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ESBOÇO DA
LIÇÃO
I – ESTÊVÃO
E A IGREJA QUE TEM SUA FÉ CONTESTADA
1.
Aprendendo com Estevão
2. A fé sob
ataque
3. A
disputa com Estêvão
4. A falsa
narrativa
II –
ESTÊVÃO E A IGREJA QUE DEFENDE SUA FÉ
1. DEUS na
história do seu povo
2. Corações
endurecidos
III –
ESTÊVÃO E O MARTÍRIO DA IGREJA
1.
Contemplando a vitória da cruz
2.
Perdoando o agressor
TEXTO ÁUREO
“Mas ele, estando
cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos no céu, viu a glória de DEUS e JESUS,
que estava à direita de DEUS.” (At 7.55)
VERDADE
PRÁTICA
A igreja foi
capacitada por DEUS para enfrentar um mundo que é hostil à sua fé
e valores.
LEITURA
DIÁRIA
Segunda - Mt 10.16 Vivendo em um mundo hostil
Terça - At 20.24 Nada a temer na pregação do
Evangelho
Quarta - At 6.10 Capacitados com sabedoria para o
confronto
Quinta - At 6.11-13 Caluniados e difamados pelos
opositores
Sexta - Ap 2.10 Fiel até a morte nas perseguições
contra a fé
Sábado - At 7.60 Morrendo e perdoando pela fé
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE - Atos 6.8-15; 7.54-60
Atos 6.8- E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios
e grandes sinais entre o povo. 9- E levantaram-se alguns que eram da sinagoga
chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da
Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão. 10- E não podiam resistir à
sabedoria e ao ESPÍRITO com que falava. 11- Então, subornaram uns homens para
que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra DEUS.
12- E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, investindo com ele, o
arrebataram e o levaram ao conselho. 13- Apresentaram falsas testemunhas, que
diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo
lugar e a lei; 14- porque nós lhe ouvimos dizer que esse JESUS Nazareno há de
destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu. 15- Então, todos os
que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto
como o rosto de um anjo.
Atos 7. 54- E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu
coração e rangiam os dentes contra ele. 55- Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO
e fixando os olhos no céu, viu a glória de DEUS e JESUS, que estava à direita
de DEUS, 56- e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está
em pé à mão direita de DEUS. 57- Mas eles gritaram com grande voz, taparam os
ouvidos e arremeteram unânimes contra ele. 58- E, expulsando-o da cidade, o
apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem
chamado Saulo. 59- E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor JESUS,
recebe o meu espírito. 60- E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz:
Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.
Hinos Sugeridos: 418, 509, 515 da
Harpa Cristã
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SUBSÍDIOS
DA LIÇÃO – REVISTAS ANTIGAS E LIVROS
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 7, Estêvão - Um Mártir Avivado – CPAD – 1º Trimestre 2023
Comentarista: Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Vídeo https://youtu.be/4eeIPtbL9Co
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2023/01/escrita-licao-7-cpad-estevao-um-martir.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2023/01/slides-licao-7-cpad-estevao-um-martir.html
Resumo da Lição 7, Estêvão - Um Mártir Avivado
I – O TESTEMUNHO DE ESTÊVÃO
1. Estêvão usado por DEUS.
2. Uma covarde oposição.
3. A fúria dos acusadores.
II – A PRECIOSA MORTE DE ESTÊVÃO
1. Cheio do ESPÍRITO SANTO.
2. A violência dos acusadores.
3. O perdão no martírio.
III – O AVIVAMENTO NO SOFRIMENTO
1. Sofrimento e morte dos apóstolos.
2. O avivamento e sofrimento.
Observação – deus Renfã significa “a lua”, adoravam a Lua
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COMENTÁRIOS BEP - CPAD
7.2 IRMÃOS E PAIS,
OUVI. O discurso de Estêvão diante do sinédrio é uma defesa da fé propagada por
CRISTO e pelos apóstolos. Ele é o precursor de todos quantos defendem a fé
bíblica contra os que se opõem ao seu ensino ou o distorcem, e é o primeiro que
morreu por essa causa. JESUS vindica a ação de Estêvão, ficando em pé para
honrá-lo diante de seu Pai, no céu (v. 56). O amor de Estêvão à verdade e sua
disposição em dar a vida para salvaguardá-la, contrastam-se nitidamente com
aqueles que pouco se interessam por batalhar pela fé que uma vez foi dada aos
santos (Jd 3) e que, em nome do amor, da paz e da tolerância, não
vêem qualquer necessidade de oposição aos falsos mestres, nem àqueles que
distorcem o evangelho puro, em favor do qual CRISTO morreu (ver Gl 1.9 ).
7.38 A CONGREGAÇÃO NO
DESERTO. A congregação no deserto refere-se a Israel como o povo de DEUS. Em
hebraico a palavra traduzida por congregação é qahal e na Septuaginta (a
tradução grega do AT) o termo é ekklesia (i.e., assembleia ou igreja). (1)
Assim como Moisés conduziu a igreja do AT, CRISTO conduz a igreja do NT. A
igreja do NT designada descendência de Abraão (Gl 3.29; cf. Rm 4.11-18) e o Israel de DEUS (Gl 6.16) dá continuidade a igreja do AT. (2) Assim como a
igreja do AT, a igreja do NT está no deserto , i.e., é uma igreja peregrina,
longe da Terra Prometida (Hb 11.6-16). Por isso nunca devemos sentir-nos plenamente à
vontade quanto ao viver aqui nesta terra.
7.42 DEUS... OS
ABANDONOU. As palavras de Estêvão refletem um princípio bem estabelecido nas
Escrituras e na história da redenção. Aqueles que persistem em repudiar a DEUS,
não somente são abandonados por Ele, como também são entregues à influência do
mal, de Satanás e da imoralidade (cf. Rm 1.24,28). Ao contrário da crença popular, DEUS não
continuará demonstrando amor e perdão, caso não haja resposta da nossa parte.
Ele perdoa e comunica o seu amor somente àqueles que voltam-se para Ele com
arrependimento sincero e com verdadeira obediência. Para aqueles que endurecem
o coração; que sempre resistem ao ESPÍRITO SANTO e que se recusam a aceitar a
salvação divina, permanece somente a ira justa de DEUS (Rm 2.4-6,8).
7.44 SEGUNDO O MODELO.
DEUS sempre teve um padrão divino para ser seguido por seu povo. (1) DEUS tinha
um padrão para Moisés, que servia de norma segundo o antigo concerto. (a) Em Êx 12, DEUS deu a Moisés instruções específicas para a
primeira Páscoa no Egito, que se tornou padrão para todas as gerações
subsequentes dos israelitas. (b) Em Êx 20, DEUS deu a Moisés os Dez Mandamentos como padrão e
norma moral para todas as gerações subsequentes. (c) Em Êx 25, DEUS mandou Moisés levantar um tabernáculo no meio
do arraial de Israel como cópia e sombra das coisas celestiais e da redenção
que DEUS planejara levar a efeito através do Senhor JESUS CRISTO na terra.
Moisés fez cuidadosamente o tabernáculo e todos os seus pertences conforme...
modelo que DEUS estabelecera na sua sabedoria (Êx 25.9,40; cf. Hb 8.1-5). (2) Tão certamente como DEUS tinha um padrão para
o tabernáculo segundo o antigo concerto, Ele tem um padrão para sua igreja
segundo o novo concerto. Os apóstolos do NT não resolveram de modo arbitrário e
aleatório como a igreja seria constituída, porque o Pai e o Filho, mediante o
que o ESPÍRITO SANTO registrou nos Evangelhos, nos Atos dos Apóstolos, nas
Epístolas e nas cartas às sete igrejas (Ap 2.3), estabeleceu o padrão apostólico para a igreja. (3)
Infelizmente, depois da era apostólica, a igreja começou a apartar-se da
revelação divina e a modificar o padrão celestial de DEUS ao acomodar-se às
culturas e à organização, conforme as idéias humanas e terrenas. O resultado
tem sido a proliferação de padrões humanos impostos à igreja. (4) Para a igreja
de JESUS CRISTO experimentar novamente a totalidade do plano, poder, favor e
presença de DEUS, deve deixar de seguir seus próprios caminhos e voltar a adotar
o padrão apostólico do NT como a norma perpétua de DEUS para ela.
7.51 SEMPRE RESISTIS
AO ESPÍRITO SANTO. A história de Israel retrata um povo que repetidamente
rebelou-se contra DEUS e a sua Palavra revelada. Ao invés de se
submeterem às normas
da sua lei, os israelitas se voltaram para os caminhos e modo de vida das
nações ímpias ao seu redor. Mataram os profetas que os chamavam ao
arrependimento e que
profetizavam a respeito da vinda de CRISTO (vv. 52,53). É isto o que significa
resistis ao ESPÍRITO SANTO . Da mesma forma o Israel de CRISTO, sob o novo
concerto, deve estar consciente da sua tendência de proceder como o Israel de DEUS
do antigo concerto. As igrejas de CRISTO podem desviar-se dEle e da sua Palavra
e recusar-se a dar ouvido à voz do ESPÍRITO SANTO. Acontecendo isto, elas
incorrerão no juízo divino: o reino lhes será tirado (ver Rm 11.20-22; Ap 2,3).
7.56 O FILHO DO HOMEM,
QUE ESTÁ EM PÉ. A Bíblia normalmente fala de JESUS assentado à direita de DEUS
(2.34; Mc 14.62; Lc 22.69; Cl 3.1). Mas aqui, conforme a tradução literal do grego, JESUS
colocou-se de pé para dar as boas-vindas ao seu primeiro mártir que morria por
amor a Ele. Estêvão confessara a CRISTO diante dos homens e defendera a fé. Agora CRISTO, honrando o seu servo, confessa-o
diante do seu Pai celeste. O Salvador está em pé pronto para acolher, como
intercessor e advogado, o crente fiel que enfrenta a morte por Ele (cf. Marcos 8.38; Lc 12.8; Rm 8.34; 1 Jo 2.1).
O Discurso
de Estêvão
Estêvão está sendo
julgado diante do grande conselho da nação sob a acusação de blasfêmia. O
capítulo anterior relata que as testemunhas, sob juramento, afirmaram que ele
proferira palavras blasfemas contra Moisés e contra DEUS, pois ele falara
contra o santo lugar e a lei. Agora aqui:
I
O sumo sacerdote chama
Estevão para se defender (v. 1). Ele era o presidente e, nessa função, servia
de porta-voz do tribunal: “Tu, prisioneiro em julgamento, ouviste o que as
testemunhas, sob juramento, afirmaram contra ti. Porventura, é isto assim? O que
tu tens a dizer sobre isso? Tu falaste alguma palavra com este sentido? Se
falaste, tu te retratarás ou manterás o que disseste? És culpado ou inocente?”
Estas palavras faziam um espetáculo de justiça, mas ao que parece foram ditas
com ar de arrogância. Até aqui, o sumo sacerdote mostra ter prejulgado a causa
porque, se ele houver dito tais palavras, será certamente condenado como
blasfemador, seja qual for a justificativa ou explicação que dê ao
conselho.
II
Estevão começa sua longa defesa. Temos a
impressão de que ele foi interrompido abruptamente somente quando chegou ao
ponto principal (v. 50). Ele ter-se-ia estendido mais em suas palavras, caso
seus inimigos lhe tivessem dado a liberdade de dizer tudo o que tinha a dizer.
Em geral, podemos observar:
1. Que, neste
discurso, Estevão mostra ser homem preparado e poderoso nas Escrituras, estando
inteiramente equipado para toda boa palavra e toda boa obra. Ele relata de
improviso, sem consultar sua Bíblia, histórias muito pertinentes aos seus
propósitos. Ele estava cheio do ESPÍRITO SANTO, não tanto para lhe revelar
coisas novas, ou lhe mostrar os conselhos e decretos secretos de DEUS relativos
à nação judaica, a fim de convencer seus contraditores, mas para lhe trazer à
memória as escrituras do Antigo Testamento e lhe ensinar como fazer uso delas,
a fim de convencê-los. Quem está cheio do ESPÍRITO SANTO estará cheio das
Escrituras.
2. Que Estevão cita as
Escrituras de acordo com a tradução da Septuaginta, indicando que ele era um
dos judeus helenistas que usava essa versão nas sinagogas. Seguir esta versão
mostra variações com o original hebraico neste discurso. Os juízes do tribunal
não corrigiram estas diferenças, porque sabiam como ele as aprendera. Este fato
também não deprecia a autoridade do ESPÍRITO pelo qual ele falava, pois as
variações não são importantes. Temos uma máxima: Apices juris non sunt jura –
Meros pontos da lei não são a própria lei. Estes versículos levam esse
compêndio de história da igreja para o fim do Livro de Gênesis. Observe:
(1) O prefácio do
discurso de Estêvão: Varões irmãos e pais, ouvi (v. 2). Ele não lhes dá títulos
lisonjeiros, mas civis e respeitosos, dando a entender sua expectativa de
tratamento com justiça. Dos homens, ele espera ser tratado com humanidade, e de
irmãos e pais, ele espera que o tratem de modo paternalmente fraterno. Eles
estão prontos a considerá-lo apóstata da igreja judaica e seu inimigo. Mas,
para começar a convencê-los do contrário, ele se dirige a eles como varões,
irmãos e pais, determinando considerá-lo como um deles, embora não o fizessem.
Ele lhes solicita atenção: Ouvi. Embora estivesse a ponto de lhes contar o que
eles já sabiam, roga que ouçam suas palavras, porque, embora soubessem de tudo,
sem uma aplicação mental muito restrita, eles não saberiam aplicar estas
histórias ao caso sob julgamento.
(2) A introdução ao
discurso de Estevão (ainda que assim pareça ao leitor casual) está longe de ser
uma divagação longa apenas para divertir e entreter os ouvintes, contando-lhes
uma história antiga. Tudo era pertinente e ad rem – a propósito, para lhes mostrar
que o coração de DEUS não estava tanto naquele lugar santo e na lei quanto
estava o deles. Mas, assim como DEUS possuiu uma igreja no mundo muitos séculos
antes que aquele lugar santo fosse fundado e a lei cerimonial dada, Ele também
a possuiria quando essas duas coisas tivessem seu ponto final.
[1] Estêvão começa com
a chamada de Abraão de Ur dos Caldeus, pela qual ele foi separado para DEUS a
fim de ser o canal fiel da promessa e o pai da igreja veterotestamentária.
Sobre essa chamada, temos uma narrativa (Gn 12.1ss.) e uma referência (Ne 9.7,8). Seu país nativo era um país idólatra: a
Mesopotâmia (v. 2), a terra dos caldeus (v. 4). Por isso, DEUS o levou a duas
mudanças, a segunda não muito longe da primeira, lidando ternamente com ele.
Primeiro, Ele o tirou da terra dos caldeus para Harã, cidade a meio caminho de
Canaã (Gn 11.31). E dali, cinco anos mais tarde, depois que seu pai
faleceu, DEUS o trouxe para esta terra de Canaã, em que habitais agora. Pelo
visto, a primeira vez que DEUS falou com Abraão (v. 2), Ele apareceu em alguma
forma visível da sua presença, como o DEUS da glória, para estabelecer uma
relação com ele. Depois, Ele manteve essa relação e falava com ele de tempos em
tempos segundo cada ocasião, sem repetir suas aparições visíveis como o DEUS da
glória.
Em primeiro lugar,
sobre esta chamada de Abraão, observemos: 1. Em todos os nossos caminhos, temos
de reconhecer DEUS e atender às orientações da sua providência, como da coluna
de nuvem e de fogo. Não está escrito que Abraão se mudou, mas que DEUS o trouxe
para esta terra em que habitais agora (v. 4). Tudo que Abraão fez foi seguir
seu Líder. 2. Aqueles com quem DEUS faz um concerto, Ele os distingue dos
filhos deste mundo. Eles são verdadeiramente chamados para fora da pátria, da
terra da sua natividade. Eles têm de se libertar do mundo para viver acima dele
e de tudo que nele há, até das coisas que lhes são muito queridas. Eles têm de
confiar em DEUS para lhes compensar por estas coisas em outro país melhor, quer
dizer, na pátria celestial, a qual Ele lhes mostrará. Os escolhidos de DEUS têm
de segui-lo com uma fé e obediência, de certa forma, cega.
Em segundo lugar,
vejamos qual é serventia disso tudo para o caso de Estêvão. 1. Eles acusaram
Estêvão de blasfemar contra DEUS e de ser apóstata da igreja. Por isso, ele
mostra que é filho de Abraão, orgulhando-se de poder dizer: Abraão, nosso pai
(v. 2), e que é adorador fiel do DEUS de Abraão, a quem aqui ele chama o DEUS
da glória. Ele também mostra que possui revelação divina e que particularmente
por essa razão a igreja judaica foi fundada e corporificada. 2. Eles eram
orgulhosos de serem circuncidados. Por isso, ele mostra que Abraão foi levado
sob a orientação de DEUS e em comunhão com Ele, antes de ser circuncidado, fato
que ocorreu somente no versículo 8. Com este argumento, Paulo prova que Abraão
foi justificado pela fé, porque ele foi justificado quando era incircunciso. 3.
Eles tinham grande zelo por este santo lugar, cujo significado pode ser toda a
terra de Canaã, pois se chamava a terra santa, a terra de Emanuel. E a
destruição da casa santa inferia a destruição da terra santa. “Agora”, diz Estêvão,
“vós não deveis ter tanto orgulhoso disso, pois”: (1) “Vós saístes
originalmente de Ur dos Caldeus, onde vossos pais [...] serviram a outros
deuses (Js 24.2), e não fostes os primeiros plantadores deste país.
