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Lição 12 - A Consagração dos Sacerdotes 2Parte
Lição 12 - A Consagração dos Sacerdotes 2Parte
II - O
SACRIFÍCIO DA POSSE
1. O segundo
carneiro da consagração (Êx 29.19-35).
Êx 29.19 Tomarás
o outro carneiro. O terceiro animal. O primeiro animal
sacrificado, nos ritos de consagração de sacerdotes, era o
novilho, uma oferta pelo pecado (ver os vss. 10 ss.). O segundo
animal sacrificado era o primeiro carneiro, oferecido como
oferta de louvor e consagração (vs. 15). O terceiro animal
sacrificado era o segundo carneiro. Esse carneiro era oferecido
como sacrifício de consagração do sacerdote. Ver o vs. 22. O
trecho de Levítico 8.22 chama esse animal de “o carneiro da
consagração”. Era consagrado a DEUS; e o homem que o tinha
oferecido era assim também cerimonialmente consagrado a DEUS.
Seu sangue era usado, juntamente com o azeite, tendo em vista a
consagração dos sacerdotes (vss. 20,21). Suas porções mais
sagradas foram postas por Moisés nas mãos dos sacerdotes, de tal
modo que eles ofereciam com elas a sua primeira oferenda a DEUS.
Ver os vs. 22-24. Era uma espécie de ato coroado da cerimônia.
Tudo isso fazia parte da consagração de sacerdotes.
O segundo
carneiro chegou a ser chamado de “carneiro do enchimento”,
porque estava associado ao último estágio do rito, “o enchimento
das mãos” do sacerdote com as oferendas de cereais (vss. 23-25).
Tudo isso simbolizava a autoridade, a graça, os dons e os
poderes próprios do oficio sacerdotal.
Êx 29.20 Os
intérpretes veem vários sentidos na aplicação do sangue, bem
como nos lugares onde o sangue era posto:
1. O sangue era
posto em lugares estratégicos, dando a entender,
metaforicamente, uma aplicação completa, ou seja, uma completa
consagração.
2.
Especificamente: A ponta da orelha direita. Um sacerdote era
alguém que devia estar preparado para ouvir tudo quanto Yahweh
ordenasse, a fim de cumprir Suas ordens. O polegar das suas mãos
direitas. Um sacerdote devia estar preparado para fazer tudo
quanto Yahweh ordenasse, visto que as mãos são o instrumento de
ação. O polegar dos seus pés direitos. Um sacerdote devia andar
pelos caminhos de Yahweh, pois caminhar é aquilo que fazemos com
os nossos pés.
3. É possível
que, originalmente, tais ritos tivessem por intuito prover
completa proteção contra os ataques de poderes demoníacos
sinistros, falando assim sobre uma plena proteção divina, diante
de qualquer mal. Sem dúvida estava em foco a intenção que eles
deveriam dedicar todas as suas capacidades a DEUS” (Adam Clarke,
in Ioc.).
O sangue era
então aspergido sobre o altar, como no caso do primeiro carneiro
(ver 0 vs. 16). Ficava assim simbolizada a total aplicação do
sangue, exibindo a total eficácia do sacrifício.
Êx 29.21 A unção
das vestes de Arão e de seus filhos sacerdotes foi feita com
azeite (ver a esse respeito no Dicionário) e com sangue. Não se
sabe se o sangue foi misturado ou não com o azeite. O fato é que
assim elas foram consagradas. O vs. 7 já havia falado sobre a
unção com azeite, mas temos aqui um outro tipo, em adição
àquele. Portanto, o culto de consagração incluía dois tipos. Os
estudiosos cristãos veem nisso a unção dos crentes em CRISTO, a
outorga de autoridade e de graças para cumprirem sua missão.
Como é claro, dispomos do poder e dos dons do ESPÍRITO,
representados no azeite, bem como dos poderes justificadores e
santificadores de CRISTO, representados no sangue. Ver Sal. 45.8
e Apo. 7.14. Nessa dupla unção, alguns eruditos veem a
justificação e a santificação simbolizadas. O trecho de Lev.
8.30 parece indicar apenas uma unção.
Êx 29.22 A
gordura. As porções mencionadas neste versículo eram as mesmas
comumente usadas nas ofertas pacíficas (Lev. 3.9-11). O termo
cauda gorda indica a cauda larga e pesada que caracteriza as
ovelhas orientais.
Redenho do
fígado. A membrana que encobre a porção superior do fígado, que
alguns chamam de “apêndice”. Ver Lev. 4.8-10.
A coxa direita.
Usualmente era a porção que ficava com o sacerdote, para comê-la
(vs. 27; Lev. 7.31,32). Somente o holocausto ou oferta queimada
era totalmente consumido no fogo. Em todas as outras modalidades
de sacrifício uma parte era deixada inteira para consumo dos
sacerdotes, e por aqueles que tivessem trazido esses
sacrifícios.
O carneiro da
consagração. Ou seja, o terceiro animal a ser sacrificado. Esses
animais eram: o novilho, o primeiro carneiro e o segundo
carneiro. Cada qual tinha sua própria finalidade, conforme é
explicado no vs. 19. O animal era dedicado a DEUS; e o
sacerdote, ao oferecer o animal, consagrava-se em sentido
simbólico por meio do animal sacrificado. Um sacerdote precisava
mostrar-se entusiasta e dedicado a seus labores; e o terceiro
animal sacrificado simbolizava exatamente isso. Um sacerdote era
alguém que pertencia de corpo e alma a Yahweh. Essa era a razão
mesma de sua vida. Conforme disse Paulo,“.. .para mim o viver é
CRISTO...” (RI. 1.21), exprimindo o espírito dessa consagração.
O termo hebraico
aqui traduzido por consagração significa, literalmente, “da
consagração”, resultando nas últimas palavras deste versículo,
“o carneiro da consagração”, que tem ligações com o que se lê no
vs. 24 deste capítulo. As mãos dos sacerdotes eram cheias com as
ofertas de cereais, representando a sua inauguração nas lides
sacerdotais. Essas ofertas de cereais, além de certas porções do
carneiro da consagração, eram oferecidas sobre o altar; e o
resto era comido pelos sacerdotes. Portanto, esse carneiro
estava vinculado à ideia do “encher as mãos”, conforme foi
explicado nos vss. 24 e 25.
Êx 29.23 Um pão,
um bolo de pão azeitado e uma obréia. Temos aqui as ofertas
movidas. Esses itens confeccionados de cereais (descritos no vs.
2) faziam parte das ofertas movidas. “Algo dos órgãos do segundo
carneiro, um pão, um bolo e uma obréia (bolos asmos bem finos)
foram entregues a Arão e seus filhos como uma oferta movida
diante do Senhor. O movimento servia para atrair, por assim
dizer, a atenção de DEUS, como se se pedisse que Ele aceitasse a
oferenda. A oferenda era feita daquelas coisas que são
necessárias para o homem, pelo que esse sacrifício também era
uma ação de graças pelo suprimento recebido, em reconhecimento
diante Daquele que nos supre de tudo quanto é bom (Tia. 1.17).
A adoração, em
certo sentido, consiste em reconhecer a DEUS, como Aquele que é
o Provedor, o Juiz e o Salvador. Todos os sacrifícios e todas as
oferendas enfatizavam uma ou outra dessas qualidades.
Êx 29.24 O
enchimento das mãos era parte importante de qualquer final de
culto de ordenação sacerdotal. As porções a serem queimadas eram
primeiramente postas nas mãos dos sacerdotes.
Simbolismos:
1. DEUS nos deu
tudo, e devemos usar bem aquilo que recebemos da parte Dele.
Temos os Seus dons (Tia. 1.17), e uma vida a ser-Lhe consagrada.
2. O sacerdote
era assim autorizado a realizar seu serviço espiritual,
utilizando aquilo que lhe fora dado. Assim sendo, devolvia o que
lhe fora dado sob a forma de dedicação a Yahweh.
3. Além disso,
era prerrogativa dos sacerdotes viverem do altar, ou seja, comer
certa porção das ofertas para seu sustento físico, excetuando-se
somente o caso das ofertas pelo pecado, que eram totalmente
queimadas, porquanto essas ofertas eram tidas como contaminadas
pelo pecado, que tinha que ser destruído. A porção que cabia ao
sacerdote era movida diante do Senhor, conforme já foi destacado
no vs. 23. Essa lei foi o começo do conceito que um ministro do
evangelho deve viver do evangelho, para que possa ser um obreiro
de tempo integral. Ver I Cor. 9.13,14 no Novo Testamento
interpretado quanto a plenas explicações sobre essa questão. Cf.
I Sam. 2.12-17.
Êx 29.25 Os
itens que os sacerdotes receberam (no momento de suas mãos serem
cheias), foram então devolvidos a Moisés, e, então, foram postos
sobre o altar, a fim de serem consumidos pelo fogo. Mas a coxa
direita (vs. 22) sempre ficava com os sacerdotes, para dela se
alimentarem, e outro tanto se dava com o peito (vs. 26). Dessa
maneira, os sacerdotes sobreviviam, vivendo do altar. A gordura
(ver o vs. 13) era a porção principal das ofertas queimadas.
De agradável
aroma. Yahweh, ao sentir o aroma do sacrifício, aceitava tanto a
oferenda quanto o sacerdote que a tinha oferecido.
Naquela primeira
ocasião, Moisés, como sacerdote oficiante, por ocasião da
cerimônia de consagração, recebeu uma porção. Posteriormente, os
sacerdotes é que recebiam essa porção.
Êx 29.27
Verdadeiramente, é dando que recebemos. Esse é um fato bem
conhecido, assim como uma lei espiritual bem comprovada.
Êx 29.28 Yahweh
impôs aqui uma obrigação perpétua. Os sacerdotes deveriam viver
do altar. O povo de Israel estava na obrigação de desincumbir-se
desse dever. Disso dependia a continuação do sacerdócio
levítico. Nenhum homem poderia cuidar de ovelhas, no campo, e
também trabalhar no tabernáculo. Yahweh queria obreiros de tempo
integral nas atividades espirituais. Oh, DEUS, concede-nos tal
graça! O trecho de Êxo. 28.29,30 mostra que o trabalho dos
sacerdotes devia prosseguir continuamente. Os sacerdotes deviam
estar sempre ocupados com seus deveres sagrados, e outros deviam
sustentá-los materialmente.
Êx 29.29 As
vestes santas deviam passar de pai para filho, até o tempo em
que, de velhas, chegasse o tempo de serem substituídas. Os
filhos, ao receberem as vestes santas, dariam continuação à obra
do sacerdócio. Assim sendo, o oficio tomou-se hereditário, até
que CRISTO viesse substituir o sistema inteiro com Ele mesmo e
Seus discípulos, os reis-sacerdotes (Apo. 1.6). Cf. Núm.
2.26,28. Santidade e dedicação simbólicas estavam vinculadas a
essas vestes sacerdotais, pelo que essas vestes permitiam a
continuação da linhagem sacerdotal.
A consagração do
sumo sacerdote fazia-se por meio de uma espécie de investidura
que incluía o ato de vestir as vestes sacerdotais de seu pai.
Mas não somos informados sobre o que sucedia no caso dos
sacerdotes simples. Cf. II Reis 2.13,14. Entendemos que os sumos
sacerdotes subsequentes não passavam por elaborados ritos
sacrificiais para serem ordenados, conforme sucedeu no caso de
Arão. Os elementos da consagração eram: O ato de vestir as
vestes; a unção; um período de espera de sete dias (vs. 30).
Eleazar recebeu as vestes de seu pai (Núm. 20.28), e assim, a
regra baixada aqui foi aplicada segundo foi requerido. As
tradições judaicas afirmam que essa lei foi sempre aplicada.
Havia um rito de unção, conforme o versículo presente deixa
claro; mas parece que não havia ritos sacrificiais.
Êx 29.30 Outra
parte do rito de transferência da autoridade sacerdotal
consistia no período de sete dias, durante os quais o filho
vestia as vestes sacerdotais de seu pai. Esse período era um
período de consagração (vs. 35), e como parte integrante da
instalação de um novo sumo sacerdote. Somente depois desse
período é que ele assumia os seus deveres.
“O sacerdote, em
sua consagração, durante sete dias e sete noites ficava à
entrada do tabernáculo, mantendo a vigília do Senhor. Ver Lev.
8.33. O número sete era considerado o número da perfeição, pelos
hebreus; esse número é, com frequência, usado para denotar o
término, o cumprimento, a plenitude ou a perfeição de alguma
coisa” (Adam Clarke, in loc.).
Êx 29.31 “Na
oferta pacífica, depois que as porções do altar e do sacerdote
tinham sido dadas (vs. 27), os adoradores que tinham trazido o
sacrifício, deviam consumir o resto no recinto sagrado, enquanto
estavam em estado de pureza ritual (Lev. 7.15-21). O sacerdote
cozia a carne para eles (I Sam. 2.13). Neste caso, Moisés atuou
como sacerdote, e o sacrifício foi trazido a Arão e seus filhos
(cf. Lev. 8.31). O ato de cozer é geralmente considerado método
mais antigo que o ato de assar (cf. 12.18; Deu. 16.7” (J. Coert
Rylaarsdam, in loc.). Cf. Lev. 8.31 e Eze. 46.19-34. O cozimento
era efetuado à entrada do tabernáculo, onde também era comida a
carne. Além disso, o que restasse dos cereais (ver os vss. 2 e
3), era comido juntamente com a carne, conforme somos informados
em Lev. 8.31. Qualquer coisa que não fosse então comida tinha
que ser queimada (vs. 34).
Êx 29.32 O
banquete combinava a carne do carneiro com o conteúdo da cesta
com seus produtos de cereais (ver o vs. 2). Desse modo, os
sacerdotes comiam do altar, ou seja, eram sustentados
materialmente pelos subprodutos de seu labor.
Os intérpretes
cristãos veem neste versículo o sustento espiritual que CRISTO
oferece aos Seus discípulos, sendo Ele o Pão da Vida. Sua carne
foi oferecida por nós em Seu ato expiatório.
À porta da tenda
da congregação. Talvez esteja em foco simplesmente o átrio onde
o povo comum podia entrar e circular. Mas no caso da ordenação
de sacerdotes, nenhum leigo podia entrar no átrio e nem
participar do cerimonial (vs. 33).
Êx 29.33 A
expiação. Os eruditos têm feito uma clara distinção entre os
tipos de sacrifício feitos: o novilho (pelo pecado); o primeiro
carneiro (para a consagração); e o segundo carneiro (para a
ordenação e a dedicação). Ver os vss. 11,15 e 19,
respectivamente, no que tange a esses três sacrifícios.
Seguiam-se sete dias mais de ofertas sacrificiais como expiação,
em que um novilho era oferecido a cada dia (vss. 36,37). A
preocupação com a expiação pelo pecado era realmente grande na
mente dos hebreus! Adam Clarke suspirou de alívio ao observar
que todas aquelas mortes de animais foram substituídas por
CRISTO, em Sua morte única, pondo fim aos sacrifícios sangrentos
do Antigo Testamento.
O estranho não
comerá. O rito limitava-se à família de Arão.
Êx 29.34 Se
sobrar alguma cousa. Fragmentos santos do banquete, sem importar
se animais ou vegetais (cereais), não podiam ser deixados
abandonados, para serem profanados. Logo, o que quer que
sobrasse, precisava ser queimado. Isso pode ser comparado com as
instruções acerca da páscoa, que requeriam a mesma coisa. Ver
Êxo. 12.10.
Êx 29.35,36 Por
sete dias os consagrarás. Esse era o período necessário para a
instalação dos sacerdotes. A lavagem cerimonial, a investidura e
a unção (vss. 29,30) tinham lugar no primeiro dia. Seguiam-se
então sacrifícios repetidos a cada dia. Enquanto isso estivesse
em processo, os sacerdotes tinham que permanecer no átrio (Lev.
8.33). Uma vez terminado esse prazo, então os sacerdotes estavam
autorizados a iniciar seu serviço sagrado.
E o ungirás para
consagrá-lo. Está em pauta o altar. O altar era ungido mediante
a aspersão do azeite santo por sete vezes sobre o mesmo. O
altar era um lugar do tabernáculo onde Yahweh se manifestava
mais claramente.
A Eficácia do
Sangue. O sangue, a sede do mistério da vida (Êxo. 17.11; Deu.
12.23; Gên. 9.4) era considerado como particularmente sagrado
diante de DEUS. Portanto, com base no princípio do sacrifício de
vida por vida, o derramamento de sangue era eficaz para perdão
de pecados e para a reconciliação do homem com DEUS. O ato de
derramar o sangue ao pé do altar simbolizava a participação de
DEUS na cerimônia de expiação (Exo. 24.6-8)" (Oxford Annotated
Bible, sobre Lev. 1.5).
CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 438-453.
Heb 9.22 A
palavra que fundamenta todos os atos sacrificiais no AT, Lv
17.11, alcança, neste versículo, sua confirmação expressa no
solo do NT: “Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo
tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma”.
O apóstolo declara: sem derramamento de sangue, não há remissão.
Com esta frase ele fundamenta os fatos da salvação que ele
formulara nos v. 12-14. O sangue do CRISTO realiza a remissão
eterna, que reside no perdão de nossos pecados (cf. Ef 1.7).
Deste modo, todos os sacrifícios sangrentos da antiga aliança
chegam ao encerramento no sacrifício sangrento da nova aliança.
Constitui uma ordem de salvação inquebrantável da vontade de
DEUS que, para reconciliar os pecados perante DEUS, no AT e no
NT, era preciso ser derramado sangue. Com nossa capacidade
natural de raciocínio não conseguimos apreender a justificação
dessa ordem, porque na terra nos são vedados entendimentos
últimos (cf. 1Co 13.9). Temos de submeter-nos reverentes a isto
pela fé.
Comentário
Esperança Carta Hebreus. Editora Evangélica Esperança.
O coração da
verdadeira religião (9.22). A necessidade de derramamento de
sangue, tipificando a doação de vida, é resumida no versículo
22. No que tange à purificação cerimonial, as coisas, i.e., o
Tabernáculo e seus acessórios de adoração, lemos o seguinte: E
quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue.
Mas ainda mais indispensável é o sangue remidor oferecido em
favor dos pecadores. Coisas requerem o aspergir de sangue quando
são consagradas. Mas pessoas requerem perdão; e embora possa
haver exceções em relação às coisas, não há exceção no perdão;
porque sem derramamento de sangue não há remissão de forma
alguma.21 Esta é a grande diferença entre o caminho de DEUS e o
caminho do homem, entre a verdadeira religião e a falsa. O homem
tem uma visão inadequada do pecado e despreza o sangue como
inerentemente necessário para o perdão. Mas ao exigir sangue,
DEUS ressalta a excessiva pecaminosidade do pecado; e ao prover
o Sangue, Ele revela o seu infinito amor. O sangue do pecador
pode ser poupado — mesmo o de animais — porque DEUS sacrificou
seu próprio “Cordeiro [...] que tira o pecado do mundo” (Jo
1.29).
Richard S.
Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag.
83.
Os sacerdotes
levíticos, quando das abluções batismais, tinham de ser
totalmente imersos e purificados, a fim de poderem servir em seu
ofício (Ex 29.21; Lv 8.30). Arão e seus filhos passaram
rigorosamente por esta espécie de purificação. “Moisés fez
chegar a Arão e a seus filhos, e os lavou com água” (Lv 8.6).
Isso era símbolo da purificação moral, da purificação da alma e
de todos os seus vícios, excessos e pecados. Os cristãos também
reconhecem que além do batismo cristão, eles têm sido “...
santificados pela oblação do corpo de JESUS CRISTO, feita uma
vez” (Hb 10.10). Em suma, cada crente então procura andar em
santidade de vida, “... renunciando à impiedade e às
concupiscências mundanas” (Tt 2.12) e dedicando-se inteiramente
ao serviço do Mestre. Cada cristão deve ser um vaso santificado
para uso santo do Senhor, para que por meio da santificação
possa ouvir de seus lábios as solenes palavras: “... este é para
mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios,
e dos reis, e dos filhos de Israel” (At 9.15).
Severino Pedro
Da Silva. Epístola aos Hebreus. Editora CPAD. pag. 195.
Hb 9. 22. A
conclusão geral sobre este tema é que, de acordo com a lei,
quase todas as coisas... se purificam com sangue. A palavra
quase (schedon) qualifica a declaração inteira e tem o
significado de “quase se pode dizer,” como se fosse uma
declaração geral que se aplicava na maioria dos casos. Alguns
ritos judaicos de purificação eram feitos através da água ou
através do fogo, mas os mais significantes eram através de
sacrifícios que envolviam o derramamento do sangue de uma
vítima. Vale notar que as palavras com sangue (en haimati) podem
ser traduzidas “em sangue”, como a esfera em que a purificação é
feita. Todas as coisas (panta), embora traduza uma palavra
neutra, visa incluir as pessoas bem como os objetos, os
sacerdotes e a congregação igualmente.
A declaração
final aqui — sem derramamento de sangue não há remissão - é
baseada na declaração de Levítico 17.11. Resume o propósito dos
sacrifícios com sangue de acordo com a lei. O derramamento de
sangue indica a morte do animal e o derramamento cerimonial do
seu sangue. Subentende mais do que a doação da vida. Sua
eficácia reside na aplicação do sangue. Desta maneira, o
escritor está edificando uma explicação da necessidade da morte
de CRISTO. Deve ser notado que Levítico 5.1, faz uma exceção no
caso de extrema pobreza, quando, então, uma décima parte de uma
efa de farinha fina é aceita como oferta pelo pecado. Mas esta é
uma concessão e não anula o princípio que ainda está ali na
intenção.
O texto
original, seguido por ARA, somente tem a palavra remissão
(aphesis) sem qualificação, o que é digno de nota, porque é o
único caso deste tipo no Novo Testamento (a não ser na citação
da LXX em Lc 4.18). O uso absoluto da palavra toma sua aplicação
mais geral. Fica sendo uma referência ao livramento bem como ao
perdão dos pecados específicos.
O alvo dos
sacrifícios era trazer algum tipo de remissão do pecado, mas a
palavra aphesis nunca recebeu a importância que lhe toca até a
era do Novo Testamento, quando, então, imediatamente tomou-se
uma característica da proclamação cristã primitiva (cf. At
2.38). Compare, também, o relato de Mateus das palavras da
instituição da ceia do Senhor (Mt 26.28).
Donald Guthrie.
Hebreus. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova.
pag.183-184.
2. Sacrifícios
diários.
As ofertas
diárias se seguiam durante sete dias, que era o tempo que durava
a cerimônia de posse do novo sacerdote. Arão e seus filhos
cozinhavam e comiam juntamente com o que sobrava do cesto do pão
e as porções de carne não queimadas do altar ou que haviam sido
dadas a Moisés. O mesmo também ocorria no caso da oferta
pacífica. Esse pão e essa carne dos quais os sacerdotes
participavam, e que os santificavam, representavam o corpo de
CRISTO cuja carne era simbolizada no Novo Testamento pelo pão da
Santa Ceia (Mt 26.26; 1 Co 11.24) Um detalhe interessante é que
as vestes do sumo sacerdote eram passadas para o seu filho por
ocasião da consagração deste como novo sumo sacerdote (Ex
29.29,30). O novo sumo sacerdote deveria passar pelo mesmo
cerimonial de consagração de seu pai, com o azeite sendo
derramado sobre aquelas vestes mais uma vez — e sobre ele, pela
primeira vez. A indumentária não seria nova — seria a mesma
usada por seu pai —, mas a experiência seria nova para o novo
sumo sacerdote. Isso fala que as responsabilidades,
representadas aqui pela indumentária, se transferem, mas a
consagração e a unção, não. O novo ministro tem que ter a sua
própria experiência de confirmação e capacitação para o ofício
dadas por DEUS.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o
Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 144-145.
Lv 6.12,13 O
fogo... sempre arderá sobre o altar. As chamas sobre o altar
eram perenes. Esses dois versículos dão-nos duas afirmações
garantindo-nos que não podiam apagar-se as chamas sobre o altar
de bronze. Os sacerdotes estavam encarregados de garantir que
essas chamas nunca se apagassem. O vs. 9 deste capítulo já
deixara isso entendido, onde comentei sobre a questão e seus
possíveis simbolismos. O sacerdote tinha de usar de cuidado ao
remover as cinzas, a fim de não perturbar os pedaços de gordura
que continuassem queimando. Pela manhã, o fogo era avivado com
lenha, para que as chamas não se apagassem Uma madeira santa era
escolhida para esse mister, pelo que sempre havia em depósito
bastante lenha com esse propósito. Ver Lev. 1.7.
O vs. 13 repete
a questão do fogo santo. Foi o Senhor quem enviara o fogo do céu
(Lev. 9.24), e o homem era agora responsável por sua
continuidade. Durante os dias do segundo templo, o fogo perpétuo
consistia em três partes ou pilhas separadas de lenha sobre o
altar, mas isso representava uma complicação da ordenança
original. As maiores fogueiras eram usadas nos holocaustos
diários; a segunda fogueira supria os incensários e a queima do
incenso; e a terceira era o fogo perpétuo, que alimentava
continuamente as outras duas fogueiras. Esse fogo nunca se
apagava, até que Nabucodonosor forçou o fim desse fogo continuo,
devido ao cativeiro babilônico. A mitologia diz que os
sacerdotes judeus foram capazes de manter as chamas vivas em
algum lugar oculto, e que, nos dias de Neemias, elas foram
renovadas publicamente.
CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 496.
A Lei do
Holocausto (6.8-13)
A seção
introdutória de Levítico (1.1—6.7) é endereçada aos israelitas
(1.2) e é a palavra de DEUS para eles sobre os sacrifícios que o
Senhor exigia. Agora, DEUS se dirige aos sacerdotes, Arão e seus
filhos (9), que têm de executar estes rituais. Estas instruções
são prestimosas para entendermos mais acerca do sistema
sacrificatório levítico e sua significação.
Primeiramente,
ficamos sabendo que o fogo tinha de ser mantido aceso
continuamente no altar (9-13). O texto de Êxodo 29.38,39 nos
informa que um holocausto era oferecido pela manhã e outro à
tardinha. Era a gordura do sacrifício da tarde que mantinha o
fogo do altar queimando a noite toda. Uma chama permanente
queimando diante da deidade não é exclusividade da religião
bíblica. E expressão da intuição humana que louvor e adoração
contínuos devam subir do homem para DEUS. Se esta realidade é
sentida por quem conhece pouco da graça divina, quanto mais
relevante que o coração do crente seja cheio de oração
incessante e louvor permanente! Acerca do fogo, Micklem comenta:
[O fogo] chama a
atenção dos cristãos para o sacerdócio eterno do Senhor JESUS
CRISTO, o grande Sumo Sacerdote, que vive “sempre para
interceder por” nós (Hb 7.25) e é “sacerdote eternamente,
segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 5.6).
Em Levítico
6.9-23 O sacerdote recebe instruções relativas à roupa que
usaria para, todas as manhãs, retirar as cinzas do altar (11).
Os trajes sacerdotais regulares não deviam ser usados para esta
tarefa. Muitos ficam surpresos ao constatarem quanto espaço é
dedicado na Bíblia à roupa. Ainda mais quando diz respeito às
vestes dos sacerdotes.
A idéia
transmitida é que nossa aparência perante DEUS é importante.
Esta verdade é mais desenvolvida no Novo Testamento e na
hinologia cristã. JESUS falou sobre a necessidade de “veste
nupcial” (Mt 22.11-14). Em Apocalipse, somos aconselhados a
comprar “vestes brancas” (Ap 3.18) e a guardar as “vestes” (Ap
16.15). O registro bíblico também afirma que a noiva do Cordeiro
se veste “de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho
fino são as justiças dos santos” (Ap 19.8). O assunto tratado em
Levítico diz respeito à roupa do mediador que fica entre DEUS em
sua santidade e o adorador.
Dennis F.
Kinlaw. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag.
269-270.
O sacerdote
deveria tomar conta do fogo sobre o altar, para que fosse
mantido sempre aceso. Isto é insistido aqui (w. 9,12), e esta
lei expressa é dada: o fogo arderá continuamente sobre o altar.
Não se apagará, v. 13. Podemos supor que nenhum dia passava sem
sacrifícios extraordinários, os quais eram sempre oferecidos de
um cordeiro de manhã e pela noite. De forma que desde a manhã
até a noite o fogo do altar era mantido aceso. Mas para mantê-lo
a noite toda até de manhã (v. 9) eram necessários alguns
cuidados. O primeiro fogo sobre o altar veio do céu (cap. 9.24),
para que, mantendo-o aceso continuamente com uma provisão
constante de combustível, todos os seus sacrifícios por todas as
suas gerações pudessem ser considerados como sendo consumidos
pelo fogo do céu, que era o sinal da aceitação de DEUS. Se, por
descuido, eles deixassem o fogo se apagar, não poderiam esperar
tê-lo aceso da mesma forma novamente. Assim os judeus nos contam
que o fogo nunca se apagou no altar. Nossa obrigação não se
limita a não extinguir o ESPÍRITO, mas devemos despertar o dom
que há em nós. Embora não estejamos, continuamente, oferecendo
sacrifícios ao Senhor, devemos manter o fogo do amor santo
sempre ardendo. E assim, devemos orar sem cessar.
HENRY. Matthew.
Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a
Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 371.
I Cor 4.16 Paulo
olha para sua vida e atuação, que trazem consigo de forma
totalmente real “a imolação de JESUS”. Ele sabe que não se trata
de períodos isolados de aflição que são superados, dando lugar a
períodos tranquilos e felizes. Não, a corrente de tribulações e
perseguições não se rompe. Será que isso finalmente não o
deixará “desanimado” e cansado? Justamente agora, porém, depois
de olhar para o necessário sofrimento de sua vida, Paulo repete
o que havia assegurado aos coríntios em 2Co 4.1: “Por isso, não
desanimamos (ou: cansamos).”
Paulo chama de
“homem exterior”. Mas dentro disso tudo Paulo experimenta que
seu “homem interior se renova de dia em dia”. Esse “homem
interior” não é simplesmente o aspecto interior intelectual do
ser humano. Quem esteve pessoalmente em um sofrimento constante
sabe que justamente também sua “vida interior” inata é corroída
e ameaça afundar em desânimo, cansaço e amargura. Não, Paulo
refere-se à pessoa que tem o “mesmo espírito da fé”, o ser
humano que “com o rosto descoberto reflete a glória do Senhor e
é transformado na mesma imagem” (2Co 3.18; 4.13). Esse “homem
interior” “se renova” dia após dia, pela maneira e razão pela
qual ele é “transformado” dia após dia. A fé está presente de
forma renovada e cada vez mais profunda e aprovada.
Experimenta-se o “consolo” de DEUS em encorajamentos e
libertações de formas sempre novas. Esse ser humano de fé não se
esgota, mas é incansável e constantemente livre e disposto a
servir, a sofrer, a morrer, para que por intermédio dele a vida
de JESUS se torne eficaz em outros.
Werner de Boor.
Comentário Esperança I Coríntios. Editora Evangélica Esperança.
2 Cor 4.16-17.
Estava certo de que suas tribulações cooperariam para seu bem
(vv. 16, 17). "Não desanimamos", era o testemunho confiante de
Paulo (ver 2 Co 4:1). Que importa se o "ser exterior" se
deteriora quando o "ser interior" experimenta renovação
espiritual diária? Paulo não sugere, aqui, que o corpo não é
importante nem que devemos ignorar seus sinais de aviso e
necessidades. Uma vez que nosso corpo é o templo de DEUS,
devemos cuidar dele. No entanto, não podemos controlar a
deterioração natural do corpo humano. Quando pensamos em todas
as provações físicas que Paulo suportou, não nos admiramos de
ele ter escrito essas palavras.
Como cristãos,
devemos viver um dia de cada vez. Nenhuma pessoa, por mais rica
ou competente que seja, pode viver dois dias de cada vez. DEUS
provê "de dia em dia", à medida que oramos a ele (Lc 11 :3). Ele
nos dá as forças de que precisamos de acordo com o que cada dia
exige de nós (Dt 33:25). Não se pode cometer o erro de tentar
"armazenar bênçãos" para emergências futuras, pois DEUS dá a
graça de que precisamos, quando precisamos (Hb 4:16). Quando
aprendemos a viver um dia de cada vez, certos do cuidado de
DEUS, sentimos alívio de boa parte das pressões da vida.
Deve-se
relacionar 2 Coríntios 4:16 com 3:18, pois os dois versículos
referem-se à renovação espiritual do filho de DEUS. Em si mesmo,
o sofrimento não tem poder para nos tornar homens e mulheres
mais santos. A menos que nos entreguemos ao Senhor, busquemos
sua Palavra e confiemos que ele irá operar, o sofrimento só
servirá para prejudicar nossa vida cristã. "de glória em
glória". Precisamos desse "espírito da fé" que Paulo menciona em
2 Coríntios 4:13.
WIERSBE. Warren
W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. Editora Central
Gospel. pag. 842.
III - CRISTO,
PERPÉTUO SUMO SACERDOTE
1. Sacerdócio
segundo a ordem de Melquisedeque.
A Preeminência
de CRISTO
Porém,
aprendemos alguma coisa mais com a ordem da unção neste
capítulo, além da do Filho é-nos também apresentada. "Amaste a
justiça e aborreceste a iniquidade; por isso DEUS, o teu DEUS,
te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros"
(SI 45:7; Hb 1:9). É preciso que o povo de DEUS mantenha sempre
esta verdade nas suas convicções e experiências. Por certo, a
graça infinita de DEUS é manifestada no fato maravilhoso que
pecadores culpados e dignos do inferno sejam chamados
companheiros do Filho de DEUS; mas nunca devemos esquecer, nem
por um momento, o vocábulo "mais". Por mais íntima que seja a
união—e é tão íntima quanto os desígnios eternos do amor divino
a podiam fazer—, é, contudo, necessário que CRISTO tenha em tudo
a preeminência" (Cl 1:18). Não podia ser de outra maneira. Ele é
Cabeça sobre todas as coisas — Cabeça da Igreja, Cabeça sobre a
criação, Cabeça sobre os anjos, o Senhor do universo. Não existe
um só astro de todos os que se movem no espaço que não Lhe
pertença e não se mova sob a Sua orientação. Não existe um verme
sequer que se arrasta sobre a terra, que não esteja sob os Seus
olhos incansáveis. Ele está acima de todas as coisas; de toda a
criatura "o primogênito de entre os mortos" "o princípio da
criação de DEUS" (Cl l:15-18;Ap 1:5). "Toda a família nos céus e
na terra" (Ef 3:15) deve alinhar, na classe divina, sob CRISTO.
Tudo isto será reconhecido com gratidão por todo o crente
espiritual; sim, a sua própria articulação produz um
estremecimento no coração do crente. Todos os que são guiados
pelo ESPÍRITO regozijar-se-ão com cada nova manifestação das
glórias pessoais do Filho; da mesma maneira que não poderão
tolerar qualquer coisa que se levante contra elas. Que a Igreja
se eleve às mais altas regiões e glória, será seu gozo ajoelhar
aos pés d'Aquele que se baixou para a elevar, em virtude do Seu
sacrifício, à união Consigo; o qual havendo plenamente
correspondido a todas as exigências da justiça divina, pode
satisfazer todos os afetos divinos, unindo-a em um Consigo
Mesmo, em toda a aceitação infinita com o Pai, na Sua glória
eterna: "Não se envergonha de lhes chamar irmãos" (Hb 2:11).
C. H.
MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação
Religiosa Imprensa da Fé.
Gn 14.18
Melquisedeque. Achamos aqui um homem misterioso que tem
arrebatado à imaginação dos intérpretes. Dai haver tantas e tão
variegadas tentativas de identificação. As referências
veterotestamentárias a ele aparecem em Gên. 14.18 e Sal. 110.4.
No Novo Testamento, todas as referências acham-se na epístola
aos Hebreus (5.6,10; 6.20; 7.1,10,11,15,17,21). O autor do
tratado aos Hebreus faz dele um tipo de CRISTO, o originador do
tipo de sacerdócio que CRISTO tinha, que já existia antes do
sacerdócio aarônico e até lhe era superior.
Salém. No
hebraico, completa. Esse nome é uma forma abreviada de Jerusalém
(ver no Dicionário a esse respeito). Embora ocorra apenas por
quatro vezes nas Escrituras, o nome Salém é a primeira
designação dessa cidade (Gên. 14.18), identificando o lugar da
cobertura, tenda ou habitação de DEUS (Sal. 76.2). O titulo dado
a Melquisedeque, ou seja, rei de Salém (Heb. 7.1), significa
“rei de paz”, no versículo seguinte, destacando-se o seu sentido
de segurança, prosperidade e bem-estar.
Pão e vinho.
Observação minha
(Ev'Henrique) - Aqui foi realizada uma refeição de aliança entre
Abraão e JESUS (antítipo de Melquisedeque).
DEUS Altíssimo.
Melquisedeque era o sacerdote de El Elyon. O nome era comumente
aplicado a DEUS entre os povos de origem semita, e tornou-se na
Bíblia um dos nomes principais de DEUS, em sua forma singular ou
plural, respectivamente, El e Elohim. El significa “poder”,
“força”. É nome usado de forma composta com outros títulos.
Assim, temos DEUS Todo-poderoso, em Gên. 17.1; DEUS, o DEUS de
Israel, em Gên. 33.20; e El-Betel (DEUS de Betel), em Gên.
31.13. Por sua vez, Elyon é apelativo usado com frequência no
Antigo Testamento para indicar o Senhor (Sal. 78.35).
Em Salmos 7.17,
Elyon é aplicado a Yahweh. No vs. 22 deste capítulo, Abraão
jurou por Yahweh, El Elyon.
Sacerdote. Temos
aqui a primeira menção ao termo “sacerdote” na Bíblia. Embora
talvez Melquisedeque fosse cananeu, seu sacerdócio e adoração
foram reconhecidos por Abraão como ligados ao mesmo DEUS que o
seu.
CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 114.
Melquisedeque
(18), o honorável sacerdote-rei de Salém (Jerusalém), deu comida
e bebida aos vencedores e pronunciou uma bênção a Abrão (19). Em
atenção aos atos do sacerdote-rei, Abrão deu o dízimo de tudo
(20) a Melquisedeque.
O caráter
robusto de Melquisedeque e seu status como respeitado
sacerdote-rei tornaram-se significativos em posteriores
pronunciamentos sobre o muito esperado Messias.
O Salmo 110.4
relaciona o Messias na “ordem de Melquisedeque” e o escritor da
Epístola aos Hebreus cita esta porção dos Salmos para mostrar
que CRISTO é este tipo de ordem sacerdotal no lugar da ordem
arônica (Hb 5.6,10; 6.20; 7.1-21).
O escritor de
Hebreus enfatiza o significado do nome e status de Melquisedeque
para assinalar que ele e CRISTO eram homens de justiça e paz (Hb
7.1,2). A próxima correlação é um destaque na força e valor
pessoal e não na linhagem. Seu ofício não passou automaticamente
a outro. CRISTO é Sumo Sacerdote e não somente sacerdote, e em
vez de dar somente uma bênção, CRISTO salva “perfeitamente” (Hb
7.25,26).
George Herbert Livingston, B.D., Ph.D. Comentário Bíblico
Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 61.
Melquisedeque,
rei e sacerdote, nome e título expressando a esfera do direito e
do bem (ver Hb 7:2), oferece-lhe, para celebração, algo singelo
da parte de DEUS para satisfazê-lo, pronuncia uma bênção em
termos gerais (frisando o Doador, não a dádiva), e aceita
custoso tributo. Isso tudo só tem sentido para a fé.
18,19. Salém é
Jerusalém; sobre esse nome, “paz”, e o de Melquisedeque, rei de
justiça, ver Hb 7:2. A união do rei e o sacerdote em Jerusalém
haveria de levar Davi (o primeiro israelita a sentar-se no trono
de Melquisedeque) a entoar cânticos sobre um Melquisedeque mais
grandioso que havia de vir (SI 110:4).
DEUS Altíssimo
(èl ‘elyôn). O que quer que esse título significasse para os
predecessores e sucessores de Melquisedeque, para ele
significava o verdadeiro DEUS, em certa medida auto revelado,
como suas palavras subsequentes mostram. Em todo caso, o dizimo
de Abrão (c/. Hb 7:4-10) e a junção que fez o nome Yahweh
(Senhor, 22) com a expressão usada por Melquisedeque, DEUS
Altíssimo, decidem a questão. Este título é empregado
frequentemente nos Salmos.
Derek Kidner.
Gênesis. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
112-113.
Hb 14.18 Este
versículo tem provocado toda a forma de dificuldade para aqueles
que pensam ser necessário interpretar essas coisas literalmente,
no tocante à personagem retratada no A.T., Melquisedeque. Se
realmente ele não tinha nem pai e nem mãe, se ele não nasceu e
nem morreu, então é impossível que tenha sido um homem.
Portanto, só nos restaria pensar que ele foi alguma figura
angelical, ou o próprio CRISTO, em uma encarnação no A.T.,
preliminar à sua missão messiânica, sobre a qual fala ο N.T. Mas
essa forma de interpretação ignora a própria natureza da
interpretação «alegórica». O autor sagrado não quis dizer mais
do que o fato que Melquisedeque não tinha «genealogia», isto é,
que não foram registrados seus laços de família, nem o seu
nascimento e nem a sua morte. Até onde diz respeito ao «registro
sagrado», ele não começou e nem terminou, mas é eterno, para o
passado e para o futuro. Tais declarações e usos (que não devem
ser compreendidos literalmente), dentro da interpretação
alegórica, no primeiro século de nossa era não seriam reputados
incomuns. Naturalmente, o autor sagrado vai muito além do que se
poderia deduzir do A.T., acerca da natureza de Melquisedeque, e
se utiliza aqui do «silêncio» (o que simplesmente indica que
foram omitidas tais descrições humanas sobre ele) como seu
instrumento principal. O que fica «subentendido» acerca de
Melquisedeque, pelo «silêncio» (não houve «registro» que
marcasse seu começo e seu fim) é literalmente verdadeiro no caso
do Filho de DEUS, a quem simbolizava. Ver mais do que isso
nessas declarações bíblicas é ignorar a própria natureza da
interpretação alegórica, que não se atém rigidamente à história
e de acordo com a qual a história é apenas «incidental». Os
problemas de interpretação se originam quando ignoramos isso e
procuramos fazer a história tornar-se «vital e central» na
alegoria. Mas, a verdade é bem outra. O argumento se baseia no
silêncio, do que Filo muito se aproveitava, mas que não deve ser
pressionado exageradamente. O registro do livro de Gênesis não
nos dá qualquer genealogia (sobre Melquisedeque).
Melquisedeque
aparece sozinho. Mas nem por isso devemos compreender que se
tratasse de um ser miraculoso, sem nascimento ou sem morte
física. Melquisedeque tem sido feito uma personagem mais
misteriosa do que realmente é quando se coloca, na
interpretação, o que não se acha no registro bíblico».
(Robertson, in loc.).
Melquisedeque
«representa» as qualidades «possuídas» pelo Filho de DEUS, pois
ele é seu «tipo simbólico». Não possuía em si mesmo tais
qualidades. No dizer de Newell (in loc.): «Aquilo que CRISTO é
‘realmente’, Melquisedeque é apenas na ‘aparência’; e isso é
tudo quanto fica exigido».
«A inferência é
que o silêncio (nas páginas do A.T.) é intencional e
significativo» (A.C. Kendrick, Hebrews, pág. 86). Por igual
modo, Westcott (in loc.), supõe que o autor sagrado dá grande
importância ao «silêncio» que há nas páginas do A.T. a cerca dos
primórdios e do destino de Melquisedeque. Entretanto, ele vê
essa importância no «uso profético» que o autor sagrado faz
sobre essa passagem, e não que o escritor original do livro de
Gênesis tivesse visto qualquer importância na omissão desse
material, tendo querido subentender elementos sutis da verdade,
através de tal silêncio. E não duvidemos que isso expressa a
verdade do caso.
A aplicação do
que é dito aqui, como é óbvio, não visa o homem JESUS de Nazaré.
Antes, visa o «logos», o CRISTO eterno. (Marc. 1:1).
O Sumo Sacerdote
da nossa confissão, que é CRISTO, não precisava ser de
descendência aarônica. O versículo é polêmico, antecipando o
problema levantado no décimo quarto versículo, e, uma vez mais,
em Heb. 8:4. Se o seu sacerdócio fosse meramente «terreno», ele
não poderia qualificar-se como sacerdote, porquanto veio da
tribo de Judá, que não era a tribo sacerdotal. Antes, o
sacerdócio de CRISTO é celestial, pelo que também não precisa
seguir o padrão do sacerdócio aarônico, que foi uma instituição
terrena. O autor sagrado, na realidade, faz com que o fato de
CRISTO não ser descendente de Aarão, ser um ponto definitivo a
seu favor. O verdadeiro sumo sacerdote deveria pertencer à ordem
de Melquisedeque, que não teve genealogia terrena, e que não
teve começo e nem fim. Isso significa que o Sumo Sacerdote da
nossa confissão precisava ser um ser eterno e celestial. Se
pudéssemos atribuir-lhe qualquer «árvore genealógica», ficaria
desqualificado para o seu ofício sumo sacerdotal.
Portanto,
podemos observar os pontos seguintes, no argumento do autor
sagrado. 1. A descendência terrena não tem qualquer aplicação ao
sacerdócio eterno de CRISTO. 2. De fato, tal descendência o
desqualificaria para esse sacerdócio, já que só pode ser
conservada pelo Logos divino, que transcende a quaisquer
instituições terrenas. 3. A autoridade desse sumo sacerdócio
repousa sobre a «nomeação divina» (ver Heb. 5:5 e ss.). 4. A
autoridade desse sacerdócio repousa sobre a «dignidade» da
pessoa de CRISTO, bem como de seu caráter majestático e
sacerdotal, tudo o que transcende a quaisquer instituições
terrenas de natureza sacerdotal.
«...sem pai, sem
mãe...» Melquisedeque simplesmente não tem «genealogia
registrada» nas Escrituras, e o autor sagrado aproveita-se desse
fato a fim de ensinar certa verdade espiritual a respeito de
CRISTO, que é o «antítipo» de Melquisedeque.
«...sem
genealogia...» Algumas traduções preferem dizer aqui «...sem
descendência ...» Em toda a literatura grega, o vocábulo grego
figura exclusivamente aqui. Literalmente interpretada, essa
palavra pode significar somente «sem genealogia», - A genealogia
não foi registrada porque o autor do livro de Gênesis não se
interessava em fazer tal registro; e foi dessa circunstância que
tirou proveito o autor da epístola aos Hebreus para destacar uma
verdade espiritual.
«.. .não teve
princípio de dias, nem fim de existência... » No que diz
respeito a Melquisedeque, isso indica somente que não houve
«registro» desses pormenores. No que diz respeito a CRISTO, deve
ser entendido literalmente, por ser ele o Verbo eterno. Todavia,
não podem essas palavras ser aplicadas ao homem JESUS de Nazaré,
cujas genealogias são registradas nos evangelhos.
«.. .semelhante
ao Filho de DEUS. ..» Novamente, não literalmente, em sua
própria natureza, mas apenas «aparentemente», por ser ele «tipo»
de CRISTO. «...permanece sacerdote perpetuamente...» No que
concerne a Melquisedeque, isso significa somente que não houve
«fim registrado» de seu sacerdócio. Os sacerdotes aarônicos
tinham de provar sua legítima reivindicação ao ofício, mediante
registros genealógicos. Viviam certo período de anos, exercendo
o ofício sacerdotal. Mas a morte física interrompia isso, e eles
tinham de ser «substituídos». Nada disso se deu no caso de
Melquisedeque, pelo menos «até onde vão os registros bíblicos».
E o que é verdade sobre Melquisedeque, dentro do registro
bíblico, na realidade é verdade no caso de CRISTO. O fato que
seu sacerdócio não tem fim mostra-nos que até mesmo na
eternidade o Filho é o mediador entre DEUS Pai e os homens; ele
é a fonte da qual nos abeberamos de «toda a plenitude de DEUS»
(ver Efé. 3:19). Segundo a sua imagem é que seremos
transformados continuamente, para graus cada vez maiores de
glória; o alvo consiste em compartilharmos de sua natureza
essencial; e, através disso, compartilharem os de seus atributos
e perfeições, tal como ele compartilha desses atributos com DEUS
Pai. (Ver Efé. 3:19).
«De acordo com
seu propósito, ele (o autor sagrado) apresenta as seguintes
características do sacerdócio ideal: real, justo, pacificador—e
tudo pessoal, eterno, e não como qualidades herdadas. (Comparar
com Isa. 9:6,7; 11:4,10; 32:17 e52:7)».
CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 551-552.
Hb 7.3 O
apóstolo, porém, não pára na explicação dos nomes. Ele
ultrapassa em muito aquilo que o relato de Melquisedeque no AT
expressa. De certo modo ele confere à imagem do rei e sacerdote
do AT traços fáceis de gravar. Sobre isto escreve O. Michel:
“Nosso autor não tem a percepção de que ressaltando
Melquisedeque estaria prejudicando a figura de JESUS. Pelo
contrário: quanto mais se puder afirmar sobre Melquisedeque,
tanto mais fortemente brilha a glória do Filho de DEUS”. Gn
14.17-20 informa tão somente o transcurso histórico do episódio.
O apóstolo, porém, caracteriza a pessoa de Melquisedeque com
mais detalhes: ([…] sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não
teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito
semelhante ao Filho de DEUS), permanece sacerdote perpetuamente.
O AT e o NT formam uma unidade, que JESUS CRISTO somente pode
ser compreendido a partir do AT, mas que também inversamente o
AT adquire sentido através de JESUS CRISTO.
O apóstolo
alinha afirmações sobre a pessoa de Melquisedeque. “Sem pai”,
“sem mãe”, “sem genealogia”, da tribo de Judá, não teve
princípio de dias, nem fim de existência. “Também nesse aspecto
revela-se um mistério. Na Escritura não são mencionados nem o
seu nascimento nem a sua morte. Contudo, o que não é contado na
Escritura não pode ser comprovado historicamente ou não
aconteceu. O sacerdote sem origem sacerdotal tampouco possui
delimitação de vida e atuação definidas pela Escritura. Esta
constatação extrapola os limites da existência humana”. O
apóstolo não somente diz que o AT silencia acerca do nascimento
e da morte de Melquisedeque. De suas palavras fica evidente o
seguinte: falta, nesse personagem, a correlação terrena,
Melquisedeque está fora da ordem normal da vida. Ele não recebeu
o seu sacerdócio, nem o transmitiu adiante. Sua origem é de
natureza celestial, inexplicável, e aponta para a existência
perpétua de Melquisedeque. É o que nos confirmam as palavras:
“Dele se testifica que vive” (v. 8), “Ele é sacerdote segundo o
poder de vida indissolúvel” (v. 16) e “Ele tem, porque permanece
perpetuamente, um sacerdócio imutável” (v. 24).
Ao se aproximar
do fim de seu raciocínio o apóstolo levanta um pouco o véu do
mistério: feito semelhante ao Filho de DEUS, permanece sacerdote
perpetuamente. Pelo que se evidencia, foi a esta frase que o
apóstolo deu o peso maior. É por isto que ele volta a recorrer à
palavra do salmo. Contudo, pela autoridade do ESPÍRITO SANTO ele
altera, na sua interpretação, o seu sentido. No Sl 110.4 consta:
“Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.
O Messias é que está sendo interpelado. A ele é que se promete o
sacerdócio eterno. Melquisedeque é colocado como figura inicial,
o Messias é sua réplica, não inversamente. A ordem de
Melquisedeque é um exemplo para o sacerdócio messiânico. Este
sentido original é que o apóstolo está invertendo. Ele afirma:
Melquisedeque foi feito idêntico ao Filho de DEUS. CRISTO é a
imagem original, nele persiste desde a eternidade a verdadeira
ordem sacerdotal, Melquisedeque é a réplica, que por sua vez
aponta para o cumprimento pleno de todo sacerdócio em CRISTO.
Melquisedeque é o personagem terreno precoce desse sacerdócio
eterno, a réplica, no qual porém não se perdeu nada do conteúdo
da imagem original. É por isto que este sacerdócio de
Melquisedeque continua eternamente.
Em poucas frases
marcantes, o apóstolo elaborou para a comunidade o entendimento
da pessoa excelsa de Melquisedeque. Concedeu-lhe a chave para o
mistério espiritual das declarações do AT em Gn 14.17-20 e no Sl
110.4. Melquisedeque é semelhante ao Filho de DEUS, é imagem do
Filho. A figura de Melquisedeque torna-se transparente para
JESUS CRISTO. Em Melquisedeque o Senhor vem ao nosso encontro
(cf. Jo 8.56).
Fritz Laubach.
Comentário Esperança Hebreus. Editora Evangélica Esperança.
As descrições
sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias
nem fim de vida (3), devem ser entendidas em referência à ordem
do sacerdócio de Melquisedeque, não à sua pessoa física. Na
mente de um judeu, letrado nas ideias levíticas rígidas, era
inconcebível que alguém servisse como sacerdote sem ser
descendente de pais sacerdotes, sem genealogia. Mas, foi o
próprio Moisés que chamou Melquisedeque de “sacerdote do DEUS
Altíssimo” (Gn 14.18); e ele foi reconhecido como tal mesmo sem
credenciais formais. Ele não tinha uma linhagem oficial. Não
havia o Sacerdócio de CRISTO - Neste sentido, ele foi feito
semelhante ao Filho de DEUS, que também não tinha uma linhagem
sacerdotal normal.
O aspecto
importante a ser ressaltado é que este Melquisedeque permanece
sacerdote para sempre. Aqui está a proposta-chave. Tudo o mais é
subordinado e descritivo. Primeiro, os fatos da história são
reafirmados. Então, o padrão tipológico é desenhado, basicamente
como um argumento do silêncio. E as ideias essenciais que o
autor vai ressaltar são: 1) esta certamente não é uma ordem de
sacerdócio levítica; 2) ela é uma ordem superior e 3) um
sacerdócio que é caracterizado pela perpetuidade.
Richard S.
Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag.
62-63.
2. O sacrifício
perfeito de CRISTO.
CRISTO, nosso
Sumo Sacerdote Perfeito e Eterno.
A ordem
sacerdotal de CRISTO não era a de Levi, mas a de Melquisedeque
(Hb 5.6,10; 7.1-28), e a Bíblia nos apresenta JESUS como aquEle
que tem um “sacerdócio perpétuo” (Hb 7.24), isto é, imutável.
A perpetuidade
do sacerdócio levítico era garantida por meio da continuação da
linhagem levítica, pelo “grande número” de seus sacerdotes que
se sucediam com o passa dos séculos (Hb 7. 23). Só que o
“sacerdócio perpétuo” de JESUS é muito mais poderoso, pois se
assenta na sua eternidade, além da perfeição e do caráter
definitivo de seu sacrifício (Hb 7.24-27). Ele era perfeito, por
isso seu sacrifício e serviço foram perfeitos (Hb 7.26-28).
Louvemos a
CRISTO, que nos deu livre acesso à presença de DEUS por meio do
seu ministério perfeito e definitivo, um ministério perpétuo em
nosso favor, no qual Ele está “sempre vivendo para interceder
por todos” nós (Hb 7.25b).
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o
Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 145.
Hb 7.25 Todas as
declarações que o apóstolo fez na comparação entre o sacerdócio
de Arão e o sumo sacerdócio de JESUS, o sacerdócio segundo a
ordem de Melquisedeque, culminam nessa única frase: Por isso,
também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a DEUS,
vivendo sempre para interceder por eles. O que a lei e o
sacerdócio do AT não puderam realizar, isto JESUS realiza com
base em sua vida divina eterna: pode salvar integralmente! Ele
“pode socorrer!” (Hb 2.18 [RC]). Foi isto o que o apóstolo havia
ressaltado primeiramente como efeito do serviço de sumo
sacerdócio de JESUS. Agora ele avança mais um passo em sua
declaração. JESUS nos trouxe a redenção total.
Conquistou uma
salvação perfeita, eternamente válida. Esta redenção eterna, de
validade plena, vigora para todas as pessoas, é oferecida a cada
ser humano, sendo porém eficaz somente para aquele que volta
para DEUS. De modo semelhante como em Hb 2.16, o apóstolo também
delimita aqui o círculo de pessoas em quem a salvação se
realiza. Lá ele havia afirmado: Ele “socorre a descendência de
Abraão”. Aqui ele assevera: “JESUS pode salvar aqueles que por
meio dele chegam a DEUS!” A salvação dos pecados somente é
concretizada naqueles que se convertem ao Senhor com
arrependimento e fé (cf. At 3.19). Quem acolheu a JESUS CRISTO
como seu Salvador e Senhor por decisão pessoal e voluntária de
fé (Jo 1.12), quem veio a DEUS, o Pai, por intermédio de JESUS
CRISTO (Jo 14.6), este obtém perdão e experimenta a proteção na
tribulação, na aflição e na necessidade. O eterno Sumo Sacerdote
(Ap 1.18) não somente é o Redentor de seu povo, mas ao mesmo
tempo também o Advogado, o Intercessor eterno dos fiéis (Rm
8.34; 1Jo 2.1).
26-28
O apóstolo expõe
esta realidade de salvação abrangente perante uma comunidade que
ele visa preparar para sofrimentos futuros: salvação,
preservação e aperfeiçoamento nos são doados por meio de nosso
eterno Sumo Sacerdote. O autor dirige nosso olhar para a obra de
libertação consumada por JESUS, que se ofereceu a si mesmo a
DEUS como sacrifício plenamente válido e impossível de ser
repetido, e que pagou a culpa do pecado da humanidade. Com a
mesma clareza ele nos exibe a magnitude e santidade do Sumo
Sacerdote do NT. Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como
este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e
feito mais alto do que os céus. Nossa salvação está alicerçada
não somente na ação redentora de JESUS, porém da mesma maneira
na natureza de sua pessoa divina. O que se exigia em termos de
pureza cultual dos sacerdotes do AT foi ultrapassado
infinitamente por meio de CRISTO. JESUS é santo – totalmente sem
natureza pecaminosa, santo, como DEUS o Pai é santo,
perfeitamente santo segundo a lei. Contudo, a sua santidade não
assusta a nós, pecadores, pois é precisamente por meio dela que
ele pode nos representar perante DEUS. Ele é inculpável – “sem
traição e ardil”, sem mácula – tinha condições de perguntar
verdadeiramente: “Quem dentre vós pode me argüir de um pecado?”
(Jo 8.46), separado dos pecadores – ser humano como nós (Hb
2.14), tentado como nós (Hb 4.15), e não obstante o único que
permaneceu sem pecado, sendo por isto feito mais alto do que os
céus. Por meio da ressurreição e ascensão, JESUS conquistou o
acesso direto à glória de DEUS. Esta riqueza imensurável da
essência divina na pessoa de JESUS já tem efeitos para a sua
vida na terra, para o seu serviço terreno de Sumo Sacerdote. De
modo consciente o apóstolo contrapõe o sacrifício diário do sumo
sacerdote do AT e o sacrifício único de JESUS. O sumo sacerdote
tinha de oferecer sacrifício primeiro por si mesmo, a fim de
realizar expiação por sua própria culpa. JESUS não teve
necessidade disso. O sumo sacerdote do AT ofertava sacrifícios
de dádivas, JESUS sacrificou-se pessoalmente! Qual é o
fundamento deste contraste? Com esta pergunta, o apóstolo
retorna ao ponto inicial de suas reflexões no presente bloco. A
lei sacerdotal do Sinai escolhia para sumos sacerdotes a homens
sujeitos à fraqueza. Somente muito mais tarde, no tempo do rei
Davi, DEUS revelou a palavra do juramento, do Sl 110, pela qual
ele convocou o Filho, que é perfeito eternamente. Lei e
juramento divino estão na mesma relação entre si como os
sacerdotes humanos, marcados pela fraqueza, i. é, sujeitos à
tentação, e o Filho eterno e perfeito.
Síntese
Em Hb 1–6
diversas menções, sobretudo também as advertências e exortações,
repetidamente intercaladas, permitiram delinear os contornos de
uma conjuntura comunitária, à qual o apóstolo dirige sua
pregação. Em contrapartida, Hb 7, o capítulo com o qual começa a
seção principal da carta, não contém nenhuma referência à
situação concreta da comunidade. A maneira como são contrapostas
a antiga e a nova alianças não possui o caráter de uma
controvérsia de um fiel do NT contra a devoção legalista do AT,
assim como é feito pelo apóstolo Paulo, p. ex., na carta aos
Gálatas. Tampouco podemos afirmar que as elaborações do apóstolo
se voltam contra um reavivamento das ordens de culto do AT na
comunidade. Parece que o autor, ao anotar os pensamentos de Hb
7, está retirado dos problemas de seu presente imediato. Assim
como na carta aos Efésios Paulo medita, inicialmente sem relação
direta com os problemas atuais da comunidade, acerca da
deliberação salutar de DEUS de eternidade a eternidade, assim o
nosso autor reflete em Hb 7 sobre as palavras de Gn 14.17-20 e
Sl 110.4. Estas palavras tornam-se para ele uma indicação viva
da magnitude, superior a tudo, de JESUS CRISTO. Unicamente JESUS
– maior que tudo que DEUS havia concedido como revelação a seu
povo Israel e ao mundo. É o que se descortina diante de seu
olhar espiritual. A elaboração da natureza e da autoridade de
JESUS, nos v. 25,26, constitui o cerne da declaração, em torno
da qual ele agrupa seus pensamentos: o que distingue JESUS dos
sacerdotes do AT e o eleva extremamente acima deles são sua
condição sem pecado, o sacrifício único de sua vida divina, a
exaltação ao céu, sua imortalidade e seu serviço perpétuo de
intercessão. Como o autor já vislumbra atrás da pessoa de
Melquisedeque o fulgor da glória da pessoa de JESUS CRISTO,
sendo que o rei sacerdote da antiga aliança se torna uma
indicação direta para o Sumo Sacerdote real eterno da nova
aliança, por isto o serviço sumo sacerdotal de JESUS é
infinitamente superior ao sumo sacerdócio de Arão.
O apóstolo
fundamenta suas afirmações em três argumentações, que ele
executa de forma rigorosamente estruturada.
1. Como
fundamental ele destaca que Melquisedeque é superior ao
patriarca Abraão, a seu descendente Levi e aos sacerdotes de
Arão.
a. Os levitas
descendem de Abraão; Melquisedeque não tem antepassados, é de
origem celestial. A este fato corresponde que os levitas são
pessoas mortais, mas que Melquisedeque tem vida infindável.
b. Os levitas
recebem o dízimo de seus irmãos; Melquisedeque recebeu o dízimo
do ancestral.
c. Também os
levitas estão obrigados a pagar o dízimo a Melquisedeque, pois
seu ancestral Levi estava nos “quadris” do patriarca quando
Abraão se encontrou com Melquisedeque.
d. No final
Melquisedeque abençoou Abraão, e esta relação de bênção não pode
ser invertida.
2. O apóstolo
igualmente desenvolve a contraposição de sacerdócio e lei em
quatro etapas:
a. Lei e
sacerdócio estão indissoluvelmente ligados entre si. A
constituição de um novo sacerdócio traz necessariamente consigo
que também se institua uma nova ordem.
b. O sacerdócio
antigo era baseado na “ordem de Arão”, enquanto o novo
sacerdócio se baseia na “ordem de Melquisedeque”.
c. A antiga
ordem foi outorgada a Israel no Sinai. A nova ordem vem a ser a
mais antiga, a original. Possui seu fundamento na eternidade de
DEUS.
d. A introdução
da nova ordem sacerdotal tornou-se necessária porque através do
sacerdócio de Arão não foi possível chegar a um encerramento da
história da salvação. Os sacrifícios no AT são apenas
prefigurações, o verdadeiro sacrifício foi ofertado somente pelo
Sumo Sacerdote do povo de DEUS do NT.
3. A certeza
última de que a nova ordem sacerdotal alcançou vigência em
CRISTO é constatada pelo apóstolo no seguinte fato: o santo DEUS
fez de sua divindade a garantia, e comprometeu-se por juramento
a cumprir as suas promessas. O autor destaca quatro correlações
entre o juramento de DEUS e sacerdócio:
a. A lei e a
ordem sacerdotal levítica estão ultrapassadas através do
juramento, por meio do qual JESUS foi constituído Sumo
Sacerdote. Arão tornou-se sacerdote através da palavra da lei,
que não trouxe consigo um encerramento da ordem de salvação.
JESUS foi convocado para ser Sacerdote por meio da palavra do
juramento divino, que aponta para a consumação definitiva de uma
ordem original de DEUS.
b. A lei trouxe
“a introdução da esperança pelo melhor”, o juramento de DEUS
trouxe sua realização.
c. A pluralidade
dos sacerdotes foi instituída sem juramento. Eles eram pessoas
mortais, marcadas pela fraqueza. O Sacerdote único foi
instituído com um juramento, ele é imortal e perfeito de acordo
com a lei. Por isto também pode ser fiador do melhor testamento.
d. De maneira
idêntica como o juramento divino é superior à lei, também o
serviço sacerdotal de JESUS é melhor que o de Arão, e a nova
aliança é melhor que a antiga.
O cumprimento da
esperança do AT por uma nova ordem sacerdotal inclui que alguém
que pela lei de Moisés não tem nenhuma promessa para isto pode
tornar-se sacerdote. Não mais Levi – mas Judá é, na nova
aliança, a casa matriz do sacerdócio. As conseqüências desta
nova ordem de DEUS refletem-se sobre a igreja do NT. Agora
pessoas são chamadas para serem sacerdotes de DEUS, para as
quais, pela base do AT, faltavam todas as premissas para isto.
Os membros da igreja de JESUS são a geração de sacerdotes do NT
(1Pe 2.9; Ap 1.6; 5.9,10). O sumo sacerdócio de JESUS, bem como
o sacerdócio de sua igreja, não se alicerçam sobre a lei do AT,
mas, como no caso de Melquisedeque, sobre a riqueza interior da
pessoa do Senhor, sobre sua glória divina: “… não com base numa
lei de determinações humanas, porém com base e no poder de uma
vida indissolúvel”. No sumo sacerdócio de JESUS “segundo a ordem
de Melquisedeque” manifesta-se com perfeição a ordem sacerdotal
original intencionada por DEUS.
Poderíamos
concluir que os pensamentos teológicos do autor transbordam de
uma copiosidade esbanjadora. Será que diante deles o apóstolo se
esqueceu da realidade? Acaso não se lembra da aflição e dos
problemas da comunidade à qual dirige seu escrito? Isto ele faz
– contudo ensina a seus leitores, e por isto também a nós hoje –
uma descoberta espiritual necessária. Sempre quando a aflição e
tribulações ou problemas práticos da vida nos assediam, corremos
o perigo de nos deixarmos prender pelas dificuldades. Certamente
confessamos a CRISTO como nosso Senhor, certamente ainda
permitimos que fale a nós por sua palavra e falamos com ele na
oração. Mas apesar disso nossos pensamentos giram
incessantemente em torno da dificuldade iminente, procurando por
uma saída. Isto traz consequências funestas: não sabemos mais
avaliar corretamente nossa situação. Subitamente nossas
necessidades parecem ser esmagadoras. Começamos a ter pena de
nós mesmos ou a nos resignar. Muito pior: privamo-nos assim da
força espiritual para superar a crise. No presente capítulo o
apóstolo mostra o caminho acertado: ter tempo para JESUS! Não
rememorar sempre as dificuldades, mas aprofundar-se em oração na
palavra de DEUS, a fim de contemplar a magnitude de JESUS. Nele
residem as fontes ocultas de nossa vida espiritual e de nossa
força. Permitamos que o apóstolo nos abra o entendimento para as
correlações da história da salvação. Então desenvolveremos uma
percepção para a revelação de DEUS na história, precisamente
também no seu desdobramento por longos períodos. Igualmente
aprendemos a ver nossa vida pessoal nessas grandes correlações,
que se ordenam todas sob a mão de DEUS num plano perfeito, bem
como a louvar e adorar a DEUS por tudo isto.
Fritz Laubach.
Comentário Esperança Hebreus. Editora Evangélica Esperança.
Hb 7.25. Aqui, o
resultado do sumo-sacerdócio inviolável é especificamente
declarado como sendo Sua capacidade contínua de salvar. Teria
sido totalmente diferente se Seu cargo sumo-sacerdotal tivesse
sido apenas temporário. Realmente, a força inteira do argumento
nesta Epístola depende da continuidade do cargo de JESUS. A
capacidade de JESUS CRISTO já fora focalizada antes nesta
Epístola, mas em nenhum lugar tão compreensivamente quanto aqui.
Em 2.18, tratava-se da Sua capacidade de ajudar, em 4.15 da Sua
capacidade de simpatizar, mas aqui, da Sua capacidade de salvar.
A salvação já foi mencionada, mas somente aqui é que o verbo
usado é aplicado a JESUS. Assim fica mais pessoal. Mas fica
sendo ainda mais compreensivo pelo fato de que Sua capacidade de
salvar é, segundo é declarado aqui “para todo o tempo” (eis to
panteles). O grego geralmente significa totalmente (ARA), mas um
significado temporal é justificado pelos paralelos nos papiros
(MM). O significado parece ser que, enquanto o Sumo Sacerdote
funcionar, é poderoso para salvar, pensamento este que é
reforçado pelas palavras vivendo sempre (pantotezòn).
Os que por ele
se chegam a DEUS já foram referidos no v. 19, embora um verbo
diferente seja usado aqui. Há uma conexão recíproca entre a
capacidade de JESUS se salvar e a disposição do homem de vir.
Nenhuma provisão é feita para aqueles que vêm por qualquer outra
maneira senão através de JESUS CRISTO. Este escritor compartilha
com os demais escritores do Novo Testamento a convicção de que a
salvação é inseparável da obra de CRISTO.
Nesta carta, a
obra intercessória de CRISTO já foi aludida de modo indireto.
Sua simpatia e Sua ajuda estão em harmonia com esta obra, mas é
nesta passagem que é ressaltada mais claramente. A palavra para
interceder (entynchanein) não ocorre em qualquer outro lugar
nesta Epístola, mas é usada por Paulo para a intercessão do
ESPÍRITO (Rm 8.27) e para a intercessão de CRISTO (Rm 8.34). A
função do nosso Sumo Sacerdote é pleitear a nossa causa. Isto,
também, Ele pode fazer de modo mais eficaz do que Arão ou
qualquer dos descendentes deste poderia fazer. Este ministério
intercessório de CRISTO demonstra Sua atividade atual em prol do
Seu povo e é uma continuação direta do Seu ministério terrestre.
26. Aqui o escritor passa a resumir algumas daquelas qualidades
que são características específicas de um sumo sacerdote ideal e
que são vistas perfeitamente em JESUS CRISTO.
Anteriormente
nesta Epístola o escritor usou a mesma fórmula convinha
(eprepen) que é usada aqui, i.é, em 2.10. Nos dois casos
refere-se à perfeição das atividades de JESUS CRISTO. Aqui,
subentende que nenhum outro tipo de sumo sacerdote cumpriria as
exigências. Este fato não somente se aplica às qualidades que
serão mencionadas, como também àquelas já mencionadas no v. 25,
porque a palavra de ligação (grego gar) com efeito olha para
trás e para a frente. É tomado por certo que a declaração acerca
do sumo sacerdote é relevante somente para os cristãos, conforme
subentende o nos (hèminj. Não parece ser apropriado para todos,
mas somente àqueles que se chegam a DEUS mediante JESUS CRISTO
(como no v. 25).
Em primeiro
lugar, são mencionadas três características pessoais do sumo
sacerdote ideal, sendo que todas elas estão estreitamente
ligadas entre si — santo, inculpável, sem mácula. A primeira
refere-se à santidade pessoal.
Tem um aspecto
positivo, um cumprimento perfeito de tudo quanto DEUS é e tudo
quanto Ele requer, um caráter que nunca poderá ser acusado de
erro ou de impunidade. As outras qualidades dizem respeito ao
impacto do seu caráter sobre outras pessoas. Ninguém pode
acusá-lo de apostasia moral ou de corrupção. A palavra
inculpável (akakos) significa “inocente” no sentido de não ter
dolo, ao passo que a palavra sem mácula (amiantos) significa
“incontaminado.” As três palavras se combinam entre si para
oferecer um quadro completo da pureza de nosso Sumo Sacerdote.
Ele não somente
é inerentemente puro, como também permanece puro em todos os
Seus contatos com os homens pecaminosos. Ao passo que
anteriormente na Epístola o escritor deu-se ao trabalho de
ressaltar a identificação de JESUS CRISTO com Seus “irmãos,”
aqui enfatiza que estava separado dos pecadores. Isto é
verdadeiro em dois sentidos.
Seu caráter
isento de pecado imediatamente O coloca à parte doutros homens,
sendo que todos eles são pecadores. Além disto, Seu cargo também
o coloca à parte, porque somente o sumo sacerdote, até mesmo na
ordem levítica, tinha licença de entrar no Santo dos Santos, e
isto somente depois de purificar seu próprio pecado. É um
aspecto principal do Novo Testamento que JESUS CRISTO, a
despeito da Sua semelhança aos homens, não deixa de ficar acima
deles, de ser sem igual. É somente quando esta singularidade é
reconhecida que a plena glória do ministério de JESUS em prol
dos homens pode ser apreciada.
A expressão
feito mais alto do que os céus descreve a posição presente de
nosso Sumo Sacerdote e relembra a declaração em 1.3 acerca dEle
assentado à destra da Majestade nas alturas. Há muitas passagens
no Novo Testamento que são paralelos deste pensamento (cf. Ef
4.10; At 1.10-11; 1 Pe 3.22). A exaltação de JESUS é vividamente
ressaltada por Paulo em Filipenses 2.9. Em contraste com a
glória limitada do sacerdócio levítico, a glória de CRISTO
acha-se na Sua exaltação etema. Não há ninguém comparável a Ele.
27. Sua
superioridade aos sacerdotes arônicos é vista, ainda mais, no
fato de que nenhum sacrifício diário (todos os dias) é
necessário nem para Ele nem para Seu povo. Suige um problema a
respeito da aplicação da expressão todos os dias (kath hémeran)
aos sacerdotes arônicos, porque se o escritor tem em mente o
ritual do Dia da Expiação, este era realizado somente uma vez ao
ano, e não diariamente. Bruce66 pensa que a oferta ocasional
pelo pecado talvez estivesse na mente do nosso autor quando usou
a expressão “todos os dias.” Do outro lado, Davidson67 considera
que o Dia da Expiação resume todas as ofertas ocasionais no
decurso do ano. Mas o problema pode ser resolvido ao restringir
as palavras ao ministério de JESUS, e neste caso as palavras
acompanhantes com os sumos sacerdotes se refeririam somente à
necessidade de os sacerdotes oferecerem sacrifícios.
A frase inteira
pode, então, ser traduzida: “Ele não tem necessidade, no Seu
ministério diário, de oferecer sacrifícios por Si mesmo como
faziam aqueles sacerdotes...” Este modo de entender a expressão
todos os dias estaria de acordo com as declarações anteriores já
feitas no v. 25 acerca do caráter contínuo da intercessão de
CRISTO. O fato de que o sumo sacerdote arônico precisava de um
sacrifício tanto para ele quanto para seu povo demonstra uma
nítida distinção da ação de CRISTO, que a si mesmo se ofereceu
uma vez por todas. O sacrifício no caso dEle não era para Si
mesmo, porque não tinha pecado algum. Além disto, o sacrifício
era uma vez por todas, e não precisava de repetição. É
importante notar que a razão da diferença é achada
exclusivamente no caráter do Sumo Sacerdote e não no Seu cargo.
28. Aqui temos
um resumo dos dois versículos anteriores. O contraste entre as
duas ordens é resumido como sendo um contraste entre a lei e o
juramento. Trata-se de tirar uma conclusão do argumento a partir
de 6.13ss. Diz-se que os dois constituem, embora fique claro que
esta nomeação vem da parte dAquele que constituiu tanto a lei
quanto o juramento. A diferença aqui é explicada pela diferença
do caráter daqueles que foram nomeados. Homens sujeitos à
fraqueza contrasta-se fortemente com o Filho, perfeito para
sempre, especialmente porque a natureza humana do Filho já foi
ressaltada mais de uma vez nesta Epístola. A lei somente podia
usar o tipo de pessoa disponível para o cargo de sumo sacerdote,
e quem era escolhido sofria das fraquezas que todos os homens
têm em comum.
Isto
inevitavelmente fazia o sistema legal de sumos sacerdotes
igualmente fraco. O propósito do escritor, no entanto, não é
censurar a ineficácia da linhagem de Arão, mas, sim, glorificar
a superioridade da de CRISTO.
A ordem de
Melquisedeque, estando livre dos embaraços de sucessão humana,
estava isenta da fraqueza inerente no sistema de Arão, e podia
ser concentrada numa única pessoa sem igual.
A declaração
acerca da palavra do juramento, que foi posterior à lei parece
surpreendente à primeira vista, tendo em mira 6.13ss. que
demonstra que o juramento foi feito a Abraão. Este juramento,
portanto, antecede a lei em vários séculos. Mas aquilo que o
escritor evidentemente tinha em mente aqui é a nomeação de
CRISTO para o cargo de Sumo Sacerdote, que historicamente
coloca-o séculos depois da lei. o escritor pode ter sido
influenciado pela referência ao juramento no Salmo 110, já
citado nos w. 20-21. O pensamento principal, no entanto, diz
respeito à perfeição, introduzida na Epístola pela primeira vez
em 2.10. Com o Sumo Sacerdote perfeito, o cargo fica sendo
permanente, porque nada há para tomá-lo inválido. O cristão pode
aproximar-se com confiança, visto que tem tal Sumo Sacerdote.
Donald Guthrie.
Hebreus. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
156-160.
3. O sacrifício
eterno de CRISTO.
A imortalidade
garante a continuidade ininterrupta; e ambas essas coisas
garantem a qualidade suprema da obra de CRISTO, no que tange aos
homens. O sacerdócio agora não se encontra mais nas mãos de
homens que erram, que são fracos e que são perecíveis.
«...imutável...»
No grego é «aparabatos», que pode significar «inviolável», isto
é, que não pode ser corrompido ou prejudicado; ou «imutável»,
que não pode ser modificado; ou «intransmissível». A última
dessas possibilidades, apesar de não ser de uso comum, está mais
de acordo com o texto sagrado. Seja como for, a idéia é que o
sacerdócio de CRISTO é «imutável», não mais se caracterizando
pela «sucessão» de seus titulares (homens mortais que morriam e
precisavam ser substituídos, como se dava no sacerdócio
aarônico). O tipo de «imutabilidade» representado pelo
sacerdócio de CRISTO, segundo as exigências do contexto, deve
incluir o conceito de intransmissibilidade. Desde os tempos mais
antigos tem sido contestada o sentido exato desse vocábulo; mas
tal debate é fútil e desnecessário, posto que o contexto xleixa
evidente que o sacerdócio de CRISTO tanto é imutável como é do
tipo que não pode ser transmitido a outrem. Pois quem poderia
ocupar, juntamente com CRISTO, o mesmo sacerdócio que ele ocupa?
CRISTO não tem associados em seu sumo sacerdócio, pois essa
posição equivale à sua posição como Salvador. Portanto, pensar
que o sacerdócio de CRISTO pode ser compartilhado, é afirmar que
ele precisa de ajuda como Salvador.
Ora, isso dentro
do terreno neotestamentário, é impossível. O ensinamento bíblico
é que CRISTO permanece «continuamente» como Sumo Sacerdote, como
o propósito específico de mostrar que não há «sucessão» no seu
sacerdócio, conforme havia no sacerdócio aarônico. (Ver os
versículos terceiro, oitavo, décimo sexto e vigésimo primeiro
deste capítulo, quanto a essa continuidade). A primeira porção
do presente versículo é outra afirmação da mesma coisa.
A antiga
polêmica·. O sacerdócio ideal, agora estabelecido em CRISTO,
ultrapassou e assim eliminou o sacerdócio aarônico, um
sacerdócio caracterizado por mudança e sucessão.
A moderna
polêmica·. O sacerdócio ideal de CRISTO torna fútil qualquer
sacerdócio moderno que tenha o princípio de «sucessão», segundo
se vê em certos segmentos da cristandade. Isso como que dá a
entender que o sacerdócio de CRISTO tem algum defeito, e precisa
de ajuda.
CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 561.
Hb 7.23,24 O
apóstolo considera a glória do sumo sacerdócio do NT que reluz
sobre todas as coisas não apenas fundamentada no fato de que a
convocação e instalação neste ministério aconteceu através do
juramento de DEUS. Ele também considera que a palavra do salmo
se dirige somente a uma pessoa: “Tu és sacerdote para sempre!”
Quando Arão e seus filhos foram convocados no Sinai para serem
sacerdotes, DEUS falou: “isto será estatuto perpétuo para ele e
para sua posteridade depois dele” (Êx 28.43). Desde o começo
tinha-se em mente uma pluralidade de sacerdotes. O sacerdócio do
AT tinha uma delimitação no tempo, o ministério tinha de ser
passado adiante de geração em geração. Aquele, porém, a quem
DEUS falou no juramento: “Tu és sacerdote para sempre” não passa
seu ministério de sumo sacerdote a nenhum sucessor. Como a morte
não possui mais poder sobre ele, ele detém um sacerdócio
imutável. O sumo sacerdócio de JESUS vai de eternidade a
eternidade, ele é “ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre”
(Hb 13.8).
Fritz Laubach.
Comentário Esperança Hebreus. Editora Evangélica Esperança.
O sacerdócio de
CRISTO é eterno, porque é exercido por alguém cuja natureza
divina tem como um de seus atributos a imortalidade. Assim, o
tipo de imutabilidade representado pelo sacerdócio de CRISTO,
segundo o pensamento que é depreendido do contexto, deve incluir
o conceito de intransmissibilidade. Nenhuma mudança será
encontrada em CRISTO e nem em seu sacerdócio. Durante a era
milenial, “... os sacerdotes levitas, que são da semente de
Zadoque” voltarão a oferecer alguns sacrifícios e exercerão
algumas funções como anteriormente, na antiga aliança. Estas
ofertas terão um caráter retrospectivo, olhando para trás, para
a cruz, pois as ofertas antigas eram prospectivas, olhando para
adiante, para a cruz. As primeiras apontavam para sua morte — as
do Milênio também apontarão para lá, mas apenas para rememorar a
morte de CRISTO, e não para tirar o pecado de alguém (Ez
43.19-27).
Severino Pedro
Da Silva. Epístola aos Hebreus. Editora CPAD. pag. 134-135.
Porque, sendo
homens, os sacerdotes morriam (vv. 23-25). O sacerdócio não
apenas era imperfeito como também era interrompido pela morte.
Houve muitos sumos sacerdotes, pois nenhum sacerdote viveria
para sempre. A Igreja, pelo contrário, tem um Sumo Sacerdote,
JESUS, o Filho de DEUS, que vive para sempre! Um Sacerdote
imutável significa um sacerdócio imutável, o que, por sua vez,
significa segurança e confiança para o povo de DEUS. "JESUS
CRISTO, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre" (Hb 13:8).
"Tu és sacerdote para sempre" (Sl 110:4).
De vez em
quando, encontramos no jornal alguma notícia sobre fraudes de
testamentos.
Um parente ou
sócio inescrupuloso apropria-se do testamento e o emprega para
propósitos egoístas. Mas isso jamais aconteceria com a aliança
que CRISTO firmou com seu sangue. Ele firmou essa aliança e
morreu para que ela pudesse entrar em vigor.
Mas, então,
ressuscitou dentre os mortos e subiu ao céu, de onde está
"administrando" sua aliança.
O fato de o
CRISTO imutável continuar sendo Sumo Sacerdote significa,
logicamente, que existe um "sacerdócio imutável" (Hb 7:24). O
termo grego traduzido por "imutável" dá a idéia de "válido e
inalterável".
Em função disso,
podemos ter segurança em meio a este mundo de tantas
transformações e agitação.
Qual é a
conclusão dessa questão? Hebreus 7:25 declara: "Por isso [porque
ele é o Sumo Sacerdote eternamente vivo e imutável], também pode
salvar totalmente [completamente, para sempre] os que por ele se
chegam a DEUS, vivendo sempre para interceder por eles". Por
certo, CRISTO pode salvar qualquer pecador que se encontra em
qualquer situação, mas não é a isso que o versículo se refere. A
ênfase é sobre o fato de que ele salva completamente e para
sempre todos os que crêem nele. Uma vez que é nosso Sumo
Sacerdote para sempre, pode salvar para sempre.
A base para essa
salvação completa é a intercessão celestial do Salvador. O termo
traduzido por "interceder" significa "ir ao encontro, abordar,
apelar para, fazer uma petição". Não se deve imaginar que DEUS
Pai esteja irado conosco de tal modo que DEUS Filho deve sempre
apelar a ele e suplicar que não julgue seu povo! O Pai e o Filho
estão de pleno acordo quanto ao plano da salvação (Hb 13:20,
21). Também não devemos imaginar JESUS proferindo orações em
nosso favor no céu ou "oferecendo seu sangue" repetidamente como
sacrifício. Essa obra foi consumada na cruz de uma vez por
todas.
A intercessão
diz respeito à forma de CRISTO representar seu povo diante do
trono de DEUS. Por meio de CRISTO, os cristãos podem achegar-se
a DEUS em oração e também oferecer sacrifícios espirituais para
DEUS (Hb 4:14-16; 1 Pe 2:5). Alguém disse bem que a vida de
CRISTO no céu é sua oração por nós. É sua identidade que
determina suas ações.
Ao recapitular o
raciocínio desta seção extensa (Hb 7:11-25), ficamos
impressionados com a lógica do autor. O sacerdócio de JESUS
CRISTO segundo a ordem de Melquisedeque é superior ao sacerdócio
de Arão e tomou seu lugar. Tanto o argumento histórico quanto o
doutrinário são perfeitos. Mas o autor acrescenta um terceiro
argumento.
WIERSBE. Warren
W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. II. Editora Central
Gospel. pag. 390-391.
ELABORADO: Pb
Alessandro Silva -
http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/