Lição 2 - O Evangelho da Graça 2 Parte

Lição 2 - O Evangelho da Graça 2 Parte

 
A PRIMEIRA EPISTOLA A TIMÓTEO - William Hendriksen, 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito, São Paulo: Cultura Cristã, 2001, p. 191-6 (Comentário do Novo Testamento) 
1. Em meu caminho para a Macedônia, insisti com você para que permanecesse em Éfeso. Escrevendo, pois, a seu confiável amigo, Paulo imediatamente expressa o que ele considera a mais premente necessidade, ou seja: que Timóteo, por todos os meios, continuasse trabalhando em Éfeso a fim de dar seguimento à batalha em prol da verdade. E quase desnecessário enfatizar que o apóstolo não estava interessado em que Timóteo simplesmente continuasse em Éfeso, mas que sua permanência ali fosse com o objetivo de corrigir o que estava errado. E preciso observar que Paulo insiste com Timóteo para continuar em Éfeso. É uma maneira mais forte de expressá-lo (mais forte que ficar) e provavelmente implique também que os dois tivessem estado juntos em Éfeso.
“Timóteo”, diz Paulo, “você deve continuar em Éfeso”, e com este propósito: a fim de ordenar a certos indivíduos a não ensinarem diferentemente. “Certos indivíduos”, diz Paulo. Ele omite propositadamente os nomes (com o intuito de poupá-los?). O fato de mencionar nomes de forma definida no versículo 20, porém não no versículo 3, tem dado lugar à opinião de que esses “indivíduos” do versículo 3 não incluem homens tão avançados no erro como Himeneu e Alexandre. Aliás, é verdade que o apóstolo era uma pessoa de muito tato, e poderia ter-se expresso de forma definida pelas razões dadas por esses intérpretes. (Alguém poderia comparar 2Ts 3.11, 15, onde os “intrometidos”, acerca dos quais Paulo expressa o desejo de que sejam tratados como “irmãos”, são mencionados de um modo igualmente indefinido; ver C.N.T. sobre essa passagem). Não obstante, o argumento em prol da exclusão de Himeneu e Alexandre está longe de ser conclusivo. Lendo repetidas vezes - regra exegética a que se fez referência insistentemente na presente série deste comentário, o leitor chega à conclusão de que a expressão “certos indivíduos”, no versículo 3, é suficientemente ampla e forte para incluir ainda os nomes mencionados no versículo 20. Porque é preciso que se note que o que se diz nos versículos 6 e 7 sobres esses “certos indivíduos” do versículo 3 não é de modo algum suave: “querendo ser mestres da lei, quando não compreendem nem o que dizem nem o que afirmam tão categoricamente.” Além do mais, no versículo 19, o apóstolo está ainda (ou novamente) falando de “alguns indivíduos.” E prossegue: “Entre eles estão Himeneu e Alexandre” (v. 20). É natural crer que a expressão “certos indivíduos” do versículo 3 e “certos indivíduos” do versículo 19 se refiram às mesmas pessoas, e que desse grupo Himeneu e Alexandre são os piores representantes, os lí­ deres. Com base nessa suposição, a referência indefinida (tanto no v. 4 quanto no v. 19) se deve provavelmente a um a ou mais das seguintes razões:
a. O grupo inclui não só alguns que devem ser nomeados, mas também vários que não é necessário nomear ainda os casos menos graves.
b. Timóteo, por viver justamente entre essas pessoas em Éfeso, naturalmente está mais capacitado que Paulo (que está na Macedônia) para dizer quem pertence ou não ao grupo.
c. O grupo não é grande; por isso, “certos indivíduos”, ou simplesmente “alguns”, não “muitos”.
d. Os que pertencem a esse grupo não são tão importantes como pensam. Não são “mandachuvas”, mas simplesmente “certos indivíduos” . Esta explicação concorda com o que o apóstolo diz deles no versículo 7.
Ora, ainda que esses “certos indivíduos” queiram ser “doutores da lei” (v. 7), na realidade não passam de mestres de novidades. Estão ensinando diferentemente, ou seja, ensinando algo “diferente”, ou, traduzido um pouco mais livremente, “doutrina diferente” . (Cf. ITm 6.3; também Inácio, A Policarpo III.)
Lembramo-nos imediatamente da severa mensagem de Paulo aos Gálatas: “Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão depressa aquele que os chamou pela graça de CRISTO, para seguirem um evangelho diferente - o qual, na realidade, não é outro” (Gl 1.6, 7). Certas pessoas vivem sempre ansiosas para dar as boas-vindas a tudo o que é novo ou diferente. Como os atenienses de outrora que “de nenhuma outra coisa cuidavam senão em dizer ou em ouvir algo novo” (At 17.21). Deleitavam-se em medir sua força contra tudo aquilo que consideravam antigo ou fora de moda. As vezes ainda encontramos essa tendência nas universidades e seminários, onde algumas mentes imaturas, que apenas iniciaram um estudo sistemático do antigo e já estabelecido, proclamam estridentemente o novo, acerca do que nada sabem. Geralmente, o que eles consideram “novo” é heresia antiga vestida de trajos novos. É preciso estar alerta diante de toda nova descoberta que sirva para progresso do conhecimento, e o anseio por preservar tudo o que há de bom e antigo. Os seguidores do erro em Éfeso careciam do senso de cuidadoso escrutínio e cautelosa ponderação. Para tais pessoas, pois, Paulo tem uma mensagem que Timóteo tinha de passar adiante para eles. Sua responsabilidade era acusá-los ou ordenar-lhes que desistissem.
2. Não só devem desistir de ensinar o erro, mas também de pensar de forma distorcida, porque o primeiro é resultante do segundo. Os indivíduos em questão ocupavam a mente com novidades nocivas. Por isso Paulo prossegue: a não dedicar-se a muitos e genealogias intermináveis. Esse era o problema. Tais pretensos doutores da lei estavam se dedicando à tarefa de volver (a mente) para (de TTpoaéxw com vovv implícito) “mitos e genealogias”. A expressão “mitos e genealogias” é una. Não deve ser dividida como se Paulo estivesse pensando nos mitos, de um lado, e nas genealogias, do outro. Indubitavelmente, o apóstolo está pensando nos suplementos da lei de DEUS (ver v. 7), meros mitos ou fábulas (2Tm 4.4), casos de velhas caducas (ITm 4.7) que eram definidamente de caráter judaico (Tt 1.14). Medido pela regra da verdade, o que esses seguidores do erro ensinavam merecia o nome de mitos. Quanto ao conteúdo material, esses mitos tinham que ver com relatos genealógicos que, em grande medida, eram fictícios. Prontamente sentimos que aqui nos introduzimos na esfera do saber tipicamente judaico. É um fato notório que desde os tempos mais antigos os rabinos “contavam suas histórias” - e quão intermináveis eram! - com base no que consideravam algum “sinal” fornecido pelo Antigo Testamento. Tomavam um nome de uma lista genealógica (por exemplo, de Gênesis, 1 Crônicas, Esdras ou Neemias) e a partir daí formavam uma bela história. Esses adornos intermináveis que agregavam ao relato sagrado eram parte do “menu” regular da sinagoga, e posteriormente foram postos na forma escrita na porção do Talmude que se conhece como Haggadah. O Livro dos Jubileus (também chamado O Pequeno Gênesis) oferece outro notável exemplo do que Paulo tinha em mente. É uma espécie de comentário haggádico sobre o Gênesis canônico; ou seja, uma exposição salpicada com uma abundante provisão de anedotas ilustrativas. Esse livro provavelmente tenha sido escrito em fins do 2.° século ou princípios do 1,° a. C. Abarca toda a era desde a criação até a entrada em Canaã. Essa extensa peça se divide em cinquenta jubileus de 49 anos (7x7) cada um. Aliás, toda a cronologia está baseada no número 7, e para esse arranjo se reivindica a autoridade celestial. Assim não só a semana tem 7 dias, o mês 4x7 dias, mas ainda o ano tem 52x7 = 364 dias, a semana de anos tem 7x7 anos e o jubileu tem 7x7 = 49 anos. Os acontecimentos em separado referentes aos patriarcas, e outros, são insignificantes de conformidade com esse esquema. A narrativa sagrada de nosso livro canônico de Gênesis é adornada, às vezes quase a ponto de ficar irreconhecível. Em todas as épocas existem pessoas que se deleitam em entregar-se a tais misturas estranhas de verdade e erro. Chegam até mesmo a crer que essas adulterações são de suprema importância. Mantêm extensos debates sobre datas e definições. Em vez de pôr de lado todo esse refugo sincrético, descobrem finas distinções e se engalfinham em disputas minuciosas. Empilham mitos sobre mitos, fábulas sobre fábulas, e o fim se perde de vista. Assim a lei de DEUS é invalidada pela tradição humana (cf. Mt 15.6), e o quadro pintado no original sagrado é distorcido de forma grotesca. Em nossos dias, o mesmo erro se mostra em formas muito diversas. Em vez de estudar-se a Palavra infalível, alguns recorrem a toda sorte de fantasias milenistas, ou preferem ver na tela um embelezamento antibíblico da história de José, com ênfase especial, naturalmente, no famoso incidente em conexão com a mulher de Potifar; ou um suplemento igualmente antibíblico da história de Sansão, com ênfase exagerada, naturalmente, em sua Dalila. Ora, é verdade que há um lugar legítimo para o exercício do dom da imaginação. Há lugar para a dramatização, sim, até mesmo para as fábulas e os contos de fada. Os adultos, da mesma forma que as crianças, podem desfrutar do “Pinheiro” de Hans Andersen e levar a sério suas lições. Mas se alguém começa a misturar a história sagrada com a ficção, e isso para o efeito teatral, para um prazer grotesco, uma em ação inebriante, ou a satisfação da vão curiosidade, está distorcendo a própria essência e o propósito do registro sagrado.
A lei de DEUS não foi dada com o fim de que, os que arrogam para si o título “doutores da lei”, possam “brilhar” aos olhos do público, ou com o fim de que o próprio público seja “entretido” com mitos intermináveis e histórias genealógicas e fictícias que antes geram disputas do que a administração centrada na fé requerida por DEUS (literalmente, “a mordomia de DEUS, a que é da fé”). Tem-se observado corretamente que o ensino de um a pessoa deveria ser julgado por seus frutos. Tudo o que deixa de promover a administração deveria ser rejeitado ainda quando não tivesse outra falha. E tudo o que não gera outra coisa senão disputas merece dupla condenação. O verdadeiro objetivo de todo líder e mestre do evangelho, o propósito e meta de todas as suas lutas, tem de ser a administração da fé requerida por DEUS”. Essa administração é o cuidado que o Senhor ordenou com respeito à casa ou a família de DEUS, a sábia administração e distribuição dos mistérios do evangelho para a edificação da igreja. Não há dúvida de que a palavra administração é usada aqui no mesmo sentido de 1 Coríntios 9.17: “uma administração a mim confiada.” Ver também Tito 1.7, onde o bispo é chamado administrador de DEUS; e 1 Coríntios 4.1, 2, onde o apóstolo refere-se a si mesmo e a seus associados como “despenseiros dos mistérios de DEUS”, e afirma que a qualificação primordial de um despenseiro é que seja fiel. As passagens do Novo Testamento em que aparece a palavra administração são Lucas 16.2-4; 1 Coríntios 9.17; Efésios 1.10; 3.2, 9; Colossenses 1.25 e 1 Timóteo 1.4 (a que ora estamos considerando). A palavra parece referir-se ao ofício que se recomenda ao administrador e/ou à administração ativa dos negócios por uma pessoa que exerce o ofício. “Mordomo é literalmente o administrador de uma casa ou de um estado (Lc 12.42; 16.1, 3, 8; ICo 4.2; Gl 4.2). Não obstante, amiúde aparece o sentido figurado. No sentido mais elevado do termo, o mordomo é um administrador dos tesouros espirituais (IC o 4.1; Tt 1.7).28 5. Ora, essa administração divinamente ordenada, administração essa que tem sua origem em DEUS e, consequentemente, é demandada por ele, está centrada no exercício ativo da fé, cujos frutos ela procura multiplicar. Por isso sua meta é o amor e não uma demonstração fútil de conhecimento especulativo. Paulo prossegue: enquanto o propósito da responsabilidade é o amor. Timóteo foi incumbido de transmitir uma responsabilidade à igreja de Éfeso, que transmitisse uma mensagem que tinha referência especial a “alguns indivíduos” (ver o v. 3). Essa responsabilidade, podemos estar certos, não se limitava estritamente a ordens negativas, tais como: “Não ensine o que difere do evangelho integral, e não perca tempo com fábulas e fantasias genealógicas.” Naturalmente que o negativo implicava o positivo: “Testifique do evangelho puro e exerça uma fé viva no Senhor JESUS CRISTO, um a fé opere por meio do amor”. Considerado assim, essa responsabilidade é de fato a suma e substância de toda exortação cristã, especificamente, de toda pregação optativa. O amor é o cumprimento da lei (de ambas as tábuas, Mc 12.30, 31) e a essência do evangelho. Por isso, o que se declara nessa passagem está em íntima harmonia com outra grande afirmação de Paulo: “Porque em CRISTO JESUS nem circuncisão nem incircuncisão tem efeito algum, mas a fé que atua pelo amor” (Gl 5.6). Note também a ênfase sobre o amor em outras passagens em 1 Timóteo, tais como 1.14; 2.15; 4.12; 6.11. Esse amor poderia ser acolhido como um deleite pessoal em DEUS, .uma grata entrega a ele de