Escrita Lição 11, CPAD, A Intercessão De JESUS Pelos Discípulos,
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ESBOÇO DA LIÇÃO
I – A ORAÇÃO DE JESUS E SUA GLORIFICAÇÃO
1. A oração de JESUS
2. A oração de JESUS pela sua glorificação
3. A mesma glória com o Pai
II – A ORAÇÃO DE JESUS PELOS DISCÍPULOS
1. Intercessão pela proteção dos discípulos
2. Os discípulos receberam a Palavra
3. Protegidos do mundo
III – A ORAÇÃO DE JESUS PELOS QUE VIRIAM A CRER
1. Oração pela unidade da Igreja
2. Propósito da unidade
3. Oração por encorajamento à unidade
TEXTO ÁUREO
“E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único DEUS
verdadeiro e a JESUS CRISTO, a quem enviaste.” (Jo 17.3)
VERDADE PRÁTICA
A oração que JESUS fez ao Pai em favor de si próprio, dos seus
discípulos e da sua Igreja ressoa ainda nos dias atuais.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Jo 17.1-5 Uma
oração que revelou o coração do Pai
Terça - Hb 4.14-16 O sumo-sacerdócio de JESUS
diante do Pai
Quarta - 1 Pe 2.5,9
O ministério sacerdotal dos salvos em CRISTO
Quinta - Ef 5.1,2 Imitando a DEUS à luz do
ministério do Senhor JESUS
Sexta - Sl 133.1-3 A vida em unidade na
Igreja de DEUS
Sábado - Jo 17.13-19 JESUS intercede
pela santidade dos discípulos
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - João 17.1-3,11-17
1 - JESUS falou essas coisas e, levantando os olhos ao céu, disse: Pai,
é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te
glorifique a ti,
2 - assim como lhe deste poder sobre toda carne, para que dê a vida
eterna a todos quantos lhe deste.
3 - E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único DEUS
verdadeiro e a JESUS CRISTO, a quem enviaste.
11 - E eu já não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu
vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam
um, assim como nós.
12 - Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho
guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da
perdição, para que a Escritura se cumprisse.
13 - Mas, agora, vou para ti e digo isto no mundo, para que tenham
a minha alegria completa em si mesmos.
14 - Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do
mundo, assim como eu não sou do mundo.
15 - Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
16 - Não são do mundo, como eu do mundo não sou.
17 - Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
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SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO
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COMENTÁRIOS CPAD BEP
17.1 É CHEGADA A HORA;
GLORIFICA A TEU FILHO.
O cap. 17 contém a
oração final de JESUS por seus
discípulos. Este texto revela os desejos e anseios mais profundos de nosso
Senhor por seus seguidores, tanto naquela ocasião como agora. Além disso, esta
oração é um exemplo inspirado pelo ESPÍRITO de como todo pastor deve orar por seu povo e como
todo pai deve orar por seus filhos. Ao orarmos pelos que estão sob nossos
cuidados, nossos propósitos principais devem ser: (1) para que conheçam
intimamente a JESUS CRISTO e à sua Palavra (vv. 2,3,17,19; ver v. 3); (2) para
que DEUS os
preserve do mundo, da apostasia, de Satanás, do mal e das falsas doutrinas (vv.
6,11,14-17); (3) para que tenham continuamente a alegria de CRISTO (v. 13); (4) para que sejam santos em pensamento,
ações e caráter (ver v. 17); (5) para que sejam um (vv. 11, 21, 22, ver v. 21);
(6) para que levem outros a CRISTO (vv. 21,23); (7) para que perseverem na fé e,
finalmente, habitem com CRISTO no céu (v. 24); (8) para que permaneçam
constantemente no amor e na presença de DEUS (v. 26).
17.3 A VIDA ETERNA.
A vida eterna é mais
do que a existência sem fim. É uma qualidade especial de vida que o crente
recebe à medida que ele compartilha da vida de DEUS por meio de CRISTO. Isso permite ao crente um crescente conhecimento de
DEUS em
comunhão com o Pai, o Filho e o ESPÍRITO SANTO. No NT, a vida eterna é descrita como: (1) Uma
realidade presente (5.24; 10.27,28; 17.3). A possessão atual da vida eterna
requer uma fé viva. A vida eterna não é obtida e mantida meramente por meio de
um ato de arrependimento e fé ocorrido no passado (ver João 5.24) 1). Abrange, também, união e comunhão constante e
viva com CRISTO (1 Jo 5.12). Não existe vida eterna à parte dEle (João 10.27,28; 11.25,26; 1 Jo 5.11-13). (2) Uma esperança futura. A vida eterna está
associada à vinda de CRISTO para levar os seus fiéis (ver 14.3; cf. Mc 10.30; Tt 1.2; 3.7; 2 Tm 1.10), e depende do viver no ESPÍRITO (Rm 8.12-17; Gl 6.8).
17.6 GUARDARAM A TUA
PALAVRA.
A oração de CRISTO pela proteção, pela alegria, pela santificação, pelo
amor e pela união, refere-se somente àqueles que pertencem a DEUS (v. 6), que creram em CRISTO (v. 8), que se separaram do mundo (vv. 14-16) e que
guardam a Palavra de CRISTO e crêem nos seus ensinos (vv. 6,8).
17.17 SANTIFICA-OS NA
VERDADE. Santificar significa tornar santo, separar. JESUS ora na noite da véspera da sua crucificação, para
que seus discípulos sejam um povo santo, separados do mundo e do pecado, para
adorar a DEUS e
servi-lo. Devem separar-se para estarem perto de DEUS, para viverem para Ele e para serem semelhantes a
Ele. Essa santificação vem pela dedicação à verdade revelada pelo ESPÍRITO da verdade (cf. João 14.17; 16.13). A verdade é tanto a Palavra viva de DEUS (ver 1.1), como a revelação da Palavra escrita de DEUS.
17.19 ME SANTIFICO A
MIM MESMO.
JESUS se
"santifica" separando-se exclusivamente para cumprir a vontade de DEUS, i.e., morrer na cruz. JESUS sofreu no Calvário a fim de que seus seguidores
pudessem separar-se do mundo e se dedicarem a DEUS (ver Hb 13.12).
17.21 PARA QUE TODOS
SEJAM UM.
A união em favor da
qual JESUS orou não
era a união de igrejas e organizações, mas a espiritual, baseada na permanência
em CRISTO (v. 23);
amor a CRISTO (v. 26);
separação do mundo (vv. 14-16); santificação na verdade (vv. 17-19); receber a
verdade da Palavra e crer nela (vv. 6,8,17); obediência à Palavra (v. 6); e o
desejo de levar a salvação aos perdidos (vv. 21,23). Faltando algum desses
fatores, não pode haver a verdadeira unidade que JESUS pediu em oração. (1) JESUS não ora para que seus seguidores "se tornem
um", mas para que "sejam um". Trata-se do subjuntivo presente e
significa "continuamente ser um". União essa que se baseia no
relacionamento que todos eles têm com o Pai e o Filho, e na mesma atitude
basilar que têm para com o mundo, a Palavra e a necessidade de alcançar os
perdidos (cf. 1 Jo 1.7). (2) Intentar criar uma união artificial por meio
de reuniões, conferências ou organização centralizada, pode resultar num
simulacro da própria união em prol da qual JESUS orou. Ele tinha em mente algo muito mais do que
"reuniões de unificação", i.e., de união artificial. É uma união
espiritual de coração, propósito, mente e vontade dos que estão totalmente
dedicados a CRISTO, à Palavra
e à santidade (ver Ef 4.3).
17.22 A GLÓRIA QUE A
MIM ME DESTE.
A "glória"
de CRISTO foi sua
vida de serviço abnegado e sua morte na cruz a fim de redimir a raça humana.
Semelhantemente, a "glória" do crente é o caminho do serviço humilde
e de carregar a sua cruz (cf. Lc 9.23). A humildade, a abnegação, o serviço e a disposição
de sofrer por CRISTO,
garantirão a verdadeira unidade dos crentes, que levará à glória verdadeira
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JESUS, o Intercessor - Texto: João 17
Introdução
CRISTO acabara de tomar a Última Ceia com os discípulos, e, agora,
prega sua
última mensagem na terra. Chega o momento mais solene, em que os
leva à
presença de DEUS, proferindo em prol deles sua última oração na
terra. É
verdadeiramente uma oração sacerdotal, em que ora, não somente por
eles, como
também por todos os membros futuros da sua Igreja. Já ouvimos,
neste
evangelho, JESUS falando ao povo, aos inimigos e aos discípulos;
agora, o
ouvimos falando ao Pai.
Por certo, a oração foi pronunciada de modo audível (v. 13), e
havia motivo para
isto. Embora se tratasse de momentos de íntima comunhão entre o
Filho e o Pai,
era, ao mesmo tempo, uma lição solene que o Mestre ensinava aos
discípulos.
Na crise suprema da obra do Senhor, tinham licença de escutar o
significado
mais profundo da sua missão, e de ficar sabendo o papel que lhes
era reservado.
A oração revela, com naturalidade, três divisões:
1) a oração de JESUS por si mesmo (v. 1-5);
2) a oração de JESUS pelos seus discípulos (v. 6-19);
3) a oração de JESUS pela Igreja (v. 20-23).
I - A Oração de JESUS por Si Mesmo (Jo 17.1-5)
“Pai, é chegada a hora [da glorificação pela morte]; glorifica a
teu Filho, para
que também o teu Filho te glorifique a ti”. CRISTO pede ao Pai que
o glorifique
por meio da aceitação do sacrifício representado pela sua morte e
da sua
ressurreição dentre os mortos. Feito isto, o Filho glorificará o
Pai, mediante a
conversão de pessoas de todas as nações.
DEUS glorificou a CRISTO ao conceder-lhe autoridade para poder
morrer em prol
dos pecados do mundo e proclamar à humanidade a graciosa oferta de
salvação
da parte do Pai: “Assim como lhe deste poder sobre toda a carne [a
humanidade
em sua fraqueza e mortalidade], para que dê a vida eterna a todos
quantos lhe
deste”. Embora CRISTO tenha recebido autoridade para salvar todos
os homens,
nem todos aceitam a salvação.
“E a vida eterna é esta: que te conheçam [não intelectualmente, mas
por
experiência espiritual], a ti só, por único DEUS verdadeiro, e a JESUS
CRISTO, a
quem enviaste”. A vida física é resultado do contato vital com o
ambiente físico;
com o dano de algum órgão vital, rompe-se tal contato, e segue-se a
morte. A
vida eterna provém do contato com o ambiente espiritual. Noutras
palavras,
decorre da comunhão com DEUS e com CRISTO.
A distinção entre a imortalidade e a vida eterna: a imortalidade
refere-se ao
corpo e significa “não estar sujeito à morte”; neste sentido, somos
todos mortais;
porém, na ressurreição, nossos corpos serão mudados e seremos
imortais — não
sujeitos à morte. A vida eterna diz respeito primariamente à alma,
e passa a
pertencer à pessoa do momento da conversão em diante. Agora mesmo,
nós, que
somos filhos de DEUS, temos a vida eterna; na vinda do Senhor,
teremos
imortalidade.
“Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a
fazer”.
Mediante uma vida de absoluta obediência, JESUS revelou o Pai,
glorificando-o,
portanto.
No versículo 5, JESUS ora para que, tendo completado sua missão, o
Pai o
transporte de volta deste mundo de pecado e tristezas para o estado
glorioso que deixou para trás quando se tornou homem (cf. Fp 2.5-11).
II - JESUS Ora Pelos Discípulos (Jo 17.6-19)
A oração pelos discípulos baseia-se na tríplice declaração do que
eles eram em
relação a CRISTO (“Manifestei o teu nome aos homens”), em relação
ao Pai
(“eram teus”) e em relação a si mesmos (“eles têm guardado a tua
palavra”) (v.
6).
O versículo 9 não sugere que haja limitação quanto ao amor de CRISTO;
trata-se,
simplesmente, de uma petição que somente pode ser aplicada aos
discípulos —
para o mundo, pode-se pedir a conversão; somente para os discípulos
é que se
pode rogar que sejam santificados e guardados.
Note como JESUS exalta o caráter dos discípulos; testifica que eram
homens
piedosos, dados por DEUS, com a chamada divina. “Eram teus, e tu
mos deste”.
Este caráter dá testemunho da sua perseverança na santidade e da
sua
obediência. E este elogio é feito apesar das suas muitas falhas.
A petição diz respeito à sua santificação: primeiro, no sentido
negativo de
separação do mal (v. 11-16); segundo, no sentido positivo de
dedicação ao
serviço de DEUS (v. 17-19).
1. A preservação do mal. JESUS, enquanto estava com os discípulos,
exercia sobre
eles uma influência santificadora. Agora, está para sair do mundo e
entrar numa
nova esfera, e pede que DEUS os guarde do mal que há no mundo.
Chama DEUS
de “Pai SANTO”, porque é o Santificador dos homens; pede que DEUS
os conserve
em seu nome, ou seja, na sua própria natureza e força (cf. Sl 79.9;
Pv 18.10; Is
64.2; Jr 14.7,21; Ez 20.9,22; Mt 6.9). Um grupo de homens
preservados assim
pelo poder de DEUS também participaria da natureza divina (cf. 2 Pe
1.4),
atingindo assim a unidade de amor, vontade e experiência. Assim ora
JESUS:
“Que também eles sejam um em nós”. Assim como as Pessoas da
Trindade são
uma, apesar de distintas, assim deve ser a situação dos membros do
Corpo de
CRISTO.
JESUS conservara todos os apóstolos, menos um — Judas Iscariotes.
Judas foi
chamado para ser apóstolo, mas se tornou apóstata. Quanto aos
demais
discípulos, o Senhor sabia que teriam de enfrentar um mundo
corrupto e hostil,
mas não pediu que DEUS os tirasse do mundo porque, caso contrário,
perderiam a
oportunidade de anunciar aos perdidos a salvação. O que pede é que DEUS
os
guarde do mal que há no mundo (v. 14-16; cf. 1 Co 5.9-11).
2. Dedicação ao serviço. “Santifica-os na verdade; a tua palavra é
a verdade”.
Apesar de sua sinceridade, os apóstolos ainda precisavam ser
aperfeiçoados;
assim sendo, JESUS orou para que fossem santificados na verdade,
tendo em
mente aqui não tanto o seu crescimento espiritual como crentes
individuais, mas
especialmente seu equipamento espiritual para a obra missionária,
conforme se
percebe nas palavras seguintes: “Assim como tu me enviaste ao
mundo, também
eu os enviei ao mundo”.
A santificação dos apóstolos é vinculada não somente à sua obra
para CRISTO,
mas também àquilo que CRISTO opera neles: “E por eles me santifico
a mim
mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade”. JESUS
descreve
aqui sua missão como sendo um ato de total sacrifício de si mesmo,
visando o
bem eterno de outros.
III – JESUS Ora pela Igreja (Jo 17.20-23)
O Senhor parece ter uma visão das multidões de todas as eras
históricas que
chegariam a crer através do testemunho dos apóstolos. Faz duas
petições em
favor delas.
1. A união na terra. A natureza da unidade: “Que também eles sejam
um em
nós”. Os membros da Trindade têm um só propósito e desejo, visando,
na sua
obra, a salvação da raça humana; cada Pessoa da Trindade tem seu
ofício
distinto; porém, onde um opera, os demais colaboram também. É este
o alto
ideal colocado diante da Igreja — muitos membros vinculados pelo
único
ESPÍRITO e cooperando para a mesma finalidade.
Note especialmente o propósito e o efeito práticos desta união:
“Para que o
mundo creia que tu me enviaste”. As divisões são empecilhos à obra
de CRISTO; a
união a promove.
2. A união no Céu. Leia o versículo 24. Estas palavras têm dupla
aplicação: 1)
Descrevem a presença com CRISTO, que é o destino dos crentes que
partiram deste
mundo (2 Co 5.8). 2) Descrevem a reunião final, na vinda de CRISTO,
quando toda
a família dos crentes estará reunida no Céu (1 Ts 4.17).
IV – Ensinamentos Práticos
1. A vida eterna. “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti
só, por único DEUS
verdadeiro, e a JESUS CRISTO, a quem enviaste”. Quando as
Escrituras falam em
vida como galardão da justiça, isto significa algo muito mais
importante do que a
continuada existência, porque até os ímpios existirão, mas no
inferno. A vida
verdadeira significa viver em comunhão com DEUS, uma comunhão que a
morte não poderá interromper ou destruir.
Certo homem mundano disse a um pregador: “Por que vocês pregadores
nunca
têm mensagem para nós, os que tememos a imortalidade? O mero
pensamento
de nossa existência ter continuidade não consola ninguém; até nos horroriza.
Não se trata de não crer na imortalidade e desejar crer; trata-se de quase crer
na imortalidade e preferir não crer”. Realmente, para muitas pessoas, a ideia
de meramente existir para sempre é terrível. Realmente, viver para sempre, sem DEUS,
é a vida no inferno. Viver para sempre em comunhão com DEUS, entretanto, é a
bem-aventurança sem fim; é o Céu; é a vida eterna. A comunhão consciente com DEUS,
já aqui na terra, por si só é uma garantia e um antegozo da vida eterna: “E
todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá” (Jo 11.26).
2. “Eu glorifiquei-te na terra”. Aqui na terra, na Palestina, JESUS
vivia em meio
ao calor, pobreza, doença e egoísmo dos homens. Até os discípulos
escolhidos
revelavam muitas falhas e limitações. No seu ministério, enfrentava
preconceitos, ódio e oposição. Verdadeiramente, eram longe de ser ideais as condições
em que vivia; mesmo assim, no fim de seu ministério, tinha o direito de dizer:
“Eu glorifiquei-te na terra”.
Será bastante fácil glorificar a DEUS no Céu. A questão importante
é: sabemos glorificá-lo no ambiente em que nos encontramos agora? Estamos
conseguindo glorificá-lo no lar, na loja, no escritório?
3. Refletindo a imagem do Mestre. “E nisso sou glorificado” (v.
10). Certo ministro piedoso disse a um grupo de pregadores: “Não é suficiente
pregar sobre JESUS CRISTO; é dever dos discípulos demonstrar o espírito do
Mestre”.
Certo missionário pregava numa vila da Índia, descrevendo a vida e
o caráter de
CRISTO, seu amor e sua terna compaixão pelos sofredores. Alguns
ouvintes
alegavam conhecê-lo de um colégio cristão em outra cidade; é que
certo servo de
DEUS estava vivendo tão bem a vida cristã que, para aqueles
ouvintes que nada
sabiam sobre a história de CRISTO, era a mesma coisa que ter CRISTO
em pessoa
entre eles. Será que o mundo pode ver CRISTO em cada um de nós?
4. O ministério da intercessão. A descrição de JESUS intercedendo
pelos
discípulos nos faz lembrar quão grande é o privilégio e o poder da
intercessão.
Certo missionário veterano, voltando para a China depois de longa
ausência,
recebeu a visita de um chinês que fora convertido durante seu
ministério. Este
homem trouxe consigo seis novos convertidos, que levara a CRISTO,
tirando-os do
lamaçal da degradação - eram viciados em ópio. “Que remédio você
conseguiu
dar a eles?” perguntou o velho missionário. A única resposta do
chinês foi
indicar, de modo significante, os seus próprios joelhos. A
intercessão é um dos
mais importantes recursos da Igreja.
5. Desapego do mundo. “Não peço que os tires do mundo, mas que os
livres do
mal”. A ideia do monasticismo era que a fuga do mundo, entrando-se
num
mosteiro, seria o escape das tentações que talvez viessem a impedir
que a pessoa
recebesse a salvação. CRISTO, no entanto, ensinou que o mundo em
geral, com sua
estranha mistura de bem e mal, é, afinal de contas, objeto do amor
de DEUS, e que a missão dos seus discípulos é ser sal da terra e luz do mundo.
Isto exige
contato com o mundo, e não temê-lo ou fugir dele. CRISTO, portanto,
não orou
para que os discípulos fossem tirados do mundo, e sim preservados
do mal que
nele há (cf. 1 Jo 2.15-17).
Enquanto o crente mantiver uma vida espiritual sadia, poderá vencer
o espírito
do mundanismo: “Maior é o que está em vós do que o que está no
mundo” (1 Jo
6. Santificação e serviço. “E por eles me santifico a mim mesmo,
para que também eles sejam santificados na verdade” (v. 19). JESUS viveu toda a
sua vida em obediência deliberada à vontade do seu Pai, e agora esta obediência
coloca-o
frente a frente com a morte. As palavras aqui citadas revelam o
motivo que dominou o seu coração na hora da crise: “Por eles”. Quanto amor e
dedicação! Foi a favor dos homens que CRISTO viveu aqui na terra, e que
finalmente foi para o Calvário.
Não podemos usar esta expressão do mesmo modo que JESUS a empregou,
mas,
repetindo a sua atitude, pela sua graça, podemos dizer: “A favor do
mundo, a
favor dos meus irmãos, consagro-me a uma vida de retidão, utilidade
e abnegação”. O General Booth, fundador do Exército de Salvação, disse que, quando
se entregou a DEUS para fazer aquela obra, visava a salvação dos outros, e não
a sua própria. Semelhante é o caso do oculista que gostava muito de esportes
pesados, mas, vendo que causariam a perda da delicada sensibilidade dos seus
dedos, separou-se de tais atividades a fim de dedicar-se ao bom atendimento dos
que sofriam da vista.
A verdadeira abnegação não é autoflagelar-se; é ficar sempre em
boas condições
morais e espirituais para ser uma bênção espiritual a outras
pessoas. A santificação é muito necessária para a eficácia de nosso serviço
cristão; se queremos oferecer a nossa vida em dedicado serviço, surge a
pergunta: “Que tipo de vida vais oferecer?”
7. A santidade e a verdade. Estas duas palavras se vinculam no
versículo 17. Até
certo ponto, é verdade que o Cristianismo é mais um modo de vida do
que um credo; mas esta vida brota da verdade eterna. DEUS nos deu uma
revelação, e esta
revelação nos é dada na Bíblia em forma de doutrinas. Nenhuma
santidade será
produzida em nós mediante a crença em mentiras piegas. As boas
obras brotam
da verdadeira fé, e a verdadeira fé é inspirada pela verdade de DEUS
(cf. Sl
119.11).
Um pregador francês declarou: “A pureza do coração e da vida
importa mais do
que ter a opinião correta”, ao que respondeu outro pregador
francês: “A cura é
mais importante do que o remédio, mas, sem o remédio, não haveria a
cura”.
Certamente é mais importante viver a vida cristã do que conhecer as
doutrinas
cristãs, mas não haveria nenhuma experiência prática e espiritual
sem a fé, em
primeiro lugar, nas verdades do Cristianismo.
8. A unidade cristã. JESUS orou para que todos os seus discípulos
fossem um.
Referia-se a uma unidade espiritual produzida quando as pessoas
participam da
mesma experiência espiritual. Não bastaria levar a efeito uma
amalgamação de
igrejas. A unidade em CRISTO vale mais do que a união e a
uniformidade
eclesiástica. Mesmo nos cemitérios há união, mas é a união da
morte. A
verdadeira unidade é uma coisa viva.
Myer Pearlman - CPAD - Comentário Bíblico João - O EVANGELHO DO
FILHO DE DEUS
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Oração e
intercessão de JESUS
João 17
Este capítulo é uma
oração, é a oração do Senhor, a oração do Senhor JESUS CRISTO. Houve uma oração do Senhor que Ele nos ensinou a
fazer, e Ele mesmo não a fez, pois não precisava orar pedindo o perdão dos
pecados, mas esta era propriamente e peculiarmente sua, e lhe era adequada como
Mediador, e é uma amostra da sua intercessão, e ainda nos é útil, tanto para
nossa instrução como para nosso incentivo na oração. Observe: I. As
circunstâncias da oração, v. 1. II. A oração propriamente dita. 1. Ele ora por
si mesmo, vv. 1-5. 2. Ele ora por aqueles que são seus. E nisto veja: (1) As
alegações gerais com as quais Ele apresenta suas petições pelos discípulos, vv.
6-10. (2) As petições particulares que Ele apresenta por eles: [1] Que possam
ser preservados, vv. 11-16. [2] Que possam ser santificados, vv. 17-19. [3] Que
possam ser unidos, vv. 11,20-23. [4] Que possam ser glorificados, vv. 24-26.
A Oração
Intercessória de CRISTO - João 17. 1-5
Aqui temos:
I
As circunstâncias desta oração, v. 1. CRISTO fez muitas orações solenes nos dias da sua carne (às
vezes, Ele passava a noite inteira em oração), mas nenhuma das suas orações
está registrada de maneira tão completa como esta. Observe:
1. O momento em que
Ele fez esta oração. Depois de ter dado o adeus anterior aos seus discípulos,
Ele fez esta oração, para que a ouvissem. De modo que: (1) Foi uma oração feita
depois de um sermão. Depois de ter falado de DEUS a eles, Ele passou a falar com DEUS, por eles. Observe que nós devemos pregar para
aqueles por quem oramos. Aquele que deveria profetizar sobre os ossos secos
também deveria orar: “Vem… ó espírito, e assopra sobre estes…”. E a palavra
pregada seria objeto de oração, pois DEUS dá o crescimento. (2) Foi uma oração feita depois de
um sacramento. Depois que CRISTO e seus discípulos tinham comido juntos a refeição de
Páscoa e a Ceia do Senhor, e Ele lhes tinha dado uma exortação adequada, Ele
encerrou a solenidade com esta oração, para que DEUS preservasse neles as boas impressões da ordenança.
(3) Foi uma oração familiar. Os discípulos de CRISTO eram sua família, e, para dar um bom exemplo aos
chefes de famílias, Ele, como filho de Abraão, não somente ensinou sua casa (Gn 18.19), mas, como filho de Davi, abençoou sua casa (2 Sm 6.20), orou por eles e com eles. (4) Foi uma oração de
separação. Quando nós e nossos amigos nos separamos, é bom que seja com oração, Atos 20.36. CRISTO estava partindo pela morte, e esta partida deveria
ser santificada e suavizada pela oração. Jacó, à morte, abençoou os doze
patriarcas. Moisés, à morte, abençoou as doze tribos. Da mesma maneira, aqui JESUS, à morte, abençoou os doze apóstolos. (5) Foi uma
oração que era uma introdução ao seu sacrifício, que Ele estava prestes a
oferecer na terra, especificando os favores e as bênçãos que deveriam ser
comprados pelo mérito da sua morte em benefício daqueles que eram seus, como
uma escritura que regulamenta a aplicação de uma multa, dirigindo-a aos
propósitos e às intenções pelos quais ela será cobrada. CRISTO orou, então, como um sacerdote, oferecendo
sacrifício, em virtude do qual todas as orações devem ser feitas. (6) Foi uma
oração que era uma amostra da sua intercessão, a qual Ele vive eternamente
fazendo por nós, dentro do véu. Não que no seu estado exaltado Ele se dirija ao
seu Pai fazendo uma humilde petição, como quando estava na terra. Não, sua
intercessão no céu é uma apresentação do seu mérito ao seu Pai, obtendo o
benefício a todos os seus escolhidos.
2. A expressão
exterior de fervoroso desejo que Ele usou nesta oração: Ele levantou os olhos
ao céu, como tinha feito antes (Jo 11.41). Não que CRISTO precisasse disto para empenhar sua atenção, mas
porque Ele se satisfazia, desta maneira, em santificar este gesto àqueles que o
usam, e justificá-lo contra aqueles que o ridicularizam. Este gesto significa o
levantar da alma a DEUS, na oração, Salmos 25.1. Sursum corda era antigamente usado como uma
convocação à oração: Levantem os corações, levantem-nos para o céu. Para lá,
nós devemos dirigir nossos desejos na oração, e de lá, devemos esperar receber
as boas coisas pelas quais oramos.
II
A primeira parte da oração propriamente dita,
na qual CRISTO ora por si
mesmo. Observe aqui:
1. Ele ora a DEUS como um Pai: “Levantando os olhos ao céu, disse:
Pai”. Observe que, assim como a oração deve ser feita somente a DEUS, também é nosso dever, na oração, considerá-lo como
um Pai, e chamá-lo de nosso Pai. Todos os que têm o ESPÍRITO de adoção são ensinados a clamar “Aba, Pai”, v. 25.
Pois nos será muito útil na oração, tanto para a orientação quanto para o
encorajamento, chamar a DEUS como esperamos encontrá-lo.
2. Ele orou, primeiro,
por si mesmo. Embora CRISTO, como DEUS, recebesse orações, CRISTO, como homem, orava. Desta maneira, convinha-lhe
cumprir toda a justiça. Foi dito a Ele, assim como é dito a nós: “Pede-me, e eu
te darei”, Salmos 2.8. O Senhor precisou pedir a ajuda do Pai em relação
àquilo que Ele comprou. E será que nós esperamos conseguir de outra maneira
aquilo que nunca merecemos, aquilo a que sem dúvida perdemos o direito, sem
sequer orarmos? O fato de que o mensageiro divino, CRISTO, orou várias vezes enquanto cumpria sua missão,
correspondendo-se com o Céu, confere honra à oração. Da mesma maneira, isto dá
grande incentivo às pessoas que oram, e nos faz esperar que nem mesmo a oração
dos desamparados será desprezada. Houve um tempo quando aquele que advoga por
nós teve uma causa própria para solicitar, uma grande causa, de cujo sucesso
dependia toda a sua honra como Mediador, e isto Ele devia solicitar usando o
mesmo método que nos é prescrito, por meio de “orações e súplicas” (Hb 5.7), de modo que Ele conhece o coração de quem suplica
(Êx 23.9), Ele conhece o caminho. Observe que CRISTO começou orando por si mesmo, e depois orou pelos
seus discípulos. Esta caridade deve começar em casa, embora não deva terminar
ali. Nós devemos amar e orar pelos nossos vizinhos, como por nós mesmos, e por
isso devemos, de uma maneira adequada, amar e orar por nós mesmos primeiro. CRISTO orou muito menos por si mesmo do que orou pelos seus
discípulos. Nossas orações pela igreja não devem ser relegadas para um canto
das nossas orações. Ao suplicar por todos os nossos irmãos, os santos, nós
temos espaço suficiente para nos expandirmos, e não nos limitarmos. Aqui há
duas petições que CRISTO apresenta
por si mesmo, e as duas são, de fato, a mesma petição – que Ele pudesse ser
glorificado. Mas esta única petição, “glorifica-me”, é apresentada duas vezes,
porque tem uma dupla referência. Ao prosseguimento da sua missão: Glorifica-me,
para que Eu possa glorificar-te, fazendo o que foi combinado que seria feito,
vv. 1-3. E ao cumprimento da sua missão até aqui: Glorifica-me, pois Eu te
glorifiquei. Eu fiz minha parte, e agora, Senhor, faz a tua, vv. 4,5.
(1) Aqui CRISTO pede para ser glorificado, para glorificar a DEUS (v. 1): “Glorifica a teu Filho”, de acordo com tua
promessa, “para que também o teu Filho te glorifique a ti”, de acordo com seu
entendimento. Observe aqui:
[1] O que Ele pede na
oração – que Ele possa ser glorificado neste mundo: “‘É chegada a hora’ em que
todos os poderes das trevas contribuirão para difamar teu Filho. Agora, Pai,
glorifique-o”. O Pai glorificou o Filho na terra, em primeiro lugar, até mesmo
nos seus sofrimentos, pelos sinais e prodígios que os acompanhavam. Quando
aqueles que vieram para levá-lo foram atingidos por uma palavra, quando Judas
confessou que JESUS era
inocente, e selou esta confissão com seu próprio sangue culpado, quando a esposa
adormecida do juiz, e o próprio juiz desperto, o pronunciaram justo, quando o
sol se escureceu e o véu do Templo rasgou-se em dois, então o Pai não somente
justificou, mas glorificou o Filho. Na verdade, em segundo lugar, até mesmo
pelos seus sofrimentos. Quando Ele foi crucificado, Ele foi magnificado, foi
glorificado, