Escrita, Lição 2, CPAD, As Promessas De DEUS Para Israel, com. Extras Pr.Henrique, EBD NA TV

Escrita, Lição 2, CPAD, As Promessas De DEUS Para Israel, com. Extras Pr.Henrique, EBD NA TV
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ESBOÇO DA LIÇÃO 2
I – ISRAEL: A PROMESSA DA CRIAÇÃO DE UMA GRANDE NAÇÃO
1. “E far-te-ei uma grande nação” (v.2)
2. “E abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome e tu serás uma bênção” (v.2)
3. “E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (v.3)
4. “E em ti serão benditas todas as famílias da terra” (v.3)
II – OUTRAS PROMESSAS A ISRAEL
1. A promessa de um filho a Abraão
2. A promessa de um filho a Isaque
3. A promessa renovada
4. Promessa do Reino do Messias
III – A PROMESSA DE SALVAÇÃO PARA ISRAEL
1. A queda de Israel
2. A tristeza de Paulo por Israel
3. Promessa de salvação a Israel
 
 
TEXTO ÁUREO
“E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.”  (Gn 12.3)
 
VERDADE PRÁTICA
Ainda que a queda espiritual tenha ocorrido com Israel, há uma gloriosa promessa ao remanescente fiel.
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Gn 15.6 Abraão creu e foi abençoado pelo Senhor
Terça - Gl 4.25-31 Isaque, o filho da promessa no Antigo Testamento
Quarta - Gn 29.32-35 Jacó, o pai das 12 tribos de Israel que dariam origem à nação
Quinta - Mt 1.23; Is 7.14 O Senhor JESUS, o Emanuel, o "DEUS conosco"
Sexta - Mt 1.22-24 O nascimento de JESUS como cumprimento de uma promessa
Sábado -  Rm 9.3-5 CRISTO, a promessa cumprida do Antigo Testamento
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Gênesis 12.1-3; Romanos 9.1-5
Gênesis 12.1 - Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. 2 - E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma Bênção. 3 - E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.
Romanos 9.1 - Em CRISTO digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no ESPÍRITO SANTO): 2 - tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. 3 - Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de CRISTO, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; 4 - que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; 5 - dos quais são os pais, e dos quais é CRISTO, segundo a carne, o qual é sobre todos, DEUS bendito eternamente. Amém!
 
HINOS SUGERIDOS: 380, 390, 463 da Harpa Cristã
 
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SUBSÍDIOS PARA A LIÇÃO 2
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Promessa

Embora se refira ocasionalmente à palavra do homem, o uso característico da palavra “promessa” nas Escrituras relaciona-se com o que DEUS declara que fará acontecer. Embora possamos inferir as promessas feitas entre o Pai e o Filho antes da criação, a primeira grande promessa de DEUS aos homens está em Gênesis 3.15 e inaugura uma sucessão que, em uma crescente clareza de detalhes desde seu anúncio, fala sobre a vinda do Messias-Salvador. Uma grande variedade de promessas está mais ou menos ligada, de uma forma direta, a essa grande promessa central, inclusive a nova aliança (Jr 31.31-34), o derramamento do ESPÍRITO (Jl 2.28ssJ, a restauração de Israel (Dt 30.1-5) e, finalmente, o novo céu e a nova terra (Is 65.17; 66.22).

Paulo demonstra que a “promessa de DEUS” tem a qualidade de uma aliança, porque cada palavra de DEUS é segura e certa, livre do legalismo e da dependência do esforço do homem (por exemplo, Rm 4.13-16; Gl 3.16-18; cf. Hb 11.40).

O termo técnico epangelia, portanto, designa o bondoso compromisso de DEUS, expresso especialmente a Abraão, de realizar de forma completa sua obra de redenção através do Messias, em quem “todas quantas promessas há de DEUS são nele sim; e por ele o Amém" (2 Co 1.20).

Bibliografia. Otto Miehel, "Homologeo etc.”, TDNT, V. 199-220. Paul S. Minear, “Promise”, IDB, III, 893-896, J. Schniewind e J. Friedrich, “Èpaggelo etc.”, TDNT, II, 576- 586. Wilbur M Smith, "Promise”, BDT, pp. 422ss.

M.      A. K.

 

As promessas de DEUS feitas a Abraão

As promessas feitas a Abraão, personificadas no pacto (Aliança) de Abraão, aparecem primeiramente em Gênesis 12.1-3, seguidas por três importantes confirmações e aplicações (Gn 13.14-17; 15.1-7; 17.1-19). As promessas a Abraão, a princípio, diziam respeito somente a ele (q.v.). A ele foi prometida uma grande bênção pessoal, seu nome seria grande e ele mesmo seria uma fonte de bênçãos para os demais.

Em segundo lugar, as promessas de Abraão estavam relacionadas com seus descendentes. Ele seria o pai de uma grande nação (Gn 12.2)        com uma numerosa posteridade, que poderia ser comparada ao pó da terra e às estrelas do céu (Gn 13.16; 15.5). Sua descendência incluiria pessoas famosas, inclusive reis, e mais do ,que apenas uma grande nação (Gn 17.6). É bastante significativo lembrar que todas essas promessas já foram literalmente cumpridas.

Em terceiro lugar, a promessa do título da terra à qual DEUS havia dirigido Abraão, foi assegurada à sua posteridade como posse “perpétua” (Gn 17.7,8). Os extensos limites de suas propriedades são fornecidos com minuciosos detalhes (Gn 15.18-21) e confirmados através de um pacto (Aliança) solene selado com sangue (Gn 15.8-17). As implicações de que a nação existiria para sempre, de acordo com o título da terra, foram posteriormente confirmadas em Jeremias (Jr 31.35-37). Foram acrescentadas, a essas extensas promessas, previsões detalhadas tais como a peregrinação no Egito (Gn 15.13,14) e a ênfase no fato de que somente uma parte da semente de Abraão herdaria todas as promessas.

E, em quarto lugar, através de Abraão "todas as famílias da terra” seriam abençoadas. Essa promessa foi além da descendência física de Abraão e diz respeito a todas as nações. Ela cumpriu-se na vinda de JESUS CRISTO e em sua provisão para os pecados do mundo todo. Também através da posteridade de Abraão foram escritas as Escrituras nas quais DEUS fala a toda a humanidade.

O antagonismo entre os gentios e Israel foi antecipado em Gênesis 12.3 pela afirmação de que DEUS abençoaria àqueles que abençoassem a semente de Abraão e amaldiçoaria àqueles que a amaldiçoassem. Os estudiosos têm discordado quanto ao fato das promessas de Abraão deverem ser consideradas literalmente ou não. A interpretação não literal considera a semente de Abraão como a comunidade divina ou como o corpo de crentes através de todas as eras, e a promessa da terra é espiritualizada para representar a promessa do céu.

Abraão, entretanto, considerou como literal a promessa feita à sua semente e isso foi confirmado pela recusa de DEUS de reconhecer o servo de Abraão, Ismael, (Gn 15.2- 4; 17.15-22). A promessa específica à semente de Abraão foi, primeiramente, limitada a Isaque, mais tarde a Jacó e, através de Jacó, dirigida aos doze patriarcas, filhos de Jacó. A promessa da terra também foi interpretada literalmente ao longo do AT. A promessa da terra foi não só confirmada a Isaque (Gn 26.1-5) e depois a Jacó (Gn 28.13-15), mas também foi feita a Moisés (Dt 30.1-5) e Josué (Josué 1.3,4). O povo de Israel foi assegurado de que, embora dispersos, eles iriam ao final recuperar sua terra para nunca mais se dispersar novamente (Amós 9.14,15).

O NT parece justificar o conceito de que existe um sentido pelo qual todos os crentes são filhos de Abraão. Os versos 6-9 em Gálatas 3 afirmam que “os que são da fé são filhos de Abraão”. Entretanto, de acordo com Gálatas 3.8, o aspecto particular das referidas promessas de Abraão não está relacionado com Israel, mas com aquele aspecto do pacto (Aliança) que, originalmente, pertencia aos gentios, a saber, “em ti serão benditas todas as famílias da terra”. O fato de o NT usar a expressão “filhos de Abraão”, para incluir aqueles que não são descendentes físicos de Abraão, mas que como ele creram em DEUS (Gl 3.9), não cancela as promessas feitas a Israel como nação, nem a promessa de que lhes seria concedida uma terra.

As promessas feitas a Abraão incluíam a restauração da terra de Israel, como fora prometido em Gênesis 15.18-21, e numerosas outras profecias do AT (Is 11.11,12; 12.1-3; 27.12,13; 43.1-7; 48.8-17; 66.20-22; Jr 16.14- 16; 23.3-8; 30.10,11; 31.8,31-37; Ez 11.17-21; 20.33-38; 34.11-16; 39.25-29; Os 1.10,11; Am 9.11-15; Mq 4.4-7; Sf 3.14-20). Portanto, as promessas feitas a Abraão representam declarações fundamentais dos propósitos de DEUS, começando nos dias de Abraão e encontrando seu cumprimento ao longo da história da humanidade.

Dicionário Bíblico Wycliffe

 

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Aliança

Embora esta palavra não apareça nas versões KJV e ASV em inglês, aparece quatro vezes na versão RSV. O seu significado básico deriva do substantivo hebraico berit, que significa “associação”, “confederação”, ‘liga”; e dos verbos hatan, que significa “afinidade”, “unir em casamento”; e nuah, que significa “estar despreocupado”, “estar aliado”; e do substantivo qesher, que normalmente tem o sentido negativo de “conspiração”, “traição”.

A primeira aliança descrita nas Escrituras foi entre Abrãao e os amorreus Manre, Escol e Aner. Eles uniram suas forças por tempo suficiente para libertar Ló daqueles que o mantiveram cativo (Gn 14.13-24). Abrão fez uma aliança ainda mais duradoura com Abimeleque em Berseba (Gn 21.22-32), como também Isaque fez posteriormente (Gn 26.26-31). Não houve nenhuma proibição ou estigma contra essas primeiras alianças; porém mais tarde a lei mosaica repetidamente proibia alianças com estrangeiros, em particular com os cananeus. A proibição contra alianças com os cananeus se baseava principalmente em questões religiosas. A nação recém formada era ainda muito fraca para resistir às tentações da adoração ao sexo praticada por Canaã, então DEUS, por meio de Moisés, procurou isolar Israel. Os altares, templos e imagens pagãos foram destruídos para que os jovens não fossem enganados pelos adoradores de Baal (Êx 23.32,33; 34.12,13). Para proteger os israelitas ainda mais contra essa corrupção, o casamento com estrangeiros foi proibido, para que não houvesse corrupção do israelita pelo adorador pagão através do casamento (Dt 7.2-4). Depois da conquista, quando Israel desobedeceu, a razão do julgamento de DEUS sobre eles tinha raízes na violação da proibição por parte de Israel (Jz 2.2).

Além da aliança com os homens de Gibeão, com artimanhas concluídas com Josué, não houve ligações oficiais com outras nações até os tempos de Salomão. Davi tinha relações amistosas, baseadas em alianças pessoais, com os reis de Moabe, Amom, Gate e Hamate; mas parece que Salomão foi o primeiro a estabelecer uma aliança internacional com uma nação estrangeira. Isto foi feito com Hirão de Tiro, em relação à construção do Templo e às operações da frota no Mar Vermelho e no Oceano Índico (1 Rs 5.1-18; 9.26-28), A completa implicação desta aliança não veio à tona até o casamento de Acabe com Jezabel, filha de um rei de Tiro. A adoração a Baal imediatamente tomou conta da vida religiosa de Israel, mas foi vigorosamente combatida por Elias, Eliseu e Jeú, Judá sentiu alguns maus resultados desse casamento quando a filha de Jezabel, Atalia, tornou-se rainha de Judá,

Nas disputas triangulares entre Israel, Judá e Síria foram feitas diversas alianças. Em uma ocasião, Asa de Judá obteve a ajuda de Ben-Hadade da Síria contra Baasa de Israel (1 Rs 15.18,19; 2 Cr 16.3). Mais tarde, Acabe de Israel ganhou o auxílio de Josafá de Judá contra a Síria (1 Rs 22; 2 Cr 18.1). Depois da morte de Acabe, Acazias de Israel procurou unir-se a Josafá no estabelecimento de uma frota mercante, mas DEUS não se agradou com isso e a frota foi destruída (2 Cr 20.35-37). No tempo de Isaías, Rezim da Síria e Peca de Israel se uniram contra Judá, mas Acaz de Judá conseguiu comprar a ajuda da Assíria, que rapidamente destruiu a Síria, reduziu Israel à condição de sua partidária, e finalmente fez de Acaz um fantoche nas suas mãos (2 Rs 16.5-8). A última aliança trágica foi entre Zedequias e o Egito, que trouxe a Babilônia contra Judá e destruiu Jerusalém completamente (Jr 37.1-8; Ez 17.15-17).

 

 

Em hebraico, uma “aliança״ é determinada pelo termo berit, e berit karat significa “fazer (lit., ‘cortar’ ou ‘lapidar’) uma aliança”. Em grego o termo é diatheke (que pode significar tanto “pacto”como “último desejo e testamento”), e o verbo é diatithemi (Act 3.25; Hb 8.10; 9.16; 10.16).

Uma aliança é um acordo entre duas ou mais pessoas em que quatro elementos estão presentes; partes, condições, resultados, garantias.

As alianças bíblicas são importantes como uma chave para duas grandes facetas da verdade: Soteriologia - O plano de DEUS através de JESUS CRISTO para redimir os seus eleitos, está revelado de uma maneira ampla e profunda nas sucessivas alianças.

Profecia - As alianças abraâmica, palestina, davídica e as novas alianças abrem todo o panorama relacionado à primeira e à segunda vinda de CRISTO, e o seu reinado milenar na terra. A maior parte das grandes alianças revela fatos relacionados ao sofrimento, sacrifício, governo, e reinado do Messias. A maneira como estas duas correntes de profecia devem ser interpretadas determina finalmente a sua escatologia, se ela deve ser amilenial, pós-milenial, ou pré-milenial, A questão a ser encarada é se o método a ser aplicado a ambas correntes de profecia será o mesmo, Disto deve depender a decisão sobre a questão do milênio, e a interpretação de grande parte daquilo que está contido em cada uma das alianças. Veja Milênio.

As Portes. Estas podem ser; (1) Indivíduos, como por exemplo Abraão e Abimeleque (Gn 21.27) ou Jacó e Labão (Gn 31.44-46), quando cada um se sujeitou a certas condições e ofereceu uma prova como garantia da aliança feita. (2) Nações, como quando Naás, o amonita tentou forçar uma aliança sobre Jabes-Gileade em 1 Samuel 11.1ss., ou quando os israelitas foram tolamente levados a fazer uma aliança com os gibeonitas (Js 9.6- 16). (3) DEUS e o homem eram as partes das grandes alianças do reino messiânico, tal como a aliança Abraâmica (Gn 12.1-7; 15; 17.1-14; 22.15-18), a aliança Palestina (Dt 29-30), e a aliança Davídica (2 Sm 7.4-16; Sl 89.3,4,26-37; 132.11-18). (4) DEUS, o Pai, e JESUS CRISTO, eram as partes originárias da aliança da redenção (Sl 40.6-8; Hb 10.5- 14), sendo CRISTO o mediador desta aliança, enquanto DEUS e os indivíduos (Hb 7.9ss.) e DEUS e Israel (Jr 31.37) eram seus companheiros eficazes. O Pai e o Filho eram a parte líder da aliança da graça, DEUS Pai fez uma aliança com CRISTO para salvar pela graça aqueles que cressem no Filho, e em sua morte substitutiva. Esta aliança se tomou o fundamento de Romanos 4 e Hebreus 11, as duas loci classici, ou passagens principais concernentes à justificação pela fé no NT. No AT, os indivíduos entravam nesta aliança através de sua fé salvadora, em uma aceitação de um tipo de CRISTO no AT, e no NT pela mesma fé com a aceitação do modelo oposto, o próprio Senhor JESUS CRISTO.

Condições. Em cada aliança são expressas certas condições. Isto se aplica tanto às alianças unilaterais, ou seja, anunciadas por DEUS para um homem e promulgadas com a certeza de que acontecerão, e nesse ponto incondicionais; e também àquelas que são bilaterais, ou seja, aquelas alianças que estão totalmente condicionadas à aceitação e ao cumprimento por ambas as partes. Todas as alianças humanas são bilaterais e condicionais, As alianças entre DEUS e o homem podem ser principalmente unilaterais, como a aliança abraâmica, a davídica, e a nova aliança; ou bilaterais, como por exemplo, a aliança mosaica. Ainda podemos ficar confusos se não enxergarmos que até mesmo as alianças unilaterais têm essencialmente um aspecto bilateral, à medida que a sua aplicação diz respeito aos indivíduos. Isto pode ser visto no fato descrito por Paulo em Romanos 9 de que, embora as alianças pertençam a Israel, “nem todos os que são de Israel são israelitas; nem por serem descendência de Abraão são todos filhos” (Rm 9.6,8). Elas se aplicam aos eleitos.

