Escrita, Lição 1, BETEL, Os Dez Mandamentos – A lei moral, Ética e
Espiritual de DEUS para a humanidade, Com. Extras Pr Henrique, EBD NA TV
Para me ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
4° Trimestre de 2024, EBD, Revista Editora Betel, Tema, OS DEZ
ANDAMENTOS – Estabelecendo Princípios e Valores Morais, Sociais e
Espirituais Imutáveis para uma Vida Abençoada, Escola Bíblica
Dominical
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- Conhecendo os Dez Mandamentos
1.1. Os Dez Mandamentos – a Lei de DEUS
1.2. O prefácio dos Dez Mandamentos
1.3. A importância dos Dez Mandamentos
2- Compreendendo os Dez Mandamentos
2.1. Diretrizes para o viver como povo de DEUS
2.2. Um “não” positivo para a vida
2.3. Um marco histórico
3- Vivendo os Dez Mandamentos
3.1. As bênçãos condicionais dos Dez Mandamentos
3.2. O espelho dos Dez Mandamentos
3.3. Os Dez Mandamentos são eternos
TEXTO ÁUREO
“Amarás, pois, ao Senhor, teu DEUS, e guardarás a sua observância,
e os seus estatutos, e os seus juízos, e os seus mandamentos, todos os
dias.” Deuteronômio 11.1
VERDADE APLICADA
DEUS deu princípios ao Seu povo para nortear a comunhão com Ele e
com o próximo
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Explicar a importância dos Dez Mandamentos
Explicar a importância dos Dez Mandamentos
Citar as bênçãos produzidas pelos Dez Mandamentos
TEXTOS DE REFERÊNCIA - ÊXODO 20
1- Então falou DEUS todas estas palavras, dizendo:
2- Eu sou o Senhor, teu DEUS, que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão.
3- Não terás outros deuses diante de mim.
4- Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em
cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
5- Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu DEUS, sou
DEUS zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta
geração daqueles que me aborrecem.
6- E faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus
mandamentos.
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Gn 15.18 DEUS faz um pacto com Abraão
TERÇA | Êx 34.7 DEUS faz um pacto com a nação de Israel.
QUARTA | Lv 19.18 O dever de amar o próximo.
QUINTA l Dt 6.5 O dever de amar o Senhor de todo o coração.
SEXTA | Dt 26.5-9 O dever de honrar ao Senhor.
SÁBADO | Rm 7.12 A Lei é santa.
HINOS SUGERIDOS: 556, 558, 559
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que o amor ao próximo seja cada vez mais vivido em nossas
atitudes.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
SUBSÍDIOS EXTRAS DA LIÇÃO1
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 1 - DEUS Dá Sua Lei Ao Povo De Israel
Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2015 - CPAD - Para adultos
Tema: OS DEZ MANDAMENTOS - Valores Imutáveis Para Uma Sociedade Em
Constante Mudança
Comentários: Pr. Esequias Soares
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva
NÃO DEIXE DE LER O ESTUDO SOBRE ALIANÇA -
https://ebdnatv.blogspot.com/2022/01/estudo-alianca-de-sangue-pr-henrique.html
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE- Êxodo 20.18-22, 24; 24.4, 6-8
Êxodo 20.18-22 - 18 E todo o povo viu os trovões, e os relâmpagos,
e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso,
retirou-se e pôs-se de longe. 19 E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e
ouviremos; e não fale DEUS conosco, para que não morramos. 20 E disse
Moisés ao povo: Não temais, que DEUS veio para provar-vos e para que o seu
temor esteja diante de vós, para que não pequeis. 21 E o povo estava em
pé de longe; Moisés, porém, se chegou à escuridade, onde DEUS estava. 22
Então, disse o SENHOR a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: Vós tendes
visto que eu falei convosco desde os céus.
Êxodo 20.24 - Um altar de terra me farás e sobre ele sacrificarás
os teus holocaustos, e as tuas ofertas pacíficas, e as tuas ovelhas, e as tuas
vacas; em todo lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei a ti e
te abençoarei.
Êxodo 24.4 - E Moisés escreveu todas as palavras do SENHOR, e
levantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte e doze
monumentos, segundo as doze tribos de Israel;
Êxodo 24.6-8 6 E Moisés tomou a metade do sangue e a pôs em bacias;
e a outra metade do sangue espargiu sobre o altar. 7 E tomou o livro do
concerto e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o SENHOR tem
falado faremos e obedeceremos. 8 Então, tomou Moisés aquele sangue, e o
espargiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue do concerto que o SENHOR tem
feito convosco sobre todas estas palavras.
OBJETIVO GERAL
Explicar o processo de desenvolvimento da Lei de DEUS.
Abaixo, os objetivos
específicos referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico.
Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
Conhecer como a Lei
foi promulgada.
Afirmar a autoria de
Moisés.
Conceituar
"Concerto" ou "Aliança".
Classificar os
sacrifícios que foram estabelecidos com a Lei
Resumo da Lição 1 - DEUS Dá Sua Lei Ao Povo De Israel
I. A PROMULGAÇÃO DA LEI
1. A solenidade.
2. A credibilidade de Moisés.
3. A lei.
II. OS CÓDIGOS
1. Classificação.
2. O que há de concreto?
III. O CONCERTO
1. O que é um concerto?
2. Preparativos.
3. O concerto do Sinai.
4. O livro do concerto.
IV. O SACRIFÍCIO
1. Os holocaustos.
2. O sangue.
3. A aspersão.
Observação do Pr. Luiz Henrique
Na verdade a lei foi dada como regra para o cumprimento da Aliança
feita entre DEUS e seu povo especial. Se cumpridas as normas haveria bênçãos
por parte de DEUS e se ao contrário, viriam as maldições, como se lê em
Deuteronômio 28.
Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões,
até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta
pelos anjos na mão de um medianeiro.
Ora, o medianeiro não o é de um só, mas DEUS é um.
Logo, a lei é contra as promessas de DEUS? De nenhuma sorte; porque, se fosse
dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei.
Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em
JESUS CRISTO fosse dada aos crentes.
Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados
para aquela fé que se havia de manifestar.
De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a CRISTO, para que
pela fé fôssemos justificados.
Gálatas
3:19-24
Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões,
até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta
pelos anjos na mão de um medianeiro.
Ora, o medianeiro não o é de um só, mas DEUS é um.
Logo, a lei é contra as promessas de DEUS? De nenhuma sorte; porque, se fosse
dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei.
Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em
JESUS CRISTO fosse dada aos crentes.
Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados
para aquela fé que se havia de manifestar.
De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a CRISTO, para que
pela fé fôssemos justificados.
Gálatas
3:19-24
TERMOS DA ALIANÇA https://ebdnatv.blogspot.com/2022/01/estudo-alianca-de-sangue-pr-henrique.html
Significa: leis que vão reger a aliança se mantida ou se quebrada.
(Todo o capítulo de Dt 28, fala de bênçãos e maldições da aliança) AbraHão (com
"H" que vem do nome de DEUS), recebe promessas, homem pecava, mas
prevaleciam as promessas, foi necessário acrescentar leis, continuaram a
transgredir e foi necessário acrescentar os cerimoniais que acabam não sendo
suficientes para a purificação do homem; DEUS enviou seu filho para um único e
perfeito sacrifício. (Hb 10.12-18).
Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões,
até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta
pelos anjos na mão de um medianeiro. De maneira que a lei nos serviu de aio,
para nos conduzir a CRISTO, para que pela fé fôssemos justificados. Gálatas
3:19; 24
Em Dt 28 temos como benção da aliança por exemplo: "11 E o
Senhor te fará prosperar grandemente no fruto do teu ventre, no fruto dos teus
animais e no fruto do teu solo, na terra que o Senhor, com juramento, prometeu
a teus pais te dar.
12 O Senhor te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar à tua terra a chuva no
seu tempo, e para abençoar todas as obras das tuas mãos; e emprestarás a muitas
nações, porém tu não tomarás emprestado. 13 E o Senhor te porá por cabeça, e
não por cauda; e só estarás por cima, e não por baixo; se obedeceres aos
mandamentos do Senhor teu DEUS, que eu hoje te ordeno, para os guardar e
cumprir, 14 não te desviando de nenhuma das palavras que eu hoje te ordeno, nem
para a direita nem para a esquerda, e não andando após outros deuses, para os
servires."
Em Dt 28 temos como maldição da aliança por exemplo: "27 O
Senhor te ferirá com as úlceras do Egito, com tumores, com sarna e com coceira,
de que não possas curar-te;
28 o Senhor te ferirá com loucura, com cegueira, e com pasmo de coração. 29
Apalparás ao meio-dia como o cego apalpa nas trevas, e não prosperarás nos teus
caminhos; serás oprimido e roubado todos os dias, e não haverá quem te salve.
30 Desposar-te-ás com uma mulher, porém outro homem dormirá com ela; edificarás
uma casa, porém não morarás nela; plantarás uma vinha, porém não a desfrutarás.
31 O teu boi será morto na tua presença, porém dele não comerás; o teu jumento
será roubado diante de ti, e não te será restituído a ti; as tuas ovelhas serão
dadas aos teus inimigos, e não haverá quem te salve."
AS LEIS PROMULGADAS NO SINAI SÃO TERMOS DA ALIANÇA MOSAICA FEITA
ENTRE DEUS E O POVO HEBREU ATRAVÉS DE MOISÉS.
COMENTÁRIOS DE VÁRIOS LIVROS E AUTORES COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Pr.
Luiz Henrique
INTRODUÇÃO
A primeira lição do novo currículo estuda "Os Dez
Mandamentos". Num tempo marcado pelas tentativas de desconstrução da
herança civilizatória ocidental (Jerusalém, Atenas e Roma) — isto é, as
contribuições das culturas judaica (noções morais), grega (a filosofia, a
política e a literatura) e romana (do direito e das instituições) —, torna-se
imperioso iniciarmos este novo ano estudando as leis divinas.
O que os Dez Mandamentos têm a nos dizer hoje? Uma pergunta honesta
que o professor deve fazer. Os princípios descritos ali são tão atuais como os
eram outrora? Quando lemos os Dez Mandamentos, quase sempre, não paramos para
refletir no contexto de libertação em que o povo judeu estava situado.
Geralmente olhamos para os mandamentos como "leis fixas ou regras
duras" e não os damos conta de que a existência deste código divino tinha
o objetivo de garantir a liberdade recém-conquistada pelos israelitas.
Há pouco, o povo judeu fora liberto da opressão dos egípcios. Os
israelitas sofreram as influências da cultura, da religião, da filosofia de
vida egípcia etc. Não há como ficar incólume sob 430 anos de influência em uma
cultura majoritária como a do Egito Antigo. Por isso, a providência divina foi
a de estabelecer princípios divinos e de vida para os judeus a fim de que o
processo de libertação do povo não fosse em vão. Voltar ao "espírito"
do Egito, em pleno deserto, seria a sombra que os hebreus conviveriam por 40
longos anos. Mas, DEUS estava disposto a libertá-los para sempre dessa sombra.
Revista ensinador. Editora CPAD. pag. 36.
A lei foi dada a Israel como legislação para o povo antes de
conquistar a terra de Canaã. Inúmeros preceitos permanecem ainda hoje na
legislação de praticamente todos os países do planeta. Sua origem divina é
indiscutível, pois aparece no relato dessa comunicação de DEUS a Moisés desde
Êxodo 20.1 até Levítico 27.34. Além disso, a Bíblia declara esse fato de
maneira direta. O presente trabalho tem por objetivo ajudar o povo de DEUS a
distinguir entre lei e evangelho, lembrando que os Dez Mandamentos não são a
lei, mas parte dela, que introduz o sistema legal de Moisés.
O Decálogo é o exemplo mais conhecido da forma categórica ou
absoluta que se caracteriza pelo comando absoluto, geralmente pelo uso da
segunda pessoa do singular no futuro ou no imperativo, e algumas vezes no
plural. Isso aparece nos mandamentos negativos ou positivos. O mandamento com o
verbo no particípio hebraico também é considerado categórico ou absoluto por
muitos, como em: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem seu sangue
será derramado" (Gn 9.6); ou: "Quem ferir alguém, que morra, ele
também certamente morrerá" (Êx 21.12). As expressões "quem
derramar" e "quem ferir" estão no particípio, na língua
original. Mas há quem afirme que a referida forma é casuística.
Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 11,
14.
Aqui, DEUS novamente deu a conhecer sua presença poderosa aos
israelitas, à medida que lhes revelou sua vontade por meio da lei.
O episódio que precede a entrega da lei enfatiza a santidade de
DEUS e o pecado do povo (Êx 19). DEUS se revelou entre nuvens, fogo e fumaça. A
montanha se tornou um lugar sagrado por causa de sua presença. O povo foi
ordenado a preparar-se cerimoniosamente para um encontro com DEUS, e
permitiu-se que apenas Moisés e Arão se aproximassem da montanha.
DEUS se encontrou com Israel no Sinai a fim de entregar-lhe a sua
lei, a expressão escrita de sua vontade para a vida coletiva e individual dos
israelitas. Embora seja fácil pensar a lei como uma entidade isolada, é crucial
reconhecer que a lei foi dada dentro do contexto da aliança. M. Kline observou
corretamente que Êxodo 19—24 está na forma de um tratado de aliança. O prólogo
histórico (Êx 20.2) identifica o autor da lei como aquele que salvou o povo por
sua graça. Assim, a lei, como encontrada em Êxodo 20—24, não é tanto a base da
relação divino-humana durante o período do Antigo Testamento, mas sim o guia de
sua manutenção. Não é a chave do estabelecimento de uma relação com DEUS, mas
antes a fórmula para sua continuação e prosperidade. De fato, a outorga da lei
é histórica e canonicamente cercada pelos atos graciosos de DEUS, aqueles
presenciados antes do êxodo (e que aconteceram sob a base da aliança abraâmica)
e os esperados com a conquista e posse da Terra Prometida.
A própria lei pode ser dividida em duas partes: os Dez Mandamentos
e o Livro da Aliança. Os Dez Mandamentos são entregues em primeiro lugar (Ex
20.3-17) e possuem a forma de um discurso direto ao ouvinte ou leitor. Eles
abrangem os fundamentos da relação divino-humana (do primeiro ao quatro), como
também os da relação humano-humano (os últimos seis). As várias leis que
compõem o Livro da Aliança (nome proveniente de Êx 24.7) derivam dos princípios
mais básicos enunciados nos Dez Mandamentos. Elas detalham os Dez Mandamentos
para a situação cultural e histórico-redentora do povo de DEUS no período do
Êxodo.
Por exemplo, a lei sobre o boi escorneador (Êx 21.28-36) é uma
especificação do sexto mandamento para uma sociedade agrária, e Êxodo 23.10-13
detalha mais completamente o quarto mandamento relativo ao sábado.
Díllard, Raymond B., Raymond B. Introdução ao Antigo
Testamento. Editora Vida Nova.
Êxo 20.1 ss - Por que os Dez Mandamentos eram necessários para a
nova nação de DEUS? Ao pé do monte Sinai. DEUS mostrou ao seu povo a verdadeira
função e beleza de suas leis. Os mandamentos foram criados para conduzir Israel
a uma vida de santidade prática. Neles, o povo poderia ver a natureza de DEUS e
seu plano, segundo o qual deveriam viver. As ordenanças e diretrizes tinham em
vista direcionar a comunidade a atender às necessidades de cada indivíduo, de
maneira amorosa e responsável. Na época de JESUS, porém, a maioria das pessoas
olhava para a lei de modo errado; viam-na como um meio de prosperidade, tanto
neste mundo quanto no vindouro. Além disso, pensavam que obedecer a cada lei
era o caminho para ganhar a proteção de DEUS contra invasões estrangeiras e
desastres naturais. Guardar a lei tomou-se um fim em si mesmo, e não o meio
para cumprir a suprema lei de DEUS. que é o amor.
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 111.
Onde encontramos os mandamentos no Novo testamento |
|
Mandamento |
Referência Correlata no Novo Testamento |
1 e 2 |
1 João 5.21 |
3 |
Tg 5.12 |
4 |
Nenhuma referência |
5 |
Ef 6.1-3 |
6 |
Rm 13.9 |
7 |
1Co 6.9, 10 |
8 |
Ef 4.28 |
9 |
CI3.9; Tg 4.11 |
10 |
Ef 5.3 |
Diferença na arrumação do mandamentos, entre denominações: |
|
As Igrejas Ortodoxas e Reformadas |
A Igreja Católica Romana e as Igrejas Luteranas |
1. Não terás outros deuses diante de mim (Ex 20:3). |
1. Não terás outros deuses (e não farás imagens - Luteranas). |
2. Não farás imagens de escultura (Ex 20:4-6). |
2. Não tomarás o nome de DEUS em vão. |
3. Não tomarás o nome de DEUS em vão (Ex 20:7). |
3. Lembra-te do dia de sábado. |
4. Lembra-te do dia de sábado, para o santificar (Ex 20:8-11). |
4. Honra teus pais. |
5. Honra teus pais (Ex 20:12). |
5. Não matarás. |
6. Não matarás (Ex 20:13). |
6. Não adulterarás. |
7. Não adulterarás (Ex 20:14). |
7. Não furtarás. |
8. Não furtarás (Ex 20:15). |
8. Não dirás falso testemunho. |
9. Não dirás falso testemunho (Ex 20:16). |
9. Não cobiçarás a casa de teu próximo. |
10. Não cobiçarás a casa de teu próximo, nem sua mulher ou servo,
ou animal (Ex 20:17). |
10. nem sua mulher ou servo, ou animal. |
Rota mais provável com maior número de provas é a Rota de Ron Eldon
Wyatt - DEUS disse a Moisés no Monte Horebe, na Terra de Midiã que fica do
outro lado do Golfo de Ácaba:
"E disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por
sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis
a DEUS neste monte. Êxodo 3:12
Se Moisés estava no Monte Horebe que pertence à cordilheira do Sinai,
do lado da Arábia (onde Paulo visitou após sua conversão), então a rota correta
é a que está em verde logo abaixo neste mapa, pois DEUS disse para ele ir
libertar o povo do Egito e voltar para o mesmo monte para O adorar.
I - A PROMULGAÇÃO DA LEI
1. A SOLENIDADE.
Êxo 19.1 Foram necessários três meses para que Israel chegasse ao
Sinai, depois de haver escapado da servidão no Egito. Na ocasião, um grande
acontecimento esperava por eles, o pacto sinaítico.
No terceiro mês. Ou seja, no terceiro mês do calendário religioso,
que tinha início na Páscoa, no mês de abibe (nisã). Entre os israelitas também
havia um calendário civil. O terceiro mês do calendário religioso chamava-se
sivã, correspondente ao nosso mês de maio.
O Targum de Jonathan diz que a chegada de Israel ao Sinai ocorreu
quarenta e cinco dias depois da partida do Egito, presumivelmente cinco dias
antes da lei ter sido dada, ou seja, no sexto dia do mês de sivã. No primeiro
dia desse mês, eles chegaram ao Sinai, e ali acamparam-se. No dia seguinte,
Moisés subiu ao monte em sua entrevista com Yahweh ou com Sua teofania. No
terceiro dia, ele reuniu os anciãos do povo (vs. 7), e lhes declarou as
palavras de DEUS. Três dias mais tarde, que foi o sexto dia do mês de sivã, foi
dada a lei aos anciãos do povo, e, deles, para todos os israelitas. A exatidão
desses cálculos, porém, dificilmente pode ser averiguada.
Êxo 19.2 O autor sacro oferece aqui uma pequena digressão a fim de
lembrar-nos os movimentos de Israel após a partida de Refidim (Êxo. 17.1) para
o Sinai. O Sinai foi um dos pontos de parada, onde Israel deveria permanecer
por onze meses e seis dias.
A identidade do monte aparece como lugar bem conhecido, ou, pelo
menos, identificado com alguma precisão, quando Moisés escreveu o relato. Mas
para nós a localização exata está perdida para sempre, embora haja um bom
número de conjecturas. Foi ali, ou bem perto dali (em Horebe), que Moisés
recebeu seu sinal e comissão originais (Êxo. 3.12). Fica entendido que Yahweh
se manifestava ali de maneira especial. Assim, Moisés subiu ao monte cheio de
expectativa, em busca de uma entrevista com o Senhor. O autor liga a cena da
sarça ardente (cap. 3) com a cena deste capítulo. Chegara o momento de outra
grande revelação.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 383.
A data do grande concerto segundo o qual a nação de Israel foi
fundada.
1. A época em que ele é datado (v. 1)- "Ao terceiro mês da
saída dos filhos de Israel da terra do Egito”. Calcula-se que a lei tenha sido
dada apenas cinquenta dias depois da sua saída do Egito, e em lembrança disto a
festa de Pentecostes era observada no quinquagésimo dia depois da Páscoa, e em
conformidade com isto, o ESPÍRITO SANTO foi derramado sobre os apóstolos no dia
de Pentecostes, cinquenta dias depois da morte de CRISTO. No Egito, eles tinham
falado sobre uma jornada de três dias pelo deserto para chegar ao lugar do
sacrifício (cap. 5.3), mas acabou sendo uma jornada de quase dois meses. É
muito frequente que nos enganemos no cálculo dos tempos, e assim as coisas se
mostram mais longas do que esperávamos.
2. O lugar onde ele é datado - no “Monte Sinai”, um lugar que a
natureza, e não a arte, tinha tornado eminente e visível, pois era a mais alta
de todas as montanhas daquela cordilheira. Desta maneira DEUS despreza as
cidades, e os palácios, e as estruturas magníficas, colocando o seu pavilhão
sobre o cume de um alto monte, em um deserto estéril e vazio, para ali
prosseguir com o seu tratado. O monte se chama “Sinai” por causa da grande
quantidade de arbustos espinhosos que o cobriam.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 288.
Lv 27.34 - O livro de Levítico está repleto dos mandamentos que
DEUS concedeu a seu povo ao pé do monte Sinai. Através deles, podemos aprender
muito sobre a natureza e o caráter de DEUS. À primeira vista, Levítico parece
irrelevante para o nosso mundo altamente tecnológico, mas, olhando um pouco
mais fundo, percebemos que ele ainda fala conosco hoje — DEUS não mudou, e seus
princípios são para todos os tempos. Uma voz que as pessoas e a sociedade
mudam, precisamos buscar constantemente meios de aplicar os princípios da lei
de DEUS em nossas presentes circunstâncias. DEUS é o mesmo em Levítico. hoje e
para sempre (Hb 13.8).
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 174.
2. A CREDIBILIDADE DE MOISÉS.
Isto pareceu, também, ter particularmente a finalidade de honrar
Moisés: “Para que o povo ouça, falando eu contigo, e para que também te creiam
eternamente”, v. 9. Desta maneira, a correspondência devia ser primeiro
estabelecida por uma manifestação perceptível da glória divina, e depois
deveria ter continuidade, de modo mais silencioso, pelo ministério de Moisés.
De igual maneira, o ESPÍRITO SANTO desceu visivelmente sobre CRISTO, no seu
batismo, e todos os que estavam presentes ouviram DEUS falando com Ele (Mt
3.17), para que posteriormente, sem a repetição de tais sinais visíveis,
pudessem crer nele. E da mesma maneira, o ESPÍRITO desceu em línguas partidas
sobre os apóstolos (At 2.3) para que as pessoas cressem neles. Observe que
quando as pessoas se declararam dispostas a obedecer à voz de DEUS, então DEUS
prometeu que eles ouviriam a sua voz. Pois, se alguém quiser fazer a vontade
dele, irá conhecê-la, João 7.17.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 290.
Era absolutamente necessário que DEUS desse ao povo de Israel
alguma grande evidência particular de seu ser e de seu poder, para que pudessem
ser salvos da idolatria, a que eles eram mais propensos deploravelmente, e uma
pessoa que eles pudessem dar crédito. Moisés, que haveria de ser o mediador
constante entre DEUS e eles. DEUS, portanto, em sua majestade indescritível,
desceu sobre o monte, e, pela espessa nuvem escura, violentos trovões, vívidos
relâmpagos, explosões de longo e alto tom de trompete, fumaça que cobria toda a
montanha, e um terremoto, proclamou o seu poder, a sua glória, e sua santidade,
de modo que aquelas pessoas, mesmo sendo infiéis e desobedientes nunca
duvidassem da interferência divina, ou tivessem alguma suspeita de qualquer
fraude ou impostura de Moisés. Na verdade, tão absoluta e inequívoca foram as
provas de força sobrenatural, que era impossível duvidarem dessas aparições ou
atribuírem-nas a qualquer outra causa, mas ao poder ilimitado do criador da
Natureza. É digno de nota que as pessoas foram informadas três dias antes,
Êxodo 19:9-11, que tal aparência era para acontecer, e isto tinha dois
excelentes propósitos:
1. Eles tiveram tempo para se santificarem e prepararem-se para
esta transação solene, e,
2. Aqueles que poderiam ser céticos tiveram a oportunidade
suficiente para fazer uso de todas as precauções para se prevenirem e
detectarem uma farsa, por isso este aviso prévio servia de investigação previa
antes da revelação divina. Primeiro havia a ordem de que era proibido tocar o
monte sob as penas mais terríveis, e em segundo lugar, poderiam ver
manifestações da majestade divina, e ouvir as palavras de DEUS. As proibições
em primeira instância seriam naturalmente para aguçar a sua curiosidade e torná-los
cautelosos de serem enganados, e, finalmente, impressioná-los com o devido
senso de justiça de DEUS e sua própria pecaminosidade. As instruções dadas a
partir de Êxodo 19:10-15 mostram, inclusive, que não só a santidade de DEUS,
mas a pureza que ele requer de seus adoradores. Além disso, todo o escopo e
projeto do capítulo provam que nenhuma alma poderia abordar este Ser santo e
terrível pessoalmente, mas através de um mediador, e esta é a utilização desta
transação inteira pelo autor da Epístola aos Hebreus (Hebreus 12: 18-24).
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.
Êxo 20.22 Os israelitas tinham pedido que Moisés atuasse como
mediador entre DEUS e eles mesmos (vs. 19), quando Moisés já estava atuando
nessa capacidade, Yahweh instruiu Moisés para que transmitisse ao povo a Sua
palavra, e assim teve início a multiplicação dos dez mandamentos básicos; e
essa multiplicação, mediante a Interpretação, nunca terminou para o judaísmo.
Yahweh enviava a Sua mensagem do Seu céu, o que significa que estamos falando
em termos de revelação. As coisas ditas pelo Senhor seriam posteriormente
formuladas nas Escrituras.
O fato de que a voz de Yahweh era ouvida por Moisés servia de
motivo para o povo de Israel obedecer, pois as palavras subiam acima da
compreensão imediata deles. Quanto à descida de Yahweh do céu, ver Êxo. 19.18.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 395.
3. A LEI.
A Septuaginta optou por traduzir dekalogos,12 “decálogo", a
partir de dois termos gregos: deka,13 "dez", e logos,14
"palavra". O termo nunca é citado no Novo Testamento em sua
totalidade e os mandamentos não aparecem de acordo com a sequência canônica (Mt
19.18, 19; Mc 10.19; Lc 18.20; Rm 13.9). O Novo Testamento, às vezes, se refere
a ele como "mandamentos" (Mt 19.17; Ef 6.2). Após a Septuaginta, o
termo "decálogo" só aparece no período da patrística, na Epístola a
Flora, de um autor gnóstico chamado Ptolomeu, que viveu na segunda metade do
séc. II., e depois em Irineu de Lião, na forma latina (Contra as Heresias,
Livro IV. 15.1; 16.4), e também em Clemente de Alexandria (em sua obra
Pedagogos III. 12). Depois disso, o termo se popularizou entre os cristãos.
O Decálogo é a única parte do Pentateuco escrita "pelo dedo de
DEUS" (Êx 31.18), linguagem figurada que, segundo Agostinho de Hipona,
indica "pelo ESPÍRITO de DEUS" e, de acordo com Clemente de
Alexandria, "pelo poder de DEUS". É também a única porção da lei que
Israel ouviu partir da voz do próprio DEUS no monte quando ele transmitia essas
dez palavras (Êx 19.24, 25; 20.18-20). Os demais preceitos foram transmitidos
por Javé exclusivamente a Moisés.
Existe uma discussão acalorada sobre Êxodo 34.28: "E esteve
Moisés ali com o SENHOR quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem
bebeu água, e escreveu nas tábuas as palavras do concerto, os dez
mandamentos". Parece que o sujeito do verbo "escrever" é Moisés,
mas o texto deve ser interpretado à luz do contexto. "O sujeito do verbo é
ambíguo" (CHILDS, 1976, p. 604). Pode ser Javé ou Moisés, mas parece
tratar-se do próprio DEUS (Êx 34.1). Por essas duas peculiaridades, o Decálogo
se reveste de um valor especial no Pentateuco, mas para o cristianismo tem o
mesmo valor que qualquer outra parte do Antigo Testamento como Escritura
inspirada por DEUS (2 Tm 3.16).
As dez palavras foram escritas pelo próprio DEUS em ambos os lados
de duas tábuas de pedra, e entregues a Moisés (Êx 31.18; 32.15, 16; Dt 4.13;
5.22; 10.2-4). Os judeus, desde Fílon de Alexandria até a atualidade, dividem
os Dez Mandamentos em dois grupos de cinco, um grupo para cada tábua. Agostinho
de Hipona supunha haver três mandamentos na primeira tábua e sete na segunda.
Calvino e muitos da atualidade acreditam que na primeira tábua estavam gravados
os quatro mandamentos relativos aos deveres do homem para com DEUS e, na
segunda, os seis mandamentos relativos ao homem e seu próximo. Alguns
interpretam que o Senhor JESUS CRISTO sintetizou as tuas tábuas nos dois
grandes mandamentos (Mt 22.34-40), com a ressalva do sábado, pois não há ensino
no Novo Testamento para a observância do quarto mandamento. Essa questão é
discutida mais adiante, no Capítulo 5.
Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 18-19.
LEI - A palavra lei foi usada para traduzir a palavra hebraica
torah (que significa instrução), e a palavra grega nomos (que significa hábito
estabelecido). Fundamentalmente, as duas indicam alguma regra, ou regulamento,
impostos sobre o homem ou a natureza por um poder superior. O legislador
reserva-se ao direito de punir toda desobediência.
As forças invisíveis que residem na natureza, produzem a ordem e
determinam o destino do universo são geralmente chamadas de leis da natureza. A
Bíblia Sagrada raramente fala sobre tais leis de forma abstrata, e muitas vezes
a razão oferecida é que ela não é um livro de ciências. Entretanto, apesar
disso, a Bíblia tem muito a dizer sobre as leis científicas como reveladoras da
natureza de DEUS. Verbos como "fazer" (Jó 36.27-33),
"dirigir" (37.3), "mandar" (37.12; 38.12), "causar"
(37.13,15; 38.26,27), "guiar" (38.32), e substantivos como
"caminho" (38.24), "ordenanças" (38.33) e "tempo"
(39.1ss.) indicam, em uma linguagem não técnica, o controle de DEUS sobre a
natureza por meio de leis que Ele estabeleceu. Será impossível pressupor a
existência de um verdadeiro conflito entre essas leis da natureza e as leis que
DEUS estabeleceu em outros reinos de seu poder universal.
Em um outro nível encontramos as leis de DEUS escritas no coração
dos homens. Nesse caso devemos fazer duas distinções: de um lado, as leis de
DEUS estão escritas no coração dos homens como resultado da imagem de DEUS
plantada no homem no momento da criação (Gn 1.26ss.). Essas leis, tão
definitivas como a cor da pele, fazem com que até os pagãos "façam
naturalmente as coisas que são da lei [mosaica]" (Em 2.14). A evidência de
tais leis se manifesta na consciência (2.15) e é confirmada pela natureza (Rm
1.26ss.; 1 Co 11.14). Por outro lado, as leis de DEUS estão escritas no coração
dos crentes pela nova aliança (Jr 31.31-33; Ez 11.19ss.; 36.25-27; 2 Co
3.3,7,8). Essas leis, implantadas pela "nova criação" (2 Co 5.17),
são evidenciadas pelo fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22ss.), e confirmadas pelo
"verdadeiro amor" (1 Jo 4.17ss.).
Ainda em um outro nível estão as leis do estado, instituídas como
agentes de DEUS na sociedade humana (Rm 13.1-7; 1 Pe 2.13-15 - (veja ANET, pp.
159-198, 212-222). Existem épocas, entretanto, em que o estado, inspirado por
uma satânica hostilidade para com a verdade de DEUS, elabora leis que devem ser
desobedecidas pelos verdadeiros filhos de DEUS (Dn 3.8-30; 6.1-28; At
5.26-29,40-42). Leis injustas promulgadas no reino do Anticristo trarão
perseguição e morte aos seguidores do Cordeiro (Ap 13.1-17; 20.4). A suprema
demonstração de obediência do crente deverá ser sempre dirigida a DEUS e não ao
homem (Atos 5.29; Ap 1.9; 12.11). Em um nível mais elevado estão aquelas leis
instituídas por DEUS para o presente estágio da existência humana. Elas podem
ser classificadas como judiciais e rituais. As judiciais se baseiam
principalmente nos Dez Mandamentos (q.v.) e tratam do relacionamento dentro da
sociedade onde restrições devem ser impostas sobre as inclinações pecaminosas
da natureza humana (Rm 7.6; Gl 3.19). Essas leis ainda eram válidas na Era dos
evangelhos, pelo fato de representarem os relacionamentos básicos da vida onde
estão envolvidos o pecado e a justiça. As leis rituais, entretanto, têm o
propósito divino de serem representações tipológicas das verdades dos
evangelhos embutidas no AT. Agora que CRISTO já cumpriu toda a tipologia por
sua morte na cruz, elas perderam a validade (Mt 27.51; Gl 5.1-9; Hb 9.1-28;
10.1-22).
Em um nível superior a todas as leis, estão as leis morais de DEUS
resumidas nos Dez Mandamentos. Essas leis são eternamente válidas porque estão
baseadas na imutável natureza divina. O crente, finalmente, entrará em um reino
de glória onde a desobediência às leis divinas será não só inadmissível como
impossível. Essas leis Divinas, enunciadas nos Dez Mandamentos e
reinterpretadas em termos de absoluto amor a DEUS e ao próximo (Mt 22.36-40; Rm
13.8-11; Gl 5.14), encontram o seu cumprimento presente na vida do crente, e o
seu cumprimento final quando este for viver na cidade celestial, desfrutando a
eternidade junto com o Senhor. Resumindo, podemos fazer as seguintes
distinções: (1) As leis feitas por DEUS (Êx 20.1-17) e as leis feitas pelo
homem (Dn 6.6-9); (2) as leis de importância temporal (Hb 10.1-4) e as leis que
terão uma duração eterna (2 Sm 7.12-26; SI 1-4); (3) as leis escritas em tábuas
de pedra (Dt 5.22) e as leis escritas no coração dos homens (Hb 8.10; cf. 2 Co
3.3); (4) as leis dirigidas apenas aos judeus (At 15.1,10) e as leis destinadas
a toda humanidade (Gn 1.28; 9.5-7).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 1137-1138
A LEI DE DEUS Êx 20.1
Os seres humanos não foram criados autônomos (isto é, seres livres
para seguirem sua própria lei), mas foram criados seres teônomos, ou seja, para
estarem sujeitos à lei de DEUS. Isso não constituía uma privação para o homem,
porque DEUS o criou de tal maneira que uma obediência agradecida poderia
proporcionar-lhe a mais alta felicidade. Dever e prazer seriam coincidentes,
como ocorreu com JESUS (Jo 4.34; cf. SI 112.1; 119.14, 16,47-48,97-113,
127-128, 163-167). O coração humano decaído odeia a lei de DEUS, tanto pelo
fato de ser uma lei quanto por ela vir de DEUS. Os que conhecem a CRISTO,
contudo, descobrem não só que amam a lei e querem guardá-la tanto para
agradarem a DEUS e como gratidão pela graça (Rm 7.18-22; 12.1-2) :..:...mas
também que o ESPÍRITO SANTO os conduz a um grau de obediência que nunca tiveram
antes (Rm 7 .6; 8.4-6; Hb 10.16).
A lei moral de DEUS está abundantemente exposta nas Escrituras, no
Decálogo (Os Dez Mandamentos), em outros estatutos de Moisés, em sermões de
profetas, no ensino de JESUS e nas cartas do Novo Testamento. A lei reflete o
caráter santo de DEUS e seu propósito para os seres humanos que criou. DEUS
ordena o comportamento que lhe agrada e proíbe aquilo que o ofende. JESUS
resume a lei moral nos dois grandes mandamentos: o amor a DEUS e o amor ao
próximo (Mt 22.37-40). Ele diz que desses dois dependem todas as instruções
morais do Antigo Testamento. O ensino moral de CRISTO e de seus apóstolos é a
velha lei aprofundada e reaplicada a novas circunstâncias, as da vida no Reino
de DEUS, onde o Salvador reina, e na era pós-pentecostes do ESPÍRITO, quando o
povo de DEUS é chamado a viver uma vida santificada no meio de um mundo hostil
(Jo 17.6-19).
A lei bíblica é de várias espécies. As leis morais ordenam o
comportamento pessoal e comunitário, que sempre são de nosso dever observar. As
leis políticas do Antigo Testamento aplicavam princípios da lei moral à
situação nacional de Israel, quando Israel era uma teocracia, como povo de DEUS
na terra. As leis do Antigo Testamento a respeito de purificação cerimonial,
regime alimentar e sacrifícios eram estatutos temporários, com o objetivo de
instruir o povo. Essas leis foram canceladas pelo Novo Testamento, porque o seu
significado simbólico foi cumprido (Mt 15.20; Me 7.15-19; At 10.9-16; Hb
10.1-14: 13.9-10).
A combinação de leis morais, judiciais e rituais nos livros de
Moisés comunicam a mensagem de que a vida sob a orientação de DEUS não deve ser
vista nem vivida em compartimentos, mas como uma unidade multifacetada.
Comunicam também que a autoridade de DEUS como legislador deu força igual a
todo o código. Contudo, as leis eram de diferentes espécies e tinham diferentes
propósitos. As leis políticas e cerimoniais tinham aplicação limitada, enquanto
parece claro, tanto do contexto imediato quanto do ensino de JESUS, que a
afirmação de JESUS a respeito da imutável força universal da lei se refere à
lei moral como tal (Mt 5.17-19; cf. Lc 16.16-17).
DEUS exige a total obediência de cada pessoa a todas as implicações
de sua lei. Como diz o Catecismo Maior de Westminster; p. 99: "A lei ...
obriga todos à plena conformidade do homem integral à retidão dela e à inteira
obediência para sempre"; "a lei é espiritual e, assim, se estende
tanto ao entendimento, à vontade, às afeições e a todas as outras potências da
alma, quanto às palavras, às obras e ao procedimento." Em outras palavras,
tanto os desejos quanto as ações devem ser retos. JESUS condena a hipocrisia
que oculta a corrupção íntima com fingimentos exteriores (Mt 15. 7-8;
23.25-28). Além disso, as decorrências da lei são parte de seu conteúdo:
"onde um dever é ordenado, o pecado contrário é proibido; e, onde um
pecado é proibido, o dever contrário é ordenado".
Bíblia de Estudo de Genebra.
Editoras Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 103.
II – OS CÓDIGOS
1. A CLASSIFICAÇÃO.
Os códigos do Pentateuco são seções distintas no sistema mosaico
que a crítica considera porções legais produzidas durante um longo lapso de
tempo. Os críticos afirmam ter encontrado sete grupos: os Dez Mandamentos (Êx
20.1-17; Dt5.6-21); o que eles costumam chamar de Código da Aliança (Êx
20.22-23.33); Ritual do Decálogo (Êx 34.10-26); Código de Santidade (Lv 17-
26); Código Sacerdotal (Lv 1-16); o Código Deuteronômico (Dt 12-26); além do
discurso sobre as bênçãos e as maldições (Dt 27-28). Outros expositores mais
ousados chegam a afirmar que o texto se constituía dos Dez Mandamentos sem as
explicações de Êxodo 20.4-6, 9-11 e Deuteronômio 5.9, 10, 13-15, as quais
teriam sido acrescentadas posteriormente. Há, na verdade, entre os críticos
judeus e cristãos mais conservadores, a ideia de que Moisés recebeu as tábuas
sem as respectivas explicações, mas que DEUS mandou o próprio Moisés incluí-las
no livro da Lei.
Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 21-22.
A Bíblia afirma (cf. Êx 17.14; 24.4; Nm 33.1,2; Dt 31.9; Js 1.8; 2
Rs 21.8) que o Pentateuco é uma coletânea de escritos diversos. Mas isto não
enfraquece a compreensão tradicional da coletânea como Torá ou instrução.
Através de história, poema, genealogia, narrativa, prescrição e exortação, a
mensagem teológica é comunicada com um objetivo único: que Israel seja
instruído quanto ao significado e propósito. A forma literária, por mais útil
que seja em certas ocasiões específicas, tem pouco a dizer sobre o caráter
fundamental do Pentateuco como literatura teológica.
Roy B. Zuck. Teologia do Antigo Testamento. Editora
CPAD. pag. 21.
Quanto a isso, só posso apresentar exemplos das idéias que giram em
torno da questão.
1. Considerações Históricas
a. O trecho de Deu. 31:9 informa-nos que Moisés escreveu «esta
lei», mas não é mister compreendermos essa declaração como se a mesma cobrisse
o Pentateuco inteiro, mas tão-somente a legislação mosaica incorporada ao
mesmo.
b. O Senhor JESUS fez uma declaração abrangente sobre a questão, em
João 5:46,47 e em 7:19. Mas essa declaração apenas reiterou a tradição
rabínica, e não precisa ser entendida como uma afirmação crítica e histórica.
Além disso, muitos estudiosos crêem que JESUS poderia ter repetido aquela
tradição, sem entrar nos méritos da autoria do Pentateuco como um todo,
aludindo somente à essência da lei incorporada por aquela coletânea. E outros
dizem simplesmente que a Igreja pôs essas palavras na boca de JESUS, concluindo
daí que, pela autoridade de JESUS, essas palavras nada dizem a favor ou contra
a autoria mosaica do Pentateuco como um todo.
c. A tradição rabínica, naturalmente, é o poder que estabeleceu a
autoria mosaica do Pentateuco (ver Pirque Aboth 1:1; Baba Bathra 14b). Essa
questão foi levada ao extremo de afirmar que Moisés escreveu sobre sua própria
morte (ver Deu. 35:5 ss), conforme Filo e Josefo afirmaram. Mas o Talmude
admite que Josué foi o autor desse comentário sobre a morte de Moisés.
d. O trecho de II Esdras 14:21,22 diz como os rolos do Pentateuco
foram destruídos no incêndio que lavrou quando do cerco de Jerusalém, nos dias
de Nabucodonosor, e como Esdras reescreveu a totalidade dos cinco livros, uma
tradição aceita por vários dos pais da Igreja, como Irineu, Tertuliano,
Clemente de Alexandria e Jerônimo.
e. João Damasceno ajuntou que os nazarenos, uma seita de judeus
cristãos, rejeitavam a autoria mosaica do Pentateuco, em cerca de 750 D.C.
f. Os ebionitas (vide) olhavam com suspeita para certos trechos do
Pentateuco, quando este entrava em choque com as idéias deles.
g. Alguns escritores judeus e islamitas da Idade Média salientaram
algumas supostas contradições e anacronismos do Pentateuco. Um exemplo disso é
a afirmação de Ibn Ezra (falecido em 1167), com base numa ideia do rabino
Isaque ben Jasos (falecido em 1057), de que o trigésimo sexto capítulo de
Gênesis não foi escrito antes do tempo do rei Josafá, por causa da menção feita
ali a Hadade (comparar Gên. 36:35 com I Reis 11:14). E também afirmava que o
texto sofrera algumas interpolações em Gên. 12:6; 22:14; Deu. 1:1; 3:11.
h. O reformador protestante Carlstadt (1480-1541) observou que
Moisés não poderia ter escrito o Pentateuco em geral, embora não tivesse
observado qualquer alteração estilística quanto ao material pertencente ao
período antes e depois da morte de Moisés.
i. Andreas Masius, em seu comentário (1547), declarou que Esdras
inseriu no Pentateuco algum material de sua autoria.
j. Mas a crítica detalhada, como a da teoria J. E. D. P.(S.),
apareceu no século XVIII. Alguns críticos, como Jean Astruc, acreditavam que o
próprio Moisés utilizara documentos distintos, tendo atuado como
autor-compilador, e não apenas como autor. A crítica posterior, entretanto,
acabou negando inteiramente que Moisés fosse o autor real dos cinco livros,
embora admitindo que algum material genuinamente mosaico tenha sido incorporado
à compilação. Mas alguns extremistas chegaram a eliminar qualquer participação
de Moisés, dizendo que ele nem ao menos sabia escrever!
I. Wellhausen (1844-1918) foi o criador da teoria das múltiplas
fontes informativas em uma forma mais coerente, conferindo datas a cada suposta
fonte; os elementos essenciais dessa ideia aparecem na primeira seção, oitavo
ponto. Autores posteriores deram-se ao trabalho de subdividir cada fonte, como
£( 1), £(2), tanto quanto de combinarem documentos como JE. Essa atividade
chegou ao extremo de dividir a fonte P(S.) em sete subfontes, na análise de B.
Baentsch. Uma outra ideia, combinada com a anterior, era aquela que diz que em
vez de autores específicos estarem envolvidos em cada uma dessas fontes, cada
uma delas, na verdade, seria o produto de uma escola inteira de editores e
autores. Isso conferiu à teoria uma complexidade que deixa a mente estonteada.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4994.
2. O QUE HÁ DE CONCRETO?
A novidade da crítica é que ela questiona a tradição judaico-
-cristã no que diz respeito à paternidade mosaica do Pentateuco e à sua
antiguidade. A fragmentação que os críticos apresentam juntamente com os seus
pressupostos científicos não deve impressionar ou preocupar os cristãos, pois
submeter a Bíblia à ciência não nos parece sensato. A ciência modifica-se a
cada nova descoberta; "o espírito científico é essencialmente uma
retificação do saber, um alargamento dos quadros do conhecimento" (BACHELARD,
1968, p. 147). Muitas coisas que foram ciência no passado, hoje, não passam de
bobagens; da mesma forma, o que é ciência hoje pode ser bobagem amanhã. A
Bíblia, no entanto, permanece para sempre (Is 40.8). A religião cristã se
fundamenta na fé e na revelação e não na ciência (Hb 11.3).
Não se sabe exatamente como o texto do Pentateuco foi produzido e
se desconhece também o critério adotado pelo legislador para a organização do
livro. O grande problema é a falta de informação de uma época tão distante. É
característico da cultura oriental pensar em círculos dando ênfase ao fato
ocorrido, e não à data, diferentemente da forma linear adotada no modelo
ocidental. A narrativa da Torre de Babel (Gn 11.1-7), por exemplo, precede
cronologicamente a tabela das nações registrada em Gênesis 10; no entanto,
aparece posteriormente no relato das Escrituras. Isso explica, muitas vezes, as
repetições presentes nos textos bíblicos. Não se deve, portanto, fragmentar o
texto atribuindo-o a diversos autores e a diversas épocas, ainda mais quando a
Bíblia afirma ao longo de suas páginas a autoria mosaica do Pentateuco. DEUS
mandou Moisés escrever essas coisas num livro (Êx 17.14; 24.4-8; 34.27). A essa
altura da história, os escritos eram parciais, pois a produção do texto estava
ainda em andamento. Moisés escreveu as jornadas dos filhos de Israel no deserto
(Nm 33.1 -49). Mas ainda está escrito que Moisés acabou de "escrever as
palavras desta Lei num livro, até de todo as acabar" (Dt 31.24). Isso é
ratificado em toda a Bíblia a partir da própria Torá até o Novo Testamento (Dt
31.9, 25, 26; Js 8.32-35; Jz 3.4; 1 RS 8.53, 56; Dn 9.11-13; Ml 4.4; Mt 19.7,
8; Mc 10.4, 5; Lc 5.14; Jo 1.17; 5.45-47; Rm 10.5; 1 Co.9.8, 9; 2 Co 3.15). Não
há como mudar essa verdade, ainda mais com base em especulações ou interpretações
sob o argumento de método científico. Assim, as sessões do Pentateuco às quais
os críticos chamam de códigos são realmente detectáveis; isso não implica,
contudo, a autoria de diversos autores e nem em datas posteriores.
É verdade que há no Pentateuco extratos de escritores desconhecidos
ou uma coletânea de diversos documentos, como as genealogias do Gênesis, e
outros que sofreram revisão posterior por escribas e profetas igualmente
inspirados, como algumas glosas, por exemplo, "e estavam, então, os
cananeus na terra" (Gn 12.6); o nome "Dã" antes da formação da
família de Jacó (Gn 14.14); a menção de reis em Israel, antes mesmo da
conquista de Canaã (Gn 36.31); a expressão "dalém do Jordão" (Dt 1.1)
enquanto Moisés nem mesmo atravessou o rio. Nada disso descaracteriza sua
paternidade literária. A revelação divina foi gradativa. A autoridade dos
massoretas posteriores do judaísmo rabínico não é a mesma dos sopherim,15
"escribas", que trabalharam nas cópias e na edição dos livros no
período pré-cristão. Esdras era um deles e é chamado de "escriba",
sophêr16 (Ed 7.6). Os massoretas jamais ousaram modificar uma palavra das
Escrituras, pois o cânon já estava fixado, uma postura diferente da dos
sopherim, que eram encarregados de padronizar e revisar textos.
Os livros do Antigo Testamento foram produzidos por profetas,
sacerdotes e sábios de Israel (Jr 18.18). DEUS confiou a eles a sua revelação.
A continuidade do texto, como a narrativa da morte de Moisés em Deuteronômio
34, era realizada por alguém divinamente autorizado. As glosas editoriais foram
inseridas no texto sagrado por pessoas autorizadas, profetas, sacerdotes e
sábios num período em que o cânon ainda estava aberto. Isso não compromete a
paternidade mosaica do Pentateuco. Esses detalhes editoriais são reconhecidos
pela tradição desde a antiguidade. Logo, não se sustentam as ideias defendidas
pelos críticos liberais sobre os supostos autores do Pentateuco e as diversas
datas sugeridas para a composição de cada código.
Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 22-24.
Autoria A visão das Escrituras de que Moisés era o autor humano do
Pentateuco é sustentada pelas evidências. Há seis passagens no Pentateuco que
declaram especificamente a autoria de Moisés (Êx 17.14; 24.4-8; 34.27; Nm
33.1,2; Dt 31.9,24-26; 31.22,30-32.43). Três dessas referências estão ligadas
às partes legislativas, e três às partes históricas. Estas 6 partes são partes
integrais do seu contexto, de forma que as referências citadas provavelmente
atribuem a Moisés a autoria de uma boa parte do contexto em que elas ocorrem.
Com relação a Gênesis, nenhuma declaração específica de autoria é encontrada no
livro. Mas Gênesis é uma parte integrante do Pentateuco. Sua narrativa conduz a
acontecimentos relatados em Êxodo, e sem^ela o Êxodo não seria compreensível. O
Êxodo pressupõe claramente Gênesis; de fato, sua primeira palavra hebraica voe,
normalmente traduzida como "e", mostra que deve ser conectada com o
que precede em Gênesis. Se Moisés foi o autor dos últimos 4 livros do
Pentateuco, também foi o autor de Gênesis. Ao longo dos últimos 4 livros do
Pentateuco, Moisés foi o personagem principal. Ele era o mediador pelo qual
DEUS falava à nação ao transmitir sua lei. DEUS deu a este patriarca as
instruções para a construção do Tabernáculo, e lhe revelou as leis com relação
à adoração. Cada vez mais, lemos sentenças como "Então, disse o Senhor a
Moisés", "Como o Senhor ordenara a Moisés" etc. Quando chegamos
a Deuteronômio, estamos na mesma atmosfera. O livro começa com "Estas são
as palavras que Moisés falou..." Em todo o livro de Deuteronômio, Moisés
aparece como a figura central.
Nos demais livros e passagens do AT, o Pentateuco é uniformemente
considerado como obra de Moisés. É correto dizer que a única lei autorizada que
é reconhecida no AT é a lei de Moisés; o mesmo é verdade em relação ao NT.
Citações feitas do Pentateuco atribuem sua autoria a Moisés (cf. Mt 19.8; Mc
10.3-5; Lc 24.27,44; Jo 5.46,47; 7.19; At 3.22; Ap 15.3 etc). Tanto o AT como o
NT consideram Moisés como o autor humano da lei. No século XVIII, surgiu a
visão de que o Pentateuco não era inteiramente uma obra de Moisés. Pensou-se
que a presença de diferentes nomes divinos em Gênesis fosse uma marca de
diferentes autores. Finalmente, assumiu-se que Gênesis consistia em três
documentos principais, que foram finalmente reunidos por um redator. Pensou-se
que estes 3 documentos, ou partes deles tivessem sido encontrados também em
Êxodo, Levítico e Números, sendo que Deuteronômio foi atribuído a uma fonte
diferente. No entanto, a hipótese documentária, como é chamada, embora
sustentada por muitos estudiosos, destrói a verdadeira unidade e harmonia do
Pentateuco. E uma teoria que não tem o suporte dos fatos e, portanto, deve ser
abandonada.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 1499-1500.
O Pentateuco foi criação de Moisés, o grande libertador no Êxodo
que comunicou aos israelitas a revelação de DEUS concernente a si mesmo e aos
propósitos para o povo recentemente resgatado. Isto aconteceu nas planícies de
Moabe, quarenta anos depois do Êxodo, na época em que Israel estava prestes a
conquistar Canaã e estabelecer-se como entidade nacional em cumprimento das
promessas feitas aos ancestrais patriarcais. Embora não haja dúvida de que
houvera uma tradição oral (e talvez escrita) contínua acerca das suas origens,
história e propósito, foi Moisés que reuniu estas tradições e as integrou ao
corpo conhecido por Torá, desta forma surgindo uma síntese abrangente e
oficial.
Tornou-se a expressão escrita da vontade de DEUS para Israel em
termos dos propósitos divinos mais amplos na criação e redenção.
Roy B. Zuck. Teologia do Antigo Testamento. Editora
CPAD. pag. 21.
III – O CONCERTO
https://ebdnatv.blogspot.com/2022/01/estudo-alianca-de-sangue-pr-henrique.html
ALIANÇA. Em hebraico, uma "aliança" é
determinada pelo termo berit, e berit karat significa "fazer (lit.,
'cortar' ou 'lapidar') uma aliança". Em grego o termo é diatheke (que pode
significar tanto "pacto" como "último desejo e
testamento"), e o verbo é diatithemi (At 3.25; Hb 8.10; 9.16; 10.16). Uma
aliança é um acordo entre duas ou mais pessoas em que quatro elementos estão
presentes: partes, condições, resultados, garantias. As alianças bíblicas são
importantes como uma chave para duas grandes facetas da verdade: Soteriologia -
O plano de DEUS através de JESUS CRISTO para redimir os seus eleitos, está
revelado de uma maneira ampla e profunda nas sucessivas alianças.
Alianças Bíblicas Específicas
1. Aliança Noéica. Esta é a primeira aliança
claramente mencionada nas Escrituras. Ela foi prometida a Noé em Gênesis 6.18 e
está registrada em Gênesis 8.20-9.17. Esta aliança foi, sobretudo, unilateral,
pois DEUS era o seu criador e executor, não requerendo um compromisso de
aceitação e consentimento por parte de Noé, como no caso do juramento dos
israelitas ao pé do Monte Sinai (veja Êx 19.8).
As partes desta aliança eram DEUS e a terra (Gn 9.13) ou Noé e
todos os seus descendentes (Gn 9.9,16,17). Daqui por diante, ela era universal
em seu escopo. Apesar disso, ela tinha certas condições, a saber, que a
humanidade fosse frutífera, se multiplicasse e enchesse a terra (9.1,7); que
não comesse carne com vida, isto é, com o sangue (9.4). Assim, a aliança era
condicional, porque DEUS trouxe um julgamento sobre a humanidade no episódio da
Torre de Babel na forma de uma confusão de línguas, para forçar o povo a se
espalhar e povoar a terra, quando eles estavam deliberadamente desafiando o
propósito e a ordem de DEUS (Gn 11.4-9). O Resultado era a promessa de que DEUS
nunca mais destruiria a terra com um dilúvio (Gn 8.21; 9.11,15), com a
concomitante promessa da regularidade das estações (Gn 8.22). A garantia de que
DEUS iria manter esta aliança enquanto durasse a terra encontrava-se em seu
sinal ou prova, o arco-íris (9.12-17).
2. Aliança Abraâmica. Esta é geralmente considerada uma
aliança unilateral no sentido de que foi em primeiro lugar anunciada por DEUS,
sem qualquer condição a ela vinculada. Entretanto, um elemento bilateral
aparece em Genesis 17.1: "Eu sou o DEUS Todo-poderoso; anda em minha
presença e sê perfeito"; e na última repetição e confirmação da aliança a
Abraão em Genesis 22.16ss., quando DEUS diz, "Por mim mesmo, jurei...
porquanto fizeste esta ação e não me negaste o teu filho, o teu único, que
deveras te abençoarei".
As partes desta aliança eram DEUS e Abraão. A condição - revelada
por DEUS a Abraão, depois dele demonstrar a sua vontade de obedecer à ordem de
DEUS de oferecer Isaque - era a obediência pela fé (cf. Hb 11.17-19). Os
resultados foram: a promessa de DEUS de transformar a posteridade de Abraão em
uma grande nação (Gn 12.2); aumentar a sua semente tornando-a numerosa como a
areia do mar (Gn 22.17); abençoar aqueles que abençoassem o povo judeu e
amaldiçoar aqueles que o amaldiçoassem (Gn 12.3); e dar à descendência a Abraão
(ou seja, a Israel), a Palestina e o território que vai do rio do Egito até o
Eufrates. Finalmente, e o mais importante de tudo, o mundo inteiro seria
abençoado através da sua descendência, que era CRISTO (Gl 3.16), e CRISTO por
sua vez dominaria sobre todos os seus inimigos (Gn 22.17,18). A garantia desta
grande aliança era o juramento de DEUS por si mesmo e por seu grande Nome (Gn
22.16; Hb 6.13-18), assim como o derramamento do sangue dos sacrifícios (Gn
15.9,10,17).
3. Aliança Mosaica ou do Sinai. Nesta
aliança vemos o surgimento de um novo fator, de uma forma particular. A aliança
Abraâmica era muito simples e direta, a Mosaica, mesmo sendo direta, era muito
mais complexa, empregava a forma contemporânea das alianças de suserania e
vassalagem em voga no antigo Oriente, onde o grande senhor ou suserano ditava
um acordo para os seus vassalos ou servos. Um recente estudo dos tratados ou
alianças hititas da metade do segundo milênio a. C., revelou que existia uma
forma paralela entre estas e a aliança de DEUS com Israel, e cada uma continha
seis elementos.
(1) Um preâmbulo: "Eu sou o Senhor, teu DEUS" (Ex 20.2a),
identificava o autor da aliança, e correspondia a cada introdução como
"Estas são as palavras do filho de Mursilis, o grande rei, e rei da terra
de Hati, o valente, o filho favorito do deus do trovão etc..." (ANET, p.
203).
(2) Um prólogo histórico: "...que te tirei da terra do Egito,
da casa da servidão" (Êx 20.2). Em Deuteronômio, que é a segunda dádiva da
aliança e da lei, o prólogo histórico se expandia amplamente a fim de abranger
o modo como DEUS levou Israel pelo deserto até aos limites da terra prometida
(Dt 1.6-4.49). Moisés está repetindo e expandindo a aliança dada no Sinai, para
atualizá-la e preparar Israel para a entrada na terra prometida. Nas alianças
hititas, o suserano dominador lembrava ao governante vassalo (o governante
subjugado) os benefícios que ele desfrutara até o momento como vassalo de seu
reino, como a base para a sua gratidão e obediência futura.
(3) As estipulações ou obrigações exclusivas da aliança: "Não
terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de
escultura..."Não te encurvarás a elas nem as servirás" (Êx 20.3-5).
Uma típica aliança hitita foi registrada da seguinte forma: "Mas tu,
Duppi-Tessub permaneça leal ao rei da terra de Hati... Não volte os seus olhos
para mais ninguém" (ANET, p. 204). Em sua primeira forma em Êxodo 20, a
aliança começa com os Dez Mandamentos e continua ao longo de Êxodo 31. Em
Deuteronômio, ela começa com a lei no cap. 5 e continua pelo cap. 26.(4)
Sanções, a saber, bênçãos e maldições que acompanham a manutenção ou o
rompimento da aliança. Em sua primeira promulgação no Êxodo, estas sanções
estão vinculadas, na aliança Mosaica, aos Dez Mandamentos; por exemplo:
"Visito a maldade... e faço misericórdia" (Êx 20.5,6); e, "Honra
a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra" (Êx
20.12). Além disso, mais sanções e advertências são dadas com a promessa de
direção e proteção pela presença de DEUS (Êx 23.20-33; para mais bênçãos e
maldições, veja Levítico 26). Mas em Deuteronômio há dois capítulos de bênçãos
e maldições que devem ser lidos publicamente e expostos na cerimónia de
renovação da aliança (27 e 28), seguidos pela conhecida aliança Palestina
(29-30). Bênçãos e maldições também eram escritas nos tratados da Ásia
ocidental. A confirmação bíblica ou a certeza de que uma promessa seria mantida
era um juramento ou ainda a morte daquele que fez a aliança. "Os termos
juramento e aliança são sempre usados como sinônimos no AT, assim como os
termos juramento e tratado nos textos extrabíblicos" esta é a conclusão de
Gene M. Tucker ("Covenant Forms and Contract Forms", VT, XV [1965],
p. 497). Uma aliança no AT era, em sua essência, um juramento, um acordo
solene. DEUS confirmou a aliança Mosaica através de um juramento mencionado em
Deuteronômio 29.12ss. O juramento... "que o Senhor, teu DEUS, hoje faz
contigo" (cf. Dt 32.40; Ez 16.8; Nm 10.29). As partes que faziam a aliança
deveriam se tornar como os mortos, de maneira que não poderiam mais mudar de
ideia e revogá-la, assim como os mortos também não poderiam fazer (Gn 15.8-18;
Hb 9.16,17). Assim, o sangue dos animais substitutos sacrificados era espargido
na cerimónia de ratificação da aliança, para representar a "morte"
das partes (Êx 24.3-8). Os tratados hititas comuns na época de Moisés não
tinham como característica um juramento por parte do suserano; ao invés disso,
eles enfatizavam o juramento de lealdade por parte do vassalo.
(5) Testemunhas: Os tratados hititas apelavam para uma longa lista
de divindades como testemunhas dos documentos. No Sinai e em outras alianças
bíblicas, os deuses pagãos eram obviamente excluídos. Ao invés disso, memoriais
de pedra podiam ser uma testemunha (Êx 24.4; cf. Js 24.27); os céus e a terra
eram convocados como testemunhas (Dt 30.19; 31.28; 32.1; cf. 4.26); o livro da
lei (ou o rolo da lei) era depositado ao lado da arca com a finalidade de ser
uma testemunha (Dt 31.26); e o próprio cântico de Moisés lembraria ao povo os
votos que fizeram por ocasião da aliança (Dt 31.30-32.47). Na cerimónia de
renovação da aliança no final da vida de Josué, o próprio povo atuou como
testemunha (Js 24.22).
(6) A perpetuação da aliança. Esta podia ser vista no cuidado pela
segurança dos documentos do tratado, que no caso dos pagãos eram geralmente
depositados perante ou sob um deus pagão de uma nação que fazia parte do
tratado. Esta atitude poderia ser contrastada com as tábuas da aliança Mosaica,
colocadas dentro da arca da aliança em Israel (Êx 25.16,21; 40.20; Dt 10.2). As
alianças hititas e a aliança Mosaica eram lidas periodicamente em público, e as
crianças eram nelas instruídas. A lei era registrada em pedras caiadas (Dt
27.4), e lida em voz alta durante as cerimônias, como aconteceu quando as
bênçãos e maldições foram pronunciadas (estando a metade de Israel no Monte
Ebal e a outra metade no Monte Gerizim), depois de terem entrado na terra
prometida (Dt 27.9ss.; Js 8.30-35). A lei era lida integralmente e publicamente
a cada sete anos na Festa dos Tabernáculos (Dt 31.9-13). Chegou-se a várias
conclusões importantes como resultado da comparação da aliança Mosaica com os
antigos tratados de suserania daquela época: (a) DEUS falou a Israel de uma
forma conveniente ao seu propósito, mas que também fosse familiar ao povo
daquela época. Alguns dos detalhes mais apurados da forma até mesmo provam que
a aliança Mosaica deve ter sido estabelecida antes de 1200 a.C, porque os
tratados aramaicos e assírios do primeiro milênio a. C. não possuem vários dos
elementos característicos comuns aos hititas e à aliança do Sinai (veja
Meredith G. Kline, The Treaty of the Great King, p. 42ss.). (6) A forma
particular da aliança hitita em Deuteronômio nos leva a ver que a ênfase é
maior no significado da aliança do que em seu significado legal, (c) Estudos
mostram que as duas tábuas da lei não eram duas pedras com quatro mandamentos
na primeira e seis na segunda, mas duas cópias de pedra do mesmo tratado ou
aliança: uma para DEUS - mantida na arca -e outra para Israel. O mesmo
acontecia em todos os tratados hititas e assírios: duas cópias eram feitas, uma
para o rei do suserano e outra para o rei do vassalo. Certas diferenças importantes,
não devem, entretanto, passar despercebidas. A Aliança Mosaica, como feita por
DEUS, baseava-se no amor e na graça e não simplesmente em poder. Além disso,
ela tinha como objetivo a salvação dos eleitos de DEUS, e não a mera submissão
e obediência. Voltando ao significado e à importância espiritual dessa aliança,
podemos concluir que o elemento condicional é prioritário em relação ao
elemento incondicional. Será que está sendo ensinada a expressão "faze
isso e viverás" (cf. Lc 10.28) no sentido de que a vida eterna para o
crente do AT dependia de se guardar a lei de DEUS? Se fosse, as obras seriam de
valor meritório até que viesse a cruz! Ou será que DEUS queria dizer que
deveriam viver à luz da lei? O Senhor JESUS CRISTO, no Sermão do Monte, ensinou
esta segunda visão quando expôs vários mandamentos e disse: "Sede vós,
pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus" (Mt
5.48). Ele aplicou a lei com o propósito da contínua santificação do crente e
não para a sua justificação. Em Levítico 18.5 é feita a mesma aplicação da lei:
"Os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, fazendo-os o
homem, viverá por eles" (ou seja, naquele âmbito). Quando vemos que esta
aliança começa com a graça: "Eu sou o Senhor, teu DEUS, que te tirei da
terra do Egito, da casa da servidão" (Êx.20.2), e acrescentamos a isto uma
consideração dos fatos descritos acima, somos levados a vê-la como uma aliança
cheia de graça. A aliança Mosaica, então, torna-se tanto um aio que tem a
função de nos trazer a CRISTO, onde todos os tipos de aliança apontam para ele,
como um padrão para guiar o comportamento dos crentes do AT e dos cristãos.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 61-64.
Os Pacto. Enumerados
1. O pacto edênico (ver Gên, 1:26-28). Esse pacto condicionava a
vida do homem em seu estado de inocência.
2. O pacto adâmico (ver Gên. 3:14-19). Esse pacto condicionava a
vida do homem após a queda, dando-lhe a promessa da redenção.
3. O pacto Noaico (ver Gên. 9:1 e ss). Esse pacto estabeleceu o princípio
do governo humano.
4. O pacto abraâmico (ver Gên. 15:8). Esse pacto diz respeito à
fundação física e espiritual de Israel, impondo condições aos que quisessem
pertencer ao Israel espiritual.
5. O pacto mosaico (ver Êxo, 19:25; 20:1-24:11 e 24:12-31:18). A
lei foi dada, supostamente como meio de vida, mas terminou por ser o motivo da
morte e da condenação,
6. O pacto palestiniano (ver Deut. 28-30). Esse prometeu a
restauração de Israel no tempo devido.
7. O pacto Davídico (ver H Sam. 7:8-17). Esse pacto estabeleceu a
perpetuidade da família e do reino Davídico, cumprido em CRISTO como Rei (ver
Mat. 1:1; Luc. 1:31-33; Rom. 1:3). Isso inclui o reino milenar (ver H Sam.
7:8-17; Zac. 12:8; Luc. 1:31,33; Atos 15:14-17; I Cor. 15:24), que tipifica o
reino eterno de CRISTO.
8. O novo pacto. Esse repousa sobre a obra sacrificial e sacerdotal
de CRISTO, tendo por fito garantir a bênção eterna e a salvação para os homens.
Apesar dos homens não poderem produzir nada que esse pacto exigia, por si
mesmos, a verdade é que ele está condicionado à fé e à outorga da alma nas mãos
de CRISTO. O trecho de Heb. 10:19 - 12:3 é, essencialmente, uma descrição de
como esse novo pacto é melhor.
Ê o pacto mosaico que está em foco no trecho de Heb. 8:6,
contrastado com o novo. Fazia exigências impossíveis aos homens,
transformando-os em escravos. Mas não era capaz de dar-lhes a força para
viverem à altura dessas exigências. Portanto. o pacto baseado na lei estava
condenado ao fracasso. No novo pacto foi dada a lei do ESPÍRITO de DEUS que
opera no coração e em que as operações intimas do ESPÍRITO garantem o
cumprimento das condições. Daí vem o sucesso desse novo pacto.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e
Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 6.
2. PREPARATIVOS.
No verão de 1446 a. C., depois do miraculoso Êxodo do Egito, foi
dada a Israel a quarta revelação testamentária de DEUS na história; cp. um
reconhecimento moderno crescente da historicidade mosaica (IDB, 1:719). O
particularismo do Vrith do Sinai envolvia agora sua nação inteira ao invés de
apenas uma mera família (Êx 19.5,6, vv. que afetam todas as formulações
subsequentes do b’rith, J. Muilenburg, VT, 9 [1939], 352). O grande grupo
envolvido, mais de dois milhões de pessoas, portanto, responde pela legislação
mosaica detalhada que se segue: tanto os requerimentos morais do testamento (Ne
9.13,14) quanto as formas de obediência cerimonial que formam o ritual do
Tabernáculo, que se tomou o santuário testamental. Deuteronômio 7.7,8 e 9.4-6
baseiam o b’rith no amor de DEUS, sua graça livre. Essa bondade do testamento
foi única para a fé de Israel, preservando a humildade por parte dos herdeiros
e checando tendências na direção de distorções legalistas, ou na direção de
qualquer equivalência necessária de DEUS com os interesses nacionais. O Sinai,
portanto, não foi essencialmente uma aliança de condicional obras...
Israel, entretanto, não guardou o testamento (SI 78.10,37; Ne
9.17). Quarenta anos mais tarde DEUS ordenou que Moisés fizesse uma renovação
do Vrith, na Planície de Moabe, pouco antes da entrada da nova geração em Canaã
(Dt 29.1). Tais repetições e renovações eram a característica dos tratados
suseranos hititas do “Novo Império”, este período de 1400-1200 a. C. De fato,
assim como o Decálogo, com sua forma de discurso “Eu-tu” e alusões a benefícios
passados concedidos (Ex 20.2; cp. BA, 17 [1954], 63, 64) está em íntimo
paralelo aos tratados suseranos, assim todo o presente livro de Deuteronômio
corresponde a seis seções básicas das alianças hititas.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora
Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 209-210
Resumo do capítulo. Após três meses de jornada, os israelitas
acampam em frente ao monte Sinai (19.1, 2). Lá DEUS propõe fazer um pacto com o
povo oferecendo-lhe muitos benefícios. No entanto, obriga-os a obedecer-lhe (w.
3-6). O povo concorda imediatamente (w. 7, 8). Preparações são feiras para a
aparição de DEUS no Sinai (w . 9-15). Quando o dia indicado chega, o Senhor
desce ao topo da montanha em fogo, acompanhado de trovão, relâmpago e um
terrível tremor de terra (vv. 16-19). A impressionante apresentação denota a
santidade de DEUS. O Todo-Poderoso faz a advertência de que ninguém, além de
Moisés, deve aproximar-se da montanha na qual a presença Senhor agora permanece
(w. 20-25). O cenário está então preparado para a revelação da Lei, cujos
padrões religiosos e morais, se praticados, moldarão Israel em um justo e santo
povo refletindo o caráter de DEUS.
RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma
análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Editora
CPAD. pag. 62.
Preparação para o Pacto (19.1-25)
Agora os israelitas tinham chegado ao monte Sinai. Ali eles
permaneceram, pelo resto dos eventos registrados no trecho compreendido entre
Êxodo 19.1 e Números 10.10. Estiveram ali pelo período de onze meses e seis
dias, desde o décimo quinto dia do terceiro mês de seu primeiro ano de jornadas
(ver Êxo. 12.2,6 e 19.1) até ao vigésimo dia do segundo mês de seu segundo ano
de jornadas (Núm. 10.11). Ao receber a lei de Moisés, o povo de Israel
tornou-se uma virtual teocracia, ganhando assim a característica distintiva que
fez deles o povo de Israel. Desse modo, o Pacto Abraâmico estava adquirindo
novas dimensões. Israel era agora a nação consagrada à lei, porquanto aquilo
que o evangelho é para a Igreja, a lei o é para Israel. Somente em CRISTO o
Pacto Abraâmico receberia ainda maiores dimensões e espiritualidade do que
recebeu com Moisés. Gál. 3.14 ss.
A redenção da servidão ao Egito tinha sido completa; muitos
milagres tinham levado Israel até àquela parada prolongada, no Sinai. Naquele
lugar, um novo pacto seria estabelecido que tornaria Israel a nação distintiva
em que ela se tornou. A lei de Moisés era a constituição de Israel, a base do
estado teocrático, sob Yahweh, o DEUS único e verdadeiro. Ficou assim
estabelecido, de modo absoluto, o monoteísmo, se porventura isso já não tinha
acontecido antes.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 382.
3. O CONCERTO DO SINAI.
Aliança Mosaica ou do Sinai. Nesta aliança vemos o surgimento de um
novo fator, de uma forma particular. A aliança Abraâmica era muito simples e
direta, a Mosaica, mesmo sendo direta, era muito mais complexa, empregava a
forma contemporânea das alianças de suserania e vassalagem em voga no antigo
Oriente, onde o grande senhor ou suserano ditava um acordo para os seus
vassalos ou servos. Um recente estudo dos tratados ou alianças hititas da
metade do segundo milênio a.C., revelou que existia uma forma paralela entre
estas e a aliança de DEUS com Israel, e cada uma continha seis elementos.
