Lição 4 - A Celebração da Primeira Páscoa
LIÇÕES BÍBLICAS - 1º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos Tema: Uma Jornada de Fé - A Formação do povo de Israel e sua herança espiritual
Comentário: Pr. Antônio Gilberto
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva Questionário NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
[...] Porque
CRISTO, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Co 5.7b).
CRISTO é o
nosso Cordeiro Pascal. Por meio do seu sacrifício expiatório fomos libertos
da escravidão do pecado e da ira de DEUS.
LEITURA
DIÁRIA
Segunda - Êx 12.5 Um cordeiro sem mácula deveria ser morto
Terça- Êx 12.7 Sangue foi aspergido nas portas
Quarta- Êx 12.29-33 Morte nas famílias egípcias
Quinta - Jo 1.29 O Cordeiro de
DEUS que tira o pecado do mundo
Sexta - 1 Jo 1.7 O sangue purificador do Cordeiro de DEUS
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE - Êxodo 12.1-11
1 - E falou o
SENHOR a Moisés e a Ar ao na terra do Egito, dizendo: 2 - Este
mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses
do ano. 3 - Falai a
toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês, tome cada um para
si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada casa. 4 - Mas, se a
família for pequena para um cordeiro, então, tome um só com seu vizinho
perto de sua casa, conforme o número das almas; conforme o comer de cada um,
fareis a conta para o cordeiro. 5 - 0
cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis
das ovelhas ou das cabras 6 - e o
guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da
congregação de Israel o sacrificará à tarde. 7 - E tomarão
do sangue e pô-lo-ão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em
que o comerem. 8 - E naquela
noite comerão a carne assada no fogo, com pães asmos; com ervas amargosas a
comerão. 9 - Não
comereis dele nada cru, nem cozido em água, senão assado ao fogo; a cabeça
com os pés e com a fressura. 10 - E nada
dele deixareis até pela manhã; mas o que dele ficar até peia manhã,
queimareis no fogo.
11 - Assim,
pois, o comereis: os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o
vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a Páscoa do SENHOR.
INTERAÇÃO
Na lição de
hoje, estudaremos uma das festas mais significativas para Israel e a Igreja
— a Páscoa. DEUS queria que seu povo nunca se esquecesse desta comemoração
especial. Por isso, esta data foi santificada. No decorrer da lição, procure
enfatizar que a Páscoa era uma oportunidade para os israelitas descansarem,
festejarem e adorarem a DEUS por tão grande livramento, que foi a sua
libertação e saída do Egito. Hoje, o nosso Cordeiro Pascal é CRISTO. Ele
morreu para trazer redenção aos judeus e gentios. CRISTO nos livrou da
escravidão do pecado e sua condenação eterna. Exaltemos ao Senhor
diariamente por tão grande salvação.
OBJETIVOS -
Após a aula,
o aluno deverá estar apto a:
Analisar
o significado da Páscoa para os israelitas, egípcios e para os cristãos.
Saber
quais eram os elementos principais da Páscoa.
Conscientizar-se
de que CRISTO é a nossa Páscoa.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Professor,
para iniciar a lição faça a seguinte pergunta: “O que significa a palavra
Páscoa?” Ouça os alunos com atenção e explique que o termo significa “passar
por”. Diga que este vocábulo tornou-se o nome de uma das mais importantes
celebrações do povo hebreu. Diga que a festa da Páscoa acontece no mês de
abibe (março/abril).
Utilizando o
quadro da página seguinte, explique aos alunos o significado desta
celebração para os egípcios, judeus e cristãos. Conclua, enfatizando que a
Páscoa nos fala do sacrifício de CRISTO, o nosso Cordeiro Pascal.
A PÁSCOA | |
A PÁSCOA | SEU SIGNIFICADO |
Para os egípcios | Significava o juízo divino sobre o Egito. |
Para os israelitas | A saída do Egito, a passagem para a liberdade. |
Para os cristãos | É a passagem da morte dos nossos pecados para a vida de santidade em CRISTO. |
PALAVRA-CHAVE
I
- A PÁSCOA
1. Para os
egípcios.
2. Para
Israel.
3. Para
nós.
II - OS ELEMENTOS DA PÁSCOA
1. O pão.
2. As
ervas amargas (Êx 12.8).
3. O
cordeiro (Êx 12.3-7).
III - CRISTO, NOSSA PÁSCOA
1. JESUS,
o Pão da Vida (Jo 6.35,48,51).
2. O
sangue de CRISTO (1 Co 5.7; Rm 5.8,9)
3. A Santa
Ceia.
SINOPSE DO TÓPICO (3)
-
A Ceia do
Senhor é um memorial da morte redentora de CRISTO por nós e um alerta quanto
à sua vinda.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
SINOPSE DO TÓPICO (1)
-
Para nós
cristãos a Páscoa é a passagem da morte dos nossos pecados para a vida de
santidade em CRISTO.
SINOPSE DO TÓPICO (2)
-
Os três
elementos da Páscoa eram: o pão, as ervas amargas e o cordeiro sem mácula.
COHEN,
Armando Chaves. Êxodo. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
RICHARDS,
Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a
Apocalipse capítulo por capítulo. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO I -
Subsídio
Bibliológico
“O propósito
de DEUS em instituir a Páscoa era estabelecer o marco inicial para a
libertação de Israel do cativeiro egípcio e proclamar a redenção alcançada
pelo sangue do Cordeiro, já revelada no sacrifício de Isaque (Gn 22.1-19),
conforme mais tarde escreveram os apóstolos Paulo e Pedro: ‘e demonstrar a
todos qual seja a dispensação do ministério, que, desde os séculos esteve
oculto em DEUS’ (Ef 3.9); [...] o qual, na verdade, em outro tempo, foi
conhecido, antes da fundação do mundo’ (1 Pe 1.20).
