Lição 5 - A Travessia Do Mar Vermelho, 2 parte
Os
Egípcios Perecem no Mar (14.26-31)
Êx
14.26 A mão e a vara de Moisés novamente se estenderam, para que os muros de
água do mar voltassem a fechar-se, tal como, pouco tempo antes, esse mesmo
ato tinha feito abrir-se as águas do mar (vs. 16). Ver as notas sobre esse
versículo acerca da vara de poder.
Israel já havia chegado do outro lado, em segurança; e foi 0 poder de
Yahweh, e não alguma mudança na direção do vento que selou a sorte horrenda
das forças egípcias. Se tudo fosse apenas um processo natural, seriam
necessárias várias horas para que as águas voltassem ao seu lugar, talvez
com a ajuda de um vento de direção contrária, como no caso dos gafanhotos.
Êx
14.27 Ao romper da manhã. Existe algo de profundamente significativo no fato
de que a destruição do exército egípcio teve lugar quando ainda escuro (vss.
24), ao mesmo tempo em que a luz de DEUS iluminava 0 povo de Israel, e, ao
romper da manhã, tudo tinha voltado à calma. Israel, uma vez mais, fora
livrado. O poder destruidor que os tinha perseguido, e isso pelo espaço de
várias gerações, agora estava totalmente destruído. Temos aí um vivido e
poético retrato da própria redenção da alma. Luz em meio às trevas;
destruição em meio às trevas; paz, alegria e luz ao romper da manhã. Isso
posto, DEUS proveu um novo dia, uma Nova Era. Acabara de ser lançado um
grande marco da história.
Quando a noite termina e as sombras passam,
E
o alvorecer eterno expele os cuidados terrenos;
No
Lar de DEUS, descansarei afinal...
(A. H. Ackley)
O
mar... retomou a sua força. E isso com efeitos devastadores para os
militares egípcios. Os egípcios tentaram fugir, mas foi tudo em vão. O
grande exército egípcio foi derrotado, sem que os israelitas tivessem tido
de atirar contra eles uma única flecha. Assim, esse milagre desmotivo foi o
mais potente de todos, chegando mesmo a ultrapassar, em poder de destruição,
o golpe aplicado pelo anjo da morte, que em um único momento tirou a vida de
todos os filhos primogênitos do Egito. Ver no Mas nossa curiosidade, se o
Faraó pereceu ou não na ocasião, não é satisfeita. O que sabemos é que
cessou, de uma vez por todas, a ameaça egípcia contra o povo de Israel, o
qual, doravante, podia iniciar a conquista da Terra Prometida.
Êx
14.28 Embora já estivesse em terra seca e segura, 0 povo de Israel
prosseguiu caminho, ao passo que os egípcios agonizavam, arrebatados pelas
águas encrespadas do mar. Uma vez mais, pois, fora feita uma distinção entre
0 Egito e Israel. Ver as notas sobre Êxo. 14.20, último parágrafo. Josefo
informa-nos de que o exército egípcio contava com cinquenta mil cavalarianos
e duzentos mil infantes. Não sobrou um sequer deles. Os carros de combate
que tinham usado, e que deveriam tê-los ajudado a obter a vitória, ficaram
atolados na lama; e o armamento pesado que os soldados egípcios
transportavam impediu que escapassem das águas que, de súbito, voltaram ao
seu lugar. O próprio estratagema dos egípcios conduziu-os mais depressa à
morte.
Êx
14.29 Este versículo reitera o que se lê no vs. 22, onde as notas
expositivas a respeito devem ser examinadas, exceto pelo fato de que aqui é
dito que a travessia de Israel, a pé enxuto, tinha sido um completo sucesso.
Êx
14.30 Israel viu os egípcios mortos. Os cadáveres dos soldados egípcios
flutuavam sobre as águas e foram lançados à praia, servindo de horrendo
testemunho do poder de Yahweh, que assim pôs fim à arrogância do Egito. Quem
quer que tenha contemplado a cena, sem dúvida, jamais pôde esquecê-la. O
relato deveria ser transmitido de geração em geração; e assim, os israelitas
de gerações futuras poderiam dizer: “Eu vi, porque meus antepassados viram”.
Josefo ajunta que os israelitas se armaram com muitos instrumentos de guerra
que os egípcios tinham trazido. Agora, pois, os israelitas estavam mais bem
preparados para as muitas batalhas que os esperariam no seu futuro (Antiq.
1.2 c. 16, see. 6).
Êx
14.31 Flutuando Junto com as Circunstâncias. Ainda recentemente, os
israelitas murmuravam contra Moisés (Êxo. 14.10). As murmurações do povo de
Israel tornaram-se um dos temas mais constantes deste livro e do de Números,
conforme vemos nas referências daquele versículo. “O povo, com frequência,
flutuava entre a confiança e 0 espírito queixoso, entre a fé e a
incredulidade (Êxo. 4.31; 5.21; 14.10-12,31; 15.24; 16.2-4; 17.2,3)" (John
D. Hannah, in loc.). Cf. a adoração referida neste versículo e aquela
referida em Êxo. 12.27. Temor e admiração levaram a outro ato de confiança e
a outra aceitação da autoridade e da missão de Moisés. Mas não seria a
última vez em que Israel teria de ser arrastado de volta a essa atitude. Por
antecipação, admiramo-nos de como a fé dos israelitas poderia novamente cair
em decadência. Mas então examinamos a nossa própria fé e descobrimos a
resposta. Grandes coisas do passado não nos garantem a fé no futuro. Não
obstante, vamos crescendo sem parar.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 264.
Êx
14.27. Seu curso habitual. Paralelos em outras línguas semíticas (onde a
palavra significa “ uma corrente que nunca seca” ) mostram que esta tradução
deve ser preferida à da SBB, “ força” . A palavra enfatiza a natureza
peculiar do acontecimento. O lugar da travessia não era um vau que ficasse
normalmente exposto, mas que permanecia submerso. Derribou. A tradução
literal seria “ sacudir” , ao passo que “ derrubar” é uma tradução livre (cf
SI 136:15 e Ne 5:13). Para comentaristas judeus da Idade Média, este verbo
sugeria a “ derrubada” dos construtores da torre de Babel em Gênesis 11:1-9.
A etimologia popular do nome Sinear (Babilônia) vem deste mesmo verbo. A
derrubada de Faraó fica implicitamente ligada não apenas à história de
Babel, mas também à história do dilúvio, pelo uso da água no julgamento
divino.
30. Mortos na praia do mar. Eis aqui um toque bem gráfico, um relato de
testemunha ocular. Os soldados egípcios afogados representavam a velha vida
de escravidão, encerrada para sempre. De algum modo, aqueles cadáveres eram
um sinal concreto de que a salvação e a nova vida de Israel estavam
asseguradas. Talvez parte deste conceito esteja presente no pensamento
cristão de que o batismo simboliza tanto morte quanto vida (Rm 6:1-4). Foi
sem dúvida este aspecto definitivo que deu ao milagre do Mar dos Juncos a
posição de símbolo máximo de salvação no Velho Testamento (Is 51:9-11).
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
118-119.
II - O CÂNTICO DE
MOISÉS
1.
Moisés celebra a DEUS pela vitória (Êx 15.1-19).
O
cântico de Moisés é o cântico mais antigo da Bíblia. Trata-se de um hino de
gratidão a DEUS pelo livramento milagroso que Ele proporcionou.
É
uma celebração da intervenção divina em favor do seu povo, libertando-o e
derrotando aqueles que oprimiam e perseguiam o povo de DEUS.
DEUS é chamado por Moisés nesse cântico de “minha força”, “meu cântico”
(isto é, motivo do seu louvor), “salvação”, “DEUS de meu pai”, “homem de
guerra” e “Senhor”, além de incomparável e único DEUS e aquEle que reinará
para sempre (Ex 15.2,3,11,18).
Esse cântico pode ser dividido em três partes, onde vemos DEUS como o Herói
do seu povo (Ex 15.1-3), o Senhor supremo sobre todos (15.4-12) e o Rei de
Israel (15.13-19). A razão de ser de todo o cântico, o seu resumo, está no
versículo 19.
DEUS deseja que sejamos gratos a Ele e que o reconheçamos como Senhor da
nossa vida, como a razão do nosso viver. O cântico de Moisés nada mais é do
que um reconhecimento da graça e do amor de DEUS diante de uma intervenção
espetacular de sua parte, uma manifestação sincera de gratidão ao Senhor
pelo seu cuidado para com o seu povo. Não é todo dia que vemos uma
intervenção desse porte, fisicamente falando, mas todos os dias DEUS está
agindo em nosso favor, quer percebamos, quer não. Devemos agradecer a DEUS
pelas suas intervenções visíveis e invisíveis sobre as nossas vidas,
livrando-nos do mal.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o
Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 55-56.
Hino de Vitória (15.1-21)
Surpreendentemente, boa poesia tem caracterizado as raças humanas, antigas e
modernas, as que vivem na barbárie e as civilizadas. De algum modo, o
espírito humano é capaz de elevar-se acima de seus limites, quando a mente
criativa é liberada nas composições poéticas. E mais surpreendente ainda é o
fato de que mesmo cenas da maior violência sejam tão belamente descritas.
Aquele que já leu obras de Homero maravilha-se diante da graça e da beleza
de sua poesia, mesmo quando ele descreve as cenas mais bárbaras. Diante de
nós, pois, temos esse tipo de poesia. Yahweh, o grande Destruidor, reduziu a
nada o inimigo de Israel, e, em meio a grande matança, livrou o Seu povo e
exaltou o Seu nome. Sócrates observou a habilidade e inspiração dos poetas,
mas queixou-se de que, quando queria explicar seus discernimentos, com
frequência, eles se mostravam mais deficientes do que qualquer pessoa que
lesse as suas linhas. A mente humana é capaz de inspiração e transcendência,
e a poesia é um dos meios mediante os quais essa inspiração e transcendência
recebem expressão. Assim também na Bíblia, um livro inspirado pelo ESPÍRITO
de DEUS, não nos deveríamos admirar ao achar ótimos exemplares de obras
poéticas.
O
poema diante de nós é espontâneo e afogueado, mas exibe considerável
planeja- mento e habilidade literária. Ensina a regra universal de Yahweh e
como o povo de Israel achou posição privilegiada por andar segundo essa
regra. O poema é uma espécie de hino que se tomou grande expressão de louvor
e fervor religioso.
“A
ode distingue-se de composições similares posteriores por meio de sua grande
simplicidade de linguagem, e de um arranjo mais livre de arranjo rítmico.
Temos ali o usual paralelismo de cláusulas da poesia dos hebreus, com suas
três variedades de estilo antitético, sintético e sinônimo. Mas a cadência
regular da composição é interrompida por uma frequência incomum de estâncias
em tríadas, e o paralelismo é menos exato do que aquele que se vê em tempos
posteriores” (Ellicott, in loc.).
“Antigas histórias poéticas comemoravam grandes e extraordinárias
demonstrações de providência, de coragem, de força, de fidelidade, de
heroísmo e de piedade” (Adam Clarke, in loc.).
“Os gemidos e clamores dos israelitas (Êxo. 14.10-12) transmutaram-se em
adoração, conforme foram conduzidos por Moisés (Êxo. 15.1-18), e pela sua
irmã, Míriã (vss. 19-21), em louvores triunfais ao Senhor” (John H. Hannah,
in loc.).
Êx
15.1 Então entoou Moisés. O poema, na verdade, é um hino. São aqui combina-
dos dois cânticos, ambos celebrando o livramento de Israel por intervenção
de Yahweh, diante do mar de Juncos (cap. 14). O cântico de Moisés (vss.
1-18) foi introduzido mediante a citação de um antigo cântico de Míriã (vs.
21).
Há
três cânticos atribuídos a Moisés no Antigo Testamento. Este, 0 de
Deuteronômio 31.22 e 0 Salmo 90. Os deuses das nações pagãs continuavam
sendo concebidos como existentes (nas mentes dos pagãos), mas Yahweh
mostrava-se superior a todos eles quanto ao poder. Temos aí um grande passo
na direção da fé que só aceita a existência de um DEUS verdadeiro (vs. 11).
Tal como todos os cânticos patrísticos, este poema fala sobre triunfos
nacionais” (J. Coert Rylaarsdam, in loc).
O
cântico começa comemorando 0 principal fato destacado no capítulo cator- ze:
0 exército egípcio foi derrotado e destruído no mar, mediante um poderoso
ato de Yahweh. Ver as notas sobre Êxo. 12.26 ss. quanto a descrições.
Uma completa redenção tipificada no livramento efetuado no mar de Juncos, e
celebrada neste hino, exalta o livro de Êxodo como um hino de redenção,
ensinando-nos várias lições:
1.
A redenção deve-se inteiramente a DEUS (Êxo. 3.7,8; João 3.16).
2.
A redenção é efetuada pelo poder de DEUS (Êxo. 6.6; 13.14; Rom. 8.2).
3.
A redenção é feita mediante o sangue (Êxo. 12.13,23,27; I Ped. 1.18,19).
4.
Tudo isso nos faz lembrar da redenção que há em CRISTO (Rom. 8.2; Efé. 2.2).
Tertuliano alegorizou esta passagem, fazendo os egípcios representar os
inimigos espirituais que os crentes precisam enfrentar durante sua vida
neste mundo; 0 Faraó seria 0 deus falso; os cavalarianos do Faraó seriam 0
poder de Satanás; os inimigos de Israel, os inimigos da alma (Contr.
Marcion. 1.4 c. 20).
Êx
15.2 Achamos aqui uma citação extraída de Isa. 12.2 e de Sal. 118.14, embora
alguns estudiosos afirmem que o que se deu foi precisamente o contrário,
porquanto tentam assim preservar a data mais antiga do livro de Êxodo. Os
críticos acham nisso outra razão para datarem o livro de Êxodo (e todo o
resto do Pentateuco) em uma data posterior.
Este é o meu DEUS... o DEUS de meu pai. Um paralelismo, típico da poesia
hebraica. Yahweh tinha derrotado todo 0 panteão do Egito, conforme ilustrei
no gráfico das notas sobre Êxo. 7.14. Vemos ali que cada praga atingiu
certos deuses falsos dos egípcios. Desse modo, Yahweh é celebrado no
cântico. E Ele também era o mesmo DEUS dos patriarcas. Ver sobre isso em
Êxo. 3.6,13,15; 4.5. Ver também Gál. 4.6.
Ele me foi por salvação. Originalmente, a ideia é que DEUS livrara os
israelitas do poder do Faraó, estando em foco o livramento do exílio
egípcio, a preservação de Israel no episódio do mar de Juncos, 0 tema mesmo
do capítulo catorze do livro de Êxodo.
Somente mais tarde, já no tempo dos Salmos e dos Profetas, foi que a
salvação da alma passou a ser expressa pela teologia dos hebreus.
Portanto, eu o louvarei. No coração, nas reuniões da assembleia de Israel,
em lugares especiais de culto. Jarchi e vários Targuns dão esse sentido de
louvor a essas palavras, o que transparece em muitas traduções modernas. Mas
Onkelos e Aben-Ezra falam em “preparar uma habitação para Yahweh”. É verdade
que o original hebraico pode suportar essa tradução. Mas a regra de
paralelismo, na poesia dos hebreus, favorece a tradução que temos aqui,
porquanto isso faz paralelo com a ideia de “exaltação”, que aparece no fim
deste versículo.
Êx
15.3 Homem de guerra. Moisés usou aqui uma metáfora militar. Foi Yahweh quem
produziu os milagres de destruição, foi Yahweh quem, no mar de Juncos, fez 0
exército egípcio perecer, e levou Israel a atravessar o mar a pé enxuto.
Assim sendo, Yahweh é um guerreiro que confere vitória ao Seu povo, em
tempos de aflição.
“.. .0 homem não participa ativamente nessa vitória” (Adam Clarke, in loc.).
Ver no Dicionário os artigos chamados Yahweh e DEUS, Nomes Bíblicos de. Foi
Yahweh quem se tomou conhecido por causa dos prodígios efetuados no Egito,
embora o Faraó tivesse dito que não 0 conhecia (Êxo. 5.2), mas que acabou
conhecendo de forma forçada (Êxo. 7.5).
A
Septuaginta diz aqui “esmagador de guerra”, e o Pentateuco Samaritano diz
“poderoso em batalha”. Cf. Sal. 24.8.
Os
intérpretes cristãos fazem-nos meditar sobre o trecho de Efésios 6.10, onde
Paulo elabora uma metáfora militar e aplica a questão aos conflitos do
crente com as forças do mal, externa e internamente, bem como alude à
vitória que obtemos em CRISTO, 0 qual é nosso Comandante.
Êx
15.4 Os vss. 4-10 recitam os feitos poderosos de Yahweh no mar de Juncos.
Ver Sal. 78.12,13. Este versículo comemora o que foi descrito em Êxo.
14.17,24-28. A expressão já havia aparecido como introdução ao hino-poema,
no vs. 1 deste capítulo. Os dez prodígios libertadores foram todos grandes
em seus efeitos, visando ao bem comum. Mas o clímax de todos esses prodígios
foi a intervenção divina no mar de Juncos, pelo que esse é o item mais
celebrado neste poema. Cf. Apo. 1.18. Ver Êxo. 14.7 quanto aos “capitães”. A
elite das forças armadas do Faraó pereceu porque estava resolvida a realizar
uma missão desvairada, que somente Yahweh era capaz de fazer estancar.
Êx
15.5 Desceram às profundezas. Embora o mar de Juncos (ou, então, os lagos
Timsah ou Bilah) fosse pouco profundo, e embora fosse chamado de mar, suas
águas, mediante um “fiat” divino, elevaram-se formando muros (Êxo.
14.22,28). Poeticamente, as águas rasas do mar de Juncos são comparadas às
profundezas do sheol, ameaçando morte e destruição, temível para os que ali
se viram mergulhados. Veras notas sobre Êxo. 13.18 quanto ao mar de Juncos,
e não mar Vermelho (uma variante introduzida pela Septuaginta).
“.. .como uma pedra de moinho, foram tomados por um anjo e lançados no mar,
sofrendo ruína irrecuperável” (John Gill, in loc.). Cf. Apo. 18.21.
Êx
15.6 A tua destra. A mão que representa poder e posição de honra, uma
metáfora comum nas Escrituras. Ver Êxo. 15.12; Sal. 16.8,11; 18.35; 21.6;
45.4; 73.23; 110.1; Mat. 25.34; 26.64; Col. 3.1; Heb. 1.3; I Ped. 3.22; Apo.
1.16. Yahweh, o homem de guerra (vs. 3), 0 DEUS dotado da poderosa mão
direita, aponta para uma metáfora antropológica.
Êx
15.7 Yahweh exibiu Seu poder no Egito, mediante as dez pragas e também no
mar de Juncos. Ele espalhou destruição e assim livrou Israel de sua longa
servidão aos egípcios. Foi depois de libertados que puderam iniciar sua
marcha de volta à Terra Prometida. Nenhum homem poderia ter feito isso. Este
versículo introduz, em termos gerais, o que se segue, de forma detalhada,
nos vss. 8 ss. A ira do Senhor reduziu os formidáveis inimigos de Israel a
nada, como se fossem restolho ou palha, que os israelitas tinham usado na
massa para fabricar tijolos no Egito.
Elementos Enumerados:
1.
Surgimento súbito dos ventos, uma força eficaz (vs. 8).
2.
As águas acumulam-se em montões (vs. 8).
3.
A arrogância dos egípcios não demoraria a ser humilhada (vs. 8).
4.
Um segundo vento começa a soprar (vs. 9).
5.
A volta das águas ao seu lugar, o que destruiu o exército egípcio (vs. 6). a
Isa. 27.4; 51.24; Apo. 6.17.
Êx
15.8 O Vento Oriental É Mencionado (Êxo. 14.21). Foi como um grande
resfolegar das narinas de Yahweh, o qual demonstrou Sua ira como se fosse um
cavalo de batalha a relinchar. Ver Sal. 18.15. Houve algo de extraordinário
naquele vento oriental, algo diferente de todo vento oriental que já havia
soprado. Aquele vento foi impulsionado pelo poder de DEUS. Tinha uma missão
especial a realizar. Tal vento tinha um poder elevador e congelador, de tal
modo que as águas se tornaram meio de escape para Israel, mas meio de
destruição para o exército egípcio. Cf. II Tes. 2.8 no tocante ao esperado
anticristo. Ver também Heb. 3.10. Encontramos aqui mais antropomorfismos
poéticos.
Êx
15.9 O inimigo dizia. Os egípcios tinham-se mostrado arrogantes ao tentarem
cumprir sua desvairada missão destruidora. Ver Êxo. 14.6 ss. Em pouquíssimo
tempo já haviam esquecido todas as perdas que tinham sofrido. Israel tinha
saído do Egito com muitas riquezas, quase todas doadas pelos egípcios (Êxo.
3.22; 11.2; 12.35,36). Antes, o povo de Israel estava reduzido à condição de
escravos, mas tinha partido do Egito enriquecido. O arrogante exército
egípcio, porém, saiu atrás dos israelitas, inclinado a matar e saquear. Ao
avistarem o exército egípcio, os israelitas tinham ficado transidos de medo,
e se puseram a clamar e a queixar-se, a duvidar e a desesperar (Êxo. 14.10
ss.). Naquele momento, nenhum homem poderia tê-los salvado. Foi mister outra
intervenção divina, sob pena de a causa de DEUS ter-se visto frustrada.
Já
esquecidos das perdas sofridas, os egípcios começaram a indignar-se, a ponto
de desejarem destruir os israelitas. E enviaram seu exército com espadas
desembainhadas, armados de dardos, seus cavalos resfolegando, seus carros de
combate ribombando, seus soldados gritando por vingança.
Êx
15.10 Sopraste com o teu vento. A destruição foi súbita. Sem a mínima
cautela, eles se lançaram às águas, seguindo Israel pela vereda em seco. De
repente, porém, os muros de água desabaram sobre eles, e o vento soprou-os
ao total esquecimento, e afundaram como chumbo ao fundo do mar. O poder de
Yahweh manifestou-se nos ventos e nas águas, e esse poder avassalou e
destruiu totalmente o inimigo. Nenhum homem poderia ter feito tal coisa. Cf.
essa destruição súbita com 0 quadro profético sobre o fim (I Tes. 5.3). O
sopro do vento, que fez as águas desabar sobre os egípcios, não foi
mencionado no relato do capítulo catorze, mas ajusta- se bem a ele, tal como
no caso da praga dos gafanhotos, quando o vento oriental soprou e trouxe os
gafanhotos, e, então, soprou o vento ocidental, e os levou para o mar (Êxo.
10.13,19).
Afundaram-se como chumbo. Um testemunho pessoal, dito por alguém que ficara
impressionado diante da cena (vs. 5). Quão inesperadamente tudo sucedeu! Cf.
Apo. 18.21.
Êx
15.11 Ó Senhor. Yahweh havia derrotado todo o panteão egípcio nas dez
pragas, e, uma vez mais, no mar de Juncos. Alguns pensam que aqui deuses são
mencionados como divindades reais, posto que inferiores, sobre os quais
poderes triunfou Yahweh, o verdadeiro DEUS. Mais provavelmente, temos aqui
uma expressão da consciência monoteísta, de acordo com a qual esses deuses
eram apenas imaginários, figuras fictícias criadas pelos homens. É patente
que DEUS fez Sua providência prevalecer durante todo o episódio.
“Este segmento do hino (vss. 11,12) aparece sob a forma de uma indagação
negativa, um artifício litúrgico comum (cf. Sal. 35.10; 71.19; 89.7-9;
113.5,6). Estes versículos revelam como a fé generalizara o evento sobre o
qual repousa. Visto que Yahweh se mostrara Senhor de Faraó, Ele está acima
de todos os deuses? (J. Coerl Rylaarsdam, in loc.).
Glorificado em santidade. A ênfase recai sobre o aspecto moral. O Faraó e
suas hostes serviram de emblemas dos tiranos cruéis e barbáricos que, por
tanto tempo, cometeram injustiças contra o povo de DEUS. Foi apenas
apropriado, pois, que a ira de DEUS (ver a esse respeito no Dicionário)
retificasse, finalmente, toda a questão. Cf. Sal. 86.8.
Maravilhas. As dez pragas destruidoras e o golpe definitivo do mar de
Juncos, exterminando 0 exército egípcio. Israel tinha confiado no poder
miraculoso de DEUS. Ocasionalmente, DEUS fazia intervenção em favor de
Israel, como medidas necessárias, a fim de dar livramento ao Seu povo.
DEUS pode fazer melhor certas coisas através do julgamento do que através de
qualquer outro meio. Contudo, esses juízos são medidas remediadoras: sempre
têm algum propósito benéfico em mente, como atos disciplinadores severos e
duros. A cruz do Calvário também foi um juízo, severo e terrível, mas
visando a um bom propósito, de alcance universal. E o que acontece a todos
os juízos impostos por DEUS. Até mesmo a descida de CRISTO ao hades teve um
bom propósito.
Êx
15.12 Estendeste a tua destra. O braço de DEUS é todo-poderoso. Ver as notas
sobre o vs. 6 deste capítulo quanto à destra ou mão direita de DEUS, a mão
que representava poder, privilégio, provisão e glória. A terra tragou os
egípcios, talvez uma referência ao sheol (ver sobre esse lugar no
Dicionário), ou à sepultura, lugar de total destruição. Em outras palavras,
do fundo do mar, eles passaram para o sheol. Contudo, não é provável que
devamos ver aqui uma alusão direta a essa prisão da alma, naquele período
tão remoto. Mais tarde, entre os israelitas, concebia-se que as almas vão
para o sheol, por ocasião da morte física. Essa doutrina passou por um
desenvolvimento, o que sucede à maior parte das pro- posições teológicas,
conforme fica demonstrado naquele artigo. E provável que devamos entender
aqui que a destruição total, iniciada pelas águas, terminou quando a terra
do fundo do mar tragou os cadáveres dos egípcios como sua sepultura final. A
metáfora é um tanto desajeitada, embora muito poderosa e impressionante.
Alguns estudiosos veem aqui um acontecimento físico, e não um quadro
metafórico acerca do sheol. Nesse caso, teria havido um terremoto, que abriu
uma fenda na terra, para onde desceram os cadáveres dos soldados egípcios.
Ou, então, as águas do mar finalmente levaram seus corpos até a praia, e,
então, eles foram sepultados por outros em valas comuns. Parece que o Salmo
77.18 indica que houve um terremoto associado ao evento, ou, então, também
devemos entender metaforicamente todas essas descrições. Ou algo tão simples
como 0 lodo do fundo do mar pode estar em foco. Esse lodo recebeu os
cadáveres, como se fossem sepulturas. Ou, finalmente, as próprias águas do
mar são aqui pintadas como se fossem sepulcros, porquanto tiveram essa
função, na ocasião.
Êx
15.13 Guiaste o povo. Vemos aí o amor benevolente de DEUS, em favor de
Israel, ao mesmo tempo em que os ofensores egípcios pereceram em seus
sepulcros de água.
O
livro de Jonas é o João 3.16 do Antigo Testamento. Para DEUS, os pagãos
pareciam importantes o suficiente para Ele ter-lhes enviado um profeta de
Israel; e até os rebanhos da Assíria eram importantes aos Seus olhos (Jon.
4.11). Por outro lado, a ira de DEUS é um dedo de Sua mão amorosa, conforme
explico nas notas sobre o versículo décimo primeiro, acima. Se a missão de
CRISTO alcançou os desobedientes dos dias de Noé, sem dúvida também alcançou
os desobedientes e arrogantes do Egito. Ver I Pedro 3.18-4.6 e o artigo
intitulado Descida de CRISTO ao Hades, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e
Filosofia.
Que salvaste. Naquele período tão remoto, estava em foco, acima de tudo, a
libertação de Israel da servidão egípcia, e a subsequente entrada na Terra
Prometida. O acontecimento histórico, porém, tomou-se um tipo da redenção
espiritual.
... o levaste à habitação da tua santidade. Os filhos de Israel foram
conduzidos por DEUS da servidão no Egito à liberdade. A redenção foi de um
estado para outro, tal como a redenção espiritual é da servidão ao pecado
para a salvação eterna da alma.
Habitação da tua santidade. Um termo um tanto vago aqui e que tem recebido
diversas interpretações:
1.
Aquele lugar, no deserto ou em qualquer outra localização, onde os homens
viessem a adorar, sentindo a presença de DEUS: o lugar de adoração e ação de
graças.
2.
Ou está em foco a inteira Terra Prometida, como uma referência metafórica.
Ver Sal. 78.54; Jer. 10.25; 25.30.
3.
Ou, então, está em pauta, especificamente, o monte Sião, 0 que poderia ser
uma visão retroativa, por parte do autor sagrado, que tinha consciência do
que viria após a vagueação no deserto. O vs. 17 deste capítulo certamente
sugere essa interpretação. Alguns eruditos aceitam essa terceira
interpretação, mas pensando que temos aqui uma profecia do que ainda viria a
acontecer. Ver Sal. 78.6-69. Mas, se temos aqui uma visão retroativa, então
a forma final do poema só teve lugar nos dias de Salomão.
Êx
15.14 As notícias espalhar-se-iam, lançando o terror no coração dos inimigos
de Israel. O próprio povo de Israel quedou-se admirado e temeroso, diante
das obras de Yahweh.
Os
povos. Mui provavelmente, temos aqui menção às tribos cananéias que
habitavam na Palestina, conforme são alistadas em Êxo. 13.5 e outros trechos
bíblicos. Ver as notas expositivas nessa referência. O autor sagrado
escreveu tendo em vista a futura conquista da Terra Prometida; ou, então,
olhando de volta a ela. Conforme alguns eruditos, ele sabia da conquista da
Palestina, por- tanto este versículo seria pós-mosaico. Ou então, segundo
outros insistem, ele previu, profeticamente, essa conquista, em consonância
com o pacto abraâmico (Gên. 15.16). O pacto abraâmico, comentado em Gên.
15.18, prometia um terri- tório pátrio para Israel.
Êx
15.15 Ouvindo falar sobre 0 escape miraculoso de Israel da servidão egípcia,
os habitantes da Palestina ficariam predispostos a temer (Deu. 2.25; Jos.
2.9-11; 5.1). Edom e Moabe fizeram tudo para evitar que Israel atravessasse
seus territórios (Núm. 20.18-21; 21.13). Os habitantes da terra de Canaã não
se renderam simplesmente, sem oferecer resistência, embora já estivessem
virtualmente derrotados. Em seu fervor, o poeta foi além do que a história
nos diz. Sobre os “príncipes de Edom”, ver Gên. 36.15 onde é usada a mesma
expressão. Os eruditos liberais pensam que o autor sagrado escreveu esses
versículos como um historiador, ao passo que os conservadores preferem
pensar em uma declaração profética. O vs. 17 quase certamente alude ao monte
Sião, o que aponta para um tempo bem posterior ao da morte de Moisés, talvez
o tempo do ano 1000 A. C., 0 tempo de Salomão.
Êx
15.16 Espanto e pavor. Por três vezes (vss. 14-16), o autor sacro enfatiza o
terror que os povos sentiriam ao tomarem conhecimento que eles mesmos, tal
como sucedera aos egípcios, teriam de enfrentar Israel, liderado por Yahweh.
Pela grandeza do teu braço. A mesma ideia que temos em Êxo. 15.6, exceto
pelo fato de que ali a menção é à “destra” do Senhor. O autor continua
usando expressões antropomórficas.
Até que passe o teu povo. Os israelitas atravessaram o deserto e o rio
Jordão. Ou, então, está em pauta sua entrada na Terra Prometida. Talvez
devamos apenas pensar na fronteira, que foi cruzada pelos filhos de Israel.
O
povo que adquiriste. Ou seja, os remidos da servidão no Egito. Esse é o tema
central do livro de Êxodo. Todo o episódio da redenção de Israel retrata a
redenção da alma.
Êx
15.17 Tu os introduzirás. Os verbos postos no futuro, como aqui, parecem
indicar que o autor sagrado falava como profeta, e não retroativamente, como
historiador. E isso é um ponto a favor da data anterior do Êxodo e, por via
de consequência, do Pentateuco.
No
monte da tua herança. Provavelmente está em foco a totalidade da Terra
Prometida, uma região montanhosa que, na intenção de DEUS, já pertencia ao
Seu povo de Israel. Interpretando a passagem do ponto de vista cristão,
devemos pensar no Reino de DEUS, mormente na época do milênio, quando esse
Reino (tendo como capital Jerusalém) se tornar a concretização de muitos
aspectos do Pacto Abraâmico. No simbolismo bíblico, um “monte” é metáfora do
reino de DEUS. Ver Isa. 2.2; Dan. 2.35,44,45 etc. E isso parece confirmado
pelo que diz 0 versículo seguinte.
No
santuário. Temos aí um dos alvos da reentrada do povo de Israel na Terra
Prometida, e não ainda um fato realizado. Mas, como se trata de algo
decretado por DEUS, “as mãos de DEUS" já tinham “estabelecido” tal
resultado. Metaforicamente, no milênio e no estado eterno, DEUS será 0
santuário de Seu povo (Apo. 21.2-4). Teremos aí a concretização de todo o
imenso drama da criação e do plano de redenção.
Êx
15.16 O Senhor reinará. Devemos pensar aqui que isso se concretizaria na
teocracia em Israel, no coração dos piedosos, durante 0 milênio e,
finalmente, no estado eterno. Cf. Sal. 10.16; 29.10; 145.13; 146.10; Luc.
1.31,33; Apo. 11.15 e 22.5. O hino de louvor a DEUS, em comemoração à
vitória do Senhor sobre os inimigos de Israel, termina neste versículo.
“As palavras expressam o domínio eterno de DEUS não somente sobre o mundo,
mas também sobre [e com a Igreja]; não somente sob a lei, mas também sob a
graça do evangelho; não somente quanto ao tempo, mas também quanto à
eternidade” (Adam Clarke, in loc.).
Êx
15.19 Este versículo reitera o que já havia sido dito em Êxo. 14.29,30 e
15.1, onde o leitor deve examinar as notas. Funciona como uma espécie de
síntese do significado do poema inteiro de Moisés. Ver também o vs. 16. Este
versículo serve de introdução ao cântico de Miriã, que se segue e faz
conexão com o trecho final em prosa do capítulo catorze. Talvez se trate de
uma adição feita por um editor, a fim de fazer a ligação entre o poema de
Moisés e o poema de Míriã. Fornece-nos a mensagem essencial do livro de
Êxodo: a redenção de Israel da servidão egípcia, mediante 0 grandioso
prodígio do mar de Juncos, 0 qual levou à plena fruição os milagres
anteriores das dez pragas.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 364; 364; 368-369.
Observemos aqui as diferenças de apresentação entre as cenas que envolvem os
mártires, aqui e no sexto capítulo do livro. Ali eles clamam pedindo
vingança contra seus opressores. E então lhes é dito que descansem, até
completar-se o número dos mártires (ver Apo. 8:3.4). Mas agora o seu número
já se completou, e sua vitória final está bem próxima. Cruzaram em segurança
o mar Vermelho da tribulação, e logo seus inimigos serão afogados no mar da
cólera de DEUS. Não admira, pois. Que tenham irrompido em um cântico de
triunfo e ações de graças.
·...o cântico de Moisés... » Assim é chamado esse cântico, em memória de
Êxo. 15:1 e ss., onde Moisés e os filhos de Israel entoaram o cântico de
triunfo, por haverem sido libertos do Egito, quando, finalmente,
atravessaram cm segurança o mar Vermelho. O cântico entoado, aqui e naquela
ocasião não é realmente uma só coisa, mas a alusão àquela situação é
evidente. No décimo quinto capítulo do Êxodo o cântico salienta a vitória
sobre os inimigos de DEUS. Neste caso temos, essencialmente, um cântico de
louvor. Mas notemos, no quarto versículo, que os juízos divinos subjugarão
às nações e portanto, apesar de não haver qualquer longa descrição acerca da
queda desses adversários, tal como no décimo quinto capítulo do Êxodo, não
há que duvidar que esse é o espírito do cântico, a
sua base fundamental.
·...servo de DEUS...·No grego temos «doulos», «escravo·. Fica subentendida
uma total dedicação.
«...o cântico do Cordeiro...» Esse cântico é o mesmo que o de Moisés. Não se
deve pensar em dois cânticos separados, c nem se deve pensar que as palavras
«o cântico de Moisés, servo de DEUS», representam uma antiquíssima
interpolação. (Esse cântico pode ser comparado ao que se lê em Apo. 5:9, o
«novo cântico», que se repete em Apo. 14:3, no tocante aos mártires. Mui
provavelmente o autor sagrado se utiliza de várias expressões para indicar
uma só coisa: uma melodiosa expressão de louvor e triunfo, porquanto os
homens ·atravessaram 0 martírio e chegaram aos lugares celestiais», onde
receberam a vitória em CRISTO e o descanso. Pode-se falar sobre o cântico
que ·narra a história» da vitória cristã de variegadas maneiras. O intuito
do autor sagrado é dizer-nos que. a despeito dos mais terríveis sofrimentos
à face da terra, incluindo a própria morte, os mártires «triunfarão·!
O
poder da música. Quão trágico e ultrajante é que a música dos clubes
noturnos seja trazida às igrejas evangélicas! Mas isso é o que está
sucedendo em nossos próprios dias. A música inspira estados metafísicos, e
não deveria ser manuseada superficialmente. No presente contexto, fica
implícito o contraste entre a degradação dos adoradores do anticristo e os
adoradores santos do Cordeiro. A música é um elemento que pode dizer-nos o
que é o quê. Não poderá haver música elevada e inspiradora da alma, no culto
ao anticristo. Quão terrível é introduzir nas igrejas locais a música que
exalta ideais ímpios, conferindo-lhes «palavras de cunho cristão. A música
ímpia jamais poderá tornar-se o veículo de verdadeiras conversões, e nem a
verdade cristã pode ser expressa por seu intermédio. O cântico que figura
neste contexto glorifica a vitória de CRISTO sobre o mal. Como se poderia
usar música má para celebrar tal vitória?
«A
grande redenção se consumará na forma de um cântico. E esse cântico reunirá
em um todo o significado da antiga lei, mediante a qual os homens foram
levados a apreender o caráter de DEUS. Quando pensamos sobre os muitos
hinários cristãos, que falam apenas de alguns aspectos de nossa experiência
cristã, sentimo-nos prontos a pensar na nova apreciação com que correntes
inteiras de experiência, entre os homens e DEUS. serão mescladas no cântico
dos santos vitoriosos, sobre o mar de vidro e fogo·.
(Hough, in loc.). (Quanto a notas expositivas completas sobre a «música·,
como um dos instrumentos de adoração, ver Col. 3:16).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 580.