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José (Êx 1.8). Isto não
sugere que ele não tenha conhecido José pessoalmente, mas apenas que sua
benevolência não mais se estendia aos descendentes de José - os hebreus.
Ele havia, afinal, expulsado os hicsos, um povo bastante aparentado aos
hebreus, e pode ter ficado receoso de que a rápida multiplicação destes
pudesse se constituir numa séria ameaça ao seu recente governo e
autoridade.
Ele ou seu sucessor,
Amenotepe I (1546 - 1526), foi o responsável pela política repressiva
que se seguiu naqueles dias. Isto incluía a redução dos hebreus à
escravidão com trabalhos forçados em projetos de construções públicas
(Êx 1.11-14), um plano que foi igualmente implementado por Amósis.
Quando tal projeto fracassou, seguiu-se um decreto promulgando o
genocídio de todos os machos hebreus que nascessem (Êx 1.15,16).
Esse decreto pode ter
sido emitido por Amenotepe ou, o que é mais provável, por Tutmose I, de
acordo com a reconstrução histórica promovida neste trabalho.
Admitindo a data de 1446
a.C. para o êxodo, podemos determinar a data do nascimento de Moisés, um
fato de elevada importância nesta conjuntura. O Antigo Testamento
informa que Moisés tinha a idade de 80 anos pouco antes do êxodo (Êx
7.7), e 120 anos na sua morte (Dt 34.7). Visto que sua morte ocorreu bem
no fim do período do deserto, podemos datá-la em 1406. Um simples
cálculo então fornece o ano 1526 para o seu nascimento. Por conseguinte,
Moisés nasceu no mesmo ano da morte do faraó Amenotepe. E preciso
enfatizar que não se pode esperar uma absoluta precisão, mas nossas
datas para a cronologia do Novo Reinado, assim como todas as datas que
usamos, são as mesmas utilizadas pelo Cambridge Ancient History, uma
publicação lançada por estudiosos imparciais, reconhecidos
academicamente como autoridades da mais alta confiabilidade. Quaisquer
ajustes nas datas que aumentem
ou diminuam alguns anos
em nada afetarão as conclusões aqui propostas.
Amenotepe foi sucedido
por Tutmose I (1526-1512), um plebeu que tinha se casado com a irmã do
rei. Provavelmente foi ele o autor do decreto que ordenou o
infanticídio, pois enquanto Moisés estava em iminente perigo de morrer,
Arão, que havia nascido três anos antes (Êx 7.7), parece ter estado
isento. Não seria difícil admitir que o faraó que promulgou essa
política deve ter subido ao trono após o nascimento de Arão e antes do
nascimento de Moisés. Nesse caso, a evidência bíblica aponta diretamente
para Tutmose I.
Tutmose II (1512-1504)
casou-se com Hatchepsute, sua meia-irmã mais velha. Ele morreu jovem sob
circunstâncias bastante misteriosas. Sentindo que se aproximava da
morte, ordenou a nomeação de Tutmose III (1504-1550) como seu co-regente
e herdeiro. Esse governante que, sem dúvida, foi o mais ilustre e
poderoso dentre os que viveram no Novo Reino, distinguiu-se de várias
maneiras. Seus primeiros anos não foram muito promissores era filho de
uma concubina e tinha se casado com sua meia-irmã, filha de Hatchepsute
e Tutmose II - mas por fim veio a obter notáveis vitórias nas terras ao
seu redor, que incluíram nada menos que 16 campanhas à Palestina. Porém,
os primeiros 20 anos de seu reino foram dominados por sua poderosa
madrasta, Hatchepsute. Embora proibida pela cultura de se tornar faraó,
ela de fato agia como tal e, em todos os critérios, pode ser considerada
a pessoa de maior fascínio e influência da história
egípcia. Sem
dúvida, nos primeiros anos de Tutmose III, foi Hatchepsute quem ditou as
resoluções, um relacionamento que decerto ele detestava, mas
encontrava-se impotente para se opor. Somente após a morte da madrasta,
Tutmose III demonstrou toda repugnância que sentia por ela, mandando
extinguir toda e quaisquer inscrições ou monumentos em sua homenagem.
O quadro geral de
Hatchepsute leva-nos a identificá-la como a ousada filha do Faraó que
resgatou Moisés. Somente ela dentre todas as demais mulheres de sua
época seria capaz de ir contra uma ordem do Faraó, bem diante dele.
Embora a data de seu nascimento seja desconhecida, ela provavelmente era
vários anos mais velha do que seu marido, Tutmose II, que morrera em
1504, bem próximo de seus 30 anos. Ela devia estar no início de sua
adolescência, por volta de 1526, data do nascimento de Moisés e,
portanto, com condições de agir em favor de sua libertação.
Tutmose III era menor de
idade quando assumiu o poder em 1504 e mais novo que Moisés. Se, de
fato, Moisés foi filho de criação de Hatchepsute, há probabilidade de
haver ele sido uma forte ameaça ao jovem Tutmose III, visto que
Hatchepsute não tinha filhos naturais. Isso significa que Moisés era um
candidato a ser faraó, tendo apenas como obstáculo sua origem semítica.
Parece-nos que houve uma real animosidade entre Moisés e o faraó. Isto
fica claro em virtude de Moisés, após matar um egípcio, ter sido forçado
a fugir para salvar a vida. O fato de ter o próprio faraó considerado a
questão - que, em outra situação, seria pouco relevante - sugere que
este faraó especificamente tinha interesses pessoais em se livrar de
Moisés. O exílio auto imposto por Moisés ocorreu em 1486, quando ele
tinha 40 anos de idade (At 7.23). Tutmose III já estava no poder havia
18 anos; e a idosa Hatchepsute, que faleceria três anos mais tarde, não
tinha mais condições de interditar a vontade de seu enteado/sobrinho.
Durante longos quarenta
anos, Moisés permaneceu fugitivo do Egito, tendo se abrigado entre os
midianitàs do Sinai e da Arábia. Uma das razões para tão longo exílio
foi justamente o fato de continuar a viver e reinar o Faraó de quem
Moisés havia escapado. Somente após sua morte, Moisés sentiu-se livre
para retornar ao Egito (Êx 2.23; 4.19). Tutmose III morreu em 1450 e foi
sucedido por seu filho Amenotepe II (1450-1425).
Segundo os padrões
cronológicos aceitáveis nesta discussão, era este Amenotepe quem reinava
na ocasião do êxodo.
Antes de deixarmos
Tutmose III, é essencial notarmos que o relato bíblico requer um reinado
de quase 40 anos para o Faraó que perseguiu a vida de Moisés, porquanto
o rei que morreu no fim dos anos do exílio de Moisés em Mídia era
claramente o mesmo que o havia ameaçado quase 40 anos antes. Dentre
todos os reis da 18a Dinastia, somente Tutmose III teve um reino tão
longo. De fato, ele é o único governante que, em todo período durante o
qual o êxodo poderia ter ocorrido, reinou tanto tempo - com exceção de
Ramsés II (1304-1236). Mas Ramsés, o faraó preferido pela maioria dos
estudiosos, é geralmente associado ao faraó do êxodo, não ao faraó cuja
morte possibilitou o retorno de Moisés ao Egito. Caso a morte de Ramsés
houvesse trazido Moisés de volta ao Egito, o êxodo deveria ter ocorrido
após 1236, uma data muito tarde para ser satisfatória.
O FARAÓ DO ÊXODO
Quando finalmente Moisés
retornou ao Egito, ele e seu irmão Arão começaram a negociar com o novo
rei, Amenotepe II, a respeito de uma permissão para Israel deixar o
Egito com o propósito de adorar a Jeová e, enfim, deixar o país
definitivamente. Este poderoso rei conduziu uma campanha em Canaã em seu
terceiro ano (aprox. 1450) e uma outra em seu sétimo ano, provavelmente
em 1446, coincidindo com a tradicional data do êxodo. Não é difícil
imaginar que a dizimação do exército de Faraó no mar de Juncos pode ter
ocorrido após essa sétima campanha e que, após tamanha desmoralização,
um total desinteresse por uma aventura imediata se abateu sobre o reino,
especialmente para o norte.
Nossa identificação de
Amenotepe II como o faraó do êxodo está baseada em duas outras
considerações. Em primeiro lugar, embora a maioria dos reis da 18a
Dinastia tenha estabelecido sua principal residência em Tebas, bem ao
sul dos israelitas no Delta, Amenotepe morava em Mênfis e,
aparentemente, reinou daquele local por um bom tempo. Isto o colocava em
grande proximidade com a terra de Gósen, fazendo-o bastante acessível a
Moisés e Arão. Em segundo lugar, evidências sugerem que o governo de
Amenotepe não passou para seu filho mais velho, mas para o caçula
Tutmose IV. Esta é uma informação subentendida na chamada"esteia do
sonho", que foi encontrada na base da Grande Esfinge perto de Mênfis.
O texto, que registra um
sonho no qual Tutmose IV recebeu a promessa de que um dia viria a ser
rei, sugere, como diz um historiador, que o seu reino sucedeu"mediante
uma imprevista mudança no destino, como a morte prematura do irmão mais
velho". E claro que isto é praticamente impossível de se provar, mas
também não há como deixar de especular se tal morte prematura não tenha
ocorrido por intermédio do juízo de Jeová que, na décima praga, matou
todos os primogênitos do Egito que estavam sem a proteção do sangue da
Páscoa, "...desde o primogênito de Faraó, que se sentava em seu trono,
até o primogênito do cativo que estava no cárcere..." (Êx 12.29).
MERRILL. Eugene H.
Historia de Israel no Antigo Testamento. Editora CPAD. pag. 50-52,
54-56.
Um Rei que não
conhecia a DEUS
"Depois, levantou-se um
novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José, o qual disse ao seu
povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito e mais poderoso do que
nós. Eia, usemos sabiamente para com ele, para que não se multiplique, e
aconteça que, vindo guerra, ele também se ajunte com os nossos inimigos,
e peleje contra nós, e suba da terra "(versículos 8-10). Vemos aqui o
raciocínio de um coração que nunca aprendera a contar com DEUS nos seus
cálculos. O coração não-regenerado nunca o pode fazer, e por isso,
quando DEUS se revela, todos os seus argumentos caem por terra. Fora de
DEUS, ou independentemente d'Ele, podem parecer muito prudentes, mas
logo que DEUS aparece em cena, vê-se que são perfeita loucura.
Mas porque havemos nós
de permitir que as nossas mentes sejam, de qualquer modo, influenciadas
por argumentos e cálculos que dependem, para a sua verdade aparente, da
exclusão total de DEUS? Fazê-lo é, em princípio, e de acordo com a sua
extensão, praticamente, ateísmo. No caso de Faraó verificamos que ele
podia julgar corretamente as várias eventualidades dos negócios do seu
reino: a multiplicação do povo, as possibilidades de guerra e de os
israelitas fazerem causa comum com o inimigo e abandonarem o país. Ele
podia pesar todas estas circunstâncias na balança com invulgar
sagacidade; mas nunca lhe ocorreu que DEUS pudesse ter alguma coisa a
ver com o assunto. Este simples pensamento, se alguma vez tivesse
ocorrido a Faraó, bastaria para lançar a confusão em todos os seus
planos classificando-os como loucura. Ora é conveniente refletirmos que
sucede sempre assim com o raciocínio da mente céptica do homem. DEUS é
inteiramente excluído; sim, a sua pretendida verdade e solidez dependem
dessa exclusão. O aparecimento de DEUS em cena dá o golpe mortal em todo
o cepticismo e infidelidade. Até ao momento em que o Senhor aparece,
podem pavonear-se no palco com maravilhosa demonstração de sabedoria e
destreza; porém, assim que o olhar distingue o mais fraco vislumbre do
bendito Senhor, são despojados do manto da sua ostentação e revelados em
toda a sua nudez e deformidade.
Com referência ao rei do
Egito, pode dizer-se, com segurança, que errou grandemente, não
conhecendo a DEUS nem os Seus desígnios imutáveis. Faraó ignorava que,
muitos séculos antes, ainda ele estava longe de respirar o fôlego desta
vida mortal, a palavra e o juramento de DEUS—"duas coisas
imutáveis"—haviam assegurado infalivelmente a libertação completa e
gloriosa daquele mesmo povo que ele, na sua sabedoria, propunha esmagar.
Tudo isto ele desconhecia; e, portanto, todos os seus pensamentos e
todos os seus planos baseavam-se sobre a ignorância dessa grande
verdade, fundamento de todas as verdades, que DEUS, É.
Imaginava,
loucamente, que, com a sua sabedoria e poder, poderia impedir o
crescimento daqueles acerca dos quais DEUS havia dito:"serão como as
estrelas dos céus e como a areia que está na praia do mar "(Gn 22:17).
Portanto, o seu procedimento não passava de loucura e insensatez. O pior
erro que alguém pode cometer é agir sem contar com DEUS. Mais cedo ou
mais tarde o pensamento de DEUS impor-se-á ao seu espírito e então dá-se
a destruição terrível de todos os seus planos e cálculos. Quando muito,
tudo quanto é empreendido sem contar com DEUS só pode durar o tempo
presente. Mas não pode de modo algum alongar-se para a eternidade. Tudo
quanto é apenas humano, por muito sólido, brilhante e atraente que possa
ser, está destinado a cair nas garras da morte e a abolorecer no
silêncio do túmulo. A leiva do vale há de cobrir as maiores honras e as
glórias mais brilhantes do homem (Jó 21:33); a mortalidade está
esculpida na sua fronte, e todos os seus projetos são evanescentes. Pelo
contrário, tudo aquilo que está ligado e fundado em DEUS permanecerá
para sempre."O seu nome permanecerá eternamente; o seu nome se irá
propagando de pais a filhos "(SI 72:17).
C. H. MACKINTOSH.
Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa
Imprensa da Fé.
3. Clamor por
libertação.
A busca pela liberdade
também é um dos temas descritos no livro de Êxodo. Quem está preso
deseja ser livre, e o mesmo ocorre para com aqueles que estão sendo
submetidos à escravidão. Não foi à toa que Moisés escreveu:
E aconteceu, depois de
muitos destes dias, morrendo o rei do Egito, que os filhos de Israel
suspiraram por causa da servidão e clamaram; e o seu clamor subiu a DEUS
por causa de sua servidão. E ouviu DEUS o seu gemido e lembrou-se DEUS
do seu concerto com Abraão, com Isaque e com Jacó; e atentou DEUS para
os filhos de Israel e conheceu-os DEUS. (Êx 2.23-25)
O rei que decretou a
escravidão falecera, mas seu sucessor manteria aquele sistema até que
DEUS visitasse o seu povo e o libertasse daquela situação. Reter os
israelitas no Egito como escravos se mostrou caríssimo para Faraó e a
nação egípcia.
Aqui cabe uma
observação: apesar de o povo de DEUS passar por aquela tribulação, a
Bíblia nos diz que DEUS manteve o seu plano de levar seu povo a uma
terra onde poderiam viver como uma nação. Para isso, DEUS usaria Moisés
como o instrumento não apenas de libertação, mas também como um
legislador, a fim de que o povo pudesse seguir regras adequadas para sua
existência na nova terra. DEUS não perdeu o controle da história. Ele
apenas estava esperando o momento certo para agir.
COELHO, Alexandre;
DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho
a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 9.
Êx 2.24 O Pacto
Abraâmico. O cronograma de DEUS requeria vários acontecimentos: o exílio
e a servidão no Egito; os pecados dos cananeus teriam de chegar a seu
ponto culminante, a fim de que um justo juízo divino viesse a privá-los
de suas terras (Gên. 15.13-16); Moisés teria de cumprir um período de
quarenta anos de exílio no deserto (Êxo. 2.15; Atos 7.30). Mas uma vez
satisfeitos todos esses itens, o cronograma divino passaria para o passo
seguinte: a chamada de Abraão. E esta levaria o Pacto Abraâmico a um
novo degrau. Ver em Gên. 15.18 as notas completas que damos ali sobre
esse pacto. Uma de suas principais estipulações era que Israel haveria
de ter seu próprio território pátrio. Isso requereria que Israel fosse
livrado de sua escravidão no Egito.
"Êxodo 2.24,25 é um eixo
na narrativa. A supressão, a escravidão e a mor- te são temas dominantes
no trecho de Êxodo 1.1-2.23. Daqui por diante, a ênfase recairá sobre as
ideias de livramento e triunfo. DEUS, em Seu poder soberano, estava
preparado para agir em consonância com as Suas promessas a fim de livrar
e preservar o Seu povo” (John D. Hanna, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo.
Editora Hagnos. pag. 311.
Êx 2. 24. DEUS...
lembrou-se da sua aliança com Abraão. Mesmo antes da visão da sarça
ardente, o narrador coloca a libertação do Egito no
contexto da
promessa feita aos patriarcas. Para o antigo Israel, o curso todo da
história da salvação podia ser resumido em termos de "promessa e
cumprimento” : DEUS promete, DEUS Se lembra, DEUS age salvadoramente.
R. Alan Cole, Ph. D.
ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 59-60.
Mas DEUS estava cuidando
dos seus. Ele ouviu o gemido do povo e se lembrou do concerto (24). DEUS
adiou a libertação de Israel até que Moisés e Israel estivessem prontos.
Moisés precisava das disciplinas do deserto, e o desejo de Israel por
liberdade precisava aumentar. A escravidão continuada no Egito uniu o
povo de Israel no desejo por liberdade e na fé de que só DEUS podia
livrá-lo. DEUS ouve os clamores do seu povo, mas espera até "a plenitude
do tempo” para dar a vitória. Conheceu-os DEUS (25) significa "DEUS se
preocupava com eles” (VBB).
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon.
Editora
CPAD. Vol. 1. pag. 145.
II - O NASCIMENTO DE
MOISÉS
1. Os israelitas no
Egito.
Moisés nasceu em um
momento desfavorável aos filhos de Abraão no Egito. O livro de Êxodo
começa indicando que "os filhos de Israel frutificaram, e aumentaram
muito” (Êx 1.7). Esse cenário nos parece bastante favorável à existência
de um povo, tendo em vista que as relações sociais entre os hebreus são
descritas como propícias à expansão demográfica. Os israelitas podiam se
casar, ter filhos e criá-los, e estes cresciam, tinham seus filhos e os
criavam, e assim sucessivamente.
Mas no versículo 8, a
história nos mostra uma mudança no cenário político do Egito que traria
muito sofrimento aos filhos de Israel. "Depois, levantou-se um novo rei
no Egito, que não conhecera a José”. Este verso mostra o que eu chamo de
"princípio das dores” para os hebreus que moravam no Egito. Até esse
momento, não há indicação de que eles eram vistos como uma massa de
trabalho escravo pronta para satisfazer os desejos de reformas e
construção de novas estruturas no Egito. Os hebreus tinham seus
afazeres, e ao que tudo indica, não influenciavam negativamente em
qualquer fato social dos egípcios.
Mas não foi isso que o
novo rei do Egito viu. Ele assumiu o poder e entendeu que três situações
poderiam ocorrer. Conforme Êxodo 1.11, a) os israelitas, como um grande
grupo de pessoas, estava crescendo bastante; b) ele imaginou que em um
caso de guerra futura, os israelitas se associariam com os inimigos dos
egípcios; c) ele também entendeu que no caso de uma guerra, os
israelitas sairiam do Egito (“suba da terra”), o que traria uma grande
frustração aos planos de expansão e de reformas estruturais de
construção civil nacional.
Podemos extrair dessas
observações que o homem sem DEUS vai buscar razões malignas para
justificar seus feitos, e vai convencer a si mesmo e aos que o cercam.
Faraó não percebeu que se o povo de Israel estava crescendo, era um
sinal claro da bênção de DEUS. Além disso, não há registros de que
Israel tivesse intenções de se associar a outras nações em uma guerra
futura contra os egípcios. Mas a Bíblia declara que os pensamentos de
Faraó estavam relacionados a trazer prejuízo aos israelitas.
COELHO, Alexandre;
DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho
a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 9-10.
Êx 1.7 Grande
Posteridade e Grande Prosperidade. Uma das provisões do Pacto Abraâmico
falava na grande posteridade de Abraão, a qual desfrutaria abundância de
riquezas materiais. Ver as notas sobre Gên. 15.18 quanto a uma descrição
detalhada desse pacto e suas provisões.
Aumentaram muito. No
hebraico, "enxamearam”, como se fossem insetos a zumbir em razão de seu
grande número. Ver Gên. 7.21. Houve extraordinária multiplicação; e foi
precisamente isso que assustou os egípcios, levando-os a subjugar a
grande massa que aumentava mais e mais.
Israel se desenvolvera,
impondo sua própria identificação e seu poder. Havia muitos jovens em
idade de serviço militar. A situação tornara-se explosiva. A hostilidade
egípcia tinha sido assim despertada.
A terra se encheu. Ou
seja, a terra de Gósen (ver sobre ela no Dicionário), a região que 0
Faraó havia concedido à família de Jacó (Gên. 45.10). Ela era também
chamada terra de Ramessés (Gên. 47.11), aquela porção do Egito que Faraó
Ramsés II, mais tarde, desenvolveu, construindo ali muitas cidades. O
tempo que se escoou entre Gên. 50.26 e Êxo. 1.7 foi, talvez, de cem
anos. Uma posteridade numerosa fazia parte do Pacto Abraâmico desde sua
versão original (Gên. 12.1-3). A nação de Israel haveria de formar-se;
receberia seu próprio território; e, então, ser-lhe-iam conferidas sua
constituição nacional e suas leis.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo.
Editora Hagnos. pag. 305.
Êx 1. 7. O texto
hebraico repete deliberadamente três verbos usados em Gênesis 1: 21,22 e
que podem ser traduzidos "frutificaram ... aumentaram muito ... se
multiplicaram” . Esse aumento foi interpretado como a bênção prometida
por DEUS à Sua criação. Um tempo considerável já passara desde a morte
de José: na menor das estimativas, Moisés era a quarta geração depois de
Levi (Nm 26:58) e ele pode ter vivido centenas
de anos depois
(12:40). E a terra se encheu deles se refere ou à terra de Gósen
(provavelmente o Wadi Tumilat, que se estende do Nilo à linha do atual
Canal de Suez) ou então, em linguagem hiperbólica, todo o território do
Egito. Esta última interpretação, embora estatisticamente incorreta,
expressa bem os sentimentos dos egípcios, que em algumas partes haviam
sido reduzidos a uma minoria diante dos indesejáveis imigrantes.
R. Alan Cole, Ph. D.
ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 51-52.
O cumprimento da
promessa de DEUS (1.7). Os filhos de Israel frutificaram, e aumentaram
muito. Ainda que os homens que DEUS escolheu morram, Ele cuida dos
filhos que ficam. DEUS prometeu para Abraão que lhe aumentaria a semente
(Gn 12.2; 15.5; 17.1-8) e aqui, no Egito, esta promessa foi cumprida.
Quando Israel saiu do Egito o total computava cerca de 600.000 homens,
além das mulheres e crianças (12.37). Levando-se em conta o tempo
decorrido, não se tratava necessariamente de crescimento incomum. Mas
considerando o ambiente hostil, esse aumento mostrava a providência
especial de DEUS. O que DEUS prometeu ao gênero humano na criação (Gn
1.28) agora estava tendo cumprimento na sua família escolhida. As
palavras aumentaram muito provêm do hebraico que significa "abundar ou
enxamear” como se dá com os insetos e na vida marinha (ver Gn 1.20;
7.21).3 Os israelitas não somente eram muito numerosos, mas foram
fortalecidos grandemente. E lógico que esta expressão indica saúde e
vigor. Moisés reconheceu esta providência graciosa quando escreveu:
"Siro miserável foi meu pai, e desceu ao Egito, e ali peregrinou com
pouca gente; porém ali cresceu até vir a ser nação grande, poderosa e
numerosa” (Dt 26.5).
A terra que se encheu
deles diz respeito a Gósen, onde Jacó e seus filhos se instalaram (Gn
47.1,4-6,27). Não há dúvida de que com o passar do tempo eles cresceram
a ponto de este lugar se tornar pequeno demais, levando-os a se
relacionar com os egípcios em outras regiões do país. O aumento numérico
logo chamou a atenção do rei.
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 141.
2. Um bebê é salvo da
morte.
Como foi dito, Moisés
não veio ao mundo em um período propício ao nascimento de um menino
hebreu. Quanto mais os israelitas eram afligidos, mais se multiplicavam,
a ponto de o rei dar ordens às parteiras das hebréias, Sifrá e Puá, para
que matassem os meninos recém-nascidos. Faraó acreditou que poderia
contar com a obediência dessas mulheres, mas estas temeram a DEUS e não
obedeceram ao rei, sendo posteriormente recompensadas por DEUS. Quando
chamadas para prestar contas, disseram ao rei que as mulheres hebréias
eram "vivas”. A Versão Atualizada da Bíblia usa a expressão "vigorosas”,
e a Nova Tradução na Linguagem de Hoje diz que as mulheres hebréias "dão
à luz com facilidade”. Independentemente das versões utilizadas, os
textos mostram que as parteiras foram inquiridas por Faraó e deram a ele
uma resposta que as isentou de sujarem as mãos com sangue inocente. A
nossa fé em DEUS deve sempre nos motivar a fazer o que é certo e justo,
e acima de tudo, a não compactuar com o que está errado.
