26 novembro 2025

Slides Lição 10, CPAD, ESPÍRITO - O ÂMAGO DA VIDA HUMANA, 4Tr25, Com. Extra Pr. Henrique, EBD NA TV

 






























25 novembro 2025

Escrita Lição 9, Central Gospel, As Consequências do Pecado, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV

Escrita Lição 9, Central Gospel, As Consequências do Pecado, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
 


Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2025/11/escrita-licao-9-central-gospel-as.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2025/11/slides-licao-9-central-gospel-as.html
PowerPoint https://pt.slideshare.net/slideshow/slides-licao-9-central-gospel-as-consequencias-do-pecado-4tr25-pptx/284307626

ESBOÇO DA LIÇÃO
1. AS CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS DO PECADO 
1.1. Morte espiritual 
1.2. Distorção da liberdade e da obediência 
1.3. Expulsão do Éden - exclusão do propósito inicial
2. AS CONSEQUÊNCIAS EXISTENCIAIS DO PECADO 
2.1. Morte física - o limite da existência 
2.2. Sofrimento e frustração 
2.2.1. Desejo desmedido e exaustão interior 
2.3. Fragmentação interna e ruptura dos vínculos 
2.3.1. Medo, culpa e vergonha: esconderijos da alma 
3. AS CONSEQUÊNCIAS COLETIVAS E CÓSMICAS DO PECADO 
3.1. Homens e mulheres herdaram a inclinação ao mal 
3.2. A Criação está sujeita à corrupção e aguarda a redenção UBR 
3.3. A Graça floresce entre nós 
 
TEXTO BÍBLICO BÁSICO – Gn 3.16-19; Rm 6.20-21, 23; Is 59.1-3
Gênesis 3.16- E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. 17- E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. 18- Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo. 19- No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás. 
Romanos 6.20-21, 23 
20- Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. 21- E que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. 
23 - Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de DEUS é a 
vida eterna, por CRISTO JESUS, nosso Senhor. 
Isaías 59.1- Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; 
nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir. 2- Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso DEUS, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça. 3- Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos, de iniquidade; os vossos lábios falam falsamente, e a vossa língua pronuncia perversidade. 
 
TEXTO ÁUREO
Não erreis: DEUS não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Gálatas 6.7 
 
SUBSIDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO 
2a feira - Hebreus 4.14-16 Há Graça no Trono 
3a feira - Isaías 59.2-8 Pecar é desconectar-se da Fonte da Vida 
4a feira - João 3.3; 8.32 Nascer de novo e viver em liberdade 
5a feira - Salmo 6.6; 56.8 DEUS recolhe cada lágrima vertida
6a feira - João 11.35; Salmo 34.18 DEUS está perto dos que sofrem
Sábado - João 14.4-6 O caminho para DEUS é reaberto 
 
OBJETIVOS - Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
- identificar as principais consequências da Queda, nas dimensões espirituais, físicas, emocionais e relacionais; 
- compreender como a condição humana foi afetada pela entrada do pecado no mundo, gerando separação de DEUS, sofrimento e fragilidade existencial; 
- refletir sobre a esperança presente mesmo no juízo, por meio da promessa de redenção registrada em Gênesis 3.15. 
 
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS 
Caro professor, esta lição retoma o relato do terceiro capítulo o de Gênesis sob um novo ângulo: não mais para discutir o que foi o pecado, mas para refletir sobre as feridas que permanecem abertas na História, conforme interpretadas pela tradição judaico-cristã. A Queda não é apenas um evento distante, mas um marco que ainda repercute em todas as áreas da vida. 
Evite reduzir esta lição a julgamentos morais. Conduza a reflexão a partir da ideia de que a iniquidade rompe o projeto original de comunhão com o Divino, produzindo desordem, sofrimento e afastamento - mas também que a Graça já se anuncia no meio do juízo, como uma semente de esperança plantada pelo próprio DEUS. 
Excelente aula! 
 
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SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO
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1. AS CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS DO PECADO 

 

As consequências espirituais do pecado incluem a separação de DEUS, sentimentos de culpa e vergonha, e a perda da paz interior, que podem levar ao afastamento da fé e à escravidão de hábitos destrutivos. O pecado cria uma barreira na comunhão com DEUS, afetando a capacidade de orar e ter intimidade com Ele, mas a confissão e o arrependimento são vistos como caminhos para a restauração dessa relação. 

Separação de DEUS 

  • O pecado cria uma barreira entre o indivíduo e DEUS, prejudicando a conexão e a comunhão (Is 59.2- Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso DEUS; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça. Isaías 59:2).
  • Essa separação pode gerar um sentimento de isolamento e dificuldade em sentir a presença de DEUS. 

Culpa e vergonha

  • Pecados não confessados e a consciência culpada podem levar a sentimentos de culpa, vergonha e medo, impactando a saúde mental.
  • A sensação de não merecer o perdão pode criar um ciclo negativo que afeta a autoestima e a capacidade de viver plenamente. 

Perda da paz e esfriamento espiritual 

  • A separação de DEUS pode resultar na perda da paz interior e levar a um "esfriamento espiritual".
  • A fé pode vacilar, e a prática da oração e da leitura das escrituras se torna difícil. 

Escravidão e distorção das relações

  • O pecado pode levar à escravidão de hábitos e padrões de comportamento destrutivos, como o egoísmo, a inveja e a ira, que minam os relacionamentos interpessoais.
  • Isso prejudica a confiança e a harmonia com as outras pessoas. 

Morte espiritual e eterna

  • A consequência final do pecado não tratado é a morte espiritual, que significa a separação definitiva de DEUS.
  • Embora o pecado não perdoado seja visto como grave, a fé cristã entende que a confissão e a reconciliação podem restaurar a relação com DEUS. 

 

1.1. Morte espiritual 

Na Bíblia, a morte espiritual é a separação de DEUS causada pelo pecado. Essa condição descreve as pessoas que estão "mortas em delitos e pecados" antes de se arrependerem e crerem em JESUS CRISTO, vivendo separadas da fonte da vida. Esse estado pode ser revertido pela fé em CRISTO, que traz a pessoa da morte para a vida, um processo chamado ressurreição espiritual ou conversão. Pode acontecer também com quem abandona a fé - Hebreus 6:4-6 ⁴ Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do ESPÍRITO SANTO, ⁵ E provaram a boa palavra de DEUS, e os poderes do século futuro,

⁶ E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de DEUS, e o expõem ao vitupério.

 

Características e causas

  • Separação de DEUS: A morte espiritual é definida como um estado de alienação da comunhão com DEUS, que é a própria vida.
  • Pecado: É resultado direto do pecado, que começou com a Queda e é perpetuado pela desobediência e pelos desejos da carne.
  • Insensibilidade: É comparada à falta de reação de um corpo morto, onde a pessoa espiritualmente morta não responde ao estímulo espiritual de DEUS.
  • Estado antes da salvação: A Bíblia descreve a condição de todos os não convertidos como espiritualmente mortos, incapazes de salvar a si mesmos. 

Reversão da morte espiritual

  • Arrependimento e fé: A morte espiritual é vencida quando a pessoa se arrepende de seus pecados e crê em JESUS CRISTO.
  • Ressurreição espiritual: Através de JESUS, o crente passa da morte para a vida, sendo retirado desse estado de separação.
  • Ação de DEUS: A salvação não é por obras, mas por graça, quando DEUS vivifica espiritualmente o indivíduo que estava morto em seus pecados. 

Diferença de outros tipos de morte

  • Morte física: É a separação da alma do corpo.
  • Morte eterna (Segunda Morte): É a separação eterna e final de DEUS. A morte espiritual é reversível - Tiago 5:20 - ²⁰ Saiba que aquele que converter um pecador do erro do seu caminho, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados. - a morte eterna não é reversível. 

 

1.2. Distorção da liberdade e da obediência 

Na Bíblia, a distorção da liberdade manifesta-se no seu uso como pretexto para o pecado e a malícia, enquanto a distorção da obediência ocorre quando esta se torna cega, ritualística ou é direcionada a autoridades humanas em detrimento de DEUS. 

Distorção da Liberdade

A verdadeira liberdade, na perspectiva bíblica, é a libertação do domínio do pecado para viver em retidão e servir a DEUS e ao próximo. A distorção ocorre quando essa liberdade é mal interpretada ou abusada: 

  • Libertinagem: Usar a liberdade como "capa da malícia" ou pretexto para satisfazer os desejos pecaminosos (1 Pedro 2:16). Isso leva ao aprisionamento por vícios e corrupção, tornando a pessoa escrava daquilo que a domina (2 Pedro 2:19).
  • Rejeição da responsabilidade: A distorção da liberdade leva à ideia de que as ações não têm consequências, o que contraria o princípio bíblico de que a liberdade envolve discernimento e responsabilidade.
  • Autonomia humana acima de DEUS: A crença de que o ser humano é totalmente autônomo e não deve submissão a DEUS ou aos Seus mandamentos, o que a Bíblia descreve como a raiz do pecado. 

Distorção da Obediência

A obediência bíblica é um ato de amor e confiança em DEUS, que resulta em bênçãos e comunhão com Ele. A distorção da obediência inclui: 

  • Obediência cega ou ritualística: A obediência que se foca em rituais ou regras externas sem uma mudança interior do coração, ou que obedece a líderes humanos mesmo quando estes contrariam a palavra de DEUS. O profeta Samuel destacou que "obedecer é melhor do que sacrificar", enfatizando o coração por trás da ação (1 Samuel 15:22).
  • Foco na lei sem a graça: Confiar na obediência à lei para a salvação, o que a Bíblia adverte que coloca a pessoa debaixo de maldição, pois a salvação vem pela graça mediante a fé (Gálatas 3:10).
  • Obediência por medo ou interesse: Obedecer a DEUS apenas por medo de castigo ou em troca de bênçãos materiais, em vez de ser motivado por amor e um desejo de agradar a DEUS. 

Em suma, a Bíblia ensina que a verdadeira liberdade e obediência andam juntas, com a obediência a DEUS sendo o caminho para a verdadeira libertação do pecado e uma vida de propósito. A distorção de ambos os conceitos leva à separação de DEUS e a consequências espirituais e pessoais negativas. 

 

1.3. Expulsão do Éden - exclusão do propósito inicial

A expulsão do Éden, na teologia cristã, não representa uma exclusão total e permanente do propósito inicial de DEUS, mas sim um afastamento da humanidade da comunhão perfeita com Ele e a introdução de consequências severas para a desobediência (pecado original). O propósito divino de ter a humanidade governando a criação e refletindo Sua glória permaneceu, mas a forma de o cumprir foi alterada e a redenção tornou-se necessária. 

O Propósito Inicial no Éden

O propósito original de DEUS para Adão e Eva era:

  • Comunhão e Relacionamento: Viver em íntima e perfeita comunhão com DEUS, em um ambiente sem pecado, dor ou morte.
  • Mordomia e Cultivo: Cultivar e guardar o Jardim do Éden, exercendo domínio sobre a criação, como representantes de DEUS na Terra.
  • Multiplicação: Encher a Terra e espalhar a glória de DEUS através de seus relacionamentos e ações.
  • Obediência: Viver sob a condição de obediência a um único mandamento: não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. 

A Expulsão e Suas Consequências

A desobediência (a "Queda do Homem") resultou na expulsão do Éden, que teve consequências profundas: 

  • Separação de DEUS: A comunhão perfeita foi rompida, e o casal sentiu medo e vergonha, escondendo-se da presença de DEUS.
  • Introdução da Morte: A morte, tanto espiritual (separação de DEUS) quanto física, tornou-se uma realidade para a humanidade.
  • Trabalho Árduo e Sofrimento: A vida fora do Éden passou a ser marcada por dificuldades, como o trabalho penoso para cultivar a terra e as dores no parto.
  • Natureza Pecaminosa: O pecado e a culpa foram transmitidos por hereditariedade a todos os descendentes de Adão e Eva, o que é a base da doutrina do pecado original.
  • Perda do Acesso à Árvore da Vida: DEUS expulsou o homem para que ele não comesse da árvore da vida e vivesse para sempre em seu estado pecaminoso. 

A Exclusão do Propósito Inicial?

A expulsão marcou o fim da condição paradisíaca e da vida imortal imediata, mas não a anulação do propósito divino. Em vez de uma exclusão total, a teologia cristã entende que:

  • propósito de DEUS foi mantido, mas a humanidade se afastou da capacidade inata de cumpri-lo perfeitamente por conta própria.
  • A Queda e a expulsão inauguraram o plano divino de redenção, centrado na vinda de JESUS CRISTO, que restauraria o relacionamento rompido e permitiria à humanidade voltar a cumprir seu propósito original, ainda que em um contexto de um mundo caído.
  • A história bíblica continua com a promessa de um novo céu e uma nova terra, sugerindo uma restauração final onde a comunhão com DEUS será plenamente reestabelecida, superando as consequências da expulsão do Éden. 

 

2. AS CONSEQUÊNCIAS EXISTENCIAIS DO PECADO 

As consequências existenciais do pecado, na teologia e na filosofia, são profundas e multifacetadas, afetando a relação do ser humano com DEUS, consigo mesmo e com a criação. As principais dimensões incluem: 

1. Separação e Alienação Espiritual

A consequência mais imediata e central do pecado é a separação espiritual de DEUS. A harmonia e comunhão originais são rompidas, criando uma barreira entre o ser humano, que se torna imperfeito, e DEUS, que é perfeitamente santo. Essa alienação resulta em: 

  • Morte espiritual: Um estado de viver sem a plenitude da presença de DEUS.
  • Culpa e condenação: O sentimento de transgressão e a sujeição à ira e maldição divinas.
  • Perda da comunhão original: A incapacidade de ter um relacionamento pleno e direto com o Criador sem a intervenção da graça. 

2. Corrupção da Natureza Humana

O pecado corrompeu a perfeição original e a retidão do ser humano, resultando na depravação total de suas faculdades, tanto do corpo quanto da alma. Isso se manifesta em: 

  • Inclinação para o mal (concupiscência): O ser humano deseja pecar livremente, pois suas motivações e desejos foram corrompidos, a menos que a graça de DEUS intervenha.
  • Decadência moral: A introdução da mentira, dissimulação e violência na interação humana, como visto no assassinato de Abel por Caim.
  • Falta de sensibilidade espiritual: A perda da noção clara entre certo e errado, levando a pessoa a pecar sem entender a totalidade das consequências. 

3. Vulnerabilidade Física e Mortalidade

A desobediência introduziu a dor, a doença e a morte física na existência humana. O corpo, originalmente perfeito, tornou-se vulnerável e sujeito à deterioração. Isso implica em: 

  • Sofrimento: A vida humana é marcada por misérias, dores (como no parto e no trabalho) e fraquezas.
  • Mortalidade: A certeza da morte física como um destino final nesta vida terrena. 

4. Impacto nos Relacionamentos e na Criação

As consequências do pecado não se limitam ao indivíduo, mas afetam a convivência social e o meio ambiente: 

  • Problemas nos relacionamentos: O pecado introduz conflitos, desconfiança e divisões entre as pessoas.
  • Trabalho árduo: O sustento da vida torna-se uma labuta com fadiga, em contraste com a harmonia original. 

Em suma, o pecado resulta em um estado de angústia existencial e uma condição humana marcada pela incompletude e pela necessidade de redenção, que, na teologia cristã, é oferecida por meio de JESUS CRISTO. 

 

2.1. Morte física - o limite da existência 

A questão da morte física como o limite da existência é um tema central que permeia a ciência, a filosofia e as crenças religiosas, com visões divergentes sobre o seu significado e se representa um fim absoluto ou uma transição. 

