pedro e lá viu, o agora apóstolo do segundo colegiado,
Tiago, irmão de JESUS.
BATISMO NAS
ÁGUAS E COM O ESPÍRITO SANTO
Atos 19.3
Perguntou- lhes então: Em que sois batizados então? E eles disseram: o batismo
de João, 4 Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do
arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto
é, em JESUS CRISTO.
5 E os que
ouviram foram batizados em nome do SENHOR JESUS. 6 E, impondo-lhes Paulo as
mãos, veio sobre eles o ESPÍRITO SANTO; e falavam línguas, e profetizavam.
O batismo nas
águas de Apolo não valia nada para a Igreja. O batismo nas águas judaico não
tem valor para a igreja. O batismo nas águas cristão é em nome do PAI, do FILHO
e do ESPÍRITO SANTO. O crente batizado já está salvo, não se batiza para ser
salvo. Não é para arrependimento de pecados, pois o crente já se arrependeu
antes do batismo, no momento da conversão. A urgência e necessidade do cristão
ser batizado com o ESPÍRITO SANTO são demonstradas várias vezes em Atos. Pena
que a igreja hoje não enxergue mais isto. Paulo batizou os doze nas águas e
depois impondo as mãos sobre eles orou e todos os doze foram batizados com o
ESPÍRITO SANTO.
Vemos em Atos
que todos os que se convertiam eram batizados com o ESPÍRITO SANTO.
Eu disse e a
Palavra de DEUS diz:
T O D O S.
Foi assim no
Pentecostes, foi assim em Samaria, foi assim na casa Cornélio, foi assim com
esses doze.
TODOS FORAM
BATIZADOS.
Infelizmente
não é o que vemos hoje. Faltam legítimas conversões porque faltam legítimas
pregações e modo de viver digno.
CHEIO DO
ESPÍRITO SANTO
Como já dizia o
Pastor Antônio Gilberto, não existe ninguém cheio do ESPÍRITO SANTO que não
fale em línguas.
Crente que não
fala em línguas todos os dias não é cheio do ESPÍRITO SANTO.
Lc 4:1 E JESUS,
cheio do ESPÍRITO SANTO, voltou do Jordão e foi levado pelo ESPÍRITO ao
deserto;
At 2:4 E todos
foram cheios do ESPÍRITO SANTO, e começaram a falar noutras línguas, conforme o
ESPÍRITO SANTO lhes concedia que falassem.
At 4:8 Então
Pedro, cheio do ESPÍRITO SANTO, lhes disse: Principais do povo, e vós, anciãos
de Israel.
At 4:31 E,
tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do
ESPÍRITO SANTO, e anunciavam com ousadia a palavra de DEUS.
At 6:3
Escolhei, pois, irmãos, de entre vós sete varões de boa reputação, cheios do
ESPÍRITO SANTO e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante
negócio.
At 6:5 E este
parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do
ESPÍRITO SANTO, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timon, e Pármenas e Nicolau,
prosélito de Antioquia;
At 7:55 Mas
ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO, fixando os olhos no céu, viu a glória de
DEUS, e JESUS, que estava à direita de DEUS;
At 9:17 E
Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o
SENHOR JESUS, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que
tornes a ver e sejas cheio do ESPÍRITO SANTO.
At 11:24 Porque
era homem de bem, e cheio do ESPÍRITO SANTO e de fé. E muita gente se uniu ao
SENHOR,
At 13:9
Todavia, Saulo, que também se chama Paulo, cheio do ESPÍRITO SANTO, e fixando
os olhos nele disse:
At 13:52 E os
discípulos estavam cheios de alegria e do ESPÍRITO SANTO.
RESUMO RÁPIDO
DO Pr. Henrique
PAULO PREGAVA A
CRISTO NO PODER DO ESPÍRITO SANTO. Paulo era movido pelo poder do ESPÍRITO
SANTO. O caminho da pregação e do ensino passa sempre pela inspiração e
demonstração de poder do ESPÍRITO SANTO. Paulo em suas duas viagens
missionárias foi guiado e capacitado pelo ESPÍRITO SANTO.
O ARGUMENTO DE
PAULO SOBRE A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO nos indica que ninguém é batizado com
o ESPÍRITO SANTO sem antes ser salvo. Primeiro se é mergulhado no corpo de
CRISTO, no momento da conversão (o ESPÍRITO SANTO vem morar dentro do crente),
depois se é "dominado" controlado pelo ESPÍRITO SANTO no batismo com
o ESPÍRITO SANTO.
Paulo nos
aclara o ensino sobre a plenitude do ESPÍRITO ao ensinar que ser cheio quer
dizer dirigido, guiado, controlado pelo ESPÍRITO SANTO.
É preciso crer
para receber o ESPÍRITO SANTO e isso aprendemos de Paulo em Efésios 1.13 -
Primeiro ouvimos o evangelho, depois cremos (fé) e depois recebemos a promessa
do ESPÍRITO (salvação). "em quem também vós estais, depois que ouvistes a
palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido,
fostes selados com o ESPÍRITO SANTO da promessa"; Efésios 1:13. Pelo que
parece Paulo cuida para esclarecer Apolo (At 18.21-28), enviando Priscila e
Áquila para explicarem a ele sobre o batismo nas águas e no ESPÍRITO SANTO.
A FONTE DO
ENSINO DE PAULO SOBRE O ESPÍRITO SANTO AOS EFÉSIOS são as Escrituras do AT, o
Pentecostes e seu próprio ensino acerca do ESPÍRITO SANTO na carta lhes
endereçada (At 19.1-6).
Paulo em Éfeso
- Atos 19:1-7 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT - Com
acréscimos e correções do Pr. Henrique
Éfeso era uma
cidade de grande destaque na Ásia, famosa por abrigar um templo dedicado a
deusa Diana que acreditavam ter sua imagem descido de Júpiter, uma das
maravilhas do mundo: Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo [...] chegou a
Éfeso para pregar o evangelho (v. 1). Enquanto Apolo estava regando Corinto,
Paulo estava plantando em Éfeso. O apóstolo não ficou com ciúmes do ministro
Apolo por ele entrar em seu campo e estar edificando sobre seus fundamentos.
Pelo contrário, exultou com essa notícia e prosseguiu com a maior alegria e
satisfação em seu novo campo de trabalho que fora preparado para ele em Éfeso,
porque soube a capacidade ministerial neotestamentária de Apolo, que agora
estava em Corinto e prosseguia com a boa obra naquela cidade. Embora houvesse
aqueles que fizeram de Apolo chefe de um partido contra Paulo (1 Co 1.12), este
não guardava ressentimento contra aquele, nem de qualquer modo repugnava o
afeto que as pessoas tinham por ele. Tendo passado pela província da Galácia e
da Frígia, depois de ter passado por todas as regiões superiores, Ponto e
Bitínia, que se situavam no norte, por fim o apóstolo chegou a Éfeso, onde
havia deixado Aquila e Priscila, e lá se reuniu a eles. Logo que chegou, ele
encontrou alguns discípulos que professavam a fé em CRISTO como o verdadeiro
Messias, mas que ainda estavam como que no primeiro ano da escola de CRISTO,
sob o ensino do seu professor-assistente, João Batista. Estes eram, ao todo,
uns doze varões (v. 7), que tinham quase o mesmo entendimento espiritual que
Apolo possuía quando chegou a Éfeso (pois ele conhecia somente o batismo de
João, Atos 18.25). Pode ser que eles não tiveram a oportunidade de conhecer
pessoalmente Áquila e Priscila, ou não fazia muito tempo que estavam em Éfeso,
ou não tinham a mente aberta para receber os ensinamentos como Apolo tinha,
pois, do contrário, eles saberiam mais pontualmente o caminho de DEUS, como
Apolo soube por meio desses dois servos de DEUS (Atos 18.26). Observe aqui:
I
Paulo
discipulou esses doze discípulos efésios. Ele ficou sabendo, provavelmente por
Aquila e Priscila, que eram crentes, tinham aceitado JESUS e entregado a Ele os
seus nomes. Agora o apóstolo os submete a um exame. (“Recebestes vós já o
ESPÍRITO SANTO quando crestes? - a pergunta se referia ao Batismo com o
ESPÍRITO SANTO com a evidência do falar em línguas). Paulo, muito
provavelmente, não os ouviu falar em línguas nenhuma vez e por isso notou que
não haviam recebido o Batismo com o ESPÍRITO SANTO com a evidência do falar em
línguas.
1. Esses
discípulos creram no Filho de DEUS, mas Paulo pergunta se eles haviam recebido
o ESPÍRITO SANTO (v. 2). A partir do Pentecostes, os apóstolos e outros
discípulos receberam dons extraordinários do ESPÍRITO SANTO, e esses
recebimentos continuaram. Tinham eles participado desses dons? “Recebestes vós
já o ESPÍRITO SANTO quando crestes? (v. 2). O cânon do Novo
Testamento foi encerrado e ratificado há muito tempo, e dependemos dele como a
mais segura palavra de profecia. Mas há o penhor do ESPÍRITO dado a todos os
crentes, que é para eles o antegozo (2 Co 1.22; 5.5; Ef 1.13,14). Agora cabe a
todos nós que professamos a fé cristã avaliar seriamente se recebemos ou não o
ESPÍRITO SANTO. O ESPÍRITO SANTO é prometido a todos os crentes e é para todos
os que o buscam (Lc 11.13). Muitos são enganados neste assunto, pensando que
receberam o ESPÍRITO SANTO quando na verdade não foi o que aconteceu. Assim
como há pretendentes aos dons do ESPÍRITO SANTO, assim há às suas graças e
consolações. Devemos nos examinar com rigor: Recebemos o ESPÍRITO SANTO quando
cremos? A árvore se conhece pelos frutos que dá. Estamos produzimos os frutos
do ESPÍRITO? Estamos sendo guiados pelo ESPÍRITO? Estamos andando no ESPÍRITO?
Estamos sob o governo do ESPÍRITO?
2. Esses
discípulos admitiram sua ignorância nesse assunto: “Nós nem ainda ouvimos que
haja ESPÍRITO SANTO (v. 2). Essa informação não era conhecida pelas Escrituras
do Antigo Testamento, claramente – há a promessa do derramar do ESPÍRITO SANTO
em Joel 2, por exemplo, e que essa promessa se cumpriria em seu devido tempo.
Davi declarou: "Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o
teu ESPÍRITO SANTO". Salmos 51:11.
A luz do
evangelho, como a luz da aurora, foi brilhando mais e mais, gradualmente (Pv
4.18). A descoberta de verdades ainda não ouvidas iluminou mais e desencadeou
mais informações a pessoas que nunca haviam ouvido falar sobre isso. Paulo foi
o instrumento de DEUS a trazer luz sobre o assunto, além dos apóstolos e
discípulos vários e sua experiência no Pentecostes, assim como nos muitos anos
subsequentes.
3. VEMOS AQUI
DOIS BATISMOS EM Atos 19.1-7 - NAS ÁGUAS E NO (OU COM O) ESPÍRITO SANTO.
Paulo
investigou como esses discípulos foram batizados, se eles nem tinham ouvido
falar sobre o ESPÍRITO SANTO.
O batismo nas
águas não teria sido efetuado erradamente se o ministrante Apolo já conhecesse
as doutrinas básicas do cristianismo e a ordem de JESUS a esse respeito -
"Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do
Filho, e do ESPÍRITO SANTO"; Mateus 28:19. O batismo de João é para
arrependimento e espera do messias (no caso ja tinha vindo, tinha agora que ser
crido pela fé).
Se eles
tivessem sido batizados pelos ministros de CRISTO, teriam sido informados a
respeito do ESPÍRITO SANTO e batizados em seu nome. A Ignorância por parte dos
discípulos não justificava a falta do batismo com o ESPÍRITO SANTO se o
ministrante Apolo estivesse cheio do ESPÍRITO SANTO e ministrasse-lhes o
batismo com o ESPÍRITO SANTO com a evidência do falar em línguas, pois Pedro ao
pregar sobre JESUS a Cornélio e seus parentes e amigos mais chegados, todos
foram cheios do ESPÍRITO SANTO e falaram em línguas -PEDRO NÃO LHES FALOU SOBRE
BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO, PORÉM O RECEBERAM. (E, dizendo Pedro ainda estas
palavras, caiu o ESPÍRITO SANTO sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis
que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se
de que o dom do ESPÍRITO SANTO se derramasse também sobre os gentios. Porque os
ouviam falar em línguas e magnificar a DEUS. Atos 10:44-46).
4. Esses
discípulos confessam que foram batizados no batismo de João – eis to Ioannou
baptisma (v. 3), ou seja, como entendo, eles foram batizados como João Batista
batizava, ou seja, para arrependimento de pecado e espera do Messias. Esse
batismo era para os judeus, antes do início do ministério de JESUS.
Assim,
por ignorância, num zelo cego pela doutrina de João, Apolo os batizou no
batismo de João.
5. Paulo
explica a esses discípulos a verdadeira intenção e significado do batismo de
João. Ou seja, para arrependimento e não para conversão a JESUS como único
Salvador e Senhor.
(1) O
apóstolo reconhece que o batismo de João foi uma coisa muito boa enquanto
vigorou: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento (v. 4). Por
meio desse batismo, ele exigiu que as pessoas se arrependessem dos seus muitos
pecados, os confessassem e deles se convertessem. E levar alguém até esse ponto
é alcançar grande vitória. Mas:
(2) O apóstolo
mostra para esses discípulos que o batismo de João tinha referência na espera
pelo Messias que agora já tinha vindo e morrera na cruz e ressuscitara.
Explica Paulo –
ele disse ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em JESUS
CRISTO (v. 4), que o batismo de arrependimento tinha o desígnio único de
preparar o caminho do Senhor e dispor as pessoas a receber alegremente JESUS
CRISTO, sobre quem ele pôs grandes expectativas e a quem se dirigiu: Eis o
Cordeiro de DEUS (Jo 1.39). “João foi um grande e bom homem, mas ele foi apenas
o arauto – JESUS CRISTO é o Príncipe, é o Senhor, é o salvador. O batismo de
João foi a varanda para vós passardes, não a casa para vós repousardes.
Portanto, foi totalmente errado vós serdes batizados no batismo de João.”
6. Quando Paulo
mostrou a esses discípulos o erro em que estavam, eles aceitaram de bom grado a
nova revelação e foram batizados em nome do Senhor JESUS (v. 5). Quanto a
Apolo, de quem se disse que conhecia somente o batismo de João (Atos 18.25),
ele entendeu corretamente o significado desse rito quando batizado, embora
conhecesse somente esse batismo. Contudo, quando compreendeu mais pontualmente
o caminho do Senhor (Atos 18.26) cremos que mudou seu parecer e proceder. Logo,
quando vieram a entender melhor as coisas, eles desejaram e foram batizados em
nome do Senhor JESUS, não em nome de Paulo ou de Apolo, ou de João, pois estes
só pregavam a respeito do verdadeiro salvador. Conclui-se, então, que não havia
uma correspondência entre o batismo de João e o batismo em nome de JESUS, e
que, em essência, eles não eram o mesmo. Se conclui que os que foram batizados
no batismo de João devem ser batizados de novo, agora, em nome de JESUS, ou
seja, na autoridade de JESUS, seguindo a fórmula estipulada pelo próprio JESUS:
"em nome do Pai, e do Filho, e do ESPÍRITO SANTO" (que é a forma
designada do batismo dos que se convertem a JESUS, Mt 28.19).
II
Como Paulo
ministrou o batismo com o ESPÍRITO SANTO a esses discípulos efésios (v. 6).
1. Paulo orou
solenemente para que DEUS desse a esses discípulos o batismo com o ESPÍRITO
SANTO. É o que significa a expressão impondo-lhes Paulo as mãos (v. 6), um
gesto que os patriarcas usavam para abençoar e sobretudo para transmitir a
grande custódia da promessa, como em Gênesis 48.14. Sendo o ESPÍRITO a grande
promessa do Novo Testamento, os apóstolos o transmitiam pela imposição de mãos:
“O Senhor te abençoe com aquela bênção, a bênção das bênçãos” (Is 44.3). (e
tomarás o azeite da unção e o derramarás sobre a sua cabeça; assim, o ungirás.
Êxodo 29:7; Então, lhes impuseram as mãos, e receberam o ESPÍRITO SANTO. Atos
8:17; e os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as
mãos. Atos 6:6; Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as
mãos, os despediram. Atos 13:3
2. DEUS
concedeu a bênção pela qual Paulo orou: Veio sobre eles o ESPÍRITO SANTO (v. 6)
de maneira inesperada e poderosa, e eles falavam línguas e profetizavam como
falaram os apóstolos e os primeiros convertidos gentios (Atos 10.44). Este fato
servia de introdução do evangelho em Éfeso e incutia na mente das pessoas a
expectativa de grandes coisas que viriam. Alguns estudiosos pensam que o
propósito era qualificar estes doze homens para a obra do ministério e que
esses doze foram os anciãos de Éfeso, a quem Paulo entregou o cuidado e governo
daquela igreja. Eles receberam o ESPÍRITO de profecia para que pudessem
transmitir os mistérios do Reino de DEUS. Que mudança maravilhosa ocorreu de
repente nestes homens! Ainda há pouco eles nem mesmo tinham ouvido que houvesse
o ESPÍRITO SANTO; mas agora estão cheios do ESPÍRITO SANTO.
Através Da
Bíblia Livro Por Livro - Myer Pearlman
Observem que
Paulo fez milagres especiais em Éfeso. Isto foi concedido a Paulo por ter sido
Éfeso o centro principal de idolatria na Asia. Era uma fortaleza dos poderes
das trevas. Por esta causa, DEUS conferiu ao Seu servo um poder adicional para
triunfar sobre Satanás. Alguns exorcistas profissionais (os que tinham a
profissão de expulsar demônios), procuraram usar esse nome através do qual
Paulo tinha efetuado milagres. Sofreram severamente pela sua temeridade. O seu
castigo ensinou aos efésios que o nome de JESUS era um nome poderoso e sagrado,
que não podia dele se abusar (19:17). Muitos fiéis ficaram impressionados com
este acontecimento e confessaram seus pecados, especialmente o de ocupar-se de
ciências ocultas, magia (vers. 18, 19): Seguiu-se um grande avivamento (v. 20).
Reparem que a visão missionária de Paulo está se ampliando. Deve pregar em Roma
(v. 21). Os versículos 23 a 41 registram um acontecimento que comprova, duma
maneira concreta, o êxito de Paulo em Éfeso. Deu um golpe tão forte nesta grande
fortaleza de Satanás, que a adoração de Diana estava diminuindo. Isto alarmou
aqueles que faziam ídolos, que então levantaram um tumulto contra Paulo.
Durante a sua
estada em Éfeso, Paulo escreveu a primeira epístola aos Coríntios
Comentário
Bíblico - Devocional (NT), Bíblia The Word
“Agora, pois,
irmãos, encomendo-vos a DEUS e à palavra da sua graça; a ele, que é poderoso
para vos edificar e dar herança entre todos os santificados” (Atos 20.32).
Dizer adeus se
torna mais fácil quando sabemos que DEUS estará com nossos entes queridos.
Contexto
Éfeso. A cidade
de Éfeso tinha sido um grande centro comercial, além do centro asiático do
culto religioso a Ártemis (Diana). Ao longo dos séculos, as áreas
arborizadas foram desmatadas, e o porto de Éfeso gradualmente se encheu de
sedimentos. Na época de Paulo, a economia de Éfeso dependia muito do
templo de Ártemis, que era considerado uma das maravilhas do mundo antigo.
O ministério de Paulo foi tão eficaz que os comerciantes que dependiam da
venda de medalhas religiosas e estatuetas viram seu negócio desmoronar
dramaticamente. O resultado foi uma intensa hostilidade contra Paulo e
sua mensagem.
Visão Geral
Em Éfeso, Paulo
falou sobre CRISTO e sobre o ESPÍRITO SANTO aos discípulos recém-convertidos
(19.1-7). O seu ministério de dois anos foi apoiado por milagres (w.
8-16), e rendeu tantos convertidos (w. 17-22) que ameaçou o
comércio que estava sediado no templo, dos artesãos de prata.
Os efésios se revoltaram (w. 23-41). Paulo revisitou as igrejas na
Macedônia (20.1-6). Em Trôade, Êutico morreu, e foi ressuscitado (w.
7-11). Paulo parou perto de Éfeso, e se despediu, pela última
vez, dos anciãos daquela igreja (w. 12-38).
Entendendo o
Texto
“O batismo de
João” (Atos 19:1-7). Décadas depois da morte de JESUS, havia judeus no Império
Romano que sabiam de João Batista e aceitavam a sua mensagem, mas não
tinham ouvido falar de JESUS. Não havia meios de comunicação em massa: a
informação era transmitida oralmente. Os 12 judeus que Paulo encontrou
quando chegou a Éfeso tinham se convertido através de Apolo.
O seu
comprometimento foi real quando ouviram falar de JESUS e creram no
evangelho.
Esse é o
terceiro caso “incomum” no livro de Atos de recebimento do batismo no ESPÍRITO
SANTO. Aqui, como em Samaria, aconteceu pela imposição de mãos. Aqui como
em todas as partes como na casa de Cornélio o batismo no ESPÍRITO SANTO foi
marcado pelo falar em línguas. Por que aqui? Talvez pela mesma razão por
que o ministério de Paulo em Éfeso foi marcado por inúmeros
milagres “incomuns”. Éfeso era um centro de atividade sobrenatural
maligna. DEUS, por intermédio de Paulo, demonstraria a verdadeira sobrenatural
idade. De vez em quando, o incomum marca a nossa experiência cristã.
Devemos esperar sinais sobrenaturais todos os dias de nossa vida. São
sobrenaturais. - Disse-lhe JESUS: Não te hei dito que, se creres, verás a
glória de DEUS? João 11:40 - O ESPÍRITO SANTO é quem dá poder para que
aconteçam sinais, prodígios e maravilhas e ELE mora em nós.
“Na escola de
um certo Tirano” (Atos 19:8-10). Muitos comentaristas acreditam que Tirano
alugava a sua sala de conferências para professores itinerantes, para
palestras públicas. As palestras e discussões diárias de Paulo alcançavam
“todos os que habitavam na Ásia, tanto judeus como gregos” (v. 10).
Paulo sempre
encontrava uma maneira de alcançar o povo. Nós também podemos. Iniciei um culto
aos sábados em frente a empresa onde trabalhava que durou 23 anos, muitas vidas
ali foram salvas.
“DEUS, pelas
mãos de Paulo, fazia maravilhas extraordinárias” (Atos 19.11-20). A prática de
magia era comum no século I, em especial no centro de cultos de Éfeso, assim
como hoje. O objetivo da magia era manipular supostos poderes
sobrenaturais para proteger o indivíduo, ou obter alguma vantagem sobre
outra pessoa. Por todos os lados os milagres “extraordinários” operaram
através de Paulo.
DEUS com
frequência decide satisfazer os seres humanos onde eles se encontram. Na
intelectual Atenas, Paulo fez uma defesa filosófica da fé. Em Éfeso, onde
reinavam a prática de magia e a superstição, foram realizados milagres. Em
qualquer terreno onde Satanás decida guerrear, a sua derrota é certa.
Comentários da
Bíblia Diário Vivir (ESP)
19.1 Éfeso era
a capital e o centro comercial principal da província romana da Ásia (parte da
Turquia hoje). Centro de transporte marítimo e terrestre, ao mesmo tempo da
Antióquia em Síria e Alexandria no Egito, era uma das grandes cidades no
Mediterrâneo. Paulo permaneceu pouco mais de dois anos em Éfeso. Dali escreveu
sua primeira carta aos Coríntios para enfocar diferentes problemas que
enfrentavam. Mais tarde, durante sua prisão em Roma, Paulo escreveu uma carta à
igreja no Éfeso (a epístola aos Efésios).
AQUILA,
PRISCILA
Alguns casais
sabem como obter o máximo de sua vida. complementam-se um ao outro, utilizam as
virtudes uns dos outros e formam uma equipe efetiva. Seus esforços unidos
impactam a quem está a seu redor. Aquila e Priscila eram desse tipo de casal.
Nunca lhes menciona separados na Bíblia. No matrimônio e no ministério,
estiveram sempre juntos.
Priscila e
Aquila se encontraram com Paulo em Corinto, enquanto o apóstolo realizava sua
segunda viagem missionária. Acabavam de serem expulsos de Roma pelo decreto do
imperador Claudio César contra os judeus. Seu lar era tão mutável como as
tendas que faziam para manter-se. Abriram seu lar a Paulo, quem colaborou com
eles na fabricação de tendas. Paulo lhes abriu seu coração, lhes ensinando sua
riqueza e sabedoria espiritual.
Priscila e
Aquila fizeram de sua educação espiritual o melhor. Escutaram com atenção os
sermões e os avaliavam. Quando ouviram Apolo falar, impressionou-lhes sua
habilidade na oratória, mas chegaram à conclusão de que o conteúdo de sua
mensagem não era completa. Em lugar de ter uma confrontação aberta, o casal
convidou privadamente Apolo a seu lar e lhe instruíram o que precisava saber.
Até então, Apolo sabia o que João o Batista disse em sua mensagem a respeito de
CRISTO somente. Priscila e Aquila lhe falaram da vida de JESUS, sua morte e
ressurreição, e a realidade da presença do ESPÍRITO SANTO e seu poder. Apolo
continuou pregando, mas agora com a história completa.
Priscila e
Aquila seguiram usando seu lar como um lugar agradável de pregação e louvor. De
retorno a Roma, muitos anos depois, auspiciaram uma das Igrejas nos lares que
se desenvolveram.
Em uma época em
que o enfoque está principalmente no que acontece entre marido e esposa, Aquila
e Priscila são um exemplo do que pode ocorrer na obra realizada pela esposa e o
marido. Sua unidade eficaz fala da relação entre um e outro. Sua hospitalidade
abriu a porta de salvação a muitos. O lar cristão é ainda uma das melhores
ferramentas para difundir o evangelho. Acham seus convidados a CRISTO em seu
lar?
Versículos
chave :
"Saúdem a
Priscila e a Aquila, meus colaboradores em CRISTO JESUS, que expuseram sua vida
por mim; aos quais não só eu sou grato, mas também todas as Igrejas dos
gentios" (Rom 16:3-4).
Sua história se
narra em Atos 18.2, 18, 26. Também se mencionam em Rom 16:3-5; 1Co 16:19; 2Tm
4:19.
19.2-4 O
batismo do João foi um sinal de arrependimento de pecados e preparação para a
vinda de CRISTO. Como Apolo (18.24-26), estes crentes efésios necessitavam de
mais informação quanto à mensagem e o ministério do JESUS CRISTO, além do
ministério do ESPÍRITO SANTO. Pela fé acreditavam em JESUS como o Messias, mas
não entendiam o significado da morte e ressurreição de CRISTO nem a obra do
ESPÍRITO SANTO. Ser cristão envolve mudança de atitude (arrependimento) e
voltar-se para CRISTO (fé). Experiência com o ESPÍRITO SANTO. Estes crentes
estavam incompletos.
Segundo o livro
de Atos, os crentes receberam o ESPÍRITO SANTO de diversas formas. O ESPÍRITO
SANTO enchia a uma pessoa assim que professava sua fé em CRISTO, como no caso
de Cornélio e sua família e amigos. Neste caso em Atos 19, entretanto, DEUS
permitiu que fora depois porque o conhecimento destes discípulos era
incompleto. A plenitude do ESPÍRITO SANTO lhes confirmou como crentes sinceros
e fiéis.
O Pentecostes
foi o derramamento formal do ESPÍRITO SANTO na Igreja. Outros derramamentos no
livro de Atos foram usados para acrescentar novos membros à igreja. O sinal da
verdadeira igreja não é simplesmente a boa doutrinas e as boas ações, também
existe a obra do ESPÍRITO SANTO.
Paulo EMPREENDE
UMA TERCEIRA VIAGEM : Assim que Paulo teve a oportunidade, empreendeu sua
terceira viagem, inquietado talvez por algum mal-entendido entre as Igrejas
fundadas. Pressuroso foi ao norte, logo ao oeste, voltando pelas cidades que
antes visitou. Nesta oportunidade, entretanto, seguiu em forma mais direta a
rota oeste para o Éfeso.
19.6 Quando
Paulo impôs suas mãos sobre estes discípulos, estes receberam o batismo com o
ESPÍRITO SANTO da mesma forma que os discípulos no Pentecostes. Isto também
aconteceu quando o ESPÍRITO SANTO veio aos gentis (não judeus, veja-se Atos
10.45-47, na casa de Cornélio).
Os 12
discípulos (19.1-7) - Comentário - NVI (FFBruce)
Paulo nas
“regiões altas” (v. 1). V. comentários de 18.23 e 16.6-8. O termo se harmoniza
bem com a suposição de que algumas igrejas haviam sido organizadas nas
montanhas da Galácia. Gostaríamos tanto de saber mais a respeito desses
meses atribulados que Lucas resume em algumas palavras!
O grupo em
Éfeso (v. 1-7). Os 12 discípulos não puderam estar em contato com Áquila e
Priscila e os “irmãos” em Éfeso, ou não se teria chegado às condições
descritas. Como no caso de Apolo, esses homens tinham ouvido de JESUS,
tinham sido batizados com o batismo de arrependimento, mas não haviam sido
informados da manifestação do ESPÍRITO SANTO no cenáculo, em Jerusalém. Uma
corrente separada e antiga de testemunho, provavelmente, provinha
da Galileia. A pergunta de Paulo: "Vocês receberam o ESPÍRITO
SANTO quando creram"? mostra que ele esperava que os discípulos
tivessem recebido o batismo no ESPÍRITO SANTO e falado em línguas. A
resposta (v. 2) indica que os discípulos nada sabiam a respeito do batismo
no ESPÍRITO SANTO (com a evidência do falar em línguas), também não sabiam da
promessa de JESUS sobre esta dádiva do ESPÍRITO SANTO. O significado da
“imposição de mãos” corresponde estreitamente ao de 8.17 e, de acordo com o
seu significado fundamental de identificação, denota o fechamento de uma
brecha entre uma posição incompleta e a autoridade apostólica, assim
alinhando-a com ela.
ESTUDOS BEP -
CPAD SOBRE O ESPÍRITO SANTO
O BATISMO NO
ESPÍRITO SANTO
At 1.5 “Porque,
na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o ESPÍRITO
SANTO, não muito depois destes dias.”
Uma das
doutrinas principais das Escrituras é o batismo no ESPÍRITO SANTO. A respeito
do batismo no ESPÍRITO SANTO, a Palavra de DEUS ensina o seguinte:
O batismo no
ESPÍRITO é para todos que professam sua fé em CRISTO; que nasceram de novo, e,
assim, receberam o ESPÍRITO SANTO para neles habitar. Um dos alvos principais
de CRISTO na sua missão terrena foi batizar seu povo no ESPÍRITO (Mt 3.11; Mc
1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Ele ordenou aos discípulos não começarem a testemunhar
até que fossem batizados no ESPÍRITO SANTO e revestidos do poder do alto (Lc
24.49; At 1.4.5.8).
O batismo no
ESPÍRITO SANTO é uma obra distinta e à parte da regeneração, também por Ele
efetuada. Assim como a obra santificadora do ESPÍRITO é distinta e completiva
em relação à obra regeneradora do mesmo ESPÍRITO, assim também o batismo no
ESPÍRITO complementa a obra regeneradora e santificadora do ESPÍRITO. No mesmo
dia em que JESUS ressuscitou, Ele assoprou sobre seus discípulos e disse:
“Recebei o ESPÍRITO SANTO” (Jo 20.22), indicando que a regeneração e a nova
vida estavam-lhes sendo concedidas. Depois, Ele lhes disse que também deviam
ser “revestidos de poder” pelo ESPÍRITO SANTO (Lc 24.49; cf. At 1.5,8).
Portanto, este batismo é uma experiência subsequente à regeneração (ver 11.17;
19.6).
Ser batizado no
ESPÍRITO significa experimentar a plenitude do ESPÍRITO, (cf. 15; 2.4). Este
batismo teria lugar somente a partir do dia de Pentecoste. Quanto aos que foram
cheios do ESPÍRITO SANTO antes do dia de Pentecoste (e.g. Lc 1.15,67), Lucas
não emprega a expressão “batizados no ESPÍRITO SANTO”. Este evento só ocorreria
depois da ascensão de CRISTO (1.2-5; Lc 24.49-51, Jo 16.7-14).
O livro de Atos
descreve o falar noutras línguas como o sinal inicial do batismo no ESPÍRITO
SANTO (2.4; 10.45,46; 19.6).
O batismo no
ESPÍRITO SANTO outorgará ao crente ousadia e poder celestial para este realizar
grandes obras em nome de CRISTO e ter eficácia no seu testemunho e pregação
(cf. 18; 2.14-41; 4.31; 6.8; Rm 15.18,19; 1Co 2.4). Esse poder não se trata de
uma força impessoal, mas de uma manifestação do ESPÍRITO SANTO, na qual a
presença, a glória e a operação de JESUS estão presentes com seu povo (Jo
14.16-18; 16.14; 1Co 12.7).
Outros
resultados do genuíno batismo no ESPÍRITO SANTO são: (a) mensagens proféticas e
louvores (2.4, 17; 10.46; 1Co 14.2,15); (b) maior sensibilidade contra o pecado
que entristece o
ESPÍRITO SANTO,
uma maior busca da retidão e uma percepção mais profunda do juízo divino contra
a impiedade (ver Jo 16.8; At 1.8); (c) uma vida que glorifica a JESUS CRISTO
(Jo 16.13,14; At; (d) visões da parte do ESPÍRITO (2.17); (e) manifestação dos
vários dons do ESPÍRITO SANTO (1Co 12.4-10); (f) maior desejo de orar e
interceder (2.41,42; 3.1; 4.23-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26); (g) maior amor à
Palavra de DEUS e melhor compreensão dela (Jo 16.13; At 2.42) e (h) uma
convicção cada vez maior de DEUS como nosso Pai (At 1.4; Rm 8.15; Gl 4.6).
A Palavra de
DEUS cita várias condições prévias para o batismo no ESPÍRITO SANTO. (a)
Devemos aceitar pela fé a JESUS CRISTO como Senhor e Salvador e apartar-nos do
pecado e do mundo (2.38-40; 8.12-17). Isto importa em submeter a DEUS a nossa
vontade (“àqueles que lhe obedecem”. Devemos abandonar tudo o que ofende a
DEUS, para então podermos ser “vaso para honra, santificado e idôneo para o uso
do Senhor” (2Tm 2.21). (b) É preciso querer o batismo. O crente deve ter grande
fome e sede pelo batismo no ESPÍRITO SANTO (Jo 7.37-39; cf. Is 44.3; Mt 5.6;
6.33).
Muitos recebem
o batismo como resposta à oração neste sentido (Lc 11.13; At 1.14; 2.1-4; 4.31;
8.15,17). (d) Devemos esperar convictos que DEUS nos batizará no ESPÍRITO SANTO
(Mc 11.24; At
1.4,5).
O batismo no
ESPÍRITO SANTO permanece na vida do crente mediante a oração (4.31), o
testemunho (4.31, 33), a adoração no ESPÍRITO (Ef 5.18,19) e uma vida
santificada (ver Ef 5.18). Por mais poderosa que seja a experiência inicial do
batismo no ESPÍRITO SANTO sobre o crente, se ela não for expressa numa vida de
oração, de testemunho e de santidade, logo se tornará numa glória desvanecente.
O batismo no
ESPÍRITO SANTO ocorre uma só vez na vida do crente e move-o à consagração à
obra de DEUS, para, assim, testemunhar com poder e retidão. A Bíblia fala de
renovações posteriores ao batismo inicial do ESPÍRITO SANTO (ver 4.31; cf. 2.4;
4.8, 31; 13.9; Ef 5.18). O batismo no ESPÍRITO, portanto, conduz o crente a um
relacionamento com o ESPÍRITO, que deve ser renovado (4.31) e conservado (Ef
5.18).
A DOUTRINA DO
ESPÍRITO SANTO
At 5.3,4
“Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que
mentisses ao ESPÍRITO SANTO e retivesses parte do preço da herdade?
Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que
formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a DEUS.”
É essencial que
os crentes reconheçam a importância do ESPÍRITO SANTO no plano divino da
redenção. Sem a presença do ESPÍRITO SANTO neste mundo, não haveria a criação,
o universo, nem a raça humana (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30). Sem o
ESPÍRITO SANTO, não teríamos a Bíblia (2Pe 1.21), nem o NT (Jo 14.26, 1Co 2.10)
e nenhum poder para proclamar o evangelho (1.8). Sem o ESPÍRITO SANTO, não
haveria fé, nem novo nascimento, nem santidade e nenhum cristão neste mundo.
Este estudo examina alguns dos ensinamentos básicos a respeito do ESPÍRITO
SANTO.
A PESSOA DO
ESPÍRITO SANTO. Através da Bíblia, o ESPÍRITO SANTO é revelado como Pessoa, com
sua própria individualidade (2Co 3.17,18; Hb 9.14; 1Pe 1.2). Ele é uma Pessoa
divina como o Pai e o Filho (5.3,4). O ESPÍRITO SANTO não é mera influência ou
poder. Ele tem atributos pessoais, a saber: Ele pensa (Rm 8.27), sente (Rm
15.30), determina (1Co 12.11) e tem a faculdade de amar e de deleitar-se na
comunhão. Foi enviado pelo Pai para levar os crentes à íntima presença e
comunhão com JESUS (Jo 14.16-18,26). À luz destas verdades, devemos tratá-lo
como pessoa, que é, e considerá-lo DEUS vivo e infinito em nosso coração, digno
da nossa adoração, amor e dedicação (ver Mc 1.11 a Trindade).
A OBRA DO
ESPÍRITO SANTO. (1) A revelação do ESPÍRITO SANTO no AT. (2) A revelação do
ESPÍRITO SANTO no NT. (a) O ESPÍRITO SANTO é o agente da salvação. Nisto Ele
convence-nos do pecado (Jo 16.7,8), revela-nos a verdade a respeito de JESUS
(Jo 14.16,26), realiza o novo nascimento (Jo 3.3-6), e faz-nos membros do corpo
de CRISTO (1Co). Na conversão, nós, crendo em CRISTO, recebemos o ESPÍRITO
SANTO (Jo 3.3-6; 20.22) e nos tornamos coparticipantes da natureza divina (2Pe
1.4). (b) O ESPÍRITO SANTO é o agente da nossa santificação. Na conversão, o
ESPÍRITO passa a habitar no crente, que começa a viver sob sua influência
santificadora (Rm 8.9; 1Co 6.19). Note algumas das coisas que o ESPÍRITO SANTO
faz, ao habitar em nós. Ele nos santifica, i.e., purifica, dirige e leva-nos a
uma vida santa, libertando-nos da escravidão ao pecado (Rm 8.2-4; Gl 5.16,17;
2Ts 2.13). Ele testifica que somos filhos de DEUS (Rm 8.16), ajuda-nos na
adoração a DEUS (At 10.45,46; Rm 8.26,27) e na nossa vida de oração, e
intercede por nós quando clamamos a DEUS (Rm 8.26,27). Ele produz em nós as
qualidades do caráter de CRISTO, que O glorificam (Gl 5.22,23; 1Pe). Ele é o
nosso mestre divino, que nos guia em toda a verdade (Jo 16.13; 14.26; 1Co
2.10-16) e também nos revela JESUS e nos guia em estreita comunhão e união com
Ele (Jo 14.16-18; 16.14). Continuamente, Ele nos comunica o amor de DEUS (Rm
5.5) e nos alegra, consola e ajuda (Jo 14.16; 1Ts 1.6). (c) O ESPÍRITO SANTO é
o agente divino para o serviço do Senhor, revestindo os crentes de poder para
realizar a obra do Senhor e dar testemunho dEle. Esta obra do ESPÍRITO SANTO
relaciona-se com o batismo ou com a plenitude do ESPÍRITO. Quando somos
batizados no ESPÍRITO, recebemos poder para testemunhar de CRISTO e trabalhar
de modo eficaz na igreja e diante do mundo (1.8). Recebemos a mesma unção
divina que desceu sobre CRISTO (Jo 1.32,33) e sobre os discípulos (2.4; ver
1.5), e que nos capacita a proclamar a Palavra de DEUS (1.8; 4.31) e a operar
milagres (2.43; 3.2-8; 5.15; 6.8; 10.38). O plano de DEUS é que todos os
cristãos atuais recebam o batismo no ESPÍRITO SANTO (2.39). Para realizar o
trabalho do Senhor, o ESPÍRITO SANTO outorga dons espirituais aos fiéis da
igreja para edificação e fortalecimento do corpo de CRISTO (1Co 12—14). Estes
dons são uma manifestação do ESPÍRITO através dos santos, visando ao bem de
todos (1Co 12.7-11). (d) O ESPÍRITO SANTO é o agente divino que batiza ou
implanta os crentes no corpo único de CRISTO, que é sua igreja (1Co 12.13) e
que permanece nela (1Co 3.16), edificando-a (Ef 2.22), e nela inspirando a
adoração a DEUS (Fp 3.3), dirigindo a sua missão (13.2,4), escolhendo seus
obreiros (20.28) e concedendo-lhe dons (1Co 12.4-11), escolhendo seus
pregadores (2.4; 1Co 2.4), resguardando o evangelho contra os erros (2Tm 1.14)
e efetuando a sua retidão (Jo 16.8; 1Co 3.16; 1Pe 1.2).
As diversas
operações do ESPÍRITO são complementares entre si, e não contraditórias. Ao
mesmo tempo, essas atividades do ESPÍRITO SANTO formam um todo, não havendo
plena separação entre elas. Alguém não pode ter (a) a nova vida total em
CRISTO, (b) um santo viver, (c) o poder para testemunhar do Senhor ou (d) a
comunhão no seu corpo, sem exercitar estas quatro coisas. Por exemplo: uma
pessoa não pode conservar o batismo no ESPÍRITO SANTO se não vive uma vida de
retidão, produzida pelo mesmo ESPÍRITO, que também quer conduzir esta mesma
pessoa no conhecimento das verdades bíblicas e sua obediência às mesmas.
PROVAS DO
GENUÍNO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
At 10.44,45 “E,
dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o ESPÍRITO SANTO sobre todos os que
ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham
vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO SANTO se derramasse
também sobre os gentios.”
As Escrituras
ensinam que o crente deve examinar e provar tudo o que se apresenta como sendo
da parte de DEUS (1Ts 5.21; cf. 1Co 14.29). “Amados, não creiais em todo
espírito, mas provai se os espíritos são de DEUS” (1Jo 4.1). Seguem-se alguns
princípios bíblicos para provar ou testar se é de DEUS um caso declarado de
batismo no ESPÍRITO SANTO.
O autêntico
batismo no ESPÍRITO SANTO levará a pessoa a amar, exaltar e glorificar a DEUS
Pai e ao Senhor JESUS CRISTO mais do que antes (ver Jo 16.13,14; At 2.11,36;
10.44-46).
O verdadeiro
batismo no ESPÍRITO SANTO aumentará a convicção da nossa filiação com o Pai
celestial (1.4; Rm 8.15,16), levará a uma maior percepção da presença de CRISTO
em nossa vida diária (Jo 14.16, 23; 15.26) e aumentará o clamor da alma “Aba,
Pai”! (Rm 8.15; Gl 4.6). Por sua vez, um batismo no ESPÍRITO SANTO que não leva
a uma maior comunhão com CRISTO e a uma mais intensa comunhão com DEUS como
nosso Pai não vem dEle.
O real batismo
no ESPÍRITO SANTO aumentará nosso amor e apreço pelas Escrituras. O ESPÍRITO da
verdade (Jo 14.17), que inspirou as Escrituras (2Tm 3.16; 2Pe 1.20,21),
aprofundará nosso amor à verdade da Palavra de DEUS (Jo 16.13; At 2.42; 3.22;
1Jo 4.6). Por outro lado, qualquer suposto batismo no ESPÍRITO que diminui
nosso interesse em ler a Palavra de DEUS e cumpri-la, não provém de DEUS.
O real batismo
no ESPÍRITO SANTO aprofundará nosso amor pelos demais seguidores de CRISTO e a
nossa preocupação pelo seu bem-estar (2.38, 44-46; 4.32-35). A comunhão e
fraternidade cristãs, de que nos fala a Bíblia, somente podem existir através
do ESPÍRITO (2Co 13.13).
O genuíno
batismo no ESPÍRITO SANTO deve ser precedido de abandono do pecado e de
completa obediência a CRISTO (2.38). Ele será conservado quando continuamos na
santificação do ESPÍRITO SANTO (2.40; 2Ts 2.13; Rm 8.13; Gl 5.16,17). Daí,
qualquer suposto batismo, em que a pessoa não foi liberta do pecado,
continuando a viver segundo a vontade da carne, não pode ser atribuído ao
ESPÍRITO SANTO (2.40; 8.18-21; Rm 8.2-9). Qualquer poder sobrenatural manifesto
em tal pessoa trata-se de atividade enganadora de Satanás (cf. Sl 5.4,5).
O real batismo
no ESPÍRITO SANTO fará aumentar o nosso repúdio às diversões pecaminosas e
prazeres ímpios deste mundo, refreando-nos a busca egoísta de riquezas e
honrarias terrenas (20.33; 1Co 2.12; Rm 12.16; Pv 11.28).
O genuíno
batismo no ESPÍRITO SANTO nos trará mais desejo e poder para testemunhar da
obra redentora do Senhor JESUS CRISTO (ver Lc 4.18; At 1.8; 2.38-41; 4.8-20; Rm
9.1-3; 10.1). Inversamente, qualquer suposto batismo no ESPÍRITO que não
resulte num desejo mais intenso de ver os outros salvos por CRISTO, não provém
de DEUS (ver 4.20).
O genuíno
batismo no ESPÍRITO SANTO deve despertar em nós o desejo de uma maior operação
sua no reino de DEUS, e também uma maior operação de seus dons em nossa vida.
As línguas como evidência inicial do batismo devem motivar o crente a
permanecer na esfera dos dons espirituais (2.4, 43; 430; 5.12-16; 68; 87; Gl
3.5).
O autêntico
batismo no ESPÍRITO SANTO tornará mais real a obra, a direção e a presença do
ESPÍRITO SANTO em nossa vida diária. Depois de batizados no ESPÍRITO SANTO, os
crentes de Atos tornaram-se mais cônscios da presença, poder e direção do
ESPÍRITO SANTO (4.31; 6.5; 9.31; 10.19; 13.2, 4, 52; 15.28; 16.6,7; 20.23).
Inversamente, qualquer suposto batismo no ESPÍRITO SANTO que não aumentar a
nossa consciência da presença do ESPÍRITO SANTO, nem aumentar o nosso desejo de
obedecer à sua orientação, nem reafirmar o nosso alvo de viver diante dEle de
tal maneira a não o entristecer nem suprimir o seu fervor, não provém de DEUS.
O FALAR EM
LÍNGUAS
At 2.4 “E todos
foram cheios do ESPÍRITO SANTO e começaram a falar em outras línguas, conforme
o ESPÍRITO SANTO lhes concedia que falassem.”
O falar noutras
línguas, ou a glossolália (gr. glossais lalo), era entre os crentes do NT, um
sinal da parte de DEUS para evidenciar o batismo no ESPÍRITO SANTO (ver 2.4;
10.45-47; 19.6). Esse padrão bíblico para o viver na plenitude do ESPÍRITO
continua o mesmo para os dias de hoje.
O VERDADEIRO
FALAR EM LÍNGUAS. (1) As línguas como manifestação do ESPÍRITO. Falar noutras
línguas é uma manifestação sobrenatural do ESPÍRITO SANTO, i.e., uma expressão
vocal inspirada pelo ESPÍRITO, mediante a qual o crente fala numa língua (gr.
glossa) que nunca aprendeu (2.4; 1Co 14.14,15). Estas línguas podem ser
humanas, i.e., atualmente faladas (2.6), ou desconhecidas na terra (cf. 1Co
13.1). Não é “fala extática”, como algumas traduções afirmam, pois a Bíblia
nunca se refere à “expressão vocal extática” para referir-se ao falar noutras
línguas pelo ESPÍRITO.
Línguas como
sinal externo inicial do batismo no ESPÍRITO SANTO. Falar noutras línguas é uma
expressão verbal inspirada, mediante a qual o espírito do crente e o ESPÍRITO
SANTO se unem no louvor e/ou profecia. Desde o início, DEUS vinculou o falar
noutras línguas ao batismo no ESPÍRITO SANTO (2.4), de modo que os primeiros
120 crentes no dia do Pentecoste, e os demais batizados a partir de então,
tivessem uma confirmação física de que realmente receberam o batismo no
ESPÍRITO SANTO (cf. 10.45,46). Desse modo, essa experiência podia ser
comprovada quanto a tempo e local de recebimento. No decurso da história da
igreja, sempre que as línguas como sinal foram rejeitadas, ou ignoradas, a
verdade e a experiência do Pentecoste foram distorcidas, ou totalmente suprimidas.
As línguas como
dom. Falar noutras línguas também é descrito como um dos dons concedidos ao
crente pelo ESPÍRITO SANTO (1Co 12.4-10). Este dom tem dois propósitos
principais: (a) O falar noutras línguas seguido de interpretação, também pelo
ESPÍRITO, em culto público, como mensagem verbal à congregação para sua
edificação espiritual (1Co 14.5,6,13-17). (b) O falar noutras línguas pelo
crente para dirigir-se a DEUS nas suas devoções particulares e, deste modo,
edificar sua vida espiritual (1Co 14.4). Significa falar ao nível do espírito
(14.2,14), com o propósito de orar, dar graças (14.16,17) ou cantar (14.15; ver
1Co 14).
OUTRAS LÍNGUAS,
PORÉM, FALSAS. O simples fato de alguém falar “noutras línguas”, ou exercitar
outra manifestação sobrenatural não é evidência irrefutável da obra e da
presença do ESPÍRITO SANTO. O ser humano pode imitar as línguas estranhas como
o fazem os demônios. A Bíblia nos adverte a não crermos em todo espírito, e
averiguarmos se nossas experiências espirituais procedem realmente de DEUS (ver
1Jo 4.1).
Somente devemos
aceitar as línguas se elas procederem do ESPÍRITO SANTO, como em 2.4. Esse
fenômeno, segundo o livro de Atos, deve ser espontâneo e resultado do
derramamento inicial do ESPÍRITO SANTO. Não é algo aprendido, nem ensinado,
como por exemplo instruir crentes a pronunciar sílabas sem nexo.
O ESPÍRITO
SANTO nos adverte claramente que nestes últimos dias surgirá apostasia dentro
da igreja (1Tm 4.1,2); sinais e maravilhas operados por Satanás (Mt 7.22,23;
cf. 2Ts 2.9) e obreiros fraudulentos que fingem ser servos de DEUS (2Pe 2.1,2).
Se alguém
afirma que fala noutras línguas, mas não é dedicado a JESUS CRISTO, nem aceita
a autoridade das Escrituras, nem obedece à Palavra de DEUS, qualquer
manifestação sobrenatural que nele ocorra não provém do ESPÍRITO SANTO (1 Jo
3.6-10; 4.1-3; cf. Gl 1.9; Mt 24.11-24, Jo8.31).
PNEUMATOLOGIA
ÍNDICE
I. A NATUREZA
DO ESPÍRITO SANTO
1. A
Personalidade do ESPÍRITO SANTO
2. Nomes
Divinos São Dados ao ESPÍRITO SANTO
3. Símbolos do
ESPÍRITO SANTO
II. A OBRA DO
ESPÍRITO SANTO
1. O ESPÍRITO
SANTO na Criação
2. O ESPÍRITO
SANTO Antes do Dilúvio
3. O ESPÍRITO
SANTO nos Líderes do Antigo Testamento
4. O ESPÍRITO
SANTO em João Batista
5. O ESPÍRITO
SANTO em CRISTO
6. O ESPÍRITO
SANTO em Relação ao Crente
III. O BATISMO
COM O ESPÍRITO SANTO
1. O Dia de
Pentecoste
2. Para Quem é
a Promessa?
3. A Natureza
Deste Batismo
4. Evidência do
Batismo com o ESPÍRITO SANTO
IV. OS DONS DO
ESPÍRITO SANTO
1. Os Dons do
ESPÍRITO SANTO em 1 Coríntios
2.
Classificação dos Dons Espirituais
3. Dons de
Revelação
4. Dons de
Poder
5. Dons de
Inspiração
INTRODUÇÃO
Por muitos
anos, principalmente nos anos anteriores ao despertamento pentecostal iniciado
no começo deste Século, o ESPÍRITO SANTO era a Pessoa menos conhecida dentre as
Pessoas da Santíssima Trindade. Porém, com o surgimento do Movimento
Pentecostal, quando DEUS fez soprar o vento do seu ESPÍRITO em maior profusão,
o ESPÍRITO SANTO veio a conquistar no conceito cristão a sua verdadeira
posição em relação ao Pai e ao Filho.
A despeito de
tudo isto, no entanto, reconhecemos haver muito erro e confusão em nossos dias
no tocante à personalidade, operações e manifestações do ESPÍRITO SANTO.
Eruditos, conscientes, mas equivocados, têm sustentado pontos de vista errôneos
e contrários às Escrituras a respeito desse singular personagem da Trindade
Divina. É vital, portanto, para a fé de todo crente sincero, que o ensino
bíblico a respeito do ESPÍRITO SANTO seja mantido em bases seguras e em suas
corretas proporções. Só assim serão evitados os extremos quanto ao assunto:
evitando ou dando ênfase demasiada e até antibíblica à Pessoa e obra do
ESPÍRITO SANTO.
I. A NATUREZA
DO ESPÍRITO SANTO
A natureza do
ESPÍRITO SANTO se evidencia através da sua personalidade singular, da sua
divindade, dos seus nomes e símbolos conforme revelam o Antigo e o Novo
Testamento.
1. A
Personalidade do ESPÍRITO SANTO
A Bíblia
apresenta o ESPÍRITO SANTO como um Ser dotado de personalidade, isto é, que
possui ou contém em si mesmo os elementos de existência pessoal, em contraste
com a existência impessoal (Teologia Elementar – Imprensa Batista –Pág. 163).
Pode-se dizer
que a personalidade existe quando se encontram em uma única combinação,
inteligência, emoção e volição, ou ainda autoconsciência e autodeterminação.
Deste modo, ao usarmos o termo "pessoa", aplicando-o aos membros da
Trindade, deve ser entendido em sentido qualitativo ou limitado, e não em
organismos separados, confundindo-o com corporalidade, conforme usamos o termo
em relação ao homem.
A Bíblia mostra
a personalidade do ESPÍRITO SANTO quando diz que:
Ele cria e dá
vida (Jó 33.4).
Ele nomeia e
comissiona ministros (Is 48.16; At 13.2; 20.28).
Ele dirige onde
os ministros devem pregar (At 16.6,7).
Ele instrui o
que os ministros devem pregar (1 Co 2.14).
Ele falou
através dos profetas (At 1.16; 1 Pd 1.11,12; 2 Pd 1.21).
Ele contende
com os pecadores (Gn 6.3).
Ele reprova (Jo
16.8).
Ele consola (At
9.31).
Ele nos ajuda
em nossas fraquezas (Rm 8.26).
Ele ensina (Jo
14.26; 1 Co 12.3).
Ele guia (Jo
16.13).
Ele santifica
(Rm 15.16; 1 Co 6.11).
Ele testifica
de CRISTO (JO 15.26).
Ele glorifica a
CRISTO (Jo 16.14).
Ele tem poder
próprio (Rm 15.13).
Ele sonda tudo
(Rm 11.33,34; 1 Co 10,11).
Ele age segundo
a sua vontade (1 Co 12.11).
Ele habita com
os santos (Jo 14.17).
Ele pode ser
entristecido (Ef 4.30).
Ele pode ser
envergonhado (Is 63.10).
Ele pode sofrer
resistência (At 7.51).
Ele pode ser
tentado (At 5.9).
2.Nomes Divinos
São Dados ao ESPÍRITO SANTO
O ESPÍRITO
SANTO é chamado DEUS: "Então disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás
teu coração, para que mentisses ao ESPÍRITO SANTO?... Não mentiste aos homens,
mas a DEUS" (At 5.3,4).
O ESPÍRITO
SANTO também é chamado SENHOR: "E todos nós com o rosto desvendado,
contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de
glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o ESPÍRITO" (2
Co 3.18).
Além de nomes,
o ESPÍRITO SANTO detém atributos divinos, como:
Eternidade (Hb
9.14).
Onipresença (Sl
139.7-70).
Onipotência (Lc
1.35).
Onisciência (1
Co 2.10).
Outra
incontestável prova da divindade do ESPÍRITO SANTO é que Ele realiza trabalhos
exclusivos de DEUS. Por exemplo:
Foi o ESPÍRITO
SANTO quem comunicou vida à criação (Gn 1.2).
É o ESPÍRITO
SANTO quem transforma o homem pecador em uma nova criatura, por meio do novo
nascimento (Jo 3.3-8).
Foi o ESPÍRITO
SANTO quem levantou a CRISTO da morte, mediante a ressurreição (Rm 8.11).
No decorrer de
toda a Escritura, o ESPÍRITO SANTO é chamado:
• ESPÍRITO de
DEUS (1 Co 3.16; Gn 1.2).
ESPÍRITO de
CRISTO (Rm 8.9).
ESPÍRITO SANTO
(At 1.5).
ESPÍRITO de
Vida (Rm 8.2).
ESPÍRITO de
Adoção (Rm 8.5; Gl 4.5,6).
3.Símbolos do
ESPÍRITO SANTO
A Bíblia é um
livro de figuras e símbolos. De forma específica, o ESPÍRITO SANTO é mostrado
nas Escrituras também através de símbolos, dentre os quais se destacam os
seguintes:
a) O Fogo
"Respondeu
João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mais eis que vem
aquele que é mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a
correia das alparcas; esse vos batizará com o ESPÍRITO SANTO e com fogo” (Lc
3.16).
O fogo, como
símbolo do ESPÍRITO SANTO, fala da sua grande força em relação às diversas
maneiras de sua operação, para corrigir os defeitos da nossa natureza decaída
e conduzir-nos à perfeição que deve adornar os filhos de DEUS. Mais do que
isto, o fogo fala da ação purificadora do ESPÍRITO SANTO.
b) O Vento
"E de
repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu
toda a casa em que estavam assentados" (At 2.2). JESUS falou do vento
como símbolo do ESPÍRITO SANTO. O vento apesar de invisível, é real. Não
podemos tocá-lo nem o compreender, mas o sentimos. A sua ação independe do
querer ou não do homem. Isto fala da ação soberana do ESPÍRITO SANTO.A mesma
palavra "pneuma", que é usada em referência ao ESPÍRITO, é também
traduzida por "vento", “ar” ou “fôlego”.
c) Água, Rio,
Chuva
"E no
último, o grande dia da festa, JESUS pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém
tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios
dágua viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do ESPÍRITO que haviam de
receber os que nele cressem; porque o ESPÍRITO SANTO ainda não fora dado, por
ainda JESUS não ter sido glorificado" (Jo 7.37-39).
d) Óleo, Azeite
"E me
disse: Que vês? Eu disse: Olho, e eis um castiçal todo de ouro, e um vaso de
azeite no cimo, com as suas sete lâmpadas; e cada lâmpada posta no cimo tinha
sete canudos. E, por cima dele, duas oliveiras, uma à direita do vaso de
azeite, e outra à esquerda. E falei, e disse ao anjo que falava comigo,
dizendo: Senhor meu, que é isto? Então respondeu o anjo que falava comigo, e me
disse: Não sabes tu o que isto é? E eu disse: Não, senhor meu. E respondeu, e
me falou, dizendo: Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por
força nem por violência, mas pelo meu ESPÍRITO, diz o Senhor dos
Exércitos" (Zc 4.2-6).
Simbolizando o
ESPÍRITO SANTO, o óleo era usado nas solenidades consagratórias de profetas,
sacerdotes e reis em Israel. É considerado símbolo do ESPÍRITO SANTO porque era
usado nos rituais do Antigo Testamento, correspondendo à operação real do
ESPÍRITO SANTO na vida do crente hoje.
e) Selo
"Em quem
também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da
vossa salvação; e tendo nele também crido, fostes selados com o ESPÍRITO SANTO
da promessa" (Ef 1.13). O selo é prova de propriedade, legitimidade,
autoridade, segurança ou preservação. Estas palavras expressam a situação
daqueles que foram selados pelo ESPÍRITO SANTO.
f) A Pomba
"E, sendo
JESUS batizado, saiu logo da água, e eis que se abriram os céus, e viu o
ESPÍRITO de DEUS descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos
céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mt 13.16,17).
O ESPÍRITO SANTO veio sobre os discípulos no dia de Pentecoste, em forma de
fogo - havia o que queimar. Sobre JESUS, no entanto, veio em forma corpórea
duma pomba-símbolo da pureza e da inocência de CRISTO.
II. A OBRA DO
ESPÍRITO SANTO
A dispensação
em que vivemos atualmente é um tempo oportuno para as atividades especiais do
ESPÍRITO SANTO entre os homens, como aquele sobre quem pesa a responsabilidade
de alcançar todo este vasto Universo, encaminhando os homens para DEUS.
Entretanto, sabemos que o mesmo ESPÍRITO também exerceu as suas atividades em
tempos mais remotos. Muito antes do alvorecer dos tempos, Ele já existia como
a terceira Pessoa da Trindade divina.
1.O ESPÍRITO
SANTO na Criação
Muito antes de
o homem aparecer na terra e mesmo antes da terra existir, o ESPÍRITO SANTO já
existia. A primeira parte de Gênesis 1.2 apresenta uma cena singular: a
terra, uma massa informe, vazia e escura. Foi então que um raio de esperança
brilhou, iluminando-a, antes mesmo que DEUS ordenasse o aparecimento da luz.
Lemos: "E o ESPÍRITO de DEUS pairava por sobre as águas". Foi este
aspecto diferente o primeiro prenuncio da perfeição das obras do Criador.Com
singular inspiração, disse o patriarca Jó que DEUS, "pelo seu ESPÍRITO,
ornou os céus" (Jó 26.13). Isto é, através do seu ESPÍRITO, DEUS não
apenas formou o Universo, mas também o embelezou estabelecendo a ordem de ação
de cada astro, do menor ao maior.
2.O ESPÍRITO
SANTO Antes do Dilúvio
Os primeiros
versículos do capítulo seis de Gênesis pintam um quadro calamitoso. A terra
estava corrompida. A maldade do homem não tinha limites. Era a depravação total
da raça humana. Todos os pensamentos do coração do homem eram maus
continuamente (Gn 6.5). Diante disto, concluímos logicamente, que os homens
resistiam ao ESPÍRITO SANTO apesar da sua persistência em conduzi-los à
consciência de erro e uma consequente volta para DEUS. Face à impenitência do
homem, em estado de profunda tristeza, disse DEUS a Noé: "O meu ESPÍRITO
não agirá para sempre no homem" (Gn 6.3).
Apesar disto,
DEUS ainda deu ao homem uma oportunidade que durou cerca de cento e vinte anos.
Mesmo assim, em atitude de rebeldia contra DEUS e o seu ESPÍRITO SANTO, o homem
continuou na escalada do pecado, culminando com a destruição trazida pelo
Dilúvio.
3.O ESPÍRITO
SANTO nos Líderes do Antigo Testamento
Dentre os
grandes vultos do Antigo Testamento, em cujas vidas o ESPÍRITO SANTO encontrou
lugar para operar, se destacam José do Egito, Moisés, os setenta anciões de
Israel, Bezaleel, Josué, Otoniel, Gideão, Jefté, Sansão, Saul e Davi. Por esta
razão a história narrada no Antigo Testamento os destaca dos seus
contemporâneos.
Foi pela ação
do ESPÍRITO SANTO que,
José se
evidenciou com capacidade de revelar mistérios e com sabedoria para
administrar (Gn 41. 8,38).
Moisés mostrou
autoridade divina para liderar e sabedoria para legislar sobre o povo de DEUS
(Is 63.11).
Os setenta
anciãos mostraram habilidade como cooperadores na condução dos filhos de Israel
durante a peregrinação no deserto (Nm 11.16,17, 25).
Bezaleel
recebeu capacidade para construir o tabernáculo e para ensinar a outros o mesmo
serviço (Ex 31.1-4; 35.34).
Otniel adquiriu
sabedoria para julgar Israel (Jz 3.10,11).
Gideão
encontrou coragem para lutar (Jz 6.34).
Jefté lutou e
venceu os Amonitas (Jz 11.29).
Sansão
encontrou força para libertar o seu povo que gemia sob o jugo da escravidão dos
filisteus (Jz 14.19; 15.14).
Saul foi
contado entre os profetas, e assim continuou enquanto temeu ao Senhor (1 Sm
10.6,10).
Davi encontrou
forças para ser rei, poeta, cantor e profeta (1 Sm 16.13).
Os profetas
trabalharam e agiram no poder do ESPÍRITO, ministrando não para si mesmos, mas
para nós da atual geração (Ez 2.2; 2 Pd 1.21).
4.O ESPÍRITO
SANTO em João Batista
A João Batista
estava destinada uma missão de grande interesse dos céus. Por isso o ESPÍRITO
SANTO se manifestou nele (desde o ventre de sua mãe), de modo especial (Lc
1.15). Foi cheio do ESPÍRITO SANTO, pois nenhuma missão divina de grande
relevância pode ser realizada, a não ser pela unção do ESPÍRITO SANTO.
A presença do
ESPÍRITO SANTO no ministério de João Batista se evidencia: ela autoridade com
que exortava o povo a preparar o caminho do Senhor (Lc 3.2-4); Pela firmeza com
que anunciava a salvação de DEUS, a manifestar-se em CRISTO (Lc 3.5,6); Pela
energia com que denunciava o pecado do seu povo, conclamando-o ao
arrependimento, para escapar do juízo iminente, qual machado já posto à raiz
da árvore (Lc 3.7-9); Pela segurança com que ensinava o caminho de retorno a
DEUS (Lc 3.10-14); Pela convicção com que predizia o caráter sobrenatural do
ministério de JESUS, de quem era precursor (Lc 3.15-18); Pela imparcialidade
com que protestava contra o pecado do rei Herodes (Lc 3.19).
5.O ESPÍRITO
SANTO em CRISTO
Ninguém melhor
que JESUS se identificou de forma tão plena com o ESPÍRITO SANTO. Essa relação
salienta a pessoa de JESUS CRISTO como alguém
a) Concebido
pelo ESPÍRITO SANTO (Lc 1.35).
b) Ungido com o
ESPÍRITO SANTO (At 10.38).
c)Guiado pelo
ESPÍRITO SANTO (Mt 4.1).
d) Cheio do
ESPÍRITO SANTO (Lc 4.1).
e)Que realizou
o seu ministério no poder do ESPÍRITO SANTO (Lc 4.18,19).
f) Que se
ofereceu em sacrifício pelo ESPÍRITO (Hb 9.14).
g)Que
ressuscitou pelo poder do ESPÍRITO (Rm 8.11).
h)Que deu
mandamento aos apóstolos após a ressurreição- por intermédio do ESPÍRITO SANTO
(At 1.1,2).
i) Doador do
ESPÍRITO SANTO (At 2.33).
JESUS CRISTO
viveu toda a sua vida terrena dependendo inteiramente do ESPÍRITO SANTO e a Ele
se sujeitou.
6. O ESPÍRITO
SANTO em Relação ao Crente
Quanto à pessoa
do crente, o ESPÍRITO SANTO nele opera:
regenerando-o
(Jo 3.3-6).
batizando-o no
corpo de CRISTO (Jo 1.32-34).
habitando nele
(1 Co 6.15-19).
selando-o (Ef
1.13,14).
proporcionando-lhe
segurança (Rm 8.14-16).
fortalecendo-o
(Ef 3.16).
enchendo-o da
sua virtude (Ef 5.18-20).
libertando-o da
lei do pecado e da morte (Rm 8.2).
guiando-o (Rm
8.14).
chamando-o para
serviço especial (At 13.2,4).
orientando-o
para serviço especial (At 8.27-29).
iluminando-o (1
Co 2.12-14).
instruindo-o
(Jo 16.13,14).
capacitando-o
(1 Ts 1.5).
III. O BATISMO
COM O ESPÍRITO SANTO
O evento do
batismo com o ESPÍRITO SANTO não deveria surpreender, nem confundir os
estudantes das Escrituras, pois é uma bênção já prometida, relacionada com o
plano divino da salvação em CRISTO, predito por Joel, Isaias, João Batista e
JESUS (At 2.16-18; Is 44.3; Mt 3.11; Jo 14.16,17).
1. O Dia de
Pentecoste
O dia de
Pentecoste foi um dia singular para a Igreja e continua sendo; é que nesse dia
aprouve a DEUS, por intercessão de JESUS CRISTO, enviar o ESPÍRITO SANTO, a
ocupar no mundo e de forma mais precisa, no seio da Igreja, uma posição sem
paralelo em toda a história da humanidade. Nesse dia cerca de cento e vinte
frágeis discípulos de JESUS foram cheios do ESPÍRITO SANTO e dotados do poder
de testemunhar do Evangelho.
Como resultado
da experiência do Pentecoste, Pedro pregou com tal autoridade, que cerca de
três mil preciosas almas se renderam aos pés de JESUS. Com autoridade
sobrenatural acusou os seus ouvintes judeus de haver entregado à morte o Filho
de DEUS, e exortou-os a se arrependerem de seus pecados. Isto disse como
prelúdio, para logo informar-lhes de que a conversão a CRISTO resultaria em
receberem a mesma experiência que observavam, com sinais poderosamente
evidentes (At 2.14-41). Atente com interesse para este fato. Pedro proclamou
ter a promessa do batismo com o ESPÍRITO referência a todos os homens e não
somente àqueles que constituíam a assembleia ali reunida.
2. Para Quem é
a Promessa?
"E
disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de
JESUS CRISTO, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do ESPÍRITO SANTO;
porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que
estão longe; a tantos quantos DEUS nosso Senhor chamar" (At 2.38,39). De
acordo com estas palavras de Pedro, note a extensão e alcance da promessa do
batismo com o ESPÍRITO SANTO:
1° A promessa é
para vós - os judeus ali presentes, representando os demais compatriotas, isto
é, a nação com a qual DEUS fizera a antiga aliança.
2° Para os
vossos filhos -os que existiam então e as gerações sucessivas.
3° Para todos
os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor nosso DEUS chamar -
para todos, universalmente, para os gentios e para qualquer indivíduo que
responda à chamada de DEUS, através do Evangelho para a salvação em .CRISTO.
A promessa de
Atos 2.39 indica que a gloriosa experiência do batismo com o ESPÍRITO SANTO
foi designada por DEUS para todos os crentes, desde o dia de Pentecoste até o
fim da presente dispensação. O enchimento do ESPÍRITO SANTO, assinalado pelo
falar noutras línguas, como aconteceu no dia de Pentecoste, deveria ser o
modelo para essa experiência, para qualquer indivíduo, através da dispensação
da Igreja.
3.À Natureza
Deste Batismo
Várias palavras
e expressões são usadas na Bíblia para simbolizar e descrever a vinda do
ESPÍRITO SANTO aos crentes, e seu ministério através destes. Algumas dessas
expressões, são:
a) Derramamento
Esta expressão
das Escrituras é usada frequentemente para designar a vinda do ESPÍRITO SANTO à
vida do crente. O sentido original da palavra se refere à comunicação de alguma
coisa vinda do céu, com grande abundância.(Jl 2.28,29).
b) Batismo
O recebimento
do ESPÍRITO SANTO é figurado como batismo: uma total, gloriosa e sobrenatural
imersão do Divino ESPÍRITO, o que revela a maneira gloriosa como o ESPÍRITO
SANTO envolve, enche e penetra a alma do crente. Assim todo o nosso ser se
torna saturado e dominado com a presença refrigeradora de DEUS, pelo seu
ESPÍRITO SANTO.
c) Enchimento
Quando o
ESPÍRITO veio sobre os discípulos no cenáculo, foram cheios do ESPÍRITO.
Evidenciaram estar cheios, a ponto de parecerem estar "embriagados"
(At 2.3).
Esse enchimento
não se deu em gotas, caídas como que através dum crivo. Não. No Pentecoste a
plenitude do ESPÍRITO os encheu inteiramente, de tal modo que andavam de um
lado para outro, falando em novas línguas.
4. Evidência do
Batismo com o ESPÍRITO SANTO
Todos os casos
de batismos com o ESPÍRITO SANTO relatados no livro de Atos, constituem uma
sólida base para a afirmação de que o falar em línguas estranhas é a evidência
física inicial de que o crente foi batizado com o ESPÍRITO SANTO. Detenhamo-nos
um pouco em analisar os cinco casos distintos como são apresentados no
referido livro.
a) No Dia de
Pentecoste
"E todos
foram cheios do ESPÍRITO SANTO, e começaram a falar noutras línguas, conforme o
ESPÍRITO SANTO lhes concedia que falassem" (At 2.4). Esta foi a primeira
manifestação do ESPÍRITO SANTO, após JESUS ter dito: "...e vós sereis
batizados com o ESPÍRITO SANTO, não muito depois destes dias" (At 1.5). A
demonstração comum ou evidência física inicial de que todos os presentes no
cenáculo foram cheios do ESPÍRITO SANTO, foi que todos falaram em línguas
estranhas; línguas que não haviam aprendido, faladas, portanto, pela operação
sobrenatural do ESPÍRITO SANTO.
b) Entre os
Crentes Samaritanos
"Os
apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a
Palavra de DEUS, enviaram lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por
eles para que recebessem o ESPÍRITO SANTO. (Porque sobre nenhum deles tinha
ainda descido, mas somente eram batizados em nome do Senhor JESUS). Então lhes
impuseram as mãos, e receberam o ESPÍRITO SANTO" (At 8.14-17).
Ainda que o
texto bíblico citado não mostre explicitamente que os samaritanos hajam falado
em línguas estranhas como evidência do batismo com o ESPÍRITO SANTO,
estudiosos das Escrituras são da opinião de que eles tenham falado em línguas;
pois, se não houvesse a manifestação das línguas, como os apóstolos teriam
notado a diferença entre eles antes e depois da oração com imposição de mãos?
Lucas diz que "Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era
dado o ESPÍRITO SANTO, lhes ofereceu dinheiro..."(At 8.18). Simão não
seria suficientemente tolo a ponto de propor dinheiro para adquirir poderes
para realizar operações espirituais abstratas. Ele almejava poderes para operar
fenômenos como os que ele via e ouvia naquele momento.
c) Sobre Saul
em Damasco
"E Ananias
foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor
JESUS, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a
ver e sejas cheio do ESPÍRITO SANTO, e logo lhe caíram dos olhos como que umas
escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado" (At
9.17,18). Também no caso de Saulo, o texto bíblico não diz explicitamente que
ele tenha falado em línguas, porém diz que ele foi cheio do ESPÍRITO. Ora, se é
válido admitir que ele foi cheio do ESPÍRITO SANTO naquele momento, por que,
então, duvidar que ele haja falado em línguas? Do punho do próprio Paulo lemos
as seguintes palavras: "Dou graças a DEUS, Porque falo mais línguas do que
vós todos" (1 Co 14.18).
d) Em Casa do
Centurião Cornélio
"E,
dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o ESPÍRITO SANTO sobre todos que
ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham
vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO SANTO se derramasse
também sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a
DEUS" (At 10.44-46). Foi a ênfase dada por Pedro e seus companheiros a que
os gentios em Cesaréia haviam recebido o dom do ESPÍRITO SANTO, tal qual eles
no dia de Pentecoste, que apaziguou os ânimos dos apóstolos em Jerusalém, de
sorte que disseram: "Na verdade até aos gentios deu DEUS arrependimento
para a vida!"(At 11.18).
e) Sobre os
Discípulos em Éfeso
"E,
impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o ESPÍRITO SANTO; e falavam línguas
e profetizavam" (At 19.6). Observe: vinte anos após o dia de Pentecoste, o
batismo com o ESPÍRITO SANTO ainda era acompanhado com a evidência inicial de
falar línguas estranhas. Esta evidência satisfazia não só a um dos requisitos
da doutrina apostólica quanto à manifestação do ESPÍRITO SANTO, como também
cumpria a promessa de JESUS: "Estes sinais seguirão aos que crêem:
...falarão novas línguas" (Marc 16.17). Crisóstomo, um dos grandes mestres
da Igreja antiga, afirmou, muitos anos após os dias de Paulo: "Quem quer
que fosse batizado nos dias apostólicos, logo falava línguas: recebiam eles o
ESPÍRITO SANTO".
Eis um resumo
dos 9 dons do ESPÍRITO SANTO - Creio que Paulo era usado em todos estes.
a- Palavra da
sabedoria (mensagem do ESPÍRITO SANTO dentro da Sabedoria de DEUS - Revelação
do Futuro).
b- Palavra da
ciência (mensagem do ESPÍRITO SANTO dentro da onipresença de DEUS - revelação
de algo no passado ou no presente que está ocorrendo em outra parte).
c- Dom da fé
(Fé sobrenatural para crer no impossível - usada para ressuscitar mortos).
d- Dons de
curar (curas das doenças e das enfermidades - Is 53.4; Mt 8.17.
e- Operação de
maravilhas ou milagres (ação sobrenatural do ESPÍRITO SANTO na natureza,
modificando o estado natural das coisas, quebrando um alei natural).
f- Profecia
(mensagens para edificação, consolação e exortação - confirmam algo já contido
no coração do crente).
g- Dom de
discernir os espíritos (revelação da origem de alguma manifestação demoníaca e
poder para expulsar demônios).
h-Variedade de
línguas [pelo menos 4 línguas diferentes o crente batizado no ESPÍRITO SANTO
passa a falar - língua do batismo (At 2.4), língua para falar com estrangeiro
(At 2.8), língua para ser interpretado (1 Co 12.10) e língua de intercessão (Rm
8.26)].
i-
Interpretação das línguas (capacitação sobrenatural do ESPÍRITO SANTO para
interpretar uma determinada língua falada por quem tem o dom de variedade de
línguas).
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 7, Paulo,
o Plantador de Igrejas
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO
Comentário: Pr.
Elienai Cabral
Complementos,
ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Lição 7, Paulo,
o Plantador de Igrejas
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/escrita-licao-7-paulo-o-plantador-de.html
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/slides-licao-7-paulo-o-plantador-de.html
Slides
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - 1 Coríntios 3.6-9; Atos 13.1-3; 16.1-5,9,10
1 Coríntios 3
6 - Eu plantei,
Apolo regou; mas DEUS deu o crescimento. 7 - Pelo que nem o que planta é alguma
coisa, nem o que rega, mas DEUS, que dá o crescimento. 8 - Ora, o que planta e
o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho.
9 - Porque nós somos cooperadores de DEUS; vós sois lavoura de DEUS e edifício
de DEUS.
Atos 13
1 - Na igreja
que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e
Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes,
o tetrarca, e Saulo. 2 - E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o
ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho
chamado. 3 - Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os
despediram.
Atos
16.1-5,9,10
1 - E chegou a
Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo discípulo por nome Timóteo, filho
de uma judia que era crente, mas de pai grego, 2 - do qual davam bom testemunho
os irmãos que estavam em Listra e em Icônio. 3 - Paulo quis que este fosse com ele
e, tomando-o, o circuncidou, por causa dos judeus que estavam naqueles lugares;
porque todos sabiam que seu pai era grego. 4 - E, quando iam passando pelas
cidades, lhes entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido
estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém 5 - de sorte que as
igrejas eram confirmadas na fé e cada dia cresciam em número.
9 - E Paulo
teve, de noite, uma visão em que se apresentava um varão da Macedônia e lhe
rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos! 10 - E, logo depois desta
visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava
para lhes anunciarmos o evangelho.
Atos 13.1-3 -
BEP - CPAD
13.2
SERVINDO... E JEJUANDO. O cristão cheio do ESPÍRITO é muito sensível ao que o
ESPÍRITO SANTO comunica durante a oração e o jejum (ver Mt 6.16). Aqui, a
comunicação da parte do ESPÍRITO SANTO provavelmente foi uma mensagem dada em
profecia (cf. v. 1).
13.2 PARA A
OBRA A QUE OS TENHO CHAMADO. Paulo e Barnabé foram chamados à obra missionária,
não temos menção de Paulo quanto a seu sustento por parte desta igreja,
portanto quem o enviou, foi o ESPÍRITO SANTO pessoalmente (muitas vezes não é a
igreja que envia os missionários, vão pela fé). As características dessa obra
estão descritas em At 9.15; 13.5; 22.14,15,21 e At 26.16-18.
(1) Paulo e
Barnabé foram chamados para pregar o evangelho e conduzir homens e mulheres à
salvação em CRISTO. As Escrituras não indicam em lugar nenhum que os
missionários do NT foram enviados aos campos para realizarem trabalhos sociais
ou políticos, i.e., propagar o evangelho e fundar igrejas mediante o exercício
de todos os tipos de atividades sociais ou políticas para o bem da população do
Império Romano. O alvo dos missionários era conduzir pessoas a CRISTO (At
16.31; 20.21), livrá-las do poder de Satanás (At 26.18), levá-las a receber o
ESPÍRITO SANTO (At 19.6) e organizá-las em igrejas. Nesses novos cristãos, o
ESPÍRITO SANTO veio habitar e manifestar-se através do amor; Ele deu dons
espirituais (1 Co 12.1-14.40) e transformou esses fiéis de tal maneira que suas
vidas glorificavam ao seu Salvador. (2) Os missionários do evangelho de hoje
devem ter a mesma atividade prioritária: ser ministros e testemunhas do
evangelho, que levem outros a CRISTO, livrando-os do domínio de Satanás (At
26.18), fazendo-os discípulos, motivando-os a receber o ESPÍRITO SANTO e os
seus dons (At 2.38; 8.17) e ensinando-os a observar tudo quanto CRISTO ordenou
(Mt 28.19,20). Isto deve ser acompanhado de sinais e prodígios, cura de
enfermos e libertação de oprimidos pelos demônios (At 2.43; 4.30; 8.7; 10.38;
Mc 16.17,18). Esta tarefa suprema de pregar o evangelho, no entanto, deve
também incluir atos pessoais de amor, de misericórdia e de bondade para com os
necessitados (cf. Gl 2.10). Deste modo, todos que são chamados a dar testemunho
do evangelho servirão na causa divina segundo o modelo de JESUS (ver Lc 9.2). A
igreja tem o dever de sustentar os missionários para que não se vejam obrigados
a trabalhar num serviço secular para se sustentarem.
13.3 OS
DESPEDIRAM. Com estas palavras começa o grande movimento missionário da igreja
até aos confins da terra (1.8). Os princípios missionários vistos no capítulo
13 são um modelo para todas as igrejas que enviam missionários. (1) A atividade
missionária é originada pelo ESPÍRITO SANTO, através de líderes espirituais que
estão profundamente dedicados ao Senhor e ao seu reino, buscando-o com oração e
jejum (v. 2). (2) A igreja deve estar atenta ao ministério e atividade
proféticos do ESPÍRITO SANTO e sua orientação (v. 2). (3) Os missionários que
são enviados, devem fazê-lo segundo a chamada e a vontade específicas do
ESPÍRITO SANTO (v. 2b). (4) Mediante a oração e o jejum, a igreja buscando
constantemente estar em harmonia com a vontade do ESPÍRITO SANTO (vv. 3,4),
confirma a chamada divina de determinadas pessoas à obra missionária. O
propósito é que a igreja envie somente aqueles que forem da vontade do ESPÍRITO
SANTO. (5) Pela imposição de mãos e o envio de missionários, a igreja indica
que se compromete a sustentar e assistir os que saem à obra. A responsabilidade
da igreja que envia missionários inclui demonstrar amor e cuidado para com eles
de um modo digno de DEUS (3 Jo 6), orar por eles (v. 3; Ef 6.18,19) e
sustentá-los financeiramente (Lc 10.7; 3 Jo 6-8). Isso inclui ofertas especiais
de amor para necessidades específicas deles (Fp 4.10, 14-18). O missionário é
uma projeção do propósito, interesse e missão da igreja que os envia. Essa
igreja fica sendo, portanto, uma cooperadora da verdade (Fp 1.5; 3 Jo 8). (6)
Aqueles que saem como missionários devem estar dispostos a expor a vida pelo
nome de nosso Senhor JESUS CRISTO (At 15.26).
Atos
16.1-5,9,10 - BEP - CPAD
16.5 AS IGREJAS
ERAM CONFIRMADAS. Ver At 12.5 sobre a intercessão em favor daqueles que são
perseguidos por pregar o evangelho. Pedro, pois, era guardado na prisão; mas a
igreja fazia contínua oração por ele a DEUS. Atos 12:5
16.6 IMPEDIDOS
PELO ESPÍRITO SANTO. Toda a iniciativa no evangelismo e na atividade
missionária, especialmente no caso das viagens missionárias registradas em
Atos, deve ser orientada pelo ESPÍRITO SANTO, como vemos em At 1.8; 2.14-41;
4.8-12,31; 8.26-29,39,40; 10.19,20; 13.2; 16.6-10; 20.22. A orientação aqui,
pode ter ocorrido em forma de uma revelação profética, de um impulso interior,
de circunstâncias externas, ou visões (vv. 6-9). Pelo impulso do ESPÍRITO,
avançavam para levar o evangelho aos não salvos. Quando o ESPÍRITO os impedia
de ir numa direção, iam noutra, confiando nEle para aprovar ou desaprovar seus
planos de viagem. Portanto o missionário e aqueles que os orientam devem manter
estreita comunhão com o ESPÍRITO SANTO.
Resumo da Lição
7, Paulo, o Plantador de Igrejas
I – PAULO, O
DESBRAVADOR SOB UMA GLORIOSA OBRIGAÇÃO
1. Paulo, o
desbravador.
2. Uma gloriosa
obrigação.
3. Plantação de
igreja, uma parceria.
II – ANTIOQUIA,
O PONTO DE PARTIDA PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA
1. Uma igreja
missionária.
2. A primeira
viagem missionária.
3. A segunda
viagem missionária.
III –
CARACTERÍSTICAS DE UM PLANTADOR DE IGREJAS
1. Motivado
pelo chamado.
2.
Experimentado no deserto da vida.
3. A igreja
segundo as Escrituras.
A melhor tática
do predador é afastar a vítima do rebanho.
NÃO DEIXE DE
CONGREGAR.
Hb 10:25 Não
deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos
uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia
Resumo Rápido
da Lição 7, Paulo, o Plantador de Igrejas - Pr. Henrique
Nosso assunto é
Paulo e a plantação de Igrejas em seu trabalho apostolar. Missões está no
coração de DEUS e toda igreja deve primar por isto.
PAULO FOI O
DESBRAVADOR SOB UMA GLORIOSA OBRIGAÇÃO. Era desbravador porque abria igrejas em
locais onde não havia nem igrejas e nem pregadores do evangelho (Rm 15.20).
Tinha uma gloriosa obrigação, pois JESUS mesmo o incumbiu de pregar o evangelho
primeiro aos judeus e depois a todos os gentios, até mesmo a reis. Paulo era o
prisioneiro literal de CRISTO em Roma e ao mesmo tempo estava preso a seu
chamado apostólico dado por JESUS em sua conversão “pois me é imposta essa
obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho” (1 Co 9.16). A Plantação de
igreja é uma parceria entre a igreja e DEUS. Nós cooperamos pregando o
evangelho e discipulando enquanto DEUS coopera dando revelação do pecado, da
justiça e do juízo, bem como colocando este crente no corpo de CRISTO e
capacitando-o para a obra através do batismo com o ESPÍRITO SANTO e o usando em
dons espirituais. (1 Co 3.6-9 nós somos os seus cooperadores e, a igreja, a
lavoura e o edifício de DEUS)
A CIDADE DE
ANTIOQUIA DA SÍRIA FOI O PONTO DE PARTIDA PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA, pois
foi ali que se reuniram obreiros cheios do ESPÍRITO SANTO, em oração e jejum
para buscarem orientação de DEUS quanto a sua obra. O ESPÍRITO SANTO falou
através e um de seus servos nesta oração escolhendo Barnabé e Saulo
para a obra missionária. Paulo e Barnabé empreenderam a primeira viagem
missionária saindo de Antioquia, passando por Chipre (At 13.4 aqui o apóstolo
desmascarou o feiticeiro Elimas, o encantador, e ganhou o procônsul para
CRISTO), Perge, Listra, Antioquia da Psídia, Icônio e Derbe, regiões da
Licaônia, Galácia e Frígia; onde abriram várias igrejas (nas casas). Sinais
prodígios e maravilhas autenticavam seu ministério (Atos 14.1-28).
Após o Concílio
de Jerusalém (At 15), com as seguintes decisões: abstenção das coisas
sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação,
Paulo e Silas empreenderam a segunda viagem missionária saindo de Antioquia e
passando por Tarso, Derbe, Listra, Icônio, Antioquia da Psídia, Trôade,
Filipos, Anfípolis, Beréia, Atenas, Corinto, Éfeso, onde abriram várias igrejas
e revisitaram algumas já abertas na primeira viagem; regiões de Acaia e
Macedônia agora incluídas. Também passaram por Cesareia, Samaria e Jerusalém.
Sinais prodígios e maravilhas autenticavam seu ministério.
QUAIS AS
CARACTERÍSTICAS DE UM PLANTADOR DE IGREJAS? Precisa ser motivado pelo chamado
de DEUS, em comunhão íntima com o ESPÍRITO SANTO e seu mestre JESUS. Precisa
ser experimentado no deserto da vida, ou seja, ter experiência na pregação,
ensino e ministração de curas (Sinais prodígios e maravilhas), bem como nas
perseguições, afeções e tribulações pelos quais, certamente todo obreiro de
valor passa (At 9.1-22). A igreja local, segundo as Escrituras, funciona com
estratégias de evangelização, muito estudo da Palavra de DEUS, bom
relacionamento espiritual entre seus membros, amor uns pelos outros e pelos
pecadores, conversões, batismos nas águas e com o ESPÍRITO SANTO, manifestação
de dons espirituais em benefício de todos, na cura e libertação, tudo isso regado
com muita oração, tanto na língua comum a todos, quanto em línguas espirituais
(At 6.4). Nessa igreja batizamos em nome do Pai, do Filho e do ESPÍRITO SANTO,
partilhamos da ceia do Senhor e aguardamos a sua volta para nos encontrar com
Ele. Não podemos perder de vista que nós plantamos, mas é DEUS que dá o
crescimento e aprova a obra (1 Co 3.6).
CONCLUSÃO
O apóstolo
Paulo foi forjado por DEUS para que fosse usado, também sua visão foi aumentada
acerca do mundo todo a ser evangelizado. DEUS ainda chama plantadores de
igrejas. Crentes apaixonados pelas almas, com o amor de DEUS em seus corações e
com fé em DEUS e em seu poder.
Testemunho
pessoal - Pela graça de DEUS abri 7 igrejas em Divinópolis, MG, em apenas 1 ano
e dois meses. O segredo é manter íntima comunhão com o ESPÍRITO SANTO, estudar
sempre a bíblia e jejuar sempre que possível. JESUS continua salvando, curando,
libertando e batizando com o ESPÍRITO SANTO.
INTRODUÇÃO
Lição 7 -
Paulo, o Plantador de Igrejas
A Igreja de
CRISTO tem a sua dimensão visível na igreja local. Para se estabelecer uma
igreja local é preciso que haja pessoas disponíveis, e que tiveram uma
experiência com CRISTO, para plantar igrejas. Nesse sentido, a lição desta
semana tem como propósito motivar a igreja local, especificamente pessoas
vocacionadas, a plantar novas igrejas. O Movimento Pentecostal cresceu porque
houve crentes dispostos que ouviram a voz do ESPÍRITO SANTO para abrir suas
casas como um ponto de pregação ou desbravar o interior do Brasil.
Resumo da lição
Para atingir a
esse propósito, o tópico primeiro mostra que o apóstolo Paulo foi um
desbravador do Evangelho sob uma gloriosa obrigação de pregar o Evangelho de
CRISTO. Não há dúvidas de que o apóstolo foi o grande desbravador do Evangelho
no mundo gentílico. Ele plantou igrejas em lugares que pessoas nunca haviam
tido contato com o nome de JESUS. Essa disposição era vista pelo apóstolo como
uma gloriosa obrigação a ser cumprida. E ele a cumpriu com alegria.
O tópico
segundo procura sinalizar Antioquia como um lugar estratégico para o
crescimento da Igreja Primitiva. Tratava-se de uma igreja missionária. Dela,
muitas outras igrejas foram geradas no Reino de DEUS. Isso lembra muito o
crescimento das igrejas pentecostais no Brasil. A partir de uma igreja numa
determinada localidade, Belém do Pará, milhares de igrejas foram gestadas no
país. Uma igreja referência cumpre uma função estratégica para plantar novas
igrejas. Ela desempenha esse papel formando, capacitando e enviando novos
obreiros.
O terceiro
tópico procura pontuar as características de um plantador de igreja. Uma dessas
primeiras características está na motivação do plantador. No ministério de
Paulo vemos que essa motivação se deu a partir de sua experiência gloriosa com
CRISTO. Essa experiência faz com que o plantador de igrejas tenha um senso de
urgência no mundo a respeito da evangelização. Além, claro, de esse plantador
ser experimentado nos obstáculos da caminhada e perseverar na plantação de
igrejas segundo as Escrituras.
Aplicação
Esta lição nos
ensina que é preciso ter experiência com CRISTO. Quem tem essa experiência
verdadeira tem tudo para buscar a vocação missionária. É preciso também ser
compromissado com a Palavra de DEUS, a Bíblia. Ela é o esteio de regra de fé e
prática da igreja local.
Um plantador de
igrejas é um legítimo apóstolo da igreja atual.
O Acordo Mútuo
dos Ministros - 1 Coríntios 3:5-10 (Comentário Bíblico - Matthew Henry
(Exaustivo) AT e NT)
Aqui o apóstolo
os instrui a como tratar essa disposição de espírito, e corrigir o que estava
errado entre eles acerca desse assunto:
1 Coríntios 3.6
- Eu plantei, Apolo regou; mas DEUS deu o crescimento. 7 - Pelo que nem o que
planta é alguma coisa, nem o que rega, mas DEUS, que dá o crescimento. 8 - Ora,
o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão, segundo
o seu trabalho. 9 - Porque nós somos cooperadores de DEUS; vós sois lavoura de
DEUS e edifício de DEUS.
I
Lembrando-os
que os ministros a respeito de quem eles contendiam eram apenas ministros:
“Pois quem é Paulo e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e
conforme o Senhor deu a cada um” (v. 5). Eles são ministros, meros instrumentos
usados pelo DEUS de toda a graça. Parece que algumas pessoas que causavam
divisão em Corinto haviam feito mais adeptos, como se elas fossem senhoras de
sua fé, autoras de sua religião. Note que devemos tomar cuidado para não
deificar ministros, não os colocar no lugar de DEUS. Os apóstolos não eram os
autores da nossa fé e religião, embora eles fossem autorizados e qualificados
para revelá-la e propagá-la. Eles atuavam neste ofício como DEUS concedeu a
cada homem. Observe que todos os dons e poderes que até os apóstolos
descobriram e exerceram na obra do ministério vinham de DEUS. Eles manifestaram
sua missão e doutrina como divinas. Estava completamente errado transferir por
sua própria conta aquela atenção aos apóstolos, os quais somente deveriam ser
respeitados em relação à autoridade divina pela qual eles atuavam, e a DEUS, de
quem eles tinham a sua autoridade. “Paulo plantou, Apolo regou” (v. 6). Ambos
eram úteis, cada um para uma finalidade. Note que DEUS faz uso de uma variedade
de instrumentos e os prepara para seus diversos usos e intenções. Paulo foi
preparado para o trabalho de plantar, e Apolo para o trabalho de regar, mas
DEUS deu o crescimento. Note que o sucesso do ministro deve derivar da bênção
divina: “pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas DEUS,
que dá o crescimento” (v. 7). Até os ministros apostólicos não são nada em si
mesmos, não podem fazer nada com eficácia e sucesso a menos que DEUS conceda.
Note que os ministros mais fiéis e mais bem qualificados têm exatamente uma
compreensão apropriada de sua insuficiência e são muito desejosos de que DEUS
deva ter toda a glória de seu sucesso. Paulo e Apolo não são nada em seu
próprio valor, mas DEUS é tudo em todos.
II
Representando-lhes
a unanimidade dos ministros de CRISTO: “ora, o que planta e o que rega são um”
(v. 8), empregados pelo Mestre, encarregados da mesma revelação, ocupados de um
trabalho e engajados em um plano – em harmonia um com o outro, porém, eles podem
ser colocados em oposição um com o outro por provocadores de partidos
facciosos. Eles têm seus diferentes dons que vêm do único e mesmo ESPÍRITO,
para os mesmos propósitos; e eles possuem de coração o mesmo intento. Os que
plantam e os que regam são companheiros de trabalho na mesma obra. Note que
todos os fiéis ministros de CRISTO são unânimes no grande projeto e intenção de
seu ministério. Eles podem ter diferenças de sentimento em coisas menores; eles
podem ter seus debates e controvérsias; mas eles concordam de coração no grande
plano de honrar a DEUS e salvar almas, promovendo o cristianismo verdadeiro no
mundo. Todos esses podem aguardar uma recompensa gloriosa de sua fidelidade, e
em proporção a ela: todo homem receberá sua própria recompensa, de acordo com
suas obras. Seu serviço é um, mas alguns podem dedicar-se mais que outros; seu
fim ou plano é um, mas alguns podem persegui-lo mais de perto que outros; seu
Mestre também é um, e esse Mestre bom e gracioso pode estabelecer uma diferença
nos galardões que Ele dará, de acordo com o serviço diferente que eles fizeram:
cada trabalho de alguém terá sua própria recompensa. Aqueles que trabalharam
mais duramente receberão o melhor. Aqueles que foram mais fiéis terão o maior
galardão; este é o trabalho glorioso em que todos os ministros fiéis estão
ocupados. Eles são “cooperadores de DEUS”, synergoi – cooperadores,
companheiros de trabalho (v. 9), na verdade, não na mesma ordem e grau, mas
submissos a Ele, como instrumentos em suas mãos. Eles estão engajados na mesma
ocupação. Eles estão trabalhando juntos com DEUS, promovendo os propósitos de
sua glória e a salvação de almas preciosas; e aquele que conhece o trabalho
deles cuidará para que eles não trabalhem em vão. Os homens podem negligenciar
e difamar um ministro enquanto eles elogiam-se uns aos outros, e não têm razão
para nenhum dos dois: eles podem condenar quando devem condenar, e aplaudir
quando devem negligenciar e evitar; mas o julgamento de DEUS está de acordo com
a verdade. Ele nunca recompensa a não ser por justa razão e Ele sempre
recompensa na proporção do zelo e da fidelidade de seus servos. Note que
ministros fiéis, quando são maltratados, devem encorajar-se em DEUS. E é para
DEUS, o agente-chefe e diretor da grande obra do Evangelho, com quem trabalham,
que devem se empenhar em aprovar-se a si mesmos. Eles estão sempre sob seus
olhos, ocupados em sua lavoura e edifício; e por essa razão, com certeza, Ele
cuidará deles: “lavoura de DEUS, edifício de DEUS sois vós, e por conseguinte,
nada é de Paulo ou de Apolo; nada pertence a um ou a outro, mas a DEUS: eles
somente vos plantam ou regam, mas é a bênção divina sobre sua própria lavoura
que sozinha pode fazê-la frutificar. Vós não sois nossa lavoura, mas de DEUS.
Trabalhamos submissos a Ele e com Ele e por Ele. Tudo o que temos feito entre
vós é para DEUS. Vós sois lavoura e edifício de DEUS”. Ele havia empregado a
primeira metáfora antes, agora continua com outra, sobre um edifício: “segundo
a graça de DEUS que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e
outro edifica sobre ele”. Aqui Paulo denomina-se um prudente construtor, uma
imagem que reflete dupla honra sobre ele. Era honroso ser um construtor no
edifício de DEUS; mas ele adicionou à sua figura o fato de o construtor ser sábio.
As pessoas podem estar em um ofício para o qual elas não são qualificadas, ou
não completamente qualificadas, como essa expressão sugere que Paulo era. Mas,
embora ele atribua a si mesmo tal figura, não é para agradar seu próprio
orgulho, mas para engrandecer a graça divina. Ele era um prudente construtor,
mas a graça de DEUS o fez tal. Note que não é errado em um cristão, mas para
seu elogio, tomar conhecimento do bem que está nele, para louvar a graça
divina. O orgulho espiritual é abominável: ele está fazendo uso dos maiores
favores de DEUS para alimentar nossa própria vaidade, e fazer ídolos de nós
mesmos. Mas tomar conhecimento dos favores de DEUS para promover nossa gratidão
a Ele, e falar deles para a sua honra (sejam eles de que tipos forem), é uma
expressão apropriada do dever e atenção que nós devemos a Ele. Note que os
ministros não devem ser orgulhosos de seus dons e graças; mas, quanto mais
qualificados eles forem para o seu trabalho, e quanto mais sucesso tiverem
nele, mais agradecidos serão a DEUS por sua distintiva bondade: “pus eu o
fundamento, e outro edifica sobre ele”. Como ele havia dito anteriormente: “Eu
plantei, Apolo regou”. Paulo havia lançado os fundamentos de uma igreja no meio
deles. Ele “os gerou pelo evangelho” (4.15). Quaisquer que fossem os
instrutores que eles tivessem além dele, eles não tinham muitos pais. Ele não
se rebaixaria em relação a ninguém que tivesse servido entre eles, nem seria
roubado de sua própria honra e respeito. Note que os ministros fiéis podem preocupar-se
com sua própria reputação. Sua utilidade depende muito dela. “Mas veja cada um
como edifica sobre ele”. Esta é uma advertência oportuna; pode haver edifícios
muito medíocres sobre um bom fundamento. É fácil enganar-se aqui; e deve haver
muito cuidado, não somente para assentar um fundamento certo e seguro, mas para
erguer um edifício simétrico sobre ele. Nada deve ser colocado sobre ele a não
ser o que o fundamento suportará e o que se encaixa com ele. Ouro e lama não
devem ser misturados. Observe que os ministros de CRISTO devem tomar muito
cuidado para não construir suas próprias fantasias ou falsos raciocínios sobre
o fundamento da revelação divina. O que eles pregarem deve ser a clara doutrina
de seu Mestre, ou o que estiver perfeitamente de acordo com ela.
A Missão de
Paulo e Barnabé - Atos 13:1-3
Temos aqui a
autorização e comissão divinas dada a Barnabé e Saulo para irem pregar o
evangelho entre os gentios e a sua ordenação a esse ministério pela imposição
de mãos, com jejum e oração. Aqui está:
I
Um relato do
estado em que se encontrava a igreja que estava em Antioquia (v. 1), que foi
plantada no capítulo 11.20 (E os que foram dispersos pela perseguição que
sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não
anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus. E havia entre eles
alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram
aos gregos, anunciando o Senhor JESUS. E a mão do Senhor era com eles; e grande
número creu e se converteu ao Senhor. Atos 11:19-21).
1. Como a
igreja em Antioquia estava bem provida de bons ministros. Havia alguns profetas
e doutores (v. 1), homens notáveis por dons, graça e utilidade. JESUS, quando
subiu ao céu, deu uns [...] para profetas [...] e doutores (ou “mestres”,
versão RA; Ef 4.11). Estes homens tinham ofícios: profetas e doutores. Ágabo,
pelo visto, era profeta e não doutor, e muitos eram doutores que não eram
profetas. Os mencionados aqui eram divinamente inspirados e recebiam instruções
imediatamente do céu em ocasiões especiais, o que lhes dava o título de
profetas. Outros eram doutores declarados da igreja nos cultos, expunham as
Escrituras e esclareciam a doutrina de CRISTO com aplicações satisfatórias.
Estes eram os profetas, sábios e escribas que JESUS prometera enviar (Mt
23.34), que eram, de todos os modos, qualificados para o serviço da igreja
cristã. Antioquia era uma grande cidade com muitos cristãos, alguns se reuniam
num mesmo lugar para orarem com jejuns buscando a orientação de DEUS. Fazia-se
necessário que tivessem doutores para lhes ensinarem os retos caminhos do
Senhor. Na lista, Barnabé é citado em primeiro lugar, provavelmente porque era
o mais velho, e Saulo, por último, provavelmente porque era o mais novo. Mas
depois o último se tornou o primeiro e Saulo foi mais célebre na igreja. Mais
três nomes são citados. (1) Simeão (v. 1), que, com vistas a distingui-lo de
outros do mesmo nome, era chamado Níger, “o Negro”, por causa da cor dos
cabelos ou da pele, não sabemos. É semelhante àquele que em tempos mais recentes
foi cognominado de o Príncipe Negro**. (2) Lúcio (v. 1), de Cirene, que
certos estudiosos pensam (inclusive o Dr. Lightfoot) que se trata do mesmo
Lucas que escreveu os Atos, era originalmente cireneu e teve sua formação
educacional na faculdade ou sinagoga cirenaica em Jerusalém, onde ouviu e
recebeu o evangelho. (3) Manaém (v. 1), indivíduo de certa dignidade porque foi
criado com Herodes, o tetrarca, o que quer dizer que ou se alimentaram do mesmo
leite, ou frequentaram a mesma escola, ou foram alunos do mesmo tutor, ou,
preferivelmente, eram colegas e companheiros constantes. Em cada parte da
formação educacional de Manaém, Herodes era seu companheiro e amigo íntimo,
dando-lhe a clara perspectiva de cargo honorífico na corte. Não obstante, ele abandonou
todas essas esperanças por amor a CRISTO. Foi como Moisés que, sendo já grande,
recusou ser chamado filho da filha de Faraó (Hb 11.24). Tivesse ele se unido a
Herodes, com quem fora criado, ele poderia ter tido o lugar de Blasto e sido
camareiro do rei. Mas é melhor ser companheiro de sofrimentos com um santo do
que ser companheiro de perseguições com um tetrarca.
2. Como os bons
ministros da igreja em Antioquia eram bem usados: Eles serviam ao Senhor e
jejuavam (v. 2). Observe: (1) Os doutores (ou mestres) fiéis e diligentes
estão, na verdade, servindo ao Senhor. Os que ensinam os cristãos estão
servindo a CRISTO. Eles realmente o honram e promovem os interesses do Reino.
Note que obreiros e usados por dons servem à igreja ensinando,
pregando, orando e jejuando por amor a CRISTO. Em seus serviços eles
têm de olhar para Ele, e as suas recompensas, eles as receberão dele. (2)
Servir ao Senhor, de um modo ou de outro, tem de ser o negócio declarado das
igrejas e seus profetas e doutores (ou mestres). Devemos separar tempo para
esta obra e passar uma parte do dia nela. O que mais temos de fazer como
cristãos e ministros senão servir a CRISTO, o Senhor? (Cl 3.24; Rm 14.18). (3)
O jejum é de utilidade em nosso serviço ao Senhor como sinal de nossa
humilhação e como meio de nossa mortificação e consagração a DEUS.
Paulo era
praticante do jejum - "nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos
trabalhos, nas vigílias, nos jejuns", 2 Coríntios 6:5
II
As ordens que o
ESPÍRITO SANTO deu para separar Barnabé e Saulo, no meio de um culto em que
alguns ministros das várias congregações na cidade se uniram em um jejum solene
ou dia de oração: Disse o ESPÍRITO SANTO (v. 2) muito provavelmente através de
um dos profetas da igreja ali presentes: "Apartai-me a Barnabé e a Saulo
para a obra a que os tenho chamado". Ele não indica a espécie da obra, mas
alude a um chamado já feito anteriormente, sobre o qual os dois sabiam o
significado, enquanto os demais poderiam ou não saber. Quanto a Saulo, fora-lhe
dito especificamente que tinha de levar o nome de CRISTO diante dos gentios
(Atos 9.15), que ele seria enviado aos gentios (Atos 22.21). A questão fora
resolvida entre eles em Jerusalém antes deste dia. Ficou resolvido que Pedro e
demais apóstolos se disporiam entre os da circuncisão (judeus), para que Saulo
e Barnabé fossem para os gentios (Gl 2.7-9). É provável que Barnabé soubesse
que fora escolhido para fazer o mesmo serviço que Saulo. Contudo, eles não se
atirariam a esta colheita, ainda que copiosa e produtiva, até que recebessem
ordens específicas do Senhor da colheita: Lança a tua foice e sega! [...],
porque já a seara da terra está madura (Ap 14.15). As ordens eram: Apartai-me a
Barnabé e a Saulo. Observe aqui: 1. CRISTO, pelo seu ESPÍRITO, nomeia os seus
ministros. É pelo ESPÍRITO de CRISTO que, em certa medida, eles são
qualificados para os serviços, inclinados para isso e tirados de outros
cuidados incompatíveis com isso. Há aqueles que o ESPÍRITO SANTO separa para o
serviço de CRISTO, distinguindo-os dos outros como indivíduos que são
oferecidos e que de boa vontade se oferecem ao serviço do templo. “Separai-os”.
2. Os ministros de CRISTO são separados para ele e para o ESPÍRITO SANTO:
“Separai-os para mim” (v. 2, versões NTLH e RA). Eles devem ser empregados na
obra de CRISTO e sob a orientação do ESPÍRITO, para a glória de DEUS Pai. 3.
Todos que são separados para CRISTO como seus ministros são separados para
trabalhar. JESUS não tem servos para ficarem à toa. Se alguém deseja o
episcopado, excelente obra deseja (1 Tm 3.1). É para isso que eles são
separados: trabalhar na palavra e na doutrina (1 Tm 5.17). Eles são separados
para labutar, não para vadiar. 4. A obra dos ministros de CRISTO, à qual eles
são separados, é obra que já está determinada, para a qual todos os ministros
de CRISTO, até hoje, têm sido chamados e a que eles foram, por meio de um
chamado externo, orientados e escolheram.
III
A ordenação de
Barnabé e Saulo correspondente às ordens que o ESPÍRITO SANTO deu para
separá-los: Não foi para o ministério em geral (há muito que Barnabé e Saulo já
eram ministros), mas para um serviço em particular no ministério. Era algo
peculiar e que exigia novo comissionamento. DEUS considerou que o momento era
oportuno para transmitir essa ordem por meio das mãos desses profetas e
doutores a fim de que a igreja recebesse estas orientações: os doutores devem
ordenar doutores, assim como profetas também devem preparar outros profetas
para a igreja e seu ministério. Os cinco dons ministeriais devem acontecer na
igreja, como alistados em Efésios 4.11 - E ele mesmo deu uns para apóstolos, e
outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e
doutores, Efésios 4:11. Aqueles a quem foram confiadas as palavras de CRISTO
devem, para o benefício da posteridade, confiá-las a homens fiéis, que sejam
idôneos para também ensinarem os outros (2 Tm 2.2). Assim, aqui, esses obreiros
na igreja que estava em Antioquia, tendo jejuado, orado e posto sobre [Barnabé
e Saulo] as mãos, os despediram (v. 3), de acordo com as orientações recebidas.
Observe: 1. Simeão, Lúcio e Manaém oraram por Barnabé e Saulo (v. 3). Quando
bons homens são enviados para fazer a boa obra devem receber as orações solenes
e particulares da igreja, especialmente dos irmãos que são companheiros de
trabalho e companheiros de armas. 2. Simeão, Lúcio e Manaém uniram o jejum às
orações, como fizeram em suas outras ministrações (v. 3). Foi o que JESUS nos
ensinou por sua abstinência de sono (um “jejum de sono”) na noite anterior em
que Ele enviou os apóstolos para passá-la em oração. 3. Simeão, Lúcio e Manaém
puseram as mãos sobre Barnabé e Saulo (v. 3). Barnabé e Saulo saíram de modo
honroso e com boa fama. (2) Eles rogaram a bênção sobre Barnabé e Saulo no
empreendimento que assumiam, pediram que DEUS estivesse com eles e lhes desse
sucesso. E para que conseguissem isso, oraram para que eles fossem cheios do
ESPÍRITO SANTO na obra a fazer. É a mesma coisa que está explicada no capítulo
14.26, onde fala, em relação a Paulo e Barnabé, que de Antioquia, eles tinham
sido recomendados à graça de DEUS para a obra que já haviam cumprido. Assim
como era a mostra da humildade de Barnabé e Saulo o fato de se submeterem à
imposição das mãos dos seus colegas, ou mais propriamente, subordinados, assim
também era a mostra do bom temperamento dos outros doutores o fato de eles não
invejarem Barnabé e Saulo pela honra de terem sido escolhidos, mas de alegremente
terem lhes confiado esta honra com orações sinceras e vigorosas por eles. Eles
os despediram com a máxima urgência por pura preocupação pelas regiões em que
eles iam desbravar terras não evangelizadas.
Paulo Adota
Timóteo - Atos 16:1-5
Assim como
Barnabé cuidou e orientou Paulo no início de seu ministério, Paulo era um pai
espiritual de grande envergadura para Timóteo a quem chamava de filho. Aqui,
ele adota espiritualmente Timóteo e cuida da educação de muitos outros filhos
espirituais que, através do seu ministério, foram gerados para CRISTO. Em todos
estes procedimentos ele mostra que é um pai sábio e amoroso. Aqui está:
I
Paulo aceita
Timóteo em suas relações e o torna seu aluno. Um dos propósitos do Livro de
Atos é ajudar-nos a entender as epístolas de Paulo, duas das quais são
endereçadas a Timóteo. Era necessário que na história de Paulo houvesse alguns
trechos narrativos sobre Timóteo. Este é um desses trechos narrativos. 1.
Timóteo era discípulo (v. 1), um dos que pertenciam a CRISTO, e foi batizado,
provavelmente quando ainda um adolescente, quando sua mãe se tornou crente,
como a casa de Lídia foi batizada quando creu (v. 15). Sendo discípulo de
CRISTO, Paulo o tomou para ser seu discípulo, a fim de ensiná-lo mais
detidamente no conhecimento e na fé de CRISTO; ele o tomou para ser treinado
para CRISTO. 2. A mãe de Timóteo era originalmente judia, mas crente (v. 1). Ela
se chamava Eunice, e o nome da avó do rapaz era Lóide. Paulo fala dessas duas
mulheres com grande respeito, visto que se destacaram em virtude e devoção
religiosa, e as elogia especialmente por não expressarem uma fé fingida (2 Tm
1.5), tendo aceitado e abraçado sinceramente a doutrina de CRISTO. 3. O pai de
Timóteo era grego (v. 1), um gentio. O casamento de uma judia com um homem
gentio (embora alguns estudiosos afirmem que não faria diferença) era proibido
tanto quanto o casamento de um judeu com uma mulher gentia: Não darás tuas
filhas a seus filhos e não tomarás suas filhas para teus filhos (Dt 7.3). Não
obstante, essa norma estava sendo quebrada embora o perigo de influência e
contaminação fosse maior. Pelo fato de seu pai ser grego, Timóteo não foi circuncidado,
já que o vínculo do concerto e o seu selo, como os outros vínculos dessa nação,
passavam pelo pai e não pela mãe. Não sendo seu pai judeu, não lhe obrigaram a
circuncisão, nem lhe deram o direito ao rito, exceto quando adulto e se
manifestasse desejo disso. Mas, observe que embora sua mãe não conseguisse que
ele fosse circuncidado na infância, porque o pai era de outra mentalidade e
modo de vida, ela o educou no temor do Senhor, para que, mesmo desejando o
sinal do concerto, ele não deixasse de desejar a coisa significada. 4. Timóteo
adquirira um caráter muito bom entre os cristãos: Dele davam bom testemunho os
irmãos que estavam em Listra e em Icônio (v. 2). Além de sua reputação ser
imaculada e livre de escândalos, ele era brilhante. Muitos elogios lhe eram
dados por ser jovem extraordinário e alguém de quem se esperava grandes coisas.
As pessoas do lugar onde ele nasceu e os moradores das cidades circunvizinhas o
admiravam e falavam dele com orgulho. Ele tinha boa fama por praticar o bem. 5.
Paulo queria que Timóteo [...] fosse com ele (v. 3), que o acompanhasse, que
estivesse a seu serviço, que recebesse seus ensinamentos e se unisse a ele no
trabalho do evangelho – pregar no lugar dele quando houvesse ocasião e ser
deixado para trás nos lugares onde ele já houvesse plantado igrejas. Paulo
tinha um profundo amor por ele, não só porque era um jovem inventivo e de
grande talento, mas porque era jovem sério e de sentimentos religiosos: Paulo
sempre se lembrava das lágrimas do jovem (2 Tm 1.4). 6. Paulo tomou Timóteo e o
circuncidou (v. 3), ou ordenou que o fosse. Era estranho. Paulo não se opusera
ferrenhamente a quem era a favor de impor o rito da circuncisão nos convertidos
gentios? Sim, se opusera. Nessa época ele já não tinha consigo os decretos do
concílio de Jerusalém no qual manifestou opinião contrária a esse rito? Sim, já
tinha. Contudo, ele circuncidou Timóteo não para obrigá-lo a guardar a lei
cerimonial (que era o que pretendiam esses mestres ao querer impor a
circuncisão), mas somente para tornar as relações sociais e o ministério do
rapaz admissível e, quem sabe, aceitável entre os judeus que enxameavam aqueles
rincões. Ele sabia que Timóteo tinha o potencial de fazer grande obra entre
eles, estando admiravelmente qualificado para o ministério, se não mostrassem
preconceitos contra ele. Portanto, para que os judeus não se afastassem do
jovem dizendo que ele estava imundo, porque era incircunciso, Paulo o tomou e o
circuncidou. Assim, ele se fez como judeu para os judeus, para ganhar os judeus
e se fez tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns (1
Co 9.20,22). O apóstolo era contra os que tornavam a circuncisão obrigatória
para a salvação, mas ele a usou quando era conducente para a edificação; não
foi implacável em opor-se ao rito, como eles foram em impô-lo. Nesse caso, ele
não agiu de acordo com a letra do decreto, mas de acordo com o espírito, que
era espírito de ternura e brandura para com os judeus e de boa vontade para
conscientizá-los gradualmente dos seus preconceitos. Paulo não tinha a mínima
dificuldade em tomar Timóteo por seu companheiro, mesmo sendo ele incircunciso.
Mas os judeus não dariam ouvidos ao rapaz se ele o fosse. Por isso, o apóstolo
cede aos judeus. É bem provável que tenha sido neste momento que Paulo impôs as
mãos em Timóteo para lhe conferir o dom do ESPÍRITO SANTO (2 Tm 1.6) e depois
cobra dele a prática neste dom "Por este motivo, te lembro que despertes o
dom de DEUS, que existe em ti pela imposição das minhas mãos". 2 Timóteo
1:6.
II
Paulo confirma
as igrejas que ele plantara (vv. 4,5): Ele ia passando pelas cidades (v. 4) em
que havia anunciado a palavra do Senhor, como pretendia (Atos 15.36), para
examinar o estado em que se encontravam.
1. Paulo e
Silas entregavam às igrejas cópias dos decretos do sínodo de Jerusalém (v. 4)
para lhes servirem de orientação no governo eclesiástico, terem o que responder
aos mestres judaizantes e se justificarem por aderirem à liberdade com que
CRISTO as libertou (Gl 5.1). Todas as igrejas estavam interessadas nesses
decretos, sendo, então, necessário que todos os autenticassem adequadamente.
Embora Paulo tivesse circuncidado Timóteo por certa razão particular, ele não
queria que isso abrisse um precedente: Ele entregava os decretos (v. 4) às
igrejas [...] para serem religiosamente observados, porque tinham de aceitar e
executar a regra e não serem desestimuladas por um exemplo particular.
2. Este serviço
que Paulo (mestre e apóstolo) e Silas (profeta - atos 15:32) faziam era muito
bom para as igrejas. (1) As igrejas eram confirmadas na fé (v. 5). Elas eram
particularmente confirmadas em sua opinião contra a imposição da lei cerimonial
aos gentios. A firmeza e veemência com que os mestres judaizantes insistiam na
necessidade da circuncisão, bem como os argumentos plausíveis que eles davam,
abalaram as igrejas, de forma que começaram a vacilar a esse respeito. Quando
elas viram o testemunho não só dos apóstolos e anciãos (v. 4), mas do ESPÍRITO
SANTO que neles estava, contra esse ensino, foram estabelecidas e não vacilaram
mais tempo quanto a isso. Note que os testemunhos da verdade, mesmo que não
consigam convencer os que se opõem a ela, podem ser utilíssimos para confirmar
os que estão em dúvida e firmá-los. Não somente isso, mas quando esses decretos
puseram de lado a lei cerimonial e as suas ordenanças carnais, as igrejas foram
confirmadas em geral na fé cristã e ficaram mais seguras de que era de DEUS,
porque estabelecia um modo espiritual de servir a DEUS muito mais adequado à
natureza de DEUS e do homem. O espírito de ternura e condescendência que se
mostra claramente nestas cartas indicava que os apóstolos e anciãos estavam sob
a orientação daquele que é o amor em pessoa. (2) As igrejas [...] cada dia
cresciam em número (v. 5). A imposição do jugo da lei cerimonial nos
convertidos era suficiente para afugentar as pessoas das igrejas. Se eles
estivessem dispostos a se tornar judeus, há muito que o teriam sido, antes
mesmo da chegada dos apóstolos. Se não havia meio de ter os privilégios
cristãos sem se submeter ao jugo dos judeus, então eles prefeririam ficar como
estavam. Se eles concluíssem que não havia perigo de serem escravizados dessa
forma, então se sentiriam livres para aceitar o cristianismo e unir-se à
igreja. E assim as igrejas [...] cresciam em número a cada dia. Não falhava um
dia sem que uma ou outra pessoa se entregasse para JESUS. Todos que do fundo
coração desejam promover a honra de CRISTO, a prosperidade da igreja e a
felicidade do povo alegram-se com esse aumento.
Paulo É
Convidado a Ir para a Macedônia. A Conversão de Lídia - Atos 16:6-15
Nestes
versículos, temos:
I
As viagens de
Paulo indo a todos os lugares para fazer o bem. 1. Paulo e Silas, seu
companheiro, passaram pela Frígia e pela província da Galácia (v. 6) onde, ao
que parece, o evangelho já havia sido plantado. O texto sacro não menciona se a
obra evangelizadora fora de Paulo ou não. É provável que tivesse sido. Na
Epístola aos Gálatas, ele fala de ter-lhes anunciado pela primeira vez o
evangelho, em cuja ocasião ele fora muito bem recebido por eles (Gl 4.13-15).
Essa epístola revela que os mestres judaizantes tinham causado muitos prejuízos
às igrejas da Galácia, induzido os crentes gálatas contra Paulo e os afastado
do evangelho de CRISTO. Por essas razões, o apóstolo usa a carta para
reprová-los com rigor e firmeza. Mas é claro que essa situação se instalou
muito tempo depois da visita citada aqui. 2. Paulo e Silas foram impedidos
neste momento de anunciar a palavra na Ásia (v. 6; província cujo nome está
correto). Talvez fosse desnecessário o anúncio uma vez que havia outros
obreiros trabalhando na região. Ou quem sabe as pessoas ainda não estavam
preparadas para receber a mensagem cristã, como mais tarde a receberam (Atos
19.10): Quando todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor JESUS
. Ou, como sugere o Dr. Lightfoot, naquele momento JESUS queria usar Paulo em
um novo trabalho: anunciar a palavra a uma colônia romana em Filipos, visto que
até aqui os gentios a quem ele havia pregado eram gregos. Os judeus odiavam
mais particularmente os romanos que os outros gentios. Seus exércitos eram a abominação
da desolação (Mt 24.15). É por isso que, entre outros fatores extraordinários,
ele é impedido de anunciar a palavra na Ásia e em outras regiões: ficar livre
para anunciar em Filipos. Esta ação de impedir e orientar dá a entender que em
tempos vindouros a luz do evangelho seria dirigida mais para o oeste do que
para o leste. Foi o ESPÍRITO SANTO que os impediu. Ele o fez por sussurros
secretos na mente de ambos os pregadores, os quais, quando trocaram idéias,
perceberam que era e vinha do mesmo ESPÍRITO. Ou o ESPÍRITO SANTO usou profetas
para falar com eles. A transferência de ministros e a distribuição das bênçãos
por intermédio deles estão, de maneira particular, sob a direção e orientação
divina. No Antigo Testamento, encontramos um ministro que foi impedido de
anunciar a palavra: Tu ficarás mudo (Ez 3.26). Ezequiel não podia anunciar nada
a ninguém em lugar nenhum. Mas os ministros neotestamentários são impedidos de
anunciar a palavra apenas em um lugar, ao mesmo tempo em que são orientados a
ir para outro onde há mais necessidade. 3. Paulo e Silas queriam ir para
Bitínia, mas não tiveram permissão: O ESPÍRITO de JESUS não lho permitiu (v.
7). Eles chegaram a Mísia e, pelo visto, anunciaram o evangelho ali. Era uma
província ordinária e infame, ensejando um inclusive, um provérbio (Mysorum
ultimus, em Cícero, significa um homem mais desprezível). Mesmo assim os
apóstolos não fizeram pouco caso em não a visitar. Eles se reconheciam
devedores tanto a sábios como a ignorantes (Rm 1.14). Em Bitínia ficava a
cidade chamada Nicéia, onde ocorreu o primeiro concílio geral contra o
arianismo. Pedro endereçou sua primeira epístola a estas províncias (1 Pe 1.1).
Havia igrejas prósperas naqueles lados. Mesmo que o evangelho não fosse
anunciado a esses povos nesta ocasião, eles o ouviram o mais tardar na viagem
de retorno destes dois pregadores. Observe que o entendimento e a inclinação
desses pregadores lhes diziam que deviam ir para Bitínia. Mas, tendo métodos
extraordinários de conhecer a vontade de DEUS, se deixaram levar por ela,
fazendo o oposto do que a vontade de cada um dizia. Temos de seguir a
providência divina agora e nos submeter à orientação da coluna de nuvem e de
fogo (Êx 13.21). Se não tivermos a permissão para fazer o que queremos fazer,
devemos aquiescer e crer que isto é o melhor para nós. O ESPÍRITO de JESUS
(expressão que está em tantas cópias antigas) não lho permitiu. Os servos do
Senhor JESUS sempre devem estar sob a restrição e direção do ESPÍRITO do Senhor
JESUS, por quem Ele governa a mente dos homens. 4. Paulo e Silas passaram por
Mísia (v. 8), ou atravessaram essa província (segundo certos estudiosos),
semeando a boa semente, podemos supor, enquanto prosseguiam viagem. Eles
desceram a Trôade, a tão falada cidade de Tróia, ou as regiões adjacentes que
receberam esse nome. Aqui havia uma igreja, conforme verificamos (Atos 20.6,7),
provavelmente plantada nessa ocasião e em pouco tempo. Em Trôade, Lucas
encontrou Paulo e se uniu à dupla de pregadores. Daqui em diante, na maior
parte das vezes, quando ele fala das viagens de Paulo, coloca-se entre o número
dos que o acompanhavam: “nós procuramos”, “nos chamava”, “nós lhes anunciarmos”
(v. 10) e assim por diante.
II
O chamado
particular que Paulo recebeu para ir à Macedônia, quer dizer, a Filipos, a
principal cidade (v. 12, versão NVI), habitada principalmente por romanos,
segundo deduzimos (v. 21). Temos aqui:
1. A visão que
Paulo teve (v. 9). Paulo tinha muitas visões, às vezes para encorajar, outras
vezes, como aqui, para dirigi-lo no trabalho. Um anjo se apresentou diante dele
para dizer-lhe que era da vontade de JESUS que fosse à Macedônia. Disse-lhe
também que não se deixasse abater pelos impedimentos e proibições que se lhe
ocorriam repetidamente pelos quais suas intenções eram interceptadas. Embora
não fosse aonde queria ir, ele iria aonde DEUS tinha trabalho para ele fazer.
Agora observe: (1) A pessoa que Paulo viu. Eis que se apresentava (v. 9) diante
dele um varão que, pelo traje ou dialeto, dava a entender que era da Macedônia,
ou ele mesmo deu essa informação para Paulo. Segundo certos estudiosos, o anjo
assumiu a forma de tal homem. Ou, como entendem outros, imprimiu na mente de
Paulo, quando estava entre adormecido e desperto, a imagem de tal homem: ele
sonhou que viu tal pessoa. JESUS desejava dirigir Paulo para a Macedônia não
como os apóstolos foram dirigidos outras vezes por um mensageiro enviado do
céu, mas por um mensageiro enviado diretamente do próprio lugar de destino.
Desse modo, o apóstolo dirigiria depois os movimentos dos seus ministros,
inclinando o coração daqueles que precisavam de ser animados. Paulo é chamado
para ir à Macedônia por um varão da Macedônia, que fala em nome dos demais.
Certos estudiosos entendem que este varão era o anjo tutelar da Macedônia, pois
supõem que há anjos que têm a responsabilidade por certas regiões geográficas
como há aqueles que cuidam das pessoas. Baseiam esta interpretação em Daniel
10.20, que fala sobre o príncipe dos persas e o príncipe da Grécia que parecem
anjos. Mas não há certeza disso. Eis que se apresentou ou aos olhos ou à mente
de Paulo um varão da Macedônia. O anjo não deve anunciar o evangelho aos
macedônios, mas tem de levar Paulo a eles. Nem deve, pela autoridade de um
anjo, ordená-lo que vá, mas deve, na pessoa de um macedônio, solicitá-lo que
venha. Um varão da Macedônia, não um magistrado, muito menos um sacerdote
(Paulo não estava acostumado a receber convites dessas pessoas), mas um
habitante comum daquela província, um simples homem que trouxesse no semblante
as marcas da probidade e seriedade, que não abordasse Paulo com brincadeiras
nem o fizesse perder tempo com ninharias, mas que lhe solicitasse ajuda com
sinceridade e toda determinação. (2) O convite feito a Paulo. Este macedônio
honesto lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos! (v. 9), quer dizer:
“Vem e anuncia-nos o evangelho. Queremos participar dos benefícios das tuas labutas”.
[1] “Tu tens ajudado muitas pessoas. Temos ouvimos falar de pessoas desta e
daquela nacionalidade a quem tens sido muito útil. Por que não podemos ter
participação nisso? Ó vem e ajuda-nos!” As bênçãos que as pessoas recebem do
evangelho devem nos levar a aprofundar mais nossos conhecimentos do evangelho.
[2] “O teu trabalho e o teu prazer são ajudar os perdidos. Tu és o médico dos
doentes que sempre está pronto a atender o chamado de todo paciente. Vem e
ajuda-nos!” [3] “Estamos precisando da tua ajuda tanto quanto outro povo. Nós,
na Macedônia, somos tão ignorantes e desleixados em termos de religião como
qualquer outro povo do mundo. Somos tão idólatras e depravados quanto qualquer
um e tão engenhosos e diligentes em nos prejudicar como qualquer pessoa. Então,
vem, vem até nós sem demora e ajuda-nos! Se tu podes fazer alguma coisa, tem
compaixão de nós e ajuda-nos (Mc 9.22).” [4] “Os poucos entre nós que têm algum
senso das coisas divinas, e a mínima preocupação por suas almas e pelas almas dos
outros têm feito o que podem para ajudar segundo a luz natural que possuem. Eu
fiz a minha parte por alguém. Fizemos o possível para persuadir nossos vizinhos
a temer e adorar a DEUS, mas pouco bem podemos fazer entre eles. Ó vem, vem e
ajuda-nos! O evangelho que anuncias possui argumentos e poder acima do que
conhecemos.” [5] “Não nos ajude apenas com as tuas orações: isso não vai dar
certo. Tu tens de vir e nos ajudar.” Note que as pessoas têm grande necessidade
de ajuda para que sejam salvas. O dever delas é procurar essa ajuda e convidar
quem possa ajudá-las.
2. A
interpretação da visão que Paulo teve: Paulo, Silas e Lucas concluíram que o
Senhor os chamava para anunciar o evangelho na Macedônia (v. 10). Eles estavam
prontos para ir onde quer que DEUS os dirigisse. Note que podemos concluir que
DEUS nos chama quando uma pessoa nos chama. Se o varão da Macedônia diz: Vem e
ajuda-nos! Paulo então conclui que DEUS diz: “Vá e ajude-os”. Os ministros
trabalham com grande alegria e ânimo quando percebem que JESUS CRISTO os chama,
não só para anunciar o evangelho, mas para anunciá-lo neste momento, neste
lugar e a este povo.
A Vida e a
Época do Apóstolo Paulo - 220.92 - Biografia - Ball. Charles Ferguson - A
Vida e a Época do Apóstolo Paulo.../ Bali, Charles Ferguson - 1° ed. - Rio de
Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de DEUS, 1998. ISBN 85-263-0186-1 -
Biografia. 2. História Bíblica.
A PRIMEIRA
VIAGEM MISSIONÁRIA
Em seu
regresso, Saulo foi recebido de braços abertos por alguns. Mas os que sabiam de
sua mudança logo sentiram que a sua presença causaria confusão, pois ele,
agora, acreditava no impostor segundo eles - JESUS. A confirmação veio de seus
próprios lábios. Todos estavam desapontados e enfurecidos. Como um fariseu
erudito, cuidadosamente criado e educado por hebreus, educado aos pés de um
mestre como Gamaliel, e que logo se tornaria rabino, pôde tomar semelhante
atitude?
Não se sabe de
que forma os pais de Saulo receberam o duro golpe. Como não estivessem
preparados, sentiram-se envergonhados por seu filho: justamente ele havia
oferecido fogo estranho no altar.
Quando relatou
sua experiência em Damasco - seu encontro com o CRISTO ressurreto - houve
admiração e desdém. Muitas vozes elevaram-se contra, mas nenhuma pôde calar-lhe
os lábios. CRISTO JESUS era tão real para Saulo, que não lhe importava se o
mundo fosse contrário à sua mensagem; continuaria a pregá-la fielmente. Em
Tarso, Saulo achava-se longe da sombra do Templo e do Sinédrio, e sendo um
hábil orador, é provável que multidões se reunissem para ouvir-lhe os sermões.
Alguns podem ter-se rejubilado com cada palavra e se tornado abertamente
cristãos.
Os rabinos mais
velhos, invejosos de sua capacidade, certamente o advertiram a não falar contra
as regras. É possível que em Tarso, diante da porta de sua própria sinagoga,
haja sido chicoteado em público, fato que, mais tarde, haveria de mencionar (2
Co 11.24). Mas nisso se gloriou. Por seu intermédio, o Evangelho abriu os olhos
aos cegos e levou a esperança a muitos corações. Nada o deteria. Não lhe
dissera o Senhor que se tornaria apóstolo para os gentios?
Obscuridade e
Fabricação de Tendas
Apesar de sua
confiança e do chamado divino, Saulo entra num período de inatividade. Durante
sete ou oito anos, pouco se ouve falar dele. Mas aqueles foram anos de espera,
disciplina e paciência. Saulo talvez necessitasse desse tempo para
fortalecer-se e descobrir o segredo de esperar pacientemente no Senhor. Ele
tinha uma missão, mas faltava-lhe a oportunidade.
No plano de
DEUS, para quem o tempo não existe, aquele período haveria de amainar o rancor
dos rabinos. Talvez Saulo tenha permanecido em Tarso, enfrentando a oposição e
sustentando-se na loja de tendas, até que DEUS completasse mais um grande
estágio na história da Igreja. Nesse interregno, Pedro e os demais apóstolos
foram se conscientizando de que a Igreja não era exclusivamente para os judeus.
O Senhor dera a Pedro a visão dos animais puros e impuros, preparando-o para
evangelizar Cornélio, o gentio de Cesaréia, que foi admitido na Igreja sem ter
de passar pelos rituais judaicos. Esse foi um passo que revolucionou toda a
perspectiva do Cristianismo. É possível que nessa ocasião, Saulo haja se
irritado e resmungado contra a demora em seu ministério. Mas acabaria por
aprender que as delongas de DEUS têm sempre um propósito; nada sai errado em
seu cronograma.
Enquanto isso,
Saulo vivia na obscuridade. É provável que haja pregado não apenas em Tarso,
mas também na zona rural que visitara quando menino para comprar pelo de cabra.
Talvez, sempre que viajava pelas estradas e trilhas de camelos, através das
florestas e vales, procurava seus conterrâneos. Falava-lhes de JESUS, o
Messias, e convidava-os a procurar nEle a justificação pela fé.
Dispersão da
Igreja de Jerusalém
A Igreja de
Jerusalém teve seus altos e baixos. Quando a perseguição aumentou, os cristãos
viram-se obrigados a esconder-se. Alguns até saíram de Jerusalém, e procuraram
refúgio noutras terras. Grande número dirigiu-se a Damasco. Outros foram até
Antioquia, a linda capital romana da Síria, cerca de 480 quilômetros ao norte
de Jerusalém. Filipe foi para Samaria. Em Antioquia, muitos judeus estrangeiros
haviam se tornado seguidores de JESUS. Eles eram mais liberais, e o medo do
sumo sacerdote não os constrangia. Alguns haviam nascido na Grécia, outros na
costa africana de Cirene, e outros em Chipre. À medida que o Evangelho lhes era
pregado, grande número veio a crer. E o ESPÍRITO de DEUS atuava na pregação
levando também muitos gentios de Antioquia a se converterem. E isso muito
aborreceu aos cristãos hebreus, pois estavam certos de que JESUS CRISTO
pertencia somente a eles, e a única maneira de tornar-se cristão seria tornar-
se, primeiro, um prosélito da sinagoga.
Barnabé em
Antioquia
O movimento de
Antioquia cresceu tanto que um sinal de alarme foi enviado à igreja-mãe. Em
Jerusalém, após as deliberações, Barnabé, com sua mente aberta e esclarecida,
foi enviado a fim de investigar a autenticidade das proclamadas conversões dos
gentios.
Barnabé ouvira
os argumentos dos judeus de mente estreita e também dos judeus oriundos de
Chipre. Vira igualmente as multidões de gentios que haviam abandonado seus
ídolos, e agora professavam alegremente a CRISTO. Barnabé não podia negar a
realidade daquelas conversões. Essas pessoas também haviam sofrido por CRISTO;
algumas, apesar de desprezadas por sua própria gente, regozijavam-se por sua
salvação.
Barnabé,
impressionado com o que via, levantou-se para falar. Não criticou os gentios,
nem ordenou que se afastassem da Igreja até serem instruídos no Judaísmo. Pelo
contrário: maravilhou-se porque a graça de DEUS estendia-se além das fronteiras
de Israel. Ele os exortou a que se agarrassem a JESUS, mesmo em face das
perseguições, e jamais desistissem da fé. Suas palavras alegraram os ouvintes;
houve perfeita unidade na Igreja. E o Senhor acrescentava diariamente os que
iam sendo salvos.
O Chamado para
Antioquia
Ao perceber a
obra esplêndida que se poderia realizar em Antioquia, Barnabé só pôde pensar
num único homem - alguém que encontrara em Jerusalém, que fora criado numa
cidade gentia, e que possuía muitas das qualificações exigidas para uma grande
liderança. E mais que isso: o Senhor lhe colocara no coração o ministério para
os gentios.
A imagem de
Saulo de Tarso formou-se na mente de Barnabé. Tempos atrás, vira-o arder com a
missão de pregar a CRISTO aos estrangeiros. Se Saulo pudesse ir a Antioquia com
seu fervoroso zelo e suas palavras poderosas!
Sem mais
delongas, Barnabé percorreu os 25 quilômetros até o porto de Selêucia.
Encontrou aí um barco e, após um longo dia no mar, chegou ao rio Cnido, onde as
velas foram amadas e os compridos remos o levaram corrente acima, até o porto
de Tarso.
Será que
encontraria Saulo? Quando Barnabé finalmente o encontrou, ambos se abraçaram.
Eles não se viam há oito anos. Barnabé Contou a história, e Saulo prestou
atenção a cada palavra. Havia de fato uma grande obra a ser feita em Antioquia,
e essa era a porta que DEUS lhe estava abrindo! Saulo assentiu em partir
imediatamente.
Saulo em
Antioquia
Com meio milhão
de habitantes, Antioquia da Síria era a terceira maior metrópole do Império
Romano. Os muros da cidade eram tão fortes, que as suas ruínas ainda podem ser
visitadas. Eram largos e possuíam muitas torres. O monte Silpio levantava-se no
centro da cidade, e achava-se coalhado de barracas, onde aquartelavam-se os
soldados romanos que guardavam a região.
Muitos reis
haviam despendido grandes somas para tornar Antioquia ainda mais bela. Ali
havia jardins, lagos e palácios magníficos. Herodes adornara uma de suas ruas
com colunas de mármore, numa extensão de cerca de três quilômetros. Fora da
cidade, encontrava-se um grande anfiteatro onde eram realizados jogos e
corridas.
O povo de
Antioquia adorava as estrelas e vários ídolos, em cuja honra tinham construído
majestosos templos. No lado oposto da cidade, o grande escultor Licos modelara
uma enorme cabeça adornada com uma coroa. Esculpira-a num grande bloco de pedra
que se projetava do solo. A figura tornou-se o símbolo de Antioquia, assim como
a Estátua da Liberdade viria a ser o símbolo da América. Até hoje ela pode ser
vista em muitas das moedas de Antioquia.
Como em todo o
império era intensa a busca pelo prazer e ociosidade. Antioquia não fugia à
regra. Da porta de Dafne, uma estrada estendia-se por oito quilômetros, até o
bosque de Dafne e o templo de Apolo, pontilhada pelas casas e jardins dos mais
abastados. O bosque, um dos lugares mais aprazíveis de toda a região, era palco
de orgias tão desenfreadas que até os próprios romanos delas se escandalizavam.
Visitantes chegavam a Antioquia, vindos de todas as partes do mundo: africanos,
gregos, romanos, persas, egípcios e judeus. As pessoas enchiam as ruas e, num
espírito de permanente feriado, consideravam o bosque de Dafne o lugar mais
interessante e animado do mundo.
Saulo foi
levado à cidade. O Evangelho de JESUS CRISTO penetrara em alguns corações e o
poder do ESPÍRITO SANTO operava nos judeus e gentios igualmente. Apesar de toda
a sua grandeza, Antioquia continuava faminta e necessitada.
Barnabé levou o
amigo a reunião da igreja. Era uma assembleia quase tão forte quanto a de
Jerusalém. Saulo conheceu vários obreiros da igreja, entre os quais Manaem, um
parente de Herodes Antipas. Ele era um homem de alta posição em Antioquia.
Havia também Simeão, o Africano, Lúcio de Cirene e tantos estrangeiros de
rincões desconhecidos que Saulo foi levado a regozijar-se em seu meio.
Em Jerusalém e
em todos os outros lugares, os seguidores de JESUS eram chamados de cristãos,
mas em Antioquia receberam outro nome. Eram chamados "cristãos" por
serem imitadores e discípulos de CRISTO. O nome outrora pronunciado em tom de
desprezo nos é hoje motivo de orgulho. Como qualquer rabino em Israel, Saulo
estabeleceu-se em seu ofício, pois os fabricantes de tendas sempre encontravam
trabalho. Dessa forma, ganhava seu sustento, mas a principal razão de sua
presença em Antioquia era ajudar a Igreja a fortalecer-se na fé.
Saulo visitava
diariamente a sinagoga e os bazares, e muitas vezes ficava à beira da estrada
enquanto o povo ia lotando as pistas de corridas. Ele chamava a todos ao
arrependimento, exortando-os a se voltarem para DEUS. Dizia-lhes que JESUS de
Nazaré - que há dez anos fora crucificado em Jerusalém e ressuscitara ao
terceiro dia - era o CRISTO das Escrituras: o Filho de DEUS enviado ao mundo
para salvar os homens do pecado.
Saulo chamou-os
do vazio da idolatria para a plenitude da vida cristã. Os amantes do prazer,
mercadores, turistas, e mulheres da sociedade - ninguém podia ignorar a
eloquência de Barnabé e a grande sabedoria de Saulo. Não Podiam deixar de
admirar-lhes a coragem e o zelo, mesmo em face da multidão escarnecedora. Pelo
menos não havia sumo sacerdote ali para levantar a mão contra eles. O
ministério do Evangelho estava desimpedido e a Igreja crescia rapidamente; cada
cristão era uma incansável testemunha de JESUS.
Durante um ano,
Saulo trabalhou pelo Evangelho nessa importante cidade. Falava com empenho, e o
Senhor tornava produtivos o seu ensino e pregação. Não demorou muito, e
Antioquia já era um centro cristão mais forte que Jerusalém, pois a igreja,
aqui, não sofria quaisquer distúrbios.
Outras
Perseguições aos Cristãos
Quando o
imperador Calígula foi assassinado, Herodes Agripa achava-se em Roma. Por ter
ajudado o novo imperador, foi ele honrado com o governo das terras de seu avô,
Herodes, o Grande. Houve júbilo em Jerusalém quando ele passou a reinar, pois
sabia-se ter sido ele fariseu; a rigidez da religião judaica não lhe era
estranha.
Seu primeiro
ato como rei foi remover Anás, o saduceu, do cargo de sumo sacerdote, e indicar
Gamaliel para presidente do Sinédrio. Tudo isso parecia promissor aos fariseus,
que se alegraram ao ver surgir um defensor de sua causa. Todavia, quando Agripa
desceu ao seu palácio em Cesaréia, tirou o manto farisaico, passando a viver
abertamente como um romano irrefletido e profano.
Como Herodes
Agripa quisesse cair na graça dos rabinos, pôs-se a perseguir os cristãos.
Ordenou que se prendesse e decapitasse a Tiago, irmão de João. Tiago foi o
primeiro dos apóstolos a morrer. Vendo que o Sinédrio muito se agradara disso,
e estimulado com o crescimento de sua popularidade, Herodes ordenou ainda a
detenção de Pedro. Lançou-o na prisão, pretendendo matá-lo depois da Páscoa. No
entanto, um anjo de DEUS, abrindo as portas do cárcere, soltou o apóstolo.
Presentes para
os Cristãos de Jerusalém
No auge da
perseguição, um certo profeta chamado Ágabo, que morava em Jerusalém, visitou
Antioquia. Levantando-se na assembleia, deu a entender, pelo ESPÍRITO do
Senhor, que DEUS enviaria uma grande fome sobre o mundo. Isso significava que
tempos difíceis abater-se-iam sobre todos. Isso realmente aconteceu no tempo de
Cláudio César (At 11:28). Ato contínuo, os cristãos de Antioquia levantaram
ofertas e as enviaram aos santos da Judéia pelas mãos de Barnabé e Saulo.
Despedindo-se
da igreja de Antioquia, partiram ambos para Jerusalém, levando Tito consigo.
Nos anos seguintes, viria este a ser um excelente líder, sendo o encarregado de
supervisionar as igrejas de Creta.
Quão tocante
não deve ter sido quando Barnabé e Saulo depuseram as provisões diante dos
irmãos de Jerusalém. Todas aquelas dádivas lhes haviam sido enviadas por homens
e mulheres que jamais tinham visto. E muitos deles eram gentios!
A Grande
Controvérsia (Atos 15).
A questão dos
gentios na Igreja era uma das pendências que Saulo pretendia resolver em sua
estadia em Jerusalém. Contrariando seus hábitos, não foi pregar nas sinagogas.
Em vez disso, reuniu-se com os líderes a fim de fazê-los entender que os
gentios tinham o direito de fazer parte da Igreja sem ter de se submeter aos
ritos e cerimônias da sinagoga.
Foi aí que
Saulo veio a constatar: ainda tinha inimigos entre os próprios cristãos, pois
alguns achavam que Tito, por ser grego, não tivera uma real experiência com o
Senhor. Na igreja-mãe (Jerusalém), havia também alguns fariseus que alegavam
ser seguidores de JESUS, mas não passavam de traidores; sua presença na Igreja
prejudicava o crescimento do Evangelho. Eram espiões do inimigo, e faziam o
máximo para levar os cristãos de volta ao Judaísmo.
Saulo os
enfrentou, provando-lhes que a graça de DEUS se havia estendido também aos
gentios. Ele animou-se ao ver que Pedro, João e outros discípulos o aprovavam.
Estes concordaram com Saulo e Barnabé para que fossem pregar aos gentios, e os
admitissem na Igreja sem sujeitá-los aos ritos judaicos.
Decisão do
primeiro concílio da Igreja - Na verdade, pareceu bem ao ESPÍRITO SANTO e a nós
não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos
abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne
sufocada, e da fornicação; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos
vá. Atos 15:28,29
Mas a questão
ainda não fora resolvida; alguns continuavam a ensinar que a Lei de Moisés era
necessária; outros diziam que não. Preocupados, Barnabé e Saulo deixaram a
igreja de Jerusalém, e prepararam-se para a longa viagem de volta a Antioquia.
A casa de
Maria, parente de Barnabé, era o ponto de encontro dos líderes cristãos. Saulo
e Barnabé haviam desfrutado de sua hospitalidade durante a viagem, e
sentiram-se especialmente atraídos por seu filho, Marcos. Apesar de ser ainda
um rapazinho, Marcos seguia sinceramente a JESUS. Quando criança, conhecera o
Senhor e, mediante a pregação de Pedro e João, passara a ser um fiel cristão.
Naturalmente Barnabé via grandes possibilidades no jovem; Saulo também se
impressionou com sua dedicação. Ambos o persuadiram a acompanhá-los até
Antioquia. Aquela seria sua primeira viagem para lugares distantes. O chamado
da aventura era forte, e ele Partiu entusiasmado.
O Retorno a
Antioquia
A igreja de
Antioquia recebeu os seus líderes de braços abertos, alegrando-se com as
notícias dos cristãos de Jerusalém. Era bom saber que seus presentes serviram
para encorajá-los num período tão difícil.
Antioquia
estava tornando-se rapidamente o centro das atividades da Igreja. O braço da
perseguição não era tão pesado lá como o era em Jerusalém à sombra do Templo. A
igreja cresceu sem o rancor dos sacerdotes e principais da sinagoga, até que
outras comunidades cristãs menores começaram a aceitar-lhe a liderança.
Muitos dos
cristãos de Antioquia procediam de lares gentios. Eles lembravam-se
naturalmente de seus parentes dispersos por todo o império, e achavam que o
Evangelho também lhes deveria ser pregado. Uma vez que Saulo fora chamado pelo
Senhor para ministrar aos gentios, esses cristãos se alegraram pela salvação do
países vizinhos. Não temos notícias se a igreja em Antioquia sustentou Paulo
como fizeram os Filipenses. PORÉM ESTA IGREJA PODE ESTAR INCLUÍDA ENTRE ESTAS
QUE PAULO MENCIONOU E QUE O SUSTENTARAM - *Outras igrejas despojei eu para vos
servir, recebendo delas salário*; e, quando estava presente convosco e tinha
necessidade, a ninguém fui pesado. 2 Coríntios 11:8
E bem sabeis
também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da
Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber,
senão vós somente. Filipenses 4:15
A Primeira
Viagem Missionária
Numa reunião de
jejum e oração, os profetas e mestres da igreja em Antioquia receberam a ordem
diretamente do ESPÍRITO SANTO de que era a vontade de DEUS que enviassem
Barnabé e Saulo na missão de abrir igrejas por todo o mundo, Isso foi decidido
e comunicado a eles pelo próprio ESPÍRITO SANTO, talvez usando um dos profetas
ali presentes. Quem seria mais bem qualificado para ela? Eram homens
experimentados, e ambos desejavam pregar a todos os povos o evangelho de JESUS.
Havia ambos viajado muito e pareciam ser cidadãos do mundo. Estavam capacitados
a representar a CRISTO; para isto haviam sido chamados. Os líderes,
levantando-se numa reunião de jejum e oração, impuseram as mãos sobre Barnabé e
Saulo, abençoando-os e encarregando-os solenemente da tarefa missionária.
Provavelmente
com as mochilas cheias de provisões e presentes oferecidos pelos membros da
igreja em Antioquia, Barnabé e Saulo partiram numa jornada que os manteria
longe de casa por mais de dois anos. Deixaram atrás de si uma igreja que jamais
haveria de se esquecer deles em suas orações.
Os missionários
levaram consigo o jovem Marcos, sobrinho de Barnabé. Quando a primavera chegou
aos montes da Síria, os três partiram; cremos que todos os irmãos estavam lá
para se despedirem deles. Os missionários caminharam pela longa estrada
pavimentada que os levaria ao porto de Selêucia, onde havia grande atividade.
Navios mercantes chegavam e partiam para outros portos em todo o Mediterrâneo.
Muitos barcos de pequeno porte, levando frutas de Chipre, distante dali cerca
de 113 quilômetros, navegavam regularmente pela estreita faixa de água azulada,
num percurso de seis horas, com vento favorável. Como Barnabé era de Chipre,
eles certamente seriam bem acolhidos na cidade. Além disso, havia na ilha
alguns cristãos que tinham sido expulsos de Jerusalém quando da perseguição
geral. Os agora, apóstolos Barnabé e Saulo, estavam felizes por terem sido
escolhidos para esta tão grande missão.
Veja que a
Igreja possui apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres como afirma
Paulo na carta aos Efésios 4:11. Os ministérios de CRISTO continuam
a existir, muito embora não sejam reconhecidos pela igreja atual, talvez quem
sabe, preocupada em dividir o salário pastoral com todos esses ministros.
Ouvindo, porém,
isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas vestes e saltaram para o
meio da multidão, clamando - Atos 14:14
E não vi a
nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor. Gálatas 1:19
A Ilha de
Chipre
O pequeno navio
bordejou a ilha, e navegando junto à costa escura e rochosa, chegou à principal
cidade, Salamina, na foz do rio. A atividade no porto era enorme. Dois grandes
diques de pedra estendiam-se como braços protetores para o belíssimo azul das águas,
convidando os navios de todo o globo a ancorarem ali. As ruas da cidade
comparavam-se às de Tarso. Em toda parte, avistava-se santuários de ídolos e
templos erigidos aos deuses gregos. O prédio mais popular da cidade era o
templo de Afrodite, a deusa que representava a beleza feminina, e cuja adoração
era acompanhada por ritos vergonhosos e pecaminosos.
Os sacerdotes
desse templo costumavam contar como, há muito tempo, a bela Afrodite surgira
dentre a espuma das ondas e, vendo as areias macias da praia, fizera de Chipre
sua residência permanente. Essa, segundo eles, era a razão de as mulheres de
Chipre serem tão altas e belas. O aniversário de Afrodite era celebrado com um
festival.
A vida na ilha
era fácil e despreocupada; o povo tinha como principal objetivo a busca do
prazer. Com certeza, Barnabé conhecia muito bem a essa gente. Depois de visitar
os amigos e parentes, passou a frequentar as sinagogas. Enquanto isso, Saulo
anunciava o Evangelho, afirmando que CRISTO cumprira as promessas feitas a
Israel, e viera para ser o seu Messias.
Como houvesse
várias sinagogas em Salamina, Barnabé e Saulo narraram a história de JESUS de
modo que todo judeu pudesse ouvi-la. Sem dúvida, Saulo contou que fora educado
para ser rabino e fariseu, e que passara anos perseguindo os cristãos antes de
encontrar o Senhor ressurreto na estrada de Damasco - o encontro que lhe mudara
a vida. Não se sabe se alguém foi levado a CRISTO em Salamina. Depois de
haverem passado algum tempo ali, os três obreiros viajaram a pé de uma ponta à
outra da ilha.
Eles pregavam a
CRISTO sempre que tinham oportunidade. É possível que o fizessem nas minas de
cobre, nas salinas, nos pomares, nas fábricas, ou onde quer que houvesse grupos
de pessoas. É certo que visitaram as sinagogas nas aldeias, e finalmente,
depois de várias semanas, entraram no vale que descia para o mar ocidental e a
cidade de Pafos. Aqui, na praia beijada pelo sol, achava-se o lugar onde,
supostamente, Afrodite saíra das ondas. Seu templo, com grandes pilares de
mármore, marcava o local onde chegara à praia, e que era considerado sagrado.
Pafos era a capital de Chipre.
Como na maioria
das cidades, havia ali um bairro judeu. E Saulo e Barnabé, acompanhados por
Marcos, conseguiram descobri-lo. De acordo com o seu costume, Saulo pregou
CRISTO à sua gente. Alguns creram; outros sentiram-se insultados.
Sérgio Paulo, o
governador enviado por Roma à ilha, era um homem culto e que se interessava
pela ciência da sua época. Uma ciência, porém, estranhamente misturada à
feitiçaria e à astrologia. Sérgio Paulo, embora estivesse acostumado aos deuses
e deusas de Roma, continuava procurando algo que lhe satisfizesse a alma.
Quando o
governador soube da chegada de Saulo e Barnabé, mandou chamá-los; queria ouvir
a nova doutrina. Essa era a grande oportunidade de Saulo, e ele a encarou como
se fora uma porta aberta para o Evangelho. Com humildade, mas cheio de
entusiasmo, foi encontrar-se com o ilustre romano. Como Saulo também era
romano, começou a falar desenvolta e habilmente. Expôs o amor romano à verdade
e à justiça, e sua aceitação e tolerância com todas as religiões. A seguir
contou, um a um, os grandes fatos do Evangelho - a vinda de JESUS CRISTO, a
rejeição de seu próprio povo, sua crucificação e, finalmente, sua ressurreição.
Recapitulou sua experiência pessoal como opositor do Cristianismo, e como certo
dia o Senhor o cativara e transformara-lhe completamente a vida.
Sérgio Paulo
ficou impressionado. As palavras de Saulo agradaram-lhe os ouvidos. Seu coração
inclinou-se para DEUS e a luta por sua alma já estava quase ganha. Mas
Barjesus, um mágico e feiticeiro da corte, também chamado de Elimas, negava
vigorosamente as palavras de Saulo. Barjesus era judeu e estava vivendo em
oposição à Lei de Moisés, pois esta condenava a feitiçaria e a magia. Todavia,
diante da pregação de Saulo, seu judaísmo veio à tona; seus argumentos
tornaram-se fortes.
Paulo discutiu
com ele, e vendo que se vendera a Satanás e estava agora obstruindo a palavra
de DEUS, clamou contra ele: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda
a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos
caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora, contra ti a mão do Senhor, e ficarás
cego, sem ver o sol por algum tempo. No mesmo instante a escuridão e as trevas
caíram sobre ele, e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão (At
13.8-12).
Enquanto Sérgio
Paulo observava, os olhos de Elimas embaçaram e a escuridão caiu sobre si. O
homem estendeu desesperadamente a mão, tateando para encontrar o caminho, e
teve de ser guiado através do aposento.
O governador
romano vira a poderosa mão de DEUS sobre uma alma rebelde, e deixou- se
convencer. Levantou-se do divã; não pôde mais resistir ao Evangelho. Creu e foi
contado entre os cristãos. Esse foi um grande avanço. DEUS honrara o ministério
de Saulo, dando-lhe o homem mais importante da ilha. Glória a DEUS!
Paulo, um NOVO
Homem
Movimentando-se
entre os gentios, Saulo passou a ser chamado de Paulo, pois essa era a forma
romana de seu nome. Enquanto estava na sinagoga, e mesmo depois de tornar-se
cristão, era conhecido pelos amigos como Saulo. Mas esse nome era israelita, e
de certa forma representava tudo o que ele fora como judeu e fariseu. O nome
Paulo indicava o novo homem e seu novo trabalho. Enquanto permaneceu entre os
gentios das províncias, foi se tornando cada vez mais conhecido como Paulo. Com
o correr dos anos, até o fim de sua vida, usou o nome romano para assinar todas
as suas cartas.
Todavia, Saulo,
que também se chama Paulo, cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos nele,
disse: Atos 13:9
A Caminho de
Perge
Em Chipre, as
circunstâncias eram favoráveis a Paulo, Barnabé e Marcos. Sem que o
percebessem, transcorreram-se vários meses. Mas eles não haviam planejado
passar o inverno lá. O verão já se fora e a colheita terminara, quando os três
despediram-se dos amigos, e começaram a viagem de dois dias para a província da
Panfília, no continente. Esta ficava somente a 160 quilômetros a oeste da casa
de Paulo, em Tarso, sendo, porém, uma porta de saída para as cidades gentias da
Ásia Menor.
O pequeno barco
foi navegando pela costa rochosa da Panfília, procurando encontrar a foz do rio
Cestro. A 13 quilômetros rio acima, chegaram à cidade de Perge. As velas foram
baixadas e os compridos remos levaram o barco finalmente ao molhe. Ali, na encosta
do morro, ficavam o anfiteatro, a pista de corridas e o templo de Diana.
As casas eram
semelhantes às de Tarso - em estilo grego e de grande beleza. Naquela época do
ano, muitos habitantes de Perge iam aos passos, nas montanhas, que levavam à
cidade de Antioquia, no interior da Galácia. Marcos, porém, desanimou. As
montanhas da Panfília eram perigosas e as passagens infestadas de assaltantes.
Plínio fizera um discurso grandioso contra a pirataria em mar aberto, diante do
tribunal de Roma, e o resultado foi uma campanha para expulsar dos mares os
navios piratas. Os meliantes retiraram-se, então, para as montanhas,
tornando-se ladrões de estrada, molestando frequentemente os viajores. É
possível que, pensando nessas coisas e nos animais selvagens à espera nos
desfiladeiros, Marcos haja sentido medo. E, pensando nas possíveis consequências,
decidiu voltar para casa. Mas também podemos imaginar que Marcos já pensava em
escrever seu evangelho e queria juntar todas as informações de que já dispunha
e se aproximar também de Pedro para aprender mais do evangelho e escrever tudo
o que sentisse ser de proveito.
Após a partida
de Marcos, Paulo e Barnabé continuaram viagem pelas trilhas montanhosas,
seguindo o curso do rio. Algumas vezes as rochas eram íngremes e o caminho
estreito; outras, viajavam por vastas planícies onde o sol tostava as
pastagens. Levaram uma semana para chegar às terras altas e frias, onde era
mais saudável viver. Ali, no sopé das Montanhas Sultão, a cidade de Antioquia
florescia, com fileiras e fileiras de construções.
O Ministério em
Antioquia da Pisídia
Antioquia da
Pisídia era a porta de saída para o interior da Ásia Menor. Fora antes uma
cidade grega, mas agora havia nela uma fortaleza romana. Os prédios de mármore
branco brilhavam ao sol, emprestando-lhe uma beleza singular. Os judeus sempre
eram bem acolhidos pelos moradores de Antioquia, e Paulo e Barnabé encontraram
um bom local para estabelecer-se. Fabricante de tendas, Paulo gostava de ganhar
seu sustento, aonde fosse, a fim de não ser pesado à Igreja. Além disso, seus
contatos com mercadores e suas viagens às lojas para vender as mercadorias,
davam-lhe muitas oportunidades de falar de JESUS.
Aos sábados,
Paulo e Barnabé iam juntos à sinagoga, e eram convidados pelos líderes a tomar
parte na adoração e falar aos presentes. Havia sempre orações seguidas por
leituras da Lei e dos Profetas. A reunião terminava com um discurso ou um
debate entre os principais membros da sinagoga sobre alguma passagem das
Escrituras. Quando os líderes perceberam que Paulo e Barnabé eram homens
cultos, e pareciam ser portadores de uma mensagem, disseram-lhes: "Varões
irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para o povo, falai" (At
13-15).
Um Importante
Sermão de Paulo
Havia um bom
número de pessoas presentes, tanto judeus como prosélitos (gentios convertidos
ao Judaísmo). Barnabé reconheceu que a experiência de Paulo o qualificava como
mensageiro. Olhou para ele com um sorriso que dizia: "Essa é a sua
oportunidade, aproveite-a!"
Paulo estava
pronto. Levantando-se, pediu silêncio com um gesto. Como de costume, os judeus
estavam sentados no chão, de pernas cruzadas, com os xales de oração sobre os
ombros. Os olhares voltaram-se para ele quando começou a falar lentamente:
Varões israelitas, e os que temeis a DEUS, ouvi: O DEUS desse povo de Israel
escolheu a nossos pais, e exaltou o povo sendo eles estrangeiros na terra do
Egito, e com braço poderoso o tirou dela; e suportou os seus costumes no
deserto por espaço de quase quarenta anos; e destruindo a sete nações na terra
de Canaã, deu-lhes por sorte a terra deles. E, depois disso, por quase
quatrocentos e cinquenta anos, lhes deu juizes, até o profeta Samuel. E depois
pediram um rei, e DEUS lhes deu, por quarenta anos, a Saul, filho de Quis,
varão da tribo de Benjamim. E, quando esse foi retirado, lhes levantou como rei
a Davi, ao qual também deu testemunho e disse: Achei a Davi, filho de Jessé,
varão conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade (At 13.16-22).
Esse
retrospecto da história era familiar aos judeus, que o acompanharam com grande
interesse e aprovação. Mas o objetivo de Paulo ao recapitular tais fatos era
apresentar-lhes JESUS. Então prosseguiu:
Da descendência
desse, conforme a promessa, levantou DEUS a JESUS para Salvador de Israel;
Tendo primeiramente João, antes da vinda dele, pregado a todo o povo de Israel,
o batismo do arrependimento. Mas João, quando completava carreira, disse: Quem
pensais vós que eu sou? Eu não sou o CRISTO; mas eis que após mim vem aquele a
quem não sou digno de desatar as sandálias dos pés. Varões irmãos, filhos da
geração de Abraão e os que dentre vós temem a DEUS, a vós vos é enviada a
palavra dessa salvação. Por não terem conhecido a este, os que habitavam em
Jerusalém, e os seus príncipes, condenaram-no, cumprindo assim as vozes dos
profetas que se leem todos os sábados. E embora não achassem alguma causa de
morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto. E havendo eles cumprido todas as
coisas que deles estavam escritas, tirando-o do madeiro, puseram-no na
sepultura (At 13 23-29).
Paulo
preparava-se para a parte principal do sermão. As palavras saíam-lhe mais
rápidas. Sua voz elevou-se; ele foi tomado de fervor espiritual ao exclamar
triunfante: Mas DEUS o ressuscitou dos mortos; E ele por muitos dias, foi visto
pelos que subiram com ele da Galileia a Jerusalém, e são suas testemunhas para
com o povo. E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, DEUS a
cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a JESUS, como também está escrito no
salmo segundo: Meu filho és tu, hoje eu te gerei. Seja-vos, pois, notório,
varões irmãos, que por este se vos anuncia remissão dos pecados. E de tudo o
que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado,
todo aquele que crê (At 1330-33,38-39).
O sermão de
Paulo terminara. Os ouvintes estavam atônitos. Ele era um pregador corajoso e
todos sentiram-se dominados pelo seu zelo e intrepidez.
Alguns dentre
os principais da congregação começaram a murmurar, mas grande número de judeus
e gentios saíram naquele dia indagando-se: "Será que isso é verdade? Será
mesmo verdade?"
Quando Paulo e
Barnabé voltaram para casa, pequenos grupos seguiam-nos pela rua estreita
pedindo para ouvir mais sobre o novo ensino. Ansiosos, queriam saber tudo a
respeito de JESUS. Naquela noite, quando o sol se pôs e as velas foram acesas
em Antioquia, muitos judeus e gentios tinham o coração aberto ao Salvador e os
olhos voltados ao céu.
No dia
seguinte, o discurso de Paulo era o tema das conversas nos lares judeus. Os
gentios também souberam do acontecido, e suplicaram-lhe que repetisse o sermão
no sábado seguinte.
No dia marcado,
pessoas vieram de todas as direções. A sinagoga sombria, com uma única lâmpada
acesa, estava repleta como nunca. Muita gente teve de ficar do lado de fora.
Mais tarde, escrevendo a respeito, Lucas conta que quase a cidade inteira se
reunira para ouvir a Palavra de DEUS. Paulo repetiu o sermão e o povo escutou.
Mas quando declarou que JESUS era o CRISTO, vozes elevaram-se contra ele.
Alguns judeus, movidos pela inveja, contradisseram-no publicamente. Era costume
interromper o orador na sinagoga. Paulo acostumara-se a isso, e não esperava
outra coisa.
De repente, os
líderes judeus puseram-se a gritar. A violência cresceu. Já agora atacavam
selvagemente a Paulo, pontuando suas palavras com maldições e blasfêmias. Os
dois discípulos elevaram as vozes acima do tumulto, chamando os ouvintes à
razão. Porém os judeus continuaram gritando cada vez mais alto, na tentativa de
calar Paulo.
Dirigindo-se
aos líderes, o apóstolo declarou: "Era mister que a vós se vos pregasse
primeiro a palavra de DEUS; mas, visto que a rejeitais e vos não julgais dignos
da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios" (At 13.46).
O Ministério de
Paulo É Abençoado
A multidão
bloqueava a saída e enchia a rua, ansiosa por ouvir falar da vida eterna. Paulo
e Barnabé deixaram a sinagoga em meio ao murmúrio e maldições dos judeus, mas
na porta foram saudados por um brado de alegria. Os gentios, cansados de sua
religião vazia, tinham ouvido falar pela primeira vez de JESUS, da ressurreição
e da vida eterna. Aquele foi um dia cheio para os apóstolos. Quando a noite
chegou, estavam cansados, mas alegres por tantas almas salvas naquela cidade
gentia.
Durante toda a
semana, a oficina de tendas e a casa onde estavam foram invadidas por pessoas
de todas as classes sociais. Queriam saber mais de CRISTO, que lhes havia
preenchido o vazio dos corações e satisfizera-lhes a maior necessidade da vida:
a salvação. A casa dos apóstolos passou a sediar uma nova igreja. Quando o
inverno chegou, o testemunho da graça salvadora de JESUS era dado diariamente
nos bazares. E, indo às cidades do interior a fim de cuidar de seus negócios,
os crentes aproveitavam para contar as boas novas de como nossos pecados eram
perdoados em CRISTO. Antes de completar um ano, a Palavra de DEUS estava sendo
pregada em toda a região, e muitos grupos de cristãos reuniam-se no Dia do
Senhor para adorar a DEUS e receber as bênçãos da vida eterna.
Com a chegada
da primavera, as estradas nas passagens das montanhas foram abertas e o
comércio ganhou vida nova. Os bazares enchiam-se de estrangeiros vindos de
lugares distantes. Os pregadores não descansavam em seus esforços por ganhar
homens e mulheres para CRISTO. Os judeus continuavam aborrecidos com o sermão
de Paulo, e opunham-se vigorosamente à formação de igrejas cristãs em sua
cidade. Não conseguiriam descansar enquanto não dessem fim àquele movimento.
A adoração no
templo de Baco e nos templos do deus-lua era exclusivamente para satisfazer aos
homens. As mulheres sofriam quando seus maridos se entregavam às orgias e
bebedeiras em honra a Baco. A adoração pagã, portanto, nunca foi popular entre
as mulheres. Em vista disso, muitas delas começaram a frequentar a sinagoga,
tornando-se prosélitas da religião judaica, pois encontravam ali algo
infinitamente melhor que tudo quanto haviam conhecido. Os líderes das sinagogas
instigaram essas mulheres - principalmente as casadas com cidadãos importantes
de Antioquia - a convencer os maridos de que deviam proibir a pregação dos
discípulos e expulsá-los da região.
Paulo e Barnabé
Forçados a Deixar Antioquia
Paulo e Barnabé
foram intimados a comparecer perante os magistrados, e receberam ordens para
deixar a cidade. As autoridades cuidaram para que as ordens fossem obedecidas.
Enviaram um guarda para acompanhar os apóstolos até bem longe dos portões de
Antioquia, advertindo-os a que saíssem da província e jamais voltassem. Os
líderes dos judeus acompanharam os guardas, contentes por se verem livres
daqueles mestres cristãos. Seguindo a recomendação do Senhor, os viajantes
tiraram os sapatos e sacudiram destes o pó de Antioquia da Pisídia, como sinal
de desprezo pela cidade que os expulsara.
Não obstante,
antes de partirem, haviam reunido os líderes da nova igreja e insistido a que
permanecessem fiéis, mesmo se perseguidos. Quando as torres de Antioquia
desapareceram na distância, um sentimento de alegria inundou o coração dos
deportados. A viagem para Antioquia da Pisídia não fora em vão. DEUS abençoara
sua obra ali, e centenas de crentes estavam testemunhando de CRISTO na cidade,
nas aldeias e povoados de toda a região. O ESPÍRITO de DEUS certamente os
guiara, pois a semente havia sido plantada.
A estrada para
o leste era sinuosa e íngreme, mas bem pavimentada; era a principal rota
comercial, ligando a Síria às cidades do mar Egeu.
Dias Produtivos
em Icônio
Icônio era a
capital da Licaônia e distava de Antioquia mais de 96 quilômetros. Paulo e
Barnabé decidiram ir para lá. Era uma velha cidade murada que prosperara com a
fertilidade das planícies que a cercavam. A jornada era tensa, pois passava por
um território bravio e cheio de bandoleiros.
Os muros de
Icônio podiam ser vistos a quilômetros de distância, enquanto a caravana descia
as montanhas. A região era rica, e a primavera mostrava-se em toda a sua
plenitude nos vinhedos e jardins.
Os principais
ídolos de Icônio eram Adônis e Cibele. Adônis era um belo jovem, amado pela
mitológica Afrodite, e morto por um javali durante uma caçada. Cibele, filha de
Arano, era representada sobre um trono ladeado por enormes leões. Segundo a
lenda, ela fizera Adônis voltar à vida.
Planejando
passar algum tempo em Icônio, Paulo e Barnabé procuraram um alojamento e
voltaram a praticar o seu comércio. Milhares de judeus moravam em Icônio, por
isso foi fácil encontrar abrigo na cidade. O propósito deles era fazer o mesmo
que haviam feito em Antioquia. Quando chegou o sábado, foram à sinagoga e
aguardaram uma oportunidade para falar. O sermão assemelhava-se ao de
Antioquia, pois esse era o grande peso do coração de Paulo. Havia algo
divinamente sedutor na maneira como falavam, e a sua mensagem era tão atraente
que muitos judeus e gregos creram em JESUS.
Início da
Igreja em Icônio
A princípio, os
líderes da sinagoga não se opuseram a Paulo e a Barnabé. pois interessava-lhes
aquele novo ponto de vista. Porém, ao verem quantos da sua congregação creram e
quantos gentios estavam aceitando a CRISTO, aborreceram-se com a pregação. Proibiram
então os discípulos de frequentar a sinagoga, mas não puderam impedir que
falassem nas ruas. O Senhor abençoou tanto o trabalho em Icônio que grande
número de pessoas veio a crer. Estava iniciada ali uma forte igreja.
Quanto maior a
oposição, tanto mais ousadamente os discípulos falavam. A opinião do povo
dividiu-se: alguns eram a favor do novo ensinamento; outros não queriam saber
dele. Os inimigos - judeus e gentios - opuseram-se abertamente, e várias vezes
os ameaçaram nas ruas. Mas a jovem igreja firmara-se na fé e Paulo sabia que,
quando partissem, os irmãos não voltariam aos ídolos. Adônis perdera. Quem
reinava agora nos corações era CRISTO! Ao serem informados por alguns crentes
de que os inimigos planejavam apedrejá-los até a morte, os apóstolos Barnabé e
Paulo despediram-se dos cristãos e deixaram rapidamente a cidade. Seguiram pela
estrada pavimentada até Listra e Derbe, cidades da grande planície, a cerca de
29 quilômetros ao sul.
O Milagre em
Listra
Mal haviam
chegado a Listra e arranjado acomodações, surgiram oportunidades para pregar em
cada esquina. Na praça do mercado e em qualquer lugar onde as pessoas se
aglomerassem, Barnabé e Paulo falavam de JESUS, o Filho de DEUS, e da vida
cheia do ESPÍRITO. O contraste entre a nova vida e as orgias do templo pagão, a
que o povo se acostumara, era de fato notável.
Um grande
templo dedicado a Júpiter ocupava o centro de Listra. O poeta Ovídio conta que
há muito tempo, Júpiter e Mercúrio desceram à terra disfarçados de viajantes.
Procuraram alojamento e alimentação de porta em porta, mas foram repetidamente
escorraçados. Chegaram finalmente a uma casa humilde, onde vivia um casal
idoso. Filemom e sua mulher, Baucis, acolheram os dois e os alimentaram com
seus parcos recursos. Quando a refeição terminou, os estranhos revelaram que
eram deuses e concederam ao casal vida longa como guardiães de um templo
sagrado.
Os moradores de
Listra ouviram atentamente os apóstolos, enquanto estes pregavam a CRISTO, e
muitos deixaram a idolatria, tornando-se cristãos.
Numa tarde,
quando Paulo discorria sobre o DEUS Único e Verdadeiro, viu entre a multidão um
homem paralítico de nascença. Alguma coisa no sermão comoveu o homem, e Paulo
sentiu que o ESPÍRITO de DEUS estava agindo poderosamente. De repente, Paulo
virou-se para o aleijado e ordenou em alta voz: "Levanta-te direito sobre
os teus pés!" (At 14.10).
Todos os olhos
fitaram o infeliz. No mesmo instante, este se pôs em pé e começou a andar e a
saltar. Ninguém podia acreditar! Seria um sonho?!
Timóteo e Seu
Lar
Um dos novos
crentes era o jovem Timóteo. Sua mãe, Lóide, e sua avó, Eunice, viviam em
Listra e abriram sua casa aos discípulos. Paulo e Barnabé passaram bastante
tempo com a família e, enquanto o jovem Timóteo os ouvia contar repetidamente a
história de CRISTO, descobriu que também queria ser pregador do Evangelho. Seu
coração foi aquecido pela forma como o ESPÍRITO de DEUS usava os discípulos.
E chegou a
Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo discípulo por nome Timóteo, filho
de uma judia que era crente, mas de pai grego, Atos 16:1
Os Apóstolos
são Recebidos como Deuses
E estava
assentado em Listra certo varão leso dos pés, coxo desde o seu nascimento, o
qual nunca tinha andado. Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos e
vendo que tinha fé para ser curado, disse em voz alta: Levanta-te direito sobre
teus pés. E ele saltou e andou. E as multidões, vendo o que Paulo fizera,
levantaram a voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes
aos homens e desceram até nós. E chamavam Júpiter a Barnabé, e Mercúrio, a
Paulo, porque este era o que falava. E o sacerdote de Júpiter, cujo templo
estava em frente da cidade, trazendo para a entrada da porta touros e
grinaldas, queria com a multidão sacrificar-lhes. Ouvindo, porém, isto os
apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas vestes e saltaram para o meio da
multidão, clamando e dizendo: Varões, por que fazeis essas coisas? Nós também
somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos que vos
convertais dessas vaidades ao DEUS vivo, que fez o céu, e a terra, e o mar, e
tudo quanto há neles; o qual, nos tempos passados, deixou andar todos os povos
em seus próprios caminhos; contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho,
beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de
mantimento e de alegria o vosso coração. Dizendo isto, com dificuldade
impediram que as multidões lhes sacrificassem. Atos 14:8-18Uma exclamação de
surpresa seguida de um grande grito fez-se ouvir na multidão. O povo
presenciara um milagre. Embora fosse o grego a língua oficial, na intimidade do
lar, todos falavam o licaônico. Vendo o paralítico andar, maravilharam-se de
tal forma que abandonaram por um instante o grego e gritaram no dialeto nativo:
"Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós" (At
14.11).
A notícia
espalhou-se. Milhares de pessoas vieram ver os apóstolos Barnabé e Paulo. A
lenda de Júpiter e Mercúrio estava se repetindo diante de seus olhos,
confirmando a sua religião. Enquanto os observava, o povo chamou Barnabé de
Júpiter, por causa da sua altura e porte atlético. A Paulo chamaram de
Mercúrio, por ser o portador da palavra.
Quando os
sacerdotes do templo de Júpiter, no bosque junto à cidade, ouviram falar disso,
trouxeram touros e grinaldas até o portão da casa onde os apóstolos estavam
hospedados. Homens e mulheres corriam agitados pelas ruas, contando a todos que
os deuses tinham descido até eles. Uma grande multidão, guiada pelos
sacerdotes, adentrou os portões para oferecer sacrifícios aos deuses
recém-chegados. Os gongos soavam; os tambores batiam. Grinaldas de flores foram
colocadas nos chifres dos touros. Aquele era um grande dia para Listra!
Quando ficou
evidente a Paulo e Barnabé que o povo queria adorá-los, ambos se perturbaram
imensamente. Só de pensar, sentiam-se repugnados! De acordo com o costume
judaico, eles rasgaram as vestes em sinal de grande angústia e correram
gritando em meio à multidão.
Os gongos e
címbalos silenciaram e a multidão se calou. Os "deuses" estavam
falando!
Não foi sem
razão que chamaram Paulo de Mercúrio - o mensageiro dos deuses. A oratória que
o povo ouvia de seus lábios era refinada e bela, muito superior a qualquer
outra que já tivessem ouvido.
O Apedrejamento
de Paulo
Certo dia,
estando Paulo falando a seus amigos cristãos, um grupo de judeus de Icônio e
Antioquia aproximou-se deles, e opôs-se abertamente às verdades pregadas.
Agitavam-se enraivecidos, enquanto Paulo respondia-lhes usando a mesma
Escritura. Até que, aos berros, aqueles homens correram em meio aos ouvintes
procurando dispersá-los. Punhos ergueram-se acompanhando o grito:
"Apedrejem-no! Ele merece morrer. Qualquer homem que pregue contra a Lei
de Moisés é um traidor. Apedrejem-no!"
As pedras
zumbiam no ar, vindas de todas as direções. Paulo continuou firme onde estava,
suplicando-lhes em nome do Senhor JESUS. A essa altura, já se achava ferido e
sangrando, mas ainda podia ver a crescente ira do povo. Finalmente, um homem
atirou uma pedra mais pesada, atingindo a testa do apóstolo. Sangrando e
inconsciente, Paulo caiu. A multidão rodeou-lhe o corpo e pôs-se a chutá-lo.
Agarrando-o pelas roupas, arrastaram-no para fora da cidade, e abandonaram-no
em uma vala ao lado da estrada. "Esse é o fim de Paulo!", pensaram
satisfeitos, e voltaram às suas casas.
O pequeno grupo
de amigos ficara indefeso ante a multidão. Acompanharam a turba que arrastava o
corpo de Paulo e temeram o pior. A voz de um grande apóstolo fora silenciada.
Já tinham visto muita gente morrer assim, mas... quem sabe ainda estivesse
vivo!
Fora da cidade,
é possível que Barnabé, com seus braços fortes, tenha recolhido e levado o
corpo de Paulo à sombra fresca de uma árvore. Alguém deve ter ido buscar água a
fim de lavar o sangue e a sujeira. A ansiedade dos amigos foi aliviada quando
viram o apóstolo abrir os olhos, recuperando a consciência. Alguém glorificou:
"Louvado seja DEUS, que poupou o seu servo, livrando-o dos nossos
inimigos".
Os corações dos
crentes foram reanimados. Ajudaram Paulo a levantar-se e o levaram até a casa
de Timóteo. As fiéis Eunice e Lóide trataram-lhe os ferimentos e ajudaram-no a
se recuperar.
Ao amanhecer,
antes que os mercadores enchessem as ruas com suas mercadorias e gritos, dois
vultos saíram pelo portão sul da cidade. O mais baixo mancava e apoiava-se no
braço de seu alto companheiro. Eles seguiram pela estrada pavimentada e depois
por um caminho secundário, que passava por uma região montanhosa. Esse era o
caminho para as Portas da Cilícia, que Paulo chamava de lar. A cidade aonde
estavam indo, porém, era Derbe, distante cerca de quarenta quilômetros ao sul.
Era um posto alfandegário, onde Roma recolhia os impostos sobre todas as
mercadorias embarcadas.
Sobrevieram,
porém, uns judeus de Antioquia e de Icônio, que, tendo convencido a multidão,
apedrejaram a Paulo e o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava
morto. Mas, rodeando-o os discípulos, levantou-se e entrou na cidade. E, no dia
seguinte, saiu, com Barnabé, para Derbe. Atos 14:19,20
As multidões
debandaram com resmungos duvidosos, e os sacerdotes voltaram com os touros aos
estábulos do templo. O entusiasmo diminuíra, mas o povo comentou o episódio
durante vários dias. Aos poucos, homens e mulheres foram conhecendo a JESUS
CRISTO, e convencendo-se da verdade do Evangelho. A igreja em Listra começava a
crescer.
Era inevitável
que judeus de Antioquia e Icônio visitassem amigos em Listra, ou fossem ali
vender suas mercadorias. A história de Paulo e Barnabé continuava viva em suas
mentes; a presença de igrejas cristãs cheias de gentios em suas cidades ainda
machucava os rabinos. Estes achavam-se furiosos porque ambos continuavam
pregando o que, para eles, era uma religião falsa. Decidiram deliberadamente
acabar com aquilo. Não foi difícil instigar os judeus de Listra contra os
discípulos. E, com mentiras e informações manipuladas, fizeram brotar tamanho
ódio no coração dos conterrâneos que logo decidiram agir por conta própria e
matar os discípulos, especialmente o seu porta-voz.
O Inverno em
Derbe
Não havia
sinagoga em Derbe, mas ali viviam muitos conterrâneos de Paulo. Como ele
falasse com a autoridade de um rabino, os judeus escutavam-no de boa vontade. O
inverno chegara e as estradas logo estariam cobertas de neve. Nas montanhas, as
passagens ficariam bloqueadas durante meses, e ninguém viajaria até a volta da
primavera, quando a neve se derretia.
Paulo e Barnabé
permaneceram tranquilamente em Derbe, durante todo o inverno. Paulo fez e
vendeu tendas, enquanto ensinava a nova fé em sua casa ou nos lares que se lhe
ofereciam. Embora nada espetacular acontecesse ali, uma forte igreja foi
fundada, pois muitos não puderam resistir à lógica do ensino, convertendo-se
dos ídolos a CRISTO. Durante os longos meses de inverno, os dois discípulos
estiveram completamente ocupados, chamando homens e mulheres a JESUS, e o
Senhor concedeu-lhes grande sucesso.
A neve
derreteu-se nos vales e a brisa da primavera encheu o ar. A igreja de Derbe já
estava forte e capaz de continuar sem a ajuda de Paulo. Fazia mais de dois anos
que a igreja da Síria enviara os dois missionários; sementes haviam sido
plantadas e cresceriam para a vida eterna. O caminho fora difícil, mas o Senhor
estivera com eles e honrara-lhes o trabalho.
A Volta para
Casa
A viagem de
regresso teria sido fácil, se viessem pelas montanhas e pelas portas da Cilícia
até Tarso, passando depois por terreno muito familiar até chegar à Síria.
Paulo, porém, tinha bem vivido na mente o furor de Listra, Icônio e Antioquia.
Sem dúvida seria mais fácil voltar pelo caminho de Tarso; mas, e as igrejas
recém-fundadas? Como estariam suportando o chicote da perseguição? Teriam
crescido, ou algum membro enfraquecera, voltando a Adônis? Estava claro que ele
deveria visitar todas as igrejas e confirmar os cristãos na fé. Eram seus
amigos, e o apóstolo jamais cessara de orar por eles, mencionando-os pelo nome.
E se essa visita resultasse realmente em perseguição? O Senhor não os protegera
sempre? Paulo e Barnabé resolveram, então, voltar pelo mesmo caminho.
Em Listra, as
cenas eram familiares; já sabiam onde encontrar os cristãos. Foram até à casa
de Timóteo e ficaram contentes por saber que o povo de DEUS continuava firme,
apesar da perseguição. Paulo e Barnabé sentiam-se confiantes; os cristãos de
Listra estavam suficientemente fortes para se organizarem. Portanto, em cada
igreja, ordenaram presbíteros para supervisionar espiritualmente a família
cristã. A seguir, orando por todos, ambos partiram para Icônio.
Depois de
alguns meses, a igreja de Icônio fizera um verdadeiro progresso e achava-se
também pronta para ser organizada. Os discípulos fizeram isso e continuaram o
caminho de volta para casa.
Ao chegarem aos
portões de Antioquia, de onde tinham sido expulsos alguns meses antes,
lembraram como os gentios daquela cidade haviam acolhido o Evangelho. Foram
recebidos com alegria pelos velhos amigos e informados de que os cristãos de
Antioquia haviam permanecido firmes durante todos aqueles meses.
Paulo
pregou-lhes novamente e, antes de partir com Barnabé, nomearam homens de
confiança, provados durante a perseguição, para dirigir a igreja.
A primavera já
estava bem avançada, e os discípulos queriam chegar ao porto de Perge antes que
aumentasse o calor do verão. Lembravam-se dos dias e noites quentes quando
chegaram a Perge, e como fora agradável o frio das montanhas em sua viagem a
Antioquia. Na planície que beirava a costa, o verão chegara em toda a sua
força. Como na visita anterior haviam passado pouco tempo pregando em Perge,
decidiram-se demorar ali e testemunhar de CRISTO. Dia após dia foram usados por
DEUS, e fundaram na cidade uma igreja.
Enquanto
pregavam, esperavam por um navio que os levasse para casa. Havia barcos de
muitos lugares, mas nenhum que fosse para Selêucia. Despediram-se dos crentes e
continuaram a viagem pela planície até o mar, e depois ao longo da estrada
costeira até Atália, um dos maiores portos marítimos de todo o império. Atália
era grande e importante, e, como em qualquer outra cidade dessa região, havia
nela muitos judeus. Mas Paulo e Barnabé estavam ansiosos por encontrar um navio
que os levasse de volta, e seguiram imediatamente para o porto. Sua busca teve
sucesso; havia ali uma porção de barcos grandes e pequenos, oriundos de terras
estrangeiras de todas as partes do mundo.
Eles pagaram a
passagem e, quando se levantaram os ventos matutinos, as velas foram
desfraldadas e o barco partiu, acompanhando a costa rochosa até Selêucia.
Durante todo aquele primeiro dia, puderam ver as altas montanhas da Panfília
elevarem-se sobre a vasta planície costeira. Haviam passado dois invernos
naquelas montanhas. O trabalho fora difícil, mas enquanto os morros
desapareciam na distância, os dois homens de DEUS recordavam-se de como o
Senhor havia honrado Sua Palavra. Em cada cidade, muitos que, há apenas um ano,
viviam nas trevas, estavam agora servindo a DEUS.
Todas as
noites, enquanto navegavam e oravam sob as estrelas, Barnabé e Paulo
lembravam-se de cada crente fiel, agradecendo ao Senhor e entregando-os ao seu
cuidado. Até que a viagem chegou ao fim.
A GRANDE
CONTROVÉRSIA
Paulo e Barnabé
animaram-se ao avistar Selêucia. Ali estava o porto de Antioquia, protegido
pelo quebra-mar. Para os apóstolos era como voltar à casa paterna; estar
naquela igreja era o mesmo que estar em família. Era uma igreja forte; maior
que a igreja-mãe em Jerusalém. Paulo gostava dos cristãos de Antioquia da
Síria, e considerava-os uma igreja modelo. Afinal, haviam aberto o coração aos
gentios, recebendo-os juntamente com os descendentes de Abraão no Reino de
DEUS.
Os missionários
mal tinham posto os pés no portão da cidade, e a notícia de sua chegada já se
espalhara. Naquela noite, uma grande multidão reuniu-se à volta deles. Dois
anos antes, aqueles crentes haviam acompanhado Paulo e Barnabé até o navio que
os levaria em sua primeira viagem missionária. Agora estavam de volta, e todos
queriam ouvi-los. Foi uma noite emocionante. Jovens e velhos sentaram-se no
chão, de pernas cruzadas, e ouviram-nos discorrer sobre a atuação do poder de
DEUS em cada cidade.
É provável que
tenham contado toda a história; primeiro Barnabé e depois Paulo. Ninguém se
cansou de ouvi-los, e muitos choraram de alegria ao saber dos caminhos de DEUS
para os gentios. Os missionários falaram da viagem até Chipre; de Sérgio Paulo
em Pafos; do calor de Perge e da deserção de Marcos, que muito os desapontara.
Descreveram seu primeiro inverno passado na outra Antioquia, e como muitos ali
haviam se tornado cristãos. As fugas para Icônio e Listra, onde Paulo tinha
sido apedrejado, foram contadas rapidamente. Por último veio a história do
segundo inverno, passado em Derbe.
Em todas as
cidades, tiveram de enfrentar a oposição dos judeus nas sinagogas; mas na praça
do mercado, os gentios tinham-nos ouvido de boa vontade e, deixando os ídolos,
haviam se voltado para DEUS. Centenas tinham aberto o coração para JESUS! Em
cada cidade visitada pelos missionários, uma igreja havia sido estabelecida.
Importância da
Primeira Viagem Missionária
Enquanto os
cristãos de Antioquia ouviam as histórias missionárias, grande alegria
inundava-lhes o coração. DEUS estivera trabalhando. O plano de pregar o
Evangelho até os confins da terra estava se cumprindo com tremendo sucesso. Em
toda parte, apesar da oposição, lâmpadas estavam sendo acesas para brilhar e
dissipar as trevas do mundo. A semente fora plantada e regada, não só em
Jerusalém e Antioquia, mas também na Ásia Menor e em Chipre. Agora estava
crescendo e produzindo frutos. Nada mais restava a fazer a não ser convocar uma
reunião de oração e agradecer a DEUS por sua graça. Os cristãos oravam e
regozijavam-se por serem embaixadores a serviço de DEUS, arrancando homens e
mulheres de suas vidas vazias e trazendo-os para a vida abundante; da morte para
a vida eterna.
Paulo ficou
vários meses em Antioquia, trabalhando na fabricação e comércio de tendas,
enquanto expunha as grandes verdades do Evangelho. Falava especialmente da
justiça de DEUS, que não pode ser obtida pela guarda da Lei, mas recebida como
um dom da sua maravilhosa graça. Homens e mulheres passaram a ver que todas as
suas esperanças e necessidades eram satisfeitas em JESUS CRISTO, o Salvador.
Crescentes
Dissensões na Igreja
Até essa época,
a oposição encontrada por Paulo na pregação do Evangelho viera de uma única
fonte: o judeu incrédulo que, de tão enfurecido com o ensino cristão,
tornara-se cego. O desgosto dos judeus era aumentado pelo fato de Paulo ter
sido antes fariseu, rabino, amigo da sinagoga e inimigo dos cristãos. Todo
judeu leal acreditava que Paulo fosse um traidor da Lei de Moisés, e por causa
disso, perdera o direito de ser respeitado. Paulo sabia como se sentiam e
simpatizava com eles. Não tivera os mesmos sentimentos antes de sua conversão?
Ele estava preparado para enfrentar a oposição e considerava um privilégio
argumentar com os que negavam sua mensagem.
O problema,
porém, surgiu dentro da própria igreja: alguns judeus cristãos, de mente
estreita, não haviam aberto o coração aos gentios. Queriam que a Igreja fosse
uma seita judaica, do mesmo modo que o farisaísmo o era em Israel. Não
concordavam em receber os gentios, a não ser que se submetessem primeiro às
cerimônias da sinagoga. Achavam que os crentes gentios deviam tornar-se
prosélitos, e manter as leis judaicas referentes aos alimentos, festas,
abluções e ofertórios.
Pedro era amigo
de Paulo. Desde que o Senhor lhe ensinara que os gentios também faziam parte do
seu plano e o guiara até o gentio Cornélio, tornara-se ele favorável ao
posicionamento de Paulo. Ao ouvir sobre a sólida congregação de Antioquia,
decidiu fazer-lhes uma visita.
A Visita de
Pedro
Paulo recebeu
Pedro com grande entusiasmo. Repetiu-lhe a história da primeira viagem
missionária à Ásia Menor, e contou-lhe como DEUS o abençoara, juntamente com
Barnabé, na pregação aos gentios. O coração do velho pescador aqueceu-se com
cada palavra. Comoveu-se com a fraternidade que observou em Antioquia. Judeus e
gentios reuniam-se ao redor da mesma mesa, compartilhando as refeições como
membros de uma única família. Isso seria algo inconcebível em Jerusalém;
proibido pela Lei Mosaica. E, infelizmente, os crentes em CRISTO ainda levavam
em conta tal proibição.
Encontrar e
ouvir Pedro, o velho pescador que conhecera JESUS pessoalmente e que podia
descrever as histórias ocorridas em seu ministério terreno, foi uma experiência
memorável para os cristãos de Antioquia.
Pedro estava
vendo e experimentando uma liberdade em CRISTO que nunca antes conhecera. Em
Antioquia, um negro e um branco sentavam-se juntos. Um escravo e seu senhor
eram um em CRISTO. Não havia diferença entre judeu e gentio, desde que ambos
tivessem sido batizados pelo ESPÍRITO de DEUS na igreja. Estavam unidos por um
laço mais forte que qualquer outra coisa neste mundo.
A Propagação da
Discórdia
Pedro
alegrou-se com tudo o que viu, até o dia em que mensageiros autonomeados
chegaram a Jerusalém para espalhar a discórdia. Eles sabiam tudo sobre Barnabé
e Paulo, e a história do seu trabalho no Ocidente os desagradara. Resolveram
então ir a Antioquia, e interromper quaisquer o era em mais gentios à Igreja.
Por serem da igreja de Jerusalém, julgavam-se revestidos de autoridade. Com
ousadia, advertiram os gentios de que não seriam cristãos, a não ser que se
submetessem primeiro aos mandamentos dados por Moisés aos israelitas.
Pedro ouviu
falar deles, e reconheceu tratar-se dos fariseus que criam em JESUS, mas não
conseguiam desistir do Judaísmo. Eles representavam muitos de seus
conterrâneos, e o seu zelo em purificar a Igreja de todos os gentios era
suficientemente grande para levá-los a fazer uma viagem tão longa. Pedro não
concordava, mas temendo que viessem a perturbar seu ministério em Jerusalém,
decidiu que enquanto estivessem presentes, se afastaria dos gentios. Isso lhe
pareceu necessário porque alguns daqueles homens tinham grande influência na
igreja e eram nitidamente sinceros.
Paulo Enfrenta
os Perturbadores da Ordem
Nem Pedro nem
os visitantes da Judéia tinham qualquer ideia da grande força e convicção de
Paulo. Em dias passados, Paulo tinha sido um deles e sabia exatamente quais
eram os pensamentos de um fariseu. Portanto, não teve piedade; lutou com todas
as forças contra aqueles homens que estavam tentando destruir a liberdade
desfrutada pelos cristãos mediante a graça de DEUS. Eles afirmavam não haver
salvação sem observância da Lei. Eram um inimigo formidável, pois até Barnabé
ficou impressionado e, por um momento, começou a duvidar se agira corretamente
ao admitir os gentios (Gl 2.12,13).
Certo dia, numa
assembleia da igreja, os visitantes falaram tão convictamente, que uma sombra
de incerteza pairou sobre a congregação.
Paulo subiu à
plataforma. Já vira e ouvira o suficiente! Era hora de colocar aqueles
perturbadores no seu devido lugar! Eles haviam confundido muitos dos gentios
cristãos com a sua estreiteza de espírito. Ou não compreendiam a graça de DEUS,
ou eram inimigos da Igreja, como os lobos que se insinuam para espalhar o
rebanho. Disse então a Pedro e aos outros judeus:
Nós somos
judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não
é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em JESUS CRISTO, temos crido em
JESUS CRISTO, para sermos justificados pela fé de CRISTO e não pelas obras da
lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.
Pois, se nós,
que procuramos ser justificados em CRISTO, nós mesmos também somos achados
pecadores, é porventura, CRISTO ministro do pecado? De maneira nenhuma. Porque
se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor.
Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para DEUS. Já estou
crucificado com CRISTO; e vivo não mais eu, mas CRISTO vive em mim; e a vida
que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de DEUS, o qual me amou e se
entregou a si mesmo por mim (Gl 2.1521).
Enquanto Paulo
continuava argumentando, Barnabé compreendeu que errara ao dar ouvidos aos
visitantes da Judéia, e pensou na forma como DEUS movera o coração dos gentios
em toda a Ásia. Estava convencido de que Paulo tinha razão, e agradeceu ao
Senhor pela coragem que o levara a opor-se aos falsos mestres.
A resposta era
clara. A igreja tinha de chegar a uma decisão definitiva sobre a questão dos
gentios. A controvérsia não poderia ser resolvida em Antioquia, mas apenas em
Jerusalém, onde muitos queriam que a Igreja continuasse como mera seita
judaica.
O Apelo a
Jerusalém
Embora o
argumento de Paulo tivesse vencido temporariamente, e todos tivessem ficado
felizes na igreja de Antioquia, eles compreendiam que, para o futuro da Igreja,
alguma norma definitiva tinha de ser estabelecida. O conselho concordou então
que Paulo e Barnabé fossem enviados a Jerusalém, onde deliberariam com os
apóstolos e resolveriam essa importante questão.
Era inverno, e
os barcos costeiros permaneceriam ancorados até a primavera. Portanto, teriam
de viajar cerca de 11.200 quilômetros por terra. Isso significava seis longas
semanas, ou mais, e embora a viagem não fosse novidade para Paulo, ele achou
mais seguro viajar em caravana.
Providos de
alimentos, roupas quentes e dinheiro dado pela igreja, Paulo e Barnabé partiram
pela estrada do litoral. O céu estava carregado e cinzento, mas os cristãos de
Antioquia acompanharam-nos até certo ponto do caminho. Após a despedida, os
crentes voltaram às suas casas a fim de orar pela segurança dos amigos e para
que tivessem êxito em sua missão.
Dia após dia,
os três cavalgaram pela estrada pavimentada. Os rios tinham se tornado
caudalosos com as chuvas, mas havia pontes de pedra para atravessá-los. Ao cair
da noite, apressavam-se para chegar a algum vilarejo onde encontrar abrigo. No
pátio da estalagem, armavam a tenda e acomodavam-se para passar a noite.
Os apóstolos
pararam em muitas aldeias por toda a província da Fenícia, e quando chegaram a
Tiro e Sidom, ficaram por alguns dias, encontrando vários grupos de crentes e
confirmando-os na fé. Paulo recapitulou, para ouvidos atentos, a história da
sua viagem à Panfília, Pisídia e Licaônia. Os cristãos agradeceram a DEUS, e
animaram a Paulo com suas orações. Rogaram que o Senhor protegesse o grupo que
se dirigia a Jerusalém com o propósito de resolver a questão dos gentios.
Em Samaria
havia muitos cristãos e, em cada igreja, os discípulos contaram a história do
seu trabalho em Antioquia e na Ásia Menor. Os cristãos de Samaria ficaram
contentes com o relato. Eles nunca tinham ficado presos às regras dos rabinos
de Jerusalém, e quando Paulo contou sobre os gentios que aceitaram a CRISTO,
alegraram-se muito. Fortaleceram os apóstolos em sua jornada, com a esperança
de que DEUS honraria o seu testemunho em Jerusalém.
Quando foram
avistadas as montanhas da Judéia, os três servos do Senhor estavam realmente
completando outra viagem missionária, pois haviam fortalecido e confirmado as
igrejas ao longo de todo o trajeto até a Cidade Santa. Fazia seis anos que
Paulo visitara Jerusalém, levando as ofertas dos santos de Antioquia. Mas dessa
vez, encontrava-se ali para defender a si mesmo e aos cristãos gentios dos
ataques dos falsos mestres, que procuravam destruir-lhe a liberdade.
Na casa da mãe
de Marcos, encontraram vários líderes da igreja. Esses homens os receberam
cordialmente, e ouviram de boa vontade a narrativa de como DEUS operara por
meio de Barnabé e Paulo na grande viagem. Paulo ficou sabendo que os falsos
mestres, que tanto perturbaram os crentes de Antioquia, não haviam sido
enviados oficialmente pela igreja de Jerusalém, nem eram líderes desta.
Diante de uma
grande plateia, Barnabé e Paulo discorreram sobre as suas viagens e sobre o
poder de DEUS para salvar pessoas que antes adoravam ídolos. Mesmo assim, houve
quem se levantasse e declarasse que todos esses estrangeiros não eram cristãos
de verdade porque não obedeciam à Lei de Moisés. Estavam até comendo carne que
não fora preparada de acordo com a lei! Enquanto esses homens estreitavam as
portas do reino, Paulo argumentava que a retidão jamais seria conferida a
qualquer homem por obedecer à Lei de Moisés, mas sim pela fé no Senhor JESUS,
que tinha os braços abertos a todos.
A Solução da
Grande Controvérsia
A solução não
foi encontrada de imediato. Após muita disputa e acirradas discussões, os
apóstolos e presbíteros convocaram uma reunião para considerarem as várias
opiniões e chegarem a uma decisão. Participaram da reunião representantes dos
dois partidos. Suas opiniões eram tão inflexíveis que a amargura se insinuou no
debate. Só com grande dificuldade Tiago, o irmão do Senhor, e líder reconhecido
da igreja-mãe, conseguiu manter a ordem.
A seguir,
Pedro, o discípulo que falara com JESUS exatamente sobre o assunto, e que
conhecera a vontade de DEUS através de uma visão repetida três vezes,
levantou-se e exigiu atenção de todos:
Varões irmãos,
bem sabeis que já há muito DEUS me elegeu dentre vós, para que os gentios
ouvissem da minha boca a palavra do Evangelho e cressem. E DEUS, que conhece os
corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o ESPÍRITO SANTO, assim como também a
nós. E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando o seu coração
pela fé. Agora, pois, por que tentais a DEUS, pondo sobre a cerviz dos
discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar? Mas cremos que
seremos salvos pela graça do Senhor JESUS, como eles também (At 157-11).
Pedro sentou-se
e a multidão ficou em silêncio. Todos os olhos voltaram-se a Barnabé e Paulo,
esperando que dessem a última palavra. Mas Paulo já dera sua opinião e só lhe
restava confirmá-la, descrevendo os sinais e prodígios operados por DEUS quando
ele e Barnabé pregaram o Evangelho em terras distantes.
Depois disso,
ninguém mais falou. Até os que se opunham ferozmente a Paulo não puderam mais
defender sua posição. Alguns ainda não se achavam inteiramente convencidos, mas
não puderam argumentar contra o poder de DEUS.
Após alguns
minutos de silêncio, Tiago, respeitado por todos como irmão do Senhor, resumiu
os pensamentos colhidos na reunião:
"Varões
irmãos, ouvi-me", disse ele solenemente e com grande dignidade. Os
ouvintes inclinaram-se para ouvir cada sílaba, pois ele era o seu chefe e
diria, sem dúvida, palavras de sabedoria.
Varões irmãos,
ouvi-me: Simão relatou como, primeiramente DEUS visitou os gentios, para tomar
deles um povo para o seu nome. E com isso concordam as palavras dos profetas,
como está escrito: Pelo que julgo que não se deve perturbar aqueles,
dentre os gentios, que se convertem a DEUS, mas escrever-lhes que se abstenham
das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue.
Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue e,
cada sábado, é lido nas sinagogas (At 15.1315,19-21).
A Primeira
Carta Circular as Igrejas
Para tornar
oficial a decisão, Tiago e os outros discípulos escreveram uma carta para ser
lida e explicada na igreja de Antioquia. Judas e Silas foram escolhidos para a
levar o documento até lá. Era tão importante a decisão do primeiro concilio,
que eles enviaram seus principais membros como portadores das notícias; homens
revestidos da maior dignidade aos olhos da igreja.
Essas foram
palavras sábias, com as quais todos os apóstolos e presbíteros concordaram.
Paulo vencera a grande controvérsia: estrangeiros de todo o mundo, de qualquer
procedência, poderiam ser cristãos sem prestar obediência à lei judaica.
Resgatada da estreiteza do Judaísmo, a Igreja estender-se-ia ao mundo todo. Os
cristãos estavam livres da sinagoga!
Essa foi a
primeira das cartas circulares às igrejas. O próprio Paulo, em anos
posteriores, usaria esse método de escrever às igrejas, assim como Pedro e
João.
Paulo e Barnabé
viajaram para casa com o coração leve. Seu entusiasmo não conhecia limites!
