Escrita Lição 11, O Sacerdócio de CRISTO e o Levítico

Lição 11, O Sacerdócio de CRISTO e o Levítico
2º Trimestre de 2019 - O Tabernáculo - Símbolos da Obra Redentora de CRISTO - Comentário: Pr Elienai Cabral
Complementos, Ilustrações e Vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva - 99-99152-0454. - henriquelhas@hotmail.com
Para nos ajudar -
Caixa Econômica e Lotéricas - Agência 3151 operação 013 - conta poupança 56421-6 Luiz Henrique de Almeida Silva
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Escrita  - https://ebdnatv.blogspot.com/2019/06/escrita-licao-11-o-sacerdocio-de-cristo.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2019/06/figuras-da-licao-11-o-sacerdocio-de.html
Vídeo da Lição 11 - https://www.youtube.com/watch?v=2UYpf2XLFQ8
Ajuda para a lição  http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/leisreferentesaosacerdocio1.htm (Escrita)
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao11-ujf-1tr14-deusescolhearaoeseusfilhosparaosacerdocio.htm (Escrita)
http://www.youtube.com/playlist?list=PL9TsOz8buX19SRRuAASYS1pOnljVyrItZ (Vídeos)
 
 
 
 
 
TEXTO ÁUREO“Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus.” (Hb 7.26)
 
 
 
 
VERDADE PRÁTICANosso grande e único Sacerdote é JESUS CRISTO. Ele intercede eficazmente em nosso favor diante do Pai.
 
 
 
 
LEITURA DIÁRIASegunda – Êx 29.1-34 O sacrifício levítico
Terça – Êx 29.35-46 A santificação de Arão e de seus filhos 
Quarta – Êx 39.1-32 A vestimenta sacerdotal 
Quinta – Hb 10.1-18 O sacrifício perfeito 
Sexta – Hb 7.4-9 O símbolo do sacerdócio eterno de CRISTO
Sábado – Hb 10.18-25 O novo e vivo caminho para DEUS
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Êxodo 28.1; Levítico 8.22; Hebreus 7.23-28; 1 Pedro 2.9Êxodo 28
1 - Depois, tu farás chegar a ti teu irmão Arão e seus filhos com ele, do meio dos filhos de Israel, para me administrarem o ofício sacerdotal, a saber: Arão e seus filhos Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. 
Levítico 8
22 - Depois, fez chegar o outro carneiro, o carneiro da consagração; e Arão e seus filhos puseram as mãos sobre a cabeça do carneiro;
Hebreus 7.23-28
23 - E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque, pela morte, foram impedidos de permanecer;
24 - mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo.
25 - Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a DEUS, vivendo sempre para interceder por eles.
26 - Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus,
27 - que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e, depois, pelos do povo; porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.
28 - Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.
1 Pedro 2.9
9 - Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.
OBJETIVO GERAL - Mostrar a superioridade do sacerdócio de CRISTO sobre o levítico.
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Explicar o processo de escolha dos sacerdotes;
Descrever a vestimenta sacerdotal para o serviço;
Expor sobre o sacerdócio de CRISTO.
 
INTERAGINDO COM O PROFESSORSe na lição anterior vimos que o sistema de sacrifícios do Antigo Testamento apontava para o sacrifício do Calvário, nesta veremos que a classe sacerdotal levítica apontava para o sacerdócio perfeito de CRISTO JESUS. Nosso Senhor estabeleceu um novo e perfeito sacerdócio, trouxe uma salvação perfeita por intermédio de seu santo ministério e tornou-se o único e verdadeiro mediador entre DEUS e os homens. O Senhor JESUS nos reconciliou com o Pai Celestial! 
 
PONTO CENTRAL - O Senhor JESUS é o grande e único sacerdote de seu povo.
 
Resumo da Lição 11, O Sacerdócio de CRISTO e o Levítico
I – A ESCOLHA DOS SACERDOTES (ÊX 28.1)1. Os sacerdotes precisavam pertencer à tribo de Levi.
2. Características especiais dos levitas.
3. A consagração sacerdotal tinha um só propósito.
II – VESTIMENTA SACERDOTAL PARA O SERVIÇO
1. Simbologia da vestimenta sacerdotal.
2. A túnica chamada “éfode” (Êx 28.4).
3. O “Urim e Tumim”.
III – O SACERDÓCIO DE CRISTO (Hb 7.23-28)1. Um novo e perfeito sacerdócio.
2. JESUS trouxe salvação perfeita.
3. JESUS, o mediador de uma melhor aliança.
 
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - Para ser sacerdote era necessário pertencer a tribo de Levi, ter um chamamento, viver em unidade e servir no Tabernáculo.
SÍNTESE DO TÓPICO II - A vestimenta sacerdotal tinha uma simbologia cerimonial relevante: a “glória” e o “ornamento” do santo ministério.
"Os sacrifícios, o culto, as ofertas e a liturgia dos serviços eram apenas sombra do verdadeiro sacerdócio a ser oficiado por CRISTO".
SÍNTESE DO TÓPICO III - O sacerdócio de CRISTO é novo e perfeito, pois trouxe uma salvação perfeita, fazendo-se mediador de uma melhor aliança.
Mas JESUS, sendo o perfeito cumprimento da Lei e dos Profetas, veio para morrer em nosso lugar, resgatando-nos do pecado.
 
 
 
 
 
 
JESUS é o OFERTANTE (nos substituiu - levou sobre si nosso pecado - Isaías 53), é a OFERTA (Cordeiro de DEUS) e é o SUMO SACERDOTE que ofereceu a oferta (no verdadeiro tabernáculo - o céu).
Sacerdócio de JESUSordem de Melquisedeque - Hebreus 5:10
sacerdote eternamente - Hebreus 5:6
nosso precursor, entrou por nós - Hebreus 6:20
apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão - Hebreus 3:1
grande sumo sacerdote, que penetrou nos céus - Hebreus 4:14
sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus - Hebreus 7:26
Sangue purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo - Hebreus 9:14
uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo - Hebreus 9:26
perfeito para sempre - Hebreus 7:28
padeceu fora da porta - Hebreus 13:12
DEUS o glorificou - Tu és meu Filho, Hoje te gerei - Hebreus 5:5
mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas - Hebreus 8:6
sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação - Hebreus 9:11
em tudo foi tentado, mas sem pecado - Hebreus 4:15
misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo - Hebreus 2:17
Ofereceu um púnico sacrifício - porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo - Hebreus 7:27
E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, - Hebreus 10:21
sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque - Hebreus 7:17
permanece sacerdote para sempre - Hebreus 7:3
 
 
 
 
 
Pentateuco - Conteúdo:
   Introdução
  Comentários
  a. A preparação para a unção (8:1-5)
  b. A cerimônia propriamente dita (8:6-13)
  c. A oferta da consagração (8:14-36)
  d. Regras para as ofertas (9:1-7)
  e. Os sacrifícios de Arão (9:8-24)
  f. Nadabe e Abiú (10:1-7)
  g. Proibidos os sacerdotes bêbados (10:8-11)
  h. Regras para comer alimentos consagrados (10:12-20)
  Conclusão
  Bibliografia
 
Pentateuco I  Leis Referentes ao Sacerdócio
 
Introdução:
Para melhor assimilarmos os ensinos referentes às Leis Sacerdotais passaremos a estudar do capítulo oito do Livro de Levítico até o capítulo 10, onde temos um resumo das normas para o Sacerdócio entre o povo de Israel.
 
»LEVÍTICO [8]
1 Disse mais o Senhor a Moisés: 2 Toma a Arão e a seus filhos com ele, e os vestidos, e o óleo da unção, e o novilho da oferta pelo pecado, e os dois carneiros, e o cesto de pães ázimos, 3 e reúne a congregação toda à porta da tenda da revelação. 4 Fez, pois, Moisés como o Senhor lhe ordenara; e a congregação se reuniu à porta da tenda da revelação. 5 E disse Moisés à congregação: Isto é o que o Senhor ordenou que se fizesse. 6 Então Moisés fez chegar Arão e seus filhos, e os lavou com água, 7 e vestiu Arão com a túnica, cingiu-o com o cinto, e vestiu-lhe o manto, e pôs sobre ele o éfode, e cingiu-o com o cinto de obra esmerada, e com ele lhe apertou o éfode. 8 Colocou-lhe, então, o peitoral, no qual pôs o Urim e o Tumim;  9 e pôs sobre a sua cabeça a mitra, e sobre esta, na parte dianteira, pôs a lâmina de ouro, a coroa sagrada; como o Senhor lhe ordenara. 10 Então Moisés, tomando o óleo da unção, ungiu o tabernáculo e tudo o que nele havia, e os santificou;  11 e dele espargiu sete vezes sobre o altar, e ungiu o altar e todos os seus utensílios, como também a pia e a sua base, para santificá-los. 12 Em seguida derramou do óleo da unção sobre a cabeça de Arão, e ungiu-o, para santificá-lo.  13 Depois Moisés fez chegar aos filhos de Arão, e os vestiu de túnicas, e os cingiu com cintos, e lhes atou tiaras; como o Senhor lhe ordenara. 14 Então fez chegar o novilho da oferta pelo pecado; e Arão e seus filhos puseram as mãos sobre a cabeça do novilho da oferta pelo pecado;  15 e, depois de imolar o novilho, Moisés tomou o sangue, e pôs dele com o dedo sobre as pontas do altar em redor, e purificou o altar; depois derramou o resto do sangue à base do altar, e o santificou, para fazer expiação por ele. 16 Então tomou toda a gordura que estava na fressura, e o redenho do fígado, e os dois rins com a sua gordura, e os queimou sobre o altar. 17 Mas o novilho com o seu couro, com a sua carne e com o seu excremento, queimou-o com fogo fora do arraial; como o Senhor lhe ordenara.  18 Depois fez chegar o carneiro do holocausto; e Arão e seus filhos puseram as mãos sobre a cabeça do carneiro.  19 Havendo imolado o carneiro, Moisés espargiu o sangue sobre o altar em redor. 20 Partiu também o carneiro nos seus pedaços, e queimou dele a cabeça, os pedaços e a gordura.  21 Mas a fressura e as pernas lavou com água; então Moisés queimou o carneiro todo sobre o altar; era holocausto de cheiro suave, uma oferta queimada ao Senhor; como o Senhor lhe ordenara.  22 Depois fez chegar o outro carneiro, o carneiro da consagração; e Arão e seus filhos puseram as mãos sobre a cabeça do carneiro; 23 e tendo Moisés imolado o carneiro, tomou do sangue deste e o pôs sobre a ponta da orelha direita de Arão, sobre o polegar da sua mão direita, e sobre o polegar do seu pé direito. 24 Moisés fez chegar também os filhos de Arão, e pôs daquele sangue sobre a ponta da orelha direita deles, e sobre o polegar da sua mão direita, e sobre o polegar do seu pé direito; e espargiu o sangue sobre o altar em redor. 25 E tomou a gordura, e a cauda gorda, e toda a gordura que estava na fressura, e o redenho do fígado, e os dois rins com a sua gordura, e a coxa direita; 26 também do cesto dos pães ázimos, que estava diante do Senhor, tomou um bolo ázimo, e um bolo de pão azeitado, e um coscorão, e os pôs sobre a gordura e sobre a coxa direita; 27 e pôs tudo nas mãos de Arão e de seus filhos, e o ofereceu por oferta movida perante o Senhor. 28 Então Moisés os tomou das mãos deles, e os queimou sobre o altar em cima do holocausto; os quais eram uma consagração, por cheiro suave, oferta queimada ao Senhor.  29 Em seguida tomou Moisés o peito, e o ofereceu por oferta movida perante o Senhor; era à parte do carneiro da consagração que tocava a Moisés, como o Senhor lhe ordenara. 30 Tomou Moisés também do óleo da unção, e do sangue que estava sobre o altar, e o espargiu sobre Arão e suas vestes, e sobre seus filhos e as vestes de seus filhos com ele; e assim santificou tanto a Arão e suas vestes, como a seus filhos e as vestes de seus filhos com ele. 31 E disse Moisés a Arão e seus filhos: Cozei a carne à porta da tenda da revelação; e ali a comereis com o pão que está no cesto da consagração, como ordenei, dizendo: Arão e seus filhos a comerão.  32 Mas o que restar da carne e do pão, queimá-lo-eis ao fogo. 33 Durante sete dias não saireis da porta da tenda da revelação, até que se cumpram os dias da vossa consagração; porquanto por sete dias ele vos consagrará. 34 Como se fez neste dia, assim o senhor ordenou que se proceda, para fazer expiação por vós. 35 Permanecereis, pois, à porta da tenda da revelação dia e noite por sete dias, e guardareis as ordenanças do Senhor, para que não morrais; porque assim me foi ordenado. 36 E Arão e seus filhos fizeram todas as coisas que o Senhor ordenara por intermédio de Moisés.
»LEVÍTICO [9]
1 Ora, ao dia oitavo, Moisés chamou a Arão e seus filhos, e os anciãos de Israel,  2 e disse a Arão: Toma um bezerro tenro para oferta pelo pecado, e um carneiro para holocausto, ambos sem defeito, e oferece-os perante o Senhor. 3 E falarás aos filhos de Israel, dizendo: Tomai um bode para oferta pelo pecado; e um bezerro e um cordeiro, ambos de um ano, e sem defeito, como holocausto; 4 também um boi e um carneiro para ofertas pacíficas, para sacrificar perante o Senhor e oferta de cereais, amassada com azeite; porquanto hoje o Senhor vos aparecerá. 5 Então trouxeram até a entrada da tenda da revelação o que Moisés ordenara, e chegou-se toda a congregação, e ficou de pé diante do Senhor. 6 E disse Moisés: Esta é a coisa que o Senhor ordenou que fizésseis; e a glória do Senhor vos aparecerá. 7 Depois disse Moisés a Arão: Chega-te ao altar, e apresenta a tua oferta pelo pecado e o teu holocausto, e faze expiação por ti e pelo povo; também apresenta a oferta do povo, e faze expiação por ele, como ordenou o Senhor. 8 Arão, pois, chegou-se ao altar, e imolou o bezerro que era a sua própria oferta pelo pecado. 9 Os filhos de Arão trouxeram-lhe o sangue; e ele molhou o dedo no sangue, e o pôs sobre as pontas do altar, e derramou o sangue à base do altar;  10 mas a gordura, e os rins, e o redenho do fígado, tirados da oferta pelo pecado, queimou-os sobre o altar, como o Senhor ordenara a Moisés. 11 E queimou ao fogo fora do arraial a carne e o couro.12 Depois imolou o holocausto, e os filhos de Arão lhe entregaram o sangue, e ele o espargiu sobre o altar em redor. 13 Também lhe entregaram o holocausto, pedaço por pedaço, e a cabeça; e ele os queimou sobre o altar. 14 E lavou a fressura e as pernas, e as queimou sobre o holocausto no altar. 15 Então apresentou a oferta do povo e, tomando o bode que era a oferta pelo pecado do povo, imolou-o e o ofereceu pelo pecado, como fizera com o primeiro. 16 Apresentou também o holocausto, e o ofereceu segundo a ordenança. 17 E apresentou a oferta de cereais e, tomando dela um punhado, queimou-o sobre o altar, além do holocausto da manhã. 18 Imolou também o boi e o carneiro em sacrifício de oferta pacífica pelo povo; e os filhos de Arão entregaram-lhe o sangue, que ele espargiu sobre o altar em redor,  19 como também a gordura do boi e do carneiro, a cauda gorda, e o que cobre a fressura, e os rins, e o redenho do fígado;  20 e puseram a gordura sobre os peitos, e ele queimou a gordura sobre o altar; 21 mas os peitos e a coxa direita, ofereceu-os Arão por oferta movida perante o Senhor, como Moisés tinha ordenado. 22 Depois Arão, levantando as mãos para o povo, o abençoou e desceu, tendo acabado de oferecer a oferta pelo pecado, o holocausto e as ofertas pacíficas. 23 E Moisés e Arão entraram na tenda da revelação; depois saíram, e abençoaram o povo; e a glória do Senhor apareceu a todo o povo, 24 pois saiu fogo de diante do Senhor, e consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar; o que vendo todo o povo, jubilaram e prostraram-se sobre os seus rostos.
»LEVÍTICO [10]
1 Ora, Nadabe, e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário e, pondo neles fogo e sobre ele deitando incenso, ofereceram fogo estranho perante o Senhor, o que ele não lhes ordenara. 2 Então saiu fogo de diante do Senhor, e os devorou; e morreram perante o Senhor.  3 Disse Moisés a Arão: Isto é o que o Senhor falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se chegarem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo. Mas Arão guardou silêncio.  4 E Moisés chamou a Misael e a Elzafã, filhos de Uziel, tio de Arão, e disse-lhes: Chegai-vos, levai vossos irmãos de diante do santuário, para fora do arraial.  5 Chegaram-se, pois, e levaram-nos como estavam, nas próprias túnicas, para fora do arraial, como Moisés lhes dissera.  6 Então disse Moisés a Arão, e a seus filhos Eleazar e Itamar: Não descubrais as vossas cabeças, nem rasgueis as vossas vestes, para que não morrais, nem venha a ira sobre toda a congregação; mas vossos irmãos, toda a casa de Israel, lamentem este incêndio que o Senhor acendeu. 7 E não saireis da porta da tenda da revelação, para que não morrais; porque está sobre vós o óleo da unção do Senhor. E eles fizeram conforme a palavra de Moisés. 8 Falou também o Senhor a Arão, dizendo: 9 Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da revelação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso pelas vossas gerações, 10 não somente para fazer separação entre o santo e o profano, e entre o imundo e o limpo, 11 mas também para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o Senhor lhes tem dado por intermédio de Moisés. 12 Também disse Moisés a Arão, e a Eleazar e Itamar, seus filhos que lhe ficaram: Tomai a oferta de cereais que resta das ofertas queimadas do Senhor, e comei-a sem levedura junto do altar, porquanto é coisa santíssima. 13 Comê-la-eis em lugar santo, porque isto é a tua porção, e a porção de teus filhos, das ofertas queimadas do Senhor; porque assim me foi ordenado. 14 Também o peito da oferta movida e a coxa da oferta alçada, comê-los-eis em lugar limpo, tu, e teus filhos e tuas filhas contigo; porquanto são eles dados como tua porção, e como porção de teus filhos, dos sacrifícios das ofertas pacíficas dos filhos de Israel. 15 Trarão a coxa da oferta alçada e o peito da oferta movida juntamente com as ofertas queimadas da gordura, para movê-los como oferta movida perante o Senhor; isso te pertencerá como porção, a ti e a teus filhos contigo, para sempre, como o Senhor tem ordenado.  16 E Moisés buscou diligentemente o bode da oferta pelo pecado, e eis que já tinha sido queimado; pelo que se indignou grandemente contra Eleazar e contra Itamar, os filhos que de Arão ficaram, e lhes disse: 17 Por que não comestes a oferta pelo pecado em lugar santo, visto que é coisa santíssima, e o Senhor a deu a vós para levardes a iniqüidade da congregação, para fazerdes expiação por eles diante do Senhor? 18 Eis que não se trouxe o seu sangue para dentro do santuário; certamente a devíeis ter comido em lugar santo, como eu havia ordenado. 19 Então disse Arão a Moisés: Eis que hoje ofereceram a sua oferta pelo pecado e o seu holocausto perante o Senhor, e tais coisas como essas me têm acontecido; se eu tivesse comido hoje a oferta pelo pecado, porventura teria sido isso coisa agradável aos olhos do Senhor?  20 Ouvindo Moisés isto lhe pareceu razoável.
 
  
Pentateuco I  -    Leis Referentes ao Sacerdócio
 
  Comentários:  
A CONSAGRAÇÃO DOS SACERDOTES (8:1 - 10:20)
  A primeira seção de Levítico estava em estreito relacionamento com as passagens em Êxodo que tratavam da seleção dos aronitas como a família sacerdotal oficial (Êx 28:1), as vestes que deviam usar (Êx 28:2-43), e o modo da sua consagração (Êx 29:1-46). Esta matéria seguiu as instruções acerca da planta e a edificação do tabernáculo do deserto (Êx 25-27), e, por sua vez, era seguida pela legislação da aliança (Êx 30-34) e pelas descrições da maneira segundo a qual o tabernáculo foi finalmente construído e mobiliado (Êx 35-40). Agora, uma grande seção de Levítico trata da consagração dos sacerdotes ao seu importante cargo medianeiro, e narra como as instruções de Êxodo 29 foram executadas.
Poderia parecer à primeira vista que um sentido melhor de ordem poderia ter sido realizado por meio de descrever a consagração dos sacerdotes em conjunção com estes preceitos rituais, mas a organização interna do sistema sacrificial exigia que as várias classes de ofertas fossem enumeradas antes de os sacerdotes serem consagrados de fato e os cultos do Tabernáculo instituídos. A seqüência que foi adotada revelou-se bem apropriada, tendo em vista que o sacrifício devia primeiramente ser oferecido por Moisés em prol destes sacerdotes como parte dos seus ritos de consagração, e somente quando os sacerdotes possuíssem o manual sacrificial na sua inteireza, e a autoridade de levar a efeito as suas instruções, é que poderiam oficiar segundo a sua vocação .Em etapa alguma nestas narrativas há qualquer desvio da propriedade ritual.
 
 
a. A preparação para a unção (8:1-5)
 
1-2. Assim como no caso das informações a respeito das várias ofertas do sistema sacrificial, as instruções para a consagração vieram da parte de DEUS, e, portanto, levavam consigo o mais alto grau da autoridade moral e espiritual. A narrativa relembra Êxodo 29:4-37, e descreve a maneira segundo a qual aquela matéria foi implementada. As vestes consistiam em um peitoral, uma estola sacerdotal, uma sobrepeliz, uma túnica bordada, mitra e cinto (Êx 28:4). As respectivas vestes são as que devem ser usadas por Arão, o primeiro Sumo Sacerdote de Israel, e pêlos seus sucessores, e seu estilo ornamentado teria honrado qualquer templo ou corte real na antiguidade. É importante notar, no entanto, que à parte de serem designadas como sendo santas (Êx 28:2), a saber: reservadas especificamente para o serviço no tabernáculo e, mais tarde, no templo; nenhum significado específico cultual ou litúrgico era atribuído às várias vestes. O decorrer do tempo tornou difícil entender o que alguns dos termos realmente descreviam, e o resultado é que algumas das interpretações devem ser consideradas, na melhor das hipóteses, um pouco conjecturais. Porque o registro original era de origem contemporânea, o escritor pressupunha uma familiaridade da parte dos leitores e seus descendentes “com os respectivos objetos. Esta familiaridade seria reforçada no decurso dos séculos mediante o contato visual com eles, vantagem esta que infelizmente não possuímos.
Tal é a situação da estola sacerdotal, que no caso de Arão era uma veste feita de tecido ricamente bordado, em comparação com as estolas sacerdotais mais simples de linho usadas pêlos demais sacerdotes (cf. l Sm 2:18). Era segurada na sua posição certa por cima dos ombros com duas correias, mas se a estola sacerdotal cobria o peito, o abdômen, ou ambos,
não se sabe. Nas ombreiras havia pedras de ônix, gravadas com os nomes das tribos de Israel. Por cima da estola sacerdotal havia uma bolsa ou "peitoral" (Hebraico hósen) que continha o Urim e o Tumün, que eram aparentemente objetos sagrados usados para lançar sortes. O termo "estola sacerdotal" também era usado ocasionalmente para descrever um ídolo (cf. Jz 8:27; 17:5) que era empregado no culto familiar, mas exatamente porque tal imagem era descrita por um nome usado para um objeto bem-atestado no culto israelita no tabernáculo não se sabe. O "peitoral" era uma quadra de tecido esmeradamente bordado, engastada com quatro fileiras de pedras. Visto que era essencialmente um saquinho, a tradução de hósen por "peitoral" é inteiramente conjetural. O artigo talvez possa ser considerado um paralelo do peitoral ornamental de ouro que foi descoberto no túmulo de um soberano da Idade de Bronze em Biblos.33
A sobrepeliz de Êxodo 28:4, 31-34 tinha a cor violeta, e aparentemente era usada debaixo da estola sacerdotal. Era primorosamente enfeitada com romãs bordadas, e tinha pequenas campainhas de ouro em derredor da parte inferior. O tecido parece ter sido trabalhado de uma só peça, um pouco como a túnica que CRISTO estava usando na Sua crucificação. Se for assim, a referência em João 19:23 pode ser interpretada como uma alusão a CRISTO como o grande Sumo Sacerdote, no momento de apresentar-Se como a oferta suprema para o pecado humano. A sobrepeliz, normalmente usada no Oriente Próximo por pessoas de certa posição social, era feita de tecido listrado ou de estofo tecido numa forma configurada. O cinto era mais corretamente uma faixa que era freqüentemente usada no Egito pêlos faraós e pêlos oficiais nacionais, bem como por membros do sacerdócio. A mitra, ou turbante, era um longo pedaço de tecido que era enfaixado ao redor da cabeça, conforme se faz até aos dias de hoje, e havia ligada na frente dela uma pequena placa de ouro gravada com a inscrição "Santidade ao SENHOR" (Êx 28:36).
Por mais esmeradas que fossem estas vestes, mormente tendo em vista sua origem no ambiente do deserto, sua própria função era lembrar os israelitas de que um DEUS poderoso, santo e justo estava realmente presente com eles, à medida que se sustentava que quem usava as vestes estava ligado com Ele. Esta associação de vestes elaboradas com uma divindade também era um aspecto tradicional da adoração cultual cananéia, como, por exemplo, em Ugarite, onde o manto de deusa Anate era descrito como sendo 'epod. Não serviam para glorificar o cargo do sumo sacerdote ou doutros oficiais do culto, mas, pelo contrário, indicavam que havia certos padrões claramente definidos ligados à adoração dAquele que criara o universo, e caminhos específicos e exclusivos pêlos quais se podia abordar a DEUS.34 O culto apressado, casual ou desordeiro não tinha lugar algum na vida religiosa hebraica antiga, seja qual tenha sido a situação nos ritos cultuais doutras nações do Oriente Próximo.
A adoração do DEUS de Sinai era uma questão muito séria, visto ser Ele o único DEUS vivo e verdadeiro, que podia lidar de modo rápido e certeiro com os transgressores, conforme até mesmo alguns membros da linhagem sacerdotal logo haveriam de descobrir. As formas preceituadas dos rituais hebraicos e as vestes dos sacerdotes serviam o propósito importante de manter o caráter distintivo da adoração entre o povo da aliança, e resguardavam contra a possibilidade de inovações sendo introduzidas de origens pagãs. Infelizmente, até mesmo estas precauções foram contornadas em períodos posteriores da história hebraica.
O óleo da unção (cf. Êx 30:22-33) para a consagração de Arão e dos seus descendentes era misturado por um perfumista (AV "farmacêutico’) de certo número de especiarias caríssimas, a maioria das quais decerto vinha da Arábia ou da índia. Esta mistura específica era limitada à unção dos sacerdotes, e qualquer outro uso constituía-se em delito capital (Êx 30:32-33) porque a substância era santa. Os ingredientes consistiam em mirra fluida, provavelmente tirada do arbusto Commiphora myrrha; cinamomo odoroso (Gnnamomum zeylanicum), cálamo aromático, uma das espécies de planta do gênero Cymbopogon, talvez C.schoenanthus L., que tem sido descoberta nos túmulos do Egito; a cássia, mais provavelmente Gnnamomum cássia, árvore esta que está estreitamente relacionada com o cinamomo odoroso; e azeite como o veículo.
Os animais a serem oferecidos para o sacrifício eram o novilho da oferta pelo pecado (cf. Êx 29:10-14) e os dois carneiros (cf. Êx 29:15-22), sendo que a descrição destes últimos em Êxodo indicava que eram de uma espécie de ovelhas de cauda gorda. O elemento final na preparação para a unção era o cesto dos pães asmos, descritos em Êxodo 29:2 como bolos asmos misturados com azeite, e obreias asmas untadas com azeite, todos feitos de farinha de trigo finamente moída.
3-5. Uma vez feitos os preparativos, Moisés passou a ajuntar toda a congregação à porta do tabernáculo. Visto que o rito da ordenação e da consagração do sacerdócio ao serviço
divino haveria de afetar todos em Israel, a cerimônia era pública. Os deveres de Moisés, o oficiante, seriam levados a efeito dentro do recinto do tabernáculo, talvez na presença dos anciãos. Os demais israelitas teriam de obter a melhor vista que podiam, dos proce-dimentos, talvez por meio de ficarem de pé nalgum ponto alto no sopé do Monte Sinai, onde estavam acampados neste período. É importante notar a posição de Moisés em relação às atividades de DEUS aqui. Embora funcionasse como um servo, Moisés ainda estava encarregado da família de DEUS (Nm 12:7; Hb 3:2), e assim forma um paralelo com a obediência e a fidelidade de CRISTO, que também Se tomou servo (Fp 2:7) a fim de mediar a nova aliança. A comunhão dos crentes cristãos é tal que é possível para a pessoa principal tornar-se servo de todos (cf. Mt 20:27; 23:11; Mc 10:44), conceito este que torna qualquer hierarquia dentro da comunidade uma questão algo artificial. A Moisés foi dada a revelação no Monte Sinai, e como o líder escolhido por DEUS, a ele foi confiada a tarefa de organizar a vida religiosa e comunitária do povo durante o período do deserto. Como oficial executivo principal em Israel, agiu como representante visível de DEUS na cerimônia impressionante de consagração que estava para se seguir. Nesta capacidade, suas atividades estão totalmente de acordo com o gênio distinto do sistema sacrificial ao qual os sacerdotes estavam para ser dedicados, visto que a mediação da graça divina haveria de ser sua função básica. A ênfase sobre a qualidade correia com a qual todos os procedimentos e outros regulamentos haveriam de ser seguidos é subentendida pela declaração de que Moisés levou a efeito todos os seus deveres conforme o Senhor lhe ordenara. O povo foi chamado à ordem imediatamente antes da cerimônia da consagração, por uma declaração solene de Moisés: "Isto é o que o SENHOR ordenou que se fizesse”.
A proclamação toma claro, portanto, que a iniciativa para a atividade inteira viera da parte de DEUS. Destarte, nenhuma acusação de favoritismo poderia ser feita contra Moisés ao consagrar um parente próximo como sumo sacerdote, visto que a escolha fora do Senhor. Uma vez que aquele fato tinha sido claramente estabelecido, a cerimônia poderia continuar de um modo totalmente democrático, e, por recomendar-se a todas as pessoas presentes como sendo legítima e autoritativa, poderia então reivindicar sua lealdade ao sacerdócio assim constituído e seu apoio a ele. A despeito destas precauções, no entanto, dentro em breve haveria de ocorrer um protesto contra a posição privilegiada dos aionitas (cf. Nm 16:1-35).
 
b. A cerimônia propriamente dita (8:6-13)
 
6. O grande rito da consagração começou quando Moisés levou Arão e seus filhos à porta da tenda da congregação, ao leste da qual havia a bacia de cobre feita dos espelhos das mulheres que serviam na porta do santuário nalguma atividade não especificada (Êx 38:8). Aqui, os aronitas foram lavados com água, a fim de purificá-los simbolicamente do pecado. Seria comparável ao batismo de adultos no Novo Testamento, um dos dois sacramentos que CRISTO ordenou aos crentes. Alguns intérpretes judaicos têm sustentado que a lavagem de ArSo e dos seus filhos foi por imersão, conforme se exigia do sumo-sacerdote no dia da expiação (Lv 16:4), mas isto não fica claro na passagem. Numa terra em que bons suprimentos de água eram poucos, e distantes entre si, a lavagem do corpo inteiro era um evento comparativamente raro, e não menos num deserto ou ambiente ermo onde a água seria escassa a não ser nos oásis. Na prática, uma lavagem perfunctória das áreas expostas bastava, sob condições normais, para os nômades ou seminômades, ajudada pelo uso liberal de perfumes e ungüentos, especialmente no que diz respeito às mulheres. Ao passo que os sacerdotes egípcios estabeleceram um padrão de higiene para seu povo ao lavar o corpo inteiro três vezes por dia, os sacerdotes hebreus usualmente enxaguavam somente as mãos
e os pés quando começavam seus deveres no tabernáculo (ÊX 30:19-21).
 
