Lição 11 - Melquisedeque Abençoa Abraão, 2 parte

II. ABRAÃO E O REI DE JUSTIÇA
1. Diferenças entre o rei de Sodoma e o rei de Salém (Gn 14.18,21).
 
Rei de Sodoma
Rei de Salém
Bera
Melquisedeque
Tributário (pagava impostos a Quedorlaomer)
Recebia Dízimos
Idólatra
Adorava Somente a DEUS
Possuía Genealogia
Sem Pai e Nem Mãe
Visão Material
Visão Espiritual
Governava a cidade da prostituição 
Governava Jerusalém
Queria ser Abençoado por Abrão
Abençoou Abrão
Queria Guerrear
Queria a Paz 
Veio para fazer Aliança entre DEUS e o Diabo
Veio Fazer Aliança com DEUS
Veio para ser Servido
Veio para servir Pão e Vinho
Rei de Injustiça
Rei de Justiça
Apenas rei
Rei e Sacerdote

2. Abrão abençoado pelo rei de Salém (Gn 14.18-23). Melquisedeque significa “rei de justiça”, mas também “rei de paz”, por ser rei de Salém (em hebraico “paz”), Hb 7.1,2. 
Na verdade toda vez que aparece o pão e o vinho a Bíblia quer se referir à Aliança feita entre duas partes.
REFEIÇÃO DA ALIANÇA: Significa: tudo o que eu como vai para o meu sangue e sangue é vida, então a minha vida se torna a tua e tua vida se torna minha; CRISTO, em Melquisedeque faz refeição com AbraHão. 
 Exemplo: Gn 14.18 Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do DEUS Altíssimo; 19 e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo DEUS Altíssimo, o Criador dos céus e da terra! 20 E bendito seja o DEUS Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. 
 
III. MELQUISEDEQUE, UM TIPO DE CRISTO
“Melquisedeque (Hb 7.1). Melquisedeque, contemporâneo de Abrão, foi rei de Salém e sacerdote de DEUS (Gn 14.18). Abrão lhe pagou dízimos e foi por ele abençoado (vv.2-7). Aqui, a Bíblia o tem como uma prefiguração de JESUS CRISTO, que é tanto sacerdote como rei (v.3) O sacerdócio de CRISTO é “segundo a ordem de Melquisedeque” (6.20), o que significa que CRISTO é anterior a Abrão, a Levi e aos sacerdotes levítico, e maior que todos eles.
“Sem pai, sem mãe (Hb 7.3). Isso não significa que Melquisedeque, literalmente, não tivesse pais nem parentes, nem que era anjo. Significa tão somente que as Escrituras não registram a sua genealogia e que nada diz a respeito do seu começo e fim. Por isso, serve como tipo de CRISTO eterno, cujo sacerdócio nunca terminará.Vivendo sempre para interceder (Hb 7.25). CRISTO vive no céu, na presença do Pai. (8.1), intercedendo por todos os seus seguidores, individualmente, de acordo com a vontade do Pai (cf. Rm 8.33,34; 1 Tm 2.5; 1 Jo 2.1). 
(1) Pelo ministério da intercessão de CRISTO, experimentamos o amor e a presença de DEUS e achamos misericórdia e graça para sermos ajudados em qualquer tipo de necessidade (4.15; 5.2), tentação (Lc 22.32), fraqueza (4.15; 5.2), pecado (1 Jo 1.9; 2.1) e provação (Rm 8.31-39). 
(2) A oração de CRISTO como sumo sacerdote em favor do seu povo (Jo 17), bem como sua vontade de derramar o ESPÍRITO SANTO sobre todos os crentes (At 2.33) nos ajudam a compreender o alcance do seu ministério de intercessão (ver Jo 17.1). 
(3) Mediante a intercessão de CRISTO, aqueles que se chegam a DEUS (i.e., se chega continuamente a DEUS, pois o particípio no grego está no tempo presente e salienta a ação contínua) pode receber graça para ser salvo ‘perfeitamente’. A intercessão de CRISTO como nosso sumo sacerdote é essencial para a nossa salvação. Sem ela, e sem sua graça e misericórdia e ajuda que nos são outorgadas através daquela intercessão, nos afastaríamos de DEUS, voltando a ser escravos do pecado e ao domínio de satanás, e incorrendo em justa condenação. Nossa esperança é aproximar-nos de DEUS por meio de CRISTO, pela fé (ver 1 Pe 1.5).”

1. Uma tipologia especial. Melquisedeque era rei e ao mesmo tempo sacerdote (Gn 14.18). Na Epístola aos Hebreus no capítulo 5.5-10, o autor destaca os ofícios de JESUS como sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, o que o faz superior a Arão e todos os sacerdotes levíticos. A Bíblia registra que Melquisedeque não tem genealogia ou família (Hb 7.1-3).
2. CRISTO, um rei perfeito em justiça. Melquisedeque é chamado “rei de justiça” porque ele exercia justiça. JESUS, o Messias, é o rei justo num sentido único (Jr 23.6; 33.16; Ap 19.11; Sl 110). 
3. CRISTO, um sacerdote eterno. Ler com reflexão Hebreus 5.6; 7.1-3). O sacerdócio de CRISTO, do qual o de Melquisedeque era tipo, é eterno e imutável (Hb 5.6). Está escrito que Ele vive (isto é, que Ele ressuscitou) para interceder pela sua igreja (Hb 4.14-16).
 
Qual o papel de CRISTO?
 1. “Ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo”. Não obstante estar CRISTO assentado à destra de DEUS, e tendo concluído sua obra, quando do seu ministério terreno, Ele é aqui descrito como “ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo” (v.2). Nos céus, o Mestre amado continua a executar seu ministério ou serviço divino, como nosso mediador, intercessor, advogado e Sumo Sacerdote perante o Pai, pois entrou no SANTO dos Santos.
 2. O que cristo faz nos céus. Abrindo um pouco o véu da eternidade, a Bíblia revela-nos algo sobre o trabalho de CRISTO nos céus. De lá, Ele controla todas as coisas, tanto as que estão nos céus, quanto as que estão na terra, no universo, enfim. Ele está assentado “à destra da majestade”, “sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder” (1.3). É muita coisa!
 Em relação a nós, diz a Bíblia, que “ele está à direita de DEUS, e também intercede por nós” (Rm 8.34b). Há milhões de crentes, orando todos os dias, em todos os lugares, em todas as mais de 6.900 línguas conhecidas, e JESUS está ouvindo essas orações na maioria delas, e intercedendo por nós. Glória a DEUS! JESUS contempla todos os seus servos e trabalha em favor deles. (Leia Is 64.4.)
 3. Constituído por DEUS (vv.2-4). JESUS, como Sumo Sacerdote constituído por DEUS, no céu, exerce seu trabalho no verdadeiro tabernáculo, fundado pelo Senhor, e não pelo homem. O antigo tabernáculo, montado no deserto, deixou de existir. Sua exuberante glória desapareceu. Salomão construiu o majestoso templo, que substituiu o tabernáculo (2 Cr 7.1,11). Mais tarde, esse templo foi destruído e substituído por outro, que também desapareceu. Mas o tabernáculo celeste, no qual CRISTO está, é eterno e indestrutível. 
 
 
A) QUEM ERA MELQUISEDEQUE - A Bíblia não provê detalhes sobre a pessoa de Melquisedeque; daí haver muitas especulações a seu respeito. 
1. Era rei de Salém. 
“E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho...” (Gn 14.18a; Hb 7.1); “e este era sacerdote do DEUS Altíssimo” (Gn 14.18). Esta é a primeira referência bíblica a Melquisedeque. Ele aparece nas páginas do Antigo Testamento, quando foi ao encontro de Abrão, após este haver derrotado Quedorlaormer, rei de Elão, e seus aliados. Salém veio a ser Jerusalém após a ocupação da terra prometida por DEUS a Abrão e seus descendentes (Gn 14.18; Js 18.28; Jz 19.10). Rei de Salém que dizer “rei de paz” (v.2b). 
2. Era sacerdote do DEUS Altíssimo. 
“...e este era sacerdote do DEUS Altíssimo” (Gn 14.18b; Hb 7.1). As funções de rei e sacerdote conferiam-lhe grande dignidade perante os que o conheciam. Estas duas funções são relembradas em Hb 7.1: “Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém e sacerdote do DEUS Altíssimo...”. 
3. Era de uma ordem sacerdotal diferente. 
Estudiosos da Bíblia supõem que Melquisedeque pertencia a uma dinastia de reis-sacerdotes, que tiveram conhecimento do DEUS Altíssimo pela tradição oral inspirada, transmitida desde o princípio, quando a religião era única e monoteísta e que conservava a esperança do Redentor da raça humana, conforme Gn 3.15. Ele não pertencia à linhagem sacerdotal arônica, proveniente da tribo de Levi. 
4. Recebeu dízimos de Abrão (Hb 7.2). I
sto nos mostra que a instituição do dízimo remontava ao período bem anterior à Lei. Esse fato indica “quão grande” era Melquisedeque (v.4). Ele abençoou Abrão, como detentor das promessas (vv.5,6). 
5. Era rei de justiça (v.2). 
Como um tipo de CRISTO, Melquisedeque tinha as qualidades de um rei justo e fiel. 
6. Sem genealogia (v.3). 
O texto afirma ter sido Melquisedeque “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida...”. O que o sacro escritor quer dizer é que não ficou registrada sua ascendência e sua descendência, bem como os dados referentes a sua morte. Pelo contexto, entende-se que ele era um homem com características especiais diante de DEUS. 
 B) A MUDANÇA DO SACERDÓCIO E DA LEI
1. O novo e perfeito sacerdócio (v.11b). 
O sacerdócio levítico era imperfeito (v.11a). Nele, os sacrifícios, as ofertas, o culto e a liturgia, eram apenas sombra do verdadeiro sacerdócio, que veio por CRISTO. O sacerdócio de CRISTO, não da ordem de Arão ou de Levi, mas “segundo a ordem de Melquisedeque”, trouxe a perfeição no relacionamento do homem com DEUS. O primeiro sacerdócio, com suas imperfeições, não era capaz de salvar, mas CRISTO como Sumo Sacerdote, mediante o seu próprio sangue deu-nos acesso a DEUS, garantindo-nos a salvação plena. 
2. Mudança de lei (v.12). “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei”. Com CRISTO, de fato, houve uma mudança não só do sacerdócio, mas também da lei. Antes, era a lei da justiça, a lei das obras. Com CRISTO, veio a lei da graça, a lei do amor. 
3. A lei era ineficaz. 
“O precedente mandamento”, ou seja, a antiga lei, foi “ab-rogado por causa de sua fraqueza e inutilidade” (v.18). Ab-rogar quer dizer anular, cessar, perder o efeito, revogar. Foi o que aconteceu quando CRISTO trouxe o evangelho, ab-rogando a antiga lei, a Antiga Aliança. 
C) O SACERDÓCIO PERPÉTUO E PERFEITO DE CRISTO
1. JESUS trouxe salvação perfeita (v.25). 
Os sacerdotes do antigo pacto pereceram (v.23). O sacerdócio arônico foi constituído por centenas de sacerdotes, que se sucediam constantemente, visto que “pela morte foram impedidos de permanecer”. Os sacerdotes arônicos apenas intercediam pelos homens a DEUS, mas não os salvavam. JESUS, nosso Sumo Sacerdote, não só “vive sempre para interceder” por nós, como nos assegurou uma perfeita salvação por seu intermédio (v.25; Rm 8.34). JESUS garante salvação plena (Jo 5.24), sem depender de um suposto purgatório ou de uma hipotética reencarnação. 
2. JESUS, sacerdote perfeito (v.26). 
A Palavra de DEUS indica aqui as qualificações de CRISTO, que o diferenciam de qualquer sacerdote do antigo pacto. “Porque nos convinha tal sumo sacerdote”: 
a) SANTO. 
O sacerdote do Antigo Testamento teria que ser santo, separado, consagrado. Até suas vestes eram santas (Êx 28.2,4; 29.29). Contudo, eram homens falhos, imperfeitos, sujeitos ao pecado. JESUS, nosso Sumo Sacerdote, era e é santo no sentido pleno da palavra. 
b) Inocente. 
Porque nunca pecou, JESUS não tinha qualquer culpa. Ele desafiava seus adversários a acusá-lo (Jo 8.46). 
c) Imaculado. 
O cordeiro, na antiga Lei, tinha que ser sem mancha (Lv 9.3; 23.12; Nm 6.14). JESUS, como o “Cordeiro de DEUS, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29), não tinha qualquer mancha moral ou espiritual. 
d) Separado dos pecadores. 
JESUS viveu entre os homens, comeu com eles, inclusive na casa de pessoa de baixa reputação, como Zaqueu, mas foi “separado dos pecadores”. Ele não se misturou, nem se deixou influenciar pelo comportamento dos homens maus. 
e) Feito mais sublime do que os céus. T
al expressão fala da exaltação de CRISTO, como dele está predito na Bíblia: “Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a DEUS” (Rm 14.11). 
f) Ofereceu-se a si mesmo, uma só vez (v.27). 
Os sumos sacerdotes do Antigo Testamento necessitavam de oferecer sacrifícios, muitas vezes, primeiro por eles próprios e, depois, pelo povo. Mas JESUS, por ser imaculado, sem pecado, não precisou fazer isso por si. Tão-somente ofereceu-se num sacrifício perfeito, uma vez, pelos pecadores.
 
CONCLUSÃO - Na verdade, o ministério sacerdotal de CRISTO, Ele o exerce em parte através dos seus santos. A Igreja verdadeira é uma geração real e sacerdotal em meio de uma geração corrompida (1 Pe 2.9; Ap 1.6).
Somos representantes de CRISTO, na terra. Portanto exerçamos nosso sacerdócio de maneira tal a não comprometermos o reto caminho para DEUS, nem fechando demais a porta e nem enlarguecendo-a, pois
a porta é JESUS e ELE não se molda aos costumes mundanos, antes os condena. Hb 7.26 Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime que os céus.
 
GÊNESIS - Introdução e Comentário - REV. DEREK KIDNER, M. A. - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova ,Caixa Postal 21486, São Paulo - SP, 04602-970
14:1-24. A guerra dos reis, e o encontro com Melquisedeque.
Pela primeira vez, os fatos bíblicos se coordenam expressamente com a história externa. Mas o centro de gravidade continua o mesmo, e se vê Abrão “ no” mundo mas não ” do” mundo; pronto para lutar por uma causa justa como bom parente (v. 14) e bom aliado (13, 24), mas vigilante quanto à sua vocação (20-24). É uma instrutiva seqüência ao cap. 13, com a vantajosa parte de Ló rapidamente perdida, mas os escassos recursos de Abrão são eficientes e sua estrutura moral se eleva ainda mais. O capítulo tem características próprias e marcas de grande antiguidade.
 
1-12. A derrota de Sodoma e a captura de Ló. 
O curso dos acontecimentos segue o padrão, muitas vezes repetido no Velho Testamento, de um grupo de diminutos estados desafiando o seu soberano e incorrendo logo em punição.
Os nomes soam com tom de veracidade com relação aos seus vários países, mas todas as tentativas feitas para identificá-los com maior precisão têm fracassado. Anrafel, nome semita, não é claro equivalente verbal de Hamurabi, como se pensava outrora. O nome Ario - que é hurriano, ou horeu, Quedorlaomer segue o paradigma dos nomes elamitas, e “ Tidal” é mui certamente Tudhalia, nome adotado por vários reis heteus; mas quatro contemporâneos que tinham estes nomes não puderam ser identificados ainda.
Das cinco cidades rebeldes, somente a última escaparia da catástrofe do capítulo 19. Os dois primeiros nomes reais são, e com muita propriedade (talvez mudando a sua ordem), compostos de “ mal” e “ mau” .
Preservando o nome e a descrição de um vale daí por diante submerso (como parece) no Mar Morto, o registro dá fascinante evidência de sua antiguidade.
5-7. A minuciosa digressão feita para narrar a ação movida contra estas tribos fronteiriças (cf. Dt 2:10-12,20) sugere enfaticamente que estamos lendo um extrato do registro da campanha dos vencedores, que tinham outras questões para resolver além das de Sodoma.
“ Ora o vale de Sidim era um poço de betume atrás do outro” . A região do Mar Morto é rica de minérios, e nos tempos romanos o mar era conhecido como Asphaltites, devido aos blocos de betume com freqüência vistos flutuando em sua superfície, principalmente na área sul. Esses blocos podem ser objetos deveras volumosos. 
Manre, Escol e Aner somente neste capítulo são revelados como nomes próprios ou, mais provavelmente, como nomes de clãs. Tinham feito uma “ aliança” 14 (AV, RV: confederados; RSV, AA: “ aliados” ) com Abrão mediante juramento, isto é, aliança de lealdade mútua. O v. 24 mostra que eles honraram o seu compromisso.
A palavra traduzida por homens dos mais capazes (AV: “ his trained servants” , “ seus servos treinados” ), hamkãw, que não aparece em nenhum outro lugar da Bíblia, veio à luz nos textos execratórios egípcios do período em foco, indicando os membros das forças dos oficiais de comando, exatamente como nesta passagem.
15,16. O sucesso de Abrão, obtido com tão pequeno contingente, é visto com ceticismo por von Rad, por exemplo, que parece passar por alto não só os aliados de Abrão mas também a surpresa e a confusão que, num nível puramente natural, reforçariam um ataque noturno bem planejado (repartidos), possivelmente apenas contra um grupo de escolta na retaguarda das forças principais. E os recursos invisíveis de Abrão teriam sido inferiores aos de Gideão?
 
17-24. Abrão, Melquisedeque e o rei de Sodoma.
 Começa para Abrão a batalha mais dura, pois há profundo contraste entre os dois reis que vieram encontrar-se com ele. Melquisedeque, rei e sacerdote, nome e título expressando a esfera do direito e do bem (ver Hb 7:2), oferece-lhe, para celebração, algo singelo da parte de DEUS para satisfazê-lo, pronuncia uma bênção em termos gerais (frisando o Doador, não a dádiva), e aceita custoso tributo. Isso tudo só tem sentido para a fé. Por outro lado, o rei de Sodoma faz uma bela oferta em termos comerciais. Sua única desvantagem também só é perceptível à fé. A esses benfeitores rivais, Abrão expressa o seu Sim e o seu Não, negando-se a comprometer a sua vocação.
Tal clímax mostra o que de fato estava em jogo neste capítulo de acontecimentos internacionais. A luta dos reis, as longas fileiras dos exércitos e os despojos de uma cidade constituem a pequena guinada no rumo da narrativa; o ponto crucial é a fé ou a falácia de um homem.
Da distância em que nos encontramos, podemos ver que este julgamento nada tem de artificial. Maior é a dependência disto do que da mais retumbante vitória ou do destino de qualquer reino.
Derrota (RSV) é tradução mais precisa do que massacre (AV, RV). Literalmente é “ o ferimento” (ver AA: “ ferir” ). O vale de Savé (c/. 2 Sm 18:18), evidentemente bem próximo de Jerusalém, foi o cenário, não da batalha, mas do encontro que está para ser descrito.
18,19. Salém é Jerusalém; sobre esse nome, “ paz” , e o de Melquisedeque, rei de justiça, ver Hb 7:2. A união do rei e o sacerdote em Jerusalém haveria de levar Davi (o primeiro israelita a sentar-se no trono de Melquisedeque) a entoar cânticos sobre um "Melquisedeque" mais grandioso que havia de vir (SI 110:4).
DEUS Altíssimo Çèl ‘elyôn). O que quer que esse título significasse para os predecessores e sucessores de Melquisedeque,para ele significava o verdadeiro DEUS, em certa medida auto-revelado, como suas palavras subsequentes mostram. Em todo caso, o dizimo de Abrão (c/. Hb 7:4-10) e a junção que fez o nome Yahweh (Senhor, 22) com a expressão usada por Melquisedeque, DEUS Altíssimo, decidem a questão. Este título é empregado freqüentemente nos Salmos.
GÊNESIS - Introdução e Comentário - REV. DEREK KIDNER, M. A. - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova ,Caixa Postal 21486, São Paulo - SP, 04602-970
 
