Lição 1, Quando A Família Age Por Conta Própria
Lição 1, CPAD, Quando a Família Age por Conta Própria, 2Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV
REVISTA CPAD - 2º TRIMESTRE DE 2023 RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA
Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de DEUS
Comentarista – Pr. Elienai Cabral TEXTO ÁUREO
“[...] Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque; e com ele estabelecerei o meu concerto [...].” (Gn 17.19) VERDADE PRÁTICA
Quando o ser humano se precipita a respeito dos planos de DEUS, as consequências dessa ação são inevitáveis. LEITURA DIÁRIA
Segunda – Gn 12.4 A promessa de uma grande descendência
Terça – Gn 15.2 A dúvida do patriarca Abrão
Quarta – Gn 15.4 A promessa de um herdeiro
Quinta – Gn 16.2-6 A precipitação do casal
Sexta – 1 Rs 8.56 DEUS cumpre a sua promessa
Sábado – 1 Tm 3.5,6 Mentores espirituais da própria casa
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Gênesis 12.1-3; 16.1-5
Gênesis 12
1 – Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. 2 – E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome, e tu serás uma benção. 3 – E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.
Gênesis 16
1- Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe gerava filhos, e ele tinha uma serva egípcia, cujo nome era Agar. 2 – E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de gerar; entra, pois, à minha serva; porventura, terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai. 3 – Assim, tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar, egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara na terra de Canaã. 4 – E ele entrou a Agar, e ela concebeu; e, vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos. 5 – Então, disse Sarai a Abrão: Meu agravo seja sobre ti. Minha serva pus eu em teu regaço; vendo ela, agora, que concebeu, sou menosprezada aos seus olhos. O Senhor julgue entre mim e ti.
HINOS SUGERIDOS: 58, 84, 458 da Harpa Cristã
PALAVRA-CHAVE - Família
RESUMO DA Lição 1, Quando A Família Age Por Conta Própria
I – DEUS FAZ PROMESSAS A ABRÃO
1. O encontro de DEUS com Abrão.
2. A dúvida diante da espera.
3. DEUS garante a Abrão o cumprimento da promessa.
II – INTERFERÊNCIA NO PLANO DE DEUS
1. A tentativa de Sarai em “ajudar” a DEUS.
2. Os dois vacilam na fé. No capítulo 15, .
3. O problema da precipitação.
III – AS CONSEQUÊNCIAS DE UMA DECISÃO PRECIPITADA
1. O conflito na família de Abrão.
2. A fraqueza de Abrão.
3. Uma opinião equivocada acerca de DEUS.
SUBSÍDIOS Subsídios para as Lições Bíblicas Adultos do 2º Trimestre de 2023
Extraído da Revista Ensinador Cristão Nº 93 Lição 1, Quando A Família Age Por Conta Própria QUANDO A FAMÍLIA AGE POR CONTA PRÓPRIA
Amigo(a) professor(a), a paz do Senhor. Neste trimestre, a revista Lições Bíblicas Adultos, editada pela CPAD, tem como tema "O Relacionamento em Família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de DEUS". Nesta primeira lição, seus alunos aprenderão, a partir do exemplo de Abrão e Sarai, que as decisões sobre assuntos que envolvem o bem-estar da família não podem ser tomadas no calor da emoção. A precipitação do casal no tocante à espera pelo cumprimento da promessa divina com relação a quem seria o herdeiro de Abraão trouxe graves problemas para toda a família. Quando o ser humano se precipita a respeito dos planos de DEUS, as consequências são desastrosas.
A decisão de trazer a serva Agar ao seio familiar na intenção de atender a uma necessidade patriarcal, sobre a qual DEUS já havia prometido solucionar, expressava alguns sinais de incredulidade e infidelidade para com providência divina. Em consequência, "emoções profundas e intensas no coração de cada participante estavam emaranhadas com o problema de interpretar uma promessa divina por meio de providências legais. Agar (v.4) ficou arrogante com sua senhora, e Sarai ficou amarga e abusiva (v.5). Indo ao marido, ela o acusou de privá-la dos direitos básicos de esposa e exigiu que tomasse uma atitude" (BEACON, 2005, p. 63).
O embrolho familiar agravou a compreensão sobre os planos de DEUS. Nesse sentido, em primeiro lugar, é importante entender que o Senhor tem Seus próprios caminhos para cumprir Seus desígnios (Pv 16.4). Muitas vezes, essa forma de DEUS trabalhar é completamente complexa e nebulosa à compreensão humana (1Co 2.14). Diga- se de passagem, o silêncio de DEUS nessas ocasiões é uma forma de provar a fé de seus servos que receberam a promessa (Sl 83.1). Em segundo lugar, é também importante destacar que as promessas de DEUS aos Seus servos não têm como objetivo principal atender às suas necessidades materiais ou emocionais. Antes, a ideia central imbuída nas promessas divinas implica em tornar o nome do Senhor conhecido e glorificado entre os homens. Persigamos o desfrutar das promessas de DEUS, sabendo que o tempo e os propósitos de DEUS são melhores do que os nossos. )))))))))))))))))))))))))))))))))))) LIVRO DE APOIO Quando a Família Age por Conta Própria
“Quando interferimos nos planos de DEUS, temos que arcar com as consequências da nossa precipitação.”
Gênesis 12.1-3
1 – Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. 2 – E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. 3 – E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.
Gênesis 16.1-5
1 – Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe gerava filhos, e ele tinha uma serva egípcia, cujo nome era Agar. 2 – E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de gerar; entra, pois, à minha serva; porventura, terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai. 3 – Assim, tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar, egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara na terra de Canaã. 4 – E ele entrou a Agar, e ela concebeu; e, vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos. 5 – Então, disse Sarai a Abrão: Meu agravo seja sobre ti. Minha serva pus eu em teu regaço; vendo ela, agora, que concebeu, sou menosprezada aos seus olhos. O Senhor julgue entre mim e ti.
INTRODUÇÃO
Neste livro trataremos alguns assuntos atinentes à família, mais especificamente sobre os problemas típicos da vida interna de cada família. São problemas de comunicação conjugal; problemas de ciúmes e porfias; problemas da prática da mentira nas relações familiares; problemas de mágoas e traições conjugais e outros mais. Temos uma história singular na Bíblia que é a história de Abrão e Sarai. Formavam um casal que se amava profundamente, mas tiveram alguns entraves com os quais não souberam lidar com sabedoria. A história de Abrão e Sarai, desde que saíram de Ur dos caldeus para obedecer ao chamado especial da parte de DEUS, foi uma história distinta no mundo em que viviam. Ur era uma cidade importante da Suméria no mundo antigo, que desenvolvia uma religiosidade pagã muito forte. Abrão não era de etnia sumeriana, mas de etnia semítica. A cultura da região era diversa, e o pai de Abrão servia aos deuses sumérios. Entretanto, no meio daquela diversidade pagã, DEUS, em sua presciência, escolheu o filho de Tera, homem pagão, para revelar-se a ele e, de modo seletivo, torná-lo o pai de uma nova nação, que representaria os interesses de Eloim-Adonai, o DEUS Todo-poderoso, invisível e criador do universo.
Nessa história, todos os incidentes contribuíram para que o projeto de DEUS fosse realizado na vida de Abrão e Sarai, mesmo que esse projeto levasse muitos anos para a sua efetivação. Abrão era o homem que preenchia os requisitos do plano divino. Abrão e Sarai não conseguiam ter uma ideia da dimensão enorme desse projeto, porque eles seriam o modo especial pelo qual, da semente de Abrão, haveria a multiplicação formando uma geração especial que serviria a DEUS. Ambos exerceram fé, mas não podiam entender a dimensão temporal do cumprimento dessa promessa. Sarai, a esposa amada, descobriu que era estéril e não podia ter filhos (Gn 16.1). Ora, como a promessa se realizaria? Diz o texto literalmente: “Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe gerava filhos”. Sarai, a despeito de ser esposa fiel e temente a DEUS, que concordava em tudo com Abrão, não acreditava que pudesse em algum dia engravidar e dar ao seu marido, “o filho da promessa”. Ambos já estavam avançados em idade, e ela sabia que, fisicamente, não podia mais ter filhos. No capítulo 15 de Gênesis, DEUS voltou a relembrar a Abrão a promessa de um filho, mas no capítulo 16, por causa da incredulidade de Sarai, Abrão tornou-se impaciente com a situação, pois sua mulher o importunava com a ideia de que DEUS não iria cumprir a promessa por meio lógico. Sarai entendeu que deveria ajudar a DEUS no cumprimento da promessa (Gn 16.1-4). Ela fez uma proposta a Abrão e o convenceu de gerar esse filho desejado por intermédio de sua serva Agar. Por esse modo, Abrão não ficaria sem um filho para torná-lo “o herdeiro da promessa”. Mesmo contrariado com a proposta de Sarai, Abrão acabou concordando com a ideia de que, certamente, DEUS lhe daria esse filho por meio da serva Agar. Tristemente, Abrão e Sarai abandonaram a confiança plena em DEUS e a dependência dEle em suas vidas. Agar engravidou e teve um filho, o qual foi chamado pelo nome Ismael (Gn 16.11). Depois de algum tempo, no capítulo 18, o Senhor reitera a promessa de um filho por meio de Sara, apesar da sua incredulidade, uma vez que, ao ouvir a voz de três anjos que vieram a Abraão e lhe falaram, Sara “riu-se” (Gn 18.12,13). Os anjos que ouviram o riso incrédulo de Sara disseram a Abraão: “Haveria coisa alguma difícil ao Senhor? Ao tempo determinado, tornarei a ti por este tempo da vida, e Sara terá um filho” (Gn 18.14). No capítulo anterior (cap. 17), porque riu e não acreditou que seria ela mesma, que do seu ventre nasceria o filho da promessa, o Senhor mudou o seu nome de Sarai para “Sara”. Sua lógica lhe dizia que, humanamente, seria impossível, mas, na lógica de DEUS, os milagres acontecem. No capítulo 21, o milagre aconteceu. Em Gênesis 17.5, DEUS já tinha mudado o nome de Abrão para “Abraão”, que significaria “pai de uma multidão”. E ele já tinha 99 anos de idade. De todo esse enredo histórico, queremos enfocar especialmente as atitudes precipitadas de Abrão e Sarai ao decidirem não esperar o cumprimento da promessa de DEUS, e passarem a agir por conta própria, querendo ajudar a DEUS no cumprimento da promessa de terem um filho. O fato é que ambos, Abrão e Sarai, deixaram de ouvir a DEUS e passaram a ouvir a voz do seu coração enganoso.
I – DEUS FAZ PROMESSAS A ABRÃO (Gn 15)
1. DEUS se encontra com Abrão (Gn 15.1-4)
Desde que Abrão saiu de Ur dos caldeus, experimentou algumas emoções ruins que o levaram ao estresse. Em primeiro lugar, pelo fato de ter permitido que o sobrinho Ló e sua família o acompanhassem em sua peregrinação de fé. Depois de algum tempo de guerra com alguns reis da região e tê-los vencido, Abrão vinha de uma jornada de conquistas e vitórias pessoais desde que saiu de Ur dos caldeus e, depois, Harã (Gn 11.31; 12.1-4). O casal Abrão e Sarai não havia ainda gerado um filho. No capítulo 12 de Gênesis, o patriarca tinha 75 anos de idade quando DEUS lhe prometeu uma grande descendência (Gn 12.4). No capítulo 15, DEUS se encontra com Abrão e lhe faz uma promessa específica de um herdeiro de sua semente para o qual passaria o fruto de suas conquistas e riquezas. Quando finalmente Isaque, o filho da promessa nasceu, o patriarca tinha 100 anos de idade (Gn 21.5). Ou seja, podemos dizer que Abraão esperou por vinte e cinco anos pelo cumprimento da promessa divina. A grande verdade é que Abrão sentiu-se frágil ante o desafio que ainda tinha pela frente. Havendo conquistado tantas riquezas materiais, Abrão ainda não tinha para quem deixar toda essa herança. Por um momento de fraqueza de sua fé, a promessa parecia nula e impossível. Abrão imaginou que, uma vez que o tempo passava e ele e Sarai não teriam o filho desejado, só restaria tornar herdeiro o seu fiel mordomo Eliézer (Gn 15.2). DEUS, então, desfaz a preocupação do coração de Abrão, dizendo-lhe mais uma vez: “Não temas” e o faz vislumbrar o seu futuro e reafirma que o seu herdeiro seria um nascido da sua própria casa (Gn 15.3).
2. DEUS reafirma a promessa a Abrão e Sarai (Gn 15.4,5)
Depois de o Senhor lhe dar a garantia de que o herdeiro sairia de suas entranhas e do ventre de Sarai, Abrão ainda faz alguns questionamentos acerca desse filho, porque a fé do velho patriarca estava em crise para ver a realização daquele sonho do casal, uma vez que Sarai continuava estéril e não dava qualquer sinal de gravidez. Às vezes, somos bloqueados por dúvidas e angústias quando não conseguimos ver pela fé a operação do sobrenatural.
3. DEUS garantiu a Abrão a promessa feita (Gn 15.6-8)
O velho Abrão, alimentado com as dúvidas de sua esposa Sarai não conseguia ver pela fé a realização daquele sonho do filho gerado por ele e sua mulher. Parece incrível, mas Abrão, um homem de fé, de repente parece ter estagnado sua fé. Mas DEUS não desistiu de Abrão, porque Ele conhece particularmente cada pessoa e sabia das fraquezas do seu servo. Pelo contrário, o Senhor revelou seu amor para com Abrão, identificando-se com ele e dizendo-lhe: “Eu sou YAHVEH” (Gn 15.7) e, desse modo, DEUS estava afirmando a Abrão que suas promessas têm base no seu caráter perfeito. A Bíblia declara em Números 23.19 que “DEUS não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa; porventura, diria ele e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria?”. O Senhor cumpre a sua palavra (Sl 145.13; 1 Co 1.9). No texto de Gênesis 16.13-15, DEUS revelou a Abrão o futuro de sua posteridade e ele deveria transmitir essa mesma confiança à sua mulher, Sarai, mas não o fez como deveria. Porém alguns fatos extraordinários aconteceram com Abrão e Sarai que os levaram a agir por conta própria acerca da promessa. O tempo estava passando, e Sarai entendeu que deveria fazer alguma que contribuísse com o plano de DEUS.
II – ABRÃO E SARAI INTERFEREM NO PLANO DE DEUS (Gn 16)
Há um texto do apóstolo Paulo ao Romanos 12.2 que diz: “para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de DEUS”. O Senhor já havia revelado a sua vontade para Abrão e Sarai, mas os dois tiveram dificuldade em assimilar plenamente essa vontade divina em suas vidas.
1. Os dois vacilam na fé
Ainda no capítulo 12, depois da narrativa de seu chamado e a decisão de tomar o caminho da fé para uma terra que não conhecia, mas o fazia vislumbrar a conquista dessa terra, Abrão encontrou escassez na terra e resolveu, por conta própria, abandonar o caminho da fé e a direção de DEUS em suas vidas e ir para o Egito. Não consultaram a DEUS e tomaram o caminho do Egito. Foi um caminho fora da vontade de DEUS e, para sobreviverem em terra estranha, usaram de dissimulação, mentira (Gn 12.11,12). O caminho fora da vontade de DEUS induz aos caminhos tortuosos e pecaminosos. Tiago, no Novo Testamento, escreveu: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.14,15). Abrão se deixou levar pela própria cabeça e usou a via da dissimulação para entrar no Egito, passando uma imagem mentirosa de que Sarai era sua irmã, e não sua esposa. Outrossim, depois de algum tempo, no capítulo 15, Abrão é um homem de fé; porém, no capítulo 16, a situação muda completamente, porque Abrão preferiu ouvir a voz de sua mulher, conforme diz o texto de Gênesis 16.2: “E ouviu Abrão a voz de Sarai”. A verdade é que Abrão aquietou-se diante da reclamação de Sarai e preferiu aceitar o argumento dela de não acreditar no milagre de ambos gerarem um filho conforme a promessa. Os dois deixaram a fé e se apegaram à lógica meramente humana. Discutir os desígnios de DEUS e querer arrazoá-los significou um desvio da vontade de DEUS. Foi o que aconteceu com ambos. Abrão e Sarai tomaram uma decisão precipitada interferindo no plano original de DEUS.
2. Sarai tentou ajudar a DEUS no cumprimento de sua promessa (Gn 16.1-4)
Abrão, atordoado pelas reclamações de Sarai, preferiu tomar caminho próprio e deixar de lado a vontade de DEUS. Tudo quanto DEUS já havia falado com Abrão foi deixado de lado para tomar um caminho natural traçado por sua mulher. Pelo processo natural, Sarai não podia gerar filhos por causa de sua esterilidade e, naquele contexto, ela estava com idade avançada. Ela entendeu que seria, de fato, impossível gerar um filho. Em seu raciocínio, Sarai persuadiu Abrão de que a melhor forma de ter um herdeiro seria ele tomar a serva egípcia Agar e com ela conceber uma criança. Naqueles tempos era possível fazer isso para que um homem tivesse um herdeiro. Abrão se convenceu de que Sarai tinha razão e não seria demais querer ajudar a DEUS na consecução da promessa de um filho. Porém, essa decisão foi uma precipitação da parte de Abrão em aceitar a palavra de Sarai sem questionar sua atitude. Abrão amava profundamente sua mulher Sarai. Ele não queria de modo nenhum ter um caso extraconjugal, mas aceitou a ideia de deitar-se com Agar, a serva de Sarai, e gerar um filho com ela. Na vida conjugal, é importante que o casal crente consulte a DEUS. Abrão foi fraco e carnal quando deveria convencer sua mulher a
esperar em DEUS, pois Ele cumpre sua Palavra.
III – AS CONSEQUÊNCIAS DE UMA DECISÃO PRECIPITADA (Gn 16.4-6)
1. Agar engravida e provoca o conflito familiar (Gn 16.4-6)
Abrão não soube ser firme com sua mulher, Sarai, para convencê-la a esperar em DEUS. Ele acabou sendo conivente com os argumentos de Sarai de que a serva Agar poderia dar o filho herdeiro como se fosse seu próprio filho. A precipitação acabou criando o conflito entre Abrão e Sarai, provocado pela nova situação a que se submeteu Agar. Discórdia e desarmonia suscitaram um cenário instável dentro de casa. Agar, sentindo-se privilegiada dentro da casa de Abrão – visto que ele estava dando atenções especiais para com Agar por causa do filho no seu ventre –, provocou ciúmes de Sarai. Sarai, então, começou a hostilizar Agar, que se sentiu humilhada. Essa situação ficou insustentável dentro de casa.
2. Abrão foi fraco na hora de ser firme (Gn 16.1-5)
Depois de toda a experiência com DEUS e de ouvir as promessas divinas para a sua vida pessoal e familiar, Abrão foi fraco e carnal. Não teve firmeza no momento de persuadir Sarai, antes da decisão sobre ter esse filho com Agar, a confiar em DEUS e em suas promessas.
3. Sarai tinha uma apreciação errada e equivocada acerca de DEUS (Gn 16.2). A fraqueza de Abrão não foi apenas não agir com firmeza para com Sarai em convencê-la a acreditar no milagre de DEUS em sua vida. Sarai precisava de uma experiência com DEUS capaz de dar-lhe o conhecimento suficiente para entender que seu marido tinha razão no que lhe dizia. Quando Sarai diz a Abrão que “o Senhor me tem impedido de gerar”, parecia estar afirmando que DEUS havia falhado com ela em torná-la apta para gerar um filho. Seu coração carnal a fez desprezar a fé. Ela afastou-se do lugar de absoluta dependência de DEUS e preferiu decidir por si mesma, usando Agar como meio para o cumprimento da promessa de DEUS.
IV – A LIÇÃO DO TER E O ESPERAR EM DEUS
1. Sarai não soube esperar em DEUS (Gn 16.2)
O texto de Gênesis 16.2 diz: “E disse Sarai a Abrão: eis que o Senhor me tem impedido de gerar”, demonstrando a impaciência e a incredulidade do seu coração em relação a depender de DEUS, e Abrão não soube fazer valer sua autoridade de marido sobre Sarai e convencê-la a ficar quieta e esperar em DEUS. Sarai fez valer sua preocupação carnal para com Abrão, e este acabou por aceitar a proposta de Sarai
para se deitar com a serva Agar e gerar o filho desejado.
2. Abrão e Sarai se afastaram da dependência de DEUS
Sarai abandonou e desprezou a confiança em DEUS, preferindo resolver o problema ao seu modo, além de induzir seu marido à mesma atitude equivocada e incrédula. Ao afastarem-se da dependência de DEUS, não conseguiram evitar as consequências desastrosas que experimentaram. Agar engravidou e teve o filho que Abraão sonhava ter, mas provocou o conflito familiar histórico entre Abrão e Sarai, entre Sarai e Agar e, posteriormente, entre os filhos de ambas, Ismael e Isaque. Muitos conflitos são gerados nos lares por atitudes precipitadas da parte dos cônjuges. A consequência dessa precipitação de Abrão permanece até o dia de hoje com as sementes de Ismael e Isaque, ou seja, judeus e árabes.
Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de DEUS
Construir um relacionamento familiar sólido é algo que fazemos ao longo de muito tempo. É a tarefa de uma vida inteira. Cada membro, em sua respectiva posição, contribui para o equilíbrio de um lar feliz. E a bênção de DEUS sobre a família, não apenas a completa, mas é fundamental para todos nós. Observando essa temática, temos na Bíblia Sagrada diversos exemplos de famílias que nos ajudam a melhor compreender e superar desafi os. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamentos, é possível identifi car aspectos importantes a serem considerados, como a comunicação conjugal, a criação de fi lhos saudáveis, o mal do ciúme e das mágoas, preferências dentro da família, o prejuízo das mentiras e outras questões que, ainda hoje, estão presentes em nossas vidas. Nesta leitura, o principal objetivo a ser alcançado é o de fortalecer as bases da família por meio dos valores contidos na Palavra de DEUS. )))))))))))))))))))))))))))))))))))) COMENTÁRIOS BEP - CPAD Gênesis 12.1 SAI-TE DA TUA TERRA. Nessa ocasião, DEUS não disse a Abrão para onde o conduziria (Hb 11.8). Ao invés de ser informado disso, ele teve de viajar sob a orientação direta do Senhor.
12.3 EM TI SERÃO BENDITAS TODAS AS FAMÍLIAS DA TERRA. Esta é a segunda profecia das Escrituras sobre a vinda de JESUS CRISTO a este mundo (ver 3.15). (1) O texto fala de uma bênção espiritual que viria através de um descendente de Abraão. Paulo declara que esta bênção se refere ao evangelho de CRISTO, oferecido a todas as nações (Gl 3.8,14,16). (2) A promessa de DEUS a Abrão revela que, desde os primórdios da raça humana, o propósito do evangelho era abençoar todas as nações com salvação. DEUS está agora realizando seu propósito através de JESUS e seu povo fiel, que compartilha da sua vontade de salvar os perdidos, enviando pregadores para proclamar o evangelho a todas as famílias da terra. Este versículo serve de fundamento motivador da obra missionária no mundo inteiro (ver o estudo A CHAMADA DE ABRAÃO abaixo)
12.4 PARTIU ABRÃO, COMO O SENHOR LHE TINHA DITO. A narrativa de Abraão, desde o início, chama a atenção para a seguinte verdade: a obediência a DEUS é essencial para o usufruto da salvação nEle. (1) Abrão obedeceu à palavra do Senhor. Sua obediência incluiu deixar seu lar e sua pátria e confiar-se ao cuidado de DEUS, na sua orientação divina e nas suas promessas (ver v. 1; Tg 2.17; 1 Jo 2.4). (2) Assim como Abraão, todos os crentes em CRISTO são conclamados a deixar sua terra... parentela... e casa do pai (12.1) para seguir a JESUS, no sentido de buscar uma pátria melhor, isto é, a celestial (Hb 11.16; ver o estudo A CHAMADA DE ABRAÃO abaixo)
12.7 E APARECEU O SENHOR A ABRÃO. Esta é a primeira ocasião em que as Escrituras declaram explicitamente que DEUS apareceu a alguém, porém, é justo crer que DEUS já tivesse antes aparecido a Adão e outros (1.28,29; 2.15,16,22; 3.8-21). Esse aparecimento foi uma manifestação objetiva e visível de DEUS na semelhança de um ser humano (c.f. 18.1-3,9-33; Êx 33.18-23). As aparições visíveis do Senhor são chamadas teofanias i.e., manifestações ou aparições visíveis de DEUS (ver Êx 3.2). A terra que DEUS prometeu que daria a Abrão era a terra de Canaã (o nome antigo da Palestina), ao longo do litoral sudeste do mar Mediterrâneo.
12.10 HAVIA FOME NAQUELA TERRA. A obediência a DEUS não significa que nunca enfrentaremos problemas e duras provações. (1) Mal Abrão chegou ao seu destino, enfrentou coisas desagradáveis. Seus problemas incluíam uma esposa estéril (11.30), a separação da sua parentela (12.1) e uma fome que estava levando-o à privações e forçando-o a sair do país. (2) Conforme nos ensina o exemplo de Abrão, o crente que está procurando servir a DEUS e obedecer à sua palavra, não deve estranhar ao se deparar com grandes obstáculos, adversidades e problemas. Costuma essa ser a maneira de DEUS treinar aqueles que Ele tem chamado para obedecer-lhe. Nesses casos, devemos prosseguir com obediência, e confiantes de que DEUS continuará agindo em nosso favor e pelo bem dos seus propósitos (ver Mt 2.13).
12.13 DIZE... QUE ÉS MINHA IRMÃ. A confiança que Abrão tinha em DEUS falhou por um pouco, e o resultado foi ele usar de engano, o qual lhe rendeu várias complicações, inclusive seu banimento vexatório do Egito (12.13-20). Esta passagem demonstra quão fiel é a palavra de DEUS no tocante aos santos. Tal fracasso é um lembrete solene a todos os crentes, no sentido de não olharem as circunstâncias, mas sim, as promessas e a fidelidade de DEUS. A fraqueza de Abrão também nos desperta, pelo fato de DEUS, na sua misericórdia, trazê-lo de volta à sua vontade e propósito, sem prejuízos de seus bens (13.1,2). A CHAMADA DE ABRAÃO
Gn 12.1-3 “Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.”
A chamada de Abrão (posteriormente chamado Abraão, 17.5), conforme a narrativa de Gênesis 12, dá início a um novo capítulo na revelação do AT sobre o propósito divino de redimir e salvar a raça humana. A intenção de DEUS era que houvesse um homem que o conhecesse e o servisse e guardasse os seus caminhos (ver 18.19). Dessa família surgiria uma nação escolhida, de pessoas que se separassem das práticas ímpias doutras nações, para fazerem a vontade de DEUS. Dessa nação viria JESUS CRISTO, o Salvador do mundo, o prometido descendente da mulher (ver 3.15; Gl 3.8,16,18). Vários princípios importantes podem ser deduzidos da chamada de Abraão. (1) A chamada de Abraão levou-o a separar-se da sua pátria, do seu povo e dos seus familiares (12.1), para tornar-se estrangeiro e peregrino na terra (Hb 11.13). Em Abraão, DEUS estava estabelecendo o princípio importante de que os seus deviam separar-se de tudo quanto possa impedir o propósito divino na vida deles. (2) DEUS prometeu a Abraão uma terra, uma grande nação através dos seus descendentes e uma bênção que alcançaria todas as nações da terra (12.2,3). O NT ensina claramente que a última parte dessa promessa cumpre-se hoje na proclamação missionária do evangelho de CRISTO (At 3.25; Gl 3.8). (3) Além disso, a chamada de Abraão envolvia, não somente uma pátria terrestre, bem como uma celestial. Sua visão alcançava um lar definitivo não mais na terra, e sim no céu; uma cidade cujo artífice e construtor é o próprio DEUS. A partir de então, Abraão desejava e buscava uma pátria celestial onde habitaria eternamente com DEUS em justiça, alegria e paz (Hb 11.9,10,14;16; Ap 21.1-4; 22.1-5). Até então, ele seria estrangeiro e peregrino na terra (Hb 11.9,13). (4) A chamada de Abraão continha não somente promessas, como também compromissos. DEUS requeria de Abraão tanto a obediência quanto a dedicação pessoal a Ele como Senhor para que recebesse aquilo que lhe fora prometido. A obediência e a dedicação demandavam: (a) confiança na palavra de DEUS, mesmo quando o cumprimento das promessas parecia humanamente impossível (15.1-6; 18.10-14), (b) obediência à ordem de DEUS para deixar a sua terra (12.4; Hb 11.8), e (c) um esforço sincero para viver uma vida de retidão (17.1,2). (5) A promessa de DEUS a Abraão e a sua bênção sobre ele, estendem-se, não somente aos seus descendentes físicos (i.e., os judeus crentes), como também a todos aqueles que com fé genuína (12.3) aceitarem e seguirem a JESUS CRISTO, a verdadeira “posteridade” de Abraão (Gl 3.14,16). Todos os que são da fé como Abraão, são “filhos de Abraão” (Gl 3.7) e são abençoados juntamente com ele (Gl 3.9). Tornam-se posteridade de Abraão, herdeiros segundo a promessa (Gl 3.29), o que inclui o receber pela fé “a promessa do ESPÍRITO” em CRISTO JESUS (ver Gl 3.14). (6) Por Abraão possuir uma fé em DEUS, expressa pela obediência, dele se diz que é o principal exemplo da verdadeira fé salvífica (15.6; Rm 4.1-5,16-24; Gl 3.6-9; Hb 11.8-19; Tg 2.21-23; ver 15.6). Biblicamente, qualquer profissão de fé em JESUS CRISTO como Salvador que não requer obediência a Ele como Senhor não é a classe de fé que Abraão possuía e, portanto, não é a verdadeira fé salvífica (ver Jo 3.36). Gênesis 15.1 EU SOU O TEU ESCUDO, O TEU GRANDÍSSIMO GALARDÃO. Depois da batalha em que derrotou os reis, Abrão ficou preocupado e temeroso. Por isso, DEUS lhe deu numa visão a certeza de que Ele mesmo era o escudo e o galardão de Abrão. Abrão, em resposta a essas palavras de consolo, relembrou a DEUS que não tinha filhos e, portanto, nenhum herdeiro (v. 2). Assim sendo, ele adotaria um dos seus servos para se tornar o seu herdeiro. DEUS rejeitou a idéia e prometeu a Abrão que este seria pai de um filho com sua esposa estéril, Sarai (cf. 11.30) e teria uma descendência inumerável. O fato incrível - e nisso está a grandeza de Abrão é que ele teve fé em DEUS. É essa fé em DEUS que lhe foi imputada por justiça.
15.6 E CREU... E FOI-LHE IMPUTADO ISTO POR JUSTIÇA. Pela primeira vez nas Escrituras, a fé e a justiça são mencionadas juntas. (1) No AT, a fé tinha um duplo aspecto: (a) confiança em ou dependência de , e (b) lealdade a ou fidelidade . O termo crer aqui, (hb. aman), significa perseverar confiando e crendo, evidenciando isso mediante uma fidelidade obediente. Era esse o tipo de fé que Abrão tinha. Era um homem dedicado a DEUS, sempre confiante, obediente e submisso. (2) DEUS viu a fé sincera de Abrão expressa naquela atitude e lha imputou por justiça. O termo justiça significa estar num relacionamento correto com DEUS e com sua vontade (6.9; Jó 12.14ss.). Além disso, DEUS fez um concerto com Abrão, mediante o qual DEUS tornou-se o seu escudo e galardão (v. 1), Abrão ia ter muitos descendentes (v. 5) e também a promessa da terra (v. 7; ver o estudo O CONCERTO DE DEUS COM ABRAÃO, ISAQUE E JACÓ abaixo ). (3) No novo concerto, a bênção de DEUS e o relacionamento certo com Ele também são concedidos mediante a fé. Aqui está uma verdade fundamental no NT (Rm 4.3; Gl 3.6; Tg 2.23). Abrão é, pois, o pai de todos os que crêem (Rm 4.11)
15.13 EM TERRA QUE NÃO É SUA. DEUS disse a Abrão que seus descendentes seguiriam para o Egito e seriam oprimidos por quatro séculos, uma cifra arredondada dos 430 anos que realmente foram passados ali (Êx 12.40,41; Gl 3.17).
15.18 FEZ O SENHOR UM CONCERTO COM ABRÃO. O relato de como efetuar um concerto está descrito nos versículos 9-17. (1) Consistia em sacrificar animais, cortá-los em metades, separar as metades e colocá-las em frente umas das outras (v. 10). A seguir, as duas pessoas que faziam o acordo caminhavam entre as duas metades dos animais sacrificados, significando que as partes que não cumprissem com as promessas do concerto, pereceriam exatamente como aqueles animais (v. 17; Jr 34.18). Um forno de fumaça e uma tocha de fogo (v.17) é uma evidência da presença de DEUS no seu concerto com Abrão (v. 17; Êx 3.2; 14.24). (2) Note que, embora um concerto geralmente envolvesse responsabilidades para as duas partes (cf. 17.9-14), neste caso, somente DEUS passou entre os pedaços do animal (v. 17). Foi DEUS exclusivamente quem estabeleceu as promessas e as obrigações deste concerto; o papel de Abrão era apenas o de aceitá-las por fé obediente (ver 17.2).
O CONCERTO DE DEUS COM ABRAÃO, ISAQUE E JACÓ
Gn 26.3-5 “...peregrina nesta terra, e serei contigo, e te abençoarei; porque a ti e à tua semente darei todas estas terras e confirmarei o juramento que tenho jurado a Abraão, teu pai. E multiplicarei a tua semente como as estrelas dos céus e darei à tua semente todas estas terras. E em tua semente serão benditas todas as nações da terra, porquanto Abraão obedeceu à minha voz e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis.”
A NATUREZA DO CONCERTO. A Bíblia descreve o relacionamento entre DEUS e seu povo em termos de “pacto” ou “concerto”. Esta palavra aparece pela primeira vez em 6.18 e prossegue até o NT, onde DEUS fez um novo concerto com a raça humana mediante JESUS CRISTO (ver estudo O ANTIGO E O NOVO CONCERTO abaixo). Quando compreendemos o concerto entre DEUS e os patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó), aprendemos a respeito de como DEUS quer que vivamos em nosso relacionamento pactual com Ele.
O nome especial de DEUS, em relação ao concerto, conforme a revelação bíblica, é Jeová (traduzido “SENHOR”; ver 2.4). Inerente neste nome pactual está a benignidade de DEUS, sua solicitude redentora pela raça humana, sua contínua presença entre o seu povo, seu propósito de estar em comunhão com os seus e de ser o seu Senhor.
A divina e fundamental promessa do concerto é a sequinte: “...para te ser a ti por DEUS e à tua semente depois de ti” (ver 17.7). Desta promessa dependem todas as demais integrantes do concerto. Significa que DEUS se compromete firmemente com o seu povo fiel a ser o seu DEUS, e que por amor, Ele lhe concede graça, proteção, bondade e bênção (Jr 11.4; 24.7; 30.22; 32.38; Ez 11.20; Zc 8.8).
O alvo supremo do concerto entre DEUS e a raça humana era salvar não somente uma nação (Israel), mas a totalidade da raça humana. No caso de Abraão, DEUS já lhe prometera que nele “todas as nações da terra” seriam benditas (12.3; 18.18; 22.18; 26.4). DEUS estendeu sua graça pactual à nação de Israel a fim de que esta fosse “para luz dos gentios” (Is 49.6; cf. 42.6). Isso cumpriu-se mediante a vinda do Senhor JESUS CRISTO como Redentor, quando, então, os cristãos começaram a levar a mensagem do evangelho por todo o mundo (Lc 2.32; At 13.46,47; Gl 3.8-14).
Nos diversos concertos que DEUS fez com o ser humano através das Escrituras, há dois princípios atuantes: (a) era somente DEUS quem estabelecia as promessas e condições do seu concerto, e (b) cabia ao ser humano aceitar por fé obediente essas promessas e condições. Em certos casos, DEUS estabeleceu com muita antecipação as promessas e as responsabilidades de ambas as partes; em tempo algum, porém, o povo conseguiu, junto a DEUS, alterar as condições dos concertos para beneficiar-se.
O CONCERTO DE DEUS COM ABRAÃO. (1) DEUS, ao estabelecer comunhão com Abraão, mediante o concerto (cap. 15), fez-lhe claramente várias promessas: DEUS como escudo e recompensa de Abraão (15.1), descendência numerosa (15.5) e a terra de Canaã como sua herança (15.7; ver 15.6; 17.8; cf. 12.1-3; ver o estudo A CHAMADA DE ABRAÃO acima).
DEUS conclamou Abraão a corresponder a essas promessas por fé, aceitá-las, e confiar nEle como seu Senhor. Por Abraão assim fazer, DEUS o aceitou como justo (15.6) e foi confirmado mediante comunhão pessoal com Ele.
Não somente Abraão precisou, de início, expressar sua fé para a efetuação do concerto, como também DEUS requereu que, para a continuação das bênçãos do referido concerto, Abraão devia, de coração, agradar a DEUS, através de uma vida de obediência. (a) DEUS requereu que Abraão andasse na sua presença e que fosse “perfeito” (ver 17.1). Noutras palavras, se a sua fé não fosse acompanhada de obediência (Rm 1.5), ele estaria inabilitado para participar dos eternos propósitos de DEUS. (b) Num caso especial, DEUS provou a fé de Abraão ao ordenar-lhe que sacrificasse seu próprio filho, Isaque (22.1,2). Abraão foi aprovado no teste e, por conseguinte, DEUS prometeu que o seu pacto com ele (Abraão) ia continuar (ver 22.18). (c) DEUS informou diretamente a Isaque que as bênçãos continuariam imutáveis e que seriam transferidas para ele porque Abraão lhe foi obediente e guardou os seus mandamentos (26.4,5).
DEUS ordenou diretamente a Abraão e aos seus descendentes que circuncidassem cada menino nascido na sua família (17.9-13). O Senhor determinou que cada criança do sexo masculino não circuncidada fosse excluída do seu povo (17.14) por violação do concerto. Noutras palavras, a desobediência a DEUS levaria à perda das bênçãos do concerto.
O concerto entre DEUS e Abraão foi chamado um “concerto perpétuo” (17.7). A intenção de DEUS era que o concerto fosse um compromisso permanente. Era, no entanto, passível de ser violado pelos descendentes de Abraão, e assim acontecendo, DEUS não teria de cumprir as suas promessas. Por exemplo, a promessa que a terra de Canaã seria uma possessão perpétua de Abraão e seus descendentes (17.8) foi quebrada pela apostasia de Israel e pela infidelidade de Judá e sua desobediência à lei de DEUS (Is 24.5; Jr 31.32); por isso, Israel foi levado para o exílio na Assíria (2Rs 17), enquanto que Judá foi posteriormente levado para o cativeiro em Babilônia (2Reis 25; 2Cr 36; Jr 11.1-17; Ez 17.16-21).
O CONCERTO DE DEUS COM ISAQUE. (1) DEUS procurou estabelecer o concerto abraâmico com cada geração seguinte, a partir de Isaque, filho de Abraão (17.21). Noutras palavras, não bastava que Isaque tivesse por pai a Abraão; ele, também, precisava aceitar pela fé as promessas de DEUS. Somente então é que DEUS diria: “Eu sou contigo, e abençoar-te-ei, e multiplicarei a tua semente” (26.24). (2) Durante os vinte primeiros anos do seu casamento, Isaque e Rebeca não tiveram filhos (25.20,26). Rebeca permaneceu estéril até que Isaque orou ao Senhor, pedindo que sua esposa concebesse (25.21). Esse fato demonstra que o cumprimento do concerto não se dá por meios naturais, mas somente pela ação graciosa de DEUS, em resposta à oração e busca da sua face (ver 25.21). (3) Isaque também tinha de ser obediente para continuar a receber as bênçãos do concerto. Quando uma fome assolou a terra de Canaã, por exemplo, DEUS proibiu Isaque de descer
ao Egito, e o mandou ficar onde estava. Se obedecesse a DEUS, teria a promessa divina: “...confirmarei o juramento que tenho jurado a Abraão, teu pai” (26.3; ver 26.5).
O CONCERTO DE DEUS COM JACÓ. (1) Isaque e Rebeca tinham dois filhos: Esaú e Jacó. Era de se esperar que as bênçãos do concerto fossem transferidas ao primogênito, i.e., Esaú. DEUS, porém, revelou a Rebeca que seu gêmeo mais velho serviria ao mais novo, e o próprio Esaú veio a desprezar a sua primogenitura (ver 25.31). Além disso, ele ignorou os padrões justos dos seus pais, ao casar-se com duas mulheres que não seguiam ao DEUS verdadeiro. Em suma: Esaú não demonstrou qualquer interesse pelas bênçãos do concerto de DEUS. Daí, Jacó, que realmente aspirava às bênçãos espirituais futuras, recebeu as promessas no lugar de Esaú (28.13-15). (2) Como no caso de Abraão e de Isaque, o concerto com Jacó requeria “a obediência da fé” (Rm 1.5) para a sua perenidade. Durante boa parte da sua vida, esse patriarca serviu-se da sua própria habilidade e destreza para sobreviver e progredir. Mas foi somente quando Jacó, finalmente, obedeceu ao mandamento e à vontade do Senhor (31.13), no sentido de sair de Harã e voltar à terra prometida de Canaã e, mais expressamente, de ir a Betel (35.1-7), que DEUS renovou com ele as promessas do concerto feito com Abraão (35.9-13). O ANTIGO E O NOVO CONCERTO
Hb 8.6 “Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor concerto, que está confirmado em melhores promessas
Os capítulos 8-10 descrevem numerosos aspectos do antigo concerto tais como o culto, as leis e o ritual dos sacrifícios no tabernáculo; descrevem os vários cômodos e móveis desse centro de adoração do AT. É duplo o propósito do autor: (1) contrastar o serviço do sumo sacerdote no santuário terrestre, segundo o antigo concerto, com o ministério de CRISTO como sumo sacerdote no santuário celestial segundo o novo concerto; e (2) demonstrar como esses vários aspectos do antigo concerto prenunciam ou tipificam o ministério de CRISTO que estabeleceu o novo concerto. O presente estudo sintetiza o relacionamento entre esses dois concertos.
Segundo o antigo concerto, a salvação e o relacionamento correto com DEUS provinham de um relacionamento com Ele à base da fé expressa pela obediência à sua lei e ao sistema sacrificial desta. Os sacrifícios do AT tinham três propósitos principais. (a) Ensinar ao povo de DEUS a gravidade do pecado. O pecado separava os pecadores de um DEUS santo, e somente através do derramamento de sangue poderiam reconciliar-se com DEUS e encontrar perdão (Êx 12.3-14; Lv 16; 17.11; Hb 9.22; ver Lv 1.2,3; 9.8). (b) Prover um meio para Israel chegar-se a DEUS mediante a fé, a obediência e o amor (cf. 4.16; 7.25; 10.1). (c) Indicar de antemão ou prenunciar (8.5; 10.1) o sacrifício perfeito de CRISTO pelos pecados da raça humana (cf. Jo 1.29; 1Pe 1.18,19; Êx 12.3-14; Lv 16; Gl 3.19).
Jeremias profetizou que, num tempo futuro, DEUS faria um novo concerto, um melhor concerto, com o seu povo (ver Jr 31.31-34 notas; cf. Hb 8.8-12). É melhor concerto do que o antigo (cf. Rm 7) porque perdoa totalmente os pecados dos que se arrependem (8.12), transforma-os em filhos de DEUS (Rm 8.15,16), dá-lhes novo coração e nova natureza para que possam, espontaneamente, amar e obedecer a DEUS (8.10; cf. Ez 11.19,20), os conduz a um estreito relacionamento pessoal com JESUS CRISTO e o Pai (8.11) e provê uma experiência maior em relação ao ESPÍRITO SANTO (Jl 2.28; At 5,8; 2.16,17, 33, 38,39; Rm 8.14,15,26).
JESUS é quem instituiu o novo concerto ou o novo testamento (ambas as idéias estão contidas na palavra grega diatheke — testamento), e seu ministério celestial é incomparavelmente superior ao dos sacerdotes terrenos do AT. O novo concerto é um acordo, promessa, última vontade e testamento, e uma declaração do propósito divino em outorgar graça e bênção àqueles que se chegam a DEUS mediante a fé obediente. De modo específico, trata-se de um concerto de promessa para aqueles que, por fé, aceitam a CRISTO como o Filho de DEUS, recebem suas promessas e se dedicam pessoalmente a Ele e aos preceitos do novo concerto.
O ofício de JESUS CRISTO como mediador do novo concerto (8.6; 9.15; 12.24) baseia-se na sua morte expiatória (Mt 26.28; Mc 14.24; Hb 9.14,15; 10.29; 12.24). As promessas e os preceitos desse novo concerto são expressos em todo o NT. Seu propósito é: (i) salvar da culpa e da condenação da lei todos que crêem em JESUS CRISTO e dedicam suas vidas às verdades e deveres do seu concerto (9.16,17; cf. Mc 14.24; 1Co 11.25); e (ii) fazê-lo um povo que seja a possessão de DEUS (8.10; cf. Ez 19,20; 1Pe 2.9).
O sacrifício de JESUS é melhor que os do antigo concerto por ser um sacrifício voluntário e obediente de uma pessoa justa (JESUS CRISTO), e não um sacrifício involuntário de um animal. O sacrifício de JESUS e o seu cumprimento da vontade de DEUS foram perfeitos, e, portanto, proveu um caminho para o pleno perdão, reconciliação com DEUS e santificação (10.10, 15-17; ver Lv 9.8).
O novo concerto pode ser chamado o novo concerto do ESPÍRITO, porque é o ESPÍRITO SANTO quem outorga a vida e o poder àqueles que aceitam o concerto de DEUS (2Co 3.1-6; ver Jo 17.3).
Todos os que pertencem ao novo cncerto por JESUS CRISTO recebem as bênçãos e a salvação oriundas desse concerto mediante sua perseverança na fé e na obediência (ver 3.6). Os infiéis são excluídos dessas bênçãos (ver 3.18,19).
Estabelecido o novo concerto em CRISTO, o antigo concerto se tornou obsoleto (8.13). Não obstante, o novo concerto não invalida a totalidade das Escrituras do AT, mas apenas as do pacto mosaico, pelo qual a salvação era obtida mediante a obediência à Lei e ao seu sistema de sacrifícios. O AT não está abolido; boa parte da sua revelação aponta para CRISTO (ver o estudo CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO abaixo), e por ser a inspirada Palavra de DEUS, é útil para ensinar, repreender, corrigir e instruir na retidão. Gênesis 16.2 O SENHOR ME TEM IMPEDIDO DE GERAR. Entre o povo da Mesopotâmia, o costume, quando a esposa era estéril, era deixar que a sua serva tivesse filhos com o esposo. Esses filhos eram considerados filhos legítimos daquela esposa. (1) Apesar de existir então esse costume, a tentativa de Abrão e Sarai de terem um filho através da união de Abrão com Agar não teve a aprovação de DEUS (2.24). (2) O NT fala do filho de Agar como sendo o produto do esforço humano segundo a carne , e não segundo o ESPÍRITO (Gl 4.29).
Segundo a carne, equivale ao planejamento puramente carnal, humano, natural. Noutras palavras, nunca se deve tentar cumprir o propósito de DEUS usando métodos que não são segundo o ESPÍRITO, mas esperando com paciência no Senhor e orando com fervor.
16.7 O ANJO DO SENHOR. À medida que esta narrativa prossegue, torna-se claro que o anjo do Senhor é o próprio DEUS falando com Agar (v. 13; 18.1,22; Jz 6.12,14).
16.11 ISMAEL. O nome Ismael significa DEUS ouve e significa que DEUS viu o modo injusto de Abrão e Sarai tratarem Agar, e que também agiu a respeito disso. Aquele nome dado antecipadamente foi um julgamento sobre Abrão, e revela que DEUS abomina toda e qualquer injustiça entre os seus. Que DEUS castigará quem cometer injustiça contra os fiéis da igreja, não deixa dúvida o NT (ver Cl 3.25).
16.12 CONTRA TODOS. Ismael, juntamente com os seus descendentes, seria um povo aguerrido, forte e corajoso. Sua disposição para a luta poderia ser usada na peleja espiritual, em favor de DEUS ou contra DEUS. A escolha seria dele.
CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO
2RS 5.14 “Então, desceu e mergulhou no Jordão sete vezes, conforme a palavra do homem de DEUS; e a sua carne tornou, como a carne de um menino, e ficou purificado.”
Um dos ensinos fundamentais do NT é que JESUS CRISTO (o Messias) é o cumprimento do AT. O livro de Hebreus mostra que CRISTO é o herdeiro de tudo o que DEUS falou através dos profetas (Hb
. O próprio JESUS asseverou que viera para cumprir a lei e os profetas (Mt 5.17). Após a sua gloriosa ressurreição, Ele demonstrou aos seus seguidores, tendo por base a lei de Moisés, os profetas e os salmos, i.e., as três principais divisões do AT (hebraico) que DEUS predissera, há muito tempo, tudo quanto lhe havia sucedido (Lc 24.25-27,44-46). Para melhor compreendermos as profecias do AT a respeito de JESUS CRISTO, precisamos ver algo da tipologia bíblica.
PRINCÍPIOS DE TIPOLOGIA. O estudo cuidadoso do AT revela elementos chamados tipos, (do grego typos) que têm seu cumprimento na vinda do Messias (que é o antitipo); noutras palavras, há uma correspondência entre certas pessoas, eventos, ou coisas do AT e JESUS CRISTO no NT. Note-se dois princípios básicos concernentes a essa forma de profecia e seu cumprimento: (1) Para um trecho do AT prenunciar a CRISTO, é preciso sempre analisar o referido trecho como um acontecimento na história divina da redenção, i.e., devemos primeiramente analisar o trecho do AT sob o aspecto histórico, e então ver de que modo ele prenuncia a vinda de JESUS CRISTO como o Messias prometido.
É preciso reconhecer que o cumprimento messiânico de um trecho do AT está geralmente num plano espiritual mais elevado do que o evento registrado no AT. Na realidade, os personagens de determinado acontecimento bíblico por certo não perceberam que o que estavam vivenciando era um prenúncio profético sobre o Filho de DEUS que um dia viria aqui. Por exemplo, Davi sem dúvida não percebeu que, ao escrever o Salmo 22, seu sofrimento era uma forma de profecia do sofrimento de CRISTO na cruz. Nem os judeus expatriados e chorosos que passavam pelo túmulo de Raquel em Ramá (Jr 31.15) sabiam que um dia o seu pranto teria cumprimento profético na morte de todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém (Mt 2.18). Quase sempre, só à luz do NT é que percebe-se que um trecho do AT é uma profecia a respeito de nosso Senhor.
CATEGORIAS DE TIPOS PROFÉTICOS. Há pelo menos quatro formas pelas quais o AT prenuncia e profetiza a vinda de CRISTO para o NT: Textos específicos do AT citados no NT. Certos trechos do AT são manifestamente profecias sobre CRISTO, porque o NT os cita como tais. Por exemplo, Mateus cita Is 7.14 para comprovar que o AT profetizava aí o nascimento virginal de CRISTO (Mt 1.23), e Mq 5.2 para comprovar que JESUS devia nascer em Belém (Mt 2.6). Marcos observa aos seus leitores (Mc 1.2,3) que a vinda de João Batista como precursor de CRISTO fora profetizada tanto por Isaías (Is 40.3), quanto por Malaquias (Ml 3.1). Zacarias predisse a entrada triunfante de JESUS em Jerusalém no domingo que precede a Páscoa (Zc 9.9; cf. Mt 21.1-5; Jo 12.14,15). A experiência de Davi, descrita no Sl 22.18, prenuncia os soldados ao derredor da cruz, dividindo entre si as vestes de JESUS (Jo 19.23,24), e sua declaração no Sl 16.8-11 é interpretada como uma clara predição da ressurreição de JESUS (At 2.25-32; 13.35-37). O livro de Hebreus afirma que Melquisedeque (cf. Gn 14.18-20; Sl 110.4) é um tipo de CRISTO, nosso eterno Sumo Sacerdote. Muitos outros exemplos poderiam ser citados.
Alusões a passagens do AT pelos escritores do NT. Outra forma de revelação de CRISTO no AT consiste em passos do NT que, mesmo sem citação direta, referem-se a pessoas, eventos, ou objetos do AT prefigurando profeticamente a CRISTO. Por exemplo, no primeiro de todos os textos proféticos da Bíblia (Gn 3.15), DEUS promete que enviará o descendente da mulher para ferir a cabeça da serpente. Certamente, Paulo tinha em mente esse trecho quando declarou que CRISTO nasceu de mulher para redimir os que estavam debaixo da lei (Gl 4.4,5; cf. Rm 16.20). João, igualmente, declara que o Filho de DEUS veio “para desfazer as obras do diabo” (1Jo 3.8). A referência de João Batista a JESUS como Cordeiro de DEUS que tira o pecado do mundo (Jo 1.29,36), recua a Lv 16 e Is_ 53.7. A referência de Paulo a JESUS como “nossa páscoa” (1Co 5.7) revela que o sacrifício do cordeiro pascal profetizava a morte de CRISTO em nosso favor (Êx 12.1-14). O próprio JESUS declarou que o ato de Moisés, ao levantar a serpente no deserto (Nm 21.4-9) era uma profecia a respeito dEle, quando pendurado na cruz. E quando João diz que JESUS, o Verbo de DEUS, participou da criação de todas as coisas (Jo 1.1-3), não podemos deixar de pensar em Sl 33.6: “Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus” (cf. Hb 1.3,10-12). Essas são apenas algumas das alusões no NT a passos do AT referentes a CRISTO.
Pessoas, eventos, ou objetos do AT que apontam para a redenção. O êxodo de Israel do Egito, que em todo o AT é visto como o maior evento redentor do antigo concerto, prefigura CRISTO e a redenção que Ele efetuou no novo concerto. Alguns tipos do livro de Êxodo que prenunciam CRISTO e sua obra redentora são: Moisés, a Páscoa, a travessia do mar Vermelho, o maná, a água que brotou da rocha, o Tabernáculo com seus pertences e o sumo sacerdote.
Eventos do AT que prefiguram o modo de DEUS lidar com o crente em CRISTO. Muitos fatos do AT constituem uma das formas de DEUS lidar com seu povo, tendo seu real cumprimento em JESUS CRISTO. Note os seguintes exemplos: (a) Abraão teve de esperar com paciência por quase vinte e cinco anos até DEUS sarar a madre de Sara e lhes dar Isaque. Abraão nada poderia fazer para apressar o nascimento do filho prometido por DEUS. Fato idêntico cumpriu-se no NT, quando DEUS enviou seu próprio Filho como Salvador do mundo, ao chegar a plenitude dos tempos (Gl 4.4); o ser humano nada podia fazer para apressar esse momento. Nossa salvação é obra única e exclusiva de DEUS (cf. Jo 3.16), e jamais pelo esforço humano. (b) Antes dos israelitas serem libertos do Egito pelo poder gracioso de DEUS, em aflição eles clamavam por socorro contra seus inimigos (Êx 2.23,24; 3.7). Temos aí um indício profético do plano divino da nossa redenção em CRISTO. O pecador, antes do seu livramento pela graça de DEUS, do jugo do pecado e dos inimigos espirituais, precisa clamar arrependido e recorrer à graça salvífica de DEUS (cf. At 2.37,38; 16.29-32; 17.30,31). Todos aqueles que invocarem o nome do Senhor serão salvos. (c) Quando Naamã, o siro, buscou a cura da sua lepra, recorrendo ao DEUS de Israel, recebeu a ordem de lavar-se sete vezes no rio Jordão. Essa ordem inicialmente provocou ira nele, o qual a seguir, humilhou-se e submeteu-se ao banho no Jordão, para ser curado (2Rs 5.1-14). No fato de a graça salvífica de DEUS transpor os limites da nação de Israel, temos uma antevisão de JESUS e o novo concerto (cf. Lc 4.27; At 22.21; Rm 15.8-12), e também do fato que, para recebermos a salvação, precisamos renunciar ao orgulho, humilhar-nos diante de DEUS (cf. Tg 4.10; 1Pe 5.6) e receber a purificação pelo sangue de JESUS (cf. At 22.16; 1Co 6.11; Tt 3.5; 1Jo 1.7,9; Ap 1.5).
Em resumo: O AT narra histórias de pessoas piedosas que nos servem de modelo e exemplo (cf. 1Co 10.1-13; Hb 11; Tg 5.16-18), mas ele vai além disso; ele (o AT) “nos serviu de aio, para nos conduzir a CRISTO, para que, pela fé, fôssemos justificados” (Gl 3.24). ))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) Capítulo 12 O Chamado de Abrão
Gênesis 12. 1-3
Aqui temos o chamado pelo qual Abrão foi levado da terra do seu nascimento à terra da promessa, o que estava designado tanto para testar a sua fé e obediência como para separá-lo e consagrá-lo para DEUS, como também para serviços e favores especiais que lhe foram designados. Quanto às circunstâncias deste chamado podemos, de alguma maneira, ser esclarecidos com o conhecimento das palavras de Estêvão, Atos 7.2, onde nos é dito: 1. Que a glória de DEUS apareceu a Abrão para fazer este chamado, apareceu com tais manifestações da sua glória, que não deu oportunidade para Abrão duvidar da divina autoridade deste chamado. Posteriormente, DEUS lhe falou de diversas maneiras. Mas esta primeira vez, quando a correspondência estava sendo estabelecida, Ele lhe apareceu como o DEUS de glória, e falou com ele. 2. Que este chamado foi feito na Mesopotâmia, antes de Abrão habitar em Harã. Por isto interpretamos corretamente que o Senhor tinha falado com Abrão, especificamente, em Ur dos caldeus. E, em obediência a este chamado, como Estêvão continua relatando a história (At 7.4), saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã, por aproximadamente cinco anos, e depois que seu pai faleceu, por uma nova ordem, que se seguiu à anterior, DEUS o trouxe à terra de Canaã. Alguns pensam que Harã se localizava na Caldéia, e seria ainda uma parte da terra de Abrão, ou que Abrão, tendo permanecido ali durante cinco anos, começou a chamá-la de sua terra, a criar raízes ali, até que DEUS o fez saber que este não era o lugar ao qual ele estava destinado. Observe que se DEUS nos ama, e tem misericórdia reservada para nós, Ele não permitirá que aceitemos o nosso descanso antes de chegar a Canaã, mas graciosamente irá repetir os seus chamados, até que a boa obra comece a realizar-se, e as nossas almas repousem em DEUS somente. No chamado propriamente dito nós temos um preceito e uma promessa.
I
Um preceito de teste: “Sai-te da tua terra”, v. 1. Agora:
1. Por este preceito ele foi submetido a uma prova que testava se ele amava a sua terra natal e os seus amigos queridos, ou se poderia, voluntariamente, deixar tudo, para seguir a DEUS. A sua terra tinha se tornado idólatra, a sua parentela e a casa do seu pai eram uma tentação constante para ele, e ele não poderia continuar com eles sem perigo de ser infectado. Portanto: Saia, lk-lk – Vade tibi, Saia logo, com toda a velocidade, escapa-te por tua vida. Não olhes para trás de ti, Gn 19.17. Observe que aqueles que estão em situação de pecado devem se interessar por fazer todo o possível para sair dela rapidamente. Sai por ti mesmo (segundo a interpretação de alguns), isto é, para o teu próprio bem. Observe que aqueles que abandonam os seus pecados, e que se voltam a DEUS, ganharão indescritivelmente com a mudança, Provérbios 9.12. Esta ordem que DEUS deu a Abrão é praticamente o mesmo chamado do Evangelho, pelo qual toda a semente espiritual do fiel Abrão é trazida ao concerto com DEUS. Pois: (1) O afeto natural deve abrir caminho à graça divina. A nossa terra nos é querida, os nossos parentes ainda mais queridos, e a casa do nosso pai é o que mais queremos. Mas ainda assim tudo isto deve ser odiado (Lc 14.26). Isto é, nós devemos amar tudo isto menos do que amamos a CRISTO, amar muito menos tudo isto em comparação com Ele, e, sempre que qualquer uma destas coisas ou pessoas vier a competir com Ele, deverá ser rejeitada, e a preferência deverá ser dada à vontade e à honra do Senhor JESUS. (2) O pecado, e todas as oportunidades para que ele ocorra, devem ser abandonados, em particular as más companhias. Nós devemos abandonar todos os ídolos de iniqüidade que se instalaram nos nossos corações, e sair do caminho da tentação, arrancando até mesmo um olho direito se nos levar ao pecado (Mt 5.29), voluntariamente separando-nos daquilo que nos é querido, quando não podemos conservá-lo sem prejudicar a nossa integridade. Aqueles que se decidem a observar os mandamentos de DEUS devem abandonar a companhia dos malfeitores, Salmos 119.115; Atos 2.40. (3) O mundo, e todos os nossos prazeres nele, devem ser encarados com uma indiferença e um desprezo sagrados. Nós não devemos mais considerá-lo como a nossa terra, ou a nossa casa, mas como a nossa hospedaria, e, de maneira correspondente, devemos ser indiferentes a ele, e viver acima dele, deixar de querê-lo.
2. Por este preceito ele foi testado, se poderia confiar em DEUS mesmo sem poder vê-lo. Pois precisava deixar a sua própria terra, para ir a uma terra que DEUS iria lhe mostrar. DEUS não diz: “É uma terra que eu te darei”, mas apenas: “uma terra que eu te mostrarei”. Tampouco Ele lhe diz qual era esta terra, nem que tipo de terra era. Mas ele devia seguir a DEUS com uma fé implícita, e aceitar a palavra de DEUS sobre a terra, de maneira geral, embora não tivesse recebido nenhuma garantia especial de que não sairia perdendo ao deixar a sua terra para seguir a DEUS. Observe que aqueles que lidam com DEUS, devem lidar com confiança. Nós devemos substituir todas as coisas que são vistas por coisas que não são vistas, e submeter-nos às aflições deste tempo presente esperando uma glória que ainda há de ser revelada (Rm 8.18). Pois ainda não é manifesto o que havemos de ser (1 Jo 3.2), não mais do que a Abrão, quando DEUS o chamou a uma terra que lhe mostraria, ensinando-o, assim, a viver dependendo constantemente da sua orientação, e com seus olhos voltados para Ele.
II
Aqui está uma promessa encorajadora, ou melhor, uma complicação de promessas, muitas, e excessivamente grandiosas e preciosas. Observe que todos os preceitos de DEUS são acompanhados de promessas aos obedientes. Ele mesmo se dá a conhecer também como aquele que recompensa: se obedecermos à sua ordem, DEUS não deixará de cumprir a promessa. Aqui há seis promessas:
1. “Far-te-ei uma grande nação”. Quando DEUS o tirou do seu próprio povo, prometeu fazer dele a cabeça de outro. Ele o fez deixar de ser o ramo de um zambujeiro, para fazer dele a raiz de uma boa oliveira. Esta promessa foi: (1) Um grande alívio à apreensão de Abrão. Pois ele não tinha filhos. Observe que DEUS sabe como adequar os seus favores às necessidades dos seus filhos. Aquele que tem um emplastro para cada ferida irá fornecer um para aquela que for mais dolorosa. (2) Um grande teste para a fé de Abrão. Pois a sua esposa tinha sido estéril por muito tempo, de modo que, se ele cresse, isto seria contra as esperanças, e a sua fé deveria estar edificada exclusivamente sobre aquele poder, que de pedras pode suscitar filhos a Abraão e fazer deles uma grande nação. Observe que: [1] DEUS faz nações: através dele, nações nascem de uma só vez (Is 66.8), e Ele fala de edificá-las e plantá-las, Jeremias 18.9. E: [2] Se uma nação for grande em riqueza e poder, é DEUS que a faz grande. [3] DEUS pode criar grandes nações a partir de terra seca, e pode fazer com que o menor seja mil.
2. “Abençoar-te-ei”, particularmente com as bênçãos da fertilidade e da multiplicação, como tinha abençoado a Adão e a Noé, ou, de maneira geral: “Eu o abençoarei com todo tipo de bênçãos, tanto as mais elevadas quanto as mais simples. Deixe a casa do seu pai, e lhe darei a bênção de um Pai, melhor do que a dos seus progenitores”. Observe que os crentes obedientes terão certeza de herdar as bênçãos.
3. “Engrandecerei o teu nome”. Ao deixar a sua terra, ele perdeu ali o seu nome. “Não se preocupe com isto”, diz DEUS, “mas confie em mim, e Eu lhe farei um nome maior do que você poderia ter tido ali”. Não tendo filhos, ele temia não ter um nome. Mas DEUS fará dele uma grande nação, e desta maneira, lhe engrandecerá o seu grande nome. Observe que: (1) DEUS é a fonte de honra e dele vem a promoção, 1 Samuel 2.8. (2) O nome dos crentes obedientes certamente será celebrado e engrandecido. O melhor testemunho é aquele que os antigos alcançaram pela fé, Hebreus 11.2.
4. “Tu serás uma bênção”. Isto é: (1) “A sua felicidade será um exemplo de felicidade, de modo que àqueles que quiserem abençoar os seus amigos bastará rogar que DEUS os faça como Abrão”. Como em Rute 4.11. Observe que a maneira como DEUS lida com os crentes é tão gentil e graciosa que não precisamos desejar, nem a nós mesmos, nem aos nossos amigos, melhor tratamento que este: ter a DEUS como nosso amigo é bênção suficiente. (2) “A sua vida será uma bênção aos lugares onde você estiver”. Observe que os bons homens são as bênçãos da sua terra, e o fato de que assim sejam é a sua indescritível honra e felicidade.
5. Eu “abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”. Isto criou um tipo de aliança, ofensiva e defensiva, entre DEUS e Abrão. Abrão abraçou sinceramente a causa de DEUS, e aqui DEUS promete se interessar pela dele. (1) Ele promete ser um amigo dos seus amigos, a considerar as gentilezas feitas a Abrão como feitas a Ele mesmo, e a recompensá-las adequadamente. DEUS irá cuidar para que ninguém saia perdedor, no longo caminho, por nenhum serviço feito pelo seu povo. Até mesmo um copo de água fria será recompensado. (2) Ele promete manifestar-se contra os seus inimigos. Estes são aqueles que odiavam e amaldiçoavam o próprio Abrão. Mas, embora as suas maldições infundadas não possam ferir a Abrão, a justa maldição de DEUS certamente os dominará e arruinará, Números 24.9. Esta é uma boa razão pela qual nós devemos abençoar aqueles que nos amaldiçoam, porque é suficiente que DEUS os amaldiçoe, Salmos 38.13-15.
6. “Em ti serão benditas todas as famílias da terra”. Esta foi a promessa que coroou todas as demais. Pois ela aponta para o Messias, em quem todas as promessas são cumpridas. Observe que: (1) JESUS CRISTO é a grande bênção do mundo, a maior com que o mundo jamais foi abençoado. Ele é uma bênção familiar, por Ele vem a salvação à casa (Lc 19.9). Quando contarmos as bênçãos da nossa família, devemos colocar CRISTO no imprimis – primeiro lugar, como a bênção das bênçãos. Mas como podem ser todas as famílias da terra abençoadas em CRISTO, quando tantas são estranhas a Ele? Resposta: [1] Todos os que são abençoados, são abençoados nele, Atos 4.12. [2] Todos os que crêem, não importa a qual família pertençam, serão abençoados nele. [3] Alguns de todas as famílias da terra são abençoados nele. [4] Existem algumas bênçãos com as quais todas as famílias da terra são abençoadas em CRISTO. Pois a salvação do Evangelho é a salvação comum, Judas 3. (2) É uma grande honra relacionar-se com CRISTO. O fato de que o Messias seria fruto dos seus lombos engrandeceu o nome de Abrão muito mais do que o fato de que ele seria o pai de muitas nações. Foi uma grande honra para Abrão ser o seu pai, pela natureza, ou seja, ser o patriarca da sua descendência. A nossa será sermos seus irmãos, pela graça, Mateus 12.50. A Chegada de Abrão a Canaã
Gênesis 12. 4,5
Aqui temos:
I
A saída de Abrão da sua terra, primeiramente de Ur, e posteriormente de Harã, obedecendo ao chamado de DEUS: “Assim, partiu Abrão”. Ele não foi desobediente à visão celestial, mas fez o que lhe foi dito, sem consultar carne ou sangue, Gálatas 1.15,16. A sua obediência foi pronta e imediata, submissa e sem discussões. Pois ele partiu, sem saber para onde ia (Hb 11.8), mas sabendo a quem seguia, e sob cuja orientação partia. Assim DEUS o chamou para o pé de si, Isaías 41.2.
II
A sua idade quando partiu: Abrão tinha “setenta e cinco anos”, uma idade em que ele talvez preferisse descansar e se estabelecer. Mas, se DEUS desejava que ele desse um novo início ao mundo, na sua velhice, ele obedeceria. Aqui está um exemplo de um antigo concerto.
III
O grupo e os bens que Abrão levou consigo.
1. Ele levou consigo “a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão. Não pela força, e contra as suas vontades, mas pela persuasão. Sarai, sua mulher, certamente iria com ele. DEUS os tinha unido, e nada poderia separá-los. Se Abrão deixasse tudo, para seguir a DEUS, Sarai deixaria tudo, para seguir a Abrão, embora nenhum deles soubesse para onde iam. E foi uma misericórdia para Abrão ter tal companheira nas suas viagens, uma adjutora para ele. Observe que é muito consolador quando marido e mulher concordam em percorrer juntos o caminho para o céu. Também Ló, seu parente, foi influenciado pelo bom exemplo de Abrão, que talvez fosse seu protetor, depois da morte do seu pai, e desejou acompanhá-lo também. Observe que aqueles que vão a Canaã não precisam ir sozinhos. Pois embora poucos encontrem a porta estreita, bendito seja DEUS, alguns a encontram. E sábio ir com aqueles com quem DEUS está (Zc 8.23), para onde quer que eles vão.
2. Eles levaram consigo “toda a sua fazenda – todos os seus bens móveis – que haviam adquirido”. Pois: (1) No seu íntimo, eles deixaram tudo o que tinham, para estar à disposição de DEUS, não retiveram nenhuma parte do preço, mas dedicaram tudo ao Senhor, sabendo que esta seria a melhor atitude. (2) Eles se abasteceram com o que era necessário, tanto para o serviço de DEUS quanto para o suprimento de sua família, na terra à qual se dirigiam. Ter jogado fora o seu sustento, porque DEUS tinha prometido abençoá-lo, teria sido tentar a DEUS, não confiar nele. (3) Eles não desejavam ter nenhuma tentação de voltar. Por isto não deixaram nem uma unha para trás, para que isto não os fizesse pensar na terra da qual saíam.
3. Eles levaram consigo as almas que tinham conseguido, isto é: (1) Os servos que tinham comprado, que eram parte da sua fazenda – são chamados de almas, para lembrar aos senhores que os seus pobres servos têm almas, almas preciosas, das quais eles devem cuidar e às quais devem providenciar o alimento necessário e conveniente. (2) Os prosélitos que tinham feito, e persuadido a adorar ao DEUS verdadeiro, e a ir com eles a Canaã: as almas que (como um dos rabinos assim o expressa) tinham ajuntado debaixo das asas da Majestade divina. Observe que aqueles que servem e seguem a CRISTO devem fazer tudo o que puderem para trazer outros para servi-lo e segui-lo também. Aqui está escrito que estas almas se lhes haviam sido acrescidas. Nós devemos nos considerar verdadeiros ganhadores se pudermos, simplesmente, ganhar almas para CRISTO.
IV
Aqui está a sua feliz chegada ao final da sua jornada: “Vieram à terra de Canaã”. Assim tinham feito antes (Gn 11.31), porém sem chegar ao final da jornada, mas agora prosseguiram no seu caminho, e, pela boa mão do seu DEUS com eles, chegaram à terra de Canaã, onde, por uma nova revelação, souberam que esta era a terra que DEUS tinha prometido mostrar-lhes. Não ficaram desencorajados pelas dificuldades que encontraram no seu caminho, nem se desviaram pelos deleites que encontraram, mas prosseguiram adiante. Observe que: 1. Aqueles que saem rumo ao céu devem perseverar até o fim, procurando sempre alcançar as coisas que estão à frente. 2. Aquilo que fizermos em obediência às ordens de DEUS, e acompanhando humildemente a sua providência, certamente será bem sucedido, e nos trará, por fim, muitos consolos. A Devoção de Abrão
Gênesis 12. 6-9
Poderíamos esperar que, tendo tido um chamado tão extraordinário a Canaã, algum grande evento aconteceria quando Abrão ali chegasse, que ele fosse recebido com todos os sinais possíveis de honra e respeito, e que os reis de Canaã lhe teriam imediatamente entregado suas coroas, prestando-lhe homenagens. Mas, não. Ele chega despercebido e pouco é notado, pois DEUS ainda desejava que ele vivesse pela fé, e que considerasse Canaã, mesmo já estando nela, como uma terra de promessa. Por isto, observe aqui:
I
O pouco conforto que ele teve na terra à qual tinha vindo. Pois: 1. Ele não a teve para si: “Estavam, então, os cananeus na terra”. Ele encontrou a região povoada e possuída pelos cananeus, que provavelmente seriam maus vizinhos e proprietários ainda piores. E, pelo que parece, ele não teria lugar onde armar a sua tenda, exceto por permissão deles. Desta maneira, os amaldiçoados cananeus pareciam estar em melhores circunstâncias do que o abençoado Abrão. Observe que os filhos deste mundo normalmente possuem mais coisas deste mundo, do que os filhos de DEUS. 2. Ele não tinha onde estabelecer-se: “Passou Abrão por aquela terra”, v. 6. E “moveu-se dali para a montanha”, v. 8. “Depois, caminhou Abrão dali, seguindo ainda”, v. 9. Observe aqui: (1) Algumas vezes, o destino dos homens bons é não se estabelecerem, e serem obrigados, freqüentemente, a transferir a sua residência. O bendito Davi teve as suas peregrinações, as suas mudanças, Salmos 56.8. (2) As nossas mudanças neste mundo freqüentemente ocorrem sob variadas condições. Abrão residiu temporariamente, primeiramente em uma planície, v. 6, e depois em uma montanha, v. 8. DEUS o colocou em situações opostas. (3) Todas as pessoas devem considerar-se estranhos e temporários neste mundo, e pela fé, encará-lo como uma terra estranha. Abrão fez isto, Hebreus 11.8-14. (4) Enquanto estivermos aqui, nesta condição atual, devemos estar viajando, e prosseguindo, de força em força, como ainda não tendo chegado.
II
Quanto consolo ele tinha no DEUS ao qual seguia. Embora pudesse ter pouca satisfação na convivência com os cananeus que encontrou ali, tinha abundante prazer na comunhão com aquele DEUS que o havia trazido para junto deles, e não o abandonou. A comunhão com DEUS é mantida pela palavra e pela oração. E, por elas, de acordo com os métodos daquela dispensação, a comunhão com DEUS foi mantida na terra na sua peregrinação.
1. DEUS apareceu a Abrão, provavelmente em uma visão, e lhe disse palavras boas e consoladoras: “À tua semente darei esta terra”. Observe: (1) Nenhum lugar, nem condição de vida, pode nos excluir do consolo das graciosas visitas de DEUS. Abrão é um residente temporário, não estabelecido entre os cananeus. Mas aqui também ele encontra aquele que vive, e que o vê. Os inimigos podem nos separar das nossas tendas, dos nossos altares, mas não do nosso DEUS. Na verdade: (2) Com respeito àqueles que seguem fielmente a DEUS, no caminho do dever, embora Ele os afaste dos seus amigos, Ele irá, pessoalmente, compensar esta perda, por meio das suas graciosas manifestações a eles. (3) As promessas de DEUS são garantidas e satisfatórias a todos aqueles que conscientemente observam e obedecem aos seus preceitos. E aqueles que, obedecendo ao chamado de DEUS, deixam para trás, ou perdem qualquer coisa que lhes é querida, podem ter certeza de alguma coisa abundantemente melhor no seu lugar. Abrão tinha deixado a terra do seu nascimento: “Bem”, diz DEUS, “dar-te-ei esta terra”, Gn 15.7. Veja Mateus 19.29. (4) DEUS revela tanto a sua Pessoa como os seus favores gradualmente, ao seu povo. Antes Ele tinha prometido a Abrão mostrar-lhe esta terra. Agora, promete dá-la a Abrão. Assim como a graça é crescente, o consolo também o é. (5) É consolador ter a terra dada por DEUS, não somente pela providência, mas também pela promessa. (6) As graças concedidas aos filhos são graças concedidas aos pais. Eu a darei, não a você, mas à sua semente: “À tua semente darei esta terra”. Esta era uma concessão em termos de direito futuro, à sua semente, que, aparentemente, Abrão entendeu também como uma concessão a si mesmo, de uma terra melhor no futuro, da qual esta era um tipo. Pois ele esperava uma pátria celestial, Hebreus 11.16.
2. Abrão serviu a DEUS nas ordenanças que Ele havia instituído. Ele “edificou ali um altar ao Senhor, que lhe aparecera... e invocou o nome do Senhor”, vv. 7,8. Considere isto: (1) Como sendo feito em uma ocasião especial. DEUS se manifestou a Abrão quando e onde ele edificou um altar, visando o DEUS que lhe aparecera. Assim ele retribuiu a visita de DEUS, e manteve a sua correspondência com o céu, como alguém que estava decidido a não deixar que ela falhasse por alguma negligência de sua parte. Assim ele reconheceu, com gratidão, a bondade de DEUS a ele, ao fazer-lhe esta graciosa visita e promessa. E assim ele testificou a sua confiança e dependência da palavra que DEUS tinha dito. Observe que um crente ativo pode, sinceramente, bendizer a DEUS por uma promessa cujo cumprimento ainda não pode ver, e edificar um altar à honra de DEUS, que lhe aparece, mesmo não tendo desfrutado os resultados da promessa. (2) Como seu procedimento constante, onde quer que ele estivesse. Tão logo Abrão chegou a Canaã, embora fosse somente estrangeiro, e temporário ali, ainda assim estabeleceu e observou a adoração de DEUS na sua família. E onde quer que ele tivesse uma tenda, DEUS tinha um altar, e um altar santificado pela oração. Pois ele não somente se preocupava com a parte cerimonial da religião, a oferta do sacrifício, mas com o dever natural de buscar o seu DEUS, e de invocar o seu nome, este sacrifício espiritual no qual DEUS se compraz. Ele pregou a respeito do nome do Senhor, isto é, instruiu a sua família e os seus vizinhos no conhecimento do DEUS verdadeiro e da sua santa religião. As almas que lhe foram acrescentadas em Harã, uma vez feitas discípulos, precisavam receber mais ensinamentos. Observe que aqueles que desejam ser filhos do fiel Abrão, e desejam herdar a bênção de Abrão, devem ter a preocupação de observar a solene adoração a DEUS, particularmente nas suas famílias, seguindo o exemplo de Abrão. O caminho da adoração familiar é um caminho antigo e bom, não é invenção moderna, mas o costume antigo de todos os santos. Abrão era muito rico e tinha uma família numerosa, e agora mesmo não estando estabelecido, e estando no meio dos inimigos, ainda assim, onde quer que armasse a sua tenda, ali edificava um altar. A todo lugar onde formos, jamais devemos deixar de levar conosco a nossa religião. A Ida de Abrão ao Egito
Gênesis 12. 10-13
Aqui temos:
I
Uma fome na terra de Canaã, uma fome terrível. Aquela terra produtiva tinha se tornado estéril, não somente para punir a iniqüidade dos cananeus, que ali residiam, mas para testar a fé de Abrão, que ali estava temporariamente. E foi um teste muito amargo. O teste verificou o que ele pensava: 1. A respeito de DEUS, que o tinha conduzido até ali – se ele não estaria pronto a dizer, murmurando como a sua semente, que tinha sido trazido para morrer de fome, Êxodo 16.3. Nada aquém de uma forte fé poderia conservar os bons pensamentos a respeito de DEUS, sob tal providência. 2. Sobre a terra da promessa – se ele julgaria a sua concessão merecedora de aceitação, e uma consideração valiosa para o abandono da sua própria terra, quando, aparentemente, era uma terra que devorava os seus habitantes. Agora ele era posto à prova quanto a se poderia preservar uma confiança inabalável de que aquele DEUS que o havia trazido a Canaã iria sustentá-lo ali, e se poderia alegrar-se nele, como o DEUS da sua salvação, quando a figueira não floresceu, Habacuque 3.17,18. Observe que: (1) Uma fé forte é normalmente testada com diversas provações, para que se ache em louvor, e honra e glória, 1 Pedro 1.6,7. (2) Às vezes, agrada a DEUS provar com grandes aflições aqueles que são apenas jovens iniciantes na fé. (3) É possível que um homem esteja no caminho do dever, e no caminho da felicidade, e ainda assim encontre grandes problemas e desapontamentos.
II
A ida de Abrão ao Egito, por ocasião desta fome. Veja quão sabiamente DEUS provê para que haja abundância em um lugar, quando havia escassez em outro, para que, como membros de um grande corpo, não possamos dizer, uns aos outros: “Não tenho necessidade de vós”. A providência de DEUS cuidou para que houvesse abundância no Egito, e a prudência de Abrão fez uso da oportunidade. Pois nós tentamos a DEUS, e não confiamos nele, se, em tempos de aflição, não usarmos os meios que Ele graciosamente possibilita para a nossa preservação. Não devemos esperar milagres desnecessários. Mas aquilo que é particularmente notável aqui, para louvor de Abrão, é que ele não se ofereceu para retornar, nesta ocasião, à terra da qual tinha saído, nem sequer em direção a ela. A terra do seu nascimento estava localizada a nordeste de Canaã. Portanto, quando ele precisou, durante algum tempo, deixar Canaã, ele decidiu ir para o Egito, que está ao sudoeste, na direção contrária, para que não parecesse que estava olhando para trás. Veja Hebreus 11.15,16. Observe ainda que quando ele desceu ao Egito, foi para permanecer ali por algum tempo, não para residir ali. Observe que: 1. Embora a Providência, durante algum tempo, possa nos levar a lugares aparentemente ruins, ainda assim não devemos permanecer ali por um tempo superior ao necessário. Nós podemos estar peregrinando, provisoriamente, em algum lugar onde não podemos nos estabelecer. 2. Um bom homem, enquanto está deste lado do céu, onde quer que esteja, está ali apenas provisoriamente.
III
Um grande erro do qual Abrão foi culpado, ao negar que Sara era sua esposa e fingir que era sua irmã. As Escrituras são imparciais em relatar os crimes dos mais celebrados santos, que são registrados, não para que os imitemos, mas para nossa advertência, para que aquele que pensa estar em pé possa tomar cuidado para não cair. 1. Seu erro foi dissimular a sua relação com Sarai, referindo-se a ela equivocadamente, e ensinando a sua esposa, e provavelmente todos os que os acompanhavam, a fazer a mesma coisa. O que ele disse foi, de certa maneira, verdade (Gn 20.12), mas com o objetivo de enganar. Desta maneira, ele escondeu uma verdade para, na verdade, negá-la, e expor, desta maneira, tanto a sua esposa quanto os egípcios, ao pecado. 2. No fundo, o que o motivou foi um temor ciumento, de que alguns dos egípcios ficassem tão encantados com a beleza de Sarai (como se no Egito houvesse poucas beldades) que, se soubessem que ele era seu marido, encontrassem alguma maneira de matá-lo para que pudessem se casar com ela. Ele imagina que eles prefeririam ser culpados de assassinato do que de adultério, que era um crime considerado hediondo naquela ocasião. Ele também tem como certo que havia uma consideração tão santa e tão grande para com os laços do casamento. Conseqüentemente, ele deduz, sem nenhuma boa razão: “Matar-me-ão”. Observe que o medo do homem lhe traz armadilhas, e muitos são levados a pecar por medo da morte, Lucas 12.4,5. A graça na qual Abrão era mais eminente era a fé. E ainda assim ele caiu devido à descrença e desconfiança da Providência divina, mesmo depois que DEUS tinha se manifestado duas vezes a ele. Oh! O que será dos salgueiros, quando os cedros se abalam desta maneira? Abrão Nega que Sarai É sua Esposa
Gênesis 12. 14-20
Aqui temos:
I
O perigo em que se encontrava Sarai de ter a sua decência violada pelo rei do Egito. E sem dúvida, o perigo do pecado é o maior perigo que podemos correr. Os príncipes de Faraó (ou melhor, seus olheiros) a viram e, observando a sua formosura, elogiaram-na diante de Faraó. Eles não a elogiaram por aquilo que realmente era digno de louvor nela – a sua virtude e modéstia, a sua fé e piedade (estas qualidades não eram excelentes aos olhos deles), mas pela sua formosura, que eles julgaram boa demais para os abraços de um súdito. Eles a recomendaram ao rei, e ela foi imediatamente levada para a casa de Faraó, como Ester ao harém de Assuero (Et 2.8), para ser levada à sua cama. Agora, não devemos considerar Sarai como alguém que está sendo honrada, mas como alguém que está entrando em tentação. E as causas disto eram a sua própria formosura (o que é uma armadilha para muitas pessoas), e o equívoco de Abrão, que é um pecado que normalmente serve como uma introdução a muitos pecados. Enquanto Sarai estava correndo este perigo, Abrão lucrou, por amor dela. Faraó lhe deu ovelhas, vacas etc. (v. 16), para obter o seu consentimento, para que pudesse, mais rapidamente, ter aquela que ele supunha ser irmã de Abrão. Não podemos pensar que Abrão esperasse isto quando desceu ao Egito, e muito menos que visasse isto quando negou que Sarai era sua esposa: mas DEUS fez nascer o bem do mal. Desta maneira se comprova que a riqueza do pecador, de uma maneira ou de outra, é acumulada para os justos.
II
A libertação de Sarai deste perigo. Se DEUS não nos libertar, mais de uma vez – o que é um privilégio – destes apuros e aflições que nós trazemos a nós mesmos, pelo nosso próprio pecado e tolice, e dos quais, portanto, não devemos esperar nenhuma libertação por promessa, em breve estaríamos destruídos, ou melhor, estaríamos destruídos muito tempo antes disto. O DEUS bom e precioso não lida conosco de acordo com o que merecemos.
1. DEUS feriu a Faraó, e desta maneira evitou o progresso do seu pecado. Observe que são ferimentos felizes aqueles que nos impedem de seguir um caminho de pecado, e que efetivamente nos trazem ao nosso dever, em particular, ao dever de restaurar aquilo que tomamos e detivemos erradamente. Observe que não somente Faraó, mas a sua casa, foram vítimas de pragas, provavelmente especialmente aqueles príncipes que tinham recomendado Sarai a Faraó. Observe que os parceiros no pecado se tornam, com razão, parceiros na punição. Aqueles que servem a luxúria de outros devem esperar compartilhar das suas pragas. Nós não sabemos quais foram, em particular, estas pragas. Mas sem dúvida havia algo nas pragas propriamente ditas, ou alguma explicação acrescentada a elas, suficiente para convencê-los de que foi por causa de Sarai que estas pragas lhes sobrevieram.
2. Faraó repreendeu a Abrão, e então o despediu respeitosamente.
(1) A repreensão foi calma, mas muito justa: “Que é isto que me fizeste?” Que coisa mais imprópria! Que inapropriado para um homem sábio e bom! Observe que se aqueles que professam a religião fizerem o que é injusto e dissimulado, especialmente se disserem aquilo que se aproxima de uma mentira, deverão esperar ouvir sobre isto, e terão razões para agradecer àqueles que lhes falarem sobre este assunto. Nós encontramos um profeta do Senhor, repreendido e censurado, com razão, por um mestre de navio, Jonas 1.6. Faraó argumenta com ele: “Por que não me disseste que ela era tua mulher?”, indicando que, se tivesse sabido disto, não a teria levado para sua casa. Observe que é um erro muito comum, entre as pessoas boas, alimentar suspeitas dos outros, além daquilo que seria justificável. Temos freqüentemente, encontrado mais virtude, honra e consciência em algumas pessoas do que julgávamos que elas possuíssem. E deve ser um prazer sermos assim desapontados, como Abrão aqui, que descobriu que Faraó era um homem melhor do que ele esperava. A caridade nos ensina a esperar o melhor.
(2) A despedida foi gentil, e muito generosa. Faraó lhe devolveu a esposa, sem ofender ou causar qualquer dano à honra dela: “Eis aqui tua mulher. Toma-a e vai-te”, v. 19. Observe que aqueles que desejam evitar o pecado, devem remover a tentação, ou sair do caminho dela. Ele também o mandou embora, em paz, e estava tão longe de qualquer desejo de matá-lo, como Abrão temia, que se preocupou com ele de maneira especial. Observe que nós freqüentemente nos embaraçamos e atrapalhamos com temores que logo se mostram completamente infundados. Nós freqüentemente tememos, onde não há o que temer. Nós tememos o furor do angustiador, como se ele se preparasse para destruir, quando na verdade não há perigo, Isaías 51.13. Teria sido melhor, para a credibilidade e o consolo de Abrão, ter dito a verdade desde o início. Pois, afinal, a honestidade é a melhor política. Na verdade, está escrito (v. 20): “Faraó deu ordens aos seus varões a seu respeito”, isto é: [1] Ele lhes recomendou que não o prejudicassem, de nenhuma maneira. Observe que não é suficiente, para aqueles que têm autoridade, que não firam pessoalmente, mas que também impeçam que os seus servos, e os que estão ao seu redor, façam o mal. Ou: [2] Ele lhes recomendou, quando Abrão foi enviado de volta, depois da fome, que o conduzissem em segurança para fora do país, como sua escolta. É provável que aquele governante tenha ficado alarmado com as pragas (v. 17) e deduzido, com base nelas, que Abrão era um favorito especial do céu, e, portanto, com medo do retorno das pragas, tenha tomado cuidados especiais para que ele não sofresse danos no seu país. Observe que DEUS freqüentemente faz surgir amigos para o seu povo, fazendo com que os homens saibam que correm riscos se os ferirem. É perigoso ofender aos pequeninos de DEUS, Mateus 18.6. A esta passagem, entre outras, se refere o salmista, Salmos 105.13-15: “Por amor deles repreendeu reis, dizendo: Não toqueis nos meus ungidos”. Talvez, se Faraó não o tivesse mandado embora, Abraão tivesse se sentido tentado a permanecer no Egito, e esquecer a terra da promessa. Observe que às vezes DEUS faz uso dos inimigos do seu povo para convencê-los, e lembrá-los, de que este mundo não é o seu descanso, mas que devem pensar em partir.
Finalmente, observe uma semelhança entre esta libertação de Abrão do Egito, e a libertação dos seus descendentes, do mesmo lugar: 430 anos depois que Abrão foi para o Egito, por causa de uma fome, seus descendentes foram para lá, também por causa de uma fome. Ele foi libertado com grandes pragas sobre Faraó, e também eles. Assim como Abrão foi mandado embora por Faraó, e enriquecido com os despojos dos egípcios, também eles. O cuidado de DEUS com o seu povo é o mesmo, ontem, hoje e sempre. Capítulo 15 O Concerto de DEUS com Abrão
Gênesis 15. 1
Observe aqui:
I
Quando DEUS fez esta aliança com Abrão: Depois destas coisas. 1. Depois deste famoso ato de generosa caridade que Abrão tinha feito, resgatando seus amigos e vizinhos da aflição, e não por preço nem por recompensa. Depois disto, DEUS lhe fez esta graciosa visita. Observe que aqueles que demonstram favor aos homens, encontrarão o favor da parte de DEUS. 2. Depois daquela vitória que ele tinha obtido sobre quatro reis. Para que Abrão não se sentisse muito elevado e satisfeito com isto, DEUS vem a Abrão para dizer-lhe que tinha coisas melhores reservadas para ele. Observe que uma convivência de fé com as bênçãos espirituais é um meio excelente de nos impedir de ficarmos excessivamente absorvidos por prazeres temporais. Os dons da providência comum não se comparam àqueles do amor do concerto.
II
A maneira pela qual DEUS falou com Abrão: A palavra do Senhor veio a Abrão (isto é, DEUS manifestou a si mesmo, bem como a sua vontade, a Abrão) em uma visão, o que nos faz supor que Abrão estivesse despertado, e então tenha desfrutado de algumas aparições visíveis da Shechinah, ou algum sinal visível da presença da glória divina. Observe que os métodos da revelação divina são adaptados ao nosso estado no mundo dos sentidos.
III
A graciosa certeza que DEUS deu a Abrão, do seu favor a ele.
1. O Senhor o chamou pelo nome – Abrão, o que lhe foi uma grande honra, e engrandeceu o seu nome, e também foi um grande incentivo e auxílio à sua fé. Observe que a boa palavra de DEUS nos faz bem quando nos é proferida e trazida aos nossos corações pelo seu ESPÍRITO. A palavra diz: Ó vós todos (Is 55.1), o ESPÍRITO diz: Ó, tu.
2. Ele o aconselhou a não ficar inquieto nem confuso: Não temas, Abrão. Abrão poderia temer que os quatro reis que ele tinha derrotado o atacassem novamente, e que isto fosse a sua ruína: “Não”, diz DEUS, “não tema. Não tema as vinganças deles, nem a inveja dos seus inimigos. Eu tomarei contra de você”. Observe: (1) Mesmo onde existe uma grande fé, pode haver muitos medos, 2 Coríntios 7.5. (2) DEUS toma conhecimento dos temores do seu povo, por mais secretos que sejam, e conhece as suas almas, Salmos 31.7. (3) É a vontade de DEUS que o seu povo não ceda aos medos, aconteça o que acontecer. Que os pecadores em Sião tenham medo, mas você, Abrão, não tema.
3. O Senhor garantiu a Abrão segurança e felicidade, e que ele seria, para sempre: (1) Tão seguro quanto o próprio DEUS poderia mantê-lo: Eu sou o teu escudo, ou, um pouco mais enfaticamente, Eu sou o teu grandíssimo galardão, aquele que realmente se preocupa contigo. Veja 1 Crônicas 17.24. Não somente o DEUS de Israel, mas o DEUS para Israel. Observe que consideração há nisto, que o próprio DEUS é, e será, um escudo para o seu povo, para protegê-los de todos os males destrutivos, um escudo pronto para eles e um escudo ao seu redor. Isto deveria ser suficiente para silenciar todos os seus medos perturbadores. (2) Tão feliz quanto o próprio DEUS poderia fazê-lo: Eu serei o teu grandíssimo galardão. Não somente quem te recompensa, mas a tua recompensa. Abrão generosamente tinha recusado as recompensas que o rei de Sodoma lhe tinha oferecido, e aqui vem DEUS, e lhe diz que ele não perderia nada por isto. Observe: [1] As recompensas da obediência em fé, e da renúncia a si mesmo são muito grandes, 1 Coríntios 2.9. [2] O próprio DEUS é a felicidade escolhida e prometida das almas santificadas – escolhida neste mundo e prometida em um mundo melhor. Ele é a porção da sua herança e o seu cálice. Gênesis 15. 2-6
Aqui temos a garantia, dada a Abrão, de uma prole numerosa que seria sua descendente. Observe:
I
A repetição da queixa de Abrão, vv. 2,3. Isto foi o que motivou a promessa. A grande aflição que pesava sobre Abrão era a falta de um filho. E esta queixa ele aqui derrama perante a preciosa face do DEUS amoroso, e lhe expõe a sua angústia, Salmos 142.2. Observe que embora jamais devamos nos queixar de DEUS, temos permissão para nos queixar a Ele, e para sermos demorados e detalhados na declaração dos nossos pesares. E traz alguma tranqüilidade a um espírito carregado, expor o seu caso a um amigo misericordioso e fiel: tal amigo é DEUS, cujo ouvido está sempre aberto. A sua queixa tem quatro partes: 1. Ele não tem filhos (v. 3): Eis que me não tens dado semente. Não somente sem filho, mas sem semente. Se ele tivesse tido uma filha, dela poderia descender o Messias prometido, que deveria ser a semente de uma mulher. Mas ele não tinha nem filho nem filha. Abrão parece, na minha opinião, enfatizar isto. Seus vizinhos estavam cheios de filhos, os seus servos tinham filhos nascidos na sua casa. “Mas a mim”, Abrão declara com tristeza, “não deste nenhum”, mesmo DEUS lhe tendo dito que ele seria favorito, acima de todos. Observe que aqueles que julgam que esteja determinado que não terão filhos, devem ter a certeza de que DEUS realmente determinou isto. Uma vez mais, DEUS freqüentemente retém, aos seus próprios filhos, os consolos temporais que dá abundantemente a outros, que são estranhos a Ele. 2. Que não era provável que ele tivesse nenhum filho, o que é sugerido pela palavra “ando”, ou “sigo, sem filhos, avançando em anos, descendo a colina. Na verdade, saindo do mundo, percorrendo o caminho de toda a terra. Morro sem filhos”, segundo a Septuaginta. “Deixo o mundo, e não deixo nenhum filho atrás de mim”. 3. Que os servos tomam o lugar dos filhos, no presente, e provavelmente no futuro. Enquanto ele vivia, o mordomo da sua casa era Eliezer de Damasco. A ele Abrão confiou a administração da sua família e das suas propriedades, pois podia ser fiel, mas somente como um servo, não como um filho. Quando Abrão morresse, alguém nascido na sua casa seria o seu herdeiro, e governaria sobre tudo aquilo pelo que Abrão tinha trabalhado, Eclesiastes 2.18,19,21. DEUS já lhe tinha dito que faria dele uma grande nação (Gn 12.2), e que faria a sua semente tão numerosa quanto o pó da terra (Gn 13.16). Mas Abrão ficou em dúvida, se esta seria a sua semente gerada, ou a sua semente adotada, se esta bênção se cumpriria através de um filho dos seus lombos, ou de um filho da sua casa. “Bem, Senhor”, diz Abrão, “se for somente um filho adotado, deverá ser um dos meus servos, o que trará a desgraça à semente prometida, que será descendente dele”. Observe que enquanto tardam em chegar as graças prometidas, a nossa incredulidade e impaciência são capazes de concluir que estas bênçãos nos foram negadas. 4. Que a falta de um filho era um problema tão grande para ele, que removia o consolo de todos os seus prazeres: “Senhor, que me hás de dar? Tudo isto não será nada para mim, se eu não tiver um filho”. Bem: (1) Se supusermos que Abrão não visava nada além de um consolo temporal, esta queixa mereceria uma punição. DEUS, pela sua providência, lhe tinha dado algumas boas coisas, e ainda mais, pela sua promessa. Mas ainda assim Abrão não se importa com elas, porque não tem um filho. Era, realmente, muito pouco apropriado que o pai dos crentes dissesse: Que me hás de dar, pois ando sem filhos, imediatamente depois que DEUS tinha dito, Eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão. Observe que não avaliam corretamente as vantagens da sua relação de concerto com DEUS, e o seu interesse nele, aqueles que não julgam que isto seja suficiente para contrabalançar a falta de qualquer conforto temporal, qualquer que seja ele. Mas: (2) Se supusermos que Abrão aqui se referia à semente prometida, a impertinência deste seu desejo era altamente louvável: tudo era como nada para ele, se não tivesse o penhor daquela grande benção, e uma certeza do seu parentesco com o Messias, do qual DEUS já o tinha incentivado a manter as expectativas. Ele tem riqueza, e vitória, e honra. Mas, enquanto for mantido às escuras sobre o assunto principal, tudo isto será como nada para ele. Observe que até que tenhamos alguma evidência consoladora do nosso interesse em CRISTO e no novo concerto, não devemos ficar satisfeitos com nada mais. “Isto, e aquilo, eu tenho. Mas de que tudo poderá me servir, se continuo sem CRISTO” – mas, ainda assim, a queixa mereceria uma punição, pois haveria, no seu fundo, certa falta de confiança na promessa, e um cansaço de esperar pela hora de DEUS. Observe que os verdadeiros crentes às vezes julgam difícil conciliar as promessas de DEUS e as Suas providências, quando elas parecem estar em desacordo.
II
A graciosa resposta de DEUS a esta queixa. À primeira parte da queixa (v. 2), DEUS não deu imediatamente uma resposta, porque havia alguma irritação nela. Mas, quando Abrão retoma suas palavras, um pouco mais calmo (v. 3), DEUS lhe responde graciosamente. Observe que, se nós continuarmos orando com perseverança, e ainda assim orando com uma humilde submissão à vontade divina, não estaremos buscando ao Senhor em vão. 1. DEUS lhe fez uma promessa expressa de um filho, v. 4. Este – que nascer na tua casa – não será o teu herdeiro, como temes. Mas aquele que de ti será gerado, esse será o teu herdeiro. Observe: (1) DEUS faz herdeiros. Ele diz: “Este não será, e este será”. E quaisquer que sejam os planos e desígnios dos homens ao estabelecer as suas propriedades, o conselho de DEUS terá a absoluta prioridade. (2) DEUS é freqüentemente melhor para nós do que esperamos. É Ele que aplaca os nossos temores. É o Senhor que nos concede a misericórdia da qual podemos ter perdido a esperança há muito tempo. 2. Para tocá-lo mais com esta promessa, o Senhor levou Abrão para fora, e mostrou-lhe as estrelas (esta visão deve ter ocorrido muito cedo, antes do raiar do dia), e então lhe disse: Assim será a tua semente, v. 5. (1) Tão numerosa. As estrelas parecem incontáveis para um olho comum: Abrão temia não ter nenhum filho, mas DEUS lhe garantiu que os descendentes dos seus lombos seriam tantos que não poderiam ser contados. (2) Tão ilustre, semelhante às estrelas, em esplendor. Pois a ela pertencia a glória, Romanos 9.4. A semente de Abrão, segundo a sua carne, seria como o pó da terra (Gn 13.16), mas a sua semente espiritual é como as estrelas do céu, não somente numerosa, mas gloriosa e muito preciosa.
III
A firme crença de Abrão na promessa que DEUS agora lhe fazia, e a aceitação que DEUS faz da sua fé, v. 6. 1. Ele creu no Senhor, isto é, creu na verdade daquela promessa que DEUS agora lhe tinha feito, descansando sobre o poder irresistível e a inviolável fidelidade Daquele que a fazia. Ele tinha dito, e não o cumpriria? Observe que aqueles que desejam ter o consolo das promessas devem misturar fé às promessas. Veja como o apóstolo engrandece esta fé de Abrão, e faz dela um exemplo, Romanos 4.19-21. Ele não enfraqueceu na fé. E não duvidou da promessa. Ele foi fortificado na fé. Ele foi completamente persuadido. O Senhor opera esta fé em cada um de nós! Alguns pensam que a expressão “ele creu no Senhor” signifique não somente o Senhor que prometia, mas o Senhor prometido, o Senhor JESUS, o Mediador do novo concerto. Abrão creu nele, isto é, recebeu e aceitou a revelação divina a respeito dele, e exultou por ver o seu dia, embora ainda estivesse tão distante, João 8.56. 2. DEUS lhe imputou isto por justiça: isto é, por este motivo ele foi aceito por DEUS, e, como os demais patriarcas, pela fé alcançou testemunho de que era justo, Hebreus 11.4. Isto é mencionado com insistência no Novo Testamento, para provar que somos justificados pela fé, sem as obras da lei (Rm 4.3; Gl 3.6). Pois Abrão foi justificado desta maneira, enquanto ainda era incircunciso. Se Abrão, que era tão rico em boas obras, não foi por elas justificado, mas somente pela sua fé, muito menos seremos nós, que somos tão pobres em boas obras. Esta fé, que foi imputada a Abrão por justiça, tinha recentemente lutado com a incredulidade (v. 2) e, saindo vencedora, assim foi coroada, assim foi honrada. Observe que uma aceitação prática e fiel da promessa de DEUS de graça e glória, e CRISTO, e por CRISTO, e uma confiança em tal promessa, é aquilo que, segundo o teor do novo concerto, nos dá o direito a todas as bênçãos contidas na promessa. Todos os crentes são justificados, como Abrão o foi, e foi a sua fé que lhe foi imputada por justiça.
Gênesis 15. 7-11
Aqui temos a garantia dada a Abrão da terra de Canaã, como herança.
I
DEUS declara o seu objetivo a respeito da terra, v. 7. Observe aqui que Abrão não fez nenhuma queixa a este respeito, como tinha feito pela falta de um filho. Note que aqueles que têm a certeza de um interesse na semente prometida não vêem razões para duvidar de um título da terra prometida. Se CRISTO é nosso, o céu é nosso. Observe, novamente, a ocasião em que Abrão creu na promessa anterior (v. 6). Então o DEUS maravilhoso lhe explicou, e ratificou a promessa. Observe que ao que tem (e que aprimora o que tem), ser-lhe-á dado. DEUS aqui lembra três coisas a Abrão, para seu incentivo a respeito da promessa desta boa terra:
1. O que DEUS é, em si mesmo: Eu sou o Senhor Jeová. E, portanto: (1) “Eu posso dar isto a você, pois Eu sou o Senhor soberano de tudo e de todos, e tenho o direito de dispor de toda a terra”. (2) “Eu posso dá-la a você, qualquer que seja a oposição, ainda que seja realizada pelos filhos de Anaque”. DEUS nunca promete mais do que Ele pode fazer, como os homens fazem freqüentemente. E devemos nos lembrar sempre de que Ele, e só Ele, pode fazer todas as coisas. (3) “Eu cumprirei a minha promessa a você”. Jeová não é um homem, para mentir.
2. O que Ele tinha feito por Abrão. Ele o tinha tirado de Ur dos caldeus, do fogo dos caldeus, segundo alguns, isto é, seja das suas idolatrias (pois os caldeus adoravam o fogo), seja das suas perseguições. Os autores judeus têm uma tradição de que Abrão foi lançado ao fogo por se recusar a adorar ídolos, e foi milagrosamente salvo. Na verdade, é um lugar com este nome. De lá DEUS o trouxe por um chamado efetivo, trouxe-o com uma firmeza graciosa, agarrou-o, como se fosse um galho no fogo. Isto foi: (1) Uma misericórdia especial: “Eu o trouxe, e deixei a outros, a milhares, para que perecessem ali”. DEUS chamou somente a ele, Isaías 51.2. (2) Uma misericórdia espiritual, uma misericórdia para a sua alma, uma libertação do pecado e das suas conseqüências fatais. Se DEUS salva as nossas almas, podemos ter a certeza de que não nos faltará nada que seja bom para nós. (3) Uma nova misericórdia, recentemente concedida, e, portanto, deveria ser mais comovente, como aquela que é tão linda, e que encontramos no prefácio dos mandamentos: Eu sou o Senhor, que te tirei da terra do Egito. (4) Uma misericórdia de base, que serve como alicerce para nós, o início da misericórdia, uma misericórdia peculiar a Abrão, e, portanto, um sinal de misericórdias posteriores, Isaías 66.9. Observe como DEUS fala disto, como se estivesse se gloriando nisto. Eu sou o Senhor que te tirei. Ele se gloria nisto como um ato de poder e também de graça. Compare com Isaías 29.22, onde Ele se gloria nisto, muito tempo depois. Assim diz o Senhor, que remiu a Abraão – que o remiu do pecado.
3. O que o Senhor ainda pretendia fazer por Abrão: “Eu te trouxe até aqui, para dar-te a ti esta terra, para a herdares – não somente para que a possuas, mas para que a possuas como uma herança, que é o título mais doce e garantido”. Observe: (1) A providência de DEUS tem desígnios secretos, porém graciosos, em todas as suas variadas dispensações às pessoas boas. Nós não podemos perceber os projetos da Providência, até que os eventos os mostrem em toda a sua misericórdia e glória. (2) O grande objetivo que DEUS deseja alcançar em todas as Suas tratativas com o seu povo, é trazê-los em segurança ao céu. Eles são eleitos para a salvação (2 Ts 2.13), chamados para o reino (1 Ts 2.12), gerados para a herança (1 Pe 1.3,4), e tornados adequados para ela, Colossenses 1.12,13; 2 Coríntios 4.17.
II
Abrão deseja um sinal: Como saberei que hei de herdá-la?, v. 8. Isto não nascia de uma falta de confiança no poder nem na promessa de DEUS, como a de Zacarias. Mas ele desejava isto: 1. Para o fortalecimento e a confirmação da sua própria fé. Ele creu (v. 6), mas aqui ele roga: Senhor, ajude-me a combater a minha incredulidade. Agora ele cria, mas desejava um sinal para ser guardado para uma hora de tentação, sem saber como a sua fé poderia, por um evento ou outro, ser abalada e tentada. Observe que todos nós precisamos, e devemos desejar, auxílios do céu para a confirmação da nossa fé, e devemos aproveitar os sacramentos, que são sinais instituídos com este propósito. Veja Juízes 6.36-40; 2 Reis 20.8-10; Isaías 7.11,12. 2. Para a ratificação da promessa para a sua posteridade, para que também fossem levados a crer nela. Observe que aqueles que estão satisfeitos devem desejar que os outros também estejam satisfeitos com a verdade das promessas de DEUS. João enviou os seus discípulos a CRISTO, não tanto para a sua própria satisfação, como para a deles, Mateus 11.2,3. Canaã tipificava o céu. Observe que é algo muito desejável saber que herdaremos a Canaã celestial, isto é, ser confirmados na nossa fé na verdade daquela felicidade, e ter as evidências do nosso direito a ela cada vez mais claras para nós.
III
DEUS orienta Abrão a fazer preparativos para um sacrifício, pretendendo, com isto, dar-lhe um sinal, e Abrão faz os preparativos adequadamente (vv. 9-11): Toma-me uma bezerra, etc. Talvez Abrão esperasse algum sinal extraordinário do céu: mas DEUS lhe dá um sinal em um sacrifício. Observe que aqueles que desejarem receber as garantias do favor de DEUS, e desejarem ter a sua fé confirmada, devem participar das ordenanças instituídas, e esperar encontrar a DEUS nelas. Observe: 1. DEUS indicou que cada um dos animais usados para este serviço tivesse três anos de idade, porque então todos estariam na plenitude do seu crescimento e força: DEUS deve ser servido com o que tivermos de melhor, pois Ele é o melhor. 2. Nós não lemos que DEUS tenha dado a Abrão instruções especiais sobre como lidar com estes animais e aves, sabendo que ele era tão instruído na lei e no costume de sacrifícios que não precisava de nenhuma instrução especial. Ou talvez lhe tenham sido dadas instruções, que ele observou cuidadosamente, embora não tenham sido registradas. Ao menos foi-lhe indicado que eles deveriam ser preparados para a solenidade de ratificação de um concerto. E ele conhecia bem a maneira de prepará-los. 3. Abrão fez como DEUS lhe indicou, embora ainda não soubesse como estas coisas se tornariam um sinal para ele. Este não foi o primeiro exemplo da obediência implícita de Abrão. Ele partiu os animais ao meio, de acordo com a cerimônia usada na confirmação de concertos, Jeremias 34.18,19, onde está escrito, O bezerro dividiram em duas partes, passando pelo meio das duas porções. 4. Abrão, tendo feito os preparativos de acordo com as indicações de DEUS, agora se pôs a esperar pelo sinal que DEUS lhe daria, como o profeta sobre a sua torre de vigia, Habacuque 2.1. Enquanto tardava a aparição de DEUS para reconhecer o seu sacrifício, Abrão continuou esperando, com as suas expectativas aumentando com a demora. Quando as aves desciam sobre os cadáveres para comê-los, como coisas comuns e negligenciadas, Abrão as enxotava (v. 11), crendo que a visão, no final, falaria e não mentiria. Observe que um olho muito vigilante deve ser mantido sobre os nossos sacrifícios espirituais, para não permitir que algo os ataque e os deixe inadequados à aceitação de DEUS. Quando pensamentos vãos, como estas aves de rapina, descem sobre os nossos sacrifícios, nós devemos enxotá-los, e não permitir que se alojem dentro de nós, mas comparecer diante de DEUS sem distrações. Gênesis 15. 12-16
Aqui temos uma revelação plena e particular feita a Abrão sobre os propósitos de DEUS a respeito da sua semente. Observe:
I
Quando DEUS veio a ele com esta revelação: Quando o sol se punha, ou se enfraquecia, aproximadamente à hora do sacrifício da tarde, 1 Reis 18.36; Daniel 9.21. Pela manhã bem cedo, antes do raiar do dia, quando ainda podiam ser vistas as estrelas, DEUS tinha lhe dado instruções a respeito dos sacrifícios (v. 5), e podemos supor que tivesse sido o seu trabalho da manhã, pelo menos, prepará-los e deixá-los em ordem. Depois de fazer isto, permaneceu junto a eles, orando e esperando quase até à noite. Observe que o precioso DEUS freqüentemente mantém o seu povo muito tempo em expectativa dos consolos que lhes destina, para a confirmação da sua fé. Mas embora as respostas às orações e o cumprimento das promessas venham lentamente, eles certamente chegarão. No tempo da tarde, haverá luz.
II
Os preparativos para esta revelação. 1. Um profundo sono caiu sobre Abrão, não um sono comum devido ao cansaço ou à despreocupação, mas um êxtase divino, como aquele que o Senhor DEUS fez cair sobre Adão (Gn 2.21), para que, estando completamente removido da visão das coisas sensíveis, pudesse estar completamente tomado pela contemplação das coisas espirituais. As portas do corpo foram trancadas para que a alma pudesse estar em privado e retirada, e pudesse agir mais livremente, mais como ela mesma. 2. Com este sono, grande espanto e grande escuridão caíram sobre ele. Que mudança repentina! Pouco tempo antes disto, nós o vimos aliviando-se nos consolos do concerto de DEUS, e em comunhão com Ele. E aqui, grande espanto e grande escuridão caem sobre ele. Observe que os filhos da luz nem sempre andam na luz, mas às vezes nuvens e escuridão estão à sua volta. Esta grande escuridão, que trouxe espanto consigo, tinha alguns propósitos: (1) Despertar um assombro no espírito de Abrão, e possuí-lo com uma santa reverência, para que a familiaridade à qual DEUS se comprazia em aceitá-lo não gerasse desprezo. Observe que o santo temor prepara a alma para a santa alegria. O espírito de escravidão abre caminho para o espírito de adoção. DEUS fere primeiro, e depois cura. Humilha primeiro, e depois exalta, Isaías 6.5,6ss. (2) Ser uma amostra dos métodos de tratativas de DEUS com a sua semente. Eles deveriam primeiro passar pelo espanto e pela escuridão da escravidão no Egito, e então entrar com alegria na terra prometida. Portanto, o patriarca deveria ter a antecipação dos seus sofrimentos, antes de ter a previsão da sua felicidade. (3) Ser uma indicação da natureza daquele concerto de peculiaridade que DEUS estava prestes a fazer agora com Abrão. A dispensação do Antigo Testamento, que se baseou neste concerto, foi uma dispensação: [1] De escuridão e obscuridade, 2 Coríntios 3.13,14. [2] De medo e horror, Hebreus 12.18ss.
III
A predição propriamente dita. Diversas coisas são preditas aqui.
1. A condição de sofrimento para a semente de Abrão, durante muito tempo, v. 13. Que Abrão não se lisonjeie com as esperanças de ter somente honra e prosperidade na sua família. Não, ele deve saber, com toda a certeza, aquilo em que ele não queria crer, que a semente prometida seria uma semente perseguida. Observe que DEUS permite o pior, em primeiro lugar. Nós devemos sofrer primeiro, e depois reinar. Ele também nos faz conhecer o pior antes da sua chegada, para que, quando venha, não seja uma surpresa para nós, João 16.4. Aqui temos:
(1) Os detalhes dos sofrimentos deles. [1] Serão estrangeiros. Assim foram, primeiramente em Canaã (Sl 105.12), e depois no Egito. Antes de serem senhores da sua própria terra, foram peregrinos em terra estrangeira. Os inconvenientes de uma condição incerta tornam um assentamento feliz ainda mais bem vindo. Assim os herdeiros do céu são, primeiramente, peregrinos na terra, em uma terra que não é sua. [2] Eles serão servos. Isto serão, para os egípcios, Êxodo 1.13. Veja como aquilo que era o destino dos cananeus (Gn 9.25) se tornou, comprovadamente, a aflição da semente de Abrão: eles são levados a servir, mas com esta diferença – os cananeus servem sob uma maldição, mas, os hebreus, sob uma benção. E os retos terão domínio na manhã, Salmos 49.14. [3] Eles serão sofredores. Aqueles a quem irão servir, os afligirão. Veja Êxodo 1.11. Observe que aqueles que são abençoados e amados por CRISTO, freqüentemente são amargamente afligidos pelos homens ímpios. E DEUS prevê isto, e toma conhecimento disto.
(2) A duração dos seus sofrimentos – quatrocentos anos. Esta perseguição teve início com uma zombaria, quando Ismael, filho de uma egípcia, perseguiu Isaque, que nasceu segundo o ESPÍRITO, Gn 21.9; Gálatas 4.29. E a zombaria continuou. Pois era uma abominação para os egípcios comer pão com os hebreus, Gn 43.32. E, finalmente, chegou ao assassinato, o mais vil dos assassinatos, o dos seus filhos recém-nascidos. De modo que isto continuou por aproximadamente quatrocentos anos, embora não tanto nas piores condições. Foi um longo período, mas um período limitado.
2. O julgamento dos inimigos da semente de Abrão: Eu julgarei o povo ao qual servirão, v. 14. Isto aponta para as pragas do Egito, pelas quais DEUS não somente obrigou os egípcios a libertar Israel, mas os puniu por todas as aflições que lhes tinham imposto. Observe: (1) Embora DEUS possa permitir que perseguidores e opressores espezinhem o seu povo durante algum tempo, ainda assim certamente Ele acertará as contas com eles, no final. Pois vem chegando o seu dia, Salmos 37.12,13. (2) A punição dos perseguidores é o seu julgamento: é justo que DEUS recompense, com tribulações, aqueles que perturbam o seu povo. E este é um ato particular de justiça. O julgamento dos inimigos da igreja é uma obra de DEUS: Eu julgarei. DEUS pode fazê-lo, pois Ele é o Senhor. Ele o fará, pois Ele é o DEUS do seu povo, e Ele disse: Minha é a vingança e a recompensa. A Ele, portanto, devemos deixá-la, para que ela seja realizada da sua maneira, e no seu tempo.
3. A libertação da semente de Abrão do Egito. Este grande evento é aqui predito: depois sairão com grande fazenda. Aqui está prometido: (1) Que eles seriam enaltecidos: Depois sairão. Isto é, depois de terem sido afligidos por 400 anos, quando se cumprissem os dias da sua servidão, ou depois que os egípcios fossem julgados e assolados pelas pragas. Então poderiam esperar pela libertação. Observe que a destruição dos opressores é a redenção dos oprimidos. Eles não permitirão a saída do povo de DEUS até que sejam forçados a fazê-lo. (2) Que seriam enriquecidos: sairão com grande fazenda. Isto se cumpriu, Êxodo 12.35,36. DEUS cuidou para que eles tivessem não somente uma boa terra à qual ir, mas uma grande quantidade de bens para levarem consigo.
4. Seu feliz estabelecimento em Canaã, v. 16. Não somente sairão do Egito, mas virão novamente para cá, à terra de Canaã, onde você está agora. A descontinuidade da sua posse não cancelaria o seu direito: não devemos considerar perdidos para sempre aqueles consolos que são interrompidos por algum tempo. A razão pela qual eles não deveriam estar de posse da terra da promessa até à quarta geração era porque a medida da injustiça dos amorreus ainda não estaria completa. Israel não pode ter a posse de Canaã até que os amorreus sejam destituídos. E eles ainda não estão prontos para a destruição. O DEUS justo determinou que eles não fossem cortados até que tivessem persistido durante tanto tempo no pecado, e chegado a tal profundidade de iniqüidade, até que pudesse haver uma proporção justa entre o seu pecado e a sua ruína. Portanto, até que chegasse este momento, a semente de Abrão não teria a posse. Observe: (1) A medida do pecado se enche gradativamente. Aqueles que continuam impenitentes em caminhos pecaminosos estão acumulando ira contra si mesmos. (2) A medida do pecado de alguns povos se enche lentamente. Os sodomitas, que eram excessivamente pecadores contra o Senhor, logo encheram a sua medida. A mesma coisa aconteceu com os judeus, que estavam, em sua profissão de fé, próximos a DEUS. Mas a medida da iniqüidade dos amorreus tardou para se encher. (3) Esta é a razão da prosperidade dos povos ímpios. A medida da sua injustiça ainda não está cheia. Os ímpios vivem, envelhecem, e se esforçam em poder, enquanto DEUS guarda a sua violência para os próprios filhos deles, Jó 21.7,19. Veja Mateus 23.32; Deuteronômio 32.34.
5. A morte tranqüila de Abrão, e o seu sepultamento, antes que acontecessem estas coisas, v. 15. Assim como ele não viveria para ver aquela boa terra de posse da sua família, mas precisaria morrer – como viveu peregrino nela, também, para compensar isto, não viveria para ver as aflições que seriam impostas sobre a sua semente, e muito menos compartilharia delas. Isto é prometido a Josias, 2 Reis 22.20. Observe que os homens bons são, às vezes, grandemente favorecidos por serem levados antes do mal, Isaías 57.1. Que satisfaça a Abrão o fato de que, por sua parte:
(1) Ele irá aos seus pais em paz. Observe: [1] Nem mesmo os amigos e favoritos do céu estão isentos do golpe da morte. Somos nós maiores que o nosso pai Abrão, que está morto? João 8.53. [2] Os homens bons morrem voluntariamente. Eles não são apanhados, não são forçados, mas se vão. A sua alma não é pedida, como a do rico insensato (Lc 12.20), mas é entregue alegremente: eles não desejam viver para sempre neste mundo passageiro. [3] Na morte, nós vamos para os nossos pais, todos os nossos pais que foram antes de nós à condição de mortos (Jó 21.32.33), aos nossos pais devotos que foram antes de nós à condição de abençoados, Hebreus 12.23. O primeiro pensamento ajuda a remover o terror da morte, e o segundo lhe acrescenta consolo. [4] Quando um homem bom morre, morre em paz. Se o seu caminho for a piedade, ou seja, o temor e a obediência ao Senhor, o seu futuro será paz, Salmos 37.37. A paz exterior, até o final, é prometida a Abrão. Paz e verdade nos seus dias, não importando o que virá depois (2 Rs 20.19): a paz com DEUS, e a paz eterna, são garantidas a toda a sua semente.
(2) Ele será sepultado em boa velhice. Talvez se faça menção ao seu sepultamento aqui, onde a terra de Canaã lhe é prometida, porque um sepulcro foi a primeira posse que ele teve nela. Não somente morreu em paz, mas morreu com honra, morreu e foi sepultado decentemente. Não somente morrer em paz, mas morrer a seu tempo, Jó 5.26. Observe: [1] A velhice é uma benção. Ela está prometida no quinto mandamento. Agrada à natureza. E permite uma grande oportunidade para ser útil. [2] Especialmente, se for uma boa velhice. Pode ser considerada uma boa velhice, em primeiro lugar, a dos que são velhos e saudáveis, não sobrecarregados com as doenças que fazem com que se cansem da vida. Em segundo lugar, a velhice daqueles que são velhos e santos, antigos discípulos (At 21.16), cujas cãs se acham no caminho da justiça (Pv 16.31). Uma vida velha e útil, velha e exemplar em termos de santidade. Esta é, verdadeiramente, uma boa velhice. Gênesis 15. 17-21
Aqui temos:
I
O concerto ratificado (v. 17). O sinal que Abrão desejava foi dado, finalmente, quando o sol se pôs, de modo que houve escuridão. Pois aquela era uma dispensação misteriosa.
1. O forno de fumaça representava a aflição da sua semente no Egito. Eles estavam no forno de fogo (Dt 4.20), na fornalha da aflição (Is 48.10), trabalhando no próprio fogo. Eles estavam ali, na fumaça, seus olhos escurecidos, para que não pudessem ver o fim das suas aflições, e para que não se confundissem imaginando o que DEUS faria com eles. Nuvens e trevas os rodeavam.
2. A tocha de fogo indica consolo nesta aflição. E isto DEUS mostrou a Abrão, ao mesmo tempo em que lhe mostrou o forno de fumaça. (1) A luz indica a libertação do forno. A sua salvação foi como uma tocha acesa, Isaías 62.1. Quando DEUS desceu para libertá-los, Ele apareceu em uma sarça que ardia, e não se consumia, Êxodo 3.2. (2) A tocha indica orientação na fumaça. A palavra de DEUS era a sua tocha: esta palavra dita a Abrão também o era, era uma luz brilhando na escuridão. Talvez esta tocha anunciasse a coluna de nuvem e fogo que os tirou do Egito, na qual DEUS estava. (3) A tocha de fogo indica a destruição dos seus inimigos, que os mantiveram por tanto tempo no forno. Veja Zacarias 12.6. A mesma nuvem que iluminou os israelitas perturbou e queimou os egípcios.
3. A passagem entre as metades era a confirmação do concerto que DEUS agora fazia com ele, para que pudesse ter uma forte consolação, sendo plenamente persuadido de que DEUS certamente cumpriria aquilo que prometia. É provável que o forno e a tocha, que passaram entre as metades, os queimasse e consumisse, completando deste modo o sacrifício, e testificando a sua aceitação por DEUS, como aconteceu com Gideão (Jz 6.21), Manoá (Jz 13.19,20), e Salomão, 2 Crônicas 7.1. Isto indica: (1) Que os concertos de DEUS com o homem são feitos através de sacrifícios (Sl 50.5). CRISTO é o grande sacrifício, o maior de todos: sem expiação, não há acordo. (2) A aceitação de DEUS dos nossos sacrifícios espirituais é um sinal eterno, e um sinal de favores futuros. Veja Juízes 13.23. E, com isto, podemos saber que Ele aceita os nossos sacrifícios, se acender nas nossas almas um fogo santo de piedosos e devotos afetos em relação a estes sacrifícios.
II
O concerto é repetido e explicado: Naquele mesmo dia – que nunca deveria ser esquecido – fez o Senhor um concerto com Abrão. Isto é, fez uma promessa a Abrão, dizendo: À tua semente tenho dado esta terra, v. 18. Aqui temos:
1. Uma repetição da concessão. O bendito Senhor tinha dito antes, À tua semente darei esta terra, Gn 12.7; 13.15. Mas aqui Ele diz, Eu tenho dado. Isto é: (1) Eu fiz esta promessa, a carta está selada e entregue, e não pode ser cancelada. Observe que as promessas de DEUS são presentes de DEUS, e assim devem ser consideradas. (2) A possessão é tão garantida, no devido tempo, como se lhes fosse, na verdade, entregue agora. Aquilo que DEUS prometeu é tão garantido como se já estivesse feito. Conseqüentemente, está escrito que aquele que crê tem a vida eterna (Jo 3.36), pois irá para o céu, e isto é tão certo como se já estivesse lá.
2. Uma lista dos detalhes da concessão, como é usual nas concessões de terras. O Senhor especifica os limites da terra que aqui deve ser concedida, v. 18. E então, para maior garantia, como é usual em tais casos, Ele menciona aqueles de cuja posse e ocupação estas terras eram agora. Dez nações diversas, ou tribos, são aqui mencionadas (vv. 19-21). Elas deverão ser expulsas, para abrir lugar para a semente de Abrão. O povo do Senhor não estaria de posse de todas estas nações quando Ele os trouxesse a Canaã. Os limites são muito mais estreitos, Números 34.2,3ss. Mas: (1) No tempo de Davi e de Salomão, a jurisdição deles se estendia até o extremo destes limites, 2 Crônicas 9.26. (2) Foi por sua própria culpa que não estiveram de posse de todos estes territórios antes, e por mais tempo. Eles perderam o seu direito devido aos pecados que praticaram, e pela sua própria preguiça e covardia não tiveram a posse. (3) A terra concedida é aqui descrita na sua máxima amplitude porque devia ser um tipo da herança celestial, onde há espaço suficiente: Na casa de meu Pai há muitas moradas. Os atuais ocupantes são mencionados porque o seu número, força, e longa permanência não seriam obstáculos para o cumprimento desta promessa no seu devido tempo, e para engrandecer o amor de DEUS por Abrão e pela sua semente, ao dar a esta nação única as posses de muitas nações, por serem tão preciosos e tão glorificados aos seus olhos, Isaías 43.4. Capítulo 16
Abrão, Sarai e Agar
Gênesis 16. 1-3
Aqui temos o casamento de Abrão com Agar, que seria sua segunda esposa. Nisto, embora possa haver alguma desculpa para ele, ele não pode ser justificado, pois não foi assim desde o princípio. E, quando o fato aconteceu, parece ter nascido de um desejo irregular de constituir famílias para povoar mais rapidamente o mundo e a igreja. Certamente não dever ser assim agora. CRISTO reduziu esta questão à primeira instituição, e definiu a união do casamento somente entre um homem e uma mulher. Bem:
I
Quem celebrou esta união (Alguém saberia dizer?) – foi a própria Sarai: disse Sarai a Abrão: Entra, pois, à minha serva, v. 2. Observe: 1. Uma artimanha de Satanás é nos tentar por meio dos nossos parentes mais próximos e queridos, ou por aqueles amigos que consideramos, e pelos quais temos afeto. A tentação é mais perigosa quando é enviada por uma mão que é menos suspeita: é nossa prudência, portanto, considerar, não tanto quem fala, quanto o que é dito. 2. Os mandamentos de DEUS levam em conta o nosso consolo e a nossa honra muito melhor do que os nossos próprios planos o fazem. Teria sido muito mais favorável ao interesse de Sarai se Abrão tivesse seguido a lei de DEUS, em vez de deixar-se guiar pelos seus projetos tolos. Mas nós freqüentemente fazemos mal a nós mesmos.
II
O que motivou isto: a esterilidade de Sarai.
1. Sarai não gerou filhos a Abrão. Ela era muito formosa (Gn 12.14), era uma esposa muito agradável e obediente, e compartilhava com ele as suas grandes posses. Mas ainda assim, era estéril. Observe: (1) DEUS dispensa os seus dons de maneira variada, carregando-nos, mas não sobrecarregando-nos, de benefícios: uma ou outra cruz está indicada para acompanhar as grandes alegrias. (2) A graça de ter filhos freqüentemente é dada aos pobres e negada aos ricos, dada aos ímpios e negada às pessoas boas, embora os ricos tenham mais para deixar para os filhos, e as pessoas boas possam cuidar melhor da sua educação. DEUS faz tudo como lhe apraz.
2. Ela reconheceu a providência de DEUS nesta aflição: o Senhor me tem impedido de gerar. Observe: (1) Assim como, quando há filhos, é DEUS quem os dá (Gn 33.5), também quando eles faltam, é Ele quem os impede, Gn 30.2. Esta decisão pertence ao Senhor. (2) Convém que reconheçamos isto, para que possamos usá-lo e aproveitá-lo, como uma aflição que Ele permite com propósitos santos e sábios.
3. Ela usou isto como um argumento junto a Abrão, para que se casasse com a sua serva. E ele foi persuadido, por este argumento, a fazer isto. Observe: (1) Quando os nossos corações estão muito preocupados por qualquer consolo mundano, nós somos facilmente convencidos a usar métodos indiretos para obtê-lo. Os desejos desordenados normalmente produzem esforços ilícitos. Se os nossos desejos não forem mantidos submissos à providência de DEUS, os nossos esforços dificilmente serão mantidos sob os limites dos seus preceitos. (2) É pela falta de uma firme confiança na promessa de DEUS, e de uma paciente espera pelo tempo de DEUS, que nós saímos do caminho do nosso dever para agarrar uma misericórdia esperada. Aquele que crê não se precipita.
4. Temos razões para pensar que a aquiescência de Abrão à proposta de Sarai tenha nascido de um fervoroso desejo da semente prometida, a quem o concerto deveria ser transferido. DEUS tinha dito a ele que o seu herdeiro deveria ser um filho da sua carne, mas ainda não lhe tinha dito que deveria ser um filho gerado por Sarai. Por isto, Abrão pensou: “Por que não, com Agar, uma vez que a própria Sarai o propôs”. Observe: (1) As tentações tolas podem ter pretextos aparentemente muito justos, e se apresentar disfarçadas de algo que é muito plausível. (2) A sabedoria da carne, da mesma maneira como antecipa o tempo da misericórdia de DEUS, também nos tira do caminho de DEUS. (3) Isto pode ser evitado alegremente se pedirmos o conselho de DEUS, pela Palavra e pela oração, antes de nos empenharmos naquilo que é importante e suspeito. Isto faltou a Abrão. Ele se casou sem o consentimento de DEUS. Esta persuasão não veio Daquele que o chamou. Gênesis 16. 4-6
Aqui temos as más conseqüências imediatas do infeliz casamento de Abrão com Agar. Um grande mal se produz rapidamente. Quando nós não agimos bem, o pecado e os problemas estão à porta. E podemos agradecer a nós mesmos pela culpa e pela tristeza que nos acompanham quando saímos do caminho do nosso dever. Veja isto nesta história.
I
Sarai é desprezada, e, desta maneira, sente-se provocada e se irrita, v. 4. Tão logo Agar percebe estar grávida de um filho do seu senhor, passa a considerar a sua senhora com desprezo, talvez criticando-a pela sua esterilidade, insultando-a, para irritá-la (como em 1 Sm 1.6). Ela estava se gabando das perspectivas que tinha de trazer um herdeiro a Abrão, para aquela boa terra, e para o cumprimento da promessa. Agora ela se julga uma mulher melhor do que Sarai, mais favorecida pelo Céu, e com probabilidades de ser mais amada por Abrão. E por isto já não é mais submissa, como costumava ser. Observe: 1. Os espíritos inferiores e servis, quando favorecidos e promovidos, seja por DEUS ou pelo homem, podem se tornar arrogantes e insolentes, e esquecer seu lugar e origem. Veja Provérbios 29.21; 30.21-23. É difícil atribuir a honra àqueles que realmente devem ser honrados. 2. Nós sofremos, com razão, por causa daqueles a quem agradamos de maneira pecaminosa. E é justo que DEUS converta em instrumentos de nossa aflição aqueles aos quais tornamos instrumentos do nosso pecado, e que nos aprisione nos nossos próprios maus conselhos: o que revolve a pedra, esta sobre ele rolará.
II
Sarai reclama com Abrão, que não consegue ficar tranqüilo enquanto Sarai está de mau humor. Ela o repreende veementemente, e, de maneira muito injusta, culpa-o pela ofensa (v. 5): Meu agravo seja sobre ti, com uma suspeita ciumenta e irracional de que ele permitia a insolência de Agar. E, como se não desejasse ouvir o que Abrão tinha a dizer, para retificar o engano e absolver-se, irrefletidamente apela a DEUS, no caso: O Senhor julgue entre mim e ti. Como se Abrão tivesse se recusado a lhe dar a razão. Assim Sarai, na sua paixão, fala como falaria uma das mulheres tolas. Observe: 1. Há um absurdo do qual as pessoas passionais freqüentemente são culpadas: de discutir com os outros por algo de que elas mesmas são culpadas. Sarai não podia deixar de reconhecer que ela tinha dado a sua serva a Abrão, e ainda assim grita: Meu agravo seja sobre ti, quando deveria ter dito, Que tola eu fui ao fazer isto! Nunca é dito com prudência aquilo que é composto pelo orgulho e pela raiva. Quando a paixão está no trono, a razão está do lado de fora, e não é ouvida nem dita. 2. Não estão sempre certos aqueles que se apressam a apelar a DEUS em altos brados. As imprecações impensadas e ousadas normalmente são evidências de culpa e de maus motivos.
III
Agar fica aflita e foge da casa, v. 6. Observe: 1. A mansidão de Abrão entrega a questão da serva a Sarai, cuja ocupação apropriada seria governar esta parte da família: Eis que tua serva está na tua mão. Embora ela fosse sua esposa, ele não poderia tolerá-la, nem protegê-la, em nada que fosse desrespeitoso a Sarai, por quem ele ainda tinha o mesmo afeto que sempre teve. Observe que aqueles que desejam manter a paz e o amor devem dar respostas suaves até mesmo às acusações mais duras. Maridos e esposas, particularmente, devem estar de acordo, empenhando-se para não se zangarem mutuamente. Ceder é uma atitude que pacifica grandes ofensas. Veja Provérbios 15.1. 2. A paixão de Sarai se vinga em Agar: Sarai lidou duramente com ela, não somente confinando-a ao seu lugar e trabalho comum de serva, mas provavelmente fazendo-a servi-la com rigor. Note que DEUS observa e sente um profundo desagrado devido às aflições que os senhores rudes impõem irracionalmente aos seus servos. Eles deveriam conter as ameaças, tendo o mesmo pensamento de Jó: Aquele que me formou não o fez também a ele?, Jó 31.15. 3. O orgulho de Agar não pôde suportar isto, e o seu espírito ficou impaciente pelas críticas: ela fugiu de sua face. Ela não só evitou a ira imediata de Sarai – como Davi evitou a de Saul – mas abandonou totalmente o seu serviço, e fugiu da casa, esquecendo-se: (1) Do mal que tinha feito à sua senhora, cuja serva ela era, e ao seu senhor, cuja esposa ela era. Observe que o orgulho dificilmente será contido por alguns laços do dever. Não, nem por muitos. (2) De que ela mesma tinha feito a provocação em primeiro lugar, ao desprezar a sua senhora. Observe que aqueles que sofrem por suas próprias faltas devem suportar pacientemente os seus sofrimentos, 1 Pedro 2.20. Gênesis 16. 7-9
Aqui está a primeira menção que temos, nas Escrituras, da aparição de um anjo. Agar era um tipo da lei, que foi dada pela disposição dos anjos. Mas o mundo vindouro não se sujeita a eles, Hebreus 2.5. Observe:
I
Como o anjo a prendeu na sua fuga, v. 7. Aparentemente, ela se dirigia à sua própria nação. Pois estava no caminho de Sur, que fica na direção do Egito. É bom que as nossas aflições nos façam pensar na nossa casa, que é o melhor lugar. Mas Agar estava fora do seu lugar, e fora do caminho do seu dever, e desviando-se cada vez mais, quando o anjo a encontrou. Observe: 1. É uma grande graça ser interceptado em um caminho de pecado, seja pela consciência ou pela Providência. 2. DEUS permite que aqueles que saem do caminho vagueiem durante algum tempo, para que quando virem a sua tolice, e a confusão em que se meteram, possam estar mais dispostos a retornar. Agar não foi interceptada até chegar do deserto, e assentar-se, bastante cansada, junto a uma fonte de água limpa com que poderia se refrescar. DEUS nos leva para o deserto, e ali nos encontra, Oséias 2.14.
II
Como ele a examinou, v. 8. Observe:
1. Ele a chamou de Agar, serva de Sarai: (1) Como uma repreensão pelo seu orgulho. Embora fosse esposa de Abrão, e, como tal, estivesse obrigada a retornar, ainda assim ele a chama de serva de Sarai, para humilhá-la. Observe que embora a educação nos ensine a tratar os outros pelos seus títulos mais elevados, ainda assim a humildade e a sabedoria ensinam que devemos nos chamar pelos nossos nomes ou títulos mais humildes. (2) Como uma repreensão pela sua fuga. A serva de Sarai deveria estar na tenda de Sarai, e não perambulando pelo deserto e passeando ao lado de uma fonte de água. Observe que é bom que nós freqüentemente tenhamos em mente qual é o nosso lugar e o nosso relacionamento. Veja Eclesiastes 10.4.
2. As perguntas que o anjo fez a Agar foram muito adequadas e muito pertinentes. (1) De onde vens? Considere que você está fugindo, tanto do dever ao qual está obrigada, quanto dos privilégios com os quais foi abençoada na tenda de Abrão. Observe que é uma grande vantagem viver em uma família religiosa, e isto devem levar em consideração aqueles que têm esta vantagem. Mas, ainda assim, a cada leve estímulo, parece que estão prontos a se esquecer disto. (2) Para onde vais? Agar está correndo para o pecado, no Egito (se ela voltar àquele povo, estará voltando aos seus deuses), e ao perigo, no deserto, pelo qual ela deveria viajar, Deuteronômio 8.15. Note que aqueles que estão abandonando a DEUS e ao seu dever fariam bem em se lembrar não somente de onde caíram, mas da direção à qual estão caindo. Veja Jeremias 2.18: Que te importa a ti (como a Agar) o caminho do Egito? João 6.68.
3. A resposta dela foi honesta, e uma confissão justa: Venho fugida da face de Sarai, minha senhora. Nesta resposta: (1) Ela reconhece o seu erro em fugir da sua senhora, mas: (2) Tenta desculpar este erro, porque fugiu da face, do desprazer, da sua senhora. Observe que os filhos e servos devem ser tratados com brandura e gentileza, para que não os levemos a tomar algum caminho ilícito, tornando-nos, desta maneira, cúmplices dos seus pecados, o que nos condenará, embora não os justifique.
4. Como o anjo a enviou de volta, com um conselho adequado e misericordioso: Torna-te para tua senhora e humilha-te debaixo de suas mãos, v. 9. Vá para casa, e humilhe-se por aquilo que você fez de errado, e peça perdão, e decida-se, para o futuro, a comportar-se melhor. Ele não deixa dúvidas de que ela seria bem vinda, embora não pareça que Abrão a tivesse procurado. Observe que aqueles que deixaram o seu lugar e o seu dever, quando são convencidos do seu erro, devem apressar a sua volta e correção, por mais mortificante que isto possa ser. A Promessa a respeito de Ismael
Gênesis 16. 10-14
Podemos supor que depois que o anjo deu a Agar este bom conselho (v. 9), de voltar à sua senhora, ela imediatamente prometeu fazê-lo, e colocou-se no caminho de casa. E então o anjo prosseguiu incentivando-a, com uma garantia daquilo que o DEUS misericordioso tinha reservado para ela e para a sua semente: pois DEUS encontrará com misericórdia aqueles que estiverem retornando ao seu dever. Dizia eu: Confessarei, e Tu perdoaste, Salmos 32.5. Aqui temos:
I
Uma predição a respeito dos seus descendentes, que lhe é dada para consolá-la na sua aflição atual. A sua condição é percebida: Eis que concebeste. E por isto a sua presença não é adequada neste lugar. Observe que é um grande consolo para as mulheres grávidas pensarem que estão sob o conhecimento e cuidado particular da Providência divina. DEUS graciosamente leva em consideração o seu caso, e lhe proporciona a ajuda necessária. Bem: 1. O anjo lhe garante que terá um parto seguro, e que será um menino, que era o que Abrão desejava. Esta fuga poderia ter destruído a esperança dela de um descendente. Mas DEUS não lidou com ela segundo a sua tolice. Terás um filho. Ela foi salva na gravidez, não somente pela providência, mas pela promessa. 2. Ele dá o nome ao filho dela, o que era uma honra, tanto para ela quanto para ele: chamarás o seu nome Ismael – DEUS ouve. E a razão para isto é que o Senhor ouviu a sua aflição. Ele ouviu, e, portanto, também ouvirá em outros momentos de necessidade. Observe que a experiência que temos da bondade oportuna de DEUS para nós, na nossa aflição, deve nos incentivar a esperar um auxílio semelhante em situações similares, Salmos 10.17. Ele ouviu a tua aflição, v. 11. Observe que mesmo onde há pouco clamor e devoção, o DEUS piedoso às vezes ouve graciosamente o clamor dos aflitos. As lágrimas falam tão bem quanto as orações. Isto traz consolo aos aflitos, o fato de que DEUS não somente vê quais são as suas aflições, mas ouve o que eles dizem. Observe, além disto, que os auxílios oportunos, em um dia de aflição, devem ser sempre lembrados com gratidão a DEUS. Em tal ocasião, em tal dificuldade, o Senhor ouviu a voz da minha aflição, e me ajudou. Veja Deuteronômio 26.7; Salmos 31.22. 3. Ele promete a ela uma descendência numerosa (v. 10): Multiplicarei sobremaneira a tua semente – multiplicarei, do hebraico – isto é, multiplicarei em todas as gerações, de modo a perpetuá-la. Supõe-se que os turcos da atualidade descendam de Ismael. E eles são, de fato, um povo bastante numeroso. Isto foi uma continuação da promessa feita a Abrão: farei a tua semente como o pó da terra, Gn 13.16. Observe que muitos que são filhos de pais fiéis ao Senhor têm, por causa destes, uma grande cota de bênçãos externas comuns, embora, como Ismael, não sejam levados a um concerto: muitos são multiplicados sem ser santificados. 4. Ele indica uma característica do filho que ela iria ter, que, ainda que possa nos parecer desagradável, talvez não fosse desagradável a ela (v. 12): Ele será um homem bravo. Um homem como um jumento selvagem (este é o significado da palavra), rude, e valente, e não temente aos homens – indomável, intratável, sem limites, e impaciente com o serviço e as restrições. Observe que os filhos da escrava, que estão fora do concerto com DEUS, são, quando nascem, como o jumentinho selvagem; é a graça que reivindica os homens, educa-os e torna-os prudentes e bons para alguma coisa. Está predito: (1) Que ele viverá lutando, e em estado de guerra: A sua mão será contra todos – este é o seu pecado. E a mão de todos será contra ele – esta é a sua punição. Observe que aqueles que têm espíritos turbulentos normalmente têm vidas problemáticas. Aqueles que são provocadores, irritantes e ofensivos a outros, devem esperar ser recompensados com a mesma moeda. Aquele que tem a sua mão e a sua língua contra todos os homens terá a mão e a língua de todos os homens contra si, e não terá razão de se queixar disto. E, ainda assim: (2) Que ele viverá em segurança, e manterá os seus contra todo o mundo: habitará diante da face de todos os seus irmãos. Embora seja ameaçado e insultado por todos os seus vizinhos, ainda assim ele conservará o seu terreno, e por causa de Abrão, mais do que por sua própria causa, será capaz de viver bem com eles. De maneira similar, lemos (Gênesis. 25.18) que ele morreu, como viveu, na presença de todos os seus irmãos. Observe que muitos que são bastante expostos pela sua própria imprudência ainda assim são estranhamente preservados pela divina Providência, pois DEUS é muito melhor para eles do que merecem, quando não somente perdem a vida pelo pecado, mas a arriscam por causa deste.
II
A reflexão piedosa de Agar sobre esta graciosa aparição de DEUS a ela, vv. 13,14. Observe, nas suas palavras:
1. A sua respeitosa adoração à onisciência e providência de DEUS, aplicando-as a si mesma: ela invocou o nome do Senhor que com ela falava, isto é, desta maneira ela fez uma confissão do seu glorioso nome. Isto ela disse em seu louvor: Tu és o DEUS que me vê. Este seria, na vida dela, o nome do DEUS maravilhoso para sempre. E este seria o seu memorial, pelo qual ela o conheceria e dele se lembraria enquanto vivesse: o DEUS que me vê. Observe: (1) O DEUS com quem nos relacionamos é o DEUS que vê, e o DEUS que vê tudo. Os antigos o expressam da seguinte forma: “DEUS é só olhos”. (2) Nós devemos reconhecer isto e aplicá-lo a nós mesmos. Aquele que tudo vê, me vê (Sl 139.1), Senhor, Tu me sondaste e me conheces. (3) Uma consideração a DEUS repleta de fé, como ao DEUS que nos vê, será muito útil para nós quando nos dirigirmos a Ele. Há uma palavra bastante adequada para um penitente: [1] “Tu vês o meu pecado e a minha tolice”. Eu pequei perante ti, diz o filho pródigo. Diante dos teus olhos, diz Davi. [2] “Tu vês a minha tristeza e aflição”. A isto Agar se refere, especialmente. Mesmo quando somos levados à aflição pela nossa própria tolice, DEUS não nos abandona. [3] “Tu vês a sinceridade e a seriedade do meu retorno e do meu arrependimento. Tu vês os meus lamentos secretos pelo pecado, e os meus movimentos secretos em direção à tua presença”. [4] “Tu me vês, se eu, em qualquer instante, me afastar de ti”, Salmos 44.20,21. Este pensamento deve sempre nos afastar do pecado, e nos entusiasmar em relação ao dever. Tu, ó DEUS, me vês.
2. A humilde admiração de Agar pelo favor que DEUS lhe concedeu: “Não olhei eu também para aquele que me vê?” Aqui eu vi pelas costas aquele que me vê – assim pode ser interpretado, pois a palavra é muito parecida com a de Êxodo 33.23. Ela não o viu face a face, mas como por espelho, 1 Coríntios 13.12. Agar provavelmente não soube quem estava falando com ela, até que Ele estivesse partindo (como em Jz 6.21,22; 13.21), e então o procurou, com uma reflexão semelhante à dos dois discípulos, Lucas 24.31,32. Ou: Não vi aqui aquele que me vê? Observe: (1) A comunhão que as almas santas têm com DEUS consiste em que o contemplem com fé, como um DEUS que as contempla com favor. Este relacionamento é mantido através do olhar. (2) O privilégio da nossa comunhão com DEUS deve ser considerado como algo prodigioso e digno de admiração: [1] Ao considerarmos quem somos, e que, mesmo assim, fomos aceitos para este favor. “Eu? Eu que sou tão mesquinho, eu que sou tão vil”?, 2 Samuel 7.18. [2] Ao considerarmos o lugar em que somos assim favorecidos – aqui também? Não somente na tenda de Abrão, e no seu altar, mas também aqui, neste deserto? Aqui, onde eu não esperava por isto, onde eu estava fora do caminho do meu dever? Senhor, como pode ser?, João 14.22. Alguns entendem a resposta a esta pergunta como uma negativa, interpretando-a, deste modo, como uma reflexão penitente: “Não olhei eu também para DEUS – mesmo na minha aflição e no meu sofrimento? Não, mas eu fui, como sempre, descuidada e despreocupada em relação a Ele. Porém ainda assim Ele me visitou e demonstrou tamanha consideração para com a minha pessoa”, pois DEUS freqüentemente nos antecipa os seus favores, e é achado por aqueles que não o buscavam, Isaías 65.1.
III
O nome que assim foi dado a este lugar: Beer-Laai-Roi (versão RA), O poço daquele que vive e me vê (versão NTLH), v 14. É provável que Agar tenha dado este nome ao lugar. E ele foi conservado por muito tempo, in perpetuam rei memoriam – como um memorial perpétuo deste evento. Este foi um lugar onde o DEUS da glória manifestou o seu conhecimento especial, e cuidou de uma pobre mulher em aflição. Observe: 1. Aquele que vê tudo e todos, sempre esteve vivo, e viverá para sempre. Ele vive e nos vê. 2. Aqueles que são graciosamente aceitos à comunhão com DEUS, e recebem consolos oportunos dele, devem contar aos outros o que Ele fez pelas suas almas, para que os outros também possam ser incentivados a buscá-lo e a confiar nele. 3. Devemos nos lembrar eternamente das graciosas manifestações de DEUS a nós. Jamais devemos esquecê-las. O Nascimento de Ismael
Gênesis 16. 15,16
Aqui se supõe, embora não esteja expressamente registrado, que Agar fez o que o anjo lhe ordenou, retornando à sua senhora e submetendo-se: e então, na plenitude do tempo, ela deu à luz o seu filho. Observe que aqueles que obedecem os preceitos divinos terão os consolos das promessas divinas. Este era o filho da escrava, que nasceu segundo a carne (Gl 4.23), representando os judeus incrédulos, Gálatas 4.25. Observe: 1. Há muitos que, apesar de chamarem Abraão de pai, são nascidos segundo a carne, Mateus 3.9. 2. A semente carnal, na igreja, nasce antes da espiritual. É mais fácil persuadir os homens a assumir uma aparência de santidade, do que persuadi-los a se sujeitar ao poder da santidade. ))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) LIÇÃO NA ÍNTEGRA Lição 1, Quando A Família Age Por Conta Própria TEXTO ÁUREO
“[...] Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque; e com ele estabelecerei o meu concerto [...].” (Gn 17.19) VERDADE PRÁTICA
Quando o ser humano se precipita a respeito dos planos de DEUS, as consequências dessa ação são inevitáveis. LEITURA DIÁRIA
Segunda – Gn 12.4 A promessa de uma grande descendência
Terça – Gn 15.2 A dúvida do patriarca Abrão
Quarta – Gn 15.4 A promessa de um herdeiro
Quinta – Gn 16.2-6 A precipitação do casal
Sexta – 1 Rs 8.56 DEUS cumpre a sua promessa
Sábado – 1 Tm 3.5,6 Mentores espirituais da própria casa
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Gênesis 12.1-3; 16.1-5
Gênesis 12
1 – Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. 2 – E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome, e tu serás uma benção. 3 – E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.
Gênesis 16
1- Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe gerava filhos, e ele tinha uma serva egípcia, cujo nome era Agar. 2 – E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de gerar; entra, pois, à minha serva; porventura, terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai. 3 – Assim, tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar, egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara na terra de Canaã. 4 – E ele entrou a Agar, e ela concebeu; e, vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos. 5 – Então, disse Sarai a Abrão: Meu agravo seja sobre ti. Minha serva pus eu e, teu regaço; vendo ela, agora, que concebeu, sou menosprezada aos seus olhos. O Senhor julgue entre mim e ti.
HINOS SUGERIDOS: 58, 84, 458 da Harpa Cristã
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
Ao longo deste trimestre, estudaremos assuntos relacionados à família. Nesta oportunidade, especificamente, ponderamos que, diferentemente de outros trimestres, os assuntos referem-se aos problemas do cotidiano familiar. Veremos o que a Palavra de DEUS tem a nos ensinar quanto a problemas de comunicação conjugal, ciúmes, rebeldia, porfias, mentira, mágoas e educação de filhos, dentre outros assuntos.
Nesta lição, em especial, focaremos nas atitudes precipitadas de Sarai e Abrão, ao decidirem não esperar o cumprimento da promessa de DEUS e agirem por conta própria, “ajudando-O” no cumprimento da promessa. Veremos as consequências de quando deixamos de ouvir a voz de do Senhor para “ouvir” a voz de um coração enganoso.
PALAVRA-CHAVE - Família
I – DEUS FAZ PROMESSAS A ABRÃO
1. O encontro de DEUS com Abrão. Abrão vinha de uma jornada de conquistas e vitórias pessoais desde que saiu de Ur dos Caldeus e, depois, de Harã (Gn 11.31; 12.1-4). Entretanto, o casal Abrão e Sarai não tinha filhos. No capítulo 12 de Gênesis, o patriarca tinha 75 anos de idade quando DEUS lhe prometeu uma grande descendência (Gn 12.4). No capítulo 15, o Senhor lhe faz uma promessa específica de um herdeiro. E, finalmente, quando Isaque, o filho da promessa, nasceu, o patriarca tinha 100 anos (Gn 21.5). Assim, podemos dizer que Abraão esperou por 25 anos pelo cumprimento da promessa divina.
2. A dúvida diante da espera. Após a promessa de uma descendência (Gn 12), veio uma preocupação a Abrão: “Senhor Jeová, que me hás de dar? Pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliézer” (Gn 15.2). Esse questionamento revela que sua fé estava em crise. Abrão não conseguia ver a realização do sonho do casal, uma vez que Sarai era estéril. Não é diferente conosco também. Às vezes somos bloqueados por dúvidas que nos impedem de, pela fé, enxergar a operação do sobrenatural.
3. DEUS garante a Abrão o cumprimento da promessa. Como vimos, Gênesis 15.4 traz a promessa de um filho. No versículo 7, o Senhor diz: “Eu sou o Senhor” (Gn 15.7). De modo que Ele desfez a preocupação do patriarca, especificando uma promessa: “Este não será o teu herdeiro [Ismael]; mas aquele que de ti será gerado, esse será o teu herdeiro [Isaque]” (Gn 15.4). Aqui, DEUS está afirmando a Abrão que suas promessas têm base no próprio caráter, pois Ele não é homem para mentir, nem filho do homem para se arrepender; “porventura, diria ele e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria?” (Nm 23.19). DEUS cumpre fielmente a sua Palavra (Sl 89.34). Infelizmente, porém, Abrão vacilaria na fé e não transmitiria a Sarai confiança na promessa (Gn 16.2,3).
II – INTERFERÊNCIA NO PLANO DE DEUS
1. A tentativa de Sarai em “ajudar” a DEUS. Pelo processo natural, Sarai não podia gerar filhos por causa de sua esterilidade e, naquele contexto, ela estava ainda com a idade avançada. Por isso, Sarai persuadiu Abrão de que a melhor forma de ele ter um herdeiro seria tomar a serva egípcia Agar e com ela conceber um filho (Gn 16.2). Naquele tempo era permitido fazer isso para que um homem tivesse um herdeiro. Essa tentativa de “ajudar a DEUS” no cumprimento da promessa de um filho foi uma atitude precipitada de Abrão. Na vida conjugal, é importante que o casal crente consulte a DEUS em tudo. Nesse sentido, Abrão deveria convencer sua mulher a esperar em DEUS, pois Ele cumpre a sua Palavra (1 Rs 8.56).
2. Os dois vacilam na fé. No capítulo 15, Abrão é um homem de fé. Porém, no capítulo 16, a situação muda completamente porque ele preferiu ouvir a voz de sua mulher, conforme Gênesis 16.2: “E ouviu Abrão a voz de Sarai”. A verdade é que, diante da reclamação de sua esposa, Abrão aquietou-se e preferiu aceitar o argumento dela e não acreditar no milagre de ambos gerarem um filho conforme a promessa. Os dois deixaram a lógica da fé e se apegaram à lógica meramente humana. Devemos cuidar para não interferir nos desígnios de DEUS, pois isso pode significar o desvio da vontade divina. Não podemos, por causa de uma decisão precipitada, querer intervir no plano original divino.
3. O problema da precipitação. Sarai abandonou e desprezou a confiança em DEUS, preferindo resolver o problema ao seu modo, além de induzir seu marido à mesma atitude equivocada e incrédula. Ao afastar-se da dependência de DEUS, o casal não conseguiu evitar as consequências desastrosas para sua vida (Gn 16.5-9). Agar engravidou e teve o filho que Abraão sonhava ter, mas provocou o conflito familiar histórico entre Abrão e Sarai, entre Sarai e Agar e, posteriormente, entre os filhos de ambas, Ismael e Isaque. Muitos conflitos são gerados nos lares por causa de atitudes precipitadas da parte dos cônjuges. A consequência dessa precipitação de Abrão permanece até hoje, com as sementes de Ismael e Isaque, ou seja, judeus e árabes.
III – AS CONSEQUÊNCIAS DE UMA DECISÃO PRECIPITADA
1. O conflito na família de Abrão. A precipitação do casal acabou criando o conflito entre Abrão e Sarai, provocado pela nova situação a que se submeteu Agar. Discórdia e desarmonia suscitaram uma situação insustentável dentro desse lar. Agar, sentindo-se privilegiada dentro da casa de Abrão, visto que ele estava dando atenções especiais para com ela por causa do seu filho em seu ventre, provocou ciúmes em Sarai. Esta, então, começou a hostilizar sua serva (Gn 16.4-6). Essa situação ficou bem difícil dentro da casa do patriarca.
2. A fraqueza de Abrão. Depois de toda a experiência com DEUS e de ouvir as suas promessas divinas para a vida pessoal e familiar, Abrão optou pela fraqueza e carnalidade. Não teve firmeza para persuadir Sarai, diante do conselho de ter esse filho com Agar, a confiar em DEUS e em suas promessas (Gn 16.6). Essa história nos ensina que não podemos apenas olhar para as soluções humanas. Há momentos em nossa vida que só a mão de DEUS pode operar. Tenhamos sensibilidade espiritual para discernir o que está sob nossa responsabilidade e o que só depende única e exclusivamente de DEUS (cf. Êx 14.15-18).
3. Uma opinião equivocada acerca de DEUS. Quando Sarai diz a Abrão que “o Senhor me tem impedido de gerar” parecia estar afirmando que DEUS havia falhado com ela para gerar filhos (Gn 16.2). Ela afastou-se do lugar de absoluta dependência de DEUS e preferiu decidir por si mesma, usando Agar como meio para o cumprimento da divina promessa. Seu coração carnal fez com que ela desprezasse a fé. Nesse sentido, a fraqueza de Abrão não foi tanto a de não agir sabiamente com Sarai quanto a convencê-la a acreditar no milagre de DEUS em sua vida. Sua esposa precisava de uma experiência com DEUS capaz de dar-lhe o conhecimento suficiente para entender que seu marido tinha razão no que dizia. Portanto, é preciso atentar para uma preciosa lição: os homens de DEUS têm um papel de mentores espirituais em suas casas e, por isso, não podem deixar de governá-la com sabedoria (cf. 1 Tm 3.5,6).
CONCLUSÃO
Esta lição nos ensina a respeito das promessas de DEUS para a vida do crente. Entretanto, ela alerta para o perigo de nos precipitarmos com interferências no cumprimento dessas promessas. Vimos que esse tipo de atitude trouxe consequências graves para a família de Abrão. Que DEUS nos livre de tentarmos interferir em seus planos, pois sabemos que sua vontade é boa, agradável e perfeita (Rm 12.2).
SUBSÍDIOS DA LIÇÃO 1 - 2º TRIMESTRE DE 2023 PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
A família é uma instituição divina, a célula-mater da sociedade. Infelizmente temos vivido períodos tenebrosos em que a família vem sendo atacada, por vezes de forma velada e muitas outras, de forma direta. Além dos ataques externos, o cristão deve cuidar para que os conflitos internos como discórdia e desarmonia não interfiram na unidade familiar.
O pastor Elienai Cabral, escritor, conferencista e consultor doutrinário e teológico da CPAD, é o comentarista deste trimestre. Ele nos ajudará, através de sua experiência pastoral, a compreender os relacionamentos familiares e a lidar com as dificuldades pelas quais as famílias cristãs têm passado.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Identificar que as promessas divinas para Abrão passavam também por sua família; II) Reconhecer que não podemos tentar “interferir” nos planos de DEUS; III) Entender que uma decisão precipitada pode gerar conflitos desnecessários na família.
B) Motivação: Todos sabemos que existem consequências para as ações que praticamos. O que fazemos pode desencadear uma série de acontecimentos que talvez perdurem até muito tempo após a nossa morte. Infelizmente, quando tomamos uma decisão, a maioria de nós pensa somente nas consequências imediatas. Provavelmente seus alunos não sabem os efeitos em longo prazo da maioria das decisões que tomam. Mas, o fato de que haverá consequências no futuro não deveria fazê-los pensar com cuidado e buscar a direção de DEUS nas escolhas de hoje?
C) Sugestão de Método: Para introduzir a primeira lição, reproduza na lousa, ou no data show, algumas características dos dois personagens da lição, Abraão e Sara. Você pode fazer isso por meio do auxílio da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, páginas 31 e 33. Apresente os pontos fortes e êxitos, fraquezas e erros, lições de vida desses personagens e informações essenciais.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Esta primeira lição nos convida a refletir a respeito da nossa responsabilidade diante da nossa família. Somos os responsáveis diretos por conduzi-la dentro da vontade do Senhor.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 93, p.36, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “A esposa substituta”, localizado depois do segundo tópico, sinaliza o costume daquele povo em que o patriarca tinha filhos com a serva de sua esposa, sendo o artifício usado por Sarai para “ajudar” a DEUS; 2) O texto “Consequências da união de Abrão com Agar”, ao final do terceiro tópico, traz uma ampliação das consequências do que a atitude de Sarai trouxe para a família. SINÓPSE I - DEUS fez a promessa de uma grande descendência a Abrão. A espera acabou gerando dúvida, mas o Senhor garante aquilo que promete.
SINÓPSE II - A precipitação de Sarai gerou consequências na família que reverberam até aos dias atuais entre duas nações.
SINÓPSE III - Uma decisão precipitada gera consequências que vão desde conflitos na família a equívocos acerca de DEUS.
AUXÍLIO TEOLÓGICO TOP2
A ESPOSA SUBSTITUTA
“O tempo passou e Sarai continuava sem filhos. DEUS não prometeu que o filho sairia dela [Agar] (15.4) e o problema de uma promessa não cumprida permanecia. Na opinião de Sarai, a resposta era o costume da pátria de onde vieram. Este costume dizia que a esposa sem filhos tem de oferecer ao marido uma criada para servir no lugar dela. A descendência seria considerada sua. Sarai tinha uma serva egípcia chamada Agar, que ela ofereceu a Abrão. Abrão aceitou a oferta e pouco tempo depois Agar teve um filho.
Emoções profundas e intensas no coração de cada participante estavam emaranhadas com o problema de interpretar uma promessa divina por meio de providências legais. Agar ficou arrogante com sua senhora, e Sarai ficou amarga e abusiva. Indo ao marido, ela o acusou de privá-la dos direitos básicos de esposa e exigiu que tomasse uma atitude. [...] Era contrário ao costume da pátria de onde vieram as esposas servas mostrarem desrespeito à esposa principal. Abrão recusou punir Agar, mas permitiu que Sarai agisse como quisesse” (Comentário Bíblico Beacon: Gênesis a Deuteronômio. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.63.).
AMPLIANDO O CONHECIMENTO TOP2
“O Senhor me tem impedido de gerar
Entre o povo da Mesopotâmia, o costume, quando a esposa era estéril, era deixar que a sua serva tivesse filho com o esposo. Esses filhos eram considerados filhos legítimos daquela esposa. (1) Apesar de existir então esse costume, a tentativa de Abrão e Sarai de terem um filho através da união de Abrão com Agar não teve a aprovação de DEUS (2.24). (2) O NT fala do filho de Agar como sendo o produto do esforço humano – [...] (Gl 4.29).” Amplie mais o seu conhecimento, lendo Bíblia de Estudo Pentecostal, editada pela CPAD, p.55.
AUXÍLIO TEOLÓGICO TOP3
Consequências da união de Abrão com Agar
“Aqui temos as más consequências imediatas do infeliz casamento de Abrão com Agar. Um grande mal se produz rapidamente. Quando nós não agimos bem, o pecado e os problemas estão à porta. E podemos agradecer a nós mesmos pela culpa e pela tristeza que nos acompanham quando saímos do caminho do nosso dever. Veja isto nesta história.
I- Sarai é desprezada, e, desta maneira, sente-se provocada e se irrita, v.4. Tão logo, Agar percebe estar grávida de um filho do seu senhor, passa a considerar a sua senhora com desprezo, talvez criticando-a pela sua esterilidade, insultando-a, para irritá-la (como em 1 Sm 1.6). Ela estava se gabando das perspectivas que tinha de trazer um herdeiro a Abrão, para aquela boa terra, e para o cumprimento da promessa. Agora ela se julga uma mulher melhor do que Sarai, mais favorecida pelo Céu, e com probabilidade de ser mais amada por Abrão. E por isso já não é mais submissa como costumava ser. Observe: 1. Os espíritos [pessoas] inferiores e servis, quando favorecidos e promovidos, seja por DEUS ou pelo homem, podem se tornar arrogantes e insolentes, e esquecer seu lugar e origem. Veja Provérbios 29.21; 30.21-23. É difícil atribuir a honra àqueles que realmente devem ser honrados. 2. Nós sofremos, com razão, por causa daqueles a quem agradamos de maneira pecaminosa. E é justo que DEUS converta em instrumentos de nossa aflição aqueles aos quais tornamos instrumentos do nosso pecado, e que nos aprisione nos nossos próprios maus conselhos: o que revolve a pedra, esta sobre ele rolará” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Gênesis a Deuteronômio. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp.94,95).
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Quanto tempo Abraão esperou pelo cumprimento da promessa divina? Abraão esperou por 25 anos pelo cumprimento da promessa divina.
2. No capítulo 15 de Gênesis, Abrão é um homem de fé; por que no capítulo 16 a situação muda completamente? A situação muda completamente porque ele preferiu ouvir a voz de sua mulher.
3. Por que Sarai persuadiu a Abrão de que a melhor forma de ele ter um herdeiro seria tomar a serva egípcia, Agar, por mulher? Porque Sarai não podia gerar filhos por causa de sua esterilidade e, naquele contexto, ela estava com idade avançada.
4. Quais elementos suscitados que deixaram a casa de Abrão em uma situação insustentável? Discórdia e desarmonia.
5. Para qual lição preciosa precisamos atentar? Os homens de DEUS têm um papel de mentores espirituais em suas casas e, por isso, não podemos deixar de governá-la com sabedoria (cf. 1 Tm 3.5,6).