Lição 1- O Evangelho Segundo Lucas - 1 Parte

Lição 1O Evangelho Segundo Lucas - 1 Parte
2º trimestre de 2015 - JESUS, o Homem Perfeito:
O Evangelho de Lucas, o Médico Amado.
Comentário das lições será feito pelo Pastor: José Gonçalves
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
QuestionárioNÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm

TEXTO ÁUREO - "Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado." (Lc 1.4)

VERDADE PRÁTICA - O cristão possui uma fé divinamente revelada e historicamente bem fundamentada.


Segunda - Lc 3.1,2O cristianismo no seu cenário histórico
Terça - Lc 1.1-4O cristianismo se fundamenta em fatos
Quarta - Lc 16.16O cristianismo no contexto bíblico
Quinta - Lc 2.23-28O cristianismo em seu aspecto universal
Sexta - Lc 1.35; 5.24O cristianismo e a deidade de JESUS
Sábado - Lc 4.18O cristianismo e o Ministério do ESPÍRITO
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Lucas 1.1-41 Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, 2 segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra, 3 pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio, 4 para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.
OBJETIVO GERALApresentar um panorama do Evangelho de Lucas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar o terceiro Evangelho.
Conhecer os fundamentos e historicidade da fé cristã.
Afirmar a universalidade da fé cristã.
Expor a identidade de JESUS, o Messias esperado.
 PONTO CENTRAL - O plano da salvação do cristianismo pode ser localizado com precisão dentro da história.

Resumo da Lição 1- O Evangelho Segundo LucasI - O TERCEIRO EVANGELHO1. Autoria e data. 2. A obra. 3. Os destinatários originais.II - OS FUNDAMENTOS E HISTORICIDADE DA FÉ CRISTÃ
1. O cristianismo no seu contexto histórico.2. Discipulado através dos fatos.III - A UNIVERSALIDADE DA SALVAÇÃO
1. A história da salvação.
2. A salvação em seu aspecto universal.IV - A IDENTIDADE DE JESUS, O MESSIAS ESPERADO1. JESUS, o homem perfeito.2. O Messias e o ESPÍRITO SANTO. 
SÍNTESE DO TÓPICO I - Lucas, o médico amado, é o autor do terceiro Evangelho, que foi endereçado a Teófilo, um gentio
SÍNTESE DO TÓPICO II - A veracidade dos fatos narrados por Lucas pode ser comprovada pela história.
SÍNTESE DO TÓPICO III - Todos estão incluídos no plano salvífico de DEUS: gentios e judeus
SÍNTESE DO TÓPICO IV - Lucas apresenta JESUS como o Filho de DEUS e o Filho do Homem, ressaltando tanto a sua humanidade quanto a sua divindade.

PARA REFLETIR - Sobre os ensinos do Evangelho de Lucas, responda:A quem é atribuída a autoria do terceiro Evangelho?
A autoria é atribuída a Lucas, o médico amado.
Como devemos entender o termo "informado" usado por Lucas no capítulo 1 do seu Evangelho?
O vocábulo significa também "doutrinar", "ensinar" e "convencer".
Como JESUS é revelado no Evangelho de Lucas?
Ele é revelado como "Filho de DEUS" e "Filho do Homem".
As expressões "Filho do Homem" devem ser entendidas em que sentindo no terceiro Evangelho?
Devem ser entendidas como expressões que mostram o relacionamento de JESUS com a humanidade.
De acordo com a lição, como é considerado o terceiro Evangelho?
Ele é considerado a coroa dos Evangelhos Sinóticos.
CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 62, p. 37. SUGESTÃO DE LEITURAComentário de Lucas: À Luz do NT Grego
Introdução ao Novo Testamento
Lucas: O Evangelho do Homem Perfeito
Comentários de Vários autores com alguns acréscimos do Ev. Luiz Henrique: Comentários do livro - LUCAS O TEÓLOGO - O EVANGELHO DE LUCAS - INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO - Leon L. Morris, M.Sc., M.Th., Ph.D. - Diretor, Ridley College, Melbourne -  Sociedade Religiosa Edições Vida Nova.  As pessoas escreviam, antigamente, livros e artigos com títulos tais como “Lucas o Historiador.” A discussão centralizava-se em derredor da questão de se Lucas era um bom ou um mau historiador, mas normalmente aceitava-se que ele realmente pretendia escrever história. Nos tempos recentes, no entanto, muitos estudiosos estão prestando atenção ao profundo propósito teológico que claramente subjaz Lucas-Atos. Lucas agora é geralmente considerado um dos teólogos do Novo Testamento e é visto como sendo mais interessado em transmitir verdades religiosas e teológicas do que em escrever uma história. De fato, o pendulo avançou tanto nesta direção que muitos sugerem que o interesse de Lucas na teologia era tão grande que permitiu que afetasse seu juízo histórico. Noutras palavras, dizem que Lucas estava disposto a alterar um pouco a sua história se isto ressaltasse suas lições teológicas.No que diz respeito a Lucas, o grande nome e o de Hans Conzelmann. Argumenta que Lucas se empenha para escrever acerca da história da salvação, e esta história é vista em três etapas:1. O período de Israel (16:16).2. O período do ministério de JESUS (4:16ss: At 10*38).3. O período desde a ascensão, i.é, o período da igreja.É possível ver os Evangelistas como teólogos e ainda como homens com profundo respeito para com a história. Especificamente, é este o caso de Lucas. Seus escritos, e mais especialmente Atos, foram sujeitados a um escrutínio muito apurado. Foram comparados com os doutros escritores primitivos, e os resultados das pesquisas arqueológicas foram levados em conta. Embora não seja verdade dizer que todos os problemas foram resolvidos, há um reconhecimento generalizado de que Lucas é um historiador fidedigno. Seu propósito teológico é real. Não devemos passar desapercebidos por ele.Não é um ponto de vista permissível dizer que um escritor é exato ocasionalmente, é inexato noutras partes do seu livro. Cada um tem seu próprio padrão e medida de trabalho, que é produzido por seu caráter moral e intelectual. Visto que Lucas pode frequentemente ser demonstrado como sendo exato (como na complicada nomenclatura dos oficiais em Atos), devemos vê-lo como um dos escritores exatos.Os seus critérios incluam a verdade e a imparcialidade. Thompson resume as conclusões: “Julgado pelos critérios para a literatura histórica que Luciano preconizou, Lucas seria considerado como quem atingiu um alto padrão como historiador, e seria comparado favoravelmente com outros homens de letras do seu tempo.” Lucas, portanto, era um bom historiador, embora seja útil ter em mente que não estava procurando em escrever o tipo de história que nossos historiadores científicos modernos procurariam escrever.Conforme Barrett diz, era “um dos escritores bíblicos que nos confrontam com um testemunho mais que humano a JESUS CRISTO.” Isto não significa descuido com os fatos, mas, sim, que os fatos são registrados, não por amor a eles mesmos mas sim, no cumprimento de um propósito religioso e teológico. Podemos ver algo desse propósito nos tópicos que se seguem.
1. A história da salvação. É usual ver Lucas como sendo o teólogo daquilo que os alemães chamam de Heilsgeschichte. Coloca sua narrativa no contexto da história secular mais firmemente do que qualquer dos demais Evangelistas (2:1-2; 3:1), e vê a ação de DEUS em CRISTO como sendo a grande intervenção central de DEUS nos assuntos dos homens, mediante a qual a salvação do homem é operada (Atos 2:36; 4:10-12; 17:30-31). JESUS CRISTO é o enfoque de toda a história. Lucas enfatiza que a salvação se tornou presente em CRISTO, com o uso frequente dos advérbios “agora” e “hoje”. Emprega “agora” 14 vezes (Mateus 4 vezes, Marcos 3 vezes) e “hoje” 11 vezes (Mateus 8 vezes, Marcos uma vez). Em JESUS, o tempo da salvação chegou. O conceito que Lucas tem da história da salvação não pára na ascensão. Vê o ato de DEUS continuado na proclamação do evangelho e na vida da igreja. Os judeus tem um lugar especial na dispensação divina, e até ao fim é “a esperança de Israel” que os pregadores do evangelho proclamam (Atos 28:20). Os judeus, porém, rejeitaram seu Messias. Isto não queria dizer que DEUS foi derrotado. Na realidade, foi a oportunidade para uma expansão do Seu triunfo na proclamação do evangelho aos gentios. Mas o evangelho tinha de ser oferecido aos judeus primeiramente. Foi a recusa, da parte deles, da boa dádiva de DEUS que importou em a igreja ficar predominantemente gentia (Atos 13:46ss.). Tiago especificamente inclui os gentios em “um povo para o seu nome” (Atos 15:14). Tudo isto advém do amor e da graça de DEUS. Lucas se deleita em ressaltar a maneira em que o amor de DEUS é demonstrado a uma variedade de pessoas. Conforme foi notado na seção inicial, e possivelmente isto que faz com que o Terceiro Evangelho seja uma obra tão atraente. A salvação divina não está sem raízes. Brota do grande amor que DEUS tem para os homens.
