Lição 10 - O Ministério de Mestre ou Doutor

Lição 10 - O Ministério de Mestre ou Doutor
LIÇÕES BÍBLICAS - 2º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: Dons Espirituais e Ministeriais - Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário
Comentário: Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
Veja - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/donsdoespiritosanto.htm
 
 
TEXTO ÁUREO
“De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: [...] se é ensinar, haja dedicação ao ensino" (Rm 12.6,7).
 
 
VERDADE PRÁTICA
Os vocacionados por DEUS para o ministério do ensino são por Ele chamados para edificar a Igreja de CRISTO.
 
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 7.28,29; Atos 13.1; Romanos 12.6,7; Tiago 3.1.
Mateus 7.28 - E aconteceu que, concluindo JESUS este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina, 29 - porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas.
Atos 13.1 - Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo.
Romanos 12.6 - De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; 7 - se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;
Tiago 3.1 - Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.
 
INTERAÇÃO
Nunca foi tão necessário, como hoje, a igreja investir na figura do mestre cristão. Quando o crente é ensinado a estudar a Bíblia para compreender o mundo e a cultura bíblica, relacioná-la com o mundo do século XXI e aplicá-la à vida das pessoas de maneira competente, o risco de sofrermos o engano é amenizado. Para quem pensa ser prejudicial à vida espiritual estudar a Bíblia com seriedade, deveria pensar na elaboração das traduções bíblicas, por exemplo, disponíveis no Brasil. Se não houvesse homens e mulheres levantados por DEUS e versados na erudição (línguas hebraica, grega, aramaica, egípcia e outras; a cultura oriental; a arqueologia para se achar manuscritos dos mais antigos possíveis), por certo, não teríamos a Bíblia traduzida em nosso idioma. Por isso, valorize quem se esmera por conhecer mais as Escrituras.
 
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Aprender que JESUS, o mestre da Galileia, é mestre por excelência.
Identificar a ordem de JESUS aos seus discípulos para ensinar a igreja do primeiro século.
Saber da importância do dom ministerial de ensinador na igreja local.
 
PALAVRAS-CHAVE - Doutor ou Mestre: Pessoa que manifesta sapiência.
 
Resumo da Lição 10 - O Ministério de Mestre ou Doutor
I - JESUS, O MESTRE POR EXCELÊNCIA
1. O mestre da Galileia.
2. O mestre divino.
3. O mestre da humildade.
II - O ENSINO DAS ESCRITURAS NA IGREJA DO PRIMEIRO SÉCULO
1. Uma ordem de JESUS.
2. A doutrina dos apóstolos.
3. Ensinamento persistente.
Ill - A IMPORTÂNCIA DO DOM MINISTERIAL DE MESTRE
1. Uma necessidade urgente da igreja.
2. A responsabilidade de um discipulado contínuo.
3. Requisitos necessários ao mestre.
a) Um salvo em CRISTO. b) O hábito de ler.
c) Preparo intelectual. d) Um coração em chamas.
 
SINOPSE DO TÓPICO (1) - JESUS, o mestre da Galileia, é reconhecido em o Novo Testamento tanto como o Mestre Divino quanto o Mestre da humildade.
SINOPSE DO TÓPICO (2) - O ensino na igreja do primeiro século foi ordenado por JESUS para os apóstolos ensinarem persistentemente.
SINOPSE DO TÓPICO (3) - O dom ministerial de mestre é uma necessidade para a igreja local e uma responsabilidade para um discipulado permanente.
 
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ARAÚJO, Carlos Alberto R. A Igreja dos Apóstolos: Conceito e Forma das Lideranças na Igreja Primitiva, l.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012. GANGEL, Kenneth O.; HENDRII CKS, Howard G (Eds.), Manual de Ensino para o Educador Cristão: Compreendendo a natureza, as bases e o alcance do verdadeiro ensino cristão, 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
 
Meus comentários - Ev. Luiz Henrique
Nessa lição estamos falando de ministério Mestre ou doutor, ministério esse que é acompanhado por sinais, prodígios e maravilhas, como era normal na vida dos primeiros mestres. Vemos na reunião em Antioquia que os mestres, ou doutores, eram homens de jejum, oração e ouviam diretamente a voz do ESPÍRITO SANTO.
"E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado". Atos 13:1,2.
Paulo foi um mestre por excelência, se autodenominava "doutor dos gentios" - "Para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios". 2 Timóteo 1:11.
 
Quase nenhum pastor é mestre - quantos você conhece que através dele, de seu ministério pessoal, acontecem milagres, curas, batismos no ESPÍRITO SANTO, libertações, etc...?
O pastor recebe comunicação dos irmãos sobre coisas que estão a perturbar o rebanho e sobre problemas com cada um, então procura uma mensagem para corrigir esses erros, às vezes doutrinários ou de ordem moral, etc... O mestre recebe uma mensagem de DEUS para dar à igreja que tocará nos corações e confrontará seus pecados e consolará os que estão lutando contra o pecado. O ensino pastoral é humano, o ensino do mestre é sobrenatural, é espiritual. É inacreditável de repente pensarmos que todo pastor é um mestre e que todo professor de EBD também o é. Na maioria das vezes se encontra um mestre só entre toda uma igreja de 10.000 pessoas. É raro esse ministério, não estamos falando de gente que estuda muito, que tem muitos livros e que tem facilidade de decorar o que lê, estamos falando de um ministério poderoso e eficaz de CRISTO. Procuremos não diminuir os ministérios, por favor. Assim como é difícil encontrar um legítimo apóstolo, um legítimo profeta, um legítimo evangelista, um legítimo pastor, assim é também difícil encontrar um legítimo Mestre ou doutor. estamos falando de coisas superiores, sobrenaturais, espirituais, excelentes.
 
Não sei onde alguns irmãos acharam esse dom de ensino. Existe Dom ministerial de Mestre ou Doutor.
O mestre ou Doutor é uma pessoa dada, por CRISTO, à igreja, para ensinar a igreja ou qualquer que lhe pergunte a respeito de DEUS. É uma pessoa capacitada pelo ESPÍRITO SANTO com dons espirituais e alguém que busca e recebe revelações de DEUS para aquilo que ensina. Acontecem salvação, curas, milagres quando um mestre ensina. Exemplo disso são JESUS, Paulo, etc... ---- Todos podem ensinar, mas nunca serem Mestres ou Doutores, mas, todo Mestre ou Doutor é excelente ensinador. Todos podem e e devem estudar para ensinarem, porém o Mestre ou Doutor recebe ensino direto de DEUS. "Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor JESUS, na noite em que foi traído, tomou o pão"; 1 Coríntios 11:23.
Um legítimo mestre é aquele que tira de seu aió, ou alforje, ou embornal, ou cofo, ou sacola, ou pasta, ou mochila, etc... (bolsa onde se coloca as sementes para plantar (de acordo com cada região do Brasil), dai o mestre retira, coisas velhas e coisas novas, ou seja, coisas já reveladas e coisas que ele buscou de DEUS e são novas revelações da Palavra de DEUS, e as ensina a seus alunos (palavra que sai da boca de DEUS). - "E ele disse-lhes: Por isso, todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas". Mateus 13:52.
 
O mestre aplica tanto o serviço espiritual de buscar a revelação da Palavra, em oração, quanto aplica o serviço material que envolve estudar a finco a bíblia sobre o que vai ensinar e também aplica-se ao jejum para se manter em comunhão íntima com o ESPÍRITO SANTO - Sem entrega total da vida não existe ministério de mestre - sem sacrifício não existe presença de DEUS.
 
Nicodemos disse: Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de DEUS, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se DEUS não for com ele (2). Os milagres que JESUS realizara (2.23) indicavam o caminho para Nicodemos e para aqueles que este representava (observe a forma plural sabemos). Por causa desses milagres, eles pensavam que JESUS era um professor especial enviado por DEUS.
A maior tragédia do ensino em nossos dias é não ver na vida prática dos ensinadores o que eles mesmos ensinam, é não ver e ouvir a confirmação de seu ensinos através do poder de DEUS em operação pela manifestação dos dons espirituais na vida ministerial de tais "mestres".
 
NOVO NASCIMENTO
Acontece quando há o arrependimento de pecado e o pecador arrependido confessa a JESUS CRISTO como único e suficiente salvador, é invisível a presença do ESPÍRITO SANTO na pessoa, mas a partir desse momento Ele está morando nesse novo filho de DEUS, nascido de novo, era do reino das trevas, agora é do reino da luz, era do reino de Satanás, agora pertence ao reino de DEUS. JESUS disse que é como o vento que ninguém vê, mas sabe que está balançando a árvore, assim o que é nascido de novo apresenta mudança de vida, mas ninguém vê o ESPÍRITO SANTO na pessoa, embora O Mesmo esteja morando lá. SINAL INTERNO E INVISÍVEL
 
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 58, p.41.
Vivemos num tempo de avanço tecnológico e de multiplicação das informações em distintas áreas do conhecimento. Basta um computador conectado à internet e, pronto: um mundo outrora desconhecido agora se abre para você. Possivelmente, o seu aluno conhece o assunto a ser lecionado nesta semana. Certamente ele pesquisou muita coisa em livros e na internet. E pode ter acumulado até mais informação que o conteúdo preparado para a sua aula. Este é o nosso mundo globalizado!
Nesta lição, o nosso desafio é explicar como se pode relacionar o dom ministerial de mestre com as urgências existenciais dos dias contemporâneos. Não por acaso, ela abre o tema analisando o ministério do ensino em JESUS de Nazaré. O mestre da Galileia era antenado com as circunstâncias sociais, políticas e espirituais do seu tempo. Com propriedade, JESUS ensinou sobre a política, as prevenções contra o materialismo e confrontou os discípulos a respeito do verdadeiro sentido da vida humana. Levando sempre uma proposta de vida segundo a perspectiva do Reino de DEUS. É a urgência da tarefa de todo educador cristão: levar os alunos a pensarem as demandas da existência à luz do Evangelho e segundo os aspectos positivos e negativos do Reino de DEUS (Mt 5-7).
Preeminência do ministério do mestre
Podemos afirmar historicamente que, logo após a morte dos santos apóstolos, as testemunhas da ressurreição do Senhor, os mestres eram líderes chaves na comunidade antiga, assim como os apóstolos ministeriais, profetas, os evangelistas e os pastores. Ao ponto de a Bíblia registrar a exortação apostólica: "Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina" (1Tm 5.17). Os presbíteros que se dedicavam ao exame da Palavra de DEUS eram estimados por duplicada honra porque eles se afadigavam dia e noite para compreender os mistérios divinos (Rm 12.7). A mensagem do Reino tinha de fazer sentido na vida dos cristãos de outrora.
Caro professor, o Pai concedeu o dom ministerial do mestre para a sua Igreja atingir a estatura de CRISTO em sua plenitude. Portanto, estude, persista em ler e reflita acerca da fé; não se esqueça de que os nossos alunos devem enfrentar as questões da vida sob o prisma da mensagem do Reino de DEUS. E você professor, é um instrumento essencial nesse processo de formação cristã.
 
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
Entre os dons ministeriais, concedidos por DEUS para edificação e “aperfeiçoamento dos santos”, nas igrejas locais, está o de “doutor” ou “mestre”. Não é um dom muito reconhecido em geral, nas comunidades cristãs, por falta de entendimento acerca do seu valor, ou até por preconceito contra esses termos. As pessoas não têm qualquer receio de tratar um obreiro como “pastor”, “evangelista”, “bispo” ou até “apóstolo”, nos dias presentes. Mas não é comum um obreiro, que tem o dom de mestre ser chamado de “mestre” ou “doutor”. Isso se deve à visão que se tem do que é ser dotado de capacidade para o exercício desse dom ministerial, tão importante quanto os demais dons de DEUS. Ou pelo “ar de superioridade” que alguns demonstram no exercício desse dom.
Em parte, também, percebe-se que, em muitos casos, os mestres ou doutores não têm a devida humildade no exercício do dom que DEUS lhes concedeu. Alguns, ressaltamos, portam-se com diletantismo ou soberba, pelo fato de serem intelectualmente mais galardoados do que outros. Há até os que cobram “cachê” para ensinar, seguindo o exemplo de cantores ou pregadores, que só servem por dinheiro, e mercantilizam os dons e talentos que são concedidos por DEUS. Não se deve generalizar em caso algum o comportamento dos obreiros. Há os mestres ou doutores que, a despeito de seu elevado grau de conhecimento bíblico, teológico e secular, são humildes e sinceros, colocando-se como servos a serviço das igrejas.
Os bons mestres ou ensinadores são muito úteis às igrejas locais. Muitas vezes, os pastores, assoberbados com as atividades administrativas, construindo templos, cuidando do patrimônio, em viagens pastorais, e tantas atividades, próprias dos que realmente trabalham em prol da obra do Senhor, não têm tempo de preparar estudos e mensagens substanciais, para alimentar a igreja local. E recorrem aos mestres ou ensinadores, para que lhes ajudem nessa imensa tarefa de edificar o rebanho. Quando o pastor também é mestre pode suprir a igreja com o ensino da Palavra. Mas nem todo pastor tem esse dom. Assim como nem todo mestre tem o dom de pastor.
A atividade primordial do mestre, doutor ou ensinador é cuidar do ensino fundamentado da Palavra de DEUS. É tão importante que a Bíblia requer que haja dedicação ao exercício desse dom. “...se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino" (Rm 12.7 — grifo nosso). Talvez seja uma das grandes falhas em muitos ministérios, nas igrejas, a falta de dedicação ao ensino. Há pessoas que querem ensinar sem o mínimo preparo para essa atividade. Nos tempos pós-modernos, mais do que nunca, existe a necessidade de bons ensinadores. Há questionamentos e problemas que não havia há alguns anos. E muitos pastores não estão preparados para dar respostas adequadas ao rebanho.
O avanço das ciências, das tecnologias, as questões da bioética, as mudanças rápidas no comportamento social provocam questões que exigem, não só o conhecimento bíblico e teológico, mas também secular.
O mestre, doutor ou ensinador precisa ter o cuidado de não se considerar superior ao pastor ou dirigente de uma congregação, pelo fato de ter mais conhecimento que a média dos obreiros. Humildade, modéstia, sabedoria e equilíbrio são qualidades indispensáveis aos que são dotados por DEUS de mais capacidade para se dedicarem ao ensino. Mais cuidado ainda deve ter o mestre, pois deles será requerido mais, como diz Tiago: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3.1).
Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 118-119.
ENSINO
A importância do ensino Cristão
1. Ensinemos por meio de palavras, pela força do exemplo. O ensino faz parte da Grande Comissão (ver Mat. 28:20).
2. Os dons espirituais existem para servir de auxilio no ministério do ensino, e o alvo de tudo é a maturidade espiritual, o crescimento e o aperfeiçoamento dos santos (ver Efé. 4:11 e ss).
3. Os verdadeiros mestres são dádivas divinas à igreja, para seu beneficio (ver Efé. 4:11). E a revelação da palavra é dada especialmente aos mestres, a fim de que sejam eficazes em seu ministério (ver I Cor. 12:8).
4. O ensino tem um efeito edificador. Portanto, é importante, se a igreja tiver de ser edificada. O ensino é vital para esse propósito.
5. As Escrituras Sagradas nos foram transmitidas nessa forma escrita a fim de que o ministério do ensino fosse facilitado e se tomasse mais eficaz.
6. Acima de tudo o mais, CRISTO foi o Mestre Supremo. Se seguirmos o exemplo que nos deixou, sem dúvida haveremos de ensinar.
7. Aqueles que somente evangelizam, negligenciando o ensino cristão, terão de contentar-se com uma igreja infantil, carnal, com disputas e cisões na igreja local. Um povo faminto espiritualmente, será um povo infeliz.
8. A ausência de ensino cristão arma o palco para a apostasia. (ver Heb. 6:1 e ss).
9. Chega um tempo, na vida de cada crente, que se espera que ele se tome um mestre, e não um aprendiz (ver Heb. 5:12).
10. Observemos a importância emprestada por Paulo à necessidade de haverem homens bons que sejam mestres de outras pessoas na fé cristã, para que esta possa passar de uma geração à outra (ver 11 Tim, 2:2).
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 390.
 
No Novo Testamento
Terminologia. Alguma forma da palavra "ensinar" é usada em várias versões para traduzir cinco termos gregos, quatro dos quais são precisamente traduzidos pela versão RSV em inglês.
1. O grego matheteuo, "ser" ou "fazer um discípulo" (Mt 28.19; At 14.21).
2. O grego paideuo, "educar" ou "treinar" (At 22.3; Tt 2.12).
3. O grego katecheo, "instruir" (1 Co 14.19; Gl 6.6 duas vezes).
4. O grego kataggello, "proclamar" (At 16.21; RSV "advogar").
5. O grego sophronizo, "encorajar", "aconselhar" (Tt 2.4).
A versão RSV em inglês traz o termo "ensino" em Lucas 10.39 como a tradução do termo logos.
A ideia transmitida pela palavra "ensinar", por seus cognatos e compostos reside inteiramente sobre alguma forma do verbo didasko.
 
O ESPÍRITO SANTO como mestre.
Paulo afirmou que sua pregação não consistia de palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo ESPÍRITO SANTO (1 Co 2.13). O Senhor JESUS encorajou seus discípulos a não se preocuparem com o que deveriam dizer nas ocasiões de perigo e perseguição, porque naquela mesma hora o ESPÍRITO SANTO lhes ensinaria o que deveriam dizer (Lc 12.12). O ESPÍRITO SANTO, disse o nosso Senhor, viria como um Paracleto e ensinaria todas as coisas aos seus discípulos (Jo 14.26). A unção do ESPÍRITO é o tutor perpétuo do crente (1 Jo 2.27).
 
O Senhor JESUS como mestre.
O ministério de JESUS por toda a Palestina é descrito como sendo essencialmente de ensino, seja para as multidões casuais ou para os seus próprios discípulos; quer nas sinagogas, nos lugares públicos, ou na audiência dos líderes religiosos (Lc 5.17). O efeito sobre suas reuniões era impressionante e reforçava a convicção de que Ele ensinava não como os escribas, mas como alguém que possuía autoridade (Mt 7.28ss.; 13.54; Mc 1.22; 6.2; cf. Lc 4.32). O Senhor JESUS afirmou que as palavras que Ele falava lhe haviam sido ensinadas por DEUS Pai (Jo 8.28), e que seu ensino vinha do Pai (Jo 7.16ss.). Seu ensino foi caracterizado pelo uso frequente de parábolas (Mc 4.2).
Nicodemos reconheceu que JESUS era um mestre vindo de DEUS, e que isto fora atestado por obras poderosas (Jo 3.2). Os principais dos sacerdotes e escribas o interrogaram quanto à fonte de sua autoridade de ensino (Mt 21.23; cf. Jo 18.19). Até mesmo os seus adversários admitiram francamente que o Senhor ensinava o caminho de DEUS imparcialmente, independente do temor ou do favor do homem (Mc 12.14; Lc 20.21; Mt 22.16; cf. Jo 18.19). Certamente, todos estavam admirados com seu ensino (Mt 7.28; 13.54; 22.33; Mc 1.22; 11.18) e perguntaram se era um novo ensino (Mc 1.27). Em seu circuito inicial na Galileia, CRISTO foi glorificado por todos devido ao seu ensino (Lc 4.15). Nos últimos dias de seu ministério, Ele estava diariamente no templo ensinando (Lc 19.47; 20.1; cf. Mc 14.49; Jo 18.20). Seu ministério foi caracterizado pela atividade que os judeus - entendendo mal algumas de suas declarações - questionavam, não sabendo se Ele estava ensinando sobre a Diáspora e os gentios (Jo 7.35).
A reputação do Senhor JESUS CRISTO como mestre rapidamente lhe trouxe o respeitoso título de rabi (q.v.), ou raboni ("meu senhor", um extraordinário título para um mestre distinto) por parte de seus discípulos (Mc 9.5; 11.21; Jo 1.49), daqueles que o ouviam (Mc 12.14; Jo 3.2), e até mesmo de seus inimigos (Lc 10.25; 11.45; 19.39; 20.28). Este título aramaico às vezes é deixado sem uma tradução, às vezes é interpretado, porém é mais frequentemente traduzido pela palavra grega didaskalos ("mestre" ou "professor"), que embora não seja uma tradução literal é verdadeira no sentido do contexto original. O Senhor JESUS aceitou este título como indicativo do verdadeiro relacionamento existente entre si mesmo, como mestre, e os seus seguidores, como discípulos (Jo 13.13; Lc 6.40; Mt 10.24ss.). O tema central no ensino do Senhor JESUS era o reino de DEUS (Mt 5.2; 9.35). Lucas descreveu o relato de seu Evangelho como pertencendo a tudo o que JESUS começou tanto a fazer como a ensinar (At 1.1). Dentre as muitas lições que o Senhor JESUS ensinou aos seus discípulos, os evangelistas escolheram várias para as suas menções particulares; por exemplo, o Sermão do Monte (q.v.); o pedido de seus discípulos para que lhes ensinasse a orar (Lc 11.1): sua rejeição, morte e ressurreição em Jerusalém (Mc 8.31; 9.31); e sua segunda vinda (Mt 24-25; Mc 13; Lc 17.20-27; 21).
 
Os apóstolos como mestres.
Durante seu ministério, o Senhor JESUS enviou os seus discípulos para ensinar (Mc 6.30). Mais tarde, o Senhor mandou que fizessem discípulos de todas as nações, e ensinando-os a observar tudo o que Ele havia ordenado (Mt 28.20). Depois do Pentecostes, que ocorreu após a ascensão, os apóstolos ensinaram ao povo que o Senhor JESUS ressuscitou dos mortos (At 4.2). O concílio judeu mandou que Pedro e João desistissem de ensinar no nome de JESUS (At 4.18), uma ordem que eles não atenderam, e foram presos no templo enquanto continuavam a ensinar (At 5.21, 24ss.). Apesar de uma outra severa advertência das autoridades, os apóstolos continuaram a ensinar e pregar a JESUS CRISTO (At 5.42) até que toda Jerusalém estivesse repleta de seu ensino (At 5.28). Barnabé e Paulo ensinaram durante um ano inteiro na igreja que estava em Antioquia (At 11.26; cf. 15.35). O procônsul Sérgio Paulo ficou admirado com o ensino de Paulo sobre o Senhor JESUS (At 13.12). Quando os atenienses ouviram Paulo, eles o levaram ao Areópago para que pudesse lhes expor seu novo ensino (At 17.19). Paulo passou dezoito meses em Corinto ensinando a Palavra de DEUS (At 18.11), e mais tarde lembrou aos presbíteros efésios que ele lhes havia ensinado publicamente e de casa em casa durante sua estada em Éfeso (At 20.20). Apolo, embora conhecendo apenas o batismo de João, ensinou diligentemente em Éfeso as coisas do Senhor (At 18.25). Os discípulos judeus acusaram Paulo diante de Tiago e dos presbíteros em Jerusalém, de ter ensinado os gentios a abandonar as leis de Moisés, a deixar a prática da circuncisão, e a abandonar os costumes judeus (At 21.21). Esta mesma acusação foi lançada pelos próprios judeus quando descobriram Paulo no templo e exclamaram contra ele como alguém que havia ensinado os homens em toda parte contra os judeus, a lei, e o templo (At 21.28). Pela palavra falada e escrita, os apóstolos ensinaram a mensagem do cristianismo aos seus contemporâneos.
 
Mestres na igreja.
Paulo refere-se repetidamente à sua designação como mestre dos gentios na fé e na verdade (1 Tm 2.7; 2 Tm 1.11) e de sua doutrina (2 Tm 3.10; 1 Co 4.17). Ele negou que o Evangelho que ele pregava tivesse sido ensinado por um homem; antes, ele declarou que o recebeu pela revelação de JESUS CRISTO (Gl 1.12). O ensino de Paulo foi dirigido a todos os homens em toda a sabedoria para que todo homem pudesse tornar-se maduro em CRISTO (Cl 1.28; cf. Hb 6.1,2). Entre os dons e a capacitação do CRISTO que subiu aos céus a fim de equipar e treinar os membros de seu Corpo, estavam a capacitação para se tornarem pastores e doutores (ou mestres; Efésios 4.11). Uma vez que os apóstolos, profetas e evangelistas tinham a princípio uma grande mobilidade, é provável que muitos dos mestres na igreja primitiva tenham tido um ministério de viagens, visitando os crentes em uma certa cidade por um período mais curto ou mais longo. É provável que a maioria ou todos os cinco homens citados em Atos 13.1 não estivessem residindo permanentemente em Antioquia. O papel do mestre na igreja era designado e desempenhado através da indicação Divina e da capacitação do ESPÍRITO (1 Co 12.28). A integridade e a fidelidade para com a tarefa do ensino são enfaticamente ordenadas (Rm 12.7; 1 Tm 4.11,13,16), tanto em sua preparação como em seu conteúdo (Tt 2.1,7; 2 Tm 4.2). Aqueles que ensinam devem ser considerados dignos de duplicada honra (1 Tm 5.17), e merecem o apoio daqueles que são ensinados (Gl 6.6). O aspirante a mestre é solenemente advertido de que esta atividade, em última instância, o envolverá em um julgamento mais rigoroso (Tg 3.1). Mas embora existam aqueles que são especialmente selecionados para ensinar na igreja, cada crente deve envolver-se neste ministério (Cl 3.16; 1 Co 14.6,26; Hb 5.12). Este deve ser para o benefício de todos, e não deve ser complacente com desordem na adoração da igreja (1 Co 14.6,19,26). O servo do Senhor deve ser apto para ensinar e evitar contendas (2 Tm 2.24). Embora as mulheres sejam proibidas de ensinar os homens na igreja (1 Tm 2.12), Paulo ordena que as mulheres idosas ensinem o que é bom enquanto educam as mulheres mais jovens (Tt 2.3).
 
O ensino na igreja.
Há uma referência no NT a uma tradição cristã apostólica denominada diferentemente de sã doutrina (Tt 2.7) ou de palavra fiel (Tt 1.9), que havia sido entregue à igreja (Rm 6.17; 16.17; Ef 4.21; Cl 2.7; 2 Ts 2.15; 2 Tm 2.2; Tt 1.9). Os primeiros discípulos em Jerusalém dedicaram-se ao ensino dos apóstolos (At 2.42). Parte desta tradição era o AT, que é proveitoso, diz Paulo, para o ensino (Rm 15.4; 2 Tm 3.16; cf. 1 Tm 1.8-10). O ensino cristão, e somente ele (1 Tm 1.3), deve ser confiado aos homens que crêem, que por sua vez serão capazes de ensinar aos outros também (2 Tm 2.2; cf. 1 Tm 4.11). O presbítero, portanto, deve ser apto para ensinar (1 Tm 3.2), e deve permanecer firme na palavra fiel que lhe foi ensinada, para que possa dar instrução na sã doutrina e oferecer uma apologia eficaz para a fé (Tt 1.9). A obediência ao padrão da doutrina é creditada com o poder moral para libertar o crente da escravidão do pecado (Rm 6.17). A doutrina está de acordo com a piedade (1 Tm 6.3) e fornece o alimento espiritual necessário ao crente (1 Tm 4.6).
 
Outros usos.
O menino JESUS foi encontrado por sua família sentado entre os doutores da lei no templo (Lc 2.46), Nicodemos foi chamado, por nosso Senhor, de mestre de Israel (Jo 3.10 etc...). João Batista ensinou a seus discípulos como orar (Lc 11.1). O Senhor JESUS adverte que aquele que infringe o menor mandamento e assim o ensina aos homens, será o menor no reino; e, ao contrário, aquele que observa e ensina corretamente aos homens será grande no reino (Mt 5.19). JESUS censurou os escribas e os fariseus por adorarem a DEUS de forma vã, ensinando como doutrinas os preceitos dos homens (Mt 15.9; Mc 7.7; cf. Is 29.13).
 
Falso ensino.
Entre os cristãos na Judeia havia aqueles que ensinavam a necessidade da circuncisão para a salvação, uma doutrina mais tarde repudiada pelo Concílio de Jerusalém (At 15.1). Paulo faz menção dos preceitos e ensinos humanos que prescrevem regulamentos rituais aos quais os cristãos não devem submeter-se (Cl 2.20-22). Ele adverte Timóteo que nos anos futuros alguns iriam afastar-se da fé dando ouvidos a doutrinas de demônios (1 Tm 4.1), enquanto outros reuniriam em torno de si mestres que se adequassem aos seus próprios desejos (2 Tm 4.3). Em outras passagens está previsto que os falsos mestres trarão heresias destrutivas à igreja (2 Pe 2.1). Paulo rogou a Timóteo que ensinasse as sãs palavras de JESUS, e que rejeitasse aqueles que ensinam de outra maneira (1 Tm 6.2ss.). O apóstolo ensinou que havia aqueles que deveriam ser silenciados visto que estavam perturbando famílias inteiras ensinando basicamente o que não tinham o direito de ensinar (Tt 1.11), e também adverte Timóteo contra os judaizantes que desejavam, em vão, se tornar mestres da lei (1 Tm 1.7). O mesmo apóstolo exortou os efésios à integração espiritual e à participação vital de todos dentro da igreja, para que eles não fossem agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina (Ef 4.14). O autor da epístola aos Hebreus adverte seus leitores a não se deixarem envolver por doutrinas várias e estranhas (Hb 13.9), enquanto João ordena aos seus leitores que não se associem a alguém que não permaneça na doutrina de CRISTO (2 Jo 9,10). A igreja em Pérgamo é criticada por ter alguns que aderiram ao ensino de Balaão e à doutrina dos nicolaítas (Ap 2.14), enquanto a igreja em Tiatira é censurada por tolerar o ensino de Jezabel (Ap 2.20,24).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 647-650.
 
Os versículos 7-8 acrescentam: Se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar. Colocada ao lado de ensinar, a palavra exortar sugere pregação. Sobre o significado de exortação (dom de exortar). No entanto, Barrett nos lembra que precisamos evitar fazer uma distinção muito precisa entre ensinar e exortar. “Cada um destes termos significa uma comunicação da verdade do evangelho ao ouvinte, efetivada de diversas maneiras: em uma delas, é explicada - em outra, é aplicada. Contudo, esta comunicação nunca deve ser explicada sem ser aplicada, nem aplicada sem ser explicada”.
William M. Greathouse. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 164.
 
É um belo dom, que o use e ocupe-se dele. “...se é ensinar, haja dedicação ao ensino”; assim alguns o complementam, ho didaskon, en te didaskalia.
Que ele seja regular, constante e diligente no ensino; que permaneça naquilo que é a sua própria função, e esteja nela como em seu ambiente natural (veja 1 Tm 4.15,16, onde isso é explicado por duas palavras: em toutois isthi e epimene autois, estar nessas coisas e continuar nelas). É função do mestre aplicar as verdades e as regras do evangelho mais próximas à situação e à condição das pessoas e inculcar nelas aquilo que for mais prático. Se requer uma cabeça esclarecida e um coração aquecido. Gera edificação dividir o trabalho adequadamente e, qualquer que seja a tarefa de que nos encarregamos, vamos nos dedicar a ela. Cuidar do nosso trabalho é entregar o melhor de nosso tempo e pensamentos a ele, aproveitar todas as oportunidades para ele e não apenas refletir em como fazê-lo, mas fazê-lo bem.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 389.
 
Nas páginas do N.T., o vocábulo «...ministério...» geralmente aparece vinculado a alguma forma de ministração física, como no caso do serviço prestado por Marta (ver Luc. 10:40), embora também possa indicar alguma forma de serviço espiritual, como o serviço prestado pelos anjos aos herdeiros da salvação, conforme lemos em Heb. 1:14. No trecho de II Cor. 3:7, essa mesma palavra é usada para falar sobre o ministério geral de Moisés. Pode significar o serviço geral, físico ou espiritual, relativo às coisas temporais ou às realidades eternas.(Ver I Cor. 12:5; Efé. 4:13 e II Tim. 4:11).
Vê-se, portanto, que a palavra «ministério» se aplica tanto ao serviço físico como ao serviço espiritual, dos menores serviços aos mais elevados que podem ser realizados na igreja. (Ver Atos 6:1,4).
 
«...dediquemo-nos ao ministério...» Essa «dedicação» não aparece no original grego, embora seja corretamente suprida na tradução. Literalmente, o trecho original diz: «...o que ensina, esmere-se no fazê-lo...» (Atos 20:20). Uma vez mais, o original grego diz tão-somente, «...aquele que ensina, no seu ensino...», deixando subentendida a ideia de «dedicação» ou «diligência». Aquele cujo ofício consiste em ensinar, deveria esforçar-se por aprimorar os seus conhecimentos, por melhorar a eficácia dos seus métodos de ensino, aumentando o seu interesse pessoal por aqueles que são os seus alunos. Um dos mais graves escândalos das modernas igrejas evangélicas é que a grande maioria dos seus mestres em nada melhora com a passagem dos anos, incluindo-se nisso tanto o conhecimento como os métodos empregados, como também não demonstram crescente interesse pessoal pelo bem-estar de seus alunos. Pois não é verdade que muitos pastores e outros ministros, depois de terminarem algum curso bíblico, em um instituto bíblico ou em um seminário qualquer, nunca mais envidam esforço para melhorarem, mas de ano após ano não apresentam qualquer mudança para melhor, dizendo sempre as mesmas coisas e da mesma maneira? Ponderamo-nos admirar, portanto que, neste nosso mundo moderno, onde o conhecimento geral aumenta de forma assustadora, tantos se sintam enfadados das igrejas, até que finalmente se desviam de todo? Não é suficiente proferir dogmas contínuos, sem variação e sem imaginação. Ninguém pode tolerar esse tipo de ministério para sempre. Esse tipo de ministério não corresponde aos problemas de nossa complexa sociedade contemporânea. No entanto, que o ensino bíblico é importante se toma imediatamente evidente através do fato que a Grande Comissão ordena-nos não somente evangelizar, mas igualmente ensinar, e ensinar «todas as coisas» que ele nos ordenou.
Ensinar mediante o «exemplo» também é importante, embora se trate de um aspecto olvidado por tantos mestres cristãos. (Atos 12:25). Existe distinção entre «profetas» e «mestres», em Atos 13:1 e Efé. 4:11). A distinção é que os mestres, apesar de serem-no por dom celestial, não se encontram sob inspiração imediata, de modo que lhes permita revelar alguma coisa nova, embora tenham à sua disposição certa forma de inspiração, que empresta autoridade àquilo que dizem.
Deveria tornar-se evidente, com base neste texto da epístola aos Romanos, que o ensino é um dom e ministério, e que somente os indivíduos assim dotados deveriam ensinar. E os crentes possuidores desse ministério deveriam procurar aprimorar-se na aplicação de sua chamada. O mestre cristão que espera pelo ESPÍRITO SANTO, para que o Senhor o guie em suas pesquisas e em seus pensamentos, poderá expor aos seus ouvintes muitos tesouros, alguns antigos e outros novos, mas todos proveitosos e expressos de maneira tão convincente que possam transformar as vidas dos homens, porquanto as suas palavras podem ser usadas pelo ESPÍRITO de DEUS visando exatamente a essa função.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 3. pag. 814.
 
I - JESUS, O MESTRE POR EXCELÊNCIA
1. O mestre da Galileia.
a- O SIGNIFICADO DE MESTRE
A palavra Mestre, nas escrituras, tem o sentido de designar “uma pessoa que é superior às outras, em poder, autoridade, conhecimento ou em algum outro aspecto”. No hebraico, a palavra 'adon que dizer “soberano” ou “senhor”. A palavra “rab” designa um “professor comum”. Com relação a JESUS, foi usada a palavra “rabi” (cf. Jo 4.31), indicando que ele era um mestre superior. As pessoas chamavam de “meu mestre”, “meu Senhor”, a quem tinha esse título. JESUS recebeu esse tratamento diversas vezes (Jo 1.38,49; 3.2,26). Quando JESUS ressuscitou, Maria usou a palavra “Rabon?, quando o reconheceu. “Disse-lhe JESUS: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer dizer Mestre)!” (Jo 20.16). Em seus ensinos, “O Senhor JESUS proibiu o uso deste termo entre os discípulos por causa do orgulho e da exaltação pessoal com que era utilizado entre os fariseus (Mt 23. 7,8).
 
b- O MESTRE DA GALILEIA
JESUS era o Mestre perfeito. Além de Pastor, pregador, missionário e evangelista, exercia com excelência a missão de ensinar. Evangelizava e discipulava de maneira eficaz. Era o Mestre perfeito; o Doutor incomparável (Mt 4.23-25).
Seus ensinos, seus sermões ou discursos e suas aulas eram eloquentes e profundamente convincentes aos que o ouviam. Ele não ensinava teorias abstratas ou acadêmicas que impressionassem pela retórica. Seu ensino era bem recebido pelas multidões, porque Ele vivia o que ensinava e ensinava o que vivia.
O Mestre dos mestres fazia diferença em seus ensinos perante as multidões. O povo estava descrente das mensagens dos escribas e fariseus, que proferiam discursos eloquentes e legalistas, mas vazios de autenticidade e poder. Não foi por acaso, que as multidões que seguiam JESUS aumentavam a cada dia. A diferença dos ensinos de JESUS e os dos fariseus, era que JESUS falava com autoridade (Mt 7.28,29). Ele era incomparável, como Rabi da Galileia (Jo 3.2).
O Mestre dos Mestres deixou-nos grandes exemplos de sua pedagogia.
1) Conhecia a matéria que ensinava (Lc 24.27);
2) Conhecia seus alunos (Mt 13; Lc 15.8-10; Jo 21);
3) Reconhecia o que havia de bom em seus alunos (Jo 1.47);
4) Ensinava as verdades bíblicas de modo simples e claro (Lc 5.17- 26; Jo 14.6);
5) Variava o método de ensino conforme a ocasião e o tipo de ouvintes (Parábolas, perguntas, discursos, preleção, leitura, demonstração, etc.).
Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 120-121.
 
MESTRE
O significado literal de várias palavras gregas varia de "instrutor" ou didaskalos, como em Mateus 10.24, até "déspota" ou despotes, como em 1 Pedro 2.18. Outra palavra grega traduzida como "mestre", epistates, significa "alguém nomeado sobre" outros, como em Lucas 5.5. Ainda outra palavra grega é, na verdade, hebraica - "rabbi" que significa "meu mestre" ("superior" ou "professor"), como em João 4.31. Uma quinta palavra grega para "mestre" é kurios que geralmente foi traduzida como "senhor" ao longo de todo o NT e significa "supremo" (em autoridade). No sentido mais elevado, o título se aplica apenas ao Senhor. Ainda existem outras palavras gregas e hebraicas com diferentes aspectos de significado que foram traduzidas como "mestre". Duas palavras gregas para "mestre" ocorrem em Mateus 23.8-10, "Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi [rhabbi, "meu mestre", ou "professor"], porque um só é o vosso Mestre [kathegetes, "líder" ou "professor"], a saber, o CRISTO, e todos vós sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres [kathegetes, "líderes"], porque um só é vosso Mestre, que é o CRISTO". Veja Rabi; Educação; Ensinar.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1261-1262.
 
RABI
Esta palavra é uma transliteração da palavra hebraica usada como um termo de respeito e honra. A palavra significa literalmente "meu grande", "meu mestre". Embora o termo tenha sido originalmente usado como uma marca de respeito, depois do século I d.C. ele tornou-se um título para mestres religiosos e líderes, perdendo em grande parte o seu significado original. Este título continuou em uso durante a era Cristã, e é usado atualmente para designar os ministros ordenados entre os judeus. Embora as escolas recentes entre os judeus tenham tentado usar a graduação de títulos variando de "rab", um professor comum, até "rabi", e então "raboni", no tempo do Senhor JESUS não houve nenhuma consistência em uma forma de uso semelhante. No NT, o termo rabi foi aplicado ao Senhor JESUS em várias ocasiões, porém mais provavelmente no sentido de honra do que em um significado técnico (Jo 1.38,49; 3.2,26; 6.25). A palavra raboni, usada por Maria ao se dirigir ao Senhor ressuscitado (Jo 20.16) é a forma aramaica da mesma palavra. Certa vez o Senhor JESUS proibiu o uso deste termo entre os discípulos por causa do orgulho e da exaltação pessoal com que era utilizado entre os fariseus (Mt 23.7,8).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag.  1242-1243.
 
CRISTO passou por toda a Galileia, ensinando nas sinagogas e pregando o Evangelho do reino. Entenda;
a- O que CRISTO falava sobre o Evangelho do reino.
O Reino dos céus, isto é, o reino de graça e glória, é enfaticamente o reino, o reino que estava chegando; o reino que iria sobreviver, que superaria todos os reinos da terra. O Evangelho compreende os estatutos deste reino, contendo o juramento de coroação do Rei, pelo qual Ele se obriga graciosamente a perdoar, proteger e salvar os súditos daquele reino e a procurar a sua honra. Este é o Evangelho do reino; dele, o próprio CRISTO foi o pregador, para que a nossa fé no reino possa ser confirmada.
b- Onde Ele ensinava.
Nas sinagogas. Não apenas ali, mas ali principalmente, porque estes eram os lugares onde a multidão se reunia, onde a sabedoria erguia a sua voz (Pv 1.21); porque eram os lugares onde o povo se reunia para a adoração religiosa e ali, esperava-se, a mente do povo estaria preparada para receber o Evangelho; e ali as Escrituras do Antigo Testamento eram lidas, e a sua exposição poderia facilmente introduzir o Evangelho do reino.
c- O empenho que Ele tinha em ensinar.
Ele passou por toda a Galileia, ensinando. Ele podia ter publicado uma proclamação, convocando todas as pessoas para que viessem até Ele; mas para mostrar a sua humildade, e a condescendência da sua graça, Ele vai até eles; pois Ele espera ser gracioso e vir para buscar e salvar. Josefo disse que havia aproximadamente duzentas cidades e vilas na Galileia, e CRISTO visitou todas elas, ou a sua maioria. Ele viajava fazendo o bem. Nunca houve um mestre itinerante assim, tão infatigável, como era CRISTO. Ele ia de cidade em cidade, para comunicar aos pobres pecadores que se reconciliassem com DEUS. Este é um exemplo para os ministros, para que se dediquem a fazer o bem, e, para que Sejam insistentes e constantes, a tempo e fora de tempo, em ensinar a palavra.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 39-40.
 
Com estas palavras Mateus repete o que já afirmou em 4.23-25 sobre a atividade abrangente do Senhor. O v. 35 caracteriza, numa coincidência quase literal com 4.23, a atuação com quatro verbos. São eles: percorrer a região, ensinar, evangelizar, curar.
Estas quatro atividades revelam-nos o CRISTO que fala e que trabalha, ou seja, a atuação de JESUS com palavra e atos, com cuidado pela alma e cuidado pelo corpo.
Primeiro: JESUS percorria a região. Ele procurava as pessoas lá onde estavam em casa, em seus hábitos. Ele realiza “visitas domiciliares”, como diríamos hoje. Samuel Keller afirmou certa vez: “A chave para as almas das pessoas está pendurada em sua casa. Por isso é necessário ir até elas, procurá-las em sua vida cotidiana, em suas aflições, em suas doenças, em sua solidão.”
Segundo: Ensinando. Ensinar refere-se à instrução dada ao povo (exposição da palavra de DEUS!), e também à controvérsia com os fariseus e escribas.
O objetivo é que o povo seja ensinado a partir da autoridade, e não dos “estatutos humanos”. A palavra, novamente a palavra, a palavra poderosa do ESPÍRITO. De que outra maneira o Bom Pastor alcançaria seu rebanho, se não fazendo ressoar a sua voz?
Terceiro: Ao lado do ensino acontece, como segunda característica, o “anúncio”, a “proclamação de alegria” do reino.
Quarto: Ensino e proclamação são acompanhados da ação simultânea. Pois o reino de DEUS está “em vigor”. Quando o Senhor diz a sua palavra, caem as amarras do pecado, os castelos do Mamon, as fortalezas da doença, sim os laços da morte. JESUS nos proíbe deixar de lado a grande miséria física, social e econômica das multidões, como se não tivéssemos nada a ver com ela, como se fosse possível ouvir e aceitar o evangelho do reino de modo desligado dela. JESUS nos proíbe considerar essa miséria como algo sancionado por DEUS. Pelo contrário, ela faz parte da realidade sem DEUS em que JESUS nos ordenou que penetrássemos, dando-nos as magníficas palavras do “sal” e da “luz”, com sinais, prodígios e maravilhas.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Esperança.
 
Mt 7.28,29 Nos dois últimos versículos, tomamos conhecimento da impressão criada pelo discurso de CRISTO nos seus ouvintes.
1. Eles ficaram admirados com a sua doutrina.
2. Apesar de ensinar com autoridade, Ele não era como os escribas. CRISTO pronunciava o seu discurso da mesma maneira que um juiz pronuncia uma sentença. Ele realmente fazia seus discursos com um tom de autoridade. Suas lições eram leis, e a sua palavra era uma palavra, de comando. CRISTO, sobre a montanha, mostrava mais autoridade que os escribas na cadeira de Moisés. Dessa forma, quando CRISTO ensina às almas através do seu ESPÍRITO, Ele ensina com autoridade.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 90.
 
Mt 7. 28-29. O impacto do sermão do Monte foi profundamente marcante e duradouro. “As multidões estavam totalmente fora de si.” Estavam como que atordoadas, paralisadas! Pavor e admiração, profundo abalo interior e simples incapacidade de captar tomaram conta de seu coração. Jamais tinham ouvido algo assim.
Nenhum discurso que tenha saído de lábios humanos era mais arrasador e impactante do que esse. Ele era, no mais verdadeiro sentido da palavra, a “inversão de todos os valores”. Ele foi e continua sendo o mais abrangente e mais radical paradoxo, i. é, diretamente oposto a tudo o que houve até então, que já fora dito sobre a face da terra.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Esperança.
 
2. O mestre divino.
O ensino do Mestre JESUS não teve nem tem paralelo em qualquer instrução, discurso ou filosofia dos homens. São ensinamentos para serem vividos, e não apenas pregados. Não eram como os ensinos dos fariseus ou dos doutores de sua época (Mt 7.29). Tempos depois, seu discípulo e apóstolo, Paulo, que não conviveu com Ele, afirmou: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do ESPÍRITO e de poder” (1 Co 2.4). Uma das maiores causas do descrédito no evangelho pregado por muitas igrejas e muitos pregadores é a falta de autenticidade na vida deles. JESUS demonstrou, com sua palavra e com seus feitos que era o Mestre Divino. Ele pregava o evangelho vivo, que não consistia apenas em belos sermões, mas em vidas transformadas.
Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 121.
 
3.1,2 Nicodemos era um líder religioso judeu e um fariseu, isto é, pertencia à seita mais rigorosa daqueles tempos.
O que motivou Nicodemos a procurar JESUS? Provavelmente, ele estava impressionado e também curioso, e preferiu formar sua opinião a respeito de JESUS depois de uma conversa inicial. Talvez preferisse evitar ser visto na sua companhia, em plena luz do dia, por temer a censura de seus companheiros fariseus (que não criam que JESUS era o Messias). Mas pode não ter sido o medo que o levou a JESUS depois de escurecer, e também é possível que tenha escolhido um momento em que pudesse conversar sozinho e longamente com o popular mestre que estava sempre cercado de pessoas.
Respeitosamente, Nicodemos se dirigiu a JESUS como o Mestre que havia sido enviado por DEUS. Embora isso fosse verdade, esse título revela seu limitado conhecimento sobre JESUS, afinal Ele era muito mais que um simples rabino. Mas pelo menos Nicodemos identificou os sinais miraculosos de JESUS como a revelação do poder de DEUS.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 500.
 
Uma Vida Nova Para um Homem Morto —Nicodemos (3.1-21)
A salvação é para “todos” (16), mas também é verdade que todos os homens precisam do nascimento que vem do céu (cf. Rm 3.23).
O cuidado com que se descreve a situação de Nicodemos na vida religiosa judaica não é uma coincidência. Ele era um homem entre os fariseus, um príncipe dos judeus. Se algum homem, na ordem antiga, conheceu o significado de DEUS e dos seus planos e propósitos para o homem, esse foi Nicodemos — ele era profundamente entranhado na tradição monoteísta, além dos ensinos da lei, da história de Israel e das proclamações dos profetas. Mas em algum lugar, de alguma maneira, ele se perdera no caminho, e de alguma maneira exemplificava o que havia acontecido com o judaísmo. Assim, uma vez mais, João estabelece um vívido contraste entre a antiga aliança, com todos os seus mal-entendidos, as suas inadequações e suas falhas, e a nova aliança, que assegura a abundância da vida, que tem o DEUS vivo e verdadeiro como a sua Fonte.
Este foi ter de noite com JESUS (2). “Por que ele veio, afinal?” A resposta pode explicar por que ele veio de noite. Devido à profunda necessidade da sua alma, ele veio até o Senhor saindo da escuridão na qual ele e os seus companheiros estavam imersos. Compare isto com o ato de Judas. Quando ele deixou JESUS para ir fazer o acordo com os judeus, ele saiu “e era já noite” (13.30). O contraste vívido entre a luz e as trevas aparece regularmente ao longo de todo o Evangelho (cf. 1.5, 9; 3.19; 8.12; 9.4-5; 12.35).
Nicodemos disse: Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de DEUS, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se DEUS não for com ele (2). Os milagres que JESUS realizara (2.23) indicavam o caminho para Nicodemos e para aqueles que este representava (observe a forma plural sabemos). Por causa desses milagres, eles pensavam que JESUS era um professor especial enviado por DEUS. Rabi... és... vindo de DEUS. Mas isto não significava que JESUS estava sendo reconhecido como o Messias.
Joseph H. Mayfield. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 48.
 
A expectativa do Messias vindouro estava viva em Israel e ganhara nova intensidade sob a pressão da dominação estrangeira romana. Já por ocasião do surgimento de João Batista a pergunta era: Será que ele pretende ser o Messias (cf. Jo 1.19ss)? Ocorre que em sua pessoa e seus atos JESUS é ainda mais poderoso e envolvente que João Batista. Por isso muitos creram em seu nome (Jo 2.23). Por essa razão vai até JESUS um dos homens dirigentes de Jerusalém, chamado Nicodemos, que pertencia ao grupo dos fariseus e tinha assento e voz no Sinédrio.
O tratamento que Nicodemos dirige a JESUS é honroso. Ele, o reconhecido teólogo, o mestre em Israel (v. 10), chama o homem sem estudo da Galiléia de Rabi. Vieste de DEUS, sim; porém és apenas um grande mestre, nada mais que isso. Ou queres ser mais? Queres concordar com aqueles que agora estão a dizer em Jerusalém: JESUS CRISTO, JESUS o Messias? Nicodemos dirige essa indagação oculta a JESUS. É sobre essa pergunta que ele pretende falar com o próprio JESUS.
Werner de Boor. Comentário Esperança Evangelho de João. Editora Evangélica Esperança.
 
Nicodemos pode ter tido uma compreensão deficiente, mas pelo menos não estava cegado por preconceitos, como aqueles líderes religiosos cuja reação às palavras e obras de JESUS foi atribuí-las à atividade demoníaca (veja Jo 8.48,52, Mc 3.22ss.). Mesmo que ele não tenha compreendido o significado dos sinais, percebeu que eles somente poderiam ter sido operados pelo poder de DEUS. Por esta razão, apesar de JESUS não pertencer às escolas de ensino sacro reconhecidas, este mestre-líder em Israel saudou-o como um igual com o título Rabi - um sinal de respeito que valia mais partindo de Nicodemos que dos dois discípulos jovens de João 1.38. As conclusões de Nicodemos eram válidas, até onde tinha ido, mas não chegaram ao ponto que importava. JESUS viu o estado de sua alma, por trás das palavras de saudação proferidas por ele e respondeu-lhe numa linguagem que, por mais desconcertante e incompreensível que tenha parecido a Nicodemos, fora calculada com cuidado para falar à sua condição.
F. F. BRUCE. João. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 78-79.
 
3. O mestre da humildade.
A Auto humilhação de JESUS (Jo 13.4-20)
Pelo fato de a declaração de abertura do capítulo 13 ser longa e detalhada, o leitor deve considerar que o início da cena da ceia ocorre na primeira oração do versículo 2: E, acabada a ceia (o texto grego diz “durante a ceia”), e então continua com a primeira oração no versículo 4: levantou-se da ceia. Ao fazê-lo, o Senhor tirou as vestes (4, cf. 10.17; Fp 2.5-8); i.e., a túnica externa. Então, tomando uma toalha, cingiu-se, o que “marca a ação de um escravo”. Assim preparado, Ele pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxuga-los com a toalha com que estava cingido (5). João não declara por que algum dos discípulos não executou esta tarefa servil, mas evidentemente havia ocorrido alguma “busca de posição” entre os doze (Lc 22.24). Além disso, JESUS era o único naquela sala que poderia executar até mesmo o simbolismo da purificação — pois só Ele estava limpo no sentido teológico e moral da palavra (cf. 17.19; Hb 13.12). Ele veio para dar ao homem a possibilidade de tornar-se puro, moralmente limpo, santo.
Quando JESUS foi lavar os pés de Pedro, este lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? (6) A resposta de JESUS, não o sabes tu, agora, não só afirmava a ignorância de Pedro em relação às coisas espirituais (e.g., a vinda do ESPÍRITO), como também incluía uma promessa: tu o saberás depois (7). O que eu faço era a humilhação do Senhor, simbolizada no ato de lavar-lhes os pés; na verdade, porém, Ele estava proporcionando toda a obra redentora de DEUS para o homem. Hoskyns comenta que a reação de Pedro não é um contraste entre o orgulho de Pedro e a humildade de JESUS, mas, antes, “entre o conhecimento de JESUS, o qual é a base da ação, e a ignorância de Pedro, que ainda não percebe que a humilhação do Messias é a causa efetiva da salvação cristã” (cf. 2.22; 7.39; 12.16; 14.25-26; 15.26; 16.13; 20.9). Mas o entendimento do futuro estava longe demais para Pedro. Ele só via a incongruência imediata da situação — JESUS lavando os seus pés. Impulsivamente, ele declarou: “Nunca em nenhum momento lavarás os meus pés — para sempre” (tradução literal). Pedro esperava colocar um ponto final em tudo aquilo. Mas JESUS conhecia o caminho para o coração de Pedro — a ameaça de ser excluído da presença de JESUS, a quem Pedro amava. Se eu te não lavar, não tens parte comigo (8; cf. Hb 12.14). “Não há lugar na sociedade dos cristãos para aqueles que não forem purificados pelo próprio Senhor JESUS”. Se a comunhão só poderia ser adquirida pela purificação (cf. 1 Jo 1.7), então Pedro queria tudo o que pudesse ter — pés, mãos e cabeça (9).
JESUS fez uma aplicação geral da ideia sobre a qual conversava com Pedro: “Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés. Ele está todo limpo”. “Vós estais limpos, mas não todos” (10). Hoskyns comenta que, no ato da lavagem dos pés, JESUS “simbolicamente declara a completa purificação deles através da humilhação da morte do Messias. O cristão fiel é purificado pelo sangue de JESUS” (1 Jo 1.7; cf. Rm 6.1-3; 1 Co 10.16). Se a santidade de coração estiver no coração da Eucaristia (6.53), a pureza do coração está no coração do Pedilavium (lavagem dos pés). Tudo isto era uma prefiguração simbólica da obra do ESPÍRITO que se tornaria possível através da sua vinda (14.15-17,25-26; 15.26; 16.7-15).
Mas, e quanto a Judas? Ele estava limpo? JESUS sabia, e soube (6.70-71), quem o haveria de trair; por isso, disse: Nem todos estais limpos (11). Bernard diz: “No que diz respeito à limpeza do corpo, não há dúvida de que ele estava nas mesmas condições dos outros, mas não no sentido espiritual”.
Tendo lavado os pés dos discípulos e vestido a sua túnica, JESUS, estando à mesa, outra vez perguntou aos discípulos: Entendeis o que vos tenho feito? (12) Macgregor comenta: “Quando ‘veste a sua túnica’, JESUS assume a sua vida novamente (10.17ss.) no poder do ESPÍRITO, e assim esclarece todas as coisas” (7). Sem esperar por uma resposta, JESUS explicou que isto tinha sido um exemplo (15), ou modelo, “que estimula ou deve estimular alguém a imitá-lo”. Da mesma forma que Ele, seu Mestre (literalmente, “Ensinador”) e Senhor, lhes tinha feito, assim deveriam fazer uns aos outros (13-14; cf. 34). Hoskyns diz: “Seu ato de lavar os pés dos discípulos expressa a própria essência da autoridade cristã”. Não parece haver qualquer evidência de que JESUS quisesse que a lavagem dos pés fosse instituída como um sacramento. Mas fica claro que Ele estava ensinando, pelo exemplo básico e axiomático, embora paradoxal, que a única maneira de ser “o maior” (Lc 22.24) ou de ser bem-aventurado (17) é tomar a estrada do serviço amoroso (13.34) e do sacrifício (10.15), baseado no conhecimento da vontade de DEUS para nós. A palavra traduzida como bem-aventurado no texto das Beatitudes é makarioi (Mt 5.3-12).
Joseph H. Mayfield. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 116-117.
 
João 13. 4/5 Nesse episódio torna-se palpável o que Paulo quer dizer em Fp 2.6ss: Ele, que subsistindo em forma de DEUS, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a forma de servo. Com o pano de linho se cingiu do avental de escravo para servir, exercendo um serviço típico de escravo.
Werner de Boor. Comentário Esperança Evangelho de João. Editora Evangélica Esperança.
 
Jo 13.3-5. Lucas acrescenta um elemento interessante, descrevendo como a disputa deles sobre este assunto provocou em JESUS algumas palavras sobre os verdadeiros padrões de grandeza e um apelo para que olhassem para seu próprio exemplo: “ ...no meio de vós, eu sou como quem serve" (Lc 22.24-27).
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 240-241.
 
Jo 13. 12/14
“Vós deveis também lavar os pés uns aos outros” (Jo 13.12-17). Lucas 22.24 nos diz que, enquanto os discípulos entravam na sala em que ocorreria a Ultima Ceia, eles discutiam quem seria o maior no Reino do céu.
Esse pano de fundo encontrado em Lucas nos ajuda a perceber a importância da pergunta de JESUS: “Entendeis o que vos tenho feito?” Se JESUS, seu Senhor e Mestre, podia curvar-se para servir, os discípulos não deviam competir por grandeza, mas, antes, concentrar-se em servir. “Eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também”.
A preocupação de CRISTO não é com o ato, mas com a postura que ele demonstra. A humildade e o servir são elementos necessários à condição de discípulo cristão. Se somos seguidores de JESUS, certamente devemos seguir o seu exemplo.
Lawrence O. Richards. Comentário Devocional da Bíblia. Editora CPAD. pag. 693-694.
 
