Lição 4 - A Providência Divina Na Fidelidade Humana
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2014 - CPAD
- Para jovens e adultos
Tema: A Integridade Moral e Espiritual - O
Legado Do Livro De Daniel Para A Igreja Hoje.
Comentários: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de
Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS,
FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
TEXTO ÁUREO
Eis que o nosso DEUS, a quem nós
servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo ardente e
da tua mão, ó rei" (Dn 3.17).
VERDADE PRÁTICA
Se formos fiéis, a providência divina jamais faltará.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Sl 34.17 DEUS ouve quando clamamos
Terça - Sl 68.10 A bondade de DEUS
Quarta - Fp 2.8-11 JESUS, nome sobre todo o nome
Quinta - Sl 50.15 DEUS nos livra do mal
Sexta - Sl 59.16 O Senhor nos protege na angústia
Sábado - Mt 6.13 Pertencem a DEUS o reino, o poder e a glória
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE- Daniel 3.1-7,14
Daniel 3.1 O Rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, cuja altura
era de sessenta côvados, e a sua largura, de seis côvados; levantou-a no
campo de Dura, na província de Babilônia. 2 E o rei Nabucodonosor mandou
ajuntar os sátrapas, os prefeitos, os presidentes, os juízes, os
tesoureiros, os conselheiros, os oficiais e todos os governadores das
províncias, para que viessem à consagração da estátua que o rei
Nabucodonosor tinha levantado. 3 Então, se ajuntaram os sátrapas, os
prefeitos, os presidentes, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, os
oficiais e todos os governadores das províncias, para a consagração da
estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado, e estavam em pé diante da
imagem que Nabucodonosor tinha levantado. 4 E o arauto apregoava em alta
voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e gente de todas as línguas: 5 Quando
ouvirdes o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, da
gaita de foles e de toda sorte de música, vos prostrareis e adorareis a
imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado. 6 E qualquer que se
não prostrar e não a adorar será na mesma hora lançado dentro do forno de
fogo ardente. 7 Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o
som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério e de toda sorte
de música, se prostraram todos os povos, nações e línguas e adoraram a
estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado.
Daniel 3.14 Falou Nabucodonosor e lhes disse: É de propósito, ó
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vós não servis a meus deuses nem adorais
a estátua de ouro que levantei?
INTERAÇÃO
Você já foi desafiado em sua fé? DEUS permite que situações adversas nos
sobre- venham para provar a nossa fidelidade. Os amigos de Daniel foram
provados por uma fornalha ardente, todavia eles se mantiveram fiéis e DEUS
os livrou da maldade dos homens. A fé que nos faz não recuar, não temer e
permanecer firmes diante dos males da vida. Os amigos de Daniel não
concordaram em se dobrar diante de uma estátua e desobedeceram a uma lei que
ia contra os princípios divinos. Diante de leis injustas (como a que
legaliza o aborto), a quem obedecer, a DEUS ou ao homem? Obedecer a DEUS é
sempre a melhor alternativa, mesmo que nos leve até a fornalha ardente.
Hananias, Misael e Azarias não se intimidaram diante da afronta de
Nabucodonosor, pois aqueles que confiam suas vidas a DEUS não tem medo da
morte ou do que o homem possa fazer. Que tenhamos a mesma fé dos amigos de
Daniel para enfrentar as tribulações desta vida.
OBJETIVOS -
Após a aula, o aluno deverá estar apto a:
Analisar a tentativa de Nabucodonosor de instituir uma religião mundial.
Conscientizar-se de que não podemos aceitar a idolatria.
Compreender a fidelidade dos amigos de Daniel ante a fornalha ardente
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, para concluir o tópico três da lição faça a seguinte indagação:
"Quem era o quarto homem na fornalha?" Incentive a participação dos alunos.
Em seguida leia Daniel 3.25 e explique que, segundo os teólogos, o quarto
homem pode ter sido um anjo ou uma manifestação pré-encarnada do próprio
JESUS. Porém, o mais importante é que DEUS livrou o seu servo e que JESUS, o
Filho
de DEUS, prometeu estar ao nosso lado durante a nossa caminhada (Mt 28.20).
Resumo da
Lição 4 - A Providência Divina Na Fidelidade Humana
I. A TENTATIVA DE SE INSTITUIR UMA RELIGIÃO MUNDIAL
1. A grande estátua.
2. A diferença entre as estátuas.
3. A inauguração da
estatua de ouro.
II. O DESAFIO À IDOLATRIA
1. A ordem do rei a todos os seus súditos (vv.4-7).
2. A intenção do rei e o espírito do Anticristo.
3. Coragem para não fazer concessões à idolatria (Dn 3.12).
III. A FIDELIDADE A DEUS ANTE A FORNALHA ARDENTE (Dn 3.8-12)
1. Os jovens hebreus foram acusados e denunciados (vv.8-12).
2. A resposta corajosa dos jovens hebreus (Dn 3.16-18).
3. Reação à intimidação (Dn 3.16-18).
SINOPSE DO TÓPICO (1) Ao construir a estátua e exigir que todos os súditos
se encurvassem diante dela, Nabucodonosor desejava instituir uma religião
oficial.
SINOPSE DO TÓPICO (2) A fé dos amigos de Daniel permitiu que eles não
fizessem concessões à idolatria.
SINOPSE DO TÓPICO (3) Hananias, Misael e
Azarias mantiveram-se fiéis ao Senhor e foram libertos da fornalha.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
"Conspiração contra os hebreus (3.8-18)
Não deveria nos surpreender que os três hebreus, recentemente promovidos a
cargos de liderança política, despertassem uma certa inveja entre os outros
funcionários públicos. A ausência de Daniel da convocação pode ser explicada
pelo fato de estar cumprindo alguma tarefa especial para o rei. Alguns
homens caldeus, não a casta sacerdotal, mas cidadãos babilônicos, tomaram as
devidas precauções para que os três hebreus não escapassem. Quando o rei
ficou sabendo da atitude dos três hebreus, ficou furioso e convocou os três
imediatamente. Sem dar-lhes chance de se defenderem, deu-lhes mais uma
oportunidade de prestar adoração após o som especial da música. A recusa em
fazê-lo significaria a imediata execução do decreto irreversível - eles
seriam lançados dentro do fogo ardente; quem é o DEUS que vos poderá livrar
das minhas mãos?, vociferou o rei.
O equilíbrio e a calma dos três servos do DEUS Altíssimo estavam em claro
contraste com a fúria incontida do rei. A ousadia da fé deles era equiparada
à sua serenidade" (Comentário Bíblico Beacon. 1. ed. Vol. 4. Rio de Janeiro:
CPAD, 2006, p.510)
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ZUCK, Roy B (Ed). Teologia do Antigo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2009.
LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5. ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2013
Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD. pag. 38.
O
primeiro tópico da quarta lição, sob o título "a tentativa de se instituir
uma religião mundial" leva-nos a pensar o assunto do Ecumenismo e do Diálogo
Inter-Religioso. Uma característica da sociedade brasileira é a pluralidade
das religiões e dos costumes. Igualmente, as denominações cristãs no Brasil
são plurais. Por isso é importante definirmos expressões tão mal
compreendidas no meio evangélico como o Ecumenismo e o Diálogo
Inter-Religioso.
Ecumenismo
Em
primeiro lugar começaremos dizendo o que não é o Ecumenismo. Ele não é a
tentativa de reunir várias religiões numa só. Há muitas afirmações
equivocadas sobre o conceito de Ecumenismo. Em parte, devido a propagação de
um conceito errôneo da própria mídia brasileira. Entretanto, a palavra
Ecumenismo provém da grega oikouméne que designa a ideia de "toda a terra
habitada". Em outras palavras, do ponto de vista da Teologia Cristã, e
segundo o pastor Claudionor de Andrade, Ecumenismo é "a concretização do
ideal apostólico de agregação de todos os que professam o nome de CRISTO".
Isto é, um movimento dialogai e cooperativo entre as igrejas cristãs,
especificamente, "a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa e a Igreja
Protestante". Devido aos muitos aspectos culturais e teológicos, o
ecumenismo cristão até agora não foi possível.
Diálogo Inter-Religioso
O
Dicionário Teológico do pastor Claudionor de Andrade, acerca do termo
Ecumenismo diz que "com o passar dos tempos, porém, a palavra foi sendo
desvirtuada até ser tomada como um perfeito sinônimo para o sincretismo
religioso". O termo passou por uma série de evoluções tanto no cenário
religioso quanto no secular. Entretanto, os conceitos modernos da Teologia
vêm resgatando a ideia do diálogo entre as igrejas de tradição cristã como
sendo a identidade do Ecumenismo. Por outro lado, a expressão Diálogo
Inter-Religioso dará conta da tentativa de se agregar as diversas religiões
da sociedade. Ou seja, o Diálogo Inter-Religioso reúne os representantes das
diversas religiões para dialogarem. Portanto, quando você assiste a um
sacerdote, um pastor, um rabino e um imã (o dirigente muçulmano) reunidos
num mesmo lugar o que ocorre ali não é um ato ecumênico, mas o diálogo
inter-religioso. Entretanto, a tradição reformada e a pentecostal, ambas de
tradição cristã, entendem as Escrituras como exclusivistas em matéria de fé
e prática, por isso, ambas rejeitam o diálogo entre religiões
Revista
Ensinador Cristão. Editora CPAD. pag. 38.
COMENTÁRIOS DE VÁRIOS LIVROS - INTRODUÇÃO
Neste
capítulo percebe-se a obsessão do rei Nabucodonosor pelo poder quando ele se
engrandece e se endeusa perante os súditos do seu império. Supõe-se que a
história desse capítulo ocorreu quase ao final do seu reinado (Jr 32.1;
52.29).
O
capítulo três é mais uma prova de que vale a pena ser fiel a DEUS até mesmo
quando somos desafiados em nossa fé. Percebe- se que Nabucodonosor já havia
se esquecido da manifestação do poder de DEUS na revelação dos seus sonhos,
mas ele parecia embriagado pelo poder e pelo fulgor de sua própria glória. A
presunção chegou ao ápice da paciência de DEUS e ele não se contentou em ser
apenas “a cabeça de ouro” da grande estátua do seu sonho no capítulo dois.
Ele perde o bom senso e constrói uma estátua toda de ouro de mais de 27
metros de altura aproximadamente, e ordena que os representantes das nações,
súditos seus, se ajoelhassem e adorassem à sua estátua que representava ele
mesmo.Tornou-se um déspota que exigia dos seus súditos um servilismo
irracional. No meio da multidão dos súditos estavam os três jovens hebreus
fiéis ao DEUS de Israel, o qual não transigiram de modo algum.
Elienai Cabral. Integridade
Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje.
Editora CPAD. pag. 55-56.
Temos
aqui uma história que ilustra a convicção judaica de que o martírio é
preferível à apostasia. A imagem colossal de Nabucodonosor teria de ser
adorada por todos. Essa imagem de ouro (cap. 5) provavelmente representava o
panteão do império, e talvez deificasse o próprio rei como seu
deus-mensageiro. O sonho do segundo capítulo, em que Nabucodonosor figura
como a cabeça de ouro da imensa e grotesca imagem, pode ter-lhe sugerido que
seria apropriado construir uma imagem dele próprio, para efeitos de
autoglorifícação. Essa história ignora a humilhação do rei diante de
Yahweh-Elohim (vs. 46). Não seria demais que um pagão esquecesse esse
incidente. Além disso, era comum que os antigos potentados levantassem tais
imagens.
Daniel
não aparece nessa história. Seus três amigos foram os perseguidos. Talvez
devamos supor que o profeta, em sua glória (ver Dan. 2.48), estivesse fora
do alcance do decreto e do desígnio do rei, mas seus amigos, em posições
inferiores, foram assediados.
CHAMPLIN, Russell Norman,
Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
3383.
O MAIS
IMPORTANTE NÃO É VIVER, mas ser fiel a DEUS. Pessoas comprometidas com DEUS
resistem o pecado até o sangue e estão prontas a morrer, não a pecar.
Em Daniel
3, algumas verdades preliminares nos chamam a atenção:
Em
primeiro lugar, tome cuidado, pois, a sede pelo poder pode tornar você cego
e louco. Nabucodonosor era
um homem embriagado pelo poder. Ficou cego pelo fulgor de sua
própria glória.
Ele não
se contentou em ser rei de reis, em ser o maior rei da terra, mas quis ser
adorado como deus.
Em
segundo lugar, acautele-se com a síndrome de dono do mundo.
Nabucodonosor não
se contentou em ser a cabeça de ouro (capítulo 2). Agora constrói uma
estátua toda de ouro, de trinta metros de altura, e ordena que todos os
súditos de seu reino a adorem.
Esse rei
megalomaníaco quer ser o centro do mundo.
Em
terceiro lugar, o poder dos tiranos esbarra na fidelidade dos servos de
DEUS. O poder dos tiranos e dos déspotas sempre encontra seu limite em
pessoas fiéis a DEUS. Os três jovens hebreus são uma nota dissonante no meio
daquela sinfonia de servilismo. Eles são intransigentes, inconformistas. A
verdade é inegociável para eles. Não transigem com os absolutos de DEUS. Não
vendem a consciência. Preferem a morte à infidelidade. Estão prontos a
morrer, não a pecar.
LOPES. Hernandes Dias.
DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 51-52.
