Lição 13 , A Manifestação da Graça da Salvação 1 parte

Lição 13 , A Manifestação da Graça da Salvação
3º trimestre de 2015 - A Igreja E O Seu Testemunho - As Ordenanças De CRISTO Nas Cartas Pastorais
Comentarista da CPAD: Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
 
 
TEXTO ÁUREO"Porque a graça de DEUS se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens."  (Tt 2.11).
 
 
VERDADE PRÁTICAA graça de DEUS emanou do seu coração amoroso para salvar o homem perdido, por meio do sacrifício vicário de CRISTO JESUS.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Ef 2.8 - O homem é salvo pela graça, por meio da fé
Terça - Jo 5.24 - Aquele que ouve e crê tem a vida eterna e não entrará em condenação
Quarta - At 20.24 - Dando testemunho do "evangelho da graça de DEUS"
Quinta - Mc 1.15 - É necessário que o pecador se arrependa e pela fé creia em JESUS CRISTO
Sexta - 2 Co 5.17 - Todos os que estão em JESUS CRISTO são novas criaturas
Sábado - Hb 12.14 - Sem santificação ninguém verá o Senhor
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Tito 2.11-14; 3.4-6
Tt 2.11 - Porque a graça de DEUS se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, 12 - ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente, 13 - aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande DEUS e nosso Senhor JESUS CRISTO, 14 - o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.
Tt 3.4 - Mas, quando apareceu a benignidade e o amor de DEUS, nosso Salvador, para com os homens, 5 - não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do ESPÍRITO SANTO, 6 - que abundantemente ele derramou sobre nós por JESUS CRISTO, nosso Salvador
 
OBJETIVO GERAL
Ensinar que a Graça de DEUS é a mais extraordinária e maravilhosa manifestação do seu amor pela humanidade, por intermédio de JESUS CRISTO, o seu Filho.
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Explicar as diversas manifestações da graça de DEUS.
Esclarecer a relação do crente em relação às autoridades e ao próximo.
Propor uma experiência de boas obras e o trato com os "hereges".
 
INTERAGINDO COM O PROFESSORPrezado professor, chegamos ao final de mais um trimestre. Este momento deve ser uma oportunidade para analisar os passos educativos dados até aqui. Avalie o seu método. Ele alcançou os objetivos das aulas? Permitiu a você alcançar o objetivo do trimestre? Seus alunos cresceram espiritual e culturalmente? São perguntas que só você pode fazer e buscar as respostas com muita humildade. A tarefa do professor da Escola Dominical sempre será uma tarefa inacabada, pois sabemos que poderíamos dar mais, ensinar melhor e prover conhecimentos que fazem sentido à vida dos nossos alunos. Aproveite esse tempo para refletir mais conscientemente a sua prática educativa.
 
PONTO CENTRAL
A graça de DEUS alcançou-nos por intermédio do sacrifício vicário de JESUS.

COMENTÁRIO/INTRODUÇÃONesta última lição do trimestre estudaremos a respeito da graça divina. A graça de DEUS é a mais extraordinária manifestação do seu amor para com a humanidade. Mas esta só pode usufruir os benefícios desse recurso divino, se reconhecer o seu estado miserável, em termos espirituais, e converter-se mediante a aceitação de CRISTO como Salvador.
I. A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS
1. A graça comum.
2. A graça salvadora.
3. Graça justificadora e regeneradora.
4. Graça santificadora.
II. A CONDUTA DO SALVO EM JESUS
1. Sujeição às autoridades (v. 1).
2. O relacionamento do cristão (v. 2).
3. A lavagem da renovação do ESPÍRITO SANTO (v. 3).
III. AS BOAS OBRAS E O TRATO COM OS HEREGES
1. A prática das boas obras (v. 8).
2. Como tratar com os hereges (v. 10).
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - Nas Escrituras, a graça de DEUS se manifesta como "graça comum", "graça salvadora", "graça justificadora e regeneradora" e "graça santificadora".
SÍNTESE DO TÓPICO II - A conduta do salvo em CRISTO deve mostrar sujeição às autoridades legalmente estabelecidas..
SÍNTESE DO TÓPICO III - Dos versículos 8 a 10, o apóstolo expõe sobre a prática das boas obras e como se deve tratar os "falsos mestres".
 
