Lição 12: Os Pecados de Omissão e de Opressão 1 parte

Lição 12: Os Pecados de Omissão e de Opressão 1 parte

Lição 12 - Os Pecados de Omissão e de Opressão
LIÇÕES BÍBLICAS - 3º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: FÉ E OBRAS - Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica
Comentário: Pr. Eliezer de Lira e Silva
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
 
 
TEXTO ÁUREO
"Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado" (Tg 4.17).
 
 
VERDADE PRÁTICA
Os pecados de omissão e opressão são tão repulsivos diante de DEUS quanto às demais transgressões.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Gn 3.1-24 A queda do ser humano
Terça - Is 59.2 O pecado nos separa de DEUS
Quarta - Jo 1.29 O Cordeiro de DEUS que tira o pecado
Quinta - Hb 9.22 Remissão pelo sangue de JESUS
Sexta - 1 Jo 1.7 O sangue de JESUS purifica de todo pecado
Sábado - 1 Rs 8.46 Não há quem não peque
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Tiago 4.17; 5.1-6
17 Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado
1 Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. 2 As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas da traça. 3 O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias. 4
Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras e que por vós foi diminuído clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos. 5 Deliciosamente, vivestes sobre a terra, e vos deleitastes, e cevastes o vosso coração, como num dia de matança. 6 Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu.
INTERAÇÃO
Professor, na lição de hoje estudaremos a respeito dos pecados de omissão e opressão. Também veremos a exortação de Tiago em relação ao julgamento dos ricos impiedosos. O meio-irmão do Senhor adverte os ricos, não pela posse de bens materiais, mais porque estes não eram bons mordomos dos seus bens. Segundo Tiago, estes ricos exploravam os pobres (Tg 2.5,6). Atitude esta que DEUS abomina. 
O Senhor deseja que venhamos utilizar nossos recursos para ajudar as pessoas necessitadas, não somente para o nosso deleite e prazer. Que possamos utilizar nossos bens para promover o Evangelho e ajudar as pessoas, pois "a fé sem obras é morta". Tiago mostra que os ricos estavam tão absortos em seus deleites que nem se deram conta do juízo divino e da desgraça que se abateu sobre eles: "As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas da traça" (5.2). Que venhamos utilizar nossos bens com sabedoria.
 
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Conscientizar-se dos perigos do pecado de omissão.
Mostrar que adquirir bens à custa da exploração alheia é pecado.
Saber que DEUS ouve o clamor dos trabalhadores injustiçados.
 
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, reproduza o quadro abaixo para os alunos. Utilize-o para mostrar como a Palavra de DEUS identifica a riqueza. Enfatize que a riqueza não é e jamais será um sinal de fé ou do favor divino. Explique que JESUS fez duras criticas aqueles que amam os bens materiais. O Mestre declarou: "Quão dificilmente entrarão no reino de DEUS os que têm riquezas" (Lc 18.24).
 
R I Q U E Z A S
A sua busca insaciável e avarenta é idolatria
Cl 3.5
Segundo JESUS é um obstáculo à salvação
Mt 19.24; 13.22
Transmite um falso senso de segurança, enganam
Lc 12.15-21
Exigem total fidelidade do coração.
Mt 6.21
Levam as pessoas a caírem em tentação.
1 Tm 6.9
O amor a elas é raiz de muitos males.
1 Tm 6.10
 
Resumo da Lição 12 - Os Pecados de Omissão e de Opressão.
I- O PECADO DE OMISSÃO (Tg 4.17)
1. A realidade do pecado.
2. O pecado de comissão (Gn 3.17-19).
3. O pecado de omissão (Tg 4.17).
II- O PECADO DE ADQUIRIR BENS À CUSTA DA EXPLORAÇÃO ALHEIA (Tg 5.1-3)
1. O julgamento divino sobre os comerciantes ricos (v.1).
2. O mal que virá (v.2).
3. A corrosão das riquezas e o juízo divino (v.3).
III- O ESCASSO SALÁRIO DOS TRABALHADORES “CLAMA” A DEUS (Tg 5.4-6)
1. O clamor do salário dos trabalhadores (v.4).
2. A regalia dos ricos que não temem a DEUS cessará (v.5).
3. O pobre não resiste à opressão do rico (v.6).
 
SINOPSE DO TÓPICO (1) - DEUS é santo e abomina tanto o pecado de comissão como o de omissão.
SINOPSE DO TÓPICO (2) - A Palavra de DEUS condena àqueles que adquirirem riquezas as custa da exploração dos pobres e necessitados.
SINOPSE DO TÓPICO (3) - DEUS ouve o clamor dos trabalhadores injustiçados. Ele é justo e não aceita nenhuma forma de opressão e injustiça.
 
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I - Subsidio Bibliológico
"Por que contra o rico? (5.1-6)
Em Jerusalém, eram poucas as pessoas da classe alta que se mostravam sensíveis ao Evangelho. Enquanto crescia a perseguição contra a igreja primitiva, muitos crentes perderam sua fonte de subsistência e passaram a ser explorados pelos poderosos. As investidas de Tiago contra os ricos são:
1) eles anseiam aumentar a riqueza com o sofrimento dos outros;
2) defraudam seus empregados;
3) vivem de maneira extravagante, e amam a boa vida; e,
4) matam os justos.
Temos condições de ser pacientes até mesmo quando provocados pela avidez dos exploradores da riqueza. Pois, sabemos que CRISTO, o Juiz, está às portas (Tg 5.7-9)"  RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 9. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2010, p. 875).
 
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2007.
ARRINGTON, French L; STRONSTD (Eds.).  Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 2. 4. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2009.
SAIBA MAIS pela Revista Ensinador Cristão CPAD - nº59. p.42.
 
 
COMENTÁRIOS DE VÁRIOS LIVROS - INTRODUÇÃO
Como destacamos no capítulo 10 deste livro, o apóstolo Tiago chama a atenção de seus leitores, mais especificamente na abertura do capítulo 4, para as consequências trágicas da omissão dos homens mais abastados em cuidar “dos órfãos e das viúvas” (Tg 1.27) assim como dos membros indigentes da sua comunidade (Tg 2.15,16). Tal atitude, frisa o apóstolo, estava levando a mortes desnecessárias entre os mais necessitados, de maneira que Tiago sugere que esses homens ricos que pecavam por omissão, que pecavam por não atenderem aos mais carentes, eram, indiretamente, assassinos (Tg 4.3; 5.6). Sim, porque os interesses egoístas dessas pessoas — e que ficará ainda mais evidenciado no caso da diminuição do salário devido aos trabalhadores pobres (Tg 5.4) — estavam levando necessitados à morte. Ao lutarem apenas pelos seus próprios deleites, eles estavam, na prática, mesmo que indiretamente, combatendo contra seus irmãos necessitados, porque sua omissão custava a vida destes. Tratava-se, portanto, de uma omissão criminosa.
Lembremos que a Epístola de Tiago foi escrita, muito provavelmente, durante a grande fome que abateu a Judeia por volta do ano 46 d.C. A data mais provável para a composição da Carta de Tiago é entre 45 e 49 d.C., isto é, exatamente um período que abrange a época dessa grande fome. Logo, quando Tiago viu que a morte de alguns irmãos poderia ser poupada se não fosse a omissão dos mais ricos — ainda mais que os ricos empregadores, motivados apenas por cobiça e egoísmo, estavam em falta no pagamento dos salários dos seus trabalhadores, salário este que, se honrado, supriria minimamente as necessidades destes —, o apóstolo foi tomado de uma ira santa e escreveu as palavras contundentes que abrem o capítulo 5 de sua carta, sobre as quais meditaremos a seguir.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 137-138.
 
Lc 6.24 Os três versículos seguintes contêm expressões de aflição (os “ais”) que expressam o oposto das “bem-aventuranças” dos versículos anteriores. Embora a maioria das pessoas do mundo veja os bens como desejáveis e um sinal das bênçãos de DEUS, JESUS diz o oposto. Provavelmente, JESUS dirigia estes comentários às pessoas em geral. JESUS não menospreza os bens propriamente ditos, mas sim o seu efeito sobre as pessoas. Os bens fazem as pessoas se sentirem autossuficientes e julgarem ter encontrado a felicidade que estavam procurando. Aqueles que escolhem o conforto presente e não o caminho de DEUS têm a sua consolação agora. Aqueles que tentam encontrar satisfação por intermédio da riqueza irão descobrir que a riqueza é a única recompensa que terão e que não durará.
Lc 6.25 A palavra fartos se refere àqueles que têm tudo o que este mundo oferece. Nada lhes falta. Os seus bens materiais e a “segurança” financeira os faz pensar que não precisam de DEUS. Um dia, entretanto, eles terão fome. Isto pode não acontecer nesta vida, mas eles irão descobrir que na eternidade, quando isto realmente importa, eles serão os que irão sofrer. O Evangelho registra mais adiante uma parábola sobre um homem rico e um pobre que ilustra este mesmo ponto (veja 16.19-31). Praticamente da mesma maneira, aqueles que riem descuidadamente um dia se lamentarão e chorarão por toda a eternidade. JESUS não era contra o riso - na verdade, o riso é uma das maiores dádivas que DEUS deu ao seu povo. JESUS estava falando da mesma atitude daqueles que são ricos e satisfeitos nesta vida e reagem com risos superficiais a qualquer menção a DEUS ou à eternidade.
Eles irão descobrir que estavam errados, e irão lamentar-se e chorar para sempre.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 360.
 
Os tormentos (ou os “Ais”) revelam os pecadores prósperos como pessoas infelizes, embora o mundo os inveje. Não tivemos isto em Mateus. Pode parecer que a melhor interpretação desses tormentos comparados com as bênçãos antecedentes seja a parábola do rico e Lázaro. Lázaro tinha a bem-aventurança daqueles que são pobres, que têm fome e que choram, e agora, portanto, no seio de Abraão todas as promessas feitas àqueles que assim viveram, se cumpriram na vida dele. Mas o homem rico teve os tormentos aqui citados uma vez que ele tinha o caráter daqueles a quem esses tormentos são infligidos.
1. Aqui está um “ai” para aqueles que são ricos, isto é, que confiam nas riquezas, que têm abundância da riqueza terrena, e, ao invés de servirem a DEUS com ela, servem às suas luxúrias; ai deles, porque já receberam a sua consolação, aquela na qual depositaram a sua felicidade, e desejaram ficar com ela como herança, v. 24.
Eles já receberam seus benefícios em vida, o que, em seu julgamento, eram as melhores coisas, e tudo de melhor que possivelmente poderiam receber de DEUS. “Vocês que são ricos são tentados a colocar os seus corações em um mundo sorridente, e a dizer: Alma, descansa’ nos braços dele, ‘Este é o meu repouso para sempre; aqui habitarei’; então, ‘ai de vós’”.
(1) É a loucura das pessoas terrenas que fazem das coisas deste mundo - que são concebidas apenas para a sua conveniência - a sua consolação. Satisfazem-se com elas, orgulham- se delas, e fazem delas o seu paraíso na terra; e para elas os consolos de DEUS são pequenos e sem importância.
(2) A sua miséria consiste em serem despojadas delas, perdendo então a sua consolação. Que saibam, para seu terror, que quando são separadas dessas coisas, existe um final de todo o seu consolo, um derradeiro final, e nada restará para eles a não ser angústia e tormento perpétuos.
2. Eis aqui um “ai” para aqueles que estão fartos (v. 25), cujos corações superabundam em imaginações (SI 73.7), que têm seus ventres preenchidos com os tesouros ocultos deste mundo (SI 17.14), que, quando têm tudo em abundância, acham que têm o suficiente, e pensam: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta”, Apocalipse 3.17. “Já estais fartos! Já estais ricos!”, 1 Coríntios 4.8. Eles estão cheios de si mesmos, sem DEUS e sem CRISTO. Ai dos tais, porque eles terão fome, eles brevemente serão despojados e esvaziados de todas as coisas das quais tanto se orgulham; e, quando deixarem para trás, neste mundo, todas as coisas que são a sua plenitude, eles levarão consigo tais desejos e luxúrias, pois o mundo para o qual vão não satisfará as suas vontades. Porque todos os prazeres dos sentidos, dos quais eles estão repletos agora, no inferno serão negados, e no céu serão substituídos.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 565.
 
I - O PECADO DE OMISSÃO (Tg 4.17)
1. A realidade do pecado.
I. Definição
No grego é amartia, Esse termo é derivado de uma raiz que indica «errar o alvo», «fracassar». Trata-se do fracasso em não atingir um padrão conhecido, mas antes, desviando-se do mesmo. Essa palavra, porém, veio a ter também um significado geral, indicando o principio e as manifestações de pecado, sem dar qualquer atenção a seu significado original. O trecho de I João 3:4 usa o vocábulo anomia, «desregramento», desvio da verdade conhecida, da retidão moral. O pecado tanto é um ato como é uma condição. É o «estado» dos homens sem regeneração, que se manifesta na forma de numerosos e perversos atos. Pecar é afastar-se daquilo que DEUS considera a «conduta ideal», do homem ideal, exemplificado em JESUS CRISTO. Isso conduz à «impiedade» que consiste na oposição a DEUS e a seus princípios, em autêntica rebelião da alma. E isso leva à «parabasis», «transgressão» contra princípios piedosos reconhecidos. Isso leva o individuo à «paranomia.., a «quebra da lei», o «afastamento» da lei moral (ver Atos 23:3 e II Pede ?:16)__ Nossos pecados também são «passos em falso», Isto é, «paraptoma, no grego (ver Mat, 6:14 e Efé. 2). Propositadamente «caímos para um lado», «desviamo-nos pela tangente», apesar de estarmos instruídos o bastante para não fazê-lo.
Desse modo, o N.T. descreve o «pecado» sob boa variedade de modos, cada um dele com uso de um quadro falado sobre o que isso significa. CRISTO JESUS é a cura de cada uma dessas manifestações do pecado, pois a sua expiação apaga a divida; e a santificação em CRISTO transforma o pecador, para que seja um ser santo e celestial. E DEUS é fiel e justo, conferindo esse imenso beneficio aos homens que se submetem a ele, isto é, que exercem fé em CRISTO e ao seu mundo eterno (ver Heb. 11:1).
II Como transgressão da Lei(I Jo 3:4)
O pecado é a transgressão da lei. O autor sagrado oferece-nos uma definição possível de «pecado», bastante lata, mas não a única possível. O pecado pode ser praticado por «omissão» (ver Tg. 4: 17); e os pagãos, que não tinham lei - no sentido de uma legislação divinamente dada mesmo assim pecavam (ver o segundo capítulo da epístola aos Romanos). A «lei», neste caso, certamente é a «lei mosaica», e não a nova lei do ESPÍRITO, revelada no evangelho. Porém, apesar de poderem ser dadas outras definições de pecado, o autor sagrado não estava interessado em qualquer delineamento completo do que pode ser o pecado. Para o seu argumento, bastava que o chamasse de «transgressão da lei». O «desregramento» dos gnósticos era ato condenado peremptoriamente na legislação mosaica, pelo que o conceito de pecado como «transgressão da lei» servia de instrumento adequado para ser usado contra os falsos mestres. E possível que essa definição de pecado tenha sido escolhida porque os mestres gnósticos negavam a autoridade do A.T. O autor afirma, por conseguinte, a despeito do que os gnósticos asseveravam em contrário, que a lei de DEUS, revelada no A.T., os condenava. Os gnósticos desconsideravam o sétimo mandamento, além de outros similares.
Julgavam-se acima da lei. No entanto, a lei os condenava. -É como se então o autor advertisse a seus leitores: «Cuidai para que não sejais numerados entre eles. Corinto deve ser confrontado com Moisés".
«A gravidade do pecado ou de atos pecaminosos é salientada pela identificação dos mesmos com o 'desregramento'. termo que parece indicar o pecado em toda a sua enormidade e blasfêmia, a julgar pela caracterização do anticristo, em 2 Ts. 2:7,8, como o 'iníquo' , e suas atividades como o 'mistério da iniquidade'. O trecho de Mt. 24:12 também cita o aumento da iniquidade como um dos sinais da tribulação messiânica. Os cismáticos iluminados e jubilosos talvez dessem excessiva importância ao fato de que não estavam acima de toda a lei, sem apreciarem que não estavam 'sem lei para com DEUS, mas sob a lei de CRISTO' (I Co. 9:21). Irineu aludiu aos hereges, que supunham que 'devido à nobreza de sua natureza, em grau algum podiam contrair polução, sem importar o que comessem ou fizessem' (Contra Heresias, 11. 14:5); e em outra oportunidade fala daqueles para quem o bem e o mal são apenas questões de opinião humana (op. cit., 11.32.1) ».
III A Natureza do Pecado.
1. O pecado é cósmico em sua natureza. Nenhum ser humano peca sozinho. O pecado sempre fará parte de uma rebelião cósmica contra DEUS e contra a retidão. I João 3:8 enfaticamente assevera que aquele que «pratica o pecado" é do diabo. Esse ser maligno é intitulado «o deus deste mundo» (ver 2 Cor. 4:4), e muitos são seus súditos e escravos. Será necessária uma providência cósmica para remover o pecado, e o julgamento tomará conta disso.
2. Mas o pecado também é pessoal. Embora as forças satânicas forneçam a agitação (ver Ef. 6:11 e 55), o individuo é responsável pelas suas ações, e, portanto, ele é convocado a arrepender-se. O homem não pode alterar o quadro cósmico, mas pode ser pessoalmente redimido.
3. Sem importar se cósmico ou pessoal, o fato é que o pecado é, definidamente, uma questão de rebeldia.
O pecado tem por escopo destruir uma alma eterna (ver I Pe. 2:1). O pecado é algo muito mais sério do que aquilo que gostamos de pensar a seu respeito.
4. Foi preciso a missão de CRISTO para dar solução ao problema do pecado (ver Rm. 5: 1; CI. 1:20 e Ef. 1:10).
IV. Como é que Todos Pecaram Rm. 5:12
1. Alguns intérpretes dizem: «Em Adão, isto é, todos os homens participaram, em Adão, do pecado original, e contra esse pecado é que o juízo foi proferido. Essa ideia é frisada por causa da analogia com o ato isolado de justiça que nos outorgou a justificação. A expiação de CRISTO foi exatamente esse ato, mediante o qual somos justificados, e não mediante inúmeros atos de justiça que porventura pratiquemos. Por semelhante modo, somos julgados por causa de um único ato - o pecado de Adão – do qual todos participamos. Há evidências rabínicas em favor dessa ideia.
2. Outros afirmam que Rm. 5:12 fala de pecados individuais (e essa opinião é esposada pela maioria dos intérpretes). Também há evidências rabínicas quanto a esse ponto de vista.
3. Talvez seja melhor misturar esses dois pontos de vista. O homem nasce com o pecado original. Ele pecou em Adão. Mas cada individuo também tem seu próprio pecado. E ambas as modalidades o condenam. Isso está em consonância com os princípios ensinados em Rm 2:6, o de que cada um será finalmente julgado de acordo com suas próprias obras. O pecado de Adão é a raiz; os pecados da humanidade são os ramos; e os pecados individuais são os frutos. A sentença de julgamento recai sobre a árvore inteira, e não apenas sobre uma parte da mesma.
Como ilustração do que Paulo procurava dizer aqui, podemos usar uma árvore, com suas raízes, com seu desenvolvimento acima do solo e com seus frutos. A realidade de tudo quanto uma árvore é, se origina de suas raízes. Uma árvore, entretanto, é bem mais do que apenas as suas raízes; pois também consiste no grande tronco que se eleva da superfície do chão.
Também inclui até mesmo os seus frutos. Ora, outro tanto sucede no caso do pecado. A raiz é o pecado de Adão, e o juízo divino foi pronunciado contra a raiz. Mas o pecado também desenvolveu o seu tronco, visível para todos, o que representa o principio do pecado, que opera neste mundo. Finalmente, o pecado tem os seus frutos, o que significa os atos individuais de todos os homens. Ora, tais atos também produzem o julgamento, determinando a intensidade do mesmo, porquanto a declaração bíblica, frequentemente repetida, é que os homens serão julgados de acordo com as suas obras. Portanto, para dizermos toda a verdade, o pronunciamento original do julgamento foi contra a transgressão de Adão, de cujo julgamento todos os homens são apresentados como participantes.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 145-146.
 
