Lição 10 - As Setenta Semanas, 1parte

Lição 10 - As Setenta Semanas
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: A Integridade Moral e Espiritual - O Legado Do Livro De Daniel Para A Igreja Hoje.
Comentários: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
 
 
TEXTO ÁUREO 
"Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e ungir o Santo dos santos" (Dn 9.24).
 
 
VERDADE PRÁTICA 
DEUS revela os seus mistérios a quem reconhece a sua soberania e submete-se a sua vontade em amor e contrição.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Mt 21.18-22 O ensino de JESUS sobre a fé
Terça - Pv 15.29; Sl 141.2 DEUS está pronto a ouvir
Quarta - Pv 11.2; 29.23 Humildade e sabedoria
Quinta - Dt 9.18-29 Uma vida de oração
Sexta - Mt 13.1-23 DEUS revelou os mistérios do Reino
Sábado - Dn 9.1-10 Daniel, um homem de oração
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Daniel 9.20-27
20 Estando eu ainda falando, e orando, e confessando o meu pecado e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica perante a face do SENHOR, meu DEUS, pelo monte santo do meu DEUS, 21 estando eu, digo, ainda falando na oração, o varão Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente e tocou-me à hora do sacrifício da tarde. 22 E me instruiu, e falou comigo, e disse: Daniel, agora, saí para fazer-te entender o sentido. 23 No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; toma, pois, bem sentido na palavra e entende a visão. 24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e ungir o Santo dos santos. 25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 26 E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações. 27 E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.
 
INTERAÇÃO 
Prezado professor, na lição de hoje estudaremos as setenta semanas do livro de Daniel. Este é um assunto que deve ser estudado com muita dedicação. Depois de estudar com zelo as profecias do profeta Jeremias, Daniel compreendeu o futuro do seu povo. A profecia de Daniel começou a se cumprir a partir do decreto da restauração de Israel por ordem do rei Artaxerxes (Ne 2.1-8). Porém, a profecia ainda não se cumpriu na íntegra, pois a septuagésima semana de Daniel foi interrompida pelo Todo-Poderoso. A Igreja de CRISTO, nesse período, num corpo espiritual e com CRISTO, já arrebatada, verá o cumprimento total desta profecia da septuagésima semana, mas não estará mais aqui num corpo humano, terrestre e carnal, estaremos no Tribunal de CRISTO nesta época.
 
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Conhecer que Daniel compreendeu o futuro de Israel após estudar as profecias de Jeremias.
Compreender as setenta semanas profetizadas no livro de Daniel.
Saber os propósitos da septuagésima semana.
 
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA 
Para introduzir o segundo tópico da lição desta semana reproduza o esquema abaixo conforme as suas possibilidades. Com o auxílio do esquema, explique que a profecia de Daniel começou a se cumprir a partir do decreto da restauração de Israel por ordem de Artaxerxes (Ne 2.1-8), em 444 a. C. Em seguida, diga aos alunos que essa profecia não foi cumprida cabalmente, pois a septuagésima semana de Daniel foi interrompida por DEUS. Então deu-se o advento da Igreja. Afirme que a Igreja deve primeiramente ser arrebatada, para em seguida, a profecia sobre a septuagésima semana cumprir-se literal e plenamente.
 
 
Resumo da Lição 10 - As Setenta Semanas
I. DANIEL INTERCEDE A DEUS PELO SEU POVO (Dn 9.3-19)
1. O tempo da profecia de Jeremias (vv. 1,2).
2. A confissão dos pecados de um povo (vv.3-11,20).
3. Daniel reconheceu a justiça de DEUS (vv.7,16).
II. DEUS REVELA O FUTURO DO SEU POVO (Dn 9.24-27)
1. As setenta semanas (v.24).
2. Os três príncipes são mencionados na profecia (vv.25,26).
3. O intervalo que precede a septuagésima semana (v.27).
III. OS PROPÓSITOS DA SEPTUAGÉSIMA SEMANA (Dn 9.27)
1. Revelar o "homem do pecado" (2 Ts 2.3).
2. A Grande Tribulação (Mt 24.15,21).
3. Revelar a vitória gloriosa do Messias.
 
SINOPSE DO TÓPICO (1) As guerras e pelejas entre os crentes são frutos dos desejos egoístas e carnais que carregamos em nosso interior.
SINOPSE DO TÓPICO (2) Na Bíblia, o número setenta ganhou sentido profético, pois a partir desta visão profética DEUS revelou o futuro do seu povo a Daniel.
SINOPSE DO TÓPICO (3) Os propósitos da septuagésima semana são revelar ao povo de DEUS o "homem do pecado", "a Grande Tribulação" e o tempo da vitória gloriosa do Messias.
 
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
LAHAYE, Tim; HINDSON (Ed.). Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que DEUS colocou entre as nações. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
ZUCK, Roy B (Ed.). Teologia do Antigo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD. 2009.
 
Revista Ensinador Cristão nº 60. Editora CPAD. pag. 41.
AS SETENTA SEMANAS
O capítulo nove de Daniel é um dos mais controvertidos e especulados da Bíblia. Quantas datas foram marcadas para a vinda de JESUS a partir desse capítulo? Quantas pessoas pensaram que o Anticristo foi o Hitler? Ou o Papa? Tudo a partir da leitura desse capítulo.
O que se tem no capítulo nove é a terceira visão dos mistérios proféticos a respeito do tempo do fim onde de forma direta e através do anjo Gabriel o profeta Daniel recebeu de DEUS tais informações. Duas divisões naturais aparecem neste capítulo: a oração de Daniel (vv.3-19) e a resposta divina transmitida pelo anjo Gabriel (vv.20-27).
A respeito da oração de Daniel é importante que o professor considere algumas questões importantes:
1. A oração de Daniel foi motivada por uma reflexão acerca das profecias de Jeremias. O povo judeu passaria setenta anos cativo e desolado (v.2);
2. Enquanto empenhava-se por entender a mensagem do profeta Jeremias, Daniel humilhou-se na presença de DEUS e jejuou (v.3);
3. Daniel suplica ao Senhor confessando o pecado do povo e colocando-se, juntamente com o povo cativo, responsável por aquele pecado (vv.4-14);
4. Suplicou também pela misericórdia divina lembrando esta mesma misericórdia quando o Senhor livrou o Seu povo do Egito e, igualmente, usou de justiça para castigar o pecado de Jerusalém (vv.15,16).
5. Por fim, Daniel pede a DEUS para libertar a cidade santa, Jerusalém, e a nação cujo DEUS é o Senhor (vv.17-19);
6. O anjo Gabriel responde a Daniel após o processo de busca por resposta divina. É interessante destacar que é a primeira vez que um anjo aparece se locomovendo no Antigo Testamento. Antes, outros anjos apenas apareciam.
O capítulo pelo qual estamos estudando revela a disposição e a motivação de Daniel em buscar os desígnios de DEUS. Embora não seja, neste espaço, a nossa intenção criar uma espécie de receita de bolo para buscarmos a DEUS, pois entendemos que as experiências espirituais são de caráter subjetivo, cada pessoa tem a sua experiência com o Pai, mas é impossível não observarmos algumas características que chama-nos atenção na atitude de Daniel: a sua sede de conhecer a vontade de DEUS, a humildade; a sinceridade; a disposição em orar e jejuar. Que a atitude de Daniel estimule-nos a buscarmos a vontade de DEUS para a nossa vida!
Revista Ensinador Cristão nº 60. Editora CPAD. pag. 41.
 
 
COMENTÁRIOS DE VÁRIOS LIVROS E AUTORES
INTRODUÇÃO
O capítulo 9 é, indiscutivelmente, a profecia mais importante do livro de Daniel. Neste capítulo a profecia ganha um sentido histórico especial e ao mesmo tempo escatológico, tanto em relação a Israel, quanto em relação ao mundo. Diferentemente dos capítulos anteriores, esta revelação não se preocupa com os poderes mundiais, mas trata de uma revelação especial sobre o futuro de Israel que afeta, indiscutivelmente, todo o mundo. Nos capítulos anteriores, tais como os capítulos 2,4, 7 e 8, se percebe que DEUS utilizou figuras diferentes do mundo mineral (metais), bem como, figuras do mundo animal para ilustrar os acontecimentos futuros do mundo. Na realidade, DEUS usa elementos neutros como os metais (ouro, prata, cobre, ferro e barro), e elementos do mundo animal, para tratar de aspectos políticos, morais e espirituais. Todos esses capítulos tem uma relação especial com Israel que é o alvo da profecia. No capítulo 9, DEUS revela a Daniel fatos futuros do povo de Israel utilizando número de semanas, dias e anos. Esses números ganham uma linguagem especial na sua interpretação em relação ao povo de Israel. Daniel, ao rever o livro do profeta Jeremias descobriu uma profecia literal que estava chegando ao seu cumprimento. O período de 70 anos predito para um tempo de escravidão e exílio do povo judeu em terras estrangeiras estava chegando ao fim. Porém, DEUS toma esta circunstância histórica para revelar outra verdade futura acerca do seu povo. Seria outro período de 70 semanas de anos totalizando 490 anos literais, sob o qual Israel experimentaria a força da soberania de DEUS sobre Israel que afetaria o mundo inteiro. Depois da visão estarrecedora dos capítulos 7 e 8, quando Daniel visualiza espiritualmente o futuro com “um rei feroz de semblante” que prefigura numa perspectiva escatológica o futuro Anticristo, ou seja, “o homem do pecado”, Daniel enfraqueceu física e emocionalmente e lhe restou, tão somente, orar e buscar o socorro de DEUS.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 127-128.
 
As setenta semanas de anos (cap. 9)
As duas principais profecias do livro de Daniel são as do capítulo 2 e do capítulo 9. A do capítulo 2, como já vimos, revela o futuro do mundo gentílico, terminando pelo reino dos dez dedos dos pés da grande estátua, quando a pedra (que representa CRISTO na sua vinda para julgar) bateu violentamente nos pés da estátua e esmiuçou-a. Três vezes está dito isto (2.34,40,44). Portanto, as nações ímpias não findarão pacificamente, mas de modo violento e catastrófico, como veremos à vinda de JESUS, com poder e grande glória. Vemos ainda que o reino final será o do Céu (2.44).
A segunda profecia mais importante do livro de Daniel é esta do capítulo 9, revelando o futuro da nação israelita, incluindo também o período da Igreja, se bem que parentético, como veremos durante o estudo. Podemos dizer que esta profecia é o futuro de Israel no plano de DEUS.
Se não entendermos bem a profecia das Setenta Semanas, tampouco entenderemos o Sermão Profético de Mateus 24, e nem o livro de Apocalipse, uma vez que ela abrange esses dois. Quase todo o livro de Apocalipse (caps. 6 a 22) é apenas uma aplicação da profecia preditiva das Setenta Semanas de Daniel. Noutras palavras: DEUS deu a Daniel um quadro geral dos eventos futuros relacionados com Israel; e a João, no Apocalipse, deu os detalhes desses eventos.
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de DEUS Para os últimos dias. Editora CPAD.
 
Temos, nesse capítulo:
I. A oração de Daniel pedindo a reintegração dos judeus que estavam no cativeiro, e na qual ele confessa o pecado, reconhece a presença da justiça de DEUS nas calamidades, e implora as promessas divinas de misericórdia que o Senhor ainda havia reservado para eles (w. 1-19).
II. A resposta recebida em seguida à sua oração e que foi transmitida por um anjo. Nesta,
1. Ele recebe garantias sobre a imediata libertação dos judeus do seu cativeiro (w. 20-23).
2. Ele é informado a respeito da redenção do mundo por JESUS CRISTO (que o próprio Daniel estava tipificando), de como seria a natureza dessa redenção, e quando ela seria realizada (w. 24-27). E essa é a profecia mais clara e luminosa em todo o Antigo Testamento a respeito do Messias.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 879.
 
I - DANIEL INTERCEDE A DEUS PELO SEU POVO (Dn 9.3 19)
1.O tempo da profecia de Jeremias (vv. 1,2).
Daniel examina o tempo da profecia de Jeremias (9.1-4)
“No ano primeiro de Dario,filho de Assuero, da nação dos medos” (9.1). Em 539 a. C., Daniel já tinha mais de 80 anos de idade. Era um ancião respeitado por mais de 60 anos em reinos anteriores, mas ainda exercia atividades políticas sob o domínio de Dario. Dario era filho de Assuero, rei conhecido pelo nome que não pode ser confundido com o rei Assuero da história de Ester (Et 1.1).
(9.2) Daniel entende que o número de anos da profecia de Jeremias havia chegado. Ele disse: “entendi pelos livros que o número de anos, de que falou o Senhor ao profeta Jeremias”. Consultando a profecia, Daniel descobre o que DEUS disse ao profeta Jeremias: “quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei da Babilônia”(]v 25.11,12). Uma vez que a punição já havia acontecido contra a Babilônia, Daniel entendeu que o momento de cessarem as assolações de Jerusalém havia chegado. Ele descobre que a profecia que o tempo dos 70 anos de cativeiro estava chegando ao fim, “Setenta anos” era o tempo da indignação divina contra Jerusalém e as cidades de Judá conforme falou Zacarias 1.12, que disse: “Então o anjo do Senhor respondeu e disse: O Senhor dos Exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém e das cidades de Judá, contra as quais estiveste irado estes setenta anos?” Outra profecia está descrita em 2 Cr 36.21 que diz: “para que se cumprisse a palavra do Senhor, pela boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram”. No texto de Daniel 9.2, o servo de DEUS orou com todas as suas forças pedindo a DEUS que cumprisse a promessa da sua graça sobre Israel, restaurando o seu reino e a sua cidade.
Daniel ora objetivamente a DEUS: “e eu dirigi o meu rosto ao Senhor” (9.3). Daniel demonstrou que a oração precisa ter ousadia e temor de DEUS no coração. Ele dirigiu seu rosto ao Senhor, isto é, ele não usou de subterfúgios para falar com DEUS, mas expôs sua face para se apresentar ao Senhor. A oração foi o meio providencial para que se cumprisse o que já estava determinado por DEUS (Is 42.24,25; 43.14,15; 48.9-11;Jr 49.17-20; 50.4,5,20).
Daniel orou e intercedeu pelo seu povo. “E orei ao Senhor, meu DEUS, e confessei... ” (9.4-6). Daniel teve a humildade de confessar o pecado do seu povo incluindo ele mesmo. Ele não viu apenas a culpa da sua gente, mas a sua também. Ele usa a expressão: “pecamos cometemos iniquidade” (9.5). A despeito de ser homem íntegro, não foi presunçoso diante da justiça de DEUS. mas colocou-se debaixo da mesma culpa pedindo perdão a DEUS. Daniel teve uma atitude de intercessão que dominou seu coração diante de DEUS. Essa atitude em favor do seu povo foi demonstrada com total humildade. Ele estava convencido da soberania de DEUS e seu poder para manifestar o seu perdão, mas acima de tudo, para cumprir a sua palavra. Daniel sabia que não podia adiantar nem atrasar o cumprimento dos desígnios divinos para com Israel. Ele preferia colocar-se diante de DEUS como alguém que sabia da incapacidade do seu povo para entender que a disciplina do Senhor estava se cumprindo, mas que havia algo futuro que ainda se cumpriria na história de Israel. Daniel depois de haver expressado seu reconhecimento da grandeza de DEUS, se volta para si mesmo e para seu povo, se identificando com os pecados de Israel (Dn 9.5,6).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 128-129.
 
Dn 9.1 O assunto principal deste capítulo que, em suma, encerra uma série de 27 versículos, é a oração do profeta Daniel, para que DEUS desse início ao regresso de seu povo. (Ver Salmo 126). Podemos dividir o presente capítulo da seguinte maneira: 1) A introdução (versículos 1 e 3). 2) A oração propriamente dita (versículos 4 a 19). 3) A resposta da oração: DEUS enviando o anjo Gabriel (versículos 20 a 27). Então o capítulo é dividido em duas partes: 1) A introdução (versículos 20 a 23). 2) A resposta propriamente dita (versículos 24 a 27). Agora a consolidação: A grande profecia das “setenta semanas”. Os versículos 1 e 2 do presente capítulo, apontam no tempo esta oração: foi no primeiro ano do governo de Dario, filho de Assuero, da nação dos medos. Alguns comentadores aceitam que o Assuero do texto é Xerxes, e o nome “Assuero” pode ser um “título real aquemênida”.
Dn 9.2 “Era de setenta anos”. Daniel primeiro examina com cuidado as predições do profeta Jeremias sobre os “setenta anos de cativeiro” (Jr 25.11, 12). Setenta anos de cativeiro sobre a nação foi para “que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram” (2 Cr 36.21). DEUS ordenou a Israel, no deserto, que trabalhasse seis dias em sete e, semelhantemente, seis anos em sete. (Ver Ex 20.9, 10; Lv 25.1-7). A guarda do sábado à risca foi observada por Israel logo no deserto, e um homem foi morto porque apanhou lenha no sábado. (Ver Nm 15.32-36). A segunda ordem de DEUS para que se guardasse o ano sabático só entraria em vigor com a entrada da nação na terra prometida. (Ver Lv 25.2-4). Isto significa que todo o “tempo pertence a DEUS”. Durante esse ano (de repouso), a terra não era lavrada, o fruto era livre, e a confiança do povo em DEUS era provada. Aprendemos de Deuteronômio 31.10-13, que este ano era empregado para dar instrução religiosa ao povo. Durante os 490 anos da monarquia, esta lei não foi observada, como devia ter sido por 70 vezes. Por isso, foram dados ao povo 70 anos de cativeiro. DEUS, apenas, como sempre, só exigiu o dízimo dos 490 anos. (Ver 2 Cr 36.21). Daniel sabia que DEUS é o “Justo Juiz” e só cobraria o “dízimo” dos anos, e pôs-se a orar confiantemente por um repatriamento. (Comp. SI 126).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 165-166.
 
O estudo desta profecia torna-se mais edificante e empolgante quando consideramos que estamos vivendo agora no “tempo do fim”, de que falou o profeta Daniel em 8.17,19; 10.14; 12.4.
1. O cenário histórico da profecia (9.1,2). "No primeiro ano de Dario" (v. 1). Isso teve então lugar após 5.31. Estava chegando o final dos setenta anos de cativeiro do povo judeu. "Eu, Daniel, entendi pelos livros" (v. 2). Daniel possuía uma biblioteca, cujos livros ele estudava, e entre esses estavam os da Bíblia de então. Ele menciona aqui, no versículo 2, as profecias de Jeremias. Hoje podemos ter mais conhecimentos ainda, porque dispomos de livros das Escrituras como o de Apocalipse, que ele não tinha. A profecia de Jeremias, em apreço, diz: "Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos. Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei de Babilônia..." (Jr 25.11,12). Esse rei de que fala a profecia já fora castigado. Daniel considerava então que já estava no tempo para terminarem as "assolações de Jerusalém", a qual continuava destruída.
2. A oração de Daniel (9.3-19). Daniel era homem de oração e jejum. Certamente temos aí uma das razões por que sempre permaneceu firme na fé, vivendo e trabalhando nas "alturas" palacianas. Davi deu o mesmo testemunho no Salmo 18.33. "E me firmou nas minhas alturas". DEUS pode guardar o crente nas altas posições, sejam quais forem que venha a ocupar. Muitos crentes, ao subirem nesse sentido, infelizmente começam a "descer" espiritualmente. O caminho certo nesses casos é o da oração e da Palavra, como fez Daniel.
Uma coisa tocante nesta oração de Daniel (vv. 3-19) é o fato de ele confessar os pecados da sua nação como se fossem os seus, identificando-se, assim, com o seu povo. "Temos pecado e cometido iniquidades, procedemos perversamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos" (v. 5). Ele sabia conjugar os verbos bíblicos na primeira pessoa...
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de DEUS Para os últimos dias. Editora CPAD.
 
A Ocasião da Oração de Daniel (9.1-3)
Uma mudança no governo trouxe à mente de Daniel a convicção aguda de que alguma mudança providencial de grandes proporções estava para acontecer com o remanescente do seu povo no exílio. O reino dos caldeus tinha chegado ao fim com a queda da Babilônia (5.30-31). O governo dos persas e seus aliados medos o tinha destituído. Se Dario, que foi constituído rei sobre o reino dos caldeus (1), era, na verdade, o parente idoso do persa Ciro, a situação política continuava instável. O equilíbrio do poder estava passando da Média para a Pérsia. Ciro, dentro de dois anos, assumiria a liderança civil e militar.
Mas Daniel estava acima do cenário secular. Ele entendeu pelos livros [...] que falou o Senhor (2). Daniel estava ciente de quão minuciosamente exato havia sido o cumprimento das advertências que DEUS tinha dado ao seu povo. Ele tinha passado pelos dias angustiantes de calamidade descritos detalhadamente em Levítico 26.14-35. O castigo imposto por causa da negligência dos anos sabáticos estava ficando claro. A promessa de DEUS de misericórdia e restauração baseadas na aliança que Ele havia feito com os pais (Lv 26.40-45), com a condição indispensável de arrependimento, continuava valendo. DEUS estava aguardando a reação do povo. Então Daniel lembrou da referência profética alarmante de Jeremias em relação a uma série de ciclos sabáticos que culminava naqueles dias: “Porque assim diz o Senhor: Certamente que, passados setenta anos na Babilônia, vos visitarei e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando-vos a trazer a este lugar” (Jr 29.10; cf. 29.11-13; 2 Cr 36.12). Ele sabia que o tempo estava próximo e sabia exatamente o que deveria fazer. Na profecia de Jeremias, Daniel descobriu o plano de DEUS para a época em que vivia.
A seriedade da luta na oração de Daniel pode ser percebida na seguinte frase: E eu dirigi o meu rosto ao Senhor DEUS, para o buscar com oração, e rogos, e jejum, e pano de saco, e cinza (3).
Aqui estava um homem empenhado em uma busca profunda e sincera pela ajuda divina. Calvino observa que “quando DEUS promete algo singular e valioso, devemos estar alertas e sentir essa expectativa como um estímulo aguçado”. Calvino então ressalta que o uso do pano de saco, da cinza e do jejum por Daniel, foi usado, não como obras meritórias para alcançar o favor de DEUS, mas como auxílio para aumentar o ardor na oração. “Assim, observamos que Daniel fez o uso correto do jejum, não desejando agradar a DEUS por meio dessa disciplina, mas em conferir-lhe mais seriedade em suas orações”.
Em Daniel 9.1-3, encontramos os “Fatores da Oração Eficaz”: 1) Um coração aberto para “a palavra do Senhor” (2a, NVI). 2) Uma convicção esmagadora de que o tempo de DEUS é agora (2b). 3) A observância das disciplinas da oração insistente (3).
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 532-533.
 
2. A confissão dos pecados de um povo (vv.3-11,20).
A preparação para a oração (Dn 9.3)
Daniel, em sua preparação para a oração, nos ensina quatro coisas importantes: em primeiro lugar, uma busca intensa. Ele voltou o rosto para o Senhor. Isso demonstra a intensidade de sua oração. Ele tinha vida de oração metódica e regular, mas agora esse homem se concentra em oração.
Em segundo lugar, um clamor fervoroso. Daniel ora e suplica. O decreto de Dario o leva a ser mais enfático em sua oração e clamor.
Em terceiro lugar, uma urgência inadiável. Daniel ora e jejua. Quem jejua tem pressa. Quem jejua não pode protelar. Daniel tem urgência em seu clamor. Ele não vê em seu povo o quebrantamento necessário. Ele sabe que a profecia passa pelo arrependimento do povo. Por isso, ora com tanta urgência.
Em quarto lugar, um quebrantamento profundo. Ele se humilha. Veste-se com pano de saco e cinza. Ele era um homem do palácio, mas despoja-se de sua posição.
Os atributos da oração (Dn 9.4-19)
A oração feita por Daniel contém os pontos mais importantes de uma oração. Ele começa adorando a DEUS (Dn 9.4). Daniel se aproxima de DEUS com santa reverência. Daniel tinha intimidade com DEUS, mas reconhecia a majestade e a grandeza de DEUS diante de quem os serafins cobrem o rosto. Confiança filial não é inconsistente com profunda reverência. Daniel adora a DEUS por causa de sua fidelidade ao pacto. Ele pode confiar em DEUS por saber que DEUS é fiel a Sua Palavra. Daniel adora a DEUS também por causa de Sua misericórdia e prontidão em perdoar (Dn 9.4,9).
Daniel, depois de adorar a DEUS, é tomado por profunda contrição, faz confissão de seus pecados e dos pecados do povo (Dn 9.5-15). Quais foram as características da sua confissão? Em primeiro lugar, Daniel fez uma confissão coletiva (v. 7,8). Daniel compreendeu que ele, os líderes de seu povo e o povo pecaram contra DEUS. Aqui não há justificativa nem transferência de culpa. Todos pecaram. Todos são culpados: os líderes e o povo. DEUS falou, e eles não ouviram. DEUS ordenou, e eles não obedeceram. DEUS fez grandes maravilhas, e eles não agradeceram.
Em segundo lugar, Daniel faz uma confissão específica (v.5,6). Ele não faz confissões genéricas: Daniel usa vários termos para expressar o pecado do povo: pecado, iniquidade, procedimento perverso, rebeldia, desvio dos mandamentos e juízos (v. 5), desobediência (v. 10), transgressão da lei (v. 11) e procedimento perverso (v. 15).
Em terceiro lugar, Daniel faz uma confissão sincera (v. 7,14). Daniel está corado de vergonha. Ele sabe que os males que vieram sobre o povo foram provocados pela desobediência e rebeldia do povo. O pecado traz opróbrio, vergonha, dor, humilhação e derrota. Daniel reconhece que as aflições do povo são por causa de seu pecado, e, por isso, DEUS é justo em castigar seu povo (v. 11). Daniel entende que o mal veio sobre o povo por causa de seu pecado (v. 11-13). DEUS já havia alertado o povo sobre esse perigo, Mas a despeito da maldição vir, do mal chegar, o povo ainda não havia se quebrantado.
O povo não tinha atendido nem mesmo à voz do chicote de DEUS.
Em último lugar, Daniel, em sua confissão, reconhece a ingratidão do povo (v. 15). DEUS tirara Israel do Egito com mão forte e poderosa. Realizara tantos milagres e providências em sua vida e o engrandecera aos olhos das nações. Mas Israel, em vez de agradar a DEUS, rebelou-se contra Ele. Depois de confessar seus pecados e os pecados do povo, Daniel faz súplicas a DEUS (Dn 9.16-19). Seus pedidos são específicos (v. 16-18): Daniel pediu por Jerusalém e pelo monte santo (v. 16). Pediu pelo templo assolado (v. 17) e pela cidade que é chamada pelo nome de DEUS (v. 18). Seus pedidos são urgentes (v. 19). Daniel tem pressa.
Ele não pode esperar. Ele pede a DEUS urgência na resposta.
Seus pedidos são importunos (v. 15-19). No versículo 15 ele diz: “Já fizeste grandes coisas por este povo, não o farás de novo? Não peço algo novo, mas o que já fizeste no passado”. No versículo 16 Daniel diz: “É a tua cidade. É o teu monte santo. Não deverias, portanto, fazer algo por eles? É o teu povo que está sendo desprezado”.
Ficará DEUS impassível? No versículo 17 Daniel diz: “O teu santuário é o único lugar que escolheste para tua habitação. Deixarias tu este lugar desolado para sempre?”.
No versículo 18 Daniel diz: “É a cidade chamada pelo teu nome”. O apelo de Daniel não é para que DEUS simplesmente liberte Seu povo, mas que o faça por amor de Seu nome. E a glória do nome de DEUS que está em jogo. Não é simplesmente por causa do povo, ele não o merece. É por causa do nome de DEUS! A desolação refletirá no caráter de DEUS. As pessoas poderão questionar Seu poder e Sua bondade. Se DEUS não agir, Seu nome será blasfemado. No versículo 19 a oração alcança seu ápice: “O Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e põe mãos à obra sem tardar, por amor de ti mesmo, ó DEUS meu, porque a tua cidade e o teu povo se chamam pelo teu nome”.
Quando foi a última vez que você orou assim? Esse é o tipo de oração que DEUS ouve. Precisamos conhecer as promessas de DEUS e orar por elas dessa forma. Quando um remanescente ora dessa forma a história é mudada.
Seus pedidos são cheios de clemência (v. 19). Daniel não pede justiça, mas misericórdia. Ele pede perdão. Ele não pede por amor ao povo, mas por amor a DEUS. Seus pedidos são fundamentados na misericórdia (v.18). A oração verdadeira é sempre marcada por profunda humildade. Nossas orações devem ser fundamentadas não na justiça humana, mas na misericórdia divina. Não nos méritos do homem, mas no nome de JESUS.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 112-115.
 
Dn 9.3 Daniel, como já ficou demonstrado, sabia que DEUS só exigia o que é seu e, numa confiança inaudita na grande misericórdia dele, e numa inteireza de fé, pediu a DEUS que virasse o cativeiro do seu povo "... como as correntes do sul”. (Ver SI 126.4). O ardente desejo deste servo fiel era ver seu povo perdoado, e a cidade de Jerusalém, mormente o templo do Senhor, reedificados. Ele permaneceu em oração “velando nela com ação de graças”. (Ver Cl 4.2). Às três horas da tarde (a hora do sacrifício da tarde), Daniel permaneceu em oração, exemplificando o centurião Cornélio (At 10.30). Então chegou Gabriel, um embaixador da corte celestial. A oração, na vida de Daniel, era um costume regular. No seu aposento de janelas abertas, na direção de Jerusalém, ele podia ser encontrado orando três vezes por dia. (Ver 6.10). Há uma promessa para aqueles que, em tempo de angústia, buscam a DEUS virados para o santo templo. (Ver 1 Rs 46-49). Davi orava a DEUS três vezes no dia e, por essa razão, era bem sucedido (SI 55.15). - Quantas vezes o leitor ora por dia? Dn 9.4 "... e confessei, e disse”. O texto em foco mostra Daniel assumindo a posição de sacerdote (ainda que não o fosse) e fazendo confissão. A confissão é a expressão pública da fé. Enquanto o testemunho se dirige aos homens, a confissão dirige-se a DEUS, num movimento espontâneo de gratidão e louvor. No Novo Testamento, a “confissão” possui três significados especiais: 1) Louvar ou celebrar. 2) Proclamar o Senhor e sua libertação. 3) Reconhecer as próprias culpas. Nessa parte da Bíblia, a palavra traduzida por “confessar” significa, inicialmente, “entrar em conciliação, concordar sobre uma base comum”. Daniel, o grande servo de DEUS, não se sentia culpado, mas, mesmo assim, não se dava por justificado. (Ver Rm 8.33). Ainda no N. T., a confissão acompanha o ministério do Senhor JESUS CRISTO (Lc 5.8; 19.8), e está em parábolas por Ele proferidas. (Veja Lucas 15). Acompanha também o ministério apostólico. (Ver Jo 20.23; At 19.18). Faz também parte das recomendações apostólicas (1 Jo 1.9; Tg 5.16).
Dn 9.5 “Pecamos, e cometemos iniquidade”. Daniel demonstra sua grande humildade diante de DEUS, em confessar o pecado de seu povo, mas se coloca também numa posição de culpa, como se fosse um pecador: Ele se apresenta como se fosse um anátema diante da situação. Paulo desejou também ser até separado de CRISTO por amor a Israel. (Ver 1 Rm 9.3). Moisés desejava ser riscado do livro da vida se porventura DEUS não perdoasse o seu povo (Ex 32.33). Daniel, como já ficou explícito em outras notas expositivas, sabia que, segundo as Escrituras, o pecado “cortava” quaisquer laços de comunhão entre o homem e DEUS, como declara o profeta Isaías (Is 59.2). Em relação a JESUS, Ele disse aos judeus de seus dias: “Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados” (Jo 8.24). JESUS retrata a vida humana ideal, de comunhão com DEUS, em todo o Novo Testamento. O pecado é a falta dessa comunhão. JESUS também localiza a fonte do pecado no íntimo dos homens. O pensamento de JESUS, em cada elemento de seus ensinos, aprofunda muito o senso de culpa. Daniel, sendo possuidor do mesmo ESPÍRITO de DEUS, aprofunda-se também nele o senso da culpa do seu povo e pede a DEUS remissão.
Dn 9.6 "... não demos ouvidos aos teus servos, os profetas”. A presente passagem nos lembra as recomendações do Senhor JESUS em seus ensinamentos doutrinários, tanto nos Evangelhos como no Apocalipse. Esta recomendação para “ouvir” a Palavra de DEUS, da parte de CRISTO, é feita em solene aviso, nos evangelhos. (Ver Mt 13.9,43; Mc 4.23). No texto de Ap 3.6, a recomendação é feita a “todas as igrejas”, e se repete nos caps. 2 e 3 por sete vezes. Os ouvidos de um homem são sua sensibilidade espiritual, e o seu “ouvir” e o uso de meios espirituais que produzem mudanças em seu íntimo, conforme se vê exigido nas advertências e promessas anteriores. Daniel nos informa que o castigo caído sobre a nação israelita era resultado do “não ouvir” a Palavra de DEUS enviada pelos profetas do Senhor. Um dos mais solenes estudos da Bíblia inteira é aquele concernente ao “ouvido que ouve”.
Dn 9.8 “Porque pecamos contra ti. O velho profeta em sua oração intercessora continua pedindo a DEUS a expurgação do pecado, tanto praticado no presente como no passado. Daniel conhecia muito bem os males que o grande tirano (o pecado), tinha causado ao seu povo. Há o pecado congênito, herdado de Adão. Há ainda o pecado praticado; este é transgressão (Ver 1 Jo 1.9). O primeiro vem no singular, o segundo no plural. Quanto à prática do pecado, há duas espécies de pecado: a primeira por comissão. (Ver Tg 1.15). A segunda por omissão. (Ver Tg 4.17). Há pessoas que se exercitam conscientemente na prática do pecado, e, por conseguinte, são os obreiros da iniquidade (SI 14.4). Ainda no que diz respeito aos aspectos maus do pecado, podemos analisar a posição do crente em relação ao pecado. 1) Somos salvos do pecado, mas não de sua presença que tão de “perto nos rodeia” (Hb 12.1). 2) Na mudança e transladação dos santos, que se chama “a redenção do corpo”, seremos para sempre salvos da presença do pecado. (Ver Rm 8.23; 1 Co 15.52, 53).
Dn 9.9 “...a misericórdia e o perdão”. Essa é uma das mais conhecidas palavras da Bíblia. Isto é, a palavra “perdão”. Toda uma série de expressões, no Antigo e no Novo Testamento designam o ato de perdão e permitem definir sua natureza. A expressão mais correta é “remir”, “abandonar” (uma transgressão), em comparação com a remissão de uma dívida (SI 32.1; Mt 9.2; Lc 7.48). Há as expressões “não imputar” (Nm 12.11; SI 32.2; Rm 4.8), “cobrir”, como algo que mais não se quer ver. (Ver SI 85.3; Rm 4.7). Paulo diz que o perdão humano está baseado no perdão divino: “antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também DEUS vos perdoou em CRISTO” (Ef 4.32). Em Mt 26.28, essa palavra é também traduzida por “remissão”; ela significa “mandar embora”. No Novo Testamento há diversos pontos notáveis. Um deles é que o pecador perdoado deve também perdoar aos outros. Isso é manifestado em Lc 6.37, na oração do Pai Nosso, e noutras passagens paralelas. No texto em foco, porém, Daniel pede a DEUS, um perdão de cunho nacional, isto é, um perdão extensivo à nação como um todo.
Dn 9.10 "... não obedecemos à voz do Senhor". São muitas as passagens correlatas da Bíblia, quanto ao assunto da desobediência. 1) Por um lado, esta revolta dos homens não desconcerta a DEUS: os desobedientes não escapam do seu controle. DEUS leva a sério a desobediência deles: DEUS não os abandona a si mesmos: Ele endurece o homem desobediente (Êx 7.3; Jo 12.40). Ele o entrega ao pecado (Rm 1.24). Porém, muito mais: DEUS usa a desobediência do homem, a qual, em lugar de contrariar a salvação divina, colabora com ela tornando-a “gratuita”. 2) Por outro lado, DEUS prepara o caminho para a vida de uma humanidade nova, obediente. Ele escolheu Abraão, elegeu Israel, deu sua lei, e, assim, a “queda” se torna em “elevação” (Comp. Rm cap. 11).
Dn 9.11 “Por isso a maldição”. A maldição é uma palavra pela qual DEUS faz cair a desgraça e a morte sobre o homem ou sobre as coisas, por causa do pecado. A serpente foi alvo de maldição (Gn 3.14), e até o solo (Gn 3.17 e 5.29), e também Caim, o fratricida (Gn 4.11): todos esses são malditos. Na boca de um homem a maldição atrai o julgamento de DEUS para o inimigo (Nm 22.6; 23.8; 2 Rs 2.24; Lm 3.65). A cidade de Jericó foi também alvo de maldição por parte de Josué (Js 6.26), caindo muito depois sobre Hiel, o betelita, e fazendo morrer seus dois filhos (1 Rs 16.34). Há também aquela dirigida contra o próprio DEUS. (Ver Lv 24.11,15; Jó 2.9). Ela é o pecado por excelência e conduz à morte: aquele que maldiz a DEUS se exclui da aliança e da vida. O mesmo acontece com aquele que maldiz seus pais, pois é por intermédio deles que DEUS lhe deu a vida (Êx 21.17; Pv 20.20; 30.11), ou com aquele que maldiz o rei, representante terrestre do rei divino. Morrerá sem misericórdia (1 Rs 21.13, etc...). No texto em foco, Daniel nos diz que a maldição veio a seu povo por causa da desobediência contra DEUS. O homem, por esta razão, foi privado da bênção.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 166-171.
 
Oração de Confissão de Daniel (9.4-14)
Quando Daniel se engajou nesse ministério da intercessão ele fez o que cada verdadeiro intercessor deveria fazer. Ele identificou-se com aqueles por quem estava intercedendo. Os pecados do seu povo eram os seus pecados. A aflição deles era a sua aflição. O castigo deles era o seu castigo, plenamente merecido. Ele não se colocou acima do seu povo, julgando-o de uma posição exaltada. E verdade que Daniel pessoalmente não era um rebelde idólatra contra DEUS. Mas ele escolheu descer ao vale da humilhação onde estava seu povo errante e tomou a culpa e vergonha deles sobre si. Isso ilustra de forma vívida o estado do nosso Senhor ao levar sobre si os pecados de um mundo perdido! Quão claramente isso sugere a todos que entram na comunhão do seu sofrimento que devemos de uma maneira real identificar-nos com o pecador que apresentamos diante do trono da graça!
Ao aproximar-se de DEUS, Daniel teve uma clara visão da natureza do caráter de DEUS, cuja face buscava. DEUS era pessoal e acessível, porque Daniel se dirigiu a Ele como meu DEUS (4). Ele também era soberano e santo, DEUS grande e tremendo. DEUS era fiel, que guarda o concerto e a misericórdia para com os que o amam.
A confissão de Daniel era mais do que generalizações e chavões. Ele foi específico ao abrir os horrores do pecado do seu povo. Existe um significado profundo nos quatro termos hebraicos que Daniel usa para descrever o mal de Israel. Pecamos (5; chata) significa dar um passo em falso ou afastar-se do que é justo. Cometemos iniquidade (’awah) se aprofunda nos motivos; iniquidade implica em ser perverso. Procedemos impiamente (rasha’) significa proceder mal em rebelião contra DEUS. Fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos, serve para reforçar esse terceiro termo. Confusão do rosto (7 e 8) significa vergonha ou ignomínia.
O pecado de Israel era muito mais sério do que algum tipo de erro superficial. Era uma maldade profundamente enraizada que controlava as ações de maneira perversa. Essa maldade tinha fechado os ouvidos e cegado os olhos e endurecido os corações do rei e do povo de tal forma que os esforços de DEUS para influenciá-los por meio dos seus servos, os profetas, foram em vão. DEUS é justo e santo. Os homens são maus e corruptos. DEUS é misericordioso e gracioso. O povo é rebelde e teimoso. Os julgamentos de DEUS são justos. A adversidade de Israel é merecida; ela é simplesmente o cumprimento exato do juramento que está escrito na Lei de Moisés, servo de DEUS (11). A maldade do homem serve para ressaltar a justiça de DEUS.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 533-534.
 
3. Daniel reconheceu a justiça de DEUS (vv.7,16).
“A ti, Senhor, pertence a justiça” (9.7). Esta é uma declaração teológica que dá sustentação à nossa fé. Em relação aos homens, toda
justiça é relativa, porque nossas justiças são como trapos de imundícia. Porém, em relação à natureza divina, a justiça de DEUS faz parte da sua essência, isto é, a justiça “é a maneira ou modo pela qual sua essência é expressa para com o mundo”. A santidade é sua essência, por isso, a justiça é a retidão da natureza divina que o revela como um DEUS justo. DEUS sendo DEUS, ele é o que ele é, e não precisa ser nem se esforçar. Quando Daniel confessa e declara que a “justiça pertence a DEUS”está, de fato, proclamando a perfeição dessas qualidades morais como intrínsecas a DEUS. No caso da oração de confissão de Daniel sobre o seu povo, mesmo que não pudesse entender totalmente a manifestação da justiça de DEUS contra sua gente permitindo sua humilhação e extradição, Daniel sabia que a justiça de DEUS é perfeita. Ele mesmo diz: “A ti, Senhor, pertence a justiça” (9.7).
“mas a nós, a confusão de rosto” (9.7). Ora, o que isto quer significar? “Confusão de rosto” significa “corar de vergonha”, ficar com a cara vermelha de vergonha. Por quê? Por causa dos pecados enumerados por Daniel e que estavam na sua memória, tanto para as tribos do norte como as tribos do sul. Todo o Israel, por causa dos seus pecados foi deportado para fora de sua terra. Porque “a confusão de rosto”? Na oração, Daniel é específico e diz: “Porque pecados contra Ti” (9.8). O pecado de Israel em toda a sua dimensão de prevaricação, desobediência, impiedade, e toda sorte de pecados que afastou Israel dos mandamentos divinos, provocou a manifestação da justiça de DEUS.
“A solução para o pecado”. “Ao Senhor, nosso DEUS, pertence a misericórdia e o perdão”(9.9,10). Esta declaração enfática do profeta revela que a justiça de DEUS manifesta-se em ações de misericórdia e perdão. Jeremias contribui com este conceito, quando diz: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim”(Lm 3.22). Subtende-se por estes versículos que Israel não tinha nada que pudesse evitar a punição divina, senão a misericórdia e o perdão, que são manifestações do caráter de DEUS. Não há nada que justifique Israel dos seus pecados e Daniel sabia disso. Então, apelou ao caráter de DEUS para perdoar e restaurar o seu povo.
(9.11-14) “Daniel reconhece a soberania de DEUS sobre todas as coisas. No versículo 7, Daniel vê a DEUS como DEUS justo em sua natureza divina, e no versículo 9, ele o vê como alguém que sabe perdoar e usar de misericórdia. Nos versículos 10-14, Daniel mostra os pecados do seu povo e declara que a maldição por isso, trouxe o exílio, a opressão, a perda de sua terra, a exploração estrangeira e, permitindo tudo isso, DEUS estava ensinando Israel a manter a sua fidelidade para com Ele.
(9.15-19) Daniel intercede pelo seu povo e relembra a libertação milagrosa do Egito (v. 15).No versículo 16, ele ora e intercede pela sua cidade de Jerusalém que ficou sob o domínio dos inimigos estrangeiros. No versículo 17, Daniel ora pela restauração do Templo de Jerusalém, que foi destruído por Nabucodonosor no ano 586 a. C. Esses versículos revelam a oração de Daniel que se apresenta diante de DEUS sem apelar para própria justiça, mas amparado nas “muitas misericórdias” de DEUS. No versículo 19, Daniel pede a DEUS “que não tarde em responder” a sua oração. Esse pedido é típico do homem em relação a DEUS. Sempre temos pressa em nossa angústia e desejamos respostas imediatas. Mas DEUS não tarda nem se atrasa em suas respostas. Ele é DEUS Soberano e absoluto sobre todas as coisas.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 129-131.
 
Dn 9.7 "... prevaricaram contra ti’. Numerosas são as palavras com a significação de pecado, na Bíblia. Se bem que o Antigo Testamento as empregue facilmente umas pelas outras. (Ver Dt 19.15: a iniquidade, a falta, o pecado.) E interessante retomar aos seus significados primários, que nos revelam a essência bíblica de pecado. Os sábios traduziram a palavra “hamartia” por pecado, no idioma português, que toma o sentido: 1) Tortuosidade (sentido próprio). 2) Errar o alvo (sentido religioso). Na Bíblia são numerosos os “pecadores”, cujas ações são definidas como desvio. Outra palavra corrente para o pecado vem de uma raiz que significa algo que é “torto” ou “curvo”. No sentido nacional, é a do presente texto: a nação inteira é tomada como um todo, na prática do pecado, como por exemplo: “Israel pecou, e até transgrediram o meu concerto...” (Js 7.11). Mas havia também a prática, mesmo em Israel, no sentido individual, como por exemplo: “sacerdote... príncipe... congregação... qualquer outra pessoa...” (Ver Lv capítulo 4). Daniel, em sua oração a DEUS, inclui a nação como um todo.
Dn 9.16 O presente versículo mostra como Daniel se sentia humilhado, aos olhos de todas as nações, porque o cativeiro de Judá e a não existência do santuário de Jerusalém eram interpretados pelas nações como significando que o DEUS de Judá ou Israel não tinha poder, que tudo era uma ilusão. Assim sendo, o fato de o nome de DEUS ter sido desonrado pelas medidas disciplinares que o povo o forçou a tomar, exige, do apelo vindicado por Daniel, que DEUS tome uma providência urgente a favor do seu povo. O templo do Senhor e a cidade de Jerusalém, tudo estando em grandes ruínas, era considerado por todo o judeu como “um opróbrio”. (Ver Ne 1). Daniel estava consciente de tudo isso e pediu a DEUS que, através da sua justiça e retidão, tirasse de seus servos esse opróbrio. Quando o povo de DEUS em qualquer tempo ou lugar fracassa, os inimigos zombam! Pois o pecado é o “opróbrio” das nações, e, se uma “nação santa” como é chamada a Igreja na simbologia profética, pecar, traz sobre si esse “opróbrio” sombrio da zombaria. (Comp. 2 Sm 12.14 e ss.).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 168-169; 173-174.
Temos, nesse capítulo: I. A oração de Daniel pedindo a reintegração dos judeus que estavam no cativeiro, e na qual ele confessa o pecado, reconhece a presença da justiça de DEUS nas calamidades, e implora as promessas divinas de misericórdia que o Senhor ainda havia reservado para eles (w. 1-19). II. A resposta recebida em seguida à sua oração e que foi transmitida por um anjo. Nesta, 1. Ele recebe garantias sobre a imediata libertação dos judeus do seu cativeiro (w. 20-23). 2. Ele é informado a respeito da redenção do mundo por JESUS CRISTO (que o próprio Daniel estava tipificando), de como seria a natureza dessa redenção, e quando ela seria realizada (w. 24-27). E essa é a profecia mais clara e luminosa em todo o Antigo Testamento a respeito do Messias.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 879.