31 julho 2014

Lição 5 – O Cuidado ao falar e a religião pura 2 parte

3- Controle a sua ira.
Tiago nos incentiva a ser pessoas que demoram a irar-se. Ele não diz que isso é fácil. Irar-se é uma das coisas mais simples do mundo. Basta que nos deparemos com alguma adversidade que nos impeça de realizar certos planos, ou com alguma situação que aos nossos olhos seja injusta.A ira é uma obra da Carne. Ela tem a tendência de despertar as reações mais terríveis no ser humano. Uma pessoa irada age de uma forma que não agiria se estivesse em seu juízo perfeito.A ira da qual Tiago fala está vinculada com o ato de ouvir e falar: “... todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de DEUS” (Tg 1.19b, 20). Pessoas que falam muito tendem a errar muito, e pessoas iradas costumam destilar raiva e ódio em suas palavras.Tiago encerra seu pensamento de forma interessante: “A ira do homem não opera a justiça de DEUS”. Além de falar sobre ouvir muito e falar pouco, ele menciona dois elementos a mais em seu discurso: a ira humana e a justiça divina.Esses dois elementos citados no mesmo verso estão extremamente distantes um do outro. A ira do homem pode ser justa aos seus próprios olhos, mas isso não significa que ela é justa aos olhos de DEUS. E um momento de indignação pode colocar muitas coisas a perder na vida de um cristão além de não garantir a bênção de DEUS. O Eterno não se deixa levar pela raiva humana, ainda que essa aparente ser lícita. E se a ira humana fosse o referencial para que DEUS agisse, não faltaria julgamento divino para todas as pessoas. Por qual motivo DEUS não age de acordo com a sua justiça quando somos ofendidos, humilhados ou perseguidos?Primeiro, porque Ele é misericordioso. Mesmo os nossos ofensores podem ser alcançados pela graça de DEUS, da mesma forma que nós fomos alcançados. Segundo, o padrão de justiça divina não é como o nosso. Temos a tendência de ser imediatistas, mas DEUS tem seu próprio tempo para agir em nosso favor e para julgar as injustiças com as quais somos acometidos. E terceiro, DEUS espera que controlemos nossas reações emocionais. DEUS sabe que tendemos à ira, mas Ele espera que não sejamos dominados por ela.Pregadores irados provavelmente não conseguirão alcançar almas para o Reino de DEUS. Professores irados certamente não conseguirão repassar seus ensinos, e crentes iracundos não conseguirão refletir a obra de DEUS em suas vidas. DEUS tem seu próprio senso de justiça, e ele em nada se parece com o nosso. Isso pode nos parecer injusto, mas precisamos aprender a confiar em DEUS e em sua justiça.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 61-62.
 
Tg 1.19 Nós também devemos ser tardios para nos irar. A ira fecha as nossas mentes à verdade de DEUS (veja um exemplo em 2 Rs 5.11; veja também Pv 10.19; 13.3; 17.28; 29.20). É a ira que explode quando os nossos egos estão inflamados. E exatamente o tipo de ira que nasce quando falamos muito depressa e não ouvimos o suficiente!
Quando a injustiça e o pecado acontecem, nós devemos ficar irados, porque outros estão sendo feridos. Mas não devemos ficar irados quando deixamos de “ganhar” uma discussão, ou quando nos sentimos ofendidos ou negligenciados. A ira egoísta nunca ajuda ninguém (veja Ec 7.9; Mt 5.21-26; Ef 4.26).
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 668.
 
Abandone a Ira (1.19d,20)
A ira quase sempre machuca tanto o nosso próximo como a nós mesmos. A ira carnal sempre machuca. Portanto, todo o homem deve ser tardio [...] para se irar (v. 19). Ele deve abandonar a ira que não opera a justiça de DEUS (v. 20). A justiça de DEUS significa conduta certa, i.e., fazer o que DEUS quer (cf. Mt 6.33). A ira carnal não só nos leva a uma conduta sem amor e a desagradar a DEUS, mas esse comportamento irado em um cristão professo levanta dúvida na mente dos observadores e, dessa forma, diminui o progresso do Reino de DEUS. Poteat comenta: “A única ira que o homem pode ter é uma ira que CRISTO sentiu (cf. Mc 3.5). Esse tipo de ira não é a expressão de uma petulância particular, mas de um ressentimento público contra o comportamento e as ações que levam outros a sofrer sem culpa da pessoa irada”.
Robertson esboça a verdade do versículo 19 da seguinte forma: 1) Ouvir brilhante (v. 19a); 2) Silêncio eloquente (v. 19b); 3) Ira insensível (v. 19c-f).
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 161-162.
 
Paralelo a Lucas 19.45 A Purificação do Templo (Mt 21.12-13)
A purificação do Templo é descrita de forma vívida. JESUS expulsou todos os que vendiam e compravam no templo (12) - hieron, a “Área do Templo”, compreendia cerca de vinte e cinco acres. No Pátio dos Gentios havia um mercado onde ovelhas e bois eram vendidos para os sacrifícios (cf. Jo 2.14). Como a Lei especificava que esses animais deveriam ser “sem mácula” (Ex 12.5) era mais seguro comprá-los no mercado do Templo que era dirigido por parentes do sumo sacerdote. Tudo que fosse comprado ali seria aprovado. Da mesma forma, seria inconveniente para os peregrinos da Galileia trazer animais em uma viagem tão longa. Aqueles que eram demasiadamente pobres para oferecer uma ovelha tinham permissão de substituí-la por uma pomba (Lv 12.8). Todo o dia era realizada uma animada venda desses animais.
Os cambistas também colhiam seus frutos. Todo judeu adulto tinha que pagar uma taxa anual de meio siclo ao Templo (cf. 17.24). Mas esse pagamento deveria ser feito com a moeda fenícia. Como o dinheiro que os judeus usavam habitualmente era grego ou romano, isso queria dizer que a maioria das pessoas precisava trocar o seu dinheiro. Os sacerdotes tinham permissão de cobrar algo em torno de 15 por cento para fazer essa troca. Edersheim acredita que somente essa taxa poderia alcançar uma soma entre 40.000 a 45.000 dólares por ano, isto é, uma renda exorbitante naquela época.
JESUS lembrou aos transgressores o que estava escrito nas Escrituras (13): A minha casa será chamada casa de oração (uma citação de Isaías 56.7). Mas vós a tendes convertido em covil de ladrões (citação de Jeremias 7.11) O texto grego diz “uma caverna de salteadores”. Essa frase devia ser muito familiar aos judeus do primeiro século.
A condenação feita por CRISTO aos comerciantes do mercado do Templo, chamando-os de “ladrões” ou “salteadores” encontra sólido suporte nos escritos rabínicos. Eles falam de “Bazares dos filhos de Anás” - o antigo sumo sacerdote que foi sucedido por cinco dos seus filhos, e cujo genro, Caifás, era o sumo sacerdote nessa época. Edersheim chama atenção para a declaração de que “o Sinédrio, quarenta anos antes da destruição de Jerusalém [isto é, no ano 30 d.C., o ano da Crucificação], transferiu seu local de reunião do Pátio das Pedras Lavradas (no lado sul do Pátio dos Sacerdotes) para os Bazares e, em seguida, para a Cidade”.
Uma leitura cuidadosa dos quatro relatos sobre a purificação do Templo não dará qualquer suporte à ideia de que JESUS usou de violência física contra as pessoas, ou roubou-as de suas posses. Ele simplesmente fez com que os homens - com seus pertences-se retirassem da área sagrada.
Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Mateus. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 145-146.
 
Mt 21.12,13 O sumo sacerdote tinha autorizado um mercado com comerciantes e cambistas que funcionava exatamente no pátio dos gentios, o imenso pátio externo do Templo. A taxa de câmbio inflacionada frequentemente enriquecia os cambistas. E os preços exorbitantes dos animais tomavam os comerciantes ricos. Como, tanto aqueles que compravam, quanto aqueles que vendiam, estavam desobedecendo os mandamentos de DEUS com respeito aos sacrifícios, JESUS expulsou todos do Templo. Esta era a segunda vez que JESUS limpava o Templo (veja João 2.13-17). JESUS enfureceu-se porque o lugar de adoração a DEUS tornara-se lugar de extorsão e barreira aos gentios que desejavam adorar.
JESUS citou Isaías 56.7 e usou essa passagem para explicar que o Templo de DEUS deveria ser uma casa de oração, mas os comerciantes e os cambistas o haviam convertido em um covil de ladrões.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 126.
 
Lc 19.45 O zelo que JESUS mostrou pela purificação do Templo. Embora ele devesse ser destruído dentro de pouco tempo, não era motivo para que não se cuidasse dele, enquanto isto.
1. CRISTO o limpou daqueles que o profanavam: “Entrando no Templo, começou a expulsar todos os que nele vendiam e compravam”, v. 45. Com isto (embora Ele fosse representado como um inimigo do templo, e este foi o crime de que Ele foi acusado diante do sumo sacerdote), Ele demonstra que tinha um amor pelo Templo mais verdadeiro do que aqueles que tinham a mesma veneração pelo seu corbã, o seu tesouro, como se fosse algo sagrado, pois a sua glória estava mais na sua pureza do que na sua riqueza. CRISTO deu razões para desalojar os mercadores do Templo, v. 46. O Templo é casa de oração, consagrado para a comunhão com DEUS: os compradores e vendedores fizeram dele um covil de salteadores, pelos negócios fraudulentos que eram realizados ali, o que, de nenhuma maneira, devia ser permitido, pois seria uma distração para aqueles que vinham até ali para orar.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 695.
 
Ef 4.26,27 Outra característica da antiga natureza que tem que ser descartada é o mau humor, ou um estilo de vida caracterizado pela ira. As palavras “irai-vos e não pequeis” são tiradas de Salmos 4.4. A Bíblia não diz que não devemos nos irar, mas ela mostra que é importante controlarmos adequadamente a nossa ira. Não devemos ceder aos nossos sentimentos de ira ou permitir que eles nos levem ao orgulho, ódio, ou hipocrisia. JESUS CRISTO enfureceu-se com os mercadores no Templo, mas esta era uma ira justa e não o levou a pecar. Os crentes devem seguir o exemplo de JESUS. Devemos reservar nossa ira para quando vermos DEUS desonrado ou as pessoas tratadas injustamente. Se ficarmos irados, devemos fazê-lo sem pecar. Para fazer isso, devemos lidar com nossa ira antes que o sol se ponha. De acordo com o livro de Deuteronômio, o pôr-do-sol é a hora em que todo o mal contra DEUS e contra os outros deve ser corrigido (Dt 24.13,15).
A ira que é deixada ardendo lentamente e queimando ao longo do tempo pode, por fim, explodir em chamas e dar um poderoso ponto de apoio para o diabo, fazendo com que as pessoas pequem, ao se tornarem amarguradas e ressentidas. E muito melhor lidar com a situação imediatamente; talvez a admoestação anterior, para se falar a verdade carinhosamente, possa resolver o problema.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 340.
 
Ef 4.26 Paulo fala sobre a ira (4.26,27). “Quando sentirdes raiva, não pequeis; e não conserveis a vossa raiva até o pôr do sol; nem deis lugar ao Diabo.” Há dois tipos de raiva: a justa (4.26) e a injusta (4.31). Precisamos sentir raiva justa: a ira de Wilberforce contra a escravidão na Inglaterra é um exemplo de raiva justa. A raiva de Moisés contra a idolatria é outro exemplo clássico. A raiva de Lutero contra as indulgências é um dos mais claros exemplos desse ensinamento de Paulo. A raiva de JESUS no templo ao expulsar os cambistas é o exemplo por excelência desse princípio bíblico.
Se DEUS odeia o pecado, seu povo também deve odiá-lo. Se o mal desperta sua raiva, também deve despertar a nossa (SI 119.53). Ninguém deve ficar raivado a não ser que esteja raivado contra a pessoa certa, no grau certo, na hora certa, pelo propósito certo e no caminho certo.
Paulo qualifica sua expressão permissiva sentirdes raiva com três negativos: 1) “Não pequeis”. Devemos nos assegurar de que nossa raiva esteja livre de orgulho, despeito, malícia ou espírito de vingança; 2) “Não conserveis a vossa raiva até o pôr do sol”. Paulo não está permitindo a você ficar com raiva durante um dia, ele está exortando a não armazenar a raiva, pois pode virar raiz de amargura; 3) “Nem deis lugar ao Diabo”. O diabo gosta de ficar espreitando as pessoas zangadas para tirar proveito da situação, como fez com Caim.
Jay Adams, em seu livro O conselheiro capaz, fala sobre duas maneiras erradas de lidar com a raiva: a primeira delas é a ventilação da raiva. Há pessoas que são explosivas, que atiram estilhaços para todos os lados, ferindo as pessoas com seu destempero emocional. A segunda maneira errada de lidar com a raiva é o congelamento dela. O indivíduo não a joga para fora, mas para dentro. O resultado disso é a amargura. A solução para o congelamento da raiva é o perdão. E espremer o pus da ferida até o fim, fazendo uma assepsia da alma, uma faxina da mente, uma limpeza do coração.
LOPES, Hernandes Dias. EFESIOS Igreja, a noiva gloriosa de CRISTO. Editora Hagnos. pag. 122-123.
 
Ef 4.26 Também a instrução sobre a ira é dada no contexto de uma citação literal do Sl 4.4: “Quando estais irados, não pequeis.” Com essas palavras Paulo lembra, em tom de exortação, a rápida transição da ira para o pecado. A convivência (dentro e fora da igreja) gera múltiplos motivos para a ira (cf. também Tg 1.19s – possivelmente por causa de opiniões opostas na discussão doutrinária). Enquanto o cristão deve ser “tardio para a ira” (Tg 1.19), no caso do perdão é preciso ter pressa: “O sol não se ponha sobre a vossa ira.” A exortação para afastar-se rapidamente do escândalo visa sobretudo combater o efeito devastador de uma briga de longa duração: “Paulo exige que acabemos sem delongas com a ruptura da comunhão. Rancor envelhecido é difícil de apagar. Se para restabelecer a comunhão for necessária uma negociação com o irmão, devemos fazê-la de imediato. Se conseguimos solucionar a questão sem ela, devemos perdoar imediatamente. A mágoa torna-se bem mais perigosa quando é arrastada de um dia para o outro. Também essa frase mostra, da mesma forma como aquela sobre o extermínio da mentira, que para Paulo nessa nossa preocupação central deve ser a comunhão concorde com os irmãos, em relação à qualquer outro interesse passa para o segundo plano.
Por trás de tudo isso está a reinterpretação do 5º mandamento no Sermão do Monte por JESUS (Mt 5.21ss): segundo ela, “irar-se contra o irmão” (o mesmo termo de Ef 4.26) é uma transgressão da proibição de matar e torna culpado de condenação. Isso é enfatizado pelas ofensas decorrentes da ira (“tolo”, “inútil”), tornando o homem réu do mais alto tribunal humano ou divino (“Sinédrio”, “fogo do inferno”). Paulo, portanto não arrola arbitrariamente instruções éticas, mas argumenta no contexto das premissas dos Dez Mandamentos, que obtiveram a interpretação decisiva nos ensinamentos de JESUS. Da mesma forma como os comentários sobre o oitavo (mentira) e quinto (matar – ira) mandamentos seguem-se, nos v. 28 (roubar) e 5.3 (adultério - devassidão e avidez), exortações ligadas ao sétimo, sexto, nono e décimo mandamentos.
Eberhard Hahn. Comentário Esperança Efésios. Editora Evangélica Esperança.
 
