Lição 12, As Epístolas Instruem E formam Os 
	Cristãos 
	Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2022 - 
	CPAD - Para adultos
Tema: A Supremacia das Escrituras, a Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de DEUS
Comentário: Pr. Douglas Baptista (Pr. Pres. Assembleia de DEUS Missão, Brasília, DF)
Complementos, ilustrações, questionário e vídeos: Pr. Henrique 
	  
	  
	Lição 12, As Epístolas Instruem E formam Os 
	Cristãos 
	Escrita - https://ebdnatv.blogspot.com/2022/03/escrita-licao-12-as-epistolas-instruem.html 
	Slides - https://ebdnatv.blogspot.com/2022/03/slides-licao-12-as-epistolas-instruem-e.html 
	Vídeo - https://youtu.be/7YxelA0EOpU 
	  
	   
	
	       
	TEXTO ÁUREO
“A graça, a misericórdia, a paz, da parte de DEUS Pai e da do Senhor JESUS CRISTO, o Filho do Pai, sejam convosco na verdade e amor.” (2 Jo 1.3) 
	  
	
VERDADE PRÁTICA
As epístolas apresentam instruções vitais para a compreensão da doutrina cristã, bem como para a formação dos cristãos.
	
	
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Rm 1.17 Em CRISTO descobrimos a justiça de DEUS: o justo viverá pela fé
Terça - Ef 1.22,23 CRISTO é o cabeça; e a Igreja, o seu Corpo
Quarta - 1 Pedro 1.7 A fé é provada como o ouro é provado pelo fogo
Quinta - 1 Jo 1.6,7 O salvo deve viver em comunhão com os irmãos
Sexta - 2 Co 7.1 O crente deve purificar-se de toda imundícia da carne e do espírito
Sábado - Ef 4.13 O cristão deve buscar a medida da estatura de CRISTO 
	
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Coríntios 1.1-3; 1 Pedro 1.1,2; 2 João 1.1-3
1 Coríntios 1.1 - Paulo (chamado apóstolo de JESUS CRISTO, pela vontade de DEUS) e o irmão Sóstenes,
2 - À igreja de DEUS que está em Corinto, aos santificados em CRISTO JESUS, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor JESUS CRISTO, Senhor deles e nosso: 3 - graça e paz, da parte de DEUS, nosso Pai, e do Senhor JESUS CRISTO.
1 Pedro 1.1 - Pedro, apóstolo de JESUS CRISTO, aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia;
2 - Eleitos segundo a presciência de DEUS Pai, em santificação do ESPÍRITO, para a obediência e aspersão do sangue de JESUS CRISTO: Graça e paz vos sejam multiplicadas.
2 João 1.1 - O ancião à senhora eleita e a seus filhos, aos quais amo na verdade e não somente eu, mas também todos os que têm conhecido a verdade,
2 - Por amor da verdade que está em nós e para sempre estará conosco.
3 - A graça, a misericórdia, a paz, da parte de DEUS Pai e da do Senhor JESUS CRISTO, o Filho do Pai, seja convosco na verdade e amor.
	
	
PALAVRA-CHAVE - Epístola 
	  
	  
	Resumo da Lição 12, As Epístolas Instruem E formam 
	Os Cristãos
I – COMO AS EPÍSTOLAS PAULINAS NOS INSTRUEM
1. Instruções salvíficas. 
	2. Instruções a respeito de CRISTO. 
	3. Instruções sobre as últimas coisas. 
	4. Instruções pastorais e pessoais. 
	II – COMO AS EPÍSTOLAS GERAIS NOS 
	FORMAM
1. As Epístolas de Pedro. 
	2. As Epístolas de João. 
	3. As outras Gerais. 
	III – AS EPÍSTOLAS CONTINUAM A FALAR
1. A doutrina da justificação. 
	2. A doutrina da santificação. 
	3. A doutrina da glorificação. 
	  
	  
CARTA: PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA - ORLANDO BOYER 
	 Manuscrito fechado, com endereço e remetente. Designação de diversos 
	títulos ou documentos oficiais. Davi escreveu uma carta, 2 Sm 1.14. Tendo 
	Ezequias recebido a carta, 2 Rs 19.14. Carta de divórcio, Mc 10.4; Dt 24.1. 
	Carta de recomendação, 2 Co 3.1. Vós sois a nossa carta, 2 Co 3.2. Carta, 
	escrita não com tinta, 2 Co 3.3. Contristado com a carta, 2 Co 7.8. As 
	cartas são graves e fortes, 2 Co 10.10.
EPÍSTOLA: PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA - ORLANDO BOYER 
	Chamam-se epístolas, 21 dos 27 livros do Novo Testamento. São cartas 
	escritas por apóstolos. Treze (ou 14) são paulinas, isto é, escritas pelo 
	apóstolo Paulo: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, 
	Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e Filemon (e 
	Hebreus?*. Havendo ainda a Epístola aos Hebreus que muitos supõem ser também 
	do apóstolo Paulo. As três epístolas pastorais, na ordem em que foram 
	escritas, são: 1 Timóteo, Tito e 2 Timóteo. Não são dirigidas a uma igreja 
	mas a pastores. Cinco das epístolas, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1 João e Judas, são 
	católicas, isto é, gerais ou universais, porque foram dirigidas à Igreja em 
	geral. A Igreja Primitiva contava sete epístolas católicas, incluindo 2 e 3 
	João. Essas, contudo, são epístolas pessoais dirigidas a indivíduos. Urna 
	vez lida esta e perante vós. . . que seja lida na igreja dos laodicenses, Cl 
	4.16. Que esta seja lida a todos os irmãos, 1 Ts 5.27. Seja por palavra, 
	seja por  nossa, 2 Ts 2.15. Obediência a nossa palavra dada por esta e, 
	2 Ts 3.14. De próprio punho: Paulo, este é o sinal em cada e, 2 Ts 3.Í7. 
	Está a segunda e, 2 Pe 3.1. E, nas quais há certas coisas difíceis, 2 Pe 
	3.16. 
	  
	  
	  
	EPÍSTOLA - Dicionário Bíblico Wycliffe 
	No uso geral, o termo epístola refere-se 
	à correspondência escrita, seja particular ou pública. Este uso amplo 
	incluiria as cartas do AT, embora elas não sejam chamadas especificamente de 
	epístolas (2 Sm 11.14,15; 1 Rs 21.8-11; Ed 4.11- 22; Jr 29,1-29).
No NT o termo gr. epistole ocorre 24 vezes e é a designação de 21 dos escritos do NT. Destes, 13 são da pena de Paulo e sete ou oito. dependendo se Hebreus está incluído ou não são classificados como epístolas gerais ou universais. As 13 cartas de Paulo são geralmente divididas em quatro grupos, escatológicas (1 e 2 Tessalonicenses), soteriológicas (Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas), da prisão (Efésios, Filipenses, Colossenses, Filemom) e pastorais (1 e 2 Timóteo, Tito). As epistolas não-paulinas têm sido chamadas de universais (ou católicas) porque eram supostamente gerais quanto ao seu destino. Isto, porém, não é uma designação exata no caso de Hebreus, e de 2 e 3 João, que foram enviadas para pessoas e grupos específicos. Em geral, as epístolas do NT seguem a forma padrão das cartas antigas, como pode ser visto pelo estudo da extensa correspondência em papiros que foi preservada. A ordem epistolar usual era: nome do escritor e destinatários, saudação, oração ou desejo de bem-estar dos leitores, corpo da carta e saudações finais.
Alguns, seguindo a sugestão de A. Deissmann, têm feito uma distinção entre cartas e epístolas. As cartas seriam pessoais, com trechos não-literários sem a intenção de uso permanente, ao passo que as epístolas seriam impessoais, com trechos literários, escritas para um público mais geral e com a intenção de permanência. Outros têm corretamente insistido que esta distinção é demasiadamente sofisticada e simplificada. A maioria das epístolas do NT combina elementos tanto de carta como de epístola, conforme distinguido por Deissmann. A correspondência do NT foi, em sua maior parte, escrita em resposta a cartas ou palavras pessoais com relação a problemas ou necessidades que exigiram um tratamento por parte de alguém que tivesse autoridade apostólica. D. W. B. 
	  
	   
	PROVÁVEL CRONOLOGIA DOS LIVROS DO NOVO TESTAMENTO 
	  
	
	  
	  
	  
	EPÍSTOLAS GERAIS - Dicionário Bíblico Wycliffe 
	Sete cartas do NT - Tiago; 1a e 2a Pedro; 
	1a, 2a e 3a João e Judas - são assim chamadas porque não contêm 
	destinatários específicos (note o contraste com as epístolas paulinas). A 
	descrição “sete epístolas universais” (isto é, com destino indefinido e 
	abrangente) foi dada pela primeira vez por um patriarca da igreja, Eusébio 
	(Ecel. Hist, II, 23-25). No entanto, mesmo uma leitura superficial das 
	cartas mostra que elas não são todas verdadeiramente “gerais” -1 Pedro foi 
	destinada a províncias específicas na Ásia Menor; 3 João foi enviada a um 
	certo Gaio; e 3 João a uma igreja local ou a um indivíduo.
Não houve uma pronta aceitação destas cartas na igreja primitiva. No século IV, Eusébio afirmou que a maioria delas eram discutidas, embora tenham sido incluídas em várias listas e manuscritos importantes do NT no mesmo século. Algumas delas, especialmente 2 Pedro e Tiago, têm sido contestadas de um modo ou de outro em várias ocasiões até o dia de hoje. (Para detalhes veja Cânon das Escrituras - NT.)
No que diz respeito às ênfases maiores, Tiago e 1 Pedro tratam do problema do sofrimento (veja, por exemplo, Tg 1.2-4; 5.4-11; 1 Pe 1.6,7; 2.18-20; 3.14-17; 4.12-16). Na verdade, as palavras “sofrer” ou “sofrimento” aparecem pelo menos 15 vezes somente em 1 Pedro. As outras cartas refletem o crescimento do falso ensino e como a igreja primitiva se opôs a ele (veja 2 Pe 2.2,3; 3.1-7; 1 Jo 1.6- 10; 2.22,23; 4.1-6; Jd 3,4). W. M. D. 
	  
	  
	EPÍSTOLAS CATÓLICAS - Dicionário Bíblico Wycliffe
Uma designação tradicional das sete últimas epístolas do Novo Testamento.
A palavra *católico” deriva do grego katkolikos, que significa “geral”, “muito difundido”, “universal. Com a exceção da segunda e da terceira epístola de João, que são escritas para um indivíduo ou para uma igreja em particular, estas epístolas dirigem-se a um público mais amplo do que uma igreja local ou um indivíduo. Mais tarde, a palavra “católica” foi empregada para as epístolas que eram universalmente aceitas pela igreja e que continham doutrinas ortodoxas; assim, o termo tornou-se sinônimo de “genuíno” ou “canônico”. 
	  
	  
	EPÍSTOLAS PAULINAS - Dicionário Bíblico Wycliffe 
	Paulo escreveu mais do que qualquer outro no Novo Testamento (14 das 21 
	cartas e epístolas, incluindo Hebreus). Lucas escreveu o evangelho de Lucas 
	e o evangelho do ESPÍRITO SANTO, Atos. Paulo também escreveu seu evangelho - 
	Romanos. O evangelho da justificação pela fé. 
	no dia em que DEUS há de julgar os 
	segredos dos homens, por JESUS CRISTO, segundo o meu evangelho. Romanos 2:16
Lembra-te de que JESUS CRISTO, que é da descendência de Davi, ressuscitou dos mortos, segundo o meu evangelho; 2 Timóteo 2:8
Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de JESUS CRISTO, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto, Romanos 16:25 
	Nenhum outro escritor da Bíblia teve tanta revelação da Palavra de DEUS como 
	Paulo. Ele usou a escritura da Lei e dos profetas com maestria para aplicar 
	seus ensinos doutrinários. 
	Exemplo: 
	Para falar da libertação concedida a todos os crentes em CRISTO usou uma 
	citação de Deuteronômio em sua epístola aos Gálatas. 
	o seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no 
	mesmo dia, porquanto o pendurado é maldito de DEUS; assim, não contaminarás 
	a tua terra, que o Senhor , teu DEUS, te dá em herança. Deuteronômio 21:23 
	CRISTO nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, porque 
	está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; Gálatas 3:13 
	Paulo recebeu a revelação da existência da Igreja (Ef 3.9-11, Cl 1.26; 27). 
	 
EPÍSTOLAS PAULINAS - Comentários BEP - CPAD 
	  
	ROMANOS 
	Esboço
Autor: Paulo
Tema: A Revelação da Justiça de DEUS
Data: Cerca de 57 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Romanos é a epístola de Paulo mais longa, mais teológica e mais influente. Talvez por essas razões foi colocada em primeiro lugar entre as do apóstolo. De modo contrário à tradição católica romana, a igreja de Roma não foi fundada por Pedro, nem por qualquer outro apóstolo. Ela talvez tenha sido iniciada por convertidos de Paulo provenientes da Macedônia e da Ásia, bem como pelos judeus e prosélitos convertidos no dia de Pentecoste (At 2.10). Paulo não tinha Roma como campo específico de outro apóstolo (15.20).
Em Romanos, Paulo afirma que muitas vezes planejou ir até Roma para ali pregar o evangelho, mas que, até então fora impedido (Rm 1.13-15; 15.22). Reafirma seu desejo de ir até eles (15.23-32).
Paulo, ao escrever esta epístola, perto do fim da sua terceira viagem missionária (cf. Rm 15.25,26; At 20.2,3; 1 Co 16.5,6), estava em Corinto como hóspede na casa de Gaio (16.23; 1 Co 1.14). Enquanto escrevia Romanos através do seu auxiliar Tércio (16.22), planejava voltar a Jerusalém para o dia de Pentecoste (At 20.16; provavelmente na primavera de 57 ou 58 d.C.) e entregar pessoalmente uma oferta de socorro das igrejas gentias aos crentes pobres de Jerusalém (15.25-27). Logo a seguir, Paulo esperava partir para a Espanha levando-lhe o evangelho, visitar de passagem a igreja de Roma e receber ajuda dos crentes ali para prosseguir em sua caminhada para o oeste (15.24, 28).
Propósito
Paulo escreveu esta carta a fim de preparar o caminho para a obra que ele esperava realizar em Roma e na sua missão prevista para a Espanha. (1) Seu propósito era duplo.
Segundo parece, os romanos tinham ouvido boatos falsos a respeito da mensagem e da teologia de Paulo (e.g., Rm 3.8; 6.1,2, 15); daí ele achar necessário registrar por escrito o evangelho que já pregava há vinte e cinco anos. (2) Queria corrigir certos problemas da igreja, causados por atitudes erradas dos judeus para com os gentios (e.g., 2.1-29; 3.1, 9), e dos gentios para com os judeus (e.g., Rm 11.11-32).
Visão Panorâmica
O tema de Romanos está em Rm 1.16,17, a saber: que no Senhor JESUS a justiça de DEUS é revelada como a solução à sua justa ira contra o pecado. A seguir, Paulo expõe as verdades fundamentais do evangelho. Primeiro, destaca o fato de que o problema do pecado e a necessidade humana da justificação são universais (Rm 1.18—3.20). Posto que tanto os judeus quanto os gentios estão sujeitos ao pecado e, portanto, sob a ira de DEUS, ninguém pode ser justificado diante dEle à parte do dom da justiça (3.24) mediante a fé em JESUS CRISTO (Rm 3.21—4.25).
Sendo justificado generosamente pela graça de DEUS, e tendo recebido a certeza da salvação (Rm 5), o crente demonstra que recebeu o dom divino da justificação, ao morrer com CRISTO para o pecado (cap. 6); é liberto da luta com a justiça da lei (Rm 7), e é adotado como filho de DEUS, recebendo nova vida segundo o ESPÍRITO, o que o conduz à glorificação (8.18-30). DEUS está levando a efeito o seu plano da redenção, a despeito da incredulidade de Israel (9–11).
Finalmente, Paulo declara que uma vida transformada em CRISTO resulta na prática da retidão e do amor em todos os aspectos da vida social, civil e moral da pessoa (12–14). Paulo termina Romanos expondo seus planos pessoais (cap. 15), uma longa lista de saudações pessoais, uma última admoestação e uma doxologia (cap. 16).
Características Especiais
Sete destaques principais caracterizam Romanos. (1) Romanos é a mais sistemática epístola de Paulo; a epístola teológica por excelência do NT. (2) Paulo escreve num estilo de pergunta-e-resposta, ou de diálogo (e.g., Rm 3.1, 4-6, 9, 31). (3) Paulo usa amplamente o AT como a autoridade bíblica na apresentação da verdadeira natureza do evangelho. (4) Paulo apresenta “a justiça de DEUS” como a revelação fundamental do evangelho (Rm 1.16,17); DEUS restaura e ordena a situação do homem em JESUS CRISTO e através dEle. (5) Paulo focaliza a natureza dupla do pecado, bem como a provisão de DEUS em CRISTO para cada aspecto: (a) o pecado como uma transgressão pessoal (Rm 1.1—5.11) e o pecado como um princípio ou lei (gr. he hamartia), i.e., a tendência natural e inerente para pecar, existente no coração de toda pessoa, desde a queda de Adão (5.12—8.39). (6) O capítulo 8 é o mais longo da Bíblia sobre a obra do ESPÍRITO SANTO na vida do crente. (7) Romanos contém o estudo mais profundo da Bíblia sobre a rejeição de CRISTO pelos judeus
(excetuando-se um remanescente), bem como sobre o plano divino-redentor para todos, alcançando por fim Israel (9–11). 
	  
	  
	1 CORÍNTIOS 
	Autor: Paulo
Tema: Problemas da Igreja e Suas Soluções
Data: 55/56 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Corinto, uma cidade antiga da Grécia, era, em muitos aspectos, a metrópole grega de maior destaque nos tempos de Paulo. Assim como muitas das cidades prósperas do mundo de hoje, Corinto era intelectualmente arrogante, materialmente próspera e moralmente corrupta. O pecado, em todas as suas formas, grassava nessa cidade de má fama, pela sua licenciosidade.
Juntamente com Prisca e Áquila (16.19) e com sua própria equipe apostólica (At 18.5), Paulo fundou a igreja em Corinto, durante seu ministério de dezoito meses ali, na sua segunda viagem missionária (At 18.1-17). A igreja era composta dalguns judeus, sendo sua maioria constituída de gentios convertidos do paganismo. Depois da partida de Paulo de Corinto, surgiram vários problemas na jovem igreja, que requereram sua autoridade e doutrina apostólica, por carta e visitas pessoais.
A primeira epístola aos Coríntios foi escrita durante seu ministério de três anos em Éfeso (At 20.31), na sua terceira viagem missionária (At 18.23—21.16). Paulo soube em Éfeso dos problemas de Corinto (1Co 1.11); depois, uma delegação da congregação em Corinto (16.17) entregou uma carta a Paulo, em que lhe pediam instruções sobre vários assuntos (7.1; cf. 1Co 8.1; 12.1; 16.1). Paulo escreveu esta epístola tendo em vista os informes ouvidos e a correspondência recebida daquela igreja.
Propósito
Paulo tinha dois motivos principais ao escrever esta epístola: (1) Tratar dos sérios problemas da igreja de Corinto, de que fora informado. Eram pecados que os coríntios não levavam muito a sério, mas que Paulo sabia serem graves. (2) Aconselhar e doutrinar sobre variados assuntos que os coríntios lhe encaminharam por escrito. Isso incluía assuntos doutrinários e de conduta e pureza, tanto individual, como da congregação.
Visão Panorâmica
Esta epístola trata dos problemas que uma igreja experimenta quando seus membros continuam “carnais” (3.1-3) e não se separam de uma vez, dos incrédulos a seu redor (2 Co 6.17). São problemas tipo espírito de divisão (1Co 1.10-13; 11.17-22), tolerância de pecado tipo incesto (5.1-13), imoralidade sexual em geral (6.12-20), ação judicial entre os cristãos (6.1-11), idéias humanistas a respeito da verdade apostólica (15) e conflitos a respeito da “liberdade cristã” (8;10). Paulo também instrui os coríntios a respeito do celibato e do casamento (7), o culto público, inclusive a Ceia do Senhor (11—14) e a oferta para os santos de Jerusalém (16.1-4).
Entre os ensinos mais importantes de Paulo em 1 Coríntios, está o das manifestações e dons do ESPÍRITO SANTO nos cultos da igreja (12—14). O ensino desses capítulos é o mais rico do NT sobre a natureza e o conteúdo da adoração na igreja primitiva (14.26-33). Paulo mostra que o propósito de DEUS para a igreja inclui uma rica variedade de dons do ESPÍRITO através de crentes fiéis (12.4-10) e de pessoas chamadas para exercer certos ministérios (12.28-30) — uma diversidade dentro da unidade, comparável às múltiplas funções do corpo humano (1Co 12.12-27). No da operação dos dons espirituais na congregação, Paulo faz uma distinção essencial entre a edificação individual e a coletiva como assembleia (1Co 14.2-6,12,16-19,26), e reitera que todas as manifestações públicas dos dons devem brotar do amor (13) e existirem para a edificação de todos os crentes (1Co 12.7; 14.4-6,26).
Características Especiais
Cinco características especiais vemos em 1 Coríntios. (1) De todo o NT, é a epístola que mais trata de problemas. Ao tratar dos vários problemas e assuntos de Corinto, Paulo apresenta princípios espirituais claros e permanentes, sendo cada um deles universalmente aplicáveis à igreja (e.g. 1Co 1.10; 6.17,20; 7.7; 9.24-27; 10.31,32; 14.1-10; 15.22,23). (2) Há um destaque geral sobre a unidade da igreja local como corpo de CRISTO, destaque este no ensino sobre divisões, Ceia do Senhor e dons espirituais. (3) Esta epístola contém o mais amplo ensino do NT em assuntos de grande importância como o celibato, o casamento e novo casamento (7); a Ceia do Senhor (1Co 10.16-21; 11.17-34); línguas, profecias e dons espirituais durante o culto (12,14); o amor cristão (13); e a ressurreição do corpo (15). (4) A epístola é de valor incalculável para o ministério pastoral, no tocante à disciplina eclesiástica (cap. 5). (5) Salienta a possibilidade indubitável de decair da fé, aqueles que persistem numa conduta ímpia e que não têm firmeza em CRISTO (1Co 6.9,10; 9.24-27; 10.5-12,20,21; 15.1-2) 
	  
	  
	2 CORÍNTIOS 
	Autor: Paulo
Tema: Glória Através do Sofrimento
Data: 55/56 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Paulo escreveu esta epístola à igreja de Corinto e aos crentes de toda a Acaia (1.1), identificando-se duas vezes pelo nome (1.1; 10.1). Tendo Paulo fundado a igreja em Corinto, durante sua segunda viagem missionária, manteve contato frequente com os coríntios a partir de então, por causa dos problemas daquela igreja (ver a introdução a 1 Coríntios).A sequência desses contatos e o contexto em que 2 Coríntios foi escrito são os seguintes: (1) Depois de alguns contatos e correspondência inicial entre Paulo e a igreja (e.g. 2Co 1.1; 5.9; 7.1), ele escreveu 1 Coríntios, de Éfeso, (primavera de 55 ou 56 d.C.). (2) Em seguida, ele fez uma viagem a Corinto, cruzando o mar Egeu, para tratar de problemas surgidos na igreja. Essa visita, no período entre 1 e 2 Coríntios (cf. 13.1,2), foi espinhosa para Paulo e para a congregação (2.1,2). (3) Depois dessa visita afonosa, informes chegaram a Paulo em Éfeso de que seus adversários estavam atacando a sua autoridade apostólica em Corinto, tentando persuadir uma parte da igreja a rejeitá-lo. (4) Respondendo, Paulo escreveu 2 Coríntios, na Macedônia (outono de 55 ou 56 d.C.). (5) Pouco depois, Paulo viajou outra vez a Corinto (13.1), permanecendo ali cerca de três meses (cf. At 20.1-3a). Foi ali que escreveu a Epístola aos Romanos.
Propósito
Paulo escreveu esta epístola a três classes de pessoas em Corinto. (1) Primeiro, escreveu para encorajar a maioria da igreja que lhe era fiel, como seu pai espiritual. (2) Escreveu para contestar e desmascarar os falsos apóstolos que continuavam a difamá-lo, para, assim, enfraquecer a sua autoridade e o seu apostolado, e distorcer a sua mensagem. (3) Escreveu, também, para repreender a minoria na igreja influenciada por seus oponentes e que não acatavam a sua autoridade e correção. Paulo reafirmou sua integridade e sua autoridade apostólica em relação a eles, esclareceu os seus motivos e os advertiu contra novas rebeliões. 2 Coríntios visou a preparar a igreja como um todo, para sua visita iminente.
Visão Panorâmica
2 Coríntios tem três divisões principais. (1) Na primeira (1—7), Paulo começa dando graças a DEUS pela sua consolação em meio aos sofrimentos em prol do evangelho, elogia os coríntios por disciplinarem um grande transgressor e defende a sua integridade ao alterar seus planos de viagem. Em 2Co 3.1—6.10, Paulo apresenta o mais extenso ensino do NT sobre o verdadeiro caráter do ministério. Ressalta a importância da separação do mundo (2Co 6.11—7.1) e expressa sua alegria ao saber, através de Tito, do arrependimento de muitos na igreja de Corinto, que antes desacatavam a sua autoridade apostólica (7). (2) Nos caps. 8 e 9, Paulo exorta os coríntios a demonstrar a mesma generosidade cristã e sincera dos macedônios, ao contribuírem na campanha por ele dirigida, a favor dos crentes pobres de Jerusalém. (3) O estilo da epístola muda nos caps. 10—13. Agora, Paulo defende o seu apostolado, discorrendo sobre a sua chamada, qualificações e sofrimentos como um verdadeiro apóstolo. Com isso, Paulo espera que os coríntios reconheçam os falsos apóstolos entre eles, o que os poupará de futura disciplina quando ele lá chegar. Paulo termina 2 Coríntios com a única bênção trinitária no NT (2Co 13.14 ).
Características Especiais
Quatro fatos principais caracterizam esta epístola. (1) É a mais autobiográfica das epístolas de Paulo. Suas muitas referências pessoais são feitas com humildade, desculpas e até mesmo constrangimento, mas foi necessário, tendo em vista a situação em Corinto. (2) Ultrapassa todas as demais epístolas paulinas no que tange à revelação da intensidade e profundidade do amor e cuidado de Paulo por seus filhos espirituais. (3) Contém a mais completa teologia do NT sobre o sofrimento do crente (2Co 1.3-11; 4.7-18; 6.3-10; 11.23-30; 12.1-10), e de igual modo, sobre a contribuição cristã (8—9). (4) Termos-chaves, tais como fraqueza, aflição, lágrimas, perigos, tribulação, sofrimento, consolação, jactância, verdade, ministério e glória, destacam o conteúdo incomparável desta carta. 
	  
	  
	GÁLATAS 
	Autor: Paulo
Tema: Salvação Pela Graça Mediante a Fé
Data: Cerca de 49 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Paulo escreveu esta epístola (Gl 1.1; 5.2; 6.11) “às igrejas da Galácia” (1.2). As autoridades no assunto declaram que os gálatas eram gauleses oriundos do Norte da Galácia e que, mais tarde, parte deles emigrou para o Sul da Europa, de cujo território a França de hoje faz parte. É muito mais provável que Paulo haja escrito esta epístola às igrejas do Sul da província da Galácia (Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra, Derbe), onde ele e Barnabé evangelizaram e estabeleceram igrejas durante sua primeira viagem missionária (At 13,14). A data mais provável da carta situa-se logo após o regresso de Paulo à igreja que o enviou – Antioquia da Síria, e pouco antes do Concílio de Jerusalém (At 15). O assunto principal de Gálatas é o mesmo debatido e resolvido em Jerusalém (c. de 49 d.C.; cf. At 15). Tal assunto implica uma dupla pergunta: (1) A fé em JESUS CRISTO como Senhor e Salvador é o requisito único para a salvação? (2) É necessário obedecer a certas práticas e leis judaicas do AT para se obter a salvação em CRISTO? Talvez Paulo haja escrito Gálatas antes da controvérsia da lei, na Assembleia de Jerusalém (At 15), e antes de a igreja comunicar a sua posição final. Se assim foi, então Gálatas é a primeira epístola
que Paulo escreveu.
Propósito
Paulo tomou conhecimento de que certos mestres judaicos estavam inquietando seus novos convertidos na Galácia, impondo-lhes a circuncisão e o jugo da lei mosaica como requisitos necessários à salvação e ao ingresso na igreja. Ao saber disso, Paulo escreveu: (1) para demonstrar cabalmente que as exigências da lei, como a circuncisão do velho concerto, nada tem a ver com a operação da graça de DEUS em CRISTO para a salvação sob o novo concerto; e (2) para reafirmar claramente que o crente recebe o ESPÍRITO SANTO e com Ele a nova vida espiritual por meio da fé no Senhor JESUS CRISTO e não por meio da lei do AT.
Visão Panorâmica
Pelo conteúdo desta carta, conclui-se que os oponentes judaicos de Paulo na Galácia o atacavam pessoalmente a fim de solapar sua influência nas igrejas. Sua acusação era de que: (1) Paulo não era um dos apóstolos originais e, portanto, desprovido de autoridade direta (cf. Gl 1.1,7,12; 2.8,9); (2) sua mensagem diferia do evangelho pregado em Jerusalém (cf. Gl 1.9; 2.2-10); e (3) sua mensagem da graça resultaria numa vida iníqua (cf. Gl 5.1,13,16,19,21).
Paulo deu respostas diretas a todas três acusações. (1) Defendeu energicamente a sua própria autoridade de apóstolo de JESUS CRISTO, autoridade esta recebida diretamente de DEUS e que foi confirmada por Tiago, Pedro e João (1,2). (2) Defendeu com ardor o evangelho da salvação pela graça, mediante a fé em CRISTO, à parte das obras da lei (3,4). (3) Finalmente, Paulo sustentou com veemência que o verdadeiro evangelho de CRISTO abrange a liberdade da escravidão do legalismo judaico tanto quanto a liberdade do pecado e das obras da carne. A verdadeira liberdade cristã consiste em viver no ESPÍRITO e cumprir a lei de CRISTO (5,6).
Gálatas contém uma síntese do feitio dos crentes judaicos que se opunham à Paulo na Galácia, em Antioquia e em Jerusalém (At 15.1,2,5) e na maioria dos lugares onde ele trabalhou.
Características Especiais
Quatro fatos singulares caracterizam esta epístola. (1) É a defesa mais veemente no NT da natureza do evangelho. Seu tom é enérgico, intenso e urgente, uma vez que Paulo lida com oponentes em erro (e.g., Gl 1.8,9; 5.12), enquanto repreende os gálatas por se deixarem iludir tão facilmente (1.6; 3.1; 4.19,20). (2) Quanto ao número de referências autobiográficas, Gálatas é superada somente por 2 Coríntios. (3) Esta é a única epístola de Paulo em que ele explicitamente se dirige a várias igrejas (ver, no entanto, a introdução a Efésios). (4) Contém a descrição do fruto do ESPÍRITO (5.22,23) e a lista mais completa do NT das obras da carne (5.19-21). 
	  
	  
	EFÉSIOS 
	Autor: Paulo
Tema: CRISTO e Sua Igreja
Data: Cerca de 62 d.C.
	
Considerações Preliminares
Efésios é um dos picos elevados da revelação bíblica, ocupando lugar único entre as Epístolas de Paulo. Ela não foi elaborada no árduo trabalho da bigorna da controvérsia doutrinária ou dos problemas pastorais (como muitas outras epístolas de Paulo). Ao contrário, Efésios transmite a impressão de um rico transbordar de revelação divina, brotando da vida de oração de Paulo. Ele escreveu a carta quando estava prisioneiro por amor a CRISTO (3.1; 4.1; 6.20), provavelmente em Roma. Efésios tem muita afinidade com Colossenses, e talvez tenha sido escrita logo após esta. As duas cartas podem ter sido levadas simultaneamente ao seu destino por um cooperador de Paulo chamado Tíquico (6.21; cf. Cl 4.7).
É crença geral que Paulo escreveu Efésios também para outras igrejas da região, e não apenas a Éfeso. Possivelmente ele a escreveu como carta circular às igrejas de toda a província da Ásia. Muitos crêem que Efésios é a mesma carta aos Laodicenses, mencionada por Paulo em Cl 4.16.
Propósito
O propósito imediato de Paulo ao escrever Efésios está implícito em Ef 1.15-17. Em oração, ele anseia que seus leitores cresçam na fé, no amor, na sabedoria e na revelação do Pai da glória. Almeja profundamente que vivam uma vida digna do Senhor JESUS CRISTO (e.g., Ef 4.1-3; 5.1,2). Paulo, portanto, procura fortalecer-lhes a fé e os alicerces espirituais ao revelar a plenitude do propósito eterno de DEUS na redenção “em CRISTO” (Ef 1.3-14; 3.10-12) à igreja (Ef 1.22,23; 2.11-22; 3.21; 4.11-16; 5.25-27) e a cada crente (Ef 1.15-21; 2.1-10; 3.16-20; 4.1-3,17-32; 5.1—6.20).
Visão Panorâmica
Há dois temas fundamentais no NT: (1) como somos redimidos por DEUS, e (2) como nós, os redimidos, devemos viver. Os capítulos 1—3 de Efésios tratam principalmente do primeiro desses temas, ao passo que os capítulos 4—6 focalizam o segundo.
(1) Os capítulos 1—3 começam por um parágrafo de abertura que é um dos trechos mais profundos da Bíblia (1.3-14). Esse grandioso hino sobre redenção tributa louvores ao Pai pela eleição, predestinação e adoção que Ele nos propiciou (1.3-6), por nossa redenção mediante o sangue do Filho (1.7-12) e pelo ESPÍRITO, como selo e garantia da nossa herança (1.13,14). Nesses capítulos, Paulo ressalta que a redenção pela graça mediante a fé, DEUS nos reconcilia consigo mesmo (2.1-10) e com outros que estão sendo salvos (2.11-15), e, em CRISTO, nos une em um só corpo, a igreja (2.16-22). O alvo da redenção é “tornar a congregar em CRISTO todas as coisas... tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (1.10). (2) Os capítulos 4—6 consistem mais de instruções práticas para a igreja no tocante aos requisitos que a redenção em CRISTO demanda de nossa vida individual e coletiva. Entre as 35 diretrizes dadas em Efésios, sobre como os redimidos devem viver, destacam-se três categorias gerais. (1) Os crentes são chamados a uma nova vida de pureza e separação do mundo. São chamados a serem “santos e irrepreensíveis diante dele” (1.4), a crescer “para templo santo no Senhor” (2.21), a andar “como é digno da vocação com que fostes chamados” (4.1), a “varão perfeito” (4.13), a viver “em verdadeira justiça e santidade” (4.24), a andar “em amor” (5.2; cf. 3.17-19) e a serem santos “pela palavra” (5.26), a fim de que CRISTO tenha uma “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga... santa e irrepreensível” (5.27). (2) O crente é chamado a um novo modo de viver nos relacionamentos familiares e vocacionais (5.22—6.9). Esses relacionamentos devem ser regidos por princípios de conduta que distingam o crente da sociedade descrente à sua volta. (3) Finalmente, o crente é chamado a manter-se firme contra as astutas ciladas do diabo e as terríveis “hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (6.10-20).
Características Especiais
Há quatro características que predominam nesta epístola. (1) A revelação da grande verdade teológica dos capítulos 1—3 é interrompida por duas grandiosas orações apostólicas. Na primeira, o apóstolo pede para os crentes sabedoria e revelação no conhecimento de DEUS (1.15-23); na segunda, roga que possam conhecer o amor, o poder e a glória de DEUS (Ef 3.14-21). (2) “Em CRISTO”, uma expressão paulina de peso (106 vezes nas epístolas de Paulo), sobressai grandemente em Efésios (cerca de 36 vezes). “Toda bênção espiritual” e todo assunto prático da vida relaciona-se com o estar “em CRISTO”. (3) Efésios salienta o propósito e alvo eterno de DEUS para a igreja. (4) Há um realce multifacetado do papel do ESPÍRITO SANTO na vida cristã (Ef 1.13,14,17; 2.18; 3.5,16,20; 4.3,4,30; 5.18; 6.17,18). (5) Efésios é tida, às vezes, como epístola gêmea de Colossenses, pelo fato de apresentarem definidas semelhanças em seus conteúdos e terem sido escritas quase ao mesmo tempo (ver o esboço das duas). 
	  
	  
	FILIPENSES
Autor: Paulo
Tema: Alegria de Viver por CRISTO
Data: Cerca de 62/63 d.C.
	 
Considerações Preliminares
A cidade de Filipos, na Macedônia oriental, a 16 km do Mar Egeu, foi assim chamada em homenagem a Filipe II da Macedônia, pai de Alexandre Magno. Nos dias de Paulo, era uma cidade romana privilegiada, tendo uma guarnição militar.
A igreja de Filipos foi fundada por Paulo e sua equipe de cooperadores (Silas, Timóteo, Lucas) na sua segunda viagem missionária, em obediência a uma visão que DEUS lhe dera em Trôade (At 16.9-40). Um forte elo de amizade desenvolveu-se entre o apóstolo e a igreja em Filipos. Várias vezes a igreja enviou ajuda financeira a Paulo (2 Co 11.9; Fp 4.15,16) e contribuiu generosamente para a coleta que o apóstolo providenciou para os crentes pobres de Jerusalém (cf. 2 Co 8-9). Parece que Paulo visitou a igreja duas vezes na sua terceira viagem missionária (At 20.1,3,6).
Propósito
Da prisão (Fp 1.7,13,14), certamente em Roma (At 28.16-31), Paulo escreveu esta carta aos crentes filipenses para agradecer-lhes pela sua oferta generosa, cujo portador foi Epafrodito (Fp 4.14-19) e para informá-los do seu estado pessoal. Além disso, escreveu para transmitir à congregação a certeza do triunfo do propósito de DEUS na sua prisão (Fp 1.12-30), para assegurar à igreja que o mensageiro por ela enviado (Epafrodito) cumprira fielmente a sua tarefa e que não estava voltando antes do devido tempo (Fp 2.25-30), e para levar os membros da igreja a se esforçarem para conhecer melhor o Senhor, conservando a unidade, a humildade, a comunhão e a paz.
Visão Panorâmica
Diferente de muitas das cartas de Paulo, Filipenses não foi escrita primeiramente devido a problemas ou conflitos na igreja. Sua tônica básica é de cordial afeição e apreço pela congregação. Da saudação inicial (1.1) à bênção final (4.23), a carta focaliza CRISTO JESUS como o propósito da vida e a esperança da vida eterna por parte do crente. Nesta epístola, Paulo trata de três problemas menores em Filipos: (1) O desânimo dos crentes ali, por causa da prisão prolongada de Paulo (1.12-26); (2) pequenas sementes de discórdia entre duas mulheres da igreja (4.2; cf. 2.2-4); e (3) a ameaça de deslealdade sempre presente entre as igrejas, por causa dos mestres judaizantes e dos crentes de mentalidade terrena (cap. 3). Em meio a esses três problemas em potencial, temos os ensinos mais ricos de Paulo sobre (1) alegria em meio a todas as circunstâncias da vida (e.g., Fp 1.4,12; 2.17,18; 4.4,11-13), (2) a humildade e serviço cristãos (2.1-16), e (3) o valor incomensurável de conhecer a CRISTO (cap. 3).
Características Especiais
Cinco assuntos principais caracterizam esta epístola. (1) Ela é muito pessoal e afetuosa, refletindo assim o estreito relacionamento entre Paulo e os crentes filipenses. (2) É altamente cristocêntrica, revelando a estreita comunhão entre Paulo e CRISTO (e.g., 1.21; 3.7-14). (3) Contém uma das declarações cristológicas mais profundas da Bíblia (2.5-11). (4) É preeminentemente a “Epístola da Alegria” no NT. (5) Apresenta um modelo de vida cristã dinâmica e resignada, inclusive o viver humilde e como servo (2.1-8); prosseguir com firmeza para o alvo (3.13,14); regozijar-se sempre no Senhor (4.4); libertar-se da ansiedade (4.6), contentar-se em todas as circunstâncias (4.11) e fazer todas as coisas mediante a potente graça de CRISTO (4.13). 
	  
	  
	COLOSSENSES 
	Autor: Paulo
Tema: A Supremacia de CRISTO
Data: Cerca de 62 d. C.
	
Considerações Preliminares
A cidade de Colossos estava localizada perto de Laodicéia (cf. 4.16), no sudeste da Ásia Menor, cerca de 160 quilômetros a leste de Éfeso. A igreja colossense, tudo indica, foi fundada como resultado do grandioso ministério de Paulo em Éfeso, durante três anos (At 20.31), cujos efeitos foram tão poderosos e de tão grande alcance que “todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor JESUS” (At 19.10). Paulo talvez nunca tenha visitado Colossos pessoalmente (2.1), mas mantivera contatos com a igreja através de Epafras, um dos seus convertidos e cooperadores naquela cidade (Cl 1.7; 4.12).
O motivo desta epístola foi o surgimento de ensinos falsos na igreja colossense, ameaçando o seu futuro espiritual (2.8). Quando Epafras, dirigente da igreja colossense e seu provável fundador, viajou com o objetivo de visitar Paulo e informar-lhe a respeito da situação em Colossos (1.8; 4.12), Paulo então escreveu esta epístola. Nessa ocasião Paulo estava preso (4.3,10,18), possivelmente em Roma (At 28.16-31), aguardando comparecer perante César (At 25.11,12). O cooperador de Paulo, Tíquico, entregou pessoalmente a carta em Colossos, em nome do apóstolo (4.7).
Não está descrita claramente na carta a heresia surgida em Colossos, uma vez que os leitores originais a conheciam bem. No entanto, pelas refutações de Paulo ao falso ensino, deduz-se que era uma mistura estranha de ensinos cristãos, tradições judaicas extrabíblicas e filosofias pagãs (semelhante ao sincretismo religioso das seitas falsas de hoje). Tal ensino subvertia e substituía a centralidade de JESUS.
Propósito
Paulo escreveu esta carta: (1) para combater os falsos ensinos em Colossos, que estavam suplantando a centralidade e supremacia de JESUS CRISTO na criação, na revelação, na redenção e na igreja; e (2) para ressaltar a verdadeira natureza da nova vida em CRISTO e suas exigências para o crente.
Visão Panorâmica
Depois de saudar a igreja e expressar gratidão pela fé, amor e esperança dos crentes colossenses, bem como pelo seu progresso contínuo, Paulo focaliza dois assuntos principais: a doutrina correta (Cl 1.13—2.23) e exortações práticas (3.1—4.6).
Teologicamente, Paulo enfatiza o verdadeiro caráter e glória do Senhor JESUS CRISTO. Ele é a imagem do DEUS invisível (1.15), a plenitude da deidade em forma corpórea (2.9), o criador de todas as coisas (1.16,17), o cabeça da igreja (1.18) e a fonte toda suficiente da nossa salvação (Cl 1.14,20-22). Enquanto CRISTO é todo suficiente, a heresia colossense é totalmente insuficiente — vazia, enganosa e humanista (2.8); de espiritualidade superficial e arrogante (2.18) e sem poder contra os apetites pecaminosos do corpo (2.23).
Nas suas exortações práticas, Paulo faz um apelo em favor de uma vida alicerçada na suficiência completa de CRISTO, como o único meio de progresso no viver cristão. A realidade da habitação de CRISTO neles (1.27) deve evidenciar-se na conduta cristã (3.1-17), no relacionamento doméstico (Cl 3.18—4.1) e na disciplina espiritual (4.2-6).
Características Especiais
Três características principais tem esta epístola. (1) Mais do que qualquer outro livro do NT, Colossenses focaliza a dupla verdade da preeminência de CRISTO e da perfeição do crente nEle. (2) Afirma com toda intensidade a plena divindade de CRISTO (2.9) e contém um dos trechos mais sublimes do NT a respeito da sua glória (1.15-23). (3) Às vezes, Colossenses é tida como uma “epístola gêmea” de Efésios, porque as duas têm certas semelhanças de conteúdo, e foram escritas provavelmente na mesma época. 
	  
	  
	1 TESSALONICENSES 
	Autor: Paulo
Tema: A Volta de CRISTO
Data: Cerca de 51 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Tessalônica, situada há pouco menos de 160 km a sudoeste de Filipos, era a capital, cidade principal e porto da província romana da Macedônia. Entre os 200.000 habitantes da cidade, havia ali uma grande comunidade judaica. Quando Paulo fundou a igreja tessalonicense, na sua segunda viagem missionária, seu frutífero ministério ali foi encerrado prematuramente devido à intensa hostilidade judaica (At 17.1-9).
Forçado a sair de Tessalônica, Paulo foi a Beréia, onde outro ministério breve, porém bem- sucedido, foi interrompido pela perseguição movida pelos judeus que o seguiram desde Tessalônica (At 17.10-13). A seguir, viajou para Atenas (At 17.15-34), onde Timóteo se encontrou com ele; depois, Paulo enviou Timóteo de volta à Tessalônica para verificar a condição da nova igreja (3.1-5); ao mesmo tempo, Paulo seguiu para Corinto (At 18.1-17). Timóteo, ao completar sua tarefa, viajou para Corinto levando a Paulo informações sobre a igreja tessalonicense (3.6-8), o que levou Paulo a escrever esta carta, talvez três a seis meses após fundada a igreja.
Propósito
Por ter sido Paulo forçado pela perseguição a sair de Tessalônica, os novos convertidos receberam apenas um mínimo de ensino sobre a vida cristã. Ao saber Paulo, por meio de Timóteo, das reais circunstâncias, escreveu esta epístola (1) para expressar sua alegria pela fé e perseverança dos tessalonicenses em meio à perseguição, (2) para instruí-los na santidade e na vida piedosa e (3) para elucidar certas doutrinas, especialmente no tocante à situação dos crentes que morrem antes da volta de CRISTO.
Visão Panorâmica
Depois de saudar a igreja (1.1), Paulo, com alegria, enaltece os tessalonicenses pelo seu zelo e fé perseverantes em meio à adversidade (1Ts 1.2-10; 2.13-16). Responde às críticas contra ele, relembrando à igreja a pureza dos seus motivos (2.1-6), a sinceridade da sua afeição e solicitude pelo rebanho (1Ts 2.7,8,17-20; 3.1-10) e a integridade da sua conduta entre eles (2.9-12). Paulo destaca a necessidade e importância da santidade e do poder na vida cristã. O crente precisa ser santo (1Ts 3.13; 4.1-8; 5.23,24), e o evangelho, acompanhado pelo poder e manifestação do ESPÍRITO SANTO (1.5). Paulo admoesta os tessalonicenses a não extinguirem o ESPÍRITO, ao desprezar as suas manifestações, especialmente a profecia (5.19,20).
Um tema de destaque é a volta de CRISTO para livrar seu povo da ira de DEUS sobre a terra (1Ts 1.10; 4.13-18; 5.1-11). Parece que alguns crentes haviam morrido em Tessalônica, motivando preocupação sobre a sua salvação final. Por isso, Paulo explica o plano de DEUS para os santos que já tiverem partido quando CRISTO voltar para buscar a sua igreja (4.13-18), e exorta os vivos sobre a importância de estarem preparados quando Ele vier (1Ts 5.1-11). Paulo termina a carta com uma oração pela santificação e preservação espiritual dos tessalonicenses (5.23,24).
Características Especiais
São quatro as características principais desta epístola. (1) Ela foi um dos primeiros livros escritos do NT. (2) Contém textos chaves do NT sobre a ressurreição dos santos falecidos por ocasião do arrebatamento da igreja (4.13-18), e a respeito do “Dia do Senhor” (5.1-11). (3) Todos os cinco capítulos fazem referência à volta de CRISTO e à relevância deste evento para os salvos (1Ts 1.10; 2.19; 3.13; 4.13-18; 5.1-11,23). (4) Oferece uma visão única (a) do estado de uma igreja zelosa, mas imatura, no começo da década de 50 d.C., e (b) das características do ministério de Paulo como pioneiro do evangelho. 
	  
	  
	2 TESSALONICENSES 
	Autor: Paulo
Tema: A Volta de CRISTO
Data: Cerca de 51 ou 52 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Ao escrever Paulo esta epístola, a situação na igreja de Tessalônica era quase a mesma da ocasião em que ele escreveu a primeira carta (ver introdução a 1 Tessalonicenses). É provável, pois, que esta carta tenha sido escrita apenas poucos meses depois de 1 Tessalonicenses, quando Paulo ainda se encontrava trabalhando em Corinto com Silas e Timóteo (1.1; cf. At 18.5). Tudo indica que Paulo, ao ser informado do acolhimento da sua primeira carta e do progresso dos crentes tessalonicenses, foi movido a escrever esta segunda carta.
Propósito
O propósito de Paulo nesta epístola é semelhante ao de 1 Tessalonicenses: (1) animar seus novos convertidos perseguidos; (2) exortá-los a dar bom testemunho cristão e a trabalhar cada um pelo seu sustento; e (3) corrigir certos erros doutrinários sobre eventos dos tempos do fim, ligados ao Dia do Senhor (“Dia de CRISTO’’) (2.2).
Visão Panorâmica
O tom da primeira carta de Paulo aos tessalonicenses é o de uma ama que cria os seus filhos (1 Ts 2.7). Na segunda, o tom é primeiramente o de um pai que disciplina os filhos desobedientes para corrigir seus caminhos (2Ts 3.7-12; cf. 1 Ts 2.11). Elogia-os, porém, pela sua fé perseverante e volta a encorajá-los a permanecer fiéis em todas as perseguições (1.3-7).
A seção principal da carta trata do Dia do Senhor, no seu aspecto escatológico (2Ts 2.1-12; cf. 2Ts 1.7-10). Afigura-se de 2.2 que alguns em Tessalônica afirmavam por “espírito” (suposta revelação profética), por “palavra” (mensagem verbal) ou “epístola” (supostamente escrita por Paulo), que o tempo da grande tribulação e o Dia do Senhor já haviam começado. Paulo corrige tal erro, declarando que três eventos notáveis assinalarão e precederão a chegada do Dia do Senhor (2.2): (1) ocorrerá uma grande apostasia e rebelião (2.3); (2) a restrição determinada por DEUS para resistir à injustiça, será removida (2.6,7); e (3) “o homem do pecado” se revelará (2Ts 2.3,4,8-11). Paulo repreende aqueles que, na igreja, estavam se aproveitando da expectativa da iminente volta de CRISTO como desculpa para a ociosidade. Exorta os crentes a serem diligentes e disciplinados no seu viver (2Ts 3.6-12).
Características Especiais
Três são as características especiais desta epístola. (1) Ela contém um dos trechos mais completos do NT a respeito da iniquidade e da impostura desenfreadas, no final dos tempos (2Ts 2.3-12). (2) O justo juízo de DEUS, vinculado à segunda vinda de CRISTO é descrito aqui em termos apocalípticos, como no livro de Apocalipse (1.6-10; 2.8). (3) Emprega termos descritivos do Anticristo que não se acham noutras partes da Bíblia (2.3,8).
	  
	1 TIMÓTEO 
	Autor: Paulo
Tema: A Sã Doutrina e as Boas Obras
Data: Cerca de 65/66 d.C.
	 
Considerações Preliminares
1 e 2 Timóteo e Tito — comumente chamadas “epístolas pastorais” — são cartas escritas por Paulo (1.1; 2 Tm 1.1; Tt 1.1) a Timóteo (em Éfeso) e Tito (em Creta) concernente ao cuidado pastoral das igrejas. Alguns críticos questionam a autoria destas cartas por Paulo, mas a igreja primitiva corroborava sua autoria paulina. Embora haja diferenças de estilo e de vocabulário nas epístolas pastorais ao compará-las com as outras cartas de Paulo, estas diferenças podem decorrer da avançada idade de Paulo e sua solicitude pessoal com os ministérios de Timóteo e de Tito.
Paulo escreveu 1 Timóteo depois dos eventos relatados no fim de Atos a primeira prisão de Paulo em Roma (At 28) terminou, segundo parece, com a sua libertação (2 Tm 4.16,17). Posteriormente, segundo Clemente de Roma (cerca de 96 d.C.) e o Cânon Muratoriano (cerca de 190 d.C.), Paulo viajou de Roma, dirigindo-se para o oeste, até a Espanha, e ministrou a Palavra de DEUS ali, como era seu desejo há longo tempo (cf. Rm 15.23,24,28). Conforme relatam as Epístolas Pastorais, Paulo, a seguir, voltou à região do mar Egeu (especialmente Creta, Macedônia e Grécia) e aí continuou seu ministério. Durante esse período (cerca de 64,65 d.C.), Paulo comissionou Timóteo como seu representante apostólico para ministrar em Éfeso, e Tito para fazer o mesmo em Creta. Da Macedônia, Paulo escreveu sua primeira carta a Timóteo, e, pouco mais tarde, escreveu a Tito. Posteriormente, Paulo foi preso de novo em Roma, quando então escreveu uma segunda carta a Timóteo pouco antes do seu martírio em 67/68 (ver 2 Tm 4.6-8; ver também introdução a 2 Timóteo).
Propósito
Paulo teve um tríplice propósito ao escrever 1 Tm: (1) exortar o próprio Timóteo a respeito do seu ministério e da sua vida pessoal; (2) exortar Timóteo a defender a pureza do evangelho e seus santos padrões da corrupção causada por falsos mestres; e (3) dar a Timóteo instruções a respeito de vários assuntos e problemas de Éfeso.
Visão Panorâmica
Um dos cuidados principais que Paulo transmite ao seu jovem auxiliar é que Timóteo lute com denodo pela fé e refute os falsos ensinos que estavam comprometendo o poder salvífico do evangelho (1Tm 1.3-7; 4.1-8; 6.3-5,20,21). Paulo também instrui Timóteo a respeito das qualificações espirituais e pessoais dos dirigentes da igreja, e oferece um quadro geral das qualidades de um obreiro candidato a futuro pastor de igreja (ver a lista detalhada das qualidades de ministros e diáconos no esboço supra).
Entre outras coisas, Paulo ensina a Timóteo sobre o relacionamento pastoral com os vários grupos dentro da igreja, como as mulheres em geral (1Tm 2.9-15; 5.2), as viúvas (1Tm 5.3-16), os homens mais idosos e os mais jovens (5.1), os presbíteros (5.17-25), os escravos (6.1,2), os falsos mestres (6.3-6) e os ricos (1Tm 6.7-10,17-19). Paulo confia a Timóteo cinco tarefas distintas para ele cumprir (1Tm 1.18-20; 3.14-16; 4.11-16; 5.21-25; 6.20-21). Nesta epístola, Paulo exprime sua afeição a Timóteo como seu convertido e filho na fé, e estabelece um elevado padrão de piedade para a vida dele e da igreja.
Características Especiais
Quatro características se projetam nesta epístola. (1) É dirigida diretamente a Timóteo como representante de Paulo na igreja de Éfeso, daí a carta ser muito pessoal e escrita com profunda emoção e sentimento. (2) Juntamente com 2 Tm, ressalta mais do que qualquer outra epístola do NT a responsabilidade pastoral de manter o evangelho puro e livre de falsos ensinos que enfraqueçam o seu poder salvífico. (3) Enfatiza o valor supremo do evangelho, a influência demoníaca corruptora do evangelho, a santa vocação da igreja e as altas qualificações que DEUS requer para os seus obreiros. (4) Fornece a orientação mais específica do NT sobre o correto relacionamento do pastor com os grupos sociais da igreja segundo a idade e sexo deles. 
	  
	2 TIMÓTEO 
	Autor: Paulo
Tema: Perseverança Inabalável na Fé
Data: Cerca de 67 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Esta é a última carta de Paulo. Ela foi escrita quando o imperador Nero procurava impedir a expansão da fé cristã em Roma, perseguindo severamente os crentes. E Paulo voltara a ser prisioneiro do imperador em Roma (1.16,17). Estava sofrendo privações como se fosse um criminoso comum (2.9), abandonado pela maioria dos seus amigos (1.15), e tinha consciência de que o seu ministério terminara, e que sua morte se aproximava (2Tm 4.6-8,18; ver introdução a 1 Timóteo para um exame mais completo da autoria e do contexto da epístola).
Paulo escreve a Timóteo como “amado filho” (1.2) e fiel cooperador (cf. Rm 16.21). Sua intimidade com Timóteo e sua confiança nele percebe-se no fato de o apóstolo mencioná-lo como seu cooperador na escrita de seis epístolas, de Timóteo haver permanecido consigo durante sua primeira prisão (Fp 1.1; Cl 1.1; Fm 1), e de lhe haver escrito duas cartas pessoais. Ante sua execução iminente, Paulo pede duas vezes a Timóteo que venha estar novamente com ele em Roma (4.9,21). Timóteo ainda residia em Éfeso quando Paulo lhe enviou esta segunda epistola (1 Tm 1.3; 2 Tm 1.18). Nesta epístola, o apóstolo envia saudações a Onesíforo que residia em Éfeso (1.16), e igualmente para o casal Áquila e Priscila (4.19).
Propósito
Sabendo Paulo que Timóteo era tímido e enfrentava adversidades no ministério, e divisando a sombria perspectiva de forte perseguição vinda de fora, contra a igreja, e da atividade nociva dos falsos mestres dentro dela, ele exorta Timóteo a defender o evangelho, a pregar a Palavra, a perseverar na tribulação e a cumprir sua missão.
Visão Panorâmica
No capítulo 1, Paulo assegura a Timóteo o seu incessante amor e orações, e exorta-o a nunca transigir na fidelidade ao evangelho, a guardar com diligência a verdade e a seguir o seu exemplo.
No capítulo 2, Paulo incumbe seu filho espiritual a preservar a fé, transmitindo suas verdades a homens fiéis que, por sua vez, ensinarão a outros (2.2). Admoesta o jovem pastor a sofrer as aflições como bom soldado (2.3), a servir a DEUS com diligência e a manejar corretamente a palavra da verdade (2Tm 2.15), a separar-se daqueles que se desviam da verdade apostólica (2.18-21), a manter-se puro (2.22) e a trabalhar com paciência como mestre (2Tm 2.23-26).
No capítulo seguinte, Paulo declara a Timóteo que o mal e a apostasia aumentarão (3.1-9), porém, ele precisa permanecer sempre, e em tudo, leal às Escrituras (3.10-17).
No capítulo final, Paulo incumbe Timóteo de pregar a Palavra e de cumprir todos os deveres do seu ministério (2Tm 4.1-5). Termina, informando a Timóteo quanto aos seus assuntos pessoais, quando ele já encarava a morte, e instando com o jovem pastor a vir logo ao seu encontro (2Tm 4.6-21).
Características Especiais
Há cinco características principais nesta epístola. (1) Contém as últimas palavras escritas por Paulo antes da sua execução por ordem de Nero, em Roma, uns 35 anos depois da sua conversão a CRISTO, na estrada de Damasco. (2) Contém uma das declarações mais claras, na Bíblia, a respeito da inspiração divina das Escrituras e do seu propósito (3.16,17); Paulo reafirma que as Escrituras devem ser interpretadas com exatidão pelos ministros da Palavra (2.15) e insiste que a Palavra de DEUS seja confiada a homens fiéis que, por sua vez, possam ensinar a outros (2.2). (3) Do começo ao fim da carta aparecem exortações sucintas, e.g., “despertes o dom de DEUS” (1.6), “não te envergonhes” (1.8), sofre pelo evangelho (1.8), “conserva o modelo das sãs palavras” (1.13), guarda a verdade (1.14), “fortifica-te na graça” (2.1), passa adiante a mensagem (2.2), sofre as aflições (2.3), sê diligente na Palavra (2.15), “evita os falatórios profanos” (2.16), “foge dos desejos da mocidade e segue a justiça” (2.22), acautela-te da apostasia que há de vir (3.1-9), permanece na verdade (3.14), “pregues a palavra” (4.2), “faze a obra de um evangelista” (4.5) e “cumpre o teu ministério” (4.5). (4) Os temas iterativos destas muitas exortações são: manter firme a fé (em JESUS CRISTO e no evangelho apostólico original), guardá-la da distorção e da corrupção, opor-se aos falsos mestres e pregar o evangelho com perseverança inabalável. (5) O testemunho de despedida de Paulo é um exemplo comovedor de coragem e esperança diante do martírio sentenciado (4.6-8). 
	  
	TITO 
	Autor: Paulo
Tema: A Sã Doutrina e as Boas Obras
Data: Cerca de 65/66 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Tito, como 1 e 2 Timóteo, é uma carta pessoal de Paulo a um dos seus auxiliares mais jovens. É chamada de “epístola pastoral” porque trata de assuntos relacionados com a ordem e o ministério na igreja. Tito, um gentio convertido (Gl 2.3), tornou-se íntimo companheiro de Paulo no ministério apostólico. Embora não mencionado nominalmente em Atos (por ser, talvez, irmão de Lucas), o grande relacionamento entre Tito e o apóstolo Paulo vê-se (1) nas treze referências a Tito nas epístolas de Paulo, (2) no fato de ele ser um dos convertidos e fruto do ministério de Paulo (1.4; como Timóteo), e um cooperador de confiança (2 Co 8.23), (3) pela sua missão de representante de Paulo em pelo menos uma missão importante a Corinto durante a terceira viagem missionária do apóstolo (2 Co 2.12,13; 7.6-15; 8.6, 16-24), e (4) pelo seu trabalho como cooperador de Paulo em Creta (1.5).
Paulo e Tito trabalharam juntos por um breve período na ilha de Creta (a sudoeste da Ásia Menor, no Mar Mediterrâneo), no período entre a primeira e a segunda prisão de Paulo em Roma (ver introdução a 1 Timóteo). Paulo deixou Tito em Creta cuidando da igreja ali (1.5), enquanto ele (Paulo) seguia adiante para a Macedônia (cf. 1 Tm 1.3). Algum tempo depois, Paulo escreveu esta carta a Tito, incumbindo-o de completar a tarefa em Creta que os dois haviam começado juntos. É provável que Paulo tivesse mandado a carta pelas mãos de Zenas e Apolos, que passaram por Creta, em viagem (3.13).
Nesta carta, Paulo informa sobre seus planos para enviar Ártemas ou Tíquico para substituir Tito dentro em breve. E nessa ocasião Tito devia encontrar-se com Paulo em Nicópolis (Grécia), onde o apóstolo planejava passar o inverno (3.12). Sabemos que isto aconteceu, já que na ocasião posterior, Paulo designara Tito para a Dalmácia, no litoral oriental do mar Adriático (na ex-Iugoslávia), em cuja região ficava Nicópolis, na Grécia (3.12).
Propósito
Paulo escreveu primeiramente para instruir Tito na sua tarefa de (1) pôr em ordem o que ele (Paulo) deixara inacabado nas igrejas de Creta, inclusive a instituição de presbíteros nessas igrejas (1.5); (2) ajudar as igrejas a crescerem na fé, no conhecimento da verdade e em santidade (1.1); (3) silenciar falsos mestres (1.11); e (4) vir até Paulo, uma vez substituído por Ártemas ou Tíquico (3.12).
Visão Panorâmica
Nesta epístola, Paulo examina quatro assuntos principais. (1) Ensina Tito a respeito do caráter e das qualificações espirituais necessárias a todos os que são separados para o ministério na igreja. Os presbíteros devem ser homens piedosos, de caráter cristão comprovado, e bem-sucedidos na direção da sua família (1.5-9). (2) Paulo manda Tito ensinar a sã doutrina, repreender e silenciar falsos mestres (Tt 1.10—2.1). No decurso da carta, Paulo apresenta dois breves resumos da sã doutrina (Tt 2.11-14; 3.4-7). (3) Paulo descreve para Tito (cf. 1 Tm 5.1—6.2) o devido papel dos anciãos (2.1, 2), das mulheres idosas (2.3,4), das mulheres jovens (2.4,5), dos homens jovens (2.6-8) e dos servos (2.9,10). (4) Finalmente, Paulo enfatiza que as boas obras e uma vida de retidão são o devido fruto da fé genuína (Tt 1.16; 2.7,14; 3.1, 8, 14; cf. Tg 2.14-26).
Características Especiais
Três características principais temos nesta epístola. (1) Dois breves resumos da verdadeira natureza da salvação em JESUS CRISTO (Tt 2.11-14; 3.4-7). (2) A igreja e o seu ministério devem estar edificados sobre firmes alicerces espirituais, teológicos e éticos. (3) Contém uma das duas listas no NT enumerando as qualificações necessárias à direção da igreja (1.5-9; cf. 1 Tm 3.1-13). 
	  
	FILEMOM 
	Autor: Paulo
Tema: Reconciliação
Data: Cerca de 62 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Paulo escreveu esta “epístola da prisão” (vv. 1, 9) como uma carta pessoal a um homem chamado Filemom, mais provavelmente durante sua primeira prisão em Roma (At 28.16-31). Os nomes idênticos mencionados em Filemom (vv. 1,2, 10, 23,24) e em Colossenses (Cl 4.9,10-17), indicam que Filemom morava em Colossos e que as duas cartas foram escritas e entregues juntas.
Filemom era um senhor de escravos (v. 16) e membro da igreja de Colossos (compare vv. 1,2 com Cl 4.17), talvez um convertido de Paulo (v. 19). Onésimo era um escravo de Filemom que fugira para Roma; ali, teve contato com Paulo, que o levou a CRISTO. Desenvolveu-se um forte vínculo de amizade entre os dois (vv 9-13). Agora, Paulo, um tanto apreensivo, envia Onésimo de volta a Filemom, acompanhado por Tíquico, cooperador de Paulo, levando esta carta (cf. Cl 4.7-9).
Propósito
Paulo escreveu a Filemom para tratar do problema específico do escravo fugitivo deste, Onésimo. Segundo a lei romana, um escravo fugitivo era passível da pena de morte. Paulo intercede junto a Filemom em favor de Onésimo e pede-lhe que graciosamente receba Onésimo de volta, como um irmão crente e como companheiro de Paulo, com o mesmo amor com que acolheria o próprio Paulo.
Visão Panorâmica
Eis o apelo de Paulo a Filemom: (1) Roga que Filemom, como irmão na fé cristã (vv. 8,9, 20,21), receba Onésimo de volta, não como escravo, mas como irmão em CRISTO (vv. 15,16). (2) Num trocadilho (no grego), Paulo chama atenção para o fato que Onésimo (cujo nome significa “útil”) era anteriormente “inútil”, mas agora é “útil” tanto a Paulo como a Filemom (vv. 10-12). (3) Paulo queria que Onésimo permanecesse com ele em Roma, mas prefere enviá-lo de volta ao seu legítimo senhor (vv. 13,14). (4) Paulo oferece-se para pagar a dívida de Onésimo e relembra a Filemom que este deve sua vida ao Apóstolo (vv. 17-19). A carta termina com saudações dalguns dos cooperadores de Paulo em Roma (vv. 23,24) e com uma bênção (v. 25).
Características Especiais
Três características principais acham-se nesta epístola. (1) Essa é a mais breve de todas as epístolas de Paulo. (2) Mais do que qualquer outra parte do NT, ela ilustra como Paulo e a igreja primitiva tratavam do problema da escravidão no império romano. Ao invés de atacá-la diretamente ou de instigar rebelião armada, Paulo expôs princípios cristãos que eliminavam a severidade da escravidão romana e que finalmente levaram à sua abolição total no meio da Cristandade. (3) Oferece um vislumbre incomparável da natureza íntima de Paulo, pois este se identificou tanto com um escravo que o chamou de “meu coração” (v. 12). 
	  
	  
	EPÍSTOLAS GERAIS - Comentários BEP - CPAD 
	  
	HEBREUS (EU INCLUIRIA A AUTORIA DE PAULO AQUI) 
	  
	Autor: Desconhecido
Tema: Um Melhor Concerto
Data: Cerca de 67-69 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Este livro foi destinado originalmente aos cristãos de Roma. O seu título, nos manuscritos gregos mais antigos, diz apenas “Aos Hebreus”. Seu conteúdo, no entanto, revela que foi escrito a cristãos judeus. O emprego que o autor fez da Septuaginta (versão grega do AT), nas citações do AT, indica que os primeiros leitores foram provavelmente judeus de idioma grego que viviam fora da Palestina. A expressão “Os da Itália vos saúdam” (13.24) significa provavelmente que o autor escrevia para Roma, e que na ocasião incluiu saudações de crentes italianos que viviam longe da pátria. Os destinatários podem ter sido igrejas em lares, da comunidade cristã de Roma, das quais algumas estavam a ponto de abandonar a fé em JESUS e voltar para a antiga fé judaica por causa da perseguição e do desânimo.
O escritor não se identifica no título original, nem através do livro, embora fosse bem conhecido dos seus leitores (Hb 13.18-24). Por alguma razão, perdeu-se a sua identidade ao findar-se o século I. Posteriormente, na tradição da igreja primitiva (séculos II ao IV), surgiram muitas opiniões diferentes sobre o possível escritor de Hebreus. A opinião de que Paulo haja sido o autor não tinha aceitação até o século V.
Muitos eruditos conservadores descartam a autoria de Paulo, uma vez que o estilo esmerado e alexandrino do autor, seu embasamento na Septuaginta, sua maneira de introduzir as citações do AT, seu método de argumentar e ensinar, a estrutura da argumentação e a omissão da sua identificação pessoal são características muito diferentes das de Paulo. Além disso, enquanto Paulo sempre apela à sua revelação recebida diretamente de CRISTO (cf. Gl 1.11,12), esse escritor demonstra ser um dos cristãos da segunda geração aos quais o evangelho fora confirmado por testemunhas oculares do ministério de JESUS (2.3). Entre os homens mencionados nominalmente no NT, a descrição que Lucas oferece de Apolo, em At 18.24-28, ajusta-se melhor ao perfil do escritor de Hebreus.
Deixando de lado o nome do escritor de Hebreus, uma coisa é certa: ele escreveu na plenitude do ESPÍRITO e com entendimento, revelação e autoridade apostólicos. A ausência de qualquer referência, em Hebreus à destruição do templo de Jerusalém e do seu culto levítico é um forte indício que o autor escreveu antes de 70 d.C.
Propósito
Hebreus foi escrito principalmente para os cristãos judeus que estavam sob perseguição e esmorecimento. O escritor procura fortalecê-los na fé em CRISTO, demonstrando cuidadosamente a superioridade e finalidade da revelação e redenção da parte de DEUS em JESUS CRISTO. Demonstra que as disposições divinas para a redenção vistas no Antigo Concerto se cumpriram e se tornaram obsoletas pela vinda de JESUS e pelo estabelecimento de um Novo Concerto, mediante a sua morte vicária. O escritor anima seus leitores (1) a manterem firme sua confissão de CRISTO até o fim, (2) a prosseguirem para a maturidade espiritual, e (3) não volverem ao estado de condenação caso abandonem a fé em JESUS CRISTO.
Visão Panorâmica
Hebreus parece mais um sermão do que uma epístola. O autor descreve sua obra como “uma palavra de exortação” (13.22). Contém três divisões principais. (1) Primeiro, JESUS, o poderoso Filho de DEUS, é declarado a plena revelação de DEUS à humanidade — maior do que os profetas (Hb 1.1-3), do que os anjos (Hb 1.4—2.18), Moisés (3.1-6) e Josué (4.1-11). Nesta divisão do livro, ocorre uma advertência solene no tocante às consequências do abandono da fé ou do endurecimento do coração pela incredulidade (Hb 2.1-3; 3.7—4.2). (2) A segunda divisão apresenta JESUS como o sumo sacerdote, cujas qualificações (Hb 4.14—5.10; 6.19—7.25), caráter (Hb 7.26-28) e ministério (Hb 8.1—10.18), são perfeitos e eternos. Há uma solene advertência para quem permanecer espiritualmente imaturo ou mesmo “cair” depois de se tornar participante de CRISTO (Hb 5.11—6.12). (3) A divisão final (Hb 10.19—13.17) admoesta enfaticamente os crentes a perseverarem na salvação, na fé, no sofrimento e na santidade.
Características Especiais
Oito características afloram neste livro. (1) No NT é único quanto à sua estrutura: “começa como tratado, desenvolve-se como sermão e termina como carta” (Orígenes). (2) É o texto mais refinado do NT, abeirando-se do estilo do grego clássico, mais do que qualquer outro escritor do NT (com exceção, quiçá, de Lucas, em Lc 1.1-4). (3) É o único escrito do NT que desenvolve o conceito do ministério sumo sacerdotal de JESUS. (4) A cristologia do livro é ricamente variada, apresentando mais de vinte nomes e títulos de JESUS. (5) Sua palavra-chave é “melhor” (13 vezes). JESUS é melhor do que os anjos e todos os mediadores do AT. Ele provê melhor repouso, concerto, esperança, sacerdócio, expiação pelo sacrifício vicário e promessas. (6) Contém o principal capítulo do NT a respeito da fé (cap. 11). (7) Está repleto de referências e alusões ao AT que oferecem um rico conhecimento da interpretação cristã primitiva da história e da adoração no AT, mormente no campo da tipologia. (8) Adverte, mais do que qualquer outro escrito do NT contra os perigos da apostasia espiritual. 
	  
	  
	TIAGO 
	  
	Autor: Tiago
Tema: A Fé Manifesta-se pelas Obras
Data: 45-49 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Tiago é classificada como “epístola universal” porque foi originalmente escrita para uma comunidade maior que uma igreja local. A saudação: “Às doze tribos que andam dispersas” (1.1), juntamente com outras referências (2.19-21), indicam que a epístola foi escrita inicialmente a cristãos judeus que viviam fora da Palestina. É possível que os destinatários fossem os primeiros convertidos em Jerusalém, que, após a morte de Estêvão, foram dispersos pela perseguição (At 8.1) até a Fenícia, Chipre, Antioquia da Síria e além (At 11.19). Isso explicaria (1) a ênfase inicial da carta quanto ao sofrer com alegria as provações que testam a fé e que demandam perseverança (Tg 1.2-12), (2) o conhecimento pessoal que Tiago demonstra ter pelos crentes “dispersos”, e (3) o tom de autoridade da carta. Como pastor da igreja de Jerusalém, Tiago escreve às suas ovelhas dispersas.
A maneira do autor se identificar simplesmente como “Tiago” (1.1), revela sua posição de destaque na obra. Tiago, meio-irmão de JESUS e dirigente da igreja de Jerusalém, é geralmente tido como o autor. Seu discurso no Concílio de Jerusalém (At 15.13-21), bem como as descrições dele noutras partes do NT (e.g., At 12.17; 21.18; Gl 1.19; 2.9,12; 1 Co 15.7) correspondem perfeitamente com o que se sabe dele como autor desta epístola. O mais provável é que Tiago tenha escrito esta epístola durante a década dos 40 d.C. A data tão remota para a escrita provém de vários fatores, e.g., Tiago emprega a palavra grega synagoge (lit. “sinagoga”) para referir-se ao local de reunião dos cristãos (2.2). Segundo o historiador judaico Josefo, Tiago, irmão do Senhor, foi martirizado em Jerusalém, em 62 d.C.
Propósito
Tiago escreveu (1) para encorajar os crentes judeus que enfrentavam várias provações, que punham sua fé à prova, (2) para corrigir crenças errôneas a respeito da natureza da fé salvífica, e (3) para exortar e instruir os leitores concernente ao resultado prático da sua fé na vida de retidão e nas boas obras.
Visão Panorâmica
Esta epístola trata de uma ampla variedade de temas relacionados à verdadeira vida cristã. Tiago exorta os crentes a suportarem com alegria as suas provações e a tirarem proveito delas (Tg 1.2-11), exorta-os a resistirem às tentações (1.12-18), a serem praticantes da Palavra e não apenas ouvintes (1.19-27) e a demonstrarem uma fé ativa, e não uma profissão de fé vazia (Tg 2.14-26). Adverte solenemente contra a pecaminosidade de uma língua indomável (Tg 3.1-12; 4.11,12), a sabedoria carnal (3.13-16), a conduta pecaminosa (Tg 4.1-10), a vida presunçosa (4.13-17), e a riqueza egocêntrica (5.1-6). Tiago encerra ressaltando a paciência, a oração e a restauração dos desviados (5.7-20). Em todos os cinco capítulos destaca-se o relacionamento entre a verdadeira fé e a vida piedosa. A fé genuína é uma fé provada (1.2-16), ativa (Tg 1.19-27), pela qual se ama o próximo como a si mesmo (2.1-13), manifesta-se pelas boas obras (2.14-26), mantém a língua sob rígido controle (3.1-12), busca a sabedoria de DEUS (3.13-18), submete-se a DEUS como justo juiz (4.1-12), confia em DEUS para o viver de cada dia (4.13-17), não é egocêntrica, nem libertina (5.1-6), é paciente no sofrimento (5.7-12) e diligente na
oração (5.13-20).
Características Especiais
Sete características principais assinalam esta epístola. (1) É muito provável que ela tenha sido o primeiro livro do NT a ser escrito. (2) Embora contenha apenas duas referências nominais a CRISTO, há nela mais alusões aos ensinos de JESUS do que todas as demais do NT. Isso inclui 15 referências ao Sermão do Monte. (3) Mais da metade dos seus 108 versículos são expressões imperativas, ou mandamentos. (4) Sob vários aspectos, é o livro de Provérbios do NT, pois (a) está repleto de sabedoria divina e instruções práticas, visando a uma vida cristã realista, e (b) está escrito em estilo sucinto, com preceitos diretos e analogias realistas. (5) Tiago é um hábil observador dos fenômenos naturais e da natureza humana pecaminosa. Repetidas vezes, ele extrai lições disso para desmascarar esta última (e.g., 3.1-12). (6) Mais do que qualquer outro livro do NT, Tiago destaca o devido relacionamento entre a fé e as obras (principalmente Tg 2.14-26). (7) Tiago, às vezes, é chamado o Amós do NT por tratar com firmeza a injustiça e as desigualdade sociais. 
	  
	1 PEDRO 
	  
	Autor: Pedro
Tema: Sofrimento por Amor a CRISTO
Data: Cerca de 60-63 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Esta é a primeira de duas cartas no NT escritas pelo apóstolo Pedro (1.1; 2 Pe 1.1). Ele testifica que escreveu sua primeira carta com a ajuda de Silvano (cuja forma contrata em grego é Silas), como seu escriba (5.12). O grego fluente de Silvano e seu estilo literário aparecem aqui, enquanto, possivelmente, o grego menos esmerado de Pedro apareça na sua segunda epístola. O tom e o conteúdo de 1 Pedro combinam com o que sabemos a respeito de Simão Pedro. Os anos que viveu em estreito convívio com o Senhor JESUS estão implícitos nas suas referências à morte de JESUS (1Pd 1.11,19; 2.21-24; 3.18; 5.1) e à sua ressurreição (1.3,21; 3.21). Indiretamente, ele parece referir-se, inclusive, às ocasiões em que JESUS lhe apareceu na Galileia, depois da ressurreição (1Pd 2.25; 5.2a; cf. Jo 21.15-23). Além disso, muitas semelhanças ocorrem entre esta carta e os sermões de Pedro registrados em Atos.
Pedro dirige esta carta aos “estrangeiros dispersos” nas províncias romanas da Ásia Menor (1.1). Alguns destes, talvez haja se convertido no dia de Pentecoste, ao ouvirem a mensagem de Pedro, e retornaram às suas respectivas cidades levando a fé que acabavam de conhecer (cf. At 2.9,10). Estes crentes são chamados “peregrinos e forasteiros” (2.11), relembrando-lhes, assim, que a peregrinação cristã ocorre num mundo hostil a JESUS CRISTO; mundo este, do qual só podem esperar perseguição. É provável que Pedro escreveu esta carta em resposta a informes dos crentes da Ásia Menor sobre a crescente oposição a eles (4.12-16), ainda sem consentimento do governo (1Pd 2.12-17).
Pedro escreveu de “Babilônia” (5.13). Isto pode referir-se literalmente à cidade de Babilônia, na Mesopotâmia, ou pode ser uma expressão figurada referente a Roma, o centro principal de oposição a DEUS, no século primeiro. Embora Pedro possa ter visitado alguma vez a grande colônia de judeus ortodoxos em Babilônia, é mais consentâneo entender, aqui, a presença de Pedro, Silas (5.12) e Marcos (5.13), juntos em Roma (Cl 4.10; cf. os comentários de Pápias a respeito de Pedro e Marcos em Roma), no começo da década de 60, do que em Babilônia. Pedro escreveu mais provavelmente entre 60 e 63 d.C., certamente antes do terrível banho de sangue em Roma, ordenado por Nero (64 d.C.).
Propósito
Pedro escreveu esta epístola de alegre esperança a fim de levar o crente a ver a perspectiva divina e eterna da sua vida terrestre e prover orientação prática aos cristãos que se encontravam sob o fogo do sofrimento entre os pagãos. O cuidado de Pedro visava a evitar que os crentes não perturbassem, sem necessidade, o governo, e sim seguissem o exemplo de JESUS no sofrimento, sendo inocente, mas portando-se com retidão e dignidade.
Visão Panorâmica
1 Pedro começa lembrando os leitores (1) de que têm uma vocação gloriosa e uma herança celestial em JESUS CRISTO (1.2-5), (2) de que sua fé e amor nesta vida estarão sujeitos a provas e purificação e que isso resultará em louvor, glória e honra na vinda do Senhor (1.6-9), (3) de que essa grande salvação foi predita pelos profetas do AT (1.10-12), e (4) de que o crente deve viver uma vida santa, bem diferente do mundo ímpio ao seu redor (1Pd 1.13-21). Os crentes, escolhidos e santificados (1.2), são crianças em crescimento que precisam do puro leite da Palavra (2.1-3), são pedras vivas em que estão sendo edificadas como casa espiritual (1Pd 2.4-10) e peregrinos, caminhando em terra estranha (1Pd 2.11,12); devem viver de modo honroso e humilde no seu trato com todas as pessoas durante a sua peregrinação aqui (1Pd 2.13—3.12).
A mensagem preeminente de 1 Pedro diz respeito à submissão e a sofrer, perseverando na retidão, por amor a CRISTO, de conformidade com o próprio exemplo dEle (1Pd 2.18-24; 3.9—5.11). Pedro assegura aos fiéis que eles obterão o favor e a recompensa de DEUS ao sofrerem por causa da justiça. No contexto desse ensino do sofrimento por CRISTO, Pedro ressalta os temas conexos da salvação, da esperança, do amor, da fé, da santidade, da humildade, do temor a DEUS, da obediência e da submissão.
Características Especiais
Cinco características principais vemos nesta epístola. (1) Juntamente com Hebreus e Apocalipse, sua mensagem gira em torno dos crentes sob a perspectiva de severa perseguição, por pertencerem a JESUS CRISTO. (2) Mais do que qualquer outra epístola do NT, contém instruções sobre o comportamento do cristão ante à perseguição e ao sofrimento injustos (1Pd 3.9—5.11). (3) Pedro destaca a verdade de que o crente é estrangeiro e peregrino na terra (1Pd 1.1; 2.11). (4) Muitos dos títulos do povo de DEUS no AT são aplicados aos crentes do NT (e.g., 1Pd 2.5,9,10). (5) Contém um dos trechos do NT de mui difícil interpretação: quando, onde e como JESUS “pregou aos espíritos em prisão, os quais em outro tempo foram rebeldes... nos dias de Noé” (1Pd 3.19,20). 
	  
	2 PEDRO 
	  
	Autor: Pedro
Tema: A Verdade de DEUS e o Falso Ensino dos Homens
Data: Cerca de 66-68 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Na saudação, Simão Pedro identifica-se como o autor da carta. Mais adiante ele declara aos seus leitores que esta é a sua segunda epístola (3.1), indicando assim que está escrevendo aos mesmos crentes da Ásia Menor, a quem dirigira a primeira epístola (1 Pe 1.1). Visto que Pedro, assim como Paulo, foi executado por decreto do perverso Nero (que, por sua vez, morreu em junho de 68 d.C.), é mais provável que Pedro escreveu esta epístola entre 66 e 68 d.C., pouco antes do seu martírio em Roma (2Pd 1.13-15).
Alguns estudiosos do passado e do presente, ignorando certas notáveis semelhanças entre 1 e 2 Pedro e destacando, ao invés disso, as diferenças entre elas, supõem que não é de Pedro a autoria da carta. Essas diferenças de conteúdo, vocabulário, ênfases e estilo literário podem ser uma decorrência das diferentes circunstâncias de Pedro e de seus leitores, nas duas cartas. (1) As circunstâncias originais dos endereçados haviam mudado. Antes, ardia o fogo da perseguição movida pela sociedade em derredor; agora, eram ataques vindos de dentro, através dos falsos mestres que ameaçavam os fundamentos da igreja: a verdade e a santidade. (2) As circunstâncias de Pedro também eram outras. Enquanto na primeira carta ele contou com a cooperação eficiente de Silvano na escrita (1 Pe 5.12), parece que agora este último não estava disponível ao ser escrita esta segunda epístola. Talvez, Pedro tenha empregado seu próprio grego galileu singelo, ou serviu-se de um escriba menos hábil do que Silvano.
Propósito
Pedro escreveu (1) para exortar os crentes a buscarem com diligência a santidade de vida e o verdadeiro conhecimento de CRISTO e (2) para desmascarar e repudiar a atividade traiçoeira dos falsos profetas e mestres que agiam nas igrejas da Ásia Menor, pervertendo a verdade bíblica. Pedro resume o propósito do livro, em 3.17,18, onde exorta os crentes verdadeiros (1) a estarem alerta para não serem enganados por homens perversos (2Pd 3.17) e (2) a crescer “na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador JESUS CRISTO” (3.18).
Visão Panorâmica
Esta breve epístola solenemente instrui os crentes a tomarem posse da vida e da piedade, mediante o verdadeiro conhecimento de CRISTO. O primeiro capítulo acentua a importância do crescimento cristão. Tendo começado pela fé, o crente deve buscar diligentemente a excelência moral, o conhecimento, a temperança, a perseverança, a piedade, o amor fraternal e a caridade (amor altruísta), que levam à fé madura e ao verdadeiro conhecimento do Senhor JESUS (1.3-11).
O capítulo seguinte adverte solenemente contra os falsos profetas e mestres que surgem dentro das igrejas. Pedro os denuncia como anarquistas e perniciosos (2Pd 2.1,3;3.17), que se comprazem nas concupiscências da carne (2Pd 2.2,7,10,13,14,18,19); são cobiçosos (2.3,14,15), arrogantes (2.18) e obstinados (2.10) e que desprezam a autoridade (2.10-12).
Pedro procura resguardar os verdadeiros crentes contra as suas heresias destrutivas (2.1) pondo a descoberto seus motivos e conduta malignos.
2Pd 3, Pedro refuta o ceticismo desses mestres, no tocante à vinda do Senhor (3.3,4). Assim como a geração dos dias de Noé, enganada, zombava da ideia do juízo da parte de DEUS, através de um grande dilúvio, esses outros zombadores estão igualmente cegos quanto às promessas da volta de CRISTO. Mas, com a mesma certeza manifesta no julgamento pelo dilúvio (3.5,6), CRISTO voltará e desintegrará a presente terra, no fogo (3.7-12), e criará uma nova ordem sob a justiça (3.13). Tendo em vista esse fato, os crentes devem viver vidas santas e piedosas na presente era (3.11,14).
Características Especiais
Esta carta tem quatro características principais. (1) Ela contém uma das declarações de maior peso em toda a Bíblia no tocante à inspiração, à fidedignidade e à autoridade das
Sagradas Escrituras (1.19-21). (2) 2 Pe 2 e a epístola de Judas têm semelhanças notáveis na incriminação dos falsos mestres. Talvez Judas, enfrentando em data posterior o
mesmo problema dos falsos mestres, empregou trechos dos ensinos inspirados de Pedro, para transmitir a mesma lição (ver Introdução a Judas). (3) O capítulo 3 é um dos
grandes capítulos do NT sobre a segunda vinda de CRISTO. (4) Pedro cita indiretamente os escritos de Paulo como Escrituras, ao mencioná-los juntamente com “as outras
Escrituras” (3.15,16). 
	 