Agora, podiam fazer um relatório alegre a todas as congregações. A Igreja dera
finalmente um grande passo e removera suas cadeias para sempre. Que imensurável
satisfação para os crentes gentios!
Retornando a
Antioquia, Paulo e Barnabé convocaram os cristãos a fim de comunicar- lhes o
resultado da reunião em Jerusalém. O silêncio reinou quando Judas e Silas foram
apresentados. Seus nomes eram bastante conhecidos na igreja de Jerusalém, e os
crentes de Antioquia tiveram grande satisfação em recebê-los.
Os dois
contaram sobre as reuniões em Jerusalém e do debate acalorado com respeito aos
gentios. A seguir mostraram a carta assinada por Tiago, onde estava escrito.
Os apóstolos, e
os anciãos, e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia,
Síria e Cilícia, saúde.
Porquanto
ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras e
transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento), pareceu- nos
bem, reunidos concordemente, eleger alguns varões e enviá-los com os nossos
amados Barnabé e Paulo, homens que expuseram a vida pelo nome do nosso Senhor
JESUS CRISTO. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais de boca vos
anunciarão também o mesmo. Na verdade, pareceu bem ao ESPÍRITO SANTO e a nós
não vos impor maior encargo, senão essas coisas necessárias: Que vos abstenhais
das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue e da carne sufocada, e da
fornicação; dessas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos vá. (At
15.23-29).
A congregação
louvou a DEUS pela notícia e decidiu, mais fervorosamente que nunca, propagara
mensagem da salvação por JESUS CRISTO a todo o mundo gentio - até à própria
Roma!
Embora para os
discípulos a grande disputa houvesse terminado, muitos em Jerusalém não estavam
plenamente convencidos. Com o passar dos anos, em diversas igrejas por todo o
império, Paulo os encontraria pregando seus padrões farisaicos. Alguns
argumentavam que a liberdade da Igreja corria risco e que a obra de CRISTO
estava dividida. Mas agora, finalmente, os apóstolos tinham liberdade para
pregar aos gentios e recebê-los com todos os direitos na Igreja.
A SEGUNDA
VIAGEM MISSIONÁRIA
Paulo
permaneceu em Antioquia durante todo o inverno. As estradas das montanhas
estavam cobertas de neve e os barcos ancorados no cais, onde permaneceriam até
que as brisas da primavera enchessem o ar. A oficina onde Paulo fabricava suas
tendas era um ponto de comércio e local de encontro para os cristãos, que
gostavam de levar os amigos não convertidos para ouvirem-no falar de JESUS.
Barnabé era o amigo e companheiro constante de Paulo. Com eles, a igreja tinha
uma liderança leal e criara novas forças.
Além de Paulo e
Barnabé, outros homens vindos de Jerusalém ocupavam posições de liderança em
Antioquia, e pregavam na cidade e aldeias vizinhas. Um deles, chegado
recentemente, era Silas. Depois de cumprir sua missão na igreja de Antioquia,
Silas decidira deixar sua antiga casa e encontrar trabalho na Síria, onde
poderia desfrutar da amizade dos novos irmãos.
A Separação de
Paulo e Barnabé
Quando o clima
se tornou favorável às viagens, Paulo sentiu que deveria visitar outra vez as
igrejas do Ocidente. Eram igrejas novas; precisavam ser orientadas. Paulo
carregava no coração um peso constante por esses cristãos novos, e à medida que
o plano foi-se-lhe formando na mente, procurou o amigo Barnabé, na esperança de
viajarem juntos outra vez.
Tornemos a
visitar nossos irmãos por todas as cidades em que já anunciamos a palavra do
Senhor, para ver como estão (At 15-36).
Barnabé
concordou, e imediatamente tiveram início os preparativos para a partida.
Todavia, Barnabé achou que deveriam levar João Marcos, seu primo, para ajudar
no trabalho. Mas Paulo recusou terminantemente. Marcos tivera a sua
oportunidade e os abandonara nas montanhas da Panfília, justamente quando mais
precisavam dele. Desde que Marcos optara pela segurança da cidade, Paulo não
estava disposto a repetir a experiência. Certamente, a mão de DEUS não estivera
na primeira associação de Marcos com os dois apóstolos. Por que haveriam de
supor que as coisas fossem diferentes agora?
Barnabé, porém,
estava decidido a ponto de pôr em risco o sucesso do empreendimento. Sua
determinação colidiu com a recusa direta de Paulo e houve discussão entre
ambos. Era a primeira vez que isso acontecia. As palavras trocadas foram tão
ásperas que os planos para viajarem juntos tiveram de ser cancelados. Um motivo
tão insignificante serviu para separar os amigos que juntos haviam enfrentado
tantos perigos. Mas cada um julgava estar com a razão, e nenhum quis ceder.
DEUS finalmente
transformou o mal em bem: em vez de um, dois grupos foram formados. Barnabé
navegou para Chipre, levando consigo seu jovem primo Marcos, enquanto Paulo
convidou Silas a acompanhá-lo às igrejas da Ásia Menor.
A briga foi
violenta e áspera, mas de pouca duração. Com o passar dos anos, Marcos
justificaria plenamente a confiança do primo, e Paulo alegrar-se-ia em
recebê-lo e servir-se dele como um honrado ministro. Prevaleceria o amor de
DEUS, e o sentimento provocado pela disputa dissipar-se-ia ante a necessidade
de espalhar o Evangelho.
A Segunda
Viagem Missionária
Barnabé e
Marcos embarcaram num navio, enquanto Paulo e Silas foram por terra ao longo da
estrada dos mercadores, atravessando as altas serranias de Listra. O zelo
demonstrado por Silas em Antioquia impressionara Paulo, e dera-lhe a certeza de
que DEUS honraria o seu testemunho onde quer que fosse. Silas, como Paulo, era
cidadão romano. Juntos, pensou Paulo, poderiam realizar grandes coisas para
DEUS, enquanto visitavam as cidades gentias.
Com as mochilas
às costas, e os jumentos carregados de provisões, despediram-se dos irmãos e
partiram para o monte Tauro. Por essa estrada, Paulo viajara quando criança
para ir a Jerusalém com o pai. Era uma estrada larga, e ele tinha a sensação de
conhecer cada palmo dela. Mas, por segurança, foram em grupos, juntando-se aos
mercadores e peregrinos.
Provavelmente,
Paulo conhecia bem a Síria e a Cilícia. Bem pode ser que tenha pregado em
muitas aldeias e cidades dessa região, enquanto aguardava o chamado de DEUS em
Tarso. Havia diversas pequenas igrejas em lugarejos perto da estrada, e Paulo
pretendia visitá-las, confirmando-as na fé e encorajando-as a manter firme
lealdade a CRISTO.
As igrejas
precisavam realmente dessa visita. Não tinham o Novo Testamento para
orientá-las na vida cristã e, às vezes, as ondas da perseguição eram enormes.
Receber a visita do apóstolo Paulo, conhecer Silas que viera da igreja-mãe, e
ouvir sobre os cristãos de outras cidades, era sem dúvida de grande ajuda.
Na Cilícia
Paulo e Silas
viajaram por estradas acidentadas e trilhas pedregosas. Foram de cidade em
cidade, algumas vezes seguindo o curso do rio, outras, subindo as trilhas das
montanhas. Mas seguiam conscientes da presença de DEUS e de que seu povo
carecia de encorajamento. Onde chegavam, encontravam amigos que lhes ofereciam
hospitalidade e convidavam outros crentes para conhecerem os apóstolos.
Atravessaram assim a passagem elevada da montanha, que levava à Cilícia. As
estradas eram íngremes nos Montes Amanos, e havia poucas cidades na parte
ocidental da província. Essa era a terra natal de Paulo, e ele estivera muitas
vezes em cada vilarejo, vendendo suas tendas. Mais tarde, pregara o Evangelho
nessa região. Agora, portas amigas abriam-se para eles em todos os lugares. Os
cristãos reuniam-se com os apóstolos e ouviam Silas ler a carta de Jerusalém.
Também se compraziam com a pregação de Paulo.
No Lar em Tarso
Finalmente,
deixaram o desfiladeiro e os rochedos escarpados, descendo à vasta planície no
vale do Cnido. Tarso continuava sendo o lar de Paulo, embora seus pais já
houvessem falecido. Havia uma igreja em Tarso, e muitos amigos que Paulo
conhecera na sinagoga faziam agora parte dela. Eles alegraram-se com a sua
volta e o acolheram juntamente com Silas. Era um privilégio conhecer aqueles
homens a quem DEUS escolhera para levar o Evangelho ao mundo. A igreja havia
prosperado e contava com muitos gentios entre seus membros. Não havia
diferenças na comunhão; amavam-se como membros de uma mesma família.
A carta de
Tiago foi lida aos cristãos de Tarso. Paulo advertiu-os a que se mantivessem
firmes na liberdade cristã, sem se contaminarem com a idolatria.
Na Licaônia
Paulo e Silas
pretendiam visitar as igrejas recém-estabelecidas. Portanto, despedindo-se dos
cristãos de Tarso, juntaram-se ao fluxo constante de mercadores na importante
estrada que seguia para a província da Licaônia, atravessando os Portões da
Cilícia, no lado norte do Monte Tauro. Apenas um ano se passara desde que Paulo
e Barnabé haviam deixado Derbe. Quando a cidade surgiu à sua frente,
animaram-se com a expectativa de uma recepção amigável.
Lembranças dos
santos de Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia inundaram a mente de
Paulo. Lembrou-se da disposição com que receberam o Evangelho e de seu zelo
face à perseguição. O coração do apóstolo aqueceu-se com a ideia de revê-los.
Estariam todos lá, ou alguns teriam voltado aos ídolos?
Os dois homens
alegraram-se ao ver a fidelidade desses irmãos em CRISTO. Como ficaram felizes
por rever Paulo! Mas este não pôde demorar muito em qualquer desses lugares.
Sua missão não era fundar igrejas. Isso já fora feito e ele notou que, desde
sua primeira visita, a Igreja crescera em cada cidade. Isto foi um grande
incentivo a Paulo. Depois de falarem sobre a decisão do concilio de Jerusalém e
lerem a carta de Tiago, Paulo e Silas partiram apressados, desejosos de chegar
a novos lugares.
Não enfrentaram
perseguição nessa viagem, porque não fazia parte de seus planos pregar nas
praças do mercado. Isto estava sendo feito por outros, e o Senhor vinha
acrescentando diariamente à igreja os que aceitavam a CRISTO.
Em Listra,
Paulo visitou a casa de Timóteo, recordando a bondade de Lóide e Eunice,
especialmente quando fora apedrejado e jogado quase morto numa vala fora da
cidade. O testemunho de Timóteo agradou tanto a Paulo e Silas, que ambos
pensaram em convidar o jovem a acompanhá-los na jornada. Ele substituiria João
Marcos, que desertara na primeira viagem.
Listra e
Timóteo
No ano em que
Paulo e Barnabé ali estiveram, Timóteo trabalhara tão fielmente na igreja que
os membros mais velhos tinham muitos elogios a fazer-lhe. Timóteo era filho de
pai grego e mãe judia. Seu pai, como muitos gregos cultos da época, talvez não
tivesse encontrado qualquer satisfação em seus deuses pagãos. Ele aparentemente
concordara, de boa vontade, que sua esposa ensinasse ao menino a religião
judaica. Timóteo ouvira desde a infância as histórias do Antigo Testamento, e
podia descrever os tratos de DEUS com seu povo e sua promessa do Messias. No
correr do tempo, a mãe de Timóteo, Eunice, ouvira o Evangelho. Assim como o
jovem Timóteo, ela e sua mãe idosa, Lóide, creram em JESUS como o CRISTO e
foram recebidas na igreja.
Agora, de boa
vontade, Eunice entregava a DEUS o rapazinho, deixando que acompanhasse os
missionários numa viagem a terras distantes - talvez ao estrangeiro - levando
as Boas Novas. Paulo amava o rapaz, chegando até a chamá-lo de filho. Orgulhosa
por um de seus jovens estar sendo convocado por DEUS, a igreja de Listra fez
uma reunião especial. Os presbíteros, com Paulo e Silas, impuseram as mãos
sobre Timóteo, em oração solene, separando-o para o ministério.
A Mensagem de
Icônio
A cidade de
Icônio ficava a apenas quarenta quilômetros de distância, e os cristãos de lá
souberam da chegada de Paulo. Quando o pequeno grupo de viajantes se aproximou,
a notícia correu, e muitos crentes foram cumprimentar Paulo. Eles lembravam-se
de sua primeira visita e dos muitos milagres que operara naquela ocasião.
Aqueles cristãos amavam o apóstolo Paulo; deviam a salvação ao seu esforço
incansável na pregação do Evangelho. Silas leu a carta de Tiago aos cristãos
judeus e gentios, que se rejubilaram ao saber que eram um só em CRISTO e
membros do mesmo corpo. Não era sempre que podiam ouvir homens como aqueles,
por isso ficaram até tarde fazendo perguntas e tirando as dúvidas que tinham em
seu primeiro ano de vida como igreja. Paulo teve prazer em ajudá-los e
fortalecê-los com palavras de exortação, animando-os a manterem-se firmes na fé
em CRISTO JESUS e a pregar acerca dEle, aonde quer que fossem.
Em Antioquia da
Pisídia
A mesma
advertência foi repetida em Antioquia, e o coração dos cristãos animou-se com a
visita e as notícias das outras igrejas. Em toda parte, houve júbilo com o
conteúdo da carta de Tiago. Era como se um grande fardo tivesse sido removido
dos ombros dos cristãos gentios. Antes, sentiam-se infelizes pela incerteza da
sua posição. A própria igreja sentia-se inquieta ao pensar que alguns
discípulos de Jerusalém não admitiriam gentios em sua comunhão. Mas agora, tudo
fora resolvido e a igreja desfrutou de grande paz.
Sensibilidade à
Liderança divina
Paulo, Silas e
o novo companheiro, Timóteo, gostaram das visitas, mas queriam seguir para um
território onde o Evangelho ainda não tivesse penetrado. Sentindo que já haviam
ficado o suficiente em Antioquia da Pisídia, despediram-se dos amigos.
Juntando-se a um grupo de viajantes, seguiram na direção nordeste, para a
província da Galácia. Sua ideia era ir até as colônias judaicas do mar Negro. A
estrada era boa, não muito íngreme nem perigosa. Saía dos montes Sultão e
estendia-se por planícies cobertas de matas, passando por vales aprazíveis e
chegando ao mar distante. Viajar sozinhos, porém, não era recomendável, pois os
lobos, leopardos e leões eram comuns no planalto, para além das montanhas. As
feras não molestavam os grupos grandes; os que viajavam sozinhos, porém, jamais
chegavam ao seu destino.
Depois de
percorrerem cerca de 160 quilômetros, chegaram às exuberantes florestas da
Bitínia, onde as encostas desciam suavemente até o mar Negro. Estavam
aproximando-se do seu objetivo, e a viagem parecia convidativa. Mas, de
repente, Paulo compreendeu que DEUS não queria que fossem à Bitínia. Quer
tivesse sonhado ou tido uma visão, ficou cada vez mais claro que deveriam
voltar. Paulo vivia bem perto do Senhor, e era sensível à sua orientação;
jamais começava qualquer viagem sem primeiro colocar seus planos diante de
DEUS. De alguma forma, tornou-se evidente que deveria desistir daquela viagem e
seguir noutra direção.
Paulo Adoece na
Galácia
Consultando-se
entre si, decidiram ir para a Ásia, pregando ao longo do caminho. Mas o
ESPÍRITO de DEUS falou-lhes claramente que não deveriam se demorar pregando na
Ásia. Ficaram perplexos, imaginando aonde DEUS finalmente os levaria. Voltando
pela estrada em direção ao ocidente, Paulo adoeceu e o grupo teve de parar em
uma das cidades da Galácia. Prosseguir era impossível; Paulo estava fraco e
precisava descansar. Os irmãos daquela igreja cuidaram bondosamente dele e
fizeram o possível para que se restabelecesse. Trataram-no como a "um anjo
de DEUS".
Bem mais tarde,
Paulo escrever-lhes-ia, recapitulando toda a história:
E vós sabeis
que primeiro vos anunciei o Evangelho estando em fraqueza na carne. E não
rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne; antes,
me recebestes como a um anjo de DEUS, como JESUS CRISTO mesmo. Qual é, logo, a
vossa bem- aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora,
arrancaríeis os olhos, e mos daria (Gl 4.13-15).
Podemos supor
que Paulo sempre tenha tido problemas com os olhos, e sua enfermidade talvez
tivesse sido uma recidiva que provocou uma inflamação. Considerando isto um
obstáculo ao seu ministério, orou ao Senhor, em três ocasiões, rogando que lhe
removesse a doença. Embora DEUS ouvisse e atendesse às orações de Paulo, sua
resposta foi um não. Em vez de curá-lo, DEUS concedeu-lhe forças para vencer e
provar que o sofrimento e a fraqueza podem ser suportados com dignidade.
Em Trôade
Com a ajuda de
DEUS, Paulo recuperou-se o suficiente para continuar viagem. Sem saber o que o
Senhor lhes reservava, os três viajaram para o Oeste, e atravessaram a
província de Mísia, onde não tiveram oportunidade de pregar. Certo dia,
encontraram-se no porto de Trôade, à beira das águas azuis do mar Egeu. Trôade
era um porto famoso. Era a Tróia* da conhecida poesia de Homero e palco de
muitas batalhas. A história do cavalo de Tróia desperta hoje o mesmo interesse
que despertava nos dias de Homero.
Paulo, porém,
não tinha tempo para pensar no passado; ele refletia sobre o presente e o
futuro. Do alto dos montes que circundavam a cidade, podia-se ver as ilhas
gregas estendendo- se como degraus para que um gigante atravessasse o mar a
seco. Os viajantes sabiam que além delas achava-se o grande continente europeu,
que abrangia as extremidades das terras conhecidas, pelo homem. Ali
encontrava-se o abismo da ignorância paga, e também o centro da cultura grega;
para além, a grande cidade de Roma, a terra dos Césares.
Essa era uma
civilização rica em estátuas, templos e palácios senhoriais. O povo adorava nos
santuários da lascívia e do prazer, rendendo homenagens a Júpiter, Saturno e
Juno, assim como a um exército de deuses menores.
Paulo e Silas
permaneceram ali, perguntando-se aonde o Senhor desejaria levá-los. Ansiavam
por envolver-se na pregação do Evangelho. Estavam perplexos por DEUS não lhes
ter aberto uma porta em quaisquer cidades ou metrópoles do norte da Ásia Menor.
Agora encontravam-se em Trôade, uma cidade-fortaleza romana. Seria esse o lugar
escolhido por DEUS, ou teriam de continuar viajando?
Enquanto
esperavam dia após dia, travaram conhecimento com um pequeno grupo de cristãos.
Paulo não lhes ministrou, mas encontrou entre eles aquele que veio a ser seu
melhor amigo: Lucas. O médico amado, escritor do Evangelho que lhe leva o nome
e do livro de Atos, juntou-se aos três viajantes em Trôade. Ele já era cristão
e, apesar de muito respeitado como médico, estava disposto a passar a vida
curando almas.
*Há
divergências quanto à nomenclatura utilizada. Trôade não deve ser confundida
com a Tróia dos relatos de Homero.
O Chamado para
a Macedônia
Certa noite,
DEUS falou a Paulo num sonho. Paulo podia ver as ilhas da Grécia estendendo-se
como uma ponte sobre o mar Egeu, até as ilhas distantes... Um homem da
Macedônia, de pé, com os braços estendidos, suplicava-lhe que cruzasse o mar e
fosse ajudá-lo e a seus conterrâneos. O chamado há tanto esperado chegara
afinal. O suspense terminara. Pela manhã, Paulo contou o sonho a Silas, Timóteo
e Lucas, e todos concordaram que o Senhor queria que fossem à Europa. Não havia
tempo a perder. Naquela mesma manhã, com suas bagagens às costas, saíram à
procura de um navio que fosse para o Ocidente. Quando a fresca da noite desceu
sobre a cidade e o vento sul assoprou, o navio desfraldou as velas iniciando a
jornada de 160 quilômetros, que levaria os apóstolos até Filipos, na Macedônia.
No dia
seguinte, alcançaram a ilha de Samotrácia; à noite, desembarcaram em Neápolis.
Após uma noite de descanso, fizeram uma viagem curta, pegando a estrada
pavimentada que seguia o rio para o interior, até a cidade de Filipos.
A Obra de Paulo
em Filipos
"Passa à
Macedônia e ajuda-nos!" tinha sido o grito do macedônio. É claro que a
ajuda de que precisavam não se tratava de instrução. Pois eles tinham escolas
muito melhores que as da Judéia. Tão pouco necessitavam ajuda para se tornarem
fortes ou ricos. Filipos tinha riqueza, e aqueles quatro homens nada poderiam
lhes acrescentar. O que nem os romanos nem os gregos possuíam era a felicidade
verdadeira. Os prazeres eram abundantes, mas sem CRISTO não havia como serem
saciados. Filipos tinha sido capturada anos antes por Roma, e muitos cidadãos
romanos vieram morar na cidade. Ela tornara-se parte do grande Império Romano
que se estendia por toda a terra, desde a Bretanha até a Palestina. Era agora
uma colônia livre de impostos, e tinha entre seus habitantes muitos romanos de
alta categoria.
Não havia
sinagoga na cidade, porque o número de judeus era pequeno. Os poucos que havia
reuniam-se todos os sábados para orar num lugar afastado, fora da cidade, às
margens de um rio. O pequeno grupo compunha-se em sua maioria de mulheres.
Algumas delas eram prosélitas que, abandonando a idolatria, haviam encontrado
na religião de Israel algo infinitamente melhor.
Lídia, a
Vendedora de Púrpura
Os quatro
homens destacavam-se entre as mulheres. E quando Paulo começou a pregar, o
coração de uma determinada gentia comoveu-se grandemente. Tratava-se de Lídia,
comerciante de Tiatira, do outro lado do mar. Lídia era uma viúva que se vira
forçada a manter o próprio negócio, como vendedora de tecidos feitos de
púrpura. Tiatira era conhecida pela sua tinta de púrpura, e Lídia enriquecera
vendendo suas mercadorias às mulheres romanas da cidade.
O coração de
Lídia sensibilizou-se com o sermão. Ela cria no DEUS dos hebreus e, como eles,
esperava o Messias. Paulo pregou. O ESPÍRITO de DEUS abriu o coração dessa
mulher especial, e ela recebeu JESUS. As margens do rio, tendo as outras
mulheres por espectadoras, Lídia foi batizada. E toda a sua casa seguiu-lhe o
exemplo!
Grande
hospitaleira, Lídia insistiu que Paulo e seus companheiros ficassem em sua
casa. A princípio eles rejeitaram o oferecimento para não a constranger. O
plano de Paulo fora sempre sustentar-se com a fabricação de tendas, mas Lídia
não aceitou qualquer desculpa e obrigou-os a acatar o convite.
No decorrer das
semanas, os quatro homens não perderam qualquer oportunidade de dar testemunho
de CRISTO. Todos os sábados, reuniam-se no lugar de oração dos judeus, junto ao
rio, e falavam aos presentes sobre as riquezas insondáveis do Evangelho. Só algumas
mulheres se tornaram cristãs. Evódia e Síntique creram, juntamente com dois
homens - Epafrodito e Clemente - e alguns outros cujos nomes constam do Livro
da Vida. Ainda que os resultados fossem pequenos, eram reais. Paulo animou-se a
ficar e pregar não só perto do rio, mas também nos bazares e praças.
A ESCRAVA
(Ptonisa)
Tudo parecia ir
bem, quando a oposição surgiu de fonte inesperada. Havia uma jovem escrava
possuída por um espírito maligno, que fazia adivinhações. As pessoas
procuravam-na para conhecer o futuro, e seus donos muito lucravam com o preço
das consultas. Ela atraía homens inseguros que não se aventuravam a fazer
negócios, ou resolver casos de amor, sem primeiro consultar um médium que
afirmasse manter contato com o mundo espiritual.
Da mesma forma
que o espírito maligno reconhecera JESUS como o Filho de DEUS, o espírito nessa
moça percebeu que os apóstolos eram enviados do Senhor. Seguindo-os diariamente
pelas ruas e na praça do mercado, a escrava gritava aos passantes: "Esses homens,
que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do DEUS Altíssimo" (At
16.17). Seus donos ficaram aborrecidos, mas ela não se importou porque na
verdade os odiava. A mensagem de Paulo cativara-a de tal forma, que ela
esperava todos os dias na rua até que os apóstolos aparecessem.
Paulo, no
entanto, não se agradou do testemunho dos demônios. Indignado com aquela
importunação diária, voltou-se à escrava e ordenou, em nome do Senhor JESUS,
que o espírito a deixasse. A moça ficou parada, atônita; estava finalmente
livre, senhora de suas faculdades.
A Prisão de
Paulo e Silas
Vendo seu meio
de vida ser tirado por aqueles judeus, os donos da escrava ficaram furiosos.
Enraivecidos, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram pelas ruas, gritando aos
que passavam. Uma grande multidão os acompanhou, pensando tratar-se de algum
ladrão. Paulo e Silas foram levados à praça do mercado, sob a acusação de
haverem perturbado a paz. Foi fácil colocar o povo contra eles, uma vez que os
judeus eram muito odiados. O imperador Cláudio não mandara banir todos os
judeus de Roma?
Numa
extremidade da praça, dois magistrados romanos estavam sentados numa plataforma
elevada, sob um dossel que os abrigava do sol. A tarefa deles era ouvir e
julgar as queixas do povo. Esse foi o primeiro tribunal de justiça. Arrastando
os apóstolos pelas vestes e pelos cabelos, os perseguidores levaram-nos aos
magistrados.
"Esses
homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade." Acusaram-nos aos
berros. "E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar,
visto que somos romanos" (At 16.20-21). A multidão gritava: "Fora com
eles! Fora com os judeus!"
Os magistrados
deixaram-se convencer. Não permitiram aos prisioneiros qualquer julgamento ou
defesa. Se soubessem que Paulo era cidadão romano, sem dúvida o tratariam com
respeito, mas nada lhe perguntaram. Os juizes deram ordens para que fossem
publicamente açoitados. Depois de descobrirem as costas dos presos, os pretores
avançaram e levantaram as varas. Enquanto os apóstolos encolhiam-se de dor sob
os açoites, a plebe gritava: "Prendam os judeus!"
Machucados e
sangrando, Paulo e Silas foram levados à prisão e entregues ao carcereiro, com
instruções para guardá-los com toda a segurança. Os dois foram então levados
para um cárcere interior, onde ficaram com os pés presos ao tronco. Ao
deixá-los naquele lugar úmido e frio, o carcereiro ficou imaginando o porquê
daqueles homens que não pareciam marginais serem julgados tão perigosos.
Na casa de
Lídia, Timóteo e Lucas passaram uma noite angustiosa, e oraram em companhia da
dona da casa e de outros cristãos. Mas não foram os únicos a orar: Paulo e
Silas também não conseguiam dormir. Suas costas continuavam doendo por causa
dos açoites e o tronco tornava o sono impossível. Entretanto, podiam orar, e
foi o que fizeram. A paz caiu sobre eles, e começaram a cantar alguns dos
salmos que conheciam desde a infância - salmos de louvor a DEUS. "O Senhor
é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha
vida; de quem me recearei?" (SI 27.1).
A Conversão do
Carcereiro
Aqueles sons no
meio da noite eram sem dúvida estranhos. Os outros prisioneiros estavam
acostumados com gemidos e maldições, mas jamais tinham ouvido algo assim. O que
poderia ser? Estavam escutando os cânticos em silêncio quando, de repente, um
som baixo e ameaçador fez-se ouvir. Aquilo que a princípio parecia um trovão à
distância foi aumentando cada vez mais. O chão começou a tremer. Um terremoto!
O chão balançava, subindo e descendo; as portas foram arrancadas dos batentes e
as cadeias dos prisioneiros abriram-se, libertando-os.
O carcereiro
acordou com o choque. Saltando da cama, seu primeiro pensamento foi para os
prisioneiros sob seus cuidados. Teria algum escapado? Em caso afirmativo, como
se explicaria com Roma? Ao primeiro olhar, viu que as portas estavam
escancaradas. Lá estava a pesada porta de madeira, arrancada dos gonzos. Com
uma tocha na mão, apressou-se pelo corredor.
As celas
interiores estavam danificadas; suas portas, completamente abertas. O homem
puxou rapidamente a espada. Era melhor acabar logo com tudo, escapando ao
horror de um julgamento e da execução pública. Paulo viu quando ele pôs a
espada na garganta para suicidar- se. Uma voz alta e clara, saída da escuridão,
assustou o carcereiro: "Não te faças nenhum mal, que todos aqui
estamos" (At 16.28).
Trêmulo, ele
pegou a tocha e entrou na cela, onde caiu prostrado aos pés de Paulo e Silas. O
homem sentia-se tremendamente perplexo. Não conseguia entender porque não havia
escapado. Paulo explicou-lhe que eram cidadãos romanos e não tinham necessidade
de fugir; além disso, eram servos do Senhor DEUS e levavam a mensagem de
salvação aos gentios.
Encontrado o
caminho que procurara durante toda a vida, o carcereiro exclamou:
"Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?" (16.30).
Sem hesitar,
Paulo respondeu: "Crê no Senhor JESUS CRISTO e serás salvo, tu e a tua
casa" (16.31).
No pátio da
prisão, com a poeira do terremoto ainda pesando no ar e o ruído da confusão nas
ruas escuras lá fora, Paulo pregou as boas-novas de grande alegria, e explicou
o significado de crer. Imediatamente, o brutal carcereiro passou das trevas
para a luz.
Solícito, levou
os apóstolos para sua casa, onde se achavam sua esposa e filhos. Ali,
lavou-lhes as costas doloridas. Depois de limpar o sangue, esfregou unguento
nas feridas abertas pelas varas dos pretores. Naquela noite Paulo contou-lhes
tudo sobre JESUS e, antes do dia amanhecer, uma família inteira tornou-se
cristã e foi batizada.
Quando raiou o
dia, mensageiros dos magistrados bateram à porta da prisão. Traziam uma
mensagem amedrontada dos seus senhores: "Soltai aqueles homens" (v.
35).
Na mente dos
magistrados estava claro que a catástrofe fora um castigo de DEUS por terem
colocado dois de seus servos na prisão. Entretanto, quando o carcereiro levou a
Paulo e Silas a notícia da sua liberdade, estes não a receberam de bom grado.
Diga a seus
senhores - declarou Paulo - que somos romanos e eles não podem encobrir sua
injustiça, livrando-se de nós às ocultas.
Paulo conhecia
os direitos da cidadania romana; podia apelar à própria Roma, se quisesse.
Sabia que os magistrados estavam agora à sua mercê.
Diga aos seus
senhores que venham pessoalmente e nos ponham em liberdade.
Os orgulhosos
magistrados, com medo de perderem o cargo, viram que não havia outra opção
senão atender ao desejo dos prisioneiros. Sem perda de tempo, apresentaram suas
humildes desculpas em pessoa, suplicando aos apóstolos que nada dissessem sobre
o erro cometido, e deixassem a cidade o mais rápido possível. Eles levaram
Paulo e Silas para a rua e, publicamente, os libertaram.
Os apóstolos
não deixaram imediatamente a cidade. Procuraram a paz e tranquilidade da casa
de Lídia, até que suas feridas sarassem e pudessem viajar. Receberam os
cuidados de Timóteo e do doutor Lucas, e foram visitados pelos poucos que
haviam levado a CRISTO.
A Primeira
Igreja na Europa
Durante aqueles
dias de restabelecimento, Paulo e Silas tiveram a alegria de acolher na nova
igreja de Filipos ao homem que lhes prendera os pés ao tronco, assim como todos
os de sua casa. Mediante sofrimento e fidelidade, o pequeno grupo cresceu até
tornar-se uma das mais fortes igrejas.
Quando Paulo e
Silas sentiram-se suficientemente curados para deixar Filipos, despediram-se
dos crentes e partiram para Tessalônica, a capital da Macedônia. Lucas e
Timóteo ficaram em Filipos por algum tempo, a fim de fortalecer a igreja.
A estrada que
os dois apóstolos escolheram era a melhor da província, pavimentada com blocos
de mármore. Depois de cerca de 169 quilômetros, chegaram a Anfípolis, uma
cidade maior que Filipos. Ansiosos, não ficaram ali; prosseguiram para o sul e
para o oeste, passando por Apolônia e descendo a grande Via Inácia, até a
cidade que Alexandre, o Grande, chamara de Tessalônica, em homenagem à sua
irmã.
Paulo em
Tessalônica
Ao sair da
região montanhosa, eles contemplaram as águas azuis do golfo e entraram na
cidade passando por um enorme arco de mármore, esculpido com cinco cabeças de
touros enfeitadas de guirlandas. Esse monumento era uma lembrança perpétua de
que Otávio e Antônio haviam ganho a batalha de Filipos. Tessalônica, por ter
apoiado os generais conquistadores, tornara-se uma cidade livre. Isto
significava que podia escolher seus próprios magistrados, livrar-se das
guarnições romanas, e não se sujeitar de forma alguma ao governador romano da
Macedônia.
Os apóstolos
hospedaram-se na casa de Jasom, parente de Paulo, e testemunharam na sinagoga
durante três sábados. Paulo começava com as profecias do Antigo Testamento,
explicando aos conterrâneos que elas foram cumpridas em JESUS de Nazaré. Alguns
murmuraram depois de seus apelos veementes, e os líderes da sinagoga
opuseram-se à sua doutrina, proclamando que era falsa. Todavia, outros creram e
tornaram-se amigos de Paulo, seguindo-o por toda parte e encorajando-o em sua
pregação. A maioria dos convertidos era formada por prosélitos gregos e esposas
de oficiais, que haviam abandonado os ritos imorais da adoração aos ídolos.
Elas haviam encontrado no Judaísmo uma religião onde a mulher era respeitada.
Paulo e Silas
não se limitaram a pregar apenas na sinagoga, mas aproveitavam todas as
oportunidades para dar testemunho de JESUS. Em três semanas, conseguiram reunir
um número suficiente de cristãos para formar uma igreja. Não perderam tempo. Os
cristãos reuniam-se todas as noites com Paulo e Silas, que lhes explicavam as
verdades do Evangelho. À medida que outros enxergavam a luz, também eram
recebidos na congregação. Estabelecer uma igreja em três semanas era uma tarefa
colossal, mas foi o que Paulo e Silas fizeram, não só levando os convertidos a
CRISTO como também instruindo-os na fé. Antes dessas breves semanas terminarem,
Paulo falou-lhes sobre a volta do Senhor e os sinais dos tempo. Advertiu-os
sobre o abandono da fé, que precederia a vinda do anticristo.
Paulo É
Obrigado a Deixar Tessalônica
Paulo era um
trabalhador incansável, capaz de formar uma comunidade forte de cristãos quase
da noite para o dia. Mas, como de costume, os judeus incrédulos levantaram-se
contra ele. Instigaram um grande grupo de malfeitores, que rodearam a casa de
Jasom atirando pedras no pátio e exigindo que Paulo e Silas lhes fossem
entregues. Enfurecidos, derrubaram a porta e procuraram em cada aposento,
descobrindo que os dois não se encontravam na casa. Jasom providenciara em
tempo a fuga de ambos, mas ele mesmo não escapou. A turba agarrou-o, como
também a outros cristãos, e arrastou-os até a praça do mercado, onde as
autoridades mantinham seu tribunal:
Esses que têm
alvoroçado o mundo chegaram também aqui, os quais Jasom recolheu. Todos esses
procedem contra os decretos de César, dizendo que há outro rei, JESUS (At
17.6,7).
A acusação era
grave e não podia ser ignorada. Os magistrados tomaram nota e ficaram muito
perturbados; o assunto poderia acabar em desastre. Ordenaram que Jasom e seus
amigos pagassem fiança e voltassem no dia do julgamento.
Como Jasom era
homem de posses, a fiança foi paga e todos tiveram permissão de voltar para
casa. Naquela mesma noite, depois de conferenciarem, os irmãos procuraram Paulo
e Silas e explicaram como seriam prejudicados se eles ficassem. Então, enquanto
a cidade dormia, os dois saíram disfarçados pelos portões, e dirigiram-se ao
sul, para a cidade de Beréia.
A Acolhida em
Bereia
Timóteo
juntou-se a Paulo e Silas em Beréia. Ele chegara de Filipos, onde ficara com
Lucas para fortalecer a igreja, e encontrou-os na sinagoga. Timóteo sabia que
era costume de Paulo procurar a casa de adoração dos judeus, portanto esperou
lá por ele. Quando os apóstolos chegaram, ensinaram na sinagoga que JESUS era o
CRISTO e provaram isso pelas Escrituras. Paulo ficou surpreso e contente ao ver
que os judeus o ouviam sem fazer oposição. De fato, mostraram verdadeiro
interesse, devorando cada palavra pregada. A seguir, foram buscar os grandes
rolos guardados numa caixa por trás da cortina azul, e examinaram
diligentemente as palavras de Isaías, de outros profetas e da Lei de Moisés,
traçando a história do Messias até no seu livro de hinos. Não aceitariam a
mensagem até provarem pelas Escrituras a sua autenticidade. Ao descobrirem que
as citações de Paulo não continham qualquer erro, receberam alegremente a
mensagem e creram em JESUS.
Tudo ia bem até
que as notícias chegaram a Tessalônica, levadas por algum judeu ingênuo, que
não pretendia fazer mal. Uma onda de oposição rebentou quase que imediatamente
sobre a igreja recém-formada. Um bando de judeus zelosos precipitou-se de
Tessalônica e, com mentiras, incitaram os membros da sinagoga contra Paulo.
Principal alvo do ataque maldoso, Paulo achou melhor seguir o conselho dos
irmãos e deixou a cidade.
Atenas, uma
Cidade Idolatra
Um grupo de
cristãos conduziu Paulo ao porto de Dio, onde ele embarcou para Atenas, a maior
cidade da Grécia. Seus amigos acompanharam-no até chegar a Atenas, mas
deixaram- no ali e regressaram.
Silas e Timóteo
ficaram em Beréia para fortalecer os cristãos. Quando terminassem o trabalho,
iriam encontrar-se com Paulo em Atenas. Ambos permaneceram com relativa
segurança em Beréia, pois os inimigos achavam que, sendo Paulo o chefe, não
precisavam preocupar-se com eles.
Depois da
retirada dos amigos, Paulo ficou absolutamente só em uma das cidades mais belas
do mundo: Atenas - a "Mãe da Grécia". A cidade era dominada pela
Acrópole, um monte com a parte superior plana e rochosa, que servia de base a
vários templos. Quinhentos anos antes, Atenas estivera no apogeu da sua glória,
mas desde que fora saqueada pelos romanos, encontrava-se sob o seu domínio.
Paulo estivera em muitas cidades, mas nunca visitara um lugar tão belo e cheio
de esculturas de mármore brilhando ao sol. Os edifícios em estilo clássico eram
elegantes e graciosos. O povo era culto e orgulhava-se de sua liberdade de
pensamento. Arquitetura, pintura, escultura e grandes bibliotecas podiam ser
encontradas em toda parte. Ao longo de cada rua, e em cada praça, havia
estátuas e altares - santuários construídos para a adoração de muitos deuses.
Paulo ficou surpreso ao ler as inscrições. Seu coração acelerou-se ao admirar o
esplendor das estátuas, algumas feitas por Fídias, o maior de todos os
artífices em mármore. Mas também se apiedou ao pensar na cegueira do povo
ateniense.
Naquelas mesmas
ruas e naquela mesma praça ao pé da Acrópole, Sócrates ensinara ao povo; Platão
instruíra seus seguidores naquele mesmo lugar; Demóstenes, o grande orador, era
uma lembrança do passado. A marca de todos eles fora deixada na cultura daquele
povo altivo. Abaixo dos templos da Acrópole, ficava o teatro de Dionísio com
seus assentos de mármore estendendo-se sobre o vale. Todas as noites as
multidões aglomeravam-se nele para assistir às importantes peças teatrais. Não
havia dúvida de que aquele povo era o mais inteligente, refinado e complacente
que Paulo já encontrara.
O apóstolo
alojou-se perto da sinagoga e decidiu ficar ali até a chegada de Silas e
Timóteo. Porém não estava satisfeito. Aqueles ídolos e seus templos não lhe
suscitaram admiração, mas preocupação e piedade. Gostaria que todos fossem
derrubados e, ao invés da confusão dos deuses, o povo pudesse ver o DEUS vivo e
verdadeiro. Todas aquelas estátuas desonravam ao Senhor, e Paulo queria ver em
Atenas uma igreja que apagasse cada ídolo do coração de seus habitantes.
No sábado, ele
foi pregar o Evangelho aos seus conterrâneos na sinagoga, mas não conseguiu
ganhar nenhum deles. Desanimado, saiu de lá e começou a pregar nas ruas e
praças. Muita gente dispôs-se a ouvi-lo; havia nas ruas um grande número de
pessoas que apreciavam uma discussão. Elas passavam o dia indo de um filósofo a
outro, à procura de alguma doutrina nova que pudesse tornar-se moda em Atenas.
Em toda parte,
havia sinais de idolatria. Queimavam incenso diante de cada imagem. Num altar
próximo, Paulo viu mulheres levantando as crianças até o ídolo, num
oferecimento. O apóstolo sentiu o coração confranger-se ao ver a cidade
completamente entregue à idolatria.
Certo dia,
descobriu numa única rua os templos de Atena, Artemis e Afrodite. Ao lado deles
havia altares dedicados à Guerra, Fama, Piedade e Modéstia. Em toda a cidade
havia três mil estátuas e altares onde os atenienses ofereciam sua adoração
vazia. Paulo leu muitas inscrições enquanto caminhava pelas ruas, e ficou
imaginando como um povo tão religioso poderia ser tão cego. Sondou as faces das
pessoas e percebeu que estavam cansadas dos seus deuses.
Alguns
filósofos, estóicos e epicureus, encontraram Paulo numa praça e indagaram: Que
quer dizer esse paroleiro?... Parece que é pregador de deuses estranhos...
Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas? Pois coisas
estranhas nos trazes aos ouvidos: queremos, pois, saber o que vem a ser isso
(At 17.18-20).
O Sermão da
Colina de Marte (Areópago)
Logo depois do
mercado barulhento, na metade do caminho que levava aos templos da Acrópole,
ficava um semicírculo rochoso, conhecido como a colina de Marte. Paulo foi
conduzido a esse lugar para contar sua história.
Varões
atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; porque, passando eu e
vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO
DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais não o conhecendo, é o que eu vos
anuncio
(At 17.22,23).
Imediatamente
interessada, a plateia inclinou-se à escuta. Com um olhar para o conjunto de
templos no topo do monte, e ao próprio Parthenon - edifício mais perfeito do
mundo - Paulo continuou:
O DEUS que fez
o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em
templos feitos por mãos de homens. Nem tão pouco é servido por mãos de homens,
como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida,
a respiração e todas as coisas. E de um só fez toda a geração dos homens para
habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados
e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura,
tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós. Porque
nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas
disseram: Pois somos também sua geração.
Sendo nós,
pois, geração de DEUS, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao
ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos
homens" (At 27.24-29).
A audiência
agradou-se do discurso e, animada, ficou à espera de mais. Sem dúvida, ali
estava alguém de grande cultura. Era judeu, mas conhecia os poetas gregos. E
Paulo então continuou:
Mas DEUS, não
tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em
todo o lugar, que se arrependam. Porquanto tem determinado um dia em que com
justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu
certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos (At 1730-31).
Um cascatear de
risos ouviu-se entre o povo, quando ele falou em ressurreição. "Esse homem
deve estar louco para pregar tais asneiras!" E não quiseram mais ouvi-lo.
Alguns mais
educados sugeriram que o ouviriam noutra ocasião, mas Paulo percebeu tratar-se
de uma desculpa amável para se livrarem dele.
O apóstolo já
encontrara todas as formas de oposição, mas aquela era a primeira vez que
alguém ria de suas palavras. Isso silenciou-o mais que os insultos e pedradas.
Com um sentimento de fracasso, deixou a colina de Marte; desceu às praças logo
abaixo e perdeu-se na multidão. Enquanto lutava com a crescente sensação de
desânimo, ouviu passos às suas costas. Voltando-se, deparou com um pequeno
grupo de homens e mulheres que se apressava para alcançá-lo. Seus rostos eram
amigáveis; queriam fazer mais perguntas sobre a nova doutrina. Dionísio, um
membro do conselho da sinagoga de Atenas, e uma mulher chamada Damaris, além de
outros atenienses não nomeados, creram em suas palavras e receberam a JESUS
CRISTO.
Paulo começou a
inquietar-se em Atenas. Pensava nos cristãos de Beréia, onde Silas e Timóteo se
encontravam, e imaginava a razão de não ter notícias de lá. Sentiu-se tentado a
viajar novamente para o norte e até planejou voltar a Tessalônica, mas as circunstâncias
o impediram. Será que o longo silêncio significava oposição? Teriam os judeus
de Tessalônica continuado a perseguir Silas e Timóteo? Paulo temia pela igreja
de Tessalônica. A perseguição ali fora penosa, e ele ficava a pensar se a fé
dos irmãos resistiria à prova. Ele só estivera com aqueles crentes durante três
semanas...
Paulo em
Corinto
Não mais
suportando a longa espera, Paulo enviou um cristão ateniense para indagar sobre
o bem-estar dos crentes de Tessalônica, e deixou uma mensagem avisando que ia
para Corinto. Se Timóteo e Silas chegassem, deveriam ir à capital, onde ele os
esperaria.
Com uma
sensação de liberdade, deixou para trás Atenas e seus templos de mármore. A
lembrança dos risos no dia em que pregou sobre o CRISTO ressurreto ainda
queimava-lhe no peito. Perguntava-se porque o Senhor não lhe dera mais almas
naquela cidade.
Com o espírito
abatido, Paulo encontrou um navio que ia para Corinto, capital da Acaia.
Sabendo que seu dinheiro estava acabando, começou a questionar o significado
exato da visão sobre o homem da Macedônia. Até então, só tivera uma série de
decepções; fugira de cada cidade a fim de salvar a vida, deixando aos
companheiros de viagem a tarefa de estabelecer a nova igreja.
Áquila e
Priscila
Embora
desanimado, Paulo procurou um local onde pudesse usar a arte que aprendera em
Tarso. Encontrou uma rua onde os fabricantes de tendas tinham suas lojas, e
entrou na oficina de Áquila. O Senhor parecia tê-lo encaminhado justamente
àquele lugar, pois Áquila era um refugiado judeu banido de Roma pelo imperador
Cláudio. Ele e sua mulher, Priscila, haviam se estabelecido no negócio de
tendas em Corinto, poucas semanas antes da chegada de Paulo.
Áquila gostou
da ajuda extra, e Priscila, ao saber que Paulo era judeu, acolheu-o de bom
grado. Bastaram alguns dias de trabalho para que Áquila apreciasse ainda mais a
habilidade de Paulo na fabricação de tendas. Enquanto costurava o couro, Paulo
contava as maravilhosas experiências que tivera; como DEUS o protegera das
dificuldades e o livrara da prisão. O casal ficou espantado por aquele artesão
ter sido um rabino, e haver perseguido ardentemente a seita dos cristãos. Pouco
a pouco, abriram seus corações a CRISTO e foram salvos.
A antiga
Corinto, mais velha que Atenas, tivera tantas batalhas travadas em suas ruas
que só restaram ruínas. Reconstruída por Júlio César, era agora uma bela cidade
e, durante cem anos, ocupara na Grécia uma posição de proeminência. Grande
centro comercial, atraiu logo os judeus da região. A adoração à Afrodite, deusa
do amor, também se centralizava ali. Famosa por suas riquezas e inclinação aos
prazeres e vida fácil, Corinto tornou-se símbolo do pecado. Marinheiros e
mercadores do mundo inteiro levavam a história de Corinto às suas terras,
aumentando-lhe a fama de pecado e encanto.
Paulo foi
apresentado na sinagoga como um judeu que freqüentara o templo de Jerusalém, e
recebeu permissão para falar. Mas discursou com um sentimento de fraqueza.
Embora houvesse argumentado, provado e persuadido tanto judeus quanto gregos,
teve de lutar contra o crescente desânimo que começara a envolvê-lo.
SILAS, TIMÓTEO
E PAULO EM CORINTO
Silas e Timóteo
finalmente chegaram. Tinham estado em Atenas e souberam que Paulo havia partido
para Corinto. Que alívio os ver e ouvir as notícias! Agora Paulo sabia que não
estavam presos e que tudo ia bem. E as igrejas de Beréia e Tessalônica? Tinham notícias
de Lucas em Filipos? Os cristãos estavam firmes?
Sim, as
notícias eram boas. As igrejas em toda parte continuavam firmes na fé. E mais:
estavam testemunhando em toda a Macedônia e muitos haviam se rendido a CRISTO
nas últimas semanas. DEUS estava operando nas igrejas e abençoando o testemunho
de seus seguidores. Os irmãos não haviam esquecido Paulo; lembravam-se
diariamente dele em suas orações, do mesmo modo que este se lembrava deles.
Como demonstração do seu amor, tinham enviado uma oferta em dinheiro para o seu
sustento; assim, em vez de trabalhar, Paulo poderia dedicar-se integralmente ao
ministério. O coração do apóstolo alegrou-se grandemente ao ouvir essas
notícias. Seu desânimo desapareceu como a neblina da manhã ao nascer do sol. O
antigo zelo voltou, e com grande vigor, deu início a uma campanha para a
conversão dos coríntios.
Quando, porém,
os judeus se lhe opuseram, blasfemando contra o Senhor, Paulo os abandonou,
advertindo-os de que o sangue deles cairia sobre as suas próprias cabeças.
"Desde
agora parto para os gentios" (At 18.6).
E foi o que
fez. Como resultado, muitos coríntios creram e foram batizados. Todavia, antes
de partir, teve a grande alegria de ganhar Crispo, o principal da sinagoga. Seu
coração aqueceu-se ao vê-lo ser batizado com a mulher e os filhos!
Depois da
chegada de Timóteo e Silas, a casa de Áquila ficou pequena para abrigar todos
eles. Foram então alojar-se ao lado da sinagoga, na casa de um cristão chamado
Justo. Paulo, porém, continuou trabalhando sempre que necessário.
Com o passar
dos dias, a enorme tarefa de testemunhar àquela cidade sem CRISTO começou a
pesar-lhe nos ombros. Enquanto refletia no assunto, um temor sorrateiro foi
tomando conta de seu coração. Corinto era, indiscutivelmente, a cidade mais
perversa do mundo, e Paulo perguntava a si mesmo se haveria ali qualquer
esperança de sucesso.
Certa noite,
deitado em seu leito na casa de Justo, Paulo teve uma visão. O Senhor disse-lhe
palavras semelhantes às que DEUS dissera a Josué, muitos anos atrás, quando o
coração dele se acovardara:
Não temas, mas
fala e não te cales. Porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te
fazer mal, pois tenho muito povo nessa cidade (At 18.9,10).
Isso era tudo o
que Paulo precisava saber. Lembrou-se então do dia em que estivera face a face
com JESUS, na estrada de Damasco, e pôde ouvir novamente as palavras do Senhor
repetidas por Ananias:
Esse é para mim
um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos
filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome (At
9.15,16).
Paulo passou a
pregar com zelo renovado. Os missionários trabalharam durante um ano e meio,
procurando converter homens e mulheres, tanto judeus quanto gentios. Empregavam
todos os esforços para trazê-los das trevas do pecado para a família de DEUS.
Muitos vieram a conhecer a verdade e separaram-se da sua antiga e corrupta
religião, ganhando uma nova vida em CRISTO.
A Primeira
Epístola Aos Tessalonicenses
Paulo ficou tão
comovido com a oferta de Tessalônica e o relatório positivo a respeito daquela
igreja, que resolveu escrever-lhes uma carta. Esta pode ter sido a sua primeira
carta. Era dirigida a todos os discípulos de Tessalônica, e elogiava-os por sua
firmeza na fé, mesmo em face à perseguição. Agradecido pela ajuda, Paulo
escreveu-lhes uma carta de conselhos paternais, recordando-lhes os ensinamentos
que lhes ministrara, e insistindo para que crescessem na graça e andassem como
verdadeiros filhos de DEUS. Deveriam ser cada vez mais profícuos no testemunho
e no viver diário, atentos à aproximação da volta do Senhor para buscar os
salvos - tanto os mortos como os vivos. Era uma linda carta, expressando o
afeto do apóstolo por seus filhos na fé.
Paulo e seus
amigos demoraram-se bastante em Corinto, e seu ensino teve maior sucesso ali
que em qualquer outro lugar. A igreja aumentava a cada dia, à medida que o povo
mais humilde se tornava cristão. Mas nem tudo foi fácil e bem-sucedido; alguns
judeus detestaram a mensagem de Paulo, e ficaram à espera de uma oportunidade
para dar vazão ao seu ódio. Certo dia, conforme planejado, eles incitaram um
grupo de ociosos a agarrarem o apóstolo enquanto este pregava. Paulo foi levado
diante do tribunal de Gálio, o procônsul romano. Gálio era um homem bondoso;
recebera o cargo porque o imperador Cláudio conhecia a sua sabedoria e
capacidade. Diante de Gálio, os judeus não sabiam como apresentar uma acusação
válida contra aquele prisioneiro que não oferecia resistência. A única acusação
que podiam formular era fraca aos seus próprios ouvidos. Não podiam culpar o
apóstolo de perturbar a paz ou instigar uma revolta, e disseram contrafeitos:
"Esse persuade os homens a servir a DEUS contra a lei" (At 18.13).
Enquanto Paulo
preparava-se para responder à acusação, Gálio levantou-se e declarou:
Se houvesse, ó
judeus, algum agravo ou crime enorme, com razão vos sofreria. Mas, se a questão
é de palavras, e de nomes, e da lei que entre vós há, vede-o vós mesmos; porque
eu não quero ser juiz dessas coisas (At 18.14,15).
Impaciente e
irado, expulsou-os do tribunal. Muitos gregos que haviam testemunhado a cena
ressentiram-se contra os judeus. Ofendidos, agarraram Sóstenes, o principal da
sinagoga, e espancaram-no diante do tribunal. Gálio ficou sentado calmamente,
sem aplaudir nem censurar. Desde que a raiva deles não fosse dirigida a Roma,
tudo o mais lhe era indiferente.
Depois de
vários meses, o homem que levara a primeira carta de Paulo a Tessalônica voltou
e contou como a epístola fora recebida. Ela resolvera algumas das dificuldades
dos tessalonicenses, mas aparentemente suscitara outras, especialmente com
respeito à volta de CRISTO. Alguns entenderam que o tempo era tão curto, que
deveriam parar de trabalhar e viver do que haviam poupado, pois em questão de
dias, seriam recebidos nos céus para estar com o Senhor.
A Segunda
Epístola aos Tessalonicenses
Paulo discutiu
o problema com Silas e Timóteo e decidiu enviar uma segunda carta. Elogiou os
tessalonicenses por sua paciência na tribulação e suplicou-lhes que não se
deixassem perturbar com palavras de homens ou cartas falsas, que julgavam ser
dele. Alguém lhes forjara uma carta em nome de Paulo, afirmando que a volta de
CRISTO aconteceria naqueles dias, e que talvez até já houvesse acontecido.
Paulo recordou-lhes o grande plano de DEUS; lembrou-os de que nos últimos dias
muitos se desviariam do Senhor, e o homem da iniquidade viria para se opor a
tudo o que era de DEUS. Assegurou-lhes ainda de que as perseguições que estavam
sofrendo não eram, absolutamente, a Grande Tribulação:
Então, irmãos,
estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra,
seja por epístola nossa. E vós, irmãos, não vos canseis de fazer bem. Mas, se
alguém não obedecer à nossa palavra por essa carta, notai o tal, e não vos
mistureis com ele, para que se envergonhe (2 Ts 2.15; 3.13-14).
A Volta de
Paulo a Antioquia da Síria
Pouco depois
desses acontecimentos, Paulo admitiu que a igreja de Corinto já estava
suficientemente forte; podia deixá-la e dedicar-se a outro trabalho. De algum
modo, sentiu-se impelido a voltar a Antioquia da Síria. Queria igualmente
visitar Jerusalém por ocasião da festa. Áquila e Priscila estavam indo para
Éfeso, e Paulo decidiu ir com eles. Silas e Timóteo não os acompanharam;
permaneceram em Corinto para continuar o trabalho.
A viagem
marítima para Cencréia, porto de Corinto, foi agradável e sem incidentes. O
navio permaneceu em Éfeso o tempo suficiente para Paulo visitar a sinagoga,
onde discutiu com os judeus e mostrou-lhes JESUS, o CRISTO das Escrituras. Os
judeus não se opuseram ao apóstolo dos gentios, nem à sua mensagem. Ao
contrário, pediram-lhe que ficasse mais tempo. Não sendo possível, Paulo
prometeu visitá-los em breve. Deixando Áquila e Priscila testemunhando em
Éfeso, voltou ao navio que o levou em segurança para Cesaréia, o porto mais
próximo de Jerusalém.
Não se demorou
na cidade santa. Sua principal preocupação ali era visitar outra vez a
igreja-mãe. A época era de festa e as ruas estavam repletas de peregrinos.
Paulo cumprimentou os cristãos e renovou sua amizade com Tiago, Pedro e os
demais discípulos que se reuniam na casa de Maria. Depois voltou a Antioquia, a
igreja que o enviara em todas as suas viagens.
1 Co 3.3 AINDA
SOIS CARNAIS - Tres classes de pessoas - BEP CPAD
1Co 2.14,15
“Ora, o homem natural não compreende as coisas do ESPÍRITO de DEUS, porque lhe
parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é
discernido”.
DIVISÃO BÁSICA
DA RAÇA HUMANA.
As Escrituras
dividem todos os seres humanos em geral, em duas classes.
(1) O
homem/mulher natural (gr. psuchikos, 2.14), denotando a pessoa irregenerada,
i.e., governada por seus próprios instintos naturais (2Pe 2.12). Tal pessoa não
tem o ESPÍRITO SANTO (Rm 8.9), está sob o domínio de Satanás (At 26.18) e é
escravo da carne com suas paixões (Ef 2.3). Pertence ao mundo, está em harmonia
com ele (Tg 4.4) e rejeita as coisas do ESPÍRITO (2.14). A pessoa natural não
consegue compreender a DEUS, nem os seus caminhos; pelo contrário, depende do
raciocínio ou emoções humanas.
(2) O
homem/mulher espiritual (gr. pneumatikos, 2.15; 3.1) denota a pessoa
regenerada, i.e., que tem o ESPÍRITO SANTO. Essa pessoa tem mentalidade
espiritual, conhece os pensamentos de DEUS (2.11-13) e vive pelo ESPÍRITO de
DEUS (Rm 8.4-17; Gl 5.16-26). Tal pessoa crê em JESUS CRISTO, esforça-se para
seguir a orientação do ESPÍRITO que nela habita e resiste aos desejos sensuais
e ao domínio do pecado (Rm 8.13,14).Como tornar-se um crente espiritual?
Aceitando pela fé a salvação em CRISTO, a pessoa é regenerada; o ESPÍRITO SANTO
lhe confere uma nova natureza mediante a concessão da vida divina (2Pe 1.4).
Essa pessoa nasce de novo (Jo 3.3,5,7), é renovada (Rm 12.2), torna-se nova
criatura (2Co 5.17) e obtém a justiça de DEUS mediante a fé em CRISTO (Fp 3.9).
UMA DISTINÇÃO
ENTRE OS CRENTES.
Embora o crente
nascido de novo receba a nova vida do ESPÍRITO, ele tem residente em si a
natureza pecaminosa, com suas perversas inclinações (Gl 5.16-21). A natureza
pecaminosa que no crente existe, não pode ser mudada em boa; precisa ser
mortificada e vencida pelo poder e graça do ESPÍRITO SANTO (Rm 8.13). O crente
obtém tal vitória negando-se a si mesmo diariamente (Mt 16.24; Rm 8.13; Tt
2.11,12), deixando todo impedimento ou pecado (Hb 12.1), e resistindo a todas
as inclinações pecaminosas (Rm 13.14; Gl 5.16; 1Pe 2.11). Pelo poder do
ESPÍRITO SANTO, o próprio crente guerreia contra a natureza pecaminosa e
diariamente a crucifica (Gl 5.16-18,24; Rm 8.13,14) e a mortifica (Cl 3.5).
Pela abnegação e submissão à obra santificadora do ESPÍRITO SANTO em sua vida,
o crente em CRISTO experimenta a libertação do poder da sua natureza pecaminosa
e vive como um crente espiritual (Rm 6.13; Gl 5.16).
Nem todo crente
se esforça como devia para vencer plenamente sua natureza pecaminosa. Ao
escrever aos coríntios, Paulo mostra (3.1,3) que alguns deles viviam como
carnais (gr. sarkikos), i.e., ao invés de resistirem com firmeza às inclinações
da sua natureza pecaminosa, entregavam-se a algumas delas. Embora não vivessem
em contínua desobediência, estavam em parceria com o mundo, a carne e o diabo
em certas áreas das suas vidas, e mesmo assim querendo permanecer como povo de
DEUS (10.21; 2Co 6.14-18; 11.3; 13.5).
(1) A figura do
crente carnal. Embora os crentes de Corinto não vivessem em total carnalidade e
rebeldia, nem praticassem grave imoralidade e iniquidade, que os separaria do
reino de DEUS (ver 6.9-11; cf. Gl 5.21; Ef 5.5), estavam vivendo de tal maneira
que já não cresciam na graça, e agiam como recém-convertidos, sem divisar o
pleno alcance da salvação em CRISTO (13.1,2). A carnalidade deles era vista na
“inveja e contendas” (3.3). Não se afligiam com a imoralidade dentro da igreja
(5.1-13; 6.13-20). Não levavam a sério a Palavra de DEUS, nem os ministros do
Senhor (4.18,19). Moviam ação judicial, irmãos contra irmãos, por razões
triviais (6.6-8). Observe-se que os crentes coríntios que estavam vivendo em
imoralidade sexual ou pecados semelhantes, Paulo os têm como excluídos da
salvação em CRISTO (5.1,9-11; 6.9,10).
(2) Perigos
para os cristãos carnais. Os cristãos carnais de Corinto corriam o perigo de se
desviarem da pura e sincera devoção a CRISTO (2Co 11.3) e de se conformarem
cada vez mais com o mundo (cf. 2Co 6.14-18). Caso isso continuasse, seriam
castigados e julgados pelo Senhor, e se continuassem a viver segundo o mundo,
acabariam sendo excluídos do reino de DEUS (6.9,10; 11.31,32). Realmente,
alguns deles já estavam mortos espiritualmente, por viverem em pecados que
levam a isso (ver 1Jo 3.15; 5.17; cf. Rm 8.13; 1Co 5.5; 2Co 12.21; 13.5).
(3)
Advertências aos cristãos carnais. (a) Se um crente carnal não tomar a
resolução de se purificar de tudo quanto desagrada a DEUS (Rm 6.14-16; 1Co
6.9,10; 2Co 11.3; Gl 6.7-9; Tg 1.12-16), ele corre o risco de abandonar a fé.
(b) Devem tomar como exemplo o fato trágico dos filhos de Israel, que foram
destruídos por DEUS por causa de seus pecados (10.5-12). (c) Devem entender que
é impossível participar das coisas do Senhor e das coisas de Satanás ao mesmo
tempo (Mt 6.24; 1Co 10.21). (d) Devem separar-se completamente do mundo (2Co
6.14-18) e se purificar de tudo quanto contamina o corpo e o espírito,
aperfeiçoando a sua santificação no temor do Senhor (2Co 7.1).
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 8, Paulo,
o Discipulador de Vidas
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO
Comentário: Pr.
Elienai Cabral
Complementos,
ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Lição 8, Paulo,
o Discipulador de Vidas
https://www.youtube.com/watch?v=vFR5h6hmub4
subsídio - Lição 12, A Urgência do Discipulado, 1Trimestre dev 2021, Pr
Henrique, EBD NA TV
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/escrita-licao-8-paulo-o-discipulador-de.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/sides-licao-8-paulo-o-discipulador-de.html
https://www.youtube.com/watch?v=n7zfAyKPlks
Vídeo desta lição
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - Atos 2.42-47; 20.1-4
Atos 2.42 - E
perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e
nas orações. 43 - Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se
faziam pelos apóstolos. 44 - Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em
comum. 45 - Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo
cada um tinha necessidade. 46 - E, perseverando unânimes todos os dias no
templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de
coração, 47 - louvando a DEUS e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias
acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.
Atos 20.1 -
Depois que cessou o alvoroço, Paulo chamou a si os discípulos e, abraçando-os,
saiu para a Macedônia.2 - E, havendo andado por aquelas terras e exortando-os
com muitas palavras, veio à Grécia. 3 - Passando ali três meses e sendo-lhe
pelos judeus postas ciladas, como tivesse de navegar para a Síria, determinou
voltar pela Macedônia. 4 - E acompanhou-o, até à Asia, Sópatro, de Beréia, e,
dos de Tessalônica, Aristarco e Segundo, e Gaio, de e Timóteo, e, dos da Ásia,
Tíquico e Trófimo.
2.42 DOUTRINA
DOS APÓSTOLOS, E NA COMUNHÃO, E NO PARTIR DO PÃO, E NAS ORAÇÕES.
A IGREJA.
Através do livro de Atos, bem como outros trechos do NT, tomamos conhecimento
das normas ou dos padrões estabelecidos para uma igreja neotestamentária.
(1) Antes de
mais nada, a igreja é o agrupamento de pessoas em congregações locais e unidas
pelo ESPÍRITO SANTO, que diligentemente buscam um relacionamento pessoal, fiel
e leal com DEUS e com JESUS CRISTO (At 13.2; 16.5; 20.7; Rm 16.3,4; 1 Co 16.19;
2 Co 11.28; Hb 11.6).
(2) Mediante o
poderoso testemunho da igreja, os pecadores são salvos, nascidos de novo,
batizados nas águas e acrescentados à igreja; participam da Ceia do Senhor e
esperam a volta de CRISTO (At 2.41,42; 4.33; 5.14; 11.24; 1 Co 11.26).
(3) O batismo
no ESPÍRITO SANTO será pregado e concedido aos novos crentes (ver At 2.39), e
sua presença e poder se manifestarão.
(4) Os dons do
ESPÍRITO SANTO estarão em operação (Rm 12.6-8; 1 Co 12.4-11; Ef 4.11,12),
inclusive prodígios, sinais e curas (At 2.18,43; 4.30; 5.12; 6.8; 14.10; 19.11;
28.8; Mc 16.18).
(5) Para
dirigir a igreja, DEUS lhe provê um ministério quíntuplo, o qual adestra os
santos para o trabalho do Senhor (Ef 4.11,12).
(6) Os crentes
expulsarão demônios (At 5.16; 8.7; 16.18; 19.12; Mc 16.17).
(7) Haverá
lealdade absoluta ao evangelho, i.e., aos ensinamentos originais de CRISTO e
dos apóstolos (2.42; ver Ef 2.20). Os membros da igreja se dedicarão ao estudo
da Palavra de DEUS e à obediência a ela (6.4; 18.11; Rm 15.18; Cl 3.16; 2 Tm
2.15).
(8) No primeiro
dia da semana (At 20.7; 1 Co 16.2), a congregação local se reunirá para a
adoração e a mútua edificação através da Palavra de DEUS escrita e das
manifestações do ESPÍRITO (1 Co 12.7-11; 14.26; 1 Tm 5.17).
(9) A igreja
manterá a humildade, reverência e santo temor diante da presença de um DEUS
santo (5.11). Os membros terão uma preocupação vital com a pureza da igreja,
disciplinarão aqueles que caírem no pecado, bem como os falsos mestres que são
desleais à fé bíblica (20.28; 1 Co 5.1-13; ver Mt 18.15).
(10) Aqueles
que perseverarem no caráter piedoso e nos padrões da justiça ensinados pelos
apóstolos, serão ordenados ministros para a direção das igrejas locais e a
manutenção da sua vida espiritual (Mt 18.15; 1 Co 5.1-5; 1 Tm 3.1-7; Tt 1.5-9).
(11)
Semelhantemente, a igreja terá diáconos responsáveis para cuidarem dos negócios
temporais e materiais da igreja (ver 1 Tm 3.8).
(12) Haverá
amor e comunhão no ESPÍRITO evidente entre os membros (At 2.42,44-46; ver Jo
13.34), não somente dentro da congregação local como também entre ela e outras
congregações que crêem na Bíblia (15.1-31; 2 Co 8.1-8).
(13) A igreja
será uma igreja de oração e jejum (At 1.14; 6.4; 12.5; 13.2; Rm 12.12; Cl 4.2;
Ef 6.18).
(14) Os crentes
se separarão dos conceitos materialistas prevalecentes no mundo, bem como de
suas práticas (2.40; Rm 12.2; 2 Co 6.17; Gl 1.4; 1 Jo 2.15,16).
(15) Haverá
sofrimento e aflição por causa do mundo e dos seus costumes (At 4.1-3; 5.40;
9.16; 14.22).
(16) A igreja
trabalhará ativamente para enviar missionários a outros países (At 2.39;
13.2-4). Nenhuma igreja local tem o direito de se chamar de igreja segundo as
normas do NT, a não ser que esteja se esforçando para manter estas 16
características práticas entre seus membros.
CONTÍNUA
ORAÇÃO. Os crentes do NT enfrentavam a perseguição em oração fervorosa. A
situação parecia impossível; Tiago fora morto. Herodes mantinha Pedro na prisão
vigiado por dezesseis soldados. Todavia, a igreja primitiva tinha a convicção
de que a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16), e
oraram de um modo intenso e contínuo a respeito da situação de Pedro. A oração
deles não demorou a ser atendida (vv. 6-17). As igrejas do NT frequentemente se
dedicavam à oração coletiva prolongada (At 1.4; 2.42; 4.24-31; 12.5,12; 13.2).
A intenção de DEUS é que seu povo se reúna para a oração definida e
perseverante; note as palavras de JESUS: A minha casa será chamada casa de
oração (Mt 21.13). As igrejas que declaram basear sua teologia, prática e
missão, no padrão divino revelado no livro de Atos e noutros escritos do NT,
devem exercer a oração fervorosa e coletiva como elemento vital da sua adoração
e não apenas um ou dois minutos por culto. Na igreja primitiva, o poder e
presença de DEUS e as reuniões de oração integravam-se. Nenhum volume de
pregação, ensino, cânticos, música, animação, movimento e entusiasmo
manifestará o poder e presença genuínos no ESPÍRITO SANTO, sem a oração
neotestamentária, mediante a qual os crentes perseveravam unanimemente em
oração e súplicas (1.14).
Resumo da Lição
8, Paulo, o Discipulador de Vidas
I – PAULO E O
DISCIPULADO BÍBLICO
1. O
discipulado bíblico.
2. Paulo, o
discipulador.
3. A
metodologia de Paulo para o discipulado.
II – O
DISCIPULADO E A MISSÃO INTEGRAL DE PREGAR E ENSINAR
1. A pregação:
o ponto de partida.
2. O Ensino:
“fazer discípulos”.
3. Pregação e
ensino.
III – O
DISCIPULADO COM PESSOAS DE OUTRAS CULTURAS
1. A pregação
para os seus irmãos.
2. A expansão
para os gentios.
3. O
discipulado numa cultura diferente.
DISCIPULADO -
Pr. Henrique
Discipulado é
fazer o discípulo parecido com CRISTO.
O discipulado
não tem fim, mas tem objetivo: fazer o discípulo gerar outro discípulo.
DISCIPULADO
O verdadeiro
discipulado estimula a leitura da bíblia completa, a frequência na EBD e a
evangelização, enquanto ministra o batismo nas águas e o batismo com o ESPÍRITO
SANTO a todos novos convertidos.
Doutrinas
cristãs básicas
Hb 6.
PELO que,
deixando os rudimentos da doutrina de CRISTO, prossigamos até à perfeição, não
lançando de novo o fundamento do
1-
arrependimento das obras mortas e da
2- fé em DEUS,
3- E da
doutrina dos baptismos, e da
4- imposição
das mãos, e da
5- ressurreição
dos mortos, e do
6- juízo
eterno.
A Comunidade
dos Discípulos - Atos 2:42-47 - Comentário Bíblico - Matthew Henry
(Exaustivo) AT e NT - (com correções e acréscimos do Pr. Henrique).
Falamos
frequentemente da igreja primitiva e nos referimos a ela e sua história.
Nestes versículos, temos a história da igreja verdadeiramente primitiva, dos
seus primórdios, da sua legítima infância. É o estado de sua maior
inocência.
I
Os cristãos da
igreja primitiva guardavam rigorosamente as ordenanças santas e eram profusos
em todo tipo de devoção e piedade, pois o cristianismo, reconhecido em seu
poder, coloca a alma em posição de ter comunhão com DEUS em todas as maneiras
em que Ele nos fez para conhecê-lo e prometeu nos conhecer.
1. Os primeiros
cristãos eram diligentes e constantes em reunir-se para ouvir a pregação da
palavra. Eles perseveravam na doutrina dos apóstolos (v. 42), sem jamais
repudiá-la ou abandoná-la. Ou, conforme outra leitura: “Eles se mantinham
constantes no ensino ou instrução dos apóstolos”. O batismo nas águas era
imediatamente ministrado aos novos convertidos e eles foram discipulados a
aprender, ficando propensos ao ensino. Veja que aqueles que se entregam a JESUS
devem estar plenamente cônscios da obrigação de ouvir sua palavra, pois assim
lhe prestam honras e se edificam a si mesmos.
2. Os primeiros
cristãos persistiam na comunhão dos santos. Eles continuaram firmes na comunhão
(v. 42), perseverando unânimes todos os dias no templo (v. 46). Essa comunhão
consistia no amor uns pelos outros e num rico relacionamento social entre eles.
Tratava-se de um povo muito unido. Quando se retiraram da geração perversa, não
viraram ermitões, mas se achegaram ainda mais uns aos outros e aproveitavam
toda oportunidade para se reunirem. Onde quer que haja um discípulo, tem de
haver mais, uma vez que são gente da mesma origem e essência. Veja como estes
cristãos amam uns aos outros. Eles se preocupavam uns com os outros,
demonstravam simpatia mútua e, de coração aberto, defendiam as causas uns dos
outros. Comungavam juntos na adoração religiosa. Reuniam-se no templo: esse era
o lugar do encontro, pois nossa comunhão conjunta com DEUS é a melhor comunhão
que podemos ter uns com os outros (1 Jo 1.3). Observe: (1) Os cristãos da
igreja primitiva estavam todos os dias no templo (v. 46), não só nos sábados e
nas festas solenes, mas em outros dias, diariamente. Adorar a DEUS tem de ser
nossa atividade diária, e, sempre que houver oportunidade, quanto mais vezes
fizermos publicamente melhor. O Senhor ama as portas de Sião (Sl 87.2), e
devemos imitá-lo. (2) Os cristãos da igreja primitiva eram unânimes (v. 46).
Não havia discórdia ou discussão entre eles, somente amor santo. Com prazer e
entusiasmo, eles se reuniam nos cultos públicos. Embora se agregassem aos
judeus nos pátios do templo, os cristãos mantinham reuniões exclusivamente suas
e eram unânimes em suas orações separadas.
3. Os primeiros
cristãos juntavam-se na ordenança da Ceia do Senhor. Eles perseveravam [...] no
partir do pão (v. 42), celebrando o memorial da morte do Mestre, como pessoas
que não se envergonhavam de relacionar-se e depender de JESUS CRISTO e este
crucificado (2 Co 2.2). Eles não podiam deixar de lembrar a morte de CRISTO,
por isso mantinham este momento comemorativo e o tornaram prática constante,
porque era uma instituição de CRISTO a ser transmitida às eras sucessivas da
igreja. Eles repartiam o pão em casa, kat oikon – de casa em casa. Não julgavam
adequado celebrar a Ceia do Senhor no templo, visto que isso era peculiar aos
estabelecimentos cristãos. Por isso, ministravam essa ordenação em casas
particulares, escolhendo as casas dos cristãos convertidos conforme a
praticidade, às quais os vizinhos se dirigiam. Eles iam de uma a uma destas
pequenas "igrejas" domésticas, casas que continham igrejas, e lá
celebravam a Ceia do Senhor com as pessoas que normalmente se reuniam ali para
adorar a DEUS.
4. Os primeiros
cristãos perseveravam [...] nas orações (v. 42). Depois que o ESPÍRITO foi
derramado, como também antes enquanto o esperavam, eles permaneceram
imediatamente em oração. A oração jamais será substituída até que venha a ser
absorvida no louvor perpétuo. O partir do pão se coloca entre a obra e a
oração, pois se liga a ambas, e é uma forma de assistência apara ambas. A Ceia
do Senhor é um sermão para os olhos e uma confirmação da palavra de DEUS para
nós. É um incentivo para as nossas orações e uma expressão solene da ascensão
de nossa alma a DEUS.
5. Os primeiros
cristãos abundavam em ação de graças; sempre estavam louvando a DEUS (v. 47). O
louvor deve ser parte de toda oração e não algo a ser escondido num canto.
Aqueles que recebem o ESPÍRITO SANTO devem ser ricos em louvores a DEUS.
II
Os cristãos da
igreja primitiva amavam uns aos outros e eram muito gentis. Suas obras de
caridade eram tão valorosas quanto sua devoção. Suas reuniões nas santas
ordenanças uniam os corações uns aos outros, tornando-os muito estimados e
amados entre eles mesmos.
1. Os primeiros
cristãos tinham frequentes reuniões para convivência cristã: Todos os que
criam estavam juntos (v. 44). Não era que todos esses milhares de pessoas
estivessem em um lugar só (isto seria impraticável), mas, eles se reuniam em
diversos grupos ou congregações, segundo a língua, a nação ou outra forma de
associação que os mantivesse unidos. E assim se unindo, por estarem separados
daqueles que não criam e por estarem na mesma categoria religiosa e prática dos
deveres religiosos, o texto diz que eles estavam juntos, epi to auto. Eles se
mantinham juntos e, assim, expressavam e aumentavam o amor mútuo.
2. Os primeiros
cristãos tinham tudo em comum (v. 44). Talvez tivessem reuniões nas casas para
temperança, convivência, troca de ideias e ausência de formalismo. Eles
comiam juntos (v. 46) para que os que tivessem muito pudessem repartir suas
posses e, assim, se livrassem das tentações da abundância; e os que tivessem
pouco recebessem uma porção maior e, então, se guardassem das tentações da
necessidade e pobreza. Ou havia entre eles tamanha preocupação e prontidão em
ajudar uns aos outros sempre que havia oportunidade que se podia dizer: eles
tinham tudo em comum de acordo com a lei da amizade e benevolência. Um não
queria o que o outro tinha, pois poderia tê-lo se o pedisse.
3. Os primeiros
cristãos eram muito alegres e generosos no uso do que tinham. Além do aspecto
religioso que havia nos banquetes sagrados (o partir do pão de casa em casa),
grande parte disso aparecia nas refeições comuns: eles comiam as refeições
juntos com alegria e singeleza de coração (v. 46). Eles levavam para casa o
consolo da mesa do Senhor, fato que trazia duas boas consequências: (1) Esta
prática tornava os cristãos da igreja primitiva muito amáveis e lhes aumentava
o gozo santo do coração. Eles comiam o pão com alegria e bebiam vinho com bom
coração, sabedores de que DEUS se agradava das obras que praticavam (Ec 9.7).
Ninguém tem mais motivos para ser alegre do que cristãos bondosos. É lamentável
que não haja tantos corações assim hoje em dia. (2) Esta prática tornava os
crentes da igreja primitiva muito liberais com os irmãos pobres e lhes
aumentava a caridade do coração. Eles comiam juntos com alegria e singeleza de
coração, en apheloteti kardias – com liberalidade de coração. Assim, segundo alguns.
Eles não comiam seus bocados sozinhos, mas recebiam alegremente os pobres à
mesa, não de má vontade, mas com sincera liberdade. Veja que convém aos
cristãos serem francos e generosos, semeando com abundância em toda boa obra,
como pessoas em quem DEUS semeou com abundância e espera colher outro tanto.
4. Os primeiros
cristãos angariaram fundos para obras assistenciais: Eles vendiam suas
propriedades e fazendas (v. 45). Alguns venderam suas terras e casas, outros,
seus animais e a mobília de casa e repartiram o dinheiro com os irmãos, segundo
cada um tinha necessidade. O propósito não era acabar com as propriedades, mas
com o egoísmo. Por essa atitude, eles tinham provavelmente em vista o
mandamento que JESUS deu ao jovem rico como teste de sinceridade: Vende tudo o
que tens [e] dá-o aos pobres (Mt 19.21). A intenção não era para servir de
modelo de lei obrigatória e permanentemente, como se todos os cristãos de todos
os lugares do mundo fossem forçados a vender suas propriedades e dar o dinheiro
para as obras assistenciais. Impressionante é que aqueles que não ajudaram
aos mais pobres, vendendo suas próprias propriedades, perderam tudo no ano 70
d.C., poucos anos mais tarde, devido a invasão romana.
As epístolas de
Paulo, escritas depois deste fato, falam da distinção entre ricos e pobres. O
próprio JESUS disse: Sempre tendes convosco os pobres (Mt 26.11), e os ricos
sempre têm de fazer o bem com os salários, rendimentos e lucros de suas
propriedades. Eles se tornariam impossibilitados de cumprir tal determinação,
caso tivessem de vender todos os seus bens e dar tudo de uma vez. Portanto,
esta situação consistia num caso à parte. (1) Os cristãos da igreja primitiva
não estavam sob a obrigação de um mandamento divino para fazer isso, como se
deduz das palavras de Pedro a Ananias: Não estava em teu poder? (Atos 5.4 -
isso quer dizer - não estava subordinado a sua própria vontade?). Mas era
exemplo extremamente elogiável de sua superioridade sobre o mundo, do desprezo
que lhe davam, da certeza de existir outro mundo, do seu amor pelos irmãos, da
compaixão pelos pobres e do grande zelo à promoção do cristianismo e cuidado em
seus primórdios. Os apóstolos deixaram tudo para seguir JESUS e dedicar-se
totalmente à palavra e oração. Por conseguinte, algo tinha de ser feito para
seu sustento. Esta liberalidade extraordinária era semelhante à que Israel teve
no deserto para a construção do tabernáculo – liberalidade que precisou ser
contida (Êx 36.5,6). Nossa regra é dar conforme DEUS nos abençoou. Não
obstante, numa situação extraordinária como esta, é digno de louvor aqueles que
dão ainda acima do seu poder (2 Co 8.3). (2) Os cristãos da igreja primitiva
que procederam desse modo eram judeus e criam em JESUS. Não sabiam ainda, mas a
nação judaica logo seria destruída, ocasionando um fim à posse de propriedades
e bens, na invasão romana em 70 d.C. Vender suas propriedades e doar o dinheiro
colocando aos pés dos apóstolos era ajudar a obra de JESUS CRISTO e sua igreja.
III
DEUS reconhecia
os crentes da igreja primitiva como filhos e lhes dava provas surpreendentes da
sua presença entre eles: Muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos
(v. 43). Eram milagres de diversos tipos que confirmavam a doutrina apostólica
e comprovavam incontestavelmente ser ela proveniente de DEUS (Mc 16.20). Quem
era usado em milagres podia ajudar milagrosamente a si e aos pobres de sua
comunidade, como JESUS. Era prova da graça e amor dos crentes para com os
outros o vender suas propriedades.
Além de lhes
dar poder para realizar sinais, prodígios e maravilhas, todos os dias o Senhor
salvava mais almas através da pregação e demonstração de poder de DEUS ao
povo (v. 47). A palavra na boca dos apóstolos era confirmada por sinais,
prodígios e maravilhas (Mc 16.20), e o Senhor abençoava seus esforços em
aumentar o número de crentes. Perceba que é obra de DEUS acrescentar almas à
igreja, é um milagre a salvação oferecida a todos, fato que gera grande alívio
e consolo nos ministros e cristãos.
IV
Os não-cristãos
(os de fora, os curiosos, os espectadores) eram influenciados pela união, amor
e pelos milagres nos quais os primeiros cristãos eram usados por DEUS (ex.:
Pedro, Estêvão, Filipe, Paulo).
1. Na igreja
primitiva, os não-cristãos temiam os cristãos e tinham profundo respeito por
eles: Em cada alma havia temor a DEUS (v. 43), quer dizer, em quase todos que
viam as muitas maravilhas e sinais feitos pelos apóstolos e discípulos de
JESUS. O medo era que a falta do devido respeito trouxesse desgraça à nação dos
não-cristãos. O povo tinha muito medo dos cristãos, como Herodes teve muito
medo de João Batista. Embora não tivessem pompa exterior que obrigasse respeito
exterior, como as vestes compridas dos escribas lhes ocasionavam as saudações
nas praças (Lc 20.46), os cristãos possuíam abundância de dons espirituais que
eram verdadeiramente honrosos, gerando nos não-cristãos extrema reverência por
eles. O medo vinha sobre cada alma. A alma das pessoas era estranhamente
influenciada pela tremenda pregação e majestosa vida dos apóstolos. 2. Na
igreja primitiva, os cristãos caíam na graça dos não-cristãos (v. 47). Embora
tenhamos razão para pensar que havia aqueles que menosprezavam e odiavam os
cristãos (como seguramente faziam os fariseus e os príncipes dos sacerdotes),
os não-cristãos em sua maioria eram bondosos e amáveis para com eles: os
cristãos da igreja primitiva caíam na graça de todo o povo (E, descendo Filipe
à cidade de Samaria, lhes pregava a CRISTO. E as multidões unanimemente
prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele
fazia, pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em
alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. E havia grande alegria
naquela cidade. Atos 8:5-8).
JESUS foi tão
violentamente vilipendiado e menosprezado pela multidão que clamava:
Crucifica-o! Crucifica-o! (Lc 21.23), que se pensaria que sua doutrina e
seguidores jamais se interessariam pelo povo comum. Mas aqui o texto sacro nos
informa que os cristãos estavam na graça de todos os não-cristãos, dando a
entender que o povo perseguiu JESUS em virtude de um tipo de força satânica que
lhe sobreveio pela esperteza dos sacerdotes. Mas agora o povo caiu em si e
voltou ao bom juízo. Observe que a devoção sincera e a caridade aberta inspiram
respeito e que a alegria em servir a DEUS torna atraente a religião para
aqueles que não a possuem. Alguns interpretam assim: Eles tinham caridade para
com todo o povo – charin echontes pros holon ton laon. Os primeiros cristãos
não limitavam suas obras assistenciais e milagres aos integrantes da comunidade
cristã, mas eram liberais e extensivos. Este procedimento os recomendava
muitíssimo. 3. Na igreja primitiva, os não-cristãos afluíam para os crentes.
Todos os dias um ou outro não-crente agregava-se à igreja, embora não tantos
como no primeiro dia do Pentecostes e no dia do milagre do coxo, na porta
formosa. Eram aqueles que se haviam de salvar (v. 47). Os que forem
lavados a JESUS pela pregação do evangelho serão acrescentados à igreja em um
concerto santo pelo batismo e em comunhão santa pelas outras ordenanças.
RESUMO SOBRE
DOUTRINA - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - Teologia Sistemática - Myer
Pearman - Editora Vida
Introdução: Um
confronto teológico
A teologia,
sobre a qual versa este livro, no sentido etimológico, é: "o assunto
acerca de DEUS", assunto o mais elevado de que é capaz de se ocupar a
mente humana. Vários métodos de teologia têm sido propostos, como sejam:
especulativo, deístico, racionalista, dogmático e místico. Esses têm
conduzido os homens a conclusões contrárias às Escrituras, conclusões que
violam ao mesmo tempo a nossa natureza moral.
O método
teológico, que ao mesmo tempo honra as Escrituras e também satisfaz à alma
do homem é o método indutivo, tal qual o autor deste livro, Myer Pearlman,
o emprega. A Bíblia é para o teólogo o que a natureza é para o homem de
ciência. É sua fonte de fatos concretos. O teólogo reverente adota, para
averiguar o que a Bíblia ensina, o mesmo método que o filósofo adota
para averiguar o que a natureza ensina.
Nesse processo,
que requer grande diligência, precaução e exaustivo trabalho, derivam-se
os princípios dos fatos, e não os fatos dos princípios. Os grandes fatos
da Bíblia devem ser aceitos tais quais são, e deles edificar-se o sistema
teológico, a fim de abraçá-lo na sua integridade.
É motivo de
grande satisfação notarmos que as Escrituras contêm todos os fatos da
teologia, admitindo verdades intuitivas, tanto intelectuais como morais,
por causa da nossa constituição como seres racionais e morais. Ao mesmo
tempo admitem as Escrituras o poder controlador sobre as crenças exercido
pelo ensino íntimo do ESPÍRITO SANTO, ou seja, a experiência religiosa.
Esta verdade ao bem se ilustra na palavra do apóstolo Paulo que disse:
"A minha palavra, e a minha pregação não consistiu em
palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de
ESPÍRITO e de poder" (1 Cor. 2:4). Esse ensino ou
"demonstração" íntima do ESPÍRITO SANTO limita-se às verdades
objetivamente reveladas nas Escrituras, não como revelação de novas
verdades, mas como iluminação da mente que a torna apta para perceber a
verdade, a excelência e a glória das coisas anteriormente reveladas.
Assim disse o
apóstolo Paulo em continuação da passagem: "Mas DEUS no-las revelou
pelo seu ESPÍRITO; porque o ESPÍRITO penetra todas as coisas, ainda as
profundezas de DEUS. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem,
senão o espírito do homem, que nele está ? Assim também ninguém sabe
as coisas de DEUS, senão o ESPÍRITO de DEUS. Mas nós não recebemos o espírito
do mundo, mas o ESPÍRITO que provém de DEUS, para que pudéssemos conhecer
o que nos é dado gratuitamente por DEUS. As quais também falamos, não com
palavras de sabedoria humana, mas com as que o ESPÍRITO SANTO ensina,
comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora o homem natural
não compreende as coisas do ESPÍRITO de DEUS, porque lhe parecem loucura;
e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o
que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque,
quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos
a mente de CRISTO" (1 Cor. 2:10-16).
Essa posição
doutrinária e bíblica, simples e espiritual, é a posição tomada pelo
autor, o irmão Myer Pearlman, posição do apóstolo Paulo.
Nessa posição a
Bíblia contém todos os fatos e todas as verdades reveladas pelo ESPÍRITO
de DEUS ao homem.
N. Lawrence
Olson
I. A natureza
da doutrina
A doutrina
cristã (a palavra "doutrina" significa "ensino"
ou "instrução") pode definir-se assim: as verdades fundamentais
da Bíblia dispostas em forma sistemática. Este estudo
chama-se comumente: "teologia", ou seja, "um tratado ou um
discurso racional acerca de DEUS". (Os dois termos serão usados
alternadamente nesta seção.) A teologia ou a doutrina assim se descreve: a
ciência que trata do nosso conhecimento de DEUS e das suas relações para
com o homem. Trata de tudo quanto se relaciona com DEUS e com os
propósitos divinos.
Por que
descrevemos a teologia ou a doutrina como sendo uma "ciência"? A
ciência é a disposição sistemática e lógica de fatos comprovados. A
teologia é chamada ciência porque consiste em fatos relacionados com DEUS
e com as coisas de ordem divina, apresentadas de uma maneira lógica e
ordenada.
Qual é a
conexão entre a teologia e a religião? Religião vem da palavra latina
"ligare" que significa "ligar"; religião representa as
atividades que "ligam" o homem a DEUS numa determinada relação. A
teologia é o conhecimento acerca de DEUS. Assim a religião é a prática,
enquanto a teologia é o conhecimento. A religião e a teologia devem
coexistir na verdadeira experiência cristã; porém, na prática, às vezes,
se acham distanciadas, de tal maneira que é possível ser teólogo sem ser
verdadeiramente religioso, e por outro lado a pessoa pode ser
verdadeiramente religiosa sem possuir um conhecimento sistemático
doutrinário.
"Se
conheces estas coisas, feliz serás se as observas", é a mensagem de
DEUS ao teólogo. "Procura apresentar-te a DEUS aprovado, como obreiro
que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da
verdade" (2Tim. 2:15), é a mensagem de DEUS ao homem espiritual.
Qual é a
diferença entre doutrina e dogma? Doutrina é a revelação da verdade como se
encontra nas Escrituras; dogma é a declaração do homem acerca da verdade
quando apresentada em um credo.
Esperamos
confiadamente que a teologia ou doutrina encontre o lugar que merece no
pensamento e na educação religiosa.
Para um ser
imortal, a verdade acerca de DEUS, do destino humano e do caminho para a
vida eterna, nunca pode ser de pouca importância.
Todos os homens
que raciocinam devem tomar em consideração essas coisas. São perguntas tão
antigas quanto a própria raça humana e só podem ser esquecidas quando a
raça houver submergido na idiotice ou houver perdido a imagem de DEUS.
"Assim
como o homem pensa no seu coração, assim ele é. Toda a existência do homem
gira em torno do que pensa, especialmente do que pensa acerca de
DEUS"
— David S.
Clarke
II. O valor da
doutrina
1. O
conhecimento (doutrinário) supre a necessidade de haver uma declaração
autoritária e sistemática sobre a verdade.
Há uma
tendência em certos meios de não somente procurar diminuir o valor de
ensinos doutrinários como também de dispensá-los completamente como sendo
desnecessários e inúteis. Porém, enquanto os homens cogitam sobre os
problemas da sua existência, sentirão a necessidade de uma opinião final e
sistemática sobre esses problemas. A doutrina sempre será necessária
enquanto os homens perguntarem: "De onde vim? quem sou eu? e para
onde vou?"
Muitas vezes se
ouve esta expressão: "não importa o que a pessoa crê uma vez que faça
o bem." Essa opinião dispensa a doutrina por julgá-la de nenhuma
importância em relação à vida.
Mas todas as
pessoas têm uma teologia, queiram ou não o reconhecer; os atos do homem são
fruto de sua crença. Por exemplo, quão grande diferença haveria no
comportamento da tripulação de um navio que estivesse ciente de que
viajava em direção a um destino determinado, e o comportamento da
tripulação dum navio que navegasse à mercê das ondas e sem rumo certo.
A vida humana é
uma viagem do "tempo" para a eternidade, e é de grande
importância a pessoa saber que essa viagem não tem significado ou rumo certo,
ou que é uma viagem planejada pelo seu Criador e dirigida por ele para um
destino celestial.
2. O
conhecimento doutrinário é essencial para o pleno desenvolvimento do
caráter cristão.
As crenças
firmes produzem caráter firme; crenças bem definidas produzem também
convicções bem definidas. Naturalmente, a crença doutrinária da pessoa não é
sua religião, assim como a espinha dorsal do seu organismo não é a sua
personalidade. Mas assim como uma boa espinha dorsal é parte essencial do
corpo, assim um sistema definido de crença é uma parte essencial da
religião.
Alguém disse:
"O homem não precisa expor a sua espinha dorsal, no entanto deve possuí-la
para estar bem aprumado. Da mesma forma, o cristão precisa de uma
definição doutrinária para não ser um cristão volúvel e até
corcunda!" Alguém disse: "A pureza de coração e de vida importa
mais do que a opinião correta." A essa declaração outro pregador
respondeu: "A cura também é mais importante que o remédio; mas sem o
remédio não haveria cura!" Sem dúvida é mais importante viver a vida
cristã do que apenas conhecer as doutrinas cristãs; porém não pode haver
experiência cristã enquanto não houver conhecimentos das doutrinas
cristãs.
3. O
conhecimento doutrinário é um baluarte contra o erro. (Mat.22:29; Gál. 1:6-9; 2
Tim. 4:2-4.)
Diz-se com
razão, que as estrelas surgiram antes da astronomia, e que as flores
existiram antes da botânica, e que a vida existia antes da biologia, e que
DEUS existia antes da teologia.
Isto é verdade.
Mas os homens em sua ignorância conceberam idéias supersticiosas acerca
das estrelas, e o resultado foi a pseudociência da astrologia. Os homens
conceberam falsas idéias acerca das plantas, atribuindo-lhes virtudes que
não possuíam, e o resultado foi a feitiçaria. O homem na sua cegueira
formou conceitos errôneos acerca de DEUS e o resultado foi o paganismo
com suas superstições e corrupção.
Porém surgiu a
astronomia com seus princípios verdadeiros acerca dos corpos celestes e
dessa maneira expôs os erros da astrologia. Surgiu a botânica com a
verdade sobre a vida vegetal e dessa maneira foram banidos os erros da
feitiçaria. Da mesma maneira, as doutrinas bíblicas expurgam as falsas
idéias acerca de DEUS e de seus caminhos.
"Que
ninguém creia que erro doutrinário seja um mal de pouca importância",
declarou D. C. Hodge, teólogo de renome. "Nenhum caminho para a
perdição jamais se encheu de tanta gente como o da falsa doutrina. O erro
é uma capa da consciência, e uma venda para os olhos."
4. O
conhecimento doutrinário é uma parte necessária do equipamento de quem
ensina a Palavra de DEUS.
Quando uma
remessa de mercadorias chega a uma casa comercial, essas mercadorias são
desempacotadas, devidamente registradas, e colocadas em seus devidos
lugares nas prateleiras para serem vendidas. Essa ilustração mostra que
deve haver certa ordem. Da mesma maneira, um dos propósitos do estudo
sistemático é pôr as doutrinas em ordem. A Bíblia obedece a um tema
central. Mas existem muitas verdades relacionadas com o tema principal que
se encontram nos diversos livros da Bíblia. Assim sucede que, para adquirir
um conhecimento satisfatório das doutrinas, e para poder entregá-lo a
outrem, devem-se combinar as referências relacionadas ao assunto
e organizá-las em tópicos e subtópicos.
II. A
classificação da doutrina
A teologia
inclui muitos departamentos:
1. A teologia
exegética (exegética vem da palavra grega que significa "sacar “ou
"extrair" a verdade) procura descobrir o verdadeiro significado
das Escrituras. Um conhecimento das línguas originais nas quais foram
escritas as Escrituras pertence a este departamento da teologia.
2. A teologia
histórica traça a história do desenvolvimento da interpretação
doutrinária, e envolve o estudo da história da igreja.
3. A teologia
dogmática é o estudo das verdades fundamentais da fé como se nos
apresentam nos credos da igreja.
4. A teologia
bíblica traça o progresso da verdade através dos diversos livros da
Bíblia, e descreve a maneira de cada escritor apresentar as doutrinas
importantes.
Por exemplo:
segundo este método ao estudar a doutrina da expiação estudar-se-ia a maneira
como determinado assunto foi tratado nas diversas seções da Bíblia — no livro
de Atos, nas Epístolas, e no Apocalipse. Ou verificar-se-ia o que CRISTO,
Paulo, Pedro ou João disseram acerca do assunto. Ou descobrir-se-ia o
que cada livro ou seção das Escrituras ensinou concernente
às doutrinas de DEUS, de CRISTO, da expiação, da salvação e
de outras.
5. A teologia
sistemática. Neste ramo de estudo os ensinos bíblicos concernentes a DEUS
e ao homem são agrupados em tópicos, de acordo com um sistema definido;
por exemplo, as Escrituras relacionadas à natureza e à obra de CRISTO são
classificadas sob o título: "Doutrina de CRISTO".
É bíblica no
sentido de que as verdades são extraídas das Escrituras e o estudo
acompanha as perguntas: "Que dizem as Escrituras (exposição) e que
significam as Escrituras (interpretação)"? É sistemática no sentido
de que a matéria está agrupada segundo uma ordem definida.
IV. Um sistema
de doutrina
Qual é a ordem
a que vai obedecer ao agrupamento desses tópicos? Não se pode fazer uma regra
rígida. Há muitos modos de fazer esses agrupamentos, cada qual possuindo o
seu valor peculiar.
Procuraremos
seguir a ordem baseada sobre as relações de DEUS com o homem, nas quais
DEUS visa a redenção da humanidade.
1. A doutrina
das Escrituras. De que fonte extrairemos a verdade inerente acerca de
DEUS? A natureza, na verdade, revela a existência, o poder e sabedoria de DEUS.
Mas não expõe o caminho do perdão, e nenhum meio provê de escapar ao
pecado e suas consequências .Ela não supre incentivo algum para a
santidade e nenhuma revelação fornece acerca do futuro. Deixando de lado
o primeiro livro de DEUS — a natureza — vamos ao outro livro de DEUS
— a Bíblia — na qual encontramos a revelação perfeita de DEUS concernente
a esses assuntos.
Qual a razão de
se aceitarem as opiniões bíblicas como sendo a pura verdade? A resposta a
tal pergunta leva-nos ao estudo da natureza das Escrituras, a sua
inspiração, precisão e confiança.
2. A doutrina
de DEUS. Procuramos verificar o que as Escrituras ensinam acerca do maior
de todos os fatos — o fato de DEUS, sua natureza e existência.
3. A doutrina
dos anjos. Do Criador naturalmente passamos ao estudo de suas criaturas,
e, portanto, vamos considerar as mais elevadas de suas criaturas: os
anjos. Este tópico também inclui os anjos maus, Satanás e os demônios.
4. A doutrina
do homem. não nos demoraremos muito tempo no tema dos espíritos maus e
bons, mas passaremos a considerar a opinião bíblica acerca do homem,
porque todas as verdades bíblicas se agrupam ao redor de dois pontos
focais — DEUS e o homem. Em segundo lugar em importância, após o estudo de
DEUS, está o estudo acerca do homem.
5. A doutrina
do pecado. O fato mais trágico em conexão com o homem é o pecado e suas
consequências. As Escrituras nos falam de sua origem, natureza,
consequências e remédio.
6. A doutrina
de CRISTO. Segue-se, depois do pecado do homem, o estudo da pessoa e da
obra de CRISTO, o Salvador do homem.
7. A doutrina
da expiação. Sob este título consideramos os fatos que esclarecem o
significado da obra de CRISTO a favor do homem.
8. A doutrina
da salvação. Como se aplica a expiação às necessidades do homem e como se
faz real em sua experiência? Os fatos que nos dão essa resposta agrupam-se
sob a doutrina da salvação.
9. A doutrina
do ESPÍRITO SANTO. Como se faz real no homem a obra de CRISTO? Isto é
assunto tratado na doutrina da natureza e da obra do ESPÍRITO SANTO. Aqui se
estuda sobre o batismo no ESPÍRITO SANTO (imersão no corpo de CRISTO), batismo
com o ESPÍRITO SANTO (com evidência do falar em línguas para edificação
própria) e os dons do ESPÍRITO SANTO (capacitações para equipagem dos crentes
na evangelização dos povos).
10. A doutrina
da igreja. Os discípulos de CRISTO obviamente necessitam de alguma
organização para se realizarem os propósitos de adoração, instrução, comunhão e
propagação do Evangelho. O Novo Testamento nos fala acerca da natureza e
da obra dessa organização. Aqui estudamos a Igreja como corpo de CRISTO
(invisível) e a Igreja como instituição (visível e com registro social).
11. A doutrina
das últimas coisas. É natural dirigirmos o nosso olhar para o futuro e
pensar: "Qual será o resultado final de todas as coisas — a vida, a
história, o mundo?" — Tudo o que se relaciona com o futuro então se
agrupa sob o título: "As últimas coisas". Aqui estudamos sobre o
arrebatamento (tribunal de CRISTO e Bodas do Cordeiro), a grande tribulação (3
anos e meio de paz sob o governo do anticristo e 3 anos e meio de guerras e
juízos findando com a vinda de CRISTO em glória junto com a igreja) e estudamos
o milênio, o juízo final, o destino dos ímpios e de Satanás (o lago de foge
enxofre) e a vida eterna com DEUS (o estado eterno dos slavos).
Atos 20
Neste capítulo,
temos: I. As viagens de Paulo pela Macedônia, Grécia e Ásia, até sua chegada a
Trôade (vv. 1-6). II. O relato detalhado do dia do Senhor que Paulo passou em
Trôade e a ressurreição de Êutico (vv. 7-12). III. A jornada ou percurso de
viagens que Paulo fez para visitar as igrejas que ele plantara a caminho de
Jerusalém, aonde planejou chegar na Festa de Pentecostes (vv. 13-16). IV. O
sermão de despedida que Paulo pregou aos presbitérios em Éfeso, agora que ele
estava deixando aquela província (vv. 17-35). V. A despedida muito triste entre
Paulo e os efésios (vv. 36-38). E em todas estas atividades vemos Paulo muito
ocupado em servir a JESUS e fazer o bem aos homens, não só na conversão dos
gentios, mas também na edificação dos cristãos.
A Partida de
Paulo de Éfeso. A Mudança de Paulo para Trôade - Atos 20:1-6
Essas viagens
de Paulo são narradas com muita brevidade. Existem apenas algumas indicações
gerais das ocorrências que certamente eram as mais preciosas. Aqui está:
I
A partida de
Paulo de Éfeso. Ele permanecera lá por mais tempo que em qualquer outro lugar
depois que foi ordenado pelo ESPÍRITO SANTO ao apostolado dos gentios. Já
estava na hora de ele pensar em se mudar porque também era necessário que
anunciasse a outras cidades o evangelho (Lc 4.43). Depois disso e até ao fim da
história bíblica da sua vida (que é tudo de que dispomos), ele não iniciou
nenhum trabalho novo e nem anunciou o evangelho [...] onde CRISTO já houvera
sido nomeado (Rm 15.20), como até aqui vinha fazendo, pois no final do próximo
capítulo lemos que ele é preso, e assim permaneceu e foi deixado até o
encerramento do Livro de Atos.
1. Paulo deixou
Éfeso logo depois que cessou o alvoroço (v. 1), já que considerou a perturbação
da ordem como indicação da Providência divina para mudar-se de cidade. Sua
partida aplacou um pouco a raiva dos adversários e ganhou mais espaço para os
cristãos dali. Currenti cede furori – É bom descansar em uma tempestade. Certos
estudiosos entendem que, imediatamente antes de sair de Éfeso, ele escreveu a
Primeira Epístola aos Coríntios, e que o combate em Éfeso contra as bestas que
ele menciona na carta (1 Co 15.32) era uma descrição figurativa desse alvoroço.
Mas prefiro considerar suas palavras de modo literal.
2. Paulo não
deixou Éfeso às pressas e com medo, mas partiu solenemente: Ele chamou a si os
discípulos (v. 1), as principais pessoas da congregação, e, abraçando-os, saiu
(diz a versão siríaca) “com o beijo de amor”, de acordo com o costume da Igreja
Primitiva. Amigos amorosos não sabem que se amam até que chegue a hora da
despedida, quando então se mostrará como estava próximo o coração um do outro.
II
A visita de
Paulo às igrejas gregas que ele plantara e mais de uma vez regara, pelas quais
ele tinha um carinho todo especial.
1. O apóstolo
foi primeiro para a Macedônia (v. 1), de acordo com o seu propósito antes do
desencadeamento do alvoroço (Atos 19.21). Ele visitou as igrejas que estavam em
Filipos e Tessalônica, exortando[-as] os com muitas palavras (v. 2). As visitas
de Paulo aos seus amigos eram visitas para pregar e suas pregações eram
extensas e complexas: Eram exortações com muitas palavras. Ele tinha muito a
lhes dizer e não se limitou ao tempo; ele os exortava ao cumprimento de muitos
deveres, de muitas maneiras e (como interpretam certos estudiosos) “com muito
raciocínio”. Suas exortações eram reforçadas com extensa variedade de motivos e
argumentos.
2. O apóstolo
foi à Grécia (v. 2), quer dizer, à Acaia, como acham certos estudiosos, pois
também propusera ir para lá, para Corinto e regiões (Atos 19.21). E passou ali
três meses (v. 3). Certamente ali ele também exortou os discípulos [...] com
muitas palavras para orientá-los, confirmá-los e engajá-los a serem fiéis ao
Senhor.
III
A alteração das
resoluções de Paulo, pois nem sempre podemos cumprir nossos propósitos. Os
imprevistos nos obrigam a fazer novos planos; por isso, ao planejarmos,
estipulamos limites.
1. O apóstolo
estava a ponto de navegar para a Síria (v. 3), à cidade de Antioquia, de onde
fora enviado a serviço dos gentios e por onde sempre procurava passar em suas
rotas de viagens. Mas ele mudou de planos e determinou voltar pela Macedônia
pelo caminho que antes percorrera.
2. O motivo
dessa mudança eram os judeus (v. 3) que, supondo que ele tomaria esse trajeto
como sempre, preparam-lhe ciladas com o objetivo de tirar-lhe a vida. Visto que
não conseguiam (por mais que tentassem) detê-lo provocando as multidões e os
magistrados contra ele, maquinaram assassiná-lo. Certos intérpretes afirmam que
os judeus lhe puseram ciladas para roubar o dinheiro que estava levando a
Jerusalém para o socorro dos santos pobres. Mas, considerando como eram
rancorosos, acredito que tinham mais sede do seu sangue do que do seu dinheiro.
IV
Os nomes dos
companheiros de Paulo na viagem que fez até à Ásia (v. 4). Alguns eram
ministros, talvez não todos. É provável que Sópatro, de Beréia, seja o mesmo
Sosípatro citado em Romanos 16.21. Quando partiu de Éfeso (v. 1), Paulo deixou
Timóteo ali e, em seguida, escreveu-lhe a primeira epístola a fim de orientá-lo
como evangelista a organizar a igreja naquela cidade e em quais mãos deixá-la
(veja 1 Tm 1.3; 3.14,15). Essa epístola tinha o propósito de fornecer
orientações a Timóteo sobre como proceder, não só em Éfeso, onde estava agora,
mas também em outras cidades onde ele seria igualmente deixado ou para onde
seria enviado a fim de residir como evangelista (e orientações para ele e,
certamente, para os outros evangelistas que acompanhavam o apóstolo e eram
usados dessa mesma forma). Timóteo é contado entre eles, porque, assim que
cumpriu suas tarefas em Éfeso, seguiu Paulo e o acompanhou com os outros
mencionados aqui. Pode ser que alguém pense consistir num desperdício ter todos
esses homens dignos acompanhando Paulo, pois havia mais necessidade deles onde
Paulo não estava. Mas assim se procedeu:
1. Para que
eles o ajudassem a ensinar as pessoas que, pela pregação do apóstolo,
aceitassem JESUS. Aonde quer que Paulo fosse, as águas eram agitadas; então,
havia necessidade de ajudantes para colocar os incapacitados no tanque (como em
Jo 5.2-7). Estava na hora de malhar o ferro enquanto estava quente.
2. Para que os
ensinasse e qualificasse para serviços futuros e seguissem a sua doutrina e
modo de viver (2 Tm 3.10). A presença física de Paulo era fraca e desprezível.
Esses amigos o acompanhavam para dar-lhe certeza do sucesso, apoiá-lo e chamar
a atenção das pessoas, as quais, a olho nu, julgariam que havia muita coisa
nele verdadeiramente valiosa que não se via pela aparência exterior. DEUS
confirmava seu trabalho autenticando seu apostolado com sinais,
prodígios e maravilhas (Os sinais do meu apostolado foram manifestados
entre vós, com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas. 2
Coríntios 12:12).
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 9, Paulo
e sua Dedicação aos Vocacionados
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO
Comentário: Pr.
Elienai Cabral
Complementos,
ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - Atos 20.17-34
17 - De Mileto,
mandou a Éfeso chamar os anciãos da igreja. 18 - E, logo que chegaram junto
dele, disse-lhes: Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia,
como em todo esse tempo me portei no meio de vós, 19 - servindo ao Senhor com
toda a humildade e com muitas lágrimas e tentações que, pelas ciladas dos
judeus, me sobrevieram; 20 - como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar e
ensinar publicamente e pelas casas, 21 - testificando, tanto aos judeus como
aos gregos, a conversão a DEUS e a fé em nosso Senhor JESUS CRISTO. 22 - E,
agora, eis que, ligado eu pelo espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que
lá me há de acontecer, 23 - senão o que o ESPÍRITO SANTO, de cidade em cidade,
me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações. 24 - Mas em nada tenho
a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o
ministério que recebi do Senhor JESUS, para dar testemunho do evangelho da
graça de DEUS. 25 - E, agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei
pregando o Reino de DEUS, não vereis mais o meu rosto. 26 - Portanto, no dia de
hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos; 27 - porque nunca deixei
de vos anunciar todo o conselho de DEUS. 28 - Olhai, pois, por vós e por todo o
rebanho sobre que o ESPÍRITO SANTO vos constituiu bispos, para apascentardes a
igreja, que ele resgatou com seu próprio sangue. 29 - porque eu sei isto: que,
depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não
perdoarão o rebanho. 30 - E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que
falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. 31 - Portanto,
vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de
admoestar, com lágrimas, a cada um de vós. 32 - Agora, pois, irmãos,
encomendo-vos a DEUS e à palavra da sua graça; a ele, que é poderoso para vos
edificar e dar herança entre todos os santificados. 33 - De ninguém cobicei a
prata, nem o ouro, nem a veste. 34 - Vós mesmos sabeis que, para o que me era
necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me serviram.
Comentários BEP
- CPAD
20.19 COM
MUITAS LÁGRIMAS. Paulo, em muitas ocasiões, menciona que servia ao Senhor com
lágrimas (v. 31; 2 Co 2.4; Fp 3.18). Nesse discurso diante dos anciãos de Éfeso
(vv. 17-38), Paulo refere-se à admoestação que, com lágrimas, lhes dirigiu
durante três anos (v. 31). As lágrimas não resultaram de fraqueza; pelo
contrário, Paulo via a condição perdida da raça humana, a maldade do pecado, a
distorção do evangelho e o perigo de rejeitar o Senhor, como coisas tão graves,
que sua pregação era frequentemente acompanhada de lágrimas (cf. Mc 9.24; Lc
19.41).
20.20 NADA...
DEIXEI DE VOS ANUNCIAR. Paulo pregava tudo que era útil ou necessário à
salvação de seus ouvintes. O ministro do evangelho deve ser fiel ao anunciar
toda a verdade de DEUS à sua congregação. Não deve procurar agradar aos desejos
dos ouvintes, nem satisfazer o gosto deles, nem promover sua própria
popularidade. Mesmo se tiver que falar palavras de repreensão e de reprovação,
ensinar contrariamente a preconceitos naturais, ou pregar padrões bíblicos
opostos aos desejos da natureza carnal; o pregador fiel entregará a verdade
plena por amor ao rebanho (e.g., Gl 1.6-10; 2 Tm 4.1-5).
20.22 LIGADO EU
PELO ESPÍRITO. O espírito de Paulo, sob o controle do ESPÍRITO SANTO, sentia-se
compelido a ir até Jerusalém. Sabia que aflições e sofrimentos o aguardavam (v.
23), mas confiou em DEUS, não sabendo se isso redundaria em vida ou em morte para
ele (ver At 21.4).
20.23 O
ESPÍRITO SANTO... ME REVELA. A revelação do ESPÍRITO SANTO a Paulo de que
prisões e tribulações o esperavam provavelmente veio-lhe através dos profetas,
nas igrejas por onde ele ia passando (cf. 1 Co 12.10).
20.24 EM NADA
TENHO A MINHA VIDA POR PRECIOSA. A preocupação principal de Paulo não era
preservar a sua própria vida. O mais importante para ele era cumprir o
ministério para o qual DEUS o chamara. Seja qual fosse o fim em vista, mesmo em
se tratando do sacrifício da sua vida, ele, com alegria, iria até o fim da sua
carreira com esta confiança: CRISTO será, tanto agora como sempre, engrandecido
no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte (Fp 1.20). Engrandecermos a
CRISTO estando vivos é fácil entender; mas engrandecê-lo por nossa morte é
difícil para todos entender e aceitar. Para Paulo, a vida e o serviço para
CRISTO são representados como uma carreira ou corrida que se deve correr com
absoluta fidelidade ao seu Senhor (cf. At 13.25; 1 Co 9.24; 2 Tm 4.7; Hb 12.1).
20.26 ESTOU
LIMPO DO SANGUE DE TODOS. A palavra sangue é empregada normalmente no sentido
de derramamento de sangue, ou seja: o crime de provocar a morte dalguma pessoa
(cf. 5.28; Mt 23.35; 27.25). (1) Aqui significa que se alguém ali morresse
espiritualmente e se perdesse para sempre, Paulo estaria isento de culpa. (2)
Se os pastores não quiserem ser considerados culpados pela perdição de pessoas
que eles pastoreiam, deverão declarar-lhes toda a vontade de DEUS (v. 27).
20.28 OLHAI...
POR TODO O REBANHO. Visitação e aconselhamento são importantíssimos aos crentes
por parte de seus líderes.
20.29
ENTRARÃO... LOBOS CRUÉIS. Movidos pela ambição de edificar seus próprios
impérios, ou por amor ao dinheiro, ao poder, ou à popularidade (e.g., 1 Tm
1.6,7; 2 Tm 1.15; 4.3,4; 3Jo 9), impostores na igreja, perverterão o evangelho
original segundo o NT: (1) repudiando ou rejeitando algumas das suas verdades
fundamentais; (2) acrescentando-lhe idéias humanistas, filosofias, sabedoria ou
psicologia; (3) misturando suas doutrinas e práticas com coisas como os ensinos
malignos da Nova Era ou do ocultismo e espiritismo; (4) e tolerando modos de
vida imorais, contrários aos retos padrões de DEUS (ver 1 Tm 4.1; Ap 2.3). Que
tais lobos realmente entraram no meio do rebanho e perverteram a doutrina e
prática apostólicas em Éfeso, fica evidente em 1 Tm 1.3,4,18,19; 4.1-3; 2 Tm
1.15; 2.17,18; 3.1-8. As epístolas pastorais revelam uma rejeição geral dos
ensinos bíblicos apostólicos, que naquele tempo começou a ganhar ímpeto em toda
a província da Ásia
20.31 PORTANTO,
VIGIAI. Os dirigentes do povo de DEUS sempre devem ter sensibilidade para
discernir os membros das suas congregações, que não são sinceramente leais, e
dedicados a viver conforme a mensagem original de CRISTO e dos apóstolos. Devem
estar em tão íntima comunhão com o ESPÍRITO SANTO que, com cuidados e lágrimas,
se preocupem com seus membros, sem nunca cessar, noite e dia, de admoestar o
rebanho, a respeito do perigo que o ameaça, sempre dirigindo os fiéis para o
único alicerce seguro CRISTO, sua Palavra e seu poder.
20.33 DE
NINGUÉM COBICEI A PRATA. Paulo dá um exemplo a todos os ministros de DEUS. Ele
nunca visou a riqueza, nem buscou enriquecer através do seu trabalho no
evangelho (cf. 2 Co 12.14). Paulo teve muitas oportunidades de acumular
riquezas. Como apóstolo, tinha influência sobre os crentes, e realizava
milagres e curas; além disso, os cristãos primitivos estavam dispostos a doar
dinheiro e propriedades aos líderes eclesiásticos de destaque, para serem
distribuídos aos necessitados (ver At 4.34,35,37). Se Paulo tivesse tirado
vantagem dos seus dons e da sua posição, e da generosidade dos crentes, poderia
ter tido uma vida abastada. Não fez assim porque o ESPÍRITO SANTO dentro dele o
orientava, e porque amava o evangelho que pregava (cf. 1 Co 9.4-18; 2 Co 11.7-12;
12.14-18; 1 Ts 2.5,6). Muitas vezes foi sustentado por igrejas, mas nunca para
enriquecimento, mas para sua subsistência apenas. (Outras igrejas despojei eu
para vos servir, recebendo delas salário; e, quando estava presente convosco e
tinha necessidade, a ninguém fui pesado. 2 Coríntios 11:8)
Paulo mandou
chamar todos os novos convertidos, crentes em geral e obreiros que estavam na
igreja em Éfeso para se encontrarem com ele em Mileto, cidade que ficava
próxima a Éfeso, um pouco mais a abaixo (vide mapa). Ele queria fazer uma
grande despedida sua desses irmãos. Paulo diz para eles sobre sua evangelização
ali entre eles. Ele se emociona e chora. Ele se entristece muito por ter que
deixar os irmãos e partir. Ele fala do seu sofrimento para evangelizá-los.
Paulo fala da importância da pregação e ensino de casa em casa. Quantas
perseguições! Quantas lágrimas! Quanta Tribulação! E agora diz que o ESPÍRITO
SANTO tem revelado a ele de cidade em cidade que quando chegar em Jerusalém vai
sofrer muito. Mas ele está decidido a cumprir o seu Ministério. Ele sabe que
JESUS o chamou para arriscar sua própria vida e até mesmo dar sua vida pelo
evangelho. Sabe que vai sofrer por causa do evangelho. Mas ele está disposto a
se gastar e a se deixar gastar pelo evangelho e pelos crentes que o aceitaram.
Pelas revelações dadas pelo ESPÍRITO SANTO aos profetas da igreja por onde
passou que passará por tribulações e por prisões. Mas ele diz bem claro que não
tem a sua vida por preciosa. A sua vida pertence a DEUS. Ele recebeu o
Ministério diretamente de JESUS. Está disposto a cumprir seu Ministério até o
fim. E que tem uma carreira proposta. Ele tem um Ministério proposto. E ele foi
vocacionado para isto mesmo. Seu Ministério é dar testemunho de JESUS CRISTO.
Do evangelho da graça de DEUS a todos, custando o que custasse. Ele diz agora
para eles que sabe que por toda a parte onde ele passou pregando o Reino de
DEUS, eles não verão mais o seu rosto porque ele está se despedindo para não
voltar. Sabe que o espera prisões, açoites, perseguições e tribulações. Mas
novamente diz que está disposto a passar por tudo isto. Preocupado com os
efésios, ele chama a atenção dos líderes. É um momento de alerta. Diz que está
limpo do sangue de todos aqueles que ouviram o evangelho através dele, tanto os
que obedeceram, quanto aos que não obedeceram. Ele fez a sua parte, pregou o
evangelho legítimo na sinceridade de seu coração e fé. Anunciou o evangelho
verdadeiro. O evangelho de JESUS CRISTO que nunca deixou de anunciar. O
verdadeiro conselho de DEUS, a verdadeira palavra de DEUS. E ele adverte a eles
para que olhem para si mesmos. Para o tipo de Evangelho que eles estão pregando
e principalmente pelo tipo de evangelho que eles estavam vivendo. Exorta-os a
que percebessem como estavam tratando o rebanho de DEUS sobre o qual o ESPÍRITO
SANTO os constituiu para que cuidassem dele e o apascentassem. Este rebanho é a
igreja de JESUS CRISTO que foi comprada com seu próprio sangue, portanto
caríssimo preço, valor inestimável. Paulo diz que sabe que depois de sua
partida muitos falsos mestres, falsos pastores, falsos líderes, falsos irmãos
que viviam a espreita do rebanho, esses que ele chama de lobos Cruéis, entrarão
no meio do rebanho, no meio da igreja e tentarão de toda maneira se levantar
dentre eles mesmos e falar com perversas palavras e vão atrair os discípulos
após eles. É claro, com enganos e com mentiras. Com falsas promessas. Com amor
fingido. Ele os alerta para que vigiem. Durante 3 anos esteve ali entre eles e
não cessou, noite e dia, com lágrimas, de lhes anunciar JESUS e a salvação só
através Dele, sempre advertindo-os dos perigos dos falsos mestres, falsos
pastores, falsos líderes, falsos irmãos. E ele diz agora que encomenda cada um
a DEUS e a Palavra da sua graça. Diz que DEUS é poderoso para os edificar e dar
herança entre os santificados. É claro desde que eles estivessem debaixo da
orientação do ESPÍRITO SANTO e em santificação de vida. Ou seja, em separação
completa para DEUS. Em sua defesa diz: “De ninguém cobicei a prata, nem o ouro,
nem a veste. Vós mesmos sabeis que, para o que me era necessário, a mim e aos
que estão comigo, estas mãos me serviram”. Não era ambicioso não fez
nada por dinheiro, por causa de riqueza. Sabemos que o que era necessário para
ele sobreviver, tanto trabalhou na fabricação de tendas quanto também foi
sustentado por várias igrejas das quais recebia salário, incluindo aí,
principalmente, os filipenses. Este é um resumo da nossa leitura.
Resumo da Lição
9, Paulo e sua Dedicação aos Vocacionados
I – ÉFESO, O
PONTO DE APRENDIZADO DOS VOCACIONADOS
1. O ponto de
partida.
2. Paulo e o
despertamento de novas vocações.
3. Paulo, um
mestre inspirado.
II – O LEGADO
DOUTRINÁRIO DE PAULO PARA OS NOVOS LÍDERES
1. A
advertência de Paulo a respeito dos judaizantes e dos gnósticos.
a) Quem eram os
judaizantes?
b) Quem eram os
gnósticos?
2. O
compromisso de Paulo com o Senhor (At 20.19).
III - PAULO
APELA AOS LÍDERES
1. Sobre o
desprendimento do obreiro para realizar a obra de DEUS (At 20.24).
2. Sobre o
cuidado pessoal do obreiro (At 20.28).
3. Sobre a
ameaça de “lobos cruéis” no rebanho de DEUS (At 20.29,30).
ESTUDOS A FINS
FALSOS MESTRES
- BEP - CPAD
Mc 13.22:
“Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas e farão sinais e
prodígios, para enganarem, se for possível, até os
escolhidos
DESCRIÇÃO. O
crente da atualidade precisa estar informado de que pode haver, nas igrejas,
diversos obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os mestres da lei
de DEUS, nos dias de JESUS (Mt 24.11,24). JESUS adverte, aqui, que nem toda
pessoa que professa a CRISTO é um crente verdadeiro e que, hoje, nem todo
escritor evangélico, missionário, pastor, evangelista, professor, diácono e
outros obreiros são aquilo que dizem ser.
Esses obreiros
“exteriormente pareceis justos aos homens” (Mt 23.28). Aparecem “vestidos como
ovelhas” (Mt 7.15). Podem até ter uma mensagem firmemente baseada na Palavra de
DEUS e expor altos padrões de retidão. Podem parecer sinceramente empenhados na
obra de DEUS e no seu reino, demonstrar grande interesse pela salvação dos
perdidos e professar amor a todas as pessoas. Parecerão ser grandes ministros
de DEUS, líderes espirituais de renome, ungidos pelo ESPÍRITO SANTO. Poderão
realizar milagres, ter grande sucesso e multidões de seguidores (ver Mt
7.21-23; 24.11,24; 2Co 11.13-15).
Todavia, esses
homens são semelhantes aos falsos profetas dos tempos antigos (ver Dt 13.3; 1Rs
18.40; Ne 6.12; Jr 14.14; Os 4.15), e aos fariseus do NT. Longe das multidões,
na sua vida em particular, os fariseus entregavam-se à “rapina e de iniquidade”
(Mt 23.25), “cheios de ossos de mortos e de toda imundícia” (Mt 23.27), “cheios
de hipocrisia e de iniquidade” (Mt 23.28). Sua vida na intimidade é marcada por
cobiça carnal, imoralidade, adultério, ganância e satisfação dos seus desejos
egoístas.
De duas
maneiras, esses impostores conseguem uma posição de influência na igreja. (a)
Alguns falsos mestres e pregadores iniciam seu ministério com sinceridade,
veracidade, pureza e genuína fé em CRISTO. Mais tarde, por causa do seu orgulho
e desejos imorais, sua dedicação pessoal e amor a CRISTO desaparecem
lentamente. Em decorrência disso, apartam-se do reino de DEUS (1Co 6.9,10; Gl
5.19-21; Ef 5.5,6) e se tornam instrumentos de Satanás, disfarçados em
ministros da justiça (ver 2Co
. (b) Outros
falsos mestres e pregadores nunca foram crentes verdadeiros. A serviço de
Satanás, eles estão na igreja desde o início de suas atividades (Mt
13.24-28,36-43). Satanás tira partido da sua habilidade e influência e promove
o seu sucesso. A estratégia do inimigo é colocá-los em posições de influência
para minarem a autêntica obra de CRISTO. Se forem descobertos ou desmascarados,
Satanás sabe que grandes danos ao evangelho advirão disso e que o nome de
CRISTO será menosprezado publicamente.
A PROVA.
Quatorze vezes nos Evangelhos, JESUS advertiu os discípulos a se precaverem dos
líderes enganadores (Mt 7.15; 16.6,11; 24.4,24; Mc 4.24; 8.15; 12.38-40; 13.5;
Lc 12.1; 17.23;20.46; 21.8). Noutros lugares, o crente é exortado a pôr à prova
mestres, pregadores e dirigentes da igreja (1Ts 5.21; 1 Jo 4.1). Seguem-se os
passos para testar falsos mestres ou falsos profetas:
Discernir o
caráter da pessoa. Ela tem uma vida de oração perseverante e manifesta uma
devoção sincera e pura a DEUS? Manifesta o fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22,23), ama
os pecadores (Jo 3.16), detesta o mal e ama a justiça (Hb 1.9) e fala contra o
pecado (Mt 23; Lc 3.18-20)?
Discernir os
motivos da pessoa. O líder cristão verdadeiro procurará fazer quatro coisas:
(a) honrar a CRISTO (2Co 8.23; Fp 1.20); (b) conduzir a igreja à santificação
(At 26.18; 1Co 6.18; 2Co 6.16-18); (c) salvar os perdidos (1Co 9.19-22); e (d)
proclamar e defender o evangelho de CRISTO e dos seus apóstolos (ver Fp 1.16;
Jd 3).
Observar os
frutos da vida e da mensagem da pessoa. Os frutos dos falsos pregadores
comumente consistem em seguidores que não obedecem a toda a Palavra de DEUS
(ver Mt 7.16).
Discernir até
que ponto a pessoa se baseia nas Escrituras. Este é um ponto fundamental. Ela
crê e ensina que os escritos originais do AT e do NT são plenamente inspirados
por DEUS, e que devemos observar todos os seus ensinos (ver 2Jo 9-11)? Caso
contrário, podemos estar certos de que tal pessoa e sua mensagem não provêm de
DEUS.
Finalmente,
verifique a integridade da pessoa quanto ao dinheiro do Senhor. Ela recusa
grandes somas para si mesma, administra todos os assuntos financeiros com
integridade e responsabilidade, e procura realizar a obra de DEUS conforme os
padrões do NT para obreiros cristãos? (1Tm 3.3; _ 6.9,10).
Apesar de tudo
que o crente fiel venha a fazer para avaliar a vida e o trabalho de tais
pessoas, não deixará de haver falsos mestres nas igrejas, os quais, com a ajuda
de Satanás, ocultam-se até que DEUS os desmascare e revele aquilo que realmente
são.
OS PASTORES E
SEUS DEVERES
At 20.28
“Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o ESPÍRITO SANTO vos
constituiu bispos, para apascentardes a igreja de DEUS, que ele resgatou com
seu próprio sangue.”
Nenhuma igreja
poderá funcionar sem dirigentes para dela cuidar. Logo, conforme 14.23, a
congregação local, cheia do ESPÍRITO, buscando a direção de DEUS em oração e
jejum, elegiam certos irmãos para o cargo de presbítero ou bispo de acordo com
as qualificações espirituais estabelecidas pelo ESPÍRITO SANTO em 1Tm 3.1-7; Tt
1.5-9. Na realidade é o ESPÍRITO que constitui o dirigente de igreja. O
discurso de Paulo diante dos presbíteros de Éfeso (20.17-35) é um trecho básico
quanto a princípios bíblicos sobre o exercício do ministério de pastor de uma
igreja local.
PROPAGANDO A
FÉ. (1) Um dos deveres principais do dirigente é alimentar as ovelhas mediante
o ensino da Palavra de DEUS. Ele deve ter sempre em mente que o rebanho que lhe
foi entregue é a congregação de DEUS, que Ele comprou para si com o sangue
precioso do seu Filho amado (cf. 20.28; 1Co 6.20; 1Pe 1.18,19; Ap 5.9). (2) Em
20.19-27, Paulo descreve de que maneira serviu como pastor da igreja de Éfeso;
tornou patente toda a vontade de DEUS, advertindo e ensinando fielmente os
cristãos efésios (20.27). Daí, ele poder exclamar: “estou limpo do sangue de
todos” (20.26). Os pastores de nossos dias também devem instruir suas igrejas
em todo o desígnio de DEUS. Que “pregues a palavra, instes a tempo e fora de
tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina”
(2Tm 4.2) e nunca ministrar para agradar os ouvintes, dizendo apenas aquilo que
estes desejam ouvir (2Tm 4.3).
GUARDANDO A FÉ.
Além de alimentar o rebanho de DEUS, o verdadeiro pastor deve diligentemente
resguardá-lo de seus inimigos. Paulo sabe que no futuro Satanás levantará
falsos mestres dentro da própria igreja, e, também, falsários vindos de fora,
infiltrar-se-ão e atingirão o rebanho com doutrinas antibíblicas, conceitos
mundanos e idéias pagãs e humanistas. Os ensinos e a influência destes dois
tipos de elementos arruinarão a fé bíblica do povo de DEUS. Paulo os chama de
“lobos cruéis”, indicando que são fortes, difíceis de subjugar, insaciáveis e
perigosos (ver 20.29; cf. Mt 10.16). Tais indivíduos desviarão as pessoas dos
ensinos de CRISTO e os atrairão a si mesmos e ao seu evangelho distorcido. O
apelo veemente de Paulo (20.28-31) impõe uma solene obrigação sobre todos os
obreiros da igreja, no sentido de defendê-la e opor-se aos que distorcem a
revelação original e fundamental da fé, segundo o NT.
A igreja
verdadeira consiste somente daqueles que, pela graça de DEUS e pela comunhão do
ESPÍRITO SANTO, são fiéis ao Senhor JESUS CRISTO e à Palavra de DEUS. Por isso,
é de grande importância na preservação da pureza da igreja de DEUS que os seus
pastores mantenham a disciplina corretiva com amor (Ef 4.15), e reprovem com
firmeza (2Tm 4.1-4; Tt 1.9-11) quem na igreja fale coisas perversas contrárias
à Palavra de DEUS e ao testemunho apostólico (20.30).
Líderes
eclesiásticos, pastores de igrejas locais e dirigentes administrativos da obra
devem lembrar-se de que o Senhor JESUS os têm como responsáveis pelo sangue de
todos os que estão sob seus cuidados (20.26,27; cf. Ez 3.20,21). Se o dirigente
deixar de ensinar e pôr em prática todo o conselho de DEUS para a igreja
(20.27), principalmente quanto à vigilância sobre o rebanho (20.28), não estará
“limpo do sangue de todos” (20.26; cf. Ez 34.1-10). DEUS o terá por culpado do
sangue dos que se perderem, por ter ele deixado de proteger o rebanho contra os
falsificadores da Palavra (ver também 2Tm 1.14; Ap 2.2).
É altamente
importante que os responsáveis pela direção da igreja mantenham a ordem quanto
a assuntos teológicos doutrinários e morais na mesma. A pureza da doutrina
bíblica e de vida cristã deve ser zelosamente mantida nas faculdades
evangélicas, institutos bíblicos, seminários, editoras e demais segmentos
administrativos da igreja (2Tm 1.13,14).
A questão
principal aqui é nossa atitude para com as Escrituras divinamente inspiradas,
que Paulo chama a “palavra da sua graça” (20.32). Falsos mestres, pastores e
líderes tentarão enfraquecer a autoridade da Bíblia através de seus ensinos
corrompidos e princípios antibíblicos. Ao rejeitarem a autoridade absoluta da
Palavra de DEUS, negam que a Bíblia é verdadeira e fidedigna em tudo que ela
ensina (20.28-31; ver Gl 1.6; 1Tm 4.1; 2Tm 3.8). A bem da igreja de DEUS, tais
pessoas devem ser excluídas da comunhão (2Jo 9-11; ver Gl 1.9).
A igreja que
perde o zelo ardente do ESPÍRITO SANTO pela sua pureza (20.18-35), que se
recusa a tomar posição firme em prol da verdade e que se omite em disciplinar
os que minam a autoridade da Palavra de DEUS, logo deixará de existir como
igreja neotestamentária (ver 12.5).
QUALIFICAÇÕES
MORAIS DO PASTOR
1Tm 3.1,2 “Esta
é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.
Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante,
sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto
para ensinar.”
Se algum homem
deseja ser “bispo” (gr. episkopos, i.e., aquele que tem sobre si a
responsabilidade pastoral, o pastor), deseja um encargo nobre e importante
(3.1). É necessário, porém, que essa aspiração seja confirmada pela Palavra de
DEUS (3.1-10; 4.12) e pela igreja (3.10), porque DEUS estabeleceu para a igreja
certos requisitos específicos. Quem se disser chamado por DEUS para o trabalho
pastoral deve ser aprovado pela igreja segundo os padrões bíblicos de 3.1-13;
4.12; Tt 1.5-). Isso significa que a igreja não deve aceitar pessoa alguma para
a obra ministerial tendo por base apenas seu desejo, sua escolaridade, sua
espiritualidade, ou porque essa pessoa acha que tem visão ou chamada. A igreja
da atualidade não tem o direito de reduzir esses preceitos que DEUS estabeleceu
mediante o ESPÍRITO SANTO. Eles estão plenamente em vigor e devem ser
observados por amor ao nome de DEUS, ao seu reino e da honra e credibilidade da
elevada posição de ministro.
Os padrões
bíblicos do pastor, como vemos aqui, são principalmente morais e espirituais. O
caráter íntegro de quem aspira ser pastor de uma igreja é mais importante do
que personalidade influente, dotes de pregação, capacidade administrativa ou
graus acadêmicos. O enfoque das qualificações ministeriais concentra-se no
comportamento daquele que persevera na sabedoria divina, nas decisões acertadas
e na santidade devida. Os que aspiram ao pastorado sejam primeiro provados
quanto à sua trajetória espiritual (cf. 3.10). Partindo daí, o ESPÍRITO SANTO
estabelece o elevado padrão para o candidato, i.e., que ele precisa ser um
crente que se tenha mantido firme e fiel a JESUS CRISTO e aos seus princípios
de retidão, e que por isso pode servir como exemplo de fidelidade, veracidade,
honestidade e pureza. Noutras palavras, seu caráter deve demonstrar o ensino de
CRISTO em Mt 25.21 de que ser “fiel sobre o pouco” conduz à posição de governar
“sobre o muito”.
O líder cristão
deve ser, antes de mais nada, “exemplo dos fiéis” (4.12; cf. 1Pe 5.3). Isto é:
sua vida cristã e sua perseverança na fé podem ser mencionadas perante a
congregação como dignas de imitação.
Os dirigentes
devem manifestar o mais digno exemplo de perseverança na piedade, fidelidade,
pureza em face à tentação, lealdade e amor a CRISTO e ao evangelho (4.12,15).
O povo de DEUS
deve aprender a ética cristã e a verdadeira piedade, não somente pela Palavra
de DEUS, mas também pelo exemplo dos pastores que vivem conforme os padrões
bíblicos. O pastor deve ser alguém cuja fidelidade a CRISTO pode ser tomada
como padrão ou exemplo (cf. 1Co 11.1;
Fp 3.17; 1Ts
1.6; 2Ts 3.7,9; 2Tm 1.13).
O ESPÍRITO
SANTO acentua grandemente a liderança do crente no lar, no casamento e na
família (32,4,5; Tt 1.6). Isto é: o obreiro deve ser um exemplo para a família
de DEUS, especialmente na sua fidelidade à esposa e aos filhos. Se aqui ele
falhar, como “terá cuidado da igreja de DEUS?” (3.5). Ele deve ser “marido de
uma [só] mulher” (3.2). Esta expressão denota que o candidato ao ministério
pastoral deve ser um crente que foi sempre fiel à sua esposa. A tradução
literal do grego em 3.2 (mias gunaikos, um genitivo atributivo) é “homem de uma
única mulher”, i.e., um marido sempre fiel à sua esposa.
Consequentemente,
quem na igreja comete graves pecados morais, desqualifica-se para o exercício
pastoral e para qualquer posição de liderança na igreja local (cf. 3.8-12).
Tais pessoas podem ser plenamente perdoadas pela graça de DEUS, mas perderam a
condição de servir como exemplo de perseverança inabalável na fé, no amor e na
pureza (4.11-16; Tt 1.9). Já no AT, DEUS expressamente requereu que os
dirigentes do seu povo fossem homens de elevados padrões morais e espirituais.
Se falhassem, seriam substituídos (ver Gn 49.4; Lv 10.2; 21.7,17; Nm 20.12; 1Sm
2.23; Jr 23.14; 29.23).
A Palavra de
DEUS declara a respeito do crente que venha a adulterar que “o seu opróbrio
nunca se apagará” (Pv 6.32,33). Isto é, sua vergonha não desaparecerá. Isso não
significa que nem DEUS nem a igreja perdoará tal pessoa. DEUS realmente perdoa
qualquer pecado enumerado em 3.1-13, se houver tristeza segundo DEUS e
arrependimento por parte da pessoa que cometeu tal pecado. O que o ESPÍRITO
SANTO está declarando, porém, é que há certos pecados que são tão graves que a
vergonha e a ignomínia (i.e., o opróbrio) daquele pecado permanecerão com o
indivíduo mesmo depois do perdão (cf. 2Sm 12.9-14).
Mas o que dizer
do rei Davi? Sua continuação como rei de Israel, a despeito do seu pecado de
adultério e de homicídio (2Sm 11.1-21; 12.9-15) é vista por alguns como uma
justificativa bíblica para a pessoa continuar à frente da igreja de DEUS, mesmo
tendo violado os padrões já mencionados. Essa comparação, no entanto, é falha
por vários motivos.
O cargo de rei
de Israel do AT, e o cargo de ministro espiritual da igreja de JESUS CRISTO,
segundo o NT, são duas coisas inteiramente diferentes. DEUS não somente
permitiu a Davi, mas, também a muitos outros reis que foram extremamente ímpios
e perversos, permanecerem como reis da nação de Israel. A liderança espiritual
da igreja do NT, sendo esta comprada com o sangue de JESUS CRISTO, requer
padrões espirituais muito mais altos.
Segundo a
revelação divina no NT e os padrões do ministério ali exigidos, Davi não teria
as qualificações para o cargo de pastor de uma igreja do NT. Ele teve diversas
esposas, praticou infidelidade conjugal, falhou grandemente no governo do seu
próprio lar, tornou-se homicida e derramou muito sangue (1Cr 22.8; 28.3).
Observe-se também que por ter Davi, devido ao seu pecado, dado lugar a que os
inimigos de DEUS blasfemassem, ele sofreu castigo divino pelo resto da sua vida
(2Sm 12.9-14).
As igrejas
atuais não devem, pois, desprezar as qualificações justas exigidas por DEUS
para seus pastores e demais obreiros, conforme está escrito na revelação
divina. É dever de toda igreja orar por seus pastores, assisti-los e
sustentá-los na sua missão de servirem como “exemplo dos fiéis, na palavra, no
trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (4.12).
O Discurso de
Paulo aos Anciãos de Éfeso - Atos 20:17-35 - Comentário Bíblico - Matthew
Henry (Exaustivo) AT e NT (com correções e acréscimos do Pr Henrique)
O navio em que
Paulo e seus companheiros embarcaram para Jerusalém lhe veio bem a calhar, pois
atracava ou partia como lhe convinha. Quando chegou a Mileto, ele desembarcou e
permaneceu em terra por tempo suficiente para mandar chamar os anciãos de Éfeso
para uma reunião. Se tivesse subido a Éfeso, a igreja provavelmente o teria
forçado a ficar por mais tempo do que o desejado e os perseguidores também
poderiam lhe impedir a volta. É provável que Timóteo tivesse ordenado outros
anciãos para o serviço daquela igreja e região, além dos outros obreiros que
ali foram chamados por DEUS. Paulo mandou chamar os presbíteros ou líderes para
instruí-los e incentivá-los a continuar a obra que tinham recebido pela
imposição de mãos. é evidente que muitos irmãos também foram. Quem nao queria
estar com Paulo? E as instruções que ele lhes desse, eles as transmitiriam às
pessoas sobre as quais tinham responsabilidade. Trata-se de um discurso muito
emocionante e prático, com o qual Paulo se despede desses irmãos e no qual há muito
da excelente índole deste bom homem. Nestes versículos, temos:
I
Paulo relembra
aos anciãos da igreja a vida e doutrina em vigor o tempo todo em que ele esteve
em Éfeso e regiões: “Vós bem sabeis [...] como em todo esse tempo me portei no
meio de vós (v. 18) e como fiz o trabalho de apóstolo entre vós”. Ele menciona
isto como confirmação da sua missão e, por conseguinte, da doutrina que pregara
entre eles. Todos sabiam que ele era homem de espírito sério, cortês e
sobremodo agradável e que não era egoísta e astuto, como são os sedutores.
Muitas foram as manifestações sobrenaturais do ESPÍRITO SANTO através de Paulo
ali, de modo que até lenços e aventais de Paulo se levavam aos enfermos e
possessos e eles ficavam livres. Grande queima de livros de artes mágicas foi
realizada ali. Ele não poderia ter atuado com tanta lisura e constância nos
serviços e sofrimentos senão pelo poder da graça divina. Sua disposição mental
e o teor de sua pregação e relações sociais eram evidências concretas de que
DEUS estava verdadeiramente com ele e que foi movido e impulsionado por um espírito
melhor que o seu próprio. Ele também faz esta referência à sua conduta como
ensinamento, em cujas mãos o trabalho fora entregue, a fim de que sigam seu
exemplo: “Vós bem sabeis [...] como [...] me portei no meio de vós, como me
comportei como ministro. Da mesma forma, comportai-vos vós com os que vos são
entregues à vossa responsabilidade quando eu tiver partido: O que também
aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei (Fp 4.9)”.
1. A índole e
sensibilidade de Paulo eram excelentes e exemplares. Os anciãos efésios sabiam
como ele se portara entre eles e como mantivera suas relações sociais com eles:
no que tange a eles, procedeu com simplicidade e sinceridade de DEUS (2 Co
1.12), com brandura e santa, justa e irrepreensivelmente (1 Ts 2.7,10).
(1) O apóstolo
se portara bem desde o princípio, desde o primeiro dia em que entrou na Ásia
(v. 18), em todo esse tempo. O modo como entrou no meio dos efésios foi tal que
ninguém podia achá-lo em falta. Desde o primeiro dia, ele se comportou de forma
que sabiam que objetivava fazer o bem e fazer o bem aonde quer que chegasse.
Ele era um homem coerente consigo mesmo e íntegro. Encontre-o aonde for: ele é
o mesmo em todo o tempo. Não era levado de um lado para o outro pelo vento nem
pela mudança do tempo, mas era invariável como um dado que, jogado do jeito que
for, cai sempre em um dos lados planos. Paulo era homem cheio do ESPÍRITO SANTO
e guiado por Este.
(2) O apóstolo
assumira a função de servir ao Senhor (v. 19) para promover entre os efésios a
honra devida somente a DEUS e os interesses de CRISTO e seu Reino. Ele nunca
serviu a si mesmo, nem se fez servo de homens, das luxúrias e caprichos deles.
O seu negócio era servir ao Senhor. No seu ministério e, em todas as relações
sociais, provou o que ele mesmo escreveu: Paulo, servo de JESUS CRISTO (Rm
1.1).
(3) O apóstolo
fizera o seu trabalho entre os efésios com toda a humildade – em todas as obras
de transigência, recato e humilhação própria. DEUS lhe dera muita honra e por
meio dele fizera muitas coisas boas. Paulo, todavia, nunca assumira uma atitude
de pompa, nem manteve as pessoas a distância, mas se relacionava livre e
desembaraçadamente com as mais humildes, procurando o bem delas, colocando-se
no mesmo nível que elas. Ele tinha a boa vontade de inclinar-se para fazer
qualquer serviço e tornar a seu trabalho tão acessíveis quanto desejáveis. Veja
que os que em qualquer atividade servem aceitavelmente ao Senhor e utilmente
aos outros têm de fazê-lo com toda a humildade (Mt 20.26,27).
(4) O apóstolo
sempre fora muito gentil, afetuoso e compassivo entre os efésios: Ele servira
ao Senhor [...] com muitas lágrimas (v. 19). Nesse ponto, Paulo era igual ao
seu Mestre, chorava com facilidade. Em suas orações, ele chorava e suplicava
(Os 12.4). Em suas pregações, o que ele muitas vezes lhes dissera agora também
repetia, chorando (Fp 3.18). Em suas preocupações, embora os conhecesse em tão
pouco tempo, já moravam no seu coração a ponto de ele chorar com os que choram
(Rm 12.15) e misturar suas lágrimas com as deles em todos os momentos. Isso era
extremamente carinhoso da sua parte.
(5) O apóstolo
lutara com muitas dificuldades entre os efésios. Ele fizera seu trabalho diante
de muita oposição, com muitas [...] tentações (v. 19), que lhe provavam a
paciência e a coragem. Às vezes, tais desalentos lhe eram tentações, como foram
para Jeremias em situações semelhantes: Não falarei mais no seu nome, no nome
do Senhor (Jr 20.8,9). Essas tentações lhe sobrevieram [...] pelas ciladas dos
judeus, que ainda tramavam cometer algum dano ou outro contra ele. Note que os
servos fiéis do Senhor continuam servindo-o em meio às adversidades e perigos,
não se importando com as ações dos inimigos, pois almejam ser aprovados pelo
Mestre e torná-lo seu amigo. As lágrimas de Paulo eram por causa das tentações;
suas aflições o ajudaram a evocar bons sentimentos.
2. A pregação
de Paulo era autêntica (vv. 20,21). Ele foi a Éfeso para pregar o evangelho de
CRISTO, fora-lhes fiel e àquele que o comissionou.
(1) O apóstolo
era um pregador e ensinador claro. Ele entregava as mensagens de modo bastante
compreensivo. Essa interpretação se baseia em duas palavras: Nunca deixei de
vos anunciar e ensinar (v. 20). Ele não divertiu os efésios com especulações
sutis, nem os levou para depois abandoná-los nas nuvens de altas teorias e
sublimes expressões. Ele lhes anunciou as verdades claras do evangelho,
verdades da maior influência e importância, e lhes ensinou como se ensina a
crianças. “Eu vou anunciei o caminho certo para a felicidade, e vos ensinei a
andar nele.”
(2) O apóstolo
era um pregador poderoso, cheio do ESPÍRITO SANTO, sempre usado em dons
sobrenaturais, ideia implícita no fato de testemunhar aos efésios (v. 21,
testificando). Ele pregou como se estivesse sob juramento, como se estivesse
inteiramente certo da verdade que defendia. Seu único desejo era que a mensagem
os convencesse, os influenciasse e os orientasse. Ele anunciou o evangelho, não
como um vendedor de jornais que proclama as manchetes na rua (pouco lhe
importando se o que proclama é verdadeiro ou falso), mas como testemunha
conscienciosa que apresenta provas no tribunal, com a maior seriedade e
solicitude. Paulo pregou o evangelho como uma testemunha a favor deles, caso o
recebessem, e como uma testemunha contra eles, caso o rejeitassem.
(3) O apóstolo
era um pregador útil (v. 20). Em todas as suas pregações, objetivava fazer o
bem àqueles para quem pregava. Ele proclamava tudo que fosse útil aos efésios,
que tendesse a torná-los sábios e bons, mais sábios e melhores, que
documentasse seus julgamentos e corrigisse seus corações e vidas. Ele pregava
as coisas que traziam consigo a luz, o calor e o poder divino para suas almas.
Não basta pregar o que é prejudicial, aquilo que leva ao erro ou endurece no
pecado, mas temos de pregar principalmente o que é útil. Nós fazemos tudo isto,
ó amados, para vossa edificação (2 Co 12.19). Paulo não tencionava pregar o que
fosse agradável, mas o que fosse útil. E, quando agradava, o alvo era ser útil.
A Bíblia diz que DEUS ensina ao seu povo o que é útil (Is 48.17). Os que
ensinam ao povo o que é útil estão ensinando no lugar de DEUS.
(4) O apóstolo
era um pregador e ensinador esmerado, muito diligente e infatigável em seu
trabalho: Ele pregava e ensinava publicamente e pelas casas (v. 20). Ele não se
confinava a um lugar quando tinha oportunidade de pregar na grande congregação,
nem se limitava à congregação quando havia a chance de ensinar particular e
pessoalmente. Não tinha medo nem vergonha de anunciar o evangelho publicamente,
nem pregava com má vontade reservadamente, entre uns poucos, quando havia
oportunidade para tal. Ele pregava publicamente ao rebanho que vinha em busca
de pastos verdejantes e ia pelas casas buscar as ovelhas fracas e as
desgarradas, sem nunca pensar que um modo de pregar excluía o outro. Em suas
visitas particulares e enquanto vão de casa em casa, os ministros devem
discorrer sobre os mesmos assuntos que ensinam publicamente. Devem repeti-los,
reprisá-los, explicá-los e, caso necessário, perguntar: Entendestes todas estas
coisas? (Mt 13.51). E, sobretudo, devem ajudar as pessoas a aplicar a verdade a
si mesmas e à sua própria situação.
(5) O apóstolo
era um pregador e ensinador fiel: Ele não só pregava e ensinava o que era útil,
mas tudo que julgasse que fosse útil para os efésios. Não havia nada que ele
retivesse (v. 20), mesmo que a pregação lhe custasse mais sofrimentos ou fosse
desagradável para alguns e o expusesse ao ódio de outros. Ele se recusava a não
pregar tudo que, em sua opinião, fosse útil, mesmo que não fosse nem agradável,
nem aceitável para alguns. Ele não continha as reprimendas, quando necessárias
e úteis, por medo de ofender, nem reprimiu a pregação da cruz, embora soubesse
que era escândalo para os judeus e loucura para os gregos (1 Co 1.23).
(6) O apóstolo
era um pregador universal: Ele testemunhou tanto aos judeus como aos gregos (v.
21). Paulo nasceu judeu, foi criado como judeu, tinha um afeto profundo pela
nação judaica e aprendeu as discriminações judaicas em relação aos gentios.
Todavia, não se limitou aos judeus e nem evitou os gentios. Ele pregava de bom
grado aos gentios tanto quanto aos judeus e se relacionava tão livremente com
um grupo quanto com o outro. Por outro lado, mesmo tendo sido chamado para ser
o apóstolo dos gentios, e os judeus nutrissem uma inimizade implacável contra
ele por conta disso, muitos lhe causaram danos, e aqui, em Éfeso, ainda que
houvesse muitas conspirações contra sua vida, ele não abandonou a igreja aqui
localizada; pelo contrário, continuou lidando com eles para fazer-lhes o bem.
Os ministros têm de pregar o evangelho com imparcialidade porque são ministros
de CRISTO para a igreja universal.
(7) O apóstolo
era um pregador verdadeiramente cristão: Ele não pregava noções filosóficas ou
questões de discussão duvidosa, nem pregava política ou se intrometia em
assuntos do estado ou do governo civil. Ele pregava a fé e o arrependimento –
os dois grandes temas do evangelho –, suas características e exigências. Esses
eram temas nos quais insistia em todas as ocasiões. [1] O arrependimento para
com DEUS (v. 21, versão RA; ou a conversão a DEUS, RC). Aqueles que, pelo
pecado, haviam-se afastado de DEUS e estavam cada vez mais se distanciando dele
em um estado de separação completa e infinita, devem, pelo verdadeiro
arrependimento, converter-se e correr para Ele. Paulo pregava o arrependimento
como o grande mandamento de DEUS (Atos 17.30) e dizia aos efésios que deviam
obedecer-lhe para que se emendassem e se convertessem a DEUS, fazendo obras
dignas de arrependimento (conforme explica, Atos 26.20). Ele pregava o
arrependimento para a remissão dos pecados (Atos 5.31) e orientava os efésios a
buscar esse perdão em JESUS. [2] A fé em nosso Senhor JESUS CRISTO (v. 21).
Pelo arrependimento, temos de olhar para DEUS como nossa meta, e pela fé, temos
de olhar para JESUS CRISTO como nosso caminho para DEUS. Pelo arrependimento,
devemos abandonar e deixar os pecados para que, então, pela fé, recebamos de
JESUS o perdão dos pecados. Não basta nos arrependermos diante de DEUS. Devemos
demonstrar uma verdadeira fé em JESUS CRISTO como nosso Redentor e Salvador,
andando com Ele como nosso Senhor e nosso DEUS. Pois não há acesso a DEUS, como
filhos pródigos arrependidos indo ao Pai, senão pela autoridade e justiça de
JESUS CRISTO como Mediador.
Todos os
anciãos efésios sabiam que Paulo fora um pregador desse tipo. E para
prosseguirem com a mesma obra, eles têm de andar no mesmo espírito e nas mesmas
pisadas.
II
Paulo declara
que espera prisões e tribulações na viagem que está fazendo para Jerusalém (vv.
22-24). Não era para os anciãos efésios pensarem que ele abandonara a Ásia por
medo de perseguição, como um covarde que foge do posto na hora do perigo. Pelo
contrário, ele estava correndo como herói para os lugares altos do campo onde é
maior a probabilidade de a batalha ser mais renhida: Agora, eis que, ligado eu
pelo espírito, vou para Jerusalém (v. 22), declaração que pode ser entendida
como se referindo, ou:
(1) A certa
previsão que Paulo tinha das dificuldades que enfrentaria. Embora seu corpo
ainda não estivesse ligado (ou amarrado), o seu espírito já estava àquilo que
enfrentaria. Tendo plena certeza de que encontraria adversidades, assumiu a
tarefa diária de preparar-se para essa situação. Ele estava ligado [...] pelo
espírito, como todos os bons cristãos são pobres de espírito (Mt 5.3),
empenhando-se em se ajustar à vontade de DEUS caso passem a ganhar menos ou
fiquem desempregados. Eu prossigo guiado pelo ESPÍRITO e ligado a segui-lo
aonde quer que me conduza”. Sabia de seu chamado dado por JESUS e suas
consequências. Foi avisado diversas vezes pelo ESPÍRITO SANTO, através dos
profetas da igreja, do que lhe aconteceria e decidiu "Mas em nada tenho a
minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o
ministério que recebi do Senhor JESUS, para dar testemunho do evangelho da
graça de DEUS". Atos 20:24.
1. Paulo não
sabe detalhadamente o que há de lhe acontecer em Jerusalém (v. 22). "senão
o que o ESPÍRITO SANTO, de cidade em cidade, me revela, dizendo que me esperam
prisões e tribulações". Atos 20:23. De onde surgirão os problemas, quais
serão as causas, em que circunstâncias e com que intensidade aparecerão, são
detalhes que DEUS não julgou necessário lhe revelar. É bom permanecermos na
escuridão dos acontecimentos futuros para que esperemos sempre em DEUS e por
Ele. Quando viajarmos ao exterior, devemos partir com este pensamento: Nós não
sabemos o que há de nos acontecer, nem o que nos trará o dia, ou a noite, ou a
hora. Temos, portanto, de nos dirigir a DEUS, permitir que Ele faça conosco o
que bem parecer aos seus olhos (1 Sm 3.18) e procurar ser íntegros à sua
vontade.
2. Paulo sabe
em geral que há uma tempestade diante dele, pois os profetas, de cidade em
cidade por onde ele passava, revelavam-lhe, pelo ESPÍRITO SANTO, que lhe
esperavam prisões e tribulações (v. 23). Além da notificação comum dada a todos
os cristãos e ministros para esperarem e se prepararem para os sofrimentos, o
apóstolo recebeu revelação específica de dificuldades extraordinárias, maiores
e mais longas do que as que já enfrentou, as quais estavam agora prestes a
ocorrer.
3. Paulo toma a
corajosa e heroica decisão de prosseguir com a obra. Era um repique melancólico
que, de cidade em cidade, ressoava em seus ouvidos: Paulo, esperam-te prisões e
tribulações (v. 23). Era um caso sério um pobre homem labutar continuamente para
fazer o bem e ser tão maltratado por seus esforços. Agora vale a pena
examinarmos como ele suportou essa situação. Paulo era um homem como todos nós.
Mesmo assim, pela graça de DEUS, foi capacitado a prosseguir com seu trabalho e
a encarar com certo desprezo indulgente e magnânimo todas as dificuldades e
reveses que encontrasse. Citemos suas próprias palavras, as quais não denotam
teimosia nem ostentação, mas determinação humilde e santa: “Não me importo (v.
24, versão NVI; estas palavras não constam na RC), pois tudo que quero é
prosseguir e perseverar no caminho do meu dever e terminar bem”. Aqui o exemplo
que o apóstolo dá é triplo.
(1) Paulo é
modelo de coragem e determinação santa em nosso trabalho apesar das
dificuldades e oposições que vemos que enfrentou. Ele as viu à sua frente, mas
não fez nada com elas: Eu não me importo (v. 24, versão NVI; estas palavras não
constam na RC), oudenos logon poioumai – eu não faço conta disso. Ele não punha
essas coisas no coração, pois JESUS e o céu estavam ali. Nada disso o comovia.
[1] As dificuldades futuras não o repeliram da obra. Ele não mudou de rumo e
deu meia-volta, quando viu a tempestade se aproximando, mas prosseguiu com
determinação, pregando onde ele sabia o quanto lhe custaria caro. [2] As
dificuldades futuras não o privaram das bênçãos, nem o fizeram entregar-se de
cabeça na obra. Em meio às adversidades, ele agia com indiferença. Na sua
paciência, possuía sua alma (Lc 21.19). Mesmo quando estava como que
contristado, permanecia alegre (2 Co 6.10) e, em todas estas coisas, ele era
mais do que vencedor (Rm 8.37). Os que têm a sua cidade nos céus (Fp 3.2) podem
olhar para baixo, ver não apenas as dificuldades comuns nesta terra, mas também
o ódio e a malignidade ameaçadora do próprio inferno, e dizer que nada disso
lhes importa, pois sabem que nada pode atingi-los.
(2) Paulo é
exemplo de desapego santo à vida, sua duração e bem-estar: Mas em nada tenho a
minha vida por preciosa (v. 24). A vida é boa e nos é naturalmente preciosa.
Tudo quanto o homem tem dará pela sua vida (Jó 2.4); mas tudo quanto o homem
tem e a vida também ele dará, pois possui um entendimento correto de si mesmo e
dos seus interesses e não quer perder o favor de DEUS e arriscar a vida eterna.
Paulo era dessa opinião. Embora aos olhos naturais a vida seja insuperavelmente
preciosa, aos olhos da fé a vida é comparativamente desprezível. Não é tão
preciosa, pois pode ser alegremente desfeita por amor a CRISTO. Isso explica
Lucas 14.26, que exige que desprezemos a própria vida, não numa atitude
precipitada, como fizeram Jó e Jeremias, mas em santa submissão à vontade de
DEUS – a decisão de morrer por CRISTO em vez de negá-lo.
(3) Paulo é
exemplo de interesse santo de levar ao fim a obra da sua vida. Essa deve ser
nossa preocupação maior, e não o bem-estar e a tranquilidade desta vida. O
bendito Paulo em nada tem a sua vida por preciosa em comparação com essas
coisas; por isso, resolve, na força de CRISTO, non propter vitam vivendi
perdere causas – que ele nunca, para salvar a sua vida, perderá os objetivos da
vida. Ele está disposto a gastar a vida em trabalhos árduos, a arriscar a vida
em serviços perigosos, a desperdiçar a vida em atividades penosas. Não somente
isso, mas até entregar a vida ao martírio de forma a corresponder aos sublimes
propósitos do seu nascimento, batismo e ordenação ao apostolado.
Há duas coisas
pelas quais esse grande e bom homem se interessa, de modo que, se as obtiver,
já não lhe importa mais nada na vida:
[1]
Ser achado fiel
à confiança depositada nele, para que cumpra [...] o ministério que recebeu do
Senhor JESUS (v. 24), faça a obra para a qual foi enviado ao mundo – ou, mais
preferivelmente, à igreja –, sirva à sua geração, cumpra cabalmente o seu
ministério, leve até ao fim as suas responsabilidades ministeriais, e outros
colham os benefícios ministeriais ao ponto máximo do que foi designado, acabe –
como está escrito a respeito das duas testemunhas – o seu testemunho e não
deixe a obra pela metade (Atos 13.36; 2 Tm 4.5, versão RA; Ap 11.7).
Observe que, em
primeiro lugar, o apostolado era um ministério de JESUS para a alma dos homens.
Os que foram chamados consideraram mais o ministério do que a dignidade ou
domínio do apostolado. E se os apóstolos agiram assim, muito mais devem os
pastores e mestres agir e ser cada um na igreja como aquele que serve (Lc
22.27).
Em segundo
lugar, ele recebeu esse ministério [...] do Senhor JESUS (v. 24). Encarregou-os
desse dever, e eles o receberam de bom grado. O apóstolo faz a obra no seu nome
e na sua força: é a Ele que prestará contas. Foi o Senhor JESUS que o pôs no
ministério (1 Tm 1.12). É Ele que o sustenta e é dele que recebe forças para
realizar a obra e vencer as dificuldades que surgem por conta disso.
Em terceiro
lugar, a obra desse ministério era para dar testemunho do evangelho da graça de
DEUS (v. 24), para proclamá-lo ao mundo, comprová-lo e recomendá-lo. E por ser
o evangelho da graça de DEUS, tem em si muito a recomendar-se. É a prova da boa
vontade de DEUS para conosco e o meio da sua boa obra em nós. O evangelho
mostra DEUS cheio de graça para nós e serve para nos encher de graça, tal é o
evangelho da graça de DEUS. Paulo assumiu como dever vitalício dar testemunho
do evangelho, pois nem por um dia ele queria deixar de colaborar para espalhar
o conhecimento, o cheiro e o poder deste evangelho.
[2]
Terminar bem.
Pouco lhe importava quando acabaria o seu período de vida neste mundo, nem como
seria – se breve ou triste quanto às circunstâncias exteriores –, contanto que
ele cumprisse com alegria a sua carreira (v. 24). Em primeiro lugar, Paulo
encara a vida como uma carreira, uma “corrida”, conforme a tradução da palavra
grega. A vida é uma corrida que nos é proposta (Hb 12.1, versão NVI). Isso dá a
entender que há uma obra separada para nós, pois não estamos no mundo para não
fazer nada – há um limite estipulado para a nossa existência já que não estamos
no mundo para sempre. Nosso dever é passar pelo mundo; e correndo para passar
logo. Em segundo lugar, Paulo conta com o término de sua corrida (v. 24,
carreira), pois fala como algo que é certo e está próximo, e no qual ele
pensava continuamente. Morrer é o fim de nossa corrida, quando sairemos deste
mundo com honra ou com vergonha. Em terceiro lugar, Paulo está muito preocupado
em terminar bem a corrida (v. 24, carreira), o que indica o desejo santo de cruzar
a linha de chegada e o temor santo de não conseguir. “Que ao menos eu possa
completar minha corrida com alegria! Então tudo ficará bem, tudo ficará
perfeita e eternamente bem.” Em quarto lugar, Paulo não acha que haja algo que
seja demais para fazer, ou que seja muito difícil de sofrer, contanto que
termine bem e com alegria (v. 24). O nosso dever ao longo da vida é
providenciar para termos uma morte alegre a fim de que morramos com segurança e
consolo.
III
Tendo como
certo que essa era a última vez que os anciãos efésios o veriam, Paulo apela
para o exame da sua consciência a respeito da integridade deles e exige que a
confirmem.
1. Paulo diz
aos anciãos efésios que essa seria sua despedida: Agora, na verdade, sei que
todos vós, por quem passei pregando o Reino de DEUS (v. 25), embora tenhais
cartas que vos enviei (e ainda enviarei), não vereis mais o meu rosto. Quando
nos despedimos de nossos amigos, podemos e devemos dizer: “Nós não sabemos se
voltaremos a nos ver: nossos amigos ou nós podemos ser transferidos”. Mas aqui
Paulo, com certeza, pelo ESPÍRITO de profecia, afirma que esses anciãos efésios
nunca mais lhe veriam o rosto. Não cremos que ele, proferindo com tanta dúvida
o de que não tinha absoluta certeza (não sabendo o que lá me há de acontecer,
v. 22), faria essa declaração com tamanha confiança, sobretudo quando previu a
dificuldade por que passariam seus amigos, a menos que tivesse recebido
autorização especial do ESPÍRITO. Por isso, penso que erram os que supõem que,
a despeito disso, Paulo depois voltou a Éfeso e os viu novamente. Ele nunca
teria dito com tanta convicção: Agora, na verdade, sei..., se não soubesse disso
com certeza. O apóstolo previu não apenas que tinha muito tempo e trabalho a
fazer, mas que o trabalho também se encontrava em outros lugares, pois ali sua
tarefa havia terminado. Por muito tempo, permanecera nessa cidade pregando o
Reino de DEUS, criticando o reinado do pecado e de Satanás e louvando a
autoridade e o domínio de DEUS em CRISTO, pregando o reino da glória como o fim
e o reino da graça como o meio. Muitas vezes, eles se alegraram em ver seu
rosto no púlpito e o viram, quem sabe, como o rosto de um anjo (Atos 6.15). Se
os pés dos mensageiros da paz eram formosos sobre os montes (Is 52.7, versão
RA), como seriam seus rostos? Mas agora não lhe veriam mais o rosto. Note que
devemos levar em conta que os que hoje nos estão pregando o Reino de DEUS logo
serão transferidos e não lhes veremos mais o rosto: E os profetas, viverão eles
para sempre? (Zc 1.5). A luz ainda está conosco por um pouco de tempo (Jo
12.35). Cabe a nós aumentá-la enquanto a temos, para que, quando não virmos
mais seus rostos na terra, tenhamos a esperança de vê-los com consolação no céu
de glória, com JESUS.
2. Paulo roga
aos anciãos efésios que observem que ele cumpriu fielmente o seu ministério:
“Portanto (v. 26), vendo que meu ministério entre vós está no fim, compete a
vós e a mim refletirmos e rememorarmos”; e:
(1) Ele desafia
os anciãos efésios a provar que ele tenha sido infiel ou tenha dito ou feito
qualquer coisa pela qual se tornara cúmplice da ruína de alguma alma preciosa:
Eu estou limpo do sangue de todos (v. 26), o sangue das almas. Essa é uma
referência clara às palavras do profeta (Ez 33.6), onde se assevera que o
sangue de quem perece pela espada do inimigo será requerido da mão do guarda
infiel que não deu aviso: “Vós não podeis dizer que eu não avisei. Portanto, o
sangue de ninguém pode ser posto à minha porta”. Se o ministro se mostrou fiel,
ele pode ter esta alegria em si mesmo: Eu estou limpo do sangue de todos os
homens, os quais me são testemunhas disso.
(2) Ele deixa o
sangue dos que perecem nas suas cabeças, porque foram clara e justamente
avisados, mas não levaram em conta a pregação do evangelho.
(3) Ele
encarrega tais ministros de considerarem o que realizou a fim de que cuidem e
se esforcem para fazer o mesmo: “Eu estou limpo do sangue de todos (v. 26);
então, cuidai para vos manterdes assim. Portanto, no dia de hoje, vos
protesto”. Como, às vezes, os céus e a terra são invocados, assim esse dia será
testemunha dessa despedida.
3. Paulo prova
sua própria fidelidade com esta declaração: Porque nunca deixei de vos anunciar
todo o conselho de DEUS (v. 27).
(1) Ele
anunciara aos efésios nada mais que o conselho de DEUS (v. 27), sem acrescentar
nenhuma invenção própria. “Era o evangelho puro e nada mais, a vontade de DEUS
concernente à vossa salvação.” O evangelho é o conselho de DEUS. Ele foi
admiravelmente projetado por sua sabedoria, inalteravelmente determinado por
sua vontade e amavelmente delineado por sua graça para nossa glória (1 Co 2.7).
Este conselho de DEUS é o assunto que os ministros têm a declarar conforme foi
revelado, e não outro assunto ou algo a mais.
(2) Ele
anunciara aos efésios todo o conselho de DEUS (v. 27). Como lhes anunciara todo
o conselho de DEUS, como lhes proclamara o evangelho puro, assim ele o fizera
por inteiro. Revisara o corpo de doutrinas com eles para que, tendo-lhes
exposto as verdades do evangelho sistematicamente, da primeira à última e cada
uma em sua ordem, melhor as entendessem, vendo-as em suas várias ligações.
(3) Ele não se
esquivara de anunciar aos efésios todo o conselho de DEUS (v. 27), nem deixara
de mencionar, por teimosia ou má intenção, qualquer parte do conselho de DEUS.
Para poupar algum sofrimento, não se recusara a pregar as partes mais difíceis
do evangelho, da mesma forma que não se recusara, para salvar sua reputação, a
pregar as partes mais claras e fáceis. Ele não se furtava de anunciar as
doutrinas que sabia provocarem os atentos inimigos do cristianismo ou que
desagradariam os seus indiferentes mestres; mas, fielmente, fez seu trabalho,
quer ouvissem quer deixassem de ouvir. E foi assim que se manteve limpo do
sangue de todos os homens.
IV
Paulo encarrega
os anciãos efésios de, como ministros, serem diligentes e fiéis na obra.
1. Ele entrega
o cuidado da igreja em Éfeso, ou seja, os santos, os cristãos que estavam lá e
nas imediações (Ef 1.1), aos anciãos efésios. Não há dúvida de que os cristãos
em Éfeso eram tão numerosos que não cabiam em um único lugar de reunião, tendo
de se dividir para cultuar a DEUS em várias congregações ou residências, sob a
direção de vários ministros. Mesmo assim, eles são chamados o rebanho (v. 28),
porque professavam uma única fé, como sucedia em todas as igrejas cristãs; e,
em muitas situações, mantinham comunhão uns com os outros. Tendo previsto que
tal despedida seria final, o apóstolo entrega a direção da igreja a estes
anciãos ou presbíteros, dizendo-lhes que não fora ele, mas o ESPÍRITO SANTO que
lhes constituiu bispos, episkopous – bispos do rebanho. “Vós que sois
presbíteros sois, por constituição do ESPÍRITO SANTO, bispos que deveis tomar o
episcopado desta parte da igreja de DEUS (1 Pe 5.1,2; Tt 1.5,7).” Enquanto
estava em Éfeso, Paulo orientou todos os assuntos daquela igreja, o que deixou os
anciãos pouco inclinados a apartar-se dele. Mas agora esta águia desperta o seu
ninho e se move sobre os seus filhos (Dt 32.11). Tendo eles criado penas estava
na hora de aprenderem a voar e a agir sem esse homem de DEUS, pois o ESPÍRITO
SANTO lhes constituiu bispos. Não foram eles que tomaram para si essa honra,
nem foi algum príncipe ou potentado que lhes deu. Foi o ESPÍRITO SANTO que
neles estava que os qualificou e os enriqueceu para esse grande empreendimento:
Veio sobre eles o ESPÍRITO SANTO (Atos 19.6). O ESPÍRITO SANTO também dirigiu
os que Ele escolheu e os chamou e ordenou para esta obra em resposta à oração.
2. Ele
comissionou os anciãos efésios para cuidarem da obra para a qual eles foram
chamados. Ocupar altos cargos requer o cumprimento de deveres. Se o ESPÍRITO
SANTO lhes fizera bispos do rebanho, ou seja, pastores, eles têm de ser fiéis
ao cargo recebido.
(1) Os anciãos
efésios têm de, primeiramente, olhar por eles mesmos (v. 28). Devem cuidar com
extremo zelo de tudo relacionado à sua alma, prestar atenção a tudo que dizem e
fazem, andar com prudência e saber portar-se como convém na casa de DEUS (1 Tm
3.15), na qual eles foram promovidos ao ofício de mordomo: “Muitas pessoas
estão com os olhos postos em vós, algumas para vos imitar o exemplo, outras
para provocar disputas convosco. É por isso que tendes de olhar por vós
mesmos”. Não é verossímil que eles sejam guardas hábeis ou fiéis das vinhas dos
outros se não olham por si mesmos.
(2) “Olhai pelo
rebanho, mais olhai [...] por todo o rebanho (v. 28). Alguns de vós devem olhar
por uma parte do rebanho, enquanto outros olham por outra de acordo com o vosso
chamado e o surgimento das oportunidades, cuidando para que nenhuma parte seja
negligenciada por vós.” Os ministros devem não só pastorear sua própria alma,
mas ter consideração constante pelas almas daqueles que estão sob seus
cuidados, como os pastores têm de cuidar das ovelhas para que não se machuquem:
“Olhai [...] por todo o rebanho para que nenhuma ovelha se afaste do aprisco ou
seja abocanhada pelas feras; para que nenhuma ovelha se perca ou se extravie
por vossa negligência”.
(3) Os anciãos
efésios têm de apascentar a igreja de DEUS (v. 28), cumprir todas as partes do
ofício de pastor, conduzir as ovelhas de JESUS aos pastos verdejantes,
mostrar-lhes o alimento, fazer o que puderem para curar as que estiverem
perturbadas e sem apetite, alimentá-las com a sã doutrina e a tenra disciplina
evangélica e cuidar para que nada falte do que seja necessário para elas serem
criadas para a vida eterna. Há necessidade de pastores para reunir a igreja de
DEUS, trazendo as ovelhas que estão fora, e apascentá-las, edificando as
ovelhas que estão dentro.
(4) Os anciãos
efésios têm de vigiar (v. 31), como os pastores vigiam os rebanhos durante a
noite, têm de estar acordados e alertas, sem se entregar à indolência e cochilo
espiritual, têm de se lançar animadamente em suas atividades pastoris e cuidar
de tudo com rigor. Sê sóbrio em tudo (2 Tm 4.5), vigiai (v. 31) contra tudo que
seja danoso ao rebanho e vigiai a favor de tudo que lhe seja vantajoso.
Aproveite toda oportunidade de fazer o bem ao rebanho.
3. Ele dá
muitas razões boas para que os anciãos efésios cuidem bem de suas funções
ministeriais.
(1) Os anciãos
efésios devem considerar o interesse e preocupação do Mestre pelo rebanho que
foi entregue ao cargo deles: É a igreja de DEUS, que ele resgatou com seu
próprio sangue (v. 28).
[1] “É a igreja
de DEUS. Vós sois apenas seus servos para cuidardes dela para o Senhor. É uma
honra para vós serdes usados por DEUS que vos confirmará no serviço. O vosso
descuido e deslealdade serão extremamente piores se negligenciardes o vosso
trabalho, pois estareis pecando contra DEUS e lhe sendo falsos. Foi dele que
vós recebestes o cargo, e é a Ele que vós tereis de prestar contas. Portanto,
olhai [...] por vós mesmos (v. 28). E, sendo a igreja de DEUS, Ele espera que
vós mostreis o vosso amor por Ele, apascentando as suas ovelhas e cordeiros.”
[2] DEUS
comprou a igreja (v. 28, versão RA). O mundo é de DEUS por direito de criação,
mas a igreja é dele por direito de compra ou resgate. Portanto, ela deve ser
considerada preciosa porque assim o foi para Ele, visto que lhe custou tanto.
Não há melhor maneira de demonstrarmos esse mesmo sentimento senão apascentando
as suas ovelhas e cordeiros.
[3] Foi essa
igreja de DEUS que DEUS comprou (v. 28, versão RA). Não foi como o Israel de
antigamente, quando Ele o comprou com homens e com povos (Is 43.3,4), mas foi
com seu próprio sangue. Isso prova que JESUS é DEUS, pois é como Ele é chamado
aqui, onde diz também que Ele compra a igreja [...] com seu próprio sangue. O
sangue era seu como homem; contudo, é tão estreita a união entre a natureza
divina e a natureza humana que aqui é chamado o sangue de DEUS, embora haja
sido o sangue daquele que é DEUS. É tamanha a dignidade e valor que Ele pôs no
sangue a ponto de tornar-se um resgate valioso para nós do mal e uma compra
valiosa para nós de todo o bem – uma compra de nós para CRISTO a fim de lhe
sermos um povo peculiar: Eram teus, e tu mos deste (Jo 17.6). Diante disso,
apascentai a igreja de DEUS, porque ela foi comprada por preço extremamente
caro. Se JESUS entregou a própria vida para comprar a igreja, será que os seus
ministros não desejarão ter todo o cuidado e empenho para apascentá-la?
Negligenciar algo que é do seu total interesse mostra um desdém pelo sangue
daquele que comprou a igreja.
(2) Os anciãos
efésios devem considerar o perigo que o rebanho corre de cair presa dos
adversários (vv. 29,30). “Se o rebanho é tão precioso em face da sua relação
com DEUS e sua redenção por CRISTO. Assim cabe a vós olhardes por vós mesmos e
pelo rebanho”. Estas são as razões para ambos os aspectos.
[1] Olhai pelo
rebanho (v. 28), porque lá fora há lobos que procuram devorar as ovelhas:
Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos
cruéis (v. 29).
Os lobos são os
de fora e os de dentro da Igreja.
1- Os lobos são
perseguidores que denunciarão os cristãos e provocarão os magistrados contra
eles, não tendo compaixão do rebanho. Acham que, enquanto Paulo estava com os
efésios, o ódio dos judeus era direcionado, em sua maior parte, para ele, e
que, quando saísse daquela província, eles se aquietariam: “Nada disso”, diz o
apóstolo, “depois da minha partida, vós percebereis que o espírito de
perseguição ainda estará em operação. Então, olhai pelo rebanho, confirmai as
ovelhas na fé, consolai-as e incentivai-as para que elas não abandonem JESUS
por medo de sofrer ou percam a paz e a consolação nos seus sofrimentos.” Em
tempos de perseguição, os ministros têm de tomar um cuidado mais excepcional do
rebanho.
2- Os lobos são
os enganadores e os falsos mestres. Paulo tinha em mente os judeus da
circuncisão que pregavam a lei cerimonial e os gnosticidas. Ele os chama lobos
cruéis (v. 29) porque chegam vestidos com peles de ovelha (não somente assim,
mas em trajes de pastor) e causam danos nas congregações cristãs. Semeiam
discórdias entre os cristãos, afastam muitos do puro evangelho de CRISTO e
fazem de tudo para manchar e difamar os que se mantêm fiéis à sã doutrina. Não
poupam os membros mais valiosos do rebanho, instigando os que se deixam ser
influenciados por eles a mordê-los e devorá-los (Gl 5.15). É por isso que são
cães (Fp 3.2) como aqui são lobos. Enquanto Paulo estava em Éfeso, eles se
mantiveram afastados, não ousando enfrentá-lo. Mas, quando foi embora, entraram
no meio das ovelhas e semearam o joio onde ele semeara a boa semente. “Então,
olhai pelo rebanho (v. 28) e fazei de tudo para firmar as ovelhas na verdade e
municiá-las contra as insinuações dos falsos mestres.” [2] Olhai [...] por vós
(v. 28), porque alguns pastores se desviarão: “Até dentre vós mesmos (v. 30),
os membros e, talvez, os ministros da vossa igreja, entre vós com quem estou
falando neste exato momento (embora minha esperança seja que as coisas não
cheguem a esse ponto), se levantarão homens que falarão coisas perversas,
coisas contrárias às regras do evangelho e também destruidoras dos seus grandes
propósitos. Eles perverterão algumas declarações do evangelho, depurando-lhes o
sentido, para fazer com que patrocinem os seus erros (2 Pe 3.16). Até os que
gozam de boa reputação entre vós e em quem vós confiais, se encherão de orgulho
e soberba. Eles darão requintes ao evangelho, e, com especulações
agradabilíssimas e curiosas, fingirão vos promover a uma forma mais elevada e
sublime de evangelho. Mas farão isso para atraírem os discípulos após si (v.
30), para formarem um partido para eles, algo que lhes cause admiração e eles
possam presidir, denotando que são homens da igreja”. Certos estudiosos afirmam
que a expressão para atraírem os discípulos após si se refere aos que já são
discípulos de JESUS, para apartá-los dele e ligá-los a eles. “Portanto, olhai
[...] por vós (v. 28). Homens que negam o poder do ESPÍRITO SANTO e a
atualidade do batismo com o ESPÍRITO SANTO com a evidência do falar em línguas
e dos dons. Quando vos disserem que alguns dentre vós trairão o evangelho, cabe
a cada um de vós perguntar: Porventura, sou eu? (Mt 26.25), e velar bem por si
mesmo”. Essa profecia se cumpriu em Fígelo e Hermógenes, que se apartaram de Paulo
e da doutrina que ele pregava (2 Tm 1.15), e em Himeneu e Fileto, os quais se
desviaram da verdade [...] e perverteram a fé de alguns (2 Tm 2.18), o que
explica a expressão usada aqui. Contudo, mesmo havendo tais enganadores na
igreja em Éfeso, pela epístola de Paulo àquela igreja (na qual não encontramos
tais reclamações e repreensões como em algumas outras das suas epístolas),
vemos que ela não estava tão infestada de falsos mestres, pelo menos não tão
manchada de sua falsa doutrina como estavam algumas outras igrejas. A paz e
pureza dessa comunidade foram preservadas pela bênção de DEUS nos esforços e
vigilância destes presbíteros, a quem o apóstolo, prevendo e tendo em conta o
surgimento de heresias e cismas, como também a sua própria morte, entregou o
governo dessa igreja.
(3) Os anciãos
efésios devem considerar os grandes esforços que Paulo empreendeu para plantar
esta igreja: “Lembrando-vos de que, durante três anos (por todo esse tempo ele
estivera pregando em Éfeso e regiões adjacentes, principalmente na escola de
Tirano, em Éfeso) não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada
um de vós (v. 31), não sejais negligentes em edificar sobre esse fundamento que
eu fui tão diligente em pôr”.
[1] Paulo, como
guarda fiel, admoestara os efésios (v. 31). Pelas suas admoestações, ele os
avisara do perigo de continuarem no judaísmo e idolatria, persuadindo-os a
aceitar o cristianismo.
[2] Paulo
admoestara a cada um dos efésios (v. 31). Além das admoestações públicas, ele
se dedicava a pessoas em particular de acordo com a necessidade da situação.
[3] Paulo era
constante em admoestar os efésios. Ele os exortava noite e dia (v. 31). O seu
tempo era completamente tomado por seu trabalho. À noite, quando deveria estar
repousando, lidava com aqueles com que não conseguia falar durante o dia sobre
a salvação de suas almas.
[4] Paulo era
infatigável em admoestar os efésios. Ele não cessava de admoestar (v. 31, não
cessei). Mesmo que se mostrassem extremamente inflexíveis contra suas
admoestações, não deixava de exortá-los, pois não sabia quando, pela graça de
DEUS, eles se convenceriam dos seus erros. Mesmo que se mostrassem extremamente
flexíveis às suas admoestações, jamais pensou que isso o isentaria de ser
insistente. Ele admoestava os que eram justos para não se desviarem da sua
justiça, assim como os aconselhava quando agiam como ímpios (Ez 3.18-21).
[5] Paulo falou
com os efésios sobre as almas deles com muito afeto e preocupação: Ele os
admoestou com lágrimas (v. 19). Como servira ao Senhor, também os servira com
muitas lágrimas. Eram lágrimas de compaixão que mostravam o quanto se
sensibilizava com a miséria espiritual e o perigo emocional em que viviam. Se
Paulo assim começara a boa obra em Éfeso e, com tal espontaneidade,
estendera-se em seus esforços, então por que deveriam poupar energia em
continuar com a boa obra?
V
Paulo encomenda
os anciãos efésios à direção e influência divina: “Agora, pois, irmãos (v. 32),
tendo-vos entregado esse cargo solene e feito essas admoestações sérias, eu
encomendo-vos a DEUS. Agora que disse o que devia: Que o Senhor seja convosco.
Eu tenho de partir, mas vos deixo em boas mãos”. Eles estavam preocupados com o
que seria deles, como eles deveriam prosseguir com a obra, como vencer as
dificuldades e que provisão seria feita para eles e suas famílias. Em resposta
a todas estas questões duvidosas, Paulo os orienta a olhar para DEUS com os
olhos da fé, e pedir que DEUS olhe para eles com os olhos da graça.
1. Veja aqui a
quem Paulo encomenda os anciãos efésios? Ele os chama irmãos (v. 32), não só
como cristãos, mas como ministros. Dessa forma, incentiva-os a esperar em DEUS,
como ele esperara, pois eram irmãos.
(1) Paulo os
encomenda a DEUS (v. 32), roga que DEUS lhes proveja a subsistência, cuide
deles, satisfaça todas as suas necessidades e os estimula a lançar todos os
seus cuidados nele, com a garantia de que Ele se importa com eles: “Tudo de que
necessitardes, pedi a DEUS. Tende os olhos sempre voltados para Ele, depositai
sempre confiança nele em todas as vossas necessidades e dificuldades. Seja a
vossa consolação o fato de terdes um DEUS para buscar, o DEUS todo-poderoso”.
Eu encomendo-vos a DEUS, quer dizer, à sua providência, à proteção e cuidado
que ela proporciona. Mesmo separados de quem quer que seja, ainda temos DEUS
perto de nós (1 Pe 4.19).
(2) Paulo os
encomenda à palavra da sua graça (v. 32). Isso diz respeito a JESUS: Ele é a
Palavra (Jo 1.1, versão NTLH), a Palavra da vida (1 Jo 1.1), porque a vida está
entesourada nele para nós e, no mesmo sentido, ela é chamada aqui a palavra da
graça de DEUS, porque nós recebemos também da sua plenitude, com graça sobre
graça (Jo 1.16). Ele os encomenda a JESUS, coloca-os em suas mãos, por serem
seus servos, de quem cuidará de maneira especial. Paulo os encomenda não só a
DEUS e sua providência, mas a JESUS que é a graça, como o próprio JESUS fizera
com os discípulos quando os estava deixando: Vós credes em DEUS, crede também
em mim (Jo 14.1). É praticamente a mesma coisa se, pela expressão palavra da
sua graça, entendermos o evangelho de JESUS, pois é JESUS na palavra que está
perto de nós para nos sustentar e animar, e a sua palavra é espírito e vida (Jo
6.63): “Vós recebereis tremenda ajuda agindo pela fé na providência de DEUS,
mas muito mais agindo pela fé nas promessas do evangelho”. O apóstolo os entrega
à palavra da graça de JESUS, a qual Ele pregou aos discípulos quando os enviou
com a garantia de que estaria com eles todos os dias, até à consumação dos
séculos (Mt 28.20): “Apoderai-vos desta palavra, e DEUS vos dará os benefícios
e consolações que ela contém, e não necessitareis de mais nada”. O apóstolo os
encomenda à palavra da graça de DEUS, não só como o fundamento da esperança e a
fonte da alegria, mas como a regra de vida: “Eu encomendo-vos a DEUS, como
vosso Mestre a quem deveis servir, pois Ele é um bom Mestre que deu sua vida
como a obra talhada para vós e pela qual vós deveis vos governar. Observai os
preceitos desta palavra e vivei segundo as promessas que ela oferece”. Crede no
evangelho e sereis salvos.
2. Veja aqui
para quê Paulo encomenda os anciãos efésios à palavra da graça de DEUS? Não é
tanto para que suas famílias tenham provisão ou para que sejam protegidos
contra os inimigos, mas a fim de que recebam as bênçãos espirituais que são
mais necessárias e as valorizarem ainda mais. Eles haviam recebido o evangelho
da graça de DEUS e a missão de pregá-lo. Agora o apóstolo os encomenda à
palavra:
(1) Para que
eles sejam edificados: “A palavra [...] tem poder (v. 32, versão RA; o ESPÍRITO
da graça que opera com a palavra e por meio dela) para vos edificar. Vós podeis
confiar nisto, enquanto vós vos mantiverdes perto dela, e ser guiados por ela
diariamente. Ela é poderosa para vos edificar. Há algo nela que vós precisais
conhecer mais e se deixar influenciar”. Note que os ministros, ao pregarem a
palavra da graça, têm de anelar sua edificação e a dos outros. Os cristãos mais
maduros, enquanto estiverem neste mundo, têm poder para crescer. Assim
descobrirão que a palavra da graça tem cada vez mais a contribuir para esse
crescimento. A palavra é poderosa para edificá-los.
(2) Para que
eles sejam glorificados: A palavra [...] tem poder (v. 32, versão RA) para vos
[...] dar herança entre todos os santificados (v. 32). É o que a palavra da
graça de DEUS opera quando nos dá o conhecimento que ela tem (pois a vida e a
incorrupção vêm à luz pelo evangelho, 2 Tm 1.10) e isso juntamente com sua
promessa – a promessa de um DEUS, que não pode mentir (Tt 1.2), a qual é o sim
em CRISTO e o Amém por CRISTO (2 Co 1.20). E, pela palavra, como o habitual
portador, o ESPÍRITO da graça nos é presenteado (Atos 10.44) para ser o selo da
promessa e o penhor da vida eterna. É, pois, a palavra da graça de DEUS que nos
dá a herança. Note que:
[1] O céu é uma
herança que dá direito irrevogável a todos os herdeiros. É semelhante à herança
dos israelitas em Canaã, que foi pela promessa e também por sorte, mas que era
firme [...] para toda a descendência (Rm 4.16).
[2] Essa
herança é inalienável e garantida a todos os santificados (v. 32) e unicamente
a eles. Assim como os não santificados não podem ser convidados bem-vindos ao
DEUS santo ou à sociedade santa de cima, também o verdadeiro céu não pode ser
céu para eles. Mas para todos os santificados, que nasceram de novo e em quem a
imagem de DEUS foi restaurada, a herança é tão certa quanto o poder grandioso e
a verdade eterna podem torná-la. Os que creram na pregação do evangelho possuem
direito de posse a essa herança devem ter a certeza de que estão entre [...] os
santificados, por terem se unido a eles, formando um grupo com eles, e
participam da mesma imagem e natureza. Não há como esperar estar no céu entre
os glorificados a menos que estejamos na terra entre [...] os santificados.
VI
Paulo encomenda
a si mesmo aos anciãos efésios como exemplo de indiferença a este mundo e a
tudo que nele há. Caso se conduzam no mesmo espírito e nos mesmos passos que
ele, estarão contribuindo para que a passagem deles por este mundo seja fácil e
confortável e por fim alcançarão a vida eterna. Ele os encomendara a DEUS e à
palavra da sua graça (JESUS), a bênçãos espirituais que, certamente, são as
melhores. Mas o que eles farão para sustentar a família, ter um meio de vida
apropriado para si mesmos e porções para os filhos? “Quanto a estas coisas”,
diz Paulo, “fazei como eu fiz”. Mas o que ele fez? Ele aqui lhes diz:
1. Que ele
nunca objetivou possuir riquezas mundanas: “De ninguém cobicei a prata, nem o
ouro, nem a veste (v. 33); nem vós deveis e então tereis sossego”. Havia muitos
em Éfeso, e muitos entre os que haviam aceitado a fé cristã, que eram ricos,
possuíam muito dinheiro, prataria e mobília cara, usavam roupas muito boas e
tinham uma aparência muito boa.
(1) Paulo não
possuía a ambição de viver como eles. Podemos entender isso de tal forma: “Eu
nunca desejei ter à disposição prata e ouro como vejo que os outros têm, nem
usar roupas caras como vejo que os outros usam. Não os condeno nem os invejo.
Sei viver com conforto e utilidade sem necessitar de grandes coisas”. Os falsos
apóstolos queriam mostrar boa aparência na carne (Gl 6.12), sobressair-se neste
mundo pela riqueza. Mas Paulo não era assim. Ele sabia tanto ter abundância
quanto padecer necessidade (Fp 4.12).
(2) Paulo não
tinha a ganância de receber deles prata, ou ouro, ou veste. O apóstolo jamais
desejou que lhe dessem tais coisas pelos esforços despendidos entre eles. Ele
se contentava com o que tinha (Hb 13.5) e nunca se aproveitou deles (2 Co
12.17). Unindo-se a Moisés (Nm 16.15) e a Samuel (1 Sm 12.3,5), podia dizer: A
quem tomei o jumento? A quem defraudei? “De quem eu desejei ou pedi algum
favorecimento? Ou a quem fui pesado?” Ele nega veementemente haver desejado
sequer receber uma doação (Fp 4.17, versão RA).
2. Que ele
sempre trabalhou para ganhar a vida e lutou muito por seu sustento: “Vós mesmos
sabeis (v. 34) e sois testemunhas oculares de que, para o que me era
necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me serviram. Vós me vistes
trabalhando cedo e dormindo tarde, recortando tendas e montando-as”.
Confeccionadas comumente de couro, fabricar tendas era uma atividade muito
trabalhosa. Observe:
(1) Paulo, às
vezes, passava necessidades e carecia de sustento, embora gozasse de
excepcional predileção do céu e fosse grande bênção para esta terra. Que mundo
inadmissível, cruel e ingrato, que permitiu que semelhante homem como Paulo
fosse pobre!
(2) Paulo
desejou nada mais que ter suas necessidades básicas satisfeitas. Ele não
exerceu sua profissão com o objetivo de ficar rico, mas ter o sustento de
comida e roupa.
(3) Quando
tinha de labutar para ganhar o pão, Paulo se entregava a uma atividade braçal.
Ele tinha uma cabeça e uma língua com as quais poderia ganhar dinheiro, mas
preferiu usar as mãos para, conforme disse, servi-lo para o que lhe era
necessário (v. 34). Que pena que fossem essas mãos, por cuja imposição o
batismo com o ESPÍRITO SANTO era dado tão amiúde e pelas quais DEUS fazia
maravilhas (duas obras realizadas em Éfeso também, 19.6,11), que fossem
obrigadas a entregar-se à agulha, tesouras, sovela e alinhavo para fazer tendas
com o objetivo único de ganhar pão! Paulo ressalta esse detalhe para que os
presbíteros (e outros crentes entre eles) não estranhem serem igualmente
desprezados, mas que prossigam na obra e façam os devidos ajustes para terem o
sustento cotidiano. Quanto menos incentivos eles tiverem dos homens, mais eles
receberão de DEUS.
(4) Paulo
trabalhou não apenas para o sustento próprio, mas também para o sustento
daqueles que estavam com ele. E isso era realmente difícil. Teria sido melhor
haverem trabalhado para ele (mantê-lo como professor particular) do que o
inverso. Mas a vida é assim. Os que querem tomar o remo do trabalho terão o
apoio irrestrito das pessoas da sua relação. Se Paulo quer trabalhar para o
sustento dos seus companheiros, ninguém se oporá.
3. Que mesmo
então, quando ele trabalhou pelo suprimento de suas próprias necessidades,
ainda assim ele dispensou algumas coisas do que ele ganhou para o amparo de
outros; pois isto ele aqui os obriga a fazer: “Tenho-vos mostrado em tudo, isto
é, em todas as partes de vosso dever eu vos tenho posto vosso modelo e vos
tenho dado um bom exemplo, e particularmente nisto, que, trabalhando assim, é
necessário auxiliar os enfermos” (v. 35; ou “o fraco”, versão inglesa KJV).
Alguns entendem isto como seu apoio à fé dos crentes fracos, removendo os
preconceitos que alguns conceberam contra o cristianismo, como se seus
pregadores fizessem um negócio lucrativo de sua pregação, e o evangelho fosse
somente uma fraude por meio da qual obter dinheiro e roubar a bolsa das
pessoas. “Agora, para que vós possais cortar ocasião aos que buscam ocasião (2
Co 11.12) para nos censurar, e assim possais suportar os fracos entre nós, vós
fareis bem, por ora, em ganhardes vosso sustento pelo labor de vossas mãos, e
não dependerdes de vosso ministério.” Mas eu, antes, entendo isto como sua
ajuda para o sustento dos enfermos, e dos pobres, e daqueles que não podiam
trabalhar, porque isto concorda com a exortação de Paulo: Que trabalhe, fazendo
com as mãos [...], para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade
(Ef 4.28). Nós devemos trabalhar em uma ocupação honesta, não somente para que
possamos ser capazes de viver, mas para que possamos ser capazes de dar. Isto
podia parecer uma declaração dura, e por essa razão Paulo a endossa com uma
declaração de nosso Mestre, da qual ele queria que eles sempre se lembrassem.
Estas palavras foram ditas por nosso Senhor JESUS; parecia que elas eram
palavras que Ele frequentemente aplicava aos seus discípulos. Quando Ele mesmo
fazia tanto bem de graça, e lhes ordenava fazer assim também (Mt 10.8,9), Ele
acrescentou esta declaração, a qual, embora em nenhuma parte esteja registrada
pelos evangelistas, contudo Paulo a tinha recebido oralmente de Pedro, ou algum
outro dos discípulos; e ela é uma excelente declaração, e há um tanto de
paradoxo nela: "Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é
necessário auxiliar os enfermos e recordar as palavras do Senhor JESUS, que
disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" (Atos 20:35). Isto
é um apreço particular desta declaração admirável de nosso Salvador a nós, que,
sendo omitida pelos evangelistas, e em perigo de ser perdida e esquecida, foi
desta forma felizmente recobrada pelo apóstolo Paulo, e registrada por Lucas em
Atos.” Mais bem-aventurada coisa é dar aos outros do que receber dos outros;
não somente é mais bem-aventurado ser rico, e por conseguinte o dar a mão, do
que ser pobre, e por conseguinte o receber a mão (cada um reconhecerá isto);
porém, é mais bem-aventurado fazer o bem com o que temos, seja isto muito ou
pouco, do que aumentá-lo e fazê-lo mais. O sentimento dos filhos deste mundo é
contrário a isso; eles são receosos de dar. “Este dar”, eles dizem, “nos
arruína tudo”; mas eles vivem em esperança de ganhar. Cada um para a sua
ganância, cada um por sua parte (Is 56.11). O lucro líquido é para eles a mais
bem-aventurada coisa que pode existir; mas CRISTO nos diz: Mais bem-aventurada
coisa (mais excelente em si mesma, uma evidência de uma disposição de mente
mais excelente, e o caminho para uma bem-aventurança melhor, por fim) é dar do
que receber. Isso nos faz mais semelhantes a DEUS, que dá a todos, e não recebe
de ninguém; e ao Senhor JESUS, o qual andou fazendo o bem (At 10.38). Mais
bem-aventurada coisa é dar nossos esforços do que receber pagamento por isto, e
o que deveríamos nos deleitar em fazer, se as nossas próprias necessidades e de
nossas famílias o admitirem. Mais agradável coisa é fazer o bem ao agradecido,
porém mais honrosa coisa é fazer o bem ao ingrato, pois então nós temos DEUS
como nosso pagador, que recompensará na ressurreição dos justos o que não foi,
de outra maneira, recompensado.
Paulo, aqui,
não está querendo dizer que é errado ser sustentado, pois ele mesmo foi
sustentado por igrejas, delas recebeu salário e ajuda. Porém, para dar bom
exemplo, decidiu não aceitar ajuda dos Efésios, talvez porque davam extremo
valor ao dinheiro e às riquezas. "Outras igrejas despojei eu para vos
servir, recebendo delas salário; e, quando estava presente convosco e tinha
necessidade, a ninguém fui pesado". (2 Coríntios 11:8). E bem sabeis
também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da
Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber,
senão vós somente. (Filipenses 4:15).
A VIDA E OS
TEMPOS DO APÓSTOLO PAULO - Charles
Ferguson Ball.
Organização da
Igreja de Éfeso
Paulo chegou a
Éfeso e ouviu falar de Apolo, poucos dias depois desse ter ido para Corinto. A
primeira providência de Paulo foi procurar seu velho amigo Aquila, o fabricante
de tendas, e inteirar-se de tudo o que acontecera desde que deixara a cidade.
Conheceu alguns crentes convertidos pela pregação de Apolo e, ao descobrir que
esse os batizara no batismo de João, perguntou a 12 deles:
Vocês receberam
o batismo do ESPÍRITO SANTO quando creram? Os 12 cristãos fitaram-no surpresos
e responderam:
Nem mesmo
ouvimos que existe o ESPÍRITO SANTO.
Havia,
evidentemente, muita coisa a ser corrigida, e Paulo ofereceu-se bondosamente
para realizar a tarefa.
Depois de
tê-los ensinado, batizou-os novamente, tanto homens como mulheres, em nome do
Senhor JESUS, e impôs as mãos sobre eles. Uma nova igreja foi fundada naquele
dia, composta de cristãos que, como os do Pentecostes, foram batizados no
ESPÍRITO SANTO.
Durante três
meses, Paulo frequentou a sinagoga de Éfeso e pregou ousadamente que JESUS era
o Filho de DEUS. Mas surgiram disputas tão acirradas quanto à sua mensagem, que
o pequeno grupo de cristãos perdeu a esperança de obter quaisquer novos frutos
na sinagoga. Semana após semana, os judeus tinham ouvido o Evangelho de CRISTO
dos lábios de Áquila e Apolo, e agora de Paulo. Mas não só se recusaram a crer,
como também endureceram os corações contra JESUS e depreciaram a Paulo,
advertindo o povo de que o Cristianismo era antagônico aos judeus.
Saulo
afastou-se triste da sinagoga, para jamais pisar nela. A fim de continuar seus
ensinamentos, ele alugou o salão de palestras da escola pertencente a Tirano.
Esse homem era professor de retórica e filosofia, e dava aulas todas as manhãs.
Paulo reunia seus seguidores à tarde, argumentando com eles diariamente. Não só
discutia as reivindicações de JESUS, como também respondia às muitas perguntas
relativas ao Cristianismo e à vida paga. Provavelmente tratou de assuntos como
casamento, divórcio, escravidão e alimento oferecido aos ídolos - temas que
voltaria a abordar mais tarde em suas cartas. No espaço de dois anos, a igreja
de Éfeso cresceu e floresceu, e o Evangelho de JESUS CRISTO foi pregado em toda
a Ásia romana.
Combatendo a
Adoração aos Ídolos
Éfeso era o
centro de uma grande província. O templo de Diana, ou Artemis, fora levantado
ali havia mil anos. Quando nasceu Alexandre, o Grande, o templo queimara
completamente e os asiáticos reuniram ouro e prata para reconstruí-lo. Cada
família da província deu a sua contribuição, e o novo templo ficou tão
magnífico que veio a ser considerado uma das sete maravilhas do mundo. No dia
da sua inauguração, um príncipe persa atirou uma flecha de sua torre mais alta
e declarou: "Aquele que ultrapassar essa distância, ao aproximar-se desse
edifício, encontrará aqui um santuário e ficará livre da perseguição".
O imenso prédio
era de mármore, com fileiras duplas de colunas entalhadas. Em toda a volta
havia 14 degraus de mármore, subindo em camadas como as de um bolo de noiva, e
na base de cada coluna, profundamente esculpidas na rocha, havia figuras de
homens e mulheres em tamanho natural. No centro do grande templo havia uma
câmara formada por pilares de jaspe verde. Das paredes pendiam caros presentes,
enviados por todas as províncias vizinhas, e perto da entrada, encontrava-se um
altar esculpido por Praxíteles. Uma grande cortina púrpura descia do teto e,
detrás dela, havia uma estátua de madeira em forma de mulher, escurecida pelo
tempo. Era Diana, a deusa dos efésios, que, segundo diziam, caíra do céu. O
ídolo era hediondo; mas, oculto pela cortina mística, tornara-se objeto de
adoração para milhões de pessoas.
Pequenas cópias
da imagem tinham sido feitas de bronze ou prata, e algumas vezes de ouro,
mostrando Diana como uma linda mulher, usando na cabeça uma coroa. Em cada casa
havia uma dessas estatuetas, pois segundo acreditavam, a deusa era poderosa
para afastar o mal.
O templo de
Diana tornara-se o centro da vida de Éfeso. Peregrinos do mundo inteiro iam
visitá-lo. Mercadores deixavam seu dinheiro com os sacerdotes, acreditando ser
o tesouro do templo o lugar mais seguro do mundo. Grande número de artesãos
ganhava a vida explorando a superstição do povo e fabricando imagens para serem
usadas como talismãs.