II - PRATICANTE E NÃO APENAS OUVINTE DA PALAVRA (Tg 1.21-25)
1. Enxertai-vos da Palavra (21).
Tiago fala que devemos receber com mansidão a Palavra que em nós foi colocada. Mas antes disso ele diz que é preciso rejeitar toda a imundícia e acúmulo de malícia. O que isso significa? Que além de receber a Palavra de DEUS, é preciso rejeitar tudo o que a Palavra de DEUS condena. É uma questão de cumulatividade (recebo a Palavra de DEUS e rejeito o pecado). Nossa tendência é acumular imundícia e malícia por causa de nossa natureza pecaminosa, mas esses dois elementos devem ser substituídos pela Palavra de DEUS e seus efeitos em nossas vidas. A expressão “malícia”, no grego, é kakia, melhor traduzida como “maldade”. Em todo o contexto, a maldade não pode conviver com um coração sábio e dominado pelos princípios da Palavra de DEUS. Ou praticamos o que DEUS diz ou privilegiaremos a maldade e as demais características rejeitadas pelo Senhor.
A recompensa por essa atitude é a salvação da alma. Aqui encontramos mais uma característica dos escritos de Tiago: a prática que espelha a salvação. Mais uma vez, Tiago mostra que as obras são um reflexo (e não o caminho) da salvação.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 63.
 
Tg 1.21 Devemos rejeitar toda imundícia e acúmulo de malícia. Segundo o texto grego, esta é uma ação definitiva. Por que devemos fazer isto? O progresso na nossa vida espiritual não pode ocorrer a menos que vejamos o pecado como ele é, deixemos de justificá-lo, e decidamos rejeitá-lo. A imagem das palavras de Tiago aqui nos apresenta livrando-nos dos nossos maus hábitos e atos como quem se despe de roupas sujas. Depois de “nos livrarmos”, precisamos receber com mansidão a palavra de DEUS, procurando viver de acordo com ela, porque ela foi enxertada em nossos corações e se torna parte do nosso ser. DEUS nos ensina desde as profundezas das nossas almas, com o ensino do ESPÍRITO e com o ensino de pessoas orientadas pelo ESPÍRITO. O solo no qual a palavra é plantada deve ser acolhedor, para que ela possa crescer. Para tornar o nosso solo acolhedor, precisamos desistir de quaisquer impurezas nas nossas vidas. A Palavra de DEUS torna-se uma parte permanente de nosso ser, orientando-nos todos os dias. A palavra implantada é suficientemente forte para poder salvar a nossa alma. Quando absorvemos as características ensinadas na Palavra, estas se expressam no nosso modo de viver. As provações e as tentações não podem nos derrotar se estivermos aplicando a verdade de DEUS às nossas vidas.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 668.
 
Abandone todo o Mal (1.21)
Pelo que dá a entender que há uma ligação com o texto anterior. Tiago acabou de falar da ira e de sua relação com a vontade de DEUS. Sua mente agora se move agora para o contexto mais amplo da vontade de DEUS e o mal do homem. Toda imundícia e acúmulo de malícia não transmite uma verdade clara para o leitor de hoje. Phillips traduz esse texto da seguinte maneira: “Livrando-se, portanto, de toda impureza e de todo tipo de mal”. ANASB traduz: “Colocando de lado toda imundícia e toda impiedade”. Rejeitando (apothemenoi) está no tempo aoristo e sugere uma clara quebra com tudo que é contrário à vontade de DEUS. Robertson compara o significado deste texto com a figura de Paulo de despojar-se do “velho homem” de pecado e revestir-se do “novo homem” de justiça (Ef 4.2; Cl 3.8). Ele comenta: “Certamente o mal aumenta se não for checado e arrancado pela raiz”. Acúmulo de malícia (kakia, maldade) não deve ser entendido como “mais do que necessário”. A maldade “por ínfima que seja já é excesso”.
O despojar de todo o mal é a condição para a recepção subsequente da palavra [...] enxertada (melhor, “implantada”, NVI). Moffatt apresenta a figura da semente e do solo. Ele interpreta: “Prepare um solo de modéstia humilde para com a Palavra que lança suas raízes no interior com poder para salvar a sua alma”. Knowling observa que ‘“a palavra’ descrita dessa forma é raramente distinguível do CRISTO que habita em nós”. Essa é a palavra a qual pode salvar a vossa alma. “Ela traz uma salvação presente aqui e agora (Jo 5.34); é uma nova vida de pureza. Ela ajuda na salvação progressiva do homem completo na sua batalha com o pecado e no crescimento na graça (2 Tm 3.15). Ela leva à salvação final no céu com CRISTO em DEUS (1 Pe 1.9). O evangelho é o poder de DEUS para a salvação (Rm 1.16)”.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 162.
 
Tg 1.21 “Por isso, despojai-vos de toda impureza e acúmulo de maldade”: precisamos permitir que “passo a passo” nos seja tirada publicamente a velha natureza e dada a nova. Unicamente na proporção em que estivermos dispostos a abrir mão do antigo, o novo terá espaço. Somente na medida em que os “brotos selvagens” são tirados, terão espaço os “ramos nobres”. Também o acúmulo de conhecimento por meio da palavra de DEUS está relacionado à disposição de obedecer, assim como inversamente a falta de capacidade de entendimento está ligada à falta de obediência (Jo 7.17; Ef 4.18). Hoje (como em certa medida também já em épocas passadas) várias coisas podem se opor à palavra de DEUS nas pessoas, como “tampões de ouvidos”: vínculos com o ocultismo, indisciplina sexual, endeusamento das riquezas. Tudo o que podemos fazer é rogar que também hoje sejam abertos os ouvidos e o coração de muitos (At 16.14). – Os citados empecilhos também podem reaparecer ou surgir pela primeira vez em pessoas há muito chamadas por DEUS, impedindo que a nova vida chegue ao devido avanço, fortalecimento e amadurecimento. Por isso também há espaço no seio da igreja, como outrora nos dias de Tiago, para a exortação: “Despi-vos de toda sujeira, e do mal de todo tipo.” “Desmascara tudo e consome o que não for puro em tua luz” (G. Tersteegen).
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
2. Praticai a Palavra (22-24).
Mais do que ter a Palavra em nosso coração, é preciso exteriorizar o evangelho em nossas vidas. É curiosa a observação de Lawrence O. Richards para esta parte do texto bíblico:
Tiago argumenta que olhar para a Palavra de DEUS e não agir de acordo como que vemos ali significa que o que encontramos ali nas Escrituras não tem significado para nós.
Essa palavra, “significado”, indica importância. Se lemos e ouvimos a Palavra de DEUS e não praticamos o que ela diz estamos dizendo que o que DEUS falou não tem importância alguma para nossas vidas. Se o que Ele falou não é importante, podemos entender também que Ele mesmo não é importante para nós. Pensemos nisso da próxima vez que formos ler ou ouvir a Palavra de DEUS.
Tiago nos desafia em seu escrito a ser praticantes da Palavra, e não apenas ouvintes. Primeiro ouvimos o discurso e depois o praticamos. Não é razoável ler, estudar e ouvir a Palavra de DEUS se não temos o objetivo de seguir o que ela nos apresenta. Se temos respeito pela Palavra, é imperativo obedecê-la.
Tiago parece um mestre que ensina, lembra e relembra a seus alunos a que tenham uma vida voltada para atitudes que espelham a salvação. É como se a expressão “pratique a Palavra” fosse uma senha para uma questão difícil de uma prova. Para que façamos a diferença neste mundo, pratiquemos a Palavra. Para que aprendamos a domar nossa língua, pratiquemos a Palavra. Para nos afastarmos da maldade e de toda impureza, pratiquemos a Palavra. Para sermos sábios, pratiquemos a Palavra. A prática, como diz um ditado, conduz à perfeição, e no nosso caso, nos aproxima cada vez mais de DEUS.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 64-65.
 
Tiago enfatiza três verdades vitais aqui.
Em primeiro lugar, o verdadeiro crente nasce da Palavra de DEUS (1.18). A Palavra de DEUS é a divina semente. Quando ela é aplicada em nosso coração pelo ESPÍRITO SANTO, acontece o milagre do novo nascimento. Nascemos, assim, de cima, de DEUS, do ESPÍRITO. Recebemos, portanto, uma nova natureza, uma nova vida.
Em segundo lugar, o verdadeiro crente acolhe a Palavra (1.21). Há uma preparação própria para receber a Palavra: “Pelo que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal...”. A Palavra de DEUS é comparada a uma semente, e o coração do homem, a um solo. Antes de lançarmos a semente precisamos preparar a terra. JESUS falou de quatro tipos de solo: o solo endurecido, o superficial, o congestionado e o frutífero (Mt 13.1-23). Antes de acolhermos a Palavra, precisamos remover a erva daninha da impureza e da maldade. Também é requerida uma atitude correta para receber a Palavra: “... recebei com mansidão a palavra em vós implantada...” A mansidão é o oposto da ira (1.19). E necessário adubar o terreno para que a semente frutifique. A Palavra deve ter raízes profundas em nossa vida. Aceitamos de bom grado a transformação que DEUS opera em nós através da Palavra. Tiago fala ainda acerca do resultado da recepção da Palavra: “... a qual é poderosa para salvar as vossas almas”. Quando nascemos da Palavra, ouvimos a Palavra, recebemos a Palavra e praticamos a Palavra, podemos ter garantia da salvação.
Em terceiro lugar, o verdadeiro crente pratica a Palavra (1.22-25). Não basta ouvir ou ler a Palavra, é preciso praticá-la. Não basta apenas o conhecimento da verdade, é necessário também a prática da verdade. Muitos crentes marcam sua Bíblia, mas a Bíblia não os marca. Há grandes benefícios em se praticar a Palavra.
Primeiro, quem pratica a Palavra conhece a si mesmo (1.23,24). A Palavra aqui é comparada não com a semente, mas com o espelho. O principal propósito do espelho é o autoexame. Quando você olha para dentro da Palavra e compreende o que ela diz, você conhece a você mesmo: seus pecados, suas necessidades, seus deveres e suas recompensas. Ninguém olha no espelho e logo vai embora sem fazer nada. Você olha no espelho para saber se já penteou o cabelo, se já lavou o rosto ou se a roupa está bem passada. Você olha no espelho para ver as coisas como elas são. Quando você olha no espelho, você descobre que tipo de pessoa você é e como você está.
Há alguns perigos quanto ao espelho que precisamos evitar: devemos evitar olhar apenas de relance no espelho.
Muitas pessoas não estudam a si mesmas quando leem a Bíblia. Muitas pessoas leem a Bíblia todo dia, mas não são lidas por ela, não a observam. Muitos leem por um desencargo de consciência, mas não se afligem por não colocar sua mensagem em prática. Há sempre o perigo de você se ver no espelho e não fazer nada a respeito. Como saber se minha religião é verdadeira - Leia esta história:
Conta-se a história de um homem idoso bastante míope, que tinha grande orgulho em atuar como crítico de arte. Um dia, ele visitou um museu com alguns amigos e, imediatamente começou a fazer suas críticas sobre vários quadros. Parando diante de um quadro de corpo inteiro, começou a dar a sua opinião. Ele havia deixado seus óculos em casa e não podia ver a pintura com clareza. Com ar de superioridade, ele comentou; ‘A constituição física desse modelo está simplesmente em desacordo com a pintura. O sujeito (um homem) é bastante rústico e está miseravelmente vestido. De fato, ele é repulsivo, e foi um grande erro para o artista selecionar esse modelo de segunda classe para pintar o seu retrato’. O velho camarada foi seguindo em seu caminho, quando sua esposa o puxou para o lado e sussurrou em seu ouvido: ‘Querido, você estava se olhando no espelho’.
Devemos tomar cuidado para não esquecermos o que vemos no espelho. Muitas vezes lemos a Bíblia tão distraidamente que nem conseguimos ver quem nós somos, como está a nossa aparência. Não temos convicção de pecado.
Não sentimos sede de DEUS. Não falamos como Isaías: “Ai de mim!”. Não falamos como Pedro; “Senhor, aparta-te de mim, porque eu sou um pecador”. Não falamos como Jó: “Eu me abomino no pó e na cinza”. Devemos nos acautelar para não fracassarmos em fazer o que o espelho mostra. Não basta ler a Bíblia, é preciso praticá-la. Não basta falar, é preciso fazer. Reunimo-nos muito para conhecer e pouco para praticar. Gastamos os assentos dos bancos e pouco as solas dos sapatos.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 32-34.
 
Tg 1.22 Apenas ter ou até mesmo estudar a Palavra de DEUS não é benéfico para nós, se não cumprirmos o que ela diz. Nós ouvimos a Palavra de DEUS não apenas para conhecê-la, mas também para realizá-la. Nós estaríamos nos enganando se nos felicitássemos pelo conhecimento das Escrituras e não houvesse nada além disto. O conhecimento valioso é um prelúdio à ação; a Palavra de DEUS só consegue crescer no solo da obediência.
Para que uma lição faça a diferença na vida de um aluno, ela precisa penetrar no coração e na mente, afetando a sua vida. É importante ouvir a Palavra de DEUS, mas é muito mais importante obedecê-la. Nós podemos avaliar a eficiência do nosso tempo de estudo da Bíblia pelo efeito que ele tem no nosso comportamento e nas nossas atitudes. Será que colocamos em prática aquilo que estudamos?
Tg 1.23,24 Algumas pessoas leem a Palavra de DEUS de uma forma casual, sem permitir que ela afete as suas vidas. É como a pessoa que olha tão rapidamente no espelho, que as imperfeições não são detectadas e nada é mudado. Elas ouvem, mas não agem. A outra abordagem é o olhar atento, o estudo profundo e constante da Palavra de DEUS, que permite que uma pessoa veja as imperfeições e modifique a sua vida de acordo com os padrões de DEUS. O tipo de “espelho” que a Palavra de DEUS fornece é exclusivo. Ele nos mostra a nossa natureza interior da mesma maneira como um espelho normal nos mostra as nossas características externas. Os dois espelhos refletem o que está ali. Quando a Palavra de DEUS nos mostra que algo em nós precisa de correção, nós devemos ouvir e agir.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 668-669.
 
Tg1.22 1 – “Sede, porém, praticantes da palavra”: o ouvir não pode ser apenas questão dos ouvidos, de nosso pensar e de nosso sentir. A palavra, pela qual é depositada em nós a nova vida, visa tomar forma em nossa vida toda. A palavra propicia ambas as coisas: promessa e orientação, asserção e demanda. Ela proclama e traz o agir misericordioso de DEUS em nosso favor, e visa impelir-nos ao agir. Nosso agir é resposta ao agir de DEUS. DEUS não quer atuar apenas em nós, mas também através de nós. JESUS nos descreveu DEUS como aquele que age (Jo 5.17), como o DEUS que faz história para a salvação, nossa e de todos os seres humanos. Dessa maneira o DEUS vivo se diferencia p.ex. dos deuses gregos, bem como das ideias dos filósofos (e igualmente do DEUS de uma teologia que se deixa condicionar pela respectiva filosofia contemporânea). A história que DEUS faz viabiliza, de fato, a verdadeira história humana. O ser humano que deseja acolher a palavra de DEUS somente em seu pensamento ou sentimento não a compreendeu corretamente, tornando-se retardatário desobediente quando o DEUS que age deseja envolver também a ele. A palavra de DEUS é palavra do Senhor, a qual nos compromete. Com sua afirmação Tiago está junto de seu Senhor na doutrina (Mt 7.21,24-27) e se move nas mesmas balizas do apóstolo Paulo (Rm 6.1,15).
“Não apenas ouvinte”: não basta o constante “colocar-se sob a palavra”. É necessário obedecer à palavra. Em contraposição, há hoje motivos para enfatizar que não existe prática correta da vontade de DEUS sem o devido ouvir prévio. Aqui nos são dadas orientação e força para esse agir.
“Do contrário enganais a vós mesmos”:
a) Aquele que apenas ouve visa enganar a DEUS: aparenta interessar-se pela vontade de DEUS, mas não se deixa mover para a obediência (também entre pessoas constitui ofensa quando alguém aparentemente se interessa por nossa questão, solicitando que lhe seja exposta largamente, mas depois se afasta sem mexer um dedo sequer).
b) Assim uma pessoa também engana seus semelhantes: “correndo” aos cultos, estudos bíblicos, horas de comunhão (e também pelo linguajar cristão), causando em seu entorno a expectativa de que aqui alguém agirá como cristão. Depois percebem que foram enganados. A “baixa audiência” de que os crentes tantas vezes desfrutam em seu entorno pode ser derivada dessa desilusão.
c) Não por último, porém – é disso que Tiago está falando – desse modo uma pessoa também engana a si mesma: tranquiliza-se e pensa que, desde que seja insaciável em ouvir a palavra e ler intensamente a Bíblia, tudo estaria bem, e também outros o consideram um cristão favorecido (Ap 3.1). Contudo JESUS diz que o ouvir e saber ainda não resolvem nada (Mt 7.26). Tampouco o falar resolve (Mt 7.21). O conhecimento claro até mesmo pode tornar-se uma acusação para quem não vive de acordo (Lc 12.47).
2 – Nesse agir está em jogo não apenas o que fazemos a outros, mas o que fazemos a nós para nossa própria evolução. É o que mostram os v. 23-25.
Tg 1.23 “Se alguém é (apenas) ouvinte da palavra e não (também) praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural”: aquele que ouve a palavra de DEUS é como alguém que se observa no espelho. Entre as duas capas de nossa Bíblia nos são mostrados o “diagnóstico” e a “terapia” de DEUS após a catástrofe do pecado em relação a cada indivíduo e à humanidade como um todo.
a) A pessoa, pois, que atenta para a palavra de DEUS, ouve primeiramente o diagnóstico divino. Vê a si mesma com toda a clareza e verdade, como em um espelho, por assim dizer. O espelho não lisonjeia. Vemos o quanto nos sujamos por meio do pecado. O ser humano natural prefere nem sequer observar-se nesse espelho. Esse é um motivo central para o fato de que se “interessa” por tudo o mais, mas de forma alguma pela palavra de DEUS. No entanto, já que não consegue nem quer submeter-se integralmente à palavra, tenta distanciar-se dela e “esquecê-la” o quanto antes, para poder continuar como era (o ser humano esquece o que deseja esquecer).
Tg 1.24 “Pois, após contemplar-se e se retirar, logo se esquece de como era a sua aparência.” É como quando uma dona de casa percebe no espelho que, ao acender o fogão a lenha, sujou o rosto com a mão fuliginosa, mas não limpa de imediato a sujeira porque não tira o devido tempo para isso. Mais tarde se esquece do que não está em ordem com ela. Quando sai para fazer comprar, admira-se de que as pessoas riem ao vê-la. O mesmo ocorre quando o espelho da palavra nos leva a constatar um erro em nós mesmos e não tomamos imediatamente as atitudes cabíveis. Nesse caso o espelho da palavra de DEUS não nos prestou o serviço que poderia ter prestado para a hora em que haveremos de comparecer perante DEUS. Então, muitas coisas boas que ouvimos, e até mesmo dissemos, hão de transformar-se em acusação contra nós.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
3. Persevere ouvindo e agindo (v.25).
Tg 1.25 As pessoas que atentam são aquelas que estudam a lei de DEUS com séria atenção e, a seguir, a escolhem como o seu estilo de vida. Elas estudam com atenção extasiada, e não apenas uma vez, mas continuamente; como resultado, elas se lembram da Palavra de DEUS e a colocam em prática. Esta lei é perfeita, não é possível melhorá-la.
Esta lei dá liberdade, porque é somente obedecendo à lei de DEUS que a verdadeira liberdade pode ser encontrada (compare com Jo 8.31,32). Como cristãos, nós somos salvos pela graça de DEUS, e a salvação nos liberta do controle do pecado. Como crentes, nós somos livres para viver como DEUS nos criou para viver. Naturalmente, isto não quer dizer que somos livres para fazer o que quisermos (1 Pe 2.16) - agora nós somos livres para obedecer a DEUS.
A pessoa que atenta para a Palavra de DEUS, faz o que ela diz, não esquece o que ouviu e obedece será bem-aventurada.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 669.
 
Tg 1:25 Para além de toda dúvida há um sentido em que Tiago tem razão. No cristianismo há uma demanda ética; há uma lei do viver que os cristãos têm que entender, aceitar e tratar de pôr em prática. Esta lei encontra-se primeiro nos Dez Mandamentos, e depois em todos os ensinos éticos de JESUS.
Tiago chama esta lei de duas maneiras:
(1) Chama-a a lei perfeita. Existem três razões pelas quais essa lei é perfeita:
(a) É lei de DEUS, dada e revelada por DEUS. O estilo de vida que JESUS estabeleceu para seus seguidores é o estilo de vida que concorda com a vontade de DEUS.
(b) É perfeita porque não pode ser melhorada. A lei cristã é a lei do amor, e a demanda de amor nunca pode ser satisfeita. Sabemos bem, quando amamos a alguém, que ainda que lhe déssemos todo o mundo, e ainda que lhe servíssemos toda a vida, mesmo assim não poderíamos satisfazer ou merecer seu amor. A lei cristã é perfeita porque não pode haver lei superior à lei do amor.
(c) Mas há ainda outro sentido no qual a lei cristã é perfeita. Teleios é a palavra que em nossa versão foi traduzida como perfeita, e teleios quase sempre descreve a perfeição para uma determinada finalidade. É perfeição com algum propósito e uso determinados. Agora, se a pessoa obedecer a lei de CRISTO, compreenderá o propósito de sua condição de homem; cumprirá o propósito pelo qual DEUS o pôs no mundo, será a classe de pessoa que deve ser, fará no mundo a contribuição que deve fazer. Será perfeito no sentido de que, obedecendo a lei de DEUS, cumprirá o propósito para o qual foi enviado a este mundo.
 
(2) Chama-a também lei da liberdade. Quer dizer: uma lei que ao cumpri-la o indivíduo encontra sua verdadeira liberdade. Todos os grandes homens estiveram de acordo em que unicamente obedecendo a lei de DEUS pode o ser humano tornar-se autenticamente livre. "Obedecer a DEUS é ser livre", disse Sêneca. "Somente o sábio é livre, e todo néscio é um escravo", afirmavam os estóicos. Filo expressou: "Todos aqueles que estão sob a tirania do ódio, do desejo ou de qualquer outra paixão são totalmente escravos; mas todos os que vivem com a lei são livres." Na medida em que o homem não obedece a não ser as paixões, emoções e desejos não é outra coisa senão um escravo. Quando o homem aceita a vontade de DEUS é quando também se torna realmente livre, porque então fica livre para ser bom, livre para ser o que deve ser. Servir a DEUS é desfrutar de liberdade perfeita, e no fazer a vontade divina está nossa paz.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Tiago. pag. 71-73.
 
Tg 1.25 “Mas aquele que contemplou a lei perfeita da liberdade…” (também é possível traduzir: “Quem observa com precisão, inclinando-se para frente, a lei da liberdade…” Lutero traduz: “Quem, porém, esquadrinha a lei perfeita da liberdade…”): sob a influência do pecado tornamo-nos pessoas amarradas, e pela ação de nosso Senhor tornamo-nos livres (Jo 8.34,36). Essa é a norma de uma vida com nosso Senhor, a maravilhosa norma da verdadeira liberdade: tornamo-nos livres de pecado, do mundo e do diabo e ficamos amarrados ao Senhor. Estar fixos em DEUS e em sua vontade constitui a verdadeira liberdade para nós. Consequentemente somos também livres em relação às pessoas e, a partir de nosso Senhor, livres para as pessoas.
“E nela persevera”: é preciso viver voltado para o Senhor, também em meio a pessoas com as quais partilhamos orações, e, cônscio da presença dele, “direcionado para ele em pureza” (G. Tersteegen), permanecer na obediência, constantemente ligado a ele e, consequentemente, em verdadeira liberdade.
“Esse será bem-aventurado no que realizar”: será bem-aventurado na eternidade, mas também desde já! Viver, pois, na comunhão com o Senhor, na consciência de que está conosco, voltado para ele e a serviço dele (cf. Cl 3.23), isso constitui uma felicidade indestrutível, uma vida plena de sentido, até mesmo neste mundo, até mesmo em sofrimentos. “Tempo e hora, que me importa: estou na eternidade, vivendo em JESUS” (August Hermann Francke).
3 – Na sequência é acrescentada uma palavra fundamental sobre o “culto a DEUS” que abrange nossa vida (essa palavra define simultaneamente a ideia implícita anteriormente no “agir” dos cristãos), ou – como também se pode traduzir – nossa “veneração a DEUS”, i. é, toda a nossa vida como cristãos.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
III - A RELIGIÃO PURA E VERDADEIRA (Tg 1.26,27)
1. A falsa religiosidade.
A palavra “religião” vem do latim “religare”, e traz a ideia de religar o homem a DEUS. Religião pode ser considerada resumidamente como um conjunto de práticas que os fiéis realizam, dentro de seus cultos.
Tiago fala da religião pura e verdadeira em contraposição à religião falsa. Salvo melhor juízo, esse texto de Tiago não nos parece indicar uma contraposição apologética contra outras formas de manifestações religiosas não cristãs, como as outras religiões que o mundo possuía na época. Ao que parece, Tiago está associando, dentro da comunidade cristã, a verdadeira religião com práticas adequadas, e mostrando que a fé verdadeira está associada não apenas à fé, mas com o que fazemos para espelhar nossa fé.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 25.
 
Tg 1.26 A lei perfeita de DEUS deveria ser posta em prática nas nossas palavras. Aqui Tiago introduz dois temas importantes que ele irá comentar detalhadamente mais adiante: o uso da língua (3.1-12) e o tratamento das pessoas menos favorecidas (por toda a carta). Saber como falar bem - como é o caso de um grande professor - não é, de maneira nenhuma, tão importante como ter o controle das próprias palavras: saber o que dizer, e quando, e onde dizê-lo. Se alguém entre vós cuida ser religioso e não refreia a sua língua, antes, engana o seu coração, a religião desse é vã. A maneira pela qual os outros saberão se a nossa fé é ou não real é pelas coisas que decidimos falar e pela maneira como falamos. Tiago irá comentar isto um pouco mais no capítulo 3. Ter práticas religiosas que não levam a um modo de vida ético é enganar-se a si mesmo. Até mesmo as nossas práticas religiosas exteriores são inúteis sem a obediência. E não podemos ser obedientes se não pudermos controlar as nossas bocas, Tiago não especifica como a língua ofende, mas podemos imaginar uma série de maneiras pelas quais a nossa língua desonra a DEUS - mexericos, explosões de ira, críticas duras, reclamações, julgamentos. As nossas ações verbais falam mais alto do que os nossos rituais religiosos. Fingir sermos religiosos e convencer-nos de que somos não é apenas enganar os outros, é também enganar-nos a nós mesmos mortalmente. A conversão não tem significado a menos que ela leve a uma vida transformada. Uma vida transformada não leva a lugar nenhum, a menos que sirva aos outros.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 669.
 
Tg 1.26 Se alguém cuida ser religioso... Noutras palavras, será que determinado crente se julga um bom cristão, muito piedoso? A ênfase está no desempenho religioso, e provavelmente inclui atos de culto como a oração, o jejum e o dízimo. Tiago não condena tais atividades, mas acrescenta o seguinte: e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a sua religião é vã. Noutras palavras, as práticas religiosas são ótimas, mas, se não vierem acompanhadas de um modo de viver ético, nada valem, são menos do que inúteis, porque se (Tiago 1:1-27) transformam em autoenganos. O interesse específico de Tiago é o controle da língua, que é sua maneira de referir-se ao controle do palavrório irado, das explosões de raiva, da crítica ferina e das queixas (cf. 1:19; 3:1,13; 4:11-12; e 5:9). O criticismo, o julgamento e o queixume impiedosos revelam corações ainda não submetidos ao mandamento de CRISTO. Trata-se de pessoas cujas práticas religiosas exteriores, conquanto cristãs, são tão salvíficas quanto a idolatria (i.e., nulas), recebendo ainda a alcunha de práticas vãs nas Escrituras (Atos 14:15; 1 Coríntios 3:20; 1 Pedro 1:18). Tiago, à semelhança de JESUS (Marcos 12:28-34; João 13:34) e os profetas (Oséias 6:6; Isaías 1:1-10; Jeremias 7:21-28), desmascaram sem piedade esse autoengano, de modo tal que seus leitores podem reconhecer sua verdadeira condição antes que seja tarde demais.
Peter H. Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 60-61.
 
Tg 1.26
O que destrói nosso culto a DEUS. “Se alguém pensa que serve a DEUS, deixando de refrear a língua,  pelo contrário, está enganando seu coração, seu culto a DEUS é vão.” Em última análise não podemos fabricar essa vida por meio do culto. Ela é obra do ESPÍRITO SANTO, do “CRISTO em nós”. Mas podemos perturbá-lo e destruir sua obra. Então esse culto é “vão”, um nada, “vazio”. Por mais que a engrenagem gire em nossa vida, por mais que sejamos pessoas atarefadas no reino de DEUS – tudo isso não passa de rodar em ponto morto quando damos vazão à natureza carnal natural, que desagrada a DEUS, quando de alguma maneira permitimos que o diabo enfie o pé na fresta da porta. Onde penetra um espírito falso, o ESPÍRITO de DEUS se retira (“Ele concede o ESPÍRITO aos que lhe são obedientes” – At 5.32.) Na sequência Tiago nos diz que nosso falar é um ponto de entrada para esse espírito falso muito pouco considerado. Levamos a sério nosso agir, mas bem menos nossas palavras. Quantas coisas são ditas ou (o que não é menos negativo) sugeridas em conversas, mesmo depois daquilo que chamamos de “culto a DEUS”, e quanta inveja, ciúme e desprezo estão por trás disso! No cap. 3 Tiago nos trará pormenores acerca dessa questão.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
2. A verdadeira religião (v.27).
Aqui há uma expressão que deve nos chamar a atenção: “A religião pura e imaculada para com DEUS...”. O conceito de religião está mais atrelado à ideia de espiritualidade demonstrada dentro de uma comunidade. Tiago, em contraposição, mostra que DEUS se vincula às nossas práticas de amor e misericórdia para com pessoas que estão à margem da sociedade: órfãos e viúvas nas suas tribulações.
Tiago apresenta uma realidade que está vinculada à prática da verdadeira religião: cuidar daqueles que nos estão próximos. A família, ou membros dela, deveriam ser assistidos sempre. De acordo com Henry Daniel-Rops, os ensinamentos dos rabinos enfatizavam a ideia de que “não cuidar do irmão” era de fato agir como Caim, e elogiavam o exemplo de José, que perdoou os irmãos perversos que tentaram matá-lo, e ao se tornar governador do Egito, recebeu-os bem e estabeleceu-os na terra de Gósen. Era assim que se comportava o verdadeiro israelita.
A orfandade ocorria quando um dos membros da família com responsabilidade de ser o provedor morria, deixando seus dependentes desassistidos. Filhos sem pais estariam à mercê de tribulações não apenas financeiras, mas também relacionadas à fé.
A viuvez, como também a orfandade, era advinda igualmente da morte, mas de um dos cônjuges. De acordo com o texto, Tiago não cita viúvos, e sim viúvas. Claro que um homem poderia ficar viúvo, mas não há indicações de que ele deveria ser ajudado da mesma forma que a viúva pela igreja. Isso não significa que um viúvo não devesse ser ajudado, pois a perda de um cônjuge tem efeitos dolorosos no cônjuge sobrevivente. Entretanto, de forma geral, as mulheres geralmente cuidavam da casa e da educação dos filhos, enquanto o homem deveria ser o provedor das necessidades advindas do lar. Uma vez que a morte recolhia o provedor, não raro a viúva ficava desassistida, caso seus filhos não tivessem a idade para se unirem e manterem sua mãe.
Uma viúva não poderia trabalhar nem mesmo ter herança, pois esta ia para o filho mais velho da família. Se não houvesse socorro dentro de casa, as viúvas acabariam mendigando ou se vendendo como escravas.
Nesses dois casos, como vimos, os fatores em comum são a morte e as tribulações advindas dela. Um exemplo clássico no Antigo Testamento é o caso da viúva de um profeta nos dias de Eliseu. O esposo dessa mulher frequentava a escola de profetas, mas faleceu e deixou dívidas que precisavam ser quitadas. Como a mulher não tinha bens para adimplir as obrigações contraídas pelo seu esposo, os credores lhe bateram à porta para serem ressarcidos ou levariam os filhos daquele casamento. Aquelas duas crianças órfãs de pai seriam escravas dos credores.
DEUS não se esquece dos órfãos e viúvas, e ordena que os cristãos façam o mesmo, ou seja, que sejam usados por DEUS cuidando dessas pessoas. Acima de tudo, o desafio é que a igreja hoje exerça a misericórdia para com as pessoas que justamente não podem retribuir na mesma medida de bondade. Isso mostra não apenas a prática da sabedoria, mas também a concretização daquilo que DEUS deseja de nós.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 65-67.
 