PECADO
Definição
O pecado é iniquidade, diz 1 João 3.4. A lei contra a qual se estima o pecado não é simplesmente a lei mosaica, mas sim toda e qualquer revelação de DEUS durante todos os tempos. Isto inclui os mandamentos específicos da Bíblia (tanto os negativos quanto os positivos), os princípios bíblicos de conduta (por exemplo, 1 Co 10.31) e leis que não se mencionam especificamente na Bíblia Sagrada, mas que podem ser consideradas diretrizes dadas pelos líderes indicados por DEUS (por exemplo, Hb 13.17; Ef 6.1). Portanto, o pecado não é somente alguma coisa contrária ao que DEUS disse que o homem não deveria fazer, mas é também algo contrário ao que DEUS não quer que o homem faça, com base nos princípios revelados. Dessa forma, uma definição completa e inclusiva do pecado seria: o pecado é tudo o que é contrário ao caráter de DEUS. Como a glória de DEUS é a revelação do seu caráter, o pecado é uma insuficiência do homem em relação à glória ou ao caráter de DEUS (Rm 3.23).
Os teólogos da Reforma ressaltam que o caráter de DEUS está revelado na lei de DEUS. Eles ensinam que isto é apresentado tanto positivamente, e de uma maneira geral nos Dez Mandamentos, que ordenam o amor a DEUS e o amor aos homens (cf. Rm 13.8-10); e negativamente (exceto para o quarto e o quinto mandamento) em uma forma mais específica nas oito proibições contidas nas duas tábuas da lei. Com base nisto é que o catecismo curto de Westminster define o pecado como "não querer conformar-se a, ou transgredir, a lei de DEUS". No Sermão do monte, o Senhor JESUS CRISTO estabelece as duas promulgações da lei, a negativa e a positiva, como a base da vida cristã e o padrão da semelhança que DEUS deseja para seus filhos (Mt 5.17,21,22,27,28,43-48);
A Origem do Pecado
Em nenhum lugar foi dito que DEUS é o autor, ou o criador responsável pelo pecado. Ele não tenta a ninguém para fazer o mal (Tg 1.13). Quando DEUS diz: "Eu... crio o mal" (Is 45.7) Ele está falando de desgraças ou de calamidades. Não é aceitável nenhum ponto de vista em que de alguma maneira se faça DEUS o autor do pecado, mesmo no sentido de que Ele é incapaz de evitar sua ocorrência ou aparição.
A Bíblia indica que o pecado originou-se em Satanás, em sua rebelião contra DEUS. Tudo o que o Antigo Testamento dá a entender sobre a responsabilidade de Satanás é que "se achou iniquidade" no rei de Tiro (Ez 28.15), uma evidente alusão ao diabo. Em seu orgulho, ele tentou tornar-se semelhante ao Altíssimo (Is 14.12-14; cf. 1 Tm 3.6). Na experiência humana, o pecado originou-se na tentação de Adão e Eva no Éden, quando eles rebelaram-se contra DEUS ao dar ouvidos à voz de Satanás (Gn 3.1-6).
O efeito do pecado de Adão na vida moral dos seus descendentes é o problema envolvido no chamado "pecado original" e é o tema de diferentes pontos de vista.
A Extensão do Pecado
A Bíblia ensina o fato e a universalidade do pecado (1 Rs 8.46; Pv 20.9; Ec 7.20; Rm 3.23; 5.13,19; Ef 2.1-3; Tg 3.2; 1 Jo 1.8,10). Isto é o que significa a depravação total ou a total incapacidade - a falta de mérito do homem aos olhos de DEUS. O termo depravação refere-se à corrupção ou contaminação da natureza humana como resultado do pecado de Adão. Segundo o catecismo curto de Westminster, o pecado de Adão e Eva consiste tanto da culpa do primeiro pecado de Adão quanto da consequente corrupção de toda a sua natureza.
A depravação total está relacionada com a penetração da maldade no homem, e em tudo o que ele faz, resultando na impossibilidade por parte do homem de realizar o que é verdadeiramente e espiritualmente bom aos olhos do santíssimo DEUS. No entanto, isto não significa que o homem seja totalmente mau, de qualquer modo, e que ele não consiga fazer boas coisas. Ele pode admirar e imitar muitas coisas que são nobres e realizar o bem, como atos de justiça civil e social. Mas todo esse bem não tem a capacidade de obter os favores de DEUS. O homem é incapaz de agir com motivos completamente isentos de egoísmo, somente para glorificar seu Criador, e em seu estado de pecado ele é totalmente incapaz de reconciliar-se com o justo Governante do universo.
Esta doutrina apoia-se sobre afirmações claras da Bíblia Sagrada. Em Gn 6.5 está declarado que "viu o Senhor que a maldade do homem multiplicara-se sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente", e Gn 8.21 complementa: "porque a imaginação do coração do homem é má desde sua meninice". Estes versículos revelam a natureza interior do pecado do homem - no "coração"; sua constância - "continuamente"; sua abrangência - só "má"; e sua totalidade - toda a "imaginação". Isaías confessa que todas as nossas boas obras são como trapo da imundícia (64.6), ensinando que o homem não consegue realizar nenhuma boa obra que seja realmente aceitável aos olhos de DEUS. O homem tem a tendência de pecar desde seu nascimento, desde o momento da concepção (Salmos 5.15) e seu "coração" (sua natureza interior) é mais enganosa e trapaceira do que qualquer outra coisa, e é desesperadamente corrupta, incuravelmente enferma (Jr 17.9).
Em Rm, Paulo dedica a primeira parte (1.18-3.20) à prova das proposições de que "todos pecaram e destituídos estão da glória de DEUS" (3.23). Ele argumenta que os pagãos não têm desculpa (1.18-32), o homem moral e justo permanece condenado por causa da desobediência à sua consciência (2.1-16) e os judeus religiosos infringem todas as leis escritas de que eles se vangloriam (2.17-3.8). O apóstolo conclui que todos são completamente depravados, porque nenhum é justo, nenhum faz o bem, são todos inúteis e os membros dos seus corpos são instrumentos da iniquidade (3.9-20). João conclui que o mundo inteiro, exceto os filhos regenerados de DEUS, permanecem (impotentes) sob o poder do maligno (1 Jo 5.19).
