Escrita Lição 3, Central Gospel, os dramas humanos e a graça
divina, 4Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV
Para me ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
4º Trimestre de 2023 - Restaurando a visão familiar
Comentaristas: Albertina Malafaia; Claudio Duarte; Elizete
Malafaia; Estevam Fernandes
https://youtu.be/VHCk5v6M-qA?si=l19wtWVZVcptwS96 Vídeo
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2023/10/escrita-licao-3-betel-o-verdadeiro.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2023/10/slides-licao-3-betel-o-verdadeiro.html
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
1 Samuel 1.9-11,17,18,20,22,26-28
9 - Então, Ana se levantou, depois que comeram e beberam em Siló
(...).
10 - Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou
abundantemente.
11 - E votou um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se
benignamente
atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da
tua
serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao
Senhor
o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não
passará
navalha.
17 - Então, respondeu Eli e disse: Vai em paz, e o DEUS de Israel
te conceda a
tua petição que lhe pediste.
18 - E disse ela: Ache a tua serva graça em teus olhos (...).
20 - E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e teve um
filho, e
chamou o seu nome Samuel, porque, dizia ela, o tenho pedido ao
Senhor.
22 - (...) Quando o menino for desmamado, então, o levarei, para
que apareça
perante o Senhor e lá fique para sempre.
26 - E disse ela: Ah! Meu senhor, viva a tua alma, meu senhor; eu
sou aquela
mulher que aqui esteve contigo, para orar ao Senhor.
27 - Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha
petição que
eu lhe tinha pedido.
28 - Pelo que também ao Senhor eu o entreguei, por todos os dias
que viver;
pois ao Senhor foi pedido. E ele adorou ali ao Senhor.
TEXTO ÁUREO
(...) Ana, por que choras? E por que não comes? E por
que está mal o teu coração? 1 Samuel 1.8
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira – 1 Samuel 1.1-7 Elcana e suas mulheres
3ª feira – Salmo 127.3-5 Os filhos são herança do Senhor
4ª feira – 1 Samuel 1.12-16 Uma mulher atribulada de espírito
5ª feira – Números 4.3; 8.24-26 Deveres levitas
6ª feira – 1 Samuel 1.23-25 Faze o que bem te parecer a teus olhos
Sábado – Números 30.10-15 Confirmação ou anulação de um voto
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
- saber que, mesmo quando a desventura bate à porta de nossa casa,
a graça divina manifesta-se misericordiosamente
- dentro dela, se nos dispusermos a recebê-la;
- entender que muitas pessoas sofrem em silêncio dentro de casa,
pois há muitos segredos guardados e inconfessados no seio da família; conhecer
as lições de Ana que podem ser aplicadas à nossa vida.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Abraão e Sara (Gn 11.29,30); Isaque e Rebeca (Gn 25.21); Jacó e
Raquel (Gn 29.28-31); Zacarias e Isabel (Lc 1.5-7); Elcana e Ana (1 Sm 1.4,5):
estes foram alguns casais que, no texto bíblico, experimentaram o drama da
infertilidade em algum tempo da vida. Pelo fato de a infertilidade ser um tema
sensível, busque tratá-lo com todo zelo, amor e acolhimento. Reforce, sempre
que possível, a ideia de que infecundidade não é sinônimo de indignidade ou
incapacidade. A fim de dar maior leveza à tratativa do tema, nesta lição serão
destacados tantos outros sonhos ocultos no seio das
famílias, os quais, de igual modo, precisam ser respeitados e, na
medida do possível, revelados e realizados. Quando buscamos a DEUS, podemos
receber das Suas mãos respostas, milagres, tratamento e regeneração. Estevam
Fernandes
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- ANA, ELCANA E SAMUEL
1.1. Segredos ocultos dentro de casa
2- AS LIÇÕES DE ANA
2.1. Nem sempre nossas necessidades serão
2.2. O coração tem suas próprias demandas
2.3. Precisamos assumir nossas dores e dar nome a Elas
2.4. Nossa fé antecipa a vitória em forma de voto
2.5. Às vezes, precisamos orar em silêncio
2.6. Precisamos de pessoas que nos ajudem a concretizar os
propósitos de DEUS em nossa vida
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SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO
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COMENTÁRIOS BEP – CPAD
1 Samuel 16
1.5 O SENHOR LHE TINHA CERRADO A
MADRE. A esterilidade de Ana é atribuída diretamente à ação divina. Deus não
lhe permitira ter filhos, a fim de prepará-la para o nascimento de Samuel. Da
mesma maneira, Deus pode, às vezes, permitir que tenhamos decepções ou então
conduzir-nos à situações em que nos sentimos inaptos ou inferiores, para que
assim Ele possa continuar a realizar a sua vontade em nossa vida. Devemos então
fazer conforme fez Ana levar diretamente ao Senhor as nossas circunstâncias e
nossas mágoas, e esperar nEle (vv. 10-19; ver Rm 8.28).
1.11 UM FILHO... AO SENHOR O DAREI.
Ana demonstrou sua dedicação ao Senhor, pela sua disposição de dedicar seu
filho à obra do Senhor. Os pais crentes de hoje também podem expressar sua
dedicação a Deus e à sua obra, dedicando seus filhos e filhas ao ministério ou
à obra missionária em outros países. Pais que apoiam, incentivam e oram por
seus filhos desfrutarão grandemente do favor de Deus.
1.11 SOBRE A SUA CABEÇA NÃO PASSARÁ
NAVALHA. Não cortar o cabelo fazia parte do voto de nazireado (ver Nm 6.5,14).
1.20 TEVE UM FILHO... SAMUEL. Embora
este livro, na sua maior parte, trate da transição, na história de Israel, do
período dos juízes para o da monarquia, seus oito primeiros caps. ocupam-se do
nascimento, infância e liderança profética de Samuel, o último juiz de Israel.
Esse profeta de Deus antecedeu a instituição do reino em Israel, cujo rei devia
permanecer submisso à Palavra de Deus e ao seu Espírito, manifestos em Samuel
(11.14-12.25). Através da Bíblia, o profeta, como representante de Deus em
Israel, tinha precedência sobre o rei e todos os demais cargos (cf. Ml 4.5,6; Lc 7.24-28).
1.28 AO SENHOR EU O ENTREGUEI. Ana
deve ser reconhecida como exemplo da mãe segundo a vontade de Deus. Desde o
primeiro momento em que desejou ter um filho, ela, decididamente e em oração, o
apresentava diante do Senhor (vv. 10-28). Ela considerava seu filho uma dádiva
graciosa da parte de Deus, e expressou sua intenção de cumprir seu voto,
entregando seu filho ao Senhor (vv. 11,24-28)
2.1 ENTÃO, OROU ANA. O cântico
profético de Ana exalta o cuidado providencial de Deus para com os que lhe são
fiéis (v. 9; cf. o cântico de Maria em Lc 1.46-55). Ana se regozijou, também,
na salvação do Senhor e na sua santidade, e porque somente Ele é Deus (v. 2).
Todos os crentes no Senhor Jesus Cristo devem nEle confiar quanto ao seu plano
para nossa vida. Tudo quanto Ele permitir que ocorra em nossa vida, devemos pôr
diante dEle em oração, tendo plena confiança de que nada poderá nos separar do
seu amor, e que, por fim, Ele fará resultar em bem tudo quanto ocorrer conosco
(Rm 8.28,31-39).
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Na Bíblia, o primeiro livro de Samuel apresenta-nos o ministério
do homem que dá o título ao livro. Ele é a figura mais destacada do Antigo
Testamento, após Moisés. Ele é o último dos juízes em Israel. “E julgou
Samuel todos os dias de sua vida a Israel” (I Samuel 7.15). É o último dos
juízes em Israel. É o primeiro dos profetas, após Moisés, para o seu
povo. “Crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas
palavras deixou cair em terra. Todo o Israel, Desde Dã até Berseba, conheceu
que Samuel estava confirmado como profeta do Senhor” (I Samuel 3.19,20).
Foi quem ungiu o primeiro e o segundo reis de Israel. “Tomou Samuel um
vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou e disse: Não te
ungiu, porventura, o Senhor por príncipe sobre a sua herança, o povo de
Israel?” (I Samuel 10.1 Saul).
Então,
Samuel tomou o vaso do azeite e ungiu-o no meio dos seus irmãos; e, desde
aquele dia em diante, o Espírito do Senhor se
apoderou de Davi. Então, Samuel se levantou e se tornou a Ramá. (1
Samuel 16.13 Davi).
Samuel viveu vida reta diante do Senhor e do seu povo, fato que
lhe deu autoridade ao dialogar publicamente com todo Israel. No final da sua
vida ele falou ao povo:
“Agora, pois, eis que tendes o rei à vossa frente. Já envelheci e
estou cheio de cãs, e meus filhos estão convosco; o meu procedimento esteve
diante de vós desde a minha mocidade até o dia de hoje. Eis-me aqui,
testemunhai contra mim perante o Senhor e perante o seu ungido: de quem tomei o
boi? De quem tomei o jumento? A quem defraudei? A quem oprimi? E das mãos de
quem aceitei suborno para encobrir com ele os meus olhos? E vo-lo restituirei.
Então, responderam: Em nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste
cousa alguma das mãos de ninguém. Então, responderam: Em nada nos defraudaste.
Mem nos oprimiste, nem tomaste coisa alguma das mãos de ninguém (I Samuel
12.2-4).
Quando Samuel nasceu, cerca de mil e cem anos antes de CRISTO, a
nação de Israel encontrava-se em plena decadência moral e espiritual, ao ponto
de ser feita, pelo autor do livro de Juízes, a declaração de
que: “Naqueles dias, não havia rei em Israel: cada um fazia o que achava
mais reto” (Juízes 21.25). Nem mesmo a classe sacerdotal escapava da
decadência, pois os filhos de Eli, que eram sacerdotes junto com o pai,
oficiantes no santuário, e que desempenhavam também as funções de juízes, eram
homens desonestos, e imorais “e não se importavam com o Senhor” (I
Samuel 2.12.22), dando mau exemplo para o povo. Não havia forte influência
profética como nos dias de Moisés e Josué. “Naqueles dias a palavra do
senhor era mui rara; as visões não eram frequentes” (I Samuel 3.1).
Se perguntarmos “como encontrar um homem que possa salvar esta
nação?”, teremos uma só resposta. É o ESPÍRITO SANTO que nos responde ao
colocar no texto bíblico a história de Ana, a mãe que está continuamente diante
te DEUS orando, pedindo-lhe por um filho. Ana é um exemplo do que pode uma
pessoa alcançar com a oração da fé. Na verdade ela pede um filho para si, mas
DEUS respondeu dando um filho para ela e um restaurador para Israel. Este fato
comprova o que o apóstolo escreveu: “Aquele que não poupou a seu próprio
Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura não nos dará com ele todas
as cousas” (Romanos 8.32). DEUS é extremamente generoso, e dele JESUS disse: “Aquele
que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura
não nos dará graciosamente com ele todas as cousas? (Romanos 8.32). DEUS é
extremamente generoso, e dele JESUS disse: “Ora, se vós, que sois maus,
sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quando mais vosso Pai, que está nos
céus, dará boas cousas ao que lhe pedirem?” (Mateus 7.11). Se Ana não
cresce no poder de DEUS para responder sua oração, certamente Israel não teria
o líder de que necessitava, para aquele momento histórico. Aqui, podemos
formular um princípio: Uma mãe que ora por um filho só pode gerar um homem
de oração . Samuel foi esse homem.
Ana mostra que pela oração é possível ter a solução para problemas
ou necessidades que, aos nossos olhos, por nós mesmos, seria impossível
alcançar. Quanto benefício podemos realizar quando nos aproximamos do Pai
Celeste em intercessão! E quanto amor fluirá de nós, espalhando-se ao nosso
derredor, se estivermos em maior comunhão com o Senhor de nossas
vidas! “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e me
buscar… então eu ouvirei dos céus… Estarão abertos os meus olhos e atentos os
meus ouvidos, à oração que se fizer neste lugar” (II Crônicas 7.14-15).
Oração, amor e boas obras devem caminhar juntos ao longo de nossa vida em
CRISTO. Ana fez um voto de entregar a DEUS o filho que estava Lhe pedindo.
Ana, nome que significa “graça”, era esposa de Elcana, que
pertencia à tribo sacerdotal de Levi, e que, dentro dessa tribo, era membro do
clã dos coatitas (descendentes de Coate, homem a quem DEUS dera, nos dias da
peregrinação no deserto, o especial encargo de, juntamente com sua família, de,
transportar a arca, móveis e utensílios do santuário do Tabernáculo nas
ocasiões em que o povo se transferisse de um acampamento para outro (Números
3.29-31). Pelo motivo de Ana ser estéril, Elcana tomou uma segunda esposa,
chamada Penina (“pérola”) – Notemos que Gênesis 2.24 mostra que DEUS, ao criar
o homem, criou uma só mulher para formar com o homem a unidade do matrimônio.
