Lição 5 - Deus Abomina a Soberba, 2 parte

Lição 5 - Deus Abomina a Soberba, 2 parte
4.1: “Nabucodonosor; rei: a todos os povos, nações, e línguas, que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada”.
“Nabucodonosor, rei”. Esse poderoso monarca (605 a 562 a.C.), é freqüentemente referido pelos profetas Jeremias, Ezequiel e Daniel, e, de um modo especial, na história dos últimos dias do reino de Judá. “Seu nome em hebraico é que talvez signifique “Nabu protegeu os direitos de sucessão”. O texto hebraico alternativo ver o grego Nabucodonosor pode derivar-se de uma forma aramaica do mesmo nome. Segundo a crônica babilônica, esse filho do fundador da dinastia caldaica, Nabopolassar, primeiramente comandou o exército babilônico na qualidade de “príncipe herdeiro”, em 605 a.C. E no ano seguinte derrotou Neco II e os egípcios em Carquemis e Hamate (2 Rs 23.29 e ss; 2 Cr 35.20 e ss; Jr 46.2). Fala-se dele nas crônicas babilônicas, dizendo: “Nesse tempo ele conquistou a Hatti inteiro”. No primeiro capítulo deste livro, Daniel fala dele como uma figura que surge de repente.
4.2: “Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que DEUS, o Altíssimo, tem feito para comigo”.
"... sinais e maravilhas...” O presente texto nos mostra o rei Nabucodonosor convencido do supremo poder de DEUS; ele deseja que os sinais e maravilhas que DEUS operava na sua vida e no seu reino se tomem extensivos a todos os seus súditos. O termo “sinal”, no texto em foco, no grego, é “semeion”; era uma palavra comumente usada para significar “sinal” ou “marca distintiva”; mas, nos Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos, com freqüência é usado para indicar um “milagre didático”, uma “maravilha”, cuja finalidade é a de convencer os homens acerca de alguma intervenção divina, ensinando lições espirituais objetivas. No versículo em foco, porém, os “sinais e maravilhas” visam tornar DEUS conhecido no mundo pagão.
4.3: “Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosos as suas maravilhas! o seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio de geração em geração”.
“O seu reino é um reino sempiterno”. O monarca Nabucodonosor, no maior apogeu de sua glória, reconhece, contudo, que os reinos terrenos são transitórios, mas enaltece o Reino de DEUS como sendo um Reino eterno. Uma declaração desta natureza pela boca dum rei pagão é, de fato, muito significativa. Este capítulo descreve Nabucodonosor fazendo as seguintes proclamações: 1) Reconhece a DEUS como sendo o Altíssimo (superioridade de DEUS sobre todos os ídolos); 2) que os seus sinais e maravilhas são poderosos; 3) que o seu reino é um reino sempiterno; 4) que o domínio de DEUS é de geração em geração. O monarca estava plenamente convencido de que só DEUS é DEUS e Senhor, e que o governo de DEUS é para todas as épocas ou séculos. O reino de DEUS é eterno, porque seu Rei é um Rei eterno.
Severino Pedro da Silva. Daniel versículo por versículo. Editora CPAD. pag. 71-72.
 
II – DEUS FALA NOVAMENTE A NABUCODONOSOR POR MEIO  DE SONHOS (Dn 4.4-9).
1. DEUS adverte Nabucodonosor através de sonho.
Sonhos e visões são vias pelas quais DEUS se comunica com o homem. No campo das manifestações espirituais, os sonhos e visões são um modo de comunicação, não uma regra espiritual.
Os sonhos, segundo a Enciclopédia Bíblica de Merrill C. Tenney, “um sonho é uma série de pensamentos, imagens, ou emoções que ocorrem durante o sono; qualquer semelhança com a realidade que ocorre durante o sono; uma sequência de imagens, mais ou menos coerente que ocorre durante o sono”. No campo da psicologia, entende-se que os sonhos são impressões reavivadas e ajuntadas ao acaso no subconsciente e que se manifestam em imagens durante o sono. As vezes, ideias, imagens e eventos presentes no sonho podem ser interpretados como símbolos de ansiedades reprimidas, medos ou desejos. No campo espiritual e na experiência de homens e mulheres bíblicos, os sonhos podem ser naturais (Ec 5.3), mas também, podem ter origem divina (Gn 28.12), através dos quais DEUS revela acerca de eventos futuros e presentes. Os sonhos podem, também, ter origem maligna (Dt 13.1,2;Jr 23.32). Podemos entender, portanto, que da parte de DEUS, os sonhos são um modo de DEUS falar profeticamente aos seus servos. Por exemplo: os sonhos de José (Gn 37.5-11; 40.5-22; 41.1-32).
As visões fazem parte dos meios que DEUS se utiliza para comunicar a sua palavra aos homens. Na Bíblia, essas manifestações divinas acontecem através de sonhos, revelações, oráculos e visões. Ora, uma visão pode ser uma revelação especial e sobrenatural que DEUS utiliza para se comunicar com as pessoas, independente de ser um sonho. Por exemplo homens como Abraão (Gn 15.1); Isaías (Is 6.1-8); Ezequiel (Ez 1.1); Daniel (Dn 1.17). No Novo Testamento, temos Mt 17.9; At 9.10,12; 10.3,17,19; 11.5; 12.9; 16,9,10. Daniel era agraciado por DEUS com a revelação divina através de visões e sonhos. Não há dúvida, que ainda hoje, DEUS fala por meio de visões e sonhos.
“Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa eflorescente no meu palácio” (4.4). As grandes conquistas militares haviam sido feitas em tempos anteriores. Aquele era, naquele momento, quando “ele estava sossegado” em sua casa, um tempo de inatividade militar e sem maiores preocupações. Seus projetos arquitetônicos eram os mais extraordinários pois havia progresso e o acúmulo de riquezas era uma realidade. Ele estava satisfeito e sentia-se senhor de tudo a ponto de, mais uma vez, se permitir dominar por uma arrogância inconcebível.
“tive um sonho” (4.5). À semelhança do capítulo dois quando teve o sonho da grande estátua representando seu reino e os reinos que o sucederiam, no capítulo quatro, mais uma vez DEUS fala com Nabucodonosor. Mais uma vez ele ficou aflito por não entender o seu significado. É interessante perceber que o modo como DEUS falava com os homens nos antigos tempos era diverso. Ele utilizava de canais possíveis para se fazer inteligível aos seus servos. Pelo fato dos antigos, especialmente, os caldeus darem muita importância aos sonhos e a sua interpretação, DEUS usou esse canal de comunicação para revelar o significado das imagens do sonho na cabeça do rei. É claro que esse modo de falar e revelar a sua vontade não é o único modo da comunicação divina. Portanto, essa via de comunicação não era e não é uma regra que obrigue DEUS ter que falar somente por meio de sonhos. Mas Ele o fez, porque os antigos acreditavam piamente que os sonhos tinham um sentido divino. DEUS pode usar esse meio e outros mais para revelar a sua vontade soberana aos seus servos. É interessante notar o contraste entre o sonho do capítulo 2 e o sonho do capítulo 4. O primeiro sonho foi esquecido pelo rei, mas o segundo sonho ele não o esqueceu (2.1,6 e 4.10-17).
Como da vez passada (capítulo 2), todos os sábios da Babilônia, com seus magos, astrólogos, caldeus e os adivinhadores foram convocados à presença do Rei para darem a interpretação do sonho e, mais uma vez, falharam (4.6,7).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 67-69.
 
Dn 4.4 Eu, Nabucodonosor, estava tranquilo em minha casa. A Septuaginta data os acontecimentos descritos no décimo oitavo ano do reinado de Nabucodonosor. Trata-se, porém, como é claro, de uma glosa. O rei diz-nos quão pacífica e livre de cuidados era sua vida pagã, a qual foi perturbada pela intervenção do DEUS de Israel, o DEUS Altíssimo. Ele descansava em seu palácio. Suas conquistas tinham sido essencialmente realizadas. Ele estava apreciando a boa vida, em todos os seus prazeres e excitações. De repente, tornou-se instrumento da revelação divina. O impacto foi tão grande que esta carta saiu inspirada. Ele precisava contar a seus súditos as maravilhas que tinham sacudido sua vida. Tal perturbação espiritual, porém, produziria mudanças para melhor e, através dessa mudança, outras pessoas seriam instruídas. O homem estava florescendo em sua vida material, mas estava em um deserto quanto à sua vida espiritual.
Dn 4.5 Tive um sonho, que me espantou. A agitação da revelação, através de um sonho-visão, perturbou a vida descansada do rei. As experiências místicas com freqüência aterrorizam no começo, e foi isso o que ocorreu. Após o primeiro susto, a mente do homem foi tomada de ansiedade. Ele sabia que algo importante havia sido comunicado, mas não tinha capacidade de interpretar o sonho. Os fantasmas da visão continuaram a circular por seu cérebro e não lhe deram descanso. Ele estava alarmado e espantado. A mesma palavra também é usada em Dan. 5.6,9,10; 7.15,28, sempre para falar de uma mente perturbada. Em contraste com Joel 2.28, este livro não parece fazer diferença entre sonhos e visões espirituais.
Dn 4.6,7 Por isso expedi um decreto. Para tentar compreender a nova visão, o rei (ele não mencionou a primeira, sobre a imagem, cap. 2) usou o mesmo procedimento que antes. Ele expediu um decreto, convocando todos os psíquicos profissionais e outras classes de sábios a interpretar o sonho-visão. O vs. 7 lista esses sábios, mas há uma lista mais ampla em Dan. 2.2. Aqui foram adicionados os “encantadores", mas devemos subentendê-los no capítulo 2. Os caldeus são a casta coletiva dos sábios. Esta narrativa ignora a questão das ameaças de morte para os sábios e seus familiares, caso houvesse falha na interpretação (ver Dan. 2.5). E o apelo passa diretamente a Daniel, uma vez constatado que os sábios não podiam solucionar a enigmática visão do rei. Cf. este versículo com Dan. 2.27, onde a enumeração da casta dos sábios se parece mais com a dos presentes versículos.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3388.
 
Dn 4.4: “Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa, e florescente no meu palácio”.
“Estava sossegado em minha casa”. O palácio de Nabucodonosor, onde Daniel muitas vezes esteve, era um dos mais magnificentes edifícios da Antiguidade. Suas vastas ruínas foram descobertas por Koldwey em 1899-1912. As paredes do lado Sul da sala do trono tinham 6 metros de grossura. O lado Norte do palácio era protegido por três muros. Bem ao norte deles, havia mais muros, de 16 metros de espessura. Um pouco mais adiante, outros muros mais sólidos. E, cerca de 1.600 metros para fora, ficava a muralha interior da cidade, que consistia em dois muros paralelos de alvenaria, cada qual de uns 7 metros de espessura e 13 de distância um do outro, sendo o espaço no meio preenchido de cascalho, fazendo uma espessura total de uns 26 metros, com uma vala (canal) larga e profunda do lado de fora. Alguns historiadores a denominaram também como “A Fortaleza”.
Dn 4.5: “Tive um sonho, que me espantou; e as imaginações na minha cama e as visões da minha cabeça me turbaram”. O poderoso monarca babilônico, considerava-se o homem mais seguro do mundo; ninguém podia transpor os umbrais de seu palácio (a não ser com sua ordem) e depois viver. Mas é curioso notar como muitas vezes DEUS cruzou todos aqueles portões até a recamara do monarca e, através de “sonhos”, revelou-lhe mistérios por ele ignorados. (Ver Jó 33.14 a 16). O texto em foco mostra que o sonho do rei era de espantar mesmo. Muitas vezes as poderosas manifestações de DEUS no mundo habitável produzem medo nos ímpios e temor nos santos. O poder de DEUS foi manifestado na terra do Egito de duas maneiras focais: 1) De forma gloriosa, salvando Israel. 2) De forma punitiva, destruindo Faraó e seus exércitos. Seja como for, em qualquer batalha DEUS é quem triunfa.
Dn 4.6: “Por mim pois se fez um decreto, pelo qual fossem introduzidos à minha presença todos os sábios de Babilônia, para que me fizessem saber a interpretação do sonho”.
Conforme o costume daquela corte real, foram imediatamente introduzidos os sábios de Babilônia, os magos, os encantadores, os astrólogos, e o rei, como sempre, esperava que, após contar-lhes o sonho, eles fizessem a interpretação de acordo com aquilo que do sonho poderia ser depreendido. O leitor deve observar que, no sonho do capítulo 2 deste livro, o monarca exige algo mais profundo dos seus magos e encantadores; no presente versículo, porém, o rei apenas exige a interpretação do sonho, mas, mesmo assim, seus súditos falharam. É evidente que aquele sonho tinha um caráter espiritual, e, por essa razão, tornara-se impossível a sua interpretação pelos súditos do rei, pois “o homem natural não compreende as coisas do ESPÍRITO de DEUS, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14). O mistério estava aí; eles falharam, mas Daniel triunfou!
Dn 4.7: “Então entraram os magos, os astrólogos, os caldeus, e os adivinhadores, e eu contei o sonho diante deles, mas não me fizeram saber a sua interpretação”.
O presente texto demonstra que aqueles sábios eram apenas uma classe de exploradores do rei, nada sabendo dos mistérios de DEUS. O que mais nos admira é que, depois de ter verificado a futilidade e incompetência dos sábios, o rei ainda os convocasse antes de convocar Daniel. Parece que ele ainda estava indeciso quanto ao verdadeiro DEUS, ou, segundo alguns teólogos, cumpria um dever oficial, chamando essa gente, pois era paga e sustentada pelo Estado justamente para decifrar sonhos e visões naquela corte real, onde existia tanta superstição. Daniel desta vez não pediu prazo ao rei para fazer a interpretação, pois para ela já estava habilitado por DEUS. No campo secular, todos são dignos, mas nem todos são capazes; no campo espiritual a escala é a mesma. Há trabalhos que não se realizam pela nossa dignidade, mas sim pela nossa capacidade. Se todos os obreiros do Senhor entendessem assim, o resultado seria satisfatório. (Ver Êx 17.9 e 18.21).
Severino Pedro da Silva. Daniel versículo por versículo. Editora CPAD. pag. 72-74.
 