1 JOÃO 
	  Autor: João
Considerações Preliminares
Cinco livros do NT levam o nome de João: um Evangelho, três epístolas e o Apocalipse. Embora João não se identifique pelo nome nesta epístola, testemunhas do século II (e.g., Papias, Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria) afirmam que ela foi escrita pelo apóstolo João, um dos doze primeiros discípulos de JESUS. Fortes semelhanças no estilo, no vocabulário e nos temas, entre 1 João e o Evangelho segundo João, sancionam o testemunho fidedigno dos cristãos primitivos, afirmando que os dois livros foram escritos pelo apóstolo João (ver introdução ao Evangelho segundo João).
Não há indicação dos destinatários desta carta, como também não há saudações, nem menção de pessoas, lugares ou eventos. A explicação mais provável dessa forma rara epistolar é que João escreveu de onde residia, em Éfeso, a certo número de igrejas da província da Ásia, que estavam sob sua responsabilidade apostólica (cf. Ap 1.11).
Visto que as congregações tinham um problema comum e necessidades semelhantes, João escreveu esta epístola como carta circular, enviando-a por um emissário pessoal, juntamente com suas saudações pessoais.
O assunto principal desta epístola é o problema dos falsos ensinos a respeito da salvação em CRISTO e seu processo no crente. Certas pessoas, que anteriormente conviveram com os leitores da epístola, deixaram as congregações (1Jo 2.19), mas os resultados dos seus falsos ensinos continuavam a distorcer o evangelho, quanto a “saber” que tinham a vida eterna. Doutrinariamente, a sua heresia negava que JESUS é o CRISTO (1Jo 2.22; cf. 1Jo 5.1) ou que JESUS veio em carne (1Jo 4.2,3). Na área moral, ensinavam que não era necessário à fé salvífica (cf. 1Jo 1.6; 5.4,5), a obediência aos mandamentos de JESUS (2.3-4; 5.3) e uma vida santa, separada do pecado (1Jo 3.7-12) e do mundo (1Jo 2.15-17).
Propósito
O propósito de João ao escrever esta epístola foi duplo: (1) expor e rebater os erros doutrinários e éticos dos falsos mestres e (2) exortar seus filhos na fé a manter uma vida de santa comunhão com DEUS, na verdade e na justiça, cheios de alegria (1.4) e de certeza da vida eterna (5.13), mediante a fé obediente em JESUS, o Filho de DEUS (1Jo 4.15; 5.3-5,12), e pela habitação interior do ESPÍRITO SANTO (2.20; 4.4,13). Alguns crêem que a epístola também foi escrita como uma sequência do Evangelho segundo João.
Visão Panorâmica
A fé e a conduta estão fortemente entrelaçados nesta carta. Os falsos mestres, aos quais João chama aqui de “anticristos” (1Jo 2.18-22), apartaram-se do ensino apostólico sobre CRISTO e a vida de retidão. De modo semelhante a 2 Pe e Jd 1, 1 Jo refuta e condena com veemência os falsos mestres (e.g., 1Jo 2.18,19,22,23,26; 4.1,3,5) com suas crenças e conduta destruidoras.
Do ponto de vista positivo, 1 Jo expõe as características da verdadeira comunhão com DEUS (e.g., 1Jo 1.3—2.2) e revela cinco evidências específicas pelas quais o crente poderá “saber”, com confiança e certeza, que tem a vida eterna: (1) a evidência da verdade apostólica a respeito de CRISTO (1Jo 1.1-3; 2.21-23; 4.2,3,15; 5.1,5,10,20); (2) a evidência de uma fé obediente que guarda os mandamentos de CRISTO (1Jo 2.3-11; 5.3,4); (3) a evidência de um viver santo, i.e., afastar-se do pecado, para comunhão com DEUS (1Jo 1.6-9; 2.3-6,15-17,29; 3.1-10; 5.2,3); (4) a evidência do amor a DEUS e aos irmãos na fé (1Jo 2.9-11; 3.10,11,14,16-18; 4.7-12,18-21); e (5) a evidência do testemunho do ESPÍRITO SANTO no crente (1Jo 2.20,27; 4.13). João afirma, por fim, que a pessoa pode saber com certeza que tem a vida eterna (5.13) quando estas cinco evidências são manifestas na sua vida.
Características Especiais
Cinco características principais há nesta epístola. (1) Ela define a vida cristã empregando termos contrastantes e evitando todo e qualquer meio-termo entre luz e trevas, entre verdade e mentira, entre justiça e pecado, entre amor e ódio, entre amar a DEUS e amar ao mundo, entre filhos de DEUS e filhos do diabo etc. (2) É importante ressaltar que este é o único escrito do NT que fala de JESUS como nosso “Advogado (gr. parakletos) para com o Pai”, quando o crente fiel peca (2.1,2; cf. Jo 14.16,17,26; 15.26; 16.7,8). (3) A mensagem de 1 Jo fundamenta-se quase que inteiramente no ensino apostólico, e não na revelação anterior do AT; não há claramente na carta referências às Escrituras do AT. (4) Visto tratar da cristologia, e ao mesmo tempo refutar determinada heresia, a carta focaliza a encarnação e o sangue (i.e., a cruz) de JESUS, sem mencionar especificamente a sua ressurreição. (5) Seu estilo é simples e reiterativo, à medida que João apresenta certos termos principais, como “luz”, “verdade”, “crer”, “permanecer”, “conhecer”, “amor”, “justiça”, “testemunho”, “nascido de DEUS” e “vida eterna”. 
	 
2 JOÃO 
	  Autor: João
Considerações Preliminares
O autor se identifica como “o ancião” (v. 1). Provavelmente, um título honroso atribuído ao apóstolo João nas duas décadas finais do século I, devido a sua idade avançada e sua respeitável posição de autoridade espiritual como o único dos doze apóstolos ainda vivo.
João dirige esta carta “à senhora eleita e a seus filhos” (v. 1). Alguns interpretam “a senhora eleita”, figuradamente, como uma igreja local, sendo “seus filhos” os membros dessa igreja e sua “irmã, a eleita” (v. 13), como uma congregação idêntica. Outros interpretam a endereçada, literalmente, como uma viúva cristã de destaque, conhecida de João, numa das igrejas da Ásia Menor, sob seus cuidados pastorais. A família dessa senhora (v. 1), bem como os filhos da sua irmã (v. 13) são pessoas de destaque entre as igrejas daquela região. Como as outras epístolas de João, 2 Jo provavelmente foi escrita de Éfeso, em fins da década de 80 ou no começo da década de 90 d.C.
Propósito
João escreveu esta carta a fim de prevenir “a senhora eleita” contra os falsos obreiros (mestres, evangelistas e profetas) que perambulavam pelas igrejas. Os tais abandonaram os ensinos do evangelho e propagavam os seus falsos ensinos. A destinatária não devia recebê-los, dialogar com eles, nem os auxiliar. Fazer isso, significaria ajudá-los a disseminar os seus erros e participar da sua culpa. A carta repudia o mesmo falso ensino denunciado em 1 Jo.
Visão Panorâmica
Esta epístola realça uma advertência, que também se acha em 1 Jo, sobre o perigo de falsos mestres que negam a encarnação de JESUS CRISTO e que se afastam da mensagem do evangelho (vv. 7,8). João se alegra por ver que “a senhora eleita” e seus filhos “andam na verdade” (v. 4). O verdadeiro amor cristão deve ser obediente aos mandamentos de CRISTO e ser mútuo entre os irmãos (vv. 5,6). O amor cristão deve também incluir o discernimento entre a verdade e o erro, e também não dar apoio aos falsos mestres (vv. 7-9). Receber amavelmente os falsos mestres é participar dos seus erros (vv. 10,11). A carta é breve, pois João planeja uma visita para breve, e assim falar-lhe “de boca a boca” (v.
12).
Características Especiais
São três as características principais desta epístola. (1) É o menor livro do NT. (2) Tem semelhanças surpreendentes com 1 e 3 Jo, quanto à sua mensagem, vocabulário e estilo simples de escrita. (3) Constitui-se num importante complemento à mensagem de 3 Jo, como prevenção quanto a receber e ajudar obreiros estranhos, desconhecidos. Conclui, insistindo na necessidade de cuidadoso discernimento, à luz dos ensinos de CRISTO e dos apóstolos, antes de alguém apoiar esses falsos obreiros. 
	  
	3 JOÃO 
	
Autor: João
Tema: Procedendo com Fidelidade
Data: 85-95 d.C.
	
Considerações Preliminares
João, o apóstolo amado, apresenta-se novamente como “o presbítero” (v. 1; ver introdução de 2 Jo.1-). Esta carta pessoal é endereçada a um fiel cristão chamado Gaio (v. 1), talvez pertencente a uma das igrejas da Ásia Menor. Assim como as demais epístolas de João, 3 João foi certamente escrita em Éfeso, em fins da década de 80 d.C. ou início da década de 90 d.C.
Em fins do primeiro século, ministros itinerantes da igreja viajavam de cidade em cidade, sendo comumente sustentados pelos crentes que os acolhiam em casa e os ajudavam nas despesas de viagem (vv. 5-8; cf. 2 Jo 10). Gaio era um dos muitos cristãos dedicados que graciosamente acolhiam e auxiliavam ministros viajantes de confiança (vv. 1-8). Ao mesmo tempo, um homem de projeção chamado Diótrefes resistia com arrogância à autoridade de João e recusava hospitalidade aos irmãos viajantes, enviados da parte deste.
Propósito do livro
João escreveu para dar testemunho de Gaio pela sua fiel hospitalidade e ajuda prestada aos fiéis obreiros viajantes, para fazer uma advertência indireta ao petulante Diótrefes e para preparar o caminho da sua própria visita pessoal.
Visão Panorâmica
Três homens são mencionados por nome em 3 Jo. (1) Gaio é calorosa e honrosamente mencionado pela sua piedosa vida na verdade (vv. 3,4), e pela sua hospitalidade exemplar para com os irmãos viajantes (vv. 5-8). (2) Diótrefes, um dirigente ditador, é denunciado pelo seu orgulho (“procura ter entre eles o primado”, v. 9), cujas manifestações são: rejeitar uma carta anterior de João (v. 9), calúnia contra João (v. 9), recusar o acolhimento aos mensageiros de João e ameaçar com exclusão aqueles que os receberem (v. 10). (3) Demétrio, talvez o portador desta carta, ou pastor de uma comunidade na vizinhança, é louvado como um homem de boa reputação e lealdade à verdade (v. 12).
Características Especiais
Duas características principais sobressaem nesta epístola. (1) Embora seja pequena, dá uma noção de várias facetas importantes da história da igreja primitiva, perto do final do século I. (2) Há semelhanças notáveis entre 3 Jo e 2 Jo. Mesmo assim, as duas epístolas diferem entre si em um aspecto importante: 3 Jo elogia a hospitalidade e ajuda oferecidas aos bons ministros viajantes, ao passo que 2 Jo acentua que não se conceda hospitalidade e sustento a maus obreiros, para não sermos culpados de apoiar seus erros ou más obras. 
	  
	JUDAS 
	Autor: Judas
Tema: Batalhar pela Fé
Data: 70-80 d.C.
	 
Considerações Preliminares
Judas se identifica simplesmente como o “irmão de Tiago” (v. 1). Os únicos irmãos do NT que têm nomes de Judas e Tiago são os dois meio-irmãos de JESUS (Mt 13.55; Mc 6.3).
Talvez Judas mencionou Tiago porque a posição de destaque do seu irmão, sendo dirigente da igreja de Jerusalém serviria para esclarecer sua própria identidade e posição.
Esta curta epístola, porém de linguagem enérgica, foi escrita contra os falsos mestres, que eram abertamente antinominianos (i.e., ensinavam que a salvação pela graça lhes permitia pecar sem haver condenação) e que zombando, rejeitavam a revelação divina a respeito da Pessoa e da natureza de JESUS CRISTO, segundo as Escrituras (v. 4). Dessa maneira, dividiam as igrejas, concernente à fé (vv. 19a, 22) e quanto à conduta (vv. 4, 8, 16). Judas descreve esses homens vis como “ímpios” (v. 15), que “não têm o ESPÍRITO” (v. 19).
O possível relacionamento entre Jd e 2 Pe 2.1—3.4 depende do fator data do primeiro. O mais provável é que Judas tinha conhecimento de 2 Pedro (vv. 17,18) e, daí, sua epístola se situaria posteriormente, i.e., entre 70-80 d.C. Não está esclarecido sobre os destinatários, mas podem ter sido os mesmos de 2 Pedro (ver introdução de 2 Pedro).
Propósito
Judas escreveu esta carta (1) para, com empenho, advertir os crentes sobre a grave ameaça dos falsos mestres e sua influência destruidora nas igrejas, e (2) para energicamente conclamar todos os verdadeiros crentes a resolutamente “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (v. 3).
Visão Panorâmica
Seguindo-se à saudação (vv. 1,2), Judas revela que sua primeira intenção era escrever sobre a natureza da salvação (v. 3a). Em vez disso, ele foi movido a escrever sobre o assunto que se segue, por causa dos mestres apóstatas que estavam pervertendo a graça de DEUS e, ao agirem assim, corrompiam a verdade e o caminho da retidão nas igrejas (v. 4). Judas os acusa de impureza sexual (vv. 4, 8, 16, 18), liberais como Caim (v. 11), cobiçosos como Balaão (v. 11), rebeldes como Coré (v. 11), arrogantes (vv. 8, 16), enganosos (vv. 4a, 12), sensuais (v. 19) e causadores de divisões (v. 19). Afirma a certeza do julgamento divino contra todos que vivem em tais pecados e ilustra esse fato com seis exemplos do AT (vv. 5-11). Os doze fatos descritivos da vida deles revelam que a medida do seu pecado está cheia para o julgamento divino (vv. 12-16). Os crentes são despertados a crescer na fé e a ter compaixão com temor, no tocante àqueles que estão vacilando na fé (vv. 20-23). Judas termina com palavras de louvor a DEUS, de grande inspiração, ao impetrar a sua bênção (vv. 24,25).
Características Especiais
Quatro características principais estão nesta epístola. (1) Contém a incriminação mais vigorosa e direta do NT sobre os falsos mestres. Chama a atenção de todas as gerações para a gravidade do perigo constante da falsa doutrina contra a genuína fé e a vida santa. (2) Exemplifica o caso de ilustrações tríplices, e.g., três exemplos de julgamento tirados do AT (vv. 5-7), uma descrição tríplice dos falsos mestres (v. 8) e três exemplos de homens ímpios, tirados do AT (v.11). (3) Sob a plena influência do ESPÍRITO SANTO, Judas fez menção de vários escritos: (a) as Escrituras do AT (vv. 5-7, 11); (b) as tradições judaicas (vv. 9.14,15); e (c) 2 Pedro, citando diretamente 2 Pe 3.3, que ele confirma como procedente dos apóstolos (vv. 17,18). (4) Contém a bênção mais sublime do NT. 
	  
	  
	COMENTÁRIOS - SERIE 
	Comentário Bíblico Epístolas Paulinas 
	Cartas que mudaram a história da Igreja em todo o 
	mundo. 
	Myer Pearlman - Epístolas Paulinas 
	  
	Índice 
	1. O Plano da Salvação (Rm 1—4 ) 
	2. Vivendo para DEUS (Rm 5 ,6 ) 
	3. A Vida Cheia do ESPÍRITO (Rm 7,8) 
	4. A Restauração de Israel (Rm 9— 11) 
	5. O Tribunal de CRISTO (2 Co 5; 1 Co 3.10-15) 
	6. A Contribuição Cristã (2 Co 8,9) 
	7. O Custo do Verdadeiro Cristianismo (2 Co 10,11) 
	8. Os Perigos do Orgulho Espiritual (2 Co 12) 
	9. Semeando e Ceifando (Gl 1-6 ) 
	10. A Graça Salvadora de DEUS (Ef 1— 3 ) 
	11 .O Viver Cristão (Ef 4.1— 6.9) 
	12. A Guerra do Cristão (Ef 6.10-20) 
	13. CRISTO, o Nosso Exemplo (Fl 1,2) 
	14. A Corrida Cristã (Fl 3 ) 
	15. A Vida Cristã Feliz (Fl 4 ) 
	16. O CRISTO Preeminente (Cl 1,2) 
	17. Vivendo a Vida Cristã (Cl 3,4) 
	18. A Vinda de CRISTO (1 Ts 1 - 4 ) 
	19. A Conduta Cristã em vista da Vinda de CRISTO 
	(1 Ts 5 ) 
	20. Um Estudo do Anticristo (2 Ts 2 ) 
	21. A História de Timóteo (1 e 2 Tm ) 
	22. Provas da Graça Divina (Tt 2.11— 3.9) 
	23. O Servo Inútil se Torna Útil (Fm ) 
	  
	  
	1- O PLANO DA SALVAÇÃO 
	  
	Texto: Romanos 1— 4
Introdução 
	Jó perguntou: “Como se justificaria o homem para com DEUS?” (Jó 9.1). “Que é 
	necessário que eu faça para me salvar?” perguntou o carcereiro de Filipos 
	(At 16.30). Esses dois homens deram expressão a uma das mais importantes 
	perguntas que se pode fazer: como o homem pode ficar de bem com DEUS e ter a 
	certeza da sua aprovação? Romanos é uma resposta lógica, detalhada e 
	inspirada a essa pergunta. O tem a do livro acha-se em 1.16,17, e pode ser 
	enunciado da seguinte maneira: o Evangelho é o poder de DEUS para a salvação 
	dos homens, porque demonstra como a posição e a condição dos pecadores pode 
	ser alterada de tal modo que fiquem reconciliados com DEUS. Uma das frases 
	mais marcantes do livro é: “A justiça de DEUS”. O apóstolo inspirado 
	descreve o tipo de justiça que é aceitável a DEUS, de tal maneira que o 
	homem, ao possuí-la, é considerado “justo” aos olhos de DEUS. É a justiça 
	que resulta da fé em CRISTO. Essa doutrina é primeiramente declarada 
	(3.21-26) e depois ilustrada (4.1-8).
I - A Doutrina Declarada (Rm 3.21-26) Estude as seguintes verdades com respeito à “justiça de DEUS” : 
	1. Sua natureza: Paulo demonstra que todos os homens precisam da justiça de 
	DEUS, porque a raça inteira pecou. Os gentios estão sob condenação, e os 
	vários degraus da sua queda são facilmente perceptíveis: tempo havia 
	quando conheciam a DEUS (1.19,20), mas, por causa da sua negligência quanto 
	a adorá-lo e servi-lo, suas mentes ficaram obscurecidas (1.21,22). A 
	cegueira espiritual levou-os à idolatria (v. 23) e a idolatria levou à 
	corrupção moral (vv. 24-31). Estão sem desculpas, porque existe para eles 
	uma revelação de DEUS na natureza, e têm uma consciência que aprova ou 
	desaprova suas ações (1.19,20; 2.14,15). O judeu também jaz sob a 
	condenação. Por certo, ele pertence à nação escolhida, tendo conhecido a lei 
	de Moisés durante séculos, mas tem violado essa lei em pensamento, em atos e 
	em palavras (cap. 2). Paulo encerra de vez seu pronunciamento sobre a 
	condenação da raça humana com as seguintes palavras: “Ora, nós sabemos que 
	tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a 
	boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de DEUS. Por isso, 
	nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela 
	lei vem o conhecimento do pecado” (3.19,20). Qual é a justiça que o homem 
	necessita tão urgentemente? A palavra significa ser justo, reto, certo; às 
	vezes descreve assim o caráter de DEUS, livre de imperfeições e de 
	injustiças. Quando a palavra se aplica ao homem, significa o estado de estar 
	certo com DEUS. “Justo”, originalmente, tem o significado de ser reto, em 
	conformidade com um padrão ou regra. Um homem justo, portanto, é um homem 
	cuja vida está em linha reta com a lei de DEUS. Se porém, descobre que, ao 
	invés de ser “reto”, ele é “perverso” (literalmente, “torto”), e sem a 
	possibilidade de se endireitar a si mesmo, então precisa da justificação. 
	Essa é a operação de DEUS. 
	2. Seu relacionamento com a Lei. Paulo declarou que ninguém é justificado 
	mediante as obras da Lei. Isso não é uma crítica contra a Lei, pois que ela 
	é santa e perfeita. A declaração apenas significa que a Lei não foi dada 
	visando o propósito de tomar justos os homens, e sim para oferecer um padrão 
	de perfeita retidão. A Lei pode ser comparada a uma fita métrica, que pode 
	indicar o comprimento de um corte de tecido sem porém aumentá-lo; ou a uma 
	balança que pode indicar o nosso peso sem porém nada acrescentar a ele. 
	“Porque pela lei vem o pleno conhecimento do pecado”. Dr. Jenner não 
	inventou a varíola, e o Dr. Pasteur não inventou a hidrofobia; esses 
	estudiosos simplesmente definiram a presença dessas doenças, revelaram a sua 
	natureza e expuseram as verdades com respeito a elas, visando o propósito da 
	sua respectiva cura. A Lei não criou o pecado; foi dada para revelar a sua 
	presença, a sua natureza e a sua culpabilidade, a fim de que o remédio seja 
	receitado por DEUS. 
	3. Sua revelação. “Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justiça de DEUS”. 
	Note a palavra “agora”. Para Paulo, todo o tempo se divide em dois períodos: 
	“então” e “agora”; a vinda de CRISTO abriu um novo capítulo no modo de DEUS 
	se haver com os homens. Durante inúmeros séculos, os homens tinham pecado e 
	aprendido a impossibilidade de vencer seus próprios pecados. Agora, porém, 
	DEUS revelou clara e abertamente o caminho. Muitos israelitas, cônscios da 
	sua necessidade, sentiam que devia haver uma maneira de se receber a 
	justificação, independentemente da rigorosa observação de toda a Lei, 
	porque, afinal, o homem pecaminoso nunca poderia observá-la perfeitamente. 
	Sentiam que devia existir uma justiça que não dependesse inteiramente das 
	suas próprias obras e esforços. Em outras palavras, ansiavam pela redenção e 
	pela graça. E DEUS lhes deu a certeza de que tal justiça seria revelada. E 
	por isso que Paulo fala da justiça de DEUS sem a Lei, “tendo o testemunho da 
	Lei [Gn 3.15; 12.3; G1 3.6-8] e dos Profetas [Jr 23.6; 31.31-34]”. A lei de 
	Moisés foi dada para fazer o homem sentir o quanto necessita da redenção. 
	Leia Gálatas 3.19-26. 
	4. Sua apropriação. Sendo que a Lei não poderá justificar, a única esperança 
	do homem é a “justiça sem a lei” (não uma justiça contrária à Lei, nem uma 
	religião que nos permita pecar, e, sim, uma mudança de posição e condição 
	produzida à parte da Lei). Por que método isto é levado a efeito? E a 
	“justiça de DEUS”, ou seja, uma justiça que DEUS dá; é uma dádiva, porque o 
	homem não tem a capacidade de desenvolvê-la ou operá-la (Ef 2.8-10). Se é 
	uma dádiva, devemos aceitá-la. Como? “Pela fé em JESUS CRISTO”. A fé é a mão 
	que humildemente aceita o que DEUS oferece. A salvação que se recebe é uma 
	dádiva não merecida, um salário pelo qual não se trabalhou. Não seria, 
	porém, mais de acordo com a dignidade humana se o homem pudesse trabalhar 
	para produzir a sua própria salvação? Do ponto de vista de DEUS, o ser 
	humano decaído não possui dignidade alguma; não tem a capacidade de acumular 
	uma suficiência de bondade para comprar a salvação. “Por isso, nenhuma carne 
	será justificada diante dele pelas obras da lei”. 
	5. Seu escopo. Essa justiça é “para todos e sobre todos os que crêem; porque 
	não há diferença”. DEUS não faz distinções quanto à nacionalidade da pessoa, 
	nem quanto à sua posição social, nem quanto a qualquer outro aspecto. A 
	dádiva divina, a justiça que DEUS oferece é realmente para toda pessoa que 
	crê. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de DEUS”. Não há 
	distinção entre os homens no que diz respeito ao pecado, ou seja, no fato de 
	todos serem pecadores, embora haja diferença entre os tipos de pecados. A 
	“glória de DEUS” aqui significa o caráter de DEUS, e o caráter de DEUS é o 
	padrão para o comportamento humano (Lv 19.2); todos fracassaram ao serem 
	medidos contra esse padrão. A “glória de DEUS” é o fim para o qual a vida 
	humana foi designada; a salvação nos coloca no trilho que vai avançando para 
	esse destino. A Lei nos convence da realidade da nossa “carência”, do nosso 
	fracasso, mas nenhum poder possui para nos fazer ficar à altura do padrão 
	que DEUS nos deu. Será que DEUS não faz qualquer distinção entre a pessoa 
	que vive uma vida respeitável de moralidade e o viciado que jaz no lamaçal 
	da iniquidade? Responde o Dr. Moule: “O adúltero, o mentiroso e o assassino 
	carecem da glória de DEUS; mas você também. Talvez aqueles estejam no fundo 
	de um poço, e você, no topo de uma montanha; você, porém, não tem mais 
	possibilidade de tocar as distantes estrelas do que eles”. 
	6. Sua concessão. “Sendo justificados”. A palavra “justificar” é uma 
	expressão judicial que significa pronunciar inocente, justo. No seu emprego 
	no Novo Testamento, significa ainda mais do que perdoar o pecador e remover 
	a condenação; significa, também, colocar o culpado na situação de um homem 
	justo. Um governador de um Estado pode perdoar um criminoso, mas não pode 
	restaurá-lo à posição de quem nunca violou a lei. DEUS, no entanto, pode 
	fazer ambas as coisas. Apaga o pretérito com os pecados então cometidos e 
	depois age para com a pessoa como se nunca na vida tivesse praticado um 
	erro! Ninguém diz que um criminoso é um homem bom ou justo; quando, porém, 
	DEUS justifica o pecador, declara-o justificado, portanto justo aos olhos 
	dEle. 
	7. Sua origem. “Gratuitamente pela sua graça”. Os homens nada possuíam para 
	comprar sua própria justificação, absolutamente nada. DEUS não poderia 
	reduzir o nível da sua justiça para aquilo que os homens podem galgar; e os 
	homens não poderiam subir até as alturas das exigências de DEUS. Ele, 
	portanto, graciosamente deu a salvação de graça, “gratuitamente pela sua 
	graça”. A graça é o favor divino mostrado aos que não o merecem. A salvação 
	mediante a graça remove dois perigos; primeiro, o desejo de alguém se 
	justificar a si mesmo mediante seus próprios esforços; segundo, o temor das 
	pessoas quanto a serem fracas demais para serem justificadas. 
	8. Sua base. Como é que DEUS pode chamar o pecador de justo e tratá-lo como 
	homem virtuoso? É porque DEUS lhe dá a justiça. Surge a pergunta, porém: é 
	certo dar o título de “bom” e “justo” a quem não o mereceu? Foi JESUS quem 
	obteve o título para o pecador, que passa a ser chamado justo “pela redenção 
	que há em CRISTO JESUS”. A redenção é a libertação total obtida mediante o 
	preço pago, libertação da penalidade do pecado, do poder do pecado e da 
	presença do pecado. Comparecemos diante de DEUS revestidos na retidão de 
	CRISTO. Ele, CRISTO, é nosso Representante, é justo, e nós, que nEle 
	confiamos, participamos da justiça dEle. DEUS nos aceita, porque aceita 
	CRISTO. 
	9. Seu método. “Ao qual DEUS propôs para propiciação pela fé no seu sangue” 
	(cf. 1 Jo 2.1,2). A propiciação é um sacrifício ou uma dádiva que afasta a 
	ira de DEUS, fazendo com que seja misericordioso e favorável para com o 
	pecador. E o que compra o favor de DEUS para com os que não o merecem. 
	CRISTO morreu a fim de nos salvar da justa ira de DEUS e de obter para nós o 
	favor divino. 
	10. Sua vindicação. “Para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados 
	dantes cometidos, sob a paciência de DEUS”. Parecia, em épocas passadas, que 
	DEUS deixava de punir devidamente os pecados das nações, que os homens 
	pecavam sem receber a justa paga pela sua maldade. E, assim, surge a 
	pergunta: DEUS não tomava conhecimento do pecado? A crucificação, porém, 
	revelou a hediondez do pecado, demonstrando qual a terrível penalidade para 
	ele, qual o preço para o perdão. A cruz de CRISTO proclama que DEUS nunca 
	foi indiferente para com os pecados humanos e que nunca o será. DEUS provou 
	(1.24-27) sua ira contra o pecado, mediante sua punição aos gentios e ao seu 
	povo, em muitas ocasiões, deixando, porém, de aplicar a totalidade, que 
	teria causado a destruição total da raça inteira. Em grande parte, deixou 
	impunes os pecados dos homens; muitas pessoas interpretavam isto como sinal 
	de que DEUS não teria a inclinação nem a autoridade para puni-las. Quando 
	DEUS entregou CRISTO à morte, demonstrou que sua tolerância tinha em vista a 
	sua perfeita justiça que seria satisfeita por CRISTO. Que JESUS morreu em 
	prol dos homens, é uma verdade bastante conhecida, mas é também verdade que 
	JESUS morreu em prol de DEUS - ou seja, para vindicar a justiça de DEUS. 
	“Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja 
	justo e justificador daquele que tem fé em JESUS”. DEUS é justo e, portanto, 
	tem que punir o pecador; DEUS é misericordioso e deseja perdoá-lo. Noutras 
	palavras, quer ser justo e também Justificador. O problema foi resolvido no 
	Calvário, quando o próprio Filho de DEUS tomou sobre si a penalidade 
	merecida pelo pecador, fazendo assim com que seja possível que DEUS seja 
	justo e misericordioso ao mesmo tempo. “A misericórdia e a verdade se 
	encontraram; a justiça e a paz se beijaram” (SI 85.10). Facilmente se 
	entende que DEUS é justo quando pune e misericordioso quando perdoa; mais 
	difícil é entender como DEUS pode ser justo no seu ato de justificar os 
	culpados. O Calvário soluciona o problema. 
	II - A Doutrina Ilustrada (Rm 4.1-8) 
	Podemos imaginar um ouvinte judeu do apóstolo exclamando, indignado: 
	“Ensinar que o homem pode ser justo, independentemente da Lei, é a mais 
	avançada heresia. A Lei é o próprio fundamento da moral e da religião, e sua 
	expressão ‘justiça independentemente da Lei’ é uma contradição em termos; 
	não se pode imaginar doutrina mais contrária à Palavra”. Paulo agora passa a 
	comprovar que sua doutrina é fiel às Escrituras, e cita dois exemplos do 
	Antigo Testamento. 
	1. Abraão. Paulo toma como exemplo Abraão, amigo de DEUS. Certamente ele 
	deve ser considerado exemplo de homem justo. Foi um homem justificado. Mas, 
	em que base foi justificado? Na das obras, ou de quaisquer esforços dos 
	quais poderia se jactar? Não; porque as Escrituras declaram: “Creu Abraão em 
	DEUS, e isso lhe foi imputado como justiça”. O patriarca tinha muitas 
	qualidades e privilégios em que poderia ter-se jactado; a única coisa, no 
	entanto, que lhe foi contado por justiça foi ter crido nas promessas de 
	DEUS. Mas, afinal, não merecemos algum louvor por confiar em DEUS? Não 
	merecemos mais louvor do que o mendigo que estende a mão para receber um 
	presente. Pela fé, abrimos nossa mão estendida para receber como dádiva 
	aquilo que não podemos comprar nem merecer como salário. 
	2. Davi. Certamente, Davi foi um homem de DEUS, mas as manchas no seu 
	caráter, e seu duplo crime (2 Sm 12) comprovam a falsidade da ideia de ele 
	ter sido justificado mediante as obras. “Assim também Davi declara 
	bem-aventurado o homem a quem DEUS imputa a justiça sem as obras, dizendo: 
	Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são 
	cobertos” (cf. Pv 28.13). “Bem-aventurado [a descrição da experiência, Rm 
	5.1-5] o homem a quem o Senhor não imputa pecado” (cf. SI 32). No caso de 
	Abraão, Paulo toca no lado positivo da justificação, demonstrando como DEUS 
	imputa a justiça ao que crê; agora, passa a tratar do lado negativo, 
	mostrando como DEUS deixa de imputar pecado àquele que justificou. A palavra 
	“imputar”, tão frequentemente repetida no capítulo 4, é uma metáfora tirada 
	da contabilidade, e indica algo colocado na conta a crédito de alguém. No 
	processo da justificação, os pecados dos homens são debitados e a justiça de 
	CRISTO é lançada a crédito. 
	III - Ensinamentos Práticos 
	1. A justiça imputada e operada. Já ficamos sabendo que a justificação 
	significa que DEUS pode declarar justo o pecador, por ter sido lançada na 
	conta dele a justiça de CRISTO. É justo quanto à sua posição, mas (deve ser 
	ressaltado também) é justo quanto ao seu caráter. É justificado mediante a 
	fé, mas se for uma fé viva e forte, produzirá boas obras; será “a fé que 
	opera por caridade” (G1 5.6). O crente, revestido com a justiça de CRISTO, 
	vive uma vida em conformidade com aquele caráter. “Porque o linho fino são 
	as justiças dos santos” (Ap 19.8). A salvação exige uma vida de santidade 
	prática. O que pensaríamos de uma pessoa que sempre usa roupas limpas e 
	brancas, mas que nunca lava o rosto nem toma banho? Certamente, há uma falta 
	de consistência em tal comportamento. Aqueles que estão vestindo a justiça 
	que CRISTO lhes atribui, devem tomar o cuidado de se purificar assim como 
	CRISTO é puro (1 Jo 3.3). 
	2. A justificação para os ímpios. Nenhum juiz poderia, com justiça, 
	inocentar um criminoso, declarando-o um homem justo e bom. E, se DEUS fosse 
	sujeito às mesmas limitações e justificasse apenas as pessoas boas, já não 
	existiria um Evangelho para os pecadores. Paulo nos dá a certeza de que DEUS 
	justifica os ímpios. O milagre do Evangelho é que DEUS se chega aos ímpios, 
	com misericórdia totalmente reta e pura, capacitando-os, mediante a  fé, a 
	despeito daquilo que são, a entrar em novo relacionamento com Ele mediante o 
	que a bondade passa a ser uma possibilidade real. O grande segredo do 
	Cristianismo do Novo Testamento, de todo reavivamento religioso e de toda 
	reforma da igreja se acha neste paradoxo grandioso e jubiloso: “DEUS que 
	justifica os ímpios”. 
	3. “Não há diferença ” nos seguintes aspectos: 
	3.1. No fato do pecado. O Novo Testamento não ensina que não há diferentes 
	graus de pecado entre a pessoa que procura viver à altura da sua consciência 
	e a que deliberada e sistematicamente rompe todos os mandamentos. Os ímpios 
	serão julgados segundo o mal que fizeram. Paulo aqui fala não dos graus do 
	pecado, e sim do fato do pecado. Neste sentido, é verdade que “todos 
	pecaram”, porque o mal é ruim, independentemente da quantidade ou da 
	intensidade. Qualquer pessoa que examinar a sua consciência à luz da face de 
	DEUS terá que reconhecer suas próprias falhas e imperfeições. O que chamamos 
	de “falhas”, “deslizes”, “fraquezas”, “defeitos” e muitos outros nomes que 
	visam esconder a fealdade do pecado será revelado quanto à sua magnitude e 
	importância como pecado, logo que o conceito de DEUS começar a entrar na 
	nossa vida. Tudo isso, contemplado à luz da lei de DEUS, é pecado. 
	3.2. Não há distinção quanto ao fato do amor de DEUS para conosco. DEUS ama 
	os homens, não por causa daquilo que eles são, e sim por causa daquilo que 
	Ele é. Sua natureza é amar. Da mesma forma, não cessa de amar os homens por 
	causa daquilo que são. “DEUS amou o mundo de tal maneira”. O pecado da nossa 
	parte não faz com que DEUS cesse de nos amar, mas efetua em nós mesmos uma 
	capacitação tal que não nos deixa aceitar as bênçãos que o amor divino 
	oferece. É como o caso de quem fecha as venezianas; não impede o Sol de 
	brilhar, mas esconde-se da sua luz. 
	3.3. Não há distinção na eficácia da morte de CRISTO para todos. CRISTO 
	morreu em prol de todos. O remédio cobre uma área tão grande quanto a 
	doença. O remédio vai tão profundo quanto a doença. Por mais longe que o 
	pecador tenha se desviado, existe na cruz perdão para os seus pecados. 3.4. 
	Não há distinção quanto à maneira da apropriação. A salvação é para os ricos 
	e para os pobres, para os sábios e para os analfabetos, para os reis e para 
	os mendigos, para pessoas de todas as raças e para adultos e crianças. DEUS 
	determinou um caminho que pode ser seguido por todos - o caminho da simples 
	fé naquilo que Ele realizou mediante CRISTO. Se este caminho parece muito 
	estreito, é porque as pessoas ficam insufladas com pecados e orgulho, 
	achando-se por demais grandiosas. Naamã teria feito algo de grandioso se 
	isto tivesse sido exigido por parte dele, mas ficou escandalizado quando 
	recebeu ordens no sentido de se lavar no rio Jordão. Quando, afinal, deixou 
	de lado o seu orgulho e se humilhou, foi curado mediante o meio simples (2 
	Rs 5). Não importa a natureza dos meios; a pergunta é: esse é o meio de 
	DEUS? Se é, funcionará, havendo fé e obediência da nossa parte. 
	  
	2- VIVENDO PARA DEUS 
	Texto: Romanos 5 e 6 
	  
	Introdução 
	Paulo continua o grande tema de Romanos - o método divino de fazer justos os 
	pecadores. No capítulo anterior, mostrou-nos como DEUS muda a posição do 
	homem; agora, passaremos a considerar o outro aspecto da justificação, que 
	providencia uma mudança na condição do homem. A primeira seção tratou da 
	questão dos pecados; agora, levanta-se a questão da graça. A primeira seção 
	define o perdão da culpa do pecado; esta seção descreve a libertação do 
	poder do pecado. E o tópico é bem prático. Muitos convertidos, após 
	experimentarem a alegria de receber o perdão dos seus pecados, descobrem, 
	com desgosto e humilhação, que ele não foi totalmente dominado nas suas 
	vidas. Este capítulo enfrenta o problema. 
	I - Refutação de um Erro (Rm 6.1,2) 
	Imaginemos que, enquanto Paulo fazia sua exposição da doutrina da 
	justificação mediante a fé, alguns judeus estivessem ouvindo. Podemos 
	imaginar que diriam, em protesto: “Isto é heresia, e do tipo mais perigoso! 
	Se você disser ao povo que nada mais precisam fazer em prol da sua própria 
	salvação, por ser ela resultado da graça de DEUS, ficarão descuidados quanto 
	ao seu viver, pensando que pouco importa o que façam, se pelo menos crerem. 
	Sua doutrina acerca da fé promove o pecado”. Paulo responde a esta objeção: 
	“Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais 
	abundante?” Noutras palavras, se a justificação é mediante a graça somente, 
	independentemente das obras, por que romper com o pecado? Por que não 
	continuar nele para obter ainda mais graça? Os inimigos de Paulo realmente o 
	acusaram de pregar assim (Rm 3.8). Paulo repudia, horrorizado, tal perversão 
	dos seus ensinos: “De modo nenhum!” 
	II - A Doutrina Ilustrada (Rm 6.2-5) 
	“Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” Estas 
	palavras declaram o tema dos primeiros 14 versos do capítulo. Continuar no 
	pecado é impossível para um homem realmente justificado, por causa da sua 
	união com CRISTO na morte e na vida (cf. Mt 6.24). Em virtude da sua fé em 
	CRISTO, o homem salvo teve uma experiência que inclui um rompimento com o 
	erro tão nítido, que é descrito como sendo a morte para o pecado; sua 
	experiência é uma transformação tão radical que é descrita como sendo uma 
	ressurreição. O batismo nas águas é uma representação dessa experiência. A 
	imersão do convertido testifica o fato de que morreu para o pecado, em 
	virtude da sua união com o CRISTO crucificado; o fato de ele ser erguido e 
	tirado das águas testifica que seu contato com o CRISTO ressurreto simboliza 
	que, “como CRISTO ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos 
	nós também em novidade de vida”. CRISTO morreu em prol dos nossos pecados, a 
	fim de que morrêssemos para o pecado. 
	III - Um Fato Declarado (Rm 6.6-9) 
	“Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, 
	também o seremos na da sua ressurreição; sabendo isto: que o nosso velho 
	homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a 
	fim de que não sirvamos mais ao pecado”. A expressão “velho homem” refere-se 
	ao antigo eu, à vida não regenerada, cheia de pecado. Mediante a 
	regeneração, despimo-nos do “velho homem”, revestindo-nos do “novo homem”, 
	da nova natureza. “O corpo do pecado” não é expressão que signifique que o 
	pecado tem sua origem no corpo, e sim que o corpo é o instrumento usado para 
	praticar o pecado. É a alma que peca, mas é mediante o corpo que a alma se 
	expressa. “Destruir” aqui não significa aniquilar, e sim tomar ineficaz. O 
	verso nos ensina que, mediante a união com o CRISTO crucificado, mas agora 
	ressurreto, o pecado foi despojado do seu poder. Este fato se toma realidade 
	em cada um de nós mediante a fé. “Porque aquele que está morto está 
	justificado do pecado”. A morte cancela todas as obrigações e rompe todos os 
	laços. Mediante a sua união com CRISTO, o crente morreu para a antiga vida, 
	sendo rompidos os grilhões do pecado. Assim como a morte findava a 
	escravidão literal, assim também a morte do crente para a antiga vida 
	libertou-o da escravidão do pecado. Continuando a ilustração: a lei não tem 
	nenhuma jurisdição sobre um morto; seja qual for a natureza dos crimes por 
	ele cometidos, está além do alcance da justiça humana, uma vez morto. 
	Semelhantemente, a lei de Moisés, muitas vezes quebrada pelo convertido, não 
	pode “prendê-lo”, porque, mediante a sua experiência com CRISTO, já está 
	morto (Rm 7.1-4). 
	IV - Um Dever a que Somos Conclamados (Rm 6.9-14) 
	1. A atitude da fé. “Sabendo que, havendo CRISTO ressuscitado dos mortos, já 
	não morre; a morte não mais terá domínio sobre ele. Pois, quanto a ter 
	morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para 
	DEUS. Assim também vós vos considerai como mortos para o pecado, mas vivos 
	para DEUS, em CRISTO JESUS, nosso Senhor”. A morte de CRISTO pôs fim àquele 
	estado em que tinha contato com o pecado, e sua vida é agora de ininterrupta 
	comunhão com DEUS. Os crentes, embora ainda estejam no mundo, podem também 
	compartilhar da sua experiência, porque estão unidos a Ele. Como? “Assim 
	também vós vos considerai como mortos para o pecado, mas vivos para DEUS, em 
	CRISTO JESUS, nosso Senhor”. O que significa isto? DEUS disse que, mediante 
	a nossa fé em CRISTO, somos mortos para o pecado e vivos para a justiça. Só 
	nos resta fazer uma coisa: crer em DEUS e considerar-nos mortos para o 
	pecado, marcando isto como fato em nossa conta corrente religiosa. A fé 
	aceita, com respeito a nós mesmos, a declaração que DEUS fez acerca de nós. 
	DEUS diz que, quando CRISTO morreu, nós também morremos para o pecado; 
	quando CRISTO ressuscitou, nós também ressuscitamos com Ele para uma nova 
	vida. Devemos contar sempre com estes fatos, como sendo absolutamente 
	verdadeiros; então, na medida em que contamos com eles, ficarão poderosos em 
	nossas vidas, porque nos transformamos naquilo que confiamos ser. Para 
	alguns, isto pode soar como um tipo de autopersuasão, mas não é assim, 
	porque o que DEUS declara é verdade, e agora DEUS está dizendo que, ao 
	crermos em CRISTO, morremos para o pecado, sendo libertados do seu poder. 
	Sempre que acreditamos naquilo que DEUS disse, algo acontece! 
	2. A operação da fé. “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, 
	para lhe obedecerdes em suas concupiscências”. Enquanto vivemos neste corpo 
	mortal, nós, que temos comunhão com CRISTO, ainda por um tempo estamos 
	sujeitos a receber os ataques de Satanás, e temos que resistir a todos os 
	esforços feitos por ele no sentido de nos desviar da lealdade à vontade de 
	DEUS e nos sujeitar às tendências pecaminosas. Não devemos deixar nosso 
	corpo ser nosso “rei”. O corpo é um servo útil, mas é um péssimo mestre. As 
	“paixões” aqui são os desejos, de todos os tipos, que podem nos desviar da 
	vontade de DEUS. Da obstinação em cumprir as nossas próprias vontades surgem 
	muitos pecados. Como podemos cumprir, na prática, a exortação para nos 
	considerarmos mortos para o pecado? O apóstolo responde: “Nem tampouco 
	apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas 
	apresentai-vos a DEUS, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a DEUS, 
	como instrumentos de justiça”. Uma vez sabido que, mediante a obra de 
	CRISTO, somos mortos para o pecado, podemos dizer “não” a cada tentação, e 
	“sim” a cada manifestação da vontade de DEUS. Em nossa vida na terra, sempre 
	teremos que escolher entre o certo e o errado, entre o bem e o mal; nossa 
	vontade é o volante para guiar nossa maneira de viver, para entrar no 
	caminho certo ou no caminho errado, e devemos respeitar os sinais de DEUS 
	que digam: “Trânsito impedido”. Derrubar uma barreira desta natureza nos 
	causará muitos sofrimentos. 
	3. O encorajamento da fé. Surgirá a pergunta: “Mas será que tenho forças 
	suficientes para romper com o pecado?” Paulo responde: “Porque o pecado não 
	terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da 
	graça”. A cruz de CRISTO nos libertou não somente das consequências do 
	pecado, como também da sua autoridade. A Lei revelava o pecado, e exigia o 
	devido castigo, mas não oferecia nenhuma capacidade para vencê-lo; a graça, 
	além de cancelar a penalidade, concede poder para vencer o pecado. A Lei 
	diz: “Há algo que precisa ser feito por você”. A graça diz: “Há algo que foi 
	feito para você”. Se o crente pecar, o sangue de CRISTO ainda estará ao seu 
	dispor (1 Jo 2.1), mas viver segundo a graça não oferece nenhuma 
	licença quanto ao pecar deliberadamente (Rm 6.15), porque quem assim 
	despreza a graça se afasta mais e mais de DEUS. 
	V - Ensinamentos Práticos 
	1. A Santidade prática. Estudamos alguma coisa acerca da doutrina do viver 
	em santidade, mas agora devemos vincular estes ensinos à vida prática, 
	mencionando algumas das qualidades que revelam a presença de santificação na 
	vida. 
	1.1. Amor. A vida vitoriosa não somente vence os pecados mais grosseiros, 
	como também aqueles que muitas vezes não são considerados sérios, tais como: 
	irritabilidade, ressentimento, respostas zangadas, mau humor e aversão a 
	certas pessoas. O melhor teste para tudo isto é o seguinte: não seremos 
	puros se não pudermos nos achegar a alguém, estender-lhe a mão e dizer-lhe: 
	“Amo-o”, isto é, com o mesmo amor descrito em 1 Coríntios 14.4-7. Alguém 
	poderá responder que um padrão tão alto exige um milagre, e realmente a 
	santidade sempre é um milagre. Ninguém pode evitar que instantaneamente 
	surja o ressentimento mediante uma afronta por nós recebida; mas CRISTO, 
	reinando em nossa vida, e dando-nos a confiança de ser em nós a plenitude da 
	vida, pode dar-nos reações imediatas que são puras e santas. 
	1.2. Pureza. A atmosfera deste mundo está cheia de impureza, e sugestões 
	quanto à prática do mal se nos defrontam na rua, nas revistas e na 
	televisão. Certamente o cristão não pode literalmente deixar o mundo, mas 
	pode ser capacitado a resistir às suas tentações. Existem muitas teorias que 
	descrevem a remoção do pecado; a teoria da erradicação, a teoria da 
	supressão, e outras. O método mais certo é deixar CRISTO encher todos os 
	recantos do nosso viver de tal maneira que sua presença vá afastando de nós 
	todas as coisas que não condizem com a vida cristã. 
	1.3. Fé. A descrença é a raiz de outros pecados. “Tudo o que não é de fé é 
	pecado” (Rm 14.23). Inversamente, a fé é a raiz da força moral. “E esta é a 
	vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5.4). “Tomando sobretudo o 
	escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do 
	maligno” (Ef 6.16). Se você sofre de falta de fé no que diz respeito a 
	qualquer doutrina em que deve crer e não tem suficiente fé para amar ao seu 
	próximo, peça a DEUS que remova o pecado da descrença do seu coração. Se há 
	alguma coisa que está fazendo errado, e não consegue fazer o bem, nem com 
	oração, então peça a DEUS que lhe encha o coração com fé, que tire o pecado 
	da incredulidade, e as outras coisas irão para o lugar. 
	2. Inteira consagração. Existem pessoas que são verdadeiramente cristãs sem 
	serem inteiramente cristãs. Receberam a salvação, sem porém entregarem tudo 
	a DEUS. Essa entrega deve incluir o abandono de todos os pecados, 
	conhecidos ou desconhecidos. Como entregar os pecados desconhecidos? 
	Deixando que DEUS no-los revele. A entrega também inclui o “desembaraçar-nos 
	de todo peso” (cf. Hb 12.1). Esses pesos podem ser coisas legítimas ou não, 
	que são empecilhos ao nosso progresso espiritual. A entrega significa que 
	dedicamos a DEUS a nossa vida, deixando que Ele a governe. A pessoa mundana 
	vive uma vida centralizada em si, e a partir deste ponto central organiza 
	toda a sua vida — uma proporção para negócios, para prazeres, para recreio, 
	para a vida social, para a vida no lar e, talvez, até alguma coisa para DEUS 
	e a igreja. A pessoa consagrada vive uma vida centralizada em DEUS, e todas 
	as suas atividades são distribuídas de acordo com a vontade de DEUS. 
	Ilustrando a vida humana por meio de uma roda, na vida consagrada o cubo da 
	roda representaria a presença de DEUS, e os raios, as várias atividades da 
	vida. Inúmeras pessoas podem testificar que a verdadeira paz e felicidade 
	vieram a elas depois de reconhecerem DEUS como verdadeiro centro das suas 
	vidas. 
	3. Recebendo a vitória. “Considerai-vos como mortos para o pecado”. Existe 
	importante distinção entre as promessas da Bíblia e os fatos da Bíblia. 
	JESUS disse: “Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em 
	vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito”. Trata-se de uma promessa, 
	porque está no futuro e ainda será cumprida. Quando, porém, Paulo diz: 
	“CRISTO morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras”, declara um 
	fato, algo que já foi feito. Compare a declaração de Pedro: “Por suas chagas 
	fostes sarados”. E quando declara: “Foi crucificado com ele o nosso velho 
	homem”, Paulo está denunciando um fato, algo que foi feito. Só resta 
	perguntar se nós estamos dispostos a crer naquilo que DEUS declarou ser 
	realidade a nosso respeito, se estamos dispostos a estender a mão vazia da 
	fé para receber aquilo que DEUS oferece graciosamente. Certo missionário 
	queria ensinar este fato a uma obreira cristã, e ela respondeu: “Não posso 
	dar graças a DEUS por uma coisa realizada, quando, de fato, não foi 
	realizada. Não devo agradecer aquilo que não foi feito”. Disse o 
	missionário: “Está bem, mas aqui DEUS está dizendo que foi feito”. Depois, 
	reconhecendo a dificuldade de explicar aquilo que melhor pode ser entendido 
	mediante a experiência espiritual, orou sincera e fervorosamente em prol 
	dela. Logo a mulher começou a clamar: “Senhor, tua Palavra me diz que estou 
	livre! É verdade, Senhor! Estou livre, livre, LIVRE!” Estivera livre o tempo 
	todo, sem saber, e só agora aceitara a revelação do ESPÍRITO SANTO com 
	respeito às coisas que DEUS nos concede gratuitamente. 
	  
	  
	3- A VIDA CHEIA DO ESPÍRITO 
	Texto: Romanos 7 e 8 
	  
	Introdução 
	Os capítulos 7 e 8 de Romanos continuam o assunto da santificação; falam da 
	libertação do crente, mediante o que fica livre do poder do pecado, e 
	descrevem o seu crescimento em santidade. No capítulo 6, aprendemos que a 
	vitória sobre o poder do pecado foi alcançada mediante a fé. O capítulo 
	apresenta outro aliado na batalha contra o pecado — o ESPÍRITO SANTO. Como 
	base dos ensinos do capítulo 8, vamos estudar os pensamentos desenvolvidos 
	no capítulo 7. Paulo demonstra que a Lei não tem poder para salvar e 
	santificar, não porque a Lei não seja boa, e sim por causa da tendência 
	pecaminosa na natureza humana, que é chamada “a carne”. A lei revela o fato 
	do pecado (v. 7), a ocasião do pecado (v. 8), o poder do pecado (v. 9), a 
	traição do pecado (v. 11), o efeito do pecado (vv. 10,11) e a malignidade do 
	pecado (vv. 12,13). 
	Paulo que, segundo parece, aqui descreve a própria experiência, diz que a 
	Lei que ele tão zelosamente queria observar despertava nele impulsos 
	pecaminosos. O resultado fora uma “guerra civil” na sua alma. É impedido de 
	fazer o bem que quer praticar e impulsionado a fazer as coisas que odeia. 
	“Acho, então, esta lei em mim: que, quando quero fazer o bem, o mal está 
	comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de DEUS. Mas 
	vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento 
	e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros”. A parte 
	final do capítulo 7 mostra um homem sob a Lei, que já percebeu a 
	profundidade da espiritualidade contida na Lei, mas vendo que o pecado que 
	nele habita é o grande empecilho contra o cumprimento de tão nobre meta. Por 
	que Paulo descreve este conflito? Para demonstrar que a Lei não pode nos 
	justificar, tampouco pode nos santificar. A chave desta seção é perceber que 
	“eu” é repetido trinta vezes sem haver uma única referência ao ESPÍRITO 
	SANTO. Indica o eu próprio lutando por fazer, sem nada conseguir, aquilo que 
	a Lei manda, sem apelar ao ESPÍRITO SANTO. Enquanto no capítulo 8 há, no 
	mínimo, vinte referências ao ESPÍRITO SANTO, no capítulo 7 é a Lei que é 
	aludida uma vintena de vezes. “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará 
	do corpo desta morte?” E Paulo, terminando a descrição da experiência sob a 
	Lei, passa agora a dar testemunho da experiência sob a graça: “Graças a DEUS 
	(que recebi a libertação) por JESUS CRISTO, nosso Senhor”. E assim, com este 
	brado de triunfo, entramos no maravilhoso capítulo oitavo, cujo tema 
	dominante é a libertação da natureza pecaminosa mediante o poder do ESPÍRITO 
	SANTO. 
	I - O Poder do ESPÍRITO (Rm 8.1-4) 
	1. O fato. “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em 
	CRISTO JESUS”. Os que estão “em CRISTO” saíram do ambiente da condenação da 
	Lei e alcançaram uma posição de onde podem subjugar a carne. A batalha 
	continua ao derredor, mas eles são vencedores em CRISTO na medida em que não 
	andam segundo a carne, mas segundo o ESPÍRITO. Romanos 8 começa falando em 
	“nenhuma condenação”, e, seguindo estas verdades, podemos falar em "nenhuma 
	derrota!” 
	2. A explicação. “Porque a lei do ESPÍRITO de vida, em CRISTO JESUS, me 
	livrou da lei do pecado e da morte”. Mediante nossa união com o Filho de 
	DEUS ressurreto e glorificado, um novo poder, o poder do ESPÍRITO SANTO, 
	entra na natureza humana para subjugar o pecado. “Quem tem o Filho tem a 
	vida” (1 Jo 5.12), porque no Filho descobre também o ESPÍRITO vivificante. A 
	lei do pecado e da morte 6 inerente à natureza humana, mas esta lei é 
	superada pela lei do ESPÍRITO da vida, que opera em nós na medida em que 
	conservamos nossa comunhão com nosso Salvador celestial. 
	3. A causa. O verso 3 explica como este poder ficou disponível. A Lei não 
	possui nenhum poder para inutilizar a atuação do pecado, mas DEUS tem este 
	poder e, ao enviar CRISTO para morrer em nosso lugar, rompeu o poderio do 
	pecado. A Lei era santa e espiritual, mas o homem era carnal, sem possuir o 
	poder de obediência. A âncora da Lei era forte em si mesma, mas não pôde 
	firmar-se no lodo que há no fundo de cada coração. Nesse caso, ou a Lei 
	tinha que ser alterada ou o homem tinha que ser transformado. DEUS nunca 
	mudará os eternos princípios da sua justiça, mas mediante o envio de novas 
	forças espirituais, providenciou a mudança da natureza humana. Essa força 
	foi colocada ao nosso dispor mediante a obra expiatória de CRISTO (cf. G1 
	3.13,14; Jo 3.5,14-16). 
	4. O propósito. “Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não 
	andamos segundo a carne, mas segundo o ESPÍRITO”. Quando CRISTO entra em 
	nossa vida, inspira desejos e afetos novos e diferentes. Por assim dizer, 
	fechou a fábrica do pecado e abriu uma indústria de retidão. O amor cumpre a 
	lei de DEUS porque nenhum mal prática, e porque gosta de fazer o bem aos 
	outros (Rm 13.10). E uma das evidências de que alguém passou da morte para a 
	vida é o fato de ele amar os irmãos (1 Jo 3.14). Nota-se quão alegremente 
	Zaqueu cumpriu o preceito da Lei ao distribuir bens aos pobres e restituir o 
	que tirara de pessoas que lesara. Sempre sabia que assim devia agir, mas só 
	a influência de JESUS na sua vida fez com que desejasse fazer o que era 
	certo. 
	II - O Empecilho para a Obra do ESPÍRITO (Rm 
	8.5-8) 
	Paulo demonstrou, nos versos 1-4, que ninguém pode ter santidade sem 
	primeiro receber a justificação; agora, nos versos 5-11, mostra que se 
	alguém não viver uma vida santa, é porque não recebeu a justificação. 
	Noutras palavras, uma vida santa é a evidência prática de alguém ser 
	regenerado para com DEUS. A pessoa verdadeiramente salva não viverá “na 
	carne”, porque a carne é inimiga do ESPÍRITO. 
	1. O princípio. “Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as 
	coisas da carne; mas os que são segundo o ESPÍRITO, para as coisas do 
	ESPÍRITO”. A palavra “carne” representa a natureza antiga e pecaminosa que 
	não recebeu a renovação e vive segundo o homem não regenerado. Pode ser 
	considerada a “baixa natureza”, ou a “natureza animalesca”. A expressão 
	abrange a totalidade da vida não renovada que se vive longe de DEUS. Isso 
	não significa, necessariamente, que a pessoa tenha uma vida cheia de vícios 
	e pecados grosseiros, porque a “carne” pode ser culta, refinada e educada. A 
	“carne” pode até chegar a ser religiosa, expressando sua devoção mediante 
	cerimônias gloriosas e atos externos de abnegação. Por mais que a “carne” 
	seja enfeitada e coberta com uma falsa camada de religiosidade, ainda é 
	verdade que “o que nasce da carne, é carne”. A palavra “carne” abrange todas 
	as atividades em que o eu próprio é o centro. Quando alguém passa a colocar 
	DEUS no centro da sua vida, passa a andar segundo o ESPÍRITO. 
	2. O resultado. “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do 
	ESPÍRITO é vida e paz”. A palavra “morte” se refere a mais do que a morte 
	física, porque até o crente morre fisicamente. Refere-se aqui ã separação 
	presente e futura de DEUS, fonte de toda a vida espiritual. Embora os maus 
	venham a ser ressuscitados da morte, será uma ressurreição para a condenação 
	eterna, e continuarão a existir, após o Juízo Final, mas não a viver. O 
	crente, no entanto, embora passe pelo túmulo, não morre realmente, porque 
	sua comunhão vital com DEUS não é interrompida pela morte física. Foi assim 
	que JESUS explicou a Maria e a Marta que a sepultura não fizera 
	reparação entre Ele e Lázaro (Jo 11.25,26). 
	3. A razão. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra DEUS, pois 
	não é sujeita à lei de DEUS, nem, em verdade, o pode ser”. O homem carnal, 
	para quem o eu próprio é a lei suprema, naturalmente tem ressentimento 
	contra a vontade do Poder Superior. Para ele, sua lei é seguir seu próprio 
	Caminho. O que há de mais trágico nisto é que alguém pode ficar sem ter 
	consciência desta rebelião contra DEUS, pode até Chegar a pensar que está 
	servindo a DEUS, quando, na realidade, está servindo a si mesmo. Muitos 
	obreiros cristãos, após examinarem-se até o fundo do coração, já têm feito a 
	humilhante descoberta de que todas as suas atividades religiosas não 
	passaram de uma capa debaixo da qual ostentava seu eu próprio orgulhoso e 
	sedento de receber louvores. Em muitos casos, no entanto, esta dolorosa 
	revelação tem sido o trampolim para se chegar à verdadeira consagração. Por 
	maiores que sejam as qualidades possuídas por alguém, ou por mais 
	importantes que pareçam ser os trabalhos religiosos que realiza, 16 ainda 
	está “na carne”, pensando em si em primeiro lugar, “não pode agradar a 
	DEUS”. 
	III - O ESPÍRITO que em Nós Habita (Rm 8.9) 
	“Vós, porém, não estais na carne, mas no ESPÍRITO, se é que o ESPÍRITO de 
	DEUS habita em vós. Mas, se alguém não tem o ESPÍRITO de CRISTO, esse tal 
	não é dele” (cf. Jd 19). Estar “no ESPÍRITO” quer dizer que o ESPÍRITO em 
	nós habita, dirigindo nossa vida. Paulo declara que, se alguém não tem o 
	Espírito habitando com ele, não é cristão, não pertence a CRISTO (v. 9). O 
	“ESPÍRITO de CRISTO” é o ESPÍRITO SANTO em pessoa, e não, como alguns 
	afirmam, o caráter e disposição de CRISTO. E chamado o “ESPÍRITO de CRISTO” 
	porque foi enviado em nome de CRISTO (Jo 14.26), porque transforma em 
	realidade o que CRISTO fez por nós e porque é o “outro Consolador” que veio 
	tomar o lugar de CRISTO aqui na terra. Essa interpretação significa que a 
	pessoa não é salva se não recebeu o batismo no ESPÍRITO SANTO? Não; trata-se 
	de duas operações distintas do ESPÍRITO. A presença em nós do ESPÍRITO de 
	CRISTO é vinculada à regeneração da nossa natureza. O batismo no ESPÍRITO 
	nunca é vinculado à salvação, mas ao poder para o serviço. Como saber se é o 
	ESPÍRITO de CRISTO, o ESPÍRITO de DEUS, o SANTO ESPÍRITO, que em nós habita? 
	Existem aqui distinções e diferenças? Não, as Pessoas da trindade formam uma 
	unidade tão perfeita que não pode haver distinção (ver Jo 14.11,23). A 
	presença de DEUS chega ao nosso conhecimento mediante a operação do 
	ESPÍRITO, que não fala acerca de si, agindo sempre como representante das 
	demais pessoas da Deidade. 
	IV - A Vivificação Dada pelo ESPÍRITO (Rm 8.10,12) 
	“E, se CRISTO está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do 
	pecado”. Embora o corpo do crente seja templo do ESPÍRITO SANTO, está 
	sujeito à morte. Os crentes foram redimidos do efeito da queda de Adão, mas 
	os resultados finais da redenção ainda estão no futuro (cf. 1 Co 15.51- 54; 
	Fp 3.20,21). “Mas o espírito vive por causa da justiça. E, se o ESPÍRITO 
	daquele que dos mortos ressuscitou a JESUS habita em vós, aquele que dos 
	mortos ressuscitou a CRISTO também vivificará o vosso corpo mortal, pelo seu 
	ESPÍRITO que em vós habita”. Paulo aqui faz o contraste entre o corpo 
	humano e o espírito: aquele morre fisicamente por causa do pecado de Adão; o 
	espírito, porém, em virtude da presença nele do ESPÍRITO SANTO, 
	transforma-se em força viva que finalmente penetrará em todos os recantos do 
	seu ser, inclusive no corpo. A habitação do ESPÍRITO em nós é prova, não 
	somente da ressurreição espiritual que já houve em nossas vidas, mas também 
	é promessa e garantia da futura ressurreição da nossa pessoa total. Para os 
	demais, a morte é a desintegração da personalidade. 
	V - Andando no ESPÍRITO (Rm 8.12,13) 
	1. A dívida. O crente foi livrado da condenação e do poderio da carne; 
	privilégios, no entanto, sempre trazem consigo responsabilidades, e a 
	operação dos propósitos divinos pedem a cooperação do homem. “De maneira 
	que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne”. Por 
	que voltar para a carne, que foi a causa de tantas desgraças em nossa vida? 
	O bom raciocínio exige que os crentes sigam a liderança do ESPÍRITO, pois é 
	Ele quem traz paz e alegria às suas vidas. 
	2. O perigo. “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis”. Viver segundo 
	a carne, depois de tudo aquilo que DEUS fez por nós, seria brincar com a 
	morte espiritual, seria rolar no lamaçal como a porca lavada (2 Pe 2.20-22). 
	3. O dever. “Mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, 
	vivereis”. Isto não quer dizer que devamos danificar nosso corpo físico 
	mediante açoites e a fome, como faziam os monges da Antiguidade, para 
	crucificar a carne. Um ladrão, com as mãos amputadas, continuará sendo 
	ladrão enquanto permanecer o impulso do furto. É o coração que furta, cobiça 
	e comete impurezas (Mt 15.19). Mortificar os feitos do corpo é abafar os 
	desejos pecaminosos, fazendo-os morrer de inanição ou atrofia enquanto 
	alimentamos nossa alma com o ESPÍRITO SANTO. “Não tenhais cuidado da carne 
	em suas concupiscências” (Rm 13.14). O crente não está na carne, mas a carne 
	está com ele; portanto, precisa de constante vigilância e abnegação. 
	VI - A Orientação do ESPÍRITO (Rm 8.14) 
	“Porque todos os que são guiados pelo ESPÍRITO de DEUS, esses são filhos de 
	DEUS”. Os que são realmente filhos de DEUS demonstrarão ter as 
	características da Família (1 Jo 3.8-10; Ef 5.1). E, naturalmente, seus 
	planos e propósitos serão regulados de acordo com a vontade de DEUS. A vida 
	cheia do ESPÍRITO é a vida que põe DEUS no centro. 
	VII - Ensinamentos Práticos 
	1. Encorajamento para os que são sinceros. “Portanto, agora, nenhuma 
	condenação há...” Não se declara que não há deslizes, fracassos, 
	enfermidades, inconsistências — mas condenação já não há, para os que são 
	filhos de DEUS, que agora odeiam o pecado e querem fazer a vontade de DEUS. 
	Não devem temer que uma falha os leve à perda da salvação, porque: “E, se 
	alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, JESUS CRISTO, o Justo” (1 Jo 
	2.1). No entanto, Romanos 8.1 não se aplica aos que procuram uma desculpa 
	para viver descuidadamente ou para continuar no pecado, e sim para os que 
	querem avançar ao lado do Senhor, mas que se sentem desanimados por causa 
	dos seus pecados. Muitas vezes se tem feito comparações entre mundanos e 
	crentes, no sentido de se dizer: “Fulano não é crente, mas vive uma vida 
	melhor do que muitos crentes”. É verdade que muitos não crentes vivem uma 
	vida com alto padrão do comportamento, mas isto, em si, não basta para a 
	salvá-lo. Alguém pode viajar num carro de luxo, em alta velocidade e sem 
	panes, na estrada errada, enquanto outra pessoa, sofrendo muitos defeitos 
	com seu carro, chegará finalmente ao seu destino, se estiver viajando pelo 
	caminho certo. O crente pode ter suas falhas, mas, seguindo firmemente pelo 
	caminho certo, DEUS lhe ajudará na sua viagem, pois pura ele “não há 
	condenação”. 
	2. Regeneração ou legislação? Os crentes devem sempre tomar o lado certo em 
	toda questão social e moral. Naturalmente apoiam tudo quanto condiz com a 
	virtude e A retidão. Mesmo assim, reconhecerão que a virtude não pode ser 
	imposta mediante leis. Acerca do maior código de leis já dado ao homem, 
	código divinamente inspirado, foi escrito: “Porquanto, o que era impossível 
	à lei, visto como estava enferma pela carne...” Todos os legisladores sabem 
	que suas leis são fracas por não terem a capacidade de Inspirar a obediência 
	que exigem, e é por isso mesmo que 0« legisladores contam com policiais e 
	prisões. A maior necessidade do mundo não é mais legislação, e sim 
	regeneração. O homem já possui todas as leis que se podem quebrar! 
	3. Desculpas ou condenação? Muitas pessoas, no seu desespero para vencer o 
	pecado, chegam à conclusão de que ele não é tão maligno assim, e que faz 
	parte necessária das nossas vidas, por desagradável que seja. A palavra 
	“pecado” até foi banida do vocabulário de muitos pensadores modernos, que 
	falam em “deslizes”, “indiscrições” etc. Tal procedimento causa profundos 
	distúrbios na distinção entre o bem e o mal, e seu resultado é chamar o mal 
	de bem e o bem de mal (Is 5.20). CRISTO, no entanto, deu sua própria vida 
	para nos livrar do pecado, e para cumprir isto condenou (e não desculpou) o 
	pecado na carne. Primeiro, reconheceu que o pecado é maligno, e revelou o 
	horror do pecado ao mostrar qual a penalidade que dEle exigiu o erro do 
	mundo. Em segundo lugar, condenou-o no sentido de despojá-lo do seu poder, 
	declarando que ninguém precisa viver escravizado ao pecado. 
	 4. Não podemos salvar a nós mesmos. Paulo, ao enfatizar o fato de que a Lei 
	não pode santificar a natureza humana, não está desprezando a Lei; 
	simplesmente a defende contra um conceito errado quanto ao seu propósito. 
	Para um homem ser salvo do pecado, precisa de um poder vindo de fora de si 
	mesmo. Assim como um termômetro nada pode fazer para atingir a temperatura 
	desejada, dependendo inteiramente de condições fora de si mesmo, assim 
	também quem percebe que não está à altura daquilo que DEUS dele exige 
	precisa da operação de uma força superior a ele: o poder do ESPÍRITO SANTO. 
	5. DEUS, a fonte da santidade. Vencer o pecado não é questão de armazenarmos 
	certa porção da graça divina, é questão de ficarmos sempre em contato com o 
	próprio DEUS. A santidade não se centraliza em mim, mas em DEUS. Um carro 
	pode funcionar com uma reserva de gasolina, mas o bonde depende do contato 
	elétrico permanente. A vida cristã funciona mediante o princípio do contato: 
	a santidade no viver depende da nossa comunhão com aquEle que é fonte de 
	vida, poder e virtude.
4- A RESTAURAÇÃO DE ISRAELcapítulos 9, 10 e 11 de Romanos
Introdução 
	Os capítulos 9, 10 e 11 de Romanos parecem adotar uma linha de pensamento 
	diferente do que se apresenta nos capítulos anteriores. Paulo estava 
	tratando do indivíduo, e agora passa a debater o destino de uma nação. 
	Estava tratando da Igreja, e agora começa a falar acerca de Israel. Já 
	insistiu que a nacionalidade da pessoa não faz diferença no eterno destino, 
	e agora define quais são os privilégios especiais de Israel como povo de 
	DEUS. Essas explicações seriam necessárias face às objeções dos judeus que 
	ouviam a pregação de Paulo. Os judeus, decerto, achavam que, quando Paulo 
	pregava a responsabilidade do indivíduo diante de DEUS, esquecia-se das 
	imutáveis promessas feitas a Israel por parte dEle registradas no Antigo 
	Testamento. Paulo, então, passa a explicar qual o relacionamento entre o 
	Evangelho e as promessas de DEUS feitas a Israel, e qual o relacionamento 
	entre a Igreja e Israel. Para explicar melhor o pensamento revelado nesses 
	capítulos, seria útil, a cada passo, mostrar as objeções dos judeus às quais 
	Paulo respondia. 
	1. A lição de Israel (cap. 9). Objeção dos judeus: Se, ao rejeitar JESUS, a 
	nação judaica inteira rejeitou o Messias, cuja vinda aguardavam e em prol de 
	cuja vinda existiam, então fracassou o plano que DEUS fizera para Israel. 
	Paulo responde: O plano de DEUS não fracassou, porque não é o mero 
	nascimento que faz um israelita (cf. 2.28,29; G1 6.16). Os israelitas que 
	DEUS aceita são os espiritualmente israelitas, e o “remanescente espiritual” 
	de milhares de israelitas aceitaram a JESUS, cumprindo assim o plano de 
	DEUS. Esses receberam a salvação, e aqueles foram rejeitados. Esse método 
	está de acordo com o modo de DEUS agir na história de Israel (vv. 7-13) e 
	condiz com a sua justiça (vv. 14-24), conforme os próprios profetas do 
	Antigo Testamento proclamaram (vv. 25-33). 
	2. A rejeição de Israel (cap. 10). Objeção dos judeus: Como foi possível que 
	DEUS tenha nos permitido cometer a tragédia dos séculos ao matarmos seu 
	CRISTO e rejeitarmos seu plano para nós? Paulo responde: É a culpa exclusiva 
	de Israel. Os israelitas queriam a salvação mediante a Lei ao invés de 
	confiar no Senhor e no seu CRISTO. Não havia nenhuma desculpa para tal 
	comportamento: o Evangelho fora pregado abertamente, e pregado com clareza 
	singela, e Israel o rejeitou deliberadamente. 
	3. A restauração de Israel (cap. 11). Objeção dos judeus: DEUS quebrou suas 
	promessas solenes e incondicionais feitas à nação? Paulo responde: não. A 
	rejeição de Israel é apenas temporária; após completar seu plano para a 
	presente era, DEUS mais uma vez se voltará para o seu povo e cumprirá sua 
	promessa de restauração nacional. 
	I - O Fracasso de Israel (Rm 10.1-4) 
	1. Uma emoção revelada. “Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a 
	DEUS por Israel é para sua salvação”. O apóstolo não debate a rejeição de 
	Israel como se fosse uma teoria fria. Fica profundamente sentido, e não pode 
	mencionar o assunto sem primeiro falar do seu grande pesar por causa da 
	situação de Israel. Ele pessoalmente Sofreu muito por causa da fúria do zelo 
	mal orientado deles, e seu corpo trazia as marcas de muitos apedrejamentos e 
	surras. Mesmo assim, só queria o bem para eles, e seu grande desejo não era 
	vê-los julgados e condenados, e sim Vê-los salvos. A paixão pelas almas não 
	deixou em seu Coração lugar para a condenação das almas. 
	2. Uma razão apresentada. “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de 
	DEUS, mas não com entendimento”. Os judeus tinham zelo; conheciam a Lei, 
	citavam-na, estudavam-na, e lutavam em prol da conversão dos gentios à 
	Obediência da Lei. Este zelo, no entanto, era inaceitável a DEUS e incapaz 
	de promover seus propósitos por seu zelo sem entendimento. O zelo, como a 
	sinceridade, não é suficiente em si, porque alguém pode ter zelo em lutar em 
	prol de uma causa errada, sendo portanto, zelo bem-orientado. Saulo de 
	Tarso, ao perseguir a Igreja, tinha zelo por DEUS, e achava que estava 
	fazendo um favor a Ele ao agir assim; mais tarde, porém, ficou sabendo que 
	tinha lutado contra DEUS, quebrando as suas leis. O zelo pode ser uma força 
	para o bem ou para o mal; tudo depende do objetivo de tal zelo. 
	3. Um erro desmascarado. “Porquanto, não conhecendo a justiça de DEUS e 
	procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de 
	DEUS”. Interpretaram mal o propósito da Lei. Chegaram a confiar nela como 
	meio de salvação espiritual; não tomando conhecimento da pecaminosidade do 
	íntimo dos seus corações, imaginavam que pudessem galgar a salvação ao 
	observar a letra da Lei. Dessa forma, quando CRISTO veio a eles oferecendo a 
	salvação dos seus pecados, imaginavam não precisar de um Messias assim (Jo 
	8.32-34). Imaginavam que Ele deveria anunciar algumas exigências mediante as 
	quais pudessem ganhar a vida eterna. Perguntavam: “Que faremos para realizar 
	as obras de DEUS?” Não queriam, porém, seguir o caminho indicado por JESUS: 
	“A obra de DEUS é esta: que creiais naquele que ele enviou” (Jo 6.29). 
	Estavam tão ocupados em procurar estabelecer e calcular seu próprio sistema, 
	para obter a justiça própria, que não aceitaram o plano de DEUS para a 
	justificação dos pecadores. Existe a ideia, profundamente arraigada na mente 
	humana, de que o homem precisa fazer algo para operar e merecer a sua 
	própria salvação. O hindu se lava no rio sagrado; o judeu dá esmolas, faz 
	suas orações e observa a tradição dos antigos. O católico faz penitência faz 
	suas orações e realiza romarias. O protestante formalista se contenta com 
	conhecimentos intelectuais acerca do Cristianismo, vive certo nível de bom 
	comportamento e frequência à igreja. Essas atividades, juntamente com 
	outras, revelam a tendência natural da consciência humana de estabelecer 
	seus próprios padrões e sistemas de justiça e retidão. 
	4. Uma verdade declarada. “Porque o fim da lei é CRISTO para justiça de todo 
	aquele que crê”. Ao viajar de trem, ninguém pensa em fazer dele a sua 
	moradia; pelo contrário, salta dele quando chega na estação da cidade onde 
	mora. Assim também, a Lei fora dada a Israel para levar o povo ao “ponto 
	final” certo, que é a fé na graça salvadora de DEUS. Quando, porém, veio o 
	Redentor, o judeu, satisfeito com suas próprias virtudes legalistas, não 
	quis receber a informação de que chegara ao seu destino, que chegara ao “fim 
	da linha”, e permaneceu “em trânsito”. 
	II - A Restauração de Israel (Rm 11.11-15,25-29) 
	Pergunta-se se DEUS cancelou suas promessas e negou sua própria Palavra com 
	respeito aos judeus. “Porventura, rejeitou DEUS o seu povo?” Paulo responde 
	com ênfase: “De modo nenhum”, e passa a demonstrar que a queda de Israel não 
	é total (vv. 1-11), nem permanente (vv. 11-32); não é total, porque um 
	remanescente de judeus, como Paulo, aceitou a CRISTO; não é permanente, 
	porque DEUS ainda cumprirá as promessas nacionais feitas ao seu povo. A 
	queda de Israel: 
	1. Não é permanente. “Digo, pois: porventura, tropeçaram, para que caíssem?” 
	Noutras palavras, já tropeçaram (1 Co 1.23) e caíram — mas é permanente a 
	sua queda? Paulo responde: “De modo nenhum”. A nação judaica não está 
	rejeitada e perdida, sem possibilidade de recuperação. Essa queda não pode 
	ser o ponto culminante da sua maravilhosa história. DEUS ainda tem um futuro 
	para Israel. 2. Foi transformada em bênção. “Mas, pela sua queda, veio a 
	salvação aos gentios”. Os filhos de Jacó prosseguiram o irmão deles, José, 
	mas DEUS transformou a maldade deles em bênção para os gentios, e 
	finalmente, em bênção para os próprios irmãos de José. Parecia uma tragédia 
	quando os judeus rejeitaram seu Messias, mas DEUS transformou aquela 
	rejeição em bênção, fazendo com que a palavra da salvação fosse levada às 
	nações gentias. E os judeus, vendo os gentios recebendo as bênçãos que eles 
	poderiam ter recebido, passariam a ter “ciúmes” (cf. Dt 32.21; At 13.44). Já 
	na época de Paulo os judeus estavam cheios de inveja ao verem os gentios 
	receberem bênçãos das quais (segundo pensavam) somente os judeus eram 
	dignos. Quando os judeus rejeitaram a CRISTO, o novo povo escolhido (a 
	Igreja) passou a desempenhar o papel central de testemunhas de DEUS (Mt 
	21.43; 1 Pe 2.9,10). 
	3. Trará bênçãos abundantes. “E, se a sua queda é a riqueza do mundo, e a 
	sua diminuição [mediante a rejeição] a riqueza dos gentios, quanto mais a 
	sua plenitude [restauração a todos os privilégios]!” No princípio, DEUS fez 
	de Israel uma nação escolhida e povo particular seu, a fim de que, 
	finalmente, chegasse a ser uma bênção para todas as demais nações. Assim 
	sendo, a bênção das nações tem sido vinculada ao destino e à vocação de 
	Israel. Quando Israel fracassou, rejeitando CRISTO, parecia que esta 
	queda causaria perda para as demais nações. DEUS, porém, na sua sabedoria e 
	poder, transformou a queda em bênção para os gentios. Ora, se sua rejeição 
	trouxe tantas bênçãos para o mundo, quem poderá medir o tamanho das bênçãos 
	que sua restauração traria! Segundo os profetas, a restauração de Israel 
	será o ponto inicial para a vinda do Reino de DEUS na terra. 4. Deve ser 
	entendida. O assunto da restauração de Israel tem os seguintes aspectos: 
	4.1. Suprema importância. “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este 
	segredo”. Este é o modo característico de Paulo chamar a atenção a alguma 
	verdade importante (cf. Rm 1.13; 1 Co 12.1; 1 Ts 4.13; 1 Co 10.1). 
	4.2. Uma característica especial. “Este segredo”. No Novo Testamento, a 
	palavra “segredo” se refere a alguma verdade, antes escondida, e agora 
	revelada, e cuja compreensão exige discernimento espiritual. Refere-se a 
	alguma verdade que não poderia ser descoberta por meios naturais e que nunca 
	teria sido conhecida, se DEUS não a revelasse. A palavra se aplica: ao 
	Evangelho (Mt 13.11), à união de judeus e gentios num só corpo (Ef 3.6), à 
	união de CRISTO com a igreja (Ef 5), à transformação levada a efeito na 
	ressurreição do corpo (1 Co 15), à revelação do Anticristo (2 Ts 2.7) e à 
	futura conversão de Israel. Nesse caso, o mistério é que Israel ficará cego 
	e rejeitado até que “haja entrado a plenitude dos gentios”. 
	4.3. Um propósito prático. “Para que não presumais de vós mesmos”. Paulo 
	adverte seus leitores gentios de que não devem ficar tão orgulhosos na sua 
	posição de privilégio ao ponto de desprezar os judeus. Provera DEUS a igreja 
	em Roma tivesse sempre respeitado esta advertência! 
	4.4. Uma consumação gloriosa. “E, assim, todo o Israel será salvo”. Isso não 
	significa que cada indivíduo entre os israelitas chegará finalmente a ser 
	salvo. Paulo fala aqui do destino nacional, e não da salvação individual. 
	Quer dizer que Israel, como nação, será libertada dos seus inimigos, 
	espirituais e físicos, sendo restaurada à sua antiga situação de testemunha 
	de DEUS. “De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades”. Quem 
	é este Libertador? Leia Zacarias 12.10. “Quanto ao evangelho, são inimigos 
	por causa de vós”. Desde o princípio, a nação israelita, como um todo, tomou 
	posição contra JESUS, e até hoje a mesma atitude foi conservada; nenhuma 
	nação já resistiu ao Evangelho como os judeus. “Por causa de vós” significa 
	que os gentios receberam benefícios do fato de os judeus terem rejeitado o 
	Evangelho. DEUS, porém, não os rejeitou completamente, apesar desta atitude 
	deles, contrária a CRISTO. “Quanto à eleição [a escolha deles como povo 
	especial de DEUS], amados por causa dos pais”, ou seja, com base nas 
	promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó. “Porque os dons e a vocação de 
	DEUS são sem arrependimento” . Mais uma vez, Paulo continua debatendo o 
	destino terreno da nação, e não o destino celestial do indivíduo. Quais são 
	os dons e a vocação aqui aludidos? Veja Romanos 9.4,5. Em que sentido são 
	“sem arrependimento”? No sentido da nação de Israel não ser 
	eternamente rejeitada como povo de DEUS. As promessas divinas com respeito 
	ao seu destino nacional são incondicionais, ou seja, garantem que esta nação 
	será finalmente uma bênção para o mundo, apesar da necessidade de fazê-la 
	passar por longos séculos de castigos (ver Jr 31.35-37; 33.24-26; cf. Rm 
	11.27 e Jr 31.31-34). 
	III - Ensinamentos Práticos 
	Do ponto de vista humano, os judeus são um povo surgido na terra da Judéia, 
	agora espalhado por muitas nações, com talentos e peculiaridades marcantes. 
	Destaca-se como povo de Moisés e dos profetas, sendo a nação que mais 
	rejeita a CRISTO. Há, porém, um ponto de vista divino, o propósito de DEUS 
	em conexão com a sua história, e Paulo não queria que os gentios, no decurso 
	dos anos, chegassem a tratar os judeus somente do ponto de vista humano: 
	“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais 
	de vós mesmos)”. A restauração de Israel é certa e iminente; DEUS, de fato, 
	não é homem para que minta (Nm 23.19), e fará cumprir suas promessas, ainda 
	que na vigência da Nova Aliança. “Porventura rejeitou DEUS o seu povo?” De 
	modo algum. A queda de Israel foi transformada em bênção: quando os judeus 
	rejeitaram a CRISTO, nós, a Igreja, passamos a desempenhar o papel de 
	testemunhas de DEUS 
	 
5- O TRIBUNAL DE CRISTO 
	Texto: 2 Coríntios 5; 1 Coríntios 3.10-15 
	  
	Introdução 
	Os pensamentos seguintes são os que levam à declaração de 1 Coríntios 
	3.9-15. O apóstolo repreende os coríntios pelas suas facções. Tinham perdido 
	CRISTO do centro de suas vidas; estavam dando mais atenção a pregadores 
	individuais. Como resultado, a igreja era dividida na sua preferência por 
	certos ministros. Alguns preferiam Paulo, outros gostavam mais de Pedro, 
	enquanto outros pensavam que Apoio fosse o melhor (1.11-16). Paulo condena 
	este gloriar-se nos homens e lembra-os da supremacia de CRISTO e da mensagem 
	da cruz (cap. 2). A mensagem era tão importante que o apóstolo estava 
	resoluto: confiaria nela para receber resultados, e não na sua 
	eloquência culta. Embora a mensagem do Evangelho seja simples, não é 
	superficial, contém profundidades da sabedoria divina que somente os que têm 
	o ESPÍRITO de DEUS podem entender. Paulo lamenta o fato de que não podia 
	transmitir a eles essa sabedoria mais alta; a presença de facções e 
	contendas entre eles revelava sua imaturidade e a sua falta de 
	capacidade para receber ensinos mais profundos (3.1-3). Não devem gloriar-se 
	nos homens, mas lembrar-se de que os obreiros cristãos são apenas 
	instrumentos nas mãos de DEUS para levar as pessoas à salvação, nenhum poder 
	têm de si mesmos. Paulo estabeleceu (“plantou”) a igreja, e Apoio a instruiu 
	(“regou”), mas, afinal de contas, foi DEUS quem fez frutificar esses 
	esforços. Paulo e Apoio eram apenas cooperadores no desenvolvimento da 
	igreja. Os versos seguintes têm sua mensagem especialmente para obreiros 
	cristãos. Paulo lançou os fundamentos da igreja por meio de pregar a CRISTO, 
	mas cada construtor é responsável pela maneira que edifica sobre esses 
	fundamentos. Isso porque, na vinda de CRISTO, a obra de cada homem será 
	testada e seu galardão dado conforme o valor da obra. Enquanto o primeiro 
	texto estudado trata com obreiros cristãos em particular, também tem uma 
	aplicação geral a todos os cristãos. O segundo texto trata de julgamento de 
	crentes em geral. 0 ensino dos dois textos pode ser dividido conforme a 
	ilustração que Paulo deu, de uma construção: 
	1 — O fundamento. 
	II — A estrutura. 
	III — O teste. 
	IV — Os resultados. 
	V — Conclusão: A vida diária e o julgamento futuro (2 Co 5.8-10). 
	I - O Fundamento (1 Co 3.10-15) 
	“Segundo a graça de DEUS que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o 
	fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre 
	ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o 
	qual é JESUS CRISTO”. Pela graça de DEUS, Paulo foi o fundador da igreja de 
	Corinto. Como a fundou? Por meio de pregar a CRISTO. O único fundamento 
	verdadeiro para a salvação e para a vida espiritual é o Senhor JESUS CRISTO 
	e a sua obra em prol dos homens (At 4.11,12). Ele é o fundamento da verdade: 
	a doutrina cristã é edificada sobre Ele. Ele é o fundamento da vida: a 
	Igreja é edificada sobre Ele, e os que crêem nEle são as pedras espirituais 
	(Mt 16.18; 1 Pe 2.4-8). Ele é o fundamento da certeza da salvação. CRISTO é 
	o fundamento divino: DEUS o mandou para o mundo (cf. Is 28.16). Ele é o 
	fundamento seguro: sua obra não pode fracassar. Ele é um fundamento testado: 
	resistiu todas as tentativas do diabo para derrubá-lo. Ele é o único 
	fundamento: opiniões e méritos humanos são apenas fundamentos de areia. 
	II - A Estrutura “Mas veja cada um como edifica”. 
	1. A obra precisa ser bem-organizada. Não basta trabalhar para o Senhor, 
	precisamos trabalhar sabiamente e bem. Alguém disse: “O trabalho mais 
	desmazelado e malfeito neste mundo tem sido levado a efeito em nome de DEUS, 
	em conexão com o seu Reino”. A obra do Senhor merece a mesma eficiência e 
	dedicação que se revela em outras esferas de atividades. Os que edificam 
	descuidadamente precisam prestar atenção ao que Paulo falou: “Mas veja cada 
	um como edifica”. 
	2. Os materiais certos devem ser empregados. Paulo considerou que os muitos 
	ensinadores em Corinto estavam ocupados em edificar na mesma estrutura. 
	Alguns desses edificadores estavam colocando coisas valiosas, como ouro e 
	prata, pedras valiosas (mármore e outros), outros estavam trazendo feno, 
	madeira, restolho, caniços dos pântanos e coisas assim. Dois tipos de 
	materiais estavam sendo empregados — materiais apropriados para uma 
	estrutura forte e permanente e materiais perecíveis apropriados para uma 
	estrutura temporária. Podemos aplicar isto à: 
	2.1. Doutrina. O ouro, a prata e as pedras valiosas representam ensinos 
	bíblicos puros, preciosos e permanentes; a madeira, o feno e a palha 
	representam especulações e opiniões humanas que tomam o lugar da verdade de 
	DEUS. 
	2.2. Vida. O ouro e a prata podem simbolizar a vida cristã do tipo mais 
	nobre, edificada com fé, esperança e amor. A madeira pode representar a vida 
	cristã do tipo inferior — com pouco zelo ou entendimento espiritual. O feno 
	nos faz pensar naqueles que são movidos por todas as brisas de opiniões e 
	erros (Ef 4.14). A palha pode representar os cristãos infrutíferos. 
	III - O Teste Virá o dia de provas quando será 
	revelado o valor da obra de cada um. 
	1. Quando? A obra cristã é testada em muitas ocasiões, e boa parte dela não 
	sobrevive ao teste. Mas no dia que JESUS voltar (cf. Mt 25.14-30), tudo será 
	testado de modo final. “A obra de cada um se manifestará”; seu verdadeiro 
	caráter então será visto. “O Dia a declarará”, não como parecia ser, mas 
	como realmente é. Agora pode parecer bom, mas qual será a sua aparência 
	naquele dia? Haverá muitas surpresas, então! Há modos de encobrir trabalho 
	inferior, mas não há maneiras de escapar ao teste final. 
	2. Como? “E o fogo provará qual seja a obra de cada um”. Não se trata do 
	fogo do purgatório - aquela doutrina católica romana que aplica o fogo às 
	pessoas, mas aqui o apóstolo o aplica às obras; na doutrina católica, o fogo 
	é para purificar — aqui tem o propósito de testar. O fogo mencionado aqui 
	representa a santidade do Senhor, que reage contra tudo quanto é mau e 
	diferente dEle, assim como o fogo natural reage contra tudo quanto é 
	inflamável (cf. Dt 4.24; 9.3; SI 50.3; Is 66.15,16; Ml 3.2,3; 2 Ts 1.8; Hb 
	12.29). 3. Por quê. Qual é o propósito do teste? Para tornar manifesta a 
	obra de cada um. O fogo manifestará: 
	(1) a base da obra, se foi levada a efeito pela pregação de CRISTO ou por 
	métodos e especulações humanas; 
	(2) o espírito que inspirou a obra, se foi feita para CRISTO ou para o eu 
	próprio. DEUS não somente vê o ato, mas a motivação dele. Considera não 
	somente o que fazemos, mas por que o fazemos. 
	IV - Os Resultados 
	A verdadeira natureza da nossa vida e obra nem sempre é vista aqui e agora. 
	Há aqueles que louvam a madeira como se fosse ouro, e desprezam o ouro como 
	se fosse madeira. Quando JESUS vier, porém, a verdade será conhecida. 
	1. A obra sólida ficará de pé. A verdade sobreviverá ao fogo, e um caráter e 
	obra que se assemelha a CRISTO também sobreviverá. A obra feita para o tempo 
	perece, mas a obra feita para a eternidade permanece. O teste pelo fogo 
	ressaltará a verdadeira qualidade de todo o trabalho. O edificador receberá 
	um galardão ao ver a sua obra permanecer (Fp 2.16) e ao ser reconhecido como 
	bom trabalhador (Mt 25.21). Observemos que o galardão não é por ser no 
	fundamento. As pessoas descritas nesses versos são pessoas salvas, já no 
	fundamento. Como pessoas salvas, os seus pecados foram julgados no Calvário, 
	por isso não precisam comparecer em juízo juntamente com os pecadores. Paulo 
	descreve aqui um julgamento por aquilo que foi edificado sobre o fundamento 
	da salvação, ou seja, o serviço cristão. A salvação é um dom gratuito (Ef 
	2.8-10), e não um galardão; é o serviço cristão levado a efeito após a 
	salvação que será recompensado. Notemos que o fogo neste caso não é o fogo 
	da ira, porque testa o ouro e a prata, e não somente os materiais 
	inferiores. É o fogo do Refinador, e não do Vingador. 
	2. O material fraco será destruído. Toda a obra animada pelo espírito de 
	egoísmo, mundanismo, inveja, contenda e outras atitudes errôneas será 
	destruída. “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento [cf. 2 Jo 8]; 
	mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo”. O edificador fica contente ao 
	se safar com vida, assim como alguém que escapa de uma casa incendiada, 
	salvo “como pelo fogo”. Imagine o desgosto do pobre edificador ao ver o fogo 
	fazer seu terrível trabalho e presenciar o colapso da obra da sua vida. Ele 
	pessoalmente é salvo pela obra de CRISTO, mas seu trabalho se perde (cf. Zc 
	3.2; Am 4.11; Jd 23; 1 Pe 4.8). Estude a vida de Ló, como exemplo de alguém 
	salvo como que através do fogo (Gn 19.17-22). 
	V - Conclusão: A Vida Diária e o Julgamento Futuro 
	(2 Co 5.8-10) 
	1. A bendita esperança. No meio das fraquezas e aflições do corpo, Paulo é 
	consolado pelo pensamento de que as coisas terrenas são por pouco tempo, 
	enquanto as coisas celestiais são eternas (2 Co 4.16-18). Continua falando 
	da grande esperança que o sustém - um corpo eterno e celestial tomará o 
	lugar do seu corpo terrestre. Espera viver até a vinda de CRISTO e receber o 
	corpo celestial sem passar pela experiência da morte; mas, mesmo se DEUS 
	planejou diferentemente para ele, não teme a morte, porque estar ausente do 
	corpo é estar presente com o Senhor, e, embora ausente do antigo corpo, 
	receberá um corpo novo e glorificado. Esse pensamento o leva a pensar no seu 
	encontro com CRISTO, quando lhe prestará contas diante do tribunal. 
	2. A certeza confiante. O verso 6 representa a ausência de medo de Paulo ao 
	enfrentar a morte. O que explica a sua confiança? Primeiro, o conhecimento 
	de que a morte não seria uma ameaça aos interesses do seu ser. Estar 
	ausente do corpo é estar presente com o Senhor. Segundo, o conhecimento de 
	que a morte não destruiria o grande propósito da sua vida, a saber, ser 
	aceitável a CRISTO. Terceiro, o conhecimento de que a morte não impediria o 
	recebimento dos galardões pela sua obra (v. 10). 
	3. O futuro solene. “Pelo que muito desejamos também ser-lhe agradáveis, 
	quer presentes, quer ausentes. Porque todos devemos comparecer ante o 
	tribunal de CRISTO”. A qual juízo isso se refere — ao juízo geral de bons 
	com maus ou somente de crentes? Concluímos que descreve o julgamento de 
	crentes. Primeiro, por causa do uso do pronome “nós”, em segundo lugar, de 
	conformidade com Apocalipse 20.4-6, os dois julgamentos serão separados por 
	um período de mil anos. As coisas feitas “por meio do corpo” são aquelas que 
	se praticam na vida terrestre. Em que sentido alguém pode “receber” por 
	aquilo que é mau? A resposta é sugerida em 1 Coríntios 3.15: “sofrerá ele 
	dano”. 
	VI - Ensinamentos Práticos 
	1. O único fundamento. “Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do 
	que já está posto, o qual é JESUS CRISTO”. Um hindu certa vez perguntou a um 
	missionário cristão: “O que vocês têm na sua religião que nós não temos na 
	nossa?” Esperava uma discussão com respeito à doutrina e à moralidade, mas, 
	ao invés disto, ouviu a resposta: “Vocês não têm CRISTO”. Assim como um rei 
	francês disse: “Eu sou o Estado”, assim também JESUS poderia ter dito: “Eu 
	sou a minha religião”. O Cristianismo não é um mero sistema de doutrina. Não 
	é apenas um padrão segundo o qual se deva viver. Não é somente uma força 
	social. E o relacionamento com uma Pessoa divina. CRISTO é o Cristianismo, e 
	o Cristianismo é CRISTO. 
	1.1. CRISTO é o fundamento do Cristianismo. Se Ele fosse removido não 
	haveria Cristianismo; se Ele não está devidamente honrado, o Cristianismo se 
	torna fraco e prestes a cair. 
	1.2. CRISTO é o fundamento da igreja. “Sobre esta pedra edificarei a minha 
	igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). 
	Nenhum furacão ou tempestade a moverá, se estiver firme na Rocha; mas se 
	depender das areias movediças das riquezas, da posição, do poder político, 
	da sabedoria humana ou de outras coisas dos homens, ai dela! Sem o CRISTO 
	vivo, a igreja degenera em clube social. 
	1.3. CRISTO é o único fundamento para o trabalho cristão. Paulo fez de 
	CRISTO o fundamento da sua obra entre os coríntios quando resolveu nada 
	saber senão a CRISTO crucificado (1 Co 2.2). Há aqueles que falsamente supõe 
	que podem segurar pessoas ao introduzirem divertimento e sensacionalismo na 
	igreja. Por esses meios, porém, as almas não são salvas nem as vidas 
	santificadas. 
	1.4. CRISTO é o único fundamento para uma vida piedosa. “Ninguém vem ao Pai 
	senão por mim” (Jo 14.6). “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). E de CRISTO 
	que recebemos o poder de viver corretamente. Algumas pessoas procuram operar 
	a sua própria salvação, procuram ser religiosas a fim de poder chegar a 
	CRISTO, ao invés de chegar a CRISTO a fim de serem religiosas. São como 
	aquele que quer edificar a casa primeiro e depois colocar os alicerces. 
	1.5. CRISTO é o único fundamento para a vida nacional. Uma nação poderá ser 
	grande som ente se estiver fundamentada em princípios cristãos. “A justiça 
	exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos” (Pv 14.34). 
	2. Julgamento na Casa de DEUS (1 Pe 4.17). Não erramos ao ressaltar a graça 
	livre de DEUS e as bênçãos da salvação, porque o Evangelho é primariamente 
	Boas Novas. Mas, às vezes, nos esquecemos de dizer aquilo que o Novo 
	Testamento fala acerca do juízo da casa de DEUS. A graça de DEUS isentará 
	todo aquele que crê no julgamento final dos pecadores, mas não o livra do 
	juízo das suas obras. “Aquilo que alguém semear, isto também ceifará” foi 
	primeiramente falado a cristãos. Há de vir um dia em que as obras do cristão 
	serão examinadas pelo escrutínio da presença divina. Apocalipse 1 descreve o 
	Juiz, e os capítulos 2 e 3 declaram alguns dos princípios do julgamento. 
	Alguns de nós não fomos leais ao Senhor. Paulo diz: “Porque, se nós nos 
	julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” (1 Co 11.31). Como podemos 
	julgar a nós mesmos? Mediante a confissão e o arrependimento. 
	Pecados “cobertos pelo sangue do Cordeiro” (1 Jo 1.9; 2.1) não virão contra 
	nós no juízo. 
	3. Um fundamento precioso merece uma boa estrutura. Em 1 Coríntios 3.11-15, 
	Paulo está falando acerca de cristãos verdadeiros, aqueles que têm CRISTO 
	como fundamento das suas vidas. Há no profundo do coração deles fé e amor 
	para com o Senhor JESUS CRISTO, e neste fundamento eles edificam o seu 
	caráter. Muitos, porém, não conseguem se entregar plenamente àquela fé e 
	àquele amor, com o resultado de que muitos dos seus atos, palavras e 
	atitudes não correspondem ao fundamento. Estão no fundamento, mas suas vidas 
	apresentam uma mistura de bondade e maldade. Têm desejos celestiais e 
	pensamentos de abnegação, mas justamente com tudo isso aparecem atitudes 
	pouco cristãs. Num momento estão cheios de calor e amor, e noutro momento 
	são gelo e egoísmo. Pedro tinha JESUS como seu fundamento, mas quando negou 
	seu Mestre, estava edificando lixo sobre aquele fundamento precioso Sendo 
	que CRISTO é o nosso fundamento, devemos tomar o cuidado de viver uma vida 
	que corresponda a Ele. Aquele que habita em nosso coração deve ter livre 
	expressão da sua vontade em nossos pensamentos, palavras e atos. Temos um 
	fundamento precioso - para que edificar nele uma choupana barata? 
	4. Salvo por um triz. “Mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo”. Essas 
	palavras ilustram a posição de certos cristãos inconsistentes diante do 
	tribunal de CRISTO. Paulo diz que serão inocentados porque havia nos seus 
	corações o fundamento da verdadeira fé em CRISTO. Essa fé, porém, era tão 
	fraca e inativa nas suas vidas, que não podia evitar que acumulassem 
	inconsistências e as edificassem no seu caráter. Diante do tribunal de 
	CRISTO, aquele lixo é queimado e eles mesmos com dificuldades são salvos. 
	Quase nem sequer “passam no teste”. Quem gostaria de ser salvo de tal 
	maneira? E quem queria arriscar sua sorte, vivendo indignamente? Não - vamos 
	viver de tal maneira que nos “será amplamente concedida a entrada no Reino 
	eterno de nosso Senhor e Salvador JESUS CRISTO” (2 Pe 1.11). 
	 
6- A CONTRIBUIÇÃO CRISTÃ 
	Texto: 2 Coríntios 8 e 9 
	  
	Introdução 
	A prática de ter tudo em comum (At 4.32) foi abandonada muito cedo na 
	história da Igreja. Aquele sistema, muito belo no seu devido lugar e época, 
	foi passando quando o desenvolvimento da Igreja o tomou impraticável. Mesmo 
	assim, a benevolência cristã continuou a se manifestar de várias maneiras. 
	Foi vista na comunhão entre as seções judaica e gentia da Igreja. Os gentios 
	tinham sido pobres espiritualmente, “não tendo esperança, e sem DEUS no 
	mundo” (Ef 2.12). Os pregadores judeus estavam pobres em coisas materiais, e 
	os cristãos gentios expressavam a sua gratidão ao trazer-lhes ajuda 
	financeira. Esse foi um dos argumentos de Paulo, o apóstolo, 
	enquanto levantava ofertas em prol dos cristãos necessitados da Judéia (Rm 
	15.26,27). O objetivo de levantar a oferta era duplo: primeiro, aliviar o 
	infortúnio financeiro dos santos judeus; segundo, fortalecer os vínculos de 
	comunhão entre os cristãos judeus e gentios. 
	Tiraremos nosso estudo daqueles capítulos de 2 Coríntios nos quais Paulo 
	apela aos coríntios para contribuírem para esse fundo específico. O capítulo 
	seguinte é um resumo dos pensamentos dominantes daqueles. Paulo como que 
	diz: “Há um ano vocês me transmitiram a certeza de que dariam uma oferta 
	liberal aos santos judeus necessitados, de tal maneira que, em todos os 
	lugares, estou apontando vocês como um exemplo de generosidade, dizendo: 
	‘Faz um ano que a Acaia está pronta’. Agora estou enviando Tito e outros 
	companheiros, a fim de receberem as mesmas ofertas. Por favor, estejam 
	prontos com a contribuição: pensem como será embaraçoso para mim se vocês 
	não se comportarem à altura daquilo que tenho dito sobre vocês. Digo isso 
	não somente por mim, porque não tiro lucro disso, nem somente por causa dos 
	necessitados da Judéia, que darão graças a DEUS por esse sinal do seu amor 
	cristão, mas também por amor a vocês, para que possam ceifar a bênção que 
	DEUS prometeu àquele que dá com alegria”. Nosso tópico será: a contribuição 
	cristã - sua origem, sua natureza, sua expressão e sua recompensa. 
	I - Sua Origem (2 Co 8.1) 
	Nesse verso, Paulo conta aos coríntios acerca da extrema liberalidade dos 
	macedônios (as igrejas de Filipos, Tessalônica e Beréia); era sua prática 
	despertar o zelo de uma igreja citando o exemplo de outra (2 Co 9.2). 
	Ressalta o fato de que a sua generosidade era prova da graça que recebiam do 
	ESPÍRITO SANTO (cf. At 4.33,34). Seja qual for o sistema financeiro operante 
	numa igreja, é a graça de DEUS trabalhando nos seus corações que inspirará a 
	liberalidade. Há vários tipos de graça: a graça preventiva, que traz o 
	pecador para DEUS; a graça salvadora, que o transforma em filho de DEUS; a 
	graça cooperadora, que ajuda o crente na vida de santidade e a graça 
	sustentadora, que o ajuda a passar por provações e tristezas. Há também a 
	graça de dar, mediante o que a realidade da presença do ESPÍRITO inspira os 
	cristãos com liberalidade. 
	II - A Sua Natureza (2 Co 8.2-5) 
	Paulo desperta o zelo dos coríntios ao citar o exemplo da igreja da 
	Macedônia, cuja beneficência era: 
	1. Abnegada. O verso 2 tem sido interpretado: “No meio de uma severa 
	provação de dificuldades, sua alegria abundante e sua profunda pobreza 
	juntamente derramaram uma inundação de rica generosidade”. Essas igrejas 
	tinham problemas financeiros próprios: havia exércitos estrangeiros ocupando 
	o país, e consequentemente havia muita pobreza. Além disso, estavam sofrendo 
	severa perseguição por parte dos seus patrícios, e isto afetaria os que 
	faziam negócios ou que eram empregados dos pagãos. A despeito de tudo isso, 
	porém, tinham boa vontade em participar dos fardos dos outros, cumprindo 
	assim a lei de CRISTO. A graça de DEUS lhes deu forças para aguentar mais 
	esse fardo. O verso 1 tem sido traduzido: “Ora, quero lhes contar, irmãos, 
	acerca do dom gracioso que Ele deu às igrejas da Macedônia - o dom da 
	generosidade”. 
	2. Espontânea. “Deram voluntariamente”. As pressões externas podem levar as 
	pessoas a contribuir com relutância, mas depois se sentem como o indivíduo 
	estonteado, que vai sarando do choque causado pelos poderes quase hipnóticos 
	da eloquência mágica de um vendedor de alta pressão! No caso dos macedônios, 
	não se tratava de pressões externas, mas do amor de DEUS vindo de dentro, 
	que os levava a contribuir. 
	3. Sincera. “Pedindo-nos com muitos rogos a graça e a comunicação desse 
	serviço, que se fazia para com os santos”. Podem ser pleiteadas muitas 
	desculpas - a falta de conhecimento pessoal dos santos judeus, suas próprias 
	obrigações, a caridade começa em casa etc. A despeito de tudo, deram com uma 
	liberalidade que deixou Paulo atônito. Por certo, Paulo, conhecendo a sua 
	pobreza e vendo o tamanho da oferta, deve ter dito: “Amigos, vocês não podem 
	ofertar uma soma tão grande”. Esses crentes pobres, porém, insistiram para 
	que ele aceitasse o dinheiro. Por quê? Consideravam que era um privilégio 
	contribuir, tinham a graça da generosidade. 
	4. Espiritual (v. 5). A oferta era uma expressão da sua inteira consagração 
	à vontade de DEUS. Tendo entregado tudo a DEUS, foi-lhes fácil dar uma 
	parte. A dádiva deles era um ato da propriedade mais alta, em que eles, como 
	sacerdotes espirituais que pertenciam a DEUS, apresentavam sua contribuição 
	como reconhecimento de que a DEUS pertencia tudo (cf. 1 Cr 29.14-18; Hb 
	13.16). Algumas pessoas podem imaginar que uma oferta é uma intrusão das 
	coisas seculares nas coisas sagradas; na verdade, porém, a oferta deve fazer 
	parte do culto tanto quanto à oração ou à bênção. Os macedônios não somente 
	deram o seu dinheiro, deram a si mesmos aos apóstolos como seus ajudadores. 
	A sua consagração incluía dar o seu tempo e a sua energia, e não somente o 
	seu dinheiro. 
	III - Seu Exemplo (2 Co 8.6-9) 
	1. O exemplo dos macedônios. Notem o verso 6. Tito, ajudante de Paulo, tinha 
	sido enviado a Corinto para notificar o povo da necessidade dos cristãos 
	judeus, e ele trouxe para Paulo o recado de que os coríntios estavam 
	dispostos a contribuir. O verso 6 pode ser interpretado: “Como 
	consequência disso, já estou suplicando a Tito que coloque a coroa de 
	completação neste movimento generoso seu, sendo que seu início partiu dele”. 
	O sucesso da coleta na Macedônia induzira Paulo a enviar Tito para Corinto, 
	para iniciar uma coleta ali também. Ele já visitara Corinto no mesmo assunto 
	(12.14) e agora estava a caminho de lá para completar esta “graça”. Notemos 
	quantas vezes Paulo emprega a palavra “graça”; isso porque não está 
	exercendo pressão para obter contribuições, porque é confiante que os 
	corações deles serão comovidos pelo Espírito SANTO. 1.1. Verso 7. Paulo 
	demonstra que a generosidade cristã é essencial a um caráter completo. Ele 
	como que diz: “Sei que a graça de DEUS é real no meio de vocês, e que 
	conhecem as atuações do ESPÍRITO, que inspira a fé, a palavra, a iluminação, 
	o zelo e o amor, mas quero que também saibam a inspiração do contribuir”. A 
	liberalidade cristã é um meio de graça, no sentido de obter o favor divino 
	para conosco (At 20.35). 
	1.2. Verso 8. Paulo assevera aos coríntios que não está lhes dando ordens, 
	mas apenas inspirando-os a agir seguindo o exemplo de outros e também 
	oferecendo-lhes uma oportunidade de comprovar que o seu amor é genuíno. A 
	contribuição cristã não precisa ser assunto de mandamentos. “Não digo isso 
	como quem manda”. Dádivas entregues por dever não são realmente dádivas — 
	são impostos. Não deixam nenhum perfume agradável na mão que dá e não trazem 
	nenhum perfume à mão que recebe. 
	2. O exemplo de CRISTO (v. 9). Paulo não acha satisfatório o exemplo humano; 
	indo até o ambiente mais alto da graça, ele descortina o supremo motivo para 
	a contribuição cristã - o exemplo de CRISTO. “Porque já sabeis a graça de 
	nosso Senhor JESUS CRISTO” - noutras palavras, lembrem-se o quanto Ele deu. 
	(1) Lembrem-se de quem JESUS era (Jo 17.5,2; Mt 26.52; Jo 1.1,14; Fp 2.5-7). 
	(2) Lembrem-se de quem JESUS tornou-se. “Se fez pobre”. Nasceu num estábulo, 
	foi criado por pais pobres, trabalhou numa oficina de carpinteiro e foi 
	sujeito a todas as fraquezas da natureza humana, porém sem pecado. 
	(3) Notemos também qual foi o propósito de JESUS: “Para que pela sua pobreza 
	vos tomásseis ricos”. Através da sua humilhação, JESUS fez com que as 
	riquezas de DEUS estivessem disponíveis a todos. 
	Tornou-se pecado a fim de que nós nos tomássemos santos. Foi feito maldição 
	para que nós fôssemos abençoados. Sofreu a morte, a fim de que nós 
	pudéssemos viver para sempre. Sofreu as tristezas da Terra, a fim de que nós 
	pudéssemos desfrutar das alegrias do Céu. 
	IV - Sua Expressão (2 Co 9.6-8) Quais são algumas 
	das características da contribuição cristã? 
	1. Liberalmente (v. 6). Como incentivo à contribuição liberal, o apóstolo a 
	vincula com a lei do semear e ceifar (cf. Lc 6.38; Pv 11.24). O dar abençoa 
	quem dá. “Cada flor que você planta ao longo do caminho de outrem, derrama a 
	sua fragrância sobre você”. 
	 2. Com boa vontade. “Cada um contribua segundo propôs no seu coração”. O 
	doador generoso é movido pelo impulso bondoso do seu coração e por 
	princípios profundos, e não pelas ferroadas da sua consciência ou pelo 
	desejo de parecer generoso aos olhos dos outros. Muitas pessoas contribuem 
	sob a influência de um apelo comovente, mas têm pena da sua própria 
	generosidade logo que dão o dinheiro. Há aqueles que contribuem quando 
	comovidos por uma emoção irresistível — o que é bom; melhor, porém, é dar 
	porque o princípio do dar está arraigado no coração. 
	3. Com alegria. “Não com tristeza ou por necessidade”. Aquele que contribui 
	com alegria considera que o contribuir é um prazer, e não algo doloroso; 
	gosta de dar, e sente-se triste quando não tem nada para ofertar. Há, porém, 
	aqueles que se separam das suas ofertas como quem está dando o seu sangue 
	vital. Aquele que dá relutantemente não está dando. O maior dos ensinadores 
	gregos recusou permitir que o título “liberal” fosse dado ao homem que dava 
	grandes somas sem sentir nisto prazer algum. “A dor que ele sente comprova 
	que gostaria mais de ficar com o dinheiro do que praticar o ato nobre. A boa 
	disposição naquele que dá aumenta o valor da dádiva”. 
	V - Sua Recompensa (2 Co 9.7,8) 
	1. A aprovação divina. “DEUS ama ao que dá com alegria”. O que DEUS pensa de 
	nós é uma pergunta muito importante. É um grande incentivo saber que o DEUS 
	Altíssimo aprova quem dá com alegria (lit. “hilaridade”); é mais do que a 
	aprovação formal, porque DEUS ama tal pessoa. Por quê? Porque aquele que dá 
	com alegria tem uma semelhança com DEUS, porque Ele mesmo dá com 
	liberalidade. O Senhor vê o seu próprio caráter refletivo naquele que dá com 
	alegria e generosidade. 
	2. A provisão divina. O verso 8 tem sido traduzido conforme segue: “DEUS 
	pode abençoar você com meios amplos, de tal modo que você sempre tenha bens 
	suficientes para qualquer emergência e bastante sobra para atos de bondade 
	para com os outros”. Esse verso sugere três lições: 
	(1) DEUS é a fonte de bênçãos ilimitadas. “E DEUS é poderoso para tornar 
	abundante em vós toda graça”. Notemos como recorre a palavra “toda”. O que 
	significa “graça”? A graça descreve aquela disposição da parte de DEUS de 
	dar livre e generosamente as coisas de que precisamos. DEUS tem um atributo 
	de dar. Notemos que Paulo diz que DEUS pode fazer-vos... e não DEUS “vos 
	fará...” Há certas condições a serem preenchidas, a fim de transformar a 
	capacidade de DEUS para dar em dádiva concreta. Essas condições são o 
	desejo, a petição e a mordomia fiel. 
	(2) A fonte da graça de DEUS flui, a fim de que as nossas necessidades sejam 
	plenamente supridas. “A fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla 
	suficiência...”. A palavra “sempre” sugere constância. Nossos vasos podem 
	ficar cheios e transbordando o tempo todo, ao invés de estarem cheios um 
	dia, meio cheios o dia seguinte e talvez vazios e secos num outro dia. 
	(3) DEUS nos concede a sua graça, a fim de que nos tornemos uma bênção para 
	outros. “A fim de que... superabundeis em toda boa obra”. O fluxo para 
	dentro precisa ser seguido pelo fluxo para fora. 
	VI - Ensinamentos Práticos 
	1. Os cristãos devem dar o dízimo. Nosso texto trata de princípios que devem 
	regular a contribuição cristã e do espírito correto que deve inspirá-la. 
	Para sermos práticos, no entanto, precisamos de alguma regra ou medida para 
	determinar se aquilo que estamos dando é suficiente. Os israelitas não 
	passaram incerteza alguma quanto a isto. DEUS especificou o mínimo que 
	deviam contribuir, a saber, o dízimo. Além disso, podiam dar ofertas 
	voluntárias. Se o dízimo solucionou o problema da contribuição sistemática e 
	suficiente para os israelitas, não terá o mesmo resultado para o cristão que 
	sinceramente deseja contribuir de acordo com a vontade de DEUS? A prática e 
	a experiência de multidões de cristãos respondem afirmativamente a essa 
	pergunta. Consideremos algumas das razões por que o cristão deve se sentir 
	muito feliz em contribuir com uma décima parte da sua renda à obra de DEUS: 
	1.1. Regozijemo-nos, porque vivemos numa dispensação mais gloriosa do que 
	aquela em que viveram os israelitas; dizemos que estamos sob a graça, e não 
	sob a Lei, muito bem. Mas se aqueles que viviam sob a Lei pagavam a DEUS a 
	décima parte do seu salário, será que nós, que vivemos sob a graça, podemos 
	fazer menos? “Se o judeu dava um dízimo sob a Lei, é uma desgraça para um 
	cristão dar menos sob a graça”. Tertuliano, um grande estudioso da Igreja 
	Primitiva, no século II, disse: “Oferecemos as ‘primícias’ àquele a quem 
	enviamos as nossas orações. Como a nossa justiça poderá exceder a dos 
	escribas e fariseus (Mt 5.20), que pagam dízimos e primícias, se nós não 
	fizermos nada disso?” 
	Deve ser notado que o dizimar era praticado antes da Lei, mesmo por Abraão, 
	pai dos fiéis (Gn 14.17-20). 
	1.2. Precisamos de algum sistema como esse para garantir que a nossa 
	mordomia cristã é uma realidade, e não meramente um modo de enganar a nós 
	mesmos. Spurgeon se refere a certo tipo de indivíduo, bem de vida, que canta 
	no culto: “Se todos os bens do mundo fossem meus, seria uma oferta por 
	demais pequena” - e depois coloca uma moedinha na oferta. Quando colocamos 
	um dízimo da nossa renda diante do altar do Senhor, sabemos que estamos 
	realmente, e não professadamente, honrando-o como Senhor do Universo. 
	1.3. O bom senso apoia o dízimo. Se DEUS deu a lei do dízimo, e foi boa para 
	os homens durante três mil anos, então por certo deve ser boa para nós hoje. 
	DEUS não precisa do nosso dízimo; tem o poder de remover todas as nossas 
	riquezas. Mas Ele sabe que precisamos do privilégio de dar. Noutras 
	palavras, contribuir faz bem ao homem. Essa era uma lição que Paulo 
	ressaltava ao escrever aos coríntios. 
	1.4. Os ensinos de CRISTO abundam em advertências contra os perigos das 
	riquezas. Ensinava que as riquezas custavam demais - podiam até custar a 
	alma de um homem. Quando o piedoso cristão hindu, Sadhu Sundar Singh, 
	visitou um país ocidental e viu com tristeza a grande luta em prol de se 
	granjear riquezas, afirmou: “CRISTO teria que dizer aqui: ‘Vinde a mim vós 
	que sois sobrecarregados com ouro, e eu os aliviarei’”. Paulo declarou que 
	“o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”. Como (se possuímos uma boa 
	quantidade de dinheiro) podemos nos proteger contra as influências sutis da 
	cobiça pelo dinheiro? Observando a lei de DEUS, com respeito ao emprego dos 
	bens, a saber, a lei do dízimo. 
	1.5. O próprio Senhor JESUS endossou a lei do dízimo. Quando estava 
	repreendendo os fariseus por tirarem o dízimo até das menores ervas do 
	jardim enquanto negligenciavam os assuntos mais importantes da Lei, tomou o 
	cuidado de dizer: “Devíeis, porém, fazer estas coisas [o dizimar], sem 
	omitir aquelas” (Mt 23.23). 
	1.6. O sucesso material não é o alvo supremo do cristão nesta vida. Mas 
	numerosos testemunhos comprovam que vale a pena dar o dízimo. Um jovem 
	estava deixando o lar porque seu pai era pobre demais para cuidar dele. 
	Encontrou um vizinho que lhe deu o seguinte conselho: “Alguém terá que ser o 
	principal fabricante de sabonete em Nova Iorque, e espero que seja você. 
	Seja um homem bom, dê seu coração a CRISTO, dê ao Senhor a proporção que lhe 
	pertence de tudo quanto você ganha. Faça um sabonete honesto, e dê o peso 
	certo, e depois terei certeza de que você será um homem próspero”. O 
	conselho foi fielmente seguido. A primeira moeda ganha foi dizimada, e a 
	prática de dar o dízimo de tudo foi seguida. Tornou-se sócio da firma onde 
	trabalhava, e depois dono. Mandou seu contador abrir uma conta para a obra 
	do Senhor, e ordenou que dez por cento das rendas fossem colocados nesta 
	conta. Seus negócios cresceram, e ele ficou rico mais rapidamente do que 
	poderia imaginar. Passou a dar dois dízimos, e prosperava ainda mais. Depois 
	deu três dízimos, e depois quatro dízimos, e então cinco dízimos. Mas nunca 
	conseguiu ultrapassar a DEUS no assunto de generosidade. E esta é a história 
	do crescimento da famosa Companhia Colgate. 
	1.7. A promessa de uma bênção celestial é vinculada com o pagamento do 
	dízimo (Ml 3.10). DEUS está contente com pessoas que o honram com seus 
	meios, porque ama a quem dá com alegria. 
	2. A primeira dádiva. O segredo da generosidade dos macedônios se declara 
	nas palavras: “Deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor”. Quando isso é 
	feito, torna-se fácil doar coisas menos importantes. E difícil dar quando o 
	coração não foi dado primeiro. “Atire no coração do pássaro e obterá as 
	penas”. Quando o coração tem sido traspassado pelo amor de DEUS, outras 
	coisas são facilmente entregues a Ele. A contribuição não é penosa àquele 
	que pode orar: “Toma minha vida, e deixe que seja consagrada, Senhor, a ti. 
	Toma tudo quanto tenho, e que seja dedicado, CRISTO, a ti”. 
	3. A graça de dar. Em todo o texto dos capítulos 8 e 9, Paulo não menciona o 
	dinheiro uma só vez. Por si mesmo, o dinheiro não tem caráter; o espírito 
	com que é dado e o modo do seu uso determinam o seu caráter. Paulo ergue o 
	assunto do dinheiro para a atmosfera espiritual ao chamar a oferta de 
	“graça”, “serviço”, “comunhão”, “bênção”. Quando uma pessoa está vivendo na 
	graça de DEUS? Quando tem prazer em fazer aquilo que deve fazer. Quando uma 
	pessoa gosta de contribuir porque ama a DEUS, então, para ela, o dar é uma 
	graça. Dá, não primariamente à igreja ou ao indivíduo, mas a DEUS. 
	 
7- O CUSTO DO VERDADEIRO CRISTIANISMO 
	Texto: 2 Coríntios 10 e 11 
	  
	Introdução 
	O propósito e a mensagem da Segunda Epístola aos Coríntios se tomarão claros 
	enquanto aprendemos as circunstâncias que levaram à sua composição (ler Atos 
	15). Depois de milhares de gentios terem entrado na Igreja através do 
	ministério de Paulo, certos cristãos judeus (“judaizantes”) tinham começado 
	a ensinar que esses gentios não poderiam alcançar a salvação total até se 
	tomarem judeus e observarem a lei de Moisés. Paulo viu claramente que se 
	esses ensinadores tivessem o poder de impor a sua vontade, o Cristianismo se 
	degeneraria numa seita judaica; sua vida espiritual seria estrangulada pelas 
	leis e cerimônias de uma aliança vencida. O assunto foi levado ao debate num 
	concílio em Jerusalém, onde, após muita discussão, a decisão foi favorável à 
	Paulo. Foi uma grande vitória para a liberdade dos gentios. Os judaizantes, 
	no entanto, convencidos contra a sua vontade, continuavam na mesma opinião 
	anterior. Tomaram-se os oponentes mais amargos de Paulo e fizeram o melhor 
	que podiam para desacreditá-lo, especialmente naquelas igrejas que ele 
	estabelecera. Um deles chegou a Corinto, e muitos tipos de comentários 
	desagradáveis acerca de Paulo começaram a circular. Por exemplo, diziam que 
	não se podia confiar nas promessas dele (1.16,17); que não levava 
	credenciais dos apóstolos, dando-se a entender que seus ensinos não 
	concordavam com os deles (3.1); que não estava certo da cabeça (5.13); que 
	era um valentão que escrevia cartas ameaçadoras quando estava ausente, mas 
	que agia com muita meiguice na presença deles (10.2,10,11); e que era um 
	intrigante impulsionado por considerações dos seus próprios 
	interesses (10.2). Com essas e outras insinuações semelhantes, os atos e 
	motivos mais nobres de Paulo foram falsamente interpretados e representados. 
	Esses falsos ensinadores não somente caluniavam Paulo, mas também procuravam 
	diminuir o ministério dele ao jactar-se acerca de si mesmos (10.12-18). 
	Assim agiam com um homem, cujos sapatos não eram dignos de tirar. Para 
	responder a essas acusações falsas e desmascarar o caráter dos autores 
	deles, Paulo foi forçado a debater assuntos acerca dos quais desejava 
	guardar silêncio. E por isso que há tantas referências pessoais nos 
	capítulos 11 e 12. Nosso texto sugere três retratos de Paulo. 
	I - O pastor fiel. 
II - O pregador abnegado. 
	III- O herói cristão. 
	I - O Pastor Fiel (2 Co 11.1-4) A afeição de Paulo 
	pelos seus convertidos leva-o a adverti-los contra os falsos ensinadores. 
	1. O desejo sincero de Paulo. E uma tristeza para um verdadeiro pastor ver 
	os seus convertidos se desviarem. E por isso que escreveu: “Porque estou 
	zeloso de vós com zelo de DEUS”. Não se trata do vício terrestre de ciúmes 
	(Nm 5.14), mas de um zelo celestial de amor. O zelo dele é piedoso — um zelo 
	que se centraliza no bem-estar dos outros e que se preocupa com a honra de 
	DEUS. “Porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a 
	um marido, a saber, a CRISTO”; Paulo se compara ao “amigo do noivo” (Jo 
	3.29), cujo dever era preparar o noivado e o casamento do casal. Paulo agira 
	nessa capacidade quando levou os coríntios a CRISTO (cf. Is 54.5; Os 2.19; 
	Ef 5.25-27). Isso será completado quando a esposa do Cordeiro se preparar 
	(Ap 19.9). 
	2. O temor piedoso de Paulo. O maior temor de Paulo é que seus convertidos 
	se desviem. “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva [Gn 3.1-6; Ap 
	12.9] com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os 
	vossos sentidos [cf. Cl 2.4-8; 1 Tm 4.1] e se apartem da simplicidade que há 
	em CRISTO [o ansiar por CRISTO somente, de todo o coração]”. Qual perigo 
	ameaçava a devoção dos coríntios a CRISTO? A presença de falsos ensinadores 
	no seu meio (v. 4). Paulo como que diz: “Se vocês toleram aquele que lhes 
	ensina um evangelho diferente, então devem aguentar comigo”. Notemos o que 
	se diz dos judaizantes: ensinavam “outro JESUS”. Paulo pregava CRISTO como 
	Redentor divino. Os judaizantes provavelmente o apresentavam como chefe de 
	um reino judaico que exigia a observância da lei de Moisés. Estava pregando 
	um espírito diferente - o espírito de escravidão e não de liberdade. Estava 
	pregando um “evangelho diferente” — a salvação mediante a observância da 
	Lei. 
	II - O Pregador Abnegado (2 Co 11.5-20) 
	1. Um verdadeiro obreiro mal interpretado. De acordo com esses versos, as 
	seguintes críticas tinham sido feitas contra Paulo: 
	1.1. Seus oponentes negavam a sua posição de apóstolo e contestavam-no de 
	modo desfavorável junto aos principais apóstolos em Jerusalém. Paulo, porém, 
	sabia que recebera a sua comissão do Senhor JESUS. Por isso, responde: 
	“Porque penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos” (v. 
	5). 
	1.2. Queixavam-se de que ele não era um preletor eloquente. Sua resposta, no 
	verso 6, tem sido traduzida da seguinte maneira: “Não sou nenhum orador, 
	talvez, mas possuo conhecimento; nunca deixei de me fazer inteligível a 
	vocês”. 
	1.3. Se tivesse consciência da sua autoridade apostólica, por que pregava de 
	graça quando tinha o direito de ser sustentado pelos seus convertidos (vv. 
	7-12)? Paulo recusava o sustento, não porque não tivesse direito a ele, nem 
	porque não tinha necessidades, nem porque lhe faltava amor aos convertidos, 
	mas por duas razões. 
	(1) Para comprovar com a sua própria vida que o Evangelho é gratuito. 
	“Porque de graça vos anunciei o evangelho de DEUS”. Paulo pregava o 
	Evangelho onde o nome de JESUS não fora ouvido, e naturalmente os pagãos 
	poderiam imediatamente suspeitar que ele estivesse querendo o dinheiro 
	deles. O fato de Paulo se sustentar enquanto pregava os convenceria de sua 
	sinceridade. Que Paulo aceitava ofertas em certas ocasiões é comprovado no 
	verso 8 (nota-se que a palavra “despojei” é figurativa, cf. v. 9). 
	(2) Para compelir os seus oponentes, mediante o exemplo dele, a agirem com 
	impulsos generosos (v. 12). Esses judaizantes alegavam ser abnegados no 
	ministério deles. Nesse caso, diz Paulo, que recusem as ofertas como eu 
	recusei. 
	2. Obreiros falsos desmascarados. “Porque tais falsos apóstolos [“apóstolo” 
	aqui corresponde à nossa palavra “missionário”] são obreiros fraudulentos 
	[impostores], transfigurando-se em apóstolos de CRISTO”. E se algum coríntio 
	exclamasse: “É impossível que homens maus se façam passar por obreiros 
	cristãos!”, Paulo continua: “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se 
	transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se 
	transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas 
	obras”. No verso 20, Paulo dá um vislumbre do caráter desses obreiros. 
	Escravizavam (G1 2.4), eram gananciosos (Mt 23.14; 1 Pe 5.2,3), dominavam (2 
	Jo 9) e eram até pessoalmente violentos. Por estranho que pareça, os 
	coríntios acreditavam que esses homens eram o que alegavam ser, e 
	aguentavam a insolência deles, enquanto tinham suspeitas do apóstolo 
	abnegado e amoroso. O ministério proporciona mágoas de coração, além de 
	alegrias! 
	III - O Herói Cristão (2 Co 11.21-28) 
	1. O falso gloriar-se. Os judaizantes, insuflados com a ideia da sua própria 
	importância, gostavam de mostrar a sua autoridade sobre os coríntios. 
	Gloriavam-se neste fato, e provavelmente diziam: “Paulo é fraco demais para 
	exercer autoridade sobre esse povo”. No verso 21, Paulo como que diz: “Se 
	tal conduta despótica é a verdadeira medida de força, então eu sou fraco”. 
	Acrescenta: “No que qualquer tem ousadia... eu tenho ousadia”. Noutras 
	palavras: “Se estes ensinadores têm o direito de dominar por causa dos seus 
	privilégios, não existe nenhum daqueles privilégios aos quais eu também não 
	faça jus”. Lembrem-se de que, nos versos 17-20, Paulo está falando com 
	ironia (cf. 1 Rs 18.27), a fim de repreender os coríntios por terem sido 
	enganados pelas reivindicações jactanciosas dos judaizantes. O significado 
	dos versos 22-28 é o seguinte: “Como estes ensinadores, eu poderia 
	gloriar-me em todos os meus privilégios e empregá-los para meus próprios 
	interesses; prefiro, no entanto, gloriar-me nos meus sofrimentos e 
	humilhações por amor a CRISTO”. Como eles, era um hebreu, alguém que falava 
	a língua hebraica; como eles, era um israelita, criado na religião dos 
	israelitas; como eles, era da descendência de Abraão, segundo a carne. 
	Quanto valor, porém, Paulo dava a essas coisas? Leia Filipenses 3.1-9. Paulo 
	amava a sua própria nação. Não tinha vergonha da sua nacionalidade, mas não 
	fez dela um assunto de jactância carnal, um meio de obter vantagens 
	materiais. 
	2. O verdadeiro gloriar-se. “São ministros de CRISTO?” Como os judaizantes 
	gostavam de saborear aquela frase! Como exigiam que as pessoas se lembrassem 
	da sua posição exaltada (cf. Mt 23.6-12)! A expressão “falo como fora de 
	mim” significa: “Sei que é coisa insensata jactar-me desta maneira, mas é 
	para o seu bem, e para desmascarar esses falsos obreiros preciso falar dos 
	meus trabalhos. São ministros de CRISTO? Eu ainda mais”. E então passa a 
	justificar essa asseveração ao fazer uma declaração (vv. 24-28), que certo 
	estudioso descreveu como “um fragmento de biografia que sempre deve ser 
	considerado o mais marcante e incomparável na história do mundo”. Notemos 
	algumas das lições sugeridas por esse catálogo de sofrimentos: 
	(1) Paulo poderia, com toda a razão, ter indicado seus sucessos missionários 
	como evidência da sua superioridade sobre os falsos ensinadores, mas ao 
	invés disso resolveu contar os seus sofrimentos em prol do Mestre. Por quê? 
	Sabia que a cruz era a verdadeira medida de um discípulo (Lc 14.26,27). 
	Esses judaizantes não estavam se colocando no meio de perigos por amor à sua 
	mensagem; “o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das 
	ovelhas” (Jo 10.13). Eles não estavam dispostos a enfrentar durezas a fim de 
	fundar igrejas; era mais fácil perturbar igrejas estabelecidas por Paulo! 
	(2) Essa lista de sofrimentos nos lembra que até os melhores dos santos de 
	DEUS não estão isentos de sofrimentos e dificuldades. 
	(3) O que deu forças para Paulo continuar em face destes sofrimentos? O amor 
	de CRISTO! 
	(4) Que fizeram estes sofrimentos em prol do apóstolo? Inspiraram nele a 
	simpatia pelos outros que sofriam (v. 29) e encheram a sua alma de regozijo 
	(v. 30, cf. At 5.41). 
	IV - Ensinamentos Práticos 
	1. Simplicidade devida a CRISTO (v. 3). Muitas vezes essa expressão é 
	entendida como sendo a singeleza na apresentação do Evangelho. Refere-se, na 
	realidade, à simplicidade para com CRISTO, à honestidade transparente e à 
	devoção pura - uma atitude belamente apresentada na ilustração da devoção de 
	uma moça casta ao seu noivo. Como podemos manifestar simplicidade para com 
	CRISTO? 
	1.1. Confiando nEle como única fonte de salvação e luz. Os ensinadores 
	judaizantes em Corinto estavam levando o povo a colocar sua confiança na 
	guarda de dias e festas e outros costumes da lei mosaica. Se tivessem 
	conseguido, o Cristianismo teria se tornado questão de leis e cerimônias ao 
	invés de singela comunhão com CRISTO. Quantas vezes na história da Igreja, a 
	tradição e o ritualismo humanos desviaram os homens desta simplicidade de 
	fé! É, porém, somente JESUS que fala - não as leis, não o ritual, não a 
	Igreja. 
	1.2. Amando-o acima de tudo o mais. Ele deve ser supremo em nossas afeições, 
	e nós devemos amar através dEle as outras coisas. Quanto maior fica sendo o 
	nosso amor pelo Senhor, quanto mais duradouro e profundo fica sendo o nosso 
	amor pelos outros! “O diamante no centro faz com que as pedras menores 
	engastadas ao derredor dele sejam mais lustrosas”. Devemos amar o Senhor 
	JESUS totalmente, ou de nenhum modo. 
	1.3. Dedicando a Ele obediência absoluta. “Se me amais, guardareis os meus 
	mandamentos”. Deve haver a simplicidade, o único propósito na mente que 
	obedece com rapidez, alegria e constância. A simplicidade é uma 
	característica de pessoas verdadeiramente grandes. E o segredo da paz de 
	espírito. Enquanto vivemos neste mundo complexo, barulhento, superativo, 
	evitemos toda influência que nos furtaria da nossa simplicidade para com 
	CRISTO. 
	2. Zelo de DEUS. O zelo é tão vinculado aos ciúmes, com as suas associações 
	pecaminosas, que não pensaríamos em atribuí-lo a DEUS. Mesmo assim, lemos: 
	“Eu o Senhor vosso DEUS sou um DEUS zeloso”, e Paulo escreve aos coríntios: 
	“Porque estou zeloso de vós com zelo de DEUS”. “Zelo de DEUS” é um zelo 
	inspirado por DEUS. Como se manifesta este zelo divino? 
	2.1. No zelo pela verdade, pureza, justiça e retidão. Quando a iniquidade se 
	multiplica, o amor de quase todos esfria (Mt 24.12) e há o perigo de alguém 
	ser endurecido pelo engano do pecado (Hb 3.13). Quando a chama do zelo 
	piedoso não é alimentada pela oração e pela vigilância, vai queimando cada 
	vez mais fracamente, e o resultado será relaxamento do viver e serviço 
	cristão. 
	2.2. O zelo carnal significa ter ciúmes de pessoas; o zelo de DEUS quer 
	dizer ter ciúmes em prol delas — para seu bem-estar, para seu crescimento na 
	graça, para a sua segurança espiritual. Quando JESUS denunciava os fariseus, 
	não era porque tinha ciúmes deles, mas porque tinha zelo pelas pessoas 
	enganadas. Quando limpou o templo, não tinha ciúmes dos sacerdotes, mas sim 
	zelo pelos adoradores que estavam sendo perturbados e escandalizados com a 
	comercialização da religião. 
	3. Ministros de CRISTO (v. 23). Nos versos 24-29, Paulo narra as 
	experiências que passou no cumprimento do seu ministério, e é fácil ver que 
	sua vida não era nenhum mar de rosas. Nem todos os ministros do Evangelho 
	precisam passar pelas mesmas experiências, mas todos têm as suas provações. 
	Têm uma vocação sublime, mas são seres humanos que sofrem desânimos e têm 
	fardos como outras pessoas. E tão fácil criticar — mais fácil criticar um 
	sermão do que pregar um, mais fácil criticar a direção de uma igreja do que 
	fazer o trabalho organizacional. Os ministros do Evangelho precisam das 
	nossas orações, sua responsabilidade é grande, e são um alvo especial para 
	os dardos do inimigo. 
	4. O heroísmo cristão. Quando Garibaldi, o patriota italiano, estava 
	recrutando um exército para lutar pela liberdade da Itália, disse: 
	“Ofereço-lhes novas batalhas e nova glória. Quem quiser me seguir será 
	recebido entre o seu próprio povo, mas será a preço de grandes esforços e 
	grandes perigos. Não peço nada da sua parte a não ser corações cheios de 
	amor pela pátria. Não posso oferecer pagamento, nenhum descanso, e a comida 
	terá que ser achada. Quem não estiver satisfeito com estas condições deve 
	ficar para trás”. E os jovens italianos vieram seguindo Garibaldi aos 
	milhares! Foi em termos semelhantes que JESUS, o Capitão da nossa salvação, 
	se dirigiu aos seus ouvintes (Lc 14.24-33). Oferecia a eterna vida às 
	pessoas, mas disse francamente em que consistia a luta espiritual. Apelava 
	para o lado heroico dos homens, e eles o seguiram! As seguintes palavras 
	merecem cuidadosa consideração: “Nestes dias, estamos em grave perigo de 
	buscar atrair pessoas para o Reino através daquilo que é agradável, ao invés 
	de conclamar àquilo que é difícil e heroico. Convidamo-nos a passar uma meia 
	hora ou uma tarde agradável ao invés de palmilhar o caminho da cruz do 
	Senhor. Foi, porém, para a cruz que JESUS chamava os seus discípulos e para 
	a cruz que Ele os chama hoje. Se chamássemos homens ao serviço, 
	responderiam. Se conclamássemos homens à batalha, muitas fortalezas de 
	iniquidade que agora erguem seus muros sólidos diante da vista do Senhor 
	teriam sido arruinadas”. Isto significa que precisamos fazer algo 
	espetacular na causa do Senhor? Não necessariamente. Podemos manifestar o 
	heroísmo cristão no cumprimento alegre da nossa tarefa diária, ao suportar 
	com coragem os fardos da vida e no fiel cumprimento de pequenos trabalhos 
	para o Senhor. E glorioso morrer por amor do Senhor, mas é igualmente 
	glorioso viver por amor dEle. Conforme disse Horace Mann: “É mais difícil, e 
	exige mais energias das almas, viver como um mártir do que morrer como um 
	mártir”. 
	 
8- OS PERIGOS DO ORGULHO ESPIRITUAL 
	Texto: 2 Coríntios 12 
	  
	Introdução 
	O capítulo 12 continua a linha de pensamento estudada no capítulo anterior. 
	Paulo fora compelido a falar acerca de si mesmo e do seu ministério a fim de 
	proteger-se, bem como aos coríntios, contra as calúnias dos judaizantes. 
	Enumerou as muitas adversidades que sofreu por amor ao Evangelho como 
	evidência da sinceridade do seu ministério. Nesse capítulo, refere-se a uma 
	visão maravilhosa que lhe fora concedida. “Passarei às visões e revelações 
	do Senhor”. Não será vantajoso para ele jactar-se disso, por causa das 
	circunstâncias dolorosas (v. 7) vinculadas às suas vidas. 
	I - A Experiência Celestial de Paulo (2 Co 12.1-4) 
	1. A natureza da experiência. “Conheço um homem em CRISTO que, há catorze 
	anos...” Paulo está falando de si mesmo, e por humildade apenas faz uma 
	referência indireta. Esse homem estava “em CRISTO”. Os pagãos dos dias de 
	Paulo diziam que um homem endemoninhado estava “no demônio”, ou seja, sob o 
	controle do demônio. Estar “em CRISTO” é estar sob o controle de CRISTO, 
	significa ter a vontade de CRISTO como atmosfera da alma, significa que a 
	vida da pessoa se perde na vida de CRISTO. Um verdadeiro cristão é um “homem 
	em CRISTO”. Esses versos nos ensinam as seguintes verdades acerca da 
	natureza do homem: 
	1.1. A alma é capaz de existir sem o corpo. “Se no corpo, não sei; se fora 
	do corpo, não sei”. As palavras “fora do corpo” dão a entender que a alma ou 
	espírito pode ser arrebatado para DEUS para viver uma existência consciente 
	separadamente do corpo. “Arrebatado” se refere a uma experiência de êxtase, 
	na qual o espírito humano é erguido acima do natural para aquela esfera onde 
	pode ver e ouvir coisas que pertencem ao outro mundo (Ez 8.1-3; 11.24; At 
	22.17). Paulo foi arrebatado até o terceiro céu. A Bíblia fala de três céus: 
	primeiro, o céu da nossa atmosfera; segundo, o céu estrelado; terceiro, o 
	céu onde DEUS e seus anjos habitam. Paulo foi arrebatado até a presença de 
	DEUS. Esse lugar é também chamado “paraíso” (cf. Lc 23.43; Ap 2.7). A 
	própria palavra significa um jardim frutífero - que nos lembra o Éden, o lar 
	do homem antes da queda. Agora descreve o lugar de descanso, de beleza na 
	presença do Senhor, onde os santos que partiram desta vida esperam a 
	ressurreição. 
	1.2. A alma, separada do corpo, é capaz de receber visões e revelações. “E 
	ouviu palavras inefáveis [‘segredos sagrados’] de que ao homem não é lícito 
	[permissível ou possível] falar”. Se Paulo tivesse tentado descrever o que 
	vira, é improvável que suas palavras fossem entendidas por aqueles que não 
	tiveram a mesma visão. É inútil especular acerca daquilo que ele viu. 
	Sejamos felizes por termos as verdades compreensíveis e transmissíveis do 
	Evangelho para nos preparar para as experiências inefáveis do mundo do 
	porvir! 
	1.3. A alma é a verdadeira personalidade. Mesmo fora do corpo, Paulo era “um 
	homem em CRISTO”. O corpo era a vestimenta carnal de Paulo, mas não era o 
	próprio Paulo (2 Co 5.1-8; 2 Pe 1.14). 
	2. O propósito da evidência. Por que essa experiência celestial foi 
	concedida à Paulo? Para encorajá-lo no meio das suas muitas labutas e 
	sofrimentos. Ajuda-nos a entender como Paulo conseguiu aguentar as 
	experiências descritas em 11.23-28. Aqueles que passam por provações 
	especiais experimentam consolações e ajudas especiais. É como o caso da 
	Transfiguração de CRISTO, concedida para Ele a fim de fortalecê-lo em face 
	da crucificação. “Andamos pela fé, e não pela vista”, nem pelos sentimentos. 
	DEUS, no entanto, muitas vezes nos concede graciosamente alguma visitação 
	especial para nos assegurar que “a fé é o firme fundamento das coisas que se 
	esperam” (Hb 11.1). 
	II - O Teste Doloroso de Paulo (2 Co 12.5-10) 
	Experiências como a que acaba de ser mencionada são assuntos legítimos de 
	“jactância”, porque são privilégios celestiais, e não motivos mundanos de 
	superioridade. Paulo, no entanto, não quer jactar-se acerca de si mesmo 
	pessoalmente, a não ser nas suas fraquezas e sofrimentos (v. 5). Mesmo que 
	se gloriasse, não agiria estultamente, porque estaria contando a verdade. 
	Mesmo assim, disse que não contaria outras visões e revelações, a fim de que 
	os coríntios não pensassem dele acima dos seus merecimentos (v. 6). Então, 
	mais uma vez, Paulo dá atenção às coisas dolorosas e humilhantes da sua 
	experiência. Como os apóstolos na Transfiguração, gostaria de ter 
	permanecido na luz da glória celestial, mas, como eles, precisava descer 
	para enfrentar as tarefas e provações da terra. 
	1. A disciplina espiritual é necessária para todos. Paulo era um cristão com 
	excepcional santidade, mas mesmo assim era tentado a sentir orgulho, a 
	“ensoberbe-se com a grandeza das revelações”. Não há nenhuma falsa 
	reticência em Paulo; livremente fala acerca das suas próprias fraquezas (cf. 
	1 Co 9.26,27). Que abismo o separa do seu Mestre divino, cujas palavras e 
	ações não revelam nenhuma consciência de pecado ou imperfeição! 
	2. A disciplina espiritual é muitas vezes dolorosa. “Foi-me dado um espinho 
	[lit. uma estaca] na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me 
	esbofetear, a fim de não me exaltar”. E agora surge aquela pergunta difícil 
	— qual era o espinho na carne de Paulo? A expressão tem sido traduzida “um 
	aguilhão na carne”, alguns imaginam um espinho produzindo infecção, outros 
	pensam que há referência ao tipo de estaca, à qual os criminosos eram atados 
	ou uma cruz, à qual eram pregados. Qual realidade é expressa no “espinho na 
	carne”? Tem havido várias explicações: sugestões malignas, algum adversário 
	destacado (cf. Nm 33.55); uma aflição física dolorosa ou doença dos olhos; 
	defeitos na fala, apetites carnais, provações espirituais tais como dúvidas 
	etc.; algum defeito de caráter, talvez a perda da calma; alguém até sugeriu 
	uma esposa implicante! Realmente não sabemos o que era esse espinho, e 
	talvez a natureza precisa dele nos tenha sido ocultada por algum motivo 
	sábio. Notemos o verso 10, e especialmente a expressão “pelo que”, indicando 
	uma conexão com o que foi dito antes. Paulo diz que sentirá prazer naquilo 
	que não era a vontade de DEUS remover. Em que ele sente prazer? Nas 
	fraquezas (do caráter ou do corpo), nas injúrias, nas perseguições, nas 
	angústias (privações e calamidades). Parece que o espinho na carne pode ser 
	qualquer dessas coisas. Qual? Um velho rabino disse certa vez aos seus 
	estudantes: “Aprendam a dizer: Não sei’”. Foi um “mensageiro de Satanás” 
	(cf. Jó 2.7; Lc 13.16). Era empregado por Satanás para perguntar, deprimir e 
	causar dor a Paulo na esperança de impedir o seu trabalho. Paulo estava 
	interferindo com o reino do diabo; não é de se maravilhar que o diabo 
	interferisse com ele. A mão de DEUS estava nesse assunto, e não somente a do 
	diabo. Isso também se pode dizer com respeito a todas as nossas tribulações; 
	num aspecto, são mensageiros de DEUS. Tudo depende disto: conseguimos 
	reconhecer a mão de DEUS na provação, ou somente a mão de Satanás? Notemos 
	que Satanás somente pode fazer aquilo que é permitido por DEUS. 
	3. A disciplina espiritual é, às vezes, mal-entendida. “Acerca do qual três 
	vezes orei ao Senhor, para que se desviasse de mim”. Paulo era humano, e 
	consequentemente, sentia-se inquieto sob essa visitação. Não se queixava, 
	porém, nem criticava dEle, nem se assentava em desespero. Orava acerca do 
	assunto. A aflição deve nos levar a DEUS, e não para longe de DEUS. Orou 
	sinceramente, e com importunidade, três vezes. Orou de maneira específica - 
	por “esta coisa”. Algumas pessoas oram por tudo em geral, e por nada em 
	particular. Orava para que o “espinho” se afastasse dele. Foi ali que Paulo 
	orou em ignorância. Ainda bem que nem todas as nossas orações são 
	respondidas conforme queremos; poderíamos mandar embora aquilo que nos faz 
	bem e convidar aquilo que seria mau para nós. 
	4. A disciplina espiritual é enviada por DEUS. O apóstolo ficou às portas do 
	céu até receber uma resposta. Recebeu a resposta — que era “não”; esta é uma 
	resposta à oração tanto quanto um “sim”. DEUS frequentemente responde às 
	nossas orações não as atendendo! Recebemos aquilo que necessitamos, e não 
	aquilo que queremos. Nós ditamos a nossa oração e DEUS dita a resposta. DEUS 
	não respondeu à petição de acordo com as palavras de Paulo - 
	respondeu-a conforme o seu próprio propósito. “A minha graça te basta, 
	porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. A graça é o favor de DEUS 
	mostrado ao homem independentemente da questão do merecimento humano. A 
	referência aqui é à graça sustentadora de DEUS. DEUS não determinou a 
	remoção do espinho na carne, mas deu a Paulo ajuda para aguentá-lo (cf. 1 Co 
	10.13). O que importa o peso do fardo, se as forças são suficientes para 
	suportá-lo com facilidade (cf. Fp 4.13)? A disciplina espiritual deve ser 
	suportada com bom ânimo. “De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas 
	fraquezas, para que em mim habite [como uma tenda] o poder de CRISTO. Pelo 
	que sinto prazer [aguento com alegria] nas fraquezas, nas injúrias, nas 
	necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de CRISTO. Porque, 
	quando estou fraco, então, sou forte”. Aquilo que Paulo quis perder agora 
	quer conservar. O espinho na carne pode ser uma moradia para o poder de 
	CRISTO. Basta para ele que, através de sua humilhação, CRISTO seja exaltado. 
	Muitos se resignam sob o sofrimento. Paulo, porém, vai mais longe: pode 
	sentir prazer no sofrimento, porque a sua própria fraqueza dá a DEUS uma 
	oportunidade para ajudá-lo e revelar o seu poder. 
	III - Ensinamentos Práticos 
	1. O espinho na carne. Há várias coisas das quais podemos esperar 
	libertação. De outro lado, há coisas na vida que nos testam a paciência, mas 
	que terão que ser aguentadas sem a esperança de alívio. Não nos referimos a 
	algo maligno ou pecaminoso, mas a algum problema, incapacidade, defeito ou 
	limitação que causa perturbação, inconveniência ou profunda tristeza a uma 
	pessoa. Tomemos um exemplo. Alguém vem a este mundo com um certo tipo de 
	temperamento que tende a tornar as coisas desagradáveis para ele mesmo e 
	àqueles que vivem ao redor dele. “Quem me dera ter um temperamento como 
	fulano!” exclama ele. Leva seu fardo ao Senhor em oração. Ora, o que seria 
	maior para a glória de DEUS: uma transformação tão milagrosa e completa da 
	sua personalidade, que seus amigos dificilmente o reconheceriam como a mesma 
	pessoa, ou dotá-lo com tão grande controle sobre si mesmo que as pessoas se 
	maravilhassem ao perceber a graça de DEUS sustentando-o? Responderemos a 
	essa pergunta através de outra pergunta: se víssemos alguém carregando um 
	fardo pesado, qual seria melhor testemunho à nossa utilidade e uma bênção 
	maior para o sobrecarregado — tirar o fardo das suas costas e carregá-lo 
	sozinho, ou dar-lhe forças para que possa carregar o fardo? A resposta é 
	óbvia. A maneira de DEUS ajudar Paulo foi a segunda das duas descritas. DEUS 
	disse: “O meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”, e Paulo responde, alegre: 
	“De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas”. Não oremos 
	pedindo vida sem problemas. Peçamos a DEUS forças para enfrentar as batalhas 
	da vida. Não oremos pedindo tarefas que correspondam às nossas forças. 
	Peçamos forças para levar a efeito as nossas tarefas. 
	2. DEUS resiste ao soberbo. Alguém disse: “Tomemos cuidado com o nosso 
	orgulho. Alguns se orgulham das vestes, outros da sua raça, outros da sua 
	situação na vida, outros da sua aparência pessoal e outros do seu estado de 
	graça diante de DEUS”. A última mencionada é a pior forma de orgulho, porque 
	representa a corrupção daquilo que é mais alto e precioso na vida. DEUS 
	odeia o orgulho, e quer libertar o homem desse pecado. Quando alguém 
	perguntou a um sábio o que fazia o grande DEUS, ele respondeu: “Sua ocupação 
	inteira é erguer os humildes e rebaixar os orgulhosos”. Consideremos as 
	muitas advertências contra o orgulho (SI 10.2; 73.6; Pv 11.2; 16.18; 28.25; 
	1 Jo 2.16). Veja como o orgulho é ilustrado em muitas personalidades 
	bíblicas: Faraó (Êx 5.2), Naamã (2 Rs 5.11); Uzias (2 Cr 26.16), 
	Nabucodonosor (Dn 4.30); Belsazar (Dn 5.23); o fariseu (Lc 18.11). O orgulho 
	sempre precede uma queda. É como um prédio que é levantado vários andares 
	além do que os alicerces permitem. O orgulho é estultícia. As hastes de 
	trigo que se levantam tão alto são de cabeça oca, e aquelas que penduram 
	modestamente as suas cabeças estão cheias de grãos preciosos. As pessoas que 
	ficam com as cabeças muito altas são aquelas que não têm suficiente bom 
	senso para levar algum peso na cabeça. Conta-se que um relógio de pulso 
	pequeno invejava o grande relógio da cidade, numa posição tão alta. 
	“Gostaria de estar lá em cima, onde poderia melhor servir às pessoas”, 
	dizia. A sua vontade foi cumprida, e uma vez elevado a tão grande altura, 
	eis que já não era visível. Sua posição alta destruiu a sua utilidade! Essa 
	parábola ilustra o triste fim daqueles que querem ser “grandes”. DEUS 
	amorosamente permite que humilhações dolorosas abatam o nosso orgulho, e 
	assim nos salva da destruição que se segue após a soberba. Alguns se 
	quebrantam, e assim escapam à humilhação. Outros se exaltam, sofrem 
	humilhações e finalmente são humilhados (ver Tg 4.10). 
	3. Graça abundante. A graça tem sido definida como “o amor de DEUS em ação”, 
	“o dom de fortaleza espiritual”. É claramente força celestial, dada aos 
	homens para socorro em tempo devido. Acha sua ocasião quando chegamos ao fim 
	das nossas capacidades. Quando Paulo achava que não podia mais aguentar o 
	espinho, ouviu DEUS dizer: “A minha graça te basta”. É bom sublinhar as 
	palavras “minha” e “te” para sentirmos a força integral desta declaração. 
	Spurgeon escreveu: “Parecia que ridicularizava a minha descrença; porque 
	certamente a graça de alguém tal como o Senhor JESUS é mais do que 
	suficiente para um ser tão insignificante como eu. Parecia-me que algum 
	pequeno peixe, preocupado com o medo de beber o rio até que secasse, ouvisse 
	a resposta do Amazonas: ‘Pobre peixinho, minhas correntezas lhe bastam’. Ou 
	imaginem um ratinho colocado nos depósitos de trigo no Egito, quando estavam 
	cheios após sete anos de fartura, queixando-se da preocupação de morrer de 
	fome. ‘Ânimo!’ diz Faraó. ‘Pobre ratinho, meus depósitos de trigo bastam 
	para você”’. Quando sentimos a pressão da condenação, sofrimento ou 
	tentação, em outras experiências difíceis, ouçamos a voz do Senhor dizendo: 
	“A minha graça te basta”. 
	4. O poder se aperfeiçoa na fraqueza. “É na forja da fraqueza que a força é 
	trabalhada até ficar perfeita”. “É na fraqueza que o meu poder pode ser 
	plenamente sentido”. Por meio da queda do homem, muitos males e fraquezas 
	entraram no mundo, mas esse triste evento também veio a ser uma oportunidade 
	para DEUS demonstrar as riquezas da sua graça (Rm 5.15-21). “Mas onde 
	abundou o pecado, superabundou a graça”. O poder salvador de DEUS é feito 
	perfeito através da condenação (Rm 5.20, Lc 18.9-14); o poder curador de 
	DEUS é aperfeiçoado nas doenças; seu poder para providenciar é aperfeiçoado 
	através da necessidade humana (ilustrado ao alimentar os cinco mil); seu 
	poder revelador é aperfeiçoado pela ignorância do homem (At 4.13); seu poder 
	sustentador é revelado na canseira e desânimo humanos (At 18.9; 23.11; 
	27.23,24; 2 Tm 4.17); a força vitoriosa de DEUS é aperfeiçoada na 
	incapacidade humana (Jz 7; Zc 4.6); o poder consolador de DEUS é 
	aperfeiçoado na tristeza. Esse é um argumento em prol de permanecer na 
	fraqueza? Oferece uma desculpa para argumentar: “Permaneceremos no pecado, 
	para que a graça seja mais abundante?” (Rm 6.1). Pelo contrário, é uma 
	chamada para nos erguermos acima da fraqueza ao buscarmos a ajuda de DEUS! 
	Já que a graça de DEUS é suficiente, é um pecado permanecer fraco - uma 
	violação do seu próprio mandamento: “Sê forte” (Js 1.9; 2 Tm 2.1). A 
	expressão “Quando estou fraco, então sou forte” se aplica quando a 
	consciência da nossa própria fraqueza nos leva a colocar a nossa confiança 
	em DEUS. 
	 
9- SEMEANDO E CEIFANDO 
	Texto: Gálatas 6 
	  
	Introdução 
	Provavelmente esgotado pela sobrecarga de serviço na segunda viagem 
	missionária, Paulo parou para descansar numa cidade da Galácia, onde, a 
	despeito da famosa “enfermidade da carne”, conseguiu fundar uma igreja. Mais 
	tarde, o apóstolo recebeu a notícia perturbadora de que os gentios tinham 
	sido reduzidos à dependência da aliança mosaica pelos judaizantes. A fim de 
	restaurar os crentes à liberdade da graça, Paulo escreveu essa epístola. O 
	tópico do nosso estudo é “Semeando e Ceifando”. Começaremos com o verso 6, 
	que inicia a linha de pensamento que leva a este tópico. 
	  
	I - Apoiem o Ministério! (G1 6.6) 
	“E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que 
	o instrui”. Essas palavras ensinam que se deve manter uma união ativa e 
	simpática entre as congregações e seus ministros. A referência primária, 
	naturalmente, é ao sustento financeiro. O sacerdote no Antigo Testamento 
	recebia uma porção de tudo quanto oferecia no altar; ministrava no altar e 
	pelo altar era sustentado (ver I Co 9.13,14; cf. Mt 10.10). Essas palavras, 
	porém, podem ser aplicadas, num sentido mais elevado, ao apoio espiritual. O 
	ministro precisa todo povo de DEUS ao lado dele, porque não pode travar 
	sozinho a batalha do Senhor. Um verdadeiro ministro ou missionário considera 
	o apoio e cooperação espiritual mais sagrados do que o apoio material (1 Co 
	4.14-17; 2 Co 6.11- 13; Fp 1.3-7). 
	II - Considerem a Ceifa! (G1 6.7,8) Os versos acima têm sido usados como uma 
	mensagem de salvação para os não convertidos, e com toda a razão. Notemos, 
	no entanto, que primariamente eram endereçados a cristãos em conexão com o 
	emprego correto do dinheiro. Paulo se refere ao tópico mencionado no verso 
	6, e considera-o à luz da eternidade. Provavelmente alguns gálatas tinham 
	mostrado uma indisposição para cooperar em assuntos materiais ou 
	espirituais. Esses homens podem praticar males uns contra os outros, 
	podem entristecer os servos de DEUS, mas ninguém é suficientemente sagaz 
	para enganar a DEUS. Teriam enganado a si mesmos, mas não a DEUS. Por isso, 
	Paulo dá a advertência: “Não erreis: DEUS não se deixa escarnecer; porque 
	tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. Quando os homens praticam o 
	mal e imaginam que DEUS não verá, quando vivem para o eu próprio e esperam 
	as glórias do Céu, estão meramente enganando a si mesmos e rejeitando as 
	reivindicações de DEUS com zombaria. Consideraremos algumas operações da 
	“lei da Ceifa”. 
	1. Nesta vida, estamos semeando as sementes da ceifa futura. Nossas ações 
	não acabam quando as completamos, nem nossas palavras quando as falamos, nem 
	nossos pensamentos quando nos ocorrem à cabeça. Cada um desses é uma 
	quantidade de semente plantada, e trará fruto segundo o seu tipo. Nossos 
	pensamentos, palavras e atos voltam para nós, seja para o bem, seja para o 
	mal. Se conservássemos isso em mente, como seríamos cuidadosos e, em 
	consequência disso, como viveríamos mais felizes! 
	2. A ceifa corresponde, no seu tipo, à semeadura. Cada semente produz 
	segundo o seu próprio tipo, porque DEUS assim ordenou. O fazendeiro pode ter 
	dúvidas na sua mente quanto ao tamanho da ceifa ou, se surge uma seca, pode 
	duvidar se vai haver ceifa, mas sabe que qualquer ceifa que tiver será do 
	mesmo tipo que plantou. Isso ocorre com atos bons (Mt 5.16) e atos maus (Nm 
	32-23; Jó 4.8, Pv 1.31; Os 8.7; 10.13; Lc 16.25; Rm 2.6- 10; 2 Co 9.6). 
	3. A ceifa sempre é um aumento da semeadura. “Porque o que semeia na sua 
	carne da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no ESPÍRITO do ESPÍRITO 
	ceifará a vida eterna”. “Carne” significa a natureza humana à parte da graça 
	de DEUS. A ceifa é a multiplicação da semente. Plantamos um grão único, 
	colhemos uma espiga cheia, espalhamos aos quilos e recolhemos em depósitos. 
	(1) Semear na carne significa viver à busca da nossa gratificação própria, e 
	ser movido por motivos baixos e mundanos (Rm 6.3,13; 8.13; 13.14; Tg 3.18). 
	Consideremos a ceifa terrível que tem seguido um ato de satisfação das 
	próprias vontades da parte de algum obreiro cristão. Consideremos o senso de 
	temor que Paulo tinha a respeito de tal possibilidade (1 Co 9.27). 
	Comparemos o que Davi semeou com a colheita que obteve (2 Sm 12.7-14). 
	(2) Se semeamos no ESPÍRITO, ou seja, vivemos para DEUS, o resultado será a 
	vida eterna — a santidade eterna, a felicidade eterna, a recompensa eterna 
	(Mt 19.29; Lc 18.30; Jo 4.14,36; 6.27; Rm 6.22; 1 Tm 1.16; Tt 3.7; Jd 21). 
	Cada ato feito para o Senhor, por pequeno que seja e por menos atenção que 
	tenha recebido, produzirá no futuro uma ceifa que nos surpreenderá. 
	III - Perseverem na Prática do Bem! (G1 6.9,10) 
	Aqui segue-se um dever baseado nesta lei do semear e ceifar, o dever da 
	benevolência. 
	1. Empecilhos para a prática do bem. “E não nos cansemos de fazer o bem”. O 
	caminho da prática do bem nem sempre é liso; sempre haverá dificuldades para 
	nos desencorajar e nos levar a pensar que não vale a pena. A prática do bem 
	inclui carregar os fardos dos outros; pode nos levar a trabalhar com pessoas 
	que não são agradáveis e não cooperam; pode parecer que tal obra não produz 
	resultados, ou os resultados podem ser pouquíssimos, comparados com o 
	esforço exigido. 
	2. Um encorajamento para a prática do bem. “Porque a seu tempo ceifaremos, 
	se não houvermos desfalecido”. Não podemos escapar à tentação de nos 
	cansarmos na prática do bem. O que podemos fazer, no entanto, é recusarmos 
	nos submeter à tentação, lembrando-nos do decreto que, mediante a operação 
	de leis imutáveis, toda bondade receberá a sua recompensa. Constituiu uma 
	ocasião de ceifa (“a seu tempo”). Qual é a condição desta promessa, porém? 
	(Ver v. 9, cf. Lc 18.1; 1 Co 15.58; Ec 11.1.) 
	3. Os objetos da prática do bem. “Façamos o bem a todos”. A benevolência 
	cristã não reconhece nenhuma limitação de nacionalidade, de credo, de 
	posição social; o próximo do cristão é qualquer pessoa necessitada que 
	esteja dentro do alcance da sua ajuda (cf. 1 Ts 5.15; 1 Tm 2.3- 7; At 
	26.29). Há, porém, uma esfera dentro da qual a benevolência cristã assume um 
	caráter mais íntimo e intenso, conforme se sugere nas palavras: 
	“principalmente aos domésticos da fé” (aqueles que são da mesma família 
	espiritual). Assim como, na esfera natural, nosso próprio lar tem o primeiro 
	direito sobre nós, o mesmo acontece na esfera espiritual (cf. 1 Tm 5.8). É 
	bom lembrar, porém, que, embora “a caridade comece em casa”, não para ali. 
	IV - Evitem os Ensinadores Falsos! (G1 6.11-13) 
	O verso 11 pode ser traduzido: “Vejam quão grandes letras faço quando 
	escrevo de próprio punho!” Paulo normalmente ditava as suas cartas a um 
	secretário (Rm 16.22), mas nesse caso estava tão perturbado com a condição 
	dos gálatas que escreveu de próprio punho, e em letras grandes, para 
	enfatizar o que escrevia. Alguns crêem que só escreveu os versos 11-17 para 
	colocar sua assinatura na mensagem central da carta. Paulo desmascara o 
	caráter e os motivos dos judaizantes. Eram: 
	1. Carnais. “Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos 
	obrigam a circuncidar-vos” (cf. At 15.1,5). Os judaizantes se achavam muito 
	zelosos ao persuadirem os gálatas a praticar os costumes externos da Lei 
	(“ostentar-se na carne”), mas o eu próprio estava no centro das atividades 
	deles. Como os fariseus, quiseram fazer uma demonstração externa do seu zelo 
	para com a religião (Mt 6.1-5,16-18). 
	2. Covardes. “Somente para não serem perseguidos por causa da cruz de 
	CRISTO”. A doutrina de um Messias crucificado era um opróbrio e pedra de 
	tropeço aos judeus (1 Co 1.23), e a pregação da cruz despertava sua ira 
	violenta. Os judaizantes estavam muito longe de serem mártires e, a fim de 
	evitar a oposição dos seus compatriotas, procuravam diluir o Evangelho ao 
	minimizar a morte de CRISTO e ao enfatizar a guarda da Lei. Esse, no 
	entanto, era um meio-termo que meramente resultaria em transformar gentios 
	em judeus. 
	 3. Hipócritas. “Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a 
	lei”. Colocaram nos convertidos gentios um fardo que nem eles queriam 
	suportar (cf. Mt 23.4; At 15.10). Não é um zelo genuíno pela Lei, que 
	inspirava suas ações, mas somente o desejo de ficar de bem com os judeus. 
	4. Vaidosos. “Querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa 
	carne”. Queriam ter um relatório grande para enviar, relatando o grande 
	número de convertidos (cf. Mt 23.15). O apóstolo era indevidamente severo em 
	desmascarar assim os judaizantes? Há uma distinção entre encobrir as falhas 
	pessoais do nosso vizinho e o desmascarar ensinadores de falsas doutrinas. 
	V - Firmem-se na Cruz! (G1 6.14-17). 
	“Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor JESUS 
	CRISTO”. A referência não é à cruz de madeira reverenciada pelos católicos 
	romanos; nem se refere primariamente à cruz do cristão, ou seja, as aflições 
	aguentadas por amor ao Evangelho. Paulo se refere à morte expiadora de 
	CRISTO, o fato central do Evangelho. Os judaizantes estavam enfatizando a 
	guarda da Lei. Por que o apóstolo se gloriava na cruz? Porque CRISTO, 
	mediante o seu sofrimento expiador, comprou para nós a salvação. Já havia 
	muito, Paulo abandonara a confiança na sua justiça própria (Fp 3.1-9). 
	Chegou a época em que a igreja de Roma cometeu o mesmo erro dos judaizantes 
	e colocou a ênfase na obediência às leis e tradições para merecer a 
	salvação. Então surgiu Lutero, pregando que a salvação era doada mediante a 
	morte expiadora de CRISTO e recebida pela fé. 
	1. Os efeitos da cruz. “Pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, 
	para o mundo”. O que é o mundo? E a sociedade organizada à parte de DEUS, e 
	contrariamente a Ele, e cujas atividades são influenciadas pela 
	concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (1 
	Jo 2.16). “A amizade do mundo é inimizade contra DEUS” (Tg 4.4). Como o 
	mundo pode ser crucificado para nós? Não no sentido em que o mundo é inútil, 
	nem que é um lugar para ser abandonado, conforme pensavam os monges que se 
	retiravam para lugares desertos; nem no sentido de nos tornarmos amargos em 
	nossa atitude para com ele. O mundo é crucificado para nós porque perdeu seu 
	poder e encanto sobre nós. Como podemos ser crucificados para o mundo? O 
	mundo nos considera como mortos, do ponto de vista dele. A cruz de CRISTO 
	destruiu o relacionamento entre o mundo e o crente. Ele não quer nada mais 
	com o mundo, e o mundo não quer nada mais com ele. O mundo considera que já 
	não é seu, e odeia-o a ponto de persegui-lo. 
	VI - Fiquem Seguros nas Coisas Fundamentais! (G1 
	6.15-17) 
	1. Uma declaração. “Porque, em CRISTO JESUS, nem a circuncisão nem a 
	incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura”. Os 
	judaizantes colocavam como coisas essenciais as práticas externas, tais como 
	a circuncisão, o uso de certas comidas, a observância de certos dias de 
	festa etc. Tal pregação só produziria uma mudança de práticas; ou seja, o 
	gentio deixaria os seus costumes pagãos e seguiria os costumes judaicos. Mas 
	o aspecto principal na vida cristã é uma mudança de coração, que produz uma 
	mudança de vida, com novos desejos, novos princípios, novas afeições, novas 
	esperanças, novas virtudes (2 Co 5.17). Uma mudança de práticas não 
	produzirá uma mudança de coração, mas uma mudança de coração produzirá uma 
	mudança de práticas. 
	1. Uma bênção. “E, a todos quanto andarem conforme esta regra [a de colocar 
	a cruz em primeiro lugar], paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de 
	DEUS”. Os judaizantes falavam muito de privilégios nacionais e 
	colocavam diante dos gentios a honra de pertencerem ao povo escolhido, na 
	condição de observarem a lei de Moisés. A bênção de Paulo, porém, é para o 
	Israel de DEUS, ou seja, o verdadeiro povo escolhido, aqueles que foram 
	escolhidos em CRISTO JESUS (cf. G1 4.28, 3.29; 4.26; 1 Pe 2.10; Mt 21.43; Rm 
	2.28,29; Ez 36.25-27). 
	2. Um pedido. “Desde agora, ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo 
	as marcas do Senhor JESUS”. Noutras palavras: “Que ninguém acrescente os 
	meus fardos, contradizendo a minha doutrina e negando a minha posição como 
	apóstolo. Estes falsos mestres querem escapar à perseguição mediante o 
	meio-termo, mas eu trago em mim as marcas dos sofrimentos por amor ao Senhor 
	JESUS CRISTO”. Assim como certos escravos eram ferreteados, também as marcas 
	deixadas pelos sofrimentos de Paulo mostravam que ele era um verdadeiro 
	escravo de CRISTO. 
	VII - Ensinamentos Práticos 
	1. A lei da ceifa. “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. Essas 
	palavras expressam a grave realidade de que a nossa vida presente é o tempo 
	de semear uma ceifa eterna, e que todos os nossos atos, pensamentos e 
	palavras produzirão segundo o seu tipo, e que a ceifa afetará o nosso 
	destino. “Os atos que cumprimos, as palavras que falamos, embora pareçam 
	fugir no ar, e nós os contemos como sempre passados, mesmo assim durarão, e 
	nós nos encontraremos com eles no terrível dia do julgamento”. Esse 
	pensamento deve nos inspirar com um cuidado escrupuloso no que diz respeito 
	a todos os aspectos da nossa conduta. Há, porém, algum meio de escapar a uma 
	lei tão solene? Quando uma pessoa se arrepende e nasce de novo, há mudança 
	da sua natureza e destino (2 Co 5.17). Há, porém, certos pecados para os 
	quais não podemos evitar a ceifa. O arrependimento sincero nos salvará da 
	penalidade eterna daqueles pecados; devemos, então, suportar em santa 
	resignação aquelas consequências terrestres que devem se seguir (2 Sm 
	12.7-23; cf. Tg 5.14; Jo 5.14). Lembre-se também de que há uma lei mais alta 
	que as cancela, sem se opor à lei do semear e ceifar — é a lei da graça. Se 
	mostramos arrependimento e melhoramos os nossos caminhos, ceifaremos o 
	perdão de DEUS. Se semeamos consagração, ceifaremos uma colheita de retidão. 
	2. Três cruzes (G1 6.14). Três cruzes, ou crucificações, são mencionadas 
	neste verso: 
	2.1. CRISTO crucificado. “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na 
	cruz de nosso Senhor JESUS CRISTO”. Podemos imaginar uma família que se 
	glorie no cadafalso sobre o qual algum dos seus membros foi executado? 
	Paulo, porém, se gloria na cruz desprezada em que o seu líder morreu. Foi 
	porque, naquela cruz, CRISTO morreu para a nossa redenção. Assim como a cruz 
	era um objeto de repugnância para o povo nos dias de Paulo, também a 
	doutrina da cruz é uma ofensa e opróbrio para os sábios dos nossos dias. 
	Gloriamo-nos na cruz não como nos gloriamos num credo, porque experimentamos 
	o seu poder; não nos gloriamos no sentido de jactância vazia, mas por causa 
	da satisfação íntima. Disse Spurgeon: “As Escrituras a afirmam, o ESPÍRITO 
	SANTO dá testemunho dela, e o seu efeito sobre a nossa natureza íntima nos 
	assegura dela. Há um abismo que ninguém conseguiu atravessar sem ela, pois 
	alivia a nossa consciência, inspira a nossa devoção e eleva a nossa 
	aspiração; somos unidos a ela e diariamente nos gloriamos nela”. 
	2.2. O mundo crucificado. Muito se diz acerca da “opinião pública”, “a 
	crença popular”, “o sentimento atual”, “o espírito da época”. Essas 
	expressões frequentemente são invocadas para apoiar alguma ideia ou prática 
	contrária às Escrituras. Para o cristão, porém, qual é a importância da 
	opinião do mundo? E crucificado para ele! Diante de DEUS o mundo é como um 
	criminoso condenado; já foi julgado, e sua opinião não importa mais. Sua 
	honra, fama e tesouros são crucificados no que diz respeito ao crente. 
	Quando Paulo disse: “O mundo está crucificado para mim”, quis dizer que não 
	estava escravizado pelas atividades dele nem governado pelo espírito dele; 
	não procurava os seus sorrisos nem temia as suas ameaças. O homem que teme a 
	CRISTO e ama a cruz tem firmeza moral que o ajuda a fazer pouco caso do 
	brilho deste mundo. 
	2.3. O cristão crucificado para o mundo. Enquanto corria juntamente com o 
	mundo, frequentava suas festas barulhentas, participava das suas orgias de 
	bebida e escutava suas histórias indecentes, era considerado um tipo muito 
	bom. Quando, porém, se tornou cristão, era chamado tolo, hipócrita, louco, e 
	era boicotado. Foi crucificado para o mundo! Foi necessário ele abandonar o 
	mundo? Não, o mundo o abandonou! Num mundo que cambaleia na sua confusão e é 
	rompido pelas lutas, gloriemo-nos na cruz, porque é o poder de DEUS para a 
	salvação. 
	3. As marcas de CRISTO. “Trago no meu corpo as marcas do Senhor JESUS”. Na 
	Roma antiga, escravos fugitivos eram frequentemente ferreteados, como 
	estigma de vergonha. Paulo se considerava um escravo de JESUS CRISTO; mas ao 
	invés de ser uma vergonha para ele, era a sua glória. Gloriava-se nas marcas 
	que o distinguiam como escravo de CRISTO - as marcas das dificuldades, 
	sofrimentos, perseguições e opróbrio. Nem todos podemos esperar ter as 
	mesmas experiências do grande apóstolo, mas todo cristão deve ter algum 
	sinal de pertencer a JESUS CRISTO. 
	3.1. Marcas externas. A vida sempre deixa a sua marca. A gula, a 
	frivolidade, a crueldade, a concupiscência, a intemperança, a tristeza, o 
	orgulho - todos deixam algum sinal no rosto. E a vida espiritual também 
	deixa uma marca no rosto. A paz e a alegria íntimas são refletidas na 
	expressão do rosto. Certo convertido escreveu ao piedoso Robert Murray 
	McCheyne: “Não foi nada que o senhor tenha dito que me levou primeiramente a 
	ser cristão, foi a beleza da santidade que vi no seu rosto”. 
	3.2. Marcas espirituais. Quais são as marcas que identificam as pessoas como 
	pertencendo ao Senhor JESUS? O próprio Mestre mencionou e ressaltou três: a 
	obediência (Mt 12.50), o amor (Jo 13.35) e o sacrifício (Lc 14.27, cf. 
	também G1 5.22,23) 
	 
10 - A GRAÇA SALVADORA DE DEUS 
	Texto: Efésios 1— 3 
	  
	Introdução 
	Leia a narrativa da fundação da igreja em Éfeso (At 19). Éfeso era uma 
	poderosa fortaleza da idolatria e viveiro de superstição. Mediante a 
	operação de muitos milagres, o nome de JESUS estava sendo engrandecido acima 
	de qualquer outro nome, e muitos se converteram ao Senhor. Mesmo assim, 
	alguns desses convertidos continuavam suas antigas práticas pagãs, 
	conservando alguns dos seus livros de artes mágicas. Depois de uma dolorosa 
	humilhação de alguns mágicos pagãos que procuravam lançar mão do nome de 
	JESUS, os membros da igreja que possuíam livros mágicos pagãos confessaram e 
	entregaram a literatura. Sabiam que o Evangelho e o paganismo não podiam ser 
	misturados! Os livros queimados valiam cinquenta mil peças de prata! Foi uma 
	grande perda financeira, mas podemos ter a certeza de que os efésios 
	receberam recompensa abundante quando Paulo mandou-lhes aquela epístola de 
	valor incalculável, que é considerada uma das mais profundas e ricas de todo 
	o Novo Testamento. Cercados pelo mais profundo paganismo, os efésios estavam 
	constantemente sendo tentados a desviar-se para os padrões pagãos. Essa 
	epístola foi escrita para lembrar-lhes da sua alta vocação como cristãos, e 
	para exortá-los a andar dignamente naquela vocação (4.1). No começo do 
	segundo capítulo, Paulo contrasta as trevas em que viviam com o brilho da 
	sua posição em CRISTO. 
	(1) Antes estavam mortos, agora estão vivos. 
	(2) Antes estava perdidos, agora estão salvos. 
	(3) Antes estavam longe de DEUS, agora estão perto. 
	I - Antes Mortos, Agora Vivos (E f 2.1-7) 
	1. Mortos em delitos e pecados. 
	“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados”. Ser fisicamente 
	morto é estar fora de contato com o mundo físico; ser espiritualmente morto 
	é estar fora de contato com o mundo espiritual. As belezas da santidade não 
	atraem o homem na condição de morte física, e nem os futuros sofrimentos do 
	inferno o detêm do seu mau caminho. Os sofrimentos de CRISTO não o comovem. 
	O cadáver não pode se levantar do túmulo e voltar à sociedade e ao cenário 
	do mundo dos vivos. Assim também o homem espiritualmente morto não pode se 
	vivificar. Ele não pode voltar à vida porque não quer, e por isso é 
	responsável. O que causa a morte espiritual? “Mortos em ofensas [atos 
	específicos de pecado] e pecados [movimentos pecaminosos da alma]”. O pecado 
	não somente é a causa da morte, mas é também uma condição da morte. Quando 
	dizemos que alguém está doente de febre, queremos dizer que a febre causou e 
	constitui a sua doença. “Em que noutro tempo, andastes”. Mortos andando! 
	Sim, há multidões de pessoas que estão mortas sem o saberem. Estão mortas 
	para DEUS, para a Bíblia, para a oração “Segundo o curso deste mundo”. Em 
	linguagem moderna: “Segundo o espírito da época”. Viviam de acordo com os 
	padrões e práticas de uma sociedade desviada de DEUS - ímpia e oposta a DEUS 
	(Jo 12.31; 18.36; 1 Co 1.20; 3.19; 5.10; G1 4.3). “Segundo o príncipe das 
	potestades do ar” (cf. 2 Co 4.4; Jo 12.31, 14.30; 16.11; Cl 2.15; 1 Jo 3.8; 
	5.18; Cl 1.13). É chamado “o príncipe das potestades do ar” porque é líder 
	daqueles espíritos malignos que pairam ao redor do homem (Ef 6.12). Embora 
	denotado por CRISTO, Satanás ainda é ativo no mundo. Seu espírito 
	caracteriza “os filhos da desobediência”. Satanás foi o primeiro rebelde, e 
	desde então vive incitando o homem à rebelião (cf. Ap 16.14, 20.7,8). “Entre 
	os quais todos nós também [Paulo aqui inclui os judeus], antes, andávamos 
	nos desejos da nossa carne [a natureza humana em seu estado caído], fazendo 
	a vontade da carne e dos pensamentos”. “A vontade da carne” indica os 
	pecados grosseiros, enquanto a vontade dos pensamentos descreve todo o 
	pensamento pecaminoso em geral (Mt 15.19; Lc 11.17). O Filho Pródigo cumpria 
	os desejos da carne, enquanto o filho mais velho, com seu espírito orgulhoso 
	e destituído de amor, andava segundo a vontade dos pensamentos (Lc 15). “E 
	éramos por natureza filhos da ira, como os outros também”. Segundo a 
	linguagem bíblica, ser “filho” de algo ou alguém é participar daquela 
	natureza. Por exemplo, um “filho da paz” é alguém de natureza pacífica, um 
	“filho da perdição” é alguém já condenado; “filhos da desobediência” são 
	aqueles que realmente vivem na desobediência. “Filhos da ira” são aqueles 
	que já vivem sob a ira divina. A ira de DEUS pesa sobre os pecadores, porque 
	o pecado é tão contrário à sua natureza que sua ira pura é despertada contra 
	ele (cf. Rm 1.18; Jo 3.36). “Éramos por natureza filhos da ira”. Como o pai 
	da raça, Adão incluiu todos os seus descendentes na sua queda, de tal 
	maneira que cada ser humano entra no mundo com uma tendência ao pecado 
	(“pecado original”, ver Rm 5.17-21; SI 51.5). Na salvação, a culpa humana é 
	purificada pelo sangue de CRISTO, e sua natureza é mudada pelo ESPÍRITO (Jo 
	3.5-7). 
	2. Vivificados pela misericórdia de DEUS. 
	“Mas DEUS, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos 
	amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas...” O mundo é um 
	“cemitério” espiritual, povoado por aqueles que estão espiritualmente 
	mortos. O Pai celeste, porém, se curva em amor sobre seus filhos mortos e 
	ainda os ama (cf. Lc 15.32). DEUS ama o homem, a despeito do pecado deste, e 
	seu amor assume a forma de misericórdia, que poupa o pecador arrependido e 
	lhe oferece uma expiação (Rm 5.8; 1 Jo 3.16). Há quase dois mil anos que 
	essa expiação está sendo oferecida, e já foi recebida por miríades das suas 
	criaturas; mesmo assim, é uma mina de riquezas que nunca foi esgotada. O 
	amor e a misericórdia de DEUS se expressam em ação. Ele vivifica aqueles que 
	estavam espiritualmente mortos. Como? Unindo-os ao seu Filho, que é a fonte 
	de vida. 
	(1) A sua vida é a vida deles (ler Jo 6.27-58; 5.24,25). Ele é o caminho, a 
	verdade e a vida. A vida deles é “escondida com CRISTO, em DEUS” (Cl 3.3). 
	Assim como o sarmento é relacionado à videira, também eles se relacionam a 
	Ele (Jo 15). 
	DEUS coloca o Céu dentro de nós antes de nos colocar nele! (v. 7). O caráter 
	de DEUS é conhecido e manifestado na ação. A misericórdia de DEUS foi 
	demonstrada na salvação de pecadores tais quais eram os efésios. São 
	“amostras” da sua graça (cf. 1 Tm 1.16). Os “séculos vindouros” incluem toda 
	a história do mundo a partir dos dias de Paulo; o que DEUS fez para os 
	efésios nos dias deles pode fazer a qualquer tempo! 
II - Antes Perdidos, Agora Salvos (Ef 
	2.8-10)
	1. A graça é a fonte da salvação. “Porque pela graça sois salvos”. A graça é 
	o favor de DEUS para com os que nada merecem. DEUS não tinha nenhuma 
	obrigação de salvar o homem, porque a sua lei poderia ter seguido o seu 
	curso natural, e a penalidade poderia ter sido aplicada com toda a justiça. 
	O pecador merece punição, mas não merece a salvação. “Não vem das obras, 
	para que ninguém se glorie”. DEUS não poderia aceitar as condições do homem, 
	porque a retidão humana é como trapo imundo, o homem não poderia cumprir as 
	condições de DEUS, e assim, DEUS fez da salvação um dom gratuito. Mesmo 
	assim, a justiça não foi deixada de lado ou menosprezada, porque CRISTO 
	carregou sobre si a penalidade que era devida ao pecador. 
	2. A fé aceita a salvação. Uma dádiva precisa ser aceita. Como é que um 
	homem aceita a salvação? Mediante a fé. Crê na promessa de salvação 
	proferida por DEUS, crê que JESUS morreu no lugar dele e confia plenamente 
	no Salvador. A fé é a mão que recebe aquilo que DEUS oferece. Algum 
	merecimento existe da parte do pecador porque assim acreditou em DEUS? Nada 
	mais do que se atribui a um esmolante que estende a sua mão para receber uma 
	moeda, nada mais do que se atribui a alguém que, vendo que sua casa pegou 
	fogo, sai correndo para salvar a sua vida; nada mais do que se atribui a 
	alguém que está se afogando, mas que segura uma boia jogada para ele. 
	(2) A sua ressurreição é a ressurreição deles: “e juntamente com ele nos 
	ressuscitou” (cf. Fp 3.10), de tal maneira que já não mais andamos segundo o 
	curso deste mundo, mas “em novidade de vida”. A alma restaurada ao favor 
	divino volta a viver de novo. Esta vida se manifesta em bênçãos íntimas e no 
	viver santificado. 
	(3) A sua ascensão é a ascensão deles. Assim como DEUS colocou JESUS à sua 
	mão direita no Céu, também colocou o seu povo com Ele em lugares celestiais 
	- onde se distribuem os privilégios e onde se experimentam a alegria e a paz 
	do Céu 
	3. As obras seguem a salvação. Já que a salvação é um dom gratuito e não 
	depende das obras, será que os que crêem vão ficar descuidados na sua 
	maneira de viver? Não, se entenderam corretamente a salvação. Assim como um 
	mecânico constrói uma máquina para obter dela certo tipo de trabalho, também 
	DEUS nos salva a fim de obter da nossa parte um certo tipo de conduta e 
	trabalho (ver v. 10). Somos salvos para vivermos vidas santas. Somos salvos 
	para servir. Não somos salvos porque vivemos corretamente, 
	vivemos corretamente porque somos salvos. Boas obras são o fruto, e não a 
	raiz da salvação. A salvação significa união com CRISTO; a união com CRISTO 
	diz respeito a uma mudança de coração; uma mudança de coração traz consigo 
	uma mudança de conduta (1 Jo 2.6). 
	III - Antes Longe, Agora Perto de DEUS (Ef 
	2.11-13) 
	1. Longe de DEUS. A salvação trouxe uma mudança de condição: antes mortos, 
	agora vivos. A salvação traz uma mudança de posição: antes destituídos de 
	privilégios, agora favorecidos por DEUS. Os salvos devem lembrar o que eram 
	pela natureza, e o que agora são mediante a graça. Eram gentios (não 
	israelitas), faltando-lhes a marca externa (a circuncisão) característica do 
	povo escolhido e, portanto, não marcados para a bênção. Naquela condição 
	estavam: 
	(1) sem CRISTO — durante séculos, Israel tinha a promessa do Messias, ou 
	CRISTO, mas nenhuma promessa semelhante foi feita aos gentios em geral; 
	(2) sem igreja — “separados da comunidade de Israel”; antes da vinda de 
	CRISTO, Israel como nação representava a igreja de DEUS (At 7.38), um povo 
	santo, chamado para fora do mundo, mas agora os gentios estavam tendo o 
	privilégio pertencente a uma nação chamada por DEUS (Rm 9.4,5); 
	(3) sem aliança — “estranhos aos concertos da promessa”; uma aliança é um 
	acordo entre DEUS e o homem, trazendo consigo um relacionamento e incluindo 
	promessas de bênçãos (ver Gn 12.3; 22.18; 26.3; 28.13; Êx 24.8; 2 Sm 7.12; 
	Jr 31.31-34; Rm 11.27) e Israel rejeitou a nova aliança (Mt 26.28), que 
	então foi oferecida aos gentios (Rm 11.11), dentre os quais DEUS escolheu um 
	povo da aliança (At 15.14; Mt 21.43): antes disso não tinham alianças; 
	(4) sem esperança — nenhuma esperança de tempos melhores, nenhuma esperança 
	de satisfação espiritual, nenhuma esperança de felicidade eterna, só tinham 
	no futuro deles a escuridão da sepultura e o terror do juízo; (5) sem DEUS — 
	não que negassem a existência de DEUS ou de deuses. Mas DEUS não era real 
	para eles, e viviam como se DEUS não existisse: mais numerosos do que 
	aqueles que negam a DEUS pela palavra são aqueles que o negam no viver 
	diário. 
	 2. Aproximados de DEUS (v. 13). Os religiosos judeus se consideram “perto”, 
	e os pagãos para eles estão “longe”. Quando um pagão era convertido ao 
	judaísmo, diziam que era “trazido para perto”. Os gentios estavam longe de 
	DEUS - longe do seu favor, da sua comunhão, da sua graça perdoadora, do seu 
	poder renovador. Através de CRISTO e da sua obra expiadora, ficaram perto de 
	DEUS e Ele agora é Pai deles. O pecado nos separa de DEUS, o sangue de 
	CRISTO nos limpa do pecado e nos capacita a nos aproximarmos de DEUS (Hb 
	10.19-22; 1 Pe 3.18; Cl 1.21,22). 
	IV - Ensinamentos Práticos 
	1. A morte e a ressurreição espirituais. Paulo despreza o mundo com todas as 
	suas várias atividades e considera-o um grande cemitério. Em cada lápide vê 
	a mesma inscrição: “Morto pelo pecado”. Em linguagem atual, falamos de 
	alguém que é “morto para a honra”, “morto para a vergonha”, e um homem 
	profundamente adormecido é descrito como sendo “morto para o mundo”. As 
	Escrituras dizem que os não convertidos são mortos no pecado. 
	Espiritualmente demonstram as características da morte: inconsciência para 
	com coisas espirituais, inatividade no que diz respeito ao serviço de DEUS, 
	corrupção no seu comportamento O que podemos dizer para despertar as pessoas 
	dessa condição? Assim como, nos últimos dias, o anjo fará soar a trombeta e 
	os mortos ressuscitarão, também podemos agora soar o clarim da pregação do 
	Evangelho, e o ESPÍRITO de DEUS levantará pessoas que estavam mortas em 
	delitos e pecados. Podemos dizer a elas: “Desperta, ó tu que dormes, e 
	levanta-te dentre os mortos, e CRISTO te esclarecerá” (Ef 5.14). Para 
	podermos dizer isso, nós mesmos precisamos estar muito cheios de vida. Foi 
	para cristãos que Paulo escreveu: “Vigiai justamente e não pequeis” (1 Co 
	15.34). 
	2. A Plena Salvação. “Pela graça sois salvos”. A plena salvação inclui: 
	2.1. Libertação da culpa do pecado (Rm 3.21-26). Aceitando CRISTO como nosso 
	sacrifício expiador, nossos pecados são apagados, e somos declarados retos 
	aos olhos de DEUS. 
	2.2. Libertação do poder do pecado (Rm 6.1-14). Quando os crentes descobrem 
	que estão amarrados por algum pecado que sempre os assedia, devem lembrar 
	que JESUS morreu para libertá-los do poder do pecado, e não somente da sua 
	culpa. Enquanto reconhecem isso, aceitando-o pela fé, experimentam 
	libertação. O ESPÍRITO SANTO então faz real o que CRISTO fez por eles. 
	2.3. Libertação do amor ao pecado. Muitos pecados são devido a desejos 
	errados. As pessoas desejam coisas proibidas, e seus desejos muitas vezes 
	acabam sendo traduzidos em ação. A salvação inclui uma mudança do coração, 
	de tal modo que a pessoa passa a odiar as coisas que antes amava e a amar as 
	coisas que antes odiava (2 Co 5.17). 
	2.4. Libertação da presença do pecado. A salvação será perfeitamente 
	completada com a vinda de CRISTO, quando os corpos dos santos mortos serão 
	ressuscitados e os corpos dos santos vivos transformados. Então, estarão 
	para sempre com o Senhor (Rm 13.11; Fp 3.20,21) 
	3. Vivendo na graça. Quando perguntaram a uma menininha o que era a graça, 
	ela respondeu: “E receber tudo sem pagar nada”. E uma boa definição, mas a 
	graça é ainda mais do que isso. Poderia ter dito: “É alguém que merece tudo 
	quanto é ruim, recebendo sem pagar nada tudo de bom”. “Que diremos, pois? 
	Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante?” E, 
	juntamente com o apóstolo, devemos responder, enfaticamente: “De modo 
	nenhum!” (Rm 6.1,2). Sendo salvos pela graça, devemos viver pela graça. O 
	que quer dizer viver pela graça? Notemos três níveis de vida. 
	3.1. O nível do instinto. Aqueles que vivem nesse nível fazem exatamente o 
	que querem. 
	3.2. O nível da consciência. Aqueles que vivem nesse plano fazem aquilo que 
	devem. Agem impulsionados por um sentido de dever. 
	3.3. O nível da graça. Aqueles que vivem nesse nível gostam de fazer aquilo 
	que devem fazer. Amam a DEUS por causa da sua bondade para com eles através 
	de CRISTO, e, portanto, alegremente fazem a sua vontade e guardam os seus 
	mandamentos. Quando gostamos de fazer aquilo que DEUS quer que façamos, 
	estamos andando na graça! Mas o que acontece se há relutância para fazer 
	aquilo que é certo? Então podemos orar: “Cria em mim, ó DEUS, um coração 
	puro e renova em mim um espírito reto” (SI 51.10). 
	4. A atmosfera da alma. Assim como há uma atmosfera física que afeta os 
	nossos corpos, assim também há uma atmosfera espiritual que afeta a nossa 
	alma. A atmosfera deste mundo é infeccionada com o espírito “do príncipe das 
	potestades do ar”. E um espírito de desobediência e rebeldia. No dia de 
	Pentecostes, porém, “veio do céu um som, como de um vento veemente”, e o 
	ESPÍRITO SANTO, revelado através do povo de DEUS, entrou no mundo para lutar 
	contra o espírito do mal. Uma nova atmosfera foi criada, em que as pessoas 
	são convictas e se voltam para DEUS. O espírito de Satanás ainda está no 
	mundo, mas graças a DEUS, podemos andar no ESPÍRITO e desfrutar da presença 
	de DEUS. 
	5. A obra de arte de DEUS. “Pois somos feitura dele”. Um oleiro toma alguns 
	pedaços de barro, um pouco de corante e um fogo quente. Produz um vaso que é 
	vendido por alguns reais. Os materiais originais, no entanto, só valem uns 
	poucos centavos. O que fez tanta diferença no valor? O poder e a perícia do 
	artista! Nós, também, éramos sem valor diante de DEUS, mero barro da terra, 
	condenados à inutilidade eterna. Agora, porém, somos filhos de DEUS; a 
	beleza do Senhor nosso DEUS está sobre nós, e somos preciosos à vista dEle. 
	O que fez a diferença? O poder e a graça de DEUS! Lembre-se daquilo que os 
	efésios eram (2.1 1,12) e veja o que DEUS fez com eles (vv. 13-20). O Senhor 
	ainda está transformando vidas - trasladando pessoas das trevas para a luz, 
	do desespero para a esperança, do pecado para a santidade. 
	 
11- O VIVER CRISTÃO 
	Texto: Efésios 4.1— 6.9 
	  
	Introdução 
	Depois de examinarmos as condições morais do mundo pagão, teremos melhores 
	condições de reconhecer de que tipo de vida os efésios foram salvos e quais 
	as tentações que os cercavam. Os divertimentos daqueles dias eram brutais e 
	degradantes. Baixos padrões de comportamento eram ensinados nos teatros. Nos 
	anfiteatros, escravos, cativos e criminosos lutavam entre si até a morte, 
	para satisfazer o desejo do povo — ver sangue. O casamento perdera a sua 
	santidade; era levianamente contratado porque era facilmente anulado. 
	Crianças malformadas ou doentias eram abandonadas e expostas para morrer. A 
	sociedade era indulgente para com o vício. “Desviar-se é humano” era o seu 
	lema. Para um grupo de pessoas habitantes, mas libertas de tal mundo foi que 
	Paulo endereçou as suas exortações. Depois de descrever o caráter moral do 
	mundo pagão (4.17-19), diz: “Mas vós não aprendestes assim a CRISTO, se é 
	que o tendes ouvido 108 Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas Cristãs e 
	nele fostes ensinados, como está a verdade em JESUS”. Noutras palavras, os 
	efésios tinham aprendido outro padrão de conduta mediante o ouvir do 
	Evangelho. O apóstolo menciona algumas das lições que aprenderam através da 
	comunhão com CRISTO. 
	I - A Abnegação (Ef 4.22) 
	“Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe 
	pelas concupiscências do engano”. O “velho homem” se refere à natureza 
	pecaminosa herdada de Adão. Essa natureza é corrompida e inspirada por 
	desejos e concupiscências que colocam os homens numa armadilha e os 
	destroem. A concupiscência pelo ganho leva à avareza; a concupiscência pelo 
	prazer toma as pessoas sensuais. Cada desejo forte que deixa DEUS de fora é 
	uma “concupiscência”. Essas concupiscências são “do engano” porque enganam 
	as pessoas com brilhantes promessas de felicidade (Ec 2.1-11). O cristão 
	deve lançar fora esses desejos assim como alguém tira uma roupa suja. 
	II - O Pensar Correto (Ef 4.23) 
	“E vos renoveis no espírito do vosso sentido”. Como alguém pensa no coração, 
	assim é. Para vivermos corretamente, precisamos pensar de modo certo e ter 
	atitudes corretas. Os pagãos imaginavam que seus deuses não se importavam 
	como eles viviam porque, segundo a mitologia pagã, os deuses cometiam os 
	mesmos pecados que os homens. Tais pensamentos naturalmente levam a um viver 
	corrupto. O cristão deve dirigir o seu pensar de acordo com o ensino do Novo 
	Testamento. Então terá “a mente de CRISTO”. 
	III - A Vida Santa (Ef 4.24) 
	“E vos revistais do novo homem, que, segundo DEUS, é criado em verdadeira 
	justiça e santidade”. O “novo homem” O Viver Cristão 109 se refere àquela 
	qualidade santa do viver, que é o resultado da redenção. No princípio, DEUS 
	criou o homem à sua própria imagem; aquela imagem foi danificada pelo 
	pecado, mas é restaurada quando uma pessoa nasce de novo. O “novo homem” 
	está em contraste direto com o “velho homem”. Tendo sido libertado da sua 
	vida antiga, o cristão deve rejeitar tudo aquilo que traz consigo o sabor 
	daquela vida; tendo se tornado uma nova criatura em Cristo, precisa cultivar 
	aquelas graças e qualidades que pertencem à nova vida (2 Co 5.17). Qual 
	cerimônia é uma representação dessa verdade? (Rm 6.1-3; G1 3.27; Rm 
	13.12,14). IV - A Verdade no Falar (Ef 4.25) “Pelo que deixai a mentira e 
	falai a verdade cada um com o seu próximo”. Uma mentira é algo falso que tem 
	o propósito de enganar e tem um desígnio errado. É representar falsamente 
	aquilo acerca do qual uma pessoa tem o direito de saber. Toda mentira, 
	insinceridade e falsa representação dos fatos é totalmente inconsistente com 
	a nova vida. Os cristãos devem falar a verdade integral sem distorção ou 
	exagero; a palavra de um cristão deve ser a sua obrigação firme. Notemos a 
	razão para se falar a verdade: “Porque somos membros uns dos outros”. Meu 
	vizinho cristão pertence ao mesmo corpo ao qual pertenço, e qualquer coisa 
	feita contra ele é feita contra mim. Será que o olho mentiria ao pé, dizendo 
	que não há perigo, quando o olho o está vendo? Ou será que o pé mentiria ao 
	olho, dizendo que o terreno é firme, quando não é? A falsidade traz confusão 
	aos relacionamentos humanos. 
	V - Bom Humor (Ef 4.26) 
	1. Quando a ira é certa. “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a 
	vossa ira”. Essas palavras dão a entender que há uma ira que não é 
	pecaminosa. A primeira expressão pode ser interpretada: “Não haja pecado na 
	vossa ira”. Registra-se que JESUS ficou zangado com a dureza do coração de 
	certas pessoas (Mc 3.5). Essa indignação justa é necessária para um caráter 
	cristão forte; aquele que ama a retidão e a realidade odiará o pecado e a 
	hipocrisia. “Vós que amais ao Senhor, aborrecei o mal” (SI 97.10). Sem 
	existir esse ódio àquilo que é mau, o amor se tomaria flácido e sentimental. 
	2. Quando a ira é pecaminosa. A ira se torna pecaminosa nas seguintes 
	circunstâncias: 
	2.1. Quando é incapaz de ser governada, de tal maneira que qualquer ofensa 
	imaginária ou coisa sem importância desperta a fúria. 
	2.2. Quando interfere com o amor. A ira justa é livre de ódio. Podemos odiar 
	o pecado sem odiar o pecador. 
	2.3. Quando é permanente. “Não se ponha o sol sobre a vossa ira”. O dia da 
	ira deve ser o mesmo da reconciliação. A ira deve ser uma emoção breve, 
	lenta a ser despertada e logo repudiada. Se a ira tem licença de permanecer 
	na mente, produz inimizade, ódio ou vingança, coisas que são positivamente 
	pecaminosas. Conservar no coração qualquer rancor ou ressentimento é 
	inconsistente com o discipulado cristão. 
	2.4. Quando é egoísta. O Senhor JESUS nunca se ressentia de ofensas pessoais 
	contra Ele. Sua indignação se despertava contra o tratamento duro e injusto 
	dado àqueles que amava. Uma boa parte da ira humana é puramente egoísta. 
	2.5. Quando dá a Satanás uma oportunidade para trabalhar. Satanás tem 
	simpatia por um espírito rancoroso e malévolo — é bastante semelhante ao 
	dele. Se o mau humor e a falta de controle próprio conquista o coração, abre 
	as portas para aquelas paixões diabólicas que são semelhantes a ele. 
	Sentimentos irados dão ao diabo uma oportunidade para trabalhar. 
	VI - A Honestidade (Ef 4.28) Esse verso sugere 
	três deveres: 
	1. A honestidade. O padrão cristão com respeito ao furto, vai mais profundo 
	do que o padrão popular. Todos consideramos como ladrão aquele que a lei 
	condenou por furto. Mas, em outras formas, o furto é tão comum como o 
	mentir. Por exemplo, o vendedor que dá pesos e medidas incompletos é um 
	ladrão. O trabalhador que deliberadamente negligência o seu trabalho é um 
	ladrão (ver 2 Sm 15.6 que descreve uma forma muito sutil de furtar). Como é 
	que os homens furtam de DEUS? (Ml 3.8). 
	2. O esforço. “Antes, trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom” (cf. 2 Ts 
	3.11). Quem deu o exemplo? Leia Atos 20.33,34; Marcos 6.3. A corrupção 
	geralmente segue após a inatividade e a preguiça. O homem preguiçoso é 
	usualmente mentiroso, descuidado e indigno de confiança. 
	3. A generosidade. “Para que tenha o que repartir com o que tiver 
	necessidade”. Será que aqui Paulo pregava algo que não praticava? (ver At 
	20.35). A quem foram faladas estas palavras? (At 20.17). Nota-se que os 
	cristãos têm que “fazer o que é bom”, as contribuições generosas à caridade 
	não compensarão os males das riquezas ganhas desonestamente. 
	VII - Conversação Santa (Ef 4.29,30) 
	O verso 29 pode ser explicado da seguinte forma: “Não permitam que palavras 
	más venham a poluir os seus lábios. Falem apenas as palavras que ajudarão o 
	progresso espiritual do seu irmão e que serão uma bênção para ele de 
	acordo com a sua necessidade”. Que tipo de conversa é condenada? Palavras 
	irreverentes que tratam levianamente as coisas sagradas. A zombaria que 
	procura reduzir a nada o valor do nosso próximo. Conversa maliciosa que 
	procura solapar outras pessoas. Palavras sugestivas de indecência. Palavras 
	estultas, faladas numa tentativa de divertir. Nossas palavras devem ser 
	cuidadosamente escolhidas. Milton disse: “Uma palavra tem alterado um 
	caráter, e um caráter já alterou um reino”. A conversa corrompida não 
	somente danifica almas humanas, como também ofende a DEUS. “E não 
	entristeçais o ESPÍRITO SANTO de DEUS”. Entristecemos o ESPÍRITO quando 
	fazemos aquilo que é repugnante a Ele, por exemplo, as coisas proibidas nos 
	versos 25-32 e todo tipo de imoralidade. O resultado do entristecimento do 
	ESPÍRITO SANTO será o afastamento da sua presença e das suas bênçãos. Wesley 
	conta que certa vez ficou em trevas espirituais ao falar mal de alguém. “No 
	qual estais selados, para o Dia da redenção’. Quando um negociante efésio 
	comprava madeira, colocava o seu selo nas toras e depois mandava o seu 
	empregado ir buscá-las. O selo era sinal de propriedade. Aqueles que são 
	salvos e se tornam a propriedade de DEUS são selados com o ESPÍRITO SANTO. 
	Um dia, o Senhor virá buscar aqueles que selou. Então experimentarão a plena 
	redenção na glorificação dos seus corpos, ficando eternamente na presença do 
	Senhor. 
	VIII - Bondade (Ef 4.31— 5.2) 
	“Toda a amargura [em pensamento, mentalidade e disposição], e ira [um estado 
	tumultuoso da mente, do qual surge] ... e cólera [um sentimento firme de 
	aversão ou inimizade], e gritaria [brigando com os oponentes e não 
	deixando-os falar], e blasfêmias [maledicências, sujando a 
	reputação alheia], e toda malícia [desejando o mal para outra pessoa] seja 
	tirada de entre vós. Antes, sede uns para com os outros benignos [de doce 
	disposição], misericordiosos [tendo dó das fraquezas e misérias de outros], 
	perdoando-vos uns aos outros [não tratando os outros duramente por causa das 
	suas faltas, lembrando-nos de que nós também temos faltas], como também DEUS 
	vos perdoou em CRISTO [o motivo supremo para o perdão]”. “Sede, pois, 
	imitadores de DEUS, como filhos amados [dEle]; e andai em amor”. Não podemos 
	nos tornar semelhantes a DEUS na sabedoria, poder e soberania, mas 
	podemos nos assemelhar a Ele no amor (Mt 5.43-48). Nosso amor se assemelha 
	ao de DEUS quando amamos os nossos inimigos e aqueles que são difíceis de 
	amar. “CRISTO vos amou e se entregou a si mesmo por nós [morreu em nosso 
	lugar, G1 1.4; 2.20; Tt 2.14; 1 Tm 2.6], em oferta e sacrifício a DEUS [a 
	oferta ressalta a ideia de presente, o sacrifício ressalta o pensamento da 
	morte] em cheiro suave [algo agradável a DEUS]” (cf. Gn 8.21). A obra 
	inteira de CRISTO e a bela atitude com que se ofereceu eram agradáveis ao 
	Pai e asseguram uma bênção para todos aqueles que, pela fé, se tornam 
	participantes do sacrifício. 
	IX - Ensinamentos Práticos 
	1. A verdade acerca da natureza humana. “O velho homem, que se corrompe 
	pelas concupiscências do engano”. Pessoas de mentalidade moderna se queixam 
	de que o quadro que a Bíblia nos dá a respeito da natureza humana é 
	melancólico, e que é muito deprimente ensinar que a natureza humana é 
	totalmente corrupta. No entanto, os seguintes fatos devem ser considerados: 
	1.1. A questão não é de ser melancólica a doutrina bíblica do homem; 
	trata-se de averiguar se esta é a verdade. Quem conhece o seu próprio 
	coração e o do seu próximo concordará que: “Enganoso é o coração, mais do 
	que todas as coisas, e perverso” (Jr 17.9). Em períodos de guerra e 
	revolução, as fornalhas vulcânicas que descansam no coração humano irrompem 
	através da crosta de educação e civilização, e então ficamos sabendo que o 
	quadro que a Bíblia pinta da natureza humana é verdadeiro. A guerra é um 
	inferno, e a guerra nasce no coração do homem (Tg 4.1). 114 Epístolas 
	Paulinas: Semeando as Doutrinas Cristãs 
	1.2. Se um médico sabe que pode curar uma doença, pode se permitir dar toda 
	ênfase à gravidade dos sintomas. A Bíblia ensina a cura divina para o pecado 
	e, portanto, revela toda a hediondez do pecado. Por outro lado, se um médico 
	sabe que não pode curar uma doença, pode ser tentado a minimizar a sua 
	importância, a fim de encorajar o paciente a aguentá-la. Aqueles que não 
	conhecem cura alguma para o pecado são tentados a minimizar a sua 
	severidade e a desculpá-lo. 
	1.3. O quadro bíblico da natureza é realmente brilhante, porque ensina que o 
	pecado não é essencial ao homem, mas que entrou como intruso. Sendo assim, 
	pode ser expulso. Aqueles, porém, que negam o remédio para o pecado querem 
	alegar que ele é parte natural do homem, e excluem toda a esperança de 
	libertação. Nenhum livro descreve de forma mais sombria aquilo que somos do 
	que a Bíblia, mas nenhum outro livro oferece esperanças tão brilhantes 
	quanto àquilo que podemos vir a ser mediante a graça de DEUS. 
	2. Os apetites devem ser servos, e não mestres. Paulo fala em 
	“concupiscências do engano”. As “concupiscências” são desejos de todos os 
	tipos - pelo dinheiro, pela fama, pela comida, pela bebida, e por outras 
	satisfações físicas. Alguém pode dizer: “Não é verdade que DEUS me criou com 
	esses desejos, e não é meu dever satisfazê-los?” A resposta é que foram 
	feitos para nos servir, e não para nós servirmos a eles. São impulsos, e não 
	guias. Nós fomos feitos para dirigi-los; não foram feitos para dirigir-nos. 
	As locomotivas precisam de engenheiros e trilhos. Os impulsos humanos 
	precisam da consciência e do raciocínio para guiá-los. É comum ver um 
	cachorro abanando o rabo, mas seria triste ver o rabo abanando o cachorro! A 
	posição dos apetites está debaixo do nosso controle, e não assumindo o 
	controle sobre nós. “O fruto do ESPÍRITO é... temperança” (G1 5.22). 
	 3. Somente CRISTO pode purificar a alma. “Vos despojeis do velho homem... e 
	vos revistais do novo homem”. Os moralistas nos ensinam que precisamos 
	afastar aquilo que há de mau em nossa natureza, mas não explicam como. Como 
	pode uma coisa limpa surgir daquilo que é sujo? A natureza humana não tem 
	poder para lançar fora o seu próprio pecado. Martinho Lutero empregava a 
	seguinte ilustração: o coração humano é como um estábulo muito sujo. 
	Carrinhos de mão e pás podem ser usados para remover parte da sujeira 
	superficial, e sujam os corredores no processo. O que se pode fazer? Faça um 
	rio passar por ele, e as correntezas levarão para longe toda a poluição. 
	Aqueles acúmulos de pecado multiplicados durante os anos e a maldade 
	profundamente arraigada que manchou a nossa alma não podem ser purificados 
	por nossos próprios esforços, mas só pela graça de CRISTO, que perdoa e 
	purifica. Ele nos receberá e nos revestirá com as suas vestes de retidão. 
	Uma reforma de caráter afeta a forma, e não a substância, dá novas feições à 
	matéria antiga. A regeneração, pelo contrário, empurra para longe a vida 
	velha infundindo uma vida nova que é divina e pura. 
	4. Forte e tenro. Certo escritor viu uma rocha enorme de granito duro - 
	granito que podia desafiar os raios e ficar firme no meio da tempestade mais 
	violenta. Do coração dela, porém, fluía uma fonte cristalina e refrescante 
	de água bem doce. O cristão, na sua resistência contra o pecado, deve ser 
	firme como uma rocha. Mesmo assim, deve fluir da parte dele uma corrente de 
	bondade para com os outros. “Sede uns para com os outros benignos”. 
	5. “Mais bem-aventurado é dar que receber”. “Antes trabalhe... para que 
	tenha o que repartir com o que tiver necessidade”. Disse um rico a Paton, o 
	herói missionário de algumas décadas atrás: “Orei ao Senhor para que Ele me 
	dê sucesso”. O missionário respondeu: “E Ele o deu ao senhor. Quão grande 
	dívida tens com Ele! Qual vai ser o seu modo de pagá-lo?” O conselho de João 
	Wesley era: “Ganhe o que puder. Poupe o que puder. Dê o quanto puder”. 
	6. Não entristeçais o ESPÍRITO. O ESPÍRITO SANTO frequentemente é descrito 
	de forma impessoal como Fogo que purifica, Água que refrigera, Sopro que 
	enche, Unção que é derramada, o Selo que preserva. Tais palavras apenas se 
	referem às suas operações. Quanto à sua natureza, é claramente descrito como 
	Pessoa que pensa, que exerce vontade e que sente. O fato de que é possível 
	entristecê-lo comprova a sua personalidade, porque não podemos 
	entristecer uma influência. Por ele somos selados para o dia da redenção. 
	Quando um selo fica em contato com um objeto, deixa ali a sua impressão. O 
	ESPÍRITO SANTO entra em contato com o nosso espírito e deixa ali a impressão 
	divina. Ele foi enviado não somente para nos dar poder, mas também para nos 
	tornar santos, amorosos, bondosos, pacientes, alegres, calmos e controlados. 
	Essas são as influências que o ESPÍRITO traz às nossas vidas. Podemos ou 
	cooperar com elas ou resisti-las. O pecado de qualquer tipo entristece o 
	ESPÍRITO.
	  
	12- A GUERRA DO CRISTÃO 
	Texto: Efésios 6.10-20 
	  
	Introdução 
	Quando estava em Éfeso, Paulo travou muitas batalhas vitoriosas contra os 
	poderes das trevas. A guerra, no entanto, ainda estava em andamento, porque 
	o inimigo é muito persistente. Se ele se afasta depois de tentar alguém, mas 
	sem sucesso, sua ausência será apenas “por algum tempo” (Lc 4.13). Um 
	espírito maligno, uma vez expulso, achará reforços e procurará retomar o seu 
	lar perdido (Mt 12.43- 45). O apóstolo, escrevendo da sua prisão em Roma, 
	adverte os efésios a serem vigilantes e preparados. Como ele podia fazer com 
	que a sua mensagem fosse vívida para os seus leitores? Acorrentado a ele há 
	um soldado romano em plena armadura, provavelmente um veterano de muitas 
	guerras. Ah! pensava Paulo, seria bom que o povo de DEUS fosse assim na vida 
	espiritual — completamente armado, forte, disciplinado, vigilante. 
	Curvando-se sobre o seu manuscrito, chega à conclusão da sua carta: “No 
	demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. 
	Revesti-vos de toda a armadura de DEUS”. 
	I - Seja Forte para o Conflito! (Ef 6.10-12) 
	“No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor”. Ser forte “no Senhor” 
	indica que a fonte da nossa força está em nosso relacionamento com CRISTO. A 
	força é dEle, mas, pela fé, torna-se a nossa força. CRISTO é a fortaleza do 
	seu povo. Ser forte é o nosso dever; ser fraco é pecado. Podemos ter 
	confiança forte, esperança forte, perseverança forte, amor forte, na 
	condição de ficarmos em comunhão com Ele. Note que recebemos a exortação de 
	sermos fortes no Senhor antes de recebermos a ordem de colocarmos a nossa 
	armadura. Um soldado pode ter um belo uniforme e armas de primeira 
	qualidade, mas isso nada adiantará se ele não tiver coragem. “Revesti-vos de 
	toda a armadura de DEUS”. É armadura que precisamos vestir, porque a vida é 
	um campo de batalha, e não um piquenique. É a armadura de DEUS que temos que 
	vestir, pois foi Ele que a providenciou. Devemos vestir toda a armadura de 
	DEUS, porque cada parte de nós precisa de ser protegida. “Para que possais 
	estar firmes contra as astutas ciladas do diabo”. O grande inimigo do homem 
	é um veterano feroz e malicioso. Ele luta, não em terreno aberto, mas por 
	assaltos repentinos e investidas secretas e astutas. “Porque não temos que 
	lutar contra carne e sangue”. O conflito não é contra os mortais fracos, mas 
	contra “principados e potestades”. A luta não é contra demônios comuns, mas 
	contra espíritos de alta posição. Provavelmente são espíritos caídos que 
	tinham antes um alta posição no Céu e agora mantêm uma posição semelhante 
	entre as hostes de anjos caídos. “Contra os príncipes das trevas deste 
	século” ou, como alguém traduziu: “contra os dominadores mundiais destas 
	trevas”. Os espíritos malignos têm um domínio especial nesta terra e não 
	estão dispostos a serem expulsos das suas posições, não há nenhuma parte do 
	globo para onde a sua influência não se tinha estendido. Regem nas “trevas”. 
	A escuridão é o elemento em que trabalham e o resultado que produzem. 
	Produzem confusão, ignorância, crime, terror e todas as formas de miséria. 
	Contrastam-se com os filhos de DEUS, que são filhos da luz e vivem no 
	elemento de conhecimento, pureza, paz, alegria e santidade. “Contra as 
	hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”. Sua natureza é 
	maligna, sua comissão é maligna e sua obra é maligna. Estamos assentados com 
	CRISTO “em lugares celestiais”, mas mesmo ali não estamos isentos do 
	conflito. Assim como Satanás penetrou o Céu para acusar Jó (Jó 1), também 
	penetra os “lugares celestiais” da experiência espiritual para nos atacar. 
	II - Seja Armado para o Conflito! (Ef 6.13-17) 
	“Portanto, tomai toda a armadura de DEUS, para que possais resistir no dia 
	mal e, havendo feito tudo, ficar firmes”. A armadura do cristão não é para 
	um desfile, nem é uniforme de gala para festas. O inimigo precisa ser 
	enfrentado. O que é o “dia mal”? É o dia em que as forças do mal atacam. 
	Também é mal por causa da possibilidade de derrota. A armadura inteira de 
	DEUS inclui: 
	1. O cinturão da verdade. “Estai, pois, firmes, tendo cingido os vossos 
	lombos com a verdade”. O cinturão conservava a armadura no lugar apropriado, 
	dando força e liberdade de ação. A verdade se refere aqui em seu sentido 
	compreensivo, e significa honestidade e sinceridade, em contraste com o 
	fingimento, a leviandade, a hipocrisia e o erro, porque estas coisas 
	dissolvem as forças espirituais e nos debilitam para a nossa batalha contra 
	o pecado e o diabo (cf. Tt 1.2; Jo 8.44). Não pode haver genuína força de 
	caráter sem sinceridade e honestidade. 
	2. A couraça da justiça. O peito desprotegido da nossa própria justiça não 
	desviará os dardos malignos do inimigo. Se, porém, apelamos à justiça de 
	CRISTO, que é imputada àqueles que nEle crêem, seremos invulneráveis. Quando 
	o inimigo sibila: “Veja quão miseravelmente você fracassou!”, podemos 
	responder: “É verdade, mas veja quão gloriosamente CRISTO triunfou”. Quando 
	ele zomba: “Você está amaldiçoado com a maldição da Lei quebrada”, podemos 
	responder: “CRISTO nos redimiu da maldição da Lei”. Quando ele insinua: 
	“Depois de todas as suas aspirações pela santidade, ainda é um pecador”, 
	podemos responder: “Mas o sangue de JESUS CRISTO, seu Filho, nos purifica de 
	todo o pecado” (ver Ap 12.10,11). 
	3. Sapatos de preparação. “Calçados os pés na preparação do Evangelho da 
	paz” (cf. Is 52.7). Nossos pés devem ser calçados com a disposição de 
	enfrentar o inimigo. A sandália romana tinha pregos embaixo, a fim de 
	firmar-se em terreno escorregadio ou inclinado. Assim também a paz de 
	espírito, que é o fruto do Evangelho, nos conservará firmes em cada 
	emergência. Nesses dias de tensões e confusão, DEUS não nos deixará deslizar 
	para a depressão e descrença. Estude a experiência daquele santo homem no 
	Antigo Testamento cujos pés quase resvalaram (SI 73). 
	4. O escudo da fé. “Com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do 
	maligno”. Nas guerras daqueles tempos, flechas com pontas de matérias 
	inflamáveis acesas eram atiradas para dentro das cidades, a fim de incendiar 
	as suas construções. Há coisas dentro de nós que atraem os dardos 
	inflamados: desejos, apetites, paixões e concupiscências que guerreiam 
	contra a alma e que só precisam de um toque de fogo para flamejar como 
	barris de alcatrão, produzindo fumaça negra e espessa que escurece os céus. 
	Como é que a fé nos protege? Porque representa a confiança naquEle que é 
	mais forte que o diabo e que pode nos dar poder para conquistar. Por 
	exemplo, aquele que crê plenamente nas promessas contidas em 1 Coríntios 
	10.13 e Hebreus 2.18 é grandemente fortalecido contra a tentação (cf. Gn 
	15.1; SI 56.3,4,10,11; Pv 18.10; 2 Co 1.24; 4.16- 18; Hb 6.17,18; 11.24-34; 
	1 Pe 5.8,9). 
	5. O capacete da salvação. Se possuímos conscientemente a verdadeira 
	salvação e estamos desfrutando dela, passaremos sem danos por tentações que, 
	em outras circunstâncias, poderiam nos derrubar. A taça cheia não tem lugar 
	para veneno. O olho que está contemplando as distantes montanhas brancas não 
	vê as imundícies e frivolidades em derredor. Aquele que tem as primícias da 
	felicidade eterna não as abandonará facilmente para os prazeres 
	momentâneos do pecado. 
	6. A espada do ESPÍRITO. “E a espada do ESPÍRITO, que é a palavra de DEUS”. 
	As outras partes da armadura eram defensivas, essa é usada para o ataque e a 
	defesa. A Palavra de DEUS é descrita como sendo uma espada, porque penetra 
	todos os disfarces do erro e porque desnuda “as ciladas do diabo”. Essa arma 
	foi usada por CRISTO durante a sua grande tentação. E continua sendo a única 
	arma de ataque do crente. Seja qual for a forma da tentação, para nos levar 
	ao desespero, descrença, cobiça, orgulho, ódio ou mundanismo, pode ser 
	destruída e vencida por um “assim diz o Senhor”. A Palavra de DEUS tem o 
	propósito de ajudar na batalha contra o mal, e aquilo que foi escrito com 
	respeito ao Messias (Is 49.2) pode ser um atributo de cada cristão - “com o 
	sopro dos seus lábios matará o ímpio” (Is 11.4). 
	III - Enfrente o Conflito com Oração! (Ef 6.18-20) 
	Embora a oração tivesse sido subentendida nas exortações acerca da armadura, 
	agora é mencionada com clareza (vv. 18-20). A oração que é necessária tem 
	seis características: 
	1. Múltipla. ‘Toda oração” significa todos os tipos de oração - secreta, 
	pública, em alta voz, silenciosa, breve, prolongada. 
	2. Incessante. “Orando em todo o tempo”. Como podemos “orar sem cessar”? É 
	possível cultivar uma atitude de oração tal, que possa erguer o coração a 
	DEUS em qualquer momento do dia. 
	3. Espiritual. “Orando... no ESPÍRITO” (cf. Rm 8.26; Jd 20). Podemos 
	distinguir três graus de oração; primeiro, meramente repetir orações, que 
	não têm poder de comover DEUS nem os homens; segundo, o orar com intensidade 
	e sinceridade - o que comove DEUS e os homens; terceiro, o grau mais alto de 
	oração é atingido quando o ESPÍRITO SANTO está orando através da pessoa. 
	4. Com vigilância. “E vigiando nisso” - contra a formalidade, a negligência 
	e o esquecimento. Vigiando, também, pela resposta, assim como alguém aguarda 
	uma carta importante. 
	5. Perseverante. “Com toda perseverança” (cf. Mt 15.21-28). 
	6. Compreensiva. “Por todos os santos”. Este é um dos grandes objetivos de 
	se agrupar todos os santos em um só corpo, a Igreja, a fim de que sejam 
	sustentados na guerra e no serviço, por orações uns pelos outros, e 
	protegidos de deslizes, enfermidades e pecados mortíferos. Paulo nunca se 
	sentia tão forte que pudesse passar sem as orações e ajuda de outros (vv. 
	19,20). Pede oração até o fim, para que o seu cativeiro não lhe fizesse 
	perder a liberdade e a coragem quanto ao falar. 
	IV - Ensinamentos Práticos 
	1. Não arredando pé. Ao aceitar o Senhor JESUS CRISTO como Salvador e 
	Mestre, aceitamos uma posição destacada em prol da retidão e do serviço 
	consagrado. Há, porém, muitas influências no mundo que, se possível, nos 
	levariam a duvidar, e então abandonar a nossa posição. Por isso as 
	exortações: “Fortalecei-vos”; “Estai, pois, firmes”. Temos que ser 
	perseverantes em seguir a CRISTO (Jo 8.31). O guerreiro cristão tem que 
	dizer: “Estou resoluto em perseverar até ao fim’'. Somos admoestados a ser 
	firmes e inabaláveis na obra do Senhor (1 Co 15.58). Estamos oprimidos pelo 
	senso de fracasso em nosso serviço ao Senhor? A verdade é que todo 
	trabalhador bem-sucedido passou pela mesma experiência. Continue avançando! 
	Devemos conservar com firmeza a fé (Cl 2.5; 1 Pe 5.9; Jd 3). Enquanto tantas 
	doutrinas falsas são semeadas em derredor, devemos ficar firmes no nosso 
	testemunho (Hb 4.14; 10.23). Dar testemunho frequentemente é uma fonte de 
	fortaleza espiritual. Cada vez que testificamos, estamos firmando a nossa 
	posição na rocha. A aflição testa o nosso poder de ficar firmes (Rm 
	8.35-37). Podemos ainda conservar a vitória quando as coisas não estão indo 
	bem? Se podemos, estamos fortes no Senhor. E um assunto severo e implacável 
	este de ficar em pé no meio de ataques e tentações! Tiremos inspiração 
	daqueles que foram à nossa frente. Lembre-se de Calebe, que resolveu avançar 
	quando a maioria estava contra ele (Nm 14.6,24). Pode ser que tenhamos de 
	tomar posição firme, porque a expressão “todos fazem assim” não faz com que 
	algo seja necessariamente correto. Pense em Josué, que ficou resoluto de que 
	ele e a sua casa serviriam ao Senhor (Js 24.15), sem levar em conta o que os 
	outros fariam. Fiquemos emocionados e admirados ao pensar na coragem dos 
	três jovens hebreus que foram fiéis a DEUS até o ponto de enfrentar a morte 
	(Dn 3.18). Pense em Daniel que ficou firme na sua vida de oração, mesmo 
	quando assim arriscava perder tudo (Dn 6.10). Por que não foi comido pelos 
	leões? Não conseguiram enfrentar sua força de caráter. Precisamos de muita 
	força de caráter espiritual nesses dias. Consideremos, acima de tudo, o 
	nosso Mestre divino (Lc 9.51). Enfrentando as tentações para tomar a saída 
	fácil, tomou a intrépida resolução de ir ao Calvário, e assim tornou-se o 
	nosso Salvador. O ficar firme não somente galga a aprovação divina, mas 
	também traz a sua própria recompensa na forma de um aumento de força. Os 
	peles-vermelhas acreditam que as forças dos inimigos mortos na luta passavam 
	para os vencedores; assim, cada tentação resistida e cada conflito vencido 
	fortalece os nossos músculos espirituais. Notemos que Paulo não menciona 
	nenhuma armadura para as costas; não existe a alternativa de fugir do 
	inimigo. 
	2. Preparando-se para o inesperado. A vida cristã inteira é uma guerra, mas, 
	como em todas as guerras, há dias de calma e dias de ataques. O “dia mau” na 
	guerra espiritual é aquele que especialmente ameaça o nosso caráter moral e 
	espiritual. O dia mau de José veio quando ele foi tentado, mas resistiu 
	vitoriosamente; o dia mau de Pedro veio quando estava no pátio do sumo 
	sacerdote, e para ele era duplamente mau, porque negou o seu Mestre. Se 
	fôssemos avisados de antemão que a provação ou a tentação se aproxima, 
	poderíamos vigiar e esperar por ela (Lc 12.39). Infelizmente, essas coisas 
	vêm de modo repentino e nos pegam desprevenidos. Sendo que o dia mau 
	certamente virá, sendo que poderá vir a qualquer tempo, e sendo que é mais 
	provável que virá quando menos esperamos, a prudência exige que estejamos 
	preparados. Como podemos nos preparar? Os soldados se preparam para a guerra 
	ao aprenderem a usar armas em tempos de paz. O guerreiro cristão se prepara 
	para o dia mau pelo exercício constante dos meios da graça. A resistência à 
	tentação repentina é mais vigorosa quando a bondade se torna um hábito 
	arraigado. A pessoa que põe em prática a cada dia os preceitos da Palavra de 
	DEUS é armada para enfrentar um ataque repentino. Aquele cujo deleite é a 
	comunhão com DEUS e cujo coração se ocupa com as virtudes cristãs terá pouco 
	lugar para as sugestões do inimigo. Por outro lado, se a vida de alguém está 
	minada com o mal, o mais suave sopro de vento o derrubará (cf. Mt 7.24-28). 
	Mesmo alguém bastante ocupado nas coisas cristãs e bem-preparado pode ser 
	tentado pelo diabo, mas alguém que não tenha semelhante preparo tentará o 
	diabo. 
	3. A armadura de DEUS. “Revesti-vos de toda a armadura de DEUS”. Noutros 
	trechos é chamada “armas da justiça” (2 Co 6.7) e “armas da luz” (Rm 13.12). 
	A armadura representa aquela santidade da alma que é transmitida pela graça 
	de CRISTO, que nos liberta do mal e nos fortalece para resistir o mal. Por 
	que é chamada de armadura de DEUS? 
	3.1. Somente DEUS pode concedê-la. Os filósofos podem emitir belos 
	sentimentos e preparar códigos de conduta, os psicólogos podem escrever suas 
	preleções de “animação” sobre o sucesso e o viver eficiente. Somente por 
	meio do poder de DEUS, porém, é que o mal pode ser conquistado. O Evangelho 
	não é bom conselheiro; é boas novas - notícias de que JESUS quebrou o poder 
	do pecado. 
	3.2. É a armadura de DEUS porque podemos usá-la somente quando estamos em 
	comunhão com Ele. Ao negligenciarmos os meios da graça, podemos esquecer ou 
	perder certas partes da nossa armadura e assim ficar expostos a feridas 
	pelos dardos do inimigo. Através da oração e do arrependimento, podemos 
	pedir ao Senhor a peça que nos falta. A nossa armadura está completa? 
	3.3. E a armadura de DEUS porque a proteção que dá se deve ao poder de DEUS 
	por dentro. Há algum tempo foi inventado um revestimento que protege o ser 
	humano contra os perigos da eletricidade em alta tensão. A proteção consiste 
	em uma roupa de gaze de bronze, de tecido fino, que cobre inteiramente o 
	corpo e as extremidades, de tal maneira que a corrente, se passar por cima 
	do corpo, somente chegará até a superfície metálica, e de lá será conduzida 
	para fora, sem causar danos. De semelhante maneira, as tentações que apelam 
	à mente e ao coração são neutralizadas pela armadura espiritual do ESPÍRITO 
	de DEUS. A atmosfera é carregada com correntes perigosas do mal, que nos 
	destruiriam, não fosse a nossa proteção com a “força do seu poder”. 
	3.4. É a armadura de DEUS porque CRISTO, o DEUS-homem, foi revestido com ela 
	e com ela derrotou o inimigo. Assim como os soldados aprendem a manejar as 
	suas armas ao olhar os métodos de um veterano, podemos aprender a empregar a 
	armadura de DEUS ao observar como foi usada pelo Capitão da nossa salvação. 
13- CRISTO, O NOSSO EXEMPLO 
	Texto: Filipenses 1 e 2 
	  
	Introdução 
	Paulo, após ter sido preso e mediante o seu apelo a César (At 22— 25), foi 
	levado a Roma para aguardar julgamento ali. Seu estado como prisioneiro não 
	foi pesado naquela ocasião, pois tinha o direito de morar numa casa alugada 
	por ele e de receber as visitas dos amigos. Certo dia, surgiu ali um 
	mensageiro com sinais de ter feito uma longa viagem; era Epafrodito, membro 
	da igreja em Filipos. Tinha trazido uma oferta para o apóstolo. Agradecendo 
	aos filipenses a oferta, Paulo escreveu esta epístola (Fp 4.15-18). Paulo 
	tinha, porém, razões mais sérias para escrever esta epístola. Parece que 
	havia algum defeito na unidade da igreja. Não havia discórdia séria, porque 
	a igreja como um todo estava numa condição de bom crescimento espiritual. 
	Mesmo assim, a harmonia não era perfeita entre alguns dos membros. Parece 
	ter havido alguma diferença de opinião quanto à questão de perfeição cristã 
	(3.15), e os líderes na controvérsia eram duas obreiras cristãs, Evódia e 
	Síntique (4.2). Não havia separação aberta, mas um leve esfriamento estava 
	entrando na atmosfera da igreja. Paulo não denuncia isso, nem sequer 
	repreende, mas procura derreter aqueles primeiros flocos de gelo que estavam 
	surgindo no meio da atmosfera amorosa da igreja em Filipos. Consegue isso 
	por meio de um compassivo apelo ao exemplo de CRISTO. 
	I - O Compassivo Apelo à Unidade (Fp 2.1-4) 
	1. Os motivos para a unidade. Paulo menciona aqueles sentimentos e 
	experiências que devem impulsionar os filipenses a desejar a unidade. 
	(1) “Exortação em CRISTO”. A exortação é um conselho que anima. CRISTO 
	anseia pela unidade do seu povo (Jo 17.11), e esse fato deve ser razão 
	suficiente para o seu povo procurar e conservar a unidade. (2) “Consolação 
	de amor”. Noutras palavras: lembrem-se da fortaleza e consolação que surgem 
	do mútuo amor e não permitam que a falta de união lhes despoje dessa bênção. 
	(3) “Comunhão do Espírito”. A comunhão é o participar juntamente. Já são um 
	em CRISTO porque participam da mesma experiência (1 Co 12.13). Devem, 
	portanto, reconhecer esse fato e viver à altura. (4) “Entranháveis afetos e 
	compaixões”. Se os corações são compassivos, não deve haver dificuldade em 
	manter a unidade. 
	2. O apelo à unidade. “Completai o meu gozo”. Paulo já falou da alegria que 
	deriva da vida e conduta dos filipenses; agora pede que completem essa 
	alegria e vivam em união. Não é que deviam fazer assim apenas para agradar a 
	ele, mas para o próprio bem deles. “Para que sintais o mesmo, tendo o mesmo 
	amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa”. Ter o mesmo sentimento 
	significa ter os mesmos desejos, alvos, pontos de vista, esperanças e 
	temores. Significa trabalhar juntamente em amor para atingir o mesmo 
	propósito. 
	3. Ajudas e obstáculos à unidade. O que os ajudará a atingir e conservar a 
	unidade? 
	3.1. Humildade. “Nada façais por contenda ou por vanglória”. O partidarismo 
	surge do amor às contendas ou do desejo de gratificar o nosso próprio 
	orgulho, e procura suprimir a vontade de outras pessoas. A vanglória é a 
	disposição de pensar que somos importantes, de exigir uma posição de 
	destaque e firmar-nos nela contra as reivindicações de outras pessoas. “Mas 
	por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”. Paulo 
	quer dizer que uma pessoa que vive para servir aos outros e que luta em prol 
	de causas que ajudam ao próximo, ao invés de buscar seus próprios 
	interesses, está se colocando abaixo do seu próximo. Quando, por exemplo, 
	alguém abandona tudo para ir a um país estrangeiro, a fim de pregar o 
	Evangelho, está considerando aqueles estrangeiros mais importantes do que 
	ele próprio. 
	3.2. Altruísmo. “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada 
	qual também para o que é dos outros”. Quando alguém está absorvido em si 
	mesmo, seu coração é fechado contra outras pessoas. Nossos próprios 
	interesses, quando indevidamente ressaltados, produzem barreiras entre nós e 
	outros. Viver para o eu-próprio é a verdadeira raiz do pecado. 
	II - O Exemplo Inspirador de CRISTO (Fp 2.5-11) 
	“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em CRISTO 
	JESUS”. Isso quer dizer que não somente devem seguir o exemplo de CRISTO no 
	que diz respeito à sua conduta exterior, mas também no que diz respeito à 
	sua vida interior. Devem prestar atenção àquilo que prendia a atenção dEle, 
	amar as coisas que Ele amava, odiar as coisas que Ele odiava. Devem ver as 
	coisas do ponto de vista dEle, a atitude dEle deve ser a deles. Mais 
	especialmente, devem seguir o exemplo do humilde servo que revelou ao 
	entregar a si mesmo para a salvação do mundo. Notemos que estes versos 
	declaram as doutrinas fundamentais do Cristianismo: 
	(1) A encarnação, mediante a qual o Filho de DEUS se tornou homem, a fim de 
	que o homem seja feito um filho de DEUS. 
	(2) A expiação, que significa que o Filho de DEUS morreu em prol do homem, a 
	fim de que o homem vivesse para DEUS. 
	1. Sua preexistência. AquEle que nasceu em Nazaré existia previamente num 
	estado mais glorioso. Na eternidade, existia “em forma de DEUS” (Fp 2.6): 
	tinha a mesma natureza de DEUS; “verdadeiro DEUS de verdadeiro DEUS”, 
	conforme diz um antigo credo. Sua existência não começou na ocasião do seu 
	nascimento, nem terminou com a sua morte. 
	2. Sua encarnação. Embora subsistisse em forma de DEUS, “não teve por 
	usurpação ser igual a DEUS. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de 
	servo, fazendo-se semelhante aos homens”. Quando foi comissionado para 
	salvar a raça humana, não considerava a sua natureza divina um motivo para 
	isenção do dever. Livremente deixando de lado por um tempo a sua glória e 
	atributos divinos, trocou a forma celestial de existência por uma forma 
	terrestre, e como Filho de DEUS, tornou-se o Filho do homem. Assim como em 
	certa ocasião deixou de lado as suas vestes externas a fim de lavar os pés 
	dos seus discípulos (Jo 13.3-5), também, por alguns anos, deixou de lado a 
	sua glória externa a fim de purificar do pecado a raça humana. Quando o 
	Filho de DEUS se tornou homem, recebeu o nome para descrever sua missão 
	terrestre: JESUS (Mt 1.21). AquEle que era Mestre de tudo (Cl 1.16) ficou 
	sendo o Servo de todos (Mc 10.45; Lc 22.27). 
	3. Sua humilhação. “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, 
	sendo obediente até à morte e morte de cruz”. Na vinda do Filho de DEUS, 
	havia uma dupla descida: para assumir a natureza humana e para morrer a 
	morte humana. Viveu e morreu humanamente. Não era uma morte comum, era a 
	forma mais vergonhosa e dolorosa da morte — a morte na cruz. Quando o seu 
	corpo foi deitado no túmulo, a descida do Filho do Homem ficou completa. 
	4. Sua exaltação. “Pelo que também DEUS o exaltou soberanamente e lhe deu um 
	nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de JESUS se dobre todo o 
	joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra”. Assim foram 
	cumpridas as próprias palavras de CRISTO: “Aquele que se humilha será 
	exaltado”. E sendo que, no plano final de DEUS, a exaltação está em 
	proporção à humilhação, a exaltação de CRISTO é a maior que existe no 
	Universo, porque a sua própria humilhação foi a mais profunda. Sua 
	recompensa foi a soberania universal, recebendo a adoração de toda criatura 
	(cf. Ap 5.6-14). Humilhou-se sob a poderosa mão de DEUS e, em tempo 
	oportuno, foi exaltado (1 Pe 5.6). 
	III - A Chamada Vigorosa à Atividade (Fp 2.12-14) 
	“De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha 
	presença [não meramente para agradar a mim], mas muito mais agora na minha 
	ausência [para agradar ao Senhor], assim também operai a vossa salvação com 
	temor e tremor, porque DEUS é o que opera em vós tanto o querer como o 
	efetuar, segundo a sua boa vontade”. A expressão “assim” indica que a 
	exortação que se segue é baseada no exemplo do Senhor. Paulo como que diz: 
	“Vosso Senhor e Mestre cumpriu a sua missão e atingiu o seu destino através 
	da obediência [v. 8]; segui nos seus passos e deixai que DEUS faça o que 
	quiser nas vossas vidas”. Nesses versos, temos uma combinação de duas 
	posições que à primeira vista parecem contraditórias: a fé numa salvação já 
	completada, havendo, porém, a necessidade de trabalhar; DEUS trabalhando em 
	nós e, mesmo assim, nós trabalhando da mesma forma; DEUS nos sustentando, e 
	o cristão ainda se desenvolvendo com temor e tremor. Essas declarações 
	realmente representam ambos os lados da nossa salvação, o lado divino e o 
	lado humano, o que nos ensina que a vida cristã é questão de cooperar com a 
	graça divina. 
	1. A salvação já foi efetuada, mas precisa ser desenvolvida. Três fatos 
	devem ser notados. Primeiramente, Paulo está se dirigindo a cristãos que já 
	aceitaram o dom da salvação oferecido por DEUS e que agora estão progredindo 
	na vida cristã. Em segundo lugar, a palavra “salvação” é compreensiva. O 
	cristão foi salvo quando aceitou a CRISTO. Está sendo salvo, no sentido de 
	progredir naquele aspecto de salvação que tem a ver com a vida de santidade. 
	Em terceiro lugar, será salvo quando a vinda do Senhor trouxer consigo o 
	pleno resultado da salvação - a glorificação (Rm 13.11; 1 Pe 1.9,13). Paulo 
	aqui se refere ao aspecto contínuo da salvação que diz respeito ao progresso 
	na vida de santidade, e que trata do assunto de despojar-se do “velho homem” 
	e vestir-se com o “novo homem”. A conversão não é a totalidade da salvação, o 
	convertido precisa continuar a empregar os meios da graça e crescer 
	espiritualmente (cf. 2 Co 9.10; Ef 4.15; Hb 6.1; 1 Pe 2.2; 2 Pe 1.5; 3.18). 
	2. DEUS trabalha em nós, mas nós também temos que trabalhar. O ESPÍRITO de 
	DEUS nos inspira com um desejo de cumprir a vontade de DEUS, e a nós cumpre 
	cooperar com essas inspirações. Tudo que o cristão faz de bom é fruto da 
	operação de DEUS dentro dele e da sua entrega total a DEUS. 
	3. Nossa salvação é certa, porém temos que temer e tremer. As Escrituras 
	ensinam que a nossa salvação é garantida, e que nada nos poderá separar do 
	amor de CRISTO, e que ninguém nos poderá tirar da mão de DEUS. Sem tais 
	promessas, não poderíamos ter a certeza da salvação, a alegria da salvação 
	enquanto permanecemos fiéis. Do outro lado, temos que desenvolver a nossa 
	salvação com temor e tremor. Esse não é um temor que nos atormenta, baseado 
	numa dúvida e incerteza quanto à nossa salvação. Significa um temor sadio e 
	piedoso de fracassar naquilo que DEUS quer de nós, temor este que nos levará 
	a confiar sempre mais nEle e sempre menos em nós mesmos. Esse desenvolver a 
	salvação com temor e tremor significa que a chave da nossa vida será: 
	“Todavia, não eu, mas a graça de DEUS, que está comigo” (1 Co 15.10). “Fazei 
	todas as coisas sem murmurações nem contendas”. Essas palavras se aplicam 
	primariamente à íntima submissão à vontade de DEUS. Enquanto DEUS trabalha 
	dentro de nós, inspirando-nos nos caminhos de santidade e serviço, devemos 
	obedecer à sua orientação e não nos rebelarmos contra Ele no íntimo. Quantas 
	vezes ficamos impacientes por dentro, discutindo com DEUS e procurando um 
	raciocínio para evitar a cruz! Nossa salvação se desenvolve enquanto 
	obedecemos de boa vontade à orientação de DEUS. Num certo sentido, toda a 
	murmuração é contra DEUS (Nm 16.11). Note-se o verso 15. Os filipenses são 
	exortados a exibir suas vidas em contraste com os israelitas que murmuravam 
	(cf. Dt 32.5). 
	IV - Ensinamentos Práticos 
	1. O antídoto ao orgulho. Havia certa falta de harmonia entre os cristãos de 
	Filipos. Paulo sabia que, para se criar harmonia, é preciso humildade de 
	atitudes. Assim como um fogo vai se apagando quando lhe falta combustível, 
	também as disputas e as rivalidades cessam quando acabam as ambições. Quando 
	cada um é disposto a ser o menor, quando cada um quer colocar seus 
	companheiros numa posição mais alta do que a sua própria, então terminam as 
	lutas e o espírito de partidarismo. Como o apóstolo cria essa humildade de 
	mente? Levando seus leitores à cruz, mostrando como JESUS estava disposto a 
	renunciar aos seus direitos a fim de salvar outros. Na cruz, há uma cura 
	para todas as doenças espirituais. Ali somos curados dos nossos pecados, e 
	ali seremos libertados do orgulho e do egoísmo. O Filho de DEUS se dispôs a 
	aceitar posições humildes, a fim de trazer paz à humanidade. Será que seus 
	discípulos ousarão recusar situações de humildade, a fim de promover paz 
	entre os irmãos? 
	2. Outros! Quando pediram ao general Booth um recado a ser transmitido ao 
	Exército da Salvação em todas as partes do mundo, ele telegrafou uma só 
	palavra: OUTROS. Não poderia ter sido escolhida uma palavra melhor para 
	expressar o espírito que deveria animar a vida e o serviço cristãos. 
	Mal-entendidos surgem porque não conseguimos perceber o ponto de vista do 
	nosso próximo. Sem querer, magoamos intimamente outras pessoas porque 
	deixamos de levar em consideração os seus direitos e os seus sentimentos. 
	Muitos males são praticados porque não pensamos. Frequentemente fazemos uma 
	crítica injusta por não nos colocarmos na situação de outros. Se o egoísmo 
	fosse removido deste mundo, teríamos mais felicidade do que conseguiríamos 
	absorver. 
	3. A mente de CRISTO. Somente à medida que temos a mente de CRISTO, podemos 
	realmente representá-lo diante do mundo. Há alguns anos, irmãos humildes 
	foram ao ministro do rei da Dinamarca para pedir permissão de ir pregar o 
	Evangelho aos negros da ilha de São Tomé. O ministro lembrou-lhes que 
	aqueles negros eram escravos, e que os escravos não confiariam neles, 
	considerando que eram da raça dominadora. Os irmãos responderam: “Vamos nos 
	vender como escravos por um período de tempo, a fim de ficarmos no mesmo 
	nível com aqueles que queremos ajudar; olharemos nos olhos deles e 
	contar-lhes-emos acerca do amor do Pai e do sacrifício de CRISTO, 
	erguendo-os para os privilégios dos Filhos de DEUS”. Esses irmãos tinham a 
	mente de CRISTO. O que não aconteceria se a Igreja inteira possuísse esse 
	mesmo espírito! 
	4. A obediência é o caminho para a humildade. Há pessoas que escolhem 
	métodos estranhos na tentativa de se humilhar. Há monges que se chicoteiam 
	cada noite para se tornar humildes. Outras pessoas adotam um tom de 
	humildade e falam com desprezo acerca de si mesmas, e, em muitos casos, tudo 
	não passa de uma máscara para o orgulho. JESUS não inventou nenhum método 
	para tornar-se ridículo; não vestiu nenhuma roupa especial para chamar a 
	atenção à sua pobreza. O meio de o Senhor se humilhar foi através da 
	obediência! Nenhuma forma de humildade se compara à obediência. “Obedecer é 
	melhor do que sacrifício, e escutar do que a gordura de carneiros”. 
	5. Desenvolvendo o que DEUS operou. Quando certo ministro estava visitando a 
	Califórnia, foi levado para ver um vale fértil cheio dos frutos mais 
	suculentos e de flores encantadoras. Havia menos de dez anos, conforme 
	explicou o anfitrião, o vale era completamente seco e deserto. Foi tudo o 
	resultado da atividade de certo homem. Viu que o solo poderia ser levado a 
	produzir, comprou o vale inteiro e, com grandes despesas, canalizou água 
	para lá. Comprando sementes apropriadas, entregou-as a agricultores, dividiu 
	os terrenos entre eles, contou-lhes os seus planos e disse: “Aqui estão as 
	sementes; aqui temos água, ali está a terra: vão trabalhando o meu 
	propósito”. Conosco DEUS agiu de semelhante maneira. Preparou o terreno do 
	nosso coração, plantou ali a semente da vida eterna e aguou-a com o ESPÍRITO 
	SANTO, a água da vida. Essa é a parte que cabe a Ele. Agora Ele nos diz: 
	“Operem o meu propósito”. Qual é o propósito? (ver Fp 2.15,16; Ef 2.10). 
	6. “Desenvolvei... com temor e tremor”. A salvação é uma posse tão preciosa 
	que devemos ter o cuidado de não a negligenciar. Disse Spurgeon: “Ninguém é 
	tão cauteloso como aquele que possui a plena certeza da salvação, ninguém 
	tem tanto temor santo de pecar contra DEUS, nem anda tão cuidadosamente, 
	como aquele que possui a plena certeza da fé”. 
	  
	  
	14- A CORRIDA CRISTÃ 
	Texto: Filipenses 3 
	  
	Introdução 
	Os mesmos judaizantes, cujas atividades são referidas nas epístolas aos 
	coríntios e aos gálatas, procuraram infiltrar-se na igreja de Filipos. Contra 
	eles, o apóstolo adverte os filipenses em linguagem severa (Fp 3.1-3). A fim 
	de impressionar os crentes gentios, os judaizantes jactavam-se da sua 
	nacionalidade judaica, da sua conexão com a igreja em Jerusalém e da sua 
	observância escrupulosa da lei de Moisés. Paulo se refere à sua própria 
	experiência, ao tempo quando ele, como os judaizantes, vivia na nuvem da sua 
	própria retidão. Se a justiça fosse questão de descendência natural, de 
	privilégios herdados e de observâncias legais, então Paulo teria tanto 
	assunto de jactância quanto esses ensinadores (vv. 4-6). Quando, porém, a 
	glória de CRISTO se revelou a Paulo, o brilho e os privilégios do judaísmo 
	se desvaneceram como o cintilar das estrelas desaparece diante do esplendor 
	do Sol. Como Wesley, Paulo podia dizer: 
	“Meus ganhos mais ricos considero como perda”. O apóstolo tivera alegria em 
	lançar fora todas as vantagens da alta posição no judaísmo, a fim de atingir 
	o que havia de mais precioso no Universo - a pessoa de CRISTO. Não se 
	despojara de todas as ambições, mas fizera a sua ambição seguir a direção 
	certa. 
	I - A Santa Ambição (Fp 3.8-11) 
	1. Ganhar CRISTO. Paulo considera os seus privilégios anteriores como 
	refugo, ou lixo. Todas as coisas juntas são lixo e escórias comparadas com o 
	único desejo de Paulo: ganhar o próprio CRISTO. O que significa ganhar 
	CRISTO? Significa estar em comunhão com Ele e ter a sua presença na alma. 
	Significa ser vinculado a Ele como nossa Cabeça, ser enxertado nEle como 
	nossa Videira (Jo 15.1), ser casado com Ele como nosso Noivo (2 Co 11.2), 
	ser edificado sobre Ele como nossa Pedra Fundamental. Ser achado “em CRISTO” 
	é estar sob o seu controle, cuidado e proteção. 
	2. Possuir a retidão de DEUS. Quando Paulo teve uma visão de CRISTO no 
	caminho para Damasco, ficou convicto de que era um pecador e que a sua 
	justiça própria não passava de trapos imundos (Is 64.6), insuficiente para 
	vestir a alma diante do olhar de DEUS, que a tudo perscruta. O Senhor, 
	porém, lhe deu uma justiça que aguentaria o teste da eternidade - a justiça 
	de DEUS imputada à pessoa que realmente confia em CRISTO para a salvação. 
	Somos considerados justos porque o nosso Representante é justo. 
	3. Conhecer a CRISTO. “Para conhecê-lo”. Paulo não fala aqui de conhecimento 
	intelectual, mas sim, em conhecimento baseado na experiência. Há uma grande 
	diferença entre realmente conhecer a CRISTO e meramente saber acerca dEle. 
	Assim como se sabe o gosto da comida ao comê-la, assim também conhecemos a 
	CRISTO ao recebê-lo 
	4. Experimentar o poder da sua ressurreição. O poder da sua ressurreição é o 
	poder que nos vivifica espiritualmente (Ef 2.1-5; Rm 6.4; Cl 3.1). Houve um 
	tempo em que a nossa alma estava morta, como o corpo de CRISTO no túmulo de 
	José. Mas o mesmo ESPÍRITO que ressuscitou CRISTO da morte vivificou as 
	nossas almas e lhes deu vida. E aquele mesmo ESPÍRITO dará vida a nossos 
	corpos mortais na ressurreição (Rm 8.11). 
	5. Comungar com seus sofrimentos. As palavras significam que é um 
	privilégio, e não uma calamidade, participar dos sofrimentos de CRISTO. Não 
	podemos, é certo, sofrer de modo expiatório como sofreu JESUS, não podemos 
	sofrer e nos sacrificar para o bem do nosso próximo (Mt 20.22,23; Cl 1.24). 
	Os sofrimentos por amor a CRISTO nos levam a ter estreita comunhão com Ele, 
	porque o vínculo mais estreito que existe entre as pessoas é a simpatia que 
	provém de sofrerem juntas. 
	6. Conformidade com sua morte. Ser conformado com a morte de CRISTO 
	significa ser tão inspirado pelo seu Espírito, a ponto de estar disposto a 
	dar a sua vida, se necessário, por amor a Ele (Lc 14.25-27). 7. Alcançar a 
	ressurreição dentre os mortos. Paulo se refere à ressurreição daqueles que 
	morreram em CRISTO, que serão ressuscitados antes daqueles que morreram sem 
	Cristo (Ap 20.4,5; 1 Ts 4.15-17; Ap 20.11-15). 
	II - O Progresso Espiritual (Fp 3.12-14) 
	Paulo, embora seja muito rico em posses espirituais, em certo sentido ainda 
	não atingiu tudo quanto CRISTO tem para ele. Ao invés de viver na base de 
	experiências do passado, está olhando para um objetivo supremo, 
	esforçando-se para chegar àquilo que é a culminância da sua vida e 
	ministério. Informa-nos que as seguintes atitudes são necessárias ao 
	progresso espiritual 
	1. Humildade. “Não que já a tenha alcançado ou que seja perfeito”. O 
	apóstolo sabia que demasiada confiança nas experiências de sucesso do 
	passado muitas vezes é inimiga do progresso futuro. Aqueles que são tentados 
	a pensar que possuem tudo quanto DEUS tem para eles devem notar como Paulo 
	humildemente confessa a sua imperfeição. Os cristãos mais experimentados e 
	adiantados são os mais humildes. Quanto mais perto as pessoas ficam de 
	CRISTO, mais sentem a sua própria falta de merecimento. Quanto mais perto 
	ficamos de uma luz brilhante, mais evidentes ficarão as mínimas manchas em 
	nossas roupas. Aqueles que falam e agem como se fossem perfeitos, sem mancha 
	alguma, são bons demais para serem verdadeiros. 
	2. Perseverança. “Mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também 
	preso por CRISTO JESUS”. CRISTO apareceu a Paulo na estrada de Damasco, 
	tirou-o da direção errada, mudou a sua vida e deu-lhe uma visão do 
	ministério cristão. JESUS conquistou Paulo visando um propósito; a ambição 
	suprema de Paulo era cumprir aquele propósito (At 26.19). 
	3. Concentração. “Mas uma coisa faço” (cf. SI 27.4; Lc 10.42). A dissipação 
	de energias é fatal para qualquer trabalho. A concentração é necessária ao 
	sucesso. Todos os poderes da alma devem ser unidos sob a liderança de algum 
	propósito supremo. 
	4. Sábio esquecimento. “Esquecendo-me das coisas que atrás ficam”. Os 
	pecados do passado devem ser confessados, e as injustiças, corrigidas na 
	medida do possível. Não devemos, porém, remoer o passado. Lá algumas coisas 
	precisam ser esquecidas, se é que vamos fazer progresso no futuro. Vamos 
	aprender as lições que DEUS quer nos ensinar com os fracassos do passado — e 
	depois vamos esperar vitórias futuras. 
	5. Atividade incansável. “Avançando”. Em certos aspectos, a vida cristã pode 
	ser comparada ao andar de bicicleta - não caímos enquanto continuarmos 
	pedalando. “Porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis” (2 Pe 1.10). 
	III - A Perfeição Cristã (Fp 3.15,16) 
	“Pelo que todos quantos já somos perfeitos, sintamos isto mesmo”. A palavra 
	“perfeito” aqui significa aqueles que são crescidos ou maduros, em contraste 
	com as criancinhas (1 Co 3.1,2), o que expressa não a perfeição cristã, mas 
	uma certa maturidade na experiência cristã. Paulo como que diz: “Aqueles que 
	são crentes adultos tenham estas convicções”. Quais convicções? (Ver vv. 
	8-13.). A palavra “perfeito” no verso 12 é diferente daquela no verso 15, que 
	quer dizer “aperfeiçoados”, ou seja, no limite da perfeição. Aqueles que são 
	“perfeitos” (espiritualmente adultos) devem avançar para a perfeição. “E, se 
	sentis alguma coisa doutra maneira, também DEUS vo-lo revelará”. Noutras 
	palavras: “Se alguns entre vocês têm um ponto de vista diferente acerca 
	deste ensino de perfeição, se alguns estão satisfeitos consigo mesmos quanto 
	ao seu progresso espiritual e estão cegos quanto a alguns defeitos no seu 
	caráter, se alguns estão enganados com respeito à sua perfeição, DEUS lhes 
	mostrará o que não conseguem ver”. Notemos, porém, a condição: “Andemos 
	segundo a mesma regra”. DEUS revelará à pessoa quais coisas estão erradas na 
	sua vida, na condição de que continue firmemente no caminho que conhece ser 
	certo. Um automóvel precisa estar em movimento antes de ser dirigido à 
	esquerda e à direita; uma pessoa precisa estar avançando no Senhor a fim de 
	ser guiado por Ele. “Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor” (Os 
	6.3). 
	IV - Uma Advertência Solene (Fp 3.17-19) 
	Nos versos 1-4, Paulo adverte seus leitores contra um erro do lado judaico, 
	a saber, o legalismo, que é submeter a vida à escravidão das leis de Moisés. 
	Nos versos 17-21, adverte-os contra o perigo do lado pagão, a saber: a 
	frouxidão moral. “Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, 
	segundo o exemplo que tendes em nós” (cf. 1 Co 11.1; Rm 16.17). O que deviam 
	imitar? Nos versos 7-13, lemos que Paulo não tinha confiança no seu 
	eu-próprio, que estava disposto a sacrificar todas as coisas por CRISTO, que 
	reconhecia a sua própria imperfeição e que estava grandemente desejoso para 
	avançar com o Senhor. Sua advertência é necessária, porque há aqueles que 
	tomam uma atitude diferente. São “inimigos da cruz de CRISTO”, não por causa 
	de qualquer hostilidade da parte deles, mas por causa das vidas que vivem. 
	Interessam-se mais em satisfazer os seus apetites do que servir a DEUS (“o 
	deus deles é o ventre”) e jactam-se das liberdades que tomam na 
	licenciosidade e vidas impuras (2 Pe 2.19). “Só pensam nas coisas terrenas” 
	- alegam estar no caminho do Céu, mas amam as coisas mundanas; “o destino 
	deles é a destruição”. Contraste com o verso 14. 
	V - O Futuro Glorioso (Fp 3.20,21) 
	Aqueles homens vivem para as coisas da terra, mas “a nossa cidade está nos 
	céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor JESUS CRISTO”. Alguém 
	interpretou: “Mas a nossa cidade está nos céus”. Filipos era uma colônia 
	romana, ou seja, uma cidade tendo os mesmos direitos que um território 
	romano e cujos habitantes eram cidadãos romanos, com os nomes registrados em 
	Roma. De semelhante maneira, a igreja em Filipos era uma colônia do Céu, 
	vivendo a vida celestial e tendo os seus nomes registrados no Céu. A pátria 
	dos cristãos é o Céu. Os imperadores romanos às vezes visitavam as 
	províncias. Paulo aqui imagina os cristãos esperando que seu divino 
	Imperador atravesse a expansão azul para visitá-los. “Donde também esperamos 
	o Salvador, o Senhor JESUS CRISTO”. A palavra “esperar” dá a ideia de 
	expectativa ansiosa; é como a sentinela nos muros de uma cidade sitiada, 
	cujos olhos constantemente procuram o avanço do exército que trará alívio. 
	Os falsos cristãos mencionados nos versos 18 e 19 provavelmente raciocinavam 
	da seguinte maneira: este corpo, afinal, é da terra, fraco e perecível; 
	quanto mais cedo nos vermos livre dele, melhor. Não importa o que fazemos 
	com o corpo — os atos externos não afetam a alma (havia seitas naqueles dias 
	que realmente ensinavam assim). A resposta de Paulo é que o Salvador 
	vindouro “transformará o nosso corpo abatido [o corpo que é vinculado à 
	nossa imperfeita existência terrestre], para ser conforme o seu corpo 
	glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as 
	coisas”. Muito longe de ser desprezível, o corpo é o templo do ESPÍRITO 
	SANTO (1 Co 6.19,20), e é tão precioso aos olhos de DEUS que será 
	ressuscitado e glorificado (1 Co 6.14). 
	VI - Ensinamentos Práticos 
	1. Perda e ganho. “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por CRISTO”. 
	A verdadeira religião nos faz transbordar de entusiasmo, mas ao mesmo tempo 
	a sua verdade pode suportar o exame mais severo e calmo. O Senhor disse 
	àqueles que queriam ser discípulos que contassem o custo. Não queria que as 
	pessoas o seguissem por algum impulso, para então deixá-lo quando o caminho 
	se tomasse duro. Paulo nos diz que, depois da sua experiência na estrada de 
	Damasco, calculou o custo. Fez uma lista dos seus privilégios e vantagens, e 
	declarou o resultado desse cálculo nas seguintes palavras: “Mas o que para 
	mim era ganho reputei-o perda por CRISTO”. Quando escreveu essa carta aos 
	filipenses, já haviam se passado vinte anos. Ele ainda pensa que vale a pena 
	ser cristão. Responde: “E, na verdade, tenho também por perda, todas as 
	coisas, pela excelência do conhecimento de CRISTO JESUS meu Senhor”. Está 
	ainda mais convicto de que conhecer a CRISTO é a melhor coisa no Universo. 
	Quando recebemos a CRISTO, Ele valia mais do que tudo para nós, e a salvação 
	da nossa alma valia mais do que ganhar o mundo inteiro. Ainda encaramos 
	assim o assunto? 
	2. “Para conhecê-lo Paulo fala, não do conhecimento biográfico, mas do 
	conhecimento pessoal, baseado na experiência. Assim como alguém conhece a 
	felicidade do amor nupcial ao experimentá-la, e a beleza da música ao 
	ouvi-la, e o brilho do dia ao vê-lo, assim também conhecemos a CRISTO ao 
	ganhá-lo para nós. Fatos espirituais devem ser possuídos antes de serem 
	realmente conhecidos. A salvação é realmente conhecida quando submetida à 
	prova. O que foi dito acerca do nome misterioso (Ap 2.17) também pode ser 
	dito acerca do Doador: “o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe”. 
	3. “A comunhão dos seus sofrimentos Sofrer para CRISTO é sofrer com CRISTO, 
	e neste pensamento podemos achar forças para suportar qualquer tristeza que 
	possa nos atacar por sermos cristãos. E, se fazemos com que os sofrimentos 
	dEle sejam os nossos sofrimentos, Ele fará com que os nossos sofrimentos 
	sejam os sofrimentos dEle. Quando Paulo estava perseguindo a Igreja, ficou 
	sabendo que CRISTO sofre juntamente com aqueles que sofrem por Ele (At 9.4). 
	Não somente podemos ter a certeza da sua simpatia, mas também “se sofrermos, 
	também com ele reinaremos” (2 Tm 2.12). Aqueles que carregam a sua cruz 
	terão uma coroa. 
	4. Avançando com o Senhor (v. 12). “Sei que o Senhor colocou a sua mão sobre 
	mim”; essa expressão, tirada de uma canção espiritual dos negros, é um modo 
	expressivo de descrever como CRISTO trata com a alma na conversão. O Senhor 
	coloca a sua mão sobre uma pessoa para o seu propósito, mas esse propósito 
	não pode ser realizado na vida, a não ser que a pessoa estenda a mão para 
	segurá-lo. O Senhor JESUS oferece a vida eterna, e a nós cabe “tomar posse 
	da vida eterna” (1 Tm 6.12). Paulo, tendo recebido a salvação, vai 
	prosseguindo com Ele. Qual declaração se aplica a nós: “Mas a vereda dos 
	justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia 
	perfeito” (Pv 4.18), ou: “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda 
	necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros 
	rudimentos das palavras de DEUS” (Hb 5.12)? Estamos cumprindo o propósito 
	para o qual CRISTO nos salvou? 
	5. “Mas uma coisa faço ”. Se queremos furar um buraco, fazemos um aponta 
	aguda. Da mesma forma, se queremos avançar na vida cristã, precisamos ter 
	uma ponta aguda em nossas vidas, feita por meio de concentrar as nossas 
	energias numa única tarefa suprema. A diferença entre um amador e um 
	profissional é que o amador se dedica ao assunto como passatempo, enquanto o 
	profissional faz do assunto o seu negócio. O cristão vitorioso é aquele que 
	faz do Cristianismo a sua vida total. Somos amadores ou verdadeiros artistas 
	na vida espiritual? 
	6. Lembre-se e esqueça-se. “Esquecendo-me das coisas que atrás ficam”. Qual 
	deve ser a nossa atitude para com os fracassos do passado? Em primeiro 
	lugar, vamos nos lembrar deles, a fim de evitar que pratiquemos o mesmo erro 
	ou cometamos o mesmo pecado. Se o diabo colocou uma emboscada para nós em 
	certo caminho, lembremo-nos do local para evitá-lo! Por outro lado, devemos 
	nos esquecer dos nossos fracassos no sentido de recusar-nos a deixar que a 
	lembrança nos leve ao desânimo. Os fracassos do passado não devem paralisar 
	os sucessos do futuro. Se somos tentados a desistir por causa de fracassos 
	repetidos, lembremo-nos das palavras de Paulo: “Esquecendo-me das coisas que 
	atrás ficam”. E boa ideia esquecer-nos dos nossos sucessos e virtudes 
	também, para evitar que fiquemos orgulhosos e cheios de confiança em nós 
	mesmos 
	7. Vivendo à altura daquilo que cremos. “Mas, naquilo a que já chegamos, 
	andemos segundo a mesma regra e sintamos o mesmo”. Assim como um trem 
	precisa de trilhos sobre os quais avança, assim também o homem precisa de 
	crenças específicas para dirigi-lo para o seu destino eterno. Essas crenças 
	se acham nas Escrituras. Estão ali, no entanto, não apenas para que 
	adquiramos conhecimento, mas a fim de que façamos a vontade de DEUS. Devemos 
	andar na luz daqueles conhecimentos que já atingimos. A melhor maneira de 
	testar a utilidade de uma ferramenta é fazer uso dela. A melhor maneira de 
	testar a veracidade das doutrinas das Escrituras é agir de acordo com elas. 
	“Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se 
	ela é de DEUS” (Jo 7.17). Se alguém tiver dúvidas honestas com respeito à 
	Bíblia, mas aceitar experimentar a prática de tudo aquilo que a Bíblia 
	recomenda, logo descobrirá que o Evangelho funciona. E aqueles que já estão 
	no caminho cristão fariam bem se meditassem as seguintes palavras: “Viva o 
	seu credo, e descobrirá e acreditará nele muito mais do que antes”. As 
	verdades espirituais se nos tornam reais à medida que agimos à altura deles. 
	8. A cidadania celestial. Filipos era uma colônia de Roma. Paulo deu a 
	entender, figurativamente, que a igreja de Filipos era uma colônia do Céu. 
	Quais eram os privilégios da cidadania romana? A segurança, a comunhão, a 
	liberdade. Privilégios, no entanto, acarretam consigo responsabilidades. 
	Quais eram os deveres da cidadania romana? Sustentar a reputação da cidade, 
	defender os seus interesses; estender a autoridade dela, manter as 
	instituições dela. Como membros do Reino de DEUS, desfrutamos da segurança, 
	da comunhão e da liberdade do Evangelho. Somos, porém, salvos para servir. 
	Torna-se nosso dever, portanto, viver dignamente no Reino de DEUS, defender 
	a fé, estender a autoridade de DEUS mediante a evangelização e manter as 
	suas instituições mediante as nossas ofertas. 
	 
15- A VIDA CRISTÃ FELIZ 
	Texto: Filipenses 4 
	  
	Introdução 
	A última lição a ser tirada do capítulo anterior (Fp 3) é que a nossa pátria 
	está nos Céus, e que, portanto, devemos viver uma vida santa enquanto 
	aguardamos a vinda do nosso Rei celestial. Essa exortação é seguida por um 
	apelo à firmeza (4.1), à união (4.2) e ao apoio aos obreiros cristãos. O 
	presente capítulo se compõe de uma série de exortações que indica qual é a 
	atitude ou mentalidade do cristão vitorioso. Deve ser um homem de 
	mentalidade alegre, tendo paz de espírito, uma mente santa e uma atitude de 
	contentamento. 
	I - A Mente Alegre (Fp 4.4) 
	“Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos”. Esse 
	verso soa a nota principal da epístola inteira, na qual abundam as palavras 
	“alegria” e “alegrar se”. E o que há de maravilhoso nisso é que a epístola 
	foi escrita enquanto o apóstolo estava na prisão. Dessa forma, a exortação 
	comunica o pensamento de que há triunfo no meio de circunstâncias 
	contrárias. 
	1. O dever da alegria. Se DEUS ordena que fiquemos alegres, não temos 
	escolha no assunto. Quando DEUS manda, Ele dá a capacidade para a 
	obediência; deu-nos o seu ESPÍRITO, e o fruto do ESPÍRITO é alegria. Devemos 
	nos alegrar para o próprio bem da nossa obra. A alegria nos dá vigor. “A 
	alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10). Devemos alegrar-nos por amor 
	ao nosso próximo; nossa alegria será como a luz do Sol para outras pessoas. 
	Nossa tristeza só serviria para fazer outras pessoas se sentirem infelizes. 
	Ficaremos mais ricos em alegria ao reparti-la com outros; ficaremos mais 
	pobres em tristeza se a guardarmos só para nós. A alegria é uma 
	característica do verdadeiro cristão. O Evangelho é “boas novas de grande 
	alegria”. A alegria do cristão é um testemunho em si mesma. 
	2. A natureza da alegria. “No Senhor”: essa alegria independe das 
	circunstâncias externas; depende apenas da presença de CRISTO conosco. Já 
	que as circunstâncias não a produziram, as circunstâncias não podem tirá-la 
	de nós. 
	3. A constância da alegria. “Sempre”. É muito fácil alegrar-nos quando as 
	circunstâncias são agradáveis e as emoções nos elevam; o cristão, porém, 
	recebe a exortação de alegrar-se mesmo em circunstâncias adversas. As 
	circunstâncias podem mudar, mas o Senhor sempre é o mesmo. Às vezes, a 
	cidade de Londres fica escurecida no meio de uma névoa espessa, mas os 
	prédios não se danificam. As névoas não podem danificar os fundamentos 
	sólidos. Da mesma forma, as neblinas de depressão podem escurecer o 
	horizonte do cristão, mas não podem danificá-lo enquanto está fundamentado 
	sobre a rocha que é CRISTO. 
	4. A importância da alegria. “Outras vez digo, regozijai-vos”. A alegria é 
	uma mola vital da energia. Uma marcha 148 Epístolas Paulinas: Semeando as 
	Doutrinas Cristãs A Vida Cristã Feliz. 149 estimulante pode eletrizar um 
	regimento para a atividade e a atenção. O que uma banda faz para soldados 
	cansados, a alegria do Senhor faz para os cristãos. A alegria do Senhor 
	destrói o gosto dos prazeres pecaminosos, ao excluir do coração tudo quanto 
	não se pode harmonizar com ela. “Torna a dar-me a alegria da tua salvação”, 
	exclamou Davi, arrependido (SI 51.12). A alegria do Senhor dá ao cristão 
	forças para enfrentar a perseguição: “com gozo permitiste a espoliação dos 
	vossos bens” (Hb 10.34; At 5.40,41). 
	5. Um resultado da alegria. “Seja a vossa equidade [capacidade de aguentar tudo e entregar tudo] notória a todos os homens”. A palavra “equidade” se 
	refere a um espírito razoável no tratar, pelo qual a regra da prática fica 
	sendo a mútua consideração, e não o rigor dos direitos legais. Opõe-se às 
	contendas, ao engrandecimento próprio, ao rigor e à severidade. É o espírito 
	que capacita alguém, por amor à paz, a suportar com paciência as injúrias e 
	não exigir aquilo que lhe é devido (1 Co 6.7). Como é que esse dever se 
	vincula à alegria? A alegria cristã nos leva à meiguice e tolerância no 
	trato com os outros. Aquele que está feliz com o Senhor não insistirá 
	egoisticamente na obtenção dos seus direitos. Notemos uma razão pela prática 
	da paciência: “Perto está o Senhor”. Toleremos uns aos outros, porque está 
	perto o dia em que dependeremos da tolerância de DEUS para conosco (Tg 5.9). 
	II - A Mente Pacífica (Fp 4.6,7) 
	1. A enfermidade. “Não estejais inquietos por coisa alguma”. Paulo não quer 
	dizer que as pessoas devem ser descuidadas e não fazer qualquer tentativa de 
	cumprir os seus deveres e obrigações. Certa quantidade de consideração 
	cuidadosa é necessária para o cumprimento de qualquer dever. O apóstolo aqui 
	nos adverte contra a ansiedade nervosa, a inquietude e os maus 
	pressentimentos com res 150 Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas 
	Cristãs peito ao resultado da nossa obra e com respeito ao futuro. Numa 
	palavra, ele nos diz: “Não se preocupem” (cf. Mt 6.25-32). A única 
	justificativa pela preocupação seria quando ela ajuda a situação, mas ela 
	nunca ajuda, só piora. 
	2. O remédio. É fácil dizer: “Não se preocupe”. O apóstolo, porém, receita 
	confiantemente um remédio infalível: “Antes, as vossas petições sejam em 
	tudo conhecidas diante de DEUS, pela oração e súplicas, com ação de graças”. 
	Notemos: 
	2.7. O alcance da oração. “Em tudo”. Essas duas pequenas palavras nos 
	encorajam, porque muitas vezes levamos ao Senhor nossos problemas grandes, e 
	guardamos para nós mesmos as nossas pequenas perturbações. 
	2.2. As variedades de oração. “Oração” é o conceito no seu sentido mais 
	largo; a “súplica” é o pedido para uma necessidade especial; as “ações de 
	graça” são o acompanhamento necessário da oração. 
	2.3. O resultado da oração. “E a paz de DEUS, que excede todo o 
	entendimento, guardará os vossos corações [centro do intelecto, da emoção e 
	da vontade] e os vossos sentimentos [pensamentos] em CRISTO JESUS”. O que 
	significa a paz de DEUS? É a experiência profundamente arraigada da harmonia 
	entre a alma e DEUS. E, portanto, mais do que o livramento dos problemas 
	externos; de fato, existe a despeito deles. E algo tão fora dos costumes 
	terrestres que “excede todo o entendimento”. E demais para o entendimento 
	dos ímpios, porque é muito além do alcance da experiência deles; até 
	ultrapassa o entendimento dos piedosos, porque a luz lhes irrompe no meio de 
	situações tenebrosas de modo que é frequentemente misterioso. A palavra 
	“guardar” é um termo militar que literalmente significa “guarnecer”, ou 
	encher de soldados. Depois de a oração ter lançado fora toda a preocupação e 
	ansiedade, DEUS envia a paz para proteger a mente contra a invasão de 
	pensamentos que perturbam. 
	II - A Mente Santa (Fp 4.8,9) 
	1. A importância de pensar do modo correto. Nesses versos, Paulo admoesta os 
	filipenses a meditar em tudo que é nobre diante de DEUS, em tudo que 
	purifica a nós mesmos e em tudo que apela aos melhores sentimentos do homem. 
	As Escrituras ressaltam o efeito que o pensamento tem sobre o caráter e o 
	destino. “Porque, como imaginou na sua alma, assim é” (Pv 23.7, cf. Pv 
	4.23). Sábios em todos os períodos da história têm entendido que “o 
	pensamento é o pai da ação”. Essa verdade é tão clara que, no Novo 
	Testamento, aquele que dá abrigo a pensamentos de ódio é considerado 
	assassino (1 Jo 3.15). 
	2. Os assuntos do pensar correto. Meus pensamentos produzem maus modos de 
	viver; por outro lado, o pensar correto levará a uma vida correta. Paulo faz 
	uma lista de assuntos que devem alimentar os pensamentos do cristão. “Nisso 
	pensai”. 
	(1) “Tudo o que é verdadeiro”. As coisas verdadeiras se opõem à falsidade em 
	palavras e conduta. 
	(2) “Tudo o que é honesto”. “Honesto” aqui significa literalmente o que é 
	honroso ou reverente. Refere-se às coisas consistentes com santa dignidade e 
	respeito e corresponde àquele amor que “não se conduz inconvenientemente”. 
	(3) “Tudo o que é justo”. O trato justo em todos os nossos relacionamentos. 
	O cristão auferirá todos os seus pensamentos com a Regra Áurea. 
	(4) “Tudo o que é puro” refere-se à pureza no seu sentido mais lato - 
	pensamentos, motivos, palavras e ações livres de elementos que rebaixam e 
	maculam. “Bem-aventurados os limpos de coração”. 
	(5) “Tudo o que é amável” se refere à delicadeza, humildade e caridade que 
	atraem o amor e tornam amáveis as pessoas. 
	(6) “Tudo o que é de boa fama” se refere às coisas que todos concordem ente 
	recomendam : a cortesia, agradabilidade, justiça, temperança, verdade e 
	respeito pelos pais. E possível alguém realizar coisas boas com modos tais 
	que lancem opróbrio sobre a causa de DEUS. “Não 152 Epístolas Paulinas: 
	Semeando as Doutrinas Cristãs seja, pois, blasfemado o vosso bem” (Rm 
	14.16). 
	(7) E, para incluir todos os assuntos que merecem consideração, o apóstolo 
	diz: “Se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”. 
	3. O resultado do pensar correto. A meditação verdadeira produzirá ação. “O 
	que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso 
	fazei”. Quando se age à altura da verdade conhecida, recebe-se evidência 
	inabalável de que é a verdade mesmo. Torna-se parte de nós. Realmente, 
	pode-se dizer que a verdade não pode ser expressa em palavras apenas precisa 
	ser vivida. A bênção de DEUS é prometida para as vidas santas que resultam 
	de pensamentos santos: “E o DEUS de paz será convosco”. Notemos uma 
	distinção: “a paz de DEUS” se refere a uma dádiva no íntimo, trazendo paz à 
	alma; “o DEUS da paz” descreve a presença de DEUS com aquele que crê, 
	orientando, protegendo e providenciando todas as necessidades. 
	IV - A Mente Contente (Fp 4.10-13) 
	Os filipenses tinham enviado uma oferta a Paulo, e nos versos 10-19 agradece 
	de maneira cristã. 
	1. Apreciação. “Ora, muito me regozijei no Senhor por, finalmente, reviver a 
	vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido 
	oportunidade”. Os filipenses tinham demorado para entrar em contato com 
	Paulo, mas ele atribui esse atraso a causas além do controle dele. Pode ser 
	que não tivessem alguém apropriado para levar o recado. A alegria de Paulo 
	ergueu-se acima da dádiva, para agradecer o amor que deu origem à dádiva, e 
	depois subiu mais alto para agradecer ao Doador. Paulo amava grandemente os 
	seus convertidos, e o amor que tinham por ele era, afinal de contas, o amor 
	de CRISTO, a maior consolação e apoio dele. Paulo era grato, e sua 
	felicidade aumentava muito mais por causa da generosidade A Vida Cristã 
	Feliz 153 atenciosa dos seus convertidos, não somente porque ele precisava 
	de dinheiro, mas porque a oferta revelava a graça de DEUS nas vidas deles. 
	“Não digo isto como por necessidade”. 
	2. Contentamento. “Porque já aprendi a contentar-me com o que tenho”. O 
	pensamento dos versos 12 e 13 é: “Não pensem que falo assim porque tenho 
	sentido o aperto de passar necessidade. Pelo contrário, aprendi, seja qual 
	for a minha condição, a ser independente das circunstâncias. Estou treinado 
	para suportar as profundezas da pobreza, e também aprendi a lição de aguentar a abundância. Na vida como um todo, e em todas as circunstâncias, 
	já dominei o segredo do viver — como ser o mesmo no meio de abundância e no 
	meio de privações, quando fico repleto e quando passo fome”. Quando as 
	circunstâncias furtam a paz do cristão, conseguem tirar dele uma das suas 
	posses mais preciosas. Quando descobre que nenhuma circunstância ou pessoa 
	pode roubar-lhe a calma, já possui o segredo da vitória. E isso se aplica à 
	prosperidade também, porque ela pode se constituir em prova maior do que a 
	adversidade. O apóstolo, porém, seja em abundância, seja em pobreza, 
	mantinha sua mesma atitude de paz e confiança. 
	3. Poder. “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Se alguém 
	dissesse a ele: “Irmão Paulo, você por certo tem grande força de caráter 
	para se conservar paciente e vitorioso diante das adversidades e 
	perseguições”, Paulo responderia: “Não mantenho essa atitude com minhas 
	próprias forças; consigo todas essas coisas através de CRISTO que me 
	fortalece”. A comunhão que Paulo mantinha com o CRISTO imutável conservou-o 
	inabalável em todas as circunstâncias. 
	V - Ensinamentos Práticos 
	1. Conservando a nossa alegria. Pessoas salvas às vezes perdem a alegria da 
	sua salvação quando fazem 154 Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas 
	Cristãs algo que perturba a sua comunhão com o Senhor. Esse fato foi 
	ilustrado de maneira bonita por George Cutting, como segue: “É uma bela 
	noite enluarada. A lua é cheia e brilha fortemente com fulgor prateado. Um 
	homem está olhando atentamente para o fundo de um poço profundo e parado, 
	onde vê o reflexo da lua, e comenta com um amigo que está perto: ‘Quão bela 
	e perfeitamente redonda ela está hoje à noite! Como ela avança serena e 
	majestosa!’ Acaba de falar assim, quando o amigo deixa cair um pedregulho no 
	poço, e o homem passa a exclamar: ‘Olhe, a lua foi quebrada em pedacinhos, e 
	os fragmentos estão tremendo um contra o outro na maior desordem’. ‘Que 
	coisa mais absurda!’ responde atônito o amigo. ‘Olhe para cima, homem! A lua 
	não se mudou em qualquer detalhe que seja; o que mudou foi a condição do 
	poço que a reflete’. Então, crente, aplique a figura singela. Seu coração é 
	o poço. Quando não há lugar nele para qualquer mal, o bendito ESPÍRITO de 
	DEUS toma das glórias e preciosidades de CRISTO e as revela a você; mas no 
	momento em que um motivo errado é acalentado no seu coração, ou uma palavra 
	ociosa escapa dos lábios, o ESPÍRITO SANTO começa a perturbar o poço, suas 
	experiências felizes são despedaçadas, e você fica inquieto e perturbado por 
	dentro até que, com espírito quebrantado diante de DEUS, confessa o seu 
	pecado [aquilo que o perturbou] e fica restaurado à doce e calma alegria da 
	comunhão”. 
	2. A cura para a preocupação. É muito fácil dizer: “Não se preocupe” a uma 
	pessoa que está enfrentando verdadeiras dificuldades. Mas como ela pode 
	evitar sentir-se ansiosa? Como pode afastar da sua mente os seus problemas? 
	Seria a mesma coisa mandar um navio não subir e descer no meio das ondas 
	açoitadas por uma tempestade, dizendo que deve se manter equilibrado sobre a 
	sua quilha. Dizer a alguém que não deve se preocupar não basta. Precisa de 
	ajuda para se proteger da preocupação. Quando Paulo aconselhou os filipenses 
	a não andarem ansiosos de coisa alguma, ele mesmo estava na prisão, 
	enfrentando a possibilidade de uma sentença de morte, e estava falando a 
	pessoas que tinham menos causas de ansiedade do que ele. Não há dúvida de 
	que Paulo descobrira o segredo de vencer os cuidados. O que era esse 
	segredo? A oração! “Antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas 
	diante de DEUS, pela oração...” Certo antigo comentador disse: “A 
	preocupação e a oração lutam entre si como fogo e água”. 
	3. “Antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de DEUS”. Esse 
	é o caminho mais sábio, porque uma multidão de pequenas espinhas pode ser 
	tão dolorosa e perigosa quanto uma grande úlcera. Uma nuvem de borrachudos 
	pode injetar, com suas muitas picadas, a mesma quantidade de veneno que uma 
	cobra injeta num homem com uma mordida. E se não pudermos obter ajuda de 
	DEUS ao contar-lhe acerca destas coisas pequenas, bem pouca coisa das nossas 
	vidas poderemos submeter ao seu cuidado. “Não estejais inquietos por coisa 
	alguma” é uma impossibilidade se “tudo” não for submetido a DEUS em oração. 
	4. Os pensamentos tecem a teia dos atos. Como pensamos, assim somos. 
	Tornamo-nos naquilo que é assunto dos nossos pensamentos. A alma é tingida 
	pela cor dos pensamentos. Apliquemos essa verdade: 
	4.1. À felicidade. Se continuarmos a pensar acerca de fracassos do passado, 
	ofensas recebidas, reais ou imaginárias, se concentrarmos os nossos 
	pensamentos em nós mesmos, se remoermos a nossa condição, seremos muito 
	infelizes. Muitas vezes escapamos à infelicidade ao escaparmos de nós 
	mesmos. 
	4.2. À influência inconsciente. Visões perceptivas frequentemente conseguem 
	ler o caráter íntimo da pessoa ao fixarem os olhos. Não podemos esconder o 
	nosso caráter, porque os nossos pensamentos mais secretos se expressam em 
	nosso rosto e em nossos atos. Nossos pensamentos secretos influenciam outras 
	pessoas para o bem ou para o mal. E por isso que muitas vezes “sentimos” a 
	atitude de outras pessoas. Abrigar pensamentos indignos é um pecado contra o 
	nosso próximo tão certamente quanto é um pecado contra nós mesmos. 
	4.3. À tentação. Falamos que o pecado repentinamente agarra alguém. A 
	verdade, porém, é que certos pensamentos foram recebidos no coração; ali 
	receberam lugar, de tal maneira que, quando chegou a tentação, a pessoa foi 
	traída pelo pecado abrigado no próprio peito. Certo pintor famoso declarou 
	que não ousava olhar para uma pintura ruim, porque por muitos dias depois 
	tinha tamanha influência sobre ele que não podia pintar bem. Se pudermos 
	dominar os nossos pensamentos inveterados, conseguiremos dominar os nossos 
	pecados inveterados. A melhor maneira de guardar o nosso coração contra maus 
	pensamentos é enchê-lo com bons pensamentos. Disse um homem piedoso: “Quando 
	os desejos carnais chegam, ocupo-me com santas meditações e desejos santos; 
	então, quando a sugestão carnal bate à porta do meu coração, digo-lhe: ‘vá 
	embora, porque a casa já está cheia, e não há lugar para mais hóspedes!’” 
	 
16- O CRISTO PREEMINENTE 
	Texto: Colossenses 1 e 2 
	  
	Introdução 
	Durante a campanha missionária de Paulo, Éfeso se tornou um centro de 
	evangelização para a Ásia Menor (At 19.10). As pessoas vinham de muitos 
	lugares para ouvir o apóstolo, e então levavam a mensagem para as suas 
	próprias cidades. Várias pessoas da cidade vizinha de Colossos se 
	converteram com a pregação de Paulo, e voltaram para fundar uma igreja 
	naquela cidade. Paulo menciona (Cl 2.1) que ele mesmo não visitara Colossos. 
	Epafras, o pastor da igreja em Colossos (Cl 1.7), visitou o apóstolo em Roma 
	e trouxe notícias acerca de uma doutrina estranha e perigosa que estava 
	sendo sutilmente introduzida na igreja. Essa heresia foi conhecida em anos 
	posteriores pelo nome de gnosticismo, palavra derivada do grego que 
	significa conhecimento (cf. 1 Tm 6.20), e chamou-se assim porque alegava a 
	posse de um conhecimento mais alto acerca de DEUS e do Universo do que 158 
	Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas Cristãs aquele que o Evangelho 
	revela. Os ensinadores gnósticos diziam aos cristãos: “O que vocês possuem 
	está correto dentro dos limites, mas não vai suficientemente longe. Nós 
	possuímos um conhecimento mais elevado, que iniciará vocês nos segredos mais 
	profundos do Universo”. O gnosticismo parece ter sido uma mistura de ensinos 
	cristãos, judaicos e pagãos. Sua doutrina fundamental era que a matéria é 
	essencialmente má e não pode ter sido criada por DEUS, que é essencialmente 
	santo. Alegavam, outrossim, que “já que DEUS é santo e a matéria é má, há um 
	abismo entre DEUS e o mundo, e esse abismo precisa ter uma ponte sobre ele, 
	a fim de que o homem possa achar salvação. Essa ponte foi feita da seguinte 
	maneira: de DEUS surgiu um ser menos santo, e deste surgiu um que era ainda 
	menos santo, e assim por diante até que finalmente surgiu JESUS, que era tão 
	esvaziado de santidade e de divindade que podia entrar em contato com o 
	homem. Assim sendo, JESUS era apenas o último numa série de anjos 
	intermediários. Por causa da sua obra na salvação do homem, esses anjos 
	precisavam ser adorados”. Percebe-se que esse ensino é um atentado contra a 
	doutrina da divindade de CRISTO, fazendo dEle apenas o mais baixo numa série 
	de anjos. Era um desafio à suficiência da mensagem do Evangelho, porque 
	ensinava que existia um conhecimento melhor e mais alto. Contra esses erros, 
	Paulo declarou duas grandes verdades que formam a substância dessa 
	exposição: 
	(1) CRISTO é preeminente sobre todas as criaturas, porque Ele é Criador 
	delas (1.15-20). 
	(2) CRISTO é totalmente suficiente; toda a verdade e o poder necessários 
	para a salvação se acham nEle (2.8-15). O gnosticismo não existe mais, porém 
	seus ensinamentos sobrevivem na teosofia, no unitarismo, no espiritismo, na 
	ciência cristã e em outras seitas. Por isso, temos necessidade hoje da 
	mensagem de Colossenses: a supremacia e a suficiência de CRISTO. 
	I - CRISTO É Preeminente (Cl 1.15-20) 
	Depois das saudações (vv. 1,2), ações de graça (vv. 3- 6) e oração (vv. 
	9-12), Paulo chega ao tema principal - a exaltação de JESUS sobre todas as 
	criaturas. 
	1. Ele é a imagem de DEUS (v. 15). Em 1 Timóteo 6.16, Paulo diz que DEUS 
	habita em luz inacessível, “a quem nenhum dos homens viu nem pode ver”. É 
	impossível que o olho contemple o brilho da glória divina. Podemos, porém, 
	ver DEUS em CRISTO (Jo 14.9; 2 Co 4.6; Jo 1.18). O Filho de DEUS se tornou 
	homem, a fim de que tenhamos uma perfeita revelação de DEUS através de uma 
	personalidade humana. O CRISTO divino é o alicerce do Evangelho. E porque 
	veio de DEUS, pode nos levar para DEUS. Ele é o Criador (vv. 15-17). Ele foi 
	“o primogênito de toda a criação”. Essas palavras não ensinam que o próprio 
	CRISTO era um ser criado, mas meramente declaram que Ele existia antes de 
	todas as criaturas e é supremo sobre elas. Na literatura dos rabinos, o 
	próprio DEUS é chamado primogênito de toda a criação, significando que Ele é 
	supremo sobre todo o Universo. Sempre tem havido vívido interesse acerca da 
	origem e da natureza do Universo. A ciência oferece as suas teorias, mas 
	francamente confessa que não sabe com certeza como tudo começou. As 
	Escrituras ensinam que DEUS criou tudo e que CRISTO foi seu agente na obra 
	criadora (Hb 1.2; Jo 1.3,10). A mesma criação que o conhece como Criador 
	anseia pela sua vinda como Redentor, a fim de que possa ser libertada da 
	maldição (Rm 8.19). O Universo não somente foi criado por CRISTO, como 
	também é sustentado por Ele. “E ele é antes de todas as coisas [cf. Jo 
	8.58], e todas as coisas subsistem por ele”. Ele é a pedra fundamental, e 
	sem Ele tudo se dissolveria em nada. 
	2. Ele é a cabeça da Igreja (vv. 18,19). CRISTO é supremo no ambiente 
	espiritual, assim como é no material. “E ele é a cabeça do corpo da igreja”. 
	Os gnósticos não consideravam CRISTO como a cabeça (Cl 2.19). Assim como 
	JESUS vivia a sua vida num corpo natural e humano, também vivia sua vida 
	mística e invisível na terra num corpo tirado da raça humana - o seu corpo. 
	Deixou o mundo há muito tempo, mas ainda continua a operar e falar através 
	da Igreja, que é seu corpo. Exerce a sua posição de cabeça da igreja de duas 
	maneiras: 
	(1) mediante a autoridade exercida por Ele sobre os membros da igreja (Ef 
	5.22-33); 
	(2) ao inspirar os seus membros com vida e energia (Jo 15.1; Ef 4.15,16; Cl 
	2.19). Paulo tem mais para dizer acerca da posição de CRISTO como cabeça da 
	igreja. “É o princípio”, a fonte de tudo quanto é bom (Ap 3.14; 21.6; 22.13; 
	At 3.15; 5.31; Hb 2.10; 12.2) e da Igreja especialmente; “o primogênito 
	dentre os mortos”, ou seja, o primeiro a ressuscitar da morte num corpo 
	glorificado (1 Co 15.24,26; Hb 2.10,14); porque Ele vive, viveremos também 
	(1 Co 15.45; 1 Pe 1.3,21; Jo 11.25; Ap 1.5,18). “Para que em tudo tenha a 
	preeminência”. O propósito da criação (v. 16) tinha sido frustrado pela 
	entrada do pecado e da morte; assim sendo, a preeminência que pertence a 
	CRISTO lhe foi negada (Jo 1.10). Ele precisava recebê-la, portanto, e se 
	tornar preeminente. Isso ocorreu por meio da sua morte e ressurreição (Jo 
	12.31,32; Hb 2.14,15; 12.2; Fp 2.6-11; Is 53.12; Rm 14.9; 2 Co 5.15; Ap 
	1.18). Paulo dá a seguinte razão pela supremacia de CRISTO na igreja: 
	“Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse”. DEUS 
	tinha prazer em que residissem todos os poderes divinos no seu Filho (cf. Mc 
	1.10,11). Depois do Filho se esvaziar para a redenção do homem, DEUS mais 
	uma vez se deleitou no fato de que toda a plenitude nEle residisse (Fp 
	2.5-11; Mt 28.18). 
	3. Ele é o Redentor, (v. 20, cf. 2 Co 5.18). CRISTO reconciliou o mundo com 
	DEUS. Não é DEUS quem precisa ser reconciliado com o homem (ver Jo 3.16), é 
	o homem quem O CRISTO Preeminente 161 precisa ser reconciliado com DEUS, 
	porque está alienado dEle. Foi DEUS quem deu o primeiro passo para a 
	conciliação, ao dar seu Filho em prol dos pecadores, enquanto ainda eram 
	hostis a Ele (Rm 5.8; 1 Jo 3.16). O pecado colocou o Universo fora de 
	harmonia com DEUS. CRISTO morreu para reconciliar todas as coisas a DEUS, e 
	a obra da reconciliação continua através do ministério da Igreja. A obra de 
	reconciliação em CRISTO será completada depois do milênio, quando todo o mal 
	será tirado do universo, os habitantes do Céu e da Terra formarão uma grande 
	família (Ef 1.9,10), e DEUS será tudo em todos (1 Co 15.28). Paulo não está 
	fazendo especulações, porque os próprios colossenses experimentaram essa 
	reconciliação. Antes eram pagãos, agora são cristãos; antes eram inimigos de 
	DEUS, agora são os seus filhos; antes eram imundos, agora são santos (vv. 
	21-23). 
	II - CRISTO É Suficiente para Tudo (Cl 2.8-16) 
	Em Colossenses 1.24—2.7, Paulo conta qual foi a mensagem gloriosa entregue a 
	ele. Está se esforçando ao máximo para transmiti-la aos seus convertidos, a 
	fim de que cresçam espiritualmente em conhecimento e graça e se estabeleçam 
	na verdade. Agora trata de alguns erros que ameaçavam a sua estabilidade. 
	1. A filosofia pagã (vv. 8-10). “Tende cuidado para que ninguém vos faça 
	presa sua, por meio de filosofias [sabedoria humana] e vãs sutilezas 
	[ilusões vazias], segundo a tradição dos homens [conhecimentos passados de 
	geração em geração], segundo os rudimentos do mundo [idéias religiosas 
	inventadas pelos homens] e não segundo CRISTO [não de acordo com o 
	Evangelho]”. Os gnósticos alegavam que possuíam uma reserva de conhecimentos 
	misteriosos, nos quais os favorecidos eram iniciados, e que eram obrigados 
	162 Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas Cristãs sob juramento a não 
	revelar aos de fora. Esse conhecimento, segundo alegaram, tinha sido 
	transmitido desde tempos imemoráveis. Paulo fez uma distinção nítida entre o 
	Evangelho e o sistema gnóstico. O Evangelho é uma revelação; o gnosticismo, 
	como toda a filosofia, era especulação. As palavras “vãs sutilezas” dão a 
	entender que alguns dos ensinamentos dos gnósticos era o produto de uma 
	imaginação fértil e que tinham a finalidade de enganar pessoas simples. 
	“Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”. Os 
	gnósticos ensinavam que os poderes divinos habitavam naqueles anjos, através 
	dos quais, segundo eles, DEUS entrou em contato com o mundo. Paulo, porém, 
	declara que CRISTO é o único mediador entre DEUS e o homem. Sendo que, para 
	eles, a matéria era má, ensinavam que JESUS não possuía um corpo verdadeiro 
	(ver 2 Jo 7) e que seu corpo era de fantasma. Paulo, no entanto, declara que 
	todos os poderes da Divindade habitam no corpo de CRISTO, que antes era 
	mortal, mas que agora estava glorificado (Fp 3.21). Os gnósticos falaram aos 
	cristãos que precisavam ser iniciados em todos os ensinos misteriosos 
	gnósticos a fim de serem completos. Paulo, porém, diz: “E estais perfeitos 
	nele, que é a cabeça de todo principado e potestade [e não meramente um dos 
	anjos]”. As seitas não têm nada para acrescentar a nós, tudo de que 
	precisamos nos achar em JESUS. 
	2. O legalismo judaico (vv. 11-15). Os falsos mestres em Colossos ensinavam 
	a doutrina judaica da necessidade da circuncisão. A circuncisão era um sinal 
	externo do membro de Israel, que era a “igreja” de DEUS no Antigo 
	Testamento. Exigia-se a circuncisão de todos os meninos israelitas e de 
	todos aqueles pagãos que professavam plena conversão ao judaísmo. Eram 
	constantemente lembrados, no entanto, de que a mera marca não os tornava 
	israelitas de fato, porque a circuncisão era apenas o sinal externo da 
	santidade íntima e pronta obediência que DEUS requeria do seu povo (Dt 
	10.16; 30.6; Jr 6.10; Rm 3.30; G1 5.6; Rm 2.28,29). Assim como hoje há 
	muitas pessoas batizadas que alegam a crença, sem passarem por uma mudança 
	de coração, acontecia com o Israel antigo. No verso 11, Paulo nos explica a 
	verdadeira circuncisão: despojar-nos da antiga natureza e nascer para uma 
	vida nova, mediante o poder de CRISTO. Essa experiência é representada 
	simbolicamente pelo batismo cristão (Rm 6.1-13). “E, quando vós estáveis 
	mortos no pecado e na incircuncisão da vossa carne [possuindo uma natureza 
	carnal], vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas”. 
	Tanto os judeus como os gentios tinham a lei da consciência nos seus 
	corações (Rm 2.15), a qual ninguém podia observar perfeitamente. A dívida da 
	lei mosaica que pesava sobre o judeu era pior ainda. Encarregar-se de 
	observá-la era como assinar uma nota promissória, por uma soma que ninguém 
	poderia pagar. Pelo testemunho da nossa consciência culpada, a Lei “era 
	contra nós” e “nos era prejudicial”. Estavam os profundam ente endividados e 
	não tínhamos com que pagar. CRISTO, porém, pagou a dívida que nós não 
	podíamos resgatar. Assim como uma promissória muitas vezes é colocada num 
	arquivo, assim também o escrito que era contra nós foi marcado “pago” e 
	pregado na cruz. Ali CRISTO carregou a penalidade da Lei em nosso lugar, de 
	tal modo que já não há condenação para nós (G1 3.10-13; Rm 8.1). Isso não 
	significa, porém, que estamos livres da responsabilidade de viver retamente. 
	Morremos para Moisés, a fim de que vivamos para CRISTO. O verso 15, embora 
	tenha ocasionado debates, parece suscetível da seguinte explicação: os 
	falsos ensinadores em Colossos provavelmente ensinavam que os anjos deviam 
	ser adorados (2.18) por serem os mediadores através dos quais DEUS deu a Lei 
	(At 7.38; Hb 2.2), e muitas vezes revelavam a sua vontade. Paulo nos diz que 
	assim como DEUS cancelou e removeu a Lei como meio de condenação, também, 
	mediante a morte de CRISTO, deixou de lado os anjos como veículos de 
	revelação e declarou que o Filho era o supremo Mediador entre Ele e os 
	homens (cf. Hb 1.1-14). “E, [DEUS] despojando [tirando fora como uma roupa 
	usada] os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou 
	em si mesmo”. Na cruz, os anjos foram revelados no seu verdadeiro caráter, 
	como subordinados e servos do Filho. Por isso, não devem ser adorados. 
	Alguns comentaristas aplicam o verso 15 à vitória de Cristo sobre os poderes 
	do mal (Ef 6.12). 
	III - Ensinamentos Práticos 
	1. A divindade de CRISTO. O texto em estudo declara em termos inconfundíveis 
	a divindade de CRISTO, uma doutrina apoiada pela consciência, 
	reivindicações, autoridade e perfeição de CRISTO. Talvez o argumento mais 
	simples seja aquele dado por um pregador do interior que, quando lhe 
	perguntavam como comprovaria a divindade de CRISTO, respondeu: “E porque Ele 
	me salvou a alma”. Sabemos que JESUS é o Filho de DEUS porque só Ele 
	satisfaz plenamente as mais profundas necessidades da alma humana. Ele é 
	verdadeiramente o Pão da Vida vindo do Céu. 
	2. A base das missões. “E que, havendo feito por ele a paz pelo sangue da 
	sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas”. 
	Noutras palavras temos o fundamento da obrigação missionária. CRISTO morreu 
	para reconciliar o homem com DEUS; é dever da Igreja proclamar esse fato 
	para todos os homens (2 Co 5.18). Pediram a certo artista que pintasse uma 
	igreja em estado moribundo. Pintou uma pequena congregação fraca numa 
	construção arruinada? Muito pelo contrário. Pintou um edifício imponente com 
	muito ornato no púlpito, no órgão e nas janelas. Na entrada, porém, estava 
	uma pequena caixa, marcada “Coleta para Missões Estrangeiras”, e a ranhura 
	para colocar as moedas estava entupida com teias de aranha. O artista 
	percebeu que a atividade missionária era a verdadeira medida do vigor de 
	qualquer igreja. As palavras de um grande poeta, sussurradas momentos antes 
	de morrer, expressam o dever supremo de todos os seguidores de CRISTO: 
	“Transmitam ao mundo o meu amor”. 
	3. Nos passos do Mestre. O teste da fé e da vida cristãs é bem declarado nas 
	palavras: “segundo CRISTO” (2.8). Somente Ele é o nosso exemplo supremo, e 
	somente aqueles que são verdadeiros líderes podem dizer, como Paulo: “Sede 
	meus imitadores, como também eu, de CRISTO” (1 Co 11.1). P. B. Meyer estava 
	conversando com a esposa do estudioso e piedoso Dr. Handley Moule. Na 
	conversa, Dr. Meyer disse: “Todos nós temos motivo de estarmos gratos a seu 
	marido pelos livros que publicou”. Respondeu ela: “Já vi todos aqueles 
	livros vividos na prática”. Será que aqueles que nos conhecem melhor podem 
	testificar que vivemos “segundo CRISTO”? 
	4. “Cheios de toda a plenitude de DEUS” (Ef 3.19). “Nele habita 
	corporalmente toda a plenitude da divindade”. Todos os tesouros do poder 
	divino estavam guardados no vaso de barro da humanidade de CRISTO, para que 
	ficassem dentro do nosso alcance. Tudo quanto precisamos é de JESUS. Nesses 
	dias ouvimos falar sobre a psicologia do sucesso, o desenvolvimento da 
	personalidade, a arte de ganhar amigos, e assim por diante. Mas o que nos 
	dará mesmo uma personalidade mais rica é o contato diário com o Mestre. “E 
	estais perfeitos nele”. Todas as riquezas do poder divino estão em CRISTO, e 
	nos pertencem à medida que ficamos em contato com o Mestre. Disse Jowett: 
	“Nunca na minha vida descobri uma única necessidade espiritual que não vi 
	suprida em CRISTO”. Certo notável pregador disse à esposa: “Coloque na 
	lápide do meu túmulo: ‘Tu, ó CRISTO, és tudo quanto é necessário’”. 
	 5. “Coroai-o senhor de tudo”. “Para em todas as coisas ter a primazia”. 
	Entre os cristãos primitivos, “JESUS é Senhor” era uma frase devocional 
	comum; era falada com sinceridade, conforme testificaram as suas vidas. 
	Aquele que os redimiu era dono deles, não pertenciam a si mesmos, tinham 
	sido comprados por um preço. Em todos os assuntos deles, Ele precisava ser 
	preeminente e supremo. O verdadeiro cristão é um homem centralizado em 
	CRISTO. Assim como o cubo é o centro da roda, também CRISTO precisa ser o 
	centro de cada esfera da nossa vida. Se Ele não é Senhor de tudo, não é 
	Senhor de modo algum. Em anos recentes, foram escavados documentos que nos 
	dão uma idéia dos tempos quando vivia Paulo. Deles aprendemos que um método 
	comum de cancelar uma nota promissória era o de traçar linhas diagonais no 
	documento na forma da letra X. Um desses documentos antigos traz a sentença 
	do juiz, declarando: “Seja cancelado o escrito”. Isso nos ajuda a entender 
	as palavras de Paulo no verso 14. A cruz de CRISTO é o cancelamento divino 
	de todos os nossos pecados. O passado foi apagado, e podemos ouvir o Juiz 
	dizer: “Seja cancelado o escrito! 
	 
17- VIVENDO A VIDA CRISTÃ 
	Texto: Colossenses 3 e 4 
	  
	Introdução 
	Quando Paulo estava na prisão em Roma, recebeu uma visita da igreja em 
	Colossos (1.7), de quem ficou sabendo que certa falsa doutrina estava sendo 
	espalhada na igreja. Essa doutrina parecia ser uma mistura de ensinos 
	cristãos, judaicos e pagãos. Ensinava que toda a matéria, inclusive 0 corpo, 
	era essencialmente má, e, portanto, a santidade é conseguida mediante a 
	punição e negligenciamento do corpo, com jejuns e outras formas de 
	abstinência. Paulo refuta esse erro dizendo que a santidade não é atingida 
	ao seguir regras feitas pelos homens, mas pelo contato com o Salvador vivo 
	que nos dá o poder de viver acima do pecado. 
	I- A União do Cristão com CRISTO (Cl 3.1-4) 
	Esses versos nos ensinam as seguintes verdades com respeito à nossa vida em 
	CRISTO: 
	1. Sua direção: o Céu. “Portanto, se já ressuscitaste com CRISTO, buscai as 
	coisas que são de cima, onde CRISTO está assentado à destra de DEUS”. O 
	Cristianismo é a união com CRISTO mediante a fé. Ele morreu para o pecado; 
	unidos com Ele, nós também morremos para com o pecado. Ele ressuscitou da 
	sepultura; nós ressuscitamos com Ele para vivermos uma nova vida. Tudo isso 
	é simbolizado no batismo nas águas (Rm 6). A vida cristã, portanto, é uma 
	vida vivida em comunhão com o CRISTO ressuscitado, e à medida que estamos em 
	comunhão com Ele, fixaremos nossos afetos nas coisas lá do alto, não nas que 
	são aqui da terra. 
	2. Sua natureza escondida (v. 3). “Porque já estais mortos” . Os homens são 
	pecadores por dois motivos: têm uma natureza pecaminosa e cometeram atos de 
	pecado. No Calvário, DEUS fez duas coisas: perdoou os nossos pecados e 
	condenou a natureza pecaminosa que os produziu. Quando aceitam os a CRISTO, 
	nossos pecados foram perdoados, e morremos para com a vida antiga. Mas o que 
	acontece quando tomamos consciência da existência da velha natureza? Devemos 
	condená-la, tom ar partido contra ela e considerar-nos mortos para ela (Rm 
	6.11). “E a vossa vida está escondida com CRISTO em DEUS”. Não é de se 
	estranhar que o mundo não possa entender os verdadeiros cristãos! Se o mundo 
	não conhece a CRISTO, como pode entender os seus seguidores? (1 Jo 3.1). 
	Quando as pessoas, mediante o novo nascimento, entram nesta vida “oculta”, 
	então a entendem (1 Co 2.14). 
	3. Sua futura manifestação (v. 4). Quando cantamos: “Sou filho do Rei”, o 
	mundo ri e nos chama de fanáticos e sonhadores, porque julga pelas 
	aparências externas. Quando, porém, CRISTO vier, assumiremos nossas vestes 
	como filhos do Rei (Fp 3.21; Rm 8.18-23; 1 Jo 3.2). 
	II - O Cristão Separa-se do Pecado (Cl 3.5-14) 
	Unido ao CRISTO vivo, o crente morreu para o pecado e vive para a retidão. O 
	que deve ser feito, porém, quando a velha natureza quer ressurgir, e 
	apetites errados procuram predominar? Paulo usa duas ilustrações que apontam 
	o caminho para a libertação. 
	1. A antiga natureza precisa ser morta. “Mortificai, pois, os vossos membros 
	que estão sobre a terra”. Em virtude da sua fé em CRISTO, o convertido morre 
	para com a sua velha natureza. “Porque já estais mortos”. Porém, mais cedo 
	ou mais tarde, descobre que a antiga natureza se mostra de maneiras que o 
	perturba. O que fazer? A antiga natureza não pode ser alimentada, precisa 
	perecer por inanição (Rm 13.14). Um membro do corpo morre quando o sangue 
	não vai para ele. Da mesma maneira, apetites errados morrem quando nossos 
	pensamentos e nossas energias são retirados deles. Quanto mais alimentada a 
	nova natureza, mais faremos a antiga natureza perecer de fome. O que devemos 
	fazer morrer? Desejos errados de todos os tipos (ver v. 5). Note que esse 
	verso trata do sexo e da busca do dinheiro - representando dois instintos 
	poderosos da natureza humana. O poder de cooperar com o Criador, trazendo 
	filhos ao mundo, é coisa santa; o desejo de trabalhar e ganhar dinheiro para 
	sustentar os dependentes é um dever. Mas quando esses instintos são 
	pervertidos até serem concupiscência e cobiça, transformam-se em maldição. 
	Na leitura dos jornais pode-se notar que estão na raiz de quase todos os 
	crimes. 
	2. A antiga natureza precisa ser despojada (v. 8). A ilustração é a de 
	despir as roupas velhas e vestir roupas novas. Quais roupas precisam ser 
	tiradas? Ira, indignação, linguagem obscena, mentira (vv. 8,9). Quais roupas 
	devem ser vestidas? (v. 12). Os cristãos são eleitos (escolhidos por DEUS), 
	santos (separados do mundo e dedicados a DEUS), amados (desfrutando de 
	íntimo relacionamento com DEUS). Como devem viver tais pessoas? Devem 
	cultivar e manifestar (“revesti-vos”) misericórdia, bondade, humildade, 
	mansidão, longanimidade, um espírito de perdão, amor. 
	III - A Submissão do Cristão a CRISTO (Cl 
	3.15,16,23,24) 
	As seguintes forças devem influenciar a vida do cristão: 
	1. A paz de CRISTO (v. 15). O que é essa paz? É a calma e tranquilidade em 
	face de todas as circunstâncias, baseadas na comunhão com DEUS e na 
	obediência à sua vontade. Essa paz é um vínculo de união (cf. Ef 4.3) e um 
	motivo de gratidão. Ser “árbitro” é reger ou ser juiz em nossos corações. 
	Paulo nos ensina que quando o coração está dividido entre emoções, 
	pensamentos e reivindicações conflitantes, a paz de CRISTO deve ser o 
	árbitro entre eles. O que não é compatível com aquela paz é errado e deve 
	ser excluído. 
	2. Esta paz é preciosa. Quando for perdida ao entristecer o ESPÍRITO, pode 
	ser obtida de volta mediante o arrependimento e a confissão. 
	3. A palavra de CRISTO (v. 16). A “palavra de CRISTO” se refere geralmente a 
	todos os ensinos acerca de CRISTO. Quando é que habita dentro de nós? Quando 
	constantemente a lemos e a fixamos em nossas memórias. A palavra deve 
	habitar “ricamente”; deve ser estudada com regularidade e diligência. Deve 
	ser em “toda a sabedoria”, ou seja, deve ser entendida e não somente lida. 
	Note o emprego da “palavra de CRISTO” no culto público: “Ensinando-vos e 
	admoestando-vos uns aos outros”. O conhecimento de CRISTO traz consigo o 
	dever de compartilhá-lo com outros. Na igreja primitiva, o ministério da 
	Palavra não foi confinado aos anciãos ou líderes da igreja. Qualquer pessoa 
	que possuísse um dom espiritual - seja profecia, seja ensino, seja 
	conhecimento, línguas ou interpretação - tinha licença de contribuir com o 
	culto. “Com salmos [do Antigo Testamento], hinos [hinos cristãos] e cânticos 
	espirituais”. O cântico ocupava boa parte dos cultos cristãos antigos. Como 
	sabemos, o hino é um veículo excelente para carregar o Evangelho para dentro 
	dos corações dos participantes. 
	4. CRISTO é Senhor. Cada cristão é, em primeiro lugar, um servo de CRISTO. 
	“A CRISTO, o Senhor, servis”. CRISTO deve ser em primeiro lugar. Que é a 
	vida cristã senão uma vida vivida em comunhão com CRISTO? É de CRISTO que o 
	cristão receberá a “recompensa da herança” (cf. Mt 25.34; 1 Pe 1.4). Assim 
	como JESUS estava ocupado com os negócios do seu Pai quando estava no banco 
	do carpinteiro, e assim como Paulo estava servindo ao Senhor JESUS enquanto 
	costurava tendas, também CRISTO pode ser servido na fábrica ou na cozinha. A 
	tarefa mais comum, feita por amor a DEUS, reveste-se com a dignidade de um 
	serviço sagrado. O obreiro cristão fará seu serviço de tal modo que seja 
	visto por DEUS, e não pelos homens. De fato, todos o serviço cristão deve 
	ter esse motivo. Para exemplos de serviços feitos para serem vistos pelos 
	homens, leia Mateus 6.1-18. 
	IV - A Conduta do Cristão no Mundo (Cl 4.5,6) 
	1. Sua conduta. É especialmente no trato com as pessoas do mundo que a 
	sabedoria cristã é mais especialmente necessária. “Sede prudentes como as 
	serpentes”, disse Jesus. O cristão deve viver de tal modo que convença os do 
	mundo de que a piedade traz proveito nessa vida como também no porvir. Sua 
	conduta deve mostrar que ser crente não furta um homem do seu bom senso, bom 
	juízo e outras qualidades necessárias para uma vida condigna. O cristão deve 
	ser bom pai, bom vizinho, bom cidadão e bom trabalhador. “Aproveitai as 
	oportunidades”. O cristão deve mostrar sabedoria em selecionar os momentos 
	mais oportunos para apresentar as reivindicações de CRISTO. 
	2. Sua fala. O modo cristão de falar deve sempre agradar. Não se trata 
	apenas do que dizemos, mas como o dizemos. Deve ser saudável, “temperada com 
	sal”. A conversa deve ser adocicada com a graça e também temperada com o sal 
	de um propósito edificante. Quantas palavras se desperdiçam em conversas que 
	não trazem proveito nem edificação! Uma boa regra seria: “Quando falar, diga 
	algo!” Dois meninos estavam conversando acerca das suas respectivas mães. Um 
	disse: “Minha mãe pode falar sobre qualquer assunto”. Respondeu outro: “Isso 
	não é nada! Minha mãe pode falar sem assunto algum!” O que fala deve ser 
	inteligente, “para que saibais como vos convém responder a cada um” (cf. 1 
	Pe 3.15; 3.15; Fp 1.27,28). 
	V - Ensinamentos Práticos 
	1. CRISTO, nossa vida. Não é recomendável enfatizar demasiadamente que 
	CRISTO é o sacrifício pelos nossos pecados. Não devemos, no entanto, 
	negligenciar a verdade de que Ele é a nossa vida. Precisamos de um Salvador 
	para fazer algo por nós e em nós. Quando estamos unidos a Ele pela fé, o 
	ESPÍRITO torna real para nós o que Ele nos fez. Então, aquilo que é uma 
	realidade externa se torna uma realidade interna, e podemos dizer como 
	Paulo: “Já estou crucificado com CRISTO; e vivo, não mais eu, mas CRISTO 
	vive em mim” (G1 2.20). Quando alguém é “ressuscitado juntamente com CRISTO” 
	e sua “vida está oculta juntamente com CRISTO, em DEUS”, espera-se que a sua 
	conduta seja consistente com a sua experiência. Ninguém pode alegar ser 
	águia enquanto rasteja como verme! O que se espera de alguém que está 
	“ressuscitado juntamente com CRISTO”? Ele deve “buscar as coisas lá do 
	alto”. Buscar é fazer de alguma coisa o alvo ou padrão da nossa vida. A 
	elevação de uma arma determina o voo da bala. Da mesma maneira, a atitude do 
	nosso coração determina a direção da nossa vida. No enterro de um homem 
	piedoso, o pregador perguntou: “Onde está ele?”, e respondeu dizendo: “Para 
	onde estava indo a última vez que foi visto”. E uma boa pergunta para os que 
	vivem. Qual é a nossa direção? Qual é o alvo supremo das nossas vidas? O que 
	quer dizer “as coisas lá do alto?” Significa CRISTO, porque toda a realidade 
	e todas as bênçãos se acham nEle. O alvo supremo da vida cristã é ser como 
	CRISTO, ser com CRISTO, agradar a CRISTO. 
	 2. Morrendo para o pecado. Quando a pessoa não é salva, seu relacionamento 
	com as coisas espirituais é morto; seu problema é entrar em contato com a 
	vida que é de DEUS. Depois de salvo, seu relacionamento com o mundo natural 
	é descrito como de um morto (Cl 3.3); seu problema é ficar fora do contato 
	com a vida velha (Cl 3.5-9). Depois de uma pessoa ser convertida, descobre 
	que a vida antiga quer se asseverar e fica com forte vontade de romper com 
	ela. A vida antiga começa a competir com a nova, e o convertido descobre que 
	a sua alma é o cenário de uma guerra civil, em que a antiga e a nova lutam 
	pela supremacia. Não deve tentar viver ambas as vidas. Andar na carne e no 
	ESPÍRITO ao mesmo tempo é impossível. O que pode ser feito? A solução mais 
	fácil seria morrer, perder contato com a velha vida e ir para o Céu. Mas 
	isso não é possível, e o suicídio é pecado. Sendo negada a morte física, há 
	algum substituto temporário? Sim. DEUS indicou uma maneira pela qual podemos 
	morrer espiritualmente para a vida antiga e ainda viver aqui (ver G1 2.20). 
	A morte física é causada pela perda total de contato com o ambiente que 
	sustenta a vida. A morte para com o pecado é causada pela perda de contato 
	com o ambiente que alimenta a vida antiga. Há três maneiras de efetuar isso. 
	2.1. A mutilação. Leia Mateus 18.9 e o comentário de Paulo sobre isso em 
	Colossenses 3.5. Nosso Senhor não estava falando literalmente, porque 
	sabemos que cortar o braço de um ladrão não alterará o seu coração. JESUS 
	quis dizer que devemos tratar imediata e drasticamente com qualquer coisa 
	que ameace a segurança da nossa alma. Não pode haver demora, nenhum meio 
	termo e nenhuma redução gradativa. Por exemplo, um ladrão pode dizer: “Vou 
	me reformar. Furtarei um milhão na semana que vem, depois meio milhão, até 
	reduzir os furtos a nada”. Mas Paulo disse: “Aquele que furtava, não furte 
	mais”. Deve haver uma morte completa para com o furto. Deve se libertar dele 
	para que o hábito não o leve ao inferno. Esse princípio se aplica a qualquer 
	hábito que arruína a alma. 
	2.2. A mortificação. Comparada com a mutilação, a mortificação é um processo 
	gradativo (Rm 8.5-13). No caso de bebedeira, por exemplo, o problema é 
	simples, porque trata-se de algo definido para ser abandonado, e o problema 
	se soluciona. No caso de seu gênio, por exemplo, é mais complexo, porque não 
	podemos abandonar de vez as pessoas e situações que causam aquela reação. 
	Não se trata de caso “cirúrgico”, como o ladrão e o bêbado, a quem o 
	ESPÍRITO a um só golpe pode libertar das más causas; o mau gênio ou qualquer 
	outra emoção errada indicam que algo irritante perturbou a alma; o que se 
	torna necessário é sarar os pontos doloridos e adocicar todo o íntimo. 
	Mediante a comunhão com DEUS e a meditação na sua Palavra, a alma é curada e 
	adocicada e atinge aquela saúde radiante que é o alvo de toda a santidade 
	prática. A mortificação também inclui deixar a antiga natureza passar fome. 
	Enquanto tomamos as nossas energias e emoções e as dirigimos na direção de 
	CRISTO, a antiga natureza morre de fome e se torna inativa. O pecado é a 
	perversão das nossas energias e faculdades, e o remédio é a conversão - 
	mediante a qual entregamos aquelas faculdades a DEUS (Rm 6.12-23). 
	2.3. A limitação. Entramos em dificuldades não somente por fazer coisas 
	positivamente erradas, como também por praticar demasiadamente coisas que 
	são legítimas — tais como o comer, o lazer, a leitura, e assim por diante. 
	Daí a necessidade de negarmos a nós mesmos, que significa a disposição de 
	renunciar a coisas legítimas quando interferem com o nosso progresso 
	espiritual. E isso que JESUS quis dizer quando falou em “odiar” a nossa vida 
	- ou seja, amar com um afeto bem menor (ver Lc 14.26). Pessoas que 
	procuraram a felicidade nas coisas do mundo chegaram a odiar a vida quando 
	descobriram que foram enganadas. Essa é a maneira falsa de odiar a vida. A 
	maneira certa de odiá-la é ter todas as coisas em subordinação à vontade de 
	DEUS (ver Mt 6.34) e contar tudo como perda comparado com o reconhecimento 
	de CRISTO (Fp 3.7) 
	 
18- A VINDA DE CRISTO 
	Texto: 1 Tessalonicenses 1— 4 
	  
	Introdução Depois de fundar a igreja de Tessalônica (At 17.1- 15), Paulo 
	enviou Timóteo e Silas para visitarem a igreja, a fim de averiguar se os 
	convertidos estavam firmes. Na volta, os dois trouxeram o seguinte 
	relatório: os convertidos estavam firmes; estavam sofrendo perseguição; 
	havia a tentação de voltarem a padrões pagãos; alguns dos crentes morreram e 
	os parentes deles queriam saber se perderiam a vinda de CRISTO; e o 
	pensamento da próxima vinda de CRISTO fazia com que alguns negligenciassem o 
	seu serviço (1 Ts 4.11,12; cf. 2 Ts 3.11). Paulo escreveu essa primeira 
	carta aos Tessalonicenses para encorajar, advertir e instruir os novos 
	convertidos. Não se pode errar quanto ao tema principal dessa carta; veja 
	como todos os capítulos terminam. 
	  
	  
	ACREDITAMOS QUE A SEGUNDA VINDA DE JESUS SERÁ EM 
	DUAS FASES DISTINTAS - ARREBATAMENTO (antes da grande tribulação) E VINDA EM 
	GLÓRIA (final da grande tribulação). 
	  
	  
	A - Parte Expositiva 
	 
I - Santidade (1 Ts 4.1-8) 
	1. A vocação à santidade. Paulo não fala em linguagem de mandamentos, nem de 
	ser dono da herança do Senhor. Usa a linguagem da graça: “Vos rogamos e 
	exortamos no Senhor JESUS”. O motivo mais alto ao qual alguém pode apelar no 
	tratamento com um cristão é “por amor a JESUS”. A gratidão a CRISTO é a 
	grande força dinâmica do serviço cristão. Paulo nunca guarda a doutrina num 
	lugar separado, sempre faz uma conexão com a vida prática. Implora: “Da 
	maneira como recebeste de nós de que maneira convém andar e agradar a DEUS, 
	assim andai, para que continueis a progredir cada vez mais”. A inspiração de 
	Paulo é indicada pelo fato de suas instruções serem dadas por intermédio do 
	Senhor JESUS. 
	2. A natureza da santidade. “Porque esta é a vontade de DEUS, a vossa 
	santificação: que vos abstenhais da prostituição”. O que é a santificação? A 
	consagração de todos os nossos poderes, do corpo e da mente no serviço de 
	DEUS. Implica em pureza no coração e na vida. A santificação começa com a 
	conversão, quando o pecador é limpo das suas impurezas e continua em toda a 
	sua vida cristã, enquanto morre mais e mais ao pecado e cresce mais e mais 
	segundo a semelhança de CRISTO. Como é que alguém é santificado? Mediante o 
	sangue de CRISTO, que o limpa da culpa do pecado (Hb 13.12; 1 Jo 1.7); pela 
	Palavra de DEUS, que é espelho e meio de limpar (Jo 15.3; SI 119.11; Tg 
	1.23-25); e pelo ESPÍRITO SANTO, que produz o fruto da santidade (G1 
	5.22,23; 1 Pe 1.2). Por que a prostituição foi especialmente mencionada? 
	Porque era um vício que prevalecia entre os ambientes pagãos e não era 
	considerado errado. 
	3. Incentivos à santidade. Paulo trata especialmente de pureza pessoal. 
	(1) É a vontade de DEUS. 
	(2) O conheci mento recebido pelo cristão deve guardá-lo contra a impureza. 
	O comportamento vil dos pagãos era o resultado da sua ignorância de DEUS (v. 
	5). 
	(3) Consideração para a honra da família do irmão (v. 6). 
	(4) Temor do castigo divino (v. 6). 
	(5) A natureza da vocação sagrada (v. 7). 
	(6) A impureza significa desprezar a DEUS, que nos deu o ESPÍRITO SANTO, a 
	fim de que atinjamos a santificação. 
	II - O Amor Fraternal (1 Ts 4.9,10) 
	“Quanto, porém, à caridade fraternal, não necessitais de que vos escreva, 
	visto que vós mesmos estais instruídos por DEUS que vos ameis uns aos 
	outros”. Num mundo tão cheio de lutas e egoísmo, o amor dos cristãos uns 
	pelos outros era tão marcante que provocava a admiração dos pagãos. “Como 
	estes cristãos amam uns aos outros!” exclamavam. Para os que nasceram de 
	DEUS é um instinto divino amar os filhos de DEUS, porque o ESPÍRITO dentro 
	deles derrama o amor de DEUS em seus corações. Mas há tantas coisas que 
	ameaçam esfriar esse amor! Por isso Paulo acrescenta: “Exortamos-vos, porém, 
	a que ainda nisto continueis a progredir cada vez mais”. A melhor maneira de 
	reter uma virtude é exercê-la. E empregar ou perder! 
	III - O Esforço no Trabalho (1 Ts 4.11,12) 
	Não somente o coração amoroso, como também um par de mãos diligentes, são 
	necessários para uma experiência cristã bem balanceada (vv. 11,12). A vida 
	cristã é uma vida prática, e as suas emoções mais sublimes devem ser postas 
	em prática nos deveres rotineiros da vida. “E procureis viver quietos, e 
	tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos”. 
	Alguns dos tessalonicenses estavam tão emocionados com a idéia da segunda 
	vinda do Senhor que estavam negligenciando as suas tarefas diárias. Paulo os 
	exorta a ficar firmes no serviço para dar bom exemplo aos de fora e para 
	evitar a pobreza e a falta de respeito próprio que segue a inatividade. 
	IV - A Esperança (1 Ts 4.13-18) 
	“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem”. 
	Alguns crentes já morreram, e seus parentes, ainda jovens em CRISTO, 
	inexperientes quanto à vida e à doutrina cristãs, queriam saber o que lhes 
	aconteceria. Perderiam a gloriosa vinda do Senhor? Tal era a dúvida que os 
	assaltava. “Para que não vos entristeçais, como os demais, que não tem 
	esperança”. O desespero em face à morte era uma característica do mundo 
	pagão. Segundo eles, os pagãos, os vivos têm esperanças, mas os mortos estão 
	sem esperança; não há ressurreição dos que morrem; o Sol se põe e se 
	levanta, mas uma vez que o nosso breve dia termina, devemos dormir uma noite 
	eterna. Tais eram os sentimentos expressados pelos seus sábios. Uma 
	característica marcante dos antigos cristãos era a sua alegre confiança na 
	ressurreição de JESUS como garantia da conquista da morte por todos aqueles 
	que nEle crêem. “Porque, se cremos que JESUS morreu e ressuscitou, assim 
	também aos que em JESUS dormem DEUS os tornará a trazer com ele”. A morte é 
	simplesmente um sono, porque o sono dá a entender o descanso, a existência 
	contínua e o despertar. Aqueles que dormem não estão mortos; serão 
	despertados para novas atividades. “Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do 
	Senhor [ou seja, por revelação direta]: que nós, os que ficamos vivos para a 
	vinda do Senhor, não precederemos os que dormem”. Depois segue-se a ordem da 
	vinda do Senhor: Ele descerá, os mortos cristãos subirão a Ele, e os santos 
	vivos serão arrebatados nos ares. “E assim estaremos sempre com o Senhor”. 
	Assim os novos convertidos foram consolados acerca dos mortos cristãos. Não 
	pereceram, e não perderão qualquer bênção; pelo contrário, terão precedência 
	sobre os vivos. “Portanto, consolai-vos uns ao outros com estas palavras”. O 
	propósito supremo de toda a profecia é consolar 0 povo de DEUS com uma visão 
	do futuro. Com esse fato em mente, evitaremos as especulações pouco 
	proveitosas acerca de detalhes que somente ficarão claros quando o evento 
	acontecer. 
	  
	  
	  
	B - Parte Doutrinária 
	  
	I - O Fato da Sua Vinda 
	A segunda vinda é mencionada mais de trezentas vezes no Novo Testamento. 
	Paulo se refere a ela nas suas epístolas pelo menos cinquenta vezes. 
	Calcula-se que a segunda vinda se menciona oito vezes mais do que a 
	primeira. Livros inteiros (1 e 2 Tessalonicenses) e capítulos inteiros (Mt 
	24; Mc 13) são dedicados a ela. É, sem dúvida, uma das mais importantes 
	doutrinas do Novo Testamento. 
	  
	II - O Modo da Sua Vinda Será pessoal (Jo 14.3; At 1.10,11; 1 Ts 4.16; Ap 
	1.7; 22.7), literal (At 1.10,11; 1 Ts 4.16,17; Ap 1.7; Zc 14.4), INVISÍVEL 
	NO ARREBATAMENTO (Mc 14.22; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos 
	arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e 
	assim estaremos sempre com o Senhor. 1 Tessalonicenses 4:17) (VISÍVEL NA 
	SEGUNDA FASE, NO FINAL DA GRANDE TRIBULAÇÃO (Hb 9.28; Fp 3.20; Zc 12.10) e 
	gloriosa (Mt 16.27; 2 Ts 1.7-9; Cl 3.4; Mt 25.31). 
	  
	Existem interpretações que procuram evitar a ideia literal da vinda pessoal 
	de CRISTO. Alguns ensinam que a morte já é a segunda vinda de CRISTO. Mas a 
	segunda vinda é bem diferente do que a morte, porque os que morrem em CRISTO 
	ressuscitarão quando CRISTO voltar. Mediante a morte nós passamos a Ele, mas 
	na sua vinda Ele vem nos buscar. Certos versos (Mt 16.28; Fp 3.20) perdem o 
	sentido se colocarmos a morte no lugar da segunda vinda. Finalmente, a morte 
	é um inimigo, enquanto a segunda vinda é uma gloriosa esperança. Alguns 
	dizem que a segunda vinda foi a descida do ESPÍRITO no dia de Pentecostes. 
	Outros ensinam que CRISTO veio na destruição de Jerusalém, em 70 d.C. Mas em 
	nenhum desses casos houve a ressurreição dos mortos, o arrebatamento dos 
	vivos ou outros eventos que acompanharão a segunda vinda. 
	III - O Tempo da Sua Vinda 
	Muitas vezes, cálculos têm sido feitos para marcar a data da segunda vinda, 
	mas em cada caso o Senhor não observou a data marcada pelos homens! Declarou 
	que o tempo exato da sua vinda está escondido nos conselhos de DEUS (Mt 
	24.36-40; Mc 13.21,22). Esse plano é sábio. Quem gostaria, por exemplo, de 
	saber de antemão o momento exato da sua morte? Tal conhecimento perturbaria 
	a pessoa e a deixaria incompetente para os deveres da vida. Basta saber que 
	a morte pode vir a qualquer tempo, portanto, devemos trabalhar enquanto é 
	dia, porque vem a noite, em que ninguém pode trabalhar. E o mesmo raciocínio 
	pode ser aplicado à data final da presente era. Esse dia não nos foi 
	revelado. Sabemos, porém, que será repentino (1 Co 15.52; Mt 24.27) e 
	inesperado (2 Pe 3.4; Mt 24.48-51; Ap 16.15). A palavra que o Senhor deixa 
	para os seus servos que esperam é: “Trabalhai até que eu venha”. 
	 IV - Os Sinais da Sua Vinda 
	As Escrituras ensinam que a vinda de CRISTO, introduzindo a era milenial, 
	será precedida por um período de transição caracterizado por distúrbios 
	físicos, guerras, dificuldades econômicas, declínio moral, apostasia 
	religiosa, infidelidade, pânico e perplexidade generalizados (Grande Tribulação - 7 anos). A última parte 
	desse período é chamada de Grande Tribulação, período durante o qual o mundo 
	inteiro ficará sob o domínio de um governo anticristão. Os que crêem em DEUS 
	serão brutalmente perseguidos, e a nação judaica, especialmente, passará por 
	uma fornalha de aflição. (3 anos e meio de paz e 3 anos e meio de guerras e juízos). 
	V - O Propósito da Sua Vinda 
	1. Em relação à Igreja. Assim como a primeira vinda se estendeu sobre um 
	período de trinta anos, também se incluem diferentes eventos na segunda 
	vinda. Na primeira vinda, foi revelado como uma criança em Belém, depois 
	como o Cordeiro de DEUS no seu batismo e finalmente como Redentor no 
	Calvário. Na segunda vinda, aparecerá repentinamente aos seus para os levar 
	às Bodas do Cordeiro (Mt 24.40,41). Essa aparência é chamada de 
	Arrebatamento. Nessa ocasião, os crentes serão julgados segundo seus 
	serviços, para as recompensas a serem recebidas. Depois do Arrebatamento, 
	surge o período de terrível tribulação, que termina na Revelação, ou 
	manifestação aberta de CRISTO vindo do Céu para estabelecer o Reino 
	Messiânico na Terra. 
	2. Em relação a Israel. AquEle que é o Cabeça e Salvador da Igreja também é 
	o Messias prometido de Israel. Como Messias, Ele os levará da tribulação, os 
	reunirá dos quatro cantos do globo, os restaurará à sua antiga terra e 
	reinará sobre eles como Rei prometido da Casa de Davi. 
	3. Em relação às nações. As nações serão julgadas, o reino deste mundo será 
	derrubado e todos os povos serão sujeitados ao Rei dos reis (Dn 2.44; Mq 
	4.1; Is 49.22,23; Jr 23.5; Lc 1.32; Zc 14.9; Is 24.23; Ap 11.15). CRISTO 
	regerá as nações com vara de ferro, varrerá toda a opressão e injustiça da 
	face da terra e introduzirá a Era Dourada de mil anos (SI 2.7-9; SI 72; Is 
	11.1-9; Ap 20.6). 
	VI - Ensinamentos Práticos 
	1. A santificação progressiva. A santificação começa na conversão, quando 
	uma pessoa se arrepende e volta para DEUS, passando a ser um “santo” (que 
	significa, literalmente, “uma pessoa separada ou consagrada”). Esse, porém, 
	é apenas o começo de um processo contínuo e progressivo. Não leva muito 
	tempo entrar num trem, mas leva tempo até chegar ao destino. A pessoa se 
	torna santa por um ato de fé em CRISTO JESUS, que nos atribui esse título, 
	mas ser santo em cada aspecto da vida leva tempo. O trem não chega ao seu 
	destino num pulo único, e nem nós nos tornamos santos desenvolvidos de um 
	dia para outro. Precisamos crescer na graça e no conhecimento de JESUS 
	CRISTO. Do ponto de vista prático, a santificação é o processo mediante o 
	qual os separados se tornam santos na prática, os que estão sob a graça de 
	CRISTO se tornam graciosos, e os cristãos se tornam semelhantes a CRISTO. A 
	santificação é a cristianização dos cristãos. 
	2. Amor fraternal. O que é amor fraternal? É quando, como igreja, cultivamos 
	um espírito de confiança mútua; quando cada um estima os outros mais do que 
	a si mesmo; quando os fortes têm prazer em ajudar os fracos; quando os 
	sábios têm paciência e ternura para com os de menos dotes; quando cuidamos 
	cada um da boa reputação do outro; quando tratamos com mansidão as 
	enfermidades uns dos outros; quando temos misericórdia, longanimidade e 
	dedicação; então todos se lembrarão de que está escrito: “Novo mandamento 
	vos dou, que vos ameis uns aos outros”. 
	3. Progresso espiritual. “Exortamos-vos, porém, a que ainda nisto continueis 
	a progredir cada vez mais”. Essas frases singelas comunicam uma mensagem 
	eloqüente acerca do progresso espiritual. O homem que pensa possuir tudo na 
	vida espiritual mostra que perdeu tudo. Quando paramos de avançar, começamos 
	a regredir. Quando paramos de crescer, morremos. É bom estar estabelecido na 
	fé, mas não atolado. Nenhum cristão, tendo feito uma tarefa, pode sentar-se 
	e dizer: “Tudo já está feito, agora posso deixar de me esforçar”. Qual é a 
	recompensa por trabalhos bem-feitos? Mais trabalhos! O fiel cumprimento do 
	nosso dever aumenta a nossa capacidade, e a capacidade maior exige mais 
	tarefas. É um ditado comum: “Se quiser que algo seja feito, vá a um homem 
	ocupado”. As pessoas ocupadas sempre estão sendo procuradas e geralmente 
	estão felizes. Seja qual for a espiritualidade que tenhamos atingido, a 
	ordem do Senhor é que continuemos cada vez mais. 
	4. Dever da diligência. “E procureis viver quietos, e tratar dos vossos 
	próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos”. Certo camponês 
	disse: “Tudo por aqui trabalha: a água trabalha, o vento trabalha, o fogo 
	trabalha, a fumaça trabalha, o cachorro, o boi, o cavalo, o asno e o homem 
	trabalham; tudo por aqui trabalha, menos o porco, que come, bebe e dorme na 
	maior distinção”. Nenhum crente gostaria de ser “distinto” assim! Uma vida 
	útil e ativa é uma bênção para o homem e agradável a DEUS. 
	5. A morte é chamada sono. Por que a morte do crente é chamada de sono? Por 
	causa da sua natureza pacífica. Deita-se tão calmamente como um trabalhador 
	descansando à noite. Assim como o trabalhador cansado espera o cair da 
	tarde, também o crente suspira por aquele descanso dos fardos e tristezas da 
	terra. É o estado de descanso que aguarda o povo de DEUS. Descansam das suas 
	labutas, das perseguições, das dores, da guerra contra o pecado, a carne e o 
	diabo. O crente que parte descansa em prazer consciente até que a 
	ressurreição do corpo aconteça, o que completa a sua salvação e o seu 
	destino. Devemos pensar mais naquEle que nos arrebata do que naquele que nos 
	enterra. Alguns ficarão vivos até a segunda vinda. 
	  
	
 
19- A CONDUTA CRISTÃ EM VISTA DA VINDA DE CRISTO 
	Texto: 1 Tessalonicenses 5 
Introdução 
	O tema de Tessalonicenses é a segunda vinda de CRISTO. O capítulo passado 
	representou aquela vinda como uma esperança que conforta. Esse capítulo 
	apresenta a doutrina como uma esperança purificadora. 
	  
	I - A Vinda do Senhor (1 Ts 5.1-10) 
	1. O tempo da sua vinda. 
	“Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se 
	vos escreva” (cf. At 1.7). Paulo já explicava que não poderiam saber nem o 
	dia nem a hora. Repete esse fato para reprimir aquela curiosidade que é 
	natural aos homens e que já tinha sido a causa de muita perturbação e 
	desordem na igreja. E uma verdade muito aplicável hoje. A palavra profética 
	tem sido muito desprezada por pessoas que fixam datas, bem como todas as 
	coisas absurdas que alegam “profecias”. “Porque vós mesmos sabeis muito bem 
	que o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite” (cf. Mt 24.23; 36.39; Lc 
	12.39). O “Dia do Senhor” é a expressão comum no Antigo Testamento que 
	descreve a vinda do juízo divino; em particular, descreve o julgamento de 
	Israel e das nações, que terá lugar na vinda do Messias. Paulo declara como 
	esse acontecimento será súbito e inesperado. O ladrão vem de noite, quando 
	todos dormem e ninguém está preparado; de modo semelhante, quando CRISTO 
	vier, achará o mundo despreparado, e não esperando a sua vinda (ver v. 3). 
	Certamente, haverá sinais, mas os ímpios não os verão na sua verdadeira luz. 
	Correrão para a destruição, sem prestar atenção aos sinais de “PARE” 
	deixados por DEUS. “Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que 
	aquele Dia vos surpreenda como um ladrão”. As trevas não são apenas da 
	ignorância, mas também do pecado. Paulo explica que os crentes não 
	participam da condição ignorante e pecaminosa do mundo não redimido, para 
	ficarem tomados de surpresa com o Dia do Senhor. Com os crentes é dia, e não 
	noite, porque a luz do Evangelho brilha nos seus corações, e, portanto, o 
	Dia não os achará despreparados. “Porque todos vós sois filhos da luz e 
	filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas”. Na linguagem bíblica, 
	ser “filho de” é “participar da natureza de”. Um filho da luz é alguém que 
	participa de uma natureza santa. 
	2. Os preparos para a sua vinda. 
	“Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios. Porque 
	os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam embebedam-se de 
	noite”. Há três tipos de sono mencionados nas Escrituras: o sono natural, o 
	sono da morte e o sono do descuido espiritual mencionado nesse texto. O que 
	se diz do que dorme o sono natural pode ser dito do que dorme 
	espiritualmente; não reconhece que há perigo, esquece-se de qualquer dever, 
	não se comove por apelos e, talvez, nem reconheça que está dormindo. 
	“Vigiemos e sejamos sóbrios. Porque os que dormem, dormem de noite, e os que 
	se embebedam embebedam-se de noite”. Tanto os judeus como os pagãos 
	consideravam uma grande vergonha alguém ficar bêbado de dia (cf. At 2.15). 
	Espiritualmente falando, dormir quer dizer ser descuidado e preguiçoso; 
	estar embriagado significa estar dissoluto em qualquer assunto. O descuido, 
	a indiferença nas coisas espirituais e a gratificação do eu-próprio são 
	sinais que alguém está nas trevas, e não pronto para a vinda do Senhor (cf. 
	Lc 21.34-36). Outro motivo para a vigilância é que a vida é uma guerra 
	espiritual. “Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da 
	couraça da fé e da caridade e tendo por capacete a esperança da salvação”. A 
	peças de armadura mencionadas são para a proteção das partes vitais: o 
	coração e a cabeça. São armas defensivas, porque a referência aqui não é 
	tanto à luta contra o mal, e sim à defesa contra surpresas. A fé e o amor 
	irão preservar o coração do cristão contra os assaltos do maligno. A 
	esperança da salvação (Rm 13.11) sustenta a nossa coragem em todas as 
	provações da vida, ao nos prometer a eterna bem-aventurança. “Porque DEUS 
	não nos destinou para a ira, mas para aquisição da salvação, por nosso 
	Senhor JESUS CRISTO”. Outra razão para a vigilância indicada aqui é que DEUS 
	não tem o propósito de que os crentes sofram a ira a ser derramada sobre o 
	mundo durante a tribulação (cf. 1 Ts 5.10 com 4.13). Devemos esperar a 
	libertação e orar para sermos achados prontos para ela (Lc 21.36).
II - A Vida Cristã (1 Ts 5.16-22) 
	1. Regozijo incessante. “Regozijai-vos sempre”. O gozo é o sentimento que 
	surge quando se possui algo bem atual ou da expectação de alguma felicidade 
	futura. Em ambos os casos, os crentes têm motivos para regozijo abundante. E 
	DEUS tem tanto desejo de que o seu povo seja feliz que chega a ordenar que 
	se regozijem! 190 Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas Cristãs 
	2. Oração incessante. “Orai sem cessar”. Isso não pode significar que 
	devamos estar de joelhos o tempo todo. Significa que devemos estar no 
	espírito de oração, seja qual for a nossa atividade. A oração pode ser 
	incessante no coração que está cheio da presença de DEUS. 
	3. Gratidão incessante. “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de DEUS 
	em CRISTO JESUS para convosco”. Um exemplo de quem dava graças em todas as 
	coisas se vê em Jó 1.8,20,21. O diabo asseverou que Jó perderia toda a sua 
	religiosidade quando tudo passasse a lhe ir mal; mas a atitude de Jó 
	comprova que há pessoas que podem agradecer a DEUS mesmo por dores e perdas. 
	Por que devemos dar graças em todas as circunstâncias? Leia Romanos 8.28. 
	4. Palavras inspiradas. Os versos 19-23 tratam do dom de profecia, palavras 
	inspiradas (1 Co 14.3). Aos tessalonicenses Paulo disse: “Não extingais o 
	ESPÍRITO”. Como estavam apagando o ESPÍRITO? Ao desprezar as profecias. 
	Podemos imaginar alguém protestando: “Mas, Paulo, algumas dessas profecias 
	não soam muito legítimas!” O apóstolo responde: “Examinai tudo, retende o 
	bem”. O verso 22, embora comumente empregado de forma geral, aqui se aplica 
	à profecia. “Abstende-vos de toda aparência do mal”. Ou seja, ao escutar uma 
	mensagem profética, deve-se reter o que é bom e deixar o restante. Esse 
	princípio deve ser aplicado a todas as esferas da vida. Água pura que corre 
	por um encanamento enferrujado terá uma cor avermelhada. A mensagem 
	profética passando pelo espírito humano pode levar consigo alguns elementos 
	humanos. Por essa razão, os crentes têm o direito de testar a mensagem (1 Co 
	14.29; 1 Jo 4.1). O fato de uma pessoa dizer que está falando em nome do 
	Senhor não significa que devamos fechar nossos olhos, abrir as nossas bocas 
	e engolir tudo inteiro. A mensagem deve ser testada por sua conformidade às 
	Escrituras (1 Jo 4.2,3) e ao caráter do mensageiro (Mt 7.15,16). Um dos 
	propósitos do dom de discernimento é capacitar uma pessoa para saber quem 
	está falando pelo ESPÍRITO de DEUS e quem está falando por outro espírito. 
	III - Ensinamentos Práticos 
	1. “Desperta, tu que dormes!” 
	A condição dos ímpios é descrita como um sono. Assim como as pessoas 
	geralmente dormem de noite, também os que estão sem DEUS vivem na escuridão. 
	Assim como o sono é frequentemente induzido com drogas, também há aqueles 
	que estão drogados com as falsidades de Satanás, os prazeres dos sentidos e 
	o brilho do mundo. Assim como no sono a mente é ocupada com sonhos, também 
	os ímpios estão mortos para com a realidade e são ocupados com vãs ilusões. 
	Paulo adverte os cristãos contra o sono espiritual. O diabo é ocupado; as 
	oportunidades são muitas; o Senhor está para vir - vigiemos, portanto! Um 
	cristão que dorme está a caminho de cessar de ser um cristão. O filósofo 
	grego Aristóteles dormia com bolas de metal nas suas mãos, e estas caíam em 
	vasos de metal ao seu lado. Fazia assim para limitar o seu sono, aumentando, 
	portanto, seu tempo para trabalho e conservando clara a sua mente. O 
	cristão, também, deve achar meios de se despertar espiritualmente. 
	2. O controle próprio. 
	O que quer dizer “sejamos sóbrios”? É a exortação para empregar controle 
	próprio no uso de apego a todos os tesouros deste mundo. Geralmente pensamos 
	que é ao ébrio que devemos exortar para que seja “sóbrio”, mas a palavra 
	deve ser aplicada a todas as qualidades de temperança. Por exemplo, muitos 
	passariam espiritual e fisicamente melhor se comessem menos. Sem o controle 
	próprio, o ser humano entra em colapso. Quem é guiado por suas paixões e 
	inclinações é como um carro com o tanque cheio, bem acelerado, mas ninguém 
	no volante. A qualquer momento se aguarda destruição. Não pode haver vida 
	espiritual ou nobreza de caráter sem a supressão da natureza mais baixa em 
	prol da parte mais alta e nobre. 
	3. Filhos da luz. 
	Enquanto o Egito jazia coberto em trevas, os filhos de Israel tinham luz em 
	suas moradias. Enquanto o mundo jaz em trevas, os que conhecem a Luz do 
	mundo têm iluminadas as suas vidas. Não pertencem ao mundo, assim como os 
	israelitas não pertenciam ao Egito, e aguardam a vinda do Salvador para os 
	levar à Canaã celestial. Quais são as marcas dos filhos da luz? Alegria, 
	conhecimento, retidão, coragem, ânimo, esperança! Como vagalumes carregando 
	a sua própria luz, andam no mundo escurecido levando consigo a sua 
	radiância, convencendo aqueles que se assentam nas trevas de que a vida 
	espiritual é real. “Vós sois a luz do mundo”. “Todos vós sois filhos da 
	luz”. Na Bíblia, o “vós sois” do privilégio é seguido pelo “vós deveis” da 
	responsabilidade. Os filhos da luz pertencem a um outro estado de coisas do 
	que aquele que os cerca, e isso exige uma vida de separação e abnegação. 
	4. A oração incessante. 
	“Orai sem cessar”. Aqueles que pensam que a oração é apenas petição - 
	pedindo coisas - terão dificuldade para entender como se pode orar sem 
	cessar. A oração, no entanto, inclui a comunhão, a gratidão, o louvor; 
	inclui também aquelas emoções do coração que não podem ser expressas em 
	palavras. Há a possibilidade de se viver num estado de oração - um estado em 
	que DEUS está tão perto que apenas um pequeno movimento do coração e dos 
	lábios basta para entrar em contato com Ele. Há duas ajudas para a oração 
	incessante. (1) Pequenas petições faladas ajudam a atingir a condição de 
	oração incessante. No meio das tensões e dificuldades do dia podemos soltar 
	pequenas flechas de oração a DEUS - palavras de louvor, petição e confiança. 
	(2) Precisaremos de tempos regulares de oração, a fim de podermos aprender a 
	orar sem cessar. Na hora reservada para a oração, podemos, por assim dizer, 
	encher o nosso tanque de gasolina, a fim de deixar o veículo da oração 
	avançar pelos caminhos das rotinas diárias. 
	5. Regozijo incessante. 
	“Regozijai-vos sempre”. A corrente de alegria que traz regozijo ao coração 
	do crente tem duas fontes: circunstâncias agradáveis e comunhão com DEUS. A 
	primeira corrente está numa planície baixa e facilmente se seca; a segunda 
	fonte está nas alturas das montanhas. O calor da adversidade seca a fonte 
	baixa, mas esse mesmo calor derrete as neves nas montanhas de tal maneira 
	que mesmo no meio de provações, o cristão pode ter as fontes de alegria. 
	Grande é o mistério da vida cristã! “Como contristados, mas sempre alegres” 
	(2 Co 6.10). A superfície da vida pode estar conturbada enquanto há grande 
	calma no centro. Uma parte do homem pode estar sentindo as tristezas que vêm 
	da terra, enquanto a outra parte está se regozijando com as bênçãos que vêm 
	dos Céus. 
	6. “Não apagueis o ESPÍRITO ”. 
	 Essa expressão dá a entender que as operações do ESPÍRITO SANTO são 
	comparadas ao fogo. Por quê? O fogo queima, o fogo purifica, o fogo se 
	espalha, o fogo dá luz, o fogo causa excitação. Esse fogo santo pode ser 
	apagado. Com o? Por deliberadamente continuarmos em pecados conhecidos, por 
	adotarmos atitudes frívolas para com as coisas espirituais, por permitirmos 
	que as coisas mundanas absorvam os afetos, por negligenciarmos os meios da 
	graça, por desprezarmos verdadeiras manifestações do ESPÍRITO e por não 
	exercer dons já possuídos (ver 1 Tm 1.6). Precisamos do fogo! As únicas 
	pessoas que farão qualquer coisa de valor pela causa de DEUS neste mundo são 
	aqueles que ardem com seriedade e zelo. 
	7. “Examinai tudo Estudiosos do grego nos informam que a palavra aqui 
	traduzida “examinar” era aplicada aos bancários testando moedas. 
	As exortações de Paulo, portanto, podem ser expressas como segue: “Não 
	aceitem com cega confiança todas as moedas espirituais que circulam; 
	submetam-nas ao teste; conservem o que é real e de sólido valor, mas 
	repudiem cada moeda falsa”. O mundo em que vivemos contém uma mistura de bom 
	e de ruim, de coisas verdadeiras e falsas. Para se viver uma vida santa, é 
	preciso discernir entre o bom e o mau, e escolher o bom. Tal era o princípio 
	do código de santidade de Moisés, expresso no livro de Levítico. Por 
	exemplo, os sacerdotes não devem beber vinho antes de entrar no santuário, 
	“para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo” 
	(Lv 10.10). E o propósito das leis de comida e outras era “para fazer 
	diferença entre o imundo e o limpo”. A santidade prática exige crescer 
	espiritualmente; pessoas santas são “perfeitos, os quais, em razão do 
	costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” 
	(Hb 5.14). Criancinhas espirituais, como criancinhas físicas, estão 
	dispostas a engolir tudo que acham! (Ef 4.14). Quantas pessoas já foram 
	fascinadas por um estilo e personalidade brilhantes, e engoliram um falso 
	ensino inteirinho! Testemos todas as coisas pela Palavra, considerando em 
	oração e pelo bom conselho de cristãos maduros 
	 
	  
	20- UM ESTUDO DO ANTICRISTO 
	Texto: 2 Tessalonicenses 2 
	  
	Introdução 
	Timóteo levou a primeira carta de Paulo aos tessalonicenses. Na volta, 
	trouxe a notícia de que a igreja estava sofrendo um ataque muito severo de 
	perseguição, e que estava havendo pânico por causa da falsa interpretação 
	daquele evento. Paulo explica, noutras palavras (baseadas nos vv. 1,2), que, 
	quanto à chegada do nosso Senhor JESUS CRISTO e à nossa reunião com Ele, não 
	deixemos nossas mentes se perturbarem facilmente ou serem emocionadas por 
	qualquer espírito de profecia, ou qualquer declaração ou carta, alegadamente 
	vinda da parte dele (Paulo), dizendo que o Dia do Senhor já está aqui. A 
	perseguição baixa como uma tempestade sobre os jovens crentes. Logo se 
	espalha a história de que perderam o arrebatamento e já estão passando pelos 
	castigos terríveis do Dia do Senhor. O que causou o pânico? Paulo sugere 
	três origens. Primeiramente, “por espírito”, ou seja, por uma mensagem 
	profética. Alguns crentes não tinham entendido bem as palavras de Paulo 
	acerca do Dia do Senhor e, pensando que o dia já chegara, ficaram 
	preocupados e imaginavam que a sua preocupação fosse uma inspiração 
	profética. Em segundo lugar, tinham sido perturbados “por palavra”, por 
	boatos ou por pregações sobre o assunto. Em terceiro lugar, por uma 
	“epístola”, seja falsificada como se fosse escrita por Paulo, seja 
	alegadamente fiel aos ensinos de Paulo. 
	I - A Natureza e a Obra do Anticristo 
	“Ninguém, de maneira alguma, vos engane”. Então Paulo indica que dois 
	eventos de alcance mundial precisam preceder o Dia do Senhor. 
	1. A grande apostasia (cf. Mt 24.12; 1 Tm 4.1). Os que crêem que já estamos 
	no Milênio dizem que o mundo inteiro deve ser convertido antes da vinda de 
	CRISTO; mas o Novo Testamento nos ensina que o fim desta era será marcado 
	por apostasia (ou desvio da fé) em grande escala por parte da Igreja, bem 
	como por corrupção generalizada no mundo. 
	2. A revelação do Anticristo. “Porque não será assim sem que antes venha a 
	apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição”. É chamado 
	o “homem do pecado”, porque nele se resume perfeitamente a essência do 
	pecado, assim como a essência da retidão foi resumida em CRISTO. No 
	Anticristo, resume-se e revela-se mais perfeitamente a natureza caída do 
	homem que não se sujeita à lei de DEUS. Assim como o CRISTO ressurreto é o 
	representante da humanidade santa e redimida, também “o homem do pecado” 
	representa a humanidade pecaminosa que recusa a redenção. Assim como a 
	essência do pecado é a transgressão da Lei (1 Jo 3.4), a transgressão do 
	Anticristo é a total rejeição da lei de DEUS. Assim sendo, o “homem da iniquidade” é bem qualificado para ser instrumento de Satanás e líder de 
	todos os inimigos de DEUS e de CRISTO. O espírito do Anticristo já está no 
	mundo (1 Jo 4.3; 2.18; 2.22). Mas haverá um Anticristo final que ainda está 
	para vir (2 Ts 2.3). E, nos últimos dias, sairá do meio do mundo antigo (Ap 
	13.1) e será dominador sobre um novo tipo de império romano, conseguindo o 
	domínio do mundo. Com o apoio de Satanás, assumirá grande poder político (Dn 
	7.8,25), comercial (Dn 8.25; Ap 13.16,17) e religioso (Ap 17.1-15). Será 
	contrário a DEUS e contrário a CRISTO e perseguirá todos os fiéis numa 
	tentativa de destruir o Cristianismo (Dn 7.25; 8.24; Ap 13.7,15). Sabendo 
	que o homem precisa ter algum tipo de religião, estabelecerá uma, baseada na 
	divindade do homem e na supremacia do Estado. Como encarnação do Estado, 
	exigirá a adoração e nomeará um sacerdócio para impor e divulgar esse culto 
	(2 Ts 2.9,10; Ap 13.12-15). O Anticristo levará ao limite supremo a doutrina 
	da supremacia do Estado — que ensina que o governo é o poder supremo ao qual 
	até a consciência do homem deve ser submetida. E, não havendo poder ou lei 
	mais alto do que o Estado, DEUS e a sua lei terão que ser abolidos, e o 
	Estado, colocado como objeto de adoração. O Novo Testamento considera o 
	governo humano divinamente ordenado para a manutenção da ordem e da justiça. 
	O cristão, portanto, deve lealdade ao seu país. Tanto a Igreja como o Estado 
	têm uma parte no programa de DEUS, e cada um deve operar no seu próprio 
	campo. DEUS deve receber as coisas que são de DEUS, e César deve receber as 
	coisas que são de César (Mt 22.21). Muitas vezes, porém, “César” tem exigido 
	as coisas que são de DEUS, com o resultado de a Igreja, contrária ao seu 
	desejo, ter se achado em conflito com o governo. As Escrituras ensinam que, 
	um dia, esse conflito será travado até o fim. A civilização final será 
	anti-DEUS e anticristo; sua liderança, a ditadura mundial, fará a lei do 
	Estado mundial supremo acima de todas as leis e exigirá adoração como 
	expressão do Estado. As mesmas Escrituras nos asseguram que DEUS triunfará e 
	que sobre as ruínas do império mundial anticristão estabelecerá um domínio 
	em que DEUS é supremo - o Reino de DEUS (Dn 2.34,35,44; Ap 11.15; 19.11,12).
II - O ESPÍRITO do Anticristo “Porque já o mistério [força secreta] da injustiça opera”. Nas Escrituras, um mistério não é algo que não possa ser conhecido; é uma verdade não revelada ao conhecimento geral, mas conhecida dos que têm discernimento espiritual. Mesmo nos dias de Paulo, as sementes do anticristianismo estavam sendo semeadas na forma de ensinamentos falsos e na perseguição judia e pagã dos cristãos. Nos últimos dias, todas as forças contrárias a DEUS e contrárias a CRISTO se declararão abertamente e seguirão a liderança do “homem do pecado”, na tentativa de varrer da Terra a adoração a DEUS e colocar no seu lugar a adoração ao homem. “E, agora, vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que, agora, resiste até que do meio seja tirado; e, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda”. Quem é este que detém? Alguns pensam que Paulo se referia ao império romano, cujo governo forte restringia as forças contrárias à lei. Essa, porém, não pode ser a interpretação verdadeira, porque o mecanismo legal não pode impedir a iniquidade espiritual; além disso, o império romano desapareceu faz 15 séculos. O que o detém é nada menos que o próprio ESPÍRITO SANTO, operando através do povo de DEUS e impedindo as forças da iniquidade. A remoção do que o detém significa que o povo de DEUS na terra, entre o qual habita o ESPÍRITO, será levado embora antes de o Anticristo ser abertamente manifestado. Removido o “sal da terra”, a corrupção a cobrirá; removida a luz do mundo, trevas a envolverão. Então o homem da iniquidade assumirá o comando.
III - A Destruição do Anticristo 
	“E, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da 
	sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda” (cf. Ap 19.20). O 
	Anticristo operará “prodígios da mentira”, ou seja, sinais para confirmar 
	mentiras. Sua vinda será “com todo engano de injustiça aos que perecem”. 
	Trata-se de engano que leva à prática da injustiça. “O homem da iniquidade” 
	opera com traição e mentira, e operará milagres satânicos para se impor 
	sobre o mundo. Seu poder, porém, não é irresistível, e enganará apenas 
	aqueles que perecem, ou seja, os que fixaram seus corações contra DEUS e 
	contra a retidão. Perecerão “porque não acolheram o amor da verdade para 
	serem salvos”. Não somente rejeitaram a verdade, como também não tinham 
	nenhum amor ou desejo por ela. Quando as pessoas rejeitam a verdade, 
	facilmente se tornam vítimas do erro, e, pela operação das leis de DEUS, 
	aquele erro se torna em castigo por rejeitarem a verdade. “E, por isso [a 
	rejeição do Evangelho], DEUS lhes enviará [como castigo] a operação do erro, 
	para que creiam a mentira [as falsas alegações do homem da iniquidade]”. 
	“Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes, tiveram 
	prazer na iniquidade”. Sua descrença não surgiu de qualquer falta de 
	capacidade intelectual, mas do seu amor ao pecado.
IV - Ensinamentos Práticos 
	1. Falso alarme! Ouvem-se as sirenes tocar, e os carros dos bombeiros vão em 
	alta velocidade pelas ruas. 200 Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas 
	Cristãs Poucos minutos mais tarde voltam bem mais devagar. Alguém deu um 
	falso alarme. Da mesma maneira, muitos expositores da Bíblia soaram falsos 
	alarmes ao fixarem a data para a volta do Senhor ou para alguma catástrofe 
	mundial. Uma coisa é certa: o ensino da iminência da vinda do Senhor não 
	visa perturbar as mentes do povo de DEUS; pelo contrário, é oferecido como 
	uma esperança de consolo e paz. Se nosso coração estiver de bem com DEUS e 
	se amarmos a vinda do Senhor, não há motivo para pânico algum. É muito 
	melhor pregar e viver CRISTO do que especular acerca do Anticristo. 
	2. Santa cautela. Disse João, o apóstolo: “Amados, não creiais em todo 
	espírito [aquilo que vem como mensagem espiritual], mas provai se os 
	espíritos são de DEUS, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no 
	mundo” (1 Jo 4.1). Não é nenhum sinal de incredulidade mostrar cautela com 
	relação a novas “revelações” ou “luzes”, porque grande número de bondosos 
	fiéis já foram enganados por aqueles que se nomearam profetas e que mais 
	tarde revelaram manchas na sua própria vida e doutrina. DEUS nos tem dado 
	três maneiras de testar mensagens e mensageiros: a Palavra de DEUS (Is 
	8.20), o ESPÍRITO SANTO (1 Jo 2.19,20) e o bom senso (1 Co 14.20). Não 
	tenhamos medo de aplicar esses testes, porque aquilo que é de DEUS passará 
	por qualquer exame; de fato, alguém que sabe que DEUS lhe falou convidará à 
	investigação. Disse João Wesley: “Não dê lugar a uma imaginação calorosa. 
	Não se apresse em atribuir coisas a DEUS; não suponha com demasiada 
	facilidade que os sonhos, as impressões, as visões e revelações vêm de DEUS. 
	Podem ser dEle. Podem ser da própria natureza humana. Podem ser do diabo. 
	Prove todas as coisas pela Palavra escrita e que tudo se submeta a ela”. 
	3. O amor à verdade é o caminho à verdade. O homem foi feito com a 
	capacidade de ter fé; precisa crer em algo. Quando rejeita a verdade, 
	automaticamente prepara lugar para aquilo que é falso. Tanto o espírito da 
	verdade quanto o espírito da mentira existem no mundo, e todos fazem lugar 
	para um ou para o outro. Cada seita falsa tem seguidores que rejeitaram o 
	Cristianismo. G. K. Chesterton, conhecido escritor e defensor da fé, estava 
	jantando com um grupo de agnósticos, homens que repudiavam os fundamentos da 
	fé cristã como uma massa de superstições. Em conversa com esses homens, 
	Chesterton descobriu que quase todos carregavam consigo algum tipo de 
	talismã para dar sorte! Outro escritor afirma: “Não faz muito tempo, um 
	homem expressou-me a dúvida sobre a veracidade da doutrina do nascimento 
	virginal de CRISTO; no entanto, sei que ele planta batatas segundo a lua, 
	não segue por um caminho que tenha sido atravessado por um gato preto, tem 
	grande fé na eficácia de uma cebola que carrega no bolso, e ouvi-o chamar 
	severamente a atenção da sua esposa por sacudir a toalha da mesa após o 
	pôr-do-sol. Mas o nascimento virginal? Nunca! Não seria razoável para ele!” 
	Note-se que receber o Evangelho é assunto que vai além do intelecto. As 
	pessoas mencionadas nesse trecho da epístola são condenadas porque não 
	receberam o amor da verdade. A verdade do Evangelho não é apenas algo para 
	ser pesado pelo intelecto e por ele examinado; é uma verdade que apela ao 
	coração, seja de um índio na floresta, seja de um filósofo. A pergunta é: 
	esse homem ama a verdade de tal maneira que esteja disposto a abandonar todo 
	o pecado e viver para DEUS? Se uma pessoa não ama a verdade, seu intelecto 
	inventará todos os tipos de argumentos contra ela. É com o coração que 
	alguém crê e é com o coração que descrê. 
	4. O pecado pune o pecado (v. 11). As pessoas são punidas por pecados, e não 
	somente por causa de pecados. Assim como um relojoeiro planeja um relógio 
	para bater em certos intervalos, também o Onipotente organizou o Universo de 
	tal modo que as pessoas ceifam o que semeiam. Uma pessoa come demais, e tem 
	a digestão arrumada. Outro vive uma vida de vícios, e o resultado é um corpo 
	cheio de doenças. Outros cometem o pecado de rejeitar a verdade, e ficam 
	vítimas de ilusões e erros. “Quanto ao ímpio, as suas iniquidades o 
	prenderão, e, com as cordas do seu pecado, será detido” (Pv 5.22). “Como 
	pode um DEUS de amor condenar pessoas?” perguntam alguns. Mas a verdade é 
	que as pessoas condenam a si mesmas. Insistem em fazer a sua própria 
	vontade, e DEUS as deixa fazer - para a própria destruição delas. 
	5. O mistério de iniquidade. Desde o tempo em que Paulo escreveu, sempre 
	houve uma forte corrente de anticristianismo. Em nossos tempos, porém, 
	parece que as coisas estão chegando a um clímax. Desde o início deste 
	século, grandes mudanças estão ocorrendo no mundo. Devem ser esperadas, 
	porque o colapso da velha ordem precisa dar lugar à nova. Os reinos deste 
	mundo devem entrar em colapso para preparar o caminho para o Reino de DEUS. 
	Que sinais hoje indicam que o mundo está sendo preparado para o Anticristo? 
	5.1. No mundo religioso, o modernismo, a sua negação da inspiração das 
	Escrituras e do sobrenatural. A multiplicação das falsas seitas. A 
	indiferença de grande número de cristãos professos. 
	5.2. No mundo literário sente-se uma corrente de sentimento contra a fé e os 
	ideais cristãos. 
	5.3. No mundo da política, a doutrina da supremacia do Estado está 
	crescendo, e esse ensino levado à sua conclusão lógica significa a guerra 
	contra o Cristianismo. No Japão, o imperador, até recentemente, era adorado 
	como DEUS, e os cristãos japoneses tinham a escolha entre lealdade a DEUS ou 
	à pátria. Na Rússia, temos o exemplo de uma poderosa nação que oficialmente 
	declarava guerra contra DEUS e a religião. Não devemos ficar pessimistas, no 
	entanto, porque há muitos anos já fomos advertidos de que tais coisas 
	aconteceriam, e podemos nos preparar espiritualmente. Os que conhecem o 
	programa de DEUS não entrarão em pânico, porque a mesma Palavra que previu 
	essas condições também nos garante a vitória do Reino de DEUS. Longe de 
	paralisarmos as nossas atividades, essas condições devem nos despertar para 
	mais intensivamente advertirmos as almas que perecem, a fim de salvar o 
	maior número possível antes de chegar a noite, em que ninguém poderá 
	trabalhar. 
	 
21- A HISTÓRIA DE TIMÓTEO 
	Texto: 1 e 2 Timóteo; Atos 16.1-3; 17.14,15 
	  
	Introdução 
	Na igreja de San Paolo, em Roma, pode ser visto o túmulo tradicional do 
	apóstolo Paulo, coberto por um manto suntuoso. Ao lado, há um túmulo mais 
	modesto, no qual está inscrito um só nome: TIMOTHEI, onde, segundo se diz, 
	jazem as cinzas de Timóteo. Não sabemos com certeza quanto à veracidade de 
	estes túmulos serem os verdadeiros jazigos finais destes homens, mas é 
	agradável pensar que dois honrados servos de DEUS, que juntamente amavam e 
	labutavam, choravam e oravam agora jazem lado a lado, o pai com seu filho na 
	fé. Começaremos com 2 Timóteo 3.14,15, que trata da infância de Timóteo e é 
	um bom ponto para começar o estudo. 
	  
	I - A Infância de Timóteo (2 Tm 3.14,15) 
	“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste”. O que Timóteo aprendera? Que 
	o Messias, acerca de quem aprendera de sua mãe e de sua avó (2 Tm 1.5), 
	viera e passara por tudo quanto o Antigo Testamento predissera acerca dEle. 
	O que aprendera na infância tornou-se real mediante a experiência: “e de que 
	foste inteirado”. Já que Timóteo tinha sido criado como menino judeu, Paulo 
	podia dizer: “E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que 
	podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em CRISTO JESUS”. A 
	súmula das exortações de Paulo é: “Não renegue suas convicções primeiras; 
	fique firme em DEUS e na Bíblia da sua infância”. Timóteo deve “continuar”. 
	A Bíblia é chamada “sagradas letras”. “Sagrado” quer dizer separado de todas 
	as outras coisas para DEUS. A Bíblia, portanto, é livro sem igual, o Livro 
	de DEUS, tão acima das composições humanas como DEUS está acima da terra. 
	Paulo menciona o propósito do livro: “fazer-te sábio para a salvação, pela 
	fé”. A salvação é o tema principal da Bíblia; a explicação do caminho da 
	salvação é seu propósito principal. Contém todas as direções necessárias 
	para guiar a alma da Terra para o Céu. Como é que a Bíblia nos guia para a 
	salvação? “Pela fé que há em CRISTO JESUS” (cf. Rm 10.17). As Escrituras 
	podem nos apontar para CRISTO, mas não podem tomar o seu lugar. Indicam o 
	caminho, mas Ele mesmo é o próprio caminho. 
	II - A Conversão e Vocação de Timóteo (At 16.1-3; 
	17.14,15) 
	Calcula-se que Timóteo foi convertido com a primeira visita de Paulo a 
	Listra (At 14.6-18), e ficou sendo o “filho na fé” do apóstolo. Na segunda 
	visita (At 16.1-3), podemos imaginar que os líderes da igreja falassem a 
	Paulo: “Temos um jovem aqui chamado Timóteo, que tem uma vocação à obra 
	missionária. O senhor acha possível dar um começo a ele?” Das cartas a 
	Timóteo, podemos tirar alguma ideia de como teria sido o impressionante 
	culto de ordenação, antes do ministério de Timóteo como ajudante de Paulo. 
	Timóteo ficou diante da congregação e fez seu voto de consagração (1 Tm 
	6.12). Depois, veio uma mensagem profética encorajando o jovem ministro (1 
	Tm 1.18). Quando os anciãos impuseram as mãos sobre ele, recebeu dons 
	espirituais para poder realizar a sua obra (2 Tm 1.6). Timóteo foi filho de 
	um casamento misto, sendo a mãe judia, e o pai, grego. Sendo que Paulo 
	sempre pregava primeiramente na sinagoga, a presença de um gentio seria uma 
	pedra de tropeço. Para facilitar a obra de atingir os judeus, Paulo mandou 
	circuncidar Timóteo, a fim de que fosse um judeu, nacionalmente. Não houve 
	qualquer intenção de Paulo declarar que a circuncisão era necessária à 
	salvação, porquanto sempre negava isso; era simplesmente parte da sua 
	política missionária, de vir a ser todas as coisas para todos os homens, a 
	fim de salvá-los (1 Co 9.19,20). Atos 17.14,15 mostra Timóteo trabalhando 
	como ajudante de Paulo. 
	III - A Vocação de Timóteo ao Conflito Espiritual 
	(2 Tm 2.1-4,15,16,22) 
	Durante o reinado do imperador Nero, os cristãos foram acusados de atear um 
	incêndio que destruiu Roma. Surgiu uma perseguição, durante a qual Paulo foi 
	preso. Enquanto esperava a sua coroa de mártir, Paulo escreveu a sua última 
	mensagem a Timóteo, que naquele tempo estava encarregado da igreja em Éfeso. 
	Ele pede que Timóteo chegue ali antes da sua morte e encoraja-o a ser fiel 
	numa situação difícil. A nota principal dessa seção é: “Sê forte!” 
	1. Forte na vida espiritual. ‘Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que 
	há em CRISTO JESUS”. Por trás dessas palavras, podemos imaginar um moço 
	tímido, sensível e talvez de saúde fraca (1 Tm 5.23), que precisava do 
	constante encorajamento de seu pai espiritual. E Timóteo estava numa posição 
	difícil. Fora da igreja havia a perseguição, dentro dela havia os falsos 
	mestres. Dizer apenas “fortifica-te” para uma pessoa fraca é tão fútil como 
	dizer “saia da água” a alguém que está se afogando e que não sabe nadar. 
	Paulo, portanto, joga um salva-vidas para ajudar Timóteo a vencer as 
	fraquezas — “a graça que está em CRISTO JESUS”. “E o que de mim, entre 
	muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para 
	também ensinarem os outros”. Paulo talvez se refira ao sermão de ordenação, 
	durante o qual expôs os fundamentos do Evangelho. Timóteo, encarregado do 
	distrito de Éfeso, recebe poderes para ordenar outras pessoas no ministério 
	e passar adiante o ensino do apóstolo. 2. Forte na resistência. A exortação 
	para Timóteo ser forte é ilustrada na vida do soldado. “Sofre, pois, comigo, 
	as aflições como bom soldado de JESUS CRISTO”. O ministro é um soldado de 
	CRISTO, arrolado por Ele, treinado por Ele, armado por Ele, sustentado por 
	Ele. O ministério é uma guerra, envolvendo o bom combate da fé contra tudo 
	quanto se opõe à fé e à retidão. 
	3. Forte na consagração. “Ninguém que milita se embaraça com negócio desta 
	vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra”. O soldado romano 
	era isolado, por lei, de todos os interesses, negócios e ações que pudessem 
	interferir na disciplina da sua profissão. O soldado precisava abandonar 
	todas as atividades civis e fazer do bom grado do comandante a lei da sua 
	vida. De semelhante maneira, o ministro de JESUS CRISTO é um soldado, que 
	deve fazer da vontade de seu Mestre a sua lei suprema. Dois outros quadros 
	são acrescentados para ilustrar o serviço cristão: o atleta que precisa 
	seguir a mais severa disciplina de treinamento (v. 5) e o lavrador que 
	precisa de muita paciência e trabalho antes de desfrutar dos frutos colhidos 
	(v. 6). 
	4. Forte na Palavra. “Procura apresentar-te a DEUS aprovado, como obreiro 
	que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. 
	Note-se o contraste entre “aprovado” e “não tem de que se envergonhar”. O 
	trabalhador, cujo serviço é malfeito, é envergonhado quando a obra é testada 
	e revelada como sendo inferior e desonesta. O trabalhador que trabalha 
	honesta e conscientemente, com perícia e firmeza, nunca será envergonhado. O 
	bom ministro precisa manejar bem a Palavra, distribuindo-a a cada um segundo 
	a sua capacidade e as circunstâncias. Não deve pervertê-la, nem a desviar do 
	seu verdadeiro sentido — deve declarar todo o conselho de DEUS. Não deve ir 
	para a direita ou para a esquerda — deve fazer um curso reto no caminho da 
	verdade. 
	5. Forte na santidade. “Foge, também, dos desejos da mocidade”. Esses são os 
	desejos e as inclinações que especialmente tentam a juventude, tais como a 
	intemperança, a arrogância, a petulância, a ambição, a leviandade, o 
	cumprimento das próprias vontades, e semelhantes. As inclinações devem ser 
	vigiadas para não se transformarem em desejos, apetites, paixões e, 
	finalmente, concupiscências. “Segue a justiça, a fé, a caridade e a paz com 
	os que, com um coração puro, invocam o Senhor”. A vida cristã tem seu lado 
	positivo, e não somente o lado negativo. A renúncia ao pecado deve ser 
	seguida pela busca da virtude. Depois de esvaziar-nos de nós mesmos, devemos 
	receber um enchimento de poder. A morte para com o pecado deve ser seguida 
	por uma vida de retidão. 
	IV - Ensinamentos Práticos 
	1. “Fortifica-te”. Essa é uma ordem, não meramente um conselho, uma sugestão 
	ou um lindo sentimento. DEUS nunca ordena o que não pode ser cumprido. 
	Portanto, Ele suprirá as forças se confiarmos nEle. Sendo assim, a fraqueza 
	é um pecado. Nós estamos sempre dispostos a fazer das nossas fraquezas um 
	travesseiro para o sono espiritual. DEUS quer que declaremos guerra contra 
	as nossas fraquezas e que clamemos a Ele pedindo forças. “Como bom soldado 
	de JESUS CRISTO”. A guerra revela algumas das piores qualidades do homem, 
	mas também produz qualidades nobres que podem ser transferidas para o 
	serviço do Senhor. Por essa última razão, o serviço do Príncipe da Paz é frequentemente descrito como sendo uma luta. O que significa ser bom soldado 
	de JESUS CRISTO? 
	1.1. Em primeiro lugar, precisamos ser alistados no seu exército. Assim como 
	os israelitas eram numerados antes de entrar numa campanha, também cada 
	cristão é numerado no exército do Senhor para a luta contra a iniquidade. No 
	batismo nas águas, publicamente toma o juramento de fidelidade ao seu 
	Comandante e veste, por assim dizer, o uniforme do soldado cristão. “Porque 
	todos quantos fostes batizados em CRISTO já vos revestistes de CRISTO”. Qual 
	é a bandeira sob a qual nos alistamos? A cruz! A obra que CRISTO fez por 
	nós, sua morte em nosso lugar, sua ressurreição — tudo isso é a chamada 
	enviada a todos os homens para que se alistem no seu serviço. A cruz é o 
	único poder que atrai os homens de uma vida de pecado e egoísmo para lutar 
	contra o mal em si mesmos e no mundo. 
	1.2. O soldado precisa treinar e ensaiar. Um bom soldado cristão não se faz 
	num só dia. Requer exercício com a oração, exercício com a espada (Ef 6.17) 
	e exercício em marchar — andar em amor, em luz, em espírito e nas pegadas de 
	JESUS. 
	1.3. O bom soldado deve servir de bom grado. Um voluntário vale por muitos 
	homens constrangidos. Quando só cumprimos os nossos serviços cristãos com 
	relutância ou simplesmente por um senso de dever, já devemos pedir que DEUS 
	mude o nosso coração. Viver sob a graça significa também que amamos nosso 
	serviço a CRISTO. 
	1.4. A obediência implícita é requerida de um bom soldado. O único padrão de 
	dever do soldado é a vontade do comandante. Essa absoluta submissão é coisa 
	nobre e degradante? Isso depende de a autoridade ser boa ou má. Tendo, 
	porém, o Líder divino, cujas ordens são dadas em amor e sabedoria e cujo 
	serviço leva à máxima felicidade, então a absoluta obediência é a melhor 
	coisa na vida. A mais alta liberdade vem quando voluntariamente submetemos 
	as nossas vontades à vontade de DEUS. O motivo mais alto do cristão é 
	agradar a CRISTO. Sem esse motivo o serviço cristão se transforma em 
	formalidade e servidão enfadonha. Esse motivo nos ergue muito acima de 
	várias tentações, que já não tentam um coração cujo intuito é agradar a 
	CRISTO. Liberta-nos de nos preocuparmos acerca das críticas humanas, porque 
	a opinião popular pouco importa para um soldado que apenas procura receber 
	honra de seu comandante. Dá energia para o trabalho e transforma os duros e 
	secos deveres em alegria, porque é sempre uma bênção trabalhar por aquEle a 
	quem amamos. 
	1.5. Do soldado exige-se a heroica tolerância das dificuldades. O serviço 
	militar exige sacrifício próprio, a resistência, a vigilância e a oposição 
	organizada contra um inimigo incansável. Tal é a vida cristã. Não se pode 
	imaginar um soldado correndo para o capitão durante a batalha, dizendo: 
	“Aqueles soldados ruins estão atirando contra mim!” Nós somos soldados na 
	batalha para a retidão; não devemos, portanto, ficar surpresos ou 
	desencorajados quando o nosso serviço pelo Mestre nos traz situações 
	desagradáveis e difíceis. 
	1.6. O soldado deve estar desligado de outros problemas. “Ninguém que milita 
	se embaraça com negócios desta vida”. Isso não significa que o cristão deve 
	imitar aqueles monges que fugiam da cidade e moravam nos desertos para 
	evitar a tentação. A vida cristã deve ser vivida em todos os legítimos 
	relacionamentos vitais — como no lar e na fábrica. Deve-se enfatizar a 
	palavra “envolver”. Não é a ocupação com os assuntos da vida diária, mas o 
	envolvimento com eles que danifica a nossa vida espiritual. Tudo que diminui 
	o nosso amor por coisas espirituais é um envolvimento indevido. Se é mau, 
	deve ser abandonado; se é legítimo, deve ser destronizado da sua posição de 
	domínio e transformado em servo. 
	2. “Que maneja bem a palavra da verdade”. A expressão tem vários sentidos. 
	2.1. “Manejar bem”; a Palavra é como uma espada e precisa ser manejada 
	corretamente. Não é para brincar; é para destruir o pecado e o erro. A 
	Palavra não deve ser usada para reforçar teorias particulares nem para 
	encorajar as pessoas nos seus pecados, “falsificando a palavra de DEUS” (2 
	Co 4.2). 
	2.2. A expressão “manejar bem” também quer dizer “cortar direito”, como 
	cortar um sulco reto num campo. Paulo queria que Timóteo fosse direto em sua 
	pregação, sem desvios nem truques. 
	2.3. Alguns acreditam que a alusão ao cortar se refere ao conhecimento do 
	sacerdote de cortar o animal segundo o ritual. Assim, a Palavra deve ser 
	analisada com perícia, e não rasgada em pedaços e servida em blocos 
	informes. O obreiro aprovado por DEUS saberá distinguir os vários aspectos 
	da verdade. Saberá, por exemplo, distinguir entre a Lei e a graça; entre o 
	julgamento dos pecadores e o julgamento que os cristãos sofrem para receber 
	galardões para as suas obras. Saberá distinguir entre a natureza humana do 
	crente e a sua natureza mais alta dada pelo ESPÍRITO. 
	2.4. A expressão também dá a ideia de “manejar” ou “cortar” certas partes 
	para certos propósitos. O ensinador deve saber escolher o assunto certo para 
	as necessidades do auditório. Servirá leite para os que ainda são bebês 
	espirituais, e carne forte para os adultos na fé. Saberá quais receitas 
	espirituais deve indicar para cada enfermidade espiritual. 
	 
22- PROVAS DA GRAÇA DIVINA 
	Texto: Tito 2.11— 3.9 
	  
	Introdução 
	As cartas a Timóteo e a Tito são chamadas Epístolas Pastorais porque foram 
	escritas para instruir ministros no governo da igreja. Esse estudo foi 
	tirado da epístola escrita a Tito, que foi deixada para superintendentes das 
	igrejas em Creta. Os postos-chaves da carta são: sã doutrina e boas obras. A 
	doutrina e a vida se acompanham. A doutrina sem as obras é isenta de 
	realidade; as obras sem a doutrina não possuem vitalidade. No propósito de 
	DEUS, a doutrina e a vida formam um conjunto, e ninguém deve separar o que 
	DEUS juntou. 
	I - A Obra da Graça (Tt 2.11-15) 
	Na primeira parte do capítulo, Paulo exorta todos os tipos de pessoas na 
	igreja a viverem piedosamente. Por quê? “Porque a graça de DEUS se há 
	manifestado, trazendo salvação a todos os homens”. Os que vivem na graça 
	devem viver graciosamente. A graça nos traz: 
	1. A salvação. A graça é o favor de DEUS derramado sobre os que não o 
	merecem. E a misericórdia de DEUS que perdoa homens pecaminosos. 
	“Manifestar-se” é quase sempre empregado em conexão com a vinda do Senhor 
	JESUS. Assim como o sol brilha pela neblina, assim também o amor de DEUS em 
	CRISTO brilhou através do pecado e da ignorância para nos dar à luz da 
	salvação. Essa graça veio oferecer a salvação a “todos os homens”, isto é, 
	se eles a aceitarem. O amor de DEUS flui pelo mundo, e entrará onde surge 
	uma abertura. 
	2. A educação. A graça não somente faz nascer filhos espirituais como também 
	ensina, disciplina, corrige e castiga. A educação inclui tudo isto. A 
	salvação da alma deve ser seguida pelo ensinamento da alma. Isso inclui: (1) 
	renunciar os caminhos maus: “Renunciando à impiedade [o viver sem DEUS] e às 
	concupiscências mundanas [tais como egoísmo, orgulho, ambições errôneas]”; 
	(2) a escolha do caminho certo: “Vivamos neste presente século sóbria, justa 
	e piamente [reconhecendo a presença de DEUS na vida diária]”. 
	3. A glorificação. “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento 
	da glória do grande DEUS e nosso Senhor JESUS CRISTO”. A primeira vinda de 
	JESUS trouxe graça para salvar e santificar; a sua segunda vinda trará graça 
	para glorificar. Mas em primeiro lugar, vem a graça para salvar e 
	santificar, porque “se deu a si mesmo por nós [como sacrifício], para nos 
	remir [libertar pagando o preço] de toda iniquidade, e purificar para si um 
	povo seu especial, zeloso de boas obras”. “Fala disto, e exorta, e repreende 
	com toda a autoridade. Ninguém te despreze”. Tito tinha que explicar essas 
	doutrinas até deixá-las claras; exortar, para impressioná-las na 
	consciência; repreender os que violavam essas doutrinas; e, sobretudo, 
	reforçar as suas palavras com uma vida consistente. 
	II - Provas da Graça (Tt 3.1-9) 
	1. Lealdade ao governo. “Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e 
	potestades, que lhes obedeçam e estejam preparados para toda boa obra” (cf. 
	Rm 13.1-7; 1 Pe 2.13). O governo é uma instituição divina, no sentido que é da vontade de DEUS que todos vivam sob 
	um governo. Mesmo um governo ruim é melhor do que a anarquia. Seja qual for 
	a forma do governo, o cristão lhe deve obediência e respeito. O Evangelho 
	não deve tomar um homem inferior em qualquer aspecto da vida. O cristão deve 
	ser bom cidadão, bom trabalhador e bom pai. 
	2. A gentileza e a humildade para com os homens. “Que a ninguém infamem, nem 
	sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda mansidão para com todos os 
	homens”. Os cristãos são salvos não por causa da sua bondade, mas pela graça 
	de DEUS. São pecadores salvos pela graça, e não devem assumir atitudes de 
	superioridade para com os não cristãos. Devem se lembrar que, antes de 
	receber a graça de DEUS, eram “insensatos, desobedientes, extraviados, 
	servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, 
	odiosos, odiando-nos uns aos outros”. Um bom remédio para o orgulho é 
	lembrar-se dos pecados e falhas do passado (cf. 1 Tm 1.12-14). Onde existe 
	base para a jactância e o orgulho? Fomos salvos “não pelas obras de justiça 
	que houvéssemos feito”, mas pela bondade e amor de DEUS, segundo a sua 
	misericórdia (v. 5). O caráter não produz a salvação; a salvação produz o 
	caráter. As pessoas são salvas não porque vivem corretamente; vivem 
	corretamente porque são salvas. A salvação peleis obras exigiria a perfeita 
	observância de todos os detalhes da Lei, e quem já conseguiu isso? Como DEUS 
	nos salvou? “Pela lavagem da regeneração [purificando do pecado] e da 
	renovação do ESPÍRITO SANTO [dando vida nova]; que abundantemente ele 
	derramou sobre nós por JESUS CRISTO, nosso Salvador” (cf. Jo 3.5). O homem 
	“nasce da água” (ou seja, passa pela purificação) “e do ESPÍRITO” (ou seja, 
	recebe a vida nova). A salvação, portanto, é a morte para a antiga vida do 
	pecado e o nascimento para uma vida de retidão. Essas verdades são 
	simbolizadas no batismo na água (Rm 6). “Justificados pela sua graça” - ou 
	seja, declarados justos pelo dom gratuito de DEUS. O governador de um estado 
	pode perdoar um criminoso, mas não pode declará-lo um homem bom. DEUS, 
	porém, pode perdoar o pecador e declará-lo justo diante dEle. “Para que, 
	sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros, segundo a 
	esperança da vida eterna”. A vida eterna é a plenitude que jaz no futuro; 
	nesta vida, o cristão recebe o ESPÍRITO SANTO como sinal ou primeira parte 
	daquela herança (Ef 1.13,14; Rm 8.23). A esperança é a própria visão do 
	futuro, aguardando o pleno cumprimento da promessa. 3. Boas obras. “Fiel é a 
	palavra, e isso quero que deveras afirmes, para que os que crêem em DEUS 
	procurem aplicar-se às boas obras; essas coisas são boas e proveitosas aos 
	homens”. A pregação do Evangelho da graça salvadora (vv. 5- 7) produzirá fé, 
	e a fé, por sua vez, produzirá boas obras. Aquilo que uma pessoa 
	verdadeiramente crê influencia a sua conduta. E se alguém não tem nenhuma 
	obra boa, o que se diz da sua crença? Leia Tiago 2.14-20. “Mas não entres em 
	questões loucas, genealogias e contendas e nos debates acerca da lei; porque 
	são coisas inúteis e vãs”. Uma das coisas que tomaram difícil a tarefa de 
	Tito foi a presença de mestres judeus que estavam obscurecendo os 
	fundamentos do Evangelho com suas mesquinhas disputas acerca de cerimônias, 
	tradições e assuntos não essenciais.
III - Ensinamentos Práticos 
	1. Como o cristão deve viver. A salvação do pecado é diferente, por exemplo, 
	de ser salvo do afogamento. Este último pode continuar a viver como vivia 
	antes de ser tirado da água. A salvação do pecado, no entanto, é a 
	introdução a uma nova vida. Como deve viver a pessoa salva? 
	1.1. Em relação a si mesmo — “sensatamente”. E como a palavra “sóbrio”, que 
	em linguagem comum significa abstinência ou autocontrole no que diz respeito 
	às bebidas fortes. Nas Escrituras, a palavra significa autocontrole em todos 
	os campos. O homem é uma coletânea de desejos, inclinações e apetites. Estes 
	precisam de controle forte, sem o qual a anarquia reinará na alma. O motor 
	de um navio o esmagará contra as rochas, se não houver um capitão para reger e um piloto para navegar. Regemos a nós 
	mesmos quando colocamos CRISTO como Capitão da nossa alma. 
	1.2. Em relação a outros — “justamente”. Quando Pedro e João foram proibidos 
	pelas autoridades judaicas de pregar o Evangelho, resolveram o assunto pela 
	seguinte regra: “Julgai vós se é justo diante de DEUS...” (At 4.19). Essa é 
	a regra mais alta do cristão em seus relacionamentos com outras pessoas. 
	Isso, porém, não exclui a misericórdia, porque ela é o direito de todos os 
	homens. A justiça sem misericórdia pode ser transformada em injustiça. 
	1.3. Em relação a DEUS — “piedosamente”. “O propósito principal do homem é 
	glorificar a DEUS”, diz o catecismo. O mais alto relacionamento do homem é o 
	que o liga a DEUS. Uma vida sem DEUS, por mais excelente que seja, é como 
	uma pirâmide sem ápice, cujas linhas não se reuniram para apontar o Céu. O 
	homem está em situação mais nobre quando adora ao Criador. 
	2. Negando as paixões mundanas. Nas Escrituras, a palavra “paixão” é 
	empregada num sentido lato, referindo-se a desejos e inclinações de todos os 
	tipos que nos prendem às coisas fugazes desta vida, achando a sua satisfação 
	em coisas mundanas. Tais coisas, diz o apóstolo, precisam ser negadas. E por 
	quê? Porque tomam posse da alma humana e precisam ser lançadas fora, para 
	preparar lugar à piedade e desejos celestiais. O mau inquilino deve ser 
	despejado para dar lugar ao bom inquilino. Existem aqueles que gostariam de 
	ganhar ambos os mundos. Não pode ser feito assim. “Ninguém pode servir a 
	dois senhores”. O inferior precisa ser sacrificado para se ganhar o 
	superior. Não se trata apenas de religião correta - também é bom senso 
	correto. Como expulsar o inferior? Assim como a seiva, ao subir nas árvores, 
	empurra para fora as antigas folhas mortas, também o amor de CRISTO, 
	entrando no coração, pode expulsar o mal. O coração não pode ser limpo com 
	pá e carrinho — temos que desviar um rio para dentro dele. Quando a graça de 
	DEUS inunda a alma, o mal é levado para longe. 
	3. A graça de DEUS eleva a natureza humana. Se a educação e o ensinamento da 
	ética pudessem salvar o mundo, já há tempo ele teria sido salvo. Procurar 
	curar os males do mundo mediante discursos sobre a retidão é como tentar 
	extinguir um incêndio lendo para ele a lei contra incêndios. Precisamos do 
	equipamento do corpo de bombeiros, e não de proclamações, para impedir sua 
	ação devoradora. A natureza humana precisa de poder vindo de cima, para ser 
	erguida a um nível mais alto. Esse poder é a graça de DEUS, que foi revelada 
	mediante CRISTO. 
	4. A esperança feliz. A vinda do Senhor trará terror para os ímpios, mas 
	para a Igreja - lutando contra o mundo, a carne e o diabo - significará a 
	feliz libertação. E uma bendita esperança feliz. O que nos dá o direito de 
	ter expectação da vinda de CRISTO? É que a graça salvadora de DEUS já se 
	manifestou. E como estaremos prontos para a sua vinda, de tal maneira que 
	seja de fato uma bendita esperança? Educando-nos na graça, aprendendo a 
	negar a nós mesmos e vivendo uma vida piedosa. Esse mundo não é nenhum amigo 
	da graça, e precisamos de toda a ajuda e incentivo à santidade. Que 
	inspiração para uma vida santa é sabermos que um dia seremos como Ele! (1 Jo 
	3.1-3). É uma esperança que nos encoraja também. A esperança é como o sol: 
	enquanto viajamos na sua direção, é lançada para trás de nós a sombra do 
	nosso fardo. 
	5. Veja o seu pecado, e veja o seu Salvador. “O qual se deu a si mesmo por 
	nós, para nos remir de toda a iniquidade”. Uma razão para a rejeição da obra 
	expiadora de CRISTO são as noções pouco profundas acerca do pecado. Se uma 
	pessoa pensa que não tem iniquidade, imagina que não precisa de um Salvador. 
	E como se alguém pusesse papel de parede bonito na sua cela de prisão e se 
	imaginasse livre por isso. São como os judeus nos dias de JESUS, dizendo: 
	“Somos descendência de Abraão e nunca servimos a ninguém” (Jo 8.32-34). 
	Mesmo não estando em escravidão a outros homens, são escravos de profundos 
	desejos e tendências que, escondendo-se como tigres na floresta, estão 
	prontos a pular sobre eles a qualquer momento. Quando alguém sabe o que é o 
	pecado e a culpa; quando ouve a voz de uma consciência que acusa, então está 
	pronto a escutar a mensagem de João Batista: “Eis o Cordeiro de DEUS, que 
	tira os pecados do mundo”. 
	6. “Zeloso de boas obras”. Se zelo fosse analisado, três elementos seriam 
	descobertos: primeiro, o reconhecimento de alguma verdade, pessoa ou causa; 
	segundo, um sentimento emocional; terceiro, o sentimento de que somos 
	constrangidos a dar tudo para a promoção daquela verdade, pessoa ou causa. 
	Há aqueles que se queixam de que o zelo estreita as mentes das pessoas... 
	Para furar uma prancha grossa, precisamos de um instrumento com uma ponta 
	fina. Alguém disse: “O mundo nunca chega a ver verdade alguma, a não ser que 
	seja martelada para dentro da sua cabeça por algum homem que não veja outras 
	verdades”. O zelo fogoso dos cristãos tem sido denunciado como fanatismo. 
	Mas ura ferro em brasa rapidamente furará uma prancha; e o zelo caloroso 
	comoverá os corações mais rapidamente do que o frio raciocínio. O mundo é 
	movido mais pelo coração do que pela razão. Como podemos adquirir zelo? 
	Realmente crendo em tudo o que se inclui no Evangelho. Se realmente cremos 
	que DEUS foi manifesto na carne (1 Tm 3.16), na pessoa de JESUS CRISTO para 
	a salvação dos homens, não podemos ficar frios. Uma boa receita para se 
	produzir zelo se acha em Salmos 39.3: “Incendeu-se dentro de mim o meu 
	coração; enquanto eu meditava se acendeu um fogo: então falei com a minha 
	língua”. Fervor artificialmente produzido pode produzir zelo sem 
	entendimento; a meditação com oração sobre as verdades do Evangelho 
	produzirá um zelo profundo, puro e duradouro. 
	7. “A ninguém infamem”. Ficamos horrorizados ao ouvir falar em assassinatos. 
	Seria bom se sentíssemos igual horror acerca das reputações e dos bons nomes 
	destruídos por mexericos maliciosos. Aquele que mandou: “Não matarás” também 
	mandou: “Não darás falso testemunho contra o teu próximo”. Como se viola o 
	nono mandamento? Pela calúnia - isto é, imputar ao caráter do outro algo 
	sobre o qual é inocente. Pela maledicência, que é revelar aos outros alguma 
	falha ou pecado do próximo que pode ser real. Pela difamação — atribuindo a 
	outros, na sua ausência, falhas das quais o difamador sabe que é inocente. 
	Se temos que falar sobre uma ofensa, falemos com a própria pessoa envolvida 
	ou sussurremos o assunto a DEUS. 
	8. “Ninguém te despreze’’. Essas palavras se aplicam primariamente ao 
	ministério. Quando é que as pessoas desprezam um ministro? Quando não há 
	concordância entre a sua vida e a sua doutrina; quando prega como se não 
	acreditasse na mensagem e quando é evidente que não deu muito trabalho para 
	prepará-la; quando parece que quer engrandecer-se e quando é evidente que há 
	nele outra motivação que não seja a glória de DEUS. Essas palavras também se 
	aplicam a todos os cristãos, conclamando-os a viver de tal maneira que 
	ganhem o respeito dos outros. O que acontece quando pessoas nos desprezam ao 
	fazermos o bem? Fazem mal a si mesmas, e não a nós. Alguém pode nos oferecer 
	uma garrafa de uísque, mas não precisamos tomá-la. Outros podem nos oferecer 
	ofensas, mas não precisamos digeri-las. Geralmente, se vivemos vidas 
	consistentes como filhos de DEUS, seremos respeitados. 9. “Não entres em 
	questões loucas’’. Certo homem disse, após muito tempo gasto na especulação 
	no livro do Apocalipse: “Não entendo bem estas sete trombetas, e você?” 
	“Não”, foi a resposta, “mas se você desse mais atenção aos seus sete filhos 
	e menos às sete trombetas, solucionaria mais os seus verdadeiros problemas”. 
	Não é erro nenhum pesquisar profundamente as Escrituras, mas por que passar 
	tempo em especulação de mistérios quando o mundo está caminhando para a 
	destruição? Assim como quando se queima matéria úmida não conseguimos ver as 
	chamas por causa da fumaça, também a luz das Escrituras é obscurecida pelos 
	vapores das controvérsias. 
	 
23- O SERVO INÚTIL SE TORNA ÚTIL 
	Texto: Filemom 
	  
	Introdução 
	Durante a sua longa estada em Éfeso (At 19.10), Paulo conheceu um colossense 
	chamado Filemom, que juntamente com a sua esposa se convertera ao 
	Cristianismo. Parece que ocupavam uma posição de destaque e que emprestavam 
	a sua casa como lugar de reunião para a pequena comunidade cristã. Nesse 
	lar, havia um escravo chamado Onésimo. Seu nome quer dizer, literalmente, 
	“proveitoso” ou “útil”, mas não viveu à altura do seu nome, porque fugiu de 
	seu senhor, ainda, talvez, lhe furtando algum dinheiro. Finalmente atingiu 
	“o esgoto comum de toda a miséria e vício do mundo antigo”, a cidade de 
	Roma. Como o filho pródigo, logo gastou o que levava consigo naqueles locais 
	promíscuos, acessíveis a escravos fugitivos. Chegou o dia em que se achou 
	sem dinheiro e sem amigos, um escravo sem valor, por quem ninguém se 
	interessava. Para a maioria desses fugitivos, não havia meios de ganhar a 
	vida a não ser com vício e crime. A não ser que o escravo se transformasse 
	em pugilista ou ladrão profissional, ou se entregasse a ser escravo de outra 
	pessoa, parecia não haver a possibilidade do ganha-pão. Quanto ao voltar ao 
	seu senhor, o pensamento o aterrorizava. O homem mais bondoso em nada 
	transgrediria os costumes do dia se ferreteasse o escravo ou o mandasse 
	trabalhar em cadeias numa prisão horrível para escravos, torturando-o, ou 
	revendendo-o para algum senhor especialmente cruel. Não nos é dito sob que 
	circunstâncias houve um encontro entre o escravo e o apóstolo. Pode ser que, 
	em algum lugar onde soldados se reuniam, os ouviu falando sobre um pregador 
	judeu chamado Paulo, cujas palavras tinham tremendo efeito sobre quem as 
	ouvia. O coração do escravo deve ter ficado cheio de alegria, porque talvez 
	tenha ouvido Paulo pregar quando seu senhor viajava para Éfeso. Uma coisa 
	sabemos: Onésimo descobriu onde ficava Paulo, e o apóstolo o recebeu com 
	bondade e simpatia. Onésimo se tornou um cristão. Sua atitude era tal que o 
	apóstolo gostou especialmente dele, e progrediu tanto que até teria gostado 
	de conservá-lo como um ajudante. Sentia, porém, que seu dever era enviar o 
	fugitivo de volta ao seu senhor legítimo. Podemos imaginar Onésimo com medo 
	dos terríveis castigos que tradicionalmente se aplicavam aos escravos 
	fugitivos. Paulo, por certo, respondeu: “Não tenha medo. Eu sou seu amigo e 
	amigo do seu senhor. Sou seu pai espiritual e pai espiritual do seu senhor. 
	Vou interceder, e Filemom vai lhe tratar bem por amor a mim” . E assim foi 
	que o apóstolo escreveu o que tem sido chamado “a epístola cortês”. Nessa 
	carta, percebemos a delicadeza e cortesia de Paulo, e observamos quanto 
	tato, dignidade e graça o apóstolo aplicava ao pedir um favor. A intercessão 
	de Paulo revela:   
	I - Ternura (vv. 8,9) 
	Após honesto e afetuoso louvor a Filemom, Paulo chega ao assunto principal 
	da carta. “Pelo que, ainda que tenha em CRISTO grande confiança para te 
	mandar o que te convém, todavia, peço-te, antes, por caridade, sendo eu tal 
	como sou, Paulo, o velho e também agora prisioneiro de JESUS CRISTO”. 
	Provavelmente antecipava que Filemom ficaria, com toda a razão, zangado com 
	a conduta do escravo, e por isso começa a sua intercessão com terna 
	persuasão e tato. 
	1. Pede como favor aquilo que poderia ordenar como direito. Paulo poderia 
	empregar a sua autoridade como apóstolo de CRISTO e ordenar que Onésimo 
	fosse recebido e perdoado. No entanto, despoja-se dos seus direitos e apela 
	à afeição pessoal que Filemom tem para com ele. Por estranho que pareça, a 
	melhor maneira de exercer a autoridade é não a exercer. O melhor líder é 
	aquele que pode inspirar e persuadir outros pelo respeito e afeição a sua 
	própria pessoa. O tato de Paulo em se despojar dos seus direitos é para que 
	Filemom pudesse fazer o mesmo, recebendo bem o escravo. 
	2. Paulo apela à compaixão de Filemom. Como se dissesse: “Filemom, este 
	apelo vem de quem envelheceu no serviço do Senhor [Paulo talvez tivesse 
	sessenta anos], de alguém que está na prisão por amor ao Evangelho”. Foi um 
	poderoso apelo a um dever primário: reverência para com os idosos. Nota-se 
	que, a cada passo, Paulo torna sempre mais difícil para Filemom recusar o 
	seu pedido. 
	II - Estilo Específico (vv. 8-12) 
	O apóstolo toma o escravo pela mão, por assim dizer, e pede que Filemom o 
	receba de volta, por três motivos: 
	1. É um convertido de Paulo. “Meu filho [espiritual] Onésimo, que gerei [cf. 
	G1 4.19] nas minhas prisões”. Noutras palavras: “Levei o seu escravo a 
	CRISTO”. 2. Onésimo tinha mudado de caráter. Onésimo, o escravo, já estava à 
	altura do seu nome! (“proveitoso”). Agora o jovem é útil de nome e de 
	caráter. Aqui temos uma ilustração do poder do Cristianismo — levava 
	escravos, transformava-os em filhos do DEUS vivo e fazia com que se 
	sentissem de grande valor diante de DEUS. Leia Mateus 18.10-14. 3. Onésimo é 
	muito querido para Paulo. “E tu torna a recebê-lo como ao meu coração”. 
	Paulo pede que Onésimo seja recebido como se fosse o seu próprio filho. Essa 
	carta nos ajuda a conhecer a natureza afetuosa de Paulo. Ele amava as 
	pessoas.  
	III - Cortesia (vv. 13,14)  
	
	1. Cortesia. Paulo tinha tanto afeto por Onésimo, que teria gostado de 
	retê-lo como ajudante e companheiro; mas não faria isso sem o consentimento 
	de Filemom; não queria tirar vantagem da amizade que Filemom sentia por ele. 
	Paulo não gostava de se impor sobre os seus amigos. 
	2. Tato. As palavras contêm uma sugestão delicada: “Se Onésimo é apropriado 
	para servir a Paulo, não pode ser proveitoso a você também?” 
	3. Sabedoria. Paulo foi sábio em m andar o escravo de volta para o seu 
	senhor: primeiro, era ilegal receber ou deter escravos fugitivos — os 
	descrentes poderiam ter levantado a acusação de que o Cristianismo 
	encorajava os escravos a fugir dos seus senhores; segundo, era correto que 
	Onésimo voltasse a fim de pessoalmente convencer Filemom de que a sua 
	conversão era genuína que não se tornara cristão para se afastar do seu 
	legítimo senhor; terceiro, Onésimo era propriedade legal de Filem om , e 
	Paulo, que pregava a retidão e a honestidade, queria exemplificá-las. Sabia 
	que mesmo que obtivesse a permissão de Filem om para reter o escravo, o 
	inimigo teria sussurrado no ouvido do dono: “Aquele pregador é muito vivo 
	com suas frases suaves: conseguiu obter seu escravo com um pouco de 
	conversa!” 
	IV - Coragem (vv. 15-20) 
	1. A fé de Paulo. Nos versos 15 e 16, Paulo explica que certamente foi 
	errado o que o escravo fez; mas quem sabe foi uma daquelas coisas que 
	cooperam para o bem? Talvez tudo fizesse parte do plano de DEUS para trazer 
	Onésimo a CRISTO, a fim de que voltasse a Filemom, não como escravo, mas 
	como irmão em CRISTO. Paulo não pediu a emancipação de Onésimo, porque a 
	escravidão era uma instituição legal e estabelecida havia muito tempo. Qual 
	verdade, porém, é sugerida no verso 16, que é absolutamente inconsistente 
	com a escravidão e que finalmente aboliu essa instituição? Paulo deu alguma 
	indicação de que o escravo deveria ser libertado? (ver v. 21). A tradição 
	declara que Onésimo recebeu a sua libertação e mais tarde veio a ser bispo 
	da igreja de Beréia. 
	2. O pedido de Paulo. “Assim, pois, se me tens por companheiro”. Tendo 
	tornado quase impossível a Filemom recusar o pedido, Paulo fala com firmeza 
	e apela ao senso de companheirismo de Filemom. Depois, identificando-se com 
	o escravo, acrescenta: “Recebe-o, como a mim mesmo”. Temos aqui um tipo de 
	identificação de CRISTO com os seus discípulos: “Quem vos recebe a mim me 
	recebe” (Mt 10.40). Que bela ilustração da identificação de CRISTO com o 
	pecador! CRISTO é sempre aceitável ao Pai, e em prol do arrependido diz: 
	“Recebe-o, como a mim mesmo”. Assim somos aceitos no Amado, e DEUS nos 
	recebe “por amor a CRISTO”. 
	3. A garantia de Paulo. É provável que Onésimo tivesse furtado algo do seu 
	mestre. Não tendo dinheiro, não poderia fazer restituição, e, sendo um 
	escravo, nenhuma corte o aceitaria como devedor normal, com respeito ao seu 
	senhor. Paulo, portanto, se oferece para fazer a restituição: “E, se te fez 
	algum dano ou te deve alguma coisa, põe isso na minha conta”. Neste verso, 
	Paulo toma a pena da mão do seu secretário (cf. Rm 16.22), tomando sobre si, 
	de modo legal, o pagamento da dívida. Note também a delicada indicação: 
	“Para te não dizer que ainda mesmo a ti próprio a mim te deves”. Noutras 
	palavras: “Poderia dizer que é você que me deve algo, uma dívida enorme que 
	é a ajuda pela qual você foi levado da escuridão espiritual para o Reino de 
	DEUS. Mas não vou falar assim”. Depois, mais uma vez, o apóstolo pleiteia o 
	favor pessoal: “Sim, irmão, eu me regozijarei de ti no Senhor, reanima o meu 
	coração, no Senhor”. 
	V - Ensinamentos Práticos 
	1. A salvaguarda e a limitação da autoridade (v. 8). Paulo, com toda a 
	justiça, dá a entender que tem o direito de dar ordens a Filemom . Limita 
	seu direito pela autoridade “em CRISTO”, ou seja, no espírito de CRISTO. Se 
	alguém exerce autoridade “em CRISTO” , tem o direito à obediência. Mas sendo 
	“em CRISTO” o seu direito, tom ará muito cuidado para não abusar ou oprimir 
	o povo de DEUS. Nossos direitos sobre as pessoas devem ser exercidos em 
	CRISTO - de acordo com o seu espírito, com a sua justiça e com o seu amor. 
	Nossos relacionamentos uns com os outros devem ser regulados e limitados por 
	nosso mútuo relacionamento com CRISTO. 
	2. Em nome do amor (v. 9). O amor é o maior motivo para a ação nobre. A 
	autoridade transforma-se em um a arma grosseira na mão de um homem fraco, 
	que duvida do seu poder de influenciar pessoas, ou de um homem egoísta, que 
	não se interessa em ganhar corações, na condição de poder possuir a 
	obediência mecânica. O homem verdadeiramente forte, porém , é aquele que 
	pode deixar de lado a sua autoridade e apelar ao amor e à lealdade. Tal 
	pessoa é sábia, porque sabe que o amor produz resultados quando nada m ais 
	funciona. Foi a essa motivação que JESUS CRISTO apelou: “Se me amais, 
	guardareis os meus mandamentos”. 
	3. “Vós sois todos um em CRISTO JESUS”. “Meu filho Onésimo” . Com que 
	ternura Paulo fala desse escravo! Que testem unho à realidade do vínculo que 
	liga os nossos corações em amor cristão! Paulo é um apóstolo honrado; Filem 
	om era um homem de posses; Onésimo era um pobre escravo sem posição; todos, 
	porém , são um em CRISTO. O Cristianismo reconhece o fato das distinções 
	sociais, mas revoga a tirania e o aspecto ofensivo delas na vida da igreja. 
	Os relacionamentos espirituais são de importância soberana. 
	4. Em algemas, porém livre. “Onésimo, que gerei nas minhas prisões”. Paulo, 
	embora na prisão, não estava inativo. Escrevia, pregava, recebia visitas e 
	levava pessoas à salvação. Os servos de DEUS podem estar algemados, mas o 
	seu espírito e a sua palavra estão livres. O cativeiro pode até libertar a 
	influência de uma pessoa. Foi na prisão que Bunyan escreveu O Peregrino. Sem 
	dúvida, Paulo considerava que a conversão de Onésimo mais do que compensava 
	o fato de estar ele preso. Lembrando-nos de que todas as coisas concorrem 
	para o bem, teremos uma atitude diferente para com as nossas dificuldades, e 
	muitas vezes as transformaremos em triunfos. 
	5. CRISTO transforma caracteres. Onésimo era um escravo frígio. Nenhuma 
	classe era tão degradada como a dos escravos, e nenhum escravo era tão 
	desvalorizado como um escravo frígio. Mas agora Paulo escreveu que Onésimo 
	se tornara proveitoso. Que testemunho ao poder transformador do Evangelho! 
	Ele desconhece qualquer caso desesperador, porque é o poder de DEUS para a 
	salvação. CRISTO veio do Céu para refazer os corações dos homens e dar-lhes 
	uma nova natureza, novos motivos, novas ambições. “Eis que faço novas todas 
	as coisas”. 
	6. Humor sério. No verso 11, temos um jogo de palavras. Paulo diz com humor: 
	“Aquele que era inútil, apesar do seu nome querer dizer útil, agora vive à 
	altura do seu nome”. Um senso de humor transforma muitas situações. Devemos 
	ter dó de quem nunca tem uma risada na voz. Vale a pena não ser sombrio 
	demais no caminho pelo mundo. 
	7. Resumindo deveres negligenciados. Vemos um escravo fugitivo, que furtara 
	de seu senhor, voltando sem saber como seria recebido. Sendo agora um 
	cristão, Onésimo sabia que era o seu dever voltar, e agiu à altura da sua 
	convicção. Uma das evidências da graça no coração é a volta ao dever do qual 
	fugimos. Depois de sofrermos as conseqüências de fugir do nosso dever, 
	obrigamo-nos a voltar aos deveres negligenciados. Essa verdade se ilustra na 
	história de Jonas. 
	8. O dever antes do prazer. Nos versos 13 e 14, tem os um a ilustração do 
	desejo conquistado pela vontade. Paulo bem que queria guardar Onésimo 
	consigo, mas resolveu fazer a coisa certa, m andando-o de volta ao seu 
	senhor. Ser leal a DEUS pode, às vezes, exigir de nós que resolvam os fazer 
	aquilo que não desejam os e, pela força da vontade, o que não é a nossa 
	inclinação. 
	9. Não de obrigação, mas de livre vontade (v. 14). Essas palavras resumem o 
	princípio que deve inspirar o serviço cristão. O serviço que agrada a DEUS é 
	o feliz e livre, a expressão espontânea do coração. Certo comentarista quis 
	concluir dessas palavras de Paulo o seguinte: “Nada na ação moral é bom se 
	não é voluntário”. Há momentos em que é necessário orar: “Senhor, 
	disponha-me a ser disposto”. 
	10. A modéstia é melhor do que o dogmatismo. Paulo sugere que a providência 
	de DEUS pode ser vista na fuga de Onésimo. Diz “acredito ” . O apóstolo não 
	fala dogmaticamente, como se soubesse tudo nos conselhos do Onipotente. Sua 
	humildade é um exemplo para nós. Os que são sábios são modestos em suas 
	asseverações e não entram em declarações dogmáticas que depois terão que 
	negar. Por mais modéstia que Paulo usasse ao aplicar a doutrina na situação 
	específica, não há dúvida acerca do fato de que DEUS pode transformar, na 
	sua soberania, o mal em bem e utilizar os fracassos humanos para levá-los 
	finalmente à bênção. 
	11. Nova inspiração para antigas tarefas. Embora agora seja um filho de 
	DEUS, Onésimo não é isento do dever de voltar à sua posição anterior de 
	servo. Haverá, porém, a seguinte diferença: ele terá uma nova atitude para 
	com a vida e um cântico em seu coração, enquanto cumpre os seus deveres. 
	Assim aprendemos que a salvação não incapacita os homens para os seus 
	deveres na vida, mas os ajuda a cumprir suas tarefas com uma nova motivação 
	e um novo espírito. 
	12. Cooperação. “Assim, pois, se me tens por companheiro”. Quanto poder a 
	igreja teria se os cristãos deixassem de lado as suas rivalidades e invejas, 
	e todos se considerassem companheiros na obra do Evangelho! Unidos, ficamos 
	de pé; divididos, caímos. 
	13. Restituição. Paulo se oferece (v. 18) para fazer restituição por 
	qualquer perda incorrida por Filemom nos seus atos maus. Assim reconhece que 
	a conversão não libertou Onésimo das suas obrigações. A conversão é motivo 
	forte para pagar as dívidas, guardar as promessas, ser diligente nas suas 
	ocupações e fazer restituição para quaisquer maus atos praticados antes. 
	14. “Reanima o meu coração no Senhor” (v. 20). Essa é a oração silenciosa de 
	muitos irmãos e irmãs passando por provas. Uma palavra de bondade, um aperto 
	amistoso de mão, um olhar de simpatia e apreciação — todas estas coisas são 
	como correntes de água num deserto. Como podemos reanimar outras pessoas? 
	“Em CRISTO”. CRISTO é aquela fonte de amor de onde tiramos água para 
	refrescar os demais. 
	 
EPÍSTOLAS ESPÚRIAS 
	Entre os escritos apócrifos do NT, há um 
	pequeno número de epístolas imitando aquelas encontradas no cânon do NT, mas 
	que não competem em importância com outros tipos de literatura apócrifa. As 
	sete epístolas mais importantes são a Epístola dos Apóstolos, Epístolas de 
	CRISTO e Abgarus, Epístola aos Laodicenses, Terceira Epístola aos Coríntios, 
	Epístola de Lentulus, Epístola de Paulo e Sêneca, e a Epístola Apócrifa de 
	Tito.
Na Epístola dos Apóstolos, 11 apóstolos (é feita uma distinção entre Pedro e Cefas!) supostamente se dirigem às “igrejas do oriente e do ocidente, do norte e do sul” e dão um resumo da vida e ressurreição de JESUS. A obra termina com um apocalipse do Senhor ressurrecto com relação ao futuro.
As Epístolas de CRISTO e Abgarus, encontradas por Eusébio (Ecclesiasticat History, I, 13), contêm uma carta endereçada a CRISTO por Abgarus, rei de Edessa, pedindo-lhe para vir e curar o rei, e compartilhar seu reino. CRISTO escreveu uma resposta na qual recusou o convite, mas prometeu enviar um apóstolo após sua ascensão. Tadeu foi enviado, curou o rei e fundou a igreja edesseana.
Tanto a Epístola aos Laodicenses quanto a Terceira Epístola aos Coríntios foram sugeridas por referências encontradas nas cartas de Paulo (Cl 4.16; 1 Co 5.9). Ambas tiveram uma circulação bastante grande no período medieval, embora tenham sido rejeitadas pelos antigos estudiosos. A epístola laodiceana contém 20 versículos copiados das cartas genuínas de Paulo. Esta provavelmente não é a mesma epístola mencionada no Fragmento Muratoriano. A Epístola Apócrifa de Tito é uma descoberta recente.
A Epístola de Lentulus, endereçada ao senado romano, fornece uma descrição física de JESUS extraída de pinturas medievais, embora reivindique ser de autoria de Lentulus, um oficial romano na Judéia no século I.
As Epístolas de Paulo e Sêneca são 14 breves cartas pessoais nas quais Paulo e Sêneca são representados como admiradores um do outro, e Sêneca elogia a inspiração de Paulo.
F. P. 
	 
COMENTÁRIOS - SERIE Comentário Bíblico Epístolas Paulinas 
	ATRAVÉS DA BÍBLIA, LIVRO POR LIVRO 
	Myer Pearlman - Epístolas Gerais
CAPÍTULO XX 
	EPÍSTOLA AOS HEBREUS 
	Tema. A epístola aos hebreus foi escrita, como indica o nome, 
	particularmente aos judeus crentes, embora tenha um valor permanente e uma 
	aplicação contínua para todos os crentes em todas as épocas. A leitura da 
	epístola revelará o fato de que a maior parte dos hebreus cristãos, ao qual 
	se dirige o autor, estava em perigo de afastar-se da fé. Comparado com a 
	nação inteira, era um pequeno grupo de pouca importância, considerado pelos 
	seus patrícios como traidores e objetos da sua suspeita e ódio. Sentiam a 
	sua isolação, separados do resto da nação. Uma grande perseguição 
	ameaçava-os. Oprimidos pelas tribulações presentes e pelo pensamento de 
	adversidades futuras, cederam ao desânimo. Eles ficavam atrás no progresso 
	espiritual (5:11-14); muitos estavam negligenciando o culto (10. 24, 25); 
	muitos, cansados de andar pela fé, estavam olhando para o magnífico templo 
	de Jerusalém, com os seus sacrifícios e ritos imponentes. Havia a tentação 
	de abandonar o cristianismo e voltar ao judaísmo. Para impedir esta 
	apostasia, foi escrita esta epístola, cujo propósito principal é mostrar a 
	relação do sistema de Moisés com o cristianismo, e o caráter simbólico e 
	transitório do primeiro. O escritor, antes de tudo, expõe a superioridade de 
	JESUS CRISTO sobre todos os mediadores do Velho Testamento e mostra a 
	superioridade do Novo Pacto sobre o Antigo, como a superioridade da 
	substância sobre a sombra, do antítipo sobre o tipo e da realidade sobre o 
	símbolo. Estes crentes estavam perplexos e desanimados pelas múltiplas 
	tentações e pelo fato de terem que andar pela fé, no meio de adversidades, 
	pela mera Palavra de DEUS, sem nenhum apoio e consolo visíveis. O autor da 
	epístola prova-lhes que os heróis do Velho Testamento passaram por 
	experiências semelhantes, andando pela fé, confiando na palavra de DEUS, 
	apesar de todas as circunstâncias adversas e até enfrentando a morte (cap. 
	11). Assim, os crentes, como os seus antepassados, “hão de sofrer como vendo 
	Aquele que é invisível”. O tema pode resumir-se da seguinte maneira : a 
	religião de JESUS CRISTO é superior ao judaísmo, porque tem um pacto melhor, 
	um sumo sacerdote melhor, um sacrifício e um Tabernáculo melhores. 
	  
	AUTOR. Não há outro livro do Novo Testamento cuja autoria seja mais 
	disputada, nem cuja inspiração seja mais incontestável. O próprio livro é 
	anônimo. Por causa da diferença de estilo, comparado com os outros escritos 
	de Paulo, muitos eruditos ortodoxos negam que fosse ele quem o escreveu. 
	Tertuliano, no terceiro século, declarou que Barnabé foi o autor. Lutero 
	sugeriu que fosse Apoio. “Finalmente, podemos dizer que, apesar das dúvidas 
	mencionadas, não é necessário termos escrúpulos em falar desta parte da 
	Escritura como a Epístola de Paulo, o apóstolo dos Hebreus”. Quer fosse 
	escrita por Barnabé, por Lucas, por Clemente ou por Apoio, ela representa as 
	idéias e está impregnada pela influência do grande apóstolo, cujos 
	discípulos podem até serem chamados os maiores homens apostólicos. Por meio 
	dos escritos deles, não menos que pelos seus, próprios, Paulo, embora morto, 
	ainda fala”. — Conybeare e Howson — “Vida e Epístolas de São Paulo”. 
	  
	PORQUE FOI ESCRITA. Para reprimir a apostasia dos judeus cristãos que tinham 
	a intenção de voltar ao judaísmo. 
	  
	ONDE FOI ESCRITA. Evidentemente na Itália 13:24. 
	  
	CONTEÚDO. 
	I. A Superioridade de JESUS aos Mediadores e Líderes do Velho Testamento 
	(Caps. 1:1 a 8:6). 
	II. A Superioridade da Nova Aliança sobre a Velha. Caps. 8:7 a 10:18. 
	III. Exortações e Admoestações. Caps. 10:19 a 13: 25. 
	  
	I. A SUPERIORIDADE DE JESUS AOS MEDIADORES E LÍDERES DO VELHO TESTAMENTO. 
	Caps. 1:1 a 8:6. 1. JESUS é superior aos profetas porque: a) Nos tempos 
	passados as revelações de DEUS aos profetas eram parciais, e eram dadas em 
	diferentes tempos e de diversas maneiras. V. 1. b) Mas nesta dispensação, 
	DEUS deu uma revelação perfeita por meio de Seu Filho. Vers. 2, 3. 2. JESUS 
	é superior aos anjos (1:4-14), pelos seguintes motivos : 
	a) Nenhum anjo individualmente foi chamado Filho. V. 5. b) O Filho é o 
	objeto da adoração dos anjos. V. 6. c) Enquanto os anjos servem, o Filho 
	reina. Vers. 7-9. d) O Filho não é uma criatura, mas sim é o Criador. Vers. 
	10-12. e) A nenhum anjo foi prometida autoridade universal, sendo que eles 
	devem servir. Vers. 13, 14. 3. Exortação em vista das declarações anteriores 
	(2:1-4). Se a desobediência à palavra dos anjos trouxe castigo, que não será 
	a perda se a salvação anunciada pelo Senhor for negligenciada? 4. JESUS foi 
	exaltado sobre os anjos. Por que foi feito menos do que eles? (2:5-18). 
	Pelos seguintes motivos: 
	a) Para que a natureza humana pudesse ser glorificada e para que o homem 
	pudesse tomar o seu lugar outorgado por DEUS como governador do mundo 
	vindouro. Vers. 5-8. 
	b) Para que pudesse cumprir o plano de DEUS morrendo por todos os homens. V. 
	9. 
	c) Para que o Salvador e os salvos pudessem estar unidos. Vers. 11-15. 
	d) Para que pudesse cumprir todas as condições de um sacerdote fiel. 
	2:16*18. 
	5. JESUS é maior do que Moisés (3:1-6), porque: 
	a) Moisés era apenas uma parte da casa de DEUS; JESUS é o Fundador dela. 
	Vers. 2, 3. 
	 b) Moisés era apenas um servo; JESUS é o Filho. Vers. 5, 6. 6. Exortação em 
	vista destas declarações em Caps. 3:1-6 (3:7 a 4:5). O crente é membro duma 
	casa espiritual presidida pelo Filho de DEUS. Mas cuide de não perder o 
	privilégio, como muitos israelitas perderam, de entrar em Canaã por causa da 
	sua infidelidade e desobediência. Embora esses israelitas experimentassem a 
	salvação de Jeová junto ao Mar Vermelho, não entraram na Terra da Promissão. 
	O pecado que o excluiu foi o de incredulidade — pecado, que, continuado, 
	excluirá o crente judeu dos privilégios da sua herança. 
	7. JESUS é maior do que Josué. 4:6-13. 
	 a) Josué conduziu os israelitas ao repouso de Canaã, que foi somente um 
	símbolo do repouso espiritual ao qual JESUS conduz os fiéis, Vers. 6-10. 
	b) Exortação em vista desta declaração (vers. 11-13). “Procuraremos, pois, 
	entrar naquele repouso, a fim de que nenhum de nós, imitando a desobediência 
	do antigo Israel, perca a segunda oportunidade. Porque a Palavra de DEUS, na 
	qual baseio o meu argumento, não é uma coisa do passado nem algo casual para 
	nós; é ainda viva e cheia de energia; é mais afiada do que uma espada de 
	dois gumes. Essa pode penetrar somente na carne, mas esta atinge a linha 
	divisória entre a vida animal e o espírito imortal; penetra nos recônditos 
	mais profundos da nossa natureza; analisa as próprias emoções e propósitos 
	da parte mais íntima do coração. Não há, portanto, nenhuma coisa criada, que 
	possa escapar o Seu conhecimento; todas as coisas apresentam-se nuas e 
	patentes aos olhos d’Aquele a Quem temos que dar conta”. Tradução do Dr. 
	Way. 
	8. O sumo sacerdócio de JESUS. 4:14 a 5: 
	10. O fato do sacerdócio de JESUS (v. 14); os crentes hão de conservar a fé 
	que possuem, porque não estão sem um fiel sacerdote, como seus irmãos não 
	cristãos talvez queiram lhes sugerir. O seu sumo sacerdote, embora 
	invisível, intercede sempre por eles. 
	b) As qualidades de JESUS como sacerdote: 
	1) Pode compadecer-se da fraqueza humana (4:14 a 5:1-3, 7-9), porque Ele 
	mesmo, como os homens, sofreu a tentação e suportou o sofrimento, mas com 
	esta diferença — não pecou. 2) Foi chamado por DEUS como o foi Arão. 5:4-6, 
	10. 9. O autor interrompe o fio de seu pensamento, a fim de proferir uma 
	palavra de repreensão, exortação, admoestação e animação : 
	a) Uma repreensão (5:11-14). Ele está discutindo um tema profundamente 
	simbólico, concernente a Melquisedeque — mas teme que a falta de madureza 
	espiritual deles torne difícil a explicação. 
	b) Uma exortação (6:1-3). Eles devem passar do estado elementar da doutrina 
	cristã a alcançar o conhecimento maduro. A expressão “princípios da doutrina 
	de CRISTO”, pode ter referência às doutrinas fundamentais do cristianismo 
	nas quais os convertidos eram instruídos antes do batismo. 
	c) Um aviso (6:6-8). O aviso contido nestes versículos dirige-se contra a 
	apostasia, que é uma rejeição voluntária das verdades do Evangelho por 
	aqueles que já tinham experimentado o seu poder. A verdadeira natureza do 
	pecado mencionado nestes versículos, compreende-se melhor, ao lembrar-se a 
	quem se dirigem e qual a relação especial entre a nação judaica e CRISTO. Os 
	judeus do tempo do autor dividem-se em duas classes com relação à sua 
	atitude para com CRISTO. 
	1) aqueles que O aceitaram como Filho de DEUS e; 
	2) aqueles que O rejeitaram, considerando-o um impostor e blasfemo. O judeu 
	cristão que deixasse o cristianismo e voltasse ao judaísmo, testificaria por 
	este ato que CRISTO, segundo a sua opinião, não é o Filho de DEUS, mas sim 
	um falso profeta que merecia a crucificação, e assim ficaria ao lado 
	daqueles que foram os responsáveis pela Sua morte. Antes da sua conversão, o 
	mesmo judeu cristão participava, num certo sentido, da culpa da sua nação em 
	crucificar CRISTO. Abandoná-lo e voltar ao judaísmo, seria rejeitar o Filho 
	de DEUS pela segunda vez. 
	d) Um estímulo (vers. 9-20). Apesar deste aviso, o autor tem confiança que 
	os crentes não se afastarão da fé (v. 9). Eram sinceros no desempenho de 
	boas obras (v. 10); deseja que mostrem a mesma sinceridade para alcançar a 
	esperança da sua herança espiritual (v. 11). Nisto, hão de ser seguidores 
	daqueles que por meio da fé e paciência alcançaram a realização da sua 
	esperança — por exemplo : Abraão (vers. 12, 13). A esperança do cristão é 
	segura, uma âncora para a alma, que o segura firmemente num porto celestial 
	(vers. 19, 20). É uma esperança certa, porque é fundada em duas coisas 
	imutáveis : a promessa e o juramento de DEUS (vers. 13-18). 
	10. O sacerdócio de CRISTO (simbolizado pelo de Melquisedeque) é superior ao 
	de Arão. 7:1 a 8:6. Melquisedeque é mencionado nesta conexão, como símbolo 
	de CRISTO. O autor usa um modo judaico de ilustração. Toma um fato 
	espiritual, como este, e demonstra o seu valor típico. Melquisedeque é um 
	símbolo de CRISTO nas seguintes maneiras : 
	a) Devido ao significado do seu nome “Rei de Paz”. V. 2. 
	b) O seu sacerdócio não era hereditário. Exigia-se que os sacerdotes 
	judaicos provassem a sua genealogia antes de serem admitidos ao ofício. 
	Esdras 2: 61-63. Embora sendo sacerdote, não há um registro da genealogia de 
	Melquisedeque e a isto refere-se a expressão “sem pai”, “sem mãe” (v. 3). 
	Neste sentido, é um símbolo que não tinha uma genealogia sacerdotal. Heb. 
	7:14. 
	c) O fato de não haver registro de seu nascimento nem da sua morte, é 
	característico da natureza eterna do. sacerdócio de CRISTO. A isto refere-se 
	a expressão “que não tem princípio de dias nem fim de vida”. V. 3. 
	11. O sacerdócio de CRISTO, simbolizado por Melquisedeque, é superior ao de 
	Arão, como é provado pelos seguintes fatos : 
	a) Levi, estando ainda, por assim dizer, nos lombos de Abraão, pagou os 
	dízimos a Melquisedeque. 7:4-10. 
	b) A madureza espiritual não era atingível pelo sacerdócio de Arão e pela 
	aliança da qual era mediador. Isto é testificado pelo fato de ter surgido 
	uma outra ordem de sacerdócio — a ordem de Melquisedeque. Esta alteração de 
	sacerdócio implica em uma alteração da Lei. A alteração foi efetuada por 
	causa da incapacidade da Lei de Moisés em proporcionar madureza espiritual. 
	(Comp. Rom. 8:1-4). 
	c) Contrário ao sacerdócio de Arão, o sacerdócio de Melquisedeque foi 
	instituído com um juramento (V. 20-22). Um juramento de DEUS, acompanhando 
	qualquer declaração, é uma prova de imutabilidade. 
	d) O ministério dos sacerdotes da ordem de Arão terminava com a morte; mas 
	CRISTO, tem um sacerdócio eterno e imutável, porque Ele vive para sempre 
	(vers. 23-25). 
	e) Os sacerdotes de Arão ofereciam sacrifícios cada dia; CRISTO ofereceu um 
	sacrifício eternamente eficaz. 7:26-28. 
	f) Os sacerdotes de Arão serviam num Tabernáculo que era somente o símbolo 
	terrestre do tabernáculo no qual CRISTO ministra. 8:1-5. 
	g) CRISTO é o mediador duma aliança melhor. 8:6. 
	II. A SUPERIORIDADE DA NOVA ALIANÇA À ANTIGA. Caps. 8:7 a 10:18. Esta 
	superioridade manifesta-se das seguintes maneiras : 
	1. A Antiga Aliança era somente provisória (8:7- 13). Este fato é 
	testificado pelas Escrituras do Antigo Testamento, as quais ensinam que DEUS 
	fará uma nova aliança com o Seu povo. 
	2. As ordenanças e o santuário da Antiga Aliança eram simplesmente tipos e 
	sombras que não proporcionavam a união perfeita com DEUS. 9:1-10. 
	3. Mas CRISTO, o verdadeiro sacerdote do santuário celestial — por um 
	sacrifício perfeito — a Sua própria Pessoa, proveu redenção eterna e a 
	perfeita comunhão com DEUS. Vers. 11-15. 
	4. A Nova Aliança foi selada com melhor sangue do que o dos bezerros e dos 
	bodes — o sangue de JESUS Vers. 16-24. 
	 5. O único sacrifício da Nova Aliança é melhor do que os muitos sacrifícios 
	da Velha. 9:25 a 10:18. 
	III. EXORTAÇÕES E ADMOESTAÇÕES. Caps. 10:19 a 13:25. 
	1. Uma exortação à fidelidade e à constância em vista do fato de terem 
	acesso seguro a DEUS por meio de um fiel sumo sacerdote. 10:19-25. 
	2. Uma admoestação contra a apostasia (vers. 26- 31 Comp. 6:4-8). Aqueles 
	que abandonam a CRISTO como o sacrifício pelos seus pecados, não devem 
	pensar que possam encontrar um outro sacrifício no judaísmo. Rejeitá-lo, 
	consciente e voluntariamente, significa repelir o sacrifício que os protege 
	contra a terrível indignação de DEUS. Sugere um erudito, que se pode deduzir 
	do versículo 29 as seguintes condições à readmissão às sinagogas, de judeus 
	apóstatas do cristianismo : 
	1) — que negassem que JESUS fosse o filho de DEUS; 
	2) — que declarassem que Seu sangue fora justamente derramado como o de um 
	malfeitor;- 
	3) — que atribuíssem — como fizeram os fariseus — os dons do ESPÍRITO à 
	operação de demônios. 
	3. Uma exortação à paciência em vista da recompensa prometida. Vers. 32-36. 
	4. Uma exortação a andar pela fé (10:37 a 12:1-4). Nesta seção o propósito 
	do autor é demonstrar que nos séculos passados os amados por DEUS foram os 
	que andaram pela fé e que confiaram n’Êle apesar de todas as circunstâncias 
	difíceis. 
	a) A fé recomendada. 10:37-39. 
	b) A fé descrita (11:1-3). A fé é aquilo que faz o crente confiar em que os 
	objetos da sua esperança sejam reais e não imaginários. Manifesta-se, como 
	mostra o caso dos santos no Antigo Testamento, por meio de uma obediência 
	implícita e uma confiança em DEUS, apesar das aparências e circunstâncias 
	adversas. 
	c) A fé conquistando por meio de DEUS (vers. 32-36). 
	d) A fé sofrendo por DEUS. Vers. 37-40. e) O exemplo supremo da fé — o 
	Senhor JESUS, que deu o primeiro impulso à nossa fé e que a conduzirá à sua 
	madureza final. 12:1-4. 5. Uma exortação à obediência escrupulosa por causa 
	da sua vocação celestial (12:18-24), e por causa de seu Chefe celestial 
	(vers. 25-29). 
	6. Exortações finais. 13:1-37. 
	a) A uma vida santificada (vers. 1-7). 
	 b) A uma vida firme. (vers. 8, 9). 
	 c) A uma vida separada (vers. 10-16. A tradução do Dr. Way esclarece os 
	versículos 10-14 : “Tais restrições (v. 9), referentes às carnes puras e 
	impuras, não se aplicam a nós; já temos um altar de sacrifício do qual nós 
	participamos. Mas, aqueles que ainda aderem ao serviço do templo invalidado 
	são desqualificados de participar dele. Digo isto, porque, quando foi levado 
	ao lugar Santíssimo, pelos sumos sacerdotes, o sangue das vítimas mortas 
	como ofertas pelo pecado, no Dia da Expiação, os corpos dessas vítimas não 
	podiam ser comidos pelos adoradores, como outros sacrifícios, mas foram 
	queimados fora do arraial. Por este motivo, JESUS sofreu fora da porta, para 
	poder consagrar o povo de DEUS, pelo Seu próprio sangue, simbolizando o fato 
	de que aqueles que permanecem no judaísmo, não participam d’Êle. Nós, que O 
	aceitamos, temos que ir ao Seu encontro fora dos limites do judaísmo, e 
	sofrer os insultos amontoados sobre Êle. Não estaremos sem lar; temos uma 
	cidade permanente, mas não aqui. Aspiramos àquela que está para vir”. 
	d) Para a vida de submissão, v. 17. 
	7. Conclusão. Vers. 18-25. 
	  
	  
	C A P Í T U L O XXI 
	EPISTOLAS GERAIS 
	Estas epístolas chamam-se gerais, porque são diferentes das Epístolas 
	paulinas, não se dirigindo a nenhuma igreja em particular, mas sim aos 
	crentes em geral. Duas delas (Segunda e Terceira João) dirigem-se a 
	indivíduos particulares. 
	  
	  
	EPÍSTOLA DE TIAGO 
	Tema. A epístola de Tiago é o livro prático do Novo Testamento, como 
	“Provérbios” o é do Antigo. De fato, tem uma semelhança notável com o livro 
	ultimamente mencionado, por causa das suas declarações francas e concisas de 
	verdades morais. Contém muito poucas instruções doutrinárias; o seu 
	propósito principal é pôr em relevo o aspecto religioso da verdade. Tiago 
	escreveu a uma certa classe de Judeus cristãos na qual se manifestava uma 
	tendência de separar a fé das obras. Pretendiam ter a fé, mas existia entre 
	eles impaciência sob provação, contendas, respeitos humanos, difamações e 
	mundanismo. Tiago explica que uma fé que não produz santidade de vida é 
	coisa morta, meramente um consentimento a uma doutrina, que não vai além do 
	intelecto. Salienta a necessidade de uma fé viva e eficaz para obter a 
	perfeição cristã, e refere-se ao simples Sermão da Montanha que exige 
	verdadeiros atos de vida cristã. “Há aqueles que falam da santidade e são 
	hipócritas; aqueles que professem o amor perfeito, mas que não vivem em paz 
	com os irmãos; aqueles que ostentam muita fraseologia religiosa, mas 
	fracassam na filantropia prática. Esta epístola foi escrita para eles. 
	Talvez não lhes dê muito consolo, mas deve ser-lhes muito útil. O misticismo 
	que se contenta com sistemas e frases religiosas, mas negligência o 
	sacrifício real e o serviço devoto, encontrará aqui o seu antídoto. O 
	antinomianismo que professa grande confiança na livre graça, mas que não 
	reconhece a necessidade de uma vida pura correspondente, deve estudar a 
	sabedoria prática da epístola. Os “quietistas” que se contentam em sentar-se 
	e cantar para conseguir a felicidade eterna, devem ler esta epístola até 
	sentirem a sua inspiração a fim de apresentarem ativamente as boas obras, 
	todos aqueles que são fortes na teoria e fracos na prática, devem mergulhar 
	no espírito de Tiago; e como há gente desse gênero em cada comunidade em 
	todas as épocas, a mensagem da epístola nunca envelhecerá. D. A. Hayes. 
	Podemos resumir o tema da seguinte maneira; Cristianismo prático. 
	  
	AUTOR. Há três pessoas com o nome Tiago, mencionadas no Novo Testamento : 
	Tiago, o irmão de João (Mat. 10:2), Tiago, o filho de Alfeu (Mat. 10:3) e 
	Tiago, o irmão do Senhor (Gál. 1:19). A tradição geral da Igreja identificou 
	o autor da epístola com a pessoa última- mente mencionada. Este Tiago era o 
	dirigente da Igreja em Jerusalém e quem presidiu ao primeiro concílio. Atos 
	12:7; 15:13-29. O tom autorizado da epístola está de acordo com a posição 
	elevada do autor, na Igreja. Pela tradição sabemos alguns fatos concernentes 
	a ele. Por causa da santidade de sua vida e aderência rígida à moralidade 
	prática da Lei, era estimado pelos judeus da sua comunidade, pelos quais foi 
	chamado “O Justo”, e ganhou muitos dêles para CRISTO. Diz-se que os seus 
	joelhos eram calejados como os de um camelo, em consequência da sua 
	constante intercessão em favor do povo. Josefo, o historiador judeu narra 
	que Tiago foi apedrejado até a morte, por ordem do sumo sacerdote. 
	  
	A QUEM FOI ESCRITA. Às doze tribos espalhadas no estrangeiro (1:1), isto é, 
	os judeus cristãos na dispersão. O tom da epístola revela o fato de que foi 
	escrita para os judeus. 
	PORQUE FOI ESCRITA. Pelas razões que se seguem : 
	1. Para consolar os judeus cristãos, que estavam passando por provas 
	severas. 
	2. Para corrigir desordens em suas assembleias. 
	3. Para combater uma tendência de separar a fé das obras. 
	QUANDO FOI ESCRITA. Provavelmente cerca de 60 a. D., Acredita-se que foi a 
	primeira epístola escrita à Igreja. 
	ONDE FOI ESCRITA. Provavelmente em Jerusalém. 
	CONTEÚDO. 
	I. A Tentação como Prova da Fé. 1:1-21. 
	II. As Obras como Evidência da Verdadeira Fé : 1:22 a 2:26. 
	III. As Palavras e seu Poder. 3:1-12. 
	IV. Verdadeira e Falsa Sabedoria. 3:13 a 4:17. 
	V. Paciência sob a Opressão : a Paciência da Fé. 5:1-12. 
	VI. Oração. 5:13-20. 
	  
I. A TENTAÇÃO COMO PROVA DA FÉ. Cap. 1:1-21. 1. O propósito das tentações : 
	aperfeiçoar o caráter cristão (vers. 2-4). A palavra “tentação” usa-se aqui 
	num sentido mais amplo, incluindo perseguições externas e solicitações 
	internas ao mal. Tiago ensina a lei aos leitores como transformar a tentação em bênção, fazendo 
	dela uma fonte de paciência e usando-a desta maneira, como o fogo que prova 
	o ouro. 2. Uma qualidade que deve ser exercitada em suportar a tentação com 
	êxito — a sabedoria. Esta sabedoria é um dom de DEUS, mas é concedida 
	somente sob a condição de uma fé firme. Vers. 5-8. 3. Uma fonte de prova e 
	uma fonte de tentações — pobreza e riquezas (vers. 9-11). O pobre não há de 
	sentir tristeza por causa da sua pobreza; o rico não se deve orgulhar, tão 
	pouco, pela sua riqueza. Ambos hão de regozijar-se por sua vocação elevada.  4. A recompensa por suportar a prova e tentação — uma coroa de vida. V. 12.  5. A fonte de tentação interna para o mal (vers. 13-18). Embora DEUS possa 
	mandar aflições para experimentar os homens, não envia impulsos maus para 
	tentá-los. “Quando os homens dizem como muitas vezes disseram : que DEUS 
	criou os homens assim”; que “a carne é fraca”, ou que “por um momento DEUS 
	os desamparou”, que fizeram mal porque não podiam agir de outra maneira,- ou 
	que o homem não passa de um autômato, sendo os seus atos os resultados 
	inevitáveis e. portanto, irresponsáveis, do meio ambiente — estão atribuindo 
	a DEUS a culpa dos seus atos... Tiago dá o verdadeiro sentido do mal. Esse 
	vem da concupiscência — o desejo — que é para a alma, como meretriz 
	tentadora que a tira do abrigo da inocência, a seduz e dá à luz o pecado 
	cometido”. Deão Farrar. Nunca DEUS envia impulsos maus, mas é Ele quem nos 
	dá o poder pelo qual somos elevados a uma nova e mais nobre vida (1:16-18).  6. A atitude que deve ser assumida em vista dos fatos anteriores — o 
	controle da palavra e do temperamento, a pureza da conduta e uma atitude 
	receptiva para com a Palavra de DEUS (vers. 19-21). 
	II. AS OBRAS COMO EVIDÊNCIA DA VERDADEIRA FÉ. Caps. 1:22 a 2:26. 
	1. A verdadeira fé deve manifestar-se tanto em obedecer como em ouvir a 
	Palavra de DEUS (vers. 22 25). 
	 2. A verdadeira fé deve manifestar-se na religião prática, cujas 
	características são : domínio da língua, amor fraternal, e separação do 
	mundo (vers. 26-27). 
	3. A verdadeira fé é demonstrada pela imparcialidade no trato com os pobres 
	e os ricos (2:1-13). Cortesia para com os ricos combinada com descortesia 
	para com os pobres é uma parcialidade que indica fraqueza da fé e que 
	constitui uma violação da Lei. 
	4. A fé é provada pelas suas obras (2:14-26). Uma leitura superficial deste 
	trecho poderia dar a impressão de que Tiago estivesse negando a doutrina de 
	Paulo, da justificação pela fé. Martinho Lutero, nos. seus primeiros dias, 
	opôs-se fortemente a esta epístola, acreditando que contradizia 
	absolutamente às doutrinas de Paulo. Mais tarde, no entanto, reconheceu o 
	seu engano. Um estudo mais detalhado de seus escritos convencer-nos-á que 
	Tiago e Paulo estão perfeitamente de acordo. Paulo crê nas obras da piedade 
	tanto quanto Tiago (vide II Cor. 9:8; Efés. 2:10; I Tim. 6:17-19; Tit. 3:8). 
	Tiago crê na fé salvadora tanto quanto Paulo (vide Tiago 1:3, 4, 6; 2:5). A 
	contradição aparente a que acabamos de nos referir, explica-se pelo fato de 
	ambos os autores usarem as palavras “fé”, “obras” e “justificação”, mas com 
	diferentes significados para estes termos. Por exemplo : 
	a) A fé que Tiago tem em vista é o mero consentimento intelectual para com a 
	verdade, que não conduz à justiça prática — tal como a fé dos demônios ao 
	crerem em DEUS (2:19). “De que aproveita, meus irmãos, se um homem professa 
	ter fé e os seus atos não correspondem? Poderá tal fé salvá-lo?” (v. 14, 
	tradução de Weymouth). A fé que Paulo tem em vista é um poder intelectual, 
	moral e espiritual que coloca a pessoa em união vital e consciente com DEUS. 
	b) As obras que Paulo tem em vista, são as obras mortas do legalismo, 
	executadas simplesmente por um senso de dever e compulsão, e não pelo puro 
	amor de DEUS. As obras que Tiago tem em mente, são os frutos do amor de DEUS 
	disseminados no coração pelo ESPÍRITO SANTO. 
	c) A justificação mencionada por Paulo, é o ato inicial pelo qual DEUS 
	pronuncia a sentença de absolvição para o pecador e lhe imputa a justiça de 
	CRISTO A justificação da qual fala Tiago é a santidade contínua da vida que 
	prova que o crente é um verdadeiro filho de DEUS. d) Paulo tem em mente a 
	base da salvação, Tiago o fruto; Paulo está falando do princípio da vida 
	cristã, Tiago de sua continuação. Paulo está condenando as obras mortas, 
	Tiago a fé morta; Paulo destrói a confiança vã do legalismo, Tiago a 
	confiança vã de quem meramente professa o cristianismo. 
	III. AS PALAVRAS E SEU PODER. 3:1-12. 
	1. Uma advertência contra o hábito de precipitadamente assumir a posição de 
	mestre, em vista da grande responsabilidade desta vocação e dos perigos de 
	ofender por meio da palavra falada, a qual é o meio de instrução usado pelo 
	mestre (vers. 1, 2). 
	2. O poder da língua (vers. 3-5), que é comparado com o freio do cavalo, um 
	leme e um fogo. 
	3. O mal da língua (vers. 0-12). "Sim, a língua — esse mundo de injustiça — 
	é um fogo. Inflama o curso da vida e é sempre inflamada pelo fogo do 
	inferno. É a única “criatura” que não pode ser domada, um mal que não cessa, 
	cheia de veneno mortal. Com ela louvamos o Senhor e Pai, e com ela 
	amaldiçoamos os homens que são criados à semelhança de DEUS. Não é esta 
	contradição monstruosa? Não é como uma fonte que dá água ao mesmo tempo doce 
	e amarga? Pode uma árvore produzir frutos que não são seus? Pode o sal de 
	uma língua que amaldiçoa produzir a água doce do louvor?” 
	IV. SABEDORIA VERDADEIRA E FALSA. Caps. 3:13 a 4:17. 
	1. As manifestações da verdadeira sabedoria. 3:13, 17, 18. 
	2. As manifestações da falsa sabedoria. 3:15; 4:1- 17. 
	V. PACIÊNCIA SOB A OPRESSÃO: 
	A PACIÊNCIA DA FÉ. Cap. 5:1-12.  
	1. Concernente aos opressores e oprimidos, (vers. 1-6). Tiago fala de uma 
	condição que prevalecerá nos últimos dias (v. 4); da opressão da classe de 
	trabalhadores pelos ricos, que acabará à vinda do Senhor. O julgamento dos 
	ricos ímpios à destruição de Jerusalém é uma fraca ilustração da sua sorte 
	nos últimos dias. Escreve o Deão Farrar : “e se estas palavras de Tiago 
	foram dirigidas aos judeus e aos cristãos, cerca de 61 a. D., com que 
	rapidez se cumpriram as suas admoestações, e com que terror desceu tão cedo 
	a condenação retribuidora sobre estes tiranos ricos e luxuosos! Poucos anos 
	depois, Vespasiano invadiu a Judéia. Certamente era necessário chorar e 
	lamentar, quando, no meio dos horrores causados pela investida rápida dos 
	exércitos romanos; o ouro e a prata dos ricos opressores não serviam para 
	comprar pão e eles tinham que abandonar as roupas finas, cujo uso teria sido 
	perigoso e daria ocasião a zombarias. Os adoradores da última Páscoa foram 
	as vítimas. Os ricos foram escolhidos para a pior fúria dos zelotes, e a sua 
	riqueza foi destruída nas chamas da cidade conflagrada. Inúteis eram os seus 
	tesouros nestes últimos dias, quando se ouviu às suas portas o estrondo das 
	intimações do Juiz! Em todos 03 seus ricos banquetes e orgias eles tão 
	somente se engordaram quais oferendas humanas para o dia da matança”.  
	2. Acerca do Vingador (vers. 7-12). Com relação à condição descrita nos 
	versículos 1-6, os filhos de DEUS têm que ser pacientes, esperando a vinda 
	do Vingador e Juiz, tomando Jó e os profetas como exemplos de paciência. 
	VI. ORAÇÃO. 5:13-20. 
	1. Oração na aflição. V. 13. 
	2. Oração pelos enfermos. Vers. 14-16. 
	3. A eficácia da oração. Vers. 17, 18. 
	4. Nosso dever para com um irmão desviado (vers. 18-20). Assim, chegamos à 
	conclusão tanto pelo contexto, como pelo significado da própria palavra, que 
	Tiago e Pedro (1 Pedro 4:8) se referem a um ministério de restauração que 
	faz voltar aos caminhos do Senhor um irmão desviado. Tal ministério causará 
	o arrependimento e a confissão dos pecados, o conduzirá ao perdão, mesmo que 
	estes pecados sejam uma “multidão”. Está escrito que “Se confessarmos os 
	nossos pecados, Êle é fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos 
	purificar de toda a injustiça”. Assim, por esse ministério, ao qual somos 
	convocados pelo último verso de Tiago, podemos ser, não somente o meio de 
	salvação de uma alma preciosa que ainda poderá ser útil no mundo, como 
	também poderemos ser instrumentos para remover os seus pecados que de outra 
	maneira, como malfeitor enfrentaria perante o tribunal de CRISTO”. 
	  
	  
	PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PEDRO 
	Tema. Nesta epístola oferece-se uma ilustração esplêndida de como Pedro 
	cumpriu a missão que lhe foi dada pelo Senhor — “E tu, quando te 
	converteres, fortalece teus irmãos”. Lucas 22:32. Purificado e confirmado 
	por meio do sofrimento e amadurecido pela experiência, podia pronunciar 
	palavras de encorajamento a grupos de cristãos que estavam passando por 
	duras provas. Muitas das lições que ele aprendeu do Senhor, ele fez saber 
	aos seus leitores (comp. I Pedro 1: 10 com Mat. 13:17; I Ped. 5:2 e João 
	21:15-17; I Ped. 5:8 com Luc. 22:31). O vers. 12 do último capítulo sugerirá 
	o tema da epístola — a graça de DEUS. Aqueles a quem se dirigia estavam 
	passando por tempos de prova. Assim os anima demonstrando-lhes que tudo 
	quanto era necessário para ter força, caráter e coragem havia sido provido 
	na graça de DEUS. DEUS é o “DEUS de toda graça” (5:10), cuja mensagem ao Seu 
	povo é : “A minha graça é suficiente”. O tema de Primeira a Pedro pode ser 
	resumido da seguinte maneira : a suficiência da graça divina e a sua 
	aplicação prática com relação à vida cristã e para suportar a prova e o 
	sofrimento. 
	  
	PORQUE FOI ESCRITA. Para animar os fiéis a estarem firmes durante o 
	sofrimento e a exortá-los à santidade. 
	QUANDO FOI ESCRITA. Provavelmente em 60 a. D. 
	ONDE FOI ESCRITA. Em Babilônia. 5:13. 
	CONTEÚDO. 
	I. Regozijo no Sofrimento por causa da Salvação. 1:1-12. 
	II. Sofrendo por causa da Justiça. 1:13 a 3.22. 
	II. Sofrendo com CRISTO. Cap. 4. 
	IV. Exortações Pinais. Cap. 5. 
	  
	I. REGOZIJO NO SOFRIMENTO POR CAUSA DA SALVAÇÃO. 1:1-12. 
	1. A fonte da nossa salvação (v. 2). a) O Pai é Quem escolhe. b) O ESPÍRITO 
	é quem santifica. c) O Filho com cujo sangue somos aspergidos 
	2. O resultado da salvação : o novo nascimento. V. 3. 
	3. A consumação da salvação : a aquisição da herança celestial que está 
	reservada ao crente, enquanto ele mesmo está guardado pelo poder de DEUS. 
	Vers. 4, 5. 
	4. O gozo da salvação (vers. 6-8). Até no meio de provas e tentações que 
	apenas devem provar a fé, os fiéis podem regozijar-se no seu invisível 
	Senhor, com gozo indizível e cheio de glória. 
	5. O ministério da salvação. Vers. 9-12. a) Os profetas que predisseram os 
	sofrimentos e a glória de CRISTO, não compreenderam totalmente as suas 
	próprias profecias. Em resposta às suas perguntas, foi-lhes revelado que a 
	salvação que estavam profetizando não era para eles mas sim para aqueles que 
	viveriam em outra dispensação. b) Os anjos que nunca pecaram, desejam 
	prescrutar o gozo inexplicável daqueles que foram redimidos por CRISTO. 
	II. SOFRENDO POR CAUSA DA JUSTIÇA. Caps. 1:13 a 3:22. Nesta seção anotaremos 
	as seguintes exortações : 
	1. À santidade (1:13-21). Com mente alerta e sóbria, os fiéis hão de 
	separar-se de seus antigos hábito: de vida, vivendo uma vida de santidade 
	esperando a vinda do Senhor. 
	2. A um amor intenso e sincero para com os irmãos (1:22-25). Este amor 
	seguir-se-á como resultado natural da purificação da alma pelo ESPÍRITO 
	SANTO, e do novo nascimento. 
	3. A um desenvolvimento espiritual (2:1, 2). Como uma criança recém-nascida 
	instintivamente deseja alimentar-se com leite, assim os regenerados devem 
	ter um desejo ardente pelo ensino não adulterado da Palavra de DEUS, a 
	doçura da qual já têm experimentado 
	4. A aproximar-se de CRISTO, a pedra fundamental do grande templo 
	espiritual, do qual são pedras vivas (2:3-10). Os crentes no seu conjunto 
	formam um grande templo (Efésios 2:20-22), do qual eles mesmos são o 
	sacerdócio e onde oferecem sacrifícios espirituais (Comp. Heb. 13:10, 15). A 
	relação que Israel, como povo terrestre, tinha com DEUS, eles — os gentios 
	como povo terrestre, têm com Êle, porque são um povo escolhido, uma nação 
	santa, o tesouro peculiar de DEUS (v. 9) comp. Deut. 7:6). 
	5. A viver uma vida irrepreensível, para desarmar o preconceito e a 
	inimizade dos pagãos que os cercam. 2 :11, 12. 
	6. A Submissão. 
	a) A submissão de todos os cristãos ao governo (2:13-17). “Era uma lição tão 
	necessária para os cristãos desse tempo, que Pedro a ensinou tão 
	energicamente quanto o próprio Paulo. Era necessário, mais do que nunca, 
	numa época em que revoluções perigosas se concentravam na Judéia e quando o 
	coração dos judeus no mundo inteiro ardia em forte chama de ódio contra as 
	abominações da idolatria tirânica, quando, os cristãos foram acusados de 
	revolucionar o mundo; quando qualquer um pobre escravo cristão, submetido ao 
	martírio ou tortura, facilmente podia aliviar a tensão da sua alma, fazendo 
	denúncias apocalípticas de condenação repentina contra os crimes da mística 
	babilônia; quando os pagãos, em seu desprezo impaciente, arbitrariamente 
	podiam interpretar uma profecia da conflagração final, como se fosse uma 
	ameaça revolucionária e incendiária, e quando em Roma os cristãos já estavam 
	sofrendo por esta razão as agonias de perseguição de Nero”. Farrar. 
	b) Submissão dos servos aos seus senhores (2:18-25). Os servos hão de ser 
	obedientes até a seus senhores injustos e duros. Depois de terem sofrido em 
	silêncio a injustiça, glorificarão a DEUS, e serão verdadeiros seguidores do 
	CRISTO, que não Se defendeu mas entregou a Sua causa a DEUS o justo Juiz. 
	c) A submissão das mulheres a seus esposos (3:1-7). As mulheres cristãs, 
	facilmente podiam considerar os seus esposos pagãos como inferiores a elas. 
	Em lugar disso, hão de obedecer a seus esposos; se estes não aceitam a 
	Palavra escrita, nem crêem no testemunho falado, podem ser ganhos pelo 
	testemunho silencioso e efetivo de uma vida santa. Ao proceder assim, as 
	mulheres cristãs seguirão o exemplo das mulheres santas da antiguidade. 
	7. Ao amor fraternal. Vers. 8-12. 
	8. Ao suportar o mal com paciência (Vers. 13-16). Se estão fazendo boas 
	obras, não têm nada que temer (v. 13). Assim, se sofrerem inocentemente hão 
	de recordar que se promete uma bênção àqueles que sofrem por causa da 
	justiça. (V. 14, comp. Mat. 5:11, 12). A santidade interna do coração e 
	prontidão exterior para defender a sua fé no espírito de brandura, 
	juntamente com uma boa consciência, finalmente induzirão os pagãos a 
	envergonhar-se de suas falsas acusações (vers 15, 16). Na questão de sofrer 
	injustamente, o crente fiel tem o exemplo de CRISTO, o qual como o Único sem 
	pecado, sofreu pelos injustos. Mas os Seus sofrimentos foram seguidos pelo 
	triunfo e a glorificação; em triunfo, porque Êle proclamou a Sua vitória no 
	Hades; em glorificação porque está agora sentado à destra de DEUS (vers. 
	18-20). Da mesma maneira, os sofrimentos dos cristãos serão seguidos pela 
	glória. 
	III. SOFRENDO COM CRISTO. Cap. 4. 
	1. Morte ao pecado (4:1-6). Como CRISTO morreu para a vida terrestre e Se 
	levantou de novo para uma vida celeste, assim os cristãos hão de 
	considerar-se mortos à vida anterior de pecados, e vivos para uma vida nova 
	de santidade (vers. 1-3, comp. Rom. 6). 
	2. Os pagãos admiram-se de sua maneira de viver e falam mal dêles. Mas, 
	finalmente, o bem triunfará quando o Senhor julgar os vivos e os mortos 
	(vers. 4-6). 
	3. O glorioso privilégio de sofrer com CRISTO (vers. 12-19). Os cristãos não 
	hão de estar surpreendidos pelo processo de DEUS provar e purificá-los pelo 
	sofrimento, mas hão de regozijar-se pelo fato de poderem participar dos 
	sofrimentos de CRISTO (vers. 12, 13). Suportar o opróbio de CRISTO é um 
	sinal da graça espiritual que há neles, mas sofrer como malfeitor é um sinal 
	de desonra (v. 15). Os cristãos devem esperar o sofrimento, porque o juízo 
	deve começar pela casa de DEUS — deve haver um tempo de purificação para a 
	Igreja. Assim, todos que sofrem devem confiar naquele que é fiel (vers. 
	17-19). 
	IV. EXORTAÇÕES FINAIS. Cap. 5. 
	1. Aos pastores. Cap. 5:1-4. 
	2. Aos moços. Vers. 5, 6. 
	3. A Igreja em geral. Vers. 6-11. 
	4. Saudações. Vers. 12-14. 
	  
	  
	SEGUNDA EPÍSTOLA DE PEDRO 
	Tema. A Primeira Epístola de Pedro trata de um perigo fora da Igreja — das 
	perseguições; a Segunda de Pedro, de um dentro da mesma — a falsa doutrina. 
	A primeira foi escrita para animar, a segunda para advertir. Na primeira, 
	vê-se Pedro cumprindo a sua missão de fortalecer os irmãos (Luc. 22:32); ‘na 
	segunda, cumprindo a sua missão de pastorear as ovelhas, protegendo-as dos 
	perigos ocultos e insidiosos, para que andem nos caminhos da justiça. João 
	21:15-17. Na segunda epístola, o autor dá uma viva descrição dos falsos 
	mestres que ameaçam a fé da Igreja, e como um antídoto à vida pecaminosa deles, exorta os cristãos a servirem-se de todos os meios para crescer na 
	graça e no conhecimento experimental de JESUS CRISTO. O tema pode se resumir 
	da seguinte maneira : um conhecimento completo de CRISTO é uma fortaleza 
	contra a falsa doutrina e uma vida impura. 
	PORQUE FOI ESCRITA. Para dar uma ilustração profética, da apostasia dos 
	últimos dias, e para exortar os cristãos àquela preparação do coração e da 
	vida que unicamente pode habilitá-los a enfrentar os seus perigos. 
	QUANDO FOI ESCRITA. Provavelmente em 66 a. D. 
	CONTEÚDO. 
	I. Exortação a crescer na Graça e no conhecimento Divino. Cap. 1. 
	II. Advertência contra os Falsos Mestres. Cap. 2. 
	III. Promessa da Vinda do Senhor. Cap. 3. 
	  
	I. EXORTAÇÃO A CRESCER NA GRAÇA E NO CONHECIMENTO DIVINO. Cap. 1. 
	1. Saudação (vers. 1, 2). A graça e paz que Pedro pede para os santos, devem 
	levar ao conhecimento experimental de DEUS e de CRISTO. 
	2. A base da sabedoria salvadora — as promessas de DEUS. Vers. 3, 4 
	3. O crescimento no conhecimento experimental (vers. 5-11). Não há uma 
	parada na experiência cristã; haverá ou progresso ou retrocesso. O fiel tem 
	um fundamento, a fé; mas sempre deve estar edificando sobre este fundamento 
	uma “superestrutura” de caráter e virtude cristãos. Notem : 
	a) O resultado deste “acréscimo” espiritual (v. 5) : frutificação no 
	conhecimento experimental aas coisas divinas e aquisição de uma entrada no 
	reino do Senhor JESUS, amplamente suprida (vers. 8, 10, 11). b) O resultado 
	da negligência do crescimento espiritual — cegueira espiritual e apostasia 
	(v. 8). 
	4. As fontes do conhecimento salvador : 
	a) O testemunho dos apóstolos que eram testemunhas oculares da glória de 
	CRISTO (Vers. 12-18). 
	b) O testemunho dos profetas (vers. 19-31). “Além disso, o apóstolo apela 
	para a inspiração dos profetas na confirmação da sua doutrina. Nenhuma 
	profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca 
	foi produzida pela vontade de homem algum, mas os homens santos de DEUS, 
	falariam inspirados pelo ESPÍRITO SANTO. Ele reconheceu como verdade 
	primordial, que a profecia não é originada do próprio profeta, nem tão pouco 
	se limita aos tempos do profeta. A profecia foi dada a ele, como foi dada a 
	nós. Pedro e os seus companheiros não seguiram fábulas artificialmente 
	compostas; foram guiados nas suas declarações proféticas pelo ESPÍRITO 
	SANTO”. 
	II. ADVERTÊNCIA CONTRA OS FALSOS MESTRES, cap. 2. 
	1. A conduta dos falsos mestres (vers. 1-3). Eles introduzem, furtiva e 
	artificialmente, heresias latais, negando até o próprio Senhor. Cobrindo os 
	seus verdadeiros motivos com argumentos plausíveis, desviarão muitos do 
	caminho. 
	2. A condenação certa destes falsos mestres mostra-se nos exemplos antigos 
	de retribuição. Vers. 4-9 3. O caráter destes falsos mestres (vers. 10-22). 
	O apóstolo provavelmente tem em vista o surgimento futuro das seitas 
	gnósticas, que combinavam uma moral corrompida com uma vida contaminada. As 
	seguintes seitas surgiram no segundo século : os ofiólatras, que adoravam a 
	serpente do Jardim do Éden como o seu benfeitor; os Cainitas, que exaltavam 
	como heróis, alguns dos personagens mais vis do Antigo Testamento; os 
	Carpôcratas que ensinavam a imoralidade; os Antítactos que consideravam a 
	violação dos Dez Mandamentos como um dever para com o DEUS supremo» pela 
	razão de terem sido eles promulgados por um ímpio anjo mediador. 
	III. PROMESSA DA VINDA DO SENHOR. Cap. 3. 
	1. Zombadores e a promessa da segunda vinda (vers. 1-4). “Um ceticismo 
	presunçoso e uma concupiscência desordenada pondo a natureza e suas chamadas 
	leis, acima do DEUS da natureza e a revelação, e concluindo pela 
	continuidade dos fenômenos naturais no passado que os mesmos não poderão ser 
	interrompidos no futuro, foi o pecado dos Antediluvianos (aqueles que viviam 
	antes do dilúvio) e será o pecado dos zombadores nos últimos dias”. 
	a) Eles obstinadamente fecham os seus olhos perante o relato das Escrituras, 
	da Criação e do Dilúvio, este último é o próprio paralelo para o juízo 
	vindouro do fogo... “Todas as coisas continuam como estavam, desde o 
	princípio da criação”. Antes do dilúvio, a mesma objeção com a mesma 
	plausibilidade poderia ter sido apresentada contra a possibilidade desse 
	dilúvio. Os céus e a terra, sempre existiram. Tão pouco provável que não 
	continuassem da mesma maneira! Mas, responde Pedro, o dilúvio veio a 
	despeito desse raciocínio; da mesma maneira, virá a conflagração final da 
	terra, a despeito dos zombadores dos últimos dias”. 
	b) A demora de DEUS deve-se à Sua misericórdia. 
2. A certeza, a presteza e os efeitos da vinda do Senhor (vers. 10-13). O 
	“dia do Senhor”, aqui mencionado, refere-se a uma série completa de 
	acontecimentos começando com o advento premilenial e terminando com a 
	destruição dos ímpios, a conflagração final e o juízo geral. “Como o Dilúvio 
	foi o batismo da terra, resultando em uma terra renovada, parcialmente 
	liberta da maldição, assim o batismo pelo fogo purificará a terra para que 
	seja a morada renovada do homem regenerado e inteiramente libertado da 
	maldição. 
3. Exortações finais : 
	a) A viver sem culpa à luz da sua grande esperança. V. 14. 
	b) A lembrar que o motivo da demora do Senhor é dar aos homens uma 
	oportunidade de se arrependerem (v. 15). Paulo mesmo escreveu a respeito do 
	segundo advento. Muitos que são inconstantes na fé e movidos por toda a 
	dificuldade aparente, precipitadamente interpretam mal os textos difíceis 
	das suas Escrituras, em vez de esperar que DEUS, pelo Seu ESPÍRITO, os 
	esclareça. (V. 16). 
	c) A guardar-se de se desviar do caminho pela falsa doutrina (v. 17). 
	d) A crescer na graça (V. 18). 
	  
	  
	PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÂO 
	Tema. O Evangelho de João expõe os atos e palavras que provam que JESUS é o 
	CRISTO, o Filho de DEUS; a Primeira Epístola de João expõe os atos e 
	palavras que são obrigatórias àqueles que crêem nesta verdade. O Evangelho 
	trata dos fundamentos da fé cristã, a Epístola, dos fundamentos da vida 
	cristã. O Evangelho foi escrito para dar um fundamento de fé; a Epístola 
	para dar um fundamento de segurança. O Evangelho nos conduz ao limiar do 
	Pai, a Epístola, familiariza-nos com a Sua casa. A Epístola é uma carta 
	afetuosa de um pai espiritual a seus filhos na fé, na qual ele os exorta a 
	cultivar essa piedade prática que produz a união perfeita com DEUS, e a 
	evitar esta forma de religião em que a vida não corresponde à profissão. 
	Para alcançar o seu propósito, o apóstolo estabelece certas regrais, pelas 
	quais pode ser provada a verdadeira espiritualidade — regras que formam a 
	linha rígida de demarcação entre aqueles que apenas professam que andam em 
	amor e santidade, e aqueles que verdadeiramente o fazem. Embora João fale de 
	uma maneira clara e severa, ao tratar da doutrina errônea e da vida 
	incompatível, o seu tom, contudo, em geral é afetuoso e mostra que ele 
	merece o título de “apóstolo do amor”. A frequente repetição da palavra 
	“amor” e a expressão “filhinhos meus”, faz com que a sua epístola tenha uma 
	atmosfera de ternura. Aqui cabe bem a seguinte história concernente a João. 
	Quando o apóstolo chegou a uma idade muito avançada e somente com 
	dificuldade podia ser transportado à Igreja, nos braços dos seus discípulos, 
	e estava fraco demais para poder proferir exortações extensas, nas reuniões 
	dizia apenas : “Filhinhos, amai-vos uns aos outros!” Os discípulos e pais, 
	cansados desta constante repetição das mesmas palavras, disseram : “Mestre, 
	por que estás sempre repetindo isto?” Ele respondeu: “É o mandamento do 
	Senhor e se for feito apenas isto, será o suficiente”. Resumiremos o tema da 
	seguinte maneira : os fundamentos da segurança cristã e da comunhão com o 
	Pai. 
	  
	PORQUE FOI ESCRITA. Foi escrita com os seguintes propósitos, declarados na 
	própria epístola : 
	1. Que os filhos de DEUS tenham comunhão com o Pai e o Filho, e uns com os 
	outros (1:3). 
	2. Para que os filhos de DEUS possam ter plenitude de gozo (1:4). 
	3. Para que não pequem (2:1). 
	4. Para que reconheçam o fundamento da vida eterna (5:13). 
	  
	QUANDO FOI ESCRITA. Provavelmente cerca de 90 a. D. 
	ONDE FOI ESCRITA. Provavelmente em Éfeso, onde João vivia e ministrava 
	depois de sair de Jerusalém. 
	CONTEÚDO. 
	I. Introdução. 1:1-4. 
	II. Comunhão com DEUS. 1:5 a 2:28. 
	III. Filiação Divina. 2:29 a 3:24. 
	IV. O ESPÍRITO da Verdade e o ESPÍRITO do Erro. 4:1-6. 
	V. DEUS é Amor. 4:7-21. 
	VI. A Fé. 5:1-12. 
	VII. Conclusão : Confiança cristã. 5:13-21. 
	  
	 Nota : As citações deste estudo de João são do comentário de Pakenham-Walsh 
	sobre Primeira a João (McMilan Co, New York).  
	  
	I. INTRODUÇÃO (Cap. 1:1-4). 
	1. A substância do Evangelho : a divindade, a encarnação de CRISTO. V. 1.  
	2. A garantia do Evangelho. a) A experiência do apóstolo (v. 1). Eles 
	estiveram em contato pessoal com o Verbo da vida. b) O testemunho 
	apostólico. V. 2.  
	3. O propósito de pregar o Evangelho. V. 3. a) Para que os crentes possam 
	ter comunhão com os apóstolos e com todos os cristãos. b) Para que os 
	crentes possam participar de todas as bênçãos e privilégios que os apóstolos 
	obtiveram da sua comunhão com o Pai. c) O resultado do Evangelho : a 
	plenitude de gozo que vem da comunhão perfeita com DEUS. V. 4.
	II. COMUNHÃO COM DEUS. 
	Caps. 1:5 a 2:28. O apóstolo dá as seguintes provas de comunhão com DEUS :  
	
	1. Andando na luz (1:5-7). “Havia mestres falsos nos dias de João, que 
	tentavam levar os cristãos a deixarem a Igreja e se unirem a um grupo 
	herege. Entre outras coisas, ensinavam que se a mente de um homem estivesse 
	iluminada pelo conhecimento celestial, a sua conduta seria indiferente; ele 
	poderia cometer todos os pecados à vontade. João disse que esta doutrina 
	destruiria toda santidade e a verdade e era completamente oposta ao 
	cristianismo. Nesta seção toma muito claro que, longe de ser certo que toda 
	a conduta seja igual para o homem iluminado, o caráter da sua conduta 
	demonstra se está iluminado ou não”. DEUS é a luz, quer dizer, Êle é a fonte 
	da verdade pura, da santidade pura e da inteligência pura. Quem 
	voluntariamente anda na escuridão do pecado, mente em dizer que tem comunhão 
	com este Ser.  
	2. Conhecimento e confissão de pecado (1:8 a 2:1). Arrogar a si uma 
	perfeição absoluta ou, por outro lado, negar ser pecado a prática de certos 
	atos corporais (como fizeram os Antinômios), significa uma ilusão pela qual 
	o homem se engana a si mesmo e acusa de mentira a revelação de DEUS. É a 
	vontade de DEUS que não pequemos. Quando a luz de DEUS revelar em nós o 
	pecado, devemos confessá-lo e obter a purificação que o sangue de JESUS e a 
	Sua intercessão em nosso favor tornam possível.  
	3. Obediência aos mandamentos de DEUS em imitação de CRISTO (2:2-6). “Os 
	mestres falsos declaravam que o conhecimento era o mais importante de todas 
	as coisas; se um homem estivesse iluminado por aquilo que eles “consideravam 
	conhecimento de amor”, a sua conduta não teria importância. João deseja 
	demonstrar que tal conhecimento é um engano e que todo verdadeiro 
	conhecimento de DEUS resultará em santidade devida, sendo sem está uma coisa 
	morta e inútil. Assim sendo, ele ordena aos homens que dêem provas do seu 
	conhecimento de DEUS. Para saberem de certo se têm ou não o conhecimento de 
	DEUS, a prova é simples — guardam eles os mandamentos de DEUS?”  
	4. Amor para com os irmãos (2:7-11). João está escrevendo um mandamento 
	antigo e novo; antigo, porque eles o ouviram quando se tornaram cristãos; 
	novo, porque é recente e vivo para aqueles que têm comunhão com CRISTO, a 
	verdadeira Luz que agora os ilumina.  
	5. Afastamento do mundanismo (vers. 12-17). Um cristão não pode amar ao 
	mesmo tempo a DEUS e ao mundo — o mundo desordenado pelo domínio desenfreado 
	das forças pecaminosas e acorrentado pela escravidão da corrupção. 
	6. Doutrina pura (2:18-28). Os crentes ouviram falar do Anticristo que virá 
	ao fim desta, a última época. Mas o seu espírito está no mundo presente na 
	pessoa de certos mestres falsos que negam a divindade e a missão Messiânica 
	de CRISTO. O cristão não deve ser desviado de seu caminho pelos argumentos 
	sutis e aparentemente certos daqueles errados, porque o ESPÍRITO os 
	conduzirá a toda verdade. “Há aqui, uma alusão clara a um mestre falso, 
	Cerinto, que negava que JESUS fosse o CRISTO e declarava que o homem JESUS e 
	o “aeon” ou espírito, CRISTO, eram seres distintos. Ensinava que JESUS era 
	um homem comum, até ao momento do seu batismo, quando este “aeon” desceu 
	sobre Ele, tendo-lhe dado o poder de fazer milagres e revelando-Lhe o Pai, 
	até então desconhecido. Este “aeon”, sendo incapaz de sofrer, deixou JESUS 
	antes da Sua paixão. Assim, as duas verdades centrais da encarnação e a 
	expiação foram negadas pela sua doutrina. Estes falsos mestres continuamente 
	diziam aos cristãos : “Vós precisais de muita instrução; segui-nos e 
	conduzir-vos-emos às profundidades da fé cristã. Conhecendo os mistérios 
	ocultos, podemos ensinar a vós que necessitais do ensino”. João lembra aos 
	cristãos a unção que eles receberam do divino Mestre, o ESPÍRITO SANTO e a 
	Sua presença no meio deles... Tendo o ESPÍRITO SANTO, não necessitavam de 
	nenhum outro mestre e mesmo na presença arrogantes mestres do erro podiam, 
	sem temer, afirmar que possuíam esta unção. Não quer dizer que eles não 
	necessitam de nenhum mestre, nem da instrução dos lábios de um apóstolo, ou 
	mestre na Igreja. (Comp. Efés. 4:11; Heb. 5:12). 
	III. FILIAÇÃO DIVINA. 
	Caps. 2:29 a 3:24. João deu as seguintes provas da filiação divina : 1. 
	Andar retamente (2:29 a 3:10). O cristão deve mostrar um antagonismo 
	absoluto ao pecado por causa dos seguintes fatos : 
a) a sua filiação divina e a esperança de chegar a ser como JESUS. 2:29 a 
	3:1-3. 
	b) o pecado é anarquia (transgressão da lei) — em suma, rebelião contra 
	DEUS. 3:4. 
	c) por causa do caráter de CRISTO e a Sua obra expiatória por nós (vers. 
	5-7). Enquanto permanecermos em CRISTO, não pecaremos; enquanto pecarmos, 
	não permaneceremos em CRISTO. 
	d) por causa da origem diabólica do pecado. V. 8. 
	e) por causa da qualidade divina da vida cristã. V. 9. 
	f) por causa de depender das nossas ações a prova final, se somos filhos de 
	DEUS ou filhos do diabo. V. 10. 
	2. Amor para com os irmãos. 3:11-18. 
	a) O mandamento. V. 11. 
	b) O aviso. V. 12. 
	 c) A consolação. Vers. 13-15. 
	d) O modelo. V. 16. 
	e) A ilustração prática. Vers. 17, 18. “Atos falam mais alto do que 
	palavras”. 
	3. Segurança. 3:19-24. a) A base da segurança. V. 19. A prática do amor 
	inspirado por DEUS para com os irmãos, e não somente os nossos instáveis 
	sentimentos, é a prova da realidade da nossa fé e da nossa união com CRISTO. 
	b) Os resultados da segurança. Vers. 20-24. 
	IV. O ESPÍRITO DA VERDADE E O ESPÍRITO DO ÊRRO. Cap. 4:1-6.  
	O pensamento do ESPÍRITO habitando em nós (3:24), leva João a tratar — em 
	parêntese — de outros espíritos — os espíritos falsos e maus, e de como os 
	cristãos podem distingui-los. 
	1. O apelo (v. 1). Não importa quão eloquente seja um profeta e quantos dons 
	possua; a sua doutrina deve ser provada. 
	2. A prova (v. 2) — a confissão da encarnação de CRISTO. Tudo isto se. 
	relaciona com os nossos próprios dias, quando se fala tanto em espiritismo, 
	teosofia e as comunicações dos homens com os espíritos e no mundo 
	espiritual... A prova de João pode-se aplicar tão segura e certamente, hoje, 
	como sempre. Há UM “médium” de comunicação espiritual entre o mundo 
	invisível e o visível, entre o céu e a terra, e este é JESUS CRISTO vindo na 
	carne. Todos os verdadeiros espíritos unem-se a Ele. Todos aqueles que não 
	são fiéis, O negarão, criando “médiuns" independentes — sejam vestidos em 
	corpos humanos ou não — criando um intercâmbio entre o céu e a terra”. 
	3. O conflito (v. 4). Evidentemente, tinha havido um conflito entre os 
	cristãos e os falsos mestres, mas a Igreja aderiu à verdade. Sua vitória é a 
	nossa vitória hoje. 
	4. O contraste (vers. 5, 6). Aqueles que estão possuídos pelo ESPÍRITO de 
	DEUS, atraem discípulos semelhantes a si mesmos, homens sinceros, cheios do 
	ESPÍRITO, e praticando a justiça; os outros também atraem discípulos 
	semelhantes a si mesmos, homens mundanos cujas vidas são más. 
	V. DEUS É AMOR. Cap. 4:7-21. 
	1. A chamada ao amor. V. 7. 
	2. A razão para o amor : “DEUS é amor”. V. 8. 
	3. A prova do amor divino : o sacrifício de DEUS. Vers. 9, 10. 
	4. A exigência do amor: o amor de DEUS para conosco exige o nosso amor para 
	com os nossos irmãos. V. 11. 
	 5. O resultado do amor da nossa parte: a manifestação da presença de DEUS 
	(vers. 12-18); ousadia (v. 17); ausência do temor que condena (v, 18). 
	6. A prova do nosso amor : a prova do nosso amor para com DEUS invisível é o 
	amor para com o nosso irmão, que é feito e restaurado à imagem de DEUS 
	(vers. 19-21); a prova do nosso verdadeiro amor para com os irmãos 
	encontra-se em nosso amor para com DEUS (5: 1-2); o nosso amor a DEUS 
	encontra a sua manifestação na observância de Seus mandamentos (v. 3). 
	VI. FÉ. Cap. 5:4-12. 
	1. A vitória da fé (5:4, 5). “E esta é a vitória que venceu (no grego o 
	tempo está no pretérito) o mundo’.’ João mostra-se muito audaz em falar da 
	vitória como já acontecida. Em cada crente há um poder vital de DEUS, 
	executado pela fé que deve vencer, que, sob o ponto de vista de DEUS, já 
	venceu. No conjunto dos crentes, a Igreja de DEUS, há o mesmo poder para 
	conseguir a vitória final contra o mundo. Quando João escreveu, a Igreja era 
	uma seita desprezada, insignificante, consistindo principalmente de escravos 
	e gente pobre da classe inferior; e estava muito longe de ser perfeita. Ela 
	era molestada por mestres falsos; o mundo era o poder sólido, unido, 
	irresistível e pagão, de Roma, controlando todas as riquezas, a força e 
	todos os recursos da civilização. Mas, apesar disso, João não profetizou 
	somente que a Igreja venceria o mundo, mas que já o tinha vencido. As suas 
	palavras implicam, além disso, na vitória completa sobre todo o mal que 
	resta em nós mesmos, sobre todo o mal que existe no mundo e sobre todo 
	sistema de falsidade ou impiedade que luta contra DEUS. Tudo isso está 
	assegurado, e sob o ponto de vista divino, já foi conseguido”. 
	2. O tríplice testemunho terrestre da fé. Vers, 6-8. 
	a) A água testifica do início do ministério terrestre de CRISTO, inaugurado 
	por Seu batismo. 
	b) O sangue testifica da Sua morte que trouxe a redenção eterna. 
	c) O ESPÍRITO testifica em todos os séculos à Sua ressurreição e à vida sem 
	fim. Notem a ênfase no vers. 6: “Não só por água, mas por água e por 
	sangue”. Cerinto, o principal oponente de João, ensinou que o CRISTO 
	celestial desceu sobre JESUS no Seu batismo, mas O deixou na véspera da Sua 
	paixão. Assim sendo, JESUS morreu, mas o CRISTO, sendo espiritual, não 
	sofreu. Isto significa que CRISTO veio por água (batismo), mas negou que 
	viesse por sangue (morte). O objetivo do apóstolo é provar que Aquele que 
	foi batizado e Aquele que morreu no Calvário eram a mesma Pessoa. 
	3. O testemunho celestial. Vers. 9-12. 
	VII. CONCLUSÃO: A CONFIANÇA CRISTÃ. Cap 5: 13-21.
	1. A substância da confiança cristã — a segurança ou certeza da vida eterna. 
	V. 13. 
	2. A manifestação da confiança cristã. a) Exteriormente, o poder de oferecer 
	oração eficaz. Vers. 14-17. b) Convicção interna — “Sabemos”. Vers. 18- 20. 
	3. Exortação final (vers. 21). “Em JESUS achaste Aquele que é o verdadeiro 
	DEUS e a vida eterna. Se estiveres n’Aquele que é verdadeiro, serás obrigado 
	a fazer sincero e cuidadosamente um rompimento total entre si e todas as 
	coisas pagãs, e a fugir então dos ídolos que antigamente adoravas”. 
	Schlatter. 
	  
	  
	SEGUNDA EPÍSTOLA DE JOAO (Leia a Epístola) 
	Tema. A primeira epístola de João é uma carta à família cristã em geral, 
	prevenindo-a contra a falsa doutrina e exortando-a à piedade prática. A 
	segunda epístola é uma carta a um membro particular dessa família, escrita 
	com o propósito de instruí-lo quanto à atitude correta para com os falsos 
	mestres. Não devia dar-lhes hospitalidade. Tal mandamento pode parecer duro; 
	mas é justificado pelo fato destas doutrinas atacarem os próprios 
	fundamentos do cristianismo, e em muitos casos, ameaçarem a pureza da 
	conduta. Ao receber tais mestres em sua casa, a crente, a que João escrevia, 
	identificar-se-ia com os seus erros. João não ensinava o mal tratamento aos 
	cristãos, que doutrinariamente diferem de nós ou que se encontram nos laços 
	do erro. João escrevia em época em que os antinômios e gnósticos, errados, 
	procuravam minar a fé e a pureza. Sob tais condições era imperativo que os 
	cristãos denunciassem as suas doutrinas erradas, tanto por palavras, como 
	pela atitude. O tema pode resumir-se da seguinte maneira: é dever obedecer à 
	verdade e evitar comunhão com os seus inimigos. 
	  
	PORQUE FOI ESCRITA. 
	Para advertir uma senhora cristã e hospitaleira a não atender a falsos 
	mestres. 
	  
	  
	TERCEIRA EPISTOLA DE JOAO (Leia a Epístola) 
	Tema. Esta curta epístola dá uma ideia de certas condições que existiam numa 
	Igreja local no tempo de João. A história que pode ser colhida da epístola, 
	parece ser a seguinte: João tinha enviado um grupo de mestres itinerantes, 
	com cartas de recomendação, a diferentes igrejas, uma das quais, era a assembleia a que pertenciam Gaio e Diótrefes. Diótrefes, dominado por ciúme 
	pelos direitos da igreja local, ou por alguma razão pessoal, recusou-se a 
	dar hospitalidade a estes mestres e excomungou os membros da sua igreja que 
	os recebiam. Gaio, um dos membros da igreja, não deixou intimidar por este 
	ditador espiritual e hospedava os missionários e obreiros, os quais mais 
	tarde, informaram ao apóstolo sobre a sua bondade. Parece que João estava 
	para enviar estes mestres pela segunda vez (v. 6) e exortou a Gaio a 
	continuar no ministério de amor para com eles. João mesmo escreveu uma carta 
	de advertência a Diótrefes, que foi desprezada. Por isso, o apóstolo 
	expressou a sua intenção de fazer uma visita pessoal à igreja e a destituir 
	esse tirano eclesiástico. Resumiremos o tema da seguinte maneira : o dever 
	da hospitalidade para com o ministério e o perigo de uma direção ditatorial. 
	PORQUE FOI ESCRITA. 
	Para elogiar Gaio por ter recebido esses trabalhadores cristãos que 
	dependiam inteiramente da hospitalidade dos crentes e para denunciar a falta 
	de hospitalidade e a tirania de Diótrefes. 
	  
	  
	EPÍSTOLA DE JUDAS (Leia a Epístola) 
	Tema. Há certa semelhança entre a segunda epístola de Pedro e a de Judas; 
	ambas tratam da apostasia na igreja e descrevem os chefes dessa apostasia. 
	Parece que Judas, a respeito deste tema, cita Pedro (Comp. II Pedro 3:3 e 
	Judas 18). Ambos têm em mente a mesma classe de desviados — homens de moral 
	relaxada e de excessos vergonhosos. Pedro descreve a apostasia como futura; 
	Judas, como presente. Pedro expõe os falsos mestres como ímpios e 
	extremamente perigosos, mas não no seu estado pior; Judas em extrema 
	depravação e na maior desordem. Foi a presença destes homens na igreja, e a 
	sua atividade em propagar as suas doutrinas, o que fez Judas escrever esta 
	epístola, cujo tema é o dever que têm os cristãos de guardarem-se sem 
	mancha, e de lutarem sinceramente pela fé, no meio da apostasia. 
	  
	AUTOR. Acredita-se que o autor foi Judas, irmão de Tiago, e de nosso Senhor. 
	Mar. 6:3. 
	PORQUE FOI ESCRITA. Para adverti-los contra os apóstatas dentro da Igreja, 
	aqueles que, embora tendo negado a fé, ficaram ainda como membros da Igreja. 
	QUANDO FOI ESCRITA. Provavelmente entre 70 e 80 a. D. 
	CONTEÚDO. 
	Segue-se uma breve análise da epístola : Depois da saudação (vers. 1, 2), 
	Judas menciona o propósito de sua missiva. A princípio, tinha a intenção de 
	escrever a respeito da doutrina, mas a presença dos falsos mestres fez com 
	que os advertisse para lutar pelas verdades do Evangelho (vers. 3, 4). Para 
	ilustrar a condenação destes mestres, ele menciona três exemplos da antiga 
	apostasia, (vers. 5-7). Estes apóstatas, sempre cedendo às suas próprias 
	imaginações, são culpados tanto de pecado carnal, como de rebelião contra a 
	autoridade (v. 8), e falam da autoridade em termos que nem Miguel, o 
	arcanjo, se atreveu a usar ao falar a Satanás (V. 9). Atrevem-se a falar mal 
	das coisas espirituais, que não compreendem. Mas nas coisas que compreendem, 
	eles se corrompem (v. 10). Seu pecado e a sua condenação estão prefigurados 
	pela Escritura (v. 11) e pela natureza (vers. 12, 13). São os temas 
	verdadeiros da profecia de Enoque (v. 14). Quanto ao caráter, são 
	murmuradores, queixosos, aduladores astutos, zombadores das coisas 
	espirituais, homens que causam separações, que são inteiramente carnais, não 
	tendo o ESPÍRITO de CRISTO (vers. 16-19). Os crentes, porém, em contraste 
	com estes, devem edificar-se na fé, orar no ESPÍRITO SANTO, permanecer no 
	amor de DEUS, sempre olhando a JESUS (vers. 20, 21). Quanto àqueles que 
	erraram por fraqueza e estavam vacilando, devia-se ter compaixão; quanto aos 
	outros, devia-se empregar um esforço supremo para salvá-los, mas ao mesmo 
	tempo sempre vigilantes para não se contaminarem com a roupa manchada da 
	doutrina corrompida e da vida sensual (vers. 22,23). Judas conclui com uma 
	doxologia que louva àquele que pode guardar o crente de cair na apostasia e 
	no pecado e que é capaz de conservá-lo irrepreensível até ao Grande Dia 
	(vers. 24,25). 
	  
	  
	  
	SUBSÍDIOS DA REVISTA DA CPAD - LIÇÃO 12 - AS 
	EPÍSTOLAS INSTRUEM E FORMAM OS CRISTÃOS 
	PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
A lição desta semana tem como proposta apresentar o conjunto de doutrinas entregue à Igreja do Senhor por intermédio dos autores das epístolas do Novo Testamento. O conteúdo dessas epístolas tem como função instruir e formar os crentes no que diz respeito à fé cristã, bem como prepará-los para o encontro com o Senhor por ocasião do arrebatamento da Igreja.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Apresentar a instrução doutrinária de Paulo às igrejas no que diz respeito a pessoa de JESUS CRISTO e acerca das últimas coisas; II) Expor a natureza das epístolas gerais a respeito da fé, santificação, combate aos falsos ensinos e esperança da vida eterna; III) ressaltar a atualidade das epístolas do Novo Testamento no tocante às doutrinas da justificação, santificação e glorificação do crente.
B) Motivação: É fundamental que o crente conheça as doutrinas bíblicas registradas nas Cartas do Novo Testamento. Seus ensinamentos trazem o aperfeiçoamento da fé e amadurecimento do caráter Cristão.
C) Sugestão de Método: Elabore com seus alunos uma lista com o nome de cada epístola do Novo testamento e o seu respectivo propósito. Faça isso na lousa. Você pode consultar a Bíblia de Estudo Pentecostal para elaborar a lista. Reforce aos seus alunos que conhecer a natureza de cada epístola ajuda a direcionar a leitura e interpretar a mensagem intrínseca em cada epístola.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Tudo o que a Igreja precisa conhecer no que diz respeito à vontade de DEUS está na Bíblia. As epístolas, inclusive, trazem as instruções doutrinárias que orientam os crentes à prática da fé, a santificação e preparação para a vida eterna.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão: Vale a apena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios às Lições Bíblicas. Na edição 88, p. 42, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará um auxílio que dará suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "Epístola" aprofunda o primeiro tópico, explicando o conceito de epístola bíblica e sua mensagem aos crentes da igreja primitiva; 2) O texto "O que é o Processo de Comunicação", localizado no final do terceiro tópico, traz ao docente uma reflexão a respeito do processo de comunicação do docente com o aluno. Será que a forma como nos comunicamos com os alunos tem sido eficiente? 
	  
	  
	SINÓPSE I - As epístolas paulinas nos instruem a respeito de CRISTO, sobre 
	as últimas coisas e trazem instruções pastorais e pessoais. 
	SINÓPSE II - As epístolas gerais advertem o crente a respeito da 
	santificação, dos falsos ensinos; e enfatizam a supremacia de CRISTO e a 
	esperança da vida eterna. 
	SINÓPSE III - A mensagem das epístolas permanece atual: ressalta a 
	justificação, santificação e glorificação do crente. 
	
AUXÍLIO DE BIBLIOLÓGICO TOP1
“Epístolas
No uso geral, o termo epístola refere-se à correspondência escrita, seja particular ou pública. [...] No Novo Testamento, o termo grego espistole ocorre 24 vezes e é a designação de 21 dos escritos do Novo Testamento. [...] Em geral, as epístolas do Novo Testamento seguem a forma padrão das cartas antigas, como poder ser visto pelo estudo da extensa correspondência em papiros que foi preservada. A ordem epistolar usual era: nome do escritor e destinatários, saudação, oração ou desejo de bem-estar dos leitores, corpo da carta e saudações finais. Alguns, seguindo a sugestão de A. Deissmann, têm feito uma distinção entre cartas e epístolas. As cartas seriam pessoais, com trechos não-literários sem a intenção de uso permanente, ao passo que as epístolas seriam impessoais, com trechos literários, escritas para um público mais geral e com a intenção de permanência. Outros tem corretamente insistido que esta distinção é demasiadamente sofisticada e simplificada. A maioria das epístolas do Novo Testamento combina elementos tanto de cartas como de epístola, conforme distinguido por Deissmann. A correspondência do Novo Testamento foi, em sua maior parte, escrita em resposta a cartas ou palavras pessoais com relação a problemas ou necessidades que exigiram um tratamento por parte de alguém que tivesse autoridade apostólica” (Dicionário Bíblico Wyclifee. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.652,53). 
	
AUXÍLIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ TOP2
“O que é o Processo de Comunicação.
As partes do processo de comunicação são as seguintes:
1. Aquele que envia-codifica (o emissor-codificador) a mensagem (o professor). Essa pessoa tem três deveres. Em primeiro lugar, deve escolher as palavras. Em segundo lugar, deve dar sentido às palavras. Em terceiro lugar, deve usar as palavras adequadamente.
2. Aquele que recebe-decodifica (o receptor-decodificador) a mensagem (aluno). Essa pessoa também tem três deveres. Em primeiro lugar, deve reconhecer as palavras. Em segundo lugar, deve interpretar as palavras. Em terceiro lugar, deve relacionar o significado das palavras ao que já conhece.
3. A mensagem. Essa é a lição que o professor deseja ensinar.
4. O canal. Esse é o método que o professor usa para transmitir a lição.
A mensagem está na mente do professor, que é a pessoa que envia-codifica. O professor dá às palavras o significado que deseja transmitir ao seu aluno. A mensagem é colocada em um canal para ser transmitida ao aluno. Um canal é a maneira como o professor transmite a mensagem. O aluno (receptor-decodificador) deve receber a mensagem e decodificá-la. Quando ouvir as palavras do professor, deverá saber o seu significado. Este é o processo da interpretação. O aluno deve aplicá-las à sua vida” (TOWNS, Elmer L. Enciclopédia da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.163). 
	  
	
VOCABULÁRIO
Docetismo: Doutrina herética propagada entre os séculos II e III d.C., que nega a existência do corpo físico de JESUS. Para os propagadores dessa heresia, JESUS seria apenas espírito. 
	
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Cite as epístolas que dão instruções a respeito da salvação. As epístolas que enfatizam os aspectos da doutrina da salvação são: Romanos, Gálatas, 1 e 2 Coríntios.
2. Cite as epístolas que instruem a respeito dos últimos dias. As epístolas que enfatizam os últimos acontecimentos são: 1 e 2 Tessalonicenses.
3. O que 1 Pedro aborda? A epístola de 1 Pedro aborda o sofrimento cristão.
4. Qual é a ênfase da Carta aos Hebreus? A Carta aos Hebreus enfatiza a supremacia de CRISTO.
5. Explique a doutrina da glorificação. A doutrina da glorificação é a última etapa de nossa salvação. 
	  
Tema: A Supremacia das Escrituras, a Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de DEUS
Comentário: Pr. Douglas Baptista (Pr. Pres. Assembleia de DEUS Missão, Brasília, DF)
Complementos, ilustrações, questionário e vídeos: Pr. Henrique
“A graça, a misericórdia, a paz, da parte de DEUS Pai e da do Senhor JESUS CRISTO, o Filho do Pai, sejam convosco na verdade e amor.” (2 Jo 1.3)
VERDADE PRÁTICA
As epístolas apresentam instruções vitais para a compreensão da doutrina cristã, bem como para a formação dos cristãos.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Rm 1.17 Em CRISTO descobrimos a justiça de DEUS: o justo viverá pela fé
Terça - Ef 1.22,23 CRISTO é o cabeça; e a Igreja, o seu Corpo
Quarta - 1 Pedro 1.7 A fé é provada como o ouro é provado pelo fogo
Quinta - 1 Jo 1.6,7 O salvo deve viver em comunhão com os irmãos
Sexta - 2 Co 7.1 O crente deve purificar-se de toda imundícia da carne e do espírito
Sábado - Ef 4.13 O cristão deve buscar a medida da estatura de CRISTO
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Coríntios 1.1-3; 1 Pedro 1.1,2; 2 João 1.1-3
1 Coríntios 1.1 - Paulo (chamado apóstolo de JESUS CRISTO, pela vontade de DEUS) e o irmão Sóstenes,
2 - À igreja de DEUS que está em Corinto, aos santificados em CRISTO JESUS, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor JESUS CRISTO, Senhor deles e nosso: 3 - graça e paz, da parte de DEUS, nosso Pai, e do Senhor JESUS CRISTO.
1 Pedro 1.1 - Pedro, apóstolo de JESUS CRISTO, aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia;
2 - Eleitos segundo a presciência de DEUS Pai, em santificação do ESPÍRITO, para a obediência e aspersão do sangue de JESUS CRISTO: Graça e paz vos sejam multiplicadas.
2 João 1.1 - O ancião à senhora eleita e a seus filhos, aos quais amo na verdade e não somente eu, mas também todos os que têm conhecido a verdade,
2 - Por amor da verdade que está em nós e para sempre estará conosco.
3 - A graça, a misericórdia, a paz, da parte de DEUS Pai e da do Senhor JESUS CRISTO, o Filho do Pai, seja convosco na verdade e amor.
PALAVRA-CHAVE - Epístola
I – COMO AS EPÍSTOLAS PAULINAS NOS INSTRUEM
1. Instruções salvíficas.
1. As Epístolas de Pedro.
1. A doutrina da justificação.
CARTA: PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA - ORLANDO BOYER
EPÍSTOLA: PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA - ORLANDO BOYER
No NT o termo gr. epistole ocorre 24 vezes e é a designação de 21 dos escritos do NT. Destes, 13 são da pena de Paulo e sete ou oito. dependendo se Hebreus está incluído ou não são classificados como epístolas gerais ou universais. As 13 cartas de Paulo são geralmente divididas em quatro grupos, escatológicas (1 e 2 Tessalonicenses), soteriológicas (Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas), da prisão (Efésios, Filipenses, Colossenses, Filemom) e pastorais (1 e 2 Timóteo, Tito). As epistolas não-paulinas têm sido chamadas de universais (ou católicas) porque eram supostamente gerais quanto ao seu destino. Isto, porém, não é uma designação exata no caso de Hebreus, e de 2 e 3 João, que foram enviadas para pessoas e grupos específicos. Em geral, as epístolas do NT seguem a forma padrão das cartas antigas, como pode ser visto pelo estudo da extensa correspondência em papiros que foi preservada. A ordem epistolar usual era: nome do escritor e destinatários, saudação, oração ou desejo de bem-estar dos leitores, corpo da carta e saudações finais.
Alguns, seguindo a sugestão de A. Deissmann, têm feito uma distinção entre cartas e epístolas. As cartas seriam pessoais, com trechos não-literários sem a intenção de uso permanente, ao passo que as epístolas seriam impessoais, com trechos literários, escritas para um público mais geral e com a intenção de permanência. Outros têm corretamente insistido que esta distinção é demasiadamente sofisticada e simplificada. A maioria das epístolas do NT combina elementos tanto de carta como de epístola, conforme distinguido por Deissmann. A correspondência do NT foi, em sua maior parte, escrita em resposta a cartas ou palavras pessoais com relação a problemas ou necessidades que exigiram um tratamento por parte de alguém que tivesse autoridade apostólica. D. W. B.
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			NOVO 
			TESTAMENTO | 
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			-1 Tessalonicenses | 
		
		
			51 d.C. | 
	
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			-2 Tessalonicenses | 
		
		
			52 d.C. | 
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			-1 Coríntios | 
		
		
			56 d.C. | 
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			-2 Coríntios | 
		
		
			57 d.C. | 
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			-Gálatas | 
		
		
			57 d.C. | 
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			-Romanos | 
		
		
			58 d.C. | 
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			-Mateus | 
		
		
			60 d.C. | 
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			- Efésios     | 
		
		
			61 d.C. | 
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			-Tiago        | 
		
		
			61 d.C. | 
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			- Filipenses | 
		
		
			62 d.C. | 
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			-Colossenses       | 
		
		
			62 d.C. | 
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			- Filemom | 
		
		
			62 d.C. | 
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			-Lucas        | 
		
		
			63 d.C. | 
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			- Hebreus   | 
		
		
			63 d.C. | 
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			-Atos dos apóstolos.      | 
		
		
			63 d.C. | 
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			- 1 Timóteo | 
		
		
			64 d.C. | 
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			- 1 Pedro    | 
		
		
			64 d.C. | 
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			- Tito | 
		
		
			65 d.C. | 
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			- Marcos     | 
		
		
			65 d.C. | 
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			-2 Pedro              | 
		
		
			64/5 d.C. | 
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			-2 Timóteo  | 
		
		
			67 d.C. | 
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			-Judas.       | 
		
		
			70 d.C. | 
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			-João (Evangelho) | 
		
		
			85 d.C. | 
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			-1 João       | 
		
		
			90d.C. | 
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			-2 João       | 
		
		
			90 d.C. | 
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			-3 João       | 
		
		
			90 d.C. | 
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			-Apocalipse | 
		
		
			