Mas, a lei Deuteronômica, vinda mais tarde pela mão dos sacerdotes, visando
solucionar problemas presentes entre o povo, permitiu um segundo casamento,
caso a primeira esposa fosse estéril. Lembremos que a procriação era vista em
Israel como uma bênção especial de DEUS para a mulher; a falta de filhos era
como uma maldição (Deuteronômio 21.15-17). Certamente foi esse o motivo que
levou os sacerdotes a formularem esta possibilidade. Mas, nós, hoje, devemos
lembrar a palavra de JESUS: “entretanto não foi assim desde o
princípio” (Mateus 19.8).
Ana era
frequentemente perturbada pela zombaria vinda da sua rival, que era fecunda.
Assim, ela sofria esta situação de esterilidade. Embora tivesse o consolo do
seu esposo, de quem sempre ouvia a expressão: “Não te sou melhor do que
dez filhos?” (I Samuel 1.8).
⁶ E a sua rival excessivamente a provocava, para a irritar; porque o Senhor lhe
tinha cerrado a madre. ⁷ E assim fazia ele de ano em ano. Sempre que Ana
subia à casa do Senhor, a outra a irritava; por isso chorava, e não
comia. 1 Samuel 1:6,7
Ana sofria por não poder dar ao seu esposo um filho, pois na falta de um
descendente o nome da família se perderia. Como toda a israelita piedosa,
ela também sabia que, sendo estéril, perderia a oportunidade de ser a escolhida
por DEUS para ser a mãe do esperado Messias. Mas Ana tinha seus olhos voltados
para o Alto. Ela sabia que se pedisse ao Senhor isto lhe seria dado, se
buscasse encontraria, se batesse lhe seria aberto. E amava o Senhor, que
poderia fazer isso em seu favor. Confiava nele como o único que poderia
socorrê-la e consolá-la.
Como uma família israelita, fiel às suas tradições religiosas,
eles peregrinavam a Siló por ocasião das festas anuais. Nestas ocasiões, em
especial, sua rixosa e provocadora rival desdenhava ainda mais de Ana. Em lugar
de desesperar- se, Ana apressou-se em buscar socorro na presença do Senhor. Foi
ao tabernáculo e “com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou
abundantemente” (I Samuel 1.10). Que imensa riqueza há em sabermos que,
mesmo as circunstâncias externas desfavoráveis. a perseverança nos levará a
alcançar o que buscamos!
Momentos com este em que Ana se encontrava são propícios para o
ESPÍRITO de DEUS agir em nós. Como ele quer nos levar à maturidade espiritual!
Ele usará estes momentos para trabalhar em nós. É a hora para limpar do nosso
coração as amarguras e pesares; de colocar o ego fora do centro do nosso ser e
em seu lugar entronizar o único que sempre deveria aí estar. É o momento de
sermos levados pelo ESPÍRITO a lançar fora muitas coisas que precisam deixar de
ocupar lugar em nossa mente; hora de fazer aflorar tudo que estava oculto, lá
no íntimo, ferindo, agitando e machucando a alma, e então desfazermo-nos disso
para sempre. É a hora em que DEUS trata com o nosso orgulho, leva-nos abrir mão
de lutarmos por nossos direitos, fazendo com que nos rendamos inteiramente a
ele. Assim estaremos prontos para, também, desfazermo-nos dos ressentimentos e
deixarmos aflorar a disposição de perdoar os que nos magoaram e deixar-nos inundar
com o amor daquele que é Amor.
Ana e tantos outros passaram por essa situação de “em agonia
de alma” e souberam usar o recurso sempre presente da oração, encontrando
guarida nos braços do bom Pai. Ana, agora, não amarra ainda mais as cargas em
seus ombros; orando, as lança sobre aquele que pode tomá-las e levá-las para
longe dali! Alguém disse que Ana suspirava por um filho assim como o poeta
suspira por seus versos! Mas nesse suspiro ela é humilde, isto é demonstrado
pela repetição que ela faz da palavra “serva”. Ela sabe colocar-se
inteiramente submissa e dependente do Senhor.
Também Ana conhece a força do perseverar na oração. Aí está ela,
prostrada, clamando ao Senhor, reconhecendo que só poderá colher o fruto que
almeja através de uma vida inteiramente rendida. Em sua humildade, sabe que ela
não é nada, mas que aquele a quem ora pode fazer muito mais do que aquilo que
ela pede. Sabe que a oração autêntica é aquela que parte de um coração que fala
diretamente ao coração do Pai.
A oração de Ana (parte II)
Depois das muitas lágrimas e da fervente oração, ocorre a Ana
fazer um ato extremamente ousado, um voto ao Senhor: “Senhor dos
Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te
lembrares, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres um filho varão, ao
Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará
navalha” (I Samuel 1.11).
Usando um elemento importante a quem ora, foi específica: pede um
filho varão! Assim deve ser toda petição, bem clara, bem definida. DEUS não é
DEUS de generalidades, ele espera que o pedido feito seja exatamente aquilo que
queremos alcançar. A estéril quer um filho! É exatamente isso que ela está
pedindo! Ela quer ser contada com as mulheres abençoadas com a graça da maternidade.
Mas Ana vai mais além, pede um filho para dedicá-lo totalmente ao
Senhor. E isso seria “por todo os dias de sua vida”. Por nascimento o
menino seria um levita, mas pelo voto de Ana ele seria mais do que isso, seria
um nazireu. (Nota: O voto de nazireu é uma especial consagração a DEUS que
alguém faz espontaneamente. Isso lhe exigirá abstenção de vinho ou bebida
alcoólica, não podia comer uva fresca ou seca; não cortaria o cabelo e se
preservaria da contaminação cerimonial, como não tocar em um cadáver. Isso
durante um período que determinasse, ou por toda a vida). Ana
determinara: “por todos os dias de sua vida”. Segundo Números
30.10-12, Elcana, seu marido, poderia anular este voto. Mas ele não contrariou
o que a sua esposa consagrara. Ele a amava e sabia o valor de decisões tomadas
por uma pessoa inteiramente temente a DEUS.
Ana mostra-se perseverante: “demorando-se ela no orar perante
o Senhor” (I Samuel 1.12). Esta também é uma advertência apostólica sobre
a oração que devemos acatar: “não se interrompam as vossas
orações” (I Pedro 3.7), “na oração, perseverantes” (Romanos
12.12). Se nós queremos receber o “amém” de DEUS à nossa súplica, é diante dele
que devemos permanecer. Se DEUS tem tempo para nós, muito mais nós devemos ter
tempo para ele. Lembremos da declaração de Lutero: “Se o meu trabalho se
avoluma, redobro meu tempo de oração”!
Concluído o voto, tudo passa a ser calmo na alma de Ana. Sempre
que o problema é deixado nas mãos do Senhor, segue-se a bonança do
Espírito! “Porquanto Ana só no coração falava; seus lábios se moviam,
porém não se lhe ouvia voz nenhuma” (Samuel 1.13). A certeza de ser ouvida
pelo Pai dispensa qualquer outra palavra! Assentado junto ao pilar do lugar
dedicado ao culto ao Senhor, estava Eli, o sacerdote. Dali ele via Ana e
observava a maneira estranha como ela orava. Imagina que ela está embriagada e,
ao dirigir-se a ela, pergunta: “Até quando estarás tu embriagada? Aparta
de ti esse vinho”. Ah! Quantas ocasiões a embriaguez com o ESPÍRITO SANTO
tem levado as pessoas a pensarem da forma como o sacerdote o fez. No dia de
Pentecostes, em Jerusalém, alguns pensaram, também, dessa mesma forma.
Interessante o que ocorreu com Ana: um pouco antes, seu esposo a advertiu para
comer e beber, agora o sacerdote a repreende-a como se ela tivesse bebido até
embriagar-se. O choro de quem quer um filho a qualquer preço não pode mesmo ser
um choro qualquer.
A resposta de Ana ao sacerdote é a mais significativa que
encontramos nesta parte do texto: “venho derramando a minha alma perante o
Senhor” (I Samuel 1.15). Quantas vezes temos feito isso? O salmista
aconselha que assim façamos: “confiai nele em todo o tempo; derramai
perante ele o vosso coração; DEUS é o nosso refúgio! (Salmo 62.8).A
palavra do sacerdote dirigida a Ana: ”Vai-te em paz”, soa-lhe como uma
bênção, pois é pronunciada por aquele que é a sua autoridade espiritual. Ana se
retira sabendo que a sua súplica foi ouvida. O texto assim atesta: “e o
seu semblante já não era triste” (i Samuel 1.18).
A apropriação do fato que DEUS responderá à oração feita é um
elemento importante, pois com ela declaramos nossa total confiança naquele a
quem pedimos –“De fato, sem fé é impossível agradar a DEUS, porquanto é
necessário que aquele que se aproxima de DEUS creia que ele existe e que se torna
galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6). Ana sabia perfeitamente
que “muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tiago
5.16).Agora Ana pode se alimentar: “Assim, a mulher se foi pelo seu
caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste” (I Samuel 1.18).
Abster-se de alimento é próprio par um período de busca dos recursos de DEUS. O
filho de Ana, Samuel, em seu ofício de Juiz, conclamou o povo, antes da batalha
com os filisteus, a reunir-se para jejuar e orar buscando o auxílio de DEUS ((I
Samuel 7.6). Ele sabia usar esse recurso. Depois do tempo de tristeza e jejum,
Ana podia comer, pois após toda a vitória vem a hora da alegria. E, em geral, o
alimento sempre acompanha os momentos de prazer! Antes de retornarem à sua
cidade, Ana e Elcana não deixaram de fazer o que sempre deve seguir a uma
resposta de DEUS – “e adoraram perante o Senhor” (I Samuel 1.19). É
muito comum orar ao Senhor, ter a resposta e não se ter o devido
reconhecimento. É fácil pedir, o difícil e demonstrar gratidão! É fácil receber
a doação e esquecer o doador!
Expressivo é o texto ao dizer: “Elcana coabitou com Ana, sua
mulher, e, lembrando-se dela o Senhor, ela concebeu e passando o devido tempo,
teve um filho” (I Samuel 1.19,20). Eis um leito sem mácula, pois não só estavam
cumprindo um mandamento de DEUS, mas, não esqueceram de fazê-lo, lembrando-se
de DEUS como o único que é doador da vida, e que cumpre suas promessas. Eles
foram apenas colaboradores de DEUS nesse novo ato de criação de um novo ser.
Ana é excepcional! Nascida a criança, ela remete seu pensamento a
DEUS: “do Senhor o pedi”, o que equivale a dizer: “a misericordiosa
bondade do Senhor respondeu a minha prece”. Isto é reconhecimento! Isto é
gratidão! O texto de Eclesiastes ensina: “Quando a DEUS fizeres algum voto, não
tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes.
Melhor é que não votes do que votes e não cumpras” (Eclesiastes 5.4,5).
Ana podia ter raciocinado: “este foi um voto precipitado, minhas emoções
estavam descontroladas”, até mesmo podia pedir para o seu marido anulá-lo, mas
não o fez. Ana esperou desmamar o menino, preparando-o para a nova vida que
teria junto ao sacerdote Eli. Como mãe temente a DEUS, certamente incutiu nele
o conhecimento de DEUS e as obrigações que teria no tabernáculo.
No tempo apropriado, pai mãe e filho sobem a Silo (a cidade de
Arimatéia do Novo Testamento). Cumpriram a Lei cerimonial: “imolaram o novilho
e cumpriram a promessa – “trouxeram o menino a Eli” (I Samuel 1.25).
Dedicaram o menino ao Senhor. É bom notar a palavra “dedicar”, empregada aqui,
no original quer dizer literalmente “entregar”. Podemos lembrar o voto de
Ana: “Ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida” (I Samuel
1.11). Ela cumpriu integralmente o voto feito: deixou o menino entregue ao
sacerdote.
Naquela entrega, Elcana e Ana, em Silo, achavam-se como José e
Maria, em Jerusalém, em frente a um sacerdote, consagrando seu menino ao Senhor
(consagrar é tornar sagrado, separado, santificado para DEUS). Esse é um ato
que todo casal deveria fazer com sincera alegria, entregar o filho para
pertencer inteiramente ao Senhor que, com alto preço, o comprou para ele.
Ana não esquece de relembrar ao sacerdote que era por este menino
que orava um dia ao Senhor ali no tabernáculo – “o Senhor me concedeu a
petição que eu lhe fizera’’ (I Samuel 1.27). Ana, com isso, fez algo que
sempre deveria ocorrer ao termos nossa petição respondida: dar testemunho do
fato. Como é bom ler a declaração que segue no texto: “E eles adoraram ali
o Senhor” (I Samuel 1.28).
