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Lição 11 – Não Dirás Falso Testemunho, 2 parte
Lição 11 – Não Dirás Falso Testemunho, 2 parte
Nas páginas do Novo Testamento, alétheia retém a ênfase moral e personalista que o termo paralelo hebraico tem no Antigo Testamento, embora a noção de fidelidade, com mais freqüência, seja transmitida através da palavra grega pistis. Etimologicamente, alétheia sugere que alguma coisa tenha sido descoberta, revelada, segundo a
sua verdadeira natureza, dando a ideia daquilo que é real e genuíno, em contraposição com o que é imaginário ou espúrio, ou, então, daquilo que é veraz, em contraposição com o que é falso. Porém, as referências neotestamentárias a declarações verazes tomam evidente que o conceito de verdade cognitiva deriva-se das noções de franqueza ou caráter fidedigno (ver, por exemplo, Mar. 5:33; 12:32; João 8:44-46; Rom. 1:25 e Efé. 4:25).
Três Conceitos de Verdade na Bíblia
O uso que a Bíblia faz da palavra verdade, sugere três conceitos relacionados entre si, a saber:
1. a verdade moral;
2. a verdade ontológica; e
3. a verdade cognitiva.
A base da verdade se encontra em DEUS, que é a fonte originária e o padrão de 1, a retidão; 2, o ser; e 3, o conhecimento.
1. A Verdade Moral. A verdade é um dos atributos de DEUS. Como tal, esse vocábulo se refere à integridade, ao caráter digno de confiança e à fidelidade de DEUS. Um poeta hebreu celebra esse atributo em Salmos 89, e o profeta Oseias o faz em Osé. 2:19-23. Em ambos os casos, a verdade divina é combinada com a misericórdia e o amor de DEUS. De acordo com Deuteronômio 32:4, Salmos 100:5 e 146:6, a fidelidade de DEUS é revelada por meio da criação; e, no livro de Apocalipse, esse é o atributo de DEUS sobre o qual repousa a expectação de juízo (ver Apo. 3:7,14; 6:10; 15:3,4; 19:11 e 21:5).
Visto que o caráter divino deve ser imitado pelos homens, a verdade também deveria ser uma qualidade, virtude ou atributo humano. Por esse prisma, a verdade importa em honestidade (Sal. 15:2; Efé. 4:25) e justiça civil (Isa. 59:4,14,15). Dizer a verdade, portanto, para o homem constitui uma obrigação, de tal maneira que a veracidade (verdade cognitiva) seja uma das características do homem em quem se pode confiar (verdade moral). Entretanto, espera-se de cada indivíduo que se mostre íntegro diante de DEUS e de seus semelhantes (Êxo. 18:21; Jos. 24:14). Nesse sentido moral, a verdade não é algum mero verniz superficial, pelo contrário, parte do próprio coração, distinguindo o caráter inteiro do homem interior (I Sam. 12:24; Sal. 15:2; 51:6).
2. A Verdade Ontológica. Originando-se no conceito de que o indivíduo que é inteiramente digno de confiança é veraz, temos aquele outro conceito do indivíduo que efetivamente é aquilo que se propõe a ser. Isso significa que tal indivíduo não vive uma ficção, não procura enganar ao próximo, e nem é um homem que dê um exemplo imperfeito ou negativo. Nesse sentido, “a verdadeira luz” (João 1:9) é a perfeição que João Batista refletia em parte, em sua pessoa; “o verdadeiro pão” (João 6:32) faz contraste com o imperfeito maná de Moisés; e “os verdadeiros adoradores” (João 4:23) fazem contraste com aqueles que adoravam por mera antecipação, aguardando por quem não conheciam o Messias. Os crentes tessalonicenses abandonaram seus ídolos a fim de servirem ao verdadeiro DEUS (I Tes. 1:9). CRISTO é a verdade personificada.
É nesse sentido que falamos sobre “um verdadeiro homem”, “um verdadeiro erudito” ou “um verdadeiro filho”,
dando a entender alguém que é fiel a algum ideal, que representa perfeitamente algum padrão de virtude. A teoria grega dos universais via, em todos os particulares, uma participação, em algum grau, nas formas ideais dos universais.
3. A Verdade Cognitiva. Um outro fator resultante da verdade moral é que o indivíduo veraz diz a verdade e não a mentira ou falsidade. Em DEUS, a verdade origina-se na sua onisciência, de tal modo que o atributo da verdade se refere, pelo menos em parte, ao seu perfeito conhecimento de todas as coisas (Jó 28:20-26; 38:39). Visto que DEUS é o Criador, tudo quanto sabemos depende, em última análise, do Senhor. Toda verdade é uma verdade divina. Nossas habilidades cognitivas são uma criação de DEUS, e o caráter inteligível da natureza confirma a sabedoria de DEUS. Por conseguinte, o conhecimento de DEUS é um conhecimento arquétipo, do qual o nosso conhecimento é parcial, uma imitação. Aquilo que declaramos verdadeiro, só o é à proporção que concorda com a verdade, que só se manifesta perfeitamente na pessoa de DEUS. Isso posto, a verdade terrestre é contingente, dependente, limitada, provisória. É por um motivo assim que o apóstolo dos gentios explicou que “... agora vemos como em espelho, obscuramente...”, e que somente na presença imediata de DEUS, quando estivermos na glória, é que “...veremos face a face ...”. Sim, ainda no dizer do apóstolo, agora conhecemos apenas parcialmente; no céu conheceremos tal e qual somos conhecidos. Em contraste com o nosso conhecimento refletido, a verdade arquétipa é ilimitada, imutável e absoluta. No caso do homem, a verdade permanece em formação constante; mas, no caso de DEUS, a verdade já é perfeita, completa.
Isso é expresso através do conceito do Logos, nos escritos de João, bem como na discussão, na epístola aos Colossenses, sobre o fato de estarem ocultos, em CRISTO, “...todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento...” (Col. 2:3). O CRISTO, por intermédio de Quem todas as coisas foram criadas, e que agora sustenta a tudo em existência, é aquele que empresta, à natureza e à história, inteligibilidade, boa ordem e propósito. Conhecer a CRISTO é conhecer a fonte onisciente de toda a verdade, de todo o conhecimento, não a fim de que possamos saber de tudo quanto ele sabe, mas a fim de podermos compreender como são possíveis todo o conhecimento e toda a sabedoria. CRISTO é aquele que garante o caráter fidedigno de qualquer verdade que podemos obter.
Apesar de ser evidente, no Novo Testamento, o conceito cognitivo da verdade (ver, por exemplo, Mar. 5:33; 12:32; Rom. 1:25), é particularmente aplicado ali à mensagem anunciada por CRISTO e seus apóstolos (João 5:33; 8:31-47; Rom. 2:8; Gál, 2:5; 5:7; Efé. 1:13; I Tim. 3:15; I João 2:21-27). Um mensageiro cristão fiel fala a verdade que procede de DEUS; e, correspondendo a essa verdade de DEUS, o crente confia em DEUS, de quem procede essa verdade. A fé, pois, consiste tanto no assentimento da verdade como na dependência ao que DEUS declara. Por isso é que se lê que uma pessoa “pratica a verdade”, quando dá o seu assentimento à mensagem do evangelho e
confia em CRISTO, em vista de sua “verdade moral” ou fidelidade (ver I João 1:6-8; 2:4; 3:18,19).
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 593-595.
« ...e a verdade...» Quanto a este particular, poderíamos destacar os pontos seguintes:
1. JESUS é a verdade de DEUS porque, na qualidade de «Logos» eterno (ver João 1:1), ele é a perfeita revelação de DEUS e de sua verdade, e isso não meramente para os homens, mas também para todos os seres criados.
2. JESUS é, especialmente, a revelação de DEUS aos homens, no que concerne à salvação deles. Sua própria pessoa representa realmente essa verdade, porque nele, segundo os eternos conselhos divinos (ver Efé. 1:3-5), ele sempre esteve unido a DEUS Pai, e o plano da redenção dessa maneira se originou dele. Assim sendo, em sua encarnação, ele trouxe essa verdade da redenção aos homens. Em sua ascensão, ressurreição e glorificação, ele assegura aos remidos a mais plena participação em toda a sua glória e em sua natureza divina. Portanto, por esses motivos ele é a verdade metafísica do homem.
3. JESUS é a verdade do caminho pelo qual os homens devem retornar a DEUS, porquanto ele é o exemplo supremo e o ilustrador desse caminho. Essa é a verdade envolvida em sua encarnação. Tudo quanto o homem precisa saber está contido em sua pessoa. JESUS é a verdade ética do homem.
4. Dessa maneira, em sua própria pessoa, CRISTO JESUS combina tudo quanto os homens precisam saber, crer e ser, tanto no que diz respeito à natureza de DEUS como no que tange à natureza e à posse da redenção e da glória eterna.
5. JESUS é a Verdade, em o posição à religião falsa, como o judaísmo desviado e obstinado. Ele é aquela verdade para a qual apontava a lei mosaica, e da qual o pacto do A.T. era apenas uma sombra pálida. Ele é a materialização dá verdade espiritual, e não meramente um profeta de DEUS ou uma representação parcial polêmica cristã contra os judeus incrédulos, que rejeitaram ao seu próprio Messias. O autor sagrado queria que tais pessoas soubessem que tudo aquilo em que confiavam, como uma revelação da parte de DEUS, nada significava à parte da pessoa de JESUS CRISTO, posto ser ele a concretização de toda a verdade de DEUS, ao passo que Moisés, a lei e os profetas meramente apontavam para CRISTO.
6. Em sua própria essência. CRISTO também é a verdade de DEUS, porquanto ele mesmo é divino, e assim nos tem mostrado qual é a natureza de DEUS ou a verdadeira forma de vida que ele possui, a qual ele está transmitindo aos homens através de CRISTO. Essa é justamente a mensagem de um trecho como Col. 2:9, onde se lê: «...porquanto nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade...» Ou então do trecho de Col. 1:15: «Ele é a imagem do DEUS invisível...».
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 523.
Ele os traz em segurança ao lar situado lá em cima. CRISTO é a verdade: Cada palavra sua pode ser confiada implicitamente, pois ela ensina o conhecimento de DEUS, que aponta o caminho. O caminho que ele ensina é o único caminho certo, pois ele é a verdade absoluta. CRISTO é a vida: Ele é o manancial e o doador de toda verdadeira vida, a vida que vivifica a todos aqueles que creem nele, e que é para ser gozada eternamente no fim do caminho. Aquele que nele crê tem a vida eterna, no que está na vontade e intenção de DEUS, está completamente unido a DEUS. Sendo estas coisas verdadeiras, a conseqüência é que ninguém pode vir ao Pai, ou alcançar o gozo da bendição eterna, a não ser só por JESUS. Não há outro caminho, sendo que todos os caminhos que são imaginados pelas pessoas, os caminhos das boas obras e da justiça própria, são trilhos falsos os quais levam à destruição eterna. JESUS é o único caminho ao céu. “Creio que isto é a ‘verdade’, que é a segunda palavra, significa em toda sua simplicidade, a saber, que CRISTO não é somente o começo do caminho, mas que é o caminho verdadeiro e seguro, que finalmente permanecerá o caminho ao qual a gente sempre se precisa ater, e não permitir que o trilho errado nos seduza a buscar algo ao lado de JESUS que nos possa ajudar na salvação.
KRETZMANN. Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo Testamento. Editora Concordia Publishing House.
3. O QUE É A VERDADE.
« ...Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade?...» A pergunta, feita ao Senhor JESUS por Pilatos, e que este último não esperou ser respondida.
Por definição filosófica, o ceticismo afirma que não existe qualquer coisa como uma verdade certa, imutável e eterna, e que, mesmo que tal coisa exista, os homens ainda não encontraram meios para descobri-la, não sendo mesmo provável que se possa encontrar esses meios de descoberta ou descrição. Naturalmente esse parecer dos antigos romanos é o arauto do moderno ceticismo científico, conforme pode ser visto no positivismo lógico, que decreta que a descoberta da verdade é impossível para os homens, reduzindo a filosofia a uma mera tentativa de fornecer algum método científico ao processo do raciocínio.
A pergunta de Pilatos a CRISTO, para a qual não esperou resposta, equivale a uma declaração sua, como, por exemplo: «Quem se importa com a verdade? Esse reino de que falas, ó JESUS, é um reino que não pode ferir nossos interesses ‘romanos’ aqui em Jerusalém. Que tenho eu a ver com províncias e reinos que não podem render tributo, que não podem produzir qualquer exército que se revolte contra nós? Não passas de um fanático, e não representas qualquer ameaça política real».
E assim, com um gesto que deixava ver a sua impaciência, pois não tinha interesse algum em ouvir mais qualquer coisa sobre o que lhe parecia especulações teológicas loucas. Voltou Pilatos as costas a JESUS, não querendo mais ouvi-lo. Não obstante, estava convicto de sua inocência e proclamou essa opinião francamente à multidão que o esperava ululante lá fora. Declarou que JESUS não era culpado de crime algum e que suas aspirações à realeza eram inteiramente diversas daquilo de que vinha sendo acusado.
O vocábulo «...eu...» é enfático dentro da frase: «Eu não acho nele crime algum». É como se Pilatos houvesse dito à multidão: «Quanto a vós, tendes encontrado falta nele, mas injustamente, por motivo de ódio e preconceitos religiosos e por causa dê vossa inveja; mas, quanto a mim, não encontro crime algum neste homem».
«Pilatos escarneceu tanto da grande Testemunha da Verdade como dos que aborreciam a verdade. Sua conduta apresenta um lamentável exemplo da fraqueza moral daquele espírito de poder mundano, que atingiu o seu ponto culminante no império romano». (Alford, in loc.).
A declaração que Pilatos fez nessa oportunidade, e que coincidia com a verdade e com a justiça mais pura, não demorou a ser obliterada pelas maquinações da política, onde parece mais importante preservar a paz do que salvar a vida de um inocente.
«Não encontro motivo algum para a acusação legal (ver o vs. 33). Sem importar o que ele ‘JESUS’ seja, não há qualquer prova de traição contra a majestade de César». (Ellicott, in loc.).
«A finalidade de Pilatos corresponde a uma vida vazia de toda base de verdade objetiva; de conformidade com as autoridades clássicas, ele terminou por suicidar-se, em conseqüência de graves infortúnios». (Eusébio, História Eclesiástica, II.7).
No tocante à verdade do cristianismo, Arthur John Gossip (in loc.) declara: «Caso Pilatos se tivesse demorado um pouco mais, CRISTO poderia ter-lhe respondido: ‘Eu sou a verdade...’ Mas até isso, com toda a probabilidade, pouco ou nada teria significado para aquele altivo romano. No entanto, isso seria estritamente verdadeiro».
A verdade que conhecemos
1. Sabemos de bem pouco, mas aquilo que sabemos é imensamente importante.
2. Em contraste com o conhecimento de um historiador, que depende de pesquisas do passado distante, e isso contando com meios inadequados, a busca pela verdade religiosa depende da revelação. A revelação depende do interesse de DEUS pelo mundo, e é evidência do mesmo.
3. A verdade é comprovada nas vidas daqueles que são transformados segundo a imagem de CRISTO. Ê necessário poder para que isso se concretize, e o que é bom traz consigo suas próprias evidências.
A verdade é que os homens se vão tornando menos e menos dogmáticos, à proporção em que envelhecem, reconhecendo cada vez mais a vastidão da verdade; e isso certamente é o caso da verdade de CRISTO, pois essa é infinitamente ampla e não pode ser contida por qualquer credo ou denominação religiosa, porquanto é impossível alguém cercar DEUS com uma sebe.
Contra a arrogância
1. A fé não consiste de não crer em algo que não é a verdade. Um dogma pode servir de obstáculo para a verdade que conhece as coisas.
2. Nenhuma denominação ou fé isolada pode ser guardiã da verdade divina. Podemos aprender coisas de outros, e as janelas deveriam ser mantidas abertas, para permitir que a luz entre, para que possa haver crescimento.
Da preguiça que aceita meias-verdades, Da arrogância que pensa conhecer toda a verdade, O Senhor, livra-nos.
O próprio Paulo exibiu grande confiança: «Sei em quem tenho crido», e, no entanto, aludiu a si mesmo como mero principiante na inquirição pela verdade espiritual. (Ver II Tim. 1:12, em comparação com Fil. 3:10-14. Quanto a JESUS como «a personificação da verdade», ver João 14:6).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 603-604.
“O que é a verdade?” Pilatos não se dava conta de que a resposta estava em pé à sua frente.
KRETZMANN. Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo Testamento Editora Concordia Publishing House. 830-831.
Jo 18.37.
O paralelismo sugere que seu reino é o reino da verdade; ou, de forma mais precisa, o exercício de seu reinado de salvação é praticamente indistinguível de seu testemunho da verdade.
Nesse contexto, a verdade é interpretada em um sentido mais que intelectual (cf dela Potterie, 2. 624ss.); ela é apenas a auto-revelação de DEUS em seu Filho, que é a verdade (14.6). Revelar a verdade de DEUS, da salvação e do juízo, era o principal meio de fazer súditos, de exercer seu reinado salvífico (cf. Lagrange, p. 477).