7. Uma vez que a purificação simbólica de ArSo e dos sacerdotes tinha sido levado a efeito, realizou-se a cerimônia de vestir o sumo-sacerdote. As vestes aqui mencionadas são alistadas na ordem em que parece que foram vestidas, e isto talvez indique que um relato de testemunha ocular tivesse sido preservado com bastantes pormenores.  O processo formava uma'parte importante do procedimento mediante o qual o sumo-sacerdote era empossado no seu cargo elevado, pois por estes meios os emblemas do serviço foram formalmente outorgados a ele na presença da nação inteira. Vestido desta maneira,  intercederia anualmente no SANTO dos Santos do tabernáculo em prol dos pecados involuntários do povo israelita no dia da expiação. Suas vestes cerimoniais retratavam assim as funções que, conforme a designação divina, era privilegiado a exercer em prol do povo da aliança. Por mais esmeradas que fossem, suas vestes não deveriam tomar-se motivo de orgulho pessoal, mas, sim, deveriam permanecer como lembrança a ele e ao povo da sua posição como o principal servo sacerdotal de Israel. As vestes conferiam a Arão uma qualidade distintiva visível entre seus pares como o líder espiritual e guia moral da nação. Por mais atraente que semelhante posição fosse, no entanto, traria suas próprias responsabilidades em termos de consistência do testemunho e da santidade da vida, e este fato tem apresentado um desafio a crentes em todas as eras. O selo visível da dedicação de Arão ao seu cargo era suprido de modo apropriado pela lâmina de ouro na frente da mitra, inscrita com o lema "Santidade ao SENHOR." Os sacerdotes do Senhor devem ter certeza de que seu modo de vida está em harmonia contínua com a vontade de DEUS (Hb 13:21), e devem procurar exemplificar os dons do ESPÍRITO na vida diária.
 
8. Neste versículo, as pedras oraculares são descritas pêlos seus nomes oficiais. A palavra Urim é um termo plural de derivação desconhecida, mas tem sido ligado com o substantivo hebraico que significa "luz,'' e também com a raiz irar, que significa” amaldiçoar.'' Igualmente desconhecida é a origem da palavra Tumim, que sempre se acha em conjunção com Urim na Escritura. Tem sido associada, quanto ao seu significado, com a raiz tâmam, "ser perfeito," e como resultado, alguns intérpretes têm entendido que estes dois objetos indicam "luzes" (ou "maldições") e "perfeições." Na melhor das hipóteses, no entanto, estes significados são altamente conjecturais, e até mesmo podem enganar. É provavelmente melhor tomar por certo que os termos designavam as sortes sagradas sem mais especificação. O fato de que uma das palavras começava com a primeira letra do alfabeto hebraico, e a outra com a última letra, indicando, assim, algum tipo de totalidade como alfa-ômega, é, provavelmente, pura coincidência. Estes dois objetos foram usados até ao período da monarquia antiga como meios de descobrir a vontade de DEUS (cf. l Sm 14:41), mas exatamente como eram empregados para obter informações não é declarado. Tem sido sugerido que eram usados da mesma maneira que dados ou pequenos palitos marcados, e que a maneira deles caírem ou sua aparência no chão revelava a vontade divina dalguma maneira. Uma explicação mais cultual tem visto os objetos como símbolos da autoridade do sumo-sacerdote para buscar o conselho direto de DEUS a respeito de questões que precisavam ser resolvidas. É provavelmente melhor ver o propósito dos Urim e Tumim como meio oracular de fornecer ao inquiridor aquilo que, conforme se esperava, seria uma resposta direta, positiva ou negativa. Havia ocasiões, no entanto, quando o oráculo simplesmente não dava uma resposta (l Sm 14:37; 28:6). A primeira menção destes objetos cultuais (Êx 28:30) toma por certo que os israelitas já tinham familiaridade com eles, visto que nenhuma explicação é dada acerca da sua natureza e função. Segundo parece, eram posses  hereditárias do sumo-sacerdote, visto que passaram de Arão para Eleazar (Nm 20:28). A última referência a eles no Antigo Testamento acha-se em Neemias 7:65.Na dispensação cristã, o "lançar de sortes'' foi substituído pela orientação direta de DEUS, o ESPÍRITO SANTO.  
9-12. O vestir de Arão foi seguido pela unção e consagração do tabernáculo e dos seus móveis, como prelúdio à unção do próprio Arão. Moisés agiu como oficiante, espargiu o altar sete vezes, e ungiu seus utensílios bem como a bacia com o santo óleo da unção, cujo uso, conforme foi notado supra, era restrito à consagração dos sacerdotes. Depois, ocorreu a unção de Arão, e nesta ocasião Moisés derramou parte do óleo sagrado na cabeça do sumo-sacerdote. Precisamente por que a cabeça era ungida na antiguidade, e não as mãos, não se sabe a razão. A sugestão moderna de que a cabeça era ungida como símbolo de serem dedicados a DEUS a mente e o intelecto do indivíduo não faria sentido aos hebreus antigos, visto que não entendiam a natureza nem o funcionamento do cérebro, e, pelo contrário, consideravam que o coração era a sede da inteligência, do propósito e da vontade.
 
 
A unção de Arão era uma indicação de que tinha sido selecionado por DEUS e designado para cumprir uma função específica. A lâmina de ouro (NEB "roseta de ouro") que era colocada na frente da mitra era provavelmente uma fita de ouro que circundava o ornato da cabeça ao nível da testa, para formar uma coroa sagrada (9), traduzida de modos variados como "diadema sagrado" (JB;NIV) e "símbolo de santa dedicação" (NEB). Certamente o ornato da cabeça era um símbolo altamente visível da consagração do sumo-sacerdote ao seu cargo em Israel. O procedimento da unção e a coroa eram emblemáticos da realeza, e ainda fazem parte das cerimônias de coroação dos monarcas britânicos. A cerimónia da consagração era impressionante, cheia de dignidade e solene, apropriada à posição e às responsabilidades daquele que a recebia. Não há registro de quaisquer palavras de instituição sendo trocadas entre Moisés e Arão, ou de qualquer bênção pronunciada sobre o novo sumo-sacerdote de Israel.
13. Seguiu-se então uma parte menos minuciosa da cerimônia da consagração, em que Moisés chamou os filhos de Arão e os vestiu de túnicas. . . cinto. . . e tiaras. Os dois primeiros itens provavelmente seriam vestes menos esmeradas do que aquelas preceituadas para o sumo-sacerdote, mas muito apropriadas para a gama usual de atividades sacerdotais, que incluíam o ensino (Dt 33:10), o lançar de sortes (Êx 28:30), e o pronunciar de decisões nos santuários (Êx 22:8), bem como o oficiar no altar de sacrifícios. Ao passo que o sumo-sacerdote usava uma mitra, os sacerdotes inferiores usavam um boné simples (tiaras), provavelmente feito de um pano dobrado, e com laços para fixá-lo na sua posição na cabeça. Este item pequeno servia a um propósito prático muito importante: proteger a cabeça do sacerdote do calor do sol enquanto oficiava ao ar livre, às vezes por horas em seguida.
Nesta parte da cerimônia, a unção tem implicações que são da máxima importância para o leitor cristão. Além do sacerdote, o profeta (cf. l Rs 19:16) e o rei (cf. 16:13, etc.) também eram ungidos enquanto assumiam seus cargos. Estas três funções foram finalmente unidas na pessoa do Messias, título este que é derivado da raiz para "ungir."
O termo "CRISTO" é o equivalente grego {Christos) da palavra hebraica para "Messias.”Falar, portanto, de JESUS como sendo” CRISTO “é reconhecê-Lo como sendo o Servo escolhido de DEUS, o Messias que fora prometido havia muito tempo, que seria ungido não somente com óleo (Is 11:2; 42:1), na tradição da antiga aliança, mas, mais especialmente, com o ESPÍRITO SANTO (Mt 3:16; Lc 4:1, 18, 21; Jo 1:32-33), que O sustentou enquanto Ele veio a ser nosso grande Sumo-Sacerdote.
 
C. A oferta da consagração (8:14-36)
Embora o tabernáculo e seu conteúdo tivessem sido ungidos com o óleo sagrado, fazendo-o, assim, um lugar consagrado, era necessário serem oferecidos três sacrifícios como expiação para Arão e seus filhos de modo que fossem completamente purificados do pecado. Estes ritos faziam parte integrante da cerimônia inteira da unção e da consagração, e todos tinham igual relevância. Visto que o propósito de DEUS para Israel, conforme é expresso em Levítico, é que este seja uma nação santa; qualquer sugestão de contaminação, ou no culto ou na vida comunitária, deve necessariamente ser removida a fim de que aquele objetivo seja atingido. Logo, a área inteira do tabernáculo tinha de ser consagrada antes de adoração aceitável a DEUS poder ser oferecida ali. Arão, portanto, foi consagrado num lugar cerimonialmente limpo, e seus filhos foram instalados no seu sagrado cargo no mesmo ambiente. O próprio altar foi purificado de modo que nenhuma profanação das ofertas sacrificiais ocorresse para  desfazer a santidade do santuário e da comunidade. Numa época posterior. DEUS haveria de censurar Seus sacerdotes por oferecerem sacrifícios imundos no Seu altar (Ml 1:7), invalidando, assim, o conceito total da adoração. A importância da propriedade ritual é ressaltada mais uma vez aqui, sendo que os sacerdotes devem primeiramente obter a expiação para si mesmos antes de poderem pretender obtê-la em prol doutros israelitas.  Nenhum sacerdote em qualquer era pode levar seus seguidores a um ponto de desenvolvimento espiritual que ele mesmo não atingiu.
14-17. Os aronitas puseram as mãos sobre o novilho da oferta pelo pecado (14), identificando-se com o animal que haveria de ser abatido em prol deles, e depois disto Moisés, na sua função de oficiante, seguiu os procedimentos estipulados para sacrificar a oferta pelo pecado (4:1 — 5:13). Untou os chifres do altar do holocausto (cf. 4:25, 30, 34), purificou o altar, e depois derramou o resto do sangue à base do altar, para o consagrar e fazer expiação por ele. Consumir os tecidos gordurosos seguiu o padrão normal das ofertas pacificas e pelo pecado (cf. 3:9-10, 14-15; 4:8-9, etc.), com uma  correspondência verbal apropriada no texto. O resto do animal era levado para fora do arraial para um lugar limpo, i.é, consagrado, onde era queimado de acordo com os regulamentos que regiam a oferta pelo pecado (cf. 4:12)
   
18-21. O holocausto de um carneiro seguiu a orientação de Levítico 1:3-13, que os sacerdotes recém-consagrados dentro em breve estariam observando pessoalmente. Moisés imolou o animal, espargiu seu sangue, e queimou a cabeça e outras partes juntamente com a gordura. Depois de terem sido lavadas as entranhas e as pernas, elas também foram queimadas como holocausto ao Senhor (21). Neste sacrifício os sacerdotes demonstraram sua completa obediência à vontade de DEUS, e proclamaram seu desejo de renovar e manter a comunhão com Ele.
 
22. Depois desta oferta veio um sacrifício restrito a um ato de consagração (cf. Êx 29:19-20). Nesta .cerimónia, Moisés tomou o segundo carneiro da consagração (22), e depois de os sacerdotes terem posto as mãos sobre ele, imolou-o, e untou com parte do sangue a orelha direita da Arão, e o polegar da sua mão direita, e o polegar do seu pé direito. O mesmo procedimento foi seguido para os filhos de Arão, e depois disto o restante do sangue foi espargido sobre o altar do holocausto.  O termo para "consagração" (modernamente "ordenação") é derivado de uma raiz que significa "encher," e em Êxodo 29:9 é traduzido pela expressão técnica "encher a mão." Esta frase também ocorre na tradição mesopotâmia nalguns textos de man- datados em cerca de 1750 a.C., onde a alusão parece ter sido à divisão dos despojos entre os vitoriosos. O texto hebraico pode dar a entender que os sacerdotes do santuário tinham o direito de participar das ofertas sacrificiais que eram trazidas para o tabernáculo, mas, conforme já foi deixado claro, a provisão para as necessidades deles era um elemento importante no sistema sacrificial. Em Levítico 8:22 NEB diz: "o carneiro para a instalação dos sacerdotes," e esta expressão transmite o sentido de admissão aos direitos e privilégios do cargo. Parece um pouco diferente do significado original de "encher a mão" que, segundo parece, referia-se àquelas ofertas que eram colocadas nas mãos dos sacerdotes na ocasião da sua consagração, que lhes conferiam a autoridade de realizar deveres sacerdotais. A diferença é aquela entre colocar uma Bíblia na mão de um candidato na ocasião da ordenação, e a subseqüente nomeação daquela pessoa a alguma função pastoral com seus respectivos direitos e emolumentos.
 
23-25. Colocar sangue sobre partes específicas dos corpos de Arão e seus filhos era um gesto altamente simbólico, com aplicação direta ao sacerdote e sua obra. De modo simbólico o corpo inteiro foi consagrado ao serviço do Senhor, e, ao aceitar a aplicação, o sacerdote reconhecia as obrigações inerentes no simbolismo. A partir de então, deve escutar cuidadosamente os pronunciamentos de DEUS de modo que possa proclamá-los devidamente. Suas mãos devem ser dedicadas inteiramente àquelas coisas que têm conexão com a obra do Senhor, de tal maneira que não seja tentado a realizar atos malignos. Seus pés devem sempre ser dirigidos de tal maneira que andarão continuamente nos caminhos do Senhor. O uso do sangue neste ritual separava o sacerdote das preocupações mundanas e dedicava-o completamente ao serviço de DEUS. Este procedimento específico é rico em sentido para o sacerdócio cristão de todos os crentes consagrados pelo sangue de JESUS CRISTO para ouvir a Palavra de DEUS, para realizar obras de graça e misericórdia, e para andar segundo a orientação do Senhor.
 
26-29. Um procedimento restrito à oferta da consagração ocorreu quando Moisés tomou toda a gordura do carneiro, juntamente com sua coxa direita, e as colocou nas mãos de Arão e dos seus filhos. Este era um "encher das mãos" formal que todos podiam ver, e a santidade
do cargo ao qual os sacerdotes tinham sido nomeados foi proclamada pelo fato de que as ofertas colocadas na custódia deles incluíam as partes mais santas do sacrifício que pertenciam exclusivamente a DEUS. Em conjunção com estas porções sacrificiais havia ofertas do cesto dos pães asmos (26), do qual foram tirados um bolo asmo, um que tinha sido misturado com azeite, e uma obreia. Estes foram colocados sobre a gordura e a coxa direita do animal sacrificial, e os sacerdotes passaram então a fazer o gesto de apresentação da oferta movida em direção ao altar antes de devolver estas partes seletas a Moisés. Este último passou então a queimá-las no altar em conjunção com o holocausto para produzir, conforme a fraseologia antiquada do ritual, um aroma agradável. . . ao SENHOR (28).
Porque Moisés tinha, pelo momento, oficiado como um substituto do sumo-sacerdote, era-lhe necessário apresentar uma oferta a DEUS por si mesmo. A porção que tocava a Moisés do carneiro da consagração consistia na dianteira, e esta, também, foi apresentada ao Senhor como oferta movida antes de ser queimada. A oferta da consagração, como a oferta pacífica (cf. 7:15-18), podia ser comida por aqueles em prol dos quais tinha sido sacrificada, mas, mais uma vez, a regra de que os sacerdotes não podiam comer daquilo que tinha sido oferecido em prol deles tinha de ser inculcada. A coxa representava a porção atribuída aos sacerdotes, ao passo que a parte dianteira era aquilo que pertencia a Moisés na sua capacidade de oficiante temporário. Uma vez que estas porções tinham sido queimadas, o restante do sacrifício poderia ser comido por Arão e seus filhos. Assim como ocorria com outros aspectos do ritual, estes procedimentos foram seguidos meticulosamente, como o SENHOR ordenara a Moisés (29).
 
30-36. Moisés já levara a efeito os ritos de untar os corpos de Arão e dos sacerdotes, separando-os simbolicamente para coisas santas e assegurando-se de que a plenitude das forças deles seria dedicada ao serviço do Senhor. Ainda na sua capacidade como oficiante, Moisés espargiu uma mistura de óleo da unção e de sangue sobre as vestes cerimoniais de Arão e seus filhos como um ato adicional de consagração. Os sacerdotes estavam, portanto, espiritualmente seguros nos seus cargos, porque foram protegidos pelo sangue do animal sacrificial, assim como os próprios israelitas tinham sido quando a primeira páscoa foi celebrada no Egito (ÊX 12:23). Porque CRISTO foi sacrificado como nosso cordeiro pascal, Seu sangue remove os pecados dos crentes e lhes dá a certeza da salvação eterna, vivendo eles de acordo com a Sua vontade.
A cerimónia da consagração terminou com instruções dadas por Moisés a Arão no sentido de a carne sacrificial ser cozida, e os pães asmos serem comidos, fora da porta do santuário propriamente dito. (31).
Este era um meio simbólico mediante o qual a aliança estabelecida entre DEUS e o sacerdócio seria selada na presença da congregação inteira. A partir de então, os sacerdotes deviam dedicar-se exclusivamente ao serviço do Senhor ao ministrar à nação de Israel. Não deviam ocupar-se com trabalhos manuais, nem ser sujeitados a outras considerações mundanas que poderiam desviar sua atenção e energias das coisas de DEUS.Seu sustento deveria vir inteiramente do altar do tabernáculo, e deviam ser separados para ministrar coisas espirituais. Paulo deu um exemplo aos crentes ao declarar como sua vocação a convicção de que era separado para o evangelho de DEUS (Rm 1:1). A separação futura dos sacerdotes hebreus das atividades seculares e sua consagração ao tabernáculo era simbolizada pela exigência de que, durante os sete dias seguintes, não deviam sair da porta da tenda da congregação (33). Somente depois do decorrer de uma semana é que o sumo-sacerdote e seus filhos poderiam considerar-se verdadeiramente ordenados.  Ao serem limitados a uma só área pequena do átrio do tabernáculo, era impossível para os sacerdotes ficarem contaminados de qualquer maneira, ou de serem distraídos das atividades sacerdotais que faziam parte do processo da ordenação.
 
O v. 35 indica que em cada um dos sete dias seguintes, Moisés deveria oferecer, em prol de Arão e seus filhos, os mesmos sacrifícios que tinham marcado a grande cerimónia da consagração (cf. Êx 29:35-36). Este procedimento envolvia alguma modificação nos procedimentos estipulados para as ofertas pacíficas ou do bem-estar, que permitiam que a carne fosse comida no dia depois daquele em que fora sacrificada (7:15-16). Nas circunstâncias especiais ligadas com a ordenação e a consagração, tudo quanto sobrava da carne ou dos pães asmos devia ser queimado no dia em que era oferecido (32). Não há qualquer registro dalguma oportunidade ser dada aos sacerdotes para meditarem sobre a natureza da vocação para a qual foram escolhidos, mas o caráter dos ritos sacrificiais, por si só, lhes daria oportunidades para o arrependimento, a confissão do pecado, e a adoração de um DEUS cujas misericórdias estão continuamente sobre todas as Suas obras (SI 145:9). Tudo quanto foi preceituado para os sacerdotes deve ser observado meticulosamente, para que estes não morram por causa da desobediência. O cargo de sacerdote era de natureza muito responsável, pois aqueles que o detinham poderiam influenciar a nação para o bem ou para o mal, conforme setornou evidente subseqüentemente na história dos hebreus. Por esta razão, os sacerdotes eram advertidos periodicamente quanto às conseqüências sérias que lhes adviriam se desconsiderassem os regulamentos de DEUS. A obediência está no coração tanto da antiga aliança quanto da nova, e esta, mais do que o amor, é a exigência primária que DEUS faz dos Seus seguidores. O cristão é conclamado a trazer todo pensamento à obediência de CRISTO (2 Co 10:5), e a ver a obediência como uma das marcas de uma personalidade santificada (l Pé 1:2). A esta altura, Arão e os sacerdotes estão unidos numa disposição para seguir as instruções divinas, e para dar início à história longa e às vezes turbulenta do serviço sacerdotal à nação.
 
d. Regras para as ofertas (9:1-7)
1-2. Tendo decorrido o período da consagração, o novo sacerdócio israelita entrou no seu ministério público. Até esta altura, os sacrifícios tinham sido oferecidos por Moisés, mas agora o trabalho é atribuído àqueles que foram escolhidos e dedicados a ele. Na sua capacidade de líder do povo, Moisés chamou, ou, melhor, "conclamou" (cf. 1:1), os aronitas e os anciãos de Israel, sendo que talvez estes últimos tivessem estado dentro do recinto do tabernáculo durante o período da consagração, embora não estivessem no mesmo estado de santidade cerimonial que os próprios sacerdotes. Nesta ocasião específica, os aronitas são responsivos a toda ordem de Moisés, mas não passaria muito tempo antes de algo menos do que a obediência completa ser prestada às suas instruções (cf. Lv 10:16-18). O ministério mediador de Arão começa quando Moisés o ordena a tomar um bezerro sem defeito, de dois anos, como oferta pelo pecado, e um carneiro para um holocausto(2), e sacrificá-los diante do SENHOR. Estes dois animais deviam ser oferecidos em prol de Arão e o sacerdócio, e é significante que eram ofertas pelo pecado. Até mesmo a pessoa mais dedicada e consagrada ainda peca e fica muito aquém da glória de DEUS (Rm 3:23; 5:12). Quanto mais perto as pessoas vivem da vontade do Senhor, tanto mais têm consciência deste corolário da existência humana real.
 
3-5. Arão é ordenado a requerer da parte da congregação um bode, um bezerro e um cordeiro, sem defeito e de um ano de idade. A atenção consistente a detalhes que o sistema sacrificial levítico requer é ilustrada pela menção do cordeiro que, para ser considerado como tal, deve ter menos de um ano de idade; depois deste tempo fica sendo carneiro. Os w. 2 e 3 consistem das únicas ocasiões na tarifa sacrificial em que um bezerro é preceituado para o sacrifício. Intérpretes judaicos posteriores sugeriram que o bezerro foi incluído aqui como uma expiação pêlos eventos de Êxodo 32, mas embora isto seja possível, é, na melhor das hipóteses, incerto. Além disto, o povo devia trazer animais para sacrifícios pacíficos ou de bem-estar, e fornecer uma oferta de manjares misturada com azeite. Estas exigências abrangiam as formas principais de sacrifícios, e marcam a altura em que o povo começou a participar do sistema de ofertas. As exigências feitas aos israelitas nesta etapa das peregrinações no deserto são modestas, e bem dentro das capacidades deles para cumpri-las. Ilustra-se, assim, um princípio importante da vida espiritual, a saber: DEUS não impõe sobre o crente qualquer fardo que é pesado demais para suportar, em contraste com as práticas dos fariseus (Mt 23:4; Lc 11:46) e dos seus sucessores espirituais.
 
6-7. A razão porque o povo deve ser purificado bem como os sacerdotes agora fica aparente. A glória do Senhor deve ser revelada à comunidade, e Sua presença acrescentará um selo visível de aprovação às cerimônias de consagração que acabaram de ser concluídas. Para aqueles que passaram pela experiência do estremecer do Monte Sinai (Êx 19: 18), esta seria uma perspectiva ao mesmo tempo emocionante e amedrontadora. A palavra aparecerá está no tempo perfeito em Hebraico, sendo falada como se já tivesse acontecido, porque não havia dúvida na mente de Moisés de que ocorreria. Quando tudo estava em estado de prontidão, Moisés mandou Arão começar seus deveres sacerdotais ao fazer expiação por si mesmo e pelo povo, de acordo com as instruções do Senhor. xAté que isto tivesse sido feito, a presença de DEUS não honraria nem os procedimentos nem os participantes. Sua glória já tinha descido sobre o tabernáculo acabado (ÊX 40:34), e agora ela estava a ponto de ratificar o ministério a ser realizado ali.
 
e. Os sacrifícios de Arão (9:8-24)
Esta seção apresenta aquilo que era o padrão normal da adoração sacrificial israelita, em que o ritual da oferta pelo pecado precede naturalmente o holocausto,36 e indica o modo segundo o qual DEUS deseja  que os adoradores se aproximem dEle. Antes de mais nada havia a necessidade de purificação do pecado, de tal modo que o transgressor pudesse ficar imaculado diante de DEUS. O holocausto simbolizava a obediência e a submissão da pessoa que já se identificava manualmente com seu sacrifício como meio de obter o favor divino, ao passo que a oferta pacífica ou de bem-estar visava promover o bem-estar do ofertante enquanto continuava em comunhão com seu Senhor. Há uma pequena variação dos detalhes dos regulamentos que regem a oferta pelo pecado do sumo sacerdote (4:5-7), onde todo o sangue foi jogado na base do altar ao invés de parte ser espargido diante do véu do santuário e untado nas projeções do altar de incenso. Esta divergência pode ser esclarecida ao relembrar que Arão ainda teria que entrar na tenda da congregação pela primeira vez (23). Além disto, os procedimentos descritos em conexão com a oferta pacífica (cf. 3:1-17) variam um pouco, pois o peito, que normalmente ficava sendo a posse do sacerdócio (7:31) e a coxa direita, que era a prerrogativa do sacerdote oficiante (7:32), nesta ocasião foram apresentados como oferta movida (NEB "uma dádiva especial") a DEUS.
 
8-11. Arão sacrificou primeiramente sua própria oferta pelo pecado, visto que sua pureza estava estreitamente ligada com a da congregação, da qual ele era o exemplo. Este fato reflete os padrões de obediência, de pureza e de santidade estabelecidos por JESUS que o cristão é conclamado a seguir (l Pé 2:21-24). Os filhos de Arão ajudaram no ritual de untar o sangue nas projeções do altar do holocausto; depois, o resto do sangue foi derramado à base do altar, e os tecidos gordurosos foram queimados da maneira normal. Os pedaços da carne e do couro também eram queimados fora do arraial, de acordo com os procedimentos exigidos para a oferta pelo pecado (Lv. 4:11-12).
 
12-14. Tendo sido imolado o holocausto, seu sangue foi espargido sobre o altar, sendo que, mais uma vez, Arão foi ajudado pêlos seus filhos neste processo. Os deveres destes eram passar para ele as várias seções do animal sacrificial. Estes pedaços foram então queimados juntamente com a cabeça, as entranhas e pernas lavadas, conforme a maneira preceituada (Lv 1:6-9). A cerimónia de passar o sacrifício para Arão, pedaço por pedaço, era sem dúvida uma parte impressionante do ritual, mas também indicava que, à medida em que os pedaços componentes eram abrangidos pela totalidade, assim também o sacerdócio inteiro era representado pelo sumo-sacerdote oficiante.
 
15-17. O bode para a oferta pelo pecado do povo foi então imolado e apresentado ao Senhor. Seguiu-se, então, o holocausto, que tambem foi sacrificado de acordo com as diretrizes (o rito; RSV "ordenança"). Os rituais que envolviam as ofertas de manjares foram cuidadosamente observados, sendo que a narrativa menciona a queima das porções memoriais (cf. Lv 2:2) no momento apropriado na cerimónia. Embora a recapitulação tediosa dos regulamentos seja evitada nos resumos de procedimentos apresentados aqui, fica sendo óbvio que os vários sacrifícios são oferecidos de rigoroso acordo com os procedimentos preceituados. A obediência explícita, e nato o individualismo ou a inovação, era o que DEUS requeria do adorador.
 
18-21. Os sacrifícios pacíficos ou de bem-estar foram imolados em seguida, e mais uma vez, os filhos de Arão entregaram a ele o sangue do boi e do carneiro para espargir no altar. Todos os órgãos que eram cobertos de gordura foram consumidos pelo fogo, mas o peito e a coxa direita foram dedicados a DEUS, empregando os gestos apropriados de apresentação. A ordem dos sacrifícios descritos nos preceitos rituais constitui-se em guia importante para os cristãos no que diz respeito aos princípios da espiritualidade que subjazem o culto divino. Dos três conceitos enunciados, aquele que tinha prioridade dizia respeito à purificação do pecado, denotada pela oferta pelo pecado. Quando a expiação apropriada tivesse sido feita, o adorador devia entregar sua vida e obra a DEUS, conforme é indicado pelo holocausto e a oferta de manjares. Finalmente, devia desfrutar da comunhão com DEUS dentro do contexto de uma refeição de comunhão, que era fornecida pela oferta pacífica. Não há conflito de interesse aqui com os rituais de Levítico 1—5, visto que, dos cinco tipos enumerados, nada menos que três dizem respeito, dalguma maneira, à remoção do pecado e da culpa. Oportunidades também são fornecidas mediante os preceitos sacrificiais para a dedicação, ações de graças e comunhão pessoais. Alguns cristãos gentios primitivos em Corinto, que não tinham familiaridade com as condições espirituais que regiam a adoração judaica, não observavam esta ordem, e, portanto, não conseguiram discernir o corpo do Senhor (l Co 11:20-21, 29).
 
22-24. Arão agora exerce sua prerrogativa sacerdotal ao invocar a bênção de DEUS sobre o povo. A tradição judaica posterior sustentava que ele empregou a fraseologia magnífica da bênção sacerdotal em Números 6:24-26, em que o poder, a presença e a paz de DEUS para os que estavam sendo abençoados perfazem a intenção do pronunciamento. Depois disto, tanto Moisés quanto Arão entraram no lugar santo da tenda da congregação. Talvez nesta ocasião Moisés formalmente transferisse as responsabilidades do santuário a Arão, e lhe desse instruções na realização daquelas tarefas que ele mesmo empreendera anteriormente. Quando saíram para o átrio do tabernáculo, os dois oraram, pedindo a bênção de DEUS sobre a nação de Israel. Como resposta a isto, a glória do Senhor tomou-se visível ao povo, provavelmente da mesma maneira que em Êxodo 40:34, em que uma nuvem e a "glória" (esta última palavra deriva de uma raiz "ser pesado') continuava a indicar a presença de DEUS. Parece haver pouca dúvida que os fenômenos da nuvem e do fogo, destacados no tempo do êxodo (Êx 13:21), desceram sobre o tabernáculo a esta altura. O fogo flamejou do meio da nuvem e consumiu os pedaços sacrificiais que pertenciam a DEUS, colocando, assim, um sinal inconfundível de aprovação divina nos procedimentos (cf. Gn 15:17; Jz 13:
 
19-20; l Rs 18:38; 2 Cr 7:1). Um conceito de larga aceitação nos círculos liberais, de que este fenômeno milagroso foi um acréscimo posterior, visto que os sacrifícios tinham sido queimados no altar, já foi repudiado por Porter como sendo "de mentalidade por demais liberalista.” 37 O que parece ter acontecido é que o fogo de DEUS consumiu totalmente os sacrifícios que já estavam em processo de queima. O aspecto importante e assustador que chamou a atenção, no entanto, foi a origem divina do fogo que queimou no altar dos sacrifícios. Nas Escrituras, o fogo é freqüentemente empregado como símbolo da presença e das atividades de DEUS (cf. Dt 4:24; SI 18:8-14; Ez l:4; Ap 1:14). Em Malaquias 3:2, o Messias vindouro foi assemelhado a um fogo de ourives que removeria as escórias e refinaria o metal até ele ter alto grau de pureza. João Batista levou esta idéia uma etapa adiante ao prometer que, ao vir, o Messias balizaria com o ESPÍRITO SANTO e com fogo (Mt 3:11; Lc 3:16). A manifestação do ESPÍRITO SANTO no Pentecostes foi descrita como sendo "línguas de fogo" pairando sobre os apóstolos, e assim foram cumpridas de modo espetacular as predições de João. A linguagem figurada em Malaquias está relacionada no pensamento de Paulo ao aquilatamento final das atividades do crente no dia do juízo (l Co 3:13-15), quando, então, será examinado em termos dos padrões mais exigentes. O fogo que CRISTO veio lançar sobre a terra (Lc 12:49) deve consumir tudo quanto é iníquo e indigno no crente se é que os ministros do Senhor realmente vão tomar-se em chamas de fogo (Hb 1:7). A natureza dramática da teofania levou o povo a gritar alto, reação esta que, sem dúvida, foi induzida por uma mistura que incluía o medo, a surpresa, a alegria e as ações de graças. Mostraram-se sobre os seus rostos (24) diante de DEUS, adulando um método característico do Oriente Próximo de demonstrar submissão total a um suserano. Além do holocausto e o sacrifício de bem-estar que acabaram de ser apresentados a DEUS em prol do povo pelo sacerdócio recém-ordenado, aos israelitas foi oferecida uma oportunidade totalmente inesperada para a adoração espontânea e uma expressão de gratidão a DEUS.
 
f. Nadabe e Abiú (10:1-7)
Mal tinham terminado as cerimônias da consagração, e os sacerdotes entrado nas suas funções sagradas, e um ato de sacrilégio foi perpetrado pêlos filhos mais velhos de Arão, Nadabe e Abiú. O capítulo 9 mostra a maneira segundo a qual o povo devia aproximar-se de DEUS na adoração, e as bênçãos e os benefícios que resultariam. O capítulo 10 torna claro quão rapidamente a retribuição divina veio sobre aqueles que se recusaram a seguir a orientação, e que insistiram, ao invés disto, em seguir um curso independente. O que tão recentemente tinha sido um tempo de felicidade e esplendor para a nação é estragado por uma tragédia desnecessária. A situação ficou sendo ainda mais lastimável por causa da posição privilegiada que estes dois homens tinham desfrutado quando, juntamente com Moisés, com o pai deles, Arão, e setenta dos anciãos de Israel, tiveram licença de ver uma manifestação do DEUS de Israel no Monte Sinai (Êx 24:1, 10). Os abusos que se permitiram foram de natureza muito séria, visto que foram induzidos pela desobediência.
 