			96d.C | 
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Não houve uma pronta aceitação destas cartas na igreja primitiva. No século IV, Eusébio afirmou que a maioria delas eram discutidas, embora tenham sido incluídas em várias listas e manuscritos importantes do NT no mesmo século. Algumas delas, especialmente 2 Pedro e Tiago, têm sido contestadas de um modo ou de outro em várias ocasiões até o dia de hoje. (Para detalhes veja Cânon das Escrituras - NT.)
No que diz respeito às ênfases maiores, Tiago e 1 Pedro tratam do problema do sofrimento (veja, por exemplo, Tg 1.2-4; 5.4-11; 1 Pe 1.6,7; 2.18-20; 3.14-17; 4.12-16). Na verdade, as palavras “sofrer” ou “sofrimento” aparecem pelo menos 15 vezes somente em 1 Pedro. As outras cartas refletem o crescimento do falso ensino e como a igreja primitiva se opôs a ele (veja 2 Pe 2.2,3; 3.1-7; 1 Jo 1.6- 10; 2.22,23; 4.1-6; Jd 3,4). W. M. D.
Uma designação tradicional das sete últimas epístolas do Novo Testamento.
A palavra *católico” deriva do grego katkolikos, que significa “geral”, “muito difundido”, “universal. Com a exceção da segunda e da terceira epístola de João, que são escritas para um indivíduo ou para uma igreja em particular, estas epístolas dirigem-se a um público mais amplo do que uma igreja local ou um indivíduo. Mais tarde, a palavra “católica” foi empregada para as epístolas que eram universalmente aceitas pela igreja e que continham doutrinas ortodoxas; assim, o termo tornou-se sinônimo de “genuíno” ou “canônico”.
Lembra-te de que JESUS CRISTO, que é da descendência de Davi, ressuscitou dos mortos, segundo o meu evangelho; 2 Timóteo 2:8
Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de JESUS CRISTO, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto, Romanos 16:25
EPÍSTOLAS PAULINAS - Comentários BEP - CPAD
Autor: Paulo
Tema: A Revelação da Justiça de DEUS
Data: Cerca de 57 d.C.
Considerações Preliminares
Romanos é a epístola de Paulo mais longa, mais teológica e mais influente. Talvez por essas razões foi colocada em primeiro lugar entre as do apóstolo. De modo contrário à tradição católica romana, a igreja de Roma não foi fundada por Pedro, nem por qualquer outro apóstolo. Ela talvez tenha sido iniciada por convertidos de Paulo provenientes da Macedônia e da Ásia, bem como pelos judeus e prosélitos convertidos no dia de Pentecoste (At 2.10). Paulo não tinha Roma como campo específico de outro apóstolo (15.20).
Em Romanos, Paulo afirma que muitas vezes planejou ir até Roma para ali pregar o evangelho, mas que, até então fora impedido (Rm 1.13-15; 15.22). Reafirma seu desejo de ir até eles (15.23-32).
Paulo, ao escrever esta epístola, perto do fim da sua terceira viagem missionária (cf. Rm 15.25,26; At 20.2,3; 1 Co 16.5,6), estava em Corinto como hóspede na casa de Gaio (16.23; 1 Co 1.14). Enquanto escrevia Romanos através do seu auxiliar Tércio (16.22), planejava voltar a Jerusalém para o dia de Pentecoste (At 20.16; provavelmente na primavera de 57 ou 58 d.C.) e entregar pessoalmente uma oferta de socorro das igrejas gentias aos crentes pobres de Jerusalém (15.25-27). Logo a seguir, Paulo esperava partir para a Espanha levando-lhe o evangelho, visitar de passagem a igreja de Roma e receber ajuda dos crentes ali para prosseguir em sua caminhada para o oeste (15.24, 28).
Propósito
Paulo escreveu esta carta a fim de preparar o caminho para a obra que ele esperava realizar em Roma e na sua missão prevista para a Espanha. (1) Seu propósito era duplo.
Segundo parece, os romanos tinham ouvido boatos falsos a respeito da mensagem e da teologia de Paulo (e.g., Rm 3.8; 6.1,2, 15); daí ele achar necessário registrar por escrito o evangelho que já pregava há vinte e cinco anos. (2) Queria corrigir certos problemas da igreja, causados por atitudes erradas dos judeus para com os gentios (e.g., 2.1-29; 3.1, 9), e dos gentios para com os judeus (e.g., Rm 11.11-32).
Visão Panorâmica
O tema de Romanos está em Rm 1.16,17, a saber: que no Senhor JESUS a justiça de DEUS é revelada como a solução à sua justa ira contra o pecado. A seguir, Paulo expõe as verdades fundamentais do evangelho. Primeiro, destaca o fato de que o problema do pecado e a necessidade humana da justificação são universais (Rm 1.18—3.20). Posto que tanto os judeus quanto os gentios estão sujeitos ao pecado e, portanto, sob a ira de DEUS, ninguém pode ser justificado diante dEle à parte do dom da justiça (3.24) mediante a fé em JESUS CRISTO (Rm 3.21—4.25).
Sendo justificado generosamente pela graça de DEUS, e tendo recebido a certeza da salvação (Rm 5), o crente demonstra que recebeu o dom divino da justificação, ao morrer com CRISTO para o pecado (cap. 6); é liberto da luta com a justiça da lei (Rm 7), e é adotado como filho de DEUS, recebendo nova vida segundo o ESPÍRITO, o que o conduz à glorificação (8.18-30). DEUS está levando a efeito o seu plano da redenção, a despeito da incredulidade de Israel (9–11).
Finalmente, Paulo declara que uma vida transformada em CRISTO resulta na prática da retidão e do amor em todos os aspectos da vida social, civil e moral da pessoa (12–14). Paulo termina Romanos expondo seus planos pessoais (cap. 15), uma longa lista de saudações pessoais, uma última admoestação e uma doxologia (cap. 16).
Características Especiais
Sete destaques principais caracterizam Romanos. (1) Romanos é a mais sistemática epístola de Paulo; a epístola teológica por excelência do NT. (2) Paulo escreve num estilo de pergunta-e-resposta, ou de diálogo (e.g., Rm 3.1, 4-6, 9, 31). (3) Paulo usa amplamente o AT como a autoridade bíblica na apresentação da verdadeira natureza do evangelho. (4) Paulo apresenta “a justiça de DEUS” como a revelação fundamental do evangelho (Rm 1.16,17); DEUS restaura e ordena a situação do homem em JESUS CRISTO e através dEle. (5) Paulo focaliza a natureza dupla do pecado, bem como a provisão de DEUS em CRISTO para cada aspecto: (a) o pecado como uma transgressão pessoal (Rm 1.1—5.11) e o pecado como um princípio ou lei (gr. he hamartia), i.e., a tendência natural e inerente para pecar, existente no coração de toda pessoa, desde a queda de Adão (5.12—8.39). (6) O capítulo 8 é o mais longo da Bíblia sobre a obra do ESPÍRITO SANTO na vida do crente. (7) Romanos contém o estudo mais profundo da Bíblia sobre a rejeição de CRISTO pelos judeus
(excetuando-se um remanescente), bem como sobre o plano divino-redentor para todos, alcançando por fim Israel (9–11).
Tema: Problemas da Igreja e Suas Soluções
Data: 55/56 d.C.
Considerações Preliminares
Corinto, uma cidade antiga da Grécia, era, em muitos aspectos, a metrópole grega de maior destaque nos tempos de Paulo. Assim como muitas das cidades prósperas do mundo de hoje, Corinto era intelectualmente arrogante, materialmente próspera e moralmente corrupta. O pecado, em todas as suas formas, grassava nessa cidade de má fama, pela sua licenciosidade.
Juntamente com Prisca e Áquila (16.19) e com sua própria equipe apostólica (At 18.5), Paulo fundou a igreja em Corinto, durante seu ministério de dezoito meses ali, na sua segunda viagem missionária (At 18.1-17). A igreja era composta dalguns judeus, sendo sua maioria constituída de gentios convertidos do paganismo. Depois da partida de Paulo de Corinto, surgiram vários problemas na jovem igreja, que requereram sua autoridade e doutrina apostólica, por carta e visitas pessoais.
A primeira epístola aos Coríntios foi escrita durante seu ministério de três anos em Éfeso (At 20.31), na sua terceira viagem missionária (At 18.23—21.16). Paulo soube em Éfeso dos problemas de Corinto (1Co 1.11); depois, uma delegação da congregação em Corinto (16.17) entregou uma carta a Paulo, em que lhe pediam instruções sobre vários assuntos (7.1; cf. 1Co 8.1; 12.1; 16.1). Paulo escreveu esta epístola tendo em vista os informes ouvidos e a correspondência recebida daquela igreja.
Propósito
Paulo tinha dois motivos principais ao escrever esta epístola: (1) Tratar dos sérios problemas da igreja de Corinto, de que fora informado. Eram pecados que os coríntios não levavam muito a sério, mas que Paulo sabia serem graves. (2) Aconselhar e doutrinar sobre variados assuntos que os coríntios lhe encaminharam por escrito. Isso incluía assuntos doutrinários e de conduta e pureza, tanto individual, como da congregação.
Visão Panorâmica
Esta epístola trata dos problemas que uma igreja experimenta quando seus membros continuam “carnais” (3.1-3) e não se separam de uma vez, dos incrédulos a seu redor (2 Co 6.17). São problemas tipo espírito de divisão (1Co 1.10-13; 11.17-22), tolerância de pecado tipo incesto (5.1-13), imoralidade sexual em geral (6.12-20), ação judicial entre os cristãos (6.1-11), idéias humanistas a respeito da verdade apostólica (15) e conflitos a respeito da “liberdade cristã” (8;10). Paulo também instrui os coríntios a respeito do celibato e do casamento (7), o culto público, inclusive a Ceia do Senhor (11—14) e a oferta para os santos de Jerusalém (16.1-4).
Entre os ensinos mais importantes de Paulo em 1 Coríntios, está o das manifestações e dons do ESPÍRITO SANTO nos cultos da igreja (12—14). O ensino desses capítulos é o mais rico do NT sobre a natureza e o conteúdo da adoração na igreja primitiva (14.26-33). Paulo mostra que o propósito de DEUS para a igreja inclui uma rica variedade de dons do ESPÍRITO através de crentes fiéis (12.4-10) e de pessoas chamadas para exercer certos ministérios (12.28-30) — uma diversidade dentro da unidade, comparável às múltiplas funções do corpo humano (1Co 12.12-27). No da operação dos dons espirituais na congregação, Paulo faz uma distinção essencial entre a edificação individual e a coletiva como assembleia (1Co 14.2-6,12,16-19,26), e reitera que todas as manifestações públicas dos dons devem brotar do amor (13) e existirem para a edificação de todos os crentes (1Co 12.7; 14.4-6,26).
Características Especiais
Cinco características especiais vemos em 1 Coríntios. (1) De todo o NT, é a epístola que mais trata de problemas. Ao tratar dos vários problemas e assuntos de Corinto, Paulo apresenta princípios espirituais claros e permanentes, sendo cada um deles universalmente aplicáveis à igreja (e.g. 1Co 1.10; 6.17,20; 7.7; 9.24-27; 10.31,32; 14.1-10; 15.22,23). (2) Há um destaque geral sobre a unidade da igreja local como corpo de CRISTO, destaque este no ensino sobre divisões, Ceia do Senhor e dons espirituais. (3) Esta epístola contém o mais amplo ensino do NT em assuntos de grande importância como o celibato, o casamento e novo casamento (7); a Ceia do Senhor (1Co 10.16-21; 11.17-34); línguas, profecias e dons espirituais durante o culto (12,14); o amor cristão (13); e a ressurreição do corpo (15). (4) A epístola é de valor incalculável para o ministério pastoral, no tocante à disciplina eclesiástica (cap. 5). (5) Salienta a possibilidade indubitável de decair da fé, aqueles que persistem numa conduta ímpia e que não têm firmeza em CRISTO (1Co 6.9,10; 9.24-27; 10.5-12,20,21; 15.1-2)
Tema: Glória Através do Sofrimento
Data: 55/56 d.C.
Considerações Preliminares
Paulo escreveu esta epístola à igreja de Corinto e aos crentes de toda a Acaia (1.1), identificando-se duas vezes pelo nome (1.1; 10.1). Tendo Paulo fundado a igreja em Corinto, durante sua segunda viagem missionária, manteve contato frequente com os coríntios a partir de então, por causa dos problemas daquela igreja (ver a introdução a 1 Coríntios).A sequência desses contatos e o contexto em que 2 Coríntios foi escrito são os seguintes: (1) Depois de alguns contatos e correspondência inicial entre Paulo e a igreja (e.g. 2Co 1.1; 5.9; 7.1), ele escreveu 1 Coríntios, de Éfeso, (primavera de 55 ou 56 d.C.). (2) Em seguida, ele fez uma viagem a Corinto, cruzando o mar Egeu, para tratar de problemas surgidos na igreja. Essa visita, no período entre 1 e 2 Coríntios (cf. 13.1,2), foi espinhosa para Paulo e para a congregação (2.1,2). (3) Depois dessa visita afonosa, informes chegaram a Paulo em Éfeso de que seus adversários estavam atacando a sua autoridade apostólica em Corinto, tentando persuadir uma parte da igreja a rejeitá-lo. (4) Respondendo, Paulo escreveu 2 Coríntios, na Macedônia (outono de 55 ou 56 d.C.). (5) Pouco depois, Paulo viajou outra vez a Corinto (13.1), permanecendo ali cerca de três meses (cf. At 20.1-3a). Foi ali que escreveu a Epístola aos Romanos.
Propósito
Paulo escreveu esta epístola a três classes de pessoas em Corinto. (1) Primeiro, escreveu para encorajar a maioria da igreja que lhe era fiel, como seu pai espiritual. (2) Escreveu para contestar e desmascarar os falsos apóstolos que continuavam a difamá-lo, para, assim, enfraquecer a sua autoridade e o seu apostolado, e distorcer a sua mensagem. (3) Escreveu, também, para repreender a minoria na igreja influenciada por seus oponentes e que não acatavam a sua autoridade e correção. Paulo reafirmou sua integridade e sua autoridade apostólica em relação a eles, esclareceu os seus motivos e os advertiu contra novas rebeliões. 2 Coríntios visou a preparar a igreja como um todo, para sua visita iminente.
Visão Panorâmica
2 Coríntios tem três divisões principais. (1) Na primeira (1—7), Paulo começa dando graças a DEUS pela sua consolação em meio aos sofrimentos em prol do evangelho, elogia os coríntios por disciplinarem um grande transgressor e defende a sua integridade ao alterar seus planos de viagem. Em 2Co 3.1—6.10, Paulo apresenta o mais extenso ensino do NT sobre o verdadeiro caráter do ministério. Ressalta a importância da separação do mundo (2Co 6.11—7.1) e expressa sua alegria ao saber, através de Tito, do arrependimento de muitos na igreja de Corinto, que antes desacatavam a sua autoridade apostólica (7). (2) Nos caps. 8 e 9, Paulo exorta os coríntios a demonstrar a mesma generosidade cristã e sincera dos macedônios, ao contribuírem na campanha por ele dirigida, a favor dos crentes pobres de Jerusalém. (3) O estilo da epístola muda nos caps. 10—13. Agora, Paulo defende o seu apostolado, discorrendo sobre a sua chamada, qualificações e sofrimentos como um verdadeiro apóstolo. Com isso, Paulo espera que os coríntios reconheçam os falsos apóstolos entre eles, o que os poupará de futura disciplina quando ele lá chegar. Paulo termina 2 Coríntios com a única bênção trinitária no NT (2Co 13.14 ).
Características Especiais
Quatro fatos principais caracterizam esta epístola. (1) É a mais autobiográfica das epístolas de Paulo. Suas muitas referências pessoais são feitas com humildade, desculpas e até mesmo constrangimento, mas foi necessário, tendo em vista a situação em Corinto. (2) Ultrapassa todas as demais epístolas paulinas no que tange à revelação da intensidade e profundidade do amor e cuidado de Paulo por seus filhos espirituais. (3) Contém a mais completa teologia do NT sobre o sofrimento do crente (2Co 1.3-11; 4.7-18; 6.3-10; 11.23-30; 12.1-10), e de igual modo, sobre a contribuição cristã (8—9). (4) Termos-chaves, tais como fraqueza, aflição, lágrimas, perigos, tribulação, sofrimento, consolação, jactância, verdade, ministério e glória, destacam o conteúdo incomparável desta carta.
Tema: Salvação Pela Graça Mediante a Fé
Data: Cerca de 49 d.C.
Considerações Preliminares
Paulo escreveu esta epístola (Gl 1.1; 5.2; 6.11) “às igrejas da Galácia” (1.2). As autoridades no assunto declaram que os gálatas eram gauleses oriundos do Norte da Galácia e que, mais tarde, parte deles emigrou para o Sul da Europa, de cujo território a França de hoje faz parte. É muito mais provável que Paulo haja escrito esta epístola às igrejas do Sul da província da Galácia (Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra, Derbe), onde ele e Barnabé evangelizaram e estabeleceram igrejas durante sua primeira viagem missionária (At 13,14). A data mais provável da carta situa-se logo após o regresso de Paulo à igreja que o enviou – Antioquia da Síria, e pouco antes do Concílio de Jerusalém (At 15). O assunto principal de Gálatas é o mesmo debatido e resolvido em Jerusalém (c. de 49 d.C.; cf. At 15). Tal assunto implica uma dupla pergunta: (1) A fé em JESUS CRISTO como Senhor e Salvador é o requisito único para a salvação? (2) É necessário obedecer a certas práticas e leis judaicas do AT para se obter a salvação em CRISTO? Talvez Paulo haja escrito Gálatas antes da controvérsia da lei, na Assembleia de Jerusalém (At 15), e antes de a igreja comunicar a sua posição final. Se assim foi, então Gálatas é a primeira epístola
que Paulo escreveu.
Propósito
Paulo tomou conhecimento de que certos mestres judaicos estavam inquietando seus novos convertidos na Galácia, impondo-lhes a circuncisão e o jugo da lei mosaica como requisitos necessários à salvação e ao ingresso na igreja. Ao saber disso, Paulo escreveu: (1) para demonstrar cabalmente que as exigências da lei, como a circuncisão do velho concerto, nada tem a ver com a operação da graça de DEUS em CRISTO para a salvação sob o novo concerto; e (2) para reafirmar claramente que o crente recebe o ESPÍRITO SANTO e com Ele a nova vida espiritual por meio da fé no Senhor JESUS CRISTO e não por meio da lei do AT.
Visão Panorâmica
Pelo conteúdo desta carta, conclui-se que os oponentes judaicos de Paulo na Galácia o atacavam pessoalmente a fim de solapar sua influência nas igrejas. Sua acusação era de que: (1) Paulo não era um dos apóstolos originais e, portanto, desprovido de autoridade direta (cf. Gl 1.1,7,12; 2.8,9); (2) sua mensagem diferia do evangelho pregado em Jerusalém (cf. Gl 1.9; 2.2-10); e (3) sua mensagem da graça resultaria numa vida iníqua (cf. Gl 5.1,13,16,19,21).
Paulo deu respostas diretas a todas três acusações. (1) Defendeu energicamente a sua própria autoridade de apóstolo de JESUS CRISTO, autoridade esta recebida diretamente de DEUS e que foi confirmada por Tiago, Pedro e João (1,2). (2) Defendeu com ardor o evangelho da salvação pela graça, mediante a fé em CRISTO, à parte das obras da lei (3,4). (3) Finalmente, Paulo sustentou com veemência que o verdadeiro evangelho de CRISTO abrange a liberdade da escravidão do legalismo judaico tanto quanto a liberdade do pecado e das obras da carne. A verdadeira liberdade cristã consiste em viver no ESPÍRITO e cumprir a lei de CRISTO (5,6).
Gálatas contém uma síntese do feitio dos crentes judaicos que se opunham à Paulo na Galácia, em Antioquia e em Jerusalém (At 15.1,2,5) e na maioria dos lugares onde ele trabalhou.
Características Especiais
Quatro fatos singulares caracterizam esta epístola. (1) É a defesa mais veemente no NT da natureza do evangelho. Seu tom é enérgico, intenso e urgente, uma vez que Paulo lida com oponentes em erro (e.g., Gl 1.8,9; 5.12), enquanto repreende os gálatas por se deixarem iludir tão facilmente (1.6; 3.1; 4.19,20). (2) Quanto ao número de referências autobiográficas, Gálatas é superada somente por 2 Coríntios. (3) Esta é a única epístola de Paulo em que ele explicitamente se dirige a várias igrejas (ver, no entanto, a introdução a Efésios). (4) Contém a descrição do fruto do ESPÍRITO (5.22,23) e a lista mais completa do NT das obras da carne (5.19-21).
Tema: CRISTO e Sua Igreja
Data: Cerca de 62 d.C.
Considerações Preliminares
Efésios é um dos picos elevados da revelação bíblica, ocupando lugar único entre as Epístolas de Paulo. Ela não foi elaborada no árduo trabalho da bigorna da controvérsia doutrinária ou dos problemas pastorais (como muitas outras epístolas de Paulo). Ao contrário, Efésios transmite a impressão de um rico transbordar de revelação divina, brotando da vida de oração de Paulo. Ele escreveu a carta quando estava prisioneiro por amor a CRISTO (3.1; 4.1; 6.20), provavelmente em Roma. Efésios tem muita afinidade com Colossenses, e talvez tenha sido escrita logo após esta. As duas cartas podem ter sido levadas simultaneamente ao seu destino por um cooperador de Paulo chamado Tíquico (6.21; cf. Cl 4.7).
É crença geral que Paulo escreveu Efésios também para outras igrejas da região, e não apenas a Éfeso. Possivelmente ele a escreveu como carta circular às igrejas de toda a província da Ásia. Muitos crêem que Efésios é a mesma carta aos Laodicenses, mencionada por Paulo em Cl 4.16.
Propósito
O propósito imediato de Paulo ao escrever Efésios está implícito em Ef 1.15-17. Em oração, ele anseia que seus leitores cresçam na fé, no amor, na sabedoria e na revelação do Pai da glória. Almeja profundamente que vivam uma vida digna do Senhor JESUS CRISTO (e.g., Ef 4.1-3; 5.1,2). Paulo, portanto, procura fortalecer-lhes a fé e os alicerces espirituais ao revelar a plenitude do propósito eterno de DEUS na redenção “em CRISTO” (Ef 1.3-14; 3.10-12) à igreja (Ef 1.22,23; 2.11-22; 3.21; 4.11-16; 5.25-27) e a cada crente (Ef 1.15-21; 2.1-10; 3.16-20; 4.1-3,17-32; 5.1—6.20).
Visão Panorâmica
Há dois temas fundamentais no NT: (1) como somos redimidos por DEUS, e (2) como nós, os redimidos, devemos viver. Os capítulos 1—3 de Efésios tratam principalmente do primeiro desses temas, ao passo que os capítulos 4—6 focalizam o segundo.
(1) Os capítulos 1—3 começam por um parágrafo de abertura que é um dos trechos mais profundos da Bíblia (1.3-14). Esse grandioso hino sobre redenção tributa louvores ao Pai pela eleição, predestinação e adoção que Ele nos propiciou (1.3-6), por nossa redenção mediante o sangue do Filho (1.7-12) e pelo ESPÍRITO, como selo e garantia da nossa herança (1.13,14). Nesses capítulos, Paulo ressalta que a redenção pela graça mediante a fé, DEUS nos reconcilia consigo mesmo (2.1-10) e com outros que estão sendo salvos (2.11-15), e, em CRISTO, nos une em um só corpo, a igreja (2.16-22). O alvo da redenção é “tornar a congregar em CRISTO todas as coisas... tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (1.10). (2) Os capítulos 4—6 consistem mais de instruções práticas para a igreja no tocante aos requisitos que a redenção em CRISTO demanda de nossa vida individual e coletiva. Entre as 35 diretrizes dadas em Efésios, sobre como os redimidos devem viver, destacam-se três categorias gerais. (1) Os crentes são chamados a uma nova vida de pureza e separação do mundo. São chamados a serem “santos e irrepreensíveis diante dele” (1.4), a crescer “para templo santo no Senhor” (2.21), a andar “como é digno da vocação com que fostes chamados” (4.1), a “varão perfeito” (4.13), a viver “em verdadeira justiça e santidade” (4.24), a andar “em amor” (5.2; cf. 3.17-19) e a serem santos “pela palavra” (5.26), a fim de que CRISTO tenha uma “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga... santa e irrepreensível” (5.27). (2) O crente é chamado a um novo modo de viver nos relacionamentos familiares e vocacionais (5.22—6.9). Esses relacionamentos devem ser regidos por princípios de conduta que distingam o crente da sociedade descrente à sua volta. (3) Finalmente, o crente é chamado a manter-se firme contra as astutas ciladas do diabo e as terríveis “hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (6.10-20).
Características Especiais
Há quatro características que predominam nesta epístola. (1) A revelação da grande verdade teológica dos capítulos 1—3 é interrompida por duas grandiosas orações apostólicas. Na primeira, o apóstolo pede para os crentes sabedoria e revelação no conhecimento de DEUS (1.15-23); na segunda, roga que possam conhecer o amor, o poder e a glória de DEUS (Ef 3.14-21). (2) “Em CRISTO”, uma expressão paulina de peso (106 vezes nas epístolas de Paulo), sobressai grandemente em Efésios (cerca de 36 vezes). “Toda bênção espiritual” e todo assunto prático da vida relaciona-se com o estar “em CRISTO”. (3) Efésios salienta o propósito e alvo eterno de DEUS para a igreja. (4) Há um realce multifacetado do papel do ESPÍRITO SANTO na vida cristã (Ef 1.13,14,17; 2.18; 3.5,16,20; 4.3,4,30; 5.18; 6.17,18). (5) Efésios é tida, às vezes, como epístola gêmea de Colossenses, pelo fato de apresentarem definidas semelhanças em seus conteúdos e terem sido escritas quase ao mesmo tempo (ver o esboço das duas).
Autor: Paulo
Tema: Alegria de Viver por CRISTO
Data: Cerca de 62/63 d.C.
Considerações Preliminares
A cidade de Filipos, na Macedônia oriental, a 16 km do Mar Egeu, foi assim chamada em homenagem a Filipe II da Macedônia, pai de Alexandre Magno. Nos dias de Paulo, era uma cidade romana privilegiada, tendo uma guarnição militar.
A igreja de Filipos foi fundada por Paulo e sua equipe de cooperadores (Silas, Timóteo, Lucas) na sua segunda viagem missionária, em obediência a uma visão que DEUS lhe dera em Trôade (At 16.9-40). Um forte elo de amizade desenvolveu-se entre o apóstolo e a igreja em Filipos. Várias vezes a igreja enviou ajuda financeira a Paulo (2 Co 11.9; Fp 4.15,16) e contribuiu generosamente para a coleta que o apóstolo providenciou para os crentes pobres de Jerusalém (cf. 2 Co 8-9). Parece que Paulo visitou a igreja duas vezes na sua terceira viagem missionária (At 20.1,3,6).
Propósito
Da prisão (Fp 1.7,13,14), certamente em Roma (At 28.16-31), Paulo escreveu esta carta aos crentes filipenses para agradecer-lhes pela sua oferta generosa, cujo portador foi Epafrodito (Fp 4.14-19) e para informá-los do seu estado pessoal. Além disso, escreveu para transmitir à congregação a certeza do triunfo do propósito de DEUS na sua prisão (Fp 1.12-30), para assegurar à igreja que o mensageiro por ela enviado (Epafrodito) cumprira fielmente a sua tarefa e que não estava voltando antes do devido tempo (Fp 2.25-30), e para levar os membros da igreja a se esforçarem para conhecer melhor o Senhor, conservando a unidade, a humildade, a comunhão e a paz.
Visão Panorâmica
Diferente de muitas das cartas de Paulo, Filipenses não foi escrita primeiramente devido a problemas ou conflitos na igreja. Sua tônica básica é de cordial afeição e apreço pela congregação. Da saudação inicial (1.1) à bênção final (4.23), a carta focaliza CRISTO JESUS como o propósito da vida e a esperança da vida eterna por parte do crente. Nesta epístola, Paulo trata de três problemas menores em Filipos: (1) O desânimo dos crentes ali, por causa da prisão prolongada de Paulo (1.12-26); (2) pequenas sementes de discórdia entre duas mulheres da igreja (4.2; cf. 2.2-4); e (3) a ameaça de deslealdade sempre presente entre as igrejas, por causa dos mestres judaizantes e dos crentes de mentalidade terrena (cap. 3). Em meio a esses três problemas em potencial, temos os ensinos mais ricos de Paulo sobre (1) alegria em meio a todas as circunstâncias da vida (e.g., Fp 1.4,12; 2.17,18; 4.4,11-13), (2) a humildade e serviço cristãos (2.1-16), e (3) o valor incomensurável de conhecer a CRISTO (cap. 3).
Características Especiais
Cinco assuntos principais caracterizam esta epístola. (1) Ela é muito pessoal e afetuosa, refletindo assim o estreito relacionamento entre Paulo e os crentes filipenses. (2) É altamente cristocêntrica, revelando a estreita comunhão entre Paulo e CRISTO (e.g., 1.21; 3.7-14). (3) Contém uma das declarações cristológicas mais profundas da Bíblia (2.5-11). (4) É preeminentemente a “Epístola da Alegria” no NT. (5) Apresenta um modelo de vida cristã dinâmica e resignada, inclusive o viver humilde e como servo (2.1-8); prosseguir com firmeza para o alvo (3.13,14); regozijar-se sempre no Senhor (4.4); libertar-se da ansiedade (4.6), contentar-se em todas as circunstâncias (4.11) e fazer todas as coisas mediante a potente graça de CRISTO (4.13).
Tema: A Supremacia de CRISTO
Data: Cerca de 62 d. C.
Considerações Preliminares
A cidade de Colossos estava localizada perto de Laodicéia (cf. 4.16), no sudeste da Ásia Menor, cerca de 160 quilômetros a leste de Éfeso. A igreja colossense, tudo indica, foi fundada como resultado do grandioso ministério de Paulo em Éfeso, durante três anos (At 20.31), cujos efeitos foram tão poderosos e de tão grande alcance que “todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor JESUS” (At 19.10). Paulo talvez nunca tenha visitado Colossos pessoalmente (2.1), mas mantivera contatos com a igreja através de Epafras, um dos seus convertidos e cooperadores naquela cidade (Cl 1.7; 4.12).
O motivo desta epístola foi o surgimento de ensinos falsos na igreja colossense, ameaçando o seu futuro espiritual (2.8). Quando Epafras, dirigente da igreja colossense e seu provável fundador, viajou com o objetivo de visitar Paulo e informar-lhe a respeito da situação em Colossos (1.8; 4.12), Paulo então escreveu esta epístola. Nessa ocasião Paulo estava preso (4.3,10,18), possivelmente em Roma (At 28.16-31), aguardando comparecer perante César (At 25.11,12). O cooperador de Paulo, Tíquico, entregou pessoalmente a carta em Colossos, em nome do apóstolo (4.7).
Não está descrita claramente na carta a heresia surgida em Colossos, uma vez que os leitores originais a conheciam bem. No entanto, pelas refutações de Paulo ao falso ensino, deduz-se que era uma mistura estranha de ensinos cristãos, tradições judaicas extrabíblicas e filosofias pagãs (semelhante ao sincretismo religioso das seitas falsas de hoje). Tal ensino subvertia e substituía a centralidade de JESUS.
Propósito
Paulo escreveu esta carta: (1) para combater os falsos ensinos em Colossos, que estavam suplantando a centralidade e supremacia de JESUS CRISTO na criação, na revelação, na redenção e na igreja; e (2) para ressaltar a verdadeira natureza da nova vida em CRISTO e suas exigências para o crente.
Visão Panorâmica
Depois de saudar a igreja e expressar gratidão pela fé, amor e esperança dos crentes colossenses, bem como pelo seu progresso contínuo, Paulo focaliza dois assuntos principais: a doutrina correta (Cl 1.13—2.23) e exortações práticas (3.1—4.6).
Teologicamente, Paulo enfatiza o verdadeiro caráter e glória do Senhor JESUS CRISTO. Ele é a imagem do DEUS invisível (1.15), a plenitude da deidade em forma corpórea (2.9), o criador de todas as coisas (1.16,17), o cabeça da igreja (1.18) e a fonte toda suficiente da nossa salvação (Cl 1.14,20-22). Enquanto CRISTO é todo suficiente, a heresia colossense é totalmente insuficiente — vazia, enganosa e humanista (2.8); de espiritualidade superficial e arrogante (2.18) e sem poder contra os apetites pecaminosos do corpo (2.23).
Nas suas exortações práticas, Paulo faz um apelo em favor de uma vida alicerçada na suficiência completa de CRISTO, como o único meio de progresso no viver cristão. A realidade da habitação de CRISTO neles (1.27) deve evidenciar-se na conduta cristã (3.1-17), no relacionamento doméstico (Cl 3.18—4.1) e na disciplina espiritual (4.2-6).
Características Especiais
Três características principais tem esta epístola. (1) Mais do que qualquer outro livro do NT, Colossenses focaliza a dupla verdade da preeminência de CRISTO e da perfeição do crente nEle. (2) Afirma com toda intensidade a plena divindade de CRISTO (2.9) e contém um dos trechos mais sublimes do NT a respeito da sua glória (1.15-23). (3) Às vezes, Colossenses é tida como uma “epístola gêmea” de Efésios, porque as duas têm certas semelhanças de conteúdo, e foram escritas provavelmente na mesma época.
Tema: A Volta de CRISTO
Data: Cerca de 51 d.C.
Considerações Preliminares
Tessalônica, situada há pouco menos de 160 km a sudoeste de Filipos, era a capital, cidade principal e porto da província romana da Macedônia. Entre os 200.000 habitantes da cidade, havia ali uma grande comunidade judaica. Quando Paulo fundou a igreja tessalonicense, na sua segunda viagem missionária, seu frutífero ministério ali foi encerrado prematuramente devido à intensa hostilidade judaica (At 17.1-9).
Forçado a sair de Tessalônica, Paulo foi a Beréia, onde outro ministério breve, porém bem- sucedido, foi interrompido pela perseguição movida pelos judeus que o seguiram desde Tessalônica (At 17.10-13). A seguir, viajou para Atenas (At 17.15-34), onde Timóteo se encontrou com ele; depois, Paulo enviou Timóteo de volta à Tessalônica para verificar a condição da nova igreja (3.1-5); ao mesmo tempo, Paulo seguiu para Corinto (At 18.1-17). Timóteo, ao completar sua tarefa, viajou para Corinto levando a Paulo informações sobre a igreja tessalonicense (3.6-8), o que levou Paulo a escrever esta carta, talvez três a seis meses após fundada a igreja.
Propósito
Por ter sido Paulo forçado pela perseguição a sair de Tessalônica, os novos convertidos receberam apenas um mínimo de ensino sobre a vida cristã. Ao saber Paulo, por meio de Timóteo, das reais circunstâncias, escreveu esta epístola (1) para expressar sua alegria pela fé e perseverança dos tessalonicenses em meio à perseguição, (2) para instruí-los na santidade e na vida piedosa e (3) para elucidar certas doutrinas, especialmente no tocante à situação dos crentes que morrem antes da volta de CRISTO.
Visão Panorâmica
Depois de saudar a igreja (1.1), Paulo, com alegria, enaltece os tessalonicenses pelo seu zelo e fé perseverantes em meio à adversidade (1Ts 1.2-10; 2.13-16). Responde às críticas contra ele, relembrando à igreja a pureza dos seus motivos (2.1-6), a sinceridade da sua afeição e solicitude pelo rebanho (1Ts 2.7,8,17-20; 3.1-10) e a integridade da sua conduta entre eles (2.9-12). Paulo destaca a necessidade e importância da santidade e do poder na vida cristã. O crente precisa ser santo (1Ts 3.13; 4.1-8; 5.23,24), e o evangelho, acompanhado pelo poder e manifestação do ESPÍRITO SANTO (1.5). Paulo admoesta os tessalonicenses a não extinguirem o ESPÍRITO, ao desprezar as suas manifestações, especialmente a profecia (5.19,20).
Um tema de destaque é a volta de CRISTO para livrar seu povo da ira de DEUS sobre a terra (1Ts 1.10; 4.13-18; 5.1-11). Parece que alguns crentes haviam morrido em Tessalônica, motivando preocupação sobre a sua salvação final. Por isso, Paulo explica o plano de DEUS para os santos que já tiverem partido quando CRISTO voltar para buscar a sua igreja (4.13-18), e exorta os vivos sobre a importância de estarem preparados quando Ele vier (1Ts 5.1-11). Paulo termina a carta com uma oração pela santificação e preservação espiritual dos tessalonicenses (5.23,24).
Características Especiais
São quatro as características principais desta epístola. (1) Ela foi um dos primeiros livros escritos do NT. (2) Contém textos chaves do NT sobre a ressurreição dos santos falecidos por ocasião do arrebatamento da igreja (4.13-18), e a respeito do “Dia do Senhor” (5.1-11). (3) Todos os cinco capítulos fazem referência à volta de CRISTO e à relevância deste evento para os salvos (1Ts 1.10; 2.19; 3.13; 4.13-18; 5.1-11,23). (4) Oferece uma visão única (a) do estado de uma igreja zelosa, mas imatura, no começo da década de 50 d.C., e (b) das características do ministério de Paulo como pioneiro do evangelho.
Tema: A Volta de CRISTO
Data: Cerca de 51 ou 52 d.C.
Considerações Preliminares
Ao escrever Paulo esta epístola, a situação na igreja de Tessalônica era quase a mesma da ocasião em que ele escreveu a primeira carta (ver introdução a 1 Tessalonicenses). É provável, pois, que esta carta tenha sido escrita apenas poucos meses depois de 1 Tessalonicenses, quando Paulo ainda se encontrava trabalhando em Corinto com Silas e Timóteo (1.1; cf. At 18.5). Tudo indica que Paulo, ao ser informado do acolhimento da sua primeira carta e do progresso dos crentes tessalonicenses, foi movido a escrever esta segunda carta.
Propósito
O propósito de Paulo nesta epístola é semelhante ao de 1 Tessalonicenses: (1) animar seus novos convertidos perseguidos; (2) exortá-los a dar bom testemunho cristão e a trabalhar cada um pelo seu sustento; e (3) corrigir certos erros doutrinários sobre eventos dos tempos do fim, ligados ao Dia do Senhor (“Dia de CRISTO’’) (2.2).
Visão Panorâmica
O tom da primeira carta de Paulo aos tessalonicenses é o de uma ama que cria os seus filhos (1 Ts 2.7). Na segunda, o tom é primeiramente o de um pai que disciplina os filhos desobedientes para corrigir seus caminhos (2Ts 3.7-12; cf. 1 Ts 2.11). Elogia-os, porém, pela sua fé perseverante e volta a encorajá-los a permanecer fiéis em todas as perseguições (1.3-7).
A seção principal da carta trata do Dia do Senhor, no seu aspecto escatológico (2Ts 2.1-12; cf. 2Ts 1.7-10). Afigura-se de 2.2 que alguns em Tessalônica afirmavam por “espírito” (suposta revelação profética), por “palavra” (mensagem verbal) ou “epístola” (supostamente escrita por Paulo), que o tempo da grande tribulação e o Dia do Senhor já haviam começado. Paulo corrige tal erro, declarando que três eventos notáveis assinalarão e precederão a chegada do Dia do Senhor (2.2): (1) ocorrerá uma grande apostasia e rebelião (2.3); (2) a restrição determinada por DEUS para resistir à injustiça, será removida (2.6,7); e (3) “o homem do pecado” se revelará (2Ts 2.3,4,8-11). Paulo repreende aqueles que, na igreja, estavam se aproveitando da expectativa da iminente volta de CRISTO como desculpa para a ociosidade. Exorta os crentes a serem diligentes e disciplinados no seu viver (2Ts 3.6-12).
Características Especiais
Três são as características especiais desta epístola. (1) Ela contém um dos trechos mais completos do NT a respeito da iniquidade e da impostura desenfreadas, no final dos tempos (2Ts 2.3-12). (2) O justo juízo de DEUS, vinculado à segunda vinda de CRISTO é descrito aqui em termos apocalípticos, como no livro de Apocalipse (1.6-10; 2.8). (3) Emprega termos descritivos do Anticristo que não se acham noutras partes da Bíblia (2.3,8).
Tema: A Sã Doutrina e as Boas Obras
Data: Cerca de 65/66 d.C.
Considerações Preliminares
1 e 2 Timóteo e Tito — comumente chamadas “epístolas pastorais” — são cartas escritas por Paulo (1.1; 2 Tm 1.1; Tt 1.1) a Timóteo (em Éfeso) e Tito (em Creta) concernente ao cuidado pastoral das igrejas. Alguns críticos questionam a autoria destas cartas por Paulo, mas a igreja primitiva corroborava sua autoria paulina. Embora haja diferenças de estilo e de vocabulário nas epístolas pastorais ao compará-las com as outras cartas de Paulo, estas diferenças podem decorrer da avançada idade de Paulo e sua solicitude pessoal com os ministérios de Timóteo e de Tito.
Paulo escreveu 1 Timóteo depois dos eventos relatados no fim de Atos a primeira prisão de Paulo em Roma (At 28) terminou, segundo parece, com a sua libertação (2 Tm 4.16,17). Posteriormente, segundo Clemente de Roma (cerca de 96 d.C.) e o Cânon Muratoriano (cerca de 190 d.C.), Paulo viajou de Roma, dirigindo-se para o oeste, até a Espanha, e ministrou a Palavra de DEUS ali, como era seu desejo há longo tempo (cf. Rm 15.23,24,28). Conforme relatam as Epístolas Pastorais, Paulo, a seguir, voltou à região do mar Egeu (especialmente Creta, Macedônia e Grécia) e aí continuou seu ministério. Durante esse período (cerca de 64,65 d.C.), Paulo comissionou Timóteo como seu representante apostólico para ministrar em Éfeso, e Tito para fazer o mesmo em Creta. Da Macedônia, Paulo escreveu sua primeira carta a Timóteo, e, pouco mais tarde, escreveu a Tito. Posteriormente, Paulo foi preso de novo em Roma, quando então escreveu uma segunda carta a Timóteo pouco antes do seu martírio em 67/68 (ver 2 Tm 4.6-8; ver também introdução a 2 Timóteo).
Propósito
Paulo teve um tríplice propósito ao escrever 1 Tm: (1) exortar o próprio Timóteo a respeito do seu ministério e da sua vida pessoal; (2) exortar Timóteo a defender a pureza do evangelho e seus santos padrões da corrupção causada por falsos mestres; e (3) dar a Timóteo instruções a respeito de vários assuntos e problemas de Éfeso.
Visão Panorâmica
Um dos cuidados principais que Paulo transmite ao seu jovem auxiliar é que Timóteo lute com denodo pela fé e refute os falsos ensinos que estavam comprometendo o poder salvífico do evangelho (1Tm 1.3-7; 4.1-8; 6.3-5,20,21). Paulo também instrui Timóteo a respeito das qualificações espirituais e pessoais dos dirigentes da igreja, e oferece um quadro geral das qualidades de um obreiro candidato a futuro pastor de igreja (ver a lista detalhada das qualidades de ministros e diáconos no esboço supra).
Entre outras coisas, Paulo ensina a Timóteo sobre o relacionamento pastoral com os vários grupos dentro da igreja, como as mulheres em geral (1Tm 2.9-15; 5.2), as viúvas (1Tm 5.3-16), os homens mais idosos e os mais jovens (5.1), os presbíteros (5.17-25), os escravos (6.1,2), os falsos mestres (6.3-6) e os ricos (1Tm 6.7-10,17-19). Paulo confia a Timóteo cinco tarefas distintas para ele cumprir (1Tm 1.18-20; 3.14-16; 4.11-16; 5.21-25; 6.20-21). Nesta epístola, Paulo exprime sua afeição a Timóteo como seu convertido e filho na fé, e estabelece um elevado padrão de piedade para a vida dele e da igreja.
Características Especiais
Quatro características se projetam nesta epístola. (1) É dirigida diretamente a Timóteo como representante de Paulo na igreja de Éfeso, daí a carta ser muito pessoal e escrita com profunda emoção e sentimento. (2) Juntamente com 2 Tm, ressalta mais do que qualquer outra epístola do NT a responsabilidade pastoral de manter o evangelho puro e livre de falsos ensinos que enfraqueçam o seu poder salvífico. (3) Enfatiza o valor supremo do evangelho, a influência demoníaca corruptora do evangelho, a santa vocação da igreja e as altas qualificações que DEUS requer para os seus obreiros. (4) Fornece a orientação mais específica do NT sobre o correto relacionamento do pastor com os grupos sociais da igreja segundo a idade e sexo deles.
Tema: Perseverança Inabalável na Fé
Data: Cerca de 67 d.C.
Considerações Preliminares
Esta é a última carta de Paulo. Ela foi escrita quando o imperador Nero procurava impedir a expansão da fé cristã em Roma, perseguindo severamente os crentes. E Paulo voltara a ser prisioneiro do imperador em Roma (1.16,17). Estava sofrendo privações como se fosse um criminoso comum (2.9), abandonado pela maioria dos seus amigos (1.15), e tinha consciência de que o seu ministério terminara, e que sua morte se aproximava (2Tm 4.6-8,18; ver introdução a 1 Timóteo para um exame mais completo da autoria e do contexto da epístola).
Paulo escreve a Timóteo como “amado filho” (1.2) e fiel cooperador (cf. Rm 16.21). Sua intimidade com Timóteo e sua confiança nele percebe-se no fato de o apóstolo mencioná-lo como seu cooperador na escrita de seis epístolas, de Timóteo haver permanecido consigo durante sua primeira prisão (Fp 1.1; Cl 1.1; Fm 1), e de lhe haver escrito duas cartas pessoais. Ante sua execução iminente, Paulo pede duas vezes a Timóteo que venha estar novamente com ele em Roma (4.9,21). Timóteo ainda residia em Éfeso quando Paulo lhe enviou esta segunda epistola (1 Tm 1.3; 2 Tm 1.18). Nesta epístola, o apóstolo envia saudações a Onesíforo que residia em Éfeso (1.16), e igualmente para o casal Áquila e Priscila (4.19).
Propósito
Sabendo Paulo que Timóteo era tímido e enfrentava adversidades no ministério, e divisando a sombria perspectiva de forte perseguição vinda de fora, contra a igreja, e da atividade nociva dos falsos mestres dentro dela, ele exorta Timóteo a defender o evangelho, a pregar a Palavra, a perseverar na tribulação e a cumprir sua missão.
Visão Panorâmica
No capítulo 1, Paulo assegura a Timóteo o seu incessante amor e orações, e exorta-o a nunca transigir na fidelidade ao evangelho, a guardar com diligência a verdade e a seguir o seu exemplo.
No capítulo 2, Paulo incumbe seu filho espiritual a preservar a fé, transmitindo suas verdades a homens fiéis que, por sua vez, ensinarão a outros (2.2). Admoesta o jovem pastor a sofrer as aflições como bom soldado (2.3), a servir a DEUS com diligência e a manejar corretamente a palavra da verdade (2Tm 2.15), a separar-se daqueles que se desviam da verdade apostólica (2.18-21), a manter-se puro (2.22) e a trabalhar com paciência como mestre (2Tm 2.23-26).
No capítulo seguinte, Paulo declara a Timóteo que o mal e a apostasia aumentarão (3.1-9), porém, ele precisa permanecer sempre, e em tudo, leal às Escrituras (3.10-17).
No capítulo final, Paulo incumbe Timóteo de pregar a Palavra e de cumprir todos os deveres do seu ministério (2Tm 4.1-5). Termina, informando a Timóteo quanto aos seus assuntos pessoais, quando ele já encarava a morte, e instando com o jovem pastor a vir logo ao seu encontro (2Tm 4.6-21).
Características Especiais
Há cinco características principais nesta epístola. (1) Contém as últimas palavras escritas por Paulo antes da sua execução por ordem de Nero, em Roma, uns 35 anos depois da sua conversão a CRISTO, na estrada de Damasco. (2) Contém uma das declarações mais claras, na Bíblia, a respeito da inspiração divina das Escrituras e do seu propósito (3.16,17); Paulo reafirma que as Escrituras devem ser interpretadas com exatidão pelos ministros da Palavra (2.15) e insiste que a Palavra de DEUS seja confiada a homens fiéis que, por sua vez, possam ensinar a outros (2.2). (3) Do começo ao fim da carta aparecem exortações sucintas, e.g., “despertes o dom de DEUS” (1.6), “não te envergonhes” (1.8), sofre pelo evangelho (1.8), “conserva o modelo das sãs palavras” (1.13), guarda a verdade (1.14), “fortifica-te na graça” (2.1), passa adiante a mensagem (2.2), sofre as aflições (2.3), sê diligente na Palavra (2.15), “evita os falatórios profanos” (2.16), “foge dos desejos da mocidade e segue a justiça” (2.22), acautela-te da apostasia que há de vir (3.1-9), permanece na verdade (3.14), “pregues a palavra” (4.2), “faze a obra de um evangelista” (4.5) e “cumpre o teu ministério” (4.5). (4) Os temas iterativos destas muitas exortações são: manter firme a fé (em JESUS CRISTO e no evangelho apostólico original), guardá-la da distorção e da corrupção, opor-se aos falsos mestres e pregar o evangelho com perseverança inabalável. (5) O testemunho de despedida de Paulo é um exemplo comovedor de coragem e esperança diante do martírio sentenciado (4.6-8).
Tema: A Sã Doutrina e as Boas Obras
Data: Cerca de 65/66 d.C.
Considerações Preliminares
Tito, como 1 e 2 Timóteo, é uma carta pessoal de Paulo a um dos seus auxiliares mais jovens. É chamada de “epístola pastoral” porque trata de assuntos relacionados com a ordem e o ministério na igreja. Tito, um gentio convertido (Gl 2.3), tornou-se íntimo companheiro de Paulo no ministério apostólico. Embora não mencionado nominalmente em Atos (por ser, talvez, irmão de Lucas), o grande relacionamento entre Tito e o apóstolo Paulo vê-se (1) nas treze referências a Tito nas epístolas de Paulo, (2) no fato de ele ser um dos convertidos e fruto do ministério de Paulo (1.4; como Timóteo), e um cooperador de confiança (2 Co 8.23), (3) pela sua missão de representante de Paulo em pelo menos uma missão importante a Corinto durante a terceira viagem missionária do apóstolo (2 Co 2.12,13; 7.6-15; 8.6, 16-24), e (4) pelo seu trabalho como cooperador de Paulo em Creta (1.5).
Paulo e Tito trabalharam juntos por um breve período na ilha de Creta (a sudoeste da Ásia Menor, no Mar Mediterrâneo), no período entre a primeira e a segunda prisão de Paulo em Roma (ver introdução a 1 Timóteo). Paulo deixou Tito em Creta cuidando da igreja ali (1.5), enquanto ele (Paulo) seguia adiante para a Macedônia (cf. 1 Tm 1.3). Algum tempo depois, Paulo escreveu esta carta a Tito, incumbindo-o de completar a tarefa em Creta que os dois haviam começado juntos. É provável que Paulo tivesse mandado a carta pelas mãos de Zenas e Apolos, que passaram por Creta, em viagem (3.13).
Nesta carta, Paulo informa sobre seus planos para enviar Ártemas ou Tíquico para substituir Tito dentro em breve. E nessa ocasião Tito devia encontrar-se com Paulo em Nicópolis (Grécia), onde o apóstolo planejava passar o inverno (3.12). Sabemos que isto aconteceu, já que na ocasião posterior, Paulo designara Tito para a Dalmácia, no litoral oriental do mar Adriático (na ex-Iugoslávia), em cuja região ficava Nicópolis, na Grécia (3.12).
Propósito
Paulo escreveu primeiramente para instruir Tito na sua tarefa de (1) pôr em ordem o que ele (Paulo) deixara inacabado nas igrejas de Creta, inclusive a instituição de presbíteros nessas igrejas (1.5); (2) ajudar as igrejas a crescerem na fé, no conhecimento da verdade e em santidade (1.1); (3) silenciar falsos mestres (1.11); e (4) vir até Paulo, uma vez substituído por Ártemas ou Tíquico (3.12).
Visão Panorâmica
Nesta epístola, Paulo examina quatro assuntos principais. (1) Ensina Tito a respeito do caráter e das qualificações espirituais necessárias a todos os que são separados para o ministério na igreja. Os presbíteros devem ser homens piedosos, de caráter cristão comprovado, e bem-sucedidos na direção da sua família (1.5-9). (2) Paulo manda Tito ensinar a sã doutrina, repreender e silenciar falsos mestres (Tt 1.10—2.1). No decurso da carta, Paulo apresenta dois breves resumos da sã doutrina (Tt 2.11-14; 3.4-7). (3) Paulo descreve para Tito (cf. 1 Tm 5.1—6.2) o devido papel dos anciãos (2.1, 2), das mulheres idosas (2.3,4), das mulheres jovens (2.4,5), dos homens jovens (2.6-8) e dos servos (2.9,10). (4) Finalmente, Paulo enfatiza que as boas obras e uma vida de retidão são o devido fruto da fé genuína (Tt 1.16; 2.7,14; 3.1, 8, 14; cf. Tg 2.14-26).
Características Especiais
Três características principais temos nesta epístola. (1) Dois breves resumos da verdadeira natureza da salvação em JESUS CRISTO (Tt 2.11-14; 3.4-7). (2) A igreja e o seu ministério devem estar edificados sobre firmes alicerces espirituais, teológicos e éticos. (3) Contém uma das duas listas no NT enumerando as qualificações necessárias à direção da igreja (1.5-9; cf. 1 Tm 3.1-13).
Tema: Reconciliação
Data: Cerca de 62 d.C.
Considerações Preliminares
Paulo escreveu esta “epístola da prisão” (vv. 1, 9) como uma carta pessoal a um homem chamado Filemom, mais provavelmente durante sua primeira prisão em Roma (At 28.16-31). Os nomes idênticos mencionados em Filemom (vv. 1,2, 10, 23,24) e em Colossenses (Cl 4.9,10-17), indicam que Filemom morava em Colossos e que as duas cartas foram escritas e entregues juntas.
Filemom era um senhor de escravos (v. 16) e membro da igreja de Colossos (compare vv. 1,2 com Cl 4.17), talvez um convertido de Paulo (v. 19). Onésimo era um escravo de Filemom que fugira para Roma; ali, teve contato com Paulo, que o levou a CRISTO. Desenvolveu-se um forte vínculo de amizade entre os dois (vv 9-13). Agora, Paulo, um tanto apreensivo, envia Onésimo de volta a Filemom, acompanhado por Tíquico, cooperador de Paulo, levando esta carta (cf. Cl 4.7-9).
Propósito
Paulo escreveu a Filemom para tratar do problema específico do escravo fugitivo deste, Onésimo. Segundo a lei romana, um escravo fugitivo era passível da pena de morte. Paulo intercede junto a Filemom em favor de Onésimo e pede-lhe que graciosamente receba Onésimo de volta, como um irmão crente e como companheiro de Paulo, com o mesmo amor com que acolheria o próprio Paulo.
Visão Panorâmica
Eis o apelo de Paulo a Filemom: (1) Roga que Filemom, como irmão na fé cristã (vv. 8,9, 20,21), receba Onésimo de volta, não como escravo, mas como irmão em CRISTO (vv. 15,16). (2) Num trocadilho (no grego), Paulo chama atenção para o fato que Onésimo (cujo nome significa “útil”) era anteriormente “inútil”, mas agora é “útil” tanto a Paulo como a Filemom (vv. 10-12). (3) Paulo queria que Onésimo permanecesse com ele em Roma, mas prefere enviá-lo de volta ao seu legítimo senhor (vv. 13,14). (4) Paulo oferece-se para pagar a dívida de Onésimo e relembra a Filemom que este deve sua vida ao Apóstolo (vv. 17-19). A carta termina com saudações dalguns dos cooperadores de Paulo em Roma (vv. 23,24) e com uma bênção (v. 25).
Características Especiais
Três características principais acham-se nesta epístola. (1) Essa é a mais breve de todas as epístolas de Paulo. (2) Mais do que qualquer outra parte do NT, ela ilustra como Paulo e a igreja primitiva tratavam do problema da escravidão no império romano. Ao invés de atacá-la diretamente ou de instigar rebelião armada, Paulo expôs princípios cristãos que eliminavam a severidade da escravidão romana e que finalmente levaram à sua abolição total no meio da Cristandade. (3) Oferece um vislumbre incomparável da natureza íntima de Paulo, pois este se identificou tanto com um escravo que o chamou de “meu coração” (v. 12).
Tema: Um Melhor Concerto
Data: Cerca de 67-69 d.C.
Considerações Preliminares
Este livro foi destinado originalmente aos cristãos de Roma. O seu título, nos manuscritos gregos mais antigos, diz apenas “Aos Hebreus”. Seu conteúdo, no entanto, revela que foi escrito a cristãos judeus. O emprego que o autor fez da Septuaginta (versão grega do AT), nas citações do AT, indica que os primeiros leitores foram provavelmente judeus de idioma grego que viviam fora da Palestina. A expressão “Os da Itália vos saúdam” (13.24) significa provavelmente que o autor escrevia para Roma, e que na ocasião incluiu saudações de crentes italianos que viviam longe da pátria. Os destinatários podem ter sido igrejas em lares, da comunidade cristã de Roma, das quais algumas estavam a ponto de abandonar a fé em JESUS e voltar para a antiga fé judaica por causa da perseguição e do desânimo.
O escritor não se identifica no título original, nem através do livro, embora fosse bem conhecido dos seus leitores (Hb 13.18-24). Por alguma razão, perdeu-se a sua identidade ao findar-se o século I. Posteriormente, na tradição da igreja primitiva (séculos II ao IV), surgiram muitas opiniões diferentes sobre o possível escritor de Hebreus. A opinião de que Paulo haja sido o autor não tinha aceitação até o século V.
Muitos eruditos conservadores descartam a autoria de Paulo, uma vez que o estilo esmerado e alexandrino do autor, seu embasamento na Septuaginta, sua maneira de introduzir as citações do AT, seu método de argumentar e ensinar, a estrutura da argumentação e a omissão da sua identificação pessoal são características muito diferentes das de Paulo. Além disso, enquanto Paulo sempre apela à sua revelação recebida diretamente de CRISTO (cf. Gl 1.11,12), esse escritor demonstra ser um dos cristãos da segunda geração aos quais o evangelho fora confirmado por testemunhas oculares do ministério de JESUS (2.3). Entre os homens mencionados nominalmente no NT, a descrição que Lucas oferece de Apolo, em At 18.24-28, ajusta-se melhor ao perfil do escritor de Hebreus.
Deixando de lado o nome do escritor de Hebreus, uma coisa é certa: ele escreveu na plenitude do ESPÍRITO e com entendimento, revelação e autoridade apostólicos. A ausência de qualquer referência, em Hebreus à destruição do templo de Jerusalém e do seu culto levítico é um forte indício que o autor escreveu antes de 70 d.C.
Propósito
Hebreus foi escrito principalmente para os cristãos judeus que estavam sob perseguição e esmorecimento. O escritor procura fortalecê-los na fé em CRISTO, demonstrando cuidadosamente a superioridade e finalidade da revelação e redenção da parte de DEUS em JESUS CRISTO. Demonstra que as disposições divinas para a redenção vistas no Antigo Concerto se cumpriram e se tornaram obsoletas pela vinda de JESUS e pelo estabelecimento de um Novo Concerto, mediante a sua morte vicária. O escritor anima seus leitores (1) a manterem firme sua confissão de CRISTO até o fim, (2) a prosseguirem para a maturidade espiritual, e (3) não volverem ao estado de condenação caso abandonem a fé em JESUS CRISTO.
Visão Panorâmica
Hebreus parece mais um sermão do que uma epístola. O autor descreve sua obra como “uma palavra de exortação” (13.22). Contém três divisões principais. (1) Primeiro, JESUS, o poderoso Filho de DEUS, é declarado a plena revelação de DEUS à humanidade — maior do que os profetas (Hb 1.1-3), do que os anjos (Hb 1.4—2.18), Moisés (3.1-6) e Josué (4.1-11). Nesta divisão do livro, ocorre uma advertência solene no tocante às consequências do abandono da fé ou do endurecimento do coração pela incredulidade (Hb 2.1-3; 3.7—4.2). (2) A segunda divisão apresenta JESUS como o sumo sacerdote, cujas qualificações (Hb 4.14—5.10; 6.19—7.25), caráter (Hb 7.26-28) e ministério (Hb 8.1—10.18), são perfeitos e eternos. Há uma solene advertência para quem permanecer espiritualmente imaturo ou mesmo “cair” depois de se tornar participante de CRISTO (Hb 5.11—6.12). (3) A divisão final (Hb 10.19—13.17) admoesta enfaticamente os crentes a perseverarem na salvação, na fé, no sofrimento e na santidade.
Características Especiais
Oito características afloram neste livro. (1) No NT é único quanto à sua estrutura: “começa como tratado, desenvolve-se como sermão e termina como carta” (Orígenes). (2) É o texto mais refinado do NT, abeirando-se do estilo do grego clássico, mais do que qualquer outro escritor do NT (com exceção, quiçá, de Lucas, em Lc 1.1-4). (3) É o único escrito do NT que desenvolve o conceito do ministério sumo sacerdotal de JESUS. (4) A cristologia do livro é ricamente variada, apresentando mais de vinte nomes e títulos de JESUS. (5) Sua palavra-chave é “melhor” (13 vezes). JESUS é melhor do que os anjos e todos os mediadores do AT. Ele provê melhor repouso, concerto, esperança, sacerdócio, expiação pelo sacrifício vicário e promessas. (6) Contém o principal capítulo do NT a respeito da fé (cap. 11). (7) Está repleto de referências e alusões ao AT que oferecem um rico conhecimento da interpretação cristã primitiva da história e da adoração no AT, mormente no campo da tipologia. (8) Adverte, mais do que qualquer outro escrito do NT contra os perigos da apostasia espiritual.
Tema: A Fé Manifesta-se pelas Obras
Data: 45-49 d.C.
Considerações Preliminares
Tiago é classificada como “epístola universal” porque foi originalmente escrita para uma comunidade maior que uma igreja local. A saudação: “Às doze tribos que andam dispersas” (1.1), juntamente com outras referências (2.19-21), indicam que a epístola foi escrita inicialmente a cristãos judeus que viviam fora da Palestina. É possível que os destinatários fossem os primeiros convertidos em Jerusalém, que, após a morte de Estêvão, foram dispersos pela perseguição (At 8.1) até a Fenícia, Chipre, Antioquia da Síria e além (At 11.19). Isso explicaria (1) a ênfase inicial da carta quanto ao sofrer com alegria as provações que testam a fé e que demandam perseverança (Tg 1.2-12), (2) o conhecimento pessoal que Tiago demonstra ter pelos crentes “dispersos”, e (3) o tom de autoridade da carta. Como pastor da igreja de Jerusalém, Tiago escreve às suas ovelhas dispersas.
A maneira do autor se identificar simplesmente como “Tiago” (1.1), revela sua posição de destaque na obra. Tiago, meio-irmão de JESUS e dirigente da igreja de Jerusalém, é geralmente tido como o autor. Seu discurso no Concílio de Jerusalém (At 15.13-21), bem como as descrições dele noutras partes do NT (e.g., At 12.17; 21.18; Gl 1.19; 2.9,12; 1 Co 15.7) correspondem perfeitamente com o que se sabe dele como autor desta epístola. O mais provável é que Tiago tenha escrito esta epístola durante a década dos 40 d.C. A data tão remota para a escrita provém de vários fatores, e.g., Tiago emprega a palavra grega synagoge (lit. “sinagoga”) para referir-se ao local de reunião dos cristãos (2.2). Segundo o historiador judaico Josefo, Tiago, irmão do Senhor, foi martirizado em Jerusalém, em 62 d.C.
Propósito
Tiago escreveu (1) para encorajar os crentes judeus que enfrentavam várias provações, que punham sua fé à prova, (2) para corrigir crenças errôneas a respeito da natureza da fé salvífica, e (3) para exortar e instruir os leitores concernente ao resultado prático da sua fé na vida de retidão e nas boas obras.
Visão Panorâmica
Esta epístola trata de uma ampla variedade de temas relacionados à verdadeira vida cristã. Tiago exorta os crentes a suportarem com alegria as suas provações e a tirarem proveito delas (Tg 1.2-11), exorta-os a resistirem às tentações (1.12-18), a serem praticantes da Palavra e não apenas ouvintes (1.19-27) e a demonstrarem uma fé ativa, e não uma profissão de fé vazia (Tg 2.14-26). Adverte solenemente contra a pecaminosidade de uma língua indomável (Tg 3.1-12; 4.11,12), a sabedoria carnal (3.13-16), a conduta pecaminosa (Tg 4.1-10), a vida presunçosa (4.13-17), e a riqueza egocêntrica (5.1-6). Tiago encerra ressaltando a paciência, a oração e a restauração dos desviados (5.7-20). Em todos os cinco capítulos destaca-se o relacionamento entre a verdadeira fé e a vida piedosa. A fé genuína é uma fé provada (1.2-16), ativa (Tg 1.19-27), pela qual se ama o próximo como a si mesmo (2.1-13), manifesta-se pelas boas obras (2.14-26), mantém a língua sob rígido controle (3.1-12), busca a sabedoria de DEUS (3.13-18), submete-se a DEUS como justo juiz (4.1-12), confia em DEUS para o viver de cada dia (4.13-17), não é egocêntrica, nem libertina (5.1-6), é paciente no sofrimento (5.7-12) e diligente na
oração (5.13-20).
Características Especiais
Sete características principais assinalam esta epístola. (1) É muito provável que ela tenha sido o primeiro livro do NT a ser escrito. (2) Embora contenha apenas duas referências nominais a CRISTO, há nela mais alusões aos ensinos de JESUS do que todas as demais do NT. Isso inclui 15 referências ao Sermão do Monte. (3) Mais da metade dos seus 108 versículos são expressões imperativas, ou mandamentos. (4) Sob vários aspectos, é o livro de Provérbios do NT, pois (a) está repleto de sabedoria divina e instruções práticas, visando a uma vida cristã realista, e (b) está escrito em estilo sucinto, com preceitos diretos e analogias realistas. (5) Tiago é um hábil observador dos fenômenos naturais e da natureza humana pecaminosa. Repetidas vezes, ele extrai lições disso para desmascarar esta última (e.g., 3.1-12). (6) Mais do que qualquer outro livro do NT, Tiago destaca o devido relacionamento entre a fé e as obras (principalmente Tg 2.14-26). (7) Tiago, às vezes, é chamado o Amós do NT por tratar com firmeza a injustiça e as desigualdade sociais.
Tema: Sofrimento por Amor a CRISTO
Data: Cerca de 60-63 d.C.
Considerações Preliminares
Esta é a primeira de duas cartas no NT escritas pelo apóstolo Pedro (1.1; 2 Pe 1.1). Ele testifica que escreveu sua primeira carta com a ajuda de Silvano (cuja forma contrata em grego é Silas), como seu escriba (5.12). O grego fluente de Silvano e seu estilo literário aparecem aqui, enquanto, possivelmente, o grego menos esmerado de Pedro apareça na sua segunda epístola. O tom e o conteúdo de 1 Pedro combinam com o que sabemos a respeito de Simão Pedro. Os anos que viveu em estreito convívio com o Senhor JESUS estão implícitos nas suas referências à morte de JESUS (1Pd 1.11,19; 2.21-24; 3.18; 5.1) e à sua ressurreição (1.3,21; 3.21). Indiretamente, ele parece referir-se, inclusive, às ocasiões em que JESUS lhe apareceu na Galileia, depois da ressurreição (1Pd 2.25; 5.2a; cf. Jo 21.15-23). Além disso, muitas semelhanças ocorrem entre esta carta e os sermões de Pedro registrados em Atos.
Pedro dirige esta carta aos “estrangeiros dispersos” nas províncias romanas da Ásia Menor (1.1). Alguns destes, talvez haja se convertido no dia de Pentecoste, ao ouvirem a mensagem de Pedro, e retornaram às suas respectivas cidades levando a fé que acabavam de conhecer (cf. At 2.9,10). Estes crentes são chamados “peregrinos e forasteiros” (2.11), relembrando-lhes, assim, que a peregrinação cristã ocorre num mundo hostil a JESUS CRISTO; mundo este, do qual só podem esperar perseguição. É provável que Pedro escreveu esta carta em resposta a informes dos crentes da Ásia Menor sobre a crescente oposição a eles (4.12-16), ainda sem consentimento do governo (1Pd 2.12-17).
Pedro escreveu de “Babilônia” (5.13). Isto pode referir-se literalmente à cidade de Babilônia, na Mesopotâmia, ou pode ser uma expressão figurada referente a Roma, o centro principal de oposição a DEUS, no século primeiro. Embora Pedro possa ter visitado alguma vez a grande colônia de judeus ortodoxos em Babilônia, é mais consentâneo entender, aqui, a presença de Pedro, Silas (5.12) e Marcos (5.13), juntos em Roma (Cl 4.10; cf. os comentários de Pápias a respeito de Pedro e Marcos em Roma), no começo da década de 60, do que em Babilônia. Pedro escreveu mais provavelmente entre 60 e 63 d.C., certamente antes do terrível banho de sangue em Roma, ordenado por Nero (64 d.C.).
Propósito
Pedro escreveu esta epístola de alegre esperança a fim de levar o crente a ver a perspectiva divina e eterna da sua vida terrestre e prover orientação prática aos cristãos que se encontravam sob o fogo do sofrimento entre os pagãos. O cuidado de Pedro visava a evitar que os crentes não perturbassem, sem necessidade, o governo, e sim seguissem o exemplo de JESUS no sofrimento, sendo inocente, mas portando-se com retidão e dignidade.
Visão Panorâmica
1 Pedro começa lembrando os leitores (1) de que têm uma vocação gloriosa e uma herança celestial em JESUS CRISTO (1.2-5), (2) de que sua fé e amor nesta vida estarão sujeitos a provas e purificação e que isso resultará em louvor, glória e honra na vinda do Senhor (1.6-9), (3) de que essa grande salvação foi predita pelos profetas do AT (1.10-12), e (4) de que o crente deve viver uma vida santa, bem diferente do mundo ímpio ao seu redor (1Pd 1.13-21). Os crentes, escolhidos e santificados (1.2), são crianças em crescimento que precisam do puro leite da Palavra (2.1-3), são pedras vivas em que estão sendo edificadas como casa espiritual (1Pd 2.4-10) e peregrinos, caminhando em terra estranha (1Pd 2.11,12); devem viver de modo honroso e humilde no seu trato com todas as pessoas durante a sua peregrinação aqui (1Pd 2.13—3.12).
A mensagem preeminente de 1 Pedro diz respeito à submissão e a sofrer, perseverando na retidão, por amor a CRISTO, de conformidade com o próprio exemplo dEle (1Pd 2.18-24; 3.9—5.11). Pedro assegura aos fiéis que eles obterão o favor e a recompensa de DEUS ao sofrerem por causa da justiça. No contexto desse ensino do sofrimento por CRISTO, Pedro ressalta os temas conexos da salvação, da esperança, do amor, da fé, da santidade, da humildade, do temor a DEUS, da obediência e da submissão.
Características Especiais
Cinco características principais vemos nesta epístola. (1) Juntamente com Hebreus e Apocalipse, sua mensagem gira em torno dos crentes sob a perspectiva de severa perseguição, por pertencerem a JESUS CRISTO. (2) Mais do que qualquer outra epístola do NT, contém instruções sobre o comportamento do cristão ante à perseguição e ao sofrimento injustos (1Pd 3.9—5.11). (3) Pedro destaca a verdade de que o crente é estrangeiro e peregrino na terra (1Pd 1.1; 2.11). (4) Muitos dos títulos do povo de DEUS no AT são aplicados aos crentes do NT (e.g., 1Pd 2.5,9,10). (5) Contém um dos trechos do NT de mui difícil interpretação: quando, onde e como JESUS “pregou aos espíritos em prisão, os quais em outro tempo foram rebeldes... nos dias de Noé” (1Pd 3.19,20).
Tema: A Verdade de DEUS e o Falso Ensino dos Homens
Data: Cerca de 66-68 d.C.
Considerações Preliminares
Na saudação, Simão Pedro identifica-se como o autor da carta. Mais adiante ele declara aos seus leitores que esta é a sua segunda epístola (3.1), indicando assim que está escrevendo aos mesmos crentes da Ásia Menor, a quem dirigira a primeira epístola (1 Pe 1.1). Visto que Pedro, assim como Paulo, foi executado por decreto do perverso Nero (que, por sua vez, morreu em junho de 68 d.C.), é mais provável que Pedro escreveu esta epístola entre 66 e 68 d.C., pouco antes do seu martírio em Roma (2Pd 1.13-15).
Alguns estudiosos do passado e do presente, ignorando certas notáveis semelhanças entre 1 e 2 Pedro e destacando, ao invés disso, as diferenças entre elas, supõem que não é de Pedro a autoria da carta. Essas diferenças de conteúdo, vocabulário, ênfases e estilo literário podem ser uma decorrência das diferentes circunstâncias de Pedro e de seus leitores, nas duas cartas. (1) As circunstâncias originais dos endereçados haviam mudado. Antes, ardia o fogo da perseguição movida pela sociedade em derredor; agora, eram ataques vindos de dentro, através dos falsos mestres que ameaçavam os fundamentos da igreja: a verdade e a santidade. (2) As circunstâncias de Pedro também eram outras. Enquanto na primeira carta ele contou com a cooperação eficiente de Silvano na escrita (1 Pe 5.12), parece que agora este último não estava disponível ao ser escrita esta segunda epístola. Talvez, Pedro tenha empregado seu próprio grego galileu singelo, ou serviu-se de um escriba menos hábil do que Silvano.
Propósito
Pedro escreveu (1) para exortar os crentes a buscarem com diligência a santidade de vida e o verdadeiro conhecimento de CRISTO e (2) para desmascarar e repudiar a atividade traiçoeira dos falsos profetas e mestres que agiam nas igrejas da Ásia Menor, pervertendo a verdade bíblica. Pedro resume o propósito do livro, em 3.17,18, onde exorta os crentes verdadeiros (1) a estarem alerta para não serem enganados por homens perversos (2Pd 3.17) e (2) a crescer “na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador JESUS CRISTO” (3.18).
Visão Panorâmica
Esta breve epístola solenemente instrui os crentes a tomarem posse da vida e da piedade, mediante o verdadeiro conhecimento de CRISTO. O primeiro capítulo acentua a importância do crescimento cristão. Tendo começado pela fé, o crente deve buscar diligentemente a excelência moral, o conhecimento, a temperança, a perseverança, a piedade, o amor fraternal e a caridade (amor altruísta), que levam à fé madura e ao verdadeiro conhecimento do Senhor JESUS (1.3-11).
O capítulo seguinte adverte solenemente contra os falsos profetas e mestres que surgem dentro das igrejas. Pedro os denuncia como anarquistas e perniciosos (2Pd 2.1,3;3.17), que se comprazem nas concupiscências da carne (2Pd 2.2,7,10,13,14,18,19); são cobiçosos (2.3,14,15), arrogantes (2.18) e obstinados (2.10) e que desprezam a autoridade (2.10-12).
Pedro procura resguardar os verdadeiros crentes contra as suas heresias destrutivas (2.1) pondo a descoberto seus motivos e conduta malignos.
2Pd 3, Pedro refuta o ceticismo desses mestres, no tocante à vinda do Senhor (3.3,4). Assim como a geração dos dias de Noé, enganada, zombava da ideia do juízo da parte de DEUS, através de um grande dilúvio, esses outros zombadores estão igualmente cegos quanto às promessas da volta de CRISTO. Mas, com a mesma certeza manifesta no julgamento pelo dilúvio (3.5,6), CRISTO voltará e desintegrará a presente terra, no fogo (3.7-12), e criará uma nova ordem sob a justiça (3.13). Tendo em vista esse fato, os crentes devem viver vidas santas e piedosas na presente era (3.11,14).
Características Especiais
Esta carta tem quatro características principais. (1) Ela contém uma das declarações de maior peso em toda a Bíblia no tocante à inspiração, à fidedignidade e à autoridade das
Sagradas Escrituras (1.19-21). (2) 2 Pe 2 e a epístola de Judas têm semelhanças notáveis na incriminação dos falsos mestres. Talvez Judas, enfrentando em data posterior o
mesmo problema dos falsos mestres, empregou trechos dos ensinos inspirados de Pedro, para transmitir a mesma lição (ver Introdução a Judas). (3) O capítulo 3 é um dos
grandes capítulos do NT sobre a segunda vinda de CRISTO. (4) Pedro cita indiretamente os escritos de Paulo como Escrituras, ao mencioná-los juntamente com “as outras
Escrituras” (3.15,16).
1 JOÃO
Considerações Preliminares
Cinco livros do NT levam o nome de João: um Evangelho, três epístolas e o Apocalipse. Embora João não se identifique pelo nome nesta epístola, testemunhas do século II (e.g., Papias, Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria) afirmam que ela foi escrita pelo apóstolo João, um dos doze primeiros discípulos de JESUS. Fortes semelhanças no estilo, no vocabulário e nos temas, entre 1 João e o Evangelho segundo João, sancionam o testemunho fidedigno dos cristãos primitivos, afirmando que os dois livros foram escritos pelo apóstolo João (ver introdução ao Evangelho segundo João).
Não há indicação dos destinatários desta carta, como também não há saudações, nem menção de pessoas, lugares ou eventos. A explicação mais provável dessa forma rara epistolar é que João escreveu de onde residia, em Éfeso, a certo número de igrejas da província da Ásia, que estavam sob sua responsabilidade apostólica (cf. Ap 1.11).
Visto que as congregações tinham um problema comum e necessidades semelhantes, João escreveu esta epístola como carta circular, enviando-a por um emissário pessoal, juntamente com suas saudações pessoais.
O assunto principal desta epístola é o problema dos falsos ensinos a respeito da salvação em CRISTO e seu processo no crente. Certas pessoas, que anteriormente conviveram com os leitores da epístola, deixaram as congregações (1Jo 2.19), mas os resultados dos seus falsos ensinos continuavam a distorcer o evangelho, quanto a “saber” que tinham a vida eterna. Doutrinariamente, a sua heresia negava que JESUS é o CRISTO (1Jo 2.22; cf. 1Jo 5.1) ou que JESUS veio em carne (1Jo 4.2,3). Na área moral, ensinavam que não era necessário à fé salvífica (cf. 1Jo 1.6; 5.4,5), a obediência aos mandamentos de JESUS (2.3-4; 5.3) e uma vida santa, separada do pecado (1Jo 3.7-12) e do mundo (1Jo 2.15-17).
Propósito
O propósito de João ao escrever esta epístola foi duplo: (1) expor e rebater os erros doutrinários e éticos dos falsos mestres e (2) exortar seus filhos na fé a manter uma vida de santa comunhão com DEUS, na verdade e na justiça, cheios de alegria (1.4) e de certeza da vida eterna (5.13), mediante a fé obediente em JESUS, o Filho de DEUS (1Jo 4.15; 5.3-5,12), e pela habitação interior do ESPÍRITO SANTO (2.20; 4.4,13). Alguns crêem que a epístola também foi escrita como uma sequência do Evangelho segundo João.
Visão Panorâmica
A fé e a conduta estão fortemente entrelaçados nesta carta. Os falsos mestres, aos quais João chama aqui de “anticristos” (1Jo 2.18-22), apartaram-se do ensino apostólico sobre CRISTO e a vida de retidão. De modo semelhante a 2 Pe e Jd 1, 1 Jo refuta e condena com veemência os falsos mestres (e.g., 1Jo 2.18,19,22,23,26; 4.1,3,5) com suas crenças e conduta destruidoras.
Do ponto de vista positivo, 1 Jo expõe as características da verdadeira comunhão com DEUS (e.g., 1Jo 1.3—2.2) e revela cinco evidências específicas pelas quais o crente poderá “saber”, com confiança e certeza, que tem a vida eterna: (1) a evidência da verdade apostólica a respeito de CRISTO (1Jo 1.1-3; 2.21-23; 4.2,3,15; 5.1,5,10,20); (2) a evidência de uma fé obediente que guarda os mandamentos de CRISTO (1Jo 2.3-11; 5.3,4); (3) a evidência de um viver santo, i.e., afastar-se do pecado, para comunhão com DEUS (1Jo 1.6-9; 2.3-6,15-17,29; 3.1-10; 5.2,3); (4) a evidência do amor a DEUS e aos irmãos na fé (1Jo 2.9-11; 3.10,11,14,16-18; 4.7-12,18-21); e (5) a evidência do testemunho do ESPÍRITO SANTO no crente (1Jo 2.20,27; 4.13). João afirma, por fim, que a pessoa pode saber com certeza que tem a vida eterna (5.13) quando estas cinco evidências são manifestas na sua vida.
Características Especiais
Cinco características principais há nesta epístola. (1) Ela define a vida cristã empregando termos contrastantes e evitando todo e qualquer meio-termo entre luz e trevas, entre verdade e mentira, entre justiça e pecado, entre amor e ódio, entre amar a DEUS e amar ao mundo, entre filhos de DEUS e filhos do diabo etc. (2) É importante ressaltar que este é o único escrito do NT que fala de JESUS como nosso “Advogado (gr. parakletos) para com o Pai”, quando o crente fiel peca (2.1,2; cf. Jo 14.16,17,26; 15.26; 16.7,8). (3) A mensagem de 1 Jo fundamenta-se quase que inteiramente no ensino apostólico, e não na revelação anterior do AT; não há claramente na carta referências às Escrituras do AT. (4) Visto tratar da cristologia, e ao mesmo tempo refutar determinada heresia, a carta focaliza a encarnação e o sangue (i.e., a cruz) de JESUS, sem mencionar especificamente a sua ressurreição. (5) Seu estilo é simples e reiterativo, à medida que João apresenta certos termos principais, como “luz”, “verdade”, “crer”, “permanecer”, “conhecer”, “amor”, “justiça”, “testemunho”, “nascido de DEUS” e “vida eterna”.
2 JOÃO
Considerações Preliminares
O autor se identifica como “o ancião” (v. 1). Provavelmente, um título honroso atribuído ao apóstolo João nas duas décadas finais do século I, devido a sua idade avançada e sua respeitável posição de autoridade espiritual como o único dos doze apóstolos ainda vivo.
João dirige esta carta “à senhora eleita e a seus filhos” (v. 1). Alguns interpretam “a senhora eleita”, figuradamente, como uma igreja local, sendo “seus filhos” os membros dessa igreja e sua “irmã, a eleita” (v. 13), como uma congregação idêntica. Outros interpretam a endereçada, literalmente, como uma viúva cristã de destaque, conhecida de João, numa das igrejas da Ásia Menor, sob seus cuidados pastorais. A família dessa senhora (v. 1), bem como os filhos da sua irmã (v. 13) são pessoas de destaque entre as igrejas daquela região. Como as outras epístolas de João, 2 Jo provavelmente foi escrita de Éfeso, em fins da década de 80 ou no começo da década de 90 d.C.
Propósito
João escreveu esta carta a fim de prevenir “a senhora eleita” contra os falsos obreiros (mestres, evangelistas e profetas) que perambulavam pelas igrejas. Os tais abandonaram os ensinos do evangelho e propagavam os seus falsos ensinos. A destinatária não devia recebê-los, dialogar com eles, nem os auxiliar. Fazer isso, significaria ajudá-los a disseminar os seus erros e participar da sua culpa. A carta repudia o mesmo falso ensino denunciado em 1 Jo.
Visão Panorâmica
Esta epístola realça uma advertência, que também se acha em 1 Jo, sobre o perigo de falsos mestres que negam a encarnação de JESUS CRISTO e que se afastam da mensagem do evangelho (vv. 7,8). João se alegra por ver que “a senhora eleita” e seus filhos “andam na verdade” (v. 4). O verdadeiro amor cristão deve ser obediente aos mandamentos de CRISTO e ser mútuo entre os irmãos (vv. 5,6). O amor cristão deve também incluir o discernimento entre a verdade e o erro, e também não dar apoio aos falsos mestres (vv. 7-9). Receber amavelmente os falsos mestres é participar dos seus erros (vv. 10,11). A carta é breve, pois João planeja uma visita para breve, e assim falar-lhe “de boca a boca” (v.
12).
Características Especiais
São três as características principais desta epístola. (1) É o menor livro do NT. (2) Tem semelhanças surpreendentes com 1 e 3 Jo, quanto à sua mensagem, vocabulário e estilo simples de escrita. (3) Constitui-se num importante complemento à mensagem de 3 Jo, como prevenção quanto a receber e ajudar obreiros estranhos, desconhecidos. Conclui, insistindo na necessidade de cuidadoso discernimento, à luz dos ensinos de CRISTO e dos apóstolos, antes de alguém apoiar esses falsos obreiros.
Autor: João
Tema: Procedendo com Fidelidade
Data: 85-95 d.C.
Considerações Preliminares
João, o apóstolo amado, apresenta-se novamente como “o presbítero” (v. 1; ver introdução de 2 Jo.1-). Esta carta pessoal é endereçada a um fiel cristão chamado Gaio (v. 1), talvez pertencente a uma das igrejas da Ásia Menor. Assim como as demais epístolas de João, 3 João foi certamente escrita em Éfeso, em fins da década de 80 d.C. ou início da década de 90 d.C.
Em fins do primeiro século, ministros itinerantes da igreja viajavam de cidade em cidade, sendo comumente sustentados pelos crentes que os acolhiam em casa e os ajudavam nas despesas de viagem (vv. 5-8; cf. 2 Jo 10). Gaio era um dos muitos cristãos dedicados que graciosamente acolhiam e auxiliavam ministros viajantes de confiança (vv. 1-8). Ao mesmo tempo, um homem de projeção chamado Diótrefes resistia com arrogância à autoridade de João e recusava hospitalidade aos irmãos viajantes, enviados da parte deste.
Propósito do livro
João escreveu para dar testemunho de Gaio pela sua fiel hospitalidade e ajuda prestada aos fiéis obreiros viajantes, para fazer uma advertência indireta ao petulante Diótrefes e para preparar o caminho da sua própria visita pessoal.
Visão Panorâmica
Três homens são mencionados por nome em 3 Jo. (1) Gaio é calorosa e honrosamente mencionado pela sua piedosa vida na verdade (vv. 3,4), e pela sua hospitalidade exemplar para com os irmãos viajantes (vv. 5-8). (2) Diótrefes, um dirigente ditador, é denunciado pelo seu orgulho (“procura ter entre eles o primado”, v. 9), cujas manifestações são: rejeitar uma carta anterior de João (v. 9), calúnia contra João (v. 9), recusar o acolhimento aos mensageiros de João e ameaçar com exclusão aqueles que os receberem (v. 10). (3) Demétrio, talvez o portador desta carta, ou pastor de uma comunidade na vizinhança, é louvado como um homem de boa reputação e lealdade à verdade (v. 12).
Características Especiais
Duas características principais sobressaem nesta epístola. (1) Embora seja pequena, dá uma noção de várias facetas importantes da história da igreja primitiva, perto do final do século I. (2) Há semelhanças notáveis entre 3 Jo e 2 Jo. Mesmo assim, as duas epístolas diferem entre si em um aspecto importante: 3 Jo elogia a hospitalidade e ajuda oferecidas aos bons ministros viajantes, ao passo que 2 Jo acentua que não se conceda hospitalidade e sustento a maus obreiros, para não sermos culpados de apoiar seus erros ou más obras.
Tema: Batalhar pela Fé
Data: 70-80 d.C.
Considerações Preliminares
Judas se identifica simplesmente como o “irmão de Tiago” (v. 1). Os únicos irmãos do NT que têm nomes de Judas e Tiago são os dois meio-irmãos de JESUS (Mt 13.55; Mc 6.3).
Talvez Judas mencionou Tiago porque a posição de destaque do seu irmão, sendo dirigente da igreja de Jerusalém serviria para esclarecer sua própria identidade e posição.
Esta curta epístola, porém de linguagem enérgica, foi escrita contra os falsos mestres, que eram abertamente antinominianos (i.e., ensinavam que a salvação pela graça lhes permitia pecar sem haver condenação) e que zombando, rejeitavam a revelação divina a respeito da Pessoa e da natureza de JESUS CRISTO, segundo as Escrituras (v. 4). Dessa maneira, dividiam as igrejas, concernente à fé (vv. 19a, 22) e quanto à conduta (vv. 4, 8, 16). Judas descreve esses homens vis como “ímpios” (v. 15), que “não têm o ESPÍRITO” (v. 19).
O possível relacionamento entre Jd e 2 Pe 2.1—3.4 depende do fator data do primeiro. O mais provável é que Judas tinha conhecimento de 2 Pedro (vv. 17,18) e, daí, sua epístola se situaria posteriormente, i.e., entre 70-80 d.C. Não está esclarecido sobre os destinatários, mas podem ter sido os mesmos de 2 Pedro (ver introdução de 2 Pedro).
Propósito
Judas escreveu esta carta (1) para, com empenho, advertir os crentes sobre a grave ameaça dos falsos mestres e sua influência destruidora nas igrejas, e (2) para energicamente conclamar todos os verdadeiros crentes a resolutamente “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (v. 3).
Visão Panorâmica
Seguindo-se à saudação (vv. 1,2), Judas revela que sua primeira intenção era escrever sobre a natureza da salvação (v. 3a). Em vez disso, ele foi movido a escrever sobre o assunto que se segue, por causa dos mestres apóstatas que estavam pervertendo a graça de DEUS e, ao agirem assim, corrompiam a verdade e o caminho da retidão nas igrejas (v. 4). Judas os acusa de impureza sexual (vv. 4, 8, 16, 18), liberais como Caim (v. 11), cobiçosos como Balaão (v. 11), rebeldes como Coré (v. 11), arrogantes (vv. 8, 16), enganosos (vv. 4a, 12), sensuais (v. 19) e causadores de divisões (v. 19). Afirma a certeza do julgamento divino contra todos que vivem em tais pecados e ilustra esse fato com seis exemplos do AT (vv. 5-11). Os doze fatos descritivos da vida deles revelam que a medida do seu pecado está cheia para o julgamento divino (vv. 12-16). Os crentes são despertados a crescer na fé e a ter compaixão com temor, no tocante àqueles que estão vacilando na fé (vv. 20-23). Judas termina com palavras de louvor a DEUS, de grande inspiração, ao impetrar a sua bênção (vv. 24,25).
Características Especiais
Quatro características principais estão nesta epístola. (1) Contém a incriminação mais vigorosa e direta do NT sobre os falsos mestres. Chama a atenção de todas as gerações para a gravidade do perigo constante da falsa doutrina contra a genuína fé e a vida santa. (2) Exemplifica o caso de ilustrações tríplices, e.g., três exemplos de julgamento tirados do AT (vv. 5-7), uma descrição tríplice dos falsos mestres (v. 8) e três exemplos de homens ímpios, tirados do AT (v.11). (3) Sob a plena influência do ESPÍRITO SANTO, Judas fez menção de vários escritos: (a) as Escrituras do AT (vv. 5-7, 11); (b) as tradições judaicas (vv. 9.14,15); e (c) 2 Pedro, citando diretamente 2 Pe 3.3, que ele confirma como procedente dos apóstolos (vv. 17,18). (4) Contém a bênção mais sublime do NT.
Introdução
I - A Doutrina Declarada (Rm 3.21-26) Estude as seguintes verdades com respeito à “justiça de DEUS” :
4- A RESTAURAÇÃO DE ISRAELcapítulos 9, 10 e 11 de Romanos
Introdução
5- O TRIBUNAL DE CRISTO
6- A CONTRIBUIÇÃO CRISTÃ
7- O CUSTO DO VERDADEIRO CRISTIANISMO
8- OS PERIGOS DO ORGULHO ESPIRITUAL
9- SEMEANDO E CEIFANDO
10 - A GRAÇA SALVADORA DE DEUS
11- O VIVER CRISTÃO
13- CRISTO, O NOSSO EXEMPLO
15- A VIDA CRISTÃ FELIZ
16- O CRISTO PREEMINENTE
17- VIVENDO A VIDA CRISTÃ
18- A VINDA DE CRISTO
I - Santidade (1 Ts 4.1-8)
19- A CONDUTA CRISTÃ EM VISTA DA VINDA DE CRISTO
Introdução
II - A Vida Cristã (1 Ts 5.16-22)
II - O ESPÍRITO do Anticristo “Porque já o mistério [força secreta] da injustiça opera”. Nas Escrituras, um mistério não é algo que não possa ser conhecido; é uma verdade não revelada ao conhecimento geral, mas conhecida dos que têm discernimento espiritual. Mesmo nos dias de Paulo, as sementes do anticristianismo estavam sendo semeadas na forma de ensinamentos falsos e na perseguição judia e pagã dos cristãos. Nos últimos dias, todas as forças contrárias a DEUS e contrárias a CRISTO se declararão abertamente e seguirão a liderança do “homem do pecado”, na tentativa de varrer da Terra a adoração a DEUS e colocar no seu lugar a adoração ao homem. “E, agora, vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que, agora, resiste até que do meio seja tirado; e, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda”. Quem é este que detém? Alguns pensam que Paulo se referia ao império romano, cujo governo forte restringia as forças contrárias à lei. Essa, porém, não pode ser a interpretação verdadeira, porque o mecanismo legal não pode impedir a iniquidade espiritual; além disso, o império romano desapareceu faz 15 séculos. O que o detém é nada menos que o próprio ESPÍRITO SANTO, operando através do povo de DEUS e impedindo as forças da iniquidade. A remoção do que o detém significa que o povo de DEUS na terra, entre o qual habita o ESPÍRITO, será levado embora antes de o Anticristo ser abertamente manifestado. Removido o “sal da terra”, a corrupção a cobrirá; removida a luz do mundo, trevas a envolverão. Então o homem da iniquidade assumirá o comando.
III - A Destruição do Anticristo
IV - Ensinamentos Práticos
21- A HISTÓRIA DE TIMÓTEO
22- PROVAS DA GRAÇA DIVINA
III - Ensinamentos Práticos
23- O SERVO INÚTIL SE TORNA ÚTIL
EPÍSTOLAS ESPÚRIAS
Na Epístola dos Apóstolos, 11 apóstolos (é feita uma distinção entre Pedro e Cefas!) supostamente se dirigem às “igrejas do oriente e do ocidente, do norte e do sul” e dão um resumo da vida e ressurreição de JESUS. A obra termina com um apocalipse do Senhor ressurrecto com relação ao futuro.
As Epístolas de CRISTO e Abgarus, encontradas por Eusébio (Ecclesiasticat History, I, 13), contêm uma carta endereçada a CRISTO por Abgarus, rei de Edessa, pedindo-lhe para vir e curar o rei, e compartilhar seu reino. CRISTO escreveu uma resposta na qual recusou o convite, mas prometeu enviar um apóstolo após sua ascensão. Tadeu foi enviado, curou o rei e fundou a igreja edesseana.
Tanto a Epístola aos Laodicenses quanto a Terceira Epístola aos Coríntios foram sugeridas por referências encontradas nas cartas de Paulo (Cl 4.16; 1 Co 5.9). Ambas tiveram uma circulação bastante grande no período medieval, embora tenham sido rejeitadas pelos antigos estudiosos. A epístola laodiceana contém 20 versículos copiados das cartas genuínas de Paulo. Esta provavelmente não é a mesma epístola mencionada no Fragmento Muratoriano. A Epístola Apócrifa de Tito é uma descoberta recente.
A Epístola de Lentulus, endereçada ao senado romano, fornece uma descrição física de JESUS extraída de pinturas medievais, embora reivindique ser de autoria de Lentulus, um oficial romano na Judéia no século I.
As Epístolas de Paulo e Sêneca são 14 breves cartas pessoais nas quais Paulo e Sêneca são representados como admiradores um do outro, e Sêneca elogia a inspiração de Paulo.
F. P.
COMENTÁRIOS - SERIE Comentário Bíblico Epístolas Paulinas
CAPÍTULO XX
1. INTRODUÇÃO
A lição desta semana tem como proposta apresentar o conjunto de doutrinas entregue à Igreja do Senhor por intermédio dos autores das epístolas do Novo Testamento. O conteúdo dessas epístolas tem como função instruir e formar os crentes no que diz respeito à fé cristã, bem como prepará-los para o encontro com o Senhor por ocasião do arrebatamento da Igreja.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Apresentar a instrução doutrinária de Paulo às igrejas no que diz respeito a pessoa de JESUS CRISTO e acerca das últimas coisas; II) Expor a natureza das epístolas gerais a respeito da fé, santificação, combate aos falsos ensinos e esperança da vida eterna; III) ressaltar a atualidade das epístolas do Novo Testamento no tocante às doutrinas da justificação, santificação e glorificação do crente.
B) Motivação: É fundamental que o crente conheça as doutrinas bíblicas registradas nas Cartas do Novo Testamento. Seus ensinamentos trazem o aperfeiçoamento da fé e amadurecimento do caráter Cristão.
C) Sugestão de Método: Elabore com seus alunos uma lista com o nome de cada epístola do Novo testamento e o seu respectivo propósito. Faça isso na lousa. Você pode consultar a Bíblia de Estudo Pentecostal para elaborar a lista. Reforce aos seus alunos que conhecer a natureza de cada epístola ajuda a direcionar a leitura e interpretar a mensagem intrínseca em cada epístola.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Tudo o que a Igreja precisa conhecer no que diz respeito à vontade de DEUS está na Bíblia. As epístolas, inclusive, trazem as instruções doutrinárias que orientam os crentes à prática da fé, a santificação e preparação para a vida eterna.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão: Vale a apena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios às Lições Bíblicas. Na edição 88, p. 42, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará um auxílio que dará suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "Epístola" aprofunda o primeiro tópico, explicando o conceito de epístola bíblica e sua mensagem aos crentes da igreja primitiva; 2) O texto "O que é o Processo de Comunicação", localizado no final do terceiro tópico, traz ao docente uma reflexão a respeito do processo de comunicação do docente com o aluno. Será que a forma como nos comunicamos com os alunos tem sido eficiente?
AUXÍLIO DE BIBLIOLÓGICO TOP1
“Epístolas
No uso geral, o termo epístola refere-se à correspondência escrita, seja particular ou pública. [...] No Novo Testamento, o termo grego espistole ocorre 24 vezes e é a designação de 21 dos escritos do Novo Testamento. [...] Em geral, as epístolas do Novo Testamento seguem a forma padrão das cartas antigas, como poder ser visto pelo estudo da extensa correspondência em papiros que foi preservada. A ordem epistolar usual era: nome do escritor e destinatários, saudação, oração ou desejo de bem-estar dos leitores, corpo da carta e saudações finais. Alguns, seguindo a sugestão de A. Deissmann, têm feito uma distinção entre cartas e epístolas. As cartas seriam pessoais, com trechos não-literários sem a intenção de uso permanente, ao passo que as epístolas seriam impessoais, com trechos literários, escritas para um público mais geral e com a intenção de permanência. Outros tem corretamente insistido que esta distinção é demasiadamente sofisticada e simplificada. A maioria das epístolas do Novo Testamento combina elementos tanto de cartas como de epístola, conforme distinguido por Deissmann. A correspondência do Novo Testamento foi, em sua maior parte, escrita em resposta a cartas ou palavras pessoais com relação a problemas ou necessidades que exigiram um tratamento por parte de alguém que tivesse autoridade apostólica” (Dicionário Bíblico Wyclifee. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.652,53).
AUXÍLIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ TOP2
“O que é o Processo de Comunicação.
As partes do processo de comunicação são as seguintes:
1. Aquele que envia-codifica (o emissor-codificador) a mensagem (o professor). Essa pessoa tem três deveres. Em primeiro lugar, deve escolher as palavras. Em segundo lugar, deve dar sentido às palavras. Em terceiro lugar, deve usar as palavras adequadamente.
2. Aquele que recebe-decodifica (o receptor-decodificador) a mensagem (aluno). Essa pessoa também tem três deveres. Em primeiro lugar, deve reconhecer as palavras. Em segundo lugar, deve interpretar as palavras. Em terceiro lugar, deve relacionar o significado das palavras ao que já conhece.
3. A mensagem. Essa é a lição que o professor deseja ensinar.
4. O canal. Esse é o método que o professor usa para transmitir a lição.
A mensagem está na mente do professor, que é a pessoa que envia-codifica. O professor dá às palavras o significado que deseja transmitir ao seu aluno. A mensagem é colocada em um canal para ser transmitida ao aluno. Um canal é a maneira como o professor transmite a mensagem. O aluno (receptor-decodificador) deve receber a mensagem e decodificá-la. Quando ouvir as palavras do professor, deverá saber o seu significado. Este é o processo da interpretação. O aluno deve aplicá-las à sua vida” (TOWNS, Elmer L. Enciclopédia da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.163).
VOCABULÁRIO
Docetismo: Doutrina herética propagada entre os séculos II e III d.C., que nega a existência do corpo físico de JESUS. Para os propagadores dessa heresia, JESUS seria apenas espírito.
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Cite as epístolas que dão instruções a respeito da salvação. As epístolas que enfatizam os aspectos da doutrina da salvação são: Romanos, Gálatas, 1 e 2 Coríntios.
2. Cite as epístolas que instruem a respeito dos últimos dias. As epístolas que enfatizam os últimos acontecimentos são: 1 e 2 Tessalonicenses.
3. O que 1 Pedro aborda? A epístola de 1 Pedro aborda o sofrimento cristão.
4. Qual é a ênfase da Carta aos Hebreus? A Carta aos Hebreus enfatiza a supremacia de CRISTO.
5. Explique a doutrina da glorificação. A doutrina da glorificação é a última etapa de nossa salvação.