(1) Um Preâmbulo: "Eu sou o Senhor, teu DEUS" (Ex 20.2a),
identificava o autor da aliança, e correspondia a cada introdução como
"Estas são as palavras do filho de Mursilis, o grande rei, e rei da terra
de Hati, o valente, o filho favorito do deus do trovão etc..." (ANET, p.
203).
(2) Um prólogo histórico: "...que te tirei da terra do Egito,
da casa da servidão" (Êx 20.2). Em Deuteronômio, que é a segunda dádiva da
aliança e da lei, o prólogo histórico se expandia amplamente a fim de abranger
o modo como DEUS levou Israel pelo deserto até aos limites da terra prometida
(Dt 1.6-4.49). Moisés está repetindo e expandindo a aliança dada no Sinai, para
atualizá-la e preparar Israel para a entrada na terra prometida. Nas alianças
hititas, o suserano dominador lembrava ao governante vassalo (o governante
subjugado) os benefícios que ele desfrutara até o momento como vassalo de seu
reino, como a base para a sua gratidão e obediência futura.
(3) As estipulações ou obrigações exclusivas da aliança: "Não
terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura...^Não
te encurvarás a elas nem as servirás" (Êx 20.3-5). Uma típica aliança
hitita foi registrada da seguinte forma: "Mas tu, Duppi-Tessub permaneça
leal ao rei da terra de Hati... Não volte os seus olhos para mais ninguém"
(ANET, p. 204). Em sua primeira forma em Êxodo 20, a aliança começa com os Dez
Mandamentos e continua ao longo de Êxodo 31. Em Deuteronômio, ela começa com a
lei no cap. 5 e continua pelo cap. 26.
i4) Sanções, a saber, bênçãos e maldições que acompanham a
manutenção ou o rompimento da aliança. Em sua primeira promulgação no Êxodo,
estas sanções estão vinculadas, na aliança Mosaica, aos Dez Mandamentos; por
exemplo: "Visito a maldade... e faço misericórdia" (Êx 20.5,6); e,
"Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na
terra" (Êx 20.12). Além disso, mais sanções e advertências são dadas com a
promessa de direção e proteção pela presença de DEUS (Êx 23.20-33; para mais
bênçãos e maldições, veja Levítico 26). Mas em Deuteronômio há dois capítulos
de bênçãos e maldições que devem ser lidos publicamente e expostos na cerimónia
de renovação da aliança (27 e 28), seguidos pela conhecida aliança Palestina
(29-30). Bênçãos e maldições também eram escritas nos tratados da Ásia
ocidental. A confirmação bíblica ou a certeza de que uma promessa seria mantida
era um juramento ou ainda a morte daquele que fez a aliança. "Os termos
juramento e aliança são sempre usados como sinônimos no AT, assim como os
termos juramento e tratado nos textos extrabíblicos" - esta é a conclusão
de Gene M. Tucker ("Covenant Forms and Contract Forms", VT, XV
[1965], p. 497). Uma aliança no AT era, em sua essência, um juramento, um
acordo solene. DEUS confirmou a aliança Mosaica através de um juramento mencionado
em Deuteronômio 29.12ss. O juramento... "que o Senhor, teu DEUS, hoje faz
contigo" (cf. Dt 32.40; Ez 16.8; Nm 10.29). As partes que faziam a aliança
deveriam se tornar como os mortos, de maneira que não poderiam mais mudar de
ideia e revogá-la, assim como os mortos também não poderiam fazer (Gn 15.8-18;
Hb 9.16,17). Assim, o sangue dos animais substitutos sacrificados era espargido
na cerimónia de ratificação da aliança, para representar a "morte" das
partes (Êx 24.3-8). Os tratados hititas comuns na época de Moisés não tinham
como característica um juramento por parte do suserano; ao invés disso, eles
enfatizavam o juramento de lealdade por parte do vassalo.
(5) Testemunhas: Os tratados hititas apelavam para uma longa lista
de divindades como testemunhas dos documentos. No Sinai e em outras alianças
bíblicas, os deuses pagãos eram obviamente excluídos. Ao invés disso, memoriais
de pedra podiam ser uma testemunha (Êx 24.4; cf. Js 24.27); os céus e a terra
eram convocados como testemunhas (Dt 30.19; 31.28; 32.1; cf. 4.26); o livro da
lei (ou o rolo da lei) era depositado ao lado da arca com a finalidade de ser
uma testemunha (Dt 31.26); e o próprio cântico de Moisés lembraria ao povo os
votos que fizeram por ocasião da aliança (Dt 31.30-32.47). Na cerimónia de
renovação da aliança no final da vida de Josué, o próprio povo atuou como
testemunha (Js 24.22).
(6) A perpetuação da aliança. Esta podia ser vista no cuidado pela
segurança dos documentos do tratado, que no caso dos pagãos eram geralmente
depositados perante ou sob um deus pagão de uma nação que fazia parte do
tratado. Esta atitude poderia ser contrastada com as tábuas da aliança Mosaica,
colocadas dentro da arca da aliança em Israel (Êx 25.16,21; 40.20; Dt 10.2). As
alianças hititas e a aliança Mosaica eram lidas periodicamente em público, e as
crianças eram nelas instruídas. A lei era registrada em pedras caiadas (Dt
27.4), e lida em voz alta durante as cerimônias, como aconteceu quando as
bênçãos e maldições foram pronunciadas (estando a metade de Israel no Monte
Ebal e a outra metade no Monte Gerizim), depois de terem entrado na terra
prometida (Dt 27.9ss.; Js 8.30-35). A lei era lida integralmente e publicamente
a cada sete anos na Festa dos Tabernáculos (Dt 31.9-13). Chegou-se a várias
conclusões importantes como resultado da comparação da aliança Mosaica com os
antigos tratados de suserania daquela época: (a) DEUS falou a Israel de uma
forma conveniente ao seu propósito, mas que também fosse familiar ao povo
daquela época. Alguns dos detalhes mais apurados da forma até mesmo provam que
a aliança Mosaica deve ter sido estabelecida antes de 1200 a. C, porque os
tratados aramaicos e assírios do primeiro milênio a. C. não possuem vários dos
elementos característicos comuns aos hititas e à aliança do Sinai (veja
Meredith G. Kline, The Treaty of the Great King, p. 42ss.). (6) A forma
particular da aliança hitita em Deuteronômio nos leva a ver que a ênfase é
maior no significado da aliança do que em seu significado legal, (c) Estudos
mostram que as duas tábuas da lei não eram duas pedras com quatro mandamentos
na primeira e seis na segunda, mas duas cópias de pedra do mesmo tratado ou
aliança: uma para DEUS mantida na arca e outra para Israel. O mesmo acontecia
em todos os tratados hititas e assírios: duas cópias eram feitas, uma para o
rei do suserano e outra para o rei do vassalo. Certas diferenças importantes,
não devem, entretanto, passar despercebidas. A Aliança Mosaica, como feita por
DEUS, baseava-se no amor e na graça e não simplesmente em poder. Além disso,
ela tinha como objetivo a salvação dos eleitos de DEUS, e não a mera submissão
e obediência. Voltando ao significado e à importância espiritual dessa aliança,
podemos concluir que o elemento condicional é prioritário em relação ao
elemento incondicional. Será que está sendo ensinada a expressão "faze
isso e viverás" (cf. Lc 10.28) no sentido de que a vida eterna para o
crente do AT dependia de se guardar a lei de DEUS? Se fosse, as obras seriam de
valor meritório até que viesse a cruz! Ou será que DEUS queria dizer que
deveriam viver à luz da lei? O Senhor JESUS CRISTO, no Sermão do Monte, ensinou
esta segunda visão quando expôs vários mandamentos e disse: "Sede vós,
pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus" (Mt
5.48). Ele aplicou a lei com o propósito da contínua santificação do crente e
não para a sua justificação. Em Levítico 18.5 é feita a mesma aplicação da lei:
"Os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, fazendo-os o
homem, viverá por eles" (ou seja, naquele âmbito). Quando vemos que esta
aliança começa com a graça: "Eu sou o Senhor, teu DEUS, que te tirei da
terra do Egito, da casa da servidão" (Êx.20.2), e acrescentamos a isto uma
consideração dos fatos descritos acima, somos levados a vê-la como uma aliança
cheia de graça. A aliança Mosaica, então, torna-se tanto um aio que tem a função
de nos trazer a CRISTO, onde todos os tipos de aliança apontam para ele, como
um padrão para guiar o comportamento dos crentes do AT e dos cristãos.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 63-64.
O Pacto Mosaico. As alianças bíblicas (brit) fazem declarações
sobre o que DEUS pretende ou está comprometido a fazer. Ao mesmo tempo em que
Moisés ou o Pacto da Lei compartilham essa característica essencial com outros
pactos bíblicos, eles são também diferentes entre si. A aliança original que
DEUS fez com Abraão continha um número de declarações “E far-te-ei'\ feitas
pelo Senhor (Gn 12). Foram dadas a essas promessas força legal e formal em um
pacto de sangue (Gn 1 5). Nessa época, DEUS fez Abraão adormecer, e o Senhor
passou sozinho entre as partes dos animais sacrificados. O Senhor, então,
demonstrou que manteria as promessas feitas a Abraão não importando o que ele
fizesse.
Outras alianças, tais como a de Davi (>>p. 370) e a Nova
Aliança { » p . 466), são também compromissos unilaterais. DEUS fará o que
prometeu independente da forma como o homem se comporte.
O que distingue a Aliança (Lei) Mosaica é o que DEUS declara que
fará dependendo de como o seu povo se comportará. O povo de DEUS será abençoado
e protegido se amar e obedecer ao Senhor. Se, por outro lado, o povo de DEUS
desviar-se para cultuar divindades pagãs e abandonar os caminhos corretos,
então o Todo-Poderoso o disciplinará e o punirá. Somente aqui o que DEUS fizer
será em resposta às escolhas de Israel.
Há outras diferenças entre o Pacto Mosaico e os outros. Os outros
tratam do que DEUS fará no final da história. Este pacto refere-se ao que DEUS
fará a cada geração enquanto a história se desenrola. Os outros são pactos permanentes.
O Mosaico é um pacto temporário, valendo somente até JESUS, o Redentor
prometido (G13.1 5-25). Hoje o DEUS da Lei do AT continua a revelar a natureza
santa do Senhor e seus padrões morais. Entretanto, hoje o SANTO ESPÍRITO de
DEUS nos capacita a ter uma vida de amor que cada vez mais demonstre
perfeitamente o caráter do nosso Senhor. >>p. 759.
RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma
análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Editora
CPAD. pag. 62.
O conteúdo essencial desta passagem é um convite para um encontro
com o Senhor em Sinai, para obedecer à sua voz e para entrar em um
relacionamento pactuai com ele (cf. v. 4 e s.). Desta forma, este parágrafo
resume bem a totalidade dos capítulos 19-24; o encontro com Yahweh (19), a lei
de DEUS (20-23) e a confirmação do pacto (24).
Ouvirdes a minha voz pode indicar para 20:1: “Então falou DEUS
todas estas palavras.” A observância do pacto sugere as estipulações do pacto
em forma legal, encontradas em Êxodo 21:1 e ss. (isto é, a totalidade do Livro
do Pacto, 20:22-23:36). Guardardes (shamar) significa conservar ou
encarregar-se de algo, como um jardim (Gên. 2:15), da arca (I Sam. 7:1) ou de
propriedade em confiança (22:7); conservar ou reter, como no armazenamento de
alimentos (Gên. 41:35); cumprir as obrigações ou desempenhar um cargo (Núm.
3:7-10); mas também, como neste contexto, guardar o pacto do Senhor (cf. Deut.
29:9; I Reis 11:11).
Tudo o que o Senhor tem falado, faremos.
A reação de Israel consiste em paralelo tão direto à de Êxodo
24:3,7, ao ponto de levar o leitor a chegar à conclusão de que o trecho de
19:1-7 ê um retrato em miniatura do complexo mais amplo de eventos descritos
nos capítulos 19-24. Esta frase soa como se fosse uma reação litúrgica a
estipulações apresentadas ao povo durante um período de adoração. Contudo, esta
frase específica é limitada al9:7e24:3,7. Ela não ocorre em passagens
litúrgicas, como os Salmos ou outras porções da Lei ou dos Profetas.
Ezequiel usou, porém, quase a mesma frase como meio de sublinhar o cumprimento
certo de atos particulares do Senhor: “Eu, o Senhor, o disse, e o
farei”(17:24).
All-Com Allen, Clifton
J., ed. ger. Comentário Bíblico Broadman. Editora
JUERP. pag. 481.
4. O LIVRO DO CONCERTO.
O ..livro da aliança.. (no hebraico, aepher habberit) foi lido por
Moisés como a base do pacto de Yahweh com Israel (Êxo. 24:7). Não há certeza
sobre que livro era esse, mas, provavelmente, era ou incluía o decálogo, isto
é, Êxodo 20:2-17. Entretanto, a expressão também foi aplicada a Êxodo 20:22 22:
33. Em 11 Reis, a expressão refere-se à lei deuteronômica como um todo. Seja
como for, estamos tratando da mais antiga codificação da lei de Israel, que
consiste em juízos (mispatim) e estatutos (debarim). Os juízos eram mandamentos
positivos:
...faze isto..... e os estatutos eram mandamentos negativos:
..Não... Também havia provisões chamadas leis participiais, porquanto, no
hebraico, são expressos por algum verbo no tempo particípio: Fazendo isto ou
aquilo, morrerá..... grosso modo, podemos dizer que o ..livro da aliança.. são
o decálogo, com seus comentários e implicações.
Um código, similar quanto. a certos pontos, é o de Hamurabi, embora
ali os homens estivessem divididos em três classes: a aristocracia, a classe
comum dos cidadãos e os escravos. E as leis eram bastante desiguais, quando
aplicadas a essas três classes. Algumas das provisões, porém, eram idênticas,
como, para exemplificar, a sentença de morte contra o sequestro. (Êxo, 21:16;
Deu. 24:7; Código de Hamurabi, n? 14). Quanto ao furto, as leis hebraicas não
requeriam a morte, e o código de Hamurabi requeria a punição capital, embora
com o tempo, isso fosse relaxado para o roubo de objetos religiosos ou de
propriedades do estado, posteriormente, foi requerida uma sêxtupla devolução.
Ambos esses códigos permitiam que as dívidas fossem saldadas mediante a
servidão, havendo provisões para a redenção, a fim de que os cidadãos não se
tomassem escravos permanente Êxo, 21:2-11; Deu. 15:12-18; Código de Hamurabi
nos. 117-119. A lei de Talião, em face da qual o castigo aplicado correspondia
exatamente ao dano praticado, era aplicada de forma um tanto mais dura no
código de Hamurabi (n? 198), do que na lei mosaica. Diz Êxodo 21:23-25: «Mas se
houver dano grave, então darás vida por vida, olho por olho, dente por dente,
mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento,
golpe por golpe... O povo comum e 'os escravos eram menos protegidos nas leis
babilônicas do que na lei mosaica. Um pastor que perdesse uma ou várias
ovelhas, tinha de fazer reparação em valores, de acordo com o Código de
Hamurabi n? 267. A lei. mosaica (Êxo. 22:10-13) era mais suave, porquanto
admitia perdas que não se deviam à culpa do pastor, como o ataque de algum
animal feroz. Nesses casos, bastava-lhe fazer um juramento de sua inocência, e
nada precisava pagar. Essas e outras comparações demonstram que o Código de
Hamurabi, bem como outras legislações existentes na região, juntamente com as
leis do Antigo Testamento, estavam alicerçadas sobre algum fundo comum de leis.
Mas, em diversas provisões, as leis do Antigo Testamento elevaram os padrões,
injetando um maior espírito de misericórdia do que outros códigos, (BRI)
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e
Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 869.
LIVRO DA ALIANÇA
O livro da Aliança inclui vários estatutos (ou julgamentos) para o
povo de Israel (para o termo estatuto, leia Êx 21.1). Novamente, percebemos a
má divisão de capítulos. 0 capítulo novo deveria começar em Êxodo 20.22.
Estes três capítulos (Êx 21— 23) apresentam vários estatutos e
instruções a respeito dos seguintes tópicos:
1) as instruções relativas ao altar do Senhor (Êx 20.22-26);
2) normas a respeito dos servos e dos escravos (Êx 21.1-11);
3) preceitos acerca de ações violentas (Êx 21.12-27);
4) instruções que fazem alusão aos animais (Êx 21.28-36);
5) instruções a respeito de propriedade (Êx 22.1-15);
6) uma variedade de normas acerca de comportamento pessoal (Êx
22.16-31);
7) instruções relativas à justiça equilibrada (Êx 23.1-9);
8) normas que falam do sábado (Êx 23.10-13). Após todos esses
preceitos, há dois conceitos anexos:
9) as instruções acerca das três festas anuais (Êx 23.14-19); e 10)
a promessa do Anjo de Yahweh e a conquista da terra (Êx 23.20-33).
Algumas vezes esta seção é chamada de “o Livro da Aliança” (Êx
24.7,8). Alega-se, frequentemente, que estas passagens são os mais antigos
códigos de lei na Bíblia. Quando estudiosos estabelecem tal asserção, baseiam o
seu conceito na ideia de que as leis na Bíblia aumentaram gradativamente e não
se chegou a sua completude até aproximadamente mil anos após a época em que
Moisés viveu. Contudo, seria melhor descrevê-lo como uma coleção de estatutos
diversos que Moisés organizou para as pessoas no princípio de sua experiência
no monte Sinai. Com o passar do tempo na vida do profeta, ele teria adicionado
outras seções ao livro de Êxodo, algumas das quais ele acrescentou a estas
prévias passagens mencionadas no parágrafo anterior.
EarI D. Radmacher:
Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo
Comentário Bíblico Antigo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 174.
ALIANÇA, O LIVRO DA (o livro da Aliança, usado em Ex 24.7 e 2Rs
23.2; referência geral à Lei de Moisés).
Êxodo 20 a 23, comumente chamado o Livro da Aliança, contém além
dos Dez Mandamentos uma série de leis, a maioria das quais começa com a palavra
“se” no texto em português. Estas leis expressam casos típicos particulares da
legislação familiar, econômica e criminal comuns não apenas aos hebreus, mas a
muitos povos antigos do Oriente Próximo. A maioria delas é o que os juristas
chamam de leis casuísticas. O famoso estudioso de Leipzig, Albrecht Alt,
observou dois tipos principais de legislação no Pentateuco. O primeiro ele
chamou de apodíctico, isto é, leis que são absolutas e universais como os Dez
Mandamentos (Êx 20; Dt 5); e o segundo são aquelas que surgem das necessidades
de um dado ambiente cultural. Existem sobreposições, é claro, mas em sua maior
parte o texto de Êxodo 21—23 contém a lei casuística. Não é necessário seguir
Alt completamente para perceber que ele está essencialmente correto nesta
observação. O leitor precisa apenas estudar a tradução do Código de Hamurabi
(ANET, pp. 163-180) para ver que tanto na forma como no conteúdo existem
similaridades surpreendentes com o Livro da Aliança. O formato usual é o que se
segue: “Se um homem fizer tal coisa e o houver tal resultado, então esta é a
lei”. Por exemplo, Êxodo 21.26, “Se alguém ferir o seu escravo ou sua escrava
no olho e o cegar, terá que libertar o escravo como compensação pelo olho”. Uma
lei similar no código de Hamurabi diz: “Se um homem destruir o olho de um
membro da aristocracia, eles destruirão o seu olho” (ANET p. 175, no. 196). O
formato é o mesmo, mas existe uma diferença significativa nas duas leis.
O Código de Hamurabi tem três classes de homens: a aristocracia, o
homem do povo, e o escravo. Este sistema era altamente injusto como pode ser
visto pela lei 198, onde um aristocrata precisava pagar apenas uma mina de
prata por cegar o olho de um escravo. A Lex Talionis (lei do dente) (Êx
21.24,25) “olho por olho, dente por dente”, longe de expressar uma retribuição
severa, estava na verdade apresentando o princípio superior da justiça
imparcial debaixo da lei, um conceito ausente nos códigos anteriores. JESUS, no
Sermão do Monte (Mt 5.38-42), não estava contradizendo esta lei em seu
propósito original, mas estava se opondo à aplicação farisaica errada. Nunca
foi pretendido que a lei fosse usada como um guia para os relacionamentos
interpessoais diários, mas foi dada para garantir justiça imparcial para todos,
diante dos juízes.
Embora existam muitas semelhanças entre o Livro da Aliança e o
Código de Hamurabi, existem também diferenças marcantes. A sentença para o
rapto é a mesma, i.e., a morte (cp. Êx21.16;Dt24.7 e código de Hamurabi no.
14), mas as leis hebraicas acerca do roubo nunca requeriam a pena de morte,
simplesmente uma restituição (Êx 22.1-4). O Código de Hamurabi mostra uma
evolução da pena de morte para a pena de morte apenas por roubo contra a igreja
ou o estado, e finalmente uma restituição sêxtupla ou uma multa (ANET p. 166,
n. 45).
Ambos os códigos permitem que as dívidas possam ser pagas mediante
a servidão e ambos oferecem direitos de redenção e vários tipos de proteção
contra a escravidão permanente de cidadãos (Êx 21.2-11; Dt 15.12-18 e Código de
Hamurabi n° 117-119, ANET p. 170). No caso de bens ou cereais que foram
confiados a outra pessoa para que os guardassem e fossem subsequentemente
roubados, os dois códigos lidam com os casos de forma quase idêntica. Ambos
requerem restituição dobrada do ladrão ou do dono do armazém, se condenado (Êx
22.7-9, Código de Hamurabi n° 120, ANET p. 171).
O Código de Hamurabi pede uma simples restituição do pastor
descuidado que permitiu que alguma doença sobreviesse às ovelhas (n° 267). A
Bíblia é mais flexível permitindo que o pastor ou guardião fizesse um juramento
acerca de sua própria inocência, especialmente no caso de animais domésticos
que eram feridos por feras selvagens (Êx 22.10-13).
Ambos os códigos lidam com o caso do aborto causado por um
ferimento intencional. Êxodo 21.22-25 permite que restituição seja feita de
acordo com um acordo justo entre o marido e o réu que parece sugerir que um
preço poderia ser pago por um feto perdido. Mas se “houver mais danos”, isto é,
se a esposa também for ferida ou morta, então o Lex Talionis deve ser aplicado
pelo juiz. O Código de Hamurabi é mais específico e determina dez moedas como o
preço para um feto perdido e afirma que “se a mulher morre, então eles devem
matar a filha do réu”. A lei bíblica exigiria a punição capital do próprio réu,
por ser assassino. Além disto, no sistema babilónico o feto de um plebeu valia
apenas cinco moedas de prata, e se a esposa do plebeu morresse meia mina era um
pagamento suficiente. O feto e a esposa de um escravo tinham valores ainda
menores.
As leis codificadas do Antigo Oriente Próximo eram um reflexo das
leis comuns prevalecentes na época naquela parte do mundo. O Livro da Aliança
extrai desse reservatório, mas sob a inspiração divina elevou os padrões e
incluiu princípios de justiça e misericórdia não naturais àquelas leis escritas
anteriores, embora a glória coroada da lei israelita seja o padrão ético
superior chamado de Decálogo (Êx 20; Dt 5).
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora
Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 223-224.
IV – O SACRIFÍCIO
1. OS HOLOCAUSTOS
Essa palavra vem do grego hol «inteiro». E kautoI. «queimar». A
Septuaginta usa essa palavra para. traduzir o termo hebraico olah, que
significa «trazido a DEUS». Um sinônimo, kalil, significa «queima completa»,
referindo-se ao consumo dos sacrifícios em sua totalidade, incluindo os órgãos
internos, a gordura e tudo o mais, até tudo tornar-se em cinzas. A olah era
oferecida como expiação pelo pecado. Outros sacrifícios expiavam pelos pecados
particulares, mas a olah visava a uma expiação geral (Vide). Os holocaustos, no
decorrer da sua história eram efetuados privada e publicamente. Posterior:
mente transformaram-se na tamid diária, o grande sacrifício nacional, em favor
de toda a nação de Israel. Essa cerimônia é que deu origem à oração judaica
diária, que prevalece no judaísmo moderno.
Em um sentido secundário, o termo é usado para indicar qualquer
grande e terrível destruição, como a destruição de seis milhões de judeus, por
determinação de Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial. Qualquer grande
destruição, sem importar a sua causa, pode ser assim denominada.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e
Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 150.
SACRIFÍCIOS
Termos e Procedimentos
Os termos hebraicos básicos do AT para a oferta sacrificial são:
(1) minha, "presentes" (2 Cr 32.23; Jz 6.18), "oferta" (Gn
4.3-5; Nm 5.15-26), "oblação ou oferta de manjares" (1 Rs 18.29,36),
presente oferecido à divindade; (2) qorban, "oferta" (Lv 1.2 etc),
aquilo que é trazido para perto (cf. Mc 7.11); (3) zebah,
"sacrifício" (Gn 31.54; Êx 10.25; 12.27; 23.18 etc), animal morto (de
zabah, "matar para o sacrifício"), cujos restos podiam ser ingeridos
pelo ofertante como um ato de comunhão com seu deus (Dt 12;27), chamado de
sacrifício como oferta pacífica (Lv 3); (4) 'ola, "holocausto" ou
"oferta queimada" (Gn 8.20; 22.2-13) que se eleva como agradável
aroma, oferta queimada ao Senhor (Êx 29.25), que é reduzida a cinzas (Lv 6.10)
a fim de torná-la uma oferta irrevogável e lhe dar uma forma espiritual ao
elevar-se do altar como fumaça em direção a DEUS; (5) 'asham "oferta pela
culpa ou expiação" (Lv 5.6), "oferta pelo pecado", sacrifício de
sangue realizado para a expiação dos pecados, que são infrações da fé contra
DEUS e o homem, e resultam em uma culpa tão grande que exige a pena de morte,
usada como uma referência ao sacrifício vicário de CRISTO (Is 53.10); (6)
hatta't, "sacrifício pelo pecado" (Êx 29.14,36; Lv 4), um sacrifício
de sangue feito para expiar pecados involuntários. Em hebraico, os dois
primeiros termos estão combinados (qorban minha) para dar a ideia de uma
oblação ou oferta de manjares (cereais; Lv 2). Essa oferta geralmente assumia a
forma de bolos asmos perfurados (hallot) feitos de fina farinha misturada com
azeite e temperada com sal, ou de panquecas delgadas (fqiqim) cobertas com
azeite. Também podia consistir em grãos recentemente colhidos, torrados e
cobertos com azeite e incenso, e queimados no altar. A oferta de manjares era
sempre acompanhada por uma oferta líquida ou libação de vinho (Êx 29.40,41; Lv
23.13,18; Nm 15.4-10; 28.1-31). Um termo mais geral é 'isheh, "oferta no
fogo", uma oferta consumida pelo fogo que incluía o sacrifício de animais
(Êx 29.18) e de bolos assados (Lv 2.11; 24.7). A n'daba, "oferta
voluntária", era oferecida como expressão de devoção, além de ser
completamente voluntária, como seu próprio nome determina (Lv 22.18-23); como
tal, o animal podia ser grande ou pequeno (v. 23). A oferta votiva (neder) era
uma espécie de oferta pacífica (Lv 7.15,16) apresentada por quem estava fazendo
o voto, ou quando o voto era feito (Nm 15.3; Jo 1.16). O termo zebah hattoda
era o "sacrifício de louvores" ou a "oferta de ação de
graças" (Lv 7.12,13; SI 50.14,23; 107.22; 116.17; Jr 17.26; Am 4.5), e uma
outra forma de oferta de paz que muitas vezes se tornava parte de uma refeição
de comunhão ingerida pelo adorador. No NT, a palavra grega mais comum para
"sacrifício" é thysia (Mt 9.13; Rm 12.1; Ef 5.2; Hb 7.27 etc), e vem
de thyo, "sacrificar" (At 14.13,18; 1 Co 5.7), "abater" (Mt
22.4; cf. Lc 15.23,27,30), "matar" (Jo 10.10). Com referência ao
sacrifício de CRISTO como o Cordeiro de DEUS, sphage foi a palavra usada para
"assassinato" (matadouro; Atos 8.32, citando Is 53.7). Um termo mais
genérico para "oferta" é prosphora (At 21.26; Rm 15.16; Ef 5.2; Hb
10.5,8,10,14,18) significando aquele que é levado à frente. O termo doron,
"dons" é usado na epístola aos Hebreus como um termo paralelo a
"sacrifícios" (Hb 5.1; 8.3,4; 9.9). De acordo com Levítico 1 e 3, o
ofertante, em primeiro lugar, "oferecia" ou "trazia"
(hiqrib, 1.3) seu animal no sentido de fazer com que ele se aproximasse (1.2, o
mesmo verbo hebraico) trazendo-o para o lado norte (1.11) do átrio do
Tabernáculo ou Templo. Em seguida, ele estendia (samak) sua mão sobre a cabeça
do animal, evidentemente para identificar-se com a oferta que iria
substituí-lo. Não se pode afirmar com certeza que esse ato também significava
uma transferência de pecado ou culpa. A vítima era "morta" ou
assassinada {shahat) pelo próprio adorador, exceto no caso dos sacrifícios
nacionais (Lv 16.15; 2 Cr 29.24). O sacerdote recolhia o sangue em uma bacia e
o espargia (zaraq), isto é, borrifava ou o lançava com as mãos (cf. o uso desse
verbo em Ex 9.8) contra o altar. A parte que sobrava do sangue era derramada
(shapak) na base do altar. Em seguida, o ofertante esfolava ou descarnava
(hiphshit) o animal e o cortava (natah) em pedaços, isto é, dividia-o pelas
juntas (Lv 1.6,12). Em todas as ocorrências, os rins, juntamente com sua
gordura, o fígado, as entranhas e toda a cauda de um novilho/bezerro (Lv 1.8;
3.3,4,9,10; 4.8-10; cf. Gn 4.4; 1 Sm 2.16) eram apresentados ao Senhor (em toda
oferta queimada não era necessário fazer distinções). O sacerdote "queimava"
(hiqtir) e "oferecia em fumaça" tudo isso no altar. Na oferta
queimada, todas as partes do animal, exceto a pele, eram igualmente queimadas
no altar. Na oferta pelo pecado, depois que a gordura e os rins eram removidos,
toda a carcaça, incluindo o couro, eram levados para fora do acampamento e
queimados (sarap, 4.11,12). No caso das ofertas pacíficas, as partes restantes
do animal abatido eram ingeridas pelos sacerdotes e pelos adoradores na
refeição do sacrifício; essa refeição era considerada uma forma de comunhão com
o Senhor (Dt 12.6,7; Êx 18.12; 24.5,11). Em Levítico 7.28-34, porções do
sacrifício das ofertas pacíficas eram especialmente reservadas para o sacerdote
e sua família, e eram chamadas de ofertas alçadas (tenupa) e ofertas movidas
(teruma). Essa última correspondia ao peito do animal e era assim chamada
porque era "movida", isto é, movia-se para frente e para trás em
direção ao altar como símbolo da apresentação da oferta a DEUS e a devolução,
feita por DEUS, ao sacerdote. Essa oferta foi reconhecida no termo ugarítico
snpt que ocorre no texto de um ritual que obedece a uma relação de sacrifícios
de paz - selem (BASOR #198 [1970], p. 42). A oferta alçada correspondia ao
ombro ou coxa direitos (shoq), alguma coisa que era levantada ou que se elevava
(do hebraico rum; veja o substantivo e o verbo em Números 15.20; 18.30,32) para
o Senhor, e que era separada como uma "contribuição" para Ele (Lv
7.14,32,34) para uso dos sacerdotes (Nm 18.8-19).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 1722-1723.
2. O SANGUE.
SANGUE (em grego, haima). O fluido vermelho que circula no corpo de
homens e animais significa o princípio da "vida" no AT (Gn 9.4; Lv
17.11; Dt 12.23). Como "a vida" está no sangue, o AT proibia comer
sangue ou carne sangrenta (Lv 3.17; Dt 12.16). Embora todos os alimentos tenham
sido purificados por CRISTO (Mc 7.18,19; At 10.13-15), essa proibição foi
aplicada aos gentios cristãos no decreto apostólico de Atos 15 em consideração
à consciência de seus irmãos judeus (At 15.19,20).
O sangue denota a origem física da vida humana (Jo 1.13; At 17.26)
e a expressão "carne e sangue" refere-se à fraqueza do homem, à
brevidade de sua vida e ao seu limitado conhecimento (Mt 16.17; Gl 1.16; 1 Co
15.44-50; Ef 6.12). Ele refere-se à natureza humana em Hebreus 2.14 onde CRISTO
participa plenamente de nossa condição humana, até o extremo de dar sua vida.
Derramar sangue significa tirar a vida de alguém com violência ou assassinato
(At 22.20; Rm 3.15). DEUS condena o derramamento de sangue dos justos e dos
inocentes (Gn 9.6; Pv 6.17; Mt 23.35; 27.4; Ap 6.10). Algumas vezes, a palavra
"sangue" é usada para a própria morte com derramamento de sangue (Mt
23.30; 27.24; Lc 11.51). Ter o sangue de outro homem nas mãos representa
carregar a culpa pela sua morte (2 Sm 1.16; 1 Rs 2.37; Pv 28.17).
Simbolicamente, Pilatos lavou as mãos para se livrar do sangue inocente de
JESUS, enquanto a multidão gritava "O seu sangue caia sobre nós e sobre
nossos filhos" (Mt 27.24,25). A traição de Judas trouxe "uma recompensa
por um ato sanguinário" (Arndt, p.22) e, com essa recompensa o "Campo
de sangue" foi comprado com dinheiro de sangue (Mt 27.6-8). O sangue
também desempenhou um papel significativo nas práticas religiosas do AT. Vale a
pena observar que o sangue não representava nenhum elemento básico nos
sacrifícios, nem tinha alguma função especial ou significado nos rituais de
quaisquer outros povos do antigo Oriente Próximo ou do Mediterrâneo (McCarthy,
"The Symbolism of Blood and Sacrifice"). O sistema de sacrifícios da
lei, baseado nos primitivos sacrifícios de animais do período patriarcal,
exigia a morte da vítima em nome do pecador e consistia na aspersão do sangue
ainda morno pelo sacerdote como prova de sua morte pela expiação dos pecados
(Lv 17.11,12). Nos sacrifícios, era exigida a morte da vítima para que sua vida
fosse oferecida a DEUS como substituto da vida do pecador arrependido. Dessa
maneira, o pecado era limpo ("coberto com sangue") e a culpa era
removida (Hb 9.22). Esse cenário forma a base para a presença do sangue de
CRISTO no NT. O derramamento do sangue de JESUS na cruz encerrou sua vida
terrena, pois Ele, voluntariamente, ofereceu-se para morrer em nosso lugar,
como o Cordeiro de DEUS que foi assassinado para nos redimir (1 Pe 1.18-20; Ap
5.6,9,12); e a aspersão desse sangue trouxe o perdão de todos os pecados dos
homens (Rm 3.25). Seguindo o padrão do Dia da Expiação dos judeus (Lv 16),
CRISTO é o nosso sacrifício expiatório (Hb 9.11-14; 1 Jo 2.2; Ap 1.5) e também
a nossa oferta pelo pecado (1 Pe 1.18,19; Ap 5.9). Assim como Moisés selou o
pacto entre DEUS e a antiga nação de Israel, no Sinai, com a aspersão de sangue
(Ex 24.8; cf. Hb 9.19-21), também o novo pacto de Jeremias (31.31-34) foi
selado pelo sangue de CRISTO (Hb 9.14,15; 10.14-19,29; 13.20). Ao instituir a
Ceia do Senhor, JESUS falou do cálice como "o Novo Testamento [ou
aliança]" no seu próprio sangue (1 Co 11.25; Lc 22.20; cf. Mc 14.24).
CRISTO também se referiu à grande oferta de paz, reconciliando
judeus e gentios (Ef 2.14-17) assim como todas as outras coisas através de seu
sangue (Rm 5.9,10; Cl 1.20). O pecador é libertado da escravidão do pecado
através da quitação (redenção) que foi comprada com o sangue de CRISTO (Ef 1.7;
Cl 1.14). Dessa maneira, a Igreja é descrita como tendo sido "resgatada
[ou comprada]" com o próprio sangue do Senhor JESUS CRISTO (At 20.28).
Pelo sangue de CRISTO, os cristãos foram justificados (Rm 5.9), libertos do
pecado (Ap 1.15), santificados (Hb 13.12) e serão eternamente redimidos (Ap
7.14,15). "Comer a carne e beber o sangue" de CRISTO é receber todos
os graciosos benefícios que sua morte e seu sangue vivificador podem
proporcionar ao crente (Jo 6.53-56).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 1557-1758.
Êxo 24.6 Metade do sangue. Metade do sangue dos sacrifícios, que
havia sido posto em receptáculos, a ser usado para aspergir o povo (vs. 8). A
outra meta- de foi aspergida sobre o altar. Temos aí o rito da ratificação,
selado a sangue. Por muitas vezes, o sangue fala de expiação; e, talvez, essa ideia
esteja incluída no rito, embora a noção principal tenha sido a ratificação
feita pelas duas partes interessadas: Yahweh, representado pelo altar, e o povo
de Israel, que foi aspergido.
Entre vários povos antigos havia pactos de sangue. Algumas vezes, o
sangue dos sacrifícios era sorvido pelas partes envolvidas no acordo. “DEUS e o
povo uniram-se em sagrado companheirismo. Houve uma refeição sagrada (vss.
9-11), que também servia de meio comum de estabelecimento dessa comunhão.
Provavelmente devemos pensar aqui em uma forma mais antiga, e que a aspersão do
sangue simbolizava aquilo que se fazia mais antigamente, ou seja, o sangue era
bebido”. A aversão de Israel ao uso de sangue como alimento não permitiria que
eles bebessem do sangue.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 411.
Como ele foi selado, pelo sangue do concerto, para que Israel
pudesse receber grandes consolações com a ratificação das promessas de DEUS a
eles, e pudesse estar sob grandes obrigações, pela ratificação das suas
promessas a DEUS. Desta maneira, a Sabedoria Infinita planejou meios para que
possamos ser confirmados, tanto na nossa fé, quanto na nossa obediência, para
que possamos ser encorajados no nosso dever, e motivados a ele. O concerto deve
ser feito com sacrifício (SI 50.5), porque, uma vez que o homem pecou, e perdeu
o favor do seu Criador, não pode haver comunhão pelo concerto até que haja
primeiro comunhão e expiação através dos sacrifícios.
(1) Antes, portanto, que as partes colocassem seus selos neste
concerto: [1] Moisés edifica um altar, para a honra de DEUS. Esta era a mesma
intenção de todos os altares que eram edificados. Honrar ao Senhor era a
primeira coisa a ser considerada no concerto que agora iriam selar. Nenhum
acréscimo à perfeição da natureza divina pode ser feito por qualquer das
tratativas de DEUS com os filhos dos homens, mas nelas as suas perfeições são
manifestadas e engrandecidas, e a sua honra é proclamada. Por isto Ele não será
representado por um altar, significando que tudo o que Ele esperava deles era que
o honrassem. Mas, sendo o seu povo, deveriam ser seus, por nome e louvor. [2]
Moisés erigiu “doze monumentos” (ou colunas), de acordo com o número das
tribos. Estes monumentos deveriam representar o povo, a outra parte do
concerto. E podemos supor que foram colocados em frente ao altar e que Moisés,
como mediador, passava de um lado a outro, entre eles. Provavelmente cada tribo
erigiu e conhecia o seu próprio monumento (ou coluna), e os seus anciãos
ficaram junto a eles. [3] Ele indicou os sacrifícios que deveriam ser
oferecidos sobre o altar (v. 5): Holocaustos e sacrifícios pacíficos, que
tinham o desígnio de serem expiatórios. Nós não devemos nos preocupar em
investigar quem eram estes jovens que foram empregados na oferta destes
sacrifícios. Pois o próprio Moisés foi o sacerdote, e o que eles fizeram foi
puramente como seus servos, por sua ordem e instrução. Sem dúvida, eram homens
que, pela sua força física, estavam capacitados para o serviço, e pela sua
situação entre o povo, eram os mais adequados para esta honra.
(2) Tendo sido feitos os preparativos, as ratificações foram feitas
de maneira muito solene. [1] O sangue do sacrifício oferecido pelo povo foi
(parte dele) espargido sobre o altar (v. 6), significando que o povo estava
dedicando a si mesmo, a suas vidas e existências a DEUS e à sua honra. No
sangue (que é a vida) dos sacrifícios, todos os israelitas foram apresentados a
DEUS, como sacrifícios vivos, Romanos 12.1. [2] O restante do sangue do
sacrifício que DEUS reconheceu e aceitou foi espargido sobre o próprio povo (v.
8), ou sobre os monumentos (ou colunas) que o representavam. Isto significava
que DEUS graciosamente concedia o seu favor a eles, e todos os frutos deste
favor, e que lhes dava todos os dons que podiam esperar ou desejar de um DEUS
reconciliado com eles, e em concerto com eles, através do sacrifício. Esta
parte da cerimônia foi explicada da seguinte maneira: “Eis aqui o sangue do
concerto”. Vejam aqui como o Senhor DEUS os selou, para que fossem um povo.
“Suas promessas a vocês, e as promessas de vocês a Ele são Sim e Amém”. Da
mesma maneira, o nosso Senhor JESUS, o Mediador do novo concerto (de quem
Moisés era um tipo), tendo se oferecido em sacrifício sobre a cruz, para que o
seu sangue pudesse, de fato, ser o sangue do concerto, espargiu-o sobre o altar
na sua intercessão (Hb 9.12). Ele o esparge sobre a sua igreja pela sua
Palavra, pelas suas ordenanças e pela influência e operações do ESPÍRITO da
promessa, por cujo intermédio somos selados. Ele mesmo pareceu aludir a esta
solenidade quando, na instituição da Ceia do Senhor, disse: “Este cálice é o
Novo Testamento (ou concerto) no meu sangue”. Compare com Hebreus 9.19,20.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 309.
Aqui é fornecida uma razão para esta lei (v. 11): “Porquanto é o
sangue que fará expiação pela alma”. E, por isto, é através do sangue que se
faz a expiação, porque a vida da carne é o sangue. O pecador merece a morte.
Por isto, o sacrifício deve morrer. Mas, sendo o sangue, de tal forma, a vida,
a ponto de que os animais normalmente eram mortos para o uso do homem, com a
extração de todo o seu sangue, DEUS recomendou o espargir ou o derramar do
sangue do sacrifício sobre o altar, para significar que a vida daquele
sacrifício era dada a DEUS, em lugar da vida do pecador, e como um resgate ou contraoferta
por ela. Por isto, sem derramamento de sangue não há remissão, Hebreus 9.22.
Por esta razão, eles não deveriam comer o sangue. Além disto: (1) Esta era,
então, uma razão muito boa. Pois DEUS, desta maneira, desejava preservar a
honra daquela forma de expiação que Ele tinha instituído, e conservar, na mente
do povo, uma consideração reverente por ela. Como o sangue do concerto era algo
perceptível, nenhum sangue devia ser comido ou pisoteado como algo comum, da
mesma maneira como eles não deviam ter unguento nem perfume iguais àqueles que
DEUS havia ordenado que eles fizessem para Ele.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 404-405.
sangue:
1. O sangue era considerado sagrado em si mesmo, sendo a sede da
vida biológica, de alguma maneira misteriosa (de acordo com a mente dos
hebreus), mas que não entendemos. Sabemos agora que a verdadeira vida é a alma;
mas a antiga teologia dos hebreus, conforme refletida no Pentateuco, não
dispunha de nenhuma doutrina da alma, embora ela fosse antecipada na doutrina
da “imagem de DEUS”, em Gên. 1.26,27. Em contraste com isso, Platão acreditava
que toda e qualquer vida é psíquica ou imaterial, e que os corpos físicos são
apenas veículos das várias espécies de vida, incluindo a vida humana. Na
teologia posterior dos hebreus, na época dos Salmos e dos Profetas, começou a
ser salientada a doutrina da alma; mas, mesmo então, não de maneira definida e
profundamente teológica. Porém, se imaginarmos que os hebreus atribuíam vida ao
sangue, conforme agora atribuímos à alma, então obteremos alguma ideia de como
o sangue era considerado tão sagrado.
2. Ademais, era o sangue que fazia expiação, ao ser vertido sobre o
altar de Yahweh. A razão disso é que uma vida Lhe estava sendo oferecida. Isso
Ele honrava e, ao honrá-lo, também perdoava o pecado. Uma vida (a do sangue do
animal sacrificado) fora oferecida em lugar da vida humana, que merecia morrer
por causa de seu pecado. Na expiação, entretanto, a pessoa obtivera a vida, e
não a morte, porquanto seus pecados foram perdoados. Em consequência, qualquer
pessoa que cresse nessa teologia, mostrar-se-ia absolutamente destituída de
respeito se viesse a ingerir sangue, em qualquer de suas formas. O sangue era
por demais sagrado para ser usado na alimentação. Era visto como inerentemente
sagrado e virtuoso quando se tratava de perdão de pecados. Alguns intérpretes,
exibindo conhecimento sobre a vitalidade e a natureza absolutamente necessária
do sangue, tentam isso fazer valer no que tange a este versículo. Mas o autor
sacro não estava pensando nesses termos. Ele estava pensando no sangue como uma
espécie de sangue, não em algo que cuida da nutrição da vida biológica. Assim
comentou Aben Ezra sobre o presente texto: vida por vida; alma por alma. Na
Ceia do Senhor, o sangue de CRISTO é bebido em um sentido metafórico. E não
devemos ter dúvidas de que textos como Lev. 17.11 estavam por trás da
formulação original dessa teologia. Ver I Cor. 10.16 e 11.23 ss.
O sangue era a base do sistema sacrificial levítico. E essa ideia
foi transferida para o Novo Testamento, sob a forma do sangue de CRISTO.
Prevalece no Novo Testamento a ideia da expiação vicária, embora de outra
maneira.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 542-543.
3. A ASPERSÃO.
ASPERSÃO No AT, essa palavra envolve o uso de sangue, água ou
azeite. Ligada ao sistema sacrificial, a aspersão de sangue ocorria nos
sacrifícios e na consagração do sacerdote, assim como nas vestes e nos vasos. A
aspersão podia ser feita com um irrigador, o dedo ou aos punhados (Ex 24.6-8;
Nm 19.13; Êx 29.21).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 218.
A outra metade do sangue guardado nas bacias (6), Moisés o espargiu
sobre o povo (8); chamou este sangue o sangue do concerto. Este foi o primeiro
concerto feito com Israel e foi selado com o sangue de sacrifícios de animais.
O Novo Testamento descreve o novo ou segundo concerto que substituiu o antigo e
foi selado com o sangue de CRISTO (Hb 8.6—9.28). Se o antigo concerto exigia a
obediência total das pessoas à vontade de DEUS, certamente não se esperava
menos daqueles que fizessem parte do novo concerto (Hb 12.18-29).
George Herbert Livingston, B.D., Ph.D. Comentário Bíblico
Beacon Vol. 1 Gênesis a Deuteronômio. pag. 204.
Heb 9.22 Então tomou o sangue de bezerros e bodes, com a água, a lã
escarlate, e o hissopo, e aplicou esse sangue ao aspergi-lo. Esse sangue e água
significavam o sangue e a água que saíram do lado perfurado do nosso Salvador,
para justificação e santificação, e também prefiguraram as duas ordenanças do
Novo Testamento, o batismo e a Ceia do Senhor, com a lã escarlate significando
a justiça de CRISTO com que precisamos ser revestidos, o hissopo significando a
fé pela qual precisamos aplicar tudo. Então, com esses Moisés aspergiu: [1] O
livro da lei e do concerto, para mostrar que o concerto da graça é confirmado
pelo sangue de CRISTO e tornado efetivo para o nosso bem. [2] O povo, sugerindo
que o derramamento do sangue de CRISTO não vai trazer vantagem alguma para nós
se não for aplicado a nós. E a aspersão de ambos, do livro e do povo,
significou aquele mútuo consentimento de ambas as partes, DEUS e o homem, e o
seu mútuo compromisso um com o outro nesse concerto por meio de CRISTO. Moisés
também usou estas palavras: “Este é o sangue do testamento que DEUS vos tem
mandado”. Esse sangue, tipificando o sangue de CRISTO, é a ratificação do
concerto da graça para todos os verdadeiros crentes. [31 Ele aspergiu o
tabernáculo e todos os seus utensílios, sugerindo que todos os sacrifícios
oferecidos e os serviços realizados ali eram aceitos somente por meio do sangue
de CRISTO, que obteve a remissão da iniquidade que tenta se apegar às nossas
coisas sagradas, e que não poderia ser remida a não ser pelo sangue expiatório.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 791.
O coração da verdadeira religião (9.22). A necessidade de
derramamento de sangue, tipificando a doação de vida, é resumida no versículo
22. No que tange à purificação cerimonial, as coisas, i.e., o Tabernáculo e
seus acessórios de adoração, lemos o seguinte: E quase todas as coisas, segundo
a lei, se purificam com sangue. Mas ainda mais indispensável é o sangue remidor
oferecido em favor dos pecadores. Coisas requerem o aspergir de sangue quando
são consagradas. Mas pessoas requerem perdão; e embora possa haver exceções em
relação às coisas, não há exceção no perdão; porque sem derramamento de sangue
não há remissão de forma alguma.21 Esta é a grande diferença entre o caminho de
DEUS e o caminho do homem, entre a verdadeira religião e a falsa. O homem tem uma
visão inadequada do pecado e despreza o sangue como inerentemente necessário
para o perdão. Mas ao exigir sangue, DEUS ressalta a excessiva pecaminosidade
do pecado; e ao prover o Sangue, Ele revela o seu infinito amor. O sangue do
pecador pode ser poupado — mesmo o de animais — porque DEUS sacrificou seu
próprio “Cordeiro [...] que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
Richard S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Hebreus.
Editora CPAD. Vol. 10. pag. 83.
Heb 9:22 Entre outras exceções possíveis na mente do autor da carta
também poderiam estar a purificação mediante água, o incenso e o fogo, dos
quais temos exemplos no Antigo Testamento Todavia, estas exceções apenas
comprovam a regra enfatizada neste versículo Estas palavras sem derramamento de
sangue não há remissão pode ter sido um ditado popular; parece que essa era uma
perspectiva doutrinária dos rabis Por trás de derramamento de sangue está o
substantivo grego haimatekchysia, que não aparece na LXX, e que se encontra só
aqui, em todo o Novo Testamento E possível, mas não necessário, como muitos
comentaristas afirmam, que o autor da carta tenha criado esse termo.
DONALD A. HAGNER. Comentário Bíblico Contemporâneo.
Hebreus. Editora Vida. pag. 169-170.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva
(http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/) com
algumas modificações do Pr. Luiz Henrique.
https://ebdnatv.blogspot.com/2022/01/estudo-alianca-de-sangue-pr-henrique.html
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Lição 2 - O Padrão da Lei Moral
Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2015 - CPAD - Para adultos
Tema: OS DEZ MANDAMENTOS - Valores Imutáveis Para Uma Sociedade Em
Constante Mudança
Comentários: Pr. Esequias Soares
Complementos, ilustrações vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS,
FIGURAS,
NÃO DEIXE DE LER O ESTUDO SOBRE ALIANÇA https://ebdnatv.blogspot.com/2022/01/estudo-alianca-de-sangue-pr-henrique.html
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Deuteronômio 9.9-11; 10.1-5
Deuteronômio 9.9 Subindo eu ao monte a receber as tábuas
de pedra, as tábuas do concerto que o SENHOR fizera convosco, então fiquei no
monte quarenta dias e quarenta noites; pão não comi e água não bebi. 10 E o
SENHOR me deu as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de DEUS; e nelas
tinha escrito conforme todas aquelas palavras que o SENHOR tinha falado
convosco no monte, do meio do fogo, no dia da congregação. 11 Sucedeu, pois,
que, ao fim dos quarenta dias e quarenta noites, o SENHOR me deu as duas tábuas
de pedra, as tábuas do concerto.
Deuteronômio 10.1 Naquele mesmo tempo, me disse
o SENHOR: Alisa duas tábuas de pedra, como as primeiras, e sobe a mim a este
monte, e faze uma arca de madeira. 2 E, naquelas tábuas, escreverei as palavras
que estavam nas primeiras tábuas que quebraste, e as porás na arca. 3 Assim,
fiz uma arca de madeira de cetim, e alisei duas tábuas de pedra, como as
primeiras, e subi o monte com as duas tábuas na minha mão. 4 Então, escreveu o
SENHOR nas tábuas, conforme a primeira escritura, os dez mandamentos, que o SENHOR
vos falara no dia da congregação, no monte, do meio do fogo; e o SENHOR mas deu
a mim. 5 E virei-me, e desci do monte, e pus as tábuas na arca que fizera; e
ali estão, como o SENHOR me ordenou.
OBJETIVO GERAL - Apresentar a transitoriedade da Lei para a
dispensação da Graça.
Resumo da Lição 2 - O Padrão da Lei Moral
I. AS TÁBUAS DA LEI
1. Formato.
2. A divisão das tábuas.
3. A rebelião.
4. DEUS renova o concerto.
II. OS DEZ MANDAMENTOS
1. Origem do termo.
2. Classificação.
3. Forma.
III. A QUESTÃO DOS PRECEITOS DA LEI
1. Uma só lei.
2. A lei do Senhor e a lei de Moisés.
3. A lei de DEUS.
IV. A LEI A GRAÇA
1. A transitoriedade da lei.
2. A graça.
3. Os mandamentos de CRISTO.
SUGESTÃO DE LEITURA
Manual de Ensino para o Educador Cristão
Escrito por especialistas em Educação Cristã, este manual é um recurso completo
para ser usado em casa, na igreja e nas escolas onde se ministram estudos
bíblicos. Uma excelente fonte de inspiração ao professor.
Teologia do Antigo Testamento
A obra fornece-nos uma compreensão clara sobre a natureza do Antigo Testamento,
como a revelação de DEUS ao seu povo. Uma obra de diversos autores, em que cada
um analisa a revelação divina ao longo dos séculos
Esta obra discorre sobre as interpretações históricas dos textos e também sobre
a discussão contemporânea das passagens da Bíblia. Os professores alcançarão a
compreensão do conteúdo de passagens problemáticas do NT.
Comentários de vários autores com algumas modificações do Pr. Luiz
Henrique
O PADRÃO DA LEI MORAL
Retomando a explicação do artigo anterior, cremos na Bíblia como
Palavra inteira de DEUS que, através dos Dez Mandamentos, indicou o caminho
para a vida a partir do povo hebreu (em 1250 a.C.).
Foi um reinício da revelação divina, passando pelos mandamentos,
pela monarquia, pelos santos profetas, pelo nascimento e vida de JESUS de
Nazaré, a imagem plena de DEUS; pela ressurreição de CRISTO e pela proclamação
dos apóstolos. Poderíamos então enumerar os objetivos do Decálogo para o povo
hebreu, bem como para o mundo:
1. Para nunca mais haver escravidão;
2. Para a preservação da liberdade do povo;
3. Para os hebreus viverem a justiça de DEUS e a comunhão com o
próximo;
4. Para ser um povo organizado, tornando-se o sinal de DEUS para o
mundo;
5. Para uma comunidade organizada por DEUS ser a resposta divina
para o clamor dos povos;
6. Para o povo ser o anúncio do próprio DEUS, a amostra daquilo que
DEUS quer para todo ser humano.
7. Para o povo viver a dimensão perfeita do amor a DEUS e ao
próximo;
As Escrituras dizem que DEUS entregou a Lei a Moisés objetivando
conservar a liberdade do povo hebreu. JESUS CRISTO, o Seu Filho, não anulou a
Lei de forma alguma, mas a completou e a reafirmou (Mt 5.17), dizendo mais:
"O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso DEUS,
é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor, teu DEUS, de todo o teu coração, e
de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças;
este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes" (Mc
12.29-31). Ora, esses dois grandes mandamentos são o resumo fiel do
"Decálogo".
O problema da lei hebreia, no tempo de JESUS, foram os maus
doutores ensinarem os Dez Mandamentos ao povo, mas sem observá-los. Eles
repetiam literalmente a letra, no entanto, matavam o "espírito" da
lei (Mt 23.1- 39). Os maus fariseus e escribas não se preocupavam com o clamor
do povo, o sofrimento das pessoas e a necessidade espiritual do pecador.
Simplesmente repetiam a lei como um mantra, mostrando um DEUS irado, sem
compaixão para com as pessoas. Da manutenção da liberdade, o povo judeu voltou
à escravidão, agora não do Egito, mas a da religião sem DEUS. Por isso a letra
(a lei escrita) mata, mas o Evangelho, que é "espírito e vida",
vivifica o pecador (Jo 6.63; 2Co 3.6).
Revista ensinador. Editora CPAD. pag. 37.
TÁBUA DE PEDRA
Moisés recebeu as tábuas da lei duas vezes, inclusive os dez
mandamentos e outras revelações que instruíam sobre o culto a Yahweh (Êxo. cap.
20; 31.18; cap. 34; Lev. 7.36). Assim foi estabelecido o Pacto Mosaico,
o maior evento na história de Israel e no qual se baseou toda a história
subsequente.
O trecho de Êxo. 24:12 contém essa expressão, referindo-se às
tábuas onde os dez mandamentos haviam sido inscritos.
A tradição informa-nos que Moisés recebeu a lei da parte de DEUS,
cujos mandamentos foram escritos na pedra com o próprio dedo de DEUS (ver Êxo.
31:18; 32:15,16). Descendo do monte, quando Moisés contemplou o povo a dançar,
ocupado em atividades idólatras que envolviam o bezerro de ouro, ele deixou
cair as pedras da lei, espatifando-as (ver Êxo. 32:19). Então foi-lhe ordenado
preparar cópias das tábuas de pedra, e ele passou quarenta dias e noites, no
monte, preparando esse material (ver Êxo. 34:1-4,27,28). Foi então, quando
desceu do monte, que o seu rosto refletia a glória do Senhor. Os tabletes foram
postos dentro da arca da aliança.
O testemunho (tábuas da lei) na arca tipificavam CRISTO
como tendo a lei em seu coração de modo especial para que pudesse ser o Mestre
de outros. A vara de Arão, que floresceu, tipifica os poderes de dar vida que
CRISTO tem em relação ao Seu povo.
Observação do Pr. Luiz Henrique: Na arca estava a representação de
DEUS PAI (tábuas da lei), DEUS filho (vaso contendo maná - pão da vida) e o
ESPÍRITO SANTO representado pela vara de Arão que floresceu - gerou vida -
poder.
Assim como a superfície de ouro cobria as tábuas da lei, assim
também JESUS CRISTO está por sobre a lei, vindicando-a como santa, justa e boa,
e assim, igualmente, vindicando as reivindicações divinas que nos exigem
obediência e santidade.
O Desprazer e a Intercessão de Moisés.
Moisés ficou muito irado ao ver o que estava sucedendo, e quebrou
as tábuas da lei. Pulverizou a imagem de ouro e misturou o pó em água, e fez o
povo beber a mistura. Em seguida, os levitas mataram cerca de três mil homens,
buscando aplacar a ira de DEUS e evitar o seu juízo. O próprio Aarão, porém,
foi poupado (ver Êxo. 9:20). Então Moisés passou a interceder pelo povo de
Israel (ver Êxo. 32:31), a fim de que aquele grande pecado lhes fosse perdoado.
Chegou mesmo a dizer que preferia ter o seu nome apagado do Livro da Vida de
DEUS do que ver Israel ser destruído por aquele motivo. O tom da passagem (Êxo.
32:12 e seu contexto) assemelha-se ao de Paulo, em Rom. 9:2 ss. Moisés teve
várias experiências místicas profundas da presença de DEUS. O povo de Israel foi
perdoado, e foram preparadas novas tábuas da lei.
Dez Mandamentos
Ideias Gerais. O vocábulo. Em português, a derivação é do
latim, mandare, ordenar, mandar. O sentido da palavra é ordenar, do
ponto de vista de alguma autoridade assumida. O mandamento requer obediência,
e, com frequência, repousa sobre algum dever.
Em nossa Bíblia portuguesa, a palavra «mandamento» é mais
frequentemente usada para expressar autoridade, divina ou humana, mas
principalmente a primeira. Na Bíblia, várias palavras hebraicas e gregas são
usadas, em um total de novecentas ocorrências, o que basta para mostrar-nos o
destaque da questão nas Escrituras. A primeira ocorrência aparece em Gên. 2:16,
vinculada à proibição concernente à árvore do conhecimento do bem e do mal,
Porém, não demorou muito para Adão desobedecer a esse primeiro, e então único,
mandamento, e disso resultou a queda no pecado, que arrastou a humanidade
inteira. No sentido mais geral, estão em pauta os mandamentos de DEUS, as
muitas facetas de sua lei. Os Dez Mandamentos são os mais importantes aspectos
da lei geral, contendo em si mesmos inúmeras aplicações. O Salmo 119 emprega
dez vocábulos hebraicos diferentes, que têm a ideia de mandamento. Nos Salmos
há cerca de duzentas ocorrências dessas diversas palavras. Poderíamos pensar em
termos como lei, palavra, juízo, preceito, testemunho, mandamento, estatuto,
ordenança, declarações.
No Novo Testamento encontramos vocábulos gregos como:
1. Éntalma, «preceito». Palavra grega que aparece por
três vezes: Mat. 15:9 (citando Isa. 29:13); Mar. 7:7 e Col. 2:22.
2. Epitage, «injunção». Palavra que ocorre por sete
vezes: Rom. 16:26; I Cor. 7:6,25; II Cor. 7:6,25; II Cor. 8:8; I Tim. 1:1; Tito
1:3; 2:15.
3. Entolé, «mandamento». Palavra que aparece por sessenta
e sete vezes- Mat. 5:19; 15:3; 19:17; 22:36,38,40; Mar. 7:8,9; 10:5,19;
12:28,31; Luc. 1:6; 15:29; 18:20; 23:56; João 10:18; 11:57; 12:49,50; 13:34;
14:15,21,31; 15:10,12; Atos 17:15; Rom. 7:8-13; 13:9; I Cor. 7:19; 14:37; Efé.
2:15; 6:2; Col. 4:10; I Tim. 7:14; Tito 1:14; Heb. 7:5,16,18; 9:19; II Ped.
2:21; 3:2; I João 2:3,4,7,8; 3:22,23,24; 4:21: 5:2,3; II João 4-6; Apo. 12:17;
14:12.
O Novo Testamento contém muitas alusões ao decálogo, conforme se vê
em Mat. 22:37-40; Mar. 12:29-31; Luc. 10:27; Tia. 2:8-11. Os mandamentos de
DEUS deveriam estar entesourados em nosso coração (Heb, 10:16), sendo
obedecidos mediante o amor ao Senhor (João 13:34,35).
Idéias:
1. O próprio universo existe por mandamento de DEUS (Sal. 33:9).
2. A história do mundo é providencialmente controlada por mandato
divino (Lev. 25:21).
3. Os mandamentos fazem o homem lembrar-se de sua dependência e de
seus deveres ante o Criador, As leis judaicas abordam todos os aspectos da vida
humana, o que serve de prova dessa declaração. JESUS aplicou os mandamentos aos
motivos das pessoas, e não meramente aos seus atos; e isso aprofunda o sentido
espiritual dos mandamentos (Mat. 5:22,34,39).
4. O polo oposto dos mandamentos são as promessas. Os mandamentos
sempre envolvem o benefício resultante da obediência; esse benefício fica na
dependência da obediência aos mandamentos. Isso posto, os mandamentos do Senhor
não penosos. Os mandamentos de DEUS vinculam o homem a DEUS, e disso só pode
resultar uma bênção (Mar. 12:29-31; Gál. 5:13 ss).
5. Os mandamentos ligam o homem e DEUS dentro da relação do amor,
pois o amor é a base da lei divina ,(Rom. 13:8 ss). (B W)
Essas leis encerravam provisões em favor de um monoteísmo prático,
mesmo que não de um monoteísmo absolutamente teórico. «Não terás outros deuses
diante de mim», declarou Yahweh (Êxo. 20:3). E é interessante que essas
palavras são ligadas ao fato mencionado.
As principais ordenanças desse documento são os Dez
Mandamentos (vide). As leis levíticas têm muitas ordenanças subordinadas e
litúrgicas. No livro da aliança (ver Êxo. 20:22—23:33), os
termos juízos e ordenanças falam acerca de leis civis e
religiosas. O vigésimo primeiro capítulo de Êxodo continua dando muitas leis
que governavam a vida dos israelitas, e, em algumas traduções, essas leis são
chamadas «ordenanças». As leis de Israel tanto eram civis quanto religiosas;
mas, em uma teocracia, essa distinção não pode ser feita claramente, porquanto
tudo é expressão religiosa naquele sistema. Naturalmente, o decálogo é o
supremo exemplo das leis religiosas mais profundas. O trecho de Núm. 15:15,16
mostra que as leis de Israel vigoravam tanto para os cidadãos como para os
estrangeiros residentes. Fica pressuposto no Antigo Testamento que as
ordenanças estavam alicerçadas sobre instruções e mandamentos divinos (Deu
4.5,11; 5.31 ss; 6 1 2,24,25) com apoio na graciosa atividade de DEUS (ver Deu.
4:3 -40 6:20; :6 8; 29:2-9 . Todas as leis estão amarradas ao maior dos
mandamentos da lei : «Amarás, pois o Senhor teu DEUS de todo o teu coração, de
toda a tua alma e de toda tua força .
CHAMPLIN, Russell Norman, O Antigo Testamento Interpretado
- Comentário de Chaplin AT - V.7 Editora Candeias.
A LEI DO ANTIGO TESTAMENTO – (BEP – CPAD)
Êx 20.1,2 “Então, falou DEUS todas estas palavras, dizendo: Eu sou
o SENHOR, teu DEUS, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.”
Um dos aspectos mais importantes da experiência dos israelitas no
monte Sinai foi o de receberem a lei de DEUS através do seu líder, Moisés. A
Lei Mosaica (hb. torah, que significa “ensino”), admite uma tríplice divisão:
(a) a lei moral, que trata das regras determinadas por DEUS para um santo viver
(20.1-17); (b) a lei civil, que trata da vida jurídica e social de Israel como
nação (21.1 — 23.33); e (c) a lei cerimonial, que trata da forma e do ritual da
adoração ao Senhor por Israel, inclusive o sistema sacrificial (24.12 — 31.18).
Note os seguintes fatos no tocante à natureza e à função da lei no Antigo
Testamento.
(1) A lei foi dada por DEUS em virtude do concerto que Ele fez com
o seu povo. Ela expunha as condições do concerto a que o povo devia obedecer
por lealdade ao Senhor DEUS, a quem eles pertenciam. Os israelitas aceitaram
formalmente essas obrigações do concerto (24.1-8).
(2) A obediência de Israel à lei devia fundamentar-se na
misericórdia redentora de DEUS e na sua libertação do povo (19.4).
(3) A lei revelava a vontade de DEUS quanto a conduta do seu povo
(19.4-6; 20.1-17; 21.1—24.8) e prescrevia os sacrifícios de sangue para a
expiação pelos seus pecados (Lv 1.5; 16.33). A lei não foi dada como um meio de
salvação para os perdidos. Ela foi destinada aos que já tinham um
relacionamento de salvação com DEUS (20.2). Antes, pela lei DEUS ensinou ao seu
povo como andar em retidão diante dEle como seu Redentor, e igualmente diante
do seu próximo. Os israelitas deviam obedecer à lei mediante a graça de DEUS a
fim de perseverarem na fé e cultuarem também por fé, ao Senhor (Dt 28.1,2;
30.15-20).
(4) Tanto no AT quanto no NT, a total confiança em DEUS e na sua
Palavra (Gn 15.6), e o amor sincero a Ele (Dt 6.5), formaram o fundamento para
a guarda dos seus mandamentos. Israel fracassou exatamente nesse ponto, pois
constantemente aquele povo não fazia da fé em DEUS, do amor para com Ele de
todo o coração e do propósito de andar nos seus caminhos, o motivo de cumprirem
a sua lei. Paulo declara que Israel não alcançou a justiça que a lei previa,
porque “não foi pela fé” que a buscavam (Rm 9.32).
(5) A lei ressaltava a verdade eterna que a obediência a DEUS,
partindo de um coração cheio de amor (ver Gn 2.9; Dt 6.5) levaria a uma vida
feliz e rica de bênçãos da parte do Senhor (cf. Gn 2.16; Dt 4.1,40; 5.33; 8.1;
Sl 119.45; Rm 8.13; 1Jo 1.7).
(6) A lei expressava a natureza e o caráter de DEUS, i.e., seu
amor, bondade, justiça e repúdio ao mal. Os fiéis israelitas deviam guardar a
lei moral de DEUS, pois foram criados à sua imagem (Lv 19.2).
(7) A salvação no AT jamais teve por base a perfeição mediante a
guarda de todos os mandamentos. Inerente no relacionamento entre DEUS e Israel,
estava o sistema de sacrifícios, mediante os quais, o transgressor da lei
obtinha o perdão, quando buscava a misericórdia de DEUS, com sinceridade,
arrependimento e fé, conforme a provisão divina expiatória mediante o sangue.
(8) A lei e o concerto do AT não eram perfeitos, nem permanentes. A
lei funcionava como um tutor temporário para o povo de DEUS até que CRISTO
viesse (Gl 3.22-26). O antigo concerto agora foi substituído pelo novo
concerto, no qual DEUS revelou plenamente o seu plano de salvação mediante
JESUS CRISTO (Rm 3.24-26; ver Gl 3.19).
(9) A lei foi dada por DEUS e acrescentada à promessa “por causa
das transgressões” (Gl 3.19); i.e., tinha o propósito (a) de prescrever a
conduta de Israel; (b) definir o que era pecado; (c) revelar aos israelitas a
sua tendência inerente de transgredir a vontade de DEUS e de praticar o mal, e
(d) despertar neles o sentimento da necessidade da misericórdia, graça e
redenção divinas (Rm 3.20; 5.20; 8.2).
O ANTIGO E O NOVO CONCERTO (BEP – CPAD)
Hb 8.6 “Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente,
quanto é mediador de um melhor concerto, que está confirmado em melhores
promessas”.
Os capítulos 8-10 descrevem numerosos aspectos do antigo concerto
tais como o culto, as leis e o ritual dos sacrifícios no tabernáculo; descrevem
os vários cômodos e móveis desse centro de adoração do AT. É duplo o propósito
do autor: (1) contrastar o serviço do sumo sacerdote no santuário terrestre,
segundo o antigo concerto, com o ministério de CRISTO como sumo sacerdote no
santuário celestial segundo o novo concerto; e (2) demonstrar como esses vários
aspectos do antigo concerto prenunciam ou tipificam o ministério de CRISTO que
estabeleceu o novo concerto. O presente estudo sintetiza o relacionamento entre
esses dois concertos.
(1) Segundo o antigo concerto, a salvação e o relacionamento
correto com DEUS provinham de um relacionamento com Ele à base da fé expressa
pela obediência à sua lei e ao sistema sacrificial desta. Os sacrifícios do AT
tinham três propósitos principais. (a) Ensinar ao povo de DEUS a gravidade do
pecado. O pecado separava os pecadores de um
DEUS santo, e somente através do derramamento de sangue poderiam
reconciliar-se com DEUS e encontrar perdão (Êx 12.3-14; Lv 16; 17.11; Hb 9.22;
ver Lv 1.2,3 notas; 4.3; 9.8). (b) Prover um meio para Israel chegar-se a DEUS
mediante a fé, a obediência e o amor (cf. 4.16; 7.25; 10.1). (c) Indicar de
antemão ou prenunciar (8.5; 10.1) o sacrifício perfeito de CRISTO pelos pecados
da raça humana (cf. Jo 1.29; 1Pe 1.18,19; Êx 12.3-14; Lv 16; Gl3).
(2) Jeremias profetizou que, num tempo futuro, DEUS faria um novo
concerto, um melhor concerto, com o seu povo (ver Jr 31.31-34 notas; cf. Hb
8.8-12). É melhor concerto do que o antigo (cf. Rm 7) porque perdoa totalmente
os pecados dos que se arrependem (8.12), transforma-os em filhos de DEUS (Rm
8.15,16), dá-lhes novo coração e nova natureza para que possam,
espontaneamente, amar e obedecer a DEUS (8.10; cf. Ez 11.19,20), os conduz a um
estreito relacionamento pessoal com JESUS CRISTO e o Pai (8.11) e provê uma
experiência maior em relação ao ESPÍRITO SANTO (Jl 2.28; At 1.5,8; 2.16,17, 33,
38,39; Rm 8.14,15,26).
(3) JESUS é quem instituiu o novo concerto ou o novo testamento
(ambas as idéias estão contidas na palavra grega diatheke — testamento), e seu
ministério celestial é incomparavelmente superior ao dos sacerdotes terrenos do
AT. O novo concerto é um acordo, promessa, última vontade e testamento, e uma
declaração do propósito divino em outorgar graça e bênção àqueles que se chegam
a DEUS mediante a fé obediente. De modo específico, trata-se de um concerto de
promessa para aqueles que, por fé, aceitam a CRISTO como o Filho de DEUS,
recebem suas promessas e se dedicam pessoalmente a Ele e aos preceitos do novo
concerto.
(a) O ofício de JESUS CRISTO como mediador do novo concerto (8.6;
9.15; 12.24) baseia-se na sua morte expiatória (Mt 26.28; Mc 14.24; Hb 9.14,15;
10.29; 12.24). As promessas e os preceitos desse novo concerto são expressos em
todo o NT. Seu propósito é: (i) salvar da culpa e da condenação da lei todos
que crêem em JESUS CRISTO e dedicam suas vidas às verdades e deveres do seu
concerto (9.16,17; cf. Mc 14.24; 1Co 11.25); e (ii) fazê-lo um povo que seja a
possessão de DEUS (8.10; cf. Ez 11.19,20; 1Pe 2.9).
(b) O sacrifício de JESUS é melhor que os do antigo concerto por
ser um sacrifício voluntário e obediente de uma pessoa justa (JESUS CRISTO), e
não um sacrifício involuntário de um animal. O sacrifício de JESUS e o seu
cumprimento da vontade de DEUS foram perfeitos, e, portanto, proveu um caminho
para o pleno perdão, reconciliação com DEUS e santificação (10.10, 15-17; ver
Lv 9.8).
(c) O novo concerto pode ser chamado o novo concerto do ESPÍRITO,
porque é o ESPÍRITO SANTO quem outorga a vida e o poder àqueles que aceitam o
concerto de DEUS (2Co 3.1-6; ver Jo 17.3).
(4) Todos os que pertencem ao novo concerto por JESUS CRISTO
recebem as bênçãos e a salvação oriundas desse concerto mediante sua
perseverança na fé e na obediência (ver 3.6). Os infiéis são excluídos dessas
bênçãos (ver 3.18).
(5) Estabelecido o novo concerto em CRISTO, o antigo concerto se
tornou obsoleto (8.13). Não obstante, o novo concerto não invalida a totalidade
das Escrituras do AT, mas apenas as do pacto mosaico, pelo qual a salvação era
obtida mediante a obediência à Lei e ao seu sistema de sacrifícios. O AT não
está abolido; boa parte da sua revelação aponta para CRISTO.
I – AS TÁBUAS DA LEI
1. FORMATO.
Se as tábuas eram quadradas ou estilo colonial não importa. Podemos
saber mais sobre a arca que as guardou.
ARCA DA ALIANÇA
A arca ainda tida como lugar da manifestação de Yahweh. Era chamada
..arca da aliança servindo de símbolo visível da presença de Yahweh. O vocábulo
hebraico traduzido em português por ..arca. significava apenas caixa ou cofre.
Era transportada pelos sacerdotes em expedições militares, pois julgava-se que
ela era motivo de proteção para os israelitas (Núm. 10:33; Deu. 1:33). Essa
caixa era feita de madeira de acácia, de forma retangular, com cerca de 1,10 m
de comprimento por cerca de 0,70 m de largura e de altura (Exo. 25:10). Era forrada
de ouro por dentro e por fora, com uma beirada de ouro.
Tinha quatro pés, cada qual com uma argola de ouro. (vs. 12), onde
eram permanentemente inseridas vara de madeira de acácia recobertas de ouro
(vs. 13-15). Vários povos da antiguidade tiveram caixas sagradas, onde eram
guardados os ídolos, símbolos dos ídolos ou outras relíquias sagradas.
Naturalmente, várias nações circunvizinhas consideravam a arca como o deus de
Israel, ou associada a alguma forma de idolatria física (I Sam, 4:6,7). A arca
foi capturada pelos filisteus na segunda batalha de Ebenézer, o que só trouxe
infortúnios para eles, de tal modo que a devolveram aos israelitas (ver I Sam.
4-6). Ficou em Quiriate-Jearim até que Davi a instalou no novo santuário de
Jerusalém. Subsequentemente, foi transferida para o templo de Salomão e
colocada no SANTO dos Santos (ver II Sam, 6 e I Reis 8:1-11). Nela estavam
guardadas as duas tábuas de pedra, onde haviam sido escritos os dez
mandamentos, as condições do pacto divino. Daí deriva-se o nome dessa caixa:
arca da aliança. Os outros objetos guardados na arca, como o vaso de ouro com
maná e a vara de Aarão, que florescera (ver Heb, 9 :4), talvez pertencessem a
uma outra época, tendo-se perdido ou perecido de alguma outra maneira, antes da
construção do templo de Salomão. O trecho de I Reis 8:9 declara que só as
tábuas do decálogo eram guardadas na arca. A tampa da arca era o propiciatório,
lugar onde era aspergido o sangue no Dia da Expiação (ver Êxo, 25:17 e 26:34),
uma das mais importantes instituições de Israel. A arca, nesse período de sua
história, era vista somente pelo sumo sacerdote, e somente uma vez por ano.
Sobre o propiciatório havia os querubins, um em cada extremidade. Em certo
sentido, ali ficava o trono místico de Yahweh.
O que sucedeu mais tarde à arca, não se sabe. A tradição afirma que
não havia arca no segundo templo (Menahot 27b; Josefo, Guerras, V.5). No
judaísmo há «arcas" que são caixas onde são guardados os rolos da Torah,
ou lei. Seja como for, Jeremias predisse que chegariam dias quando não mais se
buscaria a arca (Jer. 3:16), porquanto Jerusalém inteira tornar-se-ia o trono
de Yahweh.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e
Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 257-258.
2. A DIVISÃO DAS TÁBUAS.
O MAIOR DOS MANDAMENTOS - Mateus
22. 34-40 ...Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E JESUS disse-lhe:
"Amarás o Senhor teu DEUS de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e
de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo,
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois
mandamentos dependem toda a lei e os profetas".
DEUS dividiu em duas partes a sua lei: Do primeiro ao quarto
mandamento, refere-se à obediência do homem para com DEUS, e os outros seis,
refere-se à obediência do homem para com o homem, por isso que foram escritos
em tábuas separadas.
Não há nenhum relato bíblico de que DEUS escreveu quatro dos mandamentos em uma
tábua e seis na outra, mas sabemos que foram escritos por DEUS em duas tábuas
de pedra separadas (Êxodo 19, Êxodo 20 e Êxodo 31. 18). Mas se você
tiver pelo menos uma noção da palavra de DEUS logo vai entender que os quatros primeiros
mandamentos refere-se a DEUS para o homem, e os outros seis do
homem para o homem, e nenhum deles é maior do que o outro. Por isso que foram
escritos em tábuas separadas. O que JESUS quis dizer aos fariseus foi: Se amas
a DEUS, guarda os quatros primeiros mandamentos, e se amas a
teu próximo como a ti mesmo, guarda os outros seis. Os fariseus
tinham conhecimento desta verdade, e mesmo assim estavam colocando o Sábado
acima dos outros mandamentos, além de criar tradições de homens para aquele
dia, invalidando assim o quarto mandamento.
Os judeus, desde Fílon de Alexandria até a atualidade, dividem os
Dez Mandamentos em dois grupos de cinco, um grupo para cada tábua. Agostinho de
Hipona supunha haver três mandamentos na primeira tábua e sete na segunda.
Calvino e muitos da atualidade acreditam que na primeira tábua estavam gravados
os quatro mandamentos relativos aos deveres do homem com DEUS e, na segunda, os
seis mandamentos relativos ao homem e seu próximo. Alguns interpretam que o
Senhor JESUS CRISTO sintetizou as tuas tábuas nos dois grandes mandamentos (Mt
22.34-40), com a ressalva do sábado, pois não há ensino no Novo Testamento para
a observância do quarto mandamento.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 19.
Divisão do Decálogo
Os judeus, os católicos e os luteranos combinam as proibições
contra o politeísmo e a idolatria em uma só. Os judeus estabeleceram a
afirmação introdutória (Êx 20.2) como o primeiro mandamento, enquanto os
católicos e os luteranos dividem o mandamento contra a cobiça. As igrejas
Ortodoxa e Reformada consideram Êxodo 20.2 como introdutório, a proibição
contra o politeísmo como o primeiro mandamento, e a proibição da idolatria como
o segundo mandamento. A segunda opinião é superior porque ela faz uma distinção
entre politeísmo e idolatria. Essa visão evita artificialmente que se dívida o
décimo mandamento, e que se faça um mandamento de Êxodo 20.2, que não é nem um
mandamento nem uma proibição.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 548.
Divisões. Os mandamentos da lei Mosaica foram registrados em duas
tábuas de pedra (Êxo. 31:18). Isso poderia indicar as duas faces de uma mesma
pedra, ou entre duas pedras. Alguns estudiosos preferem pensar na primeira
possibilidade. Seja como for, a primeira dessas tábuas trata da
responsabilidade do homem diante de DEUS, incluindo o primeiro e grande
mandamento de amar a DEUS com todas as fibras e potencialidades do ser (Deu.
6:4,5; Mat. 22:36 ss), A segunda tábua definia os deveres do homem para com os
seus semelhantes, o que é elaborado em Lev. 19:18. Historicamente, outras
divisões vieram a existir, conforme se vê nas igrejas reformadas. Ali o trecho
de Êxodo 20:2.3. é considerado como passagem que enfatiza a exclusividade de
Yahweh. Os vss. 4 e 6 desse capítulo aparecem ali como um único mandamento, a
injunção elaborada contra a idolatria, sob qualquer forma. O vs. 7 seria o
terceiro mandamento, que proibiria qualquer forma de profanação. Então
seguir-se-iam sete mandamentos que tratam das relações entre homem e homem, o
que seria o aspecto ético da lei mosaica. Além dessa divisão reformada, há a
chamada divisão agostiniana, que une os vs. 3 a 6, onde o monoteísmo e a
idolatria são encarados como mutuamente exclusivos. Assim, aquele que adora a
qualquer tipo de imagem de escultura, já abandonou a adoração ao único DEUS.
Além disso, o mandamento referente à cobiça é dividido em duas partes
distintas. A divisão talmúdica faz de Êxodo 20:2 o primeiro mandamento, e de
Êxodo 20:3-6 o segundo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e
Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag.125-126.
3. A REBELIÃO.
Dt 9-11. As tábuas de pedra ou tábuas da aliança eram os
“documentos” nos quais a aliança fora registrada. Este era o costume tradicional
dos tratados de suserania do Oriente Próximo, o serem registrados em tábuas.
Talvez o mesmo termo seja o pretendido aqui, e daí a tradução “tábuas de pedra”
(5:22;Êx31:18; cf. Êx32:15s.; 34:1).
Vários elementos desta narrativa soam de maneira estranha a ouvidos
ocidentais: abstinência de água e comida por quarenta dias, a apresentação das
placas de pedra a Moisés por DEUS e a inscrição dos mandamentos nas placas pelo
dedo de DEUS.
I. A. Thompson. Deuteronômio Introdução e Comentário. Editora
Vida Nova.
Advertências contra a Superioridade Moral.
Israel É Lembrado das suas Rebeliões Dt 9. 7-29
Para que não tivessem a possibilidade de pensar que DEUS os tinha
trazido a Canaã por causa da sua justiça, aqui Moisés lhes mostra o milagre de
misericórdia de não terem sido destruídos no deserto, há pouco tempo:
“Lembra-te e não te esqueças de que muito provocaste à ira o Senhor, teu DEUS,
no deserto” (v. 7). Longe de comprar o seu favor, muitas vezes vocês provocaram
o seu desprazer. Aqui eles são acusados das provocações dos seus pais. Pois, se
DEUS tivesse tratado seus pais conforme o que eles mereciam, esta geração
jamais teria existido, e muito menos teria entrado em Canaã. Somos propensos a
nos esquecer das nossas provocações, especialmente quando cessa a dor causada
pela vara, e precisamos ser sempre lembrados delas, para que jamais venhamos a
alimentar qualquer convencimento sobre a nossa própria justiça. Paulo menciona
a culpa sob a qual se encontra toda a humanidade, para provar que não podemos
ser justificados diante de DEUS pelas nossas próprias obras, Romanos 3.19,20.
Se as nossas obras nos condenarem, elas jamais poderão nos justificar. Observe
que:
1. Eles tinham sido um povo provocador desde a sua saída do Egito,
v. 7. Durante quarenta anos, desde o primeiro até o último, DEUS e Moisés se
entristeceram com eles. É muito triste que Moisés, agora partindo, mencione uma
triste característica deles: “Rebeldes fostes contra o Senhor, desde o dia em
que vos conheci", v. 24. Tão logo eles tinham formado um povo, houve a
formação de uma facção entre eles, que, em todas as ocasiões, enfrentou a DEUS
e ao seu governo. Embora a história Mosaica registre pouca coisa além das
ocorrências do primeiro e do último ano, dos quarenta, ainda assim parece, por
este relato geral, que os demais anos não foram muito melhores, sendo somente
uma provocação contínua.
2. Mesmo em Horebe, eles fizeram um bezerro e o adoraram, v. 8ss.
Este foi um pecado tão odioso, e tão excessivamente pecaminoso, por diversas
agravações, que eles mereceram, em todas as ocasiões, ser repreendidos por
isto. O bezerro foi feito no mesmo lugar onde a lei foi dada (segundo a qual
eles eram expressamente proibidos de adorar a DEUS por meio de imagens), e
enquanto a montanha ainda ardia diante de seus olhos, e Moisés tinha subido
para receber, por eles, a lei por escrito. “Cedo vos desviastes do caminho”, v.
16.
3. DEUS ficou muito enfurecido com eles, pelo seu pecado. Que eles
não pensem que DEUS ignorava o que eles tinham feito de errado, e lhes dava
Canaã por aquilo que havia de bom entre eles. Não, DEUS tinha decidido
destruí-los (v. 8), e poderia facilmente tê-lo feito, e não teria saído
perdendo por causa disto. Ele até mesmo desejou que Moisés concordasse que o
fizesse, w. 13,14. Com isto, ficava evidente o quanto o pecado deles era
odioso, pois DEUS nunca se enfurece com alguém acima do que é merecido, como frequentemente
fazem os homens. O próprio Moisés, embora fosse amigo e favorito, tremeu com a
revelação da ira do DEUS do céu contra a impiedade e injustiça do povo (v. 19):
“Temi por causa da ira e do furor com que o Senhor tanto estava irado”,
provavelmente não somente por causa deles, mas também por si mesmo, Salmos
119.120.
4. Eles tinham, pelo seu pecado, infringido o concerto com DEUS, e
perdido todos os privilégios do concerto - o que Moisés indicou a eles,
quebrando as tábuas, v. 17. Foi lhes dada uma carta de divórcio, e a partir de
então eles poderiam, com razão, ter sido abandonados para sempre, de modo que a
sua boca certamente fosse impedida de alegar qualquer justiça própria. DEUS, na
verdade, os tinha renegado, quando disse a Moisés (v. 12), E o “teu povo”,
nenhum deles é meu, nem serão tratados como meus.
5. O próprio Arão caiu no desagrado de DEUS, por causa disto,
embora ele fosse o santo do Senhor, e somente tivesse sido levado, pela
surpresa ou pelo terror, a unir-se a eles no pecado: “Também o Senhor se irou
muito contra Arão”, v. 20. A posição de ninguém, nem o seu caráter, podem
proteger da ira de DEUS, se a pessoa tiver comunhão “com as obras infrutuosas
das trevas”. Arão, que deveria ter feito expiação por eles, uma vez que a
iniquidade deveria ser purificada através de sacrifícios e ofertas, caiu, ele
mesmo, sob a ira de DEUS: eles não consideraram o que estavam fazendo, quando o
atraíram ao pecado.
6. Foi com grande dificuldade, e com muita dedicação, que o próprio
Moisés conseguiu desviar a ira de DEUS e evitar a destruição completa do povo.
Ele jejuou e orou por quarenta dias e quarenta noites, antes que pudesse obter
o perdão para eles, v. 18. E alguns pensam que foram dois períodos de quarenta
dias (v. 25), porque está escrito: “Estava prostrado”, pois a sua missão, nos
primeiros quarenta dias, não tinha sido desta natureza. Outros opinam que foi
somente um conjunto de quarenta dias, embora mencionado duas vezes (como também
no capítulo 10.10). Mas isto era suficiente para sensibilizá-los do grande
descontentamento que DEUS tinha sentido contra eles, e da pequena possibilidade
de escape que teriam. E a grandeza da ira de DEUS contra toda a humanidade é
vista no fato de que ninguém menos que o seu Filho, e um preço nada menor que o
seu próprio sangue, seriam necessários para afastá-la. Aqui Moisés lhes fala do
conteúdo da sua intercessão por eles. Ele foi obrigado a reconhecer a
obstinação, a impiedade e o pecado do povo, v. 27. O caráter do povo era
verdadeiramente mau, pois aquele que trabalharia como um advogado a favor deles
não conseguia lhes imputar uma boa reputação, e não tinha nada mais a dizer em
nome deles, exceto que DEUS tinha feito grandes coisas por eles, o que, na
verdade, somente piorava o crime deles (v. 26). Eles eram a descendência de
bons antepassados (v. 27), um fato que também podia ter se voltado contra eles,
piorando o problema, e não melhorando. Outro problema é que os egípcios iriam
criticar a DEUS, se Ele destruísse os israelitas, como um DEUS incapaz de
concluir aquilo que tinha começado a fazer por eles (v. 28), uma alegação que
teria sido respondida facilmente, não importando o que dissessem os egípcios,
pois os próprios céus declaram a justiça de DEUS. De modo que a sua libertação,
da destruição, naquela época, deveu-se puramente à misericórdia de DEUS, e à
insistência de Moisés, e não a qualquer mérito deles que pudesse ser oferecido
como uma diminuição da sua ofensa.
7. Para afetá-los ainda mais com a destruição de que tinham estado
tão próximos, ele descreve, muito particularmente, a destruição do bezerro que
fizeram, v. 21. Ele chama isto de “vosso pecado”. Talvez, não somente porque
tinha sido o objeto do seu pecado, mas porque a sua destruição pretendia ser um
testemunho contra o seu pecado, e uma indicação, para eles, daquilo que os
próprios pecadores mereciam. Aqueles que fizeram o bezerro eram semelhantes a
ele, e não teria sido errado se tivessem, da mesma maneira, sido pisados, e
consumidos, e moídos até serem defeitos em pó, e não sobrasse nada deles. O
fato de DEUS aceitar a destruição do ídolo, em lugar da destruição dos
idólatras, demonstra uma misericórdia infinita.
8. Mesmo depois desta salvação que tinham recebido, em muitas
outras situações eles provocaram ao Senhor, repetidas vezes. Ele só precisava
mencionar os nomes dos lugares, pois eles traziam as lembranças, seja do
pecado, seja da punição, nos seus próprios nomes (v. 22): em Taberá, incêndio,
onde o fogo de DEUS se acendeu entre eles, por causa das suas queixas. Em
Massá, tentação, onde eles desafiaram o poder todo-poderoso a ajudá-los. E
em Quibrote-Hataavá, o sepulcro dos que tiveram o desejo, onde as guloseimas
que cobiçaram foram o seu veneno. E, depois destes lugares, a sua descrença e
desconfiança em Cades-Barnéia, de que ele já lhes tinha falado (cap. 1), e que
aqui menciona outra vez (v. 23), certamente teria completado a sua destruição,
se tivessem sido tratados de acordo com seus méritos.
Que eles considerem tudo isto, e ficará evidente que, qualquer que
fosse o favor que DEUS, a partir de então, lhes mostrasse, ao subjugar seus
inimigos e dar-lhes a posse da terra de Canaã, não seria devido à sua própria
justiça. E bom que sempre nos lembremos, contra nós mesmos, com tristeza e
vergonha, dos nossos pecados anteriores, e revejamos os registros que a
consciência tem deles, para que possamos ver o quanto devemos à graça gratuita,
e possamos humildemente reconhecer que jamais merecemos, da mão de DEUS,
qualquer coisa diferente de ira e maldição.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 588-590.
Moisés fica sabendo do Pecado de Israel (32.7-14)
a) A avaliação e ameaça de DEUS (32.7-10). Moisés teria voltado ao
acampamento totalmente desinformado da idolatria de Israel não tivesse DEUS lhe
falado. Foi ato de misericórdia revelar esta tragédia a Moisés antes de descer
do monte. DEUS também usou esta oportunidade para provar a fé e a coragem do
seu servo.
DEUS disse a Moisés: Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste
subir do Egito, pecou (7). Este linguajar dá a impressão que DEUS renuncia a
este povo e reputa Moisés líder e libertador dessa gente. O pecado sempre nos
separa de DEUS, embora o Senhor nunca esteja disposto a nos deixar de pronto.
Na posição de Moisés, a atitude mais fácil a tomar era negar maiores
responsabilidades por este povo, mas as experiências nos últimos meses fizeram
algo neste homem. Ele não era líder de Israel por escolha própria e muitas
vezes se sentira impotente diante de seguidores rebeldes. Só por DEUS ele
chegara a este ponto, e o DEUS que o levara até ali não ia falhar nesse momento
crucial.
A avaliação que DEUS fez desta multidão perversa é clara: O povo se
corrompeu (7); depressa se desviou e colocou um bezerro no lugar de DEUS (8);
era obstinado (9; “de dura cerviz”, ARA); Ele estava muito irado com o povo
(10). “De dura cerviz” (9, ARA) é expressão aplicada a cavalo ou boi rebelde
que não se deixa ser controlado por rédeas. Israel se recusara a obedecer ao
concerto que fizera com DEUS.
Este provavelmente foi o maior teste que Moisés teve que suportar.
Deixa-me, DEUS disse, que eu os consuma; e eu farei de ti uma grande nação
(10). Não há como negar que seria justo DEUS tomar esta providência; é óbvio
que Ele teria cumprido a ameaça se Moisés não tivesse intercedido. DEUS
conhecia seu servo, sabia que ele passaria no teste e que se tornaria mediador.
Moisés viu a realidade da ira de DEUS, rejeitou a oportunidade de glória
egoísta e suplicou pelo povo e pela glória de DEUS.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora
CPAD. pag.225-226.
I- DEUS informa Moisés o
que estava acontecendo no acampamento enquanto ele estava ausente.
Observe o que DEUS diz aqui a Moisés, a respeito deste pecado.
1. Que o povo tinha se corrompido. O pecado é a corrupção ou
depravação do pecador, e é uma auto corrupção; “cada um é tentado, quando
atraído e engodado pela sua própria concupiscência”.
2. Que eles tinham se desviado do caminho. Tinham perdido o
caminho.
3. Que tinham se desviado depressa. Eles logo se esqueceram das
obras de DEUS. Cair em pecado tão rapidamente depois de termos renovado o nosso
concerto com DEUS, ou de termos recebido alguma misericórdia especial da parte
dele, é muito provocador.
4. Ele lhe diz, particularmente, o que tinham feito: “Fizeram para
si um bezerro de fundição, e perante ele se inclinaram”.
5. Ele parece renegá-los, dizendo a Moisés: “O teu povo, que
fizeste subir do Egito”. Observe que aqueles que se corrompem, não somente se
envergonham, mas também fazem com que o próprio DEUS se envergonhe deles, e da
sua bondade para com eles.
6. O Senhor o manda de volta para baixo, com toda a pressa:
“Vai, desce”. Moisés deve interromper até mesmo a sua comunhão com DEUS, para
ir e cumprir o seu dever como um magistrado em meio ao povo; Josué também deve
fazê-lo, Josué 7.10. Pois tudo é belo na sua ocasião apropriada.
II- O Senhor expressa o seu desprazer com Israel,
devido a este pecado, e a determinação da sua justiça de eliminá-los, vv. 9,10.
1. Ele descreve o verdadeiro caráter deste povo: “E povo
obstinado”, incapaz de se submeter ao jugo da lei divina, e governado, de certa
forma, por um espírito de contradição, avesso a todo o bem e inclinado a todo o
mal, obstinado contra os métodos empregados para a sua cura. Observe que o DEUS
justo vê não somente o que fazemos, mas o que somos. Não somente os atos da
nossa vida, mas as disposições do nosso espírito, e leva tudo isto em
consideração em todos os Seus procedimentos.
2. O Senhor declara qual era a recompensa merecida: Que o seu furor
se acendesse contra eles (“deixa-me, que o meu furor se acenda contra eles, e
os consuma”), de modo a consumi-los de uma vez, apagando os seus nomes de
debaixo dos céus (Dt 9.14). Não somente expulsando-os do concerto, mas
expulsando-os do mundo. Observe que o pecado nos expõe à ira de DEUS. E esta
ira, se não for acalmada pela misericórdia divina, nos queimará como restolho.
Era justo que DEUS deixasse que a lei seguisse o seu curso contra os pecadores,
e que os extirpasse imediatamente, ao menor ato de pecado. E, se Ele o fizesse,
isto não representaria nem perda nem desonra para Ele.
3. Ele resiste à persuasão para que Moisés não interceda a favor
deles: ‘Agora, pois, deixa-me”. O que fez Moisés, ou o que poderia fazer, para
impedir que DEUS os consumisse? Quando DEUS decide abandonar um povo, e o
decreto da sua ruína já foi promulgado, nenhuma intercessão pode evitar isto,
Ezequiel 14.14; Jeremias 15.1. Mas DEUS desejava expressar a grandeza do seu
justo desprazer com eles, à maneira dos homens, que não desejam que ninguém
interceda por aqueles com os quais decidiram ser severos. Desta maneira,
também, Ele desejava honrar a oração, indicando que nada, exceto a intercessão
de Moisés, poderia salvá-los da destruição, para que Moisés pudesse ser um tipo
de CRISTO, por cuja mediação, e somente por ela, DEUS se reconciliaria com o
mundo. Para que a intercessão de Moisés pudesse se revelar mais notável, DEUS
lhe faz uma oferta, de que, se não intercedesse neste assunto, Ele faria dele
uma grande nação. Que, no decorrer do tempo, Ele faria nascer um povo dos seus
lombos, ou que imediatamente, de uma maneira ou de outra, traria outra grande
nação sob o seu governo e liderança, para que ele não saísse perdedor pela
destruição do povo. Se Moisés tivesse tido um espírito egoísta e limitado, ele
teria concordado com esta oferta. Mas ele prefere a salvação de Israel à
promoção da sua própria família. Aqui estava um homem adequado para governar.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 330-331.
A Ira de DEUS (32.7-10)
Notemos o jogo de palavras aqui, “o teu povo”, que Moisés teria
tirado do Egito. Yahweh não os estava mais chamando de Seu povo, conforme, por
tantas vezes, vimos até esta altura do livro de Êxodo. Ver Êxo. 3.10; 5.1; 7.4;
8.1; 9.1 e 10.3 como exemplos. O povo por assim dizer afirmava: “Esta imagem
faz-me lembrar de DEUS; e é por isso que a estou venerando”. Mas Yahweh
replicou: “o teu povo se corrompeu”.
Êxo 32.8 Este versículo passa em revisão as condições descritas nos
vss. 1 -6, ou seja, Yahweh estava descrevendo para Moisés o que tinha
acontecido, e estava enumerando cada item. O deslize para a idolatria tinha
sido algo voluntário, com plena consciência do que eles estavam fazendo. E os
resultados foram desastrosos (vs. 27 ss.).
Êxo 32.9 Tenho visto a este povo. Essa era a avaliação divina
acerca dos israelitas: um povo de dura cerviz. Essa é a primeira instância
dessa expressão no A. T., e que veio a tornar-se usual como descrição da
nação de Israel, Ver Êxo. 32.9; 33.3,5; 34.9; Deu. 9.6,13; 10.16; 31.27; II
Crô. 30.8; Sal. 75.5; Jer. 17.23. E, no Novo Testamento, ver Atos 7.51. A
metáfora deriva-se da circunstância em que um cavalo não obedece ao cavaleiro,
mas que, de pescoço duro, segue para onde melhor lhe parece. Também pode apontar
para os animais que eram espicaçados com aguilhoes, para que se pusessem a
puxar o arado. Mas em vez de fazerem o trabalho, endureciam os músculos do
pescoço e resistiam às aguilhoadas, seguindo a direção que quisessem. Aben Ezra
via uma aplicação literal ao indivíduo que foge para fazer sua própria vontade,
e que, quando é chamado, nem se dá ao trabalho de volver a cabeça, reconhecendo
sua convocação. Está em destaque uma estupidez obstinada, voluntariosa, que
teimosamente resolve seguir uma causa má, de maneira inflexível,
indisciplinada, resolvida a fazer o mal, perversa em seu desígnio, sem dar
atenção a qualquer reta instrução, que chega mesmo a ser autodestrutiva. Pois
faz coisas reconhecidamente prejudiciais a si mesma. Sócrates supunha que “a
virtude consiste em conhecimento". Em outras palavras, que se um homem
realmente soubesse o que lhe é melhor, faria tal coisa. Porém, sabe-se que por
muitas vezes as pessoas inclinam-se para a autodestruição, tão profunda é a sua
perversidade.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 447.
4. DEUS RENOVA O CONCERTO.
A Renovação do Concerto (34.10-28)
a) A promessa de DEUS (34.10,11). DEUS renova com Moisés
formalmente o concerto quebrado. Prometeu conduzir Israel fazendo maravilhas
(10), que seriam maiores aos olhos do povo que qualquer coisa jamais feita. Ele
as chamou coisa terrível é o que faço contigo. “O que estou a ponto de fazer
com vocês inspira terror” (VBB). O Senhor expulsaria os inimigos da terra da
promessa (11). As maravilhas se cumpriram mais tarde em ocorrências como a
queda dos muros de Jericó (Js 6.20) e a matança dos inimigos com chuva de pedra
(Js 10.11). Ainda que Moisés não tenha vivido para ver estas vitórias, a
promessa de DEUS cumpriu-se para seu povo.
b) O aviso contra a idolatria (34.12-16). O mal de formar alianças
com os povos da Terra Prometida era uma possibilidade real. Os israelitas
tinham de se guardar (12) e não fazer concerto com os moradores, porque este
procedimento seria um laço para eles. Para se proteger, Israel tinha de
derrubar os altares, quebrar as estátuas e cortar os bosques (13). Não deviam
permitir que continuassem existindo. As estátuas (“colunas”, ARA) e os bosques
(“postes-ídolos”, ARA) eram objetos de culto erigidos para a adoração de deuses
e deusas da mitologia Cananéia. Estavam ligados com o culto a Baal, e foram
“introduzidos em Israel pela fenícia Jezabel (1 Rs 18.19)”. “Ritos
grotescamente imorais eram praticados com relação às colunas e bosques, e estas
foram fonte contínua de tentação para os israelitas até o exílio.”
Acerca da declaração de que DEUS é zeloso (14), ver nota em 20.5.
Todo concerto com os moradores da terra (15) levaria Israel a se unir com eles
em festas a ídolos e casamentos entre si, resultando em apostasia e idolatria
(16). Casar-se com alguém ligado a uma falsa religião é o caminho mais rápido
para a desobediência. Os filhos se prostituem segundo os deuses das esposas. A
idolatria, quer pagã ou da atualidade, é forma de adultério espiritual. A
pessoa é infiel ao compromisso com DEUS, quando o coração busca seguir os
deuses deste mundo.
Em nossa sociedade, é quase impossível salvar nossos filhos da
exposição a essas tentações. Colocadas juntas em escolas públicas e atividades
comunitárias, as crianças cristãs são sujeitas diariamente a estas seduções.
Nossa única esperança é a instilação de coragem e fé que resistirão ao engodo
de “ídolos” mundanos e casamentos com não-crentes. Quando ocorrem alianças
erradas e outros erros em nossa família, há o recurso à graça redentora de DEUS
e ao poder da oração intercessora pelo ESPÍRITO SANTO.
c) Várias proibições (34.17-26). Muitas destas proibições são
repetições de ordens anteriores. O recente pecado de Israel tornou imperativa a
repetição do mandamento de não fazer deuses de fundição (17). As instruções
encontradas nos versículos 18 a 20 são analisadas em 12.14-20; 13.3-13; e
23.15. O mandamento sobre o sábado (21; ver comentários em 23.12) acrescenta a
necessidade de observar o dia santo na aradura e na sega. Os israelitas deviam
resistir à tentação de, no dia de DEUS, arar quando ameaçava chover ou de
colher quando a colheita estava madura. Era fácil então, como é hoje,
justificar o trabalho quando havia obrigações a cumprir.
d) A finalização do concerto (34.27,28). DEUS disse a Moisés:
Escreve estas palavras (27) — as palavras que DEUS acabara de lhe dizer
(10-26). Conforme o teor destas palavras significa “com base nestas palavras”
(Smith-Goodspeed; cf. NTLH). Estes acordos renovaram o concerto do Senhor com o
povo. Clarke supunha que o procedimento incluía uma cópia das tábuas de pedra
para Israel, visto que as originais seriam colocadas na arca.71 Em todo caso,
foi DEUS que escreveu os dez mandamentos nas duas tábuas (28; o pronome oculto
ele [escreveu] deve ser entendido como referência a DEUS; ver v. 1), e Moisés
escreveu o restante do concerto. O servo do Senhor ficou no monte quarenta dias
e quarenta noites, como da primeira vez, e jejuou em ambas as ocasiões (cf.
24.18; Dt 9.9).
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora
CPAD. pag. 233-235.
Êxo 34.27 O pacto foi reinstaurado. Moisés escreveu as leis, mas
Yahweh estava presente, garantindo que isso seria feito de modo correto,
preciso. No primeiro caso, as tábuas de pedra do decálogo foram escritas pelo
dedo de DEUS (Êxo. 31.18). O segundo jogo de pedras foi ditado por Yahweh, mas
gravado por Moisés. A lei condicionava as relações do pacto. Não era um pacto
gracioso, e, sim, de obras. Por essa razão, era fatal que fracassasse, sendo
afinal substituído pelo Novo Pacto, em CRISTO.
Moisés, o Mediador do pacto é de novo destacado, prefigurando
CRISTO na Sua posição de Mediador. Ver Êxo. 19.19; 20.19 e 24.1,2,9-11. Moisés
foi o mediador da lei. CRISTO é o mediador da graça (ver João 1.17).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 460.
A renovação da aliança (34.10-28)
v. 10. Primeiro DEUS anuncia o que ele pretende fazer a favor de
Israel — maravilhas que vão ofuscar os sinais que acompanharam o êxodo (e.g.,
Js 6.1-27; 10.12ss).
No final do v. 10, a NVI omite a expressão “por você” que está nas
outras versões (“contigo” , BJ; “com vocês”, NTLH). Isso certamente se refere a
Moisés e concorda com a condição especial de Moisés em toda a questão da
aliança (cf. v. 27, “aliança com você e com Israel” ). É na expulsão dos povos
que estão em Canaã (v. 11) que DEUS vai realizar a obra maravilhosa, v. 12. Cf.
23.32.
v. 13. Cf. 23.24; D t 12.3. postes sagrados eram objetos de culto
feitos de madeira (se eram postes ou árvores, não se sabe) que eram sagrados
para Aserá, a deusa Cananéia da fertilidade.
v. 14. Acerca dos v. 14-26 como um “decálogo ritual” mais antigo do
que o “decálogo ético” de 20.3-17, v. a discussão em Cole. v. 15. quando eles
se prostituírem uma metáfora das práticas imorais em geral e certamente não sem
significado literal com relação aos cultos da fertilidade, convidarão vocês: I
Co 10.27-30 mostra como o mesmo tipo de situação poderia apresentar problemas
ao cristão individual na cidade de Corinto do século I. Quanto os israelitas
eram vulneráveis diante desse tipo de tentações ficou demonstrado de forma
convincente no caso do bezerro de ouro. v. 17. ídolos de metal: correspondente
à proibição de imagens esculpidas em 20.4. Talvez o uso do termo “bezerro
fundido” em associação com o pecado de Israel (cf. 32.4) explique a diferença de
ênfase, v. 18. Cf. 23.15. v. 19,20. Cf. 13.1 lsa. A lei do primeiro a nascer é
introduzida no cap. 13 seguindo o relato do êxodo; aqui, ele vem depois da
regulamentação da festa dos pães sem fermento (v. 18) que havia se ligado
estreitamente com a tradição do êxodo. v. 21.
A lei do sábado precisava ser observada em todas as épocas (cf.
31.13), inclusive na época de arar e na colheita, quando a tentação de a
desconsiderar seria mais forte. v. 22. A festa das semanas é a festa da
colheita de 23.16; ocorria sete semanas depois da festa dos pães sem fermento
(v. 18). A festa do encerramento da colheita é outro nome da festa dos
tabernáculos (cf. 23.16). v. 23. Cf. 23.17. O calendário religioso de Israel é
apresentado na sua forma completa em Lv 23. v. 24. Ninguém cobiçará a sua terra:
uma palavra para o adorador ansioso em paralelo com o que está em l Rs 17.13 e
M t 6.33. Cole comenta acerca da facilidade com que um agricultor poderia mudar
a marca divisória de terras para prejudicar o seu vizinho mais piedoso. Os que
viviam em lugares mais distantes e isolados estariam temerosos de que na sua
ausência algum estranho tentasse estabelecer, ou até restabelecer, a
reivindicação por uma porção de terra. v. 25. Cf. 23.18. O sacrifício da festa
da Páscoa corresponde à “gordura das ofertas de minhas festas” em 23.18, mas
essa lei está especificam ente relacionada à Páscoa em 12.10. v. 26. Cf.
23.19. A generosidade de DEUS é reconhecida tanto positiva quanto negativamente
— positivamente, na apresentação dos primeiros frutos; negativamente, na
rejeição dos rituais de fertilidade dos cananeus.
O paralelo antigamente pressuposto entre o cozimento de um cordeiro
no leite de sua mãe e a referência num texto ugarítico de Ras Shamra está sendo
seriamente questionado atualmente, v. 27. Escreva essas palavras cf. 24.4,7.
Essas são as condições da aliança esboçadas nos v. 12.26. com você: Moisés era
o mediador da aliança; cf. comentário do v.10. v.28. E escreveu a implicação
mais natural é que foi Moisés quem escreveu, visto que é o sujeito dos verbos
anteriores.
Mas o v.1 opõe-se a isso, e pode bem ser que o sujeito original (ou
até mesmo o sujeito pretendido agora) de escreveu seja DEUS. A questão depende
em parte do significado exato das frases discutidas no comentário de 31.18;
32.16.
Bruce; F. F. Comentário Bíblico NVI : Antigo e Novo
Testamento. Editora Vida. pag. 225-226.
A RENOVAÇÃO DO CONCERTO - 34.1-35
A visão que acabara de ser prometida deveria ser concedida quando
DEUS renovasse a aliança, que o povo havia quebrado por sua idolatria. Dessa
maneira DEUS fez com que a própria rebelião de Seu povo redundasse em Seu
favor, pois proveu a oportunidade de Moisés requerer seus pedidos, em Êx 23, e
para uma revelação, em resposta, a respeito das excelências da natureza de
DEUS, que ultrapassou qualquer coisa conhecida até então.
Eu faço um concerto (10), isto é, DEUS renova a aliança já feita,
mas que já tinha sido violada pelos israelitas. Nos versículos
seguintes são apresentadas tanto as promessas que DEUS incluiu em Seu
concerto como as condições sobre as quais o povo estaria em posição de aceitar
as promessas, isto é, Guarda... (11); após isso, é dado um sumário das
principais observâncias, representando todos os mandamentos transmitidos antes.
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Êxodo.
pag. 84-86.
II – OS DEZ MANDAMENTOS
1. ORIGEM DO TERMO.
O termo é usado em Êxodo 34.28; Deuteronômio 4.13; 10.4, e os
mandamentos estão registrados em Êxodo 20.1 -17; Deuteronômio 5.6-21. O título
alternativo “decálogo” angliciza o termo da LXX, que é uma tradução literal do
hebraico.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora
Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 142.
Palavras Envolvidas e Designações
A importância da lei, dentro do judaísmo, pode ser demonstrada pelo
fato de que há cerca de novecentas referências aos mandamentos, no Antigo
Testamento, mediante o uso de uma dezena de palavras diferentes.
O Decálogo. O termo decálogo, que significa dez palavras, foi usado
pelos pais gregos da Igreja para se referirem aos dez mandamentos do Antigo
Testamento. No hebraico, esses mandamentos são chamados haddebarim asereth,
«dez palavras». Ver Êxo. 34:28; Deu. 4:13 e 10:4. Outras expressões também
usadas para indicar a lei são: «as duas tábuas do testemunho» (Êxo. 34:29); a
«sua aliança» (Deu. 4:13), «as tábuas da aliança» (Deu. 9:9). No Novo
Testamento, encontramos, principalmente, o termo grego entola~i,
«mandamentos» (Mat. 19:17 ss, Rom. 13:9; I Tim. 1:9, para exemplificar).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4139-4140.
2. CLASSIFICAÇÃO.
Quanto à lei, algo precisa ser dito sobre a alegada divisão em lei
moral, lei cerimonial e lei civil. Desde muito tempo qualifica-se o Decálogo
como lei moral, enquanto a parte da legislação mosaica que trata das cerimônias
de sacrifícios e festas religiosas, entre outras, é chamada de lei cerimonial,
e os preceitos de caráter jurídico são considerados lei civil. A visão
tripartite da lei em preceitos morais, cerimoniais e civis não vem das
Escrituras. "Embora essa distinção tripartite seja antiga, seu uso como
fundamento para explicar a relação entre os testamentos não é demonstravelmente
derivada do Novo Testamento e provavelmente não é anterior a Tomás de
Aquino" (CARSON, 2011, p. 179).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 25.
A PRIMEIRA TABUA
“Não terás outros deuses" (20.3), Absoluta prioridade deve ser
dada a DEUS. Este mandamento é a chave para todos os outros. A menos que nos
comprometamos com o Senhor, e somente com Ele, nossos corações serão
dissuadidos da justiça do decreto dos Dez Mandamentos. Para o antigo Israel,
“outros deuses” eram frequentemente ídolos pagãos. Para nós, "outros
deuses” podem ser a procura do bem-estar ou do prazer. Se nosso compromisso com
o Senhor for completo, a observância do restante dos mandamentos seguirá naturalmente,
“Não farás imagem” (20,4)" DEUS é espírito. Assim, esculpir qualquer
imagem para uso em nosso culto corromperá nosso entendimento da natureza de
DEUS como Yahweh. O zelo do Senhor (v, 5) reflete uma preocupação apaixonada
nossa para conhecer e cultuar a DEUS como Ele verdadeiramente é. A menção de
“visito a maldade dos pais nos filhos” lembra-nos que as consequências de um
conhecimento imperfeito de DEUS persiste por gerações, Se conhecemos e adoramos
ao Senhor em sua natureza espiritual, protegemos nossos descendentes dos
pecados e consequentes juízos sobre os mesmos.
A SEGUNDA TÁBUA
"Honra teu pai e tua mãe" (20*12). Uma forma intensiva da
palavra “honra” é usada aqui, e o mandamento pode bem ser traduzido como
“demonstrar respeito. Pais são instrumentos de DEUS na vida dos filhos, para ir
ao encontro das necessidades físicas deles e introduzir a criança nos caminhos
de DEUS. A prioridade espiritual dos pais é observada no fato de que muitas das
cerimônias, tal como a ceia da Páscoa, eram conduzidas no seio da família. Em
Deuteronômio 6 e 11, é destacada a responsabilidade pela educação no lar, E
significativo que no mundo predominantemente masculino* seja dado à “mãe' uma
posição igual, sendo apresentada primeiramente no texto em hebraico de Levítico
19.3.
"Não matarás” (20* 13). “Assassinar” é mais preciso aqui do
que “matar”. A palavra hebraica rasah ê a única sem paralelo em outras
sociedades do segundo milênio a. C, Ela identifica "morte de pessoas” e
inclui assassinatos premeditados executados com hostil intenção e mortes
acidentais ou homicídio culposo. Dentro da comunidade da aliança, precisava-se
tomar um grande cuidado para que ninguém perdesse a vida, mesmo por acidente. O
termo rasah não é aplicado em mortes na guerra ou em execuções judiciais,
>>pp. I 14, 128.
Não adulterarás” (20.14). A integridade do relacionamento o crucial
na comunidade da aliança, A fidelidade de um homem e uma mulher um ao outro
reflete a fidelidade de DEUS ao seu povo. Em frequentes castigos que crescem
onde quer que os homens falhem em conhecer e amar ao Criador.
"Não tomarás o nome do Senhor, teu DEUS em vão” (20*7). O
'"nome” do Senhor, Yahweh, ocorre 6.828 vezes no AT. Este é o nome pessoal
do DEUS de Israel, Nunca é usado para uma divindade pagã.
Assim o ‘nome” de DEUS transmite sua singularidade, a verdadeira
essência do que Ele é. A palavra hebraica transliterada como “abuso” na NVI, e
“em vão em outras versões, significa “nada” ou '‘uma coisa não substancial”,
Nunca devemos falar do Senhor ou usar seu nome como se Ele fosse irreal ou
insignificante. Devemos falar dEle com respeito, como o único que tem absoluta
prioridade em nossas vidas.
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar” (20*8-11). Este é o
único mandamento do Decálogo não repetido no NT, que estabelece o domingo como
o dia de adoração dos cristãos. O padrão de seis dias de trabalho e um de
descanso foi estabelecido pelo próprio DEUS na Criação e o povo do AT devia
honrá-lo não trabalhando no sétimo dia.
"Não Adulterarás". Nas antigas sociedades no Oriente
Próximo o adultério era considerado um "grande pecado” contra o cônjuge, A
Escritura o vê como um pecado contra DEUS, uma rejeição da estrutura da aliança
que liga um povo ao Senhor. Não é de admirar que a idolatria é frequentemente
retratada como adultério espiritual, um pecado contra o vínculo de intimidade
que existe entre o Senhor e Israel.
“Não furtarás” (20.15) O mandamento proíbe roubo de qualquer
espécie, O conceito aqui não é tanto pelos direitos de propriedade individual
como o que diz respeito ao impacto destruidor do roubo nos relacionamentos
dentro da comunidade da aliança.
Assim a punição por furto no AT não é prisão, mas restituição,
devolvendo pelo menos o dobro do que foi roubado (cf. 22*9). O pagamento feito
à vítima não é punitivo. Veja, na verdade, restaurar a harmonia e a
estabilidade.
“Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" (20,16). O
mandamento inclui testemunho dado em tribunal, mas vai além disso. Falso
testemunho é qualquer declaração maliciosa intencionada a degradar ou ferir
outra pessoa, A reputação dos outros, assim como suas propriedades, devem ser
resguardadas por todos.
Não cobiçarás” (20.17)* Desejar qualquer coisa a qual DEUS escolheu
dar a outro revela uma omissão em dar a DEUS prioridade em nossas vidas.
RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma
análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Editora
CPAD. pag. 64.
3. FORMA.
20.3-17 Os Dez Mandamentos, também conhecidos como o Decálogo, que
se seguem após o prólogo histórico introdutório {v. 2), são formados como um
preceito ou mandamento diretamente dado na segunda pessoa. Essa forma era algo
bastante incomum na época. Códigos legais antigos do Oriente Próximo eram, na
maior parte, casuísticos ou formados pela jurisprudência quanto à forma, ou
seja, uma construção "se... então” escrita na terceira pessoa, na qual uma
suposta ofensa era seguida por uma afirmação de uma ação a ser tomada ou uma
penalidade a ser aplicada. Os Dez Mandamentos também podem ser agrupados em
duas categorias gerais: a vertical, ou seja, o relacionamento do ser humano com
DEUS (vs. 2-11), e a horizontal, ou seja, o relacionamento do ser humano com a
comunidade (vs. 12-17). Proibições concisamente listadas caracterizam a segunda
categoria, com uma exceção — um imperativo mais a explicação do mesmo (v. 12).
A explanação ou o motivo anexo a uma proibição caracteriza a primeira
categoria. Por esses Dez Mandamentos, a verdadeira teologia e o verdadeiro
culto, o nome de DEUS e o sábado, a honra familiar, a vida, o casamento, a
propriedade, a verdade e a virtude estão bem protegidas.
MAC ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade Bíblica do
Brasil. pag. 118.
É habitual na erudição bíblica referir-se aos Dez Mandamentos e ao
livro do concerto, que os segue, como lei no sentido de jurisprudência comum.
Embora esta não seja uma noção totalmente errônea, o mais recente
reconhecimento de que estas seções são nada menos do que as cláusulas de
estipulação em um documento de tratado que teve o efeito saudável de
localizá-los mais precisamente no ambiente histórico, literário e teológico.
Estas estipulações não visavam regular o comportamento humano em geral, embora
os princípios que elas incorporam sejam heurísticos e atemporais, mas acham seu
lugar em um contrato cujo propósito é fornecer diretrizes legais, morais e
religiosas para um povo especial escolhido para uma tarefa especial. E até para
este povo os regulamentos não eram um meio pelo qual ele obtinha a salvação —
que foi simbolizada pela Páscoa e pelo êxodo, mas um manual de instruções pelo
qual o povo do concerto tinha de ordenar a vida nacional na missão como povo
sacerdotal e mediador. As estipulações eram a torah no sentido de instruções.
Tendo estabelecido a natureza da lei de Israel como estipulação do
concerto, ainda é importante ressaltar que a grande seção de estipulação do
tratado está dividida em duas partes, como já mencionamos. A primeira, os Dez
Mandamentos, é de forma e função completamente diferente da segunda seção, o
livro do concerto. Como mostraram muitos estudiosos, os mandamentos estão
expressos na estrutura de lei apodíctica. Isto diz respeito à natureza geral,
incondicional e elementar expressa em quase toda ocorrência por um “não farás”.
O livro do concerto, por outro lado, está disposto na forma de lei
casuística. Seus regulamentos tratam de casos específicos ou classes de
incidentes e normalmente consistem em declarações tipo prótase-apódose, quer
dizer: “Se alguém fizer isto ou aquilo, então esta é a penalidade”.
Outra ressalva é que a seção de estipulação mais curta e geral é
parecida com uma “constituição”, da qual a seção mais longa de estipulações se
relaciona como um corpo de emendas ou, melhor, exemplos de aplicação
específica. Assim, cada um dos dez mandamentos tem elaboração no resultante
livro do concerto, com a consequência de que os princípios estão detalhados com
referência precisa à vida prática e cotidiana.
Roy B. Zuck. Teologia do Antigo Testamento. Editora
CPAD. pag. 49-50.
III – A QUESTÃO DOS PRECEITOS DA LEI.
1. UMA SÓ LEI.
Jo 7.22.
Os fios agora se ligam. Se a lei da circuncisão veio de Moisés ou
do tempo dos patriarcas, o resultado era o mesmo: vocês circuncidam no sábado.
A lei exigia que a circuncisão acontecesse no oitavo dia. Se uma criança
nascesse no sábado, o oitavo dia (em um sistema inclusivo de cálculo) caía no
sábado seguinte. A questão, portanto, é qual lei toma precedência: o mandamento
de que a criança seja circuncidada no oitavo dia, ou a proibição contra todo
trabalho regular no dia de sábado. As palavras de JESUS registram a conclusão:
os judeus regularmente circuncidavam seus filhos no sábado, se o sábado fosse o
oitavo dia (cf Mishná Shabbath 18.3; 19.2,3; Nedarim 3.11).
Jo 7.23. Assim, aqui estavam os oponentes de JESUS, ‘quebrando’
formalmente o sábado para que a lei de Moisés, com respeito à circuncisão, não
fosse quebrada. Eles faziam isso regularmente; JESUS realizou só uma obra,
aquele ‘único milagre’ (v. 21), todavia ele gerou profundo ressentimento.
Portanto, por que eles estão tão cheios de ira.
Segundo, a questão no texto é que os judeus estabeleceram uma
hierarquia de precedência entre as prescrições detalhadas do código mosaico,
precisamente para guardar a lei. O mesmo princípio de uma hierarquia de
precedência é revelado em Mateus 12.5, em que JESUS indica que os sacerdotes
que realizam seus deveres sagrados no sábado não incorrem em culpa como
violadores do sábado. A conclusão nessa passagem não é que os judeus por esse
princípio de fato violar a lei (embora, formalmente, eles o façam, cf. Carson,
Matt, in loc.), mas que aquele milagre único de JESUS implicitamente apela a
uma hierarquia semelhante de precedência.
Mas, embora seja semelhante, não é a mesma hierarquia. Os
pensadores judeus dessa época afirmavam, na base da precedência da circuncisão
do oitavo dia sobre o sábado, que qualquer ato necessário de misericórdia podia
ser legitimamente realizado no sábado. A circuncisão era vista como um ritual
de aperfeiçoamento: um membro do corpo, por esse rito, era aperfeiçoado e tinha
de ser aperfeiçoado no oitavo dia; quanto mais, portanto, deve um ato ser
realizado, mesmo no sábado, se ele aperfeiçoa o corpo inteiro, isto é, se ele
salva uma vida (c/TTosephta Shabbath 15.16; Mekhilta [um comentário rabínico]
sobre Ex 31.13). JESUS estabelece uma hierarquia levemente diferente ao remover
o critério de urgência ou de necessidade.
Os judeus podiam bem raciocinar que um homem que foi paralítico por
trinta e oito anos pode sem dúvida esperar mais um dia para ser curado. Mas,
eliminando a necessidade da consideração, a hierarquia da precedência de JESUS
forja o mais forte elo possível entre circuncisão e a cura do homem todo — e
isso em um contexto que acaba de nos lembrar que a circuncisão, em todo caso,
antedata a lei de Moisés e, portanto, as leis do sábado (v. 22). A cura que
JESUS opera do homem todo torna-se, assim, um cumprimento da circuncisão do
Antigo Testamento, no mesmo dia que serviu como um sinal dos propósitos de
redenção e de descanso de DEUS no Antigo Testamento.
É mais uma evidência de que Moisés escreveu sobre CRISTO (Jo 5.46).
João simplesmente acrescenta que está pelo menos de acordo com
alguns argumentos sinóticos (e.g. a asserção de que JESUS está acima do sábado
como seu Senhor, Mc 2.28 par.), que é uma antecipação do argumento teológico
pressuposto em Hebreus 4.
D. A. CARSON. O Comentário De João. Editora Shedd
Publicações. pag. 315-317.
Jo 7.22 ―Moisés vos deu a circuncisão – se bem que ela não vem
dele, mas dos patriarcas – e também no sábado circuncidais um homem. A
circuncisão é mais antiga que Moisés e já foi dada e ordenada a Abraão como
sinal da aliança (Gn 17.10-12). Moisés, porém, a acolheu na lei, ordenando que
ela deve ser realizada no oitavo dia (Lv 12.3). No entanto, para poder obedecer
rigorosamente a determinação, era preciso que meninos também fossem
circuncidados no sábado, quando o oitavo dia após o nascimento caísse num
sábado. Acontece que essa operação no corpo de uma criança sem sombra de dúvida
é uma obra. Apesar disso ela é praticada também no sábado. E agora JESUS faz
uma dedução semelhante à maneira como também escribas estruturavam suas
conclusões teológicas:
Jo 7.23 ―E, se o homem pode ser circuncidado em dia de sábado, para
que a lei de Moisés não seja violada, por que vos indignais contra mim, pelo
fato de eu ter curado, num sábado, a um homem todo? Parece que JESUS não está
entendendo a circuncisão em toda a sua profundidade como sinal de participação
na comunidade salvífica israelita, mas aderindo à interpretação que costumava
ser usada no ambiente grego para justificar a circuncisão: ela favorece a
saúde. Nesse caso, ela naturalmente é apenas uma ajuda parcial, enquanto JESUS
curou uma pessoa inteira. Contudo, o aspecto principal para JESUS é a linha de
pensamento fundamental. Uma vez que os escribas e fariseus até reconhecem
―obras lícitas ou mesmo ordenadas no sábado, então eles têm de compreender
também que a ajuda pela cura para um infeliz enfermo é uma obra dessas. Por
isso JESUS solicita a seus adversários que nessa questão não julguem
superficial e mecanicamente, mas enxerguem com maior profundidade.
Werner de Boor. Comentário Esperança Evangelho de
João. Editora Evangélica Esperança.
Jo 19-24. A circuncisão no sábado era aceitável e na realidade
apontava para a obra que JESUS tinha realizado, uma vez que a restauração de um
homem física e espiritualmente era até mais significativo do que a
administração do sinal da aliança.
Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora
Batista Regular. João. pag. 44.
2. A LEI DO SENHOR E A LEI DE MOISÉS.
Ne 8.1-5 O livro da Lei de Moisés era o Pentateuco, os primeiros
cinco livros da Bíblia. O povo ouviu atentamente a Esdras enquanto lia a
Palavra de DEUS, e suas vidas foram mudadas.
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 675.
Como Legislador e Mediador da Aliança. A lei mosaica foi uma
legislação da aliança. E Moisés foi o instrumento humano para tanto. O capítulo
vinte do livro de Êxodo fornece-nos a porção cêntrica dessa legislação, mas
quase todo o livro de Êxodo está envolvido em seu delineamento; e o livro de
Deuteronômio repete a questão, com algumas adições, ao passo que o livro de
Levítico nos fornece as intrincadas leis acerca do sacerdócio e do culto
religioso. A lei mosaica não era apenas um documento religioso de proibições.
Paralelamente a isso, era um complexo conjunto de leis civis, muitas delas com
preceitos paralelos em outras legislações semíticas. O código de Hamurabi foi
escrito cinco séculos antes de Moisés; e os pontos de semelhança mostram que
uma das fontes da legislação mosaica foi o fundo de leis desenvolvidas
pelas culturas semíticas durante um longo período de tempo.
Esse pacto mosaico é contrastado com o Novo Testamento, trazido por
CRISTO. Caracterizava-se por uma lei, e, presumivelmente, era capaz de
transmitir vida (ver Lev. 18:5). Entretanto, os eruditos hebreus têm
demonstrado que, nos escritos de Moisés, essa vida era apenas terrena, e não
pós-morte. Um contraste com a lei mosaica, a graça, a verdade e a vida eterna
vieram por meio de CRISTO (João 1:17). O evangelho anuncia ao mundo a graça
divina (ver Rom. 3 e 4). O pacto mosaico estava contido em três divisões:
a. os mandamentos (Êxo, 20);
b. os juízos (Êxo, 21:1-24:11), que regulamentavam a vida social de
Israel; e
c. as ordenanças (Êxo. 24:13-31:18) que governavam a vida religiosa
da nação.
Esses três aspectos constituíam a lei. O trecho de 2 Cor. 3:7-9
caracteriza essa legislação como «ministério da morte» e «ministério da
condenação», porquanto não é através da lei que a vida espiritual é conferida
ao homem. O crente do Novo Testamento não está debaixo da lei mosaica, e, sim,
sob o incondicional Pacto Novo da graça divina (ver Rom. 3:21-27; 6:14,15; OU
2:16; 3:10-14; 4:21-31; Heb. 10:11-1).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 340.
3. A LEI DE DEUS.
Israel Renova a Aliança (Js 24.16-28)
No momento em que Josué chamou o povo a fazer uma escolha, os
sentimentos das pessoas pareciam ter sido chocados por até mesmo uma alusão à apostasia.
Nunca nos aconteça que deixemos o Senhor para servirmos a outros deuses (16).
Josué solenemente advertiu aquelas pessoas que sois testemunhas
contra vós mesmos de que vós escolhestes o Senhor, para o servir (22). Eles
fizeram a escolha de servir ao Senhor incondicionalmente. Peloubet faz a
seguinte observação: “Nossas profissões religiosas são testemunhas permanentes
contra nós no caso de nos esquecermos de DEUS”. Josué pediu que Israel
evidenciasse sua sinceridade, ao colocar fora os deuses estranhos que há no
meio de vós (23). Não se tem conhecimento do quão presentes esses deuses
estavam entre o povo. O fato de Josué pedir que o povo se livrasse dos deuses é
uma confirmação de que ele estava consciente da existência deles (cf. Jz 17.5).
Pela terceira vez naquela reunião o povo declarou: Serviremos ao
Senhor, nosso DEUS (24; cf. 18, 21). Antes de poderem realmente servir,
precisavam fazer uma rendição incondicional ao programa completo que DEUS tinha
para suas vidas.
Depois dessa declaração de proposta de lealdade, fez Josué
concerto, naquele dia, com o povo (25). Isto envolvia a oferta de sacrifício,
com a solene declaração de que a idolatria não seria tolerada em Israel.
Josué fez dessa reunião pública uma ocasião solene. Ele pôs por
estatuto e direito... escreveu estas palavras no livro da Lei de DEUS; e tomou
uma grande pedra e a erigiu ali (25,26). Josué utilizou-se de todo o expediente
disponível para garantir a lembrança de DEUS nas mentes das pessoas. Esta pedra
nos será por testemunho (27). Ela marcava o local onde o concerto fora
estabelecido entre DEUS e o povo.
Chester O. Mulder. Comentário Bíblico Beacon. Josué. Editora
CPAD. pag. 78-79.
Js 24.22-27 - Josué e o povo selaram a aliança de servir a DEUS
quando escreveram as palavras no livro da Lei de DEUS e no momento em que
erigiram uma grande pedra debaixo do carvalho, a mesma árvore que Jacó
encontrou quando veio a Siquém. Esta árvore ficava perto do santuário do
Senhor, o qual, provavelmente, não era uma construção regular ou um templo, mas
um lugar sagrado criado em Siquém ao levar o tabernáculo para lá.
A referência às pessoas apresentando-se diante de DEUS (v. 1) pode
indicar que o tabernáculo estava lá. A pedra debaixo do carvalho funcionava
como um lembrete legal ou testemunho de que a aliança fora assumida pelas
pessoas. Agora, a pedra e o povo eram ambos as testemunhas. Isso reflete a
função do altar construído pelas tribos que estavam assentadas a leste do
Jordão, que também era um testemunho (Js 22.34). Uma grande pedra erguida, que
data da época final da idade do Bronze (isto é, mais ou menos a época em que se
passa essa história), foi encontrada em Siquém, e pode ser a pedra aqui
mencionada.
EarI D. Radmacher:
Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo
Comentário Bíblico Antigo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 399-400.
Ne 8.8 Ele e outros leram do livro da lei, desde a alva até ao
meio-dia (v. 3), e eles leram declarando (“claramente”, v.8 [versão RA]). A
leitura das Escrituras em reuniões cristãs é uma ordenança de DEUS, em que Ele
é honrado, e sua Igreja, edificada. E, em ocasiões especiais, devemos estar
abertos a participar por muitas horas juntos na leitura e exposição da palavra
de DEUS: os que são mencionados aqui se reuniram por seis horas. Que aqueles
que leem e pregam a palavra aprendam também a apresentar-se de maneira
distinta, como aqueles que entendem o que dizem e são tocados por ela, e que
desejam que esses a quem falam tenham condições de entendê-la, retê-la e ser
tocados por ela. O que eles leram, isso expuseram, e disso mostraram a intenção
e o significado, e a aplicação prática das palavras da lei; eles explicaram o
sentido em outras palavras, faziam que, lendo, se entendesse (w. 7,8). O povo
comportou-se de maneira muito apropriada quando a palavra foi lida e aberta a
eles. [1] Com grande reverência. [2] Com grande firmeza e compostura. [3] Com
grande atenção e disposição: os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro
da Lei (v. 3). Seus ouvidos estavam como acorrentados a ele; eles ouviam
prontamente, e prestavam atenção em cada palavra. A palavra de DEUS requer
atenção e a merece.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 825.
A Leitura e a Exposição da Lei de Moisés (Ne 8.1-12)
Esdras entra agora em cena e, no início do sétimo mês, recebe dos
líderes judeus a solicitação de ler o livro da Lei. Enquanto isso, uma grande
plateia havia se reunido - formada por homens e mulheres - em uma área
importante de Jerusalém para ouvir suas palavras. Foi erguida uma plataforma
elevada para essa finalidade diante da Porta das Águas (3), cerca de quinhentas
jardas ao sul da área do Templo. Com a ajuda de inúmeros levitas, que se
postaram do seu lado direito e esquerdo, e depois das devidas cerimônias, ele
se colocou perante o público e leu a lei desde a alva até ao meio-dia. Quando
Esdras abriu o livro (5) ele, evidentemente, desenrolava um pergaminho e, com
esse sinal, todas as pessoas se levantaram.
A maneira pela qual os levitas ajudaram Esdras não está muito
clara. No versículo 8 ficamos cientes de que eles leram o livro, na Lei de
DEUS, e declarando e explicando o sentido, faziam com que, lendo, se
entendesse. Parece que a leitura e a interpretação foram feitas por muitos
levitas; talvez, Esdras tenha lido em hebraico e os levitas sido incumbidos de
traduzir ou parafrasear em caldeu ou aramaico, língua que havia se tornado
popular durante o exílio. Com algumas modificações, essa língua continuou a ser
falada até os dias de JESUS. Em todo caso, era necessário fazer com que o
significado fosse claro, e isso foi conseguido, pois o texto informa que todas
as pessoas entenderam.
C. E. Demaray. Comentário Bíblico Beacon. Neemias. Editora
CPAD. Vol. 2. pag. 529-530.
IV – A LEI E A GRAÇA
1. A TRANSITORIEDADE DA LEI.
A GLÓRIA DO NOVO CONCERTO 3.7-18
Paulo lembrou as tábuas de pedra nas quais DEUS tinha escrito o
antigo concerto. Ele identificava a lei, embora mortal, como sendo, apesar
disto, gloriosa, porque ela é a provisão de DEUS e a prova da sua intervenção
na vida do seu povo. Mas aquilo que está resumido em pedra nem de longe pode
vir a ser tão glorioso como o que ainda está por vir. O ESPÍRITO cria uma nova
vida em nós. Ele é o ESPÍRITO SANTO que estava presente na criação do mundo
como um dos agentes da origem da própria vida (Gn 1.2). Ele é o poder que está
operando no novo nascimento de cada cristão e aquele que nos ajuda a viver uma
vida cristã autêntica.
II Cor 3.7,8 Paulo usou a história da ocasião em que DEUS deu os
Dez Mandamentos para ilustrar a diferença entre o seu ministério e o de Moisés.
A história pode ser encontrada em Êxodo 34.29-35. Depois de receber os Dez
Mandamentos escritos pelo próprio DEUS, Moisés desceu do monte Sinai com as
tábuas. Embora Moisés não soubesse, a pele do seu rosto resplandecia com a
glória de DEUS. Quando Moisés voltou ao campo israelita, o povo viu o seu rosto
radiante e teve medo de se aproximar dele. Moisés reuniu o povo ao seu redor
para que pudesse lhes dizer tudo o que DEUS tinha ordenado que eles fizessem, e
para isto colocou um véu sobre o seu rosto.
Observação do Pr. Luiz Henrique
Quando Moisés entrava no Lugar Santíssimo do Tabernáculo para estar
na presença do Senhor, ele removia o véu do seu rosto para falar com DEUS.
Depois, ele aparecia novamente diante das pessoas com o rosto coberto e lhes
dizia o que DEUS tinha ordenado. Com o passar do tempo a glória ia se
desvanecendo e Moisés já não precisava usar o véu. Assim a glória de DEUS se
manifestava quando Moisés estava com DEUS, isso representa a glória da nova
Aliança que está em nós definitivamente através do ESPÍRITO SANTO. Mora em nós,
dentro de nós.
Paulo usou o hábito de Moisés de colocar um véu sobre o seu rosto e
depois removê-lo como um símbolo da diferença entre o antigo e o novo concerto.
O antigo sistema da lei gravada em tábuas de pedra trazia condenação porque ele
mostrava o pecado e a sua trágica consequência: a morte. Em contraste, o novo
concerto traz a vida, por intermédio do ESPÍRITO SANTO. Isto era mais glorioso
- literalmente, refletia mais a glória de DEUS - do que a lei. Para reforçar
ainda mais este ponto, Paulo descreveu a glória do rosto de Moisés como uma
glória transitória.
Paulo via este brilho transitório como outro sinal da natureza
temporária do antigo concerto.
II Cor 3.9-11 O antigo concerto só trazia a condenação, mas o novo
pode trazer às pessoas a justiça diante de DEUS. A carta de Paulo aos Romanos
explica com detalhes como o antigo concerto traz condenação, A lei traz um
veredicto de culpa, porque ela aponta o pecado na vida das pessoas (Rm 3.19,20;
5.12,13).
Ninguém é justo diante de DEUS (Rm 3.10).
Mas DEUS, com a sua misericórdia, concede a sua própria justiça
àqueles que crêem no seu Filho (Rm 5.17). Desta forma, todos aqueles que crêem
em JESUS são declarados justos diante de DEUS (Rm 3.20-22). Esta sentença,
portanto, resume a diferença entre o antigo e o novo concerto que Paulo tinha
pregado aos coríntios: o antigo, por apontar o pecado, traz o julgamento de
DEUS; mas o novo, por meio da vida inocente e da morte de JESUS, traz a justiça
de DEUS ao crente.
O antigo concerto era glorioso. Não apenas o rosto de Moisés
brilhava, mas trovões, relâmpagos, uma espessa nuvem, um sonido de buzina mui
forte e fogo acompanharam a sua inauguração, no Monte Sinai (Êx 19.16-20). Mas
o novo concerto muito mais o excederá em glória. O novo ministério, o
ministério do ESPÍRITO, é ainda mais glorioso. As vidas e os corações
transformados dos crentes são uma obra de DEUS ainda mais miraculosa do que os
relâmpagos, os trovões, e os terremotos. Na verdade, esta glória maior estava
eclipsando a glória do antigo concerto. Da mesma forma como a luz brilhante do
sol faz com que uma lanterna pareça inútil, também a glória inigualável do novo
concerto torna inútil qualquer brilho menor. O antigo concerto era transitório,
tinha sido deixado de lado, e estava sendo substituído pelo novo concerto, que
permanece.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora
CPAD. Vol. 2. pag. 204-205.
II Cor 3.7
«...gravado com letras em pedras...» Esse foi também outro meio que
Paulo usou para mostrar como o antigo pacto era «inferior» ao novo, meio que
ele já havia utilizado no terceiro versículo deste capítulo. A nova aliança
grava a mensagem de CRISTO em tábuas de carne, isto é, no homem essencial,
espiritual; e isso é que toma essa mensagem eficaz em suas vidas. A antiga
mensagem, por sua vez, não era gravada no coração, mas foi gravada meramente em
tábuas de pedra.
A glória de Moisés se desvaneceu, mas a glória do homem JESUS
jamais poderá diminuir.
Mediante tais idéias, Paulo ilustrou a glória maior e a permanência
do novo pacto.
Ilustrações sobre a inferioridade da lei mosaica em relação ao
sistema da graça divina. Há quatro maneiras de mostrar essa inferioridade, a
saber:
1. A lei era a ministração da morte; mas a graça conduz à vida
eterna.
2. A lei era a ministração da condenação; a graça nos confere a
justificação.
3. A lei era temporária; mas o novo pacto é permanente.
4. A lei refletia a glória de DEUS, no rosto de Moisés; mas o novo
pacto em muito ultrapassa a essa glória, tal como CRISTO é maior do que Moisés.
A Glória Da Lei :
1. A lei era gloriosa por ser uma manifestação da vontade divina,
acompanhada pela presença de DEUS ou de algum elevado poder espiritual, em sua
outorga e administração.
2. A lei prefigurava CRISTO nos seus sacrifícios e cerimônias, pelo
que, por si mesma, era gloriosa.
3. Continha muitas lições espirituais de grande valor, embora não
fosse, ela mesma, o caminho da salvação.
4. Demonstrava a necessidade que temos do Salvador, além de
predizer a sua vinda. Foi um mestre-escola que conduziu homens a CRISTO.
5. Todavia, a glória da lei era secundária, fadada como estava a
ser ultrapassada, uma vez que fosse outorgado aos homens aquilo que a lei
simbolizava e predizia.
6. A glória da lei era transitória, e desapareceu diante da vinda
de CRISTO.
7. Seu valor era significativo, pelo que também a sua glória foi
grande; mas a glória de CRISTO é a que pode transfigurar a ti e a mim.
Os discípulos de CRISTO não refletem a glória transitória de Moisés
em seus rostos. Antes, possuem a glória eterna do ESPÍRITO de DEUS, em suas
almas.
De quatro maneiras, pois, o apóstolo dos gentios demonstrava a
superioridade da nova aliança, em comparação com o antigo pacto. Essas quatro
maneiras são:
1. A lei mosaica era a ministração da morte; a nova aliança é a
ministração da vida.
2. A lei era a ministração da condenação; a nova aliança é a
ministração da justificação.
3. A lei tinha certa glória; mas o novo pacto ultrapassa em
muitíssimo essa glória.
4. A permanência da graça, em relação ao sistema mosaico, que
era transitório.
Em tudo isso se percebe que o apóstolo Paulo rompera definida e
permanentemente com o antigo judaísmo. Para ele, o cristianismo não era
meramente um nível mais elevado do judaísmo, alguma nova expressão do judaísmo.
Pelo contrário, era uma revelação muito mais elevada, uma nova ordem, revestida
de uma nova e permanente glória. A glória do judaísmo—segundo nos informava
Paulo—era infinitesimal, quando posta em confronto com a glória que nos é
oferecida em CRISTO.
«A glória do novo pacto nos resguarda da morte, nos resguarda da
condenação, e é permanente. Nesse argumento, pois, o apóstolo tinha em vista,
sobretudo, os judaizantes, os quais pensavam que a lei era indispensável e
superior ao evangelho». (Beet, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag.
2. A GRAÇA.
Lv 18.5 Cumprindo os quais, o homem viverá por eles. Vivia-se,
vivendo corretamente. A vida consistia na guarda da lei. Este versículo é muito
empregado para mostrar que os hebreus esperavam obter a vida eterna mediante a
guarda da lei. Posteriormente, os judeus interpretavam-no nesse sentido. Mas
foi essa a questão central que o apóstolo Paulo combateu e repudiou, em Gál.
3.21,22. Disse ele: .. se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a
justiça, na verdade seria procedente de lei. Mas a Escritura encerrou tudo sob
o pecado, para que mediante a fé em JESUS CRISTO fosse a promessa concedida aos
que crêem”.
Mas em Lev. 18.5, “vida" não é a vida eterna. Em parte alguma
do Pentateuco temos a promessa de vida além-túmulo para os que vivessem
retamente, nem temos ameaças de juízo, além-túmulo, para os que não vivessem
retamente. O assunto da bem-aventurança ou da punição eternas, além-túmulo,
ainda precisou de muito mais tempo para ser consolidado dentro da teologia dos
hebreus. Simplesmente temos de admitir que a teologia judaica, nesse
particular, era deficiente, sendo esse um dos pontos que a revelação cristã veio
aprimorar.
Não há que duvidar, sem embargo, de que, posteriormente, quando os
judeus vieram a crer firmemente na existência da alma imortal e imaterial, o
trecho de Lev.18.5 passou a ser empregado para mostrar que a vida eterna viria
através da guarda da lei. E isso armou o palco para o repúdio a tal ensino, por
parte de Paulo.
A vida referida em Lev. 18.5 é uma vida física abundante, abençoada
por Yahweh. Uma vida boa, mediante a observância dos mandamentos, mas que
termina na morte espiritual. É melhor alguém viver bem do que ao contrário, e a
guarda da lei fazia parte integral de uma vida boa e longa sobre a terra, sob a
bênção de Yahweh.
“As autoridades religiosas dos dias do segundo templo interpretavam
essa cláusula no sentido de que quem obedecesse a essas leis teria a vida
eterna. Por isso mesmo, as antigas versões caldaicas traduziam-na como “terá a
vida eterna”. Essa passagem foi citada tanto pelos profetas (Eze. 20.11; Nee.
9.29) quanto pelo apóstolo Paulo (Rom. 10.5 e Gál. 3.12), o qual contrastou
essa promessa, baseada nas obras, com a promessa do evangelho, baseada na fé”
(Ellicott, in toe.). O argumento paulino, naturalmente, era que viver a lei,
obedecer aos seus conceitos, é algo realmente acima da capacidade humana. Por
isso mesmo, o homem precisa de um sistema diferente do da lei, o sistema da
graça-fé.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 545.
Gl 3.11 Tentar ser justificado diante de DEUS observando a lei não
dá certo. A lei não pode salvar, mas a fé pode. Paulo referiu-se à declaração
de Habacuque, em Habacuque 2.4: “O justo viverá da fé”. Uma pessoa justificada
não é aquela que observa a lei, mas aquela que tem um relacionamento correto
com DEUS. Esta expressão significa que os cristãos viverão por causa da
fidelidade de DEUS e por causa da sua atitude de fé em DEUS; como resultado,
eles terão a vida eterna e sentirão a plenitude da vida.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora
CPAD. Vol. 2. pag. 227.
O método da lei não só encontra sua consequência lógica na
maldição, mas as Escrituras claramente consideram fé, e não lei, a base de
justificação. E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de
DEUS, porque o justo viverá da fé.
“Justificar” e “fazer justo” são traduções possíveis do mesmo verbo
grego. Este termo — “justiça” (dikaiosyne) — é um dos conceitos mais
importantes no pensamento paulino. Mas as interpretações são numerosas e
extensamente divergentes. O “homem de fé” não é apenas absolvido, mas o poder
do pecado é interrompido em sua vida. Pelo visto, o significado ético de
justiça está implícito em Romanos 6.13,16,18-20; 8.10, Efésios 6.14 e
Filipenses 1.11.
O apóstolo cita Habacuque 2.4 como apoio bíblico para o seu
argumento de que os homens são justificados pela fé e não pela lei. A expressão
viverá é acrescentada ao conceito básico de o homem ser justo pela fé. Talvez
isso signifique que a justificação em si é a nova vida, desta forma
comparando-a com a regeneração; ou, como consequência da regeneração, refira-se
à obtenção da vida eterna no céu como consequência da fé.
R. E. Howard. Comentário Bíblico Beacon. Gálatas Editora
CPAD. Vol. 9. pag. 47.
Elementos Constituintes Da Justificação
1. A justificação nos confere a retidão divina, em nós implantada e
cultivada pelo ESPÍRITO, primeiramente na forma de uma declaração forense, mas,
em seguida, realizada como um fato vivo. Somos moralmente transformados (ver
Rom. 3:21).
2. Ela se baseia sobre a missão de CRISTO, incluindo o seu ato
expiatório (ver Rom. 3:24).
3. Ela se verifica totalmente à revelia dos méritos humanos, como
aqueles adquiridos pela obediência à lei mosaica (ver Rom. 3:28).
4. Não se trata de mera declaração forense. Antes, é o começo da
santificação, e a semente da glorificação. Desse modo, a própria forma de vida
divina é proporcionada aos homens (ver João 5:25,26).
5. A justificação, portanto, não é apenas um princípio. É uma força
viva, através do ESPÍRITO, e seu propósito é conferir-nos a imagem de CRISTO,
com sua natureza e espiritualidade (ver II Cor. 3:18).
Ninguém é justificado perante DEUS por intermédio da lei.
O significado da justificação tem sido obscurecido por aqueles que
enxergam nessa doutrina apenas uma declaração «forense». Mas a justificação não
pode resumir-se nisso, porquanto ela é a «justificação para a vida», ou seja,
tem a ver com a própria participação na vida divina, em que o indivíduo entra
na posse da eterna vida de DEUS )João 5:25,26 e 6:57).
A justificação, como doutrina paulina, inclui igualmente a
atribuição e a realização da própria santidade e da vida de CRISTO no crente; e
é paralela, senão mesma idêntica ao intuito, à santificação e à glorificação.
«...o justo viverá pela fé...» A fé ascende a DEUS, confiadamente;
e Habacuque pode perceber que, a despeito da situação ser extremamente
desagradável, e que a provação que se seguiria era terrível, ainda assim ele
podia continuar confiando no Senhor DEUS. O homem bom sobreviveria, seria
preservado e continuaria a viver, para a glória de DEUS, mediante a sua
confiança fiel; e devido a essa sua fidelidade, seria honrado por DEUS. Essa
era a fé do profeta Habacuque. Com Paulo a declaração é infinitamente elevada
em seu sentido, Paulo, tal como o profeta antigo, tem em mente mais do que a
mera crença; ele combina as idéias de «fazer o que é reto» com «ser reto aos
olhos de DEUS», em sua noção da fé. Assim sendo, um crente é aquele que tem a
fé correta no tocante a CRISTO, mas também é aquele que possui o princípio vivo
da fé, que vai alimentando a santidade de CRISTO que se forma em sua alma.
Portanto, esse «viver» que o crente tem é presente, e não apenas futuro. Esse
«viver» é a participação, agora mesmo, na vida de DEUS; e isso produz a
verdadeira vida de santidade, a qual é aceitável aos olhos de DEUS. Além disso,
esse «viver» também tem um aspecto escatológico, ou seja, relaciona-se à
existência futura, nos lugares celestiais, na vida eterna.
Essa é uma nota excelente, digna de ser estudada, e que combate
corretamente certas formas legalistas de justificação, correntes na
interpretação da igreja evangélica moderna. Na realidade não há meio de separar
a fé e a santidade, nos escritos e na teologia de Paulo, porquanto uma coisa é
a fonte originária da outra.
A expressão: «O justo viverá pela fé» é citada por três vezes nos
escritos de Paulo. Além desta passagem, ela também figura em Rom. 1:17 e Heb.
10:38 (se é que que, escreveu foi Paulo).
« ...diante de DEUS...» A justificação e a vida eterna não podem
resultar de qualquer padrão e trabalho humanos, como a lei, à vista da lei, ou
conforme os homens consideram as coisas. DEUS é o «expectador», que deve
aprovar e motivar, e até mesmo gerar o que é realizado dentro da justificação.
«...pela fé...» Essa vida se origina do princípio ativo da fé, sem
importar se falamos de seu aspecto presente ou futuro. A fé é a fonte, e não a
lei, e não exigências legalistas, cerimoniais ou sacramentais.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 469-470.
Como A Graça Opera, A Fim De Dar-Nos Vitória Sobre O Pecado
1. A palavra «graça», neste caso, refere-se ao sistema espiritual
da graça, em contraste com o sistema da lei. Sob Moisés, os homens receberam um
conhecimento para eles elevado demais. Ficaram sabendo o que havia de errado,
mas foram deixados sem poder para resistir ao pecado. De fato, a lei revigorou
o pecado. Sob a graça, pelo contrário, o ministério do ESPÍRITO nos é
conferido, pois ele é o alter ego de CRISTO, o qual faz de nós o seu templo
(ver Efé. 2:20), e, dessa forma, nos transforma.
2. O método mosaico era «legalista», isto é, consistia em uma lei
que exigia coisas dos homens, encorajando o orgulho humano. Abria caminho para
os méritos humanos como maneira de considerar-se a obtenção da salvação.
Portanto, não podia prover aos homens o dom divino, a saber, a salvação da
alma.
3. O caminho do ESPÍRITO é místico. Esse vocábulo, consoante à sua
definição mais básica, significa que entramos em «contato» com algum poder
superior, especificamente, DEUS, o ESPÍRITO SANTO, CRISTO. Esse contato
capacita-nos a cumprir os requisitos da retidão, não com perfeição impecável,
mas com vitórias sobre o vício e o pecado.
4. No trecho de Rom. 6:12, perceberemos que tais meios, todos eles
em seu conjunto, foram providos pelo poder do ESPÍRITO, o qual é o agente do
«método da graça» da salvação.
5. O trecho de Rom. 8:2 fala sobre a «lei do ESPÍRITO», a qual
opera em nós; e é através desse novo princípio que obtemos a vitória. Essa nova
lei foi escrita em nossos corações, pelo que se torna em uma característica da
alma, e não mero conhecimento mental.
6. O ESPÍRITO SANTO tem o poder por detrás dos meios de
desenvolvimento espiritual. O método da graça opera através de tais meios.
7. Obviamente, o método da graça abre a provisão necessária para a
santificação, uma importantíssima realidade e doutrina cristã, o que é
entendido em I Tes. 4:3.
8. O alvo maior das operações do ESPÍRITO, o que, paralelamente, é
o aspecto mais elevado da salvação, é a transformação do indivíduo segundo a
própria imagem de CRISTO, de tal modo que o crente vai passando de um estágio
de glória para outro, em contínua ascensão. (II Cor. 3:18). Ê óbvio que a
pessoa assim beneficiada, dificilmente se vê sujeita ao reino do pecado.
«Muitas almas honestas existem que não podem crer que a obediência
a DEUS possa ser garantida a não ser através da lei.
Dizem essas pessoas: «Dê inteira liberdade a um homem, e já
não se poderá mais controlá-lo». Consideremos, entretanto, os pontos seguintes:
1. Nenhum ser humano, na realidade, foi jamais controlado
inteiramente pelo princípio da lei. A nação de Israel, que DEUS sujeitou sob a
lei, e isso mediante «maravilhosas e gloriosas manifestações de sua própria
presença e autoridade», imediatamente renunciou à obediência que haviam
prometido prestar-lhe.
2. Consideremos a relação existente entre a noiva e o seu noivo.
Essa relação é um laço de amor, em que todos se deleitam por buscar o bem-estar
do outro. Não se trata de uma relação imposta por qualquer lei. O marido não
sai andando pela casa baixando regras para a esposa observá-las, como se a
continuação dessa relação matrimonial dependesse dessa observância! Tais regras
são baixadas para os servos! Não obstante, descobrimos que a esposa pergunta
ansiosamente a seu esposo o que ele quer para o almoço, e como, em qualquer
outro sentido, ela possa agradá-lo e ser-lhe útil. Ora, tudo isso se deriva do
princípio do amor, e não da lei!
3. Ora, DEUS declara, e isso repetidamente, que fomos tirados de
debaixo do princípio da lei por causa da morte de CRISTO. Agora, estamos
debaixo dá graça, e assim, produzimos fruto para DEUS. Servimos em «novidade de
espírito», o que só pode significar (a exemplo da esposa, que se deleita ante a
possibilidade de agradar ao seu esposo) aquele espírito de serviço voluntário,
ditado pela devoção pessoal, que anima todo o verdadeiro crente.
4. Não há a menor esperança, entretanto, de que qualquer pessoa
venha a exibir a disposição e a capacidade de perceber o poder desse plano
divino da ‘novidade de espírito', enquanto tal pessoa não tiver percebido e
crido que realmente ela morreu com CRISTO —que ela mesma era tão má que todo o
seu «velho homem» foi crucificado juntamente com CRISTO; a fim de que agora,
estando em relação matrimonial com um outro, isto é, com aquele que ressuscitou
dentre os mortos, possa ela produzir fruto digno para DEUS.
Que DEUS pode ser DEUS-Salvador, e não somente Legislador, é algo
que a mente humana isolada não pode conceber, porquanto isso só pode ser
recebido pela fé. Que naqueles que não estão debaixo da lei se cumpre tudo, e
mais ainda! Quanto a lei requer, parece uma insensatez para todos quantos não
têm fé, a fé bíblica e neotestamentária na graça de DEUS, em CRISTO JESUS.
Sete realidades são experimentadas pelos crentes, desde que passam
pela crucificação e pela vinda do ESPÍRITO SANTO, e que não eram experimentadas
antes, pelos próprios crentes, a saber:
1. O pecado foi eliminado na cruz. Antes, ano após ano, o pecado só
vinha sendo «encoberto».
2. Nosso velho homem foi crucificado juntamente com CRISTO abrindo
assim o caminho para o completo livramento do poder do pecado, através da
presença habitadora do ESPÍRITO SANTO.
3. CRISTO é glorificado em nós. (Ver Atos 1:3 e João 7:39).
4. O ESPÍRITO SANTO foi dado dispensacionalmente no dia de
Pentecoste; e então, tendo ouvido e crido no evangelho, os crentes individuais
são por sua vez selados pelo «ESPÍRITO SANTO da promessa» (ver Efé. 1:13), 0
qual também testifica, no coração dos crentes, na qualidade de «ESPÍRITO do
Filho de DEUS», de que agora eles são filhos adultos de DEUS.
5. No dia de Pentecoste, DEUS começou a criar «novas criaturas em
CRISTO JESUS» (ver II Cor. 5:17), ou, conforme diz Tia. 1:18: «...para que
fôssemos como que primícias das suas criaturas». CRISTO, o primogênito dentre
os mortos, é o Cabeça de sua nova criação.
6. Os crentes, desde o dia de Pentecoste em diante, foram batizados
em um corpo, o Corpo de CRISTO, tendo-se tornado membros de CRISTO e membros
uns dos outros, algo novo e maravilhoso!
7. Após o dia de Pentecoste a «casa de DEUS» não era mais a cidade
de Jerusalém, e, sim, passou a ser «entre os crentes», em qualquer lugar onde
se encontrem eles, mesmo que apenas dois ou três estejam reunidos em nome de
CRISTO, porquanto ali estará também Ele (ver Mat. 18:19,20), e ali estará
igualmente o ESPÍRITO SANTO (ver I Cor. 3:16 e Efé. 2:21,22)».
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 3. pag. 674-675.
Rm 6.14 O pecado não pode, e nunca mais poderá, ter domínio sobre
nós porque não estamos mais debaixo da lei. O que significa não estarmos mais
debaixo da lei?
• Não estamos mais sob as exigências da lei, como estavam as
pessoas do Antigo Testamento.
• Não estamos sob a maldição decorrente do inatingível padrão da
lei (G1 3.10-14).
• Não estamos sob o seu sistema de exigências: as leis que tinham
que ser meticulosamente guardadas.
• Não estamos mais sob o medo de ser reprovados pelo justo padrão
da lei.
Se os crentes ainda estivessem debaixo da lei, então o pecado seria
o seu senhor, e os dominaria. Por si mesma, a lei produz tanto a prova como a
forte consciência do pecado, mas não pode direcionar ou motivar uma pessoa a
fazer o que é certo. Portanto, os crentes são libertados pela graça de DEUS,
porque somente a graça pode sobrepujar o pecado. Somente vivendo nessa graça é
que nós podemos derrotar o poder do pecado em nossa vida. Quando a nossa vida
está apenas sob a lei, o pecado é o nosso senhor; ele nos domina. Mas quando
vivemos sob a graça, o nosso Senhor é DEUS, e é Ele quem nos domina.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora
CPAD. Vol. 2. pag. 46.
3. OS MANDAMENTOS DE CRISTO.
Jo 14.15 «...se me amais, guardareis os meus mandamentos...» Este
versículo vincula os nossos pensamentos aos conceitos emitidos nos versículos
anteriores, sobre a feitura de obras que os crentes realizassem em nome de
JESUS. Aqueles que haveriam de realizar essas obras, e essas formas de obras
seriam maiores do que aquelas que o próprio Senhor JESUS fez neste mundo,
jamais seriam realidades não fora a presença do amor que é aqui mencionado e
nem fora a força proporcionada pelo ESPÍRITO SANTO, que aparece nos dois
versículos seguintes. A atuação do *Logos* encarnado foi motivado pelo amor.
tal como a ação de DEUS Pai, ao enviar CRISTO ao mundo. (Ver João 3:16).
Aqueles que estão unidos dentro da família de DEUS devem participar de um amor
mútuo, amor esse que forçosamente inspira ações características da natureza de
CRISTO. Tholuck (in loc.) tem uma excelente observação sobre a natureza desse
amor: ·Para João o amor não consiste meramente em felicidade de sentimentos;
mas é unidade de vontade com o amado (ver João 14:21; IS: 14 c I João 3:18). É
o amor que torna os homens susceptíveis a comunhão com o Consolador: O mundo
não pode recebê-lo». Entretanto, também expressa a verdade aquilo que Lange
registrou (in loc.). ao dizer: *A amorosa contemplação da personalidade de
CRISTO é o vínculo de comunhão dos discípulos, aquilo que faz deles uma
personalidade coletiva, e nessa comunhão podem tornar-se o órgão da
manifestação pessoal do ESPÍRITO SANTO*.
Quanto ao sentido da palavra "mandamentos", poderíamos
destacar as seguintes observações:
1. Não se trata de alguma referência direta aos dez mandamentos,
quer segundo aparecem os mesmos nas páginas do A. T., quer segundo aparecem
incorporados no N. T.
2. Não se trata de uma referência às diversas instruções que JESUS
deu a seus discípulos.
3. Mas trata-se de uma alusão ao corpo e espírito inteiro daquilo
que os homens aprendem mediante a sua associação com JESUS e, mais
particularmente, por pertencerem à família celestial da qual ele é o irmão mais
velho e na qual há o Pai celeste. Os seus mandamentos são as normas que
orientam essa família. os princípios éticos da família celeste, o que não se
limita aos dez mandamentos, mas nem por isso é contrário aos mesmos.
4. Na referência em foco: neste ponto, há uma alusão especial ao
novo mandamento, que é a lei do amor, que se mostra saliente entre todos os
mandamentos, sumariando a eles todos dentro de poucas palavras e que haveria de
ser uma característica toda especial de cada membro dessa família, bem como da
família como uma comunidade local, na forma de igreja. O espírito de todas
essas verdades pode ser encontrado na declaração apostólica de Paulo: «...logo.
já não sou eu quem vive, mas CRISTO vive em mim; e esse viver que agora tenho
na carne, vivo pela fé no Filho de DEUS. que me amou e a si mesmo se entregou
por mim» (Gál. 2:20).
Estamos fazendo progresso, em nossa obediência e aplicação da lei
do amor, quando começamos a ter cuidado pelos outros segundo cuidamos de nós
mesmos; quando nos parece tão importante o que acontece aos outros, como o que
acontece conosco; e, acima de tudo, quando em tudo desejamos para os outros não
menos do que para nós mesmos. O amor é uma profunda motivação que provoca a
partilha e o mais autêntico altruísmo, e isso é abundantemente ilustrado na
vida de CRISTO, que viveu para os outros e morreu pelos outros. O amor é um
produto da influência do ESPÍRITO no coração do crente (um dos aspectos do
fruto do ESPÍRITO - ver Gál. 5:22), e faz parte da transformação ética que o
ESPÍRITO SANTO opera nos remidos, servindo também de evidência do
desenvolvimento espiritual dos mesmos.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 529.
Jo 14.15. Dois elos ligam este versículo ao que o precede.
(1) A perspectiva de fazer “coisas maiores” antecipa a necessidade
de uma capacitação com poder, a manifestação do próprio DEUS por meio de seu
ESPÍRITO.
(2) O tema da obediência está de acordo com o ato de pedir coisas
em nome de JESUS (w. 13-14). Nada da prometida frutificação virá para aqueles
que pensam que podem manipular o CRISTO exaltado, ou usá-lo para seus próprios
fins.
Barrett (p. 461) observa corretamente que a prótase, "se vocês
me amam" "controla a gramática dos próximos dois versículos (15-17a)
e o pensamento dos próximos seis (15-21)”. JESUS demonstrou o amor que tem
pelos seus (13.Is.), declarou seu amor por eles e ordenou que amem uns aos
outros (13.34,35); nesse momento, pela primeira vez no quarto evangelho, ele
fala do amor deles por ele. O condicional é de terceira classe: JESUS nem
assume que seus seguidores o amam, nem que não o amam, nem mesmo como suposição,
mas projeta uma condição e estipula sua consequência: eles obedecerão (o
futuro, não o imperativo, é a leitura correta: cf. Metzger, p. 245) o que ele
ordena.
A relação indissociável entre o amor por CRISTO e a obediência a
CRISTO aparece repetidamente nos escritos de João {cf. w. 21,23; 15.14). A
ligação aproxima-se da esfera de definição: “Porque nisto consiste o amor a
DEUS: em obedecer aos seus mandamentos” (1 Jo 5.3). Mas quais são os
‘mandamentos’ dele? Os paralelos que ligam “meus mandamentos” (v. 15),
“mandamentos” (v. 21), e ‘meus ensinamentos’ (lit.“minha palavra” no v. 23, e
“minhas palavras” no v. 24) sugerem, para alguns, que há mais coisas em jogo que
os mandamentos éticos de JESUS. O que a pessoa que ama JESUS observará não é
simplesmente um conjunto de injunções éticas discretas, mas toda a revelação do
Pai, revelação essa concebida holisticamente (cf. 3.31,32; 12.47-49; 17.6). Não
obstante, as formas plurais (‘mandamentos’, entolat) provavelmente enfocam os
componentes individuais das exigências de JESUS, enquanto o singular ‘palavra’
{logos; cf. 14.23; 17.6) enfoca o CRISTO, revelação como um todo abrangente.
Obviamente, um dos principais ingredientes desta revelação é a obrigação que os
seguidores de JESUS têm, na nova aliança, de amar um ao outro (13.34,35). João
entende isto tão integralmente relacionado à devoção a DEUS que ele pode, em
outra passagem, afirmar: “Assim sabemos que amamos os filhos de DEUS: amando a
DEUS e obedecendo aos seus mandamentos” (l Jo 5.2).
D. A. CARSON. O Comentário De João. Editora Shedd
Publicações. pag. 498-499.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva (http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/) com
algumas modificações do Pr. Luiz Henrique.
Veja
https://ebdnatv.blogspot.com/2022/01/estudo-alianca-de-sangue-pr-henrique.html
Referências Bibliográficas (outras estão acima)
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP:
Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico
Almeida Revista e Corrigida.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João
Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida,
Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999.
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson
EM CD.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ -
Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE https://ebdnatv.blogspot.com/2022/01/estudo-alianca-de-sangue-pr-henrique.html
http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/ - Pb
Alessandro Silva
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 8, A Lei e os Evangelhos Revelam JESUS
Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2022 - CPAD - Para adultos
Tema: A Supremacia das Escrituras, a Inspirada, Inerrante e
Infalível Palavra de DEUS
Comentário: Pr. Douglas Baptista (Pr. Pres. Assembleia de DEUS Missão,
Brasília, DF)
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Deuteronômio 6.4-9; Lucas 1.1-4
Deuteronômio 6. 4 - Ouve, Israel, o Senhor, nosso DEUS, é o único
Senhor. 5 - Amarás, pois, o Senhor, teu DEUS, de todo o teu coração, e de toda
a tua alma, e de todas as tuas forças. 6 - E estas palavras que hoje te ordeno
estarão no teu coração; 7 - E as intimarás a teus filhos e delas falarás
assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. 8
- Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus
olhos. 9 - E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.
Lucas 1. 1 - Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos
que entre nós se cumpriram, 2 - Segundo nos transmitiram os mesmos que os
presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra, 3 - Pareceu-me
também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua
ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio; 4 -
Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.
ESTUDOS BEP - CPAD
6.4-9 OUVE, Ó ISRAEL. Este trecho é comumente chamado "o
Shema" (do hb. shama?, "ouvir"). Os judeus dos tempos de JESUS
eram afeitos a esse trecho, por ser recitado diariamente pelos judeus devotos,
e também regularmente nos cultos da sinagoga. O "Shema" é a
declaração clássica do cunho monoteísta de DEUS. Ao "Shema" segue-se
um duplo preceito para Israel:
(1) amar a DEUS de todo o coração, alma e forças (vv. 5,6); e
(2) ensinar diligentemente aos seus filhos sobre a sua fé (vv.
7-9).
6.4 O SENHOR, NOSSO DEUS, É O ÚNICO SENHOR. Este versículo juntamente com os
versículos 5-9; 11.13-21; Nm 15.37-41 - ensina o monoteísmo. Esta doutrina
afirma que DEUS é o único DEUS verdadeiro, e não uma teogonia ou grupo de
diferentes deuses; que é onipotente entre todos os seres e espíritos do mundo
(Êx 15.11). Este DEUS deve ser o objeto exclusivo do amor e obediência de
Israel (vv. 4,5). Esse aspecto de "unicidade" é a base da proibição
da adoração a outros deuses (Êx 20.2). O ensino de 6.4 não contradiz a
revelação no NT, de DEUS como um ser trino, que sendo uno em essência, é
manifesto como Pai, Filho e ESPÍRITO SANTO (ver Mt 3.17, e Mc 1.11 natureza
trina e una de DEUS).
6.5 AMARÁS... O SENHOR, TEU DEUS. DEUS anela comunhão com seu povo e lhe dá
esse único e indispensável mandamento, que vincula esse povo a Ele mesmo.
(1) Retribuindo o seu amor com amor, gratidão e lealdade (4.37), os
israelitas o conhecerão, e nEle se deleitarão pelas provisões do concerto.
(2) Deste mandamento, "o primeiro e grande mandamento",
juntamente com o segundo mandamento: amar ao próximo (cf. Lv 19.18), depende
toda a lei e os profetas (Mt 22.37-40).
(3) A verdadeira obediência a DEUS e aos seus mandamentos somente é
possível quando brota da fé em DEUS e do seu amor (cf. 7.9; 10.12; 11.1,13,22;
13.3; 19.9; 30.6,16,20; ver Mt 22.39; Jo 14.15; 21.16; 1Jo 4.19).
6.6 ESTAS PALAVRAS... ESTARÃO NO TEU CORAÇÃO. O firme propósito de DEUS é que
sua Palavra esteja no coração do seu povo (cf. Sl 119.11; Jr 31.33). Paulo
declara explicitamente: "A palavra de CRISTO habite em vós abundantemente,
em toda a sabedoria" (Cl 3.16; cf. 2 Tm 3.15-17). Esse preceito somente
pode ser cumprido se, diária e continuamente, examinarmos as Escrituras (Sl
119.97-100; Jo 8.31,32). Uma maneira de fazer isso é ler o NT todo duas vezes
por ano, e o AT uma vez por ano (cf. Is 29.13; ver Tg 1.21)
6.7 E AS INTIMARÁS AOS TEUS FILHOS. Uma forma vital de expressar amor a DEUS
(v. 5) é cuidar do bem-estar espiritual dos filhos e esforçar-nos para levá-los
a um real relacionamento com DEUS.
(1) O ensino da Palavra de DEUS aos filhos deve ser uma tarefa
altamente prioritária dos pais (cf. Sl 103.13; ver Lc 1.17; 2 Tm 3.3).
(2) O ensino das coisas de DEUS deve partir do lar, e nisso, tanto
o pai como a mãe devem participar. Cultuar a DEUS no lar não é uma opção; pelo
contrário, é um mandamento direto do Senhor (vv. 7-9; Êx 20.12; Lv 20.9; Pv
1.8; 6.20; cf. 2 Tm 1.5).
(3) O propósito da instrução bíblica pelos pais é ensinar os filhos
a temer ao Senhor, a andar em todos os seus caminhos, a amá-lo e ser-lhe grato
e a servi-lo de todo o coração e alma (10.12; Ef 6.4).
(4) O crente deve proporcionar sabiamente aos seus filhos uma
educação teocêntrica, em que tudo se relacione com DEUS e às suas coisas (cf.
4.9; 11.19; 32.46; Gn 18.19; Êx 10.2; 12.26,27; 13.14-16; Is 38.19)
Precauções e Preceitos - Deuteronômio 6. 4-9 - Comentário Bíblico -
Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Aqui temos: Ouve, Israel, o Senhor, nosso DEUS, é o único Senhor. Amarás,
pois, o Senhor, teu DEUS, de todo o teu coração, e de todo o entendimento..
I
Um breve resumo da religião, contendo os primeiros princípios de fé e
obediência, vv. 4,5. Esses dois versículos que os judeus consideram como um dos
melhores trechos das Escrituras: eles os escrevem em seus filactérios, e se
acham não apenas obrigados a recitá-los pelo menos duas vezes todos os dias,
mas muito felizes por serem obrigados a isso, tendo esse provérbio entre si:
Abençoados somos nós, que a cada manhã e a cada entardecer dizemos: Ouve,
Israel, o Senhor, nosso DEUS, é o único Senhor. Porém mais abençoados seremos
se ponderarmos e aproveitarmos devidamente:
1. O que aqui somos ensinados a crer com relação a DEUS: que Iavé, o nosso
DEUS, é um único SENHOR.
(1) Que o DEUS a quem servimos é Iavé, um Ser infinita e
eternamente perfeito, que existe por si só, e que é autossuficiente.
(2) Que Ele é o DEUS vivo, o único e verdadeiro; apenas Ele é DEUS,
e Ele é único. A firme convicção desta verdade evidente por si só, efetivamente
os protegeria contra toda idolatria que fosse introduzida através daquele erro
fundamental, de que existem muitos deuses. É incontestável que existe um só
DEUS, e que não há outro além dele, Marcos 12.32. Que não tenhamos, então,
nenhum outro, nem desejemos ter qualquer outro. Alguns pensaram que existe aqui
um claro indício da trindade de pessoas na unidade da Divindade. Pois aqui está
o nome de DEUS três vezes, e ainda assim em todas elas são declaradas ser um.
Felizes aqueles que têm esse único Senhor como seu DEUS. Pois eles têm apenas
um Senhor para agradar, apenas um benfeitor para buscar. É melhor ter uma fonte
do que mil cisternas; é muito melhor ter um único DEUS capaz, do que mil deuses
incapazes. TEMOS UM DEUS ONISCIENTE, ONIPOTENTE E ONIPRESENTE, O QUE NOS BASTA.
2. O que nos é ensinado aqui com respeito aos deveres que DEUS exige do homem.
Está tudo resumido nisso como seu princípio: Amarás, pois, o Senhor, teu DEUS,
de todo o teu coração. Ele havia se encarregado (v. 2) de ensiná-los a temer a
DEUS. E, de acordo com a sua tarefa Ele aqui os ensina a amá-lo, pois quanto
mais fervoroso for o nosso afeto por Ele, maior será a nossa veneração a Ele. O
filho que honra os seus pais, sem dúvida os ama. Algum príncipe já criou uma
lei para que os seus súditos o amassem? Mesmo assim, tal é a condescendência da
graça divina, que esse é tornado o primeiro e grande mandamento da lei de DEUS,
que o amemos, e que cumpramos todas as outras partes de nosso dever para com
Ele a partir de um princípio de amor. Dá-me, filho meu, o teu coração. Devemos
estimá-lo profundamente, estarmos felizes por existir tal Ser, contentes por
todos os seus atributos e ligações conosco: o nosso desejo deve ser dirigido a
Ele. O nosso deleite deve estar nele; a nossa dependência deve estar nele, e a
Ele devemos ser inteiramente devotados. Deve ser um prazer constante para nós
pensar nele, ouvir falar dele, falar com Ele, e servi-lo. Devemos amá-lo:
(1) Como o Senhor, o melhor dos seres, o mais esplêndido e bondoso
por si só.
(2) Como o nosso DEUS, um DEUS em concerto conosco, o nosso Pai, e
o mais amável e generoso de nossos amigos e benfeitores. Também nos é ordenado
que amemos a DEUS com todo o nosso coração, e alma, e forças. Isto é, devemos
amá-lo:
[1] Com um amor sincero. Não apenas com palavras, da boca para
fora, dizendo que o amamos, quando os nossos corações não estão com ele. Mas
interiormente, e em verdade, nos consolando nele.
[2] Com um amor intenso. O coração deve ser dirigido a Ele com
grande fervor, e um forte sentimento de afeição. A partir disso, alguns
pensavam que deveríamos evitar dizer (como nos expressamos geralmente) que
vamos fazer isso ou aquilo com todo o nosso coração, pois não devemos fazer
nada com todo o nosso coração exceto amar a DEUS. E que essa frase, sendo usada
aqui com respeito ao fogo sagrado, não deveria ser profanada. Aquele que é tudo
para nós deve ser o dono de tudo o que tivermos. Ninguém mais, a não ser Ele.
[3] Com um amor superlativo. Devemos amar a DEUS acima de qualquer
criatura, e não amar nada além dele, a não ser o que amamos por Ele, e em
obediência a Ele.
[4] Com um amor inteligente. Pois assim é explicado: Marcos 12.33.
Amá-lo com todo o coração, e de todo o entendimento. Nós devemos conhecê-lo, e
então amá-lo como aqueles que vêem bons motivos para amá-lo.
[5] Com um amor completo. Ele é único, e assim os nossos corações
devem estar unidos nesse amor, e todo fluxo de nossas afeições deve fluir para
Ele. Ó, que esse amor a DEUS possa transbordar em nossos corações!
II
Aqui são recomendados meios para a manutenção e a preservação da religião
em nossos corações e em nossos lares, para que ela não possa enfraquecer e
entrar em decadência. E são estes:
1. Meditação: Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu
coração, v. 6. Embora palavras apenas, sem as ações, não nos façam nenhum bem,
ainda assim corremos o risco de deixar escapar o mais importante, se
negligenciarmos as palavras através das quais normalmente a luz divina e o
poder divino são conduzidos ao coração. As palavras de DEUS devem ser
armazenadas em nosso coração para que nossos pensamentos possam estar
familiarizados e ocupados com elas diariamente, e com isso a alma inteira seja
levada a obedecer e a agir sob a influência e o efeito delas. Isso decorre
diretamente da lei de amar a DEUS com todo o coração. Pois aqueles que agem
assim, guardarão a sua palavra em seus corações tanto como uma evidência quanto
como uma consequência daquele amor, e como um meio de preservá-la e fazer com
que ela seja abundante em sua vida. Aquele que ama a DEUS ama a sua Bíblia.
2. A educação religiosa dos filhos (v. 7): Tu as intimarás
diligentemente a teus filhos. E ao transmitir o teu conhecimento, tu o
aumentarás. Aqueles que amam o Senhor DEUS devem fazer tudo o que puderem para
atrair a Ele as afeições de seus filhos, e assim conservar o vínculo da
religião em suas famílias e impedir que seja cortado. Tu as estimularás em teus
filhos, assim alguns o interpretam. Repita frequentemente essas coisas a eles,
e tente por todos os meios incuti-las na mente deles, e fazê-las penetrar em
seus corações; assim como, ao afiar uma faca, ela é afiada, primeiro, em um
lado e depois no outro. Seja cuidadoso e preciso ao ensinar teus filhos. E
visa, assim como na afiação, a avivá-los e colocar neles um gume. Ensine-as aos
teus filhos, não apenas àqueles que forem teus filhos carnais (dizem os
judeus), mas a todos aqueles que estiverem, de qualquer forma, sob os teus
cuidados e ensinos. Moisés considerava a lei tão clara e natural, que
todo pai poderia ser capaz de instruir nela os seus filhos, e cada mãe, as suas
filhas. Portanto, esta preciosidade que nos é confiada, nós devemos transmitir
cuidadosamente para aqueles que vêm depois de nós, para que possa ser
perpetuada.
3. O sermão piedoso. “Tu falarás dessas coisas, com a reverência e
a seriedade devidas em benefício não apenas dos filhos, mas também dos outros
que estão em tua casa, de teus amigos e companheiros. Falarás enquanto tu te
assentares em tua casa para trabalhar ou para comer, ou para descansar, ou para
receber visitas. Nos momentos de diversão ou em conversas, ou em viagens,
quando à noite tu estás te despedindo da família para ir dormir, e quando pela
manhã te levantares e retornares novamente ao convívio com a tua família”.
Aproveite todas as ocasiões para discorrer sobre as coisas divinas com aqueles
que estiverem à tua volta. Não sobre mistérios não revelados, ou questões de
discussão duvidosa, mas sobre as claras verdades e as leis de DEUS, e as coisas
que dizem respeito à nossa paz. Fazer delas tema de nossas discussões
familiares está tão longe de ser considerado depreciativo para a honra das
coisas sagradas, que nos é recomendado que falemos delas. Pois quanto mais nos
familiarizarmos com elas mais as admiraremos e seremos influenciados por elas,
e poderemos, com isso, ser úteis para transmitir a luz e o calor divinos.
4. A leitura frequente da Palavra: Ser-te-ão por testeiras entre os
teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas, vv. 8,9.
É provável que naquele tempo existissem poucas cópias escritas da lei inteira,
somente nas festas dos tabernáculos eram lidas para as pessoas. E então DEUS
lhes ordenou, pelo menos por ora, a escreverem em suas paredes algumas frases
selecionadas da lei, que eram mais importantes e abrangentes, ou em rolos de
pergaminhos para serem usados em seus pulsos. E alguns pensam que por essa
razão o uso dos filactérios, tão comum entre os judeus, aumentou. CRISTO culpa
os fariseus, não por usá-los, mas por quererem mostrar que eram mais largos do
que os das outras pessoas, querendo dizer que sabiam mais do que os outros.
Mateus 23.5. Mas quando as Bíblias passaram a ser comuns entre eles, havia
menos oportunidades para esse expediente. Foi prudente e religiosamente
determinado pelos primeiros reformadores da igreja inglesa que, naquela época
quando as Bíblias eram raras, algumas partes selecionadas da Escritura deviam
ser escritas nas paredes e nos pilares das igrejas, com as quais as pessoas se
familiarizariam. Isto estaria em conformidade com essa instrução, que parece
ter sido obrigatória para os judeus de acordo com o significado literal. Ela é
obrigatória para nós em sua intenção, que é que nos esforcemos através de todos
os meios possíveis para tornar a Palavra de DEUS conhecida a todos, para que
possamos tê-la disponível em todas as ocasiões, para evitar que venhamos a
pecar, conduzindo-nos em direção ao nosso dever, realçando o nosso entusiasmo
em relação a ele. Ela deve ser como algo que esteja gravado nas palmas das
nossas mãos, sempre diante dos nossos olhos. Veja Provérbios 7.1-3. Também é
ordenado que nunca nos envergonhemos de nossa própria religião, nem de estarmos
sob o controle e o comando dela. Que ela esteja escrita em nossas portas, e que
todo aquele que passar por elas possa ler que cremos que Iavé é o único DEUS, e
que o amamos de todo o nosso coração.
Lucas 1.1 - Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração
dos fatos que entre nós se cumpriram, 2 - Segundo nos transmitiram os mesmos
que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra, 3 -
Pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo
Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o
princípio; 4 - Para que conheças a certeza das coisas de que já estás
informado.
O Prefácio do Evangelista - Lucas 1. 1-4 -
Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Prefácios e dedicatórias de saudação, a linguagem da adulação e o alimento e o
combustível do orgulho, são com razão condenados pelos prudentes e bons, mas
isto não necessariamente significa que aqueles que são úteis e instrutivos
devam ser desvalorizados; este é o caso, pois aqui Lucas dedica o seu Evangelho
ao seu amigo Teófilo, não na qualidade de seu benfeitor, embora ele fosse um
homem de honra, para proteger este texto, mas na qualidade de seu aluno, para
estudá-lo, e agarrar-se a ele. Não se sabe ao certo quem era este Teófilo; o
nome quer dizer "amigo de DEUS"; alguns pensam que não se refere a
nenhuma palavra em particular, mas a todos os que são amigos de DEUS; o Dr.
Hammond menciona que alguns dos antigos mantêm para si esta interpretação; e
então isto nos ensina, que aqueles que são verdadeiros amigos de DEUS receberão
de todo coração o Evangelho de CRISTO, cujo desígnio e tendência é conduzir-nos
a DEUS. Mas deve-se entender que se trata de uma pessoa em particular,
provavelmente um magistrado, pois Lucas lhe atribui o mesmo título de respeito
com que Paulo se dirigiu a Festo, o governador, kratiste (At 26.25), que ali é
traduzido como “potentíssimo Festo”, e aqui como “excelentíssimo Teófilo”.
Observe que o Evangelho não destrói a civilidade e as boas maneiras, mas nos
ensina, de acordo com os costumes no nosso país, a honrar aqueles a quem a
honra é devida.
Observe aqui:
I
Por que Lucas escreveu este Evangelho. É certo que ele foi levado pelo ESPÍRITO
SANTO, não somente às Escrituras, mas a escrever este precioso Evangelho. Mas,
nos dois casos, ele foi conduzido como uma criatura racional, e não como uma
mera máquina. Assim Lucas considerou:
1. Que as coisas sobre as quais ele escrevia eram coisas em que certamente
todos os cristãos acreditavam, e, portanto, eram coisas sobre as quais eles
deveriam ser instruídos, para que pudessem conhecer aquilo em que acreditavam,
e eram coisas que seriam transmitidas à posteridade (pois então haveria tanto
interesse nelas quanto agora); e, para tanto, tinham que estar registradas por
escrito, que é a maneira mais segura de transmissão para as gerações futuras.
Ele não escreveu sobre questões de controvérsias duvidosas, coisas sobre as
quais os cristãos podem facilmente divergir uns dos outros e hesitar, mas sobre
as coisas que são e devem ser cridas com segurança, pragmata peplerophoremena –
as coisas que foram realizadas (segundo alguns), que CRISTO e os seus apóstolos
realizaram, e em circunstâncias tais de modo a fornecer uma garantia total de
que foram realmente realizadas, de modo que alcançaram uma credibilidade
estabelecida e duradoura. Observe que embora não seja a fundação da nossa fé, é
uma base dela o fato de que os assuntos do nosso credo são coisas em que se crê
há muito tempo. A doutrina de CRISTO é algo pelo que milhares dos homens mais
sábios e mais generosos arriscaram as suas almas com a maior certeza e
satisfação.
2. Que era necessário que houvesse uma declaração ordenada destas coisas; que a
história da vida de CRISTO fosse organizada e colocada por escrito, para a
maior certeza da sua transmissão. Quando as coisas estão organizadas, nós
sabemos melhor onde encontrá-las para nosso próprio uso, e como conservá-las
para benefício de outras pessoas.
3. Que havia muitos que se dedicaram a publicar narrativas sobre a vida de
CRISTO, muitas pessoas bem-intencionadas, que tinham bons propósitos e agiam
bem, e o que elas publicaram tinha sido bom, embora não tivesse sido feito sob
inspiração divina, nem tão bem-feito como poderia ter sido, e nem destinado à
perpetuidade. Observe:
(1) A obra dos outros no Evangelho de CRISTO, se fiel e honesta,
deve ser elogiada e incentivada, e não desprezada, ainda que possa ser acusada
de muitas deficiências.
(2) O serviço dos outros a CRISTO não deve ser considerado como
excedente ao nosso, mas deve ser estimulado.
4. Que a verdade das coisas sobre as quais ele escrevesse, fosse confirmada
pelo testemunho de concordância daqueles que eram testemunhas competentes e
irrepreensíveis. Aquilo que já tinha sido publicado por escrito, e o que ele
iria publicar agora, estava de acordo com aquilo que fora transmitido
oralmente, repetidas vezes, por aqueles que desde o início foram testemunhas
oculares e “ministros da palavra”, v. 2. Observe:
(1) Os apóstolos eram ministros da palavra de CRISTO, que é a
Palavra (assim alguns o interpretam), ou da doutrina de CRISTO; eles, tendo-a
recebido pessoalmente, ministravam-na a outros, 1 João 1.1. Eles não tinham um
Evangelho para criar como mestres, mas um Evangelho para pregar como ministros.
(2) Os ministros da palavra foram testemunhas oculares das coisas
que pregavam, e, inclusive, testemunhas auditivas. Eles mesmos ouviram a
doutrina de CRISTO, e viram os seus milagres, e não os conheceram por
informações, de segunda mão; e, portanto, eles não podiam deixar de contar, com
a maior certeza, as coisas que tinham visto e ouvido, Atos 4.20.
(3) Eles eram testemunhas desde o princípio do ministério de
CRISTO, v. 2. JESUS tinha os seus discípulos ao seu lado quando realizou o seu
primeiro milagre, João 2.11. Eles o acompanharam todo o tempo em que Ele entrou
e saiu entre eles (At 1.21), de modo que não somente ouviram e viram tudo o que
bastava para lhes confirmar a sua fé, mas, se houvesse alguma coisa que a
perturbasse, eles teriam tido oportunidade para descobrir.
(4) O Evangelho escrito, que nós temos até os nossos dias, concorda
exatamente com o Evangelho que foi pregado nos primeiros dias da igreja.
(5) Que ele mesmo tinha uma perfeita compreensão das cosias sobre
as quais escreveu, desde o início, v. 4. Alguns pensam que aqui está uma
reflexão tácita sobre aqueles que tinham escrito antes dele, pelo fato de que
eles não tinham uma compreensão perfeita das coisas que tinham escrito e,
portanto, “Eis-me aqui, envia-me a mim” – facit indignatio versum – a minha ira
impele a minha pena; ou, sem refletir sobre eles, Lucas assevera a sua própria
capacidade para esta missão: “Pareceu-me também a mim conveniente… havendo-me
já informado minuciosamente de tudo”, anothen – do alto; assim eu penso que
deve ser traduzido; pois se ele tivesse querido dizer a mesma coisa com “desde
o princípio” (v. 2), como a nossa tradução dá a entender, ele teria usado a
mesma palavra.
[1] Ele tinha diligentemente investigado estas coisas, tinha se
“informado minuciosamente” (esta é a palavra), assim como se diz que os profetas
do Antigo Testamento “inquiriram e trataram diligentemente”, 1 Pedro 1.10. Ele
não tinha aceitado as coisas tão facilmente e superficialmente como outros que
escreveram antes dele, mas dedicara-se a se informar sobre os detalhes.
[2] Ele tinha recebido seu conhecimento, não somente por tradição,
como outros, mas por revelação, confirmando a tradição, e assegurando que ele
estaria livre de qualquer erro ou engano no seu registro. Ele buscou o
conhecimento no alto (é o que a palavra dá a entender), e de lá ele o obteve;
assim, como Eliú, que “de longe” buscou o seu “conhecimento” (veja Jó 36.3,
versão RA). Ele escreveu sua história da mesma maneira como Moisés escreveu a
dele, sobre as coisas transmitidas pela tradição, mas confirmadas pela
inspiração.
[3] Portanto, uma vez que ele havia se “informado minuciosamente”,
ele tinha uma perfeita compreensão destas coisas. Ele as conhecia akribos – com
precisão, com exatidão. “Tendo recebido o conhecimento do alto, me pareceu
conveniente transmiti-lo”, pois um talento como este não deve ser enterrado.
II
Observe por que Lucas enviou o Evangelho a “Teófilo”: Eu lhe escrevi estas
coisas não para que você possa dar reputação ao trabalho, mas para que você
possa ser edificado por ele, (v. 4): “Para que conheças a certeza das coisas de
que já estás informado.”
1. Está implícito que Teófilo fora instruído sobre estas coisas,
antes do seu batismo, ou logo depois, ou ambas as hipóteses, de acordo com a
lei, Mateus 28.19,20. Provavelmente Lucas, ou outro obreiro, o batizara, e
sabia o quão instruído ele estava; peri hon katechethes – a respeito daquilo
com que você foi catequizado; esta é a palavra; os cristãos de maior
conhecimento começavam sendo catequizados (ou discipulados). Teófilo era uma
pessoa de qualidade, talvez de família nobre; e mais esforços devem ser empreendidos
com tais pessoas quando são jovens, para ensiná-las os princípios dos oráculos
de DEUS, para que possam ser fortalecidas contra as tentações, e capacitadas
para as oportunidades, sim, aos que têm uma elevada condição no mundo.
2. A intenção era que ele conhecesse a certeza destas coisas,
compreendendo-as mais claramente e crendo mais firmemente. Existe uma certeza
no Evangelho de CRISTO, existe algo sobre o que podemos edificar; e aqueles que
são bem instruídos nas coisas de DEUS quando são jovens, mais tarde devem
procurar diligentemente conhecer a certeza de tais coisas – conhecer não
somente aquilo em que cremos, mas saber por que cremos nisto, para que possam
ser capazes de dar “a razão da esperança” que há em nós.
Também é possível que Teófilo tenha encomendado e sustentado Lucas
nesse empreendimento de escrever tanto o evangelho quanto o livro de Atos.
PALAVRA-CHAVE - Revelar
Resumo da Lição 8, A Lei e os Evangelhos Revelam JESUS
I – O PENTATEUCO: A LEI DE DEUS
1. Os cinco livros da Lei.
2. A grandeza da Lei.
3. A Lei e a fé cristã.
II – OS EVANGELHOS: A MENSAGEM DE CRISTO
1. O conceito de Evangelho.
2. A mensagem do Reino de DEUS.
3. A mensagem da Salvação.
III – UMA MENSAGEM TRANSFORMADORA
1. A transformação do caráter.
2. A restauração da família.
3. A regeneração da sociedade.
O Pentateuco registra a vinda futura de JESUS.
O Senhor , teu DEUS, te despertará um profeta do meio de ti, de
teus irmãos, como eu; a ele ouvireis Deuteronômio 18:15
Eis que lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu,
e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe
ordenar. Deuteronômio 18:18
Este é aquele Moisés que disse aos filhos de Israel: O Senhor,
vosso DEUS, vos levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu; a ele
ouvireis. Atos 7:37
Outros diziam: É Elias. E diziam outros: É um profeta ou como um
dos profetas. Marcos 6:15.
JESUS é apóstolo, profeta, evangelista, pastor, mestre, Rei e
Sacerdote.
*CUIDADO COM ERRO DE TRADUÇÃO NAS VERSÕES MAIS USADAS NAS BÍBLIAS
CPAD*.
2 Coríntios 3.8 Como não será de maior glória o ministério do espírito?
Neste capítulo espírito não é o espírito humano, portanto deveria estar em
maiúscula como nas melhores traduções deste texto.
*Como não será de maior glória o ministério do ESPÍRITO?*
2 Co 3.6 O qual nos fez também capazes de ser ministros dum novo testamento,
não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, e o espírito vivifica.
O CORRETO É:
*O qual nos fez também capazes de ser ministros dum novo testamento, não da
letra, mas do ESPÍRITO; porque a letra (lei) mata, e o ESPÍRITO (graça)
vivifica.*
Jo 14:17 a saber, o ESPÍRITO da verdade, o qual o mundo não pode receber;
porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco,
e estará em vós
Plano para Salvação
De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de DEUS.
Romanos 10:17
Visto como, na sabedoria de DEUS, o mundo não conheceu a DEUS pela sua
sabedoria, aprouve a DEUS salvar os crentes pela loucura da pregação. 1
Coríntios 1:21
a saber: Se, com a tua boca, confessares ao Senhor JESUS e, em teu
coração, creres que DEUS o ressuscitou dos mortos, serás salvo. Romanos 10:9
Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o
confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mateus 10:32
em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da
verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes
selados com o ESPÍRITO SANTO da promessa; o qual é o penhor da nossa
herança, para redenção da possessão de DEUS, para louvor da sua glória. Efésios
1:13,14
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de
vós; é dom de DEUS. Efésios 2:8
OBS.: Não vem de vós a graça, mas a fé sim. Fé não é obra. Dom de
DEUS é a graça.
Graça é JESUS nascendo como homem aqui na Terra (Lc 2.11), levando
sobre Ele nossos pecados e doenças e enfermidades (Is 53.4,5) e maldições (Gl
3.13) e morrendo por nós na cruz (Mt 27.50; Lc23.46) e ressuscitando (Lc 24.6;
Jo 20.19) - Porque a graça de DEUS se há manifestado, trazendo salvação a todos
os homens, Tito 2:11). A graça é uma pessoa - JESUS.
LEI - תורה towrah ou תרה torah (Strong
Português)
1) lei, orientação, instrução
1a) instrução, orientação (humana ou divina)
1a1) conjunto de ensino profético
1a2) instrução na era messiânica
1a3) conjunto de orientações ou instruções sacerdotais
1a4) conjunto de orientações legais
1b) lei
1b1) lei da oferta queimada
1b2) referindo-se à lei especial, códigos de lei
1c) costume, hábito
1d) a lei deuteronômica ou mosaica
A LEI DO ANTIGO TESTAMENTO
Êx 20.1,2 “Então, falou DEUS todas estas palavras, dizendo: Eu sou o SENHOR,
teu DEUS, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.”
Um dos aspectos mais importantes da experiência dos israelitas no monte Sinai
foi o de receberem a lei de DEUS através do seu líder, Moisés. A Lei Mosaica
(hb. torah, que significa “ensino”), admite uma tríplice divisão: (a) a lei
moral, que trata das regras determinadas por DEUS para um santo viver
(20.1-17); (b) a lei civil, que trata da vida jurídica e social de Israel como
nação (21.1 — 23.33); e a lei cerimonial, que trata da forma e do ritual da
adoração ao Senhor por Israel, inclusive o sistema sacrificial (24.12 — 31.18).
Note os seguintes fatos no tocante à natureza e à função da lei no
Antigo Testamento.
A lei foi dada por DEUS em virtude do concerto (aliança) que Ele fez com o seu
povo. Ela expunha as condições do concerto a que o povo devia obedecer por
lealdade ao Senhor DEUS, a quem eles pertenciam. Os israelitas aceitaram
formalmente essas obrigações do concerto (24.1-8 - CONCERTO DE DEUS COM OS
ISRAELITAS ).
A obediência de Israel à lei devia fundamentar-se na misericórdia redentora de
DEUS e na sua libertação do povo (19.4).
A lei revelava a vontade de DEUS quanto a conduta do seu povo (19.4-6; 20.1-17;
21.1—24.8) e prescrevia os sacrifícios de sangue para a expiação pelos seus
pecados (Lv 1.5; 16.33). A lei não foi dada como um meio de salvação para os
perdidos. Ela foi destinada aos que já tinham um relacionamento de salvação com
DEUS (20.2). Antes, pela lei DEUS ensinou ao seu povo como andar em retidão
diante dEle como seu Redentor, e igualmente diante do seu próximo. Os
israelitas deviam obedecer à lei mediante a graça de DEUS a fim de perseverarem
na fé e cultuarem também por fé, ao Senhor (Dt 28.1,2; 30.15-20).
Tanto no AT quanto no NT, a total confiança em DEUS e na sua Palavra (Gn 15.6),
e o amor sincero a Ele (Dt 6.5), formaram o fundamento para a guarda dos seus
mandamentos. Israel fracassou exatamente nesse ponto, pois constantemente
aquele povo não fazia da fé em DEUS, do amor para com Ele de todo o coração e
do propósito de andar nos seus caminhos, o motivo de cumprirem a sua lei. Paulo
declara que Israel não alcançou a justiça que a lei previa, porque “não foi
pela fé” que a buscavam (Rm 9.32).
A lei ressaltava a verdade eterna que a obediência a DEUS, partindo de um
coração cheio de amor (ver Gn 2.9; Dt 6.5) levaria a uma vida feliz e rica de
bênçãos da parte do Senhor (cf. Gn 2.16; Dt 4.1,40; 5.33; 81; Sl 119.45; Rm
8.13; 1Jo 1.7).
A lei expressava a natureza e o carácter de DEUS, i.e., seu amor, bondade,
justiça e repúdio ao mal. Os fiéis israelitas deviam guardar a lei moral de
DEUS, pois foram criados à sua imagem (Lv
19.2).
A salvação no AT jamais teve por base a perfeição mediante a guarda de todos os
mandamentos. Inerente no relacionamento entre DEUS e Israel, estava o sistema
de sacrifícios, mediante os quais, o transgressor da lei obtinha o perdão,
quando buscava a misericórdia de DEUS, com sinceridade, arrependimento e fé,
conforme a provisão divina expiatória mediante o sangue. A justificação, a
salvação tanto no AT quanto no NT se dão pela fé em DEUS.
A lei e o concerto do AT não eram perfeitos, nem permanentes. A lei funcionava
como um tutor temporário para o povo de DEUS até que CRISTO viesse (Gl
3.22-26). O antigo concerto agora foi substituído pelo novo concerto, no qual
DEUS revelou plenamente o seu plano de salvação mediante JESUS CRISTO (Rm
3.24-26; ver Gl 3.19 - a natureza e função da lei no AT).
A lei foi dada por DEUS e acrescentada à promessa “por causa das transgressões”
(Gl 3.19); i.e., tinha o propósito (a) de prescrever a conduta de Israel; (b)
definir o que era pecado; (c) revelar aos israelitas a sua tendência inerente
de transgredir a vontade de DEUS e de praticar o mal, e (d) despertar neles o
sentimento da necessidade da misericórdia, graça e redenção divinas (Rm 3.20;
5.20; 82).
LEI - Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
A palavra lei foi usada para traduzir a palavra hebraica tora (que
significa instrução), e a palavra grega nomos (que significa hábito
estabelecido). Veja Torá. Fundamentalmente, as duas indicam alguma regra, ou
regulamento, impostos sobre o homem ou a natureza por um poder superior. O
legislador reserva-se ao direito de punir toda desobediência.
As forças invisíveis que residem na natureza, produzem a ordem e determinam o
destino do universo são geralmente chamadas de leis da natureza. A Bíblia
Sagrada raramente fala sobre tais leis de forma abstrata, e muitas vezes a
razão oferecida é que ela não é um livro de ciências. Entretanto, apesar disso,
a Bíblia tem muito a dizer sobre as leis científicas como reveladoras da
natureza de DEUS. Verbos como “fazer” (Jó 36.27- 33), “dirigir” (37.3),
“mandar” (37.12; 38.12), “causar” (37.13,15; 38.26,27), “guiar” (38.32), e
substantivos como “caminho” (38.24), “ordenanças” (38.33) e “tempo” (39.1ss.)
indicam, em uma linguagem não técnica, o controle de DEUS sobre a natureza por
meio de leis que Ele estabeleceu. Será impossível pressupor a existência de um
verdadeiro conflito entre essas leis da natureza e as leis que DEUS estabeleceu
em outros reinos de seu poder universal.
Em um outro nível encontramos as leis de DEUS escritas no coração dos homens.
Nesse caso devemos fazer duas distinções: de um lado, as leis de DEUS estão
escritas no coração dos homens como resultado da imagem de DEUS plantada no
homem no momento da criação (Gn 1.26ss.). Essas leis, tão definitivas como a
cor da pele, fazem com que até os pagãos “façam naturalmente as coisas que são
da lei [mosaica]” (Rm 2.14). A evidência de tais leis se manifesta na
consciência (2.15) e é confirmada pela natureza (Rm 1.26ss.; 1 Co 11.14). Veja
Consciência. Por outro lado, as leis de DEUS estão escritas no coração dos
crentes pela nova aliança (Jr 31.31-33; Ez 11.19ss.; 36.25-27; 2 Co 3.3,7,8).
Essas leis, implantadas pela “nova criação” (2 Co 5.17), são evidenciadas pelo
fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22ss,), e confirmadas pelo “verdadeiro amor” (1 Jo
4.17ss.).
Ainda em um outro nível estão as leis do estado, instituídas como agentes de
DEUS na sociedade humana (Rm 13.1-7; 1 Pe 2.13-15. Para uma coleção de leis e
documentos legais da antiga Mesopotâmia, Egito e Ásia Menor, veja ANET, pp.
159-198, 212-222). Existem épocas, entretanto, em que o estado, inspirado por
uma satânica hostilidade para com a verdade de DEUS, elabora leis que devem ser
desobedecidas pelos verdadeiros filhos de DEUS (Dn 3.8-30; 6.1-28; At
5.26-29,40-42). Leis injustas promulgadas no reino do Anticristo trarão
perseguição e morte aos seguidores do Cordeiro (Ap 13.1-17; 20.4). A suprema
demonstração de obediência do crente deverá ser sempre dirigida a DEUS e não ao
homem (Atos 5.29; Ap 1.9; 12.11).
Em um nível mais elevado estão aquelas leis instituídas por DEUS para o
presente estágio da existência humana. Elas podem ser classificadas como
judiciais e rituais. As judiciais se baseiam principalmente nos Dez Mandamentos
(q.v.) e tratam do relacionamento dentro da sociedade onde restrições devem ser
impostas sobre as inclinações pecaminosas da natureza humana (Rm 7.6; Gl 3.19).
Essas leis ainda eram válidas na Era dos evangelhos, pelo fato de representarem
os relacionamentos básicos da vida onde estão envolvidos o pecado e a justiça.
As leis rituais, entretanto, têm o propósito divino de serem representações
tipológicas das verdades dos evangelhos embutidas no AT. Agora que CRISTO já
cumpriu toda a tipologia por sua morte na crua, elas perderam a validade (Mt
27.51; Gl 5.1-9; Hb 9.1-28; 10.1-22).
Em um nível superior a todas as leis, estão as leis morais de DEUS resumidas
nos Des Mandamentos. Essas leis são eternamente válidas porque estão baseadas
na imutável natureza divina. O crente, finalmente, entrará em um reino de
glória onde a desobediência às leis divinas será não só inadmissível como
impossível. Essas leis Divinas, enunciadas nos Dez Mandamentos e reinterpreta-
das em termos de absoluto amor a DEUS e ao próximo (Mt 22.36-40; Rm 13.8-11; Gl
5.14), encontram o seu cumprimento presente na vida do crente, e o seu
cumprimento final quando este for viver na cidade celestial, desfrutando a
eternidade junto com o Senhor. Resumindo, podemos fazer as seguintes
distinções; (1) As leis feitas por DEUS (Êx 20.1- 17) e as leis feitas pelo
homem (Dn 6.6-9); (2) as leis de importância temporal (Hb 10.1- 4) e as leis
que terão uma duração eterna (2 Sm 7.12-26; Sl 1-4); (3) as leis escritas em
tábuas de pedra (Dt 5.22) e as leis escritas no coração dos homens (Hb 8.10; cf.
2 Co 3.3); (4) as leis dirigidas apenas aos judeus (At 15.1,10) e as leis
destinadas a toda humanidade (Gn 1.28; 9.5-7). W. B.
A Explicação da Lei de Moisés - Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Os vários aspectos da Lei de Moisés podem ser descritos pelas seguintes
distinções:
(1) Algumas partes da lei estabelecem ordens como imperativos categóricos
(Exemplo: os Dez Mandamentos, Ex 20.1-17); outras, tratam de casos específicos
e geralmente são introduzidas por “se” (como em Ex 21-22). A primeira
estabelece os princípios básicos de toda a lei (leis irrefutáveis e
categóricas); e a última, aplica esses princípios, juntamente com as leis da
consciência e da sociedade, a casos específicos (casuística ou jurisprudência).
Essa é a forma dominante da lei conhecida na Antiguidade do Oriente Próximo
(veja ANET, pp. 159-198).
(2) As mudanças introduzidas nas leis originalmente outorgadas no Êxodo, como
encontramos em Deuteronômio, levantaram um problema para muitos. As diferenças
que existem entre as leis do Sinai e aquelas que foram renovadas por Moisés, 40
anos mais tarde nas planícies de Moabe, e encontradas em Deuteronômio, devem
ser explicadas pelas mudanças ocorridas nas circunstâncias e, consequentemente,
nas leis especificas necessárias quando Israel passou da vida nômade no
deserto, menos complexa e mais simples, para as condições mais difíceis que
acompanhavam a residência fixa na Terra Prometida. Devemos, também, dar atenção
ao que parece para muitos ser uma diferença entre a atitude em relação à lei de
Moisés nos Sinóticos e no evangelho de João. Elas têm um aspecto legal - “Faze
isso e viverás” (Lc 10.28), enquanto o evangelho de João é considerado cheio de
amor e bondade. Esse problema fica resolvido quando observamos que a lei está
expressa de duas maneiras nas Escrituras: negativamente nos Dez Mandamentos,
pois foi distribuída a pessoas rebeldes; e, positivamente nos dois grandes
mandamentos da lei, “Amarás, pois, o Senhor, teu DEUS, de todo o teu coração, e
de toda a tua alma, e de todo o teu poder” (Dt 6.5; cf. Mt 22.37) e “Amarás o
teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19.18; cf. Mt 22,39). Nos Sinóticos, o aspecto
negativo da lei é mais acentuado. Em João, prevalece o positivo. Está
evidenciado que ambos não devem ser considerados mutuamente excludentes, quando
vemos CRISTO reuni-los, ao fazer um resumo dos mandamentos das duas tábuas da
lei e dizer: “Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mt
22.40).
(3) Uma distinção muito comum foi estabelecida entre as legislações moral,
cível (ou judiciária) e cerimonial incluídas no Pentateuco. A lei moral está
resumida nos Dez Mandamentos. A cível é encontrada nas muitas aplicações ou
amplificações da lei moral a casos específicos (como em Êx 21-22). E a cerimonial
está contida nos numerosos ritos relativos ao sacerdócio e aos sacrifícios
(como em Êx 25.1-31.17; 35-40, em todo o livro de Levítico e Números 1.1-10.10;
15; 17-19; 28-36). Essa distinção recebe uma análise mais completa abaixo sob o
título, “O Cristão e a Lei de Moisés”.
(4) Podemos fazer uma distinção entre as leis que se originam à parte de um
caso específico (como na entrega dos Dez Mandamentos), e as leis que se
originam claramente de uma situação específica (como em Nm 27.1- 11; 36.1-12).
(5) Outra diferença pode ser vista nas leis anteriores ao Sinai, como a
circuncisão (Gn
17.9-27) e a Páscoa (Êx 12.1-28) e, por outro lado, nas leis que se originaram
no Sinai como regulamentos completamente novos (como a legislação cerimonial
mencionada acima).
(6) Também podemos ver uma diferença entre as leis que tratam principal mente
de gentios, geralmente chamados de “estrangeiros” ou “forasteiros” (gerím, Ex
23.9; Lv 19.10 etc.), e as leis que tratam principalmente dos israelitas, como
em Êxodo 20-23.
(7) Final mente, pode ser feita uma distinção entre leis que tratam quase
exclusivamente de sacerdotes e levitas (como em Levítico 1.10), e leis que
tratam de toda a nação de Israel (como em Dt 19.26). Não devemos supor,
entretanto, que qualquer das diferenças mencionadas acima esteja incluindo
contradições ou uma autoria que não seja mosaica.
A Importância dos Dez Mandamentos
A lei moral outorgada a Moisés no monte Sinai assume um lugar muito importante
na revelação bíblica: (1) Esta lei foi especificamente escrita pela mão de
DEUS; portanto, foi recebida por Israel como o fundamento de sua teocracia (Êx
24.12; 31.18; 32.15,16; Dt 5,22; 9.10,11). (2) Essa lei foi colocada na arca do
testemunho onde continuamente representou a base da aliança entre DEUS e Israel
(Dt 10.1-5; 1 Rs 8.9). (3) Provavelmente, essa parte da lei foi mencionada
naquelas passagens que retratam o prazer que o justo sente pela lei de DEUS (Sl
1 e 119). (4) Essa parte da lei estava provavelmente na mente dos profetas
quando falavam sobre a lei de DEUS escrita sobre o coração do homem na nova
aliança (Jr 31.31-34; Ez 11.17-20; 36.25- 27; 37.24-28).
(5) Nas questões e controvérsias sobre a lei de DEUS, os Dez Mandamentos (q.v.)
são citados como o receptáculo da essência de sua lei (Mt 19.16-20; Lc
10.25-28; Rm 2.17-23; 7.7; 13.9,10; 1Tm 1.7-10). (6) Este é o componente da lei
que Paulo descreve como: “santo, justo e bom” (Rm 7.12), e “espiritual” (7.14).
Essa é a lei que revela o pecado do homem (7.7). (7) CRISTO tinha em mente, em
primeiro lugar, os Dez Mandamentos em sua restauração do verdadeiro propósito
da lei quando exigiu a obediência do coração ao invés de unicamente a
conformidade exterior (Mt 5.21-48; cf, Rm 13.9,10).
Contraste entre as Opiniões Crítica e Conservadora da Lei de Moisés
Aproximadamente no final do século XIX, a opinião tradicional ou conservadora
sobre a autoria mosaica da lei recebeu a oposição da comumente chamada opinião
crítica. As diferenças radicais entre essas duas opiniões podem ser
estabelecidas da seguinte maneira: (1) Os conservadores afirmam que a
legislação do Sinai (Êx 10-Nm 9) e das planícies de Moabe (Deuteronômio)
originaram-se na época histórica de Moisés; porém, os críticos liberais negam
que tenha sido nessa época, insistindo, antes, que ela foi produzida por
autores ou escolas (geralmente chamadas J, E, D, e P) no decorrer da história
que se estende desde o retomo do exílio na Babilônia. (2) Os conservadores
acreditam na historicidade dos acontecimentos relatados no Pentateuco, enquanto
os críticos questionam ou negam os eventos dessa história, incluindo, com
bastante firmeza, que esses eventos foram embelezados e exaltados por autores
tendenciosos de uma era posterior.
(3) Os conservadores aceitam, sem questionar, os acontecimentos miraculosos da
era mosaica, ao contrário dos críticos liberais que sutilmente insinuam que
esses milagres se devem mais à invenção de um autor ou de autores posteriores
do que ao sóbrio relato de um historiador contemporâneo, (4; Finalmente, os
conservadores afirmam a superioridade e singularidade da legislação mosaica
sobre todas as outras leis que se originaram na Antiguidade (como o famoso
Código de Hamurabi, ANET, pp. 163-180), enquanto os estudiosos liberais,
admitindo, muito a contra gosto, certa superioridade, procuram “distribuir"
as leis de Israel ao longo de seus predecessores ou contemporâneos pagãos a
ponto de asseverarem com audácia que certos ritos foram na verdade emprestados
dos cananeus e de outros povos não israelitas.
A Lei na História de Israel
A difundida prevalência da legislação mosaica na história de Israel será
prontamente reconhecida no breve resumo que fizemos abaixo: (1) As provisões da
lei foram escrupulosamente elaboradas por Josué na geração seguinte à de Moisés
(Js 1.13-18; 4.10; 8.30-35; 11.12,15,20,23; 14.1-4; 17.4; 20.2; 21.2,8;
22.2,4,5,9; 23.6). (2) As injunções da lei que conclamavam Israel à obediência
são citadas em importantes ocasiões (1 Rs 2.1-3; 1 Cr 22.11-13; 28.8,9; 29.19).
(3) A função legislativa da lei é insistentemente mencionada em ocasiões
específicas (2 Rs 14.6 [cf. Dt 24.161; 1 Cr 15.15 (cf. Nm 4.1-15; 7.9]; 1 Cr
23.13 [cf. Êx 28.1; 29.33-37,44;. 30.6-10; Nm 6.23-27; 18.3-8]; 2 Cr 8.13 [cf.
Ex 23.14- 17; Lv 23.37]; 2 Cr 23.18 [cf Nm 28.1-31]; 2 Cr 24.6-9 [cf Êx
30.12-14); 2 Cr 30.16-20 [cf. Nm 9.1-14]; Ed 3.1-4 [cf. Nm 29.16; Dt 12.5-7] ;
Ed 6.18-22 [cf. Nm 3.6-13; 8.6-19]; Ed 9.11,12 [cf Lv 18.24-30; Dt 7.3]; Ne
13.1-3 [cf Dt 23.3-5]. (4) Os castigos relacionados com a desobediência à lei
são citados e executados em acontecimentos da história de Israel (2 Rs 18.11,12
[cf. Dt 29.24-28); 2 Rs 21.8-15; 2 Cr 34.24,25,30-32 [cf Dt 28.15- 68]; Ne
1.7-9 [cf Dt 30.1-6]; Ne 9.13-18; Dn9.11-13 [cf. Dt 32.15-43]. (5) Ao longo de
toda a história do AT a lei é sempre atribuída a Moisés (Js 1.7; 22.5; 23.6; Jz
3.4; 1 Rs 2.3; 2 Rs 18.6,12; 2 Cr 8.13; 34.14; Ed 6.18; 7.6,10; Ne 1.7,8; 9.14;
Ml 4.4). As instituições de Israel (como o sábado e a adoração no Tabernáculo)
são atribuídas à era mosaica (1 Cr 21.29; 2 Cr 1.3; Ne 9.14). Os profetas são considerados
confirmadores do testemunho da lei (2 Rs 17.13,23; Dn 9.10-14).
A Latente Espiritualização da Lei no AT
Até para o leitor ocasional do AT torna-se evidente que a lei de Moisés não é
um fim em si mesma, nem a suprema adoração por parte do homem, O breve resumo
abaixo mostra como a lei, corretamente entendida, preparou o caminho para a
revelação do NT.
(1) A legislação mosaica contém referências mostrando que a lei só pode ser
cumprida devido a uma mudança radical da natureza da pessoa (Dt 10.16; 30.6;
cf. Jr 6.10; 9.25,26). (2), Na história e nas profecias do Antigo Testamento, a
obediência a DEUS é descrita de maneira muito mais importante do que a
obediência aos ritos e às cerimônias (1 Sm 15.21-23; Sl 40.6-8; Is 1.11-17; Os
6.6). (3) A incapacidade humana de cumprir a lei toma-se, muitas vezes, uma
obrigação nas confissões do povo de DEUS (Ne 9.13-38; Sl 51.1-9; Dn 9.4-19).
(4) A obediência exterior à lei tornou-se tão deturpada que muitas vezes os
profetas faziam o contraste entre a forma exterior e a obediência interior (Is
1.11-17; Jr 7.21-28; Am 5.21-24; Mq 6.6-8). (5) A incapacidade da lei de
justificar é expressa tacitamente no exemplo de Abraão (Gn 15.6 [cf. Rm 4.1-25;
Gl 3.9-29]), na afirmação de Davi (Sl 32.1,2), e nas declarações e símbolos dos
profetas (Is 53.11,12; 60.21; 62.1,2; Jr 33.15,16; Hb 2.4; Zc 3.1-10). Dessa
forma, o “evangelho” foi preparado antes da outorga da lei (cf. Gl 3.6-8). (6)
Consequentemente, os profetas estão aguardando o momento em que a lei será
escrita nos corações regenerados e não em tábuas de pedra (Jr 31.31,33; Ez
11.19,20; 36.24). (7) Tão extensa e precursora é a antecipação profética
relacionada com a vinda do Messias, que eles anteveem uma completa
transformação da adoração. O Templo de Jerusalém será restaurado na vinda do
Messias (Ez 40-48), e dele os gentios participarão e oferecerão sacrifícios de
louvor (Is 2.1-4; 56.3-8; Zc 6.13, 15; Ml 1.11; cf. Em 15.9-12; Ef 2.11-22).
(8) Com uma esperança tão gloriosa à sua frente, os profetas falam sobre uma
lei que irá surgir em Jerusalém, e que, à luz ao NT, deverá ser o evangelho
propagado em todo o mundo pelos renascidos em CRISTO (cf. Is 2.3; 51.4,5 com Lc
24.47; At 1.8; 13.46-48; Rm 10.18). Dessa forma, a lei introduz o evangelho
(cf. Gl 3.19-25).
JESUS e a Lei de Moisés
As inúmeras relações de CRISTO com a legislação mosaica podem ser sucintamente
descritas da seguinte maneira; (1) “Nascido sob a lei* (Gl 4.4). Aqui a palavra
“sob" indica que Ele estava sujeito a obedecer às cerimônias da lei (Lc
2.21-27), que observava os rituais básicos da lei (Mt 1.21; 14.12), e ensinava
os outros a obedecer a esses rituais (Lc 5.14; 17.14). Esses ritos e cerimônias
foram válidos até a crucificação (Mt 27.51). (2) O Purificador da lei. JESUS
purificou a lei moral das perversões que a ela foram anexadas pelos judeus (Mt
5.27-48) e purificou a lei cerimonial das mesmas perversões (Mt 15.1-11). Isso
estava de acordo com a missão dele, que havia sido prevista (Ml 3.1-4). (3) O
Defensor da lei. JESUS ensinou que a lei tinha autoridade divina (Mt 5.18; Lc
16.17). Ele colocou a lei no mesmo nível de suas próprias palavras (João
5.45-47). Ele mostrou que a lei tinha previsões a seu respeito (Lc 24.27,44; Jo
5.45,46).
O Intérprete da lei. JESUS resumiu a lei no absoluto amor a DEUS e ao próximo
(Mt 7.12;
22.34-40; Mc 12.28-34; Lc 10.25-37).