Neste cântico de Ana podemos apreciar seu júbilo e a exaltação que
faz ao Senhor. Ela não esquecia seu dever de em tudo dar graças. O texto diz
que ao orar, no dia em que fez o voto só o seu coração falava, não tinha mais
palavras, elas lhe saiam junto com o choro e gemidos como os do ESPÍRITO SANTO
em nossa oração. Mas agora explodem as palavras numa sequência ininterrupta de
glorificação à pessoa e aos atos de DEUS. Ana revela no cântico uma notável
percepção da sabedoria que há na providência de DEUS. Celebra a santidade, o
conhecimento, o poder e o juízo do Senhor (I Samuel 2.2,3,810).
Como Isabel e Maria, Ana celebra a alegria da maternidade. Algumas
pessoas vêem uma semelhança entre o “”Magnificat” de Maria (Lucas 1.46-55) e
este “Exultavit” de Ana. Se há semelhança é porque ambas celebram o mesmo fato
e ambas possuíam o mesmo ESPÍRITO que as inspirava. Ambas tinham perfeito
conhecimento do amor de DEUS que as envolveu, e foram gratas a ele.
Há um detalhe a ser notado neste cântico, Ana exalta o Rei
– “o Senhor dá força ao rei e exalta o poder do seu ungido” (I Samuel
2.10). Muitos perguntam como pode ser isso, se ainda não havia rei em Israel? É
que o cântico de Ana também tem esta expressão profética: ela apresenta o que
DEUS realizará com o Messias, o Rei esperado de Israel. Ela canta a força e o
poder daquele que um dia virá. Ana antevia e profetizava a vinda do Senhor
JESUS!
Ana também tinha experiência do que cantou: “Ele guarda os pés dos
seus santos” (I Samuel 2.9). Biblicamente “santos” são aqueles que se
separam para o Senhor. Ela pertencia a essa categoria e sabia que os seus pés
foram guardados para que andasse nas veredas do Senhor em meio a tantos
dissabores, incompreensão e falta de amor dos outros para com ela na sua
situação de estéril. Agora pode exaltar com júbilo: “até a estéril tem
sete filhos” (I Samuel 2.5), reconhecendo que tudo é obra do Senhor. Após
o texto nos leva dos altos píncaros do louvor de tão inspirado cântico, ele vai
nos fazer descer à escuridão moral em que atuavam os filhos do sacerdote Eli. É
trágico o que lemos sobre eles (I Samuel 2.12-17 e 22). Eles eram homens tão
perto da igreja e tão longe do Senhor da igreja. O texto afirma: “Não se
importavam com o Senhor” (I Samuel 2.12). Homens do altar e displicentes
com o Senhor do altar. Uma outra tradução desse mesmo texto diz: “não
conheceram o Senhor”. Quão trágico é ser religioso e não conhecer o Senhor da
fé! Quão pobre é aquele que está, todos os dias, diante do altar e não sabe
estar aí em contínua vida de oração ao Senhor!
As vitórias na vida de Samuel partem das orações de sua mãe e das
que ele fez abundantemente; enquanto as derrotas dos sacerdotes, filhos do
sacerdotes, foram causadas pela falta de dedicação em estar na presença do
Senhor em oração.
Imagino com que preocupação em seu coração Ana deixou o menino
Samuel com o sacerdote. Que formação daria ao seu filho aquele que não soube
educar os seus? Mas Ana não olha para Eli, entrega-lhe Samuel porque é a ele
que tem de fazer, mas seus olhos estão naquele de quem falou em seu
cântico: “porque o Senhor é o DEUS da sabedoria e pesa todos os feitos na
balança… ele guarda os pés dos seus santos” ( I Samuel 2.3,9).
Ela sabia que seu filho conhecera o Senhor através de tudo o que
lhe ensinara. Esperava, entretanto, que ele pudesse ter a experiência pessoal
com o Pai Celestial. Então ele saberá ouvir quando o Senhor lhe falar. Mas,
certamente Ana redobrou suas orações em favor do “menino que ficou
servindo ao Senhor” (I Samuel 2.11).
A mãe que à distância orava era a mãe que tecia as túnicas para o
seu Filho e as trazia quando vinha fazer os sacrifícios anuais. Podemos vê-la
sorridente, vendo o menino com sua pequena túnica e estola sacerdotal,
compenetrado, oficiando junto ao sacerdote. “Samuel ministrava perante o
Senhor, sendo ainda menino, vestido de uma estola sacerdotal de linho” (I
Samuel 2.18).“Mas o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do Senhor e dos
homens” (I Samuel 2.26). Eis o resultado de uma piedosa senhora estéril
que não se deixou abater pelas circunstâncias e nos dá o mais claro exemplo de
que se pode alcançar com uma vida de oração.
Cremos que o ESPÍRITO SANTO colocou nas Escrituras a pessoa de Ana
com um objetivo grandemente didático. JESUS disse que uma das funções do
ESPÍRITO SANTO é: “esse (o ESPÍRITO SANTO) vos ensinará todas as
coisas” (João 14.26). Aprendamos com ele a ter a riqueza de uma vida de
oração e os serviços que, intercedendo, podemos prestar ao nosso próximo”. Amém!
Escrito por: Erasmo Ungaretti – Janeiro de 1976
Pastor na comunidade de discípulos em Porto Alegre.
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1 SAMUEL - Comentário - NVI (FFBruce)
I. ELI E SAMUEL (1.1—4.1A)
1) O nascimento e a consagração
de Samuel (1.1—2.11)
a) Elcana e sua família (1.1-8)
v. 1. Elcana, um efraimita piedoso,
ia anualmente adorar em Siló onde Eli e seus filhos ministravam no santuário. A
harmonia da sua vida familiar era perturbada pela rivalidade entre as duas
esposas, a estéril Ana, que era a preferida dele, e Penina, que
tinha filhos. Hertzberg (p. 66) comenta: “A história dos primórdios
dos reis começa com todas as características exteriores de uma composição
pastoril. Não lembra, contudo, o conto popular com personagens anônimas,
visto que nos relata os nomes de todos os envolvidos”. Os ancestrais de Elcana
são apresentados remontando ao seu bisavô; “efrateu” (ARC) significa efraimita,
descendente de
Efraim, embora lCr 6.33ss sugira que
a família tinha uma origem levita. Zufe originou o nome não somente dos
zufitas, mas também do “distrito de Zufe” (1Sm 9.5). Ramataim é a
forma dual de Ramá, “o alto”; diversos lugares recebem esse nome; Jz 4.5
menciona um “nos montes de Efraim”.
v. 2,3. Elcana tem duas esposas; a poligamia
não era proibida, mas sempre resultava em discórdias domésticas, especialmente
se uma mulher não tinha filhos. O lugar da peregrinação anual da família
era Silá, entre Betei e Siquém. Embora Siquém e Mispá fossem mais
próximas, Elcana certamente o escolheu em virtude da presença da arca.
Em Siló, Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli, eram sacerdotes do
Senhor (v. 3).
v. 4-7a. Quando Elcana apresentava o
seu sacrifício, parece que as mulheres recebiam porções da refeição
sacrificial, ocasião em que Penina escarnecia de Ana por esta não ter
filhos. v. 5. porção dupla-, uma locução cujo significado exato tem causado
muitas discussões. Ana é evidentemente a preferida, e mesmo assim ela
recebe apenas uma porção, de acordo com a LXX e outras versões. A
ARC resolve a aparente contradição ao dizer: “parte excelente”; a NVI traz
“porção dupla”, como já citado; mas não há fundamentação para essa
versão, com exceção de uma tradição rabínica antiga. S. R. Driver (Notes, p.
7ss) analisa diversas possibilidades e decide a favor da solução do AT
grego de acrescentar a conjunção “embora”, “não obstante”,
para destacar o contraste entre as duas afirmações. A BJ traz “porém
a Ana, embora a amasse mais...” com uma nota de rodapé: “ ‘embora’, grego;
hebraico corrompido”. D. F. Payne (.NEC, 3. ed., ad loc.) sugere que
Penina recebia a porção maior porque Ana “não tem bocas a não ser a sua para
alimentar”, v. 7a. “A ferida de Ana era reaberta anualmente na ocasião da
refeição sacrificial em Siló” (McKane, p. 33). v. 7b. e ela [.Ana] chorava
e não comia-, o tempo verbal aqui, diz Driver, sugere que a história
está passando do que acontecia todos os anos para o que aconteceu em um
ano específico. Ana expressa a sua angústia e tristeza, e Elcana tenta
confortá-la.
b) A oração de Ana por um filho
é respondida (1.9—2.11)
v. 9-11. Ana foi ao templo para
derramar o seu coração diante do Senhor, quando terminou de comer. Hertzberg
(p. 25) diz que o texto aqui é incerto e sugere que ele implica que
Ana não conseguia comer em virtude de sua aflição. O sacerdote Eli é
mencionado, como no v. 3, sem apresentações; alguns estudiosos acham que
ele foi apresentado num texto que está faltando atualmente, mas outras
personagens aparecem no AT sem serem formalmente apresentadas, como
Elias. santuário do Senhor-, evidentemente uma estrutura mais sólida
do que uma tenda ou tabernáculo; tinha um “pilar” (v. 9; ARA)
e “portas” (3.15); nos v. 7,24, é chamada casa do Senhor. Acima de
tudo, era o santuário em que estava depositada a arca da aliança. O
templo de Jerusalém obviamente só foi construído bem mais tarde.
v. 12-18. Enquanto orava, Ana era
observada por Eli da sua cadeira na entrada do santuário. Ele definiu a
intensidade das emoções dela a partir da sua oração silenciosa,
mas diagnosticou embriaguez. Negando a acusação dele, ela lhe contou das
suas aflições e do seu voto de dedicar a criança que estava pedindo ao
Senhor, ao serviço do santuário: “Não era possível renúncia
maior”(Mauchline, p.
47). Eli falou palavras de conforto
e encorajamento, e ela partiu muito mais feliz.
v. 19,20. Com o coração cheio de
adoração e confiança de que a sua oração seria respondida, eles voltaram.
Quando, no devido tempo nasceu o filho, deu-lhe o nome de Samuel, dizendo:
Eu o pedi ao Senhor (v. 20). A etimologia do nome é incerta (pode
significar “nome de Deus” ou, possivelmente “ouvida por Deus”), mas, como
diz S. R. Driver (Notes, p. 16), “o nome Smffêl trazia à mente do
autor a palavra sã’ül, “pedido”, embora não fosse de forma alguma derivado
dela.
v. 21-28. Elcana foi sozinho à festa
seguinte em Siló, pois Ana ficou em casa até que a criança fosse desmamada, o
que sem dúvida foi devidamente celebrado (cf. Gn 21.8). Os três então
fizeram a viagem com ofertas de um novilho, farinha e vinho. v. 24. novilho
de três anos: a ARC e a ARF trazem “três bezerros”, seguindo o TM; a NVI e
a NTLH seguem o grego (cf. os MSS de Cunrã). As duas versões são
possíveis; a NVI e a NTLH são mais prováveis. A criança foi entregue à
custódia de Eli.
2.1-11. O cântico de gratidão
e adoração de Ana é importante tanto por Sl só quanto por ser uma
prefiguração do cântico de Maria em Lc 1.46-55. Como Mauchline (p. 50)
observa: “Poucos comentários são necessários acerca do texto ou do
significado desse salmo”.
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É a forma grega do nome que significa “graça”. Ana, a profetisa já
idosa, que estava presente na apresentação e consagração do menino Jesus a Deus
Pai, era filha de Fanuel, um descendente de Aser (Lc 2.36- 38). Supõe-se que
Ana tenha vivido de 84 a 105 anos. Ela tinha sido casada durante sete anos,
depois dos quais tinha sido viúva, seja durante 84 anos, seja até o seu 84“ ano
de vida. É impossível pensar que ela morasse no Templo, porque ninguém vivia
ali permanentemente , mas sim que ela estivesse constantemente no Templo. O relato de Lucas sugere que Ana
era uma das remanescentes devotas que aguardavam com ansiedade o Messias de
Israel. Dicionário Bíblico Wycliffe
Somente uma mulher com esse nome aparece na Bíblia, embora “Ana”
(seu equivalente grego) seja o nome de outra mulher mencionada em Lucas 2,36.
Esse nome significa “graça” ou “benevolência".
A história de Ana, mãe de Samuel, é encontrada em 1 Samuel 1 e 2.
Ela era uma das duas esposas de Elcana, um levita da linhagem de Coate, que
vivia no Monte Efraim. Talvez pelo fato de Ana ter sido estéril, ele se casou
com uma segunda esposa chamada Penina, que lhe gerou filhos.
Ana era uma mulher de oração, de muita fé, e determinada. Ela
suplicou que Deus lhe desse um filho, e prometeu que, se Ele o fizesse, ela o
daria ao Senhor. E assim fez quando Samuel nasceu; levou-o ao Tabernáculo ainda
pequeno, e deixou-o aos cuidados de Eli, o sumo sacerdote. Mais tarde, ela se
tomou a mãe demais cinco filhos (I Sm 2.21). A oração profética de Ana (1 Sm
2.1-10) revela grande maturidade e visão espiritual. Ela era cheia de alegria e
reconhecia a santidade, o poder, a soberania e a graça de Deus. Falava do poder
sustentador do Senhor, e que Ele, algum dia, viria para “julgar as extremidades
da terra”. Além de tudo isto, parece que, embora vagamente, ela previu o
estabelecimento final do Ungido de Deus como Rei, uma profecia que começou a se
cumprir através de Davi, um século mais tarde (1 Sm 2.10; cf. Sl 18.50; 89.19-37).
J. A. S. Dicionário Bíblico Wycliffe
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1 Samuel 1:1-8 - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
A Aflição de Ana
Temos aqui um relato da situação da família na qual Samuel, o
profeta, nasceu. O nome de seu pai era Elcana, um levita, da família dos
coatitas (a casa mais honrável dessa tribo) como lemos em 1 Crônicas 6.33,34.
Seu predecessor, Zufe, era efrateu, isto é, de Belém de Judá, que era chamada
de Efrata (Rt 4.1). Essa família de levitas, inicialmente, estabeleceu-se ali,
mas uma parte dela, ao cabo de dias, mudou-se para o monte Efraim, de onde
descendia Elcana. O levita que ficou na casa de Mica foi de Belém para a
montanha de Efraim (Jz 17.8). As famílias de ministros normalmente estão
acostumadas a mudar de lugar. Talvez o autor fizesse questão de registrar que
eles eram originariamente efrateus, para mostrar sua aliança com Davi. Esse
Elcana morou em Ramá, ou Ramataim, que significa a Ramá dupla, ou seja, a
cidade alta e a cidade baixa. O mesmo ocorre com Arimatéia, cidade natal de
José, aqui chamada de Ramataim-Zofim. Zofim significa atalaias; provavelmente,
havia uma escola de profetas ali, porque profetas são denominados de atalaias.
A paráfrase da versão dos Caldeus chama Elcana de discípulo dos profetas. Mas,
a mim parece que foi por meio de Samuel que a profecia reviveu, visto que antes
de seu tempo as visões manifestas não eram freqüentes (3.1). Também não
encontramos nenhuma menção de um profeta do Senhor desde Moisés até Samuel, com
exceção de Juízes 6.8. Por isso, não temos motivos para pensar que havia alguma
escola de profetas até que Samuel fundasse uma (19.19,20). Este é o relato da
linhagem de Samuel e do lugar do seu nascimento. O que o texto nos fala acerca
da situação de sua família?
I
Sua família era devota.
Todas as famílias de Israel deveriam ter o mesmo comportamento, principalmente
as famílias dos levitas. Elcana subiu para o Tabernáculo em Siló, para
participar das festas solenes e adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos.
Acredito que essa é a primeira vez nas Escrituras que Deus é chamado de SENHOR
dos Exércitos — Jehovah Sabaoth. Posteriormente, esse nome tornou-se bastante
comum. Provavelmente o profeta Samuel foi o primeiro a usar esse título de
Deus, para o consolo de Israel, numa época em que seus exércitos eram poucos e
fracos e dos inimigos muitos e poderosos. Seria um fato animador lembrar que o
Deus a que serviam era o Senhor dos Exércitos, de todos os exércitos, tanto dos
céus como da terra. Esse Senhor tem um comando soberano sobre eles e os usa
como bem lhe apraz. Elcana era levita do campo e, pelo que parece, não tinha
uma posição ou ofício que requeria sua assistência no Tabernáculo, mas ele
subiu como um israelita comum, com seus próprios sacrifícios, para encorajar
seus vizinhos e servir-lhes de exemplo. Quando sacrificava, adorava, e assim
unia orações e ações de graça com seus sacrifícios. Ele era constante e fiel
nas suas obrigações para com a religião, por isso, subia anualmente. O que
tornava a sua atitude ainda mais louvável era o seguinte:
1. Que havia uma decadência e negligência geral da religião na
nação. Alguns entre eles adoravam outros deuses, e a maioria era desleixada no
serviço ao Deus de Israel; mesmo assim, Elcana manteve sua integridade.
Independentemente do que os outros faziam, sua decisão era de que ele e sua
casa serviriam ao Senhor.
2. Que Hofni e Finéias, os filhos de Eli, eram os principais homens
encarregados no serviço da casa de Deus. Eles eram homens que se comportavam de
maneira muito perversa em suas posições, como veremos mais tarde; no entanto,
Elcana subiu para sacrificar. Deus, naquela época, tinha confinado seu povo a
um lugar e um altar, e proibido, independentemente do pretexto, de adorar em
outro lugar. Assim, em plena obediência a essa ordem, Elcana dirigia-se a Siló.
Se os sacerdotes não estavam cumprindo o dever deles, ele o cumpriria. Graças a
Deus, nós, debaixo do evangelho, não estamos amarrados a um único lugar ou
família; mas os pastores e mestres, os quais o Redentor exaltado deu à sua
igreja, tem como ministério o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo (Ef 4.11,12). Ninguém tem
domínio sobre a nossa fé. Mas nossa obrigação é para com aqueles que são os
auxiliares da nossa santidade e alegria. Não temos obrigação com as
imoralidades escandalosas deles, como as de Hofni e Finéias, que desprezavam a
oferta do Senhor, embora a validade e eficácia dos sacramentos não dependessem
da pureza daquele que as ministra.
II
No entanto, ela era uma família
dividida e as divisões dela redundavam em culpa e tristeza. É uma pena quando
existe piedade em família, mas não unidade. As consagrações em comum de uma
família deveriam colocar um fim nas divisões dela.
1. A causa originária dessa divisão era o fato de Elcana ter casado
com duas mulheres, que era uma transgressão da instituição original do
casamento, de acordo com o nosso Salvador (Mt 19.5,8): ao princípio, não foi
assim. Isso causou dano às famílias de Abraão e de Jacó, e aqui à de Elcana. A
lei de Deus proporciona conforto e bem-estar espiritual para nós neste mundo.
Sem ela, as coisas seriam muito mais complicadas. É provável que Elcana tivesse
se casado primeiramente com Ana e, visto que não podia ter filhos com ela,
casou-se com Penina, que lhe deu filhos, mas era, em outras coisas, um
aborrecimento para ele. Dessa forma, os homens são surrados com freqüência
pelas suas próprias varas.
2. A conseqüência desse erro era que as duas esposas não se
entendiam. Elas tinham bênçãos diferentes: Penina, semelhante a Lia, era
frutífera e tinha muitos filhos, que deveria tê-la tornado afável e grata,
embora fosse a segunda esposa e menos amada. Ana, semelhante a Raquel, era
estéril, mas era muito preciosa para o marido. Ele procurava deixar claro, em
todas as oportunidades, para ela e para os outros, de que ela era muito amada
por ele. Elcana muitas vezes lhe dava uma parte excelente, v. 5, e isso deveria
tê-la tornado afável e grata. Mas, elas tinham temperamentos diferentes: Penina
não suportava a bênção da fertilidade, e tornou-se arrogante e insolente. Ana
não suportava a aflição da esterilidade, e tornou-se melancólica e descontente.
E Elcana tinha a difícil missão de buscar a paz entre as duas.
(1) Elcana continuou subindo ao altar de Deus apesar dessa triste
diferença em sua família, e levava suas esposas e filhos com ele, para que, se
não pudessem viver em harmonia em outras coisas, pelo menos concordassem em
adorar a Deus juntos. Se as práticas devocionais de uma família não são
bem-sucedidas em acabar com suas divisões, não permita que essas divisões
acabem colocando um fim nas práticas devocionais.
(2) Ele fez tudo que estava ao seu alcance para encorajar Ana e
sustentar seu espírito diante de suas aflições, vv. 4,5. Na festa, ele ofereceu
ofertas pacíficas, para suplicar por paz em sua família; e quando ele e sua
família assentavam-se para comer sua parte do sacrifício, em memória da sua
comunhão com Deus e seu altar, embora separasse porções adequadas para Penina e
seus filhos, ele dava uma porção especial para Ana, o pedaço mais excelente da
mesa, o pedaço (independentemente de que parte do animal era) que, nessas
ocasiões, costumava-se dar àqueles que eram mais estimados. Isso ele fazia como
sinal do seu amor para ela, procurando dar todas as garantias possíveis desse
amor. Observe: [1] Elcana amava sua esposa, embora fosse estéril. Cristo ama
sua igreja, apesar de suas fraquezas e esterilidade; e da mesma forma os maridos
devem amar a sua esposa (Ef 5.25). Quando nosso amor por um membro da família
diminui por causa de uma fraqueza ou debilidade da qual ele não tem culpa,
estamos nos indispondo contra a providência divina e acrescentando aflição ao
aflito. [2] Ele procurou mostrar ainda mais o seu amor porque ela era afligida,
insultada e estava deprimida. É nosso dever apoiar os fracos e sustentar
aqueles que são perseguidos ou menosprezados. [3] Ele mostrou o seu grande amor
por ela pela porção especial que deu a ela de suas ofertas pacíficas.
Deveríamos do mesmo modo mostrar nosso carinho aos nossos amigos e parentes,
orando constantemente por eles. Quanto mais os amamos mais devemos orar por
eles.
(3) Penina era extremamente impertinente e provocadora. [1] Penina
censurava Ana com veemência por causa de sua aflição, desprezando-a por causa
de sua esterilidade e falava de maneira insultuosa com ela, como alguém que não
recebia nenhum favor dos céus. [2] Penina invejava o benefício que tinha do
amor de Elcana. Quanto mais benevolente ele era com Ana, mais Penina a
provocava, tornando-se desprezível e grosseira. [3] Penina aumentava o seu
ataque quando subiam à Casa do SENHOR, talvez porque então estavam mais tempo
juntos ou, porque, então a afeição de Elcana por ela se tornava mais evidente.
Mas Penina agia de forma pecaminosa ao mostrar sua maldade em momentos como
aqueles, quando mãos puras deveriam ser elevadas ao altar de Deus, sem ira e
queixas. Também foi muito insensível naquela época aborrecer Ana, não apenas
porque estavam juntas e os outros poderiam perceber essa importunação, mas esse
era um tempo em que Ana buscava concentrar-se nas suas devoções e desejava
estar calma e tranqüila e livre de perturbação. O grande adversário de nossa
pureza e paz é mais insistente em nos irritar em momentos em que buscamos estar
mais serenos e tranqüilos. Quando os filhos de Deus vêm para apresentar-se
perante o SENHOR, podemos estar certos de que Satanás também está entre eles (Jó
1.6). [4] Penina continuou perturbando o coração dela ano após ano, não uma ou
duas vezes, mas de forma constante. Nem a consideração do seu marido, nem a
compaixão por Ana, eram capazes de quebrar essa ação perversa. [5] Penina tinha
a intenção de atormentar e desgastar Ana, talvez com a esperança de quebrar o
seu coração, para que pudesse ficar sozinha com o coração do seu marido, ou
porque sentia prazer no desassossego de Ana. Parece que nada a gratificava mais
do que ver sua rival aflita. Observe: É uma evidência de uma disposição
degradante, deleitar-se em afligir aqueles que estão melancólicos e de espírito
pesaroso, ou indispor aqueles que estão inclinados a afligirem-se e ficar
incomodados. Devemos levar as cargas uns dos outros, não acrescentar a elas.
(4) Ana (pobre mulher) não suportava a provocação: Ela chorava e
não comia, v. 7. Ela ficava apreensiva e alarmava toda a sua parentela. Ela não
comeu durante a festa; sua preocupação tirou o seu apetite; isso a tornava
inadequada para uma boa companhia e se tornou um abalo na harmonia da família.
Era durante a solenidade do sacrifício que ela não comia, porque os israelitas
não deveriam comer das coisas sagradas na tristeza deles (Dt 26.14; Lv 10.19).
Sua tristeza era tão grande que era incapaz de experimentar a alegria santa em
Deus. As pessoas que apresentam um espírito aflito, e têm a tendência de dar
muita atenção a provocações, são inimigas de si mesmas e acabam privando-se do
bem-estar da vida e da piedade. Verificamos que Deus notou o efeito negativo
dos dissabores e das discordâncias no relacionamento conjugal, em que as partes
prejudicadas cobriam o altar do SENHOR de lágrimas [...] de sorte que ele não
olhava mais para a oferta (Ml 2.13).