1-2. Os dois homens começaram seus deveres no tabernáculo ao tomarem seus próprios incensários, que consistiam em panelas de forma achatada em que eram lavados carvões em brasa, e lhes deitaram fogo. Depois, colocaram incenso sobre as brasas, e, segundo parece apresentaram este fogo estranho a DEUS, de uma maneira que não tinha sido preceituada. Há vários elementos deste' procedimento que violavam todas as instruções para o sacrifício que Moisés recebeu da parte de DEUS. Em primeiro lugar, não há indicação alguma de que as brasas foram tiradas do altar do holocausto (cf. Lv 16:12), cujo conteúdo fora aceso pelo fogo divino quando o Senhor santificou o tabernáculo na ocasião das cerimônias de consagração dos sacerdotes. Até este ponto, portanto, uma mudança significante tinha sido feita nos rituais sacerdotais, e algo que não era santo, i.é, não consagrado ao serviço de DEUS tomou-se um intruso entre os demais elementos consagrados. Em segundo lugar, nada há nos preceitos pormenorizados do sacrifício que declarasse que qualquer pessoa senão o próprio sumo-sacerdote devesse colocar incenso num incensário de brasas e apresentá-lo a DEUS. Até mesmo aquela cerimónia era restrita ao dia da expiação quando, uma vez por ano, o sumo-sacerdote entrava no SANTO dos Santos do santuário para cobrir o propiciatório com uma nuvem de incenso. Logo, ao se comportarem assim Nadabe e Abiú estavam usurpando de maneira espalhafatosa e imperdoável as responsabilidades da pessoa principal da hierarquia sacerdotal.  Suas ações podem ter sido o resultado do orgulho, da ambição, dos ciúmes, ou da impaciência, e, se for assim, sua motivação estava muito longe da intenção de quem procurava viver uma vida de santidade ao Senhor. Em terceiro lugar, fica óbvio que nem Moisés nem Arão tinham sido consultados acerca da mudança repentina de procedimento, e, portanto, as ações de Nadabe e Abiú consistiram de um ato de desobediência aos desejos conhecidos dos seus superiores, conforme são expressos na legislação sacerdotal, sem nada dizer quanto ao fato de constituir-se em ato de desafio contra DEUS. Logo, a penalidade de ser "cortado", preceituada em Números 15:30 para os pecados de intenção deliberada contra os regulamentos da aliança, entrou em vigor de modo dramático. Além disto, o ato de colocar incenso sobre as brasas vivas poderia muito bem ter sido interpretado como sendo parte de um ritual simples de oferecer enceno a um deus pagão, tal como aquele em que se ocupavam as mulheres de Jerusalém nos tempos de Jeremias (Jr 44:25). Porque ser santo ao Senhor envolvia uma separação de todas as formas de mundanismo (cf. 2 Co 6:14-17), este tipo de inovação ritual era a própria antítese daquilo que DEUS preceituara para a adoração a Ele. Outros fatores que podem muito bem ter entrado na transgressão incluíam a possibilidade de que o incenso não tinha sido composto de acordo com as instruções dadas por DEUS a Moisés (Êx 30:34-38); que os dois homens usaram seus incensários domésticos ao invés daqueles que tinham sido consagrados especificamente para o uso no tabernáculo; ou que a oferta fora feita de modo impróprio, de modo que usurpasse as funções do altar de incenso (ÊX 30:7-8). Talvez o mais importante de tudo seja a possibilidade de que Nadabe e Abiú estivessem num estado ébrio ao entrarem nos seus deveres, e que esta condição influísse no seu são juízo. Nesta conexão, a proibição no v. 9 é muito relevante. À luz do que foi dito supra, parece difícil acreditar que o delito cometido fosse puramente acidental na sua natureza. A inversão de valores, mediante a qual aquilo que era profano foi oferecido ao Senhor como se fosse algo sagrado e consagrado é totalmente oposta a tudo quanto à aliança do Sinai representava. Ironicamente, foi pelo fogo que os transgressores morreram (2), mortos por uma chama consumidora que é característica da natureza de DEUS (Hb 12:29), que exige a adoração aceitável com reverência e santo temor. Não se sabe exatamente como o fogo matou Nadabe e Abiú, ou se a palavra "fogo" era um sinônimo para um raio de relâmpago. Muitos daqueles estudiosos que atribuem uma data pós-exílica de composição a Levítico têm pressuposto que durante o exílio houvesse uma migração a Jerusalém de "grupos Sacerdotais" da área do norte, presumivelmente numa tentativa para estabelecer um sacerdócio do norte no reino do sul. Embora estes sacerdotes alegassem estar na tradição arônica, esta narrativa deixou claro que somente os filhos obedientes, Eleazar e Itamar, realmente transmitiram o sacerdócio legítimo de Arão, ao qual os sacerdotes israelitas apóstatas claramente não pertenciam. Para aqueles que sustentam este ponto de vista, a presente narrativa consiste de uma "história etiológica" '•que procura explicar a base lógica das condições que existiam num período subseqüente. Uma suposição deste tipo depende de atribuir, arbitrariamente, uma data na era do segundo templo a Levítico, proposição esta que foi asseverada muitas vezes por estudiosos liberais, mas ainda falta uma demonstração pêlos fatos. Mais significante de tudo é a falta total de evidência no Antigo Testamento para qualquer movimento de sacerdotes de santuários fora de Jerusalém para a capital de Judá a fim de substituir aqueles sacerdotes que foram levados para o cativeiro. Depois de 581 a.C. a área em derredor de Jerusalém ficou desolada, e a própria cidade era uma ruína, se é que se pode acreditar na evidência de Lamentações. Quando os cativos voltaram do exílio entre 538 a.C. e cerca de 525 a.C., a oposição que encontraram não vinha de círculos sacerdotais rivais, que se destacam pela sua ausência das narrativas relevantes, mas, sim, de indivíduos ou grupos com interesses políticos, tais como Sambalá, os árabes, os amonitas e os asdoditas (Ed 4:4; Ne 4:7).
 
3. Moisés empregou este incidente para ilustrar exatamente aquilo que DEUS queria dizer por santidade e separação, a fim de que o pai desolado e o povo como um todo compreendesse. Ao passo que para os povos pagãos contemporâneos o conceito da santidade significava nada mais do que uma pessoa ou um objeto ser consagrado ao serviço de uma divindade, para os israelitas a santidade era um atributo ético do caráter divino que tinha de ser refletido nas suas próprias vidas e no seu próprio comportamento, visto que eram ligados pela aliança ao DEUS de Sinai. Há dois aspectos básicos deste relacionamento que deveriam estar sempre em primeiro plano nas mentes dos israelitas: o primeiro era que a aliança procedia do amor de DEUS (hesed); o segundo, que exigia dos israelitas uma resposta de obediência sem hesitação e sem qualificações.  
Visto que certos membros da linhagem sacerdotal aparentemente se recusaram a levar a sério à resposta humana ao amor de DEUS conforme a aliança, todos deveriam aprender uma lição que, pela sua natureza visual, faria uma impressão duradora sobre as mentes individuais. Dai a declaração de Moisés de que DEUS demonstrará a natureza e o significado da santidade. As palavras de Moisés não consistem de uma citação literal de pronunciamentos registradas na Tora, mas, sim, refletem seus ensinos acerca dos requisitos da santidade para o cargo de sacerdote (cf. Êx 19:22; 29:1, 44, etc.) e o aforismo de Samuel de que a obediência é preferível ao sacrifício (l Sm 15:22). Porque a santidade é um dos atributos espirituais mais característicos de DEUS, forçosamente há de ser manifestada entre aqueles que estão associados com Ele. O Novo Testamento está em harmonia com esta proposição na sua insistência em que os crentes em CRISTO vivam vidas de consagração e santidade (Rm 12:1; Ef5:27; l Pé 1:15-16, etc.). Quanto mais estreitamente a pessoa está associada com a obra de DEUS no mundo, tanto mais necessário é assegurar-se de que o relacionamento com DEUS não é estragado por máculas espirituais, senão, o crente não pode funcionar adequadamente como canal para a graça saneadora de DEUS. Uma situação deste tipo também exige que aqueles que têm dons especiais, ou que ocupam posições de grande responsabilidade na sociedade, devem ser especialmente escrupulosos no que diz respeito à sua conduta geral. Um número grande demais de pessoas que vivem em todos os níveis da vida comunitária imaginam que o destaque social ou político isenta, dalguma maneira, o indivíduo das exigências da lei moral. Em contraste, o Novo Testamento ensina que o juízo será aplicado mais rigorosamente àqueles que foram ricamente dotados com capacidade e conhecimento do que a outros numa situação menos afortunada (cf. Lc 12:48). O fato de que este julgamento começará pela casa de DEUS (l Pé 4:17) exige que cada crente deva confirmar sua vocação e eleição (2 Pé 1:10). Os filhos de Arão tinham ocupado por um período muito breve uma posição privilegiada como líderes espirituais da nação, mas não tinham levado suas responsabilidades tão a sério quanto exigia um DEUS justo e santo. Como resultado, era impossível para DEUS ser glorificado diante de todo o povo. A consistência do testemunho cristão pêlos lábios e pela vida é vista na insistência de que os crentes individuais glorificassem a DEUS nos seus corpos (l Co 6:20), i.é, com suas personalidades inteiras. O impacto desta virada dramática dos eventos sobre Arão é percebido no seu silêncio enquanto a lição estava sendo assimilada. Sem dúvida, estava numa condição de choque severo, mas de qualquer maneira, dificilmente poderia ter justificado o comportamento dos seus filhos por qualquer motivo que fosse. Se no seu coração reconhecia que o castigo fora justo, embora fosse rápido e severo, sua única resposta poderia ser a da aceitação humilde da vontade de DEUS (cf. SI 39:9).
 
4-5. Para a tarefa de remover os cadáveres da área do tabernáculo, Moisés chamou dois primos em primeiro grau de Arão; Misael e elzafã, acerca dos quais nada mais se sabe senão que não eram sacerdotes. Nenhuma pessoa consagrada poderia ter tocado nos mortos sem ficar contaminada, e este fato proibiu o pai desolado de entrar em contato físico com seus filhos mortos. Presumivelmente os primos de Arão eram os parentes mais próximos, e, portanto, podiam tratar dos ritos do enterro. Os cadáveres deveriam ser enterrados nalgum local além do arraial israelita propriamente dito, porque assim seria evitada a contaminação cerimonial de qualquer pessoa que acidentalmente chegasse ao local do enterro. Em terreno rochoso o sepulcro seria marcado por um monte de pedras empilhado sobre os corpos para evitar que estes fossem mutilados por animais ou aves predatórias. Os mortos estavam sendo aparentemente enterrados envoltos nas suas túnicas sacerdotais de linho (Heb. ktonet) tecidos com obra bordada (Ex 28:39), o que indica que, qualquer que fosse o dano feito a eles pelo fogo na ocasião da morte, não tinha queimado suas roupas externas até consumi-las.
 
6-7. Moisés proibiu Arão e seus dois filhos sobreviventes, Eleazar e Itamar, de lamentarem a morte súbita de Nadabe e Abiú. Deixar os cabelos desgrenhados e rasgar as vestes eram indicações comuns de grande pesar entre os israelitas (cf. Gn 37:29-30; 44:13). Outros membros da congregação poderiam lamentar a calamidade desta maneira se assim desejassem, mas se os sacerdotes consagrados sobreviventes fizessem assim, dariam a entender que não estavam dando prioridade às suas responsabilidades sacerdotais. Tal atitude traria sobre eles o mesmo tipo de castigo da parte de DEUS, porque pareceria que estavam disputando ou desafiando, dalguma maneira, o julgamento que fora executado. Esta proibição deve ter colocado uma pressão tremenda sobre o controle-próprio de Arão e dos seus dois filhos sobreviventes, especialmente porque os israelitas respondiam de modo muito emotivo à incidência da morte. Os demais aronitas também foram proibidos de deixar a área do santuário, porque estavam num estado de consagração ritual. Violar esta condição santa traria a morte sobre eles, e a ira punitiva sobre o povo de Israel. Mesmo num tempo de grande calamidade, os sacerdotes do Senhor deviam dar um exemplo à nação, de rigorosa obediência à vontade de DEUS, e da fidelidade sem desvios às leis que regiam os rituais do tabernáculo. Fossem quais fossem seus sentimentos pessoais, não deviam permitir que coisa alguma interferisse com a obra do ministério. Ao cumprir a vontade do Seu Pai, JESUS CRISTO não permitiu que considerações pessoais de qualquer tipo se pusessem no caminho da Sua obra redentora do Calvário. Como tal. Ele fica sendo um modelo da dedicação e devoção que se espera que o cristão exemplifique.
 
g. Proibidos os sacerdotes bêbados (10:8-11)
 
8. Esta seção começa com uma declaração direta de DEUS para Arão, ao invés de para Moisés, acerca de ingerir bebidas inebriantes. No futuro, sejam quais forem as circunstâncias, os sacerdotes oficiantes estavam proibidos de beber inebriantes antes de empreenderem seus deveres sacrificiais no tabernáculo. A desobediência a esta proibição resultaria na morte do transgressor. A santidade cerimonial e a autodisciplina deviam, portanto, ir de mãos dadas. A presença de uma delas não garantiria que a outra estaria ali automaticamente. O fato de que o sacerdote foi consagrado de acordo com os rituais divinamente revelados não o impedia de fazer suas próprias decisões, para o bem ou para o mal. O desenvolvimento do caráter cristão exige que a vontade do indivíduo seja entregue para o propósito de DEUS para sua vida, seguindo o exemplo dado por CRISTO (f o 4:34; 5:30). Baseado nestes fatos, a tradição rabínica de que os dois filhos de Arão cometeram sacrilégio ao oficiarem no tabernáculo enquanto estavam sob a influência do álcool parece ter considerável substância.
 
9. Vinho e bebida forte parecem ter sido as bebidas principais para os adultos no Oriente Próximo antigo, visto que nem chá nem café tinham sido introduzidos naquela área neste período. O vinho (Heb. yayin) era feito do suco espremido e fermentado das uvas, que bem possivelmente foram cultivadas primeiramente na região de Ararate. 38 A bebida forte (Heb. fêkar) era um termo freqüentemente usado em associação com o vinho, e as duas palavras parecem ter descrito bebidas alcoólicas de potência variada. Talvez a "bebida forte" fosse o produto da destilação, e como tal, fosse um licor alcoólico e não uma bebida fermentada tal como o vinho ou a cerveja. Esta última era fermentada tanto da cevada quanto das tâmaras, e era especialmente favorecida pêlos egípcios e pêlos filisteus. Porque os fornecimentos de água apropriada para o consumo humano não eram de modo algum abundantes no Oriente: Próximo, parece ter havido pouca coisa disponível para beber a parte das bebidas alcoólicas dalgum tipo. Em tais condições, não era fácil, de modo algum, controlar a embriaguez, e somente os mais disciplinados, tais como os nazireus (Nm 6:3), conseguiam abster-se de bebidas inebriantes por períodos consideráveis de tempo. Nos dias de Isaías, parece que os sacerdotes se submetiam cada vez mais à influência do álcool (cf. Is 28:7), ao passo que o livro de Provérbios dá advertências freqüentes acerca dos perigos da embriaguez (cf. Pv 20:1; 23:30-31). O álcool etílico é uma substância que não ocorre naturalmente nos tecidos constituintes do corpo humano. Quando é ingerido, é distribuído rapidamente pelo intestino delgado, embora uma pequena quantidade passe do estômago diretamente para a corrente sanguínea. Um máximo de 10% do álcool consumido é desfeito pêlos processos normais físicos, sendo que o restante é metabolizado por certos órgãos do corpo, principalmente o fígado. Aqueles que bebem pequenas quantidades de álcool regularmente durante um período prolongado de tempó não parecem sofrer maus efeitos significantes, provavelmente porque, quando o álcool é ingerido, é grandemente diluído pêlos fluidos do próprio corpo como parte do processo de absorção. O álcool opera diretamente sobre o sistema nervoso central, e embora seu efeito em doses grandes e sempre mantidas seja o de um depressível, pode produzir certas formas de excitação quando é ingerido em quantidades pequenas. Neste último estado, a perda de inibições é claramente notada, o que indica que o efeito imediato do álcool influi em funções mentais avançadas como o pensar e o fazer julgamentos. Desde os tempos muito antigos, o álcool tem sido bebido para aliviar a tensão ou o grande pesar, acreditando-se que as tristezas pudessem ser "afogadas" (cf. Pv 31:6-7), ou para agir como carminativo em casos de dispepsia ou de gastrite branda (cf. l Tm 5:23), além de servir como a bebida normal em várias culturas. Certo texto médico babilônico descreveu uma condição por demais comum naqueles tempos: "Se um homem tiver bebido demais de vinho forte, e se sua cabeça estiver confusa, se  esquecer das suas palavras e se sua fala ficai embaraçada, se seus pensamentos divagarem e seus olhos ficarem vidrados. . ." F. Küchier, Beitrage zur Kenntnis der Assyrisch-Babylonischen Medizin Ocasionalmente, médicos modernos receitam a ingestão oral de álcool em doses semelhantes às clínicas, mas esta prática é rigorosamente uma sobrevivência da medicina folclórica.  Suprimentos abundantes de vinho eram considerados no Antigo Testamento como uma das bênçãos de DEUS. (cf. Gn 27:28, etc.), trazendo alegria ao coração e alívio aos tristes (SI 104:15; Pv 31:7). O que, no entanto, era encarado com reprovação, era a embriaguez que formava uma parte integrante dos ritos religiosos pagãos em Canaã e noutros lugares, e embora os sacerdotes hebreus tivessem licença de ingerir bebidas alcoólicas como parte de uma refeição, eram proibidos de imitar as atividades ébrias dos seus pares cananeus, ou o comportamento de profetas cultuais tais como os muhhu, cujos  pronunciamentos oraculares, segundo parece, eram inspirados pelo menos parcialmente pelo álcool.
Os Nazireus refletiam as práticas antigas da separação e de uma abstinência auto-imposta, a fim de realizar algum tipo especial de dever religioso (Nm 6:1-21). Um dos três aspectos distintivos principais dos nazireus era a total abstinência do vinho e das uvas. Conforme Amos 2:11-12, DEUS dera os nazireus ao Israel apóstata como exemplos e instrutores espirituais, mas o povo comprometera o testemunho deles. Outro grupo que parece ter surgido contra o luxo e a corrupção da Judá dos séculos VIU e VII a.C. era conhecido como os recabitas, uma ordem fundada por Recabe, da tribo de Judá. O descendente de Recabe, Jonadabe, impusera uma proibição contra a ingestão do vinho, sem dúvida como parte da tradição familiar, e os membros do grupo foram ferrenhos quanto à sua posição quando Jeremias, mediante a ordem recebida de DEUS, testou a autodisciplina deles (Jr 35:1-11). O profeta passou, então, então, a usar a obediência deles ao seu ancestral como exemplo de fidelidade verdadeira, e demonstrou o forte contraste com a apostasia e desobediência dos israelitas ao seu Pai espiritual (Jr 35:12-19). O cristão é advertido de modo semelhante contra o uso intemperante de bebidas alcoólicas (l Co 6:10; Ef 5:18), visto que a personalidade deve estar em todos os tempos sob o controle completo de CRISTO.
 
10-11. Porque os sacerdotes precisam dar conselhos que afetam as vidas dos israelitas, devem ter plena posse das suas faculdades enquanto cumprem seus deveres. Nada deve ter licença de interferir com seus processos mentais, senão, serão incapazes de discernir e mediar a vontade de DEUS para Seu povo. Se estiverem sob o efeito do álcool, a distinção entre o santo e o profano logo ficará ofuscada, talvez até ao ponto de perder seu significado. Tal coisa frustraria um propósito importante do relacionamento da aliança, que visava, entre outras coisas, tornar os israelitas o grupo mais distintivo no mundo antigo (cf. Dt 7:6; 14:2). Teoricamente, este aspecto distintivo capacitaria o povo, ao receber perguntas, a testificar da sua fé no DEUS vivo do Sinai, que, acima de todas as demais divindades no Oriente Próximo antigo, era único e sem igual. Destarte, o povo da aliança poderia testificar àqueles ao seu redor quanto ao significado verdadeiro da santidade. Enquanto este povo se conformava progressivamente ao mundo da cultura secular (cf. Rm 12:2), sua qualidade distintiva desapareceu, e seu testemunho foi transigido de modo correspondente. Visto que o sacerdote também era um mestre da Tora, era questão de grande importância para ele n3o meramente saber os regulamentos cerimoniais e rituais, mas também ser convencido na sua própria mente quanto à diferença entre o bem e o mal, o comportamento moral e imoral, o sagrado e o profano. JESUS no Seu ensino tinha conselhos semelhantes para Seus discípulos (cf. Mt 7:6), de modo que, tendo a capacidade de distinguir entre o santo e o comum, não profanarias as coisas sagradas. Como resultado de uma visão (At 10:10-16), o apóstolo Pedro foi relembrado da capacidade de DEUS de purificar aquilo que era comum, atividade esta que é característica do evangelho cristão. As leis a respeito do imundo e o limpo são citados com pormenores em Levítico 11 - 15. O dever do sacerdote como instrutor do povo nos caminhos do Senhor é inculcado em Arão (11). O sacerdote não é um oficiante mecânico, programado para seguir automaticamente uma série de regulamentos cultuais, mas, sim, é uma pessoa autoconsciente, consagrada ao serviço do Senhor, e, conseqüentemente, encarregado de responsabilidades espirituais importantes. Ao invés de pronunciar blasfêmias ou profanidades, seus lábios ensinarão o conhecimento de DEUS. Longe de ser influenciado pelo gênio distinto do mundo pagão, o sacerdote se deleitará em fazer a vontade de DEUS (SI 40:8), e conhecerá tão bem a lei de DEUS que poderá indicar aos outros a direção que suas vidas devem seguir (cf. Ml 2:7). Não é, portanto, por acidente que o Novo Testamento emprega o conceito do sacerdócio para descrever o grupo dos crentes em CRISTO, porque fala da dedicação, da entrega, da santidade, e comunhão estreita e contínua com o Senhor.
 
h. Regras para comer alimentos consagrados (10:12-20).                   
 
12-13. Estas instruções devem ser lidas em conjunção com os eventos descritos no capitulo 9, visto que tratam do modo de dispor das porções sacerdotais das ofertas. A oferta de manjares era aquela que se misturava com azeite (Lv 9:4), e que tinha sido apresentada na ocasião do holocausto. Porque era coisa santíssima tinha de ser comido junto ao altar, e sendo parte da oferta do povo (Lv 9:17), era a prerrogativa dos sacerdotes somente, mediante a especificação divina,
 
14-15. Em contraste com as restrições impostas sobre o comer da oferta de manjares, os sacerdotes têm licença de compartilhar com os membros das suas famílias o peito ("da dádiva especial" NEB) e coxa ("da contribuição" NEB), apresentados como ofertas pacíficas.Estas porções não eram descritas como "coisas santíssimas" e, portanto, podiam ser comidas em qualquer lugar limpo. A carne tinha sido consagrada pela forma especial de apresentação diante de DEUS (ver notas sobre Lv 9:18-21), e, portanto, devia ser restrita aos sacerdotes. Era apropriado que tais pedaços seletos fossem a recompensa das pessoas que confiavam totalmente em DEUS para seu sustento.                      
 
16-20. A referência ao bode da oferta pelo pecado obviamente diz respeito ao sacrifício apresentado pelo povo no término das cerimônias da consagração (Lv 9:3, 15). Parece, por estas palavras, que este último sacrifício acabara de ser completado antes de morrerem Nadabe e Abiú. O bode deveria ter sido oferecido segundo os procedimentos de Levítico 9:8-11, onde os pedaços que não foram queimados no altar de bronze foram destruídos fora do arraial israelita. Não fica claro na narrativa se foram envolvidas duas queimadas separadas, mas certamente havia outras irregularidades rituais. Em Levítico 9:15, Arão tinha apresentado esta oferta e, portanto, era tecnicamente responsável para supervisionar o seguimento correio dos procedimentos. Mas foi provavelmente por respeitar a grande tristeza do sumo-sacerdote que Moisés chamou a atenção dos dois filhos sobreviventes. Segundo as regras estipuladas em Levítico 6:26, a oferta pelo pecado devia ser comida dentro do recinto do lugar santo. O que não foi declarado naquela passagem foi à razão que subjazia o fato de os sacerdotes comerem a oferta, a saber: para levardes, a iniqüidade da congregação, para fazerdes expiação por eles.  Fica sendo claro, portanto que os sacerdotes são mediadores da graça divina, ajudando o povo a fazer expiação pelo pecado e depois participando da oferta, indicando assim sua plena aceitação por DEUS e a restauração do povo à comunhão com Ele. Nalgumas versões, do v. 18, mel. ARC e AFIA) o Hebraico é traduzido como uma declaração direta, ao passo que NEB introduz um elemento condicional: "Se o sangue não for trazido para dentro do recinto sagrado, comereis a oferta pelo pecado ali conforme me foi ordenado.”Esta interpretação do Hebraico é difícil de se sustentar. A quebra dos procedimentos litúrgicos pêlos dois filhos talvez não tenha sido especialmente obstinada. Devido à tragédia que tinha sobrevindo à família tão pouco tempo após as cerimônias da consagração, os filhos sobreviventes talvez tenham sentido que realmente não poderiam comer, por causa do choque e da tristeza. É também possível que tenham pensado que fossem dalguma forma maculados pela transgressão pêlos irmãos deles, e, portanto, que tivessem medo de serem eles também abatidos de repente. Do outro lado, é possível que tenha seguido o exemplo do próprio Arão na sua abstinência da oferta pelo pecado. Parece que Arão estava totalmente desnorteado pela incidência da calamidade, especialmente tendo em vista que parecia que as regras de procedimento foram seguidas de perto (19). Por motivos de decoro, desculpou seu próprio comportamento e o dos seus dois filhos sobreviventes, explicação esta que foi aceitável a Moisés. Com este evento trágico, terminou a segunda seção principal de Levítico. Os sacerdotes foram consagrados, e os três membros sobreviventes da família já agora estão dolorosamente conscientes das condições rigorosas de comportamento que governam seu cargo. O restante de Levítico consiste em regulamentos, procedimentos cerimoniais e leis rituais, que o sacerdócio tinha a responsabilidade de administrar. O caráter destas ordenanças demonstra que todos os aspectos da vida submissa a DEUS são sagrados.
 
   Conclusão:
 
     O Sacerdócio é algo tremendamente sério e de maior responsabilidade entre todos os ofícios, pois é um relacionamento direto entre o homem e DEUS e em favor dos homens (intercessão) e não como um relacionamento entre um governante e o povo. Não são coisas efêmeras (terrenas) que são tratadas neste relacionamento, mas coisas espirituais (eternas).
      Sabemos pela palavra de DEUS que a responsabilidade do sacerdócio não é mais apenas daqueles que são separados para o ofício, mas de todos nós que representamos CRISTO na terra.
1 Pe  2. 9 Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
 
Bibliografia:
 
 Bíblia de Estudo Pentecostal – CD-Rom – CPAD – 2000 – Rio de janeiro – RJ
Sociedade Religiosa Edições Vida Nova – Cid.Dutra – 04810-020 São Paulo-SP – Comentado por Roland K.Harrison, Ph.D.,D.D.
 
AJUDA DE OUTROS TRIMESTRES 
Lição 11 - DEUS escolhe Arão e seus filhos para o sacerdócio
LIÇÕES BÍBLICAS - 1º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: Uma Jornada de Fé - A Formação do povo de Israel e sua herança espiritual
Comentário: Pr. Antônio Gilberto
Acesse para estudar http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/cidadesderefugio.htm
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Êxodo 28.1-11
1 - Depois, tu farás chegar a ti teu irmão Arão e seus filhos com ele, do meio dos filhos de Israel, para me administrarem o ofício sacerdotal, a saber: Arão e seus filhos Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. 2 - E farás vestes santas a Arão, teu irmão, para glória e ornamento. 3 - Falarás também a todos os que são sábios de coração, a quem eu tenha enchido do espírito de sabedoria, que façam vestes a Arão para santificá-lo, para que me administre o ofício sacerdotal. 4 - Estas, pois, são as vestes que farão: um peitoral, e um éfode, e um manto, e uma túnica bordada, e uma mitra, e um cinto; farão, pois, vestes santas a Arão, teu irmão, e a seus filhos, para me administrarem o ofício sacerdotal. 5 - E tomarão o ouro, e o pano azul, e a púrpura, e o carmesim, e o linho fino 6 - e farão o éfode de ouro, e de pano azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido, de obra esmerada. 7 - Terá duas ombreiras que se \ unam às suas duas pontas, e assim se unirá. 8 - E o cinto de obra esmerada do éfode, que estará sobre ele, será da sua mesma obra, da mesma obra de ouro, e de pano azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido. 9 - E tomarás duas pedras sardônicas e lavrarás nelas os nomes dos filhos de Israel, 10 - seis dos seus nomes numa pedra e os outros seis nomes na outra pedra, segundo as suas gerações.
11 - Conforme a obra do lapidário, como o lavor de selos, lavrarás estas duas pedras, com os nomes dos filhos de Israel; engastadas ao redor em ouro as farás.
 
Resumo da Lição 11 - DEUS escolhe Arão e seus filhos para o sacerdócio
I - O SACERDÓCIO (ÊX 28.15)
1. O sacerdote.
2. O ministério dos sacerdotes.
3. O sumo sacerdote.
II - A INDUMENTÁRIA DO SACERDOTE
1. A túnica de linho e o éfode (Êx 28.4-28).
2. O Urim e Tu mim (Êx 128.30).
III - MINISTROS DE CRISTO PARA A IGREJA
1. Chamados por DEUS.
2. Qualificações.
3. Comprometidos com a Palavra.
 
 
O CARÁTER E AÇÃO
O caráter nunca é comprovado por uma declaração escrita ou oral de convicções. É demonstrado pelo modo como vivemos, pelo comportamento, pelas escolhas e decisões. Caráter é a virtude vivida.
O caráter ruim ou o comportamento pouco ético tem sido comparado ao odor do corpo: ficamos ofendidos quando o detectamos nos outros, mas raramente o detectamos em nós mesmos. Os líderes espirituais sempre devem ser sensíveis ao fato de que suas ações falam muito mais alto do que as palavras ditas do púlpito. Visto que as ações que praticamos raramente são percebidas como provas de caráter defeituoso, fazem-se essenciais à introspecção e à auto-avaliação, não porque desejamos agradar ou evitar ofender os outros, mas porque a reputação e o caráter do ministro devem estar acima de toda repreensão (1 Tm 3.2,7). Nossas palavras e pensamentos devem ser agradáveis perante a face de DEUS (SI 19.14), mas nossas ações revelam nosso caráter aos outros. As características do caráter exigido por DEUS daqueles que querem habitar em sua presença são ações, e não um estado passivo de ser [...] (SI 15)" (CARLSON, Raymond; TRASK, Thomas E. et al. Manual Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais. 3.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.l 14-15).
 
