Lição 4, CG, João, o Discípulo do Amor e a Revelação do Filho de
DEUS, 2Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
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Silva

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ESBOÇO DA LIÇÃO
1. O DISCIPULO DA INTIMIDADE DE CRISTO
1.1. Identidade e legado de proximidade
1.2. Origens e caráter marcantes
1.3. Herança familiar e valores de fé
1.4. Chamado e vocação transformadora
1.5. Últimos dias e testemunho permanente
2. O APÓSTOLO DO AMOR TRANSFORMADOR
2.1. O discípulo que compreendeu o amor
2.2. Chamado e entrega irrestrita
2.3. Parceria apostólica e liderança na Igreja primitiva
2.4. Testemunho da Ressurreição e serviço duradouro em
Éfeso
3. O ESCRITOR INSPIRADO
3.1. O evangelho: testemunho da divindade de CRISTO
3.2. As epístolas: reflexões sobre luz, amor e verdade
3.3. O Apocalipse: esperança e vitória do Cordeiro
4. LIÇÕES DA VIDA DE JOÃO PARA A JORNADA DE FÉ
4.1. Seguindo o caminho do amor: a chave para a verdadeira
comunhão
4.2. Perseverança na verdade: o compromisso com a fé
autêntica
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - 1 João 2.7-14
7- Irmãos, não vos escrevo mandamento novo, mas o mandamento
antigo, que desde o princípio tivestes. Este mandamento antigo é a palavra que
desde o princípio ouvistes.
8- Outra vez vos escrevo um mandamento novo, que é verdadeiro nele
em vós; porque vão passando as trevas, e já a verdadeira luz alumia. 9- Aquele
que diz que está na luz e aborrece a seu irmão até agora está em
trevas.
10- Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há
escândalo. 11- Mas aquele que aborrece a seu irmão está em trevas, e anda em
trevas,
e não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os
olhos. 12- Filhinhos, escrevo-vos porque, pelo seu nome, vos são perdoados
os
pecados.
13- Pais, escrevo-vos, porque conhecestes aquele que é desde o
princípio. Jovens, escrevo-vos, porque vencestes o maligno. Eu vos escrevi,
filhos,
porque conhecestes o Pai.
14- Eu vos escrevi, pais, porque já conhecestes aquele que é desde
o princípio. Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de DEUS
está em vós, e já vencestes o maligno.
TEXTO ÁUREO
E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de DEUS descia
do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. Apocalipse 21.2
OBJETIVOS - Ao término do estudo bíblico, o aluno
deverá:
- identificar as características biográficas de João, o apóstolo
que se autodenominou "o discípulo amado";
- reconhecer a importância dos escritos de João para a for- mação e
edificação da Igreja;
- entender como João enfatiza a divindade de CRISTO e a
universalidade da salvação em seus escritos.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
João é uma figura especial no Novo Testamento, conhecido por sua
proximidade com JESUS e por seu evangelho distintivo em rela- ção aos
sinóticos. A tradição da Igreja o reconhece como autor das três epístolas e do
Apocalipse. Diferentemente de Mateus, Marcos e Lucas, João omite eventos como a
genealogia de JESUS, Seu batismo, tentação, parábolas, e a Ceia do Senhor, mas
foca a revelação de JESUS como o Filho de DEUS, por intermédio de quem se
alcança a vida eterna (Jo 20.30,31).
Esta lição explora seu relacionamento com CRISTO, sua missão, seu
papel na Igreja e seus escritos únicos. Recomenda-se que o tempo de cada tópico
seja previamente definido, a fim de não com- prometer a exposição de nenhum dos
temas. Boa aula!
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO
REVISTAS ANTIGAS E LIVROS
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EVANGELHO DE JOÃO - Comentários – BEP – CPAD
Autor: João
Tema: JESUS,
o Filho de DEUS
Data: 80-95
d.C.
Considerações
Preliminares
O Evangelho segundo
João é ímpar entre os quatro Evangelhos. Relata muitos fatos do ministério de JESUS
na Judéia e em Jerusalém que não se acham nos Sinóticos, e revela mais a fundo
o mistério da sua pessoa. O autor identifica-se indiretamente como o discípulo
“a quem JESUS amava” (13.23; 19.26; 20.2; 21.7, 20). O testemunho dos
primórdios do cristianismo, bem como a evidência interna deste Evangelho,
evidenciam João, o filho de Zebedeu, como o autor. João foi um dos doze
apóstolos originais de CRISTO, e também um dos três mais chegados a Ele (Pedro,
Tiago e João).
Segundo testemunhos
muito antigos, os presbíteros da igreja da Ásia Menor pediram ao venerável
ancião e apóstolo João, residente em Éfeso, que escrevesse este “Evangelho
espiritual” para contestar e refutar uma perigosa heresia concernente à
natureza, pessoa e deidade de JESUS, propagada por um certo judeu de nome
Cerinto. O Evangelho segundo João continua sendo para a igreja uma grandiosa
exposição teológica da “Verdade”, como a temos personalizada em JESUS CRISTO.
Propósito
João deixa claro o
propósito do seu Evangelho, em João 20.31, a saber: “para que creiais que JESUS é o CRISTO, o
Filho de DEUS, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”. Alguns
manuscritos gregos deste Evangelho apresentam, nesta passagem, formas verbais
distintas para “crer”. Uns contêm o aoristo subjuntivo (“para que comecem a
crer”); outros contêm o presente do subjuntivo (“para que continuem crendo”).
No primeiro caso, João teria escrito para convencer os incrédulos a crer em JESUS
CRISTO e serem salvos. No segundo caso, João teria escrito para consolidar os
fundamentos da fé de modo que os crentes continuassem firmes, apesar dos falsos
ensinos de então, e assim terem plena comunhão com o Pai e o Filho (cf. João 17.3). Estes dois propósitos são vistos no Evangelho
segundo João. Contudo, o peso do Evangelho no seu todo favorece o segundo caso
como sendo o propósito predominante.
Visão
Panorâmica
O quarto Evangelho
apresenta evidências cuidadosamente selecionadas no sentido de JESUS ser o
Messias de Israel e o Filho encarnado (não adotado) de DEUS. As evidências
comprobatórias incluem: (1) sete sinais (João 2.1-11; 4.46-54; 5.2-18; 6.1-15; 6.16-21; 9.1-41; 11.1-46) e sete sermões (João 3.1-21; 4.4-42; 5.19-47; 6.22-59; 7.37-44; 8.12-30; 10.1-21), pelos quais JESUS revelou claramente sua
verdadeira identidade; (2) sete declarações “Eu sou” (João 6.35; 8.12; 10.7; 10.11; 11.25; 14.6; 15.1) mediante as quais JESUS revelou figuradamente
aquilo que Ele é como redentor da raça humana; e (3) a ressurreição corpórea de
JESUS como o sinal supremo e a prova máxima de que Ele é o “CRISTO, o Filho de DEUS”
(20.31).
João contém duas
divisões principais. (1) Os caps. 1—12 tratam da encarnação e do ministério
público de JESUS. Apesar dos sete sinais convincentes de JESUS, dos seus sete
grandiosos sermões e das suas sete majestosas declarações “Eu sou”, os judeus o
rejeitaram como seu Messias. (2) Uma vez rejeitado pelo Israel do antigo pacto,
JESUS passou (13–21) a considerar seus discípulos como o núcleo do novo
concerto (i.e., a igreja que Ele fundou). Estes capítulos incluem a última ceia
de JESUS (13), seus últimos sermões (14–16) e sua oração final com seus
discípulos (17). O novo concerto se iniciou e se estabeleceu pela sua morte
(18,19) e ressurreição (20,21).
Características
Especiais
Oito características
ou ênfases principais destacam o Evangelho segundo João. (1) JESUS como “o
Filho de DEUS”. Do prólogo do Evangelho, com sua sublime declaração: “vimos a
sua glória” (1.14), até à sua conclusão na confissão de Tomé: “Senhor meu, e DEUS
meu!” (20.28), JESUS é DEUS, o Filho encarnado. (2) A palavra “crer” ocorre 98
vezes, equivalente a receber a CRISTO (1.12). Ao mesmo tempo, esse “crer”
requer do crente uma total dedicação a Ele, e não apenas uma atitude mental.
(3) “Vida eterna” em João é um conceito-chave, referindo-se não tanto a uma
existência sem fim, mas à nova qualidade de vida que provém da nossa união com CRISTO,
a qual resulta tanto na libertação da escravidão do pecado e dos demônios, como
em nosso crescimento contínuo no conhecimento de DEUS e na comunhão com Ele.
(4) Encontro de pessoas com JESUS. Temos neste Evangelho 27 desses encontros
individuais assinalados. (5) O ministério do ESPÍRITO SANTO, pelo qual Ele
capacita o crente, comunicando-lhe continuamente a vida e o poder de JESUS após
sua morte e ressurreição. (6) A “verdade”. JESUS é a verdade; o ESPÍRITO SANTO
é o ESPÍRITO da verdade, e a Palavra de DEUS é a verdade. A verdade liberta
(8.32); purifica (15.3). Ela é a antítese da natureza e atividade de Satanás
(8.44-47, 51). (7) A importância do número sete neste Evangelho: sete sinais,
sete sermões e sete declarações “Eu sou” dão testemunho de quem JESUS é (cf. a
proeminência do número “sete” no livro de Apocalipse, do mesmo autor). (8) O
emprego doutras palavras de destaque como: “luz”, “palavra”, “carne”, “amor”,
“testemunho”, “conhecer”, “trevas” e “mundo”.
1João - Comentários
– BEP - CPAD
Considerações
Preliminares
Cinco livros do NT
levam o nome de João: um Evangelho, três epístolas e o Apocalipse. Embora João
não se identifique pelo nome nesta epístola, testemunhas do século II (e.g.,
Papias, Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria) afirmam que ela foi escrita
pelo apóstolo João, um dos doze primeiros discípulos de JESUS. Fortes
semelhanças no estilo, no vocabulário e nos temas, entre 1 João e o Evangelho
segundo João, sancionam o testemunho fidedigno dos cristãos primitivos,
afirmando que os dois livros foram escritos pelo apóstolo João (ver introdução
ao Evangelho segundo João).
Não há indicação dos
destinatários desta carta, como também não há saudações, nem menção de pessoas,
lugares ou eventos. A explicação mais provável dessa forma rara epistolar é que
João escreveu de onde residia, em Éfeso, a certo número de igrejas da província
da Ásia, que estavam sob sua responsabilidade apostólica (cf. Ap 1.11).
Visto que as
congregações tinham um problema comum e necessidades semelhantes, João escreveu
esta epístola como carta circular, enviando-a por um emissário pessoal,
juntamente com suas saudações pessoais.
O assunto principal
desta epístola é o problema dos falsos ensinos a respeito da salvação em CRISTO
e seu processo no crente. Certas pessoas, que anteriormente conviveram com os
leitores da epístola, deixaram as congregações (1Jo 2.19), mas os resultados dos seus falsos ensinos
continuavam a distorcer o evangelho, quanto a “saber” que tinham a vida eterna.
Doutrinariamente, a sua heresia negava que JESUS é o CRISTO (1Jo 2.22; cf. 1Jo 5.1) ou que JESUS veio em carne (1Jo 4.2,3). Na área moral, ensinavam que não era necessário à
fé salvífica (cf. 1Jo 1.6; 5.4,5), a obediência aos mandamentos de JESUS (2.3-4; 5.3)
e uma vida santa, separada do pecado (1Jo 3.7-12) e do mundo (1Jo 2.15-17).
Propósito
O propósito de João ao
escrever esta epístola foi duplo: (1) expor e rebater os erros doutrinários e
éticos dos falsos mestres e (2) exortar seus filhos na fé a manter uma vida de
santa comunhão com DEUS, na verdade e na justiça, cheios de alegria (1.4) e de
certeza da vida eterna (5.13), mediante a fé obediente em JESUS, o Filho de DEUS
(1Jo 4.15; 5.3-5,12), e pela habitação interior do ESPÍRITO SANTO (2.20;
4.4,13). Alguns crêem que a epístola também foi escrita como uma seqüência do
Evangelho segundo João.
Visão
Panorâmica
A fé e a conduta estão
fortemente entrelaçados nesta carta. Os falsos mestres, aos quais João chama
aqui de “anticristos” (1Jo 2.18-22), apartaram-se do ensino apostólico sobre CRISTO e a
vida de retidão. De modo semelhante a 2 Pe e Jd 1, 1 Jo refuta e condena com veemência os falsos mestres
(e.g., 1Jo 2.18,19,22,23,26; 4.1,3,5) com suas crenças e conduta destruidoras.
Do ponto de vista
positivo, 1 Jo expõe as características da verdadeira comunhão com DEUS (e.g., 1Jo 1.3—2.2) e revela cinco evidências específicas pelas quais o
crente poderá “saber”, com confiança e certeza, que tem a vida eterna: (1) a
evidência da verdade apostólica a respeito de CRISTO (1Jo 1.1-3; 2.21-23; 4.2,3,15; 5.1,5,10,20); (2) a evidência de uma fé obediente que guarda os
mandamentos de CRISTO (1Jo 2.3-11; 5.3,4); (3) a evidência de um viver santo, i.e.,
afastar-se do pecado, para comunhão com DEUS (1Jo 1.6-9; 2.3-6,15-17,29; 3.1-10; 5.2,3); (4) a evidência do amor a DEUS e aos irmãos na fé
(1Jo 2.9-11; 3.10,11,14,16-18; 4.7-12,18-21); e (5) a evidência do testemunho do ESPÍRITO SANTO
no crente (1Jo 2.20,27; 4.13). João afirma, por fim, que a pessoa pode saber com
certeza que tem a vida eterna (5.13) quando estas cinco evidências são
manifestas na sua vida.
Características
Especiais
Cinco características
principais há nesta epístola. (1) Ela define a vida cristã empregando termos
contrastantes e evitando todo e qualquer meio-termo entre luz e trevas, entre
verdade e mentira, entre justiça e pecado, entre amor e ódio, entre amar a DEUS
e amar ao mundo, entre filhos de DEUS e filhos do diabo, etc. (2) É importante
ressaltar que este é o único escrito do NT que fala de JESUS como nosso
“Advogado (gr. parakletos) para com o Pai”, quando o crente fiel peca (2.1,2;
cf. Jo 14.16,17,26; 15.26; 16.7,8). (3) A mensagem de 1 Jo fundamenta-se quase que inteiramente no ensino
apostólico, e não na revelação anterior do AT; não há claramente na carta
referências às Escrituras do AT. (4) Visto tratar da cristologia, e ao mesmo
tempo refutar determinada heresia, a carta focaliza a encarnação e o sangue
(i.e., a cruz) de JESUS, sem mencionar especificamente a sua ressurreição. (5)
Seu estilo é simples e reiterativo, à medida que João apresenta certos termos
principais, como “luz”, “verdade”, “crer”, “permanecer”, “conhecer”, “amor”, “justiça”,
“testemunho”, “nascido de DEUS” e “vida eterna”.
2João - Comentários
– BEP - CPAD
Considerações
Preliminares
O autor se identifica
como “o ancião” (v. 1). Provavelmente, um título honroso atribuído ao apóstolo
João nas duas décadas finais do século I, devido a sua idade avançada e sua
respeitável posição de autoridade espiritual como o único dos doze apóstolos ainda
vivo.
João dirige esta carta
“à senhora eleita e a seus filhos” (v. 1). Alguns interpretam “a senhora
eleita”, figuradamente, como uma igreja local, sendo “seus filhos” os membros
dessa igreja e sua “irmã, a eleita” (v. 13), como uma congregação idêntica.
Outros interpretam a endereçada, literalmente, como uma viúva cristã de
destaque, conhecida de João, numa das igrejas da Ásia Menor, sob seus cuidados
pastorais. A família dessa senhora (v. 1), bem como os filhos da sua irmã (v.
13) são pessoas de destaque entre as igrejas daquela região. Como as outras
epístolas de João, 2 Jo provavelmente foi escrita de Éfeso, em fins da década
de 80 ou no começo da década de 90 d.C.
Propósito
João escreveu esta
carta a fim de prevenir “a senhora eleita” contra os falsos obreiros (mestres,
evangelistas e profetas) que perambulavam pelas igrejas. Os tais abandonaram os
ensinos do evangelho e propagavam os seus falsos ensinos. A destinatária não
devia recebê-los, dialogar com eles, nem auxiliá-los. Fazer isso, significaria
ajudá-los a disseminar os seus erros e participar da sua culpa. A carta repudia
o mesmo falso ensino denunciado em 1 Jo.
Visão
Panorâmica
Esta epístola realça
uma advertência, que também se acha em 1 Jo, sobre o perigo de falsos mestres
que negam a encarnação de JESUS CRISTO e que se afastam da mensagem do
evangelho (vv. 7,8). João se alegra por ver que “a senhora eleita” e seus
filhos “andam na verdade” (v. 4). O verdadeiro amor cristão deve ser obediente
aos mandamentos de CRISTO e ser mútuo entre os irmãos (vv. 5,6). O amor cristão
deve também incluir o discernimento entre a verdade e o erro, e também não dar
apoio aos falsos mestres (vv. 7-9). Receber amavelmente os falsos mestres é
participar dos seus erros (vv. 10,11). A carta é breve, pois João planeja uma
visita para breve, e assim falar-lhe “de boca a boca” (v.
12).
Características
Especiais
São três as
características principais desta epístola. (1) É o menor livro do NT. (2) Tem
semelhanças surpreendentes com 1 e 3 Jo, quanto à sua mensagem, vocabulário e estilo
simples de escrita. (3) Constitui-se num importante complemento à mensagem de 3 Jo, como prevenção quanto a receber e ajudar
obreiros estranhos, desconhecidos. Conclui, insistindo na necessidade de
cuidadoso discernimento, à luz dos ensinos de CRISTO e dos apóstolos, antes de
alguém apoiar esses falsos obreiros.
3João - Comentários
– BEP - CPAD
Autor: João
Tema:
Procedendo com Fidelidade
Data: 85-95
d.C.
Considerações
Preliminares
João, o apóstolo
amado, apresenta-se novamente como “o presbítero” (v. 1; ver introdução de 2 Jo.1-). Esta carta pessoal é endereçada a um fiel cristão
chamado Gaio (v. 1), talvez pertencente a uma das igrejas da Ásia Menor. Assim
como as demais epístolas de João, 3 João foi certamente escrita em Éfeso, em
fins da década de 80 d.C. ou início da década de 90 d.C.
Em fins do primeiro
século, ministros itinerantes da igreja viajavam de cidade em cidade, sendo
comumente sustentados pelos crentes que os acolhiam em casa e os ajudavam nas
despesas de viagem (vv. 5-8; cf. 2 Jo 10). Gaio era um dos muitos cristãos dedicados que
graciosamente acolhiam e auxiliavam ministros viajantes de confiança (vv. 1-8).
Ao mesmo tempo, um homem de projeção chamado Diótrefes resistia com arrogância
à autoridade de João e recusava hospitalidade aos irmãos viajantes, enviados da
parte deste.
Propósito
do livro
João escreveu para dar
testemunho de Gaio pela sua fiel hospitalidade e ajuda prestada aos fiéis
obreiros viajantes, para fazer uma advertência indireta ao petulante Diótrefes
e para preparar o caminho da sua própria visita pessoal.
Visão
Panorâmica
Três homens são
mencionados por nome em 3 Jo. (1) Gaio é calorosa e honrosamente mencionado
pela sua piedosa vida na verdade (vv. 3,4), e pela sua hospitalidade exemplar
para com os irmãos viajantes (vv. 5-8). (2) Diótrefes, um dirigente ditador, é
denunciado pelo seu orgulho (“procura ter entre eles o primado”, v. 9), cujas
manifestações são: rejeitar uma carta anterior de João (v. 9), calúnia contra
João (v. 9), recusar o acolhimento aos mensageiros de João e ameaçar com
exclusão aqueles que os receberem (v. 10). (3) Demétrio, talvez o portador
desta carta, ou pastor de uma comunidade na vizinhança, é louvado como um homem
de boa reputação e lealdade à verdade (v. 12).
Características
Especiais
Duas características
principais sobressaem nesta epístola. (1) Embora seja pequena, dá uma noção de
várias facetas importantes da história da igreja primitiva, perto do final do
século I. (2) Há semelhanças notáveis entre 3 Jo e 2 Jo. Mesmo assim, as duas
epístolas diferem entre si em um aspecto importante: 3 Jo elogia a
hospitalidade e ajuda oferecidas aos bons ministros viajantes, ao passo que 2
Jo acentua que não se conceda hospitalidade e sustento a maus obreiros, para
não sermos culpados de apoiar seus erros ou más obras.
Apocalipse - Comentários – BEP - CPAD
Autor: João
Tema: A Consumação do
Conflito dos Séculos
Data: Cerca de 90-96
d.C.
Considerações
Preliminares
O Apocalipse é o
último livro do NT e singular entre os demais. Ele é, ao mesmo tempo, uma
revelação do futuro (Ap 1.1,19), uma profecia (Ap 1.3; 22.7,10,18,19) e um conjunto de sete cartas (1.4,11; 2.1—3.22).
(“Apocalipse” deriva da palavra grega apokalupsis, traduzida por “revelação” em
1.1). O livro é uma revelação divina quanto à natureza do seu conteúdo, uma
profecia quanto à sua mensagem e uma epístola quanto aos seus
destinatários.Cinco fatos importantes no tocante ao contexto deste livro são
revelados no capítulo 1. (1) É a “revelação de JESUS CRISTO” (1.1). (2) Essa
revelação foi comunicada ao autor, de modo sobrenatural, por CRISTO glorificado,
por anjos e visões que ele teve (1.1,10-18). (3) A comunicação foi concedida ao
servo de DEUS, João (1.1,4,9; cf. 22.8). (4) João teve as visões e recebeu a
mensagem apocalíptica quando exilado na ilha de Patmos (80 quilômetros a
sudoeste de Éfeso), por causa da Palavra de DEUS e do testemunho do próprio
João (1.9). (5) Os
destinatários iniciais foram sete igrejas da província da Ásia (1.4,11).
As evidências
históricas e internas do livro indicam o apóstolo João como o seu autor. Irineu
verifica que Policarpo (Irineu conheceu a Policarpo, e este conheceu o apóstolo
João) referiu-se a João, escrevendo o Apocalipse perto do fim do reinado de
Domiciano, imperador romano (81-96 d.C.).O livro retrata as circunstâncias
históricas do reinado de Domiciano, o qual exigiu que todos os seus súditos lhe
chamassem de “Senhor e DEUS”. Sem dúvida, o decreto do imperador originou um
confronto entre os que se dispunham a adorá-lo e os crentes fiéis que
confessavam que somente JESUS era “Senhor e DEUS”. Destarte, o livro foi
escrito num período em que os crentes enfrentavam intensa perseguição por causa
de seu testemunho. A tribulação aparece através do contexto do livro de
Apocalipse (Ap 1.19; 2.10,13; 7.14-17; 11.7; 12.11,17; 17.6; 18.24; 19.2; 20.4).
Propósito
O propósito deste
livro é tríplice. (1) As cartas às sete igrejas de Apocalipse revelam que
ocorriam graves desvios do padrão bíblico da verdade e retidão segundo o NT em
muitas igrejas da Ásia. João escreve, da parte de CRISTO, para repreender a
transigência e pecado dessas igrejas, e chamá-las ao arrependimento e ao seu
primeiro amor. (2) Tendo em vista a perseguição resultante do endeusamento do
imperador, o livro de Apocalipse foi enviado às igrejas para fortalecer-lhes a fé,
firmeza e fidelidade a JESUS CRISTO, e encorajar os membros a serem vencedores
e permanecerem fiéis até à morte. (3) Finalmente, foi escrito para dar aos
crentes de todas as eras a perspectiva divina do férreo conflito entre eles e
as forças conjuntas de Satanás, nesta revelação do desfecho da história. O
Apocalipse revela principalmente os eventos dos últimos sete anos antes da
segunda vinda de CRISTO, quando, então, DEUS intervirá neste mundo e vindicará
seus santos, derramando sua ira sobre o reino de Satanás. A isto seguir-se-á a
segunda vinda de CRISTO.
Visão
Panorâmica
A mensagem profética
deste livro flui através de figuras e simbolismos dramáticos, retratando a
consumação de toda a mensagem bíblica da redenção. Coloca em destaque o papel
de CRISTO como o Cordeiro digno, que foi morto (cap. 5) e virá com ira para
julgar o mundo e expurgá-lo da iniquidade (6–19). As outras figuras simbólicas
salientes deste livro são: o dragão (Satanás), a besta que sai do mar (o
Anticristo), a besta que sai da terra (o Falso Profeta) e a Grande Babilônia (o
centro do engano e poderio satânicos).Depois do prólogo (1.1-8), há três seções
principais no livro. Na primeira seção (1.9—3.22), João tem uma grandiosa visão
de CRISTO glorificado, no meio de castiçais (igrejas), o qual comissiona João a
escrever às sete igrejas da Ásia Menor (1.11,19). Cada carta (2.1—3.22) contém
uma descrição simbólica do Senhor exaltado, visto na visão inicial, uma
descrição do estado da igreja, elogio ou repreensão, ou ambos, advertência a
cinco igrejas, exortação para ouvir e arrepender-se e uma promessa a todos os
vencedores. A ênfase no número sete nessa seção indica que as cartas
representam uma mensagem plena e coletiva do Senhor glorificado, à igreja em
qualquer lugar e em todos os tempos.
A segunda seção
principal do livro (4.1—11.19) contém visões de coisas do céu e da terra,
concernentes ao Cordeiro e ao seu papel no desfecho da história. Começa com uma
visão da majestosa corte celestial, onde DEUS está sentado, entronizado em
santidade e na luz inacessível (cap. 4). O capítulo 5 focaliza um rolo selado,
sobre a consumação escatológica, à destra de DEUS, e a seguir, na do Cordeiro,
sendo que somente este é digno de romper os selos e revelar-lhe o conteúdo. A
abertura dos seis primeiros selos (cap. 6) dá continuação à visão iniciada nos
capítulos 4–5, só que agora o cenário se transfere para a terra. Os cinco
primeiros selos revelam os juízos divinos dos últimos dias, conducente ao
desfecho do fim. O sexto selo anuncia a ira vindoura de DEUS. O primeiro evento
parentético do livro ocorre no capítulo 7, e trata dos 144.000 selados no
limiar da grande tribulação (7.1-8) e da recompensa dos santos no céu, depois
desta (7.9-17). Os capítulos 8–9 descrevem a abertura do sétimo selo, revelando
outra série de julgamentos, i.e., as sete trombetas. O segundo evento
parentético ocorre entre a sexta e a última trombetas. Esse evento inclui o
próprio João, um livro pequeno (10.1-11) e duas poderosas testemunhas proféticas,
na grande cidade (11.1-14). Finalmente, a sétima trombeta (11.15-19) propicia
uma visão antecipada da consumação (v. 15) e, como prelúdio, às cenas finais do
mistério de DEUS, agora a revelar-se (12–22).A terceira seção principal
(12.1—22.5) apresenta um quadro detalhado do grande conflito dos tempos do fim,
entre DEUS e Satanás. Os capítulos 12 e 13 revelam que os santos na terra
enfrentarão uma conspiração terrível da tríade do mal, a saber: (1) o dragão
(cap. 12), (2) a besta que sai do mar (13.1-10) e (3) a besta que sai da terra
(13.11-18). Os capítulos 14 e 15 são visões para reafirmar aos santos a
tribulação, a certeza de que a justiça prevalecerá, pois DEUS está prestes a
derramar a sua ira final sobre o povo do Anticristo. A revelação detalhada da
ira de DEUS é vista na série dos sete juízos das salvas ou taças (cap. 16), no
julgamento da grande prostituta (cap. 17) e na queda da Grande Babilônia (cap.
18). À essa altura, grande regozijo irrompe no céu, ao ser anunciada a ceia das
bodas do Cordeiro e sua noiva (19.1-10).
Contudo, o final ainda
está para acontecer. João vê o céu aberto e CRISTO saindo, montado num cavalo
branco, como Rei dos reis e Senhor dos senhores, para derrotar a besta e seus
aliados (19.11-21). A derrota final de Satanás é precedida da sua prisão por
mil anos (20.1-6). Durante esse período, CRISTO reina com os seus santos
(20.4). A seguir, Satanás é solto por um breve período (20.7-9) e, logo após,
lançado no “lago de fogo” por toda a eternidade (20.10). A profecia
apocalíptica termina com a cena do julgamento do grande trono branco
(20.11-15), a justa condenação dos ímpios (20.14-15; 21.8) e os novos céus e
nova terra como a destinação dos santos (21.1—22.5). O livro termina com
advertências para que o homem atenda à sua mensagem e obtenha a vida eterna
(22.6,7,10-17).
Características
Especiais
Oito características
principais acham-se no Apocalipse. (1) Ele é o único livro do NT de profecia
apocalíptica. (2) Como livro apocalíptico, sua mensagem é expressa através de
símbolos de realidades, a respeito de tempos e eventos futuros; ao mesmo tempo,
essa mensagem encerra certo enigma ou mistério. (3) Há números com abundância
no Apocalipse, inclusive 2, 3, 3 1/2, 4, 5, 6, 7, 10, 12, 24, 42, 144, 666,
1000, 1260, 7000, 12.000, 144.000, 100.000.000 e 200.000.000. O livro destaca
em especial o número sete, que ocorre 54 vezes, simbolizando plenitude total ou
plena realização. (4) As visões se destacam no livro, e o cenário
frequentemente muda da terra para o céu e daí para a terra. (5) Os anjos estão
nitidamente associados às visões, decretos e ordens celestiais. (6) É um livro
que revela ser demoníaca a atitude de qualquer governante terreno reivindicar
divindade para si, e JESUS CRISTO como o Senhor exaltado e o Soberano dos reis
da terra (1.5; 19.16). (7) O livro reflete o conteúdo das profecias do AT, sem
citá-las formalmente.
Interpretação
Apocalipse é o livro
de interpretação mais difícil do NT. Os leitores originais provavelmente
entenderam a sua mensagem sem muita dificuldade, porém, nos séculos
subsequentes surgiram quatro escolas principais de interpretação deste livro.
(1) A escola de interpretação preterista considera que o livro e as suas
profecias cumpriram-se no contexto histórico original do império romano, a não
ser os capítulos 19–22, que aguardam cumprimento. (2) A interpretação
historicista entende que o Apocalipse é uma previsão profética do quadro total
da história da igreja, partindo de João até o fim da presente era. (3) A
interpretação idealista considera o simbolismo do livro como a expressão de
certos princípios espirituais, sem limitação de tempo, concernente ao bem e ao
mal, através da história, sem prender-se a eventos históricos. (4) A
interpretação futurista considera os capítulos 4–22 como profecias de eventos
da história, que ocorrerão somente no fim desta era.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
JOÃO -
DAVID J. ELLIS (Comentário - NVI (F. F. Bruce))
O falecido arcebispo
William Temple escreveu: o ponto de importância vital é
a declaração da
Palavra de DEUS à alma, a autocomunicação do Pai aos seus filhos. O quarto
evangelho foi escrito com completa consciência dessa verdade...”. Nisso
consiste, de fato, a diferença do quarto evangelho. Pois aqui a Palavra de
DEUS está viva e ativa. E JESUS CRISTO.
É possível, por
incorreto que seja, concluir dos Evangelhos sinópticos que a essência do
cristianismo está em tentar obedecer às ordens morais de CRISTO e em imitar a
sua vida altruísta. Da mesma forma, podemos ler Paulo cegos para a
determinante personalidade do CRISTO que ele adorava. Mas ninguém consegue
terminar de ler o quarto evangelho sem ter percebido que o autor cria
profundamente na possibilidade da comunhão diária com o Senhor exaltado,
pois ele era essencialmente a mesma Pessoa que o homem de carne e osso que
atuou e ensinou na Palestina.
Sabemos hoje que o
evangelho de João foi considerado pelos seus primeiros leitores uma
exposição autorizada da vida da Igreja, na medida em que isso está
representado pela união de cada membro com o CRISTO ressurreto. A
universalidade da origem dos seus membros pode bem ser retratada na
pregação de JESUS aos samaritanos e na presença dos gregos na festa da
Páscoa. Seu ensino acerca da natureza espiritual da adoração
é refletida na conversa entre o Salvador e a mulher de Samaria, e
talvez na parábola encenada por JESUS na purificação do templo. As
ordenanças cristãs são simbolizadas no discurso do Senhor acerca da “água
e do ESPÍRITO”, e a operação efetiva na vida do crente por meio do seu ensino
acerca do pão da vida. Aqui, especialmente, João enxerga os perigos
associados a qualquer ênfase excessiva no sinal exterior acima da graça
interior que ele simboliza. João não registra a instituição da ceia do
Senhor. Em vez disso, ele registra de forma dramática a lição de humildade
que JESUS ensinou aos seus “amigos”, mostrando-lhes a necessidade de
estarem entretecidos uns nos outros por seu amor mútuo, e advertindo-os da
possibilidade fatal de comerem o “pão dele” e ao mesmo tempo agirem
de forma traiçoeira contra o seu reino. A alegoria da videira verdadeira
possivelmente é a expressão mais completa no ensino de JESUS do que
significa ser um discípulo — um membro da Igreja, um membro dele.
Em João, há uma
notória concordância subjacente com o ensino distintivo de Paulo. Tanto João
quanto Paulo mostram que CRISTO é a imagem exata de DEUS, que a criação
subsiste nele e que por meio da adoção mediante CRISTO os homens se tornam
filhos de DEUS. Mas nenhuma dessas doutrinas é explícita na pregação
apostólica registrada no livro de Atos. Nele, a ênfase está na
tarefa e missão messiânica de JESUS, na sua morte, ressurreição e
exaltação, com a esperança adicional da sua volta para levar à consumação o
Reino de DEUS. Entrementes, DEUS havia provido a presença e orientação
do ESPÍRITO SANTO para todos os que se arrependeram e foram batizados.
Contudo, a experiência de João complementa a de Paulo.
Este, constantemente,
se regozijava na libertação do pecado e do jugo da lei por meio da morte e
ressurreição de CRISTO. Isso ele desfrutava como prelúdio da manifestação
final e definitiva de todos os filhos de DEUS na glória. João, no
entanto, não ignora o pecado. Mas ele vê o tabernáculo de DEUS com
os homens em JESUS CRISTO como o meio pelo qual os homens podem
desfrutar a verdadeira comunhão com DEUS aqui e agora. A vida eterna já é
um fato. “Todo aquele que permanece no amor permanece em DEUS, e DEUS nele”
(ljo 4.16).
João é notoriamente
diferente dos primeiros três evangelhos. Em uma série de ocasiões, no entanto,
o autor pode ter se fundamentado em narrativas dos Sinópticos.
A multiplicação dos pães para os 5 mil e suas referências aos “Doze” parecem
pressupor que o leitor está familiarizado com o registro sinóptico.
Não há um simples método parabólico no ensino de JESUS registrado aqui.
Em vez disso, há uma coleção de discursos em que a relação do Pai com
o Filho é elaborada com precisão teológica. Nos Sinópticos, não há
reconhecimento formal da posição e função de JESUS como Messias — a não ser
nos casos em que isso era declarado depois de alguém o ter confessado
abertamente — até bem tarde no ministério (cf. Mc 8.29). Mas em João há aqueles que, com João Batista,
reconhecem desde o início que JESUS é o Messias no momento do seu primeiro
encontro com ele. Mas isso é somente o que deveríamos esperar da natureza
daquelas manifestações especiais que, como registra João, JESUS fez a João
Batista e seus discípulos.
A diferença da
apresentação que João faz do ensino de JESUS é comparada por W. F. Howard
e outros ao princípio do targum de traduzir as Escrituras hebraicas por um
comentário paralelo e contínuo. Aqui e ali no quarto evangelho, fica claro
que temos o comentário inspirado do evangelista lado a lado com as
palavras e atos do próprio JESUS. O evangelho é obra de reflexão, como
também de recordação. Não se poderia fazer comentário mais claro acerca do
seu propósito do que o que está nas palavras finais do penúltimo capítulo:
“Mas estes foram escritos para que vocês creiam que JESUS é o CRISTO, o
Filho de DEUS e, crendo, tenham vida em seu nome” (20.31). Os milagres de JESUS
aqui, então, são indicadores do caminho (gr. semeia) que conduzem aos
fundamentos da fé em JESUS. E por isso que só os judeus são especialmente
mencionados nesse evangelho. João considera a descrença dos judeus
uma das maiores tragédias dos primeiros anos do cristianismo.
Reações mais concretas
à mensagem cristã, no entanto, vieram dos docetistas, cujo nome vem do verbo
grego dokein, “parecer”. Eram mestres semicristãos que, de formas
ligeiramente diferentes de acordo com uma variedade de escolas de
pensamento diferentes, ensinavam que, se CRISTO fosse DEUS, então não
poderia ser verdadeiramente humano. Um desenvolvimento posterior
do docetismo destacava que DEUS é impassível, isto é, ele é incapaz
de mudanças como a carne humana permite na humanidade, ou como as
emoções humanas manifestam nos seres humanos. Para eles, a deidade
estava por necessidade totalmente distante de qualquer tipo de contato
humano, e, por isso, quando comentavam acerca da Paixão de CRISTO,
diziam que “ele só pareceu sofrer”. João combateu essas idéias por meio do
destaque especial que deu à humanidade de JESUS (cf. 2.24; 4.6,7; 6.51;
11.35), que atinge o seu clímax nesse evangelho com a
declaração solene de Pilatos: “Eis o homem!” (19.5) e os detalhes
físicos que marcaram os momentos finais de sofrimento de JESUS na cruz (cf.
19.28,34,35).
“ ‘JESUS’, escreve F.
F. Bruce, ‘veio [...] por meio da água e do sangue’; isso quer dizer que JESUS
foi manifesto como Messias e Filho de DEUS não somente no seu
batismo, mas também na cruz; aquele que morreu era tão
verdadeiramente a Palavra encarnada como aquele que foi batizado” (The
Spreading Flame, 1958, p. 246).
F. von Hügel ressaltou
que esse evangelho é história do ponto de vista eterno (F.ncyclopaedia
Britannica, 1962, v. 13, p. 99). Assim, os fatos com frequência
elaborados tão claramente nos Sinópticos são interpretados em João. Alguns
estudiosos até consideram a relação de João com os Sinópticos uma
justaposição de história e teologia. Os Sinópticos, eles alegam,
apresentam a teologia do ponto de vista histórico, enquanto João escreve
história do ponto de vista teológico. Quando lemos as palavras de JESUS
aos discípulos, “... eu os tenho chamado amigos...”
(15.15), sabemos que
ele é o Amigo supremo que atrai os filhos a si (cf. Mt 19.13ss) e que falava deles enquanto brincavam em
casamentos (e funerais!) na praça (Mt 11.16,17). Ele é o Amigo que contou a história do
samaritano compassivo e do Pai paciente e sofredor (Lc 10.29-37; 15.11-32). E, por outro lado, se lemos nos Sinópticos da
autoridade de JESUS para perdoar pecados, é em João que lemos de onde
vem essa autoridade na eternidade e como ela é exercida em
completa cooperação com o Pai.
Nenhum argumento
acerca da autoria desse evangelho pode ser determinado sem que levemos em
consideração todos os fatos, externos e internos. Em geral, se
acredita que o autor era judeu, vivendo em Éfeso perto do final do século
I, embora alguns estudiosos tenham sugerido uma data posterior. Alguns
eruditos defendem que três mentes contribuíram para o resultado final — a
testemunha (cf. 19.35; 21.24), o evangelista e o redator. Apesar dessa
opinião, no entanto, tem havido pouca concordância entre os principais
proponentes desse suposto trio quanto à função que cada membro cumpriu na
composição do evangelho concluído. Alguns argumentam que a ordem cronológica
especial de João é devida ao redator, enquanto outros, notavelmente
Bernard, crêem que ele foi responsável por colocar algumas
breves observações.
Argumenta-se de forma
convincente que o evangelho foi escrito inicialmente em aramaico, e que, embora
o autor fosse bastante influenciado pelo pensamento grego,
estava mais interessado no pano de fundo do pensamento judaico como
prelúdio da mensagem de CRISTO. Aliás, é provável que a suposta influência
de idéias gregas em João seja uma opinião que tenha sido levada longe
demais por alguns comentaristas modernos. Qualquer uso especial de
palavras e idéias gregas pode refletir meramente que havia termos no uso corrente
da época em que o evangelho foi escrito que eram especialmente valiosos
para retratar a pessoa e obra de CRISTO da forma que é apropriada ao
quarto evangelho.
Os estudiosos têm
feito uma distinção entre o ancião João e o apóstolo com o mesmo nome. Eusébio
atribuía o Apocalipse ao ancião e o evangelho a João, o apóstolo.
De tempos em tempos, eruditos modernos inverteram essa ordem e atribuíram
o evangelho ao ancião e o Apocalipse ao apóstolo. Não importam as
dificuldades associadas ao autor do Apocalipse, ele certamente foi
identificado como o apóstolo João por Justino Mártir (c. 140 d.C.). Está
claro que a perspectiva teológica de ambos os livros é marcantemente semelhante,
de modo que podemos dizer com certeza ao menos que o ambiente das
duas obras parecia idêntico. Nenhum dos argumentos alegados para
distinguir o “discípulo amado” do apóstolo João é de todo convincente. Que
ele deve ter sido conhecido dessa forma, está de acordo com as
diversas formas em que esse discípulo é retratado no evangelho.
Aliás, a afirmação de Papias registrada por Eusébio (HE III. xxxix 4),
que tem sido amplamente usada para manter separados o apóstolo João e o
ancião, pode ser lida de tal forma que o ancião e o apóstolo sejam a
mesma pessoa.
As cartas de João
quase certamente vêm do evangelista. A primeira carta aplica o evangelho
aos problemas da igreja primitiva. Está menos ocupada com a
hostilidade dos judeus, no entanto, e mais com os perigos do gnosticismo.
Westcott disse que o tema do evangelho é “JESUS é o CRISTO”, e da
carta é “o CRISTO é JESUS” (p. lxxxviii). (V. p. 1.652ss.)
Parte um —
Introdução (1.1—2.11)
I. A PALAVRA QUE SE TORNOU CARNE E FOI MANIFESTA
(1.1—2.11)
1)
Prólogo (1.1-18)
2) O
testemunho de João (1.19-34)
3)
Os primeiros seguidores de JESUS (1.35—2.11)
Parte dois
— O ministério público (2.12—12.50)
I. CRISTO PREGA A SUA MENSAGEM (2.12—4.42)
1) A
purificação do templo (2.12-25)
2) JESUS
e Nicodemos (3.1-21)
3) O
testemunho final de João Batista (3.22-36)
4) A
mulher samaritana (4.1-42)
II. REVELAÇÃO POR MEIO DE ATOS E PALAVRAS (4.43—6.71)
1) O
filho do oficial (4.43-54)
2) O
paralítico de Betesda (5.1-47)
3)
Alimentando a multidão (6.1-15)
4)
Uma tempestade no mar (6.16-21)
5) O
pão vivo (6.22-59)
6) A
fé e a incredulidade dos discípulos (6.60-71)
III. JESUS, A FONTE DE TODAS AS
VERDADEIRAS BÊNÇÃOS (7.1—10.39)
1)
Controvérsia na festa das cabanas (7.1-52)
2) A
verdadeira luz e suas implicações (8.12-59)
3) O
homem cego de nascença (9.1-41)
4) O
bom pastor (10.1-21)
5) O
último encontro com os judeus (10.22-42)
6) A
ressurreição de Lázaro e suas consequências (11.1-57)
IV. A ÚLTIMA CENA DE CONFLITO
(12.1-50)
1) O
jantar em Betânia (12.1-11)
2) A
entrada messiânica (12.12-19)
3) O
pedido dos gregos e a rejeição dos judeus (12.20-43)
4) O
resumo que CRISTO faz da sua mensagem (12.44-50)
Parte três
— Discursos e eventos finais (13.1—21.25)
I. O MINISTÉRIO DA SALA DO ANDAR SUPERIOR
(13.1-17.1-26)
1)
Prática e prescrição da humildade (13.1-17)
2) O
traidor (13.18-35)
3)
Consolo para os discípulos em aflição (13.36—14.31)
4) A
união com CRISTO e suas consequências (15.1-27)
5)
Os discípulos, o mundo e o advogado (16.1-33)
6) A
grande oração de JESUS (17.1-26)
II. A TRAIÇÃO, A
PRISÃO E A EXECUÇÃO (18.1—19.42)
1) A
prisão. Pedro nega JESUS (18.1-27)
2) O
julgamento diante de Pilatos (18.28—19.16)
3) A
crucificação e o sepultamento de JESUS (19.17-42)
III.
RESSURREIÇÃO E APARIÇÕES (20.1-31)
IV.
APÊNDICE (21.1-25)
AS CARTAS
DE JOÃO (F. F. BRUCE)
Este comentário trabalha com a tese, antes defendida
universalmente, de que essas cartas são obra do apóstolo João, e que o
quarto evangelho e o Apocalipse são do mesmo autor. Não há reivindicação
concreta nos escritos de que seja esse o caso; a tese está
fundamentada no antigo testemunho da Igreja, em algumas indicações
internas e no uso de um conjunto comum de idéias, vocabulário e estilo, e
de dados biográficos concernentes a João extraídos das Escrituras e da
tradição, fornecendo um quadro razoável, como de fato fornecem, para tal
atividade.
Muitos estudiosos
tiram uma conclusão diferente das evidências, atribuindo a obra, ao menos
em parte, a uma “escola joanina”. Os diferentes pontos de vista e as
evidências em que estão fundamentados são apresentados pelo dr. Donald
Guthrie em sua obra New Testament Introducion (Tyndale Press, 1962).
Um esboço conjectural
pode ser feito da última terça parte da vida do apóstolo João, na qual se
pode encaixar a literatura joanina. No mais tardar, ele não pode ter continuado com
sua residência em Jerusalém depois do início, no ano 66 d.C., da Guerra
Judaica que culminou na destruição de Jerusalém no ano 70. Antes
desse evento, Tiago, o irmão do Senhor, e Pedro — que junto com João
haviam formado a liderança dos primeiros discípulos (G1 2.9) — tinham ambos
sofrido a morte no martírio, como também Paulo, e João havia ficado
sozinho.
Nessa época, a igreja
em Éfeso, organizada por Paulo, estava sendo atribulada por mestres trazendo
uma forma judaica daquela especulação e disputa árida, que estava
começando a fazer a falsa reivindicação ao uso do nome gnõsis (que é
conhecimento, 1Tm 6.20). Para tentar socorrer aquela emergência, Paulo tinha
colocado a igreja em Éfeso debaixo de um tipo de corte marcial
(suave), por assim dizer, com Timóteo na posição de autoridade sobre
os presbíteros locais (1Tm 1.3; 4.11; 5.17-22). Mas com Paulo agora morto,
e a Ásia se tornando rapidamente o foco de dois movimentos perigosos
(adoração do imperador e gnosticismo) que de fato chegaram muito perto de
estrangular a vida da Igreja no século seguinte, João fixou residência em Éfeso.
Nessa época, João devia ter cerca de 65 anos, talvez quase 70, e
por aproximadamente trinta anos, até sua morte por volta do final do
século, Éfeso continuou sendo o seu lar. Era um centro
conveniente para a supervisão pastoral da província, incluindo as
conhecidas sete igrejas de Apocalipse. Estradas uniam todas elas, e, a
partir de um ponto 30 quilômetros na estrada que subia as montanhas a
partir de Éfeso, todas }as sete estavam num alcance de 130 quilômetros,
incluindo a ilha de Patmos.
Esse quadro geral
fornece um contexto para toda a coleção de escritos de João, que o historiador
Eusébio (265-340 d.C.), seguindo Ireneu (c. 140-202), afirma ter sido
composta em Éfeso. Aqui não nos interessa o livro de Apocalipse. O
quarto evangelho, sua aparente simplicidade decorada como
tecido adamascado com sutis simetrias e padrões, é manifestamente um
desenvolvimento de muitos anos de meditação e ensino. As cartas usam
o mesmo material, e há indicações relativamente fortes apontando para a
prioridade do evangelho quanto à época de composição.
Pode bem ser que na
época da divulgação do quarto evangelho em forma escrita tenha sido escrita a
primeira carta — embora somente para as igrejas da Ásia — como um epílogo
ou carta pastoral de explicação, destacando as aplicações práticas do evangelho
para sua vida em suas circunstâncias. Isso não exclui a possibilidade de
uma crise nas igrejas da Ásia nessa época, talvez associada à publicação
do evangelho, determinando em grande medida o conteúdo e tom da carta.
C. H. Dodd {The
Johannine Epistles, MNT, 1946) sugere que a primeira carta foi causada pela
crise mencionada em ljo 2.19: “Eles saíram do nosso meio”. “Eles”
eram homens de influência nas igrejas da Ásia, com capacidade
profética e de ensino, e tinham tentado introduzir uma doutrina “iluminada” e
“avançada”, do tipo que passou a ser conhecida como gnosticismo. A Igreja,
no entanto, com seu senso intuitivo que tinha recebido acerca do que
poderia pertencer ao evangelho e do que não poderia, tinha rejeitado o
novo ensino, e seus profetas não tiveram opção, a não ser deixar
a comunhão das igrejas.
O orgulho dos
gnósticos estava no seu conhecimento. As idéias eram o que importava, e não os
fatos históricos sobre os quais a fé está edificada. Os fatos concretos da
encarnação e da ressurreição foram escarnecidos e excluídos da corte como
literalismo infantil, e o homem que havia sido iniciado sabia o
significado espiritual desses “mitos” — uma atitude que tem expoentes
proeminentes hoje. Esse “conhecimento” não era para todos, mas para os
poucos escolhidos que haviam sido iniciados. Isso os elevava a uma classe
especial muito acima da humanidade comum e os emancipava da moralidade
que governava os não-iluminados. Com relação a algumas das suas
seitas, relata-se: “Eles fazem exatamente o que lhes agrada, como pessoas
livres, pois alegam que foram salvos pela graça”; e novamente: “A lei,
dizem eles, não foi escrita para reis” (citado em Law, Te.st.s of
Life, p. 226). Uma das principais idéias era que a matéria é má e não
criada por DEUS. Desse modo seria impensável que a Palavra se
tornasse carne, e a encarnação foi negada. Cerinto, um mestre herege na
Ásia desse período, ensinava que “o CRISTO” veio sobre o homem JESUS no
seu batismo e o deixou antes da crucificação. Todas essas negações
do evangelho são tratadas com clareza e firmeza na primeira carta.
Assim são também as
falsas reivindicações de espiritualidade que esses mestres faziam. Ê pior
do que inútil dizer, como estavam dizendo aqueles mestres, “Estamos na luz”,
a não ser que se confesse e se lance fora o pecado; a afirmação “Conhecemos
a DEUS” é totalmente incrível, a não ser que o coração esteja
resolutamente determinado a obedecer aos mandamentos de DEUS. João toma
o vocabulário cristão que está sendo vilipendiado por aqueles falsos
mestres, “desinfeta-o”, preenche-o com o seu verdadeiro conteúdo cristão
e o traz de volta ao uso cristão.
Essa parece ter sido a
ocasião que gerou a encíclica que conhecemos como 1João e a fez chegar a
todas as igrejas da província da Ásia.
Contudo, ela tem valor
permanente, porque a crise daquela hora está sempre conosco. Como os que
receberam essa carta naquela época, a maioria de nós não é nova no
cristianismo, mas gerações de profissão de fé cristã estão atrás de nós,
com toda a confusão que pode ser encontrada quando o compromisso de
membro com a igreja pode ser motivado por costumes sociais, e não por
convicções. Os ventos puros e fortes dessa carta separam a palha do
trigo, ou ao menos nos mostram os padrões segundo os quais o indivíduo
pode se avaliar e aprender do seu próprio comportamento se é ou não um
verdadeiro cristão. Essa carta muito prática é nossa hoje como “a
aplicação moral condensada e prática do
evangelho” (Westcott,
The Epistles of St. John, CRISTO; a Epístola, a ética do cristão” Plummer, p.
xxx). “O Evangelho nos dá a teologia do CGT, p. 36).
ANÁLISE
I. PRÓLOGO (1.1-4)
II. DEUS É LUZ
(1.5—2.6)
III.
O MANDAMENTO (2.7-17)
IV.
AS UNÇÕES CONCORRENTES (2.18-29)
V OS FILHOS DE DEUS
(3.1-24)
VI. OS ESPÍRITOS
CONCORRENTES (4.1-6)
VII. DEUS É AMOR
(4.7—5.5)
VIII. O TESTEMUNHO
(5.6-12)
IX. EPÍLOGO (5.15-21)
Segunda e terceira cartas de João (F. F. BRUCE)
A primeira carta tem
sido considerada uma encíclica enviada a um grupo de igrejas
bem semelhantes, talvez até idênticas, às “sete igrejas” do
Apocalipse (Ap 1.11). A segunda e a terceira cartas, no entanto,
são verdadeiras cartas dirigidas a pessoas ou grupos específicos. Já observamos
a opinião anterior de que as cartas foram todas escritas em Éfeso;
o destino da segunda e da terceira seria algum lugar (aliás, qualquer
lugar de acordo com as indicações) dentro da província da Ásia, à
qual os esforços do velho apóstolo provavelmente foram confinados nos
seus últimos anos.
A segunda e a terceira
cartas são obviamente um par com algumas correspondências: (1) o autor se
denomina “o presbítero”, um uso restrito inteiramente a essas duas cartas; (2)
as cartas, quase da mesma extensão, concluem com a promessa de uma visita,
prefaciadas por uma observação acerca da aversão à dependência do mero escrever
de cartas.
E possível que, como
muitos argumentam, as duas cartas sejam simplesmente exemplos da
correspondência pastoral do apóstolo, sem nenhuma outra conexão entre si;
cf. a opinião de Plummer de que esses últimos escritos de João foram
endereçados respectivamente a uma “senhora cristã e a um senhor cristão
com relação à sua conduta pessoal” (CGT, p. 58). Mas o fato de que
elas foram preservadas juntas (ou até o fato de terem sido
preservadas) sugere que estão mais estreitamente ligadas e que são de
interesse mais geral do que indica a opinião de Plummer. Temos também o
interessante fato de que perto do final do século II Ireneu só conhecia
duas cartas de João. E difícil imaginar como obras aparentemente
insignificantes como essas cartas possam ter sobrevivido e assumido
reconhecimento universal, a não ser que estivessem presentes no coleção
joanina desde o início — e isso significa juntas. Um par correspondente de
cartas provavelmente poderia ser contado como uma só (assim harmonizando com
a conta total de Ireneu de duas cartas), da mesma forma que em alguns
saltérios, o salmo 1 e o salmo 2, que são composições separadas e contrastantes,
são contados como o “primeiro salmo” (At 13.33 em manuscritos
“ocidentais”). Se essa linha de argumentação for correta, podemos esperar
encontrar um propósito comum nas cartas. Este comentário sugere uma
reconstrução da situação em que as cartas foram escritas: o leitor
certamente vai reconhecer o elemento de conjectura.
A reconstrução seria
assim: Em uma das igrejas da Ásia, um presbítero (Diótrefes) tinha se encantado
com o ensino gnóstico. [Observe, no entanto, o comentário prudente
de Guthrie: “As tendências gnósticas podem bem ter fomentado tal
exibição de orgulho como é vista no seu amor por proeminência, mas os
gnósticos não eram os únicos dados à arrogância, e não é necessário apelar
a opiniões heréticas para explicar uma falha que tantas vezes acompanha a
ortodoxia”.] Ele com certeza tinha de lidar com fortes resistências
conservadoras por parte daqueles que defendiam o evangelho original,
encabeçados pelo próprio apóstolo João em Efeso. Mas nosso Diótrefes era
um homem hábil, com personalidade forte, e foi bem-sucedido
não somente em dominar os seus colegas presbíteros a ponto de se tornar
bispo monárquico com o poder de excomungar seus oponentes, mas até em
lançar fora a autoridade do velho apóstolo.
João deseja apelar à
igreja no seu perigo, mas a única forma constitucional de lidar com a
situação era o próprio Diótrefes. Será que Diótrefes leria a carta do
apóstolo à igreja? Ao menos, a tentativa poderia ser feita e talvez
suscitar uma reação leal. Mas aqueles eram tempos perigosos, e não seria
uma coisa desconhecida, tanto naqueles dias quanto nos nossos, que um
cristão desafeto entregasse uma carta incriminadora às autoridades
civis, para buscar a instauração de um processo contra o autor por provocar
um distúrbio. João escreveria, mas ele evitaria citar nomes
e endereços; a igreja seria uma “senhora eleita”, e ele mesmo seria o
“presbítero” — que para um leitor não informado poderia significar
simplesmente, num sentido afetuoso, “o velho”. E com certeza João guardou
uma cópia da carta.
Aconteceu como
esperado, e retornou o relato de que Diótrefes havia suprimido a carta (ou
ao menos tinha negado a sua autoridade); mas tinha sido bom fazer a tentativa.
Agora João escreveu a um crente de confiança (Gaio) nessa mesma igreja,
censurando Diótrefes em termos que não deixavam dúvida em relação à sua
inadequabilidade como líder de igreja. Na mesma época, Gaio e
Demétrio são munidos de um atestado de confiança irrestrita. O apóstolo
espera poder visitar a igreja, mas entrementes a igreja tem uma oportunidade
de colocar em ordem a sua própria casa. Que ela aceite o sinal e
lance fora o domínio desse autocrata não espiritual a favor da
liderança conjunta desses dois homens provados e aprovados. Se isso falhar,
o apóstolo será obrigado, durante sua visita, a usar meios menos
satisfatórios de tratar dessas coisas por meio da autoridade
pessoal (cf. ICo 4.18-21), repreendendo Diótrefes e reorganizando a
igreja. A seguir, um resumo das duas cartas desse ponto de vista, estando
entre aspas o que pode ser lido “nas entrelinhas”.
Resumo: 2João v. 1-3.
João para a igreja em A. v. 4. Estou feliz de ouvir acerca do
bom estado da doutrina e do comportamento de alguns dos seus membros,
“mas estou preocupado com o restante”.
v. 5. Com essa
situação em mente, aqui está a minha mensagem para vocês: Lembrem-se do
mandamento do Senhor JESUS, que amemos uns aos outros. “Na
comunhão do amor, o presente perigo do cisma vai ser evitado”.
v. 6. A comunhão será
preservada somente se mantivermos o evangelho original como nossa regra de
vida.
v. 7. Eu escrevo dessa
maneira por causa do perigo da comunhão com mestres hereges: eles negam as
verdades fundamentais do evangelho.
v. 8,9. Guardem-se
desse perigo entre vocês mesmos; guardem-se de qualquer um que abandona o
evangelho original para aceitar esse ensino “avançado”, que
definitivamente é anticristão.
v. 10,11. Cuidem
também para que essa heresia não venha a vocês de fora; rejeitem
a comunhão da igreja e qualquer aprovação em tais casos.
v. 12. Há mais que
pode ser dito do que eu quero registrar por escrito; espero visitá-los algum
tempo desses.
v. 13. Saudações da
igreja daqui.
Resumo:
3João
v. 1-8. A Gaio, “da
igreja de A.”. Estou feliz de registrar a minha aprovação incondicional a você
como líder cristão, particularmente no seu cuidado dos pregadores
itinerantes.
v. 9-11. Eu escrevi
uma breve nota à igreja em A. “da qual anexo uma cópia”, mas Diótrefes se
opôs a isso. Ele é um homem mau, esse Diótrefes, especialmente na forma em
que obstrui a obra dos pregadores itinerantes, os quais você ajuda tanto; e ele
não é exemplo a ser seguido. Se eu for, vou levá-lo a ser disciplinado
diante da igreja, “embora fosse melhor para a igreja tratar ela mesma dele
agora”.
v. 12. Eu teria a
maior confiança em você e em Demétrio “para juntos sucederem Diótrefes na
liderança da igreja, se os fiéis acharem que isso é apropriado”.
v. 13-15. Entrementes,
essa carta vai ser suficiente “para tornar conhecido a você e à igreja o
que eu gostaria que fosse feito. Que eu encontre isso feito quando” for
visitar vocês em breve.
O livro de Apocalipse
— ou, como pode bem ser chamado, o livro do triunfo de CRISTO — foi
escrito e enviado para sete igrejas na província romana da Ásia, em algum
momento entre 69 e 96 d.C., para encorajar os membros dessas igrejas e os
seus irmãos cristãos em todos os lugares, com a certeza de que, apesar de
todas as forças reunidas contra eles, a vitória era deles se
permanecessem leais a CRISTO.
Ao passo que antes de
60 d.C. um apóstolo como Paulo pudesse desfrutar da neutralidade benevolente,
ou até mesmo da proteção concreta do poder do império na sua evangelização
das províncias romanas, a relação entre o império e a igreja mudou radicalmente
na década de 60, e por dois séculos e meio depois disso o cristianismo
não teve o direito de existir aos olhos da lei romana. Enquanto a lei
romana considerava o cristianismo uma variante do judaísmo, o cristianismo
se beneficiava do status que o judaísmo desfrutava como uma religião
permitida {religio licita)-, mas, quando a distinção entre os dois se
tornou clara para as autoridades imperiais, o cristianismo foi destituído
de toda e qualquer proteção legal. O ataque que Nero desferiu contra
os cristãos em Roma em 64 d.C. pode ter ocorrido por
motivação pessoal de maldade e autodefesa (contra os rumores
populares que o acusavam de ter incendiado a cidade); mas posteriormente
os imperadores mantiveram uma hostilidade mais oficial contra o
movimento que era suspeito de ser subversivo e antissocial na
sua tendência, e um fermento revolucionário na classe política.
Várias reações a essa
mudança de política por parte do império podem ser reconhecidas no Novo
Testamento. Lucas se esforça em refutar o preconceito popular ao
escrever um relato ordenado do surgimento e progresso do cristianismo,
dedicado a um membro da classe oficial em Roma. Pedro encoraja os seus
leitores a viverem de tal forma que “silenciem a ignorância dos
insensatos” (IPe 2.15;
4.16). O autor de Apocalipse lembra a seus leitores
tão sobrecarregados que, por mais que a perseguição que estavam
sofrendo já houvesse persistido, a vitória final estava garantida. A
sua única forma de resistir aos ataques dos inimigos era a confissão fiel,
o sofrimento e, se necessário fosse, a morte. Mas isso não era nada
mais do que razoável, pois foi assim que o seu Líder venceu a batalha
decisiva. JESUS, e não César, é aquele a quem todo o poder foi dado; JESUS,
e não César, é Senhor da história; e dessa soberania e triunfo os seus
fiéis seguidores já compartilham parcialmente em expectativa e vão compartilhar
completamente na sua parousia.
O simbolismo com que
essa mensagem de esperança foi transmitida aos cristãos cuja causa, por
toda a consideração exterior, estava condenada à aniquilação, era de mais fácil
compreensão para eles do que para nós. A apocalíptica era uma forma literária
conhecida de judeus e cristãos no século I d.C., por estranho que possa
parecer a leitores do século XX. Muito desse simbolismo remonta às figuras
e imagens do Antigo Testamento (e.g., as pragas do Egito no êxodo e as
visões de Ezequiel e Daniel); mesmo que em alguns aspectos tenhamos
perdido totalmente a chave para a compreensão do texto, as linhas gerais
da mensagem são suficientemente claras.
Trechos apocalípticos
anteriores no NT lançam alguma luz sobre o Apocalipse — especialmente Mc 13, e seus paralelos sinópticos, e 2Ts 2.1-12 — embora lhes faltem as imagens exuberantes do
vidente de Patmos.
A estrutura geral de
Apocalipse é fornecida em grande parte pelas sucessivas “séries de sete”.
Alguns comentaristas têm observado outras séries de sete no livro
nas quais o número sete não aparece expressamente; mas suas descobertas
não são reconhecidas por todos. Além das cartas às sete
igrejas (2.1—3.22), as principais séries de sete são as três séries
de castigo, os selos (6.1—8.5), as trombetas (8.6—11.19) e as taças
contendo as sete últimas pragas (15.1—16.21). Essas séries de sete são em
parte paralelas, especialmente as trombetas e as taças. Mas todas
são marcadas por aquilo que A. M. Farrer chama de “conclusões
canceladas”; o castigo final e irrevogável, que esperamos ser executado na
última parte de cada série de sete, é adiado com regularidade — em
conformidade com o testemunho uniforme da Bíblia acerca da relutância de DEUS
em avançar a sua “estranha obra” até o final definitivo.
A divisão principal do
livro está entre os caps. 11 e 12. A sétima trombeta anuncia o tempo do
juízo e da recompensa final; e então, em uma série de quadros vívidos (12.1—
20.15), os temas
principais das visões de 4.1 —11.19 são apresentados novamente. Nas visões contidas em
4.1—11.19 e em alguns dos quadros vívidos seguintes, o vidente
enxerga coisas na terra do ponto de vista do céu, ao qual ele é
elevado em êxtase em 4.1. Aqui ele desfruta do privilégio que Cristão (no
livro O Peregrino) desfrutava na Casa do Intérprete, quando foi conduzido “ao
outro lado da parede, onde viu um homem com uma vasilha de óleo na
mão, do qual ele também lançava continuamente, mas secretamente, para
dentro do fogo” — de modo que este queimou “mais alto e mais quente”,
apesar de todos os esforços do homem em frente dele para apagá-lo com
a água que derramava no fogo.
O nome do vidente era
João (1.4,9; 22.8); ele recebeu suas visões na ilha de Patmos, no mar
Egeu, na qual ele havia presumivelmente sido exilado no decurso da ação
repressiva realizada pelas autoridades contra os cristãos na província da
Ásia. A sua identificação com qualquer outro João do NT não pode ser
provada; já na época de Justino Mártir (morto em 165 d.C.), ele foi
identificado com o apóstolo que tinha esse nome. O Apocalipse certamente
vem do mesmo ambiente dos outros escritos joaninos. Sejam quais forem as
diferenças entre esse livro e o quarto evangelho, ambos apresentam
alguém que é chamado de “A Palavra de DEUS” e “O Cordeiro de DEUS”
dizendo a seus seguidores: “Neste mundo, vocês terão aflições; contudo,
tenham ânimo! Eu venci o mundo” (Jo 16.33); sejam quais forem as diferenças entre ele e
1João, ambos encorajam o povo de DEUS com a certeza: “esta é a vitória
que vence o mundo: a nossa fé” (1Jo 5.4).
O
Apocalipse na igreja
Na Ásia Menor, o livro
de Apocalipse foi aceito desde o início, segundo o que sabemos, como um livro
possuidor da autoridade divina. Em Roma e no Ocidente, ele também foi
reconhecido em data muito antiga. Há possíveis ecos dele na obra Pastor de
Hermas e na Epístola de Barnabé (c. 100 d.C.). Papias, bispo de
Hierápolis, na Frigia (c. 130 d.C.), sem dúvida o conhecia e usava.
Infelizmente, as referências de Papias ao Apocalipse se perderam, assim como a
maior parte da sua Exposição dos oráculos dominicais', mas Eusébio
lhe atribui uma afirmação acerca do milênio quase seguramente
fundamentada em Ap 20.1-6; André de Cesaréia (século VI) diz que ele deu
testemunho da credibilidade do livro; e há razões para se acreditar
que Vitorino de Pettau (c. 303), o comentarista latino mais antigo do
Apocalipse, tenha se baseado em Papias. Papias interpretava o milênio de Ap 20 como uma época dourada na terra, e embelezou
sua descrição do livro com características extraídas de fontes judaicas.
Fragmentos da
exposição de Apocalipse aparecem em Justino Mártir (morto em 165 d.C.) e
Ireneu (c. 180); Melito de Sardes (c. 170) e Hipólito de Roma (c. 200)
escreveram comentários completos dele. Apocalipse aparece na lista do
Cânon Muratório, um catálogo romano dos livros do NT (c. 190). Os
montanistas, que surgiram na Frigia em c. 150, e combinaram o fervor
adventista com o pentecostal, atribuíam elevado valor ao Apocalipse;
em forma de reação a eles, os Alogoi, e mais particularmente Gaio
de Roma (c. 200), o rejeitaram e o atribuíram ao herege Cerinto.
Hipólito respondeu a essa aberração da crítica com o seu Capítulos contra
Gaio e Defesa do Apocalipse de João. A parte de Gaio e dos alogoi, e sem
dúvida de Marcião e seus seguidores, a autoridade de Apocalipse não foi
seriamente questionada no Ocidente.
Em Alexandria,
Dionísio (c. 260) negou sua autoridade apostólica com base no estilo e na
linguagem, numa resposta que ele escreveu a outro bispo egípcio, Nepos,
que havia interpretado as visões do livro (especialmente o milênio) num
sentido judaizante — talvez seguindo Papias. Os métodos alegorizantes
da escola de Alexandria gradualmente desalojaram a interpretação escatológica
de Apocalipse, embora esta ainda tenha sido mantida no comentário de
Vitorino de Pettau. O donatista Ticônio (c. 390), que adotou esses
métodos alegorizantes, tratou o milênio como um intervalo entre o
primeiro e o segundo adventos de CRISTO. Sua interpretação foi adotada por
Jerônimo e Agostinho e se tornou normativa na Igreja durante os oito
séculos seguintes.
Eusébio de Cesaréia
(c. 325) seguiu a linha estabelecida por Dionísio de Alexandria. Ele inclui
Apocalipse entre os livros geralmente reconhecidos pela igreja dos seus
dias, mas não faz segredo de sua própria antipatia por ele e sua
inclinação pessoal para classificá-lo entre os livros “espúrios”. O seu exemplo
certamente influenciou as igrejas do Oriente contra o reconhecimento
canônico do livro. Enquanto Atanásio de Alexandria em 367 o incluiu
na sua lista de obras canônicas, ele é omitido nas listas elaboradas
por Cirilo de Jerusalém (morto em 386), Gregório de Nazianzo (morto em
389), pelo Sínodo de Laodicéia (363) e pelas Constituições Apostólicas (c.
380). Aliás, Anfilóquio de Icônio (morto em 394) diz que a maioria (na
Ásia Menor e na Síria, provavelmente) considerava o livro espúrio. A
escola de Antioquia também o ignorou em grande parte nessa época, e
só foi incluído na Bíblia siríaca em 508. Os armênios aparentemente só o
aceitaram no século XII. Nessa época, a sua canonicidade foi universalmente reconhecida, exceto
entre os nestorianos, que nunca o aceitaram.
Um reavivamento da
interpretação escatológica de Apocalipse ocorreu em torno de 1200,
especialmente com Joaquim de Floris, sob cuja influência muitas pessoas na
Europa dos séculos XIII e XIV esperavam ansiosamente pela nova era que as
libertaria dos males que consideravam desenfreados na Igreja e no
Estado. E nesse período que podemos buscar a origem da identificação
do papado com o anticristo, uma identificação que mais tarde se
tornou atraente para Lutero e outros líderes da Reforma. Lutero foi
um dos primeiros a interpretar Apocalipse, a partir do cap. 4, como um
panorama profético da história da Igreja. Calvino não escreveu um
comentário de Apocalipse como fez de todos os livros do NT — talvez porque
o estudo gramático-histórico que ele praticava estivesse em desarmonia com
as tendências prevalecentes na época.
Entretanto, um retorno
parcial à exegese de Hipólito e Vitorino, uma exegese parcialmente
contemporâneo-histórica e parcialmente escatológica, aparece no século
VI nas obras do reformador Teodoro Bibliander e dos jesuítas
Francisco Ribera e Luis de Alcazar. Em muitos aspectos, diferiam uns
dos outros: Bibliander mantinha a identificação do papado com o
anticristo, que os jesuítas não mantinham; a interpretação de Ribera
foi predominantemente escatológica (num sentido futurista), ao passo que a
de Alcazar era predominantemente contemporâneo-histórica (preterista).
Eles também mantiveram elementos do método eclesiástico-histórico de
acordo com seus diversos pontos de vista. Hugo Grotius (1583-1645) os
seguiu, com duas importantes particularidades próprias: ele foi o
primeiro exegeta reformado a abrir mão da identificação do papado com o
anticristo, e argumentava que algumas das visões de Apocalipse refletem o
período anterior, e algumas o período posterior à queda de Jerusalém em 70
d.C. Assim, ele pode ser considerado o pioneiro da abordagem
literário-crítica do livro.
Nenhuma contribuição
importante à exegese de Apocalipse foi feita pelos que se concentraram na
numerologia — seja J. A. Bengel na Alemanha, seja Joseph Mede,
sir Isaac Newton e William Whiston na Inglaterra — por proeminentes que
esses exegetas tenham sido em outros campos de estudo. O livro tem
sofrido na sua reputação em virtude da extravagância de alguns dos seus
intérpretes, que o têm tratado como se fosse uma tabela de enigmas
matemáticos ou um almanaque astrológico divinamente inspirado.
Interpretações extravagantes de Apocalipse foram estimuladas especialmente
por épocas de tensão internacional e de guerras, como a Revolução
Francesa e as Guerras Napoleônicas (1789-1815) ou os dois conflitos
mundiais do século XX. Mas o livro tem comunicado sua mensagem de forma
mais clara aos leitores que estiveram envolvidos no mesmo tipo de
situação que aqueles a quem foi dirigido originariamente.
Durante todo o tempo
de perseguição nas mãos da Roma imperial, e por mais de duzentos anos
depois da sua publicação, Apocalipse transmitiu sua mensagem central
de maneira inconfundível à maioria dos cristãos, mesmo que não
tivessem clareza acerca de parte do seu simbolismo. A identidade
da besta do abismo não estava em dúvida, nem havia dúvida alguma
acerca da vitória que aguardava os que fossem fiéis até a morte. Com
a paz da Igreja no início do século IV, essa percepção clara da mensagem
da Igreja foi inevitavelmente obscurecida. Mas voltou em outras épocas de
perseguição.
Em épocas mais
confortáveis, o livro de Apocalipse chega a ser rebaixado ao
status indigno de um livro de enigmas, um campo de batalha para
escolas de interpretação conflitantes, ou pode ser rapidamente descartado como
fétida água parada, separada da corrente central da fé e vida cristãs.
Mas quando “surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra”,
então o livro se torna novamente o que realmente é, a palavra viva de DEUS,
cheia de encorajamento e força para aqueles que descobrem que “todos os que
desejam viver piedosamente em CRISTO JESUS serão perseguidos”. Os cristãos
em nossa época que têm de sofrer “por causa do testemunho de JESUS e da
palavra de DEUS”, sob regimes que se levantam “contra o Senhor e o seu
Ungido”, não têm dificuldade alguma em identificar o anticristo ou em se
ver na companhia daqueles que “vêm da grande tribulação”. Acima de
tudo, esse livro os lembra de que aquele com quem e por quem sofrem
essas coisas é o Senhor triunfante sobre toda a história, e que a vitória
dele é deles também.
ANÁLISE
Prólogo (1.1-8)
1)
Preâmbulo (1.1-3)
2)
Saudações e doxologia (1.4-7)
3) A
autenticação divina (1.8)
Primeira divisão:
Visões de conflito e triunfo (1.9—11.19) I. A PRIMEIRA VISÃO (1.9-20)
II. AS CARTAS ÀS SETE IGREJAS (2.1—3.22)
1) A
carta a Éfeso (2.1-7)
2) A
carta a Esmirna (2.8-11)
3) A
carta a Pérgamo (2.12-17)
4) A
carta a Tiatira (2.18-29)
5) A
carta a Sardes (3.1-6)
6) A
carta a Filadélfia (3.7-13)
7) A
carta a Laodicéia (3.14-22)
III. A VISÃO DO CÉU (4.1—5.14)
1) A
sala do trono de DEUS (4.1-11)
2)
“Digno é o Cordeiro” (5.1-14)
IV OS SETE SELOS SÃO ABERTOS
(6.1—8.5)
1-4) Os primeiros
quatro selos: Os quatro cavaleiros (6.1-8)
5) O
quinto selo: O clamor dos mártires (6.9-11)
6) O
sexto selo: O dia da ira (6.12-17)
Interlúdio antes do
sétimo selo (7.1-17)
a)
Os servos de DEUS são selados (7.1-8)
b) O
triunfo dos mártires (7.9-17)
7) O
sétimo selo: Preparação para as trombetas (8.1-5)
V AS SETE TROMBETAS SÃO TOCADAS
(8.6—11.19)
1-4) As primeiras
quatro trombetas (8.6-12)
Os três “ais” (8.13)
5) A
quinta trombeta (9.1-12)
6) A
sexta trombeta (9.13-21)
Interlúdio antes da
sétima trombeta (10.1—11.14)
a) O
anjo com o livrinho (10.1-11)
b)
As duas testemunhas (11.1-14)
7) A sétima trombeta
(11.15-19)
Segunda divisão: O
retrato vívido do conflito e do triunfo (12.1—22.5)
I. A MULHER, O FILHO E O DRAGÃO
(12.1-17)
1) O
nascimento do fdho (12.1-6)
2) A
queda do dragão (12.7-12)
3) O
ataque à mulher e seus outros filhos (12.13-17)
1) A
besta do mar (13.1-10)
2) A
besta da terra (13.11-18)
III. OS PRIMEIROS FRUTOS, A COLHEITA E A VINDIMA
(14.1-20)
1) Os primeiros frutos
(14.1-5)
2)
As proclamações dos anjos (14.6-13)
a) O
evangelho eterno (14.6,7)
b) A
queda da Babilônia (14.8)
c) A
condenação dos apóstatas (14.9-11)
d) A
felicidade dos fiéis que partiram (14.12,13)
3) A
colheita (14.14-16)
4) A
vindima (14.17-20)
IV. AS ÚLTIMAS SETE PRAGAS
(15.1—16.21)
1)
Apresentação dos sete anjos e o cântico da vitória dos
redimidos (15.1-8)
2) O
derramamento das sete pragas (16.1-21)
V BABILÔNIA, A GRANDE
(17.1—19.5)
1) A
prostituta (17.1-18)
2) O
canto fúnebre sobre a Babilônia (18.1-24)
3) A
exultação sobre a Babilônia (19.1-5)
VI. O CASAMENTO DO
CORDEIRO (19.6-10)
VII. A GUERRA SANTA
(19.11-21)
VIII. SATANÁS É
AMARRADO; O REINADO DOS MÁRTIRES (20.1-6)
IX. GOGUE E MAGOGUE
(20.7-10)
X O ÚLTIMO JULGAMENTO
(20.11-15)
XI. A NOVA CRIAÇÃO
(21.1-8)
XII. A NOVA JERUSALÉM
(21.9—22.5)
Epílogo (22.6-21)
1)
Atestação do anjo (22.6,7)
2) A
mensagem é atestada por João (22.8-11)
3) A
mensagem é atestada por JESUS (22.12-16)
4)
Invocação, convite e resposta (22.17-20)
5)
Bênção (22.21)
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Apóstolo João: a história do discípulo amado de JESUS
Equipe do Bíbliaon - https://www.bibliaon.com/apostolo_joao/
Criado e revisado pelos nossos editores
O apóstolo João foi um dos 12 discípulos de JESUS, também conhecido
como "o discípulo amado" por seu relacionamento próximo com o Senhor,
e também como "João evangelista". Ele foi o autor do Evangelho de
João, de 3 cartas do Novo Testamento (1ª, 2ª e 3ª João), e do livro de
Apocalipse. A vida e os escritos de João enfatizam temas fundamentais da fé
cristã como o amor, a verdade e a revelação de JESUS CRISTO.
O evangelista João tinha uma amizade especial com CRISTO,
presenciando momentos extraordinários da sua vida, como a transfiguração e a
crucificação, onde recebeu a responsabilidade de cuidar de Maria, mãe de JESUS.
Apóstolo João
João era um jovem pescador que trabalhava com seu irmão Tiago e seu
pai, Zebedeu nas margens do Mar da Galileia. Todos os dias, eles lançavam suas
redes para pescar peixes para sustentar a família, mas tudo mudou quando esses
dois irmãos conheceram JESUS.
Um dia, enquanto João e seu irmão estavam no barco, JESUS passou
por ali e fez um chamado especial: "Venham comigo, e eu farei de vocês
pescadores de homens." Isso significava que, em vez de pescar peixes, eles
iriam ajudar JESUS a anunciar às pessoas sobre o amor de DEUS. Sem pensar duas
vezes, João e Tiago deixaram tudo para seguir JESUS.
A partir desse momento, João se tornou um dos 12 discípulos de JESUS,
os seguidores mais próximos, que aprendiam diretamente com Ele, e
posteriormente foram chamados de "apóstolos", que significa enviados.
Neste grupo especial, João era um dos 3 discípulos ainda mais próximos de JESUS,
participaram de momentos cruciais junto do Senhor.
João esteve ao lado de JESUS em milagres maravilhosos, como na
transfiguração, quando Ele foi visto glorificado, também por Pedro e Tiago. Ele
também presenciou a ressurreição da filha de Lázaro. João também foi um dos
poucos discípulos que ficou aos pés da cruz quando JESUS foi crucificado. Ali, JESUS
pediu a João que cuidasse de Maria, Sua mãe, mostrando a grande estima que
tinha por ele.
No início, João e seu irmão foram apelidados por JESUS de
“Boanerges”, que significa “filhos do trovão”. Isso deve-se ao fato de eles
serem, muitas vezes, enérgicos e impulsivos. Porém, a sua caminhada bem junto
ao Senhor lhe ensinou o verdadeiro Caminho, para ser um homem transformado. Em
toda a sua jornada ao lado do Mestre, João aprendeu sobre o amor, a verdade e o
serviço a DEUS e ao próximo.
Após a ressurreição de JESUS, João continuou a pregar o evangelho,
falando para as pessoas sobre o amor de DEUS e o sacrifício de JESUS. Como
apóstolo, ele se tornou um importante evangelista e líder da Igreja primitiva,
ensinando e edificando diversas igrejas. O evangelista João escreveu 5 livros
da Bíblia: o Evangelho de João, onde contou sobre a vida e obra de JESUS.
Também escreveu três cartas (1ª, 2ª e 3ª João) ensinando sobre o amor e a
verdade, e o livro de Apocalipse, onde registrou visões sobre o futuro e o fim
dos tempos.
João viveu até uma idade bastante avançada e, segundo a tradição,
foi o único dos apóstolos que não morreu como mártir. Ele passou seus últimos
dias na ilha de Patmos, onde teve a visão de JESUS acerca dos últimos tempos
registrada em Apocalipse. A vida de João nos ensina a importância de estar
perto de JESUS, confiar Nele em todos os momentos e compartilhar Seu amor com o
mundo.
Aspectos marcantes da vida do apóstolo João
Aspecto |
Descrição |
Origem |
João era um jovem pescador
nas margens do Mar da Galileia, trabalhando com seu irmão Tiago e seu pai Zebedeu. |
Chamado por JESUS |
Quando foi convidado por JESUS
para ser um "pescador de homens", João deixou tudo para seguir CRISTO. |
Antes de sua conversão |
João era um jovem enérgico,
vingativo e ambicioso, mas ao caminhar com JESUS foi sendo transformado pelo
Amor. |
Relação com JESUS |
O Evangelista João, também
conhecido como o "discípulo amado", tinha uma relação especial de
proximidade e confiança com CRISTO. |
Momentos Marcantes |
Presenciou eventos cruciais
como a transfiguração de JESUS, a ressurreição da filha de Jairo, a
crucificação e recebeu a tarefa de cuidar de Maria. |
Apelido |
Junto com Tiago, foi
apelidado por JESUS de "Boanerges", que significa "filhos do
trovão", devido ao seu temperamento inicialmente impetuoso. Atualmente é
conhecido como "Evangelista João" ou "o Discípulo amado". |
Transformação |
Ao longo de seu tempo com JESUS,
João aprendeu sobre o amor, a verdade e o serviço, transformando-se de
impetuoso para um apóstolo centrado no amor. |
Contribuições |
Escreveu o Evangelho de
João, as cartas: I, II e III João e o livro de Apocalipse, destacando temas
como amor, verdade e a revelação divina. |
Liderança na Igreja |
Após a ressurreição de JESUS,
tornou-se um líder influente na Igreja primitiva, principalmente na Judeia e
região da Ásia, onde pregava o Evangelho incansavelmente. |
Exílio e revelação |
Exilado na ilha de Patmos,
João recebeu as visões que registrou no livro de Apocalipse. |
Morte |
Apesar de sofrer grandes
perseguições, João sobreviveu ao martírio, em que foi lançado num caldeirão
com óleo fervente. Segundo a tradição cristã, ele viveu até uma idade
avançada, morrendo de causas naturais. |
Estudo sobre o apóstolo João
Porque João, era chamado "o discípulo Amado"
Este título aparece no Evangelho de João, onde ele é descrito
como "o discípulo a quem JESUS amava" (João 13:23; 19:26).
Esse codinome não sugere que JESUS amava João mais do que os outros discípulos,
mas indica uma relação de profunda afeição e confiança entre CRISTO e o
apóstolo. Além disso, mostra a extraordinária transformação que ocorreu no
coração e no caráter de João ao longo da sua caminhada com JESUS.
A Bíblia destaca que João tinha um relacionamento especialmente
próximo com JESUS, estando presente em ocasiões especiais como:
·
na
transfiguração e noutros milagres particulares,
·
recostado ao
peito de JESUS na última Ceia,
·
durante a
crucificação, João foi o único dos apóstolos a permanecer aos pés da cruz,
·
JESUS confiou a
João a tarefa de cuidar de Sua mãe, Maria, após Sua morte (João 19:26-27)
Essa nítida proximidade também reflete uma profunda transformação
pessoal que João experimentou ao longo de sua caminhada com CRISTO. No início
do ministério, João e seu irmão Tiago, eram conhecidos por seu temperamento
enérgico e até impetuoso, a ponto de JESUS chamá-los
de "Boanerges" - "filhos do trovão" (Marcos 3:17). Por
exemplo, certa vez, eles quiseram pedir fogo do céu para destruir uma aldeia
samaritana que não recebeu JESUS (Lucas 9:54).
Contudo, ao caminhar com CRISTO, João aprendeu o verdadeiro
significado do amor e da misericórdia. JESUS ensinou o amor como maior
mandamento e João, aprendeu, sendo moldado pela convivência amável com o
Senhor. Por fim, João passou de um jovem impulsivo a um apóstolo que
enfatizou o Amor como o centro da fé cristã, refletindo isso em seus
escritos.
Essa transformação é o que fez de João "o discípulo
amado" – não apenas por ser próximo de JESUS, mas por exemplificar
pessoalmente o amor que aprendeu na escola de CRISTO. João claramente refletiu
em sua vida e em sua obra a essência do amor divino.
A família de João
João era filho de Zebedeu e irmão de Tiago, ambos eram pescadores
antes de serem chamados por JESUS. A Bíblia não menciona se ele era casado nem
se teve filhos. Os evangelhos fazem menção que sua mãe (provavelmente Salomé)
era uma das mulheres que serviam a JESUS e que também esteve aos pés da cruz
durante a crucificação. Ela também fez um pedido inusitado e ambicioso a JESUS,
pedindo para que João e Tiago se assentassem ao lado de JESUS, no Seu Reino.
João foi jogado no caldeirão fervente
A Bíblia não descreve esse acontecimento, mas segundo a tradição
cristã o Apóstolo João foi submetido a uma tentativa de martírio em Roma, onde
foi lançado em um barril de óleo fervente. Tertuliano - um dos pais da Igreja,
descreve que, antes de ser exilado na ilha de Patmos, os romanos tentaram matar
João por pregar o Evangelho na Ásia. Porém, milagrosamente, João não morreu, o
que impressionou tanto as pessoas que levou muitos à fé em CRISTO.
Incapazes de matá-lo, as autoridades romanas decidiram exilar João
na ilha de Patmos, uma pequena e isolada ilha no Mar Egeu. Lá, banido das
multidões e das pregações, João recebeu a visão de JESUS, revelando inúmeros
acontecimentos futuros que compõem o livro de Apocalipse.
Apóstolo João exilado na ilha de Patmos
O Apocalipse e a revelação do fim dos tempos
Durante seu exílio na ilha de Patmos, João recebeu as visões de JESUS
CRISTO registradas no livro de Apocalipse. Escrito por volta do ano 95 d.C, o
Apocalipse foi primeiramente destinada às 7 igrejas da Ásia Menor (Apocalipse
1:11), espalhando-se posteriormente para todas as igrejas cristãs, como obra
inspirada pelo ESPÍRITO SANTO. A visão profética do Apocalipse revela, adverte
e apela ao arrependimento, encoraja à fé, além de descrever eventos futuros e a
vitória final de CRISTO sobre o mal.
Essa obra oferece esperança e consolo aos cristãos perseguidos e
adverte a todos sobre a iminência do fim. Mesmo em exílio, DEUS usou o apóstolo
João para escrever o Apocalipse, encerrando a revelação divina e inspirada
deixada para a humanidade, no Novo Testamento.
Quantos anos tinha e como morreu o apóstolo João
A Bíblia não descreve como se deu a morte de João. Mas segundo a
tradição cristã, ele terá morrido de causas naturais em idade avançada, ao
contrário dos outros apóstolos, que foram martirizados. Estima-se que João
tenha vivido até cerca de 90 a 100 anos, tonando-se o último dos apóstolos a
falecer. Ele teria passado seus últimos anos em Éfeso, na atual Turquia, onde
continuou a ensinar e a escrever até sua morte.
O que aprendemos com a vida de João
A história do apóstolo João nos ensina sobre o poder transformador
do amor de CRISTO. Quando chamado por JESUS, João era um jovem impetuoso, mas
foi transformado num apóstolo que realçou a centralidade do Amor de DEUS,
através de JESUS CRISTO. João registrou que JESUS é o Caminho, a Verdade e
a Vida, é o único que nos conduz a DEUS (João 14:6). É de João também um dos
versículos mais conhecidos da Bíblia, talvez o que melhor resume a mensagem
central do Evangelho e o propósito de DEUS para as pessoas:
"Porque DEUS amou o mundo de tal maneira que deu seu filho
unigênito para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida
eterna."
- João 3:16
A vida do apóstolo João também nos ensina a importância de um
relacionamento próximo com JESUS, mantendo a perseverança na fé mesmo em meio
às adversidades. Sua mensagem amorosa nos encoraja e adverte sobre a
responsabilidade de compartilhar o Evangelho de CRISTO com o mundo. Seus
escritos, apontam para a centralidade da fé em JESUS, realçam o amor de DEUS e
a esperança futura, e até hoje, continuam a orientar e guiar os cristãos em
todo o mundo.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
LIÇÃO 4 DA REVISTA NA ÍNTEGRA 2TR25
Lição 4, CG, João, o Discípulo do Amor e a Revelação do Filho de
DEUS, 2Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida
Silva
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. O DISCIPULO DA INTIMIDADE DE CRISTO
1.1. Identidade e legado de proximidade
1.2. Origens e caráter marcantes
1.3. Herança familiar e valores de fé
1.4. Chamado e vocação transformadora
1.5. Últimos dias e testemunho permanente
2. O APÓSTOLO DO AMOR TRANSFORMADOR
2.1. O discípulo que compreendeu o amor
2.2. Chamado e entrega irrestrita
2.3. Parceria apostólica e liderança na Igreja primitiva
2.4. Testemunho da Ressurreição e serviço duradouro em
Éfeso
3. O ESCRITOR INSPIRADO
3.1. O evangelho: testemunho da divindade de CRISTO
3.2. As epístolas: reflexões sobre luz, amor e verdade
3.3. O Apocalipse: esperança e vitória do Cordeiro
4. LIÇÕES DA VIDA DE JOÃO PARA A JORNADA DE FÉ
4.1. Seguindo o caminho do amor: a chave para a verdadeira
comunhão
4.2. Perseverança na verdade: o compromisso com a fé
autêntica
TEXTO BÍBLICO
BÁSICO - 1 João 2.7-14
7- Irmãos,
não vos escrevo mandamento novo, mas o mandamento antigo, que desde o princípio
tivestes. Este mandamento antigo é a palavra que desde o princípio
ouvistes.
8- Outra vez
vos escrevo um mandamento novo, que é verdadeiro nele em vós; porque vão
passando as trevas, e já a verdadeira luz alumia. 9- Aquele que diz que está na
luz e aborrece a seu irmão até agora está em
trevas.
10- Aquele que
ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo. 11- Mas aquele que
aborrece a seu irmão está em trevas, e anda em trevas,
e não sabe para
onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos. 12- Filhinhos, escrevo-vos
porque, pelo seu nome, vos são perdoados os
pecados.
13- Pais,
escrevo-vos, porque conhecestes aquele que é desde o princípio. Jovens,
escrevo-vos, porque vencestes o maligno. Eu vos escrevi, filhos,
porque
conhecestes o Pai.
14- Eu vos
escrevi, pais, porque já conhecestes aquele que é desde o princípio. Eu vos
escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de DEUS está em vós, e já
vencestes o maligno.
TEXTO ÁUREO
E eu, João, vi
a Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de DEUS descia do céu, adereçada como uma
esposa ataviada para o seu marido. Apocalipse 21.2
OBJETIVOS -
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
- identificar
as características biográficas de João, o apóstolo que se autodenominou "o
discípulo amado";
- reconhecer a
importância dos escritos de João para a for- mação e edificação da
Igreja;
- entender como
João enfatiza a divindade de CRISTO e a universalidade da salvação em seus
escritos.
ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS
João é uma
figura especial no Novo Testamento, conhecido por sua proximidade com JESUS e
por seu evangelho distintivo em rela- ção aos sinóticos. A tradição da Igreja o
reconhece como autor das três epístolas e do Apocalipse. Diferentemente de
Mateus, Marcos e Lucas, João omite eventos como a genealogia de JESUS, Seu
batismo, tentação, parábolas, e a Ceia do Senhor, mas foca a revelação de JESUS
como o Filho de DEUS, por intermédio de quem se alcança a vida eterna (Jo
20.30,31).
Esta lição
explora seu relacionamento com CRISTO, sua missão, seu papel na Igreja e seus
escritos únicos. Recomenda-se que o tempo de cada tópico seja previamente
definido, a fim de não com- prometer a exposição de nenhum dos temas. Boa
aula!
COMENTÁRIO -
Palavra introdutória
João, um dos
personagens mais queridos do Novo Testamento, é o autor do desafiador Livro de
Apocalipse. Como testemunha ocular de muitos milagres de JESUS e presente em
momentos cruciais de Seu ministério, inclusive na crucificação, João se destaca
por sua fidelidade. Sua vida e testemunho fortalecem nossa fé no Todo-poderoso,
aquele que é, e que era e que há de vir (Ap 1.8).
1. O DISCIPULO
DA INTIMIDADE DE CRISTO
João ocupa um
lugar especial nos evangelhos, sendo alguém que experimentou uma proximidade
singular com o Filho de DEUS. Este filho de Zebedeu se destaca não apenas por
sua presença constante nos momentos mais íntimos e reveladores da vida de CRISTO,
mas também por sua diligência, ao qual JESUS deu um propósito transformador.
Além disso, João herdou o caráter devoto e firme de sua família, que também
respondeu ao chamado de seguir o Messias.
SUBSÍDIO 1
A expressão
"o discípulo a quem JESUS amava" é exclusiva do Evangelho de João.
Essa autodefinição reflete a compreensão ímpar que o apóstolo tinha do amor de CRISTO
(1 Jo 4.19; Jo 3.16).
1.1. Identidade
e legado de proximidade
João, filho de
Zebedeu e irmão de Tiago (Mt 4.21; Mc 1.19; 3.17; Lc 5.10), é reconhecido nos
evangelhos como o discípulo a quem JESUS amava (Jo 13.23; 19.26; 20.2; 21.7).
Ele faz referência a si mesmo de forma indireta, mas sua proximidade com CRISTO
torna-se evidente em momentos-chave, como a Última Ceia (Lc 22.15-20) e os
eventos após a Ressurreição (Jo 21.7).
1.2. Origens e
caráter marcantes
O nome João, de
origem semita, significa "DEUS é gracioso". JESUS deu a ele e a seu
irmão Tiago o apelido de Boanerges, ou filhos do trovão (Mc 3.17), uma
referência ao seu caráter zeloso e veemente (Mc 9.38; Lc 9.54). Como Pedro,
João demonstrava impulsividade, mas essa energia era canalizada para o serviço
no ministério.
1.3. Herança
familiar e valores de fé
A família de
João vivia próxima ao mar da Galileia, e seu pai, Zebedeu, era pescador (Mt
4.20-22). A Tradição costuma apontar Salomé como a possível mãe do
apóstolo aquela que, juntamente com outras mulheres, visitou o sepulcro de
JESUS para ungir Seu corpo (Mc 16.1, conf. Mt 27.56), revelando uma família que
compartilhava do zelo pelo ministério do Messias (Mc 15.40; Mt 20.20).
1.4. Chamado e
vocação transformadora
Antes de seguir
JESUS, João era pescador, uma profissão comum e próspera na região da Galileia
(Mc 1.19,20). O Messias escolheu trabalhadores simples para serem pescadores de
homens (Lc 5.1-10), demonstrando simbolicamente que, assim como lançavam redes
ao mar, eles trariam pessoas à vida eterna.
1.5. Últimos
dias e testemunho permanente
Segundo a
Tradição, João foi enviado para o exílio na ilha de Patmos por ordem de
Domiciano, após sobreviver a uma tentativa de execução. Com a morte do
imperador, ele regressou a Éfeso, onde permaneceu até o fim de sua vida,
dedicando-se ao ministério durante o governo de Trajano (Ap 1.9).
Alguns
historiadores asseguram que João fundou várias igrejas na Ásia e morreu 68 anos
após a assunção de JESUS, com mais de 90 anos de idade. De acordo com a maioria
dos estudiosos, ele foi o mais longevo dos apóstolos e, provavelmente, teria
sido o único dos Doze a não sofrer martírio.
SUBSÍDIO 2
"O
discípulo amado foi, talvez, o único apóstolo que não padeceu a morte nas mãos
de um carrasco. No entanto, ele foi preso em Éfeso e conduzido a Roma por ordem
de Domiciano, sendo lançado em uma caldeira de azeite fervente. Tendo
sobrevivido, foi desterrado para a ilha de Patmos, como ele mesmo conta no
princípio do Livro de Apocalipse (Ap 1.9)." (FILLION, Central
Gospel, 2004, p. 837).
2. O APÓSTOLO
DO AMOR TRANSFORMADOR
João é um
exemplo vívido de como o amor de JESUS pode transformar vidas. O discípulo que JESUS
amava experimentou uma profunda mudança, deixando de ser um filho do trovão (Mc
3.17) para se tornar o apóstolo do amor em seus escritos, especialmente nas
epístolas (1 Jo 4.7-12; 2 Jo 5,6; 3 Jo 5,6).
2.1. O
discípulo que compreendeu o amor
Durante a
Última Ceia, JESUS surpreendeu os discípulos ao assumir o papel de servo,
lavando os pés de cada um, inclusive os de João (Jo 13.1-20). Esse gesto de
humildade e abnegação revelou um amor sacrificial, em que o próprio Senhor
se colocou a serviço dos Seus. Profundamente tocado por esse ato, o
apóstolo compreendeu a importância de colocar o próximo em primeiro
lugar. reclinou-se sobre o peito de JESUS, buscando saber quem o Mais
tarde, em um momento de intensa proximidade, João trairia (Jo 13.23-25).
Sem raiva ou amargura, o Mestre respondeu com serenidade, revelando que, mesmo
diante da traição, o amor de DEUS permanece incondicional. Essas
experiências fortaleceram sua compreensão de um amor que se sacrifica, prioriza
o próximo e ensina a servir com humildade, refletindo a própria essência de DEUS
(Jo 15.12; 1 Jo 4.19).
2.2. Chamado e
entrega irrestrita
Desde seu
chamado, João demonstrou entrega irrestrita (Mc 1.17,18). Ele integrou o
círculo íntimo de JESUS, ao lado de Pedro e Tiago, presenciando momentos
cruciais, como a ressurreição da filha de Jairo (Mc 5.37), a Transfiguração (Mt
17.1,2) e a angústia no Getsêmani (Mc 14.32-34). Seu exemplo de lealdade,
coragem e amor ficou marcado ao acompanhar o Salvador no Calvário e cuidar de
Maria (Jo 19.26,27).
2.3. Parceria
apostólica e liderança na Igreja primitiva
Após o
Pentecostes, João tornou-se parceiro de Pedro em várias ações evangelísticas.
Juntos, curaram o coxo na Porta Formosa (At 3.1-7); foram presos (At 4.1-13) e
evangelizaram em Samaria (At 8.14-25).
Paulo refere-se
a João como uma coluna da igreja de Jerusalém (Gl 2.9), destacando seu papel de
liderança antes de transferir-se para Éfeso. Sua atuação fortaleceu,
decisivamente, a fé de muitas comunidades cristãs (1 Jo 1.1-4; 2 Jo 1-6).
2.4. Testemunho
da Ressurreição e serviço duradouro em Éfeso
João correu ao
túmulo vazio no dia da Ressurreição (Jo 20.2-4) e reconheceu JESUS após a pesca
miraculosa, declarando: É o Senhor (Jo 21.7).
Segundo a
Tradição, ele ministrou em Éfeso até o final da vida e escreveu suas epístolas
aos cristãos da Ásia Menor, fortalecendo a fé das igrejas entre 80-100
d.C.
3. O ESCRITOR
INSPIRADO
Para
compreender a vida e o ministério de João, é essencial analisar seus escritos,
que dão testemunho de seu relacionamento com CRISTO (1 jo 4.19). Apesar das
discussões acadêmicas acerca da autoria dos cinco livros atribuídos ao
discípulo amado (o evangelho, três epístolas e o Apocalipse), fontes históricas
e a tradição dos pais da Igreja confirmam seu papel autoral na literatura
joanina.
3.1. O
evangelho: testemunho da divindade de CRISTO
O Evangelho de
João se destaca por sua singularidade, tendo como propósito revelar a divindade
de JESUS.
O livro:
- apresenta-o
como o Verbo eterno, que se fez carne (Jo 1.1,14), conceito central para
fundamentar a Encarnação;
- inclui
explicações detalhadas dos milagres realizados pelo Nazareno - descritos como
sinais que atestam Seu poder sobre a Criação (Jo 2.1-11; 11.38-44);
- registra as
declarações "Eu sou" (Jo 6.35; 8.12; 10.9,11; 11.25; 14.6; 15.1),
reafirmando a identidade divina de CRISTO e estabelecendo uma conexão direta
com o nome revelado a Moisés (Jo 8.58; conf. Êx 3.14);
- oferece
testemunhos, como os de João Batista (Jo 1.32-34) e Tomé (Jo 20.28), que
confirmam sua crença na divindade de JESUS e Seu papel messiânico.
3.2. As
epístolas: reflexões sobre luz, amor e verdade
As epístolas de
João exploram temas teológicos essenciais e incentivam uma prática cristã
autêntica, promovendo uma união harmoniosa entre fé e ação.
- a primeira
epístola, mais extensa e de tom exortativo, exalta a luz e o amor como
expressões da presença de DEUS (1 Jo 1.5; 4.7,8);
- a segunda
epístola, endereçada a uma senhora eleita e seus filhos - podendo indicar uma
igreja e seus membros -, alerta sobre o perigo das falsas doutrinas e enfatiza
a importância do amor e da fidelidade aos ensinos de CRISTO (2 Jo 6-10);
- a terceira
epístola, dirigida a Gaio, ressalta a importância da verdade e menciona
questões de liderança e convivência cristã, citando Diótrefes, que se opunha ao
apóstolo, e Demétrio, exemplo de bom testemunho (3 Jo 8-12).
3.3. O
Apocalipse: esperança e vitória do Cordeiro
O Apocalipse,
cujo título significa "revelação", apresenta uma visão profética de
promessa e triunfo. Embora de estilo distinto dos demais livros do Novo
Testamento, a teologia do Apocalipse confirma a soberania de DEUS sobre a
História e a certeza da destruição do mal.
A mensagem
central é a vitória final de CRISTO, o Cordeiro que reinará eternamente,
reforçando a segurança da Igreja em Seu retorno glorioso (Ap 19.7; 21.9;
11.15). João, ao descrever essas visões, incentiva a fé dos santos na promessa
de redenção e no juízo final que libertará o povo de DEUS.
4. LIÇÕES DA
VIDA DE JOÃO PARA A JORNADA DE FÉ
4.1. Seguindo o
caminho do amor: a chave para a verdadeira comunhão
João, conhecido
como o apóstolo do amor, nos ensina que o relacionamento com DEUS e com os
irmãos deve ser construído em afeição genuína, expressando o cuidado que CRISTO
demonstrou pela humanidade. Em suas epístolas, ele reforça que DEUS é a própria
essência do amor (1 Jo 4.8), e que nossa comunhão com Ele se completa quando o
cuidado com o próximo se torna uma prática constante e comprometida. Esse
vínculo não é abstrato, mas uma força transformadora que nos desafia a buscar
reconciliação, a perdoar e a cuidar uns dos outros. A jornada de fé, segundo
João, implica viver essa verdade em cada aspecto da vida, como parte de um
chamado contínuo a refletir o caráter divino.
4.2.
Perseverança na verdade: o compromisso com a fé autêntica
Outra lição
crucial dos escritos de João para a vida cristã é a importância da integridade
e da perseverança. Em tempos de incerteza e falsos ensinamentos, o apóstolo
exorta os crentes a permanecerem firmes na doutrina recebida, enfatizando que o
ensinamento de CRISTO é imutável e indispensável na jornada rumo ao lar
celestial (2 Jo 9). João mostra que seguir JESUS exige um compromisso
inabalável com esses princípios, rejeitando-se qualquer desvio que possa
afastar o crente de uma fé autêntica. A caminhada espiritual, portanto, é
marcada pela constância e pela lealdade ao evangelho, o que requer
discernimento, força e dedicação.
CONCLUSÃO
O chamado de
João para se tornar um pescador de homens e sua longa trajetória até a velhice
em Éfeso ilustram o impacto profundo e duradouro de seu discipulado em CRISTO.
De jovem impetuoso e enérgico, ele transformou-se em um dos mais firmes
defensores da fé, deixando um legado que ecoa até hoje como símbolo de
intimidade, serviço e devoção inabaláveis.
Como João,
somos desafiados por CRISTO a deixar nossas redes e andar no caminho do
discipulado efetivo e frutífero. Além disso, precisamos aprender com o Mestre
os Seus ensinamentos. No entanto, mais que aprendê-los, precisamos praticá-los
e reparti-los, para a glória de DEUS e edificação de Seu povo.
ATIVIDADE PARA
FIXAÇÃO
1. Quantos
livros foram escritos pelo apóstolo João?
R.: Cinco: o
quarto evangelho, três epístolas e Apocalipse.