(5) Elcana procurava confortar Ana de todas as formas. Ela não o
repreendeu pela sua insensibilidade ao casar com outra esposa, como ocorreu com
Sara. Ela também não retribuiu injúria por injúria, mas ficou com todo o
sofrimento para si própria, que a tornou objeto de profunda compaixão. Elcana mostrou-se
profundamente aflito com a aflição dela, v. 8: Ana, por que choras? [1] Ele
está profundamente inquieto ao vê-la tão subjugada pela tristeza. Aqueles que
se tornaram uma só carne por meio do casamento também devem se tornar um só
espírito para compartilhar as dificuldades um do outro, a ponto de um não estar
tranqüilo quando o outro está intranqüilo. [2] Ele a repreende de forma
amorosa: por que choras?[...] E por que está mal o teu coração? Deus nos
repreende porque nos ama; nós deveríamos fazer o mesmo. Ele busca saber a causa
da tristeza dela. Embora tivesse motivos para estar perturbada, ela precisa
considerar se deveria estar perturbada a esse ponto, especialmente a ponto de
deixar de comer das coisas sagradas. Observe: Nossa tristeza, por qualquer
razão, é pecaminosa e imoderada quando nos afasta do nosso dever em relação a
Deus e amarga nosso consolo nele, quando nos torna ingratos em relação às
misericórdias de que desfrutamos e receosos em relação à bondade de Deus por
nós em futuras misericórdias, quando lança desânimo sobre nossa alegria em
Cristo e nos impede de cumprir as nossas obrigações e desfrutar do consolo dos
nossos relacionamentos particulares. [3] Ele deixa claro que nada deveria
faltar de sua parte para equilibrar a aflição dela: “Não te sou eu melhor do
que dez filhos? Tu sabes que tens todo o meu amor. Que isso possa te servir de
consolo”. Observe: Precisamos estar atentos ao consolo que recebemos; isso nos
guardará de ficarmos excessivamente aflitos em relação às diversas cruzes que
precisamos carregar. Precisamos estar cientes de que merecemos os fardos que
carregamos, mas nossos consolos são resultado da graça de Deus. Se
mantivéssemos o equilíbrio disso, teríamos condições de observar aquilo que
está a nosso favor, bem como aquilo que é contra nós. Caso contrário, somos
injustos com a Providência e insensíveis conosco mesmos. Também Deus fez este
em oposição àquele (Ec 7.14), e nós deveríamos fazer o mesmo.
1 Samuel 1:9-18 - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Oração e Voto de Ana e Repreensão de Eli
Elcana tinha gentilmente repreendido Ana pela sua tristeza
exagerada. Observamos, então, o bom efeito dessa repreensão.
I
A repreensão de Elcana fez
com que Ana voltasse a comer. Ela comeu e bebeu, v. 9. Ela não ficou insensível
por causa de sua tristeza, nem ficou zangada quando foi repreendida; mas,
quando percebeu que seu esposo estava intranqüilo pelo fato de ela não ter
comido, ela animou o seu espírito tanto quanto era possível e veio à mesa.
Precisamos de grande abnegação para controlar nossas paixões, bem como nossos
apetites.
II
A repreensão de Elcana a
levou a orar. Isso a fez refletir: “Acaso tenho o direito de estar irada? Tenho
motivos para lamuriar? Que bem isso está trazendo ao meu coração? Em vez
permanecer com o fardo sob os ombros, será que não seria melhor aliviar-me dele
e lançá-lo sobre o Senhor por meio da oração?”. Elcana tinha dito: Não te sou
eu melhor do que dez filhos? Talvez isso a fizesse pensar: “Caso Elcana não
seja assim, estou certa de que Deus o é. Portanto, a Ele me dirigirei, diante
dele derramarei minha queixa e buscarei alívio nele”. Se ela desejasse se
aproximar do trono da graça de forma mais solene em relação à sua dificuldade,
esse era o momento. Eles estão em Siló, à porta do Tabernáculo, onde Deus tinha
prometido encontrar-se com seu povo, conhecida como a Casa de oração. Eles
tinham acabado de oferecer suas ofertas pacíficas, para obter o favor de Deus
como sinal de sua comunhão com Ele; e, diante do consolo de terem sido aceitos
por Ele, eles tinham celebrado durante o sacrifício. E agora tinha chegado o
momento de derramar suas orações, porque as ofertas pacíficas tipificavam a
mediação de Cristo bem como os sacrifícios pelo pecado, porque por meio dela
não somente é operada a expiação pelo pecado, mas a recepção e aceitação das
nossas orações e de uma resposta de paz: Devemos estar atentos a esse
sacrifício, em todas as nossas súplicas. A oração de Ana pode nos ensinar
alguns princípios importantes:
1. A devoção calorosa e intensa de sua oração, que serve como
orientação para nossas orações. (1) Ela diminuiu o peso da aflição e
preocupação presente no seu espírito ao permitir que um novo estímulo enchesse
o coração com seu sentimento piedoso na oração: com amargura de alma, orou ao
SENHOR, v. 10. Deveríamos agir da mesma forma diante de aflições. Elas deveriam
tornar-nos mais fervorosos na oração a Deus. Nosso abençoado Salvador, posto em
agonia, orava mais intensamente (Lc 22.44). (2) Sua oração foi regada com
muitas lágrimas. Não era uma oração seca. Ela chorou abundantemente. Como um
verdadeiro israelita, ela chorou e lhe suplicou (Os 12.4), de olho na
misericórdia terna do nosso Deus, que conhece nossa alma inquieta. A oração
vinha do coração, como as lágrimas vinham dos olhos. (3) Ela foi muito
específica e modesta em sua petição. Ana pediu um filho, um menino, para que
pudesse servir no Tabernáculo. Deus nos dá permissão, em oração, não somente
para pedir coisas boas de modo geral, mas uma coisa muito especial, aquilo que
mais desejamos e necessitamos. Ela não pede como Raquel: Dá-me filhos (Gn 30.1).
Ana ficará muito feliz se receber um filho. (4) Ela fez um voto solene, ou
promessa, de que se Deus lhe desse um filho, ao SENHOR o daria, v. 11. Ele
seria levita por nascimento e, por isso, devotado ao serviço de Deus, mas ele
seria, pelo voto dela, nazireu e sua infância seria sagrada. É provável que
tivesse inteirado Elcana do seu propósito e obtido o seu consentimento e
aprovação. Observe: Os pais têm o direito de dedicar seus filhos a Deus, como
sacrifício vivo e sacerdotes espirituais. Com isso, uma obrigação é colocada
sobre eles para servir a Deus de maneira fiel todos os dias da sua vida. Também
observe: É muito apropriado, quando estamos à busca de misericórdia,
vincularmos nossa própria alma a determinado compromisso, que, se Deus nos der
algo específico, devotaremos isso à sua glória e com gratidão o usaremos no seu
serviço. Não que com isso achemos que nos tornamos dignos de receber algo
específico de Deus, mas que, dessa forma, somos qualificados para o mesmo. Na
esperança da misericórdia, vamos prometer obediência. (5) Ela falou tudo isso
de maneira tão silenciosa que ninguém a podia ouvir. Seus lábios moviam-se, porém
não se ouvia a sua voz, v. 13. Com isso, ela comprovou que acreditava que Deus
conhece o coração e seus desejos. Pensamentos são palavras para Ele. Deus não é
um daqueles deuses aos quais se precise clamar em altas vozes (1 Rs 18.27).
Esse também era um exemplo da sua humildade e modéstia ao se aproximar de Deus.
Ela não era uma daquelas que precisava fazer ouvir a [sua] voz no alto (Is 58.4).
Era uma oração em oculto e, portanto, embora feita em um lugar público, era
feita em segredo e, não, como os fariseus oravam: para serem vistos pelos
homens. Não precisamos nos envergonhar da verdadeira oração, mas devemos evitar
todo aspecto de ostentação.
2. A repreensão dura que Ana recebeu de Eli. Eli era o sumo
sacerdote e juiz em Israel. Ele ficava assentado numa cadeira no templo, para
supervisionar o que ocorria ali, v. 9. O Tabernáculo é aqui chamado templo,
porque estava agora num lugar fixo e servia todos os propósitos de um templo.
Ali, Eli sentava para receber pedidos e dar orientações e, em algum lugar
(provavelmente em um canto privado), ele percebeu Ana orando e, pela sua
maneira incomum de orar, imaginava que estivesse embriagada e resolveu falar
com ela como tal, v. 14: Até quando estarás tu embriagada? — a mesma acusação
que Pedro e seus apóstolos receberam quando o Espírito Santo concedeu que falassem
em outras línguas (At 2.13). Talvez, nessa era degenerada não fosse estranho
ver mulheres embriagadas à porta do Tabernáculo; porque, caso contrário,
pensaríamos que os desejos depravados de Hofni e Finéias não encontrariam
presas tão fáceis (1Sm 2.22). Eli achava que Ana era uma dessas mulheres. Um
resultado perverso da iniquidade proliferada é que, com frequência, acaba-se
suspeitando de pessoas inocentes. Quando uma enfermidade torna-se epidêmica,
todos são suspeitos. (1) A falha era de Eli. Certamente era uma falta grave
repreender e censurar alguém sem observar ou informar-se melhor. Se os seus
olhos já tivessem ficado obscuros, ele deveria pedir que os obreiros do
Tabernáculo verificassem esse tipo de ocorrências. Pessoas embriagadas
geralmente são barulhentas e turbulentas, mas essa pobre mulher estava em
silêncio e serena. A falha dele era mais grave porque era o sacerdote do
Senhor, que deveria ter se compadecido ternamente dos ignorantes (Hb 5.2). Observe:
Não devemos nos precipitar em repreender os outros e ser apressados em achar
que as pessoas são culpadas de coisas más, quando as evidências no qual a
repreensão é baseada são duvidosas e não podem ser provadas. A caridade nos
constrange a esperar o melhor de todos e proíbe o hábito de censurar. Paulo
recebeu informações confiáveis, mesmo assim ele creu somente em parte (1 Co
11.18), esperando que não fosse assim. Devemos ser especialmente cautelosos
quando censuramos a devoção dos outros, cuidando para que não a avaliemos como hipocrisia,
entusiasmo ou superstição; devemos apresentar o fruto de um zelo honesto que é
aceito por Deus. (2) Ana estava aflita, além de todo o vinagre que estava sendo
derramado nas feridas do seu espírito. Ela tinha sido repreendida por Elcana,
porque não queria comer e beber e, agora, estava sendo censurada por Eli como
se tivesse comido e bebido em excesso. Tudo isso deve ter machucado muito.
Observe: Não é novidade que aqueles que se comportam com decência sejam vistos
de maneira imprópria; também não devemos estranhar se isso acontecer conosco.
3. A humilde justificação de Ana em relação a esse pecado do qual
estava sendo acusada. Ela o suportou muito bem. Ela não repeliu a acusação e o
repreendeu por causa da devassidão dos filhos dele, não o convidou para olhar
para a sua própria família e repreender os filhos. Ela também não disse a ele
quão impróprio era que alguém na sua posição injuriasse uma pobre adoradora
pesarosa diante do trono da graça. Quando somos, em algum momento, injustamente
repreendidos, precisamos tomar muito cuidado antes de abrirmos a porta dos
nossos lábios, para que não recriminemos e retribuamos condenação por
condenação. Ana achou que era suficiente defender-se. Devemos agir da mesma
forma, vv. 15,16. (1) Ao justificar-se, ela expressamente nega a acusação e
fala a ele com todo respeito possível. Ela o chama de senhor meu e deixa claro
quão desejosa estava em mostrar o seu verdadeiro estado e, de forma alguma,
mentir diante da repreensão dele. “Não, senhor meu, minha situação não é como o
senhor suspeita. Não tenho bebido vinho nem qualquer outra bebida forte”
(embora fosse apropriado dar bebida forte aos amargosos de espírito, Provérbios
31.6), “muito menos em excesso. Não tenhas, pois, a tua serva por filha de
Belial”. Observe: Pessoas embriagadas são filhos de Belial (especialmente
mulheres embriagadas), filhos do maligno, filhos da desobediência, filhos que
não suportam o jugo (caso contrário, não estariam embriagados), mais
especificamente quando estão embriagados. Aqueles que não conseguem se
controlar não permitirão que outro o faça. Ana reconhece que o pecado teria
sido muito grande se ela tivesse culpa do que estava sendo acusada, e ele
poderia tê-la excluída com justiça do pátio da casa de Deus; mas a forma como
falou em defesa própria era suficiente para demonstrar que não estava
embriagada. (2) Para justificar-se diante dele, ela dá um relato do seu
comportamento atual, que era motivo da suspeita dele: “Eu sou mulher atribulada
de espírito, abatida e inquieta. Esse é o motivo de não ter um semblante
semelhante aos dos outros. Os olhos estão vermelhos, não de vinho, mas de
choro. Não estava falando comigo mesma, como fazem os embriagados e insensatos,
mas tenho derramado minha alma diante do Senhor, que ouve e entende a língua do
coração. Ele conhece a abundância da minha queixa e aflição”. Ela estava sendo
profundamente fervorosa em oração a Deus. Esse era o verdadeiro motivo de seus
evidentes êxtase e perturbação. Observe: Quando somos repreendidos de maneira
injusta deveríamos nos esforçar, não somente em inocentar-nos, mas em
satisfazer nossos irmãos, ao apresentar-lhes um relato justo e verdadeiro em
relação àquilo que compreenderam mal.