De forma similar, somente aqueles que são corretamente relacionados com DEUS, com a própria verdade, podem compreender o testemunho que JESUS fornece da verdade (cf. 3.16-21). Todos os que são da verdade ouvem a JESUS (cf. 10.3,16,27).
38a. Se o reinado de JESUS é indistinguível de seu testemunho da verdade, e se seus seguidores são caracterizados por fidelidade a seu testemunho, e não pela revolução violenta, Pilatos é forçado a reconhecer que JESUS está sendo vítima de uma conspiração do Sinédrio. Além disso, há um convite implícito nas palavras de JESUS. O homem no banco dos réus convida o juiz para ser seu seguidor, para juntar-se àqueles que são “da verdade”. JESUS não é perigoso; mas ele também pode estar irritando Pilatos. De qualquer forma, Pilatos abruptamente termina o interrogatório com uma curta e cínica pergunta: Que é a verdade? - e com a mesma rispidez dá as costas, seja porque ele está convencido de que não existe uma resposta, seja porque ele não quer ouvi-la, o que é mais provável. Ele prova, assim, que não está entre aqueles a quem o Pai deu a seu Filho (cf. Haenchen, 2. 180).
D. A. CARSON. O Comentário De João. Editora Shedd Publicações. pag. 595-596.
IV. O CUIDADO COM A MENTIRA
1. AS TESTEMUNHAS.
Sobre o Falso Testemunho (19.15-21)
Dt 19.15 Pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Esse múltiplo testemunho concorria para a preservação da justiça. A lei mosaica era severa, e por muitas vezes requeria a punição capital, devido a crimes que na cultura moderna não seriam castigados tão severamente. Uma testemunha falsa poderia tentar eliminar um adversário prestando um testemunho falso: “Meu vizinho estava adorando um ídolo!”. A fim de impedir tão ultrajante conduta, pois, foi estabelecida a lei das “duas ou mais testemunhas”. Desse modo o perjúrio, embora não fosse eliminado de todo, pelo menos era grandemente reduzido. Já vimos essa lei em Deu. 17.6. As notas oferecidas ali aplicam-se também aqui. O depoimento de testemunhas precisava ser investigado. Os juízes e os tribunais locais não deveriam aceitar passivamente os caprichos desonestos dos homens. Juízes inquiririam as teste- munhas. E as testemunhas falsas deveriam ser executadas (Deu. 19.19). Isso lançaria o temor no coração de todos, dificultando o pecado de perjúrio.
Ό uso veraz da língua, ao evitar a todo o transe a calúnia e a acusação falsa, é um dos princípios centrais da ética bíblica, sendo esse pecado condenado no nono mandamento da lei. Aqui esse principio foi expresso em linguagem leal, para uso nos tribunais (cf. Êxo. 23.1; Lev. 19.11-18)" (G. Ernest Wright, in ioc.).
As testemunhas não podiam prestar seu testemunho por meio de cartas, nem podiam enviar representantes. Era mister que comparecessem pessoalmente, a fim de serem inquiridas pelos juízes. E se houvesse 0 envolvimento de algum idioma estrangeiro, não podia haver um intérprete entre as testemunhas e os juízes. As testemunhas tinham de encarar os juízes. Cf. Núm. 35.30.
Dt 19.16 Quando se levantar testemunha falsa. É de presumir-se que os casos complicados fossem submetidos à apreciação da Corte Suprema, que funciona- va no santuário central, em Jerusalém. Ver Deu. 17.18 ss.. O lugar determinado por Yahweh como o santuário central também abrigaria o Tribunal Superior, que julgaria os casos mais difíceis. Israel dispunha de severas leis de retaliação, como olho por olho e dente por dente (vs. 21), e isso precisava ser regulamentado com medidas extremas, mediante investigação e depoimento de testemunhas oculares, para que houvesse sempre julgamentos justos. Leis severas exigiam uma justiça estrita.
Dt 19.17 Então os dois homens. É provável que tenhamos aqui a descrição daqueles entre os quais tivesse surgido alguma pendência, no santuário central; mas, se um concilio local estivesse envolvido, então deveriam prevalecer as mesmas regras de justiça. O vocábulo no singular, “juiz”, que ali aparece (vs. 9), talvez seja uma referência ao sumo sacerdote, que era o juiz supremo em Israel. A passagem de Deuteronômio 17.8-13 aborda a Corte Suprema, e nas notas expositivas a res- peito, dou informações acerca dos oficiais que operavam ali, bem como dos tribunais secundários. Ver também Deu. 16.18 ss.. Nesse versículo 18 dou informações específicas sobre a estrutura dos antigos tribunais de Israel.
Homens. Mulheres não podiam servir de testemunhas. Ver Bartenora, see. 5. Esse mesmo documento antigo assevera que tanto as testemunhas quanto os acusados tinham de dar e ouvir o testemunho estando de pé.
Perante o Senhor. Assim foi dito porque o tribunal e suas regras de ação tinham sido estabelecidos por ordem divina. DEUS era o observador silente que acompanhava 0 processo inteiro de justiça, e a Sua presença inspiraria os juízes a impor uma justiça estrita.
O comparecimento pessoal era uma necessidade. Ninguém podia escrever uma carta ou enviar um seu representante.
Diante dos sacerdotes e dos juízes.
Dt 19.18 Os juízes indagarão bem. Investigações criteriosas faziam parte do dever dos tribunais, em Israel. Ninguém podia mostrar-se frívolo, nessas ocasiões. Com freqüência, a punição capital era o fim do julgamento. O Targum de Jonathan refere a um exame e interrogatório completo das testemunhas. Ver Deu. 17.4, quanto à expressão “indagarás bem”. Ver também Deu. 13.12-14 e 17.9. O trecho enfatiza a questão. Não se permitia testemunho por “ouvir dizer”, em Israel.
Dt 19.19 Assim exterminarás o mal do meio de ti. O próprio Yahweh cuidaria para que os tribunais de justiça de Seu povo não falhassem. Se alguma testemunha falsa fosse descoberta pelas investigações, então tal indivíduo sofreria exatamente 0 castigo que tinha esperado infligir sobre seu vizinho ou conhecido inocente.
A questão era levada “perante o Senhor” (vs. 17), porquanto era 0 tribunal do Senhor e os juízes do Senhor estavam julgando o caso. Sua presença, invisível mas real, seria garantia absoluta da justiça.
O castigo poderia tomar a forma de uma multa, de açoites, da perda de um dos membros do corpo, ou então de execução por apedrejamento, estrangula- mento, execução na fogueira ou morte à espada. As testemunhas falsas seriam sujeitadas a uma dessas punições, sem importar qual delas tivesse sido planejada para o homem falsamente acusado.
Dt 19.20 ... o ouçam e temam. Aqueles que sobrevivessem ao incidente (como a família do homem que tinha cometido perjúrio), bem como a população em geral, que ouvisse falar sobre o caso, temeriam, desencorajando o crime de perjúrio. E embora isso não eliminasse 0 mal das testemunhas falsas, essa prática odiosa ficaria grandemente reduzida.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 830.
Falsas testemunhas (19: 15-21). A prática do perjúrio é proibida no decálogo (5 : 20). Para desestimular o perjúrio, contudo, certas medidas judiciais foram estabelecidas. Esta breve seção trata de todo o assunto das testemunhas e, em especial, da falsa testemunha, que tem sido uma ameaça à sociedade em todas as épocas e entre todos os povos.
Dt 20.15. É perfeitamente provável que Moisés formulasse uma única lei apodítica com referência ao falso testemunho. Podemos postular tal lei nos seguintes termos: Uma única testemunha não terá ganho de causa (lit. “ficará de pé”) contra outrem com respeito a um crime qualquer.
Na explanação subsequente a tal lei aparece a cláusula de que duas ou três testemunhas são necessárias antes que uma acusação possa ser sustentada.
Dt 20.16-20. O caso da testemunha maliciosa (lit. “testemunha de violência”, i.e. seu testemunho levaria a um ato de violência) é agora discutido.
Quando tal testemunha declarava que o acusado era culpado de um ato errado (lit. “desvio”, i.e. deserção, apostasia ou má conduta moral ou religiosa), as duas partes em litígio tinham que comparecer perante Javé para responder aos sacerdotes e juízes que estivessem oficiando na ocasiões. O tribunal localizado no santuário central parece ser o que se tem em vista nesta passagem (cf. 17: 8-13). Depois de cuidadoso exame os juízes (provavelmente todo o grupo de sacerdotes e juízes) dariam o veredito.
Se a testemunha fosse falsa receberia o castigo que se tencionava dar ao acusado. Desta maneira o mal seria “queimado” (exterminado) de Israel e o perjúrio desestimulado.
Dt 20.21. A penalidade para o falso testemunho estava de acordo com a lex talionis, ou lei da retaliação (cf Êx 21: 23ss.; Lv 24:17ss.), i.e. olho por olho, dente por dente, etc.I39 Este princípio é freqüentemente mal entendido. Longe de estimular a vingança, ele limita a vingança e serve como guia para um juiz ao fixar este a penalidade compatível com a seriedade do crime. O princípio não era, assim, o de dar margem à vingança, mas o de garantir a justiça, Lei semelhante era conhecida em outras partes do mundo semítico. Algumas sociedades faziam uso de compensações monetárias em alguns casos.141 Basicamente, a lex talionis expressa a opinião de que a vida do indivíduo é algo sagrado, sem equivalente material (cf. 12:23, 24; 15:9; 21:8; 22:6; 7; 25:11,12). A crítica feita por JESUS a esta lei (Mt 5: 38ss.) surgiu de seu emprego para regular a conduta entre dois indivíduos. CRISTO não a rejeitou como princípio de justiça que deveria ser empregado nos tribunais terrenos. Com respeito a relacionamentos interpessoais Ele propôs o ideal da fraternidade, princípio marcadamente forte em todo o livro de Deuteronômio. Estender a lex talionis ao domínio interpessoal equivalia a destruir a lei de DEUS.
I. A. Thompson. Deuteronômio Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 208-209.
Os Falsos Testemunhos vv. 14-21
Aqui está um estatuto para impedir fraudes e perjúrios. Pois a lei divina protege os direitos e as propriedades dos homens. Ela é uma mui grande amiga da sociedade humana e do interesse civil dos homens.
T Uma lei contra fraudes, v. 14. 1. Aqui está uma instrução implícita, dada aos primeiros colonizadores de Canaã, para que fixassem marcos, segundo a distribuição da terra às diversas tribos e famílias. Observe que a vontade de DEUS é que cada um tenha o que for seu, que todos os bons meios sejam usados para evitar invasões e conflitos, e que ninguém faça ou receba o mal. Quando o direito é estipulado, deve-se tomar cuidado para que não seja, posteriormente, removido. E, se possível, que não haja oportunidades para disputas. 2. Uma lei expressa à posteridade, para que não removesse estes marcos que assim tinham sido fixados a princípio, para que um homem, secretamente, não obtivesse para si aquilo que era de seu vizinho. Este é, sem dúvida, um preceito moral, e ainda em vigor, e a nós ele proíbe: (1) Invadir o direito de qualquer pessoa, e tomar para nós aquilo que não nos pertence, por qualquer artifício ou procedimento fraudulento, como falsificar, ocultar, destruir ou alterar certificados e escritos (que são os nossos marcos, em função dos quais são feitas as apelações), ou modificar cercas, marcos e limites. Embora os marcos fossem colocados pelas mãos do homem, ainda assim, segundo a lei de DEUS, aquele que os removesse seria um ladrão e um saqueador. Que cada homem fique satisfeito com a sua própria sorte, e seja justo com seus vizinhos, e então não teremos nenhum marco removido. (2) Este preceito nos proíbe de semear a discórdia entre vizinhos, e fazer qualquer coisa que ocasione disputa e processos judiciais, o que é feito (e muito mal feito) confundindo aquelas coisas que deveriam determinar as disputas e decidir as controvérsias. E: (3) Também nos proíbe de romper a ordem e a constituição estabelecidas do governo civil, e alterar costumes antigos sem justa causa. Esta lei sustenta a honra das prescrições. Consuetudo facit jus - O que é costume deve ser considerado como lei.
Uma lei contra perjúrios, que estabelece duas coisas: 1. Que uma única testemunha jamais deveria ser aceita para dar evidência em uma causa criminal, de modo que a sentença fosse proferida com base no seu testemunho, v. 15. Esta lei já foi vista antes, Números 35.30, e neste livro, cap. 17.6. Isto foi decretado a favor do prisioneiro, cuja vida e honra não deveriam estar à mercê de uma pessoa particular que tivesse algum ressentimento contra ele, e por precaução, para que o acusado não dissesse aquilo que não pudesse confirmar através do testemunho de outra pessoa. Esta lei coloca a humanidade, com justiça, em uma posição vergonhosa, considerando-a como falsa e indigna de confiança. Segundo ela, deve-se suspeitar de todos os homens. Porém é uma honra para a graça de DEUS que o relato que Ele deu, a respeito do seu Filho, seja confirmado tanto no céu quanto na terra, por três testemunhas, 1 João 5.7. “Sempre seja DEUS verdadeiro, e todo homem mentiroso”, Romanos 3.4. 2. Que uma falsa testemunha deveria receber a mesma punição que fosse infligida à pessoa que ela acusasse, vv. 16-21. (1) O criminoso aqui é uma falsa testemunha, de quem se diz que “se levanta” contra um homem, não somente porque toda testemunha se levantava quando apresentava sua evidência, mas porque uma falsa testemunha, na verdade, se levanta como um inimigo e um assaltante contra aquele que ela acusou. Se duas, ou três, ou muitas testemunhas, estivessem de acordo em um falso testemunho, todas estariam sujeitas à acusação, por esta lei. (2) A pessoa prejudicada ou correndo riscos pelo falso testemunho é considerada como sendo demandante, v. 17. E se a pessoa fosse levada à morte, com base nas evidências, e posteriormente se descobrisse que eram falsas, qualquer outra pessoa, ou os próprios juízes, ex ofício - em virtude do seu ofício, poderiam exigir que a falsa testemunha se explicasse.
(3) Causas deste tipo, tendo em si uma dificuldade extraordinária, deviam ser levadas diante da corte suprema, os sacerdotes e juízes, dos quais se diz que estão perante o Senhor, porque, assim como os outros juízes ficavam às portas das cidades, também estes, à porta do santuário, cap. 17.12. (4) Deveria haver grande cuidado no julgamento, v. 18. Deveria ser feita uma investigação diligente quanto ao caráter das pessoas, e todas as circunstâncias do caso. Tudo isto devia sei' comparado, para que a verdade pudesse ser descoberta. Quando a investigação fosse realizada de um modo fiel e imparcial, eles poderiam esperar que a Providência os auxiliasse.
(5) Se ficasse evidente que um homem tinha, conscientemente e perversamente, dado falso testemunho contra seu próximo, embora o mal que lhe desejava não tivesse sido realizado, este deveria sofrer a mesma penalidade à qual seu próximo estaria sujeito, devido à sua evidência, v. 19. Nec lex estjustior idla - Nenhuma lei poderia ser ma is justa. Se o crime do qual ele acusasse seu próximo devesse ser punido com a morte, também o homem que deu falso testemunho deveria ser condenado à morte. Se a punição fosse açoitamento, ele deveria ser açoitado. Se fosse uma multa financeira, ele deveria ser multado também. E, como para aqueles que não levassem em consideração a atrocidade do crime e a necessidade de impedi-lo, pareceria ser uma punição muito dura, por ter dito algumas palavras, especialmente quando nenhum mal tinha, realmente, sido feito, aqui está acrescentado: “O teu olho não poupará”, v. 21. Nenhum homem precisa ser mais misericordioso do que DEUS. O benefício que resultará, para o público, desta severidade, a recompensará com abundância: “Para que os que ficarem o ouçam, e temam”, v. 20. Tais punições exemplares seriam advertências a outros, para que não empreendessem nenhuma maldade deste tipo, quando vissem como aquele que fez a cova e a escavou havia caído nela.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 618-619.
2. OS DANOS.
Êxo 21.23-25 A Lei de Talião. Temos aqui a declaração clássica da retaliação olho por olho, dente por dente. Nesse caso, a punição era de acordo com a natureza do crime cometido, de maneira a mais literal possível. Ver também Lev. 24.19,20 e Deu. 19.21 quanto a notas expositivas sobre essa lei. Tal lei provia uma retaliação em proporções exatas, evitando-se assim os exageros.
O termo “dano” (vs. 23), talvez aluda de volta ao vs. 22: um homem, em briga com outro homem, viria a ferir a mulher grávida deste, que viera em seu socorro. Se o ferimento não provocasse somente aborto, mas também a morte da mulher, então a lei determinava “vida por vida”, a primeira declaração geral da lex talionis. E o culpado era executado. Nesse caso, a palavra “dano” aponta para a morte da mulher. Embora o culpado tivesse matado a mulher sem intenção de fazê-lo, visto ter a mulher grávida e seu filho ainda não nascido, o caso se agravava tanto que passava a ser considerado como assassinato intencional.
Mas há estudiosos que pensam que o vs. 23 dá início a uma nova seção. Nesse caso, não há qualquer vinculação com o vs. 22. E, assim sendo, “vida por vida” passa a aludir à ideia de homicídio não intencional, já discutido nas notas sobre o vs. 12, ideia que seria aqui considerada de maneira geral. Por conseguinte, a lex talionis começaria por crimes que merecessem punição capital.
Bons intérpretes têm visto a questão por um ângulo ou por outro. Mas mesmo que o vs. 22 esteja em pauta, a expressão “vida por vida” deve ser entendida como uma declaração geral de que o homicídio intencional precisava ser punido com a execução do culpado!
Alguns estudiosos cristãos pensam que o aborto é um homicídio, pois pensam que o texto presente indica que o aborto envolvia a punição capital do culpado. Mas isso dificilmente concorda como vs. 22. Se a mulher não fosse ferida, então o simples aborto (nesse caso, provocado), era punível mediante mera muita.
Mas se tem de ser classificado ou não como uma homicídio envolve uma complicação difícil de resolver.
A lex talionis é mais antiga que a legislação mosaica, e vestígios dessa antiga lei podem ser encontrados em muitas culturas e em muitos antigos códigos legais.
Olho por olho...Alex talionis requeria uma retaliação exata. A vantagem dessa lei é que ela evitava exageros na aplicação da punição. Neste versículo são enfocadas porções específicas do corpo humano: olho, dente, mão, pé. Se alguém prejudicasse um dente de outrem, seu dente seria prejudicado; se prejudicasse um pé, seu pé sofre- ria dano idêntico.
Mas também devemos ver neste versículo um uso metafórico. Os crimes precisam ser punidos com precisão, e não de forma leniente e nem exagerada. Tais castigos poderiam nada ter a ver com membros literais do corpo humano. Este versículo condena a leniência geral que caracteriza nosso moderno sistema judicial. Os vss. 26 e 27 voltam à questão dos escravos; e nesse caso, não havia aplicação da lex talionis, porque os escravos eram considerados propriedades, pelo que a lei era mais branda em seus castigos nos casos de ferimentos produzidos contra escravos. Os escravos não eram tratados como iguais e nem possuíam direitos iguais às pessoas livres. Mas entre seres humanos livres, a lei tinha aplicação estrita.
A lex talionis produziu a mutilação generalizada de muitas pessoas, porquanto impunha a aplicação da punição em proporções exatas aos danos causados em alguém. Por essa e outras razões, posteriormente buscaram-se alternativas para a lex ía/ionis. E, então, a leniência na aplicação das penas veio a tornar-se a regra geral. Essa leniência, por sua vez, pode tornar-se tão acentuada que o criminoso nem mais chega a sentir o peso do castigo. De fato, em alguns países, como em nosso Brasil, chega-se a pensar que os direitos humanos, evocados em defesa dos culpados, esquece totalmente as vítimas dos criminosos. Agora, espera-se que 0 pêndulo da justiça comece a pender de novo, paulatinamente, na direção contrária, e que os direitos das vítimas passem a ser melhor reconhecidos.
Jarchi e outros intérpretes judeus informam-nos que, quando a pena imposta era a perda de um olho, tal pena começou a ser substituída por uma multa correspondente ao preço de um olho.
A lei era regulamentada pelos anciãos que atuavam como juízes. Não era permitida a retaliação individual, da parte de pessoas particulares. Fica entendido, embora não seja dito francamente, que tais injúrias tinham sido infligidas a propósito. Não obstante, é perfeitamente possível que até mesmo danos infligidos acidentalmente eram cobertos pela lex lalionis. Essa lei, embora aparentemente uma boa medida para assegurar a justiça, na prática permitia muitos abusos e absurdos. Como um princípio, entretanto, nos ministra uma lição necessária.
Queimadura... ferimento... golpe. Qualquer tipo de dano que um homem possa provocar em outro, deveria ser castigado com um dano similar. Os Targuns dos judeus de novo pensam que a interpretação deve ser metafórica. Ou seja, uma justa retaliação deveria ser aplicada por meio de multas, como “o preço de uma queimadura” (Targum de Jonathan), ou coisa parecida. As Doze Tábuas da primitiva legislação romana continham itens assim. Favorino objetava à aplicação literal da retaliação. Como se poderia fazer um ferimento em alguém que correspondesse, exatamente, ao ferimento que se fizera contra alguém? (Apud. Gell. Noct. Attic. 1.20 g. 1). Na primitiva sociedade romana, os castigos eram negociados. Quando não se podia chegar a um acordo, então era aplicada a literalidade. Josefo falou em dinheiro pago pelo ferimento feito em um olho (Antiq. 1.4 c. 33,35).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 400.
O cuidado particular que a lei teve com as mulheres grávidas, para que nenhum mal lhes fosse feito que pudesse provocar o seu aborto. A lei da natureza nos obriga a sermos muito ternos neste caso, para que a árvore e o fruto não sejam destruídos ao mesmo tempo, vv. 22,23. As mulheres grávidas, que desta maneira são tomadas sob a proteção especial da lei de DEUS, se viverem no temor a Ele, podem, ainda, crer estar sob a proteção especial da providência de DEUS, e ter esperança de que serão salvas ao darem à luz. Nesta ocasião, é introduzida aquela lei geral de retaliação à qual o nosso Salvador se refere em Mateus 5.38: “Olho por olho”. Bem: 1. A execução desta lei não é, com isto, deixada nas mãos de pessoas individualmente, como se todo homem pudesse vingar-se, pois isto causaria confusão universal e tornaria os homens como os peixes do mar. A tradição dos anciãos parece ter colocado este disfarce corrupto sobre a lei, e em oposição a isto o nosso Salvador nos ordena que perdoemos as ofensas e não pensemos em vingança, Mateus 5.39. 2. DEUS freqüentemente realiza a vingança no decorrer da sua providência, tornando a punição, em muitos casos, uma resposta ao pecado, como visto em Juízes 1.7; Isaías 33.1; Habacuque 2.13; Mateus 26.52. 3. Os magistrados devem ter em mente esta regra ao punir os criminosos, e fazer justiça àqueles que são ofendidos. Deve-se considerar a natureza, a qualidade e o grau do mal que é feito, para que possa haver reparação à parte ofendida, e outros se contenham para não fazer nada semelhante. Ou olho por olho, ou o olho ferido será redimido por uma soma de dinheiro. Observe que aquele que causa o dano deve esperar, de uma maneira ou de outra, uma recompensa de acordo com o dano que causar, Colossenses 3.25. As vezes, DEUS faz com que as obras violentas dos homens caiam sobre as suas próprias cabeças (SI 7.16). E os magistrados, quanto a isto, são os ministros da justiça, pois são vingadores (Rm 13.4) e não trazem debalde a espada.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 300.
3. O PECADO DA MENTIRA.
MENTIRA (MENTIROSO)
1. Definições Básicas
Temos preparado um longo artigo sobre os Vícios, onde é comentado o vício da mentira. Mentir é fazer declarações propositalmente falsas, meias verdades que envolvem falsas impressões. Um exagero proposital é um tipo de mentira, como também o é uma declaração parcial proposital. Até mesmo as verdades proferidas com o intuito de enganar, naquilo em que visam iludir, não passam de mentiras. Entretanto, as histórias de ficção, escritas ou filmadas, embora não correspondam à realidade, não são mentiras, visto que não se propõem a narrar fatos, mas tão-somente simbolizam fatos e idéias.
2. Palavras Bíblicas Envolvidas
No hebraico encontramos kazab, palavra usada por vinte e nove vezes, conforme se vê, por exemplo em Juí. 16:10,13; Sal. 40:4; Pro. 6:19; 14:5,25; 19:5,9; Isa. 28:15,17; Eze. 13:8,9,19; Dan. 11:27; Osé. 12:1; Amós 2:4; Sof. 3:13. Também encontramos sheqer, que aparece no Antigo Testamento por cerca de quarenta e três vezes com o sentido de «falsidade», «mentira», («mentiroso», etc., segundo se vê, para exemplificar, em Jó 13:4; Sal. 63:11; 119:69; Isa. 9:15; 59:3; Jer. 9:3,5; 14:14; 29:21,31; Eze. 13:22; Miq. 6:12; Hab. 2:18; Zac. 10:2 e 13:3. Ambas as palavras podem indicar «engano», «mentira». Outras palavras hebraicas bem menos usadas sãoakzab (Miq. 1:14), bad, «artifício» (Jó 11:3; Isa. 16:6; Jer. 48:30); kachash, «fingimento» (Osé. 7:3; 10:13; 11:12; Naum 3:1); dabar, «palavra de falsidade» (Pro. 29:12).
No grego encontramos pseüdos, «mentira» «falsidade», palavra empregada no Novo Testamento por sete vezes: João 8:44; Rom. 1:25; II Tes. 2:11; I João 2:21,27; Apo. 21:27; 22:15. E também pseúsma, «falsidade», em Rom. 3:7.
3. Usos Bíblicos
Os homens mentem, principalmente, a fim de enganar. Essa palavra é usada nas Escrituras para indicar as declarações falsas dos homens acerca de DEUS e das realidades espirituais (Jer. 14:14; Eze. 13:9; Rom. 1:25). A verdade divina é reduzida a uma mentira, pelas idéias e declarações dos homens. As mentiras dos homens pervertem, portanto, a verdade dita por DEUS. Toda mentira cria uma falsa certeza (Isa. 28:15). Os resultados da mentira são o erro e a ilusão (Jer. 23:32). Os padrões morais são solapados pelas mentiras (Rom. 1:26 ss).
DEUS não pode mentir, mas precisa julgar (I Sam. 15:29; Tito 1:2). Por isso, a mentira nunca é atribuída a DEUS, mas é atribuída aos homens, como quando prestam falso testemunho (Pro. 6:19). O ato de mentir era proibido pela lei mosaica (Exo. 20:16; Lev. 19:11). Os crentes deveriam reconhecer que o ato de mentir é próprio da vida velha, na incredulidade, devendo ser rejeitado pelo crente como uma roupa indesejável, segundo se vê em Col. 3:9; «Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos». O trecho de João 8:44 apresenta Satanás como o pai da mentira. Os trechos de Apo. 21:27 e 22:15 mostram que os mentirosos habituais (que o fazem devido à sua natureza corrompida e não regenerada), ficam impedidos da salvação e do lar celestial.
4. Discussões Filosóficas
Será errada a mentira, em todos os casos? Alguns filósofos asseveram que há ocasiões em que mentir é melhor do que dizer a verdade. Um meu professor de filosofia deu um exemplo em classe, baseado na vida real, ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial. Ele falou sobre um sacerdote católico romano que se viu envolvido no movimento de resistência subterrânea de um pai» debaixo do poder militar dos nazistas. Vidas dependiam dele. Quando foi apanhado, ele confessou, e não mentiu, dizendo aos alemães que, de fato, fazia parte daquele movimento. O resultado foi desastroso. Também poderíamos pensar no caso dos pacientes terminais. Tais pacientes devem ficar sabendo da verdade, ou, pelo menos em alguns casos, é melhor enganar o doente? Há pessoas que simplesmente querem saber seu estado, e a essas deveríamos dizer a verdade. Mas há outras que, segundo os médicos e seus familiares julgam, sentir-se-iam menos premidas se a verdade não lhes fosse revelada, pois ass:m enfrentariam a morte mais tranquilamente. Isso posto, em tais casos, seria melhor mentir a um paciente terminal. Se esses casos são exemplos de exceções válidas à regra contra a mentira, então podemos afirmar que, algumas vezes, a lei do amor é melhor servida por um engano (cují intenção é aliviar o sofrimento), do que se dizendo a verdade chocante e brutal.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 4. Editora Hagnos. pag. 228-229.
«...Não mintais...»
«Sem a honestidade, o fundo cai de todas as outras virtudes. O amor é aclamado como qualidade suprema da vida cristã; mas Paulo, ao dizer isso sobre a fé, a esperança e o amor, afirma que a maior delas é o amor, o qual deve ser sem hipocrisia (ver Rom. 12:9). O amor sem genuinidade é pior que não ter amor algum. A honestidade é a essência da coragem moral, conforme ficou demonstrado na vida de JESUS. Uma mentira inocente poderia tê-lo salvado da cruz, mas ele não a quis proferir, apesar de sua vida estar em perigo. Os primeiros cristãos deixaram profunda impressão sobre seus contemporâneos, não meramente por causa do amor que exemplificavam («Vede como esses cristãos se amam uns aos outros»), mas muito mais pela integridade de suas vidas (ver Tia. 5:12)». (Macleod, in loc.).
Um criminologista norte-americano asseverou que á fraude é a ofensa criminal mais propagada nos Estados Unidos da América, permeando todos os níveis da sociedade. Ê justo supormos que o mesmo se dá em muitos outros países.
Como a sociedade encara sem seriedade a mentira, o que se vê no grande número de piadas que se centralizam em redor dessa prática. Mas quão séria é essa questão, no N .T ., por refletir uma natureza desonesta e pervertida. Paulo adiciona essa maldade à sua pintada de vícios, conforme se vê no oitavo versículo. Este, tal e qual os outros vícios, pertence à i natureza antiga, ao homem velho e não remido. Tal vício, tal como aqueles outros, é incompatível com a nossa nova vida em CRISTO. No entanto, não é verdade que a maioria das pessoas, dentro e fora da igreja, diz o que pensa ser-lhes mais vantajoso, sem importar se é uma verdade ou uma mentira, de tal modo que o teste real da conduta é o teste «pragmático »? Serei beneficiado, se disser uma mentira? Se a resposta for «sim», então, para essas, pessoas, a mentira é preferível à verdade. «...vos despistes...» No grego temos o verbo «apekduomai», o qual, tal como o verbo do versículo anterior, pode significar «despir uma roupa». Portanto, o quase certo é que Paulo dá prosseguimento à sua metáfora do «despir-se» e do «vestir-se», tendo empregado apenas um sinônimo.
Como Nos Despimos Do Velho Homem ?
1. Quando aplicam os meios de desenvolvimento e sp iritual, desvencilhamo-nos das vestes velhas e sujas que nos caracterizavam antes da conversão. (Isso é comentado no primeiro versículo deste capítulo).
2. Esse despir-se é realizado por ocasião da conversão (ver João 3:3), e prossegue na santificação (ver I Tes. 4:3). Ambas as coisas fazem parte da obra do ESPÍRITO.
3. Isso se cumpre através da nossa união com CRISTO, por causa do que assumimos a sua natureza, e assim nos tornamos um «novo homem». (Ver II Cor. 5:17 e suas notas, quanto a esse conceito. Ver também as notas, em Rom. 6:3, sob o título «O batismo espiritual»).
4. O trecho de Efé. 4:22 encerra idêntica declaração, e ali são dadas notas adicionais que .iluminam o tema. O velho homem é representado pelas vestes velhas. Ele é a natureza antiga, não convertido, egoísta, carnal, dominado por motivos carnais e temporais. CRISTO é a «nossa vida» (ver o quarto versículo deste capítulo). Quando isso se toma uma realidade, então nos tornamos novas criaturas, ou seja, temo-nos vestido de novas vestes, metaforicamente falando. (Ver o velho homem crucificado, em Rom. 6:6).
«Torna-se perfeito no4ommio próprio aquele que não somente se abstém dos prazeres do corpo, mas alegra-se por poder fazê-lo; ao passo que aquele que se abstém mas se entristece com isso, não tem o domínio próprio». (Aristóteles):
A m etáfora do «despojamento» nos leva de volta a todos os vícios mencionados, não aludindo somente à prática da mentira.
O paralelo a este versículo é a passagem de Efé. 4:25, onde se lê: «Por isso, deixando a m e n tira, fale cada um a verdade com o seu próxim o, porque somos membros uns dos outros». Quando mentimos para os irmãos, ferimos o corpo inteiro de CRISTO, distorcendo-o e a leijando os seus membros. O «velho homem» é a «veste antiga», que deve ser, posta de lado.
O velho homem nos impulsionava a ações que nos degradavam, incluindo a mentira.
Antes de falares,
Faz tudo passar diante de três portas de ouro:
As portas estreitas são, a primeira: ‘Ë verdade!’
Em seguida: ‘È necessário?’ Em tua.mente
Fornece uma resposta veraz. E a próxima
É a última e mais difícil: ‘É gentil?’
E se tudo chegar, afinal, aos teus lábios,
Depois de ter passado por essas três portas,
Então poderás relatar o caso, sem temeres
Qual seja o resultado de tuas palavras.
(Beth Day).
A mentira é contrária tanto à lei da verdade como à lei do amor. Ë, ao mesmo tempo, injusta e sem gentileza, e tende, mui naturalmente, por destruir a amizade e a boa fé entre os homens.
«A mentira nos torna semelhantes ao diabo, o pai da mentira, sendo uma das características principais da imagem do diabo em nossas almas». (Matthew Henry, in loc., tecendo comentários sobre o trecho de João 8:44).
Referências e idéias, a mentira:
1. A mentira é proibida (ver Lev. 19:11 e Col. 3:9). 2. Ê abominável a DEUS (ver Pro. 6:16-19). 3. Ë uma abominação,contra DEUS (ver Pro. 12:22). 4. Ë um obstáculo à oração (ver Isa. 59:2,3). 5. É originada pelo diabo (ver João 8:44).
6. Os santos devem repelir à mentira (ver Sal. 119:29).
7. Devem evitar essa maldade (ver Isa. 63:8).
8. Devem orar para serem preservados da mesma (ver Sal. 119:29).
9. Os hipócritas são dados à mentira (ver Osé. 11:12).
10. Os hipócritas causam a mentira (ver Isa. 57:4).
11. Os ímpios mentem desde a infância (ver Sal. 58:3).
12. Os ímpio»amam à mentira (ver Sal. 52:3).
13. Os ímpios buscam a mentira (ver Sal. 4:2).
14. A mentira é uma das características dos apóstatas (ver I I Tes. 2:9 e I Tim. 4:2).
15. A mentira é um vício que exclui dos céus ao indivíduo (ver Apo. 21:27-22:15).
16. O diabo exemplifica a mentira (ver Gên. 3:4).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 139.
A chamada: Não mintais talvez pareça vir como um anticlímax, mas os efeitos sociais de promessas e compromissos indignos são enormes. Possivelmente este desafio pertença à tradição, que é usada para completar a lista no v. 8. A mesma admoestação ocorre em Efésios 4.25.
A exortação parece estar restrita a uma aplicação dentro da comunidade cristã, de modo que sua seriedade recebe uma referência deliberada. A mentira leva a um rompimento da comunhão cristã, porque engendra a suspeita e a desconfiança, e assim destrói a vida em comum no corpo de CRISTO (Rm 12.4) mediante a qual somos “membros uns dos outros.”
A razão para o abandono dos maus caminhos agora é fornecida. Uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos traduz uma frase que começa com um particípio grego apekdusamenoi (“tendo despido”). É complementado por um particípio correspondente no v. 10 (gr. endusamenoi, “tendo vestido”). Todos os comentaristas concordam que há um tema batismal nestes verbos, tirado da atividade de despir-se para o ato do batismo, quando o novo cristão entrava na água, e de vestir-se depois.
A referência em Gálatas 3.27 claramente localiza a experiência como sendo batismal, embora Paulo enfatize igualmente que todos os leitores das suas Epístolas devem saber apreciar significado “interior” do ato exterior (cf. Rm 13.12, 14; cf. Ef 4.24).
O problema postulado por estes particípios aoristos, que denotam um evento passado, é saber se continuam a seqüência das admoestações ou se relembram o batismo como sendo a ocasião quando o crente fez as renúncias da sua vida antiga. No primeiro ponto de vista (declarado por Lohse, pág. 141) Paulo está continuando a linha do seu apelo que começou com a chamada: “Não mintais,” e ressaltando a obrigação que seus leitores devem enfrentar e agir à altura para abrir mão dos hábitos que pertencem à sua velha natureza, despojando 'tudo quanto pertence à sua vida anterior e substituindo-a com um novo modo de viver. Os particípios têm um sentido imperativo, de acordo com o uso rabínico e neotestamentário (veja D. Daube: “Participle and Imperative in I Peter” em E. G. Selwyn: The First Epistle o f St Peter, Londres 1947, págs. 467-88).
O ponto de vista alternativo (compartilhado por Abbott, Masson, C. Maurer em TDNT vi, pág. 644, e defendido especialmente por J. Jervell, Imago Dei, Gõttingen, 1960, pág. 236) deve ser preferido como estando mais de conformidade com o ensino atestado de Paulo. Está chamando os Colossenses de volta ao seu batismo, e conclamando-os a lembrar-se do seu efeito dinâmico ao libertá-los do seu antigo modo de vida, como conseqüência da sua união com CRISTO pela fé, agora confessada. Passa a conclamá-los, nesta expressão participial, a viver à altura daquela confissão batismal ao ser leal a ela, e a tomar-se na própria realidade — mediante sua renúncia e sua aceitação da sua nova vida, dada a eles enquanto foram ressuscitados com CRISTO — aquilo que já foram declaradamente no seu batismo.
Partes anteriores desta carta — para não irmos mais longe no assunto da ética paulina (veja V. P. Furnish: Theology and Ethics in Paul, Nashville, 1968) — confirmam este modo de declarar a intenção de Paulo. Pode referir-se ao passado, à entrada decisiva dos Colossenses no reino de DEUS, que transformou as suas vidas (1.3) quando compartilharam do ato de CRISTO em despir de Si mesmo a tirania dos poderes demoníacos (2.11, 25). Este evento foi seu batismo (2.12, 13, 20) que inaugurou na união com CRISTO, o Senhor, a sua posição crista (3.1,3).
Esta interpretação ajuda-nos a apreciar o termo enigmático: velho homem (ou “velho Adão”) e novo homem (ou “novo Adão”). Parece claro que estes não são novos termos de individualidade mas, sim, são expressões corpóreas que denotam uma velha e um nova ordem de existência.
Paulo, portanto, está conclamando seus leitores (como em Rm 6.6-14) a acabar com seu antigo estilo de vida, com seus hábitos, inclinações e alvos, e a viver como aqueles que, no começo da sua nova vida em CRISTO, entraram no novo mundo de uma nova humanidade que está viva para DEUS. Nem devemos esquecer-nos de que, embora Paulo bem possivelmente esteja utilizando formas tradicionais de expressão (catequética) que eram moeda corrente nas igreja primitivas, haveria relevância especial deste ensino para os homens e as mulheres de Colossos que estavam perplexos no que dizia respeito a diretrizes rivais para o modo de vida dos cristãos, oferecidas em nome dos falsos mestres no seu meio (2.16-23). A resposta de Paulo e seu antídoto é uma declaração simples do senhorio de CRISTO e o que significa viver sob aquela regra. Seus leitores (conforme os faz lembrar) eram aqueles que tinham professado lealdade ao Senhor JESUS CRISTO na conversão e na renovação (2.13). Que agora ponham em prática aquela profissão, procurando ideais éticos cujo padrão é estabelecido por sua vida no “novo Adão,” o novo segmento da humanidade que obtém sua vida de CRISTO JESUS.
Ralph P. Martin. Colossenses. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 117-118.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva (http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/) com algumas modificações do Ev. Luiz Henrique.
Questionário da Lição 11 - Não Darás Falso Testemunho
Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2015 - CPAD - Para adultos
Tema: OS DEZ MANDAMENTOS - Valores Imutáveis Para Uma Sociedade Em Constante Mudança
Comentários: Pr. Esequias Soares
Complete os espaços vazios e marque com "V" as respostas Verdadeiras e com "F" as Falsas
TEXTO ÁUREO
1- Complete:
"Não admitirás ________________________ rumor e não porás a tua mão com o _________________________, para seres testemunha _________________________." (Êx 23.1)
VERDADE PRÁTICA
2- Complete:
O nono mandamento proíbe a _________________________, o ________________________ e o testemunho _________________________ contra o próximo tanto no dia a dia como nos tribunais.
I. O NONO MANDAMENTO
3- Qual a abrangência do nono mandamento, não darás falso testemunho?
( ) Esse mandamento abrange não só a mentira, como a fofoca, como a maledicência, como a cobiça.
( ) O mandamento não se restringe apenas ao campo do processo legal; há implicações vinculadas às atividades da vida diária.
( ) A ruptura desse mandamento podia solapar a característica básica da aliança, a fidelidade de DEUS para com o homem, do homem para com DEUS e do homem para com seu próximo.
4- Qual o objetivo do nono mandamento, não darás falso testemunho?
( ) O principal objetivo é quanto à doutrina, o mandamento torna- se uma passagem de proteção a favor dos falsos ensinos teológicos.
( ) É duplo, em defesa da honra e da fé.
( ) Trata-se da proteção da honra e da boa reputação no campo social.
( ) O propósito divino neste mandamento é erradicar a mentira, a calúnia e a falsidade do meio do povo.
( ) E não somente isso, mas também promover o bem-estar social e a fraternidade entre os seres humanos.
( ) No tocante à doutrina, o mandamento torna- se uma muralha de proteção contra os falsos ensinos teológicos.
5- Qual o Contexto do nono mandamento, não darás falso testemunho?