Estudo no livro de Gênesis - Antônio Neves de Mesquita - Editora: JUERP
A Batalha dos Nove Reis - Ló É Levado Cativo - 14:1-12
A coligação mencionada neste capítulo é um parêntesis na vida de Abrão, e não parece ter outro fim senão mostrar que Ló já está começando a colher os frutos de sua má escolha e, ao mesmo tempo, introduzir outro célebre personagem: Melquisedeque.
Há poucos anos passados, cria-se que este incidente jamais tinha acontecido e que era uma pequena história romântica na vida do patriarca. Hoje, porém, depois das descobertas arqueológicas, ninguém ousa mais dizer que de fato não se deu tal luta entre os reis da Babilônia e os da planície de Sodoma. O motivo desta luta foi a recusa do pagamento do tributo e conseqüente revolta dos reis palestinos contra o soberano Quedorlaomer.
A expedição babilônica era chefiada por Quedorlaomer, rei de Elã, antiga Pérsia, e não por Anrafel, rei de Sinear ou Babilônia.
 
Este Anrafel, como veremos, foi um dos reis mais brilhantes da antiguidade, mas Quedorlaomer não o foi menos. Era de esperar que aquele, e não este, guiasse a expedição. Todavia, não é isto o que parece. As inscrições descobertas na Assíria e El Mugheir (Ur dos Caldeus), cidade de Abrão, descrevem uma linha de reis poderosos, que dominaram em Elã, cujo império se estenderia desde o sul da Caldeia até ao Mediterrâneo (Geikie, "Hours with the Bible", Vol. I).
 
Anrafel era rei de Sinear, cidade fundada por Ninrode. Arioque, rei de Elasar, que ainda não está bem identificado, nem tampouco ainda se sabe muito bem onde estava localizada Elasar. Tidal, rei de nações, não é conhecido perfeitamente, mas crê-se que era pequeno vassalo de Anrafel ou Quedorlaomer e que sua história esteja misturada com a do suserano (aliança). O futuro trará ainda alguma luz sobre os dois reis desta velha batalha. Entretanto, os dois mais importantes nos falam hoje por seus velhos documentos e monumentos, como se vivêssemos nos seus dias.
 
Supõe-se que Elasar seja o antigo nome de Sarsa, na baixa Babilônia, e que hoje tem o nome de Senquerem. Tidal tinha por título rei das nações ou Goim. Este título significa talvez a mistura de raças de que Tidal era rei.
Podemos, pois, dizer que os dois principais reis desta expedição são bem conhecidos hoje e suas capitais e civilizações são assuntos históricos. Anrafel é o moderno nome do Hamurabi (Hamurapi) dos monumentos caldaicos; teve por capital Sinear, cidade fundada por Ninrode.
 
Há poucos anos foi descoberto um código de leis promulgadas por esse rei, código este, mil anos mais velho do que o código de Moisés, e que só lhe é inferior sob o ponto de vista religioso. Este código está hoje traduzido em diversas línguas e é um forte atestado do grau de cultura atinando naquele tempo. O dito código tem provisões para todos os misteres da vida política, comercial, social e religiosa. Alguns trechos comparados com o código mosaico nos convenceriam da grandeza daquele rei e do seu reinado.
 
Quedorlaomer é outro personagem histórico, ainda que não tão importante como Anrafel ou Hamurabi. Tidal e Arioque não são bem conhecidos hoje, como ficou dito, talvez por causa das mudanças de nomes das cidades onde governaram.
 
Os cinco reis palestinos - Bera, rei de Sodoma; Birsa, rei de Gomorra, outra cidade importante e que foi destruída junto com Sodoma, por causa de seus pecados, cujo local se crê, está hoje tomado pelo Mar Morto; Sinabe, rei de Admá; Semeber, rei de Zeboim; e o rei de Belá (Zoar) - todos tinham seus reinados nas proximidades do lugar onde Abrão morava. Não pensemos deles como pensamos do rei de Espanha ou Itália. Estes reinados eram pequenos territórios, muitas vezes uma pequena tribo. Alguns destes lugares tem sido identificados, tais como Sodoma e Gomorra e Zoar, mas há alguma dúvida sobre os outros dois.
 
O motivo desta expedição contra os reis da Palestina, uma das mais célebres da antiguidade, parece ter sido a revolta contra Quedorlaomer, a quem serviam havia doze anos. Este reuniu os seus aliados e marchou com um poderoso exército na direção do oeste, destruindo os refains em Asterote-Carnaim, depois os zuzins em Há, os emins em Savé-Siriataim, até chegar aos horeus, junto ao Sinai, no deserto de Parã. Continuando sua campanha, dirigiu-se para o norte, destruiu os amalequitas, os amorreus ao sul do Mar Morto, até que chegou às cidades da planície de Sodoma e seus confederados, que destruiu também.
 
Os amorreus eram descendentes de Cão e foram por algum tempo aliados de Abrão. Os amalequitas, de remota origem, a quem Balaão chama "primeira das nações" ou Goim, foram terríveis inimigos dos israelitas (Números 24:20). De quem eram descendentes ainda não se sabe com precisão. Esaú teve um neto chamado Amaleque (Gênesis 34:10- 16), mas parece que os amalequitas tiveram outra origem.
Os horeus, que habitavam no monte Seir, ao Norte da Arábia, eram descendentes de Esaú. Seu próprio nome devia ser lotamitas, porque eram filhos de Lotã (Gên. 36:22), mas derivam o nome de Hori, filho de Lotã. "Horeu" veio significar mais tarde "morador de cavernas". Entretanto, os moradores de cavernas não são tão velhos como se pensava. São do tempo de Abrão, e nesse mesmo tempo floresceram as mais célebres civilizações antigas, tais como Babilônia e Egito. O habitante das cavernas não é, forçosamente, um homem pré-histórico, rudimentar, semibárbaro ou ainda em estado evolutivo, meio homem, meio macaco. O costume de morar nas cavernas talvez fosse devido ao excessivo calor do lugar. Os estrangeiros que moram ou vão passar algum tempo nestas partes desertas têm de passar as horas do calor em casas subterrâneas ou cavernas, e ainda assim o calor é asfixiante.
 
As tribos ou reinados destruídos por Quedorlaomer e seus aliados nas planícies do Jordão, os refains, zuzins e emins, eram os habitantes originais da Palestina antes de os cananeus emigrarem para ali e tomarem possessão da terra. Eram filhos de Jafé ou Sem. De grande estatura e vivendo em contínuas guerrilhas, dificilmente se acomodariam a ser vassalos de um reinado longínquo como o de Elã. Quando os israelitas voltaram do Egito uns 500 anos depois, restavam alguns destes gigantes na terra, que tanto apavoraram os espias mandados por Moisés.
 
A batalha foi ferida no vale de Sidim (Mar Salgado) entre os nove reis, sendo quatro babilônios e cinco palestinos. Os últimos não puderam resistir, e fugiram, caindo nos poços de betume, sendo suas cidadespilhadas.
Devemos lembrar-nos de que Sodoma e Gomorra ainda não tinham sido destruídas e que, portanto, segundo os melhores conhecimentos do assunto, o Mar Morto ainda não existia, visto estar no lugar onde estiveram localizadas estas cidades. Tanto o Mar Morto como as imediações, todo o planalto limítrofe é cheio de betume e outros elementos de natureza mineral que alguns exploradores pensam ser o resultado da catástrofe que destruiu as cidades. O verso 10 do capítulo 14, porém, diz que havia ali poços de betume, e isto antes da destruição. É bem possível que DEUS usasse esses elementos - betume, querosene e enxofre - que se encontram em abundância nestes lugares e, por meio de um abalo subterrâneo, os fizesse incendiar e assim destruísse não só as cidades, mas alterasse o próprio local.
 
Na descrição bíblica, diz-se que DEUS fez chover fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra, e esta descrição pode ser tanto exata em si mesmo, como à vista do observador. Pensemos em Abrão, testemunha ocular do estupendo acontecimento, olhando desde o carvalho de Manre, pouco distante do lugar, e vendo a coluna de fumo subir até às nuvens. Para ele, estava chovendo fogo e enxofre, e sua combustão produzia o tétrico cenário por ele mesmo descrito a Isaque e por este, a seus filhos, até que Moisés o incorporou no sagrado relato. Se DEUS fez chover fogo e enxofre ou usou os elementos que já existiam no lugar, é questão secundária.
 
O Cativeiro de Ló e a Participação de Abrão na Guerra 
Da batalha alguém escapou para vir contar ao hebreu o acontecimento da captura de Ló. Abrão não podia ficar indeciso. Ordenou a militarização do seu pessoal e marchou em perseguição dos invasores.
Seu pessoal era de 318 soldados, servos seus, junto com seus três aliados, Aner, Escol e Manre (v. 24), com os quais pode fazer um formidável exército; se não era poderoso em número, era-o, pelo menos, em organização. Os invasores voltaram à Babilônia por outro caminho, o que ligava Babilônia à Palestina e que seguia o curso do rio Eufrates. Abrão alcançou o inimigo em Dã, ao norte do território israelita, à esquerda de Damasco, capital da Síria. Com uma hábil estratégia, dividindo seus soldados em colunas, de noite, sem talvez ser pressentido, pode esmagar os reis valorosos e libertar Ló. Não foi o rico despojo que atraiu Abrão ao combate, mas seu sobrinho ganancioso. Ló estava já colhendo os frutos temporãos de sua separação do tio. O espírito de Abrão é digno de menção. Ló era seu sobrinho, e este fato por si só podia mais que todas as faltas.
 
Abrão, Melquisedeque e o Novo Rei de Sodoma - Gên. 14:17-24
 O verso 10 nos diz que o rei de Sodoma caiu nos poços de betume, mas, na volta de Abrão, o novo rei veio ao seu encontro. Logo que os reis invasores se retiraram, nada mais natural que o povo espalhado pelas montanhas se reunisse e elegesse novo rei e procurasse restaurar os estragos. E é esse novo rei que foi saudar Abrão, na volta de sua campanha. Pode ser que o rei que tinha caído no poço tenha conseguido Sair, mas a narrativa parece indicar que morreu ali. O encontro deu-se no vale de Sedim, que depois passou a ser chamado "vale do rei", perto de Jerusalém, onde Melquisedeque reinava (II Sm. 18:18).
 
Além do rei de Sodoma, outro personagem ilustre foi saudar Abrão pela brilhante vitória. A este rei deu Abrão o dízimo de tudo, e o resto entregou ao rei de Sodoma, tirante a parte que cabia aos seus tirados. Para si, nada tirou Abrão, para que não se dissesse que tinha enriquecido à custa dos reis vencidos. Ele tinha direito inegável a uma parte, assim como Aner e os outros dois aliados, e ninguém o poderia censurar por isso, mas como não tinha ido à guerra por espírito ambicioso, nada quis para si. Não precisava, embora este não fosse o ponto envolvido, não quis que se dissesse que tinha enriquecido à custa da batalha. ESPÍRITO mais nobre é difícil encontrar. Os que o acusam de receber presentes no Egito, por causa de sua mulher, devem saber que a honra e dignidade de Abrão podem ser provadas neste caso. Era rico, maslicitamente.
 
Melquisedeque soube da batalha, o veio abençoar e receber os dízimos.
Quem Era Este Melquisedeque?
 Pergunta difícil de responder. O salmista (Sal. 110:4) refere-se a ele, mas não nos diz quem era e donde veio.
Um pesado silêncio e um profundo mistério envolvem este grande personagem. Muitos querem que seja Sem, outros Cão, outros Jafé. Não podia ser qualquer destes, tanto pelo espaço de tempo que mediou do tempo em que viveram à época de Abrão, como pela declaração de Hb. 7:3, de que não tinha pai nem mãe, isto é, pai e mãe conhecidos.
 
Outros, querem que seja CRISTO, no seu estado de pré-encarnação, mas esta teoria está em conflito com o Sal. 110:4 e com o teor geral das Escrituras, que fazem CRISTO e Melquisedeque duas personalidades distintas e dois sacerdotes também distintos, um prefigurado no outro. Uma coisa não pode ser prefigurada em si mesma. Quem era, pois, esse homem? Um anjo? Não. Do pouco que sabemos dele, cremos que era um homem pio que permanecia fiel à religião de Noé, ou ao primitivo monoteísmo e neste caráter era um sacerdote como Jetro, sogro de Moisés.
 
Melquisedeque era um destes reis e sacerdotes, parecendo, assim, comprovar a pretensão de que a nação jebusita tinha tido uma sucessão de monarcas cuja origem se perdia nas brumas do passado e cuja continuação criam ser de aprovação divina. Anima pensar que entre uma tribo que não era de linhagem semita e no meio de uma degradação religiosa profunda, se encontrasse um rei com foros sacerdotais bíblicos e uma vida genuinamente religiosa. Com estes requisitos de rei-sacerdote, foi ao encontro de Abrão, o abençoou, e este lhe deu os dízimos de tudo que tinha tomado na batalha, o reconhecendo maior que si mesmo. Tal sacerdócio, na pessoa de um filho de Cão, parece ser uma violação dos direitos semitas, que eram, segundo a profecia de Noé, os "abençoados de Jeová"; e mesmo a familiaridade que parece existir entre os dois personagens denuncia afinidades raciais, ao mesmo tempo que era impossível que da raça amaldiçoada se destacassem um ou mais homens piedosos do caráter de Melquisedeque. O autor da Carta aos Hebreus descreve este ilustre personagem como não tendo pai nem mãe, nem princípio de dias, nem fim de vida, mas feito semelhante ao Filho de DEUS (Hb. 7:3). Esta linguagem refere-se ao ofício da pessoa e não à pessoa mesma. Como homem, tinha pai e mãe, princípio e fim de dias, mas, corno sacerdote, não tinha genealogia. Primeiro, porque de quem tinha recebido o ofício, não se sabe; seria para ele mesmo difícil saber quem tinha sido o seu predecessor, se é que o teve. Segundo, não houve certo tempo quando o sacerdócio de Melquisedeque começou. Neste caráter, foi semelhante a CRISTO. Era um tipo, tanto no reinado, como no sacerdócio. Humanamente mesmo, não sabemos quem eram seus pais, se Sem, Cão, Jafé ou qualquer outro homem. Aparece, assim, ocasionalmente, e desaparece do mesmo modo, deixando sua individualidade envolta em mistério. Nada sabemos do seu princípio nem do seu fim. Encarado por estes dois lados, é uma figura sem princípio nem fim, verdadeiro tipo de CRISTO.
 
Não se sabe ao certo se Melquisedeque era monoteísta, mas, se era sacerdote do DEUS Altíssimo, não podia ser politeísta. Há dois elementos importantes neste fato e também no de Reuel, sogro de Moisés: Não somente o monoteísmo era uma verdade, mas ainda mais, a existência de sacerdotes, que oficiavam cultos monoteístas.
 
Hoje sabe-se que havia até correspondência postal regular entre a Palestina e a Babilônia, e que havia uma estrada ao longo do Eufrates, entre os dois países. Hoje, este Anrafel da Bíblia vive em todo o seu esplendor nos documentos descobertos na Assíria e na Babilônia e que ornam os museus da Europa e da América. Foi no reinado deste homem que foi publicado o célebre código de leis, conhecido nos círculos arqueológicos como Código de Hamurabi ou Hamurapi. O Anrafel da Bíblia e o Hamurabi da história caldaica são, incontestavelmente, o mesmo personagem. Não seria preciso usar argumentos silogísticos para provar que, se um personagem é histórico, os outros o são também, visto serem contemporâneos e fazerem parte da mesma narrativa.
 
Outra dificuldade a vencer é o fato de que estes poderosos, reis destroçaram muitos outros reinados, e Abrão, com os seus 318 servos e alguns aliados, os venceu numa só noite. Não nos devemos admirar disto. Em primeiro lugar, não esperavam uma desforra desta natureza. Para ele não havia possibilidade de um ataque e, portanto, não estavam apercebidos para tal coisa. A segunda razão é que os soldados, depois de uma expedição tão prolongada e penosa, deviam não só estar exaustos, mas reduzidos. Abrão cercou-os de noite e fácil lhe foi destruí-los. Ao mesmo tempo não sabemos quantos soldados faziam parte do exército dos seus aliados, mas somente os que Abrão sozinho pôde arregimentar. É bem possível que os reis invasores não conhecessem tão bem como Abrão o caminho por onde estavam voltando e que tomados de surpresa, à noite, desconhecendo a qualidade de inimigo que tinham pela frente, se apavorassem e fugissem. - Conquanto seja difícil tal situação, ninguém tem o direito de afirmar que ela não éverídica. Também devemos levar em conta que DEUS estava ajudando Abrão (Melquisedeque diz que DEUS deu vitória a Abrão).
 
Outra dificuldade é o aparecimento de Melquisedeque de uma forma toda misteriosa. De fato, ele aparece e desaparece bruscamente. Todavia, o papel que tinha a fazer, o fez. Nada tinha com a questão entre os reis do Oriente e os da Palestina, mas ao mesmo tempo sentiu que devia louvar o gesto de um que, nada tendo também com o assunto, a não ser a libertação de seu sobrinho, se aventurou a perder toda a sua casa. Foi um ato de verdadeiro heroísmo e desprendimento. Isto incitou o sacerdote de DEUS a vir aplaudi-lo. Demais, quem sabe que outras relações existiam entre Abrão e Melquisedeque? Moisés não prometeu dizer-nos tudo que sabia e que tinha acontecido. Limitou-se a relatar o suficiente.

Afirmar que Melquisedeque é uma personagem mística ou alegórica é precário diante da documentação que temos hoje sobre a existência do reino em Salém. Tanto o que nós sabemos quanto o que os próprios salemitas sabiam da origem do seu reino é bastante para nos convencer de que, se Melquisedeque não é uma personagem histórica, não há história em coisa alguma e tudo se pode reduzir a mito.

Cremos que este homem viveu e reinou porque a Bíblia o diz e porque a História o confirma. O mesmo argumento usado para com Melquisedeque tem sido usado para Abrão, Isaque, Jacó e outros. Tem-se procurado reduzir tudo a mito, mas hoje nenhum homem imparcial negará a loucura destes inimigos da revelação.
Alguma coisa de importante do ponto de vista doutrinário ocorre aqui: a doutrina do dízimo. De onde veio este costume, que se encontra em prática até entre o povo que não era da família escolhida? Melquisedeque recebeu, e Abrão deu. Tanto um como o outro conheciam bem este costume. Aliás, muitos anos depois, encontramos Jacó praticando a mesma coisa.
A mesma pergunta poderia ser feita acerca do sacerdócio fora da família escolhida e antes de Arão ser chamado ao ofício sacerdotal. O dízimo foi incorporado na lei, mas existia antes de ser oficializado. Estas e outras coisas são fundamentais na economia divina e não são produto de uma ou outra dispensação.
Estudo no livro de Gênesis - Antônio Neves de Mesquita - Editora: JUERP
 
Gênesis a Deuteronômio - Comentário Bíblico Beacon - CPAD - O Livro de Gênesis - George Herbert Livingston, B.D., Ph.D.
Abrão Gênesis 14.8— 15.1 
A principal batalha com os reis defensores ocorreu no vale de Sidim (8) e acabou em completa derrota e caos. Os vencedores levaram muito saque e muitos escravos, entre os quais estava Ló e a sua fazenda (12).
Um fugitivo da invasão contou a Abrão (13) o destino de Ló. O patriarca, normalmente amante da paz, reuniu uma companhia de trezentos e dezoito (14) homens. Com habilidade e coragem eles conseguiram resgatar Ló, muitos outros cativos e grande parte do saque depois de árdua perseguição de mais de 160 quilômetros em direção ao norte, até Dã.
Na viagem de retorno a Hebrom, Abrão e sua companhia passaram pela antiga Salém (Jerusalém), atravessando o vale de Savé (17), possivelmente o vale de Cedrom. Um grupo dos distintos e gratos líderes da terra o encontrou ali. Abrão provara ser uma bênção aos vizinhos (ver 12.2,3).
Melquisedeque (18), o honorável sacerdote-rei de Salém (Jerusalém), veio com pão e vinho e pronunciou uma bênção a Abrão (19). Em atenção aos atos do sacerdote-rei, Abrão deu o dízimo de tudo (20) a Melquisedeque. O rei de Sodoma tinha menos inclinação religiosa. Pediu seu povo de volta, contudo foi bastante generoso em oferecer a Abrão todo saque procedente do combate. Abrão tinha pouco respeito por este homem e respondeu que fizera o voto de não ficar com nenhum bem adquirido na guerra, para que, depois, isso não fosse usado contra ele por aquele indivíduo repulsivo. Abrão também deixou claro que o seu DEUS tinha o título de SENHOR e não era apenas outra deidade Cananéia. A única coisa que Abrão pediu foi que os soldados fossem recompensados pelos serviços prestados e que seus aliados, Aner, Escol e Manre (24), tivessem participação no saque.
O caráter robusto de Melquisedeque e seu status como respeitado sacerdote-rei tornaram-se significativos em posteriores pronunciamentos sobre o muito esperado Messias. O Salmo 110.4 relaciona o Messias na “ordem de Melquisedeque” e o escritor da Epístola aos Hebreus cita esta porção dos Salmos para mostrar que CRISTO é este tipo de ordem sacerdotal no lugar da ordem arônica (Hb 5.6,10; 6.20; 7.1-21).
O escritor de Hebreus enfatiza o significado do nome e status de Melquisedeque para assinalar que ele e CRISTO eram homens de justiça e paz (Hb 7.1,2). A próxima correlação é um destaque na força e valor pessoal e não na linhagem. Seu ofício não passou automaticamente a outro. CRISTO é Sumo Sacerdote e não somente sacerdote, e em vez de dar somente uma bênção, CRISTO salva “perfeitamente” (Hb 7.25,26).
Gênesis a Deuteronômio - Comentário Bíblico Beacon - CPAD - O Livro de Gênesis - George Herbert Livingston, B.D., Ph.D.
 
Dicionário Bíblico Wycliffe - Charles F. Pfeiffer, Howard F. Vos, John Rea - CPAD
MELQUISEDEQUE
Em hebraico malkisedeq ou "rei da justiça", é mencionado em Genesis 14.18; Salmos 110.4; Hebreus 5.6,10; 6.20; 7.1,10,11,15,17. No livro de Genesis ele é um rei-sacerdote cananeu de Salém (Jerusalém) que abençoou Abrão quando este retornou depois de salvar Ló, e a quem Abrão pagou o dízimo do espólio da batalha. Devido ao mistério que cerca seu repentino aparecimento no cenário da história, e seu igualmente repentino desaparecimento, ele tem sido identificado com um anjo (Orígenes), com o ESPÍRITO SANTO (Epifânio), com o Senhor JESUS CRISTO (Ambrósio), com Enoque (Calmet) e Sem (Targuns, Jerônimo, Lutero) etc...
Quanto à religião, ele era "sacerdote do DEUS Altíssimo" Cel 'elyon). Os textos de Ras Shamra mostraram que as cidades cananeias tinham sumo sacerdotes na primeira metade do segundo milênio a. C, e que Idrimi, rei de Alalakh, ao norte da Síria, em aprox. 1500 a. C, era o representante pessoal de seu deus e aquele que oficiava no santuário. Dessa forma, o relato de Genesis não precisa ser considerado anacrônico.
A opinião tradicional diz que Melquisedeque era um verdadeiro adorador do Senhor (conforme Josefo, Irineu, Calvino, KD, Leupold, etc....). Se a data da vida de Abrão (aprox. 2000 a. C.) estiver correta, então Melquisedeque viveu antes da substituição de El como principal deus dos cananeus. A adoração a BaalHadade foi estabelecida pela invasão dos Amorreus no início do 2º milênio a. C. Alguns estudiosos consideram a outra referência do AT, o Salmo 110.4, Salmo como sendo de autoria de Davi - ele estaria se referindo a si mesmo ou a um rei de sua linhagem - ou ainda o limitam a uma profecia messiânica a respeito do Senhor JESUS CRISTO. Esse problema fica resolvido quando observamos que em Mateus 22.43, JESUS atribui o Salmo a Davi e a referência a si mesmo como o Messias. As passagens no livro de Hebreus trazem a mesma interpretação. O autor está discutindo a superioridade do sacerdócio de CRISTO em comparação ao de Arão. Melquisedeque e seu sacerdócio são um exemplo de CRISTO e de seu sacerdócio. O sacerdócio de Melquisedeque não estava limitado a uma raça ou tribo, sendo, portanto, universal. Sua realeza não foi herdada de seus pais. E essa realeza também não foi transmitida a um descendente; e assim ela era eterna. Portanto, Melquisedeque é uma tipologia de CRISTO e de seu sacerdócio eterno e universal.
Melquisedeque era superior a Arão porque:
(1) Abrão, ancestral de Arão, pagou dízimos a Melquisedeque;
(2) Melquisedeque abençoou Abrão;
(3) os sacerdotes levíticos estavam sujeitos à morte, mas não há nenhuma informação sobre a morte de Melquisedeque. Portanto, CRISTO e seu sacerdócio são superiores a Arão e seu sacerdócio.
Dicionário Bíblico Wycliffe - Charles F. Pfeiffer, Howard F. Vos, John Rea - CPAD
 
Lições Bíblicas CPAD - Jovens e Adultos - 3º Trimestre de 2001
 Título: Hebreus — “... os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes”
Comentarista: Elinaldo Renovato - LIÇÃO 5 - CRISTO, SUMO SACERDOTE SUPERIOR A ARÃO 
 
DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE CRISTO E ARÃO
Sacerdote eterno (v.6). O escritor aos hebreus faz referência a dois textos bíblicos no livro de Salmos para demonstrar o caráter especial do sacerdócio de CRISTO: um sacerdócio que não tem fim: “Tu és meu filho; hoje te gerei” (Sl 2.7); e “Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4).