Terminologia
São inúmeros os termos que denotam o pecado e o mal em hebraico. Na verdade, existem mais palavras para o mal do que para o bem. Há pelo menos oito palavras básicas: (1) Heb. ra', "terrível" ou "temível" (Gn 28.17), "mau", é usada para denotar alguma coisa nociva ou prejudicial e não se restringe a coisas moralmente más. (2) Heb. rasha', "maldade" (Êx 2.13), que é sempre usada no sentido de uma culpa moral resultante da confusão de uma vida sem regras. (3) Heb. 'asham, "culpa" (Gn 26.10), quase sempre limitada ao ritual relacionado com o Tabernáculo e com o Templo em Levítico, Números e Ezequiel. (4) Heb. hata', hattat (Êx 20.20), que literalmente significa "errar o caminho", "errar o alvo" (Jz 20.16; Jó 5.24; Pv 8.36), e inclui o conceito de cometer um erro deliberadamente - e não simplesmente um engano inocente. (5) Heb. 'awon, "iniquidade" (1 Sm 3.13), que frequentemente significa "culpa", estando os dois conceitos - de iniquidade e de culpa - intimamente relacionados. Tem a conotação de desonestidade, ou de afastar-se intencionalmente do caminho correto da justiça de DEUS. (6) Heb. shagag, shaga, "errar" (Is 28.7), quando usado em relação à lei, claramente implica que o pecador, na sua ignorância, é responsável por conhecer a lei (Lv 5.18; cf. 4.3,13). (7) Heb. ía'o, "andar errado"(Ez 48.11), indica que o erro é sempre deliberado e não acidental. (8) Heb. pasha', "rebelar-se" (2 Rs 3.5,7; Is 1.2), que é normalmente traduzido como "prevaricar" (1 Rs 8.50; Jr 2.8,29). O uso dessas palavras conduz a algumas conclusões relativas à doutrina do pecado como revelada no Antigo Testamento: (1) A ideia de pecado é a de algo que é fundamentalmente uma desobediência a DEUS. (2) Embora a desobediência envolva tanto aspectos positivos quanto negativos, a ênfase está definitivamente na aceitação positiva do mal e não simplesmente na omissão negativa do bem. Em outras palavras, o pecado não é simplesmente errar o alvo (como tantas vezes é definido), mas sim atingir o alvo errado deliberadamente, e com conhecimento. (3) O pecado toma formas variadas, e os israelitas tinham pleno conhecimento da forma particular que seu pecado tomava, pela disponibilidade de tantas palavras variadas.
O Novo Testamento usa 13 palavras básicas para descrever o pecado: (1) Gr. kakos, "mau" (Rm 13.3), denota o mal moral, embora em algumas ocasiões seja usada para denotar o mal físico. (2) Gr. poneros "iniquidade" (Mt 5.45), que com duas exceções é usada referindo-se à iniquidade moral. (3) Gr. asebes, "impiedoso" (Rm 1.18), que é o oposto de ensebes, "piedoso", e, frequentemente, aparece com outras palavras para pecado como em 1 Timóteo 1.9. (4) Gr. enochos, "culpado" (Tg 2.10; Mt 26.66), normalmente denota uma culpa que é merecedora da morte. (5) Gr. hamartia, "prostituição" ou "impureza" (1 Co 6.13), qualquer afastamento do caminho da justiça; é a palavra mais abrangente para pecado. (6) Gr. adikia, "injustiça" (1 Co 6.9), significa qualquer comportamento injusto no sentido mais amplo. (7) Gr. anomos, "transgressor" (1 Tm 1.9), que significa o desrespeito à lei, algumas vezes traduzida como iniquidade. (8) Gr. parabates, "transgressor" (Tg 2.9,11), normalmente refere-se à transgressão da lei mosaica e sempre a alguma lei específica. (9) Gr. agnoeo, "ser ignorante", algumas vezes usada para descrever a ignorância inocente (Rm 1.13), e algumas vezes a ignorância culpável (Rm 10.3; Ef 4.18). (10) Gr. planao, "desviar-se" (1 Pe 2.25), que sempre significa errar com culpa ou ser enganado (por exemplo, Tt 3.3), com a possível exceção de Tiago 5.19. (11) Gr. paraptoma, "uma ofensa" (Gl 6.1), que na maior parte das referências é uma transgressão deliberada. (12) Gr. hypocrites, "hipocrisia" (1 Tm 4.2). (13) Gr. parapipto, "recair" ou "desviar-se" (Hb 6.6), que implica uma deliberada apostasia (q.v.). Algumas conclusões podem ser obtidas a partir do uso dessas palavras, com respeito à doutrina do pecado no Novo Testamento: (1) Sempre existe um padrão claro, contra o qual se comete o pecado. (2) Em última análise, qualquer pecado é uma rebelião contra DEUS e uma transgressão dos seus padrões.
(3) O mal pode assumir múltiplas formas.
(4) A responsabilidade do homem é definida e claramente compreendida.
Punição e Remédio
A Bíblia Sagrada afirma que a punição do pecado é a morte - tanto física quanto espiritual (Ez 18.4,20; Rm 5.12; 6.16,21,23; Tg 1.15). Depois do pecado, Adão e Eva acabaram morrendo fisicamente (Gn 2.17; 3.19), mas eles imediatamente viveram a morte espiritual, a separação de DEUS (Gn 3.8-10; cf. Ef 2.1,5,12; 4.18).  O remédio para o pecado consta de duas partes: (1) o perdão (q.v.), que apaga a culpa do pecado; e, (2) a justificação (q.v.) que é uma declaração da justiça positiva imputada por DEUS sobre o crente. Tudo isto se baseia na obra de CRISTO, em sua morte expiatória (Rm 3.24-26), e é assegurado pela fé nele.
O pecado nunca será erradicado do crente nesta vida (1 Jo 1.8-10); O ESPÍRITO SANTO é dado para que o crente possa impedir que o pecado reine em seu corpo (Rm 6.1-13; 8.1-4). Seus inimigos, no entanto, são poderosos e persistentes. As tentações deste mundo, o Diabo e a carne somente podem ser enfrentados através da utilização da provisão de DEUS (Gl 5.16,24; Ef 6.10ss.). O pecado persistente na vida do cristão traz o castigo (Hb 12.6) e algumas vezes a morte física (1 Co 11.30). A intercessão de CRISTO garante a segurança da salvação do crente (Hb 7.25; 1 Jo 2.1), embora seja necessária a confissão para a restauração da comunhão (1 Jo 1.9). As recompensas podem ser perdidas se a comunhão não for mantida (1 Co 3.15).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1484-1487.
 
2. O pecado de comissão (Gn 3.17-19).
A Ordem que Fixou Limites (2.15-17)
Quando DEUS colocou o homem no jardim (15), Ele lhe deu duas tarefas: para lavrá-lo e o guardar. Em contexto agrícola, lavrar significa cultivar, ação que inclui o ato de podar videiras.
Quando ordenou o SENHOR DEUS ao homem (16), Ele deixou claro sua relação soberana com o homem e a relação subordinada do homem com Ele. DEUS tinha este direito, porque Ele é o Criador e o homem é a criatura.
Para expressar proibição, aqui é empregada a maneira mais forte possível em hebraico para colocar a árvore da ciência do bem e do mal (17) fora da alçada do homem. Visto que o discurso direto é inerentemente pessoal, a ordem: Não comerás, é pessoal e a qualidade do negativo hebraico a coloca em negação permanente. A importância da ordem é aumentada pela severidade do castigo. Isto é muito forte na sintaxe hebraica, sendo que a força é um tanto quanto mantida na tradução com a palavra certamente.
George Herbert Livingston, B.D., Ph.D. Comentário Bíblico Beacon Vol. 1 Gênesis a Deuteronômio. pag. 37-38.
 
I - A autoridade de DEUS sobre o homem, como uma criatura que tinha razão e liberdade de decisão. O Senhor DEUS ordenava que o homem, que agora era uma pessoa pública, o pai e representante de toda a humanidade, recebesse a lei, assim como tinha recentemente recebido uma natureza, para si mesmo e para todos os seus. DEUS ordenava a todas as criaturas, de acordo com a sua capacidade. O curso definido da natureza é uma lei, Salmos 148.6; 104.9. As feras têm seus respectivos instintos, mas o homem foi criado capaz de desempenhar um serviço racional, e portanto recebeu, não somente as ordens de um Criador, mas as ordens de um Príncipe e um Mestre. Embora Adão fosse um homem grandioso, um homem muito bom e um homem muito feliz, ainda assim o Senhor DEUS lhe deu ordens. E o mandamento não representou nenhum menosprezo à sua grandeza, nem reprovação à sua bondade, nem alguma diminuição de alguma forma à sua felicidade. Devemos reconhecer o direito que DEUS tem de nos governar, e de que nossas próprias obrigações sejam governadas por Ele. E nunca permitir que nenhuma vontade própria nossa entre em contradição ou em competição com a santa vontade de DEUS.
II - A declaração particular desta autoridade, ao prescrever ao homem o que ele deveria fazer, e em que termos deveria estar com o seu Criador. Aqui temos:
1. Uma confirmação da sua atual liberdade, com a concessão. “De toda árvore do jardim comerás livremente”. Isto era não somente uma concessão de liberdade a ele, de tomar os deliciosos frutos do paraíso como recompensa pelos seus cuidados e esforços para lavrá-lo e guardá-lo (1 Co 9.7,10), mas, além disto, uma garantia de vida para ele, vida imortal, desde que houvesse a sua obediência. Pois, estando a árvore da vida colocada no meio do jardim (v. 9), como o seu coração e a sua alma, DEUS a visava particularmente com esta concessão. E, por isto, quando, depois da sua rebelião, esta concessão é cancelada, não se sabe de nenhuma outra árvore do jardim sendo proibida a ele, exceto a árvore da vida (cap. 3.22), da qual está escrito que ele poderia ter comido e vivido eternamente, isto é, nunca ter morrido, nem perdido jamais a sua felicidade. “Permaneça santo como você é, em conformidade com a vontade do seu Criador, e permanecerá feliz como é, desfrutando do favor do seu Criador, seja neste paraíso ou em outro melhor”. Assim, mediante a condição da obediência pessoal perfeita e perpétua, Adão teria assegurado o paraíso a si mesmo e aos seus herdeiros, para sempre.
2. Um teste à sua obediência, com a dor da perda de toda a sua felicidade: Mas da outra árvore, que está muito próxima à árvore da vida (pois está escrito que ambas estão no meio do jardim), e que é chamada de árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás. Porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Como se Ele tivesse dito: “Saiba, Adão, que agora você depende do seu próprio bom comportamento, você foi colocado no paraíso em teste. Seja submisso, seja obediente, e viverá para sempre. Caso contrário, você será tão infeliz como agora é feliz”. Aqui:
(1) Adão é ameaçado com a morte, em caso de desobediência: “Certamente morrerás” - o que denota uma sentença segura e terrível, da mesma forma como, na primeira parte deste concerto, “Comerás” indica uma concessão livre e plena. Observe que: [1] Até mesmo Adão, em inocência, foi intimidado com uma ameaça. O medo é um dos instrumentos da alma, pelo qual ela é dominada e controlada. Se até ele, então, precisou desta barreira, muito mais precisamos nós, agora. [2] A punição contida na ameaça é a morte: “Morrerás”, isto é: A árvore da vida lhe será proibida, junto com todo o bem que ela representa, junto com toda a felicidade que você tem, seja em posses ou em expectativas. E você ficará sujeito à morte, e a todas as misérias que a antecipam e acompanham. [3] Isto foi ameaçado como a consequência imediata do pecado: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás”, isto é: “Você se tornará mortal, e passível de morrer. A concessão da imortalidade será revogada, e aquela defesa será removida de você. Você se tornará odioso até à morte, como um malfeitor condenado que está morto na lei” (Adão só recebeu um indulto porque deveria ser a raiz da humanidade). “Na verdade, os arautos e precursores da morte imediatamente o dominarão, e a sua vida, a partir de então, será uma vida agonizante: e isto, certamente; é uma regra definida, pois: A alma que pecar, essa morrerá’”.
(2) Adão é tentado com um mandamento positivo: não comer o fruto da árvore da ciência. Agora, era muito adequado testar a sua obediência com um mandamento como este: [1] Porque a razão deste mandamento se originava puramente na vontade do Legislador. Adão tinha, na sua natureza, uma aversão àquilo que era mau por si só, e, portanto, ele só é tentado em algo que era mau porque era proibido. E, sendo uma questão pequena, era mais adequada para testar a sua obediência. [2] Porque esta restrição está colocada sobre os desejos da carne e da mente, que, na natureza corrupta do homem, são as duas grandes fontes de pecado. Esta proibição controlava tanto o seu apetite aos deleites sensoriais quanto a sua ambição de conhecimento curioso, para que o seu corpo pudesse ser governado pela sua alma, e a sua alma, pelo seu DEUS.
O homem tinha toda esta tranquilidade e felicidade no estado de inocência, tendo tudo o que o coração pudesse desejar para torná-lo tranquilo e feliz. Como DEUS foi bom para ele! Quantos favores Ele acumulou sobre ele! Como eram fáceis as regras que Ele lhe deu! Como era generoso o concerto que Ele fez com o homem! Ainda assim, o homem, uma criatura com honra, não compreendeu os seus próprios interesses, mas logo se tornou como os animais que perecem.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 15-16.
 
3. O pecado de omissão (Tg 4.17).
Os pecados de omissão serão julgados por DEUS tanto quanto os demais pecados cometidos. Como afirma Matthew Henry, “aquele que não faz o bem que ele sabe que deve fazer e aquele que faz o mal que ele sabe que não deve fazer serão condenados”.
Em segundo lugar, a partir do contexto desse enunciado do apóstolo Tiago, entendemos que ele está afirmando aqui também que “pecados de omissão podem facilmente se tornar pecados de comissão”.
Ou seja, além de ser um mal em si mesmo, o pecado de omitir-se deliberadamente ainda pode ser praticado de forma a colaborar conscientemente para outros males, de maneira que ele é, nesses casos, também um pecado de comissão.
A frase ao final do texto sobre a falibilidade dos projetos humanos (Tg4.13-16). Diz Tiago ao final desta passagem: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado” (Tg 4.17). Não que essa frase não possa ter alguma relação com o tema da falibilidade dos projetos humanos, mas ele está mais relacionado com o tema que vem a seguir. Antes, porém, de adentrarmos no tema dos versículos 1 a 6 do capítulo 5, é preciso destacar algumas lições que estão implícitas no enunciado do apóstolo sobre o pecado de omissão.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 138-139.
 
Tg 4.17 Somos ensinados a viver à altura das nossas convicções em toda a nossa conduta, e, não importa se estamos tratando com DEUS ou com os homens. Que nos empenhemos em nunca agir contra o nosso próprio conhecimento (v. 17): “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado”. E o pecado agravado; é pecado com testemunha; e significa ter a pior testemunha contra a sua própria consciência. Observe:
1. Isso está imediatamente conectado com a lição clara de dizer: “Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo”. Eles talvez estejam dispostos a dizer: “Isso é uma coisa muito óbvia; quem não sabe que todos dependemos do DEUS Todo-poderoso para viver, para respirar e para todas as coisas?” Se você de fato sabe isso, então sempre que você agir de forma contrária a essa dependência, lembre-se disto:
“Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado”.
2. Os pecados de omissão serão julgados, assim como os pecados cometidos. Aquele que não faz o bem que ele sabe que deve fazer e aquele que faz o mal que ele sabe que não deve fazer serão condenados. Que então nos empenhemos para que a consciência seja corretamente informada, e que então seja fiel e continuamente obedecida. Pois, “...se o nosso coração nos não condena, temos confiança para com DEUS” (1 Jo 3.21); mas se “...dizeis: Vemos (e não agimos de acordo com nossa vista), por isso, o vosso pecado permanece” (Jo 9.41).
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 846.
 
Tg 4:17 A fim de resumir seu pensamento, Tiago acrescenta um provérbio conclusivo que alguns supõem poderia ter sido um ensino de JESUS, por causa do tom e do tema: Aquele, pois, que sabe o bem que deve fazer e não o faz, comete pecado. Aparentemente, apenas reprova o pecado da omissão: Quando uma pessoa sabe o que deveria fazer (e.g., dar algo a um pobre), mas negligencia esse ato de caridade, não desperdiçou apenas uma oportunidade de obedecer — tal pessoa pecou. No entanto, o contexto levanta esse ensino da arena da verdade genérica e coloca-o nas vidas desses negociantes. Há claramente algo que eles “sabem” que “devem” fazer e pelo que são responsáveis (Lucas 12:47-48), que é obedecer a DEUS e segui-lo nos negócios. Entretanto, seus interesses comerciais com frequência os induzem a planejar segundo os padrões do mundo, e a acumular bens, à semelhança do rico louco (Lucas 12:13-21). Nas Escrituras, fazer o bem frequentemente é praticar atos de caridade (Tiago 1:21-25 e Gálatas 6:9). Portanto, Tiago pode estar sugerindo que eles planejam segundo o mundo porque são motivados pelo mundo, visto que DEUS tem seu próprio modo de investir dinheiro: dá-lo aos pobres (Mateus 6:19-21). Se levassem a DEUS em consideração, não estariam, com certeza, tentando melhorar seu padrão de vida; DEUS os conduziria ao alívio dos que sofrem ao seu redor, isto é, a fazer o bem.
Tendo falado a cristãos cujos corações estavam sendo seduzidos pelo mundo, Tiago dirige a atenção, a seguir, aos incrédulos ricos. Tiago os condena sem rebuços, com linguagem parecida à do Senhor JESUS (Lucas 6:20-26), a fim de desviar os cristãos da sedução das riquezas, e prepará-los para suportar o teste do sofrimento nas mãos dos ricos.
Peter H. Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 148.
 
Tg 4.17 Aparecem com frequência as oportunidades de fazermos bem aos outros, especialmente no suprimento de suas necessidades físicas (ver Tia. 2:14 e ss.; 1:27, como parte da definição do autor do que é a fé religiosa), simplesmente porque tal necessidade é universal. Na história intitulada a Bela Lenda, vê-se um crente ocupado na contemplação de uma visão de CRISTO; então surge a oportunidade de distribuir pão aos famintos, que interromperia o seu êxtase. Aquele crente todavia, tinha uma ideia bem esclarecida de seus deveres religiosos; e assim, de pronto deixou de lado sua visão mística a fim de alimentar aos famintos. Ao retornar, encontrou CRISTO no mesmo lugar, que aprovou o que ele fez, dizendo-lhe: se tivesses ficado, eu me teria ido embora.
O autor sagrado vê claramente essa lição. Nossa fé religiosa não pode ser guardada dentro de nós. Trata-se de uma experiência mística e deve continuar como tal, pois temos contato com o ESPÍRITO SANTO no nível da alma, mas deve ser algo prático, generoso, altruísta. Em outras palavras, deve ser uma expressão de amor, tal como DEUS é amor e «deu» seu Filho a um mundo necessitado. O trecho de Mat. 25:35 e ss. ensina a importante lição que amamos a DEUS amando a outros, dando o necessário para eles, ajudando-os em suas necessidades físicas. Poucos homens podem amar a DEUS diretamente, mediante a contemplação da alma, mas todos podem amá-lo indiretamente, amando ao próximo. É nesse ponto que deve começar o amor de DEUS. Este comentário provê várias notas longas sobre o amor, com poesias ilustrativas. Ver João 3:16 quanto ao «amor de DEUS»; ver João 14:21 e 15:10 quanto ao amor como «norma diretiva na família de DEUS»; ver Gál. 5:22 quanto ao amor como um dos aspectos do «fruto do ESPÍRITO»; e ver o décimo terceiro capítulo da epístola aos Coríntios quanto ao «elogio ao amor».
O autor sagrado, pois, como que dizia: «Aquele que sabe que deve amar, porém, não ama, está pecando». Consideremos, ainda, os seguintes pontos a respeito:
1. Tal indivíduo talvez seja um bom teólogo teórico; mas não é um bom discípulo de CRISTO, pois ele é o padrão de como todos nós devemos amar, e ele «foi por toda a parte, fazendo o bem» (ver Atos 10:38). Se falharmos nesse ponto, ainda não teremos avançado muito em nossa transformação moral segundo a sua imagem, que resulta do desenvolvimento espiritual. À fé devemos acrescentar a «gentileza fraternal» (ver II Ped. 1:6,7).
2. Para o autor sagrado, as boas obras são realizações dos exercícios religiosos apropriados, bem como o cuidado com a santidade pessoal (obras feitas no tocante a DEUS) e práticas de bondade em favor de outros (ver Tg. 2:14). Portanto, neste lugar, o autor sagrado pode ter querido incluir a ideia que um homem deve ter cuidado com a natureza e a qualidade de suas práticas religiosas, e certamente incluiríamos a santificação prática (ver I Ts. 4:3). Porém, sua preocupação principal é a expressão do amor fraternal. Não fazer isso, é pecar.
3. Fica subentendido, embora não seja uma interpretação direta, que ele quis ensinar que cada crente tem uma missão sem-par a cumprir, sendo um instrumento ímpar nas mãos de DEUS (ver Ap. 2:17). Tudo quanto faz parte de sua existência diária, como seja, a sua expressão religiosa, etc., deveria ter por alvo o cumprimento dessa missão. Ele deveria ocupar-se em cumprir sua missão com grande intensidade de propósitos, realizando seu trabalho específico, levando-o à perfeição; e isso para seu próprio benefício e para beneficio de seus semelhantes. Mas, se vier a falhar nesse particular, estará pecando contra DEUS, que lhe conferiu vida e lhe dá muitas oportunidades para cumprir a sua missão.
4. JESUS falou de coisas «deixadas por fazer», mas que são mais urgentes e eticamente vitais do que outras (ver Mt. 25:41-45). Assim é que com frequência nos ocupamos de atividades que são legítimas, embora secundárias, esquecendo-nos das questões primárias. Isso também é pecado, embora não estejam sendo cometidos atos abertos de pecado. Mas há um desperdício das energias da vida, que são desviadas para coisas de valor secundário, quando nossas vidas deveriam ser dedicadas à realização de boas obras.
5. Assim também a passagem de I Sm. 12:23 mostra que o deixar de orar por alguém, que também está em grande necessidade, é um pecado de omissão. Esse princípio geral tem muitas aplicações possíveis. Um professor, preguiçoso na realização de seus deveres, comete pecado contra aqueles a quem deveria estar ajudando mais conscienciosamente. O pastor que negligencia seus deveres e se contenta em apenas pregar no domingo, também está pecando. Outro tanto faz o pastor ou mestre evangélico que se recusa a aprimorar-se, mas antes, se torna espiritual e intelectualmente preguiçoso, prejudicando seu povo; esses estarão pecando porque seu povo fica estagnado em sua vida espiritual, por falta da instrução e do encorajamento apropriados.
6. O homem que pode melhorar a vida espiritual de outros, impedindo que caiam em pecado, se não o fizer, será culpado em parte desses pecados. «Todo aquele que estiver em posição de impedir que sejam cometidos pecados por parte de membros de sua casa, mas se refreia em fazê-lo, torna-se culpado dos pecados daqueles» (Shabbath 54b).
7. Alguns estudiosos pensam que o pecado aqui focalizado não é o pecado de omissão, mas antes, que é o pecado de alguém que sabe obviamente as coisas boas que devem ser feitas, em qualquer dada situação, mas, ao invés disso, praticam as coisas erradas. Porém, a maioria dos intérpretes prefere continuar com a idéia do «pecado de omissão», como aquela falha aqui em foco.
8. O pecado contra a luz (não corresponder à mesma) deve ser incluído na aplicação deste versículo.
9. O pecado de não se aproximar de DEUS, por motivo de orgulho e de egocentrismo, é um pecado básico de omissão.
10. Este versículo não é passagem estritamente legalista, que repreende aos judeus cristãos por não estarem cumprindo as leis cerimoniais. Mas trata-se de passagem elevadamente ética em sua natureza, e mui ampla em sua aplicação. - «Embora a asserção possa parecer descabida entre nós, provocando comentários contraditórios, não me cansarei de asseverar que cada um de nós deveria fazer mais bem do que faz: e, portanto, nos devemos humilhar ao extremo, por termos praticado tão pouco bem no mundo» (Woods, in loc.).
«Aqueles que se dedicam a bons planos, e que observam devidamente suas oportunidades de praticar o bem, usualmente percebem que suas "oportunidades para tanto crescem de modo admirável. E quando uma pedra é lançada em uma poça, um círculo segue-se a outro, estendendo-se quem sabe até onde!» (Cotton Mather).
«Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade, será punido com muitos açoites» (Luc. 12:47).
Quanto melhor instruídos ficamos, como crentes, tanto maior será a nossa responsabilidade. «Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me» (Mat. 16:24). Geralmente aceitamos essa responsabilidade mui superficialmente. De fato, dificilmente a aquilatamos conforme devemos fazê-lo. Na moderna igreja evangélica, temos visto pouquíssimo interesse pelas qualidades espirituais dos membros, mas muito interesse pelo número deles.
«Por longo tempo, as táticas têm visado induzir o maior número possível, todos quantos for possível, para que entrem no cristianismo. (Kierkegaard, citado por P.T. Forsyth, Positive Preaching and Modem Mind, introdução).
O trecho de Rm. 1:21 mostra-nos que a grande rebelião dos pagãos contra DEUS começou pelo pecado de omissão. Eles conheciam a DEUS, mas não o glorificaram como tal. Não demoraram a fazer do «eu» o seu deus, tornando-se vãos em suas imaginações. E não passou muito tempo para fazerem imagens de feras, de pássaros, etc., a fim de adorá-las.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 72.