( ) O nono mandamento com suas normas na legislação mosaica mostra a administração da justiça em Israel.
( ) O termo "juízes", em hebraico, shafat, "juiz, árbitro, conselheiro jurídico, governante", é wav-Elohim, literalmente "DEUS" na passagem paralela.
( ) O termo "juízes", em hebraico, shophet, "juiz, árbitro, conselheiro jurídico, governante", é ha-Elohim, literalmente "DEUS" na passagem paralela.
( ) A tradução literal seria "perante DEUS" como aparece na Septuaginta e na Vulgata Latina.
( ) Este uso é padrão para o verdadeiro DEUS no Antigo Testamento e não deve ser traduzido como "deuses" por causa do artigo.
( ) O emprego de "juízes" aqui é legítimo e ninguém questiona essa tradução.
( ) As versões rabínicas empregam "perante a corte".
( ) Os juízes representavam o DEUS de Israel nos julgamentos.
II. O PROCESSO
6- O que significa “Responder em juízo”?
( ) O mandamento "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" reflete o aspecto legal e isso é conhecido pelos termos usados e por sua regulamentação na lei.
( ) O verbo "dizer", anah, em hebraico, "responder", abrange amplo significado.
( ) O verbo "dizer", darash, em hebraico, "responder", abrange amplo significado.
( ) É usado para indicar o ato de declarar solenemente, de testemunhar a favor ou contra.
( ) A resposta, aqui, diz respeito aos interrogatórios na corte.
( ) Essa característica forense aparece na legislação sobre o tema.
7- O que significa “Falso testemunho”?
( ) O termo hebraico ed, "testemunho",tsodeq, literalmente "testemunho vão", ou qeshot, "falso testemunho", diz respeito a uma mentira, a uma declaração conscientemente falsificada.
( ) O termo hebraico ed, "testemunho", emedshaw, literalmente "testemunho vão", ou edshaqer, "falso testemunho", diz respeito a uma mentira, a uma declaração conscientemente falsificada.
( ) O termo hebraico shaw, "vão, inutilmente, à toa" (veja lição 5), indica algo sem valor, irreal no aspecto material e moral.
( ) Aqui se trata de alguém que fala em vão, sem fundamento, que faz acusação sem validade e sem consistência, portanto falso.
( ) A tradução de Deuteronômio 5.20, na Septuaginta, acrescenta "com testemunho falso", assim: "Não testemunharás falsamente contra o teu próximo com testemunho falso".
8- O que significa “próximo”, no decálogo?
( ) É a primeira vez que o termo aparece no Decálogo.
( ) O próximo, em hebraico, rea, indica outra pessoa, vizinho, amigo, parceiro.
( ) O próximo, em hebraico, sur, indica outra pessoa, vizinho, amigo, parceiro.
( ) Essa palavra se refere aos israelitas, mas o Senhor JESUS a aplicou a todas as pessoas em seu pronunciamento sobre o segundo e grande mandamento.
( ) Todavia, a lei já contemplava nessa palavra os estrangeiros.
( ) Assim, nosso próximo é qualquer pessoa ou eu mesmo, pois devo também ser um próximo, isso está claro quando JESUS manda o judeu e doutor da lei imitar o samaritano.
III. A VERDADE
9- O que é a verdade, no Antigo Testamento?
( ) É aquilo que corresponde aos fatos, em contraste com qualquer coisa enganosa, a mentira.
( ) O termo hebraico, emet, significa "verdade, fidelidade, firmeza, veracidade".
( ) O termo hebraico, bada'ut, significa "verdade, fidelidade, firmeza, veracidade".
( ) Daí derivam as palavras emunah, "fé, fidelidade, firmeza", e amen, "amém, verdadeiramente, de fato, assim seja".
( ) Daí derivam as palavras bada'ut, "fé, fidelidade, firmeza", e bedi'ah, "amém, verdadeiramente, de fato, assim seja".
( ) É também um atributo divino: o "DEUS da verdade".
( ) O próprio DEUS é a verdade absoluta.
( ) O DEUS verdadeiro espera que seu povo também o seja, pois a ética é a imitação de DEUS.
10- O que significa verdade, no Novo Testamento?
( ) O NT emprega Aletheia, “verdade”, e seus derivados.
( ) O NT emprega Letheia, “verdade”, e seus derivados.
( ) O termo vem do verbo grego, lanthano/ letho, "ocultar ou encobrir algo a alguém".
( ) O prefixo "a" indica negação. Assim, para os gregos, aletheia significa "não oculto, não escondido".
( ) É aquilo que corresponde aos fatos e permanece em oposição à falsidade. Nisto se alinha com as Escrituras hebraicas.
( ) Esta é a verdade como parte da ética.
( ) Mas as palavras "como está a verdade em CRISTO", dizem respeito a "toda sua plenitude e extensão, encarnada nele; Ele é a perfeita expressão da verdade" (Dicionário Vine).
( ) Isso está de acordo com sua própria afirmação.
11- O que é a verdade?
( ) Foi a pergunta que Pilatos fez a JESUS, mas não esperou pela resposta.
( ) Será que ele estava convencido de que não havia resposta, ou não se interessou de modo algum pelo retorno que JESUS poderia dar?
( ) Para os romanos, "verdade", mentionica em latim, significa "precisão, rigor, exatidão de um relato". Talvez Pilatos estivesse destoado do contexto.
( ) Para os romanos, "verdade", ventas em latim, significa "precisão, rigor, exatidão de um relato". Talvez Pilatos estivesse destoado do contexto.
IV. O CUIDADO COM A MENTIRA
12- Como eram as testemunhas nos julgamentos do AT?
( ) O Senhor JESUS foi vítima de testemunhas falsas, da mesma forma que Lucas.
( ) Ninguém podia ser acusado por uma só testemunha, pois a lei exige duas ou três testemunhas. Era a garantia de um julgamento justo. Mas nem sempre isso era possível.
( ) Nabote foi acusado, julgado e condenado conforme a lei, mas era inocente, pois as testemunhas eram falsas.
( ) O Senhor JESUS foi vítima de testemunhas falsas, da mesma forma que Estêvão.
( ) Mesmo com todo o rigor da lei, nunca faltou na história quem se dispusesse a testemunhar falsamente.
13- Quais os danos na violação do nono mandamento, não darás falso testemunho?
( ) A violação do nono mandamento é um atentado contra a honra e pode destruir a reputação e o bom nome que alguém levou uma vida inteira para construir.
( ) Seus efeitos maléficos podem ainda levar a pessoa à morte ou à prisão, destruir casamentos e arruinar famílias.
( ) É um pecado grave do qual muitos ainda não se deram conta.
( ) A pena contra a falsa testemunha em Israel era o exílio; tal pessoa receberá o mesmo que ela tentou fazer ao seu próximo: "será condenado, e o castigo dele será o mesmo que ele queria para o outro". Será aplicada a lei de retribuição.
( ) A pena contra a falsa testemunha em Israel era a morte; tal pessoa receberá o mesmo que ela tentou fazer ao seu próximo: "será condenado, e o castigo dele será o mesmo que ele queria para o outro". Será aplicada a lei de talião.
14- Como é o pecado da mentira, no NT?
( ) Quem já viu um irmão ser disciplinado ou cortado do rol de membros da Igreja pelo pecado de não pagamento de suas contas no supermercado?
( ) Quem já viu um irmão ser disciplinado ou cortado da comunhão da Igreja pelo pecado de mentira?
( ) A Bíblia trata o assunto com seriedade, pois quem se converteu a CRISTO precisa deixar a mentira e falar a verdade.
( ) Os mentirosos constam da lista dos incrédulos, homicidas, fornicadores, feiticeiros, idólatras, dentre outros.
( ) Na graça, o tema é tratado com profundidade implicando a vida eterna, e não envolvendo tribunais como no sistema mosaico.
( ) É desejo, portanto, de todo cristão se parecer com JESUS e é isso o que DEUS espera de todos nós.
CONCLUSÃO
15- Complete:
DEUS se ________________________ pelo bem-estar de todos os seus filhos e filhas. O desrespeito pelo próximo ________________________ a DEUS. O Senhor JESUS nos ________________________ a tratar as pessoas da mesma maneira que gostaríamos de ser tratados (Mt 7.12). Que DEUS nos ajude e nos guarde para que possamos viver uma vida _________________________.
RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO EM http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
Referências Bibliográficas (outras estão acima)
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico Almeida Revista e Corrigida.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999.
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
www.ebdweb.com.br
www.escoladominical.net
www.gospelbook.net
www.portalebd.org.br/
http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/ - Pb Alessandro Silva
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm