07 agosto 2014

Lição 6 – A Verdadeira Fé Não Faz Acepção De Pessoas - 2 Parte


Lição 6 – A Verdadeira Fé Não Faz Acepção De Pessoas - 2 Parte

 
II - DEUS ESCOLHEU OS POBRES AOS OLHOS DO MUNDO (Tg 2.5-7)
1. A soberana escolha de DEUS.
Tg 2.5 Ouvi (v. 5) é um imperativo que significa: “Espere um minuto; preste atenção”. Esse termo é comparável ao uso de JESUS de “na verdade, na verdade” (cf. Jo 3.5). Tiago aqui reprova seus companheiros cristãos, mas é a repreensão amorosa aos meus amados irmãos. Ele é sensível aos maus tratos dados aos pobres e às ações muitas vezes insensíveis e desumanas dos ricos (cf. 5.1-6). Mas ele não defende os pobres por causa da sua pobreza, nem ataca os ricos por causa da sua riqueza. Em vez disso, sua defesa e ataque são baseados em outros fatos. Admitidamente, ele reconhece esses fatos como geralmente verdadeiros nas respectivas classes.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 166.
 
Tg 2:5 Tiago inicia seu ataque lógico contra essa prática (2:5-7) com um apelo: Ouvi, meus amados irmãos, e chama-lhes a atenção para o fato de estar referindo-se a algo de que já têm conhecimento: Não escolheu DEUS aos que são pobres? Tiago emprega a terminologia familiar da eleição, com que Israel estava acostumado (Deuteronômio 4:37; 7:7), como também à igreja (Efésios 1:4; 1 Pedro 2:9), mas aplica-a de modo específico aos pobres. A maior parte dos membros da igreja primitiva era constituída de pobres (“não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados” [1 Coríntios 1:26]); a igreja de Jerusalém era bastante pobre (Tiago 2:1-26) (2 Coríntios 8:9). Mas Tiago está dizendo mais do que isso. DEUS elegeu de modo especial aos que são pobres aos olhos do mundo (pois só são pobres segundo os padrões de valor do mundo) para serem ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam. Por um lado, isso torna o pobre quase igual àquele que suporta a provação em 1:2, visto que ambos recebem aquilo que DEUS prometeu aos que o amam. Por outro lado, Tiago está aplicando o ensinamento de JESUS, visto que foi o Senhor quem disse que havia vindo de modo particular “para evangelizar aos pobres” (Lucas 4:18) e depois: “Bem-aventurados vós, os pobres, pois vosso é o reino de DEUS” (Lucas 6:20). JESUS selecionara os pobres como os especialmente contemplados com o seu reino; Tiago apanha essa ideia e acrescenta: aos que o amam, a fim de limitar a promessa aos pobres que reagem em amor diante da mensagem do evangelho. Se há favoritos aos olhos de DEUS, esses são os pobres, visto que DEUS os vê de modo bem diferente do mundo. O mundo os enxerga como pobretões desprezíveis, sem importância, mas para DEUS eles são ricos na fé e herdeiros do reino — o contrário da perspectiva mundana.
Peter H. Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 81-82.
 
Tg 2.5 “Ouvi, meus amados irmãos!”: Tiago sabe que aquilo que passa a dizer contraria a expectativa humana e o preconceito humano. Em geral a pessoa, talvez de forma não muito consciente, simplesmente não capta esse tipo de pensamento. Por isso pede atenção especial.
a) O que DEUS faz: “DEUS escolheu os pobres no mundo”: nós humanos sempre começamos pelo alto. Tentamos agarrar o melhor. Isso começa com coisas exteriores, p. ex., o jardineiro que transplanta mudas do viveiro escolhe primeiro as mais fortes. Afinal, depende da qualidade das plantas. Do mesmo modo também nós, quando escolhemos pessoas para quaisquer finalidades, sempre selecionamos as melhores, as que se destacam. Também corriqueiramente as pessoas se interessam em especial por aqueles que possuem categoria e renome. DEUS, porém, com sua misericórdia e por não depender da qualidade do ser humano, começa em outro lugar, embaixo, junto aos pobres: elegeu um povo de escravos para selar uma aliança. Do seu lugar escondido atrás do rebanho chamou alguém de quem ninguém se lembrava para ser o mais importante rei de seu povo. Uma moça insignificante de Nazaré foi transformada por ele em mãe do Filho unigênito. Ninguém a quem DEUS chamou deve pensar que DEUS o escolheu em virtude de seus atributos (Dt 7.7-9; 1Co 1.26-29). – Também por essa razão o eterno Filho de DEUS se tornou pobre, para que os pobres notem que DEUS busca justamente a eles (Mt 8.20; 2Co 8.9). Como Tiago, o próprio Senhor, de forma especial, tomou partido dos que de diversos modos são pobres e carentes de ajuda (Lc 4.18; 6.20s,24s; 14.13,21; 16.19ss).
“Os pobres no mundo”: a expressão se refere aos pobres do conjunto da sociedade humana. Havia pobres sobretudo nas igrejas cristãs dos primeiros séculos (cf. 1Co 1.26). Não raro isso acontece também hoje, especialmente quando não é oportuno ser cristão, quando a opinião pública é contrária a isso, quando isso acarreta desvantagens. – No entanto, a definição mais precisa “os pobres no mundo” permite também depreender que essa pobreza é apenas passageira e se refere unicamente à vida atual e ao éon presente.
“Ricos pela fé”: ao nos tornarmos crentes, ao crermos no que DEUS nos diz, confluem sua imensurável riqueza e nossa penúria de mendigo. Nosso Senhor praticamente afirma: “O que é teu é meu” (foi assim que quitou nossa dívida). E declara: “O que é meu é teu” (dando-nos participação de sua glória divina). Isso vale desde já pela fé e depois manifestamente: “São herdeiros (co-partícipes) do reino”: o “reino”, em grego basileia, não apenas significa uma esfera de senhorio, mas também o ato de governar. Ser “co-partícipes do reino” significa em primeiro lugar que o crente é concidadão da soberania vindoura de CRISTO, mas também co-partícipe de seu governo sobre o mundo (Ap 1.6; 20.4; 1Co 6.2). “A intercessão dos filhos de DEUS é (desde já) sua participação no governo de DEUS sobre o mundo” (F. Oetinger).
b) Como agem, no entanto, os que fazem tais distinções - “Vós, porém”: submeteram-se aos padrões do mundo, assumindo assim uma posição errada diante do pobre e diante do rico.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
Lc 6.20 Muito provavelmente, JESUS transmitiu estes ensinos basicamente aos discípulos, com a multidão ouvindo. Os discípulos recém escolhidos de JESUS, os doze homens que seriam os seus cooperadores mais próximos, podem ter sido tentados a se sentir orgulhosos e importantes. Afinal, a popularidade de JESUS continuava a crescer, como foi visto na multidão que estava com Ele naquele momento. Os discípulos, surpreendidos pela popularidade de JESUS, precisavam primeiramente entender as prioridades do reino de DEUS. Além disto, muitos dos discípulos estavam confusos a respeito do que JESUS iria fazer exatamente. Os Evangelhos apresentam um grupo de homens que, embora tivessem fé, nunca entenderam bem a morte próxima e a ressurreição até que as testemunharam por si mesmos. Assim, JESUS lhes disse, de maneira muito clara, que eles não deveriam esperar fama nem fortuna neste mundo, pois não foi isto que JESUS veio trazer. Eles seriam verdadeiramente “bem aventurados”, mas segundo os padrões de um reino diferente.
Estes versículos são chamados de “Bem aventuranças”, originando-se na palavra latina que significa “bênção”. Eles descrevem o que significa ser um seguidor de CRISTO. São padrões de conduta; eles contrastam os valores do reino com os valores do mundo, mostrando o que os seguidores de CRISTO podem esperar do mundo e o que DEUS irá lhes dar. Eles contrastam a falsa religiosidade com a verdadeira humildade; eles mostram como as expectativas do Antigo Testamento são cumpridas no reino de DEUS.
A palavra “bem-aventurado” significa mais do que felicidade; significa favorecido e aprovado por DEUS.
A primeira “bem-aventurança” é reservada para os pobres. Estas são as pessoas que não têm nada em que confiar, exceto DEUS. Elas percebem que não têm nada seu para dar a DEUS e portanto precisam depender da sua misericórdia. JESUS diz: “vosso é o Reino de DEUS”. Observe que Ele não diz “será” mas sim “é”. Aceitar a JESUS no coração traz o indivíduo para dentro do reino, mesmo que ele viva na terra.
JESUS não estava exaltando a pobreza; antes, Ele estava esclarecendo que estes são os resultados do discipulado e que os discípulos seriam bem-aventurados porque eles poderiam confiar em JESUS, o Filho do Homem. Nestas bem-aventuranças, JESUS não estava amaldiçoando tudo o que faz parte da vida - como o riso, a diversão, a felicidade, o dinheiro, a comida - mas se estas coisas se tornassem o centro da vida sem considerar a DEUS, então o indivíduo não poderia ser “bem-aventurado” por DEUS.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 359.
 
Lc 6.20 Aqui, JESUS assinala uma inversão e revalorização de todas as correspondências terrenas no reino de DEUS.
Ao contrário da justiça farisaica pela lei, JESUS afirma com toda a clareza: bem-aventurados sois vós, pobres, que não tendes nada a apresentar perante DEUS, que sois miseráveis e carentes de ajuda perante DEUS, que não esperais outra ajuda senão unicamente de DEUS (cf. Sl 25.16-22; 69.30; 70.6; 74.21; 86.1-6; Sf 3.12).
Quando JESUS declara, conforme Lucas: “Ditosos sois vós, os pobres”, isso significa o mesmo que a palavra de Mateus: “Ditosos os pobres por meio do espírito (ou no espírito)”.
Quando Lucas coloca o ai a respeito dos “ricos” ao lado da exclamação de salvação de JESUS para os pobres, ele mostra que entendeu corretamente o cerne, considerando os fariseus como os ricos.
E mais: da mesma maneira como em Mateus o sim em favor dos pobres inclui o não (apenas implícito) contra os ricos, assim também Lucas inclui nesse “não” o forte contraste para com a erudição farisaica das escrituras. Ela, por exemplo, afirma: “Há somente um caminho para entrar no reino dos céus: o mérito.” Esse é o caminho orgulhoso, pelo o qual os escribas creem poder entrar. Estão equivocados. Os discípulos, porém, jamais devem considerar-se ricos e colocar sua esperança em algo que não seja a graça de DEUS. Então vale e valerá para eles a palavra: “Benditos os pobres, porque deles é o reino de DEUS”.
A verdadeira pobreza espiritual recebe muitas promessas na vida. Em Is 29.19 é anunciado: “Os mansos terão regozijo sobre regozijo no Senhor, e os pobres entre os homens se alegrarão no SANTO de Israel” (cf. Is 41.17; 66.2; Sl 68.10; 72.2,4,12s; 34.19; 38.21; 9.15; 10.14; 37.15). Quem confia na graça de DEUS é rico em sua pobreza.
Os pobres já possuem o reino de DEUS, porque DEUS achou por bem dá-lo a eles (Lc 12.32).
A palavra: “Felizes vós miseráveis; porque vosso é o reino de DEUS” vale também para nós hoje. Devemos tornar-nos pobres e permanecer pobres. Tornar-se pobre significa experimentar o desmanche do eu orgulhoso e inflado, ser conduzido das alturas das mentiras de nossa própria condição de ricos, saciados e grandes, para baixo, para o vale de nossa verdadeira pobreza e indigência. E mais: “tornar-se pobre” significa desmontar todos esses fundamentos e escoras falsos a que nos apegamos, por meio dos quais tentamos ser algo por conta própria. Desmontar até o ponto em que toda a nossa pobreza se torna explícita. “Permanecer pobre” significa não sair deste “desmanche” e “quebramento”. Schlatter afirma: “Todo aquele que se exime da pobreza, exime-se da promessa.”
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.
 
2. A principal razão para não desonrar o pobre (v.6).
Em primeiro lugar, fazer acepção de pessoas é desonrar a fé em “nosso Senhor JESUS CRISTO, Senhor da Glória” (Tg 2.1), DEUS encarnado, que nunca fez acepção de pessoas. Aliás, a Bíblia diz que DEUS olha não a aparência, mas o coração da pessoa (1 Sm 16.7).
Em segundo lugar, a Bíblia diz que a nossa motivação em tudo o que fazemos deve ser o amor (1 Co 13.1-8), razão pela qual Tiago lembra que a “Lei Real” (Tg 2.8), isto é, a Lei do Reino de DEUS, é “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”. Portanto, a acepção de pessoas deve ser considerada um absurdo pelo verdadeiro cristão, uma vez que fere o princípio do Reino de DEUS de amarmos o próximo como a nós mesmos, isto é, a Lei do Amor.
Em terceiro lugar, Tiago cita a acepção de pessoas no início do capítulo 2 como um exemplo de algo oposto à verdadeira religião, que é apresentada de forma sintética no final do capítulo 1 (Tg 1.27). Os dois assuntos estão umbilicalmente ligados no texto da epístola. Logo, o que Tiago está dizendo aqui, ao tratar desse assunto, é que quem pratica a acepção de pessoas não é um verdadeiro cristão, não vive de fato uma vida de piedade, mas uma farsa religiosa.
Em quarto lugar, especialmente sobre o tratamento dado aos pobres, Tiago lembra que aos pobres deste mundo também foi dado conhecer o Reino de DEUS e o privilégio de serem filhos do Rei, devendo estes serem tratados da mesma forma, com a mesma dignidade, com que são tratados os irmãos não pobres (Tg 2.5). O apóstolo também evoca o fato de que há ricos maus e perversos, inclusive muitos que estavam levando cristãos às barras dos tribunais injustamente e blasfemavam deles (Tg 2.6,7); logo, era absolutamente incoerente tratar com dignidade homens perversos e maus só por serem ricos e deixar de honrar e valorizar homens simples e honestos apenas porque são pobres. Tratava-se de uma contradição abissal.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 73-74.
 
Tg 2.6 O argumento de Tiago é que vós desonrastes (v. 6) aqueles que DEUS escolheu (v. 5). “Não é que DEUS limitou sua escolha aos pobres, mas de acordo com a história, eles foram a sua primeira escolha (veja Lc 1.52; 1 Co 1.26)”. A escolha de DEUS também não foi arbitrária. É simplesmente um fato que o pobre e o oprimido são mais responsivos ao evangelho do que os ricos que dependem do poder do seu dinheiro. Em todo caso, Tiago deixa claro que os pobres de quem ele fala são aqueles que são ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 166.
 
Tg 2.6 Através do Novo Testamento, ficamos sabendo que a igreja primitiva era formada, em grande parte, por pessoas pobres, especialmente na Judéia e em Jerusalém (At 11.29,30; I Co 16.1-3). Essas pessoas, pertencentes à classe mais baixa da sociedade, estavam tratando com deferência o rico e desprezando o pobre. Tiago condena essa prática desprovida de caridade.
A acusação que Tiago fez aos leitores de sua epístola é séria. Ele declara um fato: “insultaram o pobre” (ver também I Co 11.22). Desprezar os pobres implica desprezar JESUS CRISTO, o protetor e guardião dos pobres. Eles não defendem mais a causa de CRISTO. Ao mostrar favoritismo para com o rico, eles “tomaram o partido do diabo contra DEUS”. Qual é o efeito desse esnobismo? Em seus ensinamentos, JESUS usou as seguintes palavras: “Quem não é por mim, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha” (Mt 12.30).
Tiago trata da questão do favoritismo de forma assertiva. Sua intenção é arrancar a raiz do favoritismo do solo da igreja cristã primitiva. Ele exorta o crente a abrir os olhos, enxergar a realidade e responder a estas três questões:
a. Quem os explora? Tiago responde essa pergunta mais adiante na epístola, quando repreende o rico que oprime o pobre. Ele menciona exemplos específicos: “Vejam! Os salários que vocês deixaram de pagar para os trabalhadores que ceifaram os seus campos estão clamando contra vocês. O clamor dos ceifeiros chegou aos ouvidos do Senhor Todo-Poderoso” (5.4). Não importa se eram judeus ou gentios. Eles exploravam o povo que era incapaz de se defender, incluindo as viúvas e órfãos (comparar com Am 8.4; Mq 2.2; Zc 7.10). Por meio dos escritos da comunidade de Qumran, na primeira parte do século l, descobrimos que até mesmo os sacerdotes de Israel estavam explorando os pobres.
Se os cristãos tratam com deferência aqueles que exploram e oprimem o pobre, vão contra ensinamentos claros das Escrituras. Os cristãos estão do lado errado, pois deveriam estar defendendo os pobres.
b. Não são eles que estão arrastando vocês para os tribunais? O Novo Testamento oferece alguns exemplos bastante claros de apóstolos sendo levados para tribunais por judeus e gentios (At 5.27; 16.19; 18.12). Judeus ricos e influentes tinham o poder de arrastar judeus cristãos pobres para os tribunais a fim de prejudicá-los. Tiago não é específico em sua referência aos ricos. Quer fossem judeus ou gentios, essas pessoas ricas estavam recebendo honra e respeito dos mesmos cristãos que arrastavam para os tribunais. Se esses cristãos não estivessem corrompidos pelo pecado do favoritismo, permaneceriam leais aos pobres, suportariam as injustiças e, assim, demonstrariam pensar como CRISTO (ver, por exemplo, l Pe 2.20). Ao invés disso, estavam honrando o rico e menosprezando o pobre.
Simom J. Kistemaker. Comentário do Novo Testamento Tiago e Epistola de João. Editora Cultura Cristã. pag. 108-109.
 
Tg 2.6 1) “Vós desonrastes o pobre”: ele foi humilhado. Não foi dado crédito à promessa de DEUS de que ele recebe honra e glória. Em decorrência dificultou-se ao pobre que conte pessoalmente com a promessa misericordiosa de DEUS.
Tiago diz que para os cristãos realmente não existe motivo para cortejar os ricos e poderosos dessa maneira. De forma alguma pretende instigar os cristãos contra os ricos, mas devem aprender a enxergar a verdadeira situação: propriedade é poder, e o poder, o lugar no “controle maior”, representa uma grande tentação: “Não são os ricos que vos tratam com violência?” Aqueles que nadavam na riqueza, inclusive no judaísmo, não queriam ouvir muito a respeito da esperança messiânica. Estavam bastante satisfeitos com sua vida. As pobres igrejas cristãs com sua esperança pelo dia vindouro (Tg 5.7ss) eram objetos de seu desprezo e representavam para eles uma trave no olho. – “Eles vos arrastam a tribunais”: agiam contra os cristãos por causa de sua convicção de fé, como lemos repetidamente em Atos dos Apóstolos (At 4.1ss; 5.17ss; 6.9ss; 8.1ss; 9.23ss; 12.1ss; 13.50; 14.19; 16.19ss; 17.5ss,13ss; 19.23ss; 21.27ss; 23.12ss). Também era possível que membros pobres da igreja estivessem endividados com eles. O usurário impiedoso rapidamente obtinha um pretexto para lhes tirar absolutamente tudo. Naquele tempo (e não apenas então) era possível conseguir muita coisa mediante subornos (cf. At 24.26). Ademais se davam ouvidos aos abastados e influentes.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
Após essas considerações, a acusação é severa de fato: “Mas vós desonrastes o pobre” (v. 6). A acepção de pessoas, no sentido desta passagem, por conta das suas riquezas e da aparência exterior, é apresentada como um pecado muito grave, em virtude dos prejuízos devidos à riqueza e grandeza mundanas, e a tolice que há no fato de cristãos prestarem consideração indevida por aqueles que não têm consideração alguma nem por seu DEUS nem por eles: “Porventura, não vos oprimem os ricos e não vos arrastam aos tribunais ?
Porventura, não blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado? (vv. 6,7). Considerai como é comum que as riquezas sejam incentivos aos vícios e ao dano da blasfêmia e da perseguição. Pensai nas muitas calamidades que vós mesmos tolerais, e nas grandes afrontas que são lançadas sobre vossa fé e vosso DEUS por homens de posses, poder e grandeza mundanos; e isso vai fazer vossos pecados parecerem extremamente pecaminosos e tolos, ao construirdes aquilo que tende a vos destruir, e a destruir tudo que estais edificando, e a desonrar esse nome pelo qual sois chamados.” O nome de CRISTO é um nome digno; ele reflete honra, e dá dignidade aos que o usam.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 833.
 
3. Desonraram o Senhor.
A Pobre Escolha dos Ricos (2.6b,7)
Favorecer os ricos e desprezar os pobres simplesmente não faz sentido para os cristãos. João Calvino comentou que é estranho honrar nossos algozes e ao mesmo tempo ferir nossos amigos! Provavelmente Tiago estava se referindo a judeus ricos. Na Palestina, ele havia visto os ricos saduceus oprimirem a Igreja (At 4.1-4). Ele também podia estar familiarizado com as experiências de Paulo nas cidades gentias.
As três acusações específicas são dirigidas contra os ricos, das quais a igreja procurava obter favor. Opressão e julgamentos no tribunal são as primeiras duas acusações; blasfêmia é a terceira. Em todas elas, Tiago apela ao conhecimento e conveniência do leitor. “Não são os ricos que oprimem vocês e pessoalmente [lit., eles próprios] os arrastam para os tribunais? Não são eles que blasfemam o bom nome que sobre vocês foi invocado?” (NASB). A referência aponta para a experiência do batismo no qual o bom nome, i.e., o nome de CRISTO, foi invocado sobre eles. O uso de o [...] nome em vez de DEUS ou CRISTO por parte do autor, parece refletir seu treinamento judaico no qual sempre havia uma reverência muito grande pelo nome de DEUS, ao ponto de hesitar-se mencioná-Lo.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 166-167.
 
Tg 2.7 “Não são eles que blasfemam o bom (belo) nome que foi proferido sobre vós?”: por ocasião do batismo daqueles cristãos foi proferido o nome de JESUS. Afinal, batizava-se em nome dele (At 2.38; 10.48). Eles foram transportados à comunhão com JESUS e se tornaram propriedade dele.
“O belo nome”: nota-se nessa formulação todo o amor, a gratidão e alegria daqueles primeiros cristãos. Quando eles eram denegridos, em última análise poderiam permanecer indiferentes. Que importa? Mas quando o nome de DEUS era desonrado, eles eram atingidos (em nosso caso não acontece muitas vezes o contrário?).
Em suma, cabe dizer: os cristãos devem estar igualmente abertos para pobres e ricos. Não pode haver ódio de classe. Mas quem vê como DEUS concede sua nobreza de forma equânime a todos precisa (e pode) excluir este tratamento tão desigual que o mundo pratica quando dá preferência a ricos e poderosos.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
Os ricos são os que blasfemam o bom nome daquele a quem pertenceis. Agora Tiago acrescenta uma acusação de natureza religiosa. O nome de JESUS havia sido outorgado aos cristãos, ou (de modo mais literal) em seu nome haviam sido batizados. Agora os cristãos “pertencem” a CRISTO. Seu Senhor é CRISTO. Todavia, os ricos falam mal desse nome, quando escarnecem de JESUS ou quando insultam seus seguidores. Não está esclarecido se faziam isso no tribunal, como parte do processo opressivo, ou se estavam insultando a CRISTO nas sinagogas e nas praças. Nem uma nem outra ação era justa. Entretanto, a igreja também tomara a decisão de insultar os pobres (a quem DEUS honra), e desse modo, decidiu favorecer os ricos, identificando-se com a classe opressora. Com frequência acontece que o grupo oprimido assume as características de seus opressores; quando isso acontece à igreja, o fato não é apenas patético e irônico, mas constitui uma inversão moral, visto que as pessoas que tomaram sobre si o nome de CRISTO agem, agora, à semelhança das que blasfemam do nome de CRISTO.
Peter H. Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 83.
 
III - A LEIS REAL, A LEI MOSAICA E A LEI DA LIBERDADE (Tg 2.8-13)
 
Observação do Ev. Luiz Henrique - Existem dois tipos de cães: Os vira-latas e os de raça pura.
Os vira-latas devem ficar acorrentados para não fugirem, porém, os de raça, mesmo se forem soltos não fogem, pois, servem a seus donos por amor e não pela lei da corrente.
 
1. A Lei Real. (2.8)
Nesse parágrafo (w. 8-13) Tiago nos leva de volta, como sempre deve ocorrer quando avaliamos o caráter da nossa conduta, à regra básica para o cristão — Amarás o teu próximo como a ti mesmo (v. 8). Sempre “faremos bem” se fizermos aquilo que gostaríamos que os outros fizessem a nós se as condições fossem desfavoráveis.
Essa lei, que orienta a conduta cristã, está conforme a Escritura. Ela foi extraída do Antigo Testamento (Lv 19.18) e reafirmada nos ensinamentos de JESUS (Mt 22.39). Ela é a lei real porque é a palavra do nosso Senhor. Ela é a lei real porque se a guardarmos em ato e em verdade, não podemos quebrar nenhuma das leis de DEUS que regem nossos relacionamentos com nosso próximo. Guardar essa lei é guardar toda a lei.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 167.
 
Tg 2.8 Temos esboçada de forma geral a lei que deve dirigir-nos em todas as nossas relações com os homens. “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis” (v. 8). Para que ninguém pense que Tiago defendeu os pobres com o efeito de desprezar os ricos, ele agora lhes diz que não imaginou encorajar conduta imprópria alguma para com ninguém. Eles não devem odiar os ricos nem ser rudes para com eles. Mas, como as Escrituras nos ensinam a amar todos e ao nosso próximo como a nós mesmos, sejam eles ricos ou pobres, fazemos bem em ter uma firme consideração por essa regra. Daí observe:
1. A regra segundo a qual os cristãos devem andar está estabelecida nas Escrituras, “...se cumprirdes, conforme a Escritura...”. Não são os grandes homens, nem as riquezas do mundo, nem as práticas corrompidas entre os próprios crentes que devem nos guiar, mas as Escrituras da verdade.
2. As Escrituras nos apresentam isso como lei, que amemos nosso próximo como a nós mesmos; o que ainda está em vigor para nós, e é antes levado adiante e a um degrau mais alto por CRISTO do que tornado menos importante para nós.
3. Essa lei é uma lei real, procede do Rei dos reis. Seu próprio valor e dignidade levam-na a merecer que seja assim honrada; e o estado em que estão todos os cristãos agora, por ser um estado de liberdade, e não de escravidão ou opressão, faz dessa lei, pela qual eles devem regular todas as ações uns aos outros, uma lei real.
4. A pretensão de observar essa lei real, quando for interpretada com parcialidade, não desculpa os homens de qualquer procedimento injusto. Nela está sugerido que alguns estariam prontos a bajular homens ricos, e a ser parciais para com eles, porque, se estivessem em circunstâncias semelhantes, deveriam esperar tal consideração por si mesmos. Ou eles poderiam alegar que mostrar o distinto respeito por aqueles a quem DEUS na sua providência havia distinguido por sua posição e nível não era nada mais do que certo; por isso, o apóstolo concorda em que, no que concerne a eles cumprirem os deveres da segunda tábua, fazem bem em dar honra a quem é devida; mas essa justa pretensão não cobre o pecado deles naquela indevida acepção de pessoas de que estão sendo acusados.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 833-834.
 
Tg 2.8 “A lei régia”: em que medida o mandamento “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” é a “lei régia”?
a) Foi promulgada pelo Rei, pelo “Rei sobre todos os reis” (Lv 19.1,18). O Filho, ao qual o Pai concedeu todo o poder (Mt 11.27; 28.18; Ap 19.16), colocou-a junto ao mandamento de amar a DEUS acima de todas as coisas (Mt 22.37ss).
b) A “lei régia” foi e continua sendo cumprida pessoalmente pelo Rei. Temos um DEUS amigo dos humanos (Tt 3.4). Esse amor foi coroado pelo que é dito em Jo 3.16: “DEUS amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito…” (cf. Rm 5.10; 8.32). E o Filho, o amor de DEUS manifesto e ativado em favor de nós, cumpriu esse mandamento. Ele nos amou mais do que a si mesmo, entregando a última gota de sangue em nosso favor (Mt 20.28). Já que é preciso punir, ele quis ser punido. Já que é preciso morrer, ele quis morrer.
c) O mandamento do amor é a “lei régia”, porque abarca todos os demais mandamentos que nos foram dados em vista de DEUS e de nosso semelhante. Ela é o ponto principal ao qual convergem todos os raios (Mt 22.34-40; cf. 1Co 13.13).
d) O amor é também uma “lei régia” pelo fato de presentear com liberdade e liberalidade régias, não pedindo contrapartidas e não estabelecendo nenhuma pré-condição.
“Observada segundo a Escritura”: isso impede que todas as demais coisas sejam chamadas de “amor”. – “Fazeis bem”: é assim que agrada a DEUS, é assim que se fará bem às pessoas, e é assim que estaremos bem orientados pessoalmente. Nossa vida se torna íntegra, rica e livre.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
Rm 13.8-10 Se devemos alguma coisa devemos pagar a dívida. Mas é preciso perguntar: Será que Paulo está contra a hipoteca da casa e as mensalidades da escola? Paulo não está contra a atitude de pedir emprestado, mas contra pedir coisas ou dinheiro emprestados que não temos a intenção de pagar. A dívida descuidada e fraudulenta não traduz um comportamento aceitável entre os crentes. A esse argumento JESUS acrescenta a recomendação de que seus seguidores devem ser conhecidos como credores e doadores de boa fé (Mt 5.42). Devemos ser responsáveis pelos pagamentos, e não pedir empréstimos que estejam além da nossa capacidade de pagar. Entretanto, sempre deveremos algo a alguém: a ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor. Podemos perceber através deste versículo que nunca terminaremos de pagar a dívida de amor que temos para com as outras pessoas (veja também Jo 13.34,35; Gl 5.22; Ef 5.1,2; 1 Jo 3.11-24; 4.7-21).
Os mandamentos contra o adultério, o assassinato, o furto ou a cobiça, que são mencionados por Paulo, vêm diretamente dos Dez Mandamentos. Eles se aplicam ao nosso relacionamento com os outros (veja Ex 20.13-15,17). Paulo pretende, com essa relação, mostrar que todos estão sob um mandamento mais abrangente: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”, citado de Levítico 19.18. Quando amamos alguém não temos a intenção de prejudicar ou fazer mal a esta pessoa. Portanto, o amor preenche todos os requisitos de DEUS.
Os cristãos devem obedecer à lei do amor, que está acima das leis civis e religiosas. E fácil tentar desculpar a nossa indiferença em relação aos outros simplesmente por não termos nenhuma obrigação legal de ajudá-los, e até tentarmos justificar as nossas injúrias se os nossos atos forem tecnicamente legais! Mas JESUS não deixa brechas na lei do amor.
Sempre que o amor exigir, devemos ir além dos requisitos legais humanos, e imitar o amor de DEUS.
13.11 Paulo quer que os crentes entendam sua constante necessidade de demonstrar amor, especialmente em relação ao tempo - a volta de CRISTO está próxima. As passagens do Antigo Testamento que falam da volta de CRISTO estão dirigidas à nossa responsabilidade de estar alertas, preparados moral e espiritualmente, e servindo diligentemente ( 1 Pe 4.11 ; Tg 5.8 ; 1 Jo 2.18). Os crentes devem estar alertas e vigilantes para não serem surpreendidos. Paulo sabe que a antiga natureza pecadora ainda irá, ocasionalmente, provocar problemas, por isso o apóstolo pede que os seus leitores se mantenham acordados. Permanecer muito tempo num estado de letargia espiritual, onde o pecado é tolerado e as boas obras não são praticadas, pode levar a um coma espiritual que nos transforma em seres irresponsáveis perante DEUS.
A volta de CRISTO, e nossa final e total salvação, estão, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. Cada dia que passa nos leva mais próximos ao instante da volta de CRISTO, quando seremos conduzidos ao céu para ficar ao seu lado para sempre (veja também Mc 13.13; Lc 21.28; 1 Ts 5.4-11; Hb 9.28).
O tempo está se acabando; portanto, precisamos utilizar cada momento para viver corretamente.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 83-84.
 
Nosso relacionamento com a lei (13.8-10)
Paulo faz uma transição de nossa relação com o Estado (13.1-7) para a nossa relação com os irmãos (13.8-10). Ele já tratou de nossa dívida de compartilhar o evangelho com os incrédulos (1.14), de nossa dívida para com o ESPÍRITO de viver uma vida santa (8.12) e de nossa dívida de lealdade no pagamento dos impostos ao Estado (13.6,7).
Agora, trata de uma dívida que nunca poderemos quitar completamente, a dívida do amor. Nunca amamos em grau superlativo. Estamos sempre aquém dessa exigência divina. Charles Erdman diz: “A razão de o amor ser tão importante reside no fato de que o amor é o cumprimento de toda a lei e a lei é o próprio fundamento do Estado”.
Destacaremos aqui, três pontos:
Em primeiro lugar, o amor ao próximo é uma divida impagável. “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros...”
(13.8a). Conforme William Hendriksen, este versículo condena a prática de alguns que estão sempre prontos a tomar empréstimo, porém são muito lentos em reembolsar a soma emprestada. A Bíblia diz que o ímpio pede emprestado e não paga (SI 37.21), mas o apanágio do cristão é a honestidade. Vale ressaltar que a expressão “uns aos outros” (13.8) não significa apenas os irmãos na fé. Na verdade, ninguém está excluído desse amor todo abrangente. Devemos livrar-nos de todas as dívidas, não negando, ignorando ou fugindo delas, mas pagando-as: existe apenas uma dívida de que ninguém pode livrar-se, a dívida do amor. Viver como cristão não significa apenas prontamente quitar compromissos financeiros, legais e morais, para depois reclinar-se, desligando-se do gigantesco volume restante de tarefas ao redor. Um cristão permanece no serviço. Jamais dirá ao próximo: cumpri minha obrigação, estamos quites. Jamais tentará evadir-se com ajudas que já prestou: desse e daquele me livrei, pois com essa atitude já estaria fora do amor. Não podemos amar suficientemente uma pessoa. Só DEUS pode fazê-lo de forma plena e cabal. Seremos sempre devedores em relação à dívida do amor.
Em segundo lugar, o amor ao próximo é o cumprimento da lei. “[...] pois quem ama o próximo tem cumprido a lei. Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (13.8b,9). O amor é essencialmente obediência. Quem ama o próximo tem cumprido a lei. O amor não é o fim da lei, e sim o seu cumprimento. Ao afirmar que quem ama o próximo tem cumprido a lei, Paulo cita os mandamentos da segunda tábua da lei, ou seja, nossa relação horizontal ou nosso dever para com as outras pessoas. Quem ama não mata, não adultera, não furta nem cobiça o que é do próximo.
É conhecida a expressão usada por Agostinho de Hipona: “Ama a DEUS e faze o que quiseres”. Quando amamos a DEUS e ao próximo, cumprimos a lei. Concordo com John Stott quando ele diz que o amor e a lei necessitam um do outro.
O amor necessita da lei para orientá-lo, e a lei necessita do amor para inspirá-la. Geoffrey Wilson completa: “A lei dá conteúdo ao amor; o amor dá cumprimento à lei. A lei prescreve a ação, mas é o amor que constrange ou motiva a realização da ação envolvida”.
Em terceiro lugar, o amor não pratica o mal contra o próximo. “O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (13.10). O amor é benigno, e não maligno. O amor é altruísta, e não egoísta. O amor coloca sempre o outro na frente do eu. O amor respeita a vida do outro, por isso quem ama não mata. O amor respeita a honra e a família do outro, por isso quem ama não adultera. O amor respeita os bens e a propriedade do outro, por isso quem ama não furta. O amor respeita o bom nome do outro, por isso quem ama não se presta ao falso testemunho. O amor não deseja o que é do outro; antes, está contente com o que DEUS lhe deu, por isso quem ama não cobiça. William Hendriksen diz que cada mandamento negativo (“Não”) está na base de um mandamento positivo. Portanto, eis o significado:
Você amará, e por isso não cometerá adultério, mas preservará a sacralidade dos laços conjugais. Você amará, e por isso não matará, mas ajudará seu próximo a conservar-se vivo e bem. Você amará, e por isso nada furtará o que pertença a seu próximo, mas, antes, protegerá suas possessões. Você amará, e como resultado não cobiçará o que pertença a seu próximo, mas se alegrará no fato de que ele possui algo.
LOPES. Hernandes Dias. ROMANOS O Evangelho segundo Paulo. Editora Hagnos. pag. 433-436.
 
Rm 13.8 - O amor se diferencia decisivamente de uma cidadania autossuficiente.
O NT não demanda o amor “numa alegre falta de motivos” (Karl Barth), mas com ampla fundamentação. É nossa “dívida” amar (1Jo 4.11), porque recebemos amor por meio de DEUS, o Pai (Mt 5.44,45), o Filho (1Jo 4.1) e o ESPÍRITO SANTO (Gl 5.22). Mas amor também é simplesmente obediência. Especialmente em situações impossíveis de compreender – que são os casos mais frequentes – ou em que a psique (ainda) não está disposta, o amor cumpre o que foi mandado. É nessa direção que aponta o presente versículo. Pois quem ama o próximo, cumpriu a lei. Por meio dessas palavras Paulo leva de volta ao ponto de partida de toda a paráclese de Rm 12,13, formulado em Rm 12.2b: pratica incondicionalmente a vontade de DEUS! Quem cumpre a vontade de DEUS, durará perpetuamente. Se quiseres entrar na vida, cumpre os mandamentos, precisamente os mandamentos da lei! Em Paulo, assim como em JESUS, não há nenhuma passagem que abra uma brecha para que se imagine que a vontade de DEUS teria de ser achada em outro lugar que não a lei e os profetas do AT. O “novo mandamento” do amor não torna supérfluo o “antigo mandamento”. Amor não é o fim da lei, e sim seu cumprimento.
Rm 13.11  É a hora mundial, hora do perigo mundial, mas também da chance universal. A partir de agora luz e trevas lutam entre si. É por isso que as sombras que ainda pesam sobre a existência não conseguem mais impressionar os que creem, não podem levá-los a dormir “como os demais” (1Ts 5.6). Porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos. O “perto” tornou-se “mais perto” e “cada vez mais perto”. Nenhum instante permanece parado no tempo. O cristão não se vê parado num pátio de estacionamento, mas experimenta um avanço de fé em fé, de graça em graça, e de glória em glória.
Adolf Pohl. Comentário Esperança Romanos. Editora Evangélica Esperança.
 
2. A Lei Mosaica.
Tg 2.10-11 Essa lei geral deve ser considerada junto com uma lei particular: “Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores (v. 9). Não obstante a lei das leis: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, e para mostrar aquele respeito por eles que gostaríeis de ver demonstrado por vós se estivésseis nas circunstâncias deles, contudo isso não vai desculpar o fato de distribuirdes, sejam os favores, sejam as repreensões da igreja de acordo com as condições exteriores dos homens; mas aqui deveis olhar para uma lei particular, que DEUS deu a vós junto com aquela, e por esta sereis totalmente condenados pelo pecado de que vos acusei”. Essa lei está em Levítico 19.15: “Não fareis injustiça no juízo; não aceitarás o pobre, nem respeitarás o grande; com justiça julgarás o teu próximo”. Aliás, a própria lei real, corretamente exposta, serviria para condená-los, porque ela ensina que devem se colocar tanto no lugar dos pobres quanto dos ricos, e assim agirem de forma justa para com um e para com o outro. Então ele prossegue:
Para mostrar a abrangência da lei, e quanta obediência deve ser prestada a ela. Eles devem obedecer à lei real, cumprir tanto uma parte quanto a outra, ou então ela não os defenderá quando quiserem usá-la como razão para justificar alguma ação particular:
“Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto tornou-se culpado de todos” (v. 10). Isto pode ser entendido:
1. Com referência ao caso que Tiago tem tratado: Vocês defendem o seu respeito pelos ricos porque devem amar o seu próximo como a si mesmos?
Então por que não mostrar uma consideração igual e devida pelos pobres, pois vocês devem amar o seu próximo como a si mesmos? Senão a ofensa de vocês em um ponto vai arruinar sua pretensão de observar toda a lei. Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto, propositadamente, reconhecidamente e com continuidade, e que pensa que deve ser desculpado em algumas questões por causa da sua obediência em outras, tornou-se culpado de toda a lei. Isto é, ele incorre no mesmo castigo e está sujeito à mesma pena, pela sentença da lei, como se a tivesse violado em outros pontos também além daquele em que é culpável. Não que todos os pecados sejam iguais, mas que todos carregam o mesmo desprezo pela autoridade do Legislador, e assim obrigam a sofrer o castigo que é estipulado pela violação daquela lei. Tudo isso nos mostra como é inútil pensarmos que as nossas boas obras vão compensar nossas más obras, e francamente nos põe a buscar uma outra forma de expiação.
2. Isso é ilustrado ainda ao se colocar a questão de forma diferente da que foi mencionada antes (v. 11): “Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu, pois, não cometeres adultério, mas matares estás feito transgressor da lei”. Uma pessoa talvez seja muito severa em caso de adultério, ou das coisas que tendem à perversão da carne, mas esteja menos disposta a condenar o homicídio, ou o que tende a arruinar a saúde, quebrantar o coração e destruir a vida dos outros. Outra tem um pavor extraordinário do homicídio, mas tem ideias menos severas acerca do adultério; enquanto alguém que olha para a autoridade do Legislador mais do que para a questão do mandamento vai ter a mesma razão para condenar um e outro. A obediência é então aceitável quando se tem um olho para a vontade de DEUS; e a desobediência deve ser condenada, em qualquer instância, visto que é uma afronta à autoridade de DEUS. E, por essa razão, se transgredimos em um ponto, desdenhamos a autoridade daquele que deu toda a lei, e assim somos culpados de toda ela. Assim, se você olha para a lei dos antigos, você está condenado; pois “...maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei para fazê-las” (G13.10).
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 834.
 
Tg 2.9-11 Parcialidade é Pecado
O autor está se aproximando da conclusão do seu argumento: se os cristãos observarem a lei do amor estarão agradando a DEUS, mas quando mostrarem parcialidade estarão cometendo pecado. Nos versículos 9-11, ele antecipa uma objeção possível. “Por que fazer um alarde tão grande quanto ao respeito às pessoas? É apenas uma ofensa isolada e certamente não deve ser levada tão a sério”. Tiago refuta essa objeção ao ressaltar que a quebra de qualquer parte da lei é quebrar toda a lei.
a) Qualquer pecado quebra a lei de DEUS (2.10). O que Tiago quer dizer quando afirma que se o homem tropeçar em um só ponto tornou-se culpado de todos (v.10)? Ele certamente não quer dizer que quebrar um mandamento é tão ruim em suas consequências quanto quebrar todos os dez. Ele também não quer dizer que as consequências de uma falha pequena são tão sérias quanto os resultados de um pecado flagrante. Alguns dos estoicos mais extremos declaravam que o roubo de um centavo era tão sério quanto matar os pais. Mas Tiago era um cristão e não um estoico. JESUS ensinou que um homem deve amar a DEUS de todo o coração. Qualquer pecado é uma evidência de que o meu amor por DEUS é algo menos do que completo. Um pecado é, portanto, tão mal quanto outro no sentido de quebrar minha comunhão com DEUS. Se este pecado não é perdoado e a comunhão não é restaurada, a pessoa acaba rompendo sua união vital com DEUS. Nesse sentido, um homem é culpado de todos: guardar todos os outros mandamentos não tem valor algum em satisfazer a DEUS, se rejeito a sua vontade para a minha vida em algum ponto. Nesse sentido um homem é “culpado de todos ao violar toda a lei, embora não viole a lei no seu todo, porque [ele] transgride o amor, que é o cumprimento da lei”. Uma pessoa não pode cometer o pecado de voluntariamente desprezar a personalidade humana e ser agradável a DEUS, da mesma forma que não pode violar um outro mandamento e continuar mantendo o favor de DEUS.
b) A parcialidade é uma questão séria (2.11). No versículo 9, Tiago disse que se mostrarmos parcialidade somos redarguidos (condenados) pela lei como transgressores. Ele agora procura mostrar a seriedade dessa transgressão. O mesmo DEUS que disse: “Não adulterarás”, ordenou “Não matarás” — e esse tipo de destruição da individualidade é assassinato (cf. Mt 5.21-22). Ficar irado contra um homem é algo devastador; quem despreza uma pessoa, aos olhos de DEUS, está cometendo assassinato. Uma pessoa pode ser destruída por uma atitude errada tanto quanto por um golpe físico.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 167-168.
 
Tg 2.9 “Se, porém, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado”: em que sentido essa distinção de pessoas viola o amor (e consequentemente descumpre o mandamento de DEUS, tornando-se pecado)?
a) No que se refere ao pobre, humilde e insignificante: esta atitude o rebaixa e desonra. Impede-o de crer que DEUS tem projetos grandiosos e abençoados para ele, e reforça nele a tendência para a incredulidade e o desânimo.
b) No que diz respeito ao rico e distinto: por um lado ele é seduzido e encorajado a transformar seu dinheiro e sua importância em deus. Por outro, as pessoas se curvam apenas diante das suas posses, de sua influência e dos bons “contatos” que a amizade com ele representam. Pode imaginar: “Todos me cortejam, mas na realidade não se interessam por mim, mas pela vantagem que lhes devo proporcionar.” JESUS não fazia diferenças. Tinha tempo igual para o influente Nicodemos (Jo 3) e para uma mulher mal-afamada, para uma pessoa paralítica há décadas e para um mendigo cego (Jo 4; 5; 9).
“Cometeis pecado e sois arguidos pela lei como transgressores”: aqui se explicita uma importante faceta daquilo que a Bíblia chama de “pecado”, em grego harmartia (“passo em falso”): em sua santidade e bondade DEUS nos mostrou, mediante seus mandamentos, o único caminho salutar por essa vida. JESUS andou o caminho à nossa frente. “Ele nos deixou um exemplo, para que o sigamos em suas pegadas” (1Pe 2.21). O alpinista que se nega a andar nas pegadas de seu guia pode cair no precipício. Do mesmo modo cairá quem se nega a seguir nosso Senhor, a também não fazer acepção de pessoas.
O efeito da violação de um único mandamento (v. 10s).
Tg 2.10 “Porque quem cumpre toda a lei, mas tropeça em um único ponto, torna-se culpado em tudo”:
a) Também na realidade humana do dia-a-dia este pode ser o caso. Se alguém corajosamente andou durante duas horas nas pegadas do alpinista, mas então, em um único ponto, se afasta teimosamente do caminho, esse ato pode lhe custar a vida. Quando alguém anda corretamente durante seis quilômetros por uma estrada na serra, mas em seguida passa por cima da proteção lateral, isso basta para que caia na ribanceira. Nada diferente ocorre nas leis penais humanas: se alguém sonega 50.000 euros, não pode pleitear isenção alegando que, afinal, não matou ninguém. Quem por negligência causa um acidente fatal de trânsito não pode requerer inocência por ter antes percorrido 100.000 quilômetros sem causar acidentes.
b) Quanto mais isso vale em vista do santo DEUS! Nossa comunhão com ele exige também de nós santidade e perfeição (Lv 19.2; Mt 5.48). Para passar de ano os alunos podem compensar uma nota ruim em matemática com uma ou duas notas boas em outra matéria. Aqui não podemos compensar nada. A comunhão com DEUS requer de nós praticamente nota máxima em todas as matérias. Se não chegarmos ao nível aceitável em um aspecto, toda a justiça julgadora de DEUS se volta contra nós. Nesse momento torna-se compreensível para nós a palavra de Paulo: “Não há nenhum que faça o bem, nenhum sequer” (Rm 3.12).
c) A transgressão em um ponto isolado tem importância para toda a nossa vida. O pecado é o “fator de segregação”. Ele nos conduz para fora da comunhão vital com DEUS. É irrelevante onde se localiza esse ponto, se no quinto, sexto, sétimo ou oitavo mandamento. Em qualquer um dos casos secam-se as forças de DEUS em nossa vida: quando um galho é quebrado da árvore, ele morre, não importa se foi quebrado mais em cima ou mais embaixo. É assim que nós também sempre perdemos nosso aconchego em DEUS diante do poder destrutivo do inimigo: em épocas passadas, quando alguém abandonava a cidade murada enquanto as hostes da guerra roubavam e saqueavam do lado de fora, corria perigo de ser morto, independentemente do portão pelo qual saísse da cidade.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
Mt 5.17 JESUS não veio como um rabino trazendo um ensino recém elaborado, Ele veio como o prometido Messias com uma mensagem que fora transmitida desde o início dos séculos. “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir”. JESUS completa e transcende a lei. A lei do Antigo Testamento não foi rescindida e deve ser agora interpretada e reaplicada à luz de JESUS. DEUS não mudou de idéia e a vinda de JESUS fazia parte do plano de DEUS para a Criação (veja Gênesis 3.15).
Mt 5.18 JESUS usou muitas vezes a expressão “Em verdade vos digo” em seu discurso, indicando que as palavras seguintes serão de vital importância. Nessas palavras JESUS atribuiu a maior autoridade à lei de DEUS. JESUS não só cumpriu a lei, mas até que o céu e a terra passem (significando até o fim do mundo) a lei não será modificada. Nem um jota ou um til se omitirá da lei, nem o menor traço de uma pena será colocado ao lado da lei de DEUS. A afirmação de JESUS certifica a absoluta autoridade de cada palavra e letra da Escritura. Tudo o que foi profetizado na lei de DEUS será cumprido, e os seus propósitos serão alcançados. Tudo se cumprirá.
Mt 5.19 JESUS iria cumprir toda a Lei, e realizar tudo que foi predito pelos Profetas (5.17,18). Portanto, os seus seguidores também devem observar até os menores mandamentos que estão incluídos na Lei e nos Profetas. Além disso, se algum mestre influenciar os outros para infringir até o menor dos mandamentos da lei, ele será chamado o menor no Reino dos céus. Como a Lei e os Profetas apontam na direção de JESUS e dos seus ensinos, aquele que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus. Aqueles que tratarem qualquer parte da Lei como “pequena” e, portanto, passível de ser infringida, serão chamados de “menores” e, provavelmente excluídos. JESUS explicou aos seus discípulos que os homens responsáveis pela transmissão da mensagem deveriam viver e ensinar cuidadosamente, levando em consideração a importância da Palavra de DEUS. Os seguidores de JESUS devem respeitar e obedecer a Palavra de DEUS, se quiserem realizar grandes conquistas para Ele.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 39.
 
Mt 5 17-20 A lei que CRISTO veio estabelecer concordava com exatidão com as Escrituras do Antigo Testamento, aqui chamada de a lei e os profetas. Os profetas eram os comentaristas da lei, e, juntos, os profetas e a lei, criaram aquela lei de fé e prática que CRISTO encontrou no trono da sinagoga judaica; e aqui Ele a mantém no trono.
1. JESUS protesta contra a ideia de anular e enfraquecer o Antigo Testamento: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas” .
(1) Em outras palavras “Não deixemos que os judeus religiosos, que têm grande apreço pela lei e pelos profetas, temam que Eu tenha vindo para destruí-los”. Não deixemos que eles tenham preconceito contra CRISTO e a sua doutrina, devido a uma inveja deste reino que Ele veio estabelecer, o que pode soar como um menosprezo da honra das Escrituras que eles aceitavam como vindas de DEUS e das quais eles sentiam o poder e a pureza, Não. Deixemos que eles fiquem satisfeitos por verem que CRISTO não tem nenhum mau desígnio em relação à lei ou aos profetas. Em outras palavras:
(2) “Não permitamos que os judeus profanos, que não consideram a lei ou os profetas, e que estão cansados daquele jugo, achem que Eu vim para destruir a lei ou os profetas”. Não permitamos que os libertinos carnais imaginem que o Messias veio para libertá-los da obrigação dos preceitos divinos, e ainda assim assegurar-lhes as promessas divinas, para fazê-los felizes e dar-lhes permissão para viver como desejarem. CRISTO não ordena nada agora que fosse proibido, fosse pela lei da natureza ou pela lei moral, nem proíbe qualquer coisa que aquelas leis obrigassem. E um grande engano pensar que Ele faz isto, e aqui Ele toma cuidado para corrigir este engano. “ Não cuideis que vim destruir” . O Salvador das almas não destrói nada, a não ser as obras do diabo; Ele não destrói nada que venha de DEUS Pai, muito menos aqueles excelentes preceitos que temos de Moisés e dos profetas. Não. Ele veio para cumpri-los, Isto é: [1] Ele veio para obedecer aos mandamentos da lei, pois Ele nasceu sob a lei (G14.4). Em todos os aspectos, Ele mostrava obediência à lei, honrava os seus pais, observava o sábado judeu, orava, dava esmolas e fazia o que ninguém mais fazia-obedecendo perfeitamente, e jamais infringiu qualquer ponto da lei. [2] Para cumprir as promessas da lei e as predições dos profetas, de que todos deram testemunho dele. O concerto da graça é, basicamente, o mesmo agora que era naquela época, e CRISTO é o seu Mediador. [3] Para responder aos símbolos da lei; assim (como expressa o bispo Tillotson), Ele não esvaziou, mas cumpriu a lei cerimonial, e se manifestou como sendo a Essência de todas aquelas sombras. [4]. Para reparar as suas imperfeições, e assim completá-la e aperfeiçoá-la. Dessa forma, a palavra plerosai tem um significado adequado. Se considerarmos a lei como um recipiente que anteriormente continha alguma água, podemos entender que Ele não veio para jogar a água fora, mas para encher o recipiente até o topo. Ou ainda, podemos considerar a lei como uma imagem que é um primeiro esboço, e que exibe alguns traços somente para delinear a peça que se pretende confeccionar; posteriormente, estes traços são completados. Assim, CRISTO aprimorou a lei e os profetas, através das suas adições e explicações. [5]. Para prosseguir com o mesmo desígnio. As instituições cristãs estão tão longe de distorcer e contradizer aquilo que era o principal desígnio da religião judaica, que o promovem ao máximo. O Evangelho é o tempo da correção (Hb 9.10), não para rejeitar a lei, mas para consequentemente, estabelecê-la.
 
2. Ele declara a perpetuidade da lei; não apenas que Ele não desejava ab-rogá-la, mas que ela nunca deveria ser ab-rogada (v. 18). “Era verdade, vos digo” que Eu, o Amém, a Testemunha fiel, solenemente declaro que “ até que o céu e a terra passem” , quando não existir mais tempo e o estado imutável das recompensas substituir todas as leis, “nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido”. Pois o que é que DEUS está fazendo em todas as operações, tanto de providência como de graça, a não ser cumprir as Escrituras? O céu e a terra se unirão, e serão completamente envolvidos em ruína e confusão, antes que qualquer palavra de DEUS caia ao chão ou seja em vão. A palavra do Senhor permanece para sempre, tanto a da lei como a do Evangelho. Observe que o cuidado de DEUS, a respeito da sua lei, se estende até mesmo àquelas coisas que parecem ser menos importantes nela, o jota e o til; pois o que quer que pertença a DEUS, e leve a sua marca, por menor que seja, será preservado. As leis dos homens são tão patentemente imperfeitas (e todos temos consciência dessa imperfeição), que permitem uma máxima: Apicesjuris non sunt jura ("As sutilezas do direito não constituem o direito.") - Os pontos extremos da lei não correspondem à lei; porém DEUS estará a postos e manterá cada jota e cada til da sua lei.
3. Ele dá aos seus discípulos a missão de preservar cuidadosamente a lei, e lhes mostra o perigo de negligenciá-la e menosprezá-la (v. 19). “Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos”, da lei de Moisés (quanto mais um dos maiores, como faziam os fariseus, que negligenciavam os aspectos mais importantes da lei), “e assim ensinar' aos homens” (como eles faziam, anulando os mandamentos de DEUS com suas tradições, cap. 15.3), “será chamado o menor no Reino dos céus”.
Embora os fariseus pudessem se denominar os melhores professores possíveis, eles não seriam usados como professores no reino de CRISTO. ‘Aquele, porém, que os cumprir e ensinar” (como fariam os discípulos de CRISTO, portanto provando ser melhores amigos do Antigo Testamento do que os fariseus eram, embora desprezados pelos homens), “será chamado grande no Reino dos céus".
Observe:
(1) Entre os mandamentos de DEUS há alguns menores que outros; nenhum deles é pequeno de maneira absoluta, mas de forma comparativa. Os judeus reconhecem o menor dos mandamentos da lei como sendo aquele que fala do ninho de ave (Dt 22,6,7); mesmo ele, no entanto, tem um significado e unia intenção bastante considerável.
(2) É uma coisa perigosa, na doutrina ou na prática, revogar o menor dos mandamentos de DEUS; infringi-lo, isto é, agir de modo a diminuir a sua abrangência ou enfraquecer a sua obrigatoriedade; quem fizer isto estará correndo riscos. Assim, invalidar qualquer um dos dez mandamentos é um golpe ousado demais para que o DEUS zeloso possa condescender. É algo além de transgredir a lei, é quebrantar a lei (SI 119,126).
(3) Quanto mais corrupção eles espalham, piores eles são. Infringir o mandamento já é atrevimento suficiente, mas é muito pior ensinar os homens a fazê-lo, Claramente, isto se refere àqueles que, nesta época, se assentavam na cadeira de Moisés e pelos seus comentários corrompiam e desvirtuavam o texto. Opiniões que tendem à destruição da religiosidade séria e dos fundamentos da religião cristã, por meio de observações corruptas às Escrituras, são suficientemente ruins quando defendidas, mas piores quando propagadas e ensinadas como se fossem a Palavra de DEUS. Aquele que faz isto será chamado o menor no Reino dos céus, o reino da glória; ele nunca irá para lá, mas será eternamente excluído. Ele não fará parte do reino da igreja do Evangelho. Ele estará tão longe de merecer a dignidade de um professor no reino, que nem chegará a ser considerado um membro dele. O profeta que ensina estas falsidades é a cauda naquele reino (Is 9.15); quando a verdade aparecer em sua própria evidência, estes professores corruptos, embora valorizados como os fariseus, não serão considerados juntamente com os sábios e os bons.
Nada torna os ministros mais desprezíveis e indignos do que corromper a lei (Ml 2.8,11). Aqueles que atenuam e incentivam o pecado, discordando e desprezando a severidade na religião, assim como a seriedade na devoção, são uma contaminação na igreja. Mas, por outro lado, são verdadeiramente honrados e de grande responsabilidade na igreja de CRISTO aqueles que dedicam a sua vida e doutrina a promover a pureza e a severidade da religião prática, que tanto fazem como ensinam o que é bom, pois os que não fazem o que ensinam derrubam com uma mão o que edificam com a outra, Estes se entregam à mentira, e tentam os homens a pensar que a religião como um todo é um engano. Mas aqueles que falam com experiência, que vivem o que pregam, são verdadeiramente grandes; eles honram a DEUS, e DEUS os honrará (1 Sm 2.30), e no futuro irão brilhar como astros no reino do nosso Pai.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 50-51.
 
Sua Natureza (5.17-20)
Ele iria cumprir seus mandamentos e promessas, seus preceitos e profecias, seus símbolos e tipos. Isto Ele fez em sua vida e ministério, em sua morte e ressurreição. JESUS cumpriu totalmente os aspectos do Antigo Testamento. Quando lido à luz de sua pessoa e obra, ele brilha com um novo significado. CRISTO é a Chave, a única Chave que abre as Escrituras.
O que acontecerá à Lei? O Mestre declarou solenemente: Em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido.
“O problema com os fariseus”, diz Martin Lloyd-Jones, “era que eles estavam interessados nos detalhes em vez de nos princípios, eles estavam interessados nas ações em vez de nos motivos, e que eles estavam interessados em fazer em vez de ser”.
É correto para o cristão agradecer a DEUS por não estar debaixo da Lei, mas debaixo da graça. Mas se ele pensa que as exigências sobre ele são menores por causa disso, não leu o Sermão do Monte de forma a compreendê-lo. JESUS declarou enfaticamente que Ele exige uma justiça mais elevada do que a dos escribas e fariseus. No restante do capítulo, o Senhor fornece seis exemplos concretos daquilo que Ele quer dizer, exatamente, com isso. Ele basicamente se refere a uma justiça de atitude interior em vez de meramente uma ação exterior. Mas isto levanta a exigência. Deve-se não só guardar as suas ações, mas também as suas atitudes; não só as suas palavras, mas também os seus pensamentos. A lei de CRISTO traz, para aqueles que a guardam, mais exigências do que a lei de Moisés.
Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Mateus. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 57-58.
 
3. A Lei da Liberdade.
A consistência entre o falar e o agir.
Tiago termina essa primeira parte do capítulo 2 enfatizando a necessidade de haver consistência entre o falar e o agir na vida do cristão (Tg 2.9,10,12), lembrando que haverá juízo divino sobre aqueles que não se arrependem, mas vivem um falso Cristianismo (Tg 2.11-13), isto é, vivem uma fé cristã de fachada, onde a fé e as obras estão dissociadas. Aliás, o exemplo que ele cita de religião falsa no início do capítulo 2 serve de gancho para que, em seguida, ele trate mais específica e exatamente sobre a relação indissociável entre a fé genuína e as boas obras (Tg 2.14-26).
O resumo de Tiago sobre o tema acepção de pessoas é: “Assim falai e assim procedei” (v. 12a). Isto é: “Cristão, viva o que você prega! Se você é mesmo um cristão verdadeiro, então você deve amar o teu próximo como CRISTO o fez: independente de condição social, etnia, idade, sexo, condição financeira e status”. Ou seja, tenha um coração como o de JESUS. Ame as pessoas como DEUS as ama.
Finalmente, do belo texto de Tiago sobre o juízo e a misericórdia no versículo 13, Matthew Henry ressalta três lições: “(1) A condenação que será pronunciada sobre os pecadores impenitentes no final vai ser o juízo sem misericórdia; [...] (2) Aqueles que não mostrarem misericórdia agora não encontrarão misericórdia naquele grande dia; mas [...] (3) Haverá aqueles que se tornarão exemplos do triunfo da misericórdia, em quem a misericórdia rejubila contra o juízo”. Amém! Como disse JESUS, “bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Mt 5.7).
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 78-79.
 
Tg 2.12 Tiago direciona os cristãos a se comportarem mais especificamente pela lei de CRISTO. “Assim falai e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade” (v. 12). Isso vai nos ensinar não somente a sermos justos e imparciais, mas muito mais compassivos e misericordiosos para com os pobres; e isso vai nos libertar de todas as considerações sórdidas e indevidas para com os ricos. Observe aqui:
1.0 evangelho é chamado de lei. Ele tem todos os requisitos de uma lei; preceitos com recompensas e castigos anexos; ele prescreve deveres, e  também ministra conforto; e CRISTO é o rei para nos governar como também o profeta para nos ensinar e o sacerdote para sacrificar e interceder por nós. Estamos sob a lei de CRISTO.
2. É uma lei da liberdade, e da qual não temos razão de nos queixar por ser um fardo ou jugo; pois o serviço a DEUS, de acordo com o evangelho, é liberdade perfeita. Ela nos liberta de todas as relações escravizantes, seja a pessoas ou a coisas deste mundo.
3. Todos precisamos ser julgados por esta lei da liberdade. A condição eterna dos homens será estabelecida de acordo com o evangelho; esse é o livro que será aberto quando estivermos diante do trono do julgamento. Não haverá alívio para aqueles que o evangelho condena, nem haverá acusação contra aqueles a quem o evangelho justifica.
4. É do nosso interesse então falar e agir agora como convém àqueles que em breve serão julgados por essa lei da liberdade; isto é, vivamos à altura do evangelho, nos conscientizemos dos deveres do evangelho, tenhamos a disposição mental do evangelho, e que as nossas conversas sejam conversas do evangelho, porque por essa regra seremos julgados.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 834-835.
 
Tg 2.12 “A lei da liberdade”: leis humanas são frequentemente sentidas como certo cerceamento, como restrição da liberdade. Porém quando compreendemos a sabedoria e o amor de DEUS, o Pai, suas ordens deixam de ser coercivas. Quando estamos sob a influência do ESPÍRITO dele, quando imperam o amor e a gratidão, quando pensamos como o Pai, então a nossa vontade não atravessa mais o caminho da misericordiosa vontade de DEUS. Então se afirma a nosso respeito o mesmo que é dito a respeito do Filho que por meio do ESPÍRITO habita em nossos corações: “Agrada-me, Senhor, fazer a tua vontade” (Sl 40.8; Ef 3.17; 2 Co 3.17). Verdadeira liberdade não é liberdade em si (ela imediatamente se tornaria outra vez uma amarra degradante), mas liberdade para DEUS, dos filhos para com o Pai, e, consequentemente, liberdade diante dos humanos e em prol dos humanos (cf. também o comentário a Tg 1.25). Unicamente desse modo somos verdadeiramente seres humanos.
“Julgados pela lei da liberdade”: ao se findarem nossos caminhos, serão colocados do lado de nossa vida o mandamento de DEUS e a vida de JESUS, que é a vontade vivida de DEUS. A vida de JESUS será o critério para nós. Paulo escreve: “Viestes a obedecer à forma de doutrina…” (Rm 6.17 – na tecnologia se entende por “forma de doutrina” uma espécie de medida ou instrumento de medição). “Falai de tal maneira e procedei de tal maneira como aqueles que estão prestes a ser julgados pela lei da liberdade”: “Senhor, constantemente imprimes em minha mente essa revelação, para que, andando ou ficando parado, cuide unicamente de como sou aos teus olhos” (P. F. Hiller). Hoje mesmo queremos nos deixar medir e perpassar pela vida e pelo ESPÍRITO de JESUS. “É nesse ponto que desejo ser perpassado, passando liberto para a vida” (Michael Hahn).
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
A liberdade da fé (Gl 5.1).
A lei traz escravidão e a fé traz liberdade. Não há que duvidar que seja “um epítome da argumentação de toda a carta”.
Paulo adverte os gálatas: Estai, pois, firmes na liberdade com que CRISTO nos libertou (1). Usando o modo imperativo, o apóstolo ordena: “Permanecei firmes” (BJ; cf. NVT). Esta ordem podia ser dada como uma continuação natural do seu argumento. Eles deveriam permanecer firmes na liberdade com que CRISTO os libertou. Não há dúvida de que se refere à liberdade da escravidão da lei (cf. 4.5,26,31). Esta liberdade era uma liberação do poder e domínio do pecado que os escravizara pela lei (cf. 3.19—4.11; Rm 7.7-25). A frase seguinte torna isso inconfundivelmente claro: E não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão (1). Se os gálatas voltassem para a lei, como os judaizantes os exortavam a fazer, eles estariam a meter-se (lit., “carregar-se” ou “oprimir-se”), de novo, debaixo do jugo da servidão. Este jugo da servidão significaria o fim da liberdade que desfrutavam em CRISTO.
 
A Natureza da Liberdade Cristã (5.13)
Agora Paulo se dedica a uma nova tarefa. Ele mostra as implicações morais da fé cristã. Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade (13). Este fato diz respeito à liberdade da lei e à consequente liberdade do pecado. Foi para essa liberdade que eles foram chamados por DEUS. Paulo apresentara com esmero argumentos para mostrar que esta era parte indispensável da crença que encontraram em CRISTO. E mais que natural que a insistência paulina nesta liberdade tenha levado seus oponentes a temer que ele destruísse o único bastião contra a maré da imoralidade pagã (cf. Introdução). Eles temiam que os gentios não tivessem uma restrição essencial, mas que entendessem erroneamente esta liberdade. O termo “somente” (KJV) não é usado para limitar o que fora declarado (“somente” não useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne), mas para chamar atenção a algo importante.
Para acalmar os temores desnecessários de seus inimigos e orientar seus convertidos adequadamente, Paulo os exorta a não usar da liberdade para dar ocasião à carne (13). Este comportamento, obviamente, seria um abuso da liberdade que têm na fé — mas o que significa exatamente? A liberdade dos crentes resultou na libertação do domínio e poder compulsivo do pecado. Eles não são mais controlados pela carne pecadora — forçados a viver por ela! Contudo, o abuso dessa liberdade forneceria ocasião (“oportunidade”, CH) para o pecado recuperar o controle sobre eles (ver comentários em 5.16-25).
De modo típico, Paulo via a proteção contra tal abuso da liberdade, não negando a escravidão compulsiva do legalismo, mas aceitando uma nova escravidão voluntária de amor: Servi-vos uns aos outros pela caridade (13; “pelo amor”, ACF, AEC, BAB, RA). O verbo está no modo imperativo (cf. Introdução) e declarado em termos claros e positivos. Eles foram admoestados a escravizarem-se uns aos outros voluntariamente. Este é um paradoxo vital e esclarecedor! Eles eram livres, contudo, para permanecer livres, tinham de se escravizar novamente (cf. Rm 6.15-22; 1 Co 9.19). Esta é a preocupação constante de Paulo. Como você usa sua liberdade? Como você vive sua nova vida?
Esta nova escravidão era possível através do amor (agape). O contexto revela que a significação de agape é “claramente benevolência, desejo da felicidade dos outros, levando a esforços para o bem deles”. O homem em CRISTO é “libertado para o amor”. Este conceito se harmoniza com o ensinamento consistente de Paulo. Quando acoplado com o versículo 15, fica claro que o abuso ameaçador da liberdade dos gálatas estava na área das relações pessoais.
Paulo negou veementemente que a rejeição das obras eliminasse a dinâmica para a conduta moral e ética; pelo contrário, promovia tal dinâmica. A verdadeira fé se expressa em amor. Vemos também esta verdade no fato importante de que agape não é mero sentimento humano; é o amor de DEUS que foi derramado no coração do crente (cf. Rm 5.5). O agape é o fruto do ESPÍRITO. A verdadeira alternativa para a arregimentação do legalismo é a disciplina do espírito humano pela submissão à orientação do ESPÍRITO SANTO.
Esta escravidão de amor quando relacionada aos seres humanos é o aspecto permanente da nova vida sob a direção do ESPÍRITO, que começou na “capitulação [do crente] a CRISTO”. Em 1 Tessalonicenses 3.12,13, Paulo identifica claramente esse andar de amor com a santidade. A medida que o Senhor “faz” os crentes aumentar e abundar neste amor uns pelos outros e para com todas as pessoas, o resultado é o que o coração dos crentes se estabelece inocente em santidade (hagiosune).
A preocupação de Paulo pelo uso certo da liberdade reflete uma das necessidades mais críticas da igreja de hoje. Como é frequente as pessoas terem a nova vida em CRISTO e a liberdade que dá, mas não viverem sob a direção do ESPÍRITO! Pelo contrário, permanecem na terra de ninguém, vivendo sob a direção do eu. Elas estão em constante perigo de abusar da liberdade e perder a nova vida. Como Paulo bem sabia, só há uma solução para este problema do pecado: Entrar voluntariamente em nova escravidão de amor pela crise da capitulação. Esta ação é o verdadeiro início da vida sob a direção do ESPÍRITO.
R. E. Howard. Comentário Bíblico Beacon. Galatas Editora CPAD. Vol. 9. pag. 60; 65-66.
 
Gl 5.1 Nós temos a liberdade da escravidão aos nossos desejos pecaminosos e à lei judaica. Mas a liberdade veio através de um preço elevado. Para que nós pudéssemos aproveitar a liberdade, alguém teve que nos libertar, e esse alguém foi CRISTO JESUS (Jo 8.32,36).
Como CRISTO nos libertou, nós devemos estar firmes na liberdade. CRISTO nos libertou das fórmulas legalistas, do julgamento de DEUS sobre o pecado, de todas as regras feitas pelo homem, e das experiências subjetivas do medo e da culpa. Nós devemos viver esta liberdade, praticá-la, e nos alegrarmos com ela! Voltar à lei e tentar obter o que CRISTO já nos deu é zombar do seu sacrifício.
5.13 Quando Paulo ministrou entre os gálatas, ele não deu aos seus convertidos um novo conjunto de regras que deviam ser obedecidas (como os judaizantes tinham feito), pois isto os teria feito escravos da lei. Ao contrário, os gálatas foram chamados à liberdade. Paulo era o mensageiro, mas eles “foram chamados” pelo próprio DEUS, o autor do Evangelho. Alguns dos críticos de Paulo podem ter condenado esta pregação da liberdade cristã, dizendo que ela levaria as pessoas a uma vida sem restrições ou diretrizes. Paulo tinha uma resposta imediata e vigorosa, explicando que a liberdade não deveria ser usada para dar ocasião à carne (veja também 5.16,17,19,24). Satanás e a carne usam a nossa liberdade da lei como uma oportunidade para inflamar os nossos desejos. Os desejos pecaminosos humanos levam aos problemas mencionados em 5.26 (cobiçar, provocar uns aos outros, e invejar) e à falta de ajuda mútua, descrita em 6.1-10. Quando toleramos a natureza pecadora, nós abrimos a porta a este tipo de comportamento e atitudes (veja 1 Pe2.16; 2 Pe 2.8-10; Jd 4). As exigências da nossa natureza humana representam uma constante ameaça à nossa verdadeira liberdade em CRISTO. Nós precisamos desta ajuda constante para que possamos manter a nossa “carne” sob controle.
A liberdade cristã é a liberdade de servir uns aos outros pela caridade (ou pelo amor). O amor pelos outros crentes flui do que DEUS fez no coração de cada crente. A palavra grega para amor (agapè) refere-se ao amor sem egoísmo, o amor que se doa. A liberdade cristã não deixa os crentes vagando pela vida sem leis, regras, restrições, ou orientações. Na verdade, eles vivem livres de acordo com os padrões de DEUS e glorificam a DEUS servindo aos outros pelo amor.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 290-291; 293.
 
Gl 5.1; 13. Escravidão - vivendo fora da esfera da liberdade (5.1)
O apóstolo acabara de argumentar com os crentes da Galácia que eles eram filhos de Abraão, não da mulher escrava, mas sim da livre. Eram filhos de Sara, e não de Hagar. Eram filhos da promessa, e não escravos da lei. Destacamos quatro pontos na análise do versículo 1.
Em primeiro lugar, éramos escravos antes de CRISTO. “Para a liberdade foi que CRISTO nos libertou...” (5.1). Antes de CRISTO nos libertar, éramos escravos do diabo, da carne e do mundo. Vivíamos escravizados na coleira do pecado. Estávamos na potestade de Satanás, na casa do valente, no reino das trevas, andando segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência. Éramos filhos da ira (Ef 2.2,3).
Em segundo lugar, fomos libertados por CRISTO. “Para a liberdade foi que CRISTO nos libertou...” (5.1). Não alcançamos nossa liberdade por nós mesmos. Não fomos libertados por causa de nossa obediência à lei. Nossa liberdade foi uma obra de resgate realizada por CRISTO. Foi ele quem nos arrancou do império das trevas. Foi ele quem quebrou nossos grilhões e despedaçou nossas cadeias. Foi ele quem nos libertou do pecado, da morte e do inferno. Em CRISTO somos livres, verdadeiramente livres; livres não para pecar, mas para cumprir a vontade de DEUS.
Adolf Pohl evoca a transação de escravos na antiguidade para elucidar esse magno assunto. Um escravo podia ser comprado no mercado de escravos unicamente para continuar seu serviço sob o novo proprietário, ou seja, não era resgatado para a verdadeira liberdade. Assim também pensavam alguns escribas: que DEUS havia resgatado os israelitas do Egito não para serem seus filhos, mas seus escravos. Não era essa a interpretação do apóstolo Paulo. DEUS nos libertou para a verdadeira liberdade. De fato somos livres em CRISTO JESUS.
John Stott tem razão quando vê JESUS CRISTO como o libertador, a conversão como o ato de emancipação, e a vida cristã como a vida de liberdade. Essa liberdade cristã é a liberdade de consciência, liberdade da tirania da lei, da luta terrível para guardar a lei com a intenção de ganhar o favor de DEUS. É a liberdade da aceitação divina e do acesso a DEUS por intermédio de CRISTO. Calvino argumenta acertadamente que somos livres porque “CRISTO nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (3.13); porque CRISTO anulou o poder da lei, até onde ela nos mantinha sujeitos ao juízo de DEUS, sob pena de morte eterna; e também porque CRISTO nos resgatou da tirania do pecado, de Satanás e da morte.
Em terceiro lugar, precisamos manter nossa Liberdade em CRISTO. “Permanecei, pois, firmes...” (5.1). Nossa liberdade é sempre espreitada. Muitos inimigos tentam convencer-nos de que ainda somos escravos. Os crentes da Galácia haviam sido libertados da escravidão do paganismo (4.8) e dos rudimentos do mundo (4.3), mas agora estavam tornando-se novamente escravos do legalismo (4.9-11). Precisamos vigiar para que nossa liberdade não seja arrancada de nós. Não podemos colocar nosso pescoço na coleira do legalismo religioso como queriam os judaizantes. Não podemos viver como escravos na casa do pai, como propôs o filho pródigo. Somos livres! Se permitirmos que os homens escravizem nossa consciência, seremos despojados de uma bênção inestimável e, ao mesmo tempo, insultaremos a CRISTO, o autor da liberdade.
Concordo com Adolf Pohl quando diz que o carvalho não se prende com as raízes ao chão somente para resistir contra a tempestade, mas também para extrair alimento do solo. Para se defender contra tentativas de subjugação, é necessária a incessante prática da liberdade a partir de DEUS. William Hendriksen exemplifica que a melhor ideia dessa ordenança, “permanecei firmes”, é a de um soldado no meio do campo de batalha, que, em vez de fugir, oferece forte resistência ao inimigo e o vence. E triste constatar, porém, que alguns cristãos se assustam com a liberdade que possuem na graça de DEUS; por isso, procuram uma comunhão legalista e ditatorial, na qual deixam outros tomar as decisões por eles. São como adultos voltando ao berço.
Em quarto lugar, não podemos sujeitar-nos outra vez à escravidão. “... e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (5.1). CRISTO não nos libertou a fim de que no tornássemos novamente escravos. Os crentes da Galácia estavam sendo persuadidos pelos falsos mestres a voltar da graça para a lei; do evangelho para o legalismo; da liberdade para a escravidão; da cruz de CRISTO para os ritos judaicos.
Liberdade ameaçada Eles, que já haviam saído da escravidão da idolatria, estavam agora voltando à escravidão do legalismo. O apóstolo Pedro disse no Concílio de Jerusalém que esse jugo era insuportável (At 15.10). Donald Guthrie entende que a figura do jugo é uma metáfora apropriada para a servidão, porque um animal com o jugo não tem alternativa senão se submeter à vontade de seu dono.
 
Compreendendo a liberdade cristã (5.13-15)
Há dois extremos perigosos com Gálatas: o legalismo de um lado e a licenciosidade de outro. Há aqueles que querem regular a liberdade apenas por regras exteriores. Esses caem na armadilha do legalismo e privam as pessoas da verdadeira liberdade em CRISTO. Porém, há aqueles que, em nome da liberdade, sacodem de si todo o jugo da lei e querem viver sem nenhum preceito ou limite. Esses confundem liberdade com licenciosidade e caem na prática de pecados escandalosos.
William Hendriksen ilustra esse fato dizendo que a vida cristã é semelhante a atravessar uma pinguela que cruza sobre um lugar onde se encontram dois rios contaminados: um é o legalismo e o outro é a libertinagem. O crente não deve perder o equilíbrio para não cair dentro das faltas refinadas do judaísmo nem nos grosseiros vícios do paganismo. Concordo com John Stott quando diz que o cristianismo não é escravidão, mas um chamamento da graça para a liberdade. A liberdade cristã, porém, não é liberdade para pecar, mas liberdade de consciência, liberdade para obedecer. O cristão salvo pelo sangue de CRISTO é livre para viver em santidade.
 
A liberdade cristã não é uma licença para pecar.
JESUS disse que aquele que pratica o pecado é escravo do pecado (Jo 8.34). Paulo disse que o homem antes da sua conversão é escravo de toda a sorte de paixões e prazeres (Tt 3.3). A palavra “liberdade” está profundamente desgastada. Muitos defendem a liberdade do amor livre, a prática irrestrita do aborto, o uso indiscriminado das drogas e o homossexualismo. Isso, porém, não é liberdade; é escravidão.
A síntese da lei é o amor, o amor a DEUS e ao próximo.
A liberdade cristã não é uma chancela para destruir o próximo.
É o ESPÍRITO da vida que habita em nós, e não o instinto da morte. Morder e devorar são atos destrutivos, uma conduta mais apropriada a animais selvagens do que a irmãos em CRISTO. Donald Guthrie diz que o apóstolo pensa numa alcateia de animais selvagens precipitando-se cada um contra a garganta do outro. E uma representação viva não só da desordem total, como também da mútua destruição.
LOPES, Hernandes Dias. GÁLATAS - A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pag. 216-219; 233-238.
 
ELABORADO: Pb Alessandro Silva com algumas modificações do Ev. Luiz Henrique.
 
Questionário da Lição 6 – A Verdadeira Fé Não Faz Acepção De Pessoas
Responda conforme a revista da CPAD do 3º Trimestre de 2014 - Para jovens e adultos
Tema: FÉ E OBRAS - Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica
Complete os espaços vazios e marque com "V" as respostas verdadeiras e com "F" as falsas.
 
TEXTO ÁUREO
1- Complete:
"Todavia, se cumprirdes, conforme a _________________________, a lei _________________________: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis _________________________ de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como _________________________" (Tg 2.8,9).
 
VERDADE PRÁTICA
2- Complete:
Não podemos fazer __________________________ de pessoas, pois o _________________________ não fez conosco.
 
I. A FÉ NÃO PODE FAZER ACEPÇÃO DE PESSOAS (Tg 2.1-4)
3- Por que a fé deve ser imparcial?
(    ) O primeiro conselho de Tiago para a igreja é o de não termos uma fé que faz acepção de pessoas.
(    ) É possível haver favoritismo social onde as pessoas dizem-se geradas pela Palavra da Verdade? As Escrituras mostram que não.
(    ) É possível haver favoritismo social onde as pessoas dizem-se geradas pela Palavra da Verdade? As Escrituras mostram que sim.
(    ) Aconteceu na igreja de Corinto quando da celebração da Ceia do Senhor.
(    ) Hoje, não são poucos os relatos de pessoas discriminadas devido a sua condição social na igreja.
(    ) Recebemos uma nova natureza em CRISTO, pois Ele derrubou o muro que fazia a separação entre os homens tornando possível a igualdade entre eles.
(    ) Em JESUS, "não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas CRISTO é tudo em todos".
(    ) É inaceitável e inadmissível que exista tal comportamento discriminatório e preconceituoso entre nós.  
 
4- Como o amor de DEUS tem de ser manifesto na igreja local e muitas vezes não é?
(    ) Havia na congregação, do tempo de Tiago, a acepção de pessoas.
(    ) Segundo as condições econômicas, "um homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos" era convidado a assentar-se em lugar de honra, enquanto o "pobre com sórdido traje" não era nem recebido, ficava do lado de fora.
(    ) Segundo as condições econômicas, "um homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos" era convidado a assentar-se em lugar de honra, enquanto o "pobre com sórdido traje" era recebido com indiferença, ficando em pé, abaixo do púlpito.
(    ) Tudo isso acontecia num culto solene a DEUS!
(    ) A Igreja de CRISTO tem como princípio eterno produzir um ambiente regado de amor e acolhimento, e para isto "não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em CRISTO JESUS".
 
5- Não sejamos perversos (v.4).  Complete:
A expressão "_________________________ de maus pensamentos" aplicada no texto bíblico para qualificar os que discriminavam o pobre nas reuniões solenes, não se refere às autoridades judiciais, mas aos _________________________ da igreja que, de acordo com a condição social, se faziam _________________________ dos próprios irmãos. O símbolo da justiça é uma _________________________ de olhos vendados, tendo no braço esquerdo a balança e, no braço direito, a espada. Tal imagem simboliza a _________________________ da justiça em relação a quem está sendo julgado. Portanto, a exemplo do símbolo da justiça, não fomos chamados a ser _________________________ "juízes", mas pessoas que vivam segundo a verdade do Evangelho. Este nos desafia a _________________________ o próximo como a nós mesmos (Mc 12.31).
 
II. DEUS ESCOLHEU OS POBRES AOS OLHOS DO MUNDO (Tg 2.5-7)
6- Qual a soberana escolha de DEUS?
(    ) O Senhor JESUS falou dos pobres nos Evangelhos e, mais tarde, no Sermão da Montanha repetiu: "Bem-aventurados somente vós, os pobres, porque vosso é o reino e a gl[oria de DEUS".  
(    ) É bem verdade que muitas pessoas ricas têm sido alcançadas pelo Evangelho.
(    ) Ouçamos com clareza o que a Bíblia diz acerca dos pobres.
(    ) DEUS é soberano em suas escolhas.
(    ) E de acordo com a sua soberana vontade Ele escolheu os pobres deste mundo. De maneira retórica, Tiago afirma: "Porventura não escolheu DEUS aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?".
(    ) É possível que as igrejas, às quais Tiago dirigiu a Epístola, talvez tivessem se esquecido de que é pecado fazer acepção de pessoas.
(    ) Ainda hoje não podemos negligenciar esse ensino!
(    ) O Senhor JESUS falou dos pobres nos Evangelhos e, mais tarde, no Sermão da Montanha repetiu: "Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de DEUS".  
  
7- Qual a principal razão para não desonrarmos o pobre (v.6)?
(    ) Apesar de DEUS ter escolhido os pobres, a igreja do tempo de Tiago fez a opção contrária.
(    ) O meio-irmão do Senhor traz à memória da igreja que quem a oprimia era justamente os ricos. Estes os arrastaram aos tribunais.
(    ) Como podiam eles desonrar os pobres, escolhidos por DEUS como únicos a serem salvos, e favorecer os ricos que os oprimiam e estavam todos condenados? É triste quando escolhemos o contrário da escolha de DEUS.
(    ) Como podiam eles desonrar os pobres, escolhidos por DEUS, e favorecer os ricos que os oprimiam? É triste quando escolhemos o contrário da escolha de DEUS.
(    ) As Palavras de JESUS ainda continuam a falar hoje: "O ESPÍRITO do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor".
(    ) Somos os seus discípulos? Então para sermos coerentes com o Evangelho termos de encarnar a missão de JESUS. Desonrar o pobre é pecado!
 
8- Por que os crentes da época de Tiago desonraram o Senhor? Complete:
Após lembrar a igreja da escolha de DEUS em relação aos _________________________ deste mundo, Tiago exorta os irmãos a reconhecerem o _________________________ que há dentro da comunidade cristã: "Mas vós desonrastes o pobre" (v.6). Já os ricos, são recebidos com toda a _________________________. No versículo 7, o meio-irmão do Senhor pergunta: "Porventura, não __________________________ eles [os ricos] o bom nome que sobre vós foi invocado?" (v.7). Estamos frente a algo reprovável diante de DEUS: a _________________________ social na igreja. Por isso é que o favoritismo, a parcialidade e quaisquer tipos de _________________________ devem ser combatidos com rigor na igreja local, principalmente pela liderança. Esta deve dar o maior dos exemplos. Quem _________________________ não compreendeu o que é o Evangelho!
 
III. A LEI REAL, A LEI MOSAICA E A LEI DA LIBERDADE (Tg 2.8-13)
9- Qual a Lei Real sobre acepção?
(    ) Quem ama, precisa da lei, pois a lei o ajudará a amar.
(    ) A lei real é esta: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo".
(    ) Essa é a conclamação de Tiago a que os crentes obedeçam a verdadeira lei.
(    ) O termo "real", no versículo 8, refere-se aquilo que é o mais importante da lei, a sua própria essência.
(    ) Portanto, quem faz acepção de pessoas está quebrando a essência da lei.
(    ) O amor ao próximo é o coração de toda lei: "A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. [...]
(    ) O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor".
(    ) Só o amor é capaz de impedir quaisquer tipos de discriminação.
(    ) Quem ama, não precisa da lei.
 
10- Qual o valor do cumprimento de toda Lei Mosaica?
(    ) Quem desobedece um único preceito, ainda lhe restará a oportunidade de seguir o restante da lei e ser perdoado, a balança lhe penderá a favor.
(    ) Na época em que a Epístola de Tiago foi escrita os judeus faziam distinção entre as leis religiosas mais importantes e as menos importantes, segundo os critérios estabelecidos por eles mesmos.
(    ) Os judeus julgavam que o não cumprimento de um só mandamento acarretaria a culpa somente daquele mandamento desobedecido.
(    ) A Bíblia afirma "Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás", está asseverando o aspecto coletivo da lei.
(    ) Quem desobedece um único preceito, quebra, ao mesmo tempo, toda a lei.
(    ) Embora os crentes da igreja não adulterassem, faziam acepção de pessoas.
(    ) Eles não atendiam a necessidade dos órfãos e das viúvas e, por isso, tornaram-se "transgressores de toda a lei".
(    ) No Sermão da Montanha, nosso Senhor ensinou sobre a necessidade de se cumprir toda a lei.   
 
11- Como é a Lei da Liberdade?
(    ) A Lei da Liberdade é o amor.
(    ) A Lei da Liberdade é o Evangelho.
(    ) Por ele o homem torna-se livre.
(    ) Liberto do pecado, dos preconceitos e da maneira mundana de pensar (Rm 6.18).
(    ) Quem é verdadeiramente discípulo de JESUS desfruta, abundantemente, de tal liberdade (Jo 8.36; Gl 5.1,13).
(    ) Tiago orienta, tal liberdade deve vir acompanhada da coerência: "Assim falai, e assim procedei" (v.12).
(    ) O crente pode falar, pode ensinar e até escrever sobre o pecado de fazer acepção de pessoas.
(    ) A conduta do crente em relação aos irmãos que demonstrará se ele é, de fato, um liberto em CRISTO ou um escravo deste pecado.
 
CONCLUSÃO
12- Complete:
O segundo capítulo da Epístola de Tiago é uma _________________________ do Evangelho a ecoar através dos tempos. Ele rotula a _________________________ de pessoas como pecado lembrando-nos de que DEUS escolheu os "__________________________ deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam". Assim, se a nossa vontade estiver de acordo com a vontade de DEUS, amaremos os __________________________ como a nós mesmos. E conscientizar-nos-emos de que esse amor exige de nós ações verdadeiras, sinceras, e não apenas de vãs palavras __________________________ que até mesmo o _________________________ se encarrega de levar (cf. Tg 2.15-17).  
 
RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO EM http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm 
 
Referências Bibliográficas

Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 15-16.
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico Almeida Revista e Corrigida.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999.
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
www.ebdweb.com.br
www.escoladominical.net
www.gospelbook.net
www.portalebd.org.br/
http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/ - Pb Alessandro Silva

31 julho 2014

Lição 5 – O Cuidado ao falar e a religião pura 1 parte

Lição 5 – O Cuidado ao falar e a religião pura
LIÇÕES BÍBLICAS - 3º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: FÉ E OBRAS - Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica
Comentário: Pr. Eliezer de Lira e Silva
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
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TEXTO ÁUREO
"[...] Mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar" (Tg 1.19).
 
 
VERDADE PRÁTICA
As nossas palavras podem, ou não, evidenciar a sabedoria de DEUS.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Êx 19.5 Ouçamos a voz do Senhor
Terça – Ec 3.7 Tempo de falar e de calar
Quarta – Ef 4.26,29 A ira é uma porta para o pecado
Quinta – 1 Pe 1.23-25 Gerados em amor pelo poder da Palavra
Sexta – Sl 68.5 DEUS é Pai dos órfãos e juiz das viúvas
Sábado – Ef 1.3-6 Santos e irrepreensíveis em amor
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Tiago 1.19-27
19 Sabeis isto, meus amados irmãos; mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.  20
Porque a ira do homem não opera a justiça de DEUS. 21 Pelo que, rejeitando toda imundícia e acúmulo de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma. 22 E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.  23 Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural;  24 porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de como era. 25 Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito. 26 Se alguém entre vós cuida ser religioso e não refreia a sua língua, antes, engana o seu coração, a religião desse é vã.  27 A religião pura e imaculada para com DEUS, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.
 
Sabedoria para Usar a Língua (Tiago 3:1-18) - James, por Hendrickson Publishers - Edição Contemporânea, da Editora Vida, Traduzido pelo Rev. Oswaldo Ramos.
A reação de Tiago ao comportamento de grupos na igreja de sua época é convocar a igreja para que controle a língua, expondo as marcas do ESPÍRITO de DEUS, e finalmente denunciando a motivação humana de muitos crentes, na igreja.
3:1 Meus irmãos, indica o início de uma seção. Não sejais muitos de vós mestres: os mestres eram importantes na igreja (Romanos 12:7; 1 Coríntios 12:28; Efésios 4:11-13), mas a igreja também estava sendo prejudicada por falsos mestres (e.g., 1 Timóteo 1:7; Tito 1:11; 2 Pedro 2:1). Era fácil falsificar o dom do ensino, bastando que o falsário fosse bastante eloqüente. Mas era bem certo que, quando uma pessoa se apresentava “voluntariamente” para ensinar, em vez de ser impelida pelo ESPÍRITO, seus motivos mundanos com a toda a certeza se manifestavam em ciúme, contenda ou heresia. Tiago valoriza o ministério, mas percebe que sua atração e poder sociais tornam-no perigoso, e que a pessoa deve ser relutante em investir nele a vida.
O perigo do ministério é, primeiramente, pessoal: receberemos um juízo mais severo. Se cada palavra vã entrará em julgamento, quanto mais as palavras dos que trabalham com palavras? (Mateus 12:36) Se os mestres judaicos deverão ser julgados com severidade, quanto mais os mestres cristãos? (Mateus 23:1-33; Marcos 12:40; Lucas 20:47) Um exame das condenações do falso magistério tanto nos evangelhos como em 1 e 2 Pedro, e em Judas, demonstram que, semelhantemente ao que diz respeito aos presbíteros (1 Timóteo 3; Tito 1), o modo de viver do mestre é mais importante do que suas palavras. Os mestres eram primordialmente modelos e, em segundo plano, instrutores intelectuais. Ao reivindicar a posição de mestres, colocavam sua vida e suas palavras sob a égide de DEUS, que os responsabilizaria pelo desvio do rebanho, quer mediante a palavra, quer mediante o exemplo.
3:2 O perigo aumenta muito pelo fato de que todos tropeçamos em muitas coisas. Tiago menciona um provérbio que significa que os cristãos não apenas pecam com freqüência, mas também pecam de muitas maneiras diferentes. Esta verdade é reconhecida por toda a Escritura: 2 Crônicas 6:36; Jó 4:17-19; Salmos 19:3; Provérbios 20:9; Eclesiastes 7:20; Romanos 8:46; 1 João 1:8.
"Se alguém não tropeça em palavra" Tiago focaliza um pecado especial que o preocupa: a língua solta. A necessidade de controlar a língua era bem conhecida no judaísmo e no cristianismo (Provérbios 10:19; 21:23; Eclesiastes 5:1; Siraque 19:16; 20:1-7). Tiago salienta aqui, como o fez em 1:26, a importância de controlar a língua, pois afirma a respeito de quem for capaz de domá-la: esse homem é perfeito, e capaz de refrear todo o corpo. Isto significa que tal pessoa é madura, tem caráter cristão completo (1:4) e, assim, é  capacitada a enfrentar todas as provações e tentações, e a controlar todos os impulsos maus (1:12-15). É como disse Ben Zoma: “Quem é poderoso? Aquele que subjuga suas paixões”. Ou como perguntou Alexandre da Macedônia aos anciãos do sul: “Quem é o herói? Responderam-lhe: Aquele que controla suas paixões más [yêser hâ-râ]” (m. Aboth 4:1). Tiago caminha um passo à frente dos rabinos. O controle dos maus impulsos é bom (e Paulo concorda com Tiago, 1 Coríntios 9:24-27), mas os impulsos mais difíceis de controlar são os da língua. Mantenha pura a fala, e o resto será fácil; eis a marca do cristão maduro.
3:3-4 Tiago ilustra sua tese, “controle sua língua e você será capaz de controlar todo o seu ser”, mediante uma série de analogias.
Primeiro ele pensa em cavalos, que são maiores e mais velozes do que os seres humanos. No entanto, quando pomos freios na boca dos cavalos nós os controlamos: não só a cabeça, mas o animal inteiro é forçado a ir para onde o cavaleiro desejar.
Uma segunda analogia é tirada dos navios. Os navios constituíam uma das maiores estruturas que os primitivos cristãos conheceram. Se até um barquinho de pesca impressionava, quanto mais um navio mercante em pleno oceano? Mais impressionantes, todavia, eram as forças que o compelem, os ventos capazes de vergar árvores e espalhar as nuvens. Entretanto, a despeito de todo seu tamanho e peso, um leme pequenino, do formato de uma língua (pequenino pelo menos quando comparado ao tamanho do navio, ou ao poder do vento), movimentado pelo piloto, podia mudar a direção do navio. São dois exemplos impressionantes, ou analogias do adágio: “controle a língua e você controlará tudo”.
De certo modo, Tiago mudou um pouco sua argumentação, enquanto elaborava suas ilustrações. Ele havia começado dizendo: “Se você puder controlar a língua, você será um gigante espiritual capaz de controlar o resto do corpo”. As ilustrações de Tiago são agudas: “Se você controlar a língua, você controla o resto do corpo”. Todavia, esta mudança permite a Tiago mover-se no sentido de conscientizar-se de que a língua com freqüência incita a pessoa a agir: primeiramente, você expressa com palavras uma idéia proibida e, a seguir, você lhe dá expressão física; primeiro, você se mete numa conversa lasciva ou numa discussão acalorada e, a seguir, comete adultério ou assassinato. É para esse poder da língua que Tiago se volta agora, mas ambas as idéias, a dificuldade em controlarmos a fala e seu fantástico poder, estão ativas em sua mente.
3:5 Assim também a língua é um pequeno membro, e se gaba de grandes coisas: na verdade a língua é pequenina, mas quanta reivindicação pode ela fazer como responsável por grandes eventos para o mal, ou para o bem! Com muita freqüência os resultados foram malignos, mas a língua gabou-se com o máximo orgulho; o próprio emprego do verbo “gabar-se” leva à memória do leitor as frequentes condenações de Paulo a quaisquer vanglórias, e que só deveríamos gloriar-nos em CRISTO (Romanos 1:30; 3:27; 11:18; 2 Coríntios 10:13-16; Efésios 2:9). A língua é como um pequeno fogo que pode incendiar um grande bosque; pode tratar-se de um bosque palestino ressecado ao sol de uma longa seca, ou de uma encosta montanhosa do sul do nosso país. Alguém acende uma fogueira, sem cuidados, ou atira um fósforo aceso; a ação é irreversível, porque o fogo primeiro estala, depois ruge, e logo estará devorando alqueires e mais alqueires de madeira, rápido como o vento.
3:6 a língua também é fogo: É assim que Tiago começa a traçar quadros quase psicodélicos do mal produzido pela língua. À semelhança do fogo, a língua é destrutiva. Basta que nos lembremos da oratória de um Adolf Hitler para que fique sublinhada esta verdade. A língua não é só destrutiva, ela é um mundo de iniquidade; ou, como afirma uma tradução alternativa, “um mundo de injustiça”.
O mundo de injustiça está ocupando seu lugar entre os nossos membros. Ela contamina todo o corpo. O mundo é algo que o cristão em geral considera “lá fora”. Tiago aponta para sua própria boca e diz: “O mundo está aqui dentro”. A língua descontrolada é a encarnação e a sede dos impulsos maus do corpo. A língua não se limita em seus efeitos à sua própria área, visto que espalha a iniquidade, ou contamina todo o corpo. A pessoa inteira é atingida pelo fragor de sua língua. Entretanto, cada palavra vã será julgada (Mateus 12:36).
Além do mais, a língua inflama o curso da natureza, e é por sua vez inflamada pelo inferno. O problema a respeito das palavras é que as conseqüências não param por aí. Os efeitos são seriíssimos. “Paus e pedras podem quebrar meus ossos, mas as palavras não me machucam” é um conceito sem base bíblica. As chamas da língua incendeiam as paixões aumentam o furor, inflamam a lascívia.
Logo, as palavras, quer sejam um diálogo íntimo, não ouvido aqui fora, pois não houve fala, quer sejam pronunciadas, transformam-se em ação. As emoções, o raciocínio, o corpo todo se envolve incontrolavelmente. E qual foi a origem desse incêndio destruidor? O próprio inferno! É ali que está a prisão de Satanás e seus demônios. Aquela discussão teria sido inspirada pelo ESPÍRITO de DEUS? Não. Foi inspirada pelo diabo. As chamas do fogo, do preconceito, do ciúme, da inveja e da calúnia projetam-se do lago de fogo.
3:7-8 Tendo pronunciado uns conceitos pesados a respeito da língua, Tiago se empenha agora em comprovar sua tese com minúcias. Seu principal quesito é que a língua, isto é, a palavra humana, é desesperadamente perversa. Tiago inicia com uma analogia da natureza: Toda espécie de feras, de aves, de répteis e de animais do mar se doma, e tem sido domada pelo gênero humano. O argumento de Tiago não é científico. Não lhe interessaria saber que ninguém havia ainda conseguido domar o rinoceronte, e que em seus dias ainda não haviam chegado notícias sobre tubarões assassinos; tampouco está Tiago interessado em saber se determinado animal foi totalmente domesticado.
Basta-lhe saber que felinos e grandes macacos ficam sob total controle humano. Isto é verdade, quer se trate do prisioneiro que domestica um camundongo ou um rato, em sua cela, quer se trate do dono de um elefante que transporta um príncipe indiano, ou o encantador de serpentes na praça, ou o passarinheiro cujas aves lhe obedecem o comando. Tudo isto já era conhecido no passado (tem sido domada), mas não pertence a certa idade de ouro, meio esquecida — trata-se de experiência do presente também (se doma). Além de tudo, o conceito aplica-se às quatro principais categorias de vida animal: feras (i.e., mamíferos), aves, de répteis (inclusive anfíbios) e animais do mar.
Entretanto, que contraste quando avaliamos a língua! a língua, nenhum homem a pode domar. O problema de controlar a língua entrava numa espécie de ditado popular das culturas hebraica e grega. Tiago não precisava provar a verdade dessa máxima. Não tinham seus ouvintes dezenas e dezenas de coisas que gostariam de “desdizer” ou muitas palavras que haviam pronunciado erroneamente?
Não haviam aprendido dezenas de provérbios que talvez pudessem ajudá-los? “Há alguns cujas palavras são como pontas de espadas, mas a língua dos sábios é saúde” (Provérbios 12:18). “O que guarda a sua boca preserva a sua alma, mas o que muito abre os seus lábios tem perturbação” (Provérbios 13:3). Certamente as palavras de Tiago não precisam ser comprovadas perante pessoas honestas.
Em vez de deixar-se domesticar, a língua é mal incontido. E como Hermas diria, mais tarde: “A difamação é um mal; é demônio que não sossega, nunca tem paz, mas habita na dissensão” (Mandate 2.3). Em contraste, DEUS é perfeitamente uniforme no pensamento, estável e tem paz, “pois DEUS não é DEUS de confusão, senão de paz” (1 Coríntios 14:33). Entretanto, nossa fala constantemente se caracteriza pela instabilidade; a pessoa crê que controla sua língua, mas num certo momento de descuido, deixa escapar uma palavra ferina ou difamatória.
Algumas características dos demônios são a incapacidade de autocontrolar-se, a ausência de descanso, a instabilidade — as mesmas da língua, como Tiago logo demonstrará (3:16).
Além de tudo, a língua está cheia de peçonha mortal. Com isso concorda o salmista: “Aguçam a língua como a serpente; o veneno das víboras está debaixo dos seus lábios” (Salmos 140:3). Essa comparação com as serpentes era bastante difundida na literatura judaica, talvez porque a língua se parece um pouco com uma serpente, talvez porque as víboras matem com a boca e talvez porque, no Éden, foi a serpente que enganou nossos primeiros pais com palavras melífluas.
Não há evidência de que Tiago esteja na dependência de alguma passagem bíblica particular; ele está apenas afirmando que as palavras jamais são inofensivas; são perigosas e mortíferas como veneno, se não forem controladas. Esta é a resposta de Tiago à tendência moderna de considerar as palavras destituídas de importância e muito baratas.
3:9 / Tendo declarado a perversidade da língua e a dificuldade em controlá-la, Tiago nos dá a seguir alguns exemplos concretos sobre sua natureza incontrolável.
Em primeiro lugar, com ela bendizemos ao Senhor e Pai. Todos os leitores hão de concordar com Tiago. Dar graças a DEUS, agradecer-lhe a bondade, fazia parte do culto litúrgico de todo judeu e cristão: entoavam salmos (a que chamavam salmos de louvor) como Salmos 31:21 ou 103:1, 2; (levantavam orações matutinas e vespertinas em que davam graças a DEUS pela proteção durante a noite e pelas bênçãos do dia (as orações de Atos 2:42); e havia os devocionais antes de cada refeição: “Bendito sejas tu, ó Senhor DEUS de nossos pais, que nos dás do fruto da terra...”.
Infelizmente, a língua também é usada para amaldiçoar: com ela amaldiçoamos os homens. Há abundantes passagens bíblicas com maldições, embora a Bíblia imponha limites à maldição e não nos deixe tranquilos no que lhe diz respeito: Gênesis 9:25; 49:7; Juízes 9:20; Provérbios 11:26. As maldições eram comuns porque, à semelhança das bênçãos, não só davam vazão às emoções como também influíam de verdade sobre as pessoas e as coisas a que se destinavam. Embora Paulo proíba a maldição feita a esmo (Romanos 12:14), na prática o apóstolo pronunciava palavras duras, à guisa de maldições (1 Coríntios 5:1; 16:22; Gálatas 1:8). A cana de Judas é, praticamente, uma longa maldição contra os hereges. Entretanto, estas maldições de caráter mais formal sobre pessoas que praticam certos tipos de mal dificilmente seriam maldições oriundas do ódio, do ciúme, da rivalidade, jamais são usadas como arma a fim de separar ou rejeitar grupos, dentro da igreja, quando há lutas partidárias, e menos ainda constituem maldições irrefletidas de alguém que se viu prejudicado pessoalmente.
Tiago aponta a incoerência da maldição a esmo, ao acrescentar feitos à semelhança de DEUS. Embora um pronunciamento de JESUS que proíbe que se amaldiçoe pudesse ter sido a base emocional mais profunda (e.g., Lucas 6:28), Tiago prefere utilizar este argumento teológico a fim de salientar a incoerência da maldição.
O Antigo Testamento refere-se às pessoas humanas como feitas à semelhança de DEUS (Gênesis 1:26), e utiliza esse fato para comprovar a seriedade do ato de destruir essa semelhança (Gênesis 9:6). Até mesmo o mais depravado ser humano retém a semelhança de DEUS, a qual se entendia, segundo o pensamento bíblico, representava a pessoa toda. Bendizer a DEUS, ou a ele agradecer e, a seguir, voltar-lhe as costas e maldizer sua imagem e semelhança é o mesmo que engrandecer um rei, em sua presença, e a seguir esmagar a cabeça de sua estátua, à saída do palácio real. Na melhor das hipóteses, é uma incoerência de comportamento; na raiz desse mal está o ódio veemente, incontrolável, sem nenhum vestígio de arrependimento, dentro dessa pessoa, que não se atreve a atirá-lo contra DEUS, mas desabafa-o sobre as pessoas. Entretanto, Tiago reconhece, cheio de simpatia, a natureza instável das pessoas e identifica-se com elas, ao usar o verbo na primeira pessoa do plural (nós), não porque ele aceite essa realidade como apropriada, mas porque procura conduzir as pessoas ao arrependimento e mostrar-lhe um caminho melhor (3:13-18).
3:10 O problema óbvio aqui é a inconstância da palavra falada: Da mesma boca procedem bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto seja assim. O problema não é tanto o de bênção, ou de maldição em si — a pessoa poderia, por exemplo, amaldiçoar o pecado muito adequadamente: “Que todos os pensamentos odiosos que querem invadir minha mente sejam enterrados nas profundezas do inferno!”. O problema é que tanto a maldição quanto a bênção dirigem-se ao mesmo objeto: DEUS, e a pessoa feita à imagem de DEUS.
Isso demonstra duplicidade de pensamento e, portanto, pecado. É especificamente essa duplicidade de linguagem (a pessoa “fala com língua bifurcada”, segundo o velho ditado), que a tradição bíblica rejeita (e.g., Salmos 62:4). Esta rejeição foi efetuada mais tarde, no judaísmo, (o livro apócrifo de Siraque 5:19 fala do “pecador de língua dobre”) e no cristianismo (e.g., Didaquê 2:4, “Não tenhas mente dobre nem tenhas duplicidade de língua, visto que a língua dúplice é armadilha mortífera”). Portanto, Tiago dá prosseguimento ao mesmo tema que mencionara em 1:8 e 4:8 — duplicidade, inconstância e instabilidade são sinais do impulso mau, e não devem ser tolerados. O cristão é chamado para desarraigar todas essas tendências e chegar à singeleza e à sinceridade de coração.
3:11-12 Tiago conclui sua argumentação com mais algumas analogias da natureza: Pode uma fonte de água salgada dar água doce? Aqui está uma verdade infelizmente comum por todo o Mediterrâneo, quer no vale do Lico (Apocalipse 3:15-16 refere-se ao suprimento de água da região), quer em Mara, no Sinai (Êxodo 15:23-25), quer no vale do Jordão, onde a água cai em cascatas do alto das rochas, dando uma aparência de boas-vindas ao viajante, até que este descubra tratar-se de águas amargas. Por que os seres humanos tentam fazer o que a natureza não faz? A analogia entre o produto de uma fonte aquática e o da boca humana é bem apropriada.
Em segundo lugar, meus irmãos, acaso pode uma figueira produzir azeitonas, ou uma videira figos? Mais uma vez a analogia é bem apropriada. Nenhuma árvore produz duas espécies de fruto. Cada árvore produz segundo sua natureza. É contrário à natureza o ser humano tentar fazer o que a natureza não faz. Entretanto, pode ser que Tiago esteja querendo dizer algo mais, visto que JESUS utilizou ilustração semelhante (Mateus 7:16-20; Lucas 6:43-45; Mateus 12:33-35), mas esta analogia relaciona-se a frutos bons e frutos maus, e ao julgamento de uma planta segundo o fruto que produz. Estaria Tiago sugerindo que o fruto mau (a maldição) revela a natureza da pessoa?
A terceira analogia confirma essa suspeita: Tampouco pode uma fonte de água salgada dar água doce. Tiago mudou sua analogia. Agora, a fonte é decididamente má, de água salgada, mas tenta produzir água doce. Isso é impossível.
O mal dentro da pessoa produz uma “inspiração” freqüentemente bem escondida, mas as “maldições” (crítica maldosa, calúnia, comentários negativos), misturadas com palavras piedosas, demonstram a verdadeira fonte de inspiração. O mestre ou os cristãos vindicam o ESPÍRITO de DEUS, ou a sabedoria de DEUS; mas há verdade nisso? Não há verdade quando a linguagem da pessoa revela que esta é uma fonte de água salgada que finge ser doce.
Havendo sustentado o perigo inerente à língua e a necessidade de pureza no falar, Tiago move-se agora para a retaguarda das palavras, e vai tratar das motivações por trás dessas palavras. Esta seção procura olhar para dois lados. Em certo sentido, olha para trás, para os mestres de 3:1 e para os problemas reais que sublinham a palavra impura, de modo geral. Noutro sentido, trata-se de ponte entre a discussão teórica de 3:1-13 e a denúncia dos problemas da comunidade, de 4:1-12. Assim como houve dois nascimentos, e duas inspirações em 1:12-18, há duas “sabedorias” e dois Espíritos, aqui.
3:13 Tiago já fez a apologia da fala singela, sincera; agora, faz um apelo. Quem entre vós é sábio e entendido? Em certo nível, esta é uma pergunta que simplesmente quer saber se alguém se enquadra na descrição, mas num nível mais profundo lembramo-nos de que 1 Coríntios 1-3 descreve uma igreja em que um ensino rival vindicava possuir sabedoria superior, e é possível que isso também estivesse acontecendo na comunidade de Tiago. Pelo menos Tiago sabia que os mestres de 3:1 afirmavam ser compreensivos, pois de que outra maneira poderiam ensinar? É a tais pessoas, e também às que aspiram compreensão, que Tiago se dirige.
De que maneira podem tais pessoas “mostrar” sua sabedoria? Mostre... Seria mediante a inteligente refutação daquele que discorda de sua posição? De modo algum; em vez disso, que mostre pelo seu bom procedimento... JESUS havia dito que distinguiríamos os verdadeiros mestres dos falsos pelo seu modo de viver (Mateus 7:15-23). Tiago está aplicando o ensino de seu Mestre. O procedimento era absolutamente crucial para a igreja primitiva. Os presbíteros eram acima de tudo exemplos (1 Pedro 5:3; 1 Timóteo 4:12; 2 Timóteo 3:10-11), e, num segundo plano, mestres. Suas qualificações enfatizam suas vidas exemplares, e, se há menção da habilidade para ensinar, esta é apenas uma dentre outras muitas (1 Timóteo 3; Tito 1). O modo de viver constituía também um testemunho importante (1 Pedro 2:12; 3:2, 16) visto que, se não houvesse sucesso na evangelização de um incrédulo, pelo menos eliminava as desculpas das bocas dos incrédulos no dia do julgamento final. Tiago declara que não é a ortodoxia da pessoa (pregação correta), mas sua ortopraxia (vida correta) que representa a marca da verdadeira sabedoria. O crente deve recusar o mestre que não vive à semelhança de JESUS; você deve descartar a profissão de fé que não conduz à santidade.
Tiago enfatiza duas marcas deste modo de viver. A primeira chama-se boas obras. As obras — nosso procedimento — falam mais alto do que nossas palavras (Mateus 5:16). As obras que determinada pessoa realiza demonstram onde tal pessoa investiu verdadeiramente seu coração (e.g., Mateus 6:19-21, 24). Tiago elogia práticas tais como a caridade, o cuidado às viúvas, como marcas de sabedoria.
A segunda marca relaciona-se ao desempenho dessas obras em mansidão de sabedoria. De modo diferente dos hipócritas de Mateus 6:1-5, os verdadeiramente sábios sabem como agir com mansidão (humildade): não estão edificando suas próprias reputações. À semelhança de Moisés (Números 12:3) e de JESUS (Mateus 11:29; 21:5; 2 Coríntios 10:1), não estão interessados em defender-se. Evitam conflitos, e de modo especial evitam fazer propaganda de si mesmos. A humildade (ou mansidão) é a marca do verdadeiro sábio.
3:14 Por outro lado, se o coração do crente é marcado, não pelo comportamento santo, pela mansidão humilde e pelas boas obras, mas revela amarga inveja e sentimento faccioso, o quadro é outro, bem diferente. Todas estas palavras descrevem as condições de vosso coração e refletem o ponto de vista de DEUS. A pessoa não deve permitir que essas características lhes penetrem na consciência
de forma disfarçada. A inveja mencionada por Tiago é “um zelo severíssimo”, ou “rivalidade”; o mesmo termo pode ter um significado positivo, o “zelo que transparece noutras passagens escriturísticas (e.g., 1 Reis 19:10), e é certo que a pessoa com essa característica persuadiu-se de que esse é seu caso. Na verdade, trata-se de rigidez resultante de orgulho pessoal. Amarga inveja é diferente do amor e do zelo firme de alguém que tem plenitude de DEUS; “amargo” é um adjetivo que descreve bem a vítima da inveja: seria um “zelo” tingido pela amargura. Não importa os motivos esplendorosos que podem ser proclamados: a dureza áspera no tom do cinismo demonstrado contra os adversários revela a horrorosa inveja.
Com tais vícios combina-se bem o espírito faccioso, que em NIV é “ambição egoísta” (Gálatas 5:20; 2 Coríntios 12:20). No calor da rivalidade, o líder acha que deve retirar-se, de algum modo, a fim de “testemunhar a verdade” que o principal grupo de cristãos rejeitou. Esta é uma questão extremamente sensível, visto que a história da igreja conhece grupos que foram expulsos ou tiveram de retirar-se
cheios de dor e tristeza, por serem testemunhas da verdade; houve épocas em que isto foi necessário. Todavia, com muita freqüência o que começa como um testemunho fica sutilmente maculado pela rivalidade, que induz à separação. Se estes vícios caracterizam seu coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. “Não mintais contra a verdade” é tradução literal do grego, que NIV traduziu: “não negueis a verdade”. Algumas pessoas poderiam estar reivindicando, em total oposição às evidências levantadas por Tiago, estarem cheias do ESPÍRITO de DEUS. Tiago lhes roga que não agravem seu problema ao continuar asseverando que é DEUS quem lhes motiva tão grande rivalidade. Ao jactar-se de seu zelo, ou quando discutem sem parar a justiça de sua causa, atiram a causa do reino de DEUS ao escândalo e acabam cegos espiritualmente.
3:15 A pessoa invejosa não é inspirada por DEUS: Essa não é a sabedoria que vem do alto. Tiago cria que a sabedoria vem de DEUS (1:5). Poderíamos parafrasear Tiago dizendo: “este comportamento não é inspirado pelo ESPÍRITO de DEUS”. É terrena. A inspiração dessas pessoas na melhor das hipóteses provém delas mesmas, de seu ego natural. Em segundo lugar, é animal, i.e., não-espiritual, carnal. Não faz parte de sua natureza redimida, mas caracteriza a pessoa para quem o verdadeiro caminho do ESPÍRITO é estranho. Os caminhos do mundo — o poder, o comando (cf. Marcos 10:45), a estratégia, as prerrogativas — são os que tais pessoas entendem, não a mansidão humilde, o amor, a auto-entrega. Em terceiro lugar, é diabólica. “É inspirado, é mesmo”, redargui Tiago, “é inspirado pelo próprio diabo!”. Neste ponto, Tiago atingiu o xis da questão.
3:16 Como que para arrematar sua argumentação. Tiago prossegue: Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda obra má. A autoafirmação e a independência próprias da inveja do “zelo” doentio, destroem a capacidade de a comunidade disciplinar-se de acordo com a tradição apostólica (Mateus 18:15-20; Gálatas 5:25; 6:5). Destruídos os “freios” da reprovação mútua, e havendo necessidade de “aceitar as coisas” por medo do criticismo que levaria outrem a formar seu próprio partido (“panelinha”), fica fácil ver como toda obra má vai infiltrando-se. Para Tiago, a solidariedade comunitária é importantíssima como era para Paulo (2 Coríntios 12:20; Filipenses 2:4), visto que, sem ela, ocorre a desintegração moral e comunitária.
3:17 Contrastando de modo completo com a “sabedoria” demoníaca, temos a sabedoria que vem do alto. Para salientá-la, Tiago relaciona um catálogo de virtudes que podem ser comparadas, tanto em forma quanto em conteúdo, com o catálogo de Paulo quanto ao amor e ao ESPÍRITO (1 Coríntios 13; Gálatas 5:22ss).
Pura, moderada (Filipenses 4:5; 1 Timóteo 3:3; Tito 3:2), é tratável, é prática, porque se apresenta cheia de misericórdia (expressão grega da qual se derivou a palavra esmola) e de bons frutos, que são os atos de caridade que Tiago já discutiu (1:26-27; 2:18-26). É sem parcialidade, e sem hipocrisia, i.e., imparcial e sincera, livre de preconceitos.
3:18 Tiago resume sua explanação com um provérbio: o fruto da justiça semeia-se em paz para os que promovem a paz. A colheita da bondade ou da justiça é bem conhecida na literatura bíblica (e.g., Isaías 32:16-18; Amós 6:12).
“Bem-aventurados os pacificadores” (Mateus 5:9). Conflitos e desavenças não produzem justiça; o caminho
para a justiça chama-se paz. Na verdade, a verdadeira paz na comunidade é resultado da prática da justiça a todas as pessoas.
Notas Adicionais #3
3:2 Tiago emprega uma palavra incomum para tropeça, que se encontra apenas 4 vezes no Novo Testamento; veja também Tiago 2:10; Romanos 11:11; 2 Pedro 1:10. A palavra grega significa literalmente “tropeçar” ou “errar”, mas, quando empregada em sentido figurado, em questões morais, como aqui, significa “desviar-se” ou “pecar” e até mesmo “arruinar-se” ou “perder-se”. A passagem toda está ligada por palavras destinadas a chamar a atenção. Tropeça faz ligação do provérbio ao resto do versículo. Refrear literalmente é “pôr freios em”, ligando-se com “freios” do v. 3; em português, como no grego, são palavras de mesma raiz. Todo o corpo: o corpo era visto como a sede de todas as paixões, de todos os maus impulsos.
3:3-4 É bem provável que Tiago esteja citando uns provérbios populares, porque com toda a certeza havia abundância de ditados sobre cavalos e navios em sua época. Pode ser que a mente de Tiago apenas se projetou mais à frente, empregando essas ilustrações como uma ponte de ligação com novos pensamentos que logo despontarão. O fato é que as ilustrações sobre cavalos e navios eram comuníssimas entre o povo.
3:5 a língua, isto é, o mal que ela pode conter.
3:6 Assemelhar a língua ao fogo tem precedente no Antigo Testamento: Salmos 10:7; 39:1-3; 83:14; 120:2-4; Provérbios 16:27; 26:21; Isaías 30:27. Siraque, comentando uma longa passagem a respeito da calúnia, diz o seguinte: “[A língua] não governará os piedosos, e estes não serão queimados em suas chamas” (28:22; cf. Salmos de Salomão 12:2-3).
O mundo ocupa seu lugar entre os nossos membros pode ser uma referência aos impulsos maléficos (Hebraico, yêser hâ-râ), primeiramente citados em Tiago 1:13, que os judeus diziam viver nos membros do ser humano. JESUS afirmou que a corrupção não está do lado de fora, mas dentro da pessoa, pois o mal provém do coração (Marcos 7:14-23). É dos fuxicos comunitários, do preconceito e da rejeição do apelo a dar-se que Tiago está tratando. Ele retrata esses males como se estivessem residindo na língua, mas, à semelhança de JESUS, a corrupção interna destrói não apenas a língua, mas todo o corpo. Encontramos em Judas 23 um quadro semelhante (cf. Sabedoria 15:4).
É interessante a referência ao inferno. O inferno ou “Geena”, aparentemente estava na mente de Tiago e de outros como um lugar em que os demônios e Satanás já estavam aprisionados (em oposição ao aprisionamento futuro, mencionado em Apocalipse 19-20). Este é, claramente, o sentido dessas palavras na obra judaica “Apocalipse de Abraão” 14:31. Entretanto, a imagem que lemos nesta passagem não é apenas a de seres aprisionados, mas de seres capazes de inspirar acontecimentos agora mesmo, como os de Apocalipse 9:1-11; 20:7-8. Parece que a prisão seria utilizada como imagem forte para determinar os seres que ali vivem, ou viverão, de modo especial tendo em vista da imagem de fogo que lhe está associada. Veja ainda J. Jeremias. “Geenna”, TDNT, vol. 1, p. 657-58.
3:7 O outro lugar (e único) em que aparece a palavra doma, no Novo Testamento, é em Marcos 5:4, em que os demônios deixam o ser humano indomável.
As quatro categorias de animais são as quatro divisões comuns do mundo animal, na literatura bíblica, classificação feita segundo a observação dos grupos, e não de acordo com a taxonomia atual. Veja Gênesis 1:26; 9:2; Deuteronômio 4:17-18; Atos 10:12; 11:6.
3:8 As Escrituras contêm grande abundância de ensino a respeito da língua (e.g., Provérbios 10:20; 15:2, 4; 21:3; 31:26), havendo também muita literatura intertestamentária sobre o mesmo tópico (e.g., Siraque 14:1; 19:6; 25:8).
O termo incontido é o mesmo que aparece em 1:8 (“vacilante”), sendo frequente no Novo Testamento na forma de substantivo, com o sentido de “intranquilidade”, “instabilidade”, “tumulto”.
Quanto à figura de linguagem da peçonha, na literatura judaica, veja Jó 5:15; Salmos 58:4, 5; Siraque 28:17-23. Hermas (Similitude 9.26.7) diz o seguinte: “Assim como as bestas feras destroem e matam o homem com sua peçonha, assim as palavras de tais homens destroem e matam o ser humano”. Veja ainda O. Michel, “los”, TDNT, vol. 3, p. 334-35.
Em 28:13 a pessoa de língua dobre (“o enganador”, RSV) é amaldiçoado sem rodeios. O Testamento de Benjamin 6:5 diz o seguinte: “A mente boa não possui duas línguas, a da bênção e a da maldição... mas tem uma disposição, incorrupta e pura, com respeito a todos os seres humanos”. Em essência, quer a pessoa examine as obras judaicas, quer examine as cristãs, do período primitivo, o mero aparecimento de uma atitude de duplicidade (que não é de modo algum apenas a honesta confissão de que a pessoa “ainda não tomou uma decisão”) é indício de disposição pecaminosa.
3:11-12 Qualquer área geologicamente ativa possui fontes de água doce e fontes de água amarga. No vale do Lico, Hierápolis tinha fontes termais de água mineral: Colossos tinha águas doces; Laodicéia tinha de adaptar-se à água morna encanada de longa distância. No vale do Jordão o viajante precisava distinguir de longe quais das várias Fontes eram doces, e depois caminhava muitos quilômetros na direção delas. Veja ainda E.F.F. Bishop, Apostles of Palestine (Apóstolos da Palestina), p. 187; ou D. Y. Hadidian, “Palestine Pictures in the Epistle of James” (Quadros da Palestina na Epístola de Tiago), p. 228.
A versão do rei Tiago (KJV) diz: “De modo que nenhuma fonte pode produzir água salgada e água doce”.
 
INTERAÇÃO
Ouvir não é uma atitude fácil. Demanda tempo, paciência, perseverança e concentração. O ato de ouvir é uma obra doadora. Quem ouve uma pessoa, doa o seu tempo e a sua atenção. A princípio, quem ouve pode aparentar uma atitude passiva, mas na verdade esta pessoa realiza uma intensa atividade de pensar e de raciocinar. E tratando-se da Palavra de DEUS, a atividade intensa de alimentar a própria alma. Então, quando o crente abrir a sua boca para falar, falará de maneira sábia e poderosa. Portanto, as Escrituras nos aconselham a ouvir mais e a falar menos; para quando articularmos as palavras, o fazermos com autoridade e coerência.
 
OBJETIVOS
Após a aula, o aluno deverá estar apto a:
Aprender sobre estar "pronto para ouvir" e "tardio para falar".
Compreender a importância de ser praticante, e não só ouvinte.
Saber qual é a religião pura e verdadeira.
 
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
 
SAIBA MAIS pela Revista Ensinador Cristão CPAD  nº 59, p.38.
 
Resumo da Lição 5 – O Cuidado ao falar e a religião pura
I. PRONTO PARA OUVIR E TARDIO PARA FALAR (Tg 1.19,20)
1. Pronto para ouvir.
2. Tardio para falar.
3. Controle a sua ira.  
II. PRATICANTE E NÃO APENAS OUVINTE DA PALAVRA (Tg 1.21-25)
1. Enxertai-vos da Palavra (21).
2. Praticai a Palavra (22-24).
3. Persevere ouvindo e agindo (v.25).
III. A RELIGIÃO PURA E VERDADEIRA (Tg 1.26,27)
1. A falsa religiosidade.
2. A verdadeira religião (v.27).
3. Guardando-se da corrupção (v.27).
 
SINOPSE DO TÓPICO (1) À luz da Palavra de DEUS aprendemos que o crente deve ser tardio para falar e pronto para ouvir. Por isso, a ira é um sentimento que deve ser controlado pelo crente.
SINOPSE DO TÓPICO (2) O crente deve encher-se da Palavra, praticar a Palavra e perseverar na Palavra.
SINOPSE DO TÓPICO (3) A verdadeira religião está em olharmos para o necessitado, irmos até ele e acolhê-lo.
 
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 59, p.38.
Há na atualidade pouca disposição em se ouvir, estudar, entender, compreender para expor um assunto. Não! Muitos querem falar sobre tudo. Ainda não se tem a maturidade intelectual e querem sair por aí questionando e opinando sobre todos os temas.
 
Ouvir é uma arte. Quando se ouve alguém, quer através da comunicação verbal, escrita ou oral, quer através da comunicação não verbal, admiti-se a possibilidade de aprender para conhecer. Como ensinar se não aprendemos? Espera-se de quem fala sobre um assunto o mínimo do conhecimento necessário a respeito do tema proposto.
Professor, você deve ter lido livros sobre como melhorar uma Escola Dominical. As dicas são muitas: Marketing, café da manhã entre professores, café da manhã trimestral; passeio no parque etc. Mas uma questão fundamental quase nunca focada é o bom planejamento da aula do professor. Ou seja, se o professor não tiver conteúdo de nada adiantarão fazer cafés, passeios e marketing para desenvolver a ED. Mas para se ter conteúdo é preciso estar disposto a ouvir. Este é o ensino central desta seção bíblica de Tiago.
Nas seções anteriores (1.2-18) o assunto central era a necessidade de pedirmos a sabedoria do alto. Na seção atual o escritor disseca mais sobre como devemos usar esta sabedoria na comunidade cristã ou fora dela. Os crentes deveriam se apresentar coerentes com o Evangelho. Na concepção do meio-irmão do senhor é impossível que o discípulo de CRISTO tenha um comportamento dobre. De que adianta falar "DEUS Pai Todo-Poderoso" e não viver segundo a vontade de DEUS Pai? Não é o discurso que determina quem somos, mas a nossa ação.
Vivemos uma geração do discurso vazio: "Tudo posso!", "Sou mais que vencedor", "É só vitória!" Mas estas palavras não passam de discursos pobres, desprovidos de uma consciência oriunda do Evangelho. As pessoas não saberão o tipo de fé ou sabedoria que tem pelo seu discurso, mas pelas suas ações. Se elas falam na hora certa; do modo certo; se em tudo o que fazem aparece o respeito, a ternura, o amor. Virtudes estas intensamente comunicadas ao homem pelo Evangelho. Primeiro ouçamos com atenção! Depois falemos!
 
COMENTÁRIOS - INTRODUÇÃO - VÁRIOS LIVROS:
É no aspecto dessa última relação com a fala que a língua é citada nas Escrituras como uma força poderosa. Afirma-se que a morte e a vida estão no seu poder (Pv 18.21). Tiago elabora isso quando se refere à língua como indomável e um mal incontido, cheio de veneno mortal (Tg 3.8) e como fogo, um mundo de iniquidade (3.6). Paulo, por sua vez, refere-se à língua como um instrumento de engano (Rm 3.13), caracterizando o homem não regenerado.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 3. pag. 933.
 
Uso apropriado da Língua.
JESUS ensinou que os homens terão de prestar contas, finalmente, de sua vida na terra, incluindo «toda palavra frívola que proferirem». Esse é um pensamento seriíssimo. Ver Mat. 12:36. Se o juízo divino descer a pontos delicados e minuciosos como esse, então o exame que teremos de enfrentar será, realmente, completo! O terceiro capítulo de I Coríntios alude, figuradamente ao juízo a que os crentes serão submetidos. Então as obras inúteis dos homens serão queimadas como palha, feno ou madeira em contraste com aquelas coisas permanentes como o ouro, a prata e as pedras preciosas (capazes de resistir ao teste do fogo de DEUS). Um colega de seminário disse de certa feita: «Haverá tanta fumaça em meu julgamento, que ninguém poderá ver os outros sendo julgados» Tudo isso ilustra o quanto precisamos da graça de DEUS. O uso da linguagem é uma questão importante. Esta enciclopédia contém um artigo intitulado Linguagem.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 830.
 
I - PRONTO PARA OUVIR E TARDIO PARA FALAR (Tg 1.19,20)
1. Pronto para ouvir.
Certa vez, Zenon, um pensador clássico, disse que temos dois ouvidos e uma boca por um simples motivo: para que possamos ouvir mais e falar menos. Por mais que essa ideia, para algumas pessoas seja engraçada, traz uma realidade importante para a nossa vida: Precisamos aprender a controlar melhor o nosso tempo gasto com essas duas atitudes inerentes da nossa natureza: ouvir a falar.
O Ato de Ouvir
Por meio da audição, podemos captar informações que influenciarão nossas vidas. Um toque de corneta pode conduzir uma tropa inteira. Um comício inflamado pode trazer uma revolução.
Uma pregação direcionada pelo ESPÍRITO SANTO pode trazer salvação a uma pessoa. Portanto, o ato de ouvir pode definitivamente mudar nossa vida.
O ato de ouvir implica a posterior tomada de decisão. Adão e Eva ouviram o conselho de DEUS no tocante ao fruto da ciência do bem e do mal, e obedeceram até que ouviram uma opinião contrária, a da serpente, e resolveram acolher os conselhos que os levariam à morte. Ouvir as palavras certas das pessoas certas faz muita diferença.
A fé vem pelo ouvir da Palavra de DEUS. Ouvir o que DEUS diz é o primeiro passo para que possamos obedecê-lo. Além de ser um exercício que nos impulsiona à humildade, o ato de ouvir o que DEUS nos diz nos dá a certeza de que estamos no caminho que Ele realmente preparou para que seguíssemos.
Ouvir as pessoas também é recomendado por Tiago. Provérbios diz: “Porque com conselhos prudentes tu farás a guerra; e há vitória na multidão dos conselheiros” (Pv 24.6). Ao tratar do repasse dos seus ensinos a outros, o apóstolo Paulo recomenda a Timóteo: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2 Tm 2.2). O que Timóteo ouvira de Paulo deveria ser repassado a outros homens que tivessem idoneidade e fidelidade para que não alterassem a mensagem apostólica. Portanto, ouvir a DEUS é um dever, e ouvir para aprender com os outros é igualmente importante.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 59-60.
 
Tg 1.19 A expressão “seja pronto para ouvir” é uma bela maneira de traduzir a ideia de uma audição ativa. Não devemos simplesmente deixar de falar; devemos estar prontos e dispostos para ouvir. Este ouvir com “prontidão” obviamente é feito com discernimento. Devemos examinar o que ouvimos com a Palavra de DEUS. Se não ouvirmos, tanto atentamente quanto prontamente, podemos ser levados a todos os tipos de falsos ensinos e enganos.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 667.
 
-...prontos para ouvir...· Em outras palavras, ao invés de exibirem um mau temperamento, forçando sua vontade sobre os outros, os crentes deveriam estar prontos a ouvir e ver os pontos de vista dos outros. (Ver esse conceito, em termos gerais, cm Rom. 12:16). Deve haver uma atitude de mútua condescendência, o que é apenas outra maneira de se falar sobre o amor mútuo cm operação. O amor cristão consiste em cuidarmos dos outros conforme cuidamos de nós mesmos. Aquele que segue essa regra não explode em ira nem anseia por impor sua vontade aos outros.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 28.
 
Tg 1.19a – “Toda pessoa seja rápida para ouvir”: um dom inconcebivelmente grande, ter a capacidade de ouvir! Sem esse dom seríamos solitários e somente teríamos uma comunhão precária com nosso semelhante. Como realmente sofrem os deficientes auditivos, e que pesado fardo carregam pessoas que nasceram surdas ou então perderam a audição mais tarde! Contudo toda dádiva traz consigo a tarefa de usá-la corretamente. Já no contexto humano geral é importante aprender a ouvir corretamente. Pessoas em posições de liderança têm necessidade disso para que avaliem bem os que cooperam com eles, situando-os no lugar apropriado. É necessário para aqueles que são apenas uma “engrenagenzinha” em um grande empreendimento (e quem não é isso hoje?): se quiserem captar com clareza sua incumbência e preencher adequadamente seu espaço, precisam ter aprendido a ouvir. E se alguém quiser ser uma verdadeira ajuda para outras pessoas na aflição, precisa saber ouvir, atentar para o que é dito ou não. Importante é ser “rápido” no ouvir, ser “todo ouvidos”, sintonizar-se com o outro rápida e integralmente mediante postergação de outras coisas que monopolizam a atenção. No entanto, muitas vezes vale para nós humanos: “Cada um de nós seguia o seu caminho” (Is 53.6). De forma análoga: cada um estava ocupado integralmente consigo mesmo e nem sequer prestava atenção quando outro perguntava, pedia e se lamentava. JESUS, porém, vivenciou a essência e o modo de ser de DEUS: “Antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei” (Is 65.24; cf. Jo 5.6; Lc 19.5).
Se já entre humanos é importante ouvir corretamente, é duplamente necessário ser “rápido no ouvir” onde e quando acontece a palavra de DEUS, “a palavra da verdade” (v. 18). Ao ouvirmos sua palavra, DEUS semeia a nova vida em nós. É assim que ele a nutre, cria espaço para ela e afasta o “inço” que tenta impedir e sufocar essa “plantação” de DEUS em nós (Lc 8.11; Mt 13.7,22; 1Co 3.9). Desse modo ele fomenta a nova vida em nós e faz com que amadureça. Cumpre aqui ser sobretudo “rápido para ouvir” (com que nos ocupamos primeiro pela manhã, a Bíblia ou o jornal?) Para filhos de DEUS a palavra dele constitui o elemento vital (Lc 2.49).
Contudo, “rápido para ouvir” significa para cristãos também que dêem ouvidos a seres humanos: independentemente de se tratar do serviço de amar ou de testemunhar. Temos de saber o que falta ao outro e quais são suas indagações, pelo que devemos ouvi-lo atentamente. Pedro afirma: “Estai sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15). E Paulo escreve: “Sabei como deveis responder a cada um” (Cl 4.6). Ou seja, pergunta-se e são dadas respostas. Não um “disco” que simplesmente é posto para tocar. Cada cristão vivo é convocado a ser conselheiro espiritual em seu entorno. A premissa básica de todo serviço de aconselhamento é primeiro prestar atenção ao outro.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
I Sm 3.10 Chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. Este foi o quarto e último chamado. As primeiras palavras deste versículo mostram-nos que o Senhor não somente chamou Samuel mediante aquela voz misteriosa, mas também fez sentir a Sua presença. Todavia, tem-se a impressão de que o mesmo havia acontecido nas três vezes anteriores, embora somente aqui isso nos seja dito. Nas ocasiões anteriores, Samuel ouviu mas não interpretou corretamente a voz. E também não tomou consciência da presença divina. Sua experiência, pois, estava crescendo em poder, conforme avançava.
O Quarto Chamado. A voz chamara Samuel pelo nome. Nessa quarta vez, porém, Samuel foi capaz de receber a comunicação tencionada, visto que tinha obedecido às instruções dadas por Eli. Responder diretamente à “voz” permitiu- lhe receber a mensagem diretamente. O texto não indica que a glória shekinah de DEUS se tenha manifestado, mas talvez devamos entender que assim sucedeu. A glória de DEUS moveu-se do interior do SANTO dos Santos e pôs-se ao lado do leito de Samuel. Foi assim que o DEUS infinito condescendeu diante do homem finito. E essa é a própria natureza do drama divino-humano em que o ser humano está envolvido. A maior e mais eficaz de todas as condescendências divinas ocorreu quando o Logos se encarnou e se tornou um homem entre os homens (ver João 1.14).
“Vede o quanto DEUS ama s. santidade nos jovens. O menino Samuel foi preferido por Ele, em lugar de Eli, o idoso sumo sacerdote e juiz" (Teodoreto).
“... quando finalmente Samuel respondeu à voz, esta se tornou uma visão" (George B. Caird, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1137.
 
Finalmente, Samuel foi preparado para receber a mensagem de DEUS, não para permanecer com ela, mas para se tornar um profeta íntegro. Para isso, ele teria de anunciá-la e torná-la pública.
1. Eli, percebendo que Samuel tinha ouvido a voz de DEUS, deu instruções em como proceder em relação a essa voz (v. 9). A instrução que Eli deu a Samuel foi que, quando DEUS o chamasse novamente, dissesse: Fala, SENHOR, porque o teu servo ouve. Ele deve autodenominar-se de servo de DEUS e desejar conhecer as intenções de DEUS. “Fala, Senhor, fala comigo, fala agora”. E Samuel deve estar preparado para ouvir e obedecer: o teu servo ouve. Observe: Podemos esperar que DEUS fale conosco quando nos dispomos a ouvir o que Ele tem a dizer (SI 85.8; Hc 2.1). Quando nos dispomos a ler a Palavra de DEUS e a prestar atenção à sua pregação, devemos estar prontos a nos submeter à sua imponente luz e poder: Fala, SENHOR, porque o teu servo ouve.
2. Parece que DEUS falou pela quarta vez de uma maneira um pouco diferente. Embora o chamado fosse, como das outras vezes, pelo seu nome, dessa vez Ele veio e ali esteve, que infere que agora havia alguma manifestação visível da glória divina a Samuel, uma visão que estava diante dele, como ocorreu com Elifaz, embora não conhecesse a sua feição (Jó 4.16). Agradou a Samuel saber que não era Eli que o chamava; porque agora ouviu a voz de quem falava com ele e viu sua glória (Ap 1.12). Dessa vez, ele também ouviu o seu nome duas vezes: Samuel Samuel, como se DEUS se deleitasse em mencionar o seu nome, ou de sugerir que agora deveria perceber quem estava falando com ele. Uma coisa disse DEUS, duas vezes a ouvi (SI 62.11). Era uma honra para Samuel saber que DEUS o conhecia pelo seu nome (Êx 33.12); assim, o seu chamado foi poderoso e eficaz quando o chamou pelo nome, tornando o assunto particular, como ocorreu com Saulo a caminho de Damasco. Da mesma forma, DEUS chamou a Abraão pelo nome (Gn 12.1). Samuel respondeu, como havia sido instruído: Fala, porque o teu servo ouve. Samuel não se levantou e saiu correndo como da outra vez, quando achava que Eli o chamava, mas ficou deitado em silêncio. Quanto mais calmos e tranquilos nossos espíritos estiverem, tanto mais bem preparados estaremos para as descobertas divinas. Permita que todos os pensamentos e paixões tumultuosos sejam refreados e tudo esteja quieto e sereno na alma; então estaremos prontos para ouvir a voz de DEUS. Tudo deve estar quieto quando Ele fala.
Fala, porque o teu servo ouve. Foi aberto o caminho para a mensagem que ele deveria receber. Assim, Samuel conheceu as palavras de DEUS e as visões do Todo-poderoso, e isso ocorreu antes que a lâmpada de DEUS se apagasse no templo do SENHOR (v. 3). Alguns dos escritores judeus colocam um sentido místico nessas palavras. Antes da queda de Eli, e o desaparecimento do Urim e Tumim, por algum tempo, DEUS chamou Samuel e transmitiu um oráculo a ele. Por isso, entre os doutores, eles utilizam uma observação: nasce o sol, e põe-se o sol (Ec 1.5), isto é, eles dizem, antes que DEUS faça o sol se pôr sobre um justo, ele faz o sol de outro justo nascer. Smith ex Rimchi.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 229-230.
 
2. Tardio para falar.
Falar é um presente de DEUS. Poder exprimir nossas opiniões, desejos e anseios não apenas é uma dádiva divina, mas também exige uma grande responsabilidade, pois nossas palavras podem tanto edificar vidas quanto podem também destruí-las. Por isso, é necessário ter responsabilidade com aquilo que falamos.
Nossas palavras devem acompanhar nossas atitudes. Como servos de DEUS, somos chamados a usar nossas palavras de forma sábia e edificante. “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que o ouvem” (Ef 4.29). Mas também somos chamados a ter um profundo compromisso entre o que falamos e o que vivemos. De nada adianta ter um discurso ortodoxo se nossa prática de vida não corresponde às palavras que falamos. Se levarmos a sério isso, concluiremos que é melhor ficar calados até que nossas atitudes sejam coerentes com nossas palavras.
DEUS não nos impede de falar, mas pede que o façamos de forma coerente e com sabedoria. Lembremo-nos do conselho de Provérbios 13.3: “o que guarda sua boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios tem perturbação”.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 61.
 
Tg 1.19 Ser pronto para ouvir e tardio para falar podem ser interpretados em conjunto, como dois lados da mesma moeda. A lentidão em falar significa falar com humildade e paciência, não com palavras ásperas nem tagarelando sem parar. O falar constante impede que a pessoa seja capaz de ouvir. A sabedoria nem sempre é ter algo a dizer; ela envolve o ouvir cuidadosamente, o refletir piedosamente, e o falar mansamente. Quando falamos demais e ouvimos pouco, mostramos aos outros que pensamos que as nossas ideias são muito mais importantes do que as deles. Tiago nos adverte sabiamente para revertermos este processo. Precisamos colocar um cronômetro mental nas nossas conversas e observar o quanto falamos e o quanto ouvimos. Quando as pessoas falam conosco, elas sentem que os seus pontos de vista e as suas ideias têm valor?
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 667-668.
 
Abandone a Pressa no Falar (1.19abc)
Hayes nos lembra que Tiago não tem muito a dizer a respeito de pecados da carne, tão característicos dos gentios do primeiro século. Em vez disso ele nos adverte em relação aos pecados que os judeus estavam mais inclinados a praticar — orgulho, impaciência e outros pecados do temperamento e da língua. Dessa forma, o apóstolo cita três preceitos que provavelmente eram conhecidos aos seus leitores: Todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar (v. 19). Visto que ele está prestes a apresentar uma advertência severa, Tiago inicia suas palavras com uma expressão de profunda afeição e nela identifica-se com os seus ouvintes — meus amados irmãos. Parece mais certo considerar o ouvir e o falar em um sentido geral, em vez de restringir o significado (como alguns fazem) ao ouvir e falar a mensagem do evangelho. Tiago mais tarde (w. 21-25) trata especificamente do relacionamento do homem com a “palavra” salvadora.
Zeno ressalta que um homem tem dois ouvidos mas somente uma boca; ele, portanto, deveria ouvir duas vezes mais do que falar. Há uma conexão íntima entre o ouvir e o falar; também entre o falar e a ira. Aquele que ouve mais atentamente entende melhor o seu próximo; entender leva a um falar ponderado e a uma resposta branda que “desvia o furor”. O falar impensado, por outro lado, com frequência produz a palavra pesada que “suscita a ira” (Pv 15.1).
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 161.
 
Tg 1.19b Ao “rápido para ouvir” Tiago contrapõe: cada um seja “vagaroso para falar”. Afinal, também é necessário que, enquanto prestamos atenção no outro, já reflitamos sobre uma resposta que o ajude e o leve adiante. Mas seria errado tentar dar o recado ao outro precipitadamente e às pressas. O outro não se sentiria levado a sério: “Ora, ele nem sequer se envolve com minha causa.” Um cristão torna-se mais “vagaroso para falar” pelo fato de ao mesmo tempo conversar simultaneamente com seu Senhor: “Ó Senhor, o que devo dizer agora? Será correto o que penso? Por favor, concede-me agora a palavra certa. Autoriza-me. Usa a minha palavra, e até mesmo fala pessoalmente com essa pessoa.” Em JESUS presenciamos como, durante o diálogo com seus semelhantes, ele estava ao mesmo tempo conversando com seu Pai, atento para a vontade e o direcionamento dele (Jo 2.4; 11.6,41s). Ser “vagaroso para falar” importa principalmente também quando estamos “sob a palavra”. Sem dúvida existe igualmente o diálogo em torno da palavra: “Antes, direis, cada um ao seu companheiro e cada um ao seu irmão: Que respondeu o Senhor? Que falou o Senhor?” (Jr 23.35). Não obstante, as muitas discussões constituem hoje um perigo. Com frequência não conseguimos ouvir ao mesmo tempo em que somos capazes de olhar por acima e para além do mensageiro, perguntando-nos: “Senhor, que pretendes me dizer agora?” – Importa “falar vagarosamente”, sob certas circunstâncias e em determinado sentido, até mesmo perante DEUS. Também para orar precisamos de silêncio se quisermos rogar no sentido da vontade e dos alvos de DEUS e, consequentemente, sob a promessa plena (1Jo 5.14).
Porém, ser “vagaroso para falar” de forma alguma significa que não devamos nunca falar, principalmente quando se trata de testemunhar em favor de nosso Senhor. Na Bíblia não consta o ditado “Falar é prata, e silenciar é ouro”.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
Sl 141.3 Põe guarda, Senhor, à minha boca. Os pecados da língua certamente são teimosos e universais em sua prática. Os salmos dizem muito sobre o uso apropriado da linguagem. É possível que, primariamente, este pedido se refira a declarações desleais acerca de DEUS e de Seus caminhos, com a aprovação (verbal) do que os pecadores diziam e faziam. Existem pecados de blasfêmia, mentira, perjúrio, maldição, calúnia e muitos outros, que são perpetuados pelos homens que falam demais e não resguardam a língua. Quanto ao uso da fala e o uso apropriado da linguagem, ver Sal. 5.9; 12.2; 15.3; 17.3; 34.12; 35.28; 36.3; 39.9; 55.21; 64.4; 66.17; 73.9; 94.1; 101.5; 109.2; 119.172; 120.3,4; 139.4 e 141.3.
Guarda. A alusão, neste caso, é à guarda policial postada nos portões das cidades e nas muralhas, para manter fora da cidade tudo o que era daninho.
A porta dos meus lábios. Cf. Miq. 7.5. Xenócrates dizia: “Tenho-me arrependido muitas vezes por ter falado, mas nunca por ter guardado silêncio”. Ver Sal. 39.1,9.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2501.
 
Sl 141.3 Davi temia o pecado e implora a DEUS para ser guardado de pecar, sabendo que sua oração só seria aceita se tivesse o cuidado de vigiar contra o pecado. Devemos ser zelosos com a graça de DEUS em nós tanto quanto com seu favor conosco.
Ele ora para não ser surpreendido em nenhuma palavra pecaminosa: “Põe, Senhor, uma guarda à minha boca (v. 3), já que a natureza fez de meus lábios a porta para minhas palavras, que a graça guarde essa porta, que não seja permitido que nenhuma palavra que, de alguma maneira, possa tender a desonrar a DEUS ou a ferir os outros saia por ela”. Os homens bons conhecem o mal da língua pecaminosa e, como são propensos a ela (quando os inimigos nos provocam, corremos o risco de deixar nosso ressentimento ir longe demais e de falar irrefletidamente, como fez Moisés, apesar de ser o mais manso dos homens), por isso eles são determinados com DEUS para que os impeça de falar algo impróprio, sabendo que, sem a graça especial de DEUS, a vigilância e a determinação deles mesmos não são suficientes para governar sua língua, muito menos seu coração. Temos de frear [...] a [nossa] boca; mas isso só não adiantará: temos de orar a DEUS para que a guarde. Neemias orou ao Senhor quando pôs guarda contra seus inimigos, devemos fazer o mesmo, pois sem Ele o guarda andaria em vão.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 692.