Lição 12- O Diaconato
LIÇÕES BÍBLICAS - 2º Trimestre de 2014 - CPAD
- Para jovens e adultos
Tema: Dons Espirituais e Ministeriais - Servindo a DEUS e
aos homens com poder extraordinário
Comentário: Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de
Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS,
FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
Veja -
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/donsdoespiritosanto.htm
TEXTO ÁUREO
“Porque os que
servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita
confiança na fé que há em CRISTO JESUS” (1 Tm 3.13).
VERDADE PRATICA
Embora o
diaconato seja um ministério específico, a diaconia é uma missão de todo o
crente.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Fp
1,1 Auxiliares dos líderes da igreja local
Terça - At
6-1-5 Homens exemplares
Quarta - At
6.6 Separados com imposição de mãos
Quinta - 1 Tm
3-12 Bons líderes no lar
Sexta - 1 Tm
3.13 Chamados para servir
Sábado - Mt
20.26-28 JESUS veio para servir
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Timóteo 3.8-13.
8 - Da mesma
sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito
vinho, não cobiçosos de torpe ganância, 9 - guardando o mistério da fé em
uma pura consciência. 10 - E também estes sejam primeiro provados, depois
sirvam, se forem irrepreensíveis. 11 - Da mesma sorte as mulheres sejam
honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. 12 - Os diáconos sejam
maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias casas. 13
- Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa
posição e muita confiança na fé que há em CRISTO JESUS.
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Analisar o
estilo de vida diaconal de JESUS.
Explicar a
instituição do ministério do diácono.
Discorrer
sobre o perfil e a função do diácono.
PALAVRA-CHAVE -
Diácono:
Aquele que serve por amor.
Resumo da
Lição 12- O Diaconato
I - A DIACONIA DE JESUS CRISTO
1. Significado do termo.
2. Serviço de escravo.
3. O discípulo é um serviçal.
II - A INSTITUIÇÃO DOS DIÁCONOS
1. O conceito da função.
2. Origem do diaconato.
3. A escolha dos diáconos.
III - O PERFIL E FUNÇÃO DO DIÁCONO
1. Qualificações do diácono.
Caráter moral, espiritual e familiar.
2. A função dos diáconos em Atos 6.
3. A função dos diáconos hoje.
SINOPSE DO
TÓPICO (1) - A diaconia de JESUS CRISTO está centralizada na disponibilidade
em servir o próximo.
SINOPSE DO
TÓPICO (2) - O livro dos Atos dos Apóstolos, no capítulo 6, descreve a
instituição do ministério de diácono.
SINOPSE DO
TÓPICO (3) - Para o perfil e a função do diácono deve-se levar em conta o
caráter moral, o caráter espiritual e o caráter familiar do candidato.
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO - Subsídio Teológico
“[Sobre a
Escolha dos diáconos]
[...] Lucas
não declara como é feita a escolha dos sete homens, mas a congregação como
um todo vê a sensatez da proposta dos apóstolos (v.5) e participa na escolha
destes diáconos. A qualificação básica é a espiritualidade, mas eles devem
ser distintos de duas maneiras.
Eles têm de
ser cheios do ESPÍRITO SANTO’. Em vez de ser meros bons administradores ou
gerentes de recursos, esta qualificação lhes exige que sejam capacitados
pelo ESPÍRITO na ordem dos discípulos no Dia de Pentecostes. Quer dizer,
eles devem ter o poder de uma fé que faz milagres.
Eles também
têm de ser ‘cheios [...] de sabedoria’. Complementar aos atos de poder está
o discurso inspirado pelo ESPÍRITO. Os diáconos têm de ser poderosos em
obras e palavras. Como pessoas competentes e maduras que são inspiradas pelo
ESPÍRITO, elas têm de ter bom senso prático e serem capazes de lidar com
delicados problemas de propriedade. Seu ministério inclui negócios
empresariais e a distribuição de ajuda para os necessitados, mas também deve
ser espiritual e carismático. Eles devem exercer quaisquer dons espirituais
que DEUS lhes concedeu.
Entre os sete
homens escolhidos para servir como diáconos estão Estêvão e Filipe (os
únicos dois sobre quem Lucas apresenta detalhes). Filipe se destaca como
pregador carismático de fé que faz milagres (At 8.4-8,26- 40; 21.8); ele é o primeiro a fundar uma
igreja entre os samaritanos. Estêvão é descrito como "homem cheio de fé*
(v.5), sem dúvida significando a fé que faz milagres. Ele faz ‘prodígios e
grandes sinais entre o povo’ (v.8), e seus oponentes não sabem como lidar
com a sabedoria da pregação que ele faz (v. 10). O ministério destes dois homens ilustra
os ministérios dos diáconos carismáticos, os quais se estendem muito além
das preocupações práticas do dia a dia da Igreja.
A ordenação
dos sete diáconos fornece bom modelo para ministrar as minorias da Igreja.
Como na Igreja primitiva, devemos nos preocupar com o modo como as minorias
— os pobres, as viúvas, os órfãos e as pessoas de diferentes origens raciais
— são tratadas. Semelhante às viúvas crentes de fala grega, tais pessoas são
indefesas, e suas necessidades podem ser negligenciadas. Cada congregação
deve ter um programa próprio para ministrar aos que estão em desvantagem e
às minorias, e entregar este ministério àqueles que são espiritualmente
dotados e compromissados a cuidar deles” (STRONSTAD, Roger; ARRINGTON,
French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 1:
Mateus a Atos. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp.657-8),
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ANDRADE,
Claudionor de. Manual do Diácono. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999,
STOTT. John R.
W. Cristianismo Equilibrado. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 1 995.
Meus comentários - Ev. Luiz Henrique
Diaconisa
é uma mulher que limpa os banheiros, lava o chão, lava roupa e cozinha para a
igreja ou recebe em casa um visitante, ou também, que visita as pessoas, ora
pelas pessoas, ajuda os pobres e necessitados. Pode ser tanto a mulher do
diácono, como do pastor, como qualquer outra que ajuda na obra de DEUS. Não tem
título e nem cargo, mas disposição para servir - este é o significado de
diaconia. Lavar os pés aos santos quer dizer isso. Se JESUS quisesse mulheres no
ministério eclesiástico colocaria sua mãe como a primeira.
Tem muitas igrejas com dificuldades agora porque não analisaram corretamente a
palavra de DEUS antes - Elas agora querem ser pastoras-presidente de campo e
estão com toda razão, pois foi-lhes dado um ministério pelos homens.
Revista Ensinador Cristão CPAD, n°58, p.42.
Por que existe
o ministério do diácono? Qual a sua função e importância na vida da igreja
local? Estas perguntas podem e devem ser trabalhadas em sala de aula. Muitos
alunos não têm a convivência da realidade e dos meandros da organização
eclesiástica de suas igrejas locais. Por isso esta é uma excelente
oportunidade para abordar um assunto que faz parte da vida cristã de todo
membro em uma comunidade local.
Para responder
as perguntas elaboradas acima, deve-se partir do sexto capítulo do livro dos
Atos dos Apóstolos, pois ali, pela primeira vez, foi constituído um
ministério específico de caráter social para resolver uma variante
problemática de aspecto étnico: entre as viúvas de fala hebraica e as de
fala grega. Tal problema poderia atravancar o avanço da igreja local que
estava em Jerusalém. Os apóstolos sentiram-se cobrados em solucionar um
problema não muito fácil, entretanto, os ministérios da Palavra e da Oração
não poderiam ficar em segundo plano. Mas igualmente, a sobrevivência humana.
Orientados
pelo ESPÍRITO SANTO, e também dotados por um profundo bom senso, juntamente
com a igreja, os apóstolos não hesitaram em tomar a decisão de permitir aos
novos crentes separarem sete
homens judeus de fala grega 13 Estêvão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão,
Pármenas e Nicolau - para resolverem uma questão de caráter social e
urgente. Assim, a igreja de Jerusalém voltou a normalidade da sua atividade
coadunando a prática proclamatória do Evangelho com o serviço de interferir
socialmente na vida dos crentes, e não-crentes também, para suprir a
necessidade de quem precisava de ajuda. Por isso, o caráter do ministério
diaconal é profunda e biblicamente enraizado numa intensa preocupação
social. O diácono de Atos não foi chamado para fazer trabalhos meramente
litúrgicos, (como colher dízimos e ofertas e servir a Santa Ceia), mas
principalmente o de cuidar dos mais necessitados, visitar as viúvas e os
enfermos, amparando quem realmente precisa de cuidados na comunidade cristã
local.
Por
conseguinte, o serviço de diácono não é simplesmente uma função
eclesiástica, mas um estilo de vida ensinado e promovido por JESUS de
Nazaré. Quando um crente olha para o verdadeiro diácono ele deve sentir-se
impulsionado para viver um estilo de vida diaconal, como o de CRISTO em seu
ministério terreno. Pois o diaconato é um estilo de vida centralizado em
JESUS de Nazaré, jamais em si mesmo.
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
O crescimento
vertiginoso trouxe diversos problemas. Entre os conversos, havia pessoas de
outros lugares, além de judeus. Quando a comunidade cristã cresceu grandemente surgiram
diversos problemas, inclusive de ordem social (cf. At 6.1-7). Os líderes
da Igreja resolveram reunir a assembleia e buscar a solução para o
atendimento social aos irmãos carentes. A tarefa era um grande desafio. Ou
eles cuidavam da oração e do estudo da palavra de DEUS, ou cuidavam da parte
social.
Por decisão
sábia e unânime dos irmãos de fala grega, escolheram sete homens, com qualidades exemplares, para
cuidarem daquele “importante negócio”, que era dar assistência aos novos
convertidos nas suas necessidades básicas. Muitos que aceitavam a CRISTO
ficavam em situação difícil, rejeitados por suas famílias, expulsos de casa
e desprezados da sociedade. Assim, ante uma crise de caráter humano, os
apóstolos tiveram que tomar medidas que serviram de base para a criação do
cargo ou da função de diácono que faz parte, até hoje, do ministério
ordenado, nas igrejas cristãs.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 139-140.
Aquilino de
Pedro afirmou que o diaconato é o ministério por excelência; o serviço é a
sua razão primacial. Se nos voltarmos aos atos dos apóstolos, constataremos
que não exagera o ilustrado teólogo. A diaconia outra coisa não é senão um
serviço incondicional e amoroso a DEUS e à sua Igreja. O diácono que não
vive para servir a igreja de DEUS, não serve para viver como ministro de
CRISTO. A essência do diaconato é o serviço; do diaconato, o serviço também
é o amoroso fundamento. Sem serviço também a diaconia é impossível. Nesse
sentido, quão excelso e perfeito diácono foi o Senhor JESUS!
Valdemir P.
Moreira. Manual do Diácono.
I - A DIACONIA DE JESUS CRISTO
1. Significado do termo.
A palavra
diaconia é originaria do vocábulo grego diákonos e significa,
etimologicamente, ajudante, servidor. Em seu Dicionário do Novo Testamento
Grego, oferece-nos W.C. Taylor a seguinte definição de diácono: garçom,
servo e administrador. Na Grécia clássica, diácono era o
encarregado de levar as iguarias à mesa, e manter sempre satisfeitos os
convivas. Na septuaginta, eram os servos chamados de diáconos, porém não
desfrutavam da dignidade de que usufruíram seus homônimos do NT, nem eram
incumbidos de exercer a tarefa básica destes: socorrer os pobres e
necessitados. Não passavam de meros serviçais. Aos olhos judaicos, era esse
um cargo nada honroso. A palavra diácono aparece cerca de trinta vezes no
NT. É uma sublime função que passou a existir na Igreja Primitiva a
partir de Atos, capítulo seis.
Valdemir P.
Moreira. Manual do Diácono.
Eles devem ser
como o próprio Mestre; e é muito apropriado que eles o fossem, pois,
enquanto estivessem no mundo, deveriam ser como Ele foi quando estava no
mundo. Porque para ambos o estado atual é um estado de humilhação; a coroa e
a glória estavam reservadas para ambos no estado futuro. Eles precisavam
considerar que “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir
e para dar a sua vida em resgate de muitos” (v. 28). O nosso Senhor JESUS
aqui se coloca diante dos seus discípulos como um padrão de duas qualidades
anteriormente recomendadas: a humildade e a utilidade.
[1] Nunca
houve um exemplo de humildade e condescendência como houve na vida de
CRISTO, que não veio para “ser servido, mas para servir”. Quando o Filho de
DEUS entrou no mundo - o Embaixador de DEUS para os filhos dos homens alguém
poderia pensar que Ele deveria ser servido, que deveria ter se apresentado
em um aparato que estivesse de acordo com a sua pessoa e caráter; mas Ele
não fez isso; Ele não agiu como uma celebridade, Ele não teve nenhum séquito
pomposo de servos de Estado para servi-lo, nem se vestiu em túnicas de
honra, porque tomou sobre si a “forma de servo”. Ele, na verdade, viveu como
um homem pobre, e isto fez parte da sua humilhação. Houve pessoas que o
serviram com as “suas fazendas” (Lc 8.2,3); mas Ele nunca foi servido como
um grande homem. Ele nunca tomou a pompa sobre si, não foi servido em mesas,
como um dos grandes deste mundo. JESUS, certa vez, lavou os pés dos seus
discípulos, mas nunca lemos que eles tenham lavado os pés dele. Ele veio
para ajudar a todos quantos estivessem em aflição. Ele se fez servo para os
doentes e debilitados; estava pronto para atender aos seus pedidos como
qualquer servo estaria pronto para atender à ordem do seu senhor, e se
esforçou muito para servi-los.
O Senhor JESUS
serviu continuamente visando este fim, negando a si até mesmo o alimento e o
descanso para cumprir essa tarefa.
[2] Nunca
houve um exemplo de beneficência e utilidade como houve na morte de CRISTO,
que “deu a sua vida em resgate de muitos”. Ele viveu como um servo, e fez o
bem; mas morreu como um sacrifício, e com isso Ele fez o maior bem de todos.
Ele entrou no mundo com o propósito de dar a sua vida em resgate; isto
estava primeiro em sua intenção. Os aspirantes a príncipes dos gentios
fizeram da vida de muitos um resgate para a sua própria honra, e talvez um
sacrifício para a sua própria diversão.
CRISTO não age
assim; o sangue daqueles que lhe são sujeitos é precioso para Ele, e Ele não
é pródigo nisso (SI 72.14); mas, ao contrário, Ele dá a sua honra e a sua
vida como resgate pelos seus súditos. Note, em primeiro lugar, que JESUS
CRISTO sacrificou a sua vida como um resgate. A nossa vida perdeu o direito
nas mãos da justiça divina por causa do pecado. CRISTO, entregando a sua
vida, fez a expiação pelo pecado, e assim nos resgatou. Ele foi feito
“pecado” e uma “maldição” por nós, e morreu, não só para o nosso bem, mas
“em nosso lugar” (At 20.28; 1 Pe 1.18,19). Em segundo lugar, foi um resgate
por muitos. Ele foi suficiente para todos, mas eficaz para muitos; e se foi
eficaz para muitos, então diz a pobre alma duvidosa: “Por que não por mim?”