Tg 1.27 De uma religião que é capaz de argumentar facilmente a favor de qualquer comportamento, Tiago agora se volta para um relacionamento no qual DEUS pode ditar os termos de comportamento - a religião pura e imaculada. Tiago explica a religião em termos de um serviço prático e de pureza pessoal. Os rituais realizados com reverência não são errados; mas, se uma pessoa se recusa a obedecer a DEUS na sua vida diária, a sua “religião” não é aceita por DEUS.
A religião pura e imaculada não é a observância perfeita de regras; na verdade, é um espírito que se infiltra nos nossos corações e nas nossas vidas (Lv 19.18; Is 1.16,17). Assim como JESUS, Tiago explica a religião em termos de uma fé interior vital, que se expressa na nossa vida cotidiana. O nosso comportamento deve estar de acordo com a nossa fé (1 Co 5.8). Órfãos e viúvas são frequentemente mencionados nas preocupações da igreja primitiva, porque eles eram os mais obviamente “pobres” na Israel do século I. As viúvas, por não terem acesso às heranças na sociedade judaica, estavam praticamente à margem da sociedade. Por esta razão, Paulo teve que organizar um procedimento completo a respeito das viúvas em suas próprias igrejas, como se vê em 1 Timóteo 5. As viúvas não podiam ter empregos, e as suas heranças iam para os seus filhos primogênitos. Era de se esperar que as viúvas fossem sustentadas pelas suas próprias famílias, de modo que os judeus as deixavam com pouquíssimo sustento econômico. A menos que um membro da família estivesse disposto a cuidar delas, elas se viam reduzidas a mendigar, se venderem como escravas, ou passar fome. Ao cuidar destas pessoas desamparadas, a igreja colocava em prática a Palavra de DEUS. Quando doamos sem esperança de receber algo em troca, nós mostramos o que significa servir aos outros.
Ainda hoje, a presença de viúvas e órfãos nas nossas comunidades e cidades torna esta orientação de Tiago muito contemporânea. A este grupo, nós também podemos acrescentar aquelas pessoas que realmente se tornaram viúvas e órfãos através da destruição das famílias pelo divórcio. Estas pessoas têm vidas complicadas. As necessidades sempre ameaçam superar os nossos recursos humanos. Cuidar de pessoas magoadas é um trabalho estressante. Ainda assim, nós somos convocados para nos envolver.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 669-670.
 
27. Precisamos ter em mente que Tiago não está tentando aqui resumir tudo o que envolve a verdadeira adoração a DEUS. Tiago está preocupado com uma super-ênfase no “ouvir”, em detrimento da “prática”. Neste versículo são apresentadas duas outras áreas da vida que devem revelar evidências de nosso “ouvir” reverente da Palavra: preocupação social e pureza moral. O cuidado pelos órfãos e as viúvas é uma ordem do Antigo Testamento como uma forma de imitar o cuidado do próprio DEUS com estas pessoas — ele é o “pai dos órfãos e defensor das viúvas” (SI 68.5; PIB). Num texto que apresenta muitas semelhanças com esta passagem de Tiago, Isaías anuncia que DEUS não mais irá aceitar a adoração que seu povo lhe oferece (a “religião” deles); eles precisam “se lavar... aprender a fazer o bem; atender à justiça, repreender o opressor; defender o direito do órfão, pleitear a causa das viúvas” (Is 1.10-17). O órfão e a viúva tornam-se tipos daqueles que se encontram desamparados neste mundo. Os cristãos que professam uma religião pura irão imitar seu Pai, intervindo para ajudar os desamparados. Aqueles que passam necessidade no Terceiro Mundo, nas cidades; aqueles que estão desempregados e sem dinheiro; aqueles que são precariamente representados no governo ou na justiça — estas são as pessoas que deveriam ver abundantes evidências da “religião pura” dos cristãos.
Douglas J. Moo. Tiago. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 86.
 
Tg 1.27
a- O que faz parte do culto a DEUS. “Um culto puro e imaculado perante DEUS, o Pai, consiste em visitar órfãos e viúvas em sua aflição e manter a si próprio incontaminado do mundo”: DEUS nos presenteou com seu grande amor, dando-nos seu Filho unigênito como irmão e tornando-se assim pessoalmente nosso Pai e a nós, seus filhos (Rm 5.8; 1Jo 3.1). Agora tudo depende de que nós lhe agrademos, como o Filho primogênito de DEUS (Mt 3.17). Duas coisas são citadas aqui como partes integrantes do verdadeiro culto a DEUS: dirigir-se para dentro do mundo e preservar-se diante do mundo.
b- “Visitar órfãos e viúvas em sua aflição”: Tiago cita pessoas que naquele tempo eram especialmente carentes de ajuda, bem como de proteção jurídica. Literalmente consta: “olhar por eles”. Isso inclui o cuidado assistencial. Primeiramente ele tinha em mente os co-cristãos na igreja, mas de forma alguma somente a eles (Gl 6.10). É condizente com a intenção de nosso Senhor e vale como dirigido a ele, quando nos dedicamos com toda energia, amor e fantasia às pessoas em torno de nós, perto e longe, em vista de suas mais diversas carências (Mt 25.45; 18.5).
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
3. Guardando-se da corrupção (v.27)
Além de visitar órfãos e viúvas nas suas necessidades, é preciso que nos resguardemos da corrupção do mundo. É possível que uma pessoa corrupta faça atos de caridade em prol dos mais desassistidos? Sim. Mas aos olhos de DEUS, guardar-se do sistema deste mundo e de suas tendências corruptas faz parte da demonstração da verdadeira religião aos olhos de DEUS. A corrupção do mundo pode contaminar nossos corações, e por isso devemos ficar distantes dela.
Assim, é a fé que agrada a DEUS. Mais que cerimônias, DEUS quer de nós atitudes.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 67-68.
 
Além disto, aqueles que têm uma religião pura e imaculada se guardarão da corrupção do mundo. Para nos protegermos da corrupção do mundo, precisamos nos comprometer com o sistema ético e moral de CRISTO, e não com o do mundo. Não devemos nos adaptar ao sistema de valores do mundo, baseado no dinheiro, no poder, e no prazer. A verdadeira fé não significa nada se estivermos contaminados com estes valores. Tiago estava simplesmente ecoando as palavras do Senhor JESUS em sua oração que é chamada “oração sumo sacerdotal” (Jo 17), em que JESUS enfatizou que estava enviando os seus discípulos ao mundo, mas esperando que eles não fossem do mundo.
A medida que nos colocamos à disposição para servir a CRISTO no mundo, precisamos nos colocar continuamente sob a proteção desta oração. A oração afirma duas coisas importantes: (1) nós permanecemos no mundo porque este é o local onde CRISTO quer que estejamos; e (2) nós teremos a proteção de DEUS.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 670.
 
Tg 127b A pureza moral é outra marca da religião pura. O guardar-se incontaminado do mundo significa evitar que pensemos e ajamos de acordo com o sistema de valores da sociedade que nos cerca. Tal sociedade reflete amplamente crenças e práticas não-cristãs ou, quem sabe, ativamente anticristãs. O cristão que vive “no mundo” corre o constante perigo de ter sobre si a mácula do sistema. É importante e instrutivo o fato de Tiago incluir esta última área, pois ela penetra além da ação, chegando às atitudes e crenças das quais a ação brota. A “religião pura” do “cristão perfeito” (v. 4) associa a pureza de coração à pureza de ação.
Douglas J. Moo. Tiago. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 86.
 
Tg 1.27b.2 - “E manter a si próprio incontaminado do mundo.” É correto atuar no mundo, mas não se sujar e infeccionar com ele. O Israel do AT foi encorajado repetidamente a não se contaminar com os ídolos das nações em seu redor, ou seja, a não acolhê-los (Jr 2.7; 7.30s; 32.34; Ez 5.11; 20.7,30; 22.3; 37.23; etc.). Também nós podemos, quando entramos no mundo e nos relacionamos com ele – algo necessário – contaminar-nos com os ídolos que predominam em nosso entorno e adotá-los junto com seus parâmetros e seu espírito. Por exemplo, a mentalidade carreirista, o espírito reivindicatório, a indiferença em relação a DEUS e às pessoas, o estresse desnecessário que leva as pessoas a se refugiarem da meditação e no silêncio, a adaptação ao espírito da época no pensar, no trabalho e no lazer, a indisciplina, o espírito de desrespeito e de rebeldia para com pessoas e DEUS, a adoção de uma ideologia que reivindica domínio absoluto sobre o ser humano e o domina em todas as esferas da vida. Em nossa época se exige muitas vezes que cristãos não se distingam em nada do mundo, que a igreja de CRISTO se dissolva na sociedade com seu serviço e suas tarefas. O espírito do anticristo (2Ts 2.3-12; Ap 13), o espírito da “meretriz” (Ap 17) tentam nos igualar, como cristãos, com todo o mundo. Nesse caso a única solução é que permaneçamos “nele”, isto é, em contato com ele, em diálogo com ele, dando-lhe atenção, falando com ele, obedecendo-lhe, seguindo-o. Então ele sempre ficará entre nós e o mundo, cujas forças demoníacas tentam se apoderar de nós. “CRISTO, em ti somente, estou seguro em corpo e mente” (cf. Zc 2.9; Pv 18.10).
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/  - com algumas modificações do Ev. Luiz Henrique.
 
Questionário da Lição 5 – O Cuidado ao falar e a religião pura
Responda conforme a revista da CPAD do 3º Trimestre de 2014 - Para jovens e adultos
Tema: FÉ E OBRAS - Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica
Complete os espaços vazios e marque com "V" as respostas verdadeiras e com "F" as falsas.
 
TEXTO ÁUREO
1- Complete:
"[...] Mas todo o __________________________ seja pronto para _________________________, tardio para __________________________, tardio para se _________________________" (Tg 1.19).
 
VERDADE PRÁTICA
2- Complete:
As nossas _________________________ podem, ou não, _________________________ a _________________________ de DEUS.
 
I. PRONTO PARA OUVIR E TARDIO PARA FALAR (Tg 1.19,20)
3- O que nos ensina Tiago sobre estar pronto para ouvir?
(    ) Ouvir é um empreendimento prazeroso e, por isso, praticado por muitos.
(    ) Para alguns crentes, a pessoa sábia é a que sempre tem algo a falar.
(    ) Ouvir é um empreendimento trabalhoso e, por isso, ignorado por muitos.
(    ) Diferentemente, as Escrituras admoestam-nos a ser prontos para ouvir.
(    ) No versículo 19, Tiago introduz o seu ensino sobre o "ouvir" e o "falar" destacando a expressão sabei isto.
(    ) Com essa expressão, ele demonstra a sua preocupação pastoral com os seus leitores.
(    ) Outro termo no versículo 19 chama-nos a atenção: pronto.
(    ) No grego, a palavra significa "rápido", "ligeiro" e "veloz".
(    ) O escritor sacro incentiva-nos a estar disponíveis a ouvir.
(    ) É uma atitude que depende de uma disposição e também da decisão em ouvir o outro.
(    ) A exemplo do profeta Samuel, que desde a sua infância foi ensinado a ouvir a voz divina, o povo de DEUS deve persistir em escutar os desígnios do Pai, pois nesses últimos dias têm Ele falado através do seu Filho, o Verbo Vivo de DEUS.
 
4- O que nos ensina Tiago sobre ser tardio para falar?
(    ) Quem ouve com atenção adquire a rara capacidade de opinar acerca de qualquer assunto.
(    ) É justamente por isso que a Carta de Tiago exorta-nos a ser tardios para falar (v.19).
(    ) Uma palavra dita sem pensar, fora de tempo, e sem conhecimento dos fatos, pode provocar verdadeiras tragédias.
(    ) Quem nunca se arrependeu de ter falado antes de pensar?
(    ) Quem ouve com atenção adquire a capacidade de falar com facilidade.
 
5- Como agiu José diante de Faraó, o imperador do Egito Antigo?
(    ) O patriarca José aproveitou sabiamente um momento ímpar em sua vida.
(    ) Antes de responder às perguntas sobre os sonhos do monarca, José as ouviu e refletiu sobre elas.
(    ) Orientado pelo Senhor, respondeu sabiamente a seus irmãos.
(    ) Orientado pelo Senhor, respondeu sabiamente a Faraó.
(    ) Temos de aprender a refletir sobre o que vamos dizer e falar no tempo certo.
(    ) Pese bem as palavras, e ore como o rei Davi: "Põe, ó SENHOR, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios".
 
6- O que nos ensina Tiago sobre o controle da ira?
(    ) O versículo 11 da carta de Tiago expressa o seguinte: prontos a se irar.
(    ) O versículo 19 da carta de Tiago expressa o seguinte: tardios para se irar.
(    ) A ira é um profundo sentimento de ódio e rancor contra a outra pessoa.
(    ) Uma vez descontrolada, ela não produz a justiça de DEUS, mas uma justiça segundo o critério da pessoa que sofreu o dano: a vingança.
(    ) A Palavra de DEUS não proíbe o crente de ficar indignado contra a injustiça.
(    ) Ao mesmo tempo, a Bíblia estabelece limites para o nosso temperamento não se achar irrefletido, descontrolado, deixando-nos impulsivamente irados.
(    ) O cristão, templo do ESPÍRITO SANTO, tem de levar a sua mente cativa a CRISTO (2 Co 10.5) e manifestar o fruto do ESPÍRITO SANTO: o domínio próprio.
(    ) Fuja da aparência do mal. Tenha autocontrole.
 
II. PRATICANTE E NÃO APENAS OUVINTE DA PALAVRA (Tg 1.21-25)
7- O que Tiago quis dizer com “Enxertai-vos da Palavra” (21)?
(    ) A mensagem contida nos livros seculares são guias para os crentes.
(    ) A Palavra de DEUS é o guia maior do crente.
(    ) Para que a Palavra atinja efetivamente o coração do servo de DEUS, este precisa acolhê-la com pureza e sinceridade. Isto é, firmar uma posição radical rejeitando toda a imundícia e a malícia mundana (v.19); recebendo o  Evangelho com mansidão e sobriedade.
(    ) Leia os Evangelhos!
(    ) Persiga em conhecer a mensagem divina de CRISTO JESUS, mas, igualmente, abra o coração para ouvir a voz do Senhor.  
 
8- O que Tiago quis dizer com “praticai a Palavra” (22-24)?
(    ) Se amar a DEUS e ao próximo são considerados mandamentos únicos, devemos porfiar em vivê-los.
(    ) O escritor sacro não tem interesse em que o leitor da epístola apenas acolha a Palavra no coração, antes deseja que o crente a pratique.
(    ) Não pode haver incoerência entre o que se "diz" e o que se "faz" para quem é discípulo de JESUS.
(    ) Se amar a DEUS e ao próximo são os maiores dos mandamentos, então, devemos porfiar em vivê-los.
(    ) Quem acolhe a Palavra rejeita tudo o que é imundo, maligno, perverso, injusto, dissimulado, insincero.
(    ) Não apenas isso, mas igualmente abre a porta do coração para "tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama" .
(    ) Do contrário, seremos identificados com o homem que contempla a própria imagem no espelho e depois se retira esquecendo-se completamente dela.
(    ) Há pessoas que olham para o Evangelho e ouvem, mas sem memória e perseverança, não dão nenhuma resposta ou sequência ao chamado de JESUS  CRISTO (vv.23,24). DEUS nos livre desse engodo! 
 
9- O que Tiago quis dizer com “persevere ouvindo e agindo” (v.25)?
(    ) Tiago conclui este ponto da epístola da seguinte maneira: Quem é cuidadoso para com a lei, nela persevera; não apenas ouvindo-a negligentemente, mas praticando-a zelosamente.
(    ) Falamos e vivemos o que pregamos! Precisamos analisar nossa vida em amor e sinceridade.
(    ) Felicidade plena em tudo é a promessa para quem ousa viver o Evangelho cônscio das implicações espirituais e das consequências materiais.
(    ) Alguém, um dia, disse que os evangélicos são poderosos no discurso, mas fracos na prática do mesmo discurso.
(    ) Falamos, mas não vivemos! Precisamos analisar nossa vida em amor e sinceridade.
(    ) Entremos na presença de DEUS com o rosto descoberto, coração rasgado e alma despida.
(    ) No tempo em que vivemos não dá para passar despercebidos na dissimulação, ou seja, fingindo ser algo que na verdade não somos.
 
III. A RELIGIÃO PURA E VERDADEIRA (Tg 1.26,27)
10- O que é a falsa religiosidade?
(    )  Apesar de algumas pessoas se considerarem religiosas por frequentarem um templo, as Escrituras revelam o significado da verdadeira religião.
(    ) Ela reprova todo o ativismo religioso feito em "nome de DEUS", mas em detrimento do próximo.
(    ) A bíblia reprova todo a prática religiosa feita em "nome de DEUS", para o próximo.
(    ) Aqui, a língua do crente tem um papel importante. Tiago diz que é possível enganar o próprio coração quando deixamos de refrear a nossa língua.
(    ) Ora, o coração é a  sede dos desejos, dos sentimentos e das vontades. E a boca só fala daquilo que o coração está cheio (Mt 12.34).
(    ) É incompatível com o Evangelho, viver a graça de DEUS sem mergulhar no Reino dEle.
(    ) Quem não se entrega inteiramente ao Senhor pratica uma religião vã e falsa.
(    ) Não podemos ser como a pessoa capaz de fazer uma belíssima oração por um faminto, e depois despedi-lo sem lhe dar um único grão de arroz.
 
11- O que é a verdadeira religião (v.27)?
(    ) A religião que agrada a DEUS é aquela cujos discípulos confessam e exaltam o seu nome, congregando sempre.  
(    ) A religião pura, santa e imaculada, de acordo com o autor sacro, é suprir a necessidade do próximo: "Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações".
(    ) O problema hoje é que a nossa atenção, quase sempre, está voltada para o prazer pessoal.
(    ) Temos os olhos fechados para os necessitados que na maioria das vezes cultuam a DEUS, assentados, ao nosso lado.
(    ) Lembremo-nos da vida de JESUS CRISTO! Ele não apenas olhou para os marginalizados, mas foi até eles e os acolheu em amor.
(    ) A religião que agrada a DEUS é aquela cujos discípulos professam e bendizem o seu nome, visitando e acolhendo os necessitados nas aflições.  
 
12- O que quer dizer “guardando-se da corrupção” (v.27)? Complete:
Além de recomendar a __________________________ de visitarmos os órfãos e as viúvas, a Epístola de Tiago menciona outro aspecto da verdadeira religião: guardar-se da v do mundo. A religião falsa está mergulhada no egoísmo, na corrupção e nos interesses maléficos do _________________________ pecaminoso. A igreja deve manter-se longe da _v. Estamos no mundo, mas não fazemos parte do seu _________________________! O Evangelho nada tem com os seus valores e preceitos.
 
CONCLUSÃO
13- Complete:
Nessa semana aprendemos sobre o cuidado que devemos ter com o _________________________ e o _________________________. Estudamos também acerca da religião __________________________ e imaculada que alegra a DEUS: visitar os órfãos e as viúvas nas tribulações e guardarmo-nos da _____________________ do mundo. Que os nossos ouvidos estejam prontos para _________________________, a nossa _________________________ para falar sabiamente e a nossa vida para __________________________ tudo quanto aprendemos do Evangelho. Embora estejamos em um mundo turbulento, devemos exalar o bom _________________________ de CRISTO por onde formos (2 Co 2.15).
 
RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO EM http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm 
 

Referências Bibliográficas

Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico Almeida Revista e Corrigida.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999.
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
www.ebdweb.com.br
www.escoladominical.net
www.gospelbook.net
www.portalebd.org.br/
http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/ - Pb Alessandro Silva
 

30 julho 2014

Vídeos da Lição 5 – O Cuidado ao falar e a religião pura, 6ptes, 3Tr14, EBD NA TV

25 julho 2014

Lição 4 – Gerados Pela Palavra da Verdade 1 Parte

Lição 4 – Gerados Pela Palavra da Verdade
LIÇÕES BÍBLICAS - 3º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: FÉ E OBRAS - Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica
Comentário: Pr. Eliezer de Lira e Silva
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
 
 
TEXTO ÁUREO
"Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de DEUS, viva e que permanece para sempre" (1 Pe 1.23).
 
 
VERDADE PRÁTICA
Somente aqueles que foram gerados pela Palavra da Verdade são guiados pelo ESPÍRITO SANTO.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Pe 4.12,13 - Alegrai-vos com a provação
Terça - Lm 5.21 - Nossa oração pelo perdão
Quarta - Jo 3.3 - Novo nascimento e Reino de DEUS
Quinta - 1 Jo 5.4 - A vitória sobre o mundo
Sexta - 2 Co 6.2 - Hoje é dia de salvação
Sábado - 1 Tm 2.4 - DEUS a todos quer salvar
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Tiago 1.9-11,16-18
Tg 1.9 Mas glorie-se o irmão abatido na sua exaltação, 10 e o rico, em seu abatimento, porque ele passará como a flor da erva. 11 Porque sai o sol com ardor, e a erva seca, e a sua flor cai, e a formosa aparência do seu aspecto perece; assim se murchará também o rico em seus caminhos.
Tg 1.16 Não erreis, meus amados irmãos. 17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação. 18 Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas.
 
INTERAÇÃO
DEUS pode fazer o mal? O contexto da epístola de Tiago mostra que Ele é bom e, portanto, a sua sabedoria só pode fazer o bem, jamais o mal. Nele, não há variação de bondade e malignidade; de luz ou trevas. O nosso Pai Celestial decidiu de uma vez por todas, em JESUS, fazer o bem para reconciliar o mundo consigo mesmo. Por isso, a sabedoria de DEUS é pura, bondosa, benigna, humilde, cordata, temperante, etc. Porque Ele é bom! Prezado professor, que a bondade de DEUS inunde a sua vida e a dos seus alunos. Que eles decidam amar o próximo como o nosso Pai o ama.
 
OBJETIVOS - Após a aula, o aluno deverá estar apto a:
Analisar a relação entre os pobres e os ricos da igreja.
Defender a verdade que DEUS só faz o bem.
Compreender que os filhos de DEUS são as primícias dentre as criaturas.
 
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, para concluir o primeiro tópico da lição sugerimos mais uma leitura dos versículos 9-11 do primeiro capítulo de Tiago. Logo em seguida, explique aos alunos que à luz das Escrituras, apesar de o pobre ser marginalizado pela sociedade cuja cultura predominante é a de "ter" e não de "ser", ele é convidado a gloriar-se em CRISTO pela sua nova posição de filho de DEUS. Enquanto o rico, no encontro com o Evangelho de CRISTO, é convidado por CRISTO a se humilhar para compreender a natureza passageira da sua riqueza. Sabendo assim acerca da sua missão de suprir o pobre necessitado. Conclua o tópico afirmando que DEUS é o Senhor dos pobres e dos ricos.
 
Resumo da Lição 4 - Gerados Pela Palavra da Verdade
I. A RELAÇÃO ENTRE OS POBRES E OS RICOS DA IGREJA (Tg 1.9-11)
1. Os pobres na Igreja do primeiro século.
2. Os ricos na Igreja Antiga.
3. Perante DEUS, pobres e ricos são iguais.
II. DEUS SÓ FAZ O BEM (Tg 1.16,17)
1. Não erreis (v.16).
2. Todo dom e boa dádiva vêm de DEUS.
3. A origem de tudo o que é bom está no Pai das Luzes.
III. PRIMÍCIAS DE DEUS ENTRE AS CRIATURAS (Tg 1.18)
1. Algo que somente DEUS faz.
2. A Palavra da verdade.
3. O propósito de DEUS.
 
SINOPSE DO TÓPICO (1) Na igreja do primeiro século, pobres e ricos eram acolhidos em amor.
SINOPSE DO TÓPICO (2) Tudo o que é bom vem de DEUS, pois nEle não há momento de bondade e maldade. Ele é sempre bom!
SINOPSE DO TÓPICO (3) A partir da promessa da salvação, DEUS colhe as suas primícias (os salvos) dentre as criaturas.
 
Minhas observações - Ev. Luiz Henrique
Teologia da Prosperidade - Opção pelos ricos, sem problemas financeiros e de saúde física.
Teologia da Libertação - Opção pelos pobres, em detrimento dos ricos e conformidade com as doenças.
Teologia Bíblica - Sem acepção de pessoas, DEUS ama a todos indistintamente e JESUS morreu por todos. Passamos por problemas, aflições, doenças, tentações e provações. DEUS passa junto conosco por esses problemas e nos livra de todos.
Causa da pobreza na época de Tiago:
a- Mecanismos legais, que suprimem o direito daqueles que se endividaram (Tg. 2.1-12);
b- Ganância, que prima pela ostentação (Tg. 4.-13-17)
c- Opressão, através da retenção dos salários dos mais pobres (Tg. 5.4).
As pessoas se divertem e alcançam prazer em oprimir umas as outras, em nossos dias (Tg. 1.18,21; 4.6; 5.19,20).
O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (I Tm. 6.10).
Os ricos que são gerados pela palavra de Deus, são crentes, não colocam o coração nas riquezas terrenas, sabem que nada trouxeram para este mundo, e que nada também levarão (I Tm. 6.7).
Não se deve colocar nas riquezas o coração (Sl. 62.10).
A igreja está passando por uma crise de identidade, não sabe se está no reino de DEUS ou dos homens. As obras realizadas pela igreja, em nossos dias, são feitas para serem vistas e aplaudidas pelo mundo e não por amor a DEUS e a nosso próximo.
“Assim, não sois mais estrangeiro, nem imigrantes; pelo contrário, sois concidadãos dos santos.”
No Antigo Testamento, as nações foram formadas pelos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. No livro de Atos, vemos essas três famílias unidas em CRISTO. Em Atos 8, um descendente de Cam é salvo, o ministro da fazenda da Etiópia. Em Atos 9, um descendente de Sem é salvo no caminho de Damasco, Saulo de Tarso, o qual se tornou o apóstolo Paulo. Em Atos 10, um descendente de Jafé é salvo, Cornélio. O pecado dividiu a humanidade, mas CRISTO faz dela uma nova nação. Todos os crentes das diferentes nacionalidades formam a nação santa que é a igreja. Francis Foulkes diz que em relação ao povo da aliança de DEUS, os gentios eram xenoi e paraikos, “estrangeiros” e “imigrantes”, isto é, pessoas que, ainda que vivessem no mesmo país, tinham, contudo, os mais superficiais direitos de cidadania. Essa era a situação anterior, mas, de agora em diante, já não o é. Nas palavras do apóstolo, agora são “concidadãos dos santos”.
 
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
 
SAIBA MAIS pela Revista Ensinador Cristão CPAD -  nº 59, p.38.
 
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 59, p.38.
Inicie a aula descrevendo as classes sociais da Igreja do Primeiro Século. Ricos e os pobres da igreja. Apesar de sua posição, nem sempre os ricos se aproveitavam das oportunidades para demonstrar a preocupação de DEUS por aqueles que estavam necessitados (2.14-17). Já se orgulhavam de sua elevada posição, talvez por se considerarem 'ricos', moralmente superiores, mesmo quando se identificavam com as armadilhas das posições elevadas e do poder. Até mesmo pensavam a respeito de sua salvação utilizando a imagem da sua posição social, isto é, a coroa da vida" (p.1665).
Um desastre que pode ocorrer ao crente economicamente bem sucedido é quando ele interpreta as ocorrências cotidianas da vida como "acontecimentos espirituais". Ele faz uma teologia particular sem se importar com os outros ao redor. É preciso explicar o mal que uma teologia individualista, como a da prosperidade, pode causar a uma igreja local. Não podemos ignorar o ensino da Palavra: a de que o rico deve suprir o necessitado, e este, deve se alegrar por se achar o filho escolhido por DEUS.
 
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO - VÁRIOS LIVROS TEOLÓGICOS
A Epístola de Tiago apresenta também como tema a forma como o cristão deve encarar a pobreza e a riqueza. Essas condições sociais são enfatizadas pelo apóstolo como circunstâncias transitórias da vida, como situações passageiras, porquanto terrenas, e também como conjunturas em meio às quais o cristão deve aprender a estar sempre satisfeito (Tg 1.9-11).
Outro tema abordado é DEUS como a fonte de todo bem verdadeiro (Tg 1.16,17); e, na sequência desse assunto, o apóstolo fala do maior de todos os dons que o Senhor nos concede: o de sermos gerados de novo pelo poder da Palavra de DEUS (Tg 1.18).
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 47.
 
VERDADE
Do heb. 'emuna, "firmeza, estabilidade, verdade"; 'emet, "firmeza, verdade"; gr. aletheia, "verdade".
Carnell afirma que "a verdade é uma propriedade do julgamento que coincide com o pensamento de DEUS" {An introduction to Christain Apologetics, p. 47). Através da expressão consistência sistemática, ele quer dizer que uma afirmação deve: primeiramente satisfazer sem dificuldade as leis da lógica, ou seja, ser horizontalmente consistente - que é o teste da verdade formal; em segundo lugar, estar de acordo com os fatos, ou seja, concordar verticalmente com todos os fatos, que é o teste da verdade material.
 