Antes de relatar os castigos que DEUS lhe enviara por causa do seu orgulho, Nabucodonosor menciona a justa advertência que havia recebido antes da sua chegada e o devido cuidado que poderia ter tomado para evitar esses castigos. Mas, antes que acontecessem esses castigos, o rei já havia sido avisado sobre a questão deles. Desse modo, quando realmente lhe fossem aplicados, ele poderia compará-los com a sua previsão e ver e dizer que eram obra do Senhor, e ser levado a crer que existe uma revelação divina no mundo, assim como uma divina Providência, e que as obras do Senhor fazem parte desse mundo e o beneficiam. Agora, no relato que está fazendo sobre o seu sonho, através do qual tomou conhecimento do que iria acontecer, podemos observar:
I O momento em que esse alarme lhe foi dado (v. 4). Quando estava descansando em sua casa e florescendo no seu palácio. Fazia pouco que havia conquistado o Egito e, com isso, havia completado suas vitórias e terminado suas guerras, tornando-se rei de todas essas regiões do mundo. Isso aconteceu aproximadamente no trigésimo quarto ou trigésimo quinto ano do seu reinado (Ez 29.17). Então, ele teve esse sonho, que se cumpriu cerca de um ano depois. Sete anos durou sua perturbação mental, e foi depois de recuperado que escreveu essa declaração. No entanto, ele morreu dois anos depois, isto é, quando tinha quarenta e cinco anos. Ele sentiu um longo cansaço depois das suas guerras, havia realizado uma tediosa e perigosa campanha nos campos de batalha, mas agora estava finalmente descansando na sua casa, sem nenhum adversário ou qualquer concorrente maldoso. Note que DEUS pode alcançar o maior dos homens com os seus terrores, mesmo quando eles se sentem mais seguros e acreditam estar descansando e florescendo.
II A impressão que o sonho causou sobre ele (v. 5): “Tive um sonho, que me espantou”. Poderíamos pensar que poucas coisas seriam capazes de assustá-lo, pois havia sido um homem de guerras desde a sua juventude, acostumado a enfrentar os perigos da guerra sem se alterar. No entanto, quando DEUS quer, até mesmo um sonho é capaz de aterrorizar um homem como esse. Não há dúvida de que a sua cama era macia, confortável, e muito bem guardada. Apesar disso, os pensamentos que teve sobre essa cama trouxeram a ele grande preocupação. As visões da sua cabeça e as criaturas da sua própria imaginação, tudo isso o deixaram transtornado. Note que DEUS pode fazer com que até mesmo os grandes homens se sintam preocupados, mesmo quando dizem à sua alma: “Não se importe. Coma, beba e alegre-se”. Ele pode fazer com que aqueles que perturbaram o mundo e atormentaram a milhares de pessoas sejam seus próprios algozes e atormentadores, e aqueles que foram o terror dos poderosos, se tornem um terror para eles mesmos. Pela consternação à qual foi levado por esse sonho, e pela impressão que lhe causou, ele percebeu que não se tratava de um sonho comum, mas que havia sido enviado por DEUS com uma missão especial.
As consultas que, em vão, ele fez a seus mágicos e astrólogos a respeito do significado desse sonho. Ele não havia esquecido o sonho, como acontecera anteriormente, no capítulo 2. Esse sonho estava suficientemente claro em sua mente. Sendo assim, o rei queria saber a sua interpretação e o que estava sendo previsto através dele (v. 6). Todos os sábios da Babilônia foram imediatamente convocados, sim, todos aqueles que eram suficientemente tolos para fingir que eram mágicos, adivinhos, inspetores das entranhas dos animais, ou observadores das estrelas. Através de todas essas feitiçarias eles tentavam predizer as coisas futuras. Todos eles deveriam vir juntos para ver se algum deles, ou em conjunto, poderia fazer suas consultas e interpretar o sonho do rei. E provável que, em algum caso parecido, algumas dessas pessoas tivessem dado ao rei algum tipo de satisfação e que, através das regras da sua arte, tivessem respondido às perguntas do rei deixando-o satisfeito com respostas certas ou erradas, que mais tarde se cumpririam ou não. Mas agora as suas expectativas foram frustradas. Ele contou a respeito do seu sonho (v. 7). No entanto, eles foram incapazes de interpretá-lo, embora tivessem se gabado com grande segurança (cap. 2.4,7) de que caso tivessem sido consultados, seguramente teriam sido capazes de interpretá-lo. Mas a chave para esse sonho era uma profecia sagrada (Ez 31.3ss) onde, por causa do seu orgulho, os assírios, como Nabucodonosor, são comparados a uma árvore cortada. Esse era um livro que eles não tinham estudado e do qual não tinham tomado conhecimento. Caso contrário, poderiam ter penetrado no mistério desse sonho. A Providência havia organizado esse sonho de maneira que a princípio eles ficassem perplexos, e que a interpretação posterior de Daniel pudesse redundar em glória para o seu DEUS. Havia se cumprido, agora, aquilo que Isaías havia previsto (cap. 47.12,13), isto é, que quando a ruína da Babilônia estivesse se aproximando, os seus encantos e feitiçarias junto com os seus astrólogos e leitores de estrelas, não seriam capazes de lhe prestar qualquer serviço.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 487.
 
2. Daniel é convocado (Dn 4.8).
DANIEL VOLTA AO CENÁRIO PROFÉTICO
O detalhe desse capítulo é que o próprio rei está contando o sonho. Os seus sábios, astrólogos e caldeus o decepcionaram, e ele lembrou-se de que havia apenas um homem no palácio em que a ciência de DEUS era demonstrada e o único que podia revelar os mistérios do sonho que tanto o perturbaram. O próprio rei reconhecia que o DEUS de Daniel era superior a todos os deuses da Babilônia. Ele mesmo reconhece que havia sido arrogante e DEUS o adverte e revela seu futuro num sonho que ele não conseguia entender. Não se tratava de um sonho comum, mas uma revelação divina acerca do futuro de Nabucodonosor.
Daniel é convocado a entrar na presença do Rei (4.8). Nabucodonosor contou-lhe o sonho e queria que Daniel lhe desse a interpretação. Daniel ouviu atentamente o sonho do rei e por quase uma hora, Daniel esteve atônito e sem coragem para revelar a verdade do sonho. Interpretar sonhos era uma habilidade espiritual de Daniel reconhecido desde quando entrou no palácio da Babilônia conforme está escrito: "Ora, a esses quatro jovens DEUS deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda visão e sonhos”(Dn 1.17)
“Beltessazar,príncipe dos magos” (4.9). Como aceitar esse aspecto na vida de Daniel? E bom que se diga, que o nome Beltessazar era um nome dado a Daniel e que ele não podia evitar, porque vinha da parte do rei. Entretanto, o seu papel de liderança e de chefia sobre os “sábios e magos do palácio” implicava em que Daniel cumpria sua função oficial sem se envolver com a magia daqueles homens que ele não podia mudar. Ele continua a ser Daniel, fiel e temente a DEUS.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 69-70.
 
Dn 4.8: “Mas por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome de meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu contei o sonho diante dele”.
“Daniel, cujo nome é Beltessazar; O texto em foco diz que este nome de Daniel, que herdara naquela corte, era segundo o nome dos deuses principais ali. Bei e Nebo eram as principais divindades babilônicas. (Ver Is 46.1). Seus nomes tornaram-se também sinônimos do fim de Babilônia e do seu domínio (Jr 50.2 e 51.44). Nessa conexão, Bei tem seu nome ligado ao deus Nebo, que era considerado seu filho. Bei (em sumeriano, “em, senhor”, e em hebraico, “Baal”, “o senhor da noite”, era uma das divindades da tríade original sumeriana, juntamente com Anu e Enki, e esse seu nome era um título ou epíteto do deus do vento e da tempestade. Ao tornar-se Marduque o deus principal de Babilônia, no segundo século a.C., recebeu o nome adicional de Bei. Daniel recebeu o nome desta imagem, mas nada daquilo afetou sua conduta espiritual (Rm 14.14 e Tt 1.15).
Severino Pedro da Silva. Daniel versículo por versículo. Editora CPAD. pag. 74-75.
 
Observação minha - Ev. Luiz Henrique - Aqui temos a certeza de que Nabucodonosor não se converteu - veja o "segundo o nome de meu deus" que Nabucodonosor usa, admitindo que tem outro deus que não é o de Daniel, mesmo depois de ter recebido vários testemunhos desse DEUS.
Dn 4.8: “Mas por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome de meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu contei o sonho diante dele” (grifo nosso).
 