4. A reparação que Eli fez pela sua repreensão precipitada e
descortês, por meio de uma bênção amável e paternal, v. 17. Ele não percebe
como afronta (como muitos fazem em casos semelhantes) o fato de ter seu engano
corrigido e de ser convencido do seu erro; isso também não o deixou de mau
humor. Muito pelo contrário, ele agora encorajou a consagração e devoção de
Ana, com tanta veemência quanto a havia desaprovado. Ele não só deixou claro
que estava satisfeito com a inocência dela por meio das palavras: Vai em paz,
mas, sendo sumo sacerdote, e alguém que tinha autoridade, a abençoou em nome do
Senhor. Embora desconhecesse a bênção particular que ela estava pedindo do
Senhor, ele dá o seu Amém. A opinião de Eli a respeito da prudência e piedade
dela era tão boa que exclama: Que o Deus de Israel te conceda a tua petição,
qualquer que seja, que lhe pediste. Observe: Por meio do nosso comportamento
humilde e manso em relação àqueles que nos repreendem, pelo fato de não nos
conhecer, podemos, talvez, torná-los nossos amigos, e transformar a crítica
deles em orações a nosso favor.
5. A grande satisfação interior que toma conta de Ana ao sair pelo
seu caminho, v. 18. Ela implora pela bênção de Eli e que continue orando por
ela. Então ela se foi seu caminho e comeu do que havia sobrado das ofertas
pacíficas (nada dessa ofertas poderia sobrar até a manhã seguinte), e o seu
semblante já não era triste, não como antes, em que mostrava sinais de
transtorno e confusão interior. Agora ela possuía um semblante aprazível e
alegre e tudo estava bem. De onde veio essa alegre mudança súbita? Por meio da
oração ela havia entregado seu caso a Deus e o deixado com Ele; agora já não
estava mais desorientada por causo disso. Ela havia orado por si mesma e Eli
também havia orado por ela. Ana cria que Deus daria a ela a misericórdia que
tinha pedido ou suprira a sua necessidade de outra forma. Observe: A oração
proporciona bem-estar à alma graciosa. A semente de Jacó tem, com freqüência,
constatado isso. Deus jamais dirá a eles: Buscai-me em vão (Is 45.19; veja Fp
4.6,7). A oração suavizará o semblante. Ela de fato o faria.
1 Samuel 1:19-28 - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Nascimento de Samuel e
Apresentação ao Senhor
I
O retorno de Elcana e sua
família à sua própria habitação, após os dias da celebração, v. 19. Observe
como passavam o tempo no Tabernáculo. Nos dias em que estavam lá, mesmo durante
o dia da jornada para casa, eles adoravam a Deus; e eles levantaram de
madrugada para esse propósito. É saudável começar o dia com Deus. Aquele que é
o mais importante deve receber a parte principal. Eles estavam diante de uma
jornada e filhos para levar, mesmo assim não se moveriam até que tivessem
adorado a Deus juntos. Oração e provisões não atrapalham uma jornada. Eles
haviam passado vários dias em adoração juntos e, mesmo assim, não iniciaram a
jornada até que tivessem adorado ao Senhor. A boa conduta não deveria nos
incomodar.
II
O nascimento e nome desse
filho desejado. Finalmente, o Senhor lembrou-se de Ana, em relação ao pedido
específico dela, v. 11. Isso era tudo que ela queria e, no devido tempo, ela
concebeu e teve um filho. Embora possa parecer que Deus esqueceu-se dos fardos,
dificuldades, cuidados e orações do seu povo, no tempo oportuno ficará evidente
que Ele não havia se esquecido deles. Ana chamou seu filho de Samuel, v. 20.
Alguns etimólogos acreditam que esse nome é semelhante a Ismael — Deus ouviu,
porque as orações da mãe foram atendidas de uma forma notável, e ele foi uma
resposta a essas orações. Outros, por causa do motivo que ela deu em relação ao
nome, parecem sugerir o significado pedido de Deus. O significado é muito
parecido. Ana desejava perpetuar a memória do favor de Deus, atendendo suas
orações. Assim, sempre que o nome dele fosse mencionado, ela queria receber o
encorajamento e dar a glória a Deus pelo gracioso presente. Observe: As
misericórdias que provêm de respostas de oração devem ser lembradas com
profundas expressões de gratidão (Sl 116.1,2). Existem inúmeros livramentos e
provisões oportunos que poderíamos chamar de Samuel, Deus ouviu. Deveríamos
consagrá-los a Deus de uma forma especial. Por meio desse nome, Ana queria que
seu filho se lembrasse da obrigação de que pertencia ao Senhor, visto que tinha
sido pedido de Deus e, era, ao mesmo tempo, dedicado a Ele. Um filho de oração
é, de forma especial, compelido a ser um filho devoto. A mãe de Lemuel o
lembrava de que era filho de suas promessas (Pv 31.2).
III
O grande cuidado de Ana na
criação de Samuel. Ela não somente agia assim porque ele era precioso para ela,
mas porque tinha sido dedicado a Deus. Ela o estava preparando para Ele. Ela
própria dava de mamar ao menino, não desejando que outra ama cuidasse dele.
Devemos cuidar dos nossos filhos, não somente com a intenção de obedecer à lei
da natureza, mas, porque estamos de olho no concerto da graça à medida que eles
são apresentados a Deus (Ez 16.20,21). A criação deles é santificada quando é
feita para o Senhor. Elcana subia todos os anos para adorar no Tabernáculo e,
de um modo especial, cumprir seu voto. Talvez tivesse feito um voto a Deus,
diferente do voto de Ana, caso Deus lhe desse um filho por meio dela, v. 21.
Mas Ana, embora sentisse um respeito especial pelos pátios da casa de Deus,
pediu para ficar em casa para cuidar do menino. As mulheres não tinham a
obrigação de subir ao Tabernáculo nas três solenidades, como era o caso dos
homens. Ela havia se acostumado a ir, mas agora desejava ser dispensada desse
compromisso.
1. Assim não estaria tanto tempo ausente de sua amamentação. Pode
uma mulher esquecer-se tanto do filho que cria (Is 49.15). Podemos supor que
ela permaneceu o tempo todo em casa, porque, se tivesse ido a algum lugar, esse
lugar teria sido Siló. Observe: Deus requer misericórdia, não sacrifício.
Aqueles que são impedidos de práticas públicas, pelo fato de estarem
amamentando e criando filhos pequenos, devem sentir-se encorajados, e crer que,
se o fizerem para a glória de Deus, Ele os aceitará de forma graciosa. Embora
fiquem em casa, participarão da repartição do despojo.
2. Ela não subiria até que seu filho estivesse grande o suficiente,
não somente para ser levado para lá, mas para ser deixado ali. Caso o levasse
até Siló, ela entendia em seu coração que não poderia mais levá-lo de volta.
Observe: Aqueles que estão firmemente determinados a cumprir seus votos
poderão, no devido tempo, ter boas razões para pagar sua promessa. Tudo fez
formoso no seu tempo determinado. Nenhum animal era aceito para o sacrifício
até que tivesse estado por um determinado tempo debaixo de sua mãe (Lv 22.27).
A melhor fruta é a que está madura. Elcana concorda com o que ela propõe, v.
23: Faze o que bem te parecer a teus olhos. Ele não queria opor-se a ela; por
isso, deixou essa situação inteiramente aos cuidados dela. Quão bom e quão
suave é quando companheiros de jugo caminham juntos e se adaptam um ao outro,
cada um reconhecendo o que o outro faz, especialmente nas obras de piedade e
caridade. Ele acrescenta uma oração: tão-somente confirme o SENHOR a sua
palavra, isto é: “Que Deus proteja o menino durante os perigos da infância,
para que o voto solene que Deus atendeu ao dar-nos um filho possa ser cumprido
no seu devido tempo e, assim, toda a situação seja completada”. Observe:
Aqueles que sinceramente dedicaram seus filhos a Deus podem com confiança orar
por eles, para que Deus estabeleça a palavra selada a eles, no mesmo tempo que
foram seladas para Ele.
IV
A entrada solene do menino
no serviço do santuário. Podemos achar que foi por acaso que ele foi
apresentado ao Senhor após 40 dias de vida, como ocorria com todos os
primogênitos (Lc 2.22,23). Esse aspecto não é mencionado aqui, porque não havia
nada de singular nisso; mas, agora que foi desmamado, ele foi apresentado, não
para ser redimido. Alguns acham que isso ocorreu tão logo Samuel foi desmamado
do peito, o que, de acordo com os judeus, não ocorria antes dos três anos de
vida. Lemos que ela criou o filho no peito, até que o desmamou, v. 23. Outros
acreditam que isso não aconteceu antes que fosse “desmamado” de coisas
infantis, aos oito ou dez anos de idade. Mas, não vejo nenhuma inconveniência
em permitir a presença dessa criança no Tabernáculo aos três anos de idade,
para ser educado entre os filhos dos sacerdotes. Lemos, v. 24: E era o menino
ainda muito criança, mas, sendo muito inteligente, não causou nenhum problema.
Ninguém é novo demais para ser devoto. A criança era criança, de acordo com a
tradução hebraica, na idade de aprendizagem. A quem, pois, se ensinaria a
ciência a não ser ao desmamado e ao arrancado dos seios? (Is 28.9). Observe
como ela apresentou o seu menino:
1. Com um sacrifício; não menos do que três bezerros, ou seja, uma
oferta de manjares para cada um, v. 24. Um bezerro, talvez, para cada ano da
vida da criança. Ou, um bezerro para o holocausto, outro para o sacrifício pelo
pecado e o terceiro para o sacrifício pacífico. Não passava pela mente dela
que, ao apresentar seu filho a Deus, ela tornava Deus o seu devedor, e que
achava que essas ofertas de sangue eram necessárias para buscar a aceitação de
Deus do seu sacrifício vivo. Todos os nossos concertos com Deus por nós mesmos
e pelos nossos deve ser feito por meio de sacrifício, o grande sacrifício.
2. Com um reconhecimento grato da bondade de Deus pela resposta de
sua oração. Ana expressa esse reconhecimento a Eli, porque ele a havia
encorajado a aguardar por uma resposta de oração, vv. 26,27: Por este menino
orava eu. Este menino é fruto da oração e ele é entregue ao Deus que ouve
orações. “O senhor me esqueceu, mas eu, que agora me apresento com tanta
alegria, sou aquela mulher, que há três anos estava parada diante do senhor
aqui, chorando e orando, e esse é o filho pelo qual estava orando”. Podemos
triunfar humildemente pelas respostas de oração, dando toda glória a Deus. Temos
aqui um testemunho público acerca de Deus. “Sou testemunha de que Ele é
gracioso (Sl 116.16-19). Orei por essa misericórdia e conforto, e o SENHOR me
concedeu a minha petição”. Veja também Salmos 34.2,4,6. Ana não lembra Eli da
suspeita que ele havia expressado anteriormente. Ela não diz: “Eu sou a mulher
que o senhor censurou severamente. O que o senhor acha de mim agora?”. Pessoas
íntegras não devem ser repreendidas em relação a suas fraquezas e descuidos
passados. Eles já se arrependeram dessas coisas e não precisam ficar ouvindo
admoestações nesse sentido.
3. Com uma rendição completa de todo o seu interesse nesse filho ao
Senhor, v. 28: Pelo que também ao SENHOR eu o entreguei, por todos os dias que
viver. Ele será “devolvido” (cf. ARA) ou entregue ao SENHOR. (A versão em
inglês traz a idéia de emprestar o menino). Não que ela intentasse tê-lo de
volta mais tarde, como nós fazemos em relação àquilo que emprestamos, mas ela
usa essa palavra Shaol, emprestar, porque é a mesma palavra que havia usado
anteriormente (v. 20: o tenho pedido ao SENHOR), somente em outra inflexão
verbal. E, v. 27, o Senhor me concedeu a minha petição que eu lhe tinha pedido
(Shaalti, in Kal), portanto, eu o emprestei (Hishilti, a mesma palavra no
Hifil) e, assim, o nome de Samuel recebe outra etimologia, não somente pedido
de Deus, mas emprestado a Deus. E observe:
(1) Tudo quanto entregarmos a Deus é fruto daquilo que primeiro
pedimos e recebemos dele. Todos os presentes que damos a Ele foram presentes
dados por Ele a nós. Senhor [...] da tua mão to damos (1 Cr 29.14,16).