CRISTO é a
nossa Páscoa (1 Co 5.17). Ele é o Cordeiro de DEUS Co 1.29). O cordeiro
deveria ser separado para o sacrifício até ao décimo quarto dia do primeiro
mês do ano (Êx 12.3-6) e tinha de ser sem defeito (Êx 12.5). CRISTO cumpriu
essa exigência (1 Pe 1.18,19). Ele entrou em Jerusalém no dia da separação
do cordeiro e morreu no mesmo dia do sacrifício. O cordeiro precisava ser
imolado pela congregação, assim como CRISTO foi sacrificado pelos líderes
civis e religiosos de Israel e de Roma e pela vontade do povo. Nenhum osso
do cordeiro poderia ser quebrado (Êx 12.46), também nenhum osso de CRISTO
foi partido Jo 19.33-36)” (COHEN, Armando Chaves. Êxodo. 1. ed. Rio
de Janeiro: CPAD, 1998, p.42).
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO II - Subsídio Bibliológico
“Êxodo 12 não diz
respeito somente ao momento da Páscoa, ao porquê da Páscoa e a como ela
deve ser observada, mas também quem deve participar (Êx 1 2.43-49). A
Páscoa não era algo indiscriminadamente aberto para todos. Quem podia
participar? A congregação de Israel (v. 47); os escravos (v. 44), quando
circuncidados, por terem os mesmos privilégios dos hebreus; os
estrangeiros (v. 48), gentios que tivessem abraçado a fé em Jeová. Quem
não podia participar? O forasteiro (v. 43), pagão e incrédulo; o
viajante (v. 45) que, hóspede ou de passagem, ficava algum tempo no
território de Israel; o servo assalariado (v. 45), que pertencia a uma
outra nação mas trabalhava em Israel. Essas distinções eram necessárias
por causa da ‘mistura de gente’ (1 2.38) que deixou o Egito. Foi por
isso que as instruções acerca da elegibilidade para participar da Páscoa
(1 2.43-49) foram passadas logo após essa ‘mistura de gente’ deixar o
Egito (12.37-39)” (HAMILTON, Victor P. Manual do Pentateuco. 2. ed. Rio
de Janeiro; CPAD, 2007, pp. 191-92).
COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO
Neste
capítulo veremos de que forma os acontecimentos de uma noite mudaram a
história dos egípcios e do povo de Israel. A celebração da Páscoa teve
significados distintos para hebreus e egípcios, pois na noite em que foi
instituída, houve lamento no Egito, mas a seguir ocorreu a libertação
prometida por DEUS para os seus filhos.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o
Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 35.
PÁSCOA
1 Esta palavra aparece várias vezes na Bíblia Sagrada. Porém na versão
KJV em inglês ela aparece apenas uma vez (At 12.4). É usada como
tradução do termo grego pascha, que é corretamente traduzido como
"páscoa" nas passagens onde consta no Novo Testamento. A palavra
"Páscoa" em inglês ("Easter") é derivada do nome de uma deusa teutônica
da primavera, "Eastre", e foi adaptada pelos cristãos ao uso atual
aprox. no século VIII d.C.
PÁSCOA
2 Festa instituída por DEUS para Israel, na época do Êxodo, para
celebrar a noite em que o Senhor Jeová poupou todos os recém
nascidos primogênitos dos israelitas e matou todos os primogênitos dos
egípcios (Êx 12.1-30,43-49). A palavra hebraica pesah (do grego pascha)
tem uma origem incerta. G. E. Mendenhall a relaciona com a palavra
acadiana pashu, que consta na carta Amarna 74.37 para descrever a paz ou
a segurança que resulta do estabelecimento de uma aliança (BASOR, #133
[1954], p. 29). B. Couroyer sugere que este termo é uma transliteração
de duas palavras egípcias p3 sh, 'Te coup" (o golpe, a pancada), e que
ele refere-se ao golpe infligido pelo Senhor à terra do Egito na décima
praga. Ele acredita que a expressão egípcia foi colocada ao lado de uma
raiz hebraica composta pelas mesmas consoantes, pasah, que significa
saltar ou passar (por cima) como em 1 Reis 18.26. Devido à sua conexão
com a isenção dos primogénitos de Israel, pesah veio a ter o sentido da
misericordiosa intenção de Jeová ao passar por cima das casas que foram
marcadas com sangue ("Uorigine égyptienne du mot 'Pâque'", Revue
Biblique, LXII [1955], 481-496). O verbo pasah ocorre em Êxodo
12.13,23,27, onde obviamente significa que o Senhor pulou ou saltou por
cima e, desse modo, poupou as casas israelitas quando feriu os egípcios
(Outro verbo com os mesmos radicais significa mancar ou ser manco; 2
Samuel 4.4.) A outra única ocorrência, no sentido de poupar ou proteger,
está em Isaías 31.5, onde pasah está em um paralelo com outros três
verbos que significam "proteger", "libertar" e "salvar". É possível que
em Isaías o significado possa ter sido estabelecido pelo uso em Êxodo 12
e não por refletir o significado original da raiz. Portanto, não se pode
afirmar que o substantivo pesah deriva ou não do verbo pasah, que
originalmente significava passar por cima. Quanto à observação
cerimonial da festa da Páscoa no AT, Veja Festividades; Sacrifícios;
Adoração.