(5) O Cumpridor da lei. JESUS cumpriu a lei cerimonial ao observar os seus
ritos (Lc 2.21-
27). Ele praticou a lei cível (ou judicial) ao observar a lei romana (Mt
17.24-27; 22.17- 22), e praticou a lei moral ao obedecer aos mandamentos de
DEUS. Por essa obediência, Ele se tornou a perfeita justiça do pecador que
infringiu a lei (Dn 9.24; Mt 3.15; Rm 10.3,4; 2 Co 5.21; Gl 4,4,5). (6) Aquele
que aboliu a lei cerimonial. A morte de CRISTO na cruz aboliu a legislação
cerimonial (Mt 27.51); porém, mesmo antes desse acontecimento, CRISTO havia
feito declarações que prepararam o caminho para uma adoração simplificada na
Era dos evangelho (Mc 7.15,19; Lc 11.41; Jo 4.23,24; cf. At 10.15; 11.9; Rm
14.1-12; Cl 2.16; Hb 13.9-16).
A Lei e o Evangelho
O relacionamento entre a lei e o evangelho deu margem a inúmeros erros e falsas
interpretações no ensino, e na prática cristã, desde a época dos apóstolos até
hoje. Portanto, seria bom descrever alguns aspectos desse relacionamento à luz
de toda a revelação de DEUS na Bíblia.
(1) A lei outorgada no Sinai não alterou a promessa da graça dada a Abraão (Gn
12,3; 18.18,19; 22.18; 26,4,5; At 3.25,26; Rm 4.11- 18; Gl 3.5-9,16-18). A lei
foi dada para mostrar com mais clareza o pecado humano contra o cenário da
graça de DEUS (Rm 7.7-11; Gl 3.19-25). Devemos sempre nos lembrar de que, tanto
Abraão como Moisés, assim como os outros santos do AT, todos foram salvos
exclusivamente pela fé (Hb 11.1-40).
(2) A lei, dentro de sua natureza essencial foi escrita no coração dos homens
no momento da criação e, ali, permanece para esclarecer a consciência humana
(Rm 2.14). O evangelho, entretanto, só foi revelado ao homem depois que ele
havia pecado (Gn 3.15; Jo 3.16; Rm 16.25,26; Ef 3.3-9). A lei leva a CRISTO,
mas somente o evangelho pode salvar (Gl 3.19-25).
(3) A lei declara o homem pecador com base em sua desobediência (Rm 3.19,20;
5.20), e o evangelho declara o homem como justo com base em sua fé em JESUS
CRISTO (Is 45.24,25; 54.17; Jr 23.6; 33.16; Rm 3.22-28; 4.6-8; 22-24; 5.19. 1
Co 1.30; 2 Co 5.21; Fp 3.9). (4) A lei promete a vida em termos de uma perfeita
obediência (Lv 18.5; Lc 10.28; Rm 10.5; Gl 3.10,12; Tg 2.10), um requisito
agora impossível ao homem (At 13.39; Rm 3.20; Gl 2.16), enquanto o evangelho
promete a vida em termos da fé na perfeita obediência a JESUS CRISTO (Is
53.10-12; Dn 9.24; Rm 5.18,19; Fp 2.8; Tt 3.4-7; Ap 7.9-17).
(5) A lei é uma ministração da morte (Rm 7.9-11; 2 Co 3.6-9; Hb 12.18-21); o
evangelho é a ministração da vida (Jo 10.10,28; 17.2,3; 20.31; Rm 5.21; 6.23; 1
Jo 5.11-13,20). A lei conduz o homem à escravidão (At 15.10; Rm 8.15; Gl
4,1-7,9-11,21-31); o evangelho conduz o homem à liberdade em CRISTO (Jo 8.36; 2
Co 3.17; Gl 2.4; 3.23-26; 5.1,13).
(7) A lei escreve os mandamentos de DEUS em tábuas de pedra (Êx 24.12;
34.1,4,28); o evangelho coloca os mandamentos de DEUS no coração do crente (Jr
31.31, 33; Ez 11.19, 20; 36.24-27; Rm 7.6; 8,1-10; 2 Co 3.3; 7.12; Gl 5,22,23;
Hb 8.10; 10.16). (8) Alei estabelece para o homem um perfeito padrão de
conduta, mas não fornece os meios pelos quais esse padrão pode ser alcançado
(Rm 7,21-25); o evangelho fornece os meios pelos quais o padrão divino de
justiça pode ser conquistado pelo crente por meio da fé em CRISTO (Mt 5.10; Rm
8.1-4; 10.3-10; Gl 2.21; Fp 3.9). (9) A lei coloca o homem sob a ira de DEUS
(Rm 2.1-29; 3,19; 4,15); o evangelho livra o homem da ira de DEUS (1 Ts 1,10;
5.10; Ef 2.3-6). Veja evangelho.
O Cristão e a Lei de Moisés
Qual seria o relacionamento mais adequado entre o cristão atual e a lei de
Moisés? Essa é uma questão que pode ser debatida interminavelmente. Posições
opostas e extremas já foram adotadas e a solução de um dos lados poderá ser
rejeitada pelo outro. Entretanto, nenhuma delas seria adequada sem considerar
globalmente toda a legislação mosaica sem qualquer distinção, Como indicamos
acima sob o título “A Explicação da Lei de Moisés”, existe uma diferença válida
entre as legislações moral, cível ou judicial e a legislação cerimonial
recebida por intermédio de Moisés. Essa tríplice diferença leva certas questões
a um foco mais apropriado.
Lei moral. A atitude do cristão em relação a essa parte da lei de Moisés pode
ser resumida da seguinte maneira; (1) Ninguém pode ser salvo apenas obedecendo
aos Dez Mandamentos. Esse fato não só é explicado claramente no NT (At 13.39;
Rm 3.20; Gl 2.16), como também é aceito pela maioria dos cristãos. (2)
Entretanto, esses mandamentos ainda estão válidos porque levam o cristão a
descobrir a natureza e o poder do pecado. Essa verdade é ensinada por Paulo (Rm
3.20; 5.20; 7.7; Gl 3.19) e é universalmente reconhecida pelos cristãos. (3)
Como a lei é “santa” (Rm 7.12), ela é uma fonte de prazer espiritual para os
filhos de DEUS. Essa abordagem da lei moral, ainda válida para o cristão de
nossos dias, é magnificamente descrita no Salmo 119.97, “Oh! Quanto amo a tua
lei! É a minha meditação em todo o dia!” (4) Ela também representa uma norma
para a vida cristã porque quase todos os Dez Mandamentos são repetidos
especificamente em um princípio aplicável ao crente (Mt 5.21-48; Rm 7.7; 13.9;
1 Co 8.1-6; 10.14-22; Ef 5.3-5; 6.1-3). No NT, sé está faltando o mandamento
referente à guarda do sábado. Assim sendo, a lei moral do AT funciona como um
guia para conhecer a vontade de DEUS, e faz parte do padrão de nossa
santificação. Ao mesmo tempo, os requisitos da lei são exercidos apenas pelo
ESPÍRITO SANTO quando Ele opera no interior e por meio de cada crente (Rm
8.3,4).
Lei cível ou judicial. E difícil explicar o relacionamento da vida cristã com
essa legislação. Por exemplo, até que ponto iria um cristão atual, se desejasse
observar as leis relativas às restrições alimentares (Dt 14.1- 21), ao
vestuário (22.5), à mistura das sementes (22.9-11), e ao serviço militar
(24.5)? Se tais leis fossem extensões ou aplicações dos Dez Mandamentos, em
princípio elas ainda seriam válidas.
O apelo de Paulo à lei da natureza em um caso semelhante (1 Co 11.14) irá
certamente justificar a obediência a Deuteronômio 22.5 em nosso mundo moderno.
O discernimento espiritual do qual o NT está impregnado irá guiar o cristão
sincero e protegê-lo contra os extremos, tanto do legalismo como da
licenciosidade.
Devemos nos lembrar que essas leis específicas foram outorgadas principalmente
à nação de Israel da Antiguidade, e a sua aplicação à vida cristã atual deve
ser governada pelos princípios básicos estabelecidos no NT. Lei Cerimonial,
Aqui o cristão deverá observar certas verdades facilmente percebidas à luz do
NT. (1) Os ritos e as cerimônias levitas eram válidos até a morte de CRISTO (Mt
27.51), mas desde esse momento perderam essa validade na vida cristã (Gl
5.1-12; Cl 2.16-23). Esses ritos haviam sido impostos a Israel como exemplos da
futura salvação por meio do Messias (Hb 9.9,10); porém agora, pela morte do Senhor
JESUS CRISTO, eles são completamente retirados e já não servem mais como
instrumentos de adoração (Hb 10.8-10). Recorrer a tais coisas (como é feito por
Roma no vestuário de seu clero) é algo totalmente contrário à espiritualidade
da adoração do NT (Jo 4.23,24; Fp 3.3).
E que podemos dizer sobre o retomo aos prenunciados sacrifícios de animais, se
admitirmos literalmente Ezequiel 40-48 para uma era futura (Ez40.39-43; 42.13;
43.19-27; 45.15- 25; 46.2-24; Zc 14.21)? Muitos afirmam que estas passagens
devem ser consideradas de forma figurada. Certamente as palavras de Hebreus
10.18 devem ser cuidadosamente consideradas e, de forma alguma ignoradas: “Ora,
onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado”. Duas respostas
seriam possíveis; Talvez a passagem em Ezequiel 40- 48 devesse ser considerada
em sentido figurado. Entretanto, muitos acreditam que um ato tão drástico seria
desnecessário.
DEUS pode ter escolhido, em sua infinita sabedoria, reinstituir o sacrifício de
animais durante o reino milenial de CRISTO. Se assim for, este é um privilégio
exclusivo do Senhor e, além de estar certo, deve ser absolutamente respeitado.
No entanto, podemos certamente concluir, a partir de Hebreus 10.18, que este
seria um ato meramente comemorativo. (2) O cristão não deve negligenciar o
vasto significado espiritual e típico da legislação levítica. Ele irá
compreender que CRISTO é o verdadeiro Cordeiro Pascal (Jo 1.29; 1 Co 5.7) e que
o crente, como um sacerdote (1 Pe 2.5,9; Ap 1.8) agora oferece ״sacrifícios”
aceitáveis a DEUS (Ml 1.11; Rm 12.1; Fp 4.18; Hb 13.15,16). W.B.
PENTATEUCO - Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Esta designação derivada de duas palavras gregas, pente, cinco; e
teuchos, volumes ou livros, é aplicada aos primeiros cinco livros da Bíblia
Sagrada. Mais tarde, os judeus designaram estes livros como “os cinco quintos
da lei". Há evidências de que esta divisão seja tão antiga quanto Filo e
Josefo. Esta é uma divisão natural e, provavelmente, deriva do seu autor
original, Moisés. No AT hebraico, o Pentateuco é designado como Torá (Lei), um
termo que enfatiza o elemento legal que forma uma grande parte da obra.
Conteúdo
O propósito do Pentateuco é recontar a graça de DEUS ao transformar Israel em
uma nação, e ao dar a ela sua lei. Assim, a obra começa com a criação do mundo,
e traça a história da humanidade enfatizando a formação da nação teocrática, e
relatando sua história até o ponto em que esteve pronta a entrar na Terra
Prometida.
Em um sentido amplo, o Pentateuco pode ser dividido em duas partes: Gênesis 1 a
Êxodo 19 é um trecho histórico. Reconta as várias fases pelas quais Israel foi
levada ao ponto em que poderia ser constituída a teocracia. Êxodo 20 a
Deuteronômio 34 é relativo à lei. Contém os Dez Mandamentos e a legislação
relacionada ao Tabernáculo, sacrifícios, sacerdócio. A primeira seção é uma
preparação óbvia para a segunda. Era necessário que o povo de DEUS fosse
primeiro separado do mundo a fim de que, como uma teocracia organizada, pudesse
receber as leis do governo divino. Veja também a introdução a Gênesis. Gênesis
relata a criação do mundo e do homem, a queda do homem no pecado e sua expulsão
do paraíso, além da rápida expansão do pecado que exigiu a destruição do homem
pelo dilúvio. Em Noé, a raça manteve-se viva, e houve um novo começo. Mais uma
vez, entretanto, a corrupção e a fraqueza tornaram-se poderosas, de forma que
era necessário que DEUS chamasse seu povo para ficar separado do mundo pecador.
Isto foi feito na chamada de Abraão para deixar Ur dos Caldeus e ser o pai da
fé. Gênesis relata sua obediência e suas peregrinações, mostrando que até com
os fracos DEUS permanece fiel à sua promessa de salvação.
O livro do Êxodo começa com os descendentes de Jacó no Egito, e como foram
libertados poderosamente, sob a liderança de Moisés. Relata como DEUS os
constituiu uma nação no monte Sinai, dando os Dez Mandamentos e ratificando a
aliança. Foram ordenados os detalhes para o levantamento do Tabernáculo, para
que DEUS pudesse, então, habitar no meio do seu povo.
Levítico mostra as várias leis que requisitavam adoração. Os sacrifícios foram
exigidos, porque a corrupção que separa o homem de DEUS deve ser removida, e a
comunhão entre DEUS e o homem deve ser restaurada.
Números relata as disposições do acampamento, os preparativos para a partida e
as peregrinações do povo do Sinai às planícies de Moabe com a menção de vários
incidentes que ocorreram no caminho.
Deuteronômio possui os últimos discursos de Moisés à nação e prepara o povo
para a entrada em Canaã. O livro é distribuído na forma de um documento da
aliança, e em um sentido formal é disposto de forma similar aos tratados de
suserania dos hititas. O Pentateuco inteiro é uma unidade, e contém um tema
essencial.
Autoria
A visão das Escrituras de que Moisés era o autor humano do Pentateuco é
sustentada pelas evidências. Há seis passagens no Pentateuco que declaram
especificamente a autoria de Moisés (Ex 17.14; 24.4-8; 34.27; Nm 33.1,2; Dt
31.9,24-26; 31.22,30-32.43). Três dessas referências estão ligadas às partes
legislativas, e três às partes históricas. Estas 6 partes são partes integrais
do seu contexto, de forma que as referências citadas provavelmente atribuem a
Moisés a autoria de uma boa parte do contexto em que elas ocorrem.
Com relação a Gênesis, nenhuma declaração específica de autoria é encontrada no
livro. Mas Gênesis é uma parte integrante do Pentateuco. Sua narrativa conduz a
acontecimentos relatados em Êxodo, e sem ela o Êxodo não seria compreensível. O
Êxodo pressupõe claramente Gênesis; de fato, sua primeira palavra hebraica we,
normalmente traduzida como *e”, mostra que deve ser conectada com o que precede
em Gênesis. Se Moisés foi o autor dos últimos 4 livros do Pentateuco, também
foi o autor de Gênesis. Ao longo dos últimos 4 livros do Pentateuco, Moisés foi
o personagem principal. Ele era o mediador pelo qual DEUS falava à nação ao
transmitir sua lei. DEUS deu a este patriarca as instruções para a construção
do Tabernáculo, e lhe revelou as leis com relação à adoração. Cada vez mais,
lemos sentenças como “Então, disse o Senhor a Moisés”, "Como o Senhor
ordenava a Moisés” etc. Quando chegamos a Deuteronômio, estamos na mesma
atmosfera. O livro começa com “Estas são as palavras que Moisés falou,..” Em
todo o livro de Deuteronômio, Moisés aparece como a figura central.
Nos demais livros e passagens do AT, o Pentateuco é uniformemente considerado
como obra de Moisés. É correto dizer que a única lei autorizada que é
reconhecida no AT é a lei de Moisés; o mesmo é verdade em relação ao NT.
Citações feitas do Pentateuco atribuem sua autoria a Moisés (cf. Mt 19.8; Mc
10.3-5; Lc 24.27,44; Jo 5.46,47; 7.19; At 3.22; Ap 15.3 etc.). Tanto o AT como
o NT consideram Moisés como o autor humano da lei. No século XVIII, surgiu a
visão de que o Pentateuco não era inteiramente uma obra de Moisés. Pensou-se
que a presença de diferentes nomes divinos em Gênesis fosse uma marca de
diferentes autores. Finalmente, assumiu-se que Gênesis consistia em três
documentos principais, que foram finalmente reunidos por um redator. Pensou-se
que estes 3 documentos, ou partes deles, tivessem sido encontrados também em
Êxodo, Levítico e Números, sendo que Deuteronômio foi atribuído a uma fonte
diferente. No entanto, a hipótese documentária, como é chamada, embora
sustentada por muitos estudiosos, destrói a verdadeira unidade e harmonia do
Pentateuco. E uma teoria que não tem o suporte dos fatos e, portanto, deve ser
abandonada. Veja Gênesis.
Propósito
O Pentateuco é a base sobre a qual as Escrituras foram construídas. Ele contém
a lei básica da teocracia na qual os profetas baseiam suas mensagens. Ele fala
de Moisés, o grande legislador, a maior figura do AT que foi testemunha do
futuro, até mesmo do CRISTO, o Filho de DEUS.
Magnes Press, 1968 (rejeição à teoria documentária). E. J. Y.
EVANGELHO - UBERABA – MG – Filemom Escola Superior de Teologia - Os
Evangelhos - Pr. Mateus Duarte
PREPARAÇÃO...No Antigo Testamento, COMEÇANDO NO PENTATEUCO, DEUS
prepara o mundo para a vinda do Messias.
MANIFESTAÇÃO...Nos 4 Evangelhos, CRISTO entra no mundo, morre pelo
mundo, ressuscita e funda a sua Igreja cheia do ESPÍRITO SANTO.
APROPRIAÇÃO... Em Atos e nas Epístolas, são apresentadas maneiras
pelas quais o Senhor JESUS foi recebido, apropriado e aplicado à vida das
pessoas.
CONSUMAÇÃO... No Apocalipse revela-se o resultado do plano perfeito
de DEUS. O que é o Evangelho Às boas-novas a respeito de JESUS CRISTO, o Filho
de DEUS é-nos apresentadas por quatro autores: Mateus, Marcos, Lucas e João,
embora exista só um Evangelho, a bela história da salvação por JESUS CRISTO,
nosso Senhor.
A palavra “Evangelho” nunca é usada no Novo Testamento para
referir-se a um livro. Significa sempre “boas-novas”. Quando falamos do
Evangelho de Lucas, devemos compreender que se trata das boas-novas de JESUS
CRISTO conforme foram registradas por Lucas. Entretanto, desde os tempos
antigos o termo, “evangelho,” tem sido usado com referência a cada uma das
quatro narrativas da vida de CRISTO. Originalmente essas boas-novas eram
transmitidas pela palavra falada. Os homens iam de lugar em lugar, contando a velha
história. Depois de algum tempo fez-se necessário um registro escrito. Mais de
uma pessoa tentou fazê-lo, mais sem êxito. Veja o que Lucas diz: “Visto que
muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós
se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles
testemunhas oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem,
depois de a curada investigação de tudo desde a sua origem, dar-te por escrito,
excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas perfeita
certeza das verdades em que foste instruído” (Lc 1.1-4).
“Evangelho” é uma palavra de origem grega que significa “boa
notícia”. Do ponto de vista da fé cristã, só há um evangelho: o de JESUS
CRISTO. Porque ele mesmo, o Filho de DEUS encarnado na natureza humana (Jo
1.14) e autor da vida e da salvação (At 3.15; Hb 2.10; 12.2), é a boa notícia
que constitui o coração do Novo Testamento o fundamenta a pregação da Igreja
desde os tempos apostólicos até os nossos dias.
No entanto, visto que toda notícia supõe a comunicação de uma
mensagem, chamamos também de “evangelho” o conjunto dos livros do Novo
Testamento, que, sob a inspiração do ESPÍRITO SANTO, foram escritos para
comunicar a boa notícia da vinda de CRISTO e, com ele, a do Reino eterno de
DEUS (Mt 3.2; 4.17; Mc 1.1,14-15; Lc 2.10; Rm 1.1-6,16-17). Nesse mesmo
sentido, o apóstolo Paulo gosta de falar do “meu evangelho”, fazendo assim
referência ao anúncio da graça divina que ele proclamava, se baseando na Palavra
de DEUS (Rm 1.1,9,16; 16.25; 1Co 15.1; Gl 2.7; 2Tm 2.8): uma mensagem que já
antes fora escutada em Israel (Is 35; 40.9-11; 52.7; 61.1-2a), mas que agora se
estende ao mundo inteiro, a quantos, por meio da fé, aceitam CRISTO como Senhor
e Salvador (cf., entre outros, Rm 1.5; 5.1; 6.14,22-23). Num terceiro sentido,
o uso tem generalizado a aplicação do termo “evangelho” a cada um dos livros do
Novo Testamento (Mateus, Marcos, Lucas e João) que nos têm transmitido
praticamente a totalidade do que sabemos acerca de JESUS: da sua vida e
atividade, da sua paixão e morte, da sua ressurreição e glorificação.
Da perspectiva da fé cristã, a palavra “evangelho” contém, pois,
uma tríplice referência: em primeiro lugar, a JESUS CRISTO, cuja vinda é o
acontecimento definitivo da revelação de DEUS ao ser humano; em segundo lugar,
à pregação oral e à comunicação escrita da boa notícia da salvação pela fé; e,
por último, aos quatro livros do Novo Testamento que desde o séc. II se
conhecem pela designação genérica de “os Evangelhos”.
Evangelhos e Evangelistas Tradicionalmente, os autores dos quatro
primeiros livros do Novo Testamento recebem o nome de “evangelistas”, título
que na Igreja primitiva correspondia às pessoas a quem, de modo específico, se
confiava a função de anunciar a boa nova de JESUS CRISTO (At 21.8; Ef 4.11; 2Tm
4.5. cf. At 8.12,40).
Durante os anos que se seguiram à ascensão do Senhor, a pregação
apostólica foi, sobretudo, verbal como vemos na leitura de Atos. Mais tarde,
quando começaram a desaparecer aqueles que haviam conhecido JESUS em pessoa, a
Igreja sentiu a necessidade de fixar por escrito a memória das palavras que
haviam ouvido dele e dos seus atos que haviam presenciado. Durante certo tempo,
circularam entre as comunidades cristãs de então numerosos textos referentes a
JESUS, que, na maioria dos casos, eram simples apontamentos dispersos e sem
conexão. Apesar do seu caráter fragmentário, porém, aqueles breves relatos
representaram a passagem da tradição oral à escrita, passagem que presidiu o
nascimento dos nossos quatro Evangelhos.
O propósito principal dos evangelistas não foi oferecer uma
história detalhada das circunstâncias que rodearam a vida do nosso Senhor e dos
eventos que a marcaram; tampouco se propuseram a reproduzir ao pé da letra os
seus discursos e ensinamentos, nem as suas discussões com as autoridades
religiosas dos judeus. Há, consequentemente, muitos dados relativos ao homem
JESUS de Nazaré que nunca nos serão conhecidos, embora, por outro lado, não
reste dúvida de que DEUS já revelou por meio dos evangelistas (cf. Jo 20.30;
21.25) tudo o que não devemos ignorar. Na realidade, eles não escreveram para
nos transmitir uma completa informação de gênero biográfico, mas, como disse
João, “para que creiais que JESUS é o CRISTO, o Filho de DEUS, e para que,
crendo, tenhais vida em seu nome” (20.31). Os Evangelhos contêm, pois, um
conjunto de narrações centradas na pessoa de JESUS de Nazaré e escritas com um
propósito testemunhal, para a edificação da Igreja e para a comunicação da fé.
Mas isso não significa que os evangelistas manejaram sem cuidado os dados, as
palavras e os fatos que recompilaram e que foram os seus elementos de
informação. Pois, se bem que é certo que eles não trataram de escrever nenhuma
biografia (ao menos no sentido específico que hoje damos ao termo), igualmente
é que os seus escritos respondem com fidelidade ao discurso histórico tal e
como era elaborado então, seja por haverem conhecido pessoalmente a JESUS, ou
seja, por terem sido companheiros dos apóstolos que viveram junto dele. A obra
dos evangelistas nutriu-se especialmente das memórias que, em relação ao
Senhor, eram guardadas no seio da Igreja como um depósito precioso. Essas
memórias transmitiram-se no culto, no ensinamento e na atividade missionária,
isto é, na pregação oral, que, durante longos anos e com perspectiva
escatológica, foi o meio idôneo para reviver, desde a fé e em benefício da fé,
o acontecimento fundamental do CRISTO ressuscitado.
Os Evangelhos Sinóticos
A simples leitura dos Evangelhos conduz logo a uma primeira
classificação, que é resultante da constatação, de um lado, de que existe uma
ampla coincidência da parte de Mateus, Marcos e Lucas quanto aos temas de que
tratam e quanto à disposição dos elementos narrativos que introduzem; e por
outro, o Evangelho de João, cuja aparição foi posterior à dos outros três,
parece ter sido escrito com o propósito de suplementar os relatos anteriores
com uma nova e distinta visão da vida de JESUS. Porque, de fato, com exceção
dos acontecimentos que formavam a história da paixão de JESUS, apenas três dos
fatos referidos por João (1.19-28; 6.1-13 e 6.16-21) encontram-se também
consignados nos outros Evangelhos.
Daí se conclui que, assim como o Evangelho Segundo João requer uma
consideração à parte, os de Mateus, Marcos e Lucas estão estreitamente
relacionados. Seguindo vias paralelas, oferecem nas suas respectivas narrações
três enfoques diferentes da vida do Senhor. Por causa desse paralelismo, pelas
muitas analogias que aproximam esses Evangelhos tanto na matéria exposta como
na forma de dispô-la, vêm sendo designados desde o séc. XVIII como “os
sinóticos”, palavra tomada do grego e equivalente a “visão simultânea” de
alguma coisa. Os sinóticos começaram a aparecer provavelmente em torno do ano
70. Depois da publicação do Evangelho segundo Marcos, escreveu-se primeiro o de
Mateus e depois o de Lucas. Ambos se serviram, em maior ou menor medida, da
quase totalidade dos materiais incorporados em Marcos, relembrando-os e
ampliando-os com outros. Por essa razão, Marcos está quase integralmente
representado nas páginas de Mateus e de Lucas. Quanto aos novos materiais mencionados,
isto é, os que não se encontram em Marcos, uma parte foi aproveitada
simultaneamente por Mateus e Lucas, e a outra foi usada por cada um deles de
maneira exclusiva. Apesar de que os autores sinóticos tenham redigido textos
paralelos, fizeram-no de pontos de vista diferentes e contribuindo cada qual
com a sua própria personalidade, cultura e estilo literário. Por isso, a obra
dos evangelistas não surge como o produto de uma elaboração conjunta, mas como
um feito singular desde seus delineamentos iniciais até a sua realização
definitiva. Sempre obedecendo à inspiração do ESPÍRITO SANTO os evangelistas
escreveram os 4 evangelhos. Quanto aos objetivos, também são diferentes em cada
caso: enquanto Mateus contempla a JESUS de Nazaré como o Messias anunciado
profeticamente, como rei dos judeus, Marcos o vê como a manifestação do poder
de DEUS e como servo humilde, e Lucas, como o Salvador de um mundo perdido por
causa do pecado, revelando sua humanidade. Já João, em seu evangelho, procura
provar que JESUS é DEUS.
Por quê quatro Evangelhos?
A pergunta que naturalmente surge é a seguinte: Por que quatro? Não
teria bastado uma só narrativa direta e contínua? Não teria sido mais simples e
claro? Isso não nos teria poupado algumas das dificuldades surgidas em torno do
que alguns têm chamado de narrativas divergentes? A resposta é simples: Uma ou
duas pessoas não nos teriam dado um retrato completo da vida de CRISTO.
“Suponhamos que quatro testemunhas comparecessem perante um juiz para depor
sobre certo acontecimento e cada uma delas usasse as mesmas palavras. O juiz
provavelmente, concluiria, não que o testemunho delas era de valor excepcional,
mas que a única coisa certa, sem sombra de dúvida, é que haviam concordado em
contar a mesma história. Todavia, se cada uma tivesse contado o que tinha visto
e como o tinha visto, aí então a prova seria digna de crédito. E quando temos
os quatro Evangelhos, não é exatamente isso que acontece? Os quatro
evangelistas contaram a mesma história, cada qual a seu modo. Há quatro ofícios
distintos de CRISTO apresentados nos Evangelhos. Ele é apresentado como: Rei em
Mateus, Servo em Marcos, Filho do homem em Lucas e Filho de DEUS em João. É
verdade que os quatro Evangelhos têm muita coisa em comum. Todos eles tratam do
ministério terreno de JESUS, sua morte e ressurreição, seus ensinos e milagres,
porém cada Evangelho tem suas diferenças. É fácil ver que cada um dos autores
procura apresentar um quadro diferente de nosso único Salvador. Mateus, de
propósito, acrescenta à sua narrativa o que Marcos omite. Nenhum dos Evangelhos
contém a narração completa da vida de CRISTO. João diz em 21.25: “Há, porém,
ainda muitas outras coisas que JESUS fez. Se todas elas fossem relatadas uma
por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam
escritos”. Existem vazios propositados que nenhum dos evangelistas pretendeu
preencher. Por exemplo: todos omitem um registro de dezoito anos da vida de
CRISTO, entre os doze e os trinta anos. Embora sejam completos em si mesmo,
cada um registrou aquilo que era relevante ao seu tema. Cada um deles apresenta
um aspecto diferente da vida terrena de nosso Senhor. Juntos dão-nos um retrato
completo. Ele era Rei, mas era também o Servo Perfeito, Ele era homem, mas
também DEUS. Há quatro Evangelhos, mas um CRISTO, quatro narrativas com um
propósito e quatro esboços de uma mesma Pessoa.
Praticamente, os evangelhos são compostos de metade de sua escrita
a respeito dos ensinos e pregações de JESUS e a outra metade é composta de
relatos de seus feitos milagrosos, sinais, prodígios e maravilhas.
Evangelho de Mateus
Os profetas do Antigo Testamento predisseram e ansiaram pela vinda
do Ungido que entraria na história para trazer redenção e livramento. O
primeiro versículo de Mateus anuncia aquele evento há muito esperado: “Livro da
genealogia de JESUS CRISTO, filho de Davi, filho de Abraão”. Mateus fornece a
ponte essencial entre o Antigo e o Novo Testamento. Através de uma série
cuidadosamente selecionada de citações do Antigo Testamento, Mateus documenta a
reivindicação de JESUS CRISTO de ser o Messias, JESUS possui as credenciais do
Messias, ministra no modelo predito do Messias, prega mensagens que somente o
Messias poderia pregar, e finalmente morre a morte que somente o Messias
poderia morrer.
Evangelho de Marcos
Marcos, o mais breve e mais simples dos quatro Evangelhos,
apresenta um relato conciso e de cenas rápidas da vida de CRISTO. Com pequenos
comentários, Marcos deixa a narrativa falar por si só, quando conta a história
do servo que está constantemente em movimento, ao pregar, curar, ensinar e, por
fim, morrer pelos pecadores. Seu ministério começa com as massas, logo
restringindo-se aos doze discípulos, e por fim culmina na cruz. Ali o Servo que
“não veio para ser servido, mas para servir” faz o supremo sacrifício de
serviçal, dando “sua vida em resgate de muitos” (10.45). E esse padrão de
serviço altruísta se torna o modelo para aqueles que seguem os passos do Servo.
Evangelho de Lucas
Lucas, um médico gentio, elabora sua narrativa evangélica em torno
de uma apresentação histórica e cronológica da vida de JESUS. Lucas é o mais
extenso e abrangente dos quatro Evangelhos, apresentando JESUS CRISTO como o
Homem Perfeito que veio buscar e salvar os pecadores. Fé crescente e oposição
crescente se desenvolvem lado a lado. Os que crêem em suas reivindicações são
desafiados a assumir o preço do discipulado; os que se opõem a ele não ficarão
satisfeitos até que o Filho do Homem penda sem vida numa cruz. A Ressurreição,
porém, assegura que seu ministério de buscar e salvar os perdidos continue na
pessoa de seus discípulos, uma vez que estejam equipados com seu poder.
JESUS, como homem, nos mostra como um homem na terra, cheio do
ESPÍRITO SANTO, pode seguir seus passos, ser seu imitador, e ser usado pelo
ESPÍRITO SANTO para ganhar milhões de almas para DEUS.
Evangelho de João
O Evangelho de João é singular. Mateus, Marcos e Lucas são chamados
Evangelhos Sinóticos porque, a despeito de suas ênfases individuais, descrevem
muitos dos mesmos eventos da vida de JESUS de Nazaré. João se volta
principalmente para eventos e discursos não comuns aos outros evangelhos, com
intuito de provar a seus leitores que JESUS é DEUS na carne, a eterna Palavra
vinda à terra, que nasceu para morrer como sacrifício oferecido a DEUS para
tirar o pecado humano. Sete sinais miraculosos provam que “JESUS é o CRISTO, o
Filho de DEUS, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (20.31). Jamais se
escreveu um tratado evangélico mais excelente que a narrativa inspirada que
João elaborou sobre a vida, morte e ressurreição de CRISTO.
Destaque especial para a morte e ressurreição de Lázaro após 4 dias
de sepultado.
EVANGELHO - Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Uma palavra usada somente no NT para denotar a mensagem de CRISTO.
O termo gr. euangelwn, significando “boas novas”, tornou-se um termo técnico
para a mensagem essencial da salvação, Ela ê modificada por várias frases
descritivas, tais como, “o evangelho de DEUS” (Mc 1.14; Rm 15.16), “o evangelho
de JESUS CRISTO” (Mc 1.1; 1 Co 9.12), “o evangelho de seu Filho” (Rm 1.9), “o
evangelho do Reino” (Mt 4.23; 9.35; 24.14), ״o evangelho da graça de DEUS” (At 20.24), “o evangelho da glória de
CRISTO” (2 Co 4.4), “o evangelho da paz” (Ef 6.15), “evangelho eterno” (Ap
14.6). Embora aspectos distintos da mensagem sejam indicados por vários
modificadores, o Evangelho é essencialmente um. Paulo fala de “um outro
evangelho" que não é um equivalente, pois o Evangelho de DEUS é sua
revelação, e não o resultado da descoberta (Gl 1.6-11).
O conteúdo do Evangelho é claramente definido no NT. É a mensagem proclamada e
aceita da igreja cristã, pois foi recebida por todos os crentes, defendida por
seu raciocínio, e constitui uma parte vital de sua experiência. É histórica em
seu conteúdo, bíblica em seu significado, e transformadora em seu efeito.
“CRISTO morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras... foi sepultado,
e... ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras... foi visto por
Cefas...”, são as palavras descritivas de Paulo (1 Co 15.1-6).
O Evangelho não é uma adição imprecisa de lendas antigas a respeito de JESUS,
mas um conjunto bem-organizado de ensinos sobre sua vida e seu significado,
pregado por líderes da igreja primitiva na primeira geração após sua morte.
Embora Ele não estivesse reduzido a uma formulação “catequética”, era
suficientemente uniforme para ser refletido nos escritos de Mateus, Marcos e
Lucas, agora chamados de Evangelhos Sinóticos. Uma forma diferente da mesma
pregação aparece no Evangelho de João. Por causa da qualidade e conteúdo únicos
da mensagem, os escritos que o formam foram chamados de “Evangelhos”. É
provável, porém, que o uso técnico deste termo não apareça nas passagens
narrativas do NT. Quando ele é usado, refere-se, invariavelmente, ao conteúdo
ao invés do veículo; a aplicação do termo “Evangelho” à obra escrita é
posterior ao século I d.C.
A verdade central do Evangelho é que DEUS forneceu um modo de salvação para os
homens ao dar seu Filho para o mundo. Ele sofreu como um sacrifício pelo
pecado, venceu a morte, e agora oferece a oportunidade de compartilharmos seu
triunfo; esta bênção está disponível a todos aqueles que o aceitarem. O
Evangelho é uma boa nova porque é uma dádiva de DEUS, e não algo que deva ser
ganho por penitência ou por meio de alguma melhoria pessoal (Jo 3.16; Rm 5.8-
11; 2 Co 5.14-19; Tt 2.11-14). O Evangelho apresenta CRISTO como o mediador
entre DEUS e os homens, que foi ordenado por DEUS para trazer uma humanidade
desviada e pecadora de volta a si. M. C. T.
EVANGELHO - ευαγγελιον euaggelion
1) recompensa por boas notícias
2) boas novas
2a) as boas novas do reino de DEUS que acontecerão em breve, e,
subsequentemente, também de JESUS, o Messias, o fundador deste reino. Depois da
morte de CRISTO, o termo inclui também a pregação de (sobre) JESUS CRISTO que,
tendo sofrido a morte na cruz para obter a salvação eterna para os homens no
reino de DEUS, mas que restaurado à vida e exaltado à direita de DEUS no céu,
dali voltará em majestade para consumar o reino de DEUS
2b) as boas novas da salvação através de CRISTO
2c) a proclamação da graça de DEUS manifesta e garantida em CRISTO
2d) o evangelho
2e) quando a posição messiânica de JESUS ficou demonstrada pelas suas palavras,
obras, e morte, a narrativa da pregação, obras, e morte de JESUS CRISTO passou
a ser chamada de evangelho ou boas novas.
"EVANGELHO" O Novo Testamento aperfeiçoa o
Antigo Testamento e o cumpre.
Referências Bíblicas |
Versículos do Novo Testamento que citam a palavra
evangelho |
Mateus 24:14 |
E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em
testemunho a todas as gentes, e então virá o fim. |
1 Coríntios 15:1 |
Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho
anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; |
1 Coríntios 9:14 |
Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que
vivam do evangelho. |
1 Coríntios 9:16 |
Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois
me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho! |
1 Coríntios 9:18 |
Logo, que prêmio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça o
evangelho de CRISTO, para não abusar do meu poder no evangelho. |
1 Coríntios 9:23 |
E eu faço isso por causa do evangelho, para ser também
participante dele. |
1 Timóteo 1:11 |
conforme o evangelho da glória do DEUS bem-aventurado, que me foi
confiado. |
2 Coríntios 10:16 |
para anunciar o evangelho nos lugares que estão além de vós e não
em campo de outrem, para nos não gloriarmos no que estava já preparado. |
2 Coríntios 11:7 |
Pequei, porventura, humilhando-me a mim mesmo, para que vós
fôsseis exaltados, porque de graça vos anunciei o evangelho de DEUS? |
2 Coríntios 2:12 |
Ora, quando cheguei a Trôade para pregar o evangelho de CRISTO e
abrindo-se-me uma porta no Senhor, |
2 Coríntios 4:3 |
Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se
perdem está encoberto, |
2 Coríntios 8:18 |
E com ele enviamos aquele irmão cujo louvor no evangelho está
espalhado em todas as igrejas. |
2 Tessalonicenses 2:14 |
para o que, pelo nosso evangelho, vos chamou, para alcançardes a
glória de nosso Senhor JESUS CRISTO. |
2 Timóteo 2:8 |
Lembra-te de que JESUS CRISTO, que é da descendência de Davi,
ressuscitou dos mortos, segundo o meu evangelho; |
Atos 14:21 |
E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos
discípulos, voltaram para Listra, e Icônio, e Antioquia, |
Atos 14:7 |
e ali pregavam o evangelho. |
Atos 16:10 |
E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia,
concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho. |
Atos 8:25 |
Tendo eles, pois, testificado e falado a palavra do Senhor,
voltaram para Jerusalém e, em muitas aldeias dos samaritanos, anunciaram o
evangelho. |
Atos 8:40 |
E Filipe se achou em Azoto e, indo passando, anunciava o
evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesareia. |
Colossenses 1:5 |
por causa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual
já, antes, ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, |
Efésios 3:6 |
a saber, que os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e
participantes da promessa em CRISTO pelo evangelho; |
Efésios 6:15 |
e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; |
Efésios 6:19 |
e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a
palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho, |
Filemom 1:13 |
Eu bem o quisera conservar comigo, para que, por ti, me servisse
nas prisões do evangelho; |
Filipenses 1:12 |
E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram
contribuíram para maior proveito do evangelho. |
Filipenses 1:16 |
uns por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho; |
Filipenses 1:27 |
Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de
CRISTO, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós
que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela
fé do evangelho. |
Filipenses 1:5 |
pela vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até
agora. |
Filipenses 2:22 |
Mas bem sabeis qual a sua experiência, e que serviu comigo no
evangelho, como filho ao pai. |
Gálatas 1:11 |
Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi
anunciado não é segundo os homens, |
Gálatas 1:6 |
Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos
chamou à graça de CRISTO para outro evangelho, |
Gálatas 1:7 |
o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem
transtornar o evangelho de CRISTO. |
Gálatas 2:5 |
aos quais, nem ainda por uma hora, cedemos com sujeição, para que
a verdade do evangelho permanecesse entre vós. |
Gálatas 2:7 |
antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da
incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão |
Gálatas 4:13 |
E vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em
fraqueza da carne. |
Lucas 9:6 |
E, saindo eles, percorreram todas as aldeias, anunciando o
evangelho e fazendo curas por toda a parte. |
Marcos 1:1 |
Princípio do evangelho de JESUS CRISTO, Filho de DEUS. |
Marcos 1:14 |
E, depois que João foi entregue à prisão, veio JESUS para a
Galileia, pregando o evangelho do Reino de DEUS |
Marcos 1:15 |
e dizendo: O tempo está cumprido, e o Reino de DEUS está próximo.
Arrependei-vos e crede no evangelho. |
Marcos 16:15 |
E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda
criatura. |
Mateus 11:5 |
Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e
os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o
evangelho. |
Mateus 4:23 |
E percorria JESUS toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas,
e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias
entre o povo. |
Romanos 1:1 |
Paulo, servo de JESUS CRISTO, chamado para apóstolo, separado
para o evangelho de DEUS, |
Romanos 1:15 |
E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos
anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma. |
Romanos 1:9 |
Porque DEUS, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu
Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, |
Romanos 10:16 |
Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor,
quem creu na nossa pregação? |
Romanos 11:28 |
Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós;
mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais. |
Romanos 15:20 |
E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde
CRISTO houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio; |
Romanos 15:29 |
E bem sei que, indo ter convosco, chegarei com a plenitude da
bênção do evangelho de CRISTO. |
Romanos 2:16 |
no dia em que DEUS há de julgar os segredos dos homens, por JESUS
CRISTO, segundo o meu evangelho. |
EVANGELHOS SINÓTICOS - Tesouro de Conhecimentos Bíblicos - Emílio
Conde - CPAD
- Evangelho vem do grego “euaggelion” (“eu”, bem, e “aggellõ”, anunciar) e
significa boa-nova; do hebraico “besôrã”, especialmente anúncio de vitória
(1 Sm 18.20-22). O verbo “eu-aggelizomai”, anunciar uma boa-nova, não
citado por Marcos e Mateus, é frequente em Lucas e Paulo.
Os livros chamados evangelhos constituem um gênero literário único;
assemelham-se ao gênero histórico, consolidando as tradições variadas que
circulavam pela igreja, já durante trinta ou quarenta anos antes de
serem reunidos num livro.
Quais são os evangelhos a que se determinou chamar de sinóticos? Que
significa sinótico? Por que a classificação de sinóticos dada a alguns
dos evangelhos? Essas e outras perguntas acerca dos evangelhos que se
convencionou chamar de sinóticos serão esclarecidas nesse comentário. Os
sinóticos são os de Mateus, Marcos, e Lucas; a razão por que são chamados
assim é o fato de apresentarem grandes semelhanças na narração dos
acontecimentos da vida e do ministério de JESUS CRISTO. O Evangelho de João não
figura entre os sinóticos por haver ele incluído em seu livro eventos
da vida de JESUS que os três sinóticos não descrevem.
De uma comparação entre esses três evangelhos, observamos o seguinte:
Nas narrativas dos evangelistas Mateus e Lucas, há uma grande diferença nas
partes que tratam da vida de JESUS antes do ministério
público. Quando eles narram a história do ministério público,
concordam plenamente entre si e com o Evangelho de Marcos. Quando termina
essa parte semelhante entre os três, há divergência entre Lucas e
Mateus novamente. A ordem estabelecida pelos três evangelistas é mais
ou menos a mesma; quando há divergência na ordem dos eventos, é Mateus
ou Lucas que discordam. Quando Mateus e Lucas narram um fato
comum, que não aparece em Marcos, há plena concordância entre eles. Cada
um dos três apresenta fatos peculiares não narrados pelos outros
dois. Com exceção de dois milagres (Mc 7.31-37; 8.22-26 - A
cura de um surdo e gago e a cura de um cego); uma parábola
(Mc 4.26-29 - A parábola da semente), e alguns versículos isolados; quase
todo o Evangelho de Marcos está incluído nas narrativas de Mateus e Lucas.
Há semelhanças também entre os três no uso da linguagem, quando
os três narram o mesmo episódio ou quando Mateus e Lucas narram.
Para explicar essas semelhanças, há quatro hipóteses: a tradição oral, a
interdependência dos autores; um documento original, como fontes dos
três evangelhos; muitos documentos, como fontes originais das três
narrativas.
A explicação final pode perfeitamente ser esta: Marcos foi o primeiro Evangelho
a ser escrito e por isso foi utilizado pelos outros dois como fonte
de informação; a Logia de Marcos, feita no hebraico (aramaico) foi um
documento utilizado por Lucas e Mateus para a confecção de seus
evangelhos; é provável que houvesse outros documentos utilizados
pelos evangelistas, além dos testemunhos de pessoas que participaram dos
acontecimentos.
O Evangelho de Mateus aparece em primeiro lugar na ordem cronológica dos
sinóticos. O autor desse Evangelho era um publicano, cobrador de
impostos, que morava na cidade de Cafarnaum, o qual, nos evangelhos de Marcos e
Lucas aparece como Levi, mas no que tem o seu nome, aparece
como Mateus (Mt 9.9). A opinião é unânime em aceitar o primeiro sinótico
como sendo Mateus; essa ordem vem sendo seguida desde os tempos
primitivos, em todas as traduções. É o que possui provas mais
evidentes de que foi escrito para os judeus, sem incluir os demais povos;
considerando-se que os judeus eram os que estavam mais próximos de JESUS,
por ser Ele do povo judeu; eram os mais necessitados do
momento e para eles foi escrito especialmente a mensagem por Mateus, um
judeu. Mateus quis mostrar, através de suas narrativas, a prova de que JESUS
era o Messias, na vida de quem se cumpriram as profecias do Antigo
Testamento e a exclusão que os judeus sofreriam do povo de DEUS, se
rejeitassem esse Messias. Mateus, através de seu Evangelho, ajudava
os judeus cristãos a se defenderem nas polêmicas com os demais judeus. O Evangelho
foi escrito em arameu, porque a língua hebraica, no tempo
de JESUS, era entendida somente pelos eruditos. O
Evangelho escrito em grego coincide plenamente com o escrito em arameu.
Mateus está muito bem escrito e ordenado; Mateus soube selecionar o
material existente e agrupá-lo; ele reuniu acontecimentos e
palavras com relação entre si, sem contudo manter uma ordem cronológica
dos fatos.
Marcos é o sinótico que figura em segundo lugar no cânon do Novo Testamento. A
conclusão mais plausível é que Marcos é o Evangelho mais antigo. Se o
livro de Atos foi completado enquanto Paulo ainda vivia, entre 63 e 65
d.C., e o Evangelho de Lucas antes de Atos, Marcos foi produzido
entre 48 e 55 d.C. De acordo com o que afirmam os antigos historiadores,
Marcos escreveu o seu Evangelho sob a influência vibrante do apóstolo
Pedro. As informações relativas à ascendência de Pedro sobre o escritor do
segundo Evangelho foram registradas na história eclesiástica.
Diz o historiador Pápias que Marcos, tendo-se feito intérprete de Pedro,
escreveu com exatidão, se bem que sem respeitar a ordem dos fatos,
e sim de acordo com o que se lembrava das coisas que o Senhor disse e
fez. Marcos não acompanhou o Senhor, nem o ouviu falar, porém mais
tarde, ele acompanhou a Pedro, o qual lhe dava as suas instruções
conforme as circunstâncias o exigiam, sem cogitar da ordem sistemática dos
ensinos do Senhor.
Uma coisa tinha Marcos em vista: “Era não deixar de escrever nenhuma das coisas
que ele tinha ouvido e escrevê-las com exatidão” (Euzébio - História
Eclesiástica). Alguns afirmam que o Evangelho de Marcos foi escrito
na Itália, porém não há certeza desse fato. O segundo sinótico foi
escrito para os gentios. Nele aparece a Pessoa de CRISTO como
profeta divino, poderoso em palavras e obras. O conteúdo de Marcos foi
construído segundo o conhecido esquema sinótico; possui três partes principais,
precedidas por uma breve introdução (Mc 1.1-13): o período galileu da atividade
pública de JESUS, até Mc 9.50; o período da Judéia e de Jerusalém e o apocalipse
sinótico, até Mc 13; a história da paixão e o relato sobre o sepulcro
vazio, seguido da conclusão, até Mc 16.20.
0 terceiro sinótico é o Evangelho de Lucas, o qual além de bom escriba
também era médico. Não há dúvida quanto ao autor do terceiro
sinótico. Contudo, há dúvidas quanto à data e ao lugar em que foi
escrito. Parece haver sido o terceiro na ordem cronológica de publicação.
Uma coisa é certa: o Evangelho de Lucas foi escrito antes do livro de Atos
dos Apóstolos, pois a primeira declaração desse livro (At 1.1) é uma
referência ao terceiro sinótico. "Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo,
acerca de tudo que JESUS começou, não só a fazer, mas a ensinar”. O
primeiro tratado a que Lucas se refere é o Evangelho que tem o seu nome.
Se Marcos escreveu o segundo sinótico apoiado na palavra e na experiência de
Pedro, também é certo que Lucas escreveu o terceiro sob a influência e a
eloquência de Paulo; pelo menos o estilo dos escritos de Paulo aparece no
que Lucas escreveu. Lucas tem 84 palavras comuns com Paulo; há
também afinidade de idéias: como Paulo, Lucas chama a JESUS de Senhor;
acentua o universalismo da mensagem de saúde, a igualdade entre
judeus e gentios, a vocação dos gentios depois da reprovação dos judeus
etc. É impressionante a semelhança entre o relato da Ceia por Lucas e
por Paulo (Lc 22.19-23 e 1 Co 11.23-26).
Podemos resumir o Evangelho nesses tópicos:
Depois de algumas informações sobre a infância de JESUS, sua genealogia, suas
tentações e sobre João, o Batista, o Evangelho propriamente dito
é dividido em quatro partes:
Atividades de JESUS na Galileia (Lc 4.14-9.50).
Atividades de JESUS durante sua viagem a Jerusalém (Lc 9.51-18.14).
Atividades de JESUS na Judéia e em Jerusalém (Lc 18.31-21.38).
História da paixão e outras informações posteriores (Lc 22.1-24.53).
Apesar de o Evangelho ser dirigido a Teófilo, também se destinava aos
cristãos que antes eram gentios, por isso Lucas passa por alto pelas questões
que somente tinham valor para os judeus cristãos e enfatiza aquelas que se
relacionam mais com os gentios cristãos.
Mateus põe em relevo a JESUS como Rei; Marcos o enfatiza como o Servo do
Senhor; Lucas mostra JESUS como o Filho do homem e João detém-se na
mensagem de JESUS como o Filho de DEUS.
O quarto Evangelho tem características peculiares, focalizando fatos que os
três primeiros não mencionam, isto é, o quarto Evangelho que
João escreveu, por isso mesmo, não foi incluído entre os
sinóticos, exatamente por ter forma e características diferentes dos
outros.
Sinóticos são os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. A razão por que são
chamados assim é o fato de apresentarem grandes semelhanças na
narração dos acontecimentos da vida e do ministério, de JESUS CRISTO
EVANGELHOS - Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Os quatro primeiros livros do cânon do NT - Mateus, Marcos, Lucas e
João - são chamados de Evangelhos porque são os registros escritos das
primeiras pregações das boas novas a respeito de CRISTO. Eles constituem um
tipo distinto de literatura. Não são biografias completas, pois não tentam
narrar todos os fatos da carreira de JESUS; nem são apenas histórias; nem são
sermões, embora incluam pregações e discursos; também não são apenas relatos de
notícias. Todos esses elementos aparecem neles, combinados em uma nova forma de
organização que aparece apenas nos escritos cristãos. Estes escritos tinham a
finalidade de expressar a mensagem básica dos primeiros pregadores cristãos que
foi escrita para instruir os crentes na certeza de sua fé.
Os primeiros três, por causa de sua semelhança tão próxima uns com os outros em
conteúdo e em pontos de vista, são chamados de Evangelhos Sinóticos. Embora
sejam diferentes em muitos aspectos, eles seguem a mesma ordem geral de
eventos, e lidam grandemente com o ministério de JESUS na Galileia. João, o
quarto Evangelho, contém uma seleção diferente de eventos, narra
principalmente a obra de JESUS na Judéia, e interpreta sua vida sob um
ponto de vista mais teológico do que os outros.
Desde o período inicial da igreja cristã os Evangelhos foram reconhecidos como
registros válidos da vida de JESUS, O primeiro escritor a mencioná-los pelo
nome foi Pápias de Hierápolis, que viveu no primeiro terço do século II.
De acordo com o registro mostrado na obra História Ecclesiae de Eusébio (iii.39),
de 350 d.C., Pápias relatou que “Mateus compôs sua história no dialeto
hebreu...”, e que “Marcos, sendo o intérprete de Pedro, registrou tudo com
grande exatidão, porém não na ordem em que as palavras foram faladas ou na
ordem em que as obras foram realizadas pelo Senhor...”. Justino Mártir (aprox.
150 d.C.), mencionou “as memórias dos apóstolos, que são chamadas de
Evangelhos”, “compostas pelos apóstolos e por aqueles que os seguiram" (I
Apology 66-67; Dialogue with Trypho, 10, 100, 103). Tatiano, um escritor
gnóstico da metade do século II, combinou os quatro Evangelhos em uma harmonia.
Eles elevem, portanto, ter sido conhecidos e aceitos como uma obra de
reconhecida autoridade antes do início do século II. Outras obras do início do
século II, como o Didache, a Epístola de Inácio e a Epístola de Barnabé, contém
alusões que podem ser identificadas como provenientes do Evangelho,
principalmente do relato de Mateus. A recente descoberta do Evangelho Segundo
Tomé, contendo exemplos muito antigos das palavras de JESUS, simplesmente
confirma a existência prévia dos escritos básicos do Evangelho.
A Origem dos Evangelhos
A igreja cristã não começou seu evangelismo pela distribuição de literatura,
mas pela pregação pública. O testemunho dos apóstolos estava centralizado na
morte e ressurreição de JESUS CRISTO (At 4.10), que, de acordo com Paulo, “por
nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação״ (Rm 4.25). Aonde quer
que os primeiros discípulos fossem, eles proclamavam a vinda de JESUS como o
Messias prometido do AT, e contavam a história de sua vida e obras. Os eventos
progressivos de sua paixão constituíram a mensagem inicial pregada em qualquer
localidade estabelecida. Paulo lembrou os Coríntios de que ele lhes havia
declarado, “primeiramente”, que “CRISTO morreu por nossos pecados, segundo as
Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras, e que foi visto,,.״
(1 Co 15.3-5). Sem dúvida alguma, porém, os apóstolos não se restringiram a
estes poucos fatos, pois os seus ouvintes teriam desejado mais informações a
respeito de JESUS, Os eventos significativos de sua vida devem ter sido
narrados em ordem, trazendo um relato que geralmente corresponde ao conteúdo
dos Evangelhos existentes.
Por causa do grande número de testemunhas e da ampla variedade de discursos,
parábolas e episódios atribuídos a JESUS, deve ter havido muitas versões da
história do Evangelho. Os fatos principais, porém, estavam bem claros e fixados
nas mentes e nos corações, e, consequentemente, a tradição do Evangelho, como
esta pregação oral pode ser chamada, tendia a ser uniforme em conteúdo.
Desde o início, os novos discípulos foram instruídos formalmente no “ensino dos
apóstolos” (At 2.42), que deve ter contido a história e a interpretação da
vida, morte e ressurreição do Senhor JESUS. Sem tal ensino, a igreja cristã
teria perdido sua mensagem distinta. Embora a pregação oral possa não ter se
tornado estereotipada, a constante repetição e uso do material na instrução dos
crentes, provavelmente deram a ela uma forma relativamente estabelecida. Lucas
faz alusão a tal procedimento ao escrever a seu amigo Teófilo: "... para
que conheças a certeza das coisas de que já estás informado...” (do grego,
catequisado; Lc 1.4). Este termo grego sugere a comunicação de conhecimento
pela palavra falada, e pode referir-se ao ensino formal. Teófilo já havia sido
informado oralmente sobre o conteúdo geral do Evangelho; Lucas fez um relato
escrito deste material, para confirmar os fatos que já conhecia.
Uma vez que os novos crentes precisavam constantemente de instrução, e visto
que as testemunhas originais estavam gradualmente tornando-se
indisponíveis, seja por causa da dispersão ou por causa da morte, foi
necessário ter um registro mais permanente. A transição da pregação para a
literatura não foi preservada de nenhum relato único, e deve ser derivada por
inferência das sugestões que sobrevivem nos Evangelhos existentes e em outros
escritos antigos. Várias teorias foram apresentadas para explicar a origem dos
Evangelhos, particularmente os Sinóticos, que apresentam a questão
peculiar de semelhanças verbais próximas em algumas partes, e de conteúdo
largamente diferente em outras. A existência destas similaridades e diferenças
originou o “problema Sinótico”. Se estes três Evangelhos foram compostos
independentemente, por que se assemelham de maneira tão próxima? Se não são
independentes, por que diferem uns dos outros? Veja também Evangelhos
Sinóticos. Tradição oral. Os apóstolos de JESUS que haviam se associado
intimamente com Ele durante os anos de seu ministério, teriam uma vasta riqueza
de reminiscências das quais poderiam extrair o perfil de sua vida e as
ilustrações de seus ensinos. Uma vez que seria impossível narrar em uma única
mensagem tudo o que Ele fez e disse, os fatos teriam que ser selecionados para
que apenas os mais significativos fossem usados. Ao pregarem, eles tendiam a
repetir os eventos e ensinos essenciais, tais como o Sermão da Montanha, ou o
relato da paixão, e omitir os eventos menores que pareciam de menor importância.
Esta constante repetição cristalizava a mensagem de forma a tornar-se uniforme
com variações ocasionais. Ao escrever, cada escritor repetiu a narrativa
principal, tentando reproduzi-la de acordo com as necessidades de seu público e
com seu propósito divinamente concedido. Os fatos gerais e seus respectivos
significados seriam assim os mesmos para todos; a organização e as ilustrações
seriam diferentes. As semelhanças nos Evangelhos dessa forma repetem os fatos
comuns a todas as pregações da mensagem pela igreja; as diferenças são o
resultado de uma seleção variada de episódios e pronunciamentos ajustados para
o propósito do autor.
As teorias interdependentes. A explicação das semelhanças e diferenças nos
Sinóticos pela reprodução de várias partes da tradição oral, algumas idênticas
e algumas diferentes, não satisfez os estudiosos do final do século XVIII.
Estes e seus sucessores mostraram que as semelhanças eram muito próximas para
serem explicadas pela transmissão puramente verbal. Eles argumentaram que os
Evangelhos devem ser dependentes uns dos outros. Todas as trocas de ordem
possíveis foram sugeridas, mas nenhuma pôde provar um caso conclusivo. A
interdependência tem sido geralmente abandonada como uma explicação do problema
Sinótico.
As teorias documentárias. Uma teoria mais recente propõe que os Sinóticos
basearam- se em duas fontes primárias; o Evangelho de Marcos e uma coleção
hipotética das palavras e parábolas de JESUS chamada “Q”, do alemão Quelle
significando “fonte”. A teoria deve sua origem à observação de que quase todo o
conteúdo de Marcos está embutido em Lucas e Mateus, e que embora Marcos e
Mateus possam harmonizar-se contra Lucas, ou Lucas e Marcos contra Mateus,
Mateus e Lucas nunca se harmonizam contra Marcos. “Q” foi presumidamente
reconstruído a partir do material de discurso comum existente em Mateus e Lucas
que não ocorre em Marcos. De acordo com esta teoria de “dois documentos”,
Marcos incorporou os fatos principais da vida de JESUS como foram correntemente
pregados e ensinados na igreja. *Q” era composta por palavras e atos de JESUS
que se tornaram conhecidos por proclamação, mas não era uma narrativa
organizada. B. H. Streeter (The Four Gospels, 1936) estendeu sua hipótese para
incluir duas outras “fontes”, “M” para o material peculiar de Mateus, e “L”
para a contribuição específica de Lucas.
Uma defesa plausível para a hipótese documentária geral pode ser oferecida com
base em que quase toda a narrativa de Marcos está incorporada em Mateus e
Lucas, e que se sabe que existiram coleções semelhantes a “Q”. Fragmentos em
papiro das palavras de JESUS foram descobertos em montes de entulho no Egito
(veja B. P. Grenfell e A. S. Hunt, The Logia of JESUS, e R. M. Grant, The
Secret Sayings of JESUS, Nova York. Doubleday, 1960).
Tal teoria, porém, levanta sérias dúvidas a respeito da independência e
exatidão de Mateus e Lucas. Se os escritores destes documentos incorporaram
Marcos na íntegra, ou com modificações e acréscimos quando consideraram ser
adequado, eles produziram obras que podem ser classificadas com a dele por sua
autoridade e importância? Além disso, nenhum traço de “Q” jamais foi
encontrado. Sua existência é puramente conjectural, baseada na pressuposição de
que Mateus e Lucas devem ter tido uma única fonte para seu material
“não-marcosiano” comum. A construção da teoria é totalmente subjetiva, e há um
desacordo entre os seus proponentes com relação à afirmação de que porções do
texto do Evangelho podem ou não pertencer a *Q”. E. F. Scott, que aceita a
hipótese documentária, admite que “Q” não representa um único documento, mas
uma série de coleções das palavras de JESUS que podem ter existido em muitas
cópias ou edições (E. F. Scott, Literature of the New Testament, p. 41).
Embora seja possível que os escritores dos Evangelhos tenham usado fontes
escritas, não há motivo para que eles não pudessem ter dependido grandemente do
conhecimento direto ou de informações orais diretas para a redação da parte
mais volumosa de seu material; e há pouca evidência convincente para o apoio
das teorias que colocam a época da produção dos Evangelhos no final do século I
ou no início do século II. Os próprios escritores poderiam ter fornecido a
maior parte do material creditado às “fontes". A teoria de Streeter não
necessita de duas fontes adicionais; ele simplesmente atribuiu as cartas aos
próprios autores.
Formgeschichte. A teoria da Formgesckichte, uma palavra alemã que significa
“história da forma” (cujo título em inglês é Form Criticism) foi proposta por
Martin Dibelius em 1919, que tentou penetrar na tradição oral que está por trás
das “fontes”. Ele sugeriu que o material do qual os Evangelhos foram redigidos
originalmente circulou como curtos relatos independentes que poderíam ser
classificados por sua forma literária, para os quais ele propôs uma série de
títulos: “A História da Paixão” quando se trata do final da vida de JESUS;
“Paradigmas”, ou histórias das obras de JESUS que foram usadas como ilustrações
de sua mensagem; “Contos”, ou eventos miraculosos que foram narrados por
trazerem prazer aos ouvintes; “Lendas”, ou histórias da vida de homens santos,
citados como exemplos; “Palavras”, pronunciamentos epigramáticos de JESUS que
foram usados em exortações. De acordo com esta teoria, a partir da variada
série de citações e ilustrações, os primeiros sermões foram compostos e mais
tarde editados nos Evangelhos. Embora não seja impossível que palavras e atos
separados de JESUS possam ter sido citados e registrados nos Evangelhos,
podemos ter dúvidas ao considerarmos se um processo tão complicado realmente
ocorreu. Cada um dos Evangelhos possuí marcas de uma organização intencional ao
invés de ser um acúmulo acidental da tradição circulante.
A evidência mais clara disponível a respeito da origem dos Evangelhos Sinóticos
pode ser compilada a partir da introdução de Lucas. O escritor reconhece logo
de início que outros tentaram produzir narrativas da vida de JESUS (1.1), mas
havia duas possibilidades: (a) ele não as considerava confiáveis, ou (b) não
estavam disponíveis aos seus destinatários. A sua declaração, “Igualmente a mim
me pareceu bem... dar-te por escrito uma exposição em ordem* (1.3), mostra que
ele presumiu ter um direito igual ao dos outros de redigir um documento a
respeito da vida de JESUS, e que ele possuía informações que eram superiores em
qualidade. A essência de seu relato não seria um romance, mas dizia respeito
aos fatos que entre eles se realizaram (fatos que já estavam totalmente
estabelecidos; 1.1). Lucas tinha como certo que eles foram aceitos pela igreja
como um todo, e afirmou que lhe haviam sido transmitidos por homens "que
desde o princípio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra*
(1.2). A palavra “ministro” é idêntica à palavra usada em Atos 13.5 para
descrever João Marcos que era o auxiliar de Barnabé e Paulo no início de seu
ministério. Visto que Lucas não estava com eles naquele momento, ele pode ter
obtido de Marcos parte da informação contida em seu Evangelho - um fato que
poderia explicar até certo ponto a identidade da redação. Qualquer que seja o
caso, Lucas foi cuidadoso e utilizou informantes autorizados. Além disso, ele
foi contemporâneo ao curso geral dos acontecimentos (1.3), alerta e
consciencioso tanto na coleta quanto na transmissão da informação. Embora os
outros dois escritores dos Evangelhos Sinóticos não expliquem seus
procedimentos com uma clareza similar, a ordem e conteúdo gerais de suas
narrativas revelam igual exatidão.
As palavras que concluem o quarto Evangelho vertem uma luz adicional sobre esta
questão de composição. O escritor declara que 1'JESUS... operou também, em
presença de seus discípulos, muitos outros sinais, que não estão escritos neste
livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais...” (Jo 20.30,31). João
foi seletivo, tomando do grupo de fatos sobre a vida e o ensino de JESUS
somente os itens que serviriam para seu propósito. Seu Evangelho tem um
objetivo específico, e ele usou apenas os materiais que o capacitaram a atingir
seu alvo. Uma vez que os Evangelhos não pretendiam ser exaustivos, não se
deveria esperai que fornecessem um relato completo de tudo o que JESUS disse e
fez, nem deveriam ser considerados imprecisos por diferirem entre si.
Talvez a melhor explicação do processo de escrita seja que cada um dos quatro
autores tentou apresentar a mensagem central sobre JESUS ao seu próprio leitor,
e consequentemente usou e organizou os materiais de forma independente.
Por outro lado, a mensagem havia sido tão frequentemente repetida que
grande parte dela já estava fixa quanto à forma, e assim seria expressa em uma
fraseologia idêntica por qualquer pessoa que a utilizasse. Além disso, não é
impossível que os três autores, Mateus, Marcos e Lucas, possam ter se
encontrado em um ou outro momento em suas carreiras, e trocado observações. A
possibilidade de contato pessoal é ao menos tão válida quanto a da dependência
documentária.
O Evangelho de Mateus
Mateus é o Evangelho que se conhece há mais tempo, e o mais largamente usado
dentre os demais Evangelhos. Como observado anteriormente, Eusébio, um
historiador do século IV d.C., citou Pápias que disse que “Mateus compôs
sua história no dialeto hebraico, e todos a traduziram como puderam” (Eusébio,
Historia Ecclesiae, iii.39). Uma vez que Eusébio não citou tudo o que Pápias
disse, o significado é incerto. Por “hebraico” Pápias poderia querer dizer
aramaico, que era falado de forma corrente na Palestina judaica. Ele sugere que
Mateus contribuiu com alguma informação clara a respeito de JESUS, que precedeu
a expansão gentílica da igreja, e que consequentemente deve ter sido
conhecida antes de 50 d.C. As citações ou alusões do Evangelho no Didache (125
d.C.), na Epístola de Barnabé (150 d.C.), na Epístola de Inácio aos Esmirnianos
(118 d.C.), e no Dialogue with Trypho, xlix (aprox.140 d.C.) de Justino Mártir,
está mais de acordo com Mateus do que com qualquer outro Sinótico. O Evangelho
deve ter estado em circulação no final do século I, e provavelmente em uma data
bastante anterior. Pouco é conhecido sobre o autor tradicional. Mateus (Levi,
como os Evangelhos o chamam) era um cobrador de impostos, nas proximidades de
Cafarnaum (Mt 9.9,10). Ele recebeu JESUS em um jantar em sua casa, e abandonou
sua profissão para tornar-se um discípulo, Não há nenhuma outra menção dele
exceto na lista geral de apóstolos (Mc 2.14; Lc 6.15; At 1.13). Ele deve ter
sido culto, pois deve ter sido obrigado a cuidar de registros e contabilidade
quando serviu ao governo. Veja Mateus.
À data do Evangelho de Mateus é desconhecida, mas seu silêncio quanto à
destruição de Jerusalém, seu interesse pela profecia judaica, e sua consciência
do sentimento judaico (Mt 28.15) apontam para uma origem não muito posterior a
50 d.C. Visto que o Evangelho atual existe somente em grego, pode ser que seu
largo uso entre os cristãos gentios tenha começado com a dispersão de
Antioquia, e que tenha sido extensivamente circulado pela primeira vez ali
entre 50 e 65 d.C. Irineu (aprox. 180 d.C.) declarou que ׳Mateus
também foi o autor de um Evangelho escrito entre os hebreus em seu próprio
dialeto” (Against Heresies iii, 1,1), confirmando a declaração de Pápias.
Talvez o Evangelho de Mateus tenha sido o primeiro a incorporar, em um único
relato, os ensinos de JESUS que Mateus havia transcrito, e os atos de JESUS que
formavam o ponto central da pregação apostólica, como proclamado por Pedro e
mais tarde sintetizado por Marcos.
Este pode ter sido o relato escrito mais antigo usado na transição da igreja
aramaica de Jerusalém para a igreja grega da missão gentílica.
O tema do Evangelho é a apresentação de JESUS CRISTO como o Messias, um tópico
proeminente na pregação apostólica primitiva. A genealogia de abertura mostra
que JESUS é o herdeiro das promessas feitas a Abraão e Davi, Por seis vezes nos
primeiros quatro capítulos (Mt 1.22,23; 2.5,6,15,17,18; 3.3; 4,14! os eventos
em sua vida estão ligados ao cumprimento de profecias. O Sermão do Monte
enfatiza a relação de JESUS com a lei (5.17-20). Ele reivindicou ser um profeta
maior do que Jonas, e um rei maior do que Salomão (12.41,42). Ele aceitou e
elogiou a confissão de Pedro de que Ele era o Messias (16,13-20), e confirmou
esta reivindicação estando sob juramento diante do sumo sacerdote (26.63,64).
O tratamento que Mateus dá ao Evangelho é predominantemente tópico. Ao
invés de narrar as atividades de JESUS através de episódios curtos, como Marcos
o faz, ele prefere usar grandes blocos de texto, cada um dos quais é dedicado a
algum aspecto da vida e do ensino de CRISTO. Os primeiros quatro capítulos
dizem respeito, pincipalmente, à relação do AT com a vinda do Messias. O Sermão
do Monte (caps. 5-7) é uma amostra da pregação de JESUS que afirma seus
princípios éticos essenciais, e resume o principal conteúdo do seu ensino. Um
outro conjunto de textos, de 8.1 a 11.1, forma uma lista de milagres de vários
tipos. Todos ilustrando o poder de JESUS sobre a natureza, a enfermidade e a
morte. O capítulo 13 contém oito parábolas do Reino, retratando tanto os seus
aspectos internos como externos. O conflito de JESUS com seus adversários ocupa
os caps. 19- 25, incluindo o famoso Discurso no Monte das Oliveiras (24—25). O
restante do Evangelho é dedicado à narrativa da paixão.
A estrutura segue geralmente o padrão cronológico dos outros Sinóticos. Na
sequência biográfica não se diferencia deles grandemente, embora contenha
algum material que lhes falta. As duas maiores seções do livro são marcadas
pela frase “desde então” ou “desde esse tempo/daí por diante” (4,17; 16.21),
que introduzem em primeiro lugar o início do ministério público popular de
JESUS, e, em segundo, a etapa que culminou com a crucificação, Mateus combina
todas estas situações na carreira de JESUS com sua manifestação messiânica.
Várias características do Evangelho de Mateus não são duplicadas nos outros
Evangelhos, O sonho de José (1.20-24), a visita dos magos (2.1-12), a fuga para
o Egito (2.13- 15), a matança dos meninos em Belém (2.16), o sonho da esposa de
Pilatos (27.19), o suicídio de Judas (27.3-10), a ressurreição dos santos
mortos por ocasião da crucificação (27.52), o suborno dos guardas (28.12-15), e
a responsabilidade batismal (28,19,20) não aparecem em nenhuma outra passagem.
Dez parábolas são relatadas somente por Mateus, a do joio (13.24-30,36-43), a
do tesouro escondido (13.44), a da pérola (13.45,46), a da rede (13.47-50), a
do credor incompassivo (18.23-35), a dos trabalhadores na vinha (20.1-16), a
dos dois filhos (21.28-32), a das bodas do filho do rei (22.1-13), a das dez virgens
(25.1-13), e a dos talentos (25.14-30).
Este Evangelho enfatiza discursos e ensino. Sete discursos importantes são
registrados, a pregação de João (3.1-12), o Sermão do Monte (5,1-7.29), a
incumbência dos discípulos (10.1-42), as parábolas do reino (13.1- 52), o
significado do perdão (18.1-35), advertência e predição do fim (23.1-25.46), e
a Grande Comissão (28.18-20). A ênfase está colocada muito mais no ensino do
que na ação ou no desenvolvimento do caráter.
Este Evangelho é o único no qual a igreja é mencionada (16.18; 18,17). A
inclusão das referências de JESUS à igreja indica que o autor estava
interessado na ascensão e no crescimento da instituição. Talvez ele tivesse em
mente o desenvolvimento da igreja em Antioquia.
O Evangelho de Marcos
Começando com Pápias, os primeiros escritores da igreja unanimemente
atribuem o segundo Evangelho a João Marcos, um jovem companheiro do grupo
apostólico. A tradição corrente do século II foi bem resumida por Irineu
(aprox. 180 d.C.): “Depois de sua partida [de Pedro e de Paulo], Marcos, o
discípulo e intérprete de Pedro, também nos entregou por escrito o que havia
sido pregado por este apóstolo” (Against Heresies iii. 1.1). Esta declaração é
repetida em essência por Orígenes de Alexandria (aprox. 250 d.C.), por
Tertuliano de Cartago (aprox. 200 d.C.) e por Jerônimo (aprox. 400 d.C.) o
tradutor da Vulgata Latina. Nem em bases internas ou externas há qualquer boa
razão para desafiar a autoria tradicional. A narrativa direta e simples de
Marcos combina bem com o caráter conhecido de Pedro, e com o tipo de pregação
que era empregada na Era Apostólica.