Mais adiante vemos que o selo, sinal ou símbolo de alguém ter aceitado o relacionamento da aliança por um ato de fé individual é um passo de obediência, mesmo na aliança abraâmica, cujo sinal era a circuncisão (cf. Gn 17.10,11 onde o sinal foi declarado como parte de uma aplicação individual da aliança. “Esta é minha aliança... todo macho entre vós será circuncidado”). Qualquer tentativa de separar o elemento unilateral da aliança abraâmica da sua aplicação individual torna-se artificial e, portanto, o conhecimento de ambos os fatores - unilateral e bilateral - em tal aliança se faz necessário, assim como o batismo nas águas é o sinal ou a confirmação da associação de alguém na nova comunidade da aliança. As análises mostram que os elementos unilaterais em uma aliança são proféticos e, portanto, condicionados ao ponto em que são dependentes da aceitação pessoal pela fé, com a motivação que vem da graça soberana de DEUS.

Resultados. Estes podem ser também promessas de bênçãos quando a aliança é mantida, ou advertências de punição quando a aliança é quebrada - ou ambas. Por exemplo, na aliança abraâmica havia uma promessa de descendência (que de acordo com Gálatas 3.16 era CRISTO; cf. Gn 12.1-3; 13.16; 22.18), de uma terra, de fama e de uma grande posteridade. Estes fatos eram proféticos e certos. Ao mesmo tempo, havia um aspecto condicional, porque cada participante crente tinha que ser circuncidado como um sinal da sua fé, mesmo no caso de Abraão (Gn 17.9-17; Rm 4.11). Aqueles que se recusavam a ser circuncidados quebravam a aliança (Gn 17.14). Esta cerimônia apontava para CRISTO em quem nós, cristãos, somos circuncidados com a " circuncisão de CRISTO” (Cl 2.11). Tudo isso é condicional, pois a sua base é a fé salvadora.

Garantias. A garantia que se dava para assegurar o cumprimento da aliança era normalmente um juramento. Para os homens, era um juramento tão solene que constituía o caráter do desejo ou testamento. A idéia é que assim como o testador não poderia mudar a sua vontade quando morto, o criador da aliança também não poderia mudá-la. A forma de expressá-la era matando um animal, partindo-o ao meio, e em seguida passando-se  pelo meio de ambas as partes (Gn 15.9ss.). CRISTO selou a nova aliança através de sua morte (Hb 9.15-17), e instituiu a Ceia para celebrá-la (Mt 26.28; Mc 14.25; 1 Co 11.25,26). Às vezes se fazia uma oferta (Gn 21.30), ou se instituía um sinal, como um marco ou um monte de pedras (Gn 31.52). Como DEUS não tem nada e ninguém maior do que Ele mesmo para jurar, também confirmou as suas alianças jurando por si mesmo (Dt 29.12; Hb 6.13,14), por exemplo, ao confirmar a sua aliança com Abraão, ao jurar pelo seu controle providencial do mundo, e ao anunciar a nova aliança em Jeremias 31.35; 33.20.

 

Tipos de Alianças

Dois principais tipos de alianças na Bíblia precisam ser considerados; aqueles que são especificamente designados como alianças, e aqueles que estão implícitos, mas não são designados como tais. Para uma melhor distinção, talvez seja melhor chamá-los de alianças bíblicas e teológicas.

 

Alianças Bíblicas Específicas

1.       Aliança Noéica. Esta é a primeira aliança claramente mencionada nas Escrituras. Ela foi prometida a Noé em Gênesis 6.18 e está registrada em Gênesis 8.20-9.17. Esta aliança foi, sobretudo, unilateral, pois DEUS era o seu criador e executor, não requerendo um compromisso de aceitação e consentimento por parte de Noé, como no caso do juramento dos israelitas ao pé do Monte Sinai (veja Êx 19.8).

As partes desta aliança eram DEUS e a terra (Gn 9.13) ou Noé e todos os seus descendentes (Gn 9.9,16,17). Daqui por diante, ela era universal em seu escopo. Apesar disso, ela tinha certas condições, a saber, que a humanidade fosse frutífera, se multiplicasse e enchesse a terra (9.1,7); que não comesse carne com vida, isto é, com o sangue (9.4). Assim, a aliança era condicional, porque DEUS trouxe um julgamento sobre a humanidade no episódio da Torre de Babel na forma de uma confusão de línguas, para forçar o povo a se espalhar e povoar a terra, quando eles estavam deliberadamente desafiando o propósito e a ordem de DEUS (Gn 11.4- 9). O Resultado era a promessa de que DEUS nunca mais destruiria a terra com um dilúvio (Gn 8.21; 9.11,15), com a concomitante promessa da regularidade das estações (Gn 8.22). A garantia de que DEUS iria manter esta aliança enquanto durasse a terra encontrava-se em seu sinal ou prova, o arco- íris (9.12-17).

 

2.       Aliança Abaâmica. Esta é geralmente considerada uma aliança unilateral no sentido de que foi em primeiro lugar anunciada por DEUS, sem qualquer condição a ela vinculada. Entretanto, um elemento bilateral aparece em Gênesis 17.1: “Eu sou o DEUS Todo-poderoso; anda em minha presença e sê perfeito”; e na última repetição e confirmação da aliança a Abraão em Gênesis 22.16ss., quando DEUS diz, “Por mim mesmo, jurei... porquanto fizeste esta ação e não me negaste o teu filho, o teu único, que deveras te abençoarei”.

As partes desta aliança eram DEUS e Abraão. A condição - revelada por DEUS a Abraão, depois dele demonstrar a sua vontade de obedecer à ordem de DEUS de oferecer Isaque - era a obediência pela fé (cf. Hb 11.17-19). Os resultados foram: a promessa de DEUS de transformar a posteridade de Abraão em uma grande nação (Gn 12.2); aumentar a sua semente tomando-a numerosa como a areia do mar (Gn 22.17); abençoar aqueles que abençoassem o povo judeu e amaldiçoar aqueles que o amaldiçoassem (Gn 12.3); e dar à descendência a Abraão (ou seja, a Israel), a Palestina e o território que vai do rio do Egito até o Eufrates. Finalmente, e o mais importante de tudo, o mundo inteiro seria abençoado através da sua descendência, que era CRISTO (Gl 3.16), e CRISTO por sua vez dominaria sobre todos os seus inimigos (Gn 22.17,18). A garantia desta grande aliança era o juramento de DEUS por si mesmo e por seu grande Nome (Gn 22.16; Hb 6.13-18), assim como o derramamento do sangue dos sacrifícios (Gn 15.9,10,17).

 

3. Aliança Mosaica ou do Sinai. Nesta aliança vemos o surgimento de um novo fator, de uma forma particular. A aliança Abraâmica era muito simples e direta, a Mosaica, mesmo sendo direta, era muito mais complexa, empregava a forma contemporânea das alianças de suserania e vassalagem em voga no antigo Oriente, onde o grande senhor ou suserano ditava um acordo para os seus vassalos ou servos. Um recente estudo dos tratados ou alianças hititas da metade do segundo milênio a.C., revelou que existia uma forma paralela entre estas e a aliança de DEUS com Israel, e cada uma continha seis elementos.

(1)     Um preâmbulo: “Eu sou o Senhor, teu DEUS" (Êx 20.2a), identificava o autor da aliança, e correspondia a cada introdução como “Estas são as palavras do filho de Mursilis, o grande rei, e rei da terra de Hati, o valente, o filho favorito do deus do trovão etc...” (ANET, p. 203).

 

(2)     Um prólogo histórico: “...que te, tirei da terra do Egito, da casa da servidão” (Êx 20.2). Em Deuteronômio, que é a segunda dádiva da aliança e da lei, o prólogo histórico se expandia amplamente a fim de abranger o modo como DEUS levou Israel pelo deserto até aos limites da terra prometida (Dt 1.6- 4.49). Moisés está repetindo e expandindo a aliança dada no Sinai, para atualizá-la e preparar Israel para a entrada na terra prometida. Nas alianças hititas, o suserano dominador lembrava ao governante vassalo (o governante subjugado) os benefícios que ele desfrutara até o momento como vassalo de seu reino, como a base para a sua gratidão e obediência futura.

 

(3)     As estipulações ou obrigações exclusivas da aliança: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura... Não te encurvarás a elas nem as servirás” (Êx 20.3-5). Uma típica aliança hitita foi registrada da seguinte forma: “Mas tu, Duppi-Tessub permaneça leal ao rei da terra de Hati.,. Não volte os seus olhos para mais ninguém” (ANET, p. 204). Em sua primeira forma em Êxodo 20, a aliança começa com os Dez Mandamentos e continua ao longo de Êxodo 31. Em Deuteronômio, ela começa com a lei no cap. 5 e continua pelo cap. 26.

 

(4) Sanções, a saber, bênçãos e maldições que acompanham a manutenção ou o rompimento da aliança. Em sua primeira promulgação no Êxodo, estas sanções estão vinculadas, na aliança Mosaica, aos Dez Mandamentos; por exemplo: “Visito a maldade... e faço misericórdia" (Êx 20.5,6); e, “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra” (Êx 20.12). Além disso, mais sanções e advertências são dadas com a promessa de direção e proteção pela presença de DEUS (Êx 23.20-33; para mais bênçãos e maldições, veja Levítico 26). Mas em Deuteronômio há dois capítulos de bênçãos e maldições que devem ser lidos publicamente e expostos na cerimônia de renovação da aliança (27 e 28), seguidos pela conhecida aliança Palestina (29-30). Bênçãos e maldições também eram escritas nos tratados da Ásia ocidental.

A confirmação bíblica ou a certeza de que uma promessa seria mantida era um juramento ou ainda a morte daquele que fez a aliança. “Os termos juramento e aliança são sempre usados como sinônimos no AT, assim como os termos juramento e tratado nos textos extrabíblicos” - esta é a conclusão de Gene M. Tucker (“Covenant Forms and Contraet Forms”, VT, XV [1965], p. 497). Uma aliança no AT era, em sua essência, um juramento, um acordo solene. DEUS confirmou a aliança Mosaica através de um juramento mencionado em Deuteronômio 29.12ss. O juramento... “que o Senhor, teu DEUS, hoje faz contigo" (cf. Dt 32.40; Ez 16.8; Nm 10.29). As partes que faziam a aliança deveriam se tomar como os mortos, de maneira que não poderíam mais mudar de ideia e revogá-la, assim como os mortos também não poderíam fazer (Gn 15.8-18; Hb 9.16,17). Assim, o sangue dos animais substitutos sacrificados era espargido na cerimônia de ratificação da aliança, para representar a “morte” das partes (Êx 24.3-8). Os tratados hititas comuns na época de Moisés não tinham como característica um juramento por parte do suserano; ao invés disso, eles enfatizavam o juramento de lealdade por parte do vassalo.

 

(5)     Testemunhas: Os tratados hititas apelavam para uma longa lista de divindades como testemunhas dos documentos. No Sinai e em outras alianças bíblicas, os deuses pagãos eram obviamente excluídos. Ao invés disso, memoriais de pedra podiam ser uma testemunha (Êx 24.4: cf. Js 24.27); os céus e a terra eram convocados como testemunhas (Dt 30.19; 31.28; 32.1; cf. 4.26); o livro da lei (ou o rolo da lei) era depositado ao lado da arca com a finalidade de ser uma testemunha (Dt 31.26); e o próprio cântico de Moisés lembraria ao povo os votos que fizeram por ocasião da aliança (Dt 31.30-32.47). Na cerimônia de renovação da aliança no final da vida de Josué, o próprio povo atuou como testemunha (Js 24.22).

 

(6)     A perpetuação da aliança. Esta podia ser vista no cuidado pela segurança dos documentos do tratado, que no caso dos pagãos eram geralmente depositados perante ou sob um deus pagão de uma nação que fazia parte do tratado. Esta atitude poderia ser contrastada com as tábuas da aliança Mosaica, colocadas dentro da arca da aliança em Israel (Êx 25.16,21; 40.20; Dt 10.2). As alianças hititas e a aliança Mosaica eram lidas periodicamente em público, e as crianças eram nelas instruídas. A lei era registrada em pedras caiadas (Dt 27.4), e lida em voz alta durante as cerimônias, como aconteceu quando as bênçãos e maldições foram pronunciadas (estando a metade de Israel no Monte Ebal e a outra metade no Monte Gerizim), depois de terem entrado na terra prometida (Dt 27.9ss.; Js 8.30-35). A lei era lida integralmente e publicamente a cada sete anos na Festa dos Tabernáculos (Dt 31.9-13).

Chegou-se a várias conclusões importantes como resultado da comparação da aliança Mosaica com os antigos tratados de suserania daquela época: (a) DEUS falou a Israel de uma forma conveniente ao seu propósito, mas que também fosse familiar ao povo daquela época. Alguns dos detalhes mais apurados da forma até mesmo provam que a aliança Mosaica deve ter sido estabelecida antes de 1200 a.C., porque os tratados aramaicos e assírios do primeiro milênio a.C. não possuem vários dos elementos característicos comuns aos hititas e à aliança do Sinai (veja Meredith G. Kline, The Treaty of the Great King, p. 42ss.). (6) A forma particular da aliança hitita em Deuteronômio nos leva a ver que a ênfase é maior no significado da aliança do que em seu significado legal, (c) Estudos mostram que as duas tábuas da lei não eram duas pedras com quatro mandamentos na primeira e seis na segunda, mas duas cópias de pedra do mesmo tratado ou aliança: uma para DEUS - mantida na arca - e outra para Israel. O mesmo acontecia em todos os tratados hititas e assírios: duas cópias eram feitas, uma para o rei do suserano e outra para o rei do vassalo.

Certas diferenças importantes, não devem, entretanto, passar despercebidas. A Aliança Mosaica, como feita por DEUS, baseava-se no amor e na graça e não simplesmente em poder. Além disso, ela tinha como objetivo a salvação dos eleitos de DEUS, e não a mera submissão e obediência.

Voltando ao significado e à importância espiritual dessa aliança, podemos concluir que o elemento condicionai é prioritário em relação ao elemento incondicional. Será que está sendo ensinada a expressão “faze isso e viverás” (cf. Lc 10.28) no sentido de que a vida eterna para o crente do AT dependia de se guardar a lei de DEUS? Se fosse, as obras seriam de valor meritório até que viesse a cruz! Ou será que DEUS queria dizer que deveriam viver à luz da lei? O Senhor JESUS CRISTO, no Sermão do Monte, ensinou esta segunda visão quando expôs vários mandamentos e disse: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.48). Ele aplicou a lei com o propósito da contínua santificação do crente e não para a sua justificação. Em Levítico 18.5 é feita a mesma aplicação da lei: “Os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, fazendo-os o homem, viverá por eles” (ou seja, naquele âmbito). Quando vemos que esta aliança começa com a graça: “Eu sou o Senhor, teu DEUS, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” (Êx 20.2), e acrescentamos a isto uma consideração dos fatos descritos acima, somos levados a vê-la como uma aliança cheia de graça. A aliança Mosaica, então, torna-se tanto um aio que tem a função de nos trazer a CRISTO, onde todos os tipos de aliança apontam para ele, como um padrão para guiar o comportamento dos crentes do AT e dos cristãos.

 

4.       Aliança Palestina (Dt 29-30). Embora seja uma parte da renovação da aliança Mosaica, esta aliança é considerada por alguns separadamente. As portes são DEUS e Israel, as condições são que DEUS abençoará Israel se a nação permanecer fiel a Ele, e Ele a amaldiçoará se ela se virar contra Ele, como expresso nas bênçãos e maldições promulgadas do Monte Gerizim e do Monte Ebal (Dt 27.9ss.). Os resultados, depois de todas as bênçãos e maldições terem sido vivenciadas por Israel no decorrer da sua história, são aqueles ocorridos se e quando a nação se arrepender. DEUS a reunirá das partes mais distantes da terra, reestabelecerá a aliança e a abençoará. A garantia da aliança encontra-se nas ordenanças ao céu e à terra (Dt 30.19).

Esta aliança tem um aspecto unilateral - promessas e recompensas pela manutenção da aliança, e maldições como conseqüência de sua quebra. A garantia era dada para se ter a certeza de que aconteceria o arrependimento da nação de Israel (Dt 30.1-10). Ainda há um aspecto bilateral - Israel tem de se arrepender. Este arrependimento ocorrerá por causa da graça soberana de DEUS na vida dos judeus quando JESUS voltar (Zc 12.10-14; 13.6; cf. Is 66.19,20). As ordenanças de DEUS levam em consideração tanto o que o homem fará em sua liberdade quanto o que DEUS planeja fazer em sua soberana graça; estes dois elementos aparecem na aliança Palestina.

 

5.       Aliança Davídica (2 Sm 7.4-16; Sl 89.3, 4,26-37; 132.11-18; cf. Is 42.1,6; 49.8; 55.3,4). Esta era basicamente uma aliança unilateral, em que DEUS primeiro prometeu a Davi um reinado seguro para o seu filho e sucessor, Salomão; e, depois, um reino que continuaria para sempre na pessoa do Messias. Isaías fala do próprio Messias tanto nesta aliança como no seu cumprimento (Is 42.1,6; 49.8). Eliã ainda tinha um elemento bilateral, pois havia elementos condicionais relacionados ao rei (2 Sm 7.14,15).

 

6.       Nova Aliança. Como na aliança do Sinai, com Moisés como mediador entre DEUS e o seu povo escolhido (Act 7.38; Gl 3.19), assim a nova aliança também foi estabelecida entre DEUS e o povo redimido, com CRISTO o Filho de DEUS, agindo como mediador (1 Tm 2.5; Hb 8.6; 9.15; 12.24). Em contraste, entretanto, a nova aliança é muito superior à antiga aliança Mosaica, porque é instituída com base em promessas superiores e em um sacrifício infinitamente superior (Hb 8.6; 9.23). Ela fala de um tempo em que DEUS escreverá a sua vontade dentro das mentes e corações do seu povo, de tal forma que os homens não precisarão mais ensinar uns aos outros qual é a vontade do Senhor, e quando Ele perdoará os pecados do povo de Israel (Jr 31.31-37). O escritor aos Hebreus usa a revelação da aliança do AT para provar que CRISTO é tanto o Redentor, como o Mediador para o perdão dos pecados do homem (Hb 9.7-9; 10.5-16). CRISTO se referiu a esta aliança quando discursava sobre a instituição da Ceia do Senhor. “Isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento [ou da Nova Aliança]” (Mc 14.24).

Existe algum elemento condicional nesta aliança? Sim, até o momento em que o crente aceita CRISTO como o seu Salvador, e testifica que crê que o sangue de CRISTO foi derramado para a remissão dos seus pecados, e assim se torna individualmente participante da nova aliança. Ainda há um aspecto incondicional, unilateral e profético desta aliança, pois ela também fala de uma época em que, em todo Israel, todo judeu conhecerá as suas bênçãos. Certamente, na Era do Evangelho em que estamos vivendo, ainda não podemos afirmar que qualquer homem já não precisa ensinar ao seu vizinho ou irmão a lei de DEUS. Esta parte da aliança só pode ser aplicada à Época do Milênio.

 

Alianças Teológicas

Estas alianças são assim chamadas porque são descobertas ao aplicarmos a definição de aliança a um acordo registrado nas Escrituras. Onde quer que estejam presentes fatores como partes contratantes, condições, resultados e garantia, existe uma aliança. Tais alianças, que alguns teólogos consideram tecidas em um tear e trama das Escrituras, são as alianças das obras, a aliança da graça. e a aliança da redenção. Estas são geralmente discutidas nos escritos dos teólogos da Reforma, que seguem a teologia da aliança de Johannes Cocceius (1603-1669). Aqueles que fazem objeções à classificação do acordo de DEUS entre Si próprio e Adão antes da queda do homem, como uma aliança de obras, e seu pacto com o homem para sua salvação depois da queda como uma aliança da graça, pode-se dizer o seguinte: (1) O pacto de DEUS com Davi em 2 Samuel 7 não é chamado ali de uma aliança, mas é chamado de concerto no Salmo 89.3,28. (2) Só é possível desenvolver uma verdadeira sistemática da teologia, através da aplicação de definições desenvolvidas de forma indutiva. É isto que é feito ao se estabelecer alianças teológicas. (3) Somos revestidos com a necessidade de repetir laboriosamente o pacto que DEUS anunciou a Adão quando foi criado, suas condições, resultados e sua classificação. Quando chamamos isto de aliança, estamos simplesmente usando um termo definitivo, ao invés de repetir dados desnecessariamente.

 

1.       Aliança das Obras. As partes eram DEUS e Adão antes da Queda. As condições positivas eram: amar a DEUS, obedecê-lo e amar ao próximo. As negativas: não desobedecer a DEUS ou se rebelar contra Ele; não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Como podemos determinar o resultado positivo quando ele não é declarado? Muito simples. DEUS é santo e imutável, portanto, a forma como Ele lidou com a primeira ordem dos seres racionais, os anjos, é a maneira pela qual Ele deve lidar com todo o restante de suas criaturas. Estes anjos que o amavam e obedeciam, tornaram-se os anjos santos - eles foram confirmados na justiça; aqueles que se rebelaram tornaram-se anjos caídos. A árvore do conhecimento do bem e do mal no Éden era uma prova para o homem. Não comer dela representava obediência e amor; comer, significava desobediência e falta de confiança. Os resultados revelados nesta aliança eram vida pela obediência e amor, como para todos os anjos; e morte pela desobediência e rebelião, para os anjos caídos. Pelo fato de DEUS ser a verdade, a sua Palavra era a garantia.

 

2.       Aliança da graça. As partes eram DEUS e o homem através do Senhor JESUS CRISTO, ou talvez melhor, DEUS, JESUS CRISTO e os homens à medida que estes se tornam unidos a CRISTO através da fé nele. Este conceito de aliança da graça entre o Pai e o Filho em que a salvação é oferecida aos pecadores pode ser encontrado em Efésios 1.3-6, onde está escrito que DEUS nos escolheu em CRISTO antes da fundação do mundo. Veja também 2 Timóteo 1.9; Tito 1.2; João 3.17; 17.4-10,21- 24. A condição é, novamente, a fé salvadora, expressa no AT por atos de fé como os de Abel (Hb 11.4), Abraão e Davi (Rm 4.3,6-8), e pela aceitação de JESUS CRISTO como revelado no NT. Os resultados são a vida eterna para os crentes, e a condenação eterna para aqueles que não crêem.

 

3.       Aliança da redenção. Um debate entre os teólogos da aliança é a existência ou não de uma aliança de redenção, que seja adicional à aliança da graça. Charles Hodge era, nos Estados Unidos, o líder daqueles que fazem esta distinção e vêem duas alianças separadas. J. O. Buswell, Jr. argumenta veementemente que elas são apenas uma e a mesma (Systematic Theology, II, 122ss.).

A aliança da redenção pode ser definida como um acordo unilateral entre o Pai e o Filho, que contém uma segunda aliança entre DEUS e seu povo. Esta aliança aparece claramente em duas passagens: no Salmo 40.6-8, onde o Filho está conversando com o Pai, e fala do sacrifício que o Pai espera dele; e, em uma passagem que cita estes versículos, Hebreus 10.5-16, onde DEUS nos fala que tira a primeira aliança, chamada Mosaica, para estabelecer a segunda: E, nesta vontade “temos sido santificados pela oblação do corpo de JESUS CRISTO, feita uma vez [por todas]” (v.10). Então, nos é dito (Hb 10.15-17) que o ESPÍRITO SANTO endossou esta verdade quando profetizou a nova aliança em Jeremias 31.33,34. A compreensão de Archibald McCaig é particularmente útil neste ponto: “A ‘Nova Aliança’ aqui mencionada é praticamente equivalente à Aliança da Graça estabelecida entre DEUS e o seu povo remido, que novamente repousa sobre a eterna Aliança da Redenção feita entre o Pai e o Filho, que, apesar de não estar expressamente determinada, não pode ser considerada obscura em muitas passagens das Escrituras” (“Covenant, The New”, ISBE, II, 731).

É importante distinguir a aliança da redenção da nova aliança, uma vez que a aliança da redenção toma-se o teste mais importante na detecção de uma visão Unitariana, tal como encontrada nos ensinos de Karl Barth. Se não existe a Trindade ontológica das três pessoas na Divindade, não pode haver a aliança da redenção entre o Pai e o Filho. Uma vez que Barth ensina simplesmente 3 modos de revelação de uma única Pessoa, ele tem de rejeitar esta aliança. Seu Unitarianismo exclui uma aliança ou uma comunicação direta em palavras ou orações entre as Pessoas da Divindade.

 

A Inter-Relação das Alianças

Esta ligação entre as várias alianças pode ser comparada a uma série de degraus - cada um sendo acrescentado e fundamentado naquele que o precede. O inter-relacionamento pode ser ilustrado pelo fato de que a aliança Davídica e as novas alianças são extensões que estão inseridas na aliança Abraâmica. Foi prometido a Abraão um reino e uma terra, que mais adiante são detalhados na aliança Davídica. Também lhe foi dado o evangelho, porque“... a Escritura... anunciou primeiro o evangelho a Abraão” (Gl 3.8); tudo isso é mais extensamente tratado na nova aliança.

Novamente, a aliança das obras, apesar de ter sido quebrada por Adão, e suas consequências terem caído sobre toda a humanidade, foi levantada por JESUS, pois Ele foi “nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei” (Gl 4.4,5). A aliança foi perfeitamente mantida por Ele para nós e em nosso lugar. Mais além, na cruz, Ele foi marcado com o castigo da lei que fora quebrada por nós, que, por outro lado, somos salvos pela aliança da graça. Esta aliança depende do fato de CRISTO ter terminado por nós a aliança das obras: primeiro por ter cumprido as suas exigências, e segundo por ter suportado o castigo pelo pecado (Rm 10.4).

 

Aliança de SAL

Os acordos ou pactos entre os indivíduos eram geralmente ratificados compartilhando uma refeição (Gn 31.44,54; Êx 24.7-11). Temperar com sal a comida que seria inserida significava a permanência e a inviolabilidade do acordo ou da aliança que estava sendo feita ou relembrada (2 Cr 13.5; Ed 4.14). Quando era feita uma aliança com DEUS, o alimento era primeiramente oferecido a Ele (Lv 2.13; Nm 18.19; Ez 43.24). Os nômades do Oriente Médio, ainda comem “pão e sal” juntos como sinal e selo de uma aliança de irmandade.

 

Moisés lia o “Livro da Aliança” ou “Livro do Concerto” ao transmitir ao povo as leis que lhe haviam sido dadas por DEUS no monte Sinai (Êx 24,7). Essa expressão provavelmente se refira à coleção de leis encontrada em Êxodo 20.22-23.33.

 

Antigo Testamento

Esta é a primeira das duas maiores divisões da Bíblia. Consiste das “Escrituras Sagradas” (2 Tm 3.15) ou “sagradas letras” do povo judeu. Foi escrito, em sua maior parte, em hebraico; com partes de Daniel, Esdras, um versículo em Jeremias e várias palavras em outras passagens, em aramaico. A palavra “testamento” é, na opinião de alguns, uma tradução inadequada do termo gr. diatheke e seria melhor traduzido como “contrato” ou “aliança”.

Na Bíblia Sagrada, o AT tem 39 livros - de Gênesis a Malaquias - na seguinte classificação: (1) cinco livros da lei (Gênesis a Deuteronômio); (2) 12 livros históricos (Josué a Ester); (3) cinco livros poéticos (Jó a Cantares); e (4) 17 livros proféticos (Isaías a Malaquias), A última seção é às vezes subdividida em cinco profetas maiores e 12 profetas menores. Esta classificação é derivada da Vulgata Latina, que por sua vez foi derivada da LXX.

Na Bíblia hebraica, porém, há três divisões principais - a Lei, os Profetas e os Escritos. A Lei é constituída dos “cinco livros de Moisés”, o Pentateuco. Os profetas são compostos por duas subdivisões: os Primeiros Profetas, incluindo Josué, Juizes, Samuel e Reis; e os Profetas Posteriores, compreendendo Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze (profetas menores). Os Escritos contém todo o restante dos livros. Conforme a contagem dos judeus, o número total dos livros é 24; mas nesta enumeração, os 12 profetas menores são contados como um único livro, e também Samuel, Reis, Crônicas e Esdras-Neemias como um único livro cada.

A antiga aliança foi feita com os israelitas no Sinai através de Moisés, como mediador (Dt 5.1-5; Gl 3.19). A nova aliança foi feita com os cristãos através de JESUS CRISTO como mediador (Hb 8.6-13; 1 Tm 2.5). Assim, a estrutura básica da Bíblia depende da ideia de que DEUS fez duas alianças principais com o seu povo escolhido, e que a nova aliança substituiu a antiga para aqueles que crêem em JESUS CRISTO.

Embora os cristãos estejam sob uma nova aliança, este fato de maneira alguma invalida as Escrituras do AT. Elas permanecem parte da Palavra inspirada de DEUS, pois, “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de DEUS seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2 Tm 3.16,17). DEUS continua, até hoje, a se revelar e a prover a sabedoria que leva à salvação (2 Tm 3.15) através destas preciosas Escrituras. N. R. L.

 

Novo Testamento

Nome dado à segunda parte da Bíblia que compreende 27 documentos escritos por testemunhas oculares de CRISTO ou pelos seus contemporâneos. Esse titulo implica um contraste com o AT, ou com as Sagradas Escrituras que a Igreja herdou do judaísmo. O nome Novo Testamento (gr, he kaine diatheke) pode ser melhor traduzido como “nova aliança” e revela um contrato estabelecido por DEUS que o homem pode aceitar ou rejeitar, mas não pode alterar. O termo foi usado, pela primeira vez, pelo Senhor JESUS ao instituir a Ceia, com a finalidade de definir a nova base da comunhão com DEUS que Ele pretendia estabelecer através de sua morte (Lc 22.20; 1 Co 11.25). A essência dessa nova aliança reside no cumprimento da antiga aliança por meio de um sacrifício que fosse adequado para remover todos os pecados (Hb 9.1115־), e operasse nas motivações interiores ao invés de ser meramente um regulamento para condutas exteriores (Jr 31.31-34; Hb 10.14-25). A declaração desse novo método, pelo qual DEUS trataria agora com o homem, foi registrada nessa coleção de obras, e o nome “Novo Testamento” foi aplicado a elas por metonímia.

Conteúdo

Os livros do NT podem ser divididos em quatro seções gerais: a primeira, contém livros históricos, que incluem os quatro Evangelhos e Atos; a segunda, contém as 13 epístolas de Paulo; e a terceira, refere-se às epístolas em geral, duas de Pedro, uma de Tiago, uma de Judas e quatro que não estão ligadas a nenhum nome específico. Geralmente, três dessas epístolas são atribuídas a João, porque revelam uma significativa semelhança com o quarto evangelho em vocabulário e estilo, e a autoria do livro dos Hebreus tem sido discutida desde os primeiros séculos. Â quarta e última seção refere-se ao livro de Apocalipse, que é profético e apocalíptico e descreve, através de termos simbólicos, a realização do propósito divino no mundo. Todos estes livros podem ser datados dentro do primeiro século da era cristã, embora a ordem exata em que foram escritos ainda seja tema de muitos debates.

Os Evangelhos fornecem as principais fontes para o conhecimento da vida de CRISTO, embora nenhum deles contenha uma biografia completa. Mateus enfatiza o caráter Teal e profético da obra de JESUS; Marcos apresenta seus atos de autoridade moral e espiritual; Lucas trata do aspecto humano de seu ministério; e João apresenta sua divindade e o significado de crer nele. O livro de Atos registra o movimento da pregação missionária desde Jerusalém até Roma, em meados do primeiro século, e está centralizado na vida de Paulo. As epístolas são as cartas inspiradas que trazem em si mesmas a autoridade do Senhor. São correspondências de Paulo e de outros autores às igrejas ou a indivíduos que precisavam de ensinos e conselhos. O Apocalipse é uma representação pictórico-dramgtica do estado das sete igrejas típicas da Asia, e das coisas que em breve deveriam acontecer. Escrita por volta do ano 95 d.C., no reinado de Domiciano, ele reflete o conflito entre a Igreja e o Império Romano, e pressagia a luta final que precederá a volta de CRISTO.

Várias epístolas de Paulo, como Gálatas, Tessalonicenses e Coríntios, precedem a elaboração dos Evangelhos, e refletem o conhecimento e a história da Igreja relacionada a CRISTO, antes que essas informações fossem registradas de forma permanente. Todo o NT desenvolveu-se por causa da necessidade de instrução.

O Desenvolvimento do Cânon

Desde o início, a maior parte das obras do NT foram aceitas pelos cristãos como tendo autoridade suficiente e, à medida que o tempo passava, os livros considerados duvidosos foram totalmente reconhecidos ou rejeitados pela Igreja como um todo. O cânon, ou coleção de livros, não foi criado arbitraria- mente ou decidido através de um grupo de líderes, mas gradualmente reconhecido individualmente pelas igrejas e pelos Concílios, Os quatro Evangelhos e as Epístolas de Paulo foram reunidos muito cedo, provavelmente antes do ano 100 d.C., e ampíamente difundidos entre as igrejas.

Por volta de, 140 d.C., Márcion, um mestre gnóstico da Ásia Menor, foi a Roma. Ele repudiava a autoridade do AT como um livro “judeu”, e propunha um cânon consistindo do Evangelho de Lucas, revisado para eliminar toda a influência judaica, e dez epístolas de Paulo. Sua proposta provocou uma forte reação. Os líderes da Igreja foram obrigados a definir e defender seu próprio cânon. As primeiras relações anti-marcionitas, como o Cânon Muratoriano (aprox. 170 d.C.), contém os Evangelhos, o Livro de Atos, 13 epístolas de Panlo, Judas, duas epístolas de João e o Apocalipse.

Irineu, que era o bispo de Lyon, e um contemporâneo do Cânon Muratoriano, citou os Evangelhos, Atos, todas as epístolas de Paulo exceto Filemom, 1 Pedro, 1 e 2 João, Judas, Tiago e o Apocalipse. Ele provavelmente conhecia o Livro de Hebreus, embora as citações não sejam claras. A ausência de Filemom, 3 João e 2 Pedro em suas citações do NT podem indicar que estas obras menores não continham um material adequado às suas necessidades imediatas, ou que não estavam em circulação na região do mundo onde ele vivia.

Tertuliamo (aprox. 150-220 d.C.) foi o primeiro escritor a usar o termo “Novo Testamento” no sentido de uma coleção de escritos com autoridade divina. Nessa coleção ele incluiu os quatro Evangelhos, as 13 cartas de Paulo, o Livro de Atos, o Apocalipse, 1 João, 1 Pedro e Judas.

No ano 367 d.C., Atanásio listou os “livros que estão canonizados, e entregou-nos, e os recebemos como sendo divinos”; sem hesitação, ele deu nome aos livros do AT e a todos os 27 livros de nosso cânon do NT.

Os Concílios regionais de Hippo (393 d.C.), de Cartago (397J, e o Concílio Ecumênico de Calcedônia (451) reafirmaram todo o cânon de 27 livros que, em seguida, foram amplamente aceitos pela Igreja como um todo.

Veja Cânon das Escrituras - NT; Bíblia; Manuscritos da Bíblia; Evangelhos, Os Quatro; Evangelhos Sinóticos; Paulo; Epístolas Gerais; artigos sobre cada um dos livros; Apócrifos.

M.C. T.

Bibliografia. (livros recentes). Glenn W. Barker, William L. Lane e J. Ramsey Michaels, The New Testament Speaks, Nova York. Harper and Row, 1969. Everett F. Harrison, Introduction to the. New Testament, Grand Rapids. Eerdmans, 1964. Bo Reicke, The New Testament Era. the World of the Bible from 500 B.C. to AD 100, Filadélfia.

Fortress Press, 1968. Merrill C. Tenney, New Testament Survey, ed. rev. Grand Rapids. Eerdmans, 1961; New Testament Times, Grand Rapids. Eerdmans, 1965.

 

 

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A Chamada de Abraão, Gn 12.
 
A chamada de Abraão e as promessas que DEUS lhe fez.
 
Podemos estudar neste capítulo:
a) A escolha divina. DEUS escolheu Abraão e isto importa conhecimento, aprovação, confiança, preparação para o fim destinado;
b) O plano de (mediante o escolhido de DEUS) abençoar muitos povos;
c) A proteção divina - "amaldiçoarei os que te amaldiçoarem ";
d) A chamada divina - uma chamada positiva, individual, imperativa;
e) A Revelação Divina - "apareceu o Senhor a Abraão ";
f) A Promessa Divina - "à tua descendência darei esta terra".
A chamada é descrita em At 7.2,3, a resposta, em Hb 11.8.
Abraão desce ao Egito, Gn 12.10.
Isto nos parece um desvio da senda da fé, pois aí Abraão perde a sua confiança na proteção de DEUS e pretende valer-se de um subterfúgio para evitar o ciúme do rei da terra. Contudo, DEUS o protegeu sem que ele esperasse.
 
Sete coisas neste desvio de Abraão, notemos:
 
1) Agiu sem consultar a DEUS, Gn 12.10;
2) Escolheu seu destino, confiando na própria inteligência, Gn 12.10;
3) Valeu-se da duplicidade, para conseguir seu propósito, Gn 12.13;
4) Perdeu de vista a perspectiva e o plano de sua vida, Gn 12.2,12;
5) Sua astúcia parecia alcançar bom êxito, Gn 12.14,15;
6) Achou-se mais tarde enlaçado na trama que ele mesmo fizera, Gn 12.18,
7) Foi censurado por um rei pagão, e mandado para sua própria terra, Gn 12.18-20.
 
A QUARTA DISPENSAÇÃO, Gn 12.1-Êx 18 27.
ALIANÇA ABRAÃMICA
 
Começa aqui a História da Redenção. Dela surge uma ideia vaga pelo tempo, Gn 3.15. Agora, 1963 anos após a criação e a queda do homem, ou seja 427 anos após o Dilúvio, num mundo que desenfreadamente aderiu-se a idolatria e a maldade. Foi aí que houve por objetivo a recuperação e a redenção do gênero humano.
A duração desta Dispensação foi de 430 anos, considerada a Dispensação da Promessa, que terminou quando Israel tão facilmente aceitou a Lei, Êx 19.8. A Graça tinha oferecido um Libertador (Moisés), um sacrifício para o culpado, e, por divino poder, libertado Israel da escravidão, Êx 19.17, mas no final trocaram a Graça pela Lei.
Separação Para DEUS
Agora Abraão volta do Egito e vira o rosto para a Terra Prometida. Sua vida de peregrinação é caracterizada por Três Coisas: a Tenda; o Altar e o Poço. Nada lemos sobre altar no Egito.
As riquezas que Abraão e Ló acumularam no Egito, foram a causa de contenda e separação', porém Abraão tinha uma confiança em seu DEUS. Por isso, deixou que Ló escolhesse primeiro para onde iria. A confiança na proteção Divina faz. com que o homem fique desprovido de qualquer dúvida.
 
Em Gn 14, é mencionado pela primeira vez. o termo Reis. Dois reis encontram- se com Abraão em sua volta vitoriosa: o de Sodoma e Melquisedeque (Tudo que sabemos que está neste capítulo, no SI 110 e Hb 5,6 e 7). Ele é também o primeiro Sacerdote mencionado na Bíblia: um Sacerdote Real e por isso uma figura do Senhor JESUS CRISTO. Também aqui pela primeira vez, lemos sobre "O DEUS Altíssimo ".
Depois da divina bênção, pronunciada por Melquisedeque, vem a tentação material por parte do rei de Sodoma.
Há um ditado, que diz: "Cada homem tem seu preço", porém um homem como Abraão não pode ser comprado por um rei mundano, como este de Sodoma.
E na volta de Abraão da matança dos reis que a misteriosa figura de Melquisedeque aparece. Ele vem ter com Abraão, traz-lhe p ao, vinho e o abençoa;
Abraão dá-lhe o dízimo de tudo.
Tanto se fala deste incidente no NT, que devemos estudá-lo.
 
Vamos notar os seguintes pontos, como seguem:
 
1) Por ser ele o Primeiro Sacerdote mencionado na Bíblia, tem sido escolhido pelo ESPÍRITO SANTO como tipo de CRISTO, um Sacerdote maior que Aarão;
2) Ele era Rei e Sacerdote. Rei de Salém (da paz) e seu nome significa "Rei da Justiçai Cl 6.12,13; Hb 7.2;
3) Assim, no SI 110.4 está escrito de CRISTO: "Tu és Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque ";
4) Não há alguma menção de seu pai ou de sua mãe, do seu nascimento ou morte; por isso é tomado em Hb 7.3, como um tipo de CRISTO: O Sacerdote Eterno.
Para estudar o assunto mais detalhadamente, é preciso ler com cuidado Hb 5.7.
Promessa de uma Posteridade
Em Gn 15.6 , pela primeira vez, a Fé é mencionada, e lemos "E creu ele no Senhor, e foi-lhe imputado isto por justiça"; cf. Rm 4.3; Tg 2.23.
Abraão nasceu quando seu pai Terá tinha 26 anos, Gn 11.25. Abraão tinha 75 anos quando foi convidado por DEUS a deixar sua parentela e partir para uma terra desconhecida (Canaã). Contava com 80 anos quando se encontrou com Melquisedeque e foi abençoado por ele. Tinha 86 anos quando nasceu Ismael, fruto de uma fragilidade em sua vida. Persuadido pela esposa, lança mão de outro meio, sugerido pela sua desconfiança quanto a conseguir as promessas de DEUS. Toma a serva egípcia de sua mulher e por ela tem seu filho Ismael. Depois desse incidente sua fé foi provada mais 13 anos.
Em Gn 17, seu nome foi mudado.
Um quadro interessante foi as três vezes que DEUS apareceu a Abraão:
1a) u Apareceu o Senhor a Abraão, e lhe disse: Darei à tua descendência esta terra. Ali edificou Abrão um altar ao Senhor, que lhe aparecera '\ Gn 12.7;
2a) "Quando atingiu Abraão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: Eu sou o DEUS Todo-poderoso: anda na minha presença e sê perfeito", Gn 17.1,
3a) "Apareceu o Senhor a Abraão nos carvalhais de Manre, quando ele estava assentado à entrada da tenda, no maior calor do dia", Gn 18.1.
Abraão tinha 90 anos quando Sodoma foi destruída. Contava com 100 anos quando nasceu Isaque e tinha 137 anos quando Sara morreu. Em seguida, casou-se com Quetura, com quem teve seis filhos; morre com 175 anos de idade.
Em Gn 18, deparamos com o aparecimento de três visitantes celestiais que falaram com Abraão com aparência de seres humanos: "três varões e dos três um era o Senhor", Gn 18.1-3; Mc 16.5; Jo 5.13. Um acontecimento interessante é quando dois anjos seguem para Sodoma, e Abraão começa a fazer sua célebre intercessão ao terceiro. Esta é a primeira grande oração intercessória registrada na Bíblia.
 
Verificamos como a oração de um justo pode mudar os rumos das coisas:
1) A base da oração é dupla: Primeiro, o reconhecimento de DEUS e da liberdade que tinha para falar com Ele. Segundo, o concerto de DEUS, Gn 17.19. Abraão tinha sido chamado por DEUS a fim de interessar-se por Ele e seus propósitos, referentes ao mundo, e por isso sente liberdade em falar-lhe.
2) Características da oração de Abraão:
Discriminação, Gn 18.24,25, entre os justos e os ímpios, e o interesse pêlos dois grupos;
Confiança na justiça de DEUS, Gn 18.23,25; na Graça de DEUS, Gn 18.24, e no Poder de DEUS, Gn 18.25;
Precisão, Gn 18.28-32. Lembremo-nos que petições em termos gerais não terão respostas precisas;
Importunidade. Seis vezes Abraão pede que Sodoma seja poupada e cada vez reforça seu pedido;
Humildade, Gn 19.27. Ele jamais se esquece de que fala com DEUS;
3)0 êxito da oração de Abraão. Não obteve tudo o que desejava, mas alcançou tudo o que Sodoma tomou possível, (leia Jr 5. l.)
Salvação de Ló e a Destruição de Sodoma
Notamos que os varões, em Gn 18.2, são anjos. Em Gn 19.1, Ló parece ser tão hospitaleiro quanto Abraão.
 
Veja algumas considerações sobre o nosso amigo Ló:
 
a) Parece ser o tipo do "meio-crente"'. convencido mas não convertido:
b) Uma pessoa costuma ser contenciosa;
c) Resultado: uma inutilidade ou uma catástrofe. SODOMA: figura o mundo e sua sensualidade;
EGITO: simboliza o mundo e sua comunidade (Êx 16.3);
 
BABILÔNIA: simboliza o mundo e sua grandeza (Js 7.21).
A história de Ló ensina que embora o cristão mundano possa conseguir para si a salvação, pode contudo perder a família, filhos e filhas, pois, criados no meio da devassidão, podem ser corrompidos. A mulher que olha saudosa para a vaidade do mundo, em pouco tempo não poderá mais trilhar a senda da salvação. "A não observância da Palavra de DEUS pode ser funesta para a nossa vida espiritual".
Isaque nasce - Ismael é despedido
Afinal, nasce Isaque, depois de muitos anos de fé alternada com incredulidade da parte de seus pais, Abraão e Sara. Em Gl 4, o apóstolo encontra um sentido simbólico em cada um dos dois filhos. Na alegoria que Paulo percebe na história de ambos, Hagar representa o monte Sinai e tudo que a lei pode produzir, enquanto Isaque é o fruto da fé, e mostra o que DEUS faz para o crente.
Vemos que Ismael, o filho "nascido segundo a carne ", Gl 4.29, persegue o filho da promessa, e é despedido, porque não pode herdar com este. Os que são das obras da Lei, Gl 3.10, não herdarão as promessas dadas a Abraão, mas sim aqueles que têm fé em CRISTO, Gl 3.12-14. Uma religião carnal é sempre inimiga da religião espiritual.
 
O altar sobre o monte
Este incidente é talvez o mais misterioso e sublime na história de Abraão. Somente após longos anos de preparo espiritual poderia DEUS submetê-lo a tal provação de sua fé, com a certeza de que havia de sair triunfante. Era sem dúvida um experiência penosa à vista do mundo cruel. Mas o resultado havia de ser um notável engrandecimento da vida espiritual de Abraão, e o conhecimento, mediante a sua própria experiência, de verdades bem importantes.
 
Notemos, os seguintes pontos:
 
1°) Certeza da Palavra Divina. Para agirmos em algum sentido contrário ao sentimento natural, ao procedimento comum, aquilo que nossas convicções e as dos vizinhos aprovam, precisamos ter uma palavra de DEUS mui positiva, que não admita dúvidas;
2°) Falta de Explicação. O mandado divino não trouxe consigo um porquê";
contudo, havia um raio de luz nas palavras "a quem amas", revelando que DEUS não estava esquecido da forte afeição natural de Abraão para com Isaque;
3°) A Completa Confiança de Abraão. Isto nos faz pensar nas palavras de Jó:
"Ainda que me mate, nele esperarei", Jó 13.15. A explicação dada em Hb 11.18, é que Abraão "considerou que DEUS era poderoso para até dos mortos o ressuscitar (a Isaque)";
4°) O Conhecimento de DEUS. Fruto de longos anos de experiência da divina proteção e bondade, progrediu até que, afinal, Abraão podia obedecer a DEUS cegamente;
5°) A Submissão de Isaque a Vontade do Pai. Um belo tipo da obediência de CRISTO até a morte;
6°) A Palavra Profética De Abraão. Disse Abraão: "DEUS proverá para si o cordeiro ". Também havia um sentido profético no nome que Abraão deu ao lugar:  Jeová-Jireh: "ü Senhor proverá". Em Jo 8.56, permite pensar que ele tinha alguma vaga previsão do "Cordeiro de DEUS, que tira o pecado do mundo";
7°) A Lição da Substituição. O carneiro "travado pelas suas pontas num mato ", y j veio a ser o substituto do moço; e quantos seres humanos desde o tempo de p;
Isaque têm dado graças a DEUS por Ele ter "fornecido um substituto " \
8°) A maneira maravilhosa como DEUS operou em Abraão, uma semelhança a si ^ mesmo. Num dia futuro DEUS havia de ceder seu Filho, em sacrifício pelo pecado, Mas então não haveria outro cordeiro para tomar o lugar dele: "Nem mesmo a seu próprio filho poupou, antes o entregou por todos nós", Rm 8.32.
A obediência de Abraão era agradável aos olhos de DEUS; por isso o mandamento foi dado. A morte de Isaque não teria sido agradável a DEUS, visto que o ato da matança foi impedido". ^No Monte do Senhor se Proverá".
 
Os três significados dos nomes desta História
Abraão lembrou-se de que já era tempo de o filho contrair matrimônio. Ele marcou duas condições: a noiva havia de ser da mesma parentela, e Isaque não havia de sair da Terra Prometida em procura de esposa. Felizmente, Abraão tinha um empregado fiel e competente para tratar desse negócio.
Abraão receava que Isaque se casasse com uma moça de Canaã, ou voltasse para a terra de onde tinha sido chamado. Ainda hoje, às vezes, os pais sabem melhor do que os próprios moços que tipo de casamento será bom para seus filhos. Entre os chineses são os pais que escolhem as noivas para seus filhos, e parece que todos acham essa maneira mais proveitosa.
 
Notemos, em relação ao empregado Eliézer, Gn 15.2, os seguintes pontos:
 
1. Era um homem de idade e pessoa de confiança. É bem possível que Abraão não tivesse outro a quem pudesse confiar uma tarefa tão delicada;
2. Era um homem prevenido. Levou consigo tudo o que era necessário para o bom êxito de sua missão;
3. Era um homem cauteloso. Pediu um sinal, uma coisa que nem sempre é preciso, e que o DEUS misericordioso às vezes fornece;
4. Era um homem piedoso. Orou a DEUS pelo serviço que havia de fazer;
5. Era um homem eloquente. Quando precisava falar do seu Senhor;
6. Era um homem pontual. E não quis perder tempo, Gn 25.54.
Eliézer é o servo Modelo'.
1. Não vai sem ser mandado, Gn 24.2-9;
2. Vai para onde o mandam, Gn 24.4,10;
3. Não se preocupa com outra coisa;
4. Ora e dá graças, Gn 24.12,14,26,27;
5. É sábio para persuadir, Gn 24.17,18,21;
6. Fala, não de si, mas das riquezas do amo, e da herança do filho, Gn 22.34-36;
At l.8;7. Apresenta o caso sem equívoco e requer uma decisão positiva, Gn 24.49.
Eliézer enfeita a noiva com as joias da casa paterna, mesmo antes dela iniciar a viagem. O ESPÍRITO SANTO procura enfeitar a Igreja com as lindas regalias da casa do Pai, antes dela ser arrebatada, Gn 24.53.
Isaque saiu a orar (meditar sobre o falecimento de sua mãe no campo), Gn 24.63;
talvez por falta de sossego necessário na tenda, ali mesmo levanta os olhos e vê chegando Eliézer vindo de regresso.
Na oração solitária podemos ver coisas maravilhosas.
 
Vamos agora considerar Rebeca:
 
1. Era formosa, Gn 24.16;
2. Trabalhadeira, Gn 24.19;
3. Hospitaleira, corajosa, decidida, Gn 24.58,
4. Modesta.Gn24.65.
Significado dos Nomes:
1. Isaque (hb - riso) representa CRISTO.
2. Rebeca (hb - corda com laço) representa a Igreja.
3. Eliézer (hb - meu DEUS é auxílio) representa o ESPÍRITO SANTO.
Caro Aluno, aqui citarei alguns personagens da História e que fazem parte desta Dispensação: Esaú e Jacó; Jacó e seu Tio Labão e José do Egito. 

 

 

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O Chamado de Abrão

Gênesis 12. 1-3

Chamado de Abrão

Aqui temos o chamado pelo qual Abrão foi levado da terra do seu nascimento à terra da promessa, o que estava designado tanto para testar a sua fé e obediência como para separá-lo e consagrá-lo para DEUS, como também para serviços e favores especiais que lhe foram designados. Quanto às circunstâncias deste chamado podemos, de alguma maneira, ser esclarecidos com o conhecimento das palavras de Estêvão, Atos 7.2, onde nos é dito: 1. Que a glória de DEUS apareceu a Abrão para fazer este chamado, apareceu com tais manifestações da sua glória, que não deu oportunidade para Abrão duvidar da divina autoridade deste chamado. Posteriormente, DEUS lhe falou de diversas maneiras. Mas esta primeira vez, quando a correspondência estava sendo estabelecida, Ele lhe apareceu como o DEUS de glória, e falou com ele. 2. Que este chamado foi feito na Mesopotâmia, antes de Abrão habitar em Harã. Por isto interpretamos corretamente que o Senhor tinha falado com Abrão, especificamente, em Ur dos caldeus. E, em obediência a este chamado, como Estêvão continua relatando a história (At 7.4), saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã, por aproximadamente cinco anos, e depois que seu pai faleceu, por uma nova ordem, que se seguiu à anterior, DEUS o trouxe à terra de Canaã. Alguns pensam que Harã se localizava na Caldéia, e seria ainda uma parte da terra de Abrão, ou que Abrão, tendo permanecido ali durante cinco anos, começou a chamá-la de sua terra, a criar raízes ali, até que DEUS o fez saber que este não era o lugar ao qual ele estava destinado. Observe que se DEUS nos ama, e tem misericórdia reservada para nós, Ele não permitirá que aceitemos o nosso descanso antes de chegar a Canaã, mas graciosamente irá repetir os seus chamados, até que a boa obra comece a realizar-se, e as nossas almas repousem em DEUS somente. No chamado propriamente dito nós temos um preceito e uma promessa.

 

I

 Um preceito de teste: “Sai-te da tua terra”, v. 1. Agora:

1. Por este preceito ele foi submetido a uma prova que testava se ele amava a sua terra natal e os seus amigos queridos, ou se poderia, voluntariamente, deixar tudo, para seguir a DEUS. A sua terra tinha se tornado idólatra, a sua parentela e a casa do seu pai eram uma tentação constante para ele, e ele não poderia continuar com eles sem perigo de ser infectado. Portanto: Saia, lk-lk – Vade tibi, Saia logo, com toda a velocidade, escapa-te por tua vida. Não olhes para trás de ti, Gn 19.17. Observe que aqueles que estão em situação de pecado devem se interessar por fazer todo o possível para sair dela rapidamente. Sai por ti mesmo (segundo a interpretação de alguns), isto é, para o teu próprio bem. Observe que aqueles que abandonam os seus pecados, e que se voltam a DEUS, ganharão indescritivelmente com a mudança, Provérbios 9.12. Esta ordem que DEUS deu a Abrão é praticamente o mesmo chamado do Evangelho, pelo qual toda a semente espiritual do fiel Abrão é trazida ao concerto com DEUS. Pois: (1) O afeto natural deve abrir caminho à graça divina. A nossa terra nos é querida, os nossos parentes ainda mais queridos, e a casa do nosso pai é o que mais queremos. Mas ainda assim tudo isto deve ser odiado (Lc 14.26). Isto é, nós devemos amar tudo isto menos do que amamos a CRISTO, amar muito menos tudo isto em comparação com Ele, e, sempre que qualquer uma destas coisas ou pessoas vier a competir com Ele, deverá ser rejeitada, e a preferência deverá ser dada à vontade e à honra do Senhor JESUS. (2) O pecado, e todas as oportunidades para que ele ocorra, devem ser abandonados, em particular as más companhias. Nós devemos abandonar todos os ídolos de iniquidade que se instalaram nos nossos corações, e sair do caminho da tentação, arrancando até mesmo um olho direito se nos levar ao pecado (Mt 5.29), voluntariamente separando-nos daquilo que nos é querido, quando não podemos conservá-lo sem prejudicar a nossa integridade. Aqueles que se decidem a observar os mandamentos de DEUS devem abandonar a companhia dos malfeitores, Salmos 119.115; Atos 2.40. (3) O mundo, e todos os nossos prazeres nele, devem ser encarados com uma indiferença e um desprezo sagrados. Nós não devemos mais considerá-lo como a nossa terra, ou a nossa casa, mas como a nossa hospedaria, e, de maneira correspondente, devemos ser indiferentes a ele, e viver acima dele, deixar de querê-lo.

2. Por este preceito ele foi testado, se poderia confiar em DEUS mesmo sem poder vê-lo. Pois precisava deixar a sua própria terra, para ir a uma terra que DEUS iria lhe mostrar. DEUS não diz: “É uma terra que eu te darei”, mas apenas: “uma terra que eu te mostrarei”. Tampouco Ele lhe diz qual era esta terra, nem que tipo de terra era. Mas ele devia seguir a DEUS com uma fé implícita, e aceitar a palavra de DEUS sobre a terra, de maneira geral, embora não tivesse recebido nenhuma garantia especial de que não sairia perdendo ao deixar a sua terra para seguir a DEUS. Observe que aqueles que lidam com DEUS, devem lidar com confiança. Nós devemos substituir todas as coisas que são vistas por coisas que não são vistas, e submeter-nos às aflições deste tempo presente esperando uma glória que ainda há de ser revelada (Rm 8.18). Pois ainda não é manifesto o que havemos de ser (1 Jo 3.2), não mais do que a Abrão, quando DEUS o chamou a uma terra que lhe mostraria, ensinando-o, assim, a viver dependendo constantemente da sua orientação, e com seus olhos voltados para Ele.

 

II

 Aqui está uma promessa encorajadora, ou melhor, uma complicação de promessas, muitas, e excessivamente grandiosas e preciosas. Observe que todos os preceitos de DEUS são acompanhados de promessas aos obedientes. Ele mesmo se dá a conhecer também como aquele que recompensa: se obedecermos à sua ordem, DEUS não deixará de cumprir a promessa. Aqui há seis promessas:

1. “Far-te-ei uma grande nação”. Quando DEUS o tirou do seu próprio povo, prometeu fazer dele a cabeça de outro. Ele o fez deixar de ser o ramo de um zambujeiro, para fazer dele a raiz de uma boa oliveira. Esta promessa foi: (1) Um grande alívio à apreensão de Abrão. Pois ele não tinha filhos. Observe que DEUS sabe como adequar os seus favores às necessidades dos seus filhos. Aquele que tem um emplastro para cada ferida irá fornecer um para aquela que for mais dolorosa. (2) Um grande teste para a fé de Abrão. Pois a sua esposa tinha sido estéril por muito tempo, de modo que, se ele cresse, isto seria contra as esperanças, e a sua fé deveria estar edificada exclusivamente sobre aquele poder, que de pedras pode suscitar filhos a Abraão e fazer deles uma grande nação. Observe que: [1] DEUS faz nações: através dele, nações nascem de uma só vez (Is 66.8), e Ele fala de edificá-las e plantá-las, Jeremias 18.9. E: [2] Se uma nação for grande em riqueza e poder, é DEUS que a faz grande. [3] DEUS pode criar grandes nações a partir de terra seca, e pode fazer com que o menor seja mil.

2. “Abençoar-te-ei”, particularmente com as bênçãos da fertilidade e da multiplicação, como tinha abençoado a Adão e a Noé, ou, de maneira geral: “Eu o abençoarei com todo tipo de bênçãos, tanto as mais elevadas quanto as mais simples. Deixe a casa do seu pai, e lhe darei a bênção de um Pai, melhor do que a dos seus progenitores”. Observe que os crentes obedientes terão certeza de herdar as bênçãos.

3. “Engrandecerei o teu nome”. Ao deixar a sua terra, ele perdeu ali o seu nome. “Não se preocupe com isto”, diz DEUS, “mas confie em mim, e Eu lhe farei um nome maior do que você poderia ter tido ali”. Não tendo filhos, ele temia não ter um nome. Mas DEUS fará dele uma grande nação, e desta maneira, lhe engrandecerá o seu grande nome. Observe que: (1) DEUS é a fonte de honra e dele vem a promoção, 1 Samuel 2.8. (2) O nome dos crentes obedientes certamente será celebrado e engrandecido. O melhor testemunho é aquele que os antigos alcançaram pela fé, Hebreus 11.2.

4. “Tu serás uma bênção”. Isto é: (1) “A sua felicidade será um exemplo de felicidade, de modo que àqueles que quiserem abençoar os seus amigos bastará rogar que DEUS os faça como Abrão”. Como em Rute 4.11. Observe que a maneira como DEUS lida com os crentes é tão gentil e graciosa que não precisamos desejar, nem a nós mesmos, nem aos nossos amigos, melhor tratamento que este: ter a DEUS como nosso amigo é bênção suficiente. (2) “A sua vida será uma bênção aos lugares onde você estiver”. Observe que os bons homens são as bênçãos da sua terra, e o fato de que assim sejam é a sua indescritível honra e felicidade.

5. Eu “abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”. Isto criou um tipo de aliança, ofensiva e defensiva, entre DEUS e Abrão. Abrão abraçou sinceramente a causa de DEUS, e aqui DEUS promete se interessar pela dele. (1) Ele promete ser um amigo dos seus amigos, a considerar as gentilezas feitas a Abrão como feitas a Ele mesmo, e a recompensá-las adequadamente. DEUS irá cuidar para que ninguém saia perdedor, no longo caminho, por nenhum serviço feito pelo seu povo. Até mesmo um copo de água fria será recompensado. (2) Ele promete manifestar-se contra os seus inimigos. Estes são aqueles que odiavam e amaldiçoavam o próprio Abrão. Mas, embora as suas maldições infundadas não possam ferir a Abrão, a justa maldição de DEUS certamente os dominará e arruinará, Números 24.9. Esta é uma boa razão pela qual nós devemos abençoar aqueles que nos amaldiçoam, porque é suficiente que DEUS os amaldiçoe, Salmos 38.13-15.

6. “Em ti serão benditas todas as famílias da terra”. Esta foi a promessa que coroou todas as demais. Pois ela aponta para o Messias, em quem todas as promessas são cumpridas. Observe que: (1) JESUS CRISTO é a grande bênção do mundo, a maior com que o mundo jamais foi abençoado. Ele é uma bênção familiar, por Ele vem a salvação à casa (Lc 19.9). Quando contarmos as bênçãos da nossa família, devemos colocar CRISTO no imprimis – primeiro lugar, como a bênção das bênçãos. Mas como podem ser todas as famílias da terra abençoadas em CRISTO, quando tantas são estranhas a Ele? Resposta: [1] Todos os que são abençoados, são abençoados nele, Atos 4.12. [2] Todos os que crêem, não importa a qual família pertençam, serão abençoados nele. [3] Alguns de todas as famílias da terra são abençoados nele. [4] Existem algumas bênçãos com as quais todas as famílias da terra são abençoadas em CRISTO. Pois a salvação do Evangelho é a salvação comum, Judas 3. (2) É uma grande honra relacionar-se com CRISTO. O fato de que o Messias seria fruto dos seus lombos engrandeceu o nome de Abrão muito mais do que o fato de que ele seria o pai de muitas nações. Foi uma grande honra para Abrão ser o seu pai, pela natureza, ou seja, ser o patriarca da sua descendência. A nossa será sermos seus irmãos, pela graça, Mateus 12.50.

 

 

O Concerto de DEUS com Abrão

Gênesis 15. 1

Renovação da Aliança

Observe aqui:

 

I

 Quando DEUS fez esta aliança com Abrão: Depois destas coisas. 1. Depois deste famoso ato de generosa caridade que Abrão tinha feito, resgatando seus amigos e vizinhos da aflição, e não por preço nem por recompensa. Depois disto, DEUS lhe fez esta graciosa visita. Observe que aqueles que demonstram favor aos homens, encontrarão o favor da parte de DEUS. 2. Depois daquela vitória que ele tinha obtido sobre quatro reis. Para que Abrão não se sentisse muito elevado e satisfeito com isto, DEUS vem a Abrão para dizer-lhe que tinha coisas melhores reservadas para ele. Observe que uma convivência de fé com as bênçãos espirituais é um meio excelente de nos impedir de ficarmos excessivamente absorvidos por prazeres temporais. Os dons da providência comum não se comparam àqueles do amor do concerto.

 

II

 A maneira pela qual DEUS falou com Abrão: A palavra do Senhor veio a Abrão (isto é, DEUS manifestou a si mesmo, bem como a sua vontade, a Abrão) em uma visão, o que nos faz supor que Abrão estivesse despertado, e então tenha desfrutado de algumas aparições visíveis da Shechinah, ou algum sinal visível da presença da glória divina. Observe que os métodos da revelação divina são adaptados ao nosso estado no mundo dos sentidos.

 

III

 A graciosa certeza que DEUS deu a Abrão, do seu favor a ele.

1. O Senhor o chamou pelo nome – Abrão, o que lhe foi uma grande honra, e engrandeceu o seu nome, e também foi um grande incentivo e auxílio à sua fé. Observe que a boa palavra de DEUS nos faz bem quando nos é proferida e trazida aos nossos corações pelo seu ESPÍRITO. A palavra diz: Ó vós todos (Is 55.1), o ESPÍRITO diz: Ó, tu.

2. Ele o aconselhou a não ficar inquieto nem confuso: Não temas, Abrão. Abrão poderia temer que os quatro reis que ele tinha derrotado o atacassem novamente, e que isto fosse a sua ruína: “Não”, diz DEUS, “não tema. Não tema as vinganças deles, nem a inveja dos seus inimigos. Eu tomarei contra de você”. Observe: (1) Mesmo onde existe uma grande fé, pode haver muitos medos, 2 Coríntios 7.5. (2) DEUS toma conhecimento dos temores do seu povo, por mais secretos que sejam, e conhece as suas almas, Salmos 31.7. (3) É a vontade de DEUS que o seu povo não ceda aos medos, aconteça o que acontecer. Que os pecadores em Sião tenham medo, mas você, Abrão, não tema.

3. O Senhor garantiu a Abrão segurança e felicidade, e que ele seria, para sempre: (1) Tão seguro quanto o próprio DEUS poderia mantê-lo: Eu sou o teu escudo, ou, um pouco mais enfaticamente, Eu sou o teu grandíssimo galardão, aquele que realmente se preocupa contigo. Veja 1 Crônicas 17.24. Não somente o DEUS de Israel, mas o DEUS para Israel. Observe que consideração há nisto, que o próprio DEUS é, e será, um escudo para o seu povo, para protegê-los de todos os males destrutivos, um escudo pronto para eles e um escudo ao seu redor. Isto deveria ser suficiente para silenciar todos os seus medos perturbadores. (2) Tão feliz quanto o próprio DEUS poderia fazê-lo: Eu serei o teu grandíssimo galardão. Não somente quem te recompensa, mas a tua recompensa. Abrão generosamente tinha recusado as recompensas que o rei de Sodoma lhe tinha oferecido, e aqui vem DEUS, e lhe diz que ele não perderia nada por isto. Observe: [1] As recompensas da obediência em fé, e da renúncia a si mesmo são muito grandes, 1 Coríntios 2.9. [2] O próprio DEUS é a felicidade escolhida e prometida das almas santificadas – escolhida neste mundo e prometida em um mundo melhor. Ele é a porção da sua herança e o seu cálice.

 

 

Gênesis 15. 2-6

 

Aqui temos a garantia, dada a Abrão, de uma prole numerosa que seria sua descendente. Observe:

 

I

 A repetição da queixa de Abrão, vv. 2,3. Isto foi o que motivou a promessa. A grande aflição que pesava sobre Abrão era a falta de um filho. E esta queixa ele aqui derrama perante a preciosa face do DEUS amoroso, e lhe expõe a sua angústia, Salmos 142.2. Observe que embora jamais devamos nos queixar de DEUS, temos permissão para nos queixar a Ele, e para sermos demorados e detalhados na declaração dos nossos pesares. E traz alguma tranqüilidade a um espírito carregado, expor o seu caso a um amigo misericordioso e fiel: tal amigo é DEUS, cujo ouvido está sempre aberto. A sua queixa tem quatro partes: 1. Ele não tem filhos (v. 3): Eis que me não tens dado semente. Não somente sem filho, mas sem semente. Se ele tivesse tido uma filha, dela poderia descender o Messias prometido, que deveria ser a semente de uma mulher. Mas ele não tinha nem filho nem filha. Abrão parece, na minha opinião, enfatizar isto. Seus vizinhos estavam cheios de filhos, os seus servos tinham filhos nascidos na sua casa. “Mas a mim”, Abrão declara com tristeza, “não deste nenhum”, mesmo DEUS lhe tendo dito que ele seria favorito, acima de todos. Observe que aqueles que julgam que esteja determinado que não terão filhos, devem ter a certeza de que DEUS realmente determinou isto. Uma vez mais, DEUS freqüentemente retém, aos seus próprios filhos, os consolos temporais que dá abundantemente a outros, que são estranhos a Ele. 2. Que não era provável que ele tivesse nenhum filho, o que é sugerido pela palavra “ando”, ou “sigo, sem filhos, avançando em anos, descendo a colina. Na verdade, saindo do mundo, percorrendo o caminho de toda a terra. Morro sem filhos”, segundo a Septuaginta. “Deixo o mundo, e não deixo nenhum filho atrás de mim”. 3. Que os servos tomam o lugar dos filhos, no presente, e provavelmente no futuro. Enquanto ele vivia, o mordomo da sua casa era Eliezer de Damasco. A ele Abrão confiou a administração da sua família e das suas propriedades, pois podia ser fiel, mas somente como um servo, não como um filho. Quando Abrão morresse, alguém nascido na sua casa seria o seu herdeiro, e governaria sobre tudo aquilo pelo que Abrão tinha trabalhado, Eclesiastes 2.18,19,21. DEUS já lhe tinha dito que faria dele uma grande nação (Gn 12.2), e que faria a sua semente tão numerosa quanto o pó da terra (Gn 13.16). Mas Abrão ficou em dúvida, se esta seria a sua semente gerada, ou a sua semente adotada, se esta bênção se cumpriria através de um filho dos seus lombos, ou de um filho da sua casa. “Bem, Senhor”, diz Abrão, “se for somente um filho adotado, deverá ser um dos meus servos, o que trará a desgraça à semente prometida, que será descendente dele”. Observe que enquanto tardam em chegar as graças prometidas, a nossa incredulidade e impaciência são capazes de concluir que estas bênçãos nos foram negadas. 4. Que a falta de um filho era um problema tão grande para ele, que removia o consolo de todos os seus prazeres: “Senhor, que me hás de dar? Tudo isto não será nada para mim, se eu não tiver um filho”. Bem: (1) Se supusermos que Abrão não visava nada além de um consolo temporal, esta queixa mereceria uma punição. DEUS, pela sua providência, lhe tinha dado algumas boas coisas, e ainda mais, pela sua promessa. Mas ainda assim Abrão não se importa com elas, porque não tem um filho. Era, realmente, muito pouco apropriado que o pai dos crentes dissesse: Que me hás de dar, pois ando sem filhos, imediatamente depois que DEUS tinha dito, Eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão. Observe que não avaliam corretamente as vantagens da sua relação de concerto com DEUS, e o seu interesse nele, aqueles que não julgam que isto seja suficiente para contrabalançar a falta de qualquer conforto temporal, qualquer que seja ele. Mas: (2) Se supusermos que Abrão aqui se referia à semente prometida, a impertinência deste seu desejo era altamente louvável: tudo era como nada para ele, se não tivesse o penhor daquela grande benção, e uma certeza do seu parentesco com o Messias, do qual DEUS já o tinha incentivado a manter as expectativas. Ele tem riqueza, e vitória, e honra. Mas, enquanto for mantido às escuras sobre o assunto principal, tudo isto será como nada para ele. Observe que até que tenhamos alguma evidência consoladora do nosso interesse em CRISTO e no novo concerto, não devemos ficar satisfeitos com nada mais. “Isto, e aquilo, eu tenho. Mas de que tudo poderá me servir, se continuo sem CRISTO” – mas, ainda assim, a queixa mereceria uma punição, pois haveria, no seu fundo, certa falta de confiança na promessa, e um cansaço de esperar pela hora de DEUS. Observe que os verdadeiros crentes às vezes julgam difícil conciliar as promessas de DEUS e as Suas providências, quando elas parecem estar em desacordo.

 

II

 A graciosa resposta de DEUS a esta queixa. À primeira parte da queixa (v. 2), DEUS não deu imediatamente uma resposta, porque havia alguma irritação nela. Mas, quando Abrão retoma suas palavras, um pouco mais calmo (v. 3), DEUS lhe responde graciosamente. Observe que, se nós continuarmos orando com perseverança, e ainda assim orando com uma humilde submissão à vontade divina, não estaremos buscando ao Senhor em vão. 1. DEUS lhe fez uma promessa expressa de um filho, v. 4. Este – que nascer na tua casa – não será o teu herdeiro, como temes. Mas aquele que de ti será gerado, esse será o teu herdeiro. Observe: (1) DEUS faz herdeiros. Ele diz: “Este não será, e este será”. E quaisquer que sejam os planos e desígnios dos homens ao estabelecer as suas propriedades, o conselho de DEUS terá a absoluta prioridade. (2) DEUS é freqüentemente melhor para nós do que esperamos. É Ele que aplaca os nossos temores. É o Senhor que nos concede a misericórdia da qual podemos ter perdido a esperança há muito tempo. 2. Para tocá-lo mais com esta promessa, o Senhor levou Abrão para fora, e mostrou-lhe as estrelas (esta visão deve ter ocorrido muito cedo, antes do raiar do dia), e então lhe disse: Assim será a tua semente, v. 5. (1) Tão numerosa. As estrelas parecem incontáveis para um olho comum: Abrão temia não ter nenhum filho, mas DEUS lhe garantiu que os descendentes dos seus lombos seriam tantos que não poderiam ser contados. (2) Tão ilustre, semelhante às estrelas, em esplendor. Pois a ela pertencia a glória, Romanos 9.4. A semente de Abrão, segundo a sua carne, seria como o pó da terra (Gn 13.16), mas a sua semente espiritual é como as estrelas do céu, não somente numerosa, mas gloriosa e muito preciosa.

 

III

 A firme crença de Abrão na promessa que DEUS agora lhe fazia, e a aceitação que DEUS faz da sua fé, v. 6. 1. Ele creu no Senhor, isto é, creu na verdade daquela promessa que DEUS agora lhe tinha feito, descansando sobre o poder irresistível e a inviolável fidelidade Daquele que a fazia. Ele tinha dito, e não o cumpriria? Observe que aqueles que desejam ter o consolo das promessas devem misturar fé às promessas. Veja como o apóstolo engrandece esta fé de Abrão, e faz dela um exemplo, Romanos 4.19-21. Ele não enfraqueceu na fé. E não duvidou da promessa. Ele foi fortificado na fé. Ele foi completamente persuadido. O Senhor opera esta fé em cada um de nós! Alguns pensam que a expressão “ele creu no Senhor” signifique não somente o Senhor que prometia, mas o Senhor prometido, o Senhor JESUS, o Mediador do novo concerto. Abrão creu nele, isto é, recebeu e aceitou a revelação divina a respeito dele, e exultou por ver o seu dia, embora ainda estivesse tão distante, João 8.56. 2. DEUS lhe imputou isto por justiça: isto é, por este motivo ele foi aceito por DEUS, e, como os demais patriarcas, pela fé alcançou testemunho de que era justo, Hebreus 11.4. Isto é mencionado com insistência no Novo Testamento, para provar que somos justificados pela fé, sem as obras da lei (Rm 4.3; Gl 3.6). Pois Abrão foi justificado desta maneira, enquanto ainda era incircunciso. Se Abrão, que era tão rico em boas obras, não foi por elas justificado, mas somente pela sua fé, muito menos seremos nós, que somos tão pobres em boas obras. Esta fé, que foi imputada a Abrão por justiça, tinha recentemente lutado com a incredulidade (v. 2) e, saindo vencedora, assim foi coroada, assim foi honrada. Observe que uma aceitação prática e fiel da promessa de DEUS de graça e glória, e CRISTO, e por CRISTO, e uma confiança em tal promessa, é aquilo que, segundo o teor do novo concerto, nos dá o direito a todas as bênçãos contidas na promessa. Todos os crentes são justificados, como Abrão o foi, e foi a sua fé que lhe foi imputada por justiça.

 

 

 

Gênesis 15. 7-11

 

Aqui temos a garantia dada a Abrão da terra de Canaã, como herança.

 

I

 DEUS declara o seu objetivo a respeito da terra, v. 7. Observe aqui que Abrão não fez nenhuma queixa a este respeito, como tinha feito pela falta de um filho. Note que aqueles que têm a certeza de um interesse na semente prometida não vêem razões para duvidar de um título da terra prometida. Se CRISTO é nosso, o céu é nosso. Observe, novamente, a ocasião em que Abrão creu na promessa anterior (v. 6). Então o DEUS maravilhoso lhe explicou, e ratificou a promessa. Observe que ao que tem (e que aprimora o que tem), ser-lhe-á dado. DEUS aqui lembra três coisas a Abrão, para seu incentivo a respeito da promessa desta boa terra:

1. O que DEUS é, em si mesmo: Eu sou o Senhor Jeová. E, portanto: (1) “Eu posso dar isto a você, pois Eu sou o Senhor soberano de tudo e de todos, e tenho o direito de dispor de toda a terra”. (2) “Eu posso dá-la a você, qualquer que seja a oposição, ainda que seja realizada pelos filhos de Anaque”. DEUS nunca promete mais do que Ele pode fazer, como os homens fazem freqüentemente. E devemos nos lembrar sempre de que Ele, e só Ele, pode fazer todas as coisas. (3) “Eu cumprirei a minha promessa a você”. Jeová não é um homem, para mentir.

2. O que Ele tinha feito por Abrão. Ele o tinha tirado de Ur dos caldeus, do fogo dos caldeus, segundo alguns, isto é, seja das suas idolatrias (pois os caldeus adoravam o fogo), seja das suas perseguições. Os autores judeus têm uma tradição de que Abrão foi lançado ao fogo por se recusar a adorar ídolos, e foi milagrosamente salvo. Na verdade, é um lugar com este nome. De lá DEUS o trouxe por um chamado efetivo, trouxe-o com uma firmeza graciosa, agarrou-o, como se fosse um galho no fogo. Isto foi: (1) Uma misericórdia especial: “Eu o trouxe, e deixei a outros, a milhares, para que perecessem ali”. DEUS chamou somente a ele, Isaías 51.2. (2) Uma misericórdia espiritual, uma misericórdia para a sua alma, uma libertação do pecado e das suas conseqüências fatais. Se DEUS salva as nossas almas, podemos ter a certeza de que não nos faltará nada que seja bom para nós. (3) Uma nova misericórdia, recentemente concedida, e, portanto, deveria ser mais comovente, como aquela que é tão linda, e que encontramos no prefácio dos mandamentos: Eu sou o Senhor, que te tirei da terra do Egito. (4) Uma misericórdia de base, que serve como alicerce para nós, o início da misericórdia, uma misericórdia peculiar a Abrão, e, portanto, um sinal de misericórdias posteriores, Isaías 66.9. Observe como DEUS fala disto, como se estivesse se gloriando nisto. Eu sou o Senhor que te tirei. Ele se gloria nisto como um ato de poder e também de graça. Compare com Isaías 29.22, onde Ele se gloria nisto, muito tempo depois. Assim diz o Senhor, que remiu a Abraão – que o remiu do pecado.

3. O que o Senhor ainda pretendia fazer por Abrão: “Eu te trouxe até aqui, para dar-te a ti esta terra, para a herdares – não somente para que a possuas, mas para que a possuas como uma herança, que é o título mais doce e garantido”. Observe: (1) A providência de DEUS tem desígnios secretos, porém graciosos, em todas as suas variadas dispensações às pessoas boas. Nós não podemos perceber os projetos da Providência, até que os eventos os mostrem em toda a sua misericórdia e glória. (2) O grande objetivo que DEUS deseja alcançar em todas as Suas tratativas com o seu povo, é trazê-los em segurança ao céu. Eles são eleitos para a salvação (2 Ts 2.13), chamados para o reino (1 Ts 2.12), gerados para a herança (1 Pe 1.3,4), e tornados adequados para ela, Colossenses 1.12,13; 2 Coríntios 4.17.

II

 Abrão deseja um sinal: Como saberei que hei de herdá-la?, v. 8. Isto não nascia de uma falta de confiança no poder nem na promessa de DEUS, como a de Zacarias. Mas ele desejava isto: 1. Para o fortalecimento e a confirmação da sua própria fé. Ele creu (v. 6), mas aqui ele roga: Senhor, ajude-me a combater a minha incredulidade. Agora ele cria, mas desejava um sinal para ser guardado para uma hora de tentação, sem saber como a sua fé poderia, por um evento ou outro, ser abalada e tentada. Observe que todos nós precisamos, e devemos desejar, auxílios do céu para a confirmação da nossa fé, e devemos aproveitar os sacramentos, que são sinais instituídos com este propósito. Veja Juízes 6.36-40; 2 Reis 20.8-10; Isaías 7.11,12. 2. Para a ratificação da promessa para a sua posteridade, para que também fossem levados a crer nela. Observe que aqueles que estão satisfeitos devem desejar que os outros também estejam satisfeitos com a verdade das promessas de DEUS. João enviou os seus discípulos a CRISTO, não tanto para a sua própria satisfação, como para a deles, Mateus 11.2,3. Canaã tipificava o céu. Observe que é algo muito desejável saber que herdaremos a Canaã celestial, isto é, ser confirmados na nossa fé na verdade daquela felicidade, e ter as evidências do nosso direito a ela cada vez mais claras para nós.

 

III

 DEUS orienta Abrão a fazer preparativos para um sacrifício, pretendendo, com isto, dar-lhe um sinal, e Abrão faz os preparativos adequadamente (vv. 9-11): Toma-me uma bezerra, etc. Talvez Abrão esperasse algum sinal extraordinário do céu: mas DEUS lhe dá um sinal em um sacrifício. Observe que aqueles que desejarem receber as garantias do favor de DEUS, e desejarem ter a sua fé confirmada, devem participar das ordenanças instituídas, e esperar encontrar a DEUS nelas. Observe: 1. DEUS indicou que cada um dos animais usados para este serviço tivesse três anos de idade, porque então todos estariam na plenitude do seu crescimento e força: DEUS deve ser servido com o que tivermos de melhor, pois Ele é o melhor. 2. Nós não lemos que DEUS tenha dado a Abrão instruções especiais sobre como lidar com estes animais e aves, sabendo que ele era tão instruído na lei e no costume de sacrifícios que não precisava de nenhuma instrução especial. Ou talvez lhe tenham sido dadas instruções, que ele observou cuidadosamente, embora não tenham sido registradas. Ao menos foi-lhe indicado que eles deveriam ser preparados para a solenidade de ratificação de um concerto. E ele conhecia bem a maneira de prepará-los. 3. Abrão fez como DEUS lhe indicou, embora ainda não soubesse como estas coisas se tornariam um sinal para ele. Este não foi o primeiro exemplo da obediência implícita de Abrão. Ele partiu os animais ao meio, de acordo com a cerimônia usada na confirmação de concertos, Jeremias 34.18,19, onde está escrito, O bezerro dividiram em duas partes, passando pelo meio das duas porções. 4. Abrão, tendo feito os preparativos de acordo com as indicações de DEUS, agora se pôs a esperar pelo sinal que DEUS lhe daria, como o profeta sobre a sua torre de vigia, Habacuque 2.1. Enquanto tardava a aparição de DEUS para reconhecer o seu sacrifício, Abrão continuou esperando, com as suas expectativas aumentando com a demora. Quando as aves desciam sobre os cadáveres para comê-los, como coisas comuns e negligenciadas, Abrão as enxotava (v. 11), crendo que a visão, no final, falaria e não mentiria. Observe que um olho muito vigilante deve ser mantido sobre os nossos sacrifícios espirituais, para não permitir que algo os ataque e os deixe inadequados à aceitação de DEUS. Quando pensamentos vãos, como estas aves de rapina, descem sobre os nossos sacrifícios, nós devemos enxotá-los, e não permitir que se alojem dentro de nós, mas comparecer diante de DEUS sem distrações.

 

Gênesis 15. 12-16

 

Aqui temos uma revelação plena e particular feita a Abrão sobre os propósitos de DEUS a respeito da sua semente. Observe:

 

I

 Quando DEUS veio a ele com esta revelação: Quando o sol se punha, ou se enfraquecia, aproximadamente à hora do sacrifício da tarde, 1 Reis 18.36; Daniel 9.21. Pela manhã bem cedo, antes do raiar do dia, quando ainda podiam ser vistas as estrelas, DEUS tinha lhe dado instruções a respeito dos sacrifícios (v. 5), e podemos supor que tivesse sido o seu trabalho da manhã, pelo menos, prepará-los e deixá-los em ordem. Depois de fazer isto, permaneceu junto a eles, orando e esperando quase até à noite. Observe que o precioso DEUS freqüentemente mantém o seu povo muito tempo em expectativa dos consolos que lhes destina, para a confirmação da sua fé. Mas embora as respostas às orações e o cumprimento das promessas venham lentamente, eles certamente chegarão. No tempo da tarde, haverá luz.

 

II

 Os preparativos para esta revelação. 1. Um profundo sono caiu sobre Abrão, não um sono comum devido ao cansaço ou à despreocupação, mas um êxtase divino, como aquele que o Senhor DEUS fez cair sobre Adão (Gn 2.21), para que, estando completamente removido da visão das coisas sensíveis, pudesse estar completamente tomado pela contemplação das coisas espirituais. As portas do corpo foram trancadas para que a alma pudesse estar em privado e retirada, e pudesse agir mais livremente, mais como ela mesma. 2. Com este sono, grande espanto e grande escuridão caíram sobre ele. Que mudança repentina! Pouco tempo antes disto, nós o vimos aliviando-se nos consolos do concerto de DEUS, e em comunhão com Ele. E aqui, grande espanto e grande escuridão caem sobre ele. Observe que os filhos da luz nem sempre andam na luz, mas às vezes nuvens e escuridão estão à sua volta. Esta grande escuridão, que trouxe espanto consigo, tinha alguns propósitos: (1) Despertar um assombro no espírito de Abrão, e possuí-lo com uma santa reverência, para que a familiaridade à qual DEUS se comprazia em aceitá-lo não gerasse desprezo. Observe que o santo temor prepara a alma para a santa alegria. O espírito de escravidão abre caminho para o espírito de adoção. DEUS fere primeiro, e depois cura. Humilha primeiro, e depois exalta, Isaías 6.5,6ss. (2) Ser uma amostra dos métodos de tratativas de DEUS com a sua semente. Eles deveriam primeiro passar pelo espanto e pela escuridão da escravidão no Egito, e então entrar com alegria na terra prometida. Portanto, o patriarca deveria ter a antecipação dos seus sofrimentos, antes de ter a previsão da sua felicidade. (3) Ser uma indicação da natureza daquele concerto de peculiaridade que DEUS estava prestes a fazer agora com Abrão. A dispensação do Antigo Testamento, que se baseou neste concerto, foi uma dispensação: [1] De escuridão e obscuridade, 2 Coríntios 3.13,14. [2] De medo e horror, Hebreus 12.18ss.

 

III

 A predição propriamente dita. Diversas coisas são preditas aqui.

1. A condição de sofrimento para a semente de Abrão, durante muito tempo, v. 13. Que Abrão não se lisonjeie com as esperanças de ter somente honra e prosperidade na sua família. Não, ele deve saber, com toda a certeza, aquilo em que ele não queria crer, que a semente prometida seria uma semente perseguida. Observe que DEUS permite o pior, em primeiro lugar. Nós devemos sofrer primeiro, e depois reinar. Ele também nos faz conhecer o pior antes da sua chegada, para que, quando venha, não seja uma surpresa para nós, João 16.4. Aqui temos:

(1) Os detalhes dos sofrimentos deles. [1] Serão estrangeiros. Assim foram, primeiramente em Canaã (Sl 105.12), e depois no Egito. Antes de serem senhores da sua própria terra, foram peregrinos em terra estrangeira. Os inconvenientes de uma condição incerta tornam um assentamento feliz ainda mais bem vindo. Assim os herdeiros do céu são, primeiramente, peregrinos na terra, em uma terra que não é sua. [2] Eles serão servos. Isto serão, para os egípcios, Êxodo 1.13. Veja como aquilo que era o destino dos cananeus (Gn 9.25) se tornou, comprovadamente, a aflição da semente de Abrão: eles são levados a servir, mas com esta diferença – os cananeus servem sob uma maldição, mas, os hebreus, sob uma benção. E os retos terão domínio na manhã, Salmos 49.14. [3] Eles serão sofredores. Aqueles a quem irão servir, os afligirão. Veja Êxodo 1.11. Observe que aqueles que são abençoados e amados por CRISTO, freqüentemente são amargamente afligidos pelos homens ímpios. E DEUS prevê isto, e toma conhecimento disto.

(2) A duração dos seus sofrimentos – quatrocentos anos. Esta perseguição teve início com uma zombaria, quando Ismael, filho de uma egípcia, perseguiu Isaque, que nasceu segundo o ESPÍRITO, Gn 21.9; Gálatas 4.29. E a zombaria continuou. Pois era uma abominação para os egípcios comer pão com os hebreus, Gn 43.32. E, finalmente, chegou ao assassinato, o mais vil dos assassinatos, o dos seus filhos recém-nascidos. De modo que isto continuou por aproximadamente quatrocentos anos, embora não tanto nas piores condições. Foi um longo período, mas um período limitado.

2. O julgamento dos inimigos da semente de Abrão: Eu julgarei o povo ao qual servirão, v. 14. Isto aponta para as pragas do Egito, pelas quais DEUS não somente obrigou os egípcios a libertar Israel, mas os puniu por todas as aflições que lhes tinham imposto. Observe: (1) Embora DEUS possa permitir que perseguidores e opressores espezinhem o seu povo durante algum tempo, ainda assim certamente Ele acertará as contas com eles, no final. Pois vem chegando o seu dia, Salmos 37.12,13. (2) A punição dos perseguidores é o seu julgamento: é justo que DEUS recompense, com tribulações, aqueles que perturbam o seu povo. E este é um ato particular de justiça. O julgamento dos inimigos da igreja é uma obra de DEUS: Eu julgarei. DEUS pode fazê-lo, pois Ele é o Senhor. Ele o fará, pois Ele é o DEUS do seu povo, e Ele disse: Minha é a vingança e a recompensa. A Ele, portanto, devemos deixá-la, para que ela seja realizada da sua maneira, e no seu tempo.

3. A libertação da semente de Abrão do Egito. Este grande evento é aqui predito: depois sairão com grande fazenda. Aqui está prometido: (1) Que eles seriam enaltecidos: Depois sairão. Isto é, depois de terem sido afligidos por 400 anos, quando se cumprissem os dias da sua servidão, ou depois que os egípcios fossem julgados e assolados pelas pragas. Então poderiam esperar pela libertação. Observe que a destruição dos opressores é a redenção dos oprimidos. Eles não permitirão a saída do povo de DEUS até que sejam forçados a fazê-lo. (2) Que seriam enriquecidos: sairão com grande fazenda. Isto se cumpriu, Êxodo 12.35,36. DEUS cuidou para que eles tivessem não somente uma boa terra à qual ir, mas uma grande quantidade de bens para levarem consigo.

4. Seu feliz estabelecimento em Canaã, v. 16. Não somente sairão do Egito, mas virão novamente para cá, à terra de Canaã, onde você está agora. A descontinuidade da sua posse não cancelaria o seu direito: não devemos considerar perdidos para sempre aqueles consolos que são interrompidos por algum tempo. A razão pela qual eles não deveriam estar de posse da terra da promessa até à quarta geração era porque a medida da injustiça dos amorreus ainda não estaria completa. Israel não pode ter a posse de Canaã até que os amorreus sejam destituídos. E eles ainda não estão prontos para a destruição. O DEUS justo determinou que eles não fossem cortados até que tivessem persistido durante tanto tempo no pecado, e chegado a tal profundidade de iniqüidade, até que pudesse haver uma proporção justa entre o seu pecado e a sua ruína. Portanto, até que chegasse este momento, a semente de Abrão não teria a posse. Observe: (1) A medida do pecado se enche gradativamente. Aqueles que continuam impenitentes em caminhos pecaminosos estão acumulando ira contra si mesmos. (2) A medida do pecado de alguns povos se enche lentamente. Os sodomitas, que eram excessivamente pecadores contra o Senhor, logo encheram a sua medida. A mesma coisa aconteceu com os judeus, que estavam, em sua profissão de fé, próximos a DEUS. Mas a medida da iniqüidade dos amorreus tardou para se encher. (3) Esta é a razão da prosperidade dos povos ímpios. A medida da sua injustiça ainda não está cheia. Os ímpios vivem, envelhecem, e se esforçam em poder, enquanto DEUS guarda a sua violência para os próprios filhos deles, Jó 21.7,19. Veja Mateus 23.32; Deuteronômio 32.34.

5. A morte tranqüila de Abrão, e o seu sepultamento, antes que acontecessem estas coisas, v. 15. Assim como ele não viveria para ver aquela boa terra de posse da sua família, mas precisaria morrer – como viveu peregrino nela, também, para compensar isto, não viveria para ver as aflições que seriam impostas sobre a sua semente, e muito menos compartilharia delas. Isto é prometido a Josias, 2 Reis 22.20. Observe que os homens bons são, às vezes, grandemente favorecidos por serem levados antes do mal, Isaías 57.1. Que satisfaça a Abrão o fato de que, por sua parte:

(1) Ele irá aos seus pais em paz. Observe: [1] Nem mesmo os amigos e favoritos do céu estão isentos do golpe da morte. Somos nós maiores que o nosso pai Abrão, que está morto? João 8.53. [2] Os homens bons morrem voluntariamente. Eles não são apanhados, não são forçados, mas se vão. A sua alma não é pedida, como a do rico insensato (Lc 12.20), mas é entregue alegremente: eles não desejam viver para sempre neste mundo passageiro. [3] Na morte, nós vamos para os nossos pais, todos os nossos pais que foram antes de nós à condição de mortos (Jó 21.32.33), aos nossos pais devotos que foram antes de nós à condição de abençoados, Hebreus 12.23. O primeiro pensamento ajuda a remover o terror da morte, e o segundo lhe acrescenta consolo. [4] Quando um homem bom morre, morre em paz. Se o seu caminho for a piedade, ou seja, o temor e a obediência ao Senhor, o seu futuro será paz, Salmos 37.37. A paz exterior, até o final, é prometida a Abrão. Paz e verdade nos seus dias, não importando o que virá depois (2 Rs 20.19): a paz com DEUS, e a paz eterna, são garantidas a toda a sua semente.

(2) Ele será sepultado em boa velhice. Talvez se faça menção ao seu sepultamento aqui, onde a terra de Canaã lhe é prometida, porque um sepulcro foi a primeira posse que ele teve nela. Não somente morreu em paz, mas morreu com honra, morreu e foi sepultado decentemente. Não somente morrer em paz, mas morrer a seu tempo, Jó 5.26. Observe: [1] A velhice é uma benção. Ela está prometida no quinto mandamento. Agrada à natureza. E permite uma grande oportunidade para ser útil. [2] Especialmente, se for uma boa velhice. Pode ser considerada uma boa velhice, em primeiro lugar, a dos que são velhos e saudáveis, não sobrecarregados com as doenças que fazem com que se cansem da vida. Em segundo lugar, a velhice daqueles que são velhos e santos, antigos discípulos (At 21.16), cujas cãs se acham no caminho da justiça (Pv 16.31). Uma vida velha e útil, velha e exemplar em termos de santidade. Esta é, verdadeiramente, uma boa velhice.

 

 

Gênesis 15. 17-21

 

Aqui temos:

 

I

 O concerto ratificado (v. 17). O sinal que Abrão desejava foi dado, finalmente, quando o sol se pôs, de modo que houve escuridão. Pois aquela era uma dispensação misteriosa.

1. O forno de fumaça representava a aflição da sua semente no Egito. Eles estavam no forno de fogo (Dt 4.20), na fornalha da aflição (Is 48.10), trabalhando no próprio fogo. Eles estavam ali, na fumaça, seus olhos escurecidos, para que não pudessem ver o fim das suas aflições, e para que não se confundissem imaginando o que DEUS faria com eles. Nuvens e trevas os rodeavam.

2. A tocha de fogo indica consolo nesta aflição. E isto DEUS mostrou a Abrão, ao mesmo tempo em que lhe mostrou o forno de fumaça. (1) A luz indica a libertação do forno. A sua salvação foi como uma tocha acesa, Isaías 62.1. Quando DEUS desceu para libertá-los, Ele apareceu em uma sarça que ardia, e não se consumia, Êxodo 3.2. (2) A tocha indica orientação na fumaça. A palavra de DEUS era a sua tocha: esta palavra dita a Abrão também o era, era uma luz brilhando na escuridão. Talvez esta tocha anunciasse a coluna de nuvem e fogo que os tirou do Egito, na qual DEUS estava. (3) A tocha de fogo indica a destruição dos seus inimigos, que os mantiveram por tanto tempo no forno. Veja Zacarias 12.6. A mesma nuvem que iluminou os israelitas perturbou e queimou os egípcios.

3. A passagem entre as metades era a confirmação do concerto que DEUS agora fazia com ele, para que pudesse ter uma forte consolação, sendo plenamente persuadido de que DEUS certamente cumpriria aquilo que prometia. É provável que o forno e a tocha, que passaram entre as metades, os queimasse e consumisse, completando deste modo o sacrifício, e testificando a sua aceitação por DEUS, como aconteceu com Gideão (Jz 6.21), Manoá (Jz 13.19,20), e Salomão, 2 Crônicas 7.1. Isto indica: (1) Que os concertos de DEUS com o homem são feitos através de sacrifícios (Sl 50.5). CRISTO é o grande sacrifício, o maior de todos: sem expiação, não há acordo. (2) A aceitação de DEUS dos nossos sacrifícios espirituais é um sinal eterno, e um sinal de favores futuros. Veja Juízes 13.23. E, com isto, podemos saber que Ele aceita os nossos sacrifícios, se acender nas nossas almas um fogo santo de piedosos e devotos afetos em relação a estes sacrifícios.

 

II

 O concerto é repetido e explicado: Naquele mesmo dia – que nunca deveria ser esquecido – fez o Senhor um concerto com Abrão. Isto é, fez uma promessa a Abrão, dizendo: À tua semente tenho dado esta terra, v. 18. Aqui temos:

1. Uma repetição da concessão. O bendito Senhor tinha dito antes, À tua semente darei esta terra, Gn 12.7; 13.15. Mas aqui Ele diz, Eu tenho dado. Isto é: (1) Eu fiz esta promessa, a carta está selada e entregue, e não pode ser cancelada. Observe que as promessas de DEUS são presentes de DEUS, e assim devem ser consideradas. (2) A possessão é tão garantida, no devido tempo, como se lhes fosse, na verdade, entregue agora. Aquilo que DEUS prometeu é tão garantido como se já estivesse feito. Consequentemente, está escrito que aquele que crê tem a vida eterna (Jo 3.36), pois irá para o céu, e isto é tão certo como se já estivesse lá.

2. Uma lista dos detalhes da concessão, como é usual nas concessões de terras. O Senhor especifica os limites da terra que aqui deve ser concedida, v. 18. E então, para maior garantia, como é usual em tais casos, Ele menciona aqueles de cuja posse e ocupação estas terras eram agora. Dez nações diversas, ou tribos, são aqui mencionadas (vv. 19-21). Elas deverão ser expulsas, para abrir lugar para a semente de Abrão. O povo do Senhor não estaria de posse de todas estas nações quando Ele os trouxesse a Canaã. Os limites são muito mais estreitos, Números 34.2,3ss. Mas: (1) No tempo de Davi e de Salomão, a jurisdição deles se estendia até o extremo destes limites, 2 Crônicas 9.26. (2) Foi por sua própria culpa que não estiveram de posse de todos estes territórios antes, e por mais tempo. Eles perderam o seu direito devido aos pecados que praticaram, e pela sua própria preguiça e covardia não tiveram a posse. (3) A terra concedida é aqui descrita na sua máxima amplitude porque devia ser um tipo da herança celestial, onde há espaço suficiente: Na casa de meu Pai há muitas moradas. Os atuais ocupantes são mencionados porque o seu número, força, e longa permanência não seriam obstáculos para o cumprimento desta promessa no seu devido tempo, e para engrandecer o amor de DEUS por Abrão e pela sua semente, ao dar a esta nação única as posses de muitas nações, por serem tão preciosos e tão glorificados aos seus olhos, Isaías 43.4.

Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT

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REVISTA 4º TRIMESTRE DE 2024 NA ÍNTEGRA

Escrita, Lição 2, CPAD, As Promessas De DEUS Para Israel, com. Extras Pr.Henrique, EBD NA TV

Para me ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva

 

ESBOÇO DA LIÇÃO 2

I – ISRAEL: A PROMESSA DA CRIAÇÃO DE UMA GRANDE NAÇÃO

1. “E far-te-ei uma grande nação” (v.2)

2. “E abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome e tu serás uma bênção” (v.2)

3. “E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (v.3)

4. “E em ti serão benditas todas as famílias da terra” (v.3)

II – OUTRAS PROMESSAS A ISRAEL

1. A promessa de um filho a Abraão

2. A promessa de um filho a Isaque

3. A promessa renovada

4. Promessa do Reino do Messias

III – A PROMESSA DE SALVAÇÃO PARA ISRAEL

1. A queda de Israel

2. A tristeza de Paulo por Israel

3. Promessa de salvação a Israel

 

 

TEXTO ÁUREO

“E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.”  (Gn 12.3)

 

VERDADE PRÁTICA

Ainda que a queda espiritual tenha ocorrido com Israel, há uma gloriosa promessa ao remanescente fiel.

 

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Gn 15.6 Abraão creu e foi abençoado pelo Senhor

Terça - Gl 4.25-31 Isaque, o filho da promessa no Antigo Testamento

Quarta - Gn 29.32-35 Jacó, o pai das 12 tribos de Israel que dariam origem à nação

Quinta - Mt 1.23; Is 7.14 O Senhor JESUS, o Emanuel, o "DEUS conosco"

Sexta - Mt 1.22-24 O nascimento de JESUS como cumprimento de uma promessa

Sábado -  Rm 9.3-5 CRISTO, a promessa cumprida do Antigo Testamento

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Gênesis 12.1-3; Romanos 9.1-5

Gênesis 12.1 - Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. 2 - E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma Bênção. 3 - E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.

Romanos 9.1 - Em CRISTO digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no ESPÍRITO SANTO): 2 - tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. 3 - Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de CRISTO, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; 4 - que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; 5 - dos quais são os pais, e dos quais é CRISTO, segundo a carne, o qual é sobre todos, DEUS bendito eternamente. Amém!

 

HINOS SUGERIDOS: 380, 390, 463 da Harpa Cristã

 

PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO

Amigo(a) professor(a), nesta lição, estudaremos sobre as promessas de DEUS acerca da nação de Israel. O plano divino para tornar a descendência de Abrão uma grande nação tinha como propósito que Israel cumprisse o seu papel de nação sacerdotal, povo escolhido e separado para testemunhar as virtudes do Reino de DEUS entre as demais nações. Para compreendermos melhor o desenvolvimento desse propósito, precisamos analisar alguns aspectos da promessa feita a Abrão; considerar quais outras promessas estão inclusas no chamamento do patriarca; e identificar qual a compreensão bíblica da promessa de salvação para a nação de Israel na atualidade.

2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição: I) Detalhar a promessa divina a Abrão acerca de tornar a sua descendência uma nação sacerdotal que testemunharia os feitos de DEUS entre as nações; II) Elencar as promessas de DEUS a respeito de Israel para o seu desenvolvimento como nação; III) Destacar a posição de Israel no tocante à salvação e a promessa quanto ao seu futuro espiritual.

B) Motivação: As promessas feitas a Abrão eram acompanhadas de propósitos divinos específicos. Dentre estes propósitos, está a implementação o estabelecimento do Reino de DEUS de maneira plena na Terra, algo que acontecerá no Reino Milenial, em que o Nosso Senhor JESUS reinará sobre toda a Terra. Finalmente, os servos leais e obedientes à Palavra de DEUS serão reis e sacerdotes nesse novo tempo. Aproveite para conversar com seus alunos sobre o testemunho cristão neste tempo presente. Faça a seguinte pergunta: como estamos cumprindo os desígnios de DEUS enquanto a Igreja de CRISTO está neste mundo?

C) Sugestão de Método: O primeiro tópico desta lição descreve a promessa feita a Abrão no tocante à sua descendência se tornar uma grande nação. Nesse compromisso, DEUS prometeu abençoar os que abençoassem a Israel e amaldiçoar os que o amaldiçoassem. Partindo desse princípio, peça aos seus alunos que enumerem as ocasiões, registradas na Bíblia, em que essa promessa se cumpriu. Ao final, pergunte à classe: podemos afirmar que DEUS tem o mesmo tratamento a respeito dos crentes atualmente? Permita um momento para que os alunos expressem suas opiniões.

3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: As promessas de DEUS para a nação de Israel revelam os propósitos divinos para o seu povo no passado. De modo semelhante, as promessas que DEUS nos faz apontam que Ele tem propósitos especiais para cada etapa da nossa vida. Se quisermos ver as promessas de DEUS se cumprirem, assim como foi com os  servos de DEUS na antiguidade, precisamos assumir uma posição de fé e obediência constantes e não perdermos de vista a perspectiva quanto ao chamado divino (Veja 2 Pedro 1.3-11).

4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 99, p. 37, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "PROMESSA", localizado depois do primeiro tópico, destaca o cumprimento das promessas divinas registradas no Antigo Testamento; 2) O texto "OS FILHOS DE DEUS PELA FÉ (Gl 3.24-4.7)", localizado após o segundo tópico, aborda a questão da descência espiritual dos cristãos em Abraão, o patriarca do povo judeu.

 

COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO

As promessas divinas para Israel foram proferidas há de mais de 4.000 anos antes do advento do Senhor JESUS. Tudo começou quando DEUS chamou Abrão e fez-lhe promessas a respeito do divino propósito de formar uma grande nação. Nessa chamada, está implícita as promessas para Israel como nação ímpar dentre todos os povos da terra, a fim de, uma forma especial, cumprir os propósitos divinos para a humanidade. Por isso, nesta lição, veremos que muitas promessas de DEUS para Israel são irrevogáveis. Elas foram feitas por DEUS a Abraão, a Isaque, a Jacó, a Davi e confirmadas com o advento do Senhor JESUS CRISTO.

 

PALAVRA-CHAVE - Descendência

 

I – ISRAEL: A PROMESSA DA CRIAÇÃO DE UMA GRANDE NAÇÃO

1. “E far-te-ei uma grande nação” (v.2)

 Essa promessa tinha como objetivo mostrar a Abrão o propósito de DEUS em formar, a partir dele, uma grande nação, diferente de todas as outras, a nação de Israel (Gn 12.2). Ao longo da história, esse propósito se cumpriu de maneira evidente e poderosa. Quando DEUS disse a Abraão que ele seria pai de uma grande nação, o patriarca estava com 75 anos, e sua esposa, Sara, era estéril. Anos depois, DEUS renovou a sua promessa de criar uma grande nação a partir de Abraão (Gn 15.4,5).

 

2. “E abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome e tu serás uma bênção” (v.2)

DEUS desejou promover o nome de Abrão numa dimensão jamais imaginada pelo patriarca. Entretanto, a promessa não era meramente materialista. A bênção material deveria carregar um testemunho espiritual: “E tu serás uma bênção” (Gn 12.2). Nenhuma nação teria dúvida de que era DEUS que faria isso com Abrão. Era uma promessa por demais significativa, pois Abrão era filho de uma família idólatra (Gn 12.1) e DEUS o escolheu para ser pai de um povo que ainda surgiria: o povo de Israel. A história hebreia comprova que o patriarca Abraão foi, de fato, uma grande bênção para os israelitas.

 

3. “E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (v.3)

Essa foi uma promessa dupla: de bênção e de maldição. Na verdade, Abraão seria uma grande influência para os que se relacionavam com ele. De modo que DEUS abençoaria os que auxiliassem Abraão e castigaria quem o amaldiçoasse. Esse evento faria de Abrão uma influência mundial que perduraria em sua posteridade. Além disso, essa promessa é confirmada em Números: “Benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amaldiçoarem” (24.9).

 

4. “E em ti serão benditas todas as famílias da terra” (v.3)

Essa promessa é considerada uma segunda profecia das Escrituras a respeito do Senhor JESUS (A primeira está registrada em Gênesis 3.15). Podemos ter essa confirmação por meio da Carta de Paulo aos Gálatas, em que uma bênção espiritual viria por meio de um descendente de Abraão, o pai dos israelitas. Essa bênção diz respeito ao advento do Senhor JESUS CRISTO, sua boa notícia oferecida a todas as nações (Gl 3.8,16; cf. Jo 3.16).

 

SINÓPSE I - A descendência de Abrão seria uma grande nação, acompanhada de um testemunho espiritual importante.

 

AUXÍLIO TEOLÓGICO

PROMESSA - “[...] A mensagem central do Novo Testamento é que as promessas de DEUS no Antigo Testamento foram cumpridas com a vinda de JESUS CRISTO. As numerosas fórmulas de citação de Mateus são evidências desse tema. Em Lucas 4.16-21, JESUS pronuncia o cumprimento da promessa de Isaías (sobre o ministério do Messias, Is 61.1-3) na sua própria vida. O livro de Atos declara especificamente que o sofrimento e ressurreição de JESUS e a vinda do ESPÍRITO SANTO são o cumprimento das promessas do Antigo Testamento (At 2.29-31; 13.32-34). A identidade de JESUS como descendente de Davi (At 13.23) e como profeta semelhante a Moisés (At 3.21-26; cfr. Dt 18.15-18) também é considerada o cumprimento do Antigo Testamento.

A visão de Paulo sobre as promessas de DEUS está resumida nesta declaração: ‘Porque todas quantas promessas há de DEUS são nele sim; e por ele o Amém, para a glória de DEUS, por nós” (2 Co 1.20). De acordo com Romanos 1.2, 3, Paulo considera o evangelho como a mensagem que DEUS ‘antes havia prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras, acerca de seu Filho. Romanos 4 descreve a fé de Abraão em termos da sua confiança nas promessas de DEUS, o que leva à sua justiça. Apresenta-o também como nosso modelo de fé nas promessas de DEUS. A famosa expressão ‘segundo as Escrituras’ em 1 Coríntios 15.3, 4 é, em certo sentido, entendido por Paulo como o cumprimento das promessas de DEUS a respeito da morte e ressurreição de CRISTO” (LONGMAN III, Tremper. Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p. 407).

 

II – OUTRAS PROMESSAS A ISRAEL

1. A promessa de um filho a Abraão

Além das solenes promessas de DEUS a Abraão, o Senhor prometeu-lhe um filho. A promessa pareceu estranha ao patriarca, pois como vimos anteriormente, ele era avançado em idade, sua esposa também, além dela ser estéril. O pai da fé argumentou com DEUS que provavelmente seu servo, Eliézer, seria seu herdeiro. No entanto, o Senhor asseverou-lhe que não. DEUS iria cumprir a sua grandiosa promessa na vida de Abraão (Gn 15.4-6). O filho da promessa, portanto, seria Isaque (Gn 21.1-7).

 

2. A promessa de um filho a Isaque

 DEUS não se esquece de suas promessas. Após a morte de Sara, Abraão casou-se com Quetura. Ele tinha mais de 100 anos e teve seis filhos com ela (Gn 25.1-5). Antes de morrer, Abraão providenciou uma esposa para Isaque, por intermédio de Eliézer, seu servo. Este foi à Mesopotâmia, e lá, por direção de DEUS, encontrou uma esposa, Rebeca, para o filho de seu senhor, e a levou a Isaque, que se casou com ela. No tempo próprio, ela deu à luz a dois filhos gêmeos: Esaú e Jacó (Gn 25.24-26).

 

3. A promessa renovada

O Senhor falou com Jacó e reiterou a promessa feita a Abraão, de que lhe daria aquelas terras (Gn 26.3,4). Isaque foi considerado o herdeiro da promessa (Hb 11.17-19) e, por isso, antes de morrer concederia bênçãos para seus filhos. Esaú perdeu seu direito de primogenitura, pois o trocou por um prato de comida (Gn 27.30-34). Orientado por seu pai, Jacó foi à casa de Labão, onde se casou com Raquel, que era estéril (Gn 28.1,2; 29.28). Por estratégia de Labão, Jacó se uniu com Leia e teve seis filhos com ela (Gn 29.21-27). Mais tarde, DEUS abriu a madre de Raquel e esta concebeu dois filhos. Com sua serva, Bila, Jacó teve dois filhos; com Zilpa, serva de Leia, mais dois filhos; perfazendo as 12 tribos de Israel (Gn 29.32-35; 30.1-26); e teve mais uma filha, com Leia, Diná (Gn 30.20-21).  

 

4. Promessa do Reino do Messias

Por intermédio do profeta Isaías, DEUS falou que o Messias nasceria da descendência de Jessé, pai de Davi, para redimir Israel e a humanidade. Por isso, o Senhor JESUS é chamado de “O Filho de Davi” (Lc 18.37-40), o “Emanuel”: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de EMANUEL, que traduzido é: DEUS conosco” (Mt 1.23; cf. Is 7.14).

 

SINÓPSE II - As promessas feitas a Abrão culminam na promessa de que o Messias viria para redimir Israel e a humanidade de seus pecados.

 

AUXÍLIO TEOLÓGICO

OS FILHOS DE DEUS PELA FÉ (GL 3.24—4.7).

“[...] Se todos os crentes estão se tornando semelhantes a CRISTO, se todos os crentes professaram a fé e se uniram ao corpo de CRISTO, então esta união deixa de lado todas as outras diferenças superficiais. Embora seja verdade que, no corpo de CRISTO, judeus, gentios, escravos, livres, homens e mulheres ainda conservam as suas identidades individuais, Paulo exalta a sua unidade — todos vós sois um em CRISTO JESUS. Todos os rótulos tornam-se secundários entre aqueles que têm a JESUS em comum. [...] Tornar-se filho de DEUS (Gl 3.26) e tornar-se um em CRISTO (3.28) significa que aqueles que são de CRISTO são descendência de Abraão. Os judeus acreditavam que eram automaticamente o povo de DEUS porque eram descendentes de Abraão. Paulo concluiu que os filhos espirituais de Abraão não eram os judeus, nem aqueles que tinham sido circuncidados. Os filhos de Abraão são aqueles que respondem a DEUS com fé, como Abraão tinha feito. A única diferença é que a nossa resposta deve ser a CRISTO, como Salvador. Como nós respondemos positivamente, nós somos herdeiros. Em outras palavras, todas as promessas que DEUS fez a Abraão pertencem a nós. Respondendo a CRISTO com fé, nós seguimos o antigo caminho de Abraão, um dos primeiros justificados pela fé. Ele confiou em DEUS, e nós também. Mas a nós foi acrescentada a oportunidade de valorizar o preço que CRISTO teve que pagar para assegurar a nossa participação na promessa” (Comentário do Novo Testamento — Aplicação Pessoal. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp. 282, 283).

 

 

III – A PROMESSA DE SALVAÇÃO PARA ISRAEL

1. A queda de Israel

O Novo Testamento mostra claramente a queda de Israel. A nação não conseguiu exercer o papel de nação sacerdotal no meio de outras nações (Lc 21.24). Por isso, os capítulos 9–11 da Epístola de Paulo aos Romanos trata de algumas questões que muitos cristãos dos dias atuais se fazem hoje: Como as promessas de DEUS para Israel podem permanecer válidas hoje? Elas foram revogadas? De fato, Israel permanece em rebelião contra DEUS porque a nação não reconheceu o Senhor JESUS como o seu Messias verdadeiro (Rm 9.30-31; 11.11-15). 

 

2. A tristeza de Paulo por Israel

O capítulo 9 de Romanos revela a demasiada tristeza do apóstolo pelos judeus que não conhecem a CRISTO (1 Co 9.22). Sim, os judeus que não conhecem a CRISTO estão em uma situação muito difícil, pois o Senhor JESUS descende diretamente deles, segundo a carne (Rm 9.5). Esse sentimento de tristeza e, ao mesmo tempo, uma atitude piedosa de sofrer pela salvação dos judeus, deve ser um compromisso permanente de cada cristão para a evangelização dos judeus (Mt 23.32). 

 

3. Promessa de salvação a Israel

“Quando orava por Israel, o apóstolo expressava o seguinte: “dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; dos quais são os pais, e dos quais é CRISTO, segundo a carne, o qual é sobre todos, DEUS bendito eternamente. Amém!” (Rm 9.3-5). Essas qualificações mostram que DEUS cumpre a sua palavra, prometida àqueles homens que o buscam em sinceridade. Por isso, a Bíblia assegura que Israel será salvo, ainda que não totalmente. A Bíblia diz que esse povo será chamado de “filhos do DEUS vivo” (Rm 9.26); que “o remanescente fiel de Israel” será salvo (Rm 9.27). O Libertador que virá de Sião fará isso (Rm 11.26).

 

SINÓPSE III - A Bíblia assegura que o remanescente fiel de Israel será salvo pelo Libertador que virá de Sião.

 

CONCLUSÃO

As promessas de DEUS para Israel não podem falhar. O que DEUS prometeu a Abrão, a Isaque e a Jacó se cumpriu em parte; e terá seu cumprimento pleno nos tempos futuros, quando o Senhor JESUS voltar em Glória e implantar o seu glorioso Reino do Milênio. Lembremos da Palavra de compromisso do Senhor: “Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?” (Is 43.13).

 

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Quantos anos Abrão tinha quando DEUS disse que ele seria uma grande nação?

Quando DEUS disse a Abraão que ele seria pai de uma grande nação, o patriarca estava com 75 anos.

2. Que promessas DEUS fez a Abraão acerca de outros povos?

A bênção material deveria carregar um testemunho espiritual: “E tu serás uma bênção” (Gn 12.2). Nenhuma nação teria dúvida de que era DEUS que faria isso com Abrão.

3. Qual foi a promessa que o Senhor reiterou a Jacó?

A história hebreia comprova que o patriarca Abraão foi, de fato, uma grande bênção para os israelitas.

4. Por que Esaú perdeu o direito de primogenitura?

Esaú perdeu seu direito de primogenitura, pois o trocou por um prato de comida (Gn 27.30-34).

5. O que Romanos 9 demonstra?

O capítulo 9 de Romanos revela a demasiada tristeza do apóstolo Paulo pelos judeus que não conhecem a CRISTO (1 Co 9.22).

 

LEITURAS PARA APROFUNDAR

História dos Hebreus; Em Defesa de Israel