2. A universalidade da salvação. Vemos a largura desse grande amor de DEUS na universalidade da salvação acerca da qual Lucas escreve. A própria palavra “salvação” está ausente de Mateus e Marcos e ocorre uma só vez em João. Lucas, no entanto, empregou soteria quatro vezes e soterion duas vezes (outros sete exemplos das duas palavras ocorrem em Atos≫ num total de treze). Além  disto, emprega o termo “Salvador” duas vezes (e duas vezes mais em Atos), e empregou o verbo “salvar” mais frequentemente do que qualquer outro Evangelista. I. Howard Marshall vê este interesse como sendo criticamente importante: “É nossa tese que a idéia da salvação fornece a chave da teologia de Lucas.” Nem se trata apenas da estatística. Lucas nos conta que a mensagem do anjo dizia respeito aos homens em geral, e não a Israel especialmente (2:14). Faz a genealogia de JESUS remontar até Adão (3:38), o progenitor da raça humana, não parando em Abraão, o pai da nação judaica (conforme faz Mateus). Conta-nos acerca dos samaritanos, como, por exemplo, quando os discípulos queriam invocar fogo contra eles (9:51-54), ou na bem conhecida parábola do Bom Samaritano (10:30-37), ou na informação de que o leproso agradecido era desta raça (17:16). Refere-se aos gentios no cântico de Simeão (2:32) e nos conta que JESUS falou com aprovação acerca de não israelitas tais como a viúva de Sarepta e Naamã, o sírio (4:25-27). Conta-nos acerca da cura do escravo de um centurião (7:2-10). Registra palavras acerca de pessoas que vem de todas as direções da bússola para assentarem-se no reino de DEUS (13:39) e da grande comissão para pregar o evangelho em todas as nações (24:47). Sustenta-se geralmente que sua história da missão dos setenta (10:1-20) tem relevância para os gentios. Fica claro que Lucas tinha profundo interesse pela solicitude de DEUS para com todas as pessoas. Não devemos, no entanto, entender tudo isto como se ele quisesse dizer que todos seriam salvos. Vê a igreja existente num mundo hostil. Distingue entre “os filhos do mundo” e “os filhos da luz” (16:8; cf. 12:29-30, 51 ss.). O evangelho é oferecido gratuitamente a todos os homens, mas eles têm uma responsabilidade no sentido de se arrependerem, e serão julgados no devido tempo (Atos 17:30-31). O julgamento não é um tema infrequente neste Evangelho (cf. 12:13ss.; 17:26ss.). Nem devemos entender isto no sentido de depreciar a importância de Israel no propósito de DEUS. Uma das coisas fascinantes no escrito de Lucas é a maneira em que este gentio ressalta a importância do Templo e de Jerusalém. Começa e termina seu Evangelho com pessoas no templo em Jerusalém, em contraste com o Evangelho “judaico” de Mateus, cuja cena de abertura ressalta o lugar dos magos gentios e que termina com uma comissão na Galiléia no sentido de os seguidores de JESUS irem para todo o mundo. Lucas menciona que JESUS foi apresentado no Templo como nenê, e que o visitou como menino. Ocorre de novo como o clímax da narrativa da tentação de JESUS, e como o lugar para o clímax da obra de JESUS em prol dos homens. Entre estas referências, uma seção considerável do Evangelho é ocupada com uma viagem para Jerusalém (9:51-19:45; note a ênfase em Jerusalém como o destino, 9:51, 53; 13:22; 17:11; 18:31; 19:28; cf. 13:33-34). Ao todo, refere-se a Jerusalém 31 vezes em contraste com 13 vezes em Mateus, 10 vezes em Marcos e 12 vezes em João.O universalismo de Lucas é real, mas não devemos deixar que ocultasse de nós uma “qualidade judaica” muito real.
3. A escatologia. Lucas escreve acerca de uma grande salvação, de uma salvação que é valida por toda a eternidade e não somente para o tempo. Lucas escreve quando a expectativa vivida tinha desvanecido. Embora a demora da parousia fosse um problema, parece ter sido menos problema para os membros da igreja primitiva do que para alguns expositores modernos. Lucas tinha interesse escatologia veja Lc 12:35ss.; 17:22ss.; 21:25ss., etc. Ele registra o pensamento do julgamento iminente (3:9, 17; 18:7-8) e o da proximidade do reino (10:9, 11; neste ultimo versículo, Lucas inclui as palavras “está próximo o reino de DEUS” que não estão no paralelo em Mt 10.  Lucas ressalta a ideia da alegria diante da proximidade da salvação, e acha nisto uma escatologia genuína. Existem “duas ênfases escatológicas dominantes em Lucas-Atos. Uma é a proclamação de que o Fim está próximo . . . a outra . . . é a tentativa de evitar uma deturpação da tradição de JESUS. . . no sentido de que o eschaton tinha sido plenamente experimentado no presente, e que podia sê-lo. Lucas aguarda a vinda do Fim quando a salvação da qual escreve chegará à sua consumação.
4. O catolicismo primitivo. Alguns deixam de entender o impacto daquilo que Lucas está dizendo quando sustentam que ele institucionalizou o cristianismo, ou, pelo menos, que escreve como representante da religião institucional. No decurso do tempo, naturalmente, a igreja acabou se estabelecendo como uma instituição. Perdeu a primeira a expectativa ansiosa da volta do Senhor. Passou a interessar-se por questões da ordem e da prática sacramental, e geralmente por tudo quanto contribui para o lado institucional do cristianismo. O resultado é chamado “catolicismo primitivo” por muitos estudiosos. Lucas é muito fiel as suas fontes, de modo que retrata cuidadosamente aquilo que estas dizem ao invés daquilo que acontecia nos seus próprios dias. Lucas estava escrevendo para suprir as necessidades dos seus próprios dias sem tirar a conclusão de que reflete apenas sua própria situação. Não devemos estar tão ocupados em perguntar por que Lucas acrescentou Atos ao seu Evangelho ou perguntar por que prefixou seu Evangelho a Atos. É dai que saiu a base histórica do cristianismo. Não é viável simplesmente ver Lucas expondo um tratamento convencional da religião institucional dos seus próprios dias. Via o plano de DEUS na igreja ao seu redor, mas também o via no Antigo Testamento e na vinda de JESUS. Não era tanto um homem da instituição quanto um homem que incluía a instituição no propósito de DEUS, que a tudo abrangia. 
5. O plano de DEUS. Lucas viu que DEUS estava desenvolvendo um grande plano nos negócios dos homens.O propósito foi visto supremamente na cruz (Atos 2:23; 3:13; 5:30-31, etc.). Lucas também o ressalta com suas muitas referências ao cumprimento da profecia (Lc 4:21; 24:44, etc.). Deixou claro que os homens não derrotam a DEUS. Deixou claro, também, que DEUS não é algum Olimpio remoto, afastado dos homens e sem se importar com o destino destes. O DEUS a quem Lucas conhece está interessado na salvação dos homens, e está constantemente operativo nos negócios dos homens a fim de levar a efeito Seu propósito redentor.
6. Os indivíduos. Ao operar aquele grande propósito da redenção, DEUS, segundo o conceito de Lucas, preocupava-Se com os homens. Não pensava que o propósito divino aparecia somente nos grandes movimentos das nações e dos povos: operava nas vidas de homens e mulheres humildes, pois DEUS Se importa também com as pessoas de menos influencia. Destarte, tem muita coisa a dizer acerca dos indivíduos, frequentemente no caso de pessoas que não são mencionadas noutros lugares. Conta-nos de Zacarias e Isabel, de Maria e Marta, de Zaqueu, de Cleopas e seu companheiro. Conta-nos da mulher que ungiu os pés de JESUS no lar de Simão, o fariseu, e doutras. Um fato interessante emerge do estudo das parábolas que registra. Ao passo que em Mateus as parábolas estão centralizadas no reino, em Lucas tendem a ressaltar pessoas. Lucas se interessa por pessoas.
7. A importância das mulheres. Uma parte importante da solicitude que DEUS tem para com as pessoas e que é manifestada para com grupos que não eram altamente estimados na sociedade do século I: as mulheres, as crianças, os pobres, os de má fama. Por exemplo, dá um lugar de relevância às mulheres. No século I, as mulheres eram mantidas bem no seu lugar, Lucas, porém, as vê como objetos do amor de DEUS, e escreve acerca de muitas delas. Nas histórias da Infância, conta de Maria, mãe de JESUS, e de Isabel e Ana. Mais tarde, escreve também de Marta e da sua Irma Maria (10:38-42), de Maria Madalena e Joana e Susana (8:2-3). Refere- se à mulheres que não menciona pelo nome, tais como a viúva de Naim (7:11-12), a pecadora que ungiu os pés de JESUS (7:37ss.), a pequena velha encurvada (13:11), a viúva que deu a DEUS tudo quanto tinha (21:14) e as “Filhas de Jerusalém” que lamentavam por JESUS enquanto Ele subia à cruz (23:27ss.). Às vezes, as mulheres aparecem também nas parábolas, como naquela da moeda perdida (15:8ss.) ou do juiz injusto (18:1 ss.).
8. As Crianças. O exemplo mais obvio da solicitude de Lucas para com as crianças é o das narrativas da infância. Naturalmente, o interesse pelas crianças não é a única razão destas histórias. Lucas está preocupado em enfatizar que o plano de DEUS estava sendo cumprido no nascimento e na juventude de João e de JESUS. Lembra-nos acerca do cumprimento da profecia em conexão com estes eventos. Mas é interessante que descobre o plano de DEUS em eventos que dizem respeito às crianças. Mateus nos diz alguma coisa acerca do nascimento de JESUS e somente ele relata a visita dos magos, mas é Lucas quem nos dá a maior parte das nossas informações acerca daqueles dias iniciais. Conta-nos, também, alguma coisa acerca das circunstâncias que acompanhavam o nascimento de João Batista. Dá-nos a única história que temos acerca de JESUS como menino, e nos conta, de vez em quando, acerca do “filho único” ou da “filha única” das pessoas sobre as quais escreve (7:12; 8:42; 9:38).
9. Os pobres. JESUS veio pregar o evangelho aos pobres (4:18), e é digno de nota que Lucas relata uma bem-aventurança para os pobres (6:20; há, por contraste, um ai para os ricos, 6:24), ao passo que Mateus fala dos “pobres de espírito” (Mt 5:3). Pregar as boas-novas aos pobres é característica do ministério de JESUS (7:22). Os pastores, aos quais vieram os anjos (2:7ss.) pertenciam a uma classe pobre. Na realidade, parece que a família do próprio JESUS era pobre, pois a oferta feita na ocasião do nascimento da Criança era a dos pobres (2:24; cf. Lv 12:8). De modo geral, Lucas preocupa-se com os interesses dos pobres (1:53; 6:30; 14:11- 13, 21; 16:19ss.). O outro lado desta moeda e uma ênfase dada ao perigo das riquezas. Lucas tem um “Ai” para os ricos (6:24), e conta-nos que DEUS manda os ricos embora, vazios (1:53). Há parábolas que advertem os ricos, tais como a do tolo rico (12:16ss.), do administrador infiel (16:1 ss.), do Rico e Lázaro (16:19-31). Há advertências para os ricos nas histórias do jovem rico (18:18-27), de Zaqueu (19:1-10) e da oferta da viúva pobre (21:1-4).
10. Os de má fama. Lucas nos conta que em certa ocasião “Aproximavam-se de JESUS todos os publicanos e pecadores para O ouvirem” (15:1). Este não é um incidente, isolado no Terceiro Evangelho, pois Lucas tem a oportunidade de mencionar muitas pessoas que não eram muito respeitáveis. Destarte, conta-nos acerca de Zaqueu (desconsiderado pelos circunstantes como “um pecador,” 19:7), e acerca da festa que Levi fez para uma multidão descrita pelos fariseus como “publicanos e pecadores” (5 30). No mesmo estilo, narra a história da pecadora que chorou sobre os pés de JESUS e os ungiu, e de quem JESUS disse que seus muitos pecados foram perdoados e que “ela muito amou” (7:37-50). O filho pródigo não era exatamente um modelo da retidão, e os injustos têm um jeito de aparecerem nas parábolas neste Evangelho (7:41-42; 12:13-21; 16:1-12, 19-31; 18:1-8, 9-14).
11. A Paixão de CRISTO. O propósito de DEUS é supremamente realizado na paixão de nosso Senhor. Lucas escreve com a convicção de que DEUS agiu em CRISTO para trazer a salvação aos homens. A cruz domina a totalidade da obra. Não longe do começo, Lucas se refere aos "dias em que devia ele ser assunto ao céu” (9:51), e acrescenta que JESUS “manifestou no semblante a intrépida resolução de ir para Jerusalém.” JESUS Se refere à Sua morte como sendo um batismo, e acrescenta, “quanto me angustio até que o mesmo se realize!” (12:50). Manda um recado a Herodes: “Hoje e amanhã expulso demônios e curo enfermos, e no terceiro dia sou consumado (13:32; passa a falar em morrer em Jerusalém).  Lucas tem uma predição da paixão que está ausente de Mateus (17:25). De modo semelhante, conta-nos na sua narrativa da Transfiguração, que Moisés e Elias falavam da morte de JESUS (9:31), fato este que não foi mencionado nos demais Evangelistas. E, é claro, a narrativa da Paixão ocupa um espaço grande no fim do Evangelho. Lucas tem certo número de referências ao cumprimento da Escritura em conexão com a Paixão que dá ao seu relato um toque especial (ver 18:31; 20:17; 22:37; 24:26-27, 44, 46; provavelmente também 9:22; 13:33; 17:25; 24:7). Na Paixão, a vontade de DEUS é realizada. Lucas via a cruz como “o caminho divinamente ordenado para JESUS chegar à ressurreição e a exaltação como Príncipe e Salvador.”  (cf. “ao terceiro dia ressuscitara,” 18:33). Lucas vê JESUS como Salvador dos homens, e isto pelo caminho da cruz. Se a relevância expiadora do sofrimento de CRISTO não é ressaltada, pelo menos está presente. No seu segundo volume, Lucas continua a enfatizar a importância da cruz. Ressalta o fato de que a igreja primitiva concentrava-se naquilo que JESUS fizera em prol da salvação do homem e especificamente na cruz e na ressurreição. Aqui, descobrimos que a morte de JESUS ocorreu “pelo determinado desígnio e presciência de DEUS” (Atos 2:23). Há muito mais. A morte de JESUS era central.
12. O ESPÍRITO SANTO. O propósito de DEUS não cessa na cruz. Continua na obra do ESPÍRITO SANTO, que significava tanta coisa na igreja dos dias de Lucas e em nossos dias. O interesse deste Evangelista pelo ESPÍRITO, no entanto, remonta aos dias iniciais. O ESPÍRITO é destacado neste Evangelho desde o inicio. Há uma profecia no sentido de que João seria cheio do ESPÍRITO SANTO, já do ventre materno (1:15), ao passo que se diz de Isabel bem como de Zacarias que ficaram cheios do ESPÍRITO (1:41, 67). O mesmo ESPÍRITO estava “sobre” Simeão, revelou-lhe que haveria de ver o CRISTO, e o guiou para o Templo no momento apropriado (2:25-27). O ESPÍRITO SANTO estava ativo em conexão com o ministério de JESUS. Este fato remonta até a concepção original, pois o anjo Gabriel informou Maria que “Descerá sobre ti o ESPÍRITO SANTO e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra” (1:35). Quando JESUS estava para começar Seu ministério, há varias referências ao ESPÍRITO SANTO. João Batista profetizou que JESUS batizaria com o ESPÍRITO SANTO e com fogo (3:16). Quando nosso Senhor foi batizado, o ESPÍRITO SANTO veio sobre Ele “em forma corpórea como pomba” (3:22), e o mesmo ESPÍRITO O encheu e O guiou para o deserto na ocasião da tentação (4:1). Depois de terminada a tentação, e Ele estava para entrar no Seu ministério, “JESUS, no poder do ESPÍRITO, regressou para a Galileia” (4:14). Depois, quando pregou na sinagoga de Nazaré, JESUS aplicou a Si mesmo as palavras: “O ESPÍRITO do Senhor está sobre mim” (4:18), Não há muitas referências ao ESPÍRITO durante o ministério, mas em certa ocasião JESUS “exultou no ESPÍRITO SANTO” (10:21) e provavelmente devamos entender que isto indica que o ESPÍRITO estava continuamente com Ele. Além disto, disse aos Seus seguidores que, nas emergências, o ESPÍRITO SANTO lhes ensinaria as coisas que deveriam dizer (12:12), e não é fácil pensar que eles teriam o ESPÍRITO SANTO e JESUS, não. A blasfêmia contra o ESPÍRITO é o mais grave dos pecados (12:10). JESUS disse a Seus discípulos que o Pai daria o ESPÍRITO SANTO àqueles que lho pedirem (11:13). Depois da ressurreição, disse: “Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai” e passou a assegurar os discípulos que seriam “revestidos de poder do alto” (24:49). Esta e uma clara referência à vinda do ESPÍRITO SANTO, profecia esta que foi cumprida no Pentecoste. Mas, por mais importante que seja o ensino deste Evangelho acerca do ESPÍRITO SANTO, é em Atos que recebemos o impacto total da ênfase de Lucas. Aquele livro está cheio do ESPÍRITO, e tem sido chamado, com razão, “Os Atos do ESPÍRITO SANTO.” O ESPÍRITO está constantemente operante desde o Dia do Pentecoste. Está abundantemente claro, pois, que uma das grandes ênfases de Lucas é o ESPÍRITO SANTO. Não pensa que DEUS deixa os homens servi-Lo sem abastecê-los com Seus próprios recursos. O amor de DEUS é visto no ESPÍRITO que entra nos seguidores de JESUS e lhes dá poder e os guia. Alguns tem visto a ênfase dada por Lucas ao ESPÍRITO SANTO como substituto da escatologia que significa tanta coisa para os demais Evangelistas. Quando falamos do ESPÍRITO como sendo escatológico, queremos dizer que é escatologia tornada presente.” O que garante o senso genuíno da iminência, da expectativa continua, é que o dom do ESPÍRITO não é alguma coisa institucional, como se a igreja tivesse o ESPÍRITO sob seu controle e pudesse produzir os dons do ESPÍRITO em qualquer momento que escolhesse. O ESPÍRITO SANTO foi dado no Pentecoste, decerto, mas Ele podia encher as mesmas pessoas outra vez, um pouco mais tarde, como resposta a oração (Atos 4:31). A presença do ESPÍRITO “ainda é um dom sobrenatural, pelo qual os fiéis devem esperar, e que devem ser prontos para receber a qualquer momento.” Não se pode tratar o ESPÍRITO com presunção. A igreja não pode dizer: “Temos o ESPÍRITO em nossa salvaguarda. Não precisamos esperar a vinda de nosso Senhor.” O Senhorio do ESPÍRITO sobre o processo histórico é amplamente ressaltado em Atos. E, conforme notamos numa seção anterior, Lucas tem mais para dizer acerca do ESPÍRITO no seu Evangelho do que qualquer um dos demais Evangelistas. Isto forma um vínculo de continuidade. Tanto no ministério de JESUS quanto na vida da igreja primitiva, o ESPÍRITO de DEUS está operante.
13. A oração. No seu ensino acerca do ESPÍRITO, portanto, Lucas nos mostra que DEUS leva a efeito o Seu propósito. Esta operação exige uma atitude certa da parte do povo de DEUS, e é de acordo com isto que Lucas ressalta a importância da oração. Há duas maneiras principais de ressaltar este interesse. A primeira é ao registrar as orações de JESUS (3:21; 5:16; 6:12; 9:18, 28-29; 10:21-22; 11:1; 22:41ss.; 23:46; sete destas constam somente em Lucas, e mostram JESUS orando antes de cada grande crise da Sua vida). Somente este Evangelho registra que JESUS orou por Pedro (22:31 -32). Lucas nos diz que JESUS orou pelos Seus inimigos (23 34) e por Si mesmo (22:41-42). A segunda maneira acha-se nas parábolas que ensinam tanta coisa acerca da oração: o amigo à meia-noite (11:5ss.), o juiz injusto (18:10ss.). Além  disto, Lucas registra algumas exortações aos discípulos no sentido de orarem (6:68; 11:2; 22:40,46), e tem uma advertência contra o tipo errôneo de oração (20:47).
14. O louvor. O Evangelho segundo Lucas é um Evangelho cantante. Registra alguns dos grandes hinos da fé Cristã: o cântico de glória dos anjos (2:14), o Magnificat, o Benedktus e o Nunc Dimittis (1:46ss., 68ss.; 2:29ss.) Bem frequentemente, as pessoas que recebem benefícios louvam a DEUS, ou glorificam a DEUS, ou fazem algo semelhante (2:20; 5:25-26; 7:16; 18:43). O verbo “regozijar-se” e o substantivo “alegria” acham-se frequentemente (e.g. 1:14, 44, 47; 10:21). Há risos neste Evangelho (6:21) e festejos (15:23, 32). Há alegria na recepção que Zaqueu fêz para JESUS (19:6). Há alegria na terra quando a ovelha perdida e a moeda perdida são achadas, e há jubilo no céu por causa da recuperação de pecadores perdidos (15:6-7, 9-10). E este Evangelho termina, assim como começou, com regozijo (24:52; cf. 1:14). Fica claro, com tudo isto, que Lucas escreveu com um propósito profundamente teológico. Vê DEUS operando para trazer a salvação e tem prazer em ressaltar uma variedade dos aspectos desta grande obra salvífica. 
O RELACIONAMENTO ENTRE LUCAS E OS DEMAIS EVANGELHOSa. O Problema SinóticoUm problema é levantado pelas semelhanças entre certas passagens dos três primeiros Evangelhos que temos. Às vezes, estão em todos os três Evangelhos, às vezes em dois deles. As semelhanças frequentemente são muito estreitas, e as passagens podem ser quase iguais, palavra por palavra. Até mesmo partículas minuciosas e sem importância podem ser idênticas em todos os três relatos. Se isto ocorresse somente nas palavras de JESUS, talvez pudéssemos pensar que a fidelidade na reportagem fosse a explicação. Acha-se, no entanto, também nas narrativas dos eventos. O problema é como explicar estes fatos e esclarecer o relacionamento entre os três Evangelhos. Podemos expor os fatos principais do modo seguinte:1. O esquema geral destes três Evangelhos é semelhante. Há um ministério de JESUS na Galileia, seguido por uma viagem para Jerusalém, onde está localizada a Paixão. Há uma abordagem bem diferente em João, onde vemos JESUS fazendo certo número de visitas a Jerusalém.2. Há passagens em todos estes três Evangelhos que se assemelham estreitamente umas as outras, e.g. Mateus 9:6 = Marcos 2:10 = Lucas 5:24.3. Mateus e Marcos frequentemente concordam na sua redação, onde Lucas é diferente, e Marcos e Lucas concordam de modo semelhante contra Mateus. Mateus e Lucas concordam mais raramente contra Marcos.4. Há passagens em Mateus e Lucas que estão ausentes das seções correspondentes de Marcos, e.g. Mateus 3:7-10 = Lucas 3:7-9; cf. Mc 1:2-8. 5. Alguma matéria acha-se em Mateus e Lucas que é semelhante, mas não idêntica, e.g. Mateus 5:3 e Lucas 6:20.6. A matéria em comum pode ser colocada em contextos diferentes, e.g. a cura do servo do centurião (Mt 8:5ss.; Lc 7:1 ss.). 7. Cada Evangelho tem matéria que nenhum dos outros dois compartilha com ele. Não se pode dizer que já foi oferecida uma explicação que dê conta de todos os fatos. Mesmo assim, muita coisa pode ser aprendida ao examinar as soluções que têm sido propostas. Em dias anteriores, a explicação usual era a tradição oral: “um Evangelho oral original, bem especifico no seu esboço geral e até mesmo na linguagem, que foi registrado por escrito no decurso do tempo em vários formatos especiais, segundo as formas típicas que assumiu na pregação de Apóstolos diferentes.” Hoje em dia, acha-se que esta explicação é inadequada. A tradição deve ter começado em aramaico e é difícil ver porque o grego viria a ser tão semelhante. A dependência se estende até mesmo as partículas gregas. Além  disto, é difícil entender por que uma tradição oral teria produzido tanta coisa no sentido de uma ordem comum. Mateus e Lucas podem desviar-se da ordem de Marcos, mas sempre voltam a ela. Podemos concordar que a tradição oral não explicará todos os fatos, mas deve ser lembrado que, em qualquer hipótese, a matéria do Evangelho foi transmitida oralmente por certo número de anos. Não é improvável que uma insuficiência de atenção tenha sido prestada à tradição oral. Parece não haver razão porque os Evangelistas não tivessem prestado atenção a tradição oral que indubitavelmente existia quando escreveram. A Crítica da Forma enfatizou para nós a importância do período pre-literário. A mesma coisa foi feita, proveniente de outra direção, pela obra de estudiosos escandinavos tais como H. Riesenfeld od e B. Gerhardsson. Nestes dias, porém, a maioria dos críticos concorda que devamos pensar em fontes escritas. A teoria dos dois documentos sustenta que Marcos foi o primeiro dos Evangelhos a ser escrito, é que Mateus e Lucas empregaram Marcos bem como outra fonte usualmente designada por Q (Original de Marcos).As razões dadas pela prioridade de Marcos são as seguintes:1. Quase a totalidade de Marcos está contida nos outros dois.Mateus tem a substância de mais de 600 dos 661 versículos de Marcos, e retém cerca de 51% das próprias palavras de Marcos, embora seu estilo seja mais condensado. É difícil tirar uma conclusão exata no caso de Lucas, mas parece ter cerca de 350 versículos em comum com Marcos, e nestes, cerca de 53% das palavras são as de Marcos. Cerca de 90% de Marcos está em Mateus, e cerca de metade em Lucas. Somente quatro parágrafos de Marcos não aparecem em um ou outro destes dois.2. A maneira de ser usada esta matéria parece demonstrar que Marcos dificilmente poderia ter empregado os outros dois como suas fontes. F. B. Clogg comenta a cura do paralitico (Mt 9:1-8; Mc 2:1-12; Lc 5:17-26): “depois da introdução, que é peculiar a cada Evangelista, nada há em Mateus e Lucas que não é achado em Marcos, mas Marcos tem muitos pormenores picturais que faltam nos outros dois. É pouco possível que Marcos tenha compilado sua narrativa a partir dos dois outros, e que ainda seja o mais viçoso e natural dos três.” Um comentário semelhante poderia ser feito repetidas vezes.3. Tanto Mateus como Lucas às vezes omitem aquilo que Marcos contém, mas não concordam frequentemente nas suas omissões.4. Mateus e Lucas geralmente seguem a ordem de Marcos. Quando um deles deixa a ordem de Marcos, o outro normalmente o apoia. Raras vezes concordam entre si contra Marcos, quanto a detalhes.5. Marcos revela mais franqueza do que os outros em retratar a humanidade de JESUS. Por exemplo, informa-nos que na sinagoga, depois de ter perguntado se é licito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal, antes de curar o homem que tinha ressequida uma das mãos, JESUS “olhou ao redor, indignado e condoído com a dureza dos seus corações” (Mc 3:5). Mateus e Lucas, porém, omitem as referências a indignação e ao pesar.6. Marcos está mais disposto a relatar as falhas dos Doze. Destarte, conta-nos que, na ocasião da discussão sobre o “fermento de Herodes,” JESUS perguntou-lhes: “Tendes o coração endurecido? tendo olhos, não vedes? e, tendo ouvidos, não ouvis?” (Mc 8:17-18). Mateus, porém, ao relatar o incidente, omite esta parte (Mt 16.-9).7. Em Marcos há toques vividos (que decididamente dão a impressão de ser as lembranças de uma testemunha ocular), que Mateus e Lucas omitem nos seus relatos paralelos. Incluem detalhes como quando JESUS sentou-Se e chamou os Doze (Mc 935), quando olhou para Seus discípulos em derredor (Mc 10:23), e a palavra para os “grupos” das pessoas que se sentavam na ocasião em que os cinco mil foram alimentados (Mc 6:40; a palavra é empregada para canteiros do jardim).8. Embora Mateus e Lucas sejam independentes entre si quanto as suas histórias da Infância, começam a concordar entre si (e com Marcos) na altura em que Marcos começa seu Evangelho.9. Parece haver uma tendência para Mateus e Lucas refinar o relato de Marcos. Parece que adotam um tom mais reverente (ver considerações 5 e 6), emendara construções desajeitadas e com gramática inferior, e omitem as expressões aramaicas. Em comparação com eles, o relato de Marcos parece mais primitivo.10. Algumas pessoas detectam em Mateus e Lucas tentativas para esclarecer as ambiguidades de Marcos. Destarte, onde Marcos diz: “pois para isso é que eu vim” (Mc 1:38), que pode significar ‘Vim da parte de DEUS,” ou “vim de Cafemaum,” Lucas diz: “pois para isso é que fui enviado” (Lc 4:43). De modo semelhante, Marcos 11:3 pode significar que o dono mandaria o jumento de volta para JESUS, ou que JESUS, depois de acabar de fazer uso do jumento, o devolveria ao dono (comparar ARC com ARA). Mateus 21:3, no entanto, deixa claro o sentido. Nem todas estas considerações são igualmente convincentes. O argumento baseado na ordem não é adequado para comprovar a hipótese dos dois documentos com o grau de certeza que seria necessário a fim de justificar o procedimento seguido por Bultmann e Taylor.” Algumas das outras considerações, no entanto, formam um argumento convincente. Contra ele pleiteiam-se principalmente as duas considerações seguintes.1. Há algumas concordâncias entre Mateus e Lucas contra Marcos.Por exemplo, no dito acerca de colocar vinho novo em odres velhos, Mateus e Lucas dizem que o vinho se derrama, ao passo que Marcos diz que o vinho e os odres se perdem (Mt 9:17 = Mc 2:22 = Lc 537)." De modo semelhante, na história da Paixão, Mateus e Lucas igualmente tem “dizendo” e “quem é que te bateu?”, que faltam em Marcos (Mt 26:67, 68 = Mc 14:65 = Lc 22:63-64). Este tipo de coisa é estranho se Mateus e Lucas dependem de Marcos. Para explicá-lo, alguns têm pensado que Marcos foi revisado: houve um Marcos original (um Ur-Marcus) é uma versão revisada. Se for assim, o Marcos que agora temos deve ser o original, ao passo que Mateus e Lucas usaram a revisão. A maioria dos estudiosos, no entanto, concorda que a evidência em prol de um Ur-Marcus é insuficiente.Muitos dos argumentos deixam de convencer. Destarte, tanto Mateus quanto Lucas frequentemente omitem, de modo independente, palavras insignificantes que caracterizam o estilo mais verboso de Marcos. Não é surpreendente que às vezes coincidem. A mesma coisa acontece com as mudanças gramaticais, tal como a alteração do presente histórico (em Marcos 151 vezes, mas em Mateus 78 vezes e em Lucas 4-6 vezes)100 para o imperfeito ou o aoristo. Mas depois de levar isto plenamente em conta, muitos estudiosos acham que um problema ainda permanece.2. Se Mateus e Lucas dependem de Marcos, pergunta-se por que omitem seções inteiras da sua fonte. Mas a resposta razoável é que os dois tinham o direito de fazer uma seleção. Não eram obrigados a reproduzir a totalidade de quaisquer documentos que tinham em mãos. De qualquer maneira, uma quantidade surpreendentemente pequena de Marcos é omitida na realidade. É, porém, enigmático que Lucas tenha omitido tudo em Marcos 6:45-8:26. Talvez esta omissão fosse acidental. Não era fácil localizar uma passagem num rolo antigo, e tem sido sugerido que Lucas pudesse facilmente ter passado acidentalmente da multiplicação dos pães para as multidões em Marcos 6:42-44 para as palavras semelhantes em 8:19-21.Ou talvez achasse que já tinha paralelos suficientemente próximos da maior parte de matéria nesta seção. Tais objeções não são consideradas decisivas. A maioria dos estudiosos, portanto, sustenta que Marcos foi o primeiro dos quatro Evangelhos que temos a ser escrito. Pensam que este Evangelho foi usado tanto por Mateus quanto por Lucas. Esta parece ser a interpretação mais provável da evidência, mas não podemos dizer mais do que isto. Não foi completamente comprovado, e devemos ter em mente que alguns estudiosos sustentam a prioridade de Mateus10.3 e alguns poucos, até mesmo a de Lucas.
Voltamo-nos agora para Q, a outra fonte na teoria dos dois documentos. As seguintes considerações são relevantes.1. Há cerca de 250 versículos que Mateus e Lucas tem em comum, mas que faltam em Marcos.2. O grau de semelhança varia. Algumas passagens são quase idênticas, palavra por palavra (e.g. a seção da “raça de víboras”, Mt 3:8-10; Lc 3:7-10; no Grego, 60 de 63 palavras são idênticas nos dois relatos: assim também Mt 6:24 é semelhante à Lc 16:13; Mt 7:3-5 a Lc 6:4142; Mt 7:7-10 a Lc 11.9-13;Mt 11:4-6, 7b-11 a Lc 7:22-23, 24b-28 ; Mt 11:21- 23 a Lc 10:13-15;Mt 11:25-27 a Lc 10:21-22;Mt 12:4345 a Lc 11:24-26; Mt 23:37-38 a Lc 13:34-35;Mt 24:45-51 a Lc 12:4246). As concordâncias podem chegar a palavras e frases incomuns, e peculiaridades gramaticais.Noutras passagens, no entanto, as diferenças são tão notáveis quanto às semelhanças (e.g. as Bem-aventuranças, Mt 5:3-l 1 ; Lc 6:20-22).3. A matéria em comum ocorre em contextos diferentes. Segundo Streeter, subsequentemente a narrativa da tentação, não há um só caso em que Mateus e Lucas encaixam um trecho de matéria Q (Original de Marcos) no mesmo contexto de Marcos. Não é surpreendente, portanto, que a ordem em que a matéria Q (Original de Marcos) ocorre é diferente nos dois Evangelhos. Sustenta-se usualmente que Lucas conservou alguma coisa da ordem do original, ao passo que Mateus dispôs sua matéria por tópicos.4. Há pouca matéria narrativa na matéria que há em comum. Q (Original de Marcos) é principalmente um documento de ditos. Teoricamente, a matéria que há em comum pode ser devida a dependência direta ao invés de ao uso do mesmo documento; mas poucos acham que há qualquer justificativa para sustentar que Mateus copiou Lucas. Alguns estudiosos, porém, pensam que Lucas depende de Mateus. Contra eles, porém, há o fato já notado de que, depois da história da tentação, nunca achamos a matéria em comum no mesmo contexto. Por que Lucas sistematicamente tiraria a matéria de Mateus fora do seu contexto e a colocaria noutro lugar? Além  disto, não parece haver motivo algum porque Lucas não retomou nenhum dos acréscimos que Mateus fez ao texto de Marcos. Isto parece inexplicável. Uma consideração um pouco subjetiva e que os estudiosos usualmente acham que, onde há leves diferenças entre a matéria em comum, o relato de Lucas é mais viçoso e parece mais original. Não parece, portanto, que qualquer destes dois Evangelhos depende diretamente do outro, A maioria dos estudiosos sustenta que uma fonte tal como Q (Original de Marcos) realmente existia, embora haja pouca concordância quanto ao conteúdo dela.James Moffatt cita dezesseis reconstruções diferentes e oferece mais uma dele mesmo. Streeter oferece ainda outra. O problema, naturalmente, é com as passagens que revelam diferenças bem como semelhanças. Devem ser incluídas em Q (Original de Marcos)? Alguns sustentam que devem, e que havia recensões diferentes daquele documento. Mateus, pois, usou uma forma de Q (Original de Marcos), e Lucas, outra. Outros pensam que Q (Original de Marcos) era uma fonte aramaica (talvez os logia de Mateus, referidos por Papias e que nossos Evangelistas estejam usando traduções diferentes para o Grego. Algumas das diferenças entre Mateus e Lucas podem ser explicadas com base nas leves diferenças entre palavras aramaicas ou de palavras aramaicas com dois sentidos. Outro fator complicante é a probabilidade de que às vezes apenas um dos nossos Evangelistas empregou Q (Original de Marcos). Os estudiosos diferem entre si quando procuram identificar tais passagens. Aqueles que acham que a existência de Q (Original de Marcos) não foi demonstrada de modo satisfatório indicam que não se pode comprovar a existência de nenhum exemplar do tipo de literatura semelhante. Talvez o Evangelho segundo Tomé chegue mais perto, mas este é um documento do século II, provavelmente gnóstico. Nada semelhante a ele é conhecido nos tempos neotestamentários. As concordâncias entre Mateus e Lucas realmente apresentam um problema, mas não é incapaz de solução. Alguns pensam que Mateus é anterior a Lucas e que Lucas usou tanto ele quanto Marcos. Tais pontos de vista não estão sem dificuldades próprias, mas a sua própria existência demonstra que a hipótese de que Marcos e Q (Original de Marcos) subjazem nosso primeiro e terceiro Evangelho não foi comprovada. É difícil escapar a impressão de que muitos críticos estão procurando forçar um número de hipóteses dentro do documento Q (Original de Marcos). Estão desconsiderando a expressa declaração de Lucas de que muitos tinham escrito antes dele (1:1). A melhor maneira de esclarecer o problema das diferenças e das semelhanças parece ser levar a sério esta declaração de Lucas. Onde Mateus e Lucas são iguais, quase palavra por palavra, não precisamos duvidar de que estão usando um documento escrito em comum. É bem possível que tenha havido mais de uma de tais fontes. Mas onde as diferenças são tão grandes quanto às semelhanças, parece melhor pensar em fontes diferentes. Não deixa de ser interessante que em tempos recentes parece haver uma tendência para ser menos dogmático acerca de Q (Original de Marcos). Muitos estudiosos o consideram nada mais do que um modo conveniente de referir-se a matéria comum a Mateus e Lucas que obtiveram da mesma origem ou origens. Empregaremos o símbolo exatamente desta maneira.
Um desenvolvimento interessante da teoria de Streeter e seu conceito da maneira em que o Evangelho segundo Lucas foi composto. Pensa que quando Lucas começou a escrever, dependia principalmente de Q (Original de Marcos) e L e que somente depois de ter combinado estes num primeiro esboço de um Evangelho (que Streeter chama de Proto-Lucas) é que teve em mãos um Evangelho segundo Marcos. Passou, então, a encaixar matéria de Marcos em Proto-Lucas e formou o presente Evangelho. Antes de Streeter, o conceito usual foi que Lucas tomou Marcos como base e encaixou sua matéria não-marcana no arcabouço marcano. Streetter, porém, rompe com o ponto de vista de que Marcos era uma fonte primária para Lucas, e nega que Marcos forneceu o arcabouço de Lucas. Caird indica que a resolução desta questão tem interesse mais do que meramente acadêmico, porque envolve nosso conceito do valor histórico deste Evangelho. Se Lucas usou Marcos como sua base, segue-se, então, que “usou de muita liberdade editorial em reescrever suas fontes.” As evidencias principais em prol de Proto-Lucas são as seguintes. 
Observação do Ev. Luiz Henrique - Proto-Lucas significa que Lucas escreveu seu evangelho sem nenhuma influência dos outros evangelhos escritos até então, depois pegou o evangelho de Marcos e Mateus e encaixou em seu próprio evangelho o que achou de mais interessante.
1. Lucas tem blocos alternados de matérias marcanas e não-marcanas. Faz muito pouco uso de Marcos nas seções 3:1-4:30; 6:20-8:3; 9:51-18:14; 19:1-27, e sua narrativa da Paixão parece ser basicamente independente daquela de Marcos. Não dá qualquer impressão de combinar suas matérias marcanas e não-marcanas dalguma maneira semelhante ao modo em que combinou os fios diferentes na sua matéria não-marcana. Por alguma razão, não registra nada tirado de Marcos 6:45-8:10.2. Lucas 3:1 dá a impressão de ser o inicio de um livro. Se realmente o foi, a posição da genealogia, logo após a primeira menção do nome de JESUS, é natural. Aqueles que sustentam a hipótese do Proto-Lucas, é lógico, normalmente acreditam que este documento não incluía as narrativas da Infância.3. Às vezes, quando Lucas está aparentemente seguindo Marcos, um incidente especifico é omitido. Mas o achamos numa forma diferente num lugar diferente. Tais incidentes incluem a controvérsia acerca deBelzebu (Q) (Original de Marcos), o grão de mostarda (Q) (Original de Marcos), a rejeição em Nazaré (L) (Lucas:), a unção (L) (Lucas), etc. Caird alista dezessete lugares em que Lucas sai da ordem marcana como em Marcos 1:1-14. Parece que Lucas preferia sua fonte não-marcana, mesmo quando a versão de Marcos é mais vigorosa. Isto é inteligível se Lucas tinha anteriormente incorporado aquela fonte na sua obra, mas menos inteligível se está operando tendo Marcos por base. Na realidade, parece que quando Lucas não está seguindo a ordem de Marcos, não está livremente corrigindo o outro Evangelista, mas, sim, simplesmente seguindo outra fonte.4. Q (Original de Marcos)+ L formariam um documento consideravelmente maior do que Marcos. É difícil, à luz disto, ver Marcos como o arcabouço de Lucas.5. Esta hipótese explicaria por que Lucas omite muito mais de Marcos do que Mateus.6. O uso de “o Senhor” ao invés de “JESUS” na narrativa não se acha em Mateus nem Marcos, nem ocorre na matéria marcana em Lucas. Mas acha-se quinze vezes no restante, e em números aproximadamente proporcionais em Q (Original de Marcos) e L. De modo semelhante, o trato Kyrie, “Senhor,” acha-se uma só vez em Marcos (a mulher siro-fenícia), mas dezesseis vezes em Lucas, das quais quatorze no Proto-Lucas (oito em L e seis em Q). Também se acha dezenove vezes em Mateus. Fica claro que o uso do termo não caracteriza a composição final do livro, senão, estaria nas seções marcanas. A inferência é que pertence a uma etapa anterior do escrito de Lucas.7. A narrativa da Paixão, escrita por Lucas, não é uma reformulação da de Marcos. Quando Lucas está empregando matéria marcana, normalmente tem cerca de 53% das palavras de Marcos, mas na narrativa da Paixão, somente 27%. e isto inclui muitas palavras sem as quais seria quase impossível contar uma história da Paixão. Lucas tem, além disto, uma dúzia de variações da ordem marcana. Há mais: os aparecimentos em Lucas estão localizados em Jerusalém. A opinião dos estudiosos está dividida entre a ideia de o Evangelho segundo Marcos originalmente ter terminado onde termina em nossos exemplares, e neste caso não houve aparecimentos depois da ressurreição, ou de ter havido um término que agora está perdido, e neste caso a maioria concorda que os aparecimentos devem ter sido na Galileia (Mc 16:7). Em qualquer destes casos, Lucas não depende de Marcos.8. Quando Lucas emprega matéria Q (Original de Marcos), não a encaixa simplesmente num arcabouço marcano, mas, sim, combina-a com L. Streeter conclui, a partir de evidencias deste tipo, que Lucas provavelmente tinha completado o primeiro esboço do seu Evangelho antes de ter visto Marcos. Se este for o caso, então Proto-Lucas é extremamente antigo. Os estudiosos têm tido o hábito de atribuir valor especial a Marcos e a Q (Original de Marcos), porque são documentos mais antigos do que Mateus e Lucas, e que eram tão altamente estimados que estes dois confiassem neles, devem ser tão primitivos quanto fidedignos. Streeter pensa que Proto-Lucas deve ser considerado parte da mesma classe. Sua teoria ressalta o valor de muita coisa em Lucas. Nem todos foram persuadidos por ele, no entanto. Os estudiosos usualmente acham que não foi produzida evidência suficiente para comprovar que Mateus e Lucas existiam como documentos. Que Mateus e Lucas tinham fontes especiais de informação fica bastante claro. Que estas fontes eram incorporadas em dois documentos não fica claro. Além  disto, se separarmos as passagens atribuídas a Proto-Lucas, alguns não ficarão impressionados. J. M. Creed chama o resultado de “uma coletânea amorfa de narrativa e discurso. Não fica sendo um Evangelho bem contornado. Aqueles, porém, que rejeitam Proto-Lucas, não parecem ter dado uma explicação convincente de dois fatos:
1. Lucas habitualmente combina sua matéria especial com Q (Original de Marcos), mas nunca com Marcos, e2. Lucas aparta-se de Marcos muito frequentemente na história da Paixão.
Parece que dava muita importância a sua combinação de Q (Original de Marcos) e Lucas. Era, aparentemente, sua fonte para suas narrativas da Infância, e, perto do começo do seu Evangelho há um bloco de matéria não-marcana imediatamente após suas histórias da Infância (3:1-4:30). Há, é verdade, algumas expressões em comum com Marcos nesta seção, e alguns críticos consideram que Lucas depende de Marcos em todas as partes dela. Isto, porém, dificilmente parece justificado, pois o maior volume desta seção é claramente não-marcano. Há evidência de que Marcos e Q (Original de Marcos) coincidiram parcialmente. Por exemplo, Lucas 8:16 aparece num contexto marcano (Mc 4:21) e 11:33, que é muito semelhante, usualmente é atribuído a Q (Original de Marcos) (cf. Mt 5:15). Parece que Lucas tirou este dito das suas duas fontes. O mesmo fenômeno é repetido varias vezes, e isto deixa os estudiosos quase uniformemente convictos que Marcos e Q (Original de Marcos) coincidiam parcialmente. Sendo este o caso, Lucas não precisa ter derivado de Marcos aquilo que parecer ser matéria marcana em 3:1. Talvez tivesse sua origem em Q (Original de Marcos) e, considerando a natureza e a extensão das diferenças, é isto que realmente aconteceu, conforme parece. Muitos já indicaram que se destacarmos as seções marcanas do Evangelho segundo Lucas, há pouca coesão entre elas. Não dão a impressão de serem o arcabouço do mais longo dos nossos Evangelhos. Este fato dá a impressão de que Lucas empregou Marcos tardiamente na sua composição, e não desde o inicio. A certeza é impossível em tal situação, mas certamente parece que Lucas já tinha estado ativo muito tempo antes de conhecer o Evangelho segundo Marcos. Talvez seja um exagero alegar que já tinha produzido o Proto-Lucas de Streeter. Os fatos parecem melhor esclarecidos se Lucas estava colecionando matérias de uma variedade de fontes, tanto a tradição oral quanto quaisquer escritos que encontrou, e que combinava tudo num documento experimental. A combinação frequente de Q (Original de Marcos) e L parece indicar nada menos do que isto. Depois, quando achou um exemplar de Marcos, encaixou as seleções que achou apropriadas no seu documento parcialmente escrito, alterando a redação onde era necessário. Dalguma maneira semelhante, produziu o presente volume. Muita coisa permanece incerta. Ao ler algumas explicações do problema sinótico, nunca se poderia descobrir que há tantas exceções às regras que os estudiosos preconizam. Os fatos são extraordinariamente complexos, e nada mais do que uma hipótese experimental pode ser justificada. O problema deve ser levado adiante. Não podemos trabalhar com estes Evangelhos sem hipóteses dalgum tipo. No estado presente do nosso conhecimento, no entanto, não devemos ser dogmáticos demais.
b. Lucas e João.Um aspecto interessante e enigmático deste Evangelho é o grande número de pontos de contato que tem com o Quarto Evangelho. Há muito mais do que em qualquer das outros Evangelhos Sinóticos. Destarte, varias pessoas são mencionadas por Lucas e João somente, a saber: Maria e Marta (João fala do irmão delas, Lázaro, e Lucas emprega este nome numa parábola), um discípulo chamado Judas que é diferente de Judas Iscariotes, e Anás. Estes dois escritores demonstram um interesse pela Samaria e por Jerusalém muito maior do que qualquer coisa registrada em Mateus e Marcos, e o mesmo se pode dizer das suas referências ao Templo. Há outras ligações, especialmente na narrativa da Paixão. Os dois, por exemplo, falam do papel de Satanás na traição (Lc 22:3; Jo 13:27); os dois nos dizem que foi a orelha direita do escravo que Pedro cortou no Jardim (Lc 22:50; Jo 18:10); que Pilatos repetiu três vezes que JESUS era inocente (Lc 23:4, 14, 22; Jo 18:38; 19:4, 6); que o sepulcro de José não tinha sido usado antes (Lc 23:53; Jo 19:41); que havia dois anjos na manhã da ressurreição (Lc 24:4; Jo 20:12);e que os aparecimentos da ressurreição ocorreram em Jerusalém (Lucas se refere, de modo breve, a uma visita ao túmulo, que João descreveu mais detalhadamente, Lc 24:12, 24; Jo 20:3-10). Alguns tem explicado este tipo de coisa ao sustentar que João usou Lucas como uma das suas fontes. Há, porém, outras evidências que tornam isto improvável. Assim, estes dois Evangelhos tem histórias acerca de uma mulher que ungiu a JESUS, mas ao passo que Lucas fala de uma prostituta realizando a ação na casa de um fariseu (Lc 7:36ss,), João descreve a ação de Maria, uma amiga de JESUS, no próprio lar dela (Jo 12:1 ss.). Além  disto, ambos contam de uma pesca maravilhosa, Lucas no início do ministério de JESUS, e João na ocasião de um dos aparecimentos depois da ressurreição (Lc 5:1 ss.; Jo 21:1ss.). Outros exemplos poderiam ser citados de incidentes que são algo semelhantes, mas onde as diferenças são tão importantes como as semelhanças. Tomam muito difícil pensar em dependência direta ou no uso de fontes em comum. Nas circunstâncias, a conclusão de Caird não é muito forte: “A inferência inevitável é que Lucas e João estavam dependendo de duas correntes afins de tradição oral.”O EVANGELHO DE LUCAS - INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO - Leon L. Morris, M.Sc., M.Th., Ph.D. - Diretor, Ridley College, Melbourne - l.a edicao: 1983Reimpressoes: 1986, 1990,1996,1997, 2000,2005,2006,2007 - Publicado no Brasil com a devida autorizacao e com todos os direitos reservados por Sociedade Religiosa Edições Vida Nova,Caixa Postal 21266, Sao Paulo, SP - 04602-970 - www.vidanova.com.br - Tradução Gordon Chown Revisão de Julio Paulo Tavares Zabatiero. Mais COMENTÁRIOS de Vários Livros.
INTRODUÇÃOLucas, o médico amado, não foi um apóstolo nem tampouco foi uma testemunha ocular da vida de JESUS, todavia deixou uma das mais belas obras literárias já escritas sobre os feitos do Salvador e os primeiros anos da comunidade cristã. A narrativa de Lucas descreve, com riqueza de detalhes, o ministério terreno de JESUS, como ele nasceu, cresceu, libertou os oprimidos, formou os seus discípulos, morreu pendurado em uma cruz e ressuscitou dos mortos.O terceiro Evangelho possui uma forte ênfase carismática. Mais do que qualquer outro evangelista ou escrito do Novo Testamento, Lucas dá amplo destaque à pessoa do ESPÍRITO SANTO durante o ministério público de JESUS até sua efusão sobre os cristãos primitivos. Nesse aspecto, a obra de Lucas deve ser entendida como um compêndio de dois volumes, onde o segundo volume, Atos dos Apóstolos, é entendido a partir do primeiro, o terceiro Evangelho, e vice-versa.Um erro bastante comum cometido por vários teólogos, principalmente aqueles que não creem na atualidade dos dons espirituais, é tentar “paulinizar” os escritos de Lucas. Por não entenderem o pensamento lucano, não o vendo como teólogo como de fato ele era, mas apenas como um historiador, tentam interpretá-lo à luz dos escritos de Paulo. Evidentemente que toda Escritura é inspirada por DEUS e que o princípio da analogia é uma das ferramentas básicas da boa exegese, todavia isso não nos dá o direito de transformar Lucas em mero coadjuvante da teologia paulina. Em outras palavras, Paulo deve ser usado para se compreender corretamente Lucas, mas também Lucas deve ser consultado para se quer entender, de fato, o que Paulo escreveu.Esse entendimento se torna mais ainda relevante quando aplicamos essa metodologia em relação aos carismas do ESPÍRITO narrado no terceiro Evangelho, em Atos dos Apóstolos e nas epístolas paulinas. Se Paulo foi um teólogo, possuindo independência para falar dos dons do ESPÍRITO, Lucas da mesma forma também o foi e seu pensamento é tão relevante quanto o de Paulo. Nesse aspecto Lucas não deve ser entendido apenas como um narrador de fatos históricos, mas como um teólogo que escreveu a história.Este livro mostra facetas dessa abordagem metodológica na interpretação de Lucas, mas não segue o modelo adotado nos comentários de natureza puramente expositiva.José Gonçalves. Lucas, O Evangelho de JESUS, o Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 11-12.
O Evangelho de JESUS CRISTO segundo Lucas é conhecido como “a mais bela obra literária do mundo”. Os que conhecem, intimamente, a Mensagem do livro e a maneira de Lucas a apresentar não querem contestar essa opinião. A destra pena do escritor, para introduzir a transcendente história, leva-nos a presenciar a visita de DEUS ao lar de Zacarias e Isabel, na região montanhosa de Judá. Conta também como Ele visita a estrebaria, em Belém, e narra como nos campos de Belém aparece a multidão da milícia celestial, aclamando com inefável júbilo o nascimento do Salvador. Como se diz acerca desse livro: “A dulcíssima história está narrada de maneira dulcíssima”.O Quarto EvangelhoFala-se em “quatro Evangelhos”, apesar de, realmente, existir um só, justamente como há sete arcos, cada um de cor diferente, em um só arco-íris. Pode-se dizer, também, que os quatro Evangelhos são como os quatro muros da Nova Jerusalém, que João viu em visão. Todos esse muros, com suas três respectivas portas, olham em sentidos diferentes, contudo todos cercam e guardam uma só cidade de DEUS. Assim os quatro Evangelhos olham, também, em sentidos diferentes.Cada um tem seu próprio aspecto e inscrição, e todos juntos descobrem um só CRISTO, “que é, que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso”. “Há diversidades de operações”, também, em escrever Evangelhos, “mas é o mesmo ESPÍRITO que opera tudo em todos”.Mateus descrevera JESUS como Rei, salientando Sua majestade. Marcos O apresentara como o Servo do Senhor, dando ênfase a Seu poder. Lucas, então, apresentou-O como o Filho do homem, destacando Sua humanidade. João focalizou-O, depois, como DEUS, chamando nossa atenção para a Sua divindade.Orlando S. Boyer. Espada Cortante 2. Editora CPAD. pag. 14-15.
Observação do Ev. Henrique - No livro de Ezequiel temos a figura de JESUS representada em quatro retratos. Ele é descrito como LEÃO, BOI, HOMEM E ÁGUIA. Ez 1:10 cf. 10:14Leão - sua realeza - evangelho de MateusBoi – sua humilhação - evangelho de MarcosHomem – sua humanidade - evangelho de LucasÁguia – sua divindade - evangelho de João
O evangelho de Lucas foi chamado o livro mais encantador do mundo. Uma vez um americano pediu a Denney que lhe recomendasse um bom livro sobre a vida de CRISTO, ao que este respondeu: "Você já leu o que escreveu Lucas?"BARCLAY. William. Comentário Bíblico. LUCAS. pag. 4
LEITURA DIÁRIA
Observação do Ev. Luiz Henrique - muitas vezes você encontrará esta expressão nos estudos teológicos. "e.g." abreviatura da expressão "por exemplo".