 
COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO
No capítulo 9, vimos como DEUS estabeleceu as normas relativas à adoração, quando das suas instruções para a construção do Tabernáculo. Mas o Senhor foi mais além. Ele também levantou homens que se dedicariam diária e exclusivamente à obra do Tabernáculo e teriam a responsabilidade de ensinar ao povo o caminho da verdadeira adoração. Até antes de DEUS fazer isso, quem tinha essa função exclusiva era Moisés, que, inclusive, é contado, ao lado de Arão, como sacerdote do Senhor perante Israel (SI 99.6).
O capítulo 28 do livro de Êxodo trata exatamente desse chamado divino para a formação de um corpo sacerdotal. Ali, vemos DEUS escolhendo e separando para si os homens da tribo de Levi para o serviço no Tabernáculo e para o sacerdócio, que incluía o ensino do povo no Livro da Lei. Mais detalhes sobre esse ministério são dados também no livro de Levítico.
A seguir, veremos alguns detalhes e características desse importante ministério e que lições ele nos traz para os dias de hoje.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 128.
Desenvolvimento Histórico
Antes do desenvolvimento formalizado do sacerdócio Levítico, na família de Arão houve as seguintes fases:
1. O homem santo, dotado de poderes psíquicos e espirituais, que era consultado como um oráculo. Esses antigos sacerdotes usualmente tinham um santuário (embora tosco), ao qual serviam. E também dispunham de ritos, orações, etc., tudo o que fazia parte do seu trabalho.
Além disso, com frequência eram uma figura importante, social e politica. Esperava-se do sacerdote que servisse de mediador entre algum poder divino e os homens, e também que fosse capaz de pronunciar-se sobre questões éticas e legais, além de prever o futuro.
2. O Estágio Deuteronômico. Nos tempos de Moisés, os sacerdotes pertenciam todos à família de Arão. Todavia, isso não sucedeu de modo absoluto, pelo que, se é geralmente correto dizer que todos os sacerdotes pertenciam à tribo de Levi (através de Arão), isso não ocorria no caso de todos eles. Pode-se dizer que, se um levita pudesse ser achado, ele era a preferência natural; mas houve exceções a essa regra. Assim, Samuel exercia poderes sacerdotais, mas ele mesmo não era da tribo de Levi. Talvez seja correto dizer que Salomão foi um rei - sumo-sacerdote; e, no entanto, era da tribo de Judá. Os profetas também desempenhavam certa função sacerdotal, posto que não formal, no tabernáculo ou no templo. Em face de sua ocupação, os sacerdotes também eram juízes. O filho de Mica, que era efraimita, atuou como sacerdote (Juí. 17:5). Outro tanto fizeram alguns dos filhos de Davi (lI Sam. 8: 18), Gideão (Juí. 6:26) e Manoá, este da tribo de Dã (Juí. 13: 19).
3. O Estágio de Transição. Nos capítulos 40 a 48 do livro de Ezequiel, foram favorecidos os sacerdotes zadoquitas (de Jerusalém), o que estreitou a opção de onde podiam proceder os sacerdotes, em Israel.
4. O Estágio Pôs-exilico. O sacerdócio foi monopolizado pelos descendentes reais ou supostos de Arão, enquanto outros levitas ocuparam posições subordinadas, e, algumas vezes, manuais. Foi durante esse último estágio de desenvolvimento que emergiu o verdadeiro sumo sacerdote de Israel, embora Arão tivesse sido um protótipo do oficio.
Os sacerdotes tinham o direito de receber dízimos e porções determinadas das oferendas. Cuidavam do santuário e das formas externas do culto, e envolviam-se no sistema sacrificial. Eram os guardiões das tradições e protegiam a pureza da adoração. No judaísmo posterior, o sacerdote (no hebraico, cohen) retinha o privilégio de pronunciar a bênção sacerdotal, e de ser o primeiro a ler o livro da lei.
Quando o sacerdócio formal caiu e desapareceu da história, os rabinos retiveram o trabalho dos sacerdotes, em forma simbólica, embora também literal em outros sentidos, tomando-se então os líderes espirituais do povo de Israel.
5. Divisões dos Sacerdotes Levíticos. Três famílias deram prosseguimento ao sacerdócio, em Israel: os descendentes de Gérson, Coate e Merari. Outros levitas ajudavam nos cultos.
Características e Funções
No que tange especificamente aos levitas:
1. Os sacerdotes eram ordenados a seu oficio e às suas funções mediante um elaborado ritual (Êxo. 29; Lev. 8).
2. Usavam vestimentas especiais, em sinal de seu oficio, e cada peça de seu vestuário ao que se presume, tinha significados simbólicos (Êxo. 29; Lev. 8).
3. O sumo sacerdote estava encarregado de certos deveres especiais, que só ele podia cumprir, como oficiar no dia da expiação, entrando no SANTO dos Santos com esse propósito, e servir de principal oráculo do sacerdócio. Também tinha o dever de oferecer a refeição diária (ver Lev. 6: 19 ss.).
4. Os sacerdotes comuns realizavam todos os sacrifícios (Lev. 1--6), cuidavam de questões sobre alimentos próprios e impróprios (Lev, 13--14), e estavam encarregados de diversos outros deveres secundários (Núm. 10: 10; Lev. 23:24; 25:9).
5. Eram sustentados mediante dízimos, primícias do campo, primícias dos animais e porções de vários sacrifícios (Núm. 18).
6. A função original de um sacerdote (no hebraico, cohen) era ser o intermediário de um oráculo, alguém que dava instruções por inspiração divina, segundo dele se esperava. E isso continuou a ser uma importante parcela do oficio sacerdotal, mormente no caso do sumo sacerdote.
Os sacerdotes também eram os guardiões e mestres dos documentos e das tradições sagradas. Finalmente essa função foi transferida para os rabinos, com o desaparecimento do sacerdócio em Israel. Como é óbvio, os profetas compartilhavam essas atividades; e, de fato, atuavam quase como se fossem sacerdotes, embora sem fazer parte do sacerdócio, de maneira formal.
7. Os sacerdotes eram guardiões dos ritos sagrados, os quais promoviam o conhecimento sobre a santidade de DEUS e a necessidade de os homens se aproximarem dele sem a polução do pecado, mediante os holocaustos apropriados e a mudança de vida correspondente. Eles queimavam o incenso sobre o altar de ouro, no lugar santo, o que era mesmo um símbolo das funções sacerdotais.
Também cuidavam das lâmpadas, acendendo-as a cada novo começo de noite; e arrumavam os pães da proposição sobre a mesa própria, a cada sábado (ver Êx 27:21; 30:7,8; Lv. 24:5-8). Eles mantinham a chama sempre acesa no altar dos holocaustos (Lv. 6: 9,12); limpavam as cinzas desse altar (vss. 10,11); ofereciam sacrifícios matinais e vespertinos (Êxo. 29:38-44); abençoavam o povo após os sacrifícios diários (Lv. 9:22; Nm, 6:23-27); aspergiam o sangue e depositavam sobre o altar as várias porções da vítima sacrificial; sopravam as trombetas de prata e o chifre do jubileu, por ocasião de festividades especiais; inspecionavam os imundos quanto à lepra (Nm. 6:22 ss. e capítulos 13 e 14); administravam O juramento que uma mulher deveria fazer quando acusada de adultério (Núm. 5:15); eram os mestres da lei e agiam como juízes quanto às queixas do povo, tomando decisões válidas quanto aos casos apresentados (Dt. 17:8 ss.; 19:17; 21:5).
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 16; 17-19.
 
Observação minha - Ev. Henrique - Não esquecer de que Arão e Moisés eram da tribo de Levi. Todo sacerdote era levita, mas nem todo levita era sacerdote - somente os descendentes de Arão podiam ser sacerdotes.
I - O SACERDÓCIO (ÊX 28.15)
1. O sacerdote.
Arão era o sumo sacerdote e o tabernáculo requeria um elaborado sistema de manutenção do sacerdócio aarônico.
O termo sumo sacerdote só começou a ser usado após o exílio babilônico; e aqui o título é conferido a Arão, porque essa tinha sido a sua função original, embora ela não fosse chamada por esse nome (II Crô. 19.11; 24.11; Esd. 7.5); sim, príncipe da casa de DEUS (I Crô. 9.11). Os sacerdotes aarônicos eram mediadores do pacto mosaico (Êxo. 19.1). O sumo sacerdote destacava o conceito da necessidade que o homem tem de reconciliar-se com DEUS (Êx. 33.12-23). Arão mediava as graças e dons de Yahweh ao povo de Israel. Mas foi através de Moisés que Arão havia recebido seu ofício e sua autoridade.
Êx 28.1 Arão e seus filhos tomaram-se uma classe sacerdotal. Havia funções e deveres maiores e menores. Moisés é que dava a Arão e seus filhos a autoridade original deles. Os sacerdotes tinham vestes que ilustravam os poderes, os privilégios e a dignidade de seu ofício; e neste capitulo vinte e oito são descritas as vestes sacerdotais.
Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar.
“O ofício sacerdotal, na verdade, estava circunscrito às famílias de Eleazar e Itamar, pois Nadabe e Abiú morreram por terem oferecido fogo estranho no altar. Eleazar tornou-se sumo sacerdote em razão da morte de Arão (Núm. 20.28). Foi sucedido por seu filho, Fínéías, que era o sumo sacerdote no tempo de Josué (Jos. 22.13) e mais tarde (Juí. 20.28). Em data posterior, mas sob circunstâncias desconhecidas, o sumo sacerdócio passou para a linhagem de Itamar, à qual Eli pertencia" (Ellicott, in loc). Arão era tipo de CRISTO em Sua função de Sumo Sacerdote.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 429.
A Indumentária dos Sacerdotes (28.1-43; cf. 39.1-31)
a) Introdução (28.1-5). DEUS escolheu Arão, o irmão de Moisés, e seus descendentes, para servir de sacerdotes. Até este momento, Moisés era o único mediador, mas foi a família de Arão, e não a de Moisés, que foi escolhida para administrar perante DEUS a favor de Israel (1). As vestes destes sacerdotes eram especiais e consideradas santas (2). Típico da pureza interior do povo de DEUS, os objetos externos eram separados para propósitos santos. Estas roupas também eram para glória e ornamento. Seria incompatível e desprovido de glória o sacerdote ministrar com roupas simples e sem brilho no Tabernáculo graciosamente colorido. DEUS, o Autor de tudo que é bom e bonito, deseja que seu povo seja formoso e que haja beleza nos procedimentos de adoração. DEUS concedeu espírito de sabedoria (3) a homens sábios para capacitá-los a fazer estas vestes. DEUS, que criou a beleza, dá ao homem a apreciação divina pela beleza e a aptidão divina para criá-la. Certas produções que o mundo chama arte não passam de imoralidade, mas a verdadeira arte é de DEUS.
No versículo 4, há uma lista dividida em grupos dos artigos para o sumo sacerdote. Os materiais eram os mesmos para as cortinas do Tabernáculo (5), exceto que havia ouro.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 214.
A vontade de DEUS era que a nação de Israel fosse um "reino de sacerdotes (Êx 19:6) no mundo, revelando a glória do Senhor e compartilhando as bênçãos de DEUS com as nações incrédulas a seu redor. No entanto, a fim de magnificar um DEUS santo, era preciso que Israel fosse um povo santo, e, assim, entrou em cena o sacerdócio de Arão. Os sacerdotes (a família de Arão) e os levitas (as famílias de Coate, Gérson e Merari; ver Nm 3-4) eram incumbidos de servir no tabernáculo e de representar o povo diante de DEUS. Os sacerdotes também deviam representar a DEUS diante do povo ao ensinar a lei e ao ajudá-los a Lhe obedecer (Lv 10:8-11; Dt 33:10; Ml 2:7).
No entanto, Israel não viveu como um reino de sacerdotes. Em vez disso, a liderança espiritual do povo foi se deteriorando gradualmente até que os sacerdotes chegaram a permitir que o povo adorasse a ídolos dentro do templo de DEUS (Ez 8)! DEUS quer que sua Igreja ministre a este mundo como um "sacerdócio santo" e um "sacerdócio real" (1 Pe 2:5, 9).
Se o povo de DEUS for fiel a seu ministério sacerdotal, então proclamará "as virtudes daquele que [o] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1 Pe 2:9). Ao estudar o sacerdócio do Antigo Testamento, você verá paralelos significativos entre os sacerdotes israelitas e os sacerdotes da igreja de hoje, escolhidos para servir a DEUS (Êx 28:1,3,41; 29:1,44).
As palavras do Senhor "para que me ministre" aparecem cinco vezes nesses dois capítulos e também em Êxodo 30:30; 40:13, 15 e Levítico 7:35. Por certo, os sacerdotes ministravam ao povo, mas seu primeiro dever era ministrar ao Senhor e agradá-lo. Se eles se esquecessem de sua obrigação para com o Senhor, não tardaria para que começassem a menosprezar suas responsabilidades para com o povo, e a nação entraria em decadência espiritual (ver Ml 1:6-2:9).
DEUS escolheu Arão e seus filhos para ministrar no sacerdócio por um ato de sua graça soberana, pois eles certamente não tinham direito a essa posição nem a mereciam.
Contudo, o fato de DEUS salvar pecadores como nós e de constituir-nos seu "sacerdócio santo" também é um ato da sua graça, e não devemos jamais deixar de admirar esse privilégio espiritual. "Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros" (Jo 15:16).
Infelizmente, Nadabe e Abiú desobedeceram ao Senhor e foram mortos (Lv 10). Quando Arão morreu, Eleazar tornou-se seu sucessor (Nm 20:22-29), e os descendentes de Itamar deram continuidade ao ministério sacerdotal, mesmo depois do cativeiro (Ed 8:1,2).
Como povo de DEUS nos dias de hoje, devemos nos lembrar de que nosso primeiro dever é agradar e servir ao Senhor. Se fizermos isso, ele trabalhará em nós e por nosso intermédio para realizar sua obra neste mundo. Quando JESUS restaurou Pedro à condição de discípulo, não perguntou: "Você ama seu ministério?"; nem mesmo: "Você ama as pessoas?". A pergunta que repetiu foi: "Amas-me?" (Jo 21: 17). Assim como o maior dever de um pai é amar a mãe de seus filhos, também a obrigação (e o privilégio) mais importante do servo é amar ao Senhor. Todo o ministério flui desse relacionamento.
Uma parte dessa incumbência de agradar a DEUS era usar as vestes sacerdotais. O sumo sacerdote, os sacerdotes e os levitas não podiam se vestir como bem entendessem quando ministravam no tabernáculo. (1) davam ao sacerdote dignidade e glória (Êx 28:2) e distinguiam-nos do resto do povo, como um uniforme identifica um soldado ou uma enfermeira; (2) revelavam verdades espirituais relacionadas a seu ministério e a nosso ministério hoje em dia; e (3) se os sacerdotes não usassem suas vestes especiais, correriam risco de vida (vv. 35, 43).
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 315-316.
A nomeação dos sacerdotes: “Arão e seus filhos”, v. 1. Até aqui, cada chefe de família era o sacerdote para a sua própria família, e oferecia, conforme julgasse haver ocasião, sobre altares de terra. Mas agora que as famílias de Israel começavam a incorporar-se em uma nação, e um tabernáculo da congregação seria erigido, como centro visível da sua unidade, era essencial que houvesse a instituição de um sacerdócio público. Moisés, que até aqui tinha oficiado, e por isto é reconhecido entre os sacerdotes do Senhor (SI 99.6) já tinha trabalho suficiente para realizar, como seu profeta, para consultar o oráculo por eles, e como seu príncipe, para julgar entre eles. E ele não desejava monopolizar todas as glórias para si mesmo, nem transmitir esta glória do sacerdócio, que por si só era hereditária, para a sua própria família, mas ficou muito satisfeito por ver o seu irmão Arão investido nesta função, e seus filhos depois dele, enquanto (por maior que ele pudesse ser) os seus próprios filhos seriam apenas levitas comuns. É um exemplo da humildade deste grande homem, e uma evidência da sua sincera consideração pela glória de DEUS, o fato de que tivesse tão pouca consideração pela primazia da sua própria família. Arão, que tinha humildemente servido como profeta para seu irmão mais jovem, Moisés, e não recusou este trabalho (cap. 7.1) agora é promovido para ser um sacerdote, um sumo sacerdote para DEUS. Pois Ele exalta aqueles que se humilham. E ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado por DEUS, Hebreus 5.4. DEUS tinha dito, sobre Israel, de modo geral, que eles seriam, para Ele, um reino de sacerdotes, cap. 19.6. Mas por ser essencial que aqueles que ministravam no altar devessem dedicar-se integralmente ao serviço, e porque aquilo que é o trabalho de todos em breve passa a ser o trabalho de ninguém, DEUS aqui escolheu entre eles uma família para ser uma família de sacerdotes, o pai e seus quatro filhos. E dos lombos de Arão descenderam todos os sacerdotes da igreja judaica, sobre os quais lemos tão frequentemente, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. É uma grande bênção quando a verdadeira santidade prossegue em uma família de geração em geração, como a santidade cerimonial.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 329.
«...JESUS...» Somente este livro aos Hebreus, dentre os livros mais teologicamente orientados do N.T., o simples termo, «JESUS», é usado freqüentemente, sem elaborações, como Senhor JESUS, CRISTO JESUS, Senhor JESUS CRISTO, etc. (Ver Também Heb. 2:9; 6:20; 7:22; 10:19; 12:2,24 e 13:12). Posto que JESUS entrou no SANTO dos Santos, então até ali deverão chegar também os seus remidos. Encontramos a mesma ideia em Heb. 10:19. Ora, JESUS, na posição de nosso precursor, entrou no «mais alto céu», a saber, no SANTO dos Santos. Ali ele aguarda por nós. Isso não significa que o mero ato da morte nos conduzirá até ali. Antes, penetramos nos «lugares celestiais», na grande casa de DEUS, sobre a qual CRISTO governa como Filho. Mediante o processo de glorificação é que eventualmente entraremos na própria presença de DEUS, porquanto quem não estiver perfeito, não poderá entrar ali. Contudo, todos os remidos poderão estar no seu «templo», e assim estarem «com CRISTO». A eternidade definirá para nós esses detalhes. Notemos Heb. 9:23,24 quanto ao fato que, na epístola aos Hebreus, o templo terreno aparece como símbolo do templo celestial. JESUS, por causa de sua grandeza, não poderia mesmo ocupar algum lugar inferior ou secundário. Entrou diretamente no SANTO dos Santos.
Novidade do conceito do precursor: O povo de Israel nunca recebeu permissão de entrar no SANTO dos Santos. O próprio sumo sacerdote dos hebreus só penetrava ali uma vez por ano, mas jamais como meio de preparar o povo para tal entrada. O sumo sacerdote do A.T. era apenas «representante» do povo, que obtinha para eles o favor divino. CRISTO, como nosso sumo sacerdote, tem a função diferente de preparar o caminho para seu povo entrar onde ele entrou. Isso é algo que nunca foi antecipado pelo sistema Levítico.
«...tomado sumo sacerdote...» Consideremos os pontos seguintes: 1. Por nomeação de DEUS (ver Heb. 5:4); 2. por causa do fato de ter-se completado com êxito a sua missão terrena (ver Heb. 1:9 e 4:10); 3. porque, em sua missão terrena, ao identificar-se com os homens, ele aprendeu a sentir e a conhecer suas fraquezas, de tal modo a poder mostrar-se simpático para com eles e interceder eficazmente em seu favor (ver Heb. 4:15); 4. Porque ele ofereceu o sacrifício perfeito (ver Heb. 5:1,3 e 9:23); 5. porque suas promessas são melhores, oferecendo-nos um pacto melhor que o da dispensação do A.T. (ver Heb. 8:6). (ver Heb. 2:17).
«...ordem de Melquisedeque.. .» (ver Heb. 5:6). Essa nova menção de Melquisedeque reinicia o tema de Heb. 5:10. Se nos afastarmos de CRISTO, ou se o rejeitarmos, fatalmente cairemos na apostasia. CRISTO, na qualidade de Sumo Sacerdote, remove o véu e permite que todo o grupo dos filhos de DEUS entrem ali.
«...por nós...» Essas palavras subentendem que CRISTO não precisou entrar no SANTO dos Santos por nossa causa, mas que, na qualidade de nosso Sumo Sacerdote, como nosso representante e como quem abriu o caminho para nós, chegou ali a fim de interceder em nosso favor perante DEUS Pai. «As primícias de nossa natureza já subiram: assim também o restante está santificado. A ascensão de CRISTO é a nossa promoção. Tal como João Batista foi o precursor de CRISTO na terra, assim também CRISTO é o nosso precursor nos céus». (Faucett, in loc.).
«JESUS mostrou-nos o caminho, tendo entrado à nossa frente, sendo ele a garantia (no grego, egguos, ver Heb. 7:22), aquele que garante nossa posterior entrada. Na realidade, nossa âncora de esperança, com suas duas correntes, a promessa e o juramento de DEUS, apegou-se a JESUS, dentro do véu. E se manterá firme». (Robertson, in loc.).
Naturalmente, é verdade que CRISTO é as primícias da ressurreição (ver I Cor. 15:20).
A Septuaginta (versão grega do original hebraico do A.T.), em Núm. 13:20 e Isa. 28:4; usa essa palavra para designar as primeiras uvas ou figos que amadurecem.
«A esperança do crente tem um alcance ilimitável. Externamente, atinge a própria eternidade; e internamente atinge o santuário de DEUS. A certeza da nossa esperança é CRISTO. Sua entrada no SANTO dos Santos é a garantia de nossa entrada futura ali». (Heubner, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 548.
Neste Lugar Santíssimo, JESUS, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque (20). JESUS entrou no “SANTO dos Santos”, não como um substituto para nosso acesso, mas como um precursor, porque também entraremos nele. O autor se concentra novamente no papel de JESUS como sumo sacerdote, não da ordem de Arão, mas segundo a ordem de Melquisedeque.
Richard S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 61.
Hb 6.20 JESUS, como precursor, entrou por nós. No AT somente o sumo sacerdote tinha permissão de entrar uma única vez por ano no Santíssimo atrás da cortina (Lv 16.2,12). O povo não tinha acesso. Quando JESUS CRISTO morreu na cruz, esta cortina no templo rasgou-se ao meio (Mt 27.51). A cortina na terra nada mais é que uma imagem e um indício da “cortina”, a divisa entre DEUS e nosso mundo. JESUS atravessou-a. Ele é o “precursor” que nos abriu o caminho até a glória (Jo 14.6; Hb 10.19ss). JESUS é nosso Sumo Sacerdote segundo uma ordem sacerdotal eterna.
Fritz Laubach. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses. Editora Evangélica Esperança.
O Sacerdócio no Novo Testamento
1. O sacerdócio do Antigo Testamento tinha CRISTO como seu antítipo. Ele incorpora em si mesmo todos os tipos e funções do sacerdócio veterotestamentário. Essa é mesmo a mensagem central da epístola aos Hebreus, parecendo muito radical quando exposta pela primeira vez. Ler a epístola aos Hebreus, principalmente trechos como 2:14-18; 4:14-16; 5: 1-10 e seu sétimo capítulo.
2. JESUS CRISTO também foi o cumprimento cabal do sacerdócio de Melquisedeque (ver Heb. 7).
3. Os deveres sacerdotais de CRISTO cumpriram-se após o sacerdócio aarônicos ter cumprido seu papel, sendo um cumprimento desse sacerdócio; o seu oficio como sacerdote seguinte a ordem ou categoria de Melquisedeque.
4. Todos os Crentes São Sacerdotes. As passagens neotestamentários centrais que ensinam essa doutrina são I Ped. 2:5,9; Efé, 1:5ss. Os sacerdotes do Novo Testamento (todos os crentes) têm acesso ao trono celeste por meio de seu Sumo Sacerdote, JESUS CRISTO (Heb. 10:19-22). O sacerdócio dos crentes é vinculado à filiação deles, o que, por sua vez, é uma maneira de definir a salvação da alma. Visto haver acesso pessoal a DEUS, por meio de CRISTO, não há necessidade da intermediação de nenhuma casta sacerdotal.
Princípios do Sacerdócio Bíblico:
1. DEUS Pai ordena sacerdotes; esse é um privilégio e um ato divino. Ver Heb. 5:4-6.
2. Os sacerdotes eram nomeados mediadores entre DEUS e os homens, sobretudo no tocante ao pecado, à expiação e à reconciliação dos homens, com DEUS. Ver Heb. 5: 1.
3. A expiação pelo sangue de animais sacrificados ocupava o centro das funções sacerdotais. Ver Heb. 8:3.
4. O trabalho intercessor dos sacerdotes do Novo Testamento (os crentes) repousa sobre a natureza eficaz da expiação de CRISTO. E é aí que os crentes alcançam a DEUS. Ver Heb. 8: Iss.
5. O novo pacto, com base no sacerdócio superior de CRISTO. envolve melhores promessas que aquelas do antigo pacto (Heb. 8:6). De fato, o novo pacto anulou totalmente o antigo (a totalidade da epístola aos Hebreus).
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 19.
 
2. O ministério dos sacerdotes.
Os sacerdotes responsáveis pela liturgia diária deveriam pertencer exclusivamente à descendência de Arão, seu irmão, que seria o primeiro sumo sacerdote da história de Israel (Êx 28.1-3).
No ministério do Tabernáculo, havia três classes de obreiros: o sumo sacerdote, os sacerdotes e os levitas (Nm 3.6-10).
O sumo sacerdote era a mais alta função da religião judaica. O sumo sacerdote era também o presidente do Sinédrio, o principal tribunal de Israel.
Os sacerdotes, por sua vez, faziam os sacrifícios diários, ofereciam incenso ao Senhor, cuidavam da mesa dos pães da proposição, abençoavam o povo, ensinavam a Lei de DEUS (Lv 10.10,11) e julgavam as causas civis entre a população (Nm 5.5-31). Já os levitas serviam de auxiliares dos sacerdotes e eram responsáveis por trabalhos menores dentro do Tabernáculo. De certa forma, seriam comparados, nos dias de hoje, com os que exercem o ministério diaconal na igreja.
Na época de Davi, os sacerdotes foram divididos em 24 turmas, para ordenar melhor o serviço de cada um no Santuário (1 Cr 24); e os levitas passaram a exercer trabalhos ainda mais especializados, como os de cantores e músicos (1 Cr 25), porteiros (1 Cr 26.1-19), guardas dos tesouros e zeladores do Templo (1 Cr 26.20-28), oficiais e juízes (1 Cr 26.29-32).
Com o passar dos séculos, surgiria entre os levitas ainda a figura dos escribas, que inicialmente eram “escreventes, cuja principal função era copiar as Escrituras”, mas que, “com o transcorrer do tempo, lograram conhecê-las de tal modo que passaram a interpretá-las, notadamente a Lei de Moisés”.
1- Na época de JESUS, justamente por causa desse conhecimento profundo da Lei, eles eram chamados de “mestres da Lei” (Lc 5.17), que seria hoje “o equivalente a eruditos bíblicos”.
2- O mais notório escriba da história de Israel foi, sem dúvida alguma, Esdras, que era sacerdote e autor do livro bíblico que leva o seu nome. Segundo a tradição judaica, foi ele quem “coligiu todos os livros do Antigo Testamento e os reuniu numa só obra, instituiu a liturgia do culto na sinagoga e fundou a Grande Sinagoga em Jerusalém, a qual fixou o cânon das Escrituras do Antigo Testamento”.
3- O ministério sacerdotal era, essencialmente, um ministério de intercessão. O sacerdote era o mediador entre o povo e DEUS, e não apenas no que diz respeito ao oferecimento de sacrifícios para expiação das culpas do povo, mas também no sentido mais comum, de orar em favor do povo. Era responsabilidade do sacerdote também ensinar a Lei de DEUS para a população (Êx 28.1-29.45; Lv 21.1-23; 1 Cr 24.1-31). Em síntese, o sacerdote deveria ministrar no Santuário perante DEUS e ensinar ao povo a guardar a Lei de DEUS. E, eventualmente, ele também tomava conhecimento da vontade divina em situações muito difíceis por meio da consulta ao Urim e Tumim.
Para que Apontava o Ministério Sacerdotal Levítico?
O sacerdócio de Arão apontava para CRISTO, o único mediador entre DEUS e os homens e que intercede diante do Pai por nós (Jo 14.6; 1 Tm 2.5). No Novo Testamento, não há mais linhagens de sumo sacerdotes, porque o nosso único e definitivo Sumo Sacerdote é CRISTO, que através do seu sacrifício acabou com a necessidade de novas ofertas e sacrifícios (Hb 7.1-8.13). E mais: todos os cristãos hoje são sacerdotes diante de DEUS (1 Pe 2.5,9; Ap 1.5,6; 5.9,10) — esta é uma das doutrinas bíblicas que os primeiros protestantes ressaltaram na época da Reforma e que se chama Sacerdócio Universal dos Santos. Ela nos ensina que, em CRISTO, todos pertencentes ao povo de DEUS podem se apresentar diretamente a DEUS para oferecer-lhe sua adoração (Hb 10.19-23; 13.15). Aliás, a Bíblia diz que originalmente DEUS desejava tornar a nação de Israel, como um todo, em um reino sacerdotal (Êx 19.5,6), entretanto, devido ao comportamento da nação, Ele escolheu a família de Arão como linhagem sacerdotal (Êx 28.1; 40.12-15; Nm 6.40).
O sacerdócio universal dos santos envolvendo todo o povo de Israel terá o seu cumprimento no milênio, conforme Isaías 61.6: “Vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso DEUS”.
Não se pode comparar, sob vários aspectos, a função do sacerdote Levítico com a do ministro do evangelho dos dias de hoje, porém há, sem dúvida alguma, certas características do ministério sacerdotal que são, de forma geral, princípios válidos para todo ministro do Senhor em nossos dias.
As características gerais do ministério sacerdotal são: chamado divino (Hb 5.4); purificação (Êx 29.4); unção e santificação (Lv 8.12); submissão (Lv 8.24-27) e vestes santas para glória e ornamento (Êx 28.2; 29.6,9). Ademais, o sacerdote só poderia tomar mulher de sua própria nação, e ela deveria ser ou virgem ou viúva de outro sacerdote (Lv 21). Outra característica importante: o sacerdote não podia ministrar como ele queria, pois estava sujeito às leis divinas especiais para ministrar (Lv 10.8).
Não há dúvida de que o ministro do Senhor nos dias de hoje também deve observar o chamado divino para sua vida, a santificação e a unção de DEUS para exercer o seu ministério, o princípio da submissão no seu dia a dia e a necessidade de exercer o seu ministério conforme a vontade de DEUS (1 Tm 3.1-7; 6.11,12; Tt 1.7-9; 1 Pe 5.1-4).
O sacerdote mantinha estreita comunhão com DEUS e muitas vezes DEUS se comunicava com ele diretamente, além disso, DEUS lhe revelava como resolver várias questões surgidas entre o povo. Nós, sacerdotes de hoje, temos os nove dons do ESPÍRITO SANTO para nos servir de capacitação para nosso ministério.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 128-132.
O vs. 10 increpa o uso de bebidas alcoólicas por parte dos sacerdotes oficiantes. Em estado de intoxicação alcoólica, como poderia ele cumprir direito os seus deveres no tabernáculo, dando bom exemplo à congregação de Israel? Um sacerdote precisa ter pensamentos claros para poder agir e ensinar (vs. 11). Era o sacerdote quem ensinava ao povo a diferença entre o santo e o profano, e o sistema mosaico era complicado e exigente. Antes de tudo, o sacerdote precisava de conhecimento. Yahweh falava e o sacerdote precisava saber o que tinha sido dito. E, então, precisava de toda a sua habilidade para transmitir a mensagem e para dar bom exemplo. O serviço prestado pelos sacerdotes era complexo e preciso. Para tanto, eles necessitavam de mente clara. Êxodo 20, 22 e 23 mostram-nos a complexidade das instruções. Ver Eze. 44.23. Quanto ao ensino da lei, ver Deu. 33.10; Eze. 22.26 e Mal. 2.7. A referência em Ezequiel contém a queixa desse profeta de que os sacerdotes já não sabiam distinguir entre o santo e o profano, entre o limpo e o imundo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 510.
Lv 10. 10-11. Se estiverem sob o efeito do álcool, a distinção entre o santo e o profano logo ficará ofuscada, talvez até ao ponto de perder seu significado. JESUS no Seu ensino tinha conselhos semelhantes para Seus discípulos (cf. Mt 7:6), de modo que, tendo a capacidade de distinguir entre o santo e o comum, não profanarias as coisas sagradas. As leis a respeito do imundo e o limpo são citados com pormenores em Levítico 11-15.
Ao invés de pronunciar blasfêmias ou profanidades, seus lábios ensinarão o conhecimento de DEUS. Longe de ser influenciado pelo gênio distinto do mundo pagão, o sacerdote se deleitará em fazer a vontade de DEUS (SI 40:8), e conhecerá tão bem a lei de DEUS que poderá indicar aos outros a direção que suas vidas devem seguir (cf. Ml 2:7). Não é, portanto, por acidente que o Novo Testamento emprega o conceito do sacerdócio para descrever o grupo dos crentes em CRISTO, porque fala da dedicação, da entrega, da santidade, e comunhão estreita e contínua com o Senhor.
RK. Harrison. Levíticos. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 106-107.
É ainda significativa a revelação particular, acompanhada duma proibição, feita diretamente a Arão (8-11) e não através de Moisés. É pelo menos possível, embora sem absoluta certeza, que deste capítulo da Bíblia se possa deduzir a proibição aos sacerdotes que ministravam, do uso do vinho e de outras bebidas alcoólicas (cf. Ez 44.21), uma vez que, ao que parece, Nadabe e Abiú cometeram o seu crime sob a influência do álcool. Em todo o caso, fica pelo menos bem vincada a ideia da gravidade do pecado, que vem a ser a presunção e a leviandade.
A causa de tal determinação vem expressa no verso 10: para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, admitindo que aos sacerdotes competia observarem cuidadosamente todas as prescrições rituais da Lei, e ao mesmo tempo ensinarem aos filhos de Israel os mandamentos dessa mesma Lei. Cf. Dt 17.11; 24.8; 33.10; cf. Mq 3.11.
Quanto ao trágico fim que tiveram aqueles dois sacerdotes, convém frisar que pelo menos serviu para inculcar na mente de todos os israelitas, -- quer fossem sacerdotes, quer não, -- a infinita santidade de DEUS, que os punha de sobreaviso contra qualquer presunção ou leviandade no cumprimento da lei do sacrifício, expressamente determinada nos primeiros sete capítulos do Levítico. Juntamente, serve-se DEUS deste incidente para provar que não há homens indispensáveis, uma vez que reduziu à metade o número dos sacerdotes, já tão poucos para o culto do Santuário, onde alguns milhões de adoradores prestavam o seu culto ao Senhor. Mas a desobediência não agrada ao DEUS, bondoso mas justo, que "das pedras pode suscitar filhos de Abraão".
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Levíticos. pag. 25-27.
 
