Lição 13 - A Igreja e a Lei de DEUS - 1 parte

Lição 13 - A Igreja e a Lei de DEUS - 1 Parte
Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2015 - CPAD - Para adultos
Tema: OS DEZ MANDAMENTOS - Valores Imutáveis Para Uma Sociedade Em Constante Mudança
Comentários: Pr. Esequias Soares
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
 
 
TEXTO ÁUREO"Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei."(Rm 3.31)
 

VERDADE PRÁTICAO Senhor JESUS definiu de maneira clara a relação entre o Antigo e o Novo Testamento, entre a Lei e o Evangelho.
 

LEITURA DIÁRIASegunda – Ne 10.28,29 A lei de DEUS é a mesma lei de Moisés, o servo do Senhor
Terça – Mc 7.9-13 - O Senhor JESUS reconhecia a lei como a Palavra de DEUS
Quarta – Lc 24.44 - O Senhor JESUS é o centro e o cumprimento da lei e dos profetas
Quinta – Mt 23.23 - Nem todos os mandamentos têm o mesmo peso para o nosso DEUS
Sexta – Rm 10.4 - A lei testemunhava de antemão a salvação em CRISTO
Sábado – Jr 31.33 - CRISTO imprimiu a lei no mais profundo do coração humano
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 5.17-20; Romanos 7.7-12
Mateus 5.17 Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim abrogar, mas cumprir. 18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido. 19 Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus. 20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.
Romanos 7.7 Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não disesse: Não cobiçarás. 8 Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado. 9 E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri; 10 e o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte. 11 Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou e, por ele, me matou. 12 Assim, a lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom.
 
OBJETIVO GERALRessaltar o fato de que JESUS definiu, de maneira clara, a relação entre o Antigo e o Novo Testamento, entre a Lei e o Evangelho.
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOSMostrar o que significa "cumprir a lei".
Explicar que JESUS viveu a lei.
Ressaltar que a lei não pode ser revogada.
Enfatizar que a lei e o evangelho se completam.
 
INTERAGINDO COM O PROFESSORProfessor, com a graça de DEUS, chegamos ao final do trimestre. Esperamos que cada lição tenha contribuído para o seu crescimento espiritual e de seus alunos.
É importante que nesta última lição você enfatize que ninguém pode ser justificado pelas obras da lei (Gl 2.16). O Decálogo nunca teve a função de salvar, mas de conduzir as pessoas a CRISTO, o único que cumpriu toda a lei (Gl 3.11, 24). A lei veio para apontar e condenar o pecado do homem (Rm 3.20; 7.7). A única maneira pela qual a humanidade pode ser redimida é pela fé em JESUS CRISTO. Contudo, não podemos nos esquecer de que a fé em JESUS é a chave para o cumprimento da lei.
 
PONTO CENTRALNinguém pode ser salvo pelas obras da lei, porém ela é para os crentes em JESUS CRISTO.

Resumo da Lição 13 - A Igreja e a Lei de DEUSI. O QUE SIGNIFICA "CUMPRIR A LEI"?
1. Completar a revelação.
2. Cumprimento das profecias.
3. O centro das Escrituras.
II. O SENHOR JESUS VIVEU A LEI
1. Preceitos cerimoniais.
2. Preceitos civis.
3. Preceitos morais.
III. A LEI NÃO PODE SER REVOGADA
1. JESUS revela seu pensamento sobre a lei.
2. "Até que o céu e a terra passem".
3. O menor mandamento (Mt 5.19).
IV. A LEI E O EVANGELHO
1. O papel da lei.
2. JESUS e Moisés estão do mesmo lado.
3. A justiça dos fariseus.

SÍNTESE DO TÓPICO I - As profecias se cumpriram em CRISTO e, por isso, as Escrituras expõem que toda Lei foi cumprida em JESUS.
SÍNTESE DO TÓPICO II - JESUS CRISTO viveu toda a Lei.
SÍNTESE DO TÓPICO III - JESUS CRISTO não veio revogar a lei, pois ela não pode ser anulada.

SUBSÍDIO DIDÁTICOPara iniciar o tópico faça a seguinte pergunta: "JESUS aboliu a lei?" Ouça os alunos e em seguida peça que leiam Mateus 5.17,18. Em seguida, explique que esse texto mostra a expressa e total obediência de JESUS à lei do Antigo Testamento, pois a lei não pode ser anulada.
Mostre que a "lei que o crente é obrigado a cumprir consiste nos princípios éticos e morais do Antigo Testamento (Rm 3.31; Gl 5.14); bem como nos ensinamentos de CRISTO e dos apóstolos (1 Co 7.19; Gl 6.2). Essas leis revelam a natureza e a vontade de DEUS para todos e continuam em vigor. As leis do Antigo Testamento destinadas à nação de Israel, tais como as leis sacrificais, cerimoniais, sociais ou cívicas, já não são obrigatórias (Hb 10.1-4)" (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro, CPAD, p. 1393).
Nenhuma parte da lei passará, nenhuma letra ou parte dela ficará em desuso até que tudo se cumpra.

SUBSÍDIO DIDÁTICOProfessor, explique aos alunos que "DEUS proíbe a cobiça de todo tipo quando fala da casa do vizinho, de sua esposa, servo, boi, jumento ou de qualquer coisa que lhe pertença (Êx 20.17). O Novo Testamento declara que a cobiça é uma forma de idolatria (Cl 3.5) ou adoração a deuses e posses, e a condena junto com outros pecados. O Senhor JESUS viu cobiça no jovem rico quando lhe citou os seis mandamentos da segunda tábua da lei, e então o desafio ao décimo mandamento ao ordenar que ele vendesse tudo que tinha e desse o dinheiro aos pobres" (Dicionário Wycliffe, CPAD, p. 428).
 
PARA REFLETIR - Sobre o décimo mandamento:O que significa cumprir a Lei?
Significa que a manifestação do Filho de DEUS tornou explícito o que antes estava implícito, e assim o Senhor completou a revelação.
Devemos seguir a lei de CRISTO, a do amor, ou o sistema mosaico?
A lei mosaica se completa na lei de CRISTO e do amor.
JESUS não revogou a lei. Mas o que Ele fez?
Ele viveu no seu dia a dia toda a lei.
O que é vida no ESPÍRITO?
A vida no ESPÍRITO é ter comunhão com DEUS de maneira abundante e profunda.
Fale um pouco sobre a relação da lei com a graça.
A lei serviu para apontar o pecado e mostrar que homem algum poderia se tornar justo diante de DEUS. A graça é favor imerecido. Éramos pecadores e não merecíamos o amor de DEUS, mas Ele nos amou e nos livrou do pecado e do jugo da condenação que estava sobre nós.
 
CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 61, p.42.
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SUGESTÃO DE LEITURA
Marketing para a Escola Dominical
Um mestre fora da lei
Integridade Moral e Espiritual
 
Comentários de vários livros com alguns acréscimos do Ev. Luiz Henrique
 
Observação de Ev. Luiz Henrique - JESUS é a chave que abre e descortina toda a Bíblia para nós. Quer saber? Quer tirar dúvidas? Quer revelação? Quer ser sábio? Pergunte para JESUS. O que JESUS falou sobre isso? Aí está a resposta certa.
 
A Igreja e a Lei de DEUS
Quando JESUS de Nazaré veio ao mundo terreno, Ele mostrou que a principal razão da sua vinda era esta: "Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância" (Jo 10.10).
JESUS de Nazaré é a Palavra encarnada. É o cumprimento de toda a lei: "E JESUS disse-lhe: Amarás o Senhor, teu DEUS, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mt 22.34-40)". Não podemos fazer com a Lei de CRISTO o que os escribas fizeram com os Dez Mandamentos: Atentar para a dureza da Lei e esquecer-se do olhar amoroso que ela nos demanda.
Mais importante que obedecer a letra é alcançar o espírito da Lei, que é CRISTO. Assim o apóstolo Paulo ratifica: "Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.9,10). Quer cumprir a Lei de DEUS de todo coração? Ame! Contra o amor não há lei. Por quê? O amor é o cumprimento da lei. Em vez de decorarmos uma lista de "pode não pode", devemos fazer tudo baseado no amor — naturalmente a Bíblia não se refere ao amor romântico das telas de Hollywood, mas à disposição de se fazer o que tem de ser feito em favor do outro, segundo o Evangelho —, então cumpriremos a lei de DEUS na íntegra. O nosso Senhor resumiu toda a lei ao dizer que o seu objetivo é levar os homens à plenitude do amor. Aqui está o seu significado: "E disto demanda a Lei e os Profetas" (Mt 22.40).
Precisamos relembrar que o Decálogo tem uma divisão natural que versa sobre o relacionamento do homem com DEUS e do homem com o seu próximo. A nossa relação com a lei de DEUS deve se dar nestes termos: vertical, amando a DEUS de todo coração e alma; horizontal, amando o próximo como a si mesmo. Mais do que quaisquer perspectivas de interpretação, o mais importante é nos conscientizarmos da importância dos princípios eternos de DEUS revelados na sua Palavra e interpretados pela pessoa bendita de JESUS de Nazaré. Por isso, toda leitura do Antigo Testamento precisa e deve ser feita tendo JESUS como a chave hermenêutica da nossa leitura e interpretação.
Revista ensinador. Editora CPAD Ano 16 - N° 61. pag. 42.
 
COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO
Os Dez Mandamentos encabeçam os demais preceitos entregues por DEUS a Moisés no monte Sinai desde Êxodo 19.16-19 até Levítico 26.46; 27.34. Esses preceitos são identificados com frequência como estatutos, juízos, leis e mandamentos. Muitos deles são repetidos nos livros de Números e Deuteronômio. Todo esse sistema legal integra o Pentateuco, que aparece na Bíblia como lei, livro da lei, lei de Moisés, lei de DEUS, lei do Senhor.
É oportuno aqui esclarecer o que a Bíblia quer dizer quando usa as palavras "lei de DEUS". O termo aparece sete vezes nas Escrituras, quatro no Antigo Testamento e três no Novo, e em nenhum lugar diz respeito ao Decálogo. As quatro primeiras ocorrências se referem a toda a lei de Moisés, ao Pentateuco, como livro: "Josué escreveu estas palavras no livro da Lei de DEUS" Os 24.26); "E leram o livro, na Lei de DEUS... ele lia o livro da Lei de DEUS" (Ne 8.8,18); "e convieram num anátema e num juramento, de que andariam na Lei de DEUS, que foi dada pelo ministério de Moisés, servo de DEUS; e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do SENHOR, nosso Senhor, e os seus juízos e os seus estatutos" (Ne 10.29). Assim, as expressões "lei de DEUS", "lei do Senhor" e "lei de Moisés" dizem respeito à mesma coisa (Ne 8.1, 8, 18; Lc 2.22, 23). Trata-se do Pentateuco no seu todo, e não apenas do Decálogo, do livro, e não das tábuas de pedra.
As outras três aparecem somente em Romanos, e nenhuma delas diz respeito ao Decálogo: "Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de DEUS... Dou graças a DEUS por JESUS CRISTO, nosso Senhor. Assim que eu mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de DEUS, mas, com a carne, à lei do pecado" (Rm 7.22, 25). O termo "lei" aparece cerca de 70 vezes nesta epístola com amplo significado, cuja explanação não cabe aqui. A "lei de DEUS" neste contexto contrasta a "lei do pecado", mostrando tratar-se de um princípio. A outra ocorrência é no capítulo seguinte: "Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra DEUS, pois não é sujeita à lei de DEUS, nem, em verdade, o pode ser" (Rm 8.7). O homem carnal não tem lei nem se submete à vontade de DEUS que o apóstolo chama de "lei de DEUS".
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança.Editora CPAD. pag. 140-141.
 
Os judeus usavam o termo a Lei em quatro acepções diferentes:
(1) Usavam-no para designar aos Dez Mandamentos.
(2) Usavam-no para designar os cinco primeiros livros da Bíblia, essa porção das Escrituras que também se conhece como o Pentateuco – que significa literalmente "Os cinco rolos" – e que era para os judeus a Lei por excelência e a parte mais importante das Escrituras.
(3) Usavam a expressão A Lei e os Profetas para denotar a totalidade das Escrituras; era uma espécie de descrição ampla que abrangia a totalidade do Antigo Testamento.
(4) E também a usavam para descrever a lei oral, ou dos escribas.
Nos tempos de JESUS o último destes significados era o mais frequente, e é precisamente esta lei dos escribas a que tanto JESUS como Paulo condenavam de maneira radical.
O que era, pois essa lei dos escribas?
No Antigo Testamento mesmo achamos muito poucas regras e regulamentos; o que lá contém são grandes e amplos princípios que cada pessoa deve tomar e interpretar sob a guia de DEUS, aplicando-os às situações concretas de sua vida. Os Dez Mandamentos não são um estatuto de regras concretas; são, cada um deles, grandes princípios dos quais cada indivíduo tem que extrair suas próprias normas de vida. Os judeus dos tempos de JESUS não acreditavam que esses princípios gerais fossem suficientes. Sustentavam que a Lei era divina, e que com ela DEUS tinha pronunciado sua última palavra, e que portanto nela deviam estar contidas todas as coisas. De modo que, se algo não aparecia explicitamente na lei, devia estar contido em forma implícita. Sustentavam, por conseguinte, que era possível extrair da lei, por um procedimento lógico de dedução, regras e estatutos que fixassem o que era correto para todo homem, em qualquer situação da vida. Surgiu assim uma casta de especialistas na Lei, chamados escribas, que se dedicaram a fazer dos grandes princípios da Lei, literalmente milhares e milhares de regras, estatutos e regulamentos.
A melhor forma de compreender o significado desta interpretação da Lei é vendo como funcionava. A Lei estabelecia que o dia de sábado devia ser santificado, e que durante suas vinte e quatro horas ninguém pode fazer trabalho algum. Este é um grande princípio. Mas esses legalistas judeus eram apaixonados pelas definições. De maneira que se perguntavam, para começar: o que é "trabalho"? Fizeram-se longas listas de atividades que deviam considerar-se trabalhos. Por exemplo, levar uma carga é um trabalho, e portanto não se podiam levar-se cargas no dia de sábado. Mas então se fazia necessário definir o que era uma carga. De modo que a lei dos escribas estabelece que "carga" é "uma quantidade de comida equivalente em peso a um figo seco, suficiente vinho para encher uma taça, leite para um gole, mel para cobrir uma ferida, a quantidade de azeite que forneceria a unção de alguma das partes mais pequenas do corpo, água suficiente para umedecer uma pálpebra, papel para redigir nele uma declaração de alfândega, a tinta que pode requerer a escritura de duas letras do alfabeto, e uma cana com a qual possa fazer uma pena para escrever" – e assim sucessivamente, até o infinito. Deste modo, passavam-se horas e dias discutindo se se podia ou não levantar um abajur para trocá-lo de lugar, no dia de sábado, ou se o alfaiate pecava ao levar por descuido uma agulha cravada em sua túnica, se uma mulher podia levar um alfinete, ou uma peruca, e até se podiam usar-se no dia de sábado, dentes postiços ou uma perna artificial, ou se se podia levantar a um menino. Estas coisas eram, para eles, a essência de sua religião. A religião deles era um legalismo de regras e normas ridiculamente detalhistas.
No dia de sábado não se podia escrever. Mas era necessário definir o que devia considerar-se escritura. A definição de escritura que propuseram era:
"Quem escreve duas letras do alfabeto, com sua mão direita ou com sua mão esquerda, sejam do mesmo tipo ou de dois tipos diferentes, com tintas diferentes ou em idiomas diferentes, sendo sábado, é culpado de pecado. Embora escreva essas duas letras por descuido, também peca, tenha-as escrito com tinta, giz vermelho, pintura, vitríolo, ou algo que deixe uma marca permanente. Também peca quem escreve em um canto de duas paredes, ou em dois tabletes de seu livro de contas, se as duas letras podem ser lidas juntas… Mas se escrever com fluido escuro, com suco de frutas, ou sobre o pó do caminho, na areia ou utilizando qualquer outro elemento de escritura que não produza uma marca permanente, não é pecado… Se se escreve uma letra no piso e outra na parede da casa, ou em duas páginas diferentes de um livro, de tal maneira que não se possam ler juntas, não é pecado."
Esta é uma passagem típica da Lei dos escribas; e isto é o que para o judeu ortodoxo da época de JESUS constituía a verdadeira religião e o verdadeiro serviço a DEUS.
Curar era um trabalho, e portanto não se podia fazer no sábado, Mas, evidentemente, isto devia definir-se com maior exatidão. Permitia-se curar quando a vida do doente corria perigo, e especialmente quando o problema afetava os ouvidos, o nariz ou a garganta. Entretanto, até nestes casos, só se podia fazer aquilo que impedisse a piora do paciente. Não se podia fazer nada para que melhorasse. Podia enfaixar uma ferida, mas não colocar-lhe unguento algum; podia tapar um ouvido inflamado, mas sem lhe acrescentar medicação alguma.
Os escribas eram os encarregados de elaborar estas normas e regulamentos. Os fariseus, cujo nome significa "separados", eram os que se separavam de toda atividade comum para dedicar-se a observar todas estas regulamentações e estatutos.
Podemos nos dar conta dos extremos a que chegou este sistema tendo em mente os seguintes fatos. Durante muitas gerações a lei dos escribas se transmitiu de maneira oral e foi conservada na memória de geração após geração de escribas. Para meados do século III d. C., foi posta por escrito e se codificou um resumo desta tradição oral. Este "resumo" se conhece como a Mishnah; contém sessenta e três tratados sobre distintos temas relacionados com a lei, e em nosso idioma constitui um volume de umas oitocentas páginas. A erudição judia posterior se ocupou de escrever comentários da Mishnah. Estes se conhecem como talmudes. O Talmud de Jerusalém está contido em doze volumes, e o Talmud de Babilônia alcança, em sua versão impressa, sessenta volumes.
Para o judeu ortodoxo dos tempos de JESUS, a obediência a DEUS envolvia a observância de milhares de regras e estatutos legalistas; consideravam literalmente essas meticulosas disposições como questões de vida ou morte, que tinham que ver com seu destino eterno. Evidentemente, quando JESUS fala da lei que não passará, não se refere a essas regras e estatutos, pois ele mesmo os quebrantou repetidas vezes, e repetidas vezes os condenou, Não era isso o que ele entendia por "a Lei", pois essa classe de leis tanto JESUS como Paulo as condenaram.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Mateus. pag. 138-141.
 
 
I. O QUE SIGNIFICA "CUMPRIR A LEI"?
1. COMPLETAR A REVELAÇÃO.
«Vim». Indica uma missão especial a ser cumprida. Ele veio à terra e assumiu os direitos próprios do Messias, a fim de cumprir certos propósitos de conformidade com a lei, e não contrários a ela. Provavelmente o modo diferente usado por JESUS para transmitir a sua mensagem, a autoridade que emanava de sua pessoa, a sua superioridade em relação aos escribas e rabinos, tanto em conhecimento como na apresentação desse conhecimento levaram muitos a pensar que ele provocaria uma revolução capaz de eliminar a ordem e a base religiosa dos judeus. Mas aqui JESUS esclarece que sua vinda não tinha tal finalidade.
«A LEI...os profetas». Em Luc. 24:44 lemos «...escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos»—evidentemente uma expressão geral que indica o V. T.,o conjunto completo das Escrituras judaicas. JESUS usou novamente essa expressão (Mat. 7:2 e 22:40; ver também Luc. 16:16 e Atos 13:15). Não há razão para interpretarmos outra coisa que não as Escrituras judaicas de modo geral, ou seja, o V. T. Notar que a frase diz «...a lei ou os profetas...», e não «a lei e os profetas». Os judeus eram culpados de revogar um ou outro.
Os saduceus não aceitavam os escritos dos profetas; por motivo de sua interpretação errônea, os fariseus revogavam parte da lei. Provavelmente, se a nossa fonte informativa é correta, os essênios revogavam partes de ambos.
O Messias, JESUS de Nazaré, não revogou nem a um nem a outro.
«CUMPRIR». Há diversas idéias sobre o sentido destas palavras:
1. Cumprir no sentido de obedecer completamente, ser o que a lei manda e cumprir as profecias e os preceitos dos profetas.
2. Completar, aumentar e aperfeiçoar a mensagem do V. T., mostrando sentidos e experiências espirituais de maior elevação, aumentando as doutrinas e mudando a posição do povo de DEUS.
3. Provavelmente, a combinação dos dois pontos anteriores é a mais correta. JESUS obedeceu todos os mandamentos, cumpriu as profecias em sua própria pessoa, obedeceu os preceitos dos profetas; mas também, sendo superior a Moisés, aumentou e aperfeiçoou o sistema, as doutrinas e a experiência espiritual. Escreveu a lei no coração, mas também expôs novas idéias e ensinos. Trouxe-nos o principio da graça, da justificação em sua própria pessoa, da regeneração, coisas essas que a lei prefigurava, mas que não podia efetuar.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 308-309.
 
Mt 5.17. Não vim ab-rogar, mas cumprir. O verbo ab-rogar significa “soltar”, “desatar”, “desprender” como se faz com uma casa ou tenda (2 Co 5.1).
Cumprir significa “encher por completo” ou “completar”. Foi o que JESUS fez com a lei cerimonial, que o apontava. Ele também guardou a lei moral. “Ele veio completar a lei, revelar a total profundidade do significado que estava ligado a quem a guardava.”
A. T. ROBERTSON. Comentário Mateus & Marcos. À Luz do Novo Testamento Grego. Editora CPAD. pag. 70.
 
A que se referia JESUS, então, quando falava de "a Lei"? Disse que não tinha vindo para destruir a lei e sim para cumpri-la. Quer dizer, veio para pôr de manifesto o verdadeiro significado da Lei. Qual era o verdadeiro significado da Lei? Mesmo por trás da lei oral dos escribas e fariseus, havia um grande princípio de crucial importância, que estes não compreendiam a não ser de maneira equivocada e imperfeita. Este grande princípio fundamental é que em todas as coisas o homem deve procurar a vontade de DEUS e que uma vez que a conhece deve dedicar toda sua vida a obedecê-la. Os escribas e fariseus tinham razão ao procurar a vontade de DEUS, e não se equivocavam ao dedicar a vida a sua obediência; mas se equivocavam ao acreditar que suas centenas e milhares de insignificantes normas legalistas eram a vontade de DEUS.
Qual é, pois, o verdadeiro princípio, que respalda a Lei em sua totalidade, esse princípio que JESUS deveu cumprir, esse princípio cujo verdadeiro significado veio a nos mostrar?
Quando examinamos os Dez Mandamentos, que são a essência e o fundamento de toda a Lei, podemos nos dar conta que todo o seu significado pode resumir-se em uma só palavra – respeito, ou até mais adequadamente, reverência. Reverência para com DEUS e para o nome de DEUS, reverência pelo dia de DEUS, respeito aos pais, respeito à vida, respeito à propriedade, respeito à personalidade, respeito à verdade e ao bom nome de outros, a respeito a si mesmo, de tal modo que jamais possam chegar a nos dominar os maus desejos. (Obs. Do Ev. Luiz Henrique - AMOR a DEUS e a nosso semelhante). Estes são os princípios fundamentais que resumem o significado dos Dez Mandamentos. Os princípios fundamentais dos Dez Mandamentos são a reverência para com DEUS e o respeito a nossos semelhantes e a nós mesmos. Sem esta reverência e este respeito fundamentais não pode haver Lei. Sobre estas atitudes se apoia toda lei.
E é esta reverência e este respeito o que JESUS deveu cumprir. Veio para demonstrar aos homens, em sua própria vida concreta de cada dia, o que é a reverência para com DEUS e o respeito para com o homem. A justiça, diziam os gregos, consiste em dar a DEUS e aos homens o que merecem. JESUS veio para mostrar, na vida, o que significa a reverência que DEUS merece e o respeito que o homem merece.
Essa reverência e esse respeito não consistiam na obediência de uma multidão de meticulosas regras e estatutos. Não exigia o sacrifício, a e sim a misericórdia; não era um legalismo e sim o amor; não era uma série de proibições que estipulavam detalhadamente o que não se devia fazer, e sim uma série breve de mandamentos fundamentais que levavam o crente a modelar sua vida a partir do mandamento positivo: o do amor. A reverência e o respeito que constituem o fundamento dos Dez Mandamentos jamais passarão. São a própria substância da relação de cada indivíduo com DEUS e com o seu próximo.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Mateus. pag. 141-143.
 
2. CUMPRIMENTO DAS PROFECIAS.
Jo 19.36 A vida do Senhor JESUS se caracterizou pelo perfeito cumprimento de todas as profecias messiânicas; e por ocasião de sua morte não ocorreu outra coisa, porquanto, quando vieram os soldados quebrar as suas pernas, descobriram que ele já estava morto. Estes dois versículos (36 e 37) encerram duas predições bíblicas que se cumpriram quando o Senhor já expirara, pelo que também não era possível que tivesse ele cumprido as mesmas propositalmente. Há uma teoria que diz que JESUS procurava cumprir propositalmente as profecias messiânicas, a fim de dar a impressão de que era ele o Messias. Porém, uma vez morto, não era possível que ele tivesse participado ativamente no cumprimento das profecias; e tanto o «crucifragium» (ou quebra das pernas dos condenados à cruz, para apressar-lhes a morte) como o golpe de misericórdia, com a lança, foram cumprimentos de profecias a seu respeito. Esse cumprimento se torna tanto mais notável quando nos lembramos que fora predito que ele escaparia ao «crucifragium», ao passo que o golpe traspassador de lança fora predito. E assim sucedeu quando ele já rendera o espírito, servindo de prova inconteste do fato de que havia realmente morrido, e, por conseqüência, de prova inconteste de sua autêntica ressurreição.
Essas profecias e suas respectivas realizações, na vida e na morte de CRISTO, ajudam-nos a crer na validade desses acontecimentos, conforme foram registrados pelos evangelistas diversos, de tal modo que podemos eliminar com toda a segurança a teoria do «desmaio» como explicação da ressurreição, bem como quaisquer outras suposições que procuram diminuir a autenticidade ou o valor da ressurreição de JESUS CRISTO. (Ver Luc. 24:6 e também I Cor. 15:20). Grande é a nossa dívida ao apóstolo João por haver preservado para nós esses pormenores adicionais, que confirmam a realidade desses fatos.
Com base no trecho de Êxo. 12:46, com respeito ao cordeiro pascal, observamos que nenhum osso do animal podia ser quebrado, pois de outra maneira não seria considerado próprio para servir de sacrifício. CRISTO, pois, na qualidade de Cordeiro de DEUS, não poderia ter quebrado qualquer de seus ossos, embora, nas execuções por crucificação fosse muito comum essa violência.
Naturalmente o autor sagrado tinha em mente confirmar a validade das reivindicações messiânicas de JESUS, demonstrando o fato de que ele cumprira as profecias messiânicas. Todavia, esta é apenas uma, dentre muitas outras provas neotestamentárias sobre o assunto. (ver João 7:45).
«Ele viu aquilo que poderia ter parecido mera ocorrência acidental: não partiram qualquer dos ossos de JESUS; ele viu aquilo que poderia ter parecido uma espécie de instinto do momento: que o soldado romano transpassou-lhe o lado com sua lança; ele viu, no sangue e na água que fluiu do lado traspassado de JESUS uma prova visível que JESUS era o Filho do homem; mas ele também viu que esse incidente fazia parte do destino divino para o Messias, que os profetas haviam predito e que cumpriu assim as Escrituras». (Ellicott, in loc.).
 
João Batista já enfatizara o caráter de JESUS CRISTO como o Cordeiro de DEUS (ver João 1:29); e, posteriormente, Paulo fez a mesma coisa (ver I Cor. 5:7). Neste ponto o fato é enfatizado sem o emprego desse título, porquanto CRISTO aparece como o cordeiro do sacrifício, cujos ossos não podiam ser quebrados (ver Êxo. 12:46). (ver João 1:29). Alguns estudiosos vêem nessa declaração: «...Nenhum dos seus ossos será quebrado...» uma referência simbólica ao seu corpo místico, a igreja, pensando tratar-se de uma promessa de segurança para todos quantos confiam em CRISTO. Por conseguinte, seria uma repetição do tema que pode ser encontrado em João 10:28,29 e 17:11,12 (ver Rom. 8:39).
Sobre essa questão, é a seguinte a exposição feita por Brown (in loc.): «...essa é uma maneira definida de expressar o cuidado minucioso com que DEUS cuida do seu povo, no corpo (referindo-se ao fato de que nenhum de seus ossos seria partido). E o correto ponto de vista sobre a conexão que isso tem com CRISTO é a observação que nota quão congruente era que isso se cumprisse literalmente naquele que tinha o propósito expresso de ser o símbolo da segurança de todos os seus santos». Esse mesmo autor também sente que uma das augustas implicações deste versículo é que DEUS permitiu que os homens abusassem de JESUS e o crucificassem, porque ele estava neste mundo para ser o sacrifício expiatório pelo pecado. Assim, pois, a proteção de DEUS Pai se retirou nesses momentos, a fim de que ele tivesse cumprido o seu destino. Porém, assim que esse destino se cumpriu, voltou a proteção divina sobre a pessoa do Senhor JESUS, de tal modo que nenhum de seus ossos teve de ser quebrado, embora houvesse sido permitida a perfuração de seu lado, com a lança, para que ficasse perfeitamente comprovada a validade de sua morte, e, por conseqüência, de sua ressurreição, a fim de que todos os crentes tivessem confirmada a sua confiança nele, em sua morte expiatória e em sua ressurreição miraculosa, que nos proporciona a vida eterna.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 625-626.
 
Jo 19.36 Por meio de um enfático pois, João nos revela o que de fato lhe era grandioso nesse acontecimento todo. Pois isso aconteceu para se cumprir a Escritura. Aqui aconteceu algo surpreendente e de forma alguma previsível. Na realidade deveria ter acontecido com JESUS exatamente a mesma coisa que aconteceu com os outros dois ao lado dele. Mas ele terminou sua vida com uma rapidez surpreendente. Por isso suas coxas não foram quebradas. Em troca, foi perfurado pelo golpe de uma lança. E isso não é uma coincidência exótica. Não, aqui se cumpre de forma maravilhosa a Escritura, mais uma vez confirmada perante os olhares de cada pessoa que deseja ouvi-la seriamente. A instrução sobre o cordeiro da Páscoa em Êx 12.46; Nm 9.12 determina: Nenhum osso lhe deve ser quebrado. Contra todas as expectativas foi isso que sucedeu com JESUS, e assim Ele foi atestado como o verdadeiro Cordeiro da Páscoa. JESUS morre na hora em que os cordeiros para a Páscoa eram abatidos no templo, e é preservado de ter seus ossos quebrados.
Werner de Boor. Comentário Esperança Evangelho de João. Editora Evangélica Esperança.
 
Era um costume romano abandonar os cadáveres na cruz, deixando-os aos cães e abutres. Mas havia uma lei judaica que “proibia deixar um corpo no local da execução de um dia para outro”. "O seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de Deus; assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá em herança".(Deuteronômio 21:23).
Por essa razão, e porque era a preparação, i.e., a véspera do sábado, os judeus... rogaram a Pilatos que quebrassem as pernas das vítimas, e fossem tirados. Esta prática brutal, conhecida como crurifragium, era usada como um meio de apressar a morte. Ela envolvia a quebra das pernas das vítimas com uma grande marreta. (Obs. do Ev. Luiz Henrique - Com a quebra das pernas o corpo pesaria e o crucificado morreria sem ar nos pulmões por não suportar manter o corpo ereto para que os pulmões pudessem receber ar - o que lhes dava vida era se apoiarem em seus pés para levantarem o corpo para respirar). Os soldados fizeram isto com os dois ladrões que foram crucificados com JESUS. Mas, vindo a JESUS e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. João registra aqui o cumprimento das Escrituras: Nenhum dos seus ossos será quebrado ; cf. Êx 12.46; Nm 9.12. JESUS foi o sacrifício perfeito, tanto na morte quanto na vida.
Joseph H. Mayfield. Comentário Bíblico Beacon. João. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 158.
 
3. O CENTRO DAS ESCRITURAS.
São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco (44). JESUS se refere ao seu ministério, até à hora da sua crucificação, como a alguma coisa que já fazia parte do passado. As palavras estando ainda convosco não só predizem a sua ascensão, mas também indicam que mesmo naquele momento em que está falando, Ele não está “com eles”, no mesmo sentido usado anteriormente. Sua morte e ressurreição mudaram o mortal para imortal, e criaram uma diferença entre eles que apenas a morte e a ressurreição deles próprios poderiam lhes permitir transcender. Convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos. A Lei, os Profetas e os Salmos são as três principais divisões das Escrituras Hebraicas. Deste modo, JESUS está se referindo à série completa da profecia messiânica, da primeira promessa em Gênesis 3.15 até o Livro de Malaquias. Ele deixa claro um vínculo inseparável entre Ele mesmo e esta profecia do Antigo Testamento. O Senhor lembra aos seus discípulos que Ele deixou este ponto claro enquanto ainda estava com eles. Antes de sua morte, a ênfase era de que se cumprisse tudo, e se referia ao seu ministério terreno.
Charles L. Childers. Comentário Bíblico Beacon. Lucas. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 497.
 
Lc 24.44. São estas as palavras que eu vos falei: “Estes acontecimentos, especificamente a ressurreição, representam a concretização das coisas que Eu vos ensinei.” JESUS incluíra no Seu ensino um número suficiente de prenúncios da Paixão e da Ressurreição para Seus seguidores não terem sido surpreendidos com aquilo que aconteceu. Podia dizer: estando ainda convosco, porque Sua presença agora (e noutras ocasiões como esta) era excepcional. O rompimento definitivo ocorrera e Ele já não habitava na terra. A divisão solene das Escrituras na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos (as três divisões da Bíblica Hebraica) indica que não há parte alguma da Escritura que não dá testemunho a JESUS. Este, aliás, parece ser o único lugar no Novo Testamento onde esta tríplice  divisão é explicitamente mencionada.
Leon L. Morris. Lucas. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 321.
 
Lc 24:44-49 / O principal ponto enfatizado por JESUS no v. 44 é que realmente nada há de novo ou inesperado em sua ressurreição no terceiro dia. Isso ocorre por dois motivos: (1) [JESUS] estando ainda com seus discípulos dissera-lhes que era necessário que se cumprisse tudo o que dele estava escrito. Vê-se isso de modo especial quanto às predições da paixão (9:22,44; 18:31-33), de modo especial as de 9:22 e 18:33, em que o Senhor predisse sua ressurreição no terceiro dia. (2) Os discípulos deveriam entender os fatos da paixão e ressurreição de JESUS porque foram profetizados nas Escrituras (i.e., no Antigo Testamento). Dessa vez, todas as três partes do Antigo Testamento são mencionadas (e não apenas duas, como no v. 27, acima): na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Entende-se o termo Salmos como referência à terceira divisão da Bíblia hebraica, que em geral se denomina “Escritos”. Aqui, essa divisão recebe o nome simples de Salmos, provavelmente porque, de todos os Escritos, os Salmos tinham grande importância para a interpretação cristológica do Antigo Testamento.
Isso se torna evidente nas alusões aos salmos de lamentação (Salmo 22, 31 e 69) no relato de Lucas sobre a paixão e morte de CRISTO (v. 23:26-43).

Craig a. Evans. Comentário Bíblico Contemporâneo. Lucas. Editora Vida. pag. 399.