O reconhecimento que fez a Daniel a fim de incumbi-lo de interpretar esse sonho. Por fim, Daniel veio à sua presença (v. 8). Pode ser que Daniel tenha se recusado a se associar ao resto dos intérpretes por causa da incapacidade deles, ou talvez o próprio rei tenha preferido que os seus próprios mágicos tivessem essa honra em lugar de Daniel, ou mesmo porque Daniel fosse o governador de todos os homens sábios da Babilônia (cap. 2.48). Mas o fato é que, como era habitual, ele foi o último a ser consultado. Muitos fazem da palavra de DEUS o seu último refúgio e somente recorrem a ela quando se sentem privados de qualquer outro auxílio. O rei cumprimenta Daniel com toda consideração, menciona o nome do profeta, cuja escolha ele acredita ter sido muito feliz, pois significava um bom prenúncio: Seu nome é Beltessazar, e vem de Bei, o nome do deus deles. Ele elogia as suas raras qualidades: “Ele tem o espírito dos deuses santos e eu contei o sonho diante dele” (v. 9). Por causa dessas palavras podemos supor que Daniel estava longe de sentir qualquer sentimento de orgulho e, pelo contrário, ficou muito mais preocupado em ouvir que aquilo que possuía como um dom recebido do DEUS de Israel, o verdadeiro DEUS vivo, estava sendo atribuído a um deus de Nabucodonosor, que era uma divindade falsa e imunda. Eis aqui a estranha mistura de pensamentos e opiniões que encontramos nesse rei. Mas isso é encontrado geralmente naqueles que se colocam ao lado das suas corrupções, e contra as convicções corretas. 1. Ele mantém a linguagem e o dialeto da sua idolatria, portanto, fica claro que não havia no coração do rei uma conversão à fé e à adoração ao DEUS vivo. Esse rei é um idólatra, e isso se revela através da sua linguagem. Pois fala sobre muitos deuses e aceita que apenas um seja bastante, mas não para ele que se julga suficiente em tudo. E alguns acreditam que, quando fala sobre o espírito dos deuses sagrados, esteja supondo a existência de algumas divindades malignas que os homens se preocupam em adorar apenas para evitar que elas lhes façam alguma maldade. E também a existência de algumas divindades beneficentes, sendo que essas últimas impulsionavam o espírito de Daniel. Ele reconhece que Bei ainda era o seu deus, embora uma ou mais vezes tivesse reconhecido o DEUS de Israel como sendo o Senhor de tudo e de todos (cap. 2.47; 3.29). Ele também elogia Daniel, não por ser um servo de DEUS, mas como mestre dos mágicos (v. 9), e supõe que a sua sabedoria seja diferente da deles, não em espécie, mas em grau. Além disso, Daniel não estava sendo consultado como profeta, mas como um mágico notável, extremamente dedicado a salvar o crédito da magia, quando os outros tropeçavam e se confundiam embora fossem mestres nessa arte. Veja como a idolatria estava arraigada em Nabucodonosor. O rei tinha noção da existência de muitos deuses, havia escolhido Bei para ser o seu deus particular, e não conseguia se convencer de que deveria abandonar essa noção ou a sua escolha. A insanidade desta escolha já lhe havia sido demonstrada mais de uma vez, e estava acima de qualquer contradição. Assim como acontece com outros pagãos, ele não iria trocar os seus deuses, embora não fossem deuses (Jr 2.11). Muitos persistem em continuar nesse caminho falso somente por pensarem que não poderiam abandoná-lo com dignidade. Veja como as suas convicções eram frágeis, e com que facilidade foi capaz de abandoná-las. Certa vez, ele havia chamado o DEUS de Israel de DEUS dos deuses (cap. 2.47). E agora ele está colocando esse DEUS precioso e bendito em um nível igual ao daqueles a quem chama de deuses sagrados. Note que se as convicções não forem colocadas em prática rapidamente, existe a chance de, em pouco tempo, serem totalmente perdidas e esquecidas. Como Nabucodonosor não prosseguiu em direção ao reconhecimento da soberania do verdadeiro DEUS, ele logo retrocedeu e voltou a cair na mesma veneração que sempre teve pelos seus falsos deuses. No entanto: 2. Ele confessa ter uma grande admiração por Daniel, pois sabe que é um grande servo de DEUS, e somente dele. Ele acreditava que o profeta era possuidor de uma grande visão interior como, por exemplo, uma inspiração e capacidade de previsão, que nenhum dos seus mágicos possuía: “Sei que há em ti o espírito dos deuses santos”. Observe que o espírito de profecia é totalmente superior ao espírito de adivinhação, mesmo quando os próprios inimigos são os juízes, como foi manifestado aqui depois de um justo julgamento de habilidades.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 487-488.
 
3. Daniel ouve o sonho e dá a sua interpretação (Dn 4.19-26).
O Rei conta a Daniel todo o seu sonho. O rei viu uma grande árvore de dimensões enormes que produzia belos frutos e que era visível em toda a terra. Os animais do campo se abrigavam debaixo dela e os pássaros faziam seus ninhos nos seus ramos (Dn 4.10-12). O rei viu descer do céu “um vigia, um santo” (v. 13) e esse vigia clamava forte: “Derribai a árvore e cortai-lhe os ramos” (v. 14).
A árvore majestosa (w. 11,12). O texto diz que era “uma árvore no meio da terra” (4.10). Isto é, a árvore chamava a atenção porque tinha uma posição central, para simbolizar o Império Babilônico naqueles dias. A Babilônia destacava-se por concentrar todo o poder conquistado por Nabucodonosor na capital, uma figura simbólica da Babilônia escatológica que aparece em Apocalipse nos capítulos 17 e 18. A “árvore” do sonho de Nabucodonosor era formosa e bela. A visão esplêndida dessa árvore indicava a formosura, a grandeza, o poder e a riqueza que representavam a glória de Nabucodonosor. Ninguém na terra havia alcançado todo esse poder antes dele. Daniel declarou ao rei que aquela árvore que seria cortada era o próprio rei e disse: “Es Tu, ó Rei” (Dn 4.22).
Imaginemos a tristeza de Nabucodonosor ao ouvir esta declaração. Como resignar-se serenamente ante um fato inevitável revelado pelo DEUS de Daniel. Assim é a glória dos homens, como uma árvore que cresce e se torna frondosa e, de repente, é derribada. Assim DEUS destrói os soberbos.
“um vigia, um santo, descia do céu” (4.13). A linguagem figurada para falar do papel dos anjos designados por DEUS para executarem a sua vontade é o termo “vigia” ou “um santo” vindo do céu. Não há dúvida de que os anjos de DEUS trabalham com missão delegada para proteger e para cumprir as ordens de DEUS. Na visão do rei, ele viu “um vigia” que descia do céu com a missão de proclamar os juízos de DEUS (Dn 4.14,15). No Antigo Testamento, os anjos tinham uma atividade mais presente na vida do povo de DEUS. No Novo Testamento, eles continuam suas atividades em obediência a DEUS, embora a igreja de CRISTO tenha o ESPÍRITO SANTO que vive na igreja e a orienta em tudo. Aqui se trata de um anjo da parte de DEUS com poder delegado para fazer juízo contra esta árvore.
Juízo e misericórdia são demonstrações da Soberania de DEUS (4.14,15). No versículo 14 a ordem delegada de DEUS ao seu anjo de juízo era o de derribar a árvore, seus ramos e suas folhas. O texto do versículo 15 deixa claro que DEUS não queria destruir tudo daquela árvore, mas ele deu ordem ao seu anjo para que “o tronco com suas raízes” fossem deixadas na terra. A intenção divina não era destruir Nabucodonosor sem dar-lhe a oportunidade de se converter e reconhecer a glória de DEUS. Mas o próprio rei testemunhou que foi inevitável a consequência de sua arrogância. Ele foi tirado do meio dos homens e ficou completamente louco, indo conviver com os animais do campo por sete anos (Dn 4.25). Depois de sete anos, Nabucodonosor voltou ao normal, mas o seu reino logo depois foi sucedido por Belsazar que fez cair o reino nas mãos de Dario, o persa.
Daniel dá a interpretação do sonho (4.19-26)
“Então Daniel,... esteve atônito quase uma hora” (4.19). Mais uma vez, o servo de DEUS tinha uma missão difícil e ficou perplexo porque a revelação era forte e havia dificuldade para entender o sonho. O tempo que levou para interpretar significava que ele ficou amedrontado em contar ao rei a verdade da revelação. De certo modo, Daniel gozava da confiança do rei como conselheiro e preferia, como homem, que as revelações do sonho não atingissem a pessoa do rei. Mas Daniel não pôde evitar, porque o próprio rei, percebendo a perplexidade de Daniel, o instou a que não tivesse medo e contasse exatamente o que o seu DEUS havia revelado.
“Respondeu Beltessazar e disse: Senhor meu, o sonho seja contra o que te tem ódio, e a sua interpretação para os teus inimigos” (4.19). Daniel reconhecia que o rei havia sido bondoso e complacente com ele e seus amigos e, por isso, preferia que o juízo fosse contra os inimigos do rei. Daniel sabia que havia dentro do palácio complôs contra o rei e, por isso, ele preferia que o juízo fosse para punir os inimigos do monarca. Mas Daniel não pôde evitar falar a verdade.
“Es tu, ó rei” (v. 22). Daniel foi incisivo e objetivo em informar ao rei que ele mesmo era, simbolicamente, a árvore frondosa do sonho, mas não evitaria a tragédia moral e espiritual do seu reino. Ele perderia a grandeza que tinha durante os “sete tempos” (sete anos). No versículo 26, a revelação assegurava ao rei a sua restauração, mas para que isso acontecesse, ele deveria dar sinais de arrependimento e provar a si mesmo e ao seu império a mudança interior na sua vida.
Daniel aconselha ao rei que reconheça os seus pecados e mude de atitude para que a misericórdia divina o alcance (4.27-38). Passaram-se um ano (doze meses) e houve, até certo ponto, um prolongamento da tranquilidade de Nabucodonosor. Mas ele não se humilhou e não mudou de atitude. Pelo contrário, se empolgou com a beleza de suas construções e seus jardins suspensos para agradar a sua esposa, segundo escreveu o historiador Josefo. Nos versículos 34 a 37, depois dos sete anos de insanidade, ele recuperou seu entendimento e acordou para a realidade quando louvou a DEUS. Aprendemos com esta história que o orgulho é sempre insano e inaceitável diante de DEUS e que a mais sóbria atitude é reconhecer a soberania de DEUS e louvá-lo.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 70-73.
 