toda a personalidade, um profundo anelo pela prosperidade de seus redimidos, e um sincero desejo pelo bem estar temporal e eterno de suas criaturas. Não obstante, é muito melhor a exposição que Paulo faz de seu significado em 1 Coríntios 13 Ora, nem tudo o que se chama amor é realmente amor. Daí, o apóstolo especifica que está pensando no amor que procede de um coração puro, de uma sã consciência e de uma fé sem hipocrisia. Quando um pecador é atraído a CRISTO, o primeiro a ser regenerado é o coração. O resultado é que a consciência do homem começa a importuná-lo de tal modo que, dominado pela convicção, ele sente-se feliz por abraçar o Redentor por meio de um a f é viva e consciente. Daí ser plenamente natural a seqüência: coração, consciência, fé . Além do mais, é claramente evidente por que o apóstolo declara que esses três - e nesta ordem - dão origem ao amor. Quando o DEUS de amor (amor é seu próprio nome, l Jo 4.8) implanta sua nova vida no coração do homem, este chega de forma natural a ser um coração amoroso. Uma consciência isenta de culpa e obediente à lei de DEUS começará a aprovar somente aqueles pensamentos, palavras e ações, passados ou futuros, que estejam em harmonia com o propósito único que resume a lei, a saber: o amor. Uma fé genuína, que abraça a CRISTO e todos os seus benefícios, dará como resultado o amor genuíno para com o benfeitor e para com todos os que se acham incluídos em seu amor. Por isso, Paulo fala de “um amor (que procede) de um coração puro, uma sã consciência e um a fé sem hipocrisia” . O coração é a sede dos sentimentos e da fé, tanto quanto a mola mestra das palavras e ações (Rm 10.10; cf. Mt 12.34; 15.19; 22.37; e ver C.N.T. sobre João 14.1). E a medula e o cerne do ser humano, o ser íntimo do homem. “Porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). “O homem vê o exterior, porém o Senhor vê o coração” (ISm 16.7). Ora, o propósito da responsabilidade que promana do evangelho é o amor que flui de um coração puro. O coração é puro quando experimenta a obra purificadora do ESPÍRITO SANTO (SI 51.10, 11). Quando isso ocorre, então começa a vir à tona um amor fervoroso (lP e 1.22). Consciência é a intuição moral do homem, seu ego moral no ato de julgar seu próprio estado, suas emoções e seus pensamentos, bem como suas palavras e ações, quer do passado, do presente e do futuro.29 É tanto positiva quanto negativa. Aprova e condena (Rm 2.14, 15).
A palavra usada no original e nos idiomas (estreita ou remotamente) relacionados tem o mesmo sentido quando analisada etimologicamente. Significa conhecimento juntamente com, conhecimento conjunto ou co-conhecimento: grego, auveíõi]OLç; latim, conscientia; inglês (do latim), conscience\ sueco, sam-vete; dinamarquês, sam-vittighed\ [português, consciência], Como, porém, esse co-entendimento deve ser interpretado? Alguns dizem: “E o conhecimento do homem unido ao conhecimento de DEUS, a voz interior do homem no ato de repetir a voz de DEUS, seu juízo pessoal que endossa o juízo de DEUS, seu espírito que testifica juntam ente com o ESPÍRITO de DEUS.” Outros arrazoam mais ou menos assim: “É o ego moral do homem que ecoa seu ego cognitivo Essa diferença de opinião não é tão importante a ponto de ser necessário ter em mente que, seja qual for a verdadeira história da maneira pela qual o termo se originou, seu significado, segundo a Escritura, de modo algum é obscuro. Não se pode ter dúvida de que “a consciência é a resposta do senso moral do homem à revelação divina acerca de si mesmo, de suas atitudes e atividades” (Rm 2.14, 15). É no crente que a consciência alcança sua meta mais elevada. Para o homem regenerado, a vontade de DEUS expressa em sua Palavra se torna “o Senhor da consciência, seu Guia e Diretor” (lP e 2.19).
A “boa consciência”, da qual o apóstolo fala aqui em 1 Timóteo 1.5, é mais do que meramente uma “consciência nítida”, É antes a consciência que:
a. é guiada pela revelação especial de DEUS como sua norma;
b. pronuncia juízos que são aceitos e emite ordens que são obedecidas;
c. produz “a tristeza segundo DEUS produz arrependimento que leva à salvação” (2Co 7.10), salvação essa por meio da qual “o amor de DEUS derramado em nosso coração, pelo ESPÍRITO SANTO que ele nos concedeu” (Rm 5.5). E o amor de DEUS evoca uma resposta de amor.
O aspecto positivo de um a consciência realmente “boa” é a fé, pois uma boa consciência não só abomina o erro, mas abraça o certo. Tal fé é verdadeira e genuína. Não é uma mera representação teatral, “um engano vil expresso com palavras pomposas”, uma mera máscara, como aquela sob a qual o ator se põe com intuito de ocultar sua verdadeira identidade. Estaria Paulo fazendo um contraste entre a fé viva com a “fé” (?) dos seguidores do erro? Seja como for, a fé em que ele está pensando é “um verdadeiro conhecimento de DEUS e de suas promessas reveladas no evangelho, e uma sincera confiança de que todos os meus pecados já foram perdoados por amor a CRISTO” (Compêndio ao Catecismo de Heidelberg, resposta 19). Essa fé resulta em amor.
Em suma, a substância do versículo 5 é esta: a essência da responsabilidade que lhe dou, Timóteo, e que por meio da pregação pública e a admoestação privada você deve dar a conhecer aos efésios é: “Orem e se esforcem diariamente para que obtenham um coração puro, uma sã consciência e uma fé sem hipocrisia, a fim de que esses três, operandojuntam ente em cooperação orgânica, produzam aquele amor que é a mais preciosa de todas as joias.”
3. Ora, sempre que este propósito primordial de toda pregação e de toda a obra do ministério cristão se perde de vista, produzem-se tristes resultados, como indica o apóstolo quando prossegue: objetivos dos quais certos indivíduos, havendo se extraviados, volveram -se à conversação fútil. Estes “certos indivíduos” são as pessoas a quem se faz referência no versículo 3. Diz-se que se extraviaram ou se têm extraviado (ver também  I Tm 6.21 e 2Tm 2.18) de seus objetivos adequados: um coração puro, uma sã consciência e uma fé sem hipocrisia. Naturalmente também erraram o verdadeiro destino, a meta final, a saber: o amor. São como atiradores que erram o alvo, como viajantes que nunca chegam a seu destino, porque se volveram para uma direção equivocada e não se preocuparam em observar a sinalização que se encontra ao longo da estrada. A vereda que tais pessoas têm seguido nem mesmo chega a ser um desvio que logo volta à estrada. Parece-se mais com um a rua sem saída além da qual existe um pântano de “conversação fútil”, raciocínio inútil, argumentação que não leva a lugar nenhum (cf. Tt 1.10), discussões áridas como o pó, arengas sobre fábulas fantásticas acerca de genealogias. Sim, sua jactanciosa sabedoria os fez cair, finalmente, na terra de ninguém, nas sutilezas cerimoniosas, no terrível pântano de ridícula minudência. E o dono desse lodaçal é... Satanás, que preside o comitê de boas-vindas (ITm 5.15). 7. E, por que esses homens se volveram para conversação fútil? Porque querem brilhar! Diz Paulo: querendo ser doutores da lei. Ora, em si mesmo o desejo de ser doutor do Antigo Testamento, particularmente da lei de Moisés, não é mau. O problema, porém, com esses homens, é que desejam alcançar o alvo ainda que não entendam as palavras [ou coisas] que usam nem os tem as sobre os quais discorrem com tanta confiança [ou, sobre os quais põem tanta ênfase]. Com satisfação, esses pseudodoutores esgrimiam suas palavras pomposas, seu vocabulário árido. Tudo isso, porém, não passava de mera altissonância, linguagem afetada e retumbante. Sempre que ouviam um a palavra impronunciável, logo a aprendiam de memória e a usavam para desfiar suas fábulas tediosas; eles mesmos, porém, não sabiam o sentido da última adição a seu vocabulário. Pior ainda, não entendiam os próprios temas sobre os quais dissertavam com absoluta segurança (cf. Tt 3.8). 8. Não obstante, para que ninguém pensasse que Paulo menosprezava o ensino e o estudo cotidiano da lei, ele acrescenta: Nós, porém , sabemos que a lei é excelente, se alguém faz uso legítimo dela. O melhor comentário disso é Romanos 7.7, 12: “Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum. De fato, eu não saberia o que é pecado, a não ser por meio da lei. Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a lei não dissesse: Não cobiçarás... Portanto, a lei é santa, e o mandamento é santo, justo e bom”. “Sabemos”, diz Paulo. Em outros termos, ele quer deixar gravado em Timóteo - e por meio dele nos efésios, particularmente nos que promoviam as doutrinas errôneas - que a proposição: “O estudo constante da lei é algo excelente”, não é nova. “Esta proposição”, o apóstolo parece dizer, “é um princípio amplamente conhecido, algo que todos sabemos muito bem.” Ler Salmos 19 e 119; Mateus 5.17, 18. Por certo, Paulo não quer dizer “todo e qualquer” uso da lei é admirável. Não, a lei é de grande valor prático somente “se alguém fizer dela uso legítimo”. Assim também alguém poderia dizer que a pregação é algo excelente, mas, naturalmente, nem toda pregação. Ela é algo excelente supondo-se que alguém saiba pregar. Quando a lei é sepultada sob um fardo de “tradições” que anulam seu próprio propósito (Mt 15.3, 6; Mc 17.9; então Mt 5.43), ou quando é usada como ponto de partida para contos fascinantes sobre os antepassados, ela perde seu poder. Como nos jogos públicos, recebe o prêmio somente quem competiu de acordo com as regras (cf. 2Tm 2.5), assim também a pessoa que a usa como deve ser usada. Daí Paulo prosseguir:
9a. Lembrando isto, que a lei não foi promulgada para o justo. Este era precisamente o ponto que os falsos mestres de Éfeso estavam ignorando. A razão por que gastavam o tempo com todo tipo de fábulas sobre os antepassados era que não haviam aprendido a reconhecer-se como pecadores diante de DEUS. Estavam “inchados”, eram arrogantes, jactanciosos, fúteis, confiantes em sua própria justiça (ver sobre o v. 7 acima; também sobre I Tm 6.4, 20; 2Tm 3.2; e cf. Tt 1.10; 3.5). Este era o grande pecado deles, como Paulo indica reiteradas vezes. Eram carentes de humildade, do senso de culpa. Essas pessoas podiam estudar a santa lei de DEUS com seus preceitos e mandamentos básicos, e podiam permanecer muito serenas diante de tudo isso, como se não lhes tocasse. Simplesmente liam (ou recapitulavam) até que chegassem a um nome próprio ou, talvez, a algum detalhe cerimonial. Então, repentinamente, se entusiasmavam! Agora podiam brilhar com suas histórias e espiritualizações. Em vez disso, deveriam ter-se sentido quebrantados pela lei, como, por exemplo, aconteceu com Paulo (ver comentário sobre o v. 15, e ver também Rm 7, especialmente os versículos finais). Essas pessoas, porém, criam que eram boas por natureza, não se consideravam más. Eram “justas” a seus próprios olhos, como os fariseus, com referência aos quais JESUS disse: “Não vim chamar justos, e, sim, pecadores” (Mt 9.13; e cf. Lc 15.7 e 18.9). Aliás, é bem provável que o apóstolo estivesse pensando no dito do Salvador em Mateus 9.13, quando escreveu na forma que o fez (a data em que os Evangelhos foram escritos nada tem a ver com isso, é claro). A possível conclusão é de alguma maneira fortalecida pelo que ele disse no versículo 15 deste capítulo: “Esta afirmação é fiel e digna de toda aceitação: CRISTO JESUS veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior.” Cf. também. Tito 3.5. Ora, é razoável que a lei - qualquer lei, naturalmente (ou seja, qualquer lei no tocante à moral), porém aqui com referência especial à lei de Moisés - não foi promulgada para o “justo”. Se sou tão bom que de forma natural guardo a lei, não necessito de lei (seja a lei de trânsito ou a lei dos dez mandamentos). Um dos propósitos primordiais, da lei de Moisés era levar os pecadores ao ponto de se sentirem totalmente quebrantados sob o fardo de seus pecados. Admitamos, porém, em prol do argumento, que esses pretensos líderes efésios e os que se agrupavam ao redor deles eram o que pretendiam ser, segundo a posição de Paulo; admitamos que em si mesmos fossem bons e justos, então com certeza a lei estaria sendo desperdiçada neles. Como pode ser ela um freio (Mc 10.20; SI 19.13) para quem pensa que não precisa ser refreado? Como pode ser ela um espelho que revela a imundícia (fonte do conhecimento do pecado, Rm 3.20 e Gl 3.24) para quem pensa que não tem mancha que precisa ser lavada? Como pode ser ela um guia (SI 119.105; 19.7, 8; cf. Rm 7.22) que aponte para as avenidas de gratidão para o livramento do pecado para quem em seu orgulho e arrogância (dos quais Paulo fala reiteradas vezes) está convencido de que não se extraviou?
9b, 10. Não, a lei não foi promulgada para esse gênero de pessoas mas para os transgressores e desobedientes, para os ímpios e pecadores, para os irreverentes e profanos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, para os imorais, os sodomitas, os sequestradores, mentirosos, perjuros e para todos quantos se opõem à sã doutrina. Era como se o apóstolo, ao referir-se às pessoas para quem a lei foi promulgada (aqui com referência particular à lei moral e divina), primeiramente os encadeia em termos gerais como transgressores e desobedientes, ímpios e pecadores, e em seguida desce aos detalhes, seguindo aproximadamente a ordem dos dez mandamentos. Os efésios seguidores do erro deveriam perguntar a si mesmos: “Esse não é um retrato exato de nós mesmos?” Paulo admitia que a lei era aplicável a ele mesmo. Os mestres da falsa doutrina, da região de Éfeso, não admitiam nada. Essa era a diferença!
A primeira palavra apropriada que ele usa é transgressores. Os transgressores, aqui, não são as pessoas que ignoram a lei, mas as que vivem como se não houvesse lei (ver C.N.T. sobre 2Ts 2.3). Simplesmente vivem fazendo o que agrada a si próprias. E assim vivem separadas da lei e são contrárias a suas exigências básicas. Estaria Paulo pensando em si mesmo (como pessoa incluída no grupo) e em sua vida pregressa? (Cf. Rm 7.9.) Para poder fazer uma exegese adequada dessa porção, deve-se ter em mente que nos versículos que vêm imediatamente em seguida o apóstolo faz reiterada referência a si próprio e a sua vida pecaminosa (vv. 13, 15, 16). Além do mais, um texto deve ser interpretado à luz de seu contexto. Do contrário nossa interpretação perde a unidade. Ora, os transgressores são também insubordinados. Eles se negam a pôr-se sob o governo do DEUS que promulgou a lei. Na vida cotidianamente prática, isso significa que, negativamente falando, tais pessoas são ímpias, irreverentes, profanas, uma palavra que no uso paulino se aplica até mesmo aos eleitos enquanto (ou até onde) ainda vivam em harmonia com o princípio da incredulidade. São, pois, “profanos”, ainda que pela graça soberana de DEUS tenham sido (ou em algum momento de sua vida serão) justificados (Rm 4.5; 5.6). Paulo, naturalmente, se colocaria entre eles. Positivamente falando, tais indivíduos são pecadores por natureza erraram o rumo ou o alvo de sua existência, a saber, a glorificação consciente de DEUS. Paulo de forma bem definida e explícita nos diz que se inclui nesse rol; note o versículo 15 (que provavelmente já estava no pensamento do autor, quando escreveu o versículo 9): “CRISTO JESUS veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.”A lei, pois, foi promulgada para os transgressores e insubordinados ou desobedientes, para os ímpios e pecadores, com o fim de sacudi-los até o mais profundo âmago de seu ser, e espantá-los de qualquer autocomplacência que porventura restasse neles. Ela foi promulgada para que o homem inquieto sinta uma maior inquietude, de modo que clame desesperançado de si mesmo: “Miserável homem que eu sou. Quem me livrará?” (Rm 7.24; e cf. Rm 3.20). O apóstolo então faz uma síntese da lei dos Dez Mandamentos. O resumo revela claramente que não há lugar em Sião para alguém sentar-se em repouso (menos ainda para os seguidores do erro que havia em Éfeso), dominado pelo senso de segurança, de tal modo que agora passe a usar a lei com perfeita compostura como uma espécie de palavras cruzadas ou como matéria-prima para a fabricação de interessantes histórias sobre os antepassados. Por conseguinte:
Em primeiro lugar o apóstolo declara que a lei foi promulgada “para os homens irreverentes e profanos” . A palavra irreverente, que no Novo Testamento só aparece aqui e em 2 Tessalonicenses 3.2, e aqui no versículo 9 está associada a profano, é muito adequada num contexto que descreve os que são negligentes em seus deveres para com DEUS. Em Gorgias (507B), Platão representa Sócrates como que dizendo: “E outra vez, quando alguém está fazendo o que é adequado em relação aos homens, faz o que é justo; (quando faz o que é correto) em relação aos deuses, (faz o que é) santo (ocua)”. Semelhantemente, em 2 Macabeus 7.34, Antíoco Epífanes, que por todos os meios tentou destruir a religião de Jeová, é chamado “homem profano”. O que se expressa negativamente no adjetivo “irreverente” se expressa positivamente no adjetivo profano caminhar, dar um passo, pisar). O que é profano pode ser pisado. É como em nosso idioma indica: “em frente do templo”, ou seja, ‘ fora do templo” (pro = diante ou fora dt,fanum = templo, santuário). Uma pessoa profana é alguém que não se refreia ou não vacila em pisotear o que é santo. O adjetivo é usado em relação a coisas em 1 Timóteo 4.7; 6.20; 2 Timóteo 2.16 (ver comentário sobre essas passagens) e em relação a pessoas nessa passagem e em Hebreus 12.16. Essa passagem menciona a pessoa tipicamente/? Ex.: Esaú, que por uma simples comida vendeu sua primogenitura com suas implicações messiânicas. Portanto, é plenamente natural presumir que, quando Paulo faz menção de pessoas irreverentes e profanas, ele esteja pensando naqueles que ridicularizam a própria ideia de que há unicamente um DEUS verdadeiro, e naqueles que negam que esse DEUS é um ESPÍRITO de perfeição infinita, que seu nome, ou o nome de CRISTO, deve ser reverenciado e que seu dia deve ser observado. Os que são irreverentes e profanos escarnecem dos quatro mandamentos da primeira tábua da lei. Que ninguém diga que Paulo se excluiu desse rol (ver v. 13 e At 26.11) ou a qualquer outro pecador.
Em segundo lugar, essa lei foi promulgada “para parricidas e matricidas”. O pecado assinalado aqui é um a flagrante violação do seguinte mandamento do decálogo: “Honre seu pai e sua mãe, para que se prolonguem seus dias na terra que o Senhor, seu DEUS, lhe dá” (Êx 20.12). Além disso, a lei declarava especificamente: “Quem ferir seu pai ou sua mãe será morto” (Êx 21.15). Ora, se o simples golpear o pai ou a mãe levaria a pena de morte, quanto mais feri-los (dar-lhes um golpe destrutivo, matá-los)! Não obstante, o pecado maior, em cada caso, inclui o menor. Aqui se condena qualquer forma de negligência em honrar os pais. Nenhum pecador escapa.
Em terceiro lugar, a lei visava aos “homicidas”. Literalmente, o original aqui tem “para os homicidas involuntários”. Não obstante, a expressão em nosso idioma é ambígua, e poderia ser tomada como uma referência a quem mata sem intenção, embora ilicitamente. Contudo, o original se refere a todo aquele que tira a vida de outra pessoa. Tem referência a todo e qualquer homicídio. O mandamento violado é o sexto: “Não matarás” (Êx 20.13). Veja interpretação de CRISTO, Mateus 5.21-26. Como teria magoado Paulo escrever isso! Trouxe a sua mente lembranças do passado, de seu próprio passado (At 9.1, 4, 5; 22.4, 7; 26.10).
