3- Controle a
sua ira.
Tiago nos
incentiva a ser pessoas que demoram a irar-se. Ele não diz que isso é fácil.
Irar-se é uma das coisas mais simples do mundo. Basta que nos deparemos com
alguma adversidade que nos impeça de realizar certos planos, ou com alguma
situação que aos nossos olhos seja injusta.A ira é uma
obra da Carne. Ela tem a tendência de despertar as reações mais terríveis no
ser humano. Uma pessoa irada age de uma forma que não agiria se estivesse em
seu juízo perfeito.A ira da qual
Tiago fala está vinculada com o ato de ouvir e falar: “... todo homem seja
pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do
homem não opera a justiça de DEUS” (Tg 1.19b, 20). Pessoas que falam muito
tendem a errar muito, e pessoas iradas costumam destilar raiva e ódio em
suas palavras.Tiago encerra
seu pensamento de forma interessante: “A ira do homem não opera a justiça de
DEUS”. Além de falar sobre ouvir muito e falar pouco, ele menciona dois
elementos a mais em seu discurso: a ira humana e a justiça divina.Esses dois
elementos citados no mesmo verso estão extremamente distantes um do outro. A
ira do homem pode ser justa aos seus próprios olhos, mas isso não significa
que ela é justa aos olhos de DEUS. E um momento de indignação pode colocar
muitas coisas a perder na vida de um cristão além de não garantir a bênção
de DEUS. O Eterno não se deixa levar pela raiva humana, ainda que essa
aparente ser lícita. E se a ira humana fosse o referencial para que DEUS
agisse, não faltaria julgamento divino para todas as pessoas. Por qual
motivo DEUS não age de acordo com a sua justiça quando somos ofendidos,
humilhados ou perseguidos?Primeiro,
porque Ele é misericordioso. Mesmo os nossos ofensores podem ser alcançados
pela graça de DEUS, da mesma forma que nós fomos alcançados. Segundo, o
padrão de justiça divina não é como o nosso. Temos a tendência de ser
imediatistas, mas DEUS tem seu próprio tempo para agir em nosso favor e para
julgar as injustiças com as quais somos acometidos. E terceiro, DEUS espera
que controlemos nossas reações emocionais. DEUS sabe que tendemos à ira, mas
Ele espera que não sejamos dominados por ela.Pregadores
irados provavelmente não conseguirão alcançar almas para o Reino de DEUS.
Professores irados certamente não conseguirão repassar seus ensinos, e
crentes iracundos não conseguirão refletir a obra de DEUS em suas vidas.
DEUS tem seu próprio senso de justiça, e ele em nada se parece com o nosso.
Isso pode nos parecer injusto, mas precisamos aprender a confiar em DEUS e
em sua justiça.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 61-62.
Tg 1.19 Nós
também devemos ser tardios para nos irar. A ira fecha as nossas mentes à
verdade de DEUS (veja um exemplo em 2 Rs 5.11; veja também Pv 10.19; 13.3;
17.28; 29.20). É a ira que explode quando os nossos egos estão inflamados. E
exatamente o tipo de ira que nasce quando falamos muito depressa e não
ouvimos o suficiente!
Quando a
injustiça e o pecado acontecem, nós devemos ficar irados, porque outros
estão sendo feridos. Mas não devemos ficar irados quando deixamos de
“ganhar” uma discussão, ou quando nos sentimos ofendidos ou negligenciados.
A ira egoísta nunca ajuda ninguém (veja Ec 7.9; Mt 5.21-26; Ef 4.26).
Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 668.
Abandone a
Ira (1.19d,20)
A ira quase
sempre machuca tanto o nosso próximo como a nós mesmos. A ira carnal sempre
machuca. Portanto, todo o homem deve ser tardio [...] para se irar (v. 19).
Ele deve abandonar a ira que não opera a justiça de DEUS (v. 20). A justiça
de DEUS significa conduta certa, i.e., fazer o que DEUS quer (cf. Mt 6.33).
A ira carnal não só nos leva a uma conduta sem amor e a desagradar a DEUS,
mas esse comportamento irado em um cristão professo levanta dúvida na mente
dos observadores e, dessa forma, diminui o progresso do Reino de DEUS.
Poteat comenta: “A única ira que o homem pode ter é uma ira que CRISTO
sentiu (cf. Mc 3.5). Esse tipo de ira não é a expressão de uma petulância
particular, mas de um ressentimento público contra o comportamento e as
ações que levam outros a sofrer sem culpa da pessoa irada”.
Robertson
esboça a verdade do versículo 19 da seguinte forma: 1) Ouvir brilhante (v.
19a); 2) Silêncio eloquente (v. 19b); 3) Ira insensível (v. 19c-f).
A. F. Harper.
Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 161-162.
Paralelo a
Lucas 19.45 A Purificação do Templo (Mt 21.12-13)
A purificação
do Templo é descrita de forma vívida. JESUS expulsou todos os que vendiam e
compravam no templo (12) - hieron, a “Área do Templo”, compreendia cerca de
vinte e cinco acres. No Pátio dos Gentios havia um mercado onde ovelhas e
bois eram vendidos para os sacrifícios (cf. Jo 2.14). Como a Lei
especificava que esses animais deveriam ser “sem mácula” (Ex 12.5) era mais
seguro comprá-los no mercado do Templo que era dirigido por parentes do sumo
sacerdote. Tudo que fosse comprado ali seria aprovado. Da mesma forma, seria
inconveniente para os peregrinos da Galileia trazer animais em uma viagem
tão longa. Aqueles que eram demasiadamente pobres para oferecer uma ovelha
tinham permissão de substituí-la por uma pomba (Lv 12.8). Todo o dia era
realizada uma animada venda desses animais.
Os cambistas
também colhiam seus frutos. Todo judeu adulto tinha que pagar uma taxa anual
de meio siclo ao Templo (cf. 17.24). Mas esse pagamento deveria ser feito
com a moeda fenícia. Como o dinheiro que os judeus usavam habitualmente era
grego ou romano, isso queria dizer que a maioria das pessoas precisava
trocar o seu dinheiro. Os sacerdotes tinham permissão de cobrar algo em
torno de 15 por cento para fazer essa troca. Edersheim acredita que somente
essa taxa poderia alcançar uma soma entre 40.000 a 45.000 dólares por ano,
isto é, uma renda exorbitante naquela época.
JESUS lembrou
aos transgressores o que estava escrito nas Escrituras (13): A minha casa
será chamada casa de oração (uma citação de Isaías 56.7). Mas vós a tendes
convertido em covil de ladrões (citação de Jeremias 7.11) O texto grego diz
“uma caverna de salteadores”. Essa frase devia ser muito familiar aos judeus
do primeiro século.
A condenação
feita por CRISTO aos comerciantes do mercado do Templo, chamando-os de
“ladrões” ou “salteadores” encontra sólido suporte nos escritos rabínicos.
Eles falam de “Bazares dos filhos de Anás” - o antigo sumo sacerdote que foi
sucedido por cinco dos seus filhos, e cujo genro, Caifás, era o sumo
sacerdote nessa época. Edersheim chama atenção para a declaração de que “o
Sinédrio, quarenta anos antes da destruição de Jerusalém [isto é, no ano 30
d.C., o ano da Crucificação], transferiu seu local de reunião do Pátio das
Pedras Lavradas (no lado sul do Pátio dos Sacerdotes) para os Bazares e, em
seguida, para a Cidade”.
Uma leitura
cuidadosa dos quatro relatos sobre a purificação do Templo não dará qualquer
suporte à ideia de que JESUS usou de violência física contra as pessoas, ou
roubou-as de suas posses. Ele simplesmente fez com que os homens - com seus
pertences-se retirassem da área sagrada.
Ralph Earle.
Comentário Bíblico Beacon. Mateus. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 145-146.
Mt 21.12,13 O
sumo sacerdote tinha autorizado um mercado com comerciantes e cambistas que
funcionava exatamente no pátio dos gentios, o imenso pátio externo do
Templo. A taxa de câmbio inflacionada
frequentemente enriquecia os cambistas. E os preços exorbitantes dos animais
tomavam os comerciantes ricos. Como, tanto aqueles que compravam, quanto
aqueles que vendiam, estavam desobedecendo os mandamentos de DEUS com
respeito aos sacrifícios, JESUS expulsou todos do Templo. Esta era a segunda
vez que JESUS limpava o Templo (veja João 2.13-17). JESUS enfureceu-se
porque o lugar de adoração a DEUS tornara-se lugar de extorsão e barreira
aos gentios que desejavam adorar.
JESUS citou
Isaías 56.7 e usou essa passagem para explicar que o Templo de DEUS deveria
ser uma casa de oração, mas os comerciantes e os cambistas o haviam
convertido em um covil de ladrões.
Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 126.
Lc 19.45 O
zelo que JESUS mostrou pela purificação do Templo. Embora ele devesse ser
destruído dentro de pouco tempo, não era motivo para que não se cuidasse
dele, enquanto isto.
1. CRISTO o
limpou daqueles que o profanavam: “Entrando no Templo, começou a expulsar
todos os que nele vendiam e compravam”, v. 45. Com isto (embora Ele fosse
representado como um inimigo do templo, e este foi o crime de que Ele foi
acusado diante do sumo sacerdote), Ele demonstra que tinha um amor pelo
Templo mais verdadeiro do que aqueles que tinham a mesma veneração pelo seu
corbã, o seu tesouro, como se fosse algo sagrado, pois a sua glória estava
mais na sua pureza do que na sua riqueza. CRISTO deu razões para desalojar
os mercadores do Templo, v. 46. O Templo é casa de oração, consagrado para a
comunhão com DEUS: os compradores e vendedores fizeram dele um covil de
salteadores, pelos negócios fraudulentos que eram realizados ali, o que, de
nenhuma maneira, devia ser permitido, pois seria uma distração para aqueles
que vinham até ali para orar.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição
completa. Editora CPAD. pag. 695.
Ef 4.26,27
Outra característica da antiga natureza que tem que ser descartada é o mau
humor, ou um estilo de vida caracterizado pela ira. As palavras “irai-vos e
não pequeis” são tiradas de Salmos 4.4. A Bíblia não diz que não devemos nos
irar, mas ela mostra que é importante controlarmos adequadamente a nossa
ira. Não devemos ceder aos nossos sentimentos de ira ou permitir que eles
nos levem ao orgulho, ódio, ou hipocrisia. JESUS CRISTO enfureceu-se com os
mercadores no Templo, mas esta era uma ira justa e não o levou a pecar. Os
crentes devem seguir o exemplo de JESUS. Devemos reservar nossa ira para
quando vermos DEUS desonrado ou as pessoas tratadas injustamente. Se
ficarmos irados, devemos fazê-lo sem pecar. Para fazer isso, devemos lidar
com nossa ira antes que o sol se ponha. De acordo com o livro de
Deuteronômio, o pôr-do-sol é a hora em que todo o mal contra DEUS e contra
os outros deve ser corrigido (Dt 24.13,15).
A ira que é
deixada ardendo lentamente e queimando ao longo do tempo pode, por fim,
explodir em chamas e dar um poderoso ponto de apoio para o diabo, fazendo
com que as pessoas pequem, ao se tornarem amarguradas e ressentidas. E muito
melhor lidar com a situação imediatamente; talvez a admoestação anterior,
para se falar a verdade carinhosamente, possa resolver o problema.
Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 340.
Ef 4.26 Paulo
fala sobre a ira (4.26,27). “Quando sentirdes raiva, não pequeis; e não
conserveis a vossa raiva até o pôr do sol; nem deis lugar ao Diabo.” Há dois
tipos de raiva: a justa (4.26) e a injusta (4.31). Precisamos sentir raiva
justa: a ira de Wilberforce contra a escravidão na Inglaterra é um exemplo
de raiva justa. A raiva de Moisés contra a idolatria é outro exemplo
clássico. A raiva de Lutero contra as indulgências é um dos mais claros
exemplos desse ensinamento de Paulo. A raiva de JESUS no templo ao expulsar
os cambistas é o exemplo por excelência desse princípio bíblico.
Se DEUS odeia
o pecado, seu povo também deve odiá-lo. Se o mal desperta sua raiva, também
deve despertar a nossa (SI 119.53). Ninguém deve ficar raivado a não ser que
esteja raivado contra a pessoa certa, no grau certo, na hora certa, pelo
propósito certo e no caminho certo.
Paulo
qualifica sua expressão permissiva sentirdes raiva com três negativos: 1)
“Não pequeis”. Devemos nos assegurar de que nossa raiva esteja livre de
orgulho, despeito, malícia ou espírito de vingança; 2) “Não conserveis a
vossa raiva até o pôr do sol”. Paulo não está permitindo a você ficar com
raiva durante um dia, ele está exortando a não armazenar a raiva, pois pode
virar raiz de amargura; 3) “Nem deis lugar ao Diabo”. O diabo gosta de ficar
espreitando as pessoas zangadas para tirar proveito da situação, como fez
com Caim.
Jay Adams, em
seu livro O conselheiro capaz, fala sobre duas maneiras erradas de lidar com
a raiva: a primeira delas é a ventilação da raiva. Há pessoas que são
explosivas, que atiram estilhaços para todos os lados, ferindo as pessoas
com seu destempero emocional. A segunda maneira errada de lidar com a raiva
é o congelamento dela. O indivíduo não a joga para fora, mas para dentro. O
resultado disso é a amargura. A solução para o congelamento da raiva é o
perdão. E espremer o pus da ferida até o fim, fazendo uma assepsia da alma,
uma faxina da mente, uma limpeza do coração.
LOPES,
Hernandes Dias. EFESIOS Igreja, a noiva gloriosa de CRISTO. Editora Hagnos.
pag. 122-123.
Ef 4.26
Também a instrução sobre a ira é dada no contexto de uma citação literal do
Sl 4.4: “Quando estais irados, não pequeis.” Com essas palavras Paulo
lembra, em tom de exortação, a rápida transição da ira para o pecado. A
convivência (dentro e fora da igreja) gera múltiplos motivos para a ira (cf.
também Tg 1.19s – possivelmente por causa de opiniões opostas na discussão
doutrinária). Enquanto o cristão deve ser “tardio para a ira” (Tg 1.19), no
caso do perdão é preciso ter pressa: “O sol não se ponha sobre a vossa ira.”
A exortação para afastar-se rapidamente do escândalo visa sobretudo combater
o efeito devastador de uma briga de longa duração: “Paulo exige que acabemos
sem delongas com a ruptura da comunhão. Rancor envelhecido é difícil de
apagar. Se para restabelecer a comunhão for necessária uma negociação com o
irmão, devemos fazê-la de imediato. Se conseguimos solucionar a questão sem
ela, devemos perdoar imediatamente. A mágoa torna-se bem mais perigosa
quando é arrastada de um dia para o outro. Também essa frase mostra, da
mesma forma como aquela sobre o extermínio da mentira, que para Paulo nessa
nossa preocupação central deve ser a comunhão concorde com os irmãos, em
relação à qualquer outro interesse passa para o segundo plano.
Por trás de
tudo isso está a reinterpretação do 5º mandamento no Sermão do Monte por
JESUS (Mt 5.21ss): segundo ela, “irar-se contra o irmão” (o mesmo termo de
Ef 4.26) é uma transgressão da proibição de matar e torna culpado de
condenação. Isso é enfatizado pelas ofensas decorrentes da ira (“tolo”,
“inútil”), tornando o homem réu do mais alto tribunal humano ou divino
(“Sinédrio”, “fogo do inferno”). Paulo, portanto não arrola arbitrariamente
instruções éticas, mas argumenta no contexto das premissas dos Dez
Mandamentos, que obtiveram a interpretação decisiva nos ensinamentos de
JESUS. Da mesma forma como os comentários sobre o oitavo (mentira) e quinto
(matar – ira) mandamentos seguem-se, nos v. 28 (roubar) e 5.3 (adultério -
devassidão e avidez), exortações ligadas ao sétimo, sexto, nono e décimo
mandamentos.
Eberhard Hahn.
Comentário Esperança Efésios. Editora Evangélica Esperança.
II -
PRATICANTE E NÃO APENAS OUVINTE DA PALAVRA (Tg 1.21-25)
1.