Observação minha - Ev. Henrique - Nadabe e Abiu morreram porque estavam sob efeito de bebida embriagante e assim fabricaram fogo ao invés de pegarem do fogo do altar de Holocausto onde havia descido do céu, de DEUS, fogo santo. DEUS não aceita fogo do homem, aceita somente fogo vindo Dele mesmo. Assistimos hoje em nossos templos a manifestação vergonhosa de fogo produzido por homens e mulheres sem a unção de DEUS, cujo prazer se encontra em dançar ao som de músicas estranhas. Também vemos esse fogo estranho aceso por emocionalismo e por induções de espertalhões que andam atrás do dinheiro dos fiéis.
 
CRISTO COMO SUMO SACERDOTE, Heb. 8:1-10:18
Sumário de Ideias
1. Ele entrou nos verdadeiros céus, no real SANTO dos Santos; os sacerdotes terrenos manuseavam apenas com sombras e símbolos (ver Heb. 4: 14).
2. Ele ofereceu o verdadeiro sacrifício, ao passo que os demais ofereciam apenas sacrifícios simbólicos (ver Heb. 9:23 e ss).
3. O sacrifício de CRISTO foi final; os deles eram simbólicos (ver Heb. 9:25 e ss).
4. Sua expiação foi eficaz, a expiação oferecida por eles era apenas uma representação simbólica (ver Heb. 9:28).
5. Ele foi Sumo Sacerdote maior e mais elevado que Arão, por ser o Filho de DEUS (ver Heb. SA-7:28).
6. Ele administrou um melhor pacto (ver Heb.8: 1-13).
7. Ele ministra em um melhor santuário (ver Heb. 9: 142).
8. Seu sacrifico é melhor que o de todos, por ser o fim de todos os sacrifícios (ver Heb. 9: 13-10: 18).
9. Seu ministério se alicerça sobre melhores e mais permanentes promessas (ver Heb. 10: 19-113).
CRISTO, pois, é visto como nosso caminho de acesso a DEUS Pai.
Sumo Sacerdote no Lugar de Arão e Segundo a Ordem de Melquisedeque.
O ofício sumo sacerdotal, no tocante a CRISTO, envolve tanto Arão quanto Melquisedeque. Posto que nossas informações sobre Melquisedeque são tão escassas, quase todos os tipos simbólicos sobre o ofício de CRISTO se acham no sacerdócio arônico.
Quais são as idéias envolvidas no sacerdócio de CRISTO, que é conforme a ordem de Melquisedeque?
1. CRISTO é o rei-sacerdote, tal como Melquisedeque (ver Gên. 14: 18 e Zac. 6: 12,13).
2. CRISTO é o rei justo de Salém, ou Jerusalém (ver Isa. 11:5 e 6:9).
3. Ele é eterno, não havendo registro de seu início no tempo (ver João 1: I), nunca tendo sido nomeado por homem algum para seu ministério (ver Sal. 110:4; ver também Heb. 7:23-25 e Rom, 6:9).
Vê-se, pois, que a obra de CRISTO seguiu o padrão do sacerdócio arônico, mas que a alusão a Melquisedeque fala sobre sua autoridade real, sobre sua eternidade e sobre a natureza perene de sua obra; ideias essas que não estavam vinculadas ao sacerdócio arônico. Desse modo, certos aspectos de superioridade são atribuídos ao sacerdócio de CRISTO que é segundo a ordem de Melquisedeque.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 295-296.
«...Mediador...» No grego temos a palavra «mesites», que significa «árbitro», «mediador». (Ver Gal. 3:19,20). Na epístola aos Hebreus, esse termo é usado em vários trechos para referir-se a CRISTO (ver Heb. 8:6; 9:15 e 12:24). CRISTO, na qualidade de mediador, torna realidade os propósitos salvadores de DEUS para os homens. Sua missão terrena inteira foi efetuada dentro do âmbito dessa mediação. Mas, além disso, nos céus, CRISTO continua ocupando a posição de mediador, intercedendo incessantemente por seus remidos. (Isso é comentado em Rom. 8:34). O ESPÍRITO de DEUS também intercede por nós, em nome de CRISTO (ver Rom. 8 :2 7 ) , e isso envolve nosso progresso espiritual e nossas necessidades diárias. Já a passagem de Heb. 9:15 ensina-nos que CRISTO é o mediador do «novo pacto» ou «novo testamento», com o algo incluso em seu labor expiatório, porquanto isso é que dá aos homens o direito à herança eterna, através das provisões de seu testamento, porquanto CRISTO «morreu por nós». (Ver Rom. 8:17). O verdadeiro acesso a DEUS Pai nos é dado através de CRISTO, permitindo-nos que nos tornemos habitação de DEUS (ou templo de DEUS) no ESPÍRITO (ver Efé. 2:22). Acerca disso, levemos em conta os pontos abaixo:
1. Houve a mediação preencarnada de CRISTO: (ver João 1:3,10; Col. 1:6 e Heb. 1:2). Isso teve lugar na criação, pois CRISTO foi o criador, que fez o trabalho de DEUS Pai. E nos próprios decretos divinos CRISTO já agira como mediador da salvação dos homens, desde a eternidade passada (ver Efé. 1:3,4). A eleição é «em CRISTO» (ver Rom. 8:29), e todas as bênçãos celestiais fluem da parte de CRISTO, sendo mediadas por ele (ver Efé. 1:3).
2. Houve a mediação na salvação e na redenção, quando do ministério terreno de CRISTO. (Ver Heb. 9:15; João 3:17; Atos 15:11; 20:28; Rom. 3:24,25; 5:10,11; 7:4; II Cor. 5:18; Efé. 1:7; Col. 1:20 e I João 4:9). A vida, a morte, a cruz e o sangue de CRISTO são os elementos dessa mediação. Além disso, CRISTO é o Filho de DEUS, enviado por DEUS Pai, para redimir os filhos. O trecho de João 3:17 tem esse tema, o qual se repete por mais de quarenta vezes no quarto evangelho. O Pai enviou o Filho, para que este realizasse sua missão remidora. A mediação de CRISTO produz a paz com DEUS, a reconciliação entre o homem e DEUS, que eram partes antes alienadas entre si. (Ver Rom. 5:1 e Efé. 2:12-17). A propiciação pelo sangue de CRISTO visa a ira justa e o julgamento reto de DEUS; e JESUS, na qualidade de sacrifício expiatório, torna DEUS favorável aos homens. (Ver I João 2:2).
3. Há uma mediação contínua de CRISTO: ele continua vivo e continua sendo o nosso mediador. (Ver João 14:6; Rom. 5:2 e 8:34). Por meio dele entramos na posse de todas as bênçãos espirituais (ver Efé. 1:3; Rom. 1:5; II Cor. 1:15,30 e Fil. 1:11).
I João 4:2,3: «...todo espírito que confessa que JESUS CRISTO veio em carne é de DEUS; e todo espírito que não confessa JESUS, não procede de DEUS; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem, e que presentemente já está no mundo».
4. Há uma mediação futura: A obra de CRISTO é aplicável a todas as fases de nossa redenção. A sua glorificação será por nós compartilhada, e isso envolverá um processo eterno, e não um acontecimento isolado. (Ver II Cor. 3:18). Jamais chegará o tempo em que essa mediação de CRISTO tornar-se-á desnecessária e obsoleta. E posto que a glorificação é o aspecto celestial da salvação, então a própria salvação precisa ser considerada como um processo eterno, mediante o qual iremos passando de um estágio de glória para outro, indefinidamente. Pois assim como o CRISTO foi o criador de tudo (ele é o Alfa), também é o alvo da criação inteira (ele é o Ômega). E isso jamais deixará de ser verdade.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 299.
I Tm 2.5 Porquanto há um só DEUS e um só Mediador entre DEUS e os homens, (a saber) o Messias JESUS, homem.
Provavelmente temos diante de nós a citação de uma oração prefigurada usada na ceia do Senhor (QI 25e). Talvez se vise enfatizar aqui, em contraposição aos muitos deuses locais, que o DEUS único faz anunciar para uma só humanidade uma só salvação por meio de um só Mediador.
Porque DEUS e ser humano foram unidos em JESUS CRISTO, este se tornou o Mediador entre DEUS e ser humano. Como verdadeiro ser humano, como ser humano real, como segundo Adão ele se tornou representante da humanidade adâmica perante DEUS. No entanto, a seqüência de palavras “CRISTO JESUS” deixa claro que ele veio da parte de DEUS para expiar os pecados de todo o mundo. Ele é o Messias, que como ser humano se chamava JESUS.
Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo.. Editora Evangélica Esperança.
Porque há um só DEUS e um só mediador entre DEUS e os homens, JESUS CRISTO, homem (5). Nunca conseguiremos exaurir a riqueza de significação que percorre estas palavras. A ênfase em um só DEUS é parte da herança que o cristianismo recebeu do judaísmo, ênfase que nosso Senhor reafirma muitas vezes.
A posição de CRISTO como um só mediador entre DEUS e os homens não é declarada desta forma em nenhuma outra passagem dos escritos paulinos. O texto de Gálatas 3.19,20 dá indícios desta ideia, embora ali não esteja desenvolvido como ofício de CRISTO. E lógico que a Epístola aos Hebreus trata freqüentemente deste conceito. Identificamos ideia paralela em 1 João 2.1, que associa CRISTO como nosso “Advogado para com o Pai”. Aqui, na passagem sob estudo, este ministério exclusivo de nosso Senhor é enunciado sem rodeios e de forma clara. Jó 9.33: “Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos”. O segundo texto é esta passagem que estudamos: Há... um só mediador entre DEUS e os homens, JESUS CRISTO, homem. Ser árbitro é ser juiz, alguém que aprecia ou julga algo, intermediário, alguém que faz intercessão a nosso favor; em uma palavra: mediador. Há muitas relações na vida em que os serviços de um mediador tornam-se importantíssimos. Que alegria saber que na relação que nos é mais importante na vida — a relação entre DEUS e nós — temos tão sublime Mediador!
J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 463.
Há um Mediador, e esse Mediador se deu a si mesmo em preço de redenção por todos. Como a misericórdia de DEUS estende-se a todas as suas obras, assim a mediação de CRISTO estende-se a todos os filhos dos homens. Ele pagou um preço suficiente para a salvação de toda humanidade; Ele fez com que a humanidade estivesse debaixo de novos termos diante de DEUS. Eles estão debaixo da graça; não debaixo do pacto da inocência, mas debaixo do novo pacto: Ele se deu a si mesmo em preço de redenção.
Observe: A morte de CRISTO foi uma redenção, um “contra preço”. Merecíamos morrer. CRISTO morreu por nós, para salvar-nos da morte e do inferno. Ele se deu a si mesmo em preço de redenção, voluntariamente. (Fomos comparados por bom preço - o sangue de JESUS - observação minha - Ev. Henrique).
Uma redenção para todos; assim, toda a humanidade é colocada numa condição.
Ele morreu para executar uma salvação comum: dessa forma, Ele se colocou na posição de Mediador entre DEUS e os homens. Um mediador pressupõe uma controvérsia.
O pecado tinha provocado uma discórdia entre nós e DEUS; JESUS CRISTO é um Mediador que tem como finalidade fazer paz, unir DEUS e os homens, na forma de um árbitro, que põe a mão sobre nós ambos (Jó 9.33). Ele é uma redenção que deveria servir de testemunho a seu tempo; isto é, nos tempos do Antigo Testamento, seus sofrimentos e a glória que seguiriam eram falados como coisas a serem reveladas nos últimos tempos (1 Pe 1.10,11). E eles hoje são adequadamente revelados.
Observe: (1) E bom e aceitável aos olhos de DEUS, nosso Salvador, que oremos pelos reis e por todos os homens, e também que levemos vidas quietas e sossegadas; e essa é uma razão muito boa para fazermos tanto um quanto o outro. (2) DEUS tem uma boa vontade para a salvação de todos. (3) Esses que são salvos devem chegar ao conhecimento da verdade, porque esse é o caminho delineado por DEUS para salvar os pecadores. (4) Podemos perceber que a unidade de DEUS é reivindicada e unida à unidade do Mediador. (5) Esse que é um Mediador no sentido do Novo Testamento deu-se a si mesmo em preço de redenção. Essa era uma parte necessária do ofício do Mediador; e, na verdade, isso coloca o fundamento para sua intercessão. (7) Os ministros devem pregar a verdade, aquilo que compreendem dela e, eles próprios, devem crer nela. Semelhantemente aos apóstolos, eles devem pregar em fé e verdade, e devem também ser fiéis e de confiança.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 688-689.
 
 
3. O sumo sacerdote
O sacerdócio de Arão era um dom de DEUS por um povo que, por natureza própria, estava distante e necessitava de alguém que aparecesse em seu nome continuamente na Sua presença. O capítulo 7 da epístola aos Hebreus ensina-nos que a ordem do sacerdócio estava ligada com a lei, que fora estabelecida segundo "a lei do mandamento carnal" (versículo 16) e que fora impedida de permanecer pela morte (versículo 23) e que os sacerdotes dessa ordem estavam sujeitos às fraquezas humanas. Portanto, esta ordem não podia dar perfeição, e por isso devemos bendizer a DEUS por não ter sido instituída com "juramento". O juramento de DEUS só podia fazer-se em ligação com aquilo que devia durar eternamente, e isto era o sacerdócio perfeito, imortal, e intransmissível do nosso grande e glorioso Melquisedeque, que dá ao Seu sacrifício e ao Seu sacerdócio todo o valor, e a dignidade e glória da Sua incomparável Pessoa. O simples pensamento de que temos um tal sacrifício e um tal Sacerdote faz com que o coração palpite com as mais vivas emoções de gratidão.
Os Deveres Levíticos e Sacerdotais, 18.1 -32
1. As Responsabilidades Misturadas (18.1-7)
Não são novas as informações registradas neste lugar concernentes aos deveres dos sacerdotes e dos levitas (cf. 3.1—4.49). São repetidas para destacar o princípio que acabara de ser dramaticamente demonstrado: as coisas sagradas não devem ser profanadas.
A repetição também serve para lembrar os sacerdotes e os levitas que junto com altos privilégios vêm sérias responsabilidades. Os sacerdotes eram responsáveis pelo santuário e os levitas tinham de ajudá-los. Mas os levitas não deviam tocar no altar ou em outra mobília sagrada e tinham de cuidar para que as pessoas não se aproximassem muito, pois caso isso ocorresse, sofreriam a pena de morte (17.13).
2. A Lista dos Benefícios dos Sacerdotes (18.8-20)
Considerando que os sacerdotes eram os servos espirituais do povo, não podiam trabalhar para ganhar a vida da mesma maneira que os outros. Por conseguinte, o sustento tinha de vir do corpo principal da congregação. A promessa de DEUS para Arão era: “Agora estou te dando todas as ofertas especiais que forem trazidas a mim e que não forem queimadas como sacrifício. Eu dou essas ofertas a ti e aos teus descendentes como a parte a que vós tendes direito para sempre” (8, RSV). Em seguida, aparece uma lista das porções dos sacrifícios que pertenciam aos sacerdotes e instruções detalhadas sobre como deviam lidar com isso. Concerto... de sal (19) era “um concerto indissolúvel”.
3. Os Deveres dos Levitas (18.21-32)
Os levitas tinham de receber o sustento dos dízimos dos israelitas. Em troca, administrariam o ministério da tenda da congregação e assumiriam a responsabilidade pelas necessidades espirituais do povo. Justamente por isso, deviam dar aos sacerdotes o dízimo dos dízimos que recebiam. Esta oferta seria considerada o equivalente do aumento do grão da eira e da plenitude do lagar das outras tribos. DEUS honra o dízimo e ninguém está isento da entrega propositada e sistemática do dízimo como parte vital da adoração. E o que DEUS espera. Que ninguém seja tentado a guardar o que deve ser dado e que ninguém roube a DEUS (Ml 3.8-10).
Lauriston J. Du Bois. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 358-350
1- Crise em Cades (Números 18–20)
Por causa dos juízos do Senhor contra os rebeldes no tabernáculo (Nm 16:31-35) e sua defesa miraculosa do sumo sacerdócio de Arão (Nm 17:10-13), os israelitas estavam aterrorizados só de ter o tabernáculo no meio deles. "Acaso morreremos todos?" (Nm 17:13), lamentou o povo. Na verdade, a presença de DEUS em seu acampamento era a marca distintiva do povo de Israel (Êx 33:1-16), pois era a única nação a ter a glória do DEUS vivo presente com ela e indo adiante dela (Rm 9:4).
DEUS falou especificamente a Arão (Nm 18:1, 8, 20), exaltando ainda mais seu ministério como sumo sacerdote. O Senhor deixou claro que era responsabilidade dos sacerdotes ministrar no tabernáculo e guardá-lo da profanação, e era responsabilidade dos levitas assistir os sacerdotes em seu ministério no tabernáculo. Desde que os sacerdotes e levitas obedecessem a essas regras, o povo não seria julgado (v. 5).
Qualquer desobediência, até mesmo no modo de se vestir (Êx 28:35, 42, 43) ou de se lavar (Êx 30:17-21), era arriscada. DEUS considerava Arão e seus filhos responsáveis pelas ofensas cometidas contra o santuário e o sacerdócio. O sacerdócio era uma dádiva de DEUS a Israel, pois sem os sacerdotes o povo não poderia chegar a DEUS. Os levitas eram a dádiva de DEUS aos sacerdotes, aliviando-os de tarefas servis de modo que pudessem dedicar-se inteiramente a ministrar ao Senhor e a atender o povo. Os sete homens escolhidos em Atos 6, normalmente chamados de diáconos, tinham uma relação semelhante com os apóstolos. Não há menosprezo em servir mesas, mas os apóstolos tinham um trabalho mais importante a fazer.
O sucesso ou o fracasso dependem da liderança, e Arão era o líder da família sacerdotal. Devia prestar contas a DEUS de tudo o que acontecia no santuário. DEUS não habita em templos feitos por mãos humanas (At 7:48), mas sim em nosso corpo, pelo ESPÍRITO SANTO (1 Co 6:19, 20), e no meio de seu povo na congregação local (1 Co 3:16ss).
Devemos ter cuidado com a forma como tratamos nosso corpo e com aquilo que fazemos à Igreja de JESUS CRISTO. "Se alguém destruir o santuário de DEUS, DEUS o destruirá; porque o santuário de DEUS, que sois vós, é sagrado" (1 Co 3:17).
2. Cuidando de seus servos (Nm 18:8-32)
Como servos de DEUS, os sacerdotes e levitas mereciam os cuidados do povo de DEUS. Ao contrário das outras tribos, os levitas não teriam herança na terra prometida, pois o Senhor era a herança deles (v. 20; Dt 10:8, 9; Js 13:14, 33; 14:13; 18:7), e receberiam quarenta e oito cidades para habitar (Nm 35:1-8; Js 21).
As necessidades dos sacerdotes bem como dos levitas eram supridas pelos sacrifícios, ofertas e dízimos do povo.
Os levitas (vv. 21-32).
Recebiam os dízimos que o povo levava ao santuário de DEUS, pois 10% de toda a produção pertenciam ao Senhor. Os israelitas deveriam pagar três dízimos: um para os levitas (vv. 21-24), um que era comido "ali perante o Senhor" (Dt 14:22-27) e um a cada três anos, que era dado aos pobres (Lv 27:28, 29). Os levitas, por sua vez, deveriam separar o dízimo daquilo que recebiam, oferecê-lo ao Senhor e entregá-lo ao sumo sacerdote. O princípio encontrado nessa passagem é claro e recebe ênfase frequente nas Escrituras: aqueles que servem ao Senhor e ao povo de DEUS devem ser sustentados pelas bênçãos materiais que DEUS dá a seu povo. JESUS disse: "Digno é o trabalhador do seu salário" (Lc 10:7; Mt 10:10), e Paulo escreveu: "Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho" (1 Co 9:14). Paulo explicou esse princípio em mais detalhes em Gálatas 6:6-10; Filipenses 4:10-19 e 1 Timóteo 5:17,18.
O povo de Israel nem sempre obedecia à lei levando os dízimos ao Senhor e, como conseqüência, o ministério no tabernáculo e no templo sofria (ver Ne 10:35-39; 12:44-47; 13:10-14; Ml 1:6 - 2:9). Se os levitas e sacerdotes não tinham alimento para as famílias, precisavam deixar o santuário e trabalhar nos campos (Ne 13:10). É triste quando o povo de DEUS não ama o Senhor e sua casa o suficiente para sustentá-la fielmente. DEUS esperava que os levitas dessem o dízimo daquilo que recebiam, entregando-o ao sumo sacerdote (Nm 18:25-32). Às vezes, encontro obreiros cristãos que não dão o dízimo pois se consideram isentos disso. Usam como argumento o fato de que estão servindo ao Senhor e de que tudo o que têm pertence a ele, mas esse argumento não é válido. Os levitas serviam a DEUS em tempo integral e, ainda assim, davam o dízimo daquilo que recebiam.
O dízimo não é, necessariamente, uma prática associada à lei, pois Abraão e Jacó deram o dízimo séculos antes de a lei ser apresentada (Gn 14:20; 28:22). Se os israelitas sob a antiga aliança podiam dar 10% da sua renda (produção) ao Senhor, os cristãos da nova aliança podem dar menos? Para nós, o dízimo é só o começo! Se compreendermos o significado de 2 Coríntios 8 - 9, nossas ofertas irão muito além do dízimo.
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 448-449.
Nm 18.2-4 — Os levitas eram os servos dos sacerdotes, mas possuíam limitações quanto ao que podiam ou não fazer. Isso foi o que incomodou Corá (cap. 16). Ele era um levita que desejava a função de sacerdote.
18.5-7 — Somente os sacerdotes podiam realizar os deveres concernentes ao santuário e ao altar. O termo estranho — em "e o estranho que se chegar morrerá" (v. 7)— não fazia referência ao estrangeiro, mas a qualquer pessoa não autorizada a aproximar-se dos locais e objetos sagrados.
Quando aquele que não tinha permissão se aproximava dos lugares santos, ele recebia uma punição. Nesse contexto, sempre há o sentido do sacerdote se colocando entre os vivos e os mortos, entre a graça e a misericórdia, entre o pecado e o perdão. Isso faz com que o leitor cristão pense no Salvador.
18.8-20 — Os sacerdotes obtinham seu sustento pelo seu trabalho para DEUS (Lv 6.14— 7.36). As ofertas que não eram queimadas no altar, mesmo que feitas para o Senhor, convertiam-se em alimento para os sacerdotes. Vamos entender melhor a expressão pronunciada pelo Senhor a Arão: Eu sou a tua parte. Os sacerdotes não herdavam propriamente a terra. Eles tampouco viviam o dia-a-dia de cultivo desta, porque DEUS provia seu sustento por meio das ofertas das pessoas. Consequentemente, os sacerdotes possuíam uma relação especial com DEUS, que representava a herança sacerdotal deles. Exatamente como os sacerdotes, os cristãos de hoje não têm a promessa de herança neste mundo. Apesar disso, há, para os fiéis, a promessa de um legado no Reino futuro (Rm 8.17).
18.21-24 — Os levitas também eram os beneficiários dos serviços realizados para DEUS. Como os sacerdotes, eles também não herdavam a terra, mas tinham suas necessidades supridas por causa do trabalho feito para DEUS. Por isso, recebiam os dízimos dos filhos de Israel. 18.25-32 — Os levitas que viviam dos dízimos do povo tinham a obrigação de fazer ofertas a DEUS, neste caso, um décimo do dízimo. Aqueles que viviam do dízimo também deveriam dá-lo, pois assim mostrariam a DEUS seu agradecimento por aquilo que receberam. Em todo o seu trabalho, os levitas deveriam lembrar-se do sentido de santidade. Como servos do Senhor, como o povo, estavam sob a misericórdia e a justiça de DEUS, e poderiam ser castigados caso se comportassem de maneira imprópria.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 289-290.
 
Observação Ev. Henrique - CRISTO, SUMO SACERDOTE SUPERIOR A ARÃO
“Como também diz noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 5.6).
Êx 4.14 Arão, irmão de Moisés
Êx 17.12 Arão, ajudador de Moisés
Êx 32 Arão e sua falha
Hb 7.1-4 Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote de DEUS
Hb 6.20 JESUS, nosso eterno sumo sacerdote
Ap 19.16 JESUS, Rei dos reis e Senhor dos senhores
 
 
DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE CRISTO E ARÃO
1. JESUS, sacerdote perfeito. A Lei previa a possibilidade de erro ou pecado por parte dos sacerdotes (v.3; Lv 4.3). O próprio sumo sacerdote Arão tinha a orientação de DEUS para oferecer sacrifícios não só pelo povo (Lv 16.15 ss.), mas por si próprio (Lv 16.11-14). Enquanto o sumo sacerdote do Antigo Testamento estava sujeito a pecar, JESUS nunca pecou. Ele é perfeito. Satisfez todas as condições para o perfeito sacerdócio. Foi ungido como Rei, como Filho (Sl 2.6,7); e Sacerdote Eterno (Sl 110.4); foi enviado por DEUS (Jo 5.30); veio em nome do Pai (Jo 5.43). JESUS não se glorificou a si mesmo para fazer-se sumo sacerdote (v.6). Diante de todas essas qualificações, o Mestre nunca ofereceu sacrifícios por si próprio. Ele deu-se a si mesmo por nossos pecados (Gl 1.4).
2. Sacerdote eterno (v.6). O escritor aos hebreus faz referência a dois textos bíblicos no livro de Salmos para demonstrar o caráter especial do sacerdócio de CRISTO: um sacerdócio que não tem fim: “Tu és meu filho; hoje te gerei” (Sl 2.7); e “Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4). 
Como podemos constatar no capítulo cinco de Hebreus, o texto revela com clareza meridiana a superioridade do sacerdócio de CRISTO em relação ao de Arão. Outro ponto importante diz respeito a humanidade de CRISTO: o escritor assevera que JESUS foi humano o suficiente para buscar a DEUS, o Pai, em oração, súplicas e lágrimas, sendo obediente como Filho. Trata-se de um exemplo inigualável e uma lição incomparável para nós, mortais, que, às vezes somos relapsos em fazer a vontade do Senhor, em obediência irrestrita.
 
 
 