Em quarto lugar, a lei foi estabelecida “para as pessoas imorais, sodomitas”. Isto se refere claramente aos que violam o sétimo mandamento: “Não adulterarás” (Êx 20.14). Note que aqui também (assim como as frases “para os ímpios e pecadores”, “para os irreverentes e profanos”) a descrição negativa (imorais) precede a positiva (sodomitas). A violação indicada é, primeiro, “fornicação” ou imoralidade, muito inclusiva; o segundo é “sodomia”, muito flagrante. Como é verdade com respeito a nossa própria palavra fornicação, assim também com respeito à palavra grega, o sentido, ainda que a princípio restrito, gradualmente adquire um significado mais inclusivo, de modo que na presente passagem é simplesmente imoralidade sexual em toda e qualquer forma que ocorra. Em Efésios 5.5, o fornicário ou imoral é mencionado junto com o imundo ou impuro. Cf. Também Hebreus 13.4. De acordo com Mateus 5.27, 28, qualquer pensamento impuro é um a forma de “adultério” . Que pecador não é culpado? Paulo menciona em 1 Coríntios 5.1 um caso horripilante de imoralidade. O mundo pagão estava repleto de tais vícios, porém o caso mencionado em Coríntios é de tal parte como algo que “nem mesmo se nomeia entre os pagãos”. Imediatamente depois de “imorais”, Paulo menciona os “sodomitas” . A palavra empregada no original é composta de duas partes: homem e leito (particularmente o leito matrimonial). Portanto, a referência é diretamente aos homossexuais masculinos; em outros termos, aos sodomitas (cf. Gn 19.15), “que cometem atos vergonhosos homens com homens” (Rm 1.27; 1 Co 6.9); indiretamente, a referência é a todos os homossexuais, masculinos e femininos.
Em quinto lugar, a lei foi instituída “para os sequestradores” . No Novo Testamento, a palavra ocorre somente aqui. Sua origem é bastante incerta, ainda que, considerando seus componentes, alguns a façam derivar da ideia verbal “apanhar um homem pelo pé”. Mas, seja qual for sua origem, ela se refere clara e primariamente a “mercadores de escravos” e assim, por extensão, a todos os “ladrões de homens” ou “sequestradores”. O apóstolo está pensando numa horrível violação do oitavo mandamento: “Não furtarás” (Êx 20.15; quanto ao roubo de homens, ver Êx 21.16; Dt 24.7). Certamente também os que entram nos lares de cristãos, levando presos os que são de “O Caminho”, quer homens quer mulheres, estão incluídos, a despeito do fato de que podem portar consigo cartas do sumo sacerdote (cf. At 9.1, 2)1 Sim, estão implícitos os ladrões de homens de todo matiz ou cor. Paulo está incluído, e por uma legítima extensão da ideia, também está toda pessoa que tem infringido os direitos ou liberdades de seus semelhantes. Que pecador está livre?
Em sexto lugar, essa lei foi feita “para os mentirosos e perjuros”. Certamente o apóstolo está pensando no nono mandamento: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx 20.16). Não obstante, segundo a visão de Paulo, não só os cretenses são mentirosos (Tt 1.12), mas, por natureza, todo homem é mentiroso (Rm 3.4). De acordo com o uso bíblico do termo, mentiroso não é apenas o indivíduo que realmente expressa algo que não confere com a verdade, mas também aquele que cujas ações e atitudes não se harmonizam com sua confissão (I Jo 2.4; 4.20). O arquimentiroso de todos é o diabo (ver C.N.T. sobre João 8.44, 55). Seu mais ardente discípulo, o anticristo, é também um mentiroso (1 Jo 2.22; e ver C.N.T. sobre 2Ts 2.9, 10). “Perjuros” são todos quantos são culpados de afirmar solenemente (“pelo meu nome”, Lv 19.12), o que é falso com a intenção de causar dano ao próximo; ou aqueles que, ao fazerem um voto solene, não têm a intenção de cumpri-lo. Essa é a mais espantosa forma de pecado contra o nono mandamento, assim como o sequestro é a mais vergonhosa manifestação de pecado contra o oitavo, e a sodomia, um horrível exemplo contra o sétimo. Naturalmente, como nos casos anteriores de violações contra a lei moral, assim é aqui: o pecado mencionado inclui pecados que conduzem a este e a todos os pecados relacionados com ele. O Senhor denunciou o desígnio egoísta dos fariseus em restringir o sentido do mal de forma a achar-se culpado somente aquele que não cumpria uma promessa em relação à qual houvesse alguém pronunciado literalmente o nome de DEUS (Mt 5.33-37). Se nos lembrarmos de que o pecado de jurar falso às vezes era cometido com o fim de obter-se a posse da propriedade do próximo, é evidente que não é tão absurda a teoria de que, ao mencionar essa violação particular da lei moral, Paulo não só está pensando no pecado contra o nono, mas também contra o décimo mandamento: “Não cobiçarás a casa do teu próximo... nem coisa alguma que pertença ao teu próximo” (Êx 20.17). O perjúrio tem com frequência (talvez pudéssemos dizer sempre) sua raiz na cobiça. Uma vez dada uma atitude geral e mais detalhada das pessoas para as quais a lei foi promulgada, o apóstolo agora acrescenta “e para tudo quanto é contrário à sã doutrina”. Na forma como DEUS os vê, nenhum pecador e nenhum pecado pode escapar, e muito menos os efésios seguidores do erro. A única pessoa para quem a lei não tem vigor é o justo, o seguidor do erro tal como ele se vê. Quanto aos demais, a lei condena a todos e a cada um, fazendo com que ele sinta a sentença de condenação. Ela está estabelecida (Keitca) para todo aquele que se põe contra a sã doutrina. Esta doutrina corresponde à teoria e à prática. Portanto, todo pecado é um pecado contra a sã doutrina. E esta doutrina é qualificada de sã, donde vem nossa palavra higiênico, porque promove a saúde espiritual. Ver também 2 Timóteo 4.3; Tito l .9; 2.1; então Tito 1.13; finalmente, 1 Timóteo 6.3; 2 Timóteo 1.13. Isto não causa surpresa, porquanto seu ensino está em harmonia com o glorioso evangelho do DEUS bendito. A sã doutrina exige que o homem guarde a lei de DEUS. Também declara que por natureza ele não pode guardá-la. Portanto, ele revela sua total perdição, sua condição completamente pecaminosa. Naturalmente que isto nos lembra (é “de acordo com” ou “em harmonia com ”) o evangelho, porque a mensagem central deste é: “CRISTO JESUS veio ao mundo para salvar os pecadores” (v. 15). Que glorioso evangelho é este! É glorioso porque exibe a glória dos atributos divinos. (Ver C.N.T. sobre João 1.14.) Declara a justiça, a graça, o amor, etc. “do DEUS bendito.
William Hendriksen, 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito, São Paulo: Cultura Cristã, 2001, p. 191-6 (Comentário do Novo Testamento) 
 
Questionário da Lição 2 - O Evangelho da Graça
3º trimestre de 2015 - A Igreja E O Seu Testemunho - As Ordenanças De CRISTO Nas Cartas Pastorais
Comentarista da CPAD: Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Complete os espaços vazios e marque com"V" as respostas Verdadeiras e com"F" as Falsas, conforme a revista da CPAD.
 
TEXTO ÁUREO
1- Complete:
"[...] contanto que cumpra com alegria a minha _________________________ e o _________________________ que recebi do Senhor JESUS, para dar testemunho do evangelho da ________________________ de DEUS." (At 20.24).

VERDADE PRÁTICA
2- Complete:
O evangelho da ________________________ de DEUS é por excelência o evangelho da __________________________ do homem através do sacrifício ___________________________ de JESUS CRISTO.
 
I -AS FALSAS DOUTRINAS CORROMPEM O EVANGELHO DA GRAÇA
3- O que é o evangelho da graça?
(    ) É o Evangelho que nos revela a lei.
(    ) É o Evangelho libertador que CRISTO trouxe ao mundo, por bondade de DEUS, independente das obras humanas.
(    ) Paulo se referiu a esse Evangelho de maneira muito eloquente.
(    ) Ele conhecia esse Evangelho, não apenas na teoria, mas por experiência própria.
(    ) De modo inexplicável, o blasfemo e perseguidor dos cristãos, foi escolhido para ser um dos maiores pregadores do Evangelho de CRISTO.
 
4- Quais eram as falsas doutrinas (v.3) e quem as trazia?
(    ) Os falsos mestres seriam pastores, a quem cabia a tarefa de ministrar o ensino à igreja.
(    ) Os falsos mestres seriam presbíteros, a quem cabia a tarefa de ministrar o ensino à igreja.
(    ) As falsas doutrinas eram apresentadas como "fábulas ou genealogias intermináveis".
(    ) As "fábulas" (gr. mythoi) eram narrativas imaginárias, lendas, ficção. Na literatura, têm seu lugar. Mas, na Igreja, não deve haver espaço para fábulas ou mitos.
(    ) No texto, não fica claro qual o conteúdo das "genealogias", mas, ao lado das fábulas, eram ensinos que traziam especulações e controvérsias inúteis que não edificavam os irmãos em nada.
(    ) Timóteo foi o mensageiro, enviado por Paulo, para enfrentar e combater tais ensinos.
(    ) Há igrejas evangélicas que aceitam esse tipo de ensino e permitem que o emocionalismo tome lugar do verdadeiro avivamento espiritual.