Perspectiva Científica

Do ponto de vista biológico e legal, a morte física é considerada o fim da existência individual

  • Processo Biológico: A morte ocorre com a cessação das funções vitais, como a atividade cerebral (morte encefálica) e a circulação, levando à falência progressiva das células e, eventualmente, à desintegração do organismo.
  • Consciência: A ciência, baseada na atividade cerebral, considera que a consciência cessa com a morte do cérebro. Não há evidências científicas que comprovem a continuidade da consciência após a morte física. 

Perspectiva Filosófica

A filosofia oferece diversas interpretações sobre a morte como limite: 

  • Existencialismo (Heidegger, Sartre): Para filósofos como Martin Heidegger, a consciência da morte (o ser-para-a-morte) é fundamental para uma existência autêntica, sendo a morte a "possibilidade de não-ser" que define a totalidade da vida humana. Jean-Paul Sartre via a morte como um evento fortuito e imprevisto que não pode ser totalmente integrado num projeto pessoal.
  • Estoicismo e Epicurismo: Epicuro argumentava que a morte não é um mal, pois "quando nós existimos, a morte não existe; quando a morte existe, nós não existimos", pelo que não devemos temê-la.
  • Visão Clássica (Sócrates, Platão): Sócrates via a filosofia como uma preparação para a morte, acreditando que a alma se separava do corpo para se encontrar com os deuses, sugerindo que a morte física não era o fim da existência da alma. 

Perspectiva Religiosa e Espiritual

Para muitas tradições religiosas e espirituais, a morte física é vista não como um limite, mas como uma passagem ou transição para outra forma de existência: 

  • Continuidade da Alma/ESPÍRITO: A crença comum é que o espírito ou a alma, que é a essência do indivíduo, continua a existir após a separação do corpo físico.
  • Vida Eterna ou Reencarnação: Dependendo da crença, a vida após a morte pode envolver um destino eterno (céu, inferno) ou um ciclo de renascimentos (reencarnação-espiritismo).
  • Ressurreição: No Cristianismo, a ressurreição de JESUS CRISTO é vista como a superação da morte física, que se torna temporária para os crentes, prometendo a vida espiritual eterna. 

Em suma, enquanto a ciência e o direito definem a morte física como o limite da existência biológica e legal do indivíduo, a filosofia e a religião exploram a possibilidade de a existência transcender o plano material, tornando a morte um mistério metafísico e um catalisador para a reflexão sobre o significado da vida. 

Para nós, os cristãos salvos, a morte é temporária, pois estaremos no paraíso (alma e  espírito) esperando o arrebatamento, quando teremos também um corpo glorioso e estaremos para sempre com JESUS na Nova Jerusalém.

 

2.2. Sofrimento e frustração 

O sofrimento e a frustração são frequentemente descritos, em contextos teológicos e psicológicos, como consequências diretas ou indiretas do pecado, que introduz uma ruptura na harmonia original entre o ser humano, DEUS e a criação. 

Perspectiva Teológica

  • Separação de DEUS: O principal efeito do pecado é a separação da presença e da comunhão com DEUS (Isaías 59:1-2). Essa desconexão gera um vazio espiritual e uma busca por significado em lugares errados, o que naturalmente leva ao sofrimento e à frustração.
  • Consequências Naturais: O pecado introduziu a dor, a doença, a morte e a desordem no mundo. O sofrimento físico e emocional que experimentamos faz parte dessa realidade de um mundo decaído.
  • Sentimento de Culpa e Corrosão da Alma: Pecados não confessados tendem a se acumular e corroer a alma, gerando sentimentos de culpa, angústia e frustração, que impedem a plenitude do perdão e da restauração.
  • Lei da Semeadura: A Bíblia ensina o princípio de "para toda ação existe uma reação" (Gálatas 6:7). Nossas más ações, que procedem do coração humano pecaminoso, geram consequências negativas em nossas vidas e nas dos outros. 

Perspectiva Psicológica

  • Impacto Emocional: A psicologia moderna reconhece a ligação profunda entre mente, emoções e bem-estar espiritual. O pecado (entendido como comportamentos autodestrutivos, escolhas erradas ou transgressões morais) pode levar a um estado de desequilíbrio mental e emocional.
  • Frustração com a Luta Moral: Muitas pessoas sinceras enfrentam frustração na luta contra o mal em seus próprios corações, buscando a salvação por seus próprios meios, mas encontrando apenas suas limitações humanas.
  • Criação de Barreiras Interpessoais: Além de nos afastar de DEUS, o pecado e seus desdobramentos (mentira, egoísmo etc.) criam barreiras nos relacionamentos humanos, resultando em solidão e frustração interpessoal. 

Propósito do Sofrimento e Frustração

Embora sejam consequências do pecado, o sofrimento e a frustração podem ser usados, na visão cristã, como ferramentas para nos levar a DEUS. A dor pode nos alertar sobre o problema do pecado, nos guiar ao arrependimento, desenvolver perseverança e fé, e nos tornar mais empáticos e semelhantes a CRISTO. 

 

2.2.1. Desejo desmedido e exaustão interior 

Na perspectiva cristã e teológica, o desejo desmedido (ou cobiça/concupiscência) é considerado uma manifestação do pecado, e a exaustão interior (ou espiritual) é vista como uma de suas consequências. 

  • Desejo Desmedido: A teologia cristã vê os desejos desordenados por bens materiais, glória, poder ou prazer (que se inclinam para o mal em vez de para DEUS) como a raiz do pecado. A busca incessante por satisfazer esses anseios excessivos leva ao afastamento de DEUS e à idolatria, pois a pessoa coloca a criação acima do Criador. Tiago 1:14-15 na Bíblia ilustra essa progressão: "cada um é tentado, quando atraído e seduzido pela sua própria concupiscência. Então, a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado, e o pecado, sendo consumado, gera a morte".
  • Exaustão Interior: O pecado cria uma barreira espiritual entre o ser humano e DEUS, que é a fonte de vida e paz. Viver sob o domínio do pecado e buscar incessantemente a satisfação em coisas temporais resulta em uma separação espiritual e uma sensação de vazio, culpa e cansaço existencial. A falta de um relacionamento profundo com DEUS e a tentativa de encontrar significado fora Dele afetam todas as áreas da vida, levando à exaustão emocional e espiritual. 

Portanto, a busca por preencher um vazio interior com desejos mundanos e a consequente exaustão são, de facto, entendidas como resultados diretos da condição pecaminosa humana e do afastamento do propósito e da presença de DEUS.

 

2.3. Fragmentação interna e ruptura dos vínculos 

Na teologia, o pecado é entendido como a causa primária da fragmentação interna do ser humano e da ruptura dos vínculos em múltiplos níveis: com DEUS, consigo mesmo, com os outros e com a criação. 

Ruptura dos Vínculos

  • Com DEUS (Separação Espiritual): A consequência mais imediata e grave do pecado é a criação de uma barreira entre a humanidade e um DEUS perfeitamente santo. A Bíblia (Isaías 59:2) afirma que as iniquidades fazem separação entre o homem e DEUS, impedindo um relacionamento íntimo e profundo.
  • Com o Próximo (Conflitos e Alienação): O pecado introduz egoísmo, desconfiança, conflito e opressão nos relacionamentos humanos. Isso leva a desentendimentos, divisões (como a fragmentação no campo religioso e social) e até violência, rompendo a harmonia social pretendida por DEUS.
  • Com a Criação (Degradação Ambiental): O pecado humano também afeta a relação com o meio ambiente, resultando em degradação e exploração irresponsável da natureza ("um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra DEUS"). 

Fragmentação Interna

  • Perda da Unidade Interior: O pecado desorganiza o ser humano por dentro. A pessoa sente uma falta de harmonia consigo mesma, uma desordem de desejos e impulsos que a afastam de sua verdadeira finalidade ou propósito.
  • Conflito entre Vontade e Ações: Existe uma luta interna entre o que a pessoa sabe ser certo e suas ações motivadas pelo pecado. Isso gera culpa, angústia e uma sensação de alienação de seu eu ideal ou da imagem e semelhança de DEUS em que foi criada.
  • Busca por Significado Fora de DEUS: A fragmentação leva o indivíduo a buscar preenchimento e significado em bens inferiores ou em fontes externas (consumismo, poder, prazer), o que aprofunda ainda mais a desintegração interna e a dependência de coisas que não satisfazem. 

Em suma, o pecado não é apenas uma transgressão pontual, mas uma condição que desintegra a totalidade do ser humano e quebra os laços essenciais que o conectavam à harmonia original com DEUS, consigo mesmo e com o mundo circundante.

 

2.3.1. Medo, culpa e vergonha: esconderijos da alma 

O medo, a culpa e a vergonha são apresentados, tanto na teologia quanto na psicologia, como consequências diretas do pecado (ou transgressão moral) e funcionam como "esconderijos da alma", pois levam o indivíduo a se isolar, a se retrair e a tentar ocultar suas ações ou seu estado. 

Perspectiva Teológica

Na teologia, a origem desses sentimentos remonta à desobediência de Adão e Eva no Jardim do Éden, conforme narrado em Gênesis 3. Após comerem do fruto proibido, eles sentiram: 

  • Vergonha: Perceberam que estavam nus e tentaram se cobrir, indicando uma quebra da harmonia original consigo mesmos e com o outro e com DEUS.
  • Culpa: A consciência da transgressão (desobedecer a ordem de DEUS) gerou um estado de culpa diante do Criador.
  • Medo: Quando DEUS os chamou, Adão respondeu que se escondeu porque teve medo, revelando o rompimento da comunhão e a expectativa de punição. 

Esses sentimentos são vistos como manifestações da natureza humana caída, que busca se esconder de DEUS e dos outros, em vez de confessar a falta. A Bíblia ensina que a tentativa de ocultar o pecado impede a prosperidade espiritual, enquanto a confissão e o abandono resultam em misericórdia e perdão divinos. 

Perspectiva Psicológica

A psicologia aborda o medo, a culpa e a vergonha como emoções complexas com funções sociais e morais: 

  • Culpa: Frequentemente associada à transgressão de normas morais internalizadas. Orienta-se para a ação específica ("eu fiz algo errado") e pode motivar a reparação ou a confissão, sendo positivamente relacionada à empatia.
  • Vergonha: Diferente da culpa, a vergonha foca no eu como um todo ("eu sou uma pessoa má") e está ligada ao julgamento (real ou imaginado) dos outros. Frequentemente, leva ao desejo de desaparecer ou se esconder para evitar a humilhação pública.
  • Medo: Pode surgir como receio das consequências externas do ato (punição, rejeição social). 

O Ponto de Convergência: A Necessidade de Cura

Tanto a teologia quanto a psicologia (em abordagens que dialogam com a moralidade) reconhecem que esses sentimentos, quando não resolvidos, podem corroer a alma, levar ao desespero e a comportamentos disfuncionais, como o afastamento e o isolamento. 

A "solução" para esses "esconderijos" passa, em ambas as perspectivas, pelo reconhecimento da falha e pela busca por restauração:

  • Na teologia, é a apropriação da graça e do perdão divinos por meio de JESUS CRISTO que liberta o indivíduo do peso opressivo desses sentimentos.
  • Na psicologia, a terapia e a confissão (em um ambiente seguro, como o terapêutico) podem ajudar o indivíduo a processar a culpa e a vergonha de forma saudável, promovendo a autoaceitação e a reintegração social. 

 

3. AS CONSEQUÊNCIAS COLETIVAS E CÓSMICAS DO PECADO 

O pecado, introduzido na humanidade pela desobediência original, gerou consequências que transcendem a esfera individual, impactando a coletividade humana e a totalidade da criação (o cosmo). 

Consequências Coletivas do Pecado

As consequências coletivas do pecado referem-se aos impactos na sociedade, nos relacionamentos humanos e na condição geral da humanidade:

  • Separação de DEUS e Morte Espiritual: O pecado original resultou na separação de toda a humanidade da comunhão plena com DEUS, uma condição herdada por todos os seres humanos.
  • Decadência Moral e Iniquidade: O pecado introduziu a decadência moral, manifesta em mentiras, dissimulações, violência (como o assassinato de Abel por Caim) e injustiças sociais, que oprimem as massas pobres.
  • Ruptura dos Relacionamentos: A harmonia original entre os seres humanos foi quebrada. O pecado causa conflitos, rouba relacionamentos saudáveis e gera desconfiança e divisões.
  • Sofrimento e Morte Física: A morte física e o sofrimento (doenças, dor no parto, trabalho árduo) tornaram-se a realidade universal da condição humana.
  • Submissão à Ira e Maldição de DEUS: Toda a humanidade, por causa da Queda, encontra-se debaixo da ira e da maldição divinas, sujeita a misérias nesta vida.
  • Pecado Estrutural: O pecado não é apenas individual, mas também estrutural, perpetuando-se em sistemas sociais que geram opressão e miséria. 

Consequências Cósmicas do Pecado

As consequências cósmicas estendem o impacto do pecado para além da humanidade, afetando o meio ambiente e o funcionamento de todo o universo criado: 

  • Maldição da Terra/Criação: A própria Terra foi amaldiçoada como resultado do pecado humano. Isso se manifesta em dificuldades como a necessidade de trabalhar com fadiga para obter sustento.
  • Degradação Física e Vulnerabilidade: A criação, assim como o corpo humano, tornou-se vulnerável à decadência, à desordem e à destruição. O nosso mundo sofre com as consequências do pecado e da maldade humana.
  • "Gemido" da Natureza: A Bíblia, especificamente em Romanos 8:22, descreve a natureza como "gemendo" e sofrendo "dores de parto", aguardando a sua redenção e libertação da escravidão da decadência.
  • Separação da Criação e do Criador: Houve uma quebra na relação harmoniosa original entre a criação e DEUS, com o pecado estabelecendo uma barreira que afeta todo o cosmos. 

Em suma, o pecado gerou uma ruptura universal que afeta a humanidade em suas relações (sociais e com DEUS) e o ambiente em que vive, resultando em sofrimento e decadência generalizados, que só encontram solução na redenção oferecida por JESUS CRISTO. O ser humano perdeu a autoridade sobre a criação.

 

3.1. Homens e mulheres herdaram a inclinação ao mal 

De acordo com a teologia cristã, tanto homens quanto mulheres herdaram uma inclinação para o mal, comumente referida como pecado original ou uma natureza pecaminosa. Essa condição é considerada universal para toda a humanidade. 

Perspectiva Teológica

  • Origem: A crença central é que, através da desobediência dos primeiros ancestrais, Adão e Eva, a humanidade perdeu sua santidade e justiça originais. Essa "queda" resultou na transmissão de uma natureza inclinada ao pecado para todas as gerações subsequentes.
  • Universalidade: A Bíblia ensina que o coração de todos os seres humanos é inclinado para o mal desde sua cognição, sem distinção de gênero. Todos nascem privados da graça original e são vulneráveis a cometer o mal.
  • Responsabilidade Individual: Embora a inclinação seja herdada, muitas tradições teológicas enfatizam que cada indivíduo é responsável por suas próprias ações e escolhas morais. A inclinação não é um destino fatídico, mas uma condição que pode ser superada através da fé e da conversão pessoal, segundo essas crenças.
  • Ausência de Maldição Hereditária Direta: A natureza enfraquecida nos predispõe ao pecado e todos pecaram Romanos 3.23, Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Romanos 3:10. ¹² Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. Romanos 5:12

Perspectiva Científica

A ciência, por outro lado, não aborda o conceito de "mal" em termos de herança genética ou pecado. Ela explora a agressividade, empatia e comportamento moral a partir de uma combinação de fatores, incluindo: 

  • Genética e Neurobiologia: Pesquisas examinam a influência de genes e estruturas cerebrais (como o córtex pré-frontal e a amígdala) no comportamento social e na tomada de decisões éticas.
  • Ambiente e Criação: Fatores como a educação, o ambiente familiar, a cultura e as experiências de vida desempenham um papel crucial na formação do caráter e das escolhas de um indivíduo.
  • Psicologia Evolucionista: Alguns teóricos sugerem que certos comportamentos, que hoje podem ser vistos como negativos (como a agressividade para competição por recursos), podem ter tido uma função de sobrevivência em contextos ancestrais.

