20 novembro 2025

Escrita Lição 8, Central Gospel, O Fato do Pecado, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV

Escrita Lição 8, Central Gospel, O Fato do Pecado, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV

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4º Trimestre de 2025, A Revista Jovens e Adultos de Estudo Bíblico nº 7, Comentarista Pr. Gilmar Vieira Chaves, O Homem, o Pecado e a Salvação

 Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2025/11/escrita-licao-8-central-gospel-o-fato.html

Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2025/11/slides-licao-8-central-gospel-o-fato-do.html

PowerPoint https://pt.slideshare.net/slideshow/slides-licao-8-central-gospel-o-fato-do-pecado-4tr25-pptx/284214444


ESBOÇO DA LIÇÃO

1. O TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS SOBRE A REALIDADE DO PECADO 

1.1. Facetas do pecado na linguagem bíblica 

1.2. O pecado é uma condição, não apenas um ato 

2. IDEOLOGIAS HUMANAS QUE NEGAM A REALIDADE DO PECADO 

2.1. O ateísmo: negar a DEUS é negar o fato do pecado 

2.2. O hedonismo: prazer como finalidade última 

2.3. O relativismo: cada um define sua própria verdade 

2.4. O determinismo: negar o livre-arbítrio é negar a responsabilidade 

3. O PECADO É EVIDENTE NA EXPERIÊNCIA HUMANA 

3.1. O conflito interior 

3.2. A realidade histórica e social 

3.3. A necessidade da Graça 

 

TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Rm 3.9-12; Sl 14.1-3; 1 Jo 1.8-10 

Romanos 3.9- Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado, 10- como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. 11- Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a DEUS. 12- Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. 

Salmo 14.1 - Disseram os néscios no seu coração: Não há DEUS. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem.

2-  O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a DEUS. 3- Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um. 

1 João 1.8- Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. 9- Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. 10- Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. 

 

TEXTO ÁUREO Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de DEUS. 

Romanos 3.23 

 

SUBSIDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO 

2a feira - Romanos 7.7-20 O pecado age na interioridade

3a feira - Gênesis 6.1-5 O pecado contaminou toda a humanidade

4a feira - João 3.19-21 Quem ama a luz, rejeita as sombras do pecado 

5a feira - Isaías 53.1-5 O pecado feriu, mas CRISTO levou-o sobre si 

6a feira - Tito 2.11-15 A salvação está ao alcance de todos 

Sábado - João 3.16-18; 2 Coríntios 5.19 DEUS oferece reconciliação e vida 

 

OBJETIVOS - Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de: 

- identificar os diversos termos e imagens usados na Escritura para definir o pecado; 

- rejeitar concepções modernas que negam ou minimizam o fato do pecado; 

- compreender o pecado como uma realidade fática, não como uma ideia simbólica ou cultural. 

 

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS 

Caro professor, esta lição retoma e aprofunda o tema apresentado na lição anterior, agora com foco na verdade incontornável do pecado como parte da condição humana. Este é o ponto de inflexão para o entendimento da necessidade da Graça. Reforce com seus alunos que o pecado não é uma invenção religiosa ou um construto social ultrapassado. Ele é um dado espiritual, moral e existencial que se revela no texto sagrado e na experiência concreta da humanidade ao longo da História. Conduza a reflexão com clareza, sensibilidade e firmeza dou- trinária, lançando as bases para as lições seguintes, que tratarão de suas consequências e manifestações coletivas. Excelente aula! 

 

OBSERVAÇÃO 1

A realidade do pecado não é apenas doutrina - é ferida aberta, visível na História, nas relações e na consciência humana. O texto sagrado não o romantiza nem o banaliza: nomeia-o com clareza e compaixão, desvelando sua gravidade e apontando para a única cura possível - a Graça que se derrama sobre o caído. 

 

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SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO – LIVROS E REVISTAS E GOOGLE

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1. O TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS SOBRE A REALIDADE DO PECADO 

As Escrituras Sagradas oferecem um testemunho claro e inequívoco da realidade universal do pecado, descrevendo-o não apenas como atos isolados, mas como uma natureza intrínseca e uma condição humana universal que separa a humanidade de DEUS. 

Pontos Chave do Testemunho Bíblico:

·        Origem no Éden: A narrativa de Gênesis 3, com a desobediência de Adão e Eva, estabelece a entrada do pecado no mundo, resultando na corrupção e na mortalidade para toda a humanidade, uma doutrina conhecida como Pecado Original (Romanos 5:12).

·        Definição e Natureza: O pecado é definido como qualquer ação, pensamento ou comportamento que contrarie a vontade de DEUS, sendo essencialmente uma rebeldia (1 João 3:4) e uma transgressão da lei divina, é errar o alvo.

·        Universalidade: A Bíblia afirma repetidamente que "todos pecaram e destituídos estão da glória de DEUS" (Romanos 3:23). Não há exceção (exceto JESUS CRISTO, que era sem pecado), o que sublinha a realidade de que a natureza pecaminosa afeta a todos.

·        Consequências: As Escrituras demonstram que o pecado traz consequências devastadoras, incluindo a separação de DEUS, a decadência moral (Caim matando Abel) e física, sofrimento e, em última instância, a morte (Romanos 6:23). Três mortes – espírito (idolatria), alma (desconhecimento) e corpo (5 sentidos).

·        Evidência na Experiência Humana: A realidade do pecado é confirmada pela experiência humana diária: a inclinação para o mal, os conflitos, a culpa e a vergonha que permeiam a sociedade.

·        Necessidade de Redenção: O testemunho do pecado nas Escrituras serve para apontar a necessidade de um Salvador. A gravidade do pecado destaca a profundidade da graça de DEUS oferecida através de JESUS CRISTO, que veio para perdoar e redimir a humanidade de sua condição pecaminosa (Romanos 5:20). 

Em suma, a Bíblia não minimiza o pecado, mas o expõe como uma realidade profunda e universal que só pode ser plenamente compreendida e superada à luz da revelação divina e da salvação oferecida em CRISTO. 

 

1.1. Facetas do pecado na linguagem bíblica 

Na linguagem bíblica, o pecado pode ser visto como a transgressão da lei de DEUS, um ato de rebelião ou fraqueza que se manifesta de diversas formas, como em Gálatas 5: ¹⁹ Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, ²⁰ Idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, ciúmes, iras, pelejas, dissensões, heresias, ²¹ Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais de antemão vos declaro, como também já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de DEUS.

Gálatas 5:19-21

Facetas do pecado

·        Transgressão da lei: Pecado é entendido como uma violação da lei divina, um afastamento da vontade de DEUS. A passagem 1 João 3:4 afirma que "todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei".

·        Rebelião, imaturidade ou fraqueza: A Bíblia também descreve o pecado como um ato de rebelião, desobediência ou fraqueza espiritual, que rompe a relação com DEUS.

·        Os pecados adultério, fornicação, impureza, lascívia, ²⁰ Idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, ciúmes, iras, pelejas, dissensões, heresias, ²¹ Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias; embora não seja uma lista exaustiva de pecados na Bíblia, descreve os vícios que podem ser raízes de outros erros e afastam os indivíduos dos ensinamentos cristãos. Observações:

o   Soberba: Orgulho excessivo, sentimento de superioridade.

o   Avareza: Apego exagerado a bens materiais e dinheiro.

o   Luxúria: Desejo sexual descontrolado e exagerado.

o   Ira: Raiva desmedida, intolerância e busca por vingança.

o   Gula: Consumo excessivo de comida e bebida.

o   Inveja: Ressentimento pelo sucesso alheio ou desejo de possuir o que o outro tem.

o   Preguiça: Falta de disposição para cumprir tarefas ou responsabilidades.

·        Pecado de omissão: A Bíblia também aponta o pecado de saber fazer o bem e não o fazer, como mencionado em Tiago 4:17.

·        Pecado imperdoável: Refere-se a um estado de rebelião contínua contra DEUS, a blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO, que não tem perdão porque a pessoa se recusa a mudar de atitude, atribui a Satanás as obras do ESPÍRITO SANTO. 

 

1.2. O pecado é uma condição, não apenas um ato 

Em muitas tradições teológicas, a afirmação de que "o pecado é uma condição, não apenas um ato" é central e bem fundamentada. Embora o pecado se manifeste através de atos específicos, ele é visto fundamentalmente como um estado ou uma condição inerente à natureza humana decaída. 

Pecado como Ato (Pecados Atuais) 

O pecado como ato refere-se a transgressões individuais e deliberadas da lei ou vontade de DEUS. Estes são os pecados que cometemos conscientemente no dia a dia (mentir, roubar, cobiçar etc.). A maioria das pessoas reconhece o pecado nesta forma, como ações erradas pelas quais somos responsáveis. 

Pecado como Condição (Pecado Original/Natureza Pecaminosa) 

A perspectiva de que o pecado é uma condição vai mais fundo:

·        Corrupção da Natureza: Devido ao "pecado original" de Adão e Eva, a natureza humana foi corrompida, resultando em uma inclinação inata para o mal e uma aversão a DEUS e ao bem. Não pecamos apenas por escolha; pecamos porque somos, por natureza, pecadores (salvo, na teologia cristã, por JESUS CRISTO).

·        Separação de DEUS: Essa condição inata cria uma separação fundamental entre a humanidade e a santidade de DEUS, afetando todas as faculdades do ser humano (mente, emoções, vontade).

·        Fonte dos Atos Pecaminosos: Os atos pecaminosos são vistos como sintomas ou expressões dessa condição interior subjacente. A pessoa peca porque sua natureza está inclinada a isso. 

Portanto, a visão teológica predominante sustenta que o pecado é uma realidade dupla: é uma condição (um estado de ser, a natureza pecaminosa) que inevitavelmente leva a atos pecaminosos (transgressões da lei de DEUS). 

 

2. IDEOLOGIAS HUMANAS QUE NEGAM A REALIDADE DO PECADO 

Diversas ideologias e correntes filosóficas negam ou redefinem a realidade do pecado, afastando-se da concepção teológica tradicional (especialmente a cristã) de uma falha moral universal ou original. Algumas das principais incluem: 

·        Pelagianismo: Esta é uma antiga heresia teológica que nega especificamente a realidade do pecado original. O pelagianismo sustenta que os seres humanos nascem moralmente neutros e são capazes de escolher o bem ou o mal por sua própria vontade, sem a necessidade da graça divina para evitar o pecado.

·        Secularismo e Humanismo Secular: Essas visões de mundo tendem a substituir o conceito de pecado por noções de falhas éticas, erros de julgamento ou comportamentos prejudiciais socialmente. A ênfase recai na responsabilidade humana e na racionalidade para resolver problemas morais, em vez de uma condição espiritual inata.

·        Ateísmo: Por definição, o ateísmo é a ausência de crença em divindades ou seres sobrenaturais. Consequentemente, rejeita a autoridade divina e as leis religiosas que definem o "pecado" como uma ofensa a DEUS. As ações humanas são julgadas com base na ética secular, na moralidade social ou no bem-estar coletivo.

·        Algumas religiões reencarnacionistas e Novos Movimentos Espirituais: Certas crenças alternativas reformulam o conceito de pecado, tratando-o mais como um "erro" ou uma lição a ser aprendida no ciclo de reencarnação, ou como uma falta de consciência espiritual, em vez de uma mancha permanente na alma.

·        Teorias Progressistas/Liberais em Contextos Religiosos: Algumas correntes teológicas mais liberais ou "cristãs progressistas" minimizam ou reinterpretam a doutrina do pecado original, focando mais na graça, na justiça social e na possibilidade de o ser humano superar suas falhas. 

Em geral, essas ideologias veem o ser humano como fundamentalmente bom, neutro ou capaz de aperfeiçoamento moral sem a necessidade de um salvador externo ou expiação por uma falha herdada. 

 

2.1. O ateísmo: negar a DEUS é negar o fato do pecado 

Para o ateísmo, a ideia de "pecado" tal como definida pelas religiões, que o veem como uma ofensa a uma divindade, perde o sentido. Ateus negam a existência de DEUS, e, consequentemente, não acreditam no conceito de pecado original ou em transgressões contra um ser superior

·        Ausência de DEUS, Ausência de Pecado: O conceito de pecado está intrinsecamente ligado à existência de um deus ou deuses que estabelecem regras morais ou mandamentos. Sem a crença em uma entidade divina, a noção de "pecado" como uma falha espiritual ou ofensa a essa entidade é negada.

·        Foco na Moralidade Secular: Isso não significa uma ausência de moralidade. Ateus geralmente baseiam seus sistemas éticos e morais em outras fontes, como a razão, a empatia, o humanismo, o consequencialismo ou o contrato social. Ações são julgadas com base no seu impacto no bem-estar humano e social, e não em preceitos divinos.

·        Conceito de Erro Humano: O que as religiões chamam de "pecado", os ateus podem ver como falhas éticas, comportamentos prejudiciais, erros de julgamento ou ações que causam danos a si mesmos ou a outros indivíduos.

·        Responsabilidade e Consequências: A responsabilidade pelas ações permanece, mas as consequências são vistas em termos de relações humanas, legais e psicológicas, em vez de um julgamento divino ou condenação eterna. 

Em resumo, a negação de DEUS pelo ateísmo leva logicamente à rejeição do conceito de pecado como uma realidade objetiva e transcendente, substituindo-o por uma estrutura moral baseada em valores humanos e seculares. 

 

2.2. O hedonismo: prazer como finalidade última 

O hedonismo é uma doutrina filosófica e ética que considera o prazer como a finalidade última e o bem supremo da vida. Essa busca por prazer e a evitação da dor e do sofrimento são vistas como o caminho para a felicidade, orientando as ações e escolhas de um indivíduo. A palavra "hedonismo" vem do grego "hedoné", que significa "prazer". 

Ideias centrais do hedonismo

·        Prazer como bem supremo: O prazer, seja ele sensorial, intelectual ou emocional, é o bem mais importante e o objetivo final da existência.

·        Evitação da dor: A dor é vista como um mal a ser evitado, pois causa sofrimento e impede a felicidade.

·        Felicidade como prazer: A felicidade está diretamente ligada ao prazer, sendo que quanto mais prazer se experimenta, mais feliz se é. 

Variações e desdobramentos

·        Hedonismo estético: Acredita que algo é belo se causar prazer estético.

·        Hedonismo egoísta: O indivíduo busca apenas o seu próprio prazer e bem-estar, como descrito no hedonismo motivacional, que afirma que todos os atos são motivados pela busca de prazer e aversão à dor.

·        Hedonismo universalista (utilitarismo): Propõe que o objetivo da moralidade é buscar a maior felicidade para o maior número de pessoas. Essa perspectiva, defendida por filósofos como Jeremy Bentham e John Stuart Mill, expande a busca pelo bem para a sociedade em geral, e não apenas para o indivíduo. 

 

2.3. O relativismo: cada um define sua própria verdade 

A frase "cada um define sua própria verdade" é uma expressão comum que reflete a ideia central do relativismo, uma corrente filosófica que sustenta que a verdade não é absoluta nem universal, mas sim relativa ao indivíduo, cultura, contexto histórico ou social. 

O Conceito de Relativismo

·        Verdade Relativa vs. Verdade Absoluta: O relativismo opõe-se ao absolutismo e ao universalismo, que defendem a existência de verdades objetivas e permanentes, independentes de perspectivas individuais. Para o relativista, o que é verdadeiro para uma pessoa pode não ser para outra, e ambos os pontos de vista podem ser considerados válidos dentro de seus respectivos enquadramentos.

·        Origens Filosóficas: Os sofistas na Grécia Antiga, como Protágoras (cuja frase "o homem é a medida de todas as coisas" é um marco do pensamento relativista), já defendiam a noção de que não havia verdades absolutas, e que a cultura, a religião e as leis eram construções humanas. 