5- Qual o "fim do mandamento" e a finalidade da Lei?
(    ) O fim do mandamento é nossa salvação e a finalidade da Lei é a graça.
(    ) Paulo chamou a atenção de Timóteo, seu enviado a Éfeso, para a doutrina de DEUS e de CRISTO, a que ele resumiu no "mandamento", e sua finalidade.
(    ) Paulo ensina acerca do objetivo da Lei, e para quem ela se destinava, discriminando, no texto, uma longa lista de tipos de pessoas ímpias que eram alvo dos preceitos legais.
(    ) "O evangelho é a expressão do amor de DEUS, em CRISTO JESUS, que alcança um homem no mais baixo nível de pecado e o faz uma "nova criatura".
 
II - A GRAÇA SUPERABUNDOU COM A FÉ E O AMOR
6- De que forma Paulo demonstra sua  Gratidão a DEUS?
(    ) Uma das características marcantes do caráter de Paulo é o ser grato a DEUS.
(    ) Uma das características marcantes do caráter de Paulo é ser insubmisso diante de DEUS.
(    ) Nesta parte da Epístola, ele expressa sua gratidão a CRISTO por tê-lo escolhido e posto no ministério apostólico e pastoral, apesar de ter sido um terrível opositor do Evangelho de JESUS.
(    ) É mais uma demonstração do que o "evangelho da graça de DEUS" pode fazer na vida de um homem. DEUS tem seus santos caminhos.
(    ) O evangelho é a expressão do amor de DEUS, em CRISTO JESUS, que alcança um homem no mais baixo nível de pecado e o faz uma "nova criatura", e mais, ainda, o faz parte da "família de DEUS" .
(    ) Paulo reconhece que "[...] a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em JESUS CRISTO" (1 Tm 1.14). Foi JESUS quem o salvou e o transformou mediante sua graça.
 
7- Como Paulo demonstra sua humildade diante de DEUS e dos homens?
(    ) Paulo tinha convicção de que fora salvo por seus méritos como estudioso da lei.
(    ) Paulo não era mais um novo convertido ou neófito quando escreveu suas cartas a Timóteo.
(    ) Paulo não estava usando de falsa modéstia quando declarou ser o principal pecador que JESUS veio salvar.
(    ) Paulo tinha convicção de que fora salvo pela graça, e não por seus méritos.
(    ) Mesmo na condição de salvo, o crente deve saber que não merecíamos o dom (presente) da salvação.
(    ) Como salvos em JESUS CRISTO, não temos mais prazer no pecado.
(    ) Aquele que ainda tem prazer no pecado, não experimentou o novo nascimento: "Qualquer que é nascido de DEUS não vive na prática do pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode viver pecando, porque é nascido de DEUS".
 
III - UM CONVITE A COMBATER O BOM COMBATE (vv. 18-20)
8- Como Paulo exorta Timóteo sobre a boa milícia?
(    ) Depois de orientar Timóteo sobre a difícil missão de combater os falsos mestres, na igreja de Filipos, Paulo dá uma palavra de ânimo, encorajamento e incentivo ao jovem evangelista.
(    ) Depois de orientar Timóteo sobre a difícil missão de combater as heresias, na igreja de Éfeso, Paulo dá uma palavra de ânimo, encorajamento e incentivo ao jovem pastor.
(    ) Como um verdadeiro "pai na fé", o apóstolo diz: "Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por elas boa milícia".
(    ) Paulo lembra a Timóteo que seu ministério foi confirmado por profecia.
(    ) Deduz-se, do texto, que as profecias eram tão consistentes, que Timóteo deveria militar "a boa milícia", ou o bom combate, com base naquilo que DEUS lhe havia falado.
 
9- Como é a rejeição da fé e suas consequências (1 Tm 1.5), quais obreiros entraram por esse caminho?
(    ) Quem rejeita "a fé não fingida" e a "boa consciência" cristã colhe os resultados de sua má escolha. O resultado é o "naufrágio na fé".
(    ) Paulo toma como exemplo Himeneu e Teófilo, obreiros que entraram por esse caminho.
(    ) Paulo toma como exemplo Himeneu e Alexandre, obreiros que entraram por esse caminho.
(    ) Quanto a Himeneu, sua postura é tão terrível que ele é citado em 2 Timóteo 2.17. Seu nome deriva de Himen, "deus do casamento", na mitologia grega.
(    ) Não se sabe ao certo qual "doutrina" falsa ele semeava. Estudiosos dizem que ambos eram representantes do gnosticismo no meio da igreja de Éfeso.
(    ) Com relação a Teófilo, aliado de Himeneu na semeadura das falsas doutrinas, era tão pernicioso, que Paulo o considera desviado ou "naufragado" na fé.
(    ) Com relação a Alexandre, aliado de Himeneu na semeadura das falsas doutrinas, era tão pernicioso, que Paulo o considera desviado ou "naufragado" na fé.
(    ) Sua influência era tão maliciosa que Paulo os entregou "a Satanás, para que aprendam a não blasfemar". Que o Senhor livre sua Igreja dos falsos mestres.
 
CONCLUSÃO
10- Complete:
O cristianismo nasceu debaixo de _________________________ e confronto com heresias e ensinos __________________________. Na consolidação de igrejas abertas em suas viagens missionárias, Paulo teve que oferecer ___________________________ e ação decidida contra os "_________________________ vorazes", que haveriam de surgir, até mesmo no seio das igrejas, como no caso da igreja de ________________________. Com a graça de DEUS e o apoio de homens fiéis, como Timóteo e Tito, o apóstolo Paulo fez frente aos ________________________ mestres que se levantaram para prejudicar o trabalho iniciado e desenvolvido em muitas igrejas cristãs. 
 
RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO EM http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm 
 
Referências Bibliográficas (outras estão acima)
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico Almeida Revista e Corrigida.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999.
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
www.ebdweb.com.br
www.escoladominical.net
www.gospelbook.net
www.portalebd.org.br/
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm