Lição 5 - A Travessia Do Mar Vermelho, 1 parte


Lição 5 - A Travessia Do Mar Vermelho
LIÇÕES BÍBLICAS - 1º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: Uma Jornada de Fé - A Formação do povo de Israel e sua herança espiritual
Comentário: Pr. Antônio Gilberto
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
Lição 5 - A Travessia Do Mar Vermelho, 1 parte 

 
 
TEXTO ÁUREO
 “O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação; este é o meu DEUS [...]” (Êx 15.2).
 

VERDADE PRÁTICA
DEUS tirou o seu povo do Egito e o conduziu com zelo, proteção e provisão pelo deserto até a Terra Prometida.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda- Êx 1 3.17 Rumo à liberdade
Terça- Êx 1 3.19 Uma promessa é cumprida
Quarta- Êx 1 3.21 DEUS protege o seu povo
Quinta- Ex 14.11 A murmuração do povo de DEUS
Sexta- Êx 14.1 3,14 “Vede o livramento do Senhor”
Sábado - Êx 1 5.1 A celebração do povo de DEUS
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE Êxodo 14.15,19-26
15 - Então, disse o SENHOR a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. 19 - E o Anjo de DEUS, que ia adiante do exército de Israel, se retirou e ia atrás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles e se pôs atrás deles. 20 - E ia entre o campo dos egípcios e o campo de Israel; e a nuvem era escuridade para aqueles e para estes esclarecia a noite; de maneira que em toda a noite não chegou um ao outro. 21 - Então, Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o SENHOR fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. 22 - E os olhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas lhes foram como muro à sua direita e à sua esquerda. 23 - E os egípcios seguiram-nos, e entraram atrás deles todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até ao meio do mar. 24 - E aconteceu que, na vigília daquela manhã, o SENHOR, na coluna de fogo e de nuvem, viu o campo dos egípcios; e alvoroçou o campo dos egípcios, 25 - e tirou-lhes as rodas dos seus carros, e fê-los andar dificultosamente. Então, disseram os egípcios: Fujamos da face de Israel, porque o SENHOR por eles peleja contra os egípcios. 26 - E disse o SENHOR a Moisés: Estende a tua mão sobre o mar, para que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros.
 
INTERAÇÃO
O povo Hebreu teve que esperar 430 anos ate que finalmente foi liberto da escravidão pelo Todo Poderoso. DEUS não se esqueceu das suas promessas que havia feito a Abraão. O Senhor jamais se esquece das suas promessas e seus planos não serão frustrados. Talvez você esteja esperando o agir de DEUS em seu favor já há muitos anos. Não perca as esperanças. Sua hora chegará, assim como chegou o momento dos israelitas.
Na lição de hoje veremos que o Senhor não somente libertou o seu povo do cativeiro, mas os conduziu com cuidado e zelo pelo deserto. DEUS é fiel, imutável e também cuidará de você até a sua chegada ao céu. Creia no poder providente e protetor do ,nosso Pai Celestial.
 
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Analisar o significado da saída dos hebreus do Egito e a travessia do mar.
Conscientizar-se de que somente DEUS merece o nosso louvor e adoração.
Compreender a proteção e o cuidado de DEUS para com o seu povo.
 
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, reproduza o quadro da página seguinte. Utilize-o para introduzir o tópico II da lição.
Antes de apresentar o quadro faça a seguinte indagação: "O que podemos oferecer a DEUS por todos os seus benefícios?” Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Em seguida, explique que Moisés e alguns servos do Senhor ofereceram a DEUS a sua adoração. Depois, apresente o quadro e leia as referências juntamente com os alunos. Conclua enfatizando que devemos oferecer a DEUS o nosso louvor e gratidão.
 
ALGUNS CÂNTICOS NA BÍBLIA
LIVRO
PROPÓSITO
Êxodo 15.1 -21
Cântico de Moisés após DEUS ter tirado Israel do Egito e repartido as águas do mar Vermelho.
Números 21.17
Cântico de Israel em louvor a DEUS por terem recebido água no deserto.
Deuteronômio 32.1-43
Cântico de Moisés sobre a história de Israel com ações de graças e louvor enquanto os hebreus estavam prestes a entrar na Terra Prometida.
Apocalipse 1 5.3,4
Cântico de todos os remidos em louvor ao Cordeiro que os remiu.
 
Resumo da Lição 5 - A Travessia Do Mar Vermelho
I - A TRAVESSIA DO MAR
1. A saída do Egito (Êx 12.11,37)
2. A perseguição de Faraó (Êx 14.5-9).
3. A ruína de Faraó e seu exército (Êx 14.26-31).
II - O CÂNTICO DE MOISÉS
1. Moisés celebra a DEUS pela vitória (Êx 15.1-19).
2. Miriã juntamente com as mulheres louvam a DEUS (Êx 15.20,21).
3. Celebrando a DEUS.
III - A PROTEÇÃO E O CUIDADO DE DEUS COM SEU POVO
1. Uma coluna de nuvem guiava o povo de DEUS (Êx 13.21,22; 40.36,37).
2. DEUS cuida do seu povo (Êx 16.4; Dt 29.5).
 
SINOPSE DO TÓPICO (1) - DEUS retirou com mão forte os israelitas do Egito e os guiou rumo a Terra Prometida.
SINOPSE DO TÓPICO (2) - Moisés celebrou a DEUS pela vitória com um cântico de louvor.
SINOPSE DO TÓPICO (3) - DEUS guiou e protegeu seu povo durante a caminhada pelo deserto. Ele utilizou uma coluna de nuvem para conduzir os israelitas.
 
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
COHEN, Armando Chaves. Êxodo. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD: 1998.
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
 
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO I - Subsídio Teológico
“A morte dos egípcios (14.26-31)
DEUS inverteu a ação das águas e as águas voltaram ao lugar. O texto não declara se houve uma reversão do vento. O retorno das águas foi tão súbito e forte que alcançou os egípcios quando tentavam fugir e os matou. As mesmas águas que serviram de muro para o povo de DEUS tornou-se o meio de destruição para os egípcios.
Esta última disputa entre DEUS e Faraó, resultando em vitória final e completa para o Senhor, impressionou fortemente os israelitas. A situação parecia desesperadora na noite anterior. Agora Israel viu os egípcios mortos na praia do mar. As águas turbulentas, ou a maré, levaram os corpos à praia. O Senhor salvara os israelitas; toda a prova necessária estava diante dos olhos deles.
Quando viu Israel a grande obra, temeu o povo do Senhor e creu. Este ato poderoso expulsou o medo que os atormentara e implantou um verdadeiro temor de DEUS — um temor que conduziu a uma fé viva” (Comentário Bíblico Beacon. vol 1. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2005, pp. 172-73).
 
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II - Subsídio Geográfico
“Mar Vermelho
Embora não pertença à Terra Santa, encontra-se o Mar Vermelho estritamente ligado à história do povo israelita. Ele é conhecido nas Sagradas Escrituras como ‘Yam Suph’, que significa Mar de juncos.
No Mar Vermelho encontra-se, em grande quantidade, a alga conhecida como trichodesmium erythaeum que, ao morrer, assume uma totalidade marrom-avermelhada, justificando assim o nome do mar.
O Mar Vermelho separa os territórios egípcios e saudita. Na parte setentrional, divide-se em dois braços pela Península do Sinai.
O braço ocidental é conhecido como Golfo de Suez. O oriental, Golfo de Akaba.
Com quase dois mil quilômetros de comprimento, entre o estreito de Bab al-Mandeb e o Suez, no Egito, e cerca de 300 quilômetros de largura, somando uma área de 450.000 km, o Mar Vermelho banha o Sudão, o Egito, e a Eritréia, a oeste; e a Arábia Saudita e o lêmem, a leste. Uma pequena faixa do Golfo de Aqaba banha Israel e a Jordânia.
No Mar Vermelho, encontramos o estreito de Bab al-Mandeb, que liga o extremo sul do mar ao oceano Índico. Esta passagem, que faz o Mar Vermelho uma rota entre a Europa e a Ásia, é mantida aberta por meio de explosões e dragagens.
O Êxodo do Povo de Israel
Israel deixou o Egito no século XV a.C. israelitas e egípcios voltariam a se enfrentar no tempo dos reis no chamado período Inter bíblico. Depois da formação do Estado de Israel, em 1948, houve pelo menos quatro guerras entre Israel e Egito: a Guerra da Independência, em 1948; a Guerra do Sinai, em 1956; a Guerra dos Seis Dias, em 1967; e a Guerra do Yom Kippur em 1973.
Em 1979, ambos os países assinaram um acordo de paz, em Camp David, nos Estados Unidos, possibilitando o término do estado de guerra e o estabelecimento de relações diplomáticas entre Cairo e Jerusalém.
A Bíblia garante que será de paz o futuro de ambas as nações (ls 19.23-25)” (ANDRADE, Claudionor. Geografia Bíblica: A geografia da Terra Santa é uma das maneiras mais emocionantes de se entender a história sagrada. 25 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp. 35-150).
 
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 57, p.38.
A saída do povo de DEUS do Egito foi algo marcante, tanto para os israelitas como para os egípcios. O Egito ficou economicamente arrasado devido às pragas, porém o último flagelo marcou profundamente as famílias. Nos lares dos egípcios havia pranto, dor e morte, já nas casas dos israelitas, todos estavam prontos, festejando a Páscoa e com o coração repleto de alegria pelo livramento que o Senhor estava concedendo.
Os israelitas, ao deixarem o Egito não saíram com as mãos vazias. Eles despojaram os egípcios.
O coração de Faraó era mal. Depois de tudo que viu e enfrentou ainda não estava disposto deixar o povo de DEUS partir (Êx 14.5). Ele reuniu seu exército e saiu em perseguição ao povo de DEUS. O Inimigo não desiste facilmente, por isso precisamos buscar em DEUS forças para resisti-lo. A Palavra de DEUS nos ensina: "resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7). Se você é um servo fiel ao Senhor, saiba que durante sua caminhada até o céu encontrará muitos "Faraós" que lhe resistiram. Você está preparado para enfrentá-los? Só conseguiremos vencer o Inimigo com JESUS CRISTO.
Você consegue imaginar o desespero dos israelitas ao verem Faraó e seu exército vindo em sua direção? Os hebreus ficaram desesperados, pois parecia não haver saída. Eles estavam encurralados. O Inimigo não mudou suas táticas, ele está sempre tentando nos acuar. Porém, se esquece que conosco está o "varão de guerra": "O Senhor é varão de guerra; Senhor é o seu nome" (Êx 15.3).
Os israelitas clamaram ao Senhor (Êx 14.10) e Ele lhes ouviu. O Senhor ouve e responde às orações do seu povo (Jr 33.3).
Diante do perigo e da aproximação do inimigo a ordem do Senhor foi: "Dize aos filhos de Israel que marchem" (Êx 14.15). Marchar para onde? Para o mar? Parecia impossível, porém os israelitas obedeceram. Na obediência está a bênção de DEUS. Aquele que obedece vê o impossível acontecer! Então, DEUS enviou um vento e o mar se abriu para o povo de DEUS passar.
O povo de Israel atravessou o mar e os egípcios quiseram imitá-los, mas o Senhor os derribou (Êx 14.27). O livramento era para o povo de DEUS, não para os inimigos. Você pertence ao povo de DEUS? Então, não tema. Há livramento para você.
Diante de tão grande livramento ninguém poderia ficar calado. Todos louvaram e exaltaram a DEUS. Moisés celebrou ao Senhor com um cântico. Uma forma de agradecer a DEUS pelos seus feitos. Tem você celebrado a Ele.
 
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COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO
Um dos textos bíblicos que mais denotam o cuidado de DEUS para com o seu povo é, sem dúvida alguma, o relato da saída dos hebreus do Egito e da travessia miraculosa do Mar Vermelho. Não por acaso, esses episódios extraordinários da vida do povo judeu são relembrados constantemente pelos profetas e salmistas do Antigo Testamento para enfatizar o cuidado divino para com Israel (Js 24.5-7; SI 106.7-9; SI 136.13-15; Ne 9.9-12; etc.).
A Bíblia diz que, ao todo, saíram do Egito cerca de 600 mil homens a pé, sem contar mulheres e crianças (Êx 12.37). Ou seja, provavelmente 2 milhões de pessoas. Imagine a celebração na saída, depois de 430 anos nos quais, na maior parte desse tempo, os judeus viveram como escravos dos egípcios. Foi um momento de grande celebração.
Uma vez confirmada a saída, o Senhor DEUS, que já havia libertado o povo com braço forte enviando as Dez Pragas, se dedicaria agora a cuidar dele também durante todo o trajeto rumo à Terra Prometida. E desde o início dessa caminhada se vê esse cuidado.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 45.
Uma Situação sem Saída
"Os que descem ao mar em navios, mercando nas grandes águas, esses veem as obras do SENHOR e as suas maravilhas no profundo" (SI 107:23-24). Quão verdadeiras são estas palavras! E contudo como os nossos corações covardes têm horror a essas "grandes águas"! Preferimos os fundos baixos, e, por consequência, deixamos de ver "as obras" e "as maravilhas" do nosso DEUS; pois estas só podem ser vistas e conhecidas "no profundo".
É nos dias de provação e dificuldades que a alma experimenta alguma coisa da bem-aventurança profunda e incontável de poder confiar em DEUS. Se tudo fosse sempre fácil nunca se poderia fazer esta experiência. Não é quando o barco desliza suavemente à superfície do lago tranquilo que a realidade da presença do Mestre é sentida; mas sim, quando ruge o temporal e as ondas varrem a embarcação. O Senhor não nos oferece a perspectiva de isenção de provações e tribulações; pelo contrário, diz-nos que teremos tanto umas como as outras; porém, promete estar conosco sempre; e isto é muito melhor que vermo-nos livres de todo o perigo. A compaixão do Seu coração conosco é muito mais agradável do que o poder da Sua mão por nós. A presença do Senhor com os Seus servos fiéis, enquanto passavam pelo forno de fogo ardente, foi muito melhor do que a manifestação do Seu poder para os preservar dele (Dn 3). Desejamos com frequência ser autorizados a avançar na nossa carreira sem provações, mas isto acarretaria grave prejuízo. A presença do Senhor nunca é tão agradável como nos momentos de maior dificuldade.
Assim aconteceu no caso de Israel, como vemos neste capítulo. Encontram-se numa dificuldade esmagadora—foram chamados a mercadejar "mas grandes águas"; veem esvair sê-lhes "toda a sua sabedoria" (Sl 107:27). Faraó, arrependido de os haver deixado sair do seu país, decide fazer um esforço desesperado para os trazer de novo. "E aprontou o seu carro e tomou consigo o seu povo; e tomou seiscentos carros escolhidos, e todos os carros do Egito, e os capitães sobre eles todos... E, chegando Faraó, os filhos de Israel levantaram seus olhos, e eis que os egípcios vinham atrás deles, e temeram muito; então, os filhos de Israel chamaram ao SENHOR" (versículos 6-10). Aqui estava uma cena no meio da qual o esforço humano era inútil. Tentar livrarem-se por qualquer coisa que pudessem fazer, era a mesma coisa que se tentassem fazer retroceder as ondas alterosas do oceano com uma palha. O mar estava diante deles, o exército de Faraó por detrás, e de ambos os lados estavam as montanhas; e tudo isto, note-se, havia sido permitido e ordenado por DEUS. O Senhor havia escolhido o terreno para acamparem "diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal -Zefom". Depois, permitiu que faraó os alcançasse. E por quê1?- Precisamente para Se manifestar na salvação do Seu povo e na completa destruição dos seus inimigos. "Aquele que dividiu o Mar Vermelho em duas partes; porque a sua benignidade é para sempre. E fez passar Israel pelo meio dele; porque a sua benignidade é para sempre. Mas derribou a Faraó com o seu exército no Mar Vermelho, porque a sua benignidade é para sempre" (SI 136:13-15).
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
 
I - A TRAVESSIA DO MAR
1. A saída do Egito (Êx 12.11,37):
No começo do percurso de saída do Egito, já podemos notar o cuidado de DEUS para com o seu povo: “E aconteceu que, quando Faraó deixou ir o povo, DEUS não os levou pelo caminho da terra dos filisteus, que estava mais perto; porque DEUS disse: Para que, porventura, o povo não se arrependa, vendo a guerra, e tornem ao Egito” (Ex 13.17 — grifo meu).
Eis o cuidado divino quanto aos detalhes! A saída do Egito era um momento de festa, a qual, dali em diante, deveria ser rememorada e comemorada todos os anos (Ex 12.42); por isso o cuidado divino para que, inicialmente, o povo não passasse por um caminho que evocasse em sua mente a possibilidade de perigo naquela empreitada, esfriando, assim, o ânimo e o clima de festa que deveria marcar a saída.
O “caminho da terra dos filisteus” era uma estrada internacional bem fortificada pelo exército egípcio. Os egípcios guardavam fortemente suas fronteiras e, em especial, esse trecho mais concorrido de entrada e saída de suas terras, onde havia um grande exército de prontidão. Logo, sabendo que se o povo passasse por ali, veria o grande exército egípcio e já imaginaria o pior — a guerra, a caçada e a matança que poderia sofrer — e, assim, arrepender-se-ia e voltaria para o Egito, DEUS o faz sair não pelo caminho mais perto, que era este, mas pelo caminho mais longo, que evitaria essa visão de perigo. Ou seja, DEUS se preocupa com o ânimo do seu povo.
Nós, seres humanos, somos, infelizmente, muito tendentes ao desânimo, a imaginarmos o pior diante do mínimo sinal de dificuldade, e DEUS sabe muito bem disso, razão por que constantemente está a nos animar pela sua Palavra, pela instrumentalidade de irmãos em CRISTO que se permitem ser usados por Ele, e através de circunstâncias e experiências que Ele nos proporciona.
Às vezes, DEUS permite que andemos pelo “vale da sombra da morte”, mas sem deixar de nos animar em todo esse assustador percurso por meio da certeza latente em nosso coração de que Ele está conosco (SI 23.1). Mas, em outros momentos, geralmente na parte introdutória das estradas que trilhamos com Ele por sua graça, DEUS prefere nos dirigir por caminhos menos desanimadores, para só depois nos conduzir em vitória por situações mais nevrálgicas, mais estressantes, que calejarão a nossa alma e nos ensinarão a confiar totalmente nEle.
"Inicialmente, o povo não deveria passar por um caminho que evocasse em sua mente a possibilidade de perigo naquela empreitada, esfriando, assim, o ânimo e o clima de festa que deveria marcar a saída."
SOBRE "O CAMINHO DA TERRA DOS FILISTEUS"
Uma curiosidade sobre essa passagem de Êxodo 13.17 envolve a questão da data exata da saída do povo judeu do Egito. Há duas datas em disputa: 1441 a.C. ou cerca de 1300 a.C. As duas são defendidas com argumentos plausíveis, e um bom resumo de toda essa discussão pode ser encontrado nas páginas 121 a 127 da obra Tempos do Antigo Testamento — Um Contexto Social, Político e Cultural (CPAD).
Bem, mas em que sentido o texto de Êxodo 13.17 tem a ver com essa questão?
É que se considerarmos como data do êxodo cerca de 1300 a.C., as expressões “o caminho da terra dos filisteus” e “vendo a guerra” significam, como afirma o Comentário Bíblico Beacon, que DEUS levou o povo “por um percurso mais longo a fim de evitar o encontro com os filisteus bélicos”. Ora, os filisteus e os demais “Povos do Mar” chegaram à região do Egito, Palestina, Chipre e Síria no final do século XIV e início do século XIII, empreendendo várias batalhas contras essas nações. As duas maiores batalhas contra os egípcios aconteceram por volta de 1230 a.C. e 1190 a.C., quando finalmente foram derrotados por Ramasés III e se estabeleceram no sudoeste de Canaã, fundando as cidades de Asdod, Ecrom, Gaza e Gate.
Uma vez que “os filhos de Israel não eram treinados para a batalha e a fé em DEUS ainda era fraca, eles poderiam se arrepender quando vissem a guerra [isto é, quando encontrassem os beligerantes filisteus no trajeto] e voltar para o Egito”.
Entretanto, se considerarmos a data do Êxodo 1441 a.C., estamos falando do século XV, quando os filisteus, provenientes de Creta, ainda não haviam chegado àquela região do mundo. Eles chegariam pouco tempo depois, mais precisamente algumas décadas depois da saída dos judeus do Egito. Então, considerando essa segunda hipótese, seria um anacronismo Moisés escrever “pelo caminho da terra dos filisteus” e, depois, ainda se referir àquela região como a “Filístia” em seu cântico (Êx 15.14).
Bem, se a segunda data hipotética da saída do povo do Egito for a correta (e ainda não sabemos se é ou não), mesmo assim haveria uma explicação lógica para o uso dessas expressões nessas passagens do livro de Êxodo: os escribas posteriores, ao fazerem cópias das Sagradas Escrituras, preferiram, para que as pessoas de seu tempo entendessem melhor a que estrada Moisés estava se referindo, chamá-la pelo nome que era mais conhecida em seus dias: “o caminho da terra dos filisteus”.
Tal alteração não fere as Sagradas Escrituras, já que a mensagem não fora alterada — apenas a linguagem usada fora atualizada. Grosso modo, é como se hoje, em vez de você dizer que o guerreiro Vercingetórix (72 a.C. a 46 a.C.) nasceu na Gália Transalpina, preferir, para ser mais bem entendido, afirmar que ele nasceu na França, porque a Gália Transalpina ficava onde hoje é o território da França. A nação França pode ter surgido quase mil anos depois de Vercingetórix, mas afirmar que ele nasceu na França não é errado, pois o que está se querendo dizer com isso é simplesmente que ele nasceu no território onde hoje é a França. A única diferença desse exemplo para o caso bíblico de Êxodo 13.17 e 15.14 é que a distância de anos não era de quase mil, mas de décadas.
Essa possível atualização dos escribas posteriores a Moisés não fere o texto bíblico, uma vez que quando os autores bíblicos asseveram, sob a inspiração divina, que as Escrituras não podem ser alteradas, o que está em foco, claramente, é a fidelidade à mensagem bíblica, a fidelidade ao sentido do que está sendo dito, e não uma atualização de linguagem. O que a Bíblia condena é a distorção do sentido do texto, seja por acréscimo ou por diminuição do conteúdo da mensagem (Dt 4.2; 12.32; Pv 30.5,6; Ap 22.18,19), e não uma atualização de linguagem ou paráfrases fieis ao sentido original.
Paráfrases, quando totalmente fieis ao que está consignado no texto bíblico, não tiram a sua inspiração. Se não fosse assim, nenhuma tradução da Bíblia seria inspirada, só o texto em hebraico do Antigo Testamento ou o grego neotestamentário. Os muçulmanos é que têm esse conceito distorcido de inspiração. Eles creem que a inspiração só se encontra na língua original em que o Alcorão foi escrito — o árabe — e que, justamente por isso, nenhuma tradução do Alcorão é inspirada, a não ser o texto na língua original, razão por que ensinam que o muçulmano deve aprender o árabe para ler o Alcorão em árabe. A mesma coisa acontece com o sânscrito no hinduísmo. A Bíblia, porém, não ensina isso.
Neemias, por exemplo, conta que a geração de judeus que retornou do cativeiro babilónico precisava de explicações orais para entender o texto bíblico que lhes era lido (Ne 8.8). É que esses judeus vindos do cativeiro falavam aramaico, que era a língua oficial do Império Babilónico, por isso não entendiam a Lei e os Profetas quando lidos, porque o texto lido estava em hebraico. Com o passar dos anos, essas traduções -explicações em aramaico foram escritas, criando os “Targumim”, que nada mais são do que traduções parafraseadas do Antigo Testamento hebraico para o aramaico. O primeiro Targum é o de Ônquelos, que contém o Pentateuco; e o segundo é o Targum de Jônatas, que contém os Profetas. Pois bem, em Êxodo 3.14 e em Deuteronômio 32.29, o Targum de Ônquelos parafraseou a expressão “Eu Sou” da seguinte maneira: “Aquele que é, e que era, e que há de vir”. Ora, essa mesma paráfrase aparece nada menos que cinco vezes em Apocalipse (Ap 1.4,8; 4.8; 11.17; 16.5). Isso mostra que as várias formas, estilos e construções gramaticais são válidas, contanto que o conteúdo do texto — isto é, seu sentido original — não seja de forma alguma corrompido.
Outro detalhe é que o próprio texto bíblico mostra que o trabalho dos escribas judeus no período em que o Cânon Sagrado do Antigo Testamento ainda não estava fechado era muito sério e aceito por todos. Por exemplo: Moisés escreveu Deuteronômio, mas só até o versículo 29 do capítulo 33. O capítulo 34 foi acrescido logo após a sua morte, uma vez que Moisés não poderia escrever sobre a sua própria morte depois da sua morte. Esse acréscimo foi feito por algum escriba do período em que o Cânon Sagrado do Antigo Testamento ainda não havia sido fechado — seja um escriba da época de Josué, seja de uma época posterior.
Outro exemplo: Jeremias morreu sem ver o cumprimento de todas as suas profecias. Suas profecias foram registradas, com a ajuda de seu secretário, o escriba Baruque, até o versículo 64 do capítulo 51 do seu livro. Ao final desse versículo, um escriba escreveu: “Até aqui as palavras de Jeremias”. Todo o capítulo 52, portanto, não foi escrito por Jeremias — e nem poderia, porque ele traz alguns cumprimentos de profecias de Jeremias que ele não viveu o suficiente para ver cumpridas. Quem escreveu esse capítulo ou foi Baruque, já idoso, ou algum outro escriba que, ainda no exílio ou logo após o exílio, acrescentou esse capítulo para mostrar o cumprimento das profecias de Jeremias. Esse capítulo é, inclusive, quase exatamente igual, em seus três primeiros versículos, a 2 Reis 24.18-20; e o restante do capítulo repete a história dos reis de Judá até 2 Reis 25.30.
O trabalho desses escribas — dentre eles o próprio sacerdote Esdras, que é autor do livro que leva o seu nome no Cânon do Antigo Testamento — foi valioso e totalmente inspirado. Aliás, foi o sacerdote Esdras quem organizou o Cânon do Antigo Testamento. E logo quando o Cânon Sagrado foi encerrado, não houve mais alterações. Flávio Josefo, historiador judeu e contemporâneo do apóstolo Paulo, falou da seguinte maneira sobre o Cânon do Antigo Testamento em seus dias: “... e pelos quais temos tal respeito, que ninguém jamais foi tão atrevido para tentar tirar ou acrescentar, ou mesmo mundificar-lhes a mínima coisa. Nós os consideramos como divinos”. Também no primeiro século d.C., encontramos o próprio JESUS considerando a organização do Cânon do Antigo Testamento pelos escribas pós-exílio como sendo a Palavra de DEUS (Lc 24.44; Jo 5.39).
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag.45-50.
Êx 12.11 Comê-lo-eis à pressa. Essa foi a instrução final. Israel estava com pressa para deixar para trás a servidão. O cordeiro pascal era comido estando as pessoas em pé, de sandálias e as vestes cingidas. Esses eram sinais externos da pressa que eles sentiam, por ordem de DEUS. Esse foi um dos quatro elementos que não prosseguiram na observância da páscoa em tempos posteriores. O cajado e as sandálias eram objetos que as pessoas usavam fora da casa. Assim, apesar de estarem ainda dentro de suas casas, eles estavam preparados para sair delas, prontos para a jornada. Comiam vesti- dos para viajar. Já tinham estado no Egito por tempo bastante. Um novo lar e um novo destino esperavam por eles.
As sandálias usualmente eram tiradas por ocasião das festividades e dias santos. Ver Gên. 18.4,5; Luc. 7.44; João 13.5. Na páscoa, porém, essa situação era revertida. O cajado era companhia constante dos viajantes, seu apoio e ajuda, e, ocasionalmente, sua defesa contra algum animal ou bandido que porventura ata- cassem.
Êx 12.36 Generosidade e Saque. A combinação desses dois atos permitiu que Israel extraísse grandes riquezas dos aterrorizados egípcios. Uma pessoa fará quase qualquer coisa para salvar a sua vida. Os egípcios julgaram-se pouco mais do que pessoas mortas (vs. 33), pois Moisés poderia desfechar uma praga de modo súbito e generalizado. Assim, os antes escravizados israelitas receberam o seu salário, a paga pelas muitas décadas de cativeiro e trabalho árduo. “Israel arrancou deles suas riquezas e bens, suas possessões mais valiosas" (John Gill, in loc.). Artapano (apud Euseb. Praepar. Evan. 1.9 c. 27, par. 436) falou sobre as bacias de madeira, sobre ricos tesouros e sobre vestes que os israelitas receberam da parte dos egípcios, e a esse testemunho, Ezequiel, autor de tragédias teatrais, adicionou a sua palavra (apud Euseb., idem, c. 29, par. 443).
Somos informados de que primeiramente os hebreus saíram de Ramessés (ver as notas sobre Êxo. 1.11) e chegaram a Sucote (Êxo. 13.20). Foram necessários três meses de caminhada para chegarem ao Sinai Eles seguiram um roteiro muito usado pelos que viajavam até a Palestina (Êxo. 13.17). Tell el-Maskhuta é o local da antiga Sucote. Imediatamente a leste daquele lugar fica o lago Timsah, e tanto ao norte como ao sul dali há áreas pantanosas que o povo de Israel precisou atravessar, a fim de encontrar seu caminho para a liberdade.
Êx 12.37 Cerca de seiscentos mil a pé. Moisés especificou, “somente de homens, sem contar mulheres e crianças”. Essa estatística concorda, em termos gerais, com o trecho de Números 1.46. Mas ali o número é especificado como de homens de guerra, em idade de serviço militar. Se levarmos em conta as mulheres, as crianças e o “misto de gente” (vs. 38), ou seja, os que não eram descendentes de Abraão, então havia uma multidão de pelo menos três milhões de pessoas. Os críticos veem um grande exagero nesse número, pensando que a terra de Gósen não poderia ter sustentado tão grande número de pessoas, e que a manipulação e 0 sustento de tão grande número de pessoas, no deserto, durante quarenta anos, teriam sido impossíveis. Os eruditos conservadores, por sua vez, supõem que, para DEUS, não há problemas sem solução.
“Se Moisés não contasse com a prova mais cabal de sua missão divina, ele jamais ter-se-ia posto à testa de tão imenso número de pessoas, as quais, não fosse a providência divina mais eficaz e especial, teriam simplesmente perecido por falta de alimentos” (Adam Clarke, in loc.).
Tipologia. O êxodo, sem a menor dúvida, serve de tipo da redenção do pecado e sua servidão, de que desfrutamos.
DEUS Guia o Povo pelo Caminho
Um dos principais temas do Pentateuco inteiro é a providência de DEUS (ver no Dicionário sobre esse assunto). Uma instância especial disso é a história de como DEUS conduziu Israel para fora do Egito até o deserto, e ali preservou Israel, com vistas à entrada final na Terra Prometida. A rota mais curta atravessava o território dos filisteus na direção de Berseba e do Neguebe. Esse caminho seguia ao longo das margens do Mediterrâneo e era uma estrada militar utilizada pelos egípcios. Em Sua sabedoria, Yahweh guiou Israel por um caminho diferente, a saber, na direção sudeste, aproximando-se do Sinai, evitando qualquer confrontação possível com potências estrangeiras, incluindo o Egito. Não se sabe qual foi a rota exata, mas no artigo que há no Dicionário, chamado Êxodo (o Evento), sugiro o que se sabe sobre a questão. Também provi um mapa ilustrativo. Israel, ao confrontar-se com dificuldades, poderia ter retrocedido, especialmente se irrompesse guerra aberta. O vs. 18 diz-nos que Israel saiu armado para a batalha, uma frase acerca de cujo sentido os estudiosos não concordam. Algum método de resistência tinha sido provido. Israel não seria uma mosca morta no deserto.
Êx 13.17 Cobri quase todas as informações atinentes a este versículo na introdução anterior. Dificuldades encontradas no caminho poderiam ter feito Israel voltar ao Egito, incluindo algum ataque aberto por parte dos egípcios ou por parte de outro inimigo. DEUS escolheu aquele roteiro que consolidaria as vantagens obtidas, ao levar 0 povo de Israel em segurança, ao deserto. Uma vez ali, outros planos poderiam ser feitos com antecedência. Mas Israel acabou vagueando por muitos anos, devido à sua incredulidade, pensando que lhe faltavam forças para enfrentar os formidáveis adversários que possuíam a Terra Prometida. O autor sagrado, pois, frisa aqui a orientação divina, uma questão de grande importância para todo homem espiritual.
Filisteus. Israel estava prestes a trocar um poderoso inimigo (o Egito), por vários inimigos menores, embora ainda assim temíveis (na Palestina). O termo “filisteus” é aqui usado em sentido geral, levando-nos a pensar em todos os adversários que enfrentariam Israel, em- bora sete nações cananeias distintas estivessem envolvidas. Ver as notas sobre Êxo. 3.5 e 13.5.
A rota que passava pelo mar Vermelho faria os israelitas passarem por Tânis e dai até Pelusium. Dali a Rhinocolura, então a Gaza, Asquelom e Asdode, cidades dos filisteus. A distância até a Terra Prometida, mediante essa rota, era apenas de trezentos e vinte quilômetros, e poderia ter sido coberta em menos de um mês. Porém, uma longa provação jazia à frente: quarenta anos de vagueação pelo de- serto. Nos dias de Josué, os filisteus tinham cinco cidades fortes: Gaza, Asquelom, Asdode, Gate e Ecrom (Jos. 13.3), e o povo de Israel não estava preparado para enfrentar esse poder ao tempo do êxodo. O Egito pode ter parecido um bom lugar para os cansados israelitas, quando os filisteus lançaram-se contra eles, com seus carros de combate e armas as mais variadas. Os filisteus eram dotados de grande poder de fogo, conforme se diz atualmente.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 349; 353; 358.
Êx 12.37. Sucote. Provavelmente o nome egípcio tkw, que é apenas a transliteração de um termo semita que significa “ palhoças para gado” (cf Gn 33:17, evidentemente não se trata do mesmo lugar). Parece encontrar-se em ou perto das ruínas de Tell el-Maskhuta, próximo ao Lago Timsah, no extremo oriental do Wadi Tumilat. Os israelitas teriam, então, marchado por toda a terra de Gósen, atravessando-a em direção ao leste, se nossa identificação está correta.
Seiscentos mil. Números 11:21 apresenta o mesmo número, que parece muito elevado, pois implica um total de dois ou três milhões, contadas as mulheres e crianças. Alguns estudiosos modernos acham que estes dados se referem aos produzidos pelo censo realizado por Davi (2 Sm 24) ou outro censo posterior, quando tais cifras seriam possíveis, mas onde já encontramos dados completamente diferentes no texto bíblico. Podemos presumir, se assim o quisermos, que os dados foram erroneamente preservados (talvez por terem sido escritos, em dias mais remotos, em cifras e não por extenso), ou podemos aceitar a opinião de Petrie em sua convicção de que 'ele, “ mil” , realmente significava “ clã” em data mais remota. Seja qual for o caso, não podemos ter ideia do número exato envolvido. Era grande o suficiente para aterrorizar os moabitas (Nm 22:3), e no entanto pequeno o suficiente para acampar por longo tempo nos oásis em redor de Cades-Barnéia (Dt 1:46). Nenhuma questão teológica depende do número exato, e assim sendo o assunto é irrelevante. Quer houvesse seis mil ou seiscentos mil, sua libertação foi um milagre. Ao chegarem a Canaã já eram, certamente, uma horda (para usar o termo do historiador) de tamanho respeitável, a julgar pelo impacto arqueológico na civilização cananita.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 108-109.
Não só Faraó e seus servos, mas todos os egípcios apertavam ao povo israelita para que fossem logo embora. “Os egípcios pressionavam o povo para que se apressasse em sair do país” (NVI). Temiam que todos fossem mortos (33). A tradução de Moffatt do versículo 34 indica a pressa com que o povo de Israel saiu: “Assim o povo agarrou apressadamente a massa, antes mesmo de levedar, e embrulhou as amassadeiras nas roupas, levando-as nos ombros”. Já haviam pedido jóias dos egípcios em tamanha quantidade que os egípcios ficaram empobrecidos (35,36). Temos a impressão que muitos ajudaram Israel a se aprontar antes mesmo da Páscoa. Agora insistiam que fossem depressa. Foi assim que Israel fugiu da escravidão egípcia depois de espantosa noite de vitória. O verbo hebraico sha’el (“pediram”, 35) pode ser traduzido igualmente por “pediram” ou “exigiram”. Os hebreus tinham a receber quantia considerável em salários pelo trabalho involuntário e não pago.
A vitória de DEUS para Israel trouxe “A Grande Salvação” observada nos versículos 26 a 36. 1) O pré-requisito: Os filhos de Israel fizeram como o SENHOR ordenara, 26-28; 2) A proteção: O SENHOR passou sobre as casas dos filhos de Israel, 27,29,30 (cf. ARA); 3) A provisão: O SENHOR deu graça ao povo, 31-36.
1. A Partida do Egito (12.37-42)
a) O número dos que se puseram em marcha (12.37-39). No dia seguinte à noite da morte dos primogênitos dos egípcios, partiram os filhos de Israel para Sucote (37).
Não sabemos a localização certa deste lugar, embora fosse viagem curta de um dia de Ramessés para o leste em direção ao mar Vermelho (ver Mapa 3). Deve ter sido tarefa custosa levar este grande grupo a um ponto central; talvez tivessem feito um planejamento para quando o momento da vitória chegasse.
Muita controvérsia gira em torno da questão do número de israelitas que saiu do Egito. Os estudiosos liberais, pouco propensos a considerar providência milagrosa, recusam-se a aceitar um número alto como implica o montante de seiscentos mil homens.
Contestam a possibilidade de a população israelita aumentar tanto levando em conta o tempo decorrido e as condições adversas descritas. Também rejeitam a possibilidade de tantas pessoas sobreviverem no deserto. Existe a indicação de que a palavra hebraica que se refere a mil (elep) “possa ser traduzida por ‘clã’ ou ‘família’, como ocorre em outros lugares da Bíblia (e.g., Jz 6.15)”.16 Neste caso, o número total de 600 clãs seria bem menos.
Mas considerando a bênção especial de DEUS, aceitamos que Israel crescera a uma população estimada de quase três milhões de pessoas.17 Sob o poder especial de DEUS, as provisões no deserto teriam sido adequadas.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 167.
2. A perseguição de Faraó (Êx 14.5-9).
Êx 14.5 Por Quê? Assim que os terrores das pragas foram esquecidos, foram capazes de perguntar um estúpido por quê. Os egípcios, aterrorizados, tinham expulsado os israelitas do Egito, temendo ter o mesmo que seus filhos primogênitos. Chegaram mesmo a doar-lhes muitas riquezas (Êxo. 12.31 ss.).
“Quando lemos artigos e livros sobre 0 arrependimento, impressiona-nos a dificuldade de distinguir entre um Faraó disposto a permitir que 0 povo de Israel se fosse, por estar temeroso de mais pragas, e um Faraó que realmente estava arrependido de sua crueldade tirânica” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.). Um indivíduo assustado arrepende-se mais ou menos do mesmo jeito que um rato reage, aterroriza- do, diante de um gato. O homem realmente arrependido reage como uma criança que percebe que ofendeu seu pai. O verdadeiro arrependimento é 0 primeiro passo para 0 crescimento espiritual. O falso arrependimento é apenas a tentativa de escapar das consequências da própria maldade.
O grande motivo para a perseguição contra Israel era o dinheiro. Mais de seiscentos mil trabalhadores escravos seriam perdidos pela economia egípcia. Ver Núm. 1.46 quanto ao número dos filhos de Israel. O Faraó estava à cata de dinheiro, mas acabou sofrendo uma perda devastadora, sob a forma de vidas e equipa- mentos perdidos.
Êx 14.6,7 Seiscentos carros escolhidos. Eram carros de combate. Isso sem contar quantos outros carros. Capitães militares lideraram no ataque! O próprio Faraó se pôs à testa do exército, com seu próprio carro de combate.
Capitães. No hebraico, três ou terceiro. Os veículos de combate do Egito eram tripulados por somente dois homens, assim é melhor traduzir por tripulação, em vez de dizer “os três”, ou seja, os três homens que geralmente tripulavam os carros de combate de outros países. Posteriormente, os carros de combate dos assírios e dos hititas tornaram-se espaçosos o suficiente para transportar três homens. Um deles dirigia 0 veículo, outro era 0 escudeiro, e 0 terceiro, natural- mente, era quem atirava as flechas e dardos. É possível que o hebraico, aqui, reflita esta última circunstância.
Josefo diz que 0 número de militares egípcios era de cerca de cinquenta mil cavaleiros, além de duzentos mil infantes (Ant. 1.2 c. 15 see. 3), mas não temos como averiguar esses dados. Ezequiel, 0 autor de tragédias teatrais, fala em um milhão, um número fantástico (Apud Hottinger Smegma, pág. 464).
Ramsés II testificou que uma força de dois mil e quinhentos carros de combate foi lançada contra ele pelos inimigos hititas (Registros do Passado, vol. ii, pág. 69,71), o que mostra que os seiscentos carros deste texto estava dentro do escopo dos exércitos antigos. Os seiscentos mil carros”, referidos em I Sam. 13.5, devem conter algum erro numérico.
Êx 14.8 O perpétuo coração duro do Faraó sofreu ainda maior endurecimento. Israel tinha saído do Egito em atitude de desafio, conforme dão a entender algumas traduções, ou, então, com mão descoberta, ou seja, sem nenhum segredo, conforme diz o Targum de Onkelos. Ver Êxo. 12.33. Eles partiram com arrogância, e o Faraó saiu em perseguição deles para arrancar-lhes a arrogância.
Os filhos de Israel saíram afoitamente. Algumas traduções dizem aqui “saíram por meio de mão erguida”, aparentemente indicando a mão erguida de Yahweh. Israel contava com a proteção e o poder de DEUS (Êxo. 3.19; 6.1; 14.31).
A ideia contida em nossa versão portuguesa, porém, parece ser que a saída de Israel do Egito deu-se de forma atabalhoada, sem um planejamento prévio suficiente; e isso parece completar a ideia do terceiro versículo deste capitulo, onde o Faraó comenta que Israel estava ‘desorientado”.
Êx 14.9 A perseguição prosseguiu até Pi-Hairote, perto de Baal-Zefom, quando, finalmente, Israel foi alcançado. O texto situa definidamente essas cidades (fortalezas?) do Egito perto do local onde houve a travessia do mar de Juncos (não mar Vermelho; ver as notas sobre Êxo. 13.8 e 14.1,2). Parece que esses lugares ficavam próximos do lago Timsah ou do lago Balah, a cerca de oitenta quilômetros ao norte do mar Vermelho. Alguns eruditos não concordam com essa avaliação, preferindo pensar em uma rota ao longo do mar Mediterrâneo, mas isso parece altamente improvável.
O exército do Faraó consistia, sem dúvida, em cavalaria, infantaria e carros de com bate, conforme era comum entre os exércitos antigos. E diante dessa força armada, o povo de Israel entrou em pânico.
Êx 14.10,11 Os filhos de Israel clamaram ao Senhor. O terror tomou conta deles, enquanto o poderoso exército egípcio se aproximava rapidamente. E os filhos de Israel deixaram a questão aos cuidados de Yahweh, em oração. No pânico em que caíram, puseram a queixar-se amargamente, lamentando que tivessem aceito o plano do êxodo.
A Murmuração de Israel. O mar estava à frente deles, e o exército do Faraó aproximava-se rapidamente por trás. A fé fugiu de todos os israelitas naqueles momentos. Essa foi a primeira das murmurações de Israel no deserto, o que é um tema constante do livro de Êxodo. Ver também Êxo. 15.24; 16.2,3; 17.3; 32.1-4,25; Núm. 11.4-6; 12.1,2; 14.2,3; 16.13,14; 20.2-13; 21.4,5. Nada tinham para elogiar os labores de Moisés, que os tinha trazido em segurança até ali, mas puderam mostrar-se sarcásticos. O Egito não tinha sepulcros em número suficiente, e essa teria sido a razão pela qual Moisés teria trazido os filhos de Israel ao deserto. Melhor seria ter permanecido na servidão. Moisés tinha-lhes feito um grande mal, de acordo com o parecer dos murmuradores.
Qualquer pessoa que tente fazer alguma coisa é vítima de observações mordazes, a seu respeito e de seu trabalho. Sempre haverá 0 ciúme profissional em operação; sempre haverá aqueles que ficam atônitos diante dos erros que cometemos, e amar- gos diante de nosso sucesso. Assim, sem importar se tivermos êxito ou não, as mesmas palavras de reprovação serão proferidas.
Jeremias (2.1-3) desligou-se conspicuamente da tradição judaica das rebeldias e murmurações no deserto.
O Targum de Jonathan, comentando sobre essa passagem, diz: Os ímpios daquela geração disseram a Moisés...”.
O temor distorceu as memórias e despertou as paixões negativas dos israelitas. O próprio tempo distorce a memória e faz as pessoas pensar nos “dias passados” como melhores ou piores do que de fato foram.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 360.
Êx 14.5. Que o povo fugia. Melhor dizendo, “ burlava a sua vigilância” .
Isto não contradiz a permissão dada anteriormente por Faraó para que Israel partisse; somente agora ele compreendia o que significava sua decisão.
Nem sistema dependente de trabalho braçal por parte de uma classe ou grupo dessa sociedade, a perda de tal grupo é paralisante.
Êx 14.6. Aprontou Faraó o seu carro. Não se trata aqui de sua carruagem particular. O significado mais provável é “ força de carros de guerra” , um coletivo explicado no versículo seguinte.
Êx 14.7. Seiscentos carros escolhidos. Tal número, obviamente, era mais que possível para o Egito. Se considerarmos o número elevado, todavia, para uma simples captura de escravos, podemos considerar o número simbólico, correspondente aos “ seiscentos mil” de Israel, mencionados em 12:37. Por outro lado, o número seiscentos pode ser usado mais livremente no sentido de “ companhia” . Seiscentos parece ter sido o tamanho comum de um batalhão (2 Sm 15:18).
Todos os carros do Egito. A frase deve ser entendida no sentido geral utilizado em 9:6, e não no sentido estritamente matemático que seria estranho ao pensamento israelita. É evidente, no relato bíblico, que um batalhão de carros de guerra egípcios foi destruído no Mar dos Juncos; não há, entretanto, necessidade de se presumir que todo o exército egípcio pereceu ali.
Com capitães sobre eles. Etimologicamente este termo deve significar “ o terceiro homem” , talvez no carro de guerra. Ver Davies para uma discussão mais completa desta obscura palavra. “ Cavaleiros” seria uma boa tradução se não tivesse duplo sentido (cf 2 Rs 7:2). De fato, somente os hititas usavam carros de guerra que levavam três ocupantes, de acordo com nosso conhecimento atual.
Êx 14.9. Cavalarianos. Talvez usado como o vago equivalente poético de “ carros” . Os carros de guerra eram uma arma antiga no Egito ao passo que a cavalaria propriamente dita só foi empregada muito mais recentemente (Is 31:1). Aqui, todavia, não se tratava propriamente de guerra, e sim de uma operação policial, de modo que a cavalaria talvez tenha sido usada para explorar minuciosamente o deserto como batedores, à frente dos batalhões de carros de guerra. Muitos séculos depois, os carros e a cavalaria do Egito se tornaram proverbiais (Is 31:3).
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 115-116.
A perseguição de Faraó (14.5-9). Irritados pela recente derrota e frustração causada pela perda de tantos trabalhadores (5), Faraó e seus servos (os conselheiros) mudaram de ideia. Pensando que Israel estava praticamente encurralado no deserto, o rei aprontou o seu carro e tomou consigo o seu povo (6; “exército”, NVI). Também tinha seiscentos carros escolhidos (7) e muitos outros que conseguira reunir sem demora (pensamento subentendido na expressão todos os carros).
 Com esta força militar humana, Faraó saiu apressadamente em perseguição dos israelitas. Seu coração duro ficou mais duro ainda, porque, para ele, estes escravos tinham saído com alta mão “afoitamente”, ARA; “triunfantemente”, NVI). Contraste esta condição com o grande medo que logo sentiriam (10). Foi a toda velocidade ao local onde estavam acampados junto ao mar (9; ver Mapa 3). Pi-Hairote significa “lugar de juncos, no lado egípcio do mar Vermelho”
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 170-171.
 
3. A ruína de Faraó e seu exército (Êx 14.26-31).
O Milagre Estava Prestes a Ocorrer. Chegara o tempo determinado por DEUS (João 7.8). O grande momento não tardaria mais; o êxodo tornar-se-ia irreversível. Muitos perigos ameaçariam o povo de Israel, antes que ele entrasse na Terra Pro metida. Mas agora o Egito tomar-se-ia algo do passado. O prolongado exílio chegara ao fim, a servidão sobre a qual Abraão tinha sido avisado (Gên. 15.13). Os eventos no mar de Juncos foram uma intervenção histórica do poder de DEUS, e isso garantia a posse final da Terra Prometida e o cumprimento do Pacto Abraâmico (ver as notas a respeito em Gên. 15.18). No tempo certo, 0 Messias surgiria dentre a tribo de Judá, e assim as provisões do pacto haveriam de envolver os gentios, e grandes dimensões espirituais tornar-se-iam uma realidade adicionada ao pacto abraâmico (ver Gál. 3.14 ss.).
A natureza, a história e o poder de DEUS aliaram-se às margens do mar de Juncos. DEUS opera através da história; Ele age por meio da natureza; mas também opera acima de ambas essas coisas, oferecendo-nos surpresas vindas das Suas mãos. O evento remidor do mar de Juncos tornou-se a base mesma da existência da nação de Israel. Foi um acontecimento poderoso e espantoso. Esse evento foi para o A. T., o que JESUS, o CRISTO, foi para o N. T.- um ato revelador e redentor de DEUS. Sim, porque DEUS conferiu tão grande graça aos homens.
Êx 14.15 Dize aos filhos de Israel que marchem. Eles estavam clamando; mas deviam entrar em ação! Devemos orar sem cessar (I Tes. 5.17), mas há momentos em que a ação é mais importante do que a oração, pelo menos naquele momento. De outras vezes, a resposta já nos foi dada. Mas em nossa miopia, não a vemos ainda. No caso que ora consideramos, o poder de DEUS estava presente, já tinha entrado em operação. Agora, o que se fazia mister era que Israel marchasse para atravessar o mar de Juncos. Quando molhas- sem seus pés, então o ato miraculoso de DEUS tornar-se-ia evidente e operante.
Uma excelente citação de George Meredith ilustra este texto: “Quando o homem fica convencido de que está fazendo o que DEUS mandou, quanto pode esperar que as forças naturais obedeçam à sua vontade? Duas respostas religiosas têm sido dadas a essa pergunta. No decorrer da história, santos têm crido que, sob a inspiração divina, há ocasiões em que são capacitados a alterar e mesmo vencer o curso da natureza. E em todos os séculos sempre houve aqueles que acreditam que as leis da natureza são constantes, não havendo exceções à regra nem mesmo para o crente, para melhor ou para pior, mesmo nos momentos mais críticos".
Ambas essas ideias, naturalmente, dizem uma verdade. E é a vontade de DEUS, em Sua graça, sabedoria e misericórdia, que determina 0 que ocorrerá em cada caso particular.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 361.
Israel Vitorioso e o Exército de Faraó Destruído
O fim do nosso capítulo mostra-nos Israel vitorioso nas praias do Mar Vermelho e o exército do Faraó submergido nas suas águas. Os temores dos israelitas e a jactância dos egípcios eram igualmente desprovidos de fundamento. A obra gloriosa do Senhor havia destruído tanto uns como os outros. As mesmas águas que serviram de muro aos remidos de DEUS, serviram de sepultura para Faraó. É sempre assim: aqueles que andam por fé acham um caminho por onde transitar, ao passo que todos aqueles que tentam imitá-los encontram uma sepultura. Trata-se de uma verdade solene, que não é, de modo nenhum, diminuída pelo fato que Faraó atuava em hostilidade declarada e positiva contra DEUS quando intentou atravessar o Mar Vermelho. Descobrir-se-á sempre a verdade que todos aqueles que intentam imitar as obras da fé serão confundidos. Felizes daqueles que, embora fracos, podem andar por fé.
Seguem por um caminho de bem-aventurança inflável—um caminho que, embora possa ser marcado por falhas e fraquezas, é, todavia, começado, prosseguido e acabado com DEUS.
Possamos nós entrar mais e mais na realidade divina, calma elevação e santa independência desta senda.
Não devemos deixar esta parte do Livro do Êxodo sem nos referirmos à passagem da 1 Epístola aos Coríntios 10:1-2, em que se faz referência à nuvem e ao mar.
"Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem; e todos passaram pelo mar; e todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar". Esta passagem encerra a instrução preciosa e profunda para o cristão, pois que o apóstolo continua, dizendo: "E essas coisas foram-nos feitas em figura" (versículo 6), dando-nos assim autorização divina para interpretarmos o batismo de Israel "na nuvem e no mar" de uma maneira simbólica; e nada, seguramente, pode ter uma significação mais profunda e prática.
Foi como povo batizado desta maneira que os israelitas empreenderam a sua peregrinação através do deserto, para qual foi feita provisão de "um manjar espiritual" e "uma mesma bebida espiritual" pela mão d'Aquele que é amor. Em suma: era simbolicamente um povo morto para o Egito e tudo que lhe dizia respeito. A nuvem e o mar foram para eles aquilo que a cruz e a sepultura de CRISTO são para nós. Anuvem punha-os ao abrigo dos seus inimigos e o mar separava-os do Egito—da mesma maneira, a cruz protege-nos de tudo que podia ser contra nós, e nós achamo-nos do lado celestial da sepultura de JESUS. É aqui que começa a nossa peregrinação através do deserto. E aqui que começamos a saborear o maná celestial e a beber das correntes que brotam da "rocha espiritual", enquanto que, como povo de peregrinos, caminhamos para a terra do repouso da qual DEUS nos tem falado.
Desejo aqui chamar a atenção do leitor para a importância de compreender a diferença entre o Mar Vermelho e o Jordão. Os dois acontecimentos têm o seu antítipo na morte de CRISTO. Porém, no primeiro vemos separação do Egito; no último vemos introdução na terra de Canaã. O crente não somente está separado deste presente século mau, por meio da cruz de CRISTO, como foi vivificado da sepultura de CRISTO, ressuscitado juntamente com Ele e assentado nos lugares celestiais, em CRISTO (Ef 2:5-6). Por isso, ainda que esteja rodeado pelas coisas do Egito, ele encontra-se, quanto à sua experiência atual, no deserto; enquanto que, ao mesmo tempo, é levado pela energia da fé àquele lugar onde JESUS está sentado à destra de DEUS. Assim, o crente não só é perdoado de todos os seus pecados, como está associado com CRISTO ressuscitado nos céus: não só é salvo por CRISTO, como está unido a Ele para sempre.
Nada menos do que isto podia satisfazer o amor de DEUS ou realizar os Seus propósitos a respeito da Igreja.
Prezado leitor, compreendemos nós estas coisas? Acreditamo-las? Manifestamos o poder delas?- Bendita a graça que as tornou invariavelmente certas para cada membro do corpo de CRISTO, quer seja só um olho, uma pálpebra, uma mão ou um pé. A verdade destas coisas não depende, portanto, da sua manifestação por nós, nem de as realizarmos ou compreendermos, mas, sim, do "PRECIOSO SANGUE DE CRISTO", que cancelou toda a nossa culpa e lançou o fundamento de todos os desígnios de DEUS a nosso respeito. Eis descanso verdadeiro para todo o coração quebrantado e toda a consciência sobrecarregada.
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.