Mas os planos de Faraó
não pararam. Se as parteiras hebréias não cumpriam as ordens dadas, a
ordem agora passou para o povo egípcio: "Então, ordenou Faraó a todo o
seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas
a todas as filhas guardareis com vida” (Ex 1.22). Isso significa que
qualquer egípcio ou egípcia poderia entrar nas casas dos israelitas,
pará-los nas ruas ou em qualquer lugar onde estivessem, pegar a criança
recém-nascida, conferir-lhe o sexo e, se fosse um menino, tomá-lo da sua
mãe e ir direto ao Rio Nilo para jogar o bebê, a fim de que ele se
afogasse ou fosse devorado por crocodilos. Os planos de Satanás eram
cruéis, e deixavam um sinal claro do que ainda estava por vir para os
filhos de Abraão. Outra coisa a se observar é o fato de que a maldade
humana cria métodos malignos para conseguir seus feitos. Mas se Satanás
tinha um plano de opressão, escravidão e morte contra os hebreus, DEUS
também tinha um plano, mas de livramento, libertação e de vida para os
seus filhos.
A Bíblia diz que um
casal da tribo de Levi teve um menino, e, não podendo mais escondê-lo,
colocou-o em um cesto de juncos, uma construção bem frágil para proteger
uma criança. Aquele cesto simples foi colocado na borda do rio, entre as
plantas. E exatamente naquele lugar a filha de Faraó foi se banhar, e
vendo o cesto, ordenou que uma de suas criadas o fosse pegar. A filha de
Faraó se compadeceu do menino, decidiu criá-lo e dessa forma DEUS
preservou a vida do menino Moisés, usando a filha de Faraó para tal
livramento.
COELHO, Alexandre;
DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho
a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 10-11.
Êx 1.17 As parteiras...
temeram a DEUS. As parteiras hebréias ouviram e assentiram com a cabeça
(a fim de salvarem a própria vida). Mas, na hora critica, poupavam da
morte aos meninos. Humanidade, misericórdia e temor a DEUS foram, para
elas, motivos mais poderosos que 0 da autopreservação. O temor a DEUS e
a misericórdia fazem parte da verdadeira religiosidade.
Humor. Yahweh frustrou o
plano genocida do Faraó. Foram baixadas ordens de uma origem ainda
superior às do Faraó, o próprio trono do Altíssimo. Assim, Israel
continuou a multiplicar-se e a prosperar, apesar de todos os planos do
Faraó e suas ordens genocidas.
Quando Israel finalmente
partiu do Egito, segundo disse Moisés, os israelitas pediram
"emprestadas” coisas dos egípcios. E quando Arão tentou desculpar-se
diante de Moisés sobre por que fizera um bezerro de ouro, Arão lançou
culpa sobre o fogo, dizendo: "e eu o lancei no fogo, e saiu este bezerro
"(Êxo. 32.24), como se ele tivesse ficado tão admirado quanto qualquer
outra pessoa. Portanto, há bastante humor no livro de Êxodo. Mas podemos
estar certos de que, no tocante às parteiras, a questão era tão
mortiferamente séria quanto uma questão de vida e morte. Alguns
estudiosos pensam que neste versículo há alguma indicação de que também
estavam envolvidas parteiras egípcias, e não apenas hebréias. O fato foi
que as parteiras, como uma classe, responderam "sim” ao Faraó, mas
agiram com um "não”, no que toca ao decreto real da matança dos meninos
hebreus.
Êx 1.18 Por que...
deixastes viver os meninos? "Por que vocês desobedeceram às minhas
ordens e agiram de modo contrário ao que eu tinha ordenado?" Assim
perguntou 0 Faraó. Tratava-se de algo que não podia ser ocultado. O vs.
19 dá uma resposta ridícula em que 0 Faraó dificilmente poderia ter
acreditado. Mas não lemos que ele tenha mandado castigar as parteiras.
Talvez 0 autor sacro tenha querido poupar-nos dos detalhes sangrentos da
vingança. Ver Eze. 16.4 quanto a itens envolvidos no antigo processo de
nascimento.
de nascidos. Alguns
estudiosos supõem que estaria envolvido em tudo isso um "esperto uso dos
fatos”, ou seja, talvez o que as parteiras disseram até ocorria com
certa frequência; mas o fato é que o autor sagrado contou aqui uma
pequena piada. Ver uma demonstração de vivido humor em Gên. 29.26.
Vários eruditos fazem grande esforço na tentativa de ilustrar como
algumas mulheres dão seus filhos à luz, com grande facilidade,
especialmente entre as classes laboriosas. Apesar de alguns casos
poderem ser apresentados como comprovação disso, temos aí meras
exceções, e não a regra do que acontece no ato do parto.
Êx 1.20 DEUS fez bem às
parteiras. Elas negaram-se a praticar uma imensa maldade, e DEUS as
abençoou. E assim Israel aumentou mais ainda em número e em poder por
certo período de tempo. Por quanto tempo, o autor sagrado não nos
informa. Mas o tempo passava, e o problema do Faraó ia apenas se
acentuando, deixando-o vexado. DEUS estava ganhando em cada "round” da
luta. Uma de minhas fontes informativas diz que DEUS abençoou àquelas
mulheres, apesar de suas mentiras. Mas outros supõem que mentiras
capazes de salvar vidas não se revestem de maldade. Obedecer a DEUS, e
não aos homens, sempre será dever dos homens (Atos 5.29).
Êx 1.21 Ele lhes
constituiu família. Essa tradução é uma interpretação, O hebraico diz
"fez-lhes casas", dando a entender que os outros israelitas, vendo o bom
serviço que elas tinham prestado, construíram casas para elas. Mas
alguns estudiosos dão ao Faraó o crédito: ele as teria posto dentro de
casas, para que pudessem ser mais bem controladas. Todavia, o mais
provável é que temos aqui uma alusão à fertilidade. Aquelas boas
mulheres, ao ajudarem os casais israelitas, por não obedecerem às ordens
de Faraó, foram abençoadas juntamente com suas respectivas famílias.
Este versículo amplia a
ideia da bênção divina, referida no vs. 20. Como DEUS poderia
recompensar meto àquelas mulheres? Conferindo-lhes filhos delas mesmas.
Êx 1.22 Tirania
Redobrada. Visto que 0 decreto dado às parteiras não funcionou, agora 0
Faraó deu ordens à sua própria gente para que se desvencilhasse dos
pestíferos hebreus, lançando seus filhos de sexo masculino no Nilo, para
que se afogassem. Entre outras coisas, o autor sagrado nos está dizendo
aqui que a perseguição contra Israel tinha de chegara um ponto
culminante para que o povo de Israel fosse forçado a sair do Egito. Sem
a perseguição, Israel ter-se-ia contentado em permanecer em uma região
tão fértil. Somente a adversidade poderia fazê-los querei· partir dali.
Assim, quanto pior se tornasse a pressão exercida pelo Faraó, tanto
melhor para o plano divino.
Quando Israel estava
prestes a partir, por causa da opressão, então seria provido o agente da
libertação, Moisés. DEUS tem uma cronologia em Seu plano eterno, e
também conta com os meios, humanos e outros, para satisfazer a essa
cronologia.
Infanticídio. Esse
crime, tão chocante para os ouvidos cristãos, tem uma história muito
rica. Sua contraparte moderna é o aborto. Todos estamos familiarizados
com a exposição às intempéries de crianças, nos tempos antigos,
especialmente no caso de meninas, que eram deixadas ao léu a fim de
morrerem, marcando-se um certo prazo. Se uma criança chegasse a resistir
a tão cruel tratamento, então é que os deuses queriam que ela vivesse.
Mas visto que usualmente a criancinha morria, chegava-se à conclusão de
que os deuses não queriam sua sobrevivência.
"Em Esparta, o estado
decidia se uma criança viveria ou morreria. Em Ate- nas, uma lei de
Sólon deixava essa decisão ao encargo dos pais. Em Roma, a regra era que
os infantes eram mortos, a menos que seus pais fizessem intervenção,
declarando que sua vontade era que a criança vivesse. Os sírios
ofereciam crianças não-queridas a Moloque, em sacrifício. Os
cartagineses sacrificavam-nas a Melcarte” (Ellicott, in loc). Visto que
o rio Nilo era considerado um tanto divino, lançar crianças ali era um
ato encarado como sacrifício feito aos poderes divinos. O rio Nilo vivia
cheio de crocodilos, e as crianças ali lançadas serviam de comida para
os répteis, e assim seus corpinhos não poluíam o rio.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo.
Editora Hagnos. pag. 307.
Êx 1.19. São vigorosas e
antes que lhes chegue a parteira já deram à luz os seus filhos. Não
somos informados se as parteiras estavam mentindo ou se os rápidos
partos dos bebês israelitas eram um fato biológico.
Driver cita paralelos
árabes mas Raquel certamente teve um parto difícil (Gn 35:16). E mesmo
que tivessem mentido, não foi pela mentira que foram elogiadas, e sim
por se terem recusado a tirar a vida aos recém-nascidos, dádivas de
DEUS. Seu respeito à vida era fruto de sua
reverência a
DEUS, o doador da vida (20:12,13), e por isso foram recompensadas com
suas próprias famílias. A relevância deste incidente para a controvérsia
atual sobre o aborto deve ser cuidadosamente examinada.
Êx 1. 22. O termo
hebraico para o Nilo é uma palavra emprestada da língua egípcia e
significa "o rio” por excelência, isto é, o Nilo. (Outros termos tomados
por empréstimo ao egípcio são "junco” e "rã” ; além disso, vários nomes
próprios egípcios ocorrem, especialmente na tribo de Levi.) A execução
por afogamento era um método óbvio em países tais como o Egito e
Babilônia, tal como o apedrejamento era o método óbvio num país rochoso
como Israel (Josué 7:25). Se a nação israelita em geral obedeceu o
mandato de Faraó não sabemos: com certeza, os pais de Moisés desafiaram
a ira do Faraó (Hb 11:23). Todas as filhas. Estas, presumivelmente, se
tornariam concubinas (esposas-escravas) e poderiam ser absorvidas pelos
egípcios em uma geração. Essa vã tentativa de eliminar o povo de DEUS
encontra seu paralelo no Novo Testamento quando Herodes tenta destruir
toda uma geração de meninos em Belém (Mt 2:16). Todavia, como no Novo
Testamento, o agente escolhido de DEUS é protegido; nem Faraó nem
Herodes podem se opor ao plano de DEUS. Expositores judeus vêem
paralelos entre o plano de Faraó e a tentativa de genocídio contra
Israel feita por Hitler e outros; expositores cristãos têm buscado tais
paralelos nas severas perseguições sofridas pela Igreja ao longo de sua
história.
R. Alan Cole, Ph. D.
ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 53-54.
Segunda medida - A
matança de meninos hebreus recém-nascidos (w. 15-21).
Se esse plano tivesse dado certo, o Faraó teria exterminado o povo
hebreu. A futura geração de homens estaria morta, e as meninas acabariam
se casando com escravos egípcios e sendo assimiladas pela raça egípcia.
No entanto, de acordo com Gênesis 3:15 e 12:1-3, DEUS não permitiu que
isso acontecesse e usou duas parteiras hebréias para frustrar o plano do
Faraó. Esse é o primeiro caso nas Escrituras daquilo que chamamos, hoje,
de"desobediência civil", a recusa em obedecer a uma lei perversa tendo
em vista o bem comum.
Textos das Escrituras,
como Mateus 20:21-25, Romanos 13 e 1 Pedro 2:1 T, admoestam os cristãos
a obedecer às autoridades humanas. Contudo, Romanos 13:5 nos lembra de
que essa obediência não deve ofender nossa consciência. Quando as leis
de DEUS são contrárias às leis dos homens,"Antes importa obedecer a DEUS
do que aos homens "(At 5:29). Vemos um exemplo disso não apenas no caso
das parteiras, mas também no de Daniel e de seus amigos (Dn 1; 3; 6) e
no dos apóstolos (At 4, 5).
As parteiras estavam
mentindo para o Faraó? Provavelmente não. Os bebês nasciam antes que as
parteiras chegassem, pois Sifrá e Puá haviam pedido a suas assistentes
que se atrasassem! DEUS abençoou às duas parteiras-chefes por arriscarem
a vida a fim de salvar a nação israelita da extinção. No entanto,
honrou-as de um modo estranho: deu-lhes filhos numa época em que isso
era tão arriscado! Talvez tenha lhes dado filhas ou, então, protegido
seus filhos como fez com Moisés. De qualquer modo, essa bênção de DEUS
mostra quão preciosas são as crianças para o Senhor: ele desejava
conceder a essas mulheres a mais alta recompensa e, assim, deu filhos a
Sifrá e a Puá (Sl 127:3).
Terceira medida - o
afogamento de bebês do sexo masculino (v. 22).
Quando o Faraó descobriu que havia sido enganado, mudou seu plano e
ordenou a todo o povo que providenciasse para que os bebês hebreus do
sexo masculino fossem afogados no sagrado rio Nilo. Os guardas do Faraó
não tinham como vigiar cada uma das parteiras hebreias, mas o povo
egípcio podia ficar de olho nos escravos hebreus e avisar quando um
menino nascia. No entanto, estava para nascer um menino que o Faraó não
conseguiria matar.
WIERSBE. Warren W.
Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel.
pag. 235.
As Parteiras Hebreias
Os versículos finais
deste capítulo oferecem-nos uma lição edificante com a conduta dessas
mulheres tementes a DEUS, Sifrá e Puá. Arrostando com a ira do rei não
executaram o seu plano cruel e por isso DEUS lhes fez casas."...aos que
me honram, honrarei "(1 Sm 2:30). Recordemos sempre esta lição e atuemos
de acordo com ela.
C. H. MACKINTOSH.
Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa
Imprensa da Fé.
O FRACASSO DE SATANÁS
Esta parte do Livro do
Êxodo abunda em princípios profundos de verdade divina— princípios que
podemos subdividir da seguinte forma: o poder de Satanás, o poder de
DEUS e o poder da fé.
No último versículo do
primeiro capítulo lemos:"Então, ordenou Faraó a todo o seu povo,
dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio". Este era o
poder de Satanás. O rio era o lugar da morte; e, por meio da morte, o
inimigo procurou frustrar os propósitos de DEUS. Tem sido sempre assim.
A serpente sempre tem vigiado com olhar maligno os instrumentos que DEUS
está prestes a usar para realizar os Seus desígnios. Vejamos o caso de
Abel, em Gênesis, capítulo 4. A serpente não estava espreitando aquele
vaso de DEUS para o pôr de parte por meio da morte? Vejamos o caso de
José, em Gênesis, capítulo 37. Aí o inimigo procura pôr o homem
escolhido por DEUS num lugar de morte. Vejamos o caso da"semente real",
em 2 Crônicas, capítulo 22; a matança promovida por Herodes, em Mateus
2; e a morte de CRISTO, em Mateus 27. Em todos estes casos vemos o
inimigo procurando, com a morte, interromper a corrente de atuação
divina.
Mas, bendito seja DEUS,
há qualquer coisa depois da morte. Toda a esfera de ação divina, pelo
que respeita à redenção, está para além dos limites do domínio da morte.
Quando o poder de Satanás se esgota é que o de DEUS começa a mostrar-se.
A sepultura é o limite da atividade de Satanás; mas é aí que começa
também a atividade divina. Isto é uma verdade gloriosa. Satanás tem o
poder da morte; porém, DEUS é o DEUS dos vivos e dá a vida que está fora
do alcance e poder da morte—uma vida na qual Satanás não pode tocar. O
coração encontra doce refrigério nesta verdade, num mundo onde reina a
morte. A fé pode contemplar calmamente Satanás empregando a plenitude do
seu poder; ela pode apoiar-se sobre a potente intervenção de DEUS na
ressurreição. Pode postar-se junto da sepultura que acabou de fechar-se
sobre um ente amado e beber dos lábios d'Aquele que é"a ressurreição e a
vida "a elevada garantia de uma imortalidade gloriosa. Ela sabe que DEUS
é mais forte que Satanás e pode portanto esperar, serenamente, a
manifestação desse poder superior, e enquanto assim espera encontra a
sua vitória e a sua paz. Temos um nobre exemplo deste poder da fé nos
primeiros versículos do capítulo que estamos considerando.
C. H. MACKINTOSH.
Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa
Imprensa da Fé.
3. A mãe de Moisés
(Êx 6.20).
A Bíblia apresenta a mãe
de Moisés como uma mulher que descendia de Levi, um dos irmãos de José.
Ela teve um menino, e tentou escondê-lo por três meses. Precisamos
concordar que esse foi realmente um grande feito, pois em uma época em
que os egípcios caçavam bebês meninos dos hebreus, essa mulher
arriscou-se muito para preservar em vida o fruto do seu ventre. Foi um
ato de fé. Observe que a Palavra de DEUS não cita o nome dos pais de
Moisés nesse momento, mas cita o de Miriá. Léo G. Cox, comentarista do
livro de Êxodo no Comentário Beacon, sugere que Moisés não era o
primeiro filho do casal, pois a irmã Miriã tinha idade suficiente para
cuidar do irmão (4; Nm 26.59). Além disso, o irmão de Moisés, Arão, era
três anos mais velho que ele (6.20; Nm 26.59). Parece que o édito do rei
entrou em vigor depois do nascimento de Arão, sendo Moisés o primeiro
filho deste casal cuja vida estava em perigo por causa da proclamação do
rei.
O certo é que essa
mulher colocou seu filho em um cesto de juncos pela fé, e pela fé viu a
vida de seu filho ser preservada por DEUS. O Senhor não apenas guardou a
vida do menino, mas fez com que a mãe de Moisés fosse remunerada para
cuidar do próprio filho.
COELHO, Alexandre;
DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho
a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 11-12.
Êx 6. 20 Joquebede. No
hebraico, glorificada por DEUS ou Yahweh é a glória. Esse era o nome de
uma filha de Levi, irmã de Coate, esposa de Anrão, mãe de Míriã, Arão e
Moisés (Êxo. 6.20; Núm. 26.59). Alguns eruditos põem em dúvida o sentido
desse nome, que parece ser composto com o nome divino Yahweh (ver no
Dicionário). Isso eles alegam porque estão convencidos de que o uso do
nome divino, Yahweh, vem da época de Moisés. Há evidências, porém, de
que esse nome realmente pré-datava os dias de Moisés, e que era usado
entre os povos semitas antigos. Em Êxodo 6.20 está registrado que
Joquebede era irmã de Anrão, pelo que era tia de seu próprio marido.
Visto que casamentos entre parentes assim chegados foram posteriormente
proibidos (Lev. 18.12), várias tentativas têm sido feitas para aliviar a
situação de incesto. Mas essas tentativas são inúteis, visto que há
provas claras de tais relações de sangue em outros casos. Abraão
casou-se com Sara, sua meia-irmã (Gên. 20.12). A Septuaginta faz de
Joquebede uma prima de Anrão, mas isso somente reflete uma antiga
modificação no texto sagrado. Expus um estudo detalhado sobre as
incidências de incesto no Antigo Testamento, na introdução ao décimo
oitavo capítulo do livro de Levítico. Os costumes sociais se modificam,
e há ensinos bíblicos que têm acompanhado essas mudanças. A revelação é
progressiva, e não fixa e estagnada. Coisas que antes não eram
consideradas erradas passavam a ser consideradas erradas, acompanhando o
progresso da iluminação espiritual, e vice-versa.
Anrão viveu até ao cento
e trinta e sete anos. E esse detalhe é mencionado por ter sido ele o pai
de Arão e Moisés.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo.
Editora Hagnos. pag. 328.
Êx 6. 20. Anrão se casou
com sua tia paterna. Tal casamento seria proibido pela lei mosaica (Lv
18:12,13), logo tal detalhe jamais poderia ter sido inventado mais
tarde. Quanto a outras "transgressões” antigas, compare o casamento de
Abraão com sua meia-irmã.
Joquebede. Muito já se
debateu quanto à possibilidade de a primeira sílaba deste nome conter o
nome YHWH ;em sua forma abreviada Yo (como em Josué, por exemplo). Caso
isso seja verdade, segue-se o argumento de que o nome YHWH poderia já
ser conhecido e usado pela família de Moisés como um título familiar
para DEUS, antes de ganhar uso mais amplo em todo o Israel. Mesmo se
fosse conhecido apenas pelos descendentes de Coate, seria válido pensar
que tivesse havido mais de uma única ocorrência. Se a vocalização
tradicional é correta, o nome significa "YHWH é glória” (compare Icabô,
"não há glória” ).
Provavelmente é melhor
vocalizar a palavra como yakbid, "que Ele (o DEUS não identificado)
glorifique” , que segue um padrão comum entre os nomes israelitas: assim
vocalizado, não haveria referência ao nome YHWH. Nomes formados a partir
da terceira pessoa do singular são frequentes: cf Jacó e Ismael.
Arão e Moisés. Em todas
as genealogias, os dois aparecem como a quarta geração a partir dos
patriarcas. Isso pode ser irrelevante. Em árvores genealógicas
israelitas é comum a omissão de alguns ramos, quer seja por simetria
(como aparentemente é o caso na genealogia de CRISTO) ou por outra razão
qualquer. Se "quatro gerações” for tomado literalmente, então a
permanência no Egito não deve ter excedido em muito um século, e os
"quatro séculos” de Gênesis 15:13 devem ser vistos como uma aproximação
geral, "quatro gerações” .
R. Alan Cole, Ph. D.
ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 84.
Os pais de Moisés eram
Anrão e Joquebede (Êx 6:20), e, enquanto o texto de Êxodo enfatiza como
a mãe teve fé, Hebreus 11:23
elogia tanto o
pai quanto a mãe por terem confiado em DEUS. Sem dúvida, foi preciso que
os dois tivessem fé para ter relações conjugais numa época perigosa em
que os bebês hebreus estavam sendo mortos.
Moisés tornou-se um
grande homem de fé e aprendeu sobre isso primeiramente com seus pais, um
casal temente e DEUS. Anrão e Joquebede tinham mais dois filhos: Miriã,
a mais velha, e Arão, três anos mais velho que Moisés (Êx 7:7).
Desde o princípio,
Moisés foi considerado"formoso aos olhos de DEUS "(At 7:20; ver Hb
11:23),9 e ficou claro que DEUS tinha um propósito especial para ele.
Crendo nisso, os pais contrariaram o édito do Faraó e protegeram a vida
de seu filho. Não foi nada fácil, uma vez que todos os egípcios haviam
se tornado espiões oficiais do Faraó à procura de bebês para serem
afogados (Êx 1:22).
Joquebede obedeceu à lei
ao pé da letra quando colocou Moisés nas águas do Nilo, mas certamente
desafiou as ordens do Faraó na forma como seguiu essa lei. Confiou na
providência de DEUS e não foi decepcionada. Quando a princesa foi até o
Nilo para realizar suas abluções religiosas, viu o cesto, descobriu o
bebê e ouviu-o chorar. Seguindo seus instintos maternos, salvou o menino
e cuidou dele.
DEUS usou as lágrimas de
um bebê para controlar o coração de uma princesa poderosa.
Usou as palavras de
Miriã a fim de providenciar para que o bebê fosse criado por sua mãe e
ainda recebesse por isso! A expressão"frágil como um bebê "não se aplica
ao reino de DEUS, pois quando o Senhor deseja realizar sua obra
poderosa, com frequência começa enviando um bebê. Foi o que aconteceu
quando ele mandou Isaque, José, Samuel, João Batista e, especialmente,
JESUS. DEUS pode usar as coisas mais fracas para derrotar os inimigos
mais poderosos (1 Co 1:25-29). As lágrimas de um bebê foram as primeiras
armas de DEUS em sua guerra contra o Egito.
WIERSBE. Warren W.
Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel.
pag. 235-236.
"E foi-se um varão da
casa de Levi e casou com uma filha de Levi. E a mulher concebeu, e teve
um filho, e, vendo que ele era formoso, escondeu-o três meses. Não
podendo, porém, mais escondê-lo, tomou uma arca de juncos e a betumou
com betume e pez; e, pondo nela o menino, a pôs nos juncos à borda do
rio. E a irmã do menino postou-se de longe, para saber o que lhe havia
de acontecer "(versículos l-4).
Aqui temos uma cena de
tocante interesse, qualquer que seja o ponto de vista por que a
encaramos. Na realidade, era simplesmente o triunfo da fé sobre as
influências da natureza e da morte, deixando lugar para que o DEUS da
ressurreição agisse na Sua esfera e no caráter que Lhe é próprio. É
certo que o poder do inimigo está patente, visto a criança ter de ser
colocada em tal posição — em princípio, uma posição de morte. E, além
disso, era como se uma espada atravessasse o coração da mãe ao ver o seu
filho precioso exposto à morte. Satanás podia agir e a natureza podia
chorar; contudo, o Vivificador dos mortos estava detrás daquela nuvem
sombria e a fé via-O ali iluminando o cume dessa nuvem com os Seus raios
brilhantes e vivificadores."Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido
três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não
temeram o mandamento do rei "(Hb 11:23).
C. H. MACKINTOSH.
Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa
Imprensa da Fé.
4. A Filha de Faraó
(Êx 2 5,6).
A filha de Faraó entra
em cena na história do povo hebreu. DEUS tem um senso de humor
interessante: Se o rei do Egito ordenara a morte dos meninos hebreus,
DEUS graciosamente usaria a filha do Faraó para preservar em vida o
menino que seria, anos mais tarde, o libertador dos israelitas. Quase
nada é falado acerca dessa mulher, mas o que temos aqui é suficiente
para entender que a providência divina
pode utilizar
pessoas que desconhecemos, e que nem mesmo têm o mesmo temor a DEUS que
nós, para nos ajudar e fazer prosperar os planos divinos.
A filha de Faraó não
apenas se sentiu comovida com a situação daquele menino colocado no
cesto de juncos. Ela soube imediatamente que aquele bebê era dos
hebreus, e apesar de haver uma ordem para que os egípcios jogassem os
bebês do sexo masculino do rio, a filha de Faraó decidiu não obedecer.
Ela guardou o menino em vida.
"Dwight L. Moody
comentou sabiamente que 'Moisés passou seus primeiros quarenta anos
pensando que era alguém. Os segundos quarenta anos, passou aprendendo
que era um ninguém! Os últimos quarenta anos ele os passou descobrindo o
que DEUS pode fazer com um ninguém'."
COELHO, Alexandre;
DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho
a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 12-13.
Êx 2.5 A filha de Faraó.
Ver as notas sobre Êxo. 1.8 e 2.1 quanto a conjecturas sobre quem seria
esse Faraó. Ver também no Dicionário 0 artigo Faraó, em sua terceira
seção, quanto aos faraós ligados ao Antigo Testamento. As tradições
judaicas fantasiam a história, dizendo que a filha do Faraó era leprosa,
mas, ao tirar
0 cesto de dentro da
água, ficou curada. A arqueologia desenterrou 0 mural de uma antiga
sinagoga em Dura-Europos que retrata a cena deste versículo. As mentes
estavam ligadas. A mente da mãe de Moisés; a mente da princesa egípcia;
a mente do infante Moisés. As coincidências não ocorrem por acaso. Nada
sucede por acidente. DEUS estava envolvido em tudo aquilo. "Com
frequência não podemos ver nenhum sentido ou razão na maneira como as
coisas sucedem a outras pessoas, mas conforme envelhecemos vamos vendo
uma espécie de providência na maneira como as coisas têm acontecido
conosco mesmos... Somos por de- mais adolescentes, espiritualmente
falando, para chegarmos àquela fé que JESUS possuía, mas percebemos que
há algo ali que podemos seguir de longe” (J. Edgar Park, in loc.).
As Donzelas Perderam a
Oportunidade. Elas estavam por demais preocupadas em obedecer ao decreto
do Faraó. Mas a princesa não teve medo, e, por isso, a recompensa foi
dela.
Josefo chamou essa
princesa pelo nome de Thermuthis, adicionando elementos fabulosos à
história. Esses elementos tornam-se uma leitura agradável, mas são
distantes da realidade. A princesa foi à beira do rio tomar banho, sem
dúvida um lugar onde as mulheres estavam acostumadas a fazê-lo. Talvez a
mãe de Moisés 0 tenha deixado propositadamente onde as mulheres egípcias
costumavam ir, na esperança de que alguma delas usasse de misericórdia.
E foi precisamente 0 que aconteceu.
Êx 2.6 O menino chorava.
O choro de um infante derrete o coração de qualquer mulher, e também da
maioria dos homens. Nada existe tão impotente quanto um infante humano,
o qual, por tanto tempo, se mostra tão dependente. A princesa teve
compaixão, embora soubesse muito bem que o menino era um hebreu. Mas o
amor não faz as distinções que o ódio faz. O choro da criança
representava o choro do mundo inteiro que DEUS amou, pois os homens,
diante de DEUS, nada mais são do que infantes impotentes. Alguns homens,
por meio de sua teologia, fazem esses "infantes” ser odiados e
destruídos, em vez de ser tirados das águas perigosas. Mas o amor de
DEUS é suficiente para todos (João 3.16), e houve provi- são para todos
(I João 2.2; I Ped. 4.6). Assim como a princesa estendeu a mão e salvou
o bebê, assim também o longo braço da provisão divina realmente acode a
todos os homens, e não apenas potencialmente. Não bastava que,
potencialmente, a princesa pudesse tirar Moisés das águas. Foi mister
tirar Moisés das águas, ou nada mais teria sentido. A providência de
DEUS mostra-se claramente evidente na natureza e em todos os aspectos da
vida humana. Portanto, permitamos que flua o amor de DEUS.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo.
Editora Hagnos. pag. 308-309.
"E a filha de Faraó
desceu a lavar-se no rio, e as suas donzelas passeavam pela borda do
rio; e ela viu a arca no meio dos juncos e enviou a sua criada, e a
tomou. E, abrindo-a, viu o menino, e eis que o menino chorava; e
moveu-se de compaixão dele e disse: Dos meninos dos hebreus é este
"(versículo 5-6). Aqui, pois, começa a soar a resposta divina em doce
murmúrio aos ouvidos da fé. DEUS intervinha em tudo isto. O
racionalismo, o cepticismo, a infidelidade, e o ateísmo, podem rir-se
desta ideia. E a fé também; mas são risos diferentes. Os primeiros riem
com desprezo da ideia da intervenção divina num banal passeio duma
princesa real pela margem do rio. A segunda ri de cordial contentamento
ao pensar que DEUS está em tudo. E, de fato, se alguma vez DEUS
interveio em qualquer coisa foi neste passeio da filha do Faraó, embora
ela o não soubesse.
Uma das mais ditosas
ocupações da alma regenerada é seguir as pegadas divinas em
circunstâncias e acontecimentos que a mente irrefletida atribui ao acaso
ou à fatalidade. Por vezes a coisa mais banal pode ser um
importantíssimo elo numa cadeia de acontecimentos de que DEUS Se está
servindo para levar avante os Seus grandiosos desígnios. Vejamos, por
exemplo, Ester 6:1; que encontramos? Um monarca pagão que passa uma
noite inquieta.
Nada há de
extraordinário nisso, podemos supor; e no entanto, esta circunstância
constitui um elo numa grande cadeia de acontecimentos providenciais, ao
fim da qual surge a maravilhosa libertação dos descendentes oprimidos de
Israel.
Assim sucedeu com a
filha do Faraó e o seu passeio pela margem do rio. Mas ela não pensava
que estava ajudando os intentos do"Senhor DEUS dos hebreus"! Mal ela
sabia que o bebé que chorava na arca de juncos viria ainda a ser o
instrumento do Senhor para abalar a terra do Egito até aos seus
alicerces! E contudo era assim. O Senhor pode fazer com que a cólera do
homem redunde em Seu louvor (SI 76:10) e restringir o restante dessa
cólera. Como a verdade deste fato transparece claramente nas palavras
que se seguem!
"Então, disse sua irmã à
filha de Faraó: Irei eu a chamar uma ama das hebreias, que crie este
menino para ti! e a filha de Faraó disse-lhe: Vai. E foi-se a moça e
chamou a mãe do menino. Então, lhe disse a filha de Faraó: Leva este
menino e cria-mo; eu te darei teu salário. E a mulher tomou o menino e
criou-o. E, sendo o menino já grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a
qual o adotou; e chamou o seu nome Moisés e disse: Porque das águas o
tenho tirado "versículos (7a 10).
A fé da mãe de Moisés
encontra aqui a sua inteira recompensa; Satanás fica embaraçado e a
sabedoria maravilhosa de DEUS é revelada. Quem poderia supor que aquele
que havia dito às parteiras das hebreias"se for filho, matai-o",
acrescentando,"a todos os filhos que nascerem lançareis no rio", havia
de ter na sua própria corte um desses próprios filhos? O diabo foi
vencido com as suas próprias armas, porque Faraó, de quem queria
servir-se para frustrar os propósitos de DEUS, foi usado por DEUS para
alimentar e educar esse Moisés, que havia de ser o Seu instrumento para
confundir o poder de Satanás. Providência notável! Maravilhosa
sabedoria! Certamente,"até isto procede do Senhor "(Is 28:29). Possamos
nós confiar n'Ele com mais simplicidade, e então a nossa carreira será
mais brilhante e o nosso testemunho mais eficaz.
C. H. MACKINTOSH.
Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa
Imprensa da Fé.
Êx 2. 5. A filha de
Faraó. O livro Apócrifo de Jubileus (47:5) a chama de Tarmute; o
comentário de Hyatt (p. 64) menciona "Merris” e "Bitia” como outros
nomes que lhe são atribuídos. É difícil descobrir uma razão por que tais
nomes seriam inventados, de modo que é bem possível que tenhamos aqui um
fragmento de uma tradição extra-bíblica digna de confiança. Compare o
caso de Janes e Jambres, os nomes dos mágicos que se opuseram a Moisés
(2 Tm 3:8). Se o Faraó em questão foi realmente Ramessés II, ele tinha
perto de sessenta filhas. Ele também possuía vários ‘ ‘chalés de caça’ ’
espalhados pela área do delta, onde havia uma abundância de patos e
outros tipos de caça, assim, não há necessidade de presumirmos que os
pais de Moisés viviam perto da capital, Zoã.
Êx 2. 6. Teve compaixão
dele. Mãe alguma no oriente seria capaz de abandonar um menino robusto
como aquele. Podemos suspeitar que uma menina não teria tido sorte tão
favorável, mas elas não estavam sujeitas à pena de morte decretada por
Faraó. Em tudo isso, a providência divina estava em ação.
R. Alan Cole, Ph. D.
ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 56.
A graça de DEUS está
revelada na compaixão mostrada pela filha de Faraó (6). Mesmo quando os
homens maus fazem o pior que podem, DEUS, por seu gracioso poder, coloca
boa vontade e amor tenro no coração das pessoas que estão perto do
tirano. Mal sabia o rei ímpio que DEUS estava executando seu plano
secretamente, mesmo quando parecia que o monarca mundano estava tendo
sucesso. Também é interessante notar que, para criar o próprio filho, a
mãe hebreia foi paga com parte do dinheiro de Faraó (9). Este é outro
exemplo de que a ira do homem é posta para louvar a DEUS.
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon.
Editora
CPAD. Vol. 1. pag. 144.
III - O ZELO
PRECIPITADO DE MOISÉS E SUA FUGA (ÊX 2.11 22)
1. Moisés é levado ao
palácio (Êx 2.10).
Êx 2.10 Adoção de Moisés
pela Princesa. Com a passagem do tempo, averiguou-se que Moisés não era
um menino ordinário. Veio a ter duas mães: sua mãe natural, que foi quem
0 criou, e sua mãe adotiva, a princesa egípcia, que o adotou
oficialmente como seu próprio filho. É lindo quando uma criança tem duas
mães, pois há tantas crianças que não têm ao menos uma. O trecho de Atos
7.22 conta que Moisés foi educado nas escolas do Egito, tendo absorvido
toda a sabedoria dos egípcios. Filo nos dá uma informação similar.
Moisés recebeu uma educação de primeira classe como parte de sua
preparação para a missão que lhe competi- ria realizar. Finalmente,
depois de quarenta anos, Moisés repudiou a sua herança egípcia,
porquanto, em sua vida, já havia ultrapassado aquele estágio
preparatório (Heb. 11.24,25). Mas durante os primeiros quarenta anos,
tal educação lhe era necessária, tendo-lhe sido útil para o resto de
seus dias, embora ele não quisesse viver como egípcio.
Filo dizia que a
princesa egípcia era uma mulher casada, mas sem filhos, e que corrigiu
essa falha da natureza ao adotar a Moisés (De Vita Mosis, c. 1 par. 604
e 605). Artafanos ajunta a isso que o marido da princesa era homem
revestido de grande autoridade no Egito, que governava o Egito na região
que ficava ao norte de Mênfis (Apud Euseb. Praepar. Evan. 1.9 c. 27,
par. 432).
Sendo o menino já
grande. Sem dúvida depois de desmamado. O menino cresceu de forma
extraordinária, física e espiritualmente. Josefo via nessas palavras
algo de extraordinário [Antiq. Jud. ii.9 par. 6). Moisés era um vaso
escolhido para uma elevada missão; e desde começo deu sinais disso.
Esta lhe chamou Moisés.
Mui provavelmente, esse nome vem do egípcio Mes, que significa "filho”
ou "criança". A forma hebraica desse nome, com som semelhante, Mosheh,
quer dizer "tirado”, uma referência ao modo como foi tirado do Nilo,
talvez também prevendo a "retirada "para fora do Egito, quando o êxodo
tivesse lugar.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo.
Editora Hagnos. pag. 309.
Êx 2. 10. Moisés, mõseh,
seria o particípio ativo do verbo hebraico mãsâh, "tirar, retirar” . Uma
vocalização diferente nos daria o particípio passivo, "retirado” , mas
não há necessidade de forçar esse significado. Como ocorre
frequentemente no Velho Testamento, este nome não é um exercício
filológico perfeito, mas um trocadilho baseado numa assonância.
Possivelmente a filha de
Faraó escolheu o nome egípcio que aparece na segunda metade de nomes
como Tutmoses, Amoses e muitas outras formas semelhantes. É impossível
saber se o nome "Moisés” era considerado uma abreviatura de alguma forma
mais longa, mas isso não tem importância. A Bíblia, além de indicar que
o nome de Moisés é capaz de sustentar tal trocadilho (que para o
israelita era rico em significado espiritual), sugere que o nome foi
escolhido deliberadamente por
causa desta
capacidade. Nada há de impossível aqui; dialetos semitas ocidentais eram
amplamente entendidos, e mesmo falados, na área do delta. Uma patroa
egípcia podia muito bem entender e usar a língua de seus empregados para
dar suas ordens, como as "mensahib” do Império Britânico em dias mais
recentes.
R. Alan Cole, Ph. D.
ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 56-57.
Moisés é honrado como
filho da filha de Faraó (v.10). Parece que os seus pais não tinham em
vista apenas a necessidade, ao cuidarem dele para a filha do Faraó, mas
estavam muito felizes pela honra feita, desse modo, ao seu filho. Porque
os sorrisos do mundo são tentações mais fortes do que as suas caras
fechadas, e mais difíceis de resistir. A tradição dos judeus diz que a
filha de Faraó não tinha filhos, e que era a filha única de seu pai, de
forma que quando ele foi adotado como seu filho, passou a ter direito à
coroa. Embora seja certo que ele estivesse destinado a desfrutar tudo o
que a corte tivesse de melhor no momento devido, neste ínterim Moisés
teve a vantagem de receber a melhor educação e o melhor desenvolvimento
que a corte poderia oferecer. Este preparo, aliado a uma grande
capacidade pessoal, fez com que Moisés se tornasse mestre em todo o
conhecimento legítimo dos egípcios, Atos 7.22. Observe: 1. A Providência
às vezes se alegra ao levantar os pobres do pó para colocá-los entre os
príncipes, Salmos 113.7,8. Muitos que, por seu nascimento, parecem
marcados para a obscuridade e a pobreza, através de eventos
surpreendentes da Providência são trazidos para se sentarem na
extremidade superior do mundo. Assim os homens passam a saber que o Céu
governa todas as coisas. 2. O precioso DEUS sempre conhece a maneira
mais adequada para qualificar e preparar com antecedência aqueles que
Ele nomeia para lhe prestai1 grandes serviços. Moisés, sendo educado em
uma corte, é o homem mais adequado para ser um príncipe e rei em
Jesurum. Tendo recebido a sua educação em uma corte instruída (pois
assim era a corte egípcia naquela época), Moisés era o homem mais
capacitado para ser um historiador. E pelo fato de ter sido educado na
corte egípcia, Moisés é o homem mais adequado para ser empregado, em
nome de DEUS, como um embaixador para esta corte.
HENRY. Matthew.
Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio.
Editora CPAD. pag. 228.
2. O preparo de
Moisés (Êx 3.9,10).
DEUS escolhe pessoas
capacitadas para fazer a sua obra? Com certeza. Não há referências na
Palavra de DEUS que indiquem que Ele despreza talentos pessoais ou a
experiência adquirida por seus servos. Saulo era versado em três línguas
diferentes, e as utilizou para falar de JESUS em suas viagens
missionárias. Mateus era um cobrador de impostos, e utilizou seus
conhecimentos para escrever seu Evangelho. Davi era um combatente, mas
também era um poeta que compôs diversos cânticos de adoração ao Senhor.
Daniel era um profeta, mas também era um estadista. Portanto, entenda
que DEUS utiliza nossos recursos em prol do seu Reino.
DEUS capacita pessoas
para a sua obra? Com certeza. Ninguém pode dizer que está totalmente
pronto para dar passos definitivos na caminhada com DEUS. Elias, o
tisbita, ressuscitou um menino morto, mas para isso teve de passar uma
temporada no anonimato em Querite, sendo mantido por corvos, e depois
que o ribeiro secou, foi direcionado por DEUS para ficar uma temporada
sendo mantido por uma viúva pobre em Sarepta, uma localidade de Sidom,
terra natal de Jezabel. Ele foi capacitado por DEUS para os desafios que
enfrentaria. O mesmo se deu com Moisés: sua formação no Egito e o tempo
no deserto, pastoreando as ovelhas de seu sogro, fizeram dele o homem
escolhido por DEUS para uma obra sem igual. Como cristãos, somos
desafiados a usar nossos talentos pessoais em prol do Reino de DEUS, e
isso inclui buscar uma formação sólida e coerente.
Há uma frase que circula
em adesivos de carros que diz: "DEUS não chama os capacitados, mas
capacita os escolhidos”. É uma frase estranha, ao menos em minha ótica,
pois DEUS não costuma desprezar a nossa experiência de vida, como se
nada em nossa existência prestasse. DEUS pode usar qualquer pessoa em
sua obra, mas ao longo do texto bíblico Ele chama pessoas capacitadas,
ainda que limitadamente, para servi-lo. Na prática, DEUS utiliza nossos
dons, estudos e demais recursos que adquirimos ao longo da vida para
serem utilizados
em prol do seu Reino. Portanto, quanto mais recursos obtemos ao longo da
vida, mais eles poderão ser usados no serviço do Mestre. E é nossa
função estar capacitados dentro de nossas forças para prestar o melhor
ao Senhor. Em sua sabedoria, Ele complementará o que nos falta.
DEUS sempre tem um
objetivo quando chama um de seus servos para que exerça alguma função ou
ministério e tem sua forma própria de preparar seus escolhidos, como
aconteceu com Moisés. Na prática, nunca estaremos sempre prontos para
atender à voz de DEUS. Sempre faltará alguma atitude da qual só teremos
ciência quando estivermos no meio da jornada. Ainda assim, em sua
paciência, DEUS nos pede que andemos confiando nEle, e não que
acumulemos a bagagem de conhecimento e experiência antes para depois
decidir que vamos obedecer.
Quando foi chamado por
DEUS, Moisés estava apascentando as ovelhas de seu sogro. Após ter
passado quarenta anos no Egito como membro da corte de Faraó, tendo
recebido uma educação própria de sua classe social, Moisés foge do Egito
por ter matado um egípcio. Ele passou a próxima temporada de quarenta
anos auxiliando seu sogro a cuidar de ovelhas em uma região desértica,
onde aprendeu os caminhos do deserto, a forma como sobreviver nele, os
tipos de animais existentes na região e questões relacionadas ao clima.
Eram questões simples para quem tivera uma educação de ponta no Egito,
mas foi dessa forma que DEUS preparou Moisés. A sabedoria dos egípcios
ele já possuía. Ele precisava agora aprender como viver fora da corte
egípcia e a depender de DEUS em uma jornada que duraria anos.
Dwight L. Moody comentou
sabiamente que "Moisés passou seus primeiros quarenta anos pensando que
era alguém. Os segundos quarenta anos, passou aprendendo que era um
ninguém! Os últimos quarenta anos ele os passou descobrindo o que DEUS
pode fazer com um ninguém” (citado por Charles Swindoll).
COELHO, Alexandre;
DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho
a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 13-15.
Êx 3. 10. Eu te
enviarei. Davies aponta esta passagem como a comissão apostólica de
Moisés. Não há contradição entre o envio de Moisés e a intenção
declarada de DEUS de realizar pessoalmente a obra, DEUS normalmente
trabalha através da obediência voluntária de Seus servos, realizando Sua
vontade. CRISTO pode ter tido esta passagem em mente quando deu uma
comissão apostólica semelhante a Seus discípulos (João 20:21).
R. Alan Cole, Ph. D.
ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 65.
O plano divino (3.7-10).
DEUS se envolveu na situação difícil do seu povo. Ele disse: Tenho visto
atentamente, tenho ouvido e conheci (7). Pode ter esperado muitos anos,
mas sabia o tempo todo. Estas palavras garantem que DEUS ouve
atentamente os clamores de tristeza e conhece os apuros humanos.
DEUS sempre está agindo
no mundo, "porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17.28).
Interfere na história em ocasiões especiais para se revelar e realizar
sua vontade. Ele disse a Moisés que desceu para livrar seu povo do Egito
(8). Havia um lugar preparado para eles numa terra boa, larga e que mana
leite e mel. Esta descrição não significa que Canaã era mais fértil que
o Egito, mas que era uma terra boa, frutífera e suficientemente espaçosa
para Israel. Tratava-se de uma terra identificada pelos nomes dos povos
cuja iniqüidade estava cheia, tendo de renunciar a terra a favor dos
escolhidos de DEUS (Gn 15.16-21).19 Embora DEUS pudesse ter livrado
Israel diretamente por uma palavra, preferiu fazer sua obra por seu
servo. Disse DEUS a Moisés: Eu te enviarei a Faraó (10). Este homem,
outrora autodesignado libertador, tinha de ir à presença do orgulhoso
rei e tirar Israel do Egito sob a direção de DEUS.
Identificamos "O
Envolvimento de DEUS com o seu Povo” em cinco declarações: 1) Tenho
visto atentamente, 7; 2) Tenho ouvido, 7; 3) Conheci, 7; 4) Desci, 8; 5)
Eu te enviarei, 10.
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon.
Editora
CPAD. Vol. 1. pag. 146.
Moisés passou os
primeiros quarenta anos de sua vida (At 7:23) trabalhando para o governo
egípcio. (Alguns estudiosos acreditam que ele estava sendo preparado
para tornar-se Faraó.) O Egito parece o lugar menos provável para DEUS
começar a treinar um líder, mas os caminhos do Senhor não são os nossos
caminhos. Ao capacitar Moisés para seu serviço, DEUS usou várias
abordagens.
Educação."E
Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em
palavras e obras "(At 7:22). O que fazia parte dessa educação? Os
egípcios eram uma civilização extremamente desenvolvida para sua época,
especialmente nas áreas de engenharia, matemática e astronomia. Graças a
seus conhecimentos de astronomia, desenvolveram um calendário de
precisão extraordinária, e seus engenheiros planejaram e supervisionaram
a construção de estruturas que existem até hoje. Seus sacerdotes e
médicos eram mestres na arte de embalsamar, e seus líderes possuíam
grande competência em organização e administração. Aqueles que visitam o
Egito hoje em dia inevitavelmente se impressionam com as realizações
desse povo da Antiguidade. O servo de DEUS deve aprender tudo o que
puder, dedicar esse conhecimento a DEUS e servi-lo fielmente.
WIERSBE. Warren W.
Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel.
pag. 236.
3. A fuga de Moisés
(Êx 2.11-22).
Êx 2.12 Matou o egípcio.
Isso seguia 0 princípio de "vida por vida” (Êxo. 21.23), uma espécie de
defesa em favor da vida, embora o texto não diga que o egípcio estava
prestes a tirar a vida do israelita. Moisés exagerou, não havendo como
desculpar o crime. Uma de minhas fontes informativas fala em uma
"ultrajante” combinação de precipitação e prudência. Moisés agiu por sua
própria autoridade, mostrando uma audácia singular. Mas a coragem
audaciosa, por si só, não é uma virtude. O diabo é audaz; resolveu
enfrentar o próprio DEUS. Mas isso não faz dele um ser justo.
Conta-se como David
Livingstone se sentiu revoltado diante do tratamento brutal dado aos
escravos em um mercado árabe de escravos. Muitos homicídios sem base
estavam sendo cometidos contra os escravos, sem motivos suficientes. E
Livingstone confessou que sua primeira reação foi "atirar nos assassinos
com sua pistola” (Encyclopaedia Brittanica, em seu artigo sobre
Livingstone). Mas a vingança vem do Senhor, e não deve provir de algum
indivíduo. A lei promove a vingança divina; e a vindicação que não
ocorre, a vontade de DEUS cuida disso, afinal. Não há erro que não venha
a ser corrigido. Ver Rom. 13.1 ss. e 12.19. A violência parece
inevitável, pelo menos em algumas ocasiões, mas ela sempre envolve um
erro. Muitos pais castigam seus filhos tomados por uma ira violenta,
usualmente por causa de alguma inconveniência trivial que sofreram.
"Os comentadores judeus
geralmente apreciavam o ato [de Moisés], ou mesmo elogiavam-no como uma
ação patriótica e heroica. Mas sem dúvida foi um feito precipitado,
efetuado em um espírito indisciplinado” (Ellicott, in loc.).
Êx 2.13 Provocação.
Moisés ocultara as evidências de seu crime; mas a questão não terminou
com o egípcio sepultado na areia. No dia seguinte, Moisés tentou
interromper uma briga entre dois hebreus. Mas acabou sabendo, da parte
de um dos antagonistas, que seu ato homicida tinha sido visto e, sem
dúvida, discutido entre os observadores. Isso significava que, em breve,
a história inteira seria descoberta, e Moisés passaria a ser caçado pela
justiça do Faraó. Talvez o hebreu tencionasse matar ao outro; mas afinal
isso foi o que Moisés tinha feito. Ver II Sam. 14.6. A desintegração
social e psicológica havia tomado conta do escravizado povo de Israel, e
eles estavam abusando uns dos outros. O espírito de Moisés, pois,
vexava-se diante do que via entre sua própria gente. Seu coração estava
sendo preparado, mas um longo tempo seria necessário até tornar-se o
instrumento devido do poder de DEUS. Ver Atos 7.26 quanto ao paralelo
neotestamentário deste versículo.
Êx 2.14 O autor sacro
segredava aqui que não chegara ainda o tempo de Moisés receber
autoridade. Os israelitas ainda não estavam preparados; o próprio Moisés
também não estava preparado. Moisés era um príncipe no Egito, por ser
filho adotivo da filha do Faraó, e seu pai adotivo sem dúvida era também
homem de grande autoridade (vs. 10). Para os hebreus, porém, ele nada
significava. Não lhe cabia decidir quem estava com a razão e quem estava
errado, ainda que, posteriormente, ele se tivesse tornado o grande
legislador a quem todo o povo de Israel devia obediência. No Antigo
Testamento, a justiça (no hebraico, mishpat! não era um conhecimento
positivo nem um princípio metafísico, como se dá com a filosofia ética.
Era a lei imposta pelo DEUS vivo. Os atos potencialmente altruístas de
Moisés, sua preocupação com os oprimidos, não foram bem acolhidos, e
isso
deve ter parecido
difícil para o jovem Moisés (então com quarenta anos de idade). Uma
lição que devemos aprender de início é não esperar aplausos. A maioria
das pessoas teme as verdades recém-descobertas que ameaçam os dogmas
tradicionais.
O Erro Fatal de Moisés.
Moisés tinha aplicado a violência; tinha assassinado; tinha perdido 0
respeito dos outros. Agora seria preciso muito tempo para ele vencer
essa situação.
Êx 2.15 Moisés fugiu da
presença de Faraó. Este estaria agora ouvindo a notícia ou em breve a
ouviria, de que Moisés matara a um egípcio. E então mandaria executar
Moisés. Nisso consistia o maior temor de Moisés. E assim Moisés fugiu
para seu exílio de quarenta anos, na terra de Midiã, o segundo grande
ciclo de sua vida. Ver o vs. 11. Ele começara a tornar-se uma figura
ameaçadora, intervindo onde não devia, agitando o povo. Alguns
intérpretes veem neste texto um esforço abortado de emancipação. Mas o
autor sacro apresenta 0 episódio como um simples passo na preparação
divina do caminho de Seu servo. Este precisava internar-se no deserto
por quarenta anos. Tudo isso fazia parte de sua preparação.
Terra de Midiã. Moisés
fugiu na direção sudeste, afastando-se de onde vivia talvez quatrocentos
quilômetros. Midiã tinha sido um dos filhos de Abraão e Quetura (Gên.
25.1-6). Assim, os midianitas eram parentes distantes de Moisés, uma
tribo árabe que vivia na região ao sul do Sinai e na porção noroeste da
Arábia. Esse deserto diferia muito da favorecida região de Gósen, no
Egito, que era onde estava 0 grosso da população israelita. Ver Gên.
45.10. Os midianitas eram seminômades. Seu centro ficava às margens do
golfo de Ácaba. O local tradicional do monte Sinai ficava naquela
região, Os nabateus, mui provavelmente, foram os sucessores dos
midianitas na região, tendo sido os que edificaram a famosa cidade de
Petra (ver a respeito no Dicionário).
Junto a um poço. Local
muito valorizado em uma terra ressequida. Ver no Dicionário os artigos
intitulados Poço e Cisterna. Moisés armou sua tenda nas imediações.
Havia perdido sua exaltada posição de filho da filha do Faraó, e agora
era tão sem importância quanto antes era importante.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo.
Editora Hagnos. pag. 310.
Êx 2:11-15. Rejeição e
fuga de Moisés. 11. Sendo Moisés já homem. Atos 7:23 afirma que Moisés
tinha quarenta anos na época. Exodo afirma somente que ele tinha oitenta
anos quando se apresentou perante Faraó (7:7) e que passara muitos dias
em Midiã (2:23). É possível que quarenta anos seja representativo de uma
geração, que para o mundo ocidental é um espaço de trinta anos. Atos
7:22 está absolutamente correto ao afirmar que "Moisés foi educado em
toda a ciência dos egípcios” , uma vez que fora criado com outros
príncipes. Este era o outro lado da preparação divina. Com as possíveis
exceções de Salomão, Daniel e Neemias, nenhum outro personagem do Velho
Testamento recebeu treinamento semelhante (cfDn 1:4). Os códigos de
direito da época provavelmente faziam parte de tal treinamento. O Código
de Hamurábi, por exemplo, era amplamente estudado e comentado por
escribas egípcios, de modo que Moisés possivelmente o conhecia bem.
E viu seus labores
penosos. Esta frase significa mais do que simplesmente ver. Significa
"ver com emoção” , quer com satisfação (Gn 9:16) ou, como aqui, com
tristeza (Gn 21:16). Moisés partilhava das emoções do coração de DEUS.
DEUS também via o que os egípcios estavam fazendo aos israelitas e
estava prestes a intervir (3:7,8). Não era o impulso de Moisés em salvar
a Israel que estava errado, mas a ação em que ele se empenhou.
Espancava, "matou” (12) e "mataste” (13) são três formas diferentes do
mesmo verbo hebraico. Isso dá à narrativa uma continuidade que não é
possível reproduzir em português. Comunica também a impressão de "olho
por olho, dente por dente” (21:24). Talvez o egípcio fosse um dos
odiados feitores de obras; e, se hebreu tem mesmo o significado amplo
sugerido acima, então a frase um do seu povo é uma restrição necessária,
para indicar um verdadeiro israelita. Êx 2.12. E o escondeu na areia.
Eis aqui um toque de colorido local. Não havia areia na maior parte de
uma terra rochosa como Israel, e seria muito mais difícil ocultar um
cadáver na Palestina do que no Egito.
Êx 2.13. E disse ao
culpado. Temos aqui um termo jurídico. Compare a descrição que Faraó faz
de si mesmo, como sendo culpado (ARC "injusto” ) enquanto DEUS é chamado
"justo” (9:27). Simples percepção psicológica foi o que fez o culpado
rejeitar Moisés, em termos que o próprio Faraó pode ter usado mais tarde
(5:2). Sem dúvida, o outro hebreu, o inocente, aceitou alegremente a
ajuda de Moisés, tal como
os publicanos e
pecadores receberam a CRISTO com alegria séculos depois (Mt 9:10).
Êx 2.15. A terra de
Midiâ. A localização é bastante incerta, mas sem dúvida ficava além das
fronteiras do Egito, para o leste. Algumas partes da Península do Sinai,
ou da Arabá (a região do sul do Mar Morto), ou ainda a parte da Arábia a
leste do Golfo de Aqaba são localizações possíveis. Nos dias de
Ptolomeu, a terra de "Modiana” ficava localizada ao leste do golfo. Se,
como em Gênesis 37:25, os midianitas viajavam extensamente, quer por
razões comerciais ou pastoris (3:1) ou ainda bélicas (Jz 6:1), todas
essas regiões poderiam ser cobertas. Pelo fato de, mais tarde, os
israelitas terem se tornado inimigos mortais dos midianitas, é
inadmissível que a tradição da peregrinação de Moisés por Midiã tenha
sido inventada. É possível que "ismaelitas” (Gn 37:25) e "queneus” (Jz
4:11) fossem nomes tribais usados em Midiã. Por outro lado, Juízes 8:24
pode sustentar o ponto de vista de que o termo "ismaelita” era bem mais
amplo que "midianita” ; o mais provável, porém, é que os termos eram
usados de maneira bem livre. Junto a um poço. Onde quer que houvesse um
poço no deserto, lá haveria uma povoação; e para os que lá viviam,
aquele seria sempre "o poço” . O poço de aldeia era o lugar natural onde
encontrar o estranho ou visitante. Encontros semelhantes foram narrados
em Gênesis 29:10 (Jacó) e João 4:6,7 (JESUS); nos três casos, oferece-se
ajuda (quer material quer espiritual) a quem é indefeso e incapacitado,
um retrato daquilo que DEUS mesmo irá fazer.
Êx 2:16-22. Moisés em
Midiã. 16. O sacerdote de Midiã. Alguns estudiosos buscam apoio nesta
frase para a chamada "hipótese quenita” , que presume que a religião
mosaica se originou na de Midiã, e no sogro de Moisés em particular. Os
midianitas, por tradição, pertenciam à mesma árvore genealógica de
Israel, com raízes em Abraão (Gn 17:20) e é altamente improvável que
Moisés tivesse aprendido com eles algo que já não conhecesse da "lei
comum” dos semitas ocidentais. Além disso, o relato bíblico deixa bem
claro que a nova revelação foi entregue a Moisés no "monte de DEUS”
(3:1) e que seu sogro só a aceitou posteriormente, quando a viu validada
pelos acontecimentos (18:11). Sete filhas.
Novamente o número ideal
ou sagrado; pode bem ter sido usado literalmente neste caso. As mulheres
árabes (nunca os homens) ainda apanham água nos poços em Israel e na
Jordânia, enquanto os rebanhos são normalmente vigiados por meninos e
meninas.
Êx 2.18. Reuel. Talvez
signifique "amigo de DEUS” ou "pastor de DEUS” , este último um
significado muito apropriado numa sociedade pastoril. Um significado
menos provável seria "DEUS é pastor/amigo” . Assim como há dúvidas
quanto à localização de Midiâ e até mesmo do Monte Sinai, há também
dúvidas quanto ao nome exato do sogro de Moisés. O nome Reuel é uma
forma de boas possibilidades, e em Gênesis 36:4 aparece como um nome
edomita. Em 3:1 o mesmo homem é chamado de Jetro, a forma nominativa de
um nome árabe relativamente comum. Em Números 10:29 aparece um Hobabe, o
filho de Reuel de Midiã: o texto não deixa claro qual dos dois é o sogro
de Moisés. Hobabe é um simples nome semita e Juízes 4:11 certamente
descreve Hobabe como o sogro de Moisés. Isso significa que, ou várias
tradições sobreviveram quanto â identidade do sogro de Moisés, ou então
ele tinha pelo menos dois nomes. Evidentemente não há problemas em supor
que ele tivesse dois (ou mais) nomes, já que nomes duplos são conhecidos
de fontes da Arábia Meridional. Em tais casos o editor bíblico às vezes
especifica ambos os nomes, como em "Jerubaal (que é Gideão)” (Jz 7:1):
às vezes porém, os dois são usados independentemente no espaço de uns
poucos versos (Jz 8:29). O assunto não tem importância teológica e é
melhor presumir que o nome significava tão pouco para Israel que tal
incerteza era possível. A tradição, contudo, é unânime em afirmar que
Moisés se casou com a filha de um sacerdote semita da região desértica
oriental, e lá viveu por período consideravelmente longo.
ÊX 2. 21. Zípora. Pode
ser traduzido como "canora”, ou menos polidamente, "pipilante” ; é o
nome de uma pequena ave da região. Compare com os nomes igualmente
simples de Raquel (ovelha) e Léa) (novilha) em Gênesis 29.
Êx 2. 22. Gérson. Este
nome contém um trocadilho por assonância, pois foi traduzido como se
fosse a expressão hebraica gêr sãm, "um peregrino ali” .
Filologicamente, é provavelmente um antigo nome derivado do verbo gãras,
com o significado de "expulsão” ; o sentido geral é, assim,
aproximadamente o mesmo. Como é freqüente no Velho Testamento, a
observação é mais um comentário sobre o significado do nome do que uma
tradução exata (cf 2:10). Consultar Hyatt quanto à sugestão de que
Gérson é o ancestral do clã levita de Gérson "Gersan” (Nm 3:21-26), com
a mudança da última consoante.
R. Alan Cole, Ph. D.
ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 57-59.
As ações prematuras de
Moisés (2.11-15). As injustiças que os israelitas sofriam deram a Moisés
um senso de missão. Quando tinha idade para agir por conta própria,
examinou pessoalmente a carga que seus irmãos suportavam. Quando viu que
um varão egípcio feria a um varão hebreu (11), seu desejo de ajudar o
povo veio à tona.
Percebeu que tinha razão
em punir o malfeitor, ainda que soubesse que tal ação seria perigosa.
Feriu ao egípcio (12), matando-o, depois de se certificar de que ninguém
estava olhando. Moisés não tinha autoridade do Egito para corrigir estes
males, e DEUS ainda não o comissionara. Agindo por conta própria, entrou
em dificuldades.
No dia seguinte, quando
tentou resolver uma diferença entre dois hebreus, Moisés ficou sabendo
que o assassinato do egípcio fora descoberto (14). Também ficou sabendo
que havia injustiça entre seus irmãos. O povo que não apoiava o homem
que queria ajudá-lo ainda não estava preparado para ter um libertador. E
um autodesignado maioral (ou "príncipe”, ARA) e juiz também não estava
preparado para ser o libertador. Moisés teve de esperar o tempo de DEUS
para receber mais instruções de uma Autoridade superior. O rei logo
tomou
conhecimento do que Moisés fizera, mas antes de Faraó agir, Moisés fugiu
para a terra de Midiã 15 onde quarenta anos depois (At 7.30) seria
comissionado.
c) Moisés em Midiã
(2.16-25). Os midianitas eram descendentes de Quetura e Abraão (Gn
25.1-4). Habitavam pelas redondezas do monte Sinai, na península do
Sinai a leste do Egito, do outro lado do mar Vermelho. Esta montanha
também era conhecida por "Horebe” (3.1).13 O sacerdote de Midiã (16)
chamava-se Reuel (18), que significa "amigo de DEUS”.14 Em outros pontos
do texto, é conhecido por Jetro (e.g., 3.1; 4.12). Tinha sete filhas que
apascentavam as ovelhas do pai, mas que passavam maus momentos com os
pastores que maltratavam as moças. Moisés, sempre pronto a ajudar os
desvalidos, levantou-se para socorrê-las. O texto não fala como
conseguiu lidar sozinho com o grupo de pastores, mas conseguiu mantê-los
afastados enquanto as moças davam de beber ao rebanho (17). Em
conseqüência desta bondade, Moisés achou uma casa e uma esposa (21).
Aqui se tornou pai do primeiro filho em terra estranha (22). O nome
Gérson "não sugere apenas ‘estranho’, mas indica exílio, banimento”.
Durante o tempo da permanência de Moisés em Midiã, o povo oprimido no
Egito sentiu mais intensamente o peso esmagador da escravidão (23). Os
líderes do Egito tinham recorrido à servidão cruel para manter os
hebreus em sujeição, descontinuando a política de matar os
recém-nascidos do sexo masculino.
Mas DEUS estava cuidando
dos seus. Ele ouviu o gemido do povo e se lembrou do concerto (24). DEUS
adiou a libertação de Israel até que Moisés e Israel estivessem prontos.
Moisés precisava das disciplinas do deserto, e o desejo de Israel por
liberdade precisava aumentar. A escravidão continuada no Egito uniu o
povo de Israel no desejo por liberdade e na fé de que só DEUS podia
livrá-lo. DEUS ouve os clamores do seu povo, mas espera até "a plenitude
do tempo” para dar a vitória. Conheceu-os DEUS (25) significa "DEUS se
preocupava com eles” (VBB).
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon.
Editora
CPAD. Vol. 1. pag. 144-145.
Fracasso (w. 11-14).
Apesar de algumas pessoas se confundirem com a etnia de Moisés (v. 19),
ele sabia que era hebreu, não egípcio, e não podia evitar identificar-se
com o sofrimento de seu povo. Certo dia, tomou a corajosa decisão de
ajudá-los, mesmo que isso significasse perder sua posição
de nobre como
filho adotivo da princesa (Hb 11:24-26). Os prazeres e tesouros do Egito
desvaneceram quando ele se viu ajudando a libertar o povo escolhido de
DEUS.
É possível que o oficial
egípcio não estivesse apenas disciplinando o escravo hebreu, mas
espancando-o com a intenção de mata-lo, pois é isso que pode significar
a palavra hebraica usada nesse caso. Assim, quando Moisés interferiu,
provavelmente estava salvando a vida de um homem. E se o egípcio
voltou-se contra Moisés, o que deve ter acontecido, então Moisés também
estava defendendo a própria vida.
Contudo, se o plano de
Moisés era libertar os hebreus matando os egípcios um por um, estava
prestes a ter uma surpresa. No dia seguinte, descobriu que os egípcios
eram apenas parte do problema, pois os hebreus não conseguiam nem chegar
a um entendimento entre si! Quando tentou reconciliar os dois hebreus,
eles rejeitaram sua ajuda! Além disso, Moisés também ficou sabendo que
seu segredo havia sido revelado e que o Faraó estava atrás dele para
matá-lo. A única coisa que lhe restava fazer era fugir.
Esses dois episódios
revelam Moisés como um homem compassivo e de motivações sinceras, mas ao
mesmo tempo impetuoso em suas atitudes. Sabendo disso, é de se admirar
que, mais tarde, ele tenha sido considerado"mais [manso] do que todos os
homens que havia sobre a terra "(Nm 12:3).
Moisés deve ter ficado
desolado com sua tentativa fracassada de ajudar a libertar os hebreus.
Por isso, DEUS o levou a Midiã e fez dele um pastor de ovelhas durante
quarenta anos. Ele precisava aprender que o livramento viria das mãos de
DEUS e não das mãos de Moisés (At 7:25; Êx 13:3).
Solidão e serviço
humilde (w. 15-25).
Moisés tornou-se um fugitivo e escondeu-se na terra dos
midianitas, parentes dos hebreus (Gn 25:2). Agindo de acordo com sua
natureza corajosa, ajudou as filhas de Reuel, o sacerdote de Midiã (Êx
2:18). Com isso, recebeu a hospitalidade daquele lar, casou-se com
Zípora, uma das filhas de Reuel, e esta lhe deu um filho.11
Posteriormente, Zípora teve outro filho ao qual deu o nome de Eliezer
(Êx 18:1-4; 1 Cr 23:15). Reuel ("amigo de DEUS") também era conhecido
como Jetro (Êx 3:1; 18:12, 27), mas é possível que Jetro ("excelência")
fosse seu título como sacerdote e não seu nome.12 O homem"poderoso em
palavras e obras "encontrava-se, agora, em pastos solitários cuidando de
ovelhas obstinadas, mas era justamente esse tipo de preparo que
precisava para liderar uma nação de pessoas obstinadas. Israel era o
rebanho especial de DEUS (Sl 100:3), e Moisés, o pastor escolhido pelo
Senhor. Assim como nos treze anos que José viveu como escravo no Egito e
como o intervalo de três anos na vida de Paulo, depois de sua conversão
(Gl 1:16, 1 7), os quarenta anos de espera e de trabalho de Moisés
preparam-no para toda uma vida de ministério fiel. DEUS não envia seus
servos imediatamente, mas capacita-os para sua obra.
Quando há demora, não se
trata de desinteresse de DEUS, pois ele ouve nossos gemidos, vê nossas
lutas, sente nossas tristezas e lembra-se de sua aliança. Cumprirá o que
prometeu, pois jamais quebra sua aliança com seu povo. Quando chega a
hora certa, DEUS põe-se imediatamente a trabalhar.
WIERSBE. Warren W.
Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel.
pag. 236-237.
"E aconteceu naqueles
dias que, sendo Moisés já grande, saiu a seus irmãos e atentou nas suas
cargas; e viu que um varão egípcio feria a um varão hebreu, de seus
irmãos. E olhou a uma e a outra banda, e, vendo que ninguém ali havia,
feriu ao egípcio e escondeu-o na areia "versículos (11-12). Moisés
mostra aqui zelo por seus irmãos"mas não com entendimento "(Rm 10:2).
Ainda não chegara o tempo determinado por DEUS para julgar o Egito e
libertar Israel, e o servo inteligente deve aguardar sempre o tempo de
DEUS. Moisés era"já grande "e"instruído em toda a ciência dos egípcios";
e, além disso,"cuidava que seus irmãos entenderiam que DEUS lhes havia
de dar liberdade pela sua mão "(At 7:25). Tudo isto era verdade,
todavia, ele correu, evidentemente, antes de tempo, e quando alguém
procede assim o resultado é o fracasso (1).
E não só o fracasso como
também manifesta incerteza, falta de serena devoção e santa
independência no progresso de um trabalho começado antes do tempo
determinado por DEUS. Moisés olhou a uma c outra banda." Não há
necessidade disto quando se age com e para DEUS e na plena compreensão
dos Seus pensamentos quanto aos pormenores da Sua obra. Se o tempo
determinado por DEUS tivesse realmente chegado, e se Moisés sentisse que
havia sido incumbido de executar a sentença de DEUS sobre o egípcio, se
sentisse ainda a presença divina consigo, não teria olhado"a uma e outra
banda."
A Morte do Egípcio,
um Ato Impensado e Prematuro
Este ato de Moisés
encerra uma lição profundamente prática para todos os servos de DEUS.
Duas circunstâncias se ligam com ela, a saber: o receio da ira do homem
e a esperança do favor humano. O servo do DEUS vivo não deve atentar
numa nem outra. Que importa a ira ou o favoritismo dum pobre mortal
àquele que está investido da incumbência divina e que goza da presença
de DEUS?-Para um tal servo estas coisas têm menos importância que o pó
dos pratos duma balança."Não o mandei eu!- Esforça-te e tem bom ânimo;
não pasmes, nem te espantes, porque o SENHOR, teu DEUS, é contigo, por
onde quer que andares "(Js 1:9)."Tu, pois, cinge os teus lombos, e
levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te mandar-, não desanimes diante
deles, porque eu farei com que não temas na sua presença. Porque eis que
te ponho hoje por cidade forte, e por coluna de ferro, e por muros de
bronze, contra toda a terra; e contra os reis de Judá, e contra os seus
príncipes, e contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra. E
pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou
contigo, diz o SENHOR, para te livrar "(Jr 1:17-19).
Colocado assim sobre
este terreno elevado, o servo de CRISTO não olha a uma e outra banda,
mas atua de acordo com o conselho da sabedoria celestial:"Os teus olhos
olhem direitos e as tuas pálpebras olhem diretamente diante de ti "(Pv
4:25). A sabedoria divina faz-nos sempre olhar para cima e para a
frente. Sempre que olhamos em redor para evitar o olhar desdenhoso de um
mortal ou para merecer o seu sorriso, podemos estar certos que há
qualquer coisa que está mal; estamos fora do terreno próprio de serviço
divino. Falta-nos a certeza de termos a incumbência divina e de
sentirmos a presença do Senhor, ambas as coisas tão essenciais.
É verdade que há muitos
que, por ignorância profunda ou excessiva confiança em si próprios,
entram para uma esfera de serviço para a qual DEUS nunca os destinou e
para a qual, portanto, os não preparou. E não só o fazem como aparentam
uma frieza de ânimo e uma confiança em si próprios perfeitamente
espantosas para aqueles que podem formar um conceito imparcial dos seus
dons e dos seus méritos. Contudo essas aparências depressa cedem à
realidade, e não podem modificar em nada o princípio que nada pode
impedir realmente o homem de olhar"a uma e outra banda "senão a
convicção íntima de ter recebido uma missão de DEUS e de desfrutar a Sua
presença. Quando possuímos estas coisas somos inteiramente livres das
influências humanas e estamos independentes dos homens. Ninguém está em
tão boas condições de servir os homens como aquele que é independente
deles; contudo, aquele que conhece o seu verdadeiro lugar pode baixar-se
e lavar os pés dos seus irmãos. Quando desviamos o olhar do homem e o
fixamos sobre o único Servo verdadeiro e perfeito, não o
encontramos"olhando a uma e outra banda", pelo simples motivo que nunca
procurou agradar aos homens mas a DEUS. Não temia a ira do homem nem
cortejava o seu favor. Os Seus lábios nunca se abriram para provocar os
aplausos dos homens, nem jamais os fechou para evitar as suas críticas.
Por isso, o que dizia e fazia tinha uma santa estabilidade e elevação.
JESUS é o único de quem se pôde dizer com verdade,"cujas folhas não caem
e tudo quando fizer prosperará "(Sl 1:3). Em tudo que fazia prosperava,
porque fazia todas as coisas para DEUS. Cada ação, cada palavra, cada
movimento, cada olhar, cada pensamento era como um belo cacho de frutos
enviados ao alto para refrescar o coração de DEUS. Jamais receou pelos
resultados da Sua obra, porquanto sempre trabalhou com e para DEUS na
compreensão plena da sua vontade. A Sua própria vontade, posto que fosse
divinamente perfeita, nunca se confundiu com o que, como homem, fazia
sobre a terra, e assim podia dizer:"Porque eu desci do céu, não para
fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou "(Jo 6:38).
Por isso, deu"o seu fruto na estação própria "(Sl 1:3), e fez sempre o
que agradava ao Pai (Jo 8:29), e, portanto, nada teve que temer, nem
necessidade de arrependimento nem de"olhar a uma e a outra banda".
C. H. MACKINTOSH.
Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa
Imprensa da Fé.
ELABORADO: Pb Alessandro
Silva.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
COHEN, Armando Chaves. Êxodo, i 1.ed, Rio de
Janeiro: CPAD, 1998. j HAMILTON, Victor P. Manual do ; Pentateuco. 2.ed. Rio
de Janeiro: CPAD, 2007. SAIBA MAIS - Revista Ensinador Cristão CPAD, n°
5 7, p.36.