I – A TENTATIVA DE SE INSTITUIR UMA RELIGIÃO MUNDIAL
1. A grande estatua.
“O rei
Nabucodonosor fez uma estátua de ouro” (3.1). Na verdade, o Império Babilônico foi
o primeiro grande império mundial a construir uma grande estátua que deveria
ser adorada por todos os súditos do império (Dn 3). Era interessante notar
que em nenhum momento se identifica a estátua com algum deus babilônico.
A omissão de algum nome para essa estátua sugere que o rei fez uma estátua
que fosse identificada com ele mesmo que assumia uma postura de deidade. Era
comum naqueles tempos dos assírios e babilônicos que
os seus reis construíssem suas próprias imagens nas entradas dos palácios e
diante das imagens dos deuses para que ficassem protegidos de males e fossem
felizes em seus reinados. Porém, aquela imagem de 27 metros de altura fora
construída para ser adorada pelos súditos em obediência ao edito soberano de
Nabucodonosor. Em ocasiões especiais como a que o rei propiciou, quando as
homenagens aos reis aconteciam diante dos deuses, Nabucodonosor exigia
obediência cega dos seus súditos de todos os territórios do império
fortalecendo seu domínio. De todas as nações presentes com seus exilados
estavam lá os judeus que serviam ao DEUS vivo de Israel. Mas o rei testava
seu poder de dominação requerendo dos exilados que renegassem suas crenças e
substituíssem seus deuses pelos deuses da Babilônia. Na história contada por
Daniel, estavam lá os seus três amigos. Não há uma explicação plausível para
a ausência de Daniel naquele evento. O que importa, de fato, é que os três
hebreus deram uma lição de fé no seu DEUS.
Elienai Cabral. Integridade
Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje.
Editora CPAD. pag. 56.
Dn 3.1 O
rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro. A imagem erigida foi imensa, tendo
cerca de 30 m de altura, equivalente a oito andares de um edifício. Era
feita de ouro. Talvez o sonho do rei, no qual ele aparecia como a cabeça de
ouro, tenha influenciado a escolha do metal. A largura era de apenas 3 m, e
é provável que a imagem não tivesse o formato de um homem. Se tivesse, seria
uma figura muito grotesca. Foi levantada na planície de Dura. O termo dura era comumente usado na
Mesopotâmia para indicar qualquer lugar fechado por uma parede ou por
montanhas. Provavelmente o lugar ficava perto da Babilônia. Essa construção provavelmente era uma coluna com
inscrições, talvez uma imagem esculpida que representasse o deus honrado.
Continua em debate a quantidade de ouro que havia nessa coluna.
Provavelmente ela era apenas recoberta de ouro.
CHAMPLIN, Russell Norman,
Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
3383.
Um
Auto-endeusamento do Imperador
Não parece provável que Nabucodonosor tenha erigido uma
imagem a um dos antigos deuses da Babilônia, visto que a terra estava cheia
de deidades e templos competindo entre si. É possível, no entanto, que esse
sonho tivesse marcado profundamente o rei, em relação ao seu lugar no mundo
e na história. Afinal, não era ele a cabeça de ouro? Não era ele o primeiro
e maior de todos os reis da terra? Não é difícil imaginar a crescente
vaidade desse déspota oriental, cuja mente pagã falhou em sondar o
verdadeiro significado das percepções espirituais que DEUS havia tentado
compartilhar com ele. Essa estátua de dois metros e sessenta de largura e
vinte e sete metros de altura, que se elevava acima do campo de Dura,
sendo visível a quilômetros de distância, proclamava a todos o esplendor do
homem que a havia projetado e a glória do rei que ela simbolizava. O campo
de Dura certamente ficava próximo de Babilônia, mas sua localização exata é
desconhecida.
Qualquer
que tenha sido o motivo de Nabucodonosor, o decreto que convocava todos os
líderes políticos do reino, grandes e pequenos, não deixava dúvida
quanto à exigência do rei. Instantaneamente, após o sinal combinado de
antemão se o som da orquestra imperial, cada homem deveria prostrar-se
em adoração diante da imagem.
Roy E. Swim. Comentário
Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 509.
"... uma
estátua de ouro...” Entre os antigos conquistadores
era natural que, após uma grande conquista, o conquistador fizesse uma
estátua de sua própria pessoa, gravando nela o seu nome e o nome de seu
deus. Segundo Heródoto, a “estátua de Sesostris, do Egito, tinha na largura
do peito, de ombro a ombro, uma inscrição com os caracteres sagrados do
Egito, onde se lia: ‘Com meus próprios ombros conquistei esta terra”’. E,
segundo Cícero, havia “uma bela estátua de Apoio, em cuja coxa estava o nome
de Miro, em minúsculas letras de prata”. Pode, de fato, ser imaginado que a
estátua erigida ali, fosse a do próprio rei, contendo, na altura do peito, o
nome de seu deus (Comp. com Ap 13.15). Quanto ao testemunho da Arqueologia,
Operte, que fez escavações nas ruínas de Babilônia, em 1854, achou o
pedestal de uma colossal estátua que pode ter sido um resto da gigante
imagem de ouro de Nabucodonosor.
"... no
campo de DURA...” A palavra persa que dá origem a esse nome significa: lugar
rodeado por muros. E uma abreviação de um nome mais longo, composto com Duru,
tal como Duru-sha-Karrabi, um subúrbio de Babilônia. Ali, pois, foi
levantada uma estátua que media 30 metros por 3, aproximadamente. O côvado babilônico,
segundo o “Dic. Davis”, media 0,56 a 0,58 centímetros, o que daria, em
números redondos, aproximadamente, transformando côvados em metros, 34,00 a
35,00 m de altura por 3,40 de largura, ou seja, 60 x 6 côvados.
Severino
Pedro da Silva. Daniel versículo por versículo. Editora CPAD. pag.
53-54.
2. A diferença entre as estátuas.
A
obsessão pelo poder faz a pessoa perder o bom senso. O rei Nabucodonosor
estava dopado pela ideia de ser o maior e perdeu a autocrítica embriagado
pelo próprio poder e cego pelo fulgor de sua própria glória. Ele não se
contentou em ser apenas a cabeça de ouro da estátua do seu sonho. No
capítulo dois havia uma estátua no seu sonho e no capítulo três ele constrói
literalmente uma estátua para si. Essa presunção vislumbra profeticamente
outra estátua (imagem) que será erguida pelo último império mundial
gentílico profetizado como o reino do Anticristo e será no “tempo do Fim”
(Ap 13.14,15).
Outra
lição que aprendemos neste capítulo é a diferença entre a estátua do
capítulo 2 e a do capítulo 3. A estátua do capítulo 2 era simbólica que
surgiu no sonho do rei Nabucodonosor e a estátua do capítulo 3 era literal,
construída pelos homens. A estátua do capítulo 3 tinha a forma de um
obelisco e tinha um desenho um tanto grotesco que revelava a intenção
vaidosa de Nabucodonosor de impor-se pela idolatria do homem e sua auto
deificação aos olhos dos súditos.