Daniel Provê a Interpretação (4.19-24)
Não é fácil prever uma grande provação sobre um ente amado, ou um amigo, e é ainda menos fácil contá-la. Não obstante, a oração é mais forte que a profecia, de modo que a profecia pode ser anulada. Que esse sempre seja o nosso caso! Nabucodonosor tinha de passar por uma provação, da qual sairia melhor. Os julgamentos de DEUS são dedos de Sua mão amorosa.
Dn 4.20,21 A árvore que viste, que cresceu. Os vss. 20-21 retomam os detalhes da visão explicada nos vss. 10-12. O profeta repetiu todos os detalhes, antes de dizer o temível “és tu, ó rei” (vs. 22).
“Daniel recapitulou a questão do sonhos. As pequenas variações em relação ao que é dito nos vss. 10-17 não devem ser consideradas significativas” (Arthur Jeffery, In loc.). A interpretação adiciona alguns detalhes que não aparecem no relato original.
Dn 4.22 És tu ó rei, que cresceste. A árvore, antes tão exaltada, mas depois humilhada até o quase nada, falava do próprio rei. Para apreciar a grandeza da Babilônia e de seu rei, ver no Dicionário o artigo chamado Babilônia. O rei era alto e forte e espalhou-se como os galhos de uma árvore por todas as partes do mundo então conhecido. Neste ponto, a Septuaginta tem uma longa adição que quase certamente relaciona o texto presente ao período dos macabeus. O império babilônico foi o maior e mais poderoso que houve até aquele tempo, conforme demonstra o artigo citado. Era pequeno segundo os padrões modernos, mas gigantesco para os padrões antigos. Cf. este versículo com Jer. 27.6-8. “Ele ultrapassou a todos os reis da terra, em poder e honra, e aspirou atingir a própria divindade, conforme seus galhos se estendiam até os confins da terra (vs. 11)” (John Gill, in loc.).
Dn 4.23 Quanto ao que viu o rei, um vigilante. Este versículo repete os elementos dos vss. 13-16. A repetição faz parte do estilo literário do autor.
Dn 4.24 Esta é a interpretação, ó rei. Os vss. 24-25 passam a interpretar os vss. 13-16 (repetidos no vs. 23). O que aconteceria ao rei devia-se a um decreto do DEUS Altíssimo. ver Dan. 3.26. Nabucodonosor tinha de pagar por todos os tipos de pecados, especialmente o pecado do orgulho (vss. 27,30,31). Assim sendo, o decreto divino era justo e precisava ser cumprido. Cf. o vs. 17. O Rei verdadeiro e celestial tinha de ser exaltado e não toleraria competição. Nabucodonosor precisava ser derrubado. Ver o vs. 25.
Dn 4.25 Serás expulso de entre os homens. A derrubada da árvore faria com que as aves que se tinham alojado em seus ramos saíssem voando. E quando a árvore caísse, os animais que tinham feito suas covas ao pé da árvore correriam para lugares seguros. Os frutos que cresciam em seus ramos cairiam de súbito. Tal descrição pode parecer significar a destruição do império babilônico pelos medos e persas. Mas sabemos que a confusão dizia respeito ao próprio rei. Em sua insanidade temporária (que o deixaria completamente arrasado pelo golpe divino), o rei correria para a floresta e viveria como um animal. Comeria relva como um boi e viveria exposto à chuva e aos elementos da natureza em geral. Nabucodonosor continuaria nesse estado por sete anos. E assim viria a reconhecer quem é o Rei verdadeiro, a saber, o DEUS Altíssimo (Dan. 3.26). Ver os vss. 14-16, que este versículo interpreta. O governo e os governantes terrenos são levantados e derrubados, conforme chega o tempo de seu governo (ver Atos 17.26), por meio de decretos divinos, e não pelo poder e pelo engenho humano. Juí. 3.8 dá a entender que Nabucodonosor se estabelecera como se fosse um deus e requeria honrarias correspondentes. Foi lembrado pelos judeus não como um grande construtor, mas como quem tinha destruído a cidade sagrada e reduzido a nação a praticamente nada, em seus ataques e subsequentes cativeiros. Portanto, se havia alguém que precisava ser derrubado, esse homem era Nabucodonosor.
Existe uma desordem mental conhecida como zoantropia, segundo a qual a pessoa se imagina um animal e passa a agir como um ser irracional. Talvez esse tenha sido o caso de Nabucodonosor. Sem importar a natureza específica da sua enfermidade, o fato é que ela foi um instrumento da mão de DEUS, primeiramente para humilhar e então para restaurar Nabucodonosor. Todos os juízos de DEUS são restauradores. Dn 4.26 Quanto ao que foi dito, que se deixasse a cepa. Nabucodonosor voltaria; ele se recuperaria; ele aprenderia a lição e então receberia de volta seu poder e glória. É esse o símbolo da cepa da árvore, que restaria e teria o poder de reproduzir-se, formando um a nova árvore, desde as raízes, Este versículo interpreta o vs. 15. O rei precisava aprender que o céu é que governa, conforme se lê a respeito do DEUS Altíssimo no vs. 25. Esse uso não se acha em nenhum outro trecho do Antigo Testamento, embora seja bastante com um nos livros dos Macabeus. “DEUS governa! Essa é a palavra de esperança para a nossa loucura. Devemos aprender que o Altíssimo governa sobre a terra, e que os reis não formam exceção... É uma lição de mordomia... Quando rei Tiago VI, da Escócia, se jactava de seus direitos, Andrew Melville segurou a fímbria de suas vestes e disse; ‘Você, tolo vassalo de DEUS! Existem dois reinos na Escócia e existem somente dois reis: o rei Tiago e o Rei CRISTO JESUS. Nesses reinos, você não é nem Senhor nem Cabeça, mas súdito'” (Gerald Kennedy, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3388-3389.
 
Dn 4.19: “Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito quase uma hora, e os seus pensamentos o turbavam; falou pois o rei, e disse: Beltessazar, não te espante o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar, e disse: Senhor meu: o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação para os teus inimigos”.
O presente texto nos mostra o grande espanto do velho profeta. Ele viu logo o sentido daquela visão, e ficou atônito, porque tudo aquilo se referia ao rei, e era muito duro o que ele tinha de lhe dizer. Daniel era, sem dúvida, um homem muito fiel; acima de qualquer coisa, para ele o importante era a verdade. Acreditamos que, à proporção que o rei descrevia o sonho da grande árvore, o ESPÍRITO de DEUS em Daniel desenvolvia a sua interpretação, conferida em cada detalhe; ele desejava o bem daquele monarca, mas percebia, em cada elemento do sonho, que o sonho, continha o anúncio de um julgamento contra o rei, da parte de DEUS. Muitos servos do Senhor têm sofrido na vida só por causa da verdade, mas isso é sempre gratificante. Os mentirosos ficarão fora do Céu (Ap 22.15). Daniel não renunciou à interpretação, e a fez a contento, como se vê nos versículos seguintes.
Dn 4.20: “A árvore que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja altura chegava até ao céu, e que foi vista por toda a terra”.
O rei babilônico nunca jamais tinha visto em toda a sua vida uma árvore que tivesse tal tamanho; sua altura ultrapassa qualquer possibilidade de uma árvore crescer na terra. Os reinos do mundo também têm suas grandezas por algum tempo, mas depois declinam; o reino de DEUS e de CRISTO, pelo contrário: não terá fim. (Ver Lc 1.33)
Dn 4.21: “Cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante, e em que para todos havia mantimento; debaixo da qual morava os animais do campo, e em cujos ramos habitavam as aves do céu”.
No versículo 19, vemos Daniel demorando para falar, até ser encorajado pelo rei e por DEUS a fazê-lo. O verdadeiro crente é sempre “moderado”; ele primeiro medita e depois fala. O livro de Provérbios é o grande manual de instrução para todo o homem.
Dn 4.22: “Es tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; a tua grandeza cresceu, e chegou até o céu, e o teu domínio até a extremidade da terra”. “A tua grandeza cresceu... até o céu”. A presente expressão sempre tem conexão com Babilônia e o seu povo. O texto em foco também nos faz lembrar a semelhança do pecado de Sodoma (Gn 18.21), e o da cidade de Nínive (Jn 1.2); e o pecado da grande Babilônia descrita em Ap 18.5, que diz: “...já os seus pecados se acumularam até o céu...” Isso significa que o pecado concebido, nasce, cresce e, estando na sua fase de amadurecimento, toca nos céus. O profeta Jeremias segue um paralelismo semelhante a este, em seu livro (Jr 51.9). O julgamento de Babilônia, aí, atinge os céus, sendo elevado até o firmamento. O domínio de Nabucodonosor se processava em ordem crescente e já estava atingindo até o céu, e certamente o mau cheiro que sobe da terra, conforme descreve João séculos depois, aborrece a alma de DEUS. Qualquer dessas idéias nos fornece um indício de como o pecado pode acumular-se, produzindo, necessariamente, o amadurecimento para o juízo de DEUS.
Dn 4.23: “E quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo, que descia do céu, e que dizia: Cortai a árvore, e destruí-a, mas o tronco com as suas raízes deixai na terra, e com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção com os animais do campo, até que passem sobre ele sete tempos”.
“... Um vigia, um santo...” Apresente expressão é também citada no versículo 13, onde é retratado como sendo “um vigilante eterno”, “um ser que não dorme”. Somente um indivíduo é referido aqui. é provável que o “guarda eterno”, seja identificado como o Senhor a quem Daniel servia, aquele que “não dormita, nem dorme”. (Ver SI 121.4). Ele tem poder para fazer decretos e cumpri-los, com o propósito de mostrar aos homens o fato de que o Altíssimo governa nas questões humanas. No decreto do Altíssimo, o juízo sobre o monarca era pesado mas não era total; ainda restaria raízes e tronco da árvore. Qualquer que fosse seu castigo, DEUS o preservaria, como preservou dois ramos: Nabonido e Belsazar, no império babilônico.
Dn 4.24: “Esta é a interpretação, ó rei: e este é o decreto do Altíssimo que virá sobre o rei meu senhor.
O DEUS de Daniel que, por via de regra, é também o nosso DEUS, sempre que aplica uma sentença, ela vem mesclada de misericórdia. (Ver 75.8 do livro de Salmos). Porém, é evidente que chegará o dia quando não mais essa misericórdia insistirá, e, a partir daí, DEUS dará aos seus inimigos um “vinho que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira. (Ver Ap 14.10). Na presente Era, os homens são convidados a tomarem parte no “dia da salvação”, porém em breve chegará o momento em que eles tomarão parte no dia da ira de DEUS e do Cordeiro. (Ver 2 Co 6.2 e Ap 6.17).
4.25: “Serás tirado de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti: até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer!’.
“Até que conheças que o Altíssimo tem domínio...” No livro de Daniel, a expressão “O DEUS Altíssimo” é frequente, em várias conexões (3.26; 4.17, 24, 25, 32, 34; 5.18, 21; 7.18, 22, 25, 27). No Antigo Testamento, DEUS aparece pela primeira vez com este título, em Gn 14.18, quando o monarca Melquizedeque, trazendo pão e vinho, abençoou a Abraão. O vocábulo no original hebraico é “EL elyôn”. - O DEUS Altíssimo era o título de DEUS, adorado pelo rei de Salém. Este nome de DEUS, quando era usado, mostrava a superioridade dele sobre os ídolos do paganismo. Comumente, os antigos habitantes da velha Mesopotâmia usavam a expressão “DEUS lá de cima”. (Ver Jó 3.4). O salmista Davi escolhia este nome para sua habitação. (Ver SI 91.9). E, portanto, evidente que Daniel usava a linguagem mais acessível para aquela gente babilônica. (Ver 1 Co 9.20,22).
Dn 4.26: “E quanto ao que foi dito, que deixasse o tronco com as raízes da árvore, o teu reino voltará para ti, depois que tiveres conhecido que o céu reina”. O presente versículo enfatiza o que muitos psicólogos evangélicos já afirmaram em seus escritos: “doença mental”. Aquele rei era um homem esmagado pelo ódio que, vez após outra, o dominava e que se tornou patológico. O homem iracundo virá a cair no mal, como bem é declarado, tanto pela Palavra de DEUS como pelos psicólogos: “Para um homem esmagado pela consciência de culpa.
Severino Pedro da Silva. Daniel versículo por versículo. Editora CPAD. pag. 80-84.
 
A Interpretação de Daniel (4.19-27)
Quando os filósofos e cientistas pagãos da corte desistiram de interpretar o sonho e estavam em completa confusão, Daniel foi introduzido e saudado pelo rei com deferência respeitosa, reveladora de sua alta estima por esse servo de DEUS. Tu podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos (18), disse o rei. Mas Daniel, quando ouviu o sonho, foi dominado por um grande espanto e ficou sem falar durante uma hora. Então, encorajado pelo rei, ele expressou o motivo do seu espanto: Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação, para os teus inimigos (19).
A enorme árvore era, na verdade, o próprio rei. Seu crescimento e força estupenda apresentavam um quadro exato do seu grande poder. A tua grandeza cresceu e chegou até ao céu, e o teu domínio, até à extremidade da terra (22). Mas o resultado trágico era que essa grandeza estava com os dias contados. O rei, conhecido em toda a terra pela sua capacidade, perderia a razão e se arrastaria pelo chão como um animal do campo. Ele, que era honrado como o maior entre os seres humanos, perderia sua condição de humano e se tornaria como um boi que se alimenta de ervas. Até que passem sobre ele sete tempos (23) indicava sete anos de insanidade para o rei.
Mas no meio desse presságio chocante de julgamento, que para o rei deve ter soado mais terrível do que a morte, veio a garantia da infinita fidelidade e misericórdia de DEUS. Embora a árvore fosse cortada, o tronco (23; “toco”, NVI) foi deixado para reviver e crescer novamente. Além disso, ele foi cercado de cadeias de ferro e de bronze, um símbolo da firmeza e constância da promessa de DEUS de sobrevivência e restauração. No final da sua interpretação, Daniel estava parado diante do rei rogando para que ele se arrependesse dos seus pecados de injustiça e opressão, a fim de que DEUS prolongasse a sua tranquilidade (27).
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 513-514.
 
III – A PREGAÇÃO DE DANIEL
1. A pregação de Daniel.
A conclusão da interpretação descreve o piedoso conselho que Daniel, como profeta, deu ao rei (v. 27). Caso o rei se mostrasse preocupado com a interpretação desse sonho seria muito adequado que nesse momento o profeta lhe oferecesse algum conselho se estivesse despreocupado, as suas palavras teriam a finalidade de despertá-lo. Caso contrário, usaria palavras para consolá-lo, e elas deveriam ser consistentes com o sonho e a sua interpretação, pois Daniel sabia que a interpretação não poderia ser condicional, como no caso da destruição de Nínive. Observe: 1. A humildade com que Daniel oferece o seu conselho, e também a sua grande ternura e respeito. E como se ele dissesse, em outras palavras: “Portanto, ó rei, aceite o meu conselho com um coração aberto, pois ele é dado com boa intenção e vem de um sentimento de amor, e não permita que seja mal-interpretado”. Note que devemos procurar os pecadores visando o seu próprio bem, e eles devem ser respeitosamente solicitados a agir corretamente. O profeta está suplicando aos homens que suportem uma palavra de exortação (Hb 13.22). Creio que seremos bastante úteis se as pessoas forem persuadidas a aceitar de boa vontade o nosso conselho e se o aceitarem com muita paciência. 2. Qual era o seu conselho. Daniel não está aconselhando o rei a tomar qualquer remédio a fim de evitar o desequilíbrio da sua mente, mas a se desfazer dos pecados que estava cometendo, e reformar a sua vida.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 851.
 
O versículo 27 do presente capítulo declara que Daniel insistiu com o monarca caldeu, para que ele se arrependesse, mas, caso Daniel tenha previsto isto, ou seja, uma mudança naquela vida, isto não aconteceu, porque tudo indica que o rei continuou a sua vida como antes. Herodes, o tetrarca idumeu, ao ser repreendido por João não se arrependeu, pelo contrário, acrescentou às suas maldades outras mais. (Ver Lc 3.19, 20). O monarca Faraó também, ao ser repreendido pelo castigo divino, não se arrependeu, pelo contrário, endureceu o seu coração dez vezes mais; e pereceu nas águas do mar Vermelho. (Ver Êx 14.10; 15.1, 21; SI 136.15). Aqueles que se endurecem maior dureza encontrarão; não é debalde que diz a Escritura: “DEUS resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (1 Pe 5.5). Nabucodonosor não deu ouvidos à Palavra divina a clamar ao seu redor, e viu-se cercado por um montão de ruínas!
Severino Pedro da Silva. Daniel versículo por versículo. Editora CPAD. pag. 84-85.
 
Daniel exorta o rei a evitar a tragédia por meio de uma atitude imediata. Conforme o seu conselho, assemelhando-se ele aqui aos profetas clássicos (p. ex., Am 5:15), no fato de haver um elemento contingente ou condicional em sua profecia: põe termo em teus pecados pela justiça (27) Não temos aqui um determinismo passivo. Pelo contrário, o autor insiste com um incentivo a uma mudança de estilo de vida. Não se trata de que por meio de boas obras o rei possa se salvar, mas de que mudando o seu modo de vida ele estará demonstrando a sua aceitação da verdade das palavras de Daniel (cf At 26:20). Misericórdia para com os pobres; chama a atenção a injustiças no Estado, as quais o rei tinha poder para corrigir. Justiça (si(fqâ) é traduzido pela LXX como “dar esmolas” , e o verbo põe fim (peruq) como “redime”. Assim compreendido, este versículo parecia dar apoio a uma doutrina de méritos alcançados por boas obras, tornando-se um centro de controvérsia no tempo da Reforma. O sentido da raiz do verbo se vê claramente em contextos tais como Gênesis 27:40, “sacudirás o seu jugo da tua cerviz” e Êxodo 32:3, “tirai as argolas de ouro”.
O sentido é “romper com os velhos hábitos” e “fazer o que é certo”, um mandamento que tem significado mesmo sem a revelação especial, somente no nível humano. A tradução “dar esmolas” reflete o ponto de vista corrente quando a LXX foi traduzida e que fica claro no Sermão do Monte, onde “exercer justiça” (Mt 6:1) é exposto em termos de dar esmolas, orar e jejuar. Exatamente quais os ideais que o rei babilônico poderia ter não podemos saber, mas evidentemente seria preciso mais do que advertências e exortações para levá-lo à ação.
Joyce G. Baldwin,. Daniel Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 121-122.
 
2. O pecado de Nabucodonosor em reação aos pobres.
Dn 4.27 Portanto, ó rei, aceita o meu conselho. Os pecados teriam de ser derrotados pela prática da retidão, e a idolatria era a principal ofensa. A opressão é o pecado especial da classe dominante. Ela teria de ser abandonada e substituída pela justiça social. Se tais coisas fossem feitas, o severo juízo divino dos sete anos de insanidade teria sido evitado. Cf. o conselho deste versículo com Eclesiástico 3.30,31 e Tobias 4.7-11, que dizem coisas similares. Talvez ao rei tenha sido conferido um período de graça (vs. 29), a oportunidade para reverter o curso do pecado. Nabucodonosor tinha de “pôr fim aos seus pecados”, ou seja, literalmente, teria de “redimir-se”. Mas a palavra hebraica peraq pode referir-se ao afrouxamento do jugo. O rei era cativo de seus pecados e tinha de livrar-se deles, caso quisesse escapar da punição. Além disso, tinha de anular suas opressões pela caridade (possivelmente pela doação de esmolas), mas está em vista a prática da lei do amor, que cobre uma multidão de pecados (ver Tia. 5.20). A Septuaginta apresenta aqui o substantivo grego eieeimosunais, “esmolas”, mas esse é um uso posterior da palavra.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3390.
 
O rei costumava ofender os seus súditos e se comportar injustamente com seus aliados, mas devia mudar tudo isso agindo com justiça, concedendo-lhes tudo aquilo a que tinham direito, consertando o que havia feito de errado sem triunfar sobre o direito através do abuso de seu poder. Ele havia sido cruel para com os pobres, para com os pobres de DEUS, para com os pobres judeus. E agora devia acabar com essa iniquidade mostrando-se misericordioso com esses pobres, compadecendo-se dos oprimidos, libertando-os ou tornando o seu cativeiro um pouco mais fácil para eles. Observe que, quando se trata do arrependimento, não é necessário apenas parar de fazer o mal, mas aprender a fazer o bem. Não só deixar de fazer o mal, mas passar a fazer o bem a todos.
Qual foi o argumento que Daniel usou para justificar o seu conselho: ele iria prolongar a tranquilidade do rei. Embora o seu conselho não fosse evitar totalmente o castigo, ainda assim ele poderia ser uma forma de obter a suspensão temporária da sentença, como aconteceu com Acabe quando se humilhou (1 Rs 21.29). O transtorno poderia ser mais longo ou mais curto, quando chegasse, e isso Daniel não detalharia. Observe que a simples possibilidade de evitar um castigo temporal é uma razão suficientemente válida para se praticar uma obra tão boa como abandonarmos os nossos pecados e reformarmos a nossa vida. Quanto mais importante é agirmos deste modo com a finalidade de evitarmos a nossa ruína eterna! “Essa será a cura dos teus erros” (alguns entendem o texto sagrado deste modo), “dessa maneira o desentendimento será interrompido, e tudo ficará bem novamente”.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 851.
 
Dn 4.27. Quebre teus pecados pela justiça. Faça justiça. Tu tens sido um homem opressor ; mostrar misericórdia para com os pobres, muitos dos quais foram feitos tais por ti mesmo: testemunhar toda a nação dos judeus. Ele devia cessar de seu pecados arrepender e produzir frutos dignos de arrependimento, a fim de que ele pudesse encontrar misericórdia na mão de DEUS.
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke. Daniel.
 
ELABORADO: Pb Alessandro Silva (http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/) com algumas modificações do Ev. Luiz Henrique.
 

Questionário da Lição 5 - DEUS Abomina a Soberba
Responda conforme a revista da CPAD do 4º Trimestre de 2014 - Para jovens e adultos
TEMA: A INTEGRIDADE MORAL E ESPIRITUAL - O LEGADO DO LIVRO DE DANIEL PARA A IGREJA HOJE. Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complete os espaços vazios e marque com "V" as respostas verdadeiras e com "F" as falsas.
 
TEXTO ÁUREO             
1- Complete:
"Agora, pois, eu, _________________________________, louvo, e exalço, e glorifico ao Rei dos céus; porque todas as suas obras são _________________________________; e os seus caminhos, juízo, e pode ________________________________ aos que andam na soberba" (Dn 4.37).
 
VERDADE PRÁTICA
2- Complete:
A _________________________________ é o ________________________________ que mais _________________________________ a soberania divina.
 
I. A PROVA DA SOBERANIA DIVINA (Dn 4.1-3)
3- Como Nabucodonosor foi chamado por DEUS para um desígnio especial (Jr 25.9)?
(    ) Segundo a história, Nabucodonosor reinou na Babilônia no período de 562 a 605 a.C..
(    ) Segundo a história, Nabucodonosor reinou na Babilônia no período de 605 a 562 a.C..
(    ) Foi um rei que DEUS, dominador de todas as nações do mundo, levantou para um desígnio especial, permitindo que o seu reino prosperasse e crescesse em extensão.
(    ) O profeta Jeremias diz que DEUS chamou a Nabucodonosor de "meu servo".
(    ) Na verdade, Nabucodonosor foi o instrumento divino de punição do povo de DEUS.
(    ) Israel foi castigado por ter abandonado o Senhor e tomado o caminho da idolatria e dos costumes pagãos.
 
4- Como era a soberba de Nabucodonosor?
(    ) Apesar de ser um "instrumento" usado pelo Senhor, segundo o pastor Matthew Henry, "Nabudonosor foi o rival mais ousado da soberania do DEUS Supremo do que qualquer outro mortal jamais pudesse ter sido".
(    ) Traspassado pela presunção, Nabucodonosor ficou longos "seis tempos" numa situação irracional à semelhança dos bois do campo.
(    ) Traspassado pela presunção, Nabucodonosor ficou longos "sete tempos" numa situação irracional à semelhança dos animais do campo.
(    ) Só assim o soberano caldeu viu que o Altíssimo está acima dele.
 
5- De que maneira Nabucodonosor proclama a soberania de DEUS (Dn 4.1-3)?
(    ) Depois de ter experimentado a punição de sua soberba, Nabucodonosor se arrependeu do seu pecado e foi restaurado de sua demência.
(    ) Mesmo depois de ter experimentado a punição de sua soberba, Nabucodonosor não se arrependeu do seu pecado e nunca foi restaurado de sua demência, acabando por ser substituído por seu filho.
(    ) Isso o levou a fazer uma proclamação acerca do eterno domínio de DEUS.
(    ) O rei babilônio aprendeu que o Senhor, em sua soberania, é aquele "que muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis".
 
II. DEUS FALA NOVAMENTE A NABUCODONOSOR POR MEIO DE SONHOS (Dn 4.4-9)
6- Como DEUS adverte Nabucodonosor através de um sonho?
(    ) Nabucodonosor recebeu de seus sábios e adivinhos a revelação de sua transformação em um animal.
(    ) Tanto no Antigo como em o Novo Testamento os sonhos eram um dos canais de comunicação entre DEUS e o homem.
(    ) No caso do sonho que teve Nabucodonosor, seus sábios e adivinhos nada puderam revelar.
(    ) O rei, então, se lembrou de Daniel, o único capaz de trazer a revelação do sonho que certa vez ele tivera.
(    ) Obviamente, não se tratava de um sonho comum, pois era uma revelação divina acerca do futuro de Nabucodonosor.
 
7- Como Daniel foi convocado para revelar o sonho (Dn 4.8)?
(    ) Daniel ouviu atentamente o relato do rei e pediu-lhe um tempo, pois estava com medo de morrer ao revelar o sonho ao monarca.
(    ) Interpretar sonhos era uma habilidade espiritual de Daniel reconhecida desde quando ele entrou na Babilônia.
(    ) Por isso, Nabucodonosor contou-lhe o sonho que tivera e solicitou-lhe a interpretação.
(    ) Daniel ouviu atentamente o relato do rei e pediu-lhe um tempo, pois estava atônito para revelar a verdade do sonho.
 
8- Qual era o sonho de Nabucodonosor?
(    ) O rei viu uma grande árvore de dimensões enormes que produzia belos frutos e que era visível em toda a terra.
(    ) O rei viu um grande prédio de dimensões enormes que guardava uma multidão de pessoas de toda a terra debaixo de sua proteção.
(    ) Os animais do campo se abrigavam debaixo dela e os pássaros faziam ninhos em seus ramos.
(    ) O monarca caldeu "viu" também descer do céu "um vigia, um santo" (v.13). Esse vigia clamava forte: "Derribai a árvore e cortai-lhe os ramos".
 
9- Depois de ouvir o sonho, qual a interpretação que DEUS deu a Daniel (Dn 4.19-26)? Complete:
a) Uma __________________________________ majestosa (vv.11,12). A ________________________________ indicava a formosura, a grandeza, o poder e a riqueza do reino de Nabucodonosor. Ninguém na terra havia alcançado todo esse poder antes dele. Daniel declarou que aquela _________________________________ que seria cortada era o rei babilônio (Dn 4.22). Assim é a glória dos homens, como uma ___________________________ que cresce e se torna frondosa e, de repente, é derribada. Da mesma forma, DEUS destrói os soberbos. b) Juízo e ________________________________ são demonstrações da soberania divina. O texto do versículo 15 diz que a ordem divina era que "o tronco com suas raízes seriam deixadas na terra", indicando que a intenção não era ________________________________ a Nabucodonosor, e sim dar-lhe a oportunidade de se converter e reconhecer a glória de DEUS. O rei foi tirado do meio dos homens e ficou completamente _________________________________, indo conviver com os animais do campo por "_________________________________ tempos" (Dn 4.25). Depois, Nabucodonosor voltou ao normal, mas logo em seguida seu reino foi sucedido por __________________________________ que, por __________________________________ as coisas de DEUS, perdeu o trono para _________________________________, o rei dos medos (Dn 5.1-31). c) O papel dos ________________________________ nos desígnios divinos. No sonho do rei, ele viu "um _________________________________" que descia do céu com a missão de proclamar os juízos de DEUS (vv.14,15). No Antigo Testamento, os _________________________________ tinham uma atividade mais presente na vida do povo de DEUS. Em o Novo Testamento, eles continuaram suas atividades em obediência ao Criador, porém, para a _________________________________ da igreja de CRISTO, DEUS concedeu o ESPÍRITO SANTO que a assiste em tudo.
 
III. A PREGAÇÃO DE DANIEL
10- Como se iniciou a pregação de Daniel?
(    ) Inicialmente Daniel teve, em um sentido, certo temor após interpretar o sonho.
(    ) Daniel deu um conselho a Nabucodonosor que lembra a mensagem neotestamentária de CRISTO à Igreja de Éfeso.
(    ) Daniel deu um conselho a Nabucodonosor que lembra a mensagem neotestamentária de CRISTO à Igreja de Esmirna.
 
11- Qual o pecado de Nabucodonosor em relação aos pobres?
(    ) Daniel diz ao rei que ele deveria desfazer os seus pecados praticando a lei, "usando de misericórdia para com os nobres, prisioneiros de guerra".
(    ) Daniel diz ao rei que ele deveria desfazer os seus pecados praticando a justiça, "usando de misericórdia para com os pobres".
(    ) Em outras palavras, antes do pecado pessoal da soberba, o rei estava pecando social e estruturalmente em relação aos menos favorecidos do reino.
(    ) A atualidade desse ponto é tão verdadeira que a mesma recomendação de cuidado aparece em o Novo Testamento, no contexto da igreja.
 
CONCLUSÃO
12- Complete:
Que DEUS nos livre da __________________________________, pois ela é como uma ________________________________ contagiosa que se aloja no coração do homem e faz com que ele perca o senso de _________________________________, passando a agir irracionalmente (Sl 101.5; 2 Cr 26.16). Estejamos atentos, pois a Palavra de DEUS nos mostra que a _________________________________ nos cega (1 Tm 3.6; 6.4), nos afasta de DEUS e traz _________________________________.
 
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Referências Bibliográficas (outras estão acima)
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico Almeida Revista e Corrigida.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999.
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
www.ebdweb.com.br
www.escoladominical.net
www.gospelbook.net
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http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/ - Pb Alessandro Silva