De acordo com os registros do NT, João Marcos era filho de uma mulher chamada
Maria que possuía uma casa em Jerusalém, e era suficientemente próspera para ter
servos (At
12.12,13). É possível que o “cenáculo” (salão construído em cima do andar
térreo de uma casa) da última ceia tenha sido em sua casa, e que a reunião de
oração pré-pentecostal tenha ocorrido ali. João Marcos devia ser conhecido de
todos os apóstolos, e devia estar familiarizado com sua pregação. É provável
que possa ter visto JESUS durante a última semana de sua vida, se não antes.
Ele era primo de Barnabé, que o levou a Antioquia para trabalhar na igreja
consigo e Paulo (At 12.25). Ele acompanhou Barnabé e Paulo em sua primeira
viagem missionária (13.5), mas os deixou em Perge (13.13). Paulo recusou-se a
levá-lo na segunda viagem missionária (15.36-39), mas Marcos continuou em
serviço com Barnabé. Ele evidentemente teve êxito, pois nas cartas posteriores
de Paulo, Marcos é recomendado como um obreiro cristão (Cl 4.10; 2 Tm 4.11),
Veja Marcos.
Marcos estava qualificado a escrever uma narrativa da vida de JESUS, porque ele
era conhecido pessoalmente do grupo apostólico, havia participado do ministério
evangelístico da igreja, e pode ter sido testemunha ocular das últimas cenas da
carreira do Senhor JESUS. Duas referências no Evangelho aparentemente apontam
para Marcos. Uma faz alusão a um jovem que estava no jardim do Getsêmani quando
JESUS foi capturado, e que escapou acanhadamente das garras do grupo que
procurava prender os cristãos (Mc 14.51,52). O episódio não ocorre nos outros
relatos, e é irrelevante para o ensino principal da passagem. Ele só assume um
significado se for uma experiência do escritor, que fala a partir de um
conhecimento direto. Talvez Marcos, curioso sobre o destino de JESUS, tenha ido
ao jardim para investigar, e quase tenha sido envolvido na captura. Ele pode
ter sido a única testemunha da oração que o Senhor fez naquela ocasião. A outra
referência diz respeito a Simão, o Cireneu, que carregou a cruz de JESUS.
Marcos informa ao leitor que Simão era pai de Alexandre e de Rufo (15.21). Não
teria havido nenhum motivo para esta declaração se o autor não esperasse que os
dois homens fossem conhecidos de seus leitores. Evidentemente ele era
contemporâneo da geração que se seguiu imediatamente à geração de JESUS. Embora
esta alusão não o identifique definitivamente como Marcos, ela o coloca no
período e círculo ao qual Marcos pertencia.
O local da escrita é incerto, mas a tradição geral liga a publicação do
Evangelho de Marcos com Roma. O estilo claro, conciso e elegante
recorreria ao pensamento prático romano, pois ele enfatiza a ação ao invés
do ensino. No texto grego há mais latinismos aqui do que nos outros Evangelhos,
tais como as palavras “censo” para “tributo” (12.14); “especulador” para
“executor” (6.27); phrageüoun para o latim flagellare, *açoitar* (15.15); e
centúria para “centurião” (15.39), onde Mateus e Lucas empregam um equivalente
grego. Se Marcos não estivesse escrevendo para um público romano, ele pode ter
sido influenciado por um ambiente romano. Possivelmente ele tenha composto a
essência do Evangelho na Palestina e terminado em Roma. Pode ter sido escrito
como um resumo da pregação apostólica para os gentios, para fornecer uma
síntese da fé cristã para os primeiros convertidos.
O conteúdo do Evangelho é breve, mas inclusivo, Ele contém um mínimo de
material de discurso e um máximo de ação, comprimido em uma série de episódios
de retratos tirados de forma indiscreta e informal. Cada um apresenta JESUS em
alguma apresentação ou ação, e Sequer uma reação pessoal por parte do
leitor. Em muitos casos a reação do público a JESUS faz parte da narrativa.
Os últimos 12 versículos do Evangelho estão faltando nos manuscritos mais
antigos do NT, o Códice Vaticanus e o Códice Sinaiticus, ambos do século IV.
Várias outras cópias ou os omite, ou os marcam com um asterisco para indicar
que eles não estão contidos em todas as fontes conhecidas ao escriba, e vários
dos patriarcas da igreja primitiva nunca os citam. Na tradição ao manuscrito
existente há três finais diferentes: o final mais longo familiar à maioria dos
leitores, e dois mais curtos que são obviamente tentativas de preencher uma
lacuna. E possível que Marcos pretendesse concluir seu Evangelho em 16.8, como
R. H. Lightfoot argumenta (Locality and Doctrine in the Gospels, pp. 1-23), mas
o final é tão abrupto que alguns estudiosos consideram provável que tenha
havido algum dano no manuscrito original. O final mais longo, que está impresso
na maioria das traduções, pode datar ao século II, e representa um resumo muito
antigo dos eventos pós ressurreição, seja de Marcos ou não.
O Evangelho de Marcos tem certas características hem definidas. Ele enfatiza a
ação ao invés do ensino. Pouquíssimos discursos ou parábolas de JESUS são
relatados, mas Marcos narra mais milagres do que qualquer dos outros escritores
dos Evangelhos em proporção à sua extensão. Ele usa o tempo verbal presente
histórico 151 vezes para tornar a história vivida. A sua linguagem é sucinta,
porém ilustrativa: “Viu os céus abertos" (1.10); “A manada [de porcos]
precipitou-se por um despenhadeiro no mar” (5.13); “E riam-se dele"
(5.40); “Tinham também uns poucos peixinhos” (8.7). As palavras em itálico
ilustram a qualidade concisa e vigorosa da escrita de Marcos. A narrativa
move-se rapidamente, e está mais preocupada em mudar as cenas do que com a
continuidade do raciocínio. Entretanto, este Evangelho transmite um quadro
claro de JESUS, e, a partir da variedade de seus atos, compõe um retrato
unificado de uma Pessoa sobrenatural que pode perdoar pecados, alimentar
multidões famintas, curar os doentes, e debater com êxito com os intelectuais
mais brilhantes de sua nação.
Marcos especializa-se em retratar JESUS através das reações populares que ele
evocou. Ele observa repetidamente que as multidões ou discípulos “se admiraram”
(1.27), ofendidos por suas reivindicações (2.7), queixosos sobre seu
comportamento (2.16), temerosos de seu poder (4.41), “admirados״ por seu ensino (10.26;
11,18), surpresos por sua sabedoria (12.34). Há 23 expressões de sentimento
como estas que refletem as impressões que JESUS deixou sobre aqueles que o
conheceram. Marcos não tenta fazer uma avaliação geral de JESUS; ele
simplesmente registra as reações populares, e deixa que o leitor forme os seus
próprios julgamentos.
O propósito deste Evangelho parece ser evangelístico. Ele contém menos ensino
do que Mateus e é menos apologético do que Lucas. O estilo é o de um pregador
de rua, que tenta manter o interesse de seus ouvintes por historietas vividas,
sentenças interessantes, e aplicações pungentes da verdade. Marcos faz com que
os seus leitores sintam que ele testemunhou as cenas descritas no Evangelho, e
evoca deles a resposta que o próprio Senhor JESUS teria criado.
O Evangelho de Lucas
Existem mais informações a respeito da composição do terceiro Evangelho do
que sobre a origem de Mateus e Marcos, pois o autor forneceu uma breve
introdução (Lc 1.1-4) que explica seu método e propósito ao escrever. Este
prefácio é uma chave para o livro, que propicia ao leitor entender os motivos
que levaram à escrita do Evangelho e as circunstâncias sob as quais ele foi
produzido. Uma comparação desta introdução com a do livro de Atos mostra que os
dois documentos foram escritos pelo mesmo homem, pois ambos foram dirigidos a
Teófilo; e a introdução de Atos (1.1-5) fala de um “primeiro tratado” contendo
a vida e as obras de JESUS. Uma vez que o vocabulário e o estilo das duas obras
são estreitamente parecidos, não pode haver nenhuma dúvida de que eles tiveram
um autor em comum.
Este autor foi sem dúvida alguma Lucas, um companheiro de Paulo, que é
mencionado nas epístolas como “o médico amado” (Cl 4.14). O local de seu
nascimento é desconhecido, embora possa ter sido Antioquia da Síria, com o qual
ele parecia estar familiarizado. Ele juntou-se ao grupo de Paulo em Trôade, por
ocasião de sua segunda viagem (At
16.10), e viajou com ele a Filipos, onde provavelmente permaneceu como pastor
da igreja até Paulo retomar em sua terceira viagem (At 20.6ss.). Por todo o
resto do itinerário de Paulo, Lucas foi um companheiro constante, exceto que
ele parece ter estado em liberdade durante o aprisionamento de Paulo em
Cesaréia, pois não é mencionado no relato. Ele juntou-se novamente a Paulo na
viagem a Roma (At 27.1,2 ss.) e permaneceu com ele pelo resto de sua vida (2 Tm
4.11).
Veja Lucas.
A tradição antiga unanimemente credita esta obra a Lucas. Justino Mártir (140
d.C.) definitivamente citou Lucas 23.46, e fez constar sua citação nas
“memórias” (Dialogue with Trypho cv). O Fragmento Muratoriano (170 d.C.)
atribuiu o terceiro Evangelho a Lucas. Tatiano (140-150 d.C.) o incluiu em sua
obra Diatessaron. Márcion, o gnóstico (140 d.C.), aceitava Lucas como o único
Evangelho em seu cânon, embora ele tenha alterado seu texto consideravelmente.
Irineu (170 d.C.) o citou extensivamente e reconheceu Lucas explicitamente como
seu autor (Against Heresies iii.1.1).
A opinião tradicional é apoiada pela evidência interna, pois Lucas é o único
dos companheiros de Paulo que poderia ter escrito o livro de Atos e,
consequentemente, este Evangelho. A linguagem de ambos os livros mostra o
interesse de um médico pelos enfermos, e parte do seu vocabulário é o que um
médico empregaria e não um leigo. Marcos (1.30), ao descrever a enfermidade da
sogra de Pedro, diz que ela se achava acamada com febre, mas Lucas (4.38) diz
que ela se achava enferma com “muita febre”. Marcos (1.40) fala de um leproso;
Lucas (5,12) diz que ele estava “cheio de lepra”. Marcos (3.1), ao descrever um
paralítico, diz que ele tinha uma mão mirrada; Lucas (6.6) observa que sua mão
direita estava afetada. Marcos (5.25,26) diz que a mulher com o fluxo de sangue
não foi ajudada pelos médicos, pelo contrário, piorou; Lucas (8.43,44) sugere
que ela era um caso incurável.
Cadbury tinha a opinião de que a linguagem de Lucas não é um jargão técnico de
um médico porque não havia nenhum nos dias do NT (The Style and Lüerary Method
of Luke, em Harvard Theological Studies, VI, 39ss.). Cadbury pode estar certo
ao pensar que os médicos gregos não tinham uma terminologia médica separada no
século I, mas seu argumento não muda o fato de que o vocabulário de Lucas
demonstra interesses e pontos de vista de um médico.
Além disso, o escritor parece ter tido acesso a alguns informantes que estariam
disponíveis somente a uma pessoa que frequentasse tanto os círculos oficiais
como os primeiros companheiros de JESUS e os apóstolos, Os dois primeiros
capítulos contêm fatos que só poderiam ser obtidos junto à família de JESUS. O
autor conhecia alguns dos apóstolos; entre as mulheres ele menciona Maria
Madalena, e Joana, a mulher de Cuza, o procurador de Herodes, que teria
conhecido a corte de Herodes; e é possível que ele tenha se tornado conhecido
de algumas das pessoas mencionadas neste Evangelho, tais como Zaqueu, o
publicano de Jericó (19.2), e Cleopas, um dos dois que viajaram para Emaús no dia
da ressurreição (24.13,18). Algumas destas testemunhas, por causa de suas
convicções, haviam se tornado cooperadores ativos na igreja, “ministros da
palavra1.2) ״).
Tanto por sua experiência como por sua posição, elas seriam uma fonte adequada
de informações confiáveis. Lucas afirma que ele havia sido contemporâneo destes
homens (“Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que
entre nós se cumpriram״)
por um período considerável, e que ele estava, portanto, qualificado para
escrever sobre seu testemunho.
A introdução de Lucas sugere que vários relatos da vida de JESUS já estavam em
circulação quando ele compôs seu Evangelho (1.1). Não está muito claro se ele
declarou este fato unicamente para justificar seu direito de produzir um outro
relato, ou se estava insatisfeito com o alcance e a precisão daqueles que já
haviam sido escritos. Seja qual for o caso, algumas tentativas de escrever os
fatos a respeito de JESUS já haviam sido feitas, para que a igreja não ficasse
desprovida de literatura. Este Evangelho pressupõe uma demanda para tais obras,
e o uso de documentos para propagar a fé.
O conteúdo do Evangelho de Lucas, de acordo com seu próprio testemunho,
consiste “dos fatos que entre nós se cumpriram” (1.1). Uma nota na margem da
versão ASV em inglês traz a expressão “estabelecido totalmente”, e esta
significa “os fatos geralmente aceitos como estabelecidos”. Lucas não estava
tentando introduzir um novo ensino, mas estava transcrevendo a história geral
da vida de JESUS como havia sido confirmado por sua própria investigação, ou
pelo relato de testemunhas confiáveis. Estes fatos não eram novidades ao seu
leitor, pois ele havia sido “instruído” neles. A palavra “instruído” significa
literalmente, “ser informado através da palavra falada”, e pode conotar um
curso normal de instrução ou discipulado, Evidentemente Lucas não se restringiu
a repetir o ensino da igreja, mas ele aparenta transmitir a essência da
instrução oral comum fortalecida pela informação que ele havia adquirido, e motivado
pela consciência de que ele possuía a autoridade da verdade.
Lucas não especificou se por “ordem” ele quis dizer sequência cronológica,
continuidade lógica, ou procedimento homilético. Em geral, sua narrativa seguiu
a mesma ordem de Marcos e Mateus, com algumas inserções. Talvez Lucas tenha
combinado a sequência biográfica ou homilética da pregação corrente com
seu próprio propósito didático, pois organizou o Evangelho que traz seu nome e
o livro de Atos em torno do ministério do ESPÍRITO SANTO na vida de CRISTO e da
igreja primitiva. O propósito dominante deste Evangelho era produzir certeza no
raciocínio de seus leitores. O autor não poderia ter atingido este fim se
tivesse construído sua narrativa sobre uma ficção ou sobre uma lenda.
Embora a data da produção não possa ser fixada com precisão, é mais provável
que o Evangelho tenha sido escrito antes de 62 d.C. Como a primeira metade da
obra de dois volumes de Lucas-Atos, ele deve ter sido escrito antes de Atos. O
segundo foi provavelmente concluído enquanto Paulo ainda estava vivo, muito
provavelmente no final de seu primeiro aprisionamento romano. Se o autor sabia
mais a respeito do destino de Paulo do que o livro de Atos registra, seria
improvável que ele tivesse terminado sua narrativa sem revelar os fatos.
Provavelmente ele não tenha escrito mais por não haver mais o que contar. Os
dois anos que Paulo passou em Roma devem ter terminado por volta de 62 d.C.
Neste caso, a coleta de material para o Evangelho e sua composição
provavelmente precederam esta época. Lucas teria tido ampla oportunidade de
entrevistar as testemunhas da vida de JESUS e visitar as cenas de seu
ministério durante a prisão de dois anos de Paulo em Cesaréia. Mesmo uma
crítica tão radical quanto a de Hamack argumentou que o Evangelho de Lucas não
seria posterior a 80 d.C. (veja Adolf Hamack, Luke the Pkysician, p. 163). Pode
ser que ele represente de alguma forma o Evangelho que Paulo e outros membros
da missão gentílica pregavam.
O local da publicação não está claro. Embora o Evangelho possa ter sido
composto durante a primeira parte da prisão de Paulo, ele pode ter sido enviado
em particular a Teófilo. Após o término de Atos, ambos podem ter sido dados às
igrejas gentílicas gregas. Ambos foram provavelmente publicados antes da destruição
de Jerusalém, pois não há nenhuma referência a este acontecimento em suas
páginas.
O destinatário está claramente indicado na introdução. O Evangelho foi dedicado
ao “excelentíssimo Teófilo” (Lc 1.3). “Excelentíssimo” era um epíteto geral
mente reservado para a realeza e a nobreza (At 23.26; 24.3; 26.25). Teófilo era
certamente um homem de elevada posição e cultura, provavelmente um oficial do
governo, que havia se tornado amigo de Lucas e que era um novo cristão. Talvez
a instrução que ele havia recebido na igreja conflitasse com os boatos a
respeito de JESUS que lhe haviam sido familiares como um oficial do governo, e
ele estava desejoso de certificar-se da verdade da questão. Lucas lhe escreveu
como um amigo pessoal que poderia dirimir as suas dúvidas e levá-lo a uma fé
inteligente.
O Evangelho de Lucas é o mais literário dos quatro. Sua introdução está
intimamente de acordo com a forma literária clássica empregada para os livros.
A genealogia, o nascimento, a juventude, e a introdução de JESUS em seu
ministério público são descritos com mais detalhes do que nos outros
Evangelhos. Na seção do Evangelho que é peculiarmente semelhante aos escritos
de Lucas (9.51- 18.14), há várias parábolas e ilustrações que são singulares, e
que revelam o discernimento e o arranjo de um artista literário. As parábolas
da ovelha perdida, da dracma perdida, e dos dois filhos em Lucas 15 são
histórias curtas de alta qualidade. Levando-se em conta o fato de que elas
foram originalmente proferidas por JESUS, sua transcrição mostra a mão de um
hábil artífice que sabia como escrever eficazmente.
Lucas apresenta CRISTO como o Salvador dos homens, que está interessado nos
pobres e oprimidos, e que veio para lhes trazer livramento.
Por causa de seu desejo de tornar a mensagem de CRISTO convincente a Teófilo,
ele enfatiza o aspecto histórico do Evangelho. Explica totalmente o ambiente de
onde JESUS veio, fornece sua genealogia pela descendência natural ao invés que
traçar a linhagem real como faz Mateus, e coloca toda a narrativa em um cenário
cronológico que tem relação com a corrente contemporânea dos assuntos do mundo
(Lc 2.1,2; 3.1,2). Embora sua abordagem seja menos didática do que a de Mateus,
ele inclui uma grande quantidade dos ensinos de JESUS de forma que seu
pensamento seja adequadamente representado. Lucas lida mais com as
personalidades do que os outros escritores Sinóticos, tanto nos contatos com as
pessoas, como nas características literárias de suas parábolas. A ligação do
Evangelho com Atos revela sua perspectiva histórica, pois ele estava
considerando a vida de JESUS não como uma unidade por si só, mas como uma
primeira parte do ministério, que teve sua continuidade através dos líderes da
igreja que, finalmente, levaram o Evangelho de Jerusalém, o centro do mundo judeu,
para Roma, o centro do mundo gentílico. Ele enxergou no cristianismo a
manifestação do plano de DEUS para o mundo, e não simplesmente a origem de uma
seita.
A tradição católica romana diz que Lucas foi um artista que pintou um quadro de
Maria. Ele foi, seguramente, um artista nas palavras. Somente ele dentre os
escritores dos Evangelhos preserva os quatro cânticos: o Magnificat (1.46-55),
o Benedictus de Zacarias (1.68-79), o Gloria in Excelsis dos anjos no
nascimento de CRISTO (2.14), e o Nune Dimittis de Simeão (2.29-32). Seu
vocabulário é variado e colorido. Sua reprodução das parábolas de JESUS,
particularmente na seção peculiar a Lucas (9.51- 18.14), revela uma habilidade
literária de altíssima qualidade.
O Evangelho é universal em seu apelo. Ele apresenta JESUS como o Filho do
Homem, que pertence a toda a humanidade e que se compadece de todos. Somente
Lucas relata a parábola do Bom Samaritano, que mostra que o próximo não é
determinado pela raça ou pela cultura, mas pelo amor. As mulheres e as crianças
obtêm um maior reconhecimento em seu Evangelho do que em qualquer outro. Ele
amplia o ministério de JESUS entre os pobres e oprimidos. O Magnificat (1.53)
diz:
“Encheu de bens os famintos, despediu vazios os ricos”.
As primeiras palavras de JESUS na sinagoga em Nazaré eram uma citação de Isaías
61.1. “O ESPÍRITO do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os
pobres...” (Lc 4.18). Nas parábolas do rico tolo (12.16-21), da grande ceia
(14.15-24), e do homem rico e Lázaro (16.19-31), Lucas refletiu a preocupação
de JESUS pela difícil situação dos pobres. Lucas enfatiza particularmente dois
temas teológicos. A oração é um dos seus tópicos mais proeminentes. Ele observa
a oração de JESUS em seu batismo (3.21), em sua retirada para o deserto (5.16),
antes da escolha dos doze discípulos (6.12), antes da predição de sua morte
(9.18), antes de ensinar os seus discípulos (11,1), em uma intercessão especial
por Simão Pedro (22,32), na oração no Getsêmani (22.41), e na cruz (23.34,46).
Um segundo tema é o ESPÍRITO SANTO, que é mencionado mais vezes do que em
Mateus e Marcos juntos. Lucas indica que tudo na vida de JESUS foi vivido pelo
ESPÍRITO. O ESPÍRITO criou seu corpo (1.35); Ele foi batizado com o ESPÍRITO
(3.22), provado pelo ESPÍRITO (4.1), comissionado pelo ESPÍRITO para a obra de
sua vida (4.14,18), encoraja apelo ao ESPÍRITO em sua obra (10.21), e Ele
ordenou que os seus discípulos aguardassem o ESPÍRITO antes que se incumbissem
de seus trabalhos (24.49). Todos estes temas são mencionados pelo livro de
Atos, que mostra que eles representam o interesse do autor, e também têm a
finalidade de ser os fatos históricos.
O conteúdo doutrinário não é tão pronunciado quanto o de Mateus ou o de João,
mas é suficiente para revelar a subcorrente da teologia cristã. Lucas apresenta
CRISTO como o Filho de DEUS, cuja filiação é atestada pelos anjos (1.35), pelos
demônios (4.41) e por DEUS Pai (9.35). O conceito de salvação é declarado nas
próprias palavras de JESUS: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que
se havia perdido” (19.10). No capítulo final, Lucas enfatiza a verdade de que
JESUS é o Messias predito pelas Escrituras do AT: “Assim convinha que o CRISTO
padecesse e, ao terceiro dia, ressuscitasse dos mortos: e, em seu nome, se
pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações...”
(24.46,47). O clímax de seu ensino cumpre seu propósito declarado de conferir a
certeza espiritual ao seu leitor.
O Evangelho de João
O quarto Evangelho difere fortemente dos Sinóticos em conteúdo e
organização. A diferença é tão radical que alguns estudiosos têm desafiado sua
autenticidade, dizendo que os relatos Sinóticos e os de João a respeito da vida
de CRISTO não podem ser ambos verdadeiros. O Evangelho de João não contém
parábolas, poucas das palavras epigramáticas de JESUS que são tão comuns nos
Sinóticos, apenas sete milagres, cinco dos quais os Sinóticos não registram, e
vários discursos longos e argumentativos relacionados com a pessoa de JESUS que
os Sinóticos não duplicam. O Evangelho de João é organizado mais como um
sermão do que como uma biografia, e lida com a vida de JESUS como um
incentivo à fé ao invés de ser uma tentativa de resumir as ocorrências
históricas. A autoria de João tem sido negada pelos críticos do século XIS, a
partir de Bretschneider (1820), até escritores mais recentes como James Moffatt
(Introduction to the Literature ofthe New Testament, pp. 566-619) e Pierson
Parker (“John the Son of Zebedee and the Forth Gospel״, JBL, LXXXI [1962], 35-43).
A tradição de que João o filho de Zebedeu foi o escritor é antiga, e é apoiada
por consideráveis evidências. O Fragmento Rylands, um pequeno pedaço de papiro
contendo em seus dois lados algumas palavras de João, data do primeiro quarto
do século II, e demonstra que o Evangelho foi copiado provavelmente em 125 d.C.
Há alusões na Epístola de Barnabé (125 d.C.), na Epístola de Inácio (110 d.C.),
e na de Justino Mártir (140 d.C.) que parecem ter tido sua origem neste
Evangelho. Heracleon, um gnóstico que pertencia a uma escola de pensamento que
surgiu entre 140 e 180 d.C., escreveu um comentário sobre o quarto Evangelho.
Tatiano (140 d.C.) o utilizou em sua obra Diatessaron, e assim não pode haver
nenhuma dúvida de sua existência antes da metade do século II. A partir da
época de Irineu (170-180 d.C.) o testemunho dos patriarcas é quase unânime
mostrando que o quarto Evangelho é uma obra autêntica de João, o discípulo
amado. O próprio Evangelho contém marcas de sua autoria. O escritor era
familiarizado com os costumes e tradições judaicas, e conhecia o AT. Ele era
familiarizado com os locais da Palestina, e havia vivido em Jerusalém e seus
arredores. Ele professou ter visto JESUS, pois observou que viu “sua glória...”
(1.14), e de ter estado presente na crucificação (19.35). Ele registrou a hora
em que JESUS sentou-se perto do poço de Sicar (4.5,6), o número e tamanho das
talhas de pedra no casamento em Caná (2.6), a relva no lugar onde o Senhor
alimentou de mais de 5.000 pessoas (6.10), os vários detalhes a respeito da
morte e sepultamento de JESUS (caps. 18- 19), O capítulo final do livro o
identifica com o anônimo “discípulo amado” que foi o companheiro de Pedro na
expedição de pesca após a ressurreição (21.7) e também na investigação do
túmulo (20.2). Ele deve ter sido um companheiro íntimo de JESUS, pois se
reclinou perto dele na última ceia. Os discípulos de JESUS que são mencionados
pelo nome - Pedro, André, Filipe, ou Natanael - não podem preencher os
requisitos e assim ser identificados como este discípulo amado, uma vez
que são mencionados na terceira pessoa. Tiago e João, os filhos de
Zebedeu, estavam presentes nas ocasiões mencionadas acima, mas Tiago não
poderia ter sido o autor uma vez que foi martirizado em uma data anterior,
provavelmente por volta de 44 d.C. (At 12.2). Pelo processo simples de
eliminação, João, o filho de Zebedeu, é o candidato mais provável à autoria
deste livro.
A objeção de que ele era “sem letra e indouto” (At 4.13), de que era galileu e
não judeu, e de que seu caráter conhecido não está de acordo com o temperamento
do autor, como deduzido a partir dos escritos, não é válida. Falava-se grego na
Galileia, e embora João possa não ter sido um homem culto, ele pode ter aprendido
a expressar-se em grego simples, porém bom, como se vê no quarto Evangelho. Se
o livro fosse escrito no final de sua vida, ele teria tido ampla oportunidade
tanto de melhorar sua linguagem como seu conhecimento teológico. A linguagem do
quarto Evangelho mostra que seu autor possuía um temperamento ardente que havia
sido disciplinado pelo contato com o mundo, e que ele escreveu sob a
perspectiva de alguém que passou muitos anos no ministério de CRISTO. A
explicação das palavras de JESUS a respeito da sua longevidade (Jo 21.22,23)
sugere que ele deva ter sobrevivido até uma idade avançada, ou que não teria
sido necessário que o autor incluísse a explicação.
As diferenças entre o conteúdo de seu Evangelho e o dos Sinóticos, podem ser
explicadas, em grande parte, presumindo que o autor estava familiarizado com a
tradição sinótica, o relato da vida de JESUS correntemente pregado e
incorporado em Mateus, Marcos e Lucas, e que ele estava tentando,
conscientemente, acrescentar um suplemento ao Evangelho, enquanto integrava,
por meio deste e simultaneamente, uma nova avaliação da vida de JESUS. Algumas
dificuldades cronológicas, tais como colocar a purificação do templo no início
do ministério de JESUS (2.13-22), e a sequência das últimas horas da vida de
JESUS, ainda não foram perfeitamente resolvidas. O Evangelho é, porém, uma
história autêntica, e não deve ser descartada como se fosse uma mera
“teologizaçâo”.
Comparativamente pouco é conhecido a respeito de João, filho de Zebedeu. Seu
pai era um próspero pescador galileu, que possuía barcos, e havia contratado
empregados (Mc
1.19,20). Sua mãe era Salomé, que pode ter sido a irmã mais velha de Maria, mãe
de JESUS !Mt 27.56; Mc 15.40; Jo 19.25), João era sócio no negócio da pesca com
seu irmão Tiago, com Pedro e André (Lc 5.10). Os quatro homens provavelmente
estavam entre os primeiros discípulos de João Batista; talvez João fosse o
segundo membro dos dois que primeiro seguiram a JESUS (Jo 1.35-37). Se assim
for, ele testemunhou o casamento em Caná (2.2), e mais tarde abandonou o
negócio de pesca para seguir JESUS.
Mais tarde, durante o ministério, ele participou da pregação geral dos doze (Mt
10.1,2). Tanto ele como seu irmão eram tão agressivos que foram chamados de
“filhos do trovão* (Mc 3.17), mas a censura de JESUS disciplinou o temperamento
precipitado destes homens (Lc 9.49-55). João assumiu a responsabilidade pela
mãe de JESUS por ocasião da crucificação (Jo 19.26,27), e foi um dos primeiros
a perceber o significado da ressurreição (20.8). Tanto por seu conhecimento
íntimo de CRISTO como por sua longa experiência espiritual, ele estava bastante
qualificado para escrever um Evangelho interpretativo. Veja João.
A data do quarto Evangelho tem sido colocada em vários intervalos de 40 a 140
d.C. Goodenough e Albright argumentam, por diferentes razões, que João pode ter
escrito em 40 d.C. (Erwin R. Goodenough, “John a Primitive Gospel”, JBL, LXIV
[1945], 145- 182; W. F. Albright, “Recent Discoveries in Palestine and the
Gospel of John* em Davies e Daube, ed., The Background of the New Testament and
Its Eschatology, pp. 153171־). Uma data mediana aceitável seria 85
d.C., uma época em que a tradição geral do Evangelho teria se cristalizado, e
quando a interpretação e as controvérsias doutrinárias requereriam uma
apresentação autorizada do significado da carreira de JESUS.
O local da produção é desconhecido. Várias hipóteses têm sido sugeridas:
Palestina, Alexandria e outros. Irineu declara (Against Heresies iii. 1.1) que
João publicou este Evangelho durante sua residência em Éfeso, na Asia. Foi
provavelmente escrito para uma igreja que havia amadurecido, e que estava
confrontando a oposição da filosofia pagã. A explicação de frases e costumes
judaicos (1.38; 2.6,13; 4.9; 9.22; 18.28 etc.) indica que ele pretendeu
alcançar um público gentílico. É muito provável que o Evangelho e as epístolas
tinham sido destinados à igreja grega na Asia.
O quarto Evangelho é cuidadosamente organizado, com divisões literárias e
cronológicas bem definidas. Embora o autor tenha seguido a sequência do
ministério de JESUS pelas sucessivas Páscoas, ele prestou menos atenção ao
detalhe biográfico do que à interpretação da personalidade. Seu objetivo
declarado era criar fé em JESUS como o Messias, e conduzir os seus leitores a
uma nova vida à medida que cressem. Para este fim seu material ilustrativo e o
progresso de seu argumento são dirigidos. O tema é a vida eterna, a vida de
DEUS manifestada entre os homens, e é desenvolvido de uma maneira sistemática
apresentando episódios selecionados da vida de JESUS que ilustram seu
significado.
O prólogo do Evangelho de João apresenta a pessoa de CRISTO como a Palavra
Eterna, a expressão do Pai, que se tornou carne a fim de manifestar a vida
eterna aos homens. O plano do Evangelho é declarado desde o início nas palavras:
“a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam [ou
prevaleceram]” (1.5). A manifestação da vida, como luz, enfrentou as trevas, e
um conflito seguiu-se imediatamente. A história deste conflito espiritual é o
plano de interpretação para a vida de JESUS, Duas alternativas são
apresentadas: crença, que significa receber a luz (1.11,12), e incredulidade,
que significa rejeitar a luz (1.10,11). Nos episódios que se seguem através da
narrativa, a crença e a incredulidade, com seus sintomas e consequências, são
graficamente ilustradas.
A base da crença consiste em sete milagres ou “sinais” selecionados de JESUS.
(1) a transformação da água em vinho (2.1-11); (2) a cura ao filho do nobre
(4.46-54); (3) a cura do homem aleijado (5.1-9); (4) a alimentação de mais de
5.000 pessoas (6.1-14); (5) a caminhada sobre as águas (6.16-21); (6) a cura do
homem cego de nascença (9.1-41); (7) a ressurreição de Lázaro (11.1-44). Cada
um dos sinais representa o poder soberano de CRISTO em alguma área específica
da necessidade humana, e mostram cumulativamente sua competência para enfrentar
as forças que deprimem e degradam a vida humana. Cada milagre foi uma resposta
à fé dos principais envolvidos, e pelo menos cinco deles foram realizados para
educar os discípulos. João disse especificamente que estes sinais foram
selecionados com o propósito de promover a crença de que JESUS é o Messias
(20.30,31).
Neste Evangelho a pessoa de CRISTO é mais importante do que as suas ações. As
suas reivindicações estão declaradas em sete usos principais da frase, “Eu
sou”. Ele disse, “Eu sou” o pão da vida (6.35), a luz do mundo (8.12; 9.5), a
porta das ovelhas (10.7), o bom pastor (10.11,14), a ressurreição e a vida
(11.25), o caminho, e a verdade, e a vida (14.6), a videira verdadeira (15.1).
Cada uma destas declarações o equipara figurativamente a um objeto comum que
indica uma de suas funções. Como o pão, Ele é o alimento dos homens; como a
luz, Ele é o guia dos homens; como a porta; Ele provê o acesso à segurança;
como o pastor, Ele garante a proteção; como a ressurreição e a vida, Ele
alcança a vitória sobre a morte; como o caminho, a verdade e a vida, Ele
confere a certeza; como a videira verdadeira, Ele provê a vitalidade necessária
para a frutificação.
Mais entrevistas pessoais são relatadas em João do que em qualquer dos outros
Evangelhos. Umas são breves, como o diálogo com o nobre. Outras são longas,
como o julgamento diante de Pilatos. Quase todas ilustram a tentativa de JESUS
de evocar na pessoa com quem Ele estava conversando, a fé nele.
O vocabulário de João é tão distinto que trechos deste Evangelho são facilmente
identificáveis. “Palavra”, “vida”, “carne”, “hora”, “sinal”, “levantado”,
“obras”, “amor” (duas palavras gregas diferentes), “glória”, “glorificar”,
“habitar”, “perecer”, “Consolador”, “o Pai” contêm conceitos que são
exclusivamente de João e que criam uma nova representação da verdade.
O Evangelho enfatiza a divindade de JESUS CRISTO, tanto nas reivindicações do
próprio Evangelho, como nas confissões verbais de seus personagens. A
introdução o chama de o Verbo de DEUS (1.1,2); João Batista declarou que Ele é
o Filho de DEUS (1.34); Ele desceu do céu (3.13); Ele foi enviado por DEUS
(3.34); os samaritanos o chamaram de Salvador do mundo (4.42); Ele reivindicou
ter a mesma honra que o Pai (5.23), e afirmou possuir o mesmo tipo de vida
(5.26); os oficiais enviados para prendê-lo retomaram de mãos vazias, dizendo,
“Nunca homem algum [em contraste com DEUS] falou assim como este homem” (7.46).
As suas declarações, “antes que Abraão existisse, eu sou” (8.58) e “Eu e o Pai
somos um” (10.30), eram entendidas por seus inimigos como reivindicações de
divindade. Ao mesmo tempo, sua humanidade é enfatizada. Ele “se fez carne”
(1.14); ficou cansado (4.6), exasperado (4.48), repreendeu os insensatos
(8.44), ficou comovido (11.33), agitado (12.27), mostrou-se afetuoso (13.1),
generoso (18.8), leal aos laços de família (19.26). João retrata a perfeição de
DEUS manifestadas na perfeita humanidade de CRISTO.
Os personagens são numerosos e variados. Entre os discípulos, o escritor
caracteriza por alguns rápidos golpes de sua pena o Pedro impulsivo, André o
tranquilo, Filipe o materialista, Natanael o aluno, Tomé o cético, Judas
Iscariotes o egoísta, e “o discípulo amado”, o confidente de JESUS. Entre
aqueles a quem JESUS encontrou em seu ministério estavam: Nicodemos, o mestre
instruído de Israel; a perspicaz, mas espontânea mulher samaritana; o nobre
desesperado de Cana; o irmão soberbo e incrédulo; a dedicada Maria de Betânia;
o indiferente Pilatos e o leal José de Arimatéia. Estes e muitos outros de
menor importância constituem a assembleia de homens e mulheres cuja fé ou
incredulidade refletiu a influência que JESUS teve sobre eles.
A linguagem de João é simples, direta, e às vezes repetitiva por causa dos
termos técnicos constantemente recorrentes que ele usa. A estrutura do grego
mostra que o autor tinha um bom domínio de vocabulário e gramática, mas ele
possivelmente pensou em aramaico. A introdução tem a forma de poesia hebraica,
lembrando um pouco os Salmos em sua estrutura. O uso frequente de “e” como
um conectivo, o uso ocasional de nomes aramaicos tais como Cefas (1.42), e a
reiteração de proposições em uma redação ligeiramente diferente (5.26,27) podem
indicar uma origem semítica, embora não haja provas de que o Evangelho tenha
sido escrito originalmente em aramaico.
A seleção a respeito da mulher surpreendida em pleno adultério (7.53-8.11) não
é encontrada nos manuscritos mais antigos. Alguns a incluem, mas indicam que há
controvérsias sobre sua autenticidade, porém um grupo de manuscritos a fixa
após Lucas 21.38. Várias versões latinas antigas, três do siríaco antigo, o
Cóptieo, gótico, e a versão armeniana mais antiga também a omitem; também não
está contida no recém-descoberto Papiro Bodmer do início do século III. Nenhum
dos primeiros patriarcas da igreja a citam, embora tenha sido reconhecida a
partir do século V. A. T. Robertson disse. *Considero que ela não é uma parte
genuína do Evangelho de João” (An Introduction to the Textual Criticism of the
New Testament, p. 210). Ela pode, entretanto, ser um episódio genuíno na vida
de JESUS, que foi incluído neste texto porque se encaixava no contexto da
narrativa. Sua introdução mostra que ela era anteriormente parte de uma
narrativa maior, e parece estranho que esta breve história deva sobreviver à
perda de seu contexto, se não foi aceita como verdadeira. Entendemos que ela é
verídica.
Veja João, Evangelho de.
Cada Evangelho deste quarteto é necessário para que tenhamos um retrato
perfeito de CRISTO. Mateus o retrata como o Messias que cumpre as profecias do
AT e realiza o propósito redentor de DEUS. Marcos o apresenta como o homem de
autoridade, que pode vencer a enfermidade, o pecado e a morte, e que é Senhor
de todas as coisas. Lucas o retrata como o humanitário perfeito, interessado em
cada aspecto dos assuntos humanos. João declara que Ele é divino,
verdadeiramente homem e verdadeiramente DEUS. Portanto, embora possam diferir
em abordagem e detalhes, os quatro Evangelhos concordam quanto à identidade da
pessoa de CRISTO, e juntos testemunham sobre seu caráter sobrenatural. M.C.T.
EVANGELHOS SINÓTICOS
Como o termo Sinótico sugere (de sin, “junto com”, e tíííco, “uma
visão”; assim, “uma visão conjunta”}, Mateus, Marcos e Lucas fornecem uma
apresentação de JESUS e de seu ministério que têm muito em comum. Estas
características os separam do Evangelho de acordo com João, no qual a maior
parte do material é peculiar a si mesmo. Nos Sinóticos, o ministério público de
JESUS é precedido pela obra preparatória de João Batista, o batismo e a
tentação de nosso Senhor. O ministério em si é retratado como ocorrendo principalmente
na Galileia, consistindo das atividades de JESUS de ensino e cura, geralmente
em termos de grandes aglomerações de pessoas, enquanto caminhava por vários
lugares na companhia de seus discípulos. O clímax acontece na viagem a
Jerusalém e nos eventos da paixão e ressurreição.
O Problema Sinótico
Quando estes três Evangelhos são considerados separadamente de João e em
relação uns aos outros, são reveladas certas concordâncias e diferenças que por
sua vez levantam questões quanto à origem destes escritos. Eles surgiram
independentemente uns dos outros, ou seus autores fizeram uso dos escritos uns
dos outros até certo ponto? Se eles fizeram uso uns dos outros, isto pode
ajudar a explicar as concordâncias, mas pela mesma prova as diferenças serão as
mais intrigantes.
À medida de concordância entre os Sinóticos é na verdade bem surpreendente, em
vista do fato de que JESUS esteve envolvido por um período de aproximadamente
três anos em um ministério quase que contínuo por palavra e ação. A quantidade
de material disponível deve ter sido tremenda. Embora hiperbólico, o texto em
João 21.25 é a afirmação de que o mundo em si não poderia conter os livros que
seriam escritos se todos os atos de JESUS tivessem sido registrados. A clara
intenção é mostrar que os relatos que temos em nossos Evangelhos são bastante
fragmentados. Tudo o que temos é uma seleção.
O problema Sinótico, assim chamado, está relacionado às relações mútuas nos
relatos. Como as similaridades e também as diferenças nestes três Evangelhos podem
ser explicadas? Antes que qualquer tipo de resposta possa ser tentada, é
necessário examinar mais de perto o fenômeno dos Sinóticos.
Os Dados
Em primeiro lugar, quanto à concordância entre os Sinóticos, deve-se considerar
o conteúdo ou o assunto em questão. A análise de Westcott, embora apenas
aproximada, é suficientemente precisa para o nosso propósito. Em Marcos,
encontram-se 93% do material em comum com Mateus e/ou Lucas; apenas 7% são peculiares
a este Evangelho. Mateus tem 58% em comum com os outros Sinóticos e 42% que não
aparece nos outros dois. Lucas tem 41% em comum com os outros dois e 59% é
peculiar a este Evangelho. Para declarar as coincidências de forma diferente,
quase dois terços do material de Marcos ê encontrado tanto em Mateus como
em Lucas, e quase um terço mais em Mateus ou Lucas. Marcos tem apenas
trinta ou quarenta versículos que não aparecem em um ou outro dos dois
Sinóticos restantes.
Quanto à ordem ou sequência do material, a disposição de Marcos é
geralmente compartilhada tanto por Mateus como por Lucas. Onde este não é o
caso, um ou outro concorda com Marcos. Mateus e Lucas não se unem contra
Marcos. Quando a ordem “marcosiana” é compartilhada pelos outros, ela é
geralmente compartilhada do início ao final da narrativa.
Com relação à linguagem e ao estilo, alguém que esteja em posição de estudar
uma sinopse grega onde os relatos são colocados lado a lado pode melhor
apreciar a situação, mas uma harmonia irá fornecer informações consideráveis.
Uma boa passagem para testar, uma que contenha a tripla tradição (Mateus,
Marcos, Lucas), é o relato da cura do paralítico (Mt 9.1-8; Mc 2.1-12; Lc
5.17-26). Embora haja alguma variação, especialmente nas declarações de
abertura e encerramento, a parte principal da narrativa mostra uma notável
concordância no vocabulário empregado pelos três escritores. O mais admirável é
a preservação de uma construção secionada no relato da realização do milagre; ־'Ora, para que saibais
que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse ao paralítico),
a ti te digo. Levanta-te, e toma o teu leito, e vai para tua casa” (Mc
2.10,11).
Com relação às diferenças, deve ser observado que quanto ao conteúdo, Marcos
tem pouco a relatar sobre a didache ou ao ensino de JESUS, ao passo que Mateus
e Lucas contêm muitas parábolas e considerável material de discurso que não é
parabólico. O texto em Lucas 9.51-18.14 tem grande parte do material que
aparece apenas neste Evangelho. Vários detalhes da crucificação e das aparições
após a ressurreição apresentam- se somente eia um único registro. O relato de
Mateus sobre o Sermão do Monte é muito mais extensivo do que o de Lucas. A
ordem dos acontecimentos na tentação de JESUS varia entre Mateus e Lucas. O
episódio da visita de JESUS à sinagoga em Nazaré é colocado antes na narrativa
de Lucas, quando se compara a ordem deste livro com a dos outros dois
Evangelhos. Muitos outros exemplos poderiam ser citados, incluindo o uso de
termos sinônimos ao invés de palavras idênticas em relatos paralelos.
Explicação
Embora várias tentativas tenham sido feitas para explicar a relação entre eles,
nenhuma solução para o fenômeno dos Evangelhos Sinóticos ganhou, até o momento,
a aceitação universal.
1. Tradição oral. B. F. Westcott e Arthur Wright sugeriram que a tradição oral
foi a influência decisiva, visto que várias décadas se passaram antes que
nossos Evangelhos começassem a ser escritos. Durante este período, presume-se
que a parte central do material tenha se tomado um tanto fixa devido à
constante repetição da história. Esta poderia ser a razão das concordâncias nos
Sinóticos, que foram escritas para preservar esta tradição oral. As diferenças
poderiam então ser atribuídas aos interesses especiais dos escritores
individuais bem como às necessidades específicas das pessoas para quem eles
escreveram.
Esta opinião, porém, tem as suas dificuldades. É difícil ver como a tradição
poderia ter sido suficientemente protegida de alterações ao ser difundida nas
regiões largamente separadas daquelas onde os Evangelhos escritos surgiram.
Além disso, é difícil entender como Marcos, dependendo desta tradição comum,
juntamente com Mateus e Lucas, poderia ter utilizado tão pouco do ensino de
nosso Senhor. Ademais, esperar-se-ia maior uniformidade nos relatos do que
aquilo que JESUS disse ao instituir a ceia de sua nova aliança. Deve ser
admitido, porém, que a tradição oral deve ter desempenhado um papel importante,
se não exclusivo, na preservação do material dos Evangelhos, e até na escolha
de materiais escritos por cada escritor.
2. Dependência literária direta. As muitas concordâncias em conteúdo, em
sequência, e em construção (linguagem e estilo) são mais bem explicadas em
termos de algum tipo de dependência literária (lembre-se especialmente de
Marcos 2.10,11 e passagens paralelas). Pode haver pouca dúvida de que Marcos
seja a fonte do material de Mateus, e que Lucas também esteja de acordo com
ele. Aqui é especialmente impressionante observar como os outros evangelistas
seguiram a sequência habitual de Marcos. A conclusão da prioridade de
Marcos é apoiada pelo fato de que Mateus e Lucas contêm alterações de material
em relação a Marcos, às vezes devido ao interesse da suavidade gramatical. Em
outras palavras, o relato de Marcos parece ser o mais primitivo. Vale a pena
notar, também, que onde os três Evangelhos têm o mesmo material, as narrativas
de Marcos são geralmente mais longas e mais gráficas. Mateus e Lucas devem
ter abreviado Marcos em tais casos a fim de deixar espaço para o material não
derivado de Marcos. Os autores antigos precisavam ter cuidado para que seus
livros, que eram em forma de rolos, não se tornassem pesados demais para os
seus leitores, o que prejudicaria sua utilização.
Nos primeiros séculos da igreja houve pessoas como Agostinho, que ensinaram que
Marcos abreviou o trabalho de Mateus. Se este fosse o caso, seria difícil
conceber como Marcos poderia ter omitido tantos ensinos de JESUS, tais como
aquele que está contido no Sermão do Monte. Assim, não tem sido possível
sustentar esta opinião.
3. Hipótese de dois documentos. Fica claro, porém, que Mateus e Lucas poderiam
não ter dependido de Marcos para tudo, uma vez que estes Evangelhos contêm
muito material que está ausente em Marcos. Há uma forte possibilidade de que
eles dependessem de uma fonte, seja oral ou escrita, que se especializou nas
palavras de JESUS. Estudiosos modernos frequentemente se referem a tal
fonte pela designação “Q” derivada da primeira letra da palavra alemã para
fonte (Quelle). Admite-se que a existência objetiva de tal fonte não possa ser
demonstrada historicamente, mas é sentido que os dados de Mateus e Lucas
apontam para a necessidade de tal fonte. O possível apoio para esta teoria pode
ser encontrado na declaração de Pápias, citada por Eusébio, de que “Mateus
reuniu os oráculos (logia) na linguagem hebraica, e cada um os interpretou da
melhor maneira que pôde*. Porém não há nenhuma evidência clara de que Mateus
tenha recorrido a Lucas ou vice- versa. Eles parecem ter escrito independente
mente um do outro.
Conclusão
Se Marcos e Q foram fontes para Mateus e Lucas, a maior parte do material nos
últimos dois Evangelhos deve-se a estes, mas não todo. Julgando pelas suas
narrativas de natividade e paixão, bem como outras características, cada um
deles deve ter tido acesso às informações que não faziam parte da tradição
central da igreja primitiva. Parte deve ter sido adquirido por investigação
pessoal. A partir da introdução de Lucas (1.1-4) fica evidente que ele tinha
disponível o testemunho oral das testemunhas oculares, mais os relatos daqueles
que haviam escrito antes dele mesmo incumbir-se de seu Evangelho. A introdução
nos informa que ele fez algumas investigações por conta própria. Assim, as
possíveis fontes de materiais do Evangelho devem ter sido muitas e variadas.
Aparentemente não havia preconceito contra o uso de fontes, e isto é bastante
natural, visto que grande parte do material histórico no AT foi escrito com a
ajuda de registros mais antigos (cf. Reis, Crônicas). Seria um erro, porém,
considerar os autores humanos dos Evangelhos como meros editores. Cada um deles
teve uma influência de moldagem, sujeitos a DEUS, sobre os materiais usados, de
forma que é possível detectar uma rara individualidade impressa em cada
Evangelho.
A busca por fatores humanos que entraram na composição dos Evangelhos pode vir
somente até este ponto. Além da esfera deste tipo de investigação reside a
misteriosa e poderosa inspiração ou influência do ESPÍRITO SANTO sobre os
escritores, levando-os à seleção e à utilização de seu material. Isto é o que
dá à sua obra a autoridade que é reconhecida pela igreja. E. F. Har.
O REINO DE DEUS - Estudos Doutrinários BEP - CPAD
Mt 12.28: “Mas, se eu expulso os demônios pelo ESPÍRITO de DEUS, é
conseguintemente chegado a vós o Reino de DEUS.”
A NATUREZA DO REINO. O reino de DEUS (ou dos céus), no presente, significa DEUS
intervindo e predominando no mundo, para manifestar seu poder, sua glória e
suas prerrogativas contra o domínio de Satanás e a condição atual deste mundo.
Trata-se de algo além da salvação ou da igreja; é DEUS revelando-se com poder
na execução de todas as suas obras.
O reino é antes de tudo uma demonstração do poder divino em ação. DEUS inicia
seu domínio espiritual na terra, nos corações do seu povo e no meio deste (Jo
14.23; 20.22). Ele entra no mundo com poder (Is 64.1; Mc 9.1; 1Co 4.20). Não se
trata de poder no sentido material ou político, e sim, espiritual. O reino não
é uma teocracia relígio-política; ele não está vinculado ao domínio social ou
político sobre as nações ou reinos deste mundo (Jo 18.36). DEUS não pretende
atualmente redimir e reformar o mundo através de ativismo social ou político,
da força, ou de ação violenta (26.52; ver Jo 18.36). O mundo, durante a
presente era, continuará inimigo de DEUS e do seu povo (Jo 15.19; Rm 12.1,2; Tg
4.4; 1Jo 2.15-17; 4.4). O governo de DEUS mediante o juízo direto e à força só
ocorrerá no fim desta era (Ap 19.11-21).
Quando DEUS se manifesta com poder sobre o mundo, este entra em crise. O
império do diabo fica totalmente alarmado (12.28,29; Mc 1.23,24), e todos
encaram a decisão de submeter-se ou não ao governo de DEUS (3.1,2; 4.17; Mc
1.14,15). A condição necessária e fundamental para se entrar no reino de DEUS
é: “Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15).
O fato de DEUS irromper no mundo com poder, abrange: (a) seu poder divino sobre
o governo e domínio de Satanás (12.28; Jo 18.36); a chegada do reino é o começo
da destruição do domínio de Satanás (Jo 12.31; 16.11) e do livramento da
humanidade das forças demoníacas (Mc 1.34,39; 3.14,15; At 26.18) e do pecado
(Rm 6); (b) poder para operar milagres e curar os enfermos (4.23;_ 9.35; At
4.30; 8.7; ver o estudo A CURA DIVINA); (c) a pregação do evangelho, que produz
a convicção do pecado, da justiça e do juízo (11.5; Jo 16.8-11; At 4.33); (d) a
salvação e a santificação daqueles que se arrependem e crêem no evangelho (ver
Jo 3.3; 17.17; At 2.38-40; 2Co
18; ver o estudo A SEPARAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE); e (e) o batismo no ESPÍRITO
SANTO, com poder, para testemunhar de CRISTO (ver At 1.8; 2.4).
Uma evidência máxima de que a pessoa está vivendo o reino de DEUS é viver uma
vida de “justiça, e paz, e alegria no ESPÍRITO SANTO” (Rm 14.17).
O reino de DEUS tem um aspecto tanto presente como futuro. É uma realidade
presente no mundo hoje (Mc 1.15; Lc 18.16,17; Cl 1.13; Hb 12.28), mas o governo
e o poder de DEUS não predominam plenamente em todos e em tudo. A obra e a
influência de Satanás e dos homens maus continuarão até o fim desta era (1Tm
4.1; 2Tm 3.1-5; Ap 19.19 — 20.10). A manifestação futura da
glória de DEUS e do seu poder e reino ocorrerá quando JESUS voltar para julgar
o mundo (24.30; Lc 21.27; Ap 19.11-20; 20.1-6). O estabelecimento total do
reino virá, quando CRISTO finalmente triunfar sobre todo o mal e oposição e
entregar o reino a DEUS Pai (1Co 15.24-28; Ap 20.7-21.8; Mc 1.15 manifestações
do reino na história da redenção).
O PAPEL DO CRENTE NO REINO. O NT contém abundante ensino sobre a missão do
crente no reino de DEUS, na sua presente manifestação.
É responsabilidade do crente buscar incessantemente o reino de DEUS, em todas
as suas manifestações, tendo fome e sede pela presença e pelo poder de DEUS,
tanto na sua vida como no meio da sua comunidade cristã (ver 5.10; 6.33).
Em 11.12, JESUS revela novos fatos sobre a natureza dos membros do reino. Ali
Ele disse que somente quem se esforça apodera-se do reino de DEUS. Os tais,
movidos por DEUS, resolvem romper com as práticas pecaminosas e imorais do
mundo e seguem a CRISTO, a sua Palavra e seus justos caminhos. Não importando o
preço a pagar, esses, resolutamente, buscam o reino com todo o seu poder.
Noutras palavras, pertencer ao reino de DEUS e desfrutar de todas as suas
bênçãos requer esforço sincero e constante — um combate de fé, aliado a uma
forte vontade de resistir a Satanás, ao pecado e à sociedade perversa em que
vivemos.
Não conhecerão o reino de DEUS aqueles que raramente oram, que transigem com o
mundo, que negligenciam a Palavra e que têm pouca fome espiritual. É para
crentes como José (Gn 39.9), Natã (2Sm 12.7), Elias (1Rs 18.21), Daniel e seus
três amigos (Dn 1.8; 3.16-18), Mardoqueu (Et 3.4,5), Pedro e João (At 4.19,20),
Estêvão (At 6.8; 7.51) e Paulo (Fp 3.13,14); inclusive mulheres como Débora (Jz
4.9), Rute (Rt 1.16-18), Ester (Et 4.16), Maria (Lc 1.26-35), Ana (Lc 2.36-38)
e Lídia (At 16.14,15,40).
SINÓPSE I - A Lei esboça o plano da redenção em CRISTO. Pelos
méritos da cruz de CRISTO, fomos resgatados da maldição da Lei.
SINÓPSE II - Os Evangelhos são as Boas-Novas que proclamam o Reino de DEUS e a
mensagem de salvação em JESUS CRISTO.
SINÓPSE III - A observância dos preceitos da Lei não salva, mas por
meio da ação do ESPÍRITO, a obediência ao Evangelho muda as vidas.
AUXÍLIO TEOLÓGICO TOP1
“Leis e mandamentos
Na Bíblia uma grande seção, de Gênesis a Deuteronômio, é chamada de ‘Lei’. A
‘Lei’ pode, também, se referir ao Antigo Testamento como um todo (Jo 10.34;
12.34; 15,25; 1 Co 14.21 referem-se à Lei, mas indicam outra parte do Antigo
Testamento). Porém, normalmente, a Lei é associada com Êxodo 20–Deuteronômio
33. Dentro desta seção, não encontramos outros materiais, senão leis. Todavia,
visto que há mais de seiscentos mandamentos e leis, encontrados em
Gênesis–Deuteronômio, estes cinco livros normalmente são denominados de ‘A
Lei’. (Gênesis, por sua vez, não contém nenhum material sobre a lei, mas é
parte da Lei, porque serve como uma introdução a Êxodo– Deuteronômio e porque
se aceita que Moisés escreveu todos os livros. De fato, porém, a maioria destes
cinco livros, chamada de ‘Pentateuco’, consiste em narrativas)” (STEIN, Robert
H. Guia Básico para a Interpretação da Bíblia: Interpretando conforme as
regras. 10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.207-08).
AUXÍLIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ TOP2
“Os Ensinamentos de JESUS sobre a Lei
[...] Nos dias de JESUS, os fariseus se concentravam especialmente na maneira
como o povo judeu estava vivendo a lei, e suas discussões com JESUS sobre o
assunto, algumas vezes degeneravam em divergências acaloradas e até mesmo
conflitos perigosos. Então perguntei a Craig [Blomberg] sobre como deveríamos
ler e entender o ensinamento de JESUS sobre a lei no Antigo Testamento. [...]
Ele respondeu medindo cuidadosamente as palavras: ‘Ao lermos o Sermão da
Montanha, em Mateus 5.17-20, vemos que JESUS aborda essa questão com mais
clareza. Ele o faz em uma fase de seu ministério em que já havia sido tão
contracultural que o povo perguntava: ‘Este é o homem que, de alguma maneira,
subjugará a autoridade da lei de DEUS que é sagrada, perfeita, eterna e
imutável’ JESUS começa dizendo: "Não cuides que vim destruir a lei ou os
profetas’; mas logo a seguir Ele diz: ‘não vim ab-rogar, mas cumprir’ (note que
Ele não usa palavras que seriam o oposto natural de ‘ab-rogar’, como ‘preservar
sem mudar’)” (GUTHRIE, George. Lendo a Bíblia Para a Vida: Seu Guia para
Entender e Viver a Palavra de DEUS. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.172).
VOCABULÁRIO
Aio: Encarregado da educação doméstica das crianças de famílias nobres ou
ricas; um “pedagogo”.
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
A Lei esboça o plano de redenção em CRISTO confirmado pelos Evangelhos. Por
isso que o Pentateuco e os Evangelhos têm relação profunda na revelação da
pessoa de JESUS CRISTO. Quando o cristão lê o Antigo Testamento, ele tem o Novo
Testamento como base, principalmente nos Evangelhos, para compreender a Lei.
Por isso, compreendemos que toda a Bíblia tem como tema principal a pessoa
bendita de JESUS CRISTO.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Apontar que a Lei era transitória e esboçava o plano
da redenção em CRISTO; II) Afirmar que os Evangelhos são boas-novas do Reino de
DEUS e da salvação em CRISTO; III) Ressaltar que a Lei não salva, mas a
obediência ao Evangelho transforma as vidas.
B) Motivação: Os princípios e valores que norteiam a Lei do Antigo Testamento
são os mesmos que estão presentes nos Evangelhos. Ambos se concentram em JESUS
e revelam o Filho de DEUS.
C) Sugestão de Método: Antes de iniciar a lição, recorde a lição 4 que diz
respeito à estrutura da Bíblia. Rememore a composição do Pentateuco e dos
Evangelhos. Mostre o quanto é importante possuir tanto uma visão global
(estrutura da Bíblia) quanto uma visão específica (Lei e Evangelho) a respeito
da Palavra de DEUS.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: A Bíblia toda é a Palavra de DEUS. Portanto, não devemos nos
relacionar com a Bíblia de maneira excludente, como se o Antigo Testamento não
servisse mais por causa do Novo. Este, no entanto, confirma aquele.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão: Vale a pena conhecer essa revista que traz
reportagens, artigos, entrevistas e subsídios às Lições Bíblicas. Na edição 88,
p.40, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará um auxílio que dará
suporte na preparação de sua aula: 1) O auxílio teológico "Leis e
mandamentos" aprofunda o primeiro tópico a respeito da revelação de JESUS
na Lei; 2) O auxílio de educação cristã "Os Ensinamentos de JESUS sobre a
Lei" contribui para o aprofundamento do segundo tópico, em que os
Evangelhos e a mensagem de JESUS se destacam.
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Qual o sentido dos cinco volumes denominados de Torá? No texto hebraico, e
pelos judeus ainda hoje, esses volumes são denominados de “Torá” com o sentido
de “instrução, ensino, direção”.
2. Como a totalidade do Pentateuco é identificada? A totalidade do Pentateuco é
identificada, nas páginas da Bíblia Sagrada, como a “Lei” (Êx 24.12; Mt 5.17);
a “Lei de Moisés” (Js 8.31,32; At 13.39); a “Lei de DEUS” (Ne 8.8; Rm 7.22); e
a “Lei do Senhor” (Ne 10.29; Lc 2.22,23).
3. Segundo a lição, qual a distinção marcada pela geografia entre os Evangelhos
Sinóticos e o Evangelho de João? Os sinóticos registram, especialmente, o
ministério de JESUS na Galileia. O quarto Evangelho, João, tem peculiaridades
próprias e enfatiza o ministério de CRISTO na Judeia.
4. O que os Evangelhos indicam quanto às profecias messiânicas? Os Evangelhos
indicam que as profecias messiânicas se cumpriram em CRISTO (Lc 4.18-21).
5. Em quais ações o sistema mosaico está resumido, segundo o ensinamento de
JESUS? O Senhor JESUS ensinou que todo o sistema mosaico – a Lei e os Profetas
– está resumido em duas ações: amar a DEUS e amar o próximo (Mt 22.37-40).
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 6, A Lei, a Carne e o ESPÍRITO
2º trimestre de 2016 - Maravilhosa Graça - O Evangelho de
JESUS CRISTO Revelado Na Carta Aos Romanos
Comentarista da CPAD: Pr. José Gonçalves
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida
Silva
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS,
FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
https://ebdnatv.blogspot.com/2022/01/estudo-alianca-de-sangue-pr-henrique.html
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Romanos 7.1-15
1 - Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que
a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive? 2 - Porque a mulher
que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas,
morto o marido, está livre da lei do marido. 3 - De sorte que, vivendo o
marido, será chamada adúltera se for doutro marido; mas, morto o marido, livre
está da lei e assim não será adúltera se for doutro marido. 4 - Assim, meus
irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de CRISTO, para que
sejais doutro, daquele que ressuscitou de entre os mortos, a fim de que demos
fruto para DEUS. 5 - Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados,
que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. 6 -
Mas, agora, estamos livres da lei, pois morremos para aquilo em que estávamos
retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.
7 - Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o
pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não
dissesse: Não cobiçarás. 8 - Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento,
despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o
pecado. 9 - E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu
o pecado, e eu morri; 10 - e o mandamento que era para vida, achei eu que me
era para morte. 11 - Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me
enganou e, por ele, me matou. 12 - Assim, a lei é santa; e o mandamento, santo,
justo e bom.
13 - Logo, tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum! Mas o
pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem, a fim de
que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno. 14 - Porque bem
sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. 15 -
Porque o que faço, não o aprovo, pois o que quero, isso não faço; mas o que
aborreço, isso faço.
OBJETIVO GERAL
Mostrar que a luta entre carne e espírito é uma realidade na vida
de todo crente.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Explicar a analogia do casamento ilustrada na Lei;
Mostrar a analogia da solidariedade da raça ilustrada em Adão;
Discorrer a respeito da analogia entre carne e espírito
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Na lição de hoje estudaremos o capítulo sete da Epístola aos
Romanos. Este capítulo trata a respeito da libertação da Lei. Para que os
romanos compreendessem bem o assunto, Paulo faz uma analogia entre a Lei e o
casamento. O apóstolo mostra que enquanto o marido viver, a esposa está ligada
a ele mediante a lei do matrimônio. Mas, morto o marido a esposa se torna
livre, podendo até mesmo contrair novas núpcias. Com esta analogia, Paulo
mostra que os salvos em CRISTO, pela fé, já estão livres da lei do pecado e
agora pertencem a JESUS CRISTO. Em CRISTO, estamos mortos para a lei do pecado.
O apóstolo precisou tratar deste assunto porque os judeus tinham dificuldades
de se libertarem das amaras da Lei. Livres da lei do pecado temos condições de
nos relacionarmos com DEUS e vivermos uma vida de santidade. Segundo Lawrence
Richards "a libertação da Lei não promove o pecado, mas a justiça".
PONTO CENTRAL
JESUS CRISTO nos libertou do jugo da Lei, do pecado e das obras da
carne, por isso, podemos andar em ESPÍRITO.
Resumo da Lição 6, A Lei, a Carne e o ESPÍRITO
I - A LEI ILUSTRADA NA ANALOGIA DO CASAMENTO (Rm 7.1-6)
1. A metáfora do casamento.
2. A metáfora da mulher viúva.
3. Mortos para a lei.
II - ADÃO ILUSTRADO NA ANALOGIA DA SOLIDARIEDADE DA RAÇA (Rm
7.6-13)
1. De volta ao paraíso.
2. Lembranças do Sinai.
3. A lei dada a Adão.
III - O CRISTÃO ILUSTRADO NA ANALOGIA ENTRE CARNE E ESPÍRITO (Rm
7.14-25)
1. A santidade da Lei.
2. A malignidade da carne.
3. A velha natureza.
SÍNTESE DO TÓPICO I - Paulo utiliza a analogia do casamento
para mostrar que fomos libertos do jugo da Lei e do pecado
SÍNTESE DO TÓPICO II - Paulo mostra que Adão é o cabeça e
representante da raça humana.
SÍNTESE DO TÓPICO III - Paulo faz uma analogia para mostrar a
luta da carne com o ESPÍRITO.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO - top1
"Livre - Um cônjuge não está mais ligado pela lei matrimonial
com o consorte falecido. A morte liberta a ele ou a ela dessa lei.
Semelhantemente, a morte de CRISTO, que compartilhamos em nossa união com Ele,
nos liberta de todas as obrigações legais constantes na Lei de DEUS.
Algumas pessoas ficam atemorizadas com a ideia de que o cristão não tem
obrigação alguma de guardar a Lei. Paulo deixa claro que precisamos estar
livres dessas obrigações. Por quê? A Lei diz respeito à nossa natureza
pecaminosa e proclama: 'Não'. O resultado não foi uma repreensão do desejo de
pecar, mas o surgimento de nossas paixões pecaminosas. Pecamos, ao 'produzir
frutos da morte'. DEUS agora nos chama para nos relacionarmos diretamente com
Ele através do ESPÍRITO. O ESPÍRITO falará à nossa natureza, nos estimulando a
servir e, assim, a 'produzir frutos para DEUS' (RICHARDS, Lawrence. Guia do
Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo.
10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.743.
CONHEÇA MAIS
Lei - "A Lei de DEUS, em Romanos 7, é a revelação
do Antigo Testamento dos padrões de comportamentos morais de justiça. No
entanto, a 'lei' que Paulo descobre estar agindo em sua personalidade é o
'princípio universal' do pecado e da morte que escraviza os seres humanos
decaídos. Nesse capítulo, Paulo explora o relacionamento entre a Lei de DEUS e
a lei (princípio) do pecado. Ele expressa seu sentimento de desesperança na
medida em que tenta responder à Lei de DEUS, mas, no meio disso, está o pecado
a impedi-lo. Em 8.2, Paulo apresenta outra 'lei' (princípio
universal) que resolve o seu problema e o nosso."
Para conhecer mais leia Guia do Leitor da Bíblia, CPAD,
p. 743.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
Professor, reproduza o esquema abaixo e utilize-o para enfatizar o que dispomos
como descendência de Adão e como filhos de DEUS.
COMO FILHOS DE ADÃO |
COMO FILHOS DE DEUS |
Ruína (5.9) |
Salvação (5.8) |
Pecado (5.12,15,21) |
Justiça (5.18) |
Morte (5.12,16,21) |
Vida eterna (5.17,21) |
Separação de DEUS (5.18) |
Relacionamento com DEUS (5.11,19) |
Desobediência (5.12,19) |
Obediência (5.19) |
Punição (5.18) |
Libertação (5.10,11) |
Lei (5.20) |
Graça (5.20) |
(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, p.1560).
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"O conflito entre a Lei e o pecado (7.14-25)
Esse conflito é inevitável. Duas leis se chocam - a lei do pecado e
a lei de DEUS. Podemos chamá-las de lei carnal e lei espiritual. Entretanto,
esse conflito pode ser facilmente dominado pelo crente, se ele dominar o pecado
pela lei espiritual. O campo de batalha entre essas duas forças é interior ao
homem. Paulo ilustra o coração como o interior de nossas vidas para mostrar
esse conflito.
A lei é espiritual (v. 14). Mais uma vez o apóstolo declara que o
problema não está na lei de DEUS, mas na natureza pecaminosa do homem. Quando
ele declara 'sou carnal' está, na verdade, dizendo que ele é feito carne, isto
é, sujeito à lei do pecado que opera na carne. Ele diz, também, que é 'vendido
sob o pecado', ou, à escravidão do pecado. Significa que, queira ou não, está
na sua carne, a tendência pecaminosa que o escraviza a faz de sua natureza
pecaminosa a sede de operações para o pecado. Essa escravidão envolve toda a
personalidade do homem. Porém, esse envolvimento encontra uma barreira para o
domínio total do pecado, que é a lei espiritual.
O conflito entre lei e o pecado (v.15). Nestas palavras o apóstolo
se sente o centro do conflito no seu interior, e não consegue entender porque
pratica certos atos que contrariam sua real vontade. Ele vê o conflito entre o
bem e o mal, e, às vezes, esse conflito é tão intenso que ele não consegue
descobrir o 'porquê' desse conflito que o leva fazer certos atos" (CABRAL,
Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de DEUS. 5.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2005, pp.85,86).
PARA REFLETIR - A respeito da Carta aos Romanos, responda:
O que Paulo desejava mostrar com a metáfora do casamento?
Paulo desejava mostrar que homem algum pode ser salvo pela Lei, até mesmo
aqueles que a guardam com zelo e devoção. Paulo usou o casamento para mostrar o
nosso relacionamento com a Lei. O apóstolo ressalta que o contrato de casamento
perde sua validade quando um dos cônjuges morre. Segundo a Bíblia de Aplicação
Pessoal "ao morrermos com CRISTO, a Lei não pode mais nos condenar;
estamos unidos a CRISTO".
Como pode ser entendida a expressão "mortos para lei pelo corpo de
CRISTO"?
A expressão "mortos para a lei pelo corpo de CRISTO" é entendida
pelos intérpretes como uma referência à morte de CRISTO e a nossa identificação
com Ele.
Segundo Paulo, quem é o cabeça da raça humana?
Paulo considerava Adão o cabeça e o representante da humanidade.
Segundo Paulo, a lei e seus propósitos são bons?
Sim. A Lei é boa e seu propósito também. O problema, portanto, não estava na
Lei, mas naqueles que se regiam por ela.
Quem pode nos ajudar no embate contra a velha natureza?
O ESPÍRITO SANTO, que habita em nós.
CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 66, p39.
SUGESTÃO DE LEITURA
12 Princípios para Fortalecer sua Caminhada com CRISTO, Falando
Honestamente, Teologia Sistemática Pentecostal
Comentários de vários autores com alguma modificações do Pr. Luiz
Henrique
Pontos difíceis e polêmicos discutidos durante a semana em nossos
grupos de discussão no WhatsApp (minhas conclusões)
RESUMO RÁPIDO
Lição 6, A Lei, a Carne e o ESPÍRITO
Paulo usa 3 metáforas - Da Lei (Casamento), De Adão (Carne) e da Luta
espiritual (ESPÍRITO)
I - A LEI ILUSTRADA NA ANALOGIA DO CASAMENTO (Rm 7.1-6)
1. A metáfora do casamento. Crente casado com a lei (seja mosaica
ou do país ou da consciência).
2. A metáfora da mulher viúva. O marido é a Lei que não morre, mas
é de DEUS, é santa. Quem morre é a mulher, a igreja, os salvos. Quando
aceitamos a CRISTO morremos com ELE na Cruz.
3. Mortos para a lei. Agora, depois de salvos, estamos mortos para
o marido Lei, portanto, livres para casar com CRISTO.
II - ADÃO ILUSTRADO NA ANALOGIA DA SOLIDARIEDADE DA RAÇA (Rm
7.6-13)
1. De volta ao paraíso. Adão vivia sem Lei, não havia nenhuma ordem
para ele obedecer, nenhuma imposição, nada lhe era proibido.
2. Lembranças do Sinai. No Sinai Moisés recebeu a Lei e esta
mostrou o pecado do povo. toda vez que desobedeciam a DEUS a Lei os acusava e
condenava.
3. A lei dada a Adão. Para Adão surgiu a primeira Lei - Não comer
da Árvore do Conhecimento do bem e do Mal. foi só a Lei ser dada e ele passou a
desejar comer desta árvore, antes não desejava.
III - O CRISTÃO ILUSTRADO NA ANALOGIA ENTRE CARNE E ESPÍRITO (Rm
7.14-25)
1. A santidade da Lei. A Lei é santa; e o mandamento, santo,
justo e bom. Vieram de DEUS para mostrar a perfeição.
2. A malignidade da carne. O problema é que a nossa natureza
carnal, ou seja, ainda moramos num corpo cheio de desejos e nossa mente ainda é
atraída pelo pecado.
3. A velha natureza. A velha natureza pecaminosa quer voltar e assumir
o controle de nosso ser. Nosso papel como cristãos e mortos para o pecado é
lutar com o auxílio do ESPÍRITO SANTO e nunca deixar o pecado nos dominar e a
Lei então nos condenar.
Gl 5.16 Digo, porém: Andai pelo ESPÍRITO, e não haveis de cumprir a
cobiça da carne. 17 Porque a carne luta contra o ESPÍRITO, e o ESPÍRITO contra
a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis. 18
Mas, se sois guiados pelo ESPÍRITO, não estais debaixo da lei. 19 Ora, as obras
da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia,
20 a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras,
as facções, as dissensões, os partidos, 21 as invejas, as bebedices, as orgias,
e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos
preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de DEUS.
A lei está agora em nosso coração e a cumprimos ao dar lugar ao
ESPÍRITO SANTO e desenvolvermos o fruto do ESPÍRITO.
Falo aos que sabem a lei - Quais são estes? Os judeus que não se
tinham convertido ainda ao cristianismo, aos judeus convertidos da igreja de
Roma e aos convertidos, mas que abandonaram a legítima doutrina.
Homem Natural – Pecador (sem a graça e debaixo da lei - pecado
domina)
Homem Espiritual – Se converteu – nasceu de novo - Debaixo da graça
(pecado não tem domínio sobre ele)
Homem Carnal – Era espiritual e se tornou carnal – desviado
(escravo do pecado novamente - sabe a verdade, mas não obedece)
Os Judeus estavam agora em 3 grupos distintos:
1 - Judeus guardadores da lei, sem se converteram ao cristianismo -
Eram Naturais, não nasceram de novo.
2 - Judeus que eram crentes salvos - Haviam se convertido e
acreditavam na salvação pela graça mediante a fé. - Eram Espirituais.
3 - Judeus que eram crentes salvos, mas agora haviam deixado sua fé
- dois grupos - 1- Legalistas (judaizantes, exigiam a guarda da lei e se
justificavam pelas obras) e 2- Antinomistas (Ficaram livres do jugo da lei e do
pecado, queriam viver na libertinagem agora) - Os dois eram carnais.
NATURAIS, ESPIRITUAIS E CARNAIS
NATURAIS - ESPIRITUAIS E CARNAIS - Trazendo para os gentios, temos:
NATURAIS - todos os que nasceram na Terra desde Adão até o final do
milênio e que não nasceram de novo, não se converteram.
ESPIRITUAIS - todos os que se converteram - Aceitaram a JESUS como
Salvador e Senhor, os salvos.
CARNAIS - todos os que se converteram e se perderam ao longo de sua
caminhada cristã se tornando pecadores ou seguindo doutrinas de salvação por
obras ou por outros meios que não sejam a graça e através da fé.
Paulo se passa por um homem pecador (Adão) para explicar a situação
deste perante os judeus da igreja de Roma.
Alegorias que Paulo faz. Casamento do judeu com a lei. Para ser
salvo o judeu precisa morrer com CRISTO na cruz, assim morto, o casamento com a
lei é desfeito e o judeu estará viúvo do marido - Lei - portanto livre para um
novo casamento, agora com CRISTO. Sepultado no batismo e ressuscita logo após
para uma novidade de vida.
Alegorias que Paulo faz. Adão no Paraíso. O homem está ligado a Adão pelo
pecado. Eva foi atraída e enganada como o homem é enganado e atraído pelo
pecado. Antes da lei de DEUS, ou ordem de DEUS para que Adão não comesse
daquela árvore, ele não desejava comer dela, mas a partir daí ele passou a
desejar comer. A lei traz a cobiça.
Alegorias que Paulo faz. Carne e espírito. Aqui é corpo atraindo para o pecado,
é carne lutando contra o espírito humano (este unido ao ESPÍRITO SANTO vence).
O homem espiritual vence o homem carnal que teima em se apoderar dele.
Só lembrar
1- Lei - mostra o pecado e o condena toda vez que ele é praticado.
É como marido que nunca morre, Nós é que temos que morrer com CRISTO para
podermos contrair novo casamento agora com CRISTO ressurreto.
2- Carne - São desejos contrários à vontade de DEUS e que nos
escravizam. Adão vivia sem lei, sem exigências até que DEUS colocou uma lei no
jardim do Éden para Adão - Da árvore do conhecimento do bem e do mal não
comerás. Adão nunca nem prestou atenção naquela árvore, mas quando DEUS disse
para não comer dela, passou a desejá-la. Assim a lei é boa. É de DEUS, mas
quando ela existe passamos a desejar o que a lei proíbe.
3 - espírito - quando unido ao ESPÍRITO SANTO pode vencer a carne e
seus desejos evitando assim que sejamos novamente condenados pela lei. Existe
uma luta cotidiana entre a carne (desejo de pecar) e o espírito (unido a DEUS
pelo ESPÍRITO SANTO).
A lei mostra o que não pode e nós então passamos a desejar o
proibido.
A lei é boa e é de DEUS, mas faz despertar em nós a cobiça.
Adão vivia sem lei, mas quando veio a lei de não comer da árvore do
conhecimento do bem e do mal, sentiu desejo de comer, antes nem prestava
atenção àquela árvore. Paulo explica que cobiçamos ou damos lugar a
concupiscência (desejo) quando alguma coisa nos é proibida por algum tipo de
lei. Ex. Adultério - é desejar o que é proibido. Isso se torna pecado. A lei
que diz que é proibido adulterar é boa e é de DEUS, mas porque existe a lei,
existe o desejo, a cobiça e então a lei que parecia boa, acaba se tornando má
para mim porque me leva a pecar e me condena. Entenderam?
A lei foi dada para mostrar o pecado. DEUS nos deu o ESPÍRITO SANTO
para nos ajudar a vencer o pecado e assim a Lei não nos condena.
Rm 8.1 Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em CRISTO
JESUS, que não andam segundo a carne, mas segundo o ESPÍRITO.
Concluindo - O marido é a LEI. Nós morremos na cruz quando
aceitamos a CRISTO. Se morremos, agora somos sepultados no batismo nas águas.
CRISTO morreu e ressuscitou. Nós também ressuscitamos ao sairmos das águas.
Agora somos solteiros, o casamento antigo acabou, somos novas criaturas, tudo
se fez novo, estamos livres para casar de novo, agora com CRISTO.
Dinâmicas para a Lição 6
1- Dinâmica - Colocar dois alunos para simbolizar em o marido Lei e
a esposa igreja. Diga para a Igreja se deitar e fingir de morta. Depois diga
para se levantar como quem ressuscita. Está livre agora para casar com CRISTO
representado por outro aluno.
2- dinâmica - Coloque uma moeda debaixo de uma caneca plástica que não seja
transparente sem os alunos saberem o que está lá debaixo da caneca. Diga para
eles que tem uma coisa valiosa lá e que será de quem conseguir descobrir o que
é sem levantar a caneca. Isso é o que lei faz. Provoca cobiça.
3- Dinâmica - Coloque um aluno para representar a carne e seus desejos
pecaminosos e outro para representar o ESPÍRITO com seu desejo das coisas de
DEUS. Peça os alunos para dizerem ao da carne o que ele deve chamar o ESPÍRITO
para fazer. Depois diga para o ESPÍRITO recusar e peça agora aos alunos para
dizerem o que o ESPÍRITO deve dizer para a carne fazer.
Tai 3 dinâmicas que abrangem toda a lição. Autor - Pr. Luiz Henrique
Romanos - Serie Cultura Bíblica - ROMANOS - INTRODUÇÃO E
COMENTÁRIO - F. F. Bruce. M.A., D.D. - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA
NOVA, Caixa Postal 21486, São Paulo - SP 04602-970
Livres da lei (7:1-25). (1) Analogia do casamento (7:1-6).
Podemos compreender bem a necessidade de sermos libertos do pecado,
mas por que Paulo havia de estar tão preocupado com que nos libertássemos da
lei? A lei é lei de DEUS, proíbe o pecado, prescreve a justiça. Mais que isso,
os homens de DEUS, do povo de Israel, em dias mais antigos, achavam que a lei
era salvaguarda contra o pecado. "Grande paz têm os que amam a tua
lei," diz um salmista; "para eles não há tropeço" (Sl 119:165).
Outro podia dizer: "A lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma"
(Sl 19:7). AV diz: "... converte a alma".
Mas Paulo fala de modo diferente. Fala de sua própria experiência.
Na lei de DEUS propriamente dita ele não acha falta nenhuma: "a lei é
santa; e o mandamento, santo e justo e bom" (7:12). O que realmente está
em falta é o conceito de religião como guarda da lei, a ideia de que pela
penosa conformidade com um código de leis é possível adquirir mérito diante de
DEUS.
Quando Pedro, no Concilio de Jerusalém, descreveu a lei como
"um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós", falava como
típico membro das fileiras dos "soldados rasos" judeus, como um
dos 'atnmê ha'ares. E estava pensando, provavelmente, não só na lei
escrita, mas em sua ampliação oral transmitida mediante gerações de escribas.
Desta tradição oral da lei diziam que Moisés a recebera no Sinai e "a
entregou a Josué, Josué aos anciãos, os anciãos aos profetas, e os profetas aos
'homens da grande sinagoga' ". Simão, o Justo, um dos últimos
sobreviventes da "grande sinagoga", entregou-a a Antígono de Soco, e
depois deste foi entregue a quatro pares sucessivos de eruditos, cada um por
vez, geração após geração, e depois foi recebida por Hillel e Shamai,
fundadores das grandes escolas rabínicas que predominavam no tempo de CRISTO e
dos apóstolos.
Somente os que se dedicavam de todo o coração à guarda da lei,
interpretada de acordo com "a tradição 71
dos anciãos", tinham alguma esperança de sucesso; mas para
eles era uma verdadeira esperança. O jovem e rico advogado que disse a JESUS
que tinha guardado todos os mandamentos desde os seus primeiros dias, não era
mentiroso nem hipócrita (Lc 18:21). Quando Paulo, vinte e tantos anos depois de
sua conversão, olha para trás, para sua anterior carreira de fariseu, e diz que
fora "quanto à justiça que há na lei, irrepreensível" (Fp 3:6), fala
em termos de puro e simples fato. Contudo, ele encontrou em CRISTO nova vida e
novo poder, nova alegria e nova paz, tais como jamais conhecera, juntamente com
uma "nova justiça" — "não (...) justiça própria, que procede de
lei, senão a que é mediante a fé em CRISTO, a justiça que procede de DEUS,
baseada na fé" (Fp 3:9).
Mas nesta seção da Epístola aos Romanos ele nos fala mais
claramente do que em nenhuma outra parte de como viu que a lei é inadequada
como meio para assegurar posição de justo diante de DEUS. Eleja tinha feito
alusão a isso antes: "pela lei", disse ele, "vem o pleno
conhecimento do pecado" (3:20); "o pecado não terá domínio sobre
vós", disse aos seus leitores cristãos, "pois não estais debaixo da
lei, e, sim, da graça" (6:14). Mas o que é que o fato de não estarem
debaixo da lei tinha de ver com sua liberdade do domínio do pecado? Se ele
dissesse: "o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais
debaixo do pecado..." poderíamos compreendê-lo mais facilmente,
conquanto pudéssemos considerar tautológica a afirmação. Mas Paulo sabia o que
queria dizer, e escolheu com cuidado as palavras. Liberdade do pecado e
liberdade da lei são coisas estreitamente interrelacionadas em sua experiência.
Se no capítulo 6 ilustra a liberdade do pecado nos termos da relação entre um
escravo e seu senhor, em 7:1-6 ilustra a liberdade da lei nos termos da relação
entre uma esposa e seu esposo.
O casamento, diz ele, é uma relação que dura a vida inteira. Se
durante a sua existência a mulher deixa o marido por outro homem, é
estigmatizada como adúltera. Mas se ele morre, ela fica livre para tornar-se
mulher de outro sem incorrer em má reputação. A morte desfaz o laço matrimonial
— e a morte rompe a relação do homem com a lei. Quando Paulo aplica a analogia,
tomamos consciência da situação inversa. O crente em CRISTO é comparado com a
esposa, e a lei é comparada com o marido, mas, ao passo que na ilustração foi o
marido que morreu, na aplicação não é a lei que morre, mas o crente. O crente
morreu com CRISTO — e todavia é ainda o crente que, não mais preso à lei, fica
livre para unir-se a CRISTO. Se, porém, colocarmos a coisa em termos mais
simples, poderemos expressar de modo bem fácil o que Paulo quer dizer: como a
morte desfaz o laço que une marido e mulher, assim a morte — a morte do crente
com CRISTO — desfaz o laço que o prendia ao jugo da lei, e agora está livre
para entrar em união com CRISTO. Sua anterior associação com a lei não o
ajudava a produzir os frutos da justiça, mas estes frutos são produzidos com
abundância, agora que ele está unido a CRISTO. O pecado e a morte foram o
resultado de sua associação com a lei; ajustiça e a vida são o produto de sua
nova associação; pois (como Paulo o coloca em outro lugar), "a letra mata,
mas o espírito vivifica" (2 Co 3:6).
Tal atitude para com a lei deve ter parecido absurda a muitos dos
seus leitores então (e tem parecido absurda a muitos dos seus leitores daquele
tempo para cá). Mas Paulo prossegue em sua explicação à luz de sua própria
experiência, e nos fornece um fragmento da sua autobiografia muitíssimo
esclarecedor — parte no tempo pretérito, parte no presente.
1. Falo aos que conhecem a lei.
Melhor, com NEB, "Estou falando aos que têm algum conhecimento
da lei". É pouco importante para o presente estágio do argumento se a
conheciam na forma da lei judaica ou da lei romana. Num ou noutro caso, o certo
era que "uma pessoa está sujeita à lei enquanto está viva, e não depois
disso" (NEB).
2. A mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto
ele vive.
Em vez de "pela lei", é melhor ler (com RV, RSV, NEB)
"por lei". Outra vez, a afirmação é verdadeira em termos gerais, quer
se pense na lei judaica ou na romana.
A lei conjugai. AV: "A lei do seu marido". A lei
(judaica ou romana) que ata a mulher ao seu marido e o torna seu senhor.
3. Será considerada adúltera.
(Ver Mc 10:12.) O verbo grego usado aqui é o
intransitivo chrê-matizõ, "ser publicamente conhecido como"
(empregado em At 11:26 com relação ao fato de se dar o nome de
"cristãos" aos discípulos de JESUS).
4. Para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou
dentre os mortos.
Desde que CRISTO ressuscitou dentre os mortos, não morre mais
(6:9). Portanto, esta nova relação matrimonial não será desfeita pela morte,
como acontecia com a antiga.
E deste modo frutifiquemos para DEUS. É um tanto forçado
pensar que a metáfora do casamento está em 72
prosseguimento aí, de modo que o "frutifiquemos" se
refira a rebentos nascidos do novo casamento. O fruto, como o "fruto para
a santificação" do versículo 22, é uma vida reta, caracterizada por
aquelas "boas obras, as quais DEUS de antemão preparou para que andássemos
nelas" (Ef 2:10).
5. Quando vivíamos segundo a carne.
AV: "Quando estávamos na carne." Quer dizer, quando ainda
não éramos regenerados (ver p. 40).
As paixões pecaminosas postas em realce pela lei, operavam em
nossos membros a fim de frutificarem para a morte. Isto é, "as
paixões pecaminosas evocadas pela lei operavam em nossos corpos para darem
fruto para a morte" (NEB). Como a lei pode evocar paixões pecaminosas
transparece nos versículos 7-13. O fruto "para a morte" consiste
daquelas más obras cujo "fim" é morte, conforme 6:21.
6. Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo
a que estávamos sujeitos.
AV: "Mas agora estamos libertados da lei, para que, sendo
mortos naquilo pelo que estávamos retidos." Melhor: "... tendo
morrido para aquilo pelo que estávamos retidos" (RV). Em virtude desta
morte (morte com CRISTO e morte para o pecado) é que fomos
"libertados" (ou antes, para manter o sabor judicial da tradução da
RV, fomos "desobrigados") da nossa antiga responsabilidade sob a lei.
Em novidade de espírito. Isto é, na vida nova que os crentes
vivem "no ESPÍRITO". Quanto a esta frase, ver 8:9.
E não na caducidade da letra. A velha vida, a vida pré-cristã,
para aqueles que, como Paulo, tinham sido criados como judeus praticantes,
caracterizava-se pela submissão a um código externo. Mas agora o ESPÍRITO supre
interiormente aquele princípio normativo que outrora a lei supria, e de modo
imperfeito, exteriormente. Esta antítese entre "espírito" e
"letra" aponta para a nova era como aquela na qual a nova aliança
mencionada por Jeremias se concretiza (Jr 31:31ss.); Ver 8;4 (p. 131 e mais a
p. 42 n. 14).
(2) O despertar da consciência (7:7-13).
Como então a lei se provou estímulo para pecar, na experiência
pessoal de Paulo?
Houve tempo, diz ele, em que não tinha nenhuma consciência do
pecado. Nos seus primeiros tempos ele não conhecia bem a lei; levava uma vida
livre de preocupação. Mas "sombras do cárcere começam a cerrar-se sobre o
menino que cresce". Chegou o dia em que Paulo teve de assumir a obrigação
de guardar a lei. A ocasião pode ter sido sua cerimônia de bar
mitzwah,* ou o período imediatamente anterior ou posterior a ela. A
obrigação de guardar a lei envolvia antes de tudo a obrigação de saber e
obedecer aos Dez Mandamentos. Ê matéria de conhecimento geral que as proibições
tendem a despertar o desejo de fazer aquilo que é proibido. O fumante pode
ignorar quanto deseja fumar até ver um letreiro que diz: "Não Fume".
Ali estavam, pois, os Dez Mandamentos, todos menos um carregados de
proibição: "Não...". Paulo não se sentia grandemente tentado a
cultuar uma imagem esculpida ou a cometer assassinato, adultério ou furto. O
mandamento perturbador era o décimo, que se refere a uma atitude interior antes
que a uma ação ou palavra exteriorizada. "Não cobiçarás" era a pedra
de tropeço de Paulo. O mandamento em sua formulação veterotestamentária
específica certo número de objetos que o homem não deve cobiçar — a casa, a
mulher, os servos, os animais, ou a propriedade do próximo em geral. Paulo não
se sentia necessariamente impelido a cobiçar nada disso. O problema ia mais
fundo. A cobiça em si é pecado; é na verdade um elemento básico na maioria das
formas de pecado. Como Paulo o coloca em outro lugar (Cl 3:5), a cobiça não
passa de idolatria. Pode ser um desejo ilícito; pode ser um desejo lícito em
si, mas de tão egocêntrica intensidade que usurpa o lugar que somente DEUS deve
ocupar na alma humana.
"Assim", diz Paulo, "jamais eu teria vindo a saber o
que é cobiça, senão pelo mandamento que diz: 'Não cobiçarás'. Mas esse
mandamento proveu o pecado de uma cabeça de ponte da qual ele se lançou ao
ataque contra mim, e como resultado fez com que nascessem em mim todas as
espécies de cobiça. Sem a lei para movê-lo à vida, o pecado permaneceria
adormecido; mas quando fiquei ciente da lei, o pecado saltou para a vida e me
abateu. Aqui há de fato um paradoxo! A lei foi dada para que o homem a
guardasse e vivesse; mas o que esta lei me trouxe foi a morte, não a
vida."
Deve-se esclarecer que esta interpretação autobiográfica dos
versículos 7-13 (e também dos versículos subsequentes) não conta com a .i
aceitação geral hoje em dia, como antes. Um recente escritor fala dela como
"relegada agora ao museu dos absurdos exegéticos". Mas é o modo mais
natural de entender esta seção, e os argumentos contra ela não são concludentes.
Paulo, naturalmente, não achava que sua experiência pessoal era única;
descreve-a aqui porque é verdadeira em maior ou menor grau com relação à raça
humana. "Aqui a 73
autobiografia de Paulo é a biografia de Todo-homem" (T. W.
Manson). A cobiça, numa forma ou noutra, é comum à humanidade. E bem pode ser
que aqui, como em 5:12ss., Paulo tem em mente a transgressão de Adão bem como a
sua própria. A cobiça teve papel a desempenhar na queda de Adão. Quando Paulo
fala do pecado como "enganando-o" ou "seduzindo-o"
(versículo 11), somos levados a lembrar-nos da queixa de Eva em Gênesis 3:13:
"A serpente me enganou e eu comi." Mas Paulo não teria feito de novo
a narrativa da queda na primeira pessoa do singular se não a tivesse
reconhecido como autêntica descrição da sua própria experiência, como também da
experiência da humanidade toda. Neste aspecto, pelo menos, ele reconhecia que
era "o Adão da sua própria alma".'
7. Eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da
lei.
Ver 3:20: "Pela lei vem o pleno conhecimento do pecado."
Assim a função da lei é propedêutica. Revelando aos homens a sua pecaminosidade
e incapacidade, também lhes revela sua necessidade daquela libertação que
somente a graça de DEUS pode efetuar.
Não cobiçarás. (Êx 20:17; Dt 5:21.) É natural que os seres
humanos queiram coisas. Quando chega a seu conhecimento que certas coisas por
eles desejadas são-lhes proibidas por lei, a tendência é desejá-las muito mais,
é pôr nelas o coração.
8. O pecado, tomando ocasião pelo mandamento.
Neste versículo e nos seguintes o pecado é personificado como um
poderoso inimigo. A palavra traduzida por "ocasião"
é aphormê, uma base para operações militares.
Despertou em mim toda sorte de
concupiscência. "Concupiscência" aqui é simplesmente
"cobiça" (RV, RSV). NEB diz: "toda espécie de maus
desejos." C. K. Barrett mostra que a cobiça, quebra da lei, é a perversão
do amor, que é "o cumprimento da lei" (13:10).8
9. Outrora, sem a lei, eu vivia.
Adão não tinha consciência de nenhuma inclinação pecaminosa
enquanto sua obediência não foi submetida à prova pelo mandamento: "Não
comerás". Mas Paulo compreende muito melhor a essência da narrativa da
queda à luz de sua experiência pessoal.
Reviveu o pecado. Melhor: "O pecado surgiu para a
vida" (NEB).
10. O mandamento que me fora para vida.
Referência a Levítico 18:5, citado em 10:5(ver 2:13).
11. Enganou-me.
O verbo {exapataõ) é o mesmo usado em 2 Coríntios 11:3
("a serpente enganou a Eva") e 1 Tm 2:14 ("a mulher, sendo
enganada, caiu em transgressão"); ver o verbo simples apatãõ em
Gênesis 3:13, LXX. Mas o paralelo com a história da queda não deve ser
acentuado em demasia, pois a doutrina de Paulo é de que a humanidade pecou
"em Adão" e não em Eva, e em Gênesis 3, como se demonstra em 1
Timóteo 2:14, "não foi Adão que foi enganado" (NEB).
13. Acaso o bom se me tornou em morte?
Ver 2 Esdras1 9:36s.: "Pois nós que recebemos a lei e pecamos,
perecemos, como também o nosso coração que a recebeu; contudo, a lei não
perece, mas permanece em sua glória."
Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de
uma cousa boa, causou-me a morte. Isto é: não foi a lei, ordenada como foi
para que o homem que lhe obedecesse vivesse por ela, que me trouxe para um
estado de morte. A lei é boa; ela não poderia produzir este mau estado de
coisas. Não. O vilão da peça é o pecado. O pecado agarrou a oportunidade que
teve quando a lei me mostrou o que era certo e o que era errado, sem me dar
poder para fazer o primeiro e evitar o último (poder que a lei jamais foi
destinada a dar). O pecado forçou-me, contra o meu melhor juízo, a fazer o que
a lei me mostrou que é errado, e assim me envolveu na condenação e na morte. E
em consequência eu julguei, como doutro modo não teria feito, quão pecaminoso,
quão contrário a DEUS e à bondade, o pecado realmente é.
(3) O conflito interior (7:14-25).
Nesta seção Paulo continua falando na primeira pessoa do singular,
mas deixa de usar o tempo pretérito e emprega o presente. Não só isso, mas aqui
há uma tensão interior ausente dos versículos 7-13. Lá, o pecado o atacou de
surpresa e o derrubou; aqui, ele opõe uma atroz resistência, mesmo que não
consiga dobrar o inimigo. Lá, descreveu o que lhe sucedeu quando vivia nesta
"era presente"; aqui, já chegou "a era por vir", embora a
velha era não tenha terminado. Paulo é um homem que vive simultaneamente em dois
planos, ardentemente 74
ansioso por levar uma vida mantida no plano superior, mas
tristemente ciente da força do pecado que nele habita e que persiste em
empurrá-lo para baixo, para o plano inferior.
Numa preleção sobre a descrição que Paulo faz de si próprio como
sendo "vendido sob o pecado", o Dr. Alexandre Whyte disse:
"Toda vez que meu atencioso livreiro me envia para exame outro
novo comentário de Romanos, imediatamente o abro no capítulo sete. Se o
comentador exibe um homem de palha no capítulo sete, imediatamente fecho o
livro.
Devolvo-o de uma vez e digo: 'Não, obrigado. Esse homem não vale o
meu dinheiro, ganho duramente.' "
Que é que ele queria dizer?
Isto: aquela aguda descrição que Paulo faz nos versículos 14-25 de
alguém que ama a lei de DEUS e deseja cumpri-la, mas é forçado por um poder
mais forte do que ele a fazer coisas que detesta, não é um "argumento
abstrato, mas o eco da experiência pessoal de uma alma angustiada".9 Paulo
mesmo sabe o que significa ser arrastado por um caminho pela lei de sua mente
que aprova a vontade de DEUS, e por outro, pela lei do pecado e da morte.
O cristão vive, de fato, em dois mundos ao mesmo tempo, e em vista
disso, vive num estado de tensão. Temporalmente, vive neste mundo; como homem
de carne e ossos, está sujeito às condições da vida mortal; é "filho de
Adão", como todos os seus companheiros de existência humana, e com eles
está sujeito à lei pela qual "em Adão todos morrem". Espiritualmente,
porém,, passou da morte para a vida, do domínio das trevas para o reino da luz/.;
participou da morte, do sepultamento e da ressurreição de CRISTO, em que
ressurgiu "para andar em novidade devida", como cidadão do novo
mundo, membro da nova criação, já não mais "em Adão" mas "em
CRISTO".
Vai chegar o dia em que a presente ordem passará, quando uma nova
era se estabelecerá em glória, e daí a tensão entre as duas eras será
resolvida. Mas enquanto os cristãos vivem "entre os tempos", as
palavras de Paulo noutra epístola mantêm sua plena significação: "a carne
milita contra o ESPÍRITO, e o ESPÍRITO contra a
carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que porventura seja
do vosso querer" (G15:17).10
Eis aqui, pois, o autorretrato de um homem cônscio da presença e do
poder do pecado em sua vida. Ê um tirano cujas ordens ele odeia e despreza, mas
contra cujo poder luta em vão. Quando se vê compelido por force
majeure a obedecer aos ditames do tirano, não reconhece como seus os atos
decorrentes; são totalmente opostos àquilo que ele quer fazer. O que ele deseja
é praticar a lei de DEUS. Deleita-se nela, reconhece que ela é "santa e
justa e boa". Entretanto, por mais que deseje obedecer à lei de DEUS, pelo
poder maligno em seu interior é compelido a desobedecê-la. "Não faço o bem
que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço."
Esta luta desigual contra "a lei do pecado que está nos meus
membros" (como lhe chama Paulo) tem sido a experiência real de tantos
cristãos, que não podemos afirmar confiantemente que Paulo não pode estar
falando autobiograficamente aqui — e ainda no tempo verbal presente. Paulo pode
rogar a seus amigos "pela mansidão e benignidade de CRISTO" (2 Co
10:1); mas esta mansidão e benignidade vêm a ele naturalmente? Há boa razão
para crer que um homem de zelo imperioso não achava coisa fácil
"crucificar a carne" — para conseguir vitória sobre uma língua
precipitada, sobre um julgamento precoce, sobre um ressentimento causado por
alguma intrusão na esfera do seu serviço apostólico. O homem que adotou como
sua atividade diária disciplinar-se a fim de não ser desclassificado no
concurso de santidade, o homem que prosseguia para o alvo da soberana, (ou
ascensional) vocação de DEUS em CRISTO JESUS, sabia que por esse "prêmio
imortal" teria de competir "não sem poeira e calor". Paulo
dava-se tão constantemente a retratar o caminho da santidade como uma corrida
para fazer, uma batalha para ser enfrentada, que não nos é possível imaginar
que a vitória lhe veio "de repente, num minuto".
Certo, mas a vitória lhe chegou. A presente passagem leva a um
glorioso cântico de triunfo, embora comece com uma triste confissão de
incapacidade. A incapacidade persiste somente na medida em que "Eu mesmo"
— isto é, com minhas próprias forças — combato a batalha. Ao fazê-lo, diz o
apóstolo, posso servir alei de DEUS com o meu entendimento, mas o meu corpo
pressurosamente continua prestando obediência à lei do pecado. Terei de
experimentar sempre a derrota? Terei de levar sempre este pesadelo nas costas?
Minha libertação não virá nunca? Graças a DEUS virá, mediante JESUS CRISTO
nosso Senhor.
14. Sou carnal, vendido à escravidão do pecado. 75
AV: "... vendido sob o pecado." A natureza que herdei
"em Adão" acha incompatível a lei. A lei é "espiritual"
porque é lei de DEUS. Mas esta minha natureza não é espiritual (é
"carnal", sarkinos), escravizada a um poder que a minha
vontade repudia. Há algo no homem — mesmo no homem regenerado — que se opõe a
DEUS e procura ser independente dele. Este "algo" é o que Paulo aqui
chama de "carne" (verificar o v. 18), presa da tirania do pecado que
lhe é inerente. A frase "vendido à escravidão do pecado" é uma reminiscência
de Sabedoria 1:4, onde se diz que a sabedoria não "habitará num corpo
mantido como penhor pelo pecado" (RV).
15. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir.
AV: "Pois não consinto aquilo que faço." "Nem mesmo
reconheço como sendo minhas as minhas próprias ações."
Pois não faço o que prefiro, e, sim, o que detesto. É costume
citar como paralelos clássicos os seguintes ditos: quae nocuere sequor,
fugiam quae profore credo, "Procuro as coisas que me fazem dano; fujo
das que creio que me farão bem" (Horácio, Epístolas i.
8.11); video meliora proboque; deteriora sequor, "Vejo e aprovo
a via melhor, mas sigo a pior" (frase de Ovídio, posta na boca de Medéia
em Metamorfoses vii. 20s.); C. K. Barrett (ad loc.) anota
um paralelo verbal ainda mais próximo que se acha em Epicteto, segundo o qual
(ii. 26:4) o ladrão não faz o que deseja; mas Barrett também anota, e mui
pertinentemente, que, nem Ovídio, nem Epicteto (nem Horácio, podemos
acrescentar) dizem exatamente o que Paulo diz. Paulo tem dentro de si uma
testemunha independente, a voz da consciência (ver nota sobre 2:15, p. 75), a
qual, condenando seu fracasso na guarda da lei, dá testemunho de que a lei é
"santa, e justa, e boa".
Romanos - Serie Cultura Bíblica - ROMANOS - INTRODUÇÃO E
COMENTÁRIO - F. F. Bruce. M.A., D.D. - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA
NOVA, Caixa Postal 21486, São Paulo - SP 04602-970
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Lição 13 - A Igreja e a Lei de DEUS
Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2015 - CPAD - Para adultos
Tema: OS DEZ MANDAMENTOS - Valores Imutáveis Para Uma Sociedade Em
Constante Mudança
Comentários: Pr. Esequias Soares
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva
https://ebdnatv.blogspot.com/2022/01/estudo-alianca-de-sangue-pr-henrique.html
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 5.17-20; Romanos 7.7-12
Mateus 5.17 Não cuideis que vim destruir a
lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. 18 Porque em verdade vos
digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da
lei sem que tudo seja cumprido. 19 Qualquer, pois, que violar um destes menores
mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus;
aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus.
20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus,
de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.
Romanos 7.7 Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu
não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência,
se a lei não dissesse: Não cobiçarás. 8 Mas o pecado, tomando ocasião pelo
mandamento, despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei,
estava morto o pecado. 9 E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o
mandamento, reviveu o pecado, e eu morri; 10 e o mandamento que era para vida,
achei eu que me era para morte. 11 Porque o pecado, tomando ocasião pelo
mandamento, me enganou e, por ele, me matou. 12 Assim, a lei é santa; e o
mandamento, santo, justo e bom.
OBJETIVO GERAL
Ressaltar o fato de que JESUS definiu, de maneira clara, a relação
entre o Antigo e o Novo Testamento, entre a Lei e o Evangelho.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Professor, com a graça de DEUS, chegamos ao final do trimestre.
Esperamos que cada lição tenha contribuído para o seu crescimento espiritual e
de seus alunos.
É importante que nesta última lição você enfatize que ninguém pode ser
justificado pelas obras da lei (Gl 2.16). O Decálogo nunca teve a função de
salvar, mas de conduzir as pessoas a CRISTO, o único que cumpriu toda a lei (Gl
3.11, 24). A lei veio para apontar e condenar o pecado do homem (Rm 3.20; 7.7).
A única maneira pela qual a humanidade pode ser redimida é pela fé em JESUS
CRISTO. Contudo, não podemos nos esquecer de que a fé em JESUS é a chave para o
cumprimento da lei.
PONTO CENTRAL
Ninguém pode ser salvo pelas obras da lei, porém ela é para os
crentes em JESUS CRISTO.
Resumo da Lição 13 - A Igreja e a Lei de DEUS
I. O QUE SIGNIFICA "CUMPRIR A LEI"?
1. Completar a revelação.
2. Cumprimento das profecias.
3. O centro das Escrituras.
II. O SENHOR JESUS VIVEU A LEI
1. Preceitos cerimoniais.
2. Preceitos civis.
3. Preceitos morais.
III. A LEI NÃO PODE SER REVOGADA
1. JESUS revela seu pensamento sobre a lei.
2. "Até que o céu e a terra passem".
3. O menor mandamento (Mt 5.19).
IV. A LEI E O EVANGELHO
1. O papel da lei.
2. JESUS e Moisés estão do mesmo lado.
3. A justiça dos fariseus.
SÍNTESE DO TÓPICO I - As profecias se cumpriram em CRISTO e, por isso, as
Escrituras expõem que toda Lei foi cumprida em JESUS.
SÍNTESE DO TÓPICO II - JESUS CRISTO viveu toda a Lei.
SÍNTESE DO TÓPICO III - JESUS CRISTO não veio revogar a lei, pois ela não pode
ser anulada.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Para iniciar o tópico faça a seguinte pergunta: "JESUS aboliu a
lei?" Ouça os alunos e em seguida peça que leiam Mateus 5.17,18. Em
seguida, explique que esse texto mostra a expressa e total obediência de JESUS
à lei do Antigo Testamento, pois a lei não pode ser anulada.
Mostre que a "lei que o crente é obrigado a cumprir consiste nos
princípios éticos e morais do Antigo Testamento (Rm 3.31; Gl 5.14); bem como
nos ensinamentos de CRISTO e dos apóstolos (1 Co 7.19; Gl 6.2). Essas leis
revelam a natureza e a vontade de DEUS para todos e continuam em vigor. As leis
do Antigo Testamento destinadas à nação de Israel, tais como as leis
sacrificais, cerimoniais, sociais ou cívicas, já não são obrigatórias (Hb
10.1-4)" (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro, CPAD, p. 1393).
Nenhuma parte da lei passará, nenhuma letra ou parte dela ficará em desuso até
que tudo se cumpra.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, explique aos alunos que "DEUS proíbe a cobiça de todo tipo
quando fala da casa do vizinho, de sua esposa, servo, boi, jumento ou de
qualquer coisa que lhe pertença (Êx 20.17). O Novo Testamento declara que a
cobiça é uma forma de idolatria (Cl 3.5) ou adoração a deuses e posses, e a
condena junto com outros pecados. O Senhor JESUS viu cobiça no jovem rico
quando lhe citou os seis mandamentos da segunda tábua da lei, e então o desafio
ao décimo mandamento ao ordenar que ele vendesse tudo que tinha e desse o
dinheiro aos pobres" (Dicionário Wycliffe, CPAD, p. 428).
PARA REFLETIR - Sobre o décimo mandamento:
O que significa cumprir a Lei?
Significa que a manifestação do Filho de DEUS tornou explícito o que antes
estava implícito, e assim o Senhor completou a revelação.
Devemos seguir a lei de CRISTO, a do amor, ou o sistema mosaico?
A lei mosaica se completa na lei de CRISTO e do amor.
JESUS não revogou a lei. Mas o que Ele fez?
Ele viveu no seu dia a dia toda a lei.
O que é vida no ESPÍRITO?
A vida no ESPÍRITO é ter comunhão com DEUS de maneira abundante e profunda.
Fale um pouco sobre a relação da lei com a graça.
A lei serviu para apontar o pecado e mostrar que homem algum poderia se tornar
justo diante de DEUS. A graça é favor imerecido. Éramos pecadores e não
merecíamos o amor de DEUS, mas Ele nos amou e nos livrou do pecado e do jugo da
condenação que estava sobre nós.
CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 61, p.42.
Você encontrará mais subsídios para enriquecer a lição. São artigos
que buscam expandir certos assuntos.
SUGESTÃO DE LEITURA
Marketing para a Escola Dominical
Um mestre fora da lei
Integridade Moral e Espiritual
Comentários de vários livros com alguns acréscimos do Pr. Luiz
Henrique
Observação de Pr. Luiz Henrique - JESUS é a chave que abre e
descortina toda a Bíblia para nós. Quer saber? Quer tirar dúvidas? Quer
revelação? Quer ser sábio? Pergunte para JESUS. O que JESUS falou sobre isso?
Aí está a resposta certa.
JESUS trouxe a verdadeira interpretação da lei. O sacrifício de
JESUS na cruz é a maldição da lei aplicada, é o juízo da lei revelada que nos
trouxe a graça.
A Igreja e a Lei de DEUS
Quando JESUS de Nazaré veio ao mundo terreno, Ele mostrou que a
principal razão da sua vinda era esta: "Eu vim para que tenham vida e a
tenham com abundância" (Jo 10.10).
JESUS de Nazaré é a Palavra encarnada. É o cumprimento de toda a
lei: "E JESUS disse-lhe: Amarás o Senhor, teu DEUS, de todo o teu coração,
e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande
mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mt
22.34-40)". Não podemos fazer com a Lei de CRISTO o que os escribas
fizeram com os Dez Mandamentos: Atentar para a dureza da Lei e esquecer-se do
olhar amoroso que ela nos demanda.
Mais importante que obedecer a letra é alcançar o espírito da Lei,
que é CRISTO. Assim o apóstolo Paulo ratifica: "Com efeito: Não
adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não
cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume:
Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo; de sorte
que o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.9,10). Quer cumprir a Lei de
DEUS de todo coração? Ame! Contra o amor não há lei. Por quê? O amor é o
cumprimento da lei. Em vez de decorarmos uma lista de "pode não
pode", devemos fazer tudo baseado no amor — naturalmente a Bíblia não se
refere ao amor romântico das telas de Hollywood, mas à disposição de se fazer o
que tem de ser feito em favor do outro, segundo o Evangelho —, então
cumpriremos a lei de DEUS na íntegra. O nosso Senhor resumiu toda a lei ao
dizer que o seu objetivo é levar os homens à plenitude do amor. Aqui está o seu
significado: "E disto demanda a Lei e os Profetas" (Mt 22.40).
Precisamos relembrar que o Decálogo tem uma divisão natural que
versa sobre o relacionamento do homem com DEUS e do homem com o seu próximo. A
nossa relação com a lei de DEUS deve se dar nestes termos: vertical, amando a
DEUS de todo coração e alma; horizontal, amando o próximo como a si mesmo. Mais
do que quaisquer perspectivas de interpretação, o mais importante é nos
conscientizarmos da importância dos princípios eternos de DEUS revelados na sua
Palavra e interpretados pela pessoa bendita de JESUS de Nazaré. Por isso, toda
leitura do Antigo Testamento precisa e deve ser feita tendo JESUS como a chave
hermenêutica da nossa leitura e interpretação.
Revista ensinador. Editora CPAD Ano 16 - N° 61. pag. 42.
COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO
Os Dez Mandamentos encabeçam os demais preceitos entregues por DEUS
a Moisés no monte Sinai desde Êxodo 19.16-19 até Levítico 26.46; 27.34. Esses
preceitos são identificados com frequência como estatutos, juízos, leis e
mandamentos. Muitos deles são repetidos nos livros de Números e Deuteronômio.
Todo esse sistema legal integra o Pentateuco, que aparece na Bíblia como lei,
livro da lei, lei de Moisés, lei de DEUS, lei do Senhor.
É oportuno aqui esclarecer o que a Bíblia quer dizer quando usa as
palavras "lei de DEUS". O termo aparece sete vezes nas Escrituras,
quatro no Antigo Testamento e três no Novo, e em nenhum lugar diz respeito ao
Decálogo. As quatro primeiras ocorrências se referem a toda a lei de Moisés, ao
Pentateuco, como livro: "Josué escreveu estas palavras no livro da Lei de
DEUS" Os 24.26); "E leram o livro, na Lei de DEUS... ele lia o livro
da Lei de DEUS" (Ne 8.8,18); "e convieram num anátema e num
juramento, de que andariam na Lei de DEUS, que foi dada pelo ministério de
Moisés, servo de DEUS; e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do
SENHOR, nosso Senhor, e os seus juízos e os seus estatutos" (Ne 10.29).
Assim, as expressões "lei de DEUS", "lei do Senhor" e
"lei de Moisés" dizem respeito à mesma coisa (Ne 8.1, 8, 18; Lc 2.22,
23). Trata-se do Pentateuco no seu todo, e não apenas do Decálogo, do livro, e
não das tábuas de pedra.
As outras três aparecem somente em Romanos, e nenhuma delas diz
respeito ao Decálogo: "Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na
lei de DEUS... Dou graças a DEUS por JESUS CRISTO, nosso Senhor. Assim que eu
mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de DEUS, mas, com a carne, à lei do
pecado" (Rm 7.22, 25). O termo "lei" aparece cerca de 70 vezes
nesta epístola com amplo significado, cuja explanação não cabe aqui. A
"lei de DEUS" neste contexto contrasta a "lei do pecado",
mostrando tratar-se de um princípio. A outra ocorrência é no capítulo seguinte:
"Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra DEUS, pois não é
sujeita à lei de DEUS, nem, em verdade, o pode ser" (Rm 8.7). O homem
carnal não tem lei nem se submete à vontade de DEUS que o apóstolo chama de
"lei de DEUS".
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para
uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 140-141.
Os judeus usavam o termo a Lei em quatro acepções diferentes:
(1) Usavam-no para designar aos Dez Mandamentos.
(2) Usavam-no para designar os cinco primeiros livros da Bíblia,
essa porção das Escrituras que também se conhece como o Pentateuco – que
significa literalmente "Os cinco rolos" – e que era para os judeus a
Lei por excelência e a parte mais importante das Escrituras.
(3) Usavam a expressão A Lei e os Profetas para denotar a
totalidade das Escrituras; era uma espécie de descrição ampla que abrangia a
totalidade do Antigo Testamento.
(4) E também a usavam para descrever a lei oral, ou dos escribas.
Nos tempos de JESUS o último destes significados era o mais
frequente, e é precisamente esta lei dos escribas a que tanto JESUS como Paulo
condenavam de maneira radical.
O que era, pois essa lei dos escribas?
No Antigo Testamento mesmo achamos muito poucas regras e
regulamentos; o que lá contém são grandes e amplos princípios que cada pessoa
deve tomar e interpretar sob a guia de DEUS, aplicando-os às situações
concretas de sua vida. Os Dez Mandamentos não são um estatuto de regras
concretas; são, cada um deles, grandes princípios dos quais cada indivíduo tem
que extrair suas próprias normas de vida. Os judeus dos tempos de JESUS não
acreditavam que esses princípios gerais fossem suficientes. Sustentavam que a Lei
era divina, e que com ela DEUS tinha pronunciado sua última palavra, e que
portanto nela deviam estar contidas todas as coisas. De modo que, se algo não
aparecia explicitamente na lei, devia estar contido em forma implícita.
Sustentavam, por conseguinte, que era possível extrair da lei, por um
procedimento lógico de dedução, regras e estatutos que fixassem o que era
correto para todo homem, em qualquer situação da vida. Surgiu assim uma casta
de especialistas na Lei, chamados escribas, que se dedicaram a fazer dos
grandes princípios da Lei, literalmente milhares e milhares de regras,
estatutos e regulamentos.
A melhor forma de compreender o significado desta interpretação da
Lei é vendo como funcionava. A Lei estabelecia que o dia de sábado devia ser
santificado, e que durante suas vinte e quatro horas ninguém pode fazer
trabalho algum. Este é um grande princípio. Mas esses legalistas judeus eram
apaixonados pelas definições. De maneira que se perguntavam, para começar: o
que é "trabalho"? Fizeram-se longas listas de atividades que deviam
considerar-se trabalhos. Por exemplo, levar uma carga é um trabalho, e portanto
não se podiam levar-se cargas no dia de sábado. Mas então se fazia necessário
definir o que era uma carga. De modo que a lei dos escribas estabelece que
"carga" é "uma quantidade de comida equivalente em peso a um
figo seco, suficiente vinho para encher uma taça, leite para um gole, mel para
cobrir uma ferida, a quantidade de azeite que forneceria a unção de alguma das
partes mais pequenas do corpo, água suficiente para umedecer uma pálpebra,
papel para redigir nele uma declaração de alfândega, a tinta que pode requerer
a escritura de duas letras do alfabeto, e uma cana com a qual possa fazer uma
pena para escrever" – e assim sucessivamente, até o infinito. Deste modo,
passavam-se horas e dias discutindo se se podia ou não levantar um abajur para
trocá-lo de lugar, no dia de sábado, ou se o alfaiate pecava ao levar por
descuido uma agulha cravada em sua túnica, se uma mulher podia levar um
alfinete, ou uma peruca, e até se podiam usar-se no dia de sábado, dentes
postiços ou uma perna artificial, ou se se podia levantar a um menino. Estas
coisas eram, para eles, a essência de sua religião. A religião deles era um
legalismo de regras e normas ridiculamente detalhistas.
No dia de sábado não se podia escrever. Mas era necessário definir
o que devia considerar-se escritura. A definição de escritura que propuseram
era:
"Quem escreve duas letras do alfabeto, com sua mão direita ou
com sua mão esquerda, sejam do mesmo tipo ou de dois tipos diferentes, com
tintas diferentes ou em idiomas diferentes, sendo sábado, é culpado de pecado.
Embora escreva essas duas letras por descuido, também peca, tenha-as escrito
com tinta, giz vermelho, pintura, vitríolo, ou algo que deixe uma marca
permanente. Também peca quem escreve em um canto de duas paredes, ou em dois
tabletes de seu livro de contas, se as duas letras podem ser lidas juntas… Mas
se escrever com fluido escuro, com suco de frutas, ou sobre o pó do caminho, na
areia ou utilizando qualquer outro elemento de escritura que não produza uma
marca permanente, não é pecado… Se se escreve uma letra no piso e outra na
parede da casa, ou em duas páginas diferentes de um livro, de tal maneira que
não se possam ler juntas, não é pecado."
Esta é uma passagem típica da Lei dos escribas; e isto é o que para
o judeu ortodoxo da época de JESUS constituía a verdadeira religião e o
verdadeiro serviço a DEUS.
Curar era um trabalho, e portanto não se podia fazer no sábado,
Mas, evidentemente, isto devia definir-se com maior exatidão. Permitia-se curar
quando a vida do doente corria perigo, e especialmente quando o problema
afetava os ouvidos, o nariz ou a garganta. Entretanto, até nestes casos, só se
podia fazer aquilo que impedisse a piora do paciente. Não se podia fazer nada
para que melhorasse. Podia enfaixar uma ferida, mas não colocar-lhe unguento
algum; podia tapar um ouvido inflamado, mas sem lhe acrescentar medicação
alguma.
Os escribas eram os encarregados de elaborar estas normas e
regulamentos. Os fariseus, cujo nome significa "separados", eram os
que se separavam de toda atividade comum para dedicar-se a observar todas estas
regulamentações e estatutos.
Podemos nos dar conta dos extremos a que chegou este sistema tendo
em mente os seguintes fatos. Durante muitas gerações a lei dos escribas se
transmitiu de maneira oral e foi conservada na memória de geração após geração
de escribas. Para meados do século III d. C., foi posta por escrito e se
codificou um resumo desta tradição oral. Este "resumo" se conhece
como a Mishnah; contém sessenta e três tratados sobre distintos temas
relacionados com a lei, e em nosso idioma constitui um volume de umas
oitocentas páginas. A erudição judia posterior se ocupou de escrever
comentários da Mishnah. Estes se conhecem como talmudes. O Talmud de Jerusalém
está contido em doze volumes, e o Talmud de Babilônia alcança, em sua versão
impressa, sessenta volumes.
Para o judeu ortodoxo dos tempos de JESUS, a obediência a DEUS
envolvia a observância de milhares de regras e estatutos legalistas;
consideravam literalmente essas meticulosas disposições como questões de vida
ou morte, que tinham que ver com seu destino eterno. Evidentemente, quando
JESUS fala da lei que não passará, não se refere a essas regras e estatutos,
pois ele mesmo os quebrantou repetidas vezes, e repetidas vezes os condenou,
Não era isso o que ele entendia por "a Lei", pois essa classe de leis
tanto JESUS como Paulo as condenaram.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Mateus. pag.
138-141.
I. O QUE SIGNIFICA "CUMPRIR A LEI"?
1. COMPLETAR A REVELAÇÃO.
«Vim». Indica uma missão especial a ser cumprida. Ele veio à terra
e assumiu os direitos próprios do Messias, a fim de cumprir certos propósitos
de conformidade com a lei, e não contrários a ela. Provavelmente o modo
diferente usado por JESUS para transmitir a sua mensagem, a autoridade que
emanava de sua pessoa, a sua superioridade em relação aos escribas
e rabinos, tanto em conhecimento como na apresentação desse conhecimento
levaram muitos a pensar que ele provocaria uma revolução capaz de eliminar a
ordem e a base religiosa dos judeus. Mas aqui JESUS esclarece que sua vinda não
tinha tal finalidade.
«A LEI...os profetas». Em Luc. 24:44 lemos «...escrito na Lei de
Moisés, nos Profetas e nos Salmos»—evidentemente uma expressão geral que indica
o V. T., o conjunto completo das Escrituras judaicas. JESUS usou novamente essa
expressão (Mat. 7:2 e 22:40; ver também Luc. 16:16 e Atos 13:15). Não há razão
para interpretarmos outra coisa que não as Escrituras judaicas de modo geral,
ou seja, o V. T. Notar que a frase diz «...a lei ou os profetas...», e não «a
lei e os profetas». Os judeus eram culpados de revogar um ou outro.
Os saduceus não aceitavam os escritos dos profetas; por motivo de
sua interpretação errônea, os fariseus revogavam parte da lei. Provavelmente,
se a nossa fonte informativa é correta, os essênios revogavam partes de ambos.
O Messias, JESUS de Nazaré, não revogou nem a um nem a outro.
«CUMPRIR». Há diversas idéias sobre o sentido destas palavras:
1. Cumprir no sentido de obedecer completamente, ser o que a lei
manda e cumprir as profecias e os preceitos dos profetas.
2. Completar, aumentar e aperfeiçoar a mensagem do V. T., mostrando
sentidos e experiências espirituais de maior elevação, aumentando as doutrinas
e mudando a posição do povo de DEUS.
3. Provavelmente, a combinação dos dois pontos anteriores é a mais
correta. JESUS obedeceu a todos os mandamentos, cumpriu as profecias em sua
própria pessoa, obedeceu aos preceitos dos profetas; mas também, sendo superior
a Moisés, aumentou e aperfeiçoou o sistema, as doutrinas e a experiência
espiritual. Escreveu a lei no coração, mas também expôs novas idéias e ensinos.
Trouxe-nos o princípio da graça, da justificação em sua própria pessoa, da
regeneração, coisas essas que a lei prefigurava, mas que não podia efetuar.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 308-309.
Mt 5.17. Não vim ab-rogar, mas cumprir. O verbo ab-rogar significa
“soltar”, “desatar”, “desprender” como se faz com uma casa ou tenda (2 Co 5.1).
Cumprir significa “encher por completo” ou “completar”. Foi o que
JESUS fez com a lei cerimonial, que o apontava. Ele também guardou a lei moral.
“Ele veio completar a lei, revelar a total profundidade do significado que
estava ligado a quem a guardava.”
A. T. ROBERTSON. Comentário Mateus & Marcos. À Luz do
Novo Testamento Grego. Editora CPAD. pag. 70.
A que se referia JESUS, então, quando falava de "a Lei"?
Disse que não tinha vindo para destruir a lei e sim para cumpri-la. Quer dizer,
veio para pôr de manifesto o verdadeiro significado da Lei. Qual era o
verdadeiro significado da Lei? Mesmo por trás da lei oral dos escribas e
fariseus, havia um grande princípio de crucial importância, que estes não
compreendiam a não ser de maneira equivocada e imperfeita. Este grande
princípio fundamental é que em todas as coisas o homem deve procurar a vontade
de DEUS e que uma vez que a conhece deve dedicar toda sua vida a obedecê-la. Os
escribas e fariseus tinham razão ao procurar a vontade de DEUS, e não se
equivocavam ao dedicar a vida a sua obediência; mas se equivocavam ao acreditar
que suas centenas e milhares de insignificantes normas legalistas eram a
vontade de DEUS.
Qual é, pois, o verdadeiro princípio, que respalda a Lei em sua
totalidade, esse princípio que JESUS deveu cumprir, esse princípio cujo
verdadeiro significado veio a nos mostrar?
Quando examinamos os Dez Mandamentos, que são a essência e o
fundamento de toda a Lei, podemos nos dar conta que todo o seu significado pode
resumir-se em uma só palavra – respeito, ou até mais adequadamente, reverência.
Reverência para com DEUS e para o nome de DEUS, reverência pelo dia de DEUS,
respeito aos pais, respeito à vida, respeito à propriedade, respeito à
personalidade, respeito à verdade e ao bom nome de outros, a respeito a si
mesmo, de tal modo que jamais possam chegar a nos dominar os maus desejos. (Obs.
Do Pr. Luiz Henrique - AMOR a DEUS e a nosso semelhante). Estes são os
princípios fundamentais que resumem o significado dos Dez Mandamentos. Os
princípios fundamentais dos Dez Mandamentos são a reverência para com DEUS e o
respeito a nossos semelhantes e a nós mesmos. Sem esta reverência e este
respeito fundamentais não pode haver Lei. Sobre estas atitudes se apoia toda
lei.
E é esta reverência e este respeito o que JESUS deveu cumprir. Veio
para demonstrar aos homens, em sua própria vida concreta de cada dia, o que é a
reverência para com DEUS e o respeito para com o homem. A justiça, diziam os
gregos, consiste em dar a DEUS e aos homens o que merecem. JESUS veio para
mostrar, na vida, o que significa a reverência que DEUS merece e o respeito que
o homem merece.
Essa reverência e esse respeito não consistiam na obediência de uma
multidão de meticulosas regras e estatutos. Não exigia o sacrifício, a e sim a
misericórdia; não era um legalismo e sim o amor; não era uma série de
proibições que estipulavam detalhadamente o que não se devia fazer, e sim uma
série breve de mandamentos fundamentais que levavam o crente a modelar sua vida
a partir do mandamento positivo: o do amor. A reverência e o respeito que
constituem o fundamento dos Dez Mandamentos jamais passarão. São a própria
substância da relação de cada indivíduo com DEUS e com o seu próximo.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Mateus. pag.
141-143.
2. CUMPRIMENTO DAS PROFECIAS.
Jo 19.36 A vida do Senhor JESUS se caracterizou pelo perfeito
cumprimento de todas as profecias messiânicas; e por ocasião de sua morte não
ocorreu outra coisa, porquanto, quando vieram os soldados quebrar as suas
pernas, descobriram que ele já estava morto. Estes dois versículos (36 e 37)
encerram duas predições bíblicas que se cumpriram quando o Senhor já expirara,
pelo que também não era possível que tivesse ele cumprido as mesmas
propositalmente. Há uma teoria que diz que JESUS procurava cumprir propositalmente
as profecias messiânicas, a fim de dar a impressão de que era ele o Messias.
Porém, uma vez morto, não era possível que ele tivesse participado ativamente
no cumprimento das profecias; e tanto o «crucifragium» (ou quebra das pernas
dos condenados à cruz, para apressar-lhes a morte) como o golpe de
misericórdia, com a lança, foram cumprimentos de profecias a seu respeito. Esse
cumprimento se torna tanto mais notável quando nos lembramos que fora predito
que ele escaparia ao «crucifragium», ao passo que o golpe traspassador de lança
fora predito. E assim sucedeu quando ele já rendera o espírito, servindo de
prova inconteste do fato de que havia realmente morrido, e, por consequência,
de prova inconteste de sua autêntica ressurreição.
Essas profecias e suas respectivas realizações, na vida e na morte
de CRISTO, ajudam-nos a crer na validade desses acontecimentos, conforme foram
registrados pelos evangelistas diversos, de tal modo que podemos eliminar com
toda a segurança a teoria do «desmaio» como explicação da ressurreição, bem
como quaisquer outras suposições que procuram diminuir a autenticidade ou o
valor da ressurreição de JESUS CRISTO. (Ver Luc. 24:6 e também I Cor. 15:20).
Grande é a nossa dívida ao apóstolo João por haver preservado para nós esses
pormenores adicionais, que confirmam a realidade desses fatos.
Com base no trecho de Êxo. 12:46, com respeito ao cordeiro pascal,
observamos que nenhum osso do animal podia ser quebrado, pois de outra maneira
não seria considerado próprio para servir de sacrifício. CRISTO, pois, na
qualidade de Cordeiro de DEUS, não poderia ter quebrado qualquer de seus ossos,
embora, nas execuções por crucificação fosse muito comum essa violência.
Naturalmente o autor sagrado tinha em mente confirmar a validade
das reivindicações messiânicas de JESUS, demonstrando o fato de que ele
cumprira as profecias messiânicas. Todavia, esta é apenas uma, dentre muitas
outras provas neotestamentárias sobre o assunto. (ver João 7:45).
«Ele viu aquilo que poderia ter parecido mera ocorrência acidental:
não partiram qualquer dos ossos de JESUS; ele viu aquilo que poderia ter
parecido uma espécie de instinto do momento: que o soldado romano
transpassou-lhe o lado com sua lança; ele viu, no sangue e na água que fluiu do
lado traspassado de JESUS uma prova visível que JESUS era o Filho do homem; mas
ele também viu que esse incidente fazia parte do destino divino para o Messias,
que os profetas haviam predito e que cumpriu assim as Escrituras». (Ellicott,
in loc.).
João Batista já enfatizara o caráter de JESUS CRISTO como o
Cordeiro de DEUS (ver João 1:29); e, posteriormente, Paulo fez a mesma coisa
(ver I Cor. 5:7). Neste ponto o fato é enfatizado sem o emprego desse título,
porquanto CRISTO aparece como o cordeiro do sacrifício, cujos ossos não podiam
ser quebrados (ver Êxo. 12:46). (ver João 1:29). Alguns estudiosos vêem nessa
declaração: «...Nenhum dos seus ossos será quebrado...» uma referência
simbólica ao seu corpo místico, a igreja, pensando tratar-se de uma promessa de
segurança para todos quantos confiam em CRISTO. Por conseguinte, seria uma
repetição do tema que pode ser encontrado em João 10:28,29 e 17:11,12 (ver Rom.
8:39).
Sobre essa questão, é a seguinte a exposição feita por Brown (in
loc.): «...essa é uma maneira definida de expressar o cuidado minucioso com que
DEUS cuida do seu povo, no corpo (referindo-se ao fato de que nenhum de seus
ossos seria partido). E o correto ponto de vista sobre a conexão que isso tem
com CRISTO é a observação que nota quão congruente era que isso se cumprisse
literalmente naquele que tinha o propósito expresso de ser o símbolo da
segurança de todos os seus santos». Esse mesmo autor também sente que uma das
augustas implicações deste versículo é que DEUS permitiu que os homens
abusassem de JESUS e o crucificassem, porque ele estava neste mundo para ser o
sacrifício expiatório pelo pecado. Assim, pois, a proteção de DEUS Pai se
retirou nesses momentos, a fim de que ele tivesse cumprido o seu destino.
Porém, assim que esse destino se cumpriu, voltou a proteção divina sobre a
pessoa do Senhor JESUS, de tal modo que nenhum de seus ossos teve de ser
quebrado, embora houvesse sido permitida a perfuração de seu lado, com a
lança, para que ficasse perfeitamente comprovada a validade de sua morte, e,
por consequência, de sua ressurreição, a fim de que todos os crentes tivessem
confirmada a sua confiança nele, em sua morte expiatória e em sua
ressurreição miraculosa, que nos proporciona a vida eterna.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 625-626.
Jo 19.36 Por meio de um enfático pois, João nos revela o que de
fato lhe era grandioso nesse acontecimento todo. Pois isso aconteceu para se
cumprir a Escritura. Aqui aconteceu algo surpreendente e de forma alguma
previsível. Na realidade deveria ter acontecido com JESUS exatamente a mesma
coisa que aconteceu com os outros dois ao lado dele. Mas ele terminou sua vida
com uma rapidez surpreendente. Por isso suas coxas não foram quebradas. Em
troca, foi perfurado pelo golpe de uma lança. E isso não é uma coincidência
exótica. Não, aqui se cumpre de forma maravilhosa a Escritura, mais uma vez
confirmada perante os olhares de cada pessoa que deseja ouvi-la seriamente. A
instrução sobre o cordeiro da Páscoa em Êx 12.46; Nm 9.12 determina: Nenhum
osso lhe deve ser quebrado. Contra todas as expectativas foi isso que sucedeu
com JESUS, e assim Ele foi atestado como o verdadeiro Cordeiro da Páscoa. JESUS
morre na hora em que os cordeiros para a Páscoa eram abatidos no templo, e é
preservado de ter seus ossos quebrados.
Werner de Boor. Comentário Esperança Evangelho de
João. Editora Evangélica Esperança.
Era um costume romano abandonar os cadáveres na cruz, deixando-os
aos cães e abutres. Mas havia uma lei judaica que “proibia deixar um corpo no
local da execução de um dia para outro”. "O seu cadáver não
permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto o
pendurado é maldito de DEUS; assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor
teu DEUS te dá em herança".(Deuteronômio 21:23).
Por essa razão, e porque era a preparação, i.e., a véspera do
sábado, os judeus... rogaram a Pilatos que quebrassem as pernas das vítimas, e
fossem tirados. Esta prática brutal, conhecida como crurifragium, era usada
como um meio de apressar a morte. Ela envolvia a quebra das pernas das vítimas
com uma grande marreta. (Obs. do Pr. Luiz Henrique - Com a quebra das
pernas o corpo pesaria e o crucificado morreria sem ar nos pulmões por não
suportar manter o corpo ereto para que os pulmões pudessem receber ar - o que
lhes dava vida era se apoiarem em seus pés para levantarem o corpo para
respirar). Os soldados fizeram isto com os dois ladrões que foram
crucificados com JESUS. Mas, vindo a JESUS e vendo-o já morto, não lhe
quebraram as pernas. João registra aqui o cumprimento das Escrituras: Nenhum
dos seus ossos será quebrado ; cf. Êx 12.46; Nm 9.12. JESUS foi o sacrifício
perfeito, tanto na morte quanto na vida.
Joseph H. Mayfield. Comentário Bíblico Beacon.
João. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 158.
3. O CENTRO DAS ESCRITURAS.
São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco (44).
JESUS se refere ao seu ministério, até à hora da sua crucificação, como a
alguma coisa que já fazia parte do passado. As palavras estando ainda convosco
não só predizem a sua ascensão, mas também indicam que mesmo naquele momento em
que está falando, Ele não está “com eles”, no mesmo sentido usado
anteriormente. Sua morte e ressurreição mudaram o mortal para imortal, e
criaram uma diferença entre eles que apenas a morte e a ressurreição deles próprios
poderiam lhes permitir transcender. Convinha que se cumprisse tudo o que de mim
estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos. A Lei, os
Profetas e os Salmos são as três principais divisões das Escrituras Hebraicas.
Deste modo, JESUS está se referindo à série completa da profecia messiânica, da
primeira promessa em Gênesis 3.15 até o Livro de Malaquias. Ele deixa claro um
vínculo inseparável entre Ele mesmo e esta profecia do Antigo Testamento. O
Senhor lembra aos seus discípulos que Ele deixou este ponto claro enquanto
ainda estava com eles. Antes de sua morte, a ênfase era de que se cumprisse
tudo, e se referia ao seu ministério terreno.
Charles L. Childers. Comentário Bíblico Beacon. Lucas. Editora
CPAD. Vol. 6. pag. 497.
Lc 24.44. São estas as palavras que eu vos falei: “Estes
acontecimentos, especificamente a ressurreição, representam a concretização das
coisas que Eu vos ensinei.” JESUS incluíra no Seu ensino um número suficiente
de prenúncios da Paixão e da Ressurreição para Seus seguidores não terem sido
surpreendidos com aquilo que aconteceu. Podia dizer: estando ainda convosco,
porque Sua presença agora (e noutras ocasiões como esta) era excepcional. O
rompimento definitivo ocorrera e Ele já não habitava na terra. A divisão solene
das Escrituras na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos (as três divisões da
Bíblica Hebraica) indica que não há parte alguma da Escritura que não dá
testemunho a JESUS. Este, aliás, parece ser o único lugar no Novo Testamento
onde esta tríplice divisão é explicitamente mencionada.
Leon L. Morris. Lucas. Introdução e Comentário. Editora
Vida Nova. pag. 321.
Lc 24:44-49 / O principal ponto enfatizado por JESUS no v. 44 é que
realmente nada há de novo ou inesperado em sua ressurreição no terceiro dia.
Isso ocorre por dois motivos: (1) [JESUS] estando ainda com seus discípulos
dissera-lhes que era necessário que se cumprisse tudo o que dele estava
escrito. Vê-se isso de modo especial quanto às predições da paixão (9:22,44;
18:31-33), de modo especial as de 9:22 e 18:33, em que o Senhor predisse sua
ressurreição no terceiro dia. (2) Os discípulos deveriam entender os fatos da
paixão e ressurreição de JESUS porque foram profetizados nas Escrituras (i.e.,
no Antigo Testamento). Dessa vez, todas as três partes do Antigo Testamento são
mencionadas (e não apenas duas, como no v. 27, acima): na lei de Moisés, nos
Profetas e nos Salmos. Entende-se o termo Salmos como referência à terceira
divisão da Bíblia hebraica, que em geral se denomina “Escritos”. Aqui, essa
divisão recebe o nome simples de Salmos, provavelmente porque, de todos os
Escritos, os Salmos tinham grande importância para a interpretação cristológica
do Antigo Testamento.
Isso se torna evidente nas alusões aos salmos de lamentação (Salmo
22, 31 e 69) no relato de Lucas sobre a paixão e morte de CRISTO (v. 23:26-43).
Craig a. Evans. Comentário Bíblico Contemporâneo.
Lucas. Editora Vida. pag. 399.
II. O SENHOR JESUS VIVEU A LEI
1. PRECEITOS CERIMONIAIS.
É comum ouvir falar de lei moral, lei cerimonial e lei civil. Os
preceitos morais estão resumidos nos Dez Mandamentos. São os que tratam dos
princípios básicos morais (alguns chegam a considerar erroneamente o sábado
como preceito moral, ver Capítulo 5). É única porção do Pentateuco escrita pelo
dedo de DEUS em duas tábuas de pedra. A própria nação de Israel viu e ouviu
DEUS entregando essa parte da lei a Moisés. Essa é outra característica
distintiva do Decálogo. A lei cerimonial é a parte que trata das festividades
religiosas, do sistema de sacrifício e da adoração no santuário, dos alimentos
limpos e imundos e das instruções sobre a pureza ritual, entre outros.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para
uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 141.
Observâncias cerimoniais tinham um sentido simbólico e temporário.
O sistema de sacrifícios prefigurava CRISTO em sua obra expiatória; as festas,
de vários tipos, simbolizavam CRISTO em sua missão e realizações. As diversas
cerimônias relembravam os antigos sobre os valores espirituais, que se acham em
CRISTO e no evangelho, mas não tinham qualquer valor próprio para a salvação da
alma. A circuncisão, segundo vimos, em seu sentido espiritual, indica a
eliminação da natureza inferior; as lavagens tipificam o poder de CRISTO para
limpar-nos do pecado. Até mesmo o templo, centro da adoração legalista, era um
quadro das realidades celestes, isto é, como os homens acham acesso à presença
de DEUS, e isso através de CRISTO. Um «sábado» significa nosso descanso em
CRISTO, em que a alma se vê em perfeita harmonia com DEUS, livre para
contemplá-lo, repousando do conflito que caracteriza este mundo pecaminoso. A
Páscoa falava da libertação do povo de DEUS de seus inimigos, e CRISTO é o
grande libertador dos homens, de todos os inimigos da verdade e da bondade. A
festa de Pentecoste (festa das colheitas e das primícias), tipificava a
frutificação que há no ESPÍRITO).
« ...sombra...» No grego temos «skia», «sombra», e não «esboço»,
conforme alguns têm interpretado. Devemos pensar nos pontos seguintes:
1. Isso fala de inexatidão. Os valores espirituais não eram, então,
claramente definidos. 2. Fala de natureza incompleta. As realidades espirituais
não eram, então, perfeitamente conhecidas. 3. Fala de falta de
substancialidade. Não eram aquelas as realidades de valor espiritual, mas
apenas uma espécie de prelibação das mesmas. 4. Fala de temporalidade. A sombra
tem de desaparecer, quando a realidade aparece. 5. Fala de inferioridade.
Aquelas coisas tinham certo valor, mas bem pequeno em comparação com a realidade
espiritual. 6. Fala de simbolismo. Não eram realidades espirituais (as
realidades simbolizadas), mas apenas símbolos obscuros das realidades que ainda
seriam reveladas. 7. Isso também fala de diferença de natureza. Eram coisas
«físicas», e não espirituais. Os valores autênticos são os de natureza
espiritual. 8. Fala de questões cerimoniais, contidas em ritos. Mas os valores
espirituais autênticos são conhecidos misticamente, mediante a comunhão com
CRISTO. 9. Fala do fato que são coisas dispensáveis. Não eram coisas que teriam
sempre de existir, o que só pode ser atribuído aos valores espirituais
indispensáveis.
«...cousas que haviam de vir...» O verbo no futuro é usado, porque
o autor sagrado escreve do ponto de vista do tempo em que tais sombras ainda
estavam em vigor, pelo que o advento de CRISTO e do evangelho é reputado como
algo ainda futuro. É claro de que grande parte do que possuímos em CRISTO ainda
é futuro, pois as eras da eternidade também devem ser envolvidas na ideia das
«coisas que hão de vir». Mas a primeira ideia é que é enfatizada neste
versículo. O «reino messiânico» também fica aqui implícito, embora não seja
diretamente referido.
«...porém o corpo é de CRISTO... » O corpo lança uma sombra, mas o corpo
é infinitamente mais real que a sua sombra, além de ser distinto desta. Os
judeus helenistas criam, à moda platônica, que todas as coisas da terra têm
paralelos celestes, nos vários níveis da glória celestial. Essa expressão,
«...o corpo é de CRISTO...», dá a entender tal crença, embora não a confirme.
Quando JESUS veio dos céus trouxe a nós a substância e a realidade
daquilo que a religião somente simbolizava, em seus ritos, cerimônias, dias especiais
etc. Em CRISTO, pois, se incorporam todas as realidades celestes; e estas lhe
pertencem, desde sua origem, sendo ele quem as dá, porquanto «pertencem» a ele.
«A 'substância' pertence à economia cristã. Deriva-se de CRISTO, e
só se concretizará mediante a nossa união com ele». (Vincent, in loc.). (Ver
Heb. 8:5 e 10:1 quanto a expressões similares, que falam do mesmo assunto). Em
CRISTO se acha tudo quanto é necessário para a vida, para a piedade e para a
glória eterna. Ele é a perfeita concretização de todas essas coisas, porque é
segundo a sua imagem que estamos sendo transformados, e através disso,
chegaremos a participar do destino espiritual que a vontade divina estabeleceu
para nós. (Ver Efé. 1:3, que fala de todas as bênçãos espirituais que nos são
dadas em CRISTO).
Há aqueles que correm atrás de sombras. Ninguém possui a substância
da realidade espiritual, enquanto estiver preocupado em perseguir meras
sombras. Os falsos mestres, segundo a estimativa de Paulo, eram indivíduos que
corriam atrás de sombras.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 124-125.
O engano do legalismo (2.17). O apóstolo Paulo derruba o fundamento
do legalismo, dizendo: “Porque tudo isso (comida e bebida, ou dia de festa, ou
lua nova, ou sábados) tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o
corpo é de CRISTO” (2.17). Platão, no seu livro República, distingue a sombra
(aparência externa) da realidade (a verdade espiritual e interna das coisas).
Paulo, porém, usa “sombra” no sentido de prenúncio da realidade. O corpo lança
uma sombra, mas o corpo é infinitamente mais real que a sua sombra, além de ser
distinto desta. Paulo refuta os falsos mestres usando a ilustração do “corpo” e
da “sombra”. Werner de Boor esclarece esse ponto quando escreve:
Um corpo lança sua sombra e pode ser reconhecido pela sombra,
segundo seu contorno. Porém o essencial não é a sombra, mas o próprio corpo.
Assim o mandamento do sábado de Israel também é “apenas uma sombra do que
haveria de vir, o verdadeiro corpo é de CRISTO”. Os mandamentos e regras dados
a Israel eram tão-somente a sombra projetada de uma coisa cuja realidade plena
pertence somente a CRISTO e chegou nele e com ele.
Nessa mesma linha de pensamento, Russell Norman Champlin diz que a
palavra “sombras” deve levar-nos a pensar nos seguintes pontos: ela fala de 1)
inexatidão; 2) natureza incompleta; 3) falta de substancialidade; 4)
temporalidade; 5) inferioridade; 6) simbolismo; 7) diferença de natureza; 8)
questões cerimoniais contidas em ritos; 9) que são coisas dispensáveis.
Essas coisas às quais os legalistas se agarravam eram a sombra, mas
o corpo é de CRISTO. Quando a realidade chega, não precisamos mais da sombra.
Por que retornar à sombra, quando já temos a realidade? Corroborando essa
posição, Fritz Rienecker diz que a palavra grega skia, “sombra”, usada aqui por
Paulo, indica uma sombra que não tem substância em si mesma, e indica a
existência de um corpo que a produz ou indica um esboço, um mero esquema do
objeto, em contraste com o objeto em si. Isso significa que o ritual do Antigo
Testamento era um mero esquema das verdades redentivas do Novo Testamento.
Ralph Martin afirma que a “sombra” é um presságio daquilo que está
por vir; e o tempo da substância já chegou, tornando antiquado, desta maneira,
tudo quanto apontava para ela como coisa futura. Aquela “substância” é CRISTO.
A nova era cristã liberta os homens da escravidão ao medo e ao terror
supersticioso. Liberta-os de noções falsas e esperanças insubstanciais, e
dá-lhes um gosto da realidade na religião, na medida em que chegam a conhecer
em CRISTO a verdadeira comunhão com o DEUS vivo. Esta realidade é aquilo a que
Paulo se refere nas suas alusões anteriores à “esperança do evangelho”
(1.5,23).
Hendriksen deixa claro esse ponto, quando escreve:
Por que ter como indispensável o submeter-se a preceitos sobre
comida, quando Aquele que foi anunciado pelo maná de Israel se nos oferece a Si
mesmo como o Pão da vida? (Jo 6.35,48). Como pode considerar-se a Páscoa (Êx
12.1-12) uma observância necessária para a perfeição espiritual, se “nossa Páscoa,
que é CRISTO, já foi sacrificado por nós?” (I Co 5.7). Que justificativa havia
para impor aos que se converteram do mundo gentílico a observância do sábado
judeu, quando Aquele que traz o descanso eterno exorta a todos a ir até Ele?
(Mt 11.28,29; Hb 4.8,14). Uma questão intrigante pulsa em nossa mente: Por que
o legalismo com sua rigidez fundamentalista é tão popular e tão aceito na
maioria das religiões? Warren Wiersbe responde: “E porque dentro desse sistema,
é possível medir nossa vida espiritual - e até nos vangloriar dela!”
Em quarto lugar, a derrota do legalismo (2.16,17). Em virtude de
tudo aquilo que CRISTO é e fez por nós, não devemos permitir que ninguém nos
julgue pelas regras do legalismo. A preposição “pois” (2.16) nos ensina que a
base da nossa liberdade são a pessoa e a obra de JESUS CRISTO. Somente depois
que Paulo proclamou que CRISTO triunfou na cruz sobre os nossos pecados, sobre
a lei que nos condenava e sobre as forças espirituais que nos acusavam, é que
ele orienta: “Ninguém, pois, vos julgue...” (2.16). A cruz de CRISTO é a nossa
carta de alforria. Se já morremos e ressuscitamos com CRISTO, somos servos Dele
e não mais escravos da lei. A lei não exerce mais jurisdição sobre um morto.
Agora temos um novo Senhor!
LOPES, Hernandes Dias. Colossenses. A suprema grandeza de
CRISTO, o cabeça da Igreja. Editora Hagnos. pag. 145-147.
Col 2.16,17 Portanto refere-se ao que acabou de ser apresentado e
leva à conclusão: Ninguém vos julgue (“dê seu parecer sobre vós”). Todas as
outras religiões envolvem atos e práticas de reconciliação inferiores e
inúteis: pelo comer, ou pelo beber (alimentos), dias de festa (festividades
anuais), lua nova (observância mensal), sábados (observância semanal) (Nm
28.9). Embora não haja no original grego o artigo definido os antes de sábados,
seu uso esclarece o significado. Paulo estava resistindo aos judaizantes que
insistiam na observância legalista do sábado. Estas eram questões nas quais os
inimigos de CRISTO tiveram sucesso em crucificá-lo (Rm 14.1ss.; 1 Tm 4.3; Tt
1.14; Hb 9.10ss.; 13.9,10).
Que são sombras (17) é explicado no versículo 18 e posto em
contraste no versículo 19. O termo sombras caracteriza os sistemas ritualistas
do judaísmo. As sombras são indicativas da realidade, CRISTO. No Antigo
Testamento, viam-se apenas as sombras. No Novo Testamento, o corpo (soma,
“substância”), que é CRISTO, está presente. Mas mesmo hoje temos aqueles que
seriam “escravos de sombras”, tipos, formas e rituais. A base da exortação de
Paulo aqui é a obra de CRISTO; questões de calendário não têm valor como meio
de salvação (Rm 14.17). Sua função mostra o sacrifício de CRISTO. Que tolice
chamar as sombras de realidade!
John B. Nielson. Comentário Bíblico Beacon.
Colossenses. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 327.
2. PRECEITOS CIVIS.
A lei civil diz respeito à responsabilidade do israelita como
cidadão; são regulamentos jurídicos e instruções que regiam a nação de Israel.
Convém salientar o que já foi dito no Capítulo 1: "Embora essa distinção
tripartite seja antiga, seu uso como fundamento para explicar a relação entre
os testamentos não é demonstravelmente derivada do Novo Testamento e
provavelmente não é anterior a Tomás de Aquino" (CARSON, 2011, p. 179). Os
preceitos cerimoniais e civis derivam dos preceitos morais. Esses três tipos de
lei estão presentes no Pentateuco, entretanto, tudo é a lei de Moisés.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para
uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 141-142.
«O reino de DEUS...» JESUS aplica a parábola aos que ouviam e à
nação inteira de Israel. Ele acabara de ilustrar o sentido da parábola dos
«lavradores maus» mostrando que as obras de DEUS podem ser comparadas a um
edifício que requer uma maciça pedra angular, como também o templo de DEUS, em
Jerusalém, tinha uma dessas pedras. Os construtores do templo espiritual haviam
rejeitado a pedra angular que fora cortada por ordem do arquiteto em chefe.
Para esses, isto é, para o povo de Israel, a edificação terá de cessar até que
a principal pedra angular seja devolvida ao seu devido lugar. Mas chega,
finalmente, o tempo em que Israel tornará a construir sobre essa pedra. Nesse
ínterim, as obras de DEUS não cessam. DEUS planta uma nova vinha e envia novos
servos, tendo garantido de antemão o sucesso da empreitada. O novo povo, como é
óbvio, refere-se à Igreja.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 523.
Mt 21 :42 -46 - JESUS cita do Salmo 118 a passagem da pedra
rejeitada pelos edificadores, que veio a tomar-se pedra de esquina (vv. 22-23)
e conclui que o reino de DEUS há de ser tirado dos judeus e entregue a um povo
que há de produzir os seus frutos. Aqui está o ponto central da parábola. Ao
rejeitar a mensagem dos profetas e, por fim, ao rejeitar o próprio Filho,
Israel demonstrou sua incapacidade para produzir o tipo de conduta e vida
apropriados ao reino de DEUS. O reino é tirado de Israel e dado aos gentios.
A passagem do Salmo 118 era bem conhecida da igreja primitiva,
sendo citada em Atos 4:11 e em 1 Pedro 2:7.
Robert h. Mounce. Comentário Bíblico Contemporâneo. Mateus. Editora
Vida. pag. 212.
3. PRECEITOS MORAIS.
Há uma interpretação entre os cristãos de que a lei moral é eterna,
portanto, para a atualidade. A lei cerimonial se cumpriu na vida e na obra de
JESUS CRISTO. A lei civil cumpriu sua função até que Israel deixou de ser um
estado teocrático, e a Igreja não é um estado. Tudo isso são interpretações. É
verdade que a lei cerimonial se cumpriu em JESUS, pois todo o sistema e ritos
do tabernáculo apontavam para o Messias. Israel perdeu a condição de estado
teocrático (Mt 21.43), e os privilégios de Israel foram transferidos para a
Igreja (Êx 19.6, 7; 1 Pe2.9, 10). O Senhor JESUS cumpriu todos os preceitos
morais durante sua vida terrena. Em nenhum lugar o Novo Testamento diz que a
lei moral se resume a amar a DEUS e ao próximo, mas abrange toda a lei:
"Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas" (Mt
22.40). O apóstolo Paulo afirma: "Porque quem ama aos outros cumpriu a
lei" (Rm 13.8). Em seguida, ele cita cinco mandamentos do Decálogo, mas
não na sequência canônica, e depois volta a enfatizar que "o cumprimento
da lei é o amor" (Rm 13.10).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para
uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 142.
Destes dois mandamentos...». A palavra «dependem» significa,
literalmente, penduram-se. A figura é extraída da porta em seus gonzos, ou de
um prego na parede, indicando admiravelmente bem a dependência do crente de um
princípio comum e de seu desenvolvimento à base desse princípio. Assim sendo,
vê-se que em realidade não existem muitos mandamentos—certamente não os
seiscentos e treze diferentes preceitos, conforme os judeus dividiam a
descrição de todo o dever dos homens. Em realidade há apenas um mandamento—a
total devoção de nosso ser a DEUS.
Isso é tão típico da pessoa de JESUS, que ele demonstrou em sua
vida como isso deveria ser feito; e embora seja um alvo extremamente alto para
os homens abandonados a si mesmos, JESUS fez tudo isso como homem. JESUS provou
que um ser dotado de livre-arbítrio, em meio a todas as formas de tentações,
que eram tão reais e potencialmente destruidoras para ele como o são para nós,
pode escolher o bem e não o mal. JESUS mostrou-nos o caminho real do amor,
perante o qual se dissipam todas as dificuldades próprias da inquirição
espiritual. Se tivermos de mencionar outro mandamento por seu nome, então
seja-nos permitido mencionar o amor aos nossos semelhantes, pois é justamente
nessa esfera que demonstramos o nosso amor a DEUS, onde praticamos esse amor,
onde aprendemos a dar e a receber, onde aprendemos a ser mais parecidos com
DEUS, com a esperança de algum dia sermos perfeitamente semelhantes a ele.
John Gill (in loc.) salienta para nós que o termo pendurar, ao
referir-se aos preceitos sobre os quais os demais mandamentos estão edificados,
é um hebraísmo; e fornece-nos a seguinte citação de Maimonides (Hilch. Yesode
Hatorah, c.l, see.6); «...O conhecimento dessa questão é um preceito
afirmativo, conforme está dito, Eu sou o Senhor, teu DEUS; e aquele que imagina
que existe outro DEUS além desse, transgride um preceito negativo, conforme foi
dito, Não terás outros deuses diante de mim; e nega o ponto fundamental, pois
esse é o grande alicerce, no qual tudo está pendurado».
JESUS salientou que a mensagem dos profetas, embora dada mais tarde
e não fizesse parte da lei original, não contradizia, mas antes, estava em
plena harmonia com essa mensagem. Beza achava que aqui há uma alusão às
filactérias (Mat. 23:5) ou caixinhas amarradas à testa e a uma das mãos, como
memorial da lei. O lugar onde a lei está realmente pendurada é no amor de DEUS
e no amor a DEUS.
JESUS ensinou a doutrina de que o homem deve ser consagrado a DEUS
em sua totalidade e com isso ele entendia que o homem não pode dividir a sua
vida em diversas partes, algumas para DEUS e outras para os interesses próprios
de várias modalidades. O shema era oferecido diariamente em orações, por todos
os judeus devotos. Essa palavra significa «ouvir», e essa oração era assim
chamada devido à primeira palavra do grande mandamento: «Ouve, Israel, o Senhor
nosso DEUS é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu DEUS de todo o teu
coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força» (Deut. 6:4,5). Coração,
alma e forças devem participar dessa profunda adoração. A inquirição espiritual
é que dá sentido à vida. O alvo dessa inquirição é a perfeição (Mat. 5:48), quando
o crente será moralmente semelhante a DEUS, quando sua vida será semelhante à
de CRISTO, moral e metafisicamente. A devoção parcial deixa-nos com uma vida
dividida e sobrecarregada de tensões. É fato bem conhecido nos escritos
psicológicos que a personalidade dupla é prejudicial à saúde mental. Platão
ensinava que o homem bom é aquele que não sofre de tensões entre seus três
componentes, que seriam o vegetal (o físico), o animal (talvez as emoções) e o
racional (a alma ou espírito). A alma deve dominar, a parte animal é que
encoraja para o bem e o vegetal (físico) deve ficar em sujeição. Quando reina—a
harmonia—no homem inteiro, tal homem é justo e faz aquilo que é correto.
Neste ponto, a narrativa em Marcos é mais completa e acrescenta a
resposta dada por um dos escribas. (Ver Marcos 12:32-34). O autor do evangelho
de Mateus, por razões desconhecidas, deixou de fora essa porção da
narrativa, provavelmente por querer condensá-la e abreviá-la. Essa omissão,
entretanto, remove o calor humano da narrativa, e podemos ser gratos a Marcos
pela sua inclusão. Sua adição é como segue: «Muito bem, Mestre disseste que ele
é o único, e não há outro senão ele; e que amar a DEUS de todo o coração, de
todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo,
excede a todos os holocaustos e sacrifícios.
Vendo JESUS que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe; Não
estás longe do reino de DEUS. E já ninguém mais ousava interrogá-lo».
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 538-539.
Observe qual é a importância e a grandeza desses mandamentos (v.
40): “Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”, isto é, eles
são a soma e o significado de todos aqueles preceitos selecionados à religião
prática, que estão escritos nos corações dos homens pela natureza, revividos
por Moisés, e apoiados e reforçados pela pregação e pelos escritos dos
profetas. Tudo depende da lei do amor; remova-a, e tudo cai ao chão e se reduz
a nada. Os rituais e os cerimoniais devem dar lugar a esses dois mandamentos,
como ocorre com todos os dons espirituais, pois o amor é o caminho mais
excelente. Este é o espírito da lei, que a anima, o cimento da lei, que a
acompanha, é a raiz e a origem de todas as outras obrigações, o compêndio de
toda a Bíblia, não somente da lei e dos profetas, mas também do Evangelho,
supondo apenas que esse amor seja o fruto da fé, e que nós amemos a DEUS em
CRISTO, e ao nosso próximo, em nome dele. Tudo depende desses dois mandamentos,
como o efeito que ocorre tanto na sua eficiência quanto na sua causa final;
pois o cumprimento da lei é amor (Rm 13.10), e o fim da lei é a caridade (1 Tm
1.5). A lei do amor é o prego, é o prego no lugar certo, fixado pelos mestres
das congregações (Ec 12.11), do qual pende toda a glória da lei e dos profetas
(Is 22.24), um prego que nunca será arrancado; pois deste prego depende
eternamente toda a glória da nova Jerusalém. O amor nunca falha. A esses dois
grandes mandamentos, portanto, os nossos corações devem se render como a um
molde; à defesa e à evidência desses dois mandamentos, dediquemos o nosso zelo,
e não noções, nomes e conflitos de palavras, como se estas fossem as coisas
poderosas de que dependem a lei e os profetas, e a elas o amor a DEUS e ao
nosso próximo devesse ser sacrificado; pois é ao poder controlador dos
mandamentos que todas as demais coisas devem se curvar.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 292.
JESUS acrescentou (apenas em Mateus): Desses dois mandamentos
dependem toda a lei e os profetas (40) - isto é, todo o Antigo Testamento.
Esses são os dois mandamentos-chave, que demonstram o significado de todos os
demais.
Como a essência de todo o Antigo Testamento está contida nesses
mandamentos, é óbvio que a santidade como padrão para o povo de DEUS não é
isolada na dispensação do Evangelho. O que é especial na nova aliança é o meio
com o qual os homens devem atender a esse padrão, e a medida (ou o grau de
perfeição) com que devem cumpri-lo. O poder para alcançar a plenitude interior
tornou-se agora a herança de cada filho de DEUS. É um poder que altera de tal
maneira o afeto e preenche o ser com o ESPÍRITO SANTO, que amar a DEUS com todo
o ser torna-se uma atitude natural e espontânea (Rm 5.5). Quando DEUS promete
que na nova aliança Ele irá colocar as suas leis no entendimento e no coração
do seu povo (Hb 8.10; Jr 31.33), Ele está se referindo, acima de tudo, a estes
dois mandamentos, pois eles incluem todos os outros.
Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Mateus. Editora CPAD.
Vol. 6. pag. 155.
III. A LEI NÃO PODE SER REVOGADA
1. JESUS REVELA SEU PENSAMENTO SOBRE A LEI.
A ideia cristológica não se restringe a esses vaticínios e ocupa
todo o pensamento das Escrituras hebraicas. A provisão do Antigo Testamento
sobre a obra redentora de DEUS em CRISTO é muito rica de detalhes. Os
escritores do Novo Testamento reconhecem a presença e a obra de CRISTO na
história da redenção (Os 11.1; Mt 2.15) e nas suas instituições e festas
(Êx25.8; Jo l.l4;Hb5.4,5;Êx 12.3-13; Lc 22.15; 1 Co 5.7). A lei e os profetas
convergem para JESUS; ele é o cumprimento das Escrituras do Antigo Testamento
(Lc 24.26,27,44).
A expressão "a lei e os profetas" aparece com frequência
no Novo Testamento para designar as Escrituras do Antigo Testamento (Mt 7.12;
22.40; At 13.15; Rm 13.21) ou fraseologia similar (Mt 11.13; Jo 1.45; At
28.23). Mas a presença do "ou" disjuntivo aqui mostra duas partes
distintivas, em que nem uma e nem outra é para ser abolida (Jo 10.35). Aqui não
se trata apenas dos preceitos morais, e o Decálogo nem sequer é mencionado no
Novo Testamento como tal. JESUS fala ainda a respeito da existência de
mandamentos menores: "Qualquer, pois, que violar um destes menores
mandamentos" (Mt 5.19). Isso por si só invalida a interpretação de que a
lei é uma referência aos preceitos morais. Existem mandamentos menores entre os
preceitos morais? A resposta é não. JESUS, portanto, está se referindo a todo o
sistema mosaico e às demais Escrituras do Antigo Testamento.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para
uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 145-146.
A lei que CRISTO veio estabelecer concordava com exatidão com as
Escrituras do Antigo Testamento, aqui chamada de a lei e os profetas. Os
profetas eram os comentaristas da lei, e, juntos, os profetas e a lei, criaram
aquela lei de fé e prática que CRISTO encontrou no trono da sinagoga judaica; e
aqui Ele a mantém no trono.
JESUS protesta contra a ideia de anular e enfraquecer o Antigo
Testamento: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas” . (1) Em outras
palavras “Não deixemos que os judeus religiosos, que têm grande apreço pela lei
e pelos profetas, temam que Eu tenha vindo para destruí-los”. Não deixemos que
eles tenham preconceito contra CRISTO e a sua doutrina, devido a uma inveja
deste reino que Ele veio estabelecer, o que pode soar como um menosprezo da
honra das Escrituras que eles aceitavam como vindas de DEUS e das quais eles
sentiam o poder e a pureza, Não. Deixemos que eles fiquem satisfeitos por verem
que CRISTO não tem nenhum mal desígnio em relação à lei ou aos profetas. Em
outras palavras: (2) “Não permitamos que os judeus profanos, que não consideram
a lei ou os profetas, e que estão cansados daquele jugo, achem que Eu vim para
destruir a lei ou os profetas” . Não permitamos que os libertinos carnais
imaginem que o Messias veio para libertá-los da obrigação dos preceitos
divinos, e ainda assim assegurar-lhes as promessas divinas, para fazê-los
felizes e dar-lhes permissão para viver como desejarem. CRISTO não ordena nada
agora que fosse proibido, fosse pela lei da natureza ou pela lei moral, nem
proíbe qualquer coisa que aquelas leis obrigassem. E um grande engano pensar
que Ele faz isto, e aqui Ele toma cuidado para corrigir este engano. “ Não
cuideis que vim destruir” . O Salvador das almas não destrói nada, a não ser as
obras do diabo; Ele não destrói nada que venha de DEUS Pai, muito menos aqueles
excelentes preceitos que temos de Moisés e dos profetas. Não. Ele veio para
cumpri-los, Isto é: [1] Ele veio para obedecer aos mandamentos da lei, pois Ele
nasceu sob a lei (G14.4). Em todos os aspectos, Ele mostrava obediência à lei,
honrava os seus pais, observava o sábado judeu, orava, dava esmolas e fazia o
que ninguém mais fazia, obedecendo perfeitamente-, e jamais infringiu qualquer
ponto da lei. [2] Para cumprir as promessas da lei e as predições dos profetas,
de que todos deram testemunho dele. O concerto da graça é, basicamente, o mesmo
agora que era naquela época, e CRISTO é o seu Mediador. [3] Para responder aos
símbolos da lei; assim (como expressa o bispo Tillotson), Ele não esvaziou, mas
cumpriu a lei cerimonial, e se manifestou como sendo a Essência de todas
aquelas sombras. [4]. Para reparar as suas imperfeições, e assim completá-la e
aperfeiçoá-la. Dessa forma, a palavra plerosai tem um significado adequado. Se
considerarmos a lei como um recipiente que anteriormente continha alguma água,
podemos entender que Ele não veio para jogar a água fora, mas para encher o
recipiente até o topo. Ou ainda, podemos considerar a lei como uma imagem que é
um primeiro esboço, e que exibe alguns traços somente para delinear a peça que
se pretende confeccionar; posteriormente, estes traços são completados. Assim,
CRISTO aprimorou a lei e os profetas, através das suas adições e explicações.
[5J. Para prosseguir com o mesmo desígnio.
As instituições cristãs estão tão longe de distorcer e contradizer
aquilo que era o principal desígnio da religião judaica, que o promovem ao
máximo. O Evangelho é o tempo da correção (Hb 9.10), não para rejeitar a lei,
mas para corrigi-la e, consequentemente, estabelecê-la.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 50.
Mt 5.17 JESUS não veio como um rabino trazendo um ensino recém-elaborado,
Ele veio como o prometido Messias com uma mensagem que fora transmitida desde o
início dos séculos. “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim
ab-rogar, mas cumprir”. JESUS completa e transcende a lei. A lei do Antigo
Testamento não foi rescindida e deve ser agora interpretada e reaplicada à luz
de JESUS. DEUS não mudou de ideia e a vinda de JESUS fazia parte do plano de
DEUS para a Criação (veja Gênesis 3.15).
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD.
Vol. 1. pag. 39.
Sem dúvida, alguns dos ouvintes de JESUS sentiram que Ele era
revolucionário em seu ensino. Eles podem ter pensado que Ele pretendia destruir
a lei ou os profetas (17). Isto Ele negou enfaticamente - não vim ab-rogar, mas
cumprir. Nesta declaração muito significativa Ele indicou o seu relacionamento
com o Antigo Testamento. Ele iria cumprir seus mandamentos e promessas, seus
preceitos e profecias, seus símbolos e tipos. Isto Ele fez em sua vida e
ministério, em sua morte e ressurreição. JESUS cumpriu totalmente os aspectos
do Antigo Testamento. Quando lido à luz de sua pessoa e obra, ele brilha com um
novo significado. CRISTO é a Chave, a única Chave que abre as Escrituras.
Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Mateus. Editora
CPAD. Vol. 6. pag. 57-58.
2. “ATÉ QUE O CÉU E A TERRA PASSEM”.
O jota se refere ao yõd (’),a menor letra do alfabeto hebraico;
ocupa a metade da linha na escrita. O til, keraia, em grego, "tracinho,
parte de uma letra, acento" (Lc 16.17), é um sinal diacrítico para
distinguir uma letra da outra. A autoridade da lei permanece mantida até no
"menor traço." E o termo "lei" no Novo Testamento, às
vezes, se estende a todo o Antigo Testamento (Jo 10.34; Rm 3.19; 1 Co 14.21).
Parece que o Senhor JESUS se refere aqui às Escrituras, de qualquer forma, seja
a lei ou todo o Antigo Testamento, o certo é que não se trata apenas da lei
moral. Sua validade se estenderá até o fim das eras. Isso significa até
"que tudo seja cumprido". O verbo grego usado aqui para
"cumprir" não é o mesmo do versículo 17, mas gínomai, "ser,
tornar, vir a ser, acontecer", eõs panta genêtai, "até que todas
essas coisas aconteçam" (Mt 5.18b). Logo, não se trata aqui de obediência
aos mandamentos; essas palavras não significam obedecer à lei. A ideia é até
que todas essas coisas aconteçam. A lei aqui, portanto, não se refere à Torá
nem aos mandamentos, mas a todo o Antigo Testamento, que é a base do Novo, e
seus ensinos perduram enquanto existirem os céus e a terra.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para
uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 146.
Ele declara a perpetuidade da lei; não apenas que Ele não desejava
ab-rogá-la, mas que ela nunca deveria ser ab-rogada (v. 18). “Era verdade, vos
digo” que Eu, o Amém, a Testemunha fiel, solenemente declaro que “ até que o
céu e a terra passem” , quando não existir mais tempo e o estado imutável das
recompensas substituir todas as leis, “nem um jota ou um til se omitirá da lei
sem que tudo seja cumprido” . Pois o que é que DEUS está fazendo em todas as
operações, tanto de providência como de graça, a não ser cumprir as Escrituras?
O céu e a terra se unirão, e serão completamente envolvidos em ruína e
confusão, antes que qualquer palavra de DEUS caia ao chão ou seja em vão. A
palavra cio Senhor permanece para sempre, tanto a da lei como a do Evangelho.
Observe que o cuidado de DEUS, a respeito da sua lei, se estende até mesmo
àquelas coisas que parecem ser menos importantes nela, o jota e o til; pois o
que quer que pertença a DEUS, e leve a sua marca, por menor que seja, será
preservado. As leis dos homens são tão patentemente imperfeitas (e todos temos
consciência dessa imperfeição), que permitem uma máxima: Apicesjuris non sunt
jura - Os pontos extremos da lei não correspondem à lei; porém DEUS estará a
postos e manterá cada jota e cada til da sua lei.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 50-51.
Até que o céu e a terra passem. Subentende que a lei e os profetas
jamais seriam revogados, porque, segundo a doutrina judaica, o céu e a terra
são eternos (Baruch 3:32; Luc. 16:17). «Até que tudo se cumpra» não alude a um
tempo quando, finalmente, a lei e o profetas serão revogados, mas é o modo
enfático de dizer «nunca*. A expressão «até que o céu e a terra passem»,
provavelmente é uma fórmula comum para mostrar a invariabilidade da palavra
divina. Posteriormente JESUS empregou quase as mesmas palavras para indicar que
suas próprias palavras são invariáveis e eternas: «Passará o céu e a terra,
porém as minhas palavras não passarão» (Mat. 24:35; ver também Marc. 13:31 e
Luc. 21:33). JESUS não estava ensinando, nesse versículo (Mat. 5:18), se o céu
e a terra passarão ou não.
mas simplesmente dava a ideia comum (que não passarão) afim de
ilustrar a importância e a imutabilidade da palavra e das ordens emanadas de
DEUS.
«Nem um i ou um til. O «i» (iota, no grego) é a letra «yod» no
hebraico, a menor letra do alfabeto. Na Bíblia hebraica há mais de 66 mil
dessas letras. «r;V»é uma pequena marca que distingue certas letras hebraicas
de outras. Nos escritos dos rabinos nota-se que às vezes advertiram aos escribas
para que tivessem o cuidado de não escrever uma letra parecida com outra, o que
poderia modificar o sentido das Escrituras.
É mister que notemos aqui a importância dada por JESUS às
Escrituras do V. T., o que contrasta violentamente com alguns modernos, que
rejeitam essas Escrituras ou lhes dão pouco valor. É verdade que o modernismo
começa nesse ponto (rejeitam ao V. T.), como na cultura grega ou romana.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 309.
3. O MENOR MANDAMENTO (MT 5.19).
Voltando ao "menor dos mandamentos", ele é muito
importante porque é parte da lei de DEUS. O discípulo que declarar
insignificante ou não observar o menor desses mandamentos será chamado de menor
no reino dos céus, mas o que o cumprir e o ensinar aos outros será considerado
grande no reino dos céus (Mt 5.19). Aquele que violar ou abolir esses pequenos
mandamentos ocupará uma posição inferior (1 Co 3.12-15). Não significa ficar
excluído da felicidade eterna. Agostinho de Hipona, Lutero e Calvino concordam
com essa linha de pensamento.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para
uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 146-147.
Ele dá aos seus discípulos a missão de preservar cuidadosamente a
lei, e lhes mostra o perigo de negligenciá-la e menosprezá-la (v. 19).
“Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos”, da lei de Moisés
(quanto mais um dos maiores, como faziam os fariseus, que negligenciavam os
aspectos mais importantes da lei), “e assim ensinai' aos homens” (como eles
faziam, anulando os mandamentos de DEUS com suas tradições, cap. 15.3), “será
chamado o menor no Reino dos céus” . Embora os fariseus pudessem se denominar
os melhores professores possíveis, eles não seriam usados como professores no
reino de CRISTO. ‘Aquele, porém, que os cumprir e ensinar” (como fariam os
discípulos de CRISTO, portanto provando ser melhores amigos do Antigo
Testamento do que os fariseus eram, embora desprezados pelos homens), “será
chamado grande no Reino dos céus".
Observe: (1) Entre os mandamentos de DEUS há alguns menores que
outros; nenhum deles é pequeno de maneira absoluta., mas de. forma comparativa.
Os judeus reconhecem o menor dos mandamentos da lei como sendo aquele que fala
do ninho de ave (Dt 22,6,7); mesmo ele, no entanto, tem um significado e unia
intenção bastante considerável.
(2) É uma coisa perigosa, na doutrina ou na prática, revogar o
menor dos mandamentos de DEUS; infringi-lo, isto é, agir de modo a diminuir a
sua abrangência ou enfraquecer a sua obrigatoriedade; quem fizer isto estará
correndo riscos. Assim, invalidar qualquer um dos dez mandamentos é um golpe
ousado demais para que o DEUS zeloso possa condescender. É algo além de
transgredir a lei, é quebrantai- a lei (SI 119,126). (3) Quanto mais corrupção
eles espalham, piores eles são. Infringir o mandamento já é atrevimento
suficiente, mas é muito pior ensinar os homens a fazê-lo, Claramente, isto se
refere àqueles que, nesta época, se assentavam na cadeira de Moisés e pelos
seus comentários corrompiam e desvirtuavam o texto. Opiniões que tendem à
destruição da religiosidade séria e dos fundamentos da religião cristã, por
meio de observações corruptas às Escrituras, são suficientemente ruins quando
defendidas, mas piores quando propagadas e ensinadas como se fossem a Palavra
de DEUS. Aquele que faz isto será chamado o menor no Reino dos céus, o reino da
glória; ele nunca irá para lá, mas será eternamente excluído. Ele não fará
parte do reino da igreja do Evangelho. Ele estará tão longe de merecer a
dignidade de um professor no reino, que nem chegará a ser considerado um membro
dele. O profeta que ensina estas falsidades é a cauda naquele reino (Is 9.15);
quando a verdade aparecer em sua própria evidência, estes professores
corruptos, embora valorizados como os fariseus, não serão considerados
juntamente com os sábios e os bons. Nada torna os ministros mais desprezíveis e
indignos do que corromper a lei (Ml 2.8,11). Aqueles que atenuam e incentivam o
pecado, discordando e desprezando a severidade na religião, assim como a
seriedade na devoção, são uma contaminação na igreja. Mas, por outro lado, são
verdadeiramente honrados e de grande responsabilidade na igreja de CRISTO
aqueles que dedicam a sua vida e doutrina a promover a pureza e a severidade da
religião prática, que tanto fazem como ensinam o que é bom, pois os que não fazem
o que ensinam derrubam com uma mão o que edificam com a outra, Estes se
entregam à mentira, e tentam os homens a pensar que a religião como um todo é
um engano. Mas aqueles que falam com experiência, que vivem o que pregam, são
verdadeiramente grandes; eles honram a DEUS, e DEUS os honrará (1 Sm 2.30), e
no futuro irão brilhar como astros no reino do nosso Pai.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 51.
Aquele, pois, que violar um... É natural que ao perdurar por muito
tempo um sistema religioso ou outro, comece o seu declínio; aparecem
indivíduos, talvez até mestres e líderes religiosos, que alteram o caráter
original da religião e da doutrina. Nos tempos modernos notamos que é raro que
um sistema conserve os seus propósitos e ensinos originais por mais de cem
anos. Geralmente, antes desse tempo, já é bem avançado o processo de
deterioração.
ALGUNS PENSAM que JESUS se referiu a alguém como João Batista, que
não observava dias e festividades especiais e que dava pouca importância aos
cultos e reuniões no templo. Tal pessoa seria o mínimo no reino dos céus ou no
reino que CRISTO estabeleceria no mundo. Poderia ser pessoa sincera, religiosa
etc., mas simplesmente teria perdido algo muito necessário a adoração a DEUS.
Dificilmente, porém, pode-se aceitar tal ideia.
EM PRIMEIRO LUGAR, o texto mostra que JESUS não falava da lei
cerimonial e do formalismo que emprestaram ao judaísmo seu caráter singular. O
próprio JESUS guardava essas leis. Aludia a algo mais sério e fundamental do
que o formalismo. Falava da lei moral, porque essa não sofre modificações. Não
podemos imaginar que JESUS desse tal importância à lei cerimonial que chegasse
a dizer que nem um «i» e nem um «til» jamais seriam modificados. É difícil crer
que ele não tenha antecipado até mesmo a eliminação da lei cerimonial. Assim
sendo, quando ele falou em «violar um destes mandamentos», referia-se morais. O
resto do capítulo e do sermão (caps. 7 e 8) demonstram o fato. Referia-se às
leis morais, ao juramento, à vingança, ao amor, à justiça etc. Estavam em
foco os fariseus e outros líderes oficiais dos judeus, particularmente os
mestres,, rabinos e escribas do povo, que tinham por responsabilidade ensinar a
lei ao povo. Mais tarde JESUS mostrou que esses mestres do povo não
interpretavam corretamente a lei. Por exemplo, no vs. 38, sobre «olho por olho»
(que era ensino dos rabinos), disse JESUS: «Eu, porém, vos digo, não resistais
ao perverso». Ou no vs. 43, «Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo»
(que era ensino dos rabinos e escribas), mereceu de JESUS uma reprimenda que
começa com" «Eu, porém, vos digo», etc.
«Mínimo no reino». Os mestres que interpretam erroneamente e assim
ensinam, levam outros a errar por seus ensinos; esses homens serão—os
menores—no reino. É provável que JESUS fizesse alusão especial ao reino do
Messias, por ele oferecido. Nesse reino, tais mestres teriam pouca importância,
em contraste com a posição antes ocupada. Talvez a interpretação seja mais
ampla do que essa, segundo fazem alguns comentaristas, que aplicam as palavras
até mesmo ao «céu» ou ao «inferno». O apóstolo Paulo parece ensinar algo
semelhante em I Cor. 3:13-15: «...manifesta se tornará a obra de cada um ... se
permanecer a obra de. alguém.... receberá galardão...se queimar .sofrerá
dano... será salvo, todavia, como que através do fogo». Mas a interpretação
principal é aquela dada acima.
«Grande». Não o «maior». Só DEUS poderia fazer tal declaração. O
serviço bem-feito, segundo as regras de DEUS, merece o galardão dado por DEUS.
Provavelmente JESUS pensou nos santos do V. T., nos profetas e em Moisés. Foram
exemplos de «grandes» indivíduos. Pregaram, mas também obedeceram aos
mandamentos de DEUS.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 309.
IV. A LEI E O EVANGELHO
1. O PAPEL DA LEI.
A palavra «...aio...», no original grego, é «pedagogos», que
significa «guia», «auxiliar». Essa palavra não significa aqui «mestre-escola»,
«tutor», aquele que tinha a incumbência de educar uma criança. Pelo contrário,
está em foco a ideia de um «auxiliar» ou «guardião»; Usualmente se tratava de
um escravo, que cuidava da criança desde os seis aos dezesseis anos de idade.
Tinha por tarefa disciplinar a criança, podendo corrigir as suas faltas por
meios apropriados para a ocasião. Um dos seus deveres era o de acompanhar a
criança para a escola, cuidando para que nenhum perigo a ameaçasse. Mas quando
a criança atingia a idade apropriada, cessava a autoridade do «guardião», e a
criança não mais era responsável perante ele, e nem mais estava sujeita às suas
exigências.
Assim sendo, propositadamente Paulo frisou o ponto que um ser
«espiritualmente adulto» já passou do período em que precisa de tal orientação
do «aio». Os deveres de tal guia eram limitados e temporários.
Aquele que tem a CRISTO como seu mestre dificilmente precisa ainda
da ajuda de um tal «auxiliar». Não obstante, a lei tinha uma função importante,
a despeito de ser temporária, embora não separadamente de CRISTO, mas antes,
como caminho que apontava CRISTO para o indivíduo. No entanto, os oponentes de
Paulo, existentes nas igrejas da Galácia, haviam exagerado de tal modo a
importância e as funções da lei que faziam da fé em CRISTO algo virtualmente
supérfluo. Pelo menos, no conceito deles, a lei não ocupava posição inferior à
de CRISTO, no tocante à redenção. Mas aqui Paulo contrasta a lei com CRISTO,
situando cada qual dentro de sua perspectiva apropriada.
A ideia expressa aqui por alguns intérpretes, de que os gentios,
que nunca estiveram debaixo da lei, também nunca foram conduzidos pelo «aio», é
perfeitamente correta. A metáfora de Paulo se aplica somente à nação de Israel,
bem como aos gentios que se tinham tomado judeus por motivo de convicções
religiosas. Assim sendo, certamente era um crime sujeitar os gentios sob o
auxiliar da lei, o qual não tinha nenhuma capacidade de salvá-los, posto que
até mesmo no caso dos judeus, era temporário esse auxílio. Mas agora não existe
mais tal ajuda, tanto no caso dos judeus como no caso dos gentios. Um homem não
está mais debaixo da lei em qualquer sentido, nem como um meio de salvação
e nem como um meio de santificação. Não somos nem justificados e nem
santificados pela lei.
Que a lei não tem a serventia de justificar-nos e de santificar-nos
é óbvio pelo fato de que a «santificação» faz parte da transformação do crente
segundo a imagem de CRISTO (e, portanto, parte da própria salvação), como
operação que só pode ser realizada pelo ESPÍRITO SANTO. (Ver Gál. 5:22,23),
Essa transformação independe de qualquer «princípio legal». Tal transformação
requer a «lei do ESPÍRITO», isto é, a atuação do princípio espiritual no ser
mais íntimo do crente, segundo se aprende em Rom. 8:2. Assim, pois, a lei não é
a «regra da vida». A regra da vida é aquela orientação íntima do ESPÍRITO.
Naturalmente, existem valores morais eternos que se refletem na lei; mas tais
valores não são aplicados legalmente, e, sim, mediante contatos místicos com o
ESPÍRITO de DEUS. E esse é um princípio normativo que, ao mesmo tempo, é um
princípio que transmite força e capacidade.
E deveras lamentável que os reformadores, que perceberam claramente
que a justificação não vem através da lei, tenham deixado a igreja «debaixo da
lei», como «regra de fé e prática». Assim é que em seus comentários sobre o
versículo anterior, Lutero (in loc.) se refira aos «abusos contra a lei», um
dos quais seria, ainda segundo ele, que muitos cristãos supõem que a
«liberdade» os isenta da «observância da lei». Pergunta ele: «Quem são esses
que usam de sua liberdade como capa de malícia, e levam ao opróbrio o nome do
evangelho de CRISTO?» Ê verdade que existem cristãos com essa atitude; mas a
«liberdade» significa «liberdade das peias da lei», em todos os sentidos. A lei
do ESPÍRITO ultrapassa a todas as funções da lei mosaica, para os crentes, e
não apenas no tocante à questão da justificação.
«...justificados por fé...» (Quanto a notas expositivas completas
sobre a «justificação», ver o trecho de Rom. 3:24,28. O último versículo citado
inclui a mesma expressão aqui utilizada).
Este texto não faz de CRISTO o «mestre-escola», e a lei de
«auxiliar» do mesmo, que conduziria as «crianças» ao Salvador. Naturalmente,
tal interpretação expressa certa verdade, mas não aquela diretamente ensinada
aqui.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 477.
A lei foi designada para nos servir “...de aio, para nos conduzir a
CRISTO” (v. 24). No versículo anterior, o apóstolo nos informa acerca do estado
dos judeus debaixo da organização mosaica, antes que a fé viesse, ou antes que
CRISTO aparecesse e a doutrina da justificação pela fé nele fosse mais
plenamente revelada. Eles estavam guardados debaixo da lei, obrigados, debaixo
de penas severas, a uma observância rigorosa dos vários preceitos dela. E
naquela época eles estavam encerrados, mantidos debaixo do terror e disciplina
dela, como prisioneiros em um estado de confinamento. A intenção era que por
meio dessa situação eles se dispusessem mais prontamente a abraçar a “...fé que
se havia de manifestar”, ou ser persuadidos a aceitar CRISTO quando veio ao mundo,
e harmonizar-se com essa dispensação melhor que Ele estava prestes a
introduzir, por meio da qual seriam libertos da escravidão e servidão e
trazidos para um estado de maior luz e liberdade. Agora, nesse estado, ele diz
que a lei “...serviu de aio, para nos conduzir a CRISTO, para que, pela fé,
fôssemos justificados”.
Assim como a lei declarava o propósito e a vontade de DEUS em
relação a eles, e ao mesmo tempo pronunciava uma maldição contra eles por toda
falha na obrigação ou dever deles, assim era apropriado convencê-los da sua
condição perdida e incompleta neles mesmos, e deixá-los ver a fraqueza e
insuficiência da sua própria justiça e recomendá-los a DEUS. E como os obrigava
a uma variedade de sacrifícios etc., que, embora não pudessem tirar o pecado,
era uma tipificação de CRISTO e do grande sacrifício que Ele iria oferecer pela
expiação dele, assim isso os conduziu a Ele (embora de uma forma mais obscura e
sombria) como único socorro e refúgio deles. Dessa forma, esse era o aio deles,
que os instruiria e dirigiria no seu estado de menoridade, ou, como a palavra paidagogos
mais apropriadamente significa, servo deles, para guiar e conduzi-los a CRISTO
(como as crianças eram acostumadas a ser levadas para a escola pelos servos que
cuidavam delas); para que fossem instruídos de maneira mais completa por ele
como seu aio, na verdadeira forma de justificação e salvação, que somente
ocorre pela fé nele, e de quem ele era designado a dar as descobertas mais
completas e claras. Mas para que não fosse dito: “Se a lei tinha esse uso e
serviço para o estado judeu, por que ela não poderia continuar a ter o mesmo
significado para o estado cristão?”, o apóstolo acrescenta (v. 25) que
“...depois que a fé veio”, e ocorreu a dispensação do evangelho, na qual CRISTO
e o caminho do perdão e da vida por meio da fé nele são colocados à luz mais
clara, “...já não estamos debaixo de aio” – não temos mais esse tipo de
necessidade da lei para nos conduzir a Ele como ocorria naquela época.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 556-557.
Paulo descreve esta verdadeira função da lei usando uma figura
ilustrativa que era amplamente compreendida na sociedade dos seus dias: De
maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a CRISTO (24). O termo
grego paidagogos (aio) significa “guarda” (cf. “guardiã”, BAB), “tutor” (CH,
NVI) ou “guia” e referia-se ao “homem, na maioria das vezes escravo, cujo dever
era levar e trazer da escola um menino ou moço e superintender sua conduta em
geral; ele não era um ‘professor’ (apesar do significado atual do derivado
‘pedagogo’)”.33 Paulo está descrevendo como a lei põe o homem sob uma
escravidão como a de uma criança menor sob a supervisão de um criado-escravo.
Nos próximos versículos, veremos que tal supervisão não é mais necessária ao
homem de fé.
A observação importante neste ponto é que a lei, trancando o homem
debaixo do pecado e para a fé, exerceu a função temporária de protegê-lo e
prepará-lo para a vinda de CRISTO. Ao contrário do argumento dos oponentes de
Paulo, a lei não tinha função permanente, mas serviu apenas para que, pela fé,
fôssemos justificados (24).
R. E. Howard. Comentário Bíblico Beacon. Gálatas Editora
CPAD. Vol. 9. pag. 51.
2. JESUS E MOISÉS ESTÃO DO MESMO LADO.
I Cor 14.21. A lei aqui é o Velho Testamento em geral, e não especificamente
o Pentateuco. A criação é de Is 28:11,12. Ali a referência é ao fato de os
homens de Israel não darem ouvidos ao profeta. O julgamento deles será que
serão entregues a homens de linguajar estranho (os invasores assírios). A
conexão com o presente argumento não é óbvia. O que talvez Paulo queira dizer é
que, como aqueles que se recusaram a ouvir o profeta tiveram como castigo ouvir
linguagem que não podiam entender, assim seria nos seus dias. Os que não
cressem, ouviriam “ línguas”, e não conseguiriam entender o seu maravilhoso
significado.
Leon Monis. I Corintos Introdução e Comentário. Editora
Vida Nova. pag. 158.
I Cor 14.21 As línguas, como os coríntios as usavam, eram mais um
sinal do julgamento de DEUS do que da misericórdia para quaisquer pessoas (v.
21): “Está escrito na lei (isto é, no Antigo Testamento): Por gente doutras
línguas e por outros lábios, falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão,
diz o Senhor” (Is 28.11; comparar Deuteronômio 28.46,49). Entende-se que o
apóstolo se refira a essas passagens. Ambas são entregues na forma de ameaça, e
uma supõe-se que interpreta a outra. O significado neste ponto de vista é de
que é uma evidência de que o povo está abandonado por DEUS quando Ele lhes dá
esse tipo de instrução, para a disciplina através daqueles que falam outra
língua. E certamente o discurso do apóstolo sugere: “Vós não deveis estar
afeiçoados aos sinais do aborrecimento divino. DEUS pode não ter recompensas
graciosas para aqueles que são deixados meramente a esse tipo de instrução, e
que são ensinados em língua que não compreendem. Eles podem nunca ser
beneficiados por ensinamentos como esse; e, quando eles forem deixados a ele,
será um triste sinal de que DEUS os considera irrecuperáveis”. E os cristãos
devem desejar estar em tal estado, ou conduzir as igrejas a ele? Contudo, é o
que faziam de fato os pregadores coríntios, que sempre apresentavam suas
inspirações em uma língua desconhecida.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 491.
I Cor 14.21 O apóstolo introduz uma citação livre da lei (a lei
aqui se refere ao V. T.) para mostrar que as línguas tinham a intenção de ser
um sinal da presença de DEUS com outros além dos judeus.
Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora
Batista Regular I Coríntios. pag. 67.
3. A JUSTIÇA DOS FARISEUS.
A justiça que CRISTO veio estabelecer com esta lei deve exceder a
dos escribas e fariseus (v. 20). Esta era uma estranha doutrina para aqueles
que consideravam os escribas e fariseus como tendo chegado ã posição mais
elevada na religião. Os escribas eram os professores mais admirados da lei, e
os fariseus os seus mestres mais celebrados, e ambos se assentavam na cadeira
de Moisés (cap. 23.2) e tinham tal reputação entre 0 povo, que eram
considerados como completamente adaptáveis à lei e as pessoas não se consideravam
obrigadas a ser tão boas quanto eles eram. Portanto, foi uma grande surpresa
para eles ouvir que deviam ser melhores do que os fariseus e os escribas, ou
não iriam para o céu. Desta maneira, CRISTO aqui declara com solenidade: “ Vos
digo” , ou seja, é assim. Os escribas e os fariseus eram inimigos de CRISTO e
da sua doutrina, e eram grandes opressores, e ainda assim deve ser reconhecido
que eles consideravam isto um elogio. Eles oravam e jejuavam muito e davam
esmolas; eram pontuais na observância dos compromissos cerimoniais e a sua
função era ensinar os outros; eles tinham tal interesse pelas pessoas, que
achavam necessário que, se somente dois homens fossem ao céu, um deles seria um
fariseu. Mas aqui o nosso Senhor .JESUS diz aos seus discípulos que a religião
que Ele veio estabelecer não somente exclui a maldade, mas supera a bondade dos
escribas e dos fariseus. Nós precisamos fazer mais do que eles, e melhor do que
eles, ou não chegaremos ao céu. Nós éramos parciais na lei, e atribuíamos mais importância
à sua parte ritual. Mas nós devemos ser universais, e não pensar que é
suficiente dar à igreja o nosso dízimo, mas dar a DEUS os nossos corações. Eles
se preocupavam somente com o exterior, mas nós devemos ter consciência da
religiosidade interior. Eles procuravam o elogio e o aplauso dos homens, mas
nós devemos procurar a aceitação de DEUS; eles se orgulhavam do que faziam na
religião, e confiavam que o que faziam era justiça; mas nós, quando tivermos
feito tudo, precisamos negar a nós mesmos e dizer: “Somos servos inúteis” , e
confiar somente na justiça de CRISTO, e desta forma poderemos ir além dos
escribas e dos fariseus.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 51.
O versículo 20 é geralmente considerado o versículo-chave do Sermão
do Monte. A justiça dos discípulos de CRISTO deve exceder a dos escribas e
fariseus. JESUS estava se referindo a uma justiça interior, moral e espiritual,
em vez da justiça exterior, cerimonial e legalista dos fariseus. “O problema
com os fariseus”, diz Martin Lloyd-Jones, “era que eles estavam interessados
nos detalhes em vez de nos princípios, que eles estavam interessados nas ações
em vez de nos motivos, e que eles estavam interessados em fazer em vez de ser”.
É correto para o cristão agradecer a DEUS por não estar debaixo da
Lei, mas debaixo da graça. Mas se ele pensa que as exigências sobre ele são
menores por causa disso, não leu o Sermão do Monte de forma a compreendê-lo.
JESUS declarou enfaticamente que Ele exige uma justiça mais elevada do que a
dos escribas e fariseus. No restante do capítulo, o Senhor fornece seis
exemplos concretos daquilo que Ele quer dizer, exatamente, com isso. Ele
basicamente se refere a uma justiça de atitude interior em vez de meramente uma
ação exterior. Mas isto levanta a exigência. Deve-se não só guardar as suas
ações, mas também as suas atitudes; não só as suas palavras, mas também os seus
pensamentos. A lei de CRISTO traz, para aqueles que a guardam, mais exigências
do que a lei de Moisés.
Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Mateus. Editora
CPAD. Vol. 6. pag. 58.
Eram mestres da lei, copiavam as Escrituras, os contratos legais e
os registros civis . Eram diplomatas e emissários do governo (II Reis 18:18;
19:2). Eram considerados autoridades religiosas.
«Fariseus». Ver nota detalhada em Marc. 3:6. Geralmente vinham do
povo comum, eram zelosos da fé ortodoxa, mas gradualmente foram passando da fé
para uma religião constituída de formalidades e cerimônias, pois davam
exagerada importância às leis que não se encontram no V. T., 613 mandamentos ao
todo, 365 negativos e 248positivos. Alguns ensinavam que a lavagem das mãos e
de outros objetos pequenos eram as medidas mais
importantes. Outros ensinavam que a omissão de tais lavagens era um
pecado tão grave como o homicídio (ver nota em Mat. 15:2; também em Mat. 22:36;
23:35; 24:27). Ver nota sobre o «concilio» ou «sinédrio», o principal tribunal
dos judeus, constituído de escribas, fariseus e saduceus (Mat. 22:23). A
explicação sobre os «saduceus» aparece na mesma nota. Os fariseus eram
numerosos ao tempo de JESUS. Segundo informação dada por Josefo, haveria mais
de seis mil deles nos dias de JESUS. Exerciam grande poder sobre o povo.
Eram meticulosos observadores das formas externas da lei, mas não
compreendiam nem observavam os princípios morais. Talvez o melhor comentário
sobre esse versículo se encontre em Mat. 23:13-36, onde há os sete «ais» contra
tais líderes. Ali vemos acusações tais como «hipócritas».
«devorais as casas das viúvas», «tornais prosélitos piores que vós
mesmos», «filhos do inferno», «guias cegos», «insensatos», «limpais o exterior
do copo e do prato, mas estes por dentro estão cheios de rapina e
intemperança», «sois semelhantes aos sepulcros caiados...cheios de toda
imundícia», «serpentes, raça de víboras», «matadores dos profetas», e outras
acusações semelhantes.
Nisso se vê o conceito de JESUS sobre a «obediência» desses homens
à lei. A verdadeira justiça, pois, tem de exceder a desses homens. Não quanto
ao formalismo ou quanto a particularidades secundárias, mas quanto ao espírito
da lei. A parte seguinte do sermão mostra que JESUS ordena a pureza de motivos
e de intenção do coração, e não apenas a observância exterior (vss. 27-48).
»Escribas e fariseus». Combinação que destaca as principais
autoridades judaicas, e que aparece por treze vezes nos evangelhos sinópticos
(Mateus, Marcos e Lucas).
«Jamais entrareis no reino dos céus». Talvez JESUS fizesse alusão
ao reino no sentido literal, que estabeleceria sobre a terra; porém, mais
provavelmente se referia ao estado futuro—salvação da vida eterna, como em João
3:3,5 «sem o novo nascimento ninguém pode ver o reino de DEUS...pode entrar no
reino...» Precisamos lembrar que o termo «reino de DEUS» ou «reino dos céus»
pode assumir vários significados, usualmente definidos no uso do texto. Ver
nota em Mat. 3:2, onde há uma explicação sobre essa complexa designação.
Nos vss. 19 e 20 temos as classificações dos homens ante o reino
dos céus: aqueles que violam os mandamentos são os ‘mínimos*; aqueles que os
observam e ensinam são os «grandes». As falsas autoridades (vs. 20) nem ao
menos poderiam entrar no reino. Essas autoridades são justamente aquelas que
deixavam de lado os mandamentos importantes e frisavam os secundários; punham
de lado o elemento moral e requeriam o ritual; eliminavam o divino e
salientavam a tradição humana. Dessa maneira, punham de lado os princípios do
reino de DEUS, ao mesmo tempo que perdiam o direito de participar desse reino.
Buttrick (in loc.) diz em citação parcial: «Sua justiça não era
suficientemente extensa. Para eles, quem não observasse as
questões externas era um pária: não comprariam alimentos para o tal. Não
queriam ter contatos com os estrangeiros. Apertavam em tomo de si as suas
vestes, para evitar a contaminação por contacto...Sua justiça não era bastante
ampla. Muito frequentemente a religião deles se estreitava a meras proibições.
Durante a Primeira Grande Guerra, um questionário feito entre as tropas,
respondido por soldados britânicos, deixou claro que eles criam que o ensino da
igreja era quase exclusivamente: ‘Não fumarás. Não usarás de juramentos. Não
cobiçarás’. É óbvio que a disciplina tem seu legitimo lugar em qualquer
religião verdadeira. Devemos ser separados de hábitos indignos, mas somente
porque primeiro fomos ‘separados para CRISTO’... A justiça deles não era
bastante profunda. Julgavam os homens em tons censuradores. Julgavam por
hereditariedade. Qual seria, nesse caso, a posição de Lincoln ou de Keats?...
não eram dotados de olhos perscrutadores de amor, e não entendiam a graça do
sofrimento vicário. A justiça deles não era suficientemente elevada. Estavam
satisfeitos consigo mesmos. Não havia ‘além’ para onde ir, não havia
riscos, não havia aspirações, não havia abandono de alma em sua adoração.
Era uma justiça formal e de teto reduzido. Não ansiavam pela visão de um mundo
mais digno e não podiam perceber em CRISTO qualquer graça oculta. O ensino de
CRISTO ultrapassa todas as muralhas, expande-se para além de meras proibições,
aprofunda-se no sacrifício motivado pelo amor e alteia-se na direção da própria
intenção de DEUS».
No trecho de 5:21-48, JESUS ilustra a verdadeira compreensão da
lei. O espírito de santidade deve permear inteiramente a personalidade humana,
por dentro e por fora; somente assim haverá santidade autêntica e a semelhança
de DEUS na vida humana. As relações se referem à humanidade em geral, sem
destacar amigos ou inimigos (vs. 21-23), aos inimigos (vs. 25), ao sexo oposto
(vs. 27), aos esposos (vs. 31). CRISTO oferece seis ilustrações para esclarecer
a compreensão espiritual da lei, em contraste com a interpretação errônea das
autoridades judaicas: 1. O sexto mandamento: Não matarás(vss. 21 a 26), 2. O
sétimo mandamento: Não adulterarás (vss. 27 a 30). 3. A lei do divórcio (vss.
31,32). 4. Os juramentos (vss. 33 a 37). 5. A vingança (vss. 38 a 42). 6. A lei
do amor (vss. 43 a 48).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 309-310.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva
(http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/) com
algumas modificações do Pr. Luiz Henrique.
https://ebdnatv.blogspot.com/2022/01/estudo-alianca-de-sangue-pr-henrique.html
Referências Bibliográficas (outras estão acima)
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP:
Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico
Almeida Revista e Corrigida.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João
Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida,
Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999.
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson
EM CD.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ -
Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
https://ebdnatv.blogspot.com/2022/01/estudo-alianca-de-sangue-pr-henrique.html
http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/ - Pb
Alessandro Silva
Referências Bibliográficas (outras estão acima)
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
REVISTA NA ÍNTEGRA 2024
Escrita, Lição 1, BETEL, Os Dez Mandamentos – A lei moral, Ética e
Espiritual de DEUS para a humanidade, Com. Extras Pr Henrique, EBD NA TV
Para me ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
4° Trimestre de 2024, EBD, Revista Editora Betel, Tema, OS DEZ
ANDAMENTOS – Estabelecendo Princípios e Valores Morais, Sociais e
Espirituais Imutáveis para uma Vida Abençoada, Escola Bíblica
Dominical
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- Conhecendo os Dez Mandamentos
1.1. Os Dez Mandamentos – a Lei de DEUS
1.2. O prefácio dos Dez Mandamentos
1.3. A importância dos Dez Mandamentos
2- Compreendendo os Dez Mandamentos
2.1. Diretrizes para o viver como povo de DEUS
2.2. Um “não” positivo para a vida
2.3. Um marco histórico
3- Vivendo os Dez Mandamentos
3.1. As bênçãos condicionais dos Dez Mandamentos
3.2. O espelho dos Dez Mandamentos
3.3. Os Dez Mandamentos são eternos
TEXTO ÁUREO
“Amarás, pois, ao Senhor, teu DEUS, e guardarás a sua observância,
e os seus estatutos, e os seus juízos, e os seus mandamentos, todos os
dias.” Deuteronômio 11.1
VERDADE APLICADA
DEUS deu princípios ao Seu povo para nortear a comunhão com Ele e
com o próximo
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Explicar a importância dos Dez Mandamentos
Explicar a importância dos Dez Mandamentos
Citar as bênçãos produzidas pelos Dez Mandamentos
TEXTOS DE REFERÊNCIA - ÊXODO 20
1- Então falou DEUS todas estas palavras, dizendo:
2- Eu sou o Senhor, teu DEUS, que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão.
3- Não terás outros deuses diante de mim.
4- Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em
cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
5- Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu DEUS, sou
DEUS zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta
geração daqueles que me aborrecem.
6- E faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus
mandamentos.
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Gn 15.18 DEUS faz um pacto com Abraão
TERÇA | Êx 34.7 DEUS faz um pacto com a nação de Israel.
QUARTA | Lv 19.18 O dever de amar o próximo.
QUINTA l Dt 6.5 O dever de amar o Senhor de todo o coração.
SEXTA | Dt 26.5-9 O dever de honrar ao Senhor.
SÁBADO | Rm 7.12 A Lei é santa.
HINOS SUGERIDOS: 556, 558, 559
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que o amor ao próximo seja cada vez mais vivido em nossas
atitudes.
INTRODUÇÃO
Vamos iniciar o
estudo acerca dos Dez Mandamentos enfatizando a relevância de
conhecermos, compreendermos e vivermos segundo a vontade de DEUS, com a
imprescindível ajuda do ESPÍRITO SANTO e refletindo tal comprometimento em
agradar ao Senhor em todas as áreas do nosso viver: com DEUS e com o próximo
[Mc 12.30-31]
PONTO DE
PARTIDA – A Lei de DEUS é eterna e imutável.
1- Conhecendo
os Dez Mandamentos
Iniciemos este
enriquecedor estudo sobre o Decálogo enfatizando, inicialmente, sua relevância
como base para a fé e o viver da nação – povo de DEUS [Êx 19.4-6] – recém-saída
da escravidão e a caminho da Terra Prometida. Devemos conhecer, pois é a
Palavra de DEUS que revela o caráter de DEUS e como o Seu povo deve se
relacionar com Ele e com o próximo.
1.1. Os Dez
Mandamentos – a Lei de DEUS
Os Dez
Mandamentos foram classificados em dois grupos pelas autoridades
religiosas de Israel: ético e teológico; horizontal e vertical. Eles tratam da
relação do ser humano com DEUS e com o próximo. Existem oito mandamentos
negativos e dois mandamentos positivos, que são a guarda do sábado e a honra a
pai e mãe [Êx 20.8-12; Dt 5.12-16]. Os primeiros mandamentos são teológicos e
se resumem no que JESUS destacou como o primeiro e grande mandamento [Dt 6.5;
Mt 22.37-38; Mc 12.30; Lc 10.27]. Os que constituem a segunda tábua são os
éticos e tratam de amar o próximo como a si mesmo [Lv 19.18; Mt 22.39; Mc
12.31]. Embora os Dez Mandamentos sejam chamados de tábuas da Lei, a Lei de DEUS
é tudo o que está escrito nos cinco livros de Moisés (Pentateuco), e não apenas
as palavras escritas nas tábuas [Js 24.26; Ne 8.8, 18).
Gleason
L. Archer Jr. (Panorama do Antigo Testamento, Vida Nova, 2012> p. 280):
‘A aliança e o Decálogo – Em Êxodo 19.3-8, a aliança com Abraão e sua semente [
Gn 12; 15; 17] foi renovada com seus descendentes, já que se tinham
transformado em grande nação. (…) Quanto ao Decálogo [Êx.20.1-17], a base
inteira das suas sanções é declaradamente a redenção que DEUS opera pela graça
(“Eu sou o Senhor, teu DEUS, que te tirou da terra do Egito, da casa da
servidão”: v. 2). Os mais solenes avisos contra a desobediência (produto da
descrença e da rejeição de DEUS) vinculam-se às mais abundantes promessas de
graça (“mas sou misericordioso com mil gerações dos que me amam e guardam os
meus mandamentos”, v.6).”
1.2. O prefácio
dos Dez Mandamentos
Ao descer sobre
o Sinai com grande poder e glória, DEUS revela Sua divindade quando começa a
falar sobre a libertação de Seu povo [Êx 20.2]. Nesse versículo, conhecido como
o prefácio dos Dez Mandamentos, DEUS defende Sua autoridade como Legislador, o
que lhe confere o direito legal de dizer às pessoas aquilo que devem fazer. DEUS
se apresenta aqui como Senhor, Ele usa Seu nome especial de aliança: “Jeová”:
Ele se apresenta como um DEUS particular: “teu DEUS”, que se relaciona com Seu
povo, e cujo relacionamento pessoal é também uma relação salvadora. Ele é tanto
Senhor quanto Salvador. Foi sobre essa base que a Lei foi estabelecida, vinda
diretamente da boca de DEUS [Êx 20.2b].
Comentário
Bíblico Moody (Imprensa Batista Regular, 1984, p. 89): ‘A Lei foi dada a
um povo já salvo [19.4; 20.2] a fim de instruí-lo na vontade do Senhor, para
que pudesse realizar o propósito de DEUS como “um reino de sacerdotes e uma
nação santa” [Êx 19.6]. Importante pontuarmos aqui que o apóstolo Pedro aplicou
esta afirmação sobre a identidade do povo de Israel aos discípulos de DEUS [1Pe
2.9]. Hoje, como povo de DEUS, devemos obedecer à Sua Palavra, pois fomos
“comprados por bom preço” (1Co 6.20].
1.3. A
importância dos Dez Mandamentos
Moisés não
desceu do Sinai com sugestões ou recomendações dadas por DEUS, ele desceu com
mandamentos. Mas o que significam esses mandamentos para nós? Até que ponto
devemos obedecer a essas ordens? Não podemos ignorar nada do que foi escrito.
Se está escrito é porque é proveitoso, mesmo que ao nosso ver parecem apenas
proibições [2Tm 3.16-17). Os Dez Mandamentos são princípios que expressam o
caráter eterno de DEUS, e como DEUS não muda, essas palavras serão sempre como
Ele. Antes de escrever os mandamentos em tábuas de pedra, DEUS revelou a Moisés
que se o povo “ouvisse Sua voz”, e guardasse Sua aliança, eles se tornariam Sua
propriedade particular, no reino sacerdotal e o povo santo [Êx 19.3-6].
Pr.
Sérgio Costa (Pentateuco – Origem, Promessa e Aliança, Editora Betel,
2023. P. 89-93) comenta sobre “O recebimento da Lei” e expõe de forma
esclarecedora o princípio da obediência, também crucial na vida do discípulo de
DEUS, a partir do padrão de leis que encontramos em êxodo: “A Lei nunca se
destinou a ser um meio de salvação, pois a salvação sempre foi e continua a ser
uma questão de fé nas promessas de DEUS, que agora nos foram reveladas e
cumpridas cabalmente em DEUS [Rm 4.13]. (…) em nosso contexto contemporâneo,
obedecer está ligado, para o mundo e de forma pejorativa, a uma servidão cega e
opressora, mas esse conceito de obediência opressora não é o cerne do
relacionamento entre DEUS e o Seu povo. (…) obedecer ao Senhor, não somente por
obrigação, mas por um sentimento de gratidão por tudo que DEUS fez à nação. Na
verdade, a obediência é uma resposta de fidelidade ao amor que DEUS sente por
Seu povo, é um reconhecimento pela bênção da liberdade e da vida plena.”
EU ENSINEI QUE:
Assim como DEUS
não muda, Seus princípios também são imutáveis.
2-
Compreendendo os Dez Mandamentos
Os Dez
Mandamentos soam como grandes proibições para muitos, mas foram estabelecidos
por DEUS como um meio de produzir uma vida melhor.
2.1. Diretrizes
para o viver como povo de DEUS
A compreensão
dos Dez Mandamentos, passa necessariamente, pelo exposto nos textos de
Êxodo 19.4-6 e 20.2. Destacamos as expressões: “vos trouxe a mim”; “minha
propriedade peculiar”; “reino sacerdotal e povo santo”; “te tirei da casa da
servidão”. O Senhor DEUS libertou e revelou Seus propósitos. Liberdade para ser
de DEUS. Liberdade para viver em santidade. Liberdade para servir a DEUS. A
questão que se apresenta é: “Como é o viver que pertence a DEUS?”; “Como ser um
povo separado para DEUS?” ” Como servir a DEUS? Comentário Bíblico
Broadman (JUERP, Volume I, 1987, p. 481) sobre Êxodo 19: “O conteúdo
essencial desta passagem é um convite para um encontro com o Senhor em Sinai,
para obedecer à sua voz e para entrar em um relacionamento pactual com ele (cf.
v. 4 e 5). Desta forma, este parágrafo resume bem a totalidade dos capítulos
19-24; o encontro com DEUS (19), a lei de DEUS (20-23) e a confirmação do pacto
(24): Assim, podemos resumir as diretrizes: encontro com DEUS, obediência aos
Seus mandamentos e relacionamento em aliança.
Lawrence
Richards ( Comentário Bíblico do Professor, Editora Vida, 2004, p.
107-108): ”. A primeira revelação da Lei a Israel tinha duas funções
específicas. Em primeiro lugar, revelava o caráter de DEUS. Se o propósito de
Israel era refletir o caráter de DEUS e, assim, dar glória a ele, tinham de
entender o caráter divino. Os Dez Mandamentos são a primeira revelação precisa
do caráter moral e dos valores mais profundos de DEUS. A segunda função
importante da Lei é definir claramente as expectativas de DEUS. Em padrões
claros e bem definidos, o povo de DEUS foi informado de como o Senhor esperava
que se comportassem.”
2.2. Um “não”
positivo para a vida
A forma
negativa da expressão “não farás”, ou similares, é a que prevalece
no Decálogo. Por quê? Porque a formulação negativa chega a ser mais
precisa e pontual do que a positiva. Algo é negado, mas, por oposição, todo o
resto é permitido. Por exemplo, uma prescrição que diz “seja honesto” está bem;
mas se for especificado “não roube”, “não matar”, o que está sendo aludido e
proibido é estabelecido com exatidão. Então, fora das proibições específicas,
há uma série de possibilidades que podem ser abordadas no âmbito da liberdade
humana. Apenas o que é observado como uma falha à vida comunitária ou o serviço
direto a DEUS é visto como condenável.
Jochem
Douma ( Os Dez Mandamentos – Manual para a vida cristã, Editora CURE,
2019): “Oito vezes ouvimos: “Não’: e os dois outros mandamentos ( o quarto e o
quinto) indicam claramente, por meio de sua instrução positiva, que certas
coisas são proibidas. Em vista de tantas formulações negativas, é possível,
ainda, falar de uma Lei da liberdade? Não perdemos a liberdade da qual o
Prólogo dá testemunho, assim que chegamos aos mandamentos? Podemos, certamente,
deduzir das formulações negativas que o homem é pecador, inclinado a
transgredir a Lei.(…). As portas da liberdade provêm uma abertura permanente em
um muro que você não pode escalar. Sinais de trânsito não restringem o tráfego,
mas providenciam ordem para o movimento”.
2.3. Um marco
histórico
O Decálogo soa
como uma advertência contra se tornar como os egípcios, um povo que não adora
Jeová como DEUS de liberdade e do povo que carrega o “DNA” da promessa
de Abraão [Gn 15.13-14]. O povo de Israel não deve perder a memória
histórica, tanto da esperança de ser uma bênção para outros povos, quanto da
realidade da libertação da escravidão [Dt 6.2-24; 26.5-9]. O Decálogo é um
marco fundamental que marca diretrizes para a prática da justiça e
da santidade como povo escolhido por DEUS entre todos os povos do
mundo. Se Israel se esquece de DEUS e da lei, e perde de vista seu horizonte de
esperança para o mundo e não se lembra de quem lhe deu liberdade, a soberba e o
egoísmo se apoderariam dele e então trocará a verdadeira
adoração pela adoração a si mesmo.
O
fator marcante da vida de Israel é sua libertação da escravidão do Egito. Ao
dizer: “… que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” [Êx 20.2), DEUS
estava cumprindo a promessa de redenção feita a Abraão [Gn 15.13-14). A
libertação de Israel do Egito prefigura a nossa redenção, pois éramos
prisioneiros do pecado e CRISTO nos libertou [Jo 8.32,36; a 1.13-14].
EU ENSINEI QUE:
DEUS sempre usa
princípios para conduzir Seu povo a Seus propósitos.
3- Vivendo os
Dez Mandamentos
Tudo o que está
escrito é para ser vivido e praticado. Tudo o que temos a fazer como filhos de DEUS
é conhecer o que devemos praticar. Os mandamentos de DEUS estão em conformidade
com o Seu caráter. Os mandamentos são parte dEle mesmo e aplicá-los às nossas
vidas será de grande enlevo para todos nós.
3.1. As bênçãos
condicionais dos Dez
Mandamentos
Através dos Dez
Mandamentos, o Senhor orienta Israel a viver como Seu povo conforme a Sua
vontade e como se relacionar com Ele. O motivo que levasse a cumprir a Lei
haveria de ser o amor e a gratidão a DEUS por havê-los redimido e feito filhos
seus [Êx 20.2]. Três coisas estavam condicionadas à obediência de Israel [Êx
19.5-6):
1) Propriedade
peculiar de DEUS ou “meu tesouro especial”, (NVI). Tal expressão indica um
relacionamento especial com o Todo-Poderoso. Que grande privilégio;
2) Reino
sacerdotal - aponta para serviço. Um povo na terra com um relacionamento
especial com DEUS não se fecha em si mesmo, mas age como representante de DEUS
no mundo e em favor do mundo. Isso nos lembra a palavra de DEUS para Abraão –
Gênesis 12.3 “abençoar todas as famílias da terra’;
3) Povo santo - separado por DEUS para viver de acordo com a vontade de DEUS
[Lv 20.26] e não segundo os costumes das nações [Lv 18.3-4].
São
propósitos da Lei: proporcionar uma norma moral pela qual os redimidos possam
mostrar que são filhos de DEUS e viver em justa relação com seu Salvador e com
o próximo; demonstrar que DEUS é santo e Ele exige a santidade de toda a raça
humana; mostrar à humanidade seu estado pecaminoso e fazê-la entender que
somente mediante a graça pode ser salva. A Lei era um mestre para ensinar a
Israel e ajudá-lo a permanecer em contacto com DEUS [Gl 3.24-25].
3.2. O espelho
dos Dez Mandamentos
Christopher
Eric Hitchens, jornalista, escritor e crítico literário britânico e americano,
considerado um dos mais influentes ateus da história, atacou severamente os Dez
Mandamentos, afirmando que DEUS exigia o impossível ao proibir os pensamentos
desejosos nos mandamentos. Disse que se DEUS realmente desejasse que as pessoas
estivessem livres de tais pensamentos deveria ter tido mais cuidado e criado
uma espécie diferente. Dizer que DEUS cometeu erro ao exigir o impossível é mal
interpretar o propósito dos Dez Mandamentos. Eles foram dados para nos ajudar a
identificar um problema que está no mais profundo de nossa alma: o pecado [Sl
14.2-3; Rm 3.10]. Os Dez Mandamentos são como uma radiografia, pois apresentam
o problema que está dentro de cada um de nós.
Digamos
que uma pessoa sofreu uma forte queda, seu braço inchou e está com muitas
dores. O que faz? Ela precisa de um raio-x para conhecer o dano causado e como
vai tratá-lo a partir dali. O raio-x revela o que de fato se passa por dentro,
porém, o raio-x não cura seu braço, não lhe traz melhoras, seu braço ainda
estará quebrado. O raio-x não resolveu o problema, mas “revelou” o problema
para que ele recebesse o tratamento adequado. Assim são os Dez Mandamentos.
3.3. Os Dez
Mandamentos são eternos
O respeito a DEUS
sempre requer respeito a Sua lei, e desrespeitar Sua lei é o mesmo que
desrespeitar Sua pessoa [Sl 111.10; 119.44, 142; Pv 9.10; 16.6]. Na cultura em
que vivemos atualmente, é possível estar interessando em DEUS e, ao mesmo
tempo, não fazer o que Ele diz [Tg 1.22-24]. Os Dez Mandamentos representam as
leis morais de DEUS, as quais nunca se movem ou mudam. Podemos ilustrar
refletindo sobre como uma pessoa lida com a lei da gravidade. Se infringimos
essa lei, é como se nos lançássemos de um edifício alto. Podemos negar que a
lei irá nos afetar, mas certamente sofreremos suas consequências. Os Dez
Mandamentos são leis eternas projetadas por DEUS para que a sociedade não se
destrua. Embora vivamos no tempo da graça, todo cristão está sob a autoridade
das leis morais de DEUS, que estão resumidas nos Dez Mandamentos.
Muitos
estão cometendo os mesmos erros vividos pelos israelitas em sua caminhada com DEUS
para a Terra Prometida. Eles tinham DEUS e Sua Lei, mas viviam como se essas
leis não existissem. O problema moral não é novo, ele é fruto da natureza caída
do ser humano e a única forma de contê-lo é passando pela experiência do novo
nascimento, confiando em JESUS CRISTO e em Sua obra de redenção e andando em ESPÍRITO,
para um viver que agrada a DEUS.
EU ENSINE QUE:
Os mandamentos
de DEUS estão em conformidade com o Seu caráter.
CONCLUSÃO
É pela lei que
vem o conhecimento do pecado. É ela que nos mostra que precisamos da obra de
salvação de JESUS CRISTO. A lei é boa porque, além de apontar para nós mesmos,
mostrando onde falhamos, ao mesmo tempo nos ensina a viver para a glória de DEUS
(1 Tm 1.8).