II - A INDUMENTÁRIA DO SACERDOTE
1. A túnica de linho e o éfode (Êx 28.4-28).
A Indumentária do Sacerdote
Duas coisas chamam a atenção de início no texto bíblico que fala das vestes dos sacerdotes. Em primeiro lugar, quem confeccionou essas vestimentas não foram quaisquer alfaiates em Israel. O texto bíblico afirma que foram homens “sábios de coração”, a quem DEUS havia “enchido do ESPÍRITO de Sabedoria” (Ex 28.3). Como frisa o Comentário Bíblico Beacon, “DEUS, que criou a beleza, dá ao homem a apreciação divina pela beleza e a aptidão divina para criá-la. Certas produções que o mundo chama arte não passam de imoralidade, mas a verdadeira arte é de DEUS”.
Em segundo lugar, o propósito da indumentária sacerdotal era “santificar”, isto é, distinguir, destacar, honrar os sumos sacerdotes, dar-lhes ornamentação, beleza e glória diante do povo; enfim, enfatizar o significado e a importância do seu ofício perante todos. Suas vestes foram pensadas para refletir a dignidade do seu ofício.
Os materiais para fazer as vestes sacerdotais eram os mesmos das cortinas e do véu do Tabernáculo (Ex 26.1,31,32; 28.5,6). Ou seja, o sacerdote não poderia ministrar “com roupas simples e sem brilho” em um Tabernáculo que era “graciosamente colorido”. DEUS, “o Autor de tudo o que é bom e bonito, deseja que seu povo seja formoso e que haja beleza nos procedimentos de adoração”.
Como observa Matthew Henry,
Estas gloriosas vestes foram indicadas:
(1) para que os próprios sacerdotes pudessem ser lembrados da dignidade da sua função e pudessem comportar-se com o devido decoro;
(2) para que o povo pudesse ser imbuído de uma santa reverência com relação ao DEUS cujos ministros se apresentavam com tal grandeza;
(3) para que os sacerdotes pudessem ser um exemplo de CRISTO, que se ofereceu imaculado a DEUS, e de todos os cristãos, que têm a beleza da santidade conferida a si, na qual são consagrados a DEUS.
Henry lembra ainda que “o nosso adorno agora, sob o evangelho, tanto o dos ministros quanto o de todos os cristãos, não deve ser de ouro ou pérolas, nem custoso, mas deve ser composto das vestes da salvação e do manto da justiça (Is 61.10; SI 132.9,16)”.
Assim como as vestes sujas do sumo sacerdote Josué, na visão do profeta Zacarias, representavam a sua iniquidade (Zc 3.3,4), as vestes santas dos sumos sacerdotes representavam a pureza e a perfeição de CRISTO como o nosso Sumo Sacerdote definitivo e por excelência (Hb 7.26).
Havia quatro vestes que eram comuns aos sacerdotes e ao sumo sacerdote:
Os calções de linho, que serviam para cobrir as partes íntimas e as coxas do sacerdote (Êx 28.42);
O manto ou túnica de linho (Êx 28.39,40);
O cinturão de linho, com bordados e usado para prender as roupas (Êx 28.39,40);
As tiras para a cabeça, isto é, para o turbante (Êx 28.37,40).
O linho fino utilizado na confecção dessas peças era um símbolo de pureza. Mas, além dessas quatro peças básicas, havia outras quatro que eram usadas apenas pelo sumo sacerdote:
1. O éfode com um cinturão diferenciado (Êx 28.6-14). Ele consistia em um colete com as partes da frente e de trás unidas por tiras sobre cada ombro e por um cinturão à altura da cintura. Esse cinturão era colorido e habilmente tecido (“De obra esmerada”, Êx 28.6) conforme a criatividade que DEUS dera aos sábios que confeccionariam as vestes (Êx 28.3). Nas tiras sobre os ombros, havia duas pedras sardônicas, uma de cada lado, trazendo o nome das doze tribos de Israel — seis nomes em uma pedra e os outros seis nomes na outra (Êx 28.9,10). O texto bíblico diz que a ordem dos nomes era “segundo as suas gerações” (Êx 28.10), o que significa dizer que a disposição dos nomes nas pedras obedecia à ordem de nascimento dos doze filhos de Israel que davam nome às tribos. Esses nomes deveriam ser engastados — isto é, encravados — em ouro nas pedras e esses filigranas de ouro deveriam ser colocados, mais precisamente, ao redor das pedras, em seu entorno (Êx 28.11). Finalmente, havia ainda os engastes de ouro (fechos ou prendedores) e as correntes de ouro, que provavelmente serviam para firmar o peitoral ao éfode (Êx 28.13,14,22-26). O fato de o sumo sacerdote levar o nome das doze tribos nos ombros tinha um significado claro: o sumo sacerdote, como intercessor entre o povo e DEUS, levava em seus ombros o povo. Essa grande responsabilidade, que era a essência do seu ofício, ele não deveria nunca esquecer (Êx 28.12). O propósito divino era que, cada vez que o sumo sacerdote vestisse o éfode, se lembrasse disso.
2. O peitoral do juízo (Êx 28.15-30), que era feito do mesmo material do éfode. Também era “obra esmerada” (Êx 28.15). A designação “do juízo” dada ao peitoral era uma referência, sem dúvida, ao “Urim e Tumim”, uma peça muito importante dessa indumentária. Essas palavras significam “luz e perfeição” e, provavelmente, era o nome dado a dois objetos, talvez duas pedras, que eram trazidas pelo sumo sacerdote no peitoral de sua roupa cerimonial (Êx 28.30). Através da consulta ao “Urim e Tumim”, o sumo sacerdote tomava conhecimento da vontade divina em situações muito difíceis (Êx 29.10; Nm 16.40; 27.21; Ed 2.63).
Havia ainda no peitoral quatro fileiras de pedras preciosas contendo três pedras cada uma (doze pedras ao todo). O nome das doze tribos de Israel também era gravado nessas pedras, sendo uma pedra para cada nome (Êx 28.21). O significado aqui também é claro: o intercessor deveria ter em seu coração o povo por quem intercedia (Ex 28.29). Isso fala de compaixão e amor do intercessor pelos intercedidos. CRISTO, o nosso Sumo Sacerdote e perfeito intercessor entre DEUS e os homens, nos amou até o fim (1 Tm 2.5; Jo 13.1; 17.9,20-26).
O peitoral era unido ao éfode por peças de ouro (engastes e anéis) na parte de cima, conectadas às tiras dos ombros do éfode, e na parte de baixo, conectadas ao cinturão do éfode (Ex 28.13,14,22-28).
3. O manto do éfode, com suas campainhas e com romãs nas bordas (Ex 28.31-35). Esse manto, diferente do manto de linho, ia até os joelhos e tinha nas bordas um material que se supõe ser uma espécie de “cota de malha” para não se romper (Ex 28.32). Ele era uma peça única, sem emendas e com abertura para a cabeça. Não tinha mangas, era de cor azul (Ex 28.31) e usado debaixo do éfode e do peitoral. Nas bordas, alternavam-se romãs bordadas e com cores diferentes cada uma e campainhas de ouro — uma romã, depois uma campainha; outra romã, depois outra campainha, e assim sucessivamente (Êx 28.33,34).
As romãs significavam alimento, fertilidade e alegria, provavelmente alegria no serviço a DEUS. Já os sinos eram para que se ouvisse o sonido do sumo sacerdote quando andava. Elas chamavam a atenção das pessoas para a atividade do sumo sacerdote lá dentro, que deveria sempre estar movimentando as campainhas. O texto bíblico afirma que se o sumo sacerdote não movimentasse as campainhas enquanto estivesse lá dentro, perante o Senhor, ele morreria (Êx 28.35). Ou seja, quando o som parava, era porque o sumo sacerdote, achado em falta diante do Senhor, havia morrido lá dentro. O sonido constante dessas campainhas, chamando a atenção do povo para o que estava acontecendo, falam que a verdadeira adoração não deveria se tornar uma mera formalidade para o povo. Os israelitas deveriam estar atentos e voltados para tudo que estava acontecendo ali, no Santuário. Não poderiam estar, como dizemos hoje, “desligados” do culto, mas “sintonizados” e envolvidos com tudo o que está acontecendo. Ora, ainda hoje DEUS deseja o nosso envolvimento total no culto de adoração a Ele (SI 29.9; 51.16,17; 103.1; Jo 4.24; Rm 12.1; Hb 10.19-23; 13.15).
4. A lâmina de ouro à sua testa (Êx 28.36-38) era usada na frente da mitra sacerdotal, isto é, do turbante (Êx 28.37). Nessa lâmina, estava gravado: “Santidade ao Senhor” (Êx 28.36). O significado da lâmina com esses dizeres é explicitado no texto bíblico: DEUS queria que o povo se lembrasse dos seus pecados e da necessidade de serem santos, o que era evidenciado todas as vezes que o sacerdote adentrava o Santuário para levar “a iniquidade das coisas santas”, isto é, executar a expiação pela culpa do povo (Êx 28.38).
Quando entrarmos na presença de DEUS, devemos nos lembrar que somos pecadores e Ele é SANTO; que é pelo sacrifício de CRISTO, o nosso Sumo Sacerdote, que podemos entrar com confiança na presença do Senhor; e que devemos viver uma vida santa. Sede santos “em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe 1.15; Lv 11.44).
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 132-126.
O Éfode e as Pedras Preciosas
As vestes representam as diversas funções e atributos do cargo sacerdotal. O "éfode" era o manto sacerdotal, e estando inseparavelmente ligado às ombreiras e ao peitoral, ensina-nos, claramente, que a força dos ombros do sacerdote e o afeto do seu coração estavam inteiramente consagrados aos interesses daqueles que representava, e a favor dos quais levava o éfode.
Quão animador é para os filhos de DEUS, que são provados, tentados, zurzidos e humilhados, pensar que DEUS os vê sobre o coração de JESUS! Perante os Seus olhos, eles brilham sempre em todo o fulgor de CRISTO, revestidos de toda a graça divina. O mundo não pode vê-los assim; mas DEUS vê-os desta maneira, em isto está toda a diferença. Os homens, ao considerarem os filhos de DEUS, veem apenas as suas imperfeições e defeitos, porque são incapazes de ver qualquer coisa mais; de sorte que o seu juízo é sempre falso e parcial. Não podem ver as joias brilhantes com os nomes dos remidos gravados pela mão do amor imutável de DEUS.
Mas, graças a DEUS, não temos que ser julgados pelos homens, mas por Ele Próprio: e misericordiosamente mostra-nos o nosso sumo sacerdote levando o nosso juízo sobre o seu coração diante do Senhor continuamente (versículo 30). Nada tínhamos senão trevas, tristeza, e deformidades; mas DEUS deu-nos brilho, pureza e beleza. A Ele seja dado o louvor pelos séculos dos séculos!
Êx 28.6 A estola sacerdotal. No hebraico, ephod, palavra que significa “cobertura”. Há um artigo detalhado a esse respeito, no Dicionário, intitulado Estola. Os sacerdotes levíticos usavam estolas de linho, mas o sumo sacerdote dispunha de estolas bordadas em ouro, azul, púrpura e carmesim. Uma estola especial era usada quando dos pronunciamentos do sumo sacerdote, em seus oráculos. Essa estola ficava pendurada no interior do templo (I Sam. 21.9).
Alguns estudiosos supõem que o ephod foi a mais antiga das vestes sacerdotais. Naturalmente, havia um uso anterior ao tabernáculo.
Os Nomes por Ordem de Nascimento: Uma das duas pedras de ônix continha os nomes: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã e Naftali. E a outra continha os nomes: Gade, Aser, Issacar, Zebulom, José e Benjamim.
No hebraico, a palavra para “peitoral” é hoshen, termo que significa objeto belo. Portanto, tanto na construção do tabernáculo quanto em tudo quanto dizia respeito ao mesmo, predominava o senso estético. O peitoral atuava como bolsinha para o Urim e o Tumim, sendo essa a sua principal finalidade. Por isso mesmo, há estudiosos que pensam que o peitoral era uma espécie de algibeira, embora também tivesse usos simbólicos, conforme já mencionei.
A função das pedras era a mesma: relembrar o sumo sacerdote do povo ao qual servia, ao entrar no SANTO dos Santos. Cf. isso com Apo. 21.19,20 onde há uma lista similar de pedras preciosas, que faziam parte da amamentação dos alicerces da Nova Jerusalém. Cf. também a lista de pedras preciosas em Ezequiel 28.13.
Os antigos não dispunham de ferra- mentas capazes de trabalhar devidamente com as pedras preciosas de maior dureza, embora soubessem lapidar e gravar bem pedras de menor dureza. No entanto, a arqueologia tem achado jóias feitas até mesmo com as pedras preciosas de maior dureza. A despeito disso, permanece de pé o problema de identificação.
Êx 28.29 Arão levará os nomes dos filhos de Israel... sobre o seu coração. Estava em pauta um serviço eminentemente espiritual. Arão era o representante de Israel diante de DEUS, e nunca deveria olvidar-se do fato, em sua mente e em seu coração. As palavras “sobre o seu coração” aparecem por três vezes, não meramente para fornecer-nos uma localização, mas também um sentimento. Arão deveria fazer seu trabalho de todo o coração. Os sacerdotes operavam como intermediários, como intercessores e como mestres. Há informes de que Charles Spurgeon conhecia por nome cada membro de sua vasta congregação, e que tinha tal conhecimento porque sempre procurava manter contato com os mesmos. Ele era um pastor de ovelhas.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 429-432.
15. O peitoral do juízo.
Peitoral é pura especulação para o termo hebraico fyõSen. Se a tradução for correta, Noth cita um paralelo impressionante em Biblos, na Idade do Bronze. Trata-se de uma placa de ouro, engastada com jóias, presa por uma corrente de ouro. Aparentemente servia de adorno para o tórax de um rei local. Excetuando-se o fato de que o peitoral israelita era feito de pano, não de metal, e era duplo (formando uma espécie de bolsa para as pedras com as quais se lançavam sortes), a semelhança é notável. Basicamente, a ideia é bem simples: o sacerdote levava os objetos preciosos (fossem eles o que fossem) numa pequena bolsa amarrada a seu pescoço: esta bolsa, por sua vez, é apropriadamente adornada com os símbolos das tribos de Israel.
30. O Urim e o Tumim. Isto explica porque esta peça do vestuário sacerdotal era chamada de “peitoral do juízo”, uma vez que continha as duas pedras oraculares, pelas quais o “juízo” de DEUS podia ser conhecido.
Seus nomes significam “luzes e perfeição”, que se tomados literalmente, podem ser uma referência à natureza do DEUS cuja vontade elas revelavam. Podem, entretanto, ter sido usadas no sentido de “alfa e ômega” , princípio e fim(Ap 1:8), já que os dois nomes começam respectivamente com a primeira e a última letras do alfabeto hebraico. Estas “sortes” sagradas eram usadas para discernir a orientação divina, normalmente com respostas do tipo “sim” e “não” : o exemplo mais claro é o caso da indagação de Saul (1 Sm 14:41). Sua natureza é bem incerta: a sugestão mais provável é a de duas pedras preciosas, mas a maneira em que eram usadas não é clara. A julgar de analogias mais recentes, uma das pedras era retirada (ou lançada fora) do peitoral, e a resposta “sim” ou “não” dependeria de qual pedra aparecesse. Não há evidência bíblica para o uso deste método de se obter orientação depois do tempo de Davi, mas presumivelmente os sacerdotes continuaram a usar o peitoral do juízo, devido ao conservadorismo inerente a todas as religiões. O sistema de “lançar sortes” depois de orar, como meio de obter orientação reaparece em Atos 1:26.
Talvez valha a pena observar que o oferecer sacrifícios não era, de maneira alguma, a única função do sacerdote israelita. Como observa Driver, a ele também cabia dar “torah” ou instrução (Dt 33:10), decidir por meio de Urim e Tumim (como aqui), e oferecer decisões judiciais “perante DEUS” no santuário (22:8,9). Além do mais, Urim e Tumim não eram a única maneira aceitável de se pedir a direção divina, mesmo no começo da história de Israel (1 Sm 28:15). Podemos presumir que, à medida que crescia a atividade profética em Israel, a necessidade de se recorrer a tais meios “mecânicos” de orientação diminuiu. Na Nova Aliança, não é por acaso que, depois da vinda do ESPÍRITO (Atos 2), o uso de “sortes” não mais acontece. DEUS guia Seu povo diretamente.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 193-195.
 
Êx 28.30 O Urim e o Tumim. Há um artigo detalhado sobre essas pedras (ou o que quer que elas tenham sido) no Dicionário. Há muitas opiniões quanto à natureza desses objetos e quanto à sua utilidade. Talvez a Oxford Annotated Bible (in Ioc.) esteja com a razão ao dizer apenas que eram sortes por meio das quais o sumo sacerdote (ao lançá-las) tomava decisões oraculares. Portanto, serviriam de meios de oráculo, mediante os quais o sumo sacerdote obtinha decisões ou informações, conforme vemos em Núm. 27.21; Deu. 33.8 e I Sam. 28.6.
Tipos. Visto que temos à nossa frente um modo de iluminação espiritual, o Urim e o Tumim simbolizavam a luz que nos é conferida pelo ESPÍRITO de DEUS, o Grande revelador.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 432.
O Urim e o Tumim, por cujo intermédio à vontade de DEUS era conhecida em casos duvidosos, foram colocados neste peitoral, que é, por isto, chamado de peitoral do juízo, v. 30.
Urim e Tumim significam luz e perfeição. O governo era uma teocracia; DEUS era o seu Rei, o sumo sacerdote era, depois de DEUS, o seu governante, e o Urim e o Tumim eram o seu ministério ou gabinete. Provavelmente Moisés escreveu sobre o peitoral, ou teceu ali, as palavras Urim e Tumim, para indicar que o sumo sacerdote, ao vestir este peitoral, e ao pedir conselho a DEUS em qualquer emergência relacionada ao público, fosse instruído a tomar tais medidas e a dar o conselho que DEUS reconhecesse. Finéias, Juízes 20.27,28. Abiatar quando buscou ao Senhor, por Davi (1 Sm 23.6ss.). Josué o consultou (Nm 27.21). Eles foram perdidos no cativeiro, e nunca foram recuperados, embora, aparentemente, fossem esperados, Esdras 2.63. DEUS, nestes últimos dias, nos dá a conhecer, a si mesmo, e à sua vontade, Hebreus 1.2; João 1.18. A união do peitoral ao éfode indica que o trabalho profético de CRISTO se baseava no seu sacerdócio. E pelo mérito da sua morte Ele resgatou esta honra para si mesmo, e este favor, para nós. O Cordeiro que tinha sido morto é que era digno de tomar o livro e abrir os selos, Apocalipse 5.9.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 318.
 
 
 