Em resumo, a ideia de uma inclinação ao mal herdada é um conceito fundamentalmente teológico e filosófico, enquanto a ciência analisa os comportamentos humanos através de lentes biológicas, psicológicas e sociais. A Bíblia afirma que todos nascemos com a semente do pecado herdada de Adão.

 

3.2. A Criação está sujeita à corrupção e aguarda a redenção 

A frase é uma referência bíblica de Romanos 8:19-23 e descreve a condição da criação como estando sujeita à "corrupção" (ou "vaidade", "decadência") e sofrendo, mas com a esperança de ser um dia redimida e libertada, junto com os filhos de DEUS, em um estado de "liberdade gloriosa". 

  • Sujeita à corrupção: A criação foi submetida à decadência e à imperfeição, não por vontade própria, mas como consequência da queda da humanidade em Adão.
  • Aguarda a redenção: A criação geme e sofre, esperando a manifestação dos filhos de DEUS, pois nessa manifestação virá também a libertação da corrupção e a restauração (no Milênio).
  • Esperança: Essa expectativa é uma esperança, não algo que já foi visto. Assim como os cristãos, que têm as primícias do ESPÍRITO, também gemem esperando a redenção do corpo, a criação está em um estado de expectativa pela sua futura libertação (morar na Nova Jerusalém, na Nova Terra e Novos Céus). 

 

3.3. A Graça floresce entre nós 

A graça de JESUS CRISTO é um tema central na fé cristã, frequentemente descrito como um dom imerecido de DEUS que traz salvação, perdão e a capacidade de viver uma vida transformada. A Graça é JESUS e sua obra salvífica.

A frase "A Graça de JESUS CRISTO floresce entre nós" é uma expressão poética e espiritual que sugere que a influência e a presença da graça estão ativamente presentes e crescendo nas vidas das pessoas e em suas comunidades. Ela implica:

  • Crescimento Espiritual: O "florescer" simboliza o desenvolvimento da fé, do amor e das virtudes cristãs.
  • Vitalidade e Beleza: Assim como flores, a graça traz beleza e vida nova ao mundo e aos corações dos crentes.
  • Esperança e Renovação: A presença da graça é uma fonte de esperança, mostrando que, mesmo em meio às dificuldades, a bondade e a misericórdia divinas estão operando. 

Em resumo, é uma afirmação de fé na presença viva e transformadora de CRISTO no meio de Seu povo.

 

 

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Capítulo 6

Hamartiologia — a Doutrina do Pecado - CPAD

Elienai Cabral

Um dos mais profundos problemas da teologia e da filosofia é a existência e a ação do mal. Ao longo da História, o mal tem sido motivo de estudo, pesquisa e discussão, de modo especulativo, mas também de maneira séria. Haja vista o poder do mal impor-se de modo natural na experiência humana, a preocupação com a sua origem desafia a inteligência e aguça o interesse em descobri-lo na sua essência.

Neste campo da realidade universal do mal entra a História da raça humana através da primeira criatura: o homem. Este, por seu livre-arbítrio, cai na rede de engano do agente do mal, o Diabo, e pratica o pecado de rebelião contra o Criador.

O que é pecado? Como se manifesta? Como entrou no mundo? Essas per­guntas têm deixado muitos pensadores perplexos. Neste capítulo, trataremos da abordagem teológica e também filosófica acerca do pecado e o que corretamente ensina a Bíblia sobre o assunto.

 

Introdução à Hamartiologia

A questão do mal é tratada na Bíblia a partir do relato do livro de Gênesis sobre a Queda do homem. O relato histórico descreve o princípio da tentação ao homem e seu pecado, trazendo maldição para a sua vida pessoal e a toda a humanidade. As questões levantadas ao longo da História sobre a Queda serão aclaradas neste capítulo.

Na teologia cristã, a doutrina do pecado ocupa grande espaço porque o cristianismo é a religião da redenção da raça humana. De todas as doutrinas bíblicas, três delas são de vasta amplitude porque tratam de DEUS, do pecado e da redenção. Existe uma inter-relação entre essas três doutrinas. É impossível tratar do pecado sem mencionar a redenção do pecador e, naturalmente, a sua relação com a sua fonte: DEUS.

O termo “hamartiologia” deriva de dois vocábulos da língua grega, a língua do Novo Testamento: hamartia e logos, os quais significam “estudo acerca do pecado”. O termo é aplicável ao pecado, seja este considerado um ato, seja considerado um estado ou uma condição. O sentido do termo é que o pecado é um desvio do fim (ou propósito) estabelecido por DEUS para determinado fato ou conduta humana.

 

O QUE É PECADO

A palavra “pecado” é sinônima de muitas outras usadas na Bíblia, as quais indicam conceitos bíblicos distintos sobre o pecado. São vários os termos que amplificam o conceito de pecado nas suas várias manifestações.

No Antigo Testamento. Encontramos no Antigo Testamento pelo menos oito pa­lavras básicas que conceituam o pecado; no Novo Testamento, temos, pelo menos, doze outras que descrevem as várias formas de manifestações negativas relacionadas com o termo “pecado”. No étimo das palavras mencionadas no Antigo Testamento descobrimos a abrangência do pecado em suas manifestações.

1- Hattat. Este vocábulo, que aparece 522 vezes nas páginas veterotestamentárias, e seu termo correlato no Novo Testamento — hamartia — sugerem a idéia de “errar o alvo” ou “desviar-se do rumo”, como o arqueiro antigo que atirava as suas flechas e errava o alvo. Porém, o termo também sugere alguém que erra o alvo propositadamente; ou seja, que atinge outro alvo intencionalmente.

Não se trata de uma idéia passiva de erro, mas implica uma ação proposital. Significa que cada ser humano tem da parte de DEUS um alvo definido diante de si para alcançá-lo. O termo em apreço denota tanto a disposição de pecar como o ato resultante dela. Em síntese, o homem não foi criado para o pecado; se pecou, foi por seu livre-arbítrio, sua livre escolha (Lv 16.21; Sm 1.1; 51.4; 103.10; Is 1. 18; Dn 9.16; Os 12.8).

2- Pesha. O sentido tradicional dessa palavra é “transgredir”, “rebelar”, "revoltar-se”. Porém, uma variante forte para defini-la implica o ato de invadir, de ir além, de rebelar-se. O termo aponta para alguém que foi além dos limites esta­belecidos (Gn 31. 36; I Rs 12.19; 2 Rs 3.5; Sm 51.13; 89.32; Is 1.2; Am 4.4).

3- Raa. Outra palavra hebraica que tem seu equivalente no grego — como kakos ou poneros — e traz a idéia básica de romper, quebrar; “aquilo que causa dano, dor ou tristeza”. E um tipo de pecado deliberado, malicioso, planejado, que provoca e enfurece. Dá a idéia de “ser mau” (Gn 8.21; Ex 33.4; Jr 11.11; Mq 2.1-3). Indica também algo injurioso e moralmente errado. São os pecados expressos por violência (Gn 3.5; 38.7; Jz 11.27).

O profeta Isaías profetizou que DEUS criou a luz e as trevas, a paz e o raa Is 4.57. E o mal em forma de calamidade, ruína, miséria, aflição, infortúnio. DEUS não tem culpa do mal existente, porque, na verdade, a responsabilidade pelos pecados cometidos recai, à luz da Bíblia, sobre a criatura rebelde, transgressora e incriminada, e não sobre o Criador.

4- Rama quer dizer “enganar”; dá a idéia de prender numa armadilha, num laço. Implica, portanto, um tipo de pecado em forma de cilada para outrem cair. E uma forma de enganar e agir traiçoeiramente (SI 32.2; 34.13; 55.11; Jó 13.7; Is 53.9).

5- Pata. E um termo que dá a idéia de seduzir. O sentido literal da palavra é “ser aberto” ou “abrir espaço” para o pecado ter livre curso. No Éden, Adão e Eva se deixaram seduzir pelo engano do pecado e pelo pai do pecado (Satanás), personificado numa serpente (Gn 3.4-7).

6- Shagag. O sentido aqui é “errar” ou “extraviar-se”, como uma ovelha ou um bêbado (Is 28.7). E um tipo de erro pelo qual o transgressor torna-se responsável, ante a lei divina que condena o seu erro — pecado (Lv 4.2; Nm 15.22).

7- Rasha. Esta palavra aparece especialmente nos Salmos, com a idéia de impiedade ou perversidade. O sentido metafórico é o pecado em oposição à justiça (Êx 2.13; SI 9; SI 16; Pv 15.9; Ez 18.23).

8- Ta a. Este vocábulo se refere ao ato de extravio deliberado. Não se trata de algo acidental, e sim algo que uma pessoa comete sem perceber o fruto negativo gerado pelos seus atos pecaminosos (Nm 15.22; Sl 58.3; 119.21; Is 53.6; Ez 44.10,15).

Existem outras variantes do termo que ensinam sobre o pecado no Antigo Testamento, mas nos detivemos apenas em oito deles que ilustram a diversidade e a perversidade do pecado em suas várias manifestações.

No Novo Testamento. No grego, a palavra “pecado” também tem vários sen­tidos, e alguns são correlatos com os termos hebraicos. Todos esses vocábulos do grego bíblico descrevem o pecado em seus vários aspectos. Apresentaremos uma lista menos extensa, mas igualmente proveitosa para definir o incisivas das palavras mais incisivas e usadas com mais frequência no Novo Testamento acerca do pecado.

1- Hamartia. Já citada em correlação com kattaa (hb.), seu sentido é “errar o alvo”, “perder o rumo”, “fracassar”. Indica que o primeiro homem, no prin­cípio, perdeu o rumo de sua vida e fracassou em não atingir o padrão divino estabelecido para a sua vida. No Novo Testamento, os escritores usaram o termo bamartia para designar o pecado.

Ainda que o sentido equivalente no Antigo Testamento seja o de “errar o alvo”, nas páginas neotestamentárias a palavra em apreço tem uma abrangência bem maior — possui um sentido mais forte que a idéia de fracasso ou transgres­são. Ela tem o sentido de “poder de engano do pecado” (Rm 5.12; Hb 3.13); é mais que um fracasso. Trata-se de uma condição responsável ou uma característica que implica culpabilidade.

2- Kakia. No grego, relaciona-se com perversidade ou depravação, como algo oposto à virtude. E um termo que descreve o caráter e a disposição interiores, e não apenas os atos exteriores. Dele deriva-se outra palavra, kakos, cujo sentido transcende a mal-estar físico ou doenças (Mc 1.32; Mt 21.41; 24.48; At 9.13; Rm 12.17; 13,3,4,10; 16.19; I Tm 6.10).

3- Adíkía. Denota injustiça, falta de integridade; como alguém que aban­dona o caminho original. Em sentido amplo, esse termo refere-se a qualquer conduta errada e significa, ainda, “agravo”, “ofensa feita a alguém” (2 Co 12.13; Hb 8.12; Rm 1.18; 9.14). O texto de Romanos 1.18 descreve a injustiça como inimizade para com a verdade. Em I João 5.17, o apóstolo João afirma que toda iniquidade (gr. adikia) é pecado (gr. hamartia).

4- Anomia ou anomos. Denotam ilegalidade; tais palavras são traduzidas frequentemente como “iniquidade” ou “transgressão”. Porém, o sentido literal de literal de anomia é “sem lei”. Quem transgride a lei de DEUS pratica a iniquidade (Mt 13.41; 24.12; I Tm 1.9). O Anticristo é anomos — “o iníquo” (2Ts 2.8).

5- Apistia. Deriva de pistis — “crer”, “confiar” — e significa “infidelidade”, “falta de fé” ou algum tipo de resistência ou vergonha (Hb 3.12; I Tm I.13). Em I Timóteo 1.13 está escrito: “... alcancei misericórdia, porque o fiz ignoran­temente, na incredulidade [gr. apistia]”.

6- Asebeia. Usado por Paulo nas epístolas com o sentido de impiedade (Rm 1.18; 11.26; 2Tm 2.16;Tt 2.12; Jd vv.I5,I8). Portanto, a impiedade ou a irreverência são a base da asebeia.

7- Aselgeia. Denota relaxamento, licenciosidade ou mesmo sensualidade. Em Judas v.4 encontramos dois termos que explicam essas palavras: “... homens ímpios [asebeis] que convertem em dissolução [aselgeian, ‘libertinagem’] a graça de DEUS”. Esse termo descreve, pois, uma entrega sem restrições à prática do pecado. Os especialistas o descrevem como algo maldito que domina uma pessoa e a torna impudica de tal modo que perde totalmente o senso de vergonha e, por isso, faz qualquer coisa degradante sem ocultar seu pecado.

O termo em análise significa, por conseguinte, “a pura e autossatisfação sem o menor pudor”, haja vista o desejo pelos prazeres tornar a sua vítima despudorada, sem restrições. As chamadas taras sexuais, a embriaguez e outras manifestações são típicas de aselgeia. Sem dúvidas, trata-se de uma das palavras mais repulsivas do Novo Testamento (Mt 7.22; 2 Co 12.21; G1 5.19; Ef 4.19; I Pe 4.3; Jd v.4; Rm 13.13; 2 Pe 2.2,7,18). A versão ARC traduz o termo por “libertinagem”, enquanto a ARA prefere “dissolução”.

8- Epitkymía. Significa “desejo”. Porém, é o contexto da palavra encontrada no Novo Testamento que pode indicar o caráter moral do desejo, se é bom ou mau. Coisas, como: motivo, intenção, direção e relação, revelarão o caráter moral de epithymia (Mc 4.19; Lc 22.15; Fp 1.23; I Ts 2.17). De modo geral, o vocábulo quase sempre se identifica com algo negativo e pecaminoso. Daí o significado poderá indicar “desejo incontinente”, normalmente traduzido como “concupiscência”,

“paixão impura” (G1 5.24; Cl 3.5; I Ts 4.5;Tg I.I4; 2 Pe 2.10).

9- Parabasis. Aparece nas páginas neotestamentárias umas oito vezes. O sig­nificado primário do termo é “transgressão”, que dá a idéia de alguém que não respeita as leis, passando dos limites estabelecidos. Emprega-se esse vocábulo com o sentido de “desvio”, “violação” e “transgressão”. No texto de Romanos 5.14, Paulo faz uma relação entre hamartia e parabasis, ao afirmar: “No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão” (grifos do autor).

O apóstolo Paulo não está dizendo que os que pecaram desde Adão até Moisés estão livres de culpa, e sim que aquelas gerações, não tendo a lei de Moisés, seu pecado era tão real quanto ao dos que tinham a lei. Em I Timóteo 2.14 está escrito que Eva caiu em transgressão (parabasis), ao ser enganada, porque ela foi rebelde contra a ordem divina. Não se tratava de reduzir a culpa de Eva, e sim reconhecer que ela podia ter evitado o pecado de desobediência.

10- Paraptoma. Deriva de parapipto e significa “decair ao lado de”, “perder o caminho”, “fracassar”. De modo geral, significa “lapso moral” ou “uma ofensa pela qual a pessoa é responsável”.1 Vários textos exemplificam o termo paraptoma (Mt 6.14; Rm 5.15-20; 2 Co 5.19; G1 6.19; Ef 2.I;Tg 5.16).

11- Planao. Tem um sentido subjetivo de pecado porque se refere àquele que se desgarra culposamente. A palavra “desgarrar” relaciona-se com a ovelha que foge do aprisco (I Pe 2.25); também significa levar, por meio do engano, outras pessoas ao mau caminho (Mt 24.5,6; I Jo 1.8).

