Escrita Lição 4, Central Gospel, Homilética, 3Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV
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TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Romanos 10.8-15
8 - Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu
coração; esta é a palavra da fé, que pregamos,
9 - a saber: Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em
teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo.
10 - Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se
faz confissão para a salvação.
11 - Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será
confundido.
12 - Porquanto não há diferença entre judeu e grego, porque um
mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.
13 - Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
14 - Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão
naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?
15 - E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito:
Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas!
TEXTO ÁUREO
Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois
me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho! 1
Coríntios 9.16
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira – Romanos 1.14 O evangelho deve ser pregado a todos
3ª feira – Romanos 1.16 Cristo é o poder de Deus no evangelho
4ª feira – Romanos 1.17 A aceitação do evangelho deve ser pela fé
5ª feira – Tito 1.3 Hoje é o tempo oportuno para pregar o evangelho
6ª feira – Isaías 5.7 O anúncio da salvação é responsabilidade do
salvo
Sábado – Joel 2.32 Tem a salvação quem realmente crê em CRISTO
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
- entender o significado do termo “homilética”;
- compreender as implicações de se proclamar a Palavra de Deus;
- conhecer as fontes utilizadas pelo pregador, tendo em mente o
propósito do sermão.
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. O PREPARO DO PREGADOR
1.1. Caráter
1.2. Sensibilidade e discernimento
1.3. Boa comunicação
1.4. Conhecimento da Palavra de Deus
1.5. Conhecimento de homilética
1.6. Consagração pessoal e amor pelas pessoas
2. A PREGAÇÃO BÍBLICA
2.1. Contextualização e aplicação
2.2. Atualização
2.3. Foco
3. A PRÁTICA HOMILÉTICA
3.1. Delimitação dos pontos principais da mensagem
3.1.1. A estrutura do sermão
3.2. Atenção quanto ao tema ou linha condutora da
mensagem
3.3. Fidelidade quanto ao texto original
4. CONSIDERAÇÕES GERAIS
4.1. As fontes do pregador
4.2. O propósito do sermão
4.3. Alerta aos pregadores
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SUBSÍDIO EXTRA PARA A LIÇÃO
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O que significa Homilética
Homilética é considerada a arte de pregar, ou
seja, utilizar os princípios da retórica com a finalidade específica de
falar sobre o conteúdo da bíblia sagrada cristã.
No século XVII, o cristianismo se aproveitou das características
básicas da retórica criada pelos gregos e levou para a igreja, dando o nome de
homilética.
Os estudos da homilética são acompanhados pelos teólogos, que
aprendem a preparar e apresentar os sermões e pregações bíblicas de maneira
mais eficaz e interessante para cativar o público.
Quando aplicada corretamente, a homilética ajudar a trazer
orientação ao orador, que proporciona uma melhor compreensão do texto ao
ouvinte.
Neste aspecto, a homilética está intrinsecamente relacionada com o
conceito da hermenêutica, que consiste na técnica de explicar e interpretar um
texto ou discurso.
Etimologicamente, homilética se originou a partir do
grego Homiletikos, que por sua vez derivou de homilos, que significa “multidão”
ou “assembleia do povo”.
Este termo acabou por originar a palavra homilia, que quer
dizer “discurso com a finalidade de agradar”.
https://www.significados.com.br/homiletica/
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Severino Pedro da Silva Homilética:
Homilética: O Pregador e O Sermão – Edições CPAD
Todos os Direitos Reservados.
Copyright © 1992 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias
de Deus. CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte - Sindicato Nacional dos Editores de
Livros, RJ. Silva, Severino Pedro da; 1946- S223hs
Homilética: o pregador e o sermão / Severino Pedro da Silva. -1a
Ed. - Rio de Janeiro : Casa Publicadora das Assembleias. 1992 1. Pregação I.
Título II 83-0136 CDD - 251.01 CDU - 251 Capa: Aroaldo Casa Publicadora das Assembleias
de Deus Caixa Postal 331 20001, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 6a Edição 1999 F
Indice Prefácio
Introdução
Capítulo um
b) HOMILETICA
b) Definição
b) Seu objetivo primordial
b) A homilética e a eloquência
b) Como podemos convencer
b) Jesus e a homilética
b) O valor da homilética
b) A primeira vantagem
b) A segunda vantagem
b)A origem da homilética
b) Como termo designativo
b) A partir do IV século d.C.
b) RETÓRICA
b) Noção e definição
b) As regras do discurso
b) As qualidades exigidas
c) O retor
b) A divisão da retórica
b) Invenção
b) Disposição
b) Estilo
b) Memória
b) Entrega
b) ORATÓRIA
b) Sua extensão
b) Os grandes mestres de oratória
a) Cícero
b) Quintiliano
b) Demóstenes
Capítulo dois
A CLASSIFICAÇÃO DOS SERMÕES
1. Definição geral
• Sermões de natureza homiliasta
• Sermão inferencial
• Sermão extemporâneo
• Sermões especiais
2. Sermões homiliastas
a) Sermão temático
b) Sermão textual
c) Sermão expositivo
3. Sermão Inferencial
a) Indução formal
b) Indução bíblica
4. Sermão extemporâneo
a) As vantagens
b) As desvantagens
5. Sermões para ocasiões especiais
c) Sermão para casamento
d) Sermão para aniversário, boda etc.
e) Sermão acadêmico
f) Sermão para funeral
g) Sermão para crianças
h) Palestras para outros eventos especiais
B. O ASSUNTO DO SERMÃO
1. Orientação geral
a) A necessidade geral da Igreja
b) As necessidades individuais
2. Devemos buscar a orientação divina
B. FORMA DE APRESENTAÇÃO DO SERMÃO
1. Definição geral
c) Ler o sermão
d) Recitar o sermão
e) Falar de improviso
2. A versatilidade de Paulo
f) Sermão lido
g) Sermão recitado
h) Sermão esboçado
i) Sermão improvisado
Capítulo Três
A. AS PARTES QUE COMPÕEM O SERMÃO
1. Os elementos gerais do sermão
2. As diretrizes básicas da enunciação
B. O TÍTULO
1. Definição
2. O título não deve ser negativo
3. A divisão do título
4. A natureza do título
5. A escolha do título
a) Por ocasião do Natal
b) No Dia das Mães
c) No Dia de Finados
d) No Dia da Independência
e) No Dia de Ano Novo
f) Sexta-feira Santa
g) Sábado de Aleluia
h) Domingo de Páscoa
i) Por ocasião dum culto de missões
j) Num culto evangelístico
etc.
C. O TEMA
1. A síntese do assunto
2. O tema e sua função
D. O TEXTO
1. Definição do texto
2. Dependendo da natureza do sermão
a) Sermão textual
b) Sermão expositivo - a porção
c) Sermão temático - a passagem
d) Sermão ilativo - uma inferência
e) Sermão extemporâneo - uma palavra
f) Sermões para ocasiões especiais - uma frase
E. A INTRODUÇÃO
1. O exórdio
2. Deve visar diretamente o assunto
F. O CORPO DO SERMÃO
1. Definição
2. O objetivo do sermão
3. As divisões do sermão
a) As divisões
b) As subdivisões
c) As transições
G. A APLICAÇÃO DO SERMÃO
1. Convite ou apelo
2. O objetivo da aplicação
a) No cárcere de Filipos
b) Em Éfeso
c) Em Jerusalém, na porta formosa
H. A CONCLUSÃO DO SERMÃO
I. Definição
2. A conclusão deve ser conclusiva
Capítulo quatro
A. OS ELEMENTOS TÉCNICOS DA DISSERTAÇÃO
1. Os elementos funcionais
a) A Bíblia
b) O texto
c) O contexto
d) O subtexto
2. Outras formas de expressão
a) Os paralelos de palavras
b) Os paralelos de idéias
c) Os paralelos de ensinos gerais
d) A referência
e) A inferência
f) A citação
g) As variantes
h) As evidências
i) A dedução
B. AS ILUSTRAÇÕES
1. O valor da ilustração
2. A capacidade para ilustrar
Capítulo cinco
A. EXERCÍCIOS PARA EDUCAÇÃO E USO CORRETO DA VOZ
1. As técnicas da comunicação
) Treinamentos adequados
b) Falar com sentimento e inspiração
c) Não falar demasiadamente rápido
d) Usar curtas frases
e) As qualificativas para o "Ar Livre"
B. A VOZ E O SEU USO CORRETO
1. Pode ser fraca e pode ser poderosa
2. A intensidade da voz
a) O uso da voz na introdução
b) Falar com ousadia
c) O cuidado pela voz
3. A forma correta
a) Abrir bem a boca
b) Falar com muita força
c) Pronunciar claramente as palavras
4. Os lábios tensos
5. Exercícios para desprender a mandíbula
a) Movimentação da mandíbula
b) Exercícios progressivos
c) A dicção
6. A ressonância nasal
7. A respiração adequada
a) A respiração
b) A técnica da expiração
C. A LINGUAGEM MATERNA
1. Conhecimento dos ditames da língua
a) A dúvida
b) A certeza e a evidência
c) Evitar os vícios de linguagem
d) Evitar os jargões
Capítulo Seis
A. O PREGADOR E SEU COMPORTAMENTO ÉTICO
1. Como usar o corpo e a voz
2. Os maus hábitos
3. A postura do pregador
B. POSIÇÃO CORRETA
1. O corpo
2. A posição da cabeça
3. A posição do pescoço
4. O rosto
5. Os olhos
6. Mexer com os ombros
C. OS MOVIMENTOS DO PREGADOR
1. A estética
2. O uso das mãos
a) Os gestos e a entonação das palavras
b) Direção correta
c) No contexto da visualização
d) O uso dos dedos
D. O ESTILO EM GERAL
1. O estilo propriamente dito
2. A beleza
3. A clareza
4. O vigor
E. A IMITAÇÃO
1. A consciente e a inconsciente
2. Naturalidade
Capítulo sete
A. O AUDITÓRIO E SEUS COMPONENTES
1. Os elementos básicos
2. O auditório
3. O púlpito
a) O formato do púlpito
b) O púlpito e sua estética
4. O som
a) O microfone
b) A direção do microfone
c) A distância entre o pregador e o microfone
d) A altura do microfone
5. A massa humana
6. Levantar-se durante o culto
B. O LOCAL DEVE SER EXTRATÉGICO
1. Escolha do local
2. Pregar sob a influência de barulhos e ruídos
3. Pregar contra o vento
C. IDENTIFICAÇÃO DO AUDITÓRIO
1. Os ouvintes
2. A importância da mensagem
Capítulo oito
A. FIGURAS DE LINGUAGEM
1. Divisão e definição
2. Dividiremos em três grupos - a saber
a) Figuras de palavras
b) Figuras de contração
c) Figuras de pensamento
B. DIVISÃO GERAL DE CADA FIGURA
1. Figuras de palavras
a) Metáfora
b) Metonímia
c) Perífrase
2. Figuras de construção
a) Anacoluto
b) Elipse
c) Inversão
d) Onomatopeia
e) Pleonasmo
f) Polissíndeto
g) Repetição
h) Silepse
3. Figuras de pensamento: retórica geral
a) Acróstico
b) Alegoria
c) Antítese
d) Antítipo
e) Apóstrofe
f) Dramatização
g) Enigma
h) Eufemismo
i) Exclamação
j) Fábula
l) Hipérbole
m) Interrogação
n) Ironia
o) Parábola
p) Paradoxo
q) Personificação
r) Prosopopeia
s) Reticência
t) Retificação
u) Símbolo
v) Símile
x) Sinédoque
z) Tipo
Bibliografia
Homilética - o pregador e o sermão (pastor
SEVERINO PEDRO DA Silva)
É um verdadeiro MANUAL DE ORIENTAÇÃO para os semeadores da Palavra
de Deus na Presente Dispensação. Nesta obra, o autor nos oferece princípios
gerais e elementos funcionais na prática da dissertação e disciplina do
pregador. "Procura... manejar bem a palavra da verdade", foram as
recomendações finais do apóstolo Paulo a seu discípulo Timóteo (2 Tm 2.15).
Isto significa, em outras palavras, que o Evangelho precisa ser pregado com
conhecimento, convicção, determinação interior, boa disposição, propriedade
verbal e coisas assim. Neste livro, a meu ver, o leitor encontrará todas estas
orientações e muito mais. Recomendo sua leitura, meditação e prática. São
Paulo, capital, 1992 José Wellington Bezerra da Costa
Introdução
Homilética é uma ciência vasta e mui valiosa. É uma ciência, quando
considerada sob o ponto de vista de seus fundamentos. Pode também ser considerada
uma arte, quando visualizada em seus aspectos estéticos. E não deixa de ser
também concebida como uma técnica, quando aplicada no modo específico de sua
execução ou ensino. Esta ciência nasceu como termo designativo, quando os
pregadores cristãos começaram a estruturar suas mensagens, embasadas dentro dos
princípios da retórica grega e da oratória romana. A partir do Quarto Século
d.C., estes princípios foram sendo introduzidos lentamente na proclamação e
ensino da Verdade Divina em reuniões regulares congregadas para o culto a Deus.
Entretanto, somente no Sexto Século d.C., é que esta ciência assume um papel
importante com suas técnicas e adaptações às habilidades humanas. São Paulo,
Capital, 1992 - O Autor
Capítulo Um
A. HOMILÉTICA
1. Definição
Homilética é a ciência que se ocupa com a pregação cristã e, de
modo particular, com o sermão proferido no culto, no seio da - comunidade
reunida. O termo vem da palavra grega HE HOMILIA. O verbo HOMILEIN era usado
pelos gregos sofistas para expressar o sentido de "relacionar-se,
conversar". HE HOMILIA designa, especialmente no Novo Testamento, "o
estar juntos, o relacionar-se", e, nos primeiros séculos da Era Cristã, o
termo passou a ser usado para denominar a "arte de pregar sermão".
Daí deriva o sentido "homilética" e suas formas de expressão. Desde
então e muito cedo, a homilética passou a fazer parte da teologia prática.0) Sua
tarefa não se limita apenas a princípios teóricos, mas concentra-se grandemente
no treinamento prático.
a) Seu objetivo primordial
O objetivo principal da homilética desde o seu remoto princípio foi
orientar os pregadores na dissertação de suas prédicas e, ao mesmo tempo, fazer
que os mesmos adquiram princípios gerais corretos e despertá-los a terem ideia
dos erros e falhas que os mesmos em geral cometem. São inúmeras as obras, boas
e úteis, em diversos idiomas e de diferentes datas que tratam diretamente desta
disciplina. Quando as lemos, descobrimos inúmeros defeitos - em nós mesmos e
nos outros -, alguns deles até extravagantes e grosseiros. Com efeito, porém, à
medida que vamos lendo estas obras; corrigimos essas falhas que se apresentam. Convém
notar que a homilética não é a mensagem. Ela disciplina o pregador para melhor
entregar a mensagem. Não nos esqueçamos: A mensagem é de Deus (Ef 6.19, etc).
Entretanto, não devemos esquecer '"que para melhor compreensão e
apresentação da mensagem deve haver um certo preparo e treinamento por parte do
orador.
b) A homilética e a eloquência
A missão principal da homilética é conservar o pregador (pregador
aqui tem sentido abrangente - inclui pessoas de ambos os sexos) na rota traçada
pelo Espírito Santo. Ela ensina, onde (e como) se deve começar e terminar o
sermão. O sermão tem por finalidade convencer os ouvintes, seja no campo
político, forense, social ou religioso. Por esta razão a homilética encontra-se
ligada diretamente à eloquência. A eloquência é a capacidade intelectual de
convencer pelas palavras. As palavras esclarecem, orientam e movem as pessoas.
O orador que consegue mover as pessoas, persuadindo-as a aceitar suas idéias, é
eloquente, pois a eloquência é a capacidade de persuadir pela palavra. Fala-se de
Apolo, um judeu, natural de Alexandria, que era "...eloquente e poderoso
nas Escrituras" (At 18.24b). c) Como podemos convencer Existem várias
maneiras de persuadirmos ou convencermos alguém a seguir nossa orientação: -
Pela força moral (princípios e doutrinas) - regras fundamentais. - Pela força
social (costumes, normas e leis) - o direito. - Pela força física (braços e
armas) - a guerra. - Pela força pessoal (exemplo) - influência psicológica. -
Pela força verbal (falada ou escrita) - retórica. - Pela força divina (atuação
do Espírito Santo) - Ele "...convence...". O poder da persuasão pode
convencer até o próprio Deus! Moisés, o grande legislador hebreu, pregou para
que Deus se arrependesse e conseguiu! Com efeito, Deus se arrependeu e perdoou
ao povo (Êx 32.7-14). Jonas, de igual modo, conseguiu o arrependimento do povo
ninivita e o arrependimento de Deus (Jn 3.4-10).
2. Jesus e a homilética
No ministério de Cristo, a homilética ocupou o lugar central no que
diz respeito a sua propagação plena. Embora fortemente ousado a dar primazia a
outros métodos de abordar o povo, Jesus "...veio pregando" (Mc 1.14).
Na sinagoga de Nazaré, o Mestre descreveu a si mesmo como divinamente enviado
"...para evangelizar os pobres... a pregar liberdade aos cativos... a anunciar
o ano aceitável do Senhor" (Lc 4.18,19). Os evangelhos nos apresentam
quadros inesquecíveis do Pregador Itinerante, nas sinagogas, nos montes, nas
planícies, à beira-mar, de vila em vila, de cidade em cidade - finalmente em
todo o lugar, trazendo após si multidões quase incontáveis, deixando o povo
fascinado com suas palavras de graça e com autoridade do seu ensino. A pregação
de Jesus continha todo o sabor da bondade divina: era um clamor insistente por
sua compaixão, e poderoso por sua urgência. A pregação direta é, sem dúvida, um
convite à consciência, à razão, à imaginação e aos sentimentos, mediante a
declaração da verdade e da graça de Deus, pois produz um efeito mais urgente e
eficaz.
3. O valor da homilética
A homilética contribuiu, no sentido geral, na propagação da Palavra
de Deus. Duas coisas, contudo, influenciaram grandemente a pregação cristã,
levando-a para as formas retóricas.
a) A primeira vantagem
A primeira foi a disseminação do Evangelho entre as nações
gentílicas, em cujo seio as tradições e formas judaicas eram pouco conhecidas.
Basta lembrarmos da crítica que de Paulo fizeram alguns coríntios, e como se
deliciavam em ouvir Apolo, por ser "...eloquente e poderoso nas
Escrituras".
b) A segunda vantagem
A segunda coisa que influiu foi a conversão de homens que já tinham
sido treinados na retórica. Muitos deles, dia a dia, se tornavam pregadores, e
naturalmente usavam seus dotes retóricos na proclamação do Evangelho.
Acrescentemos a essa influência o declínio dos pregadores judeus não cristãos,
e veremos como a homilia (a arte de pregar) cedeu lugar proeminente ao sermão
elaborado. Por isso, naqueles dias já se definia a homilética "como a
ciência que ensina os princípios fundamentais de discursos em público,
aplicados na proclamação e ensino da verdade em reuniões regulares congregadas
para o culto divino" (Hoppin).
4. A origem da homilética
A homilética propriamente dita, nasceu muito cedo na história
humana, embora não como termo designativo homiletikos (arte de pregar sermão) e
homilia (arte de falar elegantemente na oratória eclesiástica), mas como
oratória pictográfica (sistema primitivo de escrita no qual as idéias são
expressas por meio de desenhos das coisas ou figuras simbólicas). Ela surgiu na
Mesopotâmia há mais de 3000 anos a.C., para auxiliar à necessidade que os
sacerdotes tinham de prestar contas dos recebimentos e gastos às corporações a
que pertenciam e faziam suas prédicas em defesa da existência miraculosa dos
deuses do paganismo.
O sistema sumeriano viria a ser o protótipo (primeiro tipo ou
exemplo) de outros importantes sistemas de escrita, como o egípcio, por
exemplo.
a) Como termo designativo
Entretanto, homilética como termo designativo com suas técnicas,
sistematização e adaptação às habilidades humanas, nasceu entre os gregos com o
nome de retórica. Depois foi adaptada no mundo romano com o nome de oratória,
e, finalmente, para o mundo religioso com o nome de homilética.
• A retórica e a oratória tomaram-se sinônimos para identificar o
discurso persuasivo (profano).
• A homilética, entretanto, passou a identificar o discurso sacro
(religioso).
b) A partir do IV Século d.C.
A partir desta época os pregadores cristãos começaram a estruturar
suas mensagens, seguindo as técnicas da retórica grega e da oratória romana. Com
efeito, porém, desde o primeiro século da Era Cristã, esta influência
estrutural da homilética já começava a ser sentida no seio do Cristianismo. Não
é de se surpreender, portanto, que a maioria dos teólogos cristãos primitivos
compunha- se dos que aceitavam as teorias gregas e romanas, pois muitos deles
eram filósofos neoplatônicos convertidos ao Cristianismo ou estavam sob a
influência dessas idéias (conforme foi o caso de Justino Mártir, de Clemente de
Alexandria, de Orígenes, de Agostinho, de Ambrósio e muitos outros).
B. RETÓRICA
1. Noção e definição
O vocábulo retórica (do grego, "rhetor", - orador numa assembleia)
tem sido interpretado como a arte de falar bem ou arte de oratória, isto é, a
arte de usar todos os meios e recursos da linguagem com o objetivo de provocar
determinado efeito nos ouvintes.
Os gregos sofistas a dividiam em três grupos:
• Política
• Forense
• Epidítica (demonstrativa).
Tratando não somente do estilo, mas também do assunto, da estrutura
e dos métodos de elocução em cada caso, os gregos combinavam a técnica dos
sofismas com a concepção platônica e aristotélica de que a arte da oratória
deve estar a serviço da verdade. A retórica ensinada na Grécia antiga pelos
sofistas, fundamentada em princípios disciplinares de conduta, teve origem na
Sicília, no V século a.C., através do siracusano Córax e seu discípulo Tísias.
Tísias tornou-se o discípulo mais famoso de Córax. Quando Córax lhe cobrou as
aulas ministradas, Tísias recusou a pagar, alegando que, se fora bem instruído
pelo mestre, estava apto a convencê-lo de não cobrar, e, se este não ficasse
convencido, era porque o discípulo ainda não estava devidamente preparado, fato
que o desobrigava de qualquer pagamento.
O resultado é que Tísias ganhou a questão.
a) As regras do discurso
Córax formulou uma série de regras para dividir o discurso em cinco
partes: • Proêmio (prólogo) • Narração • Argumentação • Observações adicionais
• Peroração (epílogo). As regras estabelecidas por Córax tinham por finalidade
orientar os advogados que se propunham a defender as causas das pessoas que
desejavam reaver seus bens e propriedades tomados pelos tiranos. Os sofistas
foram os primeiros a dominar com facilidade a palavra modulada nestes
princípios; entre os objetivos que possuíam, visando a uma completa formação,
três eram procurados com maior intensidade: adestrarem-se para julgar, falar e
agir. Seu aprendizado na arte de falar consistia em fazer leituras em público,
comentários sobre poetas famosos, improvisar e promover debates. A partir daí,
a palavra retórica passou a ser usada no campo da comunicação para descrever o
discurso persuasivo, quer escrito ou falado.
b) As qualidades exigidas
Os oradores sofistas, entre eles, Górgias, Sócrates (que viveu de
436 a 338 a.C., e implantou a disciplina da retórica no currículo escolar dos
estudantes atenienses) e muitos outros, exigiam várias habilidades dos
oradores. Entre todas, quinze são consideradas imprescindíveis: memória,
habilidade, inspiração, criatividade, entusiasmo, determinação, observação, teatralização,
síntese, ritmo, voz, vocabulário, expressão corporal, naturalidade e
conhecimento. Filósofos destacados como Platão (430-347 a.C.), Aristóteles
(382-322 a.C.) e Cícero (106-44 a.C.) deram muita atenção aos princípios a
serem seguidos por quem desejasse levar os homens a crerem e agirem. Paulo,
pelo que parece, observou que estes princípios retóricos levaram alguns
oradores cristãos aos extremos, firmando-se apenas em "...sublimidade de
palavras ou de sabedoria..." (1 Co 2.1). Era esta a época em que os
"...gregos buscavam sabedoria".
c) O retor
O retor, entre os gregos, era o orador de uma assembleia. Entre
nós, entretanto, a palavra rhetro veio a ter o significado pomposo de mestre de
oratória. O objetivo do retor (orador retórico) era, através de seu discurso
laureado, o de persuadir os sentimentos nas discussões e nas deliberações sobre
os problemas na democracia grega. As reuniões eram processadas nas praças ou no
Areópago. Logo se percebeu que os cidadãos falantes, de fácil verbo, se expressavam
mais adequadamente, dominavam a situação, sentiam- se sempre vitoriosos,
tornavam-se admirados pelas multidões e galgavam os melhores postos na
comunidade. Não demorou para que todo o mundo desejasse conquistar os segredos
dessa nova arte.
2. A divisão da retórica
Entre os gregos e os romanos, os discursos retóricos deviam ser
modulados em cinco pontos, a cada um dos tais foram associadas muitas sugestões
para o bem falar.
a) Invenção
A invenção consistia na coleta e planejamento do uso dos materiais
e idéias, a fim de influenciar aos ouvintes. Três tipos de apelo que o orador
pode fazer. São: • Apelos lógicos baseados na evidência e no raciocínio.
• Apelos emocionais baseados nos impulsos e sentimentos.
• Apelos éticos baseados no caráter, personalidade, experiência e
reputação do orador.
b) Disposição
Consistia no arranjo do material na ordem destinada a servir melhor
o propósito do orador.
c) Estilo
Nesse sentido Aristóteles foi o maior deles. Consistia no uso de
palavras para transmitir a mensagem da maneira mais eficaz.
d) Memória
Consistia em lembrar a mensagem a ser transmitida.
e) Entrega
Consistia no uso correto da voz e do corpo para apresentar a
mensagem aos ouvintes. Depois, com a grande influência do Cristianismo,
passou-se a distinguir a retórica da homilética e alguns princípios éticos
foram incorporados a esta última.
C. ORATÓRIA
1. Sua extensão
Convém que o leitor saiba que a retórica inventada pelos gregos
passou para o mundo romano com o nome de oratória e para o campo religioso com
o nome de homilética. Entretanto, a partir do IV século d.C., a retórica e a
oratória tornam-se sinônimos usados para identificar o discurso profano, e a
homilética identifica o discurso sacro, religioso, cristão. A homilética, a
partir daí, passou a ser a arte de pregar o Evangelho. Assim, a oratória (de
oris, boca) passou a indicar mais a parte técnica do sermão; enquanto que a
homilética, as partes práticas e dogmáticas cristãs, que vão do sermão à
celebração do culto. 2. Os grandes m estres de oratória Os romanos sofreram
extraordinária influência cultural dos gregos no século II a.C., inclusive na
arte da oratória. Com efeito, porém, outros grandes mestres, de diferentes
nacionalidades, deram também sua contribuição.
a) Cícero
Cícero foi o maior orador romano. Nascido no ano 106 a.C.,
preparou-se desde muito cedo para a arte da palavra. Com apenas dez anos de
idade, seu pai o deixou aos cuidados de dois mestres da oratória. Aos quatorze
anos, iniciou seu aprendizado retórico na escola do retor Plócio e já aos
dezesseis anos abraçou a prática da fala, observando os grandes oradores da sua
época, que se defrontavam nas assembleias do fórum.
b) Quintiliano
Depois de Cícero, merece atenção especial na história da Arte
Oratória romana, Quintiliano. Nascido na metade do primeiro século da Era
Cristã, na Espanha, foi para Roma logo nos primeiros anos de vida para estudar
oratória. Seu pai e seu avô foram retores e o pai lhe ministrou as primeiras
aulas de retórica.
c) Demóstenes
Demóstenes, orador grego de extraordinária eloquência, foi
contemporâneo de Filipe da Macedónia, que através das Filípicas, Orações
Violentas, atacava a sua política, denunciando-lhe as intenções de dominar a
Grécia. Demóstenes, considerado um dos maiores e mais perfeitos oradores da
antiguidade, obteve êxito na arte de falar, depois de ter superado dificuldades
impostas pelas suas próprias deficiências naturais. Os problemas de respiração,
dicção, articulação e postura não lhe creditavam as condições mínimas para que
pudesse atingir seu objetivo de tornar-se um orador. Duas qualidades, porém,
Demóstenes possuía: a determinação e a vontade.
• A determinação
Ao iniciar sua preparação, isolou-se num local onde ninguém pudesse
perturbá-lo. Para que a sua concentração e meditação fosse completa... a sua
dicção foi corrigida com seixos que colocava na boca e com os quais procurava
pronunciar as palavras da forma mais correta possível. Outros maus hábitos,
entre eles o de levantar um ombro quando falava, foi também corrigido com
disciplina rígida.
• A força de vontade
Demóstenes parece ter tido um início difícil e sido filho do
próprio esforço. Entretanto, superou todas essas dificuldades. Empregou todas
as técnicas e meios engenhosos para conseguir ser o maior orador da antiguidade
(declamar diante da praia vencendo com a voz o ruído e barulho das ondas;
correr, subindo montanhas íngremes, recitando trechos de autores gregos para
desenvolver o fôlego etc.). O resultado de seu esforço foi gratificante. Ele
conseguiu aquilo que almejava!
Capítulo Dois
A. A CLASSIFICAÇÃO DOS SERMÕES
1. Definição geral
Há muitos tipos de sermões e vários meios de classificá-los. Alguns
mestres de oratória classificam os sermões de acordo com o conteúdo ou assunto;
outros, segundo a estrutura, e ainda outros quanto ao método usado na
dissertação da mensagem. Então, os sermões encontram-se classificados assim:
• Sermões de natureza homiliasta - Temático ou tópico - Textual -
Expositivo
• Sermão inferencial - Ilativo
• Sermão extemporâneo - Improvisado
• Sermões especiais - Casamentos - Aniversários, bodas etc. -
Acadêmico, formatura etc. - Funeral - Crianças - Palestras para outros eventos
especiais.
2. Sermões homiliastas
a) Sermão temático
Muitas vezes o sermão temático é também chamado de sermão tópico,
em razão do mesmo principiar com um tópico tirado da Bíblia. Há diferença entre
o sermão temático quando confrontado com os sermões textual e expositivo. O
sermão temático não começa com um versículo, ou passagem (longa) especial da
Bíblia como fazemos no caso dos sermões textual e expositivo. Salvo, quando se
trata de versículos, tais como: "Não matarás" (Êx 20.13); "Jesus
chorou" (Jo 11.35), etc. Geralmente, tem início com um assunto, tópico, ou
tema. A dissertação do sermão temático não se concentra no texto, ou numa parte
das Escrituras, a exemplo do textual e expositivo; e sim, em todas as partes
das Escrituras onde aquele tema está em foco. O título principal em tal sermão,
naturalmente, não se baseia na análise de um versículo ou passagem, como
geralmente se faz nos outros sermões, mas na análise do assunto. A distinção
que se faz entre sermões temáticos e sermões textuais diz respeito apenas ao
plano do discurso, especialmente no que se refere à fonte de suas divisões. É
somente isso que constitui as espécies diferentes; mas, no entanto, tal
diferença é de considerável importância na prática. As frases em questão - que
alguns substituem por sermões tópicos e sermões textuais, ou sermões sobre
assuntos e sobre textos -, não têm sido geralmente empregadas com precisão ou
uniformidade. Uma clara aplicação delas que pode ser bem defendida, é a
seguinte: sermões tópicos, ou temáticos, são aqueles cujas divisões provêm do
assunto, independentemente do texto; ao passo que sermões textuais são esses
cujas divisões são tiradas do próprio texto. Não se pode determinar
especificamente que se pregue sobre este tema ou aquele - isso depende do
Espírito Santo e do pregador, a menos que tal pregador seja apenas um
instrumento teórico e não prático. Há certos temas que foram sugeridos pelo
Espírito Santo para atender uma necessidade ou necessidades prementes;
entretanto, estes temas em outras ocasiões não chegam a produzir efeito ou
edificação. A Bíblia trata de todas as fases concebíveis da vida e das
atividades humanas. Também revela os propósitos de Deus na Graça para com os
homens, no tempo e na eternidade. Assim, a Bíblia contém uma fonte inesgotável
de temas, dentre os quais o pregador pode selecionar material para mensagens
temáticas adequadas a toda ocasião e condição em que as pessoas se encontrem.
Na seleção do tema, devemos buscar a direção do Senhor, que no-la dará à medida
que passamos tempo em oração e meditação b) Sermão textual O sermão textual, de
acordo com aquilo que sugere o termo, é aquele em que as divisões principais
são derivadas de um texto constituído de uma breve porção da Bíblia. Essa
porção pode ser, dependendo da natureza do sermão, um a linha, um versículo ou
até mesmo dois ou três versículos. Não deve ser mais do que isto, pois nesse
caso não se trata mais de uma porção para um sermão textual, e, sim, uma porção
para um sermão expositivo.
• A importância do texto
O vocabulário texto deriva-se do latim texere, cujo substantivo
textus significa tecer, e que figuradamente quer dizer reunir, construir,
compor, e expressa o pensamento em contínuo discurso ou escrita. O substantivo
textus, então, indica o produto do tecer, o tecido, a trama, e assim, no uso
literário, à trama do pensamento de alguém, uma composição contínua. Os
oradores romanos usavam a presente expressão para sugerir a tecedura ou o
fundamento das idéias e pensamentos sobre os quais o discurso se baseia.
• Definição teológica
Teologicamente falando, o termo texto passou, então, a significar
todo o passo, ou trecho bíblico lido pelo pregador, que pode ir de uma linha
até um livro inteiro. Exemplo: Obadias (AT), Filemom, 2 e 3 Epístolas de João e
a Epístola de Judas (NT).
• Na literatura
Na literatura, o sentido do texto passou a indicar qualquer porção
escrita. A sistematização partiu da leitura de narrativas ou discussões
contínuas de algum autor e da adição de comentários, principalmente
explicativos, ou de se tomar o próprio escrito do autor e adicionar notas nas
margens, ou na parte inferior da página. Assim, a própria obra do autor passou
a ser chamada o texto, para distingui-lo das notas e comentários fragmentados
do editor ou orador. A dissertação do sermão textual é inversa daquela que se
apresenta no sermão temático; ali, aquela se baseia no tema e segue; aqui, esta
se baseia no texto e segue. Uma das primeiras tarefas do pregador na preparação
de um sermão textual é fazer um estudo completo do texto, descobrir nele a ideia
dominante e, a seguir, estabelecer as divisões principais. Cada divisão se
transforma, pois, numa ampliação ou desenvolvimento do assunto.
• A variação
No sermão textual, o pregador não se prende exclusivamente a um
assunto como, por força de regra, acontece com o sermão temático, mas são
tratados vários tópicos apresentados pela texto. Tais tópicos, mesmo que não
admitam ser combinados num só assunto, devem ter tal relação mútua que dê
unidade ao discurso.
c) Sermão expositivo
O sermão expositivo parece um pouco em sua estruturação com o
sermão textual. Sendo que, necessariamente, ele assume um caráter mais extenso
e progressivo. Define-se este tipo de sermão como aquela mensagem em que uma
porção mais ou menos extensa das Escrituras é interpretada em relação a um tema
ou assunto. O sermão temático gira em torno de um tema; o textual, em torno de
um texto enquanto que o expositivo, em torno de um assunto. Especificamente, a
unidade da mensagem expositiva consiste em um bom número de versículos dos
quais emerge uma ideia central. Em outros casos, podemos tomar como base para
nossa exposição um capítulo completo, ou um livro completo da Bíblia. Para
exemplificar: Uma exposição sobre a vida do patriarca Jó. Deve-se, nesse caso,
tomar como base todo o seu livro do capítulo 1 ao 42. É claro que não leremos
no início do sermão todos estes capítulos. Entretanto, por força do argumento,
aqui, ali e acolá, temos que fazer uma citação tópica, pois somente assim o
sermão apresentaria unidade e estilo de natureza expositiva. Se nossa exposição
tem como base o Sermão do Monte pregado por Jesus, é óbvio que tomaremos como
base três capítulos do livro de Mateus (5,6,7) e ainda uma pequena porção do
capítulo 8. Numa exposição sobre lágrimas, ou sobre alguém que chorou, teríamos
como base João 11.35: "Jesus chorou". Neste caso, o pregador
exploraria a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do versículo em
foco, e assim teria material substancial para toda a dissertação do sermão. Na
apresentação dum sermão expositivo, requer-se maior preparo para o pregador.
Razão por que uma mensagem desta natureza engloba assuntos de variados temas. Neste
caso, a escolha do tema ou assunto, deve ser bem definida. Além desta escolha,
o pregador deve se ater a uma série de recursos internos e externos que lhe
possibilitem melhor apresentação do sermão. Durante a fase preparatória, o
pregador precisa reunir todos os recursos que estiverem ao seu alcance.
1) A escolha da passagem
• Deve ser um texto completo:
ditado, parágrafo, secção, parábola, livro.
Uma unidade literária.
• Deve ter integridade hermenêutica
- tudo que se expõe deve ser fiel ao texto e argumento principal.
• O contexto deve estar em sintonia direta com o texto e
se coadunar em cada detalhe do subtexto e outras formas de expressão.
• Deve ter coesão
- um colar de pedras preciosas.
• Deve ter movimento e direção
- leva o ouvinte para a frente.
• Deve ter aplicação prática na vida.
2) Familiarização com o texto
Ler várias vezes. Campbell Morgan opina que se deve ler o texto 50
vezes antes do sermão.
• Luiz King:
para um sermão modelo e completo (um ano), 8h por dia.
• Ler o livro da Bíblia onde o texto está encravado várias
vezes com o propósito de descobrir o sentido retrospectivo e prospectivo.
• Leitura sintética
- buscar o tema principal, o desenvolvimento do tema e subsídios
para o esboço.
• Leitura biográfica
- tudo que lança luz sobre o autor e os indivíduos importantes
mencionados no episódio.
• Leitura histórica
- buscar a situação histórica, social, geográfica e cultural do
escritor e seus leitores (contemporâneos) originais.
• Leitura teológica
- buscar ensinamento doutrinário e pressuposições que levam o autor
a argumentar tal como ele faz. • Leitura teórica - notar as figuras de
linguagem, tantas a de cor como de forma. • Leitura tópica - buscar os assuntos
principais no livro sagrado, tais como éticos, práticos ou doutrinários.
• Leitura analítica
- buscar o inter-relacionamento entre frases e palavras.
• Leitura devocional
- buscar o alimento espiritual com atenção à voz de Deus. Um sermão
expositivo é, de fato, uma exposição por ordem, baseada no contexto duma
acurada investigação! Eis a razão por que se recomenda ao pregador abstenção
total para com a preguiça. A preguiça, como um dos pecados capitais, destrói a
oportunidade e mata a alma, pois significa "aversão ao trabalho,
indolência, vadiagem, negligência, ociosidade, descuido" (N.K.).
3. Sermão Inferencial
O sermão inferencial é também conhecido como sermão ilativo. São
vários os elementos que constituem a natureza deste sermão; com efeito, porém,
o elemento central nesta categoria de sermão é o da indução. A indução pode ser
definida de duas maneiras: a formal e a bíblica.
a) Indução formal
Mills a define assim: "Indução é essa operação mental pela
qual inferimos que aquilo que sabemos ser verdade num caso particular, ou em
casos particulares, é também verdade em todos os casos semelhantes ao primeiro,
nos mesmos alegados respeitos". N. K. Davis opina assim: "Indução é
uma inferência imediata que se generaliza da experiência e além dela". Em
termos mais claros e simples, indução é o processo de se extrair (obter) uma
regra geral dum número suficiente de casos particulares. Indução assim
definida, é um raciocínio pelo qual o espírito, de dados singulares
suficientes, infere uma verdade universal. Esta verdade pode até mesmo ser
falsa (empírica); entretanto, na imaginação é verdadeira. A indução é o inverso
da dedução. Com efeito, está no raciocínio dedutivo a conclusão contida nas
premissas como a parte no todo, enquanto que, no raciocínio indutivo, a
conclusão está para as premissas como o todo para as partes. • Dedução - O
metal conduz eletricidade. - Ora, o ferro é um metal. - Logo, o ferro conduz
eletricidade. • Indução - O ferro, o cobre e o zinco conduzem eletricidade. -
Ora, o ferro, o cobre e o zinco são metais. - Logo, o metal conduz
eletricidade.(3)
b) Indução bíblica
O Dr. Genung acha que indução bíblica deve ser entendida como uma
forma de analogia. Assim entendida, podemos tirar alguns exemplos de sermões
indutivos tanto no Antigo como no Novo Testamentos. No episódio entre Davi e
Bate-Seba, a parábola do profeta Natã é sem dúvida um sermão indutivo. A
referência aparece no versículo um e a inferência no versículo dois. No
versículo um a expressão "um rico e outro pobre", não é analogia.
Porque, de fato, Davi era rico; Urias era pobre em relação ao rei. Já no versículo
dois, a expressão "muitíssimas ovelhas" é inferência. É inferência
porque a expressão ovelhas, nesse caso, é tomada para representar as mulheres e
concubinas de Davi. No versículo 3, a expressão "o pobre" continua
sendo referência; enquanto que a expressão "pequena cordeira" é
inferência. No decorrer da dissertação inferencial, o profeta levou o rei a
despertar seu estado de consciência. A seguir, Natã fez a aplicação do sermão e
o rei se arrependeu. O sermão inferencial ou indutivo também pode ser pregado
através de uma circunstância, uma maravilha, um evento. No episódio de Lázaro,
de Betânia, não foram propriamente as palavras proferidas por Jesus que
convenceram os judeus, e, sim, o efeito extraordinário do milagre operado por
Ele. Observemos a inferência entre linhas: "E os principais dos sacerdotes
tomaram deliberação para matar também a Lázaro; porque muitos dos judeus, por
causa dele, iam, e criam em Jesus". Ora, numa referência direta, se crê,
por causa de Jesus; entretanto, numa inferência, afirma-se que os judeus criam
em Jesus por causa de Lázaro (Jo 12.10,11). Com respeito a João Batista se diz
o seguinte: "Na verdade João não fez sinal algum, mas tudo quanto João
disse deste era verdade. E muitos ali creram nele" (Jo 10.41,42). Aqui,
nesta passagem, encontramos um verdadeiro sentido de indução. Isto é,
"..que aquilo que sabemos ser verdade num caso particular... é também
verdade em todos os casos semelhantes ao primeiro".
4. Sermão Extemporâneo
Este tipo de sermão (o mais usado pelo povo de Deus em geral,
especialmente pelos grupos pentecostais) é também chamado de sermão de
enunciação livre. O sentido técnico deste termo significa, primeiramente, falar
sem preparação prévia, simplesmente com os recursos do momento. A expressão
coloquial para isso é falar de improviso, falar sem apoio. Com efeito, o sermão
de enunciação livre não significa, de todo, que o pregador não tenha uma
preparação de pensamento; pois, evidentemente, com o passar dos anos, o
pregador consegue arrumar na imaginação uma bagagem imensa das experiências
espirituais mais profundas. Com efeito, entretanto, o sermão extemporâneo deve
ser sugerido diretamente pelo Espírito Santo. Quando assim acontece, não existe
nenhuma desvantagem. Quando, porém, ele surge dentro de uma necessidade momentânea,
pode trazer suas vantagens e suas desvantagens, conforme estudaremos em secções
posteriores. Spurgeon afirma que muitas vezes passou por experiências assim:
pregar uma outra mensagem e não aquela que de antemão tinha preparado. Ele
lembra ter passado por vários episódios desta natureza, mas um deles marcou
terminantemente seu ministério de pregador. Ele narra o que segue: "Uma
vez, na rua New Park, passei por experiência singular. Eu tinha passado com
felicidade por todas as partes iniciais do culto de domingo à noite, e estava
anunciando o hino anterior ao sermão. Abri a Bíblia para achar o texto que
tinha estudado cuidadosamente como o tópico do discurso, quando na página
oposta outra passagem da Escritura saltou sobre mim como um leão de uma moita,
com muitíssimo mais poder do que eu sentira ao considerar o texto que havia
escolhido. "O povo cantava e eu suspirava. Eu estava espremido de ambos os
lados, e minha mente pendia como em pratos de balança. "Naturalmente, eu
estava desejoso de seguir a trilha que tinha planejado cuidadosamente, mas o
outro texto não queria aceitar recusa, e parecia puxar-me pela orla do casaco,
gritando: Não, não! Você tem que pregar sobre mim. Deus quer que você me siga.
Eu deliberava dentro de mim quanto ao meu dever, pois não queria ser nem
fanático nem incrédulo, e por fim pensei comigo mesmo: Bem, eu gostaria de
pregar o sermão que preparei, e é um grande risco meter-me a traçar nova linha
de pensamento. M as como esse texto insiste em constranger-me, talvez seja do
Senhor, e portanto me aventurei com ele, venha o que possa vir. Quase sempre anúncio
as minhas divisões logo depois da introdução, mas nessa ocasião, contrariamente
ao meu costume, não o fiz, pela razão que talvez alguns de vocês (seus alunos)
adivinhem. "Passei pelo primeiro subtítulo com considerável liberdade,
falando perfeitamente, de improviso, quanto ao pensamento e à palavra. O
segundo ponto foi tratado com a consciência de um poder incomum, tranquilo e
eficaz, mas eu não tinha ideia do que seria ou poderia ser o terceiro, pois o
texto já não oferecia mais conteúdo, e eu nem poderia dizer agora o que teria
feito, se não ocorresse um fato que eu nunca teria imaginado. Tinha me metido
em grande dificuldade, obedecendo ao que julgava ser um impulso divino, e me
sentia relativamente sossegado sobre isso, crendo que Deus me socorreria, e
sabendo que ao menos poderia encerrar a reunião se não houvesse mais nada que
dizer. Não tinha que ficar deliberando, pois de repente ficamos em completa
escuridão. O gás se acabara, e os corredores da igreja estavam repletos de
gente, e os lugares todos estavam superlotados; havia grande perigo, mas também
houve grande bênção. Que deveria fazer eu então? Os presentes assustaram-se um
pouco, mas eu os tranquilizei na hora, dizendo-lhes que não se alarmassem por
faltar a luz, pois logo seria reacendida; e quanto a mim, como não tinha
manuscrito, podia falar com luz ou sem luz, desde que eles tivessem a bondade
de sentar-se e ouvir. Se o meu discurso fosse muito elaborado, seria absurdo
continuá-lo. E assim, no aperto em que eu estava, fiquei livre do embaraço.
Voltei-me mentalmente para o bem conhecido texto que fala do filho da luz
andando nas trevas, e do filho das trevas andando na luz, e vi que se me
derramavam observações e ilustrações apropriadas; e quando as luzes se
acenderam, vi diante de mim um auditório tão arrebatado e subjugado como nenhum
outro homem jamais viu em sua vida. O estranho nisso tudo foi que, passadas
algumas reuniões da igreja, duas pessoas foram à frente para fazer a sua
confissão de fé, e declararam que foram convertidas naquela noite. A primeira
deveu a sua conversão à primeira parte da pregação, sobre o novo texto que me
viera, e a outra atribuiu o seu despertamento à última parte, ocasionada pela súbita
escuridão. Todos os pregadores agrupando-se em torno do seu ministério.
Portanto, digo: observem o curso da Providência... subam ao púlpito firmemente
convictos de que receberão uma mensagem quando chegar a hora, mesmo que não
tenham uma palavra naquele momento." Quando, porém, o sermão extemporâneo
é pregado apenas por circunstâncias, não deixa de apresentar suas vantagens e
desvantagens. O Dr. John A. Broadus apresenta estas vantagens e desvantagens.
Elas são: a) As vantagens • Este método acostuma a pessoa a pensar mais
rapidamente, e com menor dependência de recursos externos, do que habitualmente
dependesse de um manuscrito. • Este método poupa tempo para o melhoramento
geral e para outros deveres pastorais... (se se trata de um ministro).
• No ato da apresentação, o que prega extemporaneamente goza de
extraordinárias vantagens. Com muito maior facilidade e eficácia do que se
lesse ou recitasse o sermão, o pregador pode aproveitar as idéias que lhe
ocorrem no momento.
• Toda a massa do material que se preparou (na mente) se apresenta
iluminada, aquecida, e algumas vezes transfigurada, pela inspiração da
apresentação, da enunciação. O discurso instintivamente se transporta para uma
tonalidade mais elevada.
• O pregador pode observar o efeito de suas palavras à medida em
que vai falando, e pode propositadamente alterar suas formas de expressão, bem
como o modo de enunciação, de acordo com o seu próprio sentir e de acordo com o
sentir de seus ouvintes.
• Somente na fala de improviso podem a voz e a ação dos olhos ser
justamente aquilo que a natureza dita, a alcançar todo o poder que eles
possuem.
• É ainda grande vantagem deste método o facilitar a apresentação
sem preparo imediato. Muitas vezes as palavras proféticas de Jesus se cumprem
neste sermão: "...Naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de
dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito do vosso Pai é que fala
em vós" (Mt 10.19,20). • Para as massas populares, é este o método
popular.
a) As desvantagens de pensar e de se expressar extemporaneamente
sem qualquer ajuda. Apenas "...persiste em exortar e
ensinar" (desiste de ler).
• Há certa dificuldade de se fixar a mente no trabalho de
preparação, quando não se escreve todo o discurso e há facilidade de se
aprender alguns pontos importantes do sermão.
• Outra desvantagem mui séria do método extemporâneo está na
tendência de impedir a formação do hábito de escrever... O escrever provoca e
promove a segurança dos pensamentos, bem como a exatidão da afirmação com
evidência e certeza. • Se se pregar de novo o sermão, e ele não estiver escrito
no seu todo, certamente isso exigirá nova preparação. Outrossim, com a morte do
pregador o sermão termina, enquanto que sendo escrito, continua!
• Aquele que improvisa, não pode citar tanto as Escrituras como o
que lê, ou mesmo fazer largas citações de outros escritos.
• O estilo dum sermão pregado extemporaneamente é menos condensado
e pode também sofrer defeitos na conclusão, o que não aconteceria com um sermão
escrito, lido ou recitado.
• Outra desvantagem semelhante e mais séria ainda está no perigo de
se cometer erros ou gafes (indiscrição involuntária) em afirmações.
• O êxito dum sermão extemporâneo depende grandemente dos
sentimentos do pregador na ocasião da apresentação, ou enunciação, e das
circunstâncias, de modo que ele corre o perigo de completo insucesso.
• Por último, ocorre o perigo do pregador se esquecer das linhas de
imaginação. Diante destes argumentos, alguém perguntará: "Devemos pregar
com ou sem esboço?" A Bíblia nos ensina que devemos "crescer na graça
e no conhecimento...". Este pensamento da Bíblia aplicado no campo da
homilética sagrada, ensina-nos o seguinte: Devemos pregar (ou ensinar), tendo
como orientação técnica um esboço e como orientação divina o Espírito S anto.
Jesus disse: "...deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir
aquelas" (cf. Mt 23.23). Entretanto, se a "agradável, e perfeita
vontade de Deus" é que preguemos sem nos determos a nenhum destes recursos
apresentados, devemos seguir sua orientação, dizendo: "não se faça a minha
vontade, mas a tua".
5. Sermões para ocasiões especiais
a) Sermão para casamento
O sermão para casamento trata-se mais de uma mensagem prática,
cheia de várias recomendações, do que propriamente um sermão analítico com
regras e técnicas preestabelecidas. Alguns pregadores fazem uma introdução,
lendo partes selecionadas das Escrituras, e depois apresentam o conteúdo do
sermão, trazendo reminiscências oportunas de exemplos bíblicos.
• O conteúdo:
O assunto principal num sermão para casamento, ou sermão nupcial,
está baseado em passagens alusivas a tais acontecimentos. O pregador, nesse
caso, deve ter ampla liberdade para escolher o texto ou passagem que melhor
facilite sua dissertação.
b) Sermão para aniversários, bodas etc.
Sermão para aniversários, bodas ou outras ocasiões festivas, varia
em sua forma de apresentação, pois estão em foco, nestas comemorações, pessoas,
instituições e objetos. Ele deve ser:
• Histórico (um breve relato sobre a origem, a existência etc.).
• Expositivo (uma descrição do presente).
• Escatológico (uma boa perspectiva para o futuro).
• O conteúdo:
As associações de idéias do momento podem sugerir algumas vezes
ligeiras modificações ou peculiaridades de alusão, de ilustração e de estilo;
entretanto, Cristo deve ser o tema central do início ao fim.
c) Sermão acadêmico
O sermão acadêmico se refere aos sermões pregados em qualquer
instituição de ensino: seja ela primária, média ou superior.
• O conteúdo:
O assunto central nestas ocasiões deve ser Cristo crucificado!
Nunca se deve pregar um sermão retórico de ciência e de erudição, pois este é o
assunto diário desses professores e alunos.
d) Sermão para funeral
De todos os sermões é este o mais difícil de se pregar. Mormente
porque foi este o único exemplo que nosso Senhor não nos deixou. Ele nunca foi
a um sepultamento; portanto, nunca realizou uma cerimônia fúnebre! Com efeito,
porém, os exemplos bíblicos de outras ocasiões e as evidências nos ensinam que
este sermão deve ser breve, simples e de fácil compreensão, para não perder seu
objetivo principal. Por ocasião de um sepultamento, o povo prefere quase sempre
um ofício religioso simples, talvez com uma fala breve, em memória do falecido,
ou várias falas em caso de interesse especial.
• O conteúdo:
Entristecidos e abrandados, os presentes sentem profunda
necessidade da misericórdia e da graça de Deus; então, é uma oportunidade de
meditação e consideração. Aproveitando este momento, o pregador pode
prazerosamente (mais sóbrio) chamar a atenção de todos para o evangelho da
consolação e incutir a necessidade da piedade pessoal, a fim de que todos
estejam preparados para o viver e o morrer. E de grande importância, portanto,
que o argumento central sirva para consolar os enlutados e levar os presentes a
um momento de meditação sobre um futuro encontro com Deus.
e) Sermão para crianças
Em geral, o sermão para crianças deve produzir três coisas: •
Interesse • Instrução • Impressão Frequentemente, dizem os pedagogos: "No
infante predomina a imaginação; na criança de 10 a 12 anos a memória; e já até
o seu maior desenvolvimento se tornam mais ativos os poderes de abstração e
raciocínio". A criança não tem muita paciência, distrai- se com relativa
facilidade; seus pensamentos mudam constantemente de lugar, e é difícil fazê-la
prestar atenção num determinado assunto por tempo prolongado. Quanto mais
rápido for o sermão, mais chances terá de atingir seus objetivos. Por esta
razão, alguém aconselha pregar um sermãozinho e não um sermão retórico e
prolongado.
• O conteúdo:
Nunca o pregador deve transmitir um sermão para crianças pensando
apenas em diverti-las! Não! As crianças precisam entender que estão aprendendo
alguma coisa e precisam ver também que lhes estamos querendo fazer algum bem.
Para alcançarmos tais objetivos, devemos, pois, falar a elas sobre fatos e
verdades interessantes e instrutivas, usando palavras concretas e conhecidas
delas, sem argumentação formal, sem processos analíticos, sem idéias abstratas.
O LIVRO SEM PALAVRAS
Um dos métodos mais atraente e instrutivo para se falar à
imaginação da criança, ao seu coração e à sua consciência, é o livro sem
palavras. Este livro, geralmente, é constituído de cartolina ou de outro
material apropriado. Seu número de páginas, deve ser, no geral, cinco, pois em
um sermão normal isso significaria cinco divisões especiais. Cada página deste
livro contém uma cor diferente.
- Página dourada:
Esta página dourada fala do Céu. Então o pregador deve fazer uma
exposição concisa sobre o Céu e suas formas de expressão; com citações bíblicas
e exemplos adequados.
- Página preta:
Esta página é tomada para representar o pecado. Nesse caso, o
pregador deve contar para as crianças toda a história do pecado: sua origem,
natureza e seus males sombrios. E depois, apresentar na página seguinte (a
vermelha) a solução para estes males.
- Página vermelha:
Esta página representa o precioso sangue de Cristo. Então o
pregador deve aqui contar toda a história da redenção.
- Página branca:
A página branca representa o coração limpo, a pureza da alma, que o
Senhor Jesus já purificou. Nesse caso devemos falar às crianças da
santificação, purificação etc.
- Página verde:
Esta fala da nova vida que recebemos quando aceitamos Jesus como
Salvador. O pregador deve então falar sobre a vida eterna e tudo aquilo que diz
respeito a uma vida feliz.
f) Palestras para outros eventos especiais
São inúmeras as ocasiões em que se requer a presença dum pregador
com habilidades e técnicas essenciais, tais como:
• Dedicação de templo,
• Apresentação de crianças,
• Recebimento e despedida de missionários ou obreiros em geral,
• Batismo,
• Santa Ceia,
• Outras datas comemorativas etc.
Entretanto, não devemos nos esquecer que o próprio evento,
circunstâncias e local inspirarão o obreiro para criatividade e apresentação da
mensagem coloquial. Recomendamos ao leitor que compre e faça uso de um manual
que trate especificamente destes assuntos. O apóstolo Paulo, quando pensava
nestes momentos, disse: "...O Senhor te dará entendimento em tudo" (2
Tm 2.7b).
• O conteúdo:
Algumas vezes, certas ocasiões facilmente podem tornar o pregador
superficial. Entretanto, se ele é realmente um homem de Deus, nenhuma
influência externa modificará sua personalidade. Então, como sempre, seu
assunto central deve ser Cristo!
B. O ASSUNTO DO SERMÃO
1. Orientação geral
O sermão pode ter um texto, e pode também não o ter. Com efeito,
porém, deve sempre ter um assunto. De modo definitivo, deve tratar de alguma
coisa, de alguma verdade importante, relacionada com a vida religiosa. O
assunto deve estar presente, especialmente quando o poder de Deus atua
ininterruptamente na Igreja. Paulo diz, por amor de seu argumento: "Que
fazes pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem
doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação... " (1 Co 14.26).
Noutras palavras, o que não faltava na Igreja de Corinto era assunto para se
falar. Dois princípios fundamentais devem estar presentes na escolha do
assunto: a) A necessidade geral da Igreja As necessidades gerais da Igreja são
vistas à primeira vista como um todo. Elas absorvem um assunto doutrinário, ou
um princípio ético, um problema moral, pessoal, ou social, uma necessidade
humana como a de ser salvo, encorajado, ou guiado na vida religiosa e daí por
diante. Estes assuntos são desenvolvidos dentro do contexto de nossa
experiência e preparo teórico. b) As necessidades individuais As necessidades
individuais são de naturezas prementes. Na maioria das vezes, essas
necessidades não estão expostas como as outras necessidades comuns da vida.
2. Devemos buscar a orientação divina
O pregador ideal e compassivo não confia apenas em suas habilidades
e capacidades de discernimento, mas procura a todo custo, nos santos pés do
Senhor, o lenitivo necessário de que a Igreja e o povo em geral precisam. O
homem espiritual tem sempre esta experiência!
C. FORMA DE APRESENTAÇÃO DO SERMÃO
1. Definição geral
Sempre, uma vez por outra, escutamos esta pergunta: "Qual a
melhor forma de se apresentar o sermão: ler, recitá-lo ou pregá-lo de
improviso?" No caso de grupos especiais, tais como os surdos-mudos etc.,
adota-se a mímica (arte de exprimir o pensamento por meio de gestos).
Entretanto, tratando-se de pessoas normais, pode-se, dependendo das
circunstâncias, adotar estes métodos:
a) Ler o sermão
Esta maneira de apresentar um discurso tem grande valor e não deixa
de ser válida na oratória, quando se trata dum discurso pronunciado numa assembleia,
num parlamento, num fórum, em solenidades públicas ou privadas. Entretanto,
tratando-se de homilia sagrada, torna-se monótono e cansativo. A leitura, por
mais bem feita, não transmite empolgação e vibração nos ouvintes.
b) Recitar o sermão
Este método de se apresentar o sermão, pode trazer vantagem e
desvantagem para o pregador. Vantagem, porque recitar, ou declamar sua própria composição,
daria ao sermão uma apresentação tecnicamente perfeita. Nesse caso, também a
memória do pregador desenvolve com domínio e coordenação. E, na verdade, a
melhoria real da memória é coisa de grande valor. Desvantagem, porque mesmo que
seja bem declamado, não deixa de tornar-se um sermão um pouco robotizado. A
mensagem fica completamente mecanizada e o pregador estático. Também aqueles
pensamentos e idéias preestabelecidas afastam os pensamentos e idéias que
surgirem pela primeira vez. Há também o perigo da memória falhar, e assim o
sermão naufragar, c) Falar de improviso Neste sentido, devemos ter em mente
dois pontos importantes:
• Primeiro: falar de improviso não
significa que, de todo, o pregador não seja auxiliado (ou orientado) por um
pequeno (ou grande) esboço, ou anotações; e, sim, que sua mensagem veio
momentaneamente direta de Deus, foi colocada no papel (em forma tópica) e,
através dos olhos, retransmitida novamente para a mente onde será ampliada. De
acordo com o que entendo e até onde sei, este é o melhor método de apresentação
do sermão.
• Segundo: falar, mesmo de improviso, no
mais lato sentido da palavra. Nesse caso, o pregador não se vale de nenhum
auxílio externo.
2. A versatilidade de Paulo
Parece que, segundo a luz do contexto parafraseante, o apóstolo
Paulo valia-se do método mais apropriado para o momento. Então ele diz:
a) Sermão lido "A palavra está junto de ti..." (Rm
10.8a).
b) Sermão recitado "A palavra está na tua boca..." (Rm
10.8b).
c) Sermão esboçado "A palavra está no teu coração..." (Rm
10.8c).
d) Sermão improvisado "Orando por mim...para que me seja dada,
no abrir da minha boca, a palavra..." (Ef 6.19). No sermão improvisado
(dizia Crisóstomo), Deus fala muito e o homem fala pouco.
Capítulo Três
A. AS PARTES QUE COMPÕEM O SERMÃO
1. Os elementos gerais do sermão
Os elementos gerais (ou funcionais) que compõem o sermão, conforme
a divisão correta, são: • O título • O tema • O texto • A introdução - exórdio
- introdução central -introito • O corpo do sermão - divisões, subdivisões e
transições
• A aplicação do sermão
• A conclusão do sermão.
2. As diretrizes básicas da enunciação
Alguém poderá então perguntar: Por que tantos elementos funcionais
na composição do sermão? Estabelecer uma ideia central como âmago do sermão nem
sempre é fácil, especialmente quando se trata de sermões textuais e
expositivos. É aí, segundo a divisão correta, que necessariamente deve o
pregador fixar sua mente e a de seus ouvintes sobre as palavras, frases e
cláusulas do título, do tema e do texto. Somente assim eles terão percepção
correta do assunto em discussão.
B. O TÍTULO
1. Definição
O título, como sabemos, é a primeira parte do sermão. A função do
título é chamar a atenção, interessar e atrair as pessoas. Ele dá nome ao
sermão, como uma peça literária completa. Não devemos confundir o título com o
tema. O título dá nome ao conteúdo. O tema dá nome ao assunto em discussão. O
título deve ser bem sugestivo para que possa despertar atenção ou curiosidade.
Tem de ser atraente, não pelo uso de mera novidade, mas por ser de vital
interesse às pessoas. Para ser interessante, o título deve relacionar-se com as
situações e necessidades da vida. Muitas circunstâncias, tanto internas como
externas, influenciam a vida e o pensamento da Igreja, ou do auditório em
geral. Épocas de bênçãos espirituais, dias de provações, prosperidade ou
adversidade, sublevações sociais ou políticas, comemorações e aniversários,
ocasiões de regozijos ou de lutas. Tudo isso, bem como os assuntos pessoais dos
membros da congregação, influenciam as pessoas a quem o pregador ministra.
2. O título não deve ser
negativo
O pregador nunca deve usar títulos extravagantes ou negativos.
Embora procuremos criar interesse, usando um título atraente, é preciso manter
sempre a dignidade devida à Palavra de Deus. Certa feita tive o desprazer de
ouvir um pregador transmitir um sermão baseado no seguinte título: "Cristo
não pode". Enquanto que o tema trazia a seguinte frase: "Sete razões
porque Cristo não salva". Título dessa natureza e tema extravagante assim,
nem salva e nem converte a ninguém. Ele expressa uma mensagem negativa.
"Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido"
(Lc 19.10). Melhor seria pregar: "Três razões porque Cristo salva".
Sem dúvida alguma, o resultado seria glorioso!
3. A divisão do título
O título pode ser, segundo a divisão correta, local, geral ou
intermediário. • Local, quando se prende apenas a um assunto ou obra literária.
• Geral, quando encabeça outros títulos. • Intermediário, quando transita entre
o título local e o geral. O título intermediário também pode ser definido como
sendo o subtítulo. O subtítulo, quando é uma parte apenas do título geral,
também pode ser chamado de título parcial. De acordo com as regras homiliastas,
o título deve ser breve. Há ocasiões em que é necessário usar uma sentença
completa, mas concisa.
4. A natureza do título
A natureza do título pode ser declarativa, interrogativa, afirmativa
ou exclamativa. Biblicamente falando, pode ser apresentado este gráfico assim:
• Declarativa "O que Deus não pode fazer" (curiosidade) - Tito 1.2. •
Interrogativa "Onde está Jesus?" (vontade de conhecer) - Mateus 2.2.
• Afirmativa "Jesus foi e voltará" (a evidência e a certeza) - João
14.3. • Exclamativa "Para mim o viver é Cristo!" (determinação) -
Filipenses 1.21.
5. A Escolha do Título
Na homilética, a escolha do título deve ser mais um assunto
particular de cada pregador. Cada um de nós tem as vantagens e as desvantagens
para desenvolver um tema baseado num certo título. Há pregadores que se amoldam
a certos títulos e outros não. Entretanto, certas ocasiões são sugestivas para
a escolha do título. Exemplo (aproveitando datas comemorativas existentes):
a) Por ocasião do Natal:
• "O presente de Deus".
b) No Dia das Mães
• "Amor e ternura exemplificados".
c) No Dia de Finados
• "A esperança da ressurreição".
d) No Dia da Independência
• "Liberdade e Fraternidade".
e) No Dia de Ano Novo
• "Uma nova etapa" (aguardando nova esperança etc.).
f) Sexta-Feira Santa
• "A morte de Cristo".
g) Sábado de Aleluia
• "O silêncio de Cristo".
h) Domingo de Páscoa
• "O Cristo Redivivo".
i) Por ocasião dum culto de missões
• "A Igreja e sua missão prioritária",
j) Num culto evangelístico
• "O IDE de Cristo em evidência" etc.
Em algumas ocasiões estes títulos são sugeridos diretamente pelo
Espírito Santo.
C. O TEMA
1. A síntese do assunto
O tema é a segunda parte do sermão e vem depois do título, pela
ordem correta. É a síntese do assunto em discussão. Vem de uma raiz grega
"théma" que significa ponho, coloco, guardo, deposito, trazendo assim
a ideia de algo que está dentro, ou no meio de alguma coisa. Dentro do sermão
(em síntese) é exatamente esta aposição do tema. Sua posição técnica no sermão
encontra-se entre o título e o texto.
2. O tem a e sua função
A função do tema é sintetizar o assunto e personificá-lo. Por isso,
tema é o nome do assunto que vamos tratar ou a síntese do conjunto deles,
enquanto que o assunto (corpo do sermão propriamente dito), vai ser a
argumentação (ou conteúdo do tema). Em razão do tema gravitar bem perto do
título, alguns mestres da oratória chegaram até sugerir que o tema devia vir
antes do título, e não depois. É verdade que em algumas passagens ou assuntos
da Bíblia, isso parece lógico; mas em outras não. Portanto, o tema deve vir
depois do título e não antes. Quando o tema é geral, pode servir de título. Em
alguns casos, isso é natural. Exemplo: numa dissertação sobre a morte de
Cristo, o tema geral seria A morte de Cristo, enquanto que, nesse caso, o
título viria depois com a seguinte frase: Os sofrimentos de Cristo. Com efeito,
portanto, o tema viria primeiro e o título depois, sem que alterasse as regras
do procedimento. Mas, no contexto prático, o título deve vir mesmo, em primeiro
lugar.
D. O TEXTO
1. Definição do texto
O texto, ou a porção, refere-se à passagem bíblica em síntese ou no
seu todo, usado pelo pregador para fundamentação do sermão. O vocábulo
deriva-se do latim texere, que significa tecer e, figuradamente, quer dizer
reunir, construir, compor, expressar o pensamento em contínuo discurso ou
escrita. O substantivo textus, então, indica o produto do tecer, o tecido, a
trama e, assim, no uso literário, a trama do pensamento de alguém, uma
composição contínua (leia mais sobre texto, quando abordarmos uma importante
definição sobre texto, contexto, subtexto etc., no capítulo quatro).
2. Dependendo da natureza do sermão
Dependendo da natureza do sermão, o texto pode sofrer alterações no
uso da pronúncia.
a) Sermão textual (o texto)
b) Sermão expositivo (a porção)
c) Sermão temático (a passagem)
d) Sermão ilativo (uma inferência)
e) Sermão extemporâneo (uma palavra)
f) Sermão para ocasiões especiais (uma frase) Num sermão temático,
muitas vezes o texto é substituído pelo tema central. Entretanto, ele deve ter
o nome de a passagem, para melhor compreensão do significado do pensamento.
• Na literatura
Na literatura, texto é tudo o que está escrito.
• Na homilética
Na homilética, texto é o nome da porção curta da Bíblia que se toma
como base para um sermão. Neste sentido, o texto pode ser apenas uma palavra,
uma frase ou um período curto. Já a porção extensa, usada num sermão
expositivo, pode incluir vários versículos ou até um capítulo todo.
E. A INTRODUÇÃO
1. O exórdio
A introdução é a parte inicial do corpo do sermão. É o vestíbulo,
ou a plataforma de acesso ao ponto central da argumentação. O propósito da
introdução é despertar a atenção do povo e desadiar-lhe o pensamento de tal
modo que se interesse ativamente pelo assunto. Alguém até comparou-a a fortes
garras de ferro que prendem imediatamente a mente dos seus ouvintes. Podemos
comparar a missão da introdução como uma comissão de recepção de um grande
evento. Quando esta funciona mal, todo o curso fica prejudicado. No sermão,
acontece também a mesma coisa; quando a introdução é malfeita, a tese se
desenvolve defeituosa.
2. Deve visar diretamente o assunto
A introdução deve visar diretamente o assunto principal. Para
tanto, as afirmativas nela contidas devem consistir em idéias progressivas que
culminem no objetivo principal do sermão. Toda citação, explicação, exemplo ou
incidente devem ser apresentados com este propósito em mente. Os oradores
antigos dividiam a introdução em duas espécies: a formal e a não-formal.
• A formal
A introdução formal consistia numa ligeira palavra distinta do
verdadeiro assunto (início) do sermão.
• A não-formal
A introdução não-formal consistia na forma atual do início do
discurso. A primeira era para levar à invocação; a segunda para preparar a
divisão. Os oradores mais exigentes dividiam a introdução em três partes, a
saber:
- O exórdio (prelúdio)
- A introdução central (plataforma)
- O introito (entrada). Com efeito, a parte final da introdução
deve ser chamada de introito, visto ser ela a que dá entrada no corpo do sermão
propriamente dito.
F. O CORPO DO SERMÃO
1. Definição
O corpo do sermão, conforme soa melhor em termos prático, entre os
pregadores cristãos, é o conjunto de fatos, de idéias, de provas ou de
argumentos arrolados pelo pregador. Esta argumentação deve ser bem apresentada
e ao mesmo tempo mesclada com o sabor da graça de Deus (Mc 9.50; Cl 4.6).
Somente assim, o pregador pode se enquadrar no exemplo típico do divino Mestre.
Dele se diz: "...todos...se maravilhavam das palavras de graça que saíam
da sua boca..." (Lc 4.22) e "...nunca homem algum falou assim como
este homem" (Jo 7.46b). Dependendo da cultura geral ou ambiental, esta
parte do sermão (ou este conjunto de idéias, fatos, provas e argumentação) pode
ser chamada de:
- A descrição - A narração - A dissertação - A exposição - A
discussão - A oração - A explanação - A argumentação -A tese - A proposição - A
prédica - O assunto - O corpo do sermão - O conteúdo da mensagem - O calor da eloquência
- O centro da pregação - O âmago da oratória - O corpo do discurso - O
desenvolvimento - O tratado Algumas dessas expressões, são apenas termos
designativos para classificar métodos gerais de exposição. Por exemplo: • A
descrição A descrição é a exposição analítica, detalhada, particular e
minuciosa de um objeto (coisa ou pessoa). A descrição é a forma de se dizer
como uma coisa é, em detalhes.
• A narração
A narração é a exposição de fatos, do modo como eles aconteceram. O
narrador se limita a dizer as coisas como elas se deram. É o método típico do
cronista, do repórter, do historiador, da testemunha fiel a si mesma e aos outros.
• A dissertação A dissertação é a exposição discursiva onde os
fatos são analisados, interpretados, as idéias elaboradas e os conceitos
estabelecidos, segundo a visualização e a opinião do autor (pregador). No
conceito geral, entretanto, todos esses termos apontam de uma maneira ou de
outra para o corpo do sermão.
2. O objetivo do sermão
Em linhas gerais, o sermão tem dois objetivos: persuadir e
dissuadir . O alvo do pregador, ou mesmo da mais humilde testemunha de Cristo,
é salvar e edificar seus ouvintes. Tratando-se de pecadores, a missão daquele
que ministra a Palavra de Deus é dissuadi-los do pecado e persuadi-los a crer
em Jesus como Salvador (Lc 24.47,48; At 8.4,5; 14.15). No tocante aos salvos,
segue-se a mesma sentença, isto é, dissuadi-los daquelas coisas que são
contrárias à vontade divina e persuadi-los a "...permanecerem no Senhor
com propósito do coração" (At 11.23). Para persuadir os ouvintes e
levá-los à salvação ou edificação espiritual, todas as formas de sermão podem
ser usadas.
3. As divisões do sermão
As divisões do sermão variam em número, dependendo do conteúdo e da
capacidade do pregador. Aconselha-se a limitação de pontos a um máximo de cinco
numa série. A memória tende a falhar, quando há mais de cinco pontos num
sermão. Testes psicológicos no campo da educação revelaram que, quando há mais
de cinco pontos dentre os quais escolher, o discernimento fica mais ou menos
nebuloso e, por conseguinte, as escolhas são menos confiáveis. Sugere-se,
portanto, para melhor compreensão do significado do pensamento, nos sermões
temáticos e textuais, três divisões, e cinco para um sermão expositivo. Também
as divisões não devem ser páreas e, sim, ímpares. É muito fácil para os
ouvintes acompanhar uma mensagem falada, quando as idéias principais estão
organizadas corretamente e proferidas com clareza, do que quando elas não têm
organização ou não se relacionam. À medida que o pregador anuncia as divisões e
passa de um ponto principal a outro, os ouvintes conseguem identificar as
divisões das partes entre si e discernir a progressão da mensagem.
a) As divisões
No esquema apresentado, o leitor deve observar que algumas divisões
principais são tão condensadas que não precisam sofrer subdivisões. Outras,
porém, pelo contrário, são amplas e heterogêneas e, por isso, precisam.
Outrossim, algumas divisões, por causa do seu conteúdo, podem exigir mais
atenção, enquanto que outras não terão tanta importância em relação ao objetivo
ou propósito da pregação. Em casos específicos, material que não foi necessário
se aplicar numa divisão, podemos aplicar na outra, pois com a mesma ferramenta
podemos usar vários tipos de atividade.
b) As subdivisões
As subdivisões de cada divisão principal devem derivar do tema da
divisão e desenvolver-se dentro do assunto e argumento principal.
c) As transições
A função primordial das transições durante o sermão é fazer a
ligação (ou junção) da passagem de um assunto para o outro. Na linguagem
jornalística, chama-se de gancho e na linguagem homiliasta, de transições. Seja
a transição mediata ou imediata, sempre é desejável empregar alguma forma de
expressão que, juntamente com uma natural mudança de tom e de maneira, leve o
ouvinte a observar que aí estamos passando para outra linha de pensamento. As
transições usadas durante um sermão devem ser caracterizadas com
palavras-chaves e nunca com palavras adversas. Observando bem, as transições
funcionam entre uma divisão e outra, como uma espécie de minúsculas
introduções. Nos sermões pregados por Jesus, encontramos estas transições em estilo
natural, ligando um assunto ao outro. Tomemos como base: O Sermão do Monte No
Sermão do Monte, pregado por nosso Senhor, "bem-aventurança" é a
primeira palavra do assunto que irá ser desenvolvido. Nesse caso, não se trata
de transição ainda e, sim, da introdução discurso. As transições começam na
"bem-aventurança" seguinte:
1a Divisão
- Mateus 5 - As transições: - "Vós sois..." - v. 13
" - Vós sois..." - vv. 14-16 "Não cuideis..." - vv. 17-20
"Ouvistes..." - vv. 21-26 "Ouvistes..." - vv. 27-30
"Também..." - vv. 31,32 "Outrossim..." - vv. 33-37
"Ouvistes..." - vv. 38-42 "Ouvistes..." - vv. 43-48.
2a Divisão
- Mateus 6 - As transições: "Guardai-vos..." - vv. 1-4
"E, quando..." - vv. 5-15 "E, quando..." - vv. 16-18
"Não..." -19-34.
3a Divisão
- Mateus 7 - As transições: "Não..." - vv.' 1-5
"Não..." - v. 6 "Pedi..." - vv. 7-12 "Entrai..."
- vv. 13,14 "Acautelai-vos..." - vv. 15-23 "Todo..." - vv.
24-27. O leitor deve observar que cada sentença dessa, curta ou longa, liga o
ponto anterior ao ponto seguinte, dando cores e tonalidades ao assunto
seguinte. As transições, portanto, como parte auxiliatória do sermão, estão
presentes em todos os discursos registrados na Bíblia.
G. A APLICAÇÃO DO SERMÃO
1. Convite ou apelo
A aplicação do sermão é um dos elementos mais importantes do nosso
discurso. Mediante esse processo, obtemos o resultado negativo ou positivo
daquilo que pregamos ou ensinamos. A aplicação do sermão deve ser de acordo com
o tipo de mensagem que pregamos. Definimos a aplicação como sendo o apelo ou melhor
posição correta, o convite oferecido aos ouvintes. Esta parte é a penúltima
peça do sermão. Antecedendo assim a conclusão do discurso.
2. O objetivo da aplicação
O objetivo da aplicação no sermão visa o resultado positivo daquilo
que ministramos. Por exemplo: quando pregamos a palavra da salvação aos
pecadores, a aplicação deve ser o convite (o apelo). Se ministrarmos a palavra
de Deus num auditório, mostrando a necessidade do crente ser batizado com o
Espírito Santo, a aplicação, nesse caso, deve ser um convite para uma oração de
poder, a fim de que nosso Salvador batize com o Espírito Santo; em outras
palavras, conforme nosso dia a dia, convidamos para "vira frente".
Quando o sermão se baseia na cura divina, a aplicação deve ser um apelo às
pessoas doentes a participarem de uma oração, geralmente intitulada a oração da
fé, a fim de que recebam saúde. Vamos observar estes exemplos na Bíblia, onde
os sermões tiveram aplicação imediata:
a) No cárcere de Filipos
• O sermão: "Não te faças nenhum mal, que todos aqui
estamos".
• A aplicação: "Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e
a tua casa" (At 16.28,31).
b) Em Éfeso
• O sermão:
"Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes?...em que
sois batizados então?... certamente João batizou com o batismo do
arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto
é, em Jesus Cristo".
• A aplicação:
"E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito
Santo; e falavam línguas e profetizavam" (At 19.1-6). c) Em Jerusalém, na
porta formosa
• O sermão: "Olha para nós". Não tenho prata nem ouro,
mas o que tenho isso te dou".
• A aplicação:
"Em nome de Jesus, o Nazareno, levanta-te e anda" (At
3.4,6). São inúmeras as passagens e os episódios na Bíblia, onde o sermão foi sequenciado
pela aplicação. Portanto, numa linguagem clara e acessível, a aplicação do
sermão é o convite (apelo) baseado naquilo que pregamos.
H. A CONCLUSÃO DO SERMÃO
1. Definição
A conclusão, como o próprio termo sugere, no sentido técnico, é a
última parte do sermão; no sentido homiliasta, é uma síntese de todas as
verdades que foram ditas no sermão. A conclusão torna-se a parte mais
gratificante do sermão para o pregador, pois, segundo se diz, é o momento
quando o pregador se obriga a fazer uma síntese de tudo o que disse, não só
para destacar e fazer lembrar as verdades principais, mas para ajudar os
ouvintes a se beneficiarem da mensagem. Por essa razão, ela deve ser breve.
Lamentavelmente, alguns pregadores, porém, se esquecem da importância da
conclusão, e, como resultado, seus sermões, embora cuidadosamente preparados
nas outras partes, fracassam no ponto crucial. Portanto, aconselha-se, por
outro lado, uma boa conclusão; ela pode, às vezes, suprir as deficiências de
outras partes do sermão, ou servir para aumentar o seu impacto.
2. A conclusão deve ser conclusiva
O objetivo da conclusão é suprir algumas falhas do sermão e
concluí-lo no sentido restrito da palavra. Dependendo das circunstâncias (se o
sermão for pregado pelo pastor ou dirigente local), a conclusão pode ser, salvo
as exceções, o cântico de um hino, um corinho, uma oração, à bênção apostólica,
ou mesmo o amém final.
Capítulo Quatro
A. OS ELEMENTOS TÉCNICOS DA DISSERTAÇÃO
1. Os elementos funcionais
Os elementos técnicos (ou funcionais) que são usados pelo pregador
durante o tempo da dissertação, referem-se aos elementos bíblicos e a outras
formas de expressão. São eles: A Bíblia no seu todo O texto O contexto O
subtexto Os paralelos - Os de palavras - Os de idéias - Os de ensinos gerais A
referência A inferência As variantes As evidências A dedução As ilustrações
etc. Analisemos os elementos bíblicos e depois os gramaticais.
a) A Bíblia
O primeiro elemento (ou fonte) primordial do pregador é a Bíblia.
Ela é, portanto (e deve ser), o primeiro recurso a ser usado na apresentação do
discurso. Pregador que não coloca a Bíblia em primeiro lugar (sentido
espiritual e físico), seu sermão torna-se medíocre e arqueológico.
b) O texto
No sentido universal, o texto passou a significar todo o passo ou
trecho lido pelo pregador, que pode ir de uma linha até um livro inteiro (ver
notas sobre isso em o capítulo dois - definição do texto). No sentido local
(restrito), entretanto, o texto significa uma porção bíblica que, junto ao
contexto, auxiliará na interpretação e amarração do sermão. O Dr. Henry Sloane
apresenta três vantagens de se ter um texto:
• Conserva o pregador na linha do passado espiritual histórico a
que ele está procurando dar sequência.
• Resume em forma notável e
memorável o ponto capital de sua mensagem.
• Quase que invariavelmente o texto enriquece o sermão com essa
preciosa vida em contato com Deus na Bíblia, sugerindo ao pregador coisas que
dantes não estavam em sua mente. Outros mestres apresentam outras vantagens,
mas estas do Dr. Henry Sloane absolvem o pensamento delas todas. Na
interpretação geral da Bíblia, tanto é valioso o texto como o contexto e, para
consolidação do assunto, o subtexto é indispensável O texto sem o contexto se
torna num aperto, e sem a confirmação do subtexto, num pretexto!
c) O contexto
O contexto é uma porção bíblica que se torna num encadeamento de
idéias de tudo aquilo que está escrito antes ou depois do texto, mas que tem
como ponto pacífico a composição do texto. O contexto pode ser antecedente ou consequente,
próximo ou remoto, prospectivo (apontando para frente) ou retrospectivo
(apontando para trás). Entretanto, o contexto sempre aponta em direção ao texto
e nele se consolida. Ele ajuda na interpretação do texto. d) O subtexto O
subtexto é uma porção bíblica que se encontra entre o texto e o contexto. O
texto, por exemplo, é interpretado à luz do contexto, a ideia particular, e o
subtexto, a ideia universal. Assim, em outras palavras, as duas primeiras
composições (texto e contexto), que compõem coletivamente o antecedente, se
chamam premissas, e a terceira (o subtexto), conclusão. 2. Outras formas de
expressão As outras formas de expressão, que são utilizadas pelo pregador
durante a apresentação da mensagem, são os paralelos, a referência, a
inferência, a citação, as variantes, as evidências, a dedução etc. Existem
também as ilustrações e as figuras de retórica, mas estas estudaremos em
secções e capítulo à parte. Os paralelos são porções ou expressões bíblicas que
marcham na mesma proporção. Os paralelos usados para esta regra são três: os de
palavras, os de idéias e os de ensinos gerais.
a) Os paralelos de palavras
Os paralelos de palavras surgem quando o conjunto da frase ou o
contexto não bastam para explicar uma palavra duvidosa. Procura-se, às vezes,
adquirir seu verdadeiro significado, consultando outros textos em que ela
ocorre; e, outras vezes, tratando-se de nomes próprios, apela-se para o mesmo
procedimento, a fim de fazer ressaltar fatos e verdades que de outro modo
perderiam sua importância e significado.
b) Os paralelos de idéias
Os paralelos de idéias são invocados para se conseguir idéias
completas e exatas do que ensinam as Escrituras neste ou naquele texto
determinado, talvez obscuro ou discutível; consultam-se não só as palavras
paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos contidos em textos ou
passagens aclaratórias que se relacionem com o dito texto obscuro ou
discutível.
c) Os paralelos de ensinos gerais
Seguindo o exemplo dos paralelos precedentes, os paralelos de
ensinos gerais ocorrem na interpretação de determinadas passagens em que os
paralelos de palavras e de idéias não são suficientes para interpretação geral
do texto ou da porção bíblica. Nesse caso, é preciso se recorrer ao Teor Geral,
ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras.
d) A referência
. a referência é usada como fonte indicativa no confronto de fatos
e palavras iguais ou paralelas registradas na Bíblia. A referência, neste
sentido, torna-se uma espécie de contexto ilustrativo.
e) A inferência
Podemos distinguir dois tipos de inferência:
- A inferência indutiva
- E a inferência técnica.
• A inferência indutiva é uma espécie de análise em que, através de
dados singulares suficientes, se infere uma verdade universal. Por exemplo: A
Bíblia não contém a Palavra de Deus; ela é a Palavra de Deus! "A graça de
Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens".
• A inferência técnica, entretanto, pode ser inferida como uma
investigação nos fatos e nas passagens envolvidos antes e depois de ensinos e
acontecimentos. A inferência, assim definida, transforma os fatos em evidências
e busca o sentido natural da passagem bíblica e situa a mensagem no tempo e no
espaço.
f) A citação
A citação infere também dois sentidos: o forense e o retórico. Com
efeito, porém, nos referimos aqui ao sentido retórico. A citação invocada como
regra técnica, define-se como aquela parte que o pregador (ou estudioso da
Bíblia) usa para se apoiar. ao descrever um texto em afirmação daquilo de que
afirma. E a referência direta que se faz com autoridade e exemplo.
g) As variantes
As variantes bíblicas são usadas no auxílio de palavras e
expressões com sentido obscuro. Às vezes, as variantes traduzem o sentido
destas palavras, através de sinônimos regionais e contemporâneos... Em algumas
Bíblias, as variantes são encontradas no rodapé; em outras no meio da página;
outras, no final do capítulo e ainda outras no final do livro. Tomando-se como
exemplo a Bíblia Edição Revista e Corrigida, editada em português pela Editora
Vida (outras publicadas anteriormente trazem também a mesma fórmula), 1981, as
variantes iniciam assim: "...tempos determinados” (Gn 1.14), no rodapé
lemos: ou, estações", e daí por diante. Na apresentação do sermão , se o
pregador tem pelo menos noção das línguas originais em que a Bíblia foi
escrita, este material pode lhe servir como variantes para esclarecer as partes
obscuras do texto ou da passagem que está em foco.
h) As evidências
As evidências consubstanciam os fatos e os fatos consubstanciam as
provas. As evidências bíblicas consubstanciam os elementos inerentes da
certeza. A evidência é o que fundamenta a certeza. Definimo-la como a clareza
plena pela qual o verdadeiro não deve ser rogado à adesão e sim imposto. A
certeza é o estado do espírito que consiste na adesão firme à verdade
conhecida, sem temor do engano. O pregador não pode ter dúvidas quanto a Deus e
a sua Palavra, pois as evidências bíblicas e outras fontes consubstanciam que
ambos são verdadeiros.
i) A dedução
O raciocínio dedutivo é o inverso do raciocínio indutivo. O raciocínio
indutivo faz numa espécie de análise através de dados singulares suficientes, e
infere uma verdade ou um princípio universal. O raciocínio dedutivo, pelo
contrário. Ele parte de um movimento de pensamentos que vai de uma verdade
universal a uma outra verdade menos universal (ou singular). A dedução assim
definida, torna-se uma espécie de síntese, uma vez que consiste em ir dos
princípios às consequências ou, em outras palavras, do geral para os detalhes.
Este método é muito importante para o pregador, especialmente na dissertação do
sermão expositivo, se a porção bíblica textual tratar de uma parábola. Esta
necessidade existe, não por causa de uma parábola isolada e, sim, pelo conjunto
geral das parábolas - especialmente quando se trata de parábolas narradas nos
evangelhos sinóticos. Em algumas parábolas há acréscimo de detalhes e em outras
há omissões na descrição. Tanto os acréscimos como as omissões são
significativos na interpretação geral. Através do raciocínio dedutivo, o
pregador descobre algumas verdades singulares que enriquecerão ao sermão.
Outrossim, o raciocínio dedutivo traz também coragem para o pregador,
especialmente na interpretação. Podemos tirar algumas conclusões deste
raciocínio em alguns episódios das Escrituras.
• Em meio a tempestade no mar da Galileia, Pedro e seus
companheiros ouviram uma voz que bradou: “Tende bom ânimo, sou eu, não temais”
(Mt 14. 27). Então Pedro respondendo, disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter
contigo por cima das águas”. Em resposta à solicitação do apóstolo, a voz do
personagem bradou: "VEM!". Observe que a voz não se identificou, mas
apenas disse: "VEM!" (Mt 14.29). Baseado nas duas expressões, Pedro
fez uma síntese e deduziu: "...é o Senhor". E de fato era mesmo.
• O apóstolo Paulo exemplifica também este tipo de raciocínio
dedutivo, quando dá seu parecer sobre o casamento na igreja de Corinto. O
apóstolo não tinha, como ele mesmo declara, "nenhum mandamento do
Senhor" para disciplinar tal assunto. Mas dedutivamente se aventurou a dar
seu parecer. E conclui dizendo: "...cuido que tenho o Espírito de
Deus" (1 Co 7.40). Com efeito, a dedução leva o pregador, mediante uma
síntese dos detalhes, a uma conclusão aprimorada.
B. AS ILUSTRAÇÕES
1. O valor da ilustração
Ilustrar, conforme nos dá a entender o étimo do vocábulo, é lançar
luz (ou como infere o sentido latino, ilustrare) sobre o assunto. A ilustração,
portanto, serve para iluminar, esclarecer, tornar evidente. Ela é, com efeito,
a substância que lustra, ou dá brilho ao sermão. É verdade que no sentido lato
quem torna a mensagem bem interessante é o Espírito Santo. Entretanto, a
linguagem ilustrativa pode e deve ter sua participação na dissertação da
mensagem, tornando transparente e atraente cada parte do sermão. A ilustração
pode tornar várias formas como:
• Uma parábola
• Uma analogia
• Uma história
• Um relato de uma experiência pessoal
• Um acontecimento notável
• Um incidente, cujo teor traduza para os circunstantes uma
admiração incomensurável.
2. A capacidade de ilustrar
Quem deseja ilustrar, bem precisa aprender métodos, práticas e
colocações que demonstrem o equilíbrio e o conhecimento para transmitir as suas
idéias, usando forma e estilo que traduzam capacidade e domínio da parte do
ilustrador na hora da comunicação. A base principal de um bom pregador, que
deseja enriquecer seu sermão com ilustrações cabíveis a sã doutrina e ao
comportamento geral da Igreja, é firmada numa série de elementos; dentre eles,
estes são os mais essenciais:
• Domínio pessoal, otimismo, educação da voz, gesticulação, saber
olhar, saber sorrir, ter ecletismo cultural (cultura aqui não se refere à
intelectualidade), ter excelente memória, saber colocar a voz quanto à altura,
ao timbre, e ao ritmo, e vontade de falar ao auditório.
• É evidente, porém, que quando o Espírito Santo nos ilumina numa
ilustração, pintamos o quadro com maior lucidez e perfeição.
Capítulo Cinco
A. EXERCÍCIOS PARA EDUCAÇÃO E USO CORRETO DA VOZ
1. As técnicas da comunicação
Os gregos e depois os romanos já diziam: "O pregador (orador) precisa
saber usar o corpo e a voz". O exercício corporal, quando visto do lado
divino da observação, diz Paulo "...para pouco aproveita" (1 Tm 4.8),
mas quando analisado do ponto de vista profissional, não deixa de ser
importante. Nossos corpos, estilos e vozes, mesmo que não sejam de todo
aperfeiçoados, pelo menos, devem melhorar. Há, portanto, necessidade de
fazermos alguma coisa em favor de nós mesmos em direção aquilo que é decente e
proveitoso. Exemplo: um dos maiores obstáculos para o pregador ou orador, é sem
dúvida seu timbre de voz. Alguns têm o timbre da voz grave, médio, agudo,
nasal, rouco etc. A qualidade da voz de uma pessoa é tão marcante que determina
o seu estilo sonoro. Para alcançarmos o alvo desejado neste campo, é necessário
empregar muita força de vontade e determinação. Dizem os especialistas em
seleção de vozes que apenas 1 em 1000 pessoas nascem com boa voz em som, estilo
e apresentação. Mas, de forma alguma, aqueles que não pertencem a esta classe
privilegiada, devem ficar desanimados ou desencorajados, pois da mesma forma
que não é necessário nascer músico para aprender a tocar um instrumento, também
não é necessário nascer pregador.
a) Treinamentos adequados
Existem tantos treinos que abrem boas perspectivas para todos
aqueles que querem melhorar a arte de pregar, usando corretamente sua voz,
método, talento etc., que não se faz necessário alguém pensar definitivamente
que não seja capaz para tal aperfeiçoamento. No meio secular, há grande
conscientização para a importância da voz. Usar a voz corretamente é, no dizer
de alguém, "a forma mais adequada para se atrair os ouvintes". Usá-la
inadequadamente, afirma-se: "os ouvintes desaparecerão
imediatamente". Nos filmes, nos teatros, na televisão e no rádio, gastam-se
enormes somas de dinheiro e tempo com a arte de falar até chegar a resultados
brilhantes. No meio cristão, entretanto, isso é um tanto negligenciado. É
surpreendente como certas pessoas gastam (do lado positivo aproveitam) tantos
anos da sua vida em estudos teológicos e muitas horas a escrever, sem pensarem
como devem usar os seus poderes vocais. Parece que o apóstolo Paulo tinha
bastante cuidado com sua locução. Então ele diz: "Todavia eu antes quero
falar na igreja (auditório) cinco palavras na minha própria inteligência, para
que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua
desconhecida" (1 Co 14.19).
c) Falar com sentimento e inspiração
Falar com sentimento e inspiração, ajuda bastante no uso adequado
dos órgãos de comunicação verbal. Qualquer auditório sempre deseja e gosta de
ouvir alguém que fale com sentimento da alma e com inspiração divina. Todos os
pregadores devem estar cônscios de que o microfone não transmite as expressões
visuais, mas que, apesar disto, não devem evitar o sorrir e o estar animados
quando estão em frente do mesmo. Um lindo sorriso nos lábios é transmitir
otimismo no discurso, ao mesmo tempo, pode abrir um campo magnético onde todos
entram sem resistências, dobrando-se à vontade de quem fala. "...A doçura
dos lábios aumentará o ensino" (Pv 16.21b), disse um mestre de oratória
(Ec 1.1,2,12). É também muito importante usar gesticulações naturais e
expressões faciais, pois elas afetam o ritmo das palavras e dão ao discurso um
sabor natural e agradável.
d) Não falar demasiadamente rápido
Muitas vezes a razão pela qual os novos pregadores falam
demasiadamente rápido, é devido a um certo grau de nervosismo. Isto torna-se
muito cansativo para os ouvintes, pois estes têm de esforçar-se bastante para
apanhar todo o conteúdo do discurso. Isto faz que os ouvintes sintam dor de
cabeça, irritação, vertigem e até desmaio. b) Usar curtas_ frases O pregador
deve usar curtas frases de palavras e breves passagens de pensamento,
especialmente quando se está pregando ao Ar Livre. Longos parágrafos e grandes
argumentos é melhor reservar para outras ocasiões. Nas grandes reuniões feitas
no sossego... há muito poder no silêncio eloquente introduzido de vez em
quando. Dá ao povo tempo para tomar fôlego, e para refletir, é bastante
gratificante. As pausas são muito eficientes, e úteis de várias maneiras, tanto
para o orador como para os ouvintes. Mas há um grupo de pessoas que passam, e
que não estão inclinadas a nada que se pareça a um culto, é mais adequado um
discurso rápido, curto e inciso.
c) As qualificativas para o "Ar Livre "
Além de outras qualidades que a própria natureza do ser se
encarrega de codificá-las, estas são indispensáveis ao pregador quando se
encontra pregando ao Ar Livre:
• Boa voz • Naturalidade nos modos • Domínio próprio
• Bom conhecimento das Escrituras e das coisas comuns
• Capacidade de adaptar-se a qualquer grupo de ouvintes
• Boa capacidade para ilustrar
• Zelo, prudência e bom humor
• Coração grande e amoroso
• Crença sincera em tudo que diz • Inteira dependência do Espírito
Santo
• Andar em íntima comunhão com Deus pela oração por causa dos
demônios
• Comportamento coerente diante dos homens, por santo viver
• Manter-se animado, empregar muitas ilustrações e casos, e
respingar uma observação curiosa aqui e ali a exemplo de Moisés: "Goteje a
minha doutrina como a chuva, destile o meu dito como o orvalho, como chuvisco
sobre a relva" (Dt 32.2).
B. A VOZ E SEU USO CORRETO
1. Pode ser fraca e pode ser poderosa
O homem dotado de voz excelente mas destituído de cabeça bem-informada
e de coração fervoroso, é apenas "uma voz que clama no deserto", ou,
para usar a expressão de Plutarco, "Vox et praeterea nihil" (Voz, e
nada mais). Tal homem (argumentava Spurgeon) pode brilhar no coro, mas é inútil
no púlpito. A voz de Whitefield, sem o poder do coração, não teria deixado
sobre os seus ouvintes efeitos mais duradouros do que os do violino de
Paganini. Irmãos, vocês não são cantores, mas pregadores; sua voz é de
secundária importância; não se envaideçam com ela, nem se lamentem como se
fossem inválidos por causa dela, como tantos o fazem. Uma trombeta não precisa
ser feita de prata; um chifre de carneiro basta. É preciso, porém, que aguente
rude uso, pois as trombetas são para os conflitos bélicos, não para os salões
de recepção da moda. "Porque (diz Paulo), se a trombeta der sonido
incerto, quem se preparará para a batalha? assim também vós, se com a língua
não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz?
porque estareis como que falando ao ar" (1 Co 14.8,9). Torna-se
necessário, portanto, que a voz do pregador seja mesclada com a graça divina.
Somente assim - ela seja forte ou seja fraca, contudo, à semelhança de uma
velha trombeta, dará sonido certo para aqueles que nos ouvem. Outro fator
bastante negativo, tanto para o pregador como para seus ouvintes, é falar
devagar ou paulatinamente. Falar muito devagar é serviço bastante desagradável.
É impossível ouvir um homem que rasteja a um quilômetro por hora. Uma palavra
hoje, outra amanhã: é uma espécie de fogo lento de que somente os mártires
poderiam gostar. Há um outro perigo: falar depressa demais, com violência e
furor que resultam numa linguagem bombástica. As ondas de ar podem chocar-se
com os ouvidos em tão rápida sucessão que nenhuma impressão compreensível causa
ao nervo auditivo. A tinta é necessária para a escrita, mas se você derramar o
tinteiro numa folha de papel, não transmitirá com isso nada que tenha algum
significado. Assim é com o som. O som é a tinta, mas, requer-se manejo (não
quantidade), para produzir uma escrita inteligível para o ouvido, afirmam os
grandes mestres de oratória.
2. A intensidade da voz
Uma das coisas mais palpitantes para um pregador é a intensidade da
voz. O pregador precisa saber que a intensidade ou volume de sua voz deve ser
proporcional à distância que ele se posiciona ou se encontra diante de seus
assistentes. A sua voz deve chegar em sons perfeitos ao seu mais distante
ouvinte. Metodicamente falando, isso pode ser também sistematizado de acordo
com o auditório em que se encontra o pregador. Não somente o auditório, mas
também as circunstâncias ocasionais, locais, regionais e situações momentâneas,
que vão desde, o auditório físico ao comportamento humano. No auditório físico,
as circunstâncias que muitas vezes podem prejudicar o uso correto da voz do
pregador, é que a maioria de nossos templos, estádios, ginásios, salões etc., é
construída sem a mínima consideração acústica. Então, é aí que o pregador deve
ter a sensibilidade para perceber quando deve elevar ou baixar o volume de sua
voz. Fica bastante deselegante para o orador falar baixo a ponto de seus
ouvintes distantes não o ouvirem, como falar tão alto, num auditório pequeno ou
de acústica sensível. Diante de tal situação, aquele que ministra a Palavra de
Deus deve usar suas habilidades naturais e culturais para debelar tais revezes
contrários à perfeição da voz e da mensagem.
a) O uso da voz na introdução
Cícero, o grande orador romano, recomendava que a introdução seja
pronunciada com voz bem pausada e baixa, porque se lesam as artérias, se forem
dilatadas por clamor violento antes de serem primeiro afagadas por uma voz
branda. Então ele recomendava:
• O tom de conversação (para ser usado quando se narra ou
demonstra).
• O tom de discussão (quando se disserta).
• E o tom de amplificação (quando há exortação, ou lamento).
Com efeito, porém, argumentava Cícero que, no calor da eloquência,
deve usar-se a voz em toda sua extensão (ostentação). Alguns oradores, dado ao
estado emocional antes do discurso, tendem a ficar com a garganta seca. Mestres
em técnicas da oratória aconselham, nesse caso, uma pequena mordida (sem causar
ferimento) na ponta da língua. Isso faz que as glândulas salivantes produzam
saliva imediatamente para a lubrificação da garganta e lábios.
b) Falar com ousadia
Duas coisas de vital importância para o pregador no momento da
pregação da mensagem divina: é ser usado e ter ousadia. Quando estas duas
virtudes caminham juntas, tanto a voz como os movimentos do pregador são
controlados exclusivamente pelo Espírito Santo. No púlpito, ele representa a
Trindade divina e a coletividade humana. Embora ele seja o agente humano da
mensagem, ao entregá-la, ele é um veículo da graça de Deus e do amor da Igreja.
Ele tem que falar em nome de Deus e da Igreja.
c) O cuidado pela voz
A voz humana abarca uma larga área de sons e, por isso, devemos
fazer uso dela todos os dias quando falamos. Cada pessoa deve esforçar-se por
uma voz melodiosa e agradável. Tendo em mente a grande importância da voz na
pregação, todos os pregadores devem aprender a treinar a sua voz para melhor
apresentarem seu discurso e isso pode e deve ser feito através de uma terapia
vocal. Sabemos que nem todos os pregadores têm possibilidades de obter cursos
sobre discurso ou terapia da voz; entretanto, isso poderá ser feito mesmo em
casa ou numa escola teológica. 3. A forma correta Para que bem falemos, três
coisas são necessárias para este momento:
a) Abrir bem a boca
Este conceito é tanto homiliasta como divino. "...Abre bem a
tua boca..." (SI 81.10).
b) Falar com muita força
Este método segue a mesma sentença do primeiro. Tanto Deus como a
técnica ensinam: "...levanta a tua voz fortemente..." (Is 40.9).
c) Pronunciar claramente as palavras
Isso significa que cada palavra vai ser colocada no tempo e no
espaço. O resultado dessa comunicação correta é a afirmação de Provérbios
25.11, que diz: "Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra
dita a seu tempo".
4. Os lábios tensos
São inúmeras as pessoas que têm dificuldades de se expressar devido
terem os dois lábios, um lábio, ou ainda parte de um lábio sob tensão. O
desenvolvimento e a flexibilidade dos lábios consistem tão-somente em
pronunciar muitas vezes (pela manhã em jejum) a palavra: "SOPA",
estendendo os lábios de maneira exagerada ao dizer: "SO" e
recolhendo-os ao dizer: "PA". A mandíbula inferior fica tensa, ao
pronunciar "so"; e completamente caída, ao dizer "pa". A
corrente do discurso toma a sua forma final na cavidade oral. Uma pronúncia
correta é obtida ajustando os órgãos ativos da fala, palatas, lábios, e língua.
Os dois sons então produzidos são as vogais e as consoantes. As vogais são sons
que toma a sua tonalidade devido à largura do maxilar e à posição dos lábios e
língua. As consoantes, por sua vez, são formadas pela contração e bloqueio do
ar inspirado. Se os lábios estiverem tensos, todo esse processo será
prejudicado. Devemos, portanto, esforçar-nos por produzir sons puros e
lembrar-nos de que a articulação deve tornar-se a mais harmoniosa possível.
Articule, pois, de maneira clara, natural e distinta.
5. Exercícios para desprender a mandíbula
Para que bem falemos em público é necessário abrir suficientemente
a boca. E, para se fazer isso, torna-se necessário relaxar a mandíbula
inferior. O Dr. Thomas Hawkins diz: "Não são poucas as pessoas que têm a
mandíbula inferior sempre tensa". O exercício para acostumar-se a
relaxá-la é demasiadamente fácil, mas exige prática, e por bastante tempo. São
várias as técnicas e métodos oferecidos neste campo pelos mestres de oratória,
porém passaremos a descrever aqui aqueles que são reconhecidos em termos gerais
e universais.
a) Movimentação da mandíbula
Este exercício consiste simplesmente em inspirar profundamente e,
com a garganta relaxada, dizer "A" - "A" - "A" -
"A" - "A" - "A" com a mandíbula inferior caída.
Este exercício corrige as alterações nítidas que são transmitidas pelo sistema
nervoso abalado. Sem essa flexibilidade da mandíbula, pode ocorrer o perigo de
se falar tão rapidamente que se emendem as palavras. Outro perigo é o de baixar
a voz e, ao mesmo tempo, juntar as palavras no final das frases. Se alguém
comete uma dessas falhas, facilmente pode ser corrigida com um pouco de esforço
e alguma
b) Exercícios progressivos
Estes consistem nas técnicas de articular, pronunciar e diccionar:
ESQUEMA, MÉTODO E DISSERTAÇÃO NO GRÁFICO DEMONSTRATIVO:
-A-l B-l E-l A-1 B-l P-l E-l A-l B-l M-l P-l A-l B-l T-l -A-1-0
B-1-0 T-1-0 E-l-0 A-l0-l D-10-1 D-10-1 E-10-1 A-10-1 F-10-1 FRA-1 FRE-1 FRE-O
FRE-O FRE-O FRI-O FRI-O FRI-O MA-LO -FRA-1 FRA-1 FRE-1
PO-LO-LO-LO-PI-PI-PI-PI-LHE-LHI-NHO-1NHO-1NHO-1 PO NHO-1 -QUA-LHA-PO PRO-LO-PO
Observação
• Boca bem aberta com uma das mãos apertando levemente as narinas;
a seguir, manter a boca aberta, solfejar em um só fôlego o grupo A-1 (metade do
fôlego para a LETRA A e a outra metade do fôlego para o NÚMERO 1.
• Boca aberta, iniciar o solfejo, dividindo o fôlego em três partes
relativamente iguais, sendo a primeira para a LETRA A, a segunda para o NÚMERO
1, e a última parte do fôlego para a LETRA O.
• Boca aberta, pronunciar FRA, usando meio fôlego e a outra metade
do mesmo fôlego para o NÚMERO 1. A seguir, solfeje o grupo FRA-1. Neste caso,
dividir o fôlego em duas partes: primeira, para FRA, e a segunda e última parte
do fôlego, para o NÚMERO 1. Em seguida, o grupo FRA-1, tom mais alto e a
segunda metade do fôlego para o NÚMERO 1. A seguir, tom mais baixo, prosseguir
no solfejo; quando as LETRAS estiverem mais altas, adotar um tom mais alto.
• Boca aberta e, levemente, começar a solfejar os grupos de LETRAS
e deixar que o fôlego se esgote naturalmente, sem forçar, para alongar o fôlego
e, na parte dos grupos de LETRAS mais altas, elevar o som e tentar musicá-lo
como se estivesse solfejando, O A E.....
c) A dicção
O Dr. Polito (professor de Expressão Verbal) diz, quanto à dicção,
que é a pronúncia dos sons das palavras; que a sua deficiência é quase sempre
provocada por problemas de negligência. E costume quase generalizado omitir os
r e os s finais. Por exemplo: levá, no lugar de levar; trazê no lugar de trazer;
fizemo, no lugar de fizemos; da mesma forma que se omitem comumente os is
intermediários: janero em lugar de janeiro; tercero em lugar de terceiro etc.
Outros erros de dicção provocados pela negligência são a troca do u pelo 1 e
omissões de sílabas: Brasiu, no lugar de Brasil; pcisa, no lugar de precisa
etc. Além destes erros, produzidos pela negligência, existem também outros,
provocados por alterações fonéticas:
• Hipértese
Consiste na transposição do som de uma sílaba para outra da mesma
palavra: trigue (tigre), drento (dentro), etc.
• Metátese
Consiste na transposição do som dentro de uma mesma sílaba: troce
(torce), proquê (porquê), etc.
• Rotacismo
Consiste na troca do l por r: crássico (clássico), Cráudio
(Cláudio), Fram engo (Flamengo), etc.
• Lambdacismo
É a troca do r pelo l: talde (tarde), folte (forte), etc. Havendo,
entretanto, um pouco de cuidado, podemos dar mais ênfase a sílaba
correspondente: sábia, sabia ou sabiá.(6)
6. A ressonância nasal
Este exercício é de suma importância e seu desenvolvimento é
necessário para se falar em tom vivo e atraente. São vários os exercícios que
vão da técnica à prática.
• O primeiro consiste em repetir palavras, tais como: cantando,
horrendo, trazendo, bando, graduando o tom do nariz e insistindo no som nd.
Depois exercitar a pronúncia das letras m e n nsanH n
• O segundo consiste em exercício, enfatizando especialmente o som
ng, usando palavras como araponga, pingo, Hong-Kong etc.
7. A respiração adequada
Dois pontos importantes devem aqui ser analisados: a respiração e a
expiração.
a) A respiração
A primeira condição a ser observada, se queremos ser capazes de
produzir um discurso perfeito e harmonioso, é a de respirarmos apropriadamente.
Há diferença entre a respiração do discurso e a respiração inconsciente. A
respirarão do discurso é dividida entre:
• respiração clavicular
• respiração abdominal
• respiração do diafragma
A respiração mais indicada para falar é aquela que utiliza a
inspiração costo-diafragmática e a expiração costo-abdominal, como fazem os
bebês, principalmente quando estão dormindo. Nenhuma destas três partes é
absoluta, mas geralmente diz-se que o pregador deve usar a respiração do
diafragma ou a abdominal durante o tempo do discurso. As técnicas da respiração
são variadas. Entretanto, existem alguns métodos de aceitação universal.
• Com o corpo relaxado
Podemos praticar a técnica da respiração se nos deitarmos esticados
no chão e, relaxados, expirarmos e inspirarmos calmamente. Colocando uma mão no
estômago, senti-la-emos subir e abaixar com cada inspiração e expiração. Fique
em frente de um microfone e pratique o mesmo tipo de respiração. Relaxe e note
se as suas costas não sobem e abaixam durante a prática.
• Posição adequada
O exercício para o domínio da respiração consiste em colocar- se em
boa posição, com o abdome para dentro é o peito para fora (com a barriga
encolhida e o peito estufado). Colocar até onde possa, com comodidade, as
pontas dos ombros para trás. A boa posição se toma automaticamente. Então,
inspira-se profundamente de maneira controlada. Em seguida, começa-se a
pronunciar a letra Praticar este exercício até acostumar-se a reter ar nos
pulmões por um tempo cada vez maior. b) A técnica da expiração Quanto à
expiração (soprando o ar para fora), ela deve ser curta e forte, ao contrário
da inspiração que deve ser longa e completa. É importante usarmos o ar da
expiração até o fim das palavras que temos para dizer, antes de inspirar a
próxima vez. Se respirarmos no meio das frases, isso tornar-se-á cansativo para
os ouvintes, porque quando respiramos com a parte superior dos pulmões, os
órgãos da fala tornam-se tensos e a expiração difícil de controlar. Pratique a
respiração abdominal e tente controlara saída do ar para que ele chegue até uma
parte oportuna do texto onde seja possível expirar outra vez. Esteja sempre à
vontade diante do auditório e em frente do microfone, porque, se ficar nervoso
e tenso, a respiração descontrola- se e o discurso é cortado.
C. A LINGUAGEM MATERNA
1. Conhecimento dos ditames da língua
Para ser capaz de falar corretamente, não é somente suficiente
controlar a fala e a técnica de respirar, expirar etc.; temos também de
conhecer bem a nossa língua, de modo que possamos construir as frases de
maneira correta. Devemos também nos proteger contra os maus hábitos que
facilmente se introduzem na linguagem cotidiana falada. Exemplo: muitas vezes
temos o hábito de preencher as pausas, intrometendo sons e repetições. Este mau
hábito resulta muitas vezes da falta de lembrança. Então, surge a dúvida e,
através dela, a incerteza.
a) A dúvida
A dúvida é um estado de equilíbrio entre a afirmação e a negação,
resultando daí que os motivos de afirmar contrabalançam os motivos de negar. A
dúvida pode ser: • Espontânea, que consiste na abstenção do espírito por falta
de exame do "pró" e do "contra";
• Refletida, resultante de exames das razões pró e contra; •
Metódica, que consiste na suspensão fictícia ou real, mas sempre provisória, do
assentamento a uma asserção tida até então
• Universal, que consiste em considerar toda asserção como
incerteza. É a dúvida dos cépticos.
b) A certeza e a evidência
A certeza é o estado do espírito que consiste na adesão firme a uma
verdade conhecida, sem temor do engano. A evidência é o que fundamenta a
certeza. Jesus disse aos saduceus: "Errais, não conhecendo..." (Mt
22.29). O pregador, portanto, deve ter certeza daquilo que está falando. Os
artistas gastam muito tempo para treinar a dicção dos seus textos. Da mesma
forma, nós, que temos uma mensagem tão urgente, como a de proclamar o Evangelho,
não devemos negligenciar o cuidado de persistir em ler e meditar (1 Tm
4.13-15).
c) Evitar os vícios de linguagem
O escritor Domingos Cegalla salienta que isso é bastante
prejudicial para qualquer orador em sentido geral. Exemplo:
• Ambigüidade ou anfibologia - defeito da frase que apresenta duplo
sentido:
- Convence, enfim, o pai o filho amado; - Jacinto, vi a Célia
passeando com sua irmã.
• Barbarismo
- uso de uma palavra errada relativamente à pronúncia, forma ou
significação: - Pégada, em vez de pegada; - Çarramanchão, em vez de
caramanchão; - Ância, em vez de ânsia; - Cidadões, por cidadãos; - Proporam, em
lugar de propuseram; - Bizarro no sentido de esquisito.
• Cacofonia ou cacófato
- som desagradável ou palavra de sentido ridículo ou torpe, resultante
da sequência de certos vocábulos na frase: - Cinco cada um; - A boca dela; -
Mande-me já isso; - Vai-a seguindo; - Por cada mil habitantes.
• Estrangerismo - uso de palavras ou construções próprias de
línguas estrangeiras:
- Francesismo (do francês);
- Castelhanismo (do espanhol).
• Colisão
- sucessão desagradável de consonâncias idênticas: - O rato roeu a
roupa; - O que se sabe sobre o sabre; -Viaja já.
• Eco
- é a concorrência de palavras que têm a mesma terminação (rima na
prosa): a flor tem odor e frescor.
• Obscuridade
- sentido obscuro ou duvidoso decorrente do emaranhado da frase, da
má colocação das palavras, da impropriedade dos termos ou da pontuação
defeituosa.
• Solecismo
- erro de sintaxe (concordância, regência, colocação): falta cinco
alunos; eu lhe estimo; revoltarão-se.
d) Evitar os jargões
O pregador deve manter-se o cuidado, durante a pregação, de
procurar aproximar-se o máximo possível do nível da linguagem comum, a fim de
se tornar acessível ao maior número de ouvintes. É claro que o conceito da
linguagem comum é bastante flexível. Os seus limites variam conforme a
situação. Com isso, excluímos da prédica as "gírias" e os
"jargões" especializados. Ambos são tipos de linguagem grupai;
exatamente o oposto da linguagem comum. A gíria sempre é restrita a certa
época, a certo ambiente, a certo grupo. Devemos, portanto, evitar o dialeto e o
calão. Linguagem sã e irrepreensível! em todo o tempo e lugar.
Capítulo Seis
A. O PREGADOR E SEU COMPORTAMENTO ÉTICO
1. Como usar o corpo e a voz
Um fator bastante negativo para o pregador, em relação aos
ouvintes, é à sua maneira extravagante de se portar no púlpito, ou em qualquer
outro lugar ocupado por ele durante a pregação. Paulo recomendava aos seus
leitores que evitassem tal prática e ação. Então ele diz: "Portai-vos de
modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de
Deus" (1 Co 10.32). E o próprio Deus nos recomenda: "Não por força
nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos" (Zc
4.6b). O pregador deve tentar vencer o mal, em vez de procurar um meio de
esconder as suas manifestações externas, como gestos grosseiros e deselegantes.
Para esse fim, a prática é um grande remédio, e um tratamento mais poderoso é a
fé em Deus. E preciso também, de acordo com sua personalidade, que o pregador
se acostume com o povo; então ele fica à vontade, porque está à vontade,
sente-se em casa.
2. Os maus hábitos
Spurgeon fala-nos destes maus hábitos e nos adverte contra eles.
Ele afirma ter conhecido um pregador que, quando perdia a pronúncia correta de
uma palavra, invariavelmente, esfregava com cuidado o canto interno do olho
esquerdo, com o dedo médio da mão direita. Outro, coçava ferozmente o nariz com
o nó do polegar dobrado. Um terceiro, curvava os joelhos, separando-os, até
suas pernas ficarem parecendo uma elipse. Depois, enfiando as mãos nos bolsos
até o fundo, lançava com vivacidade a seção superior do corpo para a frente.
Ora, frequentemente, o hábito pode levar os pregadores a movimentos singulares,
e a estes ficam tão apegados que não podem falar sem eles. Alguns mexem num
botão do paletó, ou brincam com os dedos, outros ajeitam o nó da gravata
dezenas de vezes. Eu mesmo, já vi um pregador dando chutes com os dois pés,
dizendo que estava chutando a cabeça do Diabo.
3. A postura do pregador
A postura do pregador deve ser natural, mas sua natureza não deve
ser do tipo grosseiro; deve ser uma natureza bem-educada e elegante. Deve, o
pregador, evitar especialmente aquelas posições nada naturais, num orador, por
obstruírem os órgãos de comunicação e por comprimirem os pulmões.
B. POSIÇÃO CORRETA
1. O corpo
Todo o nosso corpo fala quando nos comunicamos. A posição dos pés e
das pernas, o movimento do tronco, dos braços, das mãos e dos dedos, a postura
dos ombros, o balanço da cabeça, as contrações do semblante e a expressão do
olhar, cada gesto possui um significado próprio, e encerra em si uma mensagem.
Por esta e outras razões, deve o pregador usar o senso comum e não dificultar o
seu falar, inclinando-se para a frente sobre a Bíblia ou sobre o púlpito;
inclinando-se como se fosse falar confidencialmente com as pessoas que estão
imediatamente embaixo. Alguns outros oradores erram na outra direção, e atiram
a cabeça para trás, como se estivessem discursando aos anjos, ou como se
estivessem olhando um manuscrito no teto. Isso também é prejudicial tanto ao
pregador como aos ouvintes.
2. A posição da cabeça
John Wesley opina quanto esta parte, e diz: "A cabeça do
orador não deve ser mantida muito para cima, nem comicamente lançada muito para
a frente, nem deve descair e ficar pendendo, por assim dizer, sobre o peito;
nem deve ficar inclinada para um lado ou para o outro; mas deve ser mantida
modesta e decentemente ereta, em seu estado de posição natural".
3. A posição do pescoço
Esticar o pescoço durante a pregação é antiético e penoso para a
voz.
4. O rosto
O semblante talvez seja a parte mais expressiva de todo o corpo.
Funciona como uma espécie de tela, onde as imagens do nosso interior são
apresentadas em todas as suas dimensões. Cada sentimento possui formas
diferentes para ser apresentado pelo semblante. O queixo, a boca, as faces, o
nariz, os olhos, a sobrancelha e a testa trabalham isoladamente, ou em
conjunto, para demonstrar idéias e sentimentos transmitidos pelas palavras e,
muitas vezes, sem a existência delas. A boca semiaberta, com os olhos abertos,
indicará estado de espanto, surpresa, sem que uma única palavra seja
pronunciada. O semblante trabalha também como indicador de coerência e de
sinceridade das palavras. Deve demonstrar exatamente aquilo que estamos
dizendo. Se falamos de um assunto que deveria provocar tristeza, não podemos
demonstrar uma fisionomia alegre ou indiferente...
5. Os olhos
Os olhos representam o poder mais enérgico que a pessoa humana tem
para influenciar outrem, e até mesmo para exercer influência sobre as demais
pessoas que a rodeiam. Muitas são as razões que explicam esta situação. Por
exemplo, a primeira coisa a olharmos em outra pessoa, quando estamos próximos e
queremos ser educados e atenciosos, será precisamente os olhos dos que nos
olham e de quem nos ouve. As pessoas que usam meios e práticas associativas à
palavra, não deixam de educar os olhos, para que, tendo mais facilidade de
manterem a sua autoridade, venham persuadir seus ouvintes.
Muitas impressões são transmitidas através dos olhos, da seguinte
maneira:
• Piscar de olhos: malícia, esperteza, conquista.
• Olhos semicerrados e mordendo levemente o canto do lábio
inferior: entendimento, compreensão, descoberta.
• Olhos semicerrados: pouco caso, desconfiança, vingança.
• Olhos abertos, boca pouco mais aberta e testa franzida: espanto,
surpresa.
• Olhar fixo no infinito: idiotice.
• Morder levemente todo o lábio inferior, com o olhar fixo para
baixo: pensativo. Portanto, de todo o semblante, os olhos possuem importância
mais evidenciada para o sucesso da expressão verbal. Tanto psicológica como
biblicamente falando, isso é significativo. Pedro disse ao coxo: "Olha
para nós" (At 3.4b). Paulo também usava de autoridade divina por meio dos
olhos (At 13.9; 14.9).
6. Mexer com os ombros
O hábito de encolher, levantar e abaixar os ombros, chega a dominar
alguns pregadores. Certo número de homens tem ombros largos por natureza, e
muitos outros mais parecem determinados a dar essa impressão, pois quando não
têm algo de peso para transmitir, apoiam-se, elevando as costas. Spurgeon
afirma ter visto um pregador em Bristol, que quando falava fazia ressaltar a
corcova. Quintiliano diz que "algumas pessoas levantam os ombros quando falam,
mas isso é um erro na gesticulação. Para curar-se disso, Demóstenes costumava
ficar numa tribuna estreita e praticar a oratória com um a lança pendurada
sobre o ombro de modo que, se no calor da elocução ele deixasse de evitar
aquele defeito, seria corrigido ferindo-se contra a ponta". Este método de
disciplina é perigoso, mas se assemelha àquele recomendado para os glutões.
Aqui é mais rigoroso: "...põe um a faca à tua garganta, se és homem
glutão" (Pv 23.2b).
C. OS MOVIMENTOS DO PREGADOR
1. A estética
A estética na oratória torna-se um dos elementos de extrema beleza.
O pregador bem disciplinado não deve permanecer imóvel como se fosse uma
estátua, nem estar continuamente em movimento e lançando-se para todos os lados
como se fosse um palhaço. Para evitar ambos os extremos, deve voltar-se
gentilmente, conforme a ocasião, ora para um lado, ora para outro; noutras
ocasiões deve permanecer fixo, olhando direto para a frente, para o meio do
auditório. Algumas técnicas são necessárias, conforme já tivemos ocasião de
estudá-las; mas nunca nos esqueçamos que a naturalidade se torna o primeiro
elemento a ser usado pelo pregador. A mensagem do pregador deve estar baseada
na inspiração e não unicamente na gesticulação. A verdadeira veemência nunca se
degenera, transformando-se em violência e vociferação. É a força da inspiração
que deve predominar, e não a do furor. Não se manifesta nos guinchos, no
espumar frenético, no bater dos pés e nas contrações do excesso vulgar. Em seu
mais intenso entusiasmo, é varonil e nobre; eleva, não degrada. Nunca se
rebaixa ao tom dos gritos. É vulgaridade dos sons guturais? À ênfase dos berros
esganiçados, ao histórico êxtase da entonação, às atitudes de valentão, e aos
punhos cerrados da paixão extravagante.
2. O uso das mãos
Outro fator importante para o pregador é saber usar suas mãos para
a glória de Deus. John Wesley em sua obra Orientações Sobre Pronúncias e
Gestos, orienta o pregador quanto ao uso correto das mãos, dizendo: "Nunca
deve bater palmas, nem esmurrar o púlpito. Já pensou Moisés esmurrando e dando
pontapés na Arca, ou no Propiciatório? Raramente as mãos devem elevar-se acima
dos olhos". Quando o seu sermão exigir um pouco de ação imitativa, seja
vigilante para não usar alguma parte do seu corpo (especialmente as mãos) de
maneira incorreta. Em nossa própria cultura universal, determinados gestos com
partes de nosso corpo transmitem aquilo que queremos expressar. É verdade que a
movimentação expressa menos coisas do que a linguagem, mas é possível expressar
essas poucas coisas com maior força ainda. Por exemplo: Abrir com indignação
uma porta e apontar para ela é uma ação quase tão enfática como dizer:
"Saia da sala!" Negar a mão quando outro estende a sua é marcante
declaração de má vontade, e provavelmente produzirá amargor mais duradouro do
que as palavras mais severas. Um pedido para fazer silêncio sobre certo
assunto, pode ser transmitido muito bem cruzando os lábios com o dedo. Um
meneio de cabeça indica desaprovação de modo marcante. Sobrancelhas erguidas
expressam surpresa em estilo categórico. E cada parte do rosto tem sua eloquência,
exprimindo prazer ou pesar. Que volumes podem ser condensados num encolher de
ombros, e que lamentáveis danos esse mesmo encolher tem produzido!
a) Os gestos e a entonação das palavras
Os gestos e as expressões do pregador devem se harmonizarem em cada
detalhe! Por exemplo, um pregador que prega uma mensagem sobre acontecimentos
futuros, não deve colocar constantemente suas mãos para trás; como, de igual
modo, se seu sermão está baseado num fato histórico do passado, não deve usar
suas mãos apontando para a frente. Tudo deve ser compatível com o
acontecimento. Isso deve ser feito para evitar os extremos. Já vi pregador
falar sobre o inferno apontando para cima: o céu; enquanto que, ao falar sobre
o céu, apontava para baixo. Que contraste!
b) Direção correta
Alguns pregadores sempre dão ordens com as mãos espalmadas, que
continuam movendo para cima e para baixo ao ritmo de cada sentença. Ora, este
movimento é excelente a seu modo, se não for executado de maneira muito
monótona, mas infelizmente está sujeito a acidente. Se o orador continua a
mover a mão para cima e para baixo, corre grande perigo de apresentar uma
aparência com implicações deploráveis. O objetivo da ação é o simbolismo, mas,
infelizmente, o símbolo está um tanto vulgarizado, e tem sido descrito como
"pôr o dedão do despeito no nariz da desfeita". Daí, visto que a
gesticulação e a postura podem falar poderosamente, devemos ter o cuidado de
fazê-las falar de modo correto.
c) No contexto da visualização
São várias as técnicas e os métodos de aplicação no campo da
comunicação gesticular.
• Expressa-se a ideia de grandeza, estendendo-se as mãos.
• A ideia de ir a alguma parte pode ser expressa, colocando-se a
mão direita no peito e depois estendendo-a.
• Se se dirigir a mente a algum conceito (como Deus), pode- se
levantar as mãos.
• A ideia de extensão (como a extensão do Evangelho até aos confins
da terra) se expressa colocando-se as mãos unidas sobre o peito e, a seguir,
estendendo-as ao nível dos ombros.
• Oferecer algo se expressa inclinando-se para os ouvintes com os
braços estendidos e as palmas das mãos voltadas para cima.
• Ao explicar alguma coisa, deve-se ter as mãos afastadas uns 30 cm
uma da outra, com os dedos ligeiramente separados etc.
d) O uso dos dedos
O professor Polito nos orienta que não somente o uso correto das
mãos é necessário, mas também como parte complementar o uso dos dedos. Então
ele diz:
• O dedo indicador, em riste, ameaça, acusa; levantado, alerta,
pede atenção; ligado ao polegar indica autoridade, conhecimento quanto ao
assunto. Para orientar e explicar, basta deixar os três dedos: médio, indicador
e polegar abertos.
• A mão fechada, com o polegar pressionando o dedo médio, indica
força, energia, vigor. Quando o polegar pressiona a parte lateral do dedo
indicador, ainda com a mão fechada, seu significado passa a ser o de poder.
• A mão aberta, com a palma voltada para cima e os dedos levemente
unidos, indica recebimento, doação, amistosidade, súplica. Com a palma voltada
para baixo, significa rejeição, repulsa. Ainda voltada para baixo, com pequenos
movimentos, significa pedido de calma, paciência, espera, silêncio.
• A mão aberta esticada com a palma voltada para a lateral e sobre
a outra aberta com a palma voltada para cima, como se uma fosse cortar a outra,
significa separar, dividir...
• As mãos abertas com as palmas voltadas para cima, com os dedos
abertos um pouco curvados e com pequenos e enérgicos movimentos, significam
renascer, aflorar, despertar.
• A mão aberta, com a palma voltada para baixo e com movimentos
laterais, indica afastar, tirar, remover. • As pontas dos dedos unidos,
voltados para baixo, com pequenos movimentos, significa plantar, penetrar,
tempo presente, local próximo.
• A mão aberta, com os dedos afastados, a palma voltada para a
lateral, num movimento para dentro próximo ao corpo, fechando-a ao mesmo tempo,
indica reunir, juntar etc.
D. O ESTILO EM GERAL
1. O estilo propriamente dito
O vocábulo estilo do grego styles e do latim stylus - instrumento pontiagudo,
de feno, com que os romanos escreviam sobre tabuinhas cobertas de cera - foi
muitas vezes empregado por Cícero para denotar a maneira de se escrever, o modo
de se expressar o pensamento na escrita; e, em época posterior, mui
naturalmente se estendeu tal vocábulo ao discurso. Na obra O Estilo na
Comunicação, de autoria de M. R. Nunes, Rio de Janeiro, 1973, ele apresenta
sete qualidades essenciais quanto ao estilo de qualquer comunicação, quer oral,
quer escrita. Então ele diz em alusão ao orador:
• Correção
O conceito de correção pode variar, conforme a situação, porque a
mensagem precisa adaptar-se aos receptores. O critério, embora não muito
preciso, deve ser, também aqui, o da língua comum.
• Clareza
Clareza em lugar de emprego de expressões ou vocábulos inexatos,
ambíguos, inexpressivos, de floreios e atavios, de longas ou repetidas
intercalações, desconexas...etc.
• Originalidade
Originalidade em lugar de vulgaridade, de trivialidade, de
expressões consagradas, de frases feitas, de vícios de linguagem, de termos
ambíguos sem nenhuma significação coloquial para o tempo ou para o espaço.
• Conciso
Concisão em lugar de prolixidade, de pormenores abundantes, de
generalidades, de condoreirismos, de sinonímias ou repetições desnecessárias,
de copiosas adjetivações etc. E preciso, todavia, não exagerar a preocupação de
ser conciso, para não incorrer no vício da estéril secura, como defeito da
concisão.
• Vivacidade
Vivacidade em lugar de frouxidão, inexpressividade, anemia, morosidade.
O estilo deve ser dinâmico, vivo, enfático, vigoroso, atraente e sugestivo.
• Harmonia
Harmonia em lugar da aridez de vocábulos e expressões, do uso
repetido de vogais fortes ou semelhantes, da acumulação de monossílabos, do
abuso de pontuação, de nasalações de sons parecidos etc.
• Naturalidade
Naturalidade em lugar de preciosismos, (te arcaísmos pedantes, de
neologismos extravagantes e desnecessários, de formas rebuscadas, de exageros
petulantes, de imagens ou metáforas ridículas. Qualquer mensagem que tenha o
caráter de novidade, chamamos de mensagem informativa. A comunicação escrita
pode restringir-se a um estilo meramente informativo, já que o leitor tem
condições de, constantemente, retomar a uma passagem anterior para conferir
detalhe. O mesmo, entretanto, não acontece na comunicação oral, seja de que
gênero for. Tanto a conversa informal quanto a aula, a prédica ou a conferência
carecem de redundância, já que o ouvinte não tem condições de reescutar o que
já foi dito. Na comunicação oral é preciso que haja um equilíbrio entre
informação e redundância. O bom senso ditará a dimensão da redundância, que,
evidentemente não deve levar a uma comunicação enfadonha. Redundância ocorre
quando a informação é remastigada (ruminada pela ovelha), comentada, reenfocada
sob diversos aspectos e de diversas formas. A tendência da grande maioria dos
pregadores modernos é exagerar a informação e negligenciar a redundância.
Recursos de redundâncias são:
- Metáforas - Ilustrações - Comparações - Citações - Narrações e
outras formas de expressão.
O estilo de um homem pode ser fascinante como o de alguém que disse
escrever com pena de cristal molhada em orvalho, em papel de prata, e para
secá-lo usava pó de asa de borboleta. Mas para um auditório cujas almas estão em
perigo iminente, o que será a mera elegância, se esta não se encontrar mesclada
pela graça divina? Nada! Spurgeon costumava dizer: "Não se julgam cavalos
por suas campainhas e por seus arreios, e sim, por suas pernas, sua estrutura
óssea e por seu sangue; e sermões, quando criticados por ouvintes judiciosos,
em grande parte são avaliados pela proporção de verdade do Evangelho e pelo
poder do Espírito da graça que eles contêm. Irmãos, ponderem os seus sermões!
Não os avaliem por retalhos, por peças. Não façam as contas pela quantidade de
palavras que pronunciam, mas lutem para serem avaliados pela qualidade, estilo
e substância que apresentam. É loucura ser pródigo (esbanjador) em palavras e
avarento (mesquinho) quanto à verdade..." Um outro fator que deve ser
preponderante em nossas mensagens é a exatidão. Devemos também usar palavras e
frases que expressem exatamente aquilo que pensamos. Os termos podem ser
inteligíveis ao auditório e mesmo assim não terem para ele o significado que
lhes damos. Podem ser vocábulos ambíguos e, assim, o ouvinte pode entendê-los
nos dois sentidos, ou num deles, e daí não compreenderá prontamente o que
desejamos dizer. Até mesmo os escritores sagrados, empregando um estilo fácil e
coloquial, às vezes nos legaram "...pontos difíceis de entender..."
Torna-se importante, portanto, que o pregador, por amor a Deus e as almas, use
expressões coloquiais, pois somente assim haverá receptividade na teoria e na
prática.
2. A beleza
Tomás de Aquino define o belo como id quod visum placet - o que
agrada ver. Os filósofos aristotélicos faziam uma definição do belo, encerrando
dois elementos essenciais: • A beleza é o objeto de inteligência ou de
conhecimento intuitivo, enquanto que resulta de condições que não são
acessíveis senão à inteligência. Essas condições são:
• A integridade do objeto;
• A proporção ou unidade na variedade;
• Enfim, a clareza ou resplendor da inteligibilidade.
E certo também que a beleza sensível é acessível aos sentidos e os
põe num ido de bem-estar e de satisfação: o ouvido se encanta com uma música,
os olhos se comprazem nas belas formas plásticas e coisas assim.
• A beleza é fonte de satisfação, defendia Tomás de Aquino.
O belo é deleitável; encanta e arrebata; gera o desejo e o amor. A
saciedade que pode produzir, às vezes, não vem senão das condições subjetivas
de sua percepção. Em si mesmo, o belo é fonte de satisfação constantemente
renovada. No Antigo Testamento, era exigência de Deus que seus ministros (os
sacerdotes) fossem um tipo de beleza. Os requisitos para tal seleção estão
declarados em Levítico 21.16-21, onde lemos: "Falou mais o Senhor a
Moisés, dizendo: fala a Arão, dizendo: Ninguém da tua semente, nas suas
gerações, em quem houver alguma falta, se chegará a oferecer o pão do seu Deus.
Pois nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará: como homem
cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos, ou
homem que tiver o pé quebrado, ou quebrada a mão, ou corcovado, ou anão, ou que
tiver belida no olho, ou sarna, ou impigens, ou que tiver testículo quebrado.
Nenhum homem da semente de Arão, o sacerdote, em quem houver alguma
deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor; falta
nele há; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus". Em o Novo Testamento,
o conceito em relação a isso, não mudou. O apóstolo Paulo diz que a perfeição
deve estar em foco naqueles que desejam o episcopado. "...Para que o homem
de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra" (2
Tm 3.17). E claro, evidentemente, que esta beleza, hoje, não se trata de dotes
físicos, e, sim, de beleza espiritual. Contudo, é indispensável que o pregador
se apresente com elegância e respeito para com o auditório e para com Deus.
Quando aplicamos a beleza para o campo homiliasta, especialmente no
que tange ao estilo, clareza e vigor na pregação da Palavra de Deus, ela produz
três coisas importantes no auditório:
1a - Satisfação:
As coisas belas proporcionam satisfação (id quod visum placet).
Diz-se comumente, também, que elas são fontes de prazer.
2a - Admiração:
As coisas belas provocam a admiração, isto é, o espanto e o
respeito. Elas espantam pelo que comportam de perfeição inesperada, de visão
original e penetrante, de associações singulares, de combinações audaciosas. Inspiram
uma espécie de respeito sagrado, pela revelação que trazem do mundo secreto das
formas, e, sobretudo, pela manifestação do poder que exercem sobre a
inteligência humana. A polícia do templo testemunhou do estilo e beleza que as
palavras de Jesus continham, dizendo: ". ..nunca homem algum falou assim
como este homem" (Jo 7.46b). Os guardas se sentiram subjugados pela beleza
e reverência da força espiritual que aquelas palavras demonstravam.
3a - Simpatia:
O sentimento estético aparece como eminentemente social. Ele é
fator de simpatia ou de gozo em comum. Quem quer que goze a influência que a
beleza traduz, aspira a comunicar a outro sua emoção, a compartilhar sua
admiração. A beleza duma mensagem inspirada por Deus e bem apresentada pelo
pregador, consegue realmente fazer vibrar as almas sedentas, criar uma espécie
de unidade espiritual, em virtude justamente de seu caráter gratuito. A beleza,
como tal, está além das causas de diversões e de conflitos.
3. A clareza
O pregador, mais que qualquer outra pessoa, tem a sagrada obrigação
de usar linguagem muito clara. Isso é de suma importância, quando se expressa
uma lei, quando se escreve um título de propriedade ou coisas assim. Com
efeito, tem maior importância ainda na proclamação da Palavra de Deus. Os
escribas responsáveis pelo ensino divino no Antigo Testamento, eram homens
dotados de grande saber. Entretanto, exigia-se deles que, ao ministrar seus
ensinamentos, fossem claros e objetivos. Observe o que diz esta passagem:
"E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e, explicando o sentido,
faziam que, lendo, se entendesse" (Ne 8.8). "Seja o pregador um
poliglota ou não, deverá conhecer pelo menos duas línguas - a dos livros e a da
vida comum" (Spurgeon). "O pregador deve pensar como os letrados, mas
falar como o povo comum fala" (Wesley). A clareza, portanto, depende de
três coisas, que são:
- A escolha das palavras;
- A construção das sentenças e parágrafos;
- E o emprego apropriado da brevidade e tratamento.
Para tanto, deve o pregador, nesse caso, não cultivar os extremos.
Deve, então, usar naturalidade e vocabulário ideal.
• O vocabulário pobre, predominante na maioria das
pessoas, atende somente às necessidades mais primárias do dia a dia. Compõe- se
de um número reduzido de palavras e não permite o domínio total da mente sobre
determinados assuntos.
• O vocabulário técnico ou sofisticado
tem seu lugar adequado para uma minoria de profissionais. Ali, portanto, é
sempre usado uma linguagem técnica especificada. Esse, entretanto, não é o caso
do pregador em geral. Ele está comissionado a pregar "a toda a
criatura" (Mc 16.15). O vocabulário ideal que deve ser usado pelo pregador
é aquele que se adapta a qualquer auditório. Embora simples, porém correto,
transmite as idéias claramente, sem cortar o elo do pensamento da argumentação
apresentada. De Quincey diz: "Aquilo que é boa retórica para os tribunais
é má para um livro. Mesmo para as mais elevadas formas da eloquência popular,
as leis do estilo se desviam muito do padrão geral. No senado, ou mesmo nas
câmaras dos poderes em geral, e pela mesma razão na imprensa, é virtude
repetir-se o significado das sentenças, a variedade das palavras, com uma
substancial identidade do sentido e a diluição da verdade, e é muitas vezes uma
necessidade... Entretanto, para o discurso, o retorno é coisa impossível, a não
ser que o pregador o faça na conclusão".
4. O vigor
O termo vigor foi tomado pelos oradores como designativo, aplicado
ao estilo, para denotar a animação, a força, a energia, a paixão, a vivacidade
e animação do pregador durante o tempo em que está transmitindo o discurso. Um
dos fatores bem ligado ao vigor do pregador é a "paixão". A paixão -
que em suas formas mais ternas e mais fracas chamamos de "ênfase" e
em suas formas mais elevadas constituem o "sublime" -, exerce seu
efeito sobre os sentimentos, muitas vezes por meio da imaginação; e tanto a
força como a paixão por fim visam influenciar a vontade. Vê-se claro, pois, que
a propriedade característica do estilo eloquente é a "energia".
Precisa-se da clareza no estilo filosófico ou didático; precisa-se da elegância
no estilo poético; mas precisa-se também da energia (ou vigor), isto é,
animação, força ou paixão, que é a sua característica principal.
E. A IMITAÇÃO
1. A consciente e a inconsciente
O Dr. John Broadus apresenta dois tipos de imitação: a consciente e
a inconsciente. Esta última não é coisa censurável, mas não deixa de
prejudicar, é mal sutil contra o que devemos nos precaver com bastante cautela.
Sempre se observa que os imitadores têm grande habilidade para imitar as faltas
dos outros. E a razão é clara: as boas qualidades do bom orador são simétricas,
regulares, metódicas; ao passo que suas faltas são mui salientes e dão na
vista. Por isso, estas últimas mais facilmente atraem a imitação inconsciente.
Quanto ao imitador consciente, não passa de um observador superficial que se
empolga com aquilo que ele mais nota no seu orador predileto. Alguns se
fascinam pelo uso da voz; outros pelos gestos do pregador; ainda outros, apenas
pelo sacudir da cabeça. Um estilo bom, certo, positivo pode ser tão-somente
admirado e não imitado. O estilo pode ser natural para aquela pessoa que fala,
porque a pessoa está expressando aquilo que ela é, sem nenhuma elaboração.
Entretanto, para um outro ser individual, torna-se ridículo, pois o maior
perigo da imitação é a perda da autenticidade. A imitação passa a ser, neste
caso, uma espécie de plágio disfarçado.
2. Naturalidade
De acordo com o código genético, o ser humano herda 40% das
características do pai; 40% da mãe e 20% são dele. Estes 20% formam sua
individualidade e personalidade. Tal segredo forma uma combinação original de
traços e de ocultas experiências que nenhuma imitação consegue reproduzir.
Portanto, deve o pregador ter sua própria voz, pessoal, o seu tom (grave ou
agudo), e deve obedecer às suas emoções próprias, ao seu modo de enfatizar as
verdades; seus sermões devem seguir o caminho traçado por seu próprio
pensamento. Segue-se que o pregador nunca deve pregar apenas baseado na
prática. Se assim o fizer, sua mensagem não tem sabor; e nada há tão enfadonho
como se ouvir um pregador sem a graça de Deus. Sua mensagem torna-se tipo
espada na invocação do jargão: "comprida e chata". A originalidade,
tanto no pregador como na mensagem, é de suma importância; sua mensagem não se apoia
apenas em "...palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito
Santo ensina..." (1 Co 2.13). Não devemos pensar, ao adotar os métodos
retóricos, que já conseguimos tudo. Não! Paulo não se apoiava simplesmente no
poder da retórica, e, sim, no poder de Deus. Então ele diz: "...a minha
pregação não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em
demonstração de Espírito e de poder. Para que a vossa fé não se apoiasse em
sabedoria dos homens, mas no poder de Deus" (1 Co 2.4,5). O assunto da
pregação é a verdade divina, centralizada no Evangelho revelado e oferecido em
Jesus Cristo. O objetivo é a vida eterna, conforme as palavras de Jesus:
"...para que tenham vida, e a tenham com abundância".
Capítulo Sete
A. O AUDITÓRIO E SEUS COMPONENTES
1. Os elementos básicos
Não tão-somente o sermão precisa ter seus elementos funcionais,
para facilitar a transmissão verbal do pregador, mas também se torna necessário
que o próprio auditório, seus utensílios e comportamento ético das massas
condigam com as exigências cabíveis ao procedimento. Isso significa que o local
(seja templo, estádio, ginásio, salão, praça etc.), sistema de som, púlpito e o
povo, onde e a quem se vai ministrar, estejam preparados para tal evento. São vários
os locais onde o pregador é convidado para transmitir a mensagem divina;
entretanto, é no templo onde ele já pregou e irá pregar a maior parte de sua
vida. Portanto, o auditório físico, onde ele vai pregar, tem muito que haver
com seu sermão.
2. O auditório
De acordo com o testemunho dos evangelhos, Jesus sempre pregava ao
ar livre; mas a maior parte de sua vida também foi encontrada nas sinagogas e
no Templo, pregando e ensinando a ; Palavra de Deus. Não nos esqueçamos que o
último sermão pregado por nosso Senhor, em seu ministério terreno, foi
"...num grande cenáculo mobilado e preparado" (Mc 14.15). Em nossos
dias, alguns obreiros (não são todos), não se preocupam com o modelo, estética
e estrutura do templo. "Tendo as quatro paredes", dizem alguns,
"já está muito bom!". Com efeito, a vontade de Deus é que façamos
sempre um santuário modelo e, nalgumas vezes, este modelo é mostrado pelo
próprio Deus (Êx 25.40; 40.16, 19.33; 1 Cr 28.10-12,19). Após sua consagração e
dedicação para o serviço divino, o templo é concebido como sendo a "casa
de Deus" e a "porta dos céus" (Gn 28.17). Não nos referimos aqui
apenas a templos suntuosos. Não! Pois o templo deve ser construído de acordo
com as circunstâncias regionais e possibilidades da Igreja. Entretanto, grande
ou pequeno, seja como for, deve ser edificado com zelo e capricho. Um bom
templo também inspira o pregador a entregar uma boa mensagem.
3. O púlpito
Por incrível que pareça, era esta aparte do auditório que mais
intrigava Spurgeon. E, com efeito, ele tinha razão. O púlpito (tomamos aqui o
móvel central para representar a base e a extensão de toda tribuna) é, sem
dúvida, o lugar central do auditório. Dependendo do local da concentração, ele
deve ser chamado, conforme a definição correta de:
• Púlpito (na igreja)
• Tribuna (numa concentração de médio porte)
• Plataforma (numa concentração de grande porte)
• Escabelo (numa pequena reunião ao ar livre). Entretanto, o
sentido coloquial, conforme o pensamento geral da Bíblia, é púlpito. Em Neemias
8.4 diz que Esdras, o escriba, estava sobre "...um púlpito de
madeira".
a) O formato do púlpito
O formato do púlpito, quando bem delineado, traz uma certa vantagem
para o pregador. Spurgeon faz referência a determinados púlpitos em que pregou,
e passou por maus momentos. Ele os descreve assim: "Notáveis são as formas
que os púlpitos têm assumido de acordo com os caprichos da fantasia e da tolice
humanas. Há anos alcançaram provavelmente a sua pior forma. Quais poderiam ter
sido o seu propósito e a sua finalidade, seria difícil conjecturar. Um alto
púlpito de madeira, no velho estilo, podia bem lembrar ao ministro a sua
moralidade, pois não passa de um caixão posto em pé. Muitas dessas construções
assemelham-se a barris; outras são de forma de taças, para os copos. Uma terceira
categoria evidentemente seguia o modelo de um paiol sobre quatro pernas. Uma
quarta variedade pode comparar-se a ninhos de andorinha cravados na parede...
Alguns deles são tão altos que fazem rodar as cabeças dos ocupantes, quando
estes se atrevem a olhar para as temíveis profundidades abaixo deles, e dão
torcicolo naqueles que olham durante qualquer espaço de tempo para o pregador
lá no alto..." Numa secção declara Spurgeon: "Geralmente são altos
estes púlpitos que uma pessoa de. baixa estatura como eu (Spurgeon era de
pequena estatura), mal pode ver por cima deles... e são estas pequenas coisas
que fazem a nossa mente saltar da engrenagem, embaralham os nossos pensamentos
e perturbam o nosso espírito... "
b) O púlpito e sua estética
Segundo minha visualização neste sentido, o obreiro, ao construir
um templo, deve, com muito cuidado, zelar por esta parte do santuário. No
Antigo Testamento, Deus falava com Moisés "...de cima do propiciatório, do
meio dos dois querubins..." (Êx 25.22). O propiciatório (a cobertura da
Arca) era uma espécie de púlpito d'onde Deus falava a Moisés. Dali, Moisés saía
com a mensagem para o povo. Nos nossos dias, o púlpito é o lugar onde Deus
sempre fala ao seu povo; por isso, o mesmo deve ser bem planejado, ter estética
e ser confortável. O móvel central deve ser bem delineado. Em algumas igrejas,
ele é acabado em cima em sentido horizontal e, na parte inferior, colocado um
suporte, para dar sustentação a Bíblia. A meu ver, este modelo de púlpito é o
mais bem pensado; pois, muitas vezes, o pregador se preocupa bastante em ver
sua Bíblia deslizando em direção ao solo; entretanto, se o púlpito tem este
formato descrito acima, não é necessária tal preocupação; e, além disso, há
também lugar confortável para se colocar o esboço ou mesmo um sermonário.
4. O som
Sempre costumo dizer: "a fé vem pelo ouvir" e o
ouvir através de um bom som!". Muitos obreiros não têm se preocupado com
esta parte em suas igrejas; entretanto, ela é bastante necessária. No que tange
ao fraco ou forte, deve haver também boa regulamentação, a fim de que o mesmo
não se torne indesejável, a ponto de gerar doenças e mal-estar nos ouvintes. A
intensidade de um som pode ser medida em uma unidade chamada decibel. A
poluição sonora pode diminuir gradualmente a audição. A surdez progressiva é
comum em pessoas submetidas a sons fortes gerar muitos outros males e doenças.
Intensidades sonoras a partir de 120 decibéis são estressantes; estimulam a
produção de adrenalina e, se uma pessoa for submetida durante longo tempo a
tais intensidades, poderá ter distúrbios nervosos, enfartes, úlcera gástrica e
outras doenças de stress. Geralmente, segundo os critérios estabelecidos pelos
especialistas, a intensidade sonora permitida deve ser no máximo 55 decibéis.
Os professores J. Vasconcellos e F. Gewandsznajder, em o livro PROGRAMAS DE
SAÚDE. Editora Ática, São Paulo, 1989, dão uma ideia do valor médio de decibéis
produzidos em determinadas situações e atividades humanas.
TABELA DE RUÍDOS |
(DECIBÉIS) |
EFEITOS NO ORGANISMO |
Janelas abertas para rua de circulação média. |
(60) |
Possível interferência no sono. |
Pessoas conversando animadamente. |
(70) |
Limite de desconforto. |
Rua de circulação intensa |
(80) |
Alguma irritação. |
Rua de circulação intensa no horário do rush. |
(90) |
Risco de problemas auditivo e nervoso com exposição prolongada. |
Britadeira, buzina, veículo com escapamento aberto, ônibus
acelerando. |
(100) |
Risco de surdez com exposição de 8 ou mais horas por dia. |
Discoteca (Boite), Clube, Pagodão |
(110) |
Risco de surdez, problemas nervosos etc. |
Avião a jato decolando a 100 metros de distância. |
(120) |
Início de dor, problemas variados com exposição frequente. |
a) O microfone
O microfone é um pequeno instrumento sensível dentro do sistema
eletrônico, que capta os sons a serem enviados aos ouvintes. Ele converte a
energia mecânica do som - as ondas originárias do som e outros barulhos - em
energia eléctrica. Fundamentalmente, o microfone é constituído de duas partes:
o diafragma e o sistema de conversão. A missão principal do microfone é
aumentar a intensidade
b) A direção do microfone
Em alguns auditórios, a mensagem torna-se defeituosa devido a
direcionabilidade do microfone. Alguns microfones de alta categoria não sofrem
tanto com este processo, mas outros sim. A direcionabilidade dos microfones
está dividida em três grupos principais:
• Omnidireccionais
• Bidireccionais
• Cardióides.
Os microfones omnidireccionais, também conhecidos por
"sensíveis circularmente", são aqueles que captam todo o som que os
circunda. Estes microfones são especialmente úteis para conferência, ou
gravações de orquestras.
Os microfones bidireccionais são apenas usados quando queremos
captar o som de duas direções opostas. Para nossos auditórios, eles são
aconselháveis para esses fins.
Por último, os cardióides têm uma zona de sensibilidade em forma de
coração e, por conseguinte, captam o som de um só lado. Este tipo de microfone
é usado com frequência por locutores esportistas. Não é nosso caso.
c) A distância entre o pregador e o microfone
Outro fator importante para o pregador e sua postura ética é manter
a distância apropriada entre si e o microfone. Dependendo da capacidade dos
dois, na introdução deve ser mantida a distância entre 10 e 15 centímetros e no
calor da eloquência, entre 20 e 50 centímetros. As curtas distâncias dão ao
pregador um certo sentimento de intimidade e tornam-se mais clara e distinta a
sua voz. Contudo, deve haver cuidado em não se aproximar demasiado, pois, do
contrário, o som dos lábios e a respiração podem perturbar. d) A altura do
microfone Ao acertar a altura do microfone, procure não o deixar na frente do
rosto, para não dificultar o auditório a ver o seu semblante. Deixe-o ao nível
do queixo na introdução e a um ou dois centímetros abaixo dele na dissertação.
Se for preciso segurar o microfone com a mão para se movimentar no púlpito, o
cuidado com o jato de voz deverá ser o mesmo; nesse caso não movimente a mão
que segura o microfone e deixe-o sempre à mesma distância.
5. A massa humana
Outro elemento fundamental no auditório é o comportamento do povo
em geral. A parte ética ou moral diz respeito à ordem e maneira de estar,
postura, prática e obediência em todos os trabalhos que são realizados pela
Igreja - dentro ou fora de suas portas. É bom lembrar que uma das coisas que
mais impressionou a rainha Makeda de Akssun (conhecida na Bíblia como a rainha
de Sabá), quando visitou Salomão, foi a maneira de estar ou a ética disciplinar
dos servos do rei. Eis o que diz a narrativa: "Vendo, pois, a rainha de
Sabá toda a sabedoria de Salomão, e a casa que edificara, e a comida da sua
casa, e o assentar de seus servos, e o estar de seus criados e os vestidos
deles, e os seus copeiros, e a subida, pela qual subia à casa do Senhor, não
houve mais espírito nela" (1 Rs 10.4,5). 6. Levantar-se durante o culto
Outra coisa deselegante, e que demonstra grande falta de disciplina, é alguém
se levantar durante a mensagem. Pessoas há que se levantam mais de duas vezes
durante a pregação. Isso não somente chama a atenção de muitos, que voltam os
seus olhares, como também desnorteia o pregador e pode até tirar-lhe a linha de
raciocínio. Portanto, o cristão ou mesmo o ouvinte comum, no auditório onde irá
se processar a pregação, deve manter um espírito de adoração, ético e
reverente. Isso não só impressiona e comove o visitante, mas é também agradável
a Deus. Evidentemente, para se manter o auditório nesta disciplina, deve haver
antes da mensagem uma fase de preparação. Isso trará bons resultados ao
pregador e aos ouvintes.
B. O LOCAL DEVE SER EXTRATÉGICO
1. Escolha do local
Segundo o critério geral da homilética, a escolha e direção correta
do local da pregação é significativo. Devemos evitar cuidadosamente
localizações que possibilitem graves acidentes. Uma cabeça machucada ou uma
perna fraturada não qualifica ninguém para desfrutar as belezas, ou as
consolações da graça. É aconselhável que durante uma concentração, mesmo que o
local seja uma praça, todas as vias de acesso devem permanecer livres fechado,
este cuidado deve ser aumentado. É viável que durante uma concentração de
grande porte, a comissão organizadora, através do locutor de preparação, preste
todas as orientações necessárias ao povo, especialmente assinalando as direções
onde se encontram as entradas e as saídas do auditório. Sem dúvida alguma, isso
evitará algum acidente desagradável.
2. Pregar sob a influência de barulhos e ruídos
À primeira vista, o barulho das árvores parece inofensivo para o
som e a dicção da voz do pregador. Spurgeon e outros pregadores do passado
detestavam ministrar a Palavra de Deus debaixo de tais inimigos. Então ele diz:
"Tenham como seu pior inimigo a proximidade de árvores... estas árvores
fazem perpétuo ruído (especialmente onde o vento sopra forte) de silvo e
rangido, quase como o barulho do mar. "Cada uma das folhas de certas espécies
de arvoredos está em permanente movimento, como a língua do tagarela. Pode ser
que o ruído não pareça muito alto, mas apaga a melhor voz... Pregadores
experimentados cuidam para que o sol não dê diretamente nos seus rostos.
Tampouco desejam que seus ouvintes sejam molestados de igual modo. Portanto,
parece tão insignificante; todavia, eles tomam estes itens em consideração
quando planejam um culto".
3. Pregar contra o vento
Este é outro detalhe importante que quase passa desapercebido pelos
pregadores. Entretanto, será conveniente averiguar onde baterá o sol no horário
estabelecido para apresentação, isto porque, dependendo da sua posição, poderá
atrapalhar a visão de quem fala e de quem ouve. Não é somente o sol que deve
ser observado neste ponto, mas a direção do vento, a interferência repentina de
sons externos, como o de motores e máquinas, a acomodação das massas e até
mesmo a previsão meteorológica. Spurgeon recomendava aos seus alunos: "Não
tentem pregar contra o vento, pois será uma vã tentativa. Poderão lançar a voz
a uma curta distância com um esforço espantoso, mas não poderão ser bem ouvidos
nem sequer por poucas pessoas. Não é frequente eu adverti-los a considerarem o
lado para o qual o vento sopra, mas nesta ocasião os exorto a fazê-lo, caso
contrário trabalharão inutilmente. Preguem de modo que o vento leve sua voz em
direção ao povo, em vez de soprá-la de volta à sua garganta, ou terão que
engolir suas próprias palavras. Não há como medir quão longe um homem pode ser
ouvido com o vento a seu favor. Em certas atmosferas e climas, como por exemplo
nos da Palestina, as pessoas podem ser ouvidas a algumas milhas de distância.
Consta que Whitefield foi ouvido quando pregava a favor do vento a uma milha e
me afirmaram que eu mesmo (Spurgeon) fui ouvido àquela distância. "Não sei
se exageraram um pouco, mas foram pessoas sérias que me afirmaram tal coisa...
"
C. IDENTIFICAÇÃO DO AUDITÓRIO
1. Os ouvintes
É necessário o conhecimento prévio do auditório, pois nunca é
demais enfatizar quão importante é para o pregador discerni-lo à luz do
contexto. Se queremos ganhá-lo e mantê-lo durante nossa pregação, o discurso
tem que ser suficientemente interessante, convidativo e emocionante para que os
ouvintes decidam escutar e não mudar de atitude ou de lugar. Noutras palavras,
o pregador tem que cativar seus ouvintes. Nesse sentido, Jesus Cristo foi o
maior pregador de todos os tempos. Seu falar não só atraía os ouvidos das
pessoas, mas, de modo todo especial, também seus olhares. Veja a passagem de Lucas
4.20 "...e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele". Há
inúmeras formas de se obter o conhecimento do auditório em que nos encontramos;
porém, o mais valioso de todos é sem dúvida aquele que o próprio pregador
adquire através do contacto direto com os ouvintes. Com efeito, é necessário
que o pregador chegue alguns minutos antes do momento em que vai pregar (no
mínimo 30 minutos). Durante este período o pregador deve fazer para si as
seguintes perguntas:
• Qual o nível educacional da maior parte dos ouvintes?
• Quais são os seus interesses, hábitos e desejos?
• Qual é a sua situação financeira e o seu status social? aparecem
no auditório em cima da hora de pregar e, como não bastasse, vão embora antes
do amém. São os tais fantasmas: aparecem e desaparecem! Jesus sempre chegava
cedo ao culto e quando se aproximava a hora da pregação, já tinha até mesmo
lido um texto (Lc 4.17-20).
2. A importância da mensagem
Quem fala precisa ter a sensibilidade suficientemente desenvolvida
para entender as intenções dos ouvintes. A nossa mensagem deve ser apresentada
de maneira tal que as pessoas sintam nelas a orientação adequada. Em termos de
rádios, todas as vozes são severamente medidas na escala dos profissionais e
graduada de acordo com o seu peso. Os gregos faziam distinção entre o professor
e o pregador. O primeiro se preocupa apenas com o conteúdo de sua comunicação,
pois o mestre convence apenas pela lógica, pela verdade em si, que transmite a
seus alunos. O pregador tem que falar à inteligência, provocar a imaginação e
despertar os sentimentos. A pregação, portanto, não pode ser apenas peça fria,
contida de razão e arte. Ela tem que ser uma expressão real da vida, uma
expressão real de experiências vividas pelo pregador e dosada pelo Espírito Santo.
Capítulo Oito
A. FIGURAS DE LINGUAGEM
1. Divisão e definição
Conforme já tivemos ocasião de ver em outros capítulos, o pregador
deve ser um grande observador e possuir uma noção geral da cultura secular e
dos segredos da vida. Também se faz necessário que ele esteja familiarizado com
a linguagem gramatical das Escrituras, tendo em vista a significação correta
das palavras, a forma das frases, e as particularidades idiomáticas da língua
empregada. Outrossim, deve o mesmo estar informado e conhecer a natureza que
cada figura de linguagem, à luz do contexto lógico, representa. No entanto,
quem torna a mensagem bem interessante é o Espírito S anto; todavia, a
linguagem figurada da Bíblia, quando bem interpretada e apresentada, torna mais
transparente o sermão. Figuras de linguagem, também chamadas figuras de estilo,
são recursos especiais de que se vale quem fala ou escreve, para comunicar a
expressão com mais força e colorido, intensidade e beleza. Dividiremos em três
grupos, a saber:
a) Figuras de palavras,
b) Figuras de construção,
c) Figuras de pensamento.
• Figuras de palavras:
- Metáfora - Metonímia - Perífrase
• Figuras de construção:
- Anacoluto - Elipse - Inversão - Onomatopeia - Pleonasmo -
Polissíndeto - Repetição - Silepse
• Figuras de pensamento:
- Acróstico - Alegoria - Antítese - Antítipo - Apóstrofe
-Dramatização - Enigma - Eufemismo - Exclamação - Fábula - Hipérbole -
Interrogação - Ironia - Parábola - Paradoxo - Personificação - Prosopopeia -
Reticência - Retificação - Símbolo - Símile - Sinédoque -Tipo
B. DIVISÃO GERAL DE CADA FIGURA
1. Figuras de palavras:
a) Metáfora (Do gr. metaphorá).
Consiste num termo usado para designar o sentido natural de uma
palavra para substituir outra, em relação de semelhança subentendida. É uma
espécie de comparação (apenas mental). Não se deve, entretanto, confundir
metáfora com a comparação no sentido primário do termo. Nesta, os dois termos
vêm expressos e unidos por nexos comparativos.
Exemplos:
• Nero foi cruel como um monstro (comparação).
• Nero foi um monstro (metáfora).
Outros exemplos:
• A primavera da vida;
• A luz da inteligência;
• O luar feria pedrinhas alvas nos caminhos (G.R.);
• Cai a tinta da treva sobre o mundo etc. (Cegalla)
Em termos gerais, consiste em tomar a figura pela realidade. Este
gênero de sofisma é frequente, principalmente quando se fala de coisas
espirituais. Na metáfora não se usa termos de aproximação, como
"semelhante", "como", "parecido", etc. E, sim,
usa-se afirmação, tais como "é", "sou", etc. - "Judá
(é) um leãozinho" (Gn 49.9) - "Vós (sois) o sal da terra..." (Mt
5.13) - "Vós (sois) a luz do mundo..." (Mt 5.14) - "Eu (sou) o
pão da vida..." (Jo 6.35) - "Eu (sou) a luz do mundo..." (Jo
8.12) - "Eu (sou) a porta..." (Jo 10.9) - "Eu (sou) o
caminho..." (Jo 14.6) - "Eu (sou) a videira..." (Jo 15.1) -
"Vós (sois) as vara...” (Jo 15.5) - "Vós (sois) lavoura de
Deus..." (1 Co 3.9) - "Deus (é) amor..." (1 Jo 4.16), etc.
b) Metonímia (Do gr. metonymía).
Consiste em designar um objeto por uma palavra doutro objeto que
com o primeiro mantém relação de causa e efeito.
Por exemplo:
• A parte pelo todo - "Não tinha teto onde se abrigasse".
(teto= casa).
• O singular pelo plural - "O homem é mortal". (Quer
dizer= todos os homens).
• A taça pela bebida - Jesus usou esta figura de retórica quando
celebrou a Ceia com os seus discípulos: "E, tomando o cálice, e dando
graças, deu-lhe, dizendo: Bebei dele todos" (Mt 26.27). A ênfase recai
aqui na palavra "dele!" Porque, nesse caso, se subentende o
"conteúdo"; ao contrário, se o vocábulo fosse "nele!" O
sentido "nele" indica a taça e não o conteúdo. Nesse caso, e em
outros semelhantes, toda a extensão é indicada apenas por uma palavra ou frase
(cf. 1 Co 9.16,21).
c) Perífrase (Do gr. periphrasis).
E uma expressão que designa os seres através de algum de seus
atributos.
• O rei dos animais foi generoso (= o leão).
• Os urbanistas tornarão ainda mais bela a Cidade Maravilhosa (=o
Rio de Janeiro). • A Terra da Garoa (=a cidade de São Paulo), etc.
2. Figuras de construção
a) Anacoluto (Do gr. anakolouthus).
Esta figura de linguagem consiste na quebra ou interrupção do fio
da frase, ficando termos sinteticamente desligados do resto do período, sem
função.
Exemplos:
• A rua onde moras, nela é que desejo morar;
• E não me importa a desonra do mundo.
• Isto ou aquilo são bons, mas não servem etc.
b) Elipse (Do gr. élleipsis).
E a omissão de um termo da oração que facilmente podemos
subentender no contexto. É uma espécie de economia de palavras.
• Aqui-e na eternidade; • Moisés-referindo a todo o passo das Escrituras
(2 Co 3.15);
• Céu baixo, ondas mansas, vento leve;
• Local, horário e data (do evento?), etc.
c) Inversão ou Hipérbato (Do gr. hyperbatón).
(S .F. Ação ou efeito de inverter). Esta figura de construção (ou
de sintaxe) consiste em alterar a ordem normal dos termos ou orações, com o fim
de lhes dar destaque. O sentido do termo é colocado, em geral, no início da
frase:
• Passarinho, desisti de ter (R.B.).
• Justo ela diz que é, mas eu não acho não.
• "Vós sois os que vos justificais a vós mesmos... mas Deus
conhece os vossos corações..." (Lc 16.15), etc.
d) Onomatopéia (Do gr. onomatopoiía).
Consiste no aproveitamento de palavra cuja pronúncia imita o som ou
a voz natural dos seres. É um recurso fonêmico ou melódico que a língua
proporciona ao escritor:
• "Não disse uma palavra e foi-se! arrancou estrada
afora."
• "...Judas (Iscariotes) tomando o bocado, saiu logo. E era já
noite" (Jo 13.30), etc.
e) Pleonasmo (Do gr. pleonasmós).
É o emprego de palavras redundantes, com o fim de reforçar a
expressão. O pleonasmo, como figura de linguagem, visa a um efeito expressivo e
deve obedecer ao bom gosto, a fim de não ferir os ouvidos de quem ouve:
• "Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem os
meus olhos" (Jó 42.5);
• "...Cada um será salgado com sal" (Mc 9.49, ERC);
• "...Lázaro, sai para fora" (Jo 11.43);
• "Descer para baixo", "entrar para dentro",
"subir para cima...", etc.
f) Polissíndeto (Do gr. polysyndeton).
É a repetição intencional do conectivo coordenativo. É
particularmente próprio para sugerir movimentos contínuos ou séries de ações
que se sucedem rapidamente: • "Vão chegando as burguesinhas pobres, e as
criadas das burguesinhas ricas, e as mulheres do povo, e as lavadeiras da
redondeza" (M.B.)
g) Repetição (Do lat. repetitione).
Consiste em reiterar (ou repetir) palavras ou orações para
intensificar ou enfatizar a afirmação ou sugerir insistência: • "O surdo
pede que repitam, que repitam a última frase" (C.M.)
• "Assim diz o Senhor" - "Na verdade, na verdade te
digo...", etc.
h) Silepse (Do gr. syllepsis).
Ocorre esta figura quando efetuamos a concordância não com termos
expressos mas com a ideia a eles associada em nossa mente. Pode ser dividida em
três partes:
• De gênero - "Quando a gente é novo, gosta de fazer
bonito";
• De número - "Corria gente de todos os lados, e
gritavam";
• De pessoa - "Os que procuram são inúmeros, pois todos
sofremos de alguma coisa; esta água insípida tem uma vastíssima órbita de
ação" (R.Q.), etc.
3. Figuras de pensamento:
retórica geral:
a) Acróstico (Do gr. akróstichon). E
uma composição poética em que o conjunto das letras iniciais (e, às vezes, as
mediais ou finais) dos versos compõe verticalmente uma palavra ou frase. No
livro de Ester Deus está presente em mistério e não em manifestação. Seus
efeitos são evidentes, mas Ele fica oculto. Contudo, tem sido observado que as
quatro letras Y H V H, que no hebraico representam Jeová, ocorrem na narrativa
quatro vezes na vertical em forma acrostica: - Y - Et 1.20 - H - Et 5.4 - V-Et5
. 1 3 - H - Et 7.7 O Salmo 119, com 176 versículos, está representado em forma acrostica.
Exceto os versículos 90 e 122; suas 22 secções no começo e no fim decantam-se
em dois grupos:
• Palavra, dito.
• Caminho, vereda.
• Testemunhos, juízos.
• Preceitos, estatutos.
• Mandamentos, lei.
b) Alegoria (Do gr. allegoría).
Indica uma figura de linguagem usada na exposição de um pensamento
sob forma figurada. Não é uma parábola, ainda que Hebreus 9.9 traduza este
sentido. Entretanto, um símbolo, quando visto no seu desenvolvimento
particularizado, e especialmente quando toma um caráter narrativo, passa a ser
alegoria. Na alegoria, as personagens fictícias são dotadas das mesmas
características das reais, sem qualquer tentativa para ocultar ou para ilustrar
metaforicamente o oposto daquilo que elas não são. A parábola diverge assim,
portanto, da alegoria. A parábola ilustra por meio de símbolos, como por
exemplo: - "O campo é o mundo", - "O inimigo é o diabo", -
"A boa semente são os filhos do reino", etc. A regra essencial de
interpretação é compreender o escopo duma alegoria, ou pelo contexto, ou pelas
passagens paralelas e ter-se-á a verdade principal que se procurou realçar, em
harmonia com a verdade central. Jesus, ao afirmar: "Eu sou o pão que
desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu
der é a minha carne... porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu
sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
permanece em mim e eu nele" (Jo 6.51,55,56), estava expondo analogicamente
uma verdade central. O pensamento central desta analogia do Senhor é
interpretado no contexto antecedente, que diz: "Eu sou o pão da vida;
aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede" (Jo
6.35). Portanto, comer a carne e beber o sangue do Filho do homem significa, no
pensamento de Jesus, tomar posse da vida eterna. Qualquer narrativa alegórica
esboça, através de uma passagem, um trecho ou mesmo um versículo, o pensamento
central. Quando a Bíblia descreve qualquer figura com sentido alegórico, ou no
início ou no fim da narrativa, encontramos um versículo, uma frase ou mesmo uma
palavra, contendo o pensamento central. Exemplo: Em Isaías 5, o profeta
descreve por expressa ordem de Deus o perfil da nação judaica. Primeiro ele faz
a figura (de uma vinha) e depois dá a interpretação dizendo: "Porque a
vinha do Senhor dos Exércitos ("é") a casa de Israel" (Is 5.7b).
Em Ezequiel 37, na descrição do vale de ossos secos, o profeta mostra-nos o
pensamento central no versículo 11, dizendo: "Estes ossos são toda a casa
de Israel", etc.
c) Antítese (Do gr. antíthesis).
Consiste em uma figura na qual se salienta a oposição entre duas
palavras ou idéias.
• O Anticristo, o oposto de Cristo.
• O hoje do tempo como se fosse o amanhã da eternidade.
• Alexandre Magno foi a antítese do verdadeiro Cristo etc.
d) Antítipo (Do gr. antítypon).
Esta expressão significa tipo ou figura que representa outra. A
preposição grega aqui inferida é um pouco irregular. Alguns rabinos opinam que
ant (i) pode significar "ação contrária", "oposição",
"contra", "oposto", etc. E, assim, seria mais correto
dizer-se: pro-tipo, isto é, "pro" - traz a ideia de "movimento
para adiante", "posição em frente", ou "aquilo que jaz
adiante". Entretanto, como a tradução geral deste termo chegou até nós com
o sentido de "figura que representa outra", devemos aceitar tal
sentido sem hesitação.
e) Apóstrofe (Do gr. apostrophé).
Indica uma figura de linguagem que consiste em dirigir-se o orador
ou escritor, em geral fazendo uma interrupção, parêntese ou interrogação, a uma
pessoa, a coisa real ou fictícia. Na oratória, muitas vezes, o apóstrofe entra
em evidência para dar ênfase ao argumento. Biblicamente falando, temos vários
exemplos de apóstrofes, tanto no Antigo como no Novo Testamento. No Salmo 114 o
escritor sagrado invoca na poesia este tipo de linguagem. Então ele pergunta:
"Que tiveste, ó mar, que fugiste, e tu, ó Jordão, que tomaste atrás? E
vós, montes, que saltastes como carneiros, e vós outeiros, como
cordeiros?" (vv. 5,6). Em o Novo Testamento, Paulo, fazendo sua defesa
sobre a probabilidade da ressurreição, invoca também esta linguagem figurada da
Bíblia, dizendo: "Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó
inferno, a tua vitória?" (1 Co 15.55), etc.
f) Dramatização (Do gr. dramatizo).
Consiste numa figura de linguagem que dá ao discurso mais vida,
vigor e encanto, coisa que outros expedientes não conseguem tanto. Personificar
um caráter, bíblico ou não, e falar de seus sentimentos, introduzir no discurso
um contraditor e formular suas objeções, e depois respondê-las ponto por ponto,
sustentar um diálogo entre duas pessoas supostas, reproduzir uma cena mediante
descrição dramática, são métodos que muitos pregadores eficientes empregam. Com
efeito, porém, esta dramatização não deve ser apresentada de maneira
extravagante ou deselegante. No púlpito, a dramatização deve permanecer dentro
de limites um tanto estreitos, e deve sempre ser regulada pelo bom gosto e
sobriedade de sentimentos. E preciso, especialmente, usar bem as limitações de
ação e de tonalidade, para que o pregador não se torne ridículo ou, quiçá,
desconchavada a dramatização dentro do discurso religioso.
g) Enigma (Do gr. aínigma).
Esta figura consiste numa descrição, às vezes, obscura, ambígua, de
alguma coisa, para que seja difícil decifrá-la. Este tipo de linguagem
enigmática era bastante usado pelos sábios orientais. Sansão usou de enigmas
para provar a capacidade dos filisteus (Jz 14.12-18). A rainha Makeda de
Akssum, ouvindo a fama de Salomão, "...veio prová-lo por enigmas" (1
Rs 10.1). Algumas vezes, os enigmas eram decifrados ao som de instrumentos (SI
49.4). Algumas parábolas foram vistas pelos circunstantes de Jesus como
verdadeiros enigmas (SI 49.4; 78.2; Mt 13.34,35) e, de igual modo, os dons
espirituais (1 Co 13.12).
h) Eufemismo (Do gr. euphemismós).
Esta figura consiste em suavizar a expressão de uma ideia molesta,
substituindo o termo exato por palavras ou circunlocuções menos desagradáveis
ou mais polidas: - "...A menina não está morta, mas dorme" (Mc
5.39b). - "...Tendo desejo de partir (morrer)..." (F11.23). -
"...Rómulo contraíra o mal-de-Lázaro (= a lepra)", etc.
i) Exclamação (Do lat. exclamatione).
Refere-se a uma figura de linguagem em que o pregador emotivo se
inclina a usá-la livremente. Alguns em qualquer parte do discurso dizem: Oh!
Ah! Ai! Outros pregadores dizem "Quão grande!", "Momentoso
dito!", "Pensamento atroz!", e coisas assim. Em alguns casos o
pregador ou escritor usa esta figura de retórica para expressar grandeza.
"Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos!" (SI
84.1) "Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de
Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus
caminhos!" (Rm 11.33) E coisas semelhantes a estas.
j) Fábula (Do gr. mythos).
Esta frase significa "lenda", "mito". A fábula
é uma narração alegórica cujas personagens são, por via de regra, animais, ou
seres imaginários da mitologia. Com efeito, a fábula como narração alegórica,
sempre encerra no fundo uma lição moral. A fábula é, portanto, uma espécie de
história ilustrativa fictícia e que ensina através da fantasia. O vocábulo está
presente nas seguintes passagens das Escrituras (Dt 28.37, ERC; 1 Tm 1.4; 4.7;
2 Tm 4.4; Tt 1.14; 2 Pd 1.16). Temos dois exemplos desta linguagem figurada na
Bíblia envolvendo personagens reais:
• Jotão e Abimeleque: "E, dizendo-o a Jotão, foi este, e pôs-se
no cume do monte de Gerizim, e levantou a sua voz, e clamou, e disse-lhes:
Ouvi-me a mim, cidadãos de Siquém, e Deus vos ouvirá a vós. Foram uma vez as
árvores a ungir para si um rei; e disseram à oliveira: Reina tu sobre nós.
Porém a oliveira lhes disse: Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens
em mim prezam, e iria a labutar sobre as árvores ? Então disseram as árvores à
figueira: Vem tu, e reina sobre nós. Porém a figueira lhes disse: Deixaria eu a
minha doçura, o meu bom fruto, e iria labutar sobre as árvores? Então disseram
as árvores à videira: Vem tu, e reina sobre nós. Porém a videira lhes disse:
Deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, e iria labutar sobre
as árvores? Então todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu, e reina
sobre nós. E disse o espinheiro às árvores: Se, na verdade, me ungis rei sobre
vós, vinde, e confiai-vos debaixo da minha sombra; mas, se não, saia fogo do
espinheiro que consuma os cedros do Líbano" (Jz 9.7-15).
• Amazias e Jeoás: "Então Amazias enviou mensageiros a Jeoás,
filho de Jeoacaz, filho de Jeú, rei de Israel, dizendo: Vem, vejamo-nos cara a
cara. Porém Jeoás, rei de Israel, enviou a Amazias, rei de Judá, dizendo: O
cardo que está no Líbano enviou ao cedro que está no Líbano, dizendo: Dá tua
filha por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estava no Líbano,
passaram e pisaram o cardo" (2 Rs 14.8,9). Existem, sem dúvidas, outras
passagens similares na Bíblia. Entretanto, estas são as que mais exemplificam o
significado do argumento.
l) Hipérbole (Do gr. hyperbolé).
Consiste numa figura de linguagem que engrandece ou diminui
exageradamente a verdade das coisas: mas não se trata de mentira e, sim, de uma
expressão momentânea. Por exemplo, quando o número de pessoas numa concentração
não chega a atingir a cifra esperada, se diz: "apenas quatro gatos
pingados" (jargão). Outro exemplo: "Passou correndo com mais de mil",
quando, na verdade, ia apenas a 10 km por hora.
No conceito geral da Bíblia, depreendemos esta figura de linguagem
em algumas passagens.
Por exemplo:
• "Rios de águas correm dos meus olhos..." (SI 119.136a).
• "E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu
irmão, e não vês a trave que está no teu olho?" (Mt 7.3).
• "É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do
que entrar um rico no reino de Deus" (Mt 19.24b).
• 'Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um
camelo" (Mt 23.24). E outros exemplos similares.
m) Interrogação (Do lat. interrogatíone).
Refere-se a uma forma de linguagem que serve para animar o
discurso. Nesse caso, o pregador pode pensar num antagonista, que pode ser real
ou imaginário, e questionar com ele, interrogando-o, de tal maneira que se
desperte vivo interesse nos ouvintes; podendo- se fazer também perguntas
constantes ao próprio auditório. Assim se despertará a mente deles, como se
tivessem de responder a perguntas feitas. Por exemplo: "Quem deu crédito à
nossa pregação? e a quem se manifestou o braço do Senhor?" (Is 53.1).
"O que dizem os homens ser o Filho do homem?... E vós, o que dizeis que eu
sou?" (Mt 16.14,15), etc.
n) Ironia (Do gr. eiróneia).
Consiste no modo de exprimir-se em dizer o contrário daquilo que se
está pensando ou sentindo. Alguns episódios na Bíblia expressam o significado
do pensamento desta figura de linguagem.
• Balaão e Balaque: "Veio, pois, o Senhor a Balaão, de noite,
e disse-lhe: Se aqueles homens te vieram chamar, levanta-te, vai com eles... e
a ira de Deus acendeu-se, porque ele se ia..." (Nm 22.20,22). Tanto os
contextos antecedentes como os prospectivos mostram claramente que a vontade de
Deus era contrária a ida do profeta. Portanto, aqui se infere a linguagem de
ironia.
• Micaías e Acabe: "E, vindo ele ao rei, o rei lhe disse:
Micaías, iremos a Ramote de Gileade à peleja, ou deixaremos de ir? E ele lhe
disse: Sobe, e serás próspero; porque o Senhor a entregará na mão do rei"
(1 Rs 22.15). Podemos deduzir que tanto os versículos antecedentes como os consequentes
afirmam que Micaías apenas ironizou. Isto é, queria dizer o contrário daquilo
que estava pensando, ou autorizado a dizer. • Eliseu e os filhos dos profetas:
"Mas eles apertaram com ele, até se enfastiar; e disse-lhes: Enviai..."
(2 Rs 2.17). Na secção anterior e naquela que se segue, entendem-se claramente
que a vontade do profeta Eliseu era o contrário daquilo que ele disse, quando
coagido pelos filhos dos profetas. Simplesmente ironizou.
o) Parábola (Do gr. parabolé).
Por derivação esta palavra significa "por coisas a lado",
ou "colocar ao lado de". Assim, parábola é algo que se coloca ao lado
de outra coisa para efeito de comparação. A parábola típica utiliza- se de um
evento comum da vida natural para acentuar ou esclarecer uma importante verdade
espiritual. No conceito geral da Bíblia, parábola indica, literalmente,
"comparação", e é comumente usada para indicar uma história breve, um
exemplo esclarecedor, que ilustra uma verdade qualquer (Ez 17.2; Mt 13.31,44,45,47;
Mc 4.30).
• A parábola não é um mito,
pois este narra uma história como se fosse verdadeira, mas não
adiciona nem a probabilidade nem a verdade. Com efeito, quando o termo
"parábola" parte diretamente do hebraico mashal, tem uma significação
mais lata. Assim em Mateus 15.14,15 e Lucas 4.23, parábola é usada por
provérbios; em João 10.6, provérbio é traduzido por parábola; em Hebreus 9.9,
parábola é traduzida no grego por alegoria etc.
• Parábola também não é fábula.
Alguém já imaginou que parábola fosse uma fábula. Entretanto, no
contexto geral, não é, porque a fábula é uma história fictícia que ensina
através da fantasia, mediante apresentação que vai além da probabilidade. A
parábola, mesmo ensinada mediante ocorrências imaginárias, jamais foge à realidade
das coisas. A despeito disto, temos os ensinamentos didáticos de Cristo. Cerca
de sessenta deles foi por meio de parábolas.
p) Paradoxo (Do gr. parádoxon).
Infere em um conceito que é ou parece contrário ao comum:
"Ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância, pois a sabedoria e
a virtude são inseparáveis" (Sócrates). O vocábulo procede do grego e
chega até nós por intermédio do latim. Está formado de duas expressões: para,
que significa contra e doxa, opinião ou crença. Soa ao ouvido como algo incrível,
ou impossível, se não absurdo. Jesus deu-nos lições paradoxais, quando advertiu
os discípulos do fermento dos fariseus e quando mostrou a um candidato ao
discipulado a urgência da missão (cf. Mt 8.21,22; 16.6, etc.).
q) Personificação (Do gr. prosopon?)
Esta figura consiste na maneira como o pregador se dirige a uma
coisa inanimada como se tivesse vida. Isso dá ao discurso grande animação e
beleza, e mesmo uma apaixonante energia. A personificação da sabedoria dos
Provérbios de Salomão é muito notável. Jesus personificou as pedras como se
fossem seres animados. Então ele disse: "Se estes se calarem, as próprias
pedras clamarão" (Lc 19.40). Os apóstolos Paulo e João usaram também esta
figura ao se referirem à morte e ao inferno (1 Co 15.26,55; Ap 6.8; 20.13,14).
r) Prosopopeia (Do gr. prosopopaiía).
Esta figura, segundo a divisão correta, indica uma linguagem em que
se dá vida, ação, movimento e voz a coisas inanimadas. Exemplos: "A
perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama" (Jó
28.22); "A terra geme e pranteia, o Líbano se envergonha e se murcha:
Sarom se tornou como um deserto; e Basã e Carmelo foram sacudidos" (Is
33.9); "Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua
vitória?" (1 Co 15.55); "E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que
estava assentado sobre ele tinha por nome morte; e o inferno o seguia..."
(Ap 6.8a). Nestas passagens, e em outras similares, são usadas verdadeiras
figuras de linguagem, cujo sentido técnico denomina-se prosopopeia, onde os seres
e trastes são personificados.
s) Reticência (Do lat. reticentia).
Consiste em suspender o pensamento, deixando-o meio velado.
Exemplos gramatical e bíblico:
• "De todas, porém, a que me cativou logo foi uma...uma... não
sei se diga" (M.A.). • "Porque Jabez invocou o Deus de Israel,
dizendo: Se me abençoares muitíssimo, e meus termos amplificares, e a tua mão for
comigo, e fizeres que do mal não seja aflito!... E Deus lhe concedeu o que lhe
tinha pedido" (1 Cr 4.10=ARC).
t) Retificação (s.f. do v. retificar).
Como indica o significado do pensamento, consiste em retificar uma
afirmação anterior.
• "O país andava numa situação política tão complicada quanto
a de agora. Não, minto. Tanto não" (R.Q.). Esta figura de linguagem deve
somente ser usada pelo pregador, quando ocorrer um engano mental, ou quando
houver exagero numa afirmação comprometedora; ela deve ser usada em lugar de
desculpa.
u) Símbolo (Do gr. symbolon).
Esta figura designa, fundamentalmente, aquilo que, por um princípio
de analogia, representa ou substitui outra coisa:
• A balança é o símbolo da justiça.
• São símbolos nacionais, a bandeira, o hino, as armas e o selo.
Geralmente, o tipo é prefigurativo, e o símbolo é ilustrativo do que já existe.
Certos símbolos, contudo, provêm de circunstâncias e relações especiais. Alguns
são orientais e têm a sua origem nas maneiras e costumes de diferentes povos;
outros derivam da história; e há os que também são produtos da imaginação.
v) Símile (Do lat. símile).
O sentido da divisão correta expressa a ideia do que é semelhante;
comparação de coisas semelhantes. Dois dos mais simples artifícios literários
são o símile e a metáfora. Símile é uma comparação, onde a expressão
"semelhante", "como" e "assim" estão em foco. No
símile a ênfase recai sobre algum ponto de similaridade entre duas idéias,
grupos, ações etc. "O reino dos céus (é semelhante)..." "Como um
pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o
temem" (SI 103.13). "...Como os céus são mais altos do que a terra,
assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos..." (Is
55.9) Devemos observar que a ênfase recai nas expressões "é
semelhante", "como", "assim", etc. Podemos entender a
parábola como sendo uma símile ampliada. Pelo menos é este o sentido geral da
Bíblia onde a palavra está presente (Os 12.10).
x) Sinédoque (Do gr. synedoché).
Esta figura de pensamento consiste na relação de compreensão e
consiste no uso do "todo" pela "parte", do "plural"
pelo "singular", do "gênero" pela "espécie". A
sinédoque se assemelha muito com a metonímia, levando alguns até pensarem que
estas duas figuras de retórica fossem a mesma coisa, ou pelo menos expressassem
o mesmo sentido. Com efeito, porém, não se trata da mesma coisa. Partindo de
uma premissa tanto particular como geral, a sinédoque expressa o conceito final
dentro das mesmas regras da natureza da primeira. Biblicamente falando, isso
pode ser depreendido de várias passagens das Escrituras. Exemplificando:
"Todas as almas, pois, que procederam da coxa de Jacó, foram setenta
almas..." (Ex 1.5) As almas aqui são tomadas para indicar as pessoas.
"...A minha carne repousará segura" (SI 16.9b). A palavra carne,
nesse caso, é tomada para indicar o todo que seria o corpo. E outros exemplos
similares,
z) Tipo (Do gr. typos).
Significa aquilo que inspira fé como modelo. Como a alegoria é uma
dupla representação por meio de palavras, assim o tipo é uma dupla
representação por meio de fatos. A linguagem tipológica da Bíblia, funciona
como "...sombra dos bens futuros...". Conforme já tivemos ocasião de
expor noutra secção, o tipo é prefigurativo, enquanto o símbolo é ilustrativo
do que já existe. Alguns personagens, animais, objetos e fatos, foram, ao mesmo
tempo, símbolos e tipos, pois comemoravam um acontecimento e prefiguravam outro.
Eles eram sombras de um sacrifício perfeito, do qual Cristo havia de ser a
realidade!
Bibliografia
ANGUS, J. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. Rio de
Janeiro, RJ, 1951. BARON, B. Homilétique et Oratoire. Paris, 1948. BLACKOOD, W.
A. A Preparação de Sermões. São Paulo, SP, 1965. BROADUS, J. A. O Sermão e o
seu Preparo. Rio de Janeiro, RJ, 1967. BURT, G. Manual de Homilética , São Paulo,
SP, 1936. CRANE, J. D ..manual para Pregadores Leigos. Rio de Janeiro, RJ,
1988. DUREN, J. Le Prédicateur et le Sermon. Paris, 1920. DARLEIN, F . Le
Sermon et la Rethórique. Paris, h 865. . FELLENBERG, G. Introdução aos
Problemas da Poluição Ambiental. São Paulo, SP, 1980. . VASCONCELLOS, J /
GEWANDSZNAJDER, F. P ro g ra m a s de Saúde. São Paulo, SP, 1989. HAWKINS, T. H
o m ilé tic a P rá tic a Rio de Janeiro, RJ, 1988. JACQUES, J. Le Sermon et la
Oratoire. Paris, 1937. JOHANSSON, E. O Programa de Rádio Cristão (Orientação
Prática para novos Produtores). Stockholm, Suécia, 1985. JOLIVET, R. C urso de
F ilo so fia . São Paulo, SP, 1984. KESSLER, N. Ética Pastoral: Rio de Janeiro,
RJ, 1989.. KOLLER, C. W. Pregação Expositiva sem Anotações. São Paulo, SP,
1987. KNOX, J. A Integridade da Pregação. São Paulo, SP, 1964. LUND, E. /
NELSON, P. C. Hermenêutica. Miami, 1968. NORTH, S. Pregação, Homem e Método.
São Paulo, SP, 1971. POLITO, R. Como Falar Corretamente e sem Inibições. São
Paulo, SP, 1988. RIGGS, R. M. O Guia do Pastor. Miami, 1976. ROBINSON, H. W. A
Pregação Bíblica. São Paulo, SP, 1986. SILVA , P. M. A Arte de Pregar o Evangelho
(Homilética). São Paulo, 1985. SOBRINHO, M. Esboço de Homilética, Recife, PE,
1958. SOUZA, E. Q. Gavelas da Disciplina e da Doutrina Cristã. Rio de Janeiro,
RJ, 1960. SPURGEON, C. H. Lições aos Meus Alunos (Homilética e Teologia
Pastoral: I e H Volumes). São Paulo, SP, 1980-82. VINET, A. Homilétique ou
Théorie de la Predication. Paris, 1874. VIRKLER, H. A. Hermenêutica (Princípios
e Processos de Interpretações Bíblicas). Miami, 1987. . WERNER, W. La
Rethórique Paris, 1925.
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DISCIPLINA: ITLON27 LOGOS, Instituto de Teologia (ORG). HOMILÉTICA. MARANHÃO:
PUBLICAÇÕES ITL, 2021. 130 pgs.
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo(a), caro(a) aluno(a)! Parabéns pela sua decisão de
transformação, pois isso também mostra o quanto você está compromissado em
contribuir com a transformação da igreja e da sociedade onde você está
inserido. O Instituto de Teologia Logos acompanhará você durante todo este
processo, pois “os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os
materiais produzidos oferecem linguagem simples, completa e de rápida
assimilação, contribuindo para o seu desenvolvimento bíblico, teológico e
ministerial, para desenvolver competências e habilidades e aplicar os
conceitos, fundamentos e prática na sua área ministerial, possibilitando você
atuar em favor do Reino de Deus com mais excelência. Nosso objetivo com este
material é levar você a aprofundar-se no conteúdo, possibilitar o
desenvolvimento da sua autonomia em busca de outros conhecimentos necessários
para a sua formação bíblica, teológica e ministerial. Portanto, nossa distância
nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize todos os materiais didáticos e recursos pedagógicos que disponibilizamos
para você. Acesse regularmente a Área do Aluno, participe no grupo online com o
tutor online que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a)
em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e
segurança sua trajetória acadêmica.
HOMILÉTICA 7 AULA 01
1 - HOMILÉTICA FUNDAMENTAL
Na homilética fundamental, referimo-nos ao conceito de homilética,
ou seja, abordamos questões introdutórias, tais como: origem, significado,
tarefa, desenvolvimento histórico, problemas, características, conteúdo e
importância da homilética evangélica. O segundo capítulo trata da homilética
material, relativa ao material básico para se fazer homilética. O aluno aprende
a lidar com as versões em português da Bíblia, incluindo a Bíblia Vida Nova,
chaves bíblicas, concordâncias, dicionários, léxicos, comentários, harmonias e
panoramas bíblicos. Exemplos práticos e exercícios ajudam o aluno a utilizar o
material auxiliar disponível na preparação de mensagens baseadas na Palavra de
Deus. O último capítulo refere-se à homilética formal, que analisa a estrutura,
a apresentação e as formas alternativas da pregação bíblica. Seguem exemplos e
exercícios. Uma bibliografia selecionada conscientiza o estudante a dar
prioridade às obras básicas na compra de material evangélico acerca de
homilética. O desejo ardente e a oração contínua do autor são no sentido de que
o estudante da Palavra de Deus prepare suas mensagens com dedicação,
sinceridade e fidelidade, sob a orientação indispensável do Espírito Santo e
levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo (2 Co 10.5), para que o
evangelho eterno de Jesus Cristo seja pregado, ouvido, entendido e obedecido em
nossos dias. "Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus
para a salvação de todo aquele que crê..." (Rm 1.16) 1.1.
1.1- Abreviaturas Encontram-se aqui as abreviaturas remissivas e
teológicas com as quais o estudante deve se familiarizar.
A. Abreviaturas remissivas
· a.
C. antes de Cristo (colocado após o número)
· A.
D. Anum Dominum (no ano do Senhor; depois de Cristo)
·
cap. capítulo
·
caps. capítulos
· cf.
confer (compare, confira)
· ed.
editor
· e.
g. exempli gratia (por exemplo)
· i.
e. id est (isto é)
· op.
cit. opus citatum (obra citada)
· s
seguinte
· ss
seguintes · v
versículo · vv
versículos
·
viz. videlicet (a saber)
·
vol. volume
·
vols. Volumes B. Abreviaturas Teológicas
· BLH
A Bíblia na Linguagem de Hoje
· BVN
Bíblia Vida Nova ·
NDITNT Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento ·
EIBB Edição Imprensa Bíblica Brasileira
· ENT
Exposição do Novo Testamento
· ARA
Edição Almeida Revista e Atualizada
· ARC
Edição Almeida Revista e Corrigida
· GeD
F. W. Gingrich e F. W. Danker, Léxico do N. Testamento Grego-português
· LRS
Lições de Retórica Sagrada
· MDC
Manual do Culto · NCB
O Novo Comentário da Bíblia
· NDB
O Novo Dicionário da Bíblia
· NTI
O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo
· PB
A Pregação Bíblica
· PEB
Pequena Enciclopédia Bíblica
· PES
O Preparo e Entrega de Sermões
· PMS
P. Moreira da Silva, Homilética - A arte de pregar o evangelho C. Bibliografia
Básica Para que o aluno esteja em condições de analisar sozinho um termo,
estruturar um esboço e familiarizar-se com o texto, fazendo assim uma exegese
bíblica, é indispensável que tenha suas próprias ferramentas. O autor deste
manual sugere que o aluno adquira o mais breve possível os seguintes livros,
que estão colocados em ordem de prioridade a fim de possibilitar uma compra
consciente:
·
Chave Bíblica, Edição Revista e Atualizada, Brasília, S. Bíblica do Brasil,
1970.
· R.
Shedd, ed., A Bíblia Vida Nova, São Paulo, Edições Vida Nova, 1976.
· F.
Davidson, ed., O Novo Comentário da Bíblia, São Paulo, Ed. Vida Nova, 1963.
· J.
D. Douglas, ed., O Novo Dicionário da Bíblia, São Paulo, Ed. Vida Nova, 1966.
· S.
L. Watson e W. E. Allen, Harmonia dos Evangelhos, Rio de Janeiro, JUERP, 1979. · W.
L. Liefeld, Exposição do Novo Testamento, São Paulo, Ed. Vida Nova, 1985.
· W.
Robinson, A Pregação Bíblica, São Paulo, Edições Vida Nova, 1983.
· J.
Braga, Como Preparar Mensagens Bíblicas, São Paulo, Editora Vida, 1987.
A homilética fundamental trata das questões introdutórias da
matéria, visando uma compreensão objetiva de seus aspectos, tais como: origem,
significado, tarefa, desenvolvimento histórico, problemas, características,
conteúdo, importância e alvo da prédica evangélica
1.2. Origem, Significado e Tarefa da Homilética O termo
(homilética) deriva do substantivo grego "homilia", que significa
literalmente "associação", "companhia", e do verbo homileo,
que significa "falar", "conversar". O Novo Testamento
emprega o substantivo homilia em 1 Coríntios 15.33: “as más conversações corrompem
os bons costumes”. O termo "homilética" surgiu durante o Iluminismo,
entre os séculos XVII e XVIII, quando as principais disciplinas teológicas
receberam nomes gregos, como, por exemplo, dogmática, apologética e
hermenêutica. Na Alemanha, Stier propôs o nome Keríctica, derivado de keryx,
que significa "arauto". Sikel sugeriu haliêutica, derivado de
halieos, que significa "pescador". O termo "homilética"
firmou-se e foi mundialmente aceito para referir-se à disciplina teológica que
estuda a ciência, a arte e a técnica de analisar, estruturar e entregar a
mensagem do evangelho. "A homilética é ciência, quando considerada sob o
ponto de vista de seus fundamentos teóricos (históricos, psicológicos e
sociais); é arte, quando considerada em seus aspectos estéticos (a beleza do
conteúdo e da forma); e é técnica, quando considerada pelo modo específico de
sua execução ou ensino." O termo "homilética" tem suas raízes
etimológicas em 3 palavras da cultura grega:
·
Homilos, que significa "multidão", "turma",
"assembleia do povo" (cf. At 18.17); ·
Homilia, que significa "associação", "companhia" (cf. 1 Co
15.33); e
·
Homileo, que significa "falar", "conversar" (cf. Lc
24.14s.; At 20.11,24.26). 1.3. A Relação Entre a Homilética e as Outras
Disciplinas Como disciplina teológica, a homilética pertence à teologia
prática. As disciplinas que mais se aproximam da homilética são a hermenêutica
e a exegese. Enquanto a hermenêutica é a ciência, arte e técnica de interpretar
corretamente a Palavra de Deus, e a exegese a ciência, arte e técnica de expor
as idéias bíblicas, a homilética é a ciência, arte e técnica de comunicar o
evangelho. A hermenêutica interpreta um texto bíblico à luz de seu contexto; a
exegese expõe um texto bíblico à luz da teologia bíblica; e a homilética
comunica um texto bíblico à luz da pregação bíblica.
A homilética depende amplamente da hermenêutica e da exegese.
Homilética sem hermenêutica bíblica é trombeta de som incerto (1 Co
14.8) e homilética sem exegese bíblica é a mera comunicação de uma mensagem
humanista e morta. A homilética deve valer-se dos recursos da retórica (assim
como da eloquência), utilizar os meios e métodos da comunicação moderna e
aplicar a avançada estilística. Não se pode ignorar o perigo de substituir a
pregação do evangelho pelas disciplinas seculares e de adaptar a pregação do
evangelho às demandas do secularismo. A relação entre a homilética e as
ciências modernas é de caráter secundário e horizontal; pois as Escrituras
Sagradas são a fonte primária, a revelação vertical, o fundamento básico de
toda a homilética evangélica. Por isso, o apóstolo Paulo escreveu aos
coríntios: (Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de
Deus, não o fiz com ostentação de linguagem, ou de sabedoria. Porque decidi
nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E foi em
fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a
minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em
demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria
humana; e sim, no poder de Deus) (1 Co 2.1-5). 1.4. O Desenvolvimento Histórico
da Homilética O modelo predominante no período profético era a palavra vinda
diretamente do Senhor ("assim diz o Senhor") que os profetas
anunciavam e ilustravam em suas próprias vidas: uma prostituta como esposa
(Oséias); nomes dos filhos (Is 7.3, 8.3); cinto (Jr 13.1- 11); o vaso do oleiro
(Jr 18.1-17); a botija quebrada (Jr 19.1-15); a morte da mulher de Ezequiel (Ez
24.15-27). Após o exílio, desenvolveu-se a homilia primitiva, em que passagens
das Escrituras Sagradas eram lidas em público ou nas sinagogas (Ne 8.1-18). Por
volta de 500-300 a. C., os gregos Córax, Sócrates, Platão e Aristóteles
desenvolveram a retórica, aperfeiçoada pelos romanos na forma da oratória (principalmente
Cícero, em cerca de 106-43 a. C.). Jesus, no entanto, pregou o evangelho do
reino de Deus com simplicidade, utilizando principalmente parábolas (Mt
13.34s.; Mc 4.10-12, 33, 34) e aplicando textos do Antigo Testamento à Sua
própria vida (Lc 4.16-22). Uma análise do livro de Atos revela cinco elementos
básicos comuns às mensagens apostólicas: o Messias prometido no Antigo
Testamento; a morte expiatória de Jesus Cristo; Sua ressurreição pelo poder do
Espírito Santo; a gloriosa volta de Cristo; e o apelo ao ouvinte para que se
arrependesse e cresse no evangelho.
A maioria dos cristãos antigos, portanto, seguiu o exemplo da
sinagoga, lendo e explicando de modo simples e popular as Escrituras do Antigo
Testamento e do Novo. Não se percebe muito esforço em estruturar um esboço
homilético ou um tema organizador. A homilia cristã apenas (segue a ordem
natural do texto da Escritura e visa meramente ressaltar, mediante a elaboração
e aplicação, as sucessivas partes da passagem como esta se apresenta). C. W.
Koller, Pregação Expositiva sem Anotações (São Paulo: Mundo Cristão, 1984), p.
21.
As primeiras teorias homiléticas encontram-se nos escritos de
Crisóstomo (345-407 A. D.), o mais famoso pregador da igreja primitiva. A
primeira homilética foi escrita por Agostinho, em De Doctrina Christiana.
Agostinho dividiu-a em de inveniende (como chegar ao assunto) e de proferendo
(como explicar o assunto). Na prática, esta divisão sistemática corresponde
hoje às homiléticas material e formal. A Idade Média não foi além de Agostinho,
mas produziu coletâneas famosas de sermões, atualmente publicadas em forma de
livros devocionais. (A homilética era quase a única forma de oratória
conhecida.) O maior pregador latino da Idade Média foi Bernardo de Claraval
(1090-1153). Graças a Carlos Magno (768-814), a pregação era feita na língua do
povo e não exclusivamente em latim. A grande inovação da Reforma Protestante
foi tornar a Bíblia o centro da pregação. Os discursos éticos e litúrgicos
foram substituídos pela pregação evangélica das grandes verdades bíblicas,
versículo por versículo. Martinho Lutero e João Calvino expuseram quase todos
os livros da Bíblia em forma de comentários que, ainda hoje, possuem vasta
aceitação acadêmica e espiritual. Os líderes da Reforma Protestante deram à
pregação um novo conteúdo (a graça divina em Jesus Cristo), um novo fundamento
(a Bíblia Sagrada) e um novo alvo - a fé viva. Enquanto Lutero enfatizava o
conteúdo da pregação do evangelho (a justificação pela fé), Melanchthon
ressaltava o método e a forma da pregação. Como humanista convertido,
Melanchthon escreveu, em 1519, a primeira retórica evangélica, seguida de duas
publicações homiléticas, em 1528 e 1535, respectivamente. Melanchthon sugeriu
enfatizar a unidade, um centro organizador, um pensamento principal (loci) para
o texto a ser pregado. A pregação evangélica deveria incluir: introdução, tema,
disposição, exposição do texto e conclusão. Instituto de
HOMILÉTICA
1.5. Os Problemas da Homilética A palavra de Deus afirma que
"a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo" (Rm
10.17). Como é possível, então, que surjam dificuldades quando esta palavra é
proclamada? O problema não está na palavra em si, porque 2a palavra de Deus é
viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra
até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para
discernir os pensamentos e propósitos do coração" (Hb 4.12). O problema
não está na Palavra de Deus, mas em sua proclamação, quando feita por pregadores
que não admitem suas imperfeições homiléticas pessoais!
Atualmente, as dificuldades mais comuns da pregação bíblica
encontram-se nas seguintes áreas:
·
Falta de preparo adequado do pregador. Na maioria das vezes, a pregação pobre
tem sua raiz na falta de estudo do orador. Muitos julgam ter condições de
preparar uma mensagem bíblica em menos de seis horas, sem o árduo trabalho
exegético e estilístico. Pensam que basta ter um esboço de três ou quatro
pontos para edificar a igreja, ou acham suficiente manipular as Quatro Leis
Espirituais para levar um indivíduo perdido à obediência a Cristo.
·
Falta de unidade corporal na prédica. Os ouvintes do sermão dominical perdem o
interesse pelo recado do pastor quando este apresenta uma mensagem que consiste
numa mera junção de versículos bíblicos, às vezes até desconexos, pulando de um
livro para outro, sem unidade interior, sem um tema organizador. A falta de
unidade corporal na prédica leva o ouvinte a depreciar até a mais correta
exposição da Palavra de Deus.
·
Falta de vivência real do pregador na fé cristã. O pior que pode acontecer ao
pregador do evangelho é proclamar as verdades libertadoras de Cristo e, ao
mesmo tempo, levar uma vida arraigada no pecado e em total desobediência aos
princípios da Palavra de Deus. Por isso, Paulo escreveu: "... esmurro o
meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha
eu mesmo a ser desqualificado" (1 Co 9.27). Em outras ocasiões, o pregador
talvez esteja vivendo em santificação, mas, ainda assim, quando suas mensagens
são apresentadas de forma muito teórica, empregando termos técnicos, latinos e
gregos que o povo comum não entende, elas se tornam enfadonhas. No fim do
culto, o rebanho admite que seu pastor falou bem e bonito, mas se queixará de
não ter entendido nada.
Falta de aplicação prática às necessidades existentes na igreja.
Muitas mensagens são boas em si mesmas, mas se tornam pobres na prática, na
edificação do povo de Deus. Constituem verdadeiros castelos doutrinários, mas
não mostram como colocar em prática, de maneira viável, o ensino da Palavra de
Deus, negligenciando, por exemplo, oferecer ajuda concreta a uma senhora que,
após 35 anos de vida conjugal feliz, perdeu o esposo num acidente de trânsito,
na semana anterior. Falta de equilíbrio na seleção dos textos bíblicos. A maior
parte das Escrituras foi praticamente abandonada na pregação eficiente do
evangelho. Mais de 95% dos sermões evangélicos pregados no Brasil baseiam-se no
Novo Testamento e, em geral, limitam-se a textos evangelísticos, tais como: Lc 19.1-10;
Jo 1.12; 3.16; 14.6; Rm 8.28; 2 Co 5.15-21 etc. Prega-se a verdade, mas não
toda a verdade! O alvo do apóstolo Paulo era pregar "o evangelho das
insondáveis riquezas de Cristo" (Ef 3.8). É bom lembrar que os apóstolos,
e com eles a primeira geração da igreja primitiva, utilizavam quase sempre o
Antigo Testamento. Eles baseavam suas mensagens naqueles 39 livros, que
constituem mais de dois terços de nossa Bíblia atual. Falta de prioridade da
mensagem na liturgia. O culto teve início pontualmente às 19h30, com um belo
programa musical seguido de muitos testemunhos empolgantes, várias orações e
diversos avisos. Finalmente, às 21h30, quando toda a congregação já estava
cansada, o dirigente anunciou: (Vamos agora para a parte mais importante de
nosso culto. Com a palavra, nosso pastor, que vai pregar o santo evangelho). O
pastor, então, fica constrangido de pregar 40 minutos, pois sabe que ninguém
irá aguentar.
A característica principal de um culto evangélico é a pregação da
palavra de Deus. Números especiais bem ensaiados, testemunhos autênticos,
avisos, tudo isso é útil e necessário, desde que em seu devido lugar. Devemos
zelar para que nossos cultos não se tornem festivais de música popular ou
reuniões para avisos, mas, sim, encontros com Deus em Sua palavra! Lutero era
muito enfático em afirmar que, onde se prega a palavra de Deus e são
ministrados o batismo e a ceia, é ali que se encontra a verdadeira igreja.
Falta de um bom planejamento ministerial. "O pregador eficiente tem de
planejar sua pregação com antecipação. Muitos pastores falam sem nenhum plano
ou propósito. Eles simplesmente decidem, a cada semana, quais os tópicos para
os sermões do domingo seguinte. Algumas vezes, a decisão é feita na sexta-feira
ou no sábado. A pregação sem um plano de longo alcance produz diversos
resultados negativos:
O pregador é colocado sob tensão e ansiedade desnecessárias;
·
Muitos pastores simplesmente pregam os mesmos sermões, domingo após domingo.
Eles escolhem um texto novo, mas, no fim, o conteúdo acaba sendo idêntico ao
daquele outro velho sermão;
·
Outras vezes, o pregador tem uma ideia boa para um sermão, mas não dá tempo
para que ela se desenvolva; e
·
Aqueles que não planejam sua pregação, geralmente cedem à tentação do plágio. O
bom pregador deve fazer um planejamento anual, incluindo mensagens para os dias
especiais (Natal, Páscoa, aniversário da igreja etc.). Dessa forma, ele
alimentará a seu rebanho com uma dieta sadia e balanceada. Outros motivos que
resultam em problemas para a homilética. Além das dificuldades já mencionadas,
devemos lembrar que a pregação vem sendo desvalorizada pela secularização que
atinge nossas igrejas. Muitas famílias preferem assistir ao
"Fantástico", em vez de ouvir uma mensagem simplesmente exortativa e
moralista. Há também a questão da grande diversidade de igrejas e pregadores
evangélicos, o que facilita à família recém-chegada optar entre o pregador eloquente
e popular e a igreja com status. Além disso, o estresse do dia a dia faz com
que, mesmo no domingo, não haja mais o sossego necessário para reflexões
espirituais profundas.
1.6. As Características da Homilética Charles W. Koller apresenta o
conceito bíblico de pregação como (aquele processo único pelo qual Deus,
mediante Seu mensageiro escolhido, Se introduz na família humana e coloca
pessoas perante Si, face a face). C. W. Koller, op. cit., p. 9. Em sua tese,
Koller refere-se ao mensageiro (vocação, caráter, função) e à mensagem
(conteúdo, poder, objetivo). Na realidade, porém, as características da
homilética evangélica não devem restringir-se somente aos polos mensageiro -
mensagem. Três elementos, no mínimo, participam da prédica: o pregador, o(s)
ouvinte(s) e Deus. Podemos representá-los por meio de um triângulo, cujos
vértices simbolizam o autor, o comunicador e o receptor:
DEUS PREGADOR OUVINTE/COMUNIDADE
Neste triângulo, o pregador dirige-se a Deus, na preparação e na
proclamação da mensagem, e ao ouvinte, sua comunidade evangélica. O ouvinte
recebe a mensagem da Palavra de Deus através da comunicação pelo pregador ou
por sua própria leitura. Deus, por Sua vez, é autor, inspirador e ouvinte da
Sua Palavra. Entretanto, é bom lembrar que o triângulo só se completa com um
núcleo: este âmago é a palavra do Cristo crucificado (1 Co 2.2). O triângulo,
então, deve ser aperfeiçoado da seguinte forma:
DEUS PREGADOR OUVINTE/COMUNIDADE Para os evangélicos, Cristo é o
centro da Bíblia. Lutero ensinou enfaticamente: “A Escritura deve ser entendida
a favor de Cristo, não contra Ele; sim, se não se refere a Ele não é verdadeira
Escritura. Tire-se Cristo da Bíblia, e que mais se encontrará nela?
1.7. O Conteúdo da Homilética Com a Palavra de Deus, é-nos dado o
conteúdo da pregação. Pregamos esta Palavra, e não meras palavras humanas. Na
comunicação da Palavra de Deus, lembramo-nos de que nossa pregação deve
consistir nessa mesma Palavra: "Se alguém fala, fale de acordo com os
oráculos de Deus..." (1 Pe 4.11). Este falar não é o nosso falar, sendo
antes um dom de Deus, um charisma. No poder de Deus, nosso falar torna-se o
falar de Deus: "... tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que
é de Deus, acolhestes não como palavra de homem, e, sim, como, em verdade é, a
palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que
credes" (1 Ts 2.13; cf. 1 Co 2.4s.; 2 Co 5.20; Ef 1.13). CRISTO.
Concluímos, pois, que o conteúdo da homilética evangélica é a
Palavra de Deus. Com ela, é-nos confiado um "tesouro em vasos de
barro" (2 Co 4.7). É a responsabilidade dos "ministros de Cristo, e
despenseiros dos mistérios de Deus" (1 Co 4.1), que anunciam "todo o
desígnio de Deus" (At 20.27). O conteúdo da pregação apostólica testifica
a plenitude do testemunho bíblico. Isto se torna evidente ao analisarmos os
sermões de Pedro e de Paulo, no livro de Atos (mensagens de Pedro: At 2.14-40;
3.12-26; 4.8-12; 5.29-33; 10.34-43; mensagens de Paulo: At 13.16-41; 14.15-17;
17.22-31; 20.18-35; 22.1-21; 24.10-21; 26.1- 23; 26.25-29).
Nestes sermões, encontramos um testemunho de seis faces que, com
palavras diferentes, repete-se:
· O
testemunho da perdição do homem (o pecado e seu julgamento);
· O
testemunho da história da salvação efetivada por Deus em Jesus Cristo (Sua
humilhação, encarnação, sofrimento, morte, ressurreição, exaltação e segunda
vinda); · O
testemunho das Escrituras e da própria experiência;
· O
testemunho da necessidade imperativa de arrependimento e dedicação da vida a
Jesus Cristo (confissão dos pecados, fé salvadora, vida santificada);
· O
testemunho do julgamento sobre a incredulidade; e
· O
testemunho das promessas para os fiéis. As mensagens apostólicas dirigem-se ao
homem integral e convidam-no a uma entrega absoluta a Cristo (consciência,
razão, sentimento e vontade).
1.8. A Importância da Homilética A igreja viva de nosso Senhor Jesus
Cristo origina-se, vive e é perpetuada pela Palavra de Deus (Rm 10.17). Pregar
o evangelho significa despertar, confirmar, estimular, consolidar e aperfeiçoar
a fé (Ef 4.11ss.). Por essa razão, a prédica é a característica marcante do
cristianismo. "Nenhuma outra religião jamais tornara a reunião frequente e
regular de massas humanas para ouvir instrução religiosa e exortação uma parte
integrante do culto divino". Para o seminarista e futuro pregador do
evangelho, "a homilética constitui a coroa da preparação ministerial"
porque para ela convergem todas as matérias teológicas, a fim de originar,
vivificar, caracterizar, renovar e perpetuar o cristianismo autêntico.
Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé
Além de importante, a homilética é também nobre, "porque se
interessa exclusivamente pelo bem das almas", A. Nobre, Manual do Pregador
(São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1955), p. 7. que são objeto do amor
infinito, da graça remidora e do poder renovador de Jesus Cristo. Durante o
COMIBAM 87 (Congresso Missionário Iberoamericano), o líder evangélico René
Zapata (El Salvador) disse :"A pregação é o principal meio de difusão do
cristianismo, mais poderosa do que a página escrita, mais efetiva do que a
visitação e o aconselhamento, mais importante do que as cerimônias religiosas.
É uma necessidade sobrenatural, convence a mente, aviva a imaginação, move os
sentimentos, impulsiona poderosamente a vontade. Mas, depende do poder do
Espírito Santo. É um instrumento divino; não é resultado da sabedoria humana,
não descansa na eloquência, não é escrava da homilética". Ultimato nº 192,
fevereiro de 1988, p. 7.
A homilética é importante devido a seu conteúdo (a proclamação do
evangelho como característica fundamental do cristianismo autêntico), seu lugar
central na preparação do ministro evangélico e seu objeto (o bem-estar do
homem, criado por Deus). 1.9. A Natureza da Homilética É a teoria e prática da
pregação do evangelho de nosso bendito Senhor Jesus Cristo, que revela o poder
e a justiça de Deus para todo homem que nEle crê (Rm 1.16). O teólogo alemão
Trillha as define a natureza prática da homilética como "a voz do
evangelho na época atual da igreja de Cristo". Os termos pregação e pregar
vêm do latim praedicare, que significa (proclamar).
O Novo Testamento emprega quatro verbos para exemplificar a
natureza da pregação:
A. Kerysso, proclamar, anunciar, tornar conhecido (61 ocorrências
no Novo Testamento). Está relacionado com o arauto (keryx), "que é
comissionado pelo seu soberano... para anunciar em alta voz alguma notícia,
para assim torná-la conhecida". NDITNT, vol. III, p. 739. Assim, pregar o
evangelho significa fazer o serviço e cumprir a missão de um arauto. João
Batista era o arauto de Deus. Para sua atividade, os sinópticos empregam o
termo kerysso: Mt 3.1; Mc 1.4; Lc 3.3.Jesus, por Sua vez, era arauto de Seu
Pai: Mt 4.17, 23; 11.1; e os doze discípulos, Paulo e Timóteo, arautos de
Jesus: Mt 10.7, 27; Mc 16.15; Lc 24.47; At 10.42; Rm 10.8; 1 Co 1.23; 15.11; 2
Co 4.5; Gl 2.2; 1 Ts 2.9; 1 Tm 3.16; 2 Tm 4.2.
Estas referências bíblicas mostram que a natureza da pregação
consiste em quatro características principais:
· Um
arauto fala e age em nome do seu senhor. O arauto é o porta-voz de seu mestre.
É isto que dá à sua palavra legitimidade, credibilidade e autenticidade;
· A
proclamação do arauto já é determinada. Ele deve tornar conhecidas a vontade e
a palavra de seu senhor. O não-cumprimento desta missão desclassifica-o de sua
função e responsabilidade;
· O
teor principal da mensagem do arauto bíblico é o anúncio do reino de Deus: Mt
4.17-23; 9.35; 10.7; 24.14; Lc 8.1; 9.2; e
· O
receptor da mensagem do arauto bíblico é o mundo inteiro: Mt 24.14; 26.13; Mc
16.15; Lc 24.47; Cl 1.23; 1 Tm 3.16.
B. Euangelizomai, evangelizar. Quem evangeliza transmite boas
novas, uma mensagem de alegria. Assim se caracteriza a natureza da prédica
evangélica. O pregador do evangelho é o portador de boas novas, de uma mensagem
de salvação e alegria. Ele anuncia estas boas novas de salvação ao homem
corrompido por seu pecado (Is 52.7; Rm 10.15). O conteúdo do evangelho é a
salvação realizada por Jesus Cristo (Lc 2.10; At 8.35; 17.18; Gl 1.16; Ef 3.8;
Rm 1.16; 1 Co 15.1ss.), e seu alcance é o mundo inteiro. O evangelho não deve
limitar-se a uma classe especial. Ele é para todos. Todos têm direito de ouvir
a mensagem de Jesus Cristo (At 5.42; 11.20; 1 Co 1.17; 9.16). C. Martyrein,
testemunhar, testificar, ser testemunha. O testemunho de Jesus Cristo é outra
característica autêntica da prédica evangélica. Jesus convidou seus discípulos
para serem Suas testemunhas do poder do Espírito Santo (Lc 24.48; At 1.8).
Neste sentido, os apóstolos compreenderam e executaram seu ministério (At 2.32;
3.15; 5.32; 10.39; 13.31; 22.15; 23.11; 1 Jo 1.2; 4.14). A testemunha
qualifica-se através da comprovação de sua experiência. Isto lhe dá
credibilidade, convicção e liberdade no cumprimento de sua missão. O
evangelista diz: (... e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus)
(Jo 6.69). Isto significa que somente aquele que experimentou pessoalmente o
poder salvador e transformador de Cristo, por meio da fé em Sua pessoa e obra,
é qualificado para ser testemunha evangélica. Por isso, a testemunha do Novo
Testamento testifica para outras pessoas aquilo que apropriou pela fé. (E o que
de minha parte ouviste, através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a
homens fiéis e idôneos para instruir a outros) (2 Tm 2.2). D. Didaskein,
ensinar. Encontramos este verbo 95 vezes no Novo Testamento. Seu significado é
sempre ensinar ou instruir. O Novo Testamento apresenta-nos Jesus como um
grande educador: (Quando Jesus acabou de proferir estas palavras [o Sermão do
Monte], estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as
ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. Mt 7.28-29.
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Revista 3º trimestre de 2023 na íntegra
Escrita Lição 4, Central Gospel, Homilética, 3Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Romanos 10.8-15
8 - Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu
coração; esta é a palavra da fé, que pregamos,
9 - a saber: Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em
teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo.
10 - Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se
faz confissão para a salvação.
11 - Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será
confundido.
12 - Porquanto não há diferença entre judeu e grego, porque um
mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.
13 - Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
14 - Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão
naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?
15 - E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito:
Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas!
TEXTO ÁUREO
Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois
me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho! 1
Coríntios 9.16
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira – Romanos 1.14 O evangelho deve ser pregado a todos
3ª feira – Romanos 1.16 Cristo é o poder de Deus no evangelho
4ª feira – Romanos 1.17 A aceitação do evangelho deve ser pela fé
5ª feira – Tito 1.3 Hoje é o tempo oportuno para pregar o evangelho
6ª feira – Isaías 5.7 O anúncio da salvação é responsabilidade do
salvo
Sábado – Joel 2.32 Tem a salvação quem realmente crê em CRISTO
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
- entender o significado do termo “homilética”;
- compreender as implicações de se proclamar a Palavra de Deus;
- conhecer as fontes utilizadas pelo pregador, tendo em mente o
propósito do sermão.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Prezado professor, a pregação, por todos os meios e mídias, é o
principal meio de propagação do evangelho. Este compromisso pesa sobre a
igreja. É por meio da anunciação das boas novas de Cristo que as pessoas podem
alcançar a salvação. A entrega da mensagem bíblica não pode ser reduzida ao
comentário simples e aleatório de uma passagem das Escrituras. Deste modo, a
tarefa do pregador consiste no estabelecimento de uma ponte entre o passado e o
presente, que possibilite a comunicação de um conteúdo que seja relevante para
o homem atual, com suas características, necessidades e desafios.
Excelente aula!
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. O PREPARO DO PREGADOR
1.1. Caráter
1.2. Sensibilidade e discernimento
1.3. Boa comunicação
1.4. Conhecimento da Palavra de Deus
1.5. Conhecimento de homilética
1.6. Consagração pessoal e amor pelas pessoas
2. A PREGAÇÃO BÍBLICA
2.1. Contextualização e aplicação
2.2. Atualização
2.3. Foco
3. A PRÁTICA HOMILÉTICA
3.1. Delimitação dos pontos principais da mensagem
3.1.1. A estrutura do sermão
3.2. Atenção quanto ao tema ou linha condutora da
mensagem
3.3. Fidelidade quanto ao texto original
4. CONSIDERAÇÕES GERAIS
4.1. As fontes do pregador
4.2. O propósito do sermão
4.3. Alerta aos pregadores
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
A homilética é a arte de preparar e entregar mensagens bíblicas.
Este ramo da Teologia Prática propõe um conjunto de técnicas para auxiliar o
orador na preparação e comunicação da sua mensagem. O comunicador do evangelho
será compreendido de forma mais clara, natural e fácil, quando fizer uso de
princípios homiléticos. Jesus foi o maior pregador jamais visto. O evangelista
Mateus declara que Ele percorria toda Galileia, ensinando nas sinagogas,
pregando o evangelho do Reino e curando o povo de suas doenças e enfermidades
(Mt 4.23). Por onde Ele ia, as multidões corriam para ouvi-lo; a sua mensagem
comovia as gentes sobremaneira, a ponto de muitos deixarem tudo para segui-lo
(Lc 9.23; Mc 1.14,15).
1. O PREPARO DO PREGADOR
Nos subtópicos seguintes, serão apresentadas as áreas em que o
mensageiro de Deus precisa estar preparado.
1.1. Caráter
A honestidade e a vida moral do pregador são pré-requisitos
essenciais ao seu desempenho na arte da pregação. Mais do que qualquer outra
coisa, o anunciador das boas novas do evangelho precisa ter uma vida exemplar
de santidade e testemunho irrepreensível. O conselho do apóstolo Paulo a seu
filho na fé, Timóteo, foi: Cuide de você mesmo e tenha cuidado com o que
ensina. Continue fazendo isso, pois assim você salvará tanto você mesmo como os
que o escutam (1 Tm 4.16 NTLH).
1.2. Sensibilidade e discernimento
A inspiração do Espírito Santo é indispensável na pregação. No
entanto, aquele que ministra a Palavra de DEUS precisa ter sensibilidade para
ouvir Sua voz e orientar-se por ela na escolha de temas, textos bíblicos e
ilustrações a serem apresentados, bem como na definição das melhores formas de
apresentar um trabalho impactante.
1.3. Boa comunicação
O mau vendedor não terá êxito em seu trabalho. O
semeador que nada sabe sobre o que faz acabará destruindo as
sementes e nenhum fruto colherá. A semente que o Senhor nos deu é perfeita. Na
maioria das vezes em que a pregação não produz os resultados esperados, o
problema está nos ruídos de
comunicação praticados por quem planeja e entrega a
mensagem; em casos excepcionais, o problema pode estar nos
ouvintes, pois nem todo coração está pronto para recebê-la, assim como nem toda
terra é suficientemente fértil (Mt 13).
1.4. Conhecimento da Palavra de Deus
Os empresários do agronegócio e os agricultores, de modo geral,
precisam ter um adequado conhecimento
sobre sementes, solos, clima, técnicas de semeadura, dentre outras
habilidades. O semeador do evangelho necessita conhecer, sobretudo, a Palavra
de Deus e, assim, estar bem equipado e preparado para que sua
mensagem dê frutos permanentes (Jo 15.16).
1.5. Conhecimento de homilética
Os princípios homiléticos existem para auxiliar aqueles
que ministram a Palavra de Deus com orientações e recursos sobre
como falar em público de forma eficiente e fácil. O comunicador do evangelho
deve dar a devida importância a esses princípios e agregá-los à sua prática
comum de compartilhar a mensagem do Reino.
1.6. Consagração pessoal e amor pelas pessoas
Os resultados na pregação estão intimamente ligados
ao nível de consagração pessoal, materializados na oração e no amor
pelos ouvintes da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo, dominado pelo amor às
almas perdidas, declarou: Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os
fracos. Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar
alguns (1 Co 9.22).
2. A PREGAÇÃO BÍBLICA
A proclamação do evangelho tem algumas implicações, como se
observará nos subtópicos seguintes.
2.1. Contextualização e aplicação
A pregação bíblica envolve a cuidadosa retirada do princípio
bíblico do seu ambiente original e a aplicação do mesmo às necessidades e
desafios das pessoas que vivem no mundo atual, com suas características,
peculiaridades e confrontos (Rm 15.4). Para tanto, é preciso que se tenha:
- conhecimento amplo e sólido das Escrituras — em nome de uma
pregação de impacto e transformadora, o ministro precisa, sobretudo, conhecer
bem a Palavra de Deus (2 Tm 2.15);
- conhecimento do pano de fundo bíblico, ou seja, conhecimento da
história, geografia, hábitos, costumes e aspectos culturais dos tempos
bíblicos.
2.2. Atualização
O pregador norte-americano, Billy Graham, de saudosa memória, disse
que a Bíblia é o livro de todas as épocas e de todos os povos; no entanto, seu
ministrante precisa estar atualizado quanto aos acontecimentos de cunho
político, religioso, econômico, social do seu país e do mundo.
O pregador não pode ser uma pessoa alienada dos
acontecimentos mundiais, uma vez que sua mensagem é direcionada,
especificamente, para as pessoas que vivem neste momento da História.
2.3. Foco
A pregação das Escrituras ocupou lugar de centralidade no
ministério terreno de Jesus (Lc
4.18,19). O desejo de anunciar o evangelho era tão premente na
Igreja primitiva que, na cidade de
Tessalônica, diante do poder de persuasão de Paulo e Silas, as
pessoas exclamaram: Estes que têm
alvoroçado o mundo, chegaram também aqui (At 17.6b). Foco na
anunciação das boas novas de Cristo: eis a grande missão da igreja em todos os
tempos.
3. A PRÁTICA HOMILÉTICA
É preciso observar que o estudo e a interpretação do
texto bíblico vêm antes da sua proclamação. Isso significa que a
busca do significado do texto (o que ele significou para os seus primeiros
destinatários) antecede a busca de sua significação (o que o texto significa
para o homem hoje), ou aplicação.
3.1. Delimitação dos pontos principais da mensagem
O pregador deve elaborar um esboço para sua mensagem, com os pontos
principais que deseja abordar e seus subtópicos. Embora não exista um consenso
sobre o número ideal de tópicos e subtópicos, não é conveniente desenvolver um
esboço com muitos desdobramentos.
3.1.1. A estrutura do sermão
Três são as partes essenciais que formam a estrutura de um sermão:
introdução; desenvolvimento (plano ou corpo) e conclusão. A estrutura
propriamente dita é a organização do sermão com suas divisões, que servem para
orientar o pregador na apresentação da mensagem. Um sermão eficaz precisa ter
unidade, ordem, simetria e progressão.
3.2. Atenção quanto ao tema ou linha condutora da
mensagem
Embora a mensagem seja organizada por suas partes,
ou pontos principais, o pregador deve concentrar-se em seu todo,
não em suas partes isoladas. O pregador deve ter em mente o tema central que
pretende abordar para que não atire em todas as direções, sem focalizar um alvo
específico.
3.3. Fidelidade quanto ao texto original
Os especialistas em homilética afirmam que o pregador só é fiel às
Escrituras, quando este desenvolve a sua mensagem a partir da intenção original
do escritor sagrado ao dirigir-se aos seus primeiros destinatários. A título de
exemplo, as partes de uma mensagem, baseada em Efésios 3.16-19, pode ter as
seguintes divisões:
- pedido a Deus por poder mediante a presença do ESPÍRITO SANTO no
homem interior (Ef. 3.16b-17);
- pedido a Deus por discernimento (Ef. 3.18);
- pedido a Deus por Sua plenitude (3.19b).
4. CONSIDERAÇÕES GERAIS
4.1. As fontes do pregador
Jesus, o pregador incomparável, fez uso abundante dos princípios
homiléticos (Jo 3.2). Ele retirava subsídios para Seus sermões e mensagens de
duas fontes principais:
(1) das Escrituras Sagradas, das quais fez centenas de citações e
referências; e
(2) do mundo ao seu redor.
Em geral, as fontes ao alcance de todo pregador, na proclamação da
mensagem bíblica, são:
- a Palavra de Deus — aquele que deseja pregar o evangelho precisa
conhecer, de maneira ampla e sólida, as Escrituras Sagradas;
- a biblioteca do pregador — todo expositor da Palavra precisa
pensar na organização de uma biblioteca pessoal (física e/ou virtual) que
contenha livros, revistas, artigos, e-books, podcasts, lives ou jornais;
- arquivos de assuntos catalogados pelo pregador para serem
utilizados em tempo oportuno;
- noticiários com os acontecimentos mais importantes de cunho local
e mundial;
- experiências pessoais e de outros pregadores;
- conhecimento das características e necessidades do seu público.
4.2. O propósito do sermão
A finalidade maior da anunciação da Palavra é alcançar o mundo com
as boas novas de salvação em Cristo (Mc 16.15); entretanto, a pregação bíblica
também deve ser dirigida a todos os servos de Deus, com os seguintes objetivos
(dentre outros):
- edificação, exortação e consolação (1 Co. 14.3);
- compartilhamento da instrução bíblica;
- despertamento espiritual e renovação do compromisso com o Senhor;
- desenvolvimento da maturidade espiritual;
- aprofundamento da espiritualidade;
- renovação do compromisso com o Pai.
4.3. Alerta aos pregadores
O foco principal do pregador é que seus ouvintes entendam a
mensagem proferida por ele e sejam transformados pelo poder dessa mensagem.
Para tanto, é preciso atentar para alguns aspectos:
- a vestimenta deve estar de acordo com a ocasião e os costumes da
comunidade local;
- a pontualidade deve ser cumprida — o pregador deve estar na
igreja onde vai ministrar antes que o culto comece;
- o tempo para entrega do sermão não deve exceder a 45 minutos — há
pregadores que cansam o seu público pela falta de bom senso; se for possível,
conclua a mensagem pouco antes do tempo estabelecido;
- o esboço deve ser cuidadosamente elaborado e estudado;
- a língua portuguesa deve ser observada com critério durante a
ministração.
CONCLUSÃO
Nem todos possuem a mesma capacidade de comunicar as mensagens que
considera ter recebido do Espírito Santo; no entanto, o segredo está em não
desanimar e continuar em busca do aprimoramento. Isso é alcançado com muito
esforço pessoal, pelo estudo da Bíblia, pela leitura de livros ou pela
participação de cursos e eventos sobre como falar
em público de maneira fácil e eficiente.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. O que é homilética?
R.: A homilética é a arte de preparar e entregar mensagens
bíblicas.