Lição 2, O Nascimento de JESUS, 2 parte

Lição 2, O Nascimento de JESUS, 2 parte

 
II - O ANÚNCIO DO NASCIMENTO DE JESUS
1. ZACARIAS E IZABEL.
Exercendo ele o sacerdócio diante de DEUS (8) indica que se tratava de um sacerdote - em uma época em que o sacerdócio era freqüentemente corrupto e secularizado - que percebia o caráter sagrado do seu trabalho e o relacionamento, tanto do seu trabalho quanto da sua pessoa, com DEUS. DEUS não somente escolhe grandes homens para executarem grandes tarefas, mas Ele também destina grandes pais para esses homens - grandes, de acordo com o padrão de DEUS.
Na ordem da sua turma significa a ordem de Abias. Na Páscoa, no Pentecostes, e na Festa dos Tabernáculos todos os sacerdotes serviam simultaneamente, mas durante o resto do ano cada uma das 24 ordens servia durante uma semana a cada seis meses. Zacarias estava servindo durante uma dessas semanas no Templo. Depois de terminar o seu período de serviço, ele retornaria à sua casa.
Os deveres do sacerdote eram atribuídos por meio da sorte sagrada (9). Era uma das maiores honras que um sacerdote poderia ter era a de oferecer incenso, e um sacerdote não poderia tirar outra sorte melhor durante aquela semana de serviço. O incenso era oferecido antes do sacrifício matinal, e depois do sacrifício vespertino, no altar do incenso. Este altar se localizava no Templo, imediatamente antes do véu que separava o Lugar SANTO do Lugar Santíssimo.
Toda a multidão... estava fora, orando, à hora do incenso (10). Esta era uma ocasião altamente sagrada. O incenso oferecido simbolizava as orações do povo, que eram ofertadas ao mesmo tempo, pelas mulheres no pátio das mulheres, pelos homens no pátio dos homens e pelos demais sacerdotes no pátio dos sacerdotes.
Então, um anjo do Senhor lhe apareceu [a Zacarias] (11). A voz divina da revelação não havia se pronunciado durante quatro séculos. Então, de repente, apareceu o anjo do Senhor. Observamos que o anjo não “se aproximou”, ele apareceu - de repente, sem aviso. O fato de ele ter aparecido a um sacerdote no Templo ressalta as características de Antigo Testamento desse início da revelação do Novo Testamento. João seria um precursor do CRISTO que viria e do seu Reino. Ele também seria um elo com a revelação do Antigo Testamento, que agora estava chegando ao seu final. A direita do altar do incenso é o lado norte, entre o altar do incenso e a mesa dos pães da proposição. Observamos como Lucas é específico com os mínimos detalhes. Esta é uma característica que podemos observar em todo o seu Evangelho, e é mais uma prova da sua autenticidade.
Zacarias... turbou-se... e caiu temor sobre ele (12). Esta era uma reação natural sob estas circunstâncias incomuns.
O anjo lhe disse... não temas (13). Embora o medo fosse a reação humana natural, a missão do anjo proporcionava motivo para alegria. A sua presença não era uma indicação do desagrado de DEUS, mas da Sua aprovação, e da adequação de Zacarias para uma tarefa divina muito significativa.
... a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho. A oração à qual o anjo se refere deve ter sido feita em um período anterior da vida de Zacarias; a sua dificuldade em acreditar na promessa do anjo evidencia que há muito tempo ele já tinha deixado de orar por um filho, ou até mesmo de esperar por ele. Mas DEUS não se esquece das orações passadas. O que parece ser uma demora ou uma recusa da parte de DEUS, é somente a Sua perfeita sabedoria e o Seu perfeito planejamento. Sem dúvida, Zacarias orava freqüentemente pedindo também pela vinda do Messias, mas a oração mencionada era aquela em que ele pedia um filho.
E lhe porás o nome de João. DEUS não apenas convocava e enviava os seus profetas, mas também freqüentemente lhes dava o nome. “João” significa “Jeová mostra graça” ou “a misericórdia” ou “a graça de Jeová”.2 Este era um nome apropriado para alguém cujo ministério demonstra tão claramente a lembrança e a misericórdia de DEUS para com o seu povo.
Charles L. Childers. Comentário Bíblico Beacon. Lucas. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 358-359.
 
A FELICIDADE DE UM LAR PIEDOSO: “Ambos eram justos...” 1) Este casal judaico reconhecia a mão de DEUS em todos os acontecimentos da vida, v.8. 2) Naturalmente isto foi porque oravam por tudo, v. 13. 3) Era um lar livre da miséria produzida por bebida forte e que assola tantos lares atualmente, v. 15. 4) Suas vidas eram irrepreensíveis. Eram alçados a observar os preceitos das Escrituras, v.6. Deve distinguir-se entre ser irrepreensível e ser perfeito. O aluno que se aplica sinceramente para recitar corretamente as lições, não é repreendido pelo professor, apesar das imperfeições. 5) Como suportavam com paciência em oração o desapontamento, assim transbordavam com hinos de louvor, quando DEUS por fim deu o filho. O louvor de Zacarias mostra que a mente do velho era embebida da palavra de DEUS. 6) A influência do lar piedoso. Quantas pessoas foram grandemente abençoadas pelo contato com o lar de Zacarias e Isabel? 7) DEUS tem planejado a vida inteira de todas as pessoas, v. 17. Todos temos carreira marcada, At 20.24. 8) O filhinho neste lar era cheio do ESPÍRITO SANTO, desde o começo, v.15.
E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio... (v.8): Podem-se receber visões, quando se trabalha fielmente, apesar de o serviço ser humilde: Moisés apascentava o rebanho de Jetro, quando recebeu a chamada de DEUS na sarça ardente, Ex 3.1. Gideão malhava trigo, quando o anjo lhe apareceu e o enviou a libertar Israel, Jz 6.11. Eliseu arava com doze juntas de bois, quando a capa profética caiu sobre ele, 1 Rs 19.19. Davi estava no aprisco cuidando das ovelhas, SI 78.70.
Coube-lhe em sorte... oferecer o incenso (v.9): Duas vezes por ano Zacarias subia a Jerusalém para executar o seu termo de funções sacerdotais. (Compare 2 Cr 8.14).
Nesta ocasião, tinha chegado para ele o privilégio de que o sacerdote podia gozar só uma vez na vida: “Coube-lhe em sorte” entrar no SANTO lugar, no Templo, na hora de oração e oferecer incenso sobre o altar de ouro perante o véu. Foi um grande dia da vida do sacerdote, e especialmente para Zacarias porque recebeu a bênção desejada, ardentemente, por tantos anos, um filho para profetizar e apresentar o libertador do povo de DEUS.
Orando... à hora do incenso (v.10): O incenso que Zacarias queimava no altar de ouro, era símbolo de oração, louvor e adoração dos crentes, SI 141.2; Ap 5.8. Quando o sacerdote o oferecia, tocava-se uma campainha, como sinal para o povo no átrio, fora, e todos permaneciam orando. O incenso subindo do altar servia como símbolo das orações subindo do coração para o trono de DEUS. Ao mesmo tempo indicava que era necessário algo além das orações, que eram em si mesmas, incompletas. Nossas orações, muitas vezes, têm tanto da natureza humana, que é necessário algo para aperfeiçoá-las.
E um anjo do Senhor lhe apareceu (v. 11): Zacarias, o profeta, era o último citado no Velho Testamento a quem apareceram anjos; Zacarias, o sacerdote, é o primeiro mencionado no Novo Testamento que tinha experiência com um anjo. Os olhos de Zacarias foram abertos para perceber o anjo, “posto em pé, à direita do altar.” A presença de anjos é coisa extraordinária e o que é mais fora do comum é ter os olhos abertos para ver os anjos sempre presentes. (Compare 2 Rs 6.17). E Zacarias, vendo-o, turbou-se (v. 12): As Escrituras mostram que os homens sempre temem quando têm comunicações com o mundo invisível. (Vede Jz 13.20-22; Dn 10.7-9; Ez 1.28; M c 16.8; Ap 1.17.) Quando esse é o efeito nos homens irrepreensíveis, que se dará com os descrentes, quando DEUS mandar Seus anjos ajuntá-los para o juízo?
Zacarias... a tua oração foi ouvida (v. 13): Entre os judeus o ritualismo e o formalismo tomaram o lugar da verdadeira comunhão com o Criador. A glória de DEUS tinha-se afastado do Templo e os sacerdotes cumpriam maquinalmente seus exercícios diante de DEUS. Os cultos nas sinagogas eram secos e monótonos. Mas, como nos dias de Elias, apesar da grande apostasia, havia sete mil homens que não dobraram joelhos diante de Baal (Rm 11.4), assim havia no tempo do nascimento de João Batista, os fiéis que conheciam intimamente a DEUS. Zacarias acompanhava seu ato de oferecer o incenso no Templo, com intercessão tão fervorosa que lhe foi enviado o anjo Gabriel para assegurar-lhe que sua oração por um filho, foi ouvida e esse filho seria profeta de DEUS. Quando os céus nos parecem fechado, é quando devemos clamar com fé mais viva. Ele é galardoador dos que O buscam, Hb 11.6.
E lhe porás o nome de João (v. 13): O nome ‘João” é o mesmo de ‘Joanã” que se encontra freqüentemente no Velho Testamento e quer dizer, “a graça, a dádiva, ou a misericórdia de Jeová.” O próprio nome da criança foi escolhido entre os mais significativos do povo de DEUS.
Quais eram os filhos de promessa? Isaque, Sansão, Samuel, o filho da Sunamita, João e JESUS.
Orlando S. Boyer. Espada Cortante 2. Editora CPAD. pag. 23-24.
 
A aparição de um anjo ao seu pai,
1. Zacarias trabalhava a serviço de DEUS (v. 8). Ele “exercia o sacerdócio, diante de DEUS. Embora a sua família não estivesse formada, nem crescendo, ainda assim ele tinha a consciência de realizar o trabalho no seu próprio lugar e dia. Os trabalhos eram distribuídos por sorte, para que alguns não pudessem recusá-los e outros absorvê-los, e para que, tendo vindo do Senhor a distribuição, eles pudessem ter a satisfação de um chamado divino ao trabalho. Os judeus dizem que o mesmo sacerdote não queimava o incenso duas vezes todos os dias que lhe cabiam (havia muitos deles), pelo menos, nunca dentro da mesma semana. E muito provável que este fosse um sábado, porque havia uma “multidão” presente (v. 10), o que normalmente não acontecia em um dia de semana, e assim DEUS honra o seu próprio dia. Enquanto Zacarias estava oferecendo incenso dentro do templo, “toda a multidão do povo estava fora, orando”, v. 10.  Os levitas que serviam sob a coordenação dos sacerdotes, e os homens do posto, como eram chamados pelos rabinos, que eram os representantes do povo,  impunham as suas mãos sobre os sacrifícios, e muitos, além disto, movidos pela devoção, deixavam os seus trabalhos seculares, naquela ocasião, para estar presentes ao serviço a DEUS. Todos eles formavam uma grande multidão, especialmente aos sábados e nos dias festivos. Todos eles oravam pelos seus sacrifícios (uma oração mental, pois a sua voz não era ouvida), quando, pelo soar de um sino, eles tomavam conhecimento de que o sacerdote tinha entrado para oferecer incenso. Todas as orações que oferecemos a DEUS, na sua casa, são aceitáveis e bem sucedidas, somente em virtude do incenso da intercessão de CRISTO no templo de DEUS, no alto.
2. Quando estava trabalhando, Zacarias foi honrado com a presença de um mensageiro, um mensageiro especial, enviado a ele, vindo do céu (v. 11): “Um anjo do Senhor lhe apareceu”. Alguns observam que nós nunca lemos sobre um anjo aparecendo no templo, com uma mensagem de DEUS, exceto este único, para Zacarias, porque DEUS tinha outras maneiras de dar a conhecer a sua vontade, como Urim e Tumim, e por uma voz suave que saía entre os querubins; mas a arca e o oráculo não estavam no segundo templo, e, por isto, quando uma mensagem precisou ser enviada a um sacerdote do Templo, um anjo foi empregado para fazê-lo, e deste modo o Evangelho devia ser apresentado, pois ele, como a lei, foi entregue, a princípio, pelo ministério dos anjos, sobre cuja aparição nós lemos nos Evangelhos e no Livro de Atos. Mas o desígnio, tanto da lei quanto do Evangelho, trazido à perfeição, era estabelecer outro meio de correspondência, mais espiritual, entre DEUS e o homem. Este anjo ficou “em pé, à direita do altar do incenso”, no seu lado norte. Alguns pensam que este anjo apareceu, vindo do lugar santíssimo, o que o levou a estar em pé à direita do altar.
3. A impressão que a visita do anjo causou em Zacarias (v. 12): Quando Zacarias o viu, ficou muito surpreso, até chegou a sentir terror, pois “turbou-se, e caiu temor sobre ele”, v. 12. Embora ele fosse “justo perante DEUS”, e irrepreensível na sua conduta, ainda assim ele não pôde deixar de sentir apreensão ao ver alguém cuja aparência e brilho adjacente evidenciava ser mais do que humano. Desde que o homem pecou, a sua mente é incapaz de suportar a glória de tais revelações e a sua consciência tem medo das más notícias que tais revelações lhe trazem; nem mesmo o próprio Daniel pôde suportá-la, Daniel 10.8.
A mensagem que o anjo tinha para lhe transmitir, v. 13. Ele começou a sua mensagem, de uma maneira como os anjos normalmente o faziam, utilizando a expressão “Não temas”. Talvez Zacarias nunca tivesse tirado a sorte de queimar incenso antes; e, sendo um homem muito sério e consciencioso, podemos imaginá-lo cheio de atenção para fazê-lo bem, e talvez, quando viu o anjo, ele tivesse sentido medo de que o anjo tivesse vindo para censurá-lo por algum engano ou falha; “Não”, diz o anjo, “não tenha medo, eu não lhe trago más notícias do céu”. Não tenha medo, mas acalme-se, mantenha um espírito equilibrado e sereno para receber a mensagem que eu tenho para lhe transmitir. Vejamos de que se trata.
1. As orações que ele sempre fazia, agora receberiam uma resposta de paz: “Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida”. O anjo se refere particularmente à oração por um filho, para formar a sua família, devem ser as orações que Zacarias tinha feito anteriormente, pedindo esta bênção, na época em que ainda podia ter filhos. As orações feitas quando somos jovens e recém chegados ao mundo podem ser atendidas quando estivermos velhos, e prestes a deixar o mundo.
Atos 10.30,31); “e este é o sinal de que você é aceito por DEUS, Isabel dará à luz um filho”. Observe que é um grande consolo, para as pessoas que oram, saber que as suas orações são ouvidas; e são duplamente doces as bênçãos que são dadas em resposta a uma oração.
2. Ele terá um filho, na sua adiantada idade. Ele o terá com Isabel, sua esposa, que tinha sido estéril durante tanto tempo, para que por este nascimento que estava próximo de ser milagroso, as pessoas pudessem ser preparadas para receber e crer no nascimento de um bebê de uma virgem, que era algo completamente milagroso.
Ele recebe as instruções quanto ao nome que deve dar ao seu filho: “E lhe porás o nome de João”; em hebraico, Johanan, um nome que encontramos freqüentemente no Antigo Testamento: que quer dizer gracioso. Os sacerdotes devem suplicar ‘‘o favor de DEUS” (Ml 1.9), e abençoar o povo, Números 6.25. Zacarias estava agora orando assim, e o anjo lhe diz que a sua oração foi ouvida, e ele terá um filho, que, como símbolo de que a sua oração foi ouvida, ele deverá chamar Gracioso, ou, o Senhor será gracioso, Isaías 30.18,19.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa.Editora CPAD. pag. 510-512.
 
 
2. JOSÉ E MARIA.
A Mensagem do Anjo (1:26-33)
No sexto mês depois da concepção de Isabel, foi o anjo Gabriel enviado... a Nazaré (26). É óbvio que Lucas está escrevendo para gentios, pois nenhum judeu precisa ser lembrado de que Nazaré era uma cidade da Galiléia. Embora, como descendentes de Davi, tanto José quanto Maria chamassem Belém de terra de seus antepassados, eles estavam naquela época vivendo em Nazaré, que se situava a cerca de 130 quilômetros a nordeste de Jerusalém, em um planalto no lado norte do Vale de Esdrelom.
A uma virgem desposada com... José (27). Maria ainda era uma virgem, e estava noiva de José. Os noivados ou contratos de casamento entre os israelitas nos tempos bíblicos eram mais significativos e representavam um laço mais forte do que na atualidade. A lei mosaica considerava a infidelidade sexual por parte de uma jovem que fosse noiva como adultério, e ela era punida por esta transgressão (Dt 22.23-24). Freqüentemente existia um intervalo de meses entre o noivado e o casamento, mas ainda assim o noivado já representava um compromisso que só poderia ser rompido através do divórcio. Este último fato é exemplificado pela decisão de José de divorciar-se de Maria, antes de saber da natureza da sua concepção (Mt 1.19), embora ele e Maria ainda não estivessem casados.
Neste ponto, é bom lembrar que a narrativa de Lucas da anunciação e do nascimento de JESUS são feitos a partir do ponto de vista de Maria. Neste aspecto, a história difere do relato de Mateus, que é feito a partir do ponto de vista de José. É provável que Lucas tenha obtido esta informação direta ou indiretamente de Maria, quando ele passou dois anos na Palestina. Lucas também estava mais interessado em mostrar o relacionamento de JESUS com a humanidade através da Sua mãe, do que a Sua relação legal com o trono de Davi através de José, o seu pai oficial, embora não fosse o seu pai biológico.
Da casa de Davi se refere a José e não a Maria. A gramática do texto grego original e também a da versão em nosso idioma, exige esta interpretação. Mas isto não quer dizer que Maria não fosse descendente de Davi, pois os versículos 32 e 69 deste mesmo capítulo dão a entender fortemente que ela era da linhagem de Davi.
Entrando o anjo onde ela estava (28). Isto não foi um sonho nem uma visão, mas uma autêntica visita de um anjo.
Salve. Esta é uma saudação com alegria. A palavra no original é o imperativo de um verbo que significa “alegrar-se” ou “ficar feliz”. A forma usada aqui é uma saudação normal. Seria o equivalente a: “Que a alegria esteja com você”.
Agraciada (literalmente, “com a graça”); bendita és tu entre as mulheres. O anjo a honrou pelo que ela iria se tornar, antes mesmo que ela soubesse o assunto das boas-novas. É certo que Maria deveria receber honra, e o anjo nos deu o exemplo. Mas a adoração a Maria é completamente injustificada.
Ela turbou-se muito com aquelas palavras (29) significa, literalmente, “ela ficou grandemente agitada”. A saudação e a presença do anjo a perturbaram (acréscimo de Ev. Luiz Henrique). O que ele lhe disse era mais difícil de entender do que a sua aparição e, aparentemente, mais inesperado.
Ela considerava: significa, literalmente, “ela estava pensando”. Isto representa uma prova de sua presença de espírito neste momento crítico da sua vida.
Em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho... JESUS (31). Aqui temos o anúncio da Encarnação. O Filho de DEUS realmente se tornaria carne, seria concebido e nasceria de uma virgem. Neste Filho a divindade e a humanidade estariam unidas de maneira inseparável. O seu nome, JESUS, significa “Salvador” ou, mais literalmente, “DEUS salva”. É o equivalente grego do hebraico “Josué”. Lucas não joga com as palavras na etimologia do nome “JESUS”, como faz Mateus. Os seus leitores, sendo gentios, não teriam entendido o objetivo das palavras “porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” de Mateus 1.21, por não conhecerem a relação etimológica entre as palavras “JESUS” e “salvar”.
Este será grande (32), no seu sentido mais elevado e verdadeiro. DEUS é grande, e toda a grandeza verdadeira vem dele e é reconhecida por Ele. (Isaías 9.6).
Será chamado Filho do Altíssimo não quer dizer que Ele simplesmente “seria chamado” de Filho de DEUS, mas é equivalente a “Ele não apenas será o filho de DEUS, como também será reconhecido como tal”. Ele terá as marcas da divindade. Esta palavra hebraica era de uso comum, e literalmente equivalente a “Ele será o Filho do Altíssimo”.
O trono de Davi, seu pai. Evidentemente, isto deixa claro que Maria era descendente de Davi. Como muitos poderão argumentar, é verdade que o direito de JESUS ao trono viria através de José, apesar de não ser o seu verdadeiro pai. Mas aqui se menciona a filiação, e não se menciona José. Além disso, deve-se observar que Lucas está escrevendo a partir do ponto de vista de Maria; e também que o seu interesse pelas relações humanas de JESUS está ligado à relação verdadeira, e não àquela que era considerada legal entre os judeus.
Reinará eternamente na casa de Jacó (33). Isto é praticamente equivalente ao que está escrito na frase seguinte: O seu Reino não terá fim, exceto que a primeira enfatiza o aspecto judaico do reino. Lucas enfatiza muito claramente, em seu Evangelho, a universalidade do reino de CRISTO; mas Paulo, que foi professor de Lucas, enfatizava a continuidade do reino de Israel - e da semente de Abraão - no reino de CRISTO. A última é a flor e o fruto; a primeira é a videira.
A Pergunta de Maria (1.34)
Como se fará isso? (34) Não se trata de uma pergunta como produto da dúvida, mas da perplexidade e da inocência. Ela não está dizendo “Não pode ser”, mas pedindo uma explicação sobre como isso pode ser, e como será feito. Uma comparação superficial da pergunta de Maria com a expressão de dúvida de Zacarias (1.18) faria com que ambas parecessem muito similares. Um olhar mais detalhado sobre as duas perguntas irá provar conclusivamente que elas não se assemelham nem em significado, nem em espírito.
Zacarias perguntou: “Como saberei isso?”, querendo dizer, “Que sinal você vai me dar como prova de que isto irá acontecer?” Mas Maria perguntou “Como se fará isso?”, ou seja, que meios farão isso acontecer?
Existe ainda outra diferença que deve ser observada. O milagre que foi prometido a Zacarias era um caso normal de cura divina, aliado a uma capacitação divina de uma mulher para dar à luz em idade avançada. Isto realmente era um milagre. Mas a maravilha que foi prometida a Maria continua confundindo a imaginação dos maiores pensadores da igreja e do mundo em todas as gerações. E nada menos do que o mistério da Encarnação divina - DEUS se tornou carne.
3. A Resposta do Anjo (1.35-38)
Descerá sobre ti o ESPÍRITO SANTO (35). O anjo respondeu amavelmente a pergunta que tinha sido feita de forma tão inocente. A resposta não esclarece o mistério: somente indica o agente. O ESPÍRITO SANTO, como agente de DEUS Pai, toma o lugar de um marido de alguma maneira não explicada - e talvez inexplicável. Aqui, na resposta do anjo, podemos ver o poder procriativo da mulher na sua mais completa pureza, unido à onipotência de um DEUS amoroso e santo. Vemos delicadeza, significado e mistério unidos nas palavras a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Esta “cobertura com a sombra do Altíssimo” possivelmente inclui tanto o milagre da concepção quanto a supervisão, o cuidado e a proteção contínuos de Maria pelo ESPÍRITO SANTO. Será chamado Filho de DEUS não se refere à eterna filiação do CRISTO pré-encarnado, mas sim ao milagre da Encarnação. Como DEUS tomou o lugar de um pai terreno, JESUS pode ser chamado Filho de DEUS da mesma forma que um menino é chamado de filho de seu pai.
Charles L. Childers. Comentário Bíblico Beacon. Lucas. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 362-364.
 
Observação de Ev. Luiz Henrique - A palavra de DEUS é a semente de DEUS, quando o anjo Gabriel comunica a Maria que ela vai conceber, isso é a Palavra de DEUS entrando no útero virgem de Maria, e assim ela concebe a vida de JESUS em seu ventre.
O pastor das ovelhas, aquele que dá a vida pelas suas ovelhas, entrou na terra (curral ou aprisco das ovelhas) pela porta como todos nós - a porta do nascimento físico através de uma mulher.  Aquele que entra por outra porta (não nasceu de uma mulher) é ladrão e salteador - Satanás. (Jo 10).
 
Maria ficara perplexa ante o fato de que ela haveria de ser a progenitora do Messias davídico, e também porque isso era um anúncio virtual de que teria um filho antes da consumação de seu matrimônio, como ocorrência inteiramente desvinculada desse casamento.
Maria, mostrando-se digna representante das mulheres da mais profunda confiança no Senhor,—não requereu um sinal—ou qualquer espécie de confirmação, mas aceitou a declaração por um notável ato de fé. O vs. 45 afirma a sua crença: «Bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor».
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 16.
 
A informação adicional que o anjo transmite a Maria, respondendo à sua pergunta a respeito do nascimento deste príncipe.
1. A pergunta que ela faz é apropriada: “Como se fará isto?”, v. 34. Como eu posso conceber um filho na atualidade (pois foi isto o que o anjo quis dizer), se eu “não conheço varão”? Deverá ser de outra maneira, e não pelo modo normal de concepção? Se for assim, diga-me “como se fará isto?” Ela sabia que o Messias devia nascer de uma virgem; e, se ela devia ser a sua mãe, ela queria saber como isto aconteceria. Estas não eram palavras resultantes da sua falta de confiança, ou de qualquer dúvida sobre o que o anjo lhe havia dito, mas de um desejo de receber mais orientação.
2. A resposta que ela recebe é satisfatória, v. 35. (1) Ela irá conceber pelo poder do “ESPÍRITO SANTO”, cuja obra é santificar, e portanto, santificar a virgem, para este propósito. O ESPÍRITO SANTO é chamado de “virtude do Altíssimo”. Ela pergunta “como se fará isto? Isto é suficiente para ajudá-la a superar as dificuldades que parecem existir. Um poder divino o realizará, não o poder de um anjo empregado para isto, como em outros milagres. Mas, o poder do próprio “ESPÍRITO SANTO”. (2) Ela não deve fazer perguntas a respeito da maneira como isto se realizará, pois o ESPÍRITO SANTO, sendo “a virtude do Altíssimo”, irá cobri-la “com a sua sombra”, como a nuvem cobriu o tabernáculo quando a glória de DEUS tomou posse dele, para escondê-lo daqueles que poderiam - com excessiva curiosidade - observar o que acontecia, “bisbilhotando” os seus mistérios. A formação de cada bebê no útero, e a entrada do espírito da vida nele, são mistérios da natureza; ninguém conhece “o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da que está grávida”, Eclesiastes 11.5. Nós fomos formados no oculto, Salmos 139.15,16. A formação do menino JESUS é um mistério ainda maior, sem controvérsia, “grande é o mistério da piedade”, DEUS manifestado em carne, 1 Timóteo 3.16. E uma coisa nova criada na terra (Jr 31.22), a cujo respeito nós não devemos cobiçar conhecer além do que está escrito.
(3) A criança que ela irá conceber é santa, e portanto não deve ser concebida da maneira normal, porque ela não deverá compartilhar da corrupção e da contaminação comuns à natureza humana. O bebê é mencionado enfaticamente como “o SANTO”, como nunca houve; e Ele será chamado de “Filho de DEUS”, como o Filho de DEUS por geração eterna, o que indica como Ele será formado pelo ESPÍRITO SANTO, nesta concepção. A sua natureza humana deveria ser produzida desta maneira, como era adequado que fosse, pois se uniria à natureza divina.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa.Editora CPAD. pag. 517.