 
III - MINISTROS DE CRISTO PARA A IGREJA
1. Chamados por DEUS.
O chamado de DEUS para o ministério vocacional é diferente do chamado à salvação e do chamado que atinge todos os crentes: o serviço. Trata-se de uma convocação de homens selecionados para servir como líderes da igreja. Os destinatários desse chamado precisam ter a certeza de que DEUS assim os escolhe para liderar. A concretização desse fato repousa sobre quatro critérios, o primeiro dos quais é uma confirmação deste chamado por outras pessoas e por DEUS, pelas circunstâncias através das quais Ele providencia um lugar para o ministério. O segundo critério é a posse das habilidades necessárias ao serviço em posições de liderança. O terceiro consiste em um profundo desejo de servir no ministério. A qualificação final é um estilo de vida caracterizado por integridade moral. Um homem que preencha esses quatro requisitos pode descansar na certeza de que DEUS o chamou para a liderança cristã vocacionada.
O chamado de DEUS para o ministério vocacional possui dimensões diferentes.
Em primeiro lugar, está o chamado à salvação. Esse precisa ser o ponto de partida de qualquer chamado ao serviço ou ministério. A pessoa que deseja identificar seu chamado ao ministério vocacional deve primeiro certificar-se de que é chamada por CRISTO (2 Co 13.5). Não se deve ter a ousadia de cogitar um ministério do Evangelho da graça ao povo de DEUS, sem antes experimentar esta graça por meio da fé salvadora em JESUS CRISTO.
O chamado à salvação também envolve um chamado ao serviço (Ef 2.10). DEUS não nos chamou apenas à salvação, mas a uma vida de serviço. Servir é privilégio e obrigação de todos os cristãos. Esse chamado ao serviço implica que nós, como cristãos, constituímos “o sacerdócio real” (1 Pe 2.9). Nosso privilégio é anunciar as virtudes daquEle que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9). Kãsemann o vê como uma referência ao fato de que aquele que provou pessoalmente o poder gracioso de DEUS tem a responsabilidade de reconhecer esta experiência publicamente. Assim, todos os crentes devem se engajar no ministério do serviço como sacerdotes do Senhor. Para cumprir esse ministério, devem possuir o ESPÍRITO SANTO, o qual lhes concede habilidades espirituais (1 Co 12.11). Esses dons espirituais expressam o propósito de servir para o bem comum da igreja (1 Co 12.7). O apóstolo Paulo escreveu aos efésios: “Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de CRISTO” (Ef 4.7). Esses dons estão alistados em 1 Coríntios 12.8-10,28-30, e Romanos 12.6-8. Os cristãos são mordomos desses dons e vão prestar contas de sua mordomia (1 Pe 4.10).
Além de chamar os cristãos ao uso de seus dons espirituais, DEUS estende esse chamado ao ministério vocacional de liderança. Conscientes de que todo crente deve se envolver na obra do Senhor, vamos usar o termo ministério no presente contexto para nos referir a um tipo específico de serviço prestado à igreja por um grupo particular de líderes.
O chamado para a liderança implica homens dotados e concedidos à igreja pelo Senhor da Igreja (Ef 4.12). Essa responsabilidade é tanto geral – exercer liderança em adoração, pregação, ensino, pastorado e evangelização – como específica - disciplina e aconselhamento.
DEUS usou Charles Haddon Spurgeon de modo grandioso no final do século XIX. Ele pregou para milhares de pessoas semanalmente em Londres, no Metropolitan Tabernacle. Além de sua forte paixão pela pregação, ele possuía um grande desejo de desenvolver jovens para o ministério. Esse anseio fez com que instituísse a “Faculdade de Pastores”, como parte do ministério da igreja.
Seu livro Lições aos Meus Alunos, uma compilação de preleções realizadas nessa faculdade, fornece uma ideia precisa da seriedade do chamado para o ministério vocacional. Nas primeiras páginas de seu livro, ele pergunta:
Como pode o jovem saber se é vocacionado ou não. É uma indagação ponderável, logo desejo tratá-la aqui mui solenemente. Oh, a divina orientação para fazê-lo! O fato de que centenas perderam o rumo e tropeçaram em um púlpito está patenteado tristemente nos ministérios infrutíferos e nas igrejas decadentes que nos cercam. Errar na vocação é terrível calamidade para o homem e para a igreja sobre a qual ele se impõe, seu erro envolve aflição das mais dolorosas.
Spurgeon continua salientando a importância de reconhecer o chamado quando afirma: “É-lhe imperativo que não entre no ministério enquanto não fizer profunda sondagem e prova de si próprio quanto a esse ponto”.
William Gordon Blaikie também ministrou em Londres quase na mesma época que Spurgeon. Ele também viu a importância do chamado para o ministério e apresentou seis critérios para avaliá-lo: salvação desejo de servir, de viver uma vida que contribua para o serviço, capacidade intelectual, aptidão física e elementos sociais.
Calvino dividiu o chamado em duas partes ao declarar: “Para que alguém seja considerado verdadeiro ministro da igreja, é necessário que considere o ‘objetivo ou o exterior’ dela e o chamado secreto, interior, de que ‘só o próprio ministério tem consciência’”.
Oden conclui seu artigo “O Chamado para o Ministério com uma discussão acerca da correspondência entre os aspectos internos e externos do chamado: O chamado interno é uma consequência do contínuo poder de direção ou de evocação do ESPÍRITO SANTO que, a seu tempo, conduz o indivíduo para perto do chamado externo da igreja, ou seja, para o ministério. O chamado externo é um ato da comunidade cristã que, pelo devido processo, confirma aquele chamado interno. Ninguém pode cumprir o difícil papel de pastor adequadamente se não for chamado e comissionado por CRISTO e pela Igreja. Esse é o motivo pelo qual é tão crucial, tanto para o candidato como para a igreja, que a correspondência entre o chamado interno e o externo se estabeleça desde o início com clareza razoável.
Por que é tão necessário que experimentemos uma compulsão interna e externa para o ministério? Em seu volume clássico sobre ministério, Bridges expõe os motivos pelos quais um chamado é tão importante:
A labuta no escuro, sem uma comissão segura, tolda em muito a garantia da fé nos compromissos divinos; e o ministro, incapaz de se valer do apoio celestial, sente em seu trabalho “as mãos caídas e os joelhos fracos”. Por outro lado, a confiança de que está agindo em obediência ao chamado de DEUS e de que Ele está em seu trabalho e em seu caminho, encoraja-o nas dificuldades, conscientizando-o das obrigações pelas quais deve responder com força onipotente.
Como Bridges declarou eloquentemente, o problema está no homem e em sua confiança em DEUS. O homem confia que DEUS o comissionou para uma tarefa que apenas o poder de DEUS pode manter. Criswell fala dessa confiança: ‘A primeira e a maior de todas as fortalezas do pastor é a convicção profunda, como a própria vida, de que DEUS o chamou para o ministério. Se essa persuasão for inabalável, todos os outros elementos de sua vida distribuir-se-ão em bela ordem e lugar”.
Respondendo à pergunta: “Qual a importância da certeza de um chamado especial?”, Sugden e Wiersbe afirmam: ‘A obra do ministério é muito desgastante, sendo difícil para um homem entrar nela sem uma consciência do chamado divino. Em geral, os homens entram e depois saem do ministério, pois lhes falta uma consciência da urgência divina. Apenas um chamado definido por DEUS pode dar a alguém sucesso no ministério”.
Como os profetas do Antigo Testamento, os ministros de hoje falam das coisas de DEUS sob constantes ataques e pressões. Lutzer, referindo-se às dificuldades do ministério, afirma:
Não vejo como alguém possa sobreviver no ministério, caso sinta que essa foi sua própria escolha. Alguns ministros não têm sequer dois dias agradáveis.
Eles são sustentados pelo conhecimento de que DEUS os colocou onde estão. Os ministros sem essa convicção carecem muitas vezes de coragem e carregam uma carta de demissão no bolso do paletó. Ao menor sinal de dificuldade, vão-se embora.
Crendo como esses homens, na importância do chamado ministerial, apresento quatro perguntas que podem ser utilizadas para avaliar esta convocação.
Quatro palavras resumem quatro passos específicos: confirmação, habilidades, anseios e vida.
HÁ Confirmação?
A confirmação pode ser divina e de outros.
Confirmação de Outros
Em Atos 16.1,2, compreende-se a importância do reconhecimento público na confirmação do chamado para o ministério e liderança. Timóteo foi, provavelmente, um convertido de Paulo em sua primeira viagem missionária (veja At 14.6). Paulo o chamou de “meu verdadeiro filho na fé” (1 Tm 1.2). Ao iniciar a segunda viagem missionária, Paulo passou pelas regiões que havia visitado em sua primeira viagem, “confirmando as igrejas” (At 15.41). Ele chegou à cidade de Timóteo e descobriu que este possuía bom testemunho dos irmãos que estavam em Listra e em Icônio (At 16.2). A conseqüência foi: “Paulo quis que Timóteo fosse com ele” (At 16.3). A confirmação pública de Timóteo transformou-o em uma aquisição desejável para a equipe missionária de Paulo. Mais tarde, quando Paulo escreveu a Timóteo, ele o lembrou de sua confirmação pública, referindo-se à “imposição das mãos do presbitério” (1 Tm 4.14). Tanto Paulo como os líderes da comunidade local haviam visto como DEUS abençoou e usou Timóteo no serviço local. Assim, ele foi reconhecido e comissionado para servir a DEUS no ministério internacional.
Spurgeon concorda que a confirmação pública é um passo necessário depois do sentimento interior, estando relacionada ao chamado para o ministério. Ele conclui: ‘A vontade do Senhor referente aos pastores é conhecida mediante o piedoso julgamento da igreja. É necessário, como prova de seu dom, que sua pregação seja aceitável ao povo de DEUS. Muitos homens que sentem a compulsão interior para entrar no ministério hesitam em submeter este sentimento à confirmação da igreja. Por alguma razão, não confiam na igreja quanto a essa área importante de sua vida. Spurgeon disse aos seus alunos:
Muitas igrejas julgam segundo a carne, nem todas as igrejas são sábias, nem todas julgam no poder do ESPÍRITO SANTO. Apesar disso, estaria mais pronto para aceitar a opinião de um grupo do povo do Senhor do que a minha própria opinião sobre um assunto tão pessoal como os meus dons e graças. De qualquer forma, quer valorizem o veredicto da igreja, quer não, uma coisa é certa: nenhum de vocês pode ser pastor sem o amoroso consentimento do rebanho. Portanto, este lhes servirá de indicador prático, senão correto.
Bridges também nos aconselha sabiamente quando comenta opiniões, especialmente de amigos e ministros experientes: “[Eles]... podem ser úteis para garantir se o desejo de trabalhar é ou não um impulso do sentimento e não um princípio, ou mesmo se a capacitação não é uma presunção enganosa”.
A Bíblia fala muito de buscar orientação e conselhos sábios. Os Provérbios são especialmente excelentes nesta área: “Não havendo sábia direção, o povo cai, mas, na multidão de conselheiros, há segurança” (11.14); “O caminho do tolo é reto aos seus olhos, mas o que dá ouvidos ao conselho é sábio” (12.15); “Da soberba só provém a contenda, mas com os que se aconselham se acha a sabedoria” (13.10); “Onde não há conselho os projetos saem vãos, mas, com a multidão de conselheiros, se confirmarão” (15.22).
Além disso, o conselho e a orientação dos outros constituem o procedimento para a ordenação, que é o processo de reconhecimento público da pessoa separada para o ministério (veja o capítulo 8, “A Ordenação para o Ministério Pastoral”). A Bíblia indica que a Igreja Primitiva tinha um processo específico pelo qual um grupo de crentes escolhia e separava os líderes para o serviço. A instrução de Paulo para que Tito destacasse presbíteros (Tt 1.5) exemplifica uma série de passagens que insinua a ideia de um processo de ordenação. A base para a indicação era o reconhecimento de homens qualificados em cada uma das cidades. Uma boa definição de ordenação é a confirmação pública de uma qualificação ou dotação interior, isto é, da formação e experiência no ministério.
Embora a pessoa ordenada não seja diferente dos outros membros da congregação, a ordenação pública proporciona uma confirmação visível de que DEUS chamou um indivíduo para usar suas habilidades e dons singulares em benefício de toda a igreja.
Confirmação de DEUS - Newton encontrou três indicações do chamado para o ministério: desejo, competência e providência de DEUS. Ele denominou a terceira indicação de “uma correspondente abertura na providência, mediante uma série gradativa de circunstâncias que apontam para os meios, o lugar e o momento de entrar de fato no trabalho”. Esse fator cobre tudo o que discutimos até aqui. A soberania de DEUS convoca certos homens à liderança na igreja local. DEUS lhes concede os dons para que desempenhem suas funções ministeriais, tornando-os desejosos deste serviço e preparando circunstâncias para prover-lhes o lugar no ministério.
Tudo isso refere-se a portas abertas e bênçãos de DEUS. Paulo disse em 1 Coríntios 16.8,9: “Ficarei, porém, em Éfeso até ao Pentecostes; porque uma porta grande e eficaz se me abriu”. Ele, então, contrapõe os obstáculos à oportunidade:
“E há muitos adversários”.
Esses adversários são um elemento constante no ministério e, às vezes, causam frustrações e limitam os resultados. Mas os resultados não são o indicador final das bênçãos de DEUS. Muitos têm labutado durante todo o ministério, alcançando pouco ou nenhum fruto visível. Jeremias profetizou por mais de 40 anos (Jr 1.2,3), obtendo pouca ou nenhuma reação do povo. Adoniram labutou sete anos na Birmânia antes de ter seu primeiro convertida porém ainda via a mão da providência de DEUS em seu ministério. A carreira ministerial nunca é fácil e os resultados nem sempre são positivos, mas uma consciência de que DEUS confirma o trabalho deve estar sempre presente.
Além de perguntar se há confirmação de DEUS, o homem que deseja saber se é chamado precisa fazer várias perguntas práticas:
Os outros confirmam meus dons e minha capacidade de liderança?
Eles me pedem que atue em uma função de líder?
Eles me pedem que comunique as verdades de DEUS por meio do ensino ou da pregação?
Essas são as pessoas que me sugerem pensar no ministério?
As respostas a essas perguntas só surgem em meio a um envolvimento ativo no ministério de uma igreja local. Para receber confirmação pública, é preciso que haja ministério público. Esse ministério implica o uso dos dons e das habilidades que as pessoas possam identificar, ajudar a desenvolver e incentivar.
Sem essas capacidades, faltará confirmação. Assim, as habilidades são uma parte importante no processo de determinação do chamado.
HÁ um Anseio?
Em 1 Timóteo 3.1, o apóstolo Paulo escreve: “Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja”. A palavra traduzida por “deseja” (oregomai), que ocorre apenas três vezes no Novo Testamento. Este termo significa “distender-se para tocar ou pegar algo, buscar ou desejá-lo”. É o retrato de um atleta acelerando os passos para cruzar a linha de chegada. Esse vocábulo também aparece em 1 Timóteo 6.10, onde é traduzido por “cobiça” relacionada ao dinheiro, a este se devota tanto amor que passa a ser a própria raiz de “toda espécie de males”. O terceiro uso está em Hebreus 11.16, em que é traduzido por “desejar”, frase na qual o objeto do desejo é a “pátria celestial”.
Assim, cada contexto determina a legitimidade da distensão e da busca.
A segunda palavra que fala da compulsão interna em 1 Timóteo 3.1 é (epithumeõ), verbo que significa “colocar o coração, desejar, cobiçar, ambicionar”. A forma substantivada desse verbo tem em geral um sentido negativo, mas o sentido básico do verbo é bom ou neutro, significando um desejo particularmente forte. Essa aspiração pelo ministério é, portanto, um impulso interior que se expressa em desejo exterior.
Sanders observa que o objeto do desejo não é o ofício, mas o trabalho. Deve haver um desejo pelo serviço, não pela posição, fama ou fortuna. Assim, essa aspiração é boa, contanto que se tenha boas motivações.
Spurgeon oferece o seguinte conselho quanto ao desejo pelo ministério: Note bem, o desejo de que falei deve ser totalmente desinteressado. Se um homem perceber, depois do mais severo exame de si próprio, qualquer outro motivo que a glória de DEUS e o bem das almas em sua busca do episcopado, melhor será que se afaste dele de uma vez, pois o Senhor aborrece a entrada de compradores e vendedores em seu templo. A introdução de qualquer coisa que cheire a mercenário, mesmo no menor grau, será como um inseto no ungüento, estragando-o todo.
Esse desejo interior deve ser tão desinteressado a ponto de o líder aspirante não visualizar-se perseguindo outra coisa, exceto o ministério. “Não entre no ministério, se puder passar sem ele”, foi o sábio conselho de um velho pregador a um jovem quando indagado sobre sua opinião quanto a seguir o ministério.
Bicket disse: “Se você pode ser feliz fora do ministério, fique fora. Mas se veio o solene chamado, não fuja”. Bridges o considera “um desejo constrangedor... uma qualificação ministerial primária”
John MacArthur, Jr. Redescobrindo o Ministério Pastoral. Editora CPAD. pag. 125-132; 137-138.
A Chamada para o Ministério - SEU MÉTODO
DEUS chama homens para exercerem as mais distintas tarefas em sua obra, e, como Ele é soberano em seus desígnios, então não existe um método definido para a chamada divina. Existe, sim, o método divino, soberano e poderoso. A Bíblia registra a chamada de vários servos de DEUS, e, por uma questão didática apenas, queremos abordar este assunto sob dois aspectos:
a) Método direto - DEUS tem chamado homens de um modo direto. Entre esses, encontramos:
Noé. "Então disse DEUS a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens: eis que os farei perecer juntamente com a terra" (Gn 6.13). O tempo era terrível, pois a sociedade estava corrompida à vista de DEUS. A violência, a hostilidade e pecaminosidade eram o ambiente natural daquela época. Em meio a esse ambiente conturbado, DEUS chamou Noé e deu-lhe a ordem de construir uma arca. A chamada de Noé era para construir. Podemos imaginar as ironias, pressões, contestações e até mesmo hostilidades que Noé sofreu quando começou seu projeto de construir a arca. Certamente ele foi tido como louco, paranóico. Porém Noé tinha plena certeza de sua chamada e missão dadas diretamente por DEUS (Gn 6.8-12).
Abraão. "Ora disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei" (Gn 12.1). A chamada de Abraão era para deixar seu povo, sua cidade, seus parentes, amigos e até mesmo alguns bens, e ir para uma terra que ele não conhecia. Essa decisão exigiu fé e ousadia, e somente uma poderosa chamada de DEUS poderia arrancar Abraão de sua terra para ir em busca de uma nova terra. Os homens consideram isso uma aventura, um golpe no ar. Naquele tempo, certamente muitos amigos e parentes o aconselharam a abandonar essa ideia de ir para a terra prometida. Mas Abraão tinha certeza de sua chamada, e por isso, obedeceu (Gn 12.4).
Moisés. "Vem, agora, e Eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito" (Êx 3.10). Moisés fracassou em sua primeira tentativa de ajudar seu povo (Êx 2.11-13), e, sem dúvida, esse revés marcou sua vida, e ele passou a se julgar incapaz para qualquer tipo de empreitada dessa ordem. A chamada de Moisés contém o antídoto para sua frustração interior. DEUS o chamou, primeiramente para si: "Vem, agora" e se identificou como o DEUS de seus pais, Abraão, Isaque e Jacó (Êx 3.1-22). Moisés precisava conhecê-lo. Ele não tinha nenhuma experiência com DEUS, a não ser os ensinamentos da infância, recebidos de sua mãe. Quem é chamado por DEUS deve conhecê-lo. Em segundo lugar, DEUS o enviou e o comissionou: Essa extraordinária chamada é que deu condição a Moisés de realizar tão notável empreendimento.
Samuel. "Todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado como profeta do Senhor" (1 Sm 3.20). Os filhos de Eli, que seriam seus sucessores, tinham se tornado execráveis diante de DEUS e do povo, em virtude dos abusos que praticavam, violando a Lei, que deviam cumprir e ensinar, e fazer o povo obedecer. Por esse motivo, a palavra do Senhor se tornou rara em todo o território de Israel, isto é, não havia profetas nem profecias. DEUS se revelou a Samuel e lhe fez ciente de seu juízo sobre os filhos de Eli (1 Sm 3.1-14). Essa experiência foi básica na qualificação de Samuel para o ministério profético. O resultado é visto quando Samuel, já velho, resigna seu cargo, e faz um balanço da sinceridade, austeridade e santidade de sua vida ministerial (1 Sm 12.1-4).
Isaías. "Vai, e dize a este povo..." (Is 6.9). A chamada de Isaías deu-se em meio a uma visão maravilhosa, onde se destaca a santidade do Senhor. Na visão, Isaías se conscientiza de três coisas: - DEUS é SANTO; ele (Isaías) é impuro e o povo está desviado dos retos caminhos do Senhor (Is 6.1-8). Essa visão marca todo o ministério profético de Isaías, o que é demonstrado ao longo de seu livro. Ele compreende a grandeza da glória, perfeição, justiça e santidade de DEUS, e, ao mesmo tempo, conhece a necessidade de seu povo - a redenção (Is 59). A chamada de Isaías é muito semelhante à chamada neotestamentária: O pregador precisa conhecer a justiça de DEUS e a necessidade do pecador, e a redenção em CRISTO.
Os apóstolos. "E JESUS disse: Vinde após mim, e Eu farei que sejais pescadores de homens" (Mc 1.17. Leia ainda Mateus 4.18-22; João 1.35-42). O Senhor chamou pessoalmente a cada um dos doze apóstolos. Houve o momento, inclusive, em que eles faziam parte de um número bem maior de discípulos, porém o Senhor JESUS fez questão de separá-los novamente e fazer uma designação específica - apóstolos (Lc 6.12-16). - Por que o Senhor JESUS fez tanta questão de chamá-los pessoalmente e ficar tanto tempo com eles? - Não temos dúvida de que a missão era por demais importante. Estes onze judeus iriam mudar o curso da história da humanidade. A maioria deles, e outros que seriam chamados posteriormente, haveriam de escrever com o próprio sangue algumas páginas da História. Por esse motivo, justifica-se o empenho do Mestre divino em chamá-los e prepará-los.
Paulo. "Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial" (At 26.19). O arrogante Saulo se considerava justo diante de DEUS, pela justiça da Lei (Fp 3.6) e achava que, matando os cristãos, estava prestando grande serviço a DEUS (At 8.1,3; 9.1,2). Não seria qualquer chamada que iria mudar a vida e os propósitos deste homem. Por isso, o Senhor JESUS providenciou uma chamada inusitada. O impacto daquele encontro com o Senhor foi tão marcante que o transformou completamente (At 9.3-19). A conversão de Paulo tornou-se no acontecimento mais importante desde o Pentecoste até nossos dias. Está narrada três vezes (At 9.1-18; 22.1-11; 26.12-18). Logo após essa extraordinária conversão, Paulo já começou a testemunhar de CRISTO. Alguns dias depois de sua conversão, Paulo foi encaminhado para sua terra natal, a cidade de Tarso. Dez anos mais tarde, Barnabé foi buscá-lo, e é nessa época que Paulo inicia seu ministério apostólico (At 9.30; 11.25,26).
b) Método indireto - DEUS não somente chamou de forma direta, mas também vemos na Bíblia que Ele usou método indireto com grande objetividade.
José. Ainda moço, José teve alguns sonhos que indicavam sua proeminência ou liderança sobre seus irmãos, porém, não se tratava de uma chamada definida (Gn 37.5-10).
Analisemos as fases da vida de José: a) Odiado e vendido pelos seus irmãos, b) De filho, transformado em escravo, c) Acusado injustamente, tornou-se prisioneiro no calabouço do rei egípcio, d) De prisioneiro, é elevado a primeiro-ministro do Egito. O Egito na época de José era governado pelos hicsos e os Faraós eram considerados divinos, com poderes absolutos. Governar essa nação já era uma tarefa difícil, muito mais ainda em duas fases distintas: uma de fartura e outra de extrema fome. Quando examinamos as fases da vida de José, verificamos que não passam de um árduo e difícil treinamento, com o objetivo de moldar o caráter desse servo de DEUS. Entre outras coisas, José aprendeu: - o que os homens são capazes de fazer, quando são alimentados pelo ódio, interesses, cobiça e inveja; - o que DEUS é capaz de realizar em favor e através de seus servos. Nesse período de provação, José teve oportunidade de demonstrar fidelidade em momentos e lugares difíceis (Gn 39.1-6, 20-23); e de não ceder à tentação (Gn 39.7-13). Por causa dessa chamada divina, José foi um líder sábio e justo, glorificando a DEUS em sua proeminente missão no Egito. Aleluia!
Josué. "Então disse o Senhor a Moisés: toma para ti a Josué, filho de Num, homem em quem há o ESPÍRITO, e põe a tua mão sobre ele" (Nm 27.18; Nm 27.15-23; Dt 1.38; 3.21; 31.7,8). Josué é fruto de discipulado. Ele esteve ao lado de Moisés desde o início da jornada no deserto. A primeira missão que lhe coube foi selecionar homens para guerrear contra Amaleque (Êx 17.9). Em seguida, ele aparece como servidor de Moisés (Êx 24.13; 32.17; 33.11; Nm 11.28). Esteve presente em todos os momentos críticos da jornada pelo deserto. Com isso, no serviço e na obediência prática, ele se transformou em um grande líder: "E Josué, filho de Num, estava cheio de espírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha posto sobre ele as suas mãos; assim os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram como o Senhor ordenara a Moisés" (Dt 34.9).
Grandes homens de DEUS aprenderam o discipulado com seus líderes espirituais. Durante anos, tiveram a oportunidade de demonstrar obediência, fidelidade e submissão. Quando foram chamados a ocupar a liderança, estavam preparados, e DEUS lhes falou, e confirmou a chamada para sua obra. O grande empecilho hoje é que muitos não querem esperar, obedecer, e submeter-se. Por isso são rejeitados.
Timóteo: "Saúda-vos Timóteo, meu cooperador..." (Rm 16.21). Timóteo é o exemplo típico do ministro do Novo Testamento, fruto do discipulado contínuo. Desde jovem tornou-se companheiro e cooperador do apóstolo Paulo (At 16.1; 17.14; 18.5; 19.22; 20.4). Mirou-se no exemplo, firmeza e fidelidade do grande apóstolo. A palavra enxertada por sua piedosa mãe, na infância, teve terreno e ambiente fértil para desenvolver-se. Paulo o chama de: "Meu filho amado e fiel no Senhor" (1 Co 4.17); "ministro de DEUS... no evangelho de CRISTO" (1 Ts 3.2) e, ainda, de "verdadeiro filho na fé" (1 Tm 1.2). Estas expressões demonstram o apreço que o apóstolo tinha por Timóteo, e também o seu caráter. Com o passar dos anos, não foi difícil a Timóteo compreender sua chamada ministerial.
SUA RAZÃO - Por que é importante a chamada divina para o ministério? Qual a razão da chamada? Ao descrevermos as chamadas de alguns servos de DEUS, tivemos o propósito de, pelo menos parcialmente, responder a essas perguntas. Resumindo, podemos dizer que a chamada divina tem alguns propósitos importantes: 1 - Esclarecer que o ministério, seja qual for, nunca foi uma profissão na Antiga Aliança, muito menos na atual dispensação. Na Antiga Aliança o sacerdócio era privativo dos filhos de Arão, e os profetas eram chamados pelo Senhor. O ministério neotestamentário é um dom e uma vocação de DEUS. "E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres" (Ef 4.11).
A partir desta premissa básica, o homem chamado pelo Senhor deve estar consciente de que:
a) Do Senhor vem a recompensa (1 Pe 5.2-4).
b) Pelo Senhor ele será julgado (1 Co 4.3-5).
2 - A certeza da chamada de DEUS faz o servo do Senhor superar obstáculos considerados, pelo homem comum, insuperáveis ou além de qualquer possibilidade humana, senão vejamos:
a) Como compreender a posição de Moisés diante das rebeliões e tumultos que ele enfrentou no deserto? (Nm 12.1-16; 14.1-9; 16.1-19.) Como entender sua fervorosa oração intercessória quando DEUS quis destruir o povo israelita e fazer dele um novo e grande povo? (Nm 14.10-19.) Só um homem vocacionado por DEUS poderia ter capacidade, calma e equilíbrio para vencer nesses momentos críticos. Moisés não era um super-homem, mas era um homem chamado pelo Senhor.
b) Como entender a perseverança de Paulo, que foi dado por morto, depois de ser apedrejado pelos judeus opositores do evangelho da graça, em continuar na sua missão de pregar essas boas-novas? (At 14.19-22.) Inúmeros outros exemplos poderiam ser citados. Homens, que, no dizer do escritor da carta aos Hebreus, "por meio da fé, subjugaram reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam bocas de leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada; da fraqueza tiraram força; fizeram-se poderosos em guerra..." (Hb 11.33,34.)
3 - A chamada é acompanhada da missão. Ninguém que é chamado pelo Senhor vive de um lado para outro, de um trabalho para outro, sem nunca ter certeza da vontade de DEUS. DEUS, quando chama, comissiona seu servo para uma missão específica.
SUA OCASIÃO - Se DEUS chama como quer, isto é, de modo soberano, é lógico que Ele também chama quando quer. Não há faixa etária privilegiada, como vemos a seguir:
a) Desde o ventre, o Senhor chamou Jeremias (Jr 1.5) e Paulo (Gl 1.15,16).
b) O Senhor chamou Samuel, sendo este bem jovem (1 Sm 3.3,4,20); também Davi (1 Sm 16.11-13) e, possivelmente, Timóteo (At 16.1-3). Em qualquer época de nossa existência, o Senhor pode nos chamar para o ministério ou para o cumprimento de uma missão em particular. É evidente que, na maioria das vezes, o Senhor desperta seus servos, em plena juventude para a obra do ministério, o que lhes proporciona tempo para a preparação em escolas teológicas, no discipulado, nas atividades auxiliares da igreja. Quanto às circunstâncias das chamadas registradas no texto sagrado, são as mais variadas possíveis. O Senhor chamou Davi quando cuidava do rebanho de seu pai (1 Sm 16.11); Eliseu quando andava lavrando com doze juntas de bois (1 Rs 19.19-21); Paulo a caminho de Damasco, com o objetivo de prender cristãos (At 26.12-16).
SUA NATUREZA - Quanto à natureza intrínseca, a chamada para o ministério neotestamentário apresenta as seguintes características:
a) Divina. A responsabilidade da chamada ministerial é do Senhor; "e Ele mesmo concedeu uns para..." (Ef 4.11). Não se trata de uma incumbência dada por convenção, concílio ou igreja. Embora que estes possam ser instrumentos de DEUS na chamada de alguém.
b) Pessoal. A chamada para a salvação é universal. É para todos. A chamada para o ministério é pessoal; DEUS tem o ministério ou missão certa para a pessoa certa. Ele é onisciente, conhecendo a capacidade de cada um, por isso, na distribuição dos talentos, estes são distribuídos segundo a capacidade de cada um (Mt 25.14,15). As responsabilidades diferem, por isso o Senhor chama o seu servo para o ministério e designa-lhe o lugar ou a missão, respeitando a sua capacidade, as suas características pessoais. A Paulo foi dado o ministério entre os gentios (At 9.15); a Pedro o ministério entre os judeus.
c) Soberana. A soberania de DEUS é ainda pouco entendida por muitos, e, para se começar a entendê-la, é necessário que levemos em conta alguns aspectos acerca da personalidade do Senhor: - Ele é a origem de todas as coisas. "Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro lhe deu a Ele para que lhe venha a ser restituído? (Rm 11.34,35. Ler ainda Isaías 40.13; segunda Coríntios 2.16.) - Ele é soberano porque a sabedoria e o poder são atributos de sua pessoa (Jo 9.4; Dn 2.20). - O servo do Senhor, ao ser chamado, deve aceitar com humildade, submissão, e como ato de soberania divina. Certamente não conseguirá respostas para muitas indagações imediatas. Só com o correr do tempo entenderá os desígnios do Senhor (Is 55.8,9; 1 Co 2.16).
d) Definitiva. A chamada para o ministério é também uma chamada para o discipulado. Logo, esta chamada envolve algumas condições indispensáveis, tais como: - Que o ministro exerça seu ministério sem interesse de recompensa material (Lc 9.57,58). - Que a prioridade maior entre as suas atividades seja o próprio Senhor JESUS. (Veja como Ele recusou o segundo lugar na vida de duas pessoas que queriam segui-lo. Lc 9.59-62). - Que haja no ministro abnegação e renúncia. Em primeiro lugar estará a vontade do Senhor (Mt 16.24; Lc 14.26,33). A chamada para o ministério é definitiva. Aquele que é chamado não pode impor condições. Pelo contrário, deve agradecer a DEUS o privilégio de ser chamado, como o fez Paulo (1 Tm 1.12,13).
Mendes, José Deneval, Teologia Pastoral. Editora CPAD. pag. 11-19.
2. Qualificações.
I Tm 3.7 Mas ele também precisa ter um bom testemunho dos de fora, a fim de não cair na difamação e no laço do diabo.
Já em sua carta mais antiga o apóstolo exorta a congregação para que tenha uma “conduta decente (honrada)” aos olhos dos de fora. Não ser tropeço nem causar escândalo! Essa exortação vale para a conduta diante de todos: judeus, gregos, cristãos. Isso não tem nada a ver com uma falsa adaptação aos padrões e costumes do mundo, porque a igreja deve ser irrepreensível e pura em meio a esta geração pervertida e corrupta. Suas boas obras devem poder ser vistas à luz do dia e se diferenciar das inúteis obras das trevas. Porque “enquanto os cristãos se preocupam sacerdotalmente pelo mundo, o mundo lança o afiado olhar da hostilidade sobre a igreja, a fim de encontrar pontos vulneráveis. Por isso não será recomendável colocar na liderança da igreja homens que eram notórios na cidade por seus pecados ou fraquezas passadas, ainda que se tenham emendado sinceramente”.
Os de fora na realidade estão fora da igreja, mas nem por isso fora do alcance do juízo e da graça de DEUS. Os que estão fora da igreja possuem uma percepção implacável e um juízo insubornável para os pecados daqueles que se dizem cristãos. Com essa atitude na verdade condenam a si mesmos, porque confessam que sabem muito bem o que é certo e como deveriam viver. Contudo, isso não desculpa a igreja. Ela mesma deve manter um juízo vigilante acerca das próprias transgressões e por isso ir com humildade e mansidão ao encontro dos “de fora”.
Quando se pondera como os meios de comunicação de massa vasculham a vida passada e atual de líderes políticos, econômicos e religiosos com a criatividade de um detetive, desnudando-a em público (em geral por motivos ignóbeis de luta pelo poder), torna-se ainda mais atual a exigência do bom testemunho de fora. Pois quando a difamação circula em lugar do bom testemunho, ela pode influir de modo tão terrível sobre o envolvido que lhe rouba a fé no perdão de DEUS, lançando-o no desespero. Como uma mosca na teia da aranha, ele ficará então emaranhado nos laços do diabo, do acusador originário.
A lista das 16 “virtudes” começa de forma aparentemente inofensiva com a irrepreensibilidade como premissa fundamental para o serviço de presidente. O catálogo termina com a condição quase idêntica do bom testemunho dado pelos de fora da igreja, anunciando surpreendentemente a verdadeira razão e a grave conotação de toda a listagem: laço e juízo do diabo, esses são a ameaça e o risco reais daquele que visa servir a outros sendo seu presidente. Enquanto assim se abre a visão para o pano de fundo da sedução demoníaca, o catálogo de virtudes perde sua limitação helenista e o sabor pequeno-burguês resultante da apreciação meramente superficial.
Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.
Esta determinação lembra uma situação nos procedimentos de nosso Senhor com seus seguidores, relatada em Lucas 10.17-20. Os setenta haviam acabado de voltar de sua missão designada e estavam exultantes com o fato de que “até os demônios se nos sujeitam”. JESUS não reprovou imediatamente o orgulho espiritual principiante, mas observou um tanto enigmaticamente: “Eu via Satanás, como raio, cair do céu”. E completou: “Eis que vos dou poder [...] [sobre] toda a força do Inimigo. [...] Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos”. Foi o orgulho que custou a Lúcifer o seu lugar nas hostes celestes, e esta foi a condenação do diabo. O ministro cristão tem de estar atento para que o orgulho não o compila a participar desta condenação.
Resta ainda uma especificação final para aquele que deseja servir na posição de bispo ou líder: Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço (“armadilha”, NTLH) do diabo (7). O ministro cristão tem de inspirar o respeito e a confiança da comunidade fora da igreja, caso deseje ganhar as pessoas dessa comunidade para a igreja. E fácil dizer: “Não me importo com o que as pessoas pensem de mim”; e contanto que essa atitude seja devidamente planejada e corretamente compreendida, justifica-se. Mas ninguém deve ser indiferente à sua reputação na comunidade em que vive. Ele deve desejar veementemente que as pessoas o considerem inteiramente acima de repreensão. Ver a questão de outro modo, diz Paulo, é expor-se à mesma armadilha que aguarda o indivíduo cujo espírito está arruinado pelo orgulho espiritual.
J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 472.
I Tm 3.7. Como líder e representante do seu rebanho, o superintendente deve ter bom testemunho dos de fora, i. é, entre os não-cristãos, judeus e pagãos, na localidade. É sempre importante para os cristãos, conforme Paulo frequentemente impressionava sobre seus correspondentes (1 Co 10:32; Fp 2:15; Cl 4:5; 1 Ts 4:12; também 6:1; Tt 2:5) ter este alvo, e isto se aplica especialmente aos clérigos, por cujo caráter e conduta o mundo tende a julgar a igreja. O pastor que fracassa com respeito a isto está propenso a cair no opróbrio, visto que os de fora que têm antipatia pela igreja aplicarão a interpretação mais desfavorável à sua mínima palavra ou ação. Neste caso, é bem possível que ele caia no laço do diabo. Esta última frase poderia sei traduzida “aimadilha armada pelo caluniador”, e esta tradução às vezes tem sido aceita. Deve ser objetado, no entanto, que isto não somente dá a diabolos (no singular) um sentido muito improvável, como também acrescenta pouco ou nada a cair no opróbrio. Do outro lado, o quadro do diabo armando laços para desacreditar o superintendente, e através dele a igreja, está em harmonia com 2 Tm 2:26, e também com o conceito geral das suas atividades exposto nas Pastorais.
John Norman Davidson Kelly. Introdução e Comentário. I, II Timóteo e Tito. Editora Vida Nova. pag. 81.
I Tm 6.11 Ó homem de DEUS: antes de recorrer a paralelos helenistas é preciso considerar que a locução é conhecida na tradução grega do AT: para Moisés, para um profeta desconhecido, para Davi, o rei ungido. O homem de DEUS é o pneumatikós, que está pleno do ESPÍRITO de DEUS. Uma comparação com 2Tm 3.17 sugere ver no “homem de DEUS” o exemplo de todos que, dotados do ESPÍRITO, igualmente são “pessoas de DEUS”. Pessoa de DEUS (QI 31a) contrasta com pessoas do “deus Mamom”, com pessoas do deus estômago. Compare-se também “homem da iniqüidade”, “filho da perdição”.
Foge dessas coisas: talvez se tenha em vista todos os vícios listados em 1Tm 6.4s ou em especial o amor ao dinheiro. Fugir, escapar, buscar a salvação na fuga parece ser covarde e não-heroico. Foi assim que agiram os discípulos, quando abandonaram a JESUS: fugiram. O mau pastor foge diante dos lobos vorazes. Entretanto, diferente é a questão na esfera moral. Aqui a fuga pressupõe uma determinação máxima. JESUS escapa daqueles que queriam transformá-lo em rei. Fugir contém o sentido: tomar distância, evitar, abster-se, retirar-se, recear. Idolatria, avidez, dissolução, são poderes a cuja atração demoníaca somente se pode resistir através da decidida fuga sem olhar para trás. Somente fugindo para DEUS e submetendo a impotência pessoal e todos os poderes à potente mão de DEUS é possível resistir ao diabo pela fé. Fugir de uma casa em chamas não é covardia, mas ação imediata e corajosa. Foge – corre atrás! Não é assim que escreve alguém que pensa em acomodar-se. A sagrada premência impele para a decisão.
Corre atrás!
Parágrafo após parágrafo da carta refuta a insustentável alegação de que nas pastorais é possível notar uma “conotação de acomodação”, um “afrouxamento da energia da fé”. Muito pelo contrário: a carta nos diz que é necessária a fuga decidida da voragem destruidora e do fascínio de poderes demoniacamente intensificados, bem como a corrida igualmente decidida atrás do bem. Ficam excluídas a vida e a acomodação neutras entre as duas alternativas. O discipulado não se transformou em um aprazível passeio, mas em uma corrida que requer empenho máximo (QI 15d).
Atrás da justiça: na acepção mais ampla, o que é reto perante DEUS e os humanos, porém não a virtude produzida pelo próprio ser humano, mas o fruto educativo da graça naqueles que foram redimidos para formar o povo da propriedade dele. Posicionada no começo, a palavra justiça com certeza possui o sentido absoluto, usual em Paulo, da justiça concedida e efetuada por DEUS mediante a fé.
Atrás de beatitude: A devoção não representa uma posse sólida, adquirida de uma vez por todas. Somente quem se exercita constantemente nela (1Tm 4.7), que corre atrás dela, é inserido por meio dela no mistério de DEUS que abarca o tempo e a eternidade (1Tm 3.16), na verdadeira autarquia (1Tm 6.6), ou seja, na transbordante vida do amor (QI 15).
Fé, amor, paciência: uma comparação com 1Ts 1.3 mostra que a “paciência”, mencionada junto com fé e amor, traz dentro de si a perspectiva e expectativa da esperança (QI 14).
Mansidão: JESUS declara bem-aventurados os mansos e designa a si mesmo de manso. Aquele que escapa de todas as escravizações consegue perseguir, com autêntica liberdade, alvos humanamente dignos. O manso é capaz de lutar corretamente. A “lista de virtudes” não foi acolhida ou compilada aleatoriamente, pois justiça e beatitude, fé, amor, esperança (paciência) e a mansidão que vive da esperança no poder e na intervenção de DEUS visa integralmente a Timóteo. Quando correr atrás dessa realidade de vida determinada por DEUS, ele poderá enfrentar os vícios dos hereges e atuar em sentido construtivo para a igreja. Ao invés de especulações inúteis, de uma devoção extravagante e mentirosa, devem concretizar-se em Timóteo as palavras elementares do Senhor, que levam à convalescença, e por intermédio dele, na igreja que lhe foi confiada.
12 Combate a boa luta da fé: somente com base na profecia oriunda do ESPÍRITO e mediante uma transmissão de poder constantemente ativada a luta pode ser uma luta boa, porque não se trata de uma luta absurda, que leva à derrota temporal ou eterna. O lutador luta a partir da fé e não em busca da fé. Seja na disputa esportiva, seja na guerra: só o lutador que vive na disciplina participa da vitória.
Toma posse da vida eterna: agarrar como troféu da vocação, tomar nas mãos para apropriar-se. Deve agarrá-lo lutando na fé como alguém dotado do ESPÍRITO e chamado para a vida eterna. Agarra a vida eterna! Um imperativo de intensidade máxima, uma convocação para a ação varonil. Agarra agora a vida verdadeira e plena, para a qual DEUS te chamou! Quando, se não hoje? Não corras atrás de uma vida de ilusão.
Sê sóbrio: agarra a vida verdadeira; DEUS ta doou; está aí. Torna-te o que és – um homem de DEUS!
Para a qual foste chamado: forma passiva, um linguajar semita, para evitar o nome de DEUS, ou seja, para não escrevê-lo: para a qual DEUS te chamou. Nem lutar nem correr atrás torna uma pessoa digna da vida eterna.
Quando fizeste a boa confissão perante muitas testemunhas: a confissão não é um ato do passado, mas deve ser proferida de novo agora e até a última hora. A luta da fé é boa, porque a confissão é boa, inclusive quando o mundo a considera com desprezo. Os cristãos tinham de prestar contas de sua fé diante dos juízes seculares. Nessa situação não cabiam especulações nem sutilezas teóricas, estavam em jogo vida e morte. Quem confessava JESUS como seu Senhor colocava em cheque os senhores deste mundo, que demandavam autoridade divina. Por isso não se fala aqui de uma confissão tradicional e corriqueira sem maiores conseqüências. O olhar para JESUS, que se deparava com Pilatos, proíbe qualquer leviandade.
Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.
Fuja e Siga (6.11)
Depois de pintar em cores tão sombrias os males do desejo de lucro, o apóstolo volta a lidar com o bem-estar espiritual de Timóteo: Mas tu, ó homem de DEUS, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade (“o amor”, ACF, AEC, BJ, CH, NTLH, RA), a paciência, a mansidão. Paulo não poderia ter feito apelo mais eloqüente que este no qual ele distingue Timóteo como homem de DEUS. Esta era a descrição habitual dos servos de DEUS no Antigo Testamento. Ao usar esse título, o apóstolo fala da dignidade, da responsabilidade sublime e solene do cargo que Timóteo mantinha e que é mantido igualmente por todo líder cristão. A determinação de Paulo é: Foge destas coisas. O significado não é fugir somente da sedução das riquezas, mas de todas as atitudes más que foram expressas desde o capítulo 4. Há uma antítese interessante na ordem de fugir destas coisas e, de outro lado, seguir as virtudes particularmente designadas. É uma lista notável de virtudes que Paulo quer infundir. A lista começa com justiça, a mais inclusiva das virtudes; significa dar a DEUS e aos homens o que lhes é devido. As três virtudes seguintes formam um grupo dirigido a DEUS. Piedade é a consciência reverente que tudo na vida é vivido na presença e sob os olhos de DEUS. Fé é a fidelidade que nos mantêm firmes, mostrando lealdade a DEUS em todas as situações. Amor (ágape) é a expressão de gratidão e louvor de nossa alma pela maravilha da graça redentora. Por fim, Paulo infunde paciência e mansidão, que podem ser traduzidas por “firmeza” (CH; “constância”, BAB, RA; “perseverança”, NVI); e “bondade” (RSY). Estas são as características da vida cristã conforme é vivida em contato e companheirismo com as pessoas. O contraste entre estas virtudes e os males que Paulo denuncia não podia ser mais impressionante.
Milite a Boa Milícia (6.12)
Este versículo nos traz a imagem mental de um treinador instilando coragem e espírito de luta em seu time pouco antes do início de um jogo decisivo: Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas (12). Afigura de linguagem que o apóstolo usa é derivada mais das competições esportivas do século I do que da vida militar. Devemos entender que o verbo milita é a luta agonizante requerida caso a pessoa quisesse vencer uma partida de luta romana. Paulo se servia de analogias visuais, tanto da vida do soldado quanto da do atleta. Todo cristão é chamado a batalhar a luta pessoal contra o mal em todas as suas formas. E, como destaca Kelly, “é de propósito que o imperativo está no presente, indicando que a luta é um processo contínuo. Por outro lado”, continua Kelly, “o imperativo aoristo ‘toma posse’ sugere que Timóteo pode tomar posse da vida eterna (aqui concebida como o prêmio para o evento esportivo) imediatamente e em um único ato”. Assim, o atleta cristão desfruta do prêmio ao mesmo tempo em que ainda se engaja na competição.
Paulo diz que Timóteo foi chamado para esta campanha vitalícia. Na verdade, ele possuía um chamado duplo: o chamado para seguir a CRISTO, que foi selado na confissão pública de fé no batismo; e o chamado para pregar o evangelho, a cuja tarefa ele fora ordenado pelo próprio apóstolo e colegas que o ajudavam. Muitos intérpretes acham difícil determinar a qual destes chamados se refere a frase final do versículo. Esta tradução interpreta que o chamado ocorreu “quando você deu o seu belo testemunho de fé na presença de muitas testemunhas” (12, NTLH). Contudo, seria mais adequado considerar que essa frase final é outra alusão que o apóstolo faz à ordenação que ele freqüentemente menciona (e.g., 4.14).
J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 497-498.
À medida em que sua carta vem chegando ao fim, Paulo dirige um apelo direto ao próprio Timóteo. A nota fortemente pessoal nele é inconfundível; é forçar demasiadamente a passagem interpretá-la como uma exortação ao pastor típico, e a sobrecarga na passagem fica sendo ainda maior se considerarmos que “Timóteo” representa o discípulo cristão em geral.
11. As palavras iniciais, Tu, porém, são enfáticas; formam uma nítida antítese com alguns no versículo anterior, e talvez também com se alguém em 3. A conduta de Timóteo, e os princípios sobre os quais ele a baseia, devem ser exatamente os opostos daqueles dos bancarrotas morais que acabam de ser descritos. O título homem de DEUS é aplicado a ele deliberadamente. Tem a conotação de que está no serviço de DEUS, que representa a DEUS e que fala em Seu nome, e é admiravelmente apropriado a alguém que é um pastor (cf. 2 Tm 3:17). Uma tentativa tem sido feita, com a ajuda de paralelos de Filo, da literatura hermética, e da Epístola de Aristéias, de dar à expressão um significado semimístico, como se o “homem de DEUS” significasse o cristão batizado em geral. Tais subtilezas, no entanto, são desnecessárias e artificiais, pois “homem de DEUS” é regularmente usado no A.T. para designar os servos e agentes de DEUS; cf. Dt 33:1 e Js 14:6 (Moisés); 1 Sm 9:6 (Samuel); 1 Rs 17:18 (Elias); 2 Rs 4:7 (Eliseu); Ne 12:24 (Davi).
Timóteo, por ser consagrado ao serviço de DEUS, deve fugir destas coisas, i.é, primeiramente o amor ao dinheiro e os males dos quais ele é a causa radical, mas também, sem dúvida, os caminhos falsos e desastrosos que os sectários encorajam. Ao invés disto, deve seguir (“ter como alvo”, um uso bem paulino; cf. Rm 9:30; 12:13; 14:19; 1 Co 14:1; Fp 3:12, 14) a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão. A lista de qualidade é escolhida tendo em vista a necessidade de Timóteo no seu cargo pastoral. Achamos a justiça e a piedade formando um par, na forma de advérbios, em Tt 2:12. A palavra grega para a primeira (dikaiosunè) não significa a justiça no sentido caracteristicamente paulino nem, mais estreitamente, a justiça rigorosa em contraste com a gula e a concupiscência dos sectários. É uma palavra geral para a conduta que é totalmente reta e imparcial com relação a todos os membros da comunidade: cf. 2 Tm 2:22; 3:16. Com piedade (mais uma vez sua palavra predileta eusebeia) Paulo denota uma atitude religiosa devota e inteiramente correta: ver sobre 2:2.
A tríade fé, amor, constância volta a ocorrer em Tt 2:2; também é achada em 1 Ts 1:3. As duas primeiras palavras representam, é lógico, as graças cristãs supremas; tendo em conta a posição especial de Timóteo, como defensor da fé contra o erro e também como delegado apostólico, é muito apropriado que a constância e a mansidão sejam acrescentadas. Aquela palavra é freqüentemente usada por Paulo no sentido de um esforço perseverante; esta (Gr. praüpathia) é um hapax do N.T., mas o Apóstolo estava familiarizado com seu cognato praütès (e.g. 2 Co 10:1;G1 5:22).
Às vezes é argumentado (ver a Introdução, págs. 25,27) que o tratamento aqui de fé e amor, que para Paulo abrangiam a tudo, como sendo virtudes específicas que podem ser catalogadas juntamente com outras, é um traço espalhafatosamente não-paulino. Devemos, no entanto, observar que as duas, sem qualquer indicação de precedência, figuram na lista miscelânea do “fruto do ESPÍRITO” em G1 5:22. A objeção de que “para Paulo, estas são as dádivas de DEUS, não as realizações humanas” (F. D. Gealy) é igualmente superficial. Se for necessário sermos literais, o próprio Paulo aconselhou os coríntios, com linguagem idêntica, “Segui o amor” (1 Co 14:1). De modo mais geral, a doutrina da primazia da graça não exclui todo o conselho e a exortação.
12. As palavras de desafio que se seguem, Combate o bom combate da fé, trazem à mente o quadro de uma competição de luta-livre ou dalgum outro evento de atletismo; conforme procura ressaltar nossa tradução: “Desempenha tua parte na nobre competição da fé”, a metáfora é tirada do esporte, e não da guerra. Para o uso das analogias do esporte, da parte de Paulo, ver sobre 4:7;cf. também 1 Co 9:24ss.; Fp 2: 16; 3:12-14; 2 Tm 4:7. Paulo o chama o combate da fé, ou porque é a luta que a fé verdadeira empreende contra o erro, ou, mais provavelmente, porque tem em mente “a guerra pessoal contra o mal à qual todo cristão é conclamado” (J. H. Bernard). O imperativo está deliberadamente no tempo presente, o que indica que a luta será um processo contínuo.
Do outro lado, o imperativo no aoristo Toma posse sugere que Timóteo pode apoderar-se da vida eterna (aqui concebida como sendo o prêmio para o evento atlético) imediatamente, num único ato. Destarte, é alguma coisa que o cristão que leva a sério as exigências da sua fé pode desfrutar em certa medida aqui e agora. Não há contradição entre isto e o ensino de Paulo noutros lugares. Se em Rm 6:22 e G1 6:8 fala da vida eterna como sendo uma bênção que o crente fiel ceifa no fim, há outras passagens (e.g. Rm 6:4; 2 Co 4:10-12; Cl 3:3-4) em que concebe da nova vida em CRISTO como sendo uma realidade presente.
Duas razões obrigatórias porque Timóteo deve empreender-se nesta luta vitalícia são (a) que DEUS e (b) que publicamente reconheceu e aceitou aquela chamada. Quanto, à chamada de DEUS, cf. 1 Co 1:9; 2 Ts 2:14. A ocasião em que Timóteo a aceitou foi quando fez a boa confissão, perante muitas testemunhas. Esta expressão às vezes tem sido explicada como sendo uma referência ou à sua ordenação ou à sua corajosa confissão de CRISTO ao ser perseguido e arrastado diante dos magistrados civis (cf. Hb. 13:23 para uma menção da sua prisão). A primeira não é especialmente apropriada para o contexto, que diz respeito à chamada de Timóteo para ser cristão (este é, por certo, o significado de ser chamado para a vida eterna), não para ser ministro de DEUS. De qualquer maneira, não temos razão para supor que uma solene confissão de fé em CRISTO fosse exigida na ocasião da ordenação de um ministro: nenhum indício disto aparece nos relatos antigos do rito. A segunda explicação parece ainda menos apropriada, pois um comparecimento diante de um magistrado dificilmente pode ser chamada uma convocação à vida eterna. Além disto, se Timóteo tivesse sofrido desta maneira, e se mostrasse corajoso, teríamos esperado alguma alusão mais direta ao assunto nas cartas, especialmente tendo em vista que elas tendem a ressaltar a sua timidez. Talvez o único pormenor a favor desta exegese seja o paralelismo com o v. 13, que possivelmente (mas ver abaixo) relembre o julgamento de CRISTO diante do governador romano. Embora isto sugira, no entanto, que as duas confissões sejam paralelas, é desnecessário procurar um paralelismo rigoroso nas situações também.
Muitos mais plausível do que qualquer destas interpretações é aquela que identifica a boa confissão de Timóteo com a profissão de fé que fez no seu batismo. Esta, acima de todas, era a ocasião em que se podia dizer que o cristão aceitou a chamada à vida eterna, e na igreja primitiva este sacramento era administrado publicamente diante da congregação reunida, i. é, perante muitas testemunhas. Desde os tempos mais antigos, seu clímax era uma solene afirmação de fé por parte do candidato, e Paulo quase certamente está citando semelhante afirmação, ou uma seleção de uma delas, quando escreve (Rm 10:9): “Se com a tua boca confessares (o verbo que emprega, Gr. homologein, é o cognato do subs. homologia traduzida confissão aqui) a JESUS como Senhor, e em teu coração creres que DEUS o ressuscitou dentro os mortos, serás salvo.” Nenhum argumento pode ser trazido de 2 Tm 3:15 contra esta exegese, porque, embora este trecho revele que Timóteo tinha sido instruído nas Escrituras desde a infância, não dá a entender de modo algum que tivesse sido batizado na infância, o que, em quaisquer circunstâncias, é extremamente improvável. O fato de que Paulo coloca o artigo definido antes de a boa confissão confirma que está falando de uma fórmula que tem um caráter reconhecido e oficial.
John Norman Davidson Kelly. Introdução e Comentário. I, II Timóteo e Tito. Editora Vida Nova. pag. 131-134.
3. Comprometidos com a Palavra.
I Tm 3.2 O presidente, pois, deve ser irrepreensível. Essas palavras não instituem o presidente nem seu ministério, mas o pressupõem, e isso sem qualquer ênfase, como em Fp 1.1. Em primeiro lugar se falou do “sacerdócio de todos os fiéis” (cap. 2) e agora de seus servos, em plena concordância com 1Co 3.5. Podemos chamar a lista subseqüente de “catálogo de virtudes”, em contraposição ao chamado “catálogo de vícios”. Chama atenção que não se fazem exigências especiais, exceto, talvez, de “apto para ensinar”. Pelo contrário, enumeram-se atitudes práticas e cotidianas que precisam ser consideradas “elementares” para todos os cristãos. Por que, no entanto, escrever acerca delas mesmo assim? Essa lista ou outras similares nas past só podem ser descartadas depreciativamente como “moral burguesa” ou “ética cristã mediana” se ignorarmos como tudo está fundamentado e como as coisas elementares são e continuam sendo necessárias para a fé.
Quando as coisas elementares não são constantemente renovadas e redirecionadas em direção ao que é fundamental (a base) e final (o alvo, a consumação, em grego, o eschaton), rapidamente surgem enredamentos e descaminhos igualmente elementares, arrastando consigo o indivíduo e a sociedade. É preciso ver as orientações das past diante do pano de fundo de uma indomável correnteza de “anomia” na sociedade e igreja.
Irrepreensível não significa simplesmente gozar de boa fama, mas ter um testemunho justificadamente bom. A crítica e as acusações não devem encontrar pontos vulneráveis para seu ataque. Aparentemente a palavra designa o comportamento abrangente, fundamental para tudo o que segue. JESUS frisa a importância do bom testemunho, como também ocorre em geral no NT. Nessa questão é decisivo que o bom testemunho seja reconhecido e fornecido pelos que não fazem parte da igreja. “Vossa conduta seja decorosa aos olhos dos estranhos.” Essa exortação da carta mais antiga de Paulo coincide integralmente com a exigência de ser irrepreensível, o que não pode ser questionado nem mesmo por observadores críticos e hostis. Um modo de vida desses só é viável a partir do “mistério da fé, preservado em uma consciência pura”. Essa é a origem e a renovação de toda a autêntica irrepreensibilidade. Representa o oposto tanto do comportamento anti-social como da exagerada adaptação pacata a todos e a tudo.
Marido de uma só mulher. O presidente deve ser exemplarmente casado. Não se espera o celibato dos servidores da igreja, mas que tenham plena capacidade matrimonial e sejam modelos no casamento. A melhor “escola matrimonial” acontece por “exemplos matrimoniais”. Presidentes e diáconos devem ser casados uma única vez; isso aponta em 3 direções:
1) Acerca da profetiza Ana lemos que era virgem até se casar. Quando o marido morreu após 7 anos de casamento, ela passou a viver sozinha até idade avançada (84 anos), servindo a DEUS. De acordo com a palavra profética permaneceu fiel ao “noivo de sua mocidade”.
2) Conforme as palavras do Senhor a monogamia é o alvo original, estabelecido por DEUS, do relacionamento entre homem e mulher. Se os próprios gentios chamam atenção para isso e os cristãos aspiram ao amor e à fidelidade no matrimônio, quanto mais isso deveria valer, então, para aqueles que se “apresentam em todas as coisas” (logo também no casamento) como “exemplo de boas obras”.
3) A interpretação aqui fornecida possui relevância justamente com vistas à prática do divórcio, que naquela época se alastrava com força, e do correlato recasamento de pessoas divorciadas, seja entre gregos, seja entre judeus.
A expressão única pode ser mantida em forma tão genérica pelo fato de que deve caracterizar de forma abrangente a atitude básica fundamental da castidade em todas as situações. O casto não reprimiu sua sexualidade, mas a tornou íntegra, porque castidade é alegrar-se com a sexualidade respeitando os limites do respeito.
Sóbrio (nephalios) vale tanto para mulheres como para homens idosos. O verbo correspondente já é utilizado por Paulo em sua carta mais antiga: “Não durmamos como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios.” Ser sóbrio faz parte da oração e da vigilância e diz respeito a uma contenção de orientação escatológica diante de todo tipo de fanatismo, embriaguez, dissoluções no pensar, sentir e agir.
Quem reconhece a verdade em DEUS torna-se sóbrio diante do delírio do pecado, para viver uma vida reta.
Sensato (sophron): assim como o adjetivo “sóbrio”, também ocorre somente nas past, mas o termo é usado como verbo na carta aos Romanos: cada qual deve pensar com moderação, ser sensato, segundo a medida da fé que DEUS repartiu a cada um. Quem é temperante possui uma medida correta de auto avaliação, um sentido para o que é real. É compreensivo. Depois de ser curado, o homem antes possesso está tranquilamente assentado, está vestido e em perfeito juízo. O temperante é espiritualmente saudável. “O fim de todas as coisas está próximo, sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações!” Ambas as palavras – sóbrio e temperante – possuem um viés escatológico, e o fato de aparecerem juntas serve para enfatizar isto. Quem está embriagado e alimenta sonhos devotos a respeito de si mesmo e do mundo não consegue orar de fato, porque orar é justamente o contrário de fugir da chamada “realidade” para um mundo onírico. Vale o contrário: quem ora acorda para a verdadeira situação, e quem está alerta ora de olhos abertos. É disso que resultam as boas obras.
Digno (kosmios): sensato e digno (como em 1Tm 2.9 para as mulheres!) pode ter aqui o sentido de cortês, solícito, o que no entanto não deve ser entendido como cortesia artificial, que visa as aparências, porque isso representaria uma contradição com sóbrio e sensato. Realmente cortês é aquele que ao avaliar a si mesmo e a todas as coisas de forma sensata e de acordo com a perspectiva de DEUS, acordou para as necessidades daqueles aos quais serve.
Hospitaleiro: em outras ocasiões Paulo também exorta as igrejas para que cuidem das necessidades dos santos e pratiquem a hospitalidade. Nos escritos do NT lemos a respeito de cristãos que são viajantes e também comerciantes; outros são perseguidos e precisam fugir para outras cidades. Os apóstolos e seus colaboradores viajavam de localidade em localidade, dependendo para isso da acolhida solícita nas casas dos crentes. Para as reuniões da igreja e para os que estavam em trânsito as casas das famílias dos fiéis representavam o alojamento propício. Tudo isso torna necessária a exortação de que não se esqueçam da hospitalidade. Mais tarde é preciso proteger a hospitalidade contra os abusos de andarilhos itinerantes e “irmãos estranhos”.
Hoje quem viaja por países em que os cristãos são perseguidos ou representam uma minoria sabe o que significa e custa a hospitalidade. Mas também onde os cristãos são maioria na sociedade, mas as formas eclesiásticas não são (mais) marcantes e formadoras de comunhão, a cordial liberalidade das famílias que creem em CRISTO em relação a visitantes, conhecidos e desconhecidos, constitui o nervo vital para uma igreja que irradia para dentro do mundo. A abertura hospitaleira não é uma palavra em favor, mas contra o aburguesamento, porque o burguês se isola e se fecha em seu castelo, ainda que seja apenas uma pequena moradia alugada no mesmo edifício com outros 10 ou 100 inquilinos. O burguês não gosta de se colocar a caminho, nem gosta de ser incomodado por inconstantes. A vida de gueto de muitas comunidades eclesiais tem por correlação a vida na reclusão caseira e na privacidade de seus membros. Os servidores da igreja, porém, devem ser exemplos no matrimônio e na família pelo fato de serem abertos e livres para o hóspede.
Apto para ensinar (didaktikos): em todo o NT o termo ocorre somente aqui e em 1Tm 3.2. O seu sentido é descrito exaustivamente em Tt 1.9: o presidente deve “apegar-se à palavra confiável e conforme a doutrina, para que seja capaz de, pelo reto ensino, exortar bem como convencer os que o contradizem”. Deve estar aberto para questões doutrinárias, capaz de formar sua própria opinião e instruir a outros. Precisa discernir entre o que é importante e o que leva a descaminhos, entre doutrina verdadeira e falsa, saudável e doentia e ser capaz de ensinar e transmitir corretamente o que é apropriado em cada caso.
Do presidente espera-se capacidade de ensinar, do diácono não. Não se pode concluir disso que ensinar seja atribuição exclusiva do presidente, nem é possível obter aqui uma base para o posterior “magistério” católico-romano. Porque conforme 2Tm 2.2 Timóteo deve transmitir o evangelho a “pessoas fiéis”, não especificamente apenas presidentes, que serão capazes de novamente ensinar a outras. O ensino ministrado por mestres específicos somente tem sentido sob a premissa de que todos são capazes de se instruir e exortar mutuamente. No entanto, só se pode esperar isso deles quando e porque eles próprios são “ensinados por DEUS”. Ademais, 1Tm 5.17 deixa explícito que a presidência não era exercida por uma pessoa sozinha, e que nem todos que presidiam ou eram presbíteros também ensinavam.
Os presidentes tinham de ser exemplos no ensinar, não para aliviar outros desta tarefa, mas capacitando-os para isso. Na escola o professor de matemática deve instruir os alunos para que saibam solucionar pessoalmente tarefas de matemática. Não deve resolver a tarefa por eles, e nem todos os alunos devem tornar-se matemáticos ou professores de matemática.
Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.
I Tm 3.2. Tendo ressaltado que o cargo vale a pena, Paulo logicamente pode insistir que É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, etc. A tradução tradicional de bispo para o Gr. episkopos deve ser rejeitada como enganadora. O episcopado posterior, baseado no conceito de um só bispo presidindo em cada área e tendo completa autoridade sobre ela em todos os departamentos, desenvolveu-se dos “superintendentes” do século I, mas há diferenças tão importantes entre os dois cargos que parece desejável empregar termos distintos para eles. No N.T. fora das Pastorais, episkopos é achado somente em Fp 1:1; At. 20:28; e 1 Pe 2:25 (com referência a nosso Senhor). No mundo contemporâneo grego, o termo era empregado para denotar uma grande variedade de funções, e.g., inspetores, administradores cívicos e religiosos, oficiais financeiros. Antigamente, muitas pessoas pensavam que a igreja apostólica devia ter tomado o título emprestado deste último uso, visto que o episkopos cristão tinha as finanças da congregação (assistência aos pobres, etc.) sob seus cuidados. Do outro lado, se pudermos confiar nas Pastorais, e se tivermos razão em identificar os “líderes” e “pastores” das demais Paulinas como sendo episkopoi, fica claro que suas responsabilidade abrangiam um campo muito mais largo do que o financeiro somente. Estavam encarregados, por exemplo, das relações externas da igreja, e como representantes dela, hospedavam cristãos visitantes.
Na própria congregação exerciam um ministério magisterial e pastoral, e tinham autoridade para disciplinar membros. De modo geral, presidiam sobre seus negócios como um pai cuida da sua família e do seu lar. É, portanto, interessante que acham seu paralelo mais próximo no “superintendente” (em Hebraico mebaqqer) da comunidade de Cunrã.
Segundo o Manual da Disciplina (esp. 6:10ss. e 19ss.) e o Documento de Damasco (esp. 13:7-16; 14:8-12), estes tinham o dever de ordenar, examinar, instruir, receber esmolas ou acusações, tratar com os pecados do povo, e pastoreá-lo de modo geral. Parece, portanto, mais provável que o termo, bem como o sistema administrativo que representava, tenha entrado na igreja a partir do judaísmo heterodoxo.
A despeito do seu uso no singular tanto aqui quanto em Tt 1:7, é extremamente provável que “o superintendente” deve ser entendido genericamente, e que uma pluralidade de tais oficiais é pressuposta. Esta ideia é apoiada não somente pelos paralelos em Fp 1:1 e At 20:28, como também pela posição intercambiável, ou pelo menos parcialmente coincidente, dos superintendentes com os presbíteros (cf. 5:17; Tt 1:5-7). De qualquer maneira, não há sugestão do episcopado “monárquico” posterior nestas cartas. O singular pode ter sido sugerido pelo singular alguém no v. 1 supra. Quanto à predileção de Paulo pelo singular genérico, cf. sua discussão das viúvas em 5:4-10, onde fala de “a viúva,” etc., a despeito de ter o plural em 5:3.
A lista de qualidades que se segue às vezes tem surpreendido os leitores pela sua generalidade; até mesmo tem sido dito, de modo algo injusto, que não contém nada de especificamente cristão, e muito menos adaptado a um ministro cristão. Dois comentários podem ser feitos.
Primeiramente, paradigmas análogos de virtudes e vícios, preparados para vocações diferentes (e.g., governantes, generais, médicos) eram populares no mundo contemporâneo helenístico e judaico-helenístico, e estes, também, eram colocados em termos surpreendentemente gerais.
A influência de tais paradigmas pode ser discernida noutros lugares do N.T., inclusive nas cartas de Paulo (e.g. 3:18 - 4:1; Ef 5:22 — 6:9). O , fato de que está modelando seu conselho sobre eles, aqui, e noutros lugares nas Pastorais, explica suficientemente seu estilo aparentemente chão e sem colorido. Mas, em segundo lugar, este aspecto tem sido grandemente exagerado. Cada uma das qualidades exigidas era apropriada num superintendente, e algumas delas tinham relevância direta às suas funções. Se o leitor moderno às vezes é tentado a pensar que Paulo colocou suas exigências em nível surpreendentemente baixo, deve lembrar-se que os padrões de conduta não eram altos na Ásia Menor no século I, que as pessoas para as quais as cartas foram escritas tinham saído recentemente de um ambiente pagão e provavelmente ainda tinham estreitos contatos com ele, e que o Apóstolo era um realista.
O catálogo começa com um requisito que a tudo abrange; o superintendente deve ser irrepreensível. Ou seja: não deve apresentar nenhum defeito óbvio de caráter ou de conduta, na sua vida passada ou presente, que os maliciosos, seja dentro, seja fora da igreja, possam explorar para desacreditá-lo. Em especial, sua vida sexual deve ser exemplar, e os mais altos padrões devem ser esperados dele: deve ser casada uma só vez. O novo casamento seja depois do divórcio no caso de um pagão convertido, ou depois do falecimento da sua primeira esposa, é censurado como sendo impróprio num ministro de CRISTO. £ igualmente proibido aos diáconos (3:12) e aos presbíteros (Tt 1:6), e conta como uma desqualificação nas aspirantes à ordem das viúvas (5:9).
Este é o significando claro de esposo de uma só mulher. Alternativas propostas como interpretações são (a) que as palavras são dirigidas contra manter concubinas ou contra a poligamia, i.é, ter mais de uma só esposa de uma vez - sugestões estas que são extremamente improváveis, visto que nenhuma destas práticas pode ter sido uma opção real para qualquer cristão comum, é muito menos para um ministro; (b) que meramente estipulam que o superintendente seja um homem casado — isto está em harmonia com o alto valor que a carta atribui ao casamento (4:3), mas é muito improvável em si mesmo, e de qualquer maneira torna sem sentido a palavra uma só enfática em Grego; (c) que o objeto é meramente preceituar a fidelidade dentro do casamento, tratando-se de “não cobiçar outras mulheres senão sua esposa” — mas isto é extrair do Grego mais do que o texto pode suportar. Quanto a esta questão, bem como em tantos outros assuntos, a atitude da antiguidade era marcantemente diferente daquilo que prevalece na maioria dos círculos hoje, e há evidências abundantes, tanto da literatura quanto das inscrições funerárias, pagãs e judaicas, que permanecer solteiro depois da morte da cônjuge ou do divórcio era considerado meritório, ao passo que casar-se de novo era considerado um sinal de autoindulgência.
Paulo certamente compartilhava deste ponto de vista, e embora permitisse a uma viúva que se casasse de novo, estimava-a mais bem-aventurada se se abstivesse de um segundo casamento (1 Co 7:40). De modo geral, embora se opusesse ao ultra ascetismo que desconsiderava o casamento e que aplaudia façanhas de abnegação (cf. e.g., sua crítica das “uniões espirituais” em 1 Co 7:36-38), tinha grande respeito pela abstinência sexual completa, considerando-a um dom de DEUS, e também sustentava que o controle-próprio periódico dentro do casamento era de valor espiritual (1 Co 7:1-7). No contexto de táis pressuposições era natural esperar que os ministros da igreja fossem exemplos a outras pessoas e que se satisfizessem com um único casamento. Nos primeiros séculos cristãos, devemos notar, o segundo casamento não era totalmente proibido, mas era considerado com nítida desaprovação. O superintendente deveria, além disto, ser temperante, palavra esta (Gr. néphatíos; no N.T. somente aqui e em 3:11; Tt 2:2) que originalmente denota a abstinência do álcool, mas que aqui, visto que a bebedice é expressamente estigmatizada no versículo seguinte, provavelmente tem o significado mais amplo e metafórico. Este sentido está em harmonia com o uso de Paulo do verbo relacionado néphõ em 1 Ts 5:6 e 8;cf. 1 Pe4:7.
Os dois adjetivos seguintes, sóbrio (Gr. sõphrón; talvez tenha a mesma nuança que o subs correlato em 2:9) e modesto, ressaltam traços essenciais no caráter e no comportamento do superintendente respectivamente, ao passo que o terceiro, hospitaleiro, sublinha que na sua capacidade oficial, tem o dever de manter sua casa franqueada tanto para os delegados que viajavam de igreja em igreja quanto para os membros comuns da congregação que estavam necessitados. Cf. as instruções de Paulo aos seus correspondentes (Rm 12:13): “compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade.” Este serviço mútuo, ao mesmo tempo caridoso e diplomático, desempenhava um papel importante na vida diária da igreja primitiva, conforme fica abundantemente atestado (5:10; Hb 13:2 1 Pe 4:9; 3 Jo 5ss.; 1 Gem. 1:2; Hermes, Mand. 8:10), e cabia primariamente ao superintendente (Tt 1:8).
Outro aspecto importante nas funções de um superintendente é indicado no pedido de que seja apto para ensinar. Os superintendentes provavelmente devam ser identificados com aquele grupo dentro do corpo dos presbíteros “que se afadigam na palavra e no ensino” (5:17, onde ver a nota). Estes deveres estão mais plenamente especificados em Tt 1:9, sendo que consistem em: (a) lealdade à tradição apostólica, (b) disposição para instruir nela a congregação, e (cj vigilância em confundir os que a pervertem.
John Norman Davidson Kelly. Introdução e Comentário. I, II Timóteo e Tito. Editora Vida Nova. pag. 75-78.
Qualificações do Bispo (3.2)
Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar. No total, há 15 qualificações estipuladas pelo apóstolo, sete das quais ocorrem no versículo 2. E importante que a primeiríssima destas seja a irrepreensibilidade. O significado da palavra é “acima de repreensão”, “de reputação irrepreensível” (cf. CH), “de caráter impecável”, “que ninguém possa culpar de nada” (NTLH). Por qualquer método que avaliemos, esta é a virtude mais inclusiva que aparece na lista. Significa que o líder na igreja de CRISTO não pode ter defeito óbvio de caráter e deve ser pessoa de reputação imaculada. Dificilmente se esperaria que não tivesse defeito, mas que fosse sem culpa. E apropriado que o ministro seja julgado por um padrão mais rígido que os membros leigos da igreja. Os leigos podem ser perdoados por defeitos e falhas que seriam totalmente fatais a um ministro. Há certas coisas que um DEUS misericordioso perdoa em um homem, mas que a igreja não perdoa no ministério deste. A irrepreensibilidade do candidato é requisito no qual devemos ser insistentes hoje em dia, como o foi Paulo no século I.
O líder da igreja deve ser exemplar especialmente em assuntos relativos a sexo. Este é o destaque da segunda estipulação do apóstolo: Marido de uma mulher (2). Trata-se de precaução contra a poligamia, que gerava um problema sério para a igreja cujos membros eram ganhos para CRISTO vindos de um paganismo que tolerava abertamente casamentos plurais. Em todo quesito que a igreja com seus altos padrões éticos relativos a casamento confrontar o paganismo de nossos dias, em regiões incivilizadas ou não, a insistência cristã na pureza deve ser enunciada de forma clara e seguida com todo o rigor.
Mas temos de perguntar: A intenção de Paulo era desaprovar o segundo casamento? Alguns dos manuscritos antigos requerem a tradução “casado apenas uma vez” (conforme nota de rodapé na NEB). “Sobre este assunto, como em muitos outros”, comenta Kelly, “a atitude que vigorava na antiguidade difere notadamente da que prevalece em grande parte dos círculos de hoje. Existem evidências abundantes provenientes da literatura e inscrições funerárias, tanto gentias quanto judaicas, que permanecer solteiro depois da morte do cônjuge ou depois do divórcio era considerado meritório, ao passo que casar-se outra vez era visto como sinal de satisfação excessiva dos próprios desejos”.1 E óbvio que em alguns segmentos da igreja primitiva esta era a opinião prevalente, chegando ao extremo último da ordem de um ministério celibatário.
Mas esta não é a interpretação do ensino de Paulo que prevalece hoje. E bem conhecida sua própria preferência da vida solteira em comparação ao estado casado; e há passagens nos seus escritos em que ele recomenda este estado aos outros (e.g., 1 Co 7.39,40). Talvez o melhor resumo da intenção do apóstolo para os nossos dias seja a declaração de E. F. Scott: “O bispo tem de dar exemplo de moralidade rígida”.
As próximas três especificações — vigilante, sóbrio, honesto (2) — têm relação próxima entre si e descrevem a vida cristã ordeira. Moffatt traduz estas qualidades pelas palavras: “temperado [NVI; cf. RA], mestre de si, calmo”. A temperança neste contexto transmite a ideia de autocontrole (cf. CH) ou autodisciplina.
O próximo quesito qualificador é apresentado pelo apóstolo na palavra descritiva hospitaleiro (2). Esta mesma característica é mais detalhada em Tito 1.8: “Dado à hospitalidade, amigo do bem”. Nesses primeiros dias da igreja, esta era uma virtude muito importante. Havia poucos albergues no mundo do século I, e os apóstolos e evangelistas cristãos que eram enviados de lugar em lugar ficavam dependentes da hospitalidade de cristãos que tivessem um “quarto de profeta”, mantido com a finalidade de atender essas necessidades. Em nossos dias de hotéis, expressamos nossa hospitalidade cristã de modo diferente. Mas quando a igreja era jovem, essa hospitalidade era extremamente primordial. O dever e privilégio de ministrá-la recaíam naturalmente sobre o bispo ou pastor. O espírito essencial do ato é tão importante hoje como era outrora.
Igualmente essencial e até mais importante é a sétima qualidade que Paulo menciona: Apto para ensinar (2). Pelo visto, nem todos os pastores eram empregados no ministério de ensino. E o que mostra 5.17: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina”. Mas a aptidão para ensinar era rendimento certo para o ministro cristão. Era importante então como é hoje. Sempre haverá indivíduos que possuem maior capacidade nesta ou naquela área que outros, mas certa habilidade para ensinar é de extrema necessidade ao ministério completo e frutífero.
J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 469-470.

 
 
SUBSÍDIO DIDÁTICO - PEDAGÓGICOApós fazer a exposição deste tópico, sugerimos as seguintes perguntas: “O que é chamado?”; “O que é vocação?”; “Você é vocacionado para alguma obra?”
É possível que muitos alunos ainda não tenham pensado a respeito da vocação de DEUS para suas vidas. Use este tópico para estimulá-los a pensar seriamente sobre isso. Descobrir a nossa vocação, muitas vezes, significa descobrir o sentido da vida. DEUS deseja revelar sua vontade à vida de seus alunos.
"Por levar sobre os ombros os nomes dos filhos de Israel, o Sumo Sacerdote constituía-se no mediador do povo diante de DEUS".
 
 
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO“A estola. A vestimenta usada pelo sumo sacerdote era ornamentada. Pedras colocadas em fivelas nos dois ombros, nas quais os nomes das tribos estavam gravados, pareciam sua mais importante característica. Ao usá-la, o sumo sacerdote aceitava o papel de representante de todo o povo. O que ele fazia, fazia por eles e por DEUS. 
Sacerdotes comuns vestiam simples estolas longas até as coxas, feitas de linho fino branco quando ministravam (Êx 39.27; 1 Sm 2.18; 2 Sm 6.14).
O peitoral. O peitoral era um colete finamente modelado. Era preso à estola com correntes de ouro e decorado com quatro fileiras de joias, cada um representando uma tribo de Israel. Há um significado especial em vestir o nome das tribos de Israel sobre o coração do sumo sacerdote. Como representante de outros diante DEUS, ele deveria preocupar-se profundamente com eles, até mesmo como o próprio Senhor. A adoração pode ser cerimonial. Mas pode tornar-se um mero ritual” (LAWRENCE, Richards O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma Análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.70).
 
 
CONHEÇA MAIS - *A respeito do uso do éfode 
“Gideão fez um éfode com as argolas (ou pendentes) de outro tomadas dos midianitas derrotados, e o colocou em sua própria cidade, Ofra; este se tornou um objeto de adoração idólatra para ‘todo o Israel’ (Jz 8.26,27). Mica tinha um objeto de culto assim em seu santuário (Jz 17.5; 18.14-20) juntamente com terafins e outras imagens para o propósito de adivinhação.” Leia mais em “Dicionário Bíblico Wycliffe”, CPAD, p.606.
 
 
SUBSÍDIO DE VIDA CRISTÃ
“Não há vida fora de JESUS CRISTO, não há vida eterna fora de JESUS CRISTO, segundo declaração do próprio JESUS. João disse: ‘E o testemunho é este: que DEUS nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu filho. Quem tem o filho tem a vida; quem não tem o Filho de DEUS não tem a vida’ (1 Jo 5.11,12). Observe estas palavras: ‘Segundo as promessa da vida’. Não há promessa de vida fora de JESUS CRISTO. JESUS foi o mestre mais enfático que o mundo jamais viu. Ele disse: ‘Necessário vos é nascer de novo’ (Jo 3.7). Não há uma maneira pela qual você possa contornar a questão. Não há possibilidade de evitar esta verdade. Você tem de ir diretamente até ela e encará-la. ‘Segundo a promessa da vida que está em CRISTO JESUS’” (LAKE, John G. Devocional. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.140-41).


PARA REFLETIR - A respeito da lição “O Sacerdócio de CRISTO e o Levítico”, responda: À qual tribo os sacerdotes precisavam pertencer? Os sacerdotes precisavam pertencer à tribo de Levi.
Mencione as duas características especiais dos levitas. O chamamento e a unidade. 
Para quê servia a vestimenta sacerdotal? A vestimenta tinha características especiais e cerimoniais, pois servia de “glória e ornamento” do ministério (Êx 28.2).
Para onde remonta a origem do ofício sacerdotal? A origem do ofício sacerdotal remonta a Melquisedeque, rei de Salém (Hb 7.1), e, posteriormente a Arão, da família de Levi (Êx 29.30).
O que JESUS fez de diferente dos sacerdotes araônicos? Diferentemente dos sacerdotes araônicos, que se sucediam no ministério, porquanto mortais e pecadores, JESUS, sendo eterno e santo, salvou-nos eficazmente através de um único sacrifício; Ele é a oferta e o ofertante (Hb 7.25).
 
 
CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 78, p41. 
 
 
 
AJUDA BIBLIOGRÁFICA
Teologia Sistemática de Charles Finney
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
CHAMPLIN, R.N. O Novo e o Antigo Testamento Interpretado versículo por Versículo. 
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - Myer Pearman - Editora Vida
Comentário Bíblico Beacon, v.5 - CPAD.
Comentário Bíblico TT W. W. Wiersbe
Comentário Bíblico Expositivo - Novo Testamento - Volume I - Warren W. Wiersbe
CRISTOLOGIA - A doutrina de JESUS CRISTO - Esequias Soares - CPAD
Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
GARNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA
http://www.gospelbook.net, www.ebdweb.com.br, http://www.escoladominical.net, http://www.portalebd.org.br/, Bíblia The Word.
O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS.
Peq.Enc.Bíb. - Orlando Boyer - CPAD
Revista Ensinador Cristão - CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Teologia Sistemática Pentecostal - A Doutrina da Salvação - Antonio Gilberto - CPAD
Teologia Sistemática - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - A Salvação - Myer Pearman - Editora Vida
Teologia Sistemática de Charles Finney
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Levítico - introdução e comentário - R.K.Harrinson - Série Cultura Bíblica - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova - São Paulo - SP
Abraão de Almeida O TABERNÁCULO E A IGREJA - CPAD (principal fonte)
O Tabernaculo - Martyn Barrow
Os segredos do Tabernáculo de Moisés- Kevin J. Conner
O Tabernáculo e as suas lições por Gunnar Vingren - Gunnar Vingren
A Pessoa de CRISTO no Tabernáculo - Floyd Lee Gilbert
 
Veja Lição 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10