“o campo
de Dura, na província de Babilônia” (3.1). O nome Dura vem do acadiano, de
onde vem o aramaico. O seu significado é “lugar cercado”, e entende-se que
se tratava de um lugar fechado e cercado, que ficava numa planície
pertencente à Babilônia.
Elienai Cabral. Integridade
Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje.
Editora CPAD. pag. 56-57.
Dn 3.1. A
estátua e sua inauguração (3.1-3). A estátua do capítulo 2 foi em sonho;
esta é real. Tinha sessenta côvados de altura - cerca de 29 metros. (O
côvado babilônico tinha mais ou menos 48 cm). Tudo aqui era à base de seis,
indicando coisas puramente humanas. (Ver 1 Samuel 17.4 e Apocalipse 13.18,
onde também sobressai o número humano.)
Antônio Gilberto. DANIEL &
APOCALIPSE Como entender o plano de DEUS Para os últimos dias.
Editora CPAD.
Foi pelo
sonho e sua interpretação que Nabucodonosor foi trazido por um momento ao
limiar de grandes e novas possibilidades para uma dedicação pessoal. Teve
percepções que poderiam contribuir para um novo entendimento de si mesmo, e
obteve, pelo menos, uma cura temporária de seus sonhos perturbadores.
Não fez,
porém, uma plena dedicação de sua vida a DEUS, o que então seria possível, e
portanto não ficaremos surpresos ao lermos o que acontece no presente
capítulo. Nabucodonosor agora reage contra o reino de DEUS com o mesmo grau
de tensão com que anteriormente se sentira atraído em direção a ele. Fez uso
da ajuda que DEUS lhe dera para avançar cada vez mais para uma posição de
independência de DEUS. Logo permitiu que o sistema em que estava vivendo o
tragasse de novo, e imediatamente o achamos pervertendo a própria mensagem
através da qual DEUS procurara ganhá-lo. Agora, facilmente excluiu da sua
mente a parte mais distante e desagradável da mensagem, o trecho acerca da
pedra e do seu impacto esmagador sobre todas as estruturas terrestres; e
começou a regalar-se no encorajamento que a parte agradável do sonho lhe
deu, no louvor indubitável dos esforços que estava fazendo.
Aquela
mesma palavra da parte do DEUS de Daniel, tu és a cabeça de ouro, veio a ser
para ele uma nova licença para continuar com as suas obras!
Mas pelo
menos lembrou-se da única parte da visão que de imediato era relevante à
tarefa de construir a grande nova sociedade. Era a parte dos pés muito
frágeis sobre os quais a cabeça de ouro e o restante do corpo se firmavam, e
a mistura de ferro e barro que não se ligam mas que se desintegram
facilmente, com a qual, eles foram moldados. Tomou esta parte do sonho como
uma advertência a si mesmo quanto à falta de coesão na sociedade que estava
reestruturando. Pensando nisso ficava perturbado e era impulsionado para a
frente. Talvez acreditasse que ele mesmo pudesse ver a tendência à
desintegração, ilustrada pela estátua, já operando ao seu redor no seu
império de ouro. Sentia que devia garantir a seus sucessores um
desenvolvimento melhor. Tinha de injetar um cimento forte, durável, que
formasse uma boa liga naquela sociedade em desenvolvimento.
Que
cimento melhor e mais durável poderia haver do que uma só religião para
todos e uma cultura profundamente influenciada por essa religião em comum?
Nisso, acreditava ele, conseguiria o núcleo em redor do qual uma consciência
comunitária verdadeiramente forte poderia desenvolver-se e crescer.
Organizaria as coisas em prol desse desenvolvimento.
Não é,
portanto, surpresa alguma, depois do sonho, vermos Nabucodonosor com um novo
ímpeto de planejamento social, levado a efeito com urgência, idealismo e
convicção. O que mais o preocupa agora é acabar com todas as possíveis
fontes de divisão e de desintegração. Sendo ele um militar, podemos até
mesmo imaginar que desejava criar na vida civil o mesmo sentimento de união
e comunhão que decerto experimentara nas suas campanhas militares! De
qualquer maneira, cada um deve ser levado a sentir que pertence a alguma
coisa que vale a pena, que é vital e basicamente atraente. O alvo de
Nabucodonosor é desenvolver e unificar a cultura. Mas, antes de tudo,
precisa de uma religião unificante, já que religião era definida, naquele
mundo antigo, como sendo “aquilo que liga” e era amplamente reconhecida como
sendo o melhor cimento para conservar unida a sociedade.
Ronald S.
Wallace. A Mensagem de Daniel. Editora ABU. pag. 56-57.
3.
A inauguração da
estatua de ouro.
Um rei
embriagado por sua própria glória (3.1-5). Nabucodonosor foi seduzido por
seu ego presunçoso que se via superior a tudo e todos. Ele estava embriagado
por sua própria glória temporal e passageira, por isso seu coração se
engrandeceu e ele desejou ser adorado como deus. Não lhe bastou a revelação
de que o único DEUS verdadeiro triunfaria na história conforme está expresso
no capítulo dois. Ele preferiu exaltar a si mesmo e para tal instituiu o
culto a si e a adoração, também, dos seus deuses. O objetivo era escravizar
as consciências e obrigá-las a servirem aos seus deuses.
A ameaça
da fornalha ardente (3.6). Era a punição mais terrível que alguém poderia
sofrer: ser queimado vivo numa fornalha grandemente aquecida. Era um modo de
forçar a que todos os seus súditos, principalmente, os príncipes que viviam
no palácio, a obedecerem o edito real e adorarem a imagem que o rei
construiu. Todos deveriam, ao som dos instrumentos musicais, se prostrar e
adorar a imagem de ouro do rei (Dn 3.5). Aos súditos que eram idólatras e
serviam a deuses pagãos, mais um não faria muita diferença. Mas para os
servos do DEUS Altíssimo que é adorado em espírito e em verdade era uma
questão de fé e ousadia. O decreto do rei era inevitável e quem o
desobedecesse sofreria a punição na fornalha ardente. Segundo o profeta
Jeremias, o rei Zedequias de Judá foi queimado no fogo na Babilônia (Jr
29.22).
Elienai Cabral. Integridade
Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje.
Editora CPAD. pag. 57-58.
Dn3.2
Então o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas. A importância da
imagem para Nabucodonosor é demonstrada pelo convite geral (ordem, decreto)
aos oficiais babilônicos para a dedicação da imagem. Essas comemorações
festivas eram comuns na Babilônia. A lista dos oficiais é similar a outras
descobertas no antigo Oriente Próximo e Médio. Sargão, em suas inscrições,
bem como Esar-Hadom, apresentou listas similares. Os títulos aqui usados
eram quase todos persas, e isso tem provocado um problema histórico.