(2) Tudo que damos a Deus, de acordo com esse relato, foi emprestado
(devolvido) a Ele e, por isso, não o pedimos de volta, como uma coisa
emprestada. Estamos certos de que Ele certamente irá nos recompensar com juros,
para o nosso indescritível proveito, especialmente aquilo que damos ao pobre (Pv
19.17). Quando, pelo batismo, dedicamos nossos filhos a Deus, vamos lembrar que
antes pertenciam a Ele pelo seu direito soberano e, que continuam nossos para o
nosso consolo. Ana renuncia Samuel para o Senhor, não por certo período, como
quando os filhos são enviados como aprendizes de uma profissão, mas durante
vita — durante toda sua vida, ele será emprestado (devolvido) ao Senhor, um
nazireu para sempre. Essa deve ser a nossa aliança com Deus, uma aliança de casamento;
enquanto vivermos devemos ser dele, e jamais abandoná-Lo.
Por último, o filho Samuel fez a sua parte, além do que podia se
esperar de alguém de sua idade. Dele lemos: E ele adorou ali ao SENHOR, isto é,
ele fez suas orações. Ele era, sem dúvida, extraordinariamente avançado
(conhecemos crianças que começaram a ter sensibilidade em relação às coisas de
Deus muito cedo), e sua mãe, designando-o para o santuário, tomou todo cuidado
para treiná-lo naquilo que seria o seu trabalho no santuário. Observe: Crianças
pequenas deveriam aprender a adorar a Deus cedo. Os pais deveriam instruí-las a
adorá-Lo da melhor forma possível e Deus graciosamente as aceitará e as
ensinará a adorá-Lo de forma muito mais profunda.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Samuel e os demais profetas.
Samuel exerceu o ministério de Profeta. Não apenas foi profeta,
como presidiu sobre outros profetas que se congregavam apara apreender de
Samuel (Muito provavelmente, uma escola de profetas como visto em 1 Samuel 10:5
e 19:20 - Elizeu esteve numa dessas congregações, 2 Rs 6:1).
E todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava
confirmado por profeta do Senhor. 1 Samuel 3:20
Então enviou Saul mensageiros para trazerem a Davi, os quais viram
uma congregação de profetas profetizando, onde estava Samuel que presidia sobre
eles; e o ESPÍRITO de DEUS veio sobre os mensageiros de Saul, e também eles
profetizaram. 1 Samuel 19:20
Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em
Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vieram-lhe ao
encontro, e se prostraram diante dele em terra. 2 Reis 2:15
Samuel ungiu dois reis - Saul e Davi. A partir daí os reis
passaram a ser ungidos por profetas e também os profetas oficiais.
Então tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a
cabeça, e beijou-o, e disse: Porventura não te ungiu o SENHOR por capitão sobre
a sua herança? 1 Samuel 10:1.
Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus
irmãos; e desde aquele dia em diante o ESPÍRITO do Senhor se apoderou de Davi;
então Samuel se levantou, e voltou a Ramá. 1 Samuel 16:13.
Também a Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei de Israel; e também a
Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar. 1 Reis
19:16.
É a partir de Samuel que surge em Israel o ofício Profeta que não
só traria mensagem de DEUS aos reis, como os aconselharia e também escreveriam
muito de suas histórias. Por exemplo, Samuel, Natã e Gade fizeram alguns
registros reais.
SAMUEL - (Strong português) - שמואל Sh
̂emuw’el
Samuel = “seu nome é El” ou Pedido a DEUS, ou
Dado por DEUS
Filho de Elcana com sua esposa Ana e juiz, sacerdote e profeta de Israel
durante os dias de Saul e Davi
A Bíblia fornece muita instrução para quem deseja ser usado por
DEUS. Não há segredo - Oração, Estudo da Bíblia e Jejum.
O DESENVOLVIMENTO DO MINISTÉRIO DE SAMUEL
1. O crescimento profético de Samuel.
Ana e Elcana eram levitas, povo escolhido por DEUS para o servir
no Tabernáculo e ensinar a Palavra de DEUS aos Israelitas. Na idade em que é
acriança é como uma folha em branco, foram seus pais que lhe imprimiram a
Palavra de DEUS. Cremos que o lar de Samuel foi transformado com sua chegada.
Penina não mais a atormentava, Elcana, cada vez mais a amava, agora também por
ser mãe.
Quando Samuel é levado para Siló e entregue a Eli, o Sumo
sacerdote e provável penúltimo juiz de Israel, encontra os filhos de Eli em
total depravação moral e religiosa (Eram, porém, os filhos de Eli filhos de
Belial; não conheciam ao Senhor. 1 Samuel 2:12). Apesar do ambiente
desfavorável, Samuel é educado por Eli que era o instruiu em toda obra do
tabernáculo.
E crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as
suas palavras deixou cair em terra. 1 Samuel 3:19
Eli mostra ser homem de DEUS, pois tinha orado em favor de
Ana para que pudesse ter seu primeiro filho e agora ora para que ela tenha mais
filhos e DEUS concede sua petição nas duas oportunidades. (1 Sm 1:17,18;
2.20,21)
Ana tem mais filhos agora. Os irmãos que nasceram depois de
Samuel, provindo de Ana que deixara de ser estéril e agora era mãe de pelo
menos 6 filhos- não temos certeza se 6 (Visitou, pois, o Senhor a Ana, que
concebeu, e deu à luz três filhos e duas filhas; e o jovem Samuel crescia
diante do Senhor. 1 Samuel 2:21) ou 7 devido a seu cântico que fala de 7 (Os
fartos se alugaram por pão, e cessaram os famintos; até a estéril deu à luz
sete filhos, e a que tinha muitos filhos enfraqueceu. 1 Samuel 2:5).
Dar a DEUS nossos filhos é demonstrar fé e confiança Naquele que
sabe cuidar do futuro.
2. A formação profética de Samuel.
Ana e Elcana criaram Samuel para ser totalmente de DEUS. Eli criou
Samuel para ser sacerdote e juiz. DEUS escolheu Samuel para ser Profeta,
Sacerdote e Juiz. A criação de uma criança influi diretamente em seu futuro.
Quando é criada para servir a DEUS, Ele estará no controle sempre.
Paulo aprendeu com Barnabé (Atos 11:25,26) e Timóteo com Paulo (2
Tm 3.10).
DEUS, provavelmente, chamou Samuel quando ele tinha cerca de 12
anos (1 Sm 3.1-4), ou seja, a mesma faixa etária de JESUS quando foi
levado a Jerusalém por seus pais (Lc 2.42), muito provavelmente para ser
reconhecido como judeu legítimo, filho da Lei ou da instrução. Era tradição
entre os judeus apresentarem seus filhos com 12 anos já recitando o Pentateuco.
Samuel ouviu DEUS o chamando por três vezes, porém não conhecia a
DEUS e nunca tinha ouvido sua voz. Pensando ser Eli que o chamara, foi a ele.
Na quarta vez, instruído agora por Eli, recebe sua primeira mensagem profética.
Era uma mensagem de juízo sobre Eli e sua família, confirmando a mensagem já
falada por outro homem de DEUS para Eli, no capítulo 2 (1 Samuel 2:27-36.).
E disse o Senhor a Samuel: Eis que vou fazer uma coisa em Israel,
a qual todo o que ouvir lhe tinirão ambos os ouvidos. Naquele mesmo dia
suscitarei contra Eli tudo quanto tenho falado contra a sua casa, começarei e
acabarei. Porque eu já lhe fiz saber que julgarei a sua casa para sempre, pela
iniquidade que ele bem conhecia, porque, fazendo-se os seus filhos execráveis,
não os repreendeu. Portanto, jurei à casa de Eli que nunca jamais será expiada
a sua iniquidade, nem com sacrifício, nem com oferta de alimentos. 1 Samuel
3:11-14.
É muito importante receber instruções de quem já teve experiências
profundas com DEUS. São raríssimos os homens de DEUS, mas existem e têm muita
sabedoria adquirida na intimidade com DEUS para nos transmitir.
3. A disciplina de Samuel.
Samuel era prestativo e mantinha-se vigilante a tudo o que Eli
dizia e precisava (1 Sm 3.4,5). Qualidade indispensável a um discípulo que quer
um dia se tornar mestre. provavelmente era tarde da noite e Samuel ao ouvir a
voz de DEUS pensou que Eli estava precisando de alguma coisa. Se dirigiu a Eli
pronto para ajudar em tudo o que fosse necessário.
DEUS nos visita a hora em que não pensamos, devemos nos manter
vigilantes. Aquele dia, àquela hora era o momento mais importante na vida de
Samuel, hora de ouvir a voz de DEUS. Creio que Samuel não conseguiu dormir mais
durante aquela noite. O texto diz que Samuel ficou deitado, mas não diz que
dormiu mais. Samuel exercia funçao importante - abria a casa do Senhor - Pelo
que vemos Samuel não sabia se podia ou não contar o que ouviu de DEUS, a Eli.
Também temia pela reação de Eli que poderia entrar em desespero.
E Samuel ficou deitado até pela manhã, e então abriu as portas da
casa do Senhor; porém temia Samuel relatar esta visão a Eli. 1 Samuel 3:15
Estão à disposição do povo de DEUS, na atualidade, vários dons
ministeriais Ef 4:11) e do ESPÍRITO SANTO (1 Co 12:8-10). Orientemos nossos
filhos e alunos para que busquem receber essas dádivas de DEUS para que toda a
igreja seja beneficiada e para que ganhemos milhares de almas para ao Senhor.
AJUDA
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S,
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Dicionário Bíblico Universal
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LIÇÃO 3 4Tr23 NA ÍNTEGRA
Lição 3, Central Gospel, os dramas humanos e a graça divina, 4Tr23,
Pr Henrique, EBD NA TV
4º Trimestre de 2023 - Restaurando a visão familiar
Comentaristas: Albertina Malafaia; Claudio Duarte; Elizete
Malafaia; Estevam Fernandes
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
1 Samuel 1.9-11,17,18,20,22,26-28
9 - Então, Ana se levantou, depois que comeram e beberam em Siló
(...).
10 - Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou
abundantemente.
11 - E votou um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se
benignamente
atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da
tua
serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao
Senhor
o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não
passará
navalha.
17 - Então, respondeu Eli e disse: Vai em paz, e o DEUS de Israel
te conceda a
tua petição que lhe pediste.
18 - E disse ela: Ache a tua serva graça em teus olhos (...).
20 - E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e teve um
filho, e
chamou o seu nome Samuel, porque, dizia ela, o tenho pedido ao
Senhor.
22 - (...) Quando o menino for desmamado, então, o levarei, para
que apareça
perante o Senhor e lá fique para sempre.
26 - E disse ela: Ah! Meu senhor, viva a tua alma, meu senhor; eu
sou aquela
mulher que aqui esteve contigo, para orar ao Senhor.
27 - Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha
petição que
eu lhe tinha pedido.
28 - Pelo que também ao Senhor eu o entreguei, por todos os dias
que viver;
pois ao Senhor foi pedido. E ele adorou ali ao Senhor.
TEXTO ÁUREO
(...) Ana, por que choras? E por que não comes? E por
que está mal o teu coração? 1 Samuel 1.8
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira – 1 Samuel 1.1-7 Elcana e suas mulheres
3ª feira – Salmo 127.3-5 Os filhos são herança do Senhor
4ª feira – 1 Samuel 1.12-16 Uma mulher atribulada de espírito
5ª feira – Números 4.3; 8.24-26 Deveres levitas
6ª feira – 1 Samuel 1.23-25 Faze o que bem te parecer a teus olhos
Sábado – Números 30.10-15 Confirmação ou anulação de um voto
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
- saber que, mesmo quando a desventura bate à porta de nossa casa,
a graça divina manifesta-se misericordiosamente
- dentro dela, se nos dispusermos a recebê-la;
- entender que muitas pessoas sofrem em silêncio dentro de casa,
pois há muitos segredos guardados e inconfessados no seio da família; conhecer
as lições de Ana que podem ser aplicadas à nossa vida.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Abraão e Sara (Gn 11.29,30); Isaque e Rebeca (Gn 25.21); Jacó e
Raquel (Gn 29.28-31); Zacarias e Isabel (Lc 1.5-7); Elcana e Ana (1 Sm 1.4,5):
estes foram alguns casais que, no texto bíblico, experimentaram o drama da
infertilidade em algum tempo da vida. Pelo fato de a infertilidade ser um tema
sensível, busque tratá-lo com todo zelo, amor e acolhimento. Reforce, sempre
que possível, a ideia de que infecundidade não é sinônimo de indignidade ou
incapacidade. A fim de dar maior leveza à tratativa do tema, nesta lição serão
destacados tantos outros sonhos ocultos no seio das
famílias, os quais, de igual modo, precisam ser respeitados e, na
medida do possível, revelados e realizados. Quando buscamos a DEUS, podemos
receber das Suas mãos respostas, milagres, tratamento e regeneração. Estevam
Fernandes
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- ANA, ELCANA E SAMUEL
1.1. Segredos ocultos dentro de casa
2- AS LIÇÕES DE ANA
2.1. Nem sempre nossas necessidades serão
2.2. O coração tem suas próprias demandas
2.3. Precisamos assumir nossas dores e dar nome a Elas
2.4. Nossa fé antecipa a vitória em forma de voto
2.5. Às vezes, precisamos orar em silêncio
2.6. Precisamos de pessoas que nos ajudem a concretizar os
propósitos de DEUS em nossa vida
COMENTÁRIO - Palavra introdutória
Como vimos na Lição 1, DEUS criou a família para ser, dentre outras
possibilidades, o lócus da felicidade humana. O Senhor a instituiu para que,
dentro dela, pudéssemos ser plenos e inteiros. Nesse espaço, não precisamos
temer nossos defeitos e limitações, pois podemos ser quem somos; além disso,
podemos assumir nossas virtudes e dificuldades, desnudar nossa alma, amar, ser
amados, viver dramas indescritíveis e superá-los. Nesta lição, com base na
história de Ana (descrita em 1 Sm 1.4-28), entenderemos que, quando a
desventura bate à porta de nossa casa, quando vivemos dramas complexos, a graça
divina manifesta-se misericordiosamente dentro dela, se nos dispusermos a
recebê-la.