II - O ENSINO DAS ESCRITURAS NA IGREJA DO PRIMEIRO SÉCULO
1. Uma ordem de JESUS.
Embora em missões anteriores JESUS tivesse enviado os discípulos somente aos judeus (10.5,6), a sua missão a partir de então seria a todas as nações. Isto é chamado de Grande Comissão. Os discípulos tinham sido bem treinados, e tinham visto o Senhor ressuscitado. Eles estavam preparados para ensinar as pessoas de todo o mundo a guardar todas as coisas que JESUS tinha mandado. Isto também mostrava aos discípulos que haveria um período entre a ressurreição de JESUS e a sua segunda vinda. Durante este período, os seguidores de JESUS tinham uma missão a cumprir - evangelizar, batizar e ensinar as pessoas a respeito de JESUS para que elas, por sua vez, pudessem fazer a mesma coisa.
As boas novas do Evangelho deveriam ser transmitidas a todas as nações. Com este mesmo poder e autoridade, JESUS ainda nos ordena que contemos a outros sobre as boas-novas, e os façamos discípulos do reino. Nós devemos ir – seja à porta ao lado ou a outro país - e fazer discípulos. Esta não é uma opção, mas um mandamento a todos os que chamam JESUS de “Senhor”. Quando obedecermos, sentiremos conforto sabendo que JESUS está conosco todos os dias. Isto irá acontecer por meio da presença do ESPÍRITO SANTO na vida dos crentes. O ESPÍRITO SANTO será a presença de JESUS que nunca os deixará (Jo 14.26; At 1.4,5). JESUS continua a estar conosco hoje, por meio do seu ESPÍRITO.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 171.
 
Mt 28:18 Toda a autoridade . Em seu estado ressuscitado, JESUS exerce autoridade absoluta em todo o céu e a terra, o que demonstra sua divindade. Sua autoridade foi dada pelo Pai, o que indica que ele continua sujeito ao Pai (1 Coríntios. 15:28).
Mt 28:19 O imperativo ( fazer discípulos , isto é, chamar as pessoas a comprometer-se a JESUS como Mestre e Senhor) explica o foco central da Grande Comissão, enquanto os particípios gregos (traduzido como batizando , e "ensinar" [v.20 ]) descrevem os aspectos do processo. todas as nações . O ministério de JESUS em Israel era para ser o ponto de partida do que viria a ser uma proclamação do evangelho a todos os povos da terra, incluindo não só os judeus, mas também os gentios. O nome (singular, não plural) do Pai, do Filho e do ESPÍRITO SANTO é uma indicação precoce da divindade trinitária e uma proclamação aberta da divindade de JESUS.
Mt 28:20 O ensino é um meio pelo qual os discípulos de JESUS são continuamente transformados, a fim de tornar-se mais semelhante a CRISTO (cf. 10:24-25;. Rom 8:29;. 2 Coríntios 3:18). observar . Obedeça. estou convosco todos os dias . JESUS conclui a comissão, e Mateus seu Evangelho, com o elemento crucial do discipulado: a presença do Mestre, que é "DEUS conosco" (Mt 1:23).
BIBLIA DE ESTUDO ESV ENGLISH STANDARD VERSION. Published by Crossway Bibles.
 
·Ide. portanto, fazei discípulos...·. Algumas traduções dizem <<ensinai todas as nações». Porém, «fazei discípulos· é tradução melhor, embora em Mat. 13:52 seja usada essa expressão com o sentido de «instruir». O fazer discípulos envolve, em primeiro lugar, a necessidade do evangelismo ou da pregação do evangelho; mas também subentende um exercício de treinamento e orientação, de forma que esses discípulos sejam melhor firmados e instruídos na plenitude da mensagem das Escrituras Sagradas. A palavra «portanto·, provavelmente é uma glosa, pois é omitida pelos mss Aleph, AEFHKMSU V, Gamma e outros. Todavia é porção muito antiga do texto, por causa do Códex do Vaticano, como também dos mss Delta e Fam Pi. A glosa é excelente, conforme a maioria dos intérpretes concorda prontamente, porque mostra que essa ação de fazer discípulos dentre todas as nações, repousa na autoridade universal de CRISTO. Por conseguinte, sem importar o que aconteça, algum sucesso está garantido; e o que parece ser fracasso, em realidade não pode sê-lo. Se tragédias acontecerem, se mártires surgirem, se um tratamento vergonhoso for dado aos pregadores, se desumanidades forem perpetradas contra os discípulos, devemos saber que tudo será por causa de JESUS, e que a vitória e o sucesso final estão plenamente assegurados. Se males forem cometidos contra os discípulos de CRISTO ״ o que parece não ter remédio, todavia, DEUS curará a tudo, porque em CRISTO está toda a autoridade, não somente neste mundo, mas também no céu. E, assim sendo, dessa promessa flui um rio de paz e de segurança. Da mesma maneira como a horrenda crucificação de JESUS foi prontamente sarada pela ressurreição, assim também todos os recuos e derrotas dos verdadeiros discípulos serão sarados, porquanto a autoridade de JESUS CRISTO garante isso.
·...de todas as nações...» Todas as limitações fronteiriças são aqui removidas, como também se verifica em Mat. 10:5. Assim foi estabelecida a universalidade da comissão apostólica. A questão sobre como os discípulos haveriam de receber e de incorporar-se na igreja, ainda não fora respondida; e ainda não haviam sido feitas as revelações, dadas a Paulo, que identificam a igreja como organismo quase totalmente gentílico, uma noiva gentílica, e também aquelas outras que falam da alta chamada dessa igreja, que será transformada completamente segundo a imagem de CRISTO. Todas essas coisas haveriam de ser esclarecidas mais tarde e podemos ler acerca delas em trechos como Rom.8; Efé. 1; Col. 1; Heb. 5. O desenvolvimento dessa semente é deixado nas mãos do Espirito SANTO, através do ministério dos apóstolos. Todas as nações certamente incluiria os judeus; mas a mensagem não teria mais alcance provinciano.
·...balizando-os...» Essa declaração tem como base o conceito da triunidade divina. Paulo também ligou dessa maneira JESUS CRISTO com DEUS Pai e com DEUS ESPÍRITO SANTO, segundo se vê cm II Cor. 13:14 e I Cor. 12:4-6; e o quarto evangelho envolve muita coisa dessa natureza. Este versículo também é evidência de que a mesma geração que conheceu a JESUS CRISTO na carne, também já estava reconhecendo as implicações trinitárias, tendo adotado uma expressão das mesmas em seu rito batismal. Isso se tornou uma fórmula consagrada pelo uso, que tem prosseguimento até os nossos dias. (Ver também Atos 2:38 e 8:16, que subentendem a mesma coisa). Os cristãos primitivos talvez não compreendessem a palavra trindade, segundo ela é atualmente empregada como termo teológico; porém, se tivessem sido solicitados a explicar as relações no seio da deidade entre Pai, Filho e ESPÍRITO SANTO, provavelmente teriam dito algo similar ao que essa doutrina ensina atualmente. Naturalmente que havia muitas vozes contraditórias na igreja, como ainda existem, se incluirmos aqui tudo quanto se convencionou chamar de igreja. (Trindade, 1 João 5)
·,..batizando-os em...» é reflexo do texto grego, neste caso. Aqui tentos uma significação profunda, porquanto expressa admiravelmente bem o sentido do batismo, que é a identificação espiritual com CRISTO. Estamos plenamente identificados com CRISTO, em sua morte. Compartilhamos dessa morte e de todas as suas implicações. Estamos mortos para o pecado, e fomos libertados do castigo imposto contra o pecado. Também compartilhamos da vida ressurreta de CRISTO, que é o outro notável símbolo do batismo. Compartilhamos da vida eterna que JESUS trouxe do túmulo. e como se o sepulcro fosse o ventre da própria vida. JESUS foi glorificado em sua ascensão, e então ainda mais glorificado quando de sua glorificação, à mão direita de DEUS Pai. Agora estamos seguindo as suas pisadas. Participamos de sua imagem moral e metafísica, e participaremos plenamente de sua natureza e imagem.
Essa é a grande mensagem do evangelho, a qual ultrapassa em muito a simples questão do perdão dos pecados e a mudança de endereço para o céu. (Rom. 8:29. Efé. 3:19, II Ped. 1:4) O batismo é símbolo dessa realidade; não é a própria realidade. A água não transforma, mas essa transformação é operada por nossa identificação com CRISTO. A água é meramente o símbolo: a transformação é a coisa simbolizada. Não podemos confundir o símbolo com a verdade simbolizada — são coisas separadas.(ver Rom. 6:3).
Precisamos erguer muito mais os nossos olhos, acima das doutrinas básicas do perdão dos pecados e da mudança de endereço para o céu. O evangelho consiste de muito mais do que está simbolizado pelo rito do batismo em água.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 654-655.
 
2. A doutrina dos apóstolos.
O ensino do evangelho de CRISTO aos novos convertidos era tão sério e profundo, que os primeiros crentes eram batizados em águas, “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.42, 43 — grifo nosso). A “doutrina dos apóstolos” era o conjunto de ensinos, ministrados por eles aos novos crentes, de forma eficaz, produzindo mudanças e transformações na vida dos que se convertiam, com sinais e maravilhas. Essa doutrina apostólica ainda está em vigor em nossos dias. Os mestres ou doutores, com humildade e amor, devem fundamentar seus estudos nos ensinos preciosos do evangelho de CRISTO.
Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 125.
 
Atos 2.42 Este primeiro relato da igreja que acabava de nascer descreve a adoração na igreja primitiva, na primeira década da igreja. Os três mil novos crentes se agregaram aos outros crentes. Isto é, se reuniram com outros como eles, pessoas de pensamento e fé semelhantes. Perseveravam implica que estavam regularmente, continuamente, persistindo nas atividades que vinham a seguir.
Estas atividades formam um mapa prático não somente para a igreja de um dia de idade, mas para qualquer igreja, de qualquer idade.
A doutrina dos apóstolos era essencial para o conteúdo daquilo que deveria ser estudado. Os apóstolos, as testemunhas oculares de tudo o que JESUS tinha feito, seriam aqueles a quem o ESPÍRITO SANTO lembraria as verdades fundamentais segundo as quais a igreja seria conduzida pelos séculos futuros (Jo 14.17,25,26; 16.13). Desde o início, a igreja primitiva se dedicou a ouvir, estudar e aprender o que os apóstolos tinham para ensinar.
A comunhão (do grego, koinonia) significa associação e relacionamentos íntimos. Isto era mais do que simplesmente ficarem juntos, certamente mais do que simplesmente uma reunião religiosa. Isto envolvia compartilhar bens, fazer refeições juntos, e orar juntos.
O partir do pão se refere aos cultos de comunhão que eram realizados como lembrança de JESUS e instituídos de acordo com a Última Ceia, que JESUS tinha tido com os seus discípulos antes da sua morte (Mt 26.26-29). É provável que este culto incluísse regularmente uma refeição em comum (At 2.46; 20.7; 1 Co 10.16; 11.23-25; Jd 1.12).
A oração está ligada ao partir do pão, para explicar a palavra “comunhão”. Estas eram pelo menos duas das atividades que faziam parte das suas reuniões regulares. A oração sempre foi uma marca das reuniões dos crentes.
Atos 2.43 A palavra temor é a palavra grega phobos, literalmente traduzida como “medo”. Este temor era parcialmente causado pelas muitas maravilhas e sinais que os apóstolos faziam. As“maravilhas” (teratá) eram os milagres fabulosos que evocavam assombro naqueles que os viam. Os “sinais” miraculosos (semeia) conferiam autenticidade à mensagem e ao mensageiro, direcionando os observadores a uma fonte divina do milagre ou a uma verdade divina. Aqui, estes sinais e maravilhas conferiam autenticidade à mensagem dos apóstolos, identificando-a como uma verdade divina.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 633.
 
Os cristãos da igreja primitiva guardavam rigorosamente as ordenanças santas e eram profusos em todo tipo de devoção e piedade, pois o cristianismo, reconhecido em seu poder, coloca a alma em posição de ter comunhão com DEUS em todas as maneiras em que Ele nos fez para conhecê-lo e prometeu nos conhecer.
a- Os primeiros cristãos eram diligentes e constantes em reunir-se para ouvir a pregação da palavra. Eles perseveravam na doutrina dos apóstolos (v. 42), sem jamais repudiá-la ou abandoná-la. Ou, conforme outra leitura: “Eles se mantinham constantes no ensino ou instrução dos apóstolos”. Pelo batismo, eles foram discipulados a aprender, ficando propensos ao ensino. Veja que aqueles que se entregam a JESUS devem estar plenamente cônscios da obrigação de ouvir sua palavra, pois assim lhe prestam honras e se edificam a si mesmos sobre a sua santíssima fé (Jd 20).
b- Os primeiros cristãos persistiam na comunhão dos santos. Eles continuaram firmes na comunhão (v. 42), perseverando unânimes todos os dias no templo (v. 46). Essa comunhão consistia no amor uns pelos outros e num rico relacionamento social entre eles. Tratava-se de um povo muito unido. Quando se retiraram da geração perversa, não viraram ermitões, mas se achegaram ainda mais uns aos outros e aproveitavam toda oportunidade para se reunirem. Onde quer que haja um discípulo, tem de haver mais, uma vez que são gente da mesma origem e essência. Veja como estes cristãos amam uns aos outros.
Eles se preocupavam uns com os outros, demonstravam simpatia mútua e, de coração aberto, defendiam as causas uns dos outros. Comungavam juntos na adoração religiosa.
Reuniam-se no templo: esse era o lugar do encontro, pois nossa comunhão conjunta com DEUS é a melhor comunhão que podemos ter uns com os outros (1 Jo 1.3).
Observe:
(1) Os cristãos da igreja primitiva estavam todos os dias no templo (v. 46). Adorar a DEUS tem de ser nossa atividade diária, e, sempre que houver oportunidade, quanto mais vezes fizermos publicamente, melhor.
(2) Os cristãos da igreja primitiva eram unânimes (v. 46). Não havia discórdia ou discussão entre eles, somente amor santo. Com prazer e entusiasmo, eles se reuniam nos cultos públicos. Mantinham reuniões exclusivamente suas e eram unânimes em suas orações separadas.
c- Os primeiros cristãos juntavam-se na ordenança da Ceia do Senhor. Eles perseveravam no partir do pão (v. 42), celebrando o memorial da morte do Mestre, como pessoas que não se envergonhavam de relacionar-se e depender de JESUS CRISTO e este crucificado (2 Co 2.2). Eles repartiam o pão em casa, kat oikon - de casa em casa. Não julgavam adequado celebrar a Ceia do Senhor no templo, visto que isso era peculiar aos estabelecimentos cristãos. Eles iam de uma a uma destas pequenas sinagogas ou capelas domésticas, casas que continham igrejas, e lá celebravam a Ceia do Senhor com as pessoas que normalmente se reuniam ali para adorar a DEUS.
d- Os primeiros cristãos perseveravam [...] nas orações (v. 42). Depois que o ESPÍRITO foi derramado, como também antes enquanto o esperavam, eles permaneceram imediatamente em oração. A oração jamais será substituída até que venha a ser absorvida no louvor perpétuo. O partir do pão se coloca entre a obra e a oração, pois se liga a ambas, e é uma forma de assistência apara ambas.
5. Os primeiros cristãos abundavam em ação de graças; sempre estavam louvando a DEUS (v. 47). O louvor deve ser parte de toda oração e não algo a ser escondido num canto.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 24.
 
Atos 2.42 - “E perseveravam…”. O entusiasmo emocional se desfaz rapidamente, o ESPÍRITO SANTO cria algo permanente. Em que perseveravam? Sobretudo “na doutrina dos apóstolos”. Ocorria o que ainda hoje muitas vezes acontece em conversões: o centro da vida foi atingido pela evangelização, a mudança decisiva havia acontecido, pessoas se tornaram propriedade de JESUS – mas como sabiam pouco a respeito de JESUS! Como estavam ávidas para aprender mais, muito mais de JESUS! Não precisavam ser pressionadas para ler a Bíblia, se acotovelavam em torno do NT vivo que estava diante deles nas pessoas dos apóstolos. Os apóstolos não desenvolviam pensamentos teológicos e dogmáticos, mas relatavam “todas as coisas que JESUS começou a fazer e a ensinar” (At 1.1), relatavam o que haviam vivenciado com JESUS e transmitiam os ditos, discursos e parábolas do Senhor.
Agora a vida pertencia a JESUS; queriam vivê-la para ele, para agradar-lhe. Como ela acontecia? Como se seguiam na prática “os passos de JESUS” (1Pe 2.21)? Era isso que os apóstolos tinham de mostrar agora aos recém-convertidos, ainda que não o pudessem fazer ao modo rabínico e legalista.
Finalmente os apóstolos devem ter realizado por meio de sua “doutrina” mais uma coisa que era imprescindível justamente para israelitas: mostravam o que correspondia às grandes promessas da antiga Aliança na vida, paixão, morte e ressurreição de JESUS. Conseqüentemente, o próprio JESUS havia “exposto a Escritura” aos discípulos, de sorte que “lhes ardia o coração” (Lc 24.27-32). Por isso, tanto Pedro como Paulo traziam em todos os seus discursos a “prova da Escritura”. Em vista disso, os jovens cristãos em Jerusalém, do mesmo modo como mais tarde as pessoas em Beréia, podiam examinar pessoalmente “se as coisas eram, de fato, assim” (At 17.11). JESUS foi evidenciado como o cumprimento do Antigo Testamento, e o Antigo Testamento se abria, a partir de JESUS, sob uma luz completamente nova para todos.
Perseveravam “na comunhão”.
Com muita naturalidade eram atraídos uns pelos outros. Não havia quem quisesse ficar sozinho agora.
Essa comunhão não é apenas espiritual e edificante, mas uma comunhão de vida concreta. Isso se expressa no “partir do pão”. A princípio a palavra refere-se simplesmente à refeição conjunta, que segundo o costume judaico é iniciada com o partir e partilhar do pão (cf. At 20.11; 27.35; Mt 14.19;
15.36; Lc 24.30,35). Tomavam a refeição juntos, obviamente, como diz o v. 46, em grupos nas casas. Essa celebração resultava da refeição conjunta – exatamente como na instituição pelo próprio JESUS – e acontecia vivamente bem longe de altar, liturgia e sacerdócio, nas casas e refeições caseiras. Era assim que ainda acontecia até mesmo na igreja de gentios de Corinto, como mostra 1Co 11.17-34.
Por fim, são também persistentes “nas orações”. Considerando que todos os aspectos falam da vida comunitária da primeira igreja, precisamos imaginar por “orações” acima de tudo as comunhões de oração. Crer em conjunto impele para orar em conjunto. Afinal, quantas coisas havia diariamente para repassar em oração. Todos eram participantes da comunhão de oração, pela gratidão e humildade, súplica e intercessão. Como israelitas, os membros da igreja de JESUS estavam acostumados a orar regularmente. Agora lhes foi concedido que pudessem invocar o Pai em ESPÍRITO e em verdade, o grito filial de um coração repleto do ESPÍRITO do Filho (Jo 4.24; Rm 8.15; Gl 4.6). Que belas reuniões de oração aconteciam agora! At 4.23,24 nos propiciará uma visão delas.
 
Atos 2. 43 “Cada alma, porém, enchia-se de temor.” Consideramos isso estranho? O “temor de DEUS” obviamente se tornou algo desconhecido para nós, porque DEUS ficou distante e impreciso, uma mera idéia de nossas cabeças. Acerca dos primeiros cristãos, porém, Bengel escreve com razão ao comentar este trecho: “Habebant enim DEUM praesentum” – “A saber, tinham a DEUS presente”. Para pessoas salvas, portanto, o temor não era aquele medo do castigo, sobre o qual João escreve que é lançado fora pelo amor perfeito (1 Jo 4.18). Pelo contrário, era o respeito sagrado daqueles que agora de fato “habitavam” na presença de DEUS pelo ESPÍRITO SANTO e por isso “com o fogo devorador e com as chamas eternas”, de que falou Isaías 33.14. É o “temor” que Pedro deseja aos fiéis como característica permanente de toda a sua conduta (1Pe 1.17).
Essa proximidade de DEUS se tornou palpável nos “prodígios e sinais, que aconteciam por intermédio dos apóstolos”. DEUS é por natureza um DEUS dos milagres, um DEUS que intervém nas realidades da vida, ajudando, libertando e restaurando. Em vista disso, o “temor” sobreveio também àqueles que ainda não pertenciam à igreja. Olhavam com apreensão para esses cristãos, entre os quais DEUS se mostrava tão poderoso, e evitavam chegar perto demais deles. Tinham uma sensação de que DEUS ainda era algo diferente daquele personagem da tradição antiga, em quem haviam “crido” e que haviam venerado em formas do passado sem um abalo especial do coração. É uma marca de autenticidade daqueles “prodígios e sinais” o fato de não desencadearem entusiasmo e fanatismo, mas “temor”.
Werner de Boor. Comentário Esperança Atos. Editora Evangélica Esperança.
 
3. Ensinamento persistente.
Os primeiros mestres ou ensinadores foram os integrantes do Colégio Apostólico. Como pioneiros na propagação do evangelho, foram perseguidos, presos e alguns mortos. Mas cumpriram a ordem de JESUS de pregar e ensinar a sua Palavra. Diz o texto bíblico: “E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a JESUS CRISTO” (At 5.42). Não perdiam tempo. Não havia templos cristãos. A igreja começou nas casas. O ensino era ministrado a pequenos grupos nos lares. O apóstolo Paulo, falando aos anciãos de Éfeso, mostrou o caráter do seu ensino como verdadeiro mestre cristão: “servindo ao Senhor com toda a humildade e com muitas lágrimas e tentações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram; como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar e ensinar publicamente e pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a DEUS e a fé em nosso Senhor JESUS CRISTO” (At 20.19-21 — grifo nosso).
Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 125-126.
 
Atos 5. A maravilhosa ousadia e constância dos apóstolos em meio a todas estas injúrias e indignidades sofridas. Quando foram liberados (e os deixaram ir, v. 40), eles retiraram-se [...] da presença do conselho (v. 41). Não há registro de sequer uma palavra dita reflexivamente pelos apóstolos sobre o julgamento e o tratamento injusto que receberam. Quando os perseguidores os injuriavam, não injuriavam e, quando padeciam, não ameaçavam, mas entregavam a causa àquele a quem Gamaliel se referira - a DEUS que julga justamente (1 Pe 2.23). As tarefas dos apóstolos eram preservar a posse de suas almas e fazer prova cabal do seu ministério apesar da oposição que enfrentavam. E eles desempenharam admiravelmente ambas as tarefas.
a- Os apóstolos suportaram os sofrimentos com alegria indómita: Eles se retiraram da presença do conselho (v. 41), talvez com as marcas das chicotadas nos braços e nas mãos, sob vaias dos escravos e da populaça, e com divulgação pública dada do castigo infame que sofreram.
Em vez de se envergonhar de JESUS e de sua ligação com Ele, regozijaram-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome cle JESUS. Os apóstolos eram homens de reputação que jamais haviam feito nada de desprezível. Assim, não podiam deixar de sentir vergonha pelas coisas que padeceram, as quais lhes eram mais dolorosas que uma dor aguda e violenta, como normalmente é para os puros. Mas em sua ótica, eles suportavam os maus-tratos pelo nome de JESUS, porque lhe pertenciam e serviam aos seus interesses. Os sofrimentos devem contribuir para o maior avanço do seu nome-, e, portanto: (1) Os apóstolos consideraram uma honra serem achados dignos de padecer afronta, katexiothesan atimasthenai - eles foram honrados por serem desonrados por JESUS. A repreensão sofrida por JESUS é a verdadeira promoção, visto que nos conforma ao seu padrão e é útil aos seus interesses. (2) Os apóstolos se alegraram no sofrimento, lembrando-se do que o Mestre lhes dissera no início da obra: Quando vos -injuriarem, e perseguirem, [...] exultai e alegrai-vos (Mt5.11,12). Eles se alegraram a despeito de padecer afronta (as dificuldades não lhes diminuíram a alegria) e pelo fato de padecer afronta (as dificuldades aumentaram-lhes a alegria). Se padecermos adversidades por fazermos o bem, contanto que padeçamos apropriadamente e como devemos, nos regozijemos nessa graça que nos capacita a agir assim.
b- Os apóstolos prosseguiram na obra com diligência infatigável: Eles foram castigados por pregarem no nome de JESUS (v. 40) e receberam a ordem de não pregarem mais nesse nome. Contudo, eles não cessavam de ensinar e de anunciar (v. 42). Não deixaram de aproveitar toda oportunidade, nem diminuíram nada em seu zelo ou fervor.
Observe: (1) Quando os apóstolos pregavam: Todos os dias (v. 42). Não só em dias de sábado ou nos dias do Senhor, mas diariamente, tão regularmente quanto chegava o dia, sem falhar um dia sequer; como fez o Mestre (Mt 26.55, Lc 19.47). Eles não temiam ser mortos ou enfadar os ouvintes. (2) Onde os apóstolos pregavam: publicamente no templo e particularmente nas casas (v. 42). Em reuniões heterogéneas, nas quais todos acorriam, e nas reuniões seletas de cristãos para ordenanças especiais. Eles não pensavam que um tipo de reunião os dispensaria de outro, pois a palavra deve ser pregada a tempo e fora de tempo (2 Tm 4.2).
Eles visitavam as famílias dos irmãos que estavam sob perseguição e lhes davam instruções particulares segundo requeria cada caso, até para crianças e escravos. (3) Qual era o tema que os apóstolos pregavam: Eles anunciavam a JESUS CRISTO (v. 42). Eles não pregavam a si mesmos, mas a CRISTO JESUS (2 Co 4.5), como amigos fiéis do noivo, tornando sua tarefa promover o interesse dele. Esta era a pregação que mais ofendia os sacerdotes, que queriam que eles pregassem qualquer coisa, menos JESUS CRISTO. Mas eles não mudariam o tema para agradá-los. Os ministros do evangelho devem ser constantes em anunciar senão a JESUS CRISTO e este crucificado (1 Co 2.2), anunciar a JESUS CRISTO e este glorificado. Nada mais que JESUS CRISTO e o que for conversível a este tema.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 58-59.
 
Atos 5.40 - Gamaliel havia solicitado que os acusados saíssem, a fim de possibilitar uma deliberação sigilosa. Dessa maneira os personagens odiados estavam fora do campo de visão dos sacerdotes. Isso facilitou o veredicto rápido.
Os apóstolos são chamados de volta, e reitera-se a proibição de que falem. Para aguçá-la enfaticamente aplicam-se neles os açoites que nos são conhecidos como os “quarenta menos um” também da vida de Paulo (2Co 11.24), e que podiam ser aplicados como castigo em qualquer sinagoga. Então os apóstolos são liberados.
Atos 5. 41/42 Na seqüência lemos a respeito deles as preciosas frases: “E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome. E em nenhum dia cessavam de ensinar e proclamar o Messias JESUS no templo e de casa em casa.” Não consideravam importantes as agudas dores de um lombo ensangüentado. Elas nem mesmo são mencionadas. Cumprem a palavra que o próprio JESUS lhes dissera como “bem-aventurança” (Mt 5.11s; Lc 6.22s). Notamos quando Pedro fala de uma experiência bem pessoal quando mais tarde escreve em sua carta: "Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a DEUS.” (1Pe 2.20; cf. também At 4.14-16). Os apóstolos não foram açoitados “por terem pecado”, e sim “por esse nome”, pelo nome maravilhoso em favor do qual se consegue sofrer tudo com alegria. Destemidamente eles continuam sua atividade, no templo, diante dos olhares dos sacerdotes, e também nas diversas casas. Eles “evangelizavam”, disse Lucas literalmente, empregando aqui pela primeira vez essa bela palavra. O conteúdo da evangelização pode ser sintetizado naquelas duas palavras que nós sentimos apenas ainda como um “nome”: evangelizavam o “Messias JESUS”. Na verdade esse é o testemunho que é a base de todo o evangelho: JESUS é o Messias, JESUS é o CRISTO, JESUS é o cumpridor de todas as promessas divinas, o Salvador da culpa e da morte, o Rei de Israel e o Consumador do mundo.
Werner de Boor. Comentário Esperança Atos. Editora Evangélica Esperança.
 
Aots 20. 20-21. A pregação de Paulo era autêntica (w. 20,21). Ele foi a Éfeso para pregar o evangelho de CRISTO, fora-lhes fiel e àquele que o comissionou. (1) O apóstolo era um pregador claro. Ele entregava as mensagens de modo bastante compreensivo. Essa interpretação se baseia em duas palavras: Nunca deixei de vos anunciar e ensinar (v. 20). Ele não divertiu os efésios com especulações sutis, nem os levou para depois abandoná-los nas nuvens de altas teorias e sublimes expressões. Ele lhes anunciou as verdades claras do evangelho, verdades da maior influência e importância, e lhes ensinou como se ensina a crianças. “Eu vou anunciei o caminho certo para a felicidade, e vos ensinei a andar nele.” (2) O apóstolo era um ensinador poderoso, idéia implícita no fato de testemunhar aos efésios (v. 21, testificando). Ele ensinou como se estivesse sob juramento, como se estivesse inteiramente certo da verdade que defendia. Seu único desejo era que a mensagem os convencesse, os influenciasse e os orientasse. Ele anunciou o evangelho, não como um vendedor de jornais que proclama as manchetes na rua (pouco lhe importando se o que proclama é verdadeiro ou falso), mas como testemunha conscienciosa que apresenta provas no tribunal, com a maior seriedade e solicitude. Paulo ensinou o evangelho como uma testemunha a favor deles, caso o recebessem, e como uma testemunha contra eles, caso o rejeitassem. (3) O apóstolo era um pregador útil (v. 20). Em todas as suas pregações, objetivava fazer o bem àqueles para quem pregava. Ele proclamava tudo que fosse útil aos efésios, que tendesse a torná-los sábios e bons, mais sábios e melhores, que documentasse seus julgamentos e corrigisse seus corações e vidas. Ele pregava ta sympheronta, as coisas que traziam consigo a luz, o calor e o poder divino para suas almas. Nós fazemos tudo isto, ó amados, para vossa edificação (2 Co 12.19). Paulo não tencionava ensinar o que fosse agradável, mas o que fosse útil. E, quando agradava, o alvo era ser útil. A Bíblia diz que DEUS ensina ao seu povo o que é útil (Is 48.17).
Os que ensinam ao povo o que é útil estão ensinando no lugar de DEUS. (4) O apóstolo era um ensinador esmerado, muito diligente e infatigável em seu trabalho: Ele ensinava publicamente e pelas casas (v. 20). Em suas visitas particulares e enquanto vão de casa em casa, os ministros devem discorrer sobre os mesmos assuntos que ensinam publicamente. Devem repeti-los, reprisá-los, explícá-los e, caso necessário, perguntar: Entendestes todas estas coisas? (Mt 13.51). E, sobretudo, devem ajudar as pessoas a aplicar a verdade a si mesmas e à sua própria situação. (5) O apóstolo era um ensinador fiel: Ele não só pregava o que era útil, mas tudo que julgasse que fosse útil para os efésios. (1 Co 1.23). (6) O apóstolo era um ensinador universal: Ele testemunhou tanto aos judeus corno aos gregos (v. 21).
Os ministros têm de pregar o evangelho com imparcialidade porque são ministros de CRISTO para a igreja universal. (7) O apóstolo era um ensinador verdadeiramente cristão: Ele não ensinava noções filosóficas ou questões de discussão duvidosa, nem pregava política ou se intrometia em assuntos do estado ou do governo civil. Ele pregava a fé e o arrependimento - os dois grandes temas do evangelho suas características e exigências. Esses eram temas nos quais insistia em todas as ocasiões. [1] O arrependimento para com DEUS (v. 21, versão RA; ou a conversão a DEUS, RC). [2] A fé em nosso Senhor JESUS CRISTO (v. 21).
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 222-223.
 
Atos 20.20 Paulo praticou as duas modalidades de serviço que constantemente se tornam necessárias: “anunciar” a mensagem e “ensinar” em todas as questões que surgem da mensagem para a fé e a vida de cada pessoa e da comunhão. Com zelo intenso ele aproveitou cada oportunidade para agir “publicamente e também nas casas”[tradução do autor].
A libertação plena e integral encontra-se também para ele unicamente na “fé em nosso Senhor JESUS” (At 16.31).
Werner de Boor. Comentário Esperança Atos. Editora Evangélica Esperança.
 
Atos 20. 20. O ministério pastoral de Paulo se realizava publicamente em reuniões (tais quais aquelas que se realizavam na escola de Tirano) e também de casa em casa (2:46; cf. Rm 16:5; Cl 4:15; Fm 2). Paulo dá considerável ênfase ao fato de que, no decurso de tudo, não deixara de ensinar qualquer coisa que fosse proveitosa para seus ouvintes (cf. v. 27), embora nem sempre fosse bem aceita (G1 4:16, cf. 2 Co 4:2).
 
Atos 20. 21. proclamava aos judeus a necessidade da fé, e aos gregos, a necessidade do arrependimento, respectivamente.
I. Howard Marshall. Atos. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 308-309.
 
Atos 13. A Incumbência (13.1-3).
Literalmente, o versículo 1 diz: “Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores” (ASV; cf. NEB). No livro de Atos, a palavra igreja é usada quase exclusivamente para a congregação local, enquanto as epístolas — principalmente Efésios — se referem muitas vezes a toda a Igreja de JESUS CRISTO. No entanto, em Atos ela conserva uma referência aos crentes de Jerusalém (5.11; 8.1,3; 11.22) exceto em duas ocasiões (7.38; 9.31).
A cidade de Antioquia na Síria era a terceira maior cidade do Império Romano (depois de Roma e Alexandria). Era o lugar onde os seguidores de CRISTO receberam pela primeira vez o nome de “cristãos” para diferenciá-los dos crentes judeus das Sinagogas. Portanto, esta seria a localização lógica a partir da qual seria lançada a grande missão voltada aos gentios. Antioquia tornou-se a base principal da evangelização do mundo gentílico. Sua localização, na extremidade norte da Síria, em frente à Ásia Menor e Europa, também era muito favorável.
Foi feita uma referência a alguns profetas e doutores da igreja de Antioquia. A palavra grega prophetes (de prophemi, “falar”, com o sentido de declarar) significa “aquele que age como intérprete ou comunicador da vontade divina”, e da mesma maneira ela foi usada pelos profetas do Antigo Testamento (e.g., 3.22-23; 7.37; 8.28).
Os profetas eram considerados logo depois dos apóstolos, e os doutores ou mestres ocupavam o terceiro lugar (1 Co 12.28). Os profetas e os doutores passaram a constituir os dois principais grupos de obreiros da igreja dignos de receber apoio, como mostra claramente o Didache (c. 13) do segundo século.
Na língua grega, a partícula te é colocada antes da palavra Barnabé e com Manaém. Este fato levou Ramsay a sugerir que a relação de cinco nomes deveria ser dividida em duas partes, com os três primeiros sendo designados como profetas e os dois últimos como doutores. Mas como profetas e doutores são tratados como classes distintas tanto no Novo Testamento como no Didache (ver acima), a interpretação de Ramsay merece alguma consideração.
Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 298-300.
 
Atos 13.1 - Há “profetas e mestres” na direção. O “carisma” e o “ministério” ainda estão completamente entrelaçados, porque tudo ainda é vida dada e dirigida por DEUS. Neste 13º capítulo poderemos acompanhar por um longo período como Paulo “se fez”. A liderança deve ter sido exercida pelos cinco, “em conselho fraterno”. Aliás, não há nenhum antioqueno recém-convertido entre eles. A jovem igreja em Antioquia precisava de homens experientes, que possuíam, através de sua relação com a primeira igreja, conhecimentos suficientes de JESUS, sua história e sua palavra.
Werner de Boor. Comentário Esperança Atos. Editora Evangélica Esperança.
 
Atos 13.1- Até este ponto, parece que Barnabé e Paulo tinham sido os principais professores na igreja de Antioquia (11.26). Esta lista mostra pelo menos outros três, considerados como profetas e doutores. Saulo era um rabino judeu, altamente instruído, e cidadão romano. O seu nome conclui a lista deste grupo tão variado. As diferenças sociais, geográficas e raciais destes indivíduos mostram que o ESPÍRITO de DEUS tinha estado trabalhando rapidamente e sobre uma ampla região geográfica. O Evangelho não tinha apenas chegado a estas regiões, mas também o ESPÍRITO de DEUS usava a Antioquia cosmopolita para reunir uma equipe diversificada para a próxima “fàse” da expansão do reino.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 680.
 
a) Como a igreja em Antioquia estava bem provida de bons ministros. Havia alguns profetas e doutores (v. 1), homens notáveis por dons, graça e utilidade. JESUS, quando subiu ao céu, deu uns [...] para profetas [...] e doutores (ou “mestres”, versão RA; Ef 4.11). Estes homens tinham ambos os ofícios: profetas e doutores. Agabo, pelo visto, era profeta e não doutor, e muitos eram doutores que não eram profetas. Os mencionados aqui eram, às vezes, divinamente inspirados e recebiam instruções imediatamente do céu em ocasiões especiais, o que lhes dava o título de profetas. Ao mesmo tempo eles eram doutores declarados da igreja nos cultos, expunham as Escrituras e esclareciam a doutrina de CRISTO com aplicações satisfatórias. Estes eram os profetas, sábios e escribas que JESUS prometera enviar (Mt 23.34), que eram, de todos os modos, qualificados para o serviço da igreja cristã. Antioquia era uma grande cidade com muitos cristãos, de forma que não podiam se reunir todos num mesmo lugar. Fazia-se necessário que tivessem muitos doutores para presidir suas respectivas reuniões e apresentar os propósitos de DEUS ao povo.
b- Como os bons ministros da igreja em Antioquia eram bem usados: Eles serviam ao Senhor e jejuavam (v.2). Observe: (1) Os doutores (ou mestres) fieis e diligentes estão, na verdade, servindo ao Senhor. Os que ensinam os cristãos estão servindo a CRISTO. Eles realmente o honram e promovem os interesses do Reino. Os que servem à igreja pregando e orando (ambas as funções estão inclusas aqui), estão servindo ao Senhor, pois eles são os servos da igreja por amor a CRISTO. Em seus serviços eles têm de olhar para Ele, e as suas recompensas, eles as receberão dele. (2) Servir ao Senhor, de um modo ou de outro, tem de ser o negócio declarado nas igrejas e seus doutores (ou mestres). Devemos separar tempo para esta obra e passar uma parte do dia nela. O que mais temos de fazer como cristãos e ministros senão servir a CRISTO, o Senhor? (Cl 3.24; Rm 14.18). (3) O jejum é de utilidade em nosso serviço ao Senhor como sinal de nossa humilhação e como meio de nossa mortificação.
Esse exercício religioso não foi praticado pelos discípulos de JESUS, enquanto o esposo estava com eles (Mc 2.19,20), tanto quanto foi pelos discípulos de João Batista e dos fariseus.
Depois que o esposo foi tirado, eles jejuaram muitas vezes como pessoas que aprenderam muito bem a negai’ a si mesmo e suportar as dificuldades.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 133.
 
Ill - A IMPORTÂNCIA DO DOM MINISTERIAL DE MESTRE
1. Uma necessidade urgente da igreja.
2 Pedro 2.1 O final do capítulo 1 leva ao tema da sua carta. Pedro tinha explicado que DEUS tinha operado por meio de seres humanos para transmitir as suas palavras às pessoas (1.21).
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 749-750.
Os verdadeiros mestres são de suma importância para a Igreja devido a existência dos falsos mestres.
Sempre tem havido falsos mestres entre o povo de DEUS, e sempre os haverá.!
Diz ao judeu Trifão: “E assim como havia falsos profetas contemporâneos com vossos profetas santos, assim também há muitos falsos mestres entre nós, contra os quais nosso Senhor nos advertiu a precaver-nos. Muitos deles ensinaram doutrinas ímpias, blasfemas e profanas, falsificando-as em nome dEle; ensinaram, também, e continuam ensinando, aquelas coisas que procedem do espírito imundo do diabo.”
Falsos profetas podem significar que falsamente alegavam ser profetas, ou que profetizavam coisas falsas; provavelmente os dois.
Os homens eram tão indignos de confiança quanto a mensagem.
Mayor fez uma coletânea interessante das características dos falsos profetas que estavam marcantemente presentes na situação à qual Pedro se dirige. Seu ensino era bajulação; suas ambições eram financeiras; suas vidas eram dissolutas; sua consciência era amortecida, e seu alvo era o logro (ver Is 28:7; Jr 23:14; Ez 13:3; Zc 13:4).
Mediante suas vidas negavam o Senhor que os comprou. O cristianismo é, realmente, uma religião de liberdade; mas também exige amoroso serviço totalmente dedicado a JESUS, o Redentor. Paulo, Judas, Tiago e outras personalidades de destaque no Novo Testamento deleitavam-se em chamar-se “escravos” ..Os falsos mestres não eram assim. E interessante que um movimento libertino semelhante em Corinto elicitou uma resposta semelhante, em palavras semelhantes, de Paulo (1 Co 6:19, 20; 7:23).
Nosso autor está em harmonia com o restante do Novo Testamento (ver Rm 6 e Hb 10) ao asseverar claramente que o homem não pode correr com a caça e também com os caçadores. O homem que procura servir a DEUS e também ao seu próprio eu está na estrada larga para a repentina destruição, pois ou a morte ou a parusia o cortará no meio da sua carreira. (Para um uso semelhante de tachinê, “repentino” , “dentro em muito breve” , para a morte do próprio Pedro, ver 1:14).
Michael Green. II Pedro. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 89-91.
 
2. A responsabilidade de um discipulado contínuo.
1. O DISCIPULADO PERMANENTE
O ensino da Palavra de DEUS, na igreja local, é indispensável e de fundamental importância. Depois da evangelização, vem o discipulado dos novos convertidos. Mas o discipulado não deve ser visto como apenas algumas lições da Escola Bíblica Dominical. O discipulado cristão é para toda a vida. Ninguém deixa de ser discípulo pela idade ou “por tempo de serviço”. O pastor ou bispo deveria ser também mestre e ter sempre a capacidade para ensinar. Diz Paulo: “Convém que o bispo seja.... apto a ensinar ’ (1 Tm 3.2 — grifo nosso). Em Efésios 4.11, o dom ministerial de “pastores” vem bem junto ao de “doutores”. Mas nem sempre esses dois dons são encontrados em todos os pastores. Por isso DEUS resolveu designar algumas pessoas com a missão de dedicar-se ao ensino (cf. Rm 12.7). “E a uns pôs DEUS na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores...” (1 Co 12.28).
A missão dos mestres ou doutores, nas igrejas, é de grande valor. Os pregadores, os evangelistas ou os missionários pregam a Palavra de DEUS, atraindo as almas para CRISTO. Os novos convertidos são como “crianças” espirituais, que precisam receber o alimento espiritual de acordo com o seu tempo de conversão; os crentes mais antigos, supostamente, devem ter mais maturidade; mas todos precisam do ensino fundamentado, que expresse a sã doutrina. Sem o ensino, os crentes ficam sem o conhecimento indispensável ao seu crescimento na graça e no conhecimento de Nosso Senhor JESUS CRISTO (cf. 2 Pe 3.18).
 
2. O PAPEL DOS MESTRES
A necessidade do ensino da Palavra de DEUS requer pessoas preparadas para ministrá-la com sabedoria, graça e unção da parte de DEUS. Diante disso, vem o papel dos mestres e doutores. São pessoas que se dedicam ao ensino (cf. Rm 12.7). Eles não se consideram superiores aos demais obreiros, pelo fato de terem recebido o dom de ensinar. Mas, pela dedicação constante ao estudo e à pesquisa bíblica, reúnem informações e subsídios, extraídos das Escrituras, para compartilhar com toda a igreja.
Quando o pastor da igreja local reúne em si a condição de pastorear e ensinar, a igreja é bem servida com o ensino bem fundamentado que atende às necessidades espirituais dos crentes. Mas, como foi dito antes, nem todo pastor é mestre. Mas todos são apascentadores, que zelam, cuidam, vigiam e protegem o rebanho de CRISTO aos seus cuidados.
Os mestres, doutores ou ensinadores, que recebem o dom de ensinar, podem (e devem) cooperar com a liderança da igreja na ministração de estudos valiosos e profundos para a edificação dos crentes. Diz o pastor Elienai Cabral: “Igrejas sem mestre são igrejas fracas espiritualmente. Por isso, deve-se reconhecer a importância e a necessidade do ministério do ensino. È através do ensino sadio e racional, inspirado pelo ESPÍRITO SANTO, que a igreja se justifica contra as falsas doutrinas e que se fortifica contra os ataques espirituais de Satanás”.
Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 121-123.
 
O QUE É DISCIPULADO?
JESUS treinou para difundir o Reino de DEUS. Seus discípulos estiveram com ele dia e noite por três anos. Escutavam seus sermões e memorizavam seus ensinamentos. Viram-no viver a vida que ele ensinava. Então, após sua ascensão, confiaram as palavras de CRISTO a outros e encorajaram-nos a adotar o seu estilo de vida e a obedecer ao seu ensino. Discípulo é o aluno que aprende as palavras, os atos e o estilo de vida de seu mestre com a finalidade de ensinar outros.
O discipulado cristão é um relacionamento de mestre e aluno baseado no modelo de CRISTO e seus discípulos, no qual o mestre reproduz tão bem no aluno a plenitude da vida que tem em CRISTO que o aluno é capaz de treinar outros para que ensinem outros.
Um estudo cuidadoso do ensino e da vida de CRISTO revela que o discipulado possui dois componentes essenciais: a morte de si mesmo e a multiplicação. São essas as ideias básicas de todo o ministério de JESUS. Ele morreu para que pudesse reproduzir nova vida. E ele requer que cada um de seus discípulos siga o seu exemplo.
 
MORRER PARA SI MESMO
O chamado de CRISTO para o discipulado é um chamado para a morte de si mesmo, uma entrega absoluta a DEUS. JESUS disse: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, este a salvará” (Lc 9.23,24).
Da perspectiva do mundo, a franqueza de CRISTO em chamar as pessoas para segui-lo parece exagerada. Hoje, se alguém quisesse “vender” um estilo de vida tão exigente, um compromisso tão radical, provavelmente contrataria a empresa mais sofisticada de publicidade para descrever detalhadamente, num folheto ilustrado com lindas fotografias coloridas, os benefícios de tal decisão. Ou contrataria uma atriz deslumbrante e a cercaria de figuras famosas obviamente felizes pelo deleite e a satisfação de sua nova vida em CRISTO. Depois captaria a magia do momento em videoteipe, com a esperança de colocar o filme no ar no intervalo do programa de maior audiência.
JESUS, porém, é honesto e direto: para compartilhar de sua glória, primeiro a pessoa tem de compartilhar de sua morte.
JESUS é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis. E o Senhor do Universo ordena que toda pessoa o siga. Seu chamado a Pedro e André (Mt 4.18,19) e a Tiago e João (Mt 4.21) foi uma ordem. “Siga-me” sempre tem sido uma ordem, nunca um convite (Jo 1.43).
JESUS nunca implorou que alguém o seguisse. Ele era embaraçosamente direto. Ele confrontou a mulher no poço, com o seu adultério; Nicodemos, com seu orgulho intelectual; os fariseus, com sua justiça própria. Ninguém pode interpretar “Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo” (Mt 4.17) como uma súplica. JESUS ordenou a cada pessoa que renunciasse a seus interesses, abandonasse os pecados e obedecesse completamente a ele.
Quando o jovem rico se recusou a vender tudo o que possuía para segui-lo (Mt 19.21), JESUS não foi correndo atrás dele tentando conseguir um acordo. Ele nunca minimizou seu padrão. JESUS declarava apenas: “Quem me serve precisa seguir-me [...]” (Jo 12.26).
JESUS esperava obediência imediata. Ele não aceitava desculpas (Lc 9.62). Quando um homem quis primeiro sepultar o pai antes de seguir CRISTO, ele replicou: “[...] Siga-me, e deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos” (Mt 8.22). Homem algum recebeu algum elogio por ter obedecido à ordem de CRISTO de segui-lo e tornar-se seu discípulo; era o que se esperava de todos. JESUS disse: “Assim também vocês, quando tiverem feito tudo o que lhes for ordenado, devem dizer: 'Somos servos inúteis; apenas cumprimos o nosso dever’ ” (Lc 17.10).
Assim, quando é que você se torna um cristão, um discípulo de CRISTO? Quando vai à frente em resposta a um apelo? Quando se ajoelha diante do altar? Quando chora sinceramente? Nem sempre. Os primeiros seguidores de CRISTO tornaram-se discípulos quando lhe obedeceram, quando ‘eles, deixando imediatamente seu pai e o barco, o seguiram” (Mt 4.22)
A obediência à ordem de CRISTO “Siga-me” resulta na morte de si mesmo. O cristianismo sem essa morte é apenas uma filosofia abstrata. É um cristianismo sem CRISTO.
Talvez o erro fundamental cometido por muitos cristãos seja fazer distinção entre receber a salvação e tornar-se discípulo. Colocam as duas coisas em níveis diferentes de maturidade cristã, presumindo que é aceitável ser salvo sem assumir compromisso com as exigências mais radicais de JESUS, como “tomar a sua cruz” e segui-lo (Mt 10.38).
Essa ideia baseia-se na crença errada de que a salvação é principalmente para o benefício do homem a fim de torná-lo feliz e evitar a condenação eterna.
Embora a salvação venha ao encontro da mais profunda necessidade do homem, essa ideia humanista de fazer uma coisa em favor do bem-estar da pessoa ignora completamente a razão fundamental pela qual CRISTO morreu na cruz. DEUS concede a salvação aos homens principalmente para trazer glória a ele por meio de um povo que tem o caráter de seu Filho (Ef 1.12). A glória de DEUS é mais importante do que o bem-estar do homem (Is 43.7).
Ninguém que compreenda o propósito da salvação ousaria especular que uma pessoa pudesse ser salva sem aceitar o senhorio de CRISTO. CRISTO não pode ser o Senhor da minha vida se eu for o senhor dela. Para que CRISTO esteja no controle, tenho de morrer. Não posso me tornar discípulo sem morrer para mim mesmo e sem me identificar com CRISTO, que morreu pelos meus pecados (Mc 8.34). O discípulo segue o seu Mestre até mesmo à cruz.
Por muito tempo, lutei para entender as implicações práticas de “morrer para si mesmo”. Como essa determinada autor renúncia se manifestaria em minha vida? Ao meditar em Gálatas 2.20, finalmente compreendi: “Fui crucificado com CRISTO. Assim, já não sou eu quem vive, mas CRISTO vive em mim [...]”.
Suponhamos que no dia 1 ° de janeiro eu estivesse sobrevoando o Kansas quando o avião explodiu. Meu corpo caiu no chão, e morri com o impacto. Depois de algum tempo, um fazendeiro encontrou meu corpo. Não havia pulsação, nenhuma batida do coração nem fôlego. Meu corpo estava frio. Era óbvio que eu estava morto. O fazendeiro fez uma cova. Mas, ao colocar meu corpo na terra, o dia já estava escuro demais para cobri-lo. Decidindo que terminaria o trabalho na manhã seguinte, ele voltou para casa.
Então CRISTO veio e me disse: “Keith, você está morto. Sua vida sobre a Terra acabou, mas eu soprarei um fôlego de nova vida em você se prometer fazer qualquer coisa que eu pedir e ir a qualquer lugar que eu mandar”.
Minha reação imediata foi: “De maneira nenhuma. Isso não é razoável. É escravidão”. Mas, então, reconhecendo que não estava em posição de negociar, sincera e rapidamente concordei.
Instantaneamente, os pulmões, o coração e os demais órgãos vitais voltaram a funcionar. Voltei à vida. Nasci de novo. Daquele momento em diante, não importava o que CRISTO pedisse de mim ou aonde me mandasse, eu estava mais que disposto a obedecer-lhe. Nenhuma tarefa seria por demais difícil, nenhum horário cansativo demais, nenhum lugar perigoso demais. Nada era sem motivo. Por quê? Porque eu não tinha direito sobre minha vida; estava vivendo com tempo emprestado, o tempo de CRISTO. Keith morrera no dia 1° de janeiro em um milharal do Kansas. Então eu podia dizer com Paulo: “Estou crucificado [morri] com CRISTO; já não sou eu [Keith] quem vive, mas CRISTO [quem] vive em mim”.
É isso que significa morrer para si mesmo e nascer de novo. A ordem de CRISTO “Siga-me” é uma determinação para participar de sua morte a fim de experimentar uma nova vida. Você se torna morto para si mesmo totalmente consagrado a ele.
Um grande paradoxo da vida está em que existe imensa liberdade nessa morte. O morto já não se preocupa com seus direitos, com sua independência ou com as opiniões dos outros a seu respeito. Ao unir-se espiritualmente ao CRISTO crucificado, riquezas, segurança e status — as coisas que o mundo tanto almeja — perdem o valor. “Os que pertencem a CRISTO JESUS crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos” (G1 5.24). A pessoa que toma a cruz, que está crucificada com CRISTO, não fica ansiosa pelo amanhã porque o seu futuro está nas mãos de outro.
Por outro lado, o morto para si mesmo é liberto a fim de fazer todas as coisas para a glória de DEUS (Rm 8.10). Ele coloca tudo o que tem e tudo o que é à disposição permanente de DEUS. Sua submissão ao senhorio de CRISTO capacita-o a agradar a DEUS em cada decisão que toma, em cada palavra que diz e em cada pensamento que tem. O discípulo vê toda a sua vida e todo o seu ministério como adoração (ICo 10.31). Morrer para si mesmo liberta-o para ter prazer em seu amor a DEUS.
A morte do eu é pré-requisito essencial para tornar-se discípulo. Qualquer pessoa que nao tenha experimentado a morte de si mesmo não pode se qualificar como elo legítimo no processo de discipulado porque é incapaz de reproduzir o que JESUS ensinou: “[...] se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto” (Jo 12.24). Sem multiplicação, não existe discipulado.
 
COMO SABER SE VOCÊ É DISCÍPULO?
Muitas pessoas dizem ter experimentado a morte de si mesmo e estar vivendo totalmente consagradas a CRISTO. Mas JESUS disse: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7.21; grifo do autor).
Como saber se você é um discípulo de CRISTO? Como saber se você já morreu para si mesmo e está apto a reproduzir? A evidência inegável ao discernir se alguém é uma versão espiritual de imitação de ouro ou o artigo genuíno é a presença de um caráter semelhante ao de CRISTO. Se o caráter de CRISTO estiver faltando, você ainda não morreu para si mesmo e não está preparado para reproduzir.
Talvez a maior dificuldade que você tenha de enfrentar seja crer de fato que seu caráter é mais importante do que sua capacidade ou suas habilidades. Tal ideia é tão incomum ao mundo que, mesmo depois de entregar-se à morte de si mesmo, você a achará estranha.
 
Sempre soube em minha mente que só o ESPÍRITO de DEUS movia as pessoas ao arrependimento e à confissão e que fui chamado apenas para testemunhar, e não para convertê-las. Contudo, agia como se a qualidade da minha vida cristã e a salvação dos outros dependessem da minha capacidade e criatividade na evangelização.
Finalmente, a Bíblia alertou-me para a verdade. Primeiramente, e acima de tudo, DEUS queria que eu tivesse o caráter de CRISTO —fosse cristão. Só então ele operaria por meio de mim para a sua glória.
Que revelação paralisante! Eu havia confundido ativismo e a resposta do homem com retidão; havia substituído a adoração por atividades. De repente, minha segurança nas boas obras foi destruída.
A verdade era dolorosamente clara. É necessário ser médico antes de tratar dos doentes. É necessário ser advogado antes de advogar. Do mesmo modo, eu teria de ser como CRISTO antes de realizar sua obra.
O caráter cristão consiste na união de qualidades mentais e éticas que o capacitem “para que vocês vivam de maneira digna de DEUS, que os chamou para o seu Reino e glória’ (lTs 2.12); exibe o fruto do ESPÍRITO: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (G1 5.22,23).
Um exame cuidadoso do ministério de CRISTO revela que, entre as virtudes que caracterizavam sua vida, quatro qualidades destacavam-no de todas as demais pessoas como o Filho unigênito de DEUS: obediência, submissão, amor e oração.
Quando descobri isso pela primeira vez, fiquei aturdido. Será que o DEUS encarnado escolheu edificar sua Igreja sobre o fundamento dessas quatro qualidades? Pareciam características de uma pessoa fraca — de alguém que depende totalmente de outra para ter direção, motivação e confiança.
No entanto, era exatamente isso. Essas qualidades descreviam perfeitamente a relação de CRISTO com o Pai. A força de CRISTO vinha de sua dependência do Todo-poderoso. E, se eu quisesse ser usado por DEUS, minha relação com ele teria de ser moldada conforme a do meu Senhor. O caráter cristão é construído por meio de minha disposição (exercício de minha vontade) em sujeitar cada aspecto de minha vida à imagem de CRISTO.
Alguns cristãos têm procurado entrar no nosso ministério de discipulado com a condição de que seus talentos sejam utilizados. Mas tal perspectiva é uma negação da morte de si mesmo e demonstra que seus valores estão distorcidos. A principal ocupação do discípulo deve ser que seu caráter seja construído e multiplicado. Todos nós procuramos fazer discípulos, mas sabemos que isso é impossível sem que sejamos primeiramente discípulos. Precisamos conhecer a DEUS antes de torná-lo conhecido.
O discípulo emprega qualquer dom ou talento que construa o Reino ou edifique o corpo. Ele confiantemente deixa de exercer habilidades que possam nutrir seu orgulho ou impedir sua maturidade cristã. O enfoque do homem morto para si mesmo é DEUS. Ele procura ser como CRISTO.
Se algum homem tivesse motivo para encontrar segurança em sua reputação, capacidades ou credenciais este seria o apóstolo Paulo. Mas ele reconhecia que isso tudo era lixo em comparação a ser como CRISTO (Fp 3.8). A capacidade da pessoa nada vale sem um caráter reto. É claro que mortal algum pode atingir tais qualidades por seus próprios esforços. Mas DEUS predestinou os discípulos, a serem “conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29).
Se você não tiver um alvo para sua vida, é provável que fique à deriva. Se o seu alvo for o nada, provavelmente o atingirá. É por isso que você tem de ter uma compreensão perfeita da pessoa que CRISTO quer que você seja.
Obediência, submissão, amor e oração são os objetivos pelos quais você e cada discípulo que fizer deverão lutar. Servem de instrumento para medir o seu crescimento e o progresso daqueles a quem discipula. São tão importantes que os examinaremos individualmente nos capítulos seguintes.
Keith Phillips. A Formação de um Discípulo. Editora Vida.