Olhai para a rocha de onde fostes cortados e para a caverna do poço de onde
fostes cavados”, ou seja, como diz a continuação do texto citado: “Olhai para
Abraão, [...] porque, sendo ele só, eu o chamei (Is 51.1,2). Refleti na mediocridade do vosso começo, vede como
estais completamente endividados com a graça divina e percebereis que o orgulho
para sempre foi excluído. Foi DEUS quem suscitou do Oriente o justo e o chamou
para o pé de si (Is 41.2). Mas, se a sua semente degenerar, sabei que DEUS
pode destruir este santo lugar e levantar outro povo, porque Ele não é devedor
a ninguém.” (2) “DEUS apareceu, em sua glória, a Abraão a grande distância
daqui, na Mesopotâmia, antes que ele chegasse perto de Canaã, antes mesmo que
habitasse em Harã, para que não penseis que as aparições de DEUS são limitadas
a esta terra. Aquele que trouxe a semente da igreja de um país do distante
Oriente pode, se quiser, levar os frutos dessa semente para outro país tão distante
quanto o Ocidente.” (3) “DEUS não tinha pressa em trazer Abraão para esta
terra, mas permitiu que ele se demorasse alguns anos ao longo do trajeto. Este
procedimento nos mostra que DEUS não tem o coração tanto nesta terra como vós
tendes o vosso, nem a sua honra ou a felicidade do seu povo está ligada a esta
terra. Portanto, não é blasfêmia nem traição dizer: ‘Esta terra será
destruída.’”
[2] O estado
itinerante de Abraão e sua descendência durante os muitos séculos depois que
ele foi chamado a sair de Ur dos Caldeus. DEUS realmente prometeu que lhe daria
a posse daquela terra e, depois dele, à sua descendência (v. 5). Mas, em
primeiro lugar, por muitos anos Abraão não teve filho, nenhum de Sara (não
tendo ele filho, v. 5). Em segundo lugar, Abraão foi peregrino e estrangeiro
naquela terra. DEUS não lhe deu nela herança, nem ainda o espaço de um pé (v.
5). Lá estava Abraão como em um país estrangeiro, sempre estando a ponto de se
mudar e não podendo dizer que era sua terra. Em terceiro lugar, por muito tempo
a descendência de Abraão não teve posse desta terra. Depois de quatrocentos
anos, seus descendentes virão e me servirão neste lugar (v. 7). Em quarto
lugar, a descendência de Abraão tem de passar por muitos sofrimentos e
dificuldades antes de receber a posse dessa terra. Seus descendentes serão
escravizados e maltratados em uma terra estranha. Não se tratava de castigo por
algum pecado, como foi a peregrinação no deserto, pois não encontramos nada nas
Escrituras que explique essa escravidão no Egito. DEUS assim designara e assim
devia ser. E ao término dos quatrocentos anos, calculado desde o nascimento de
Isaque, também eu julgarei a gente à qual servirão (Gn 15.14), disse DEUS. Isto nos ensina: 1. Que conhecidas são
por DEUS todas as suas obras (Atos 15.17,18). Quando Abraão não tinha nem herança nem herdeiro, DEUS
lhe disse que ele teria as duas coisas: a terra da promessa e o filho da
promessa. E assim aconteceu, e foram recebidas pela fé. 2. Que as promessas de DEUS, ainda que alguns a tenham
por tardia, são certas em seu cumprimento. Elas serão feitas realidade no tempo
certo, embora talvez não tão depressa quanto almejamos. 3. Que ainda que os
filhos de DEUS estejam passando por angústia e aflição durante certo tempo, por
fim DEUS os salvará e ajustará contas com aqueles que os oprimem. Pois deveras
há um DEUS que julga na terra (Sl 58.11).
Vejamos, porém, como
isto serve ao propósito de Estêvão. 1. A nação judaica, de cuja honra tinham
tanto zeloso, era muito insignificante em seus primórdios. Como Abraão, o seu
pai comum, foi mandado vir da obscuridade de Ur dos Caldeus, assim as tribos e
seus chefes foram mandados sair da servidão do Egito, quando eles eram menos em
número do que todos os povos (Dt 7.7). E que necessidade há de tanto trabalho, como se a
ruína deles, ocasionada pelo pecado, tivesse de ser a ruína do mundo e de todos
os interesses de DEUS neste mundo? Não; aquele que os tirou do Egito pode
levá-los de volta, como Ele ameaçou (Dt 28.68), e ainda não ter perda, pois das pedras DEUS pode
suscitar filhos a Abraão. 2. Os passos lentos em que a promessa feita a Abraão
avançou até ao cumprimento e as muitas aparentes contradições mostram
claramente que havia nisso tudo um significado espiritual. De fato a terra em
vista que seria dada com posse garantida era a pátria melhor, isto é, a
celestial (Hb 11.16). É o que demonstra o apóstolo com este mesmo
argumento, quando diz que os patriarcas habitaram na terra da promessa, como em
terra alheia (Hb 11.9). Com isso, ele dava a entender que os patriarcas
esperavam a cidade que tem fundamentos (Hb 11.9,10). Por conseguinte, não era blasfêmia dizer: JESUS
destruirá este lugar, da mesma forma que não é quando dizemos: “JESUS nos
levará à Canaã celestial e nos dará a posse dela, da qual a Canaã terrena era
apenas tipo e figura”.
[3] A formação da
família de Abraão, com o vínculo da graça divina e as disposições da
Providência divina a esse respeito, que compõem o restante do Livro de Gênesis.
Em primeiro lugar, DEUS
se comprometeu em ser DEUS para Abraão e sua descendência. Em sinal disso, DEUS
designou que Abraão e sua descendência masculina fossem circuncidados (Gn 17.9,10). Ele lhe deu o pacto da circuncisão (v. 8), quer
dizer, o concerto cujo selo era a circuncisão. Por conseguinte, quando Abraão
gerou um filho (Isaque), ele o circuncidou ao oitavo dia, tornando-o sujeito à
lei divina e interessado na promessa divina. A circuncisão tinha referência a
estes dois aspectos, pois era um selo do concerto da parte de DEUS (Eu sou para
ti o DEUS Todo-poderoso, Gn 17.1), e da parte do homem (anda em minha presença e sê
perfeito, Gn 17.1). Quando medidas eficazes foram tomadas para
assegurar que a descendência de Abraão servisse ao Senhor, eles começaram a se
multiplicar: Isaque [gerou] a Jacó; e Jacó, aos doze patriarcas (v. 8), que são
as raízes das respectivas tribos.
Em segundo lugar, José
(v. 9), o predileto e bem-aventurado da casa do seu pai foi maltratado por seus
irmãos. Tendo inveja dele por causa dos sonhos que sonhava, eles o venderam
[...] para o Egito. Assim bem cedo os filhos de Israel começaram a invejar aqueles
que entre eles eram eminentes e ultrapassavam os outros em excelência. A
inimizade contra CRISTO, que, como José, era nazireu entre seus irmãos, foi um
grande exemplo disso.
Em terceiro lugar, DEUS
sustentou José em suas dificuldades e era com ele (v. 9; Gn 39.2,21), pela influência do ESPÍRITO divino em sua mente,
dando-lhe consolo, e na mente daqueles com quem tinha relações, dando-lhe favor
aos olhos dessas pessoas. Por fim, Ele livrou-o de todas as suas tribulações
(v. 10), e faraó o fez o segundo homem no reino (Sl 105.20-22). Desta forma, ele não só chegou a elevado cargo
honorífico entre os egípcios, mas se tornou o Pastor e a Pedra de Israel (Gn 49.24).
Em quarto lugar, Jacó
foi compelido a descer ao Egito por uma fome que o forçou a sair de Canaã (v.
11), uma fome (que era uma grande tribulação), a ponto de nossos pais não
acharem alimentos lá. Essa terra frutífera foi transformada em terreno salgado
(Sl 107.33). Mas, tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo
(v. 12; armazenado pela sabedoria do seu próprio filho), enviou [...] nossos
pais, a primeira vez, para buscar trigo naquele país. Na segunda vez (v. 13) em
que ali foram, José, que no princípio se fez estranho para eles, se fez
conhecido por seus irmãos. Logo, Faraó foi informado de que eles eram da
família de José e seus dependentes. Em consequência disso, com a licença de
Faraó, José mandou (v. 14) buscar Jacó, seu pai, com toda sua parentela, totalizando
setenta e cinco almas, para viverem e serem sustentados no Egito. Gênesis diz
que eles eram setenta [...] almas (Gn 46.27), mas a Septuaginta, no mesmo versículo, informa que
são setenta e cinco. Ou Estêvão ou Lucas segue essa versão, como demonstra Lucas 3.36, onde o nome Cainã não consta no texto hebraico, mas
aparece na Septuaginta. Certos estudiosos excluem José e seus filhos, que já
estavam no Egito (reduzindo o número a sessenta e quatro), e somam os filhos
dos onze patriarcas, fechando o número em setenta e cinco.
Em quinto lugar, Jacó
(v. 15) e seus filhos morreram no Egito, mas foram transportados (v. 16) para
serem enterrados em Canaã. Ocorre aqui uma dificuldade muito importante. Está
escrito que eles foram transportados para Siquém, ao passo que Jacó não foi enterrado
em Siquém, mas perto de Hebrom, na caverna de Macpela, onde foram enterrados
Abraão e Isaque (Gn 50.13). Os ossos de José foram realmente enterrados em
Siquém (Js 24.32). Isto indica (embora não seja mencionado na
história) que os ossos de todos os outros patriarcas também foram levados na
mesma época, tendo cada um deles dado a mesma ordem de José relativa aos seus
respectivos ossos. Contudo, a sepultura em Siquém foi comprada por Jacó (Gn 33.19), fato confirmado em outro texto (Js 24.32). Então, por que aqui diz que foi comprada por
Abraão? A solução do Dr. Whitby é bastante adequada. Ele oferece a seguinte
sugestão: Jacó desceu ao Egito e morreu, ele e nossos pais. Então, ele, quer
dizer, Jacó, foi depositado na sepultura que Abraão comprara por certa soma de
dinheiro (Gn 23.16; ou: eles foram depositados lá, quer dizer, Abraão,
Isaque e Jacó) e nossos pais [...] foram transportados para Siquém. E eles,
isto é, os outros patriarcas, foram enterrados na sepultura comprada aos filhos
de Hamor, pai de Siquém.
Vejamos qual é a
pertinência destes fatos históricos para o propósito de Estêvão. 1. Os
primórdios medíocres da nação judaica são decisivos na atitude de orgulho que
os judeus demonstravam no que se refere à glória dessa nação. Foi um milagre de
misericórdia os judeus terem sido levantados do nada para o que eram agora, de
tão poucos em número para serem uma nação tão grande. Se eles não
corresponderem ao propósito de terem tido tamanho progresso, o fim da nação só
pode ser a destruição. Os profetas frequentemente lhes diziam que o fato de
terem sido libertados do Egito agravava o desprezo que davam à lei de DEUS.
Aqui Estêvão os exorta de que essa mesma libertação agravava o desprezo que
davam ao evangelho de CRISTO. 2. A maldade dos onze patriarcas tribais, que
invejaram o seu irmão José e o venderam como escravo ao Egito, mostra que o
mesmo espírito ainda operava nos judeus em relação a JESUS CRISTO e seus
ministros. 3. A terra santa, a qual os judeus tanto amavam, por muito tempo
ficou fora da posse dos seus pais, tendo passado nela privações e muita
aflição. Portanto, não era de se estranhar que, depois de a terra ter sido
contaminada há tanto tempo pelo pecado, fosse por fim destruída. 4. A fé dos
patriarcas em desejar que fossem enterrados na terra de Canaã mostrava
claramente que eles tinham em vista o país celestial, para o qual o desígnio
deste JESUS era conduzi-los.
O Discurso
de Estêvão
Estêvão prossegue em
sua narrativa:
I
O aumento extraordinário dos filhos de Israel
no Egito. Foi por uma maravilha da providência que, em pouco tempo, eles
aumentassem de uma família para uma nação. 1. Aproximando-se, porém, o tempo da
promessa (v. 17), quando os filhos de Israel seriam formados em um povo.
Durante os primeiros duzentos e quinze anos depois da promessa feita a Abraão,
os filhos do concerto aumentaram para apenas setenta pessoas. Mas nos outros
duzentos e quinze anos (totalizando quatrocentos e trinta anos), eles
aumentaram para seiscentos mil homens de guerra. O movimento da providência é,
por vezes, mais rápido quando se aproxima da metade do período estabelecido.
Não desanimemos com a lentidão dos procedimentos para o cumprimento das
promessas de DEUS. DEUS sabe devolver o tempo que parece ter sido perdido, e,
quando o ano dos [...] redimidos é chegado (Is 63.4), Ele faz um trabalho duplo em um único dia. 2. O
povo cresceu e se multiplicou no Egito (v. 17), onde os filhos de Israel foram
oprimidos e governados com rigor. Quando a vida lhes era tão amarga que,
pensaríamos, desejariam que houvesse sido escrito “sem filhos”, eles se casaram
na crença de que DEUS os visitaria no devido tempo. DEUS os abençoou, quem
assim o honrou, e disse: Frutificai, e multiplicai-vos (Gn 1.28). Para a igreja, tempos de sofrimento foram tempos
de crescimento.
II
Os sofrimentos extremos que eles suportaram no
Egito (vv. 18,19). Quando os egípcios observaram que os filhos de Israel
aumentavam numericamente, eles aumentaram suas tarefas. Estêvão faz três
observações sobre este fato: 1. A ingratidão ignóbil dos egípcios: Os filhos de
Israel foram oprimidos por outro rei, que não conhecia a José (v. 18), isto é,
ele não considerou os bons serviços que José prestara para a nação egípcia. Se
o tivesse, não teria dado recompensa tão maléfica e desfavorável à sua
parentela e família. Aqueles que prejudicam as pessoas boas são muito ingratos,
pois elas são as bênçãos da época e lugar em que vivem. 2. A astúcia e política
diabólica dos egípcios: Eles, usando de astúcia contra a nossa linhagem (v.
19), diziam: Eia, usemos de sabedoria para com essa gente (Êx 1.10). Com isso, pensavam em se garantir economicamente,
mas o procedimento se mostrou tolo, pois estavam armazenando ira. Enganam-se
grandemente os que pensam que usam de sabedoria quando tratam seus irmãos com
engano ou crueldade. 3. A crueldade bárbara e desumana dos egípcios. Para
exterminar completamente com os filhos de Israel, os egípcios maltrataram
nossos pais, ao ponto de os fazer enjeitar suas crianças, para que não se
multiplicassem (v. 19). A matança da descendência infante dos filhos de Israel
demonstrava ser um método eficaz de acabar com uma nação nova. Estêvão faz esta
observação para que eles vejam como foram medíocres nos seus primórdios,
adequadamente representados pelo estado de abandono de uma criança desamparada
e proscrita (Ez 16.4; talvez seja alusão ao enjeitamento das crianças no
Egito), e como são devedores a DEUS por ter cuidado deles, cujo tratamento
perderam e se tornaram indignos. Mas também para que considerassem que o que
estavam fazendo agora contra a igreja cristã em sua infância era por demais
ímpio e injusto e acabaria sendo tão infrutífero e ineficaz quanto sucedera com
os egípcios contra a igreja judaica em sua infância. “Vós pensais que usastes
de astúcia quando nos tratastes mal e perseguistes os nossos recém-convertidos.
Mas assim vós fazeis como eles fizeram enjeitando as crianças. Vós descobrireis
que esta prática é inútil, pois, apesar de vossa maldade, os discípulos de CRISTO
continuarão crescendo e se multiplicando.”
III
O levantamento de Moisés para ser libertador
dos filhos de Israel. Estêvão foi acusado de ter falado palavras blasfemas
contra Moisés. Em defesa dessa acusação, ele se refere a esse servo de DEUS com
muito respeito. 1. Moisés nasceu quando a perseguição de Israel estava no ponto
mais alto, particularmente em seu momento mais cruel, o assassinato dos
recém-nascidos: Nesse tempo, nasceu Moisés (v. 20), e assim que entrou no mundo
(como ocorreu com nosso Salvador em Belém), já corria perigo de ser sacrificado
por aquela ordem sanguinária. DEUS está preparando a libertação do seu povo,
quando a vida parece muito escura, e a aflição, extrema. 2. Moisés [...] era
mui formoso (v. 20). Seu rosto começou a brilhar assim que nasceu, como
presságio feliz da honra que DEUS designava dar-lhe. Ele era asteios to Theo –
formoso para DEUS. Ele foi santificado desde o ventre, e isto o fez formoso aos
olhos de DEUS, pois é a beleza da santidade que está à vista do grande valor de
DEUS. 3. Moisés, em sua infância, foi maravilhosamente guardado. Primeiramente,
pelo cuidado dos seus pais carinhosos, que o criaram os primeiros três meses em
casa (v. 20), enquanto se atreveram. Depois, pela providência auspiciosa que o
lançou nos braços da filha de Faraó, que o criou como seu filho (v. 21).
Aqueles para quem DEUS tem planos para usar de modo especial, Ele cuida de modo
especial. Se Ele protegeu o menino Moisés dessa forma, muito mais garantirá a
vida e a obra do seu santo Filho JESUS (como Ele é chamado, Atos 4.27) quando seus inimigos se levantarem contra Ele. 4. Moisés se tornou um grande estudioso: Moisés foi
instruído em toda a ciência dos egípcios (v. 22), que na época eram afamados
por todo tipo de literatura erudita, particularmente filosofia, astronomia (o
que talvez os levou à idolatria) e a pesquisa de caracteres sagrados. Moisés,
sendo educado na corte real, teve oportunidade de se aprimorar por meio dos
melhores livros, tutores e intercâmbios sociais, em todas as artes e ciências,
e era bastante habilidoso. Só temos razão para pensar que ele não esqueceu o DEUS
dos seus pais enquanto se dedicava aos estudos e práticas ilegais dos mágicos
do Egito, prosseguindo até onde fosse necessário refutá-los. 5. Moisés se tornou primeiro-ministro de estado no
Egito. É o que depreendemos pelas palavras: Moisés [...] era poderoso em suas
palavras e obras (v. 22). Embora não se expressasse prontamente, pois se
presume que gaguejava, ele falava com bom senso: tudo o que dizia resultava em
consentimento e trazia consigo sua própria evidência e força racional. Nos
negócios, ninguém trabalhava com tamanha coragem, administração e sucesso.
Assim, ele foi preparado, por recursos humanos, para esses serviços, dos quais,
afinal de contas, não teria dado conta sem a iluminação divina. Com tudo isso,
Estêvão quer mostrar que, apesar das insinuações maldosas dos seus
perseguidores, ele tinha pensamentos tão sublimes e nobres a respeito de Moisés
quanto eles.
IV
As tentativas que Moisés fez para libertar os
filhos de Israel, as quais eles rejeitaram e não entenderam. Estêvão insiste
neste ponto que serve de chave para esta história (Êx 2.11-15), como serve a outra ressaltada pelo apóstolo (Hb 11.24-26). Lá, ela é representada como um ato de abnegação
santa; aqui, como um prelúdio intencional ou uma permissão para entrar no
serviço público ao qual ele seria chamado: Quando [Moisés] completou a idade de
quarenta anos (v. 23), no auge da época da sua promoção na corte do Egito,
veio-lhe ao coração (DEUS o colocou lá) ir visitar seus irmãos, os filhos de
Israel, para ver o modo como poderia servi-los. Ele se apresentou como pessoa
pública detentora de poder público. 1. Como salvador de Israel. Moisés deu exemplo
dessa função ao vingar um israelita oprimido e matar o egípcio que o
maltratava. Vendo maltratado um (v. 24) de seus irmãos, ele foi movido por
compaixão pelo sofredor e indignação justa pelo malfeitor, como devem se
comportar homens em cargos públicos, e o defendeu e vingou o ofendido, matando
o egípcio. Se ele fosse uma pessoa particular, não poderia ter feito o que fez
legalmente. Mas ele sabia que a comissão do céu o sustentaria, e ele cuidava
que seus irmãos (v. 25; que não poderiam deixar de conhecer a promessa que DEUS
fez a Abraão: Mas também eu julgarei a gente à qual servirão, Gn 15.14) entenderiam que DEUS lhes havia de dar a liberdade
pela sua mão. Além disso, ele não poderia ter tido presença de espírito ou
força física para fazer o que fez, caso não houvesse sido revestido com o poder
que evidenciasse autoridade divina. Se eles tivessem pelo menos entendido os
sinais dos tempos, teriam visto que as tentativas de Moisés eram o amanhecer do
dia da libertação. Mas eles não entenderam, nem consideraram, conforme o
desígnio, que era o estabelecimento de um padrão e o sonido de uma trombeta
para proclamar Moisés o seu libertador. 2. Como juiz de Israel. Moisés deu
exemplo dessa função já no dia seguinte (v. 26), oferecendo solução a uma
questão entre dois hebreus adversários. Com essa atitude, ele assumiu
claramente uma posição pública: Pelejando eles, foi por eles visto e, assumindo
um ar de majestade e autoridade, quis levá-los à paz. Como seu príncipe, ele
decide a controvérsia entre eles, dizendo: Varões, sois irmãos de nascença e
confissão religiosa; por que vos agravais um ao outro? Ele notou que (como
ocorre na maioria das brigas) havia falta em ambos os lados. Pelo bem da paz e
da amizade, deve haver perdão e condescendência mútua. Como libertador de
Israel da escravidão egípcia, Moisés matou os egípcios primogênitos e assim
livrou Israel das suas mãos. Como juiz e legislador de Israel, ele os regeu com
o cetro de ouro e não com a vara de ferro. Ele não os matou quando o tentaram
insistentemente, mas lhes deu leis e estatutos excelentes, resolveu suas
reclamações e atendeu aos pedidos que lhe faziam (Êx 18.16). E, o israelita contendor que ofendia o seu próximo
[...] repeliu (v. 27) Moisés, não aceitando a reprovação, embora justa e
gentil, mas prontamente insultando-o com: Quem te constituiu príncipe e juiz
sobre nós? Espíritos orgulhosos e litigiosos ficam impacientes quando são
supervisionados e refreados. Estes israelitas preferiam ter o corpo regido com
o rigor dos exatores do que ter o corpo libertado, e ter a mente regida pela
razão do que pelo seu libertador. O malfeitor ficou tão enfurecido com a repreensão
que censurou Moisés com o serviço que ele fizera à nação matando o egípcio. Mal
sabiam que, se quisessem, Moisés teria sido mais dedicado em outros e maiores
serviços. Queres tu me matar, como ontem mataste o egípcio? (v. 28), acusando-o
de crime e ameaçando denunciá-lo, o que, para os egípcios, era a exposição da
bandeira de desafio e, para os israelitas, da bandeira de amor e libertação.
Depois disto, fugiu Moisés (v. 29) para a terra de Midiã e não fez outras
tentativas de libertar Israel, senão quarenta anos depois. Ele esteve como
estrangeiro na terra de Mídia, onde se casou e teve dois filhos com a filha de
Jetro.
Vejamos a pertinência
destes fatos históricos para o propósito de Estêvão. 1. Eles acusaram Estêvão
de ter blasfemado contra Moisés. Em sua defesa, ele replica com as indignidades
que seus pais fizeram a Moisés, das quais eles deveriam se envergonhar e se
humilhar, em vez de provocarem disputas como esta sob o pretexto de zelo da
honra de Moisés com alguém que tinha tão grande respeito por ele como qualquer
um deles. 2. Eles perseguiram Estêvão por debater em defesa de CRISTO e seu
evangelho. Para se oporem a isso, eles se fundamentaram em Moisés e sua lei:
“Mas”, disse ele, “é melhor prestardes atenção”: (1) “Para que não façais como
vossos pais fizeram: recuseis e rejeiteis alguém que DEUS, com a sua destra, o
elevou a Príncipe e Salvador (Atos 5.31). Vós entendereis, se não fechardes acintosamente os
olhos contra a luz, que DEUS, por este JESUS, vos libertará de uma escravidão
pior que a do Egito. Tende cuidado, prestai atenção! Não o rejeitai, mas o
recebei como regente e juiz sobre vós.” (2) “Para que não aconteça o que
aconteceu com vossos pais, que por isso foram de maneira justa deixados para
morrer na escravidão, porque a libertação não veio senão quarenta anos depois.
Esta será a questão: Vós repelistes o evangelho, que então será enviado aos gentios.
Vós não tereis CRISTO e Ele não vos terá; esse será o vosso fim” (Mt 23.38,39).
O Discurso
de Estêvão
Estêvão prossegue
narrando a história de Moisés. Que os ouvintes julguem se estas são palavras de
alguém que blasfemou ou não contra o servo de DEUS. Nada pode ser dito com mais
honra sobre ele. Aqui está:
I
A visão que Moisés viu da glória de DEUS na
sarça ardente: Completados quarenta anos (v. 30), durante os quais ele viveu
isoladamente em Mídia. Tendo envelhecido, ninguém mais pensava em dar-lhe
serviço. Julgavam que todas as suas façanhas eram produtos do poder e promessa
divina (como pareceu que Isaque era filho da promessa por ter nascido de pais
idosos). Agora, aos oitenta anos, ele assume a posição de honra para a qual
nasceu, em recompensa à sua abnegação por quarenta anos. Observe: 1. Onde DEUS
apareceu a Moisés: Apareceu-lhe [...] no deserto do monte Sinai (v. 30). O
terreno onde Ele lhe apareceu tornou-se terra santa (v. 33). Estêvão observa
este fato como réplica aos que se orgulhavam do templo, esse lugar santo, como
se comunhão com DEUS só existisse senão ali, ao passo que DEUS encontrou Moisés
e se manifestou a ele em um lugar obscuro e remoto no deserto do [...] Sinai.
Engana-se quem pensa que DEUS está limitado a lugares. Ele pode levar seu povo
para o deserto e falar com ele ali confortavelmente. 2. Como DEUS apareceu a
Moisés: Apareceu-lhe [...] numa chama de fogo (v. 30; porque o nosso DEUS é um
fogo consumidor, Hb 10.29) de um sarçal. O fogo ardia no sarçal sem
consumi-lo, como representação do estado de Israel no Egito (onde, embora os
israelitas estivessem no fogo da aflição, não foram consumidos). Isso é um tipo
da encarnação de CRISTO e da união entre a natureza divina e a natureza humana:
DEUS, manifestado na carne, era como a chama de fogo manifestada no sarçal. 3.
Como Moisés reagiu à cena: (1) Moisés, quando viu isto, se maravilhou da visão
(v. 31). Era um fenômeno cuja solução toda a sua aprendizagem egípcia não pôde
explicar. Ele teve a curiosidade de espreitar mais de perto: Agora me virarei
para lá e verei esta grande visão (Êx 3.3), mas quanto mais se aproximava mais impressionado
ficava. (2) Moisés, todo trêmulo, não ousava olhar (v. 32) firmemente o
fenômeno, porque logo percebeu que não era um meteoro ardente, mas o anjo do
Senhor (v. 30). Era ninguém mais que o anjo do concerto (Ml 3.1), o Filho do próprio DEUS. Esta constatação o deixou
atemorizado. Estêvão foi acusado de blasfemar contra Moisés e contra DEUS (Atos 6.11), como se Moisés fora um pequeno deus. Mas esta
narrativa mostra que ele era homem sujeito às mesmas paixões que nós (Tg 5.17), particularmente o sentimento do medo diante da
aparição da majestade e glória divinas.
II
A declaração que Moisés ouviu acerca do
concerto de DEUS: Foi-lhe dirigida a voz do Senhor (v. 31), pois a fé é pelo
ouvir (Rm 10.17), dizendo: Eu sou o DEUS de teus pais, o DEUS de
Abraão, e o DEUS de Isaque, e o DEUS de Jacó (v. 32); e, portanto: 1. “Eu sou o
mesmo que Eu era.” O concerto que DEUS estabeleceu com Abraão alguns séculos
atrás foi: Eu serei a ti por DEUS (Gn 17.7), um DEUS todo-poderoso. “Este concerto”, disse DEUS,
“ainda está em pleno vigor. Não foi cancelado nem esquecido, mas Eu sou, como
Eu era, o DEUS de Abraão, e agora demonstrarei isso”, pois todo o favor e toda
a honra que DEUS deu a Israel estavam fundamentados neste concerto com Abraão e
dele procedia. 2. “Eu serei o mesmo que Eu sou.” Se a morte de Abraão, Isaque e
Jacó não quebraram a relação de concerto entre DEUS e eles (como isto nos
mostra), então nada mais o faria. Então, Ele será DEUS: (1) Para a alma que
hoje está separada do corpo. Com isto, nosso Salvador prova o estado futuro (Mt 22.31,32). Abraão está morto, mas DEUS ainda é o seu DEUS;
logo, Abraão ainda está vivo. DEUS nunca lhe fez isso neste mundo, o que
relevaria a verdadeira intenção e a plena extensão dessa promessa – que Ele
seria o DEUS de Abraão. Por isso, tinha de lhe ser feito no outro mundo. Agora
a vida e a incorrupção são trazidas à luz pelo evangelho (2 Tm 1.1), e isso para a plena convicção dos saduceus que as
negavam. Aqueles que se levantaram em defesa do evangelho e se empenharam em
propagá-lo estavam muito longe de blasfemar contra Moisés, pois lhe deram a
maior honra imaginável, e DEUS se manifestou gloriosamente a ele na sarça
ardente. (2) Para a descendência deles. DEUS, ao se declarar o DEUS dos seus
pais, anunciou sua bondade à descendência deles, para que fossem amados por
causa dos pais (Rm 11.28; Dt 7.8). Os pregadores do evangelho pregaram este concerto,
a promessa que por DEUS foi feita a nossos pais; a cuja promessa aqueles das
nossas doze tribos esperam chegar, servindo a DEUS continuamente (Atos 26.6,7). E sob o pretexto de defender o santo lugar e a
lei, eles devem se opor ao concerto feito com Abraão e sua descendência,
descendência espiritual, antes que a lei seja dada e bem antes que o santo
lugar seja construído. Considerando, pois, que a glória de DEUS deve ser
promovida para sempre e que nossa glória deve ser silenciada para sempre, DEUS
dará nossa salvação por promessa e não pela lei. Os judeus que perseguiram os
cristãos com a desculpa de que eles blasfemaram contra a lei, eles mesmos
blasfemaram contra a promessa e renunciaram a todas as suas próprias
misericórdias que nela estavam contidas.
III
A comissão que DEUS deu a Moisés para libertar
Israel do Egito. Os judeus colocaram Moisés em concorrência com CRISTO e
acusaram Estêvão de blasfemador, porque ele fizera isso. Mas Estêvão mostrou
que Moisés era um tipo eminente de CRISTO, como o libertador de Israel. Quando DEUS
se declarara o DEUS de Abraão, Ele ordenou: 1. Que Moisés tivesse uma postura
reverente: “Tira as sandálias dos pés (v. 33). Não entres em coisas sagradas
com pensamentos baixos, frios e comuns. Guarda o teu pé (Ec 5.1). Não sejas precipitado e apressado em tuas
aproximações a DEUS. Anda sem fazer barulho”. 2. Que Moisés realizasse um
serviço importante. Quando estiver pronto para receber mandamentos, ele
receberá a comissão. Será comissionado a exigir que faraó deixe Israel sair da
terra egípcia e o próprio fará cumprir essa exigência (v. 34). Observe: (1) O
conhecimento que DEUS tomou dos sofrimentos dos filhos de Israel e da angústia
e dor causadas por tais sofrimentos: Tenho visto atentamente a aflição do meu
povo que está no Egito, e ouvi os seus gemidos (v. 34). DEUS tem uma
consideração compassiva com as dificuldades da igreja e com os gemidos do seu
povo perseguido. A libertação deles se advém da piedade divina. (2) A
determinação de DEUS para redimir os filhos de Israel pela mão de Moisés: Desci
a livrá-los (v. 34). Embora DEUS esteja presente em todos os lugares, Ele usa a
expressão “descer para livrar”, porque essa libertação tipificava o que CRISTO
fez, quando, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu do céu – aquele
que subiu é porque tinha descido (Ef 4.9). Moisés é o homem que deve ser usado nesse serviço:
Agora, pois, vem, e enviar-te-ei ao Egito (v. 34). Se DEUS o enviar, Ele o
confirmará e lhe dará sucesso.
IV
A ação de Moisés como consequência desta
comissão, em que ele foi figura do Messias. Estêvão menciona novamente o
desprezo que lhe foi demonstrado, a afronta que lhe fizeram e a recusa do seu
reinado, como tendência extrema a exaltar sua agência na libertação deles. 1. DEUS
honrou Moisés, aquele que os filhos de Israel desprezaram: A este Moisés, ao
qual haviam negado (v. 35), de cujas ofertas amáveis e ofícios bons vós
desdenhosamente rejeitastes, dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz?
Demais é já, filho de Levi (Nm 16.3), a este enviou DEUS como príncipe e libertador,
pela mão do anjo que lhe aparecera no sarçal. Podemos entender que DEUS o
enviou pela mão do anjo que, indo junto com ele, tornou Moisés um libertador
completo. Por este exemplo, Estêvão queria que o conselho entendesse que a este
JESUS, que por eles foi recusado, como os seus pais recusaram Moisés, dizendo:
“Quem te fez profeta e rei? Quem te deu esta autoridade?”, a esse mesmo, DEUS
promoveu para ser príncipe, libertador e salvador, como os apóstolos lhes disseram
algum tempo atrás (Atos 5.30,31), que a pedra que foi rejeitada [...] foi posta por
cabeça de esquina (Atos 4.11). 2. DEUS mostrou favor aos filhos de Israel por
meio de Moisés. Ele foi solícito em servi-los, embora o tivessem repelido. DEUS
com justiça poderia ter lhes recusado esse serviço, mas tudo foi esquecido.
Eles foram repreendidos por isso: Foi este que os conduziu para fora (v. 36),
fazendo prodígios e sinais na terra do Egito (prosseguiram para lhes completar
a libertação, conforme exigia o caso), no mar Vermelho e no deserto, por
quarenta anos. Até aqui, ele está longe de blasfemar contra Moisés, pois o admira
como instrumento glorioso na mão de DEUS para formar a igreja
veterotestamentária. Mas, de modo algum, é depreciar sua honra afirmar que ele
não passava de um instrumento, e que este JESUS lhe ultrapassa em excelência, a
quem ele encoraja estes judeus a aceitar e entrar em sua comunidade, nada
temendo, exceto serem recebidos no seu favor. Somente dessa forma, receberão
benefícios, a saber, por meio dele, tal qual o povo de Israel foi libertado por
Moisés, embora o tivessem recusado anteriormente.
V
A profecia de Moisés sobre CRISTO e sua graça.
Ele não só era um tipo de CRISTO (muitos o eram, de forma que talvez não
tivessem uma previsão atualizada dos seus dias), mas Moisés falou sobre ele:
Este é aquele Moisés que disse aos filhos de Israel: O Senhor, vosso DEUS, vos
levantará dentre vossos irmãos um profeta (v. 37). Este fato é citado como uma
das maiores honras que DEUS lhe prestou (não somente isso, mas uma que excedia
todas as demais). Por intermédio dele, DEUS avisou previamente os filhos de
Israel do grande profeta que viria ao mundo, aumentou-lhes a expectativa sobre
esse indivíduo e exigiu que eles o recebessem. Sempre há ênfase honrosa quando
o texto sacro menciona Moisés libertando os israelitas do Egito: Este é Moisés
(Êx 6.26). O mesmo não deixa de ocorrer aqui: Este é aquele
Moisés. Isto serve muito bem ao propósito de Estêvão. Ao afirmar que JESUS
mudaria os costumes da lei cerimonial, ele estava muito longe de blasfemar
contra Moisés. Estava, na verdade, concedendo-lhe honra imensurável, ao mostrar
que a profecia de Moisés se cumpriu, e tão claramente que o próprio CRISTO já
tinha lhes dito: Se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim (Jo 5.46). 1. Moisés, em nome de DEUS, disse aos filhos de
Israel que, na plenitude dos tempos, no meio deles, se levantaria um profeta,
um de sua própria nação, que seria como ele (Dt 18.15,18) – príncipe, libertador, juiz e legislador –, que
teria autoridade para mudar os costumes e que lhes daria mais esperança, como
mediador de um melhor concerto (Hb 8.6). 2. Moisés incumbiu os filhos de Israel de ouvir
esse profeta, receber suas ordens, aceitar a mudança que Ele faria nos costumes
e se submeter a Ele em todas as coisas. “Esta será a maior honra que vós podeis
fazer a Moisés e à sua lei, que disse: A ele ouvireis. E veio a ser testemunha
da repetição desta incumbência por uma voz do céu, na transfiguração de CRISTO,
e pelo seu silêncio que consentiu com isto” (Mt 17.5).
VI
Os serviços eminentes que Moisés continuou
prestando aos filhos de Israel, depois que fora o instrumento para tirá-los do
Egito (v. 38). Neste aspecto, ele também era tipo de CRISTO, que em tudo o
ultrapassa. Portanto, não se constituía blasfêmia dizer: “Ele tem autoridade
para mudar os costumes que Moisés nos entregou”. Foi uma honra para Moisés
pelos seguintes motivos: 1. Moisés esteve entre a congregação no deserto (v.
38). Ele governou como presidente em todos os assuntos durante quarenta anos:
Foi rei em Jesurum (Dt 33.5). Aqui, o acampamento de Israel é chamado
congregação (igreja) no deserto, pois era uma sociedade sagrada, formada por
escritura divina sob governo divino e abençoada com revelação divina. A
congregação no deserto era uma igreja, ainda que não estivesse perfeitamente
formada, como estaria quando chegassem a Canaã, pois cada qual fazia tudo o que
bem parecia aos seus olhos (Dt 12.8,9). Para Moisés, foi uma honra estar naquela igreja,
que há muito já teria sido destruída, caso ele não estivesse ali para
interceder por ela. Mas JESUS é o presidente e guia de uma igreja mais
excelente e gloriosa do que aquela que estava no deserto, e é mais nela, como a
vida e a alma dela, do que Moisés poderia ser naquela. 2. Moisés esteve [...]
com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais (v. 38), estava com
ele no monte santo nos dois períodos de quarenta dias, com o anjo do concerto,
Miguel, nosso príncipe. Moisés gozava de muita intimidade com DEUS, mas nunca
estivera no seu seio como CRISTO esteve desde a eternidade. Ou estas palavras
podem ser entendidas assim: Moisés esteve na igreja no deserto, mas esteve
[...] com o anjo que lhe falava no monte Sinai, ou seja, na sarça ardente, que
se situava no monte Sinai (v. 30). Esse anjo ia adiante dele e era o seu guia;
caso contrário, ele não poderia ter sido um guia para Israel. Sobre este anjo, DEUS
fala: Eis que eu envio um Anjo diante de ti (Êx 23.20); enviarei um Anjo adiante de ti (Êx 33.2; veja Nm 20.16). Ele estava na igreja com o anjo, sem o qual ele
não poderia ter feito nenhum serviço para a igreja, mas CRISTO é o próprio anjo
que estava com a igreja no deserto. Ele tem, portanto, completa autoridade
sobre Moisés. 3. Moisés recebeu as palavras de vida para no-las dar (v. 38).
Não só os Dez Mandamentos, mas também as outras instruções que lhe falou o
Senhor, dizendo: Fala aos filhos de Israel (Êx 14.1,2). (1) As palavras de DEUS são palavras certas e
infalíveis e de autoridade e dever inquestionáveis. Elas devem ser consultadas
como oráculos, e por elas todas as controvérsias devem ser decididas. (2) As
palavras de DEUS são palavras de vida, porque são as palavras do DEUS vivo, não
dos ídolos mudos e mortos dos gentios. A palavra que DEUS pronuncia é espírito
e vida. A lei de Moisés não podia dar vida, mas mostrava o caminho para a vida:
Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos (Mt 19.17). (3) Moisés recebeu de DEUS as palavras de vida e
não entregou nada como palavra de DEUS para os filhos de Israel que não tivesse
recebido primeiro do Senhor (como em 1 Co 11.23). (4) As palavras de vida que Moisés recebeu de DEUS
foram dadas fielmente aos filhos de Israel para serem observadas e preservadas.
Tratava-se do mais importante privilégio dos judeus: Primeiramente, as palavras
de DEUS lhe foram confiadas (Rm 3.2). Foi pela mão de Moisés que eles receberam as
palavras de DEUS. Da mesma forma que Moisés não lhes deu o pão, assim ele não
lhes deu essa lei do céu (Jo 6.32), pois foi DEUS que a deu para eles. Aquele que lhes
deu esses costumes pelo seu servo Moisés, pode, sem dúvida, quando quiser,
mudar os costumes pela instrumentalidade do seu Filho JESUS, que recebeu mais
palavras de vida para nos dar que o próprio Moisés.
VII
O desprezo que, depois disso e apesar disso,
os filhos de Israel mostraram a Moisés. Esses que acusaram Estêvão de falar
contra Moisés fariam bem em explicar como seus próprios antepassados
procederam, pois eles andam nos passos dos seus antepassados. 1. Nossos pais
não quiseram obedecer a Moisés, antes o rejeitaram (v. 39). Eles murmuraram
contra Moisés, rebelaram-se contra ele, recusaram obedecer às suas ordens e,
algumas vezes, estiveram prontos a apedrejá-lo. Moisés lhes deu uma lei
realmente excelente, mas se mostrou insuficiente para aperfeiçoar os que a eles
se chegam (Hb 10.1). Em seu coração, eles se tornaram ao Egito,
preferindo o alho e a cebola ao maná que eles tinham sob a orientação de
Moisés, ou ao leite e mel que eles esperavam possuir em Canaã. Note o desafeto
secreto que eles demonstraram para com Moisés, com inclinação à egiptização, se
posso assim dizer. Tratava-se, na verdade, de voltar à escravidão no Egito;
isso estava em seus corações. Muitos que fingem estar indo para Canaã,
sustentando uma demonstração e confissão religiosa, estão, ao mesmo tempo, em
seu coração, voltando para o Egito, como a esposa de Ló olhou para Sodoma, e
serão tratados como desertores, pois é para o coração que DEUS olha. Se os
costumes que Moisés lhes entregou não conseguiram mudá-los, não admira que JESUS
viesse com o objetivo de mudar os costumes e apresentar um modo mais espiritual
de adoração. 2. Os filhos de Israel fizeram o bezerro (v. 41). Além de ser uma
afronta a DEUS, consistiu num ato de grande indignidade a Moisés, pois, com
essa intenção, construíram o bezerro: Porque a esse Moisés, que nos tirou da
terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu. [...] Faze-nos deuses que vão
adiante de nós (v. 40), como se um bezerro fosse suficiente para suprir a
ausência de Moisés e pudesse ir adiante deles até à terra prometida. Assim, naqueles
dias (v. 41), quando a lei lhes foi dada, fizeram o bezerro, e ofereceram
sacrifícios ao ídolo, e se alegraram nas obras das suas mãos. O povo ficou tão
orgulhoso do seu novo deus que, enquanto se assentou para comer e beber, também
se levantou para folgar (1 Co 10.7). Esta situação evidencia que havia muita coisa que
a lei não podia fazer, visto como estava enferma pela carne (Rm 8.3). Portanto, era necessário ser aperfeiçoada por uma
mão melhor, não constituindo, então, blasfêmia contra Moisés quando Estêvão
disse o que JESUS CRISTO havia realizado.
O Discurso
de Estêvão
Atos 7:42-50
Temos, nestes
versículos, dois pontos importantes.
I
Estêvão os censura pela idolatria dos seus
pais, à qual DEUS os abandonou, como castigo por logo terem-no abandonado e
adorado o bezerro de ouro. Este era o castigo mais triste por esse pecado, como
era o castigo da idolatria do mundo gentio: DEUS os entregou a um sentimento
perverso (Rm 1.28). Quando Israel estava entregue aos ídolos (Os 4.17), entregue ao bezerro de ouro e, não muito depois, a
Baal-Peor, DEUS disse: Deixai-os (Mt 15.14) na prática dessas obras. Mas DEUS se afastou e os
abandonou a que servissem ao exército do céu (v. 42). Ele os advertiu
especificamente a não fazerem isso, caso não quisessem sofrer as consequências,
e lhes apresentou os motivos da advertência. Mas, visto que estavam inclinados
a proceder assim, DEUS os entregou às concupiscências do seu coração (Rm 1.24) e retirou a sua graça sustentadora. Dessa forma,
andaram em seus próprios conselhos e se dedicaram aos seus ídolos com zelo até
então nunca visto (compare Dt 4.19 com Jr 8.2). Para isto, Estêvão cita a passagem de Amós 5.25,26, pois seria menos hostil lhes falar sobre o seu
[caráter e destruição] pela boca de um profeta do Antigo Testamento do que
censurá-los:
1. Por não terem
sacrificado ao seu próprio DEUS no deserto: Porventura, me oferecestes vítimas
e sacrifícios no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel? (v. 42). Não!
Durante todo esse período, os sacrifícios a DEUS eram intermitentes. Eles não
fizeram tanto quanto guardar a Páscoa depois do segundo ano. Foi por
condescendência que DEUS não insistiu em sacrifícios durante o período em que
peregrinavam. Mas vejam como foram ingratos ao oferecer sacrifícios a ídolos,
quando DEUS os dispensou de lhe trazer ofertas. Essa também é uma forma de
reprovação ao zelo que mostravam pelos costumes transmitidos por Moisés e ao
medo da mudança proposta por este JESUS (Atos 6.14). Tais costumes, após sua libertação imediata, foram
considerados obsoletos exatamente por quarenta anos.
2. Por sacrificarem a
outros deuses depois que chegaram a Canaã: Antes, tomastes o tabernáculo de
Moloque (v. 43). Moloque era o ídolo dos filhos de Amom, ao qual eles
barbaramente ofereciam seus próprios filhos em sacrifício, sem deixar de causar
extremo horror e grande dor a si mesmos e a suas famílias. Contudo, os filhos
de Israel chegaram a esta idolatria, por assim dizer, antinatural, quando DEUS
se afastou e os abandonou a que servissem ao exército do céu (v. 42; veja 2 Cr 28.3). Era seguramente o maior engano a que jamais um
povo foi entregue e o maior exemplo do poder de Satanás sobre os filhos da
desobediência. Por isso, a história é narrada com ênfase: Antes, tomastes o
tabernáculo de Moloque, vós vos submetestes até mesmo a isso e à adoração da
estrela do vosso deus Renfã (v. 43). Certos estudiosos acham que Renfã
significa “a lua”, como Moloque significa “o sol”. Outros entendem que quer
dizer “Saturno”, pois em aramaico e em persa este planeta é chamado Renfã. A
Septuaginta traduz por “Quium” (Am 5.26, versões NTLH e NVI), denotando que era um nome mais
comumente conhecido. Eles tinham imagens que representavam a estrela, como os
nichos de Diana feitos de prata, aqui chamados figuras que vós fizestes para as
adorar. O Dr. Lightfoot é de opinião de que eles tinham figuras que
representavam o firmamento estrelado, com todas as constelações e os planetas,
sendo estes chamados Renfã – “a alta representação”, como o globo celestial:
uma coisa medíocre para se fazer de ídolo, mas melhor que um bezerro de ouro!
Por causa disto, esta é a ameaça: Transportar-vos-ei, pois, para além de
Babilônia. Em Amós, é para além de Damasco (Am 5.27), significando para a Babilônia, a terra do norte.
Mas Estêvão muda a formulação com vistas ao cativeiro das dez tribos
transportadas para além da Babilônia, junto ao rio Gozã, e nas cidades dos
medos (2 Rs 17.6). Não deveria parecer estranho aos ouvintes de
Estêvão ouvirem falar da destruição deste lugar, porque eles tinham ouvido os
profetas do Antigo Testamento discorrerem, muitas vezes, sobre esse evento, e
nenhum rei os acusou de blasfêmia. Observemos que, no debate do caso de
Jeremias, Miquéias não foi chamado a dar explicações, embora tivesse
profetizado: Sião será lavrada como um campo (Jr 26.18,19).
II
Estêvão dá uma resposta pormenorizada (vv.
44-50) à acusação feita contra ele relativa ao templo: Este homem não cessa de
proferir palavras blasfemas contra este santo lugar (Atos 6.13). Ele foi acusado de dizer que JESUS destruiria este
santo lugar: “O que acham se eu disser”, começou Estêvão, “que a glória do DEUS
santo não está ligada à glória deste santo lugar, mas que ela permanece
intacta, mesmo que isto vire pó?” Pois: 1. “Foi somente depois que nossos pais
entraram no deserto, a caminho de Canaã, que eles tiveram um lugar fixo de
adoração. Os patriarcas, muitos séculos antes, adoravam a DEUS aceitavelmente
nos altares que eles erigiam adjacentemente às tendas, ao ar livre – sub dio.
Esse DEUS que a princípio foi adorado sem lugar santo e, o que é melhor, nas
épocas mais puras da igreja veterotestamentária, pode e será adora assim quando
este santo lugar for destruído, sem a mínima diminuição à sua glória.” 2. O
santo lugar era, a princípio, somente um tabernáculo móvel e de qualidade
inferior, dando a entender que fora projetado para ter pouca duração. Por que
então este santo lugar, embora construído de pedras, não teria um fim
apropriado para dar lugar a algo melhor, embora também feito de cortinas? Como
não era desonra, mas honra a DEUS que o tabernáculo desse lugar ao templo,
assim é que o templo material dê lugar ao espiritual, e assim será quando, no
fim, o templo espiritual der lugar ao templo eterno. 3. Este tabernáculo era o
tabernáculo do Testemunho (v. 44), a sombra dos bens futuros (Hb 10.1), do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou,
e não o homem (Hb 8.2). Esta era a glória do tabernáculo e do templo, que
foram erigidos para testemunho daquele templo de DEUS que, nos últimos dias,
será aberto no céu (Ap 11.19), e também para testemunho do tabernáculo (tradução
do verbo grego, Jo 1.14) de JESUS na terra: o templo do seu corpo (Jo 2.21). 4. Esse tabernáculo foi construído segundo o
projeto de DEUS e segundo o modelo que [Moisés] tinha visto (v. 44), dando a
entender claramente que se referia às coisas boas por vir. Sendo de projeto
divino, seu significado e tendência também o eram. De forma nenhuma, diminuía a
sua glória dizer que este templo, feito por mãos humanas, seria destruído para
que outro templo, não feito por mãos de homens, fosse construído – que foi o
crime de CRISTO (Mc 14.58) e de Estêvão. 5. Esse tabernáculo foi fundado
primeiramente no deserto. Não era originário da terra em que se encontra (à
qual pensais que ficaria restrita para sempre), mas foi trazido na era
seguinte, por nossos pais (v. 45), que vieram depois daqueles que o erigiram na
posse das nações, na terra de Canaã, que há muito estava na posse de nações
devotas que DEUS lançou para fora da presença de nossos pais. E por que DEUS
não pode erigir o seu templo espiritual, como Ele erigira o tabernáculo
material, nesses países que eram agora da posse das nações? Esse tabernáculo
foi introduzido nesta terra por aqueles que vieram com Josué. Ao nomear Josué
(aqui e em Hb 4.8), o qual em grego é “JESUS”, pode haver certa
dedução tácita de que, assim como o Josué do Antigo Testamento introduziu nesta
terra aquele tabernáculo típico, assim o Josué do Novo Testamento introduzirá o
verdadeiro tabernáculo na posse das nações. 6. Esse tabernáculo permaneceu por
muitos séculos até aos dias de Davi (v. 45), mais de quatrocentos anos, antes
que se pensasse em construir um templo. Davi, tendo achado graça diante de DEUS
(v. 46), desejou a graça adicional de ter a permissão de construir uma casa
para DEUS, a fim de que fosse um tabernáculo ou domicílio estabelecido e
constante para a shequiná, o símbolo da presença do DEUS de Jacó. Os que
encontram graça diante de DEUS devem ser os primeiros a promover os interesses
do seu Reino entre os homens. 7. DEUS não punha o coração em ter um templo ou
santo lugar como eles, pois, quando Davi desejou construir um templo foi-lhe
negada a permissão de fazê-lo. DEUS não estava com pressa de construir um
templo, como dissera a Davi (2 Sm 7.7). Não seria Davi, mas o seu filho Salomão, que,
alguns anos depois, edificaria uma casa para o Senhor. Como lemos nos Salmos,
Davi já desfrutava da doce comunhão com DEUS na adoração pública antes que
houvesse um templo construído. 8. DEUS declarou muitas vezes que templos feitos
por mãos humanas não eram o seu deleite, nem acrescentaria algo à perfeição do
seu repouso e alegria. Salomão, quando dedicou o templo, reconheceu que o
Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens (v. 48). Ele não necessita
de templos, não se beneficia com eles e não se limita a eles. O mundo inteiro é
o seu templo, pois está presente em todos os lugares, enchendo-o da sua glória.
Que serventia tem Ele de um templo para se manifestar nele? As falsas deidades
dos gentios precisavam de templos feitos por mãos humanas, porque eram deuses
feitos por mãos humanas (v. 41), e não tinham outro lugar no qual se manifestar
senão em seus próprios templos. Mas o DEUS único, vivo e verdadeiro não precisa
de templo, pois o céu é o seu trono, no qual Ele repousa, e a terra, o estrado
dos seus pés, do qual Ele reina (vv. 49,50). Portanto, que casa me edificareis
comparável à que eu já tenho? Ou qual é o lugar do meu repouso? Que necessidade
tenho de casa, seja para repousar ou para me manifestar? Porventura, não fez a
minha mão todas estas coisas? E estas mostram tanto o seu eterno poder como a
sua divindade (Rm 1.20). Estas coisas mostram a todo o gênero humano que os
que adoram outros deuses são inescusáveis. Como o mundo é o templo de DEUS, no
qual Ele se manifesta, assim é o templo de DEUS no qual Ele deve ser adorado.
Como toda a terra está cheia da sua glória (Is 6.3), sendo, então, o seu templo, assim a terra é, ou
será, cheia do seu louvor (Hc 3.3) e todas as extremidades da terra o temerão (Sl 67.7), e por conta disso é o seu templo. Não era
absolutamente falar mal deste santo lugar, por mais que o considerassem, dizer
que JESUS destruiria este templo e fundaria outro, no qual todas as nações
seriam aceitas (Atos 15.16,17). E eles não deveriam ter estranhado a referência
bíblica citada por Estêvão (Is 66.1-3), que, como expressava o desprezo comparativo de DEUS
da parte externa do seu serviço, assim predizia claramente a rejeição dos
judeus incrédulos e o acolhimento na igreja dos gentios de espírito
contrito.
O Discurso
de Estêvão
I
Eles, como seus pais, eram teimosos e rebeldes, não aceitando os métodos que DEUS empregava para corrigi-los e educar. Eram como seus pais, inflexíveis à palavra de DEUS e às suas providências. 1. Eles eram de dura cerviz (v. 51), não sujeitando o pescoço ao jugo doce e fácil do governo de DEUS, nem o aceitando, mas eram como novilho ainda não domado (Jr 31.18). Eles não sujeitariam a cabeça, não, nem ao próprio DEUS, não o reverenciariam, nem se humilhariam diante dele. Pescoço duro (dura cerviz) é o mesmo que coração duro, obstinado e contumaz, que não se rende – a característica geral da nação judaica (Êx 32.9; 33.3,5; 34.9; Dt 9.6,13; 31.27; Ez 2.4). 2. Eles eram incircuncisos de coração e ouvido (v. 51). O coração e os ouvidos não foram dedicados, nem entregues a DEUS, como o corpo em confissão pelo sinal da circuncisão: “Em nome e aparência, vós sois judeus circuncidados, mas de coração e ouvido vós ainda sois gentios incircuncisos, rejeitando a autoridade de vosso DEUS tanto quanto eles (Jr 9.26). Vós estais sob o poder de desejos ardentes e corrupções indômitas, que impedem os vossos ouvidos de ouvir a voz de DEUS e endurecem o vosso coração ao que é mais imperioso e mais afetuoso”. Eles não estavam circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne (Cl 2.11).
Eles, como seus pais, não só impediram que os métodos de DEUS trabalhassem neles para corrigi-los e os aperfeiçoar, mas também estavam enfurecidos contra tais métodos: Vós sempre resistis ao ESPÍRITO SANTO (v. 51). 1. Eles resistiram ao ESPÍRITO SANTO que falava com eles através dos profetas. Eles se opuseram a eles, os contradisseram, os odiaram e os ridicularizaram. Este é o significado especial aqui pela seguinte análise lógica: A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? (v. 52). Ao perseguir e silenciar aqueles que falavam pela inspiração do ESPÍRITO SANTO, eles estavam resistindo ao ESPÍRITO SANTO. Os seus pais resistiram ao ESPÍRITO SANTO que estava nos profetas que DEUS levantou e lhes enviou. O mesmo eles fizeram com os apóstolos e ministros de CRISTO que falavam pelo mesmo ESPÍRITO e tinham maiores medidas dos dons divinos do que os profetas do Antigo Testamento. Contudo, encontraram maior resistência. 2. Eles resistiram ao ESPÍRITO SANTO que operava neles através da consciência, não obedecendo às convicções e ordens que recebiam. O ESPÍRITO de DEUS operava neles como operava no velho mundo, mas se portaram ainda mais futilmente. Eles o resistiram, tomaram parte em suas corrupções contra as suas convicções e se rebelaram contra a luz. Há em nosso coração pecador algo que sempre resiste ao ESPÍRITO SANTO, a carne que cobiça contra o ESPÍRITO e guerreia contra seus movimentos. Mas, no coração dos eleitos de DEUS, quando chega a plenitude do tempo, esta resistência é vencida e dominada. Depois da guerra, o trono de CRISTO é estabelecido na alma e todo pensamento que se exaltara contra Ele é levado em cativeiro a Ele (2 Co 10.4,5). Por conseguinte, esta graça que ocasiona esta mudança pode ser mais adequadamente chamada graça vitoriosa do que graça irresistível.
Eles, como seus pais, perseguiram e mataram aqueles que DEUS lhes enviou para chamá-los ao dever e lhes fazer ofertas de misericórdia. 1. Os seus pais tinham sido os perseguidores cruéis e constantes dos profetas do Antigo Testamento: A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? (v. 52). Em certo sentido, ocasionalmente, atacavam a todos eles. Quanto aos que viviam nos melhores reinados, quando os príncipes não os perseguiram, havia um grupo maligno na nação que escarnecia deles e os maltratava. A maioria, no fim das contas, estava, ou por insígnia da lei ou por fúria popular, morta. O fato que agravava o pecado de perseguir os profetas era que a atividade dos profetas, dos quais tinham tanta raiva, era anunciar a vinda do Justo, notificar as bondosas intenções de DEUS para o povo, enviar o Messias entre eles na plenitude do tempo. Os mensageiros de notícias tão alvissareiras deveriam ter sido cortejados e agradados e recebido cargos honoríficos dos melhores benfeitores. Mas, em vez disso, receberam o tratamento do pior dos malfeitores. 2. Eles foram os traidores e homicidas do Justo (v. 52), como Pedro tinha lhes falado (Atos 3.14,15; v. 30). Eles contrataram Judas para trair o Justo e, até certo ponto, forçaram Pilatos para condená-lo. Eles são acusados de serem os traidores e homicidas do Justo. Eles eram a descendência genuína daqueles que mataram os profetas que predisseram a vinda do Justo, pois, ao matá-lo, eles mostraram o que teriam feito se houvessem vivido naquela época. Como nosso Salvador tinha lhes dito, eles trouxeram sobre si a culpa do sangue de todos os profetas. A qual dos profetas esses teriam mostrado respeito visto que não tiveram consideração pelo próprio Filho de DEUS?
Eles, como seus pais, desprezaram a revelação divina, não querendo ser guiados e governados por ela. O que lhes agravava o pecado era que DEUS lhes dera o evangelho, como dera anteriormente a lei aos seus pais, mas em vão. 1. Os seus pais receberam a lei e não a guardaram (v. 53). DEUS lhes escreveu as grandes coisas da lei, depois que primeiramente lhes anunciara. Mas eles consideraram que isso era uma coisa estranha e na qual não tinham o menor interesse. Eles receberam a lei por ordenação dos anjos, porque os anjos foram empregados na solenidade de entrega da lei, junto com os trovões, relâmpagos e som de trombeta. A lei foi posta pelos anjos (Gl 3.19). DEUS veio com dez milhares de santos para dar a lei (Dt 33.2), e foi uma palavra falada pelos anjos (Hb 2.2). Isto dignifica a lei e o Legislador, fato que deveria aumentar nossa reverência a ambos. Mas eles receberam a lei e não a guardaram, e ao fazer o bezerro de ouro, eles a quebraram de uma vez por todas em um exemplo de importância capital. 2. Eles receberam o evangelho por ordenação não de anjos (v. 53), mas do ESPÍRITO SANTO (v. 51), não com o som de trombeta, mas, o que era mais estranho, com o dom de línguas, e mesmo assim não o aceitaram. Eles não se renderiam às mais claras demonstrações, não mais do que os seus pais antes deles, porque estavam decididos a não obedecer a DEUS quer em sua lei quer em seu evangelho.
Atos 7:54-60
Temos aqui a morte do primeiro mártir da igreja cristã. Há, nesta história, um exemplo vivo da afronta e fúria dos perseguidores (que é o que podemos encontrar se formos chamados a sofrer por CRISTO) e da coragem e consolo do perseguido, assim chamado. Aqui estão o inferno com seu fogo e trevas e o céu com sua luz e brilho. Estes servem de contraste para realçar um do outro. O texto sacro não diz que o conselho votou o caso de Estêvão, e que, por maioria, ele foi considerado culpado, sendo condenado e sentenciado à morte por apedrejamento, de acordo com a lei, como blasfemador. Mas é provável que tenha sido assim e que não foi pela violência do povo, sem a ordem do conselho, que ele foi morto. É o que deduzimos, porque aqui ocorre a cerimônia habitual de execução regular: ele foi expulso da cidade, e as mãos das testemunhas foram as primeiras contra ele.
Observemos a tremenda perturbação de espírito dos inimigos e perseguidores de Estêvão, e a maravilhosa tranquilidade do seu espírito.
I
Vejamos a força da depravação nos perseguidores de Estêvão: a primor da maldade, o próprio inferno se abrindo, os homens se encarnando em demônios e a descendência da serpente cuspindo veneno.
1. Ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração (v. 54) contra Estêvão. Dieprionto, traduzida por enfureciam-se, é a mesma palavra usada em Hebreus 11.37, onde foi traduzida por serrados. A tortura mental por que passaram era tanta quanto o sofrimento físico por que passaram os mártires. Eles ficaram cheios de indignação por causa dos argumentos incontestáveis que Estêvão levantou para convencê-los e porque não acharam nada para contra-argumentar. Eles não se compungiram em seu coração com tristeza, como outros fizeram (Atos 2.37), mas se enfureceram em seu coração com fúria, como eles mesmos já haviam feito (Atos 5.33). Estêvão os repreendeu severamente, conforme expressou Paulo (Tt 1.13), apotomos – severamente, porque a repreensão enfureceu o coração deles. Note que os que rejeitam o evangelho e se opõem a ele são os que verdadeiramente se atormentam a si mesmos. A inimizade contra DEUS é algo que enfurece o coração. A fé e o amor saram os males do coração. Quando ouviram que aquele que antes do discurso parecia um anjo (Atos 6.15) agora falava como um mensageiro do céu, antes mesmo de concluir, ficaram como o antílope na rede; cheios [...] do furor do Senhor (Is 51.20), desesperados em denegrir uma causa tão corajosamente defendida e decididos a não se renderem.
6. E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam (v. 58), como se Estêvão não fosse digno de morar em Jerusalém, ou mesmo de habitar neste mundo, pretendendo com isso executar a lei de Moisés: Aquele que blasfemar o nome do Senhor certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará (Lv 24.16). Assim eles mataram JESUS, quando este mesmo tribunal o declarara culpado de blasfêmia. Mas, para a sua maior infâmia, fizeram isso porque desejavam ardentemente crucificá-lo, e DEUS o anulou para cumprir as Escrituras. A fúria com que administraram a execução mostra-se nisto: eles o expulsaram da cidade, como se não suportassem vê-lo; eles o trataram como um anátema, como o lixo de todas as coisas. As testemunhas contra ele foram os líderes na execução, de acordo com a lei: A mão das testemunhas será primeiro contra ele, para matá-lo (Dt 17.7), particularmente no caso de blasfêmia (Lv 24.14; Dt 13.9). Assim elas confirmavam o testemunho que deram. O apedrejamento era uma tarefa laboriosa; por isso, as testemunhas tiravam as vestes superiores da vítima para que não suavizassem os golpes. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo (v. 58), que neste momento era um espectador satisfeito desta tragédia. É a primeira vez que encontramos a menção do seu nome. Nós o conheceremos melhor e o amaremos mais quando o seu nome tiver sido mudado para Paulo e o seu caráter tiver passado de perseguidor a pregador. Tempos depois, ele retrata esta pequena a mostra de sua agência na morte de Estêvão com extremo pesar: Eu guardava as vestes dos que o matavam (Atos 22.20).
Vejamos a força da graça em Estêvão e os exemplos maravilhosos do favor de DEUS para com ele e em operação nele. Como os seus perseguidores estavam cheios de Satanás, assim ele estava cheio do ESPÍRITO SANTO, mais cheio do que comumente, e ungido com o óleo fresco para ser fortalecido. Por conta disso, são bem-aventurados os que, pelo nome de CRISTO, são vituperados, porque sobre eles repousa o ESPÍRITO da glória de DEUS (1 Pe 4.14). Quando Estêvão foi escolhido para servir a igreja, ele era homem cheio [...] do ESPÍRITO SANTO (Atos 6.5). Agora, ao ser chamado para o martírio, ainda mantém a mesma qualidade. Note que os que são cheios do ESPÍRITO SANTO estão aptos para qualquer obra, quer para agir em prol de CRISTO ou para sofrer por Ele. Aqueles que DEUS chama para prestar serviços difíceis em prol do seu nome, Ele os qualifica para tais serviços e age por meio deles satisfatoriamente, enchendo-os do ESPÍRITO SANTO, para que, como as aflições de CRISTO são abundantes neles, assim também a consolação deles sobeje por meio de CRISTO (2 Co 1.5). Portanto, em nada eles têm a vida por preciosa (Atos 20.24). Neste momento crítico, constatamos uma comunhão extraordinária entre este mártir santo e o JESUS santo. Quando os seguidores de JESUS, por amor a Ele, são mortos todo dia e reputados como ovelhas para o matadouro (Sl 44.22; Rm 8.36), isto os separa do amor de JESUS? Ele os ama menos? Eles o amam menos? Não, de jeito nenhum. É o que demonstra esta narrativa.
(1) Estêvão, estando cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos no céu... (v. 55). [1] Estêvão olhou acima do poder e fúria dos que o perseguiam. Ele pareceu desprezá-los e zombar deles, conforme agiu a filha de Sião (Is 37.22). Eles o olhavam firmemente, cheios de maldade e crueldade. Mas ele olhou para o céu, sem se preocupar com isso, e foi tomado pela vida eterna numa perspectiva que não se importava com a vida natural em risco. Em vez de olhar ao redor para ver se estava em perigo ou de que modo poderia fugir, ele olhou para cima, para o céu, o único lugar de onde lhe vem ajuda e para onde o seu caminho ainda está aberto. Embora o rodeassem de todos os lados, eles não podiam interromper sua relação com o céu. Note que uma ligação fiel a DEUS e ao outro mundo é de grande valor para nos colocar acima do medo dos homens, pois, à medida que estamos sob a influência desse medo, nos esquecemos do Senhor que nos criou (Is 51.13). [2] Estêvão direcionou seus sofrimentos para a glória de DEUS e a honra de CRISTO. Ele o fez na forma de súplica ao céu a favor deles (“Senhor, por amor de ti eu sofro isto”) e na expressão de sua grande esperança de que JESUS fosse glorificado em seu corpo. Agora que Estêvão estava prestes a ser oferecido, ele fixa os olhos no céu (v. 55) como alguém pronto a se render. [3] Estêvão elevou sua alma com os olhos a DEUS no céu (v. 55), em derramamento piedoso, clamando a DEUS em busca de sabedoria e graça para o conduzir de maneira correta nesse julgamento. DEUS prometeu estar com os seus servos, a quem Ele chama para sofrer por Ele. Mas, para isso, Ele deve ser buscado em oração. Ele está perto deles, mas se aproxima mais todas as vezes que o chamam (Dt 4.7). Está alguém entre vós aflito? Ore (Tg 5.13). [4] Estêvão aspirava intensamente à pátria divina, e para ela percebeu que a fúria dos seus perseguidores o enviaria. É bom que os santos agonizantes fixem os olhos no céu (v. 55). “Ao céu é o lugar onde a morte levará a melhor parte de mim, e então: Onde está, ó morte, o teu aguilhão? (1 Co 15.55).” [5] Estêvão deu a entender que estava cheio do ESPÍRITO SANTO (v. 55), pois onde quer que o ESPÍRITO da graça habita, trabalha e reina, Ele dirige o olhar da alma para cima. Os que estão cheios do ESPÍRITO SANTO fixam os olhos no céu, porque é onde está o seu coração. [6] Estêvão se colocou numa postura para receber a manifestação da glória e graça divinas que ocorreu em seguida. Se esperamos que o céu fale, temos de fixar os olhos no céu (v. 55).
(4) Estêvão contou aos que estavam em volta dele o que ele via: Eis que vejo os céus abertos (v. 56). Aquilo que era agradável para ele deveria tê-los convencido da verdade e servido de aviso para prestarem atenção e não acusarem alguém a quem o céu lhe sorria. O que ele viu declarou, e que façam uso do que ouviram conforme lhes agrade. Se alguns se irritaram, outros talvez viessem a reconsiderar este JESUS, a quem eles perseguiram, e crer nele.
2. As palavras de Estêvão para JESUS CRISTO. A manifestação da glória de DEUS para ele não o colocou acima da oração, antes, pelo contrário, o fixou nela: Eles apedrejaram a Estêvão, que em invocação a DEUS dizia: Senhor JESUS (v. 59). Embora invocasse a DEUS e, com isso, mostrasse que era um verdadeiro israelita, eles prosseguiram com o apedrejamento, não levando em conta o perigo que é lutar contra os que têm uma ligação com o céu. Enquanto o apedrejavam, ele invocava a DEUS, ou mais exatamente, por causa do apedrejamento, ele o invocava. Note que é um consolo para os que são injustamente odiados e perseguidos pelos homens terem um DEUS a quem recorrer, um DEUS todo-poderoso para buscar. Os homens tapam os ouvidos, como estes fizeram aqui (v. 57), mas DEUS não. Estêvão foi expulso da cidade, mas não foi expulso do seu DEUS. Ele estava partindo do mundo e, por isso, invoca a DEUS, pois temos de fazer isto enquanto vivermos. Note que é bom morrer orando. Precisamos de ajuda. Precisamos da força que nunca tivemos para fazer um trabalho que nunca fizemos. E como buscaremos essa ajuda e força senão pela oração? Em seus últimos momentos na terra, Estêvão faz duas orações curtas a DEUS, como se nelas ele exalasse a alma.
(1) Esta é a oração que Estêvão fez por si mesmo: Senhor JESUS, recebe o meu espírito (v. 59). Foi assim que JESUS entregou o espírito imediatamente às mãos do Pai. Isto nos ensina a entregar nosso espírito às mãos de JESUS como Mediador, para que por Ele sejamos encomendados ao Pai. Estêvão viu JESUS que estava em pé à mão direita do Pai (v. 56) e o invoca: “Bendito JESUS, faze isto por mim agora que tu estás em pé para fazeres tudo teu: Recebe o meu espírito que parte para as tuas mãos”. Observe: [1] A alma é o homem. Nossa maior preocupação, quer seja vivendo ou morrendo, deve ser cuidar da nossa alma. O corpo de Estevão muito se machucaria por ser alvo de uma chuva de pedras; sua casa terrestre deste tabernáculo seria violentamente maltratada e abatida. Mas contando que isso ocorreria: “Senhor”, disse ele, “guarda o meu espírito. Permite que ele acompanhe bem minha pobre alma”. Enquanto vivermos, devemos cuidar para que, ainda que o corpo passe fome ou fique nu, a alma seja alimentada e vestida, embora o corpo sofra dores, a alma repouse tranquilamente. Quando morrermos, mesmo que esse corpo seja lançado fora como um desprezível vaso quebrado, um vaso no qual não há prazer, a alma seja presenteada com um vaso de honra, para que DEUS seja a força do coração e sua porção, a despeito do fracasso da carne. [2] Nosso Senhor JESUS é DEUS, a quem devemos buscar e em quem devemos confiar e nos consolar, quer vivamos ou morramos. Estêvão ora a JESUS e o mesmo devemos fazer, pois é a vontade de DEUS que todos honrem o Filho, como honram o Pai (Jo 5.23). É a JESUS que devemos nos entregar, pois Ele é o único que pode guardar o que lhe entregarmos até aquele dia. É necessário que fixemos nossos olhos em JESUS na hora da morte, pois não há possibilidade de paz em outro mundo senão sob sua orientação, nem consolo vivo em momentos agonizantes exceto o que buscamos dele. [3] O ato de JESUS receber nosso espírito na hora da morte deve ser nossa maior preocupação e com que devemos nos consolar. Temos de cuidar enquanto vivermos que JESUS receba o nosso espírito quando morrermos. Se Ele rejeitar e desconhecer nosso espírito, a quem recorreremos? Como escaparemos de ser presa do leão que ruge? É a Ele que temos de nos entregar diariamente para sermos governados e santificados, uma vez preparados para o céu. Só então, e não de outra maneira, Ele nos receberá. Se este tiver sido nosso cuidado enquanto vivermos, será nossa consolação quando morrermos, e que então sejamos recebidos nas habitações eternas.
(2) Esta é a oração que Estêvão fez por seus perseguidores: Senhor, não lhes imputes este pecado (v. 60).
[1] As circunstâncias desta oração são notáveis. Pelo visto, esta oração foi feita com uma maior reverência que a primeira. Em primeiro lugar, Estêvão se pôs de joelhos (v. 60), que era expressão de sua humildade na oração. Em segundo lugar, Estêvão clamou com grande voz (v. 60), que era expressão da sua quietude. Mas por que ele deveria mostrar mais humildade e serenidade neste pedido que no anterior? Ninguém duvidaria que ele fosse extremamente sincero em suas orações a favor de si mesmo. Portanto, não havia necessidade de ele se servir de tais expressões externas da oração. Mas na petição pelos seus inimigos, pelo fato de esta atitude ser o oposto do cerne da natureza corrupta, era necessário que ele desse provas de sua sinceridade.
[2] A oração: Senhor, não lhes imputes este pecado (v. 60). Nisto ele seguiu o exemplo do Mestre, que, enquanto morria, orou pelos que o crucificavam: Pai, perdoa-lhes (Lc 23.34), dando o exemplo para que todos os sofredores pela causa cristã orassem pelos que os perseguissem. A oração pode pregar. Foi o que aconteceu com os que apedrejaram Estêvão. Ele se ajoelhou para que vissem que ele orava, e clamou com grande voz, para que ouvissem o que ele dizia, e assim pudessem aprender, em primeiro lugar, que o que eles fizeram era pecado, um grande pecado. Se a misericórdia e graça divina não o evitaram, eles seriam culpados desse pecado para a sua vergonha eterna. Em segundo lugar, que, apesar da maldade e fúria demonstradas contra Estêvão, ele demonstrou amor por eles e estava longe de desejar que DEUS lhe vingasse a morte. Sua oração sincera a DEUS era que não fossem considerados culpados desse pecado. Um triste ajuste de contas haveria por causa disso. Caso eles não se arrependessem, certamente seriam condenados por causa desse pecado. Mas, no que lhe dizia respeito, não desejava que esse dia triste viesse. Que soubessem disso e, quando os seus pensamentos estivessem mais calmos, com certeza, eles não se perdoariam facilmente por terem matado quem os perdoou tão facilmente. Os homens sanguinários aborrecem aquele que é sincero, mas os retos procuram o seu bem (Pv 29.10). Em terceiro lugar, que, embora o pecado fosse muito hediondo, eles não deveriam desesperar-se, pois haveria perdão quando se arrependessem. Se eles pusessem o arrependimento no coração, DEUS não poria no coração deles a culpa. “Em vossa opinião”, disse Agostinho, “Paulo ouviu Estêvão fazer esta oração? É provável que tenha ouvido e que tenha ridicularizado (audivit subsannans, sed irrisit – ele ouviu com desprezo). Mas, tempos depois, ele se beneficiou com esta oração e passou a desfrutá-la melhor.”
Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
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AMPLIANDO O CONHECIMENTO TOP1
* O Discurso de Estêvão
“O discurso de Estêvão diante do Sinédrio é uma defesa da fé propagada por CRISTO e pelos apóstolos. Ele é o precursor de todos quantos defendem a fé bíblica contra os que se opõem ao seu ensino ou o distorcem, e é o primeiro que morreu por essa causa. JESUS vindica a ação de Estêvão, ficando em pé para honrá-lo diante de seu Pai, no céu. O amor de Estêvão à verdade e sua disposição em dar a vida para salvaguardá-la, contrastam-se nitidamente com aqueles que pouco se interessam por ‘batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos’ (Jd v.3) [...]”. Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal, editada pela CPAD, p.1643.
Quem foi Estêvão?
“Pontos fortes e êxitos:
Foi um dos sete líderes escolhidos para supervisionar a distribuição de alimentos aos necessitados na Igreja Primitiva.
Foi conhecido por suas qualidades espirituais de fé, sabedoria, graça, poder e pela presença do ESPÍRITO em sua vida.
Foi um líder reconhecido e destacado, um mestre, um debatedor.
Foi o primeiro a dar a vida pelo evangelho.
Lições de vida:
O esforço em busca da excelência em pequenas tarefas prepara as pessoas para responsabilidades maiores.
A verdadeira compreensão a respeito de DEUS sempre leva a ações práticas e compassivas para as pessoas.
Informações essenciais:
Ocupação: Diácono (distribuía alimentos aos necessitados).
Contemporâneos: Paulo (se converteu depois da perseguição que ele mesmo levantou), Caifás, Gamaliel e os apóstolos.
Versículos-chave: Atos 7.59,60
(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.1490).
Progresso da Igreja (evangelho legítimo, com sinais, prodígios e maravilhas)
Atos 1.15: 120 pessoas.
Atos 2.41: Quase três mil pessoas. (agora 3.120)
Atos 4.4: Quase cinco mil pessoas. (agora 8.120)
Atos 5.14: E crescia mais e mais a multidão de crentes.
Atos 6.1: Multiplica-se o número dos discípulos.
Atos 6.7: Crescia a palavra de DEUS, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé.
Atos 9.31: A igreja crescia em número.
Atos 16.5: As igrejas aumentavam em número.
Em apenas 3 meses a igreja já tinha ganho a terça parte de Jerusalém para CRISTO (a cidade fora dos períodos de festas tinha por volta de 30 mil habitantes).
Atos 6.8 ESTÊVÃO, CHEIO DE FÉ E DE PODER. O ESPÍRITO SANTO deu a Estêvão poder para realizar prodígios e grandes sinais entre o povo (v. 8) e lhe deu grande sabedoria para pregar o evangelho de tal maneira, que seus oponentes não podiam contestar os seus argumentos (v. 10; cf. Êx 4.15; Lc 21.15).
O primeiro a ser listado na lista dos diáconos que iriam servir às mesas, em Jerusalém, no início da Igreja, foi Estêvão, muito provavelmente era Grego - Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do ESPÍRITO SANTO e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. (Atos 6:3). Essas a s qualidades de Estêvão - boa reputação, cheio do ESPÍRITO SANTO e de sabedoria. Foi um servo de DEUS totalmente fiel até à sua morte por apedrejamento por defender o evangelho de JESUS CRISTO. No original em grego - στεφανος - Stephanos - Estevão = “coroado” - foi um dos setes diáconos em Jerusalém e o primeiro mártir cristão.
Estêvão foi escolhido para servir às mesas, mas seu espírito se agitava por ganhar almas e por ser imitador de JESUS CRISTO, pregando, ensinando e curando a todos - E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. (Atos 6:8). Seus inimigos religiosos e políticos não podiam resistir à sabedoria e ao ESPÍRITO com que falava. (Atos 6:10) - Era um pregador cheio do ESPÍRITO SANTO que pregava, ensinava e curava a todos, como JESUS.
Assim como JESUS foi acusado falsamente, também Estêvão foi acusado falsamente, preso e levado ao conselho. Até mesmo nisso era um imitador de CRISTO. As testemunhas de acusação foram subornadas para mentirem. A acusação era de que havia proferido palavras blasfemas contra Moisés e contra DEUS. Os anciãos e os escribas o prenderam por ouvirem arruaceiros gregos, Libertos, cireneus, alexandrinos, e alguns que eram da Cilícia e da Ásia. (Atos 6:9). Diante do conselho de sacerdotes, no templo, apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei; Atos 6:11-13. A tática usada era semelhante a que usaram para condenarem JESUS à morte - acusação falsa e incitação de líderes.
Muito provavelmente Estêvão estivesse entre os 3000 batizados nas águas, em Jerusalém, no dia de Pentecostes, quando a Igreja foi iniciada. Com certeza foi também batizado no ESPÍRITO SANTO, pois era cheio do Tal. Era estudioso das escrituras, pois era cheio de sabedoria. Como era usado em milagres, isso comprova que era cheio de fé. Seu amor pela almas e defesa do evangelho demonstram seu amor por JESUS CRISTO e desejo de que todos fossem salvos. Era cheio de poder do ESPÍRITO SANTO - E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. (Atos 6:8).
Como prova de que os sinais e prodígios e maravilhas não era apenas para os apóstolos, Estevão também, como JESUS (2.22) e os apóstolos (2.43; 5.12), realizava prodígios e sinais em nome de JESUS.
E não podiam resistir à sabedoria e ao ESPÍRITO, pelo qual ele falava. Então, subornaram homens que dissessem: Temos ouvido este homem proferir blasfêmias contra Moisés e contra DEUS. Sublevaram o povo, os anciãos e os escribas e, investindo, o arrebataram, levando-o ao Sinédrio. Apresentaram testemunhas falsas, que depuseram: Este homem não cessa de falar contra o lugar santo e contra a lei; porque o temos ouvido dizer que esse JESUS, o Nazareno, destruirá este lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu (6.10-14).
Os adversários de Estêvão não podiam resistir à sabedoria e ao ESPÍRITO pelo qual ele falava. Suas palavras eram irresistíveis. Havia virtude de DEUS em seus lábios. Então, não podendo suplantá-lo na argumentação, tramaram contra ele, como fizeram com JESUS, e subornaram homens covardes, que o acusaram de blasfêmia. A acusação contra Estêvão foi leviana, mas acabou sendo acolhida pelos membros do Sinédrio. Mário Neves diz que os antagonistas de Estêvão, não podendo vencê-lo pela razão, recorreram à mentira, à calúnia e ao suborno, conseguindo assim amotinar o povo, os anciãos e os escribas.
A acusação contra Estêvão era dupla. Acusavam-no de blasfêmia contra Moisés e contra DEUS; contra o templo e contra a lei (6.11). Perante o magno pretório judaico, as testemunhas subornadas pelos líderes religiosos assacaram contra Estêvão pesadas acusações: ...Este homem não cessa de falar contra o lugar sagrado e contra a lei (6.13). William Barclay realça duas coisas especialmente preciosas para os judeus: o templo e a lei. Eles entendiam que só no templo podiam oferecer sacrifícios e só ali podiam adorar verdadeiramente a DEUS. A lei jamais poderia ser mudada, mas eles acusavam Estêvão de dizer que o templo desapareceria e a lei nada mais era do que um passo para o evangelho.
Essas acusações eram gravíssimas, uma vez que o templo era o lugar santo, símbolo da presença de DEUS entre o povo, e a lei era a revelação da vontade de DEUS. Falar contra a casa de DEUS e contra a Palavra de DEUS era blasfêmia, um pecado sentenciado com a morte. Marshall destaca que foi a mesma preocupação zelosa com o templo, da parte dos judeus da Dispersão, que justificou prisão posterior de Paulo (21.28).
É importante ressaltar que essas mesmas acusações foram feitas contra JESUS, usando-se também o artifício das falsas testemunhas. JESUS foi condenado pelo pecado de blasfêmia por esse mesmo Sinédrio. Eles haviam interpretado de forma errada as palavras de JESUS tanto sobre o templo quanto sobre a lei. Quando JESUS disse: Eu destruirei este santuário edificado por mãos humanas e em três dias construirei outro, não por mãos humanas (Mc 14.58), eles julgaram que JESUS estivesse conspirando contra o templo para substituí-lo. No entanto, JESUS estava falando do santuário do seu corpo (Jo 2.21). JESUS é maior do que o templo e, de fato, é o novo templo de DEUS, que substituiria o antigo (Mt 12.6). Mais tarde, no seu sermão profético, JESUS profetizou a destruição do templo (Lc 21.5,6).
De acordo com Marshall, ao criticar o templo e ao ensinar a sua substituição, JESUS se referiu à sua própria Pessoa. Ele mesmo representava a nova dimensão da comunhão com DEUS que haveria de ultrapassar o culto antigo. No seu aspecto negativo, tratava-se de uma aguda crítica contra o templo propriamente dito e o seu culto; no seu aspecto positivo, significava uma nova comunhão com DEUS, centralizada no próprio JESUS, que tomava o lugar do templo.
Os judeus acusaram JESUS, de igual forma, de desrespeitar a lei. Os escribas e fariseus, com muita frequência, acusaram JESUS de violar o sábado. Na verdade, JESUS não foi um transgressor da lei. Ele veio não para violar a lei, mas para cumpri-la. JESUS afirmou: Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas: não vim para revogar, vim para cumprir (Mt 5.17). JESUS é o fim da lei (Rm 10.4). Ele cumpriu a lei por nós e morreu por nós. Tornou-se o sacerdote e o sacrifício. Nele somos aceitos por DEUS. Sendo assim, JESUS é o substituto do templo e o cumprimento da lei. Para JESUS apontava tanto o templo como a lei. John Stott assevera: “Afirmar que o templo e a lei apontavam para CRISTO e que estão agora cumpridos nele é aumentar sua importância, não negá-la”.
Estêvão não blasfemava contra o templo nem contra a lei. Ao contrário, estava alinhado com a mesma interpretação de JESUS (Jo 2.19; Mc 14.58; 15.29). Porém, a luz da verdade cegou os olhos dos membros do Sinédrio em vez de lhes clarear a mente. A oposição desceu da teologia para a violência. Essa mesma ordem de acontecimentos repetiu-se muitas vezes. No início, há um sério debate teológico. Quando isso fracassa, as pessoas iniciam uma campanha pessoal de mentiras. Finalmente, recorrem a ações legais ou quase legais numa tentativa de se livrarem do adversário pela força. Em vez de acolher a mensagem da verdade com humildade, o Sinédrio preferiu sentenciar à morte o mensageiro.
Em quarto lugar, sua paz era inexplicável (6.15). Todos os que estavam assentados... viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo. A serenidade de Estêvão reprova a fúria dos acusadores. A paz de Estêvão denuncia o ódio dos membros do Sinédrio. Tratava-se da descrição de uma pessoa que fica perto de DEUS e reflete algo da sua glória, como resultado de estar na sua presença.
John Stott afirma ser significativo que o conselho, olhando para o prisioneiro no banco dos réus, visse seu rosto brilhando como se fosse de um anjo, pois foi exatamente isso o que ocorreu ao rosto de Moisés quando ele desceu do monte Sinai com a lei (Ex 34.29). Não terá sido propósito deliberado de DEUS dar a Estêvão, acusado de se opor à lei, o mesmo rosto radiante dado a Moisés quando este recebeu a lei? Dessa forma, DEUS estava mostrando que tanto o ministério da lei de Moisés quanto a interpretação de Estêvão tinham sua aprovação. Era como se DEUS estivesse dizendo: “Este homem não é contra Moisés; ele é como Moisés!”. Assim como o rosto de JESUS se transfigurou no monte, também o semblante de Estêvão se iluminou com a glória do outro mundo. Esta cena retrata vividamente a diferença entre um judaísmo decadente e um cristianismo cheio do ESPÍRITO.
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Como cada apóstolo morreu e onde foi colocado? (Não tem na Bíblia - são fontes não confiáveis)
O martírio dos apóstolos foi anunciado por JESUS: - “Por isso, diz também a sabedoria de DEUS: Profetas e apóstolos lhes mandarei; e eles matarão uns e perseguirão outros” (Lucas 11.49). - “E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do meu nome” (Lucas 21.16-17)
- “Se a mim me perseguiram também vos perseguirão a vós... mas tudo isso vos farão por causa do meu nome” (João 15.19-20).
- “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos... eles vos entregarão aos sinédrios e vos açoitarão nas suas sinagogas, e sereis conduzidos à presença dos governadores e dos reis, por causa de mim...” (Mateus 10.16-18).
Esta palavra diz respeito, também, aos crentes de um modo geral. Ainda hoje, anualmente, milhares são martirizados em todo o mundo. Com relação aos sofrimentos e martírio de Paulo, JESUS revelou: “Eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome” (Atos 9.16). Abro um parêntesis para uma reflexão: o Evangelho pregado em nossas igrejas inclui a possibilidade de sofrimento por amor a CRISTO, ou anunciamos somente prosperidade, fartura, longevidade e saúde? Será que poderíamos fazer o que eles fizeram? Será que os atuais fiéis cristãos propagam a mensagem de JESUS de Nazaré da mesma forma que os 12 apóstolos fizeram?
Conheçamos um pouco o chamado dos apóstolos e vejamos como eles morreram:
MATEUS
Após a ressurreição de CRISTO, ele passou a pregar para os judeus. Fez do seu próprio país seu campo missionário. Apesar disso, morreu na Etiópia, como mártir. Era também chamado de Levi. Cobrador de impostos (, classe muito odiada na época de JESUS, por cobrarem impostos dos judeus para serem entregues às autoridade romanas) nos domínios de Herodes Antipas, em Cafarnaum (Marcos 2.14; Mateus 9.9-13; 10.3; Atos 1.13). Percorreu a Judéia, Etiópia e Pérsia, pregando e ensinando. Há várias versões sobre a sua morte. Teria morrido à espada na cidade de Etiópia.
ANDRÉ
Esse apóstolo era filho de um pescador da Galiléia de nome Jonas e era irmão de Pedro. Ele vivia em Cafarnaum e era um seguidor de São João Batista antes de ser apresentado a JESUS. Ao vê-lo, reconheceu-o imediatamente como sendo o Messias, e foi o seu primeiro apóstolo. Conta a Lenda que foi para a Grécia e pregou na província de Acaia (província romana que, com a Macedônia, formava a Grécia). Ali se tornou mártir e foi crucificado numa cruz em forma de xis (não foi pregado) para que seu sofrimento se prolongasse. Foi crucificado e da cruz pregou ao povo até morrer. Séculos mais tarde, seus restos mortais foram levados para Escócia. O navio que os transportava naufragou em uma baía que assim foi denominado a Baía de SANTO André. André pregou na Grécia e Ásia Menor. Foi discípulo de João Batista, de quem ouviu a seguinte afirmação sobre JESUS: “Eis aqui o Cordeiro de DEUS”. André comunicou as boas notícias ao seu irmão Simão Pedro: “Achamos o Messias” (João 1.35-42; Mateus 10.2).
FILIPE
Natural de Betsaida, cidade de André e Pedro. Um dos primeiros a ser chamado por JESUS, a quem trouxe seu amigo Natanael (João 1.43-46). Diz-nos Policrates, um cristão que foi Bispo de Éfeso durante o séc. II, que Filipe foi para a Ásia e foi sepultado em Hierápolis. Pregou na Frígia e morreu como mártir em Hierápolis. Foi enforcado de encontro a um pilar em Hierápolis (Frígia, Ásia Menor).
BARTOLOMEU
As fontes da Igreja Primitiva são muito confusas quanto a este apóstolo. Diz a lenda que ele foi morto a chicotadas e seu corpo foi colocado num saco, atado e jogado ao mar. Tem sido identificado com Natanael. Natural de Caná da Galiléia. Recebeu de JESUS uma palavra edificante: “Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo” (Mateus 10.3; João 1.45-47) Exerceu seu ministério na Anatólia, Etiópia, Armênia, Índia e Mesopotâmia, pregando e ensinando. Foi esfolado vivo e crucificado de cabeça para baixo. Outros dizem que teria sido golpeado até a morte.
SIMÃO
Seu passado também é muito obscuro, mesmo durante a vida de CRISTO. Existe uma teoria que, por ele ser do partido dos Zelotes e todos os partidários foram massacrados por Roma em 70 d.C.; quando os Zelotes tomaram Jerusalém. O Zelotes foi crucificado. Dos seus atos como apóstolo nada se sabe. Está incluído na lista dos doze, em Mateus 10.4, Marcos 3.18, Lucas 6.15 e Atos 1.13. Julga-se que morreu crucificado.
TIAGO MENOR
Pregou na Palestina e no Egito, sendo ali crucificado. Filho de Alfeu (Mateus 10.3). Missionário na Palestina e no Egito. Segundo a tradição, martirizado provavelmente no ano 62. Escreveu uma das epístolas bíblicas. Foi precipitado de um pináculo do templo de Jerusalém ao solo; a seguir, foi atacado por se recusar a denunciar os cristãos, sendo apedrejado até a morte, por ordem do sumo sacerdote Ananias.
JUDAS TADEU
Foi quem, na última ceia, perguntou a JESUS: "Senhor, por que te manifestarás a nós e não ao mundo?" (João 14, 22-23). Nada se sabe da vida de Judas Tadeu depois da ascensão de JESUS. É autor de uma das cartas do Novo Testamento (Carta de Judas). Diz à tradição que pregou o Evangelho na Mesopotâmia, E dessa, Arábia, Síria e também na Pérsia, onde foi martirizado juntamente com Simão, o Zelote.
JUDAS
Filho de Simão Escariotes. Ele traiu a JESUS por trinta peças de prata, enforcando-se um dia após entregar JESUS às autoridades judaicas. Tirou sua vida e não acreditou no perdão de DEUS. (Mateus 26,14-16; 27:3-5). Vemos duas interpretações para o seu ato: Que ele se enforcou e em outro relato que ele se atirou (Atos 1:18), todavia, Judas perdeu sua vida.
PEDRO
O Primeiro do grupo dos Apóstolos. Pescador, natural de Betsaida. Confessou que JESUS era “o CRISTO, o Filho do DEUS vivo” (Mateus 16.16). Foi testemunha da Transfiguração (Mateus 17.1-4). Negou JESUS três vezes, mas se arrependeu e entendeu seu verdadeiro chamado. Seu primeiro sermão foi no dia de Pentecostes. Pregou entre os judeus chegando até a Babilônia. Foi crucificado. Pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, por achar-se indigno de morrer na mesma posição que seu mestre JESUS de Nazaré. Assim, morreu sufocado com seu próprio sangue.
TIAGO MAIOR
Natural de Betsaida da Galiléia, pescador (Mateus 4.21; 10.2). Filho de Zebedeu e irmão do também apóstolo João. Eram chamados de Filhos do Trovão, por JESUS. Ele sofreu martírio em 44 d.C., quando Herodes Agripa mandou prender Pedro. Foi decapitado em Jerusalém. Foi o primeiro dos apóstolos a morrer pela fé. A partir dos séculos passou a ser venerado na península Ibérica, sendo o grande protetor contra os mouros (árabes/muçulmanos). A Espanha tornou-o seu patrono, Santiago de Compostela, onde, até hoje, é reverenciado como padroeiro. Sua devoção avançou para a América com as Grandes Navegações e, até hoje, ele é muito cultuado no Chile, México, Peru...
JOÃO
Pescador, filho de Zebedeu (Mateus 4.21 O único que permaneceu perto da cruz - João 19.26-27). Era irmão de Tiago Maior. O primeiro a crer na ressurreição de CRISTO (João 20.1-10). Foi o que viveu mais tempo. Liberto da Ilha de Patmos pelo Imperador Nero (96 d.C.), regressou a Éfeso e teve morte natural em idade bem avançada. O apóstolo que recebeu de JESUS a missão de cuidar de Maria. “O discípulo que JESUS amava” (João 13.23). A tradição relata que João residiu na região de Éfeso, onde fundou várias igrejas. Na ilha de Patmos, no mar Egeu, para onde foi desterrado, teve as visões referidas no Apocalipse (Ap 1.9). Após sua libertação teria retornado a Éfeso. Foi metido numa caldeira de azeite a ferver, em Roma, mas escapou ileso. Teve morte natural com idade de 100 anos aproximadamente.
TOMÉ
Dizem que trabalhou na Índia. Outros que nos arredores da Pérsia. A seita "Cristãos Malabores de São Tomé" o considera seu primeiro líder e mártir; alguns historiadores dizem que morreu a flechadas enquanto orava. Só acreditou na ressurreição de JESUS depois que viu as marcas da crucificação (João 20.25). Segundo a tradição, sua obra de evangelização se estendeu à Pérsia (Pártia) e Índia. Consta que seu martírio se deu por ordem do rei de Milapura, na cidade indiana de Madras, no ano 53 da era cristã.
Ele não conviveu com JESUS; nem por isso deixou de ser mais importante; pelo contrário, é considerado o responsável pela conversão dos povos gentios e até explanou com os demais apóstolos esta necessidade. Seu nome era Saulo, judeu, um cidadão romano, um soldado e chefe de uma guarnição romana. Perseguiu e matou inúmeros cristãos e, a caminho de uma cidade de Damasco, DEUS falou com ele. A partir daquele dia sua vida mudou e seu nome passou a ser Paulo, aquele que é o menor entre todos. Pouco tempo depois já estava atuando com os discípulos. Enfrentou uma rejeição no início, pois o viam ainda como um perseguidor, mas o tempo foi o maior aliado, pois se tornou um dos primeiros missionários. Morreu como mártir sendo decapitado no mesmo ano de Pedro e pelo mesmo motivo, mas em ocasiões diferentes. Não era apóstolo oficialmente, pois não foi um dos escolhidos de JESUS, foi considerado apóstolo dos gentios por causa da sua grande obra missionária nos países gentílicos. Ele foi um dos primeiros a ver que não só os judeus poderiam ser batizados, mas todos: gregos, romanos, egípcios... Assim, ele acreditava que não só os judeus podiam ser batizados e se tornarem cristãos. Escreveu várias cartas para as localidades por onde passava. Foi decapitado em Roma por ordem do imperador Nero.
Era médico. Não conheceu JESUS pessoalmente. Recolheu inúmeros relatos (principalmente dos apóstolos) e escreveu seu Evangelho. Notamos uma linguagem mais rebuscada, com termos relatos mais profundos. Vemos uma atenção especial para com a infância de JESUS. Ele também escreveu o Ato dos Apóstolos. Foi enforcado em uma oliveira na Grécia.
MATIAS
Escolhido para substituir Judas Iscariotes. Diz-se que exerceu seu ministério na Judéia, Alexandria e Macedônia. Teria sido martirizado na Etiópia.
TADEU
Não há relatos sobre a sua morte.
Fonte: https://www.catequisar.com.br/texto/colunas/juberto/13.htm
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LIÇÃO DA REVISTA NA ÍNTEGRA 1º Trimestre 2023 CPAD
TEXTO ÁUREO
“Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO [...] disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de DEUS.” (At 7.55,56)
VERDADE PRÁTICA
Por intermédio da graça de DEUS, o cristão pode ser fiel a CRISTO até à morte e contemplar a sua glória.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Mt 16.18 As portas do Inferno não prevalecerão
Terça - Is 43.13 A vontade de DEUS não pode ser impedida
Quarta - Mc 16.17,18 Sinais de avivamento na Igreja de CRISTO
Quinta - Mt 10.16-20 Enviados aos lobos sob o poder do ESPÍRITO SANTO
Sexta - Sl 116.15 A morte dos santos é preciosa à vista do Senhor
Sábado - Ap 14.13 Os que morrem em CRISTO são bem-aventurados
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 6.8-10; 7.54-60
8- E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
9- E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão.
10- E não podiam resistir à sabedoria e ao ESPÍRITO com que falava.
Atos 7
54- E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele.
55- Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos no céu, viu a glória de DEUS e JESUS, que estava à direita de DEUS,
56- e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de DEUS.
57- Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele.
58- E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo.
59- E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor JESUS, recebe o meu espírito.
60- E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu
HINOS SUGERIDOS: 84, 171, 330 da Harpa Cristã
PALAVRA-CHAVE - Mártir
INTRODUÇÃO
O assunto desta lição é o martírio de Estêvão, um avivado herói da fé. Como um dos sete homens que integraram o primeiro corpo de diáconos da igreja antiga, Estêvão era “cheio de fé e de poder”, “fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8). Devido à sua atuação como autêntico evangelista, na unção do ESPÍRITO SANTO, causou inveja aos adversários do Evangelho. O livro de Atos revela o martírio de Estêvão por causa de sua perseverança ao Evangelho. Nesse sentido, veremos que ele foi um servo fiel até à morte e receberá a coroa da vida (Ap 2.10).
I – O TESTEMUNHO DE ESTÊVÃO
1. Estêvão usado por DEUS.
O nome de Estevão aparece pela primeira vez na escolha dos diáconos em Atos (6.3,5). Claramente, o evangelista Lucas faz uma menção de destaque ao dizer que o primeiro mártir era um “homem cheio de fé e do ESPÍRITO SANTO” (At 6.5). No versículo 8, tomamos conhecimento de outras características de Estêvão: “cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8). Essa reputação causou inveja e grande oposição dos adversários da igreja: “Levantaram-se alguns da sinagoga chamados de libertinos dos cireneus, dos alexandrinos, dos que eram da Cilícia, da Ásia, e disputavam com Estêvão” (At 6.9). Nos dias de hoje, oremos para DEUS levantar crentes como Estêvão, cheios de fé e de sabedoria.
2. Uma covarde oposição.
Os inimigos da Igreja usam de meios escusos, desonestos e malignos contra a fé cristã. Em debate com Estêvão, como eles “não podiam resistir à sabedoria, e ao espírito com que falava”, usaram o suborno para aliciar homens ímpios a fim de acusá-lo com mentiras. Esses adversários levaram “falsas testemunhas” que o acusaram de blasfemar “contra Moisés e contra DEUS” (At 6.9-14). Esses inimigos também usaram de violência contra Estêvão, estimulando a liderança política e religiosa a levarem-no violentamente ao Sinédrio. Apesar disso, algo surpreendeu os acusadores ímpios: “Então, todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo” (At 6.15). Que DEUS use o seu povo, de tal forma, que reflita o poder do ESPÍRITO SANTO!
3. A fúria dos acusadores.
Após resumir com sabedoria a história de Israel e de sua apostasia*, Estêvão mudou o foco do discurso. Confrontou a dureza do coração dos líderes israelitas, dizendo: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao ESPÍRITO SANTO; assim, vós sois como vossos pais” (At 7.51). Em suma, denunciou as suas traições e homicídio contra JESUS. Assim, diante de tão dura denúncia, os ímpios julgadores se enfureceram contra ele (7.54). Todavia, fiel à sua missão, Estêvão expôs com autoridade o que o ESPÍRITO de DEUS pusera-lhe no coração.
II – A PRECIOSA MORTE DE ESTÊVÃO
1. Cheio do ESPÍRITO SANTO.
Após a fúria dos inimigos de CRISTO, o caminho do martírio de Estêvão estava traçado. Entretanto, antes de fazê-lo, o primeiro mártir da Igreja teve uma visão da glória de DEUS e viu JESUS ao lado do Pai, num momento especial, de tamanho êxtase espiritual, de modo que a morte não o intimidou: “Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos no céu, viu a glória de DEUS e JESUS, que estava à direita de DEUS, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de DEUS” (At 7.55). Que visão gloriosa! Uma vida espiritualmente avivada contempla a glória de DEUS diante de uma grande tormenta.
2. A violência dos acusadores.
Se seus acusadores estavam enfurecidos por causa do enfrentamento corajoso de Estêvão, eles não suportaram ouvir que ele via a glória de DEUS e, a JESUS, nos céus. Com o fim de executá-lo, o expulsaram da cidade, o apedrejaram perante “um jovem chamado Saulo” (At 7.58) e levaram-no, com violência, para fora da cidade para, ali, fazê-lo primeiro mártir da Igreja Cristã. Àquela altura, Saulo de Tarso era o principal perseguidor dos cristãos.
3. O perdão no martírio.
Naquele momento de suplício e de dores, Estêvão não demonstrou sentimento de vingança ou de ódio: “E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor JESUS, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (At 7.59,60). Que exemplo grandioso! Estevâo ainda exclamou: “Senhor JESUS, recebe o meu espírito [...]. Senhor, não lhes imputes este pecado” (At 7.59,60). Cumpriu-se o que diz a Palavra de DEUS: “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos” (Sl 116.15). Um crente espiritualmente avivado não cultiva a vingança nem o ódio no coração. Ele está pronto a perdoar seus algozes.
III – O AVIVAMENTO NO SOFRIMENTO
1. Sofrimento e morte dos apóstolos.
A Bíblia não diz como todos os apóstolos de JESUS morreram. Em livros da História da Igreja, há registros de informações orais, ou de tradições históricas sobre esse assunto. A tradição histórica, transmitida oralmente, e registrada em alguns escritos, diz que, com a exceção de João, o Evangelista, todos os apóstolos tiveram uma morte violenta. A única coisa certa é que eles foram fiéis até à morte e não negaram o nome do Senhor. Os apóstolos eram espiritualmente avivados. Quantas vezes somos tentados a negar a CRISTO por motivos banais, quer na família, quer na escola, quer na condição de uma posição profissional?! Que DEUS nos guarde de trair o Salvador!
2. O avivamento e sofrimento.
O avivamento espiritual, motivado pela presença gloriosa do ESPÍRITO SANTO, renova as forças dos servos de DEUS para enfrentarem situações difíceis por causa da sua fé em JESUS. A Bíblia nos mostra essa capacitação do ESPÍRITO para sermos resilientes diante das dificuldades. Para o crente, espiritualmente avivado, quando diante do sofrimento, a alegria do Senhor é a sua força (Ne 8.10). Por isso que o avivamento é uma questão de necessidade. O crente em JESUS precisa desse suporte do céu para superar as muitas agruras pelas quais passa.
CONCLUSÃO
Diante dos inimigos do Evangelho de CRISTO e da morte, o testemunho de Estêvão nos mostra que DEUS concede graça, força e equilíbrio emocional para o crente espiritualmente avivado. Que o Senhor nos ajude a glorificá-lo no meio das lutas da vida. A exemplo do primeiro mártir da igreja antiga, não neguemos a CRISTO!
SUBSÍDIOS DA LIÇÃO CPAD
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
Professor (a), nesta lição veremos, através do exemplo do Estêvão, que uma das marcas do crente cheio do ESPÍRITO SANTO é sua fidelidade a JESUS. Estêvão foi o primeiro cristão que sofreu martírio. Até hoje milhares de cristãos sobrem algum tipo de oposição, hostilidade ou violência por declararem sua fé em JESUS. A lista mundial de perseguição, publicada em 2022, apontou que mais de 360 milhões de cristãos ainda são perseguidos, isto é, eles têm direitos negados, sofrem violências (verbais e físicas), perdem propriedades, suas famílias são ameaçadas e/ou perdem a vida. Tais perseguições são feitas, às vezes, por grupos civis, em outros momentos por autoridades religiosas e ainda por forças militares ou governamentais. Entretanto, assim como Estêvão, milhares de cristãos não desistem da sua fé em JESUS e se mantêm fiéis porque são fortalecidos pelo Senhor.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Apresentar a vida de Estêvão, destacando seu testemunho pessoal; II) Mostrar que o crente deve permanecer fiel a JESUS diante da perseguição e da morte; III) Conscientizar de que cada crente precisa do poder do ESPÍRITO SANTO para se fortalecer e permanecer na fé em CRISTO.
B) Motivação: O enfraquecimento da fé, geralmente, é antecedido pelo esfriamento espiritual. Por isso, a busca constante do ESPÍRITO SANTO é essencial para o crente se fortalecer no Senhor. Em Estêvão, vemos um grande exemplo de fidelidade a DEUS. Ele se manteve firme na fé em CRISTO, mesmo diante do risco de morte. Tal fidelidade foi gerada no poder do ESPÍRITO SANTO.
C) Sugestão de Método: Inicie a aula com uma oração. Pergunte para a sua classe se alguém já passou pela experiência de ser criticado por ser cristão. Peça para que alguns alunos compartilhem suas experiências pessoais. Em seguida, destaque que nesta lição vamos estudar o primeiro martírio cristão. Em seguida, utilize as informações disponíveis no primeiro auxílio para apresentar a turma o perfil de Estêvão. Ele foi muito atuante na Igreja Primitiva.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Mostre aos seus alunos que o ESPÍRITO SANTO é fundamental na caminhada cristã. Por isso, cada crente deve buscar encher-se do ESPÍRITO, conforme a ordenança bíblica. Destaque também que manter a fidelidade a CRISTO em momentos de tribulação e angústia é essencial. Assim como Estêvão, todo crente fiel verá a CRISTO, um dia, face a face.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 92, p.39, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) Para auxiliar na introdução e no desenvolvimento do primeiro tópico, o texto "Quem foi Estêvão" mostra uma visão panorâmica da vida e da atividade ministerial desse cristão; 2) Para aprofundar o segundo tópico, o texto "O martírio de Estêvão" traz uma reflexão teológica sobre o momento da morte do primeiro cristão que perdeu sua vida por causa da sua fé em CRISTO. O texto destaca o significado da visão e do comportamento de Estêvão.
Auxílio Bibliológico TOP2 - O martírio de Estêvão
“Estevão cheio do ESPÍRITO se comporta como profeta. Pelo ESPÍRITO SANTO, ele vê a glória radiante de DEUS e o JESUS exaltado à mão direita de DEUS (At 7.55,56; cf. Lc 22.69). Durante a visão, aparece o padrão trinitário. Estêvão cheio do ESPÍRITO SANTO, olha para o céu e vê o Senhor JESUS em pé, à mão direita de DEUS Pai [...]. Agora Estevão confessa pela primeira vez o Senhor ressurreto Diante do Sinédrio, declarando que ele vê JESUS CRISTO compartilhando a glória de DEUS como o exaltado Filho do Homem. Estas palavras são blasfemas aos líderes religiosos. Eles cobrem os ouvidos indicando que já não ouvirão o blasfemador. A recusa em ouvir reflete um problema muito mais profundo: empenho para que os ouvidos não sejam abertos pelo ESPÍRITO SANTO [...]. Em seguida, Estêvão se ajoelha em oração e ainda ecoa outra declaração de JESUS na cruz: ‘Senhor não lhes imputes este pecado’ (v. 60). Com confiança tranquila de um profeta, ele segue o exemplo de JESUS e permanece fiel ao seu ensino: ‘Bendizei os que vos maldizem e orai pelos que vos caluniam’ (Lc 6.28). Antes de Estêvão morrer, todos ouvem esta testemunha inspirada oferecer uma oração de perdão aos seus executores. Somente o poder do ESPÍRITO SANTO pode capacitar Estêvão a fazer a oração que ele fez” (FRENCH, Arrington L., STRONSTAD, Roger (Eds). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 665,666)
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Quando, pela primeira vez, o nome de Estêvão aparece? O nome de Estevão aparece pela primeira vez na escolha de diáconos em Atos (6.3,5).
2. O que Estêvão denunciou? Ele confrontou a dureza do coração dos líderes israelitas e denunciou as suas traições e homicídio contra JESUS.
3. Qual foi a visão que Estêvão teve? O primeiro mártir da igreja teve uma visão da glória de DEUS e viu JESUS ao lado do Pai.
4. Que sentimento Estêvão não demonstrou diante de seu suplício e dores? Naquele momento de suplício e de dores, Estêvão não demonstrou sentimento de vingança ou de ódio.
5. O que é a alegria do Senhor para o crente avivado? Para o crente espiritualmente avivado diante do sofrimento, a alegria do Senhor é a sua força (Ne 8.10).
VOCABULÁRIO
Aliciar: Seduzir, envolver.
Resiliência: Capacidade de recuperar ou se adaptar à má fase ou mudanças.
LEITURAS PARA APROFUNDAR
O Livro dos Mártires; Bíblia Além do Sofrimento.
I – ESTÊVÃO E A IGREJA QUE TEM SUA FÉ CONTESTADA
1. Aprendendo com Estevão
2. A fé sob ataque
3. A disputa com Estêvão
4. A falsa narrativa
II – ESTÊVÃO E A IGREJA QUE DEFENDE SUA FÉ
1. DEUS na história do seu povo
2. Corações endurecidos
III – ESTÊVÃO E O MARTÍRIO DA IGREJA
1. Contemplando a vitória da cruz
2. Perdoando o agressor
“Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos no céu, viu a glória de DEUS e JESUS, que estava à direita de DEUS.” (At 7.55)
A igreja foi capacitada por DEUS para enfrentar um mundo que é hostil à sua fé
e valores.
Segunda - Mt 10.16 Vivendo em um mundo hostil
Atos 6.8- E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. 9- E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão. 10- E não podiam resistir à sabedoria e ao ESPÍRITO com que falava. 11- Então, subornaram uns homens para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra DEUS. 12- E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, investindo com ele, o arrebataram e o levaram ao conselho. 13- Apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei; 14- porque nós lhe ouvimos dizer que esse JESUS Nazareno há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu. 15- Então, todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo.
1. INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a vida e o testemunho de Estêvão, um homem cheio de fé, de sabedoria e do ESPÍRITO SANTO. Ele enfrentou oposição, falsas acusações e, por fim, o martírio, mas permaneceu firme na fé e na defesa do Evangelho. Sua história nos ensina que a Igreja, ao cumprir sua missão, inevitavelmente enfrentará perseguições e desafios. No entanto, assim como Estêvão contemplou a glória de DEUS mesmo em meio à adversidade, somos chamados a confiar plenamente no Senhor e a perseverar até o fim. Que esta lição fortaleça nossa fé e nos inspire a ser testemunhas fiéis de CRISTO, independentemente das circunstâncias.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Elencar os desafios enfrentados por Estêvão ao ter sua fé questionada e como isso reflete na experiência da Igreja hoje; II) Mostrar a defesa da fé feita por Estêvão e sua aplicação para os cristãos na atualidade.; III) Refletir sobre o martírio de Estêvão e a importância da perseverança e fidelidade à missão da Igreja.
B) Motivação: Ao longo da história, a Igreja sempre enfrentou oposição, mas, assim como Estêvão, somos chamados a permanecer firmes na fé. A verdade do Evangelho será contestada, e nossa responsabilidade é conhecer, defender e viver essa fé com coragem. Diante das dificuldades, devemos lembrar de que nosso compromisso com CRISTO pode exigir sacrifícios, mas a fidelidade a Ele nos garante a vitória eterna. Que esta lição nos motive a confiar no Senhor e testemunhar o Evangelho com ousadia.
C) Sugestão de Método: Para reforçar o tópico 1, "Estêvão e a Igreja que tem sua fé contestada", você pode utilizar o método de reflexão dirigida. Inicie apresentando um cenário em que a fé cristã é questionada atualmente, como nas redes sociais, no ambiente acadêmico ou no trabalho. Peça que os alunos discutam desafios que enfrentam ao defender sua fé. Em seguida, oriente-os a relacionar essas experiências com a história de Estêvão, destacando sua postura diante da oposição. Após a discussão e reflexão, escolha alguns alunos para compartilhar suas conclusões e, logo depois, você reforçará que, assim como Estêvão, devemos responder com sabedoria, graça e firmeza na Palavra de DEUS.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: A história de Estêvão nos ensina que a fé genuína permanece firme, mesmo diante da oposição. Assim como ele, devemos confiar em DEUS, defender o Evangelho com coragem e viver de modo que CRISTO seja visto em nós. Sua vida e morte nos mostram que o verdadeiro testemunho cristão vai além das palavras. Mesmo em meio ao sofrimento, Estêvão refletiu a glória de DEUS e perdoou seus perseguidores com graça, verdade e ousadia.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 102, p.40, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "Estêvão", localizado depois do segundo tópico, aprofunda um pouco a respeito das características de Estêvão; 2) No final do terceiro tópico, o texto "Honrando a DEUS" analisa a forma que podemos ser fiéis ao Senhor sem duvidar.
Na lição de hoje vamos conhecer um pouco mais sobre a vida de Estêvão, um dos sete escolhidos para a diaconia (At 6.1-7). Quando lemos esse texto do Livro de Atos, logo percebemos que estamos diante de uma pessoa extraordinária – de grande fé, cheio do ESPÍRITO SANTO e de sabedoria. Um autêntico cristão destemido! Estêvão é um modelo para todo cristão e, sem dúvida, serve de modelo para a Igreja do Senhor. Observamos que a perseguição a Estêvão e seu consequente martírio marcam um momento decisivo na história da igreja cristã – quando a igreja sai para fora dos muros de Jerusalém para alcançar o mundo. Estava tendo, portanto, cumprimento das palavras de JESUS de que a Igreja seria testemunha tanto em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra. Atos 8.1 marca o início daquilo que foi anunciado em Atos 1.8.
1. Aprendendo com Estevão
Com Estêvão, em Atos 6 e 7, aprendemos que a fé cristã sempre será questionada. Ele enfrentou oposição, e todo cristão também enfrentará. A fé será colocada à prova, sem espaço para indecisão. Além disso, Estêvão nos ensina que todo cristão deve saber defender sua fé. Explicar e sustentar as crenças cristãs é uma responsabilidade da Igreja, e cada crente precisa entender no que acredita e como responder a desafios. No entanto, em um mundo que muitas vezes se opõe ao cristianismo, não basta apenas defender a fé – é preciso estar preparado até mesmo para enfrentar perseguições. Estêvão é um exemplo de coragem, mostrando que tanto o cristão quanto a Igreja devem estar dispostos a permanecer firmes, mesmo que isso signifique perder a liberdade ou até a própria vida.
Lucas nos conta que, em um momento do ministério de Estêvão, um grupo de judeus que vivia fora de Israel, chamado de judeus helenistas, se levantou contra ele. Esses judeus faziam parte da Diáspora, ou seja, eram pessoas que tinham se espalhado por outras regiões, fora do território de Israel. Eles não concordaram com o que Estêvão estava ensinando e começaram a se opor ao seu trabalho (At 6.9). Esse levante aconteceu logo após Estêvão fazer “prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8). É interessante observar que o verbo grego usado aqui, anistemi, com o sentido de “levantar” é o mesmo verbo usado por Marcos quando disse que houve testemunhas falsas que se levantaram para acusar JESUS (Mc 14.57). Anteriormente, CRISTO já fora atacado no seu ministério terreno, agora o ciclo se repetia com seus seguidores. A fé cristã sempre será alvo e objeto de ataque. Se a igreja é verdadeiramente cristã, sempre haverá em algum lugar um levante. Neste episódio, o levante fora motivado por conta da inveja que os religiosos sentiram ao verem suas sinagogas esvaziadas por motivo das pessoas se renderem a um Evangelho de poder. Uma igreja bíblica sempre estará sob ataque e terá sua fé contestada.
Uma outra palavra usada nesse texto merece nossa atenção. É o vocábulo “suzéteó”, traduzido aqui como “disputavam”: “E disputavam com Estêvão” (At 6.9). Os léxicos, ou dicionários de grego-português, observam que este termo era frequentemente usado no contexto de discussões religiosas ou filosóficas, onde diferentes pontos de vistas estavam sendo examinados ou desafiados. Era uma forma de debater ideias e impor aos outros sua forma de enxergar as coisas. Em outras palavras, os judeus helenistas não estavam simplesmente “discutindo” com Estêvão, isto é, batendo boca, mas procurando, a todo custo, sobrepor sua cosmovisão através de uma narrativa bem construída.
A Igreja sempre teve de lidar e combater as falsas narrativas. Nos dias de JESUS, Ele foi acusado de enganar o povo (Jo 7.12); quando Ele ressuscitou, criaram a narrativa de que seu corpo havia sido roubado pelos discípulos (Mt 28.13). O apóstolo Paulo foi acusado de pregar contra os decretos de César (At 17.7) e pelo fato de pregar a respeito de JESUS e da ressurreição, o acusaram de pregar “deuses estranhos” (At 17.18). Hoje não é diferente. A igreja luta em várias frentes com falsas narrativas que a todo custo querem minar o seu testemunho e desacreditá-la. Você pode reconhecer algumas dessas narrativas?
Estêvão está onde seu Mestre estava quando Ele foi condenado à morte. O Sinédrio se reuniu para condená-lo sob a semelhante acusação de blasfêmia. O Estêvão cheio do ESPÍRITO deve ter sabido que ele sofrerá o mesmo destino que seu Salvador. Com suas palavras diante do conselho, ele faz extraordinário discurso. Ele cita a história de Israel desde Abraão até Salomão, narrando os procedimentos de DEUS para com seu povo. Ele escolhe do Antigo Testamento acontecimentos que confrontam seus ouvintes [...].” Amplie mais o seu conhecimento, lendo o Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento – Vol. 1, edita pela CPAD, p.660.
1. DEUS na história do seu povo
Estêvão é conhecido como o primeiro defensor da fé cristã e o primeiro mártir da Igreja. Ele faz uma defesa apaixonada da fé, usando a própria história do povo de Israel como base. No capítulo 7 do livro de Atos, encontramos seu discurso completo, no qual, guiado pelo ESPÍRITO SANTO, ele não apenas mostra como DEUS sempre agiu na história do seu povo, mas também revela o propósito principal dessa história: provar que JESUS é o CRISTO. Durante sua fala, Estêvão menciona grandes nomes como Abraão, José e Moisés, destacando que todos eles viveram na esperança da vinda do Messias, que mesmo sendo tão esperado, acabou rejeitado. A defesa de Estêvão nos ensina que toda explicação e defesa da fé cristã – a chamada apologética – deve sempre ter um objetivo central: apontar para JESUS CRISTO.
Concluindo sua defesa da fé, Estêvão disse: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao ESPÍRITO SANTO; assim, vós sois como vossos pais” (At 7.51). Mesmo diante dos fatos apresentados por Estêvão em uma defesa suficientemente convincente, seus adversários preferiram ignorar. Na verdade, ninguém convence quem não quer ser convencido. DEUS não força ninguém a crer, nem tampouco o condena sem lhe dar, antes, oportunidade. O texto mostra que o ESPÍRITO SANTO não tem espaço em corações endurecidos.
1. Contemplando a vitória da cruz
Diante de um grupo enfurecido (At 7.54), Estêvão contemplou a glória de DEUS: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de DEUS” (At 7.56). Uma igreja que contempla o CRISTO glorificado não nega a sua fé, pois ela contempla a vitória da cruz. Assim como Estêvão, o apóstolo Paulo demonstrou estar pronto não somente para sofrer pelo nome de JESUS, mas morrer por Ele (At 21.13). Uma igreja que mantém seus olhos no CRISTO glorificado não tem nada a temer.
A última declaração de Estêvão antes de sua morte é marcante e cheia de significado: “E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (At 7.60). Aqui vemos um cristão que não teme a morte porque contempla a coroa da vida (Ap 2.10). Temos aqui a figura de uma igreja que, literalmente, se dá pelo perdido, que se sacrifica por ele. Esse deve ser o modelo a seguir.
“Estêvão viu a glória de DEUS e JESUS, o Messias, à direita do Pai. As palavras do discípulo foram semelhantes às de JESUS diante do Sinédrio (Mt 26.64; Mc 14.62; Lc 22.69). A visão de Estêvão apoiava a reivindicação de JESUS; ela irritou os líderes judeus que condenaram JESUS à morte por blasfêmia. Por não tolerarem as palavras de Estêvão, mataram-no. Talvez as pessoas não nos matem por testemunharmos a respeito de CRISTO, mas podem deixar claro que não desejam ouvir a verdade e tentar nos calar. Continue honrando a DEUS por meio de sua conduta e de suas palavras; embora muitos possam rebelar-se contra você e sua mensagem, alguns seguirão a CRISTO. Lembre-se de que a morte de Estêvão causou um profundo impacto na vida de Paulo, que mais tarde se tornou o maior missionário cristão. Mesmo aqueles que se opõem a você agora, podem mais tarde se voltar para CRISTO” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.1492).
1. O que podemos aprender com Estêvão?
Aprendemos que a fé cristã sempre será questionada, será colocada à prova, mas não há espaço para indecisão. Estêvão nos ensina que todo cristão deve saber defender a sua fé.
2. Quem foram os que se levantaram contra Estêvão?
Um grupo de judeus que viviam fora de Israel, chamados de judeus helenistas, se levantaram contra ele. Esses judeus faziam parte da Diáspora.
3. Contra o quê a Igreja sempre teve que lidar e combater?
A igreja sempre teve que lidar e combater as falsas narrativas. A igreja luta em várias frentes com falsas narrativas que a todo custo querem minar o seu testemunho e desacreditá-la.
4. Como Estêvão fez uma defesa apaixonada da fé?
Ele faz uma defesa apaixonada da fé, usando a própria história do povo de Israel como base.
5. O que Estêvão pôde contemplar diante de um grupo enfurecido?
Diante de um grupo enfurecido (At 7.54), Estêvão contemplou a glória de DEUS: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de DEUS” (At 7.56).
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