Foi por muitos, para que por ele muitos pudessem ser feitos justos. Esses
muitos eram a sua semente, pela qual a sua alma sofreu (Is 53.10,11). “De
muitos”, assim eles serão quando forem reunidos, embora parecessem então um
pequeno rebanho.
Então esse é
um bom motivo para não disputarmos a precedência, porque a cruz é a nossa
bandeira, e a morte do nosso Senhor é a nossa vida. Esse é um bom motivo
para pensarmos em fazer o bem, e, em consideração ao amor de CRISTO ao
morrer por nós, não hesitarmos em “sacrificar as nossas vidas pelos irmãos”
(1 Jo 3.16). Os ministros devem estar mais ansiosos do que os outros para
servir e sofrer pelo bem das almas, como o bendito apóstolo Paulo estava (At
20.24; Fp 2.17). Quanto mais interessados, favorecidos e próximos estivermos
da humildade e da humilhação de CRISTO, mais prontos e cuidadosos estaremos
para imitá-las.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição
completa. Editora CPAD. pag. 261-262.
Mt 20.26-28 Em
uma frase, JESUS ensinou a essência da verdadeira grandeza: Todo aquele que
quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal. A grandeza é
determinada pelo serviço. O verdadeiro líder coloca as suas necessidades em
último lugar, como JESUS exemplificou na sua vida e na sua morte. Ser um
“servo” não significa ocupar uma posição servil, mas sim ter uma atitude na
vida que atende livremente às necessidades dos outros sem esperar nem exigir
nada em troca. Os líderes que são servos apreciam o valor dos outros e
percebem que não são superiores a ninguém; eles também entendem que o seu
trabalho não é superior a nenhum outro trabalho.
A missão de
JESUS era servir aos outros e dar a sua vida por eles. Um verdadeiro líder
tem o coração de um servo. Os discípulos devem estar dispostos a servir
porque o seu Mestre deu o exemplo. JESUS explicou que Ele não veio para ser
servido, mas para servir a outros. A missão de JESUS era servir — em última
análise, dando a sua vida para salvar a humanidade pecadora. A sua vida não
foi “tomada”, Ele a “deu”, oferecendo-a como sacrifício pelos pecados do
povo. Um resgate era o preço pago para libertar um escravo da escravidão.
JESUS pagou um resgate por nós, e o preço exigido foi a sua vida. JESUS
tomou o nosso lugar, Ele morreu a morte que nós mereceríamos.
Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 124.
Mt 20.28
Nesse ponto, JESUS apresenta-se — o Filho do homem — como o supremo exemplo de serviço para os outros. O versículo é
claramente importante para nossa compreensão da percepção de JESUS de sua
morte.
Três questões
relacionadas pedem discussão.
1.
Autenticidade. É bastante comum no Novo Testamento, nas palavras
atribuídas a JESUS e a outras existentes em outros trechos começarem com a
necessidade dos discípulos matarem o “eu” e terminarem com a morte vicária
única de JESUS como um exemplo ético — ou, de forma inversa, começarem com a
morte única de JESUS e tê-la aplicada como um exemplo para os discípulos (Jo
12.23-25; Fp 2.5-11; I Pe 2.18-25). Não há motivos substanciais para negar a
autenticidade desse dito.
2. Sentido. Ele não veio para ser servido, como um rei que depende de incontáveis
cortesãos e criados, mas para servir os outros. Stonehouse observa com
acerto que esse versículo presume que o Filho do homem tem todo direito de
esperar ser servido, mas, em vez disso, ele serve. Está implícita a
autoconsciência de que o Filho do homem possuía origem
celestial, possuía autoridade divina. A demonstração
da glória divina brilha com mais esplendor quando é separada por causa da
morte vergonhosa de um homem redentor. Esse é exatamente o cerne da
revelação de si mesmo de JESUS e do evangelho primitivo (ICo 1.23: “Pregamos
a CRISTO [Messias] crucificado”).
O Filho do
homem veio para “dar a sua vida em resgate por muitos”.
Resgate
tem o sentido de “libertação”; e o verbo cognato,
de “libertar”, sem referência ao “preço pago” (veja esp. Hill, Greek
Words
[Palavras gregas], p. 58-80). Isso denota substituição, equivalência,
troca (cf. esp. M. J. Harris, DNTT, 3:1179s.). “A vida de JESUS entregue
em morte vicária realiza a
libertação de vidas confiscadas. Ele agiu em favor de muitos ao tomar o
lugar deles” (ibid.,p. 1180).
O termo
“muitos” enfatiza os incomensuráveis efeitos da morte solitária de JESUS: um
morre, muitos encontram sua vida “resgatada, curada, restaurada, perdoada”,
uma grande multidão que nenhum homem pode contar (cf. J. Jeremias, “Das
Lõsegeld für Viele” [“O resgate de muitos”] , Judaica 3 [1948], p. 263). Isso sugere que
a morte vicária de JESUS é o pagamento pelo povo escatológico de DEUS e que
resulta nesse povo. Isso se ajusta bem ao “muitos” de Isaías 52.13—53.12.
3. Dependência
de Isaías 53. A
palavra hebraica ’ãsãm inclui a noção de substituição ou, pelo menos, de um
equivalente. A
implicação da evidência cumulativa é que JESUS se refere explicitamente a si
mesmo como o Servo sofredor de Isaías e
interpretava sua própria morte sob essa luz — interpretação em que Mateus
seguiu seu Senhor (Mt 3.17; 12.15-21).
D. A. CARSON.
O Comentário De Mateus. Editora Shedd Publicações. pag. 504-506.
2. Serviço de escravo.
Diaconia
significa “ministério, serviço”. JESUS CRISTO foi exemplo para a Igreja em
todos os aspectos. Em sua Diaconia, Ele foi “apóstolo... da nossa confissão”
(Hb 13.1). Foi profeta (Lc 24.19); foi evangelista (Lc 4.18-19); foi Pastor
(Jo 10.11) e também foi diácono. Ele demonstrou seu caráter e sua
personalidade, dando exemplo de humildade. Para cumprir sua missão
sacrificial em favor dos homens, JESUS despojou-se temporariamente de sua
glória plena (Jo 17.14). Paulo diz que Ele assumiu a forma de servo, mais
que isso, a forma de “escravo”. JESUS, “... sendo em forma de DEUS, não teve
por usurpação ser igual a DEUS. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma
de servo, fazendo- se semelhante aos homens-, e, achado na forma de homem,
humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fp
2.6-8 — grifo nosso). A expressão “tomando a forma de servo”, “significa
aparecer em uma condição humilde e desprezível”.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 140.
JESUS, o
Diácono dos diáconos
Foi o Senhor
um diácono em tudo perfeito. Na declaração que faz Ele em Marcos 10.45,
encontramos a variante da palavra diakonia duas vezes: “O Filho do Homem
também não veio para ser servido [diakonêthênai], mas para servir [diakonêsai]
e dar a sua vida em resgate de muitos”. Ele era Senhor, e servia a todos.
Era Rei prometido, mas se dizia servo dos servos de DEUS. Deveria estar à
mesa, mas ei-lo a lavar os pés dos discípulos.
Embora o
apocalipse mostre-o na plenitude de sua gloria, vemo-lo em Isaias, como o
servo sofredor. A fim de assumir a sua diaconia, despojou-se de suas
prerrogativas, assumiu a nossa forma e pôs-se a servir indistintamente a
todos.
Este é o nosso
Senhor; Diácono dos diáconos!
Valdemir P.
Moreira. Manual do Diácono.
A AUTO HUMILHAÇÃO DE JESUS (13.4-20)
2: E, acabada a ceia
(o texto grego diz “durante a ceia”), e então
continua com a primeira oração no versículo 4: levantou-se da ceia. Ao
fazê-lo, o Senhor tirou as vestes (4, cf. 10.17; Fp 2.5-8); i.e., a
túnica
externa. Então, tomando uma toalha, cingiu-se, o que “marca a ação de
um
escravo”. Assim preparado, Ele pôs água numa bacia e começou a lavar os
pés
aos discípulos e a enxuga-los com a toalha com que estava cingido (5).
Evidentemente havia ocorrido alguma “busca de posição” entre os doze (Lc
22.24). JESUS era o único naquela sala que poderia executar até
mesmo o simbolismo da purificação — pois só Ele estava limpo no sentido
teológico e moral da palavra (cf. 17.19; Hb 13.12).
Quando JESUS
foi lavar os pés de Pedro, este lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim?
(6) A resposta de JESUS, não o sabes tu, agora, não só afirmava a ignorância
de Pedro em relação às coisas espirituais (e.g., a vinda do ESPÍRITO), como
também incluía uma promessa: tu o saberás depois (7). O que eu faço era a
humilhação do Senhor, simbolizada no ato de levar-lhes os pés; na verdade,
porém, Ele estava proporcionando toda a obra redentora de DEUS para o homem.
Hoskyns comenta que a reação de Pedro não é um contraste entre o orgulho de
Pedro e a humildade de JESUS, mas, antes, “entre o conhecimento de JESUS, o
qual é a base da ação, e a ignorância de Pedro, que ainda não percebe que a
humilhação do Messias é a causa efetiva da salvação cristã” (cf. 2.22; 7.39;
12.16; 14.25-26; 15.26; 16.13; 20.9).9 Mas o entendimento do futuro estava
longe demais para Pedro. Ele só via a incongruência imediata da situação —
JESUS lavando os seus pés. Impulsivamente, ele declarou: “Nunca em nenhum
momento lavarás os meus pés — para sempre” (tradução literal). Pedro
esperava colocar um ponto final em tudo aquilo. Mas JESUS conhecia o caminho
para o coração de Pedro — a ameaça de ser excluído da presença de JESUS, a
quem Pedro amava. Se eu te não lavar, não tens parte comigo (8; cf. Hb
12.14). “Não há lugar na sociedade dos cristãos para aqueles que não forem
purificados pelo próprio Senhor JESUS”. Se a comunhão só poderia ser
adquirida pela purificação (cf. 1 Jo 1.7), então Pedro queria tudo o que
pudesse ter — pés, mãos e cabeça (9).
Não parece haver qualquer evidência de que
JESUS quisesse que a lavagem dos pés fosse instituída como um sacramento.
Mas fica claro que Ele estava ensinando, pelo exemplo básico e axiomático,
embora paradoxal, que a única maneira de ser “o maior” (Lc 22.24) ou de ser
bem-aventurado (17) é tomar a estrada do serviço amoroso (13.34) e do
sacrifício (10.15), baseado no conhecimento da vontade de DEUS para nós. A
palavra traduzida como bem-aventurado no texto das Beatitudes é makarioi (Mt
5.3-12).
Embora seja
verdade que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado, maior do
que aquele que o enviou (16), JESUS assegura aos seus discípulos o
relacionamento com Ele e com o Pai. Pois se alguém receber o que eu enviar,
me recebe a mim, e quem me recebe a mim recebe aquele que me enviou (20).
Joseph H.
Mayfield. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 116-118.
JESUS era o
exemplo de servo, e Ele mostrou a sua atitude de servo aos seus discípulos.
Lavar os pés era um ato comum nos tempos bíblicos. A maioria das pessoas
viajava a pé (calçando sandálias) pelas estradas empoeiradas da Judéia.
Quando entravam em casa, era costume lavar os pés. Não se oferecer para
lavar os pés de um convidado era considerado uma falta de hospitalidade
(veja Lucas 7.44). Lavar os pés dos convidados era o trabalho de um dos
servos mais simples da casa, e deveria ser realizado quando os convidados
chegassem (1 Samuel 25.41). Esta era uma tarefa subserviente. O incomum
sobre este ato era que JESUS, o Mestre e Instrutor, estava fazendo isto para
os seus discípulos, como o escravo mais inferior faria.
Jo 13.12-16 O
ato de JESUS de lavar os pés dos discípulos demonstrava amor em ação. JESUS
ensinou a estes, que logo seriam líderes, que quando eles trabalhassem para
divulgar o Evangelho, deveriam antes de tudo ser servos daqueles a quem
ensinassem. Os discípulos devem ter se lembrado desta lição todas as vezes
que enfrentaram problemas, lutas, e alegrias junto aos primeiros crentes.
Quantas vezes
eles devem ter se lembrado de que foram chamados para servir. E que
diferença isto fez! Imagine como teria sido difícil o crescimento (até mesmo
a existência) da igreja primitiva, se estes discípulos tivessem continuado a
competir por lugares de grandeza e importância! Felizmente para nós, eles
mantiveram a lição de JESUS em seus corações.
Jo 13.17 Somos
abençoados (felizes, alegres, realizados), não por causa do que sabemos, mas
por causa do que fazemos com aquilo que sabemos. A graça de DEUS a nós
encontra a sua perfeição no serviço que nós, como vasos de sua graça,
prestamos aos outros. Encontraremos a nossa maior bênção ao obedecermos a
CRISTO, servindo aos outros.
Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 565-566.
Sem dúvida, os
discípulos ficariam felizes em lavar os pés dele; eles não podiam conceber a
ideia de lavar os pés uns dos outros, visto que essa era uma tarefa
normalmente reservada para os servos mais inferiores. Pares não lavavam os
pés uns dos outros, exceto muito raramente e como sinal de grande amor.
Alguns judeus insistiam que não se devia exigir de escravos judeus que
lavassem os pés de outros; esse trabalho devia ser reservado para escravos
gentios, ou para mulheres, crianças e discípulos (Mekhilta 1 sobre Ex 21.2).
Aqui, JESUS inverte as funções normais. Seu ato de humildade é tão
desnecessário quanto atordoante e é, ao mesmo tempo, uma demonstração de
amor (v. 1), um símbolo de purificação salvadora (w. 6-9), e um modelo de
conduta cristã (w. 12-17).
JESUS tirou sua capa e colocou uma toalha em volta
da cintura - adotando, assim, as vestes de um criado doméstico, vestes que
eram desprezadas tanto em círculos judaicos quanto gentios (SB 2. 557;
Suetônio, Calígula, 26). Assim, ele começou a lavar os pés de seus
discípulos, demonstrando, dessa forma, sua declaração: “eu estou entre vocês
como quem serve” (Lc 22.27; cf. Mc 10.45 par.). Aquele que “embora sendo
DEUS [...] esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo” (Fp 2.6,7). De fato,
ele “foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fp 2.8). O inigualável
auto esvaziamento do Filho eterno, da Palavra eterna, alcança seu ápice na
cruz. Isso não significa que a Palavra mude da forma de DEUS para a forma de
um servo; significa, ao contrário, que ele de tal forma veste nossa carne e
vai de olhos bem abertos para a cruz que sua divindade é revelada em nossa
carne, supremamente, no momento da maior fraqueza, do maior serviço (cf.1.14).
O reverenciado e exaltado Messias assume a função do servo
desprezado para o bem de outros. Isto, junto com a noção de purificação,
explica por que o episódio do lava-pés pode apontar tão efetivamente para a
cruz. Mas o serviço prestado a outros não pode se restringir a esse ato
único. Se o evento do lava-pés e da cruz são propiciados pelo incrível amor
de JESUS (v. 1), a comunidade dos purificados que ele está criando deve ser
caracterizada pelo mesmo amor (w. 34,35) e, portanto, pela mesma abnegação
no esforço de servir a outros. E isto significa que o ato do lava-pés é
quase obrigado a ter um significado exemplar, assim como a morte de CRISTO,
embora única, tem o sentido de exemplo (e.g. Mc 10.35-45; Jo 12.24-26; IPe
2).
JESUS já havia condenado aqueles que ouvem suas palavras mas deixam de
guardá-las (12.47,48; c f 8.31). Agora, ele enfatiza a verdade novamente,
conforme uma ênfase repetida nos evangelhos (e.g. Mt 7.21-27; Mc 3-35; Lc
6.47,48) e em outras passagens {e.g. Hb 12.14; Tg 1.22-25).
D. A. CARSON.
O Comentário De João. Editora Shedd Publicações. pag. 462-469.
3. O discípulo é um serviçal.
Mc 10.35-42. A
repreensão que Ele fez a dois de seus discípulos, pelo ambicioso pedido que
lhe fizeram. Essa história é muito semelhante à que lemos em Mateus 20.20.
Mas ali está escrito que a mãe deles fez o pedido, aqui eles mesmos o fazem.
Ela os apresentou e fez o pedido, e então eles a apoiaram, e concordaram com
o pedido.
Observe:
1.
Assim como, por um lado, existem alguns que não usam os grandes incentivos
que JESUS nos deu em oração, por outro lado, também existem alguns que
abusam deles. Ele tinha dito: “Pedi, e dar-se-vos-á”. E pedir as grandes
coisas que Ele prometeu significa uma fé elogiável, mas era uma presunção
condenável a desses discípulos, de fazer uma exigência tão ilimitada ao seu
Mestre: “Queremos que nos faças o que pedirmos”.
Seria melhor
que o deixássemos fazer por nós o que Ele julgar adequado, pois Ele “é
poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos
ou pensamos” (Ef 3.20).
2. Nós devemos
tomar muito cuidado com a maneira como fazemos promessas genéricas. JESUS
não se comprometeu a fazer o que eles pedissem, mas quis saber deles o que
desejavam: “Que quereis que vos faça?” Ele os deixaria prosseguir com o seu
pedido, para que pudessem se envergonhar de tê-lo feito.
3. Muitos
foram levados a uma armadilha por falsas noções acerca do Reino de DEUS,
como se ele fosse deste mundo, e como os reinos das potestades deste mundo.
Tiago e João
chegam à seguinte conclusão: se JESUS ressuscitar, Ele deverá ser um rei, e
se Ele for um rei, os seus apóstolos deverão ser nobres, e um deles, de bom
grado, será o Primus par regni - O primeiro dos nobres do reino, e outro
estará ao seu lado, como José, na corte de Faraó, ou Daniel, na de Dario.
4. A honra
deste mundo é uma coisa cintilante, com a qual os olhos dos próprios
discípulos de CRISTO ficaram, muitas vezes, fascinados. Mas ser bons deveria
ser a nossa preocupação, mais do que parecer grandiosos, ou ter alguma
proeminência.
5. A nossa
fraqueza e falta de perspectiva aparecem tanto nas nossas orações quanto em
qualquer outra coisa.
Não podemos
dar ordens com as nossas palavras quando falamos com DEUS, tanto a respeito
dele quanto a nosso respeito. E loucura fazer exigências a DEUS, mas nos
submetermos a Ele é uma atitude sábia.
6. É a vontade
de CRISTO que nós nos preparemos para os sofrimentos, e deixemos que Ele
cuide de nos recompensar por eles. Ele não precisa ser lembrado, como
precisou Assuero, dos serviços do seu povo, nem consegue esquecer a obra da
sua fé e de seu trabalho de caridade.
A nossa
preocupação deve ser a de termos sabedoria e graça para sabermos como sofrer
com Ele, e então confiarmos que Ele possibilitará a melhor maneira de
reinarmos com Ele. O Senhor também definirá quando, e onde, e quais serão os
graus da nossa glória.
A repreensão
de JESUS aos demais discípulos, pelo desconforto deles com o pedido de Tiago
e João. Eles começaram a ficar muito descontentes, a indignarem-se contra
Tiago e João (v. 41). Eles ficaram irritados com os dois por pedirem
preferência, não porque isto não fosse conveniente aos discípulos de CRISTO,
mas porque cada um deles esperava tê-la. Assim eles descobriram a sua
própria ambição, através do seu desagrado pela ambição de Tiago e João; e
JESUS aproveitou essa ocasião para adverti-los quanto a isso, e a todos os
seus sucessores, no ministério do Evangelho (w. 42-44). Ele os chamou a si
de uma maneira familiar, para dar-lhes o exemplo de condescendência, mesmo
quando estava reprovando a sua ambição, e para ensiná-los a nunca manter os
seus discípulos à distância. Ele lhes mostra:
1. Que o mundo
geralmente abusa ou usa mal o domínio (v. 42): Que eles pareciam dominar os
gentios, que têm o nome e o direito de governar; eles exercem soberania
sobre outros, e este é o objetivo do seu estudo, não tanto para protegê-los
e cuidar do seu bem-estar quanto para exercer autoridade sobre eles. Eles
serão obedecidos, desejando ser arbitrários e ter a sua vontade realizada em
todos os aspectos. Sic volo, sic jubeo, stat pro ratione voluntas - Assim eu
desejo, assim eu ordeno; o meu prazer é a minha lei. A sua preocupação é o
que os seus súditos farão para sustentar a sua própria pompa e grandeza, não
o que eles farão pelos súditos.
2. Que,
portanto, isso não deve ser aceito na igreja: “Entre vós não será assim”;
aqueles que estiverem aos seus cuidados deverão ser como ovelhas sob os
cuidados do pastor, que deve guiá-las e alimentá-las, e deve ser um serviçal
para elas, não como cavalos sob o comando do cocheiro, que os faz trabalhar
e os espanca, e obtém os seus pagamentos com eles. Aquele que pretende ser
grande e poderoso, ao invés de se lançar a uma dignidade e a uma dominação
secular, deverá ser “servo de todos”.
Ele será
humilde e desprezível aos olhos de todos os que são sábios e bons: “o que a
si mesmo se exaltar será humilhado”. Ou, em outras palavras, aquele que
desejar ser verdadeiramente grande e importante, deverá se entregar
integralmente a fazer o bem a todos, deverá se curvar aos serviços mais
humildes, e trabalhar nos serviços mais duros. Não somente serão mais
honrados no futuro, como também são mais honrados agora, aqueles que são
mais úteis. Para convencê-los disso, JESUS apresenta o seu próprio exemplo
diante deles (v. 45). “O Filho do Homem se submete primeiro às maiores
dificuldades e aos maiores perigos, e depois entra na sua glória, e vocês
podem esperar conseguir algo tão elevado de outra maneira, ou tendo mais
facilidade ou honra do que Ele?”. (1) Ele assume “a forma de servo”. Ele
“não veio para ser servido”, e atendido, “mas para servir”, e conceder a sua
graça. (2) Ele se apresenta de modo obediente à morte, e ao seu domínio,
pois Ele dá “a sua vida em resgate de muitos”. Pois Ele morreu para o
benefício de todas as pessoas que o aceitarem como Senhor e Salvador; e será
que nós não deveremos nos esforçar para viver de um modo que beneficie os
salvos?
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição
completa. Editora CPAD. pag. 463-464.
JESUS estava pensando no que iria enfrentar em Jerusalém, e na morte que Ele
sabia que lhe aguardava ali. Os
discípulos, como a maioria dos judeus daquela época, tinham uma ideia errada
do Reino do Messias, da maneira que este foi predito pelos profetas do
Antigo Testamento. Eles pensavam que JESUS iria estabelecer um reino terreno
que libertaria Israel da opressão de Roma.
Tiago e João
não entenderam que o Reino de
JESUS não é deste mundo; ele não está centralizado em palácios e tronos, mas
no coração e na vida de seus seguidores. Nenhum dos discípulos entendeu esta
verdade antes da ressurreição de JESUS.
Mc 10.38 JESUS
respondeu a Tiago e João que ao fazer tal pedido egocêntrico, eles não
sabiam o que estavam pedindo. Pedir posições da mais elevada honra
significava também pedir um profundo sofrimento, porque eles não poderiam
ter um sem o outro. Portanto, o Senhor perguntou primeiro se eles poderiam
beber o cálice amargo de tristeza que Ele iria beber. O “cálice” ao qual
JESUS se referiu era o cálice de sofrimento que Ele teria que beber a fim de
trazer a salvação aos pecadores. Então JESUS perguntou se eles eram capazes
de ser batizados com o batismo de sofrimento que Ele enfrentaria. A
referência a “batismo” é uma metáfora do Antigo Testamento em que uma pessoa
é esmagada pelo sofrimento.
O “cálice” e o
“batismo” se referem àquilo que JESUS iria enfrentar na cruz. Nas duas
perguntas, JESUS estava perguntando a Tiago e a João se eles estavam prontos
para sofrer por amor ao Reino.
Mc 10.39,40
Tiago e João responderam confiantemente a pergunta de JESUS. A resposta
deles pode não ter revelado bravata ou orgulho; ela mostrou a disposição que
eles tinham para seguir JESUS, qualquer que fosse o custo desta decisão.
Eles disseram que estavam dispostos a enfrentar qualquer tribulação por amor
a CRISTO. JESUS respondeu que eles certamente seriam chamados a beber do
cálice de JESUS, e seriam batizados com o seu batismo de sofrimento: Tiago
morreu como um mártir (Atos 12.2); João viveu muitos anos passando por
perseguições, antes de ser forçado a viver os últimos anos de sua vida no
exílio, na ilha de Patmos (Apocalipse 1.9).
Observação minha - Ev. Luiz
Henrique - JESUS sabia que dois homens estariam a seu lado em breve, mas na
cruz e isso estava reservado ao PAI queme seriam eles. JESUS não desejava
que fosse algum de seus discípulos.
Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 259- 261.
Ambição de
Tiago e João (10.35-45)
Enquanto Ele
estava pensando em uma cruz, eles estavam pensando em coroas. O fardo do
Senhor se confrontava com a cegueira deles, e o seu sacrifício com o egoísmo
que demonstravam. Ele só queria dar, mas eles só queriam receber. A
motivação dele era servir; a deles era a própria satisfação pessoal.
Sabeis que os
que julgam ser príncipes das gentes (literalmente, “aqueles que parecem
governar”) delas se assenhoreiam (42). Os discípulos sentiram o aguilhão
dessas palavras ao se lembrarem das táticas opressoras dos governadores das
províncias. Mas entre vós não será assim (43). O grande entre os seguidores
de JESUS será aquele que quiser ser um serviçal (ministro) e servo (escravo)
de todos (44).
Mas por que
teria que ser assim? “Porque o próprio Filho do Homem não tinha vindo para
ser servido, mas para servir” (45, Goodspeed). Nisto, CRISTO nos deixou o
exemplo que devemos imitar, seguindo as Suas pisadas (1 Pe 2.21).
Ralph Earle.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 288-289.
II - A INSTITUIÇÃO DOS DIÁCONOS
1. O conceito da função.
DIÁCONO
Sua
forma verbal (diakonein) significa "servir", particularmente "servir às
mesas" (cf. Arndt, p. 183). Tem a conotação de um serviço muito pessoal,
intimamente relacionado com servir por amor. Para os gregos, o serviço era
raramente dignificado; o desenvolvimento próprio deveria ser a meta de uma
pessoa ao invés da humilhação própria. Enquanto a LXX não usa a palavra
diakonein ("servir"), o judaísmo conserva uma visão diferente sobre o
serviço. Isso está exemplificado no segundo mandamento: "Amarás o teu
próximo como a ti mesmo" (Lv 19.18; cf. Mc 12.31). Foi isso que o nosso
Senhor ensinou quando lavou os pés de seus discípulos, acrescentando:
"Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também"
(Jo 13.15). O uso generalizado da palavra "diácono" no NT foi classificado
por H. W. Beyer ("Diakoneo, etc", TDNT, II. 81-93) e foram sugeridas as
seguintes formas adaptadas: (1) "o servente em uma refeição" (Jo 2.5,9); (2)
"o servo de um mestre" (Mt 22.13; Jo 12.26); (3) "o servo de um poder
espiritual", bom (Cl 1.23; 2 Co 3.6; Rm 15.8) ou mau (2 Co 11.14ss; Gl
2.17); (4) "o servo de DEUS" (2 Co 6.3ss.) ou de CRISTO (2 Co 11.23) como no
caso de Paulo, ou como foi aplicado a seus companheiros de trabalho (1 Ts
3.1-3; 1 Timóteo 4.6; Cl 1.7; 4.7); (5) "os [gentios como] servos de DEUS"
(Rm 13.1-4); (6) "um servo da igreja" (Cl 1.24,25; 1 Co 3.5). Nos escritos
gregos esse nome está relacionado muito de perto com o sentido do verbo. Ele
descreve um atendente à mesa, um servo, um mensageiro, um garçom e ainda era
usado com referência a ocupações específicas, como padeiro ou cozinheiro. O
termo aparece poucas vezes na LXX e sempre comum sentido secular. Ele
descreve os servos do rei em Ester 1.10; 2.2; 6.3,5. Em Provérbios 10.4 (na
LXX) o tolo deve ser "servo" do sábio. Josefo, o historiador da nação
judaica, caracterizou Eliseu como "discípulo e servo" de Elias".
DIÁCONO
diakonos (em
português, “diácono”), denota primariamente "criado", quer aquele que faz
trabalhos servis, ou o ajudante que presta serviços voluntários, sem
referência particular ao seu caráter.
A palavra está
provavelmente relacionada com o verbo diõkõ. “apressar-se após, perseguir"
(talvez dito originalmente acerca de um corredor). "Ocorre no Novo
Testamento em alusão aos criados domésticos (Jo 2.5.9); ao governante civil
(Rm 13.4); a CRISTO (Rm 15.8; Gl 2.17); aos seguidores de JESUS em sua
relação com o Senhor (Jo 12.26: Ef 6.21; Cl 1.7; 4.7); aos seguidores de
JESUS em relação uns com os outros (Mt 20.26: 23.11: Mc 9.35; 10.43); aos
servos de CRISTO no trabalho de orar e ensinar (1 Co 3.5: 2 Co 3.6: 6.4;
11.23: Ef 3.7; Cl 1.23.25: 1 Ts 3.2; I Tm 4.6); àqueles que servem nas
igrejas (Rm 16.1 [usado acerca de uma mulher só aqui no Novo Testamento]; Fp
1.1; 1 Tm 3.8.12); aos falsos apóstolos, servos de Satanás (2 Co 11.15).
O termo
diakonos é usado uma vez onde. aparentemente, a referência é aos anjos (Mt
22.13); em Mt 22.3. onde a referência é aos homens, o termo doulos é usado**
(extraído de Notes on Thessalonians, de Hogg e Vine. p. 91).
O termo
diakonos deve, falando de modo geral, ser distinguido do termo doidos,
"servo, escravo”: o lernio diakonos encara o servo em relação ao seu
trabalho: o termo doidos o vê em relação ao seu mestre.
Veja. por
exemplo. Mt 22.2-14; aqueles que chamam os convidados e os trazem (Mt
22.3.4.6.8.10) são os douloi: aqueles que executam a sentença do rei (Mt
22.13) são os diakonoi.
Nota: Quanto aos termos sinônimos, leitourgos denota
"aquele que executa deveres públicos"; misthios e misthôtos, “servo
contratado"; oiketes, “servo doméstico**; huperetes. “funcionário
subordinado que serve seu superior" (designava, originalmente. o remador da
fileira de baixo numa galera de guerra); therapon, aquele cujo serviço é o
de liberdade e dignidade.
Os denominados
“sete diáconos" em At 6 não são mencionados por esse nome, embora o tipo de
serviço no qual estavam engajados era do caráter daquele consignado para
tal.
W. E. VINE; Merril F. UNGER; Wllliam WHITE Jr.
Dicionário VINE.
Editora CPAD. pag. 563.
2. Origem do diaconato.
O ministério
ou serviço dos diáconos, no Novo Testamento, surgiu a partir de uma bênção, de um problema e de
uma murmuração. A bênção foi o crescimento extraordinário dos que criam em
JESUS e o aceitavam como Salvador, deixando o judaísmo e outras religiões e
tornavam-se cristãos. O problema foi causado pela situação social de muitos
que aceitavam a fé, especialmente envolvendo viúvas dos gregos ou gentios,
que aceitavam o evangelho. A murmuração foi a reclamação desses, que se
julgavam discriminados pelos líderes da Igreja, em relação ao atendimento de
suas necessidades básicas. Diz o texto:
“Ora, naqueles
dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos
contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério
cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é
razoável que nós deixemos a palavra de DEUS e sirvamos às mesas. Escolhei,
pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do ESPÍRITO
SANTO e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.
Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. E este parecer
contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do
ESPÍRITO SANTO, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Pármenas e
Nicolau, prosélito de Antioquia; e os apresentaram ante os apóstolos, e
estes, orando, lhes impuseram as mãos. E crescia a palavra de DEUS, e em
Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos
sacerdotes obedecia à fé” (At 6.1-7 — grifo nosso).
Mas os líderes
da Igreja foram sábios. Não procuraram resolver tamanha questão sozinhos.
Reuniram a multidão, em assembleia, a Eclésia, e eles elegeram sete homens com
qualidades exemplares sobre aquele “importante negócio”, para que os líderes
pudessem perseverar “na oração e no ministério da palavra”. Na maioria das
igrejas, os diáconos estão desviados da função para que foram instituídos,
que foi cuidar da assistência social dos carentes. Mas sua escolha é de
grande valor para o funcionamento ministerial das igrejas cristãs.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 141.
A instituição
do diaconato
O diácono é o
único ministério cristão a originar-se de um fato social; surgiu de uma
premente necessidade da Igreja Primitiva: o socorro às viúvas helenistas.
Atenhamo-nos no que diz o texto que escreveu Lucas (At 6.1-7). Do texto
sagrado, apontemos alguma das razões que levaram os apóstolos a instituírem
o diaconato:
a) O
crescimento da Igreja
Do Pentecostes
à instituição do diaconato, a Igreja Primitiva cresceu de três mil
convertidos, a cinco mil; a partir daí, o rebanho do Senhor não mais parou
de multiplicar-se (At 2.41; 4.4). De forma que, em atos capítulo seis, o
número de discípulos já havia superado a capacidade estrutural da Igreja (At
6.1). Crescendo o número de fiéis, cresceram também os problemas. Tivesse a
Igreja se limitado aos cento e vinte, certamente nenhuma dificuldade teriam
os primitivos cristãos. Não haveriam de precisar de diáconos, presbíteros ou
pastores. Acontece que as
grandes igrejas enfrentam grandes desafios, e demandam, por conseguinte,
grandes soluções. Com a chegada das ovelhas, vai o aprisco deixando sua
rotina, vai o pastoreio desdobrando-se em cuidados e desvelos pelas almas, e
o Reino de DEUS vai alargando suas fronteiras e descortinando os mais
promissores horizontes.
b) O
descontentamento social
Relata-nos
Lucas que “houve uma murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as
viúvas daqueles estavam sendo esquecidas na distribuição diária”. Tal
contingência não podia esperar; exigia imediata solução. Caso não houvesse
uma alternativa urgente e satisfatória, a situação deteriorar-se-ia,
agravando a injustiça social, e aprofundando a fissura entre os dois
principais segmentos culturais da igreja em Jerusalém: os hebreus (crentes
judeus) e os
helenistas (crentes gregos).
A situação que
se desdenhava deixou os apóstolos mui preocupados. Como israelitas, sabiam
eles que a injustiça e a desigualdade social eram intoleráveis aos olhos de
DEUS (Dt 15.7,11).
c) O
comprometimento do ministério apostólico
Continuassem os apóstolos
a suprir as necessidades dos órfãos e das viúvas, haveriam de comprometer de
forma irremediável as principais funções de seu ministério (At 6.2-4). Por
isso deliberaram: “Não é razoável que nós deixemos a palavra de DEUS e
sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa
reputação, cheios do ESPÍRITO SANTO e de sabedoria, aos quais encarreguemos
deste serviço. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra”
(At 6.2-4). Como seria maravilhoso se os pastores seguissem o exemplo dos
apóstolos! Infelizmente, não são poucos os que se acham de tal forma
empenhados com os negócios materiais do rebanho, que já não têm tempo de
orar, nem mais ligam importância à exposição da Palavra. Transformaram-se em
meros executivos. Vivem mais preocupados com os rendimentos financeiros do
redil do que com o bem-estar das ovelhas. Será que ainda não perceberam ter
sido o diaconato instituído justamente para que os pastores nos entregassem
amorosamente à oração e à proclamação dos conselhos de DEUS? Queira o Senhor
que, no termino de nosso ministério, possamos dizer como o apostolo Paulo:
“Porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de DEUS” (At 20.27).
d) A
organização ministerial da Igreja
Até a
instituição dos diáconos, a Igreja conhecia apenas o ministerial apostólico.
Eram os apóstolos responsáveis inclusive pelo socorro cotidiano. E isto,
como vimos, por pouco não compromete o desempenho do principal magistério da
Igreja. Com a instituição dos diáconos, porém, formou-se a base do
ministério eclesiástico. Levemos em conta também os anciãos; estavam eles
sempre prontos a secundar os apóstolos. Mais tarde, o termo ancião (ou
presbítero) passaria a ser sinônimo de pastor e bispo.
Valdemir P.
Moreira. Manual do Diácono.
1. Nosso
coração se sente bem ao descobrir que cresceu o número dos discípulos (v.
1), à proporção inversa que, sem dúvida, irritou o coração dos sacerdotes e
saduceus (cap. 4.1; 5.17) pelo mesmo motivo. A oposição que a pregação do
evangelho enfrentou, em vez de deter seu progresso, contribuiu para o seu
sucesso.
2. Causa-nos
desalento descobrir que o crescimento do número dos discípulos (v. 1) dá
oportunidade para discórdias. Até agora, todos eles eram unânimes em uma
mesma opinião. Esta. observação frequente significava uma honra para eles.
Mas agora que cresciam em número, começaram a murmurar, semelhantemente ao
que ocorreu no velho mundo. Quando os homens começaram a multiplicar-se,
eles se corromperam (Gn 6.1,12).
Houve uma murmuração, não uma
desavença aberta, mas um ressentimento secreto. (1) Os queixosos eram os
gregos, ou helenistas, contra os hebreus (v. 1). Os gregos eram os judeus
que se espalharam pela Grécia e outras regiões, falavam comumente a língua
grega e liam o Antigo Testamento na versão grega, não no original hebraico.
Muitos deles estavam em Jerusalém para a festa quando aceitaram a fé cristã
e foram acrescentados à igreja. Estes murmuraram contra os hebreus, que eram
os judeus nativos que usavam o original hebraico do Antigo Testamento.
Alguns pertencentes a cada um desses grupos se tornaram cristãos, mas, pelo
visto, essa aceitação conjunta da fé não teve sucesso, como deveria, em
extinguir os poucos ciúmes que tinham uns dos outros antes da conversão.
Eles retiveram um pouco do fermento velho e não entenderam ou não se
lembraram de que em CRISTO JESUS não há nem grego nem judeu (Cl 3.9).
Portanto, não há distinção entre hebreus e helenistas, mas todos são
igualmente acolhidos em CRISTO, e deveriam ser, por causa dele, queridos uns
dos outros.
(2) A murmuração destes
gregos era que as suas viúvas eram desprezadas no
ministério cotidiano (v. 1), quer dizer; na distribuição de refeições, e as viúvas hebreias eram mais bem cuidadas.
É pena que as
pequenas coisas deste mundo sejam pontos de discórdia entre os que admitem
ter relações com as grandes coisas do outro mundo. Os
apóstolos fizeram a distribuição, obviamente, com a mais absoluta imparcialidade, e
nem de longe intentaram respeitar os hebreus mais que os gregos.
Contudo, houve
queixa deles, que diziam estarem as viúvas gregas sendo desprezadas. Embora
elas fossem aptas a receber esse tipo de assistência social, os apóstolos
não lhes deram o suficiente, ou não contemplaram todas, ou não deram
exatamente a mesma soma oferecida às viúvas hebreias. [1] Talvez esta
murmuração (v. 1) fosse infundada e injusta, sem motivo algum. Mas aqueles
que, por qualquer razão, se encontram em situação desfavorável (como estavam
os judeus gregos em comparação com os que eram hebreus de hebreus), são
susceptíveis a, por ciúme, acharem que estão sendo desprezados quando na
verdade não estão. É erro comum de pessoas pobres que, em vez de serem
gratas pelo que recebem, se queixem e reclamem. Tendem a pensar que recebem
pouco, ou que os outros ganham mais que elas. Há inveja e cobiça, raízes de
amargura que se encontram tanto entre os pobres quanto entre os ricos,
apesar das situações humilhantes em que estão e às quais devem se adaptar.
[2] Partamos do pressuposto de que havia motivo para a murmuração. Em
primeiro lugar, certos estudiosos sugerem que os outros pobres no grupo dos
gregos tinham a subsistência provida, embora as suas viúvas fossem
desprezadas (v. 1). Essa falha acontecia porque os gerentes administravam de
acordo com uma regra antiga observada entre os hebreus: a viúva deve ser
sustentada pelos filhos do seu marido (veja 1 Tm 5.4). Em segundo lugar, as
viúvas, ao meu ver, são citadas no lugar de todos os pobres, porque muitos
desses que estavam nos registros da igreja e recebiam esmolas, eram viúvas
que tinham sido fartamente sustentadas pelas atividades dos seus maridos
enquanto estavam vivos, mas que caíram em grandes dificuldades financeiras
quando faleceram. Os que administram a justiça pública devem de uma maneira
particular proteger as viúvas de injustiças (Is 1.17; Lc 18.3), assim os que
administram os fundos da caridade pública devem de uma maneira particular
sustentar as viúvas no que for necessário (veja 1 Tm 5.3). Perceba que estas
viúvas e os outros pobres recebiam uma ajuda diária (v. 1). Talvez, após um
cálculo prévio, sabiam que não podiam acumular sua porção para o futuro.
Então os administradores dos fundos, num gesto de bondade, davam-lhes dia a
dia o pão necessário. Eles dependiam do quinhão do dia para viver. Pelo
visto, as viúvas gregas foram, comparativamente, desprezadas.
Talvez os que
distribuíam o dinheiro consideraram que os hebreus ricos contribuíam mais
para o fundo do que os gregos ricos, que não tinham propriedades para
vender, como os hebreus. Por conseguinte, os gregos pobres deveriam ter
menos direito ao fundo. Embora houvesse certa dose de tolerância, tratava-se
de procedimento cruel e injusto. Veja que mesmo na igreja mais bem
organizada do mundo sempre haverá algo impróprio, administração
incompetente, queixas ou, pelo menos, algumas reclamações.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição
completa. Editora CPAD. pag. 59-60.
A palavra
grega para ministério é traduzida como “socorro” em 11.29. Esta é,
evidentemente, a idéia aqui. Com os fundos que os cristãos tornavam
disponíveis (cf. 2.44- 45; 4.32-37), os pobres e os necessitados eram
cuidados no cotidiano com uma doação de alimentos. Knowling faz esta
sugestão significativa: “E bem possível que as viúvas helénicas tivessem
sido ajudadas anteriormente com o tesouro do Templo, e que essa ajuda tenha
cessado, visto que elas se uniram à comunidade cristã”.
Ralph Earle.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 247-248.
Os grupos de língua grega passavam por
dificuldades nos encontros cristãos, nos quais se falava – inclusive por
parte dos apóstolos – o aramaico. Deve ter surgido rapidamente uma tendência
para realizar reuniões próprias no idioma familiar grego. Por outro lado, a
beneficência da igreja, que de acordo com At 4.35 não podia mais ser um
empreendimento meramente pessoal em vista do crescente número de cristãos,
mas acontecia pela mediação dos apóstolos, não alcançou de maneira plena
esses grupos “helenistas”. As viúvas “estavam sendo esquecidas na
distribuição diária”. Mais uma vez notamos como toda a narrativa de Lucas é
sucinta. “E se distribuía a cada um segundo a necessidade da pessoa” (At
4.35). Assim ele escrevera, sintetizando brevemente o essencial. Para ele
deve ter sido evidente que entre os “necessitados” estavam em primeiro lugar
as “viúvas”. De 1Tm 5.3-16 depreendemos que a previdência para as viúvas
continuou sendo uma área central do serviço da igreja. Na Antiguidade
simplesmente não havia uma possibilidade de ganho próprio para mulheres. Se
uma viúva não tinha filhos que providenciassem seu sustento, ela se
encontrava em grande aflição. Nessa situação, porém, estavam sobretudo as
viúvas dos “helenistas”. Depois de velhos, casais haviam se mudado do
exterior para a Terra Santa, sobretudo para Jerusalém. Estando morto o
marido, e vivendo os filhos numa terra longínqua, o que seria da esposa
agora? Começou o serviço beneficente da igreja, inicialmente da judaica, e
agora também da cristã. Consequentemente, as diferenças linguísticas e a
grande extensão da igreja transformaram-se em empecilhos. Naquele tempo as
viúvas viviam uma vida sossegada e recatada. Provavelmente os apóstolos
conheciam melhor as viúvas do grupo aramaico e viam-nas com mais frequência.
As viúvas helenistas eram “esquecidas”. Tampouco Lucas relatou que essa
“distribuição para cada um de acordo com sua necessidade” já levara a uma
forma de ajuda regular. Uma atividade dessas se consolida inesperadamente
numa instituição. Ao que parece, portanto, desenvolveu-se a prática de
alimentar regularmente os necessitados, de realizar refeições diárias para
as quais as viúvas helenistas não eram convidadas. Porém, a circunstância de
que determinadas pessoas não apenas se viam excluídas de uma doação livre e
eventual, mas de uma assistência regular, que parecia conceder também a elas
um “direito” a determinados benefícios, gera especial tristeza e amargura.
Todos sabemos com que rapidez nos sentimos magoados, com que facilidade
suspeitamos de “intenções” por trás de esquecimentos que na realidade se
explicam por razões bem inofensivas. Rapidamente generalizamos casos
isolados, e o egoísmo coletivo acaba exacerbando tudo. “Houve murmuração dos
helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo
esquecidas na distribuição diária.”
Werner de Boor.
Comentário Esperança Atos. Editora Evangélica Esperança.
3. A escolha dos diáconos.
O diaconato
não é um ministério como em Efésios 11.4 (podemos colocá-los como auxiliares
do ministério congregacional)
Ministério é
um trabalho, ou função eclesiástica, exercida por aqueles que são
biblicamente chamados e escolhidos por JESUS e capacitados pelo ESPÍRITO
SANTO.
A
instituição do diaconato não foi inspirada pelo ESPÍRITO SANTO, pois foi uma
decisão tomada pelos apóstolos para resolverem uma questão estrutural da
igreja, quem os escolheu foi o povo de fala grega e confirmada depois pelos
apóstolos.
Observação minha - Ev.
Luiz Henrique
A real
dimensão do diaconato
O pastor
é sobre os diáconos da igreja.
Que ele reconheça sempre a verdadeira dimensão de seu cargo e a exata razão
de sua chamada. Cabe aqui lembrar o que disse Otis Bardwell,
experimentadíssimo diácono: “O diácono não foi chamado para receber
honrarias, mas para servir a DEUS e à Igreja”.
O diaconato
como um importante negócio
Na versão
Revista e Corrigida de Almeida, lemos: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós,
sete varões (...) aos quais constituamos sobre este importante negócio” (At
6.3). A versão atualizada, porém, buscando maior aproximação com o grego,
usa a seguinte expressão: “aos quais encarreguemos deste serviço”. É o
diaconato, afinal, um serviço ou um importante negócio? Ambas as coisas,
pois estão certas ambas as versões. A palavra grega chréia tanto pode ser
traduzida como serviço quanto como negócio. Ela pode ser compreendida,
ainda, como “um serviço para suprir auxilio em caso de necessidade”.
Portanto, nenhum erro cometeu os revisores dessas versões. Servir a Igreja,
a Noiva do Cordeiro, é de fato um importante negócio! Pense nisso, diácono,
e conscientize-se de sua responsabilidade.
Valdemir P.
Moreira. Manual do Diácono.
Até aqui, os apóstolos dirigiam a atividade assistencial.
As pessoas lhes faziam pedidos e apelavam em casos de rixas e injustiças.
1. Como o
método foi proposto pelos apóstolos: Eles convocaram a multidão dos
discípulos (v. 2), os diligentes das congregações de cristãos de Jerusalém,
os homens em posição de liderança. Os doze sozinhos não determinariam nada
sem eles, pois há vitória na multidão dos conselheiros (Pv 24.6). Em
assuntos dessa natureza, os discípulos, que eram mais entendidos nos
negócios desta vida, dariam melhor conselho do que os apóstolos. (1) Os
apóstolos ressaltaram veementemente: Não é
razoável que nós deixemos a palavra de DEUS e sirvamos às mesas (v. 2).
Seu dever era
pregar a palavra de DEUS. Eles não tiveram a oportunidade de estudar para
ser pregador como acontece conosco (eles recebiam a palavra no momento em
que a proferiam e estudavam o Antigo Testamento, Mt 10.19). Acharam que era muita atividade para uma pessoa
só empregar todas as suas reflexões, cuidados e tempo, embora um desses
homens valesse mais que dez de nós. Se fossem servir às
mesas, deveriam, em certa medida, deixar a palavra de DEUS e a oração. Não haveria como
atender a obra da pregação com o zelo e atenção devidas. Além
disso haviam as
chicotadas recebidas nas costas. Enquanto o número dos discípulos era
pequeno, os apóstolos conseguiam administrar sem fazer
interrupções importantes em sua atividade principal. Mas agora que o número
dos discípulos estava aumentando, não mais seria possível proceder dessa
forma. Não é razoável, ouk areston estin não é conveniente, ou não é
recomendável (v. 2).Veja que a oração, o estudo da bíblia e a pregação do evangelho é a melhor obra, a mais apropriada
e necessária com a qual o ministro pode se envolver e com a qual deve se
ocupar inteiramente (1 Tm 4.15). Para realizá-la, ele não deve se embaraçar
com negócio desta vida (2 Tm 2.4), e nem mesmo com a obra de fora da Casa de
DEUS (Ne 11.16).
(2) Os
apóstolos pediram aos irmãos que fossem escolhidos sete varões (v. 3),
bem
qualificados para o objetivo em vista, cujo negócio seria servir às
mesas,
diakonein trapezais - ser diáconos às mesas (v. 2). O negócio tinha de
ser
bem cuidado, mais bem administrado do que fora até o momento pelos
apóstolos. Logo, pessoas apropriadas eram inseridas ocasionalmente no
ministério da palavra e da oração, mas não tão dedicadas a essas
funções
como eram os apóstolos. Elas deviam cuidar das provisões da igreja, ou
seja,
inspecionar, pagar e manter as contas. Tinham de comprar o que fosse
necessário para a festa ágape (Jo 13.29) e atender tudo que fosse
necessário in ordine ad spiritualia - para os exercícios espirituais, a
fim de que tudo
fosse feito com decência e ordem, e ninguém fosse negligenciado. [1] Os
candidatos tinham de ser devidamente qualificados. Os irmãos da
congregação
de fala grega deviam escolher, e os apóstolos, ordenar. Mas os irmãos
da congregação não
tinham autoridade para escolher, nem os apóstolos para ordenar homens
totalmente impróprios para o ofício. Eles deveriam ter qualificações:
Escolhei [...] sete varões (v. 3),
tantos quantos julgarem que bastariam por ora; mas depois o número
poderia
ser maior caso houvesse necessidade. Estes deviam ser, em primeiro
lugar,
homens de boa reputação (v. 3), livres de escândalo, considerados pelos
vizinhos como homens íntegros e fiéis, de bom testemunho, em quem se
pode
confiar, sem a marca de vícios e maus hábitos, mas, ao contrário,
reputados
por tudo que seja virtuoso e louvável, martyroumenoics - homens que
produzam
bons testemunhos em seu convívio social. Veja que os que são postos em
qualquer ofício na igreja devem ser homens de boa reputação,
irrepreensíveis. E não só isso, mas de caráter admirável, requisito
indispensável ao ofício e sua execução. Em segundo lugar, eles deviam
ser
homens cheios do ESPÍRITO SANTO (v. 3), cheios dos dons e da graça do
ESPÍRITO SANTO, que são necessários para a administração correta deste
cargo. Tinham de ser honestos, hábeis e ousados: Homens capazes,
tementes a DEUS, homens de verdade, que aborreçam a
avareza (Ex 18.21). Deveriam estar cheios do
ESPÍRITO SANTO. Em terceiro lugar, eles deviam ser homens cheios [...]
de
sabedoria (v. 3). Não bastava que fiassem homens honestos e bons,
deviam
também ser homens discretos e de bom siso, que não pudessem ser
enganados e
que organizassem as tarefas com disciplina. Deviam ser homens cheios do
ESPÍRITO SANTO e de sabedoria, quer dizer, do ESPÍRITO SANTO como
ESPÍRITO
de sabedoria.
Os que recebem a incumbência de tratar
não só do dinheiro público
como de distribuir meios de sobrevivência aos pobres devem ser cheios [...] de sabedoria para que o distribuam não só com
fidelidade, mas com comedimento. [2] Os candidatos tinham de ser nomeados
pelos irmãos da congregação:
Escolhei,
pois, irmãos, dentre vós, sete varões (v. 3). Considerai entre vós quem são
os mais adequados para tal função e em quem podeis confiar de modo mais
satisfatório”. Presumia-se que os irmãos de fala grega da congregação soubessem melhor
que os apóstolos, ou pelo menos fossem mais aptos para se informar do
caráter desses homens. Por conseguinte, cabia-lhes o privilégio da escolha.
[3] Os
apóstolos ordenariam os escolhidos ao serviço e lhes dariam o cargo para que
soubessem o que fazer e tivessem consciência de fazê-lo. Os apóstolos lhes
dariam autoridade para que as pessoas interessadas soubessem a quem fazer
solicitações e se submeter em assuntos dessa natureza: Homens aos quais
constituamos sobre este importante negócio (v. 3) para assumir essa
responsabilidade e cuidar para que não haja desperdício ou falta.
(3) Os
apóstolos se entregaram inteiramente à obra como ministros, agindo com a
maior cautela possível para desobrigar-se convenientemente desse ofício
laborioso: Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra (v.
4). Veja aqui: [1] Quais são os dois grandes meios de graça do evangelho: a
palavra e a oração (v. 4). Por meio deles, a comunhão entre DEUS e o seu
povo é mantida e preservada. Pela palavra, DEUS fala com o povo e, pela
oração, o povo fala com DEUS. Essas práticas têm uma ligação mútua entre si.
[2] Qual é o grande negócio dos ministros do
evangelho: dedicar-se continuamente à oração e ao ministério da palavra (v.
4). Eles devem ser a boca de DEUS para o povo no
ministério da palavra, e a boca do povo para DEUS na oração. Não devemos só ministrar a palavra, temos também de orar por
eles para que essa ministração seja eficaz. A graça de DEUS pode fazer tudo
sem a nossa oração, mas a nossa oração não pode fazer nada sem a graça de
DEUS. Os apóstolos foram capacitados com dons extraordinários do ESPÍRITO
SANTO, línguas e milagres. Contudo, as práticas às quais eles se dedicavam
continuamente era pregar e orar, para, por meio delas, edificar a igreja.
2. Como esta
proposta foi aceita e posta em execução pelos discípulos. Os apóstolos não
impuseram a proposta por poder absoluto, embora tivessem o direito de exigir
o que se deveria fazer (Fm 8). Mas propuseram como algo altamente
conveniente, e este parecer contentou a toda, a multidão (v. 5) dos
discípulos (v. 2). A multidão [...] dos discípulos se
agradou em saber que eles se dedicariam à palavra e à oração. Eles não
contestaram a proposta, nem adiaram sua implementação.
(1) A multidão
[...] dos discípulos elegeu as pessoas (v. 5). Não é provável que todos
tivessem escolhido os mesmos homens. Todo o mundo tinha o amigo de quem
pensava bem. Mas a maioria dos votos caiu nas pessoas aqui nomeadas, tendo o
consentimento tanto dos candidatos quanto dos eleitores.
Esse método deve ser reputado à
providência de DEUS, que tem o coração e a boca de todos os homens em seu
poder. Há uma lista dos indivíduos escolhidos. É mais provável que estes
homens se encontrassem entre os que se
converteram desde o derramamento do ESPÍRITO até a presente hora. O enchimento
do ESPÍRITO era um dos requisitos para todos aqueles que
fossem escolhidos para este serviço. Reflitamos acerca destes sete varões.
[1] Denre estes sete varões estava pelo menos um que vendeu suas propriedades e
depositou o dinheiro no fundo assistencial (aos pés dos apóstolos).
Portanto, estes varões eram os mais
aptos para receber a incumbência da distribuição daquilo alguns deles mesmos
doaram. [2] Estes sete varões eram todos do grupo
dos gregos ou judeus helenistas, porque todos têm nomes gregos. Esta medida
seria provável para silenciar a murmuração dos gregos (a qual ocasionou essa
decisão) e para garantir que os estrangeiros não fossem negligenciados visto
que a responsabilidade foi colocada em estrangeiros. Foram escolhidos
Estevão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão,
Pármenas, e Nicolau.
Nicolau (v. 5) era prosélito de Antioquia. Estêvão, homem cheio de fé e do ESPÍRITO
SANTO. Ele tinha muita fé na doutrina de CRISTO. “Cheio de fidelidade, cheio de coragem” (conforme traduzem alguns),
porque estava cheio [...1 do Espirito SANTO, dos seus dons e graças. Ele era
homem extraordinário e de destaque em tudo o que era bom. Seu nome significa
“coroa”. Filipe é o segundo nomeado, porque ele, tendo servido bem como
diácono, adquiriu para si boa posição (1 Tm 3.13), e depois foi ordenado ao
ofício de evangelista. Ele era companheiro e cooperador dos apóstolos (cap.
21.8; compare com Ef 4.11). E óbvio que a pregação e o batismo, serviços que
ele desempenhava (lemos no capítulo 8.12), não eram funções de diácono,
mas de evangelista. Foi promovido a evangelista, pois fazia a obra de um
evangelista, principalmente em Samaria, onde o povo se convertia vendo e
ouvindo os sinais que Filipe fazia. O último nomeado é Nicolau. Dos outros
pouco se sabe. (2) Os apóstolos designaram estes sete varões para
o trabalho de servir às mesas por ora (v. 6). A multidão [...] dos
discípulos os apresentou aos apóstolos (v. 6), que aprovaram os candidatos e
os ordenaram. [1] Os apóstolos oraram (v. 6) com os sete varões e por eles,
para que DEUS lhes desse cada vez mais do ESPÍRITO SANTO e sabedoria e para
que os qualificasse para o serviço ao qual foram chamados. Oraram ainda a
fim de que DEUS fizesse deles uma bênção para a igreja e, particularmente,
para os pobres do rebanho. Todos que são envolvidos no serviço da igreja
devem ser entregues à direção da graça divina por suas orações. [2] Os
apóstolos impuseram as mãos (v. 6) sobre os sete varões, quer dizer, eles os
abençoaram em nome do Senhor (SI 129.8), pois a imposição de mãos era usada
para esse fim. Assim Jacó [...] abençoou cada um dos filhos de José (Hb
11.21), e, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior (Hb 7.7). Dessa maneira, eles estavam autorizando
os sete varões a exercerem seu ofício e colocando sobre os membros da
congregação a obrigação de observarem os diáconos nesse particular.
O avanço
da igreja depois disto.
Quando as coisas foram postas em ordem na igreja
(queixas atendidas e inquietações acalmadas), a igreja se firmou (v. 7).
1.A palavra de DEUS [...] crescia, (v. 7). Agora que os apóstolos resolveram
manter-se mais do que nunca restritos à oração e à pregação, o evangelho espalhou-se
mais e devido à demonstração de mais poder. Os ministros que se desembaraçam de empregos
seculares e se dedicam completa e vigorosamente à obra, contribuem muito
para o sucesso do evangelho.
2. Os
cristãos cresceram a cântaros: Em Jerusalém se multiplicava muito o número
dos discípulos (v. 7). Quando JESUS estava na terra, o seu ministério teve
pouco sucesso em Jerusalém. Agora essa cidade proporciona a maioria dos
convertidos. DEUS tem seus remanescentes até nos piores lugares.
3. Grande
parte dos sacerdotes obedecia, à fé (v. 7). A palavra e a graça de DEUS são
grandemente glorificadas, quando as pessoas menos prováveis são
influenciadas pelo evangelho, como ocorre aqui com os sacerdotes, que ou se
opuseram ou pelo menos se uniram com os que se opunham à mensagem
evangelística. Os sacerdotes estavam propensos a serem conduzidos pelo
evangelho de CRISTO. Pelo visto, eles vieram em massa. Muitos deles
concordaram em unir-se e entregar, de uma só vez, seus nomes a JESUS CRISTO
para continuarem tendo o crédito uns dos outros e para fortalecerem as mãos
uns dos outros: uma grande
multidão de sacerdotes foi, pela graça de DEUS, ajudada a vencer seus
preconceitos e a obedecer à fé, assim é descrita conversão dos sacerdotes.
(1) Os sacerdotes adotaram a doutrina do evangelho. Seus entendimentos foram
levados cativos ao poder da verdade de CRISTO, e todo pensamento contestador
e oponente foi conduzido à obediência de CRISTO (2 Co 10.4,5).
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição
completa. Editora CPAD. pag. 60-63.
“Servir”
é o verbo diakoneo. O substantivo cognato diakonia é traduzido como
“ministério” no versículo 1. Como “diácono” vem de diakonos, os homens aqui
escolhidos são frequentemente mencionados como “os sete diáconos”, mas esta
designação não lhes é dada no texto. Provavelmente, não havia um cargo
técnico como o dos diáconos neste estágio primitivo da igreja.
“Servir às
mesas” normalmente é interpretado como servir comida. Mas a palavra trapeza
era usada para as mesas dos cambistas (e.g., Mt 21.12). Em Atenas, hoje,
pode-se ver uma Trapeza em cada banco. Também trapezeites (somente em Mt
25.27) significa “banqueiro”, ou “cambista”. Lumby comenta aqui: “Servir às
mesas significa dirigir a mesa ou o balcão onde o dinheiro era distribuído”.
E possível que a frase fosse interpretada com o sentido mais amplo de
administrar os assuntos financeiros da igreja, da qual uma parte importante
era a provisão de comida para os necessitados. Não é provável que os doze
apóstolos realmente servissem às mesas de comida, embora tivessem servido
pão e peixes, com as próprias mãos, aos cinco mil e aos quatro mil. De
qualquer forma, o verbo forte traduzido como deixemos (ou “abandonemos”)
implica que todo o tempo dos doze estava sendo tomado por estes cuidados com
as necessidades temporais dos irmãos”. Quando ministros ordenados passam a
maior parte do tempo cuidando dos assuntos materiais da igreja, a vida
espiritual do povo fica prejudicada.
As
qualificações destes homens deviam ser três: 1. Boa reputação; 2. Cheios do
ESPÍRITO SANTO; 3. Cheios... de sabedoria — “sabedoria prática” ou tato.
Essas ainda são as três qualificações principais para os trabalhadores
cristãos.
Aqui temos
alguma ajuda sobre “como solucionar problemas”: 1. Reconhecer o problema
(1-2a); 2. Recusar-se a subordinar o que é essencial (26); 3. Remover as
causas de reclamações (3-6); 4. Colher os resultados de uma solução sensata
(7).
O resultado
desta manobra tática que libertou os apóstolos para um ministério espiritual
de tempo integral tinha três partes: 1. A palavra de DEUS crescia em poder e
em publicidade; 2. Multiplicava-se muito o número dos discípulos em
Jerusalém, devido tanto às necessidades materiais quanto às espirituais da
congregação que estava sendo cuidada adequadamente; 3. O crescimento de
grande parte dos sacerdotes que obedecia à fé — Josefo diz que havia vinte
mil sacerdotes nessa época. Por que a
menção especial à conversão de grande número de sacerdotes? Lumby sugere:
“Para estes homens, o sacrifício seria maior do que para os israelitas
comuns, pois eles sentiam o peso completo do ódio contra os cristãos, e
perdiam o seu status e apoio, assim como os seus amigos”.
Ralph Earle.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 248-250.
Nas comunidades judaicas
a diretoria local geralmente era formada por sete homens, os quais eram
chamados “os sete da cidade”. Por isso os apóstolos podem ter pensado
involuntariamente nesse número. Seja como for, esses homens depois são
denominados “os Sete” (At 21.8).
Lucas não está descrevendo como um
cargo “inferior”, o da “diaconia”, é criado ao lado do cargo mais alto de
“apóstolo”. Não contribui para o “surgimento da constituição eclesiástica”.
Pelo contrário, está mostrando como uma igreja viva sabe tomar providências
práticas quando aparecem dificuldades e carências, vendo também em
atividades dessa natureza repercussões do ESPÍRITO de DEUS que nela habita.
At 6.4 “Quanto a nós,
porém, perseveraremos na oração e no ministério da palavra.”
Observação
minha - Ev. Luiz Henrique - O dinheiro e alimentos não eram mais importantes
do que a oração e a palavra para os apóstolos. Será que é assim em nossos
dias?
Deveríamos
ouvir de forma nova o que os apóstolos expressam com tanta clareza e
determinação. Em primeiro lugar citam a necessidade da oração! Será que a
flagrante impotência de nossa igreja não tem como raiz o fato de que nossos
ministros não conseguem mais “perseverar na oração” por causa de tantas
sobrecargas? Mais uma vez admiramos a força de formulação do ESPÍRITO SANTO
quando Pedro acrescenta à oração o “serviço da palavra”. O “serviço da palavra” simplesmente não
deixa sobrar tempo e força para outro ministério. Será que isso realmente
seria diferente nos dias de hoje?
No caso desses
homens ocorre algo semelhante como no caso dos apóstolos. Na sequência
ouviremos mais somente sobre Estêvão e Filipe; os demais não são mais
citados em Atos dos Apóstolos. Assim também ouvimos mais acerca de Pedro e
João do que dos outros apóstolos.
Observação
minha - Ev. Luiz Henrique - Já imaginou sobre o que seria a igreja se entre
cada grupo de doze ou de sete surgissem dois como Pedro e João ou como
Estêvão e Filipe?
Desde o AT a imposição das mãos era uma transferência real de
plenos poderes e força para o ministério (Nm 27.18-23; Dt 34.9), o que é
enfatizado seriamente pela imagem negativa oposta, de transmissão real da
culpa pela imposição das mãos (Êx 29.15; Lv 16.21; Nm 8.12).
Werner de Boor.
Comentário Esperança Atos. Editora Evangélica Esperança.
III - O PERFIL E FUNÇÃO DO DIÁCONO
1. Qualificações do diácono.
Os diáconos
tiveram papel muito honroso nos primórdios da Igreja. Os bispos e os
diáconos eram líderes da igreja. Paulo usou o termo diáconos como favorito
para si e para seus cooperadores, muitas vezes significando servos ou servas
que lhe prestavam algum tipo de serviço (cf. Rm 16.1). As qualidades são exigidas em Atos 6.1-7. Paulo
indica outros importantes requisitos para o diaconato. Após enumerar as
qualificações para bispo ou presbítero, Paulo aproveita o ensino para
discorrer sobre as qualificações dos diáconos ou ministros que serviam nas
igrejas. E o faz de modo imediato, sem lacuna ou pausa em sua ministração,
dizendo que os diáconos, “da mesma sorte” que os bispos ou presbíteros,
deveriam ter as seguintes qualificações (1 Tm 3.8-10, 11-13):
1) “Sejam
honestos”. Isso significa que devem ser “honrados, dignos, corretos,
íntegros”. Corresponde à “boa reputação”, indispensável ao indicado para
diácono, quando houve sua instituição (At 6.3); nas igrejas, hoje, os
diáconos recolhem dízimos e ofertas; alguns são tesoureiros, em congregações
ou igrejas. Se forem desonestos, podem cair no laço do Diabo de roubarem até
os dízimos, como já aconteceu em várias ocasiões. Para sua maldição (Zc
5.3,4).
2) “Não de
língua dobre”. Isto é, que não sejam homens de duas palavras, ou de “duas
caras”; que diz uma coisa sobre um assunto, e diz outra coisa sobre o mesmo
problema. JESUS disse: Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não,
porque o que passa disso é de procedência maligna (Mt 5.37). Um animal que
tem língua dobre (dupla) é a serpente.
3) “Não dados
a muito vinho”. No tempo de Paulo, a exemplo do que ocorria no tempo de
JESUS, o vinho era uma bebida familiar. Havia o vinho fermentado e o não
fermentado, o suco da uva (gr. guenematos tês ampèlou), que JESUS tomou na
instituição da Ceia. Não fica bem para o diácono (ministro, servo), ser
habituado a tomar vinho ou qualquer bebida alcoólica.
4) “Não
cobiçosos de torpe ganância”. Um diácono não deve ser ganancioso, ou seja,
cobiçoso, ávido por dinheiro, ou qualquer outro tipo de vantagem ou lucro
pessoal, na obra do Senhor, ou em sua vida pessoal. Muitos têm afundado
moralmente, por causa da desonestidade, que resulta da ganância por riquezas
materiais (1 Tm 6.10).
5) “Guardando
o mistério da fé em uma pura consciência”. Esse “mistério” é a revelação de
DEUS, através de CRISTO (cf. Rm 16.25). E “a sabedoria de DEUS oculta em
mistério”, “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido
não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que DEUS preparou para
os que o amam. “Mas DEUS no-las revelou pelo seu ESPÍRITO; porque o ESPÍRITO
penetra todas as coisas, ainda as profundezas de DEUS” (1 Co 2.9,10). O
diácono deve ter consciência de que não é um serviçal qualquer, mas um
“servo de DEUS” a serviço da sua Igreja.
6) “Que sejam
primeiro provados”. Só deve ser indicado para ser diácono pessoa que seja
avaliada pelo ministério, ou pela liderança. “Depois sirvam, se forem
irrepreensíveis”. Tal recomendação demonstra a responsabilidade de quem
indica um crente para o diaconato. Ele não vai fazer um trabalho qualquer,
mas um “importante negócio” (At 6.3). Deve ser “irrepreensível” (íntegro,
fiel).
7) “Maridos de
uma mulher”. Os diáconos devem ser homens fiéis às suas
esposas. Não significa que está inapto para o ministério ou diaconia, se foi
vítima de uma infidelidade conjugal. Se for o causador da infidelidade fica
desqualificado para o diaconato. O radicalismo não constrói bom entendimento
das Escrituras. Um diácono não pode ser bígamo ou infiel.
Observação minha - Ev. Luiz Henrique - Melhor seria que só se casasse uma
vez, mesmo que ficasse viúvo, também o divórcio era impensável.
8) Que
‘‘governem bem seus filhos e suas próprias casas”. A exemplo dos bispos ou
presbíteros, os diáconos também devem ser bons donos de casa, bons esposos e
bons pais; que saibam cuidar de seus filhos, para poderem cuidar das
atividades que lhes forem confiadas na casa de DEUS.
Após enumerar
essas qualificações para o diaconato, Paulo conclui, dizendo que os que as
possuírem alcançam uma avaliação positiva para servirem na igreja: “Porque
os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita
confiança na fé que há em CRISTO JESUS” (1 Tm 3.13).
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 142-144.
Tenho um
amigo, cuja vocação é ser diácono. Neste ministério, não lhe foi difícil
alcançar a excelência. Pois sempre reconheceu, com profunda humildade, ter
sido ungido para servir à mesa de CRISTO, à mesa da Igreja e a mesa de seu
pastor. Para esse meu amigo, é a diaconia uma raríssima oportunidade de
agradar ao Senhor JESUS.
Com que
solicitude, serve ele a Igreja de CRISTO! Sabe lidar com as crianças. É
tolerante com os jovens. Trata os idosos com paciência. Socorre os
necessitados. Evangeliza. E está sempre à disposição dos que se afadigam na
Palavra. Tão especial é esse meu amigo que o ministério achou por bem, certa
vez, homenageá-lo. Mas como premiar alguém que tão eficazmente vinha
desempenhando o diaconato? Que ao presbitério seja promovido! E, assim, foi.
De um dia para o outro, perdemos um excelente diácono, e não ganhamos um
presbítero. Tempos depois, lá estava o meu amigo importunando o pastor a fim
de voltar às lides diaconais. E a sua importância era tão oportuna, que não
havia como desconsiderá-la. A fim de remediar a situação, houveram por bem
“removê-lo” à função para qual fora vocacionado.
I. AS QUALIFICAÇÕES DO DIÁCONO
As
qualificações diaconais são os requisitos imprescindíveis que tornam o
obreiro cristão apto a exercer o ministério de socorro aos necessitados e de
serviço aos santos. Tais qualificações acham-se compreendidas em Atos 6.3 e
na primeira Epístola de Paulo a Timóteo 3.8-13. Em ambas as passagens, há um
elenco de virtudes e requisitos, que só encontraremos em homens de valor.
Por que tais qualificações fazem-se tão necessárias?
A resposta é
obvia. Diferentemente do escravo do AT, de quem era requerida apenas uma
cega subserviência, o diácono do NT viria a ocupar um lugar de honrado
destaque na Igreja de CRISTO. Não seria ele um servo comum; erguer-se-ia
como ministro. Eis a seguir os requisitos exigidos:
1. De boa reputação
Afirmou
Publílio Siro que a reputação é um segundo patrimônio. Se o admirável poeta
latino estivesse a reviver os passos iniciais da Igreja de CRISTO,
certamente haveria se içar a reputação à mais alta das grandezas sociais.
Pois a primeira virtude que os cristãos primitivos reclamaram dos
postulantes ao diaconato foi justamente a boa reputação: “Escolhei, pois,
irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação...” (At 6.3).
a) O que é a
reputação
Originaria do
vocábulo latino reputatione, a palavra reputação significa fama, celebridade
e renome. O erudito evangélico Samuel Vila realça quão significativo é este
termo: “Reputação é uma das vozes mais sábias que tem a nossa língua. É a
nossa fama ou credito pessoal; é algo que se submete ao julgamento público
todos os dias. Reputar, pois, é julgar repetidamente a uma pessoa ante o
fórum da moral pública”.
De
conformidade com o étimo da palavra, os sete primeiros diáconos já vinham
sendo observados e rigorosamente julgados tanto pelo colégio apostólico
quanto pela igreja. E, nesse julgamento, foram todos eles aprovados com o
máximo louvor. Por conseguinte, antes de separarmos um obreiro ao diaconato,
exijamos tenha ele uma boa reputação. Se não for bem conceituado diante da
igreja e do ministério, que não seja aceito. E que sua reputação seja também
comprovada pela família e pela sociedade.