No AT,
é feita uma referência à celebração da primeira Páscoa por Moisés, com a
aspersão de sangue para que os primogênitos israelitas não fossem
tocados (Hb 11.28). Existem muitas outras referências a festas da Páscoa
durante a vida do Senhor JESUS. Ainda criança, todos os anos Ele era
levado por seus pais a Jerusalém para a Festa da Páscoa (Lc 2.41). No
quarto evangelho, três Páscoas são definitivamente mencionadas durante o
ministério do Senhor JESUS (Jo 2.13,23; 6.4; 11.55; 12.1; 13;1;
18.28,39; 19.14) e acredita-se que a festa mencionada em João 5.1 seria
a quarta Páscoa. Na época de CRISTO, o cordeiro pascal (geralmente um
cordeiro ou cabrito de um ano, mas veja Êxodo 12.5) era ritualmente
sacrificado na área do Templo. Essa refeição, no entanto, podia ser
comida em qualquer casa da cidade. Um grupo comunitário, como o de JESUS
e seus discípulos, podia celebrar a Páscoa em conjunto, com se formasse
uma unidade familiar. Cerca de 120.000 a 180.000 judeus compareciam a
Jerusalém para essa e outras festas anuais, sendo que a grande maioria
deles era formada por peregrinos vindos de países da Diáspora (J.
Jeremias, Jerusalém in the Time of JESUS, Filadélfia. Fortress, 1969,
pp. 58-84). Depois da destruição do Templo no ano 70 d.C, as provisões
para o sacrifício de um animal, sob a forma de um ritual, cessaram
totalmente e a Páscoa dos judeus passou a ser uma
simples cerimônia familiar, uma refeição sem derramamento de sangue.
Atualmente, apenas os samaritanos (q.v.), em sua cerimônia anual da
Páscoa no monte Gerizim, sacrificam cordeiros ou cabritos visando
cumprir a ordem de Êxodo 12. Uma última passagem do NT desenvolve
claramente o significado tipológico da Páscoa e da Festa dos Pães Asmos
para o cristão. Paulo conclama os coríntios a eliminar o fermento da
malícia e da iniquidade, e observar diariamente a festa "porque CRISTO,
nossa páscoa, foi sacrificado por nós" (1 Co 5.7). Dessa forma, Paulo
declara diretamente que CRISTO é o "nosso Cordeiro pascal", conforme o
pronunciamento de João Batista de que JESUS é "o Cordeiro de DEUS, que
tira o pecado do mundo" (Jo 1.29). Devido a estas passagens, e a ensinos
semelhantes, a Igreja primitiva veio a entender que a Ceia do Senhor
(q.v.) substitui completamente a celebração da Páscoa.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag.
1467-1468.
I - A
PÁSCOA.
1.
Para os egípcios.
Para
que possamos entender o significado da Páscoa para os egípcios, é
preciso que recordemos o que ocorreu nos últimos dias antes de ela
acontecer.
Moisés
já havia falado com Faraó sobre ele libertar Israel, mas o rei não
cedeu, mesmo com o envio de pragas assustadoras que atacaram
profundamente a vida dos egípcios. Entretanto, DEUS ainda tinha mais um
julgamento contra o Egito, um julgamento tal que aquela nação entraria
em prantos: a morte dos primeiros filhos de cada família egípcia. A
Páscoa foi um duro julgamento de DEUS para com as atrocidades cometidas
pelos egípcios contra os meninos hebreus. Não podemos nos esquecer de
que, no início do livro de Êxodo, Faraó ordenou que as parteiras Sifrá e
Puá matassem os meninos recém-nascidos. Como elas não o fizeram, a ordem
foi dada a qualquer egípcio. Isso significa que qualquer egípcio poderia
entrar numa casa hebreia, ver se ali havia algum menino e, caso o
encontrasse, poderia pegar o bebê e levá-lo para ser jogado no Rio Nilo,
onde se afogaria ou seria alimento para os crocodilos.
Se
nessa época as casas dos hebreus poderiam ser invadidas, na Páscoa as
casas dos egípcios não poderiam proteger os seus primogênitos, pois o
anjo da morte entraria em cada residência e executaria o mandado de
DEUS. Sem dúvida essa história poderia terminar de outra forma se Faraó
deixasse ir o povo embora. Mas por causa da dureza de coração do rei,
seus súditos pagaram um alto preço. Lembremo-nos de que Moisés tinha
advertido a Faraó antes, deixando claro que o povo sairia com as
crianças e o gado (Faraó não queria que isso acontecesse), e a última
resposta do rei para Moisés, antes da Páscoa, foi: “Vai-te de mim e
guarda-te que não mais vejas o meu rosto; porque, no dia em que vires o
meu rosto, morrerás” (Êx 10.28). Por essa resposta, entendemos que Faraó
deu por encerrado o diálogo com Moisés e com DEUS, e assinou a ordem
divina para a morte dos primogênitos. Ele não quis obedecer às ordens de
DEUS, e isso lhe custaria a vida do próprio filho.
"DEUS
tem dado muitas ordens em sua Palavra que são acompanhadas de promessas
que Ele mesmo vai cumprir. Naquela noite, obedecer a DEUS fez toda a
diferença para os israelitas."
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o
Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 35-36.
Êx
11.4 O Senhor. Yahweh tinha-o informado. Cerca da meia-noite, o anjo da
morte, o destruidor (Êxo. 12.23), iniciaria a sua missão destrutiva.
Todas as pragas anteriores seriam como nada em comparação com a décima.
Israel seria poupado (vs. 7); seus primogênitos nada sofreriam.
O
Faraó tinha, no Egito, a reputação de ser um deus, uma encarnação de Rá,
o deus-sol. A mitologia egípcia contava a história de como, a cada
noite, o deus- sol precisava lutar e vencer os poderes das trevas, sob a
forma do deus-serpente, Apófis. A cada noite era obtida a vitória. Mas
naquela noite, à meia-noite, o poder das trevas, Rá, seria derrotado, e
isso do ponto de vista dos egípcios.
Os
versículos primeiro a terceiro deste capítulo formam um parêntese. O
quarto versículo dá continuação ao diálogo de Êxodo 10.29. O Faraó tinha
sido advertido pela última vez. Moisés disse ao Faraó que os dois nunca
mais se veriam face a face. Antes, o Faraó teria de enfrentar Yahweh,
sob a forma de seu anjo vingador. E o Faraó em breve haveria de querer
ver Moisés novamente (Êxo. 12.31).