Enxertai-vos da Palavra (21).
Tiago fala
que devemos receber com mansidão a Palavra que em nós foi colocada. Mas
antes disso ele diz que é preciso rejeitar toda a imundícia e acúmulo de
malícia. O que isso significa? Que além de receber a Palavra de DEUS, é
preciso rejeitar tudo o que a Palavra de DEUS condena. É uma questão de
cumulatividade (recebo a Palavra de DEUS e rejeito o pecado). Nossa
tendência é acumular imundícia e malícia por causa de nossa natureza
pecaminosa, mas esses dois elementos devem ser substituídos pela Palavra de
DEUS e seus efeitos em nossas vidas. A expressão “malícia”, no grego, é
kakia, melhor traduzida como “maldade”. Em todo o contexto, a maldade não
pode conviver com um coração sábio e dominado pelos princípios da Palavra de
DEUS. Ou praticamos o que DEUS diz ou privilegiaremos a maldade e as demais
características rejeitadas pelo Senhor.
A recompensa
por essa atitude é a salvação da alma. Aqui encontramos mais uma
característica dos escritos de Tiago: a prática que espelha a salvação. Mais
uma vez, Tiago mostra que as obras são um reflexo (e não o caminho) da
salvação.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 63.
Tg 1.21
Devemos rejeitar toda imundícia e acúmulo de malícia. Segundo o texto grego,
esta é uma ação definitiva. Por que devemos fazer isto? O progresso na nossa
vida espiritual não pode ocorrer a menos que vejamos o pecado como ele é,
deixemos de justificá-lo, e decidamos rejeitá-lo. A imagem das palavras de
Tiago aqui nos apresenta livrando-nos dos nossos maus hábitos e atos como
quem se despe de roupas sujas. Depois de “nos livrarmos”, precisamos receber
com mansidão a palavra de DEUS, procurando viver de acordo com ela, porque
ela foi enxertada em nossos corações e se torna parte do nosso ser. DEUS nos
ensina desde as profundezas das nossas almas, com o ensino do ESPÍRITO e com
o ensino de pessoas orientadas pelo ESPÍRITO. O solo no qual a palavra é
plantada deve ser acolhedor, para que ela possa crescer. Para tornar o nosso
solo acolhedor, precisamos desistir de quaisquer impurezas nas nossas vidas.
A Palavra de DEUS torna-se uma parte permanente de nosso ser, orientando-nos
todos os dias. A palavra implantada é suficientemente forte para poder
salvar a nossa alma. Quando absorvemos as características ensinadas na
Palavra, estas se expressam no nosso modo de viver. As provações e as
tentações não podem nos derrotar se estivermos aplicando a verdade de DEUS
às nossas vidas.
Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 668.
Abandone todo
o Mal (1.21)
Pelo que dá a
entender que há uma ligação com o texto anterior. Tiago acabou de falar da
ira e de sua relação com a vontade de DEUS. Sua mente agora se move agora
para o contexto mais amplo da vontade de DEUS e o mal do homem. Toda
imundícia e acúmulo de malícia não transmite uma verdade clara para o leitor
de hoje. Phillips traduz esse texto da seguinte maneira: “Livrando-se,
portanto, de toda impureza e de todo tipo de mal”. ANASB traduz: “Colocando
de lado toda imundícia e toda impiedade”. Rejeitando (apothemenoi) está no
tempo aoristo e sugere uma clara quebra com tudo que é contrário à vontade
de DEUS. Robertson compara o significado deste texto com a figura de Paulo
de despojar-se do “velho homem” de pecado e revestir-se do “novo homem” de
justiça (Ef 4.2; Cl 3.8). Ele comenta: “Certamente o mal aumenta se não for
checado e arrancado pela raiz”. Acúmulo de malícia (kakia, maldade) não deve
ser entendido como “mais do que necessário”. A maldade “por ínfima que seja
já é excesso”.
O despojar de
todo o mal é a condição para a recepção subsequente da palavra [...]
enxertada (melhor, “implantada”, NVI). Moffatt apresenta a figura da semente
e do solo. Ele interpreta: “Prepare um solo de modéstia humilde para com a
Palavra que lança suas raízes no interior com poder para salvar a sua alma”.
Knowling observa que ‘“a palavra’ descrita dessa forma é raramente
distinguível do CRISTO que habita em nós”. Essa é a palavra a qual pode
salvar a vossa alma. “Ela traz uma salvação presente aqui e agora (Jo 5.34);
é uma nova vida de pureza. Ela ajuda na salvação progressiva do homem
completo na sua batalha com o pecado e no crescimento na graça (2 Tm 3.15).
Ela leva à salvação final no céu com CRISTO em DEUS (1 Pe 1.9). O evangelho
é o poder de DEUS para a salvação (Rm 1.16)”.
A. F. Harper.
Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 162.
Tg 1.21 “Por
isso, despojai-vos de toda impureza e acúmulo de maldade”: precisamos
permitir que “passo a passo” nos seja tirada publicamente a velha natureza e
dada a nova. Unicamente na proporção em que estivermos dispostos a abrir mão
do antigo, o novo terá espaço. Somente na medida em que os “brotos
selvagens” são tirados, terão espaço os “ramos nobres”. Também o acúmulo de
conhecimento por meio da palavra de DEUS está relacionado à disposição de
obedecer, assim como inversamente a falta de capacidade de entendimento está
ligada à falta de obediência (Jo 7.17; Ef 4.18). Hoje (como em certa medida
também já em épocas passadas) várias coisas podem se opor à palavra de DEUS
nas pessoas, como “tampões de ouvidos”: vínculos com o ocultismo,
indisciplina sexual, endeusamento das riquezas. Tudo o que podemos fazer é
rogar que também hoje sejam abertos os ouvidos e o coração de muitos (At
16.14). – Os citados empecilhos também podem reaparecer ou surgir pela
primeira vez em pessoas há muito chamadas por DEUS, impedindo que a nova
vida chegue ao devido avanço, fortalecimento e amadurecimento. Por isso
também há espaço no seio da igreja, como outrora nos dias de Tiago, para a
exortação: “Despi-vos de toda sujeira, e do mal de todo tipo.” “Desmascara
tudo e consome o que não for puro em tua luz” (G. Tersteegen).
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica
Esperança.
2. Praticai a
Palavra (22-24).
Mais do que
ter a Palavra em nosso coração, é preciso exteriorizar o evangelho em nossas
vidas. É curiosa a observação de Lawrence O. Richards para esta parte do
texto bíblico:
Tiago
argumenta que olhar para a Palavra de DEUS e não agir de acordo como que
vemos ali significa que o que encontramos ali nas Escrituras não tem
significado para nós.
Essa palavra,
“significado”, indica importância. Se lemos e ouvimos a Palavra de DEUS e
não praticamos o que ela diz estamos dizendo que o que DEUS falou não tem
importância alguma para nossas vidas. Se o que Ele falou não é importante,
podemos entender também que Ele mesmo não é importante para nós. Pensemos
nisso da próxima vez que formos ler ou ouvir a Palavra de DEUS.
Tiago nos
desafia em seu escrito a ser praticantes da Palavra, e não apenas ouvintes.
Primeiro ouvimos o discurso e depois o praticamos. Não é razoável ler,
estudar e ouvir a Palavra de DEUS se não temos o objetivo de seguir o que
ela nos apresenta. Se temos respeito pela Palavra, é imperativo obedecê-la.
Tiago parece
um mestre que ensina, lembra e relembra a seus alunos a que tenham uma vida
voltada para atitudes que espelham a salvação. É como se a expressão
“pratique a Palavra” fosse uma senha para uma questão difícil de uma prova.
Para que façamos a diferença neste mundo, pratiquemos a Palavra. Para que
aprendamos a domar nossa língua, pratiquemos a Palavra. Para nos afastarmos
da maldade e de toda impureza, pratiquemos a Palavra. Para sermos sábios,
pratiquemos a Palavra. A prática, como diz um ditado, conduz à perfeição, e
no nosso caso, nos aproxima cada vez mais de DEUS.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 64-65.
Tiago
enfatiza três verdades vitais aqui.
Em primeiro
lugar, o verdadeiro crente nasce da Palavra de DEUS (1.18). A Palavra de
DEUS é a divina semente. Quando ela é aplicada em nosso coração pelo
ESPÍRITO SANTO, acontece o milagre do novo nascimento. Nascemos, assim, de
cima, de DEUS, do ESPÍRITO. Recebemos, portanto, uma nova natureza, uma nova
vida.
Em segundo
lugar, o verdadeiro crente acolhe a Palavra (1.21). Há uma preparação
própria para receber a Palavra: “Pelo que, despojando-vos de toda sorte de
imundícia e de todo vestígio do mal...”. A Palavra de DEUS é comparada a uma
semente, e o coração do homem, a um solo. Antes de lançarmos a semente
precisamos preparar a terra. JESUS falou de quatro tipos de solo: o solo
endurecido, o superficial, o congestionado e o frutífero (Mt 13.1-23). Antes
de acolhermos a Palavra, precisamos remover a erva daninha da impureza e da
maldade. Também é requerida uma atitude correta para receber a Palavra: “...
recebei com mansidão a palavra em vós implantada...” A mansidão é o oposto
da ira (1.19). E necessário adubar o terreno para que a semente frutifique.
A Palavra deve ter raízes profundas em nossa vida. Aceitamos de bom grado a
transformação que DEUS opera em nós através da Palavra. Tiago fala ainda
acerca do resultado da recepção da Palavra: “... a qual é poderosa para
salvar as vossas almas”. Quando nascemos da Palavra, ouvimos a Palavra,
recebemos a Palavra e praticamos a Palavra, podemos ter garantia da
salvação.
Em terceiro
lugar, o verdadeiro crente pratica a Palavra (1.22-25). Não basta ouvir ou
ler a Palavra, é preciso praticá-la. Não basta apenas o conhecimento da
verdade, é necessário também a prática da verdade. Muitos crentes marcam sua
Bíblia, mas a Bíblia não os marca. Há grandes benefícios em se praticar a
Palavra.
Primeiro,
quem pratica a Palavra conhece a si mesmo (1.23,24). A Palavra aqui é
comparada não com a semente, mas com o espelho. O principal propósito do
espelho é o autoexame. Quando você olha para dentro da Palavra e compreende
o que ela diz, você conhece a você mesmo: seus pecados, suas necessidades,
seus deveres e suas recompensas. Ninguém olha no espelho e logo vai embora
sem fazer nada. Você olha no espelho para saber se já penteou o cabelo, se
já lavou o rosto ou se a roupa está bem passada. Você olha no espelho para
ver as coisas como elas são. Quando você olha no espelho, você descobre que
tipo de pessoa você é e como você está.
Há alguns
perigos quanto ao espelho que precisamos evitar: devemos evitar olhar apenas
de relance no espelho.
Muitas
pessoas não estudam a si mesmas quando leem a Bíblia. Muitas pessoas leem a
Bíblia todo dia, mas não são lidas por ela, não a observam. Muitos leem por
um desencargo de consciência, mas não se afligem por não colocar sua
mensagem em prática. Há sempre o perigo de você se ver no espelho e não
fazer nada a respeito. Como saber se minha religião é verdadeira - Leia esta história:
Conta-se a
história de um homem idoso bastante míope, que tinha grande orgulho em atuar
como crítico de arte. Um dia, ele visitou um museu com alguns amigos e,
imediatamente começou a fazer
suas críticas sobre vários quadros. Parando diante de um quadro de corpo
inteiro, começou a dar a sua opinião. Ele havia deixado seus óculos em casa
e não podia ver a pintura com clareza. Com ar de superioridade, ele
comentou; ‘A constituição física desse modelo está simplesmente em desacordo
com a pintura. O sujeito (um homem) é bastante rústico e está miseravelmente
vestido. De fato, ele é repulsivo, e foi um grande erro para o artista
selecionar esse modelo de segunda classe para pintar o seu retrato’. O velho
camarada foi seguindo em seu caminho, quando sua esposa o puxou para o lado
e sussurrou em seu ouvido: ‘Querido, você estava se olhando no espelho’.
Devemos tomar
cuidado para não esquecermos o que vemos no espelho. Muitas vezes lemos a
Bíblia tão distraidamente que nem conseguimos ver quem nós somos, como está
a nossa aparência. Não temos convicção de pecado.
Não sentimos
sede de DEUS. Não falamos como Isaías: “Ai de mim!”. Não falamos como Pedro;
“Senhor, aparta-te de mim, porque eu sou um pecador”. Não falamos como Jó:
“Eu me abomino no pó e na cinza”. Devemos nos acautelar para não
fracassarmos em fazer o que o espelho mostra. Não basta ler a Bíblia, é
preciso praticá-la. Não basta falar, é preciso fazer. Reunimo-nos muito para
conhecer e pouco para praticar. Gastamos os assentos dos bancos e pouco as
solas dos sapatos.
LOPES.
Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag.
32-34.
Tg 1.22
Apenas ter ou até mesmo estudar a Palavra de DEUS não é benéfico para nós,
se não cumprirmos o que ela diz. Nós ouvimos a Palavra de DEUS não apenas
para conhecê-la, mas também para realizá-la. Nós estaríamos nos enganando se
nos felicitássemos pelo conhecimento das Escrituras e não houvesse nada além
disto. O conhecimento valioso é um prelúdio à ação; a Palavra de DEUS só
consegue crescer no solo da obediência.
Para que uma
lição faça a diferença na vida de um aluno, ela precisa penetrar no coração
e na mente, afetando a sua vida. É importante ouvir a Palavra de DEUS, mas é
muito mais importante obedecê-la. Nós podemos avaliar a eficiência do nosso
tempo de estudo da Bíblia pelo efeito que ele tem no nosso comportamento e
nas nossas atitudes. Será que colocamos em prática aquilo que estudamos?
Tg 1.23,24
Algumas pessoas leem a Palavra de DEUS de uma forma casual, sem permitir que
ela afete as suas vidas. É como a pessoa que olha tão rapidamente no
espelho, que as imperfeições não são detectadas e nada é mudado. Elas ouvem,
mas não agem. A outra abordagem é o olhar atento, o estudo profundo e
constante da Palavra de DEUS, que permite que uma pessoa veja as
imperfeições e modifique a sua vida de acordo com os padrões de DEUS. O tipo
de “espelho” que a Palavra de DEUS fornece é exclusivo. Ele nos mostra a
nossa natureza interior da mesma maneira como um espelho normal nos mostra
as nossas características externas. Os dois espelhos refletem o que está
ali. Quando a Palavra de DEUS nos mostra que algo em nós precisa de
correção, nós devemos ouvir e agir.
Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 668-669.
Tg1.22 1 –
“Sede, porém, praticantes da palavra”: o ouvir não pode ser apenas questão
dos ouvidos, de nosso pensar e de nosso sentir. A palavra, pela qual é
depositada em nós a nova vida, visa tomar forma em nossa vida toda. A
palavra propicia ambas as coisas: promessa e orientação, asserção e demanda.
Ela proclama e traz o agir misericordioso de DEUS em nosso favor, e visa
impelir-nos ao agir. Nosso agir é resposta ao agir de DEUS. DEUS não quer
atuar apenas em nós, mas também através de nós. JESUS nos descreveu DEUS
como aquele que age (Jo 5.17), como o DEUS que faz história para a salvação,
nossa e de todos os seres humanos. Dessa maneira o DEUS vivo se diferencia
p.ex. dos deuses gregos, bem como das ideias dos filósofos (e igualmente do
DEUS de uma teologia que se deixa condicionar pela respectiva filosofia
contemporânea). A história que DEUS faz viabiliza, de fato, a verdadeira
história humana. O ser humano que deseja acolher a palavra de DEUS somente
em seu pensamento ou sentimento não a compreendeu corretamente, tornando-se
retardatário desobediente quando o DEUS que age deseja envolver também a
ele. A palavra de DEUS é palavra do Senhor, a qual nos compromete. Com sua
afirmação Tiago está junto de seu Senhor na doutrina (Mt 7.21,24-27) e se
move nas mesmas balizas do apóstolo Paulo (Rm 6.1,15).
“Não apenas
ouvinte”: não basta o constante “colocar-se sob a palavra”. É necessário
obedecer à palavra. Em contraposição, há hoje motivos para enfatizar que não
existe prática correta da vontade de DEUS sem o devido ouvir prévio. Aqui
nos são dadas orientação e força para esse agir.
“Do contrário
enganais a vós mesmos”:
a) Aquele que apenas ouve visa enganar a DEUS:
aparenta interessar-se pela vontade de DEUS, mas não se deixa mover para a
obediência (também entre pessoas constitui ofensa quando alguém
aparentemente se interessa por nossa questão, solicitando que lhe seja
exposta largamente, mas depois se afasta sem mexer um dedo sequer).
b) Assim
uma pessoa também engana seus semelhantes: “correndo” aos cultos, estudos
bíblicos, horas de comunhão (e também pelo linguajar cristão), causando em
seu entorno a expectativa de que aqui alguém agirá como cristão. Depois
percebem que foram enganados. A “baixa audiência” de que os crentes tantas
vezes desfrutam em seu entorno pode ser derivada dessa desilusão.
c) Não por
último, porém – é disso que Tiago está falando – desse modo uma pessoa
também engana a si mesma: tranquiliza-se e pensa que, desde que seja
insaciável em ouvir a palavra e ler intensamente a Bíblia, tudo estaria bem,
e também outros o consideram um cristão favorecido (Ap 3.1). Contudo JESUS
diz que o ouvir e saber ainda não resolvem nada (Mt 7.26). Tampouco o falar
resolve (Mt 7.21). O conhecimento claro até mesmo pode tornar-se uma
acusação para quem não vive de acordo (Lc 12.47).
2 – Nesse
agir está em jogo não apenas o que fazemos a outros, mas o que fazemos a nós
para nossa própria evolução. É o que mostram os v. 23-25.
Tg 1.23 “Se
alguém é (apenas) ouvinte da palavra e não (também) praticante, assemelha-se
ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural”: aquele que ouve a
palavra de DEUS é como alguém que se observa no espelho. Entre as duas capas
de nossa Bíblia nos são mostrados o “diagnóstico” e a “terapia” de DEUS após
a catástrofe do pecado em relação a cada indivíduo e à humanidade como um
todo.
a) A pessoa,
pois, que atenta para a palavra de DEUS, ouve primeiramente o diagnóstico
divino. Vê a si mesma com toda a clareza e verdade, como em um espelho, por
assim dizer. O espelho não lisonjeia. Vemos o quanto nos sujamos por meio do
pecado. O ser humano natural prefere nem sequer observar-se nesse espelho.
Esse é um motivo central para o fato de que se “interessa” por tudo o mais,
mas de forma alguma pela palavra de DEUS. No entanto, já que não consegue
nem quer submeter-se integralmente à palavra, tenta distanciar-se dela e
“esquecê-la” o quanto antes, para poder continuar como era (o ser humano
esquece o que deseja esquecer).
Tg 1.24
“Pois, após contemplar-se e se retirar, logo se esquece de como era a sua
aparência.” É como quando uma dona de casa percebe no espelho que, ao
acender o fogão a lenha, sujou o rosto com a mão fuliginosa, mas não limpa
de imediato a sujeira porque não tira o devido tempo para isso. Mais tarde
se esquece do que não está em ordem com ela. Quando sai para fazer comprar,
admira-se de que as pessoas riem ao vê-la. O mesmo ocorre quando o espelho
da palavra nos leva a constatar um erro em nós mesmos e não tomamos
imediatamente as atitudes cabíveis. Nesse caso o espelho da palavra de DEUS
não nos prestou o serviço que poderia ter prestado para a hora em que
haveremos de comparecer perante DEUS. Então, muitas coisas boas que ouvimos,
e até mesmo dissemos, hão de transformar-se em acusação contra nós.
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica
Esperança.
3. Persevere
ouvindo e agindo (v.25).
Tg 1.25 As
pessoas que atentam são aquelas que estudam a lei de DEUS com séria atenção
e, a seguir, a escolhem como o seu estilo de vida. Elas estudam com atenção
extasiada, e não apenas uma vez, mas continuamente; como resultado, elas se
lembram da Palavra de DEUS e a colocam em prática. Esta lei é perfeita, não
é possível melhorá-la.
Esta lei dá
liberdade, porque é somente obedecendo à lei de DEUS que a verdadeira
liberdade pode ser encontrada (compare com Jo 8.31,32). Como cristãos, nós
somos salvos pela graça de DEUS, e a salvação nos liberta do controle do
pecado. Como crentes, nós somos livres para viver como DEUS nos criou para
viver. Naturalmente, isto não quer dizer que somos livres para fazer o que
quisermos (1 Pe 2.16) - agora nós somos livres para obedecer a DEUS.
A pessoa que
atenta para a Palavra de DEUS, faz o que ela diz, não esquece o que ouviu e
obedece será bem-aventurada.
Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 669.
Tg 1:25 Para além de toda dúvida há um sentido em que Tiago tem razão. No
cristianismo há uma demanda ética; há uma lei do viver que os cristãos têm
que entender, aceitar e tratar de pôr em prática. Esta lei encontra-se
primeiro nos Dez Mandamentos, e depois em todos os ensinos éticos de JESUS.
Tiago chama
esta lei de duas maneiras:
(1) Chama-a a
lei perfeita. Existem três razões pelas quais essa lei é perfeita:
(a) É lei de
DEUS, dada e revelada por DEUS. O estilo de vida que JESUS estabeleceu para
seus seguidores é o estilo de vida que concorda com a vontade de DEUS.
(b) É
perfeita porque não pode ser melhorada. A lei cristã é a lei do amor, e a
demanda de amor nunca pode ser satisfeita. Sabemos bem, quando amamos a
alguém, que ainda que lhe déssemos todo o mundo, e ainda que lhe servíssemos
toda a vida, mesmo assim não poderíamos satisfazer ou merecer seu amor. A
lei cristã é perfeita porque não pode haver lei superior à lei do amor.
(c) Mas há
ainda outro sentido no qual a lei cristã é perfeita. Teleios é a palavra que
em nossa versão foi traduzida como perfeita, e teleios quase sempre descreve
a perfeição para uma determinada finalidade. É perfeição com algum propósito
e uso determinados. Agora, se a pessoa obedecer a lei de CRISTO,
compreenderá o propósito de sua condição de homem; cumprirá o propósito pelo
qual DEUS o pôs no mundo, será a classe de pessoa que deve ser, fará no
mundo a contribuição que deve fazer. Será perfeito no sentido de que,
obedecendo a lei de DEUS, cumprirá o propósito para o qual foi enviado a
este mundo.
(2) Chama-a
também lei da liberdade. Quer dizer: uma lei que ao cumpri-la o indivíduo
encontra sua verdadeira liberdade. Todos os grandes homens estiveram de
acordo em que unicamente obedecendo a lei de DEUS pode o ser humano
tornar-se autenticamente livre. "Obedecer a DEUS é ser livre", disse Sêneca.
"Somente o sábio é livre, e todo néscio é um escravo", afirmavam os estóicos.
Filo expressou: "Todos aqueles que estão sob a tirania do ódio, do desejo ou
de qualquer outra paixão são totalmente escravos; mas todos os que vivem com
a lei são livres." Na medida em que o homem não obedece a não ser as
paixões, emoções e desejos não é outra coisa senão um escravo. Quando o
homem aceita a vontade de DEUS é quando também se torna realmente livre,
porque então fica livre para ser bom, livre para ser o que deve ser. Servir
a DEUS é desfrutar de liberdade perfeita, e no fazer a vontade divina está
nossa paz.
BARCLAY.
William. Comentário Bíblico. Tiago. pag. 71-73.
Tg 1.25 “Mas
aquele que contemplou a lei perfeita da liberdade…” (também é possível
traduzir: “Quem observa com precisão, inclinando-se para frente, a lei da
liberdade…” Lutero traduz: “Quem, porém, esquadrinha a lei perfeita da
liberdade…”): sob a influência do pecado tornamo-nos pessoas amarradas, e
pela ação de nosso Senhor tornamo-nos livres (Jo 8.34,36). Essa é a norma de
uma vida com nosso Senhor, a maravilhosa norma da verdadeira liberdade:
tornamo-nos livres de pecado, do mundo e do diabo e ficamos amarrados ao
Senhor. Estar fixos em DEUS e em sua vontade constitui a verdadeira
liberdade para nós. Consequentemente somos também livres em relação às
pessoas e, a partir de nosso Senhor, livres para as pessoas.
“E nela
persevera”: é preciso viver voltado para o Senhor, também em meio a pessoas
com as quais partilhamos orações, e, cônscio da presença dele, “direcionado
para ele em pureza” (G. Tersteegen), permanecer na obediência,
constantemente ligado a ele e, consequentemente, em verdadeira liberdade.
“Esse será
bem-aventurado no que realizar”: será bem-aventurado na eternidade, mas
também desde já! Viver, pois, na comunhão com o Senhor, na consciência de
que está conosco, voltado para ele e a serviço dele (cf. Cl 3.23), isso
constitui uma felicidade indestrutível, uma vida plena de sentido, até mesmo
neste mundo, até mesmo em sofrimentos. “Tempo e hora, que me importa: estou
na eternidade, vivendo em JESUS” (August Hermann Francke).
3 – Na
sequência é acrescentada uma palavra fundamental sobre o “culto a DEUS” que
abrange nossa vida (essa palavra define simultaneamente a ideia implícita
anteriormente no “agir” dos cristãos), ou – como também se pode traduzir –
nossa “veneração a DEUS”, i. é, toda a nossa vida como cristãos.
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica
Esperança.
III - A
RELIGIÃO PURA E VERDADEIRA (Tg 1.26,27)
1. A falsa
religiosidade.
A palavra
“religião” vem do latim “religare”, e traz a ideia de religar o homem a
DEUS. Religião pode ser considerada resumidamente como um conjunto de
práticas que os fiéis realizam, dentro de seus cultos.
Tiago fala da
religião pura e verdadeira em contraposição à religião falsa. Salvo melhor
juízo, esse texto de Tiago não nos parece indicar uma contraposição
apologética contra outras formas de manifestações religiosas não cristãs,
como as outras religiões que o mundo possuía na época. Ao que parece, Tiago
está associando, dentro da comunidade cristã, a verdadeira religião com
práticas adequadas, e mostrando que a fé verdadeira está associada não
apenas à fé, mas com o que fazemos para espelhar nossa fé.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 25.
Tg 1.26 A lei
perfeita de DEUS deveria ser posta em prática nas nossas palavras. Aqui
Tiago introduz dois temas importantes que ele irá comentar detalhadamente
mais adiante: o uso da língua (3.1-12) e o tratamento das pessoas menos
favorecidas (por toda a carta). Saber como falar bem - como é o caso de um
grande professor - não é, de maneira nenhuma, tão importante como ter o
controle das próprias palavras: saber o que dizer, e quando, e onde dizê-lo.
Se alguém entre vós cuida ser religioso e não refreia a sua língua, antes,
engana o seu coração, a religião desse é vã. A maneira pela qual os outros
saberão se a nossa fé é ou não real é pelas coisas que decidimos falar e
pela maneira como falamos. Tiago irá comentar isto um pouco mais no capítulo
3. Ter práticas religiosas que não levam a um modo de vida ético é
enganar-se a si mesmo. Até mesmo as nossas práticas religiosas exteriores
são inúteis sem a obediência. E não podemos ser obedientes se não pudermos
controlar as nossas bocas, Tiago não especifica como a língua ofende, mas
podemos imaginar uma série de maneiras pelas quais a nossa língua desonra a
DEUS - mexericos, explosões de ira, críticas duras, reclamações,
julgamentos. As nossas ações verbais falam mais alto do que os nossos
rituais religiosos. Fingir sermos religiosos e convencer-nos de que somos
não é apenas enganar os outros, é também enganar-nos a nós mesmos
mortalmente. A conversão não tem significado a menos que ela leve a uma vida
transformada. Uma vida transformada não leva a lugar nenhum, a menos que
sirva aos outros.
Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 669.
Tg 1.26 Se
alguém cuida ser religioso... Noutras palavras, será que determinado crente
se julga um bom cristão, muito piedoso? A ênfase está no desempenho
religioso, e provavelmente inclui atos de culto como a oração, o jejum e o
dízimo. Tiago não condena tais atividades, mas acrescenta o seguinte: e não
refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a sua religião é vã.
Noutras palavras, as práticas religiosas são ótimas, mas, se não vierem
acompanhadas de um modo de viver ético, nada valem, são menos do que
inúteis, porque se (Tiago 1:1-27) transformam em autoenganos. O interesse
específico de Tiago é o controle da língua, que é sua maneira de referir-se
ao controle do palavrório irado, das explosões de raiva, da crítica ferina e
das queixas (cf. 1:19; 3:1,13; 4:11-12; e 5:9). O criticismo, o julgamento e
o queixume impiedosos revelam corações ainda não submetidos ao mandamento de
CRISTO. Trata-se de pessoas cujas práticas religiosas exteriores, conquanto
cristãs, são tão salvíficas quanto a idolatria (i.e., nulas), recebendo
ainda a alcunha de práticas vãs nas Escrituras (Atos 14:15; 1 Coríntios
3:20; 1 Pedro 1:18). Tiago, à semelhança de JESUS (Marcos 12:28-34; João
13:34) e os profetas (Oséias 6:6; Isaías 1:1-10; Jeremias 7:21-28),
desmascaram sem piedade esse autoengano, de modo tal que seus leitores
podem reconhecer sua verdadeira condição antes que seja tarde demais.
Peter H.
Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 60-61.
Tg 1.26
O
que destrói nosso culto a DEUS. “Se alguém pensa que serve a DEUS, deixando
de refrear a língua, pelo contrário, está enganando seu coração, seu culto a
DEUS é vão.” Em última análise não podemos fabricar essa vida por meio do
culto. Ela é obra do ESPÍRITO SANTO, do “CRISTO em nós”. Mas podemos
perturbá-lo e destruir sua obra. Então esse culto é “vão”, um nada, “vazio”.
Por mais que a engrenagem gire em nossa vida, por mais que sejamos pessoas
atarefadas no reino de DEUS – tudo isso não passa de rodar em ponto morto
quando damos vazão à natureza carnal natural, que desagrada a DEUS, quando
de alguma maneira permitimos que o diabo enfie o pé na fresta da porta. Onde
penetra um espírito falso, o ESPÍRITO de DEUS se retira (“Ele concede o
ESPÍRITO aos que lhe são obedientes” – At 5.32.) Na sequência Tiago nos diz
que nosso falar é um ponto de entrada para esse espírito
falso muito pouco considerado. Levamos a sério nosso agir, mas bem menos
nossas palavras. Quantas coisas são ditas ou (o que não é menos negativo)
sugeridas em conversas, mesmo depois daquilo que chamamos de “culto a DEUS”,
e quanta inveja, ciúme e desprezo estão por trás disso! No cap. 3 Tiago nos
trará pormenores acerca dessa questão.
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica
Esperança.
2. A
verdadeira religião (v.27).
Aqui há uma
expressão que deve nos chamar a atenção: “A religião pura e imaculada para
com DEUS...”. O conceito de religião está mais atrelado à ideia de
espiritualidade demonstrada dentro de uma comunidade. Tiago, em
contraposição, mostra que DEUS se vincula às nossas práticas de amor e
misericórdia para com pessoas que estão à margem da sociedade: órfãos e
viúvas nas suas tribulações.
Tiago
apresenta uma realidade que está vinculada à prática da verdadeira religião:
cuidar daqueles que nos estão próximos. A família, ou membros dela, deveriam
ser assistidos sempre. De acordo com Henry Daniel-Rops, os
ensinamentos dos rabinos enfatizavam a ideia de que “não cuidar do irmão”
era de fato agir como Caim, e elogiavam o exemplo de José, que perdoou os
irmãos perversos que tentaram matá-lo, e ao se tornar governador do Egito,
recebeu-os bem e estabeleceu-os na terra de Gósen. Era assim que se
comportava o verdadeiro israelita.
A orfandade
ocorria quando um dos membros da família com responsabilidade de ser o
provedor morria, deixando seus dependentes desassistidos. Filhos sem pais
estariam à mercê de tribulações não apenas financeiras, mas também
relacionadas à fé.
A viuvez,
como também a orfandade, era advinda igualmente da morte, mas de um dos
cônjuges. De acordo com o texto, Tiago não cita viúvos, e sim viúvas. Claro
que um homem poderia ficar viúvo, mas não há indicações de que ele deveria
ser ajudado da mesma forma que a viúva pela igreja. Isso não significa que
um viúvo não devesse ser ajudado, pois a perda de um cônjuge tem efeitos
dolorosos no cônjuge sobrevivente. Entretanto, de forma geral, as mulheres
geralmente cuidavam da casa e da educação dos filhos, enquanto o homem
deveria ser o provedor das necessidades advindas do lar. Uma vez que a morte
recolhia o provedor, não raro a viúva ficava desassistida, caso seus filhos
não tivessem a idade para se unirem e manterem sua mãe.
Uma viúva não
poderia trabalhar nem mesmo ter herança, pois esta ia para o filho mais
velho da família. Se não houvesse socorro dentro de casa, as viúvas
acabariam mendigando ou se vendendo como escravas.
Nesses dois
casos, como vimos, os fatores em comum são a morte e as tribulações advindas
dela. Um exemplo clássico no Antigo Testamento é o caso da viúva de um
profeta nos dias de Eliseu. O esposo dessa mulher frequentava a escola de
profetas, mas faleceu e deixou dívidas que precisavam ser quitadas. Como a
mulher não tinha bens para adimplir as obrigações contraídas pelo seu
esposo, os credores lhe bateram à porta para serem ressarcidos ou levariam
os filhos daquele casamento. Aquelas duas crianças órfãs de pai seriam
escravas dos credores.
DEUS não se
esquece dos órfãos e viúvas, e ordena que os cristãos façam o mesmo, ou
seja, que sejam usados por DEUS cuidando dessas pessoas. Acima de tudo, o
desafio é que a igreja hoje exerça a misericórdia para com as pessoas que
justamente não podem retribuir na mesma medida de bondade. Isso mostra não
apenas a prática da sabedoria, mas também a concretização daquilo que DEUS
deseja de nós.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 65-67.
Tg 1.27 De
uma religião que é capaz de argumentar facilmente a favor de qualquer
comportamento, Tiago agora se volta para um relacionamento no qual DEUS pode
ditar os termos de comportamento - a religião pura e imaculada. Tiago
explica a religião em termos de um serviço prático e de pureza pessoal. Os
rituais realizados com reverência não são errados; mas, se uma pessoa se
recusa a obedecer a DEUS na sua vida diária, a sua “religião” não é aceita
por DEUS.
A religião
pura e imaculada não é a observância perfeita de regras; na verdade, é um
espírito que se infiltra nos nossos corações e nas nossas vidas (Lv 19.18;
Is 1.16,17). Assim como JESUS, Tiago explica a religião em termos de uma fé
interior vital, que se expressa na nossa vida cotidiana. O nosso
comportamento deve estar de acordo com a nossa fé (1 Co 5.8). Órfãos e
viúvas são frequentemente mencionados nas preocupações da igreja primitiva,
porque eles eram os mais obviamente “pobres” na Israel do século I. As
viúvas, por não terem acesso às heranças na sociedade judaica, estavam
praticamente à margem da sociedade. Por esta razão, Paulo teve que organizar
um procedimento completo a respeito das viúvas em suas próprias igrejas,
como se vê em 1 Timóteo 5. As viúvas não podiam ter empregos, e as suas
heranças iam para os seus filhos primogênitos. Era de se esperar que as
viúvas fossem sustentadas pelas suas próprias famílias, de modo que os
judeus as deixavam com pouquíssimo sustento econômico. A menos que um membro
da família estivesse disposto a cuidar delas, elas se viam reduzidas a
mendigar, se venderem como escravas, ou passar fome. Ao cuidar destas
pessoas desamparadas, a igreja colocava em prática a Palavra de DEUS. Quando
doamos sem esperança de receber algo em troca, nós mostramos o que significa
servir aos outros.
Ainda hoje, a
presença de viúvas e órfãos nas nossas comunidades e cidades torna esta
orientação de Tiago muito contemporânea. A este grupo, nós também podemos
acrescentar aquelas pessoas que realmente se tornaram viúvas e órfãos
através da destruição das famílias pelo divórcio. Estas pessoas têm vidas
complicadas. As necessidades sempre ameaçam superar os nossos recursos
humanos. Cuidar de pessoas magoadas é um trabalho estressante. Ainda assim,
nós somos convocados para nos envolver.
Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 669-670.
27. Precisamos ter em mente
que Tiago não está tentando aqui resumir tudo o que envolve a verdadeira
adoração a DEUS. Tiago está preocupado
com uma super-ênfase no “ouvir”, em detrimento da “prática”. Neste versículo
são apresentadas duas outras áreas da vida que devem revelar evidências de
nosso “ouvir” reverente da Palavra: preocupação social e pureza moral. O
cuidado pelos órfãos e as viúvas é uma ordem do Antigo Testamento como uma
forma de imitar o cuidado do próprio DEUS com estas pessoas — ele é o “pai
dos órfãos e defensor das viúvas” (SI 68.5; PIB). Num texto que apresenta
muitas semelhanças com esta passagem de Tiago, Isaías anuncia que DEUS não
mais irá aceitar a adoração que seu povo lhe oferece (a “religião” deles);
eles precisam “se lavar... aprender a fazer o bem; atender à justiça,
repreender o opressor; defender o direito do órfão, pleitear a causa das
viúvas” (Is 1.10-17). O órfão e a viúva tornam-se tipos daqueles que se
encontram desamparados neste mundo. Os cristãos que professam uma religião
pura irão imitar seu Pai, intervindo para ajudar os desamparados. Aqueles
que passam necessidade no Terceiro Mundo, nas cidades; aqueles que estão
desempregados e sem dinheiro; aqueles que são precariamente representados no
governo ou na justiça — estas são as pessoas que deveriam ver abundantes
evidências da “religião pura” dos cristãos.
Douglas J.
Moo. Tiago. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 86.
Tg 1.27
a-
O
que faz parte do culto a DEUS. “Um culto puro e imaculado perante DEUS, o
Pai, consiste em visitar órfãos e viúvas em sua aflição e manter a si
próprio incontaminado do mundo”: DEUS nos presenteou com seu grande amor,
dando-nos seu Filho unigênito como irmão e tornando-se assim pessoalmente
nosso Pai e a nós, seus filhos (Rm 5.8; 1Jo 3.1). Agora tudo depende de que
nós lhe agrademos, como o Filho primogênito de DEUS (Mt 3.17). Duas coisas
são citadas aqui como partes integrantes do verdadeiro culto a DEUS:
dirigir-se para dentro do mundo e preservar-se diante do mundo.
b-
“Visitar órfãos e viúvas em sua aflição”: Tiago cita pessoas que naquele
tempo eram especialmente carentes de ajuda, bem como de proteção jurídica.
Literalmente consta: “olhar por eles”. Isso inclui o cuidado assistencial.
Primeiramente ele tinha em mente os co-cristãos na igreja, mas de forma
alguma somente a eles (Gl 6.10). É condizente com a intenção de nosso Senhor
e vale como dirigido a ele, quando nos dedicamos com toda energia, amor e
fantasia às pessoas em torno de nós, perto e longe, em vista de suas mais
diversas carências (Mt 25.45; 18.5).
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica
Esperança.
3.
Guardando-se da corrupção (v.27)
Além de
visitar órfãos e viúvas nas suas necessidades, é preciso que nos
resguardemos da corrupção do mundo. É possível que uma pessoa corrupta faça
atos de caridade em prol dos mais desassistidos? Sim. Mas aos olhos de DEUS,
guardar-se do sistema deste mundo e de suas tendências corruptas faz parte
da demonstração da verdadeira religião aos olhos de DEUS. A corrupção do
mundo pode contaminar nossos corações, e por isso devemos ficar distantes
dela.
Assim, é a fé
que agrada a DEUS. Mais que cerimônias, DEUS quer de nós atitudes.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 67-68.
Além disto,
aqueles que têm uma religião pura e imaculada se guardarão da corrupção do
mundo. Para nos protegermos da corrupção do mundo, precisamos nos
comprometer com o sistema ético e moral de CRISTO, e não com o do mundo. Não
devemos nos adaptar ao sistema de valores do mundo, baseado no dinheiro, no
poder, e no prazer. A verdadeira fé não significa nada se estivermos
contaminados com estes valores. Tiago estava simplesmente ecoando as
palavras do Senhor JESUS em sua oração que é chamada “oração sumo
sacerdotal” (Jo 17), em que JESUS enfatizou que estava enviando os seus
discípulos ao mundo, mas esperando que eles não fossem do mundo.
A medida que
nos colocamos à disposição para servir a CRISTO no mundo, precisamos nos
colocar continuamente sob a proteção desta oração. A oração afirma duas
coisas importantes: (1) nós permanecemos no mundo porque este é o local onde
CRISTO quer que estejamos; e (2) nós teremos a proteção de DEUS.
Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 670.
Tg 127b A
pureza moral é outra marca da religião pura. O guardar-se incontaminado do
mundo significa evitar que pensemos e ajamos de acordo com o sistema de
valores da sociedade que nos cerca. Tal sociedade reflete amplamente crenças
e práticas não-cristãs ou, quem sabe, ativamente anticristãs. O cristão que
vive “no mundo” corre o constante perigo de ter sobre si a mácula do
sistema. É importante e instrutivo o fato de Tiago incluir esta última área,
pois ela penetra além da ação, chegando às atitudes e crenças das quais a
ação brota. A “religião pura” do “cristão perfeito” (v. 4) associa a pureza
de coração à pureza de ação.
Douglas J.
Moo. Tiago. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 86.
Tg 1.27b.2 -
“E manter a si próprio incontaminado do mundo.” É correto atuar no mundo,
mas não se sujar e infeccionar com ele. O Israel do AT foi encorajado
repetidamente a não se contaminar com os ídolos das nações em seu redor, ou
seja, a não acolhê-los (Jr 2.7; 7.30s; 32.34; Ez 5.11; 20.7,30; 22.3; 37.23;
etc.). Também nós podemos, quando entramos no mundo e nos relacionamos com
ele – algo necessário – contaminar-nos com os ídolos que predominam em nosso
entorno e adotá-los junto com seus parâmetros e seu espírito. Por exemplo, a
mentalidade carreirista, o espírito reivindicatório, a indiferença em
relação a DEUS e às pessoas, o estresse desnecessário que leva as pessoas a
se refugiarem da meditação e no silêncio, a adaptação ao espírito da época
no pensar, no trabalho e no lazer, a indisciplina, o espírito de desrespeito
e de rebeldia para com pessoas e DEUS, a adoção de uma ideologia que
reivindica domínio absoluto sobre o ser humano e o domina em todas as
esferas da vida. Em nossa época se exige muitas vezes que cristãos não se
distingam em nada do mundo, que a igreja de CRISTO se dissolva na sociedade
com seu serviço e suas tarefas. O espírito do anticristo (2Ts 2.3-12; Ap
13), o espírito da “meretriz” (Ap 17) tentam nos igualar, como cristãos, com
todo o mundo. Nesse caso a única solução é que permaneçamos “nele”, isto é, em
contato com ele, em diálogo com ele, dando-lhe atenção, falando com ele,
obedecendo-lhe, seguindo-o. Então ele sempre ficará entre nós e o mundo,
cujas forças demoníacas tentam se apoderar de nós. “CRISTO, em ti somente,
estou seguro em corpo e mente” (cf. Zc 2.9; Pv 18.10).
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica
Esperança.
ELABORADO: Pb
Alessandro Silva
http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/
- com
algumas modificações do Ev. Luiz Henrique.
Questionário
da
Lição
5 – O Cuidado ao falar e a religião pura
Responda conforme a
revista da CPAD do 3º Trimestre de 2014 - Para jovens e adultos
Tema:
FÉ E OBRAS - Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica
Complete os espaços
vazios e marque com "V" as respostas verdadeiras e com "F" as
falsas.
TEXTO ÁUREO
1- Complete:
"[...] Mas todo o
__________________________ seja pronto para _________________________,
tardio para __________________________, tardio para se
_________________________"
(Tg 1.19).
VERDADE PRÁTICA
2- Complete:
As nossas
_________________________
podem, ou não,
_________________________
a
_________________________ de DEUS.
I. PRONTO PARA OUVIR
E TARDIO PARA FALAR (Tg 1.19,20)
3- O que nos ensina
Tiago sobre estar pronto para ouvir?
( ) Ouvir é um
empreendimento prazeroso e, por isso, praticado por muitos.
( ) Para alguns
crentes, a pessoa sábia é a que sempre tem algo a falar.
( ) Ouvir é um
empreendimento trabalhoso e, por isso, ignorado por muitos.
( ) Diferentemente,
as Escrituras admoestam-nos a ser prontos para ouvir.
( ) No versículo 19,
Tiago introduz o seu ensino sobre o "ouvir" e o "falar" destacando a
expressão sabei isto.
( ) Com essa
expressão, ele demonstra a sua preocupação pastoral com os seus leitores.
( ) Outro termo no
versículo 19 chama-nos a atenção: pronto.
( ) No grego, a
palavra significa "rápido", "ligeiro" e "veloz".
( ) O escritor sacro
incentiva-nos a estar disponíveis a ouvir.
( ) É uma atitude que
depende de uma disposição e também da decisão em ouvir o outro.
( ) A exemplo do
profeta Samuel, que desde a sua infância foi ensinado a ouvir a voz
divina, o povo de DEUS deve persistir em escutar os desígnios
do Pai, pois nesses últimos dias têm Ele falado através do seu Filho, o
Verbo Vivo de DEUS.
4- O que nos ensina
Tiago sobre ser tardio para falar?
( ) Quem
ouve com atenção adquire a rara capacidade de opinar acerca de qualquer
assunto.
( ) É justamente por
isso que a Carta de Tiago exorta-nos a ser tardios para falar (v.19).
( ) Uma
palavra dita sem pensar, fora de tempo, e sem conhecimento dos fatos, pode
provocar verdadeiras tragédias.
( ) Quem nunca se
arrependeu de ter falado antes de pensar?
( ) Quem
ouve com atenção adquire a capacidade de falar com facilidade.
5- Como agiu José
diante de Faraó, o imperador do Egito Antigo?
( ) O patriarca José
aproveitou sabiamente um momento ímpar em sua vida.
( ) Antes de
responder às perguntas sobre os sonhos do monarca, José as ouviu e refletiu
sobre elas.
( )
Orientado pelo Senhor, respondeu sabiamente a seus irmãos.
( ) Orientado pelo
Senhor, respondeu sabiamente a Faraó.
( ) Temos de aprender
a refletir sobre o que vamos dizer e falar no tempo certo.
( ) Pese bem as
palavras, e ore como o rei Davi: "Põe, ó SENHOR, uma guarda à minha boca;
guarda a porta dos meus lábios".
6- O que nos ensina
Tiago sobre o controle da ira?
( ) O versículo
11 da
carta de Tiago expressa o seguinte: prontos a se irar.
( ) O versículo 19 da
carta de Tiago expressa o seguinte: tardios para se irar.
( ) A ira é um
profundo sentimento de ódio e rancor contra a outra pessoa.
( ) Uma vez
descontrolada, ela não produz a justiça de DEUS, mas uma justiça segundo o
critério da pessoa que sofreu o dano: a vingança.
( ) A Palavra de DEUS
não proíbe o crente de ficar indignado contra a injustiça.
( ) Ao mesmo tempo, a
Bíblia estabelece limites para o nosso temperamento não se achar
irrefletido, descontrolado, deixando-nos impulsivamente irados.
( ) O cristão, templo
do ESPÍRITO SANTO, tem de levar a sua mente cativa a CRISTO (2 Co 10.5) e
manifestar o fruto do ESPÍRITO SANTO: o domínio próprio.
( ) Fuja da aparência
do mal. Tenha autocontrole.
II. PRATICANTE E NÃO
APENAS OUVINTE DA PALAVRA (Tg 1.21-25)
7- O que Tiago quis
dizer com “Enxertai-vos da Palavra” (21)?
( ) A
mensagem contida nos livros seculares são guias para os crentes.
( ) A Palavra de DEUS
é o guia maior do crente.
( ) Para que a
Palavra atinja efetivamente o coração do servo de DEUS, este precisa
acolhê-la com pureza e sinceridade. Isto é, firmar uma posição radical
rejeitando toda a imundícia e a malícia mundana (v.19); recebendo o
Evangelho com mansidão e sobriedade.
( ) Leia os
Evangelhos!
( ) Persiga em
conhecer a mensagem divina de CRISTO JESUS, mas, igualmente, abra o coração
para ouvir a voz do Senhor.
8- O que Tiago quis
dizer com “praticai a Palavra” (22-24)?
( ) Se amar a DEUS e
ao próximo são considerados mandamentos únicos, devemos porfiar em
vivê-los.
( ) O escritor sacro
não tem interesse em que o leitor da epístola apenas acolha a Palavra no
coração, antes deseja que o crente a pratique.
( ) Não pode haver
incoerência entre o que se "diz" e o que se "faz" para quem é discípulo de
JESUS.
( ) Se amar a DEUS e
ao próximo são os maiores dos mandamentos, então, devemos porfiar em
vivê-los.
( ) Quem acolhe a
Palavra rejeita tudo o que é imundo, maligno, perverso, injusto,
dissimulado, insincero.
( ) Não apenas isso,
mas igualmente abre a porta do coração para "tudo o que é verdadeiro, tudo o
que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável,
tudo o que é de boa fama" .
( ) Do contrário,
seremos identificados com o homem que contempla a própria imagem no espelho
e depois se retira esquecendo-se completamente dela.
( ) Há pessoas que
olham para o Evangelho e ouvem, mas sem memória e perseverança, não dão
nenhuma resposta ou sequência ao chamado de JESUS CRISTO (vv.23,24). DEUS
nos livre desse engodo!
9- O que Tiago quis
dizer com “persevere
ouvindo e agindo” (v.25)?
( ) Tiago conclui
este ponto da epístola da seguinte maneira: Quem é cuidadoso para com a lei,
nela persevera; não apenas ouvindo-a negligentemente, mas praticando-a
zelosamente.
( ) Falamos
e
vivemos o que pregamos! Precisamos analisar nossa vida em amor e sinceridade.
( ) Felicidade plena
em tudo é a promessa para quem ousa viver o Evangelho cônscio das
implicações espirituais e das consequências materiais.
( ) Alguém, um dia,
disse que os evangélicos são poderosos no discurso, mas fracos na prática do
mesmo discurso.
( ) Falamos, mas não
vivemos! Precisamos analisar nossa vida em amor e sinceridade.
( ) Entremos na
presença de DEUS com o rosto descoberto, coração rasgado e alma despida.
( ) No tempo em que
vivemos não dá para passar despercebidos na dissimulação, ou seja, fingindo
ser algo que na verdade não somos.
III. A RELIGIÃO PURA
E VERDADEIRA (Tg 1.26,27)
10- O que é a falsa
religiosidade?
( ) Apesar de
algumas pessoas se considerarem religiosas por frequentarem um templo, as
Escrituras revelam o significado da verdadeira religião.
( ) Ela reprova todo
o ativismo religioso feito em "nome de DEUS", mas em detrimento do próximo.
( ) A
bíblia reprova todo a prática religiosa feita em "nome de DEUS",
para o próximo.
( ) Aqui, a língua do
crente tem um papel importante. Tiago diz que é possível enganar o próprio
coração quando deixamos de refrear a nossa língua.
( ) Ora, o coração é
a sede dos desejos, dos sentimentos e das vontades. E a boca só fala
daquilo que o coração está cheio (Mt 12.34).
( ) É incompatível
com o Evangelho, viver a graça de DEUS sem mergulhar no Reino dEle.
( ) Quem não se
entrega inteiramente ao Senhor pratica uma religião vã e falsa.
( ) Não podemos ser
como a pessoa capaz de fazer uma belíssima oração por um faminto, e depois
despedi-lo sem lhe dar um único grão de arroz.
11- O que é a
verdadeira religião (v.27)?
( ) A religião que
agrada a DEUS é aquela cujos discípulos confessam e exaltam o seu nome,
congregando sempre.
( ) A religião pura,
santa e imaculada, de acordo com o autor sacro, é suprir a necessidade do
próximo: "Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações".
( ) O problema hoje é
que a nossa atenção, quase sempre, está voltada para o prazer pessoal.
( ) Temos os olhos
fechados para os necessitados que na maioria das vezes cultuam a DEUS,
assentados, ao nosso lado.
( ) Lembremo-nos da
vida de JESUS CRISTO! Ele não apenas olhou para os marginalizados, mas foi
até eles e os acolheu em amor.
( ) A religião que
agrada a DEUS é aquela cujos discípulos professam e bendizem o seu nome,
visitando e acolhendo os necessitados nas aflições.
12- O que quer dizer
“guardando-se da corrupção” (v.27)? Complete:
Além de recomendar a
__________________________
de visitarmos os órfãos e as viúvas, a Epístola de Tiago menciona outro
aspecto da verdadeira religião: guardar-se da v do mundo. A religião falsa
está mergulhada no egoísmo, na corrupção e nos interesses maléficos do
_________________________
pecaminoso. A igreja deve manter-se longe da _v. Estamos no mundo, mas não
fazemos parte do seu
_________________________! O Evangelho nada
tem com os seus valores e preceitos.
CONCLUSÃO
13- Complete:
Nessa semana aprendemos
sobre o cuidado que devemos ter com o
_________________________
e o
_________________________.
Estudamos também acerca da religião __________________________ e imaculada que alegra a DEUS: visitar os
órfãos e as viúvas nas tribulações e guardarmo-nos da
_____________________
do mundo. Que os nossos ouvidos estejam prontos para
_________________________,
a nossa
_________________________
para falar sabiamente e a nossa vida para
__________________________
tudo quanto aprendemos do Evangelho. Embora estejamos em um mundo
turbulento, devemos exalar o bom
_________________________ de CRISTO por onde formos (2 Co 2.15).
RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO EM http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
Referências Bibliográficas
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada.
Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e
Grego. Texto bíblico Almeida Revista e Corrigida.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em
português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes.
Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999.
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM
CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ -
Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos
Pentecostal.
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
www.ebdweb.com.br
www.escoladominical.net
www.gospelbook.net
www.portalebd.org.br/
http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/
-
Pb Alessandro Silva
Lição
4 – Gerados Pela Palavra da Verdade
LIÇÕES BÍBLICAS - 3º Trimestre de 2014 - CPAD
- Para jovens e adultos
Tema:
FÉ E OBRAS - Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica
Comentário: Pr.
Eliezer de Lira e Silva
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de
Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS,
FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
TEXTO ÁUREO
"Sendo de novo gerados,
não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de DEUS, viva
e que permanece para sempre" (1 Pe 1.23).
VERDADE PRÁTICA
Somente aqueles que foram
gerados pela Palavra da Verdade são guiados pelo ESPÍRITO SANTO.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Pe 4.12,13 -
Alegrai-vos com a provação
Terça - Lm 5.21 - Nossa
oração pelo perdão
Quarta - Jo 3.3 - Novo
nascimento e Reino de DEUS
Quinta - 1 Jo 5.4 - A
vitória sobre o mundo
Sexta - 2 Co 6.2 - Hoje é
dia de salvação
Sábado - 1 Tm 2.4 - DEUS a
todos quer salvar
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
- Tiago 1.9-11,16-18
Tg 1.9 Mas glorie-se o irmão abatido na
sua exaltação, 10 e o rico, em seu abatimento, porque ele passará como a
flor da erva. 11 Porque sai o sol com ardor, e a erva seca, e a sua flor
cai, e a formosa aparência do seu aspecto perece; assim se murchará também o
rico em seus caminhos.
Tg 1.16 Não erreis, meus amados irmãos. 17 Toda boa dádiva e todo dom
perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem
sombra de variação. 18 Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da
verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas.
INTERAÇÃO
DEUS pode fazer o mal? O
contexto da epístola de Tiago mostra que Ele é bom e, portanto, a sua
sabedoria só pode fazer o bem, jamais o mal. Nele, não há variação de
bondade e malignidade; de luz ou trevas. O nosso Pai Celestial decidiu de
uma vez por todas, em JESUS, fazer o bem para reconciliar o mundo consigo
mesmo. Por isso, a sabedoria de DEUS é pura, bondosa, benigna, humilde,
cordata, temperante, etc. Porque Ele é bom! Prezado professor, que a bondade
de DEUS inunde a sua vida e a dos seus alunos. Que eles decidam amar o
próximo como o nosso Pai o ama.
OBJETIVOS - Após a aula,
o aluno deverá estar apto a:
Analisar a relação entre os
pobres e os ricos da igreja.
Defender a verdade que DEUS
só faz o bem.
Compreender que os filhos de
DEUS são as primícias dentre as criaturas.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, para
concluir o primeiro tópico da lição sugerimos mais uma leitura dos
versículos 9-11 do primeiro capítulo de Tiago. Logo em seguida, explique aos
alunos que à luz das Escrituras, apesar de o pobre ser marginalizado pela
sociedade cuja cultura predominante é a de "ter" e não de "ser", ele é
convidado a gloriar-se em CRISTO pela sua nova posição de filho de DEUS.
Enquanto o rico, no encontro com o Evangelho de CRISTO, é convidado por
CRISTO a se humilhar para compreender a natureza passageira da sua riqueza.
Sabendo assim acerca da sua missão de suprir o pobre necessitado. Conclua o
tópico afirmando que DEUS é o Senhor dos pobres e dos ricos.
Resumo da Lição 4 -
Gerados Pela Palavra da Verdade
I. A RELAÇÃO ENTRE OS
POBRES E OS RICOS DA IGREJA (Tg 1.9-11)
1. Os pobres na Igreja do
primeiro século.
2. Os ricos na Igreja
Antiga.
3. Perante DEUS, pobres e
ricos são iguais.
II. DEUS SÓ FAZ O BEM (Tg
1.16,17)
1. Não erreis (v.16).
2. Todo dom e boa dádiva
vêm de DEUS.
3. A origem de tudo o que
é bom está no Pai das Luzes.
III. PRIMÍCIAS DE DEUS
ENTRE AS CRIATURAS (Tg 1.18)
1. Algo que somente DEUS
faz.
2. A Palavra da verdade.
3. O propósito de DEUS.
SINOPSE DO TÓPICO (1) Na
igreja do primeiro século, pobres e ricos eram acolhidos em amor.
SINOPSE DO TÓPICO (2) Tudo o
que é bom vem de DEUS, pois nEle não há momento de bondade e maldade. Ele é
sempre bom!
SINOPSE DO TÓPICO (3) A
partir da promessa da salvação, DEUS colhe as suas primícias (os salvos)
dentre as criaturas.
Minhas observações - Ev. Luiz Henrique
Teologia da Prosperidade - Opção pelos ricos,
sem problemas financeiros e de saúde física.
Teologia da Libertação - Opção pelos pobres, em detrimento dos ricos e
conformidade com as doenças.
Teologia Bíblica - Sem acepção de pessoas, DEUS
ama a todos indistintamente e JESUS morreu por todos. Passamos por
problemas, aflições, doenças, tentações e provações. DEUS passa junto
conosco por esses problemas e nos livra de todos.
Causa da pobreza na época de Tiago:
a- Mecanismos legais, que suprimem o direito
daqueles que se endividaram (Tg. 2.1-12);
b- Ganância, que prima pela ostentação (Tg.
4.-13-17)
c- Opressão, através da retenção dos salários
dos mais pobres (Tg. 5.4).
As pessoas se divertem e alcançam prazer em
oprimir umas as outras, em nossos dias (Tg. 1.18,21; 4.6; 5.19,20).
O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (I
Tm. 6.10).
Os ricos que são gerados pela palavra de Deus,
são crentes, não colocam o coração nas riquezas terrenas, sabem que nada
trouxeram para este mundo, e que nada também levarão (I Tm. 6.7).
Não se deve colocar nas riquezas o coração (Sl.
62.10).
A igreja está passando por uma crise de
identidade, não sabe se está no reino de DEUS ou dos homens. As obras
realizadas pela igreja, em nossos dias, são feitas para serem vistas e
aplaudidas pelo mundo e não por amor a DEUS e a nosso próximo.
“Assim, não sois mais
estrangeiro, nem imigrantes; pelo contrário, sois concidadãos dos santos.”
No Antigo Testamento, as
nações foram formadas pelos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. No livro de
Atos, vemos essas três famílias unidas em CRISTO. Em Atos 8, um descendente
de Cam é salvo, o ministro da fazenda da Etiópia. Em Atos 9, um descendente
de Sem é salvo no caminho de Damasco, Saulo de Tarso, o qual se tornou o
apóstolo Paulo. Em Atos 10, um descendente de Jafé é salvo, Cornélio. O
pecado dividiu a humanidade, mas CRISTO faz dela uma nova nação. Todos os
crentes das diferentes nacionalidades formam a nação santa que é a igreja.
Francis Foulkes diz que em relação ao povo da aliança de DEUS, os gentios
eram xenoi e paraikos, “estrangeiros” e “imigrantes”, isto é, pessoas que,
ainda que vivessem no mesmo país, tinham, contudo, os mais superficiais
direitos de cidadania. Essa era a situação anterior, mas, de agora em
diante, já não o é. Nas palavras do apóstolo, agora são “concidadãos dos
santos”.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
PFEIFFER, Charles F.; VOS,
Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
RICHARDS, Lawrence O.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2007.
SAIBA MAIS pela Revista
Ensinador Cristão CPAD - nº 59, p.38.
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 59, p.38.
Inicie a aula descrevendo as
classes sociais da Igreja do Primeiro Século. Ricos e os pobres
da igreja. Apesar de sua posição, nem sempre os ricos se
aproveitavam das oportunidades para demonstrar a preocupação de DEUS por
aqueles que estavam necessitados (2.14-17). Já se orgulhavam de sua elevada
posição, talvez por se considerarem 'ricos', moralmente superiores, mesmo
quando se identificavam com as armadilhas das posições elevadas e do poder.
Até mesmo pensavam a respeito de sua salvação utilizando a imagem da sua
posição social, isto é, a coroa da vida" (p.1665).
Um desastre que pode ocorrer
ao crente economicamente bem sucedido é quando ele interpreta as ocorrências
cotidianas da vida como "acontecimentos espirituais". Ele faz uma teologia
particular sem se importar com os outros ao redor.
É preciso explicar o mal que uma teologia individualista, como a da
prosperidade, pode causar a uma igreja local. Não podemos ignorar o ensino
da Palavra: a de que o rico deve suprir o necessitado, e este, deve se
alegrar por se achar o filho escolhido por DEUS.
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO - VÁRIOS LIVROS TEOLÓGICOS
A Epístola de Tiago
apresenta também como tema a forma como
o cristão deve encarar a pobreza e a riqueza. Essas condições sociais são
enfatizadas pelo apóstolo como circunstâncias transitórias da vida, como
situações passageiras, porquanto terrenas, e também como conjunturas em meio
às quais o cristão deve aprender a estar sempre satisfeito (Tg 1.9-11).
Outro tema abordado é
DEUS como a fonte de todo bem verdadeiro (Tg 1.16,17); e, na sequência desse
assunto, o apóstolo fala do maior de todos os dons que o Senhor nos concede:
o de sermos gerados de novo pelo poder da Palavra de DEUS (Tg 1.18).
Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica.
Editora CPAD. pag. 47.
VERDADE
Do heb. 'emuna,
"firmeza, estabilidade, verdade"; 'emet, "firmeza, verdade"; gr. aletheia,
"verdade".
Carnell afirma que "a
verdade é uma propriedade do julgamento que coincide com o pensamento de
DEUS" {An introduction to Christain Apologetics, p. 47). Através da expressão
consistência sistemática, ele quer dizer que uma afirmação deve:
primeiramente satisfazer sem dificuldade as leis da lógica, ou seja, ser
horizontalmente consistente - que é o teste da verdade formal; em segundo
lugar, estar de acordo com os fatos, ou seja, concordar verticalmente com
todos os fatos, que é o teste da verdade material.
Aspectos da Verdade
Em uma definição
satisfatória de verdade, como esta que foi apresentada acima, estão
incluídos três aspectos e elementos da verdade.
1. Verdade ontológica ou
metafísica.
Esta expressa o supremo relacionamento da verdade e da natureza,
bem como o relacionamento da verdade religiosa e moral em particular com o
próprio caráter, vontade e pensamento de DEUS. A verdade religiosa e moral é
o que DEUS é, e está de acordo com o seu caráter. A verdade científica e
social é o que DEUS deseja e está, também, em consistência com seu caráter.
DEUS é a verdade em sua própria pessoa (Dt 32.4; SI 31.5; Is 65.16), e este
fato é particularmente revelado em JESUS CRISTO (Jo 1.14,17; 14.6). Sua
Palavra revelada é a verdade (1 Rs 17.24; Jo 17.17); sua lei moral é a
verdade (SI 119.142,151).
2. Verdade lógica.
Dois extremos ocorrem: (a)
Alguns aplicam a lógica e negam a revelação. Ele mostra que o lógico
positivista assume as proposições básicas da moralidade e da ética, e as
utiliza sem exigir provas, (b) Outros tentam aceitar a revelação, embora
negando à lógica sua função própria. DEUS é racional e lógico e a Bíblia prova não estar cheia de
paradoxos e contradições quando aceita, pela fé e da maneira como foi
escrita. O Senhor forneceu evidências verossímeis da verdade e da
infalibilidade de sua Palavra. Esta conclusão é o testemunho dos crentes dos
dois Testamentos (SI 108.4; Jo 20.30,31; 1 Jo 1.1-3).
3. Verdade factual. A
verdade tem de condizer com os fatos da vida e da existência. Isto significa
ter uma correspondência proposicional com a realidade. A verdade não pode
satisfazer-se com universalidades e generalidades, por mais úteis que possam
ser, nem com meras individualidades e particularidades, mas tem de condizer
verticalmente com os fatos enquanto os organiza corretamente através do uso
de universalidades.
Atitudes para com a
Verdade
Ouvindo e sendo a
verdade. Pode-se ouvir a verdade, acreditar que é verdadeira, até ensiná-la
e ainda assim recusar-se ou falhar em agir de acordo com ela. Isto
corresponde a ouvir a verdade e não ser a verdade. A verdade conhecida, no
sentido de acreditar e agir de acordo com ela, satisfaz, então, a três
testes: consistência lógica, consistência factual e consistência prática.
Os
dois primeiros foram discutidos acima nos itens verdade lógica e verdade
factual. O terceiro é mencionado pelo Senhor JESUS CRISTO como a base da
salvação, isto é, experimentar a verdade ao agir de acordo com ela (Jo
8.32). Isto acarreta um conhecimento do conteúdo sobre o qual a ação
apoia-se. As Escrituras dão aos três seu lugar adequado. Elas esperam que a
fé seja baseada em evidências razoáveis, e que a ação siga o recebimento de
uma revelação clara e autoconsistente.
Muitos teólogos modernos
das escolas neo-ortodoxa e liberal negam que a verdade seja absoluta. Paul
Tillich, por exemplo, a vê como, necessariamente, relativa, argumentando
que, se fosse absoluta e imutável, isso tornaria DEUS - que é o Supremo e o
Absoluto - relativo. Tal visão, de fato, nega a possibilidade da verdade
autêntica, substituindo-a pela verdade kairotic ou temporária - as coisas
podem ser verdadeiras hoje, mas erradas amanhã. A resposta cristã destaca
vários fatos.
1. Se a verdade depende
de DEUS, e DEUS é a verdade em pessoa, então a verdade absoluta não limita,
ao contrário, revela DEUS. DEUS é amor, mas o amor não rouba, não mente,
etc.., e os mandamentos apenas expressam estas verdades que já existem no
caráter de DEUS. Elas não estão limitando, mas revelando afirmações que têm
sua base na natureza de DEUS.
2. Pelo fato de DEUS ser
a verdade, CRISTO é a verdade tanto em sua pessoa como em sua revelação (Jo
1.14,17; 14.6). Seu caráter e suas palavras complementam-se, e seu ensino
revela tanto seu caráter santo quanto o do Pai (Mt 5.43-48). Os teólogos
existencialistas tentavam reforçar a importância de ser a verdade, enquanto
negavam que a verdade tivesse um conteúdo proposicional, isto é, um conteúdo
que está compreendido nas afirmações reveladas nas Escrituras. Sua tentativa
fracassa quando se percebe que CRISTO, usando uma linguagem de sala de aula,
sustenta em João 8 que seu testemunho é verdadeiro. Ele ensina somente o que
ouviu (w. 26,40), viu (v. 38) e o que lhe foi ensinado pelo Pai (v. 28). Ele
pode confirmar o que diz, porque o Pai jamais o deixou só (v. 29). Em João
14, onde CRISTO declara que Ele mesmo é a verdade (v. 6), Ele mais uma vez
refere-se ao conteúdo de seu ensino, mostrando que Ele não é somente a
verdade em pessoa, mas que também ensina a verdade proposicional.
Isto faz parte do
contexto de João 8, quando, como visto acima, Ele defende a verdade de seus
ensinos ao dizer: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (v.
32). Isto torna claro que Ele não está falando de um conhecimento místico
dele mesmo que salvará o homem, mas de um conhecimento cujo conteúdo é
composto por aquilo que Ele ensina.
PFEIFFER .Charles F.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1990-1991.
TERMINOLOGIA BÍBLICA
No hebraico devemos
considerar uma palavra e no grego, também uma, a saber:
I. Emeth, "verdade",
"constância". Esse vocábulo hebraico ocorre por 92 vezes no Antigo
Testamento, conforme se vê, para exemplificar, em Gên. 24:27; 42:16; Êxo,
18:21; Deu. 13:14; Jos. 24:14; Juí. 9:15; I Sam. 12:24; II Sam. 2:6; I Reis
2:4; II Reis 20:3,19; II Crô. 18: 15; Esl. 9:30; Sal. 15:2; 25:5,10; 30:9;
31:5; 40:10,11; 43:3; 51:6; 57:10; 61:7; 71:22; 91:4; 145:18; 146:6; Pro.
3:3; 8:7; 12:19; 23:23; Ecl. 12:10; lsa. 10:20; 16:5; 38:18,19; Jer. 4:2;
9:5; Dan. 8:12; 9:13; Osé. 4:1; Miq. 7:20; Zac. 8:3,8,16,19; Mal. 2:6. Há
outras formas dessa palavra e outros vocábulos que ocorrem por algumas
poucas vezes, e que também podem ser traduzidos como "verdade".
2. Alétheia, "verdade".
Palavra grega que é usada por 110 vezes: Mal. 22:16; Mar. 5:33; 12:14,32;
Luc. 4:25; 20:21; 22:59; João 1:14,17; 3:21; 4:23,24; 5:33; 8:32,40,44-46;
14:6,17; 18:37,38; Atos 4:27; 10:34; Rom. 1:18,25; 2:2,8,20; I Cor. 5:8;
13:6; II Cor. 4:2; 6:7; 13:8; Gál. 2:5,14; 5:7; Efé. 1:13; 4:21 ,24,25; 5:9;
6: 14; Fil. 1:18; Col. 1:5,6; II Tes. 2:10,12,13; I Tim. 2:4,7; 3:15; 4:3;
6:5; II Tim. 2:15,18,25; 3:7,8; 4:4; Tito 1:1,14; Heb. 10:26; Tia. 1: 18;
3:14; 5: 19; I Ped. I: 22; li Ped. 1:12; 2:2; I João 1:6,8; 2:4,21; 3:
18,19; 4:6; 5:6; 11 João 1-4; III João 1,3,4,8,12.
No Antigo Testamento, a
palavra emeth e seus cognatos indicam as idéias de firmeza, estabilidade,
fidelidade, alguma base fidedigna de apoio. É uma qualidade atribuída tanto
a DEUS quanto às criaturas. Também é atribuída não somente às mais diversas
afirmações (por exemplo, Rute 3:12), mas também à conduta (ver Gên. 24:49) e
às promessas (li Sam. 7:28). A verdade é associada na Bíblia à gentileza
(Gên. 47:29), à justiça (Nee. 9: 13 e Isa. 59:14) e à sinceridade (Jos.
24:14). Por essas razões, a Septuaginta, com frequência, a traduz pelo termo
grego plstts, "fé", "fidelidade", "convicção", a fim de expressar o aspecto
moral, em vez de empregar alétheia, "verdau Je " .
Nas páginas do Novo
Testamento, alétheia retém a ênfase moral e personalista que o termo
paralelo hebraico tem no Antigo Testamento, embora a noção de fidelidade,
com mais frequência, seja transmitida através da palavra grega pistis.
Etimologicamente, alétheia sugere que alguma coisa tenha sido descoberta,
revelada, segundo a sua verdadeira natureza, dando a ideia daquilo que é
real e genuíno, em contraposição com o que é imaginário ou espúrio, ou,
então, daquilo que é veraz, em contraposição com o que é falso. Assim, lemos
a respeito do "verdadeiro DEUS" e da "verdadeira vinha", tal como o Credo
Niceno fala sobre "o vero DEUS do vero DEUS". O adjetivo grego, a léthinos.
aparece em contextos assim, ao passo que alethés é palavra empregada como um
predicado (ver Mal. 22:16; João 3:33, etc.). A julgar pelo uso que esses
dois adjetivos têm no Novo Testamento, não se pode averiguar qualquer
diferença essencial no significado fundamental desses dois termos, Porém, as
referências neotestarnentárias a declarações verazes tornam evidente que o
conceito de verdade cognitiva deriva-se das noções de franqueza ou caráter
fidedigno (ver, por exemplo, Mar. 5:33; 12:32; João 8:44-46; Rom. 1:25 e
Efé. 4:25).
O conceito cognitivo é
mais explícito no Novo Testamento do que no Antigo Testamento. A verdade
está ligada não somente à fidelidade e à justiça, mas também ao conhecimento
e à revelação. A
maneira de pensar dos escritores sagrados era mais diretamente moldada pelos
conceitos veterotestamentários e acima de tudo, pela crença de que o
verdadeiro DEUS, o DEUS alethinôs, não vive oculto, mas antes, age e fala
com uma franqueza totalmente digna de confiança (alethés).
A VERDADE QUE CONHECEMOS
1. Sabemos bem pouco,
mas aquilo que sabemos é imensamente importante.
2. Em contraste com o
conhecimento de um historiador, que depende de pesquisas do passado
distante, e isso contando com meios inadequados, a busca pela verdade
religiosa depende da revelação. A revelação depende do interesse de DEUS
pelo mundo, e é evidência do mesmo.
3. A verdade é
comprovada nas vidas daqueles que são transformados segundo a imagem de
CRISTO. Poder é necessário para que isso se concretize, e o que é bom traz
consigo suas próprias evidências.
A sabedoria não é
finalmente testada nas escolas, A sabedoria não pode
passar de quem a tem para quem não a tem, A sabedoria da alma não
é suscetível de prova, é sua própria prova.
(Walt Whitman, Canção da
Estrada Aberta).
Conforme disse
Aristóteles (Retórica 11.13), a verdade é que os homens se vão tornando
menos e menos dogmáticos, à proporção que envelhecem, reconhecendo cada vez
mais a vastidão da verdade, e isso certamente é o caso da verdade de CRISTO,
pois é infinitamente ampla e não pode ser contida por qualquer credo ou
denominação religiosa, porquanto é impossível alguém cercar DEUS com uma
sebe.
Contra a Arrogância
a. A fé não consiste em
não crer em algo que não é a verdade. Um dogma pode servir de obstáculo para
a verdade.
b. Nenhuma denominação ou fé isolada pode ser guardiã da verdade
divina. Podemos aprender coisas de outros, e as janelas deveriam ser
mantidas abertas, para permitir que a luz entre, para que possa haver
crescimento.
Da preguiça que aceita
meias verdades, Da arrogância que pensa
conhecer toda a verdade. Ó Senhor, livra-nos. (Arthur Ford)
O próprio Paulo exibiu
grande confiança: "Sei em quem tenho crido", e, no entanto, aludiu a si
mesmo como mero principiante na inquirição pela verdade espiritual. (Ver II
Tim. 1:12, em comparação com Fil. 3: 10-14. Quanto a JESUS como a
personificação da "verdade", ver João 14:6).
Descrições e Elementos
da Verdade
DEUS é o DEUS da verdade
(Deu. 32:4; Sal. 31 :5).
CRISTO é a verdade (João
14:6 com João 7:18).
CRISTO estava repleto de
verdade (João 1: 14).
CRISTO falou a verdade
(João 8:45).
O ESPÍRITO SANTO é o
ESPÍRITO da verdade (João 14: 17).
O ESPÍRITO SANTO nos
guia a toda verdade (João 16: 13).
A Palavra de DEUS é a
verdade (Dan. 10:21; João 17: 17).
DEUS encara a verdade
favoravelmente (Jer. 5:3).
Os juízos divinos são
segundo a verdade (Sal. 96:13; Rom.12).
Os santos deveriam:
Adorar a DEUS na verdade
(João 4:24 com SaI.145:18).
Servir a DEUS na verdade
(Jos. 24: 14; 1 Sam. 12:24).
Andar diante de DEUS na
verdade (I Reis 2:4; 11 Reis 20:3).
Observar as festividades
religiosas na verdade (I Cor.5:8)
Estimar a verdade como
preciosíssima (Pro. 23:23).
Regozijar-se na verdade
(I Cor. 13:6).
Falar a verdade uns com
os outros (Zac. 8:16; Efé. 4:25).
Meditar sobre a verdade
(Fil. 4:8).
Escrever a verdade sobre
as tábuas do coração (Pro.3:3).
DEUS deseja a verdade no
coração (Sal. 51:6).
O Fruto do ESPÍRITO se
verifica na verdade (Efé. 5:9).
Os ministros deveriam:
Falar a verdade (lI Cor.
12:6; Gál. 4: 16).
Ensinar a verdade (1
Tim. 2:7).
Ser aprovados pela
verdade (11 Cor. 4:2; 6:7,8; 7: 14).
Os magistrados deveriam
ser homens caracterizados pela verdade (Êxo. 18:21).
Os reis são preservados
pela verdade (Pro. 20:28).
Os que dizem a verdade:
Exibem a retidão (Pro.
12: 17).
Serão firmados (Pro.
12:19).
São deleitáveis para
DEUS (Pro. 12:22).
Os ímpios:
São destituídos da
verdade (Osé. 4: 1).
Não dizem a verdade
(Jer. 9:5).
Não sustentam a verdade
(Isa. 59:14,15).
Não pleiteiam pela
verdade (Isa. 59:4).
Não são corajosos em
defesa da verdade (Jer. 9:3).
Serão punidos por não
terem a verdade (ler. 9:5,9; Osé, 4: 1).
O evangelho, como a
verdade:
Veio por meio de CRISTO
(João 1:17).
CRISTO dá testemunho da
verdade (João 18:37).
Ela se acha em CRISTO
(Rom. 9: 1; 1Tim. 2:7).
João deu testemunho da
verdade (João 5:33).
Ela é segundo a piedade
(Tito 1:1).
Ela é santificadora
(João 17: 17,19).
Ela é purificadora (I
Ped. 1:22).
Ela faz parte da
armadura cristã (Efé. 6:14).
Ela é revelada
abundantemente aos santos (Jer. 33:6).
Ela permanece com os
santos (11 João 2).
Ela deveria ser
reconhecida (11 Tim. 2:25).
Ela deveria ser crida
(11 Tes. 1:12, 13; 1 Tim. 4:3).
Ela deveria ser
obedecida (Rom. 2:8; Gál. 3: 1).
Ela deveria ser amada
(11 Tes. 2: la).
Ela deveria ser
corretamente manuseada (11 Tim. 2: 15).
Os ímpios se afastam da
verdade (11 Tim. 4:4).
Os ímpios resistem à
verdade (11 Tim. 3:8).
Os ímpios estão
destituídos da verdade (I Tim. 6:5).
A igreja é a coluna e o
baluarte da verdade (1 Tim. 3: 15).
O diabo é despido de
verdade (João 8:44).
TRÊS CONCEITOS DE
VERDADE NA BÍBLIA
O uso que a Bíblia faz
da palavra verdade, sugere três conceitos relacionados entre si, a saber:
1.
a verdade moral;
2. a verdade ontológica; e
3. a verdade cognitiva.
Naturalmente, os conceitos 2 e 3 dependem, logicamente, do conceito 1; e o
conceito 3 depende, logicamente, dos conceitos 1 e 2. Em cada um desses
casos, entretanto, a base da verdade se encontra em DEUS, que é a fonte
originária e o padrão de 1, a retidão; 2, o ser; e 3, o conhecimento.
1. A Verdade Moral.
A
verdade é um dos atributos de DEUS. Como tal, esse vocábulo se refere à
integridade, ao caráter digno de confiança e à fidelidade de DEUS. Um poeta
hebreu celebra esse atributo em Salmos 89, e o profeta Oséias o faz em Osé.
2:19-23. Em ambos os casos, a verdade divina é combinada com a misericórdia
e o amor de DEUS. De acordo com Deuteronômio 32:4, Salmos 100:5 e 146:6, a
fidelidade de DEUS é revelada por meio da criação; e, no livro de
Apocalipse, esse é o atributo de DEUS sobre o qual repousa a expectação de
juízo (ver Apo. 3:7,14; 6:10; 15:3,4; 19:11 e 21:5).
Visto que o caráter
divino deve ser imitado pelos homens, a verdade também deveria ser uma
qualidade, virtude ou atributo humano. Por esse prisma, a verdade importa em
honestidade (Sal. 15:2; Efé. 4:25) e justiça civil (Isa. 59:4,14,15). Dizer
a verdade, portanto, para o homem constitui uma obrigação, de tal maneira
que a veracidade (verdade cognitiva) seja uma das características do homem
em quem se pode confiar (verdade moral).
Entretanto, espera-se de
cada indivíduo que se mostre íntegro diante de DEUS e de seus semelhantes
(Êxo. 18:21; Jos. 24:14). Nesse sentido moral, a verdade não é algum mero
verniz superficial, pelo contrário, parte do próprio coração, distinguindo o
caráter inteiro do homem interior (I Sam, 12:24; Sal. 15:2; 51:6).
2. A Verdade Ontológica.
Originando-se no conceito de que o indivíduo que é inteiramente digno de
confiança é veraz, temos aquele outro conceito do indivíduo que efetivamente
é aquilo que se propõe a ser. Isso significa que tal individuo não vive uma
ficção, não procura enganar ao próximo, e nem é um homem que dê um exemplo
imperfeito ou negativo. Nesse sentido, "a verdadeira luz" (João 1:9) é a
perfeição que João Batista refletia em parte, em sua pessoa; "o verdadeiro
pão" (João 6:32) faz contraste com o imperfeito maná de Moisés; e "os
verdadeiros adoradores" (João 4:23) fazem contraste com aqueles que adoravam
por mera antecipação, aguardando por quem não conheciam o Messias. Os
crentes tessalonicenses abandonaram seus ídolos a fim de servirem ao
verdadeiro DEUS (1Tes. 1:9).
E nesse sentido que
falamos sobre "um verdadeiro homem", "um verdadeiro erudito" ou "um
verdadeiro filho", dando a entender alguém que é fiel a algum ideal, que
representa perfeitamente algum padrão de virtude. A teoria grega dos
universais via, em todos os particulares, uma participação, em algum grau,
nas formas ideais dos universais.
Pensadores cristãos como
Agostinho, Anselmo e Tomás de Aquino equipararam essas formas com as ideias
e os decretos divinos (verdades eternas), tendo atribuído uma "verdade
ontológica" aos objetos naturais que dão corpo a essas idéias e decretos.
Entretanto, essa noção não se originou dos ensinamentos bíblicos, mas pela
combinação das teorias gregas sobre a forma com o conceito bíblico de um
Criador que faz todas as coisas em consonância com a sua perfeita vontade.
3. A Verdade Cognitiva.
Um outro fator resultante da verdade moral é que o individuo veraz diz a
verdade e não a mentira ou falsidade. Em DEUS, a verdade origina-se na sua
onisciência, de tal modo que o atributo da verdade se refere, pelo menos em
parte, ao seu perfeito conhecimento de todas as coisas (1ó 28:20-26; 38:39).
Visto que DEUS é o Criador, tudo quanto sabemos depende, em última análise,
do Senhor. Toda verdade é uma verdade divina. Nossas habilidades cognitivas
são uma criação de DEUS, e o caráter inteligível da natureza confirma a
sabedoria de DEUS. Por conseguinte, o conhecimento de DEUS é um conhecimento
arquétipo, do qual o nosso conhecimento é parcial, uma imitação. Aquilo que
declaramos verdadeiro, só o é à proporção que concorda com a verdade, que só
se manifesta perfeitamente na pessoa de DEUS. Isso posto, a verdade
terrestre é contingente, dependente, limitada, provisória. É por um motivo
assim que o apóstolo dos gentios explicou que"... agora vemos como em
espelho, obscuramente...", e que somente na presença imediata de DEUS,
quando estivermos na glória, é que " ...veremos face a face ...". Sim, ainda
no dizer do apóstolo, agora conhecemos apenas parcialmente; no céu
conheceremos tal e qual somos conhecidos. Em contraste com o nosso
conhecimento refletido, a verdade arquétipo é ilimitada, imutável e
absoluta. No caso do homem, a verdade permanece em formação constante; mas,
no caso de DEUS, a verdade já é perfeita, completa.
Isso é expresso através
do conceito do Logos, nos escritos de João, bem como na discussão, na
epístola aos Colossenses, sobre o fato de estarem ocultos, em CRISTO,
" ... todos os tesouros
da sabedoria e do conhecimento..." (Col. 2:3). O CRISTO, por intermédio de
Quem todas as coisas foram criadas, e que agora sustenta a tudo em
existência, é aquele que empresta, à natureza e à história,
inteligibilidade, boa ordem e propósito. Conhecer a CRISTO é conhecer a
fonte onisciente de toda a verdade, de todo o conhecimento, não a fim de que
possamos saber de tudo quanto ele sabe, mas a fim de podermos compreender
como são possíveis todo o conhecimento e toda a sabedoria. CRISTO é aquele
que garante o caráter fidedigno de qualquer verdade que podemos obter.
Apesar de ser evidente,
no Novo Testamento, o conceito cognitivo da verdade (ver, por exemplo, Mar.
5:33; 12:32; Rom. 1:25), é particularmente aplicado ali à mensagem anunciada
por CRISTO e seus apóstolos (João 5:33; 8:31-47; Rom. 2:8; Gál, 2:5; 5:7;
Efé. 1:13; I Tim. 3: 15; I João 2:21-27). Um mensageiro cristão fiel fala a
verdade que procede de DEUS; e, correspondendo a essa verdade de DEUS, o
crente confia em DEUS, de quem procede essa verdade. A fé, pois, consiste
tanto no assentimento da verdade como na dependência ao que DEUS declara.
Por isso é que se lê que uma pessoa "pratica a verdade", quando dá o seu
assentimento à mensagem do evangelho e confia em CRISTO, em vista de sua
"verdade moral" ou fidelidade (ver I João 1:6-8; 2:4; 3:18,19).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos.
pag. 593-595.
I - A RELAÇÃO ENTRE OS POBRES E OS RICOS DA IGREJA (Tg 1.9-11)
1. Os pobres na Igreja do primeiro século.
Gl 2.10 Muito esforço
seria necessário para promover a unidade no nível das raízes entre os
cristãos de origem judaica e os gentios. Os apóstolos perceberam que uma
maneira imediata e prática de transpor esta possível brecha seria
lembrarem-se de ajudar aos pobres. Paulo assegurou que pretendia fazer isto
com diligência. Ele nunca se esqueceu desta ideia. Ele continuava ansioso
por ajudar os crentes pobres de Jerusalém. Nas suas viagens missionárias
(especialmente na terceira), Paulo arrecadou fundos para ajudar os crentes
de origem judaica que eram pobres e que viviam em Jerusalém (veja At 24.17;
Rm 15.25-28; 1 Co 16.1-4; 2 Co 8-9).
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 268-269.
O compromisso de Paulo
(Gl 2.10)
O apóstolo Paulo passa
das considerações teológicas acerca do conteúdo e da defesa do evangelho
para os aspectos práticos — o auxílio aos pobres. Doutrina e prática andam
juntas. A teologia cristã precisa desembocar na prática do amor cristão. A
salvação é só pela fé, independentemente das obras, mas a fé salvadora não
vem só, ela produz obras. A fé sem obras é morta. A fé opera pelo amor. A fé
é a fonte; as obras, o fluxo que corre dessa fonte. A fé é a raiz; as obras,
os frutos. A fé a causa; as obras, a consequência. Não somos salvos pelas
obras, mas para as obras. O mesmo evangelho que liberta do pecado, também
assiste os necessitados.
Duas verdades são aqui
destacadas.
Em primeiro lugar, não
há conflito entre fé e obras.
“Recomendando-nos
somente que nos lembrássemos dos pobres...” (2.10). O evangelho da graça é
integral. Ele provê salvação para a alma e redenção para o corpo. É
transcendental e ao mesmo tempo assistencial. Não existe conflito entre
evangelização e ação social. Fé e obras não se excluem; completam-se. Quando
o coração está aberto para DEUS, está também franqueado para o próximo. A
conversão do coração passa também pela generosidade do bolso. Quem ama a
DEUS também serve ao próximo. Quem adora a DEUS também socorre o
necessitado.
Em segundo lugar, não há
conflito entre evangelização e ação social. “... o que também me esforcei
por fazer” (2.10b). Não há conflito entre a pregação do evangelho e o
cuidado dos pobres. Paulo foi um homem que se afadigou na Palavra. Ele se
gastou pelo evangelho. Pregou com senso de urgência e também com lágrimas.
Ao mesmo tempo, porém, esforçou-se para socorrer os pobres. Foi a Jerusalém
duas vezes com o propósito de levar ofertas aos necessitados (At 11.29,30;
21.17). Compromisso assumido, compromisso cumprido. A pobreza dos crentes da
Judeia despertou a simpatia das igrejas gentias (Rm 15.25-27; I Co 16.1-4;
2Co 8—9). Evangelização sem ação social gera um pietismo alienado; ação
social sem evangelização produz um assistencialismo humanista. Ao longo dos
séculos o evangelho de CRISTO tem sido o vetor inspirador para as maiores
obras sociais do mundo, criando hospitais, escolas, asilos e dezenas de
instituições que cuidam do ser humano de forma integral. Concluímos esta
exposição com a perspectiva de William Hendriksen. Ele diz que ajudar os
pobres é requerido na lei de DEUS (Êx 23.10,11; 30.15; Lv 19.10; Dt
15-7-11), na exortação dos profetas (Jr 22.16; Dn 4.27; Am 2.6,7) e no
ensino de JESUS (Mt 7.12; Lc 6.36,38; Jo 13.29). É fruto da gratidão do
crente pelos benefícios recebidos. Aqueles que recebem misericórdia
tornam-se misericordiosos. Paulo diz que aqueles que recebem benefícios
espirituais devem retribuir com benefícios materiais (Rm 15.26,27). JESUS é
o maior exemplo de generosidade (2Co 8.9). O homem generoso receberá grande
recompensa (Mt 25.31-40).
LOPES, Hernandes
Dias. GÁLATAS A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pag. 90-92.
Gl 2.10 De conformidade
com a doutrina farisaica, as três grandes colunas sobre as quais se apoia o
mundo espiritual, seriam as esmolas, o serviço no templo e o estudo da
Torah. As condições econômicas da época, em muitas comunidades judaicas, mas
sobretudo em Jerusalém, tornavam a prática das esmolas extremamente
importante. Jerusalém parece ter
sido sempre uma parasita econômica, dependente das rendas do templo, que
vinham de outras regiões de Israel e até mesmo de países estrangeiros.
Com base nos fundos dos tesouros do templo de Jerusalém e das milhares de
sinagogas é que eram sustentadas as viúvas e outros pobres, sendo dali
também tirados fundos para ajudar aos desempregados. Ao mesmo tempo,
entretanto, líderes gananciosos se enriqueciam mediante o uso pessoal dos
fundos destinados à comunidade. Estêvão selou a sua condenação ao indicar,
em seu sermão, que o templo de Jerusalém estava obsoleto, e não era mais
essencial para a verdadeira adoração. Ao menos por razões financeiras,
discursos dessa natureza não poderiam mesmo ser tolerados entre os judeus
antigos. (Ver Atos 7:49 e ss.).
Falando sobre dinheiro,
ninguém deseja contribuir, hoje em dia, para a manutenção do ministério e
para a ereção de escolas. Mas quando se trata do estabelecimento da
idolatria e da adoração falsa, nenhum custo é poupado. A verdadeira religião
sempre padecerá da falta de fundos suficientes, ao passo que as religiões
falsas são sustentadas pelas riquezas materiais». (Martinho Lutero, in
loc.).
«...dos pobres...» Estes
deveriam ser relembrados e servidos. Provavelmente apelaram a Paulo, para
que os ajudasse, e a coleta foi feita, pelo menos em parte, como resposta a
esse apelo. Naturalmente que isso não foi apresentado como «condição» para a
aceitação de Paulo por parte dos demais apóstolos; antes, foi a única coisa
que veio a ser solicitada dele, no tocante a quaisquer sugestões adicionais
que os apóstolos tinham a respeito dos labores de Paulo. Os «pobres», em
geral, devem ser incluídos nessa ideia, ainda que parece ter havido uma
preocupação especial como os pobres de Jerusalém e das cercanias.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 4. pag. 454.
2. Os ricos na Igreja Antiga.
A pobreza e a riqueza na
vida do cristão
A não ser em casos
específicos em que a condição espiritual da pessoa a leva a comportamentos
que acabam afetando negativamente a sua vida financeira, ou em casos também
muito específicos em que o juízo de DEUS sobre alguém, afeta a sua vida
financeira, ser pobre ou rico materialmente não tem nada a ver com a
condição espiritual. Há ímpios pobres e há ímpios muito ricos, assim como há
servos de DEUS ricos e pobres, servos de DEUS ricos que empobreceram e
servos de DEUS pobres que enriqueceram. Por exemplo: Abraão foi rico; Isaque
também foi rico; Jacó nasceu em uma família rica, depois foi ganhar a vida
como empregado de seu tio Labão até que DEUS o fez enriquecer sem precisar
da ajuda de seus pais; o rico Jó era um homem justo e reto diante de DEUS,
mas se tornou pobre e depois voltou a ser rico; Jeremias era pobre,
permaneceu assim e morreu assim; os profetas Sofonias e Isaías foram
aristocratas palacianos, mas o profeta Amós foi um simples camponês; o pobre
Lázaro da história contada por JESUS em Lucas 16, e que morreu pobre e na
miséria, era um homem justo; a Bíblia diz que um profeta que realmente
“temia ao Senhor” e auxiliava no ministério do profeta Eliseu morreu pobre e
endividado (1 Rs 4.1), mas sua esposa acabou prosperando após um milagre de
DEUS (1 Rs 4.7); etc.
O que a Bíblia
classifica como mal não é a riqueza, mas o amor às riquezas, a confiança
depositada nelas. Isso está mais do que claro em várias passagens das
Escrituras. A Bíblia nos diz que, no que tange a bens materiais, passamos a
ser ímpios quando:
1) Passamos a amar as
riquezas, o que é o princípio do fim, porque “o amor ao dinheiro é a raiz de
toda espécie de males” (l Tm 6.10).
2) A riqueza passa a ser
senhora de nossas vidas e não nossa serva: “Náo podeis servir a DEUS e a
Mamom” (Mt 6.24).
3) Tornamo-nos
avarentos, isto é, apegados demasiadamente, e de forma repugnante, ao
dinheiro (Lc 12.15a).
4) Passamos a medir a
qualidade da nossa vida pela abundância do que possuímos (Lc 12.15b).
5) Passamos a colocar a
nossa prioridade nas riquezas (Mt 6.19-21).
6) Passamos a colocar a
nossa esperança nas riquezas (l Tm 6.17b).
7) Tornamo-nos altivos,
soberbos e arrogantes por causa das riquezas (l Tm 6.17a).
8) Praticamos a usura
(SI 15.5).
9) Somos possuídos pela
cobiça (l Tm 6.10), as riquezas se tornam uma obsessão em nossa vida (l Tm
6.9).
10) Nossos bens são
“bens mal adquiridos”, ou seja, conquistados desonestamente, seja
ilegalmente (Hc 2.9) ou não (Pv 28.20), pois nem sempre o que é legal é
moral. O pagamento de salários injustos é um desses casos, inclusive
mencionado pelo apóstolo Tiago (Tg 5.4).
Como vemos, no que diz
respeito às riquezas, o pecado está em mantermos uma relação imoral com
elas. Bons exemplos de homens de DEUS ricos são Jó e Abraão (Gn 13.2; Jó
1.3; 42.10,12). Eles enriqueceram dentro do sistema econômico
de suas épocas e não eram avarentos. Eles eram generosos, desapegados às
suas riquezas e colocavam seus bens a serviço da obra de DEUS, ajudando o
próximo (leia com atenção Jó 31.14-41). O próprio apóstolo Tiago cita Abraão
como grande exemplo de verdadeira piedade, de fé com obras (Tg 2.21-23).
JESUS criticou a avareza, o amor ao dinheiro, e não o desejo simples (que
não deve ser confundido com desejo obsessivo) de prosperar financeiramente
(Mt 6.19-21,24). JESUS não pregou a pobreza como uma virtude. Ser rico e ser
pobre não têm nada a ver com caráter ou qualidade de vida espiritual.
Quando JESUS citou a
metáfora do camelo no fundo da agulha, estava falando não da impossibilidade
de um rico entrar no Reino de DEUS, mas da dificuldade (Mt 19.23,24), porque
o ser humano tendente a valorizar o material mais do que o espiritual. JESUS
não estava ensinando, e nunca ensinou, que, para nos mantermos firmes
espiritualmente, devemos ser avessos a qualquer tipo de desejo de prosperar
financeiramente. Tanto é que JESUS conclui sua ilustração dizendo que DEUS
salvará, sim, ricos (Mt 19.26). A metáfora é só um alerta para não se apegar
às riquezas, o que JESUS já havia feito em seu Sermão da Montanha (Mt 6.24).
Na mesma linha do Mestre, o apóstolo Paulo não dá recomendações aos cristãos
ricos para que deixem de ser ricos, mas para que sejam bênção como ricos (l
Tm 6.17-19), e assevera que o dinheiro não é a raiz de todos os males, mas,
sim, “o amor ao dinheiro” (l Tm 6.10).
Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica.
Editora CPAD. pag. 49-51.
Lc 18.24,25 Com o
discipulado lhe tendo sido oferecido, o homem decidiu voltar às suas posses.
JESUS tristemente mostrou aos seus discípulos que muito dificilmente
entrarão no Reino de DEUS os que têm riquezas. Isto era contrário à
sabedoria convencional. Muitos judeus acreditavam que a riqueza era um sinal
da bênção de DEUS sobre o povo. Aqui, JESUS explicou que as riquezas
frequentemente podem provar ser um obstáculo. As pessoas ricas
frequentemente não sentem a profunda necessidade espiritual de procurar e
encontrar a DEUS. Elas podem usar o seu dinheiro para obter posses, viagens
e pessoas que lhes servem, para que não sintam nenhuma necessidade em suas
vidas. Com todas as suas vantagens e influência, os ricos com frequência
acham difícil ter a atitude da humildade, da submissão, e de serviço exigida
por JESUS. Como o dinheiro representa poder e sucesso, os ricos
frequentemente deixam de perceber o fato de que o poder e o sucesso na terra
não podem trazer a salvação eterna. Mesmo que usem o seu dinheiro para
ajudar causas boas e nobres, ainda assim podem perder a oportunidade de
fazer parte do reino de DEUS.
JESUS usou um conhecido
provérbio judaico para descrever a dificuldade enfrentada pelos ricos; ele
disse: “é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar
um rico no Reino de DEUS”. A palavra grega se refere a uma agulha de
costura. O camelo, o maior animal da Palestina, poderia passar pelo furo de
uma agulha de costura mais facilmente do que uma pessoa rica poderia entrar
no reino de DEUS. Estas realmente são palavras preocupantes para aqueles
cujos bens e dinheiro são extremamente importantes.
18.26,27 Como o povo
judeu via as riquezas como um sinal de bênçãos especiais de DEUS, as pessoas
ficaram atônitas quando JESUS disse que na verdade as riquezas impediam que
as pessoas se encontrassem com DEUS. Então, perguntaram: “Logo, quem pode
salvar-se?” JESUS respondeu que as coisas que são impossíveis aos homens são
possíveis a DEUS. As pessoas não podem salvar a si mesmas, não importa
quanto poder, autoridade ou influência possam comprar. A salvação vem
somente de DEUS. Tanto os ricos quanto os pobres podem ser salvos, e as
coisas humanamente impossíveis são divinamente possíveis. Os ricos devem
deixar de se apegar às suas riquezas, lembrando-se de que todos os centavos
vêm de DEUS. E devem usar voluntariamente o que DEUS lhes deu para ajudar no
avanço do seu Reino. Isto não é fácil para ninguém, seja rico ou pobre. O
dinheiro pode ser um obstáculo imenso, mas DEUS pode modificar todas as
pessoas.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 437.
Lc 18.25-26. Esse
acontecimento levou JESUS a fornecer aos seus um ensinamento sobre o perigo
da riqueza. Um rico dificilmente entra no reino de DEUS, porque o coração
pecaminoso se apega demais à propriedade terrena. A fim de incutir mais
firmemente essa verdade em seus ouvintes, o Senhor acrescenta ao que foi
dito até agora um provérbio: “É mais fácil que um camelo passe pelo fundo de
uma agulha do que um rico entrar no reinado de DEUS.” O ponto de comparação
desse provérbio é o humanamente impossível. Com certeza não é condizente
imaginar aqui a pequena entrada no muro de Jerusalém pela qual um camelo
carregado passava apenas com dificuldade.
A declaração do Senhor
ensinou os ouvintes a lançar um olhar sincero para seu próprio coração.
Consternados eles perguntam quem, então, poderá ser salvo? A pergunta não é
“que pessoa rica pode tornar-se bem-aventurada?”, como consta no título do
livrinho de Clemente de Alexandria, mas: “que pessoa realmente pode
tornar-se bem-aventurada?”
Não obstante, tornar-se
bem-aventurado, ser salvo, algo impossível a partir do ser humano, pode ser
viabilizado por DEUS. Nenhuma pessoa é capaz de transformar seu coração por
força própria, para não se apegar mais às coisas terrenas. A onipotência da
graça de DEUS, porém, consegue renovar o coração, para que abra mão de tudo
o que é terreno por causa do reino de DEUS, para que busque, ao invés de
bens terrenos, o tesouro celestial.
Fritz Rienecker.
Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.
Lc 18.25-26. O Senhor quer dizer que é impossível que um rico
faça ou encontre por suas próprias forças um caminho para o reino de DEUS.
Quão poderosa é a resistência que a riqueza exerce no coração do homem
natural! Ele é violentamente retido por seu fascinante charme e é assim
impedido de cultivar uma atitude de coração e mente necessária para entrar
no reino de DEUS. Veja Lucas 16.13; cf. 1 Timóteo 6.10. É preciso observar
que JESUS fala deliberadamente em termos absolutos. Há pouco usamos a
expressão por suas próprias forças. Embora diante do versículo 27 não se faz
necessário retrair esse qualificativo, deve-se advertir que aqui no
versículo 25 JESUS não qualifica assim sua afirmação.
Ele fala em termos
absolutos a fim de gravar ainda mais claramente na mente dos discípulos que
a salvação, do princípio ao fim, não é uma “realização” humana. Quanto ao
fato de que “o extremo do homem é a oportunidade de DEUS”, fica reservado
para mais adiante.
A surpreendente
observação de JESUS teve o efeito desejado. Abalou tanto os que o ouviam,
que exclamaram: “Então, quem pode ser salvo?” Provavelmente arrazoaram deste
modo: o que JESUS diz com respeito aos ricos vale para todos, porque, embora
nem todos sejam ricos, contudo os pobres aspiram a ser ricos. Em relação a
isso, note também que o rico havia inquirido sobre herdar a vida eterna (v.
18). JESUS havia respondido em termos de entrar no reino de DEUS (v. 25). E
os ouvintes - em sua maioria discípulos, provavelmente (veja vs. 15, 28) -
haviam interpretado a resposta de seu Senhor como uma indicação de que
ninguém poderia ser salvo (v. 26). Portanto, é evidente que as três
designações são sinônimas; todas descrevem a mesma bênção, porém cada uma
focaliza um ponto de vista diferente.
HENDRIKSEN. William.
Comentário do Novo Testamento. Lucas. Vol 2. Editora Cultura Cristã. pag.
401-402.
Tg 1.11 Tiago descreveu
um acontecimento comum no Oriente Médio. A manhã é frequentemente recebida
por flores coloridas do deserto, que se abrem após o frio da noite. A sua
morte é repentina com o ardor do sol. Este murchar e morrer, no caso das
pessoas ricas, é tão repentino quanto a morte das flores silvestres. A morte
sempre se intromete. A vida é incerta. O desastre é possível a qualquer
momento.
O pobre deve ficar feliz
porque as riquezas não significam nada para DEUS; caso contrário, as pessoas
pobres seriam consideradas sem valor. O rico deve ficar feliz porque a
prosperidade não significa nada para DEUS, porque a prosperidade é
facilmente perdida. Nós encontramos a verdadeira riqueza quando
desenvolvemos a nossa vida espiritual, e não os bens materiais. Tiago inicia
a sua carta certificando-se de que os crentes, tanto os pobres como os
ricos, se vejam sob a mesma luz diante de DEUS (veja Gl 3.28; Cl 3.11).
Tiago convoca os seus
leitores a encontrarem esperança nas promessas eternas de DEUS.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 665.
Tg 1.11 Essa metáfora é
acolhida por Tiago para explicitar a transitoriedade daquilo que torna
alguém rico: “O sol se levanta com seu ardente calor, e faz secar o capim,
sua flor cai, e desaparece a formosura do seu aspecto. Assim também
definhará o rico em seus caminhos”: na hora da morte os bens ficam para trás
(Lc 12.20s). Com frequência eles já se desfazem antes em crises econômicas,
especulações equivocadas, guerras com suas consequências, ou por causa da
desonestidade de pessoas. A pessoa rica não se livra das preocupações. Boas
posições podem-nos ser tiradas rapidamente pela idade, enfermidade, mudança
da conjuntura, golpes políticos. A beleza pode murchar depressa, acuidade
intelectual pode se perder em acidentes ou doenças. Nada é mais seguro para
nós do que isto: “Assim também definhará o rico em seus caminhos.”
Isso, pois, é visto por
Tiago como motivo para alegrar-se. O rico deve “gloriar-se” de sua
insignificância (v. 10), ou seja, deve gostar de lembrar e falar disso. Como
isso deve ser entendido e realizado na prática? “Têm como se não tivessem”
(1Co 7.29-31). Não prendem a tudo isso o coração (Mt 6.19-24). Com o que
possuem são administradores de DEUS. São bens que lhes foram confiados (cf.
Mt 25.14ss). Levam a sério sua administração e têm o propósito de ser fiéis.
Alegram-se quando os recebem, e
estão dispostos a devolvê-los novamente (Jó 1.21b). Por isso estão isentos
das inquietas e medrosas preocupações que com freqüência atormentam tanto os
ricos neste mundo. Não estão agarrados à propriedade. Algo diferente
deixa-os alegres e confiantes na vida e na morte, no tempo e na eternidade:
“Em mim e minha vida não há nenhum valor; por CRISTO é concedida a luz ao
pecador” (Paul Gerhardt [1607-1676 – HPD 160,3]). Isso coloca no mesmo nível
os membros da igreja socialmente diferentes e os posiciona muito perto uns
dos outros. A pobreza não humilha, a riqueza não exalta. – Quando a questão
da riqueza não parece mais tão terrivelmente importante, estão asseguradas
também as premissas para a harmonização social. Ela acontece sem que se faça
grande alarde disso. Pessoas renovadas geram uma realidade nova. Dessa
maneira a riqueza também passa a não ser mais tentação e perigo. Sabe-se que
ela não é nada em comparação com a graça de DEUS, concedida igualmente a
todos. Perante DEUS somos todos mendigos e todos regiamente presenteados.
Nesse contexto
igualmente será bom lembrar que também os dons (em grego charismata) e
serviços (cargos) específicos na igreja não exaltam uma pessoa sobre a
outra. Aliás, isso contrariaria a maneira de JESUS (Mt 18.1-4; 20.25-28). Os
dons espirituais não são pedestal para alçar os detentores nem condecorações
por uma conduta especial, mas meros equipamentos para determinados serviços
(1Co 12.7). Não devemos nos deixar fascinar pelo que conseguimos realizar
por meio do dom de DEUS, mas nos alegrar com o presente imerecido que nos
foi dado pela filiação divina (Lc 10.20). Também nesse caso vale de
forma especial: “Em mim e minha vida não há nenhum valor; por CRISTO é
concedida a luz ao pecador” [Paul Gerhard, HPD 160,3] “Pela graça de DEUS
sou o que sou” (1Co 15.10). Por fim, o dom (1Co 13.8) e a incumbência
somente nos foram atribuídos provisoriamente. No grande dia de nosso Senhor
precisamos contar com uma redistribuição (Lc 19.17).
Fritz Grünzweig.
Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
Tg 1:11 - O quadro que
Tiago usa a fim de imprimir essa idéia na mente de seus leitores é o de um
fenômeno dramático, observado na Palestina. As anêmonas e as ciclamens
florescem maravilhosamente pela manhã, mas, à medida que o sol vai subindo e
o dia se torna mais quente, elas vão pendendo, murcham e acabam morrendo. No
final da tarde as flores que havia pouco estavam em pleno viço agora não
mais existem, e não renascerão. É provável que esse quadro tenha sido tirado
de Isaías 40:6-8 (também é empregado em 1 Pedro 1:24), mas o sentido é
singularmente de Tiago. O rico é a flor cuja aparência é tão impressionante.
Contudo, da perspectiva dos céus, a situação desse rico é precária na
verdade. Logo sobrevirá algum problema, alguma doença, e onde estará depois
o rico? Em face da morte, as riquezas são absolutamente insignificantes (cf.
Jó 15:30; Provérbios 2:8; Salmos 73; Mateus 6:19-21). O rico murchará também
enquanto vai andando em seus caminhos. A memória que dos ricos restará não
será eterna, cheia de glória, como imaginavam que fosse, mas dissolver-se-á
no pó, à semelhança de qualquer mortal, e logo seus monumentos e a própria
lembrança deles se desfarão, desaparecendo no esquecimento. Isso era tudo
que o rico teve, visto que, diferentemente do pobre, que havia sido
“levantado” e, dessa maneira, veio a gozar de um lugar eterno junto a DEUS,
o rico recebeu toda sua consolação aqui na terra, pelo que mergulhou para
sempre nas trevas e no esquecimento, cortado bem no meio de seus caminhos.
Nesse momento Tiago
inicia a segunda parte da sua declaração de abertura. Embora verse sobre os
mesmos temas, não é repetitivo, pois cada tema é ampliado. Trata-se aí das
causas interiores do fracasso nas provações e não dos benefícios gerais
advindos da provação. Debate-se a boa dádiva de DEUS em relação ao problema
do diálogo e não em relação à oração e à sabedoria. Agora focaliza-se a
prática da fé (que significa repartir com generosidade), e não o debate da
situação real do rico e do pobre. Todos esses temas acabarão por fundir-se
nos debates de maior monta da conclusão.
Peter H. Davids.
Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 50.