O Poder de DEUS
Nessa cidade de
mágicos e idolatras, Paulo e seus companheiros anunciaram a CRISTO, levando
centenas de pessoas a abandonarem a idolatria. Através do apóstolo, DEUS
realizou muitos milagres em Éfeso. Aquele povo, que tanto gostava de prodígios,
viu que o poder do Altíssimo era maior que a magia de Diana ou de quaisquer dos
seus seguidores. Assim como Moisés superara os mágicos de Faraó no Egito, pelo
poder de DEUS, Paulo, o servo do Senhor, recebeu autoridade para curar. Sem
necessidade de talismãs, contas, ou pergaminhos contendo fórmulas mágicas,
Paulo demonstrou que o imenso poder de DEUS fluía dele para as pessoas. Os
milagres não aconteciam só pela sua pregação, mas em alguns casos, por meio de
artigos pessoais, como o avental que ele usava na fábrica de tendas, ou o lenço
com que enxugava a testa.
Em um lugar
assim, existiam sempre impostores que ganhavam a vida com as superstições do
povo. Numa família judaica, sete irmãos, filhos do sacerdote Ceva, rebaixaram-
se a ponto de ganhar dinheiro, afirmando curar por meio de talismãs e fórmulas
mágicas. Certo dia, eles viram Paulo expulsar o espírito maligno de um homem e
aprenderam rapidamente as palavras usadas pelo apóstolo. Na primeira
oportunidade, tentaram imitá-lo.
"Esconjuro-vos
por JESUS, a quem Paulo prega" (At 19.13). Mas o poder de DEUS não estava
nas palavras deles e, em vez de ser liberto da possessão demoníaca, o
endemoninhado revidou: "Conheço a JESUS e bem sei quem é Paulo, mas vós,
quem sois?" (At 19.15). E com força sobrenatural, atirou-se sobre os sete
mágicos, rasgando-lhes as roupas, batendo e ferindo- os furiosamente.
As notícias
espalharam-se depressa. Muita gente presenciara o incidente e não mais
acreditava no poder dos mágicos. Muitos dos que haviam praticado artes mágicas
levaram seus livros de magia, amuletos e talismãs, e os queimaram em praça
pública. Aquela foi uma tremenda demonstração, pois os objetos queimados valiam
uma grande soma.
Agora que se
haviam tornado cristãos, DEUS enchera-lhes os corações com um novo poder. E
diante do poder divino, os truques de Satanás perderam o valor.
Os Ajudantes de
Paulo em Éfeso
A obra do
Senhor prosperou, e o testemunho da igreja de Éfeso tornou-se conhecido em toda
a Ásia. Timóteo chegou da Europa e juntou-se novamente a Paulo. Erasto, outro
crente, seguiu os passos de Timóteo e tornou-se um dos ajudantes de Paulo em
Éfeso. De fato, essa igreja veio a ser o centro da divulgação do Evangelho.
Existia uma via
direta de comércio entre Éfeso e Corinto, e os mercadores iam e vinham; os
crentes em JESUS também faziam freqüentes visitas às outras igrejas. Através de
um desses viajantes, ou talvez de Apolo, Paulo recebeu notícias perturbadoras
de Corinto. Muitos cristãos tinham voltado ao mundanismo da vida paga, e a
impureza penetrara na igreja, sendo aceita passivamente.
A Vida e a
Época do Apóstolo Paulo - 220.92 -
Biografia - Ball. Charles Ferguson - BAL - A Vida e a Época do Apóstolo
Paulo.../ Bali, Charles Ferguson - 1° ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora
das Assembleias de DEUS, 1998. ISBN 85-263-0186 - 1.Biografia. 2. História
Bíblica.
Pregando aos
Amados Efésios
Em Mileto, a
cerca de quarenta quilômetros ao sul de Éfeso, o navio ficou mais tempo
ancorado. Descarregaram ali diversas mercadorias e receberam novas cargas para
o restante da viagem. Paulo enviou uma mensagem aos seus amigos de Éfeso,
contando que estava em Mileto e queria vê-los. A sensação de que esse seria seu
último encontro com eles cresceu-lhe no íntimo. Não tinha sido avisado de que
algemas o esperavam em Jerusalém? Pois então era melhor aproveitar cada
oportunidade.
Os cristãos
foram-lhe imediatamente ao encontro, especialmente os presbíteros da igreja,
pois lembravam-se dos três anos que Paulo passara com eles, e amavam-no mais
que a todos os outros. O encontro foi alegre, mas tenso; todos sentiam que era
uma despedida final. As últimas palavras são sempre cheias de solenidade e
importância, e Paulo conversou como alguém que amadurecera na fé. Insistiu para
que se mantivessem firmes e se fortalecessem, não importando o que lhes
sobreviesse no futuro.
Com grande
eloquência, recapitulou seus três anos com eles, lembrando os dias de sol e de
sombras:
E agora, na
verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o reino de DEUS, não
vereis mais o meu rosto. Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo
do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de
DEUS. Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o ESPÍRITO SANTO vos
constituiu bispos, para apascentardes a igreja de DEUS, que ele resgatou com
seu próprio sangue. Porque eu sei isto: que, depois de minha partida, entrarão
no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão o rebanho. E que dentre vós
mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os
discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos,
não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós. Agora,
pois, irmãos, encomendo-vos a DEUS e à palavra da sua graça; a Ele que é
poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados (At
20.25-32).
Sua voz
interrompeu-se e sua cabeça grisalha pendeu. O silêncio era total. Ninguém
sentiu vontade de abrir a boca e parecia que a única coisa a fazer era orar.
Paulo mencionou cada presbítero pelo nome, pedindo que o Salvador o mantivesse
leal, sincero e forte no dia da tentação. Quando se levantaram, todos tinham
lágrimas nos olhos. Eles estavam vendo, pela última vez, o grande guerreiro que
os guiara bravamente na batalha. Como a mãe-pássaro desfaz o ninho, Paulo
estava agora entregando-lhes toda a responsabilidade, deixando-os por conta
própria. Com os corações entristecidos, eles o acompanharam até o navio e
observaram até que o barco desaparecesse de vista.
A Epístola aos
Efésios
Enquanto
Tíquico e Onésimo preparavam-se para a viagem, Paulo dava as últimas pinceladas
na carta que vinha escrevendo cuidadosamente havia semanas. Era uma carta
geral; não se destinava a corrigir quaisquer erros em particular. Devia ser
passada entre as várias igrejas, a fim de fortalecer-lhes a fé, encorajá-las na
vida cristã e conscientizá-las de sua posição e privilégios em CRISTO JESUS.
Ele começou com
um hino de louvor às três pessoas da Santíssima Trindade - o Pai, o Filho e o
ESPÍRITO SANTO. A seguir, com mão de mestre, pintou um quadro da igreja como o
templo de DEUS, construído sobre o fundamento de CRISTO. Todas as grandes
doutrinas da fé foram mencionadas nessa belíssima carta. A maturidade cristã do
apóstolo é evidente em cada linha. Não foram feitas referências pessoais, nem
saudações às famílias locais ou colaboradores. Se a carta fosse destinada
apenas aos efésios, Paulo teria enviado cumprimentos a muitos, segundo o seu
costume, pois trabalhara três anos entre eles - mais tempo que em qualquer
outra cidade. Em vez disso, pretendia que ela fosse uma admoestação final a
várias igrejas. Ele era agora Paulo, o velho, e seus dias de missivista logo
terminariam. O apóstolo ansiava por incluir em uma carta circular a plenitude
do Evangelho e o encorajamento que enriqueceria e firmaria cada membro do corpo
de CRISTO. Tal carta aplicar-se-ia a todas as igrejas que fundara. Escreveu então:
E vos
vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo,
andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar,
do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência... Mas DEUS, que é
riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós
ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com CRISTO (pela graça
sois salvos)... Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem
de vós; é dom de DEUS. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.
Falou-lhes da necessidade de fé na pregação do evangelho, antes: em quem também
vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o ESPÍRITO SANTO da
promessa; Efésios 1:13
Portanto,
lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na carne... que, naquele
tempo, estáveis sem CRISTO, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos
concertos da promessa, não tendo esperança e sem DEUS no mundo (Ef
2.1,2,4,5,8,9,11,12).
Numa transição
rápida e precisa, desceu dos altos picos para os vales profundos da vida comum:
"Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação
com que fostes chamados" (Ef 4.1).
Enquanto ditava
o último capítulo de sua obra-prima, Paulo procurava algum exemplo que fixasse
para sempre suas palavras à mente dos leitores. À sua frente estava sentado o
jovem a quem amava como a um filho. Timóteo, com a pena na mão, ouvia e anotava
atentamente cada palavra saída dos lábios de seu mentor. Ao seu lado,
encontrava-se o sempre presente guarda romano, magnífico na armadura do
império, e orgulhoso por estar entre os escolhidos de Nero. Os olhos de Paulo
fitaram o soldado e um sorriso surgiu-lhe nos lábios. Voltando-se a Timóteo,
ditou:
No demais,
irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de
toda a armadura de DEUS, para que possais estar firmes contra as astutas
ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas,
sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das
trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares
celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de DEUS, para que possais resistir
no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo
cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça. E
calçados os pés na preparação do Evangelho da paz (Ef 6.10-15).
Com mais uma
olhadela ao equipamento do guarda, acrescentou:
Tomando
sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados
do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do ESPÍRITO, que é a
palavra de DEUS. Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no ESPÍRITO
e vigiando nisso com toda a perseverança e súplica por todos os santos... Paz
seja com os irmãos, e caridade com fé da parte de DEUS Pai e da do Senhor JESUS
CRISTO. A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor JESUS CRISTO em
sinceridade. Amém (Ef 6.1618,23,24).
JESUS ensinava,
pregava e curava a todos.
Mt 9:35 E
percorria JESUS todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e
pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias
entre o povo.
Mt 4:23 E
percorria JESUS toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o
Evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
Lucas 4.18 O
ESPÍRITO SANTO é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres,
enviou-me a curar os quebrantados do coração, 19 A apregoar liberdade aos
cativos, e dar vista aos cegos; a pôr em liberdade os oprimidos; a anunciar o
ano aceitável do SENHOR.
SOMOS
IMITADORES DE CRISTO?
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 10, Paulo
e seu Amor pela Igreja
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
Lição escrita
no Blog
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/escrita-licao-10-paulo-e-seu-amor-pela.html
Slides da
Lição
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/slides-licao-10-paulo-e-seu-amor-pela.html
TEXTO ÁUREO
“Porque o amor
de CRISTO nos constrange.” (2 Co 5.14a)
VERDADE PRÁTICA
O amor cristão
não é um sentimento egoísta, mas o sacrifício dos próprios desejos para o bem
dos outros.
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - 1 Tessalonicenses 1.1-10
1 - Paulo, e
Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em DEUS, o Pai, e no Senhor
JESUS CRISTO; graça e paz tenhais de DEUS, nosso Pai, e do Senhor JESUS CRISTO.
2 - Sempre damos graças a DEUS por vós todos, fazendo menção de vós em nossas
orações, 3 - Lembrando-nos, sem cessar, da obra da vossa fé, do trabalho do
amor e da paciência da esperança em nosso Senhor JESUS CRISTO, diante de nosso
DEUS e Pai, 4 - Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de DEUS; 5 -
Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em
poder, e no ESPÍRITO SANTO, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos
entre vós, por amor de vós. 6 - E vós fostes feitos nossos imitadores e do
Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do ESPÍRITO SANTO, 7
- De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na Macedônia e Acaia. 8 -
Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente na Macedônia e Acaia, mas
também em todos os lugares a vossa fé para com DEUS se espalhou, de tal maneira
que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma; 9 - Porque eles mesmos
anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos
convertestes a DEUS, para servir ao DEUS vivo e verdadeiro. 10 - E esperar dos
céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, JESUS, que nos livra
da ira futura.
Comentários BEP
- CPAD
1.4 A VOSSA
ELEIÇÃO. A descrição que Paulo faz dos eleitos de DEUS acha-se nos versículos
6-10. São os que seguem a CRISTO, sofrem as tribulações com gozo do ESPÍRITO
SANTO e se tornam exemplos de fé e retidão para o próximo. Deixaram o pecado,
servem a DEUS e esperam a segunda vinda do Filho de DEUS. A doutrina que alguns
defendem, de que se alguém professar CRISTO como Salvador será salvo,
independente do seu modo de viver (i.e., de se arrepender, aceitar CRISTO como
Senhor, perseverar na fé ou possuir o fruto do ESPÍRITO SANTO), não se acha em
parte alguma da Palavra de DEUS, e é uma flagrante corrupção da doutrina
original da salvação pregada por CRISTO e pelos apóstolos.
1.5 EM PODER...
NO ESPÍRITO SANTO. A pregação apostólica do evangelho consistia em quatro
elementos essenciais. (1) Os apóstolos pregavam aos outros a Palavra de DEUS
(2.8) e de CRISTO (3.2). (2) Pregavam a Palavra de DEUS no poder do ESPÍRITO
SANTO (Mt 3.11; At 1.5-8; 2.4). Esse poder resultava na convicção do pecado, na
libertação da escravidão de Satanás e na operação de milagres e curas (ver At
4.30; 1 Co 2.4). (3) A mensagem era proclamada com profunda convicção. Porque
tinham fé em CRISTO e o ESPÍRITO SANTO operando nele; possuíam em seus corações
a plena certeza da veracidade e do poder da mensagem (cf. Rm 1.16). (4) Aqueles
que criam na mensagem obedeciam à Palavra e a praticavam; eram santos e justos
diante de todos. Sem esses quatro elementos para acompanhar a proclamação do
evangelho, a plena redenção em CRISTO não será experimentada nas igrejas.
1.10 ESPERAR
DOS CÉUS A SEU FILHO. A grande esperança dos crentes tessalonicenses era a
vinda de CRISTO, que os livraria "da ira futura". (1) A genuína
conversão a CRISTO, segundo o NT, abrange (a) desviar-se do pecado, e (b)
voltar-se para DEUS a fim de aguardar a volta do seu Filho (v. 9). Esperar a
volta de CRISTO envolve uma expectativa contínua e estado de prontidão. (2)
"A ira futura" refere-se à ira e juízo divinos que serão derramados
sobre o mundo durante o período da tribulação. Os crentes, porém, não precisam
temê-la, porque DEUS enviará JESUS para nos livrar daquele tempo de ira. É fato
claro que a volta de CRISTO antecede essa ira (ver Ap 3.10). (3) Essa é a
primeira referência em 1 Tessalonicenses à volta de CRISTO, quando, então, para
arrebatar os seus santos e levá-los à casa do Pai (ver Jo 14.3; outros trechos
são 1Ts 2.19; 3.13; 4.17; 5.1-11,23)
OBJETIVO GERAL
- Compreender o amor pela Igreja.
Resumo da Lição
10, Paulo e seu Amor pela Igreja
I – O AMOR DE
PAULO PELA IGREJA
1. O Amor como
o de um pai para um filho.
2. O amor
motivado pelo modo de viver o Evangelho.
3. O amor deve
nortear a nossa vida na igreja local.
II - AMOR E FÉ
NA IGREJA
1. Amor, uma
palavra proeminente nas cartas de Paulo.
2. A fé e o
amor no ensino de Paulo.
3. A dimensão
prática do amor na igreja.
III – AS TRÊS
VIRTUDES NA IGREJA DE TESSALÔNICA: FÉ, AMOR E ESPERANÇA
1. As três
virtudes teologais (1 Ts 1.3).
2. A virtude da
fé.
3. A virtude do
amor.
4. A virtude da
esperança.
AMOR
Marcas da
Igreja de Tessalônica: seu amor ao Senhor JESUS e o amor recíproco entre os
irmãos. Amor vertical e horizontal.
Amor - É a
revelação da natureza e do poder de DEUS em nossas vidas.
Oração
Meu DEUS, meu
PAI, me ensina a amar como o Senhor ama (Mesmo sabendo que não conseguirei, lhe
peço assim mesmo).
Meu DEUS, meu
PAI, ajuda-me a amar meu semelhante como a mim mesmo (Mesmo sabendo que não
conseguirei, lhe peço assim mesmo).
Meu DEUS, meu
PAI, me ensina e me ajude a pelo menos me esforçar por amar como o Senhor ama.
Como
nunca atingiremos o perfeito amor, como é o desejo de DEUS para nós, então o
que é perfeito só será visto, sentido e vivido no céu após o arrebatamento.
Isso não quer dizer que não vamos continuar tentando crescer no amor de DEUS tanto
para com ELE mesmo, como para com nossos irmãos e outras pessoas também,
enquanto por aqui estivermos.
Aqui os dons
são importantes demonstrações do poder e cuidado de DEUS para com a humanidade
e não devem ser desprezados, são armas de conversão e de edificação, portanto,
indispensáveis enquanto aqui vivermos, mas, no céu não teremos mais necessidade
dos dons, lá só o amor prevalecerá.
O único ser
humano que conseguiu amar como DEUS foi JESUS, que nasceu sem a semente do
pecado, venceu o pecado em todas as suas formas e ELE mesmo É DEUS.
Amar é sentir
empatia por outrem.
O que é a
empatia? https://www.significados.com.br/empatia/
Empatia é a
capacidade psicológica de sentir o que sentiria outra pessoa, caso
estivesse na mesma situação vivenciada por ela. É tentar compreender
sentimentos e emoções, procurando experimentar o que sente outro indivíduo.
A empatia leva
as pessoas a ajudarem umas às outras. Está intimamente ligada ao altruísmo -
amor e interesse pelo próximo - e à capacidade de ajudar.
A empatia
também ajuda a compreender melhor o comportamento alheio em determinadas
circunstâncias e a forma como outra pessoa toma as decisões.
Como conhecemos
o amor verdadeiro?
"Conhecemos
o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos
irmãos". 1 João 3:16
O bom
Samaritano ajuda-nos a ver o amor na prática.
BOM SAMARITANO
Lucas 10. 29
Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a JESUS: E quem é o meu
próximo? 30 E, respondendo JESUS, disse: Descia um homem de Jerusalém para
Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e,
espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. 31 E ocasionalmente descia
pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. 32 E de igual
modo também um levita, chegando àquele lugar, e vendo-o, passou de largo. 33
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele, e, vendo-o, moveu-se de
íntima compaixão; 34 E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes
azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem,
e cuidou dele; 35 E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao
hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to
pagarei quando voltar.
Na parábola do
Bom Samaritano TEMOS:
Nós somos o
assaltado, o maltratado o espancado. O pecado nos desfigurou da imagem de DEUS.
JESUS é o bom
samaritano.
Vinho se aplica
para lavar a ferida, purificar - sangue de JESUS no lavou, nos purificou de
todo pecado.
Azeite para
curar a ferida. Azeite é símbolo do ESPÍRITO SANTO Que JESUS nos dá na
conversão. Passamos a ser templo do ESPÍRITO SANTO.
Fomos
restaurados a imagem de DEUS pelo sangue e pelo ESPÍRITO SANTO.
A estalagem é a
igreja que funciona como um hospital.
O dono da
estalagem é o pastor que cuida do ferido.
Os funcionários
são os obreiros.
Os outros
hóspedes são os irmãos.
O animal
carregava o bom Samaritano que é JESUS. O animal é o evangelho. O animal
carregou o ferido. É o evangelho que nos conduz, primeiro ao bom Samaritano,
depois a estalagem que é a igreja.
No tribunal de
CRISTO, logo após o Arrebatamento, cada um receberá seu galardão, conforme sua
obra.
AMOR
PARTE I -
Os Três Tipos De Amor: (incluindo o quarto, O Storge)
Amor:- A
palavra 'amor' neste trecho das Escrituras é a tradução da palavra grega
'agape'. Este é amor que flui diretamente de DEUS. 'O amor de DEUS está
derramado em nossos corações pelo ESPÍRITO SANTO que nos foi dado'(Rm 5.5). É
um amor de tamanha profundidade que levou DEUS a dar seu único Filho como
sacrifício pelos nossos pecados (Jo 3.16). É o amor de JESUS por nós:
'conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a
nossa pelos irmãos (leia Jo 3.16; 15.2-13). É muito fácil amar os seus entes
queridos, como os pais, filhos esposos, parentes, amigos, esposas etc. Mas,
somente pelo ESPÍRITO SANTO, você é capaz de dedicar o amor aos seus inimigos,
de tal forma que lhes deseje o bem e perdoe as suas ofensas, de todo o coração,
para jamais se lembrar delas.
Quatro termos
que estruturam os quatro tipos de Amor:
|
GREGO |
DESCRIÇÃO |
CONTEXTO |
FONTE |
|
Ágape |
Amor
abnegado |
Divino |
DEUS |
|
Philia |
Amor
Fraterno |
Amizade |
Homem |
|
Eros |
Amor
Físico |
Erótico |
Sentidos |
|
Storge |
Amor
Familiar |
Familiar |
Família |
O Fruto Do
ESPÍRITO - 9 aspectos - Primeiro o Amor: o Fruto Excelente, o início para que
as outras 8 virtudes floresçam.
"Amados,
amemo-nos uns aos outros, porque a caridade é de DEUS; e qualquer que ama é
nascido de DEUS e conhece a DEUS." (1Jo 4.7)
O amor é a
essência de todas as virtudes morais de CRISTO originadas pelo ESPÍRITO SANTO,
e implantadas no crente
Cl 3.14 O Amor
é o vínculo da perfeição
1 Pedro 4.8,
Mas, sobretudo, tende ardente caridade uns para com os outros, porque a
caridade cobrirá a multidão de pecados,
João 13.34 Um
novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós,
que também vós uns aos outros vos ameis.
Romanos 13.8 A
ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros;
porque quem ama aos outros cumpriu a lei.
1Jo 4.7 O Amor
confirma a filiação divina
4.7 AMEMO-NOS
UNS AOS OUTROS. Embora o amor seja um aspecto do fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22,23)
e uma evidência do novo nascimento (2.29; 3.9,10; 5.1), é também algo que temos
a responsabilidade de desenvolver. Por essa razão, João nos exorta a amar uns
aos outros, a termos solicitude por eles e procurar o bem-estar deles. João não
está falando apenas em sentimento de boa-vontade, mas em disposição decisiva e
prática, de ajudar as pessoas nas suas necessidades (3.16-18; cf. Lc 6.31).
João nos admoesta a demonstrar amor, por três razões: (1) O amor é a própria
natureza de DEUS (vv. 7-9), e Ele o demonstrou ao dar seu próprio Filho por nós
(vv. 9,10). Compartilhamos da sua natureza porque nascemos dEle (v. 7). (2)
Porque DEUS nos amou, nós, que temos experimentado o seu amor, perdão e ajuda,
temos a obrigação de ajudar o próximo, mesmo com grande custo pessoal. (3) Se
amamos uns aos outros, DEUS continua a habitar em nós, e o seu amor é em nós
aperfeiçoado (v. 12).
1Co 13.13 O
Amor é a essência das virtudes cristãs
13.13 A
MAIOR... É A CARIDADE. Este capítulo deixa claro que um caráter semelhante ao
de CRISTO, DEUS o enaltece acima do ministério, da fé ou da posse dos dons
espirituais. (1) DEUS valoriza e destaca o caráter que age com amor, paciência
(v. 4), benignidade (v. 4), altruísmo (v. 5), aversão ao mal e amor à verdade
(v.6), honestidade (v.6), e perseverança na retidão (v. 7), muito mais do que a
fé que move montanhas ou realiza grandes feitos na igreja (vv. 1,2,8,13). (2)
Os maiores no reino de DEUS serão aqueles que aqui se distinguem em piedade
interior e no amor a DEUS, e não aqueles que se notabilizam pelas realizações
exteriores (ver Lc 22.24-30). O amor de DEUS derramado dentro do coração do
crente pelo ESPÍRITO SANTO, é sempre maior do que a fé, a esperança, ou
qualquer outra coisa (Rm 5.5).
Rm 12.9 O Amor
combate a hipocrisia
Hb 1.9 AMASTE A
JUSTIÇA E ABORRECESTE A INIQÜIDADE. Não basta o crente amar a justiça; ele
deve, também, aborrecer o mal. Vemos esse fato claramente na devoção de CRISTO
à justiça (Is 11.5) e, na sua aversão à iniquidade; na sua vida, no seu
ministério e na sua morte (ver Jo 3.19; 11.33). (1) A fidelidade de CRISTO ao
seu Pai, enquanto Ele estava na terra, conforme Ele demonstrou pelo seu amor à
justiça e sua aversão à iniquidade, é a base para DEUS ungir o seu Filho (v.
9). Da mesma maneira, a unção do cristão virá somente à medida que ele se
identificar com a atitude do seu Mestre para com a justiça e a iniquidade (Sl
45.7). (2) O amor do crente à justiça e seu ódio ao mal crescerá por dois
meios: (a) crescimento em sincero amor e compaixão por aqueles, cujas
vidas estão sendo destruídas pelo pecado, e (b) por uma sempre
crescente união com o nosso DEUS e Salvador, do qual está dito: "O temor
do SENHOR é aborrecer o mal?? (ver Pv 8.13; Sl 94.16; 97.10; Am 5.15; Rm 12.9;
1 Jo 2.15; Ap 2.6).
Rm 5.5 O Amor é
resultado da ação do ESPÍRITO SANTO no crente
5.5 O AMOR DE
DEUS... EM NOSSO CORAÇÃO. Os cristãos experimentam o amor de DEUS nos seus
corações, pelo ESPÍRITO SANTO; especialmente em tempos de aflição. O verbo
"derramar" está no tempo pretérito perfeito contínuo, significando
que o ESPÍRITO continua a fazer o amor transbordar em nossos corações. É essa
experiência sempre presente do amor de DEUS, que nos sustenta na tribulação (v.
3) e nos assegura que nossa esperança da glória futura não é ilusória (vv.
4,5). A volta de CRISTO para nos buscar é certa (cf. 8.17; Jo 14.3)
1Jo 4.16 DEUS é
a fonte e a causa do Amor
1 João 4.8
Aquele que não ama não conhece a DEUS, porque DEUS é caridade.
12 Ninguém
jamais viu a DEUS; se nós amamos uns aos outros, DEUS está em nós, e em nós é
perfeita a sua caridade.
1 João 3.24 E
aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos
que ele está em nós: pelo ESPÍRITO que nos tem dado.
PARTE II - Amor
a DEUS - A Dimensão Vertical
1- Amar a DEUS
acima de tudo
EU AMO A DEUS,
devo toda a minha vida a Ele, e a Ele entrego-me com alegria para o seu
serviço. Dedicar-me-ei a este curso, participando com empenho e com prazer,
esforçando-me para aprender, de maneira que eu possa crescer espiritualmente,
fortalecendo-me na graça e no conhecimento do meu Senhor, JESUS CRISTO.
2- O Exemplo de
JESUS
À esta altura
percebemos que o “amor ao próximo”, conforme apresentado na primeira epístola
de João, embora não negue um peculiar caráter “opcional”, ultrapassa a dimensão
da escolha racional para tornar-se, principalmente, um resultado da graça
divina. Sua fonte transfere-se da alma (antropologia hebraica) para o ser de
DEUS. A adesão (sent. próprio do hebraico 'ahabh), segundo esta teologia
joanina, não é uma mera filiação partidária ou paixão por uma causa (coisa que
os “do mundo” também pode ter); ela é, antes, uma aliança ou pacto com o
próprio DEUS. É aderir não a algo, mas a alguém. A partir deste ponto, podemos
interpretar João com os olhos de Agostinho que entendia o Ágape
joanino como sendo uma pessoa. Aliás, note-se que, desde o evangelho e o
Apocalipse, é comum para João personificar em DEUS, os títulos que lhe
atribuímos. E assim como o Logos e a Luz procederam do Pai, encarnando-se na
figura histórica de JESUS CRISTO, do mesmo modo o Amor manifestado entre os
homens (4:9) é outra “figuração personificada” para falar do mistério da
encarnação. Portanto, o dizer que o Amor procede de DEUS (h agaph ek tou qeou
estin[ 4:7]) é uma explícita referência à procedência de CRISTO do Pai (para
tou Patera [João 6:46; 7:29; 8:14; 8:42; 11:27, 16:28]) e quando se diz
“DEUS é amor”(o Qeos agaph estin) paralelamente se deve lembrar do dito “e
o Verbo era DEUS” (kai Qeos hn o logos).
O amor/ágape é,
enfim, o Filho de DEUS vindo ao mundo e o “permanecer” neste amor equivale a
“andar como ele andou” (amando ao próximo, cumprindo a justiça, obedecendo à
lei) e confessar o que ele é de fato (1:6 e 4:2). Fazendo isto, trazemos para o
presente uma encarnação salvadora fazendo com que ela deixe de ser mero evento
de um longínquo passado com o qual não temos relação.
3- O
Teste do Amor ágape
Como sabermos
se amamos com o amor de DEUS?
Se somos
capazes de amar como DEUS ama, então sentimos este amor fluir de cada um de
nós.
Jo 3.16
"Porque DEUS tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que
todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
Somos capazes
de amar a ponto de darmos tudo o que temos de mais precioso, por amor aos
outros?
Rm 5.8, Mas
DEUS demonstra seu amor por nós: CRISTO morreu em nosso favor quando ainda
éramos pecadores.
Veja que DEUS
não nos amou porque éramos bons; somos capazes de amar aos pecadores e por eles
darmos nossas vidas?
Mt 5.44, Mas eu
lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem,
Somos capazes
de amar nossos inimigos e orar por eles?
Jo 13.35 A
marca distintiva do crente
35 Nisto todos
conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.
CONHECERÃO QUE
SOIS MEUS DISCÍPULOS. O amor (gr. agape) deve ser a marca distintiva dos
seguidores de CRISTO (1 Jo 3.23; 4.7-21). Este amor é, em suma, um amor
abnegado e sacrificial, que visa ao bem do próximo (1 Jo 4.9,10). Por isso, o
relacionamento entre os crentes deve ser caracterizado por uma solicitude
dedicada e firme, que vise altruisticamente a promover o sumo bem uns dos
outros. Os cristãos devem ajudar uns aos outros nas provações, evitar
ferir os sentimentos e a reputação uns dos outros e negar-se a si mesmos para
promover o mútuo bem-estar (cf 1 Jo 3.23; 1 Co 13; 1 Ts 4.9; 1 Pe 1.22;
2 Ts 1.3; Gl 6.2; 2 Pe 1.7).
PARTE III -
Amor Ao Próximo - A Dimensão Horizontal
A questão do
relacionamento humano, se torna ajustada, encaminhada e equilibrada quando há o
diferencial DEUS, que nos tornou, pela salvação em CRISTO JESUS, seus filhos, e
criou a família de fé na qual somos irmãos que devem aprender a se amar.
Afinal, "Aquele que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas;
não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos" e,
"Nisto são manifestos os filhos de DEUS, e os filhos do diabo: quem não
pratica a justiça não é de DEUS, nem aquele que não ama a seu irmão" (1Jo
2.11; 3.10).Entendamos: para o Antigo Testamento, para a cultura hebreia, o
próximo, o semelhante era o igual. Os termos de Levítico 19.18 deixam claro
esse fato: "Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo,
mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor" (cf. Pv 3.28;
Jr 22.13). Amar o próximo tinha como contrapartida odiar o inimigo. Assim o
refletem Êxodo 15.6 e Levítico 26.8: "A tua destra, ó Senhor, é gloriosa
em poder; a tua destra, ó Senhor, despedaça o inimigo"; "Cinco de vós
perseguirão a cem, e cem de vós perseguirão a dez mil, e os vossos inimigos
cairão à espada diante de vós". JESUS e os apóstolos, porém, estendem o
significado: "Amar ao próximo como a si mesmo excede a todos os
holocaustos e sacrifícios", disse um escriba ao Mestre, que aprovou a sua
exclamação (cf. Mc 12.33). "Cada um de nós agrade ao seu próximo no que é
bom para edificação", enunciou Paulo (Rm 15.2), precisamente na linha de
João que deixou a exortação, "Aquele que não ama a seu irmão a quem viu,
como pode amar a DEUS a quem não viu?" (1Jo 4.20b).
4.7 AMEMO-NOS
UNS AOS OUTROS. Embora o amor seja um aspecto do fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22,23)
e uma evidência do novo nascimento (2.29; 3.9,10; 5.1), é também algo que temos
a responsabilidade de desenvolver. Por essa razão, João nos exorta a amar uns
aos outros, a termos solicitude por eles e procurar o bem-estar deles. João não
está falando apenas em sentimento de boa-vontade, mas em disposição decisiva e
prática, de ajudar as pessoas nas suas necessidades (3.16-18; cf. Lc 6.31).
João nos admoesta a demonstrar amor, por três razões: (1) O amor é a própria
natureza de DEUS (vv. 7-9), e Ele o demonstrou ao dar seu próprio Filho por
nós (vv. 9,10). Compartilhamos da sua natureza porque nascemos dEle (v.
7). (2) Porque DEUS nos amou, nós, que temos experimentado o seu amor, perdão e
ajuda, temos a obrigação de ajudar o próximo, mesmo com grande custo pessoal.
(3) Se amamos uns aos outros, DEUS continua a habitar em nós, e o seu amor é em
nós aperfeiçoado (v. 12).
PARTE IV -
Amor A Si Mesmo - A Dimensão Interior
1- O Amor a si
mesmo reflete o amor de DEUS por nós
É importante
ser ensinável, se submeter à sã doutrina. Mas há algumas coisas que nenhum ser
humano pode ensinar. Há algumas crises que só o ESPÍRITO SANTO pode levar à uma
saída. Às vezes inexistem respostas em lugar algum da mente humana, e então o
ESPÍRITO SANTO precisa nos ensinar como sair da crise! Necessitamos voltar-nos
para o nosso interior, e bloquear todas as vozes e as falas exteriores. Eis a
prova:
“...a unção que
dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos
ensine...” (I João 2:27).
“...a loucura
de DEUS é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de DEUS é mais forte do que
os homens” (1 Coríntios 1:25).
As coisas que
DEUS deseja fazer por nós ainda nem sequer chegaram à mente dos conselheiros
sábios do mundo.
“...nem olhos
viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que DEUS
tem preparado para aqueles que o amam” (1 Coríntios 2:9).
Elas são
reveladas pelo ESPÍRITO em nós!
“DEUS no-lo
revelou pelo ESPÍRITO...”
Se aquilo que
DEUS preparou para nós ainda “nem penetrou na mente humana”, como alguém poderá
me dizer algo que não sabe?
“Porque qual
dos homens sabe as cousas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele
está? Assim, também as cousas de DEUS, ninguém as conhece, senão o ESPÍRITO de
DEUS” (1 Coríntios 2:11).
Não estou
contra o cristão buscar bom aconselhamento. Não estou contra a psicologia
cristã. Mas nenhuma delas vale sequer mencionar, a menos que leve a pessoa à
esta verdade absoluta: nenhum outro ser humano pode ser a sua fonte de
felicidade e paz!
Os que se
apoiam nos braços da carne cavam poços que não aguentam um teste. Estão sempre
precisando de alguém para lhes derramar um conselho, mas não o retém. São
cisternas rotas.
”Não sabeis que
sois santuário de DEUS e que o ESPÍRITO de DEUS habita em vós?” (1 Coríntios
3:16).
”Mas o fruto do
ESPÍRITO é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio...” (Gal. 5:22).
”é necessário
que aquele que se aproxima de DEUS creia que ele existe (em nós) e que se torna
galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6).
”em quem também
vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação,
tendo nele também crido, fostes selados com o SANTO ESPÍRITO da promessa, o
qual é o penhor da nossa herança, até o resgate da sua propriedade...” (Efésios
1:13,14).
Você está
pronto para receber essa verdade e agir baseado nela? O que foi que acabamos de
ler? Ele está em você: para consolar, para guiar à toda a verdade; para lhe
mostrar as coisas que virão; para lhe vivificar; para lhe ajudar em suas
enfermidades; para lhe ajudar a entender todas as coisas que DEUS graciosamente
lhe concedeu; para lhe trazer alegria, amor, paz, paciência, bondade, domínio
próprio; para lhe dar tudo que foi prometido a um filho de DEUS; para lhe
recompensar por sua diligência; para lhe assegurar liberdade; para lhe prover
acesso ao Pai; para lhe levar a um lugar de repouso suave e de verdade.
2- O Pecado
impede que a pessoa ame a si mesma
O pecado faz
divisão entre nós e DEUS, causa o efeito "Falta de confiança para falar
com DEUS ou ouvir DEUS falando conosco". A fé fraqueja no momento mais
difícil e de precisão da alma que anseia pela comunhão, mas sucumbe na dúvida.
3- Relação
entre as três dimensões do amor ágape
Há uma
distinção entre ágape e as outras qualidades do amor, sempre integradas uma à
outra e presentes em toda experiência do amor. Pelo seu caráter transcendente,
ágape não pode ser experimentada como força vital, senão através das outras e
especialmente do eros. Contudo, em todas as decisões morais, ágape deve ser o
elemento determinante, pois é ligado à justiça e transcende a finitude do amor
humano. Sozinha, ágape se tornaria moralista e legalista. Mas sem ágape, o amor
perderia a sua seriedade. Contudo, não vimos uma ordem hierárquica entre as
qualidades do amor, a não ser em relação à ágape.
O fruto do
ESPÍRITO é como uma linda flor que se abre com uma chave chamada AMOR; é só a
partir do Amor que conhecemos as outras qualidades do fruto do ESPÍRITO em nós
implantado, no instante em que aceitamos a CRISTO como nosso Senhor e Salvador.
PARTE V -
CARACTERÍSTICAS DO AMOR DE DEUS NO CRENTE
1. É
sofredor.
2. É
benigno.
3. Não é
invejoso.
4. Não é
leviano.
5. Não é
soberbo.
6. Não é
indecente.
7. Não é
interesseiro.
8. Não se
irrita.
9. Não suspeita
mal.
10. Não se
regozija com a injustiça.
11. Regozija-se
com a verdade.
12. Tudo sofre,
crê, espera, suporta.
Para conhecer o
amor de DEUS, primeiramente necessitamos saber como é o amor do homem.
Segundo a
Bíblia o amor do homem é frio (Mt 24:12), carnal (Gn 6:1-2), dobre, ou seja,
passageiro (Os 6:4), deturpado pelos mundanos e adúlteros (Pv 7:18) e busca
seus interesses (Sl 116:1).
O amor de DEUS
é muito diferente do amor do homem, veja:
Como é o amor
de DEUS?
Incondicional: Jo
13:1;
Inseparável: nada
pode nos separar dele. Rm 8:35-39;
Inexprimível: palavras
não podem expressá-lo. Ef 3:19;
Extremamente
grandioso: Jo 3:16;
Cobre a
multidão de pecados: I Pe 4:8;
Renova o amor
dos cristãos: Sf 3:17;
Faz com que o
cristão obedeça a DEUS através do constrangimento: I1 Co 5:14;
Traz consolo a
vida do crente: II Ts 2:16;
Disciplinador: nos
corrige como um pai ao filho. Hb 12:6;
Repleto de
bênçãos: II Tm 4:8;
Manifestação do
amor de DEUS
O ESPÍRITO
SANTO: Rm 5:5;
Através de sua
misericórdia: Ef 2:4-7;
A nossa
obediência traz a manifestação do amor de DEUS: I Jo 2:5; Jo 14:21.
Provas do amor
de DEUS
A morte de
JESUS CRISTO pela humanidade pecadora: Rm 5:8; Jo 3:16; I JO 3:16; Jo
15:13-14;
Libertação do
jugo deste mundo: Dt 7:8;
Vida no
ESPÍRITO SANTO: Ef 2:4-5.
Características
do verdadeiro amor
Não pratica o
mal, é santo: Rm 13:10;
Edifica uma
vida: 1 Co 8:1b;
Suporta
tudo: I1 Co 2:4; Ef 4:2b;
É o fim da fé -
a fé opera por ele: Gl 5:6;
É perfeito,
resplandece a glória de DEUS: Cl 3:14;
Não tem
medo: I Jo 4:18;
Se gasta pelo
próximo: I1 Co 12:15;
Traz
obras: I Jo 3:18;
Imparcial: Dt
10:19;
É sincero e
verdadeiro: Rm 12:9;
Forte como a
morte: Ct 8:6-7.
DEUS, pelo seu
grande amor que nos amou espera que venhamos a correspondê-lo. O amor só pode
ser correspondido por obras, veja o que DEUS espera que você faça para
manifestar o seu amor a ele.
Atitudes que
DEUS espera do que o ama
Permaneça no
seu amor: Jo 15:9;
Obedeça a
DEUS: Dt 10:12; Jo 14:15;
Guarde o
amor: Os 12:6;
Andar no
exemplo do amor abnegado (desvinculado) de CRISTO: Ef 5:1-2;
Que o cristão
siga o amor e ande nele: 1 Co 14:1; Ef 5:2;
Seja constante
no amor: Hb 13:1;
Sirva o próximo
por amor: Gl 5:13;
Que todas suas
obras sejam feitas com amor: 1 Co 16:14;
Deteste o
mal: Sl 97:10;
Rejeite a
Satanás e seus caminhos: Mt 6:24;
Estimule os
outros a amar: Hb 10:24;
Que manifeste
seu amor: Pv 27:5,
Que declare seu
amor a ele: Sl 18:1
Perca sua vida
por amor de CRISTO: Mt 12:24-26; Gl 2:20;
Ordens de DEUS
sobre o amor
Amar o próximo
ardentemente de coração: I Pe 1:22; Jo 15:17;
Amá-lo com tudo
que possuímos: Dt 6:5;
Amar os
ímpios: Dt 10:19; Mt 5:44.
DEUS, como bom
galardoador que é, não deixará nem um de seus filhos sem a devida
correspondência, assim como ao pecador é dada uma punição, ao obediente é dado
um galardão. Veja o que a Bíblia Sagrada promete para aqueles que amam o seu
próximo.
Bênçãos
prometidas para quem ama
CRISTO, através
do ESPÍRITO SANTO, habita ricamente nesta vida: Ef 3:17; Jo 14:26; Jo
16:27;
Traz
crescimento espiritual em CRISTO JESUS: Ef 4:15; Ef 6:24;
Permanece
ligado a CRISTO: I Jo 4:16;
Traz a guarda
do Senhor sobre nós: Sl 145:20;
Repreensão por
amor: Pv 3:12;
Perdão de
pecados: Is 38:17;
Traz o amor de
DEUS sobre nós: Jo 16:27;
Todas as coisas
que acontecerem na vida do crente serão usadas para o seu bem: Rm 8:28;
Sua vida é
conhecida por DEUS: 1 Co 8:3;
A pessoa que
ama está na luz do Senhor: I Jo 2:10;
Todo que ama é
filho de DEUS: I Jo 4:7;
Libertação: Sl
91:14;
Traz capacidade
para perdoar o próximo: Pv 10:12;
Bênçãos
inefáveis: que não se podem expressar. 1 Co 2:9.
Fontes do
verdadeiro amor
De DEUS - o
ESPÍRITO SANTO: Gl 5:22; II Tm 1:7; I Ts 3:12; I Jo 4:7;
De um coração
puro: I Tm 1:5;
De uma
consciência boa: I Tm 1:5;
De uma fé
cristã santa e verdadeira: I Tm 1:5;
Da misericórdia
de DEUS: Tt 3:4-5;
Palavras de
CRISTO sobre o amor
Ele é o
princípio e a base de toda a lei de DEUS: Mt 22:37-40; Lc 11:42.
O verdadeiro
amor consiste em conhecer o poderoso nome do Senhor: Jo 17:26;
Homens
religiosos, carnais e que não crêem em DEUS não podem ter o seu amor: Jo
5:37-47
Findaremos este
estudo com alguns textos bíblicos que falam sobre o amor.
"O amor
seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Amai-vos cordialmente
uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. No
zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao
Senhor;" Romanos 12:9-11
Leituras
complementares: Pv 15:17; Ct 1:2; Mt 5:43-48; Lc 10:25-37; Jo 21:15-23; Ap
12:11
Conclusão sobre
o amor
Como vimos, o
amor não pode por um lado ser um tema abandonado, nem por outro, um discurso
isolado. Se somos cristãos de fato, a mais autêntica cristologia bíblica deverá
acompanhar este amor e a importância dada aos demais mandamentos da lei de DEUS
deverá testemunhar de nossa fidelidade (ou adesão) ao Bem Maior, que é CRISTO
JESUS. Não amamos porque somos naturalmente bons, mas porque nascemos da graça.
Não cumpriremos a lei para fazer-nos “justos”, mas porque ele nos justificou
com sua justiça. Não brilharemos porque temos luz própria, mas porque
refletimos o sol da justiça.
FÉ - Hebreus
11.1-8,22-26,30-34
1 - Ora, a fé é
o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não
veem. 2 - Porque, por ela, os antigos ?alcançaram testemunho. 3 - Pela fé,
entendemos que os mundos, pela palavra de DEUS, foram criados; de maneira que
aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. 4 - Pela fé, Abel ofereceu a
DEUS maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era
justo, dando DEUS testemunho dos seus dons, e, por ela, depois de morto, ainda
fala. 5 - Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte e não foi achado,
porque DEUS o trasladara, visto como, antes da sua trasladação, alcançou
testemunho de que agradara a DEUS. 6 - Ora, sem fé é impossível
agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de DEUS creia que
ele existe e que é galardoador dos que o buscam. 7 - Pela fé, Noé, divinamente
avisado das coisas que ainda não se viam, temeu, e, para salvação da sua
família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da
justiça que é segundo a fé. 8 - Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo
para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.
22 - Pela fé,
José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel e deu ordem
acerca de seus ossos. 23 - Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido três
meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o
mandamento do rei. 24 - Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado
filho da filha de Faraó, 25 - escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de
DEUS do que por um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; 26 - tendo, por
maiores riquezas, o vitupério de CRISTO do que os tesouros do Egito; porque
tinha em vista a recompensa.
30 - Pela fé,
caíram os muros de Jericó, sendo rodeados durante sete dias. 31 - Pela fé,
Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias.
32 - E que mais direi? Faltar-me- a o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e
de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel, e dos profetas, 33 - os quais,
pela fé, venceram ?reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam
as bocas dos leões, 34 - apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada,
da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida os
exércitos dos estranhos.
Eis que a sua
alma se incha, não é reta nele; mas o justo, pela sua fé, viverá. (ARC)
Habacuque 2:4
Porque no
evangelho é revelada a justiça de DEUS, uma justiça que do princípio ao fim é
pela fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé". Romanos 1:17
É evidente que
diante de DEUS ninguém é justificado pela Lei, pois "o justo viverá pela
fé". Gálatas 3:11
Mas o meu justo
viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele". Hebreus 10:38
Sem Fé É
Impossível Agradar A DEUS.
Fé Para Sermos
Salvos, Fé Para Crer Nas Promessas De DEUS, Fé Para Crermos E Recebermos Os
Milagres De DEUS.
Não É Fé
Natural. É Preciso Fé Para Ouvir E Crer No Evangelho. É Preciso Fé Para Ser
Batizado Com O ESPÍRITO SANTO. É Preciso Fé Para Ser Usado Em Dons Do ESPÍRITO
SANTO. É Preciso Fé Para Orar E Crer Que Está Sendo Ouvido Por DEUS.
Impor As Mãos
Com Fé Sobre Alguém Implica Em Certeza De Transmissão De Uma Bênção De DEUS A
Esse Alguém. Significa Separar Essa Pessoa Para DEUS
É Uma Exigência
De DEUS Para A Salvação O Crer Na Ressurreição De JESUS (Rm 10:9,10, 1 Co 15).
Não É
Ressurreição Como De Lázaro, Mas Como A De JESUS. Ressurreição Para Não Morrer
Mais.
A FÉ QUE GERA
CONFIANÇA EM DEUS
O sacrifício de
Abel e sua fé prefigurava o sacrifício de JESUS. Adoração perfeita. Uma vida
sendo oferecida em lugar de outra. O testemunho de Enoque e sua fé sendo
trasladado antes do dilúvio representa a igreja que será arrebatada antes da
Grande Tribulação, igreja que mantém íntima comunhão com DEUS. A confiança de
Noé e sua fé em DEUS salvou sua família e condenou a todos os outros que não
entraram na arca, assim como nossa fé ajuda para que nossa família não perca a
salvação.
A FÉ QUE FAZ
VER O INVISÍVEL
A obediência e
a fé de Abraão o fez amigo de DEUS e pai da fé daqueles que possuem o mesmo
tipo de fé. Creu e obedeceu, vendo o futuro e desejando uma cidade celeste.
A fidelidade e
a fé a DEUS de José em meio às tribulações de sua vida o tornaram governador da
maior nação de sua época. A determinação de Moisés e sua fé em DEUS e sua
promessa de uma Terra para seu povo o tornaram o homem mais manso da Terra e
companheiro de um só homem que voltou à Terra depois de morrer, Elias., no
Monte da Transfiguração.
A FÉ QUE DÁ
PODER PARA AVANÇAR
A ousadia e a
fé de Josué o fez líder de uma grande nação, em substituição a um grande herói
da fé – Moisés. Teve fé para, sem armas humanas, derrotar a cidade mais
fortificada de Canaã – Jericó. A coragem e a fé de Raabe a salvaram da
destruição de Jericó e a tornaram a mãe de todos os reis de Israel e ascendente
de JESUS. O heroísmo e a fé de Gideão o tornaram líder de Israel e reconhecido
por toda sua nação como enviado por DEUS.
Fé - Esta
palavra tão pequena encerra em si grande conteúdo para os que de DEUS se
aproximam. Sem ela não existiria a Igreja, não haveria salvos, esperança
de vida futura, não poderíamos esperar um mundo melhor nem creríamos na Segunda
Vinda de CRISTO. É por meio da fé que recebemos as bênçãos de DEUS. Esta
preciosa e santíssima fé vem-nos através de CRISTO, para que ninguém tenha
de que se gloriar (Hb 12.2).
I. CONCEITO DE
FÉ
O escritor
sacro não pretendeu simplesmente definir a fé, mas sim descrevê-la como
elemento fundamental da vida cristã.
1. O firme
fundamento.
Fundamento aqui
significa muito mais que a mera certeza humana, fruto da lógica, ou do
exercício de futurologia. Na visão cristã, tem o sentido de certeza inabalável,
ou seja, temos convicção de que servimos a um DEUS onipotente, onisciente
e onipresente, que vela por sua Palavra para a cumprir (cf. Jr 1.12; Is
43.13). Significa também certeza absoluta a respeito da nossa salvação. Ver 1
Jo 3.2. Assim, a certeza é o primeiro elemento essencial da verdadeira fé,
isto é, “a fé que é por Ele” (At 3.16).
2. Das coisas
que se esperam.
“A fé é o firme
fundamento das coisas que se esperam...”. O segundo elemento essencial da
fé é a esperança. Esta é consubstanciada na forte convicção de que aquilo que
se espera da parte de DEUS há de acontecer sempre, independente das
circunstâncias. Abraão creu que teria um filho segundo a promessa divina,
fruto de sua união com Sara, mesmo quando a lógica humana dissesse o
contrário.
3. A prova das
coisas que não se vêem.
A “prova” tem o
significado de “convicção”, que é o terceiro elemento da fé. Aqui temos um
ponto muito importante a considerar. Pessoas há que manipulam este texto para
justificar a prática mística do que eles chamam de visualização mental
para obtenção do que se deseja. Nesse meio estão certas ramificações da
Confissão Positiva. Tal prática não tem apoio nas Escrituras Sagradas.
No contexto do capítulo 11 de Hebreus, “as coisas que não se vêem” são as
coisas de DEUS, “os bens futuros” (Hb 9.11), “as melhores promessas” (Hb
8.6). Isso porque tais “coisas” foram prometidas por DEUS em sua
Palavra, e esta não pode falhar em nenhuma hipótese. Há “crentes” que,
iludidos pelo seu próprio coração, asseveram que podem aplicar esse texto
(v.1) a qualquer coisa. Por exemplo: “eu creio que DEUS vai me dar um
carro novo, e uma bela casa”. Ora, isso é um desejo, mas não uma promessa
de DEUS. Pode tornar-se real ou não. É algo condicional e circunstancial.
II. EXEMPLOS
MARCANTES DE FÉ
1. Abel.
Foi exemplo de
fé sacrificial. A Bíblia não diz em Gênesis 4 por que DEUS aceitou seu
sacrifício e não o de seu irmão, o homicida Caim. Mas em Hebreus 11.4
podemos constatar o final da história: enquanto a oferta de Abel foi
movida pela fé em DEUS (ver Jd v.11), Caim trilhou seu “caminho” sem fé. A
ideia de que a oferta de Abel foi aceita por tratar-se de oferta com sangue
(apontava para o sacrifício de
CRISTO) apesar
de correta, é parcial, uma vez que a oblação de Caim, mesmo sendo de vegetais,
também seria aceita por ser produto do seu trabalho como lavrador (Gn 4.3;
ver v.7). Caim tinha má índole; era iracundo e “suas obras eram más” (1 Jo
3.12), por essas razões suas ofertas não foram aceitas pelo Senhor.
2. Enoque.
Exemplo de fé
agradável. O pouco que a Bíblia fala sobre esse homem de DEUS encerra a
grandeza de seu caráter e de sua fé: “E andou Enoque com DEUS; e não se
viu mais, porquanto DEUS para si o tomou” (Gn 5.24). Se ele “andou com
DEUS”, ou seja, viveu em íntima comunhão com o Eterno e no centro da
sua vontade, diante da extrema incredulidade de seu tempo, foi porque
tinha uma fé viva, que via o mundo melhor. Por isso, ainda na terra, antes
da sua trasladação, “alcançou testemunho de que agradara a DEUS”. Sem fé
não agradamos a DEUS (Hb 11.6).
3. Noé.
Exemplo de fé
obediente e justa. Nunca ouvira falar de dilúvio, todavia, “divinamente avisado
das coisas que não se viam, temeu” e obedeceu, preparando uma arca “para
salvação da sua família”. Noé foi o primeiro homem na Bíblia a ser chamado
justo. Isso nos traz uma lição de extremo valor: o homem de fé precisa
ser justo diante de DEUS e dos homens.
4. Abraão.
É considerado o
pai da fé provada. Quando foi chamado por DEUS, sequer imaginava para onde
iria (v.8). Passou anos habitando em tendas, peregrinando “como em terra
alheia” (v.9) e recebeu a promessa de que seria “uma grande nação” (Gn
12.2). O Todo-Poderoso mandou que ele olhasse para os céus e contasse
as estrelas, se pudesse, dizendo que assim seria sua semente: “e creu ele
no Senhor e foi-lhe imputado isto por justiça”. Mais tarde DEUS pediu-lhe
em sacrifício seu único filho, Isaque. Sem relutar, o grande
patriarca obedeceu piamente a voz do Altíssimo, crendo “que DEUS era
poderoso para até dos mortos o ressuscitar” (v.17,18). O DEUS de Abraão é
o nosso DEUS. Ele é fiel em cumprir sua palavra (cf.Jr 1.12).
III. VIRAM AS
PROMESSAS DE LONGE
1. Todos estes
morreram na fé.
Após destacar
os quatro primeiros heróis da fé, o escritor declara que eles morreram na
fé, “sem terem recebido as promessas, mas, vendo-as de longe...”. Como Paulo,
combateram o bom combate, acabaram a carreira e guardaram a fé (2 Tm 4.7).
2. Viram as
promessas de longe.
Era a fé
fazendo-os olhar para o horizonte ao longe, sem chegar lá,
porém contemplando o cumprimento das promessas. Certamente eles usufruíam
a salvação em CRISTO porque criam na vida eterna, na entrada nos céus, na
vitória sobre o mal e, sobretudo, no reinado eterno de DEUS.
3. Crendo nas
promessas, abraçando-as e confessando-as (v.13).
A fé daqueles
homens era tão forte e poderosa que, mesmo sem verem o cumprimento das
promessas de DEUS, nelas creram e as abraçaram (cf. v.1). Eles
consideravam-se “estrangeiros e peregrinos na terra”, porque esperavam uma
pátria melhor, definitiva, no futuro, sendo aclamados por DEUS, “porque já
lhes preparou uma cidade” (vv.13-16).
IV. HOMENS DOS
QUAIS O MUNDO NÃO ERA DIGNO
Na última parte
do texto em estudo, a Palavra de DEUS fala de forma comovente sobre dois tipos
de heróis da fé. São eles:
1. Os
lutadores. As Escrituras apresentam vários exemplos de lutadores. Eles
“venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as
bocas dos leões, neutralizaram a força do fogo, escaparam do fio da
espada”, tudo isso pela fé no Todo-Poderoso.
2. Os
martirizados. Foram os que, na luta pela fé, foram açoitados, apedrejados,
presos, aflitos, torturados e mortos: “não aceitando o seu livramento,
para alcançarem uma melhor ressurreição” (vv.35-37). A história da Igreja
registra outros grandiosos exemplos de fé e coragem entre os mártires do
cristianismo.
3. Foram homens
“dos quais o mundo não era digno”. O “mundo” que não é digno dos homens de DEUS
é aquele que se opõe ao bem, e que dificulta a inquirição espiritual. Foi
para esse mundo que JESUS apontou ao falar sobre a inevitabilidade das perseguições:
“Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a
mim” (Jo 15.18).
Os homens dos
quais o mundo não era digno viram de longe as promessas, mas não as alcançaram,
“provendo DEUS alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem
nós, não fossem aperfeiçoados” (vv.39,40).
CONCLUSÃO
Hoje para
muitos, principalmente crianças e adolescentes que não conhecem a DEUS, os
heróis são os ídolos humanos ou virtuais da TV e do cinema. Esses não
passam de falsos ídolos e heróis que desencaminham seus admiradores para o
mal. Contudo, a Bíblia nos inspira fé e perseverança, necessárias para que
confiemos nas promessas de DEUS. Ela nos mostra em suas páginas a vida de
homens e mulheres, crianças e adolescentes, jovens e adultos, que nos
legaram exemplos extraordinários da verdadeira fé em DEUS.
ESPERANÇA
Voltados os
Olhos para a Bendita Esperança
INTRODUÇÃO
aguardando a
bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande DEUS e
Salvador CRISTO JESUS, (Tt 2.13).
Nossa esperança
está na vinda de JESUS para nos levar para estarmos com Ele para sempre. Para
nós, a Igreja, isso acontecerá no dia do Arrebatamento (1Ts 4.17).
Nossa
expectativa por esse gloriosos momento vai aumentando a cada dia, pois amamos a
sua vinda (2tm 4.8).
I - BREVE O
SENHOR VIRÁ
Assim como as
muitas promessas de DEUS já se cumpriram, a promessa de sua vinda para nos
buscar não falhará. Já vemos claramente os sinais a nos guiar como a estrela
que guiou os astrólogos para JESUS.
1. A vinda de
CRISTO.
Nos evangelhos,
nas epístolas e em Apocalipse vemos a promessa da vinda de JESUS para nos
buscar brevemente. Em geral, todos os que se declaram Cristãos, acreditam na
volta de JESUS para nos buscar, porém, existem muitas interpretações a este
respeito. Existem os pré-tribulacionistas (nós), os medo-tribulacionista e os
pós-tribulacionistas.
A segunda vinda
acontece em duas fases distintas: o arrebatamento da igreja (1 Ts 4.15) e a
vinda de JESUS em glória (2 Ts 2.8).
Quando o Senhor
JESUS ascendeu ao céu, os varões de branco disseram que Ele virá da mesma
maneira que subiu (v.11); esse cenário é de sua vinda em glória e não do
arrebatamento da Igreja.
Os Discípulos
queriam saber a situação dos judeus, portanto os varões de branco falaram da
vinda em glória e não do arrebatamento. Para os judeus o remanescente é que
será salvo, no final da Grande Tribulação, quando JESUS vem glória para vencer
satanás e seus exércitos, realizar o juízo de bodes e ovelhas e dar início ao
milênio.
Também Isaías
clamava acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a
areia do mar, o remanescente é que será salvo. Romanos 9:27
JESUS virá
nesta segunda fase de sua segunda vinda para livrar os judeus que estarão já em
pequeno número, cercados por exércitos do anticristo. JESUS descerá sobre o
Monte das Oliveiras e destruirá os exércitos do anticristo, lançará o falso
profeta e o anticristo no lago de fogo e enxofre, amarrará Satanás por mil anos
e dará início ao milênio, onde os judeus terão a primazia do reinado de CRISTO
e terão a posse da terra prometida a eles por DEUS.
2. Uma promessa
de JESUS.
Não se turbe o
vosso coração; credes em DEUS, crede também em mim. Na casa de meu Pai há
muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos
lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para
mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também. João 14:1-3. Esta é
a promessa maravilhosa de JESUS para nós.
Os discípulos
não compreendiam os fatos escatológicos. Perguntaram: “Senhor, restaurarás tu
neste tempo o reino a Israel?” (Atos 1.6). A resposta de JESUS indica que só
DEUS sabia o tempo certo de tudo ser restaurado. Também o reino que os judeus
esperavam com o Messias sendo seu rei só se daria no milênio e sobre nações e
povos do mundo todo.
3. O dia se
aproxima.
Estamos sempre
na expectativa da volta de JESUS. Por isso mesmo nos congregamos e ouvimos
mensagens sobre a volta de JESUS, cantamos hinos que nos falam desta volta.
não deixando a
nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos
outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia. Hebreus
10:25
Os sinais são
como faróis a nos guiar para o Senhor JESUS. Mas, daquele Dia e hora, ninguém
sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. Marcos 13:32.
Ninguém. Qualquer tentativa de prever não passará de soberba e heresia, loucura
e engano. Todos os que tentaram predizer a data da vinda do Senhor ou do fim do
mundo caíram em vergonha e descrédito porque a afirmação de JESUS é
inconfundível.
Os principais
sinais de sua volta são:
A efusão do
ESPÍRITO SANTO, uma promessa para os últimos dias (Jl 2.28-32; At 2.16-21), que
a partir do Pentecostes tem se espalhado pelo mundo inteiro. Os Pentecostais
são o maior movimento protestante do mundo.
“Nos últimos
dias, diz DEUS, derramarei do meu ESPÍRITO sobre toda carne…” (Jl 2.28).
No início do
século teve origem um movimento que trouxe nova vida à Igreja e que estava
destinado a influenciar todo o mundo – o Movimento Pentecostal. Começou nos EUA
e espalhou-se no mundo inteiro. A Igreja de CRISTO passou a viver em uma nova
dimensão de poder, vivenciando experiências sobrenaturais, como o falar em
línguas, as curas e a expulsão de demônios. Não se pode negar que em sentido de
autoridade espiritual e milagres a Igreja de CRISTO tem vivido um tempo como
nunca antes.
O outro sinal
evidente é a fundação do Estado de Israel (Lc 21.29-31), que desde 1948 ostenta
a sua bandeira tremulando na sede das Nações Unidas, como Estado Soberano.
“Nasceria um
povo num só dia, uma nação de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu luz
aos seus filhos” (Is 66.8).
O século 20
também presenciou um dos mais reais cumprimentos das profecias milenares – o
renascimento da nação de Israel. No dia 27 de novembro de 1947, a ONU votava a
favor da criação do Estado judeu. E em 14 de maio de 1948, contra todas as
probabilidades, os judeus voltaram a ser uma nação efetiva outra vez. Este
povo, que estivera por quase 2000 anos espalhado no mundo inteiro, ganhou
existência como nação independente. Este foi um sinal inequívoco da mão de DEUS
sobre a História.
Um sinal que
vejo ser bem claro nesses últimos dias é o aparecimento de JESUS a vários
árabes muçulmanos em sonhos e visões.
Cresce o número
de muçulmanos que relatam sonhos com JESUS e se convertem após
experiência. http://www.cpadnews.com.br/universo-cristao/25223/cresce-o-numero-de-muculmanos-que-relatam-sonhos-com-jesus-e-se-convertem-apos-experiencia.html
II - A
NECESSIDADE DE VIGILÂNCIA
A Igreja, para
estar em avivamento, deve estar orando e vigiando. Deve estar todo o tempo
esperando JESUS voltar hoje.
Desde agora, a
coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele
Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda. 2
Timóteo 4:8
O legítimo
avivamento implica em se estar lendo e estudando a bíblia, orando, jejuando,
evangelizando e se santificando.
O TEMPO SE
ABREVIA - Isto, porém, vos digo, irmãos: que o tempo se abrevia 1 Coríntios
7:29 - Porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá e não
tardará. Hebreus 10:37
como não
sabemos o dia e nem a hora que JESUS virá; também não sabemos o dia de nossa
morte, então devemos estar atentos o tempo todo.
1. Exortação à
vigilância.
A vigilância é
o ato ou efeito de vigiar, o estado de quem permanece alerta, de quem procede
com precaução para não correr risco. E isso nos mais diversos aspectos da vida
humana. O verbo “vigiar” aparece na Bíblia no sentido de estarmos atentos em
todos os aspectos da vida cristã.
Vigiar, estar
alerta.
A palavra que
mais aparece no Novo Testamento grego para “vigiar” é o verbo gregoréo,
“vigiar, estar alerta, ser vigilante”, que aparece 22 vezes. A ideia principal
dessa vigilância é escatológica (Mt 24.42,43; 25.13), e isso se mostra nas
passagens paralelas de Marcos e Lucas. Mas, quando JESUS disse a Pedro, Tiago e
João: “ficai aqui e vigiai comigo” (v.38), isso significa que Ele queria que
seus discípulos ficassem acordados e continuassem a orar ou, talvez, se
protegessem de alguma intromissão enquanto oravam. Mas gregoréo é usado para
denotar uma vigilância mais geral (1 Co 16.13; Cl 4.2; 1 Pe 5.8).
Vigiar,
guardar, cuidar.
É o verbo grego
agrypnéo, “manter-se acordado, vigiar, guardar, cuidar”, e só aparece quatro
vezes no Novo Testamento, duas delas no sentido escatológico no sermão
profético (Mc 13.33; Lc 21.36). O vocábulo é usado para indicar a vigilância
nas orações e súplicas (Ef 6.18) e apresenta ainda a ideia de cuidar ou velar:
“Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma”
(Hb 13.17).
Vigiar, ser
sóbrio.
É o verbo
nepho, literalmente “ser sóbrio”, mas que aparece no sentido figurado de
vigilância combinado com gregoréo (1 Ts 5.6; 1 Pe 5.8). Seu uso no sentido
próprio pode ser visto em outras partes do Novo Testamento (1 Ts 5.8; 2 Tm 4.5;
1 Pe 1.13). Existe ainda o verbo eknepho, que só aparece uma vez no Novo
Testamento (1 Co 15.34), traduzido por “vigiar”, na ARC; por “tornar à
sobriedade”, na ARA e na Nova Almeida Atualizada; e por “despertar” na TB.
No contexto
escatológico.
A exortação à
vigilância é um dos pontos centrais do sermão profético porque não se sabe o
dia e a hora da vinda de JESUS (Mt 24.36; Mc 13.32). O ensino do Senhor nas
diversas parábolas desse discurso escatológico dá muita ênfase à necessidade de
os crentes estarem atentos. Apesar de ser vedada aos humanos a data da segunda
vinda de JESUS, a Bíblia indica os sinais que precederão a vinda de CRISTO em
Mateus 24 e Lucas 21. Os acontecimentos de hoje nos mostram o cumprimento das
profecias bíblicas, sinalizando que essa vinda está próxima. Se os cristãos da
primeira hora deviam estar vigilantes quanto ao grande evento, o que não
diremos nós, que somos a Igreja da última hora? Por isso devemos estar ainda
mais firmes e atentos, continuamente.
Na vida cristã.
É o estado de
alerta para não cairmos em pecado, para nos abstermos de tudo aquilo que
desagrada a DEUS (1 Co 16.13; 1 Ts 5.6; 1 Pe 5.8). Mas essa vigilância não
deixa de ser um exercício contínuo da fé até que JESUS venha. Ele pode voltar a
qualquer momento; os sinais de sua vinda estão aí, como o avanço da imoralidade
e da corrupção (Ap 9.21), a evangelização mundial por meio de recursos das
redes sociais (Mt 24.14) e a posição de Israel no Oriente Médio (Lc 21.29-31).
“Vigiai e orai”
(v.41a).
O sentido da
vigilância aqui difere daquele mencionado no v.38, em que “vigiar” indica ficar
despertado, acordado. Mas aqui significa estar vigilante para manter a
fidelidade ao Senhor JESUS e nunca se apartar dEle. Isso fica claro pelas
palavras seguintes: “para que não entreis em tentação”. É uma advertência
solene a todos os crentes em todos lugares e em todas as épocas para viverem
atentos em todos os momentos da vida (Ef 6.18). O Comentário Bíblico Beacon
diz: “A eterna vigilância é o preço da liberdade”.
2. Os alarmes
falsos.
Para atrair
incautos, as várias religiões falsas tentaram marcar a data da volta de JESUS.
As
heresias são a substituição voluntária de doutrinas bíblicas por doutrinas
que vão apoiar a opinião de alguns dentro da igreja para que criem outro grupo,
como por exemplo, os Nicolaítas e os seguidores de Balaão e os de Jezabel, como
em Apocalipse.
Tens, porém,
isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também
odeio. Apocalipse 2:6
Assim tens
também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu
odeio. Apocalipse 2:15
Mas algumas
poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de
Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel,
para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e fornicassem.
Apocalipse 2:14
Mas algumas
poucas coisas tenho contra ti que deixas Jezabel, mulher que se diz profetisa,
ensinar e enganar os meus servos, para que forniquem e comam dos sacrifícios da
idolatria. Apocalipse 2:20
Sabe, porém,
isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens
amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos,
desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural,
irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os
bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos
de DEUS, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes
afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam
cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias
concupiscências; Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento
da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes
resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à
fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como
também o foi o daqueles. Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de
viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência, Perseguições e aflições
tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio, e em Listra; quantas
perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou; E também todos os
que piamente querem viver em CRISTO JESUS padecerão perseguições. Mas os homens
maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados. Tu,
porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de
quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras,
que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em CRISTO JESUS. Toda
a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir,
para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de DEUS seja
perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. 2 Timóteo 3:1-17
Previsões
clássicas da volta de CRISTO:
Igreja
Adventista
Adventismo e,
logo, todas as confissões ou denominações cristãs que seguem a mesma base
doutrinária em essência, tem suas raízes nos ensinamentos de William Miller, um
então pregador Batista. Ele previu que o Segundo Advento (donde Adventismo) de
JESUS CRISTO ocorreria antes de 21 de Março de 1844. Sobrevinda a data, nova
previsão foi 18 de abril de 1844. Chegada a data, outro Milerita (assim ficaram
conhecidos os seguidores das novas ideias de William Miller), Samuel S. Snow,
derivou a data de 22 de outubro de 1844. O não-cumprimento dessas previsões tem
sido classicamente chamado de Grande Decepção Milerita.
Igrejas
Anabatistas
Certos
anabatistas do século 16 acreditavam que o Milênio ocorreria no ano de 1533.
Outra fonte relata: "Quando a profecia falhou, os anabatistas tornaram-se
mais zelosos e alegaram que as duas testemunhas (Enoque e Elias) tinham
efetivamente vindo na forma de Jan Matthys e Jan Bockelson, respectivamente;
eles teriam de configurar a Nova Jerusalém em Münster (Alemanha). Münster
tornou-se uma assustadora ditadura sob o controle de Bockelson. Apesar de todos
os católicos e luteranos terem sido expulsos da cidade, o millennium nunca
veio."
Igreja Capela
do Calvário
O fundador da
Capela do Calvário, Chuck Smith, publicou o livro Fim dos Tempos , em 1979. Na
capa do seu livro, Smith é chamado de um "bem conhecido estudioso da
Bíblia e professor de profecia." Nesse livro, ele escreveu:
Quando olhamos
para a cena mundial hoje, parece que a vinda do Senhor está muito, muito
próxima. No entanto, não sabemos quando será. Pode ser que o Senhor espere mais
tempo. Se eu entendi as Escrituras corretamente, JESUS nos ensinou que a
geração que vê o 'brotar da figueira', o nascimento da nação de Israel, será a
geração que vê a volta do Senhor; Eu acredito que a geração de 1948 é a última
geração. Como uma geração de juízo é de quarenta anos e a tribulação dura sete
anos, creio que o Senhor poderia voltar para sua igreja a qualquer momento
antes do início da tribulação, o que significaria qualquer momento antes de
1981. (1948 + 40 - 7 = 1981) é possível que JESUS esteja namorando o começo da
geração de 1967, quando Jerusalém foi novamente ao controle israelense pela
primeira vez desde 587 aC. Não sabemos ao certo qual ano realmente marca o
começo da última geração.
Esse mesmo
ponto de vista foi publicado pelo pastor Hal Lindsey, em seu amplamente
publicado livro No Final do Grande Planeta Terra.
Igreja Católica
Romana
Quando, em 1525
Martinho Lutero, ex-monge, casou-se com Catarina de Bora, ex-freira, seus
inimigos disseram que sua descendência seria cumprir a antiga tradição de que o
Anticristo seria o filho dessa união. O Católico, estudioso e teólogo Erasmus
observou que a tradição poderia aplicar-se a milhares dessas crianças.
Em 1771, o
Bispo Charles Walmesley publicou, sob o nom de plume de "Signor
Pastorini", sua "História Geral da Igreja Cristã desde o Seu
Nascimento até a Sua Final Triunfante de Estado no Céu e Principalmente,
Deduzido o Apocalipse de São João, o Apóstolo e Evangelista". Nela, ele
atribuiu o que ele chamou de a quinta era da Igreja, com uma duração de 300
anos, começando com a Reforma Protestante , em 1520 ou 1525. Este foi
amplamente interpretado como prever a queda do Protestantismo pelo 1825. Na
verdade, apenas quatro anos mais tarde, a Roman Catholic Relief At 1829 trouxe
para culminar o processo de Emancipação Católica em todo o Reino Unido da
Grã-Bretanha e Irlanda.
Igreja
Irvingista
O conhecido
clérigo escocês Edward Irving foi o precursor da Igreja Católica Apostólica. Em
1828 ele escreveu uma obra intitulada Os Últimos Dias: Um Discurso sobre o
Caráter Malvado de Nossos Tempos, Provando-os para serem os 'Perigosos Tempos'
e os Últimos Dias. Nas páginas 10–22, encontramos algumas informações que
incluem o seguinte:
Eu concluo,
portanto, que os últimos dias ... começarão a se estender desde o tempo da
aparição de DEUS para o seu povo antigo, e reunindo-os para o trabalho de
destruir todas as nações anticristãs, de evangelizar o mundo e de governá-lo
durante o Milênio ... Os tempos e a plenitude dos tempos, tantas vezes
mencionados no Novo Testamento, considero como referindo-se ao grande período
numerado por vezes ... Agora, se este raciocínio estiver correto, como pode
haver pouca dúvida de que o mil duzentos e sessenta dias concluídos no ano de
1792, e os trinta dias adicionais no ano de 1823, já estamos inscritos nos
últimos dias, e a vida ordinária de um homem levará muitos de nós até o fim
deles. Se isto é assim, isso dá ao assunto com o qual nós introduzimos o ministério
deste ano uma grande importância, de fato.
Igreja Luterana
O fundador da
Igreja Luterana foi o reformador Martinho Lutero (1483-1546 A. D.). De acordo
com uma autoridade, Lutero aventurou-se a prever: "Pela minha parte, estou
certo de que o Dia do Juízo está próximo. Não importa que nós não saibamos o
dia exato... talvez alguém possa descobrir. Mas é certo que o tempo agora está
no fim." Outro autor diz: "Em todas [Lutero] havia um senso de
urgência em que o tempo era curto... o mundo estava indo para o Armagedom, a
guerra com os Turcos."
Mesmo após a
morte de Lutero em 1546, os líderes luteranos mantiveram a reivindicação da
proximidade do fim. Por volta do ano 1584, um zeloso luterano chamado Adam
Nachenmoser escreveu o grande volume Prognosticum Theologicum, no qual ele
previu: "Em 1590 o Evangelho seria pregado a todas as nações e uma
maravilhosa união seria alcançada. Os últimos dias deveriam então estar por
perto." Nachenmoser ofereceu numerosas conjecturas sobre a data; 1635
parecia mais provável.
O Sínodo da
Igreja Luterana-Missouri publicou um estudo em 1989 refutando qualquer fim dos
tempos, declarando que "repetidamente ensinado por JESUS e os apóstolos é
a verdade que a hora exata da vinda de CRISTO permanece escondida nos conselhos
secretos de DEUS (Mt 24: 36)."[21].
Igreja Menonita
O ministro
menonita russo, Claas Epp Jr., previu que CRISTO retornaria em 8 de março de
1889 e, todavia, a data sobreveio e transcorreu sem intercorrências, em 1891.
Igreja
Montanista
Montanus, que
fundou o movimento Montanista em 156 d.C., previu que JESUS retornaria durante
a vida dos membros fundadores do grupo.
Igreja Mórmon
Joseph Smith,
fundador da Fé Mórmon, fez várias dezenas de profecias durante sua vida, muitas
das quais estão registradas nos textos sagrados daquela confissão. As profecias
incluíram previsões da Guerra Civil , a vinda de JESUS e várias previsões menos
significativas. Os apologistas da Igreja citam profecias que afirmam terem-se
tornado verdade, enquanto os críticos da igreja citam profecias que afirmam não
se terem realizado.
Igreja
Presbiteriana
Thomas
Brightman, que viveu de 1562 a 1607, foi chamado de "um dos pais do
Presbiterianismo na Inglaterra". Ele previu que "entre 1650 e 1695
[nós] veríamos a conversão dos muitos judeus e um renascimento de sua nação na
Palestina... a destruição do papado... as Bodas do Cordeiro e sua esposa".
Christopher
Love, que viveu de 1618 a 1651, era um graduado brilhante de Oxford e um
convicto presbiteriano. Ele previu que: (1) Babilônia cairia em 1758 (2) A ira
de DEUS contra os iníquos seria demonstrada em 1759 e (3) em 1763 ocorreria um
grande terremoto em todo o mundo.
Igreja Torre de
Vigia
Charles Taze
Russell, o primeiro presidente da Sociedade Torre de Vigia, calculou 1874 como
o ano da Segunda Vinda de CRISTO e ensinou que CRISTO estava
"invisivelmente presente" e governando desde os céus desde aquele
ano. Russell proclamou "o retorno invisível de CRISTO" em 1874, a
ressurreição dos santos em 1875 e previu o fim da "colheita" e o
Arrebatamento dos santos para o céu 1878, e o fim final do "dia da
ira" em 1914. O ano de 1874 foi considerado o fim de 6.000 anos da
história humana e o começo do julgamento por CRISTO. Uma publicação de 1917 da
Sociedade Torre de Vigia previu que, em 1918, DEUS iria começar a destruir
igrejas e milhões de seus membros.
Joseph Franklin
Rutherford, presidente sucessor da Sociedade Torre de Vigia, previu o início do
Milênio em 1925, e que figuras bíblicas como Abraão, Isaque, Jacó e David
ressuscitados como "príncipes". A Sociedade Torre de Vigia comprou
uma propriedade e construiu uma casa, Beth Sarim, na Califórnia, para seu
retorno.
A partir de
1966, declarações em publicações das Testemunhas de Jeová geraram fortes
expectativas de que o Armagedom chegasse em 1975. Em 1974, Testemunhas foram
elogiadas por vender suas casas e propriedades para "terminar o resto de
seus dias neste sistema antigo", pregando em tempo integral. Em 1976, A
Sentinela aconselhou aqueles que se tinham "desapontado" pelas
expectativas não cumpridas de 1975 em ajustar seu ponto de vista, por ter sido
entendimento "baseado em premissas erradas". Quatro anos depois, a
Sociedade Torre de Vigia admitiu sua responsabilidade em construir a esperança
em relação a 1975.
É um erro
tentar adivinhar os tempos e as estações (At 1.7), pois só DEUS sabe o dia e
hora (Mt 24.36; Mc 13.32).
III - VIVENDO
COM FIDELIDADE
DEUS é fiel e
exige fidelidade dos que o buscam. Não há espaço para dois senhores em nosso
coração. Devemos crer em DEUS e em sua Palavra.
1. Definição.
(Gr. pistis,
“fidelidade״, “confiabilidade*). O adjetivo pistos é
geralmente traduzido como “fiel”. A palavra pistis é traduzida como
*fidelidade” ou “lealdade” apenas uma vez no NT (Tt 2.10), embora seja possível
que em Gálatas 5.22 ela devesse ser traduzida dessa forma. Em Romanos 3.3, “a
fidelidade de DEUS” expressa a justiça de DEUS.
Há uma
possibilidade de que em Lucas 18.8: “Quando, porém, vier o Filho do Homem,
porventura, achará fé na terra”, o significado deva ser “fidelidade”. Mais duas
passagens que trazem a palavra fé – 1Timóteo 6.11: “a piedade, a fé, a
caridade, a paciência, a mansidão”, e 2 Timóteo 2.22: “Segue a justiça, a fé, a
caridade” - fariam melhor sentido se fossem traduzidas como “fidelidade”. Em
todos os outros usos de pistis no NT o significado parece ser *fé” ou “a fé”
(q.v.). Quando a palavra “fidelidade” é usada em relação a DEUS, como em
Romanos 3.3, o significado é que podemos confiar que DEUS jamais mudará o seu
caráter ou a sua disposição. Ele possui o atributo da “fidelidade”. Em Tito
2.10; “Mostrando toda a boa lealdade”, os escravos (ou os servos) são exortados
a demonstrar a qualidade da fidelidade. Como cristãos, devemos todos permanecer
fiéis a CRISTO, isto é, termos fidelidade em nossa vida e em nossa fé cristã, e
manifestar “a perseverança dos santos”. Desta maneira também nos tornamos
“dignos de confiança”. (Dicionário Bíblico Wycliffe).
Fidelidade,
segundo o Dicionário Houaiss é a "característica do que é fiel, do que
demonstra zelo, respeito por alguém ou algo, lealdade". Logo podemos
afirmar que a fidelidade é a característica de quem tem fé.
Dentro da
perspectiva bíblica, podemos dizer que a fé "é o firme fundamento das
coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem" (Hb 11.1).
Nossa
fidelidade a DEUS nos ajuda e nos livra da idolatria.
2. A fidelidade
de DEUS.
DEUS, como
revelado na Bíblia, é vivo e pessoal, e, dessa forma, possuidor de um caráter
determinado. Um ponto central neste caráter é a fidelidade ou a possibilidade
de se ter total dependência dele. A passagem em Tiago 1.17 apresenta a
constância de DEUS, que é a antítese de tudo que é instável e variável. Um
texto muito semelhante é 2 Timóteo 2.13, onde se declara que a fidelidade de
DEUS é corolário da sua auto coerência. Estas passagens do NT destacam a mesma
característica que é metaforicamente expressada nos textos do AT que chamam o
Senhor de Rocha (Dt 32.4, 15,18). Em outras palavras, o caráter de DEUS é o
fundamento sólido e inabalável da realidade. Desse modo, a sua aliança é
inviolável (Dt 7,9), a sua palavra é mais firme que a estrutura da natureza
obediente à lei (Mt 7.24-27; 24.35; Lc 21.33). Pelo fato de DEUS ser fiel, suas
promessas são infalivelmente confiáveis (Hb 10.23). DEUS permanece firme para
com os seus compromissos autoimpostos e leva a cabo os seus acordos
autoiniciados. O perdão, portanto, está enraizado na fidelidade divina (1 Jo
1.9), assim como a vitória de seu povo sobre as mais duras provações da vida (1
Co 10.13; 1 Pe 4.19), como também a sua perseverança (1 Ts 5.24).
Como a
autorrevelação do caráter divino, JESUS CRISTO é adequadamente designado como
Fiel e Verdadeiro (Ap 19.11), aquele que com absoluta fidelidade cumpre todas
as responsabilidades de Sumo Sacerdote (Hb 2.17), Apóstolo (Hb 3.1,2) e
Testemunha (Ap 1.5; 3.14). (Dicionário Bíblico Wycliffe)
Sendo assim, a
segunda vinda de CRISTO é um fato incontestável.
3. A fidelidade
como virtude cristã.
Esta qualidade
do caráter divino encontra o seu reflexo humano em homens de fé (Hc 2.4). Como
o seu Divino Exemplar, eles manifestam uma firme confiabilidade em todas as
suas obrigações (Mt 25.21; 1 Co 4.2); eles são tenazmente leais, a ponto de
enfrentar o martírio (Ap 2.10). Em resposta à fé, o ESPÍRITO SANTO produz nos
homens este traço de fidelidade (Gl 5.22). (Dicionário Bíblico Wycliffe)
4. Tempos e
estações.
Atos 1.6 -
Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor,
restaurarás tu neste tempo o reino a Israel? 7 - E disse-lhes: Não vos pertence
saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.
A pergunta que
os discípulos fizeram a JESUS neste encontro.
Eles se haviam
reunido com Ele, como se tivessem consultado uns aos outros sobre a questão e
concordado com a pergunta nemine contradicente – por unanimidade. Foram em
conjunto e lhe apresentaram como a opinião geral de todos: Senhor, restaurarás
tu neste tempo o reino a Israel? (v. 6).
Há dois modos
de entendermos a pergunta:
1. “Com certeza
tu não o restaurarás aos atuais governantes de Israel, aos principais dos
sacerdotes e aos anciãos, que te mataram e, para cumprir esse desígnio,
mansamente entregaram o reino a César e se confessaram seus súditos. O quê?
Aqueles que perseguiram a ti e a nós receberão tamanho poder? Longe de ti
seja.”
2. “Com certeza
tu o restaurarás agora à nação judaica, contanto que ela se submeta a ti como
seu rei.” Há dois erros nesta pergunta.
(1) A
expectativa dos discípulos do reino em si.
Eles pensavam
que JESUS restauraria o reino a Israel, quer dizer, que Ele faria a nação dos
judeus tão grandiosa e notável entre as nações como fora nos dias de Davi e
Salomão, de Asa e Josafá. Supunham que, como Siló, Ele restauraria o cetro a
Judá e o legislador (Gn 49.10).
Não estavam de
todo errados. JESUS veio também estabelecer seu Reino no Milênio em
cumprimento à Aliança com Davi. JESUS mesmo reinará no Milênio sobre todos os
povos e Israel será totalmente restaurado e as terras dadas a eles será
totalmente deles. terão a preeminência no reinado de CRISTO na Terra.
É evidente que
Não só o reinado de JESUS dali para frente seria só na Terra, mas também no
céu. Por isso mesmo os dois varões de branco se referiram a vinda em glória, no
final da grande tribulação, na qual todo olho o verá descer sobre o Monte das
Oliveiras. Derrotará os exércitos inimigos, separará bodes para o inferno e
ovelhas para fazerem parte de seu reino milenial.
A tratativa é
exclusiva para com os judeus.
Esse
conhecimento está reservado ao conhecimento de DEUS como sua prerrogativa. É o
que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder (v. 7); está escondido com Ele.
Ninguém mais pode revelar os tempos e as estações futuras. Estas coisas são
conhecidas ao Senhor e não a nós (Atos 15.17,18). Está em seu poder, em seu
exclusivo poder, anunciar o fim desde o princípio, e nisso Ele prova que é DEUS
(Is 46.10). “E ainda que, às vezes, achasse adequado deixar os profetas do
Antigo Testamento conhecer os tempos e as estações (como os quatrocentos anos
da escravidão dos israelitas no Egito e os setenta anos na Babilônia), não
julgou conveniente saberdes os tempos e as estações, nem mesmo quanto ao tempo
que resta para a destruição de Jerusalém, embora estejais convictos da
realização do evento. Ele não disse que não vos informará algo mais do que vós
já sabeis acerca dos tempos e das estações.” Ele fez isso mais tarde a João,
seu servo (Ap 1.1). “Mas Ele estabeleceu pelo seu próprio poder informar-vos ou
não, como julgar adequado”. E o que está revelado naquela profecia
neotestamentária relativa aos tempos e às estações é tão complicado e difícil
de entender, que, quando chega a ocasião de aplicá-la, importa que lembremos
que não nos cabe estar confiantes em determinar os tempos e as estações.
JESUS determina
aos discípulos o trabalho a realizar e, com autoridade, lhes garante que terão
a capacidade de prosseguirem e serem bem-sucedidos. “Não vos pertence saber os
tempos ou as estações. Não vos faria bem saberdes. Mas isso sabei: Vós
recebereis uma virtude espiritual quando o ESPÍRITO SANTO vier sobre vós, e vós
não o recebereis em vão, pois sereis testemunhas de mim e da minha glória. O
testemunho que vós prestareis não será em vão, pois será recebido aqui em
Jerusalém, nos países circunvizinhos e em todo o mundo” (v. 8). Se JESUS nos
torna úteis para sua honra em nossos dias e geração, que isso nos baste, e não
fiquemos desconcertados acerca dos tempos e das estações vindouras.
1
Tessalonicenses 1.1-10
1 - Paulo, e
Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em DEUS, o Pai, e no Senhor
JESUS CRISTO; graça e paz tenhais de DEUS, nosso Pai, e do Senhor JESUS CRISTO.
2 - Sempre damos graças a DEUS por vós todos, fazendo menção de vós em nossas
orações, 3 - Lembrando-nos, sem cessar, da obra da vossa fé, do trabalho do
amor e da paciência da esperança em nosso Senhor JESUS CRISTO, diante de nosso
DEUS e Pai, 4 - Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de DEUS; 5 -
Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em
poder, e no ESPÍRITO SANTO, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos
entre vós, por amor de vós. 6 - E vós fostes feitos nossos imitadores e do
Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do ESPÍRITO SANTO, 7
- De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na Macedônia e Acaia. 8 -
Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente na Macedônia e Acaia, mas
também em todos os lugares a vossa fé para com DEUS se espalhou, de tal maneira
que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma; 9 - Porque eles mesmos
anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos
convertestes a DEUS, para servir ao DEUS vivo e verdadeiro. 10 - E esperar dos
céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, JESUS, que nos livra
da ira futura.
TRÊS VIRTUDE
TEOLOGAIS - FÉ, AMOR E PACIÊNCIA DA ESPERANÇA
(Strong
Português)
FÉ - πιστις pistis -
1) convicção da
verdade de algo, fé; no NT, de uma convicção ou crença que diz respeito ao
relacionamento do homem com DEUS e com as coisas divinas, geralmente com a
ideia inclusa de confiança e fervor santo nascido da fé e unido com ela.
1a) relativo a
DEUS
1a1) a
convicção de que DEUS existe e é o criador e governador de todas as coisas, o
provedor e doador da salvação eterna em CRISTO
1b) relativo a
CRISTO
1b1) convicção
ou fé forte e benvinda de que JESUS é o Messias, através do qual nós obtemos a
salvação eterna no reino de DEUS
1c) a fé
religiosa dos cristãos
1d) fé com a
ideia predominante de confiança (ou confidência) seja em DEUS ou em CRISTO,
surgindo da fé no mesmo
2) fidelidade,
lealdade
2a) o caráter
de alguém em quem se pode confiar
AMOR - αγαπη agape
1) amor
fraterno, de irmão, afeição, boa vontade, amor, benevolência
2) banquetes de
amor
ESPERANÇA - ελπις elpis
1) expectativa
do mal, medo
2) expectativa
do bem, esperança
2a) no sentido
cristão
2a1) regozijo e
expectativa confiante da eterna salvação
3) sob a
esperança, em esperança, tendo esperança
3a) o autor da
esperança, ou aquele que é o seu fundamento
3b) o que se
espera
Agora, pois,
permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.
1 Coríntios 13:13 - POR QUE?
Porque após
sermos arrebatados estaremos com JESUS, então não precisaremos mais da fé, pois
a fé é ver antes de acontecer, mas lá já estaremos com JESUS e já não
precisaremos mais da fé para crer nele, pois se vemos não precisamos de fé. A
fé nos impulsiona para realizarmos obras para DEUS. A fé nos impulsiona a
buscar e ministrar os dons do ESPÍRITO SANTO com o objetivo de ganharmos almas
e ajudarmos aos irmãos. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO SÓ OPERAM SE O INSTRUMENTO
USADO (O CRENTE) AMAR AOS QUE VÃO RECEBER A AÇÃO DOS DONS. POR ISSO MESMO
A FALTA DO DONS DO ESPÍRITO SANTO EM NOSSOS DIAS. "Segui o amor e procurai
com zelo os dons espirituais", 1 Coríntios 14:1a
Após o
arrebatamento seremos perfeitos e não precisaremos mais dos dons, pois ninguém
mais precisará de ser curado ou de ouvir uma mensagem de DEUS, estaremos para
sempre com Ele. "E DEUS limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá
mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são
passadas". Apocalipse 21:4
A esperança não
será mais necessária, pois o que esperávamos já aconteceu, neste tempo, já
fomos arrebatados e nos encontramos com JESUS, portanto a esperança não será
mais necessária. pois Já teremos alcançado o que esperávamos. "Porque, em
esperança, somos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o
que alguém vê, como o esperará?" Romanos 8:24
JÁ O AMOR É
ETERNO, POIS SEMPRE AMAREMOS A JESUS, PORTANTO O AMOR NUNCA ACABA E NUNCA DEVE
DEIXAR DE EXISTIR EM NÓS.
"conservai
a vós mesmos no amor de DEUS, esperando a misericórdia de nosso Senhor JESUS
CRISTO, para a vida eterna". Judas 1:21
Dedicatória e
Saudação Apostólica - 1 Tessalonicenses 1:1 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (falta
correção e acréscimos do Pr Henrique)
Nessa
introdução, temos:
I
A dedicatória,
em que temos:
1. As pessoas
que escreveram essa epístola. Paulo era o apóstolo inspirado e escritor da
epístola, embora não tenha mencionado o seu apostolado, que não foi questionado
pelos Tessalonicenses, nem contrariado por qualquer falso apóstolo no meio
deles. Ele incorpora Silvano (ou Silas) e Timóteo com ele (que tinha voltado a
ele com um relato da prosperidade das igrejas na Macedônia). Isso mostra a
humildade deste grande apóstolo e o desejo de honrar os ministros de CRISTO que
tinham uma posição ou reputação inferior. Esse é um bom exemplo para ministros
que estão numa posição superior e têm maior prestígio na igreja do que alguns
outros.
2. As pessoas a
quem essa epístola foi escrita, a saber, a igreja dos Tessalonicenses, os
judeus e gentios convertidos em Tessalônica. Lemos que essa igreja estava em
DEUS, o Pai, e no Senhor JESUS CRISTO: eles tinham comunhão com o Pai, e seu
Filho JESUS CRISTO (1 Jo 1.3). Eles eram uma igreja cristã, porque criam em
DEUS, o Pai, e no Senhor JESUS CRISTO. Eles criam nos princípios da religião
natural e revelada. Os gentios se voltaram dos ídolos para DEUS, e os judeus
criam que JESUS era o Messias prometido. Todos eles eram devotados e dedicados
a DEUS, o Pai, e ao Senhor JESUS CRISTO. DEUS era o bem maior deles, e JESUS
CRISTO, o Senhor e Mediador entre DEUS e o homem. DEUS, o Pai, é a origem e
centro de toda religião natural, e JESUS CRISTO é o autor e centro de toda
religião revelada. Credes em DEUS, diz nosso Salvador, crede também em mim (Jo
14.1).
II
A saudação ou
bênção apostólica: graça e paz tenhais de DEUS, nosso Pai, e do Senhor JESUS
CRISTO. Esse é o mesmo conteúdo das outras epístolas. Graça e paz se completam
muito bem; porque a livre graça ou o favor de DEUS é a origem ou fonte de toda
paz e prosperidade que podemos desfrutar; e onde há disposição graciosa em nós,
também podemos esperar ter pensamentos pacíficos em nosso coração; graça e paz,
e todas as bênçãos espirituais, vêm a nós de DEUS, o Pai, e do Senhor JESUS
CRISTO; de DEUS, a fonte de todo bem, e do Senhor JESUS, aquele que adquiriu
todo o bem para nós; de DEUS em CRISTO, e, assim, nosso Pai em aliança, porque
Ele é o DEUS e Pai do nosso Senhor JESUS CRISTO. Observe: Como todo bem vem de
DEUS, mas de DEUS em CRISTO. E o melhor bem pode ser esperado de DEUS como
nosso Pai, por causa de CRISTO.
Ações de Graças
a DEUS. O Sucesso do Ministério do Apóstolo - 1 Tessalonicenses 1:2-5
I
O apóstolo
inicia com ações de graças a DEUS. Estando prestes a mencionar as coisas que
lhe davam alegria, e que eram altamente louváveis, além de conferirem grande
benefício para eles, o apóstolo escolhe fazê-lo por meio de ações de graças a
DEUS, que é o autor de todo bem que vem a nós, ou é feito por nós, a qualquer
hora. DEUS é o objeto de toda adoração religiosa, de oração e de louvor. E
ações de graças a DEUS são um grande dever que deve ocorrer sempre ou
constantemente; mesmo quando, na verdade, não damos graças a DEUS por meio das
nossas palavras, deveríamos ter um agradecido senso da bondade de DEUS em nosso
coração. Ações de graças deveriam ser repetidas com frequência; e não somente
deveríamos ser gratos pelos favores que recebemos, mas pelos benefícios também
conferidos aos outros, a nosso próximo e nossos irmãos e irmãs em CRISTO. O
apóstolo agradece não somente por aqueles que eram seus amigos mais íntimos, ou
por aqueles que eram mais favorecidos por DEUS, mas por todos eles. Talvez, a
oração mesos feita na terra seja a de agradecimento.
II
Ele uniu louvor
ou ações de graças à sua oração. Quando nós em cada situação, por oração e
súplica, fazemos nossos pedidos a DEUS, devemos acrescentar ações de graças a
elas (Fp 4.6). Assim, quando agradecemos por qualquer benefício que recebemos,
deveríamos juntar a oração. Deveríamos orar sempre e sem cessar, e deveríamos
não só orar por nós mesmos, mas pelos outros também (intercessão), como os
nossos amigos, mencionando-os em nossas orações. Podemos, às vezes, mencionar
seus nomes, e deveríamos mencionar suas necessidades e condições; ao menos
deveríamos ter suas fisionomias e circunstâncias em nossa mente, lembrando-os
sem cessar. Observe: Como há muitas coisas pelas quais deveríamos ser gratos em
nossa vida e na vida de nossos amigos, assim há muitas oportunidades para a
oração constante em relação a inúmeras necessidades. Quando oramos devemos
sentir a dor dos outros. Interceder é se colocar no lugar de outrem (Empatia).
III
Ele menciona os
particulares pelos quais ele estava grato a DEUS; a saber:
1. Os
benefícios redentores conferidos a eles. Esses eram os fundamentos e motivos da
sua gratidão. (1) Sua fé e sua obra de fé. Ele lhes conta que a fé deles (v. 8)
era muito famosa e propagada. Essa é a graça radical; e a fé deles era uma fé
verdadeira e viva, porque era uma fé operadora. Observe: Onde quer que haja uma
fé verdadeira, ela funcionará: ela terá uma influência no coração e na vida;
ela nos fará operar para DEUS e para nossa própria salvação. Temos consolo em
nossa própria fé e na fé dos outros quando percebemos a obra da fé. Mostra-me a
tua fé pelas tuas obras (Tg 2.18). (2) O amor deles e o trabalho da caridade. A
caridade (ou amor) é uma das graças principais; ela é muito útil nesta vida e
permanecerá e será aperfeiçoada na vida futura. A fé opera pelo amor; ela se
mostra no exercício do amor a DEUS e ao próximo; assim como o amor irá
mostrar-se no trabalho, ela fará com que nos esforcemos na religião. (3) A
esperança e a paciência da esperança. Em esperança somos salvos. Essa graça é
comparada com o capacete de um soldado e a âncora de um marinheiro, e é muito
útil em épocas de perigo. Onde quer que haja uma esperança de vida eterna bem
fundada, ela aparecerá pelo exercício da paciência; em uma conduta paciente das
calamidades do tempo presente e uma espera paciente para a glória a ser
revelada. Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos (Rm
13.25).
2. O apóstolo
não somente menciona essas três graças principais – fé, esperança e amor –, mas
também ressalta: (1) O objeto e a causa eficiente dessas graças, a saber, nosso
Senhor JESUS CRISTO. (2) A sinceridade delas: estando diante de nosso DEUS e
Pai. O grande motivo da sinceridade é a percepção do olhar de DEUS constante
sobre nós. É um sinal de sinceridade quando em tudo que fazemos nos esforçamos
para sermos aprovados por DEUS e fazermos o que é justo aos olhos de DEUS. A
obra da fé, ou o trabalho da caridade, ou a paciência da esperança são sinceras
quando são realizadas debaixo dos olhos de DEUS. (3) Ele menciona a fonte de
onde essas graças fluem, a saber, o amor eletivo de DEUS: sabendo, amados
irmãos, que a vossa eleição é de DEUS (v. 4). Desse modo, ele sobe essas
correntes até a fonte, que era a eleição eterna de DEUS. Alguns, pela sua
eleição de DEUS, entendiam apenas a separação temporária dos Tessalonicenses
dos judeus e gentios descrentes na sua conversão; mas isso era conforme o
propósito eterno daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua
vontade (Ef 1.11). Ao falar a respeito da eleição deles, ele os chama de amados
irmãos; porque a fonte da irmandade entre os cristãos e a relação na qual se
encontram mutuamente é a eleição. Esse é um bom motivo para amarmos uns aos
outros, porque somos todos amados de DEUS. A eleição desses Tessalonicenses era
conhecida pelos apóstolos, e, portanto, podia ser conhecida por eles mesmos,
por causa dos frutos e efeitos dela – sua sincera fé, esperança e amor, pela
pregação bem-sucedida do evangelho no meio deles. Observe: [1] Todos aqueles
que na plenitude do tempo são chamados e santificados foram eleitos e
escolhidos para a salvação. [2] A eleição de DEUS é de acordo com a sua boa
vontade e mera graça, não por causa de qualquer mérito daqueles que são
escolhidos. [3] A eleição de DEUS pode ser conhecida pelos frutos dela. [4]
Sempre que agradecemos a DEUS por sua graça em nós ou em outros, deveríamos
subir as correntes até a fonte, e agradecer a DEUS por seu amor eletivo, por
meio do qual somos feitos diferentes. DEUS, em sua presciência, viu no futuro
nossa conversão (para DEUS é tudo presente), então nos elegeu nele.
3. Outro motivo
da gratidão do apóstolo é o sucesso do seu ministério no meio deles. Ele estava
pessoalmente grato, assim como por eles, pelo fato de não ter trabalhado em
vão. Ele tinha o selo e a evidência do seu apostolado por meio disso e um
grande alento em seus esforços e sofrimentos. A pronta aceitação deles e o
recebimento do evangelho que pregava a eles era uma clara evidência de que
realmente se converteram. Ele nota isso com gratidão: (1) Pelo fato de o
evangelho ter vindo a eles não somente em palavra, mas em poder; eles não
somente ouviram o som dele, mas se submeteram ao poder dele. Os dons do
ESPÍRITO SANTO operaram entre eles. O evangelho não somente fez cócegas nos
ouvidos ou satisfez os seus caprichos, não meramente encheu a cabeça deles com
idéias e distraiu sua mente por um tempo, mas afetou o coração deles também.
Sempre que o
evangelho vem em poder, ele deve ser atribuído à operação do ESPÍRITO SANTO; e,
a não ser que o ESPÍRITO de DEUS acompanhe a palavra de DEUS, para torná-la
eficaz pelo seu poder, ela não passará de letra morta; e a letra mata, é o
ESPÍRITO que dá vida. O evangelho veio a eles em muita certeza. Assim, eles o
receberam pelo poder do ESPÍRITO SANTO. Eles estavam plenamente convencidos da
verdade dele, de forma que não seriam facilmente abalados na mente pelas
objeções e dúvidas; eles estavam dispostos a deixar tudo por CRISTO e arriscar
sua alma e sua condição perpétua pela veracidade da revelação do evangelho.
Eles ouviam sobre JESUS, mas também viam JESUS em ação. A palavra não era para
eles semelhante aos sentimentos de alguns filósofos acerca de questões de
opinião e especulação duvidosa, mas o objeto da sua fé e certeza. Os
Tessalonicenses conheciam o tipo de homens que os apóstolos e seus cooperadores
eram no meio deles, e o que fizeram a favor deles, e o sucesso que tiveram. O
ESPÍRITO SANTO confirmava isso com sinais, prodígios e maravilhas. "Os
sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência,
por sinais, prodígios e maravilhas". 2 Coríntios 12:12
A Evidência do
Sucesso do Apóstolo - 1 Tessalonicenses 1:6-10
Nessas
palavras, temos a evidência do sucesso do apóstolo entre os Tessalonicenses,
que era notório e conhecido em diversos lugares. Porque:
I
Eles eram
cuidadosos nas suas relações santas para imitar os bons exemplos dos apóstolos
e dos ministros de CRISTO (v. 6). O apóstolo buscou humilhar-se, não somente
para o seu próprio bem, mas para o benefício de outros, por meio de uma conduta
digna da sua doutrina, para que não destruísse com uma mão o que tinha
edificado com a outra. Os Tessalonicenses, que observaram o tipo de homens que
estavam no meio deles e como a pregação e o viver deles estavam em
conformidade, mostraram um cuidado consciente em serem seguidores deles ou
imitarem o bom exemplo deles. Com isto, eles também se tornaram seguidores do
Senhor, que é o exemplo perfeito que devemos buscar imitar; e deveríamos ser
seguidores daqueles que são seguidores de CRISTO (1 Co 11.1). Os Tessalonicenses
agiram assim, apesar da tribulação a que os apóstolos e eles próprios eram
expostos. Eles estavam dispostos a participar dos sofrimentos pelo fato de
seguirem e confessarem o cristianismo. Eles receberam o evangelho, apesar das
dificuldades e privações que acompanhavam os pregadores e seus seguidores.
Talvez isso tenha tornado a palavra mais preciosa e o exemplo dos apóstolos
brilhava intensamente debaixo das suas tribulações. Por isso, os
Tessalonicenses receberam a palavra com alegria e seguiram o exemplo dos
apóstolos sofredores com júbilo, com gozo do ESPÍRITO SANTO – uma alegria
verdadeiramente sólida, espiritual e duradoura, visto que o ESPÍRITO SANTO é o
inspirador dela. Quando nossas tribulações se tornam abundantes, Ele torna
nossas consolações ainda mais abundantes.
II
O zelo deles
prevaleceu de tal modo que se tornaram exemplos para todos que estavam ao redor
deles (vv. 7,8). Observe aqui:
1. O exemplo
deles era muito eficaz para deixar uma boa impressão em muitas pessoas. Eles
eram tupoi – selos, ou instrumentos para imprimir. Eles tinham recebido boas
impressões da pregação e da conduta dos apóstolos e eles deixaram uma boa
impressão, e a conduta deles influenciou os outros. Observe: Os cristãos devem
ter o mesmo tipo de conduta para influenciar outras pessoas.
2. O exemplo
deles foi muito amplo, ultrapassando os limites de Tessalônica, a ponto de
alcançar os crentes de toda Macedônia, chegando até a Acaia. Os Filipenses e
outros que receberam o evangelho antes dos Tessalonicenses foram edificados
pelo exemplo deles. Observe: Alguns que foram contratados por último na vinha
podem às vezes superar aqueles que vêm antes deles e tornar-se exemplos para
eles.
3. O exemplo
deles ficou muito conhecido. A palavra do Senhor, ou seus efeitos sobre os
Tessalonicenses, ressoava, ou era bem conhecida, nas regiões em volta dessa
cidade e em todos os lugares; não estritamente em cada lugar, mas aqui e ali,
para cima e para baixo no mundo: assim que, do bom sucesso do evangelho entre
eles, muitos foram encorajados a aceitá-lo, e estavam dispostos, quando
chamados, a sofrer por ele. A sua fé foi difundida em todo lugar. (1) A
prontidão da sua fé se tornou notória. Esses Tessalonicenses abraçaram o
evangelho tão logo que foi pregado a eles; assim que todos notaram o tipo de
entrada que o apóstolo teve no meio deles, não ocorrendo demora como em
Filipos, onde levou um bom tempo antes que algo bom pudesse ser feito. (2) Os
efeitos da sua fé eram conhecidos. [1] Eles abandonaram sua idolatria. Eles se
afastaram dos seus ídolos e abandonaram toda adoração falsa ensinada a eles.
[2] Eles se entregaram a DEUS, ao DEUS vivo e verdadeiro, e devotaram-se ao seu
serviço. [3] Eles decidiram esperar pelo Filho de DEUS dos céus (v. 10). Uma
das peculiaridades da nossa santa religião é esperar pela segunda vinda de
CRISTO. Aqueles que crêem que Ele virá esperam que virá para a nossa alegria.
Os crentes debaixo do Antigo Testamento esperavam pela vinda do Messias, e os
crentes agora esperam pela sua segunda vinda. Ele está para chegar. E há um bom
motivo para crer que Ele virá, porque DEUS o ressuscitou dos mortos. Essa é uma
garantia para todas as pessoas de que Ele virá para nos levar com Ele. E há um
bom motivo para esperar por essa vinda, porque Ele nos libertou da ira
vindoura. Nos espera uma libertação plena e final do pecado, e da morte, e do
inferno, dessa ira vindoura que virá sobre os incrédulos.
Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras
e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus. Mateus 5:16
E
consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras,
Hebreus 10:24
tendo o vosso
viver honesto entre os gentios, para que, naquilo em que falam mal de vós, como
de malfeitores, glorifiquem a DEUS no Dia da visitação, pelas boas obras que em
vós observem. 1 Pedro 2:12
Em tudo, te dá
por exemplo de boas obras; na doutrina, mostra incorrupção, gravidade,
sinceridade, Tito 2:7
FÉ E GRAÇA - (Fé nossa para salvação – Ef 1.13) Graça é JESUS e sua obra
salvífica (Ef 2.8).
Rm 5.21 “Para
que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça
para a vida eterna, por JESUS CRISTO,
nosso Senhor.”
A salvação é um
dom da graça de DEUS, mas somente podemos recebê-la em resposta à fé, do lado
humano. Para entender corretamente o processo da salvação, precisamos entender
essas duas palavras: Fé e Graça
FÉ SALVÍFICA. A
fé em JESUS CRISTO é a única condição prévia que DEUS requer do homem para a
salvação. A fé não é somente uma confissão a respeito de CRISTO, mas também uma
ação dinâmica, que brota do coração do crente que quer seguir a CRISTO como
Senhor e Salvador (cf. Mt 4.19;
16.24; Lc
9.23-25; Jo 10.4, 27; 12.26; Ap 14.4).
O conceito de
fé no NT abrange quatro elementos principais: (a) Fé significa crer e confiar
firmemente no CRISTO crucificado e ressurreto como nosso Senhor e Salvador
pessoal (ver Rm 1.17). Importa em crer de todo coração (At 8.37; Rm 6.17; Ef
6.6; Hb 10.22), ou seja: entregar a nossa vontade e a totalidade do nosso ser a
JESUS CRISTO tal como Ele é revelado no NT.
Fé inclui
arrependimento, i.e., desviar-se do pecado com verdadeira tristeza (At 17.30;
2Co 7.10) e voltar-se para DEUS através de CRISTO. Fé salvífica é sempre fé
mais arrependimento (At 2.37,38; ver Mt 3.2).
A fé inclui
obediência a JESUS CRISTO e à sua Palavra, como maneira de viver inspirada por
nossa fé, por nossa gratidão a DEUS e pela obra regeneradora do ESPÍRITO SANTO
em nós (Jo 3.3-6; 14.15, 21-24; Hb 5.8,9). É a “obediência que provém da fé”
(Rm 1.5). Logo, fé e obediência são inseparáveis (cf. Rm 16.26). A fé salvífica
sem uma busca dedicada da santificação é ilegítima e impossível.
A fé inclui
sincera dedicação pessoal e fidelidade a JESUS CRISTO, que se expressam na
confiança, amor, gratidão e lealdade para com Ele. A fé, no seu sentido mais
elevado, não se diferencia muito do amor. É uma atividade pessoal de sacrifício
e de abnegação para com CRISTO (cf. Mt 22.37; Jo 21.15-17; At 8.37; Rm 6.17; Gl
2.20; Ef 6.6; 1Pe 1.8).
A fé em JESUS
como nosso Senhor e Salvador é tanto um ato de um único momento, como uma
atitude contínua para a vida inteira, que precisa crescer e se fortalecer (ver
Jo 1.12). Porque temos fé numa Pessoa real e única que morreu por nós (Rm 4.25;
8.32; 1Ts 5.9,10), nossa fé deve crescer (Rm 4.20; 2Ts 1.3; 1Pe 1.3-9). A
confiança e a obediência transformam-se em fidelidade e devoção (Rm 14.8; 2Co
5.15); nossa fidelidade e devoção transformam-se numa intensa dedicação pessoal
e amorosa ao Senhor JESUS CRISTO (Fp 1.21; 3.8-10; ver Jo 15.4; Gl 2.20).
GRAÇA. No AT
DEUS revelou-se como o DEUS da graça e misericórdia, demonstrando amor para com
o seu povo, não porque este merecesse, mas por causa da fidelidade de DEUS à
sua promessa
feita a Abraão,
Isaque e Jacó (ver Êx 6.9). Os escritores bíblicos dão prosseguimento ao tema
da graça como sendo a presença e o amor de DEUS em CRISTO JESUS, transmitidos
aos crentes pelo ESPÍRITO SANTO, e que lhes outorga misericórdia, perdão,
querer e poder para fazer a vontade de DEUS (Jo 3.16; 1Co 15.10; Fp 2.13;
1Tm 1.15,16).
Toda atividade da vida cristã, desde o seu início até o fim, depende desta
graça divina.
DEUS concede
uma medida da sua graça como dádiva aos incrédulos (1Co 1.4; 15.10), a fim de
poderem crer no Senhor JESUS CRISTO (Ef 2.8,9; Tt 2.11; 3.4).
DEUS concede
graça ao crente para que seja “liberto do pecado” (Rm 6.20, 22), para que nele
opere “tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13; cf.
Tt 2.11,12; ver Mt 7.21), para orar (Zc 12.10), para crescer em CRISTO (2Pe
3.18) e para testemunhar de CRISTO (At 4.33; 11.23).
Devemos
diligentemente desejar e buscar a graça de DEUS (Hb 4.16). Alguns dos meios
pelos quais o crente recebe a graça de DEUS são: estudar as Escrituras Sagradas
e obedecer aos seus preceitos (Jo 15.1-11; 20.31; 2Tm 3.15), ouvir a
proclamação do evangelho (Lc 24.47; At 1.8; Rm
16; 1Co
1.17,18), orar (Hb 4.16; Jd v. 20), jejuar (cf. Mt 4.2; 6.16), adorar a CRISTO
(Cl 3.16); estar continuamente cheio do ESPÍRITO SANTO (cf. Ef 5.18) e
participar da Ceia do Senhor (cf. At 2.42; ver Ef 2.9).
A graça de DEUS
pode ser resistida (Hb 12.15), recebida em vão (2Co 6.1), apagada (1Ts 5.19),
anulada (Gl 2.21) e abandonada pelo crente (Gl 5.4).
1
Tessalonicenses 1.1-10
1 - Paulo, e
Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em DEUS, o Pai, e no Senhor
JESUS CRISTO; graça e paz tenhais de DEUS, nosso Pai, e do Senhor JESUS CRISTO.
2 - Sempre damos graças a DEUS por vós todos, fazendo menção de vós em nossas
orações, 3 - Lembrando-nos, sem cessar, da obra da vossa fé, do trabalho do
amor e da paciência da esperança em nosso Senhor JESUS CRISTO, diante de nosso
DEUS e Pai, 4 - Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de DEUS; 5 -
Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em
poder, e no ESPÍRITO SANTO, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos
entre vós, por amor de vós. 6 - E vós fostes feitos nossos imitadores e do
Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do ESPÍRITO SANTO, 7
- De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na Macedônia e Acaia. 8 -
Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente na Macedônia e Acaia, mas
também em todos os lugares a vossa fé para com DEUS se espalhou, de tal maneira
que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma; 9 - Porque eles mesmos
anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos
convertestes a DEUS, para servir ao DEUS vivo e verdadeiro. 10 - E esperar dos
céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, JESUS, que nos livra
da ira futura.
I. SAUDAÇÃO
(1.1) - Comentário - NVI (FFBruce)
Acerca de
Paulo, Silvano e Timóteo, v. antes. (Silvano era o nome em latim equivalente a
Silas.). A descrição da igreja como dos tessalonicenses e em DEUS Pai e no
Senhor JESUS CRISTO é singular, talvez um sinal de que o apóstolo ainda
não tinha formado o seu estilo. Hogg e Vine comentam: “A primeira parte
distingue a assembleia de Tessalônica como não pagã, a segunda como
não-judaica”. Enquanto “em CRISTO” é comumente usado para mostrar a
completa união do crente com seu Salvador, em DEUS é usado raramente
(Cl 3.3). Seu uso aqui é um forte testemunho incidental da fé que a
igreja primitiva tinha na plena divindade do Filho.
II. GRATIDÃO
PELA IGREJA DE TESSALÔNICA (1.2-10)
v. 2. As
dificuldades que estava experimentando em Corinto serviram para aumentar a
alegria de Paulo na fé inabalável dos convertidos em Tessalônica. continuamente
(v. 3): Pode qualificar mencionando-os ou Lembramos. Provavelmente se
refere a ambos. v. 3. fé [...] amor [...] esperança. Com frequência
associados na igreja apostólica (5.8; Rm 5.2-5; 1Co 13.13; G1 5.5,6; Cl
1.4,5; Hb 6.10-12; 10.22-24; IPe 1.21,22).
esforço: A
palavra sugere labor penoso; o amor é custoso, perseverança. Ativa, enquanto
a “paciência” (ARC) é passiva. Ela resulta da esperança dos cristãos
em CRISTO (Cl 1.26). diante de [...] Par. Seria mais natural
colocar essa expressão (em concordância com o gr.) no final desse
versículo.
v. 4-10. A
reação inicial dos tessalonicenses ao evangelho, v. 4,5. A livre pregação do
evangelho revela aqueles que DEUS escolheu. Aqui, como em outros textos, a
eleição é resultante do amor de DEUS. A eleição para a condenação (a
“dupla predestinação”) não é encontrada no NT, por lógica que possa
parecer. Romanos 9.2 lsso é hipotético; é significativo que Paulo não
mencione a doutrina. o nosso evangelho, “o evangelho que pregamos”. O poder
experimentado não resultou da eloquência (1Co 1.17), nem da personalidade
(2Co 10.10), nem de espíritos maus, mas do ESPÍRITO SANTO, plena
convicção. A mesma palavra (plêroforia) ocorre em Cl 2.2; Hb 6.11; 10.22.
Aqui se refere à liberdade sentida pelos pregadores, v. 5b. Aponta para
2.3-12. v. 6. vocês se tomaram nossos imitadores. Cf. 1Co 4.16; 11.1.
O aoristo indica um momento decisivo, enquanto o vocês enfático
ressalta que a eleição dos tessalonicenses foi mostrada na experiência
deles como na dos pregadores.
A palavra.
Aqui, como na maioria das vezes no NT, o evangelho, sofrimento. Cf.
At 17.1-10; 14.22. alegria. Parte da colheita do ESPÍRITO (G1 5.22), que
capacita os crentes a se alegrar apesar das provações, ou até
por causa delas (Jo 16.22; Rm 5.3-5; IPe 4.13). v. 7. modelo. Typos
originariamente significa uma marca (Jo 20.25), depois uma imagem (At
7.43), e assim um padrão (Hb 8.5).
Macedônia e
Acaia. Essas duas províncias compunham o todo da Grécia, v. 8-10.
Propagou-se a
mensagem do Senhor. O verbo está no perfeito, indicando que o processo
continua. A mensagem propagou-se a partir deles, por toda a Grécia,
amparada, sem dúvida, pela posição estratégica de Tessalônica.
Paulo nunca precisou falar da fé heroica deles (2.14), pois a
história da missão em Tessalônica está na boca dos cristãos em todos os
lugares.
Priscila e
Áquila tinham chegado a Corinto vindos de Roma recentemente; cf. At 18.2.
Morris sugere
que a ausência de vocabulário paulino nos v. 9,10 mostra que Paulo
está usando a terminologia comum da igreja apostólica. ...se voltaram. “A
conversão sempre é o ato voluntário do indivíduo como resposta à
apresentação da verdade” (Hogg e Vine).
deixando os
ídolos. O tessalonicenses eram na maioria gentios. Cf. a pregação de Paulo
em Listra (At 14.15ss). a fim de servir. Como escravos, com total devoção,
ao DEUS vivo-. Um termo do AT contrastando Javé com os ídolos que não
podem fazer nada (Is 41.23,24). verdadeiro.
Não alêthês
(verídico), mas alêthinos (genuíno), como em 1Jo 1.9 etc.
Novamente Paulo
se refere à esperança cristã, que está arraigada na ressurreição de JESUS
CRISTO,
livra. Um
particípio sem definição de tempo, equivalente a “aquele que liberta”, “o
libertador” (cf. Rm 11.26).
há de vir. Um
particípio presente que destaca a inevitabilidade da ira. A luz da
referência geral do NT à ira como sendo o antagonismo total de DEUS
ao pecado, parece inadequado limitá-la aqui somente ao juízo final.
SUBSÍDIOS DA
LIÇÃO - CPAD
O apóstolo
mostra que a expressão suprema desse amor é a crucificação de JESUS no
Calvário, seu doloroso sacrifício.
O exemplo da
igreja de Tessalônica nos ensina que a esperança cristã traz alegria ao coração
de quem está suportando grandes tribulações e adversidades por amor a CRISTO.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 11, O
Zelo do Apóstolo Paulo pela Sã Doutrina
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/escrita-licao-11-o-zelo-do-apostolo.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/slides-licao-11-o-zelo-do-apostolo.html
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-11-o-zelo-do-apstolo-paulo-pela-s-doutrina-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv-americana-sp
https://www.youtube.com/watch?v=R2pD1-qvdto -
Vídeo desta Lição
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - 1 Timóteo 6.3-6,11; 2 Timóteo 3.14-17
1 Timóteo 6
3 - Se alguém
ensina alguma outra DOUTRINA e se não conforma com as sãs palavras de nosso
Senhor JESUS CRISTO e com a DOUTRINA que é segundo a piedade, 4 - é soberbo e
nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais
nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas,5 - contendas de homens
corruptos de entendimento e privados da verdade, cuidando que a piedade seja
causa de ganho. Aparta-te dos tais. 6 - Mas é grande ganho a piedade com
contentamento. 11 - Mas tu, ó homem de DEUS, foge destas coisas e segue a
justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.
2 Timóteo 3
14 - Tu, porém,
permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o
tens aprendido. 15 - E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que
podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em CRISTO JESUS. 16 - Toda
Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para
corrigir, para instruir em justiça. 17 - para que o homem de DEUS seja perfeito
e perfeitamente instruído para toda boa obra.
Comentários da
BEP - CPAD
6.3 DOUTRINA
QUE É SEGUNDO A PIEDADE. Qualquer mensagem que não provém do Senhor JESUS
CRISTO e que não contém em si um veemente apelo à piedade e à santidade, é um
evangelho diferente daquele que é apresentado no NT.
6.5 HOMENS
CORRUPTOS DE ENTENDIMENTO. Paulo volta ao assunto dos falsos mestres (cf. 1Tm
1.3 ss), e informa a Timóteo qual deve ser seu conceito de tais homens. A
indiferença atual ante as doutrinas antibíblicas é um flagrante desvio da
atitude apostólica e desprezo às admoestações claras dadas nesta epístola e nas
demais do NT (cf. Gl 1.9).
6.6 É GRANDE
GANHO A PIEDADE. Os falsos mestres em Éfeso praticavam exteriormente a
"piedade" a fim de obterem grandes lucros. Eram impulsionados por uma
motivação oculta de cobiça, e ensinavam que suas riquezas eram um sinal de que
DEUS aprovava seus ensinos.
Resumo da Lição
11, O Zelo do Apóstolo Paulo pela Sã Doutrina
I – ORTODOXIA
VERSUS HETERODOXIA
1. Dois termos
técnicos importantes.
2. Conceito de
ortodoxia.
3. Conceito de
heterodoxia.
II – A AMEAÇA
DE CORRUPÇÃO DOUTRINÁRIA
1. A
advertência do apóstolo.
2. Quais eram
os problemas de ordem doutrinária?
3. Fábulas e
genealogias intermináveis (1 Tm 1.4).
III – A IGREJA
COMO GUARDIÃ DA SÃ DOUTRINA
1. A Igreja é
“coluna e firmeza da verdade”.
2. O objetivo
do zelo pela sã DOUTRINA.
3. A primazia
do amor.
Referências a
DOUTRINA
Deuteronômio
32.1-4 - 1 Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras
da minha boca. 2 Goteje a minha DOUTRINA como a chuva, destile o meu dito como
o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva. 3
Porque apregoarei o nome do SENHOR; dai grandeza a nosso DEUS. 4 Ele é a Rocha
cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos juízo são; DEUS é a
verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é.
Provérbios 4.1
Ouvi, filhos, a correção do pai e estai atentos para conhecerdes a prudência. 2
Pois dou-vos boa DOUTRINA; não deixeis a minha lei. 3 Porque eu era filho de
meu pai, tenro e único em estima diante de minha mãe. 4 E ele ensinava-me e
dizia-me: Retenha as minhas palavras o teu coração; guarda os meus mandamentos
e vive. 5 Adquire a sabedoria, adquire a inteligência e não te esqueças nem te
apartes das palavras da minha boca.
Provérbios
13.14 A DOUTRINA do sábio é uma fonte de vida para desviar dos laços da morte.
Isaías 29.24 E
os errados de espírito virão a ter entendimento, e os murmuradores aprenderão
DOUTRINA.
Mateus 7.28 E
aconteceu que, concluindo JESUS este discurso, a multidão se admirou da sua
DOUTRINA, 29 porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas.
Mateus 15.8
Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. 9
Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens
(DOUTRINA ruim).
Mateus 16.12
Então, compreenderam que não dissera que se guardassem do fermento do pão, mas
da DOUTRINA dos fariseus (DOUTRINA ruim).
Mateus 22.29
JESUS, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras,
nem o poder de DEUS. 30 Porque, na ressurreição, nem casam, nem são dados em
casamento; mas serão como os anjos no céu. 31 E, acerca da ressurreição dos
mortos, não tendes lido o que DEUS vos declarou, dizendo: 32 Eu sou o DEUS de
Abraão, o DEUS de Isaque e o DEUS de Jacó? Ora, DEUS não é DEUS dos mortos, mas
dos vivos. 33 E, as turbas, ouvindo isso, ficaram maravilhadas da sua DOUTRINA.
Marcos 1.27 E
todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Que
nova DOUTRINA é esta? Pois com autoridade ordena aos espíritos imundos, e eles
lhe obedecem! 28 E logo correu a sua fama por toda a província da Galileia.
Marcos 4.2 E
ensinava-lhes muitas coisas por parábolas e lhes dizia na sua DOUTRINA:
Lucas 4.31 E
desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e os ensinava nos sábados. 32 E
admiravam-se da sua DOUTRINA, porque a sua palavra era com autoridade.
João 7.16 JESUS
respondeu e disse-lhes: A minha DOUTRINA não é minha, mas daquele que me
enviou. 17 Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma DOUTRINA,
conhecerá se ela é de DEUS ou se eu falo de mim mesmo.
João 18.19 E o
sumo sacerdote interrogou JESUS acerca dos seus discípulos e da sua DOUTRINA.
20 JESUS lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na
sinagoga e no templo, onde todos os judeus se ajuntam, e nada disse em oculto.
Atos 2.42 E
perseveravam na DOUTRINA dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e
nas orações. 43 Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se
faziam pelos apóstolos.
Atos 5.28 Não
vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que
enchestes Jerusalém dessa vossa DOUTRINA e quereis lançar sobre nós o sangue
desse homem.
Atos 13.12
Então, o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da DOUTRINA
do Senhor.
Atos 17.19 E,
tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova
DOUTRINA é essa de que falas?
Romanos 6.17
Mas graças a DEUS que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à
forma de DOUTRINA a que fostes entregues.
Romanos 16.17 E
rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a
DOUTRINA que aprendestes; desviai-vos deles. 18 Porque os tais não servem a
nosso Senhor JESUS CRISTO, mas ao seu ventre; e, com suaves palavras e
lisonjas, enganam o coração dos símplices.
1 Coríntios
14.6 E, agora, irmãos, se eu for ter convosco falando línguas estranhas, que
vos aproveitaria, se vos não falasse ou por meio da revelação, ou da ciência,
ou da profecia, ou da DOUTRINA?
1 Coríntios
14.26 Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo,
tem DOUTRINA, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para
edificação.
Efésios 4.14
para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento
de DOUTRINA, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente.
15 Antes, seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a
cabeça, CRISTO, (DOUTRINA ruim)
Efésios 6.4 E
vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na DOUTRINA e
admoestação do Senhor.
Colossenses 2.
20 Se, pois, estais mortos com CRISTO quanto aos rudimentos do mundo, por que
vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, 21 tais como: não
toques, não proves, não manuseies? 22 As quais coisas todas perecem pelo uso,
segundo os preceitos e doutrinas dos homens; 23 as quais têm, na verdade,
alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade e em disciplina
do corpo, mas não são de valor algum, senão para a satisfação da carne.
(DOUTRINA ruim)
1 Timóteo 1.3
Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para
advertires a alguns que não ensinem outra DOUTRINA, 4 nem se deem a fábulas ou
a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de
DEUS, que consiste na fé; assim o faço agora. (DOUTRINA ruim)
1 Timóteo 1.8
Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente, 9 sabendo
isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados,
para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas
e matricidas, para os homicidas, 10 para os fornicadores, para os sodomitas,
para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que
for contrário à sã DOUTRINA,
1 Timóteo 4.1
Mas o ESPÍRITO expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da
fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios, 2 pela
hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria
consciência, 3 proibindo o casamento e ordenando a abstinência dos manjares que
DEUS criou para os fiéis e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem
deles com ações de graças; 4 porque toda criatura de DEUS é boa, e não há nada
que rejeitar, sendo recebido com ações de graças, 5 porque, pela palavra de
DEUS e pela oração, é santificada. (DOUTRINA ruim)
1 Timóteo
4.6 Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de JESUS CRISTO,
criado com as palavras da fé e da boa DOUTRINA que tens seguido. 7 Mas rejeita
as fábulas profanas e de velhas e exercita-te a ti mesmo em piedade. 8 Porque o
exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa,
tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.
1 Timóteo 4.15
Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja
manifesto a todos. 16 Tem cuidado de ti mesmo e da DOUTRINA; persevera nestas
coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te
ouvem.
1 Timóteo 5.17
Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra,
principalmente os que trabalham na palavra e na DOUTRINA. 18 Porque diz a
Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu
salário.
1 Timóteo 6.1
Todos os servos que estão debaixo do jugo estimem a seus senhores por dignos de
toda a honra, para que o nome de DEUS e a DOUTRINA não sejam blasfemados. 2 E
os que têm senhores crentes não os desprezem, por serem irmãos; antes, os
sirvam melhor, porque eles, que participam do benefício, são crentes e amados.
Isto ensina e exorta.
1 Timóteo
6.3 Se alguém ensina alguma outra DOUTRINA e se não conforma com as sãs
palavras de nosso Senhor JESUS CRISTO e com a DOUTRINA que é segundo a piedade,
4 é soberbo e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras,
das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, 5 contendas de
homens corruptos de entendimento e privados da verdade, cuidando que a piedade
seja causa de ganho. Aparta-te dos tais.
2 Timóteo 3.10
Tu, porém, tens seguido a minha DOUTRINA, modo de viver, intenção, fé,
longanimidade, caridade, paciência, 11 perseguições e aflições tais quais me
aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas perseguições sofri, e
o Senhor de todas me livrou.
2 Timóteo 4.2
que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas,
exortes, com toda a longanimidade e DOUTRINA. 3 Porque virá tempo em que não
sofrerão a sã DOUTRINA; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si
doutores conforme as suas próprias concupiscências; 4 e desviarão os ouvidos da
verdade, voltando às fábulas. 5 Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições,
faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.
Tito 1.7 Porque
convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de DEUS, não
soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe
ganância; 8 mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo,
temperante, 9 retendo firme a fiel palavra, que é conforme a DOUTRINA, para que
seja poderoso, tanto para admoestar com a sã DOUTRINA como para convencer os
contradizentes.
Tito 2.1 Tu,
porém, fala o que convém à sã DOUTRINA.
Tito 2.6 Exorta
semelhantemente os jovens a que sejam moderados. 7 Em tudo, te dá por exemplo
de boas obras; na DOUTRINA, mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, 8
linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo
nenhum mal que dizer de nós. 9 Exorta os servos a que se sujeitem a seu senhor
e em tudo agradem, não contradizendo, 10 não defraudando; antes, mostrando toda
a boa lealdade, para que, em tudo, sejam ornamento da DOUTRINA de DEUS, nosso
Salvador.
Hebreus 6.1
Pelo que, deixando os rudimentos da DOUTRINA de CRISTO, prossigamos até a
perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas
e de fé em DEUS, 2 e da DOUTRINA dos batismos, e da imposição das mãos, e da
ressurreição dos mortos, e do juízo eterno. 3 E isso faremos, se DEUS o
permitir.
Hebreus 13.9
Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é
que o coração se fortifique com graça e não com manjares, que de nada
aproveitaram aos que a eles se entregaram. (DOUTRINA ruim)
2 João 1.9 Todo
aquele que prevarica e não persevera na DOUTRINA de CRISTO não tem a DEUS; quem
persevera na DOUTRINA de CRISTO, esse tem tanto o Pai como o Filho. 10 Se
alguém vem ter convosco e não traz esta DOUTRINA, não o recebais em casa, nem
tampouco o saudeis. 11 Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras.
Apocalipse
2.14, Mas umas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a
DOUTRINA de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos
de Israel para que comessem dos sacrifícios da idolatria e se prostituíssem. 15
Assim, tens também os que seguem a DOUTRINA dos nicolaítas, o que eu aborreço.
16 Arrepende-te, pois; quando não, em breve virei a ti e contra eles batalharei
com a espada da minha boca. (DOUTRINA ruim)
Apocalipse
2.24, Mas eu vos digo a vós e aos restantes que estão em Tiatira, a todos
quantos não têm esta DOUTRINA e não conheceram, como dizem, as profundezas de
Satanás, que outra carga vos não porei. 25 Mas o que tendes, retende-o até que
eu venha.
CAPÍTULO 1 -
DOUTRINA - TEOLOGIA SISTEMÁTICA - Govaski
(com algumas modificações do Pr. Henrique)
CONCEITO DE
DOUTRINA:
Doutrinar é
ensinar as verdades fundamentais da Bíblia, organizadamente.
É o conjunto de
princípios que servem de base ao cristianismo, compreendendo desde o
ensinamento, pregação, opinião das lideranças religiosas, desde que embasadas
em Textos de obras Bíblicas escritas, como Regra de fé, preceito de
comportamento e norma de conduta social, referente a DEUS, a JESUS, ao ESPÍRITO
SANTO e Salvação.
CONCEITO DE
DOUTRINA NO ANTIGO TESTAMENTO:
Doutrina
(hebraico ”xql Ieqach”) - (Dt. 32:2; Pv.4:2; Pv.9:9; Pv. 13:14) - ensinamento,
ensino, percepção, capacidade de persuasão. Palavra proveniente de laqach, que
significa tomar, pegar, buscar, segurar, apanhar, receber, adquirir, comprar,
trazer, casar, tomar esposa, arrebatar, tirar, carregar embora, tomar em
casamento.
A DOUTRINA escorrerá suavemente em todos os lugares. Além disso, é uma boa
lei que dá instrução ao sábio e ensina aos justos uma fonte de vida e como se
desviar dos laços da morte.
Doutrina
(hebraico ”hrwt towrah ou hrt torah”) - (Is. 28:9; Is.29:24) - lei, orientação,
instrução, orientação (humana ou divina), conjunto de ensino profético na era
messiânica de orientações ou instruções sacerdotais legais, referente aos
costumes e hábitos.
Palavra oriunda
de yarah que significa lançar, atirar, jogar, derramar, como lançar flechas,
jogar água, atirar, apontar, mostrar, dirigir, ensinar, instruir.(Ter uma
direção definida).
Ela dá
entendimento aos errados de espírito e é um aprendizado aos murmuradores.
CONCEITO DE
DOUTRINA NO NOVO TESTAMENTO:
Doutrina (grego
“didach didache”) - (Mc. 1:22; Lc. 4:32; At.2:42; Rm. 6:17) ensino, DOUTRINA,
instrução nas assembleias religiosas dos cristãos, fazer uso do discurso como
meio de ensinar, em distinção de outros modos de falar em público.
Palavra oriunda
de didasko, significando conversar com outros a fim de instruí-los, pronunciar
discursos didáticos; desempenhar o ofício de professor conduzir-se a dar
instrução, explicar ou expor algo a alguém.
Doutrina (grego
“didaskalia didaskalia”) - (1 Tm.4:6; 1 Tm.4:16; 1 Tm.6:1; Tt.2:1;Tt.2:10) -
ensino, instrução, preceitos; palavra oriunda de didaskalos - No NT, alguém que
ensina a respeito das coisas de DEUS, e dos deveres do homem; como os mestres
da religião judaica, que pelo seu imenso poder como mestres atraem multidões,
como João Batista.
JESUS, pela sua
autoridade, refere-se a si mesmo como aquele que mostrou aos homens o caminho
da salvação e como os apóstolos Barnabé e Paulo, que, nas assembleias
religiosas dos cristãos, encarregavam-se de ensinar, assistidos pelo SANTO
ESPÍRITO contra os falsos mestres entre os cristãos.
Doutrina (grego
“logov logos ”) - (Hb. 6:1) - Ato da palavra, proferida a viva voz, que
expressa uma concepção ou ideia dos ditos de DEUS, envolvendo seus decretos,
mandatos ou ordens dos preceitos morais dados por DEUS, como as profecias do
Antigo Testamento dadas pelos profetas, bem como narrativas de assuntos em
discussão, com respeito à mente em si, razão, a faculdade mental do pensamento,
meditação e raciocínio.
Em João, denota
a essencial Palavra de DEUS, JESUS CRISTO, a sabedoria e poder pessoais em
união com DEUS. Denota seu ministro na criação e governo do universo, a causa
de toda a vida do mundo, tanto física quanto ética, que para a obtenção da
salvação do ser humano, revestiu-se da natureza humana na pessoa de JESUS, o
Messias, a segunda pessoa na Trindade, anunciado visivelmente através suas
palavras e obras.
Este termo era
familiar para os judeus e na sua literatura muito antes que um filósofo grego
chamado Heráclito fizesse uso do termo Logos, por volta de 600 a.C., para
designar a razão ou plano divino que coordena um universo em constante mudança.
Era palavra
apropriada para o objetivo de João 1:1 - No princípio, era o Verbo, e o Verbo
estava com DEUS, e o Verbo era DEUS. João 1:1 - Quem prega outro JESUS, irá
sofrer (2 Co. 11:4)
CARACTERÍSTICAS
DA DOUTRINA DE CRISTO:
O bom Ministro
é o criado na fé e na Doutrina (1Tm.4:6)
É vinda de DEUS
(Jo.7:16);
Pode ser
provada como verdadeira (Jo.7:17);
Deve ser
perseverada (At.2:42);
Deve ser
obedecida de coração (Rm.6: 17);
Temos que
cuidar dela para nossa salvação (1Tm.4:16);
Indica modo de
vida na fé (2Tm.3:10);
Convence
contradizentes (Tt.1:9);
Deve ter
incorrupção, seriedade e sinceridade (Tt.2:7), levando à perfeição em CRISTO
(Hb.6:1).
QUANTO ÀS
FALSAS DOUTRINAS DA ÉPOCA DE JESUS CRISTO E O ALERTA À IGREJA CRISTÃ:
Os judeus se
maravilhavam da DOUTRINA de JESUS pois Ele ensinava com autoridade, mas eram
advertidos contra a DOUTRINA dos Fariseus e dos Saduceus: Mas quem ultrapassa a
DOUTRINA, não tem DEUS (2 Jo.1:9-10).
DOUTRINA DOS
FARISEUS - grego “farisaiov Pharisaios ”
Chamados
Separados - Reconheciam na tradição oral um padrão de fé e vida.
Procuravam
reconhecimento e mérito pela observância externa de ritos e formas de piedade,
como lavagens cerimoniais jejuns, orações e esmolas. Mas negligenciavam a
genuína piedade, orgulhavam-se em suas boas obras.
Mantinham de
forma persistente a fé na existência de anjos bons e maus, e na vinda do
Messias; e tinham esperança de que os mortos, após uma experiência preliminar
de recompensa ou penalidade no Hades, seriam novamente chamados à vida por ele,
e seriam recompensados, cada um de acordo com suas obras individuais.
Em oposição à
dominação de Herodes e do governo romano, eles de forma decisiva sustentavam a
teocracia e a causa do seu país, e tinham grande influência entre o povo comum.
De acordo com
Josefo, eram mais de 6000.
Eram inimigos
de JESUS e sua causa; foram, por outro lado, duramente repreendidos por ele por
causa da sua avareza, ambição, confiança vazia nas obras externas, e aparência
de piedade a fim de ganhar popularidade.
DOUTRINA DOS
SADUCEUS - grego “saddoukaiov
Saddoukaios ”)
= Chamados Justos - Partido religioso judeu da época de CRISTO, que negava que
a lei oral fosse revelação de DEUS aos israelitas, e que cria que somente a lei
escrita era obrigatória para a nação como autoridade divina. Negavam a
ressurreição do corpo, a imortalidade da alma, a existência de espíritos e
anjos, mas afirmavam o livre arbítrio.
OBS: Outro
Evangelho, mesmo dito por um anjo, seja maldito (Gl. 1:6-9).
Doutrina(qrego
“eterodidaskalew heterodidaskaleo”) - 1Tm.1:3 - Ensino de outra ou diferente
DOUTRINA, desviando-se da verdade.
Há os que
provocam divisões e escândalos em desacordo com a DOUTRINA (Rm.16:17),
inventando ventos de doutrinas errôneas (Ef.4:14), sendo impuros mentirosos
(1Tm.1:10). Se alguém ensina outra DOUTRINA diferente da Palavra, seja maldito
(1Tm.6:3-4). Temos que repreender, usando a DOUTRINA pois não a suportarão (2
Tm.4:2-3).
NECESSIDADE DA
DOUTRINA:
Verdade precisa
(opinião final): Todas as pessoas têm uma teologia e os seus atos demonstram
suas crenças, pois a vida humana é uma viagem e as pessoas precisam estar
certas do que DEUS lhes planejou. Pode-se ser teólogo sem ser religioso e ser
religioso sem o conhecimento teológico da DOUTRINA.
Essencial para
desenvolver o caráter cristão: Sem uma crença firme e bem definida, que é parte
da religião, não haverá crescimento correto, pois podemos viver a vida dita
cristã, sem conhecer a DOUTRINA; mas não haverá experiências cristãs.
Abrigo contra
mentira e erros de interpretação: DEUS é eterno; homens ignorantes criaram
conceitos errôneos, originando males na consciência e as Doutrinas bíblicas
expulsam falsas idéias que conduzem os homens para a cegueira e perdição.
Necessária para
ensinar a Palavra Divina: A Bíblia fala de muitas verdades espalhadas nos seus
diversos livros, obedecendo o tema JESUS. É necessário relacionar os diversos
temas e organizá-los de maneira a facilitar o seu estudo.
A DOUTRINA
estuda a fé Cristã, sobre a verdade da realidade
espiritual, única, envolvendo a existência de DEUS, a possibilidade dos
milagres, a confiabilidade das escrituras, a divindade de CRISTO, a encarnação
de DEUS em CRISTO e a verdade da Bíblia como a Palavra de DEUS genuína.
DOUTRINA E
TEOLOGIA:
TEOLOGIA -
Estudo das questões referentes ao conhecimento da divindade, de seus atributos
e relações com o mundo e com os homens, e à verdade religiosa, expressa na
DOUTRINA de CRISTO, que como já dissemos, ensina as verdades fundamentais da
Bíblia, organizadamente.
Teologia é o
estudo racional dos textos sagrados, dos dogmas e das tradições do
cristianismo, geralmente ministrados em cursos ou faculdades, formando os
teólogos. É a ciência que trata do nosso conhecimento de DEUS e das relações
com o homem; ciência, pois organiza em sequência lógica fatos comprovados,
podendo aplicar na religião.
Visa entender a
revelação, fé e tradição na atual diversidade, milagres e curas.
ÁREAS DE ESTUDO
DA TEOLOGIA:
Teologia
Fundamental - Analisa a realidade cristã da auto manifestação de DEUS, sua
plenitude e o plano da Salvação por JESUS CRISTO. Explica a razão do mistério,
a liberdade e a necessidade que temos de conhecer esse plano, pois querendo ou
não termos compromisso com DEUS.
Fala sobre o
que é teologia e sobre as condições básicas que possibilitam a fé num contexto
sócio-histórico e cultural.
Teologia
Bíblica - Estuda a introdução geral da Bíblia, com estudo dos livros do Antigo
e do Novo testamento, falando sobre a história do povo de DEUS e reflete temas
gerais, familiarizando os alunos com termos bíblicos e as línguas bíblicas,
como aramaico, hebraico e grego.
Usa a
“exegese”- que analisa criticamente o texto, desde a seleção do texto, sua
estrutura gramatical, sua mensagem e tema central para hoje “hermenêutica”,
aplicando a mensagem para hoje.
Teologia Moral
- Visa refletir sobre a resposta concreta que o cristão dá a DEUS nos diversos
âmbitos de sua existência seja pessoal, interpessoal, comunitária, social,
familiar e política, analisando as bases e os critérios de como o cristão deve
agir e sobre temas globais como sexualidade, ética e ecologia, política,
globalização etc.
Teologia
Sistemática ou Dogmática - Compreende uma série de disciplinas estudadas pela
igreja, como cristologia (JESUS), eclesiologia (igreja), trindade, antropologia
teológica (vendo o homem quanto à criação, pecado, graça e salvação),
escatologia (últimas coisas) e Heresiologias (Seitas e Heresias).
Ademais, não se
ocupa em repetir dogmas, que são declarações de fé do que as pessoas crêem,
tenta entender a vida, e refletir a real e pura fé cristã.
História da
Igreja - Visa conhecer uma visão panorâmica das grandes fases da história
universal, as relações da igreja cristã com o mundo, os conflitos de
mentalidades, idéias e movimentos sociais e as idéias e eventos do passado que
repercutem hoje em dia. Compreende desde a história antiga, medieval, moderna,
contemporânea e atual.
Espiritualidade
- Envolve não apenas disciplinas teológicas, mas dimensões da vida cristã como
fé, louvor, reino de DEUS, o seguimento a JESUS e outros temas, como cruz,
esperança, caridade, piedade, liberdade cristã.
Outros -
(Patrologia: Estudo dos pensadores cristãos até o século V; Teologia Pastoral,
Teologia das Religiões, Homilética (Arte de pregar). Religiosidade Popular
(tradições culturais), Aconselhamento Pessoal, Pastoral e Missões.
DOUTRINA E
RELIGIÃO:
Religião (qrego
“deisidaimonia”) - (At.25:19) - Em um bom sentido, reverência a DEUS ou aos
deuses, dependendo do culto, num sentido piedoso, religioso; e num mau sentido,
a superstição.
Religião (qrego
“yrhskeia threskeia”) - (At.26:5; Tg.1:26-27) - Adoração religiosa externa;
aquilo que consiste em cerimônias com disciplina religiosa. A religião deveria
significar adoração a DEUS, mas adorava também a falsos deuses, como
cumprimento da obrigação de alguém.
O problema era
haver o cumprimento de obrigações de todos os tipos, tanto para com DEUS como
para com as pessoas, não significando qualquer tipo de adoração correta a DEUS.
Havia também, o
adorador ansioso e escrupuloso, que cuidava para não mudar nada que deveria ser
observado na adoração, e temeroso de ofender.
Significa
devoto, e pode ser aplicado a um aderente de qualquer religião, sendo
especialmente apropriado para descrever o melhor dos adoradores judaicos,
adorando pelo elemento de medo.
Enfatiza
fortemente as idéias de dependência e de ansiedade pelo favor divino. Pode
originar um medo sem fundamento, no sentido de supersticioso.
Existem pessoas
religiosas de todos os lugares (At.2:5), mas precisam estar na graça de DEUS
(At.13:43) para não serem incitadas por falsos líderes contra a obra de DEUS
(At.13:50), numa religião de vãos falatórios, sem santidade e sem obras sociais
(Tg.1:26-27).
O sagrado é uma
experiência da presença de DEUS, sobrenatural, na medida em que se realiza o
impossível às forças e capacidades humanas.
Religião(Latim
“religio=re+ligare”) - A religião tenta ser um vínculo entre o mundo profano e
o mundo sagrado, operando em várias culturas, criando templos que se erguem aos
céus como que querendo unir o espaço novo do sagrado (ar) com o consagrado (no
solo).
A religião cria
a ideia de um espaço sagrado, como que querendo unir a mitologia dos falsos
deuses gregos do Olimpo com as montanhas do deserto do Sinai onde DEUS se
manifestou.
Enquanto a
religião pode ser apenas uma narrativa, um mito, uma fábula ilusória, a
espiritualidade requer algo mais, a fé, que se expressa na confiança e plena
adesão às verdades ouvidas.
OBSERVAÇÃO:
Enquanto a
religião externa uma forma de crer, a DOUTRINA é uma crença racional, baseada
na Palavra de DEUS, onde fé e razão andam juntas.
A fé usa a
razão e a razão não pode ser bem-sucedida sem a fé, na descoberta da verdade.
A razão não
pode produzir fé , mas a acompanha, pois, a fé não vem de um questionamento,
mas de DEUS.
Contudo, a
pessoa pode tentar compreender aquilo em que acredita, envolvendo a vontade de
descobrir, por exemplo, a lógica de que DEUS existe, se relaciona com as
pessoas e que através da teologia, poderemos defender racionalmente, a verdade
das coisas de DEUS pela investigação escriturística da DOUTRINA.
Defendamos
nossa fé (1 Pe.3:15; 2 Co.10:4-5), combatendo as heresias (Fp.1:7; Jd.3; Jd.22;
Tt.1:9; 2Tm.2:24-25).
A PALAVRA
DE DEUS - BEP - CPAD
Is 55.10,11
“Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas
regam a terra e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao
que come, assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim
vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei.”
A NATUREZA DA
PALAVRA DE DEUS. A expressão “a palavra de DEUS”
(também “a palavra do Senhor”, ou simplesmente “a palavra”) possui várias
aplicações na Bíblia. (1) Obviamente, refere-se, em primeiro lugar, a tudo
quanto DEUS tem falado diretamente. Quando DEUS falou a Adão e Eva (e.g., Gn
2.16.17; Gn 3.9-19). o que Ele lhes disse era, de fato, a palavra de DEUS. De
modo semelhante. Ele se dirigiu a Abraão (e.g. Gn 12.1-3). a Isaque (e.g. Gn
26.1-5). a Jacó (e.g. Gn 28.13-15) e a Moisés (e.g. Êx 3-4). DEUS também falou
à totalidade da nação de Israel. no monte Sinai. ao proclamar-lhe os dez
mandamentos (ver Êx 20.1-19). As palavras que os israelitas ouviram eram
palavras de DEUS. (2) Além da fala direta. DEUS ainda falou através dos
profetas. Quando eles se dirigiam ao povo de DEUS. assim introduziam as suas
declarações: “Assim diz o Senhor”. ou “Veio a mim a palavra do Senhor”. Quando.
portanto. os israelitas ouviam as palavras do profeta. ouviam. na verdade. a
palavra de DEUS. (3) A mesma coisa pode ser dita a respeito do que os apóstolos
falaram no NT. Embora não introduzissem suas palavras com a expressão “assim
diz o Senhor”. o que falavam e proclamavam era. verdadeiramente. a palavra de
DEUS. O sermão de Paulo ao povo de Antioquia da Pisídia (At 13.14-41). por
exemplo. criou tamanha comoção que. “no sábado seguinte. ajuntou-se quase toda
a cidade a ouvir a palavra de DEUS” (At 13.44). O próprio Paulo assegurou aos
tessalonicenses que. “havendo recebido de nós a palavra da pregação de DEUS. a
recebestes. não como palavra de homens. mas (segundo é. na verdade) como
palavra de DEUS” (1Ts 2.13; cf. At 8.25). (4) Além disso. tudo quanto JESUS
falava era palavra de DEUS. pois Ele. antes de tudo, é DEUS (Jo 1.1.18; 10.30;
1Jo 5.20). Lucas. escritor do terceiro evangelho. declara explicitamente que.
quando as pessoas ouviam a JESUS. ouviam na verdade a palavra de DEUS (Lc 5.1).
Note como. em contraste com os profetas do AT. JESUS introduzia seus ditos: Eu
“vos digo...” (e.g. Mt 5.18.20.22.23.32.39; 11.22.24; Mc 9.1; 10.15; Lc 10.12;
12.4; Jo 5.19; 6.26; 8.34). Noutras palavras. Ele tinha dentro de si mesmo a
autoridade divina para falar a palavra de DEUS. É tão importante ouvir as
palavras de JESUS. pois “quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou
tem a vida eterna e não entrará em condenação” (Jo 5.24). JESUS, na realidade,
está tão estreitamente identificado com a palavra de DEUS que é chamado “o
Verbo” [“a Palavra”] (Jo 1.1.14; 1Jo 1.1; Ap 19.13 16; ver Jo 1.1). (5) A
palavra de DEUS é o registro do que os profetas. apóstolos e JESUS falaram.
i.e., a própria Bíblia. No NT. quer um escritor usasse a expressão “Moisés
disse”. “Davi disse”, “o ESPÍRITO SANTO diz”. ou “DEUS diz”. nenhuma diferença
fazia (ver At 3.22; Rm 10.5.19; Hb 3.7; 4.7); pois o que estava escrito na
Bíblia era. sem dúvida alguma. a palavra de DEUS. (6) Mesmo não estando no
mesmo nível das Escrituras. a proclamação feita pelos autênticos pregadores ou
profetas. na igreja de hoje. pode ser chamada a palavra de DEUS. (a) Pedro
indicou que. a palavra que seus leitores recebiam mediante a pregação. era
palavra de DEUS (1Pe 1.25). e Paulo mandou Timóteo “pregar a Palavra” (2Tm
4.2). A pregação. porém. não pode existir independentemente da Palavra de DEUS.
Na realidade. o
teste para se determinar se a palavra de DEUS está sendo proclamada num sermão.
ou mensagem. é se ela corresponde exatamente à Palavra de DEUS escrita. (b) O
que se diz de uma pessoa que recebe uma profecia. ou revelação. no âmbito do
culto de adoração (1Co 14.26-32)? Ela está recebendo. ou não. a palavra de
DEUS? A resposta é um “sim”. Paulo assevera que semelhantes mensagens estão
sujeitas à avaliação por outros profetas. Todavia. há a possibilidade de tais
profecias não serem palavra de DEUS (ver 1Co 14.29). É somente em sentido
secundário que os profetas. hoje. falam sob a inspiração do ESPÍRITO SANTO; sua
revelação jamais deve ser elevada à categoria da inerrância (ver 1Co 14.31).
O PODER DA
PALAVRA DE DEUS. A palavra de DEUS permanece firme
nos céus (Sl 119.89; Is 40.8; 1Pe 1.24.25). Não é, porém. estática; é dinâmica
e poderosa (cf. Hb 4.12). pois realiza grandes coisas (55.11). (1) A palavra de
DEUS é criadora. Segundo a narrativa da
criação. as
coisas vieram a existir à medida que DEUS falava a sua palavra (e.g. Gn
1.3.4.6.7.9). Tal fato é resumido pelo salmista: “Pela palavra do SENHOR foram
feitos os céus” (Sl 33.6. 9); e pelo escritor aos Hebreus: “Pela fé. entendemos
que os mundos. pela palavra de DEUS. foram criados”
(Hb 11.3; cf.
2Pe 3.5). De conformidade com João. a Palavra que DEUS usou para criar todas as
coisas foi JESUS CRISTO (Jo 1.1-3). (2) A palavra de DEUS sustenta a criação.
Nas palavras do escritor aos Hebreus. DEUS sustenta “todas as coisas pela
palavra do seu poder” (Hb 1.3; ver também Sl 147.15-18). Assim como a palavra
criadora. essa palavra relaciona-se com JESUS CRISTO segundo Paulo insiste:
“todas as coisas subsistem por ele [JESUS]” (Cl 1.17). (3) A palavra de DEUS
tem o poder de outorgar vida nova. Pedro testifica que nascemos de novo “pela
palavra de DEUS. viva e que permanece para sempre” (1Pe 1.23; cf. 2 Tm 3.15; Tg
1.18). É por essa razão que o próprio JESUS é chamado o Verbo da vida (1Jo
1.1). (4) A palavra de DEUS também libera graça. poder e revelação. por meio
dos quais os crentes crescem na fé e na sua dedicação a JESUS CRISTO. Isaías
emprega um expressivo quadro verbal: assim como a água proveniente do céu faz
as coisas crescerem. assim a palavra que sai da boca de DEUS nos leva a crescer
espiritualmente (55.10.11). Pedro ecoa o mesmo pensamento ao escrever que. ao
bebermos do leite puro da palavra de DEUS. crescemos em nossa salvação (1Pe
2.2). (5) A palavra de DEUS é a arma que o Senhor nos proveu para lutarmos
contra Satanás (Ef 6.17; cf.Ap 19.13-15). JESUS derrotou Satanás. pois fazia
uso da Palavra de DEUS: “Está escrito” (i.e., “consta como a Palavra infalível
de DEUS”; cf. Lc 4.1-11; ver Mt 4.1-11). (6) Finalmente. a palavra de DEUS tem
o poder de nos julgar. Os profetas do AT e os apóstolos do NT frequentemente
pronunciavam palavras de juízo recebidas do Senhor. O próprio JESUS assegurou
que a sua palavra condenará os
que o
rejeitarem (Jo 12.48). E o autor aos Hebreus escreve que a poderosa palavra de
DEUS julga “os pensamentos e intenções do coração” (ver Hb 4.12). Noutras
palavras: os que optam por desconsiderar a palavra de DEUS. acabarão por
experimentá-la como palavra de condenação.
NOSSA ATITUDE
ANTE A PALAVRA DE DEUS.
A Bíblia
descreve. em linguagem clara e inconfundível. como devemos proceder quanto a
palavra de DEUS em suas diferentes expressões. Devemos ansiar por ouvi-la
(1.10; Jr 7.1.2; At 17.11) e procurar compreendê-la (Mt 13.23). Devemos louvar.
no Senhor. a palavra de DEUS (Sl 56.4.10). amá-la (Sl 119.47.113). e dela fazer
a nossa alegria e deleite (Sl 119.16.47). Devemos aceitar o que a palavra de
DEUS diz (Mc 4.20; At 2.41; 1Ts 2.13). ocultá-la nas profundezas de nosso
coração (Sl 119.11). confiar nela (Sl 119.42). e colocar a nossa esperança em
suas promessas (Sl 119.74.81.114; 130.5). Acima de tudo. devemos obedecer ao
que ela ordena (Sl 119.17.67; Tg 1.22-24) e viver de acordo com seus ditames
(Sl. DEUS conclama os que ministram a palavra (cf. 1Tm 5.17) a manejá-la
corretamente (2Tm 2.15 e a pregá-la fielmente (2Tm 4.2). Todos os crentes são
convocados a proclamarem a palavra de DEUS por onde quer que forem (At 8.4).
A INSPIRAÇÃO E
A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS - BEP - CPAD
2Tm 3.16,17
“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para
redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de DEUS
seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.”
O termo
“Escritura”, conforme se encontra em 2Tm 3.16, refere-se principalmente aos
escritos do AT (3.15). Há evidências, porém, de que escritos do NT já eram
considerados Escritura divinamente inspirada por volta do período em que Paulo
escreveu 2Tm (1Tm 5.18, cita Lc 10.7; 2Pe 3.15,16). Para nós, hoje, a Escritura
refere-se aos escritos divinamente inspirados tanto do AT quanto do NT, i.e., a
Bíblia. São (os escritos) a mensagem original de DEUS para a humanidade, e o
único testemunho infalível da graça salvífica de DEUS para todas as pessoas.
Paulo afirma
que toda a Escritura é inspirada por DEUS. A palavra “inspirada” (gr.
theopneustos) provém de duas palavras gregas: Theos, que significa “DEUS”, e
pneuo, que significa “respirar”. Sendo assim, “inspirado” significa “respirado
por DEUS”. Toda a Escritura, portanto, é respirada por DEUS; é a própria vida e
Palavra de DEUS. A Bíblia, nas palavras dos seus manuscritos originais, não
contém erro; sendo absolutamente verdadeira, fidedigna e infalível. Esta
verdade permanece inabalável, não somente quando a Bíblia trata da salvação,
dos valores éticos e da moral, como também está isenta de erro em tudo aquilo
que ela trata, inclusive a história e o cosmos (cf. 2Pe 1.20,21; note também a
atitude do salmista para com as Escrituras no Sl 119).
Os escritores
do AT estavam conscientes de que o que disseram ao povo e o que escreveram é a
Palavra de DEUS (ver Dt 18.18; 2Sm 23.2). Repetidamente os profetas iniciavam
suas mensagens com a expressão: “Assim diz o Senhor”.
JESUS também
ensinou que a Escritura é a inspirada Palavra de DEUS até em seus mínimos
detalhes (Mt 5.18). Afirmou, também, que tudo quanto Ele disse foi recebido da
parte do Pai e é verdadeiro (Jo 5.19, 30,31; 7.16; 8.26). Ele falou da
revelação divina ainda futura (i.e., a verdade revelada do restante do NT), da
parte do ESPÍRITO SANTO através dos apóstolos (Jo 16.13; cf. 14.16,17;
15.26,27).
Negar a
inspiração plenária das Sagradas Escrituras, portanto, é desprezar o testemunho
fundamental de JESUS CRISTO (Mt 5.18; 15.3-6; Lc 16.17; 24.25-27, 44,45; Jo
10.35), do ESPÍRITO SANTO (Jo 15.26; 16.13; 1Co 2.12-13; 1Tm 4.1) e dos
apóstolos (3.16; 2Pe 1.20,21). Além disso, limitar ou descartar a sua
inerrância é depreciar sua autoridade divina.
Na sua ação de
inspirar os escritores pelo seu ESPÍRITO, DEUS, sem violar a personalidade
deles, agiu neles de tal maneira que escreveram sem erro (3.16; 2Pe 1.20,21;
ver 1Co 2.12,13).
A inspirada
Palavra de DEUS é a expressão da sabedoria e do caráter de DEUS e pode,
portanto, transmitir sabedoria e vida espiritual através da fé em CRISTO (Mt
4.4; Jo 6.63; 2Tm 3.15; 1Pe 2.2).
As Sagradas
Escrituras são o testemunho infalível e verdadeiro de DEUS, na sua atividade
salvífica a favor da humanidade, em CRISTO JESUS. Por isso, as Escrituras são
incomparáveis, eternamente completas e incomparavelmente obrigatórias. Nenhuma
palavra de homens ou declarações de instituições religiosas igualam-se à
autoridade delas.
Qualquer
DOUTRINA, comentário, interpretação, explicação e tradição deve ser julgado e
validado pelas palavras e mensagem das Sagradas Escrituras (ver Dt 13.3).
As Sagradas
Escrituras como a Palavra de DEUS devem ser recebidas, cridas e obedecidas como
a autoridade suprema em todas as coisas pertencentes à vida e à piedade (Mt
5.17-19; Jo 14.21; 15.10; 2Tm 3.15,16; ver Êx 20.3). Na igreja, a Bíblia deve
ser a autoridade final em todas as questões de ensino, de repreensão, de
correção, de DOUTRINA e de instrução na justiça (2Tm 3.16,17). Ninguém pode
submeter-se ao senhorio de CRISTO sem estar submisso a DEUS e à sua Palavra
como a autoridade máxima (Jo 8.31,32, 37).
Só podemos
entender devidamente a Bíblia se estivermos em harmonia com o ESPÍRITO SANTO. É
Ele quem abre as nossas mentes para compreendermos o seu sentido, e quem dá
testemunho em nosso interior da sua autoridade (ver 1Co 2.12).
Devemos nos
firmar na inspirada Palavra de DEUS para vencer o poder do pecado, de Satanás e
do mundo em nossas vidas (Mt 4.4; Ef 6.12,17; Tg 1.21).
Todos na igreja
devem amar, estimar e proteger as Escrituras como um tesouro, tendo-as como a
única verdade de DEUS para um mundo perdido e moribundo. Devemos manter puras
as suas doutrinas, observando fielmente os seus ensinos, proclamando a sua
mensagem salvífica, confiando-as a homens fiéis, e defendendo-as contra todos
que procuram destruir ou distorcer suas verdades eternas (ver Fp 1.16; 2Tm
1.13,14; 2.2; Jd 3). Ninguém tem autoridade de acrescentar ou subtrair qualquer
coisa da Escritura (ver Dt 4.2; Ap 22.19).
Um fato final a
ser observado aqui. A Bíblia é infalível na sua inspiração somente no texto
original dos livros que lhe são inerentes. Logo, sempre que acharmos nas
Escrituras alguma coisa que parece errada, ao invés de pressupor que o escritor
daquele texto bíblico cometeu um engano, devemos ter em mente três
possibilidades no tocante a um tal suposto problema: (a) as cópias existentes
do manuscrito bíblico original podem conter inexatidão; (b) as traduções
atualmente existentes do texto bíblico grego ou hebraico podem conter falhas;
ou (c) a nossa própria compreensão do texto bíblico pode ser incompleta ou
incorreta.
A DOUTRINA DO
ESPÍRITO SANTO - BEP - CPAD
At 5.3,4
“Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que
mentisses ao ESPÍRITO SANTO e retivesses parte do preço da herdade?
Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que
formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a DEUS.”
É essencial que
os crentes reconheçam a importância do ESPÍRITO SANTO no plano divino da
redenção. Sem a presença do ESPÍRITO SANTO neste mundo, não haveria a criação,
o universo, nem a raça humana (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30). Sem o
ESPÍRITO SANTO, não teríamos a Bíblia (2Pe 1.21), nem o NT (Jo 14.26, 1Co 2.10)
e nenhum poder para proclamar o evangelho (1.8). Sem o ESPÍRITO SANTO, não
haveria fé, nem novo nascimento, nem santidade e nenhum cristão neste mundo.
Este estudo examina alguns dos ensinamentos básicos a respeito do ESPÍRITO
SANTO.
A PESSOA DO
ESPÍRITO SANTO.
Através da
Bíblia, o ESPÍRITO SANTO é revelado como Pessoa, com sua própria
individualidade (2Co 3.17,18; Hb 9.14; 1Pe 1.2). Ele é uma Pessoa divina como o
Pai e o Filho (5.3,4). O ESPÍRITO SANTO não é mera influência ou poder. Ele tem
atributos pessoais, a saber: Ele pensa (Rm 8.27), sente (Rm 15.30), determina
(1Co 12.11) e tem a faculdade de amar e de deleitar-se na comunhão. Foi enviado
pelo Pai para levar os crentes à íntima presença e comunhão com JESUS (Jo
14.16-18,26). À luz destas verdades, devemos tratá-lo como pessoa, que é, e
considerá-lo DEUS vivo e infinito em nosso coração, digno da nossa adoração,
amor e dedicação (ver Mc 1.11).
A OBRA DO
ESPÍRITO SANTO.
(1) A revelação
do ESPÍRITO SANTO no AT. (2) A revelação do ESPÍRITO SANTO no NT.
(a) O ESPÍRITO SANTO é o agente da salvação. Nisto Ele convence-nos do pecado
(Jo 16.7,8), revela-nos a verdade a respeito de JESUS (Jo 14.16,26), realiza o
novo nascimento (Jo 3.3-6), e faz-nos membros do corpo de CRISTO (1Co
. Na conversão,
nós, crendo em CRISTO, recebemos o ESPÍRITO SANTO (Jo 3.3-6; 20.22) e nos
tornamos coparticipantes da natureza divina (2Pe 1.4). (b) O ESPÍRITO SANTO é o
agente da nossa santificação. Na conversão, o ESPÍRITO passa a habitar no
crente, que começa a viver sob sua influência santificadora (Rm 8.9; 1Co 6.19).
Note algumas das coisas que o ESPÍRITO SANTO faz, ao habitar em nós. Ele nos
santifica, i.e., purifica, dirige e leva-nos a uma vida santa, libertando-nos
da escravidão ao pecado (Rm 8.2-4; Gl 5.16,17; 2Ts 2.13). Ele testifica que
somos filhos de DEUS (Rm 8.16), ajuda-nos na adoração a DEUS (At 10.45,46; Rm
8.26,27) e na nossa vida de oração, e intercede por nós quando clamamos a DEUS
(Rm
8.26,27). Ele
produz em nós as qualidades do caráter de CRISTO, que O glorificam (Gl 5.22,23;
1Pe
. Ele é o nosso
mestre divino, que nos guia em toda a verdade (Jo 16.13; 14.26; 1Co 2.10-16) e
também nos revela JESUS e nos guia em estreita comunhão e união com Ele (Jo
14.16-18; 16.14). Continuamente, Ele nos comunica o amor de DEUS (Rm 5.5) e nos
alegra, consola e ajuda (Jo 14.16; 1Ts 1.6). (c) O ESPÍRITO SANTO é o agente
divino para o serviço do Senhor, revestindo os crentes de poder para realizar a
obra do Senhor e dar testemunho dEle. Esta obra do ESPÍRITO SANTO relaciona-se
com o batismo ou com a plenitude do ESPÍRITO. Quando somos batizados no
ESPÍRITO, recebemos poder para testemunhar de CRISTO e trabalhar de modo eficaz
na igreja e diante do mundo (1.8). Recebemos a mesma unção divina que desceu
sobre CRISTO (Jo 1.32,33) e sobre os discípulos (2.4; ver 1.5), e que nos
capacita a proclamar a Palavra de DEUS (1.8; 4.31) e a operar milagres (2.43;
3.2-8; 5.15; 6.8; 10.38). O plano de DEUS é que todos os cristãos atuais
recebam o batismo no ESPÍRITO SANTO (2.39). Para realizar o trabalho do Senhor,
o ESPÍRITO SANTO outorga dons espirituais aos fiéis da igreja para edificação e
fortalecimento do corpo de CRISTO (1Co 12—14). Estes dons são uma manifestação
do ESPÍRITO através dos santos, visando ao bem de todos (1Co 12.7-11). (d) O
ESPÍRITO SANTO é o agente divino que batiza ou implanta os crentes no corpo
único de CRISTO, que é sua igreja (1Co 12.13) e que permanece nela (1Co 3.16),
edificando-a (Ef 2.22), e nela inspirando a adoração a DEUS (Fp 3.3), dirigindo
a sua missão (13.2,4), escolhendo seus obreiros (20.28) e concedendo-lhe dons
(1Co 12.4-11), escolhendo seus pregadores (2.4; 1Co 2.4), resguardando o
evangelho contra os erros (2Tm 1.14) e efetuando a sua retidão (Jo 16.8; 1Co
3.16; 1Pe 1.2).
As diversas
operações do ESPÍRITO são complementares entre si, e não contraditórias. Ao
mesmo tempo, essas atividades do ESPÍRITO SANTO formam um todo, não havendo
plena separação entre elas. Alguém não pode ter (a) a nova vida total em
CRISTO, (b) um santo viver, (c) o poder para testemunhar do Senhor ou (d) a
comunhão no seu corpo, sem exercitar estas quatro coisas. Por exemplo: uma
pessoa não pode conservar o batismo no ESPÍRITO SANTO se não vive uma vida de
retidão, produzida pelo mesmo ESPÍRITO, que também quer conduzir esta mesma
pessoa no conhecimento das verdades bíblicas e sua obediência às mesmas.
O
Dever dos Servos - 1 Timóteo 6:3-5 Comentário Bíblico - Matthew Henry
(Exaustivo) AT e NT (com algumas modificações do Pr. Henrique)
Paulo aqui
adverte Timóteo a apartar-se daqueles que corromperam a DOUTRINA de CRISTO, e a
tornaram um objeto de luta, debate e controvérsia (vv. 3-5): Se alguém ensina
alguma outra DOUTRINA, não prega de maneira prática, não ensina e exorta aquilo
que é para a promoção de uma piedade séria; se não concorda com palavras sãs,
palavras que têm uma disposição direta de curar a alma; se não conforma com
essas coisas, mesmo as palavras de nosso Senhor JESUS CRISTO.
Observe: Não
somos requeridos a concordar com as palavras em geral como sendo palavras sãs
exceto as palavras do nosso Senhor JESUS CRISTO; e a elas devemos dar nossa
aprovação e concordância sincera, e para com a DOUTRINA que é segundo a
piedade. Observe: A DOUTRINA de nosso Senhor JESUS é uma DOUTRINA segundo a
piedade. Ela tem uma inclinação direta de tornar as pessoas piedosas. Mas esse
que não concorda com as palavras de CRISTO é soberbo (v. 4) e contencioso,
ignorante, e causa muito prejuízo à igreja, não sabendo coisa alguma.
Observe:
Normalmente as pessoas mais soberbas são as que menos conhecem; porque com todo
o seu conhecimento elas não conhecem a si mesmas. Mas delira acerca de
questões. Aqueles que se afastam das doutrinas claras e práticas do
cristianismo acabam caindo em controvérsias, que destroem a vida e o poder da
religião. Eles deliram acerca de questões e contendas de palavras, que causam
um grande dano à igreja, e causam invejas, porfias, blasfêmias e ruins
suspeitas. Quando as pessoas não estão contentes com as palavras do Senhor
JESUS CRISTO e a DOUTRINA que é segundo a piedade, mas inventam palavras
próprias, que a sabedoria humana ensina, e que não estão de acordo com as
palavras que o ESPÍRITO SANTO ensina (1 Co 2.13), acabam semeando as sementes
muito danosas na igreja. Daí surgem contendas de homens corruptos de
entendimento (v. 5), contendas que são sutilezas e onde não há solidez alguma.
Observe:
Pessoas de entendimento corrupto são privados da verdade. O entendimento das
pessoas é corrupto porque não se apega à verdade como está em JESUS: cuidando
que a piedade seja causa de ganho, fazendo com que a religião se submeta aos
seus interesses seculares. Timóteo é advertido para afastar-se desse tipo de
gente.
Observamos:
1. As palavras
do nosso Senhor JESUS CRISTO são palavras sãs; elas são as mais adequadas para
impedir ou curar as feridas da igreja, bem como para curar uma consciência
machucada; porque CRISTO tem a língua erudita, uma boa palavra ao que está
cansado (Is 50.4). As palavras de CRISTO são as melhores para impedir rupturas
na igreja; porque ninguém que professe fé nele discutirá a competência ou
autoridade das palavras daquele que é seu Senhor e mestre, e a igreja não tem
sido bem-sucedida desde que as palavras de homens têm reivindicado uma atenção
igual às palavras dele, e, em alguns casos, uma atenção muito maior.
2. Todo aquele
que ensina alguma outra DOUTRINA e se não conforma com as sãs palavras é
soberbo e nada sabe; porque a soberba e a ignorância normalmente andam juntas.
3. Paulo marca
somente aqueles que não concordam com as sãs palavras do nosso Senhor JESUS
CRISTO e a DOUTRINA que é segundo a piedade. Eles são soberbos e nada sabem:
ele não conhecia outras palavras mais sãs do que essas.
4. Aprendemos
os efeitos tristes de delirar acerca de questões e contendas de palavras. Sobre
esses que deliram acerca de questões vêm invejas, porfias, blasfêmias e ruins
suspeitas. Quando as pessoas abandonam as palavras sãs do nosso Senhor JESUS
CRISTO, elas nunca concordarão nas suas palavras, quer sejam palavras próprias
ou a invenção de outras pessoas, mas perpetuamente discutirão e brigarão por
elas. E isso produzirá inveja, quando perceberem que as palavras dos outros
recebem a preferência em relação àquelas que adotaram para si; e isso será
acompanhado de desconfiança e dúvidas uns dos outros, chamadas aqui de ruins
suspeitas; então eles continuarão com discussões obstinadas.
5. Essas
pessoas dadas a discussões obstinadas parecem ser pessoas corruptas de
entendimento e destituídas da verdade; especialmente essas que agem dessa
maneira por causa do ganho, que é toda sua piedade, cuidando que a piedade seja
causa de ganho, contrário ao julgamento do apóstolo, que considerava a piedade
um grande ganho.
6. Ministros e
cristãos genuínos se afastarão desse tipo de pessoas. “Saí do meio deles, meu
povo, e apartai-vos”, diz o Senhor: Aparta-te dos tais.
A Excelência do
Contentamento. O Perigo da Avareza - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com
algumas modificações do Pr. Henrique)
1 Timóteo 6:6;
11
Com base na
menção do abuso que alguns atribuem à religião, para que sirva às suas
necessidades seculares, o apóstolo:
I
Aproveita a
oportunidade para mostrar a excelência do contentamento e o mal da avareza.
1. A excelência
do contentamento (vv. 6-8). Alguns consideram o cristianismo uma ocupação
vantajosa para este mundo. Da forma como entendem isso é falso; no entanto, é
indubitavelmente verdade que, embora o cristianismo seja o pior negócio, é o
melhor chamado no mundo. Aqueles que fazem um negócio dele, meramente para
servir seus interesses neste mundo, serão desapontados, e o considerarão um
negócio triste; mas esses que o consideram seu chamado, e aí fazem dele o seu
negócio, descobrirão que é um negócio rentável, porque tem a promessa da vida
agora, bem como da vida futura.
(1) A verdade
que ele apresenta é que é grande ganho a piedade com contentamento. Alguns
traduzem essa expressão: piedade com competência; isto é, se uma pessoa tem
muito pouco neste mundo, mas se tem o suficiente para viver, ele não precisa
desejar mais; sua piedade com aquilo que tem será seu grande ganho. Vale mais o
pouco que tem o justo do que as riquezas de muitos ímpios (Sl 37.16). Nós
lemos: piedade com contentamento; a piedade em si é um grande ganho, ela é
rentável em todas as coisas, e, onde quer que haja a verdadeira piedade, haverá
contentamento; mas esses que alcançaram o clímax do contentamento com a piedade
correspondente são certamente as pessoas mais felizes e tranquilas neste mundo.
Piedade com contentamento, isto é, o contentamento cristão (a satisfação deve
vir dos princípios da piedade) é um grande ganho; ele é toda riqueza do mundo.
A pessoa piedosa está certa do contentamento em outro mundo; e se apesar de
tudo se acomoda com contentamento a essa condição neste mundo, ela tem suficiente.
Temos aqui: [1] O lucro do cristão: piedade com contentamento. Esse é o
verdadeiro modo de lucro, sim, esse é o próprio ganho. [2] O lucro do cristão é
ótimo: ele não é semelhante ao lucro insignificante das pessoas deste mundo,
que são tão aficionadas por um pouco de vantagem mundana. [3] A piedade sempre
está acompanhada de contentamento em maior ou menor escala; todas as pessoas
verdadeiramente piedosas aprenderam com Paulo, que independentemente do estado
em que estão, devem contentar-se com o que tem (Fp 4.11). Elas estão contentes
com o que DEUS reparte para elas, sabendo que isso é o melhor para elas. Vamos,
portanto, esforçar-nos para obter a piedade com contentamento.
II
Mas tu, ó homem
de DEUS, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a
paciência, a mansidão. 1 Timóteo 6:11
Por essa razão,
ele aproveita a oportunidade para acautelar Timóteo e aconselhá-lo a manter-se
no caminho de DEUS e no seu dever, e mais especificamente para ser digno da
confiança depositada nele como ministro. O apóstolo chama Timóteo de homem de
DEUS. Ministros são homens de DEUS e devem se conduzir de acordo em todas as
coisas. Eles são homens para DEUS, devotados à sua honra mais imediatamente. Os
profetas do Antigo Testamento eram chamados de homens de DEUS.
1. Ele ordena
Timóteo a acautelar-se do amor ao dinheiro, que tinha sido tão pernicioso para
tantos: foge destas coisas. Faz mal para qualquer pessoa, mas especialmente
para homens de DEUS, colocar seu coração em coisas deste mundo. Homens de DEUS
deveriam dedicar-se às coisas de DEUS.
2. Ele fala a
Timóteo para armá-lo contra o amor ao mundo, o apóstolo o orienta a seguir
aquilo que é bom: segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a
mansidão: justiça em sua conduta com os homens, piedade em relação a DEUS, fé e
amor como princípios de vida, para apoiá-lo e levá-lo adiante na prática da
justiça e da piedade. Esses que seguem a justiça e a piedade, como princípio de
fé e amor, precisam usar a paciência e a mansidão – paciência para suportar as
repreensões da Providência e dos homens, e mansidão para instruir os
contraditores e para não tomar conhecimento das afrontas e insultos. Observe:
Não é suficiente para um homem de DEUS fugir destas coisas, mas ele deve seguir
aquilo que é diretamente contrário a elas. Além disso, aqueles que seguem a
justiça são excelentes homens de DEUS. Eles são os excelentes da terra, e,
sendo aceitáveis por DEUS, deveriam ser aprovados pelos homens.
3. Ele exorta
Timóteo a exercer a função de um soldado: Milita a boa milícia da fé. Observe:
Esses que irão para o céu devem militar seu caminho até lá. Deve haver um
combate contra a corrupção e as tentações, e a oposição dos poderes das trevas.
Observe: Essa é uma boa milícia, é uma boa causa, e ela levará a um bom termo.
É um combate de fé. Não militamos segundo a carne, porque as armas da nossa
milícia não são carnais (2 Co 10.3,4). 4. Ele o exorta a tomar posse da vida
eterna. Observe: (1) A vida eterna é a coroa proposta para nós, para o nosso
encorajamento na guerra, e para militar a boa milícia da fé, a boa batalha
espiritual. (2) Devemos tomar posse dela, como aqueles que estão com medo de
não a alcançar e perdê-la. Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa
(Ap 3.11). (3) Somos chamados a batalhar e a tomar posse da vida eterna. (4) A
profissão de fé que Timóteo e todos os ministros fiéis fazem diante de muitas
testemunhas é uma boa profissão; porque eles professam e se comprometem a militar
a boa milícia da fé e a tomar posse da vida eterna. O chamado deles e a própria
profissão de fé os obriga a isso.
Comentário
Bíblico Wesleyana - (com algumas modificações do Pr. Henrique)
Orientações
relativamente à vida piedosa (1 Tim. 6:3-21 )
A. FALSOS
MESTRES descreve e denuncia (6:3-10 )
1. Seu Orgulho
Perigoso e avareza (6:3-5 )
3 Se
alguém ensina alguma DOUTRINA diversa desta ensinada, e torce o ensino
e até mesmo as palavras de nosso Senhor JESUS CRISTO, está em
desacordo com a DOUTRINA que é segundo a piedade, 4 ele se
ensoberbece, não sabendo nada, mas delira acerca de questões e disputas de
palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins
suspeitas, 5 disputas de homens corruptos de entendimento, e privados
da verdade, cuidando que a piedade é fonte de lucro.
Paulo começa a
divisão final desta epístola descrevendo o personagem do mal e da influência de
alguém que se opõe à verdade, cuja pureza Timoteo deveria corrigir para
preservar a verdadeira doutrina. Os falsos mestres ensinavam uma DOUTRINA
diferente do que toda a Palavra de DEUS ensinava e tinha por objetivo
produzir santidade prática, como a que era ensinada pelo Apóstolo
Paulo, visando a obediência a sãs palavras que dão saúde moral para o
indivíduo e para a sociedade. Esses falsos mestres não mostravam nenhum
respeito pela autoridade apostólica, ou pelas palavras do Senhor JESUS
CRISTO , ou pela DOUTRINA que é segundo a piedade. Apesar de
qualquer reivindicação desses falsos mestres que suas doutrinas são apenas
novos aspectos da verdade, o resultado de aceitá-los seria a alienação de
CRISTO, cujo objetivo era apenas fazer pessoas alegres e felizes com suas
próprias ações. Esses falsos professores não recebem as suas doutrinas de
DEUS; eles são auto originadas e visavam a promoção de seus interesses
pessoais.
Esses hereges
hipócritas são descritos por palavras simples. Tal pessoa
está "inchado", é um "ignorante pomposo" (NEB), auto
vaidoso; não sabendo nada, como deveria, pois, ele inteiramente
desconhece os princípios do evangelho. Ele é "um homem de
cérebro doente" (Macknight), delira acerca de questões e contendas de
palavras. A palavra traduzida delira sugere alguém que é louco,
ou que delira. Ele tem um apetite doentio que se recusa a verdade moral e
espiritual, mas morbidamente aprecia brigas verbais e disputas
acadêmicas. Fora deste combate a palavra inveja vem, com porfias, com
blasfêmias [e] com mal suspeitas . Hiebert fala dessas
coisas como sendo elas características ou "consequências sociais"
decorrentes de uma condição tão mentalmente doente. Inveja ou ciúmes de
presentes e sucessos de outros; contenda, que procura
preeminência; linguagem dura e veemente usada pelos falsos pontos de vista
e motivos impuros daqueles que recorrem à sua utilização; e más
suspeitas, ou suspeitas injustas ou insinuações maliciosas contra a honestidade
dos motivos de quem discorda deles.
Tais disputas,
brigas prolongadas e irritantes, criam atrito na Igreja e revelam que os
agitadores são homens corruptos de entendimento, e privados da
verdade. Suas "mentes", o órgão do pensamento moral e
compreensão, está em um estado de corrupção e desintegração, não mais
funcionando normalmente." Eles estão se aproximando, se não tiverem
alcançado, a condição chocante descrita por Paulo em 2
Tessalonicenses. 2: 9-12 . "Pervertida no seu íntimo na
maior parte da vida, não tinham nem a susceptibilidade da verdade espiritual,
nem poder para apreendê-la. "Eles deixam seus poderes de raciocínio se
tornarem atrofiados" (NEB). Portanto, não é surpresa encontrá-los,
considerando que a piedade é fonte de lucro. Eles não estavam
preocupados com a demonstração da verdadeira piedade, mas com o avanço de seus
próprios interesses mundanos. "Eles valorizavam o evangelho apenas
como para assegurarem vantagens mundanas em riqueza e posição social."
Assim como Simão, o mágico (cf. Atos 8: 14-24 ), eles iriam usar o
poder do nome divino, e professar a abraçar o cristianismo, a fim de promover
seus negócios e posição social. Tal equívoco do cristianismo prova como
imoral o caráter desses pretensos líderes e demonstra a necessidade de cuidado
na seleção de oficiais da igreja.
2. A relação
entre a piedade e Riqueza (6:6)
6 Mas
a piedade com contentamento é grande ganho.
Embora Paulo
"repudia o conceito pervertido que a piedade é um meio de fazer avançar um
de interesses materiais, ... ele sabe que há um sentido", em que a
piedade com contentamento é grande ganho nesta vida. É interessante
observar a interpretação de Macknight da palavra
grega eusebeia (piedade), que "nesta passagem significa, a fé na
providência de DEUS, renúncia a sua vontade, esperança de recompensa na vida
futura, e um esforço consistente para agradar a DEUS; porque destas coisas
piedade ou religião verdadeira consistem. "William Barclay oferece um
excelente estudo da palavra de piedade , descrevendo-o como "o
produto de uma vida que é vivida à luz da eternidade."
Contentamento adicionado à piedade é grande ganho.
B. OS DEVERES
DO HOMEM DE DEUS (6:11)
11 Mas
tu, ó homem de DEUS, foge destas coisas; e segue a justiça, a piedade, a
fé, o amor, a paciência, a mansidão.
Paulo divaga
novamente para fazer um apelo pessoal a Timóteo, um homem de DEUS ,
em contraste com os impostores que fizeram um deus de ganho. Ele é um
crente maduro, mas esta designação especial, parece pessoal, em vez de um
título eclesiástico (cf.1 Sam. 9: 6 ; 1 Reis
17:18 ). Significa um a quem DEUS colocou a mão para o serviço e que
tem respondido por viver tão completamente no reino espiritual santo.
1.
"Foge" (6:11a )
Como
um homem de DEUS , em vez de um homem do mundo, este ministro
representante do evangelho de valores espirituais deve fugir da
cobiça e todas aquelas coisas que o mundo ama. A palavra sugere "Fuga
para a vida!", Como se estivesse fugindo de uma serpente ou uma
peste. "O amor do dinheiro em ministros da igreja só serve para
desacreditar a religião aos olhos das pessoas comuns, que os
conduzem a entregarem-se a muitos vícios grosseiros." Homens de DEUS devem
evitar este mal.
2.
"Segue" (6:11b )
Há uma fase
positiva para os deveres do homem de DEUS . Embora ele
deva fugir da cobiça e sua armadilha do mal, há certas virtudes que
devem seguir. Uma das maneiras de escapar de que DEUS odeia é buscar
sinceramente o que Ele ama. Essas virtudes que o homem espiritual deve
perseguir estão dispostas em três pares, que (como grupo) são contrastados com
os vícios dos vv. 4-5 .
Justiça e piedade descrevem
a atitude correta para com DEUS como um das armas práticas em oposição ao
pecado. O crente que pratica a Justiça e a piedade é conduzido à
devoção e à adoração. Fé e amor são os princípios fundamentais
do cristianismo e são qualidades cruciais da nova vida. "A justiça é a
prole de fé e piedade é a prole de amor."
A
paciência e a mansidão expressam os princípios que são
necessários para resistir com êxito os antagonismos do mundo. As
provocações serão grandes, mas a graciosa provisão de DEUS é suficiência do
crente (cf. 2 Cor. 12: 9-10 ).
Comentário -
NVI - F. F. Bruce (com algumas modificações do Pr. Henrique)
Falsos mestres
(6.3-10)
Tendo recebido
a ordem, Ensine e recomende essas coisas, Timóteo agora recebe advertências
acerca dos que vão contradizê-lo.
Dois testes vão
revelar se eles são ortodoxos (ou seja, professam a sã doutrina, conforme a
Palavra de DEUS).
(a) a sã
DOUTRINA de nosso Senhor JESUS: É improvável que isso signifique palavras
exatas do Salvador, mas, antes, as palavras saudáveis que se originam, e estão
centradas, em CRISTO através dos do AT e dos evangelhos e das cartas e dos
livros do NT.
(b) o ensino
que é segundo a piedade. Uma referência à instrução que promove a piedade.
Em seguida, é
exposto o caráter desses mestres. Eles devem ser identificados por
três coisas: orgulho, contendas e avareza.
Embora ele
seja orgulhoso, esse homem é rejeitado com uma frase curta: nada entende.
Poderia ser chamado de “ignorante pomposo” (cf. NEB). Contencioso,
ele briga acerca de palavras. Isso surge de um interesse doentio por
controvérsias. O termo doentio (noseõ) está em forte contraste com a sã ou
“saudável” DOUTRINA do v. 3. Esse espírito de contenda produz uma hoste de
coisas más (v. 4b). Esses indivíduos são “corrompidos” no juízo moral e
privados da verdade. Eles têm somente um interesse comercial na fé e,
assim, acrescentam a ganância aos seus pecados.
Isso conduz a
uma homilia acerca da atitude cristã em relação às riquezas. Engatando na
expressão que a piedade é fonte de lucro como se fosse o slogan deles, Paulo
faz concessões sobre sua veracidade, mas somente nos casos em que está
livre de cobiça. contentamento (autarkeia) para o filósofo estoico
continha o sentido de “independência de” e “indiferença às
circunstâncias”. Para o cristão, tem um significado mais
profundo, uma satisfação com a situação ordenada por DEUS. A única
outra ocorrência dessa palavra no NT está em 2 Co 9.8, em que a ARA
traz “ampla suficiência” (cf. Fp 4.10-13). Seguem as razões do
contentamento. A primeira, em forma de provérbio (v. 7), lembra Jó
1.21; Ec 5.15 e a parábola de Lc 12.16-21. Destaca a futilidade de se
concentrar naquilo que é de natureza temporal somente. Em
segundo lugar, o contentamento requer o mínimo para a sua
sustentação, somente o que comer e com que vestir-nos. Ambos são tópicos
das promessas do Salvador (Mt 6.25-33). Em terceiro lugar, a cobiça tem
resultados trágicos. A. S. Way traduz os v. 9,10 assim: “Mas os
que suspiram por ficar ricos caem no laço da tentação e em muitos desejos
tolos e nocivos que soterram os homens em buracos de ruína e
destruição; pois o amor ao dinheiro é uma raiz de onde nascem todos os
males. Alguns se apegaram a isso, desviaram-se da fé e se empalaram
em muitas angústias”. Ele então acrescenta a interessante nota de rodapé:
“A metáfora [...] pode ser tomada dos animais selvagens, que saltam
após a isca pendurada sobre um fosso, caem nele e são empalados nas
estacas abaixo”. A determinação de ficar rico, independentemente das
desculpas oferecidas à alma, só pode resultar em desastre espiritual, e
Paulo pensa com tristeza em algumas pessoas que, por causa do amor ao dinheiro
[...] desviaram-se da fé.
6) O “homem de
DEUS” (6.11-16)
A escolha dessa
expressão homem de DEUS, com seu lembrete do profeta como homem de DEUS
para o momento, iria transmitir a Timóteo tanto encorajamento quanto
desafio. Ele não deve se contentar simplesmente em fugir dos males que
Paulo tem explanado, mas também buscar as virtudes em que consiste a
verdadeira riqueza cristã. Timóteo possuía riqueza espiritual superior a todas
as riquezas materiais: Por este motivo, te lembro que despertes o dom de DEUS,
que existe em ti pela imposição das minhas mãos. 2 Timóteo 1:6
A Igreja de
CRISTO pertence a um novo tempo e deve obedecer ao ensino do Novo Testamento.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 12, A
Coragem do Apóstolo Paulo diante da Morte
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
https://youtu.be/KsB81-v5Dxs
Vídeo desta Lição
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/escrita-licao-12-coragem-do-apostolo.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/slides-licao-12-coragem-do-apostolo.html
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-12-a-coragem-do-apstolo-paulo-diante-da-morte-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - Atos 21.7-15
7 - E nós,
concluída a navegação de Tiro, viemos a Ptolemaida; e, havendo saudado os
irmãos, ficamos com eles um dia. 8 - No dia seguinte, partindo dali Paulo e nós
que com ele estávamos, chegamos a Cesareia; e, entrando em casa de Filipe, o
evangelista, que um dos sete, ficamos com ele. 9 - Tinha este quatro filhas
donzelas, que profetizavam. 10 - E, demorando-nos ali por muitos dias, chegou
da Judeia um profeta, por nome Ágabo; 11 - e, vindo ter conosco, tomou a cinta
de Paulo e, lingando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o ESPÍRITO
SANTO; Assim ligarão os judeus, em Jerusalém, o varão de quem é esta cinta e o
entregarão nas mãos dos gentios. 12 - E, ouvindo nós isto, rogamos-lhe, tanto
nós como os que eram daquele lugar, que não subisse a Jerusalém. 13 - Mas Paulo
respondeu: Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou
pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor
JESUS. 14 - E, como não podíamos convencê-lo, nos aquietamos, dizendo: Faça-se
a vontade do Senhor! 15 - Depois daqueles dias, havendo feito os nossos
preparativos, subimos a Jerusalém.
Comentários da
BEP - CPAD (com algumas modificações do Pr. Henrique)
21.9
FILHAS...QUE PROFETIZAVAM. A igreja pode receber o dom espiritual de profetizar
(i.e., um dos dons de manifestação do ESPÍRITO) cf. 1 Co 11.5; 12.10,11.
Entretanto, nos escritos do NT não consta que uma mulher exercesse o ministério
de profeta. O versículo em apreço diz que as quatro filhas de Filipe
profetizavam (gr. propheteusai - 1 Co 12.4), mas não são chamadas profetizas.
Por outro lado, somente homens, como é o caso de Ágabo, em At 21.10, são
chamados profetas; isto quanto ao dom ministerial de profeta (ver Ef 4.11).
21.10 UM
PROFETA, POR NOME ÁGABO. Ágabo, um dos profetas da igreja que predisseram a
fome de 46 d.C. (At 11.27,28), agora prediz que Paulo será preso e encarcerado.
Quanto mais perto de Jerusalém Paulo se aproximava, tanto mais claras e
específicas ficaram as revelações sobre a sua ida (v. 11). A profecia de Ágabo
não dizia que Paulo não fosse a Jerusalém, mas somente o que lhe aguardava se
fosse. Note que, em nenhum incidente registrado no NT, o dom de profecia foi
usado para dirigir pessoas em casos que pudessem ser resolvidos pelos
princípios bíblicos. As decisões no tocante à moralidade, compra e venda, ao
casamento, ao lar e à família devem ser tomadas mediante a aplicação e
obediência aos princípios da Palavra de DEUS e não meramente à base de uma profecia
. No NT, expressões vocais proféticas visavam, em primeiro lugar, à edificação,
exortação e consolação da igreja (1 Co 14.3), e frequentemente à orientação no
cumprimento de missão (ver 16.16). Fica evidente que um profeta pode ser usado
por DEUS para trazer uma mensagem diretamente de DEUS sobre o futuro (dom
Palavra de Sabedoria) ou uma revelação sobrenatural do passado ou do presente
(dom Palavra de Conhecimento).
21.13 MAS PAULO
RESPONDEU. Este trecho demonstra que a vontade da maioria, ou até mesmo o
desejo unânime de crentes genuínos e sinceros, nem sempre significa a vontade
de DEUS. Paulo não estava indiferente à imploração e às lágrimas dos seus
amigos; mesmo assim, não podia alterar seu propósito resoluto em sofrer
encarceramento e até mesmo morrer por amor ao nome do Senhor JESUS, pois para
isto mesmo foi chamado.
21.14 FAÇA-SE A
VONTADE DO SENHOR. Muitos discípulos (v. 4), bem como o profeta Ágabo (v. 11),
profetizaram dos sofrimentos que Paulo passaria se fosse a Jerusalém. Estes
cristãos interpretaram a palavra profética como uma orientação pessoal a Paulo
para que ele não fosse a Jerusalém (vv. 4,12). Paulo, embora reconhecesse a
veracidade da revelação (v. 11), não aceitou a sincera interpretação que os
discípulos deram à profecia (v. 13). Confiava na orientação pessoal do ESPÍRITO
SANTO e na Palavra de DEUS aplicada pessoalmente a si para tomar uma decisão
tão importante (At 23.11; ver At 21.4). No tocante ao nosso ministério futuro,
devemos esperar numa palavra pessoal de DEUS, e não meramente depender da
palavra dos outros. Os irmãos agiram sentimentalmente, enquanto Paulo agiu
espiritualmente.
Na casa de
Filipe, o evangelista, em Cesareia, estavam agora três ministros de CRISTO -
três ministérios da igreja reunidos. Apóstolo (Paulo), Profeta(Ágabo) e
Evangelista (Filipe). E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para
profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,
Efésios 4:11.
Resumo da Lição
12, A Coragem do Apóstolo
I – A
CONSCIÊNCIA DE PAULO QUANTO A PADECER POR JESUS
1. A
insistência de Paulo em ir a Jerusalém.
2. De Mileto
para Tiro.
3. Passando por
Cesareia.
II – A CORAGEM
PARA ENFRENTAR AS AMEAÇAS DE MORTE
1. A coragem do
apóstolo pela voz do ESPÍRITO.
2. A chegada em
Jerusalém.
3. Paulo se
depara com seus oponentes judeus.
III – ACUSAÇÕES
E A PRISÃO DE PAULO NO TEMPLO
1. As acusações
mentirosas contra Paulo.
2. A prisão do
apóstolo e o enfrentamento contra seus algozes.
3. Paulo
dialoga com Lísias (At 21.37-40).
Resumo geral da
Lição
INTRODUÇÃO
Muitas vezes
nosso chamado requer de nós até mesmo a morte, por isso precisamos de coragem
para enfrentar tudo o que viver a nos confrontar, mesmo que seja um confronto
do bem, ou seja, de parentes e amigos.
I – A
CONSCIÊNCIA DE PAULO QUANTO A PADECER POR JESUS
JESUS já havia
revelado a Ananias que Paulo haveria de padecer pelo seu nome.
Através das
várias revelações de DEUS a seus profetas da Igreja, Paulo discerniu que era a
vontade de DEUS que ele enfrentasse prisões e açoites pelo nome de JESUS, em
Jerusalém.
O apóstolo
decidiu, em seu coração, que deveria ouvir a voz do ESPÍRITO SANTO e partir
para seu destino de um gloriosos fim de ministério. Nem mesmo os filhos da fé
que ele fizera para CRISTO e seus mais íntimos amigos o poderiam deter.
Os discípulos
em Tiro aconselharam Paulo a não ir a Jerusalém, pois enfrentaria muitas
ameaças, mas Paulo estava decidido a dar até mesmo sua vida para que JESUS
fosse conhecido e reconhecido como filho de DEUS.
Passando por
Cesareia Paulo encontrou Filipe, um dos diáconos eleitos em Jerusalém, que se
tornara um evangelista inflamado pelo ESPÍRITO SANTO.
Filipe era
homem espiritual, cheio do ESPÍRITO SANTO e muito usado em dons do Mesmo e suas
quatro filhas donzelas eram usadas em dom de profecia (At 21.8,9).
Paulo passou
oito dias em Cesareia desfrutando da companhia de irmãos como Filipe e quem
sabe, até de Cornélio e sua família que haviam se convertido quando Pedro os
visitou. Cesareia seria a morada de Paulo por pouco mais de dois anos mais
tarde, quando de sua prisão e testemunho diante de governadores e rei.
II – A CORAGEM
PARA ENFRENTAR AS AMEAÇAS DE MORTE
Depois de
insistirem para Paulo não ir a Jerusalém e diante de sua recusa em ouvi-los, os
irmãos lhe disseram: “Faça-se a vontade do Senhor” (At 21.14).
A recepção de
Paulo em Jerusalém foi feita de muito boa vontade pelos irmãos da igreja (At
21.17).
Acontecia ali a
festa tradicional de Pentecostes que comemorava as colheitas e a promulgação da
lei.
Paulo
encontrou-se com os anciãos e Tiago, o irmão do Senhor, um dos principais
líderes da igreja em Jerusalém (At 21.18; Gl 2.9), agora apóstolo da igreja do
segundo colegiado (Gl 1.19), assim como Paulo e Barnabé (At 14.14).
Quando os
líderes ouviram do apóstolo o que DEUS estava fazendo na vida dos gentios e os
milagres em seu ministério (At 21.19) glorificaram a DEUS pelas maravilhas que
Ele havia feito por intermédio do seu servo (At 21.20).
Os judaizantes
queriam um cristianismo judaizante, com costumes e ritos, tais como a
circuncisão, a guarda do sábado, entre outros. Porém nem a liderança da igreja
em Jerusalém e nem Paulo concordavam com isto.
III – ACUSAÇÕES
E A PRISÃO DE PAULO NO TEMPLO
As principais
acusações dos judaizantes contra o apóstolo Paulo eram de que ensinava que os
judeus entre os gentios deviam se apartar da lei de Moisés; ensinava que eles
não deveriam circuncidar os filhos; e ensinava que não deviam andar segundo a
lei de Moisés (At 21.21).
Tiago e os
anciãos da igreja, procurando promover a paz na Igreja formada por judeus e
gentios apresentaram sugestões para o apóstolo Paulo: dentre elas: Levar quatro
homens que fizeram voto de nazireu; pagar as despesas deles; raspar a própria
cabeça como demonstração de que praticava a lei (At 21.23,24).
A maioria dos
judeus da Ásia, que veio para a Festa de Pentecoste ao ver Paulo no Templo
começou a alvoroçar todo o povo, lançando mão ao apóstolo, acusando-o de
inimigo de Moisés e profanador do Templo (At 21.27,28).
Os judeus que
ouviram esses incitadores agarraram o apóstolo e o arrastaram para fora do
Templo, fechando suas portas (At 21.30). Essa gente começou a pedir o
linchamento (ou apedrejamento) de Paulo e essa notícia chegou ao comandante
chamado Claudio Lísias.
O comandante
Claudio Lísias investigou o problema, prendeu e algemou o apóstolo, levando-o
ao quartel–general que ficava na Torre Antônia, onde eram colocados seus presos
(At 21.33).
Paulo se
declarou cidadão romano ao comandante Claudio Lísias.
O apóstolo
padecia pelo nome de JESUS porque desejava proclamar o Evangelho para as
pessoas que o odiassem.
CONCLUSÃO
A visão que
Paulo tinha da missão evangelizadora o fazia enfrentar toda e qualquer oposição
e sofrimento.
Atos 21:7 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com
algumas modificações do Pr. Henrique)
A chegada deles
a Ptolemaida, que não era distante de Tiro (v. 7): E nós (...) viemos a
Ptolemaida, que alguns pensam que é o mesmo local de Aco, que nós encontramos
na tribo de Aser (Jz 1.31). Paulo rogou que o deixassem desembarcar ali, para
saudar os irmãos, para saber da situação deles, e testemunhar sua boa vontade
para com eles; embora não pudesse ficar muito tempo, mesmo assim ele não
passaria por ali sem fazer uma visita de cortesia, e ficou com eles um dia,
talvez fosse o dia do Senhor; melhor uma breve estadia do que nenhuma
visita.
A Profecia de
Ágabo em Cesareia. A Fidelidade de Paulo à sua Resolução de Visitar Jerusalém
Atos
21:8-14
Nós temos aqui
Paulo e seus companheiros por fim chegados a Cesaréia, onde ele pretendia se
demorar, sendo este o local onde o evangelho foi primeiramente pregado aos
gentios, e onde caiu o ESPÍRITO SANTO sobre todos os que ouviam a palavra (Atos
10.1,44 - E havia em Cesareia um varão por nome Cornélio, centurião da coorte
chamada Italiana, piedoso e temente a DEUS, com toda a sua casa, o qual fazia
muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a DEUS. Atos 10:1,2).
Agora aqui nos
é dito:
I
Quem acolheu
Paulo e seus companheiros em Cesaréia. Ele raramente tinha a oportunidade de
ficar em uma hospedaria, mas, sempre que chegava, um amigo ou outro o recebia e
dava-lhe as boas-vindas. Note: Aqueles que navegaram juntos se separaram quando
a viagem foi concluída, conforme suas ocupações. “Aqueles que eram responsáveis
pela carga permaneceram onde estava o navio a fim de este ser descarregado (v.
3); outros, quando chegaram a Ptolemaida, seguiram seu caminho de acordo com
suas tarefas; mas nós que éramos da companhia de Paulo íamos aonde ele ia, e
chegamos a Cesaréia.” Aqueles que viajam juntos por este mundo se separarão na
morte, e então aparecerá quem pertence ao grupo de Paulo e quem não pertence.
Agora, em Cesaréia:
1. Eles foram
acolhidos por Filipe, antes diácono em Jerusalém, agora, o evangelista, a quem
DEUS enviou a Cesaréia muitos anos atrás, depois que ele tinha batizado o
eunuco (Atos 8.40), e ali nós agora o encontramos.
(1)
Originariamente, ele era diácono, um dos sete que foram escolhidos para servir
às mesas (Atos 6.5).
(2) Ele agora,
e já por muito tempo, era evangelista, alguém que trata de plantar e cuidar de
igrejas, como os apóstolos fizeram e se dedicaram à palavra e oração; desse
modo, ao servir bem como diácono adquiriu para si uma boa posição; e tendo sido
fiel sobre o pouco, foi colocado sobre muito.
Filipe esteve
fazendo uma grande obra para DEUS em Samaria, onde foi tremendamente usado por
DEUS em sinais, prodígios e maravilhas. Depois enviado a pregar etíope, eunuco,
mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos
os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração (Atos 8:27) e depois foi
transportado milagrosamente para Azoto e depois chegou a Cesaréia (E Filipe se
achou em Azoto e, indo passando, anunciava o evangelho em todas as cidades, até
que chegou a Cesareia. Atos 8:40).
(3) Ele tinha
uma casa em Cesaréia, capaz de abrigar a Paulo e a toda sua companhia, e
recebeu a ele e aos outros muito bem. E entrando em casa de Filipe, o
evangelista, ficamos com ele. Assim convém aos que se tornaram cristãos e
ministros, de acordo com suas capacidades, ser hospitaleiros uns para os
outros, sem murmurações (1 Pe 4.9).
2. Este Filipe
tinha quatro filhas donzelas, que profetizavam (v. 9). Isso dá a entender que
elas eram usadas em dom de profecia (para edificação, consolação e exortação -
portanto, não com capacidade de prever o futuro sobre os problemas que Paulo
teria em Jerusalém).
Por onde Paulo
passou, com em Tiro, outros profetas da igreja haviam avisado a Paulo sobre seu
futuro, mas nenhum deles o dissuadiram de partir. Paulo sabia das dificuldades
que ele teria pela frente.
II
Uma predição
clara e completa dos sofrimentos de Paulo, por um profeta conhecido. Ágabo já
havia sido usado pelo ESPÍRITO SANTO para profetizar sobre acontecimento futuro
e sua predição se cumpriu (E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a
entender, pelo ESPÍRITO, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso
aconteceu no tempo de Cláudio César. Atos 11:28).
1. Paulo e sua
companhia demoraram-se muitos dias em Cesaréia, talvez Cornélio ainda vivesse
ali, e (embora Filipe lhes desse alojamento) ainda podia ser de muitos modos
agradável a eles, e induzi-los a ficar mais tempo. Que motivo Paulo viu para
demorar-se tanto tempo ali, e se apressar tão pouco na parte final de sua
viagem a Jerusalém, quando parecia ter tanta pressa no início dela, nós não
sabemos dizer; mas estamos certos de que ele não ficou ali ou em qualquer outro
lugar por preguiça; ele media seu tempo em dias, e os contava.
2. Chegou da
Judéia um profeta por nome Ágabo; este era aquele de quem nós lemos
anteriormente, que foi de Jerusalém a Antioquia, para predizer uma fome geral
(Atos 11.27,28). Veja como DEUS dispensa seus dons de maneira variada. A Paulo
foram dados pelo ESPÍRITO SANTO vários dons, como dons de curar, de milagre,
discernimentos de espíritos etc. Paulo tinha o ministério de apóstolo (Ef
4.11).
Ágabo era
ministro de CRISTO como profeta (Ef 4.11), e as filhas de Filipe tinham dom de
profecia pelo ESPÍRITO (1 Co 12.10) – a predição de coisas futuras não é dada
ao dom de profecia, mas, sim ao profeta.
Temos a
impressão de que Ágabo foi enviado pelo ESPÍRITO SANTO a Cesaréia, para
encontrar Paulo com essa mensagem profética. Creio que o ESPÍRITO SANTO queria
a confirmação de Paulo de que ele estaria disposto a perder sua vida pelo
evangelho.
3. Ágabo
predisse as prisões de Paulo em Jerusalém:
(1) Por um
sinal, como os profetas antigos faziam, Isaías (Atos 20.3), Jeremias (Atos
13.1; 27.2), Ezequiel (Atos 4.1; 12.3), e muitos outros. Ágabo tomou a cinta de
Paulo, quando ele a tirou, ou talvez a tenha tomado da cintura dele, e com ela
ligando-se os seus próprios pés e mãos amarrando suas mãos e pés juntos,
proclamou sua profecia; isso foi planejado tanto para confirmar a profecia (era
tão certo ocorrer como se já tivesse ocorrido) quanto para afetar, com isso,
aqueles ao seu redor, porque aquilo que nós vemos normalmente nos causa uma
maior impressão do que aquilo que nós apenas ouvimos.
(2) Por uma
explicação do sinal: Isso diz o ESPÍRITO SANTO - Assim ligarão os judeus em
Jerusalém o varão de quem é esta cinta, e, como eles trataram o seu Mestre (Mt
20.18,19), o entregarão nas mãos dos gentios, como os judeus em outros lugares
tinham sempre se esforçado em fazer, acusando-o diante dos governadores
romanos. Paulo recebeu esta advertência expressa acerca das suas dificuldades,
para que pudesse se preparar para elas, e para que quando elas viessem, não
fossem nenhuma surpresa nem terror para ele; o aviso geral de que por muitas
tribulações nos importa entrar no reino de DEUS deve ter a mesma função para
nós (Atos 14.22).
III
A grande
importunação que os seus amigos usaram para com ele para dissuadi-lo de ir
adiante a Jerusalém (v. 12).
“Não só os
daquele lugar, mas nós que éramos da companhia de Paulo, e entre os demais o
próprio Lucas, que tinha ouvido isso muitas vezes antes, e, todavia, visto a
resolução de Paulo, rogamos com lágrimas que ele não subisse a Jerusalém, mas
continuasse seu curso por algum outro caminho.” Sendo assim:
1. Aqui
apareceu uma afeição louvável para com Paulo, e um apreço por ele, por conta de
sua grande utilidade na igreja. Homens bons que às vezes são muito ativos
precisam ser dissuadidos de se sobrecarregarem e homens bons que são muito
corajosos às vezes precisam ser dissuadidos de se exporem muito. O Senhor é
para o corpo, e assim nós devemos ser.
2. Porém, havia
uma certa fraqueza, especialmente naqueles da companhia de Paulo que sabiam que
ele empreendia esta viagem por orientação divina, e tinham visto com que
resolução ele havia antes vencido semelhante oposição. Mas nós vemos neles a
fraqueza comum a todos nós; quando vemos dificuldade a uma certa distância, e
temos apenas uma visão geral dela, não damos importância; mas quando se
aproxima de nós, começamos a encolher e a recuar. E tocando-te a ti, te
perturbas (Jó 4.5). Paulo era mais forte espiritualmente do que
sentimentalmente.
IV
A santa coragem
e intrepidez com que Paulo persistiu em sua resolução (v. 13).
1. Ele os
reprova por tentar dissuadi-lo. Aqui há uma disputa de amor de ambos os lados,
e afeições muito sinceras e fortes que colidem entre si. Eles o amam
afetuosamente, e por isso se opõem à sua resolução; ele os ama do mesmo modo, e
por isso os repreende por se oporem a ela: Que fazeis vós, chorando e
magoando-me o coração? Eles foram um tropeço para ele, como Pedro foi para
CRISTO, quando, em um caso semelhante, ele disse: Mestre, poupa-te a ti mesmo.
O lamento deles partiu seu coração. (1) Era uma tentação para ele, mas não o
abalou. “Eu sei que estou designado a sofrer, e vocês deveriam me animar e
encorajar, e dizer algo que fortaleça meu coração; mas vocês, com suas
lágrimas, partem meu coração, e tentam me desencorajar. O que vocês pretendem
com isso? Nosso Mestre não nos disse que levemos nossa cruz? E vocês querem
evitar que eu tome a minha?” (2) Era uma dificuldade para ele que eles o
pressionassem tão seriamente naquilo que ele não os podia satisfazer sem
prejudicar sua consciência. Paulo era de um espírito muito terno. Como ele
mesmo estava em muitas lágrimas, assim ele teve uma consideração compassiva
para com as lágrimas dos seus amigos. Mas agora isso parte seu coração, quando
ele tem de negar o pedido dos seus amigos em lágrimas. Era uma bondade
indelicada, uma piedade cruel, de modo a atormentá-lo com suas dissuasões, e a
acrescentar aflição à aflição dele. Quando nossos amigos são convocados para
sofrimentos, nós devemos mostrar nosso amor confortando-os e não chorando por
eles. Mas observe: Esses cristãos em Cesaréia, se eles pudessem ter previsto os
particulares daquele evento, o aviso geral do qual eles receberam com tanto
pesar, teriam aceitado melhor a ele por causa de si mesmos; porque, quando
Paulo foi feito prisioneiro em Jerusalém, ele foi logo enviado a Cesaréia, o
mesmo lugar onde ele estava agora (Atos 23.33), e lá ele continuou por pelo
menos dois anos (Atos 24.27) como um prisioneiro em regime aberto, como parece
(Atos 24.23), sendo dadas ordens de que ele deveria ter liberdade para ir até
seus amigos, e seus amigos de vir a ele; de forma que a igreja em Cesaréia teve
muito mais da companhia e ajuda de Paulo quando ele estava preso do que eles
poderiam ter se ele estivesse em liberdade. Aquilo a que nós nos opomos,
pensando operar muito contra nós, pode ser reordenado pela providência de DEUS
para trabalhar a favor de nós, que é uma razão por que deveríamos seguir a
providência, e não a temer.
2. Todavia, ele
repete sua resolução de ir adiante: “Que fazeis vós, chorando desse modo? Eu
estou pronto para sofrer tudo que está designado para mim. Eu estou
completamente determinado a ir, não importa o que aconteça, e, portanto, é em
vão que vós vos oponhais a isso. Eu estou disposto a sofrer, e então por que
vós não quereis que eu sofra? Não estou eu mais próximo de mim mesmo, e mais
capaz de julgar por mim mesmo? Se a dificuldade me pegasse desprevenido, isso
realmente seria uma dificuldade, e vós poderíeis lamentar muito ao pensardes
nela. Mas, louvado seja DEUS, esse não é o caso. Ela é muito bem-vinda a mim,
e, portanto, não deveria ser um terror para vós. De minha parte, eu estou
pronto”, etoimos echo – eu me mantenho em prontidão, como um soldado para o
combate. “Eu espero dificuldades, eu conto com elas, não serão nenhuma surpresa
para mim. Foi-me dito uma vez quanto eu devo padecer” (Atos 9.16). “Eu estou
preparado para isso, por uma clara consciência, uma confiança firme em DEUS, um
desprezo santo pelo mundo e o corpo, uma fé viva em CRISTO, e uma alegre
esperança de vida eterna. Eu posso dar-lhe boas-vindas, como nós fazemos a um
amigo por quem esperamos, e fazer os preparativos. Eu posso, pela graça, não só
suportá-la, mas alegrar-me com ela.” Sendo assim: (1) Veja até onde vai sua
resolução: O ESPÍRITO SANTO disse que eu vou ser preso em Jerusalém, e vocês
querem me manter longe por medo disso. Eu digo a vocês: “Eu não só estou pronto
para ser preso, mas, se a vontade de DEUS for essa, estou pronto para morrer em
Jerusalém; não só perder minha liberdade, mas perder minha vida.” É nossa
prudência pensar no pior que pode nos acontecer, e nos preparar de acordo, para
que possamos nos manter perfeitos e consumados em toda a vontade de DEUS. (2) Veja
o que é que o domina assim, que o faz querer sofrer e morrer: é pelo nome do
Senhor JESUS. Tudo aquilo que um homem tem ele dará por sua vida; mas a própria
vida Paulo dará pelo serviço e honra do nome de CRISTO.
V
A aquiescência
paciente dos seus amigos sobre sua resolução (v. 14). 1. Eles se entregaram à
sabedoria de um bom homem. Eles tinham levado o assunto até onde puderam com
decência; mas: “E como não podíamos convencê-lo, nos aquietamos. Paulo conhece
melhor sua própria mente, e o que ele tem de fazer, e é melhor deixar que ele
resolva isso, e não o censurar pelo que ele faz, nem dizer que ele é
precipitado, obstinado e petulante, e tem um espírito de contradição, como
algumas pessoas gostam de julgar aqueles que não agem da maneira que elas
gostariam. Sem dúvida, Paulo tem uma boa razão para ficar firme em sua
resolução, embora ele tenha motivos para manter isso para si, e DEUS tem
finalidades graciosas a atingir ao confirmá-lo nela.” É falta de educação pressionar
aqueles que em suas próprias tarefas não serão persuadidos. 2. Eles se
submeteram à vontade de um bom DEUS: Nos aquietamos, dizendo: Faça-se a vontade
do Senhor! Eles não aprovaram sua resolução por sua teimosia, mas por sua
voluntariedade em sofrer, e é a vontade de DEUS que ele sofra. Pai nosso que
estás nos céus, seja feita a tua vontade, não só é uma regra para nossas
orações e para nossa prática, como é para nossa paciência. Isso pode se
referir: (1) À firmeza presente de Paulo; ele é inflexível, e não pode ser
persuadido, e nisso eles veem a vontade do Senhor. “Foi Ele quem forjou essa
firme resolução nele, e então nós consentimos com ela.” Note: Na mudança dos
corações de nossos amigos ou ministros, deste ou daquele modo (e pode ser um
modo bem diferente do que nós poderíamos desejar), nós devemos ver a mão de
DEUS, e nos submeter a ela. (2) Aos sofrimentos que se aproximam: “Se não há
como evitar que Paulo enfrenta a prisão, a vontade do Senhor JESUS seja feita.
Nós fizemos tudo aquilo que nós poderíamos fazer de nossa parte para impedi-lo,
e agora nós o deixamos com DEUS, nós o deixamos com CRISTO, a quem o Pai
confiou todo julgamento, e então nós fazemos, não como queremos, mas como Ele
quer. Note: Quando nós vemos a dificuldade se aproximando e de maneira
particular a de nossos ministros ao serem silenciados ou afastados de nós, nos
convém dizer: Faça-se a vontade do Senhor! DEUS é sábio, e sabe como fazer tudo
contribuir para o bem, e, portanto, “bem-vinda seja sua santa vontade”. Não
apenas: “A vontade do Senhor deve ser feita, e não há como evitar”; mas: “Que a
vontade do Senhor seja feita, porque a sua vontade é a sua sabedoria, e Ele faz
tudo de acordo com o conselho dela; que Ele, portanto, faça conosco e com os
nossos como parecer bem aos seus olhos”. Quando surge uma dificuldade, isso
deve acalmar nossas aflições, para que a vontade do Senhor seja feita; quando
nós a virmos se aproximando, isso deve silenciar nossos medos para que se faça
a vontade do Senhor, à qual nós devemos dizer: Amém, assim seja.
A Visita de
Paulo a Jerusalém. A Conformidade de Paulo com a Lei Judaica - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com
algumas modificações do Pr. Henrique)
Atos
21:15-26
Nesses
versículos, nós temos:
I
A viagem de
Paulo a Jerusalém desde Cesaréia, e a comitiva que foi junto com ele.
1. Eles levaram
suas carruagens, suas bolsas e bagagens, e como parece, semelhantes a viajantes
pobres ou soldados, eram seus próprios carregadores; eles tinham poucas mudas
de roupa. Omnia mea mecum porto – Tudo que tenho levo comigo. Alguns pensam que
eles tinham consigo o dinheiro que foi coletado nas igrejas da Macedônia e
Acaia para os santos pobres em Jerusalém. Se eles tivessem persuadido Paulo a
ir a algum outro lugar, eles teriam ido alegremente junto com ele; mas se, não
obstante sua dissuasão, ele vai para Jerusalém, eles não dizem: “Então que ele
vá sozinho!”; mas, como Tomé em um caso semelhante, quando CRISTO poderia
correr perigo em Jerusalém: Vamos nós também, para morrermos com ele (Jo
11.16). A sua intenção de acompanhar Paulo era semelhante à de Itai de
acompanhar Davi (2 Sm 15.21): que no lugar em que estiver o rei, meu senhor,
seja para morte seja para vida, aí certamente estará também o teu servidor.
Assim a coragem de Paulo os incentivou.
2. Alguns dos
discípulos de Cesaréia foram com eles. Se eles já haviam planejado ir de
qualquer forma, e aproveitaram esta oportunidade de ir com essa boa comitiva,
ou se eles foram com o propósito de ver se poderiam prestar a Paulo qualquer
serviço e se possível evitar a sua dificuldade, ou pelo menos apoiá-lo na
ocasião, não fica claro. Quanto menos tempo é provável que Paulo desfrute de
sua liberdade tanto mais eles se esforçam em aproveitar toda oportunidade de
conversação com ele. Eliseu manteve-se perto de Elias quando soube que o tempo
se aproximava, e que Elias deveria ser levado. 3. Eles trouxeram consigo um
velho e honesto cavalheiro que tinha uma casa própria em Jerusalém na qual ele
alegremente acolheria Paulo e sua comitiva: Mnasom, natural de Chipre (v. 16),
com quem havíamos de hospedar-nos. Havia tamanha multidão de pessoas para a
festa que era difícil conseguir alojamentos; as hospedarias seriam tomadas por
aqueles de classe mais alta, e era visto como uma coisa escandalosa para os que
tinham casas particulares alugar seus quartos vazios nessas ocasiões, mas eles
deviam acomodar de bom grado os estrangeiros. Cada um então escolhia seus
amigos para serem seus convidados, e Mnasom levou Paulo e sua comitiva para
serem seus hóspedes; ainda que ele tenha ouvido dos problemas que Paulo
provavelmente enfrentará, e dos problemas que poderão ter os que o acolherem
também, ele o receberá, não importa o resultado. Este Mnasom é chamado um
discípulo antigo – um discípulo desde o princípio; alguns pensam ser um dos
setenta discípulos de CRISTO, ou um dos primeiros convertidos depois do
derramar do ESPÍRITO, ou um dos primeiros que foram convertidos através da
pregação do evangelho em Chipre (Atos 13.4). De qualquer modo, parece que ele
era cristão havia muito tempo, e estava agora em idade avançada. Note: É uma
coisa honrosa ser um discípulo antigo de JESUS CRISTO, ter sido capacitado pela
graça de DEUS a continuar por muito tempo no curso do dever, firme na fé, e se
tornando cada vez mais prudente e experimentado até uma boa velhice. E com
esses discípulos antigos é que se deve hospedar; pois a multidão dos seus anos
ensina sabedoria.
II
O acolhimento
de Paulo em Jerusalém.
1. Muitos dos
irmãos ali o receberam de muito boa vontade (v. 17). Assim que eles tiveram
notícia de que ele tinha vindo à cidade, foram para o seu alojamento na casa de
Mnasom, e o cumprimentaram por sua chegada segura, e disseram que estavam
felizes em vê-lo, e convidaram-no a ir a suas casas, considerando uma honra
serem conhecidos de tão eminente servo de CRISTO. Streso observa que a palavra
aqui usada com relação ao acolhimento que eles deram aos apóstolos, menos
apodechein, é usada com relação ao acolhimento da doutrina dos apóstolos (Atos
2.41). Eles de bom grado receberam a sua palavra. Nós pensamos que se
tivéssemos Paulo entre nós, nós deveríamos recebê-lo alegremente; mas é uma
questão saber se nós o faríamos ou não, tendo sua doutrina, se nós não
recebemos a esta alegremente.
2. Eles fizeram
uma visita a Tiago e aos anciãos da igreja, em uma reunião da igreja (v. 18):
“No dia seguinte, Paulo entrou conosco em casa de Tiago (irmão de JESUS), nos
levou com ele, pois éramos seus companheiros, para nos apresentar e nos tornar
conhecidos da igreja em Jerusalém”. Tiago estava agora no cargo de líder da
Igreja como apóstolo da igreja do segundo colegiado como Paulo e Barnabé eram
fora de Jerusalém, e todos os anciãos ou presbíteros que eram os pastores
ordinários da igreja, tanto para pregar como para governar, estavam presentes.
Paulo saudou a todos, mostrou sua consideração por eles, perguntou sobre seu
bem-estar e lhes deu a mão direita da comunhão. E havendo-os saudado, isto é,
desejou-lhes toda a saúde e felicidade, e orou a DEUS para abençoá-los. O
próprio significado de saudação é “querer a salvação para você”: salve, ou
salus tibi sit; como “a paz esteja contigo”. E essas saudações mútuas, ou votos
de felicidade, são muito adequadas aos cristãos, como símbolo do amor de uns para
com os outros e união diante de DEUS.
III
O relato que
eles tiveram dele sobre o seu ministério entre os gentios, e a satisfação deles
nisso.
1. Ele lhes fez
um relato do sucesso do evangelho nos países onde ele tinha atuado, sabendo que
seria muito aceitável a eles ouvir falar do crescimento do reino de CRISTO: Ele
contou-lhes minuciosamente o que por seu ministério DEUS fizera entre os gentios,
sinais, prodígios e maravilhas (v. 19). Observe como ele fala modestamente, não
que coisas ele tinha feito (ele era apenas o instrumento), mas o que DEUS tinha
feito pelo seu ministério. Não eu, mas a graça de DEUS que estava comigo. Ele
plantou e regou, mas DEUS deu o crescimento. Ele declarou isso de maneira
enfática, para que a graça de DEUS pudesse aparecer o mais distinta possível
nas circunstâncias do seu sucesso. Assim Davi conta a outros o que DEUS fez por
sua alma (Sl 66.16), como Paulo conta o que DEUS fez por sua mão, e ambos para
que seus amigos possam ajudá-los a serem gratos.
2. Então eles
aproveitaram a ocasião para louvar a DEUS (v. 20): E ouvindo-o eles,
glorificaram ao Senhor. Paulo atribuiu tudo a DEUS, e a DEUS eles louvaram.
Eles não irromperam em grandes encômios a Paulo, mas deixaram que seu Mestre
lhe dissesse: Muito bem! Servo bom e fiel; mas eles deram glória à graça de
DEUS que foi estendida aos gentios. Note: A conversão de pecadores deve ser
motivo de nossa alegria e louvor como é dos anjos. DEUS honrou a Paulo mais do
que a qualquer um deles, fazendo sua utilidade mais extensa, contudo eles não o
invejaram, nem ficaram ciumentos de sua crescente reputação, mas, pelo
contrário, glorificaram ao Senhor. E eles não poderiam fazer mais para
encorajar Paulo a continuar alegremente em seu trabalho do que glorificar a DEUS
por seu sucesso; pois, se DEUS é louvado, Paulo está contente.
IV
O pedido de
Tiago e dos anciãos da igreja em Jerusalém a Paulo, ou antes o seu conselho,
para que ele satisfizesse os convertidos judeus mostrando alguma
condescendência para com a lei cerimonial, e aparecesse publicamente no templo
para oferecer sacrifício, o que não era em si uma coisa pecaminosa; pois a lei
cerimonial, embora não devesse de forma alguma ser imposta aos pagãos
convertidos (como os falsos mestres queriam, e por isso se esforçaram em
subverter o evangelho), ainda não havia se tornado ilegítima para aqueles que
tinham sido criados na sua observância, mas estavam longe de esperar
justificação por ela. Estava morta, mas não enterrada; morta, mas ainda não era
mortífera. E, não sendo pecaminosa, eles pensaram que seria prudente da parte
de Paulo conformar-se até esse ponto. Observe o conselho que eles dão sobre
isso a Paulo, não como tendo autoridade sobre ele, mas como afeto para com ele.
1. Eles queriam
que ele tivesse conhecimento do grande número de judeus convertidos: Vês,
irmão, quantos milhares de judeus há que crêem. Eles o chamaram de irmão,
porque o consideravam um colaborador na obra do evangelho. Embora eles fossem
da circuncisão, e ele o apóstolo dos gentios, embora eles fossem conformistas,
e ele um não-conformista, contudo, eles eram irmãos, e reconheciam essa
ligação. Tu tens estado em algumas de nossas assembleias, e viste quão
numerosos eles são: quantos milhares de judeus há que crêem. A palavra na
verdade significa mais do que milhares, dez milhares. Até mesmo entre os
judeus, que eram os maiores adversários do evangelho, havia grandes multidões
que o receberam; pois a graça de DEUS pode desfazer os laços mais fortes de Satanás.
O número dos nomes era no princípio apenas cento e vinte, contudo, agora muitos
milhares. Portanto, que ninguém menospreze o dia das coisas pequenas; pois,
embora o começo seja pequeno, DEUS pode fazer o fim aumentar grandemente. Por
isso parecia que DEUS não havia abandonado totalmente o seu povo, os judeus,
pois entre eles havia um remanescente, uma eleição, que ainda vigorava (veja Rm
11.1,5,7): muitos milhares que crêem. E este relato que eles puderam dar a
Paulo do sucesso do evangelho entre os judeus era, sem dúvida, tão agradável a
Paulo como o relato que ele lhes fez da conversão dos gentios era para eles;
pois o desejo de seu coração e oração a DEUS pelos judeus era que eles pudessem
ser salvos.
2. Eles o
informaram de uma fraqueza que prevalecia entre esses judeus crentes da qual
eles ainda não tinham sido curados: Eles todos são zelosos da lei. Eles
acreditam em CRISTO como o verdadeiro Messias, eles descansam em sua justiça e
se submetem ao seu governo; mas eles sabem que a lei de Moisés era de DEUS,
eles acharam benefício espiritual em sua observância e em suas instituições, e,
portanto, eles não podem de jeito nenhum pensar em abandoná-la, não, nem ficar
indiferentes a ela. E talvez eles argumentem que o fato de CRISTO ter nascido
sob a lei, e tê-la observado (o que devia significar nossa libertação da lei),
seja uma razão para continuarem debaixo dela. Isso era uma grande fraqueza e
equívoco, ser assim apaixonado pelas sombras quando a substância tinha
aparecido, manter o pescoço debaixo de um jugo de escravidão quando CRISTO
tinha vindo fazê-los livres. Mas veja: (1) O poder da educação e do uso
continuado, e especialmente de uma lei cerimonial. (2) A permissão caridosa que
deve ser feita em atenção a isso. Esses judeus convertidos não foram, portanto,
renegados e rejeitados como não-cristãos porque eles eram apegados à lei, na
verdade, eram zelosos por ela, enquanto isso se limitava a sua prática pessoal,
e eles não a impunham a outros. O fato de serem zelosos pela lei capacitava a
lei a uma boa construção, que a caridade poria sobre ela; e daria uma boa
desculpa, considerando as coisas a que eles foram expostos, e as pessoas entre
quem eles viviam.
3. Eles lhe
deram a entender que esses judeus, que eram tão zelosos da lei, tinham sido
indispostos contra ele (v. 21). O próprio Paulo, embora tão fiel como nenhum
outro servo que CRISTO jamais teve, ainda não conseguia ser bem falado por
todos que pertenciam à família de CRISTO: “Já acerca de ti foram informados (e
formaram uma opinião a seu respeito de acordo com isso) que tu não só não
ensinas os gentios a observar a lei, como gostariam que fizesse (nós os
convencemos a abandonar isso), mas ensinas todos os judeus que estão entre os
gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos
nem andar segundo o costume de nossa nação, que eram de ordenança divina, até
onde podem ser observados mesmo entre os gentios, longe do templo, nem observar
os jejuns e festividades da congregação, nem usar seus filactérios, nem se
abster de carne impura.” Ora:
(1) Era verdade
que Paulo pregava a anulação da lei de Moisés, ele ensinava que era impossível
ser justificado por ela, e que, portanto, nós não estamos mais obrigados à sua
observância. Mas:
(2) Era falso
que ele lhes ensinava a abandonar Moisés; porque a religião que ele pregava não
tendia a destruir a lei, mas cumpri-la. Ele proclamava a CRISTO (o fim da lei
para a justiça), e arrependimento e fé, no exercício dos quais nós devemos
fazer grande uso da lei. Os judeus entre os gentios a quem Paulo ensinou
estavam tão distantes de abandonar Moisés que eles nunca o entenderam tão bem,
nem mesmo o abraçaram tão sinceramente como agora quando eles foram ensinados a
fazer uso dele como um aio, para os conduzir a CRISTO. Mas até mesmo os judeus
convertidos, tendo recebido essa noção de Paulo de que ele era um inimigo de
Moisés, e talvez dando valor exagerado aos judeus descrentes também, ficaram
muito exasperados contra ele. Seus ministros, os anciãos aqui presentes, o
amaram e honraram, e aprovaram o que ele fez, e o chamaram de irmão, contudo, o
povo dificilmente poderia ser induzido a ter um pensamento favorável sobre ele;
pois é certo que os menos judiciosos são os maiores censuradores, os cabeças-ocas
são os cabeças-quentes. Eles não puderam identificar a doutrina de Paulo como
deveriam ter feito, e então condenaram-na como um todo, por ignorância.
4. Portanto,
eles desejavam de Paulo que, agora que ele tinha vindo a Jerusalém, pudesse por
algum ato público fazer parecer que a acusação contra ele era falsa, e que ele
não ensinava o povo a abandonar Moisés e a romper com os costumes da igreja
judaica, porque ele mesmo mantinha a prática deles.
(1) Eles
concluem que algo desse tipo deve ser feito: “Que faremos pois? O que deve ser
feito? Porque terão ouvido que já és vindo”. Essa é uma inconveniência que
atinge pessoas famosas, que suas idas e vindas são conhecidas mais que de
outras pessoas, e são comentadas, por alguns com boa vontade e por outros com
má vontade. “Quando eles ouvirem que tu vieste, é necessário que a multidão se
ajunte, eles esperarão que nós os chamemos, para tomar conselho com eles se nós
devemos admitir-te para pregar entre nós como um irmão ou não; ou, eles se
reunirão por si mesmos esperando ouvir a ti.” Sendo assim, algo deve ser feito
para os convencer de que Paulo não ensina o povo a abandonar Moisés, e eles
pensam que isso é necessário: [1] Por causa de Paulo, para que sua reputação
seja limpa, e para que um homem tão bom não fique sob qualquer suspeita, nem um
homem tão útil trabalhe sob qualquer desvantagem que possa obstruir sua
utilidade. [2] Por causa do povo, para que eles não continuem preconceituosos
contra um homem tão bom, nem percam o benefício de seu ministério por causa
desses preconceitos. [3] Por causa de si mesmos, pois desde que sabiam que era
seu dever reconhecer a Paulo, esse ato não devia se tornar motivo de repreensão
entre aqueles que estavam sob sua responsabilidade.
(2) Eles deram
uma boa oportunidade para que Paulo pudesse se esclarecer: “Faze, pois, isso
que te dizemos, segue nosso conselho neste caso. Nós temos quatro varões,
judeus, de nossas próprias igrejas, que crêem, e eles fizeram voto, um voto de
nazireado durante um certo tempo; o tempo deles agora expirou (v. 23), e eles
devem fazer suas ofertas de acordo com a lei, quando eles raspam a cabeça em
sinal de separação, apresentam um cordeiro como oferta queimada, uma ovelha
como oferta pelo pecado, e um carneiro como oferta pacífica, com outras ofertas
pertinentes a eles (Nm 6.13-20)”. Muitos costumavam fazer isso juntos, quando
seus votos expiravam ao mesmo tempo, ou para maior presteza ou para maior
solenidade. Agora que Paulo tinha até aqui agido de acordo com a lei a ponto de
fazer um voto de nazireado e demonstrar a expiração do voto raspando a cabeça
em Cencréia (Atos 18.18), de acordo com o costume daqueles que viviam longe do
templo, eles queriam que ele fosse um pouco mais longe, e se unisse com esses quatro
oferecendo os sacrifícios de um nazireu: “Santifica-te com eles de acordo com a
lei; e dispõe-te não somente a sofrer essa dificuldade, mas a ser responsável
por eles, comprando sacrifícios para essa ocasião solene, e te unindo com eles
no sacrifício.” Isso, eles pensam, fechará efetivamente a boca de calúnia, e
todo mundo ficará convencido de que o relatório era falso, que Paulo não era o
homem que diziam ser, não ensinava os judeus a abandonar Moisés, mas que ele
mesmo, sendo originariamente um judeu, caminhava ordenadamente, e guardava a
lei; e então tudo ficaria bem.
5. Eles
declaram solenemente que isso não será nenhuma infração do decreto há pouco
anunciado a favor dos convertidos pagãos, nem eles pretendem com isso de forma
alguma diminuir a liberdade permitida a eles (v. 25): “Quanto aos que crêem dos
gentios, já nós havemos escrito e achado por bem, e resolvemos cumprir isso,
que nada disso observem; nós não vamos fazer que sejam amarrados pela lei
cerimonial de forma alguma, mas somente que eles se guardem do que se sacrifica
aos ídolos, e do sangue, e do sufocado, e da prostituição; mas que não sejam
amarrados aos sacrifícios e purificações judaicos, nem a nenhum dos seus ritos
e cerimônias.” Eles sabiam quão zeloso era Paulo pela preservação da liberdade
dos gentios convertidos, e por isso expressamente se comprometem com ela. Até
aqui essa é a proposta deles.
V
Aqui está a
condescendência de Paulo com isso. Ele estava disposto a agradá-los nessa
questão. Embora ele não tivesse sido persuadido a não ir a Jerusalém, contudo,
quando ele estava lá, foi persuadido a fazer como faziam ali (v. 26). Então,
Paulo, tomando consigo aqueles varões, como aconselharam, e logo no dia
seguinte [...], já santificado com eles, e não em ajuntamentos, nem com
alvoroços, como ele mesmo alega (Atos 24.18), ele entrou [...] no templo, como
outros judeus devotos que vinham com tais incumbências faziam, para demonstrar
o cumprimento dos dias de purificação aos sacerdotes; desejando que o sacerdote
designasse uma ocasião em que a oferta fosse feita para cada um deles, uma para
cada um. Ainsworth, comentando Números 6.18, cita de Maimônides uma passagem
que lança alguma luz sobre isso: Se um homem diz: Em mim esteja metade das
oblações de um nazireu, ou: Em mim esteja metade da raspagem de um nazireu,
então ele traz metade das ofertas pelas quais ele será nazireu, e aquele
nazireu paga suas ofertas daquela que é sua. Assim Paulo fez aqui; ele
contribuiu com o que ele prometeu com voto para as ofertas desses nazireus, e
alguns pensam que se ligou à lei de nazireado, e ao comparecimento no templo
com jejuns e orações durante sete dias, não pretendendo que a oferta fosse
apresentada até então, que foi o que ele demonstrou ao sacerdote. Agora, muitos
perguntam se Tiago e os anciãos fizeram bem em dar a Paulo esse conselho, e se
ele fez bem em recebê-lo.
1. Alguns
acusaram essa conformidade ocasional de Paulo de ser condescendente demais com
os judeus em sua adesão à lei cerimonial, e um desencorajamento para aqueles
que estavam firmes na liberdade com a qual CRISTO os tinha feito livres. Não
era bastante para Tiago e os anciãos de Jerusalém serem condescendentes com
esse engano nos próprios judeus convertidos, mas deviam ainda persuadir com
lisonjas a Paulo para apoiá-los nisso? Não teria sido melhor, quando eles
tinham falado para Paulo quão zelosos os convertidos judeus eram pela lei, se
eles tivessem desejado que ele, a quem DEUS tinha dotado com tais excelentes
dons, se esforçasse com seu povo para os convencer do seu erro, e mostrar-lhes
que eles estavam livres da lei pelo seu matrimônio com CRISTO? (Rm 7.4).
Insistir com ele para que os encoraje nisso por seu exemplo parece ter em si
mais de sabedoria carnal que da graça de DEUS. Seguramente Paulo sabia o que
ele tinha que fazer melhor do que eles poderiam ensiná-lo. Mas:
2. Outros
pensam que o conselho foi prudente e bom, e que o ato de Paulo de segui-lo foi
bastante justificável, dada a situação. Esse era o princípio declarado de
Paulo: E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus (1 Co 9.20).
Ele tinha circuncidado a Timóteo, para agradar os judeus; embora ele não
observasse constantemente a lei cerimonial, contudo, para ter uma oportunidade
de fazer o bem, e mostrar até que ponto ele poderia condescender, ele iria
ocasionalmente ao templo e participaria ali dos sacrifícios. Aqueles que são
fracos na fé devem ser tolerados, ao passo que aqueles que arruínam a fé devem
ser confrontados. É verdade que essa condescendência de Paulo acelerou o mal
contra ele, porque essa mesma coisa com a qual ele esperava pacificar os judeus
apenas os provocou, e lhe trouxe problemas; contudo, isso não é uma base
suficiente para condená-lo: Paulo pode fazer o bem, e ainda sofrer por isso.
Mas talvez o DEUS sábio tenha governado tanto o conselho deles quanto a
complacência de Paulo para servir a um propósito melhor do que o que era
pretendido; porque nós temos razão de pensar que quando os judeus crentes, que
tinham se empenhado em seu zelo pela lei para se recomendar à boa opinião
daqueles que não acreditavam, viram quão barbaramente eles usaram Paulo (que se
esforçou para agradá-los), eles ficaram por isso mais alienados da lei
cerimonial do que eles poderiam ter estado pelos discursos mais argumentativos
ou apaixonados. Eles viram que era inútil pensar em agradar a homens que não seriam
agradados com nada menos que a extirpação do cristianismo. É provável que a
integridade e retidão nos preservem mais do que a condescendência servil. E
quando nós consideramos que grande problema deve necessariamente ter sido para
Tiago e os presbíteros, ao refletirem sobre isso, descobrir que por seu
conselho colocaram Paulo em dificuldade, isso deve ser uma advertência para nós
não pressionarmos os homens a nos agradar fazendo qualquer coisa contrária à
sua própria vontade.
A saga de Paulo
em Jerusalém - (Atos 21) - Comen. Expo.
H. D. Lopes (com algumas modificações do Pr. Henrique)
Paulo está de
malas prontas para viajar rumo a Jerusalém. Será a última vez que o velho
apóstolo colocará os pés na cidade de Davi. Embora um dos propósitos da sua
viagem seja levar uma oferta colhida entre os crentes gentios para os crentes
judeus, ele sabe que as curvas do futuro lhe reservam cadeias e tribulações.
Paulo não nutre esperanças falsas; sabe que será preso. Não caminha na direção
dos holofotes, mas rumo à prisão e à morte. Paulo chega a pedir oração à igreja
de Roma para não ser morto pelos rebeldes judeus nessa arriscada viagem a
Jerusalém (Rm 15.30,31).
De Mileto,
depois Tiro e Cesareia o apóstolo viajou para Jerusalém, onde seria preso,
encarcerado, sujeitado a vários processos e finalmente despachado a Roma para
comparecer diante do Imperador. Werner de Boor, por sua vez, não considera o
caminho do sofrimento de Paulo sinônimo de perturbação e interrupção, mas o
auge de sua atuação.
Os capítulos 21
e 22 relatam a saga do apóstolo Paulo nessa viagem, bem como sua prisão em
Jerusalém. Destacamos seis pontos para reflexão.
A viagem de
Paulo de Mileto a Tiro (21.1-6)
As estações da
viagem paulina são fáceis de identificar no mapa. Não havia ligações marítimas
diretas para o fluxo de passageiros. As pessoas viajavam em navios mercantes
cujo roteiro era estabelecido pelo destino da carga.
Logo que Paulo
zarpou de Mileto, porto nas proximidades de Éfeso, viajou até Cós, pequena
ilha ao sul de Mileto; no dia seguinte, partiu para Rodes, ilha maior a
sudeste, e, dali seguiu para Pátara, a leste de Rodes (21.1). Prosseguiu viagem
de Pátara para a Fenícia, numa longa viagem de 650 km (21.2), bordejando a ilha
de Chipre e navegando direto para Tiro, onde o navio deveria ser descarregado
. Em Tiro, a
principal cidade da Fenícia, Paulo se encontrou com os discípulos e permaneceu
ali sete dias. Nessa cidade, Paulo recebeu uma profecia, alertando-o a não ir a
Jerusalém (21.4). Após uma semana entre os crentes de Tiro, Paulo se despediu
em clima de profunda emoção e cordialidade, prosseguindo sua viagem rumo a
Jerusalém (21.5,6).
A viagem de
Paulo de Tiro a Cesareia (Atos 21)
Após deixar a
cidade de Tiro rumo a Cesareia, Paulo chegou a Ptolemaida, onde saudou os
irmãos, permanecendo com eles por um dia (21.7). De Ptolemaida, o apóstolo
viajou direto para a cidade de Cesareia, cerca de 64 km ao sul. Ali se hospedou
na casa de Filipe, o evangelista, um dos sete diáconos da igreja de Jerusalém,
cujas filhas eram virgens e que profetizavam (21.8,9 - dom de profecia). Filipe
se estabelecera na cidade havia cerca de vinte anos (8.40). Desde então, sua
família crescera (21.9).
A magnífica
cidade de Cesareia fora construída por Herodes, o Grande, para servir como
porto para Jerusalém. Paulo se hospedou na casa de Filipe, que fugira de
Jerusalém por causa da perseguição, quando Estêvão, seu companheiro, foi morto
com a participação de Saulo. No passado Filipe teve de fugir do perseguidor
Saulo. Agora os dois estão juntos como irmãos, o perseguidor como hóspede na
casa do perseguido. Um apóstolo e outro evangelista conforme Efésios 4.11.
Enquanto Paulo
estava em Cesareia, Agabo, conhecido profeta da igreja em Jerusalém, desceu da
Judeia e profetizou a prisão de Paulo em Jerusalém, acrescentando que os judeus
o entregariam nas mãos dos gentios (Atos 21.10,11). Cerca de quinze anos antes,
Paulo e Ágabo haviam trabalhado juntos levantando uma oferta para as vítimas da
grande fome que assolou a Judeia (Atos 11.27-30). Agora estavam reunidos um
Apóstolo (Paulo), um Profeta (Ágabo) e um Evangelista (Filipe) - Ministérios
dados por CRISTO a Igreja conforme Efésios 4.11.
A mensagem do
Profeta Ágabo. Ele tomou o cinto de Paulo, ligando com ele seus próprios pés e
mãos. Esta é mais uma das profecias que o ESPÍRITO SANTO dissera a Paulo (Atos
21.23,24). Paulo rejeitou abertamente o pedido dos discípulos de não ir a
Jerusalém e seguiu resoluto para lá, mesmo sabendo que acabaria sendo preso.
Assim como os
cristãos de Tiro, os cristãos de Cesareia imploraram a Paulo que não fosse a
Jerusalém. Tanto a equipe que acompanhava Paulo como os discípulos de Cesareia
tentaram demover o apóstolo de ir a Jerusalém, mas este os calou e respondeu
com firmeza: Que fazeis chorando e quebrantando-me o coração? Pois estou pronto
não só para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor
JESUS (21.13). Não conseguindo dissuadir o apóstolo de sua firme resolução de
ir a Jerusalém, os irmãos se curvaram à vontade do Senhor (Atos 21.14). Depois
dos preparativos, então, Paulo e sua comitiva subiram para Jerusalém (Atos
21.15,16). Devemos admirá-lo por sua decisão inabalável.
Vale ressaltar
que, em Mileto, Paulo disse aos presbíteros de Éfeso que estava indo a
Jerusalém obedecendo ao ESPÍRITO SANTO (20.22, BLH), apesar das cadeias e
tribulações. Lucas narra o acontecimento assim: E, agora, constrangido em meu
espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá senão que o
ESPÍRITO SANTO, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e
tribulações (Atos 20.22,23). A grande questão é como conciliar essa convicção
de Paulo com as profecias recebidas em Tiro (21.4) e Cesareia, pois em ambas o
ESPÍRITO SANTO é evocado. Em Tiro, as pessoas que falaram foram movidas pelo
ESPÍRITO e em Cesareia Agabo afirma: Isto diz o ESPÍRITO SANTO. Paulo
prosseguiu rumo a Jerusalém (21.14) sabendo que o ESPÍRITO SANTO apenas o
estava preparando para tudo o que haveria de acontecer em breve.
Com certeza,
Agabo apenas predisse que Paulo seria amarrado e entregue aos gentios (21.11);
os apelos subsequentes a Paulo não são atribuídos ao ESPÍRITO e podem ter sido
deduções falíveis feitas por homens, por causa da profecia do ESPÍRITO. Pois se
Paulo tivesse ouvido os apelos de seus amigos, a profecia de Agabo não seria
cumprida. Para Warren Wiersbe, os pronunciamentos proféticos podem ser
entendidos como avisos (Prepare-se”), não como proibições (“Você não deve ir”).
O propósito de
Lucas é mostrar que, à semelhança de JESUS, Paulo manifestou no seu rosto a
intrépida resolução de ir a Jerusalém, mesmo sabendo o que lhe esperava nessa
cidade. Em vez de considerarmos que Paulo se recusou a obedecer a uma profecia,
devemos admirá-lo por sua coragem e perseverança, pois não recuou nem mesmo
diante da profecia de seu sofrimento. Paulo agiu como alguns soldados da Guerra
Civil Espanhola: “Prefiro morrer de pé a viver de joelhos”.
Nessa mesma
linha de raciocínio, Warren Wiersbe aconselha que, em vez de acusarmos Paulo de
ter transigido, devemos louvá-lo por sua coragem, pois, ao ir a Jerusalém, ele
tomou a vida nas próprias mãos, a fim de resolver o problema mais premente da
igreja: a fenda cada vez mais larga entre os judeus legalistas da
“extrema-direita” e os cristãos gentios. Os problemas começaram a se formar na
assembleia de Jerusalém (Atos 15), e os legalistas passaram a seguir Paulo e a
tentar tomar seus convertidos. A situação era séria, e Paulo sabia que fazia
parte não apenas do problema, mas também da solução. No entanto, não podia
resolver nada à distância, por meio de representantes; teria de ir a Jerusalém
pessoalmente. Hoje sabemos quem prevaleceu - A igreja dos gentios se
multiplicou e a dos judeus definhou.
A viagem de
Paulo de Cesareia a Jerusalém (Atos 21.17-26)
Paulo chega a
Jerusalém depois de uma longa viagem. Destacamos quatro fatos importantes de
sua estada.
Em primeiro
lugar, uma acolhida calorosa (Atos 21.17). Quando Paulo chegou a Jerusalém com
sua comitiva, foi acolhido pelos irmãos com alegria. Sua recepção foi efusiva.
Não havia tensão entre Paulo e os líderes da igreja de Jerusalém. Tanto Gálatas
2 quanto Atos 15 revelam essa unidade da igreja judaica e gentílica. A tensão
estava na mente dos judaizantes que rejeitavam a ideia de gentios se tornarem
cristãos antes de se fazerem judeus.
Em segundo
lugar, um encontro com a liderança
No dia seguinte
à chegada a Jerusalém, Paulo foi encontrar-se com Tiago, o líder da igreja,
ocasião em que os presbíteros se reuniram para ouvirem o apóstolo. Nesse tempo
era provável que Pedro e João não estivessem mais em Jerusalém. Uma vez que a
igreja de Jerusalém havia crescido e agora tinha em seu rol dezenas de milhares
de membros, seria necessário grande número de presbíteros para pastoreá-la.
Em terceiro
lugar, um testemunho minucioso (Atos 21.19,20). Paulo relata minuciosamente,
aos líderes da igreja de Jerusalém o que DEUS fizera entre os gentios por seu
ministério (1 Co 15.10). Ao ouvirem o relatório missionário, todos deram glória
a DEUS e também contaram sobre as dezenas de milhares de judeus convertidos que
se mantinham ainda zelosos da lei. John Stott diz que não se ouviu na igreja de
Jerusalém nenhum murmúrio de desaprovação. Assim como na conversão de Cornélio
(Atos 11.18), na evangelização dos gregos em Antioquia (Atos 11.22,23) e na
primeira viagem missionária (Atos 14.27; 15.12), a evidência da graça de DEUS
para com os gentios era indiscutível, e a única resposta adequada era a
adoração. O louvor de Tiago e dos presbíteros não era forçado, mas espontâneo e
genuíno.
Em quarto
lugar, uma ação preventiva (Atos 21.21-26). Tiago estava preocupado com a
chegada de Paulo a Jerusalém. Sabia que os boatos a seu respeito ainda não
haviam sido dissipados. Circulava em Jerusalém uma falsa notícia de que Paulo
ensinava os crentes judeus a apostatarem de Moisés, deixando de circuncidar
seus filhos e de observar a lei de Moisés. Para prevenir o apóstolo de qualquer
dissabor e também calar a boca dos críticos, Paulo foi aconselhado a
purificar-se, segundo a tradição dos judeus, fazendo o voto de nazireu e
raspando a cabeça ajuntamento com 4 judeus. Tiago relembra aos
gentios que acompanhavam Paulo a necessidade de manterem decisões estabelecidas
no Concilio de Jerusalém, abstendo-se de coisas sacrificadas aos ídolos, sangue,
carne de animais sufocados e relações sexuais ilícitas.
Concordo com
William Barclay quando ele escreve: “Há um momento em que fazer concessões não
denota fraqueza, mas força”. Warren Wiersbe tem razão em dizer que a mesma
graça que dava aos gentios a liberdade de se abster, também dava aos judeus a
liberdade de observar seus costumes. Tudo o que DEUS pedia deles era que
aceitassem uns aos outros sem criar problemas nem divisões. Marshall acrescenta
que não havia nenhuma transigência em Paulo ao fazer essas concessões,
especialmente porque a respectiva oferta não lhe parecia irreconciliável com a
oferta que JESUS fez de si mesmo como sacrifício pelo pecado. Citando F. F.
Bruce, Marshall observa: “Um espírito verdadeiramente emancipado, tal qual
aquele de Paulo, não é escravizado à sua própria emancipação.
Mais uma vez
John Stott nos ajuda a entender esse problema da convivência harmoniosa entre
os convertidos judeus (Atos 21.20) e gentios (Atos 21.25). Qual era a
preocupação de Tiago?
a) Não era o
caminho da salvação (Tiago e Paulo concordavam que este era através de CRISTO,
e não da lei); não era o que Paulo ensinava aos gentios convertidos (ele
ensinava que a circuncisão era desnecessária, e Tiago e o Concilio de Jerusalém
haviam dito a mesma coisa); e não era a lei moral (Paulo e Tiago concordavam
que o povo de DEUS deve levar uma vida santa de acordo com os mandamentos de
DEUS), mas eram os costumes dos judeus (21.21).
Tiago e Paulo
estavam de acordo em termos doutrinários e éticos. A tensão entre eles era de
natureza exclusivamente cultural. A solução a que chegaram, portanto, não
sacrificava nenhum princípio doutrinário ou moral, apenas fazia uma concessão
prática. Desta forma, Paulo cede em favor da evangelização e também da
solidariedade judaico-gentia. Por outro lado, Tiago manifesta atitude similar
ao louvar a DEUS pela missão entre os gentios e ao aceitar a oferta das igrejas
gentias.
A prisão de
Paulo em Jerusalém (Atos 21.27-40)
Era a Festa de
Pentecostes, e havia milhares de judeus em Jerusalém de todas as partes do
mundo. Os judeus incrédulos vindos da Ásia, ao verem Paulo no templo, o
acusaram de introduzir Trófimo, de Éfeso no templo (Atos 21:29) e movidos pelo
preconceito inflexível e pela violência fanática, numa atitude completamente
diferente dos líderes da igreja de Jerusalém, alvoroçaram o povo e espancaram
Paulo com violência.
John Stott
explica que, após as três épicas viagens missionárias, Lucas descreve os cinco
julgamentos enfrentados por Paulo. O primeiro foi diante de uma multidão de
judeus na área do templo (capítulo 22); o segundo, diante do supremo conselho
dos judeus em Jerusalém (capítulo 23); o terceiro e o quarto em Cesareia,
diante dos governadores Félix e Festo (capítulos 24 e 25); e o quinto, também
em Cesareia, diante do rei Herodes Agripa II (capítulo 26).
Cinco fatos
devem ser aqui destacados.
Em primeiro
lugar, um alvoroço medonho (Atos 21.27). Os judeus foram os grandes adversários
de Paulo e os grandes opositores do evangelho. Essa foi a principal tese de
Lucas no livro de Atos (Atos 4.1—5.42; 7.54-60; 8.1-4; 9.23-25; 21.2736;
23.12-21). Foram os judeus que por todos os cantos provocaram tumultos e agora
mais uma vez alvoroçam a multidão. Nesse clima de motim, os judeus agarraram e
prenderam Paulo.
Em segundo
lugar, uma acusação falsa (Atos 21.28-30). Esses judeus asiáticos espalharam
boatos sobre Paulo. Os boatos normalmente não se baseiam em fatos; antes,
alimentam-se de meias-verdades, preconceitos e mentiras. Esses críticos de
plantão levantaram três acusações contra Paulo: acusaram-no de ensinar a todos
a serem contra o povo, contra a lei e contra o templo.
Com respeito à
lei, ainda que Paulo pregasse que CRISTO era o fim da lei, ou seja, o objetivo
da lei era mostrar o pecado para que buscassem por JESUS para a salvação (Rm
10.4), não há evidência de que a atividade persuadisse os cristãos judeus a
abandonar a circuncisão dos filhos ou os costumes judaicos. Romanos 14—15; 2
Coríntios 8—10 mostram que Paulo estava considerando a existência de judeus (os
irmãos fracos) que tinham diferenças com os gentios quanto ao que podiam comer,
e Paulo defendia o direito de cada grupo ter seus próprios pontos de vista, e a
necessidade de cada um demonstrar tolerância para com o outro. Em Corinto,
parece que Paulo defendeu os hábitos judaicos a respeito das mulheres que
deviam ter a cabeça coberta no culto (1 Co 11.2-16). Já vimos que Paulo mandou
circuncidar Timóteo (Atos 16.3), e, conforme Atos 18.18, ele mesmo fez um voto
judaico. A acusação, portanto, não tinha substância.
Os judeus
radicais pensaram que Paulo havia profanado o templo, introduzindo Trófimo, o
efésio, no recinto sagrado. As acusações foram tidas por verdadeiras e a
multidão se arremeteu contra Paulo com ensandecida violência. Na verdade, Paulo
não estava profanando o templo, mas passando pela cerimônia de purificação,
exatamente para não cometer profanação. Marshall diz que é irônico que esta
fosse a acusação num período em que o próprio Paulo estava passando pela
purificação a fim de não profanar o templo.
Havia no templo
um muro que separava o pátio dos gentios das demais áreas, e os gentios não
tinham permissão de ir além do muro (Ef 2.14). Uma inscrição solene no muro
dizia: “Nenhum forasteiro pode ultrapassar esta barreira que cerca o santuário
e seus recintos. Qualquer intruso pego em flagrante será o único culpado pela
sua morte”. William Barclay afirma que essa lei era tão respeitada que os
romanos davam aos judeus autorização para matar sumariamente quem a
desobedecesse. Os judeus da diáspora gritavam por socorro, como se o pior
sacrilégio estivesse sendo perpetrado diante de seus olhos. “O templo foi
profanado!”. Esse foi o grito que alvoroçou a multidão: a crença profundamente
enraizada no coração dos judeus de que não se podia derramar sangue no recinto
do templo. Por isso arrastaram Paulo para fora. Imediatamente foram fechadas as
portas. E, no pátio externo do templo, a multidão tentou linchar Paulo.
Em terceiro
lugar, uma decisão fatídica (21.31a). Antes de investigar a veracidade das
acusações e antes de oferecer ao acusado chance de defesa, os judeus
deliberaram matá-lo. Embora não haja como comparar os sofrimentos de CRISTO
(que foram vicários) com os sofrimentos de Paulo, Lucas coteja o que CRISTO
enfrentou em Jerusalém com os sofrimentos de Paulo. Ambos foram rejeitados pelo
povo e presos sem motivo; ambos foram acusados injustamente e prejudicados por
testemunhas falsas; ambos apanharam no rosto diante do tribunal; ambos foram
vítimas de planos secretos dos judeus; ambos ouviram o barulho aterrorizante de
uma multidão que gritava: Mata-o, ambos foram sujeitados a uma série de cinco
julgamentos — por Anás, pelo Sinédrio, pelo rei Herodes Antipas e duas vezes
por Pilatos, no caso de JESUS; pela multidão, pelo Sinédrio, pelo rei Herodes
Agripa II e por dois procuradores, Félix e Festo, no caso de Paulo. Em tudo
Paulo imitava JESUS.
Em quarto
lugar, uma intervenção providencial (Atos 21.31 b-36). O comandante Cláudio
Lísias foi informado do motim e imediatamente se dirigiu à praça do templo com
sua soldadesca, abortando a intenção dos judeus. Marshall diz que não levaria
muito tempo para a notícia do distúrbio chegar à guarnição romana na cidade.
Localizada na fortaleza Antônia, quartel-general da força de ocupação romana,
ao noroeste do templo, era suficientemente alta para manter vigilância
constante sobre os distúrbios embaixo, e dois lances de escadas a ligavam com o
átrio dos gentios. A guarnição em Jerusalém era uma coorte, que tinha
nominalmente 760 soldados da infantaria e 240 da cavalaria, todos comandados
por um oficial romano.
Os judeus
cessaram de espancar Paulo quando o comandante mandou acorrentá-lo, para saber
quem era e o que havia feito o prisioneiro. Nesse ínterim a multidão
ensandecida gritava de forma desordenada sem saber por que vociferava contra o
apóstolo. Por essa razão o comandante mandou recolher Paulo à fortaleza para
não ser despedaçado pela multidão tresloucada, que clamava pela sua morte. A
multidão gritava mata-o, da mesma forma que, quase trinta anos antes, outra
multidão gritara contra outro prisioneiro (Lc 23.18).
Lucas apresenta
as autoridades romanas como amigos do evangelho, não como inimigos. O primeiro
gentio a se converter foi Cornélio, um centurião romano (Atos 10.1-48). O
primeiro convertido das viagens missionárias de Paulo foi Sérgio Paulo, o
procônsul romano de Chipre (Atos 13.12). Em Filipos os magistrados romanos até
pediram desculpas a Paulo e Silas pelo espancamento e pela prisão (Atos
16.35-40). Em Corinto, Gálio, o procônsul da Acaia, recusou-se a ouvir as
acusações dos judeus contra Paulo (18.12-17). Em Éfeso, o escrivão da cidade
declarou inocentes os líderes cristãos (Atos 19.35-41). Agora, em Jerusalém e
Cesareia, Cláudio Lísias, o comandante militar, coloca Paulo sob sua proteção.
Voltando ao
paralelo entre JESUS e Paulo, tanto Pilatos no julgamento de JESUS como Cláudio
Lísias no julgamento de Paulo consideraram-nos inocentes. Assim como Lucas
dedicou grande parte de seu evangelho para tratar da prisão e morte de JESUS,
também dedicou boa parte de Atos para narrar a prisão e a defesa de Paulo. O
livro de Atos termina mostrando Paulo preso em Roma. Dessa primeira prisão
Paulo foi solto e declarado inocente. De acordo com John Stott, Lucas faz
questão de demonstrar que, aos olhos da lei romana, JESUS e Paulo eram
inocentes, dirigindo a atenção para o antecedente que estabeleceu a legalidade
da fé cristã, como resultado de seus julgamentos.
Em quinto
lugar, um esclarecimento necessário (21.37-40). Com esta seção, começa a
narrativa longa da prisão e dos julgamentos de Paulo, tanto em Jerusalém como
em Cesareia, e da sua viagem para Roma, a fim de enfrentar o tribunal supremo.
Ao ser levado para a fortaleza, Paulo pede permissão para falar à multidão
amotinada. O comandante imaginava que Paulo fosse o egípcio que havia aliciado
quatro mil sicários. Paulo responde declarando ser um judeu natural de Tarso,
importante província do Império romano. A multidão silencia, e Paulo dirige-se
a seu povo em língua hebraica.
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 13, A
Gloriosa Esperança do Apóstolo
Lições Bíblicas
- 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O
Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a
igreja de CRISTO - Comentário: Pr. Elienai Cabral
Vídeo - https://youtu.be/Ob6EL76x2qE
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-13-a-gloriosa-esperana-do-apstolo-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - 2 Timóteo 4.6-8; 1 Tessalonicenses 5.1-11
2 Timóteo 4. 6
- Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da
minha partida está próximo. 7 - Combati o bom combate, acabei a carreira,
guardei a fé. 8 - Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o
Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a
todos os que amarem a sua vinda.
1
Tessalonicenses 5. 1 - Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não
necessitais de que se vos escreva; 2 - porque vós mesmos sabeis muito bem que o
Dia do Senhor virá como ladrão de noite. 3 - Pois que, quando disserem: Há paz
e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto
àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão. 4 - Mas vós, irmãos, já
não estais em trevas, para que aquele Dia vos surpreenda como um ladrão; 5 -
porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem
das trevas. 6 - Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos
sóbrios. 7 - Porque os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam,
embebedam-se de noite. 8 - Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios,
vestindo-nos da couraça da fé e do amor e tendo por capacete a esperança da
salvação. 9 - Porque DEUS não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da
salvação, por nosso Senhor JESUS CRISTO, 10 - que morreu por nós, para que,
quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele. 11 - Pelo que
exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis.
COMENTÁRIOS BEP
- CPAD
2 Timóteo 4.
4.7 COMBATI O
BOM COMBATE. Ao passar em revista a sua vida dedicada a DEUS, Paulo reconhece
agora que a sua morte é iminente (v. 6), e descreve sua vida cristã nos
seguintes termos. (1) Considera a vida cristã como um "bom combate";
ela é a única luta que vale a pena. Lutou contra Satanás (Ef 6.12); contra os
erros religiosos dos judeus e dos pagãos (3.1-5; Rm 1.21-32; Gl 5.19-21);
contra o judaísmo (At 14.19; 20.19; Gl 5.1-6); contra o antinomismo e a
imoralidade na igreja (2Tm 3.5; 4.3; Rm 6; 1 Co 5.1; 6.9,10; 2 Co 12.20,21);
contra os falsos mestres (vv.3-5; At 20.28-31; Rm 16.17,18); contra a
deturpação do evangelho (Gl 1.6-12); contra o mundanismo (Rm 12.2); e contra o
pecado (Rm 6; 8.13; 1 Co 9.24-27). (2) Completou a sua carreira em meio a
provações, dificuldades e tentações, e permaneceu fiel ao seu Senhor e Salvador
durante toda a sua vida (cf. 2.12; Hb 12.1,2; 10.23; 11). (3) Conservou
lealmente a fé, em tempos de severas provações, de grande desalento e de muitas
aflições, não somente quando era abandonado pelos amigos, mas também quando
teve de enfrentar a oposição dos falsos mestres. Nunca cedeu terreno no tocante
à verdade original do evangelho (2Tm 1.13,14; 2.2; 3.14-16; 1 Tm 6.12).
4.8 A COROA DA
JUSTIÇA. Por ter Paulo permanecido fiel ao seu Senhor e ao evangelho que lhe
foi confiado, o ESPÍRITO lhe testificou que a aprovação amorosa de DEUS e a
"coroa da justiça" o aguardavam no céu. DEUS tem reservado no céu
galardões para todos que conservam a fé com justiça (cf. Mt 19.27-29; 2 Co
5.10). A recompensa será no Tribunal de CRISTO (Rm 14:10; 2 Co 5:10).
4.8 OS QUE
AMAREM A SUA VINDA. Os cristãos do NT anelavam grandemente a volta do Senhor
para levá-los daqui, para ficarem com Ele para sempre (ver 1 Ts 4.13-18; cf. Fp
3.20,21; Tt 2.13). Uma marca distintiva dos fiéis de DEUS é que eles se sentem
fora do seu lugar, neste mundo, e já daqui eles aguardam o seu lar celestial
(cf. Hb 11.13-16).
1
Tessalonicenses 5.
5.1 DOS TEMPOS
E DAS ESTAÇÕES. Tendo falado a respeito da volta de CRISTO a fim de arrebatar
os seus seguidores (v.v. 13-18), Paulo agora passa ao assunto do derradeiro
juízo divino contra os que rejeitaram a salvação em CRISTO, nesse tempo
terrível chamado "o Dia do Senhor" (5. 2). O arrebatamento dos
crentes (v. 17) deve ser simultâneo com o início do "Dia do Senhor",
para que a volta de CRISTO seja iminente e inesperada, como Ele ensinou (ver Mt
24.42,44).
5.2 O DIA DO
SENHOR. O "Dia do Senhor" refere-se, normalmente, não a um dia de 24
horas, mas a um extenso período de tempo durante o qual os inimigos de DEUS são
derrotados (Is 2.12-21; 13.9-16; 34.1-4; Jr 46.10; Jl 1.15-2.11,28; 3.9,12-17;
Am 5.18-20; Zc 14.1-3), vindo a seguir o reino terrestre de CRISTO (Sf 3.14-17;
Ap 20.4-7).
(1) Esse
"Dia" começa quando o juízo e tribulação divinos e diretos, caírem
sobre o mundo, no fim desta era (v. 3). O período da grande tribulação está
incluso no "Dia do Senhor" (Ap 6.19; ver 6.1). Essa ira de DEUS
culmina com a vinda de CRISTO para destruir todos os ímpios (Jl 3.14; ver Ap
16.16; Ap 19.11-2.1).
(2) Segundo
parece, o Dia do Senhor começa num momento em que as pessoas estão confiantes
na paz e na segurança (v. 3).
(3) O
"Dia" não surpreenderá os crentes como um ladrão de noite, porque
eles foram destinados à salvação, e não à ira, e estão alertas, espiritualmente
vigilantes e vivendo na fé, no amor e na justiça (vv. 4-9).
(4) Os crentes
serão livres da "ira futura" (1Ts 1.10) pelo Senhor JESUS CRISTO (v.
9), quando Ele vier nas nuvens para arrebatar sua igreja e levá-la ao céu (cf.
4.17; ver Jo 14.3; Ap 3.10).
(5) O Dia do
Senhor terminará depois do reino milenar de CRISTO (Ap 20.4-10), na ocasião da
criação do novo céu e da nova terra (cf. 2 Pe 3.13; Ap 21.1).
5.2 COMO O
LADRÃO DE NOITE. A metáfora sobre o ladrão de noite significa que o tempo do
início do Dia do Senhor é incerto e imprevisto. Não há maneira de prever a sua
data (ver Mt 24.42-44).
5.3 PAZ E
SEGURANÇA. São os incrédulos que estarão dizendo: "Há paz e
segurança". Isso talvez signifique que o mundo estará numa expectativa e
esperança de paz. O "Dia do Senhor", trazendo tribulação mundial,
lhes sobrevirá repentinamente, destruindo qualquer esperança de paz e
segurança.
5.4 VÓS,
IRMÃOS, JÁ NÃO ESTAIS EM TREVAS. Os crentes não vivem em pecado e rebelião
contra DEUS. Pertencem ao dia, e não experimentarão a noite da ira determinada
por DEUS (vv. 8,9)
5.6 VIGIEMOS.
"Vigiar" (gr. gregoreo) significa "manter-se acordado e
alerta". O contexto (vv. 4-9) indica que Paulo não está exortando seus
leitores a ficarem à espera do "Dia do Senhor" (v. 2), mas a estarem
espiritualmente preparados para escapar da ira do Dia do Senhor (cf. 2.11,12;
Lc 21.34-36).
(1) Se
quisermos escapar da ira de DEUS (v. 3), devemos permanecer espiritualmente
acordados e moralmente alertas, e devemos continuar na fé, no amor e na
esperança da salvação (vv. 8,9; ver Lc 21.36; Ef 6.11).
(2) Visto que
os fiéis serão protegidos da ira de DEUS, por meio do arrebatamento (ver v. 2),
não devem temer o "Dia do Senhor", mas "esperar dos céus a seu
Filho... JESUS, que nos livra da ira futura" (1.10)
5.6 SEJAMOS
SÓBRIOS. A palavra "sóbrio" (gr. nepho) tinha dois significados nos
tempos do NT.
(1) O
significado primário e literal, conforme explicam vários léxicos do grego, é
"um estado de abstinência de vinho", "não beber vinho", "abster-se de vinho",
"estar totalmente livre dos efeitos do vinho" ou "estar sóbrio,
abstinente de vinho". A palavra tem um segundo sentido, metafórico, de
alerta, vigilância ou domínio próprio, i.e., estar espiritualmente alerta e
controlado, exatamente como alguém que não toma bebida alcoólica.
(2) O contexto
deste versículo deixa ver que Paulo tinha em mente o significado literal. As palavras "vigiemos e sejamos sóbrios" são
contrastadas com as palavras do versículo seguinte: "os que se embebedam
embebedam-se de noite" (v. 7). Sendo assim, o contraste que Paulo fez
entre nepho e a embriaguez física indica que ele tinha em mente o sentido
literal: "abstinência do vinho". Compare com a declaração de JESUS a
respeito dos que comem e bebem com os ébrios, e assim são apanhados
desprevenidos na sua volta (Mt 24.48-51). O que não deixa de alertar para a sobriedade
espiritual (sem envolvimento com seitas e heresias).
5.9 DEUS NÃO
NOS DESTINOU PARA A IRA. Uma razão por que a esperança da volta de CRISTO é tão
grande consolo para os crentes (1Ts 4.17,18) é que Ele nos livra da terrível
ira de DEUS, i.e., os juízos do Dia do Senhor (vv. 2,3; cf. Ap 6.16,17; 11.18;
14.10,19; 15.1,7; 16.1,19; 19.15).
5.10 VIVAMOS
JUNTAMENTE COM ELE. Paulo identifica nosso livramento do dia da ira de DEUS,
bem como nossa esperança da salvação, com a morte sacrificial de CRISTO e seu
retorno para nos levar à vida eterna juntamente com Ele.
Resumo da Lição
13, A Gloriosa Esperança do Apóstolo
I – A
CONSCIÊNCIA DE PAULO DIANTE DA MORTE
1. Uma morte
como oferta de sacrifício (2 Tm 4.6).
2. “Combati o
bom combate” (2 Tm 4.7).
3. Gratidão e
esperança (2 Tm 4.7,8).
II – A DOUTRINA
BÍBLICA DE PAULO SOBRE A VOLTA DO SENHOR
1. A volta do
Senhor em 1 Tessalonicenses.
2. As duas
fases dessa vinda.
3. Sobre a
Grande Tribulação.
III – DOS
TEMPOS E DAS ESTAÇÕES ATÉ A VOLTA DO SENHOR
1. Uma atenção
à expressão “dos tempos e das estações”.
2. Uma dimensão
do ESPÍRITO; uma dimensão do porvir.
3. ESPÍRITO e
Porvir: temas da nossa pregação.
Os Deveres
Ministeriais. A Expectativa Alegre do Apóstolo - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (Com algumas
modificações do Pr. Henrique)
2 Timóteo 4:1-8
Observe:
I
Quão
solenemente essa ordem é introduzida (v. 1): Conjuro-te, pois, diante de DEUS e do Senhor JESUS CRISTO, que há
de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino. Observe: Os
melhores homens precisam ter um grande temor na execução do seu dever. O
trabalho de ministro não é uma coisa indiferente, mas absolutamente necessária.
Ai daquele que não anunciar o evangelho (1 Co 9.16). Para levá-lo à fidelidade,
ele deve considerar: 1. Que o olho de DEUS PAI e de JESUS CRISTO estava sobre
ele: Conjuro-te diante de DEUS e do Senhor JESUS CRISTO; isto é, “como tu
guardas o favor de DEUS e JESUS CRISTO; como tu buscas ser aprovado por DEUS e
por JESUS CRISTO, tanto pelas obrigações da religião natural quanto da religião
revelada; como tu darás retorno ao DEUS que te criou e ao Senhor JESUS CRISTO
te redimiu”. 2. Ele o conjura já que terá de responder a isso no grande dia,
lembrando-o do julgamento vindouro, que é confiado ao Senhor JESUS, no Tribunal
de CRISTO. Isso interessa a todos, tanto aos ministros quanto às pessoas. Ele
aparecerá; Ele virá a segunda vez, na primeira fase, no arrebatamento; será uma
aparição misteriosa, como a palavra epifaneia indica. (3) E nós estaremos para
sempre com o Senhor (1 Ts 4.17) na Nova Jerusalém (Jo 14.3).
O assunto da
conjuração (vv. 2-5).
1. Ele é
conjurado a pregar a palavra. Essa é a
função dos ministros: uma revelação é confiada a eles. Não são as suas próprias
idéias e concepções que devem pregar, mas a pura e clara Palavra de DEUS; e
eles não a devem corromper, mas com sinceridade falam de CRISTO, como de DEUS
na presença de DEUS (2 Co 2.17) e CRISTO crucificado e ressurreto.
2. Ele é
conjurado a instar o que pregava e a instilar a Palavra com toda seriedade nos
seus ouvintes: “Insta a tempo e fora de tempo,
redargua, repreende, exorta; faz esse trabalho com todo fervor de espírito.
Insiste com aqueles que estão debaixo da tua responsabilidade a tomarem cuidado
com o pecado e a cumprirem o seu dever: insiste para que se arrependam, creiam
e vivam uma vida santa, a tempo e fora de tempo. A tempo, quando estiverem
livres para ouvir a ti, quando alguma oportunidade especial se apresentar de
falar a eles. Não somente isso, mas faze-o fora de tempo, mesmo quando não há a
aparente probabilidade para despertá-los para o evangelho, porque tu não sabes,
mas o ESPÍRITO de DEUS pode fazer isso neles; porque o vento sopra onde quer; e
pela manhã, semeamos a nossa semente e, à tarde, não retiramos a nossa mão” (Ec
11.6). Devemos fazê-lo a tempo, isto é, não deixar escapar a oportunidade; e
fazê-lo fora de tempo, isto é, não nos esquivar do dever, com o pretexto de que
é fora de tempo.
3. Ele deve
falar às pessoas a respeito das suas faltas: “Redargua, repreende. Convence as pessoas perversas do mal e do
perigo dos seus caminhos perversos. Procura esforçar-te, lidando claramente com
elas, para levá-las ao arrependimento. Repreende-as com seriedade e autoridade,
em nome de CRISTO, para que tomem o seu desagrado como uma indicação do
desagrado de DEUS”.
4. Ele deve
orientar, encorajar e estimular aqueles que começaram bem. “Exorta (persuada a permanecer firme e perseverar até o fim) com
toda a longanimidade e doutrina”. (1) Ele deve fazê-lo com muita paciência:
com toda a longanimidade. “Se você não vir o resultado dos seus esforços no
presente, não entregue os pontos; não se dê o luxo de ficar cansado e
desanimado em falar com eles”. Enquanto DEUS mostra a eles toda longanimidade,
os ministros devem exortar com toda longanimidade. (2) Ele deve fazê-lo racionalmente,
não com paixão, mas com doutrina, ou seja: “Para submetê-los às boas práticas,
instile neles bons princípios. Ensine-os a verdade em JESUS, submeta-os a uma
fé firme. Isso será um meio de tirá-los do mal e trazê-los para o bem”.
Observe: [1] O trabalho do ministro tem várias partes: ele deve pregar a
palavra, redarguir, repreender e exortar. [2] Ele deve ser muito diligente e
cuidadoso. Ele deve instar a tempo e fora de tempo. Ele não deve poupar
esforços, mas deve ser insistente com eles para cuidar da alma e dos interesses
eternos deles.
5. Ele deve ser
sóbrio em tudo. “Procure uma oportunidade para
fazer-lhes o bem; não deixe escapar a oportunidade, por meio da sua
negligência. Esteja atento ao seu trabalho. Esteja atento contra as tentações
de Satanás, para não ser distraído. Zele pelas almas daqueles que foram confiados
a você”.
6. Ele deve
contar com as aflições, suportá-las e tirar o máximo proveito delas. Kakopatheson, suporta com paciência. “Não desanime diante das
dificuldades, mas suporte-as com uma serenidade de espírito. Habitue-se às
privações”.
7. Ele deve
conservar na memória o seu ofício e realizar as suas tarefas: Faze a obra de um evangelista. O ofício dos evangelistas era,
como ministros de CRISTO (Ef 4.11), pregar o evangelho com poder a todos os
povos. Eles não eram pastores estabelecidos, mas evangelizavam de casa em casa
e instruíam aos crentes quanto às coisas espirituais. Esse era o trabalho de
Timóteo.
8. Ele deve
cumprir o seu ministério: Cumpre o teu
ministério (Efésios 4.11 - Havia uma grande confiança depositada nele, e,
portanto, ele deve corresponder a essa confiança e realizar todas as partes do
seu ofício com diligência e cuidado. Desperte o Dom que há em ti (2 Tm 1.6).
Observe: (1) Um ministro deve contar com aflições no cumprimento fiel do
seu dever. (2) Ele deve suportá-las com paciência, como um herói
cristão. (3) Essas aflições não devem desanimá-lo em seu trabalho,
porque ele deve fazer o seu trabalho, e cumprir o seu ministério. (4) A
melhor maneira de cumprir o nosso ministério é realizá-lo integralmente, em
todas as suas partes com o trabalho apropriado.
III
Os motivos para
reforçar a ordem.
1. Porque erros
e heresias estavam sendo introduzidos na igreja, por meio dos quais a mente de muitos cristãos professos seria
corrompida (vv. 3,4): “Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina.
Portanto, aproveita o tempo presente, quando suportarão a sã doutrina. A igreja
em seu início é mais propícia a ouvir a sã doutrina e praticá-la; com o tempo
aparecem os falsos mestres e falsos pastores e falsos obreiros e falsos irmãos.
Procura esforçar-se agora, porque é época de plantio; quando os campos estão
brancos para a colheita, lança a foice, porque o vento presente da oportunidade
logo acabará. Não sofrerão (suportarão) a sã doutrina. Haverá aqueles que
amontoarão para si doutores e desviarão os ouvidos da verdade; portanto, segura
tantos quantos puderes, para que, quando essas tempestades e tumultos surgirem,
eles estejam bem firmados e a apostasia deles seja impedida”. As pessoas devem
ouvir, e ministros devem pregar, para o tempo futuro, e guardá-los das injúrias
que provavelmente surgirão no futuro, embora ainda não tenham surgido. Eles
desviarão os ouvidos da verdade. Eles se cansarão do verdadeiro evangelho de
CRISTO, e, então, se voltarão às fábulas e terão prazer nelas, e DEUS os
entregará à operação do erro, porque não receberam a verdade em amor (2 Ts
2.11,12). Observe: (1) Esses doutores foram amontoados por eles e não
foram enviados por DEUS, mas eles os escolheram para satisfazer as suas
concupiscências e as cócegas dos seus ouvidos. (2) As pessoas agem assim
quando não suportam a sã doutrina, a pregação perscrutadora, clara e com
propósito e aí escolhem seus próprios doutores. (3) Há uma grande diferença
entre a Palavra de DEUS e a palavra desses doutores; uma é a sã doutrina, a
palavra da verdade, a outra é formada apenas de fábulas. (4) Esses que se
voltam às fábulas, primeiro afastam seus ouvidos da verdade, porque não
conseguem ouvir e prestar atenção nas duas coisas, da mesma forma que não podem
servir a dois senhores. Por isso, lemos: voltando às fábulas. DEUS, de maneira
justa, permite que aqueles que se cansaram da verdade se voltem às fábulas e os
entrega para que sejam desviados da verdade pelas fábulas.
2. Porque
Paulo, da sua parte, quase tinha concluído o seu trabalho: cumpre o teu ministério [...], porque eu já estou sendo oferecido
etc. (v. 6).
(1) “Portanto,
haverá tantas oportunidades a mais para
você”. Quando os trabalhadores são tirados da vinha, não é hora de perderem
tempo aqueles que ficam no trabalho, mas de dobrar a sua diligência. Quanto
menos mãos houver para trabalhar tanto mais laboriosas devem ser as mãos
daqueles que estão no trabalho.
(2) “Cumpri o
trabalho dos meus dias e da minha
geração. Faça o mesmo nos seus dias e na sua geração”.
(3) O conforto
e alegria de Paulo, na medida em que a sua partida se
aproximava, deveriam encorajar Timóteo a esforçar-se ao máximo em ser diligente
e sério no seu trabalho. Paulo era um velho soldado de JESUS CRISTO, Timóteo
tinha sido recentemente alistado. “Venha”, diz Paulo, “tenho visto que o nosso
Senhor é amável e a sua obra é boa. Posso olhar para trás para a minha batalha
com uma boa parte de prazer e satisfação; e, portanto, não tema as dificuldades
que precisa enfrentar. A coroa da vida é tão certa como se já estivesse na sua
cabeça; e, portanto, suporte as aflições, e cumpra plenamente o seu
ministério”. A coragem e conforto de santos e ministros que estão morrendo são
uma grande confirmação da verdade da religião cristã e um grande encorajamento
para os santos e ministros vivos em relação ao seu trabalho. Aqui o apóstolo
volta seu olhar para sua morte iminente: já estou sendo oferecido. O ESPÍRITO
SANTO revelava de cidade em cidade que prisões e tribulações o esperavam (At.
20.23). Ele estava agora em Roma e é provável que tenha recebido um claro toque
do ESPÍRITO de que ali ele deveria selar a verdade com o seu sangue, e ele
entende que esse momento estava se aproximando: já estou sendo derramado; assim
está no original: e de spendomai, isto é, já sou um mártir nos meus sentimentos.
Isso alude à oferta de libação; porque o sangue dos mártires, embora não fosse
um sacrifício de expiação ou propiciação, era um sacrifício de gratidão para a
honra da graça de DEUS e de suas verdades. Paulo era um imitador de CRISTO em
tudo, até mesmo na morte por perseguição e inveja de seus opositores. Observe:
[1] O prazer
que ele tem em falar da morte. Ele a chama de
sua partida; embora seja provável que tenha antevisto que teria uma morte
violenta e sangrenta, mesmo assim a chama de sua partida ou sua libertação. A
morte para um homem justo é a sua libertação da prisão deste mundo e sua
partida para o gozo do outro mundo: ele não deixa de existir, mas é apenas
removido de um mundo para outro.
[2] O prazer
com que ele olha para a vida que tinha vivido (v. 7): Combati o bom combate, acabei a carreira etc. Ele não temia a
morte, porque tinha o testemunho da sua consciência de que pela graça de DEUS
ele tinha, em alguma medida, correspondido às expectativas do propósito da
vida. Como cristão, como ministro, ele tinha combatido o bom combate. Ele tinha
realizado o serviço, passado pelas dificuldades da sua batalha e tinha sido um
instrumento ao levar avante as gloriosas vitórias do Redentor exaltado sobre os
poderes das trevas. Sua vida foi uma carreira, e ele a tinha concluído. Como
sua batalha tinha sido cumprida, assim sua corrida tinha acabado. “Guardei a
fé. Guardei as doutrinas do evangelho e nunca neguei nenhuma delas”. Note que,
em primeiro lugar, a vida de um cristão, mas especialmente de um ministro, é um
combate e uma corrida, às vezes comparada a um ou ao outro nas Escrituras. Em
segundo lugar, esse é um bom combate, uma boa milícia. A causa é boa, e a
vitória é certa, se continuarmos fiéis e corajosos. Em terceiro lugar, devemos
combater esse bom combate, devemos concluí-lo e terminar nossa carreira. Não
devemos parar até que sejamos mais do que vencedores por aquele que nos amou
(Rm 8.37). Em quarto lugar, é um grande consolo para um santo moribundo quando
ele pode olhar para trás e dizer com o nosso apóstolo: “Combati etc. Guardei a
fé, a doutrina da fé e a graça da fé”. Se pudermos falar da mesma maneira, ao
nos aproximar do final dos nossos dias, sentiremos um consolo inexprimível. Portanto,
precisamos continuar nos esforçando, contando com a graça de DEUS, para que
possamos terminar nossa carreira com alegria (At 20.24).
[3] O prazer
com que ele olha para a vida futura (v. 8): Desde agora, a coroa da justiça me está guardada etc. Ele havia
sofrido perda por CRISTO, mas estava certo de que ganharia a CRISTO (Fp 3.8).
Que isso possa servir de ânimo para Timóteo para suportar as dificuldades como
um bom soldado de JESUS CRISTO, que há uma coroa da vida para ele, a glória e a
alegria que abundantemente compensarão todas as dificuldades e privações do
combate presente. Observe: Ela é chamada de coroa da justiça, porque será a
recompensa dos nossos serviços, que o Senhor não esquecerá, porque não é
injusto para esquecer, e porque a nossa santidade e justiça serão aperfeiçoadas
e serão a nossa coroa. DEUS a dará como justo juiz e não permitirá que alguém
se desvie. Essa coroa da justiça não era somente para Paulo, como se
pertencesse somente aos apóstolos, aos ministros famosos e aos mártires, mas
par a todos os que amarem a sua vinda. Observe: A natureza de todos os santos é
amar a vinda de JESUS CRISTO: eles amaram a sua primeira vinda, quando Ele
apareceu para tirar o pecado pelo sacrifício de si mesmo (Hb 9.26). Eles têm
prazer em refletir a respeito dela. Eles aguardam ansiosos pela segunda vinda
de CRISTO naquele grande Dia. Eles a amam e a aguardam com ansiedade. Em
relação àqueles que amam a vinda de JESUS CRISTO, Ele virá para a alegria
deles. Existe uma coroa de justiça reservada para eles, que na segunda vinda de
JESUS CRISTO será dada a eles (Hb 9.28). Disso, podemos aprender que, em
primeiro lugar, o Senhor é o Juiz justo, porque seu julgamento é de acordo com
a verdade. Em segundo lugar, a coroa dos crentes é uma coroa de justiça,
comprada pela justiça de CRISTO e guardada como recompensa pela justiça dos
santos. Em terceiro lugar, essa coroa, que os crentes deverão usar, é
depositada para eles. Eles não a têm na era presente, porque aqui eles são
somente herdeiros. Ela não é deles como uma posse, e, mesmo assim, ela é certa,
porque foi depositada para eles. Em quarto lugar, o justo Juiz a dará a todos
que amam a sua vinda, se preparam para ela e anelam por ela. Certamente, cedo
venho. Amém! Ora, vem, Senhor JESUS! (veja Ap 22.20).
TRIBUNAL DE CRISTO
(Na Nova Jerusalém, após o arrebatamento)
E, se alguém
sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas,
madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a
declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra
de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá
galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será
salvo, todavia como pelo fogo. 1 Coríntios 3:12-15
Mas tu, por que
julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos
havemos de comparecer ante o tribunal de CRISTO. Porque está escrito: Pela
minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua
confessará a DEUS. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a DEUS.
Romanos 14:10-12.
Porque todos
devemos comparecer ante o tribunal de CRISTO, para que cada um receba segundo o
que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal. 2 Coríntios 5:10
A Vinda de
CRISTO - Com. Bíblico - Matthew
Henry (Exaustivo) AT e NT (Com algumas modificações do Pr. Henrique)
Primeira fase
da segunda vinda – arrebatamento (antes da Grande Tribulação)
Não quero,
porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos
entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que
JESUS morreu e ressuscitou, assim também aos que em JESUS dormem DEUS os
tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que
nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que
dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo,
e com a trombeta de DEUS; e os que morreram em CRISTO ressuscitarão primeiro;
depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas
nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.
Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras. 1 Tessalonicenses
4:13-18
1
Tessalonicenses 5:1-5
Nestas
palavras, observe:
I
O apóstolo
deixa claro aos Tessalonicenses que era desnecessário perguntar acerca do tempo
específico da vinda de CRISTO: acerca dos
tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva (v. 1). CRISTO
certamente virá, e há um tempo específico decretado para a sua vinda; mas não
havia a necessidade de o apóstolo escrever a este respeito, e, portanto, não há
dia marcado e revelado para qualquer ser humano. Nem eles nem nós deveríamos
perguntar acerca desse segredo, que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder
(veja At 1.7). Daquele Dia e hora ninguém sabe (veja Mt 24.36). O próprio
CRISTO não revelou a hora quando esteve na terra; não fazia parte da sua
comissão como o grande profeta da Igreja: Ele também não o revelou aos seus
apóstolos; não havia necessidade disso. Há tempos e estações para fazermos
nosso trabalho: o nosso dever e interesse é conhecer e observar; mas não
sabemos os tempos e estações quando devemos prestar contas, nem é necessário
que o saibamos. Observe: Existem muitas coisas que a nossa vã curiosidade
deseja saber em que não há necessidade para tal, e o nosso conhecimento a
respeito delas não nos faria bem algum. Estejamos todos prontos todos os dias,
esperando a volta de JESUS para nos buscar. Isso é o correto.
II
Ele relata que
a vinda de CRISTO será súbita e uma grande surpresa para a maioria das pessoas
(v. 2). E isso eles sabiam perfeitamente, ou
deveriam saber, porque nosso Senhor assim havia dito: o Filho do Homem há de
vir à hora em que não penseis (Mt 24.44). Lemos também em Marcos 13.35,36:
Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; para que, vindo
de improviso, não vos ache dormindo. E, sem dúvida, o apóstolo tinha anunciado
a eles acerca da vinda de CRISTO, bem como da sua vinda súbita, que é o
significado da sua vinda como o ladrão de noite (veja Ap 15.15). Como o ladrão
geralmente vem no tempo tranquilo da noite, quando ele é menos esperado, assim
será o Dia do Senhor; tão súbita e surpreendente será a sua aparição. A
compreensão disso será mais útil do que saber o tempo exato, porque isso
deveria nos despertar para levantar e vigiar, para estarmos prontos quando Ele
chegar.
Na segunda fase
da segunda vinda de JESUS, quando Ele virá em glória e com a Igreja, juízos
acontecerão. O dia do Senhor. Após a Grande Tribulação.
III
Ele deixa claro
quão terrível a vinda de CRISTO será para os incrédulos (v. 3). O Dia do Senhor significará a destruição deles. O DEUS justo trará
ruína para os seus inimigos e os inimigos do seu povo. E essa destruição será
total e final, de modo que: 1. Ela será súbita. Ela os surpreenderá, e cairá
sobre eles, no meio da sua segurança e animação carnal, quando dizem em seu
coração: Há paz e segurança, quando sonham de felicidade e se deleitam com
diversões vãs das suas fantasias e paixões, e não pensam nisso – como as dores
de parto sobrevirão àquela que está grávida, no tempo devido, mas talvez a
vinda não seja esperada naquele momento, muito menos temida. 2. Ela também será
uma destruição inevitável: de modo nenhum escaparão; eles de modo nenhum escaparão.
Não haverá meios possíveis para evitar o terror nem o castigo daquele dia. Não
haverá lugar onde se escondam os que praticam a iniquidade (veja Jó 34.22), nem
abrigo da tempestade, nem sombra do calor abrasador que consumirá os ímpios.
IV
Ele descreve
quão confortador esse dia será para os justos (vv. 4,5). Observe aqui: 1. A posição e o privilégio deles. Eles não estão em
trevas; eles são filhos da luz etc. Essa era a condição bem-aventurada dos
Tessalonicenses, como é o caso de todos os cristãos verdadeiros. Eles não
estavam em um estado de pecado e ignorância como o mundo pagão. Eles, noutro
tempo, eram trevas, mas, agora, foram feitos luz no Senhor (veja Ef 5.8). Eles
foram favorecidos com a divina revelação das coisas que são invisíveis e
eternas, especialmente em relação à vinda de CRISTO, e às consequências disso.
Eles eram filhos do dia, porque a estrela d’alva tinha aparecido sobre eles;
sim, o Sol da justiça tinha aparecido sobre eles com cura sob suas asas. Eles
não estavam mais debaixo das trevas do paganismo, nem debaixo das sombras da
lei, mas debaixo do evangelho, que traz vida e incorrupção à luz (2 Tm 1.10).
2. O grande benefício deles: que aquele Dia não os surpreenda como um ladrão
(v. 4). Pelo menos seria culpa deles próprios se fossem surpreendidos por
aquele Dia. Eles receberam um aviso claro e ajuda suficiente para precaver-se
contra aquele Dia e podem aguardar com conforto e confiança diante do Filho do
homem. Isso seria um tempo de refrigério pela presença do Senhor, que aparecerá
sem pecado, aos que o esperam para a salvação, e virá a eles como amigo durante
o dia, não como ladrão à noite.
Vigilância e
Sobriedade - Com. Bíblico - Matthew Henry
(Exaustivo) AT e NT (Com algumas modificações do Pr. Henrique)
1
Tessalonicenses 5:6-10
De acordo com o
que tinha sido dito, o apóstolo apresenta exortações adequadas a diversas
obrigações necessárias.
I
Vigilância e
sobriedade (v. 6). Essas obrigações são distintas, mas
se complementam mutuamente. Porque, enquanto somos rodeados por tantas
tentações à intemperança e excesso, não permaneceremos sóbrios, se não
estivermos atentos, e, se não permanecermos sóbrios, não vigiaremos por muito
tempo.
1. Então, não
durmamos... como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios; não devemos estar
despreocupados e descuidados, nem tolerar indolência espiritual e preguiça. Não
devemos estar de guarda baixa, mas continuamente vigiar contra o pecado e as
tentações. A maioria das pessoas é descuidada demais em relação às suas
obrigações e desatenta em relação aos seus inimigos espirituais. Elas dizem: Há
paz e segurança, quando estão em grande perigo, desperdiçam os preciosos
momentos dos quais depende a eternidade, alimentando sonhos inúteis, e não se
preocupam mais com o outro mundo do que as pessoas que estão dormindo. Ou eles
não se preocupam nem um pouco com as coisas do outro mundo, porque estão
dormindo, ou não pensam nelas da forma correta, porque estão sonhando. Mas nós
precisamos agir como pessoas que estão acordadas e que estão vigiando. 2. Que
também sejamos sóbrios, ou controlados e moderados. Que mantenhamos nossos
desejos e apetites naturais em relação às coisas deste mundo dentro dos devidos
limites. A sobriedade geralmente se opõe ao excesso de alimento e bebida, e,
nesse caso, ela se opõe à embriaguez. Mas ela também se estende a todas as
outras coisas temporais. Assim, nosso Salvador advertiu seus discípulos a olhar
por eles, para que não aconteça que o seu coração se carregue de glutonaria, de
embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre eles de improviso aquele dia
(Lc 21.34). Nossa equidade então, como para todas as coisas temporais, deve ser
notória a todos os homens, porque perto está o Senhor (veja Fp 4.5). Além
disso, vigilância e sobriedade são bastante convenientes ao caráter e
privilégio cristãos, pelo fato de serem filhos do dia; porque os que dormem,
dormem de noite, e os que se embebedam embebedam-se de noite (v. 7). É uma
coisa bastante vergonhosa dormir durante o dia, que foi feito para trabalhar e
não para dormir, estar embriagado durante o dia, quando tantos olhos estão
voltados para eles, para observar sua vergonha. Não seria tão estranho se esses
que não tinham o benefício da revelação divina se deixassem embalar no sono da
segurança carnal pelo Diabo, e se eles colocassem as rédeas ao redor do pescoço
dos seus apetites e se deixassem levar por toda forma de confusão e excessos;
porque para eles era noite. Eles não estavam conscientes do perigo, portanto
dormiam; eles não estavam cientes das suas obrigações, portanto estavam
embriagados: mas para os cristãos isso seria tremendamente prejudicial. E como!
Acaso os cristãos, que têm a luz do evangelho bendito brilhando em seus rostos,
seriam negligentes acerca de sua alma e descuidados em relação ao outro mundo?
Esses que têm tantos olhos voltados para si próprios deveriam conduzir-se com
uma decência peculiar.
II
Estar bem
armado e vigilante: colocar toda a armadura de DEUS.
Isso é necessário para que essa sobriedade seja uma preparação para o Dia do
Senhor, porque nossos inimigos espirituais são muitos, poderosos e malignos.
Eles seduzem muitos para os seus interesses, e os mantêm neles, ao torná-los
descuidados, seguros e presunçosos, ao torná-los ébrios – ébrios de orgulho,
ébrios de paixão, ébrios e tontos de presunção, ébrios com as gratificações dos
sentidos. Por isso precisamos nos preparar contra essas investidas, ao vestir a
couraça espiritual para proteger o coração, e o capacete espiritual para
guardar a cabeça; e essa armadura espiritual consiste em três grandes graças
dos cristãos: fé, amor e esperança (v. 8). 1. Devemos viver pela fé, e isso nos
manterá vigilantes e sóbrios. Se cremos que os olhos de DEUS (ESPÍRITO) estão
sempre sobre nós, que temos inimigos espirituais com os quais devemos lutar,
que existe um mundo de espíritos que devemos enfrentar, veremos motivos para
vigiar e estar sóbrios. A fé será nossa melhor defesa contra os assaltos dos
nossos inimigos. 2. Devemos ter um coração inflamado de amor; e essa também
será a nossa defesa. Um amor verdadeiro e fervoroso por DEUS e pelas coisas de
DEUS nos manterá vigilantes e sóbrios e impedirá a nossa apostasia em tempos de
dificuldades e tentações. 3. Devemos tornar a salvação a nossa esperança.
Devemos ter uma esperança viva a esse respeito. Essa boa esperança, por meio da
graça, de vida eterna, será como um capacete para defender nossa cabeça e impedir
que sejamos intoxicados com os prazeres do pecado, que são por pouco tempo. Se
temos uma esperança viva em relação à salvação, tomemos cuidado para não
fazermos coisas que ponham em risco a nossa esperança, ou nos tornem indignos
ou desqualificados para a grande salvação pela qual esperamos. Tendo mencionado
a salvação e a esperança dela, o apóstolo mostra quais fundamentos e motivos os
cristãos têm para esperar por essa salvação; no entanto, ele não diz nada que
os façam merecê-la. Não, a doutrina do nosso merecimento está em completo
desacordo com as Escrituras; não há fundamento para esse tipo de doutrina. Mas
nossas esperanças devem estar fundamentadas: (1) No destino de DEUS: porque
DEUS não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação (v. 9). Se
remontássemos a nossa salvação à primeira causa, seria o desígnio de DEUS.
Aqueles que vivem e morrem na escuridão e ignorância, que dormem e estão
embriagados como na noite, são claramente destinados para a ira; mas quanto aos
que são do dia, se vigiarem e permanecerem sóbrios, é evidente que são
destinados para a aquisição da salvação. E a certeza e a firmeza do destino
divino são o grande apoio e encorajamento da nossa esperança. Se obtivéssemos a
salvação por mérito ou poder próprios, teríamos pouca ou nenhuma esperança
dela; mas quando reconhecemos que a obtemos pela virtude do desígnio de DEUS,
que certamente não pode ser abalado (para que o propósito de DEUS, segundo a
eleição, ficasse firme), nisso edificamos uma esperança inabalável, especialmente
quando consideramos que: (2) O mérito e a graça vêm de CRISTO, e que a salvação
é pelo nosso Senhor JESUS CRISTO, que morreu por nós. Portanto, nossa salvação
e nossas esperanças estão fundamentadas na redenção de CRISTO, e, como devemos
pensar no desígnio e propósito graciosos de DEUS, também devemos pensar na
morte e sofrimento de CRISTO, para esse fim, para que, quer vigiemos, quer
durmamos (quer vivamos ou morramos, porque a morte não passa de um sono para os
crentes, como o apóstolo tinha anunciado anteriormente), vivamos juntamente com
CRISTO, vivamos em união e em glória com Ele para sempre. E, como é a salvação
que os cristãos esperam para estarem para sempre com o Senhor, assim o
fundamento da esperança deles é a sua união com Ele. E se eles estão unidos com
CRISTO, e vivem nele, e vivem para Ele, aqui, a morte não será nenhum prejuízo
para a vida espiritual, muito menos para a vida de glória no futuro. Pelo
contrário, CRISTO morreu por nós para que, em vida ou na morte, sejamos dele; para
que possamos viver para Ele enquanto estivermos aqui, e viver com Ele quando
sairmos daqui.
Várias
Exortações. O Dever em relação aos Companheiros
Cristãos - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (Com algumas
modificações do Pr. Henrique)
1
Tessalonicenses 5:11-15
Nestas
palavras, o apóstolo exorta os Tessalonicenses a realizarem diversos deveres.
I
Em relação
àqueles que estavam intimamente ligados uns aos outros. Isso deveria
consolá-los, ou exortar um ao outro e edificar um ao outro (v. 11). 1. Eles
devem confortar ou exortar a si mesmos e uns aos outros; porque a palavra
original pode ser traduzida das duas maneiras. E podemos observar: As pessoas
que sabem confortar-se são capazes e aptas a confortar os outros; assim, o modo
de confortar-nos a nós mesmos, ou prover conforto aos outros, é sujeitar-nos à
exortação da palavra. Observe: Não deveríamos apenas ser cuidadosos acerca do
nosso conforto e bem-estar, mas também promover o conforto e bem-estar aos
outros. Foi Caim que disse: Sou eu guardador do meu irmão? Devemos levar as
cargas uns dos outros e assim cumprir a lei de CRISTO. 2. Eles devem edificar
uns aos outros, ao seguir as coisas que servem... para a edificação de uns para
com os outros (Rm 14.19). Uma vez que os cristãos são pedras vivas que se unem
e formam uma casa espiritual, eles devem se empenhar em fomentar o bem de toda
a igreja ao promover a obra da graça uns nos outros. É nosso dever estudar
aquilo que serve para a edificação daqueles com quem nos conectamos, para
agradar a todos para o verdadeiro proveito deles. Devemos transmitir nosso
conhecimento e experiência uns aos outros. Devemos nos unir em oração e louvor
uns com os outros. Devemos ser um bom exemplo uns para com os outros. E é o
dever, especialmente daqueles que moram na mesma vizinhança e família,
confortar e edificar uns aos outros; essa é a melhor vizinhança, o melhor meio
de cumprir a finalidade da sociedade. Como as pessoas que estão intimamente
ligadas têm as maiores oportunidades, assim elas estão debaixo de maior
obrigação, de fazer o bem umas às outras. Foi isso que os Tessalonicenses
fizeram (como também o fazeis), e é isso que eles são exortados a continuar
fazendo cada vez mais. Observe: Aqueles que fazem o que é bom precisam de mais
exortação para estimulá-los a fazer o bem, e a fazer ainda mais, além de
continuar fazendo o que já estão fazendo.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
LIÇÃO NA
ÍNTEGRA -
Escrita Lição
12, Central Gospel, Paulo, um Líder Eficaz, 2Tr23, Pr Henrique, EBD
NA TV
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- UMA BREVE
BIOGRAFIA DE PAULO, O
APÓSTOLO
1-1- Saulo,
perseguidor da Igreja
1-2- Saulo,
pregador do evangelho
1-3- Paulo,
missionário às nações
1-4- Paulo,
arquiteto da Igreja
2-
CARACTERÍSTICAS DA LIDERANÇA PAULINA
2-1- Paulo é
julgado e mandado para Roma
2-1-1- Paulo é
apresentado ao governador Festo e ao rei Agripa.
2-1-2- Paulo
enfrenta os primeiros percalços
2-2- O grande
líder vislumbra o futuro
2-3- O grande
líder é encorajador
2-4- O grande
líder preocupa-se com as necessidades alheias
TEXTO BÍBLICO
BÁSICO - Atos 27.1,4,7,9-11,21,22
1 - Como se
determinou que havíamos de navegar para a Itália, entregaram Paulo e alguns
outros presos a um centurião por nome Júlio, da Coorte Augusta.
4 - E, partindo
dali, fomos navegando abaixo de Chipre, porque os ventos eram contrários.
7 - E, como por
muitos dias navegássemos vagarosamente, havendo chegado apenas defronte de
Cnido, não nos permitindo o vento ir mais adiante, navegamos abaixo de Creta,
junto de Salmona.
9 - Passado
muito tempo, e sendo já perigosa a navegação, pois também o jejum já tinha
passado, Paulo os admoestava,
10 -
dizendo-lhes: Varões, vejo que a navegação há de ser incômoda e com muito dano,
não só para o navio e a carga, mas também para a nossa vida.
11 - Mas o
centurião cria mais no piloto e no mestre do que no que dizia Paulo.
21 - Havendo já
muito que se não comia, então, Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse:
Fora, na verdade, razoável, ó varões, ter-me ouvido a mim e não partir de
Creta, e assim evitariam este incômodo e esta perdição.
22 - Mas,
agora, vos admoesto a que tenhais bom ânimo, porque não se perderá a vida de
nenhum de vós, mas somente o navio.
TEXTO ÁUREO
(...) Para o
que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios. 2 Timóteo 1.11
ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Caro professor,
o apóstolo Paulo é um dos personagens mais emblemáticos e mais explorados de
todo o Novo Testamento. De certa forma, as citações diretas e indiretas feitas
a seu nome só não superam, em número, às feitas ao Senhor JESUS. Portanto,
devido à frequência com que o personagem é abordado em estudos e sermões, é
possível que seus alunos não se sintam, em um primeiro momento, genuinamente
interessados por este estudo. O desafio, nesta oportunidade, não consiste em
apresentar-lhes um novo e desconhecido Paulo, mas destacar as
características de sua liderança. Assim, nesta lição, procure focá-las,
reforçando a ideia de que tais características podem ser aplicadas à vida de
todos, indistintamente: o grande líder vislumbra o futuro; é encorajador; e preocupa-se
com as necessidades alheias. Boa aula!
COMENTÁRIO - Palavra
introdutória
A biografia do
apóstolo Paulo abre um leque imenso de possibilidades de estudos, visto ter
sido ele o nome de maior expressão no cristianismo, depois do nome de JESUS.
Nela, deparamo-nos com um grande repertório, que vai da sua conversão à sua
capacidade de compreensão e de revelação do mistério de CRISTO; da sua
experiência de vida como pregador do evangelho aos seus escritos; da sua
obediência aos líderes da Igreja primitiva à sua liderança expressiva; da sua
autoridade apostólica à sua humildade para servir. O apóstolo Paulo tinha plena
convicção do seu chamado. Ele apresentava-se como apóstolo, mas também como
servo de JESUS CRISTO (Rm 1.1; Fp 1.1). O título de apóstolo não inflava o seu
ego; Paulo era um homem humilde, que não esperava que outros fizessem trabalho
algum, quando ele próprio era capaz de realizá-lo.
1- UMA BREVE
BIOGRAFIA DE PAULO, O APÓSTOLO
Filho de pais
judeus, nascido em Tarso, cidade célebre da Cilícia (At 21.39), Paulo foi
criado em Jerusalém e provavelmente herdou a cidadania romana de seu pai. Ao
nascer, recebeu o nome de Saulo, que significa pequeno. Mais tarde, adotou a
forma grega do mesmo nome, vindo a chamar-se Paulo. Nada se sabe acerca do ano
em que ele nasceu, mas, provavelmente, foi na primeira Década do calendário
cristão, pois quando Estêvão morreu (32 d.C.), Paulo era um jovem (At 7.58).
Sua compleição
física não impressionava pessoa alguma (2 Co 10.10). Uma descrição de sua
aparência no livro apócrifo de Atos de Paulo e Tecla, diz: “E ele viu Paulo que
se aproximava, um homem de baixa estatura, quase calvo, pernas tortas, corpo
volumoso, sobrancelhas unidas, um nariz um tanto adunco, cheio de graça: pois
algumas vezes parecia um homem, e outras vezes tinha fisionomia de um anjo.”. A
família de Paulo pertencia à tribo de Benjamim, era altamente religiosa e fazia
parte da seita dos fariseus (Rm 11.1; Fp 3.5; At 23.6). Sabe-se também que
Paulo fora ensinado aos pés do respeitado rabino Gamaliel (At 22.3; 26.4);
tinha uma irmã que vivia em Jerusalém (At 23.16); e tinha a profissão de
fabricante de tendas (At 18.3), provavelmente herdada do pai.
SUBSÍDIO
1 - Alguns estudiosos acreditam que Paulo também tivesse formação em Estética,
Filosofia, Matemática e Esportes — fato que se evidencia em suas menções sobre
coroa (1 Co 9.24-27), combate (2 Tm 4.7), exercício corporal (1 Tm 4.8) etc.
Sua habilidade com o grego, o hebraico e o latim, revelam, ainda, um grande
repertório cultural.
1-1- Saulo,
perseguidor da Igreja
Paulo gabava-se
da sua origem e do seu conhecimento religioso (Gl 1.14; Fp 3.4-6). Em seu zelo
pela religião judaica, foi um ferrenho perseguidor da Igreja de CRISTO e ele
mesmo reconhece isso (1 Tm 1.13). No dia em que viajava para Damasco, em busca
de cristãos, na intenção de prendê-los, Paulo foi surpreendido por uma luz e
uma voz que dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? (...) Duro é para ti
recalcitrar contra os aguilhões (At 9.4,5). Naquele instante, ele rendeu-se
humildemente ao Salvador, reconhecendo-o como o Messias tão aguardado pelos
judeus (At 9.3-9; 22.6-11; 26.12-18).
1-2- Saulo,
pregador do evangelho
O próprio Paulo
aponta os locais que percorreu em seus primeiros anos de fé: ele passou pela
Arábia, Damasco e Jerusalém — onde esteve por quinze dias em companhia de Pedro
(Gl 1.17,18) —; seguiu para a Síria e a Cilícia (Gl 1.21). Quatorze anos
depois, voltou a Jerusalém com Barnabé, visto que ainda não era muito bem
aceito por aquela igreja (Gl 2.1). Não demorou para que Saulo se tornasse um
pregador do evangelho (At 9.22).
1-3- Paulo,
missionário às nações
A igreja em
Antioquia estava crescendo. Barnabé foi a Tarso em busca de Saulo, para levá-lo
consigo a Antioquia (At 11.25). Dali, obedecendo a uma ordem do ESPÍRITO SANTO,
Saulo e Barnabé, um dos doutores da Igreja, partiram para o campo missionário
(At 13.1).
Foram, ao todo,
três viagens missionárias. Por onde passavam, anunciavam a CRISTO como o
Messias Salvador — tanto a judeus quanto a gentios — e plantavam igrejas. Paulo
reconheceu que DEUS lhe dera a missão de alcançar os gentios, enquanto a Pedro,
a missão de alcançar os judeus (Gl 2.8).
1-4- Paulo,
arquiteto da Igreja
O apóstolo
Paulo autointitula-se sábio arquiteto da Igreja. Observe: Segundo a graça de
DEUS que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro
edifica sobre ele (...) (1 Co 3.10). Além de hábil evangelista e plantador de
igrejas, o apóstolo Paulo deixou um grande legado para o cristianismo: foram
treze cartas doutrinárias, por meio das quais a Igreja de CRISTO norteia-se
para compreender e exercer a sua fé. O ESPÍRITO SANTO, que o inspirou, deixou
registrada, nessas cartas, a porção necessária para o desenvolvimento do
caráter cristão. É verdade que contamos com outras cartas, as quais fornecem ao
Corpo de CRISTO importantes instruções — como a de Hebreus, cujo autor é
desconhecido, e as escritas por Pedro, Tiago, João e Judas. Mas, estas não
Cobrem assuntos de maior profundidade teológica, como os encontrados nos
escritos paulinos.
2-
CARACTERÍSTICAS DA LIDERANÇA PAULINA
Há muitos
eventos bíblicos que sublinham a liderança de Paulo — além dos seus próprios
escritos, principalmente suas cartas pastorais a Timóteo e a Tito —; mas, nesta
lição, será feito o recorte da chegada do grande arauto da fé cristã à capital
do Império Romano.
SUBSÍDIO2 - O
grande sonho de Paulo era de, um dia, chegar a Roma (Rm 1.15), e isso realmente
aconteceu, só que em uma condição um tanto atípica: Paulo foi para a capital do
Império como prisioneiro.
2-1- Paulo é
julgado e mandado para Roma
Os judeus,
incomodados com a pessoa de Paulo, faziam de tudo para interromper sua
trajetória. Um grupo de judeus, vindos da Ásia, vendo Paulo e alguns irmãos
adentrarem ao templo em Jerusalém, lançaram mão dele, acusando-o de pregar
contra a Lei e de profanar o Templo. Em seguida, arrastaram-no para fora dali,
fecharam as portas e tentaram matá-lo (At 21.27-31). Com a chegada do tribuno,
prenderam o apóstolo, e, assim, os soldados protegeram-no de ser morto (At
21.32,33). Sendo-lhe permitido falar, Paulo falou ao seu povo, em sua
autodefesa, em língua hebraica, do alto de uma escada (At 21.37—22.21). Mesmo
preso, os judeus tramaram um plano de entrar com um recurso judicial, sob o
pretexto de ouvi-lo novamente e, então, matá-lo. O sobrinho de Paulo, ao saber
disso, informou-o sobre a trama elaborada contra ele, e a notícia foi levada ao
tribuno, que, imediatamente, montou uma escolta e transferiu Paulo para
Cesareia, onde estava o procônsul Félix (At 23.12—25.12).
2-1-1- Paulo é
apresentado ao governador Festo e ao rei Agripa
O rei Agripa
ofereceu a Paulo a oportunidade de falar em sua defesa. O apóstolo, de maneira
brilhante, fez a sua exposição, ressaltando que a razão de ele estar preso
devia-se a uma contenda religiosa dos judeus contra ele (At 25.13-27). Depois
de ser interrogado pelo governador Festo e pelo rei Agripa, Paulo poderia ficar
livre, mas, como apelou para César, tinha agora de ser mandado para a capital
do Império (At 26.32). Nas mãos de Júlio, centurião da Coorte Augusta, Paulo e
outros presos embarcaram para Roma (At 27.1).
2-1-2- Paulo
enfrenta os primeiros percalços
Os dois últimos
capítulos de Atos dos Apóstolos narram a conturbada viagem de Paulo, de
Cesareia para Roma, onde permaneceu cativo por dois anos, em prisão domiciliar,
uma vez que dispunha desse direito por ser cidadão romano (At 28.30). O
apóstolo e os demais presos embarcaram em um navio adramitino. Quando passaram
pela ilha de Chipre, começaram a enfrentar sérios problemas com os ventos
contrários. Em Mirra, na Lícia, trocaram de embarcação e seguiram viagem em um
navio de Alexandria, porém essa troca não amenizou o problema (At 27).
2-2- O grande
líder vislumbra o futuro
Paulo
recomendou que permanecessem ali por algum tempo, dizendo: A navegação há de
ser incômoda e com muito dano, não só para o navio e a carga, mas também para a
nossa vida (At 27.10). Com Paulo aprendemos que o grande líder não precisa
ocupar uma posição de proeminência para dar o seu parecer sobre uma situação
emergente e potencialmente calamitosa. Paulo não estava no comando do navio;
antes, era um prisioneiro que estava sendo levado para ser julgado em Roma. No
entanto, sua percepção era aguçada; ele enxergava adiante. As condições do
tempo não lhe permitiram ficar calado: o apóstolo pensava na segurança de
todos.
2-3- O grande
líder é encorajador
Como grande
líder, Paulo trouxe a todos uma palavra de encorajamento e de esperança (At
27.22). Ele esperava receber algum crédito, depois de haver anunciado algo que
ocorreu exatamente conforme previra. Além disso, o apóstolo levou a todos uma
palavra de revelação divina, recebida de um anjo, que lhe comunicara acerca dos
próximos acontecimentos (At 27.23). As 276 pessoas daquele navio deviam ser
gratas pela presença de Paulo naquela embarcação. Elas poderiam ter naufragado
ao longo da viagem tempestuosa, mas a presença do apóstolo protegeu a todos.
2-4- O grande
líder preocupa-se com as necessidades alheias
Passados 14
dias desde a última refeição, Paulo recomendou a todos que comessem: Portanto,
exorto-vos a que comais alguma coisa, pois é para a vossa saúde (At 27.33-38).
O apóstolo preocupava-se com a saúde física dos seus companheiros mais
próximos.
Todos teriam
ainda de enfrentar outro desafio: pular ao mar para chegar à ilha de Malta.
Assim, encalharam o navio e saltaram dele. Diz o texto bíblico que a ideia dos
soldados foi que matassem os presos para que nenhum fugisse, escapando a nado.
Mas o centurião, querendo salvar a Paulo, lhes estorvou este intento; e mandou
que os que pudessem nadar se lançassem primeiro ao mar e se salvassem em terra;
e os demais, uns em tábuas e outros em coisas do navio. Deste modo, todos foram
salvos (At 27.39-44).
CONCLUSÃO
Essa história
específica apresenta outros desdobramentos, no último capítulo do livro de Atos
(cap. 28), mas nossa análise se encerrará neste ponto.
Temos de
admitir que a vida do apóstolo Paulo tem muito a nos ensinar. O pouco que vimos
sobre a força da sua liderança, neste episódio, abre os nossos olhos para
entender que um líder levantado por DEUS é apto para contribuir com a sua
experiência de vida, sua sabedoria e tenacidade até mesmo fora do seu ambiente.
A história de Paulo se encerra em Roma, onde ele esteve por dois anos em uma
casa que alugara, pregando o reino de DEUS e ensinando com toda a liberdade as
coisas pertencentes ao Senhor JESUS CRISTO, sem impedimento algum (At 28.31).
Paulo ensina-nos, acima de tudo, que o grande líder combate o bom combate,
acaba a carreira e guarda a sua fé (2 Tm 4.7).
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
O APÓSTOLO
PAULO
1. Saulo e sua
conversão.
Chamado por
DEUS
“Paulo (chamado
apóstolo de JESUS CRISTO, pela vontade de DEUS), e o irmão Sóstenes (1 Co 1.1;
2 Co 1.1; Gl 1.1). O chamado de Paulo foi bem diferente. A caminho de Damasco,
com ordens dos sacerdotes para prender os cristãos, foi interrompido por JESUS,
de maneira sobrenatural e impactante.
No chão, Paulo
teve o chamado de DEUS de forma tão dramática, que caiu, ouvindo a potente voz
do Senhor, que o abatera em seu orgulho e presunção, quando julgava estar
fazendo a vontade de DEUS no zelo do judaísmo (At 9.4; 22.7; At 9.10-19). DEUS
tem seus caminhos e suas maneiras de agir, às vezes muito estranhas (cf. Is
28.21). Diante de um chamado tão singular e diferente dos demais apóstolos,
Paulo tinha razão em dizer que era chamado pela vontade de DEUS e não dos
homens. Seu nome em hebraico era Saulo (hb. Sha'ul, o que foi pedido) - Seu
nome em grego era Paulo (gr. Paulus, baixo, pequeno, humilde), foi convocado
pelo ESPÍRITO SANTO para ser enviado para a missão evangelística (At 13.8).
Lembrando
também que Paulo ouviu de Estêvão um maravilhoso testemunho de fé em DEUS e
comunhão íntima com JESUS.
Mas ele,
estando cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos no céu, viu a glória de DEUS
e JESUS, que estava à direita de DEUS, e disse: Eis que vejo os céus abertos e
o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de DEUS. Mas eles gritaram com
grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele. E,
expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas
vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejaram a Estêvão, que em
invocação dizia: Senhor JESUS, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos,
clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito
isto, adormeceu. Atos 7:55-60
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 75. (Com algumas adaptações,
mudanças e alguns acréscimo meus - Pr. Henrique)
Da Terra das
Tendas Negras
Paulo dava sua
aprovação à medida que cada testemunha apanhava uma pedra, erguia-a acima da
cabeça e a atirava para ferir e aleijar o homem lá embaixo. Então Paulo ouviu a
voz de Estêvão. Em dor, mas com clareza, ele falava como se a alguém invisível,
mas próximo: "Senhor JESUS, recebe o meu espírito".
Tentando
dominar a dor, ele se ajoelhou em oração. Paulo não podia deixar de ouvir as
palavras que saíam com volume espantoso de alguém a morrer: "Senhor, não
lhes imputes este pecado."
A próxima pedra
tombou-o ao chão. O mártir perdera a consciência. A multidão continuou a
apedrejá-lo.
Paulo nasceu
numa cidade situada entre as montanhas e o mar. É provável que o ano tenha sido
1 d.C, mas os detalhes originais do local do seu nascimento são escassos. A
indicá-lo, temos a reivindicação do próprio apóstolo: "Eu sou judeu de
Tarso, cidade não insignificante da Cilicia... Da linhagem de Israel, da tribo
de Benjamim, hebreu de hebreus".
Tarso era a
principal cidade da fértil planície da Cilicia, no extremo Sudoeste da Ásia
Menor.
Antíoco IV, por
volta de 170 a.C, introduziu na cidade uma colônia de judeus. Estes,
além de direitos e privilégios. É provável que os ancestrais de Paulo
estivessem entre esses judeus que, por sua vez, devem ter saído da obscura
cidade de Giscala, na Galileia.
É possível que
o pai de Paulo tenha sido um mestre na arte de fabricar tendas. O pano era
tecido dos longos pelos de bodes pretos que pastavam, como ainda hoje
o fazem, nas encostas do Tauro.
Da mãe de Paulo
nada se sabe. Ele tinha pelo menos uma irmã (E o filho da irmã de Paulo, tendo
ouvido acerca desta cilada, foi, e entrou na fortaleza, e o anunciou a Paulo.
Atos 23:16). A família detinha a cobiçada posição de cidadania romana, pois a
cidade se tornou colônia romana..
O terceiro
nome, chamado cognome, era Paulus. Por ocasião do ritual da circuncisão, no
oitavo dia de vida, ele também havia recebido um nome judaico:
"Saulo". Este foi escolhido ou por causa do seu significado,
"pedido", ou em honra do benjamita mais famoso de toda a história, o
rei Saul.
Saulo era o
nome usado em casa, ressaltando que a herança judaica lhe era a coisa mais
importante nos seus primeiros anos. Paulo, desde a infância, aprendeu grego, a
língua franca de então, latim, a língua dos dominadores romanos e em casa a
família falava o aramaico, a língua da Judeia, derivada do hebraico.
A escola anexa
à sinagoga de Tarso não ensinava nada mais que o texto hebraico da sagrada lei.
Paulo aprendeu a escrever os caracteres hebraicos em papiro e, desta forma,
pouco a pouco formou seus próprios rolos das Escrituras. Aos treze anos de
idade, Paulo já havia dominado a história judaica, a poesia dos salmos e a
majestosa literatura dos profetas. Ele estava preparado para a escola superior.
É provável
que no ano em que Augusto morreu, 14 d.C, Paulo, ainda adolescente, tenha sido
enviado, por mar, à Palestina, e tenha subido os montes na direção de
Jerusalém.
Durante os
seguintes seis anos ele se sentou aos pés de Gamaliel, neto do mestre supremo
dos judeus Hillel que, alguns anos antes, falecera com mais de cem anos de
idade. Sob o frágil e gentil Gamaliel, em contraste com os líderes da escola
rival de Shammai, Paulo aprendeu a dissecar um texto até revelar dezenas de
possíveis significados. Aprendeu também a fazer uma exposição, pois o rabi,
além de advogado de acusação ou de defesa dos que quebravam a lei sagrada, era
também pregador. Paulo excedeu a seus contemporâneos. Sua mente poderosa
poderia levá-lo a ocupar um lugar no Sinédrio, no Corredor das Pedras Polidas,
e torná-lo um "governador dos judeus". Por ser o estado judaico uma
teocracia em que as mesmas pessoas exerciam funções religiosas e civis, os
setenta e um membros do Sinédrio eram igualmente juízes, senadores e mestres
espirituais. O tribunal tomava decisões supremas em todos os assuntos
religiosos e dentro da pequena liberdade de se governarem a si mesmos permitida
pelo romanos. Alguns dos membros do tribunal procediam do sacerdócio
hereditário. Outros eram advogados e rabis.
Tivesse Paulo
permanecido aí durante o ministério de JESUS de Nazaré, certamente teria
argumentado com ele, à semelhança dos outros fariseus. Nos anos posteriores ele
se referiu com frequência à morte de JESUS por crucificação, mas jamais
confessou-se sua testemunha ocular.
Uma de suas
cartas sugere que ele tinha forte inclinação missionária. Onde quer que os
judeus adoravam, os simpatizantes gentios eram admitidos como "tementes a
DEUS". Fariseus como Paulo instavam a que os tementes a DEUS se fizessem
prosélitos, judeus completos: deviam submeter-se ao simples mas doloroso ritual
da circuncisão, e então honrar as exigências cerimoniais e pessoais da lei em
todo o seu rigor. O fardo podia ser pesado, mas a recompensa era grande, pois
ganhariam o favor de DEUS.
Logo depois de
seu trigésimo aniversário Paulo voltou a Jerusalém.
Em Jerusalém,
podiam desincumbir-se das obrigações mais complicadas e mais dignas da lei, e
demonstrar zelo onde este seria notado. Paulo também podia combater o movimento
lançado por JESUS de Nazaré. Tarso deve ter recebido ecos dos ensinos e das
reivindicações do novo profeta e dos estranhos relatos de milagres, e até mesmo
da notícia de que ele havia ressurgido dentre os mortos.
Segundo se
acredita, Paulo era baixo; seu porte, porém, era tal que ele sobressaía em
qualquer multidão. Possuía rosto um tanto oval e sobrancelhas cerradas. Por
causa da boa vida que levava, talvez fosse gordo. Ele devia usar barbas, já que
os judeus desprezavam o costume romano de se barbear. E sua barba preta
juntamente com seu vestuário de bainha azul, mais o talismã preso a um
turbante, mostravam seu orgulho de ser fariseu. Ao andar pelos pátios do Templo
ele revelava a arrogância inevitável de um homem cujos ancestrais e ações o
tornaram importante. Ele praticava fielmente o interminável ciclo de
purificações rituais de pratos e xícaras e de sua própria pessoa. Ele guardava
os jejuns semanais — entre o nascer e o pôr do sol — e repetia as orações diárias
na progressão e número exatos. Ele sabia o que lhe era devido: saudações
respeitosas, grande precedência, lugar proeminente na sinagoga.
Paulo teria
apoiado o fariseu que, vendo JESUS permitir que uma prostituta lhe lavasse os
pés com as lágrimas e os ungisse com bálsamo, achava ser isto prova de que o
homem não podia ser profeta. O quadro imortal que JESUS pintou do fariseu e do
publicano (coletor de impostos) orando no Templo, ter-se-ia ajustado a Paulo.
Como aquele fariseu, Paulo estava seguro de merecer o favor de DEUS.
Nos dois anos
seguintes à execução de JESUS, a cidade santa se enchera daqueles que
acreditavam que JESUS ressurgira dentre os mortos.
Não foi por
acaso que as testemunhas lançaram suas vestes "aos pés de um jovem chamado
Saulo". Conheciam a responsabilidade dele. Ele, porém, não atirou uma
única pedra. Ele observava e aprovava — e ouviu Estêvão clamar: "Senhor
JESUS, recebe o meu espírito!" "Senhor, não lhes imputes este
pecado." E a ágil mente de Paulo viu e repudiou a essência dessa oração.
"Senhor, não lhes imputes este pecado", significava, no ensino de
Estêvão: "Senhor, tomaste sobre ti mesmo o pecado deles. Que eles creiam
em ti, que te conheçam e que te amem."
Durante o
restante do verão em que Estêvão foi morto (provavelmente 31 d.C.) e por
todo o inverno seguinte as autoridades judaicas, tendo Paulo como principal
agente, deram início a uma repressão sistemática.
Ele atacou como
um animal, rasgando sua presa. Não era a triste eficiência de um oficial
obedecendo a ordens desagradáveis. Seu coração, bem como sua mente, estavam
engajados com a precisão de um inquisidor que desmascara a traição. Seu ímpeto
chegou ao ponto de reduzir uma comunidade vigorosa de âmbito urbano à
impotência e pôr seus líderes em fuga ou em esconderijos. Ele foi de casa em
casa. Então realizou interrogatórios nas sinagogas durante as reuniões. Todo
suspeito, homem ou mulher, tinha de se pôr de pé na presença dos anciãos
enquanto Paulo, como representante do sumo sacerdote, lhes ordenava que
amaldiçoassem a JESUS. Se se recusassem, seriam formalmente acusados, mas
tinham o direito antigo de usar em sua defesa a fórmula: "Tenho algo a argumentar
em favor de minha absolvição."
Assim, Paulo
ouviu as histórias e as crenças de muitos daqueles que chamavam a JESUS de
"Senhor". Muitos haviam estado com JESUS em Jerusalém ou tinham ido à
Galileia a fim de encontrá-lo, e estes repetiam as suas palavras.
Repetidamente, as mesmas frases, as mesmas parábolas eram apresentadas ao
tribunal da sinagoga. Paulo não se surpreendia com a exatidão dessas histórias,
uma vez que todos os rabis insistiam em que seus discípulos aprendessem os seus
ditos com perfeição, até mesmo reproduzindo a tonalidade de sua voz. E os
ditos, quer Paulo desejasse quer não, foram imediatamente armazenados na
biblioteca em expansão de seu arguto cérebro.
Alguns dos
nazarenos defendiam sua devoção relatando a influência de JESUS sobre seus
corpos, como o cego de nascença a quem o Senhor curara, que teria respondido a
Paulo de modo tão insolente quanto respondera aos indignados fariseus depois do
milagre. Alguns tinham visto JESUS cambalear na direção do Gólgota e tinham-no
observado morrer. Muitos insistiam tê-lo visto vivo depois de morto, não como
fantasma, mas real — a despeito da surra que lhe havia arrancado a pele e
desnudado as costas, e o choque, a exaustão e a exposição à crucificação romana
com seu término inevitável por sufocação, se a morte não chegasse primeiro. A
maioria dos acusados, contudo, não reivindicava ser testemunhas oculares, mas
convertidos daqueles que o eram, particularmente de Simão chamado Pedro ou
"Pedra".
Vez após vez,
um discípulo tímido e sem grande influência, de educação medíocre e sem graças
sociais, era atirado na presença do tribunal. Depois de algumas frases o homem
se transformava: começava a falar claramente, com firme convicção. Era quase
como se alguém lhe estivesse dizendo o que falar.
Atirou-os nos
calabouços. Um ou dois talvez tenham sido apedrejados. Paulo parece sugerir tal
coisa ("Quando eram mortos, eu dava o meu voto contra eles"), mas os
romanos limitavam estritamente os direitos judaicos à pena capital. A maioria
era punida por meio de espancamento público, as "quarenta chicotadas menos
uma" que não eram nada agradáveis para os de estômago fraco.
Ele permanecia
impassível enquanto homens e mulheres saíam cambaleando com as costas inchadas
e ensanguentadas.
Para o final do
inverno chegaram notícias de que os seguidores de JESUS fugidos de Jerusalém
não se deixaram intimidar, mas propagavam as suas doutrinas onde quer que
fossem — em Samaria, com êxito impressionante, e no Norte, na direção de
Damasco. Paulo foi furioso à presença do sumo sacerdote. "Respirando ainda
ameaças e morte" como descreve o seu primeiro biógrafo, ele pediu cartas
para as sinagogas, autorizando-o a prender homens e mulheres que seguissem o
"caminho" e trazê-los amarrados para Jerusalém. Como primeiro
objetivo, ele sugeriu Damasco. Embora a disciplina do Sinédrio se estendesse
aos judeus de todos os lugares, os romanos não gostavam de perturbações. Mas
Damasco, embora cidade romana, possuía duas grandes comunidades que contavam
com certa medida de autogoverno: os árabes leais ao rei Nabateu que vivia em
sua capital de rocha em Petra, e os judeus. É provável que Paulo pretendesse
perseguir e castigar os cristãos da Fenícia e depois os de Antioquia, a grande
capital romana da Síria. Ele tinha toda uma vida pela frente.
Ele partiu na
primavera, assim que as viagens tiveram início, à primeira luz da manhã, sob a
forte luminosidade dos montes da Judeia. Deve ter ido de jumento. Teriam
passado perto do local em que Estêvão fora assassinado. Se tomaram a estrada
que atravessava Samaria, passaram por montes pedregosos acarpetados de
variegadas flores primaveris, e no segundo dia tiveram um breve vislumbre das
neves distantes do monte Hermom que domina a estrada para Damasco. No quarto ou
no quinto dia chegaram ao mar da Galileia. Paulo teria encontrado aqui mais
pessoas do que em Jerusalém as quais juravam ter visto a JESUS vivo de novo,
com cicatrizes nas mãos e nos pés.
Paulo
atravessou o Jordão usando a ponte romana e subiu as escarpas desnudas. Agora
ele tinha conhecimento do que JESUS havia feito e dito, até mesmo da tonalidade
da sua voz, da sua aparência e caráter, este homem que era quase da mesma idade
de Paulo.
Paulo jamais
sugere que à medida que a sua pequena caravana avistou o monte Hermom ele tenha
pesado os fatores a favor e contra JESUS. Este fora um impostor blasfemo e
estava morto.
A Estrada de
Damasco
O último dia da
viagem deixava para trás o Hermom, cujos cumes, ainda sob a neve, erguiam-se
acima dos montes marrons recobertos de flores brancas. Mas a montanha já não
parecia particularmente alta porque eles estavam perto demais para ver o pico,
e o planalto de Damasco encontra-se a uma altitude de mais de 600 metros.
Estavam
encorajados a prosseguir até ao fim da jornada, em vez de pararem, como em
outras ocasiões, antes do meio-dia. O meio-dia primaveril não causaria
insolação. Paulo e seu grupo continuaram a caminhar. Um homem, na retaguarda,
conduzia os burros ligados por uma corda. A estrada estava vazia.
O céu estava
claro e azul. A memória de Paulo enfatiza que não havia nem tempestade nem
vento forte, como sugerem os que buscam uma explicação natural para o
acontecimento. Ele não estava perto de um colapso nervoso nem prestes a sofrer
um ataque epiléptico; ele nem mesmo tinha pressa.
"Quase ao
meio-dia, repentinamente grande luz do céu brilhou ao redor de mim... uma luz
mais brilhante do que o sol, brilhando ao meu redor e ao redor de meus
companheiros de viagem."
Todos eles
caíram por terra, apavorados com o fenômeno.
Não se tratava
de apenas um relâmpago, mas de luz terrível e inexplicável. Parece que Paulo
permaneceu prostrado, enquanto seus companheiros se levantaram cambaleando.
Para ele somente, a intensidade da luz aumentou.
Paulo ouviu uma
voz, ao mesmo tempo calma e autoritária, dizer-lhe em aramaico: "Saulo,
Saulo, por que me persegues?"
Ele levantou os
olhos. No centro da luz que o impedia de ver ao derredor, ele encarou um homem
de mais ou menos a sua idade. Paulo não podia acreditar no que ouvia e via.
Todas as suas convicções, intelecto, treinamento, reputação e autoestima
exigiam que JESUS não estivesse vivo novamente. Assim, procurando ganhar tempo,
ele replicou: "Quem és, Senhor?" A expressão de tratamento podia não
significar nada mais que "Excelência". Provavelmente se lembrou que
Estêvão teve a visão desse mesmo que agora falava com ele.
"Eu sou
JESUS, a quem tu persegues; mas, levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o
que te convém fazer."
Então ele
soube. Em um segundo, que mais pareceu uma eternidade, Paulo viu as feridas nas
mãos e nos pés de JESUS, viu-lhe o rosto e compreendeu que estava vendo ao
Senhor, vivo, como Estêvão e outros haviam dito, e que JESUS amava não apenas
aos que Paulo perseguia, mas também ao próprio Paulo: "Dura coisa é
recalcitrares contra os aguilhões." Nem uma palavra de reprovação.
Paulo jamais
admitira a si mesmo sentir as pontadas de um aguilhão ao enfurecer-se contra
Estêvão e seus discípulos. Mas agora, instantaneamente, se conscientizava de
que estivera lutando contra JESUS. E lutando contra si mesmo, contra sua
consciência, sua falta de poder, contra as trevas e o caos de sua alma. DEUS
pairou sobre este caos e o levou ao momento de nova criação. Só faltava o
consentimento de Paulo.
Paulo se
quebrou.
Ele tremia e
não estava em condições de pesar os prós e os contras para a mudança de ideias.
Sabia apenas ter ouvido uma voz e visto o Senhor, e que nada mais importava a
não ser descobrir a sua vontade e obedecer a ela.
"Que
farei, Senhor?"
Aqui ele usa o
mesmo tratamento de antes, mas toda a obediência e adoração, e todo o amor no
céu e na terra entraram nessa única palavra "Senhor". Naquele momento
ele se sentia totalmente perdoado, totalmente amado. Em suas próprias palavras:
"Porque DEUS que disse: Das trevas resplandecerá luz — ele mesmo
resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de
DEUS na face de CRISTO."
"Levanta-te",
ouviu ele, "e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer."
Ele havia confiado. Agora tinha de obedecer — a uma primeira ordem humilhante,
quase trivial.
Ao se pôr de
pé, estava cego. Estendeu a mão aos companheiros, agora ainda mais espantados
ouvindo Paulo responder ao inaudível, os quais o conduziram. Os animais de
carga e de montaria alcançaram a pequena caravana que se dirigia a Damasco em
maravilhado silêncio.
Paulo entrou
cegamente no desconhecido. Mas ele não se encontrava em trevas, e sim em luz.
"Não podia ver por causa do brilho dessa luz." Embora o azul do céu,
a poeira vermelha da estrada e o verde do oásis desaparecessem, pouca falta
faziam. A luz lhe infundia os olhos cegos e a mente. Andando, em obediência a
esse primeiro mandamento de seu novo Mestre, Paulo fez a primeira grande
descoberta: JESUS permanecia a seu lado, não na forma de um corpo crucificado e
ressurreto, mas como alguém invisível, contudo presente.
Passaram pelo
mau cheiro do caravançarai, calmo no início da tarde, e entraram na cidade pela
Rua Direita, espaçosa e cheia de colunas, que dividia a cidade ao meio. Esta
rua também estava relativamente calma, pois as lojas e estandes ainda estavam
fechados para a sesta do meio-dia, e as janelas das casas, por causa do sol,
permaneciam cerradas. Chegaram à casa de um damasceno chamado Judas,
provavelmente um rico mercador judeu, hospedeiro digno de um representante do
Sinédrio. Os anciãos da sinagoga deviam estar à espera de Paulo, pois até os
nazarenos sabiam que ele estava a caminho a fim de persegui-los. Ambos os
grupos o perderam de vista. A escolta o entregou e desapareceu. Ele não pediu
nada a Judas, a não ser o quarto de hóspede — recusando até mesmo a comida — e
estar a sós.
O tempo perdeu
o significado. Ele ouviu a trombeta vespertina, o cantar dos galos na manhã
seguinte e o ruído de carroças no calçamento. Ouviu os gritos dos comerciantes
anunciando seus produtos, percebeu o murmúrio distante de barganhadores, e o
relinchar ocasional de um burro. Então, a calma do meio-dia. Paulo passou o
tempo deitado, totalmente desperto, a não ser por uma ou duas horas de sono, ou
ajoelhado ao lado da cama. Ele não queria companhia humana, mas desejava estar
a sós com o Senhor JESUS, como agora o chamava. Logo ele se esqueceu da fome e
da sede. Sua personalidade toda estava em mudança. Ao permitir que a luz de
CRISTO iluminasse os recessos de sua alma, ele estava sendo virado do avesso.
"Saulo,
Saulo, por que me persegues?"
Agora ele podia responder a essa pergunta com as palavras do Salmo de Davi:
"Tem misericórdia de mim, ó DEUS, segundo a tua benignidade: segundo a
multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões... Contra ti,
contra ti somente pequei."
Paulo se sentia
imundo e nojento. Vi a mim mesmo e fiquei horrorizado." O
assassínio sempre é absoluto à consciência despertada do assassino. Nem foi
somente assassínio e crueldade. Ele havia blasfemado, insultado e perseguido ao
Senhor, cuja resposta fora procurá-lo e mostrar-lhe o amor que ultrapassava
tudo o que Paulo antes conhecia. Quanto mais ele, em cegueira, se banhava nesse
amor, à medida que as horas passavam velozes, tanto mais ele se quebrava ante a
enormidade de seus feitos.
Ele supunha que
estivesse servindo a DEUS, que estivesse caindo na graça divina. Ele havia
disposto seus padrões de bondade, tinha-se comparado com os outros e visto que
era bom. Mas agora, em contraste com JESUS cujo ESPÍRITO lhe invadia, ele sabia
que sua pureza não passava de contrafação do inexpressivamente Puro, suas boas
ações nada mais eram que uma paródia da Bondade. Ele havia sido mental e
espiritualmente hostil a DEUS, embora o tivesse honrado com os lábios. Ele se
ocupara do mal, embora praticasse seus ritos religiosos. Ele se isolara
totalmente, arrastando-se para tão longe quanto pudesse da luz cegante que era
DEUS.
Contudo, JESUS
o havia apanhado. Paulo, desse dia em diante, citaria esse fato entre as provas
indiscutíveis da ressurreição, não importando o quanto os homens pudessem
zombar dele ou chamá-lo de mentiroso. DEUS, de maneira incrível, havia
levantado do sepulcro o corpo morto de JESUS de modo que ele estava vivo e
aparecera a Paulo, não com o propósito de o humilhar ou destruir, ou vingar o
sangue dos perseguidos, mas para salvar o perseguidor e sobrepujá-lo com amor e
perdão. Paulo sabia, do fundo do coração, que JESUS era o Messias, o CRISTO, o
Salvador do mundo. Esta não era uma conclusão tirada da lógica fria, embora
essa um dia haveria de chegar. Ia além do intelecto. Ele sabia porque conhecia
a JESUS.
E, conhecendo a
JESUS, ele compreendia o que tinha acontecido na cruz.
Paulo, em seu
orgulho e conhecimento, tinha rejeitado a JESUS porque homem algum poderia ser
pendurado no madeiro a menos que tivesse sido amaldiçoado. Agora, à medida que
enfrentava o seu pecado, ele via, com uma intuição irresistível, que JESUS
deveras sofrera uma maldição sobre a cruz, mas não a dele; era a maldição de
Paulo e de todos os homens. Cada hora passada em cegueira na casa de Judas,
cada dia do restante de sua vida, revelaria um pouco mais da largura, do
comprimento, da altura e da profundidade das boas novas, mas o coração estava
seguro delas, agora e para sempre: o amor de CRISTO, "o Filho de DEUS que
me amou e a si mesmo se deu por mim". Paulo podia, instantaneamente, ser
tratado como alguém que jamais pecou, ser recebido com amor e confiança. Quanto
mais ele olhava com olhos cegos para o brilho da luz, tanto mais distinto se
apresentava o fato revelado naquele instante na estrada de Damasco: o perdão
era uma dádiva, inteira e perfeita, porque era o próprio CRISTO. Não podia ser
merecido. Mérito humano algum podia superar o pecado humano; mas, ao possuir a
CRISTO, Paulo tinha tudo.
Na casa de
Judas, ele podia ter gritado o que escreveria no futuro: "Enviou DEUS aos
nossos corações o ESPÍRITO de seu Filho". "O mistério que estivera
oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou. . . CRISTO em
vós". "Para mim, o viver é CRISTO!" Ele já sentia o impulso de
orar. Não apenas as orações formais da gloriosa liturgia judaica, mas a
conversação de um filho com seu Pai. Ao falar com JESUS, ele falava com o Pai,
ao adorar o Pai, ele conversava com o Filho. Ele contou ao Senhor tudo o que
lhe ia no coração. Ele intercedeu com urgência por aqueles que havia
perseguido, especialmente pelos que forçara a blasfemar; pelos nazarenos de
Damasco que o aguardavam com temor; por seus amigos judeus e por seus
superiores.
Com a oração,
veio a fome das palavras de JESUS. Como uma
ovelha recém-nascida que, mesmo antes de conseguir pôr-se de pé procura
instintivamente o peito da mãe, Paulo tinha fome do conhecimento de tudo o que
JESUS havia dito e feito. Até à sua conversão ele havia sido indiferente às
palavras de CRISTO. Desde o instante em que disse: "Que farei,
Senhor?" ele aceitou a sua autoridade, e agora era de importância
transcendental saber o que JESUS tinha ordenado, prometido, prevenido e
predito; conhecer a atitude do Mestre para com aqueles que o odiavam e para com
os que o amavam, saber tudo o que ele ensinou a respeito do Pai e de si mesmo,
seus veredictos em todos os assuntos do comportamento e destino humanos.
Paulo possuía
ainda outro anseio: espalhar esta grande descoberta. Contudo, ele tinha de
esperar. O mandamento do Mestre fora: "Entra na cidade, onde te dirão o
que te convém fazer." Esperando, ele ouviu a trombeta vespertina, o cantar
dos galos e o ruído de carroças e novamente a trombeta vespertina. Finalmente,
na calma da terceira aurora, enquanto orava, recebeu a revelação do que viria a
seguir.
No quarto de
uma pequena casa da rua chamada Direita um judeu de meia-idade estava deitado
entre dormindo e acordado.
Ananias,
honrado membro da comunidade judaica de Damasco e também seguidor de JESUS
CRISTO, não se surpreendeu nem hesitou ao ouviu uma voz chamar o seu nome:
"Ananias!" "Eis-me aqui, Senhor." "Dispõe-te, e vai à
rua que se chama Direita e, na casa de Judas, procura por Saulo, apelidado de
Tarso; pois ele está orando, e viu entrar um homem, chamado Ananias, e
impor-lhe as mãos, para que recuperasse a vista."
Ananias ficou
espantado. Seu Senhor devia ter-se enganado.
É provável que Ananias tenha assistido a pequenas reuniões dos nazarenos que,
com a notícia de que Saulo, o Perseguidor, se aproximava, oraram pedindo que o
Senhor os livrasse, aparentemente, sem esperar que sua oração fosse atendida.
"Senhor",
respondeu Ananias, "de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos
males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e para aqui trouxe autorização
dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome."
Disse a voz:
"Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido". O Senhor, a
seguir, confirmou e ampliou o seu mandamento.
Com isso,
Ananias levantou-se e foi.
Caminhando
apressado pela viela e desviando-se dos carregadores de água que voltavam do
rio, no momento em que o sol despontava nos penhascos do norte, ele quase
gritava: "Aleluia!" Então o braço do Senhor não se encolhera. Ele o
havia estendido para curar, e o lobo se deitaria com o cordeiro como na antiga
profecia. E ele, o obscuro Ananias, de quem jamais se ouviu falar nem antes nem
depois, fora escolhido para batizar a Saulo, o primeiro exemplo de um padrão
histórico, segundo o qual os grandes embaixadores de CRISTO, por mais
preparados que sejam de outros modos, são levados à sua vocação por intermédio
de insignificantes agentes.
Ananias, levado
imediatamente à presença de Paulo, permaneceu em pé ao lado da cama.
Ele via um
rosto que passara de profundo sofrimento à paz. A pele se enrugava onde a boa
vida de fariseu tinha sido esgotada pelo jejum; podiam-se ainda perceber as
rugas feitas pela crueldade; a barba era irregular e os olhos fixos. Contudo,
era um rosto descontraído, como se Paulo tivesse visto o pior e já não o
temesse, tivesse olhado o melhor e soubesse que estava sendo reconstruído em
seu molde.
Ananias pôs as
mãos na cabeça de Paulo.
"Saulo,
irmão", começou ele (e engoliu em seco ao chamar o assassino dos seus
amigos de "irmão", mas a alegria tragou a hesitação), "o Senhor
me enviou, a saber, o próprio JESUS que te apareceu no caminho por onde vinhas,
para que recuperes a vista e fiques cheio do ESPÍRITO SANTO."
Naquele
instante umas como que escamas caíram dos olhos de Paulo. Ele viu Ananias. E o
viu claramente. Paulo recuperou a vista instantânea e completamente.
Ananias
desincumbiu-se do restante das suas ordens: "O DEUS de nossos pais de
antemão te escolheu para conheceres a sua vontade, ver o Justo e ouvir uma voz
da sua própria boca, porque terás de ser sua testemunha diante de todos os
homens, das coisas que tens visto e ouvido." Paulo ouviria mais, disse
ele, diretamente do Senhor JESUS, que lhe daria um vislumbre da dureza e da dor
à medida que se aventurassem juntos, não só aos filhos de Israel, grandes e
pequenos, escravos e reis — mas também a "todos os homens", a quem o
fariseu Saulo desprezara e rejeitara.
A seguir,
Ananias proferiu mais palavras, entregues como se da parte do próprio JESUS:
"Envio-te para lhes abrir os olhos e convertê-los das trevas para a luz, e
da potestade de Satanás para DEUS, a fim de que recebam eles remissão de
pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim."
O alcance e a
implicação dessa comissão deixaram Paulo sem fala.
Disse mais
Ananias: "Por que te demoras? Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus
pecados, invocando o nome dele."
Ananias
ajudou-o a deixar a cama. Os seguidores do Caminho, como João Batista,
batizavam por imersão num rio ou numa corrente de águas. Paulo estava fraco
depois de seu prolongado jejum, mas com sua vontade férrea, pode ter insistido
em caminhar, apoiado em Ananias, os oitenta metros até o rio Abana, fora do
muro norte da cidade.
Paulo, embora
advertido de que viriam tempestades, nessa ocasião podia tornar suas as
palavras do Salmo 19: "Os céus proclamam a glória de DEUS... o sol... se
regozija como herói, a percorrer o seu caminho."
Paulo sentia
bem-estar, descontração de toda a tensão, agudeza de percepção e paz mental.
Andando pela rua Direita, que, como todas as ruas orientais era uma miscelânea
de cores, barulhos e movimentos, ou entrando no bazar de especiarias ou na rua
dos trabalhadores em metal, ele estava apaixonado com a humanidade toda.
Damasco, por ser uma cidade de fronteira, atraía tipos variados: árabes,
judeus, partos com seus chapéus cônicos, e soldados romanos. Paulo sabia ter
sido enviado a todos — e a seu próprio povo, os judeus, porque até mesmo eles,
com exceção dos que tinham visto a JESUS, possuíam somente um vislumbre da
aparência de DEUS.
Naquela noite,
em companhia de Ananias, Paulo ficou conhecendo o pequeno grupo de nazarenos.
Se alguns fugitivos de Jerusalém estavam entre eles — o que é possível — foi um
momento de grande emoção quando os que haviam sido chicoteados sob as ordens de
Paulo lhe deram o beijo da paz e, como prova de sua união uns com os outros e
com JESUS, partilharam com ele o pão e o vinho, símbolos do corpo e do sangue
do Senhor, como o próprio Senhor ensinara na noite em que foi traído.
Um incidente
ainda mais extraordinário ocorreu no sábado seguinte na sinagoga mais
importante de Damasco. Os anciãos e a congregação não faziam ideia da conversão
de Paulo. Ele não a revelara nem mesmo a Judas. Os nazarenos, contudo, que
sabiam que as coisas correriam de modo diferente, estavam orando enquanto
acompanhava Paulo, ainda vestido como fariseu e trajando uma veste de barras
azuis, tendo no turbante um talismã de couro, até à plataforma e lhe entregava
o rolo da Lei.
Ele leu a
passagem designada e devolveu o rolo. No instante de pausa, antes de começar a
falar, ele se maravilhou da estratégia divina mediante a qual, nos séculos
passados, levantaram-se sinagogas em incontáveis cidades gentias — prontas para
o dia em que, sob a sua liderança, se transformariam nos baluartes de uma
grande cruzada para JESUS CRISTO! Como ele tinha visto a verdade, certamente
que eles também a veriam. Ele e eles haviam sido separados para espalhar as
boas novas de JESUS CRISTO entre os gentios. E começariam em Damasco.
Então ele
proclamou: "JESUS é o Filho de DEUS." Paulo atacou com a mesma
veemência e paixão que caracterizaram sua perseguição. As palavras tropeçavam
umas nas outras enquanto ele contava como o Senhor lhe aparecera, que o Senhor
estava vivo e que os amava. E a reação não foi nada parecida com a que ele
esperava. Os adoradores ficaram espantados e horrorizados. Longe de se
convencerem, ficaram com raiva. Esse vira-casaca, recebido como representante
do sumo sacerdote, se declarava representante de JESUS.
Paulo se
surpreendeu. Nos dias que se seguiram ele se sentiu como Moisés que
"pensou que seus patrícios compreenderiam que DEUS lhes estava oferecendo
libertação por seu intermédio, mas não compreenderam." Ainda mais, sua
impaciência com os nazarenos aumentou. Ele se reunia com eles todas as noites,
mas poucos tinham recordações de JESUS. Possuíam vários dos seus ditos, os
quais haviam sido repetidos por aqueles que o tinham conhecido, mas isso não
satisfazia a Paulo. Ele tinha fome de evidência de primeira mão. Contudo, não
podia voltar a Jerusalém. Ainda que os apóstolos, que haviam conhecido a JESUS
melhor do que ninguém, confiassem nele imediatamente, Paulo não devia
arriscar-se a cair nas garras de um sumo sacerdote enfurecido, que se
encarregaria de fazê-lo desaparecer mediante o estrangulamento, apedrejamento
ou prisão perpétua.
De noite, na
casa de Judas ou talvez agora na casa de Ananias, ele se revirava na cama,
frustrado. E a glória dos dias de cegueira estava a desvanecer. Finalmente, ele
disse ao Senhor que deixaria tudo nas suas mãos. A paz voltou. Nenhuma voz ou
luz revelou o próximo passo, somente a convicção crescente de que devia sair
sozinho, não levando nada a não ser os rolos das Escrituras. Não era dos
apóstolos que Paulo necessitava, mas de JESUS somente; não de uma cidade, mas
do deserto.
O passo
seguinte foi fácil. Damasco era o ponto final de uma das grandes rotas de
especiarias que vinham do país da mirra e do incenso, ao sul da Arábia, e da
Ponta da África. As caravanas de camelos voltavam trazendo moedas e mercadorias
do mundo romano. O filho de um importante comerciante não teve dificuldade
alguma em conseguir passagem.
JOHN POLLOCK. O
Apóstolo. Editora Vida. (Observação, Com acréscimos e modificações minhas
- Pr. Henrique)
2. Um homem
preparado para servir.
Paulo foi
buscar mais conhecimento íntimo com JESUS no mesmo monte onde DEUS falara com
Moisés. Foi para a Arábia e lá recebeu revelações como o que aconteceu na Santa
Ceia do Senhor JESUS com seus discípulos, antes de morrer na cruz. (Obs. Pr.
Henrique).
nem tornei a
Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a
Arábia e voltei outra vez a Damasco. Gálatas 1:17
Porque eu
recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor JESUS, na noite em que
foi traído, tomou o pão; 1 Coríntios 11:23
Paulo foi
escolhido e capacitado pelo ESPÍRITO SANTO para fazer a obra de apóstolo aos
gentios.
Na igreja que
estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e
Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes,
o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o ESPÍRITO
SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.
Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. E assim
estes, enviados pelo ESPÍRITO SANTO, desceram a Selêucia e dali navegaram para
Chipre. Atos 13:1-4
Os sinais do
meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais,
prodígios e maravilhas. 2 Coríntios 12:12
Pr. Henrique
Paulo teve
experiências com DEUS
Um verdadeiro
apóstolo é homem que deve ter comunhão e experiência com DEUS. Paulo, não
obstante não ter convivido com JESUS como os demais apóstolos, teve
experiências espirituais que os outros não tiveram. E essas experiências
fortaleceram sua vida espiritual e solidificaram o seu relacionamento com
CRISTO. Ele diz que teve “visões e revelações do Senhor” (1 Co 12.1); com
bastante modéstia, falando na terceira pessoa, diz que “foi arrebatado ao
terceiro céu”... “e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar”
(1 Co 12.2,4). Que palavras foram essas, só DEUS e Paulo sabem.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 75.
O prazer com
que ele olha para a vida que tinha vivido (v. 7): Combati o bom combate, acabei
a carreira etc. Ele não temia a morte, porque tinha o testemunho da sua
consciência de que pela graça de DEUS ele tinha, em alguma medida,
correspondido às expectativas do propósito da vida. Como cristão, como
ministro, ele tinha combatido o bom combate. Ele tinha realizado o serviço,
passado pelas dificuldades da sua batalha e tinha sido um instrumento ao levar
avante as gloriosas vitórias do Redentor exaltado sobre os poderes das trevas.
Sua vida foi
uma carreira, e ele a tinha concluído. Como sua batalha tinha sido cumprida,
assim sua corrida tinha acabado. “Guardei a fé. Guardei as doutrinas do
evangelho e nunca neguei nenhuma delas”. Note que, em primeiro lugar, a vida de
um cristão, mas especialmente de um ministro, é um combate e uma corrida, às
vezes comparada a um ou ao outro nas Escrituras. Em segundo lugar, esse é um
bom combate, uma boa milícia. A causa é boa, e a vitória é certa, se
continuarmos fiéis e corajosos. Em terceiro lugar, devemos combater esse
bom combate, devemos concluí-lo e terminar nossa carreira. Não devemos parar
até que sejamos mais do que vencedores por aquele que nos amou (Rm 8.37). Em
quarto lugar, é um grande consolo para um santo moribundo quando ele pode olhar
para trás e dizer como nosso apóstolo: “Combati etc. Guardei a fé, a doutrina
da fé e a graça da fé”.
Se pudermos
falar da mesma maneira, ao nos aproximar do final dos nossos dias, sentiremos
um consolo inexprimível.
Portanto,
precisamos continuar nos esforçando, contando com a graça de DEUS, para que
possamos terminar nossa carreira com alegria (At 20.24).
[3] O prazer
com que ele olha para a vida futura (v. 8): Desde agora, a coroa da justiça me
está guardada etc. Ele havia sofrido perda por CRISTO, mas estava certo de que
ganharia a CRISTO (Fp 3.8). Que isso possa servir de ânimo para Timóteo para
suportar as dificuldades como um bom soldado de JESUS CRISTO, que há uma coroa
da vida para ele, a glória e a alegria que abundantemente compensarão todas as
dificuldades e privações do combate presente. Observe: Ela é chamada de coroa
da justiça, porque será a recompensa dos nossos serviços, que o Senhor não
esquecerá, porque não é injusto para esquecer, e porque a nossa santidade e
justiça serão aperfeiçoadas e serão a nossa coroa. DEUS a dará como justo juiz.
Essa coroa da justiça não era somente para Paulo, como se pertencesse somente
aos apóstolos, aos ministros famosos e aos mártires, mas para todos os que
amarem a sua vinda. Observe: A natureza de todos os santos é amar a vinda de
JESUS CRISTO: eles amaram a sua primeira vinda, quando Ele apareceu para tirar o
pecado pelo sacrifício de si mesmo (Hb 9.26). Eles têm prazer em refletir a
respeito dela. Eles aguardam ansiosos pela segunda vinda de CRISTO naquele
grande Dia. Eles a amam e a aguardam com ansiedade. Em relação àqueles que amam
a vinda de JESUS CRISTO, Ele virá para a alegria deles.
Existe uma
coroa de justiça reservada para eles, que na segunda vinda de JESUS CRISTO será
dada a eles (Hb 9.28).
Amém! Ora, vem,
Senhor JESUS! (veja Ap 22.20).
HENRY. Matthew.
Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa.
Editora CPAD. pag. 719-720. (Observação, Com acréscimos e modificações
minhas - Pr. Henrique)
Paulo exorta
Timóteo a não se esquecer da parte sobrenatural de seu ministério, sem a qual
não alcançaria êxito.
Por este
motivo, te lembro que despertes o dom de DEUS, que existe em ti pela imposição
das minhas mãos. 2 Timóteo 1:6
Não desprezes o
dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do
presbitério. 1 Timóteo 4:14
I Tm 4.7
Combati o bom combate. Aquilo para o que Timóteo foi convocado (1Tm 6.12) foi
cumprido pessoalmente pelo apóstolo e suportado até o vitorioso fim. Ele
“proclamou o evangelho de DEUS mediante grande luta”. Agora acabou a luta,
esgotou-se a luta da vida, o bom combate chegou a bom fim. Ele lutou contra
poderes sombrios da maldade, contra Satanás, contra vícios judaicos, cristãos e
gentílicos, hipocrisia, violência, conflitos e imoralidades em Corinto,
fanáticos e desleixados em Tessalônica, gnósticos helenistas judeus em Éfeso e
Colossos, e não por último – no poder do ESPÍRITO SANTO – o velho ser humano
dentro de si mesmo, tribulações externas e temores internos. Acima de tudo e em
tudo, porém, lutou em prol do evangelho, a grande luta de sua vida, seu bom
combate.
Completei a
corrida. A imagem do atleta competidor que alcançou a meta e por quem espera a
coroa da vitória. Nada pôde deter sua trajetória, por nada ele foi interrompido
significativamente. Agora tampouco poderes mundanos destruirão sua vida de
forma autocrática, ele é “prisioneiro do Senhor”. O que ele anunciou aos
anciãos de Éfeso na despedida se cumpriu agora: “Todavia, não me importo, nem
considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder
terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor JESUS me confiou, de
testemunhar o evangelho da graça de DEUS.”
Guardei a fé.
Será que se deve traduzir aqui com a frase que se tornou linguajar corrente
“Guardei a fidelidade”? Sem dúvida tem-se em vista “a fidelidade até a morte”;
é intencional a ligação com 2Tm 2.11-13; também a fidelidade do administrador,
do qual se demanda prestação de contas no juízo; a aprovação do colaborador e
sua paciência até o fim no trabalho penoso, quando os frutos estão maduros.
Tudo está englobado, mas antes de tudo e em tudo vale uma só coisa: “Aqui se
trata da perseverança dos santos, os que guardam fielmente os mandamentos de
DEUS e a fé em JESUS.” “Guardei a fé”, isso é o alfa e o ômega, origem e alvo
daquele que por ocasião do primeiro aprisionamento confessou: CRISTO é minha
vida e morrer para mim é lucro. Poder crer até o fim, ser sustentado na fé em
JESUS, receber constantemente essa fé renovada e aprofundada: essa é a graça
máxima, dádiva imerecida, exaltação da fidelidade de DEUS.
O soldado, o
corredor, o administrador (agricultor) – todas as três metáforas que Paulo
lançou a Timóteo para encorajá-lo, todas direcionadas para o fim dos tempos,
cumpriram-se em Paulo. Essas declarações não são marcadas pelo enaltecimento
próprio, mas pela gratidão e adoração àquele que o tornou forte na luta, que o
conduziu à perfeição, que o presenteou com a fé e o preservou.
Hans Bürki.
Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo.. Editora Evangélica
Esperança. (Observação, Com acréscimos e modificações minhas - Pr.
Henrique)
3. “O menor dos
apóstolos”.
Paulo era um
homem de grande cultura
Desmistificando
a crença ou “doutrina” de que DEUS só usa pessoas de pouca instrução, o exemplo
de Paulo é bem marcante. Era homem de alto conhecimento bíblico e teológico,
discípulo de Gamaliel, um dos mestres do judaísmo (At 22.3).
Paulo era um
intelectual poliglota. Falava hebraico, por ser judeu e fariseu (At 22.2); por
ser cidadão romano (At 22.25), falava latim; suas epístolas foram escritas em
grego, o que dá a entender que, sendo um homem culto de sua época, falava a
língua helênica; e, como judeu zeloso, certamente, falava o aramaico, que era
língua usual, nos meios intelectuais de sua época. Em sua soberania, e segundo
seus propósitos divinos, JESUS resolveu contrariar a lógica humana, e chamar um
perseguidor do evangelho para ser salvo e fazer dele um apóstolo dos mais
destacados entre os que quis escolher.
Enquanto alguns
de seus primeiros discípulos, do grupo dos Doze, eram humildes pescadores,
cobrador de imposto, político e outros de menor grau de instrução, Paulo era um
homem intelectual, que haveria de levar o evangelho aos gentios, ou gentes de
todas as nações, fora de Israel, inclusive aos “reis” ou governantes de povos
estrangeiros. Além dessa característica marcante, em seu ministério, Paulo foi
o grande teólogo e intérprete dos evangelhos de CRISTO. Dos 27 livros do Novo
Testamento, 13 foram escritos por ele. E ainda resta dúvida se a epístola aos
hebreus também foi de sua autoria.
Não foi por
acaso que Paulo foi o primeiro apóstolo a levar o evangelho de CRISTO à Europa.
Ele foi o grande evangelizador do Império Romano (Rm 15.24,28). Em suas viagens
missionárias, levou o evangelho de CRISTO a cidades de Israel, passou pela
Turquia, pela Ásia Menor; pregou na Macedônia, na Acaia, na Grécia, centro
cultural da Europa, à época; e, em sua última viagem missionária, reviu
discípulos nas igrejas que fundara, e terminou em Roma, para onde foi levado
preso, e pregou na capital do Império mundial da época. Concluiu sua
extraordinária missão, declarando solenemente: “Combati o bom combate, acabei a
carreira, guardei a fé” (2 Tm 4.7).
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 75-76. (Observação, Com
acréscimos e modificações minhas - Pr. Henrique)
Paulo quis
salientar diversas coisas através desse símbolo: Seu aparecimento súbito e
aparentemente fora de tempo entre as fileiras apostólicas; sua «imaturidade»
por ocasião de seu aparecimento; sua «inferioridade» natural diante dos outros
apóstolos, exceto a graça de DEUS; e, no entanto, quão grande é a graça de DEUS
que tal pessoa veio a tomar-se, por assim dizer, o principal dentre todos os
apóstolos. E foi assim que Paulo completou a lista de testemunhas da
ressurreição de CRISTO, aludindo a si mesmo. JESUS foi visto após sua morte, e
estava vivo. E isso constitui um fato histórico digno de confiança. Conforme
disse Sir William Barrett: «O que quer que os mais humildes homens afirmem, com
base em sua própria experiência, isso é digno de ser ouvido; porém, aquilo que
até mesmo os homens mais habilidosos negam, em sua ignorância, jamais merece um
momento sequer de atenção».
Paulo se
considerava bem pouca coisa. As palavras «...o menor dos apóstolos...» nada têm
a ver com sua estatura física, ou seu poder espiritual ou suas realizações;
porquanto, nessas coisas, ele foi realmente o maior de todos. Por igual modo,
isso não se pode referir à sua dedicação, ao seu propósito e à sua
espiritualidade genuína, pois, uma vez mais, nessas coisas, ele foi o maior de
todos os apóstolos. Mas temos aqui a estimativa humilde em que Paulo tinha a si
mesmo, no que concerne ao seu «valor pessoal», que ele poderia ter a fim de
merecer tão elevado ofício. Em si mesmo, dificilmente ele era digno de ser ao
menos um crente comum e possuir a vida eterna, em JESUS CRISTO, porquanto
perseguira miseravelmente à igreja de DEUS. A dor de consciência se mostra
clara aqui. Ele aprisionara para serem assassinadas a mulheres e crianças
inocentes, entre suas outras vítimas. Não admira, pois, que ele visse a si
mesmo como o menor dos apóstolos e que se não fora a graça divina, nem ao menos
era digno de ser chamado «apóstolo». (Comparar essa autodepreciação de Paulo
com os trechos de Efé. 3:8 e I Tim. 1:15. Quanto às suas perseguições
anteriores contra os cristãos, ver as passagens de Atos 8:3; Gál. 1:13 e Fil.
3:6).
Paulo havia
dito que era ele qual um «aborto» entre os apóstolos; e essa era outra razão
para ter-se em tão pouca conta. Ele empregou aqui o termo grego «ikanos», que é
traduzido aqui por «digno». Mas essa não é a mesma palavra grega «aksios», a
palavra grega ordinariamente traduzida por «digno». Antes, o termo aqui usado
significa «competente», «adequado» (comparar com II Cor. 2:16). Ele não via
qualquer mérito em si mesmo, como explicação de por que DEUS lhe outorgara tão
estupenda graça. Contudo, a graça não lhe fora dada em vão, conforme sucede
quando o livre arbítrio de um homem teimoso interfere com os planos divinos.
Pelo contrário, a vontade de Paulo correspondia aos impulsos divinos; e isso
era tudo que o Senhor requeria da parte dele. Seu «aborto» violento, para fora
do judaísmo, fora uma necessidade; porque ele fora um destruidor; e, através
desse processo, normalmente jamais teria vindo aos pés de CRISTO, e muito menos
poderia ter assumido a posição de sua mais importante testemunha.
Todavia, a
grande mancha de culpa de sua vida jamais foi olvidada pelo apóstolo Paulo (ver
Gál. 1:3; I Tim. 1:12-14 e Atos 26:9). Por igual modo, não foi eliminado o
princípio da colheita segundo a semeadura; porquanto existe uma lei que dita
que tudo quanto um homem semear, isso também terá de colher. É o mesmo caso de
Davi, o qual, mesmo depois de haver-se arrependido de seus pecados e de ter
sido perdoado, teve de sofrer as consequências. Paulo ainda teria de pagar
pelos erros cometidos. Ele, o grande perseguidor, tornou-se o grande
perseguido. Aquele que havia encarcerado a outros, agora era frequentemente
encarcerado. Aquele que havia assassinado a outros, finalmente foi morto. Essa
é uma grande lei, que não admite qualquer exceção, até mesmo quando o perdão
entra em operação. (Ver Gál. 6:7,8). «Houve ocasiões em que esse fato terrível
(o de ter perseguido a igreja) confrontava a Paulo como um pesadelo. E quem não
compreende essa forma de contribuição?» (Robertson, in loc.).
«Embora DEUS o
tivesse perdoado, o próprio Paulo dificilmente se perdoaria por seu pecado
passado». (Faucett, in loc.). O trecho de Efé. 3:8 apresenta Paulo a dizer algo
ainda mais depreciativo a seu respeito. Lá ele aparece como «...o menor de
todos os santos...».
CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 4. pag. 239-241. (Observação, Com acréscimos e modificações
minhas - Pr. Henrique)
I Cor 9.2
Ademais, não falta o ― selo à sua incumbência apostólica: ―Porque o selo de meu
apostolado sois vós no Senhor. Como os coríntios podem duvidar da autenticidade
de sua incumbência? Nesse caso também deveriam colocar em dúvida a
autenticidade de sua condição cristã e sua existência como igreja de JESUS. “Se
não sou apóstolo para outros, certamente o sou (pelo menos) para vós” [tradução
do autor]. Essa é a sucinta e contundente ―defesa de seu apostolado contra os
que se posicionam como juízes contra ele em Corinto.
Werner de Boor.
Comentário Esperança Cartas aos I Corinto. Editora Evangélica Esperança.
I Cor 9.2 Paulo
enfatiza a prova de seu apostolado, dada no primeiro versículo deste capítulo,
onde diz que os próprios crentes de Corinto eram uma prova de seu ministério.
Quanto a outros, que tão-somente tinham ouvido falar sobre Paulo, mas nunca
tinham contemplado o seu poderoso ministério em primeira mão, era possível que
se desculpassem por não reconhecer nele o grande homem de DEUS, de fé e poder
como ele era. Mas os crentes de Corinto não podiam apresentar essa mesma
desculpa. Acima de outros, tinham de reconhecer como CRISTO operava por
intermédio dele. Paulo estivera entre aqueles coríntios por nada menos de
dezoito meses, isto é, por mais tempo do que estivera entre qualquer outro
grupo de pessoas, excetuando Éfeso.
«...selo...»
Essa era a marca da autenticação, nas culturas antiga e moderna. O «selo» ou
«caminho» da autoridade, impresso sobre um documento, é necessário para dar-lhe
legalidade. Ora, os labores tão bem-sucedidos de Paulo serviam-lhe de selo, de
autenticação. Entre esses labores havia o estabelecimento do evangelho na
cidade de Corinto. Paulo não poderia ter conseguido tal coisa, a menos que
tivesse sido preparado para tanto pelo ESPÍRITO de DEUS. Através do dons
espirituais, que resultavam em poderosos sinais e grandes maravilhas, além de
uma pregação eloquente e convincente, homens e mulheres ficavam convictos do
poder de CRISTO, atuante nesse apóstolo. Nisso consistia o selo autenticador de
Paulo.
Os sinais do
meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais,
prodígios e maravilhas. 2 Coríntios 12:12 (Observação, Com acréscimos e
modificações minhas - Pr. Henrique)
Principais
selos do ministério de Paulo - Sinais e Almas para CRISTO - são comprovações, são autenticações de seu ministério dado por
JESUS CRISTO.
Os sinais do
meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais,
prodígios e maravilhas. 2 Coríntios 12:12
Se eu não sou
apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque vós sois o selo do meu
apostolado no Senhor. 1 Coríntios 9:2
«...mediante os
sinais e portentos que ele operara entre eles, como diz Crisóstomo, alicerçado
em II Cor. 12:11-13...a conversão era a grande prova». (Alford, in loc.).
De que maneiras
eram utilizados esses selos?
1. Servia de
sinal de autenticidade e autoridade, como o selo que José recebeu, na qualidade
de representante de Faraó.
2. Servia para
testificar e confirmar a autenticidade de documentos. (Ver Jer. 32:11-14; Nee.
9:38 e Dan. 9:24).
3. Servia para
impedir a leitura de um documento ou livro. Simbolicamente, pois, esse tipo de
selo representa algo oculto ou ainda não revelado.
Neste texto, o
selo de que Paulo fala servia essencialmente como «autenticação» de seu
ministério, como uma «testemunha», como uma confirmação do mesmo.
CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 4. pag. 131. (Observação, Com acréscimos e modificações
minhas - Pr. Henrique)
Apostolado de
Paulo
Paulo e Barnabé
(Ouvindo, porém, isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas vestes e
saltaram para o meio da multidão, clamando Atos 14:14)
Esses são nomes
de apóstolos que assumiram o ministério de apóstolos depois dos doze primeiros.
Sei que muitos
foram ensinados por mestres do passado e achavam que Paulo é que tinha que ser
escolhido no lugar de Matias, mas isso não é verdade. O próprio Paulo fala de
doze apóstolos colocando Matias entre eles.
e que foi visto
por Cefas e depois pelos doze. 1 Coríntios 15:5 - Judas já havia morrido e
Matias já havia sido incluído entre os apóstolos.
Já ressaltamos
o envio dos “setenta” discípulos, que, sendo enviados, de dois em dois,
cumpriram o papel de apóstolos. Mas, além deles, o Novo Testamento também cita
outros exemplos de apóstolos, como Paulo, que se considerou a si mesmo “o menor
dos apóstolos” por ter perseguido “a igreja de DEUS” (1 Co.15.9; Rm 1.1; 2 Co
1.1); ele viu a JESUS CRISTO (1 Co 9.1). Tiago, irmão de JESUS (Barnabé também
foi reconhecido como apóstolo (At 14.14). Havia “outros apóstolos”, a que Paulo
se referia em sua carta aos romanos (Rm 16.7) e em outras epístolas (G1 1.19; 1
Ts 2.6,7).
- A minha
palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria
humana, mas em demonstração do ESPÍRITO e de poder, 1 Coríntios 2:4
- Os sinais do
meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais,
prodígios e maravilhas. 2 Coríntios 12:12
- E digo isto
para que ninguém vos engane com palavras persuasivas. Porque, ainda que esteja
ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito, estou convosco, regozijando-me e
vendo a vossa ordem e a firmeza da vossa fé em CRISTO. Como, pois, recebestes o
Senhor JESUS CRISTO, assim também andai nele, arraigados e edificados nele e
confirmados na fé, assim como fostes ensinados, crescendo em ação de graças.
Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs
sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não
segundo CRISTO; porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.
Colossenses 2:4-9
Diz, ainda, a
Bíblia de Estudo Pentecostal que os apóstolos “Eram servos itinerantes que
arriscavam suas vidas em favor do nome de nosso Senhor JESUS CRISTO e da
propagação do evangelho (At 11.21-26; 13.50; 14.19-22; 15;25,26)
Um verdadeiro
apóstolo de CRISTO deve ser, antes de tudo, um servo ou um servidor e não
alguém em grau de superioridade ou supremacia entre os outros. deve viver em
santidade e humildade, repartindo com os outros os ministérios suas
responsabilidades eclesiásticas e ministeriais. Se há salário, deve ser
repartido igualmente entre os cindo ministérios arrolados em Efésios 4.11 -
Apóstolos - Profetas - Evangelistas - Pastores - Mestres.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 78-80. (Observação, Com
acréscimos e modificações minhas - Pr. Henrique)
Como
demonstrado, o ministério dos Doze, ou do primeiro colégio apostólico (incluído
aí Matias), não se repete. Nenhum dos Setenta, nem qualquer dos apóstolos da
Igreja Primitiva; ou dos tempos antigos, modernos, atuais, ou futuros, jamais
terá seu nome nos fundamentos da Nova Jerusalém. Aqueles Doze foram únicos. Não
há sucessão apostólica, como entende a Igreja Católica. Referindo-se aos
apóstolos de JESUS do primeiro colegiado, no sentido especial, a Bíblia de
Estudo Pentecostal diz: “O ministério de apóstolo nesse sentido restrito é
exclusivo, e dele não há repetição. Os apóstolos originais do Novo Testamento
escolhidos por JESUS, em forma humana, não têm sucessores”.
Atualmente, o
que podemos ver como ministério de caráter apostólico, é o trabalho dos
apóstolos de CRISTO como Tiago, irmão do Senhor, Andrônico, Júnias, Paulo e
Barnabé o foram e que hoje fazem o mesmo tipo de trabalho abrindo e coordenando
o trabalho de novas Igrejas. Onde deixamos espaço sem evangelizar se torna
campo missionário a ser ocupado por um apóstolo e os missionários a eles
inseridos.
Paulo ensina
que JESUS, depois de subir ao alto e levar “cativo o cativeiro”, “deu dons aos
homens”. Observando o texto bíblico, de Efésios 4.11, lemos: “E ele mesmo deu
uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e
outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a
obra do ministério, para edificação do corpo de CRISTO” (Ef 4.11,12). Esses
“homens-dons”, concedidos por DEUS e seus ofícios ou ministérios, têm por
finalidade alcançar a “unidade do ESPÍRITO” (Ef 4.3), visando “o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério” e a “edificação do corpo
de CRISTO”.
O ministério
de apóstolo deve ser desenvolvido, na atualidade, ao lado dos demais
ministérios, indispensáveis à unidade e à edificação do corpo de CRISTO, em pé
de igualdade e importância.
Homens como
Gunnar Vingren, Daniel Berg, e tantos outros, em tempos mais recentes, podem
ser considerados verdadeiros apóstolos de JESUS. São homens que expuseram suas
vidas para levar a mensagem do evangelho aos mais longínquos lugares do mundo.
Todos os 5
ministério de Efésios 4.11 são atuais e estão na igreja - seus representantes,
muitos deles, nem como diáconos são reconhecidos pela liderança atual.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 80-81. (Observação, Com
acréscimos e modificações minhas - Pr. Henrique)
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
LIÇÃO 7, CG, NA
ÍNTEGRA COMO NA REVISTA, 2Tr2025
Escrita Lição
7, CG, Paulo, um Legado de Fé, Dedicação e Graça, 2Tr25, Com. Extra Pr
Henrique, EBD NA TV
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. UM CIDADÃO
DO MUNDO
1.1. Tarso:
berço de um ministério global
1.2. Hebreu
de origem, zeloso por sua herança
1.3. Cidadania
romana: um privilégio estratégico
2. UM FARISEU
SALVO PELA GRAÇA
2.1. O fariseu
zeloso: perseguidor e defensor da Lei
2.2. O encontro
com a Luz: transformação e chamado
3. UM APÓSTOLO
SINGULAR
3.1. A mensagem
de Paulo: proclamando CRISTO com ousadia
3.2. As cartas
de Paulo: fundamentos para a fé cristã
4.1. Zelo e
dedicação: lições de comprometimento
4.2. Coragem e
honestidade: exemplos de integridade cristã
TEXTO BÍBLICO
BÁSICO - Atos 9.1-6
1 - E
Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor,
dirigiu-se ao sumo sacerdote
2- e
pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse
alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse presos a
Jerusalém.
3- E, indo no
caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um
resplendor de luz do céu.
4- E, caindo em
terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me
persegues?
5- E ele disse:
Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou JESUS, a quem tu persegues. Duro
é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
6- E ele,
tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor:
Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer.
TEXTO
ÁUREO
Mas em nada
tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha
carreira e o ministério que recebi do Senhor JESUS, para dar testemunho do
evangelho da graça de DEUS. Atos 20.24
OBJETIVOS - Ao
término do estudo bíblico, o aluno deverá:
-
reconhecer que Paulo priorizou o chamado divino acima de quaisquer
aspirações pessoais;
-
explorar os principais feitos ministeriais e a essência dos ensinamentos
paulinos;
-
identificar as características da personalidade de Paulo, que servem como
exemplo para a vida cristã.
ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Professor, o
apóstolo Paulo é um dos personagens mais destacados do Novo Testamento,
mencionado amplamente nas Escrituras, sendo superado apenas por JESUS. No
entanto, por ser frequentemente abordado em estudos e sermões, seus alunos
podem não demonstrar grande interesse inicial pela lição. O de- safio é mostrar
que Paulo foi o instrumento divino para revelar a plenitude da graça, que salva
tanto judeus quanto gentios (Ef 2.8,9; Rm 1.16). Para isso, explore aspectos
menos conhecidos de sua vida e ministério, avaliando o que os alunos já sabem.
Utilize mapas das viagens missionárias para ilustrar sua trajetória descrita em
Atos 13-28.
Boa aula!
COMENTÁRIO -
Palavra introdutória
Paulo é, sem
dúvida, um dos personagens do Novo Testamento que mais impactou a história do
cristianismo. Suas cartas, escritas há séculos, continuam moldando a fé e o
pensamento de cristãos e até de não cristãos ao redor do mundo. Em uma época em
que muitos se juntam a comunidades evangélicas sem entender plenamente o
significado de pertencer a JESUS, a vida de Paulo permanece como um exemplo
inspirador de fé, obediência e total dedicação a DEUS.
Nas Escrituras,
Paulo frequentemente apresenta-se de forma pessoal e transparente a seus
leitores. Ao reunir trechos de sua autobiografia, temos um retrato do apóstolo
abortivo (1 Co 15.8), cuja vida transformou profundamente os padrões religiosos
e teológicos de sua época, afirmando a supremacia da graça divina e o poder da
cruz de CRISTO (Ef 2.8,9; Gl 6.14).
1. UM CIDADÃO
DO MUNDO
Paulo foi um
dos personagens mais versáteis e influentes do Novo Testamento. Ele conciliava
diversas identidades: discípulo de Gamaliel (At 22.3); fariseu zeloso;
fabricante de tendas (At 18.3); apóstolo dos gentios (Rm 11.13); plantador de
igrejas e defensor da fé (At 14.21-23). Sua habilidade de adaptar-se a
diferentes contextos para proclamar o evangelho (1 Co 9.19-23) e seu testemunho
impactaram líderes religiosos e autoridades políticas (At 22.30-23.6; 26.1-29).
Ao longo de sua vida, ele sempre colocou o ministério acima de suas aspirações
e via CRISTO como a razão de sua existência (Fp 1.21).
1.1. Tarso:
berço de um ministério global
Nascido em
Tarso, uma cidade da Cilícia, Paulo cresceu em um ambiente marcado pela
diversidade social e intelectual (At 21.39; 22.3). Tarso, localizada entre o
mundo helenístico e o judaico, era famosa pelo comércio de feltro usado em
roupas e tendas. Essa origem deu a Paulo uma perspectiva única para evangelizar
gentios (Ef 3.6,7).
Os judeus de
sua época dividiam-se entre hebreus, que preservavam suas tradições ancestrais
e falavam aramaico, e helenistas, mais abertos à influência grega. Embora Paulo
fosse fluente em grego e conhecesse a filosofia helenística, ele se
identificava como um hebreu de origem pura, nascido de hebreus.
1.2. Hebreu
de origem, zeloso por sua herança
Paulo
frequentemente destacava sua herança judaica, apresentando-se como descendente
direto de Abraão e membro da tribo de Benjamim (Rm 11.1; Fp 3.5). Essa
identidade era relevante em suas discussões com judaizantes, que de- fendiam
que os gentios deveriam seguir rituais judaicos para serem cristãos (At
15.5-21). Paulo, no entanto, defendia a salvação pela graça e não pelas obras
da Lei.
Observação:
A origem de
Paulo como benjamita tinha forte valor simbólico. Seu nome hebraico, Saulo,
provavelmente homenageava o primeiro rei de Israel, também da tribo de Benjamim
(1 Sm 9.1,2 - Saul). No entanto, ele adotou o nome grego, Paulo,
refletindo sua missão entre os gentios.
1.3. Cidadania
romana: um privilégio estratégico
Paulo possuía
cidadania romana por nascimento (At 22.28), um privilégio que lhe garantia
proteção legal e status especial no Império. Isso incluía direitos como
julgamento justo e imunidade contra punições severas (At 16.37,38; 22.25-29).
Embora não se saiba exatamente como sua família adquiriu esse privilégio, é
provável que tenha sido por serviço militar ou concessão especial do governo
romano. Essa cidadania foi um recurso valioso para Paulo, permitindo-lhe de-
fender-se de acusações e avançar seu ministério, mesmo em contextos
adversos (At 25.11).
Paulo era,
portanto, um homem singularmente qualificado para seu papel como apóstolo dos
gentios, unindo herança judaica, educação helenística e direitos romanos em
prol da missão de CRISTO.
2. UM FARISEU
SALVO PELA GRAÇA
A experiência
marcante que Saulo teve no caminho de Damasco transformou completamente sua
visão sobre JESUS, o Messias. De perseguidor feroz da Igreja, ele tornou-se um
apóstolo dedicado, influenciando decisivamente a história do cristianismo (At
9.1-5; 22.4,5).
Observação:
Os fariseus
frequentemente divergiam de outros segmentos do judaísmo. Os saduceus, por
exemplo, negavam a ressurreição e a existência de anjos ou espíritos (At
23.6-8). Já os essênios criticavam o zelo farisaico, considerando-o
insuficiente
para alcançar a santidade exigida por DEUS, adotando um ascetismo mais
extremo.
2.1. O fariseu
zeloso: perseguidor e defensor da Lei
Paulo
identificava-se como fariseu, membro de um grupo rigoroso na observância da Lei
e defensor da pureza religiosa. Tendo sido treinado aos pés de Gamaliel (At
22.3), um dos mais respeitados mestres da época, ele destacava-se por sua
estrita obediência às tradições judaicas (Fp 3.5,6).
Além de
profundo conhecedor das Escrituras Hebraicas, Paulo dominava a Septuaginta e
possuía grande habilidade na retórica greco-romana, o que o tornava apto a
dialogar tanto com judeus quanto com gentios, como exemplificado em seu
discurso no Areópago (At 17.22-34).
Antes de sua
conversão, Saulo perseguia a Igreja com fervor, considerando-se irrepreensível
sob os padrões da Lei. Esse zelo se manifestava em ações concretas: munido de
cartas de autorização do Sinédrio, ele prendia cristãos e os levava a Jerusalém
para julgamento, muitas vezes culminando em penas de morte (At 9.1,2; 26.9-11).
Contudo, ao encontrar JESUS no caminho para Damasco, ele compreendeu que sua
antiga vida era perda diante da excelência de conhecer a CRISTO (Fp 3.8).
2.2. O encontro
com a Luz: transformação e chamado
JESUS
revelou-se a Saulo como a verdadeira Luz (Jo 1.4; 8.12), resplandecendo em
glória. Nesse momento, Ele confrontou o perseguidor com uma pergunta incisiva:
Saulo, Saulo, por que me persegues? Surpreso, Saulo respondeu: Quem és, Senhor?
Então, ouviu a resposta que transformaria sua vida para sempre: Eu sou JESUS, a
quem tu persegues (At 9.3-5).
Nesse breve
diálogo, Saulo descobriu três verdades essenciais: JESUS está vivo; Ele é o
grande Eu Sou e identifica-se com Seus seguidores. Esse encontro redefiniu sua
vida e missão, transformando-o de um perseguidor implacável em um dos mais
ardorosos proclamadores da fé cristã (1 Tm 1.12-15).
3. UM APÓSTOLO
SINGULAR
Paulo
demonstrou uma dedicação inigualável ao evangelho, esforçando-se para
anunciá-lo em regiões onde ainda não havia sido proclamado. Entre seus muitos
feitos, destaca-se a missão divina de levar a mensagem de salvação à Europa (At
16.6-10). Seu compromisso o levou a realizar extensas viagens missionárias -
três grandes jornadas foram registradas no Livro de Atos, as quais foram
realizadas ao longo de aproximadamente uma década (At 13-20).
3.1. A mensagem
de Paulo: proclamando CRISTO com ousadia
Os sete sermões
registrados no Livro de Atos refletem o conteúdo central de sua mensagem. Paulo
enfatizava sua conversão, a fidelidade ao judaísmo, a ressurreição de JESUS, os
argumentos das Escrituras sobre o Messias e os sofrimentos que enfrentou em Jerusalém
(At 13.16-41; 17.22-34; 20.18- 36; 22.1-29; 23.1-11; 24.10-21; 26.1-29).
Cada sermão
revela um apóstolo profundamente convicto da mensagem que pregava, com foco em
temas essenciais como a centralidade da Ressurreição, o cumprimento das
profecias em CRISTO e a esperança eterna que Ele oferece. Sua ousadia em pregar
diante de multidões, sacerdotes e líderes políticos demonstrava um compromisso
inabalável com sua missão.
3.2. As cartas
de Paulo: fundamentos para a fé cristã
Paulo é autor
de 13 cartas no Novo Testamento, muitas delas dirigidas a igrejas que ele mesmo
havia fundado. Entre elas estão: Romanos; 1 e 2 Coríntios; Gálatas; Efésios;
Filipenses; Colossenses; 1 e 2 Tessalonicenses; 1 e 2 Timóteo; Tito e Filemom.
Esses escritos abordam questões fundamentais, como: pecado (Rm 3.23; 6.23);
salvação pela graça (Ef 2.8,9; Tt 3.5); escatologia (1 Ts 4.13-18; 1 Co
15.51,52); ética cristã (Rm 12.1,2; Ef 4.25-32) e missão da Igreja (2 Co
5.18-20).
As cartas de
Paulo não apenas instruem os cristãos sobre doutrinas essenciais, mas também
fornecem um vislumbre do contexto social e cultural do primeiro século. Suas
reflexões, marcadas por profundidade teológica e clareza pastoral, moldaram o
pensamento cristão, apresentando a Igreja como o Corpo de CRISTO e destacando a
centralidade de JESUS em to- das as coisas (Rm 12.4,5; Ef 1.22,23).
Paulo não foi
apenas um pregador ousado, mas também um teólogo cuja influência atravessou os
séculos, oferecendo fundamentos sólidos para a fé cristã e um modelo de
dedicação incondicional ao evangelho.
4. LIÇÕES DA
VIDA DE PAULO PARA A JORNADA DE FÉ
O apóstolo
Paulo nos deixou um legado extraordinário de fé, dedicação e caráter. Suas
cartas e sermões continuam a ser fontes de aprendizado e inspiração. Ele
assumia plena responsabilidade por seus atos (1 Tm 1.15; Rm 3.23; 7.19,20,24) e
incentivava outros a seguirem seu exemplo (1 Co 11.1; Fp 3.17).
Com zelo,
dedicação, coragem e honestidade, o apóstolo apresentou um modelo de conduta
que ainda desafia e inspira os seguidores de CRISTO em todo o mundo (Fp 4.8; Rm
12.17; 13.7; Ef 6.9; CI 3.25; Tt 2.7).
4.1. Zelo e
dedicação: lições de comprometimento
Antes de sua
conversão, Paulo era rigoroso na aplicação da Lei (At 22.3; Gl 1.14). Após
conhecer a CRISTO, esse mesmo zelo foi direcionado à causa do evangelho,
tornando-o um servo fervoroso do Reino (2 Co 11.2; 1 Co 15.10).
A dedicação a
boas obras, característica desejada pelo Senhor (Tt 2.14), também foi refletida
em figuras como Fineias (Nm 25.11-13) e Elias (1 Rs 19.10), sendo Paulo um
modelo equivalente no Novo Testamento.
Além disso,
Paulo combinava erudição com pragmatismo. Seguindo a tradição rabínica,
aprendeu um ofício manual, tornando-se fabricante de tendas (At 18.1-3). Ele
sustentava a si mesmo durante suas jornadas missionárias, dividindo seu tempo
entre pregar, ensinar e trabalhar (1 Co 9.12; 1 Ts 2.9; 2 Ts 3.8). Somente mais
tarde, passou a receber ofertas de igrejas parceiras, como a de Filipos (Fp
4.16-18).
4.2. Coragem e
honestidade: exemplos de integridade cristã
A coragem de
Paulo destacou-se em meio às adversidades. Mesmo enfrentando perseguições e
desafios, ele permanecia firme na fé e encorajava outros, como Timóteo, a não
temer as dificuldades (2 Tm 1.7-9; 4.7). Em sua Carta aos Romanos, ele
reafirmou que nenhuma tribulação pode nos separar do amor de DEUS (Rm 8.35-39),
demonstrando sua confiança inabalável.
Paulo também
foi um exemplo de honestidade, tanto em suas palavras quanto em suas ações. Ele
reconhecia suas fragilidades pessoais (Rm 7.19,24; 2 Co 12.7), mas nunca usava
de artimanhas ou enganos em seu ministério (2 Co 2.17; 8.21); pelo contrário,
exortava os crentes a serem íntegros em todos os aspectos da vida (Fp
4.8; Rm 12.17; 13.7; Ef 6.9; CI 3.25).
CONCLUSÃO
Na primeira
Carta aos Coríntios, Paulo refere-se a si mesmo como um abortivo (1 Co 15.8),
reconhecendo que, ao contrário dos outros apóstolos, não teve o privilégio de
ser treinado diretamente por JESUS durante Seu ministério terreno. Contudo,
apesar dessa ausência de contato físico com o Mestre, Paulo
destacou-se como um dos homens mais eruditos e produtivos da história do
cristianismo. Sua contribuição à teologia cristã é incomparável, consolidando-o
como um dos maiores pensadores e líderes que a Igreja já conheceu.
ATIVIDADE PARA
FIXAÇÃO
1. Quem foram os
principais responsáveis pela educação religiosa de Saulo (Paulo) de
Tarso?
R.: O rabino
Gamaliel (At 22.3) NO JUDAÍSMO E Barnabé NO CRISTIANISMO (At 9.26, 27, 11.25).
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
NA
ÍNTEGRA LIÇÃO 13, BETEL, PAULO – COMBATENDO O BOM COMBATE E GUARDANDO A FÉ, 4º
Trimestre de 2025
Escrita Lição
13, Betel, Paulo – Combatendo o bom combate e guardando a Fé, 4Tr25, Com.
Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar
PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
EBD, Editora
Betel | 4° Trimestre De 2025 | TEMA: PERSONAGENS BÍBLICOS VIRTUOSOS E MARCANTES
– Homens e mulheres que permaneceram fiéis a DEUS diante das
circunstâncias da vida | Escola Bíblica Dominical
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- A HISTÓRIA
DE PAULO
1.1.
Nascimento, nome e família
1.2. Um vaso
escolhido
1.3. Paulo, de
perseguidor a perseguido
2- PAULO, UM
HOMEM OUSADO E PERSEVERANTE
2.1.
Sobrevivendo às lutas
2.2. O espinho
na Carne
2.3. O dever
cumprido
3- PAULO
TERMINOU A CARREIRA
3.1. O exemplo
de vida
3.2. A gratidão
e o amor pastoral
3.3. A certeza
da Vida Eterna
TEXTO ÁUREO
Antes, subjugo
o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não
venha de alguma maneira a ficar reprovado”, 1 Coríntios 9.27.
VERDADE
APLICADA
A convicção da
experiência da conversão, a firmeza nas verdades bíblicas e a fidelidade ao
Senhor são indispensáveis para desempenharmos com excelência o ministério
cristão.
OBJETIVOS DA
LIÇÃO
Identificar a origem de Paulo
Ressaltar que Paulo se manteve firme até o fim.
Reconhecer que Paulo foi ousado e perseverante.
TEXTOS DE
REFERÊNCIA – Gálatas 2.20, 6.17; 2 Timóteo 4.6-8
GALATAS 2.20 Já estou crucificado com CRISTO; e vivo, não mais eu, mas CRISTO
vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de DEUS, o
qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.
GALATAS 6.17 Desde agora, ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as
marcas do Senhor JESUS.
2 TIMÓTEO 4.6 Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e
o tempo da minha partida está próximo.
7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
8 Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo
juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que
amarem a sua vinda.
LEITURAS
COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Rm 8.37 Mais do que vencedores.
TERÇA | 1Co 4.1-2 Que cada despenseiro seja fiel.
QUARTA | 1Co 11.1 Sede meus imitadores.
QUINTA | Gl 1.15 Separados desde o ventre da mãe.
SEXTA | Ef 6.10-20 A armadura de DEUS.
SÁBADO | Fp 3.12-14 Prosseguindo para o alvo.
HINOS SUGERIDOS: 94, 171, 371
MOTIVO DE
ORAÇÃO: Ore para que possamos combater o
bom combate sem negligenciar a fé.
PONTO DE
PARTIDA: De perseguidor a perseguido.
INTRODUÇÃO
Paulo foi um apóstolo aprovado por DEUS. Passou de perseguidor de
cristãos a perseguido por causa de CRISTO, levando sua missão nesta terra até o
fim. Ele nos ensina que, apesar das dificuldades, devemos perseverar no caminho
do Senhor até o fim, sem nunca abandonar a nossa fé.
1- A HISTÓRIA DE PAULO
Paulo ficou conhecido como o apóstolo dos gentios. Deixou treze
cartas, que são escritos doutrinários, edificantes e consoladores para a
igreja. Ele as escreveu em liberdade, mas também na prisão. Como missionário,
enfrentou desafios diversos, mas sempre fiel ao seu chamado. É um dos
personagens bíblicos mais conhecidos por cristãos e não cristãos.
1.1. Nascimento, nome e família
Embora fosse cidadão romano, natural de Tarso, na Cilícia (At
21.39; 22.25-27), Paulo era judeu, da tribo de Benjamim (Fp 3.5) .
Foi instruído por Gamaliel, um doutor da Lei de posição importante no Sinédrio
(At 22.3). Embora tivesse o nome romano de Saulo (At 9.17), mais tarde passou a
se chamar Paulo (At 13.9), possivelmente depois da conversão e do batismo.
A Bíblia não menciona filiação, esposa ou filhos de Paulo. As
únicas passagens que mencionam alguns parentes de Paulo são At 23.16 e Rm
16.7,21. Paulo apenas cita que aprouve a DEUS o escolher desde o ventre de sua
mãe, separá-lo e chamá-lo pela Sua graça (G1 1.15). Ele diz que era filho de
fariseu, mas não diz o nome do seu pai (At 23.6). O Apóstolo Paulo possuía
cidadania romana, como ele próprio afirma (At 22.28), mas também se declara
“hebreu de hebreus” (Fp 3.5); tendo, assim, dupla cidadania. Paulo era
fabricante de tendas (At 18.3). Possivelmente as fabricava e vendia para não
depender de ninguém e dar exemplo para os outros (2Ts. 3.6-9).
1.2. Um vaso escolhido
Numa visão, o Senhor JESUS chama o discípulo Ananias e manda que
ele vá encontrar um homem de Tarso, chamado Saulo. Ananias logo temeu, pois
tinha ouvido que aquele homem fazia muito mal aos santos
de Jerusalém (At 9.10-13). Porém, o Senhor lhe disse: “Ele é para mim
um vaso escolhido”, At 9.15; e Ananias foi ter com Saulo.
Lawrence O. Richards comenta: “A experiência da conversão de Paulo
é crítica para que compreendamos este homem, cujo comprometimento total com JESUS
está refletido não somente no Livro de Atos, mas também em suas 13 cartas
encontradas em nosso Novo Testamento. Lucas nos dá nada menos que três versões
da história da conversão (9.1-19; 21.37; 22. 21; 26.1-32), duas das quais
representam a história contada por Paulo, primeiramente a uma audiência de
judeus e depois a uma de gentios. Está claro que a aparição de CRISTO
ressuscitado ao apóstolo foi fundamental não somente para sua conversão, mas
também para sua consciência de que ele havia sido separado por DEUS como uma
testemunha e um apóstolo para o mundo”
1.3. Paulo, de perseguidor a perseguido
No caminho de Damasco, Saulo teve uma experiência com o Senhor:
“Saulo, Saulo, por que me persegues?’; At 9.4. Como membro do concílio do
Sinédrio, ele dava voto a favor da morte dos cristãos (At 26.10), além de
persegui-los (Gl 1.13). Inclusive, consentiu a morte de Estevão (At 7.58; 8.1).
Porém, ao ser chamado por JESUS, Saulo passou por uma transformação radical e
se tornou um dos maiores propagadores do Evangelho.
Para Pr. Antônio Veras de Souza: “DEUS, em todo o tempo, usou
homens para seu serviço. Quando precisou de um valente obreiro, foi buscá-lo
nas fileiras do inimigo, transformando Saulo num verdadeiro apóstolo dos
gentios. O poder sobrenatural do ESPÍRITO lapidou esta pedra bruta e preparou-o
para uma grande missão missionária. Mais uma vez, o grande poder de DEUS e a
imensa graça do Senhor se manifestaram para transformar a vida de um homem
comum em um baluarte do Evangelho”.
EU ENSINEI QUE:
No caminho de Damasco, Saulo teve uma experiência com o Senhor.
2- PAULO, UM
HOMEM OUSADO E PERSEVERANTE
Paulo não temia as adversidades nem se curvava às circunstâncias.
Foi perseverante em tudo que fez, sem parar no meio do caminho. Como ele mesmo
declarou: prosseguia para o alvo, porque ainda não tinha alcançado a perfeição
almejada. Além disso, sua coragem ao confrontar erros, como no caso de Pedro
(Gl 2.11-14), refletia seu compromisso com a Verdade do Evangelho.
2.1. Sobrevivendo às lutas
Paulo enfrentou inúmeras dificuldades, incluindo prisões, açoites,
naufrágios e rejeição (2Co 11.23-28). Apesar disso, ele permaneceu fiel,
considerando seus sofrimentos como participação nos sofrimentos de CRISTO (Fp
3.10). Ele perseverou por seu amor a JESUS, comprometimento com o anúncio do
Evangelho e cuidado com as igrejas (2Co 11.28).
Devemos aprender com Paulo, que não olhava para trás, não ficava se
lastimando, mas seguia em frente. Ele dizia que ia esquecendo das coisas que
ficavam para trás e avançava para as que estavam diante dele. Paulo prosseguia
porque tinha um alvo: o prêmio da soberana vocação de DEUS em CRISTO JESUS (Fp
3.12- 14). Ao longo da sua intensa carreira cristã, Paulo manteve em mente que
a Graça do Senhor superabundava na vida dele, pois se considerava o pior dos
pecadores (1Tm 1.15). E ele testificava que essa mesma graça é que o
fortalecia, em todo o tempo, para perseverar na jornada cristã.
2.2. O espinho na Carne
Paulo implorou a DEUS, em três ocasiões diferentes, para ficar
livre de um “espinho na carne” (2Co 12.7-9). O Senhor, todavia, não lhe
atendeu, tendo apenas respondido ao apóstolo: “A minha graça te basta’: Isso
porque o Poder de DEUS se aperfeiçoa na fraqueza, e aquele espinho afastaria
qualquer possibilidade de exaltação pessoal (2Co 12.7-10).
Comentário na Bíblia de Estudo Pentecostal: “A palavra espinho’
comunica a ideia de dor, de aflição, de sofrimento, de humilhação, ou de
enfermidades físicas, mas não a de tentação para pecar (G14.13-14). (1) O
espinho de Paulo permanece indefinido, de modo que aqueles que têm qualquer
espinho’ na vida podem, assim, aplicar a si mesmos a lição espiritual dessa
passagem. (2) O espinho de Paulo pode ter sido uma ação demoníaca
contra ele, permitida por DEUS, mas por Ele limitada (v.7; Jó 2.lss). (3) Ao
mesmo tempo, esse espinho de Paulo lhe foi dado para impedir que se orgulhasse
a respeito das revelações que recebera. (4) O espinho de Paulo tornou-o mais
dependente da graça divina (v.9; Hb 12.10)”.
2.3. O dever cumprido
O ministério que Paulo recebeu do Senhor JESUS foi cumprido, não
negligenciado nem deixado em segundo plano (At 20.24). Seus ensinamentos e seu
exemplo foram passados e absorvidos (Fp 3.17), numa vida que deveria ser
imitada (1 Co 11.1). Paulo ainda exorta a igreja a fazer a obra com zelo, de
todo o coração, como sendo para o Senhor e não para os homens (Cl 3.23-24).
Paulo pensava tanto no seu ministério, querendo ter consciência
tranquila ao parar, que declarou, em Atos 20.24, que não tinha a sua vida
preciosa por coisa nenhuma, mas teria alegria de cumprir a carreira e o
ministério que lhe foi proposto pelo Senhor. Ele disse que todos que o viram
pregar o Evangelho do Reino não voltariam a ver seu rosto outra vez, e se
declara inocente do sangue de todos (At 20.25-26).
EU ENSINEI QUE:
Paulo não temia as adversidades nem se curvava às circunstâncias.
3- PAULO TERMINOU A CARREIRA
Paulo é mais um exemplo do Poder de DEUS para transformar e usar
vidas segundo os Seus propósitos. As viagens missionárias, as epístolas e a
perseverança diante do sofrimento moldaram a Igreja Primitiva e continuam a nos
inspirar hoje. Sua missão: proclamar “CRISTO crucificado” (1 Co 1.23), uma
mensagem que transcende culturas e une todos que creem em JESUS (Gl 3.28).
3.1. O exemplo de vida
Paulo é uma referência de entrega ao chamado de DEUS, pois se
esforçava para não ser reprovado (1 Co 9.27). É verdade que somos limitados por
nossa humanidade, mas o serviço a DEUS deve ser cumprido com excelência. Paulo
terminou a carreira, nós estamos na carreira, amanhã outros estarão na
carreira, até que JESUS venha.
Paulo deixou o legado de alguém que cumpriu bem o seu dever. Foi
perseguidor, mas passou a ser perseguido ao aceitar o bom combate. O apóstolo
dos gentios entendeu bem o seu chamado e o cumpriu com brilhantismo. Um homem
cheio de talentos, com uma liderança eficaz, o Apóstolo Paulo terminou a sua
carreira, marcou a história do cristianismo e, principalmente, guardou a fé.
3.2. A gratidão e o amor pastoral
Paulo demonstrou amor pastoral ao chamar os crentes de “meus
filhinhos” (Gl 4.19) e investir na formação de líderes como Timóteo e Tito. Ele
também expressou sua gratidão a DEUS (Fp 1.3), aos companheiros e colaboradores
leais (Fp 4.1-4) e aos seus filhos na fé (Tt 1.3-4). Por fim, declarou que cada
um receberá seu galardão de acordo com as próprias obras, sendo todos nós
cooperadores de DEUS (1 Co 3.6-9).
Gratidão é o reconhecimento por algum benefício recebido. Gratidão
é a qualidade de reconhecer e valorizar as dádivas recebidas. É muito mais do
que um simples muito obrigado, e era algo que Paulo levaria para o resto da
vida. Paulo diz, em suas epístolas, que sempre dava graças a DEUS pelas igrejas
e por todos que invocavam o nome de nosso Senhor JESUS CRISTO (1 Co 1.1-9). Ele
se sentia feliz quando os irmãos viviam pensando a mesma coisa, tendo o mesmo
amor, o mesmo ânimo (Fp 2.1-2).
3.3. A certeza da Vida Eterna
A despedida confiante e em paz, a última exortação em amor, a
bênção apostólica (2Co 13.11,13), o tempo da partida já próximo e a esperança
de receber a coroa da justiça, a qual o Senhor, o Justo Juiz, lhe dará naquele
dia (2Tm 4.6,8). Assim Paulo deixou aos irmãos a expectativa de receber a
coroa, mas também a responsabilidade de fazer a Obra do Senhor sem negligência.
Todas as epístolas paulinas trazem a saudação final e o
agradecimento aos irmãos e companheiros de ministério. Na Segunda Carta aos
Tessalonicenses 3.16-17, ele diz que escreveu a saudação de próprio punho e que
ora ao Senhor da Paz que lhes dê paz e impetra que a Graça de nosso Senhor JESUS
CRISTO seja com todos. Ainda diz que esse é o sinal em cada epístola. É assim
que escreve. Uma despedida de quem escreveu muito sobre a Salvação e seus
pré-requisitos. Um sabedor exímio sobre o arrebatamento nas nuvens para o
encontro com o Senhor nos ares (1Ts 4.13-18).
EU ENSINEI QUE:
Somos limitados por nossa humanidade, mas o serviço a DEUS deve ser
cumprido com excelência.
CONCLUSÃO
A firmeza e a fidelidade de Paulo no exercício do ministério que
recebeu do Senhor JESUS foram relevantes para que a então novel igreja não se
tornasse um movimento predominantemente judaico, mas uma profissão de fé
cristocêntrica universal. Ele estabeleceu igrejas, discipulou líderes e
escreveu cartas que continuam a guiar a Igreja, sendo seu entendimento,
principalmente recebido do Senhor, acerca da Graça, da Cruz e da ressurreição,
central para a fé cristã.

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