Todas essas palavras, segundo o seu étimo, descrevem o caráter geral do pe­cado. Porém, definiremos o pecado, também, em outras perspectivas, para que entendamos toda a sua abrangência na vida humana.

 

O HOMEM ANTES DA QUEDA

A Bíblia é a única fonte segura concernente a criação do homem e seu esta­do original. De forma simples e objetiva o Gênesis declara que, depois de tudo feito — especialmente, o homem —, “viu DEUS que era muito bom” (Gn 1.31). Contudo, a Bíblia não só revela o primeiro estado do homem, como relata a história da perda do seu primeiro estado de santidade, pela Queda, e também a possibilidade de sua restauração (Cl 3.10; Ef 4.24).

Criado à imagem e semelhança de DEUS (Gn 1.26,27). Em que consiste esta imagem de DEUS? Ao longo da História, os teólogos vêm discutindo sobre as diferenças entre “imagem e semelhança”. Porém, a distinção entre as duas características quase se confunde com a diferença entre personalidade (ou pessoalidade) e es­piritualidade. No hebraico, as palavras “imagem” selem) e “semelhança” (demut) exprimem a idéia de algo similar, mas não idêntico à coisa que representa ou de que é uma “imagem”.

Há uma distância infinita entre DEUS e a sua criatura-prima — o homem. Só CRISTO é a imagem expressa da Pessoa de DEUS, como o Filho do Pai, que possui a mesma natureza daquEle. Na verdade, a imagem divina no homem é como a sombra no espelho.

Mathew Henry, em seu Comentário Bíblico, escreveu:

... a imagem de DEUS no homem consiste em três coisas. (1) Em sua natureza e constituição, não do corpo, pois DEUS não tem corpo, e sim de características da alma e espírito. (2) Em seu lugar e autoridade, pois quando disse: “façamos o homem à nossa imagem... e domine” homem recebeu autoridade sobre as criaturas inferiores (os animais). (3) Em sua pureza e retidão. A imagem de DEUS no homem é revestida de retidão e santidade (Ef 4.24; Cl 3.10).

O homem, como imagem de DEUS, foi dotado de atributo moral, isto é, de justiça original. Porém, essa justiça não era imutável; havia a possibilidade de pe­cado. Ele foi dotado de livre-arbítrio. O homem foi criado com uma natureza santa, voltada naturalmente para DEUS e sua vontade. Essa imagem divina no homem revela a natureza religiosa dele, haja vista ter sido dotado de “espírito”, para manter comunhão com o seu Criador.

A Queda distorceu e avariou a imagem divina no homem. O destaque maior no relato da criação está na palavra “imagem”: “E criou DEUS o homem à sua imagem, à imagem de DEUS o criou” (Gn 1.27). Existem alguns ensinamentos de que o ser humano na Queda perdeu a imagem de DEUS em si. Essa teoria é incoerente, pois a imagem e a semelhança, de fato, se referem aos aspectos moral e espiritual, os quais ainda persistem no ser humano, apesar de desfigurados e transtornados pela Queda e o pecado subsequente.

Quanto à imagem moral, o homem é constituído de intelecto, vontade e sentimento; isto é, as faculdades da alma. Quanto à imagem espiritual, ele possui espírito e alma. Essas imagens não integram a criação animal.

O homem perdeu a santidade original, a pureza de atitudes. Seu caráter foi afetado; tornou-se o ser humano pecaminoso. Seu intelecto foi corrompido pela mentira, pela falsidade e pelo engano. Disse o sábio, em Eclesiastes que DEUS fez o homem reto, mas ele se envolveu em muitas astúcias (7.29).

A imagem de DEUS no homem está, pois, deturpada. Só é possível a sua res­tauração pela obra expiatória de CRISTO. O corpo não é a imagem de DEUS, porque é formado do pó. Porém, o Senhor soprou nele a nephesh — a vida física da alma que possui a imagem e semelhança de DEUS (Gn 2.7). Os impulsos físicos, pois, encontram-se sob o controle do espírito humano, a sua parte superior.

O primeiro homem possuía um corpo e um espírito (e alma) perfeitamente adequados um ao outro. Não havia conflito entre os impulsos pessoais e os es­pirituais. Era um tipo de perfeição física e espiritual, mas não era uma perfeição absoluta, e sim relativa e provisória (Gn 3.22).

 

Teorias filosóficas

Ao longo da História, a preocupação com a existência do mal tem provocado muitas perguntas e respostas. O problema da presença do pecado no Universo é discutido por filósofos, sociólogos, psicólogos e teólogos. Especialmente, no campo da filosofia, há muitas teorias que tentam em vão analisar e definir o que é pecado.

Conceitos antíteístas e anticristãos. Há opiniões extremamente especulativas e ar­bitrárias sobre esse assunto. Por isso, ao trazê-las à tona neste estudo, queremos destacar dois elementos auxiliares para o estudo do pecado. O primeiro trata da natureza metafísica do pecado, e o segundo, de sua natureza moral. Surgem, então, as questões: O que é aquilo que denominamos pecado? Seria uma substância, um princípio ou um ato? Significaria privação, negação ou defeito? Seria alguma coisa relacionada com sentimento?

Essas perguntas se relacionam com a natureza metafísica do pecado. Mas, e as questões sobre a natureza moral do pecado? Como o pecado se relaciona com a lei de DEUS? Que relação tem o pecado com a santidade e com a justiça? Algumas teorias sobre a natureza do pecado são apresentadas ao longo da História, no estudo progressivo das doutrinas cristãs. Algumas dessas teorias são incoerentes com a realidade bíblica do pecado e, por isso, heréticas; mas outras merecem a nossa apreciação.

1- A primeira teoria filosófica e antibíblica que mencionaremos é a que ensina a existência de um eterno princípio do mal. Ela se difundiu e foi introduzida na igreja nos primeiros séculos da Era Cristã. Para alguns, esse princípio original do mal se identificava como um ser pessoal. Trata-se do gnosticismo. Para outros, seguidores do gnosticismo, dos marcionistas e dos maniqueus, tal princípio era uma substância, uma matéria eterna.

Esses dois princípios não encontram respaldo na Palavra de DEUS e, por essa razão, são nulos. Tal teoria vê o pecado como um mal físico que contamina o espírito humano. Por isso, esse mal deve ser vencido por meios físicos. Trata-se de uma teoria que insinua que o pecado é eterno e independente do DEUS Eterno. Sugere que DEUS é limitado por um poder coeterno, que Ele não pode controlar. Ou seja, o mal tem o seu próprio poder, assim como DEUS possui o seu.

A idéia sugerida por essa teoria, de que o mal é um poder independente e sem controle, destrói, por assim dizer, a natureza do pecado como um mal mo­ral, haja vista fazer dele uma substância inseparável da natureza humana. Dessa forma, não admite que o homem possa se livrar do pecado.

Essa teoria compromete, ainda, a responsabilidade humana, uma vez que atribui a sua origem a um mal eterno. Claramente, a Bíblia refuta terminantemente essa teoria, pois o pecado não é eterno; e, quando o homem pecou, fez isso por escolha intencional e voluntária.

2- Outra teoria filosófico-antibíblica é a que apresenta o pecado como um mal necessário. Ela se baseia na lei de que toda a vida implica ação e reação. Argumenta-se que, no Universo material, prevalece a mesma lei pela qual os corpos celestes são conservados em suas órbitas pelo equilíbrio de forças centrífugas e centrípetas. Ensina, ainda, que todas as mudanças químicas são produzidas por atração e repulsão, e que a mesma lei deve prevalecer no mundo moral; e que não pode haver bem sem mal.

Essa teoria ensina, portanto, que, em relação ao homem, a sua vida é equili­brada por forças contrárias e se desenvolve através do antagonismo; ou seja, por princípios opostos, de modo que um mundo moral sem pecado é impossível. A essência dessa teoria é a de que o pecado é a condição necessária para a existência do bem. Defende-se por esse conceito a idéia de que “o pecado é um resultado necessário, e decorrente, da limitação do ser finito do homem”2, “um incidente do desenvolvimento imperfeito, fruto da ignorância e falta de poder; portanto, o pecado não é um mal absoluto, mas relativo”.3

Não obstante, a Palavra de DEUS ensina, refutando essa teoria, que se o bem não pode existir sem o mal, o mal deixa de ser algo condenável e repulsivo diante de DEUS, e a criatura humana deixa de ser responsável pelo pecado entranhado em sua natureza. Entende-se, então, por essa teoria, que a natureza humana seria um engano, e tudo quanto a Bíblia ensina contra o pecado, uma utopia.

3- A terceira teoria falsa ensina que a fonte e a sede do pecado estão na natureza sensorial do homem. Essa teoria separa e distingue o corpo do espírito humano. Por ela entende-se que essa distinção especifica o pecado como algo sensorial. Ensina que, mediante o corpo, o homem está ligado ao mundo físico ou à natureza externa; e, por meio da alma, ao mundo espiritual e a DEUS.

Essa teoria declara que o homem é governado universalmente, sempre em grau pecaminoso, por sua natureza sensorial. Em síntese, o negativo prevalece sobre o positivo, por isso, o homem é vencido pelo pecado. Biblicamente, essa teoria é falsa e equivocada, porque o pecado não é um ato ou estado sensorial no homem. Essa teoria neutraliza a consciência de pecado e de culpa, porque faz do pecado um mera debilidade.

A doutrina bíblica ensina que a pecaminosidade do homem se identifica, metaforicamente, como “carne”, que refere-se à sua natureza corrompida e pecaminosa, adquirida na Queda. A Bíblia desmente a teoria que faz do corpo ou da natureza sensorial do homem a fonte do pecado. Rejeita a idéia de que os pecados mais degradantes cometidos pelo homem nada tenham a ver com o corpo. Pelo contrário, a Bíblia diz que seremos julgados por aquilo que tivermos feito por meio do corpo, bem ou mal (2 Co 5.10).
4- Outra teoria filosófica ao tratar do caráter do pecado declara que a essência do pecado é o egoísmo. A Bíblia declara que o homem foi criado com perfeição e, portanto, seu ego correspondia ao ideal divino do “livre-arbítrio”. Ora, pertencente a natureza original do homem, o egoísmo não pode ser con­fundido com seu instinto de autopreservação e de buscar as coisas que lhe dão prazer e satisfação.
Naturalmente, isto não se constitui um estado pecaminoso. Buscar com reti­dão a felicidade e o prazer na vida não significa, essencialmente, angariá-los em detrimento dos demais seres. O que torna essa busca um modo egoístico negativo de se obter felicidade é a força do pecado entranhada na natureza pecaminosa embutida no homem (Rm 5.12).
O egoísmo integra o estado decaído do homem. Alguns teólogos declaram que “o pecado de Adão teve origem no egoísmo, porque ele quis ser igual a DEUS”.4 Langston entende que o egoísmo é o coração do pecado e é a origem do pecado. O pecado veio de fora e a Bíblia o declara como transgressão da lei de DEUS (I Jo 3.4). Antes da manifestação do pecado na vida do homem havia uma “lei escrita no seu coração” (Rm 2.15).
 
Definições conceituais do pecado
Abordamos definições de termos bíblicos relacionados com o pecado e, também, definições filosóficas. Os estudiosos cristãos do assunto em apreço tentam definir de várias maneiras, partindo do conceito mais expressivo e bíblico de que o pecado existe como um ato, bem como um estado ou con­dição. Alguns nomes respeitados da história do cristianismo, “Idade Média” em diante, conceituam teologicamente o pecado de forma bem clara.
John Wesley, pai do metodismo, definiu o pecado como uma transgres­são voluntária de uma lei conhecida. Um outro famoso teólogo da época ressaltou a natureza dupla do pecado ao declarar que “a idéia primária de­signada pelo termo pecado nas Escrituras é a falta de conformidade com a lei, uma transgressão da lei; o fazer algo proibido, o deixar de fazer aquilo que é requerido”.
Augustus Hopkins Strong, eminente professor de teologia nos Estados Uni­dos, escreveu sobre a doutrina do Pecado em sua Teologia Sistemática de 1886, que “pecado é a falta de conformidade com a lei moral de DEUS quer em ato, disposição ou estado”.3
W.T. Conner, em Doctrína Cristiana, ao falar da natureza do pecado escreveu: “... definimos o pecado como a rebelião contra a vontade de DEUS”; “o pecado, como algo voluntário, implica conhecimento. Se o homem peca voluntariamente, então seu pecado é contra a luz”.6 Paulo esclareceu que todo ser humano tem um certo grau de conhecimento da lei moral de DEUS e, por isso, “não há um justo, nenhum sequer” (Rm 3.10).
Charles Hodge escreveu que “o pecado é falta de conformidade coma lei de DEUS” e “inclui culpa e contaminação; a primeira expressa sua relação com a justiça; a segunda, sua relação com a santidade de DEUS”.7
Outras definições de pecado. E um ato livre e voluntário do ser humano, tendo em vista que ele é um ser moral e, por isso, capaz de perceber o certo e o errado. O homem é um agente moral livre para decidir o que fazer da sua vida, o qual deve seriamente considerar Eclesiastes 11.9.
O pecado é um tipo de mal. Nem todo mal é pecado. Existem males físicos resultantes da entrada do pecado no mundo. Na esfera física temos um tipo de mal manifesto nas doenças e enfermidades. Entretanto, na esfera ética, o mal tem sentido moral. Nesta esfera moral atua o pecado. Os vários termos hebraicos e gregos das línguas originais da Bíblia, quando falam do pecado apontam para o sentido ético, porque falam da prática do pecado, ou seja, dos atos pecaminosos.
O pecado é, de fato, uma ativa oposição a DEUS, uma transgressão das suas leis, que o homem, por escolha própria (livre), resolveu cometer conforme relata
a Bíblia (Gn 3.1-6; Is 48.8; Rm 1.18-32; I Jo 3.4).
Louis Berkhof ensina que o pecado tem caráter absoluto.8 Sem dúvida, seu conceito está correto e é bíblico. Não se faz distinção ou graduação entre o bem e o mal, porque o caráter é qualitativo. Uma pessoa boa não se torna má por uma diminuição de sua bondade, mas quando se deixa envolver com o pecado. É uma questão de qualidade, e não de quantidade.
O pecado não implica um grau menor de bondade, mas algo negativo e absoluto. Biblicamente, não há neutralidade nem meio termo quanto ao bem ou ao mal. O que é mal não é mais ou menos mal. Ou se está do lado justo e certo ou se está do lado injusto e errado (Mt 10.32,33; 12.30; Lc II.23;Tg 2.10).
Não se trata de pecado apenas porque se praticou algum ato pecaminoso. “O pecado não consiste apenas em atos manifestos”.9 O pecado não é somente aquilo que se pratica erradamente, mas é algo entranhado na natureza pecami­nosa adquirida da raça humana. E um estado pecaminoso que origina hábitos pecaminosos os quais se manifestam na vida cotidiana.
Todas as tendências e propensões pecaminosas típicas da natureza corrom­pida de cada um de nós demonstram o estado pecaminoso do ser humano. A esse estado decaído, a Bíblia denomina “carne”, o qual precisa ser superado pela nova vida em CRISTO, a vida regenerada pelo ESPÍRITO (2 Co 5.17; Jo 3.5).
 