A MISSÃO TERRENA DE JESUS
Chamado por DEUS (v.10). JESUS pertenceu a uma ordem sacerdotal singular, diferente da de Arão. Nisto, vemos mais uma importante distinção entre o sacerdócio de CRISTO e o sacerdócio arônico. JESUS, como diz o v.10, foi “chamado por DEUS sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” (v.10).

Subsídio Bibliológico
“Todo sumo sacerdote’ (Hb 5.1). Duas qualificações são necessárias para um verdadeiro sacerdócio. (1) o sacerdote deve ser compassivo, manso e paciente com aqueles que se desviam por ignorância, por pecado involuntário e por fraqueza (v. 2;4.15; cf. Lv 4; Nm15.27-29). (2) Deve ser designado por DEUS (vv. 4-6).
CRISTO satisfaz ambos os requisitos
A Superioridade de CRISTO sobre Arão
A sobrepujante grandeza e glória daquilo que, em contraposição a Israel, foi concedido à igreja na pessoa do Senhor exaltado, JESUS e Arão: ambos são sumo sacerdotes - Arão foi o primeiro sumo sacerdote, JESUS é o último sumo sacerdote. Ambos foram convocados por DEUS, ambos foram "tomados dentre os homens...". Também JESUS foi, como Arão, verdadeiro homem (Hb 2.14). Ambos, Arão e JESUS foram "constituídos [...] a favor dos homens". Também JESUS veio por amor das pessoas (Hb 2.16). Ambos foram tentados, motivo pelo qual ambos podem "compadecer-se das nossas fraquezas". A tarefa de ambos no AT e NT é representar as pessoas diante de DEUS, a fim de alcançar expiação (Hb 2.17; 5.1-3), e ambos oferecem sacrifícios.
Não obstante, JESUS é maior que Arão. Arão foi sumo sacerdote, JESUS é o grande Sumo sacerdote. Arão foi somente um ser humano, JESUS foi também verdadeiro ser humano, mas ele é o Filho de DEUS. Ele é originário da eternidade. Arão foi instituído sumo sacerdote por Moisés, JESUS foi chamado por DEUS, seu Pai, para este serviço. Arão teve de oferecer primeiramente sacrifícios por si próprio, porque estava maculado de pecados. JESUS, porém, era limpo de todo pecado. Arão ofertava dádivas e sacrifícios que ele recebia anteriormente dos israelitas (Hb 8.3), ele entrava no santuário com sangue "alheio" (Hb 9.25). Mas JESUS ofertou orações, súplicas e lágrimas, ele sacrificou sua vontade a DEUS, sacrificou sua própria vida. Apesar de todos os sacrifícios Arão continuou sendo um humano imperfeito, JESUS tornou-se pelo sacrifício de sua vida o Sumo Sacerdote perfeito (Hb 7.28). Os sacrifícios de Arão careciam de repetição: uma vez por ano ele entrava o santíssimo dessa terra (Hb 9.7,25). O sacrifício único de JESUS vale para todos os tempos, ele atravessou os céus de uma vez por todas, para comparecer agora eternamente perante a face de DEUS em nosso favor (Hb 4.14; 8.1,2; 9.24). Arão descarregou os pecados de Israel sobre um animal (Lv 16.21,22), seu sacrifício tinha somente significado simbólico, não era eficaz por si mesmo (Hb 10.4,11). JESUS assumiu sobre si os pecados de todo o mundo (Jo 1.29; 1Pe 2.24), seu sacrifício é eficaz para todos os tempos. Arão tinha de administrar somente um sumo sacerdócio transitório, cuja ordem havia sido dada ao povo de Israel no Sinai. Mas JESUS recebeu um sumo sacerdócio perpétuo, cuja validade está fundada na ordem eterna de Melquisedeque.
O caminho da obediência, que conduz a sofrimentos, JESUS tornou-se o Sumo Sacerdote perfeito e ao mesmo tempo causa da salvação eterna. Assim como JESUS foi obediente ao Pai e entrou na glória, assim também o caminho dos fiéis leva à glória unicamente pela obediência e pelo sofrimento (At 14.22; 2Tm 3.12). JESUS CRISTO é a grande dádiva de DEUS. É dela que jorra para nós a força de que precisamos para perseverar na trajetória do discipulado.
Extraído do Livro Carta Aos Hebreus, Comentário Esperança, de Fritz Laubach, Editora Esperança, 2000, Págs. 90-91.
 
Comparação do Sacerdócio
de CRISTO com o de Arão
Extraído do livro Depois do Sacrifício, de
 Walter A. Henrichsen,
Editora Vida, 1985, pág. 54.
Qualificações
Arão
CRISTO
  1. Escolhido dentre os homens (5.1)
Da tribo de LeviEncarnado
  1. Oferece pelos pecados (5.1)
Muitos sacrifícios (5.1)Perfeito sacrifício (5.9)
  1. Condói-se dos pecadores (5.2)
Era pecador (5.3)Capaz de salvar (5.9)
  1. Chamado por DEUS (5.4)
Da linhagem de Arão (5.4Segundo a ordem de Melquisedeque (5.10)

Referências Bibliográficas (outras estão acima)
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico Almeida Revista e Corrigida.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999.
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
www.ebdweb.com.br - www.escoladominical.net - www.gospelbook.net - www.portalebd.org.br/
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm
Dicionário Vine antigo e novo testamentos - CPAD
Dicionário Bíblico Wycliffe - Charles F. Pfeiffer, Howard F. Vos, John Rea - CPAD
GÊNESIS - Introdução e Comentário - REV. DEREK KIDNER, M. A. - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova ,Caixa Postal 21486, São Paulo - SP, 04602-970
Gênesis a Deuteronômio - Comentário Bíblico Beacon - CPAD - O Livro de Gênesis - George Herbert Livingston, B.D., Ph.D.
Revista CPAD - Lições Bíblicas - 1995 - 4º Trimestre - Gênesis, O Princípio de Todas as Coisas - Comentarista pastor Elienai Cabral
Gênesis - Comentário Adam Clarke
Revista CPAD - Lições Bíblicas - 1995 - 4º Trimestre - Gênesis, O Princípio de Todas as Coisas - Comentarista pastor Elienai Cabral
Revista CPAD - Lições Bíblicas 1942 - 1º trimestre de 1942 - A Mensagem do Livro de Gênesis - LIÇÃO 2 - 11/01/1942 – A CRIAÇÃO DO HOMEM - Adalberto Arraes 
Estudo no livro de Gênesis - Antônio Neves de Mesquita - Editora: JUERP