O diácono
haverá de ser um esposo exemplar, um pai responsável e prestimoso, um
cidadão honesto e cumpridor de seus deveres. Se a sua reputação não
transcender a tais limites, reprovemo-lo. Doutra forma, trará somente
aborrecimentos à igreja, e transtornos à obra de DEUS.
b) O
significado grego da palavra reputação
No original,
temos o vocábulo marturouménous que significa não somente reputação como
também testemunho. Devem os diáconos portanto, desfrutar de um inconfundível
atestado público. Que todos lhe comprovem a idoneidade do caráter e a fé
sábia e experimentada nas boas obras. Você tem zelado por sua reputação?
Como obreiros de CRISTO, somos submetidos a julgamentos diários. Somos
julgados em casa, na sociedade e na igreja. Até mesmo em nosso íntimo, somos
nós julgados. É com base em tais julgamentos que seremos chamados a ocupar
as maiores responsabilidades no Reino de DEUS. Você tem um nome a zelar;
cuide de sua reputação.
2. Cheios do ESPÍRITO SANTO
O ser cheio do
ESPÍRITO SANTO é o mesmo que ser batizado? Mais do que isso - os discípulos só eram
considerados cheios do ESPÍRITO SANTO somente depois de haverem passado pela
experiência pentecostal (At 2.4; 10.47; 19.6). Sobre a controvérsia,
pronuncia-se o Dr. George E. Ladd: “Quando o ESPÍRITO SANTO foi dado aos
homens, os discípulos foram batizados e ao mesmo tempo cheios do ESPÍRITO
SANTO”. Stanley M. Horton também é bastante taxativo; não admite réplicas:
“Todos os 120 presentes foram cheios, todos falaram em novas línguas, e o
som das línguas foi publicamente notório” (Grifos nossos).
“E não vos
embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do ESPÍRITO”. Como
harmonizar essa recomendação de Paulo com a reivindicação feita aos sete
diáconos? Em primeiro lugar, há que se entender que, em todos os episódios
de Atos dos Apóstolos, onde se menciona o “encher do ESPÍRITO SANTO”, temos
um ato soberano e instantâneo de DEUS. É algo que se dá de fora para dentro,
de cima para baixo.
Temos, aqui,
pois, a efusão ou derramamento do ESPÍRITO SANTO. Ao passo que, em Efésios,
deparamo-nos não com um ato, mas com um processo de enchimento que se dá de
dentro para fora. E este processo, ao contrario daquele, depende da vontade
do crente. Se este não seguir a recomendação bíblica, e desprezar o
exercício da piedade, não poderá conservar o enchimento do ESPÍRITO SANTO.
Vejamos como,
no original, o verbo grego é usado em Efésios 5.18: allá plerousthe em
pneúmati. “Mais enchei-vos do ESPÍRITO SANTO”. O verbo plerousthe acha-se no
presente do imperativo passivo da segunda pessoa do plural. Neste caso, o
tempo presente exige uma ação habitual continuada. É como se o apóstolo
Paulo estivesse recomendando aos irmãos de Eféso: “Deveis, constante e
permanentemente, permitir que o ESPÍRITO SANTO domine vossas vidas”. Deve o
diácono, por conseguinte, não apenas ser batizado no ESPÍRITO SANTO como
também manter a plenitude do ESPÍRITO através do cultivo da piedade e do
fruto do ESPÍRITO SANTO. É uma ordem a ser cumprida hoje e por todo o
crente, seja este obreiro ou não.
Conclui-se,
pois, que os diáconos têm de ser não somente batizados no ESPÍRITO SANTO
como se manter na plenitude do ESPÍRITO.
É por isso que
separamos para o ministério somente os que, além de sua comprovada
conversão, já receberam o batismo com o ESPÍRITO, e na plenitude do ESPÍRITO
SANTO, perseveram. Por ser um ministério que se põe na
linha de frente, exige de quem o exerce um poder sobrenatural. Já pensou se
Estevão ou Felipe não desfrutassem de semelhante virtude? Como se haveriam
naqueles dias tão difíceis?
3. Cheio de
sabedoria
Alguém já
disse, mui apropriadamente, que este é o século do conhecimento, mas não da
sabedoria. Embora tenhamos avançado tanto, em todas as áreas da tecnologia,
espiritualmente pouco, ou quase nada logramos. Se para obter conhecimento,
bastam os estudos e a pesquisa, o mesmo não acontece com a sabedoria. Para
se conquista-lá, demanda-se o exercício contínuo e pessoal da piedade; o
temor do Senhor é o seu principio (Pv 1.7).
De acordo com
a ótica Bíblica, a sabedoria é a forma como vivemos, agimos e reagimos às
circunstâncias; é o reflexo da natureza divina em nossa existência.
Traduz-se a sabedoria num viver irrepreensível e santo. Esse era o tipo de
sabedoria que os apóstolos esperavam encontrar nos diáconos. Não buscavam
necessariamente homens ilustrados e cultos. Mesmo porque, como diria Chaucer,
nem sempre são os mais eruditos igualmente os mais sábios. Os diáconos,
porém, não deveriam eles de ser plenos. A expressão grega não deixa dúvidas:
pléreis sphías. Cheios de sabedoria! É o que se impunha a cada um dos
diáconos.
a) O que é
sabedoria
Afirma Souter
que a sabedoria é “o variado conhecimento de coisas humanas e divinas
adquirido pela agudez e experiência, e resumida em máximas e provérbios;
perícia na direção de afazeres; prudência nas relações com homens
incrédulos; discrição e aptidão em ensinar a verdade; o conhecimento e a
prática dos requisitos de uma vida reta e piedosa; conhecimento do plano
divino. Por conseguinte, a sabedoria que as Sagradas
Escrituras estão a exigir dos diáconos não é a cultura livresca e acadêmica.
É a experiência que nos advém de uma vida de intima comunhão com o Senhor.
b) Como
adquirir semelhante sabedoria
A verdadeira
sabedoria é adquirida através da:
- Leitura
diária da Bíblia Sagrada: quanto não temos de aprender dos profetas e
apóstolos! Foram estes sábios divinamente inspirados a espargir luz onde só
havia trevas. E todas as vezes que, com eles nos privamos, tornamo-nos mais
sábios.
- Orando e
chorando: faz bem o diácono que se dedica diariamente a oração. É um
exercício que requer perseverança e Constância. Quanto mais buscar a DEUS,
mais municiado sentir-se-á. E, com o passar dos tempos, haverá você de
constatar que o seu ministério será de tal forma honrado, que, naturalmente
(ou sobrenaturalmente?), estará a realizar outras tarefas ao seu Senhor?
Haja vista o que aconteceu a Estevão e a Felipe.
- Cultivando o
temor do Senhor: a Bíblia é muito clara: o principio da sabedoria é o temor
a DEUS (Pv 1.7). Esse temor, que pode ser interpretado como a mais profunda
e singular reverência ao Todo-Poderoso, força-nos a cultivar uma vida de
intensa piedade. A partir daí, tudo faremos para jamais desagradar ao Único
e Verdadeiro DEUS (Ap 14.7).
4. Sejam
honestos
Pelas as expressões
que usa,
tinha ele os diáconos em elevada consideração. Destes, exige o apóstolo
promovidas qualificações: “Da mesma sorte os diáconos” (1 Tm 3.8). No
original, tal expressão é mui significativa: Diakónous hosaútos. Devem
os diáconos, portanto, ser tão qualificados quanto os bispos.
a) O que é
honestidade
Probidade,
decência, decoro. É a qualidade de quem é íntegro e digno. A palavra grega
para honestidade é semnótes: seriedade, honradez, respeito.
b) A razão da
honestidade
Em virtude de
suas obrigações administrativas, o diácono tem de se mostrar incorruptível.
É ele quem estará a lidar com os tesouros dos santos. Em muitas igrejas,
além de recolher os dízimos e ofertas, estará também administrando os
recursos captados aos homens, mulheres, jovens e crianças que vêm ao
santuário adorar ao Criador com as suas fazendas e haveres. Caso não seja
honesto, agirá o diácono como Judas: lançara mão de quanto se deposita na
bolsa do CRISTO (Jo 12.6).
A honestidade
também é sinônima de seriedade. Como estará o diácono a tratar como povo, é
imperativo inspire ele respeito. Como seria lamentável se as senhoras o
evitasse por causa de sua postura lasciva! Na casa de DEUS, tem o diácono um
elevado papel a representar. Honestidade é um de nossos maiores legados.
5. Não de
língua dobre
Por força das
reivindicações diaconais, terão os candidatos ao cargo uma só palavra. O
seu
dizer será: sim, sim, e não, não. O que disto passar virá certamente do
maligno. No original, a Expressão língua dobre é mui significativa.
Dialógous significa língua-dupla. O que detém semelhante deformidade
moral
dá a um mesmo fato as mais variadas versões. O bom diácono
é discreto; sabe guardar segredo. Possui ele o suficiente despacho para
resolver as mais embaraçosas situações sem comprometer o caráter de
seus conservos. Ele tem uma só palavra; não se preocupa em ser
politicamente
correto conquanto seja justo, fiel e leal.
6. Não dados a
muito vinho
“Todas
as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me
são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1 Co 6.12). Entre
a licitude e a conveniência, optemos por esta; aquela acarreta-nos, não
raro, dificuldades e amargores.
Como diria
Salomão, o vinho é escarnecedor (Pv 20.1). Escarnece o vinho de tudo; jamais
se farta de escarnecer. Conscientizemo-nos de que o Senhor JESUS nos chamou
para sermos uma sociedade de temperança.
Tanto a sociedade grega quanto a hebréia
encaravam com naturalidade o vinho; tinham-nos como benção dos céus.
Até que, em Efésios, recomenda o
apóstolo: “E não vos embriagues com vinho em que há contenda, mas enchei-vos
do ESPÍRITO” (Ef 5.18).
A ideia, no
original, retrata alguém com a mente voltada para o vinho; não pode
livrar-se dessa obsessão. Como pode ser um ministro se não ministra o
próprio ser? Willbur B. Wallis é categórico: “O testemunho da Bíblia é
consistentemente contra o uso da bebida forte. A aplicação prática do
princípio na sociedade moderna é de total abstinência”. Se não beberem,
estarão livres de cometer aqueles pequenos desatinos e lapsos que tanto
mancham o homem de DEUS.
Sejamos mais
explícitos: que jamais se deem ao vinho; o exercício de seu oficio exige em
tudo sobriedade. Estejam sempre atentos às reivindicações de seu ministério;
não se deixem levar pela alegria fútil e irresponsável das bebidas fortes.
7. Não
cobiçosos de torpe ganância
Como esquecer
a Balaão? Este profeta bem que poderia haver entrado para a história sagrada
com as honras do misterioso Melquisedeque, ou com as deferências do avisado
e sábio Jetro. Ambos, estrangeiros e gentios como ele. Desventuradamente,
Balaão deixou-se induzir pelo prêmio da
corrupção. Corrupto e corruptor, viveu para corromper, e, corrompido,
pereceu ele. Balaão era um típico cobiçoso de torpe ganância. Vendeu-se para
amaldiçoar e fazer tropeçar a Israel (Nm 22.1-7).
Até onde
conduz a torpe ganância! O que começou em ambição, termina em heresias; em
gravíssimos pecados, acaba-se.
No grego: mé
aischokerdeis. A expressão pode ser entendida também como: não amante do
lucro, não mercenário. Por que não podem os diáconos ser gananciosos? Em
primeiro lugar, exige-se tenha o homem de DEUS uma postura íntegra e santa.
Ele tem de ser, no mínimo, incorruptível. Pois estará a lidar com os bens
econômicos e financeiros da Igreja. Se incorrupto e reto, jamais cairá em
torpes ganâncias.
Saberá como
encaminhar devidamente as ofertas e os dízimos dos fiéis. Que o diácono administre
correta, sabia e piedosamente os próprios bens. Se for avaro, não haverá de
permitir sejam os recursos dos santos empregados em favor dos necessitados.
Quererá tudo para si. Não fazia assim Iscariotes? Tecnicamente, foi Judas o
primeiro diácono. E que péssimo diácono foi ele! Amou tanto o dinheiro, que
pelo dinheiro foi arruinado. A única coisa que logrou com tudo o que roubara
foi a própria sepultura (At 1.18.19).
8. Guardando o
ministério da fé em uma pura consciência
Além das
qualidades morais e sociais, exige-se seja o diácono são na fé. Que esteja
de conformidade com as Sagradas Escrituras, e as tenha como única regra de
fé e prática. Que sustente a sã doutrina, e não evidencie quaisquer desvios
no que tange à ortodoxia. Estejamos atentos a recomendação de Paulo:
“Guardando o ministério da fé em uma pura consciência” (1 Tm 3.9).
Requer-se, pois, do
diácono obediência ativa e reverente. Doutra forma, cairá na tentação do
diabo; e não demora muito, eis mais um heresiarca egresso das fileiras
diaconais. Somente uma consciência purificada pelo sangue de JESUS pode
debelar a virulência da heresia. Por conseguinte, é inadmissível um diácono
que, embora social e moralmente correto, ostente aleijões doutrinais. Tem de
ser ele um expoente incorruptível da Palavra de DEUS. Haja vista Estevão.
Diante do sinédrio, expôs este com tanta mestria a história da salvação, que
deixou a todos assombrados (At 7).
Seu discurso é
o pronunciamento de uma autoridade incontestável das Sagradas Escrituras. E
Filipe? Não se revelaria ele um abalizado evangelista? O plano da salvação
que expôs ao eunuco de Candace foi tão eficaz, que levou o etíope a
converte-se radicalmente ao Senhor JESUS (At 8.26-40).
Conselhos
piedosamente observados:
a) Leitura
diária da Bíblia
Deve o diácono
ser um assíduo leitor das Escrituras Sagradas. Quanto mais estudar a Bíblia,
mais livre estará de cair em heresias e enganos. A recomendação de Paulo é
mui taxativa: “Persiste em ler” (1 Tm 4.13).
b) Estudo
sistemático da Bíblia
Além do estudo
diário e devocional das Sagradas Escrituras, deve o diácono também estudar
sistematicamente a Palavra de DEUS. Faria bem o diácono se cursar um
seminário que zele pela ortodoxia.
9. Os diáconos
sejam maridos de uma mulher
A vida conjugal do
diácono tem de ser um exemplo. Atenhamo-nos à recomendação do apóstolo:
“sejam maridos de uma mulher” (1 Tm 3.12). O seu comportamento em relação às mulheres deve evidenciar
um homem comprovadamente de DEUS. Com as jovens, seja um irmão mais velho;
respeitador e cortês. Com as mais idosas, um filho querido e solícito. Com
as crianças, um pai cuidadoso e atento. Se não se contiver diante do sexo
oposto, seja vetada sua indicação ao diaconato. O diácono tem de ser fiel à
esposa. E que jamais se dê aos namoricos e flertes!
10. Governem
bem seus filhos
A advertência
de Paulo não admite evasivas: “e governem bem seus filhos” (1 Tm 3.12).
Busquemos a expressão no grego: téknõn kalõs proistámenoi. O verbo proístemi,
aqui na primeira pessoa do indicativo singular, é riquíssimo em acepções.
Etimologicamente, significa: tomo posição em frente, assumo a direção, a
liderança e o governo. Significa também: sou cuidadoso, sou atencioso, e
aplico-me aos meus deveres. Da expressão paulina, somos instados a concluir:
o pai cristão não é um mero educador; é antes de tudo o administrador de
seus filhos. Nessa condição, tudo fará a fim de que estes sejam bem
sucedidos tanto diante de DEUS quanto diante dos homens.
Se há um
obreiro que necessita trazer os filhos sob disciplina, é o diácono. Pela
natureza mesma de seu cargo, seus filhos têm de ser um consumado exemplo de
vida cristã. Isto não significa, porém, que estes devam abdicar da infância
e das coisas próprias de sua idade. Doutra forma, haveriam eles de nascer já
adultos. Haja vista o que Paulo confessa aos coríntios. Quando menino,
falava como menino e, como menino, agia. Mas chegando a maturidade, já se
comportava como adulto e, como adulto, já discorria (1 Co 13.11).
Se por um
lado, não podemos violentar a pueril natureza de nossos filhos; por outro,
não devemos deixá-los entregues à própria vontade. Em seus provérbios,
exorta-nos Salomão a educar a criança no caminho em que deve andar porque,
mesmo grande, jamais apartar-se-á dele (Pv 22.6). Faça culto domestico todos os dias. Ore com
os seus filhos; leia a Bíblia com eles. Ouça-os em seus dilemas. Admoeste-os
na Palavra. Leve-os à Escola Bíblica Dominical. Procure saber quem são os seus
amigos e colegas. Interrogue-os acerca de seus lazeres.
Na casa de
DEUS, que eles se portem com decência e profundo temor. Crianças,
adolescentes ou jovens, podem os nossos filhos ter uma postura
reconhecidamente cristã, e nem por isso deixarão de ser eles mesmos. Que
exemplo maravilhoso viu Paulo na casa de Filipe! Em sua viagem a Jerusalém,
visitou Paulo esse antigo diácono, e ficou impressionado pela maneira como
agora evangelista dirigia o lar. Tinha este quatro filhas virgens, e todas
elas profetizavam (At 21.9). Se conseguirmos ordenar assim o nosso lar, que
maravilha não haverá de ser!
11. Governem
bem suas próprias casas
Governar a
casa não é somente trazer os filhos sob disciplina nem manter perfeita
sintonia com a esposa. É gerir os negócios do lar de tal forma que este
venha a funcionar produtiva e eficazmente. Aliás, a palavra economia tem uma
etimologia bastante interessante. Ela é formada por dois vocábulos gregos:
oikos, casa, e nomos, lei.
Se fosse
necessário, daríamos a esta palavra a seguinte definição: Conjunto das leis
que regulam o funcionamento de uma casa, com o objetivo de suprir-lhe todas
as necessidades, e equilibrar suas receitas e despesas. Talvez tivesse Paulo
este vocábulo em mente ao recomendar: “que governe (...) bem a sua casa” (1
Tm 3.12).
Em grego:
proistámenoi kai ton idíon oikon. Governar a casa implica em contemplar-lhe
e suprir-lhes todas as carências e demandas; saldar-lhe os compromissos;
fazer com que as rendas da família sejam bem empregadas. Governar bem a casa
implica em equilibrar-lhe as receitas e as despesas. Afinal, terá o diácono
de, em algumas igrejas, administrar os bens materiais destas. Se não tem ele
o governo de sua casa, como haverá de agir a casa de DEUS? Se não sabe lidar
com o próprio dinheiro, como lidará com o dinheiro dos santos? Que esta
pergunta seja respondida com sinceridade por todos os diáconos.
Valdemir P.
Moreira. Manual do Diácono.
A função mais
antiga dos diáconos era cuidar da distribuição dos fundos de caridade da
igreja. Como ressalta B. S. Easton: “Ainda que o substantivo grego
transliterado por ‘diácono’ signifique ‘servo’ ou ‘assistente’, qualquer
tradução é enganosa, porque os diáconos não eram assistentes dos
administradores, mas despenseiros das obras de caridade da igreja; eles
‘serviam’ os pobres e os doentes”. O termo “diácono” que vigora na igreja de
hoje perdeu grande parte de sua denotação original. Em certas igrejas, o
diaconato é a ordem inicial do ministério ordenado, levando normalmente ao
sacerdócio ou presbitério, ao passo que em outras, trata-se de um cargo
ocupado por crentes leigos. Mas na igreja do século I, os diáconos mantinham
lugar de dignidade e influência comparável à dos bispos, e vemos que as
qualificações que Paulo detalha para este ofício não são menos exigentes.
I Tm 3. 8-10.
Lemos aqui acerca do caráter dos diáconos: esses eram os responsáveis pelos
interesses temporais da igreja, isto é, a manutenção dos ministros e a
provisão pelos pobres. Eles serviam às mesas, enquanto os ministros ou
bispos se dedicavam somente ao ministério da palavra e da oração (At 6.2,4).
A
integridade e a retidão em um ofício inferior são o caminho para se alcançar
uma posição mais elevada na igreja: Os diáconos adquirirão para si uma boa
posição. 6. Isso também resultará em grande ousadia na fé, enquanto a falta
de integridade e retidão tornará uma pessoa tímida e pronta a tremer diante
da própria sombra. Fogem os ímpios, sem que ninguém os persiga; mas qualquer
justo está confiado como o filho do leão (Pv 28.1).
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição
completa. Editora CPAD. pag. 692.
2. A função dos diáconos em Atos 6.
Se antes os seus deveres circunscreviam-se à congregação,
suas obrigações, agora, vão mais além. Manter-se-á ele atento, desde já às
necessidades de seu pastor, às exigências do ministério e aos reclamos do
credo e dos estatutos de sua igreja e denominação.
A-
RESPONSABILIDADES DO DIÁCONO EM RELAÇÃO AO SEU PASTOR
É o diácono o
auxiliar mais direto de que dispõe o pastor. Ou pelo menos deveria sê-lo. Na
Igreja Primitiva, foram os diáconos constituídos justamente para que os
apóstolos se mantivessem afeitos aos ofícios de seu ministério: a oração e a
palavra. Disso ciente, estará o diácono sempre vigilante quanto aos reclamos
de seu pastor. Jamais permitirá venha este a negligenciar o espiritual a fim
de envolver-se com o material. Pois quem deve lidar com o material é o
diácono; pelo espiritual consumir-se-á o pastor. Como seria lamentável se
viesse o pastor a deixar de lado o sermão de domingo por causa da bancada do
templo que não foi alinhada, ou porque os elementos de Santa Ceia não foram
ainda preparados! Que os diáconos se encarreguem dessas providências. E, que
no momento da adoração, esteja o santuário devidamente arrumado.
Infelizmente, estão os diáconos tão absolvidos em pregar, acham-se tão
entretidos em disputar os primeiros lugares, que acabam por se esquecer de
seu pastor. Não estou insinuando deva o diácono privar-se do púlpito. Se
houver oportunidade, aproveite-a. Eu também fui diácono, e jamais deixei de
ocupar a sagrada tribuna. Pregava e ministrava estudos bíblicos. Escola
Bíblica Dominical. Todavia, não me lembro de haver descurado uma vez sequer de
minhas responsabilidades. Felipe e Estevão eram doutores a serviço dos
santos. Diácono seja cuidadoso com o seu pastor. Propicie-lhe as necessárias
condições a fim de que possa ele dedicar-se às lides: orar pelo rebanho e
alimentar os santos com a Palavra de DEUS. Por que abandoná-lo às
preocupações materiais do redil? Você foi separado para auxiliá-lo a
conduzir o rebanho de DEUS através dos campos sempre verdejantes. Pode haver
trabalho mais glorioso?
B- RESPONSABILIDADE DO DIÁCONO EM RELAÇÃO AO MINISTÉRIO
Você já
pertence ao ministério eclesiástico. Esteja, pois, em perfeita sintonia com
os integrantes deste. Veja-os como companheiros de luta. Jamais intente uma
carreira solo. Os obreiros de DEUS somos vistos sempre em equipe. São os
setenta que saem de dois em dois; os doze que se afainam e repousam ao lado
do Senhor; os cento e vinte que, em perseverante oração, aguardam, no
cenáculo, o pentecostes. E o que dizer de Paulo?
Embora o maior
missionário, jamais deixou de ter os seus assistentes. Lendo-lhe as cartas,
deparamo-nos de contínuo com os integrantes de sua operosa equipe. Os que se
isolam, diz Salomão, estão a rebuscar os próprios interesses. Participe das
reuniões de ministério. Inteire-se dos assuntos tratados. Com humildade e
sempre reconhecendo o seu lugar, opine, sugira, ofereça subsídios. Seja
amigo de todos; de cada um em particular, um cooperador sempre querido. Não
se ausente. Cultive aquele companheirismo tão próprio dos cristãos
primitivos. Esteja atento às orientações de seu pastor. Agindo assim, você
se surpreenderá com êxitos de seu ministério. Isolado, ninguém poderá
crescer; em equipe, todo avanço é possível.
Valdemir P.
Moreira. Manual do Diácono.
DIACONOS
ORIGINAIS
Alguns têm
suposto que tal número foi regulado pela circunstância de que a cidade de
Jerusalém, naquela época, estava dividida em sete distritos. Porém, acerca
disso não há qualquer evidência comprobatória.
Talvez esse
número tenha sido escolhido por ser considerado um número sagrado segundo o
pensamento dos hebreus.
CHAMPLIN,
Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora
Hagnos. pag.135.
3. A função dos diáconos hoje.
A ÉTICA DIACONAL
Olinto era um
velho diácono de minha primeira igreja. Homem alto, forte, barrigudo. De
minha quase segunda infância, cuidava eu tratar-se de um gigante. O velho
Olinto não falava; trovejava.
Sua voz
parecia percorrer não somente o templo, como os campos todos de São
Bernardo, aquela outrora pacata e graciosa cidade paulista. Não preciso
dizer que os meus amigos e eu não gostávamos dele. Pois estava
constantemente a surpreender-nos em peralvilhices. Ele chegava ao absurdo de
não permitir que ficássemos correndo pelo templo, nem que fossemos à rua .
Onde já viu tal coisa? Quantos ralhos não levei do velho Olinto! E a
carranca daquele italiano? E o seu sotaque carregado? Aquelas palavras que
não entendíamos.
Aquelas frases
– meio toscanas, meio portuguesas – soavam como se fossem broncas, ecoavam
corretivas e disciplinadoras. Francamente, as crianças não gostávamos do
velho Olinto. Mas ali, na lateral esquerda daquele templo querido e sempre
benfazejo, onde presenciei, ainda em minha peraltice, tantas manifestações
da glória de DEUS, achava-se um diácono ético e santo. Um homem que gozava
da inteira confiança de seu pastor. Um dia o Senhor JESUS achou por bem
recolher o velho Olinto. Ele foi-se embora! Mas a sua imagem, guardo-a no
coração. Hoje, fosse escrever-lhe o epitáfio, escolheria esta inscrição:
“Aqui jaz um diácono que soube ser ético”. O velho Olinto sabia que, além
das qualificações que a Palavra de DEUS demanda de cada candidato ao
diaconato, todos precisam observar um código de ética. Sem ética, nenhum
ministério cristão é possível.
I. O QUE É A ÉTICA DIACONAL
Antes de
entrarmos a ver o que é a ética diaconal, é necessário que busquemos uma
definição de ética.
1. O que é
ética
Numa primeira
instancia, podemos dizer que a ética é o: “Estudo sistemático dos deveres e
obrigações do individuo, da sociedade e do governo. Seu objetivo:
estabelecer o que é certo e o que é errado. Ela tem como fonte a
consciência, o direito natural, a tradição e as legislações escritas; mas,
acima de tudo, o que DEUS estabeleceu em Sua Palavra – a Ética das éticas. A
essência da ética acha-se registrada nos Dez Mandamentos – a única
legislação capaz de substituir a todas as legislações humanas”. Dicionário
Teológico, Edições CPAD.
2. O que é a
ética diaconal
Ética
diaconal, por conseguinte, é a norma de conduta que o diácono deve observar
no desempenho de seu ministério. Através desse código de procedimento, terá
ele condições de discernir entre o que é certo e o que é errado. Para que
jamais venha a ferir as normas de conduta de seu ministério, é
imprescindível tenha ele sempre consigo as fontes da ética diaconal.
II. FONTES DA ÉTICA DIACONAL
Do que já
vimos até ao presente instante, não nos é difícil inferir quais as fontes da
ética diaconal. São estas a Bíblia, os regulamentos da igreja local e a
consciência do próprio diácono.
1. A Bíblia
Os evangélicos
temos a Bíblia como a infalível e inspirada Palavra de DEUS. É a nossa
inapelável regra de norma e conduta. Quaisquer estatutos ou regulamento
eclesiásticos têm de emanar da Bíblia, e não pode, sob hipótese alguma,
contrariar a esta.
O diácono,
portanto, orientar-se-á espiritual e eticamente através da Bíblia. Quanto ao
seu cargo especifico, terá em conta as seguintes passagens: Atos 6.1-6; 1
Timóteo 3.8-13. Leia sempre esses textos; tenha-os em mente; inscreva-os na
tábua do seu coração. Agindo assim, jamais tropeçará.
2. Regulamento
da igreja local
Além das
Sagradas Escrituras, estará o diácono atento aos regulamentos, estatutos e
convenções da igreja local. É claro que, conforme já dissemos, têm de estar
estes em perfeita consonância com a Palavra de DEUS. Esteja atento, pois, às
particulares culturais e estatutárias de sua igreja. Aja de conformidade com
estas; não as despreze nem as fira. Se não contrariam a Palavra de DEUS, por
que não observá-las? Lembre-se: é melhor obedecer do que sacrificar. Tenha a
necessária sabedoria para não ferir as convenções locais. Quem no-lo
recomenda é a lei do amor.
3. A
consciência do próprio diácono
É a
consciência aquela voz secreta que temos na alma que, de conformidade com os
nossos atos, aprova-nos ou reprova-nos.
O apóstolo
Paulo dá como válido o testemunho da consciência: “Pois não são justos
diante de DEUS os que só ouvem a lei; mas serão justificados os que praticam
a lei (porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem por natureza as
coisas da lei, eles, embora não tendo lei, para si mesmo são lei, pois
mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a
sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer
defendendo-os)” (Rm 2.13-15). Por conseguinte, mantenha sempre a consciência
em absoluta consonância com a Palavra De DEUS. Não a deixe cauterizar-se.
Permita que o ESPÍRITO SANTO domine-a por completo. E, todas as vezes que,
quer em sua vida particular, quer no exercício do ministério, sentir que ela
o acusa, dobre os joelhos, e ore como o rei Davi: “Sonda-me, ó DEUS, e
conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos; vê se há em
mim algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23,24). O
Senhor, então, mostrar-lhe-á como agir e corrigir-se se for necessário.
Lembre-se: a sua consciência, posto que necessária, não é autoridade última
de sua vida. Ela somente será valida se estiver em conformidade com os
reclamos e demandas da Palavra de DEUS.