A ORIGEM DO PECADO NO UNIVERSO
A primeira manifestação foi na esfera angelical. Os teólogos divergem quanto ao fato de que a primeira manifestação de pecado tenha começado no céu. Sendo DEUS o Criador de todas as coisas, não podemos atribuir a Ele a autoria do pecado. Toda a Bíblia rejeita essa idéia quando diz: “Longe de DEUS a impiedade, e do Todo-poderoso, a perversidade” (Jó 34.10).
Em outra passagem está escrito que não há injustiça nEle (Dt 32.4; SI 92.15). Tiago, no Novo Testamento, disse que o Senhor não pode ser tentado pelo mal (Tg I.13). Por isso, é blasfêmia considerar DEUS como autor do pecado. Ora, duas passagens bíblicas que melhor ilustram a origem do pecado no Céu são metafóricas (Is 14.12-14; Ez 28.12-17); daí a dificuldade na compreensão des­ses textos pelos intérpretes. Do ponto de vista pentecostal esses textos falam do pecado iniciado entre os anjos e pelo principal deles, Lúcifer.
Os dois textos acima mencionados são tidos como relacionados à queda de Lú­cifer e o começo do pecado no Universo. O primeiro (Isaías) refere-se ao rei caído da Babilônia, cujo orgulho tornou-o soberbo; por isso, ele não pôde subsistir, com tirania e orgulho, ante o DEUS Vivo. Diz o texto que esse rei era elevado e importante, mas por seu orgulho foi cortado como uma árvore.
Segundo, a linguagem metafórica, o texto sugere o relato a história da queda de Lúcifer, denominado “estrela da manhã”, o qual, por sua rebelião foi expulso da presença de DEUS. O segundo texto (Ezequiel) apresenta um lamento sobre o rei de Tiro, mas a linguagem figurada ilustra a queda de Satanás.
O registro bíblico da origem do pecado prossegue noutras referências que tratam do assunto. O que fica claro é que o pecado foi originado por Satanás. Ele pecou antes de Adão e Eva quando se apresentou na forma de uma serpente para tentar Eva (Gn 3.1-6; 2 Co 11.3). JESUS declarou que Satanás é homicida “desde o princípio” (Jo 8.44; I Jo 3.8). A expressão “desde o princípio” não quer dizer que este ser angélico foi sempre mau. Seu primeiro estado era de santidade. A expressão “desde o princípio” indica no contexto da história da criação que Ele se fez opositor do DEUS trino desde o início da criação do mundo.
Entretanto, antes da criação do Universo material, os anjos já haviam sido criados. Mesmo considerando as nossas dificuldades para entendermos plena­mente a origem do pecado no céu, sabemos que DEUS conhece todas as coisas e “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1. 11).
O pecado entrou na vida da humanidade através de Adão e Eva (Gn 3.1-19). Como isso aconteceu? A história bíblica descreve como o pecado tomou-se uma realidade na vida da humanidade quando uma criatura extraordinária e espiritual se materializou numa “serpente” (Gn 3.1-7) para enganar as mais belas criaturas da terra, o homem e a mulher. Essa criatura é denominada em outras passagens como “a antiga serpente”, o “Diabo” e “Satanás” (Ap 12.9; 20.2). Foi essa criatura que pecou desde o princípio e se tomou inimiga da criação de DEUS e originou a catástrofe cósmica.
Pela soberana e sábia vontade de DEUS permitiu-se que no Eden, o jardim idílico criado por DEUS para que Adão e Eva vivessem felizes, Satanás penetrasse para tentá-los com astúcia e engano. A história da criação da criatura humana relata que Adão e Eva foram criados “bons” e colocados no Eden para desfrutarem de todas as benesses daquele jardim e manter comunhão com seu Criador (Gn 1.26—2.25). Por serem criaturas, humanas e finitas, estavam sujeitas a pecar.
DEUS, então, estabeleceu para eles uma regra para não comerem de uma árvore denominada “árvore do conhecimento do bem e do mal”, mas Eva se deixou enganar pela insinuação diabólica da serpente e tomou do fruto, comeu e o deu ao seu marido (Gn 3.6). Duvidaram da veracidade da palavra de DEUS e acataram as insinuações do Inimigo. Daí desobediência, egotismo, rebeldia, pecado, queda e suas consequências, que se transmitiram à toda posteridade de Adão.
O pecado de Adão foi um ato pessoal. Já consideramos o fato de que o pecado é um estado da vontade e que esse estado egoísta da vontade é universal. Uma vez que o homem preferiu obedecer ao seu “eu”, pervertendo sua própria vontade, também, tornou-se responsável pelas consequências de sua transgressão.
Ele adquiriu uma natureza corrompida e afetou universalmente toda criatu­ra na terra. Seus atos pecaminosos e suas disposições são frutos de seu estado corrupto inato. JESUS explicou muito bem esse ponto quando disse: “... não há árvore boa que dê mau fruto... o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal” (Lc 6.43-45; Mt 12.34).
Tentação e Queda não são coisas míticas ou alegóricas. Tem havido a tentativa de pseudo-teólogos tornarem o relato escriturístico da tentação e a Queda como algo alegórico. Não há qualquer linguagem figurada em Gênesis 3 que negue o fato histórico relatado naquela passagem. No desenrolar da tentação Satanás apelou aos apetites que poderiam dar a Eva o prazer de fazer sua própria vontade em desobediência do Criador. Satanás apelou aos sentidos egoísticos de Eva e ela deu ouvidos ao tentador em vez de rejeitar e expulsar o tentador que visava levá-la a desobedecer a DEUS (Gn 3.1-3).
Satanás levou o casal a duvidar da veracidade de DEUS insinuando que o Cria­dor estaria tirando deles o direito de conhecer coisas mais sublimes. Adão e Eva, então, pecaram e deixaram que seus corações fossem corrompidos e afetasse seus apetites naturais. Diz o relato bíblico que sua disposição interior manifestou-se em atos. O texto diz, literalmente: “... ela tomou do seu fruto, e comeu, e deu também ao seu marido, e ele comeu com ela” (Gn 3.6).
O homem seguiu a indução do seu coração e fez a escolha do seu “eu” em desacordo com DEUS. Portanto, o pecado surgiu de dentro do homem, do seu interior, e ele transgrediu a lei do Senhor (Tg I.I5).
 
O PECADO ORIGINAL E SUA AFETAÇÃO
Distinção entre pecado original e culpa original. Na língua latina usa-se a expressão peccatum originale, que se traduz literalmente por “pecado original”. Para entendermos o assunto precisamos fazer distinção entre pecado original e culpa original.
1- Por pecado original entendemos que se trata do pecado herdado de nossos primeiros pais, Adão e Eva, o qual passou a toda criatura humana.
2- A culpa não é herdada, e sim imputada a cada criatura. A expressão “pecado original” não se encontra na Bíblia de forma literal, mas a sua manifestação está implícita na história da Queda; por isso, o pecado original está na vida de todo ser humano desde o seu nascimento. Outrossim, precisamos esclarecer que a expressão “pecado original” nada tem que ver com a constituição original do homem, haja vista DEUS não o ter criado pecador.
Toda criatura humana é culpada em Adão e consequentemente tem sua natureza corrompida desde o nascimento (SI 51.5; 58.3).
Pecados veniais e pecados mortais. A igreja romana ensina e faz distinção entre pecados veniais e mortais. Ao mesmo tempo, ela tem dificuldades em distinguir esses pecados. Tal distinção não é bíblica, visto que todo pecado é anomia diante de DEUS — termo grego que significa “falta de retidão”, “falta de obediência à lei”.
O Antigo Testamento faz distinção entre os pecados cometidos intencio­nalmente e os praticados por ignorância. Se cometido intencionalmente ou por ignorância, o pecado não deixará de ser pecado, porque é um fato e torna a pessoa culpada diante de DEUS (GI 6.1; Ef 4.18; I Tm I.I3; 5.24). No Novo Testamento, o apóstolo Paulo deixou clara a idéia de que o grau do pecado é determinado pelo grau de conhecimento (luz) que o pecador possua (Rm 1.8-32).
 
A CULPA DO PECADO
O que e qual é a culpa do pecado? Ora, a culpa é o sentimento pessoal na consciên­cia, de transgressão de uma lei mediante o ato do pecado. Inclui a idéia dupla de responsabilidade pelo ato praticado do pecado, assim como a punição (castigo) pelo pecado. A punição, ou seja, a pena, segue automaticamente ao pecado.
A culpa é o estado ou a condição delituosa de quem transgrediu a lei. A culpa toma forma de condenação pela desaprovação de DEUS. Logo após Adão e Eva terem pecado, seus olhos foram abertos, ou seja, tiveram consciência de suas culpas: “então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus” (Gn 3.7). A culpa é a convicção na consciência, pela violação voluntária da lei de DEUS. O transgressor é conscientizado pela consciência ou pela lei, que o seu ato exige expiação para que seja perdoado.
Já dissemos anteriormente acerca da distinção entre pecado original e culpa original. Pelágio, teólogo inglês, renegava a idéia do pecado original porque en­tendia que os homens que nascem no mundo, desde a Queda, vivem no mesmo estado em que Adão foi criado e que o pecado deste prejudicou apenas a ele próprio. Por isso, essa teoria rejeita a ideia da hereditariedade do pecado sobre toda a raça humana.
Pelágio ensinava que Adão morreu pela constituição de sua natureza, tivesse ele pecado ou não. Entretanto, o ensino claro da Bíblia a esse respeito não deixa dúvida de que a culpa original refere-se àquela recebida por Adão e Eva após terem pecado contra a lei de DEUS.
o viver em pecado consiste então, em viver uma vida centralizada no “eu” e significa o fazer a própria vontade como a da vida. Neste sentido o homem merece receber a punição do seu pecado ( Rm 5.12).
A natureza da culpa. Ainda que haja uma interligação entre os pontos destaca­dos neste capítulo, ao tratar da natureza da culpa, entendemos que o mérito da culpa é a punição. Culpa, portanto, significa o merecimento da punição, por ter o culpado de satisfazer a justiça divina pelo seu pecado praticado.
O apóstolo Paulo escreveu aos romanos que “do céu se manifesta a ira de DEUS sobre toda a impiedade e injustiça dos homens” (Rm 1.18). Ora, a ira de DEUS no contexto dessa passagem significa a reação da santidade de DEUS contra o pecado; não importando se tenha ocorrido por ato ou estado, o pecado acarreta a manifestação da justiça de DEUS.
A culpa legal O aspecto legal da culpa perante DEUS diz respeito ao fato de que quando Adão e Eva cometeram o pecado contra a ordem divina, tornaram-se legalmente culpados e dignos da pena estabelecida por DEUS. O Criador havia lhes dito que um só ato de desobediência à sua palavra implicaria na pena de morte (Gn 2.17). O apóstolo Paulo entendeu essa questão doutrinária e declarou que “o juízo veio de uma só ofensa, para condenação” (Rm 5.16).
Portanto, por um só ato pecaminoso contra DEUS, Adão tomou-se incapaz de permanecer na presença santa de DEUS. Essa ofensa de Adão tornou-se a culpa de toda sua descendência, de toda a raça humana. Perante DEUS, legalmente, todos são culpados, “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de DEUS” (Rm 3.23).
Isso significa que em Adão todos participaram da sua transgressão. A expressão “estão destituídos da glória de DEUS” indica a necessidade de recuperação do primeiro estado de glória de Adão antes da Queda. Significa a recuperação daquela realeza moral e espiritual que o homem tinha, isto é, a imagem e semelhança de DEUS, deformada pelo pecado. Foi o segundo Adão, JESUS CRISTO, quem veio a este mundo para recuperar a glória perdida do homem (Rm 3.24-26).
A culpa não significa mera propensão ao castigo. Isso significa que a culpa incorre mediante a transgressão do pecador. Não há na justiça de DEUS o conceito de culpa construtiva, porque o pecador é culpado por aquilo que tem praticado. Somos culpados do pecado, tanto em relação a culpa original de nossos primeiros pais quanto pelos pecados que cometemos hoje. Devemos entender que somos culpados pela natureza pecaminosa herdada de Adão e Eva. Esse é o aspecto coletivo que abrange todos os homens. Porém, cada um de nós é individualmente responsável pelos seus próprios pecados.
A manifestação da culpa na consciência humana. A culpa do pecado se manifesta na consciência, que é o componente racional e moral do espírito humano, para sinalizar o certo e o errado nas decisões do ser humano (Rm 2.15,16). Pela cor­rupção moral e espiritual do homem por causa da Queda, há em todo homem uma disposição geral para o pecado e para esconder ou negar a responsabilidade pelo pecado cometido, como fizeram Adão e Eva (Gn 3.8-14).
Entende-se, portanto, que a acusação de sua consciência contribuiu para assinalar a culpa do pecado. Visto que o pecado é transgressão diante de um DEUS SANTO, o pecado é merecedor de punição e reprovação divina. A culpa se manifesta como um resultado objetivo, isto é, ela é produzida mediante o fato da prática do pecado e não deve ser confundida com o papel da consciência que expõe a culpa subjetivamente.
Ora, o que é consciência subjetiva da culpa? O que está revelado em Levítico 5.17 esclarece bem este ponto, quando diz: “e, se alguma pessoa pecar e fizer contra algum de todos os mandamentos do Senhor o que não se deve fazer, ainda que o não soubesse, contudo, será ela culpada e levará a sua iniquidade”.
A expressão “ainda que o não soubesse” indica que a culpa implica inicial­mente uma relação com DEUS e, depois, uma relação com a consciência. O texto trata da prática do pecado por ignorância, por não se saber que determinada ação seja pecaminosa. Então a consciência age subjetivamente.
Um determinado teólogo declarou que “o maior dos pecados é não estar consciente de nada”, isso porque a consciência pode tornar-se cauterizada, pela multiplicação do pecado, extinguindo no pecador a sensibilidade moral acerca do que é errado ou certo. Por isso, quando andamos com DEUS segundo a sua justiça a partir da conversão, somos por Ele santificados quanto ao pecado, e a nossa santificação subjetiva pelo ESPÍRITO SANTO desenvolve em nós mais e mais a consciência da realidade do pecado.
A culpa tem relação com a lei moral de DEUS. “A culpa não faz parte da essência do pecado, mas é, antes, uma relação com a sanção penal da lei”.10 Por isso, a culpa só pode ser removida mediante a satisfação da lei. Visto que a justiça original no homem tornou-se em “trapos de imundícia” (Is 64.6), a justiça requerida tem de ser vicária e pessoal. Ela pode ser transferida de uma pessoa para outra, mas, nenhuma criatura humana teria condições para assumir os pecados das demais, por sermos todos uma raça de pecadores (Sm 14.1-3; Rm 3.9-12).
Veio JESUS CRISTO, da parte de DEUS; se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14), assumindo a penalidade da lei, causada pela nossa culpa, tomando-se o nosso substituto vicário, justificando o homem dos seus pecados (Rm 4.24,25; 5.1,8). Adão cometeu o pecado e na qualidade de chefe federal da raça humana; por ele foi imputada a todos os seus descendentes a culpa do pecado. A Bíblia enfatiza este ensino quando declara que a morte é o castigo do pecado, para todos os seus
descendentes (Rm 5.12-19; Ef 2.3; I Co 15.22).
Graus de culpa. Tem havido interpretações equivocadas sobre esse ponto. Não obstante, é fato bíblico que existem diferentes graus de culpa atribuídos a certos tipos de pecados. Não encontra aqui respaldo a doutrina católica romana que distingue pecados veniais e pecados mortais. Com esse conceito a Igreja Romana entende que pode determinar o grau do pecado de uma pessoa e aplicar à mesma a penitencia equivalente.
Ora, entendemos que todo pecado é venial, isto é, pode ser perdoado. A exceção está no “pecado contra o ESPÍRITO SANTO” (Mt I2.3I).Que tipos de pecados são esses para os quais são atribuídos graus de culpa? Na realidade, existem pecados perdoáveis e os pecados não perdoáveis, ou seja, pecados que são para a morte e pecados que não são para a morte.
Em I João 5.16,17 está escrito:
Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não é para a morte; orará, e DEUS dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda iniquidade é pecado, e há pecado que não é para morte.
Percebe-se que há um contraste entre o pecado para a morte e o que não é para a morte. Há quem diga que o pecado para morte é aquele que, sendo extremamente grave, conduz inevitavelmente à morte eterna; e que o pecado que não é para a morte seria o pecado venial; ou seja, o menos grave. São idéias sem suporte bíblico.
Outros afirmam que esse texto refere-se a “pecados intencionais ou não”, sendo o último o pecado perdoável, e o primeiro, não (Nm 15.22-30). Naturalmente, o sentido da palavra “morte” no contexto dessa passagem refere-se à morte física, e isso se toma claro quando o autor aconselha a orar para que tenha vida, e diz, literalmente: “orará, e DEUS dará a vida àqueles que não pecarem para morte”.
Ora, a Bíblia afirma que toda iniquidade é pecado (I Jo 5-17). Portanto, distinguir e graduar os tipos de pecados é impraticável. E bem verdade que, em I Coríntios 11.30, Paulo fala de um tipo de juízo que afeta o crente que peca até ao ponto de DEUS aplicar-lhe disciplina. Mas a morte física, aqui, não significa morte eterna ou punição final, e sim morte que não é final.
Nessa esfera, poderíamos apontar os pecados de ignorância e pecados de conhecimento, como cita Strong:11 pecados da carne (Gl 5.19-21); o pecado de blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO (Mt 12.31,32).
Strong escreveu:
... o pecado contra o ESPÍRITO SANTO não deve ser considerado como um simples ato isolado, mas também como o sintoma exterior de um coração tão radical e irreversível contra DEUS que nenhuma força que DEUS possa consistentemente usar o poupará.
Tal pecado, portanto, só pode ser o clímax de um longo curso de endurecimento de si mesmo e depravação de si mesmo.12
Em relação ao episódio da blasfêmia dos fariseus contra JESUS entendemos que o pecado de blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO refere-se, no ensino do Mestre, à atribuição voluntária e consciente de seus adversários de que a obra que Ele fazia era demoníaca. Tratava-se de uma rejeição presunçosa daquela casta religiosa à pessoa de JESUS e a atribuição de ação demoníaca à obra do ESPÍRITO SANTO.
Realidade da ação do pecado
Consequências do pecado no mundo. Indiscutivelmente, o pecado trouxe graves consequências ao Universo, especialmente à vida na Terra. A Bíblia faz várias declarações a respeito da universalidade do pecado. Por exemplo, temos no Antigo Testamento alguns exemplos, tais como: “não há homem que não peque” (I Rs 8.46); “porque à tua vista não há justo nenhum vivente” (Sm 143.2).
Paulo, em Romanos, disse: “Não há um justo, nenhum sequer; não há quem faça o bem, nenhum sequer” (Rm 3.10-12); “pois todos pecaram e carecem da gloria de DEUS” (Rm 3.23). O apóstolo João também disse: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (I Jo 1.8).
A escolha preferencial do “eu” em detrimento de DEUS. O pecado de Adão e Eva foi uma escolha feita por ambos, uma escolha preferencial do “eu”, em de­trimento de DEUS como objeto do sentimento e fim principal de suas vidas. Preferiram atender aos ímpetos do seu ego a fazer de DEUS o centro de suas vidas. Renderam-se incondicionalmente ao seu ego em prejuízo do projeto do Criador para suas vidas.
O Dr. E.G. Robinson, citado por Berkhof,13 escreveu que “enquanto o pecado como estado é dessemelhança em relação a DEUS, como princípio é oposição a DEUS, e como ato é transgressão à lei de DEUS”. Portanto, entendemos que o pecado não é, meramente, algo de fora (ou externo), tampouco é o fruto de coação vinda de fora, mas “é uma depravação dos sentimentos e uma perversão da vontade, que constitui caráter íntimo do homem”.14 A realidade do pecado traz as consequências inevitáveis que são a culpa e o castigo.
 
A HEREDITARIEDADE DO PECADO
Como um ato de pecado individual afetou a todos? A Bíblia tem a resposta cabal desta questão. Paulo, em Romanos disse “que todos pecaram” (Rm 3.23) e dá a idéia de que todos os seres humanos participaram da transgressão de Adão; e, como indivíduos, tornaram-se pecadores. Ele explica os efeitos do pecado de Adão: “Portanto, por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens” (Rm 5.12).
Paulo não estava falando de pecados factuais, do dia-a-dia, mas da herança do pecado. A morte, como punição do pecado, tem um caráter universal, porque “a morte passou a todos os homens”. Por causa do pecado de Adão, todos os seus descendentes tomaram-se pecadores e culpados. Porém, DEUS providenciou a nossa expiação — nas palavras de Paulo — outra vez: “Mas CRISTO morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8).
Portanto, o pecado é hereditário. A sua universalidade deve-se à corrupção da natureza humana. E a Palavra de DEUS afirma que o primeiro homem violou a vontade expressa de DEUS, e, por consequência, toda a vida humana se corrom­peu. Inevitavelmente, quando o homem se depara com a idade da consciência moral, está tão identificado com os maus impulsos existentes dentro de si que precisará esforçar-se para manter o equilíbrio moral e espiritual de sua vida.
Não se trata meramente de um impulso momentâneo da sua vontade, mas é algo implícito na sua natureza pecaminosa, que é sinistro e obscuro. A tendência má que se revela numa criança se percebe na semente dessa tendência má. Nesse sentido, toda criança é pecadora, conquanto não tenha culpa pessoal. Não po­demos cobrar responsabilidade pessoal de uma criança recém-nascida.
A Bíblia e a consciência moral dão testemunho da responsabilidade que temos de nossa vida, apesar da natureza que temos herdado. Na verdade, a herança do pecado se constituí numa condição de vida, para a qual precisamos da graça sal­vadora de CRISTO para dominá-la. Por isso, mesmo como pecadores regenerados pelo ESPÍRITO SANTO precisamos negar-nos a nós mesmos, tomar a nossa cruz e sermos crucificados com CRISTO (G1 2.20).
Todo ser humano nasce com uma natureza corrompida. Todos os atos pecaminosos das pessoas são frutos de sua natureza pecaminosa. Ora, o que se entende por natureza no contexto desse estudo? Ê aquilo que é inato em cada pessoa, isto é, nasce com ela. JESUS, disse, certa feita aos seus discípulos que “não há árvore boa que dê mau fruto... o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal” (Lc 6.43-45).
Portanto, não há criatura humana neste mundo que não tenha nascido com uma “natureza corrompida”. E algo que faz parte do seu ser e é subjacente à sua própria consciência. Por isso, toda criatura constitui-se pecadora diante de DEUS, visto que o pecado em si é herança comum de todas as criaturas sobre a terra.
O salmista Davi declarou que fora formado em iniquidade e concebido em pecado (Sm 51.5). Na verdade, com isso, confessou não o pecado de sua mãe, e sim o seu próprio pecado, e que esse estado — entendeu ele — vinha desde o momento de sua concepção.
A natureza corrompida e congênita de toda criatura humana. O apóstolo Paulo usou uma expressão forte em Efésios, a qual merece a nossa apreciação: “éramos por natureza filhos da ira” (2.3). A expressão “filhos da ira” denota o estado de condenação por causa da herança do pecado que todos recebemos de nossos pais (Adão e Eva). Entende-se por “natureza” algo inato e original distinto daquilo que se adquire posteriormente.15
Sem dúvida, o apóstolo coloca o texto no passado com o verbo “éramos”, para indicar que, ao sermos regenerados pelo ESPÍRITO SANTO, fomos agraciados pela graça de DEUS. A criança é despida de consciência moral, mas congenita­mente possui a natureza pecaminosa herdada. Por isso, a morte é a penalidade global que afeta todas as pessoas e, inevitavelmente, afeta as crianças, haja vista elas morrerem como todos os demais seres.
As crianças estão colocadas num estado de pecado e, por isso, necessitam de rege­neração e salvação através de JESUS CRISTO. Naturalmente, elas são objeto de salvação pela graça de CRISTO, que as salva, independentemente da consciência moral. Contudo, a condição dos adultos é diferente da das crianças. O adulto precisa de fé pessoal para ser salvo, e a Bíblia declara que CRISTO morreu por todos (2 Co 5.15).
No Juízo Final, as pessoas serão julgadas mediante o teste da conduta pessoal, enquanto as crianças, mesmo tendo uma tendência para mal, são incapazes de trans­gressão pessoal; por isso, cremos que elas estarão entre os salvos (Mt 25.45,46).
Adão depois da Queda. Já dissemos anteriormente que Adão e Eva, quando peca­ram, perderam o direito do primeiro estado de santidade em que foram criados e vieram a ser objeto de várias mudanças negativas transcendentais.
1- O casal submeteu-se ao domínio da morte espiritual. A penalidade declarada por DEUS antes da Queda foi: “porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Imediatamente ao ato pessoal do pecado, Adão e Eva tiveram a sentença cumprida. Não só se tornaram culpados e submissos à
pena do pecado com a limitação da vida física e a morte física posteriormente, mas imediatamente ficaram sob a égide da morte espiritual, perdendo a comunhão livre que tinham com DEUS, separando-se da relação com Ele.
2- O juízo de DEUS veio também sobre Satanás e a serpente usada por ele (Gn 3.14). O Criador predisse, então, o futuro conflito entre CRISTO e o Diabo, conforme Gênesis 3.15: “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente, esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
A semente da mulher foi JESUS CRISTO, que, sendo o Filho de DEUS, fez-se homem, para identificar-se com os homens, e foi ferido no Calvário. JESUS mor­reu na cruz, mas não foi retido na sepultura e na morte. Pelo contrário, pelo ESPÍRITO SANTO foi ressuscitado e venceu a morte e o próprio Diabo. Ele morreu por toda a humanidade; além disso, anulou a sentença da morte eterna aos que o aceitarem como Salvador e Senhor.
3- DEUS proferiu um juízo específico sobre a mulher, Eva, a qual experimen­taria a dor ao dar à luz seus filhos e seria submissa ao seu marido (Gn 3.16).
Quarto, uma maldição especial caiu sobre o homem, Adão, o qual teria que lavrar a terra, agora maldita com espinhos e cardos, para obter sua subsistência (v. 17).
A terra foi amaldiçoada (Gn 3.17.18) e o efeito do pecado atingiria a vida dos descendentes de Adão. Foi expulso do Jardim de DEUS e começou a experimentar a dor e a luta para sobreviver. O pior em toda esta maldição foi Adão experimentar a morte espiritual e, por isso, perder sua comunhão com o Criador e sofrer a pena da morte física.
Três imputações. Como resultado imediato da Queda, todo o gênero humano foi atingido. A Bíblia menciona, pelo menos, três imputações decorrentes do pecado de Adão:
1 Seu pecado foi imputado à sua posteridade (Rm 5.12-14).
2 Seu pecado foi imputado a CRISTO (2 Co 5.21).
3 DEUS imputou sua justiça sobre os que crêem em CRISTO (Gn 3.15; 15.6; Sl 32.2; Rm 3.22; 4.3,8,21-25; 2 Co 5.21). Nesse sentido, a Bíblia revela que se efetuou uma transferência de caráter judicial do pecado do homem para JESUS CRISTO, que levou sobre a cruz o pecado da humanidade (Is 53.5; Jo 1.29; I Pe 2.24; 3.18).
Outra verdade, nesse contexto, é o fato de que, de igual modo, DEUS efetuou a transferência, de caráter judicial, da justiça de DEUS para o crente em CRISTO (2 Co 5.21), visto que o único modo de justificação ou aceitação diante de DEUS era este. Por este ato justificador de CRISTO, o crente passa a fazer parte da vida organística de CRISTO, isto é, do seu corpo e, por conseguinte, participa de tudo o que CRISTO é.
Torna-se claro, portanto, que a participação dos homens na Queda re­sultante do pecado não se efetua quando cometem seus primeiros pecados, porque eles nascem sob a égide do pecado, como criaturas caídas, procedentes de Adão. Os pecadores não se convertem em pecadores por meio da prática de qualquer pecado individual, mas eles pecam imbuídos pela sua própria natureza pecaminosa adquirida; por isso, são pecadores.
O significado de estar debaixo do pecado. O texto de Romanos 3.9 diz, lite­ralmente: “Pois quê? Somos melhores do que eles? De maneira nenhuma, pois já demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado”. Quando Paulo escreveu sobre esse assunto, estava enfrentando discussões e polêmicas entre os cristãos convertidos em Roma, cidade que reunia judeus e gentios.
Cada qual tentava justificar sua posição diante de DEUS. Paulo, então, colo­cou ambos na mesma condição e posição, quando disse: “Todos estão debaixo do pecado”. Uma vez que pecado é transgressão da lei de DEUS, o próprio judeu que possuía a lei de DEUS foi o primeiro a pecar contra ela.
O gentio, por outro lado, não tinha a lei de Moisés, mas tinha a lei da consciência escrita no coração e não podia justificar-se diante de DEUS, tanto quanto o judeu. Paulo mostrou aos Romanos, em 3.10-12, a universalidade do pecado; e terminou enunciando o veredicto final de DEUS contra o pecado em 3.19,20. O judeu tendo a lei de Moisés não conseguiu justificar-se do pecado mediante as obras da lei, e está incluído na universalidade da frase: todos estão debaixo do pecado”. O remédio para o pecado está, não em algum mérito pes­soal do pecador, mas no mérito da obra expiatória de CRISTO que tira o pecador do estado de pecado e o coloca “debaixo da graça salvadora de DEUS através de CRISTO JESUS (Rm 5.1). Vemos, então, que “o pecador é salvo com base meritória, mas o mérito é daquEle que foi feito justiça de DEUS para ele”.16
 
O CASTIGO do pecado
Já dissemos que o pecado é tanto um ato como um estado. E um ato por­que o homem mesmo preferiu, de seu livre-arbítrio, desobedecer à lei de DEUS, rebelando-se contra Ele. Porém, o pecado implica um estado pecaminoso porque o homem quebrou a comunhão e a relação com o seu Criador, separando-se dEle. Inevitavelmente, segue-se à prática do pecado o juízo, ou seja, o castigo positivo (Gn 2.17; Rm 6.23).
O castigo imediato do pecado. Em pontos anteriores já abordamos sobre o castigo sem aprofundar a sua importância no contexto da doutrina do pecado. A partir do capítulo 3 de Gênesis, a Bíblia trata da Queda e dos efeitos imediatos do pecado na vida do ho­mem. Adão experimentou, de modo imediato, as consequências do seu pecado após ter desobedecido a DEUS. Fugiu da presença de DEUS no jardim do Éden (Gn 3.8) levando consigo o estigma do pecado e tomando-se culpado aos olhos de DEUS.
1- O pecado desfigurou a imagem divina do homem. Adão não perdeu completamente a imagem divina porque em parte permaneceram nele os ele­mentos de pessoalidade dessa imagem, na sua alma e no seu espírito. Porém, esses elementos da imagem foram desfigurados pelo pecado. Em que consistia a imagem original de DEUS no homem? O texto de Gn 1.26,27 diz que o homem foi criado à imagem de DEUS. “Strong define a pessoalidade, como ima­gem natural de DEUS e a santidade como imagem moral de DEUS. Em relação à pessoalidade, o homem foi criado como ser pessoal e isto o distingue dos seres irracionais”.17
Trata-se da capacidade do homem para pensar, conhecer a si mesmo e rela­cionar-se com o mundo ao seu redor e determinar o seu “eu” quanto ao certo e o errado, ao que é justo e o que é injusto (Gn 9.6; I Co 11.7; Tg 3.9). Em relação à imagem moral, o homem foi dotado de sentimento, inteligência e vontade que o capacita a ter escrúpulos e autodeterminação quanto à justiça e santidade. Esse sentido moral da imagem divina no homem revela-se na finalidade da sua criação que é a retidão. Diz a Bíblia que “DEUS fez o homem reto” (Ec 7.29) e a justiça é essencial à sua imagem (Ef 4.24; Cl 3.10). Mas ele a distorceu por seu pecado afetando toda a criação e sua descendência (Rm 5.12).
2- O pecado deu origem a um estado pecaminoso que afetou toda a raça humana. Myer Pearlman afirmou: “O efeito da Queda arraigou-se tão profundamente na natureza humana, que Adão, como pai da raça humana, transmitiu a seus descendentes a tendência ou inclinação para pecar”.18 Neste aspecto toda criatura humana é pecadora porque adquiriu a imagem degenerada e decaída de seu pai.
Ernesto Naville escreveu: “Não digo que todos sejamos malfeitores manifes­tos, mas, sim, afirmo que em cada um dos homens existe o princípio do egoísmo que é a natureza do pecado”. Há uma disposição entranhada no interior de cada criatura humana para praticar o pecado (Ef 2.2,3), e Paulo ensina e atribui a universalidade do pecado ao cabeça da raça humana (Rm 5.12).
O apóstolo Paulo tratou profundamente da doutrina do pecado e ensina que os cristãos autênticos, antes de serem alcançados pela graça de DEUS, mediante a obra expiatória de CRISTO, viviam em ofensas e pecados, fazendo a vontade do
Diabo, da carne e dos pensamentos, e por isso eram considerados “filhos da ira divina” (Ef 2.3).
Mais uma vez Myer Pearlman esclarece esse assunto:
Esta condição moral da alma é descrita de muitas maneiras: todos pecaram (Rm 3.9); todos estão debaixo da maldição (Cl 3.1 0); o homem natural é estranho às coisas de DEUS (l Co 2.14); o coração natural é enganoso e perverso (Jr 1 7.9); a natureza mental e moral é corrupta (Gn 6.5,12; 8.21; Rm 1,19-21); a mente carnal é inimizade contra DEUS (Rm S. 1,8); o pecador é escravo do pecado (Rm 6.11; 1.15); é controlado pelo príncipe das potestades do ar (Ef 2.2); está morto em ofensas e pecados (Ef 2.1); é filho da ira (Ef 2.3).19
3- O pecado acarretou punições naturais e físicas na vida do homem. Louis Berkhof diz que são “punições naturais e positivas” em que as leis naturais da vida são violadas. São punições de ordem física que resultam em doenças, dores e sofrimentos ao homem. Não se trata de punições imediatas a qualquer prática de pecado, mas se trata daquelas doenças impregnadas na terra, no ar e nas águas. Essas punições naturais resultam da “maldição do pecado” no nosso planeta.
A promessa de cura e redenção da Terra e do homem provém da pessoa de JESUS, o Filho de DEUS, que se fez carne, habitou entre nós, para expiar a culpa do pecado dos homens (Gn 3.15; Is 53.4,5; Rm 5.21). Os sofrimentos da vida tomaram-se realidade na vida cotidiana do homem, como resultado da penalidade do pecado.
Seu corpo físico tomou-se presa de doenças e fraquezas provocando mal-estar e desconforto. Sua vida mental e emocional ficou sujeita a angústias, tristezas, paixões sem domínio e desejos conflitantes. Sua vontade perdeu a capacidade de escolha, e conforme disse Paulo, toda a criação ficou sujeita à vaidade e escravidão (Rm 8.20). De certo modo, nosso sofrimento físico nos dá, pela morte física, a esperança de obtermos, um dia, corpos transformados e espirituais.
4- O pecado gerou um contínuo conflito moral e espiritual entre corpo e alma de cada criatura humana. Tão logo o homem pecou, entranhou-se em seu ser um conflito entre sua natureza superior, expressa por alma e espírito, e sua natureza inferior, manifesta através do corpo. O homem se encontrou dividido em si mesmo, e sua natureza física e inferior, tornou-se frágil e subjugada aos poderes do pecado (Rm 7.24).
O grande pregador Charles H. Spurgeon falou em uma de suas pregações que “o mar todo fora do navio não causa dano enquanto a água não penetra nele e enche- lhe o porão”. Aprendemos com esse ensino de Spurgeon que o perigo está dentro de nós mesmos. E interno e na linguagem metafórica da Bíblia esse perigo chama-se coração, que é, de fato, o nosso maior inimigo, porque nos engana. A síntese dessa idéia é que devemos ter o coração sob controle para que ele não nos engane.
Nesse fato está a questão da tentação. Ela em si mesma não se constitui pecado, mas ela pode se tornar em ocasião para o pecado. O Novo Testamento, especialmente, fala constantemente sobre “carne e espírito” como opostos um ao outro (Gl 5.13,24; Mt 26-41). Esse conflito envolve a totalidade da pessoa, porque a “carne” induz a volta ao domínio do pecado, no caso do cristão. Porém, o cristão fortalece o seu espírito para vencer a carne e estar submisso ao senhorio de CRISTO JESUS e do ESPÍRITO SANTO (Gl 5.16; Rm 8.4-14).
5- O pecado despertou a consciência do homem. Diz o texto literalmente: “Então, foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus, e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (Gn 3.7). Na verdade, quando os seus olhos foram abertos, os olhos de suas almas, olhos do interior, uma forte convicção de que haviam desobedecido a DEUS lhes sobreveio. Quando já era demasiado tarde, compreenderam a loucura de haver comido do fruto proibido por DEUS.
A lei moral de suas consciências deu o sinal quando descobriram que estavam nus. Esta consciência de nudez os fez perceber que haviam perdido todas as honras e encantos da vida no paraíso que DEUS havia feito para eles. Outrossim, ficaram envergonhados, porque se viram frente ao desprezo e à perda da comunhão com o Criador. Ficaram totalmente indefesos, porque, a partir da Queda, estavam sós, sem a presença do Criador.
6- O pecado trouxe ao homem a punição da morte física. Paulo declarou que por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte” (Rm 5.12). A palavra “morte”, thanatos (gr.), significa separação das partes física e espiritual do ser humano. Indiscutivelmente, a separação de corpo e alma faz parte da pe­nalidade imediata do pecado. A Bíblia diz que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).
Pelágio e seus discípulos ensinaram que a morte física fazia parte do primeiro estado do homem antes do pecado e que ele fora criado como um ser mortal. Naturalmente, esse conceito errôneo foi rejeitado através da história. A igreja adotou uma posição definida quanto a questão da morte, a saber, que a morte sempre se constituiu uma penalidade do pecado.
O castigo disciplinador Os teólogos procuram fazer distinção entre castigo, punição e pena e, sem dúvida, há certa distinção que deve merecer a nossa apreciação. Entretanto, preferi usar o termo castigo com abrangência ao modo de tratamento de DEUS quanto aos pecados cotidianos dos cristãos e quanto aos pecados que implicam o tratamento final de DEUS.
Nesse ponto, especialmente, o castigo disciplinador relaciona-se com o com­portamento do cristão, e objetiva corrigido e repreendê-lo, a fim de que não se perca. A doutrina no que tange a esse tipo de castigo revela que é possível até
mesmo morte prematura do cristão como modo de disciplina divina e a salvação da alma (I Co 11.30-32). O autor da Carta aos Hebreus faz uma distinção entre filhos e bastardos (Hb 12.6-8). Neste texto DEUS se mostra como “Pai amoroso que corrige os filhos”; por isso, a correção tem sentido disciplinador.
Quando o escritor emprega o termo “bastardo”, faz isso para distingui-lo do filho verdadeiro de DEUS, aquele que aceita a correção do Pai (v.8). Chafer escreveu, em sua Teologia Sistemática, que “a disciplina, numa forma ou outra, é a experiência universal de todos os que são salvos; o ramo que produz fruto é podado, para que produza mais fruto ainda (Jo 15.12)”.20
O castigo (a pena) final do pecado. Se morte física significa separação de corpo e alma e é parte da pena do pecado, entendemos que, de modo nenhum, a morte física venha significar a penalidade final. Nas Escrituras a palavra morte é frequentemente usada com sentido moral e espiritual. Isto significa que a verdadeira vida da alma e do espírito, é a relação com a presença de DEUS. Portanto, a pena divina contra o pecado do homem no Éden foi a separação da comunhão com o Criador.
A morte espiritual tem dois sentidos especiais: um sentido é negativo e o outro é positivo. Em relação à vida cristã, todo verdadeiro crente está morto para o pecado, porque a pena do pecado foi cancelada e ele está livre do domínio do pecado (Rm 6.14).Trata-se da separação da vida de pecado depois que se aceita a CRISTO e é expiado por Ele. Porém, em relação ao futuro, o crente terá a vida eterna, isto é, terá a redenção plena do corpo do pecado (Ap 21.27; 22.15).
Porém, o sentido negativo de morte espiritual refere-se à morte no pecado. O crente está morto para o pecado, mas o ímpio está morto espiritualmente no pecado. Significa que o pecador vive um estado de vida separado de DEUS e de sua comunhão. Significa estar “debaixo do pecado” e estar sob o seu domínio (Ef 2.1,5). O efeito desses dois sentidos é presente e temporal. O pecador sem DEUS, no presente, está numa condição temporal de excomunhão com DEUS, mas pela graça de DEUS poderá sair desse estado e morrer para o pecado (Ef 4.18; Gn 2.17).
A punição final do pecado é a morte eterna, ou seja, o juízo final contra o pecado (Hb 9.27). A morte eterna é a culminância e complementação da mor­te espiritual. Diz respeito à repugnância da santidade divina que requer justiça contra o pecado e contra o pecador impenitente. Significa a retribuição positiva de um DEUS pessoal, tanto sobre o corpo como sobre a sua alma e espírito (Mt 10.28; 2Ts 1.9; Hb 10.31; Ap 14.11).
Existem algumas teorias que tentam anular a doutrina bíblica da morte eterna, como castigo final do pecado. O universalismo ensina que DEUS é bom demais para excluir alguém da sua presença no Céu, pois JESUS morreu por todos; por isso, ao final, todos serão salvos. O restauracionismo é outra idéia equivocada e antibíblica, porque ensina que DEUS vai restaurar todas as coisas ao final da história da humanidade, quando então todos serão salvos.
A idéia do purgatório, ensinada pela igreja romana, de que o purgatório é um período probatório pelo qual, entre a morte e a ressurreição, os pecadores que morreram serão provados e poderão se recuperar e se livrar da pena final de seus pecados. Por último, a teoria da aniquilação ensina que, ao final de tudo, no juízo, todos os ímpios serão aniquilados; isto é, extinguidos, como quem extingue uma folha de papel no fogo que vira cinza. Interpretam erradamente 2 Tessalonicenses 1.9; substituem a palavra “aniquilar” por “extinguir”. O sentido bíblico de “aniquilar” é “banir” da presença de DEUS.
Portanto, morte eterna é a eterna separação (banimento) da presença de DEUS e a impossibilidade de arrependimento e salvação. Os ímpios são constituídos por aquelas pessoas que rejeitaram conscientemente a graça de DEUS e, por isso, depois da morte física, serão ressuscitados e comparecerão diante do Grande Trono Branco do Juízo de DEUS e receberão a justa retribuição dos seus pecados com a morte eterna, sendo lançados no Geena, isto é, o “lago de fogo eterno (Ap 20.14,15; Mt 5.22,29,30; 10.26; 23.14,15,33).
Existe uma distinção entre a primeira e a segunda morte. A primeira é física; morre-se uma só vez (Hb 9.27); é temporal e para todas as pessoas no mundo: justos e injustos. A “segunda” morte é espiritual e eterna; a “segunda” tem um sentido moral, porque todos quantos irão passar por ela saberão e terão “cons­ciência” depois da primeira morte (At 24.15).
Uma das grandes verdades acerca do castigo do pecado é que a justiça de DEUS o exige afim que ninguém o acuse de injustiça. Pelo contrário, Ele é o Senhor que pratica a misericórdia, juízo e justiça na terra (Jr 9.24).
A questão do pecado encontra resposta e solução quando encontramos na Bíblia a declaração de Paulo de que DEUS propôs JESUS CRISTO como propiciação pelo seu sangue, para receber toda a carga da ira de DEUS contra o pecado (Rm 3.25; 2 Co 5.21; Gl 3.13). Significa que a cruz foi o meio pelo qual DEUS castiga o pecado. O próprio DEUS, perfeito em justiça, tornou possível a expiação dos pecados por aquele que se fez nosso justificador perfeito (Rm 3.26).
Notas bibliográficas
1       Dicionário Introdutório de Teologia, II Vol. do Novo Testamento, pp. 1598,1599.
2       STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p. 159
3       STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p. 159
4       LANGSTON, A.B., Esboço de Teologia Sistemática, Juerp, p. 152
5       STRONG, A.H., Teologia Sistemática IIVol, Hagnos, p. 139
6       CONNER, W.T., Doctrina Cristiana, CBP, p. 157
7       HODGE, Charles, Teologia Sistemática, Hagnos, pp.623,624
8       BERKHOF, L., Teologia Sistemática, Luz para o Caminho, p.233
9       BERKHOF, L., Teologia Sistemática, Luz para o Caminho, p.235
10     BERKHOF, L., Teologia Sistemática, Luz para o Caminho, p.248
11     STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p. 282
12     STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p.284
13     STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p. 173
14     STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p.I73 13 STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p. 182
16              SHAFER, L.S., Teologia Sistemática, Hagnos, p.718, Vols.1,2
17              STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p.88
18              PEARLMAN, Myer, Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida, p. 135
19              PEARLMAN, Myer, Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida, p. 135
20              CHAFER, L.S., Teologia Sistemática, Hagnos, p.755
1)     0   que é o pecado?
2)     Como o pecado se manifesta?
3)     Como o pecado entrou no mundo?
4)     Cite três termos originais do Antigo Testamento por meio dos quais se descreve o pecado e defina cada um deles.
5)     Cite três termos originais para pecado no Novo Testa­mento e defina-os.
6)     Qual vocábulo grego é empregado com o sentido de “des­vio”, “violação” e “transgressão” nas páginas do Novo Testamento?
7)     Há diferenças entre “imagem” e “semelhança”? Se existem, quais são elas?
8)     A Queda distorceu a imagem original do ser humano? Se sim, em que sentido? Se não, por quê?
9)     Cite três teorias filosóficas contrárias ao que a Palavra de DEUS diz sobre o pecado.
10)  Como John Wesley, o pai do metodismo, definiu o pecado?
11)  Discorra sobre as entradas do pecado no Universo e no mundo. Há diferença? Por quê?
12)  Qual é o conceito exato de pecado original?
13)  O que significa a expressão “pecado factual”?
14)  Qual é a diferença entre os pecados venial e mortal?
15)  Que relação tem a culpa com a lei moral de DEUS?
16)  Discorra sobre as consequências do pecado no mundo.
17)  Assinale a alternativa correta:
a)        Todo ser humano nasce com a sua natureza corrompida, h) Só Adão teve a sua natureza corrompida; os demais seres humanos são punidos tão-somente por causa dele.
c)     Todo ser humano nascido antes de CRISTO teve a sua natureza corrompida.
d)    Os que viveram e vivem depois de CRISTO possuem uma natureza pura, longe do pecado.
e)     Nenhuma das anteriores.
18)  Como resultado imediato da Queda, todo o gênero humano foi atingido. A Bíblia menciona, pelo menos, três imputações decorrentes do pecado de Adão. Quais são elas?
19)  De acordo com Myer Pearlman:
a)          Adão transmitiu a seus descendentes a tendência ou inclinação para pecar.
b)          Adão transmitiu apenas a seus descendentes mais próximos a tendência
ou inclinação para pecar.
c)           Adão não transmitiu a ninguém a tendência ou inclinação para pecar.
d)          Nenhuma das anteriores.
20)  Qual é o sentido bíblico do termo “aniquilar” em 2Tessalonicenses 1.9?
Teologia Sistemática Pentecostal – CPAD
 
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Escrita Lição 9, Central Gospel, As Consequências do Pecado, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
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ESBOÇO DA LIÇÃO
1. AS CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS DO PECADO 
1.1. Morte espiritual 
1.2. Distorção da liberdade e da obediência 
1.3. Expulsão do Éden - exclusão do propósito inicial
2. AS CONSEQUÊNCIAS EXISTENCIAIS DO PECADO 
2.1. Morte física - o limite da existência 
2.2. Sofrimento e frustração 
2.2.1. Desejo desmedido e exaustão interior 
2.3. Fragmentação interna e ruptura dos vínculos 
2.3.1. Medo, culpa e vergonha: esconderijos da alma 
3. AS CONSEQUÊNCIAS COLETIVAS E CÓSMICAS DO PECADO 
3.1. Homens e mulheres herdaram a inclinação ao mal 
3.2. A Criação está sujeita à corrupção e aguarda a redenção 
3.3. A Graça floresce entre nós 
 
TEXTO BÍBLICO BÁSICO – Gn 3.16-19; Rm 6.20-21, 23; Is 59.1-3
Gênesis 3.16- E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. 17- E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. 18- Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo. 19- No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás. 
Romanos 6.20-21, 23 
20- Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. 21- E que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. 
23 - Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de DEUS é a 
vida eterna, por CRISTO JESUS, nosso Senhor. 
Isaías 59.1- Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; 
nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir. 2- Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso DEUS, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça. 3- Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos, de iniquidade; os vossos lábios falam falsamente, e a vossa língua pronuncia perversidade. 
 
TEXTO ÁUREO
Não erreis: DEUS não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Gálatas 6.7 
 
SUBSIDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO 
2a feira - Hebreus 4.14-16 Há Graça no Trono 
3a feira - Isaías 59.2-8 Pecar é desconectar-se da Fonte da Vida 
4a feira - João 3.3; 8.32 Nascer de novo e viver em liberdade 
5a feira - Salmo 6.6; 56.8 DEUS recolhe cada lágrima vertida
6a feira - João 11.35; Salmo 34.18 DEUS está perto dos que sofrem
Sábado - João 14.4-6 O caminho para DEUS é reaberto 
 
OBJETIVOS - Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
- identificar as principais consequências da Queda, nas dimensões espirituais, físicas, emocionais e relacionais; 
- compreender como a condição humana foi afetada pela entrada do pecado no mundo, gerando separação de DEUS, sofrimento e fragilidade existencial; 
- refletir sobre a esperança presente mesmo no juízo, por meio da promessa de redenção registrada em Gênesis 3.15. 
 
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS 
Caro professor, esta lição retoma o relato do terceiro capítulo o de Gênesis sob um novo ângulo: não mais para discutir o que foi o pecado, mas para refletir sobre as feridas que permanecem abertas na História, conforme interpretadas pela tradição judaico-cristã. A Queda não é apenas um evento distante, mas um marco que ainda repercute em todas as áreas da vida. 
Evite reduzir esta lição a julgamentos morais. Conduza a reflexão a partir da ideia de que a iniquidade rompe o projeto original de comunhão com o Divino, produzindo desordem, sofrimento e afastamento - mas também que a Graça já se anuncia no meio do juízo, como uma semente de esperança plantada pelo próprio DEUS. 
Excelente aula! 
 
COMENTÁRIO - Palavra introdutória  
 O terceiro capítulo de Gênesis marca o momento mais trágico da crônica humana: a entrada do mal no mundo e suas consequências tanto imediatas quanto continuadas. 
Nesta lição, serão apresentadas as marcas deixadas pela Queda. O rompimento com o Criador, a desordem nos afetos e nos vínculos, a dor física, a morte e o exílio do Éden revelam que a transgressão inaugural alterou profundamente o plano inicial do Senhor para o ser feito à Sua imagem e semelhança. 
Contudo, mesmo em meio ao juízo, uma promessa foi plantada: a descendência da mulher esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3.15). Assim, ao refletirmos sobre as consequências do pecado, somos também convidados a vislumbrar a esperança da redenção, cumprida em CRISTO, que se fez Caminho para o reencontro e a restauração do que fora perdido (Jo 14.6). 
 
1- AS CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS DO PECADO  
 O pecado quebrou o pacto e, por conseguinte, rompeu a comunhão; feriu o arbítrio e comprometeu a imagem e semelhança de DEUS impressa no Homem desde a Criação. A seguir, pontuam-se algumas consequências desse fato: 
 
1.1. Morte espiritual    
 
 
Quando Adão e Eva se esconderam da presença do Senhor (Gn 3.8-10), não foi só o corpo que se encolheu entre as árvores - foi a alma que se retraiu diante da santidade. A morte espiritual é isso: viver longe da Fonte da Vida, mesmo respirando (Is 59.2). 
A partir de então, o ser humano, criado para viver em liberdade e confiança diante do Criador, passou a se esconder d'Ele como se isso fosse possível. Em vez de se tornarem conhecedores do bem e do mal, como prometera a serpente, adquiriram apenas a consciência de que estavam nus (Gn 3.10, 22; cf. Tópico 2.3). 
 
1.2. Distorção da liberdade e da obediência  
 No Jardim, agir de modo independente e obedecer não eram forças em oposição. A liberdade não era um campo sem cerca, mas um espaço onde o amor podia escolher permanecer. O cumprimento dos desígnios divinos não era sinônimo de submissão cega, mas um gesto de entrega, nascido do pleno conhecimento de quem DEUS é. 
Mas, quando o Homem decidiu seguir sozinho, sem dar ouvidos à voz do Altíssimo, sua suposta autonomia converteu-se em desorientação. A vontade, agora ferida, passou a oscilar entre o desejo e a dúvida, entre o orgulho e o temor. A obediência deixou de ser leve e passou a pesar como fardo. 
 
OBSERVAÇÃO1
 
Paulo confessou: [...] Tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo [...]. (Rm 7.18-NVI). Assim também nos descobrimos: enredados dentro daquilo que chamamos de autonomia. No entanto, desconectado do Sagrado, o livre-arbítrio torna-se um labirinto, uma armadilha. 
 
1.3. Expulsão do Éden - exclusão do propósito inicial   
 Como mencionado em lições anteriores, o Homem foi criado para viver em harmonia, sentido e propósito. Fora do Éden, passou a vaguear entre fragmentos de saudade e promessas que ardem no coração da narrativa bíblica. 
Sim, o ser humano foi afastado do santuário da Criação, mas, antes disso, havia se afastado de si mesmo e de DEUS. A porta se fechou, e com ela, o acesso à árvore da vida (Gn 3.24). A Terra que antes nutria passou a exigir esforço. O bem pareceu se esconder atrás de uma espada flamejante. 
A expulsão marca o fim da era da inocência e o início da espera - não apenas pelo retorno à casa da primeira aliança, mas pela restauração da comunhão perdida. 
 
2. AS CONSEQUÊNCIAS EXISTENCIAIS DO PECADO  
 A saída do Jardim não foi só um deslocamento geográfico foi uma fratura exposta nas entranhas do ser. A Queda não apenas separou o Homem de DEUS - também o expôs aos limites da existência. A morte tornou-se um fato; o sofrimento passou a moldar o caminho; e os vínculos, antes harmônicos, tornaram-se fonte de tensão. 
 
2.1. Morte física - o limite da existência  
 A advertência divina foi clara: Certamente morrerás. (Gn 2.17). Com a Queda, o primeiro casal perdeu o acesso à árvore da vida (Gn 3.22-24), e a mortalidade passou a moldar sua experiência (Gn 3.19; Rm 6.23). 
Para alguns teólogos, a morte física já fazia parte da Criação; para outros, foi consequência direta do pecado. Há ainda quem defenda que o que surgiu foi a consciência da finitude e uma mudança na forma de encarar o fim terreno que, antes, era visto como algo natural, apenas uma passagem de uma realidade para outra, mas que, após a desobediência, passou a ser percebido sob a ótica da dor, do sofrimento e da saudade. Mais do que o cessar das funções biológicas, instaurou-se um modo de existir marcado pela sombra do tempo (Gn 3.19). 
 
2.2. Sofrimento e frustração 
 Com o pecado, a vereda da vida perdeu a leveza do Jardim e ganhou o peso da desobediência. O desconforto passou a acompanhar o corpo (do nascimento à morte); o cansaço, a marcar os dias; e a frustração, a visitar até mesmo os momentos de conquista. Com dor darás à luz (Gn 3.16); com suor comerás o teu pão (Gn 3.19) -vaticínios que se cumprem nas angústias do nascimento, no trabalho que esgota e na Terra que nem sempre responde com seus frutos. 
 
2.2.1. Desejo desmedido e exaustão interior 
 Nem tudo o que se planta floresce; e o desejo, inquieto, não se satisfaz com o que é suficiente. Queremos mais, queremos tudo - e, ainda assim, mesmo quando temos, continuamos sentindo falta de algo. Parece não haver fronteiras para essa ânsia de preencher o que é, por natureza, incompleto. A busca por plenitude se choca com a realidade da finitude, e a alma sente o peso de um mundo que já não é como deveria ser. O sofrimento não veio apenas como punição, mas como sintoma de uma Criação ferida. 
 
2.3. Fragmentação interna e ruptura dos vínculos   
 
 
O pecado não afetou só o corpo e a ordem criada - ele também feriu o íntimo de cada indivíduo e comprometeu seus vínculos. Adão culpa Eva, Eva culpa a serpente (Gn 3.12-13), e o que antes era comunhão se converte em confronto. 
O olhar, que antes era de acolhimento, torna-se expressão de ataque e defesa. O gesto, que era de entrega, cede lugar à suspeita. A vergonha ocupa o lugar da transparência; e a culpa, silenciosa e densa, dilui a alma. 
A Queda feriu a confiança e plantou o medo entre os relacionamentos. As palavras se tornaram armas, e o amor, muitas vezes, um campo de disputa.
 
OBSERVAÇÃO2   
 
 
A voz que antes era familiar tornou-se motivo de medo (Gn 3.8-10). A presença que antes era descanso passou a causar culpa e vergonha. A Queda desfez o fio invisível que ligava o ser humano ao seu Criador - não por imposição d'Ele, mas por decisão nossa. 
 
2.3.1. Medo, culpa e vergonha: esconderijos da alma   
 
 
A primeira reação do Homem ao pecado foi cobrir-se e esconder-se (Gn 3.7-10). Nasceram ali a culpa e a vergonha - não como simples sentimentos, mas como sintomas de um identidade que se turvou. A vergonha afasta; a culpa oprime. Ambas nos fazem temer o olhar do outro e, sobretudo, o olhar do Pai. 
Essas feridas psicoespirituais se manifestam até hoje - no medo de errar, na necessidade de se justificar, na baixa autoestima disfarçada de controle. Muitos vivem sobrecarregados por um erro não confessado ou por falhas que já foram perdoadas, mas não foram compreendidas. 
DEUS não ignora a dor que carregamos. No Éden, Ele fez vestes para cobrir a nudez (Gn 3.21). E, ainda hoje, continua nos chamando para fora de nossas cavernas de medo, culpa e vergonha - para que passemos a viver à luz de CRISTO (Jo 8.12). 
 
3. AS CONSEQUÊNCIAS COLETIVAS E CÓSMICAS DO PECADO   
 Herdamos a inclinação ao mal, vivemos em um Universo sujeito à corrupção e carregamos no coração uma saudade do que fomos criados para ser. Contudo, no início do juízo, o Senhor plantou também a semente da redenção (Gn 3.15).
 
3.1. Homens e mulheres herdaram a inclinação ao mal   
 
 
Desde a Queda, pendemos ao egoísmo, à desobediência e ao desejo de autossuficiência. Muitas vezes, fazemos o que não queremos e deixamos de fazer o que sabemos ser certo (Rm 7.19). O pecado passou a habitar não só nossos atos, mas nossas intenções, escolhas e silêncios. 
Esse desajuste interior repercute no cotidiano coletivo. Vivemos cercados por avanços científicos e tecnológicos, mas inquietos. Há um mal-estar difuso - uma sensação de falta, um certo pesar com a existência, como se algo essencial estivesse fora de lugar. E está. O mundo caiu - e a humanidade também caiu com ele. 
Ainda assim, essa condição compartilhada não é sentença final, mas um convite à Graça. A deformação herdada pode ser vencida - não pela força humana, mas pela ação redentora de CRISTO, que nos chama a nascer de novo e a viver revestidos de sentido (Jo 3.3; 8.32). 
 
3.2. A Criação está sujeita à corrupção e aguarda a redenção  
 Não há dúvida: a Queda feriu toda a Criação. A Terra, que antes cooperava, agora resiste. O solo produz espinhos, o trabalho exige suor (Gn 3.17-19), e a natureza geme sob o peso de uma humanidade afastada do Criador que lhe deu origem, forma e alento (Rm 8.20-22). 
Esse gemido é mais que metáfora - é a linguagem de uma realidade que sabe não estar como deveria ser. Há beleza, mas também há dor. Há respiro, mas também há lamento. 
No entanto, o mundo e o que nele há não pranteia em desespero; antes, aguarda com confiança a manifestação dos filhos de DEUS (Rm 8.19) e a restauração do que há de vir. 
O Jardim ferido ainda será curado. O Autor da Vida não desistiu daquilo que fez com zelo e propósito. 
 
3.3. A Graça floresce entre nós  
 Mesmo no momento mais escuro da narrativa bíblica, a Graça não se calou. Ainda lá, no berço da Criação, o Pai vaticina que da descendência da mulher nasceria Aquele que esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3.15). Aquela foi a primeira promessa messiânica - o evangelho em forma embrionária, plantado no solo da agonia. 
Na Cruz, essa palavra germina em plenitude. Em JESUS, a serpente é vencida (Gn 3.15), o véu é rasgado (Mt 27.51; Hb 10.19-20) e o caminho de volta é reaberto (Jo 14.6; Hb 4.16). 
O Éden ainda não foi restaurado por completo, mas os passos do reencontro já se ouvem entre nós. O juízo não foi a última palavra. O amor, a misericórdia, sim. 
 
CONCLUSÃO     
 O pecado tem consequências extensas: rompe a comunhão com o Senhor, fere a alma, enfraquece o corpo, contamina as relações e atravessa toda a Criação. Onde havia harmonia, instalou-se tensão. Onde havia plenitude, nasceu o vazio. 
Mas, mesmo fechando os portões da primeira morada, DEUS não cerrou as janelas da alma, que nos permitem enxergar a Eternidade (Ec 3.11). Onde termina o capítulo da inocência, começa a história da redenção. 
No Éden, as lágrimas anunciam o início de um novo tempo - e, muitas vezes, é delas que nascem as primeiras orações (cf. Sl 6.6; 56.8). Ao longo das Escrituras, DEUS está presente na dor (cf. Sl 34.18; Is 43.2; Jo 11.35), revelando-se capaz de transformá-la em trilha de redenção. A trajetória humana foi marcada pela Queda, mas não está condenada a ela (Rm 5.12- 21; 1 Co 15.22). 
 
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO 
1. Quais foram as principais consequências da Queda para o ser humano e para a Criação? 
R.: A Queda rompeu a comunhão com DEUS, introduziu a morte e o sofrimento, desordenou os relacionamentos e sujeitou a Criação à corrupção.