Êx
11.5 Nenhum filho primogênito, humano ou animal, seria poupado. Agora a
ameaça era de uma destruição deveras devastadora. “A morte dos
primogênitos simboliza a derrota imposta por DEUS ao Egito, mediante o
triunfo sobre os seus deuses. De acordo com o pensamento dos hebreus, os
primogênitos representavam o todo. O domínio sobre o Egito, como uma
entidade independente, chegara ao fim. Seus deuses estavam mortos” (J.
Edgar Park, in loc).
Os
Animais aos quais os Egípcios Adoravam Também Estavam Mortos. Visto que
os primogênitos eram do sexo masculino, as meninas escaparam completa
mente. Mas o orgulho e as esperanças de cada família giravam em torno do
amado filho primogênito. Ele representava a continuação da linhagem, o
transmissor da herança. Portanto, nenhuma aflição pior poderia ser
imaginada do que a morte em massa dos filhos primogênitos.
Nenhuma família egípcia escaparia à calamidade que atingiria em cheio o
deus-sol do Faraó, desde a humilde criada que, subitamente, perderia seu
querido primeiro filho, até o próprio rei, desde o menor até o maior;
desde o mais pobre até o mais rico; desde os culpados até os inocentes.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 346.
A
Páscoa e os egípcios (Êx 11:1-10)
O povo
do Egito havia sido transtornado pelas seis primeiras pragas; sua terra
e seus bens haviam sido devastados pelas duas pragas seguintes. A nona
praga - três dias de escuridão - havia preparado o caminho para a mais
terrível de todas as pragas, quando mensageiros da morte visitariam a
terra. "Lançou contra eles o furor da sua ira: cólera, indignação e
calamidade, legião de anjos portadores de males" (SI 78:49).
Moisés
ouviu a Palavra de DEUS (vv. 1-3). Esses versículos descrevem o que
aconteceu antes de Moisés ser convocado para ir ao palácio e ouvir a
última oferta do Faraó (Êx 10:24-29). O discurso de Moisés (Êx 11:4-8)
foi apresentado entre os versículos 26 e 27 do capítulo 10 e terminou
com Moisés deixando a sala do trono ardendo em ira (Êx 10:29; 11:8).
DEUS
disse a Moisés que enviaria mais uma praga ao Egito, uma praga tão
terrível que o Faraó não apenas deixaria como também ordenaria que os
israelitas partissem. O Faraó os expulsaria da terra e, assim, cumpriria
a promessa que DEUS havia feito mesmo antes de começarem as pragas (Êx
6:1; ver 12:31, 32, 39).
Moisés
disse ao povo que havia chegado a hora de receberem seus pagamentos
atrasados por todo o trabalho que eles e seus ancestrais haviam feito
como escravos no Egito. A palavra hebraica para essa coleta é traduzida
pelo verbo "pedir" ("peça"; v. 2). Os hebreus não tinham a intenção de
devolver o que os egípcios lhes dessem, pois aquela riqueza era
pagamento por uma dívida pendente do Egito para com Israel.
DEUS
havia prometido a Abraão que seus descendentes deixariam o Egito com
"grandes riquezas" (Gn 15:14) e repetiu essa promessa a Moisés (Êx 3:21,
22). DEUS havia tornado seu servo, Moisés, extremamente respeitado no
meio dos egípcios e também faria com que os hebreus alcançassem o favor
dos egípcios, de modo que estes dariam livremente sua riqueza ao povo de
Israel (Êx 12:36, 37).
Moisés
advertiu o Faraó (w. 4-10). Essa foi a última vez que Moisés dirigiu-se
ao Faraó, que rejeitou suas palavras como havia feito com todas as
outras advertências. O Faraó não tinha qualquer temor de DEUS em seu
coração e, portanto, não levou a sério o que Moisés lhe disse. No
entanto, ao rejeitar a Palavra de DEUS, o Faraó causou a morte dos mais
excelentes jovens de sua terra e trouxe profunda tristeza sobre si e
sobre seu povo.
Há
duas perguntas que devem ser tratadas neste ponto: (1) Por que DEUS
matou apenas os primogênitos? (2) Foi justo DEUS fazer isso, uma vez que
o Faraó era o único culpado? Ao responder à primeira pergunta. também
contribuímos para a resposta da segunda.
Na
maioria das culturas, os filhos primogênitos eram considerados especiais
e, no Egito, eram tidos como sagrados. Devemos nos lembrar de que DEUS
chama Israel de seu filho primogênito (Êx 4:22; Jr 31:9; Os 11:1). Logo
no início do conflito, Moisés advertiu o Faraó de que a maneira como ele
tratasse o primogênito de DEUS determinaria como DEUS trataria os
primogênitos do Egito (Êx 4:22, 23). O Faraó havia tentado matar todos
os bebês hebreus do sexo masculino e seus oficiais haviam maltratado os
escravos hebreus com brutalidade, de modo que, ao matar os primogênitos,
o Senhor estava simplesmente pagando ao Faraó com sua própria moeda.
A
compensação é uma lei fundamental da vida (Mt 7:1, 2), e DEUS não é
injusto quando permite que essa lei funcione no mundo. O Faraó afogou os
bebês hebreus, de modo que DEUS afogou o exército do Faraó (Êx 14:26-31;
15:4, 5). Jacó mentiu para o pai, Isaque (Gn 27:15-17), e, anos depois,
os filhos de Jacó mentiram para ele (Gn 37:31-35). Davi cometeu
adultério e mandou matar o marido de Bate-Seba (2 Sm 11); a filha de
Davi foi estuprada e dois de seus filhos morreram assassinados (2 Sm 13;
18). Hamã construiu uma forca para matar Mordecai, mas o próprio Hamã
acabou enforcado nela (Et 7:7-10). "Não vos enganeis, de DEUS não se
zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará" (Gl 6:7).
Quanto
à justiça da décima praga, quem pode julgar os atos do Senhor, quando a
"justiça e direito são o fundamento do seu trono" (Sl 89:14)? Por outro
lado, por que a resistência de um homem a DEUS deveria levar à morte de
tantos jovens inocentes? No entanto, acontecimentos semelhantes ocorrem
em nosso mundo hoje em dia. Quantos homens e mulheres que morreram como
soldados em combate tiveram a oportunidade de votar a favor ou contra
uma declaração de guerra? E quanto à "inocência" desses primogênitos, só
DEUS conhece o coração humano e pode dispensar sua justiça com
perfeição. "Não fará justiça o juiz de toda a terra?" (Gn 18:25).
Ao ler
o Livro de Gênesis, descobre-se que, com frequência, DEUS rejeitou o
primogênito e escolheu o filho seguinte para dar continuidade à linhagem
da família e receber a bênção especial do Senhor. DEUS escolheu Abel,
depois Sete, mas não Caim; escolheu Sem e não Jafé; Isaque e não Ismael;
Jacó e não Esaú. Essas escolhas não apenas exaltam a graça soberana de
DEUS, como também servem de símbolo para dizer que nosso primeiro
nascimento não é aceito por DEUS. Devemos passar por um segundo
nascimento - o nascimento espiritual - a fim de que DEUS possa nos
aceitar (Jo 1:12, 13; 3:1-18). O filho primogênito representa o que há
de melhor na humanidade, mas não é bom o suficiente para um DEUS santo.
Por causa de nosso primeiro nascimento, herdamos a natureza pecaminosa
de Adão e estamos perdidos (Sl 51:5, 6). Contudo, quando nascemos de
novo, por meio da fé em CRISTO, recebemos a natureza divina do Senhor e
somos aceitos em CRISTO (2 Pe 1:1-4; Gl 4:6; Rm 8:9).
O
Faraó e o povo egípcio pecaram contra a manifestação clara do Senhor e
insultaram a misericórdia de DEUS. O Senhor havia suportado com
longanimidade a rebeldia e arrogância do rei do Egito bem como seu
tratamento cruel para com o povo de Israel.
DEUS
havia avisado o Faraó várias vezes, mas ele se recusou a submeter-se.
Jeová havia humilhado publicamente os deuses e deusas e provado ser o
único e verdadeiro DEUS vivo, e, ainda assim, a nação não creu. "Visto
como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos
filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal" (Ec
8:11). A misericórdia de DEUS deveria ter conduzido o Faraó à sujeição;
mas, em vez disso, ele endureceu o coração repetidamente. Os oficiais do
Faraó humilharam-se diante de Moisés (Êx 3:8), então por que o Faraó não
pôde seguir o exemplo deles? "A soberba precede a ruína, e a altivez de
espírito, a queda" (Pv 16:18).
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora
Central Gospel. pag. 256-257.
2.
Para Israel.
Se
para os egípcios a noite da Páscoa foi uma noite de desgraça, para os
hebreus a noite era de expectativa em relação ao que DEUS dissera por
intermédio de Moisés. Havia uma ordem para que os judeus matassem um
cordeiro, comessem-no com ervas amargas e pão sem fermento, e não se
esquecessem de colocar o sangue daquele animal nas ombreiras e na verga
da porta. E essa ordem era seguida de uma promessa: “vendo eu sangue,
passarei por cima de vós” (Êx 12.13). DEUS tem dado muitas ordens em sua
Palavra que são acompanhadas de promessas que Ele mesmo vai cumprir.
Naquela noite, obedecer a DEUS fez toda a diferença para os israelitas.
Moisés repassou essa informação ao povo: “Porque o Senhor passará para
ferir aos egípcios, porém, quando vir o sangue na verga da porta e em
ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta e não deixará ao
destruidor entrar em vossas casas para vos ferir” (Êx 12.23).
Para
eles, obedecer ao mandamento de DEUS foi um ato de fé. Charles Swindoll
comenta acerca das ordens de DEUS em relação a passar o sangue do
cordeiro nos umbrais da porta:
Pare e
pense um momento sobre essas instruções. Que razão lógica havia para
fazer essas coisas com o sangue do cordeiro? Você diz: “DEUS mandou
fazer isso”. E verdade. Essa é a resposta. Nesse ponto, essa era a única
razão de que precisavam. Não havia poder no sangue seco de um cordeiro
morto. Todavia, em sua sabedoria insondável, DEUS preparou um plano que
só exigia uma coisa — obediência.
O que
DEUS espera hoje de nós que esperava dos israelitas no Egito?
Obediência.
Essa
palavra muitas vezes tem colocado nossos pensamentos confrontando nossas
atitudes. Não raro, sabemos como obedecer a DEUS. Sabemos também que
DEUS espera que não apenas saibamos como proceder em nossa vida, mas
espera que saibamos obedecer a Ele integralmente.
Se
você acha que obedecer a DEUS não faz muita diferença, desejo
relembrar-lhe o caso de Saul, o primeiro rei de Israel. Saul foi
escolhido por DEUS para ser o primeiro governante da nação, mas a cada
ordem recebida de DEUS, resolvia fazer do seu próprio jeito, o que
acarretava em desobediência completa ao que DEUS lhe havia dito.
Em uma
dessas ordens dadas a Saul, DEUS lhe disse que se lembrava do que os
amalequitas tinham feito contra os israelitas quando estavam no deserto.
Chegara a hora da retribuição divina às atitudes dos amalequitas, que
seriam destruídos por Saul. A ordem foi dada, mas Saul poupou o rei
daquela nação e o seu gado, e ainda acreditou que estava obedecendo ao
que DEUS disse acerca dessa situação. Todavia, não foi o que aconteceu:
“Então, veio a palavra do Senhor a Samuel, dizendo: Arrependo-me de
haver posto a Saul como rei; porquanto deixou de me seguir e não
executou as minhas palavras” (1 Sm 15.10, 11). Como DEUS disse que Saul
não executou as ordens dadas? Ele não estava sendo exagerado nesse
quesito? Não! Depois de poupar o rei e o gado, veja o que aconteceu:
Veio,
pois, Samuel a Saul; e Saul lhe disse: Bendito sejas tu do Senhor;
executei a palavra do Senhor. Então, disse Samuel: Que balido, pois, de
ovelhas é este nos meus ouvidos, e o mugido de vacas que ouço?
E
disse Saul: De Amaleque as trouxeram; porque o povo perdoou ao melhor
das ovelhas e das vacas, para as oferecer ao Senhor, teu DEUS; o resto,
porém, temos destruído totalmente. (1 Sm 15.13-15)
DEUS
havia pedido que Saul trouxesse animais para holocaustos? Não. A ordem
dada não fora cumprida integralmente, e isso para DEUS foi uma
desobediência completa. Samuel chamou Saul e lhe perguntou se o Senhor
tinha mais prazer em ofertas do que tinha prazer na obediência de seus
servos.
Eis
que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que
a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria,
e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a
palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.
(1 Sm 15.22, 23)
A
obediência tem um preço, e a desobediência também. No caso de Saul, seu
reino foi rejeitado porque ele não estava mais seguindo ao Senhor. E
Saul aprendeu da pior forma a diferença entre obedecer e desobedecer a
DEUS: se ele fosse obediente, seu reino seria confirmado para sempre. O
nome dele entraria para a história como o grande rei que DEUS escolheu
para ser coluna em Israel. Ele seria lembrado como o homem que obedeceu
a DEUS e que jamais teria sua memória apagada de Israel.
Além
disso, ninguém disse a Saul que DEUS preferia receber sacrifícios a
obediência, pois isso seria ilógico. É o mesmo que dizer: “Não preciso
obedecer a DEUS completamente. Basta oferecer a Ele alguma coisa e sua
ira vai ser deixada de lado”. DEUS não pode ser comprado por objetos ou
oferendas. Ele pode receber nossa obediência por um ato de fé. Para
Saul, obedecer parcialmente ao que DEUS mandara lhe custou o reino. Para
os israelitas, obedecer integralmente ao que DEUS mandara preservaria a
vida de todos os seus primogênitos. Obedecer faz a diferença tanto
quanto desobedecer.
Obedecer faz diferença. Para os israelitas no Egito, a obediência
preservou a vida do filho mais velho de cada família israelita. Já
pensou se sua obediência a DEUS preservasse seu filho, se você é pai ou
mãe, e a sua desobediência lhe custasse seu primogênito?
Charles Swindoll continua seu pensamento:
Ele
nunca pediu que refletissem sobre isso. Nunca pediu que conversassem
sobre a ordem. Nunca pediu que considerassem a ideia e decidissem se
concordavam com ela. Ele simplesmente lhes disse o que fazer e quando. A
seguir, disse a eles o que aconteceria como resultado de sua estrita
obediência às suas ordens.
Que
atitudes dos pais israelitas fez com que seus primogênitos fossem
salvos? A fé no que DEUS disse e a obediência ao que Ele disse. Fé e
obediência precisam caminhar juntas.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o
Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 36-39.
A
FESTA DA LIBERTAÇÃO. A Páscoa oferece um vasto campo para especulação
por causa da grande variedade de características: mancha de sangue,
saltos, “uma noite de vigia”, o cordeiro sacrificial, as primícias da
cevada, a ceia sagrada, etc. Essas características se assemelham a
rimais praticados fora de Israel. Não é de se admirar que os estudiosos
a considerem uma festa enigmática. Alguns não consideram Êxodo 1-14 como
um registro dos eventos, mas como uma lenda cúltica que tenta glorificar
a saída do Egito (Pederson, Israel: Its Life and Culture, III-IV,
726ss.). A suposição repousa sobre um equívoco: o verdadeiro propósito
da Páscoa era glorificar o DEUS de Israel. Seria inútil esperar dados
históricos fora dos próprios termos do escritor. No centro de Êxodo 1-14
está o DEUS de Israel, que realiza feitos poderosos em favor do seu povo
(cp. G. von Rad, The Problem of the Hexateuch [1965], 52). A história
bíblica é escrita com um propósito, e o propósito é atestar os atos
graciosos de DEUS. Israel compreende sua liberdade como um milagre
operado por YHWH que, com “poderosa mão e com braço estendido” levou seu
povo para fora do Egito (Dt 26.8). Para compreender o significado da
Páscoa deve-se procurar a interpretação bíblica; é inútil indagar qual
era a festa nos tempos pré-mosaicos.
É
possível que a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos fossem festas agrícolas
(cp. Êx 23.15s.).
Alguma
evidência da ligação cúltica entre a Páscoa e as primícias está
preservada (Js 5.10-12; cp. C. W. Atkinson, AthR [Jan 1962], 82). Mas a
festa passou por uma reinterpretação radical como resultado do grande
evento na história de Israel, conhecido como a libertação do Egito, a
casa da escravidão. Os estudiosos não sabem explicar como um rimai
primitivo enraizado na superstição se tomou a festa da libertação. Está
de acordo com a prática do AT reinterpretar antigas tradições à luz da
própria história de Israel. Assim, a lei do Sábado é associada à
história da criação (Gn 2.3) e aparece também (Dt 5.15) como o sinal da
libertação de Israel da escravidão (cp. P. R. Ackroyd, The People of the
OT[1959], 48). O mesmo deve ter acontecido com a festa da primavera
original: à luz do Êxodo adquiriu uma nova dimensão, isto é, a dimensão
da liberdade unida a um evento histórico.
Ordenanças relacionadas ao Pesa h. O AT refere-se a um conjunto de
estatutos (nosn npn) que são obrigatórios para a observância da festa
(Êx 12.43; Nm 9.12,14; 2Cr 35.13). Estes estatutos definem em detalhes a
data, o período, a duração da festa e a forma de se comer o cordeiro
pascal, etc.
Os
preparativos para a festa deveriam começar no décimo dia do primeiro mês
(i.e. Abibe, cp. Dt 16.1; o nome babilónico foi substituído mais tarde
por Nisã, cp. Ne 2.1; Et 3.7). O cordeiro pascal era escolhido de acordo
com o número de pessoas na família. O cordeiro deveria ser sem mancha,
de um ano de idade e macho. O animal deveria ser tratado de maneira
especial até o décimo quarto dia do mês quando seria morto “entre as
noites” (Êx 12.6mg.; Lv 23.5mg.). Isto quer dizer “à noite no por do
sol” (Dt 16.6). O sangue do animal deveria ser colocado em ambas as
ombreiras e na verga da porta. Posteriormente o sangue passou a ser
borrifado sobre o altar e derramado em suas bases (cp. 2 Cr 35.11; Jub
49.20; Pes 5.6). A carne deveria ser assada no fogo com a cabeça, pernas
e partes internas e nenhum osso deveria ser quebrado (Êx 12.46; Nm
9.12). Não deveria ser comido cru ou cozido em água (Êx 12.9; Dt 16.7
parecem contradizer essa regra; mas cp. 2 Cr 35.13; o verbo bissel pode
significar “cozer” tanto quanto “ferver”). A came assada deveria ser
comida com pão asmo e ervas amargas, e deveria ser consumida de forma
que nada sobrasse para o dia seguinte; qualquer sobra deveria ser
queimada (Êx 12.10; 34.25). A refeição deveria ser comida às pressas,
com os lombos cingidos, sapatos calçados e a vara na mão. A festa da
Páscoa era um dia de memorial
e,
portanto, para ser comemorada por todas as gerações como uma ordenança
eterna (Ex 12.14). A Festa do Pão Asmo, como distinta do cordeiro
pascal, deveria ser observada durante sete dias (Ex 12.15; 13.6; 34.18;
Lv 23.6; Nm 28.17; Dt 16.3; a única exceção está em Deuteronômio 16.8,
mas a diferença deriva do modo de se contar os dias, cp. S. B. Hoenig,
JQR [Abril 1959], 271 ss.). ’
Os
israelitas que eram impedidos de participar da Festa por causa da
impureza levítica ou por viagem deveriam celebrá-la um mês depois (Nm
9.10s.; cp. Pes 9.3).
A
responsabilidade de explicar o significado da Páscoa estava sobre o pai
da família: “Naquele mesmo dia contarás a teu filho, dizendo: E isto
pelo que o Senhor me fez, quando saí do Egito” (Ex 13.8; cp. 12.26).
Somente os israelitas e aqueles que, através da circuncisão, estavam
unidos à comunidade podiam comer o cordeiro pascal. Estrangeiros e
viajantes, i.e., estrangeiros residentes, eram excluídos (Ex 12.45), mas
a regra não era aplicada aos estrangeiros circuncidados e viajantes que
demonstrassem um real interesse em se identificar com Israel. A eles era
permitido participar da celebração da Páscoa (Nm 9.14). O cordeiro
deveria ser comido dentro da casa e não deveria ser levado para fora
dela.
O tema
Êxodo no AT. Com a mudança de circunstâncias, as antigas leis tiveram
que ser modificadas. Os cultos centralizados em Jerusalém dificultaram
algumas práticas. A mancha de sangue nos umbrais da porta deveria ser
completada com o borrifar do sangue no altar (cp. 2Cr 30.16; 3 5.11). A
regra de comer o cordeiro na casa foi, de acordo com o Talmude,
modificada para as casas em Jerusalém apenas (cp. Pes 9.12; mas cp. Jub
49.20). As características originais agrícolas da festa abriram caminho
para aspectos mais cúlticos. Uma característica peculiar sobrevive até
hoje: era e continua sendo um rito público. Os rabinos consideram a
regra de que o cordeiro pascal não pode ser morto para uma única pessoa
(apesar do Rabino José permitir; cp. Pes 8.7). Outra característica
provinda de tempos antigos era que a morte do cordeiro era feita por
israelitas comuns agindo em favor de seus familiares e não por
sacerdotes como no caso dos outros sacrifícios (cp. Pes 6.5). Tudo o que
os sacerdotes tinham que fazer era recolher o sangue e derramá-lo nas
bases do altar. A Páscoa era a única ocasião em que o israelita
realizava uma função sacerdotal (a partir de 2 Cr 30 e 35 não está claro
se era o povo ou os sacerdotes que matavam o animal). Outras
características permanecem obscuras, por exemplo, a queima das sobras:
Êxodo 12.10 ordena que o que fosse deixado até pela manhã deveria ser
queimado, ao passo que Êxodo 23.18; 34.25 e Deuteronômio 16.4
especificam que deveria ser terminado antes do amanhecer. Pode não ter
havido uma tradição uniforme em alguns assuntos; alguns “comeram a
Páscoa, não como está escrito” (2Cr 30.18). Uma tradição uniforme
evoluiu gradualmente, mas os fatos principais relacionados ao Êxodo
nunca variaram.
O AT é
repleto de referências ao milagre da redenção do Egito. Os Salmos, em
especial, se deleitam em enfatizar o tema do Êxodo com todos os seus
milagres. O Salmo 78 repete a história de Israel tendo o Êxodo como o
tema central. O ato redentor de DEUS consistiu em tirar uma videira do
Egito e plantá-la na Terra Prometida (SI 80.8). Alguns salmos contrastam
a fidelidade de DEUS para com seu povo com o comportamento rebelde de
Israel no deserto (cp. SI 95; 106). O propósito principal de recontar a
história da redenção era louvara DEUS por seus atos poderosos (cp. SI
135; 136). Os velhos cantores exultavam no privilégio de Israel ser
chamado povo de DEUS e de ter saído do Egito (SI 114.1).
Os
profetas fazem alusões frequentes à história da redenção do Egito e da
longa viagem pelo deserto. A aliança de Israel com o Egito por
conveniência política era muito abominável uma vez que parecia
contradizer o propósito original de DEUS (cp. Jr 2.18s.; Os 11.5). Em
tempos de perigo, quando a Assíria pressionou duramente Israel, o
profeta trouxe à memória o que DEUS fez por seu povo no Egito: “não
temas a Assíria” (Is 10.24,26s.; cp. 52.4). Jeremias lamenta o fato de
Israel falhar ao perguntar: “Onde está o Senhor que nos trouxe da terra
do Egito, que nos guiou no deserto” (2.6ss.). Ele os faz lembrar que
desde o dia em que seus pais saíram da terra do Egito até então, o
Senhor persistentemente enviou profetas ao seu povo de dura cerviz
(7.25,26), advertindo- os (11.4), mas eles não quiseram ouvir (vv. 7,8).
Esta
referência a YHWH que tirou Israel do Egito é um refrão frequente nos
escritos proféticos (cp. Jr 16.14; 23.7; 31.32; 32.21; 34.13; Ez
20.6,9s.,36; Dn 9.15, Os 2.15; 11.1; 12.9,13; Am 2.10; 3.1; 9.7). Para
os profetas, o Êxodo é um fato central na história de Israel. Israel
conhece YHWH principalmente como aquele que seu povo da escravidão do
Egito, o guiou pelo deserto e lhe deu estatutos e ordenanças (Ez
20.9-11). Ezequiel parece associar a instituição do sábado à história da
redenção do Egito (20.12), e a “lascívia e... prostituição” de Israel é
uma triste herança trazida da casa da escravidão (23.27).
Os
livros históricos estão igualmente cientes do significado do Êxodo para
a relação entre Israel e YHWH. DEUS se fez conhecido a seu povo ao
libertá-lo da casa da escravidão e ao estabelecê-lo na terra prometida
(I Sm 8.8,2Sm 7.23; l Rs 8.53; etc).
O
Êxodo domina num senso real a perspectiva do AT, e a Páscoa é a
lembrança do que DEUS fez por seu povo. A libertação do Egito e o
estabelecimento na terra de Israel são considerados como o selo da
lealdade de YHWH para com as promessas da aliança (cp. Mq 6.3s.).
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol.
4. pag. 764-768.
O
PESACH JUDAICO
O
relato da instituição desse rito se encontra em Êxodo 12. DEUS ordena a
Israel que o observe (w. 1,2). A observância do rito, além dos atos
litúrgicos prescritos no relato, exige à disposição um cordeiro ou um
cabrito, macho de um ano, sem defeito (v. 5); pães ázimos e ervas
amargas (v. 8). Estas recomendações dirigem-se ao círculo familiar (v.
3), podendo estender-se à vizinhança (v. 4).
O
cordeiro devia ser assado inteiro, e aquilo que não era comido no
banquete devia ser queimado antes do dia seguinte (v. 10). Os comensais
deviam comê-lo em pé e devidamente trajados para uma longa viagem (v.
11). Nos tempos de JESUS, conforme indica Raphael Martins, a cerimônia
pascal havia recebido a influência dos gregos e dos romanos que
celebravam seus ágapes, não como escravos, mas como um povo livre e
independente, ou seja, comiam recostados em divãs providos de almofadas.
O Pesach significa na língua hebraica “passar por cima”, “passar por
sobre”. Na língua portuguesa foi traduzida por “Páscoa”.
O
Pesach surgiu em face da tradição de que o anjo destruidor, ou anjo da
morte, “passou por sobre” as casas cujo sangue do cordeiro imolado
assinalava. “Porque, naquela noite, passarei pela terra do Egito e
ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até aos
animais... O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes;
quando eu vir o sangue, passarei por vós...” (Ex 12.12,13)
A
passagem do anjo da morte constituiu a última praga sobre o Egito,
forçando o Faraó a libertar o povo hebreu, possivelmente entre os anos
de 1400-1200 a.C. O Pesach, na descrição de McKenzie, mostra numerosas
variantes que apontam para uma origem e desenvolvimento complexos. O
Pesach, segundo a grande maioria dos estudiosos, era anterior à
instituição no capítulo 12 de Êxodo. A festa original era pastoril nos
seus primórdios, onde os pastores celebravam o nascimento de ovelhas na
primavera; e esse termo também faz alusão à forma como as ovelhas
costumam “saltar por cima” dos obstáculos. Seja como for, por meio da
historização, a Páscoa se tomou a grande festa nacional de Israel, que
celebrava sua constituição como povo de Iahweh, acentua McKenzie.
naquela noite, comerão a carne assada no fogo; com pães asmos e ervas
amargas a comerão” (v. 8) Ázimos, no hebraico maccot, significa “pães
sem fermento”. A festa dos “pães sem fermento” está registrada em Êxodo
23.15, ao lado de outras duas. No momento da instituição do Pesach ela
aparece em correlação com a mesma, como festa histórica que celebra a
libertação de Israel da opressão egípcia. O caráter da cerimônia indica
que se tratava de uma festa agrícola de agradecimento pelo início da
colheita. No Novo Testamento é sempre mencionada em conexão com o Pesach
(Mt 26.17; Mc 14.12).
Em
memória dos sofrimentos dos hebreus no Egito são comidas ervas amargas:
chicória, escarola, agrião, salsa, rabanete, amêndoa, tâmara, figo e
passa. Esses ingredientes eram misturados com vinagre, formando uma
espécie de molho, cor de tijolo (haroset, em hebraico), lembrando seu
antigo ofício no Egito.
Roberto dos Reis Santos. A Santa Ceia. Editora CPAD. pag. 12-14.