Tipos de Relativismo

O relativismo pode ser aplicado a diferentes domínios: 

·        Relativismo Epistemológico (do Conhecimento): Sustenta que o conhecimento e a justificação das crenças dependem de condições como a época, cultura ou sociedade. A ciência e o conhecimento não seriam baseados em fatos independentes de perspectiva, mas seriam influenciados pelo contexto do pesquisador e da comunidade científica.

·        Relativismo Moral ou Ético: Afirma que os julgamentos sobre o certo e o errado, o bem e o mal, são relativos a um ponto de vista específico, como o de uma cultura ou período histórico, e que nenhum desses pontos de vista é universalmente superior a outro.

·        Relativismo Cultural: É a tese que apenas registra que diferentes pessoas e culturas possuem crenças e opiniões diferentes (tese da diversidade). Em antropologia, existe também o relativismo metodológico, que sugere que culturas devem ser compreendidas em seus próprios termos, sem julgamentos externos. 

Críticas e Debates

A ideia de que "cada um define sua própria verdade" é frequentemente criticada por:

·        Contradição Performática: Críticos argumentam que a própria afirmação do relativismo ("toda verdade é relativa") pretende ser uma verdade absoluta, o que geraria uma contradição lógica.

·        Subjetividade Extrema: Levar o relativismo individual ao extremo pode minar a possibilidade de diálogo, consenso e padrões comuns de justiça ou moralidade, tornando difícil a vida em sociedade ou o julgamento de práticas prejudiciais.

·        Minimização da Razão: Alguns argumentam que o relativismo diminui a força da razão e a capacidade humana de buscar e conhecer uma realidade objetiva. 

Em resumo, a frase expressa uma faceta do relativismo, uma posição filosófica complexa que desafia a noção de uma verdade única e acessível a todos da mesma maneira.

 

2.4. O determinismo: negar o livre-arbítrio é negar a responsabilidade 

A relação entre determinismo, livre-arbítrio e responsabilidade moral é um dos debates centrais da filosofia, com diferentes correntes de pensamento: 

·        Incompatibilismo (Determinismo radical): Esta posição sustenta que o determinismo é incompatível com o livre-arbítrio e a responsabilidade moral. Para os defensores desta visão, se todas as ações humanas são o resultado inevitável de causas anteriores (como leis da natureza, genética, ou ambiente social), então a escolha livre é uma ilusão. Consequentemente, não faria sentido atribuir culpa ou merecimento moral, pois ninguém poderia ter agido de forma diferente do que agiu.

·        Compatibilismo (Determinismo brando): Esta posição argumenta que o determinismo e o livre-arbítrio (e, portanto, a responsabilidade moral) podem coexistir. Os compatibilistas redefinem o "livre-arbítrio" não como a capacidade de escolher independentemente de causas anteriores, mas como a capacidade de agir sem coerção externa, de acordo com os próprios desejos e caráter (que, por sua vez, são determinados). Nesse sentido, as pessoas ainda seriam consideradas responsáveis por suas ações, pois responderiam a incentivos (como recompensas e punições), que seriam formas de moldar o comportamento socialmente maleável.

·        Libertismo: Esta posição (oposta ao determinismo) defende que os seres humanos possuem, de facto, livre-arbítrio genuíno e que as nossas ações não são totalmente determinadas por causas anteriores. O libertismo sustenta que a responsabilidade moral exige este tipo de liberdade de escolha, o que, portanto, refuta o determinismo. 

Em resumo, a afirmação de que "negar o livre-arbítrio é negar a responsabilidade" é central para os incompatibilistas, mas é refutada pelos compatibilistas, que encontram uma maneira de conciliar a determinação causal com a atribuição de responsabilidade moral. 

 

O pecado e o Crente

O significado e a gravidade do pecado são mais bem compreendidos pelo do que por qualquer outra pessoa. Ao longo de toda a narrativa bíblica, o crente é advertido contra o “pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1), e a caminhar para o alvo maior, que é a semelhança da estatura e perfeição de CRISTO. Por isso, ao ouvido de cada crente, hoje, deve continuar soando a solene advertência de CRISTO: “... vai e não peques mais” (Jo 8.11).

a) É Possível o Crente Pecar?

Para muitos cristãos, a descoberta de que após aceitar a JESUS ainda estavam sujeitos ao pecado, foi tão espantoso quanto ao próprio fato de agora saberem que foram feitos novas criaturas em CRISTO. De que é possível o crente pecar, é assunto pacífico em toda a Escritura. Só no NT há capítulos inteiros, como por exemplo, Romanos 7 e 8, que mostram o conflito interior do crente entre a sua natureza divina que nele habita, mostrando a possibilidade de o crente vir a cometer pecado. Sobre esse assunto, escreveu o apóstolo João: “Se dissermos que não temos PECADO, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos PECADOS, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.8,9). Já mostramos que a palavra PECADO, no singular, citada no versículo 8, é uma referência à natureza caída do homem, de onde provêm os PECADOS, no plural (versículo 9). É evidente que o cristão possui dupla natureza: a natureza caída, ainda sujeita ao pecado, e a natureza divina. Esta última foi implantada no crente mediante a sua ligação com JESUS CRISTO, “a videira verdadeira” (Jo 15.1). Enquanto a primeira natureza estiver subjugada o crente estará sendo levado a viver de vitória em vitória.

b) Possíveis Causas de Pecados na Vida do Crente

Dentre as muitas causas pelas quais o crente poderá ser levado à pratica do pecado, destacamos as três principais, dadas a seguir:

- A natureza pecaminosa (Rm 8.21-15).

- O sistema mundial que está sob domínio de satanás (1 Jo 2.15-17).

- Falta de oração, jejum e de cuidadoso estudo das Escrituras (Ef 6.10-15).

O crente que relaxa o hábito da oração, jejum e da leitura e estudo das Escrituras, está incorrendo em sérios riscos espirituais, podendo se tornar presa fácil dos laços do adversário.

c) Consequências do Pecado na Vida do Crente

Dentre as muitas consequências do pecado na vida do crente, vale destacar:

- A perda da comunhão com DEUS (1 Jo 5.6; Sl 51.11).

- Oportunidade de os inimigos blasfemarem do nome de DEUS (2 Sm 12.14).

- Perda do galardão (1 Co 4.5; 3.13-15).

- Possível morte (At 5.1-11; 1 Co 11.30).

- Mau exemplo (1 Co 8.9,10).

- Destruição da fé e conseqüente morte espiritual (Rm 6.16; 1 Jo 5.16,17).

d) Como o Crente Deve tratar Com o Pecado

Quando ao trato que o crente deve dar ao pecado, a Bíblia recomenda que o crente deve:

- Reconhecê-lo (Sl 51.3)

- Evitá-lo (1 Tm 5.22)

- detestá-lo (Jd v.23)

- Resiste a ele com confiança em DEUS (Tg 4.7,8).

- Confessá-lo (1 Jo 1.9).

- Abandoná-lo (Pv 28.13).

O apóstolo João escreveu dizendo: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, JESUS CRISTO, o Justo” (1Jo 2.1).

 


1 João 1.8 SE DISSERMOS QUE NÃO TEMOS PECADO. João emprega o substantivo "pecado" em vez da forma verbal "pecamos", para enfatizar o pecado como um princípio imanente na natureza humana. (1) João está provavelmente argumentando contra os que afirmam que o pecado não existe como um princípio ou poder na natureza humana, ou contra os que afirmam que as más ações que eles cometem não são realmente pecado. Essa heresia continua ainda hoje entre os que negam a realidade do pecado e que interpretam a iniquidade em termos de causas deterministas, psicológicas ou sociais (ver Rm 6.1; 7.9-11). (2) Os crentes devem conscientizar-se de que a carne, ou a natureza humana pecaminosa, é uma ameaça constante na sua vida, e que devem sempre estar mortificando as suas más obras por meio do ESPÍRITO SANTO que neles habita (Rm 8.13; Gl 5.16-25 (refs2)).

1.9 CONFISSÃO DE PECADO. Devemos reconhecer os nossos pecados e buscar em DEUS o perdão e a purificação deles. Os dois resultados disso são (1) o perdão divino e a reconciliação com DEUS, e (2) a purificação (i.e., remoção) da culpa e a destruição do poder do pecado, a fim de vivermos uma vida de santidade (Sl 32.1-5; Pv 28.13; Jr 31.34; Lc 15.18; Rm 6.2-14 (refs5)).

1.10 NÃO PECAMOS. Quem afirma que não peca, também não precisa da eficácia salvífica da morte vicária de CRISTO, e está fazendo DEUS de mentiroso (cf. Rm 3.23).

 

PECAR -  dicionário Strong Português -  חטא chata’
1) pecar, falhar, perder o rumo, errar, incorrer em culpa, perder o direito, purificar da impureza
1a) (Qal)
1a1) errar
1a2) pecar, errar o alvo ou o caminho do correto e do dever
1a3) incorrer em culpa, sofrer penalidade pelo pecado, perder o direito
1b) (Piel)
1b1) sofrer a perda
1b2) fazer uma oferta pelo pecado
1b3) purificar do pecado
1b4) purificar da impureza
1c) (Hifil)
1c1) errar a marca
1c2) induzir ao pecado, fazer pecar
1c3) trazer à culpa ou condenação ou punição
1d) (Hitpael)
1d1) errar, perder-se, afastar do caminho

 

 

3. O PECADO É EVIDENTE NA EXPERIÊNCIA HUMANA 

Sim, a realidade do "pecado" ou, em termos mais amplos, da transgressão moral e da falha humana, é considerada universal e evidente na experiência humana, embora sua compreensão e definição variem entre diferentes culturas, filosofias e religiões. 

Perspectivas sobre a Evidência do Pecado

·        Universalidade da Transgressão: Observa-se em todas as sociedades e épocas a existência de comportamentos que desviam das normas éticas ou morais estabelecidas, resultando em conflitos, sofrimento e injustiça. Ninguém vive de acordo com seus próprios padrões ideais o tempo todo, e todos admitimos falhas.

·        Conceito Religioso (Cristianismo): Na teologia cristã, o pecado é definido como uma desobediência ou transgressão voluntária à lei de DEUS, uma falta contra a razão e a consciência. A doutrina do pecado original sustenta que todos os seres humanos nascem com uma natureza inclinada ao erro (natureza pecaminosa), o que é confirmado pela evidência incontestável da corrupção e da morte na experiência humana (Rm 5.12, 6.23).

·        Perspectiva Filosófica/Secular: Fora do contexto religioso, a "falibilidade humana" ou a tendência para o mal, o egoísmo e a tomada de decisões prejudiciais é reconhecida. Conceitos como o "mal moral" descrevem ações que causam danos intencionais a si mesmo ou aos outros.

·        Impacto na Realidade: As consequências do que é definido como pecado são visíveis na sociedade: violência, corrupção, mentiras, injustiça e sofrimento generalizado. Isso afeta a natureza do homem, desviando-o do que seria seu propósito ideal e ferindo a solidariedade humana. 

Em suma, a existência de ações e tendências humanas que resultam em danos — a si mesmos e aos outros — é um fato inegável da experiência humana, o que leva muitas tradições a identificar essa realidade como "pecado". 

 

3.1. O conflito interior 

O conflito interior do pecador é um tema central na teologia e também explorado pela psicologia, descrevendo um embate profundo entre a consciência moral/espiritual e a tendência humana para cometer falhas, transgressões ou desobedecer a preceitos religiosos

Na Perspectiva Teológica

·        Natureza Humana Decaída: A teologia cristã frequentemente descreve a humanidade como possuindo uma natureza pecaminosa, herdada desde a desobediência original (Adão e Eva), o que resulta em uma inclinação inata para o pecado.

·        Luta Entre Duas Naturezas: Para o cristão, o conflito interno é experienciado como a batalha entre a "antiga natureza" (inclinada ao pecado) e a "nova natureza" (recebida após a conversão, que busca a obediência a DEUS, guiada pelo ESPÍRITO SANTO).

·        Consciência de Culpa e Afastamento de DEUS: O pecado gera consequências como o sentimento de culpa e uma sensação de afastamento de DEUS, o que intensifica o conflito interior. A busca por perdão e reconciliação é vista como a solução para esse estado.

·        O Exemplo de Paulo: As escrituras, notavelmente a Carta aos Romanos do apóstolo Paulo, descrevem essa luta de forma vívida: "Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço" (Romanos 7:15-25), uma passagem frequentemente analisada como o conflito universal do ser humano. 

Na Perspectiva Psicológica

·        Conflito Cognitivo e Culpa: A psicologia vê o conflito interno como um embate entre desejos, crenças ou valores que coexistem na mente de uma pessoa. No contexto do "pecador", isso se manifesta como culpa excessiva ou remorso por ações (reais ou imaginárias) que violam seus próprios padrões morais ou os impostos por sua cultura/religião.

·        Formação da Consciência Moral: A formação da consciência, muitas vezes influenciada por preceitos religiosos, desempenha um papel crucial. O conflito surge quando há uma discrepância entre o comportamento real e a expectativa moral internalizada, gerando sofrimento psíquico.

·        Mecanismos de Defesa e Saúde Mental: A forma como o indivíduo lida com esse conflito (evitação, confissão, racionalização) afeta sua saúde mental. Sentimentos de culpa não resolvidos podem levar ao adoecimento emocional, enquanto a resolução, muitas vezes buscada através da confissão ou terapia, pode trazer paz superficial.

·        Interação entre Fé e Psicologia: A psicologia reconhece a religiosidade como uma dimensão subjetiva importante da vida humana e não vê oposição em abordar esses conflitos, auxiliando o indivíduo a encontrar bem-estar e a integrar sua fé com sua saúde mental. 

 

3.2. A realidade histórica e social 

A realidade do pecado possui dimensões históricas e sociais profundas, que vão além de uma mera transgressão individual da lei religiosa. O conceito de pecado é, em grande parte, uma construção social e histórica, variando em interpretação e ênfase ao longo do tempo e entre diferentes culturas. 

Perspectiva Histórica

·        Origens Religiosas: Historicamente, o conceito de pecado está enraizado em narrativas religiosas. No Cristianismo, a doutrina do pecado original (a desobediência de Adão e Eva) estabeleceu a ideia de uma natureza humana inerentemente falha. O termo em si, do grego hamartáno e do hebraico hhatá, significa "errar o alvo" ou o objetivo determinado por DEUS.

·        Modificações ao Longo do Tempo: O que é considerado pecado sofreu modificações. Por exemplo, a acídia (um estado de apatia ou torpor espiritual) foi redefinida ao longo da história da Igreja até chegar à forma moderna de preguiça, que, por sua vez, foi quase "extinta" como vício na sociedade capitalista, onde o trabalho excessivo passou a ser valorizado.

·        Relativização na Modernidade: No mundo atual, há uma tendência à relativização do sentido do pecado. A visão moderna, influenciada por uma perspectiva mais subjetiva e pessoal, muitas vezes questiona se o pecado é uma violação de regras ou uma questão de foro íntimo, tornando seus limites menos definidos. 

Perspectiva Social

·        Impacto nas Relações Sociais: O pecado tem consequências diretas nas relações sociais, manifestando-se em opressão e injustiça. A teologia latino-americana, por exemplo, entende o pecado não apenas como uma falha individual, mas também como estruturas de opressão e miséria que afetam grandes massas pobres.

·        Pecado Social: A noção de pecado social refere-se a sistemas e estruturas que contrariam o bem-estar social e a justiça. Exemplos modernos incluem o racismo, as desigualdades socioeconômicas e as injustiças sistêmicas, que são vistas como a manifestação coletiva do pecado nas relações entre indivíduos e a comunidade.

·        Moralidade e Injustiça: Os pecados são responsáveis pelas injustiças sociais" (como "riqueza sem trabalho", "política sem idealismo", "comércio sem moral") ilustram como a ética social e a moralidade se entrelaçam com a compreensão do pecado no contexto da vida em sociedade. 

Em suma, a realidade do pecado é um conceito multifacetado, moldado por crenças religiosasevoluções históricas e estruturas sociais que definem o que é considerado um desvio moral e quais as suas consequências no âmbito individual e coletivo. 

 

3.3. A necessidade da Graça 

A graça é necessária para o pecador porque, sem ela, o ser humano é incapaz de viver uma vida moralmente reta e de obter a salvação. A graça de DEUS é o dom que liberta o pecador do poder do pecado, o justifica diante de DEUS e o fortalece para uma nova vida de fé, justiça e amor ao próximo. 

A condição humana e o pecado

·        Incapacidade moral: Segundo a Escritura, o homem é inerentemente pecador e tem uma fraqueza que o impede de observar um comportamento moralmente reto por suas próprias forças.

·        Separação de DEUS: Antes da graça, a condição do homem é estar "morto nos delitos e pecados" e separado de DEUS. 

O que a graça faz pelo pecador

·        Salvação: A graça de DEUS oferece a salvação e a vida eterna, sem que o pecador a mereça.

·        Justificação: Através da fé em CRISTO, a graça justifica o pecador, ou seja, DEUS o considera sem culpa.

·        Libertação do pecado: A graça não é uma licença para pecar, mas o poder que liberta o pecador do domínio do pecado e o ajuda a vencer o mal.

·        Acesso a DEUS: A graça permite que o pecador se aproxime de DEUS com confiança, não estando mais separado por seus pecados.

·        Fortalecimento e vida nova: A graça fortalece o cristão para viver uma vida de fé, amor e justiça, agindo com caridade e servindo ao próximo. 

 

A CAPACIDADE DA GRAÇA

Graça é favor imerecido. Seu exercício consiste em dar o que, sem uma violação da justiça, poderia ser retido. A capacidade de obedecer a DEUS, como vimos, é a possessão de poder adequado para o   desempenho do que é exigido. Se, pois, os ter­mos são usados no sentido formal, por uma capacidade da graça tem de se querer dizer que o poder que no momento os homens possuem para obedecer os mandamentos de DEUS é um dom da graça com relação ao mandamento. Ou seja, a dotação de poder adequado para o desempenho da coisa exigida é questão da graça ao invés da justiça.

 

A GRAÇA É JESUS E SUA OBRA SALVÍFICA

Porque a graça de DEUS (A GRAÇA É JESUS E SUA OBRA SALVÍFICA) se manifestou, trazendo salvação a todos.  Tito 2:11  NAA

Porque pela graça (GRAÇA É JESUS E SUA OBRA SALVÍFICA ) vocês são salvos, mediante a fé (MEIO PARA SE CHEGAR A GRAÇA); e isto )GRAÇA É JESUS E SUA OBRA SALVÍFICA) não vem de vocês, é dom de DEUS;  Efésios 2:8 NAA

 

 

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Capítulo 6

Hamartiologia — a Doutrina do Pecado - CPAD

Elienai Cabral

Um dos mais profundos problemas da teologia e da filosofia é a existência e a ação do mal. Ao longo da História, o mal tem sido motivo de estudo, pesquisa e discussão, de modo especulativo, mas também de maneira séria. Haja vista o poder do mal impor-se de modo natural na experiência humana, a preocupação com a sua origem desafia a inteligência e aguça o interesse em descobri-lo na sua essência.

Neste campo da realidade universal do mal entra a História da raça humana através da primeira criatura: o homem. Este, por seu livre-arbítrio, cai na rede de engano do agente do mal, o Diabo, e pratica o pecado de rebelião contra o Criador.

O que é pecado? Como se manifesta? Como entrou no mundo? Essas per­guntas têm deixado muitos pensadores perplexos. Neste capítulo, trataremos da abordagem teológica e também filosófica acerca do pecado e o que corretamente ensina a Bíblia sobre o assunto.

 

Introdução à Hamartiologia

A questão do mal é tratada na Bíblia a partir do relato do livro de Gênesis sobre a Queda do homem. O relato histórico descreve o princípio da tentação ao homem e seu pecado, trazendo maldição para a sua vida pessoal e a toda a humanidade. As questões levantadas ao longo da História sobre a Queda serão aclaradas neste capítulo.

Na teologia cristã, a doutrina do pecado ocupa grande espaço porque o cristianismo é a religião da redenção da raça humana. De todas as doutrinas bíblicas, três delas são de vasta amplitude porque tratam de DEUS, do pecado e da redenção. Existe uma inter-relação entre essas três doutrinas. É impossível tratar do pecado sem mencionar a redenção do pecador e, naturalmente, a sua relação com a sua fonte: DEUS.

O termo “hamartiologia” deriva de dois vocábulos da língua grega, a língua do Novo Testamento: hamartia e logos, os quais significam “estudo acerca do pecado”. O termo é aplicável ao pecado, seja este considerado um ato, seja considerado um estado ou uma condição. O sentido do termo é que o pecado é um desvio do fim (ou propósito) estabelecido por DEUS para determinado fato ou conduta humana.

 

O QUE É PECADO

A palavra “pecado” é sinônima de muitas outras usadas na Bíblia, as quais indicam conceitos bíblicos distintos sobre o pecado. São vários os termos que amplificam o conceito de pecado nas suas várias manifestações.

No Antigo Testamento. Encontramos no Antigo Testamento pelo menos oito pa­lavras básicas que conceituam o pecado; no Novo Testamento, temos, pelo menos, doze outras que descrevem as várias formas de manifestações negativas relacionadas com o termo “pecado”. No étimo das palavras mencionadas no Antigo Testamento descobrimos a abrangência do pecado em suas manifestações.

1- Hattat. Este vocábulo, que aparece 522 vezes nas páginas veterotestamentárias, e seu termo correlato no Novo Testamento — hamartia — sugerem a idéia de “errar o alvo” ou “desviar-se do rumo”, como o arqueiro antigo que atirava as suas flechas e errava o alvo. Porém, o termo também sugere alguém que erra o alvo propositadamente; ou seja, que atinge outro alvo intencionalmente.

Não se trata de uma idéia passiva de erro, mas implica uma ação proposital. Significa que cada ser humano tem da parte de DEUS um alvo definido diante de si para alcançá-lo. O termo em apreço denota tanto a disposição de pecar como o ato resultante dela. Em síntese, o homem não foi criado para o pecado; se pecou, foi por seu livre-arbítrio, sua livre escolha (Lv 16.21; Sm 1.1; 51.4; 103.10; Is 1. 18; Dn 9.16; Os 12.8).

2- Pesha. O sentido tradicional dessa palavra é “transgredir”, “rebelar”, "revoltar-se”. Porém, uma variante forte para defini-la implica o ato de invadir, de ir além, de rebelar-se. O termo aponta para alguém que foi além dos limites esta­belecidos (Gn 31. 36; I Rs 12.19; 2 Rs 3.5; Sm 51.13; 89.32; Is 1.2; Am 4.4).

3- Raa. Outra palavra hebraica que tem seu equivalente no grego — como kakos ou poneros — e traz a idéia básica de romper, quebrar; “aquilo que causa dano, dor ou tristeza”. E um tipo de pecado deliberado, malicioso, planejado, que provoca e enfurece. Dá a idéia de “ser mau” (Gn 8.21; Ex 33.4; Jr 11.11; Mq 2.1-3). Indica também algo injurioso e moralmente errado. São os pecados expressos por violência (Gn 3.5; 38.7; Jz 11.27).

O profeta Isaías profetizou que DEUS criou a luz e as trevas, a paz e o raa Is 4.57. E o mal em forma de calamidade, ruína, miséria, aflição, infortúnio. DEUS não tem culpa do mal existente, porque, na verdade, a responsabilidade pelos pecados cometidos recai, à luz da Bíblia, sobre a criatura rebelde, transgressora e incriminada, e não sobre o Criador.

4- Rama quer dizer “enganar”; dá a idéia de prender numa armadilha, num laço. Implica, portanto, um tipo de pecado em forma de cilada para outrem cair. E uma forma de enganar e agir traiçoeiramente (SI 32.2; 34.13; 55.11; Jó 13.7; Is 53.9).

5- Pata. E um termo que dá a idéia de seduzir. O sentido literal da palavra é “ser aberto” ou “abrir espaço” para o pecado ter livre curso. No Éden, Adão e Eva se deixaram seduzir pelo engano do pecado e pelo pai do pecado (Satanás), personificado numa serpente (Gn 3.4-7).

6- Shagag. O sentido aqui é “errar” ou “extraviar-se”, como uma ovelha ou um bêbado (Is 28.7). E um tipo de erro pelo qual o transgressor torna-se responsável, ante a lei divina que condena o seu erro — pecado (Lv 4.2; Nm 15.22).

7- Rasha. Esta palavra aparece especialmente nos Salmos, com a idéia de impiedade ou perversidade. O sentido metafórico é o pecado em oposição à justiça (Êx 2.13; SI 9; SI 16; Pv 15.9; Ez 18.23).

8- Ta a. Este vocábulo se refere ao ato de extravio deliberado. Não se trata de algo acidental, e sim algo que uma pessoa comete sem perceber o fruto negativo gerado pelos seus atos pecaminosos (Nm 15.22; Sl 58.3; 119.21; Is 53.6; Ez 44.10,15).

Existem outras variantes do termo que ensinam sobre o pecado no Antigo Testamento, mas nos detivemos apenas em oito deles que ilustram a diversidade e a perversidade do pecado em suas várias manifestações.

No Novo Testamento. No grego, a palavra “pecado” também tem vários sen­tidos, e alguns são correlatos com os termos hebraicos. Todos esses vocábulos do grego bíblico descrevem o pecado em seus vários aspectos. Apresentaremos uma lista menos extensa, mas igualmente proveitosa para definir o incisivas das palavras mais incisivas e usadas com mais frequência no Novo Testamento acerca do pecado.

1- Hamartia. Já citada em correlação com kattaa (hb.), seu sentido é “errar o alvo”, “perder o rumo”, “fracassar”. Indica que o primeiro homem, no prin­cípio, perdeu o rumo de sua vida e fracassou em não atingir o padrão divino estabelecido para a sua vida. No Novo Testamento, os escritores usaram o termo bamartia para designar o pecado.

Ainda que o sentido equivalente no Antigo Testamento seja o de “errar o alvo”, nas páginas neotestamentárias a palavra em apreço tem uma abrangência bem maior — possui um sentido mais forte que a idéia de fracasso ou transgres­são. Ela tem o sentido de “poder de engano do pecado” (Rm 5.12; Hb 3.13); é mais que um fracasso. Trata-se de uma condição responsável ou uma característica que implica culpabilidade.

2- Kakia. No grego, relaciona-se com perversidade ou depravação, como algo oposto à virtude. E um termo que descreve o caráter e a disposição interiores, e não apenas os atos exteriores. Dele deriva-se outra palavra, kakos, cujo sentido transcende a mal-estar físico ou doenças (Mc 1.32; Mt 21.41; 24.48; At 9.13; Rm 12.17; 13,3,4,10; 16.19; I Tm 6.10).

3- Adíkía. Denota injustiça, falta de integridade; como alguém que aban­dona o caminho original. Em sentido amplo, esse termo refere-se a qualquer conduta errada e significa, ainda, “agravo”, “ofensa feita a alguém” (2 Co 12.13; Hb 8.12; Rm 1.18; 9.14). O texto de Romanos 1.18 descreve a injustiça como inimizade para com a verdade. Em I João 5.17, o apóstolo João afirma que toda iniquidade (gr. adikia) é pecado (gr. hamartia).

4- Anomia ou anomos. Denotam ilegalidade; tais palavras são traduzidas frequentemente como “iniquidade” ou “transgressão”. Porém, o sentido literal de literal de anomia é “sem lei”. Quem transgride a lei de DEUS pratica a iniqüidade (Mt 13.41; 24.12; I Tm 1.9). O Anticristo é anomos— “o míquo” (2Ts 2.8).

5- Apistia. Deriva de pistis — “crer”, “confiar” — e significa “infidelidade”, “falta de fé” ou algum tipo de resistência ou vergonha (Hb 3.12; I Tm I.13). Em I Timóteo 1.13 está escrito: “... alcancei misericórdia, porque o fiz ignoran­temente, na incredulidade [gr. apistia]”.

6- Asebeia. Usado por Paulo nas epístolas com o sentido de impiedade (Rm 1.18; 11.26; 2Tm 2.16;Tt 2.12; Jd vv.I5,I8). Portanto, a impiedade ou a irreverência são a base da asebeia.

7- Aselgeia. Denota relaxamento, licenciosidade ou mesmo sensualidade. Em Judas v.4 encontramos dois termos que explicam essas palavras: “... homens ímpios [asebeis] que convertem em dissolução [aselgeian, ‘libertinagem’] a graça de DEUS”. Esse termo descreve, pois, uma entrega sem restrições à prática do pecado. Os especialistas o descrevem como algo maldito que domina uma pessoa e a torna impudica de tal modo que perde totalmente o senso de vergonha e, por isso, faz qualquer coisa degradante sem ocultar seu pecado.

O termo em análise significa, por conseguinte, “a pura e autossatisfação sem o menor pudor”, haja vista o desejo pelos prazeres tornar a sua vítima despudorada, sem restrições. As chamadas taras sexuais, a embriaguez e outras manifestações são típicas de aselgeia. Sem dúvidas, trata-se de uma das palavras mais repulsivas do Novo Testamento (Mt 7.22; 2 Co 12.21; G1 5.19; Ef 4.19; I Pe 4.3; Jd v.4; Rm 13.13; 2 Pe 2.2,7,18). A versão ARC traduz o termo por “libertinagem”, enquanto a ARA prefere “dissolução”.

8- Epitkymía. Significa “desejo”. Porém, é o contexto da palavra encontrada no Novo Testamento que pode indicar o caráter moral do desejo, se é bom ou mau. Coisas, como: motivo, intenção, direção e relação, revelarão o caráter moral de epithymia (Mc 4.19; Lc 22.15; Fp 1.23; I Ts 2.17). De modo geral, o vocábulo quase sempre se identifica com algo negativo e pecaminoso. Daí o significado poderá indicar “desejo incontinente”, normalmente traduzido como “concupiscência”,

“paixão impura” (G1 5.24; Cl 3.5; I Ts 4.5;Tg I.I4; 2 Pe 2.10).

9- Parabasis. Aparece nas páginas neotestamentárias umas oito vezes. O sig­nificado primário do termo é “transgressão”, que dá a idéia de alguém que não respeita as leis, passando dos limites estabelecidos. Emprega-se esse vocábulo com o sentido de “desvio”, “violação” e “transgressão”. No texto de Romanos 5.14, Paulo faz uma relação entre hamartia e parabasis, ao afirmar: “No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão” (grifos do autor).

O apóstolo Paulo não está dizendo que os que pecaram desde Adão até Moisés estão livres de culpa, e sim que aquelas gerações, não tendo a lei de Moisés, seu pecado era tão real quanto ao dos que tinham a lei. Em I Timóteo 2.14 está escrito que Eva caiu em transgressão (parabasis), ao ser enganada, porque ela foi rebelde contra a ordem divina. Não se tratava de reduzir a culpa de Eva, e sim reconhecer que ela podia ter evitado o pecado de desobediência.

10- Paraptoma. Deriva de parapipto e significa “decair ao lado de”, “perder o caminho”, “fracassar”. De modo geral, significa “lapso moral” ou “uma ofensa pela qual a pessoa é responsável”.1 Vários textos exemplificam o termo paraptoma (Mt 6.14; Rm 5.15-20; 2 Co 5.19; G1 6.19; Ef 2.I;Tg 5.16).

11- Planao. Tem um sentido subjetivo de pecado porque se refere àquele que se desgarra culposamente. A palavra “desgarrar” relaciona-se com a ovelha que foge do aprisco (I Pe 2.25); também significa levar, por meio do engano, outras pessoas ao mau caminho (Mt 24.5,6; I Jo 1.8).

Todas essas palavras, segundo o seu étimo, descrevem o caráter geral do pe­cado. Porém, definiremos o pecado, também, em outras perspectivas, para que entendamos toda a sua abrangência na vida humana.

 

O HOMEM ANTES DA QUEDA

A Bíblia é a única fonte segura concernente a criação do homem e seu esta­do original. De forma simples e objetiva o Gênesis declara que, depois de tudo feito — especialmente, o homem —, “viu DEUS que era muito bom” (Gn 1.31). Contudo, a Bíblia não só revela o primeiro estado do homem, como relata a história da perda do seu primeiro estado de santidade, pela Queda, e também a possibilidade de sua restauração (Cl 3.10; Ef 4.24).

Criado à imagem e semelhança de DEUS (Gn 1.26,27). Em que consiste esta imagem de DEUS? Ao longo da História, os teólogos vêm discutindo sobre as diferenças entre “imagem e semelhança”. Porém, a distinção entre as duas características quase se confunde com a diferença entre personalidade (ou pessoalidade) e es­piritualidade. No hebraico, as palavras “imagem” selem) e “semelhança” (demut) exprimem a idéia de algo similar, mas não idêntico à coisa que representa ou de que é uma “imagem”.

Há uma distância infinita entre DEUS e a sua criatura-prima — o homem. Só CRISTO é a imagem expressa da Pessoa de DEUS, como o Filho do Pai, que possui a mesma natureza daquEle. Na verdade, a imagem divina no homem é como a sombra no espelho.

Mathew Henry, em seu Comentário Bíblico, escreveu:

... a imagem de DEUS no homem consiste em três coisas. (Vj Em sua natureza e constituição, não do corpo, pois DEUS não tem corpo, e sim de características da alma e espírito. (2) Em seu lugar e autoridade, pois quando disse: “façamos o homem à nossa imagem... e domine” homem recebeu autoridade sobre as criaturas inferiores (os animais). (3) Em sua pureza e retidão. A imagem de DEUS no homem é revestida de retidão e santidade (Ef 4.24; Cl 3.10).

O homem, como imagem de DEUS, foi dotado de atributo moral, isto é, de justiça original. Porém, essa justiça não era imutável; havia a possibilidade de pe­cado. Ele foi dotado de livre-arbítrio. O homem foi criado com uma natureza santa, voltada naturalmente para DEUS e sua vontade. Essa imagem divina no homem revela a natureza religiosa dele, haja vista ter sido dotado de “espírito”, para manter comunhão com o seu Criador.

A Queda distorceu e avariou a imagem divina no homem. O destaque maior no relato da criação está na palavra “imagem”: “E criou DEUS o homem à sua imagem, à imagem de DEUS o criou” (Gn 1.27). Existem alguns ensinamentos de que o ser humano na Queda perdeu a imagem de DEUS em si. Essa teoria é incoerente, pois a imagem e a semelhança, de fato, se referem aos aspectos moral e espiritual, os quais ainda persistem no ser humano, apesar de desfigurados e transtornados pela Queda e o pecado subsequente.

Quanto à imagem moral, o homem é constituído de intelecto, vontade e sentimento; isto é, as faculdades da alma. Quanto à imagem espiritual, ele possui espírito e alma. Essas imagens não integram a criação animal.

O homem perdeu a santidade original, a pureza de atitudes. Seu caráter foi afetado; tornou-se o ser humano pecaminoso. Seu intelecto foi corrompido pela mentira, pela falsidade e pelo engano. Disse o sábio, em Eclesiastes que DEUS fez o homem reto, mas ele se envolveu em muitas astúcias (7.29).

A imagem de DEUS no homem está, pois, deturpada. Só é possível a sua res­tauração pela obra expiatória de CRISTO. O corpo não é a imagem de DEUS, porque é formado do pó. Porém, o Senhor soprou nele a nephesh — a vida física da alma que possui a imagem e semelhança de DEUS (Gn 2.7). Os impulsos físicos, pois, encontram-se sob o controle do espírito humano, a sua parte superior.

O primeiro homem possuía um corpo e um espírito (e alma) perfeitamente adequados um ao outro. Não havia conflito entre os impulsos pessoais e os es­pirituais. Era um tipo de perfeição física e espiritual, mas não era uma perfeição absoluta, e sim relativa e provisória (Gn 3.22).

 

Teorias filosóficas

Ao longo da História, a preocupação com a existência do mal tem provocado muitas perguntas e respostas. O problema da presença do pecado no Universo é discutido por filósofos, sociólogos, psicólogos e teólogos. Especialmente, no campo da filosofia, há muitas teorias que tentam em vão analisar e definir o que é pecado.

Conceitos antíteístas e anticristãos. Há opiniões extremamente especulativas e ar­bitrárias sobre esse assunto. Por isso, ao trazê-las à tona neste estudo, queremos destacar dois elementos auxiliares para o estudo do pecado. O primeiro trata da natureza metafísica do pecado, e o segundo, de sua natureza moral. Surgem, então, as questões: O que é aquilo que denominamos pecado? Seria uma substância, um princípio ou um ato? Significaria privação, negação ou defeito? Seria alguma coisa relacionada com sentimento?

Essas perguntas se relacionam com a natureza metafísica do pecado. Mas, e as questões sobre a natureza moral do pecado? Como o pecado se relaciona com a lei de DEUS? Que relação tem o pecado com a santidade e com a justiça? Algumas teorias sobre a natureza do pecado são apresentadas ao longo da História, no estudo progressivo das doutrinas cristãs. Algumas dessas teorias são incoerentes com a realidade bíblica do pecado e, por isso, heréticas; mas outras merecem a nossa apreciação.

1- A primeira teoria filosófica e antibíblica que mencionaremos é a que ensina a existência de um eterno princípio do mal. Ela se difundiu e foi introduzida na igreja nos primeiros séculos da Era Cristã. Para alguns, esse princípio original do mal se identificava como um ser pessoal. Trata-se do gnosticismo. Para outros, seguidores do gnosticismo, dos marcionistas e dos maniqueus, tal princípio era uma substância, uma matéria eterna.

Esses dois princípios não encontram respaldo na Palavra de DEUS e, por essa razão, são nulos. Tal teoria vê o pecado como um mal físico que contamina o espírito humano. Por isso, esse mal deve ser vencido por meios físicos. Trata-se de uma teoria que insinua que o pecado é eterno e independente do DEUS Eterno. Sugere que DEUS é limitado por um poder coeterno, que Ele não pode controlar. Ou seja, o mal tem o seu próprio poder, assim como DEUS possui o seu.

A idéia sugerida por essa teoria, de que o mal é um poder independente e sem controle, destrói, por assim dizer, a natureza do pecado como um mal mo­ral, haja vista fazer dele uma substância inseparável da natureza humana. Dessa forma, não admite que o homem possa se livrar do pecado.

Essa teoria compromete, ainda, a responsabilidade humana, uma vez que atribui a sua origem a um mal eterno. Claramente, a Bíblia refuta terminantemente essa teoria, pois o pecado não é eterno; e, quando o homem pecou, fez isso por escolha intencional e voluntária.

2- Outra teoria filosófico-antibíblica é a que apresenta o pecado como um mal necessário. Ela se baseia na lei de que toda a vida implica ação e reação. Argumenta-se que, no Universo material, prevalece a mesma lei pela qual os corpos celestes são conservados em suas órbitas pelo equilíbrio de forças centrífugas e centrípetas. Ensina, ainda, que todas as mudanças químicas são produzidas por atração e repulsão, e que a mesma lei deve prevalecer no mundo moral; e que não pode haver bem sem mal.

Essa teoria ensina, portanto, que, em relação ao homem, a sua vida é equili­brada por forças contrárias e se desenvolve através do antagonismo; ou seja, por princípios opostos, de modo que um mundo moral sem pecado é impossível. A essência dessa teoria é a de que o pecado é a condição necessária para a existência do bem. Defende-se por esse conceito a idéia de que “o pecado é um resultado necessário, e decorrente, da limitação do ser finito do homem”2, “um incidente do desenvolvimento imperfeito, fruto da ignorância e falta de poder; portanto, o pecado não é um mal absoluto, mas relativo”.3

Não obstante, a Palavra de DEUS ensina, refutando essa teoria, que se o bem não pode existir sem o mal, o mal deixa de ser algo condenável e repulsivo diante de DEUS, e a criatura humana deixa de ser responsável pelo pecado entranhado em sua natureza. Entende-se, então, por essa teoria, que a natureza humana seria um engano, e tudo quanto a Bíblia ensina contra o pecado, uma utopia.

3- A terceira teoria falsa ensina que a fonte e a sede do pecado estão na natureza sensorial do homem. Essa teoria separa e distingue o corpo do espírito humano. Por ela entende-se que essa distinção especifica o pecado como algo sensorial. Ensina que, mediante o corpo, o homem está ligado ao mundo físico ou à natureza externa; e, por meio da alma, ao mundo espiritual e a DEUS.

Essa teoria declara que o homem é governado universalmente, sempre em grau pecaminoso, por sua natureza sensorial. Em síntese, o negativo prevalece sobre o positivo, por isso, o homem é vencido pelo pecado. Biblicamente, essa teoria é falsa e equivocada, porque o pecado não é um ato ou estado sensorial no homem. Essa teoria neutraliza a consciência de pecado e de culpa, porque faz do pecado um mera debilidade.

A doutrina bíblica ensina que a pecaminosidade do homem se identifica, metaforicamente, como “carne”, que refere-se à sua natureza corrompida e pecaminosa, adquirida na Queda. A Bíblia desmente a teoria que faz do corpo ou da natureza sensorial do homem a fonte do pecado. Rejeita a idéia de que os pecados mais degradantes cometidos pelo homem nada tenham a ver com o corpo. Pelo contrário, a Bíblia diz que seremos julgados por aquilo que tivermos feito por meio do corpo, bem ou mal (2 Co 5.10).

4- Outra teoria filosófica ao tratar do caráter do pecado declara que a essência do pecado é o egoísmo. A Bíblia declara que o homem foi criado com perfeição e, portanto, seu ego correspondia ao ideal divino do “livre-arbítrio”. Ora, pertencente a natureza original do homem, o egoísmo não pode ser con­fundido com seu instinto de autopreservação e de buscar as coisas que lhe dão prazer e satisfação.

Naturalmente, isto não se constitui um estado pecaminoso. Buscar com reti­dão a felicidade e o prazer na vida não significa, essencialmente, angariá-los em detrimento dos demais seres. O que torna essa busca um modo egoístico negativo de se obter felicidade é a força do pecado entranhada na natureza pecaminosa embutida no homem (Rm 5.12).

O egoísmo integra o estado decaído do homem. Alguns teólogos declaram que “o pecado de Adão teve origem no egoísmo, porque ele quis ser igual a DEUS”.4 Langston entende que o egoísmo é o coração do pecado e é a origem do pecado. O pecado veio de fora e a Bíblia o declara como transgressão da lei de DEUS (I Jo 3.4). Antes da manifestação do pecado na vida do homem havia uma “lei escrita no seu coração” (Rm 2.15).

 

Definições conceituais do pecado

Abordamos definições de termos bíblicos relacionados com o pecado e, também, definições filosóficas. Os estudiosos cristãos do assunto em apreço tentam definir de várias maneiras, partindo do conceito mais expressivo e bíblico de que o pecado existe como um ato, bem como um estado ou con­dição. Alguns nomes respeitados da história do cristianismo, “Idade Média” em diante, conceituam teologicamente o pecado de forma bem clara.

John Wesley, pai do metodismo, definiu o pecado como uma transgres­são voluntária de uma lei conhecida. Um outro famoso teólogo da época ressaltou a natureza dupla do pecado ao declarar que “a idéia primária de­signada pelo termo pecado nas Escrituras é a falta de conformidade com a lei, uma transgressão da lei; o fazer algo proibido, o deixar de fazer aquilo que é requerido”.

Augustus Hopkins Strong, eminente professor de teologia nos Estados Uni­dos, escreveu sobre a doutrina do Pecado em sua Teologia Sistemática de 1886, que “pecado é a falta de conformidade com a lei moral de DEUS quer em ato, disposição ou estado”.3

W.T. Conner, em Doctrína Cristiana, ao falar da natureza do pecado escreveu: “... definimos o pecado como a rebelião contra a vontade de DEUS”; “o pecado, como algo voluntário, implica conhecimento. Se o homem peca voluntariamente, então seu pecado é contra a luz”.6 Paulo esclareceu que todo ser humano tem um certo grau de conhecimento da lei moral de DEUS e, por isso, “não há um justo, nenhum sequer” (Rm 3.10).

Charles Hodge escreveu que “o pecado é falta de conformidade coma lei de DEUS” e “inclui culpa e contaminação; a primeira expressa sua relação com a justiça; a segunda, sua relação com a santidade de DEUS”.7

Outras definições de pecado. E um ato livre e voluntário do ser humano, tendo em vista que ele é um ser moral e, por isso, capaz de perceber o certo e o errado. O homem é um agente moral livre para decidir o que fazer da sua vida, o qual deve seriamente considerar Eclesiastes 11.9.

O pecado é um tipo de mal. Nem todo mal é pecado. Existem males físicos resultantes da entrada do pecado no mundo. Na esfera física temos um tipo de mal manifesto nas doenças e enfermidades. Entretanto, na esfera ética, o mal tem sentido moral. Nesta esfera moral atua o pecado. Os vários termos hebraicos e gregos das línguas originais da Bíblia, quando falam do pecado apontam para o sentido ético, porque falam da prática do pecado, ou seja, dos atos pecaminosos.

O pecado é, de fato, uma ativa oposição a DEUS, uma transgressão das suas leis, que o homem, por escolha própria (livre), resolveu cometer conforme relata

a Bíblia (Gn 3.1-6; Is 48.8; Rm 1.18-32; I Jo 3.4).

Louis Berkhof ensina que o pecado tem caráter absoluto.8 Sem dúvida, seu conceito está correto e é bíblico. Não se faz distinção ou graduação entre o bem e o mal, porque o caráter é qualitativo. Uma pessoa boa não se torna má por uma diminuição de sua bondade, mas quando se deixa envolver com o pecado. É uma questão de qualidade, e não de quantidade.

O pecado não implica um grau menor de bondade, mas algo negativo e absoluto. Biblicamente, não há neutralidade nem meio termo quanto ao bem ou ao mal. O que é mal não é mais ou menos mal. Ou se está do lado justo e certo ou se está do lado injusto e errado (Mt 10.32,33; 12.30; Lc II.23;Tg 2.10).

Não se trata de pecado apenas porque se praticou algum ato pecaminoso. “O pecado não consiste apenas em atos manifestos”.9 O pecado não é somente aquilo que se pratica erradamente, mas é algo entranhado na natureza pecami­nosa adquirida da raça humana. E um estado pecaminoso que origina hábitos pecaminosos os quais se manifestam na vida cotidiana.

Todas as tendências e propensões pecaminosas típicas da natureza corrom­pida de cada um de nós demonstram o estado pecaminoso do ser humano. A esse estado decaído, a Bíblia denomina “carne”, o qual precisa ser superado pela nova vida em CRISTO, a vida regenerada pelo ESPÍRITO (2 Co 5.17; Jo 3.5).

 

A ORIGEM DO PECADO NO UNIVERSO

A primeira manifestação foi na esfera angelical. Os teólogos divergem quanto ao fato de que a primeira manifestação de pecado tenha começado no céu. Sendo DEUS o Criador de todas as coisas, não podemos atribuir a Ele a autoria do pecado. Toda a Bíblia rejeita essa idéia quando diz: “Longe de DEUS a impiedade, e do Todo-poderoso, a perversidade” (Jó 34.10).

Em outra passagem está escrito que não há injustiça nEle (Dt 32.4; SI 92.15). Tiago, no Novo Testamento, disse que o Senhor não pode ser tentado pelo mal (Tg I.13). Por isso, é blasfêmia considerar DEUS como autor do pecado. Ora, duas passagens bíblicas que melhor ilustram a origem do pecado no Céu são metafóricas (Is 14.12-14; Ez 28.12-17); daí a dificuldade na compreensão des­ses textos pelos intérpretes. Do ponto de vista pentecostal esses textos falam do pecado iniciado entre os anjos e pelo principal deles, Lúcifer.

Os dois textos acima mencionados são tidos como relacionados à queda de Lú­cifer e o começo do pecado no Universo. O primeiro (Isaías) refere-se ao rei caído da Babilônia, cujo orgulho tornou-o soberbo; por isso, ele não pôde subsistir, com tirania e orgulho, ante o DEUS Vivo. Diz o texto que esse rei era elevado e importante, mas por seu orgulho foi cortado como uma árvore.

Segundo, a linguagem metafórica, o texto sugere o relato a história da queda de Lúcifer, denominado “estrela da manhã”, o qual, por sua rebelião foi expulso da presença de DEUS. O segundo texto (Ezequiel) apresenta um lamento sobre o rei de Tiro, mas a linguagem figurada ilustra a queda de Satanás.

O registro bíblico da origem do pecado prossegue noutras referências que tratam do assunto. O que fica claro é que o pecado foi originado por Satanás. Ele pecou antes de Adão e Eva quando se apresentou na forma de uma serpente para tentar Eva (Gn 3.1-6; 2 Co 11.3). JESUS declarou que Satanás é homicida “desde o princípio” (Jo 8.44; I Jo 3.8). A expressão “desde o princípio” não quer dizer que este ser angélico foi sempre mau. Seu primeiro estado era de santidade. A expressão “desde o princípio” indica no contexto da história da criação que Ele se fez opositor do DEUS trino desde o início da criação do mundo.

Entretanto, antes da criação do Universo material, os anjos já haviam sido criados. Mesmo considerando as nossas dificuldades para entendermos plena­mente a origem do pecado no céu, sabemos que DEUS conhece todas as coisas e “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1. 11).

O pecado entrou na vida da humanidade através de Adão e Eva (Gn 3.1-19). Como isso aconteceu? A história bíblica descreve como o pecado tomou-se uma realidade na vida da humanidade quando uma criatura extraordinária e espiritual se materializou numa “serpente” (Gn 3.1-7) para enganar as mais belas criaturas da terra, o homem e a mulher. Essa criatura é denominada em outras passagens como “a antiga serpente”, o “Diabo” e “Satanás” (Ap 12.9; 20.2). Foi essa criatura que pecou desde o princípio e se tomou inimiga da criação de DEUS e originou a catástrofe cósmica.

Pela soberana e sábia vontade de DEUS permitiu-se que no Eden, o jardim idílico criado por DEUS para que Adão e Eva vivessem felizes, Satanás penetrasse para tentá-los com astúcia e engano. A história da criação da criatura humana relata que Adão e Eva foram criados “bons” e colocados no Eden para desfrutarem de todas as benesses daquele jardim e manter comunhão com seu Criador (Gn 1.26—2.25). Por serem criaturas, humanas e finitas, estavam sujeitas a pecar.

DEUS, então, estabeleceu para eles uma regra para não comerem de uma árvore denominada “árvore do conhecimento do bem e do mal”, mas Eva se deixou enganar pela insinuação diabólica da serpente e tomou do fruto, comeu e o deu ao seu marido (Gn 3.6). Duvidaram da veracidade da palavra de DEUS e acataram as insinuações do Inimigo. Daí desobediência, egotismo, rebeldia, pecado, queda e suas consequências, que se transmitiram à toda posteridade de Adão.

O pecado de Adão foi um ato pessoal. Já consideramos o fato de que o pecado é um estado da vontade e que esse estado egoísta da vontade é universal. Uma vez que o homem preferiu obedecer ao seu “eu”, pervertendo sua própria vontade, também, tornou-se responsável pelas consequências de sua transgressão.

Ele adquiriu uma natureza corrompida e afetou universalmente toda criatu­ra na terra. Seus atos pecaminosos e suas disposições são frutos de seu estado corrupto inato. JESUS explicou muito bem esse ponto quando disse: “... não há árvore boa que dê mau fruto... o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal” (Lc 6.43-45; Mt 12.34).

Tentação e Queda não são coisas míticas ou alegóricas. Tem havido a tentativa de pseudo-teólogos tornarem o relato escriturístico da tentação e a Queda como algo alegórico. Não há qualquer linguagem figurada em Gênesis 3 que negue o fato histórico relatado naquela passagem. No desenrolar da tentação Satanás apelou aos apetites que poderiam dar a Eva o prazer de fazer sua própria vontade em desobediência do Criador. Satanás apelou aos sentidos egoísticos de Eva e ela deu ouvidos ao tentador em vez de rejeitar e expulsar o tentador que visava levá-la a desobedecer a DEUS (Gn 3.1-3).

Satanás levou o casal a duvidar da veracidade de DEUS insinuando que o Cria­dor estaria tirando deles o direito de conhecer coisas mais sublimes. Adão e Eva, então, pecaram e deixaram que seus corações fossem corrompidos e afetasse seus apetites naturais. Diz o relato bíblico que sua disposição interior manifestou-se em atos. O texto diz, literalmente: “... ela tomou do seu fruto, e comeu, e deu também ao seu marido, e ele comeu com ela” (Gn 3.6).

O homem seguiu a indução do seu coração e fez a escolha do seu “eu” em desacordo com DEUS. Portanto, o pecado surgiu de dentro do homem, do seu interior, e ele transgrediu a lei do Senhor (Tg I.I5).

 

O PECADO ORIGINAL E SUA AFETAÇÃO

Distinção entre pecado original e culpa original. Na língua latina usa-se a expressão peccatum originale, que se traduz literalmente por “pecado original”. Para entendermos o assunto precisamos fazer distinção entre pecado original e culpa original.

1- Por pecado original entendemos que se trata do pecado herdado de nossos primeiros pais, Adão e Eva, o qual passou a toda criatura humana.

2- A culpa não é herdada, e sim imputada a cada criatura. A expressão “pecado original” não se encontra na Bíblia de forma literal, mas a sua manifestação está implícita na história da Queda; por isso, o pecado original está na vida de todo ser humano desde o seu nascimento. Outrossim, precisamos esclarecer que a expressão “pecado original” nada tem que ver com a constituição original do homem, haja vista DEUS não o ter criado pecador.

Toda criatura humana é culpada em Adão e consequentemente tem sua natureza corrompida desde o nascimento (SI 51.5; 58.3).

Pecados veniais e pecados mortais. A igreja romana ensina e faz distinção entre pecados veniais e mortais. Ao mesmo tempo, ela tem dificuldades em distinguir esses pecados. Tal distinção não é bíblica, visto que todo pecado é anomia diante de DEUS — termo grego que significa “falta de retidão”, “falta de obediência à lei”.

O Antigo Testamento faz distinção entre os pecados cometidos intencio­nalmente e os praticados por ignorância. Se cometido intencionalmente ou por ignorância, o pecado não deixará de ser pecado, porque é um fato e torna a pessoa culpada diante de DEUS (GI 6.1; Ef 4.18; I Tm I.I3; 5.24). No Novo Testamento, o apóstolo Paulo deixou clara a idéia de que o grau do pecado é determinado pelo grau de conhecimento (luz) que o pecador possua (Rm 1.8-32).

 

A CULPA DO PECADO

O que e qual é a culpa do pecado? Ora, a culpa é o sentimento pessoal na consciên­cia, de transgressão de uma lei mediante o ato do pecado. Inclui a idéia dupla de responsabilidade pelo ato praticado do pecado, assim como a punição (castigo) pelo pecado. A punição, ou seja, a pena, segue automaticamente ao pecado.

A culpa é o estado ou a condição delituosa de quem transgrediu a lei. A culpa toma forma de condenação pela desaprovação de DEUS. Logo após Adão e Eva terem pecado, seus olhos foram abertos, ou seja, tiveram consciência de suas culpas: “então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus” (Gn 3.7). A culpa é a convicção na consciência, pela violação voluntária da lei de DEUS. O transgressor é conscientizado pela consciência ou pela lei, que o seu ato exige expiação para que seja perdoado.

Já dissemos anteriormente acerca da distinção entre pecado original e culpa original. Pelágio, teólogo inglês, renegava a idéia do pecado original porque en­tendia que os homens que nascem no mundo, desde a Queda, vivem no mesmo estado em que Adão foi criado e que o pecado deste prejudicou apenas a ele próprio. Por isso, essa teoria rejeita a ideia da hereditariedade do pecado sobre toda a raça humana.

Pelágio ensinava que Adão morreu pela constituição de sua natureza, tivesse ele pecado ou não. Entretanto, o ensino claro da Bíblia a esse respeito não deixa dúvida de que a culpa original refere-se àquela recebida por Adão e Eva após terem pecado contra a lei de DEUS.

o viver em pecado consiste então, em viver uma vida centralizada no “eu” e significa o fazer a própria vontade como a da vida. Neste sentido o homem merece receber a punição do seu pecado ( Rm 5.12).

A natureza da culpa. Ainda que haja uma interligação entre os pontos destaca­dos neste capítulo, ao tratar da natureza da culpa, entendemos que o mérito da culpa é a punição. Culpa, portanto, significa o merecimento da punição, por ter o culpado de satisfazer a justiça divina pelo seu pecado praticado.

O apóstolo Paulo escreveu aos romanos que “do céu se manifesta a ira de DEUS sobre toda a impiedade e injustiça dos homens” (Rm 1.18). Ora, a ira de DEUS no contexto dessa passagem significa a reação da santidade de DEUS contra o pecado; não importando se tenha ocorrido por ato ou estado, o pecado acarreta a manifestação da justiça de DEUS.

A culpa legal O aspecto legal da culpa perante DEUS diz respeito ao fato de que quando Adão e Eva cometeram o pecado contra a ordem divina, tornaram-se legalmente culpados e dignos da pena estabelecida por DEUS. O Criador havia lhes dito que um só ato de desobediência à sua palavra implicaria na pena de morte (Gn 2.17). O apóstolo Paulo entendeu essa questão doutrinária e declarou que “o juízo veio de uma só ofensa, para condenação” (Rm 5.16).

Portanto, por um só ato pecaminoso contra DEUS, Adão tomou-se incapaz de permanecer na presença santa de DEUS. Essa ofensa de Adão tornou-se a culpa de toda sua descendência, de toda a raça humana. Perante DEUS, legalmente, todos são culpados, “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de DEUS” (Rm 3.23).

Isso significa que em Adão todos participaram da sua transgressão. A expressão “estão destituídos da glória de DEUS” indica a necessidade de recuperação do primeiro estado de glória de Adão antes da Queda. Significa a recuperação daquela realeza moral e espiritual que o homem tinha, isto é, a imagem e semelhança de DEUS, deformada pelo pecado. Foi o segundo Adão, JESUS CRISTO, quem veio a este mundo para recuperar a glória perdida do homem (Rm 3.24-26).

A culpa não significa mera propensão ao castigo. Isso significa que a culpa incorre mediante a transgressão do pecador. Não há na justiça de DEUS o conceito de culpa construtiva, porque o pecador é culpado por aquilo que tem praticado. Somos culpados do pecado, tanto em relação a culpa original de nossos primeiros pais quanto pelos pecados que cometemos hoje. Devemos entender que somos culpados pela natureza pecaminosa herdada de Adão e Eva. Esse é o aspecto coletivo que abrange todos os homens. Porém, cada um de nós é individualmente responsável pelos seus próprios pecados.

A manifestação da culpa na consciência humana. A culpa do pecado se manifesta na consciência, que é o componente racional e moral do espírito humano, para sinalizar o certo e o errado nas decisões do ser humano (Rm 2.15,16). Pela cor­rupção moral e espiritual do homem por causa da Queda, há em todo homem uma disposição geral para o pecado e para esconder ou negar a responsabilidade pelo pecado cometido, como fizeram Adão e Eva (Gn 3.8-14).

Entende-se, portanto, que a acusação de sua consciência contribuiu para assinalar a culpa do pecado. Visto que o pecado é transgressão diante de um DEUS SANTO, o pecado é merecedor de punição e reprovação divina. A culpa se manifesta como um resultado objetivo, isto é, ela é produzida mediante o fato da prática do pecado e não deve ser confundida com o papel da consciência que expõe a culpa subjetivamente.

Ora, o que é consciência subjetiva da culpa? O que está revelado em Levítico 5.17 esclarece bem este ponto, quando diz: “e, se alguma pessoa pecar e fizer contra algum de todos os mandamentos do Senhor o que não se deve fazer, ainda que o não soubesse, contudo, será ela culpada e levará a sua iniquidade”.

A expressão “ainda que o não soubesse” indica que a culpa implica inicial­mente uma relação com DEUS e, depois, uma relação com a consciência. O texto trata da prática do pecado por ignorância, por não se saber que determinada ação seja pecaminosa. Então a consciência age subjetivamente.

Um determinado teólogo declarou que “o maior dos pecados é não estar consciente de nada”, isso porque a consciência pode tornar-se cauterizada, pela multiplicação do pecado, extinguindo no pecador a sensibilidade moral acerca do que é errado ou certo. Por isso, quando andamos com DEUS segundo a sua justiça a partir da conversão, somos por Ele santificados quanto ao pecado, e a nossa santificação subjetiva pelo ESPÍRITO SANTO desenvolve em nós mais e mais a consciência da realidade do pecado.

A culpa tem relação com a lei moral de DEUS. “A culpa não faz parte da essência do pecado, mas é, antes, uma relação com a sanção penal da lei”.10 Por isso, a culpa só pode ser removida mediante a satisfação da lei. Visto que a justiça original no homem tornou-se em “trapos de imundícia” (Is 64.6), a justiça requerida tem de ser vicária e pessoal. Ela pode ser transferida de uma pessoa para outra, mas, nenhuma criatura humana teria condições para assumir os pecados das demais, por sermos todos uma raça de pecadores (Sm 14.1-3; Rm 3.9-12).

Veio JESUS CRISTO, da parte de DEUS; se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14), assumindo a penalidade da lei, causada pela nossa culpa, tomando-se o nosso substituto vicário, justificando o homem dos seus pecados (Rm 4.24,25; 5.1,8). Adão cometeu o pecado e na qualidade de chefe federal da raça humana; por ele foi imputada a todos os seus descendentes a culpa do pecado. A Bíblia enfatiza este ensino quando declara que a morte é o castigo do pecado, para todos os seus

descendentes (Rm 5.12-19; Ef 2.3; I Co 15.22).

Graus de culpa. Tem havido interpretações equivocadas sobre esse ponto. Não obstante, é fato bíblico que existem diferentes graus de culpa atribuídos a certos tipos de pecados. Não encontra aqui respaldo a doutrina católica romana que distingue pecados veniais e pecados mortais. Com esse conceito a Igreja Romana entende que pode determinar o grau do pecado de uma pessoa e aplicar à mesma a penitencia equivalente.

Ora, entendemos que todo pecado é venial, isto é, pode ser perdoado. A exceção está no “pecado contra o ESPÍRITO SANTO” (Mt I2.3I).Que tipos de pecados são esses para os quais são atribuídos graus de culpa? Na realidade, existem pecados perdoáveis e os pecados não perdoáveis, ou seja, pecados que são para a morte e pecados que não são para a morte.