1- ANA, ELCANA E SAMUEL
O texto de 1 Samuel 1.4-28 tem relação com as aflições vividas
dentro de uma casa. O personagem central dessa narrativa bíblica é Ana, uma
mulher que desejava ter um filho homem, mas não podia, porque era estéril. De
maneira circundante, estão Elcana, seu marido, Eli, o sacerdote e, no final,
Samuel, seu filho. Ana, em aflição profunda, dirigiu-se a DEUS em oração. No
contexto de sua súplica, ela fez um voto ao Senhor: se Ele lhe desse um filho,
a criança O serviria por toda vida (1 Sm 1.9-11).
SUBSÍDIO INTRODUÇÃO
A família é responsável por assegurar aportes afetivos e materiais
aos seus integrantes, garantindo-lhes, assim, o seu desenvolvimento e
bem-estar. É a partir dessa instituição divina que temos a possibilidade de nos
constituirmos sujeitos.
1.1. Segredos ocultos dentro de casa
Ana tinha um segredo, um silêncio, uma dor: a frustração que muitas
mulheres carregam durante a vida de não poderem ser mães. Sabe DEUS quantos
mistérios o coração daquela mulher guardava, quem sabe até mesmo uma revolta
contra DEUS: “Por que o Senhor me fez assim?”. Assim como Ana, muitas pessoas
sofrem em silêncio; há muitos segredos guardados e inconfessados no seio da
família. Não se deixe enganar: há escondedouros no coração da sua esposa, do
seu marido, do seu filho e/ou da sua filha, que precisam ser trazidos à luz de
DEUS.
2- AS LIÇÕES DE ANA
Nos tempos bíblicos, uma família era considerada abençoada se
possuísse muitos filhos, pois estes representavam a continuidade dos negócios
do clã e conferiam proteção aos seus antecessores (Sl 127.3). A Escritura
revela-nos os dilemas de Ana: ela era infértil; estava em um casamento
polígamo; a outra mulher de seu marido (Penina) tinha vários filhos e odiava o
fato de Elcana devotar-lhe amor, a despeito de sua esterilidade (1 Sm 1.1-6).
Possivelmente, Ana teria condições de tolerar as afrontas e as humilhações de
Penina (1 Sm 1.6), se pudesse dar filhos ao seu marido, mas ela não podia.
Assim, não conseguindo suportar sua dor em casa, Ana recorreu ao Senhor, a fim
de encontrar respostas para suas perguntas não respondidas e consolo para sua
alma machucada (1 Sm 1.9-11).
2.1. Nem sempre nossas necessidades serão
compreendidas dentro de casa Por mais contraditório que possa
parecer, nem sempre nossos desejos e sonhos são compreendidos no lugar criado
por DEUS para ser o lócus da nossa felicidade; nem sempre nossas dores são
observadas e entendidas no espaço reservado pelo Senhor para ser o primeiro
templo da nossa espiritualidade. Ana, por que choras? E por que não comes? E
por que está mal o teu coração? (1 Sm 1.8). Foi a pergunta de um marido
amoroso, mas inábil para identificar o que consumia sua esposa por dentro. “Não
era só a esterilidade de Ana uma fonte de sofrimento e humilhação, mas a
repetida ridicularização que ela tinha de suportar que provocava
nela uma indescritível angústia.” (MELLISH, K.J., Central Gospel, 2015). Isto é
o que se observa em muitas famílias hoje. Quantas vezes já não vimos nosso
cônjuge abatido, triste e cabisbaixo, mas não conseguimos identificar a razão
de sua aflição? Quantas vezes o filho chega da aula, isola-se no quarto, mas
não nos importamos com seu afastamento, porque julgamos ser uma tolice
passageira? Quantas meninas terminam o namoro e os pais tratam o assunto de
forma leviana (muitas vezes subestimando a dor que sentem), porque acreditam
que é normal? Precisamos nos colocar diante do Senhor, a fim de que Ele nos
ensine como acessar o coração daqueles que nos são queridos.
Meu amor (marido, esposa, filho, filha), por que choras?
2.2. O coração tem suas próprias demandas
Demanda, nesse contexto, é tudo aquilo que não pode ser satisfeito
com palavras, presença — não te sou eu melhor do que dez filhos (1 Sm 1.8) — ou
presentes — a Ana dava uma parte excelente, porquanto ele a amava (1 Sm 1.5) —
apenas. O coração tem exigências que só saberemos quais são no dia em que
conseguirmos entender a língua que ele (o coração) fala. E quanto a você? O que
lhe falta em casa? Do que você precisa para ser feliz? Qual a sua dor oculta? O
que lhe comprime o coração? Quantas vezes você já não disse ao seu cônjuge, aos
seus filhos ou aos seus pais: “Pare de chorar, não há razão para isso; olhe o
que você tem; está reclamando de barriga cheia”. O que lhe impede de dizer: “O
que eu posso fazer por você; em que sua alegria depende de mim?”; “Filha, eu
não a recrimino, mas preciso saber: por que você está tão triste?”; “Pai, mãe,
por que você não tem dormido?”; “Filho, por que você não quer mais estudar?
Ajude-me a entender o seu coração.”
SUBSÍDIO 2.2
A pergunta de Elcana (1 Sm 1.8) reflete a presunção de alguém que
acreditava na suficiência de sua presença: “Por que você está chorando? Por que
não quer comer? O que está se passando em sua cabeça? Pra que filhos, eu não
lhe basto?”. Ana estava tomada por uma angústia que não se limitava à falta de
um filho, mas ninguém conseguia entendê-la, nem mesmo aquele que a amava.
2.3. Precisamos assumir nossas dores e dar nome a Elas
As doenças da alma, como as do corpo, têm nome. Não se pode ignorar
esta realidade. Ana, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou
abundantemente (1 Sm 1.10). Eu sou uma mulher atribulada de espírito (1 Sm
1.15). Ana, aos prantos, em outras palavras, disse: “DEUS, o meu coração está
triste. Eu queria um filho, mas não tenho e ainda sou humilhada por Penina.
Essa é a minha dor. Isso é o que consome o meu coração.”. Quando não choramos,
quando não damos nome à dor de alma que nos aflige, aquilo que não nos serve
mais se transforma em doença física (infarto, diabetes, AVC, insônia etc.). O
choro de Ana pode ser considerado terapêutico, pois permitiu que ela elaborasse
a dor vivida naquele momento e exteriorizasse, sem constrangimentos, suas
emoções (tristeza, solidão, desamparo e amargura). Qual o nome da sua dor
armazenada? Por que você espera os filhos saírem para chorar? Por que você não
consegue prantear na frente do seu cônjuge ou dos seus pais? Homem, por que
você não chora? Dê nome à sua dor, antes que ela consuma suas entranhas. Qual a
sua dor no casamento? Qual a sua dor de pai/mãe? Qual a sua dor
de marido/esposa? Qual a sua dor de filho/filha?
2.4. Nossa fé antecipa a vitória em forma de voto
Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da
tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas à tua
serva deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida (1
Sm 1.11). Ana entendia que um filho seria um grande presente do Senhor. Por
anos, ela sofrera dores emocionais indizíveis, que não foram plenamente
compreendidas por ninguém. Quando DEUS respondeu às orações dela e lhe concedeu
um filho, ela fez o impossível para que esta dádiva trouxesse honra e adoração
Àquele que operara o milagre: os levitas costumavam trabalhar dos 25 aos 50
anos (Nm 4.3; 8.24-26); Ana, em sinal de fé e gratidão, dedicou o filho que ainda
nasceria à obra de DEUS, por todo tempo que ele vivesse. Voto é a forma que os
servos do Altíssimo têm de agradecer, antecipadamente, as respostas de oração
que receberão. Não é fácil pedir a DEUS uma bênção e, ao mesmo tempo,
devolver-Lhe aquilo que Ele dará: “Senhor, meus filhos são Teus. Tira esse
namorado incrédulo da vida da minha filha; tira essa mulher ímpia da vida do
meu filho. Senhor, cura-me, dedico minha vida ao louvor da Tua glória.”. DEUS é
dono de tudo, nada é nosso: nem filhos, nem cônjuge, nem casa, nem carro, nem
emprego, nem saúde, nem outra coisa qualquer. Então, consagremos a Ele tudo o
que Dele recebemos e tudo o que, pela fé, ainda receberemos.
2.5. Às vezes, precisamos orar em silêncio
Estudos indicam: pessoas que não dividem seus planos com outras têm
maior probabilidade de realizá-los do que as que decidem contar seus objetivos,
na intenção de obter apoio e aceitação. Às vezes, precisamos nos dirigir a DEUS
em oração, sem abrir a boca, tal como fez Ana (1 Sm 1.13), para que ninguém
ouça o que estamos pedindo e não estrague os sonhos do Altíssimo para a nossa
vida.
SUBSÍDIO 2.5
“De acordo com a Lei, Elcana poderia ter declarado o voto de Ana
uma promessa imprudente e tê-la
proibido de realizá-lo (Nm 30.10-15). O fato de ele não ter feito
isso demonstra o seu amor e estima por ela.” (RADMACHER. ALLEN; HOUSE. Central
Gospel, 2010a).
2.6. Precisamos de pessoas que nos ajudem a concretizar os
propósitos de DEUS em nossa vida
Elcana assumiu: “Ana, sabemos que você é estéril, mas se você
acredita que DEUS vai abençoá-la, eu quero fazer parte dessa bênção também.” (1
Sm 1.19). Quando Samuel nasceu, em outras palavras, ele disse: “Ana, se você
acha melhor, deixe o menino no templo.” (1 Sm 1.22,23). Imaginem se ele agisse
de outra forma: “Ana, a essa altura da vida, você sinceramente acredita que
ainda vai ter um filho? Caia na real! Olhe a sua idade. Não conte comigo.” Ou,
depois de nascido o menino: “O filho é meu, eu decido como criá-lo.”. Quantos
cônjuges não dizem um ao outro: “A essa altura da vida, você ainda quer
estudar? Quer mudar de profissão?” Quantos pais não dizem: “Filho, não se
iluda, você nunca passará nesse concurso.”. Às vezes, em casa, por falta de
parceria de fé, perdemos a bênção de DEUS. “Você quer orar, eu oro com você.”;
“Precisa de um tratamento, eu procuro um médico com você.”; “Quer jejuar, eu
jejuo com você. A sua bênção é minha também.”. Porque Elcana acreditou, Samuel
foi trazido à vida. Sejamos parceiros de DEUS para abençoar a nossa casa.
Ajudemos a mudar a história da nossa família.
CONCLUSÃO
Se uma mulher estéril deu à luz um filho foi para dizer a mim e a
você que nada é impossível para DEUS. Por qual Samuel você espera? Por qual
milagre você ora? Por qual dor você chora? Há um DEUS que nos ouve. Em nome de
JESUS, acredite: seu Samuel está chegando; seja ele em forma de gente, de
emprego, de cura, de paz, de conversão, não importa; o Senhor é poderoso para
resolver os dramas da nossa casa. Quando seu Samuel chegar, diga: “Esse foi
DEUS quem me deu, e eu o devolverei para o louvor da Sua glória.”. Que nossas
famílias sejam espaços de milagre, esperança e vida: onde houve lágrima, um dia
haverá sorriso; onde houve dor, um dia haverá alegria; e diremos: “DEUS ouviu a
minha oração.”.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Quais lições podem ser extraídas da vida de Ana, de
acordo com o que foi exposto nesta lição?
R.: (1) Nem sempre nossas necessidades serão compreendidas dentro
de casa; (2) o coração tem suas próprias demandas; (3) precisamos assumir
nossas dores e dar nome a elas; (4) nossa fé antecipa a vitória em forma de
voto e (5) precisamos de pessoas que nos ajudem a concretizar os propósitos de
DEUS em nossa vida