Aspectos da Verdade
Em uma definição satisfatória de verdade, como esta que foi apresentada acima, estão incluídos três aspectos e elementos da verdade.
1. Verdade ontológica ou metafísica.
Esta expressa o supremo relacionamento da verdade e da natureza, bem como o relacionamento da verdade religiosa e moral em particular com o próprio caráter, vontade e pensamento de DEUS. A verdade religiosa e moral é o que DEUS é, e está de acordo com o seu caráter. A verdade científica e social é o que DEUS deseja e está, também, em consistência com seu caráter. DEUS é a verdade em sua própria pessoa (Dt 32.4; SI 31.5; Is 65.16), e este fato é particularmente revelado em JESUS CRISTO (Jo 1.14,17; 14.6). Sua Palavra revelada é a verdade (1 Rs 17.24; Jo 17.17); sua lei moral é a verdade (SI 119.142,151).
 
2. Verdade lógica.
Dois extremos ocorrem: (a) Alguns aplicam a lógica e negam a revelação. Ele mostra que o lógico positivista assume as proposições básicas da moralidade e da ética, e as utiliza sem exigir provas, (b) Outros tentam aceitar a revelação, embora negando à lógica sua função própria. DEUS é racional e lógico e a Bíblia prova não estar cheia de paradoxos e contradições quando aceita, pela fé e da maneira como foi escrita. O Senhor forneceu evidências verossímeis da verdade e da infalibilidade de sua Palavra. Esta conclusão é o testemunho dos crentes dos dois Testamentos (SI 108.4; Jo 20.30,31; 1 Jo 1.1-3).
3. Verdade factual. A verdade tem de condizer com os fatos da vida e da existência. Isto significa ter uma correspondência proposicional com a realidade. A verdade não pode satisfazer-se com universalidades e generalidades, por mais úteis que possam ser, nem com meras individualidades e particularidades, mas tem de condizer verticalmente com os fatos enquanto os organiza corretamente através do uso de universalidades.
 
Atitudes para com a Verdade
Ouvindo e sendo a verdade. Pode-se ouvir a verdade, acreditar que é verdadeira, até ensiná-la e ainda assim recusar-se ou falhar em agir de acordo com ela. Isto corresponde a ouvir a verdade e não ser a verdade. A verdade conhecida, no sentido de acreditar e agir de acordo com ela, satisfaz, então, a três testes: consistência lógica, consistência factual e consistência prática.
Os dois primeiros foram discutidos acima nos itens verdade lógica e verdade factual. O terceiro é mencionado pelo Senhor JESUS CRISTO como a base da salvação, isto é, experimentar a verdade ao agir de acordo com ela (Jo 8.32). Isto acarreta um conhecimento do conteúdo sobre o qual a ação apoia-se. As Escrituras dão aos três seu lugar adequado. Elas esperam que a fé seja baseada em evidências razoáveis, e que a ação siga o recebimento de uma revelação clara e autoconsistente.
Muitos teólogos modernos das escolas neo-ortodoxa e liberal negam que a verdade seja absoluta. Paul Tillich, por exemplo, a vê como, necessariamente, relativa, argumentando que, se fosse absoluta e imutável, isso tornaria DEUS - que é o Supremo e o Absoluto - relativo. Tal visão, de fato, nega a possibilidade da verdade autêntica, substituindo-a pela verdade kairotic ou temporária - as coisas podem ser verdadeiras hoje, mas erradas amanhã. A resposta cristã destaca vários fatos.
 
1. Se a verdade depende de DEUS, e DEUS é a verdade em pessoa, então a verdade absoluta não limita, ao contrário, revela DEUS. DEUS é amor, mas o amor não rouba, não mente, etc.., e os mandamentos apenas expressam estas verdades que já existem no caráter de DEUS. Elas não estão limitando, mas revelando afirmações que têm sua base na natureza de DEUS.
2. Pelo fato de DEUS ser a verdade, CRISTO é a verdade tanto em sua pessoa como em sua revelação (Jo 1.14,17; 14.6). Seu caráter e suas palavras complementam-se, e seu ensino revela tanto seu caráter santo quanto o do Pai (Mt 5.43-48). Os teólogos existencialistas tentavam reforçar a importância de ser a verdade, enquanto negavam que a verdade tivesse um conteúdo proposicional, isto é, um conteúdo que está compreendido nas afirmações reveladas nas Escrituras. Sua tentativa fracassa quando se percebe que CRISTO, usando uma linguagem de sala de aula, sustenta em João 8 que seu testemunho é verdadeiro. Ele ensina somente o que ouviu (w. 26,40), viu (v. 38) e o que lhe foi ensinado pelo Pai (v. 28). Ele pode confirmar o que diz, porque o Pai jamais o deixou só (v. 29). Em João 14, onde CRISTO declara que Ele mesmo é a verdade (v. 6), Ele mais uma vez refere-se ao conteúdo de seu ensino, mostrando que Ele não é somente a verdade em pessoa, mas que também ensina a verdade proposicional.
Isto faz parte do contexto de João 8, quando, como visto acima, Ele defende a verdade de seus ensinos ao dizer: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (v. 32). Isto torna claro que Ele não está falando de um conhecimento místico dele mesmo que salvará o homem, mas de um conhecimento cujo conteúdo é composto por aquilo que Ele ensina.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1990-1991.
 
TERMINOLOGIA BÍBLICA
No hebraico devemos considerar uma palavra e no grego, também uma, a saber:
I. Emeth, "verdade", "constância". Esse vocábulo hebraico ocorre por 92 vezes no Antigo Testamento, conforme se vê, para exemplificar, em Gên. 24:27; 42:16; Êxo, 18:21; Deu. 13:14; Jos. 24:14; Juí. 9:15; I Sam. 12:24; II Sam. 2:6; I Reis 2:4; II Reis 20:3,19; II Crô. 18: 15; Esl. 9:30; Sal. 15:2; 25:5,10; 30:9; 31:5; 40:10,11; 43:3; 51:6; 57:10; 61:7; 71:22; 91:4; 145:18; 146:6; Pro. 3:3; 8:7; 12:19; 23:23; Ecl. 12:10; lsa. 10:20; 16:5; 38:18,19; Jer. 4:2; 9:5; Dan. 8:12; 9:13; Osé. 4:1; Miq. 7:20; Zac. 8:3,8,16,19; Mal. 2:6. Há outras formas dessa palavra e outros vocábulos que ocorrem por algumas poucas vezes, e que também podem ser traduzidos como "verdade".
2. Alétheia, "verdade". Palavra grega que é usada por 110 vezes: Mal. 22:16; Mar. 5:33; 12:14,32; Luc. 4:25; 20:21; 22:59; João 1:14,17; 3:21; 4:23,24; 5:33; 8:32,40,44-46; 14:6,17; 18:37,38; Atos 4:27; 10:34; Rom. 1:18,25; 2:2,8,20; I Cor. 5:8; 13:6; II Cor. 4:2; 6:7; 13:8; Gál. 2:5,14; 5:7; Efé. 1:13; 4:21 ,24,25; 5:9; 6: 14; Fil. 1:18; Col. 1:5,6; II Tes. 2:10,12,13; I Tim. 2:4,7; 3:15; 4:3; 6:5; II Tim. 2:15,18,25; 3:7,8; 4:4; Tito 1:1,14; Heb. 10:26; Tia. 1: 18; 3:14; 5: 19; I Ped. I: 22; li Ped. 1:12; 2:2; I João 1:6,8; 2:4,21; 3: 18,19; 4:6; 5:6; 11 João 1-4; III João 1,3,4,8,12.
 
No Antigo Testamento, a palavra emeth e seus cognatos indicam as idéias de firmeza, estabilidade, fidelidade, alguma base fidedigna de apoio. É uma qualidade atribuída tanto a DEUS quanto às criaturas. Também é atribuída não somente às mais diversas afirmações (por exemplo, Rute 3:12), mas também à conduta (ver Gên. 24:49) e às promessas (li Sam. 7:28). A verdade é associada na Bíblia à gentileza (Gên. 47:29), à justiça (Nee. 9: 13 e Isa. 59:14) e à sinceridade (Jos. 24:14). Por essas razões, a Septuaginta, com frequência, a traduz pelo termo grego plstts, "fé", "fidelidade", "convicção", a fim de expressar o aspecto moral, em vez de empregar alétheia, "verdau Je " .
 
Nas páginas do Novo Testamento, alétheia retém a ênfase moral e personalista que o termo paralelo hebraico tem no Antigo Testamento, embora a noção de fidelidade, com mais frequência, seja transmitida através da palavra grega pistis. Etimologicamente, alétheia sugere que alguma coisa tenha sido descoberta, revelada, segundo a sua verdadeira natureza, dando a ideia daquilo que é real e genuíno, em contraposição com o que é imaginário ou espúrio, ou, então, daquilo que é veraz, em contraposição com o que é falso. Assim, lemos a respeito do "verdadeiro DEUS" e da "verdadeira vinha", tal como o Credo Niceno fala sobre "o vero DEUS do vero DEUS". O adjetivo grego, a léthinos. aparece em contextos assim, ao passo que alethés é palavra empregada como um predicado (ver Mal. 22:16; João 3:33, etc.). A julgar pelo uso que esses dois adjetivos têm no Novo Testamento, não se pode averiguar qualquer diferença essencial no significado fundamental desses dois termos, Porém, as referências neotestarnentárias a declarações verazes tornam evidente que o conceito de verdade cognitiva deriva-se das noções de franqueza ou caráter fidedigno (ver, por exemplo, Mar. 5:33; 12:32; João 8:44-46; Rom. 1:25 e Efé. 4:25).
 
O conceito cognitivo é mais explícito no Novo Testamento do que no Antigo Testamento. A verdade está ligada não somente à fidelidade e à justiça, mas também ao conhecimento e à revelação. A maneira de pensar dos escritores sagrados era mais diretamente moldada pelos conceitos veterotestamentários e acima de tudo, pela crença de que o verdadeiro DEUS, o DEUS alethinôs, não vive oculto, mas antes, age e fala com uma franqueza totalmente digna de confiança (alethés).
 
A VERDADE QUE CONHECEMOS
1. Sabemos bem pouco, mas aquilo que sabemos é imensamente importante.
2. Em contraste com o conhecimento de um historiador, que depende de pesquisas do passado distante, e isso contando com meios inadequados, a busca pela verdade religiosa depende da revelação. A revelação depende do interesse de DEUS pelo mundo, e é evidência do mesmo.
3. A verdade é comprovada nas vidas daqueles que são transformados segundo a imagem de CRISTO. Poder é necessário para que isso se concretize, e o que é bom traz consigo suas próprias evidências.
A sabedoria não é finalmente testada nas escolas, A sabedoria não pode passar de quem a tem para quem não a tem, A sabedoria da alma não é suscetível de prova, é sua própria prova.
(Walt Whitman, Canção da Estrada Aberta).
 
Conforme disse Aristóteles (Retórica 11.13), a verdade é que os homens se vão tornando menos e menos dogmáticos, à proporção que envelhecem, reconhecendo cada vez mais a vastidão da verdade, e isso certamente é o caso da verdade de CRISTO, pois é infinitamente ampla e não pode ser contida por qualquer credo ou denominação religiosa, porquanto é impossível alguém cercar DEUS com uma sebe.
 
Contra a Arrogância
a. A fé não consiste em não crer em algo que não é a verdade. Um dogma pode servir de obstáculo para a verdade.
b. Nenhuma denominação ou fé isolada pode ser guardiã da verdade divina. Podemos aprender coisas de outros, e as janelas deveriam ser mantidas abertas, para permitir que a luz entre, para que possa haver crescimento.
Da preguiça que aceita meias verdades, Da arrogância que pensa conhecer toda a verdade. Ó Senhor, livra-nos. (Arthur Ford)
O próprio Paulo exibiu grande confiança: "Sei em quem tenho crido", e, no entanto, aludiu a si mesmo como mero principiante na inquirição pela verdade espiritual. (Ver II Tim. 1:12, em comparação com Fil. 3: 10-14. Quanto a JESUS como a personificação da "verdade", ver João 14:6).
 
Descrições e Elementos da Verdade
DEUS é o DEUS da verdade (Deu. 32:4; Sal. 31 :5).
CRISTO é a verdade (João 14:6 com João 7:18).
CRISTO estava repleto de verdade (João 1: 14).
CRISTO falou a verdade (João 8:45).
O ESPÍRITO SANTO é o ESPÍRITO da verdade (João 14: 17).
O ESPÍRITO SANTO nos guia a toda verdade (João 16: 13).
A Palavra de DEUS é a verdade (Dan. 10:21; João 17: 17).
DEUS encara a verdade favoravelmente (Jer. 5:3).
Os juízos divinos são segundo a verdade (Sal. 96:13; Rom.12).
 
Os santos deveriam:
Adorar a DEUS na verdade (João 4:24 com SaI.145:18).
Servir a DEUS na verdade (Jos. 24: 14; 1 Sam. 12:24).
Andar diante de DEUS na verdade (I Reis 2:4; 11 Reis 20:3).
Observar as festividades religiosas na verdade (I Cor.5:8)
Estimar a verdade como preciosíssima (Pro. 23:23).
Regozijar-se na verdade (I Cor. 13:6).
Falar a verdade uns com os outros (Zac. 8:16; Efé. 4:25).
Meditar sobre a verdade (Fil. 4:8).
Escrever a verdade sobre as tábuas do coração (Pro.3:3).
DEUS deseja a verdade no coração (Sal. 51:6).
O Fruto do ESPÍRITO se verifica na verdade (Efé. 5:9).
 
Os ministros deveriam:
Falar a verdade (lI Cor. 12:6; Gál. 4: 16).
Ensinar a verdade (1 Tim. 2:7).
Ser aprovados pela verdade (11 Cor. 4:2; 6:7,8; 7: 14).
Os magistrados deveriam ser homens caracterizados pela verdade (Êxo. 18:21).
Os reis são preservados pela verdade (Pro. 20:28).
 
Os que dizem a verdade:
Exibem a retidão (Pro. 12: 17).
Serão firmados (Pro. 12:19).
São deleitáveis para DEUS (Pro. 12:22).
 
Os ímpios:
São destituídos da verdade (Osé. 4: 1).
Não dizem a verdade (Jer. 9:5).
Não sustentam a verdade (Isa. 59:14,15).
Não pleiteiam pela verdade (Isa. 59:4).
Não são corajosos em defesa da verdade (Jer. 9:3).
Serão punidos por não terem a verdade (ler. 9:5,9; Osé, 4: 1).
 
O evangelho, como a verdade:
Veio por meio de CRISTO (João 1:17).
CRISTO dá testemunho da verdade (João 18:37).
Ela se acha em CRISTO (Rom. 9: 1; 1Tim. 2:7).
João deu testemunho da verdade (João 5:33).
Ela é segundo a piedade (Tito 1:1).
Ela é santificadora (João 17: 17,19).
Ela é purificadora (I Ped. 1:22).
Ela faz parte da armadura cristã (Efé. 6:14).
Ela é revelada abundantemente aos santos (Jer. 33:6).
Ela permanece com os santos (11 João 2).
Ela deveria ser reconhecida (11 Tim. 2:25).
Ela deveria ser crida (11 Tes. 1:12, 13; 1 Tim. 4:3).
Ela deveria ser obedecida (Rom. 2:8; Gál. 3: 1).
Ela deveria ser amada (11 Tes. 2: la).
Ela deveria ser corretamente manuseada (11 Tim. 2: 15).
Os ímpios se afastam da verdade (11 Tim. 4:4).
Os ímpios resistem à verdade (11 Tim. 3:8).
Os ímpios estão destituídos da verdade (I Tim. 6:5).
A igreja é a coluna e o baluarte da verdade (1 Tim. 3: 15).
O diabo é despido de verdade (João 8:44).
 
TRÊS CONCEITOS DE VERDADE NA BÍBLIA
O uso que a Bíblia faz da palavra verdade, sugere três conceitos relacionados entre si, a saber:
1. a verdade moral;
2. a verdade ontológica; e
3. a verdade cognitiva.
Naturalmente, os conceitos 2 e 3 dependem, logicamente, do conceito 1; e o conceito 3 depende, logicamente, dos conceitos 1 e 2. Em cada um desses casos, entretanto, a base da verdade se encontra em DEUS, que é a fonte originária e o padrão de 1, a retidão; 2, o ser; e 3, o conhecimento.
 
1. A Verdade Moral.
A verdade é um dos atributos de DEUS. Como tal, esse vocábulo se refere à integridade, ao caráter digno de confiança e à fidelidade de DEUS. Um poeta hebreu celebra esse atributo em Salmos 89, e o profeta Oséias o faz em Osé. 2:19-23. Em ambos os casos, a verdade divina é combinada com a misericórdia e o amor de DEUS. De acordo com Deuteronômio 32:4, Salmos 100:5 e 146:6, a fidelidade de DEUS é revelada por meio da criação; e, no livro de Apocalipse, esse é o atributo de DEUS sobre o qual repousa a expectação de juízo (ver Apo. 3:7,14; 6:10; 15:3,4; 19:11 e 21:5).
Visto que o caráter divino deve ser imitado pelos homens, a verdade também deveria ser uma qualidade, virtude ou atributo humano. Por esse prisma, a verdade importa em honestidade (Sal. 15:2; Efé. 4:25) e justiça civil (Isa. 59:4,14,15). Dizer a verdade, portanto, para o homem constitui uma obrigação, de tal maneira que a veracidade (verdade cognitiva) seja uma das características do homem em quem se pode confiar (verdade moral).
Entretanto, espera-se de cada indivíduo que se mostre íntegro diante de DEUS e de seus semelhantes (Êxo. 18:21; Jos. 24:14). Nesse sentido moral, a verdade não é algum mero verniz superficial, pelo contrário, parte do próprio coração, distinguindo o caráter inteiro do homem interior (I Sam, 12:24; Sal. 15:2; 51:6).
 
2. A Verdade Ontológica.
Originando-se no conceito de que o indivíduo que é inteiramente digno de confiança é veraz, temos aquele outro conceito do indivíduo que efetivamente é aquilo que se propõe a ser. Isso significa que tal individuo não vive uma ficção, não procura enganar ao próximo, e nem é um homem que dê um exemplo imperfeito ou negativo. Nesse sentido, "a verdadeira luz" (João 1:9) é a perfeição que João Batista refletia em parte, em sua pessoa; "o verdadeiro pão" (João 6:32) faz contraste com o imperfeito maná de Moisés; e "os verdadeiros adoradores" (João 4:23) fazem contraste com aqueles que adoravam por mera antecipação, aguardando por quem não conheciam o Messias. Os crentes tessalonicenses abandonaram seus ídolos a fim de servirem ao verdadeiro DEUS (1Tes. 1:9).
E nesse sentido que falamos sobre "um verdadeiro homem", "um verdadeiro erudito" ou "um verdadeiro filho", dando a entender alguém que é fiel a algum ideal, que representa perfeitamente algum padrão de virtude. A teoria grega dos universais via, em todos os particulares, uma participação, em algum grau, nas formas ideais dos universais.
Pensadores cristãos como Agostinho, Anselmo e Tomás de Aquino equipararam essas formas com as ideias e os decretos divinos (verdades eternas), tendo atribuído uma "verdade ontológica" aos objetos naturais que dão corpo a essas idéias e decretos. Entretanto, essa noção não se originou dos ensinamentos bíblicos, mas pela combinação das teorias gregas sobre a forma com o conceito bíblico de um Criador que faz todas as coisas em consonância com a sua perfeita vontade.
 
3. A Verdade Cognitiva.
Um outro fator resultante da verdade moral é que o individuo veraz diz a verdade e não a mentira ou falsidade. Em DEUS, a verdade origina-se na sua onisciência, de tal modo que o atributo da verdade se refere, pelo menos em parte, ao seu perfeito conhecimento de todas as coisas (1ó 28:20-26; 38:39). Visto que DEUS é o Criador, tudo quanto sabemos depende, em última análise, do Senhor. Toda verdade é uma verdade divina. Nossas habilidades cognitivas são uma criação de DEUS, e o caráter inteligível da natureza confirma a sabedoria de DEUS. Por conseguinte, o conhecimento de DEUS é um conhecimento arquétipo, do qual o nosso conhecimento é parcial, uma imitação. Aquilo que declaramos verdadeiro, só o é à proporção que concorda com a verdade, que só se manifesta perfeitamente na pessoa de DEUS. Isso posto, a verdade terrestre é contingente, dependente, limitada, provisória. É por um motivo assim que o apóstolo dos gentios explicou que"... agora vemos como em espelho, obscuramente...", e que somente na presença imediata de DEUS, quando estivermos na glória, é que " ...veremos face a face ...". Sim, ainda no dizer do apóstolo, agora conhecemos apenas parcialmente; no céu conheceremos tal e qual somos conhecidos. Em contraste com o nosso conhecimento refletido, a verdade arquétipo é ilimitada, imutável e absoluta. No caso do homem, a verdade permanece em formação constante; mas, no caso de DEUS, a verdade já é perfeita, completa.
Isso é expresso através do conceito do Logos, nos escritos de João, bem como na discussão, na epístola aos Colossenses, sobre o fato de estarem ocultos, em CRISTO,
" ... todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento..." (Col. 2:3). O CRISTO, por intermédio de Quem todas as coisas foram criadas, e que agora sustenta a tudo em existência, é aquele que empresta, à natureza e à história, inteligibilidade, boa ordem e propósito. Conhecer a CRISTO é conhecer a fonte onisciente de toda a verdade, de todo o conhecimento, não a fim de que possamos saber de tudo quanto ele sabe, mas a fim de podermos compreender como são possíveis todo o conhecimento e toda a sabedoria. CRISTO é aquele que garante o caráter fidedigno de qualquer verdade que podemos obter.
Apesar de ser evidente, no Novo Testamento, o conceito cognitivo da verdade (ver, por exemplo, Mar. 5:33; 12:32; Rom. 1:25), é particularmente aplicado ali à mensagem anunciada por CRISTO e seus apóstolos (João 5:33; 8:31-47; Rom. 2:8; Gál, 2:5; 5:7; Efé. 1:13; I Tim. 3: 15; I João 2:21-27). Um mensageiro cristão fiel fala a verdade que procede de DEUS; e, correspondendo a essa verdade de DEUS, o crente confia em DEUS, de quem procede essa verdade. A fé, pois, consiste tanto no assentimento da verdade como na dependência ao que DEUS declara. Por isso é que se lê que uma pessoa "pratica a verdade", quando dá o seu assentimento à mensagem do evangelho e confia em CRISTO, em vista de sua "verdade moral" ou fidelidade (ver I João 1:6-8; 2:4; 3:18,19).
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 593-595.
 
I - A RELAÇÃO ENTRE OS POBRES E OS RICOS DA IGREJA (Tg 1.9-11)
1. Os pobres na Igreja do primeiro século.
Gl 2.10 Muito esforço seria necessário para promover a unidade no nível das raízes entre os cristãos de origem judaica e os gentios. Os apóstolos perceberam que uma maneira imediata e prática de transpor esta possível brecha seria lembrarem-se de ajudar aos pobres. Paulo assegurou que pretendia fazer isto com diligência. Ele nunca se esqueceu desta ideia. Ele continuava ansioso por ajudar os crentes pobres de Jerusalém. Nas suas viagens missionárias (especialmente na terceira), Paulo arrecadou fundos para ajudar os crentes de origem judaica que eram pobres e que viviam em Jerusalém (veja At 24.17; Rm 15.25-28; 1 Co 16.1-4; 2 Co 8-9).
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 268-269.
 
O compromisso de Paulo (Gl 2.10)
O apóstolo Paulo passa das considerações teológicas acerca do conteúdo e da defesa do evangelho para os aspectos práticos — o auxílio aos pobres. Doutrina e prática andam juntas. A teologia cristã precisa desembocar na prática do amor cristão. A salvação é só pela fé, independentemente das obras, mas a fé salvadora não vem só, ela produz obras. A fé sem obras é morta. A fé opera pelo amor. A fé é a fonte; as obras, o fluxo que corre dessa fonte. A fé é a raiz; as obras, os frutos. A fé a causa; as obras, a consequência. Não somos salvos pelas obras, mas para as obras. O mesmo evangelho que liberta do pecado, também assiste os necessitados.
Duas verdades são aqui destacadas.
Em primeiro lugar, não há conflito entre fé e obras.
“Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres...” (2.10). O evangelho da graça é integral. Ele provê salvação para a alma e redenção para o corpo. É transcendental e ao mesmo tempo assistencial. Não existe conflito entre evangelização e ação social. Fé e obras não se excluem; completam-se. Quando o coração está aberto para DEUS, está também franqueado para o próximo. A conversão do coração passa também pela generosidade do bolso. Quem ama a DEUS também serve ao próximo. Quem adora a DEUS também socorre o necessitado.
Em segundo lugar, não há conflito entre evangelização e ação social. “... o que também me esforcei por fazer” (2.10b). Não há conflito entre a pregação do evangelho e o cuidado dos pobres. Paulo foi um homem que se afadigou na Palavra. Ele se gastou pelo evangelho. Pregou com senso de urgência e também com lágrimas. Ao mesmo tempo, porém, esforçou-se para socorrer os pobres. Foi a Jerusalém duas vezes com o propósito de levar ofertas aos necessitados (At 11.29,30; 21.17). Compromisso assumido, compromisso cumprido. A pobreza dos crentes da Judeia despertou a simpatia das igrejas gentias (Rm 15.25-27; I Co 16.1-4; 2Co 8—9). Evangelização sem ação social gera um pietismo alienado; ação social sem evangelização produz um assistencialismo humanista. Ao longo dos séculos o evangelho de CRISTO tem sido o vetor inspirador para as maiores obras sociais do mundo, criando hospitais, escolas, asilos e dezenas de instituições que cuidam do ser humano de forma integral. Concluímos esta exposição com a perspectiva de William Hendriksen. Ele diz que ajudar os pobres é requerido na lei de DEUS (Êx 23.10,11; 30.15; Lv 19.10; Dt 15-7-11), na exortação dos profetas (Jr 22.16; Dn 4.27; Am 2.6,7) e no ensino de JESUS (Mt 7.12; Lc 6.36,38; Jo 13.29). É fruto da gratidão do crente pelos benefícios recebidos. Aqueles que recebem misericórdia tornam-se misericordiosos. Paulo diz que aqueles que recebem benefícios espirituais devem retribuir com benefícios materiais (Rm 15.26,27). JESUS é o maior exemplo de generosidade (2Co 8.9). O homem generoso receberá grande recompensa (Mt 25.31-40).
LOPES, Hernandes Dias. GÁLATAS A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pag. 90-92.
 
Gl 2.10 De conformidade com a doutrina farisaica, as três grandes colunas sobre as quais se apoia o mundo espiritual, seriam as esmolas, o serviço no templo e o estudo da Torah. As condições econômicas da época, em muitas comunidades judaicas, mas sobretudo em Jerusalém, tornavam a prática das esmolas extremamente importante. Jerusalém parece ter sido sempre uma parasita econômica, dependente das rendas do templo, que vinham de outras regiões de Israel e até mesmo de países estrangeiros. Com base nos fundos dos tesouros do templo de Jerusalém e das milhares de sinagogas é que eram sustentadas as viúvas e outros pobres, sendo dali também tirados fundos para ajudar aos desempregados. Ao mesmo tempo, entretanto, líderes gananciosos se enriqueciam mediante o uso pessoal dos fundos destinados à comunidade. Estêvão selou a sua condenação ao indicar, em seu sermão, que o templo de Jerusalém estava obsoleto, e não era mais essencial para a verdadeira adoração. Ao menos por razões financeiras, discursos dessa natureza não poderiam mesmo ser tolerados entre os judeus antigos. (Ver Atos 7:49 e ss.).
Falando sobre dinheiro, ninguém deseja contribuir, hoje em dia, para a manutenção do ministério e para a ereção de escolas. Mas quando se trata do estabelecimento da idolatria e da adoração falsa, nenhum custo é poupado. A verdadeira religião sempre padecerá da falta de fundos suficientes, ao passo que as religiões falsas são sustentadas pelas riquezas materiais». (Martinho Lutero, in loc.).
«...dos pobres...» Estes deveriam ser relembrados e servidos. Provavelmente apelaram a Paulo, para que os ajudasse, e a coleta foi feita, pelo menos em parte, como resposta a esse apelo. Naturalmente que isso não foi apresentado como «condição» para a aceitação de Paulo por parte dos demais apóstolos; antes, foi a única coisa que veio a ser solicitada dele, no tocante a quaisquer sugestões adicionais que os apóstolos tinham a respeito dos labores de Paulo. Os «pobres», em geral, devem ser incluídos nessa ideia, ainda que parece ter havido uma preocupação especial como os pobres de Jerusalém e das cercanias.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 454.
 
2. Os ricos na Igreja Antiga.
A pobreza e a riqueza na vida do cristão
A não ser em casos específicos em que a condição espiritual da pessoa a leva a comportamentos que acabam afetando negativamente a sua vida financeira, ou em casos também muito específicos em que o juízo de DEUS sobre alguém, afeta a sua vida financeira, ser pobre ou rico materialmente não tem nada a ver com a condição espiritual. Há ímpios pobres e há ímpios muito ricos, assim como há servos de DEUS ricos e pobres, servos de DEUS ricos que empobreceram e servos de DEUS pobres que enriqueceram. Por exemplo: Abraão foi rico; Isaque também foi rico; Jacó nasceu em uma família rica, depois foi ganhar a vida como empregado de seu tio Labão até que DEUS o fez enriquecer sem precisar da ajuda de seus pais; o rico Jó era um homem justo e reto diante de DEUS, mas se tornou pobre e depois voltou a ser rico; Jeremias era pobre, permaneceu assim e morreu assim; os profetas Sofonias e Isaías foram aristocratas palacianos, mas o profeta Amós foi um simples camponês; o pobre Lázaro da história contada por JESUS em Lucas 16, e que morreu pobre e na miséria, era um homem justo; a Bíblia diz que um profeta que realmente “temia ao Senhor” e auxiliava no ministério do profeta Eliseu morreu pobre e endividado (1 Rs 4.1), mas sua esposa acabou prosperando após um milagre de DEUS (1 Rs 4.7); etc.
O que a Bíblia classifica como mal não é a riqueza, mas o amor às riquezas, a confiança depositada nelas. Isso está mais do que claro em várias passagens das Escrituras. A Bíblia nos diz que, no que tange a bens materiais, passamos a ser ímpios quando:
1) Passamos a amar as riquezas, o que é o princípio do fim, porque “o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (l Tm 6.10).
2) A riqueza passa a ser senhora de nossas vidas e não nossa serva: “Náo podeis servir a DEUS e a Mamom” (Mt 6.24).
3) Tornamo-nos avarentos, isto é, apegados demasiadamente, e de forma repugnante, ao dinheiro (Lc 12.15a).
4) Passamos a medir a qualidade da nossa vida pela abundância do que possuímos (Lc 12.15b).
5) Passamos a colocar a nossa prioridade nas riquezas (Mt 6.19-21).
6) Passamos a colocar a nossa esperança nas riquezas (l Tm 6.17b).
7) Tornamo-nos altivos, soberbos e arrogantes por causa das riquezas (l Tm 6.17a).
8) Praticamos a usura (SI 15.5).
9) Somos possuídos pela cobiça (l Tm 6.10), as riquezas se tornam uma obsessão em nossa vida (l Tm 6.9).
10) Nossos bens são “bens mal adquiridos”, ou seja, conquistados desonestamente, seja ilegalmente (Hc 2.9) ou não (Pv 28.20), pois nem sempre o que é legal é moral. O pagamento de salários injustos é um desses casos, inclusive mencionado pelo apóstolo Tiago (Tg 5.4).
Como vemos, no que diz respeito às riquezas, o pecado está em mantermos uma relação imoral com elas. Bons exemplos de homens de DEUS ricos são Jó e Abraão (Gn 13.2; Jó 1.3; 42.10,12). Eles enriqueceram dentro do sistema econômico de suas épocas e não eram avarentos. Eles eram generosos, desapegados às suas riquezas e colocavam seus bens a serviço da obra de DEUS, ajudando o próximo (leia com atenção Jó 31.14-41). O próprio apóstolo Tiago cita Abraão como grande exemplo de verdadeira piedade, de fé com obras (Tg 2.21-23). JESUS criticou a avareza, o amor ao dinheiro, e não o desejo simples (que não deve ser confundido com desejo obsessivo) de prosperar financeiramente (Mt 6.19-21,24). JESUS não pregou a pobreza como uma virtude. Ser rico e ser pobre não têm nada a ver com caráter ou qualidade de vida espiritual.
Quando JESUS citou a metáfora do camelo no fundo da agulha, estava falando não da impossibilidade de um rico entrar no Reino de DEUS, mas da dificuldade (Mt 19.23,24), porque o ser humano tendente a valorizar o material mais do que o espiritual. JESUS não estava ensinando, e nunca ensinou, que, para nos mantermos firmes espiritualmente, devemos ser avessos a qualquer tipo de desejo de prosperar financeiramente. Tanto é que JESUS conclui sua ilustração dizendo que DEUS salvará, sim, ricos (Mt 19.26). A metáfora é só um alerta para não se apegar às riquezas, o que JESUS já havia feito em seu Sermão da Montanha (Mt 6.24). Na mesma linha do Mestre, o apóstolo Paulo não dá recomendações aos cristãos ricos para que deixem de ser ricos, mas para que sejam bênção como ricos (l Tm 6.17-19), e assevera que o dinheiro não é a raiz de todos os males, mas, sim, “o amor ao dinheiro” (l Tm 6.10).
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 49-51.
 
Lc 18.24,25 Com o discipulado lhe tendo sido oferecido, o homem decidiu voltar às suas posses. JESUS tristemente mostrou aos seus discípulos que muito dificilmente entrarão no Reino de DEUS os que têm riquezas. Isto era contrário à sabedoria convencional. Muitos judeus acreditavam que a riqueza era um sinal da bênção de DEUS sobre o povo. Aqui, JESUS explicou que as riquezas frequentemente podem provar ser um obstáculo. As pessoas ricas frequentemente não sentem a profunda necessidade espiritual de procurar e encontrar a DEUS. Elas podem usar o seu dinheiro para obter posses, viagens e pessoas que lhes servem, para que não sintam nenhuma necessidade em suas vidas. Com todas as suas vantagens e influência, os ricos com frequência acham difícil ter a atitude da humildade, da submissão, e de serviço exigida por JESUS. Como o dinheiro representa poder e sucesso, os ricos frequentemente deixam de perceber o fato de que o poder e o sucesso na terra não podem trazer a salvação eterna. Mesmo que usem o seu dinheiro para ajudar causas boas e nobres, ainda assim podem perder a oportunidade de fazer parte do reino de DEUS.
JESUS usou um conhecido provérbio judaico para descrever a dificuldade enfrentada pelos ricos; ele disse: “é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de DEUS”. A palavra grega se refere a uma agulha de costura. O camelo, o maior animal da Palestina, poderia passar pelo furo de uma agulha de costura mais facilmente do que uma pessoa rica poderia entrar no reino de DEUS. Estas realmente são palavras preocupantes para aqueles cujos bens e dinheiro são extremamente importantes.
18.26,27 Como o povo judeu via as riquezas como um sinal de bênçãos especiais de DEUS, as pessoas ficaram atônitas quando JESUS disse que na verdade as riquezas impediam que as pessoas se encontrassem com DEUS. Então, perguntaram: “Logo, quem pode salvar-se?” JESUS respondeu que as coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a DEUS. As pessoas não podem salvar a si mesmas, não importa quanto poder, autoridade ou influência possam comprar. A salvação vem somente de DEUS. Tanto os ricos quanto os pobres podem ser salvos, e as coisas humanamente impossíveis são divinamente possíveis. Os ricos devem deixar de se apegar às suas riquezas, lembrando-se de que todos os centavos vêm de DEUS. E devem usar voluntariamente o que DEUS lhes deu para ajudar no avanço do seu Reino. Isto não é fácil para ninguém, seja rico ou pobre. O dinheiro pode ser um obstáculo imenso, mas DEUS pode modificar todas as pessoas.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 437.
 
Lc 18.25-26. Esse acontecimento levou JESUS a fornecer aos seus um ensinamento sobre o perigo da riqueza. Um rico dificilmente entra no reino de DEUS, porque o coração pecaminoso se apega demais à propriedade terrena. A fim de incutir mais firmemente essa verdade em seus ouvintes, o Senhor acrescenta ao que foi dito até agora um provérbio: “É mais fácil que um camelo passe pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reinado de DEUS.” O ponto de comparação desse provérbio é o humanamente impossível. Com certeza não é condizente imaginar aqui a pequena entrada no muro de Jerusalém pela qual um camelo carregado passava apenas com dificuldade.
A declaração do Senhor ensinou os ouvintes a lançar um olhar sincero para seu próprio coração. Consternados eles perguntam quem, então, poderá ser salvo? A pergunta não é “que pessoa rica pode tornar-se bem-aventurada?”, como consta no título do livrinho de Clemente de Alexandria, mas: “que pessoa realmente pode tornar-se bem-aventurada?”
Não obstante, tornar-se bem-aventurado, ser salvo, algo impossível a partir do ser humano, pode ser viabilizado por DEUS. Nenhuma pessoa é capaz de transformar seu coração por força própria, para não se apegar mais às coisas terrenas. A onipotência da graça de DEUS, porém, consegue renovar o coração, para que abra mão de tudo o que é terreno por causa do reino de DEUS, para que busque, ao invés de bens terrenos, o tesouro celestial.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.
 
Lc 18.25-26. O Senhor quer dizer que é impossível que um rico faça ou encontre por suas próprias forças um caminho para o reino de DEUS. Quão poderosa é a resistência que a riqueza exerce no coração do homem natural! Ele é violentamente retido por seu fascinante charme e é assim impedido de cultivar uma atitude de coração e mente necessária para entrar no reino de DEUS. Veja Lucas 16.13; cf. 1 Timóteo 6.10. É preciso observar que JESUS fala deliberadamente em termos absolutos. Há pouco usamos a expressão por suas próprias forças. Embora diante do versículo 27 não se faz necessário retrair esse qualificativo, deve-se advertir que aqui no versículo 25 JESUS não qualifica assim sua afirmação.
Ele fala em termos absolutos a fim de gravar ainda mais claramente na mente dos discípulos que a salvação, do princípio ao fim, não é uma “realização” humana. Quanto ao fato de que “o extremo do homem é a oportunidade de DEUS”, fica reservado para mais adiante.
A surpreendente observação de JESUS teve o efeito desejado. Abalou tanto os que o ouviam, que exclamaram: “Então, quem pode ser salvo?” Provavelmente arrazoaram deste modo: o que JESUS diz com respeito aos ricos vale para todos, porque, embora nem todos sejam ricos, contudo os pobres aspiram a ser ricos. Em relação a isso, note também que o rico havia inquirido sobre herdar a vida eterna (v. 18). JESUS havia respondido em termos de entrar no reino de DEUS (v. 25). E os ouvintes - em sua maioria discípulos, provavelmente (veja vs. 15, 28) - haviam interpretado a resposta de seu Senhor como uma indicação de que ninguém poderia ser salvo (v. 26). Portanto, é evidente que as três designações são sinônimas; todas descrevem a mesma bênção, porém cada uma focaliza um ponto de vista diferente.
HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Lucas. Vol 2. Editora Cultura Cristã. pag. 401-402.
 
Tg 1.11 Tiago descreveu um acontecimento comum no Oriente Médio. A manhã é frequentemente recebida por flores coloridas do deserto, que se abrem após o frio da noite. A sua morte é repentina com o ardor do sol. Este murchar e morrer, no caso das pessoas ricas, é tão repentino quanto a morte das flores silvestres. A morte sempre se intromete. A vida é incerta. O desastre é possível a qualquer momento.
O pobre deve ficar feliz porque as riquezas não significam nada para DEUS; caso contrário, as pessoas pobres seriam consideradas sem valor. O rico deve ficar feliz porque a prosperidade não significa nada para DEUS, porque a prosperidade é facilmente perdida. Nós encontramos a verdadeira riqueza quando desenvolvemos a nossa vida espiritual, e não os bens materiais. Tiago inicia a sua carta certificando-se de que os crentes, tanto os pobres como os ricos, se vejam sob a mesma luz diante de DEUS (veja Gl 3.28; Cl 3.11).
Tiago convoca os seus leitores a encontrarem esperança nas promessas eternas de DEUS.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 665.
 
Tg 1.11 Essa metáfora é acolhida por Tiago para explicitar a transitoriedade daquilo que torna alguém rico: “O sol se levanta com seu ardente calor, e faz secar o capim, sua flor cai, e desaparece a formosura do seu aspecto. Assim também definhará o rico em seus caminhos”: na hora da morte os bens ficam para trás (Lc 12.20s). Com frequência eles já se desfazem antes em crises econômicas, especulações equivocadas, guerras com suas consequências, ou por causa da desonestidade de pessoas. A pessoa rica não se livra das preocupações. Boas posições podem-nos ser tiradas rapidamente pela idade, enfermidade, mudança da conjuntura, golpes políticos. A beleza pode murchar depressa, acuidade intelectual pode se perder em acidentes ou doenças. Nada é mais seguro para nós do que isto: “Assim também definhará o rico em seus caminhos.”
Isso, pois, é visto por Tiago como motivo para alegrar-se. O rico deve “gloriar-se” de sua insignificância (v. 10), ou seja, deve gostar de lembrar e falar disso. Como isso deve ser entendido e realizado na prática? “Têm como se não tivessem” (1Co 7.29-31). Não prendem a tudo isso o coração (Mt 6.19-24). Com o que possuem são administradores de DEUS. São bens que lhes foram confiados (cf. Mt 25.14ss). Levam a sério sua administração e têm o propósito de ser fiéis. Alegram-se quando os recebem, e estão dispostos a devolvê-los novamente (Jó 1.21b). Por isso estão isentos das inquietas e medrosas preocupações que com freqüência atormentam tanto os ricos neste mundo. Não estão agarrados à propriedade. Algo diferente deixa-os alegres e confiantes na vida e na morte, no tempo e na eternidade: “Em mim e minha vida não há nenhum valor; por CRISTO é concedida a luz ao pecador” (Paul Gerhardt [1607-1676 – HPD 160,3]). Isso coloca no mesmo nível os membros da igreja socialmente diferentes e os posiciona muito perto uns dos outros. A pobreza não humilha, a riqueza não exalta. – Quando a questão da riqueza não parece mais tão terrivelmente importante, estão asseguradas também as premissas para a harmonização social. Ela acontece sem que se faça grande alarde disso. Pessoas renovadas geram uma realidade nova. Dessa maneira a riqueza também passa a não ser mais tentação e perigo. Sabe-se que ela não é nada em comparação com a graça de DEUS, concedida igualmente a todos. Perante DEUS somos todos mendigos e todos regiamente presenteados.
Nesse contexto igualmente será bom lembrar que também os dons (em grego charismata) e serviços (cargos) específicos na igreja não exaltam uma pessoa sobre a outra. Aliás, isso contrariaria a maneira de JESUS (Mt 18.1-4; 20.25-28). Os dons espirituais não são pedestal para alçar os detentores nem condecorações por uma conduta especial, mas meros equipamentos para determinados serviços (1Co 12.7). Não devemos nos deixar fascinar pelo que conseguimos realizar por meio do dom de DEUS, mas nos alegrar com o presente imerecido que nos foi dado pela filiação divina (Lc 10.20). Também nesse caso vale de forma especial: “Em mim e minha vida não há nenhum valor; por CRISTO é concedida a luz ao pecador” [Paul Gerhard, HPD 160,3] “Pela graça de DEUS sou o que sou” (1Co 15.10). Por fim, o dom (1Co 13.8) e a incumbência somente nos foram atribuídos provisoriamente. No grande dia de nosso Senhor precisamos contar com uma redistribuição (Lc 19.17).
Fritz Grünzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
Tg 1:11 - O quadro que Tiago usa a fim de imprimir essa idéia na mente de seus leitores é o de um fenômeno dramático, observado na Palestina. As anêmonas e as ciclamens florescem maravilhosamente pela manhã, mas, à medida que o sol vai subindo e o dia se torna mais quente, elas vão pendendo, murcham e acabam morrendo. No final da tarde as flores que havia pouco estavam em pleno viço agora não mais existem, e não renascerão. É provável que esse quadro tenha sido tirado de Isaías 40:6-8 (também é empregado em 1 Pedro 1:24), mas o sentido é singularmente de Tiago. O rico é a flor cuja aparência é tão impressionante. Contudo, da perspectiva dos céus, a situação desse rico é precária na verdade. Logo sobrevirá algum problema, alguma doença, e onde estará depois o rico? Em face da morte, as riquezas são absolutamente insignificantes (cf. Jó 15:30; Provérbios 2:8; Salmos 73; Mateus 6:19-21). O rico murchará também enquanto vai andando em seus caminhos. A memória que dos ricos restará não será eterna, cheia de glória, como imaginavam que fosse, mas dissolver-se-á no pó, à semelhança de qualquer mortal, e logo seus monumentos e a própria lembrança deles se desfarão, desaparecendo no esquecimento. Isso era tudo que o rico teve, visto que, diferentemente do pobre, que havia sido “levantado” e, dessa maneira, veio a gozar de um lugar eterno junto a DEUS, o rico recebeu toda sua consolação aqui na terra, pelo que mergulhou para sempre nas trevas e no esquecimento, cortado bem no meio de seus caminhos.
Nesse momento Tiago inicia a segunda parte da sua declaração de abertura. Embora verse sobre os mesmos temas, não é repetitivo, pois cada tema é ampliado. Trata-se aí das causas interiores do fracasso nas provações e não dos benefícios gerais advindos da provação. Debate-se a boa dádiva de DEUS em relação ao problema do diálogo e não em relação à oração e à sabedoria. Agora focaliza-se a prática da fé (que significa repartir com generosidade), e não o debate da situação real do rico e do pobre. Todos esses temas acabarão por fundir-se nos debates de maior monta da conclusão.
Peter H. Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 50.