Inscrições neobabilônicas não mostram nenhuma influência das palavras
persas. Alguns críticos vêem nesta circunstância evidência de uma data
posterior do livro.
Nomes:
1.
Sátrapas. Cf. Esd. 8.36; 3.12; 8.9 e 9.3. Foi Dario I quem dividiu o império
em satrapias e suas datas foram 521-495 A. C. Eram os principais
representantes do rei, pois eram os cabeças do governo provincial.
2.
Prefeitos. Cf. Dan. 2.48 e 6.7. Esdras e Neemias usaram o termo para certos
oficiais secundários de Jerusalém . Mas alguns estudiosos acreditam
tratar-se de comandantes militares.
3.
Governadores. Ver Esd. 5.14. Esses eram “senhores de distritos”, os bel
pahati dos babilônios. Oficiais importantes e subalternos eram assim
chamados, o que significa que essa palavra pode apontar para ambas as
coisas. Eram
administradores civis de várias categorias.
4.
Conselheiros. Conforme os nomes persas subentendem, eram conselheiros do
povo (handarza, conselheiro), Essa palavra pode significar
qualquer pessoa que tinha a autoridade do governo por ela representada.
5.
Tesoureiros. Cf. Esd. 7.21, onde a palavra existe com uma variante de
diferente soletração. Eles eram administradores dos fundos públicos.
6. Juízes.
Essa palavra vem do hebraico, data bara (sustentador da lei). Eram
os especialistas na administração das leis.
7.
Magistrados. Ao que parece, a palavra deriva-se de um termo persa, pat,
“chefe”. Oficiais militares e palacianos eram assim chamados, mas alguns
estudiosos vinculam esse ofício com o de número seis, supondo que eles
fossem executores da lei.
8. Todos
os oficiais. O autor sagrado usou essa expressão para evitar deixar de lado
qualquer oficial que tivesse autoridade. Ninguém que tivesse um mínimo de
importância foi ignorado no convite (ordem, decreto). Todas as autoridades
da terra se puseram de pé diante da imagem, dando a ela sua sanção e
aprovação, confirmando o decreto de que todos os habitantes do reino
deveriam adorar àquela monstruosidade. Toda idolatria é abominação.
Nabucodonosor teve sua abominação forçada, e não permitiria uma única voz
discordante. Os desobedientes seriam brutalmente executados, conforme o
restante da história demonstra claramente.
Dn 3.3
Então se ajuntaram os sátrapas... O decreto real foi autenticado pela
liderança coletiva da nação. Este versículo repete os nomes dos oficiais do
versículo anterior, para compreendermos que todos aqueles oficiais
concordaram com o decreto.
Não houve
absolutamente voto democrático. Nem havia permissão para que alguém
desobedecesse às ordens reais. Desobedecer seria considerado uma traição ao
estado. Foi assim que o rei pensou em um absurdo, e a liderança secundária
inteira promoveu a causa com entusiasmo. Os oficiais do governo vieram de
todos os lugares. Nenhum oficial seria capaz de ocultar-se e escapar dessa
prática idólatra.
Aqueles
homens ridículos ficaram de pé enquanto a imagem era dedicada, pois seria
considerado um sacrilégio alguém sentar-se. Eles respeitaram o que não
deveria ser respeitado. Ninguém proferiu um comentário crítico contra a
imagem, e certamente ninguém lhe deu pontapés. A lealdade foi jurada àquele
culto, a qual seria a “religião do estado” em todos os lugares do império.
Dn 3.4
Nisto o arauto apregoava em alta voz. Um arauto foi comissionado para
exprimir a convicção da liderança babilônica. Visto que fora o rei quem
ordenara aquele culto, todos eram cem por cento favoráveis. Todos os povos
dentro dos limites do império babilônico foram
obrigados a adorar a imagem. Isso significa que praticamente todo o mundo
então conhecido foi forçado a adorar o monstro da planície. Quanto a “povos,
nações e línguas”, cf. os vss. 7 e 29; 4.1; 5.19; 6.25 e 7.14. Isso fala em
universalidade. Judite 3.8 pinta Nabucodonosor decidido a eliminar todas as
religiões não-babilônicas. Isso se tornou um ato de patriotismo.
Talvez
exista um paralelo aqui a Antíoco (ver Dan. 11.36). A ordem era “ou obedece,
ou é queimado”.
Dn 3.5 No
momento em que ouvirdes o som da trombeta. “A música daria o sinal para o
ponto alto do culto de dedicação. Isso ocorreria não somente porque todos os
reunidos deviam saber o momento preciso em que deveriam obedecer ao decreto
real, mas também porque, na antiguidade, era costume que instrumentos
musicais acompanhassem as cerimônias públicas” (Arthur Jeffery, in Ioc.).
Os nomes
dos instrumentos foram dados em grego, talvez outra indicação da data tardia
do livre de Daniel, Cf. as palavras empregadas para os oficiais, no vs. 2.
Pode-se argumentar que as edições posteriores do livro mudaram os nomes
desses instrumentos para que se tornassem inteligíveis aos leitores da época
— mas esse é um argumento fraco. Além disso, era cedo demais para os
críticos afirmarem que palavras gregas influenciaram uma lista inteira de
instrumentos da época de Nabucodonosor. Logo, que o problema fique como
está, e que aqueles que quiserem incomodar-se com ele, que se incomodem.
“A
orquestra incluiu instrumentos de sopro (a trombeta e o pífaro, cf- Dan.
3.10,15); um instrumento de palheta (a flauta); e instrumentos de corda (a
harpa, a citara e o saltério)” (J. Dwight Pentecost, in ioc).
CHAMPLIN, Russell Norman,
Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
3384.
Uma
convocação geral dos estados do império para comparecerem à solenidade de
consagração dessa imagem (w. 2,3). Mensageiros são enviados a todas as
partes do reino para reunir os sátrapas, os prefeitos, os presidentes, todos
os pares do reino, com todas as autoridades civis e militares, os capitães e
comandantes das forças, os juízes,
os tesoureiros ou recebedores gerais, os conselheiros, os oficiais, e
os governantes das províncias. Todos eles devem vir para a consagração dessa
estátua, sob pena de sofrerem a dor e o perigo do que lhes sobrevirá depois
disso. Ele convoca os grandes homens, para a grande honra do seu ídolo. É,
portanto, mencionado para a glória de CRISTO que os reis lhe trarão
presentes. Se esse governante pode trazê-los para prestar homenagens à sua
estátua de ouro, ele não tem dúvida de que as pessoas inferiores farão o
mesmo. Em obediência às convocações do rei, todos os magistrados e oficiais
desse vasto reino deixam os serviços dos seus respectivos países, e vêm para
a Babilônia, para a consagração dessa estátua de ouro. Muitos deles fizeram
viagens longas e caras, em uma missão muito tola. Mas,
assim como os ídolos são coisas insensíveis, os adoradores também o são.
Uma
proclamação é feita ordenando que todos os tipos de pessoas se apresentem
diante da imagem, e que ao sinal dado, caiam prostradas, e adorem a imagem,
sob o tratamento e o título: “A imagem de ouro que o rei Nabucodonosor
erigiu”. Um arauto proclama isso em voz alta por toda essa reunião de
pessoas eminentes, com a sua numerosa comitiva de servos e atendentes, e uma
grande multidão de pessoas, sem dúvida, que não foram convocadas. Que todos
eles observem:
1. Que o rei rigorosamente exigiu e ordenou que todos os
tipos de pessoas se prostrassem e adorassem a estátua de ouro. Não
importavam quais eram os deuses que eles adoravam em outros tempos. Agora,
eles deveriam adorar esse.
2. Que todos eles deveriam fazer isso exatamente
ao mesmo tempo, em sinal de sua comunhão uns com os outros nesse serviço
idólatra, e que, para esse fim, a notícia deveria ser comunicada através de
um concerto de música, que igualmente serviria para adornar a solenidade,
amenizar e suavizar o pensamento daqueles que estivessem relutantes a ceder,
e levá-los a obedecer à ordem do rei. Essa alegria e júbilo na adoração
seriam muito condizentes com as mentes sensuais e carnais, que são estranhas
à adoração espiritual que é devida a DEUS, que é espírito.
HENRY. Matthew. Comentário
Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag.
838-839.
Dn 3.2: “E o rei
Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos e presidentes,
os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, os oficiais, e todos
os governadores das províncias, para que viessem à consagração da estátua
que o rei Nabucodonosor tinha levantado”.
"... tinha levantado”. O
original pode verter as palavras da seguinte forma: “O rei Nabucodonosor fez
uma imagem de ouro. E levantou-a”. Estas palavras formam um refrão que
percorre a primeira metade do capítulo (versículos 1 a 18). O grande ídolo
de Nabucodonosor era uma imagem nova e nacional. E, evidentemente, o
objetivo do monarca era consolidar todas as nacionalidades do mundo em uma
só nação. A nação babilônica. “Para alcançar tal coisa, era essencial que o
governo fosse supremo em tudo, tanto no sentido religioso como no civil. A
Roma pagã, séculos depois, fez o mesmo, perseguindo os crentes, não somente
porque faziam cultos a CRISTO, mas porque não adoravam a César, o imperador,
como um ser divino...” Nota-se nas palavras, repetidas vezes, que o rei
ajuntou “os sátrapas, os prefeitos, e presidentes, os juízes, os
tesoureiros, os conselheiros, os oficiais, e todos os governadores... para
que viessem à consagração”. Isso era, sem dúvida, uma forma para dar
prestígio à inauguração da nova religião, ajuntando, assim, as autoridades
de todas as províncias do seu vasto reino.
Dn 3.3: “Então se ajuntaram
os sátrapas, os prefeitos e presidentes, os juízes, os tesoureiros, os
conselheiros, os oficiais, e todos os governadores das províncias, para a
consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado, e estava em
pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha levantado”.
O leitor deve observar a
repetição exata da lista de oficiais de grandes patentes, bem como dos
instrumentos musicais, pode estar refletindo um estilo de retórica semítica;
isso, podemos observar no próprio Pentateuco, era uma forma hebraica;
enquanto a forma grega era abreviada. A lista de autoridades segue o estilo
grego daqueles dias. Sátrapas, é uma transliteração da palavra grega que,
por sua vez, representa um original medo. A palavra significa “protetor” e
era usada no Império Persa para o governador de uma província. As demais
patentes são palavras de vasto sentido no mundo ocidental e principalmente
no oriental. Quase que as funções da lista restante, são traduzidas por
magistrados, como se todos fossem juízes. Mas é evidente que os governantes
daqueles dias eram considerados juízes, conselheiros, etc.
Dn 3.4: “E o arauto
apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e gente de todas as
línguas”.
"... o arauto...” Em toda a
extensão da Bíblia, apenas aqui, há referência especificada a esta palavra.
Verdade é, que em o Novo Testamento o vocábulo grego “kêryx” se traduz como
“pregador” em 1 Tm 2.7 e 2 Tm 1.11 e 2 Pe 2.5. No idioma aramaico, o verbo
“kãrôz” se traduz por “o que clama”, derivado, provavelmente, não como se
tem pensado, do termo grego “kêryx”, mas do persa antigo “khraus”, que quer
dizer: “o que clama”. Aqui, no presente texto, o vocábulo é aplicado ao
locutor (em termos modernos) encarregado da divulgação feita por expressa
ordem do rei, para a consagração da estátua. Diz-se que ele “apregoava em
alta voz”. A forma causativa da raiz verbal, “krz”, é encontrada em Daniel
5.29, onde lemos: "... e proclamassem a respeito dele...”. Nos dias
hodiernos se traduz, na versão portuguesa, o vocábulo grego .kêryx como
“pregoeiro”, mensageiro, etc. Seja como for, o arauto era um homem revestido
de grande autoridade, na proclamação daquela corte.
Dn 3.5: “Quando ouvirdes o
som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de
foles, e de toda a sorte de música, vos prostrareis, e adorareis a imagem de
ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado”.
"... buzina...” Essa palavra
tem um sentido lato nas Escrituras Sagradas, sendo, porém, no grego
clássico, traduzida também por trombeta. Como trombeta, há menção freqüente
desse instrumento, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Tratava-se de um
instrumento feito de um chifre longo com uma extremidade virada: era dessa
forma a trombeta nacional dos israelitas. Era usada em ocasiões militares e
religiosas. Paulo fala que o arrebatamento da Igreja, será precedido pela
trombeta de DEUS (1 Ts 4.16).
"... pífaro...” Essa é a
tradução dada por nossa versão do termo aramaico “mashrôqitâ”. Ocorre apenas
no presente versículo e naqueles que se seguem. Deriva-se da raiz “shãraq”,
uma palavra onomatopéica que significa “assobiar” ou “chiar”. O som deste
instrumento é acompanhado por um som sibilante. E razoável, embora
improvável, que o instrumento acima mencionado pertencia a uma classe de
flata.
"... harpa...”
Originalmente, esse instrumento tinha um formato triangular, com sete
cordas. Mais tarde, o número de cordas foi aumentado para onze (11) e Josefo
menciona em seus escritos harpas contendo dez cordas, as quais eram tangidas
com um “plectum” ou pequena peça de marfim. A harpa é instrumento já
mencionado em Gn 4.21. Também nos salmos há alusão a esse instrumento em
várias conexões (SI 33.2; 98.5; 147.7).
"... sambuca...” Sobre esse
instrumento há várias opiniões: 1) “Um instrumento de sopro, usado na Idade
Média, consistindo de um longo tubo de bronze, com uma chave móvel para
mudar o som das notas da música, à semelhança de um trombone. 2) O
instrumento mencionado em Dn 3.5, pertence a uma classe muito diversa: é
instrumento de cordas, que em aramaico se denomina “sabbe- kã”. 3) A
“sabbekã” é usualmente identificada com o grego “sambykê” sendo esse o
vocábulo usado para traduzi-lo no texto em foco, e na Septuaginta. Tem sido
descrita como uma pequena harpa triangular. Seja como for, era um
instrumento de cordas, e não de sopro, que, segundo Estrabão, era de origem
bárbara.
"... saltério...” Esta
palavra se deriva do vocábulo grego “psaltêrion”, que denota um instrumento
tocado com os dedos, e não com um plectro. O verbo grego “psaltõ” significa
tocar vigorosamente. Para nós, essa palavra “saltério” se traduzia também
por “viola”. O saltério era bem conhecido do povo de Israel. (Ver 1 Sm 10.5;
SI 33.2 e ss.) O saltério, como já ficou demonstrado acima, era um
instrumento de dez cordas, sempre citado em conexão com o louvor.
"... gaita de foles...” Essa
é a tradução de nossa versão da palavra aramaica “sumpônyã”, que é
geralmente considerada como uma palavra emprestada do grego. Em toda a
extensão da Bíblia ocorre apenas no presente capítulo. Todavia, parece que
tal tradução é bem adequada, pois trata- se, realmente, de alguma espécie de
instrumento de sopro. “A tradução italiana moderna é ‘sanpogna’, uma espécie
de gaita de foles em uso corrente naquele país”.
Severino Pedro da Silva.
Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 54-57.
II – O DESAFIO À IDOLATRIA
1. A ordem do rei a todos os seus súditos (vv.4-7).
A tentativa de criar uma
religião totalitária (3.7). Ele queria uma religião que fosse capaz de
garantir a devoção e a lealdade dos súditos pela força imposta por seus
decretos. Na verdade, ele queria conquistar as pessoas, não pelo coração,
mas pela subserviência moral e física. Os súditos do reino dobrariam os seus
joelhos por medo, não por devoção. Nos tempos modernos nos deparamos com
religiões que causam terror e medo. A imposição de Nabucodonosor era, de
fato, uma inquisição instituída para obrigar as pessoas a se submeterem às
exigências do império.
Elienai Cabral. Integridade
Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje.
Editora CPAD. pag. 58.
Dn 3.6
Qualquer que se não prostrar e não a adorar. Urn modo temível de execução
esperava os desobedientes ao decreto. O tipo de fornalha evidentemente
recebia o combustível pelo alto, ao passo que era fechado por tijolos nos
quatro lados. Execuções pelo fogo eram comuns entre os antigos, em altares
munidos de fogueiras, grelhas em brasa, na fogueira ou em fornalhas. O
código de Hamurabi (25,110,157) menciona as fornalhas, embora essa forma de
execução parecesse reservada a criminosos especialmente perigosos. Heródoto
(Hist. I.86; IV.69) diznos que Ciro e os citas executavam dessa m aneira
bárbara. Ver Diodoro Sículo (1.58.1-4; 77.8). Os hebreus antigos também não
devem ser isentados. Ver Gên. 38.24; Lev. 21.9; Jos. 7.15,25; Jer. 29.22;
Jubileus 20.4; 30.7. E II Macabeus 7.3 ss. e IV Macabeus 18.20 mostram-nos
que essa forma de execução foi usada nos tempos dos monarcas selêucidas. No
caso presente, a alegada impiedade religiosa era punida dessa maneira, e
podemos supor que a desobediência era considerada um crime sério contra o
Estado.
Dn 3.7
Portanto, quando todos os povos ouviram o som da trombeta. A Adoração da
Imagem. Ao ouvir o som de todos os instrumentos listados no vs. 5 (com a
exceção única da gaita de foles), todos os povos, de todas as classes, de
todas as nações, prostraram-se e adoraram a grotesca imagem de
Nabucodonosor. Quem enfrentaria o horroroso castigo ameaçado contra os
desobedientes à ordem real? Representantes de todo o povo adoravam, e em
breve todos “lá fora" estavam fazendo a mesma coisa. A superstição e a
idolatria ganharam o dia. Mas ainda raiaria outro dia quando a bondade e a
justiça seriam as vitoriosas.
CHAMPLIN, Russell Norman,
Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
3384.
A
concordância geral da assembléia a essa ordem (v. 7). Eles ouviram o som dos
instrumentos musicais, tanto instrumentos de sopro como instrumentos de mão,
a buzina e o pífaro, a harpa, a sambuca, o saltério, e a gaita de foles, a
melodia dos quais eles a consideraram arrebatadora (e adequada o bastante
para estimular uma devoção que eles deveriam então prestar), e imediatamente
todos eles, como um só homem, como soldados que estão acostumados a se
exercitar pela batida de tambores, todos os povos, nações, e línguas, caíram
prostradas e adoraram a imagem de ouro. E não foi surpresa quando foi
proclamado que qualquer que não adorasse essa imagem de ouro deveria ser
imediatamente lançado no meio de uma fornalha de fogo ardente, preparada
para esse propósito (v. 6). Aqui estavam os encantos da música para
atraí-los a uma submissão, e os terrores da fornalha de fogo para
aterrorizá-los até a submissão. Assim cercados pela tentação, todos cederam
(exceto os servos de DEUS). Note que a maioria seguirá o caminho que lhe for
indicado. Não há nada tão ruim que não possa atrair o mundo negligente por
meio de um concerto musical, ou que faça com que seja impelido por uma
fornalha de fogo ardente. E através de métodos como esses, a falsa adoração
tem sido estabelecida e mantida.
HENRY. Matthew. Comentário
Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 839.
Dn 3.6:
“E qualquer que se não prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado
dentro do forno de fogo ardente”.
“E
qualquer que não se prostrar...” O presente versículo nos mostra a crueldade
existente naquela corte. A punição para qualquer um que fosse insensato
(segundo o rei) seria a sua morte iminente no lago de fogo ardente, que, sem
dúvida, ficava ali perto do grande cortejo religioso. O presente texto e
outros - correlatos nos dão a entender que a fornalha de fogo seria fechada
por uma porta, pois a pessoa tinha de ser lançada ali no seu interior; isso
também, segundo a tecnologia, era um meio natural de aumentar o calor
forçando a entrada de ar e eliminando o oxigênio. E difícil vislumbrar qual
teria sido a aparência daquela fornalha na velha Babilônia, a não ser o que
pode ser depreendido dos textos em foco, pois a despeito de escavações,
raramente dispomos de maquetes ou desenhos com dimensões apropriadas.
Dn 3.7:
“Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da buzina,
do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, e de toda a sorte de música,
prostraram- se todos os povos, nações e línguas, e adoraram a estátua de
ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado”.
"...
prostraram-se todos os povos...” O original traz literalmente, “assim que
começaram a ouvir, começaram a prostrar-se”. Houve uma resposta total e
imediata. O rei havia atingido seu objetivo e a unidade que buscava. Devemos
observar como são repetidas na narrativa, as expressões: “o som da buzina,
do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, etc”. (Ver os vv. 5, 7,
10,15). “Nesse culto religioso de Nabucodonosor não havia coisa alguma para
a alma. Consistia apenas de coisas para agradar os olhos e ouvidos. Era
apenas um culto de formalismo com cerimônias atraentes perante a imagem
grande em tamanho, mas tudo tão-somente para despertar as emoções do povo.
Tudo era muito oco e vazio. Não havia coisa alguma de sacrifício, de sangue,
de perdão de pecados, do ESPÍRITO SANTO, nem do novo nascimento com poder de
livrar o pecador de seus pecados. Tudo era fantasia”.
Severino Pedro da Silva.
Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 57-58.
2. A intenção do rei e o espírito do anticristo.
Nabucodonosor teve duas motivações principais para construir a grande
estátua. A primeira motivação era exibir perante os povos do mundo
representados naquele evento a sua soberba e vanglória. O texto diz
literalmente que “ele fez uma estátua de ouro” (3.1). As dimensões e a
magnitude da estátua eram impressionantes. Imaginem uma estátua de Tl metros
de altura e 6 metros de largura aproximadamente. A soberba do Rei o tornou
altamente arrogante e insolente, sem limites. A Bíblia diz que “a soberba
precede a ruína”(Pv 16.18).
A segunda
motivação de Nabucodonosor era o anelo de ser adorado como deus pelos seus
súditos, por isso Ele deu ordens de que todos os oficiais do reino se
reunissem naquele evento no campo de Dura (Dn 3.1) para adorarem à sua
estátua. Sua intenção prenunciava o espírito do Anticristo que levantará a
imagem da Besta para ser adorada no tempo do Fim (Mt 4.8-10; Ap 13.14-17). A
intenção do Rei era impor a religião diabólica de sua imagem para dominar o
mundo, não só no campo material e político, mas espiritualmente.
A
acusação dos caldeus contra os judeus (3.8-12). Os três hebreus estavam lá
na grande praça por força da ordem do rei. Todos os ilustres homens do
império, os chefes de governos, os sátrapas, os governadores das províncias,
os sábios, os sacerdotes dos vários cultos pagãos, todos estavam lá. A ordem
era que quando a música fosse tocada todos deveriam ajoelhar-se e adorar a
estátua do rei. Quem não obedecesse seria lançado na fornalha de fogo
ardente. Os três jovens hebreus preferiam morrer queimados naquela fornalha
do que negar a fé no DEUS de Israel. Os três jovens hebreus, Ananias, Misael
e Azarias quando foram para a Babilônia não tinham mais que 18 a 20 anos de
idade. Nesta experiência do capítulo três, eles estavam na faixa dos 40 anos
de idade, mas não sucumbiram nem fizeram concessões que comprometessem a sua
fé em DEUS. Eles não esmoreceram moral ou espiritualmente ante a ameaça de
Nabucodonosor e a discriminação dos outros príncipes do Palácio. Diante da
ameaça da fornalha ardente eles estavam seguros do cuidado de DEUS, como
falou o profeta Isaías: “Quando passares pelas águas, estarei contigo e,
quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares.
Elienai Cabral. Integridade
Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje.
Editora CPAD. pag. 58-59.
I.
Definição e característica Geral da IDOLATRIA
1. Essa
palavra vem do grego, eídolo. «ídolo»., e latreueín, «adorar».
Esse
termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em
seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a
veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc.,
que tome o lugar de DEUS, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos. Nesse
sentido mais amplo, todos os homens, com bastante freqüência, se não mesmo
continuamente, são idólatras. Naturalmente, essa condição surge em muitos
graus; e um dos principais propósitos da fé religiosa e do desenvolvimento
espiritual é livrar-nos totalmente de todas as formas de idolatria. Paulo,
em Colossenses 3:5, ensina-nos que a cobiça é uma forma de idolatria. Isso
posto, qualquer desejo ardente, que faça sombra ao amor a DEUS, envolve
alguma idolatria.
2. A
idolatria consiste na adoração a algum falso deus, ou a prestação de honras
divinas ao mesmo. Esse deus falso pode ser representado por algum objeto ou
imagem. Esse termo usualmente inclui a idéia da dendrolatria, da litolatria,
da necrolatria, da pirolatria e da zoolatria... O estado mental dos
idólatras é radicalmente incompatível com a fé monoteísta. A idolatria é má
porque seus devotos, em vez de depositarem sua confiança em DEUS,
depositam-na em algum objeto, de onde não pode provir o bem desejado; e, em
vez de se submeterem a DEUS, em algum sentido submetem-se às perversões de
valor representadas por aquela imagem».
3. Na
idolatria há certos elementos da criação que usurpam a posição que cabe
somente a DEUS. Podemos fazer da autoglorificação um ídolo, como também das
honrarias, do dinheiro, das altas posições sociais. Praticamente, tudo
quanto se torne excessivamente importante em nossa vida pode tornar-se um
ídolo para nós. A idolatria não requer a existência de qualquer objeto
físico. Se alguém adora a um deus falso, sem transformar em deus a alguma
imagem, ainda assim é culpado de idolatria, porquanto fez de um conceito uma
falsa divindade.
4. Uma
Rua de Mão Dupla de Trânsito. A antropologia tem mostrado amplamente que as
religiões dos povos geralmente começam na idolatria, e então progridem para
uma forma de fé mais pura, que finalmente, rejeita os tipos primitivos de
conceitos que requeiram a presença de algum ídolo. Quando a fé de um povo
vai-se tornando mais intelectual e espiritual, menor se vai tornando a
necessidade de crassas representações materiais. Por outro lado, algumas
vezes a idolatria resulta da degeneração de uma fé anteriormente superior.
Vemos isso no Novo Testamento, em vários lugares, no tocante a Israel, a
certas alturas de sua história. É admirável como a crueza domina essa
questão. Em muitos lugares do' mundo, da Índia à Sibéria, da Melanésia às
Américas, simples toras de madeira têm sido erigidas em memória de pessoas
amadas ou de heróis já falecidos; e, então, essa tora de madeira ou pedra
torna-se um objeto de adoração, porquanto muitos supõem que o espírito da
pessoa retoma para residir ali. Um culto religioso então desenvolve-se,
quando tal imagem é alvo de preces e oferendas, a fim de aplacar aquele
suposto espírito. Na Escandinávia e nos países germânicos, os arqueólogos
têm encontrado pedras e toras de madeira escavadas, com propósitos
religiosos.
CHAMPLIN, Russell Norman,
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag.
206-207.