Em I João 5.16,17 está escrito:

Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não é para a morte; orará, e DEUS dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda iniquidade é pecado, e há pecado que não é para morte.

Percebe-se que há um contraste entre o pecado para a morte e o que não é para a morte. Há quem diga que o pecado para morte é aquele que, sendo extremamente grave, conduz inevitavelmente à morte eterna; e que o pecado que não é para a morte seria o pecado venial; ou seja, o menos grave. São idéias sem suporte bíblico.

Outros afirmam que esse texto refere-se a “pecados intencionais ou não”, sendo o último o pecado perdoável, e o primeiro, não (Nm 15.22-30). Naturalmente, o sentido da palavra “morte” no contexto dessa passagem refere-se à morte física, e isso se toma claro quando o autor aconselha a orar para que tenha vida, e diz, literalmente: “orará, e DEUS dará a vida àqueles que não pecarem para morte”.

Ora, a Bíblia afirma que toda iniquidade é pecado (I Jo 5-17). Portanto, distinguir e graduar os tipos de pecados é impraticável. E bem verdade que, em I Coríntios 11.30, Paulo fala de um tipo de juízo que afeta o crente que peca até ao ponto de DEUS aplicar-lhe disciplina. Mas a morte física, aqui, não significa morte eterna ou punição final, e sim morte que não é final.

Nessa esfera, poderíamos apontar os pecados de ignorância e pecados de conhecimento, como cita Strong:11 pecados da carne (Gl 5.19-21); o pecado de blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO (Mt 12.31,32).

Strong escreveu:

... o pecado contra o ESPÍRITO SANTO não deve ser considerado como um simples ato isolado, mas também como o sintoma exterior de um coração tão radical e irreversível contra DEUS que nenhuma força que DEUS possa consistentemente usar o poupará.

Tal pecado, portanto, só pode ser o clímax de um longo curso de endurecimento de si mesmo e depravação de si mesmo.12

Em relação ao episódio da blasfêmia dos fariseus contra JESUS entendemos que o pecado de blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO refere-se, no ensino do Mestre, à atribuição voluntária e consciente de seus adversários de que a obra que Ele fazia era demoníaca. Tratava-se de uma rejeição presunçosa daquela casta religiosa à pessoa de JESUS e a atribuição de ação demoníaca à obra do ESPÍRITO SANTO.

Realidade da ação do pecado

Consequências do pecado no mundo. Indiscutivelmente, o pecado trouxe graves consequências ao Universo, especialmente à vida na Terra. A Bíblia faz várias declarações a respeito da universalidade do pecado. Por exemplo, temos no Antigo Testamento alguns exemplos, tais como: “não há homem que não peque” (I Rs 8.46); “porque à tua vista não há justo nenhum vivente” (Sm 143.2).

Paulo, em Romanos, disse: “Não há um justo, nenhum sequer; não há quem faça o bem, nenhum sequer” (Rm 3.10-12); “pois todos pecaram e carecem da gloria de DEUS” (Rm 3.23). O apóstolo João também disse: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (I Jo 1.8).

A escolha preferencial do “eu” em detrimento de DEUS. O pecado de Adão e Eva foi uma escolha feita por ambos, uma escolha preferencial do “eu”, em de­trimento de DEUS como objeto do sentimento e fim principal de suas vidas. Preferiram atender aos ímpetos do seu ego a fazer de DEUS o centro de suas vidas. Renderam-se incondicionalmente ao seu ego em prejuízo do projeto do Criador para suas vidas.

O Dr. E.G. Robinson, citado por Berkhof,13 escreveu que “enquanto o pecado como estado é dessemelhança em relação a DEUS, como princípio é oposição a DEUS, e como ato é transgressão à lei de DEUS”. Portanto, entendemos que o pecado não é, meramente, algo de fora (ou externo), tampouco é o fruto de coação vinda de fora, mas “é uma depravação dos sentimentos e uma perversão da vontade, que constitui caráter íntimo do homem”.14 A realidade do pecado traz as consequências inevitáveis que são a culpa e o castigo.

 

A HEREDITARIEDADE DO PECADO

Como um ato de pecado individual afetou a todos? A Bíblia tem a resposta cabal desta questão. Paulo, em Romanos disse “que todos pecaram” (Rm 3.23) e dá a idéia de que todos os seres humanos participaram da transgressão de Adão; e, como indivíduos, tornaram-se pecadores. Ele explica os efeitos do pecado de Adão: “Portanto, por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens” (Rm 5.12).

Paulo não estava falando de pecados factuais, do dia-a-dia, mas da herança do pecado. A morte, como punição do pecado, tem um caráter universal, porque “a morte passou a todos os homens”. Por causa do pecado de Adão, todos os seus descendentes tomaram-se pecadores e culpados. Porém, DEUS providenciou a nossa expiação — nas palavras de Paulo — outra vez: “Mas CRISTO morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8).

Portanto, o pecado é hereditário. A sua universalidade deve-se à corrupção da natureza humana. E a Palavra de DEUS afirma que o primeiro homem violou a vontade expressa de DEUS, e, por consequência, toda a vida humana se corrom­peu. Inevitavelmente, quando o homem se depara com a idade da consciência moral, está tão identificado com os maus impulsos existentes dentro de si que precisará esforçar-se para manter o equilíbrio moral e espiritual de sua vida.

Não se trata meramente de um impulso momentâneo da sua vontade, mas é algo implícito na sua natureza pecaminosa, que é sinistro e obscuro. A tendência má que se revela numa criança se percebe na semente dessa tendência má. Nesse sentido, toda criança é pecadora, conquanto não tenha culpa pessoal. Não po­demos cobrar responsabilidade pessoal de uma criança recém-nascida.

A Bíblia e a consciência moral dão testemunho da responsabilidade que temos de nossa vida, apesar da natureza que temos herdado. Na verdade, a herança do pecado se constituí numa condição de vida, para a qual precisamos da graça sal­vadora de CRISTO para dominá-la. Por isso, mesmo como pecadores regenerados pelo ESPÍRITO SANTO precisamos negar-nos a nós mesmos, tomar a nossa cruz e sermos crucificados com CRISTO (G1 2.20).

Todo ser humano nasce com uma natureza corrompida. Todos os atos pecaminosos das pessoas são frutos de sua natureza pecaminosa. Ora, o que se entende por natureza no contexto desse estudo? Ê aquilo que é inato em cada pessoa, isto é, nasce com ela. JESUS, disse, certa feita aos seus discípulos que “não há árvore boa que dê mau fruto... o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal” (Lc 6.43-45).

Portanto, não há criatura humana neste mundo que não tenha nascido com uma “natureza corrompida”. E algo que faz parte do seu ser e é subjacente à sua própria consciência. Por isso, toda criatura constitui-se pecadora diante de DEUS, visto que o pecado em si é herança comum de todas as criaturas sobre a terra.

O salmista Davi declarou que fora formado em iniquidade e concebido em pecado (Sm 51.5). Na verdade, com isso, confessou não o pecado de sua mãe, e sim o seu próprio pecado, e que esse estado — entendeu ele — vinha desde o momento de sua concepção.

A natureza corrompida e congênita de toda criatura humana. O apóstolo Paulo usou uma expressão forte em Efésios, a qual merece a nossa apreciação: “éramos por natureza filhos da ira” (2.3). A expressão “filhos da ira” denota o estado de condenação por causa da herança do pecado que todos recebemos de nossos pais (Adão e Eva). Entende-se por “natureza” algo inato e original distinto daquilo que se adquire posteriormente.15

Sem dúvida, o apóstolo coloca o texto no passado com o verbo “éramos”, para indicar que, ao sermos regenerados pelo ESPÍRITO SANTO, fomos agraciados pela graça de DEUS. A criança é despida de consciência moral, mas congenita­mente possui a natureza pecaminosa herdada. Por isso, a morte é a penalidade global que afeta todas as pessoas e, inevitavelmente, afeta as crianças, haja vista elas morrerem como todos os demais seres.

As crianças estão colocadas num estado de pecado e, por isso, necessitam de rege­neração e salvação através de JESUS CRISTO. Naturalmente, elas são objeto de salvação pela graça de CRISTO, que as salva, independentemente da consciência moral. Contudo, a condição dos adultos é diferente da das crianças. O adulto precisa de fé pessoal para ser salvo, e a Bíblia declara que CRISTO morreu por todos (2 Co 5.15).

No Juízo Final, as pessoas serão julgadas mediante o teste da conduta pessoal, enquanto as crianças, mesmo tendo uma tendência para mal, são incapazes de trans­gressão pessoal; por isso, cremos que elas estarão entre os salvos (Mt 25.45,46).

Adão depois da Queda. Já dissemos anteriormente que Adão e Eva, quando peca­ram, perderam o direito do primeiro estado de santidade em que foram criados e vieram a ser objeto de várias mudanças negativas transcendentais.

1- O casal submeteu-se ao domínio da morte espiritual. A penalidade declarada por DEUS antes da Queda foi: “porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Imediatamente ao ato pessoal do pecado, Adão e Eva tiveram a sentença cumprida. Não só se tornaram culpados e submissos à

pena do pecado com a limitação da vida física e a morte física posteriormente, mas imediatamente ficaram sob a égide da morte espiritual, perdendo a comunhão livre que tinham com DEUS, separando-se da relação com Ele.

2- O juízo de DEUS veio também sobre Satanás e a serpente usada por ele (Gn 3.14). O Criador predisse, então, o futuro conflito entre CRISTO e o Diabo, conforme Gênesis 3.15: “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente, esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.

A semente da mulher foi JESUS CRISTO, que, sendo o Filho de DEUS, fez-se homem, para identificar-se com os homens, e foi ferido no Calvário. JESUS mor­reu na cruz, mas não foi retido na sepultura e na morte. Pelo contrário, pelo ESPÍRITO SANTO foi ressuscitado e venceu a morte e o próprio Diabo. Ele morreu por toda a humanidade; além disso, anulou a sentença da morte eterna aos que o aceitarem como Salvador e Senhor.

3- DEUS proferiu um juízo específico sobre a mulher, Eva, a qual experimen­taria a dor ao dar a luz seus filhos e seria submissa ao seu marido (Gn 3.16).

Quarto, uma maldição especial caiu sobre o homem, Adão, o qual teria que lavrar a terra, agora maldita com espinhos e cardos, para obter sua subsistência (v. 17).

A terra foi amaldiçoada (Gn 3.17.18) e o efeito do pecado atingiria a vida dos descendentes de Adão. Foi expulso do Jardim de DEUS e começou a experimentar a dor e a luta para sobreviver. O pior em toda esta maldição foi Adão experimentar a morte espiritual e, por isso, perder sua comunhão com o Criador e sofrer a pena da morte física.

Três imputações. Como resultado imediato da Queda, todo o gênero humano foi atingido. A Bíblia menciona, pelo menos, três imputações decorrentes do pecado de Adão:

1 Seu pecado foi imputado à sua posteridade (Rm 5.12-14).

2 Seu pecado foi imputado a CRISTO (2 Co 5.21).

3 DEUS imputou sua justiça sobre os que crêem em CRISTO (Gn 3.15; 15.6; Sl 32.2; Rm 3.22; 4.3,8,21-25; 2 Co 5.21). Nesse sentido, a Bíblia revela que se efetuou uma transferência de caráter judicial do pecado do homem para JESUS CRISTO, que levou sobre a cruz o pecado da humanidade (Is 53.5; Jo 1.29; I Pe 2.24; 3.18).

Outra verdade, nesse contexto, é o fato de que, de igual modo, DEUS efetuou a transferência, de caráter judicial, da justiça de DEUS para o crente em CRISTO (2 Co 5.21), visto que o único modo de justificação ou aceitação diante de DEUS era este. Por este ato justificador de CRISTO, o crente passa a fazer parte da vida organística de CRISTO, isto é, do seu corpo e, por conseguinte, participa de tudo o que CRISTO é.

Torna-se claro, portanto, que a participação dos homens na Queda re­sultante do pecado não se efetua quando cometem seus primeiros pecados, porque eles nascem sob a égide do pecado, como criaturas caídas, procedentes de Adão. Os pecadores não se convertem em pecadores por meio da prática de qualquer pecado individual, mas eles pecam imbuídos pela sua própria natureza pecaminosa adquirida; por isso, são pecadores.

O significado de estar debaixo do pecado. O texto de Romanos 3.9 diz, lite­ralmente: “Pois quê? Somos melhores do que eles? De maneira nenhuma, pois já demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado”. Quando Paulo escreveu sobre esse assunto, estava enfrentando discussões e polêmicas entre os cristãos convertidos em Roma, cidade que reunia judeus e gentios.

Cada qual tentava justificar sua posição diante de DEUS. Paulo, então, colo­cou ambos na mesma condição e posição, quando disse: “Todos estão debaixo do pecado”. Uma vez que pecado é transgressão da lei de DEUS, o próprio judeu que possuía a lei de DEUS foi o primeiro a pecar contra ela.

O gentio, por outro lado, não tinha a lei de Moisés, mas tinha a lei da consciência escrita no coração e não podia justificar-se diante de DEUS, tanto quanto o judeu. Paulo mostrou aos Romanos, em 3.10-12, a universalidade do pecado; e terminou enunciando o veredicto final de DEUS contra o pecado em 3.19,20. O judeu tendo a lei de Moisés não conseguiu justificar-se do pecado mediante as obras da lei, e está incluído na universalidade da frase: todos estão debaixo do pecado”. O remédio para o pecado está, não em algum mérito pes­soal do pecador, mas no mérito da obra expiatória de CRISTO que tira o pecador do estado de pecado e o coloca “debaixo da graça salvadora de DEUS através de CRISTO JESUS (Rm 5.1). Vemos, então, que “o pecador é salvo com base meritória, mas o mérito é daquEle que foi feito justiça de DEUS para ele”.16

 

O CASTIGO do pecado

Já dissemos que o pecado é tanto um ato como um estado. E um ato por­que o homem mesmo preferiu, de seu livre-arbítrio, desobedecer à lei de DEUS, rebelando-se contra Ele. Porém, o pecado implica um estado pecaminoso porque o homem quebrou a comunhão e a relação com o seu Criador, separando-se dEle. Inevitavelmente, segue-se à prática do pecado o juízo, ou seja, o castigo positivo (Gn 2.17; Rm 6.23).

O castigo imediato do pecado. Em pontos anteriores já abordamos sobre o castigo sem aprofundar a sua importância no contexto da doutrina do pecado. A partir do capítulo 3 de Gênesis, a Bíblia trata da Queda e dos efeitos imediatos do pecado na vida do ho­mem. Adão experimentou, de modo imediato, as consequências do seu pecado após ter desobedecido a DEUS. Fugiu da presença de DEUS no jardim do Éden (Gn 3.8) levando consigo o estigma do pecado e tomando-se culpado aos olhos de DEUS.

1- O pecado desfigurou a imagem divina do homem. Adão não perdeu completamente a imagem divina porque em parte permaneceram nele os ele­mentos de pessoalidade dessa imagem, na sua alma e no seu espírito. Porém, esses elementos da imagem foram desfigurados pelo pecado. Em que consistia a imagem original de DEUS no homem? O texto de Gn 1.26,27 diz que o homem foi criado à imagem de DEUS. “Strong define a pessoalidade, como ima­gem natural de DEUS e a santidade como imagem moral de DEUS. Em relação à pessoalidade, o homem foi criado como ser pessoal e isto o distingue dos seres irracionais”.17

Trata-se da capacidade do homem para pensar, conhecer a si mesmo e rela­cionar-se com o mundo ao seu redor e determinar o seu “eu” quanto ao certo e o errado, ao que é justo e o que é injusto (Gn 9.6; I Co 11.7; Tg 3.9). Em relação à imagem moral, o homem foi dotado de sentimento, inteligência e vontade que o capacita a ter escrúpulos e autodeterminação quanto à justiça e santidade. Esse sentido moral da imagem divina no homem revela-se na finalidade da sua criação que é a retidão. Diz a Bíblia que “DEUS fez o homem reto” (Ec 7.29) e a justiça é essencial à sua imagem (Ef 4.24; Cl 3.10). Mas ele a distorceu por seu pecado afetando toda a criação e sua descendência (Rm 5.12).

2- O pecado deu origem a um estado pecaminoso que afetou toda a raça humana. Myer Pearlman afirmou: “O efeito da Queda arraigou-se tão profundamente na natureza humana, que Adão, como pai da raça humana, transmitiu a seus descendentes a tendência ou inclinação para pecar”.18 Neste aspecto toda criatura humana é pecadora porque adquiriu a imagem degenerada e decaída de seu pai.

Ernesto Naville escreveu: “Não digo que todos sejamos malfeitores manifes­tos, mas, sim, afirmo que em cada um dos homens existe o princípio do egoísmo que é a natureza do pecado”. Há uma disposição entranhada no interior de cada criatura humana para praticar o pecado (Ef 2.2,3), e Paulo ensina e atribui a universalidade do pecado ao cabeça da raça humana (Rm 5.12).

O apóstolo Paulo tratou profundamente da doutrina do pecado e ensina que os cristãos autênticos, antes de serem alcançados pela graça de DEUS, mediante a obra expiatória de CRISTO, viviam em ofensas e pecados, fazendo a vontade do

Diabo, da carne e dos pensamentos, e por isso eram considerados “filhos da ira divina” (Ef 2.3).

Mais uma vez Myer Pearlman esclarece esse assunto:

Esta condição moral da alma é descrita de muitas maneiras: todos pecaram (Rm 3.9); todos estão debaixo da maldição (Cl 3.1 0); o homem natural é estranho às coisas de DEUS (l Co 2.14); o coração natural é enganoso e perverso (Jr 1 7.9); a natureza mental e moral é corrupta (Gn 6.5,12; 8.21; Rm 1,19-21); a mente carnal é inimizade contra DEUS (Rm S. 1,8); o pecador é escravo do pecado (Rm 6.11; 1.15); é controlado pelo príncipe das potestades do ar (Ef 2.2); está morto em ofensas e pecados (Ef 2.1); é filho da ira (Ef 2.3).19

3- O pecado acarretou punições naturais e físicas na vida do homem. Louis Berkhof diz que são “punições naturais e positivas” em que as leis naturais da vida são violadas. São punições de ordem física que resultam em doenças, dores e sofrimentos ao homem. Não se trata de punições imediatas à qualquer prática de pecado, mas se trata daquelas doenças impregnadas na terra, no ar e nas águas. Essas punições naturais resultam da “maldição do pecado” no nosso planeta.

A promessa de cura e redenção da Terra e do homem provém da pessoa de JESUS, o Filho de DEUS, que se fez carne, habitou entre nós, para expiar a culpa do pecado dos homens (Gn 3.15; Is 53.4,5; Rm 5.21). Os sofrimentos da vida tomaram-se realidade na vida cotidiana do homem, como resultado da penalidade do pecado.

Seu corpo físico tomou-se presa de doenças e fraquezas provocando mal-estar e desconforto. Sua vida mental e emocional ficou sujeita a angustias, tristezas, paixões sem domínio e desejos conflitantes. Sua vontade perdeu a capacidade de escolha, e conforme disse Paulo, toda a criação ficou sujeita à vaidade e escravidão (Rm 8.20). De certo modo, nosso sofrimento físico nos dá, pela morte física, a esperança de obtermos, um dia, corpos transformados e espirituais.

4- O pecado gerou um contínuo conflito moral e espiritual entre corpo e alma de cada criatura humana. Tão logo o homem pecou, entranhou-se em seu ser um conflito entre sua natureza superior, expressa por alma e espírito, e sua natureza inferior, manifesta através do corpo. O homem se encontrou dividido em si mesmo, e sua natureza física e inferior, tornou-se frágil e subjugada aos poderes do pecado (Rm 7.24).

O grande pregador Charles H. Spurgeon falou em uma de suas pregações que “o mar todo fora do navio não causa dano enquanto a água não penetra nele e enche- lhe o porão”. Aprendemos com esse ensino de Spurgeon que o perigo está dentro de nós mesmos. E interno e na linguagem metafórica da Bíblia esse perigo chama-se coração, que é, de fato, o nosso maior inimigo, porque nos engana. A síntese dessa idéia é que devemos ter o coração sob controle para que ele não nos engane.

Nesse fato está a questão da tentação. Ela em si mesma não se constitui pecado, mas ela pode se tornar em ocasião para o pecado. O Novo Testamento, especialmente, fala constantemente sobre “carne e espírito” como opostos um ao outro (Gl 5.13,24; Mt 26-41). Esse conflito envolve a totalidade da pessoa, porque a “carne” induz a volta ao domínio do pecado, no caso do cristão. Porém, o cristão fortalece o seu espírito para vencer a carne e estar submisso ao senhorio de CRISTO JESUS e do ESPÍRITO SANTO (Gl 5.16; Rm 8.4-14).

5- O pecado despertou a consciência do homem. Diz o texto literalmente: “Então, foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus, e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (Gn 3.7). Na verdade, quando os seus olhos foram abertos, os olhos de suas almas, olhos do interior, uma forte convicção de que haviam desobedecido a DEUS lhes sobreveio. Quando já era demasiado tarde, compreenderam a loucura de haver comido do fruto proibido por DEUS.

A lei moral de suas consciências deu o sinal quando descobriram que estavam nus. Esta consciência de nudez os fez perceber que haviam perdido todas as honras e encantos da vida no paraíso que DEUS havia feito para eles. Outrossim, ficaram envergonhados, porque se viram frente ao desprezo e à perda da comunhão com o Criador. Ficaram totalmente indefesos, porque, a partir da Queda, estavam sós, sem a presença do Criador.

6- O pecado trouxe ao homem a punição da morte física. Paulo declarou que por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte” (Rm 5.12). A palavra “morte”, thanatos (gr.), significa separação das partes física e espiritual do ser humano. Indiscutivelmente, a separação de corpo e alma faz parte da pe­nalidade imediata do pecado. A Bíblia diz que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).

Pelágio e seus discípulos ensinaram que a morte física fazia parte do primeiro estado do homem antes do pecado e que ele fora criado como um ser mortal. Naturalmente, esse conceito errôneo foi rejeitado através da história. A igreja adotou uma posição definida quanto a questão da morte, a saber, que a morte sempre se constituiu uma penalidade do pecado.

O castigo disciplinador Os teólogos procuram fazer distinção entre castigo, punição e pena e, sem dúvida, há certa distinção que deve merecer a nossa apreciação. Entretanto, preferi usar o termo castigo com abrangência ao modo de tratamento de DEUS quanto aos pecados cotidianos dos cristãos e quanto aos pecados que implicam o tratamento final de DEUS.

Nesse ponto, especialmente, o castigo disciplinador relaciona-se com o com­portamento do cristão, e objetiva corrigido e repreendê-lo, a fim de que não se perca. A doutrina no que tange a esse tipo de castigo revela que é possível até

mesmo morte prematura do cristão como modo de disciplina divina e a salvação da alma (I Co 11.30-32). O autor da Carta aos Hebreus faz uma distinção entre filhos e bastardos (Hb 12.6-8). Neste texto DEUS se mostra como “Pai amoroso que corrige os filhos”; por isso, a correção tem sentido disciplinador.

Quando o escritor emprega o termo “bastardo”, faz isso para distingui-lo do filho verdadeiro de DEUS, aquele que aceita a correção do Pai (v.8). Chafer escreveu, em sua Teologia Sistemática, que “a disciplina, numa forma ou outra, é a experiência universal de todos os que são salvos; o ramo que produz fruto é podado, para que produza mais fruto ainda (Jo 15.12)”.20

O castigo (a pena) final do pecado. Se morte física significa separação de corpo e alma e é parte da pena do pecado, entendemos que, de modo nenhum, a morte física venha significar a penalidade final. Nas Escrituras a palavra morte é frequentemente usada com sentido moral e espiritual. Isto significa que a verdadeira vida da alma e do espírito, é a relação com a presença de DEUS. Portanto, a pena divina contra o pecado do homem no Éden foi a separação da comunhão com o Criador.

A morte espiritual tem dois sentidos especiais: um sentido é negativo e o outro é positivo. Em relação à vida cristã, todo verdadeiro crente está morto para o pecado, porque a pena do pecado foi cancelada e ele está livre do domínio do pecado (Rm 6.14).Trata-se da separação da vida de pecado depois que se aceita a CRISTO e é expiado por Ele. Porém, em relação ao futuro, o crente terá a vida eterna, isto é, terá a redenção plena do corpo do pecado (Ap 21.27; 22.15).

Porém, o sentido negativo de morte espiritual refere-se à morte no pecado. O crente está morto para o pecado, mas o ímpio está morto espiritualmente no pecado. Significa que o pecador vive um estado de vida separado de DEUS e de sua comunhão. Significa estar “debaixo do pecado” e estar sob o seu domínio (Ef 2.1,5). O efeito desses dois sentidos é presente e temporal. O pecador sem DEUS, no presente, está numa condição temporal de excomunhão com DEUS, mas pela graça de DEUS poderá sair desse estado e morrer para o pecado (Ef 4.18; Gn 2.17).

A punição final do pecado é a morte eterna, ou seja, o juízo final contra o pecado (Hb 9.27). A morte eterna é a culminância e complementação da mor­te espiritual. Diz respeito à repugnância da santidade divina que requer justiça contra o pecado e contra o pecador impenitente. Significa a retribuição positiva de um DEUS pessoal, tanto sobre o corpo como sobre a sua alma e espírito (Mt 10.28; 2Ts 1.9; Hb 10.31; Ap 14.11).

Existem algumas teorias que tentam anular a doutrina bíblica da morte eterna, como castigo final do pecado. O universalismo ensina que DEUS é bom demais para excluir alguém da sua presença no Céu, pois JESUS morreu por todos; por isso, ao final, todos serão salvos. O restauracionismo é outra idéia equivocada e antibíblica, porque ensina que DEUS vai restaurar todas as coisas ao final da história da humanidade, quando então todos serão salvos.

A idéia do purgatório, ensinada pela igreja romana, de que o purgatório é um período probatório pelo qual, entre a morte e a ressurreição, os pecadores que morreram serão provados e poderão se recuperar e se livrar da pena final de seus pecados. Por último, a teoria da aniquilação ensina que, ao final de tudo, no juízo, todos os ímpios serão aniquilados; isto é, extinguidos, como quem extingue uma folha de papel no fogo que vira cinza. Interpretam erradamente 2 Tessalonicenses 1.9; substituem a palavra “aniquilar” por “extinguir”. O sentido bíblico de “aniquilar” é “banir” da presença de DEUS.

Portanto, morte eterna é a eterna separação (banimento) da presença de DEUS e a impossibilidade de arrependimento e salvação. Os ímpios são constituídos por aquelas pessoas que rejeitaram conscientemente a graça de DEUS e, por isso, depois da morte física, serão ressuscitados e comparecerão diante do Grande Trono Branco do Juízo de DEUS e receberão a justa retribuição dos seus pecados com a morte eterna, sendo lançados no Geena, isto é, o “lago de fogo eterno (Ap 20.14,15; Mt 5.22,29,30; 10.26; 23.14,15,33).

Existe uma distinção entre a primeira e a segunda morte. A primeira é física; morre-se uma só vez (Hb 9.27); é temporal e para todas as pessoas no mundo: justos e injustos. A “segunda” morte é espiritual e eterna; a “segunda” tem um sentido moral, porque todos quantos irão passar por ela saberão e terão “cons­ciência” depois da primeira morte (At 24.15).

Uma das grandes verdades acerca do castigo do pecado é que a justiça de DEUS o exige afim que ninguém o acuse de injustiça. Pelo contrário, Ele é o Senhor que pratica a misericórdia, juízo e justiça na terra (Jr 9.24).

A questão do pecado encontra resposta e solução quando encontramos na Bíblia a declaração de Paulo de que DEUS propôs JESUS CRISTO como propiciação pelo seu sangue, para receber toda a carga da ira de DEUS contra o pecado (Rm 3.25; 2 Co 5.21; Gl 3.13). Significa que a cruz foi o meio pelo qual DEUS castiga o pecado. O próprio DEUS, perfeito em justiça, tornou possível a expiação dos pecados por aquele que se fez nosso justificador perfeito (Rm 3.26).

Notas bibliográficas

1       Dicionário Introdutório de Teologia, II Vol. do Novo Testamento, pp. 1598,1599.

2       STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p. 159

3       STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p. 159

4       LANGSTON, A.B., Esboço de Teologia Sistemática, Juerp, p. 152

5       STRONG, A.H., Teologia Sistemática IIVol, Hagnos, p. 139

6       CONNER, W.T., Doctrina Cristiana, CBP, p. 157

7       HODGE, Charles, Teologia Sistemática, Hagnos, pp.623,624

8       BERKHOF, L., Teologia Sistemática, Luz para o Caminho, p.233

9       BERKHOF, L., Teologia Sistemática, Luz para o Caminho, p.235

10     BERKHOF, L., Teologia Sistemática, Luz para o Caminho, p.248

11     STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p. 282

12     STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p.284

13     STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p. 173

14     STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p.I73 13 STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p. 182

16              SHAFER, L.S., Teologia Sistemática, Hagnos, p.718, Vols.1,2

17              STRONG, A.H., Teologia Sistemática, Hagnos, p.88

18              PEARLMAN, Myer, Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida, p. 135

19              PEARLMAN, Myer, Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida, p. 135

20              CHAFER, L.S., Teologia Sistemática, Hagnos, p.755

1)     0   que é o pecado?

2)     Como o pecado se manifesta?

3)     Como o pecado entrou no mundo?

4)     Cite três termos originais do Antigo Testamento por meio dos quais se descreve o pecado e defina cada um deles.

5)     Cite três termos originais para pecado no Novo Testa­mento e defina-os.

6)     Qual vocábulo grego é empregado com o sentido de “des­vio”, “violação” e “transgressão” nas páginas do Novo Testamento?

7)     Há diferenças entre “imagem” e “semelhança”? Se existem, quais são elas?

8)     A Queda distorceu a imagem original do ser humano? Se sim, em que sentido? Se não, por quê?

9)     Cite três teorias filosóficas contrárias ao que a Palavra de DEUS diz sobre o pecado.

10)  Como John Wesley, o pai do metodismo, definiu o pecado?

11)  Discorra sobre as entradas do pecado no Universo e no mundo. Há diferença? Por quê?

12)  Qual é o conceito exato de pecado original?

13)  O que significa a expressão “pecado factual”?

14)  Qual é a diferença entre os pecados venial e mortal?

15)  Que relação tem a culpa com a lei moral de DEUS?

16)  Discorra sobre as consequências do pecado no mundo.

17)  Assinale a alternativa correta:

a)        Todo ser humano nasce com a sua natureza corrompida, h) Só Adão teve a sua natureza corrompida; os demais seres humanos são punidos tão-somente por causa dele.

c)     Todo ser humano nascido antes de CRISTO teve a sua natureza corrompida.

d)    Os que viveram e vivem depois de CRISTO possuem uma natureza purat longe do pecado.

e)     Nenhuma das anteriores.

18)  Como resultado imediato da Queda, todo o gênero humano foi atingido. A Bíblia menciona, pelo menos, três imputações decorrentes do pecado de Adão. Quais são elas?

19)  De acordo com Myer Pearlman:

a)          Adão transmitiu a seus descendentes a tendência ou inclinação para pecar.

b)          Adão transmitiu apenas a seus descendentes mais próximos a tendência

ou inclinação para pecar.

c)           Adão não transmitiu a ninguém a tendência ou inclinação para pecar.

d)          Nenhuma das anteriores.

20)  Qual é o sentido bíblico do termo “aniquilar” em 2Tessalonicenses 1.9?

Teologia Sistemática Pentecostal – CPAD

 

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Escrita Lição 8, Central Gospel, O Fato do Pecado, 4Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV

Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva

 

4º Trimestre de 2025, A Revista Jovens e Adultos de Estudo Bíblico nº 7, Comentarista Pr. Gilmar Vieira Chaves, O Homem, o Pecado e a Salvação

 

ESBOÇO DA LIÇÃO

1. O TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS SOBRE A REALIDADE DO PECADO 

1.1. Facetas do pecado na linguagem bíblica 

1.2. O pecado é uma condição, não apenas um ato 

2. IDEOLOGIAS HUMANAS QUE NEGAM A REALIDADE DO PECADO 

2.1. O ateísmo: negar a DEUS é negar o fato do pecado 

2.2. O hedonismo: prazer como finalidade última 

2.3. O relativismo: cada um define sua própria verdade 

2.4. O determinismo: negar o livre-arbítrio é negar a responsabilidade 

3. O PECADO É EVIDENTE NA EXPERIÊNCIA HUMANA 

3.1. O conflito interior 

3.2. A realidade histórica e social 

3.3. A necessidade da Graça 

 

TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Rm 3.9-12; Sl 14.1-3; 1 Jo 1.8-10 

Romanos 3.9- Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado, 10- como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. 11- Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a DEUS. 12- Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. 

Salmo 14.1 - Disseram os néscios no seu coração: Não há DEUS. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem.

2-  O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a DEUS. 3- Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um. 

1 João 1.8- Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. 9- Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. 10- Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. 

 

TEXTO ÁUREO

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de DEUS. Romanos 3.23 

 

SUBSIDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO 

2a feira - Romanos 7.7-20 O pecado age na interioridade

3a feira - Gênesis 6.1-5 O pecado contaminou toda a humanidade

4a feira - João 3.19-21 Quem ama a luz, rejeita as sombras do pecado 

5a feira - Isaías 53.1-5 O pecado feriu, mas CRISTO levou-o sobre si 

6a feira - Tito 2.11-15 A salvação está ao alcance de todos 

Sábado - João 3.16-18; 2 Coríntios 5.19 DEUS oferece reconciliação e vida 

 

OBJETIVOS - Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de: 

- identificar os diversos termos e imagens usados na Escritura para definir o pecado; 

- rejeitar concepções modernas que negam ou minimizam o fato do pecado; 

- compreender o pecado como uma realidade fática, não como uma ideia simbólica ou cultural. 

 

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS 

Caro professor, esta lição retoma e aprofunda o tema apresentado na lição anterior, agora com foco na verdade incontornável do pecado como parte da condição humana. Este é o ponto de inflexão para o entendimento da necessidade da Graça. Reforce com seus alunos que o pecado não é uma invenção religiosa ou um construto social ultrapassado. Ele é um dado espiritual, moral e existencial que se revela no texto sagrado e na experiência concreta da humanidade ao longo da História. Conduza a reflexão com clareza, sensibilidade e firmeza doutrinária, lançando as bases para as lições seguintes, que tratarão de suas consequências e manifestações coletivas. Excelente aula! 

 

OBSERVAÇÃO 1

A realidade do pecado não é apenas doutrina - é ferida aberta, visível na História, nas relações e na consciência humana. O texto sagrado não o romantiza nem o banaliza: nomeia-o com clareza e compaixão, desvelando sua gravidade e apontando para a única cura possível - a Graça que se derrama sobre o caído. 

 

COMENTÁRIO - Palavra introdutória 

Falar do pecado, hoje, é quase um ato de resistência. Em tempos de discursos relativistas, nos quais a culpa é evitada e o mal é psicologizado ou romantizado, afirmar que o ser humano é pecador parece ultrapassado e ofensivo. Contudo, negar essa realidade é como ignorar uma ferida aguda: ela continuará infeccionando, mesmo que encoberta. A Bíblia não nos apresenta essa condição como um conceito abstrato, mas como algo concreto. Desde os capítulos iniciais até o último livro da Escritura, o pecado é referido como quebra da comunhão, corrupção, desobediência e tentativa de autonomia à parte do Criador. Nesta lição, somos chamados a encarar esse fato com honestidade e reverência. Não para viver em culpa paralisante, mas para compreender nossa natureza e acolher, com humildade, o favor imerecido que nos alcança. 

 

1. O TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS SOBRE A REALIDADE DO PECADO 

Os escritores bíblicos descrevem o pecado com palavras que penetram o entendimento como espada de dois gumes (cf. Hb 4.12). Além disso, mostram que o mal não está apenas no gesto, mas na inclinação do coração (Jr 17.9). 

 

1.1. Facetas do pecado na linguagem bíblica 

A Bíblia não se preocupa em oferecer definições sistemáticas sobre o pecado. No entanto, João apresenta a seguinte explicação: Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei. (1 Jo 3.4 - ARA) 

Mesmo sem ênfase em conceituações formais, as Escrituras utilizam palavras - tanto em hebraico quanto em grego que revelam o pecado como uma realidade ativa e contínua na experiência humana. Não se trata de um ato isolado, mas de uma força operante, que se manifesta de formas variadas: iniquidade, impiedade, perversão moral, entre outras. Neste tópico, destacamos cinco expressões que contribuem para a compreensão de sua natureza e características. 

- Errar o alvo [ḥāṭā' (hb.); hamartia (gr.)] - ruptura do propósito. DEUS nos criou com um fim: refletir Sua glória, viver em harmonia e andar em obediência. Quando nos afastamos desse chamado, perdemos o sentido original da nossa existência. Como flechas lançadas na direção errada, ficamos à deriva no caminho (p. ex.: Gn 4.7; Rm 3.23).

- Transgressão [peša (hb.); parábasis (gr.)] - ato de cruzar as fronteiras que o Eterno estabeleceu por amor. Ultrapassar, por vontade própria, a linha da confiança e da obediência. Não observar a vontade do Senhor e definir o próprio caminho (p. ex.: Is 53.5; Rm 2.23). 

- Desvio ['awōn (hb.); paráptoma (gr.)] - traição da aliança. Não se trata apenas de um tropeço: é infidelidade deliberada, é o abandono do lugar do compromisso, é voltar as costas para a lealdade de DEUS. Quem cai, primeiro desvincula-se do essencial (p. ex.: Êx 34.7; 2 Co 5.19). 

- Ilegalidade [resha' (hb); anomía (gr.)] - desprezo pela Lei do Senhor. É viver como se não houvesse um código, como se os limites divinos não fossem válidos. É a escolha de uma vida sem referência, marcada pela autossuficiência e pela rebeldia contra o Sagrado (p. ex.: Sl 1.1; Mt 7.23).

- Injustiça ['avel (hb.); adikía (gr.)] - violação da justiça e da retidão, tanto na dimensão social quanto espiritual. Em adikía, o coração deixa de se curvar diante do Altíssimo e passa a medir o mundo com a régua do ego (p. ex.: Dt 25.16; Rm 1.18). 

Essas designações são como janelas abertas que nos ajudam a compreender que o pecado não é um deslize pontual, mas um estado da alma que se manifesta de muitas formas todas elas afastam o ser humano de DEUS e o sujeitam à ação do Maligno. 

 

1.2. O pecado é uma condição, não apenas um ato 

Falhamos repetidas vezes em atitudes, palavras e pensamentos. Mas a Escritura vai além de considerar essa dinâmica como mero comportamento exterior: ela afirma que o mal nos habita (Rm 7.17, 20) - como uma raiz amarga, oculta sob a superfície, com força para contaminar tudo o que brota (cf. Hb 12.15). Não somos pecadores porque pecamos. Pecamos porque já somos pecadores. O ato é consequência; a origem é mais antiga. Essa inclinação do coração (Jr 17.9) não é visível aos olhos, mas se enuncia no orgulho silencioso, na autopiedade disfarçada, na busca por independência que rejeita o senhorio do Altíssimo. 

 

OBSERVAÇÃO 2

O pecado começa quando queremos ser juízes do bem e do mal - como se, a cada decisão, a Árvore ainda estivesse ali, no centro do Jardim da escolha, oferecendo seus frutos com promessas de autonomia e sabedoria à parte de DEUS. 

 

2. IDEOLOGIAS HUMANAS QUE NEGAM A REALIDADE DO PECADO 

Apesar de o pecado ser algo revelado pelas Escrituras e evidenciado na experiência humana, muitas ideologias modernas tentam negá-lo, relativizá-lo ou reinterpretá-lo com base em pressupostos meramente antropocêntricos. Essas visões, além de incoerentes com a Palavra de DEUS conduzem à perda do senso moral e à incapacidade de reconhecer a necessidade de resgate, pela fé no sacrifício substitutivo de CRISTO. 

 

2.1. O ateísmo: negar a DEUS é negar o fato do pecado 

O ateísmo é uma visão de mundo que busca explicar a vida sem um fundamento transcendente, atribuindo tudo ao acaso à matéria e à lógica dos próprios homens. Nessa perspectiva o pecado é reduzido a desacerto social, trauma psíquico ou herança cultural. A Escritura, porém, vai na direção contrária: ela afirma que o pecado é, acima de tudo, uma ferida na relação com o Sagra do (Sl 51.4). Ao negar a realidade d'Aquele que sustenta tudo o que existe - perde-se também o eixo de toda moralidade inclusive a noção de culpa diante do Criador. O ateísmo convida a humanidade a viver sem culpa - mas também sem absolvição, sem arrependimento, sem salvação Quando se elimina a consciência do erro, a Cruz se torna desnecessária. E o mundo, órfão de sentido. 

 

2.2. O hedonismo: prazer como finalidade última 

O hedonismo exalta o prazer como bem supremo. Se algo satisfaz, é lícito; se algo fere, deve ser evitado. A lógica é simples: viver é buscar sensações satisfatórias e fugir da dor Nesse caminho, o pecado é visto como tabu ou imposição religiosa ultrapassada. A Cruz, no entanto, nos ensina que nem toda dor é má nem todo prazer é bom. Há prazeres que aprisionam (Hb 11.25) e dores que libertam (2 Co 12.10). A vida plena não nasce do prazer sem limites, mas do amor que se entrega da luz que confronta, do perdão que redime. JESUS não veio anestesiar a dor, mas transformá-la em caminho para o crescimento espiritual (Is 53.5). 

 

2.3. O relativismo: cada um define sua própria verdade 

O relativismo diz: "Não há verdade, apenas pontos de vista.". Cada um determina sua própria ética, seus próprios limites, seu próprio bem. Nesse cenário, o pecado seria só um desvio daquilo que a própria pessoa considera aceitável. Tudo se torna, nessa perspectiva, subjetivo, fluido: relativo. A Palavra de DEUS, todavia, adverte que relativizar o erro é, também, deslocar o valor da Graça, pois ela só se descortina em plenitude diante do reconhecimento da Queda. Quem não percebe o afastamento do caminho, não busca retorno. E sem retorno, não há reencontro com o Pai (Lc 15.18). 

 

2.4. O determinismo: negar o livre-arbítrio é negar a responsabilidade 

O determinismo afirma que não somos livres: agimos como resultado de impulsos, heranças, traumas e instintos. Segundo essa visão, somos fruto de causas alheias à nossa vontade e, por isso, inimputáveis sem culpa. Mas, a Bíblia nos apresenta como seres morais, feitos à imagem de DEUS, capazes de decidir e, portanto, de responder a Ele (Dt 30.19). Negar a liberdade é negar a possibilidade de arrependimento. E sem arrependimento, não há restauração (Pv 28.13). Somos, sim, influenciados, mas não condenados a repetir desatinos. Em CRISTO, é possível recomeçar e mudar o futuro. 

 

3. O PECADO É EVIDENTE NA EXPERIÊNCIA HUMANA 

Não é preciso abrir a Bíblia para perceber a realidade do pecado. Ele salta dos noticiários, das ruas, das decisões cotidianas. Ele está no íntimo, nas relações e nas tramas coletivas. A dor do mundo revela que algo se quebrou - e continua sendo esfacelado - desde que o Homem se afastou do Criador.

 

3.1. O conflito interior      

Há uma tensão que habita o coração humano: queremos fazer o bem, mas somos atraídos pelo mal (Rm 7.19). A Escritura é clara - o pecado não é apenas um ato externo, mas uma força que atua dentro de nós, corrompendo os desejos, distorcendo os afetos, sabotando as escolhas (Jr 17.9; 1 Jo 1.8). Fomos criados com senso moral, dotados de discernimento entre o certo e o errado, mas a transgressão original comprometeu esse dom. Por isso, mesmo conscientes tropeçamos. A brutalidade, a cobiça, o ódio, a resistência à verdade e a indiferença diante do sofrimento comprovam que a inclinação ao erro não está circunscrita ao passado ela se repete no interior de cada pessoa, todos os dias. 

 

3.2. A realidade histórica e social 

O pecado não se restringe à individualidade: ele se espalha como uma rachadura que percorre a História, os sistemas e as estruturas sociais. Onde há opressão, corrupção, injustiça e degradação moral, há vestígios da Queda. Guerras, sequestros, violência, fome e desgoverno não são apenas questões de ordem pública - são sintomas de algo mais profundo e mais disseminado. A Lição 10 abordará essa força nas dinâmicas culturais, econômicas e políticas, mostrando como um delito pessoal ganha contornos coletivos. A existência de códigos penais, constituições e tribunais demonstra que é necessário conter a injustiça, porque, sem freios, a maldade institucionaliza-se. 

 

3.3. A necessidade da Graça 

O pecado é real, persistente e abrangente. Mas a fidelidade de DEUS também é. Se todos se desviaram do Caminho (cf. Jo 14.6), então todos precisam da salvação (Rm 3.23). A rebelião no Éden afetou a humanidade em todas as eras, culturas e geografias; portanto, onde houver gente, haverá também quebra de aliança - mas ali também a redenção pode chegar (Tt 2.11)

É importante destacar, no entanto, que a misericórdia do Senhor não é um consolo moral, nem salvo-conduto para permanecer no erro é presença restauradora que nos reconecta ao Altíssimo. 

JESUS não veio para condenar o mundo, mas para reerguê-lo (Jo 3.17). N'Ele, toda barreira pode ser rompida, todo passado pode ser redimido, toda vida pode ser transformada. A universalidade do pecado exige uma salvação igualmente ampla. E é isso que o Pai nos oferece: um amor que alcança até os confins da Terra - e da alma (Is 49.6). 

 

CONCLUSÃO 

O pecado não é ilusão, invenção ou simples falha de conduta; é ruptura - com DEUS, consigo mesmo, com o outro e com a Criação. Suas marcas estão dentro e fora de nós, e suas consequências são visíveis na História e no cotidiano. Negá-lo é recusar o diagnóstico. Reconhecê-lo, no entanto, é abrir espaço para a cura. O evangelho não se limita a apontar o erro: ele proclama a Graça que perdoa, transforma e redime (Rm 5.20). Essa é a esperança que nos alcança - e que deve ser anunciada a todos os que ainda vivem sob o peso da Queda. 

 

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO 

1. De acordo com esta lição, responda: por que admitir a realidade do pecado é o primeiro passo para a cura?  R.: Porque só quem o faz pode acolher a Graça que restaura. 

 

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