SUBSÍDIO DIDÁTICO top1 Professor, explique aos alunos o conceito de "graça comum", dizendo que se trata de uma abordagem eminentemente da teologia reformada. É uma tentativa de se responder uma questão angustiante observada na existência dos santos, bem como observou o salmista Asafe (Sl 73). Se o salário do pecado é a morte, por que as pessoas que pecam não morrem imediatamente e não vão definitivamente para o inferno, mas desfrutam de bênçãos incontáveis na terra? Ainda, como pode DEUS dispensar bênçãos a pecadores que merecem apenas, e somente, a morte, mesmo as pessoas que serão condenadas para sempre ao inferno? Neste contexto é que a doutrina da "graça comum" traz uma resposta bíblica acerca da questão. É uma graça pela qual DEUS dá aos seres humanos bênçãos ou dádivas inumeráveis que não fazem parte da salvação. Ou seja, não significa que quem as recebe já é salvo. A base bíblica para esse entendimento é a graça manifestada por DEUS na esfera física da vida (Gn 3.18; Mt 5.44,45; At 14.16,17); na esfera intelectual (Jo 1.9; Rm 1.21; At 17.22,23); na esfera da criatividade (Gn 4.17,22); na esfera da sociedade (Gn 4.17,19,26; Rm 13.3,4); na esfera religiosa (1 Tm 2.2; Mt 7.22; Lc 6.35,36). Ou seja, não é porque o mal reinante no ser humano é fruto do pecado original que ele fará somente obras más. Não, a Graça de DEUS opera em todos os homens e faz com que eles façam coisas boas também.
 
SUBSÍDIO DIDÁTICO top2 - A Natureza da Política "A essência da política é a luta por poder e influência. Todos os grupos e instituições sociais precisam de métodos para tomar decisões para seus membros. A política nos ajuda a fazer isso. A palavra grega da qual política é derivada é polis, que significa 'cidade'. Política no sentido clássico envolve a arte de fazer uma cidade funcionar bem. Também ajuda a administrar nossas organizações e governos. Quando nosso sistema político é saudável, mantemos a ordem, provemos a segurança e obtemos a capacidade de fazer coisas como comunidade que não poderíamos fazer bem individualmente. Votamos as leis, fazemos a polícia impô-las, arrecadamos impostos para estradas, sistemas de esgoto, escolas públicas e apoio nas pesquisas de câncer. Em nossas organizações particulares, um sistema político sadio nos ajuda a adotar orçamentos, avaliar pessoal, estabelecer e cumprir políticas e regras e escolher líderes. No melhor dos casos, a política melhora a vida de um grupo ou comunidade. A política toma uma variedade de formas, como eleições, debates, subornos, contribuições de campanha, revoltas ou telefonemas para legisladores. Como vê, alistei maneiras nobres e ignóbeis de influenciar as decisões de um sistema político. Algumas delas são formais, como as eleições, ao passo que outras são informais, como telefonar para vereadores, deputados e senadores e pressioná-los a votar do nosso modo" (PALMER, Michael D. Panorama do Pensamento Cristão. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p.447).
 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO top3"A segunda proibição que Paulo faz é contra os facciosos, aqueles que causam divisões por meio de discordâncias. 'Depois de uma e outra admoestação, evita-o', ou seja, tente ajudá-lo corrigindo o seu erro através de advertências ou aconselhamento. Tais inimigos só devem ter duas chances e então devem ser evitados.
'A razão pela qual o 'herege' deve ser rejeitado é justamente esta; em sua divisão, 'tal' homem demonstra que 'está pervertido e peca, estando já em si mesmo condenado'. Ao persistir em seu comportamento divisor, o 'falso mestre' tornou-se pervertido ou 'continua em seu pecado', deste modo 'se autocondenando'. Isto é, por sua própria persistência no comportamento pecaminoso, condenou a si mesmo, colocando-se de fora, sendo consequentemente rejeitado por Tito e pela igreja" (Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 1.ed.Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1515).
 
CONHEÇA MAIS - *Graça - "O conceito de graça é multiforme e sujeito a desdobramentos nas Escrituras. No AT, hen, 'favor', é o favor imerecido de um superior a um subalterno. No caso de DEUS e do homem, hen é demonstrado por meio de bênçãos temporais, embora também o seja por meio de bênçãos espirituais e livramentos, tanto no sentido físico quanto no espiritual (Jr 31.2; Êx 33.19). Hesed, 'benevolência', é a firme benevolência expressada entre as pessoas que estão relacionadas, e particularmente em alianças nas quais DEUS entrou com seu povo e nas quais sua hesed foi firmemente garantida (2 Sm 7.15; Êx 20.6)." Para conhecer mais leia Dicionário Bíblico Wycliffe, CPAD, p. 876.
 
PARA REFLETIR - A respeito das Cartas Pastorais:O que é graça?
É o favor imerecido que DEUS concede ao homem, por seu amor, bondade e misericórdia.
Como podemos alcançar a graça salvadora?Crendo em DEUS e aceitando JESUS como o nosso único e suficiente Salvador.
Qual é a fonte da justificação do homem?A graça de DEUS.
Quem é considerado homicida no evangelho da graça?Qualquer que aborrece o seu irmão.
De acordo com a lição, como devemos tratar os hereges?Devemos evitá-los, não nos envolvendo em discussões tolas.
 
CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 63, p. 42.
Você encontrará mais subsídios para enriquecer a lição. São artigos que buscam expandir certos assuntos.
 
SUGESTÃO DE LEITURA - Nas Garras da Graça, Graça Diária para Professores e Vincent I e II
Comentários de vários autores com algumas modificações do Ev. Luiz Henrique
A Graça de DEUS - Atos 15.11 Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também.
 Rm 3.24 Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.
Graça comum, salvadora, justificadora e regeneradora, santificadora. A revista cita essas 4 em seus desdobramentos
Rm 5.15 Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. Talvez desdobramentos da Graça do Senhor?
Rm 11.6 Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.
A graça é capacitadora!
Tito: 2. 11. Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens, 12. ensinando-nos, para que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente.
Viver sóbria, justa e piamente só nos é possível pela graça.
Os cristãos foram salvos pela graça. A graça de Deus e a fonte da salvação; a fé é o meio pra obtê-la, não a causa. A salvação não provém dos esforços das pessoas; ela é o fruto da benignidade de Deus. Na verdade é Deus quem nos salva. Do Senhor vem a salvação (Jn 2.9)
Não é a novidade de vida que nos leva a graça, mas a graça que nos leva a novidade de vida, somente pela graça é que acontece a Vida Nova
O particípio do verbo salvar (salvos) indica que a salvação do cristão já ocorreu no passado quando Jesus morreu por nós na cruz. É Dom de Deus - não ha nada que possamos fazer para obter nossa salvação. Alguns sugerem que o dom de Deus modifica a palavra fé neste versículo. Portanto,Paulo estava dizendo que nem nossa fé em Deus (que permite que tomemos posse da salvação) provém de nós mesmos, ela também é um dom de DEUS, por isso ninguém pode se orgulhar de sua condição de membro do corpo de Cristo. Recebemos tudo de nosso misericordioso e bondoso Pai.
Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo,nosso Senhor. (Rm 5.21).
 
Na graça comum todos se beneficiam, inclusive ímpios. Na graça salvadora se beneficia quem acredita sem ver, tem fé. Na graça regeneradora e justificadora se beneficia quem obedece. Na graça santificadora se beneficia quem se esforça.
 
PARA O VIVER CRISTÃO  -  1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito - J. N. D. Kelly - Novo Testamento - Vida Nova - Série Cultura Cristã.
O parágrafo anterior foi um desafio para os vários grupos nas igrejas de Creta aceitarem o padrão especificamente cristão de comportamento. Seus preceitos talvez pareçam, à primeira vista, prosaicos, monótonos e convencionais, mas Paulo agora relembra Tito, com eloquência, que têm sua base no próprio evangelho. Foi exatamente para elevar os homens a uma qualidade mais alta de vida que DEUS interveio na história, mediante a encarnação.
11. A partícula inicial Porquanto indica que está para declarar o fundamento teológico do conselho que acabou de dar. É que a graça de DEUS se manifestou salvadora a todos os homens. Como normalmente em Paulo, graça representa o favor gratuito de DEUS, a bondade espontânea mediante a qual intervém para ajudar e livrar os homens. A graça de DEUS é alguma coisa acerca da qual, à parte da revelação, os homens não poderiam ter formado qualquer noção; mas agora se manifestou. A metáfora subjazente é aquela do repentino irromper da luz, como na aurora. A referência (cf. 3:4; 2 Tm 1:10) não é simplesmente à Natividade de JESUS CRISTO, mas, sim, à Sua carreira terrestre inteira, inclusive Sua morte e ressurreição. Nisto temos uma revelação maravilhosa do amor e favor divinos. E esta revelação foi feita “para a salvação de todos os homens.” Mais uma vez, como em 1 Tm 2:4, temos o pensamento da universalidade da salvação, mas é possível que o Apóstolo também esteja subentendendo que a graça de DEUS se estende a todas as classes da humanidade, inclusive os escravos mencionados supra.
 12. A ênfase principal da frase recai na próxima frase, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no presente século, sensata, justa e piedosamente. Paulo está ressaltando o que podemos chamar de aspecto, educativo ou disciplinar da atividade salvífica de DEUS. Negativamente, os cristãos sob a orientação da graça (é quase personificada) fizeram um rompimento total com falsos conceitos de DEUS (a impiedade), e também com as inclinações que são exclusivamente deste mundo. O caráter deste rompimento é ressaltado no original pela palavra traduzida renegadas, que é um particípio no aoristo, que indica uma ação de uma vez por todas. Não é forçado demais ver aqui uma referência ao seu batismo, quando viraram as costas para sua vida pagã e aceitaram a CRISTO.
Mais positivamente, têm a oportunidade de aprender, sob a influência da graça divina, a conduzir sua vida de um modo plenamente cristão.
Os três advérbios que Paulo emprega definem, sucessivamente, o relacionamento do cristão com consigo mesmo, com seu próximo e com DEUS. Como tão freqüentemente nas Pastorais, a linguagem e as figuras refletem aquelas do idealismo moral helenístico contemporâneo, o que é ressaltado especialmente no conceito da função educativa da graça, que alguns acham semelhante à noção grega da paideia e assim rejeitam como sendo não paulino. É perigoso, no entanto, notar apenas as semelhanças e não as diferenças. Ao passo que na ética grega a força motriz era a razão e a vontade do indivíduo, aqui é a livre graça de DEUS. Além disto, não é verdade que para Paulo nas suas cartas reconhecidas, a graça consiste exclusivamente “em uma única dádiva dominante que é recebida num momento no ato da fé” (E. F. Scott). Em numerosas passagens (e.g. Rm 6:14-24) indica sua crença de que a mão ajudadora de DEUS está com o cristão depois da sua conversão, fazendo florescer as qualidades da nova vida em CRISTO.
13. Paulo está falando da vida no presente século. Para a expressão cf. 1 Tm 6:17; também Rm 12:2; 1 Co 2:6; 2 Co 4:4. Entesoura a crença judaico-cristã de que a presente ordem está sob o domínio dos poderes malignos, que serão derrotados quando DEUS estabelecer Seu reino. Logo, embora vivamos no mundo, nós, os cristãos, estamos aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande DEUS e Salvador CRISTO JESUS. A frase (é, talvez, um trecho de um hino ou fórmula litúrgica cristã) contém uma expressão calorosa da expectativa escatológica da Igreja primitiva, que aguardava impacientemente a segunda vinda do Senhor à destra de DEUS. Para o escritor esta expectativa é ainda vívida e real, o que confirma a data antiga da carta.
Como tão freqüentemente em Paulo (Rm 8:24; G1 5:5; Cl 1:5), a esperança representa o objeto que se espera. A despeito da partícula e, a frase que se segue fica virtualmente em aposição a ela, e define em que consiste a esperança cristã (para a construção, cf., e.g., At 23:6). Esta é nada menos do que a manifestação, ou revelação sobrenatural (para o termo, ver sobre 1 Tm 6:14), de CRISTO no último dia, quando, segundo a profecia em Mt 16:27; “o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seu anjos.” Naquela passagem, como nesta, glória denota a tremenda radiança em que DEUS habita.
É extremamente difícil decidir se a segunda metade deste versículo deve ser traduzida (a) “do grande DEUS e nosso Salvador JESUS CRISTO” ou (b) “. . . nosso grande DEUS e Salvador JESUS CRISTO. ” Os seguintes são fatores a favor desta última tradução; (i) a ausência no Grego do artigo definido antes de salvador; (ii) o fato de que tem o apoio dos Pais gregos (iii); a falta de paralelos em outras partes do N. T. à descrição de DEUS como “grande” e a uma “manifestação” de DEUS; (iv) a frequente ocorrência nos textos pagãos de “DEUS e Salvador” como fórmula aplicável a uma única personagem. Se o último fator for levado em consideração, as palavras podem ser uma afirmação da reivindicação que os cristãos fazem em prol de CRISTO, de modo contrário ao culto imperial.
Algumas destas considerações têm menos peso do que outras. Por exemplo, a ausência do artigo não pode ser contada como decisiva, pois “Salvador” tendia a ser usado sem o artigo (cf. 1 Tm 1:1), e, de qualquer maneira, o uso correto do artigo estava se desfazendo no Grego posterior. Os Pais, além disto, foram influenciados parcialmente por motivos teológicos ao escolherem (b)\ e em contraste com eles as versões antigas, que são de data mais recuada, apoiam (a). Se (a) foi aceito, não precisamos pensar que Paulo está falando de duas “manifestações” distintas, uma de DEUS e uma de CRISTO; a glória do nosso grande DEUS descreve o esplendor divino com o qual CRISTO está investido na Sua vinda. As considerações que, no conceito do presente autor, inclinam a balança a favor de (a) são: (i) que Paulo em nenhum outro lugar, ou nestas cartas ou nas demais escritas por ele, explicitamente descreve CRISTO como DEUS (Rm 9:5 talvez seja uma exceção); (ii) ao passo que regularmente fala de “DEUS” e de “CRISTO” lado a lado (e.g. 1 Tm 1:1; 5:21; 6:13; 2 Tm 1:1; 4:1; Tt 1:4; 3:4-6), são invariavelmente distinguidos como sendo duas Pessoas; (iii) a cristologia das Pastorais parece sugerir que o relacionamento entre CRISTO e DEUS é um de dependência, e a ênfase que dão à unicidade de DEUS (e.g. 1 Tm 6:16) também milita contra (b). Isto, porém, não é negar a divindade de JESUS, mas, sim, colocá-la no seu devido prisma.
14. Tendo saudado CRISTO como nosso. . . Salvador, Paulo passa a definir Sua obra: o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade, e purificar para si mesmo um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras. As primeiras palavras relembram Gl 1:4; 1 Tm 2:6. A interpretação da obra de CRISTO em termos de resgate remonta a Sua própria declaração em Mc 10:45. A linguagem usada relembra LXX SI 129:8 (“É ele que redime a Israel de todas as suas iniquidades”).
Assim como o Senhor prometera em Ez 37:23, a libertação do pecado é seguida pela purificação, e assim Paulo passa para este aspecto da obra salvífica de CRISTO. A idéia básica é a vétero-testamentária da purificação do povo por Moisés com o sangue da aliança (Êx 24:8), e a sugestão é que o sangue de CRISTO purifica Seu povo do pecado (cf. 1 Jo 1:7).
O resultado é que os cristãos tomam-se o próprio povo de CRISTO, Sua possessão peculiar. As palavras que se traduzem um povo exclusivamente seu (Gr. laos periousios) são empregadas em LXX Êx 19:5; 23:22; Dt 7:6; 14:2; 26:18, onde denotam o povo que DEUS redimiu e que é, portanto, “peculiar” para Ele. Para o conceito da Igreja como o novo Israel, cf. G1 6:16; Fp 3:3; 1 Pe 2:9-10. Porque os cristãos foram assim separados, é apropriado que sejam zelosos de boas obras. Para o interesse no cristianismo prático nas Pastorais, ver sobre 1 Tm 2:10.
 
Tito 3.4-6
4. Paulo pinta o quadro em cores escuras, com exagerada autoacusação, mas reflete com exatidão a sincera repugnância que ele, como cristão, sentia ao relembrar o tipo de vida em que ele, e outros cristãos convertidos, tais como Tito e os cretenses, tinham sido envolvidos anteriormente. Não foi nada do que eles mesmos tinham conseguido realizar, mas, sim, somente a intervenção divina, quando, porém, se manifestou a benignidade de DEUS, nosso Salvador, que conseguiu desembaraçá-los daquela vida.
Este versículo é um paralelo de 2:11 supra, e, como ali, se manifestou (o mesmo verbo, epephanè) significa o aparecimento terrestre, ou vida encarnada, de JESUS CRISTO: ver notas sobre 2:11; 2 Tm 1:10. NEle, o amor compassivo de DEUS, nosso Salvador (ver nota sobre 1 Tm 1:1) foi repentinamente tomado visível; resplandeceu como uma nova aurora. O substantivo traduzido benignidade (Gr. chrèstotês) é confina­ do a Paulo no N. T. Conforme é aplicado aos homens representa um dos frutos do ESPÍRITO (G1 5:22); empregado acerca de DEUS, conota Sua bondade e solicitude compassiva (Rm 2:4; 11:22; Ef 2:7). É freqüentemente achado junto, nos escritos gregos e judaicos (inclusive a LXX), com amor para com os homens (“generosidade”) (Gr. philanthrõpiaj lit. “afeição pelos homens”), e parece que Paulo aqui ecoa um chavão corrente. Este último termo conota consideração ou respeito para com os homens, humanidade, ou benevolência. Embora a “generosidade” às vezes fosse atribuída a DEUS, as inscrições demonstram que na era helenística era a mais prezada das virtudes básicas aclamadas em soberanos. Este fato toma provável que, aqui, como noutros lugares nestas cartas, o Apóstolo esteja deliberadamente modelando sua linguagem naquela dos cultos contemporâneos aos soberanos, a fim de asseverar de modo mais impressionante as reinvidicações do cristianismo.
5. Foi então, Paulo passa a explicar, quando o propósito amoroso de DEUS tinha sido revelado na encarnação, que ele nos salvou. O tempo aoristo do verbo indica um ato de uma vez por todas; e esta salvação, acrescenta caracteristicamente, não foi por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia. Para a insistência na qualidade gratuita da graça, cf. 2 Tm 1:9; também Rm 3:24; etc. O contras­ te entre por nós e sua “própria” é enfático e intencional. A despeito do fato de que as igrejas cretenses incluíssem tantos convertidos do judaísmo, Paulo provavelmente não estava pensando tanto na observância escrupulosa da lei mosaica quanto na conduta moral reta em geral (para este sentido de justiça, cf. 1 Tm 6:11; 2 Tm 2:22; 3:16). Alguns detectam aqui uma discrepância com o ensino das cartas reconhecidas, e argumenta que a justiça da qual Paulo fala aqui é a justiça da lei. Até mesmo em Romanos, no entanto, toma claro (cf. 9:11) que sua polêmica contra as obras se estende além da lei para boas ações de qualquer ti­ po mediante as quais os homens talvez suponham que adquirem mérito com DEUS.
DEUS mediou esta salvação para nós mediante o lavar regenerador e renovador do ESPÍRITO SANTO. A referência é claramente ao batismo, que também é descrito como sendo um lavar (Gr. loutron: lit. “banho”) em Ef 5:26 (cf. também 1 Co 6:11). Do ponto de vista gramatical, se­ ria igualmente possível entender “renovação” como sendo dependente da preposição mediante (Gr. dia: lit. “através de”) e paralelo ao lavar. Segundo esta exegese, Paulo estaria fazendo distinção entre dois processos, o lavar do batismo propriamente dito, e a subsequente restauração efetuada pelo ESPÍRITO SANTO. A tradução adotada, no entanto, que en­ tende renovador em estreita conexão com o lavar, conserva melhor o equilíbrio da frase; e o fato de que o pensamento paulino, e o pensa­ mento cristão primitivo, geralmente vinculam o ESPÍRITO estreitamente com o batismo, é decisivo em seu favor.
Segundo esta interpretação, o efeito do batismo é primeiramente definido em termos de regeneração (Gr. paliggenesia), ou “regeneração.” Os estóicos usavam esta palavra para denotar as restaurações periódicas do mundo, e em Mt 19:28 (sua única outra ocorrência no N.T.) é usa­ da escatologicamente acerca do novo nascimento da criação na era messiânica. Nas religiões de mistério denotava o renascimento místico experimentado pelos iniciados. Embora Paulo não o empregue noutros lugares, o conceito do batismo como sendo um novo nascimento era ensinado explicitamente por outros escritores do N. T. (cf. Jo 3:3-8; 1 Pe 1:3, 23), e ele mesmo fala dos cristãos morrendo e ressuscitando juntamente com CRISTO no batismo (Rm 6:4) e sendo doravante filhos de DEUS (Rm 8:14).

1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito - J. N. D. Kelly - Novo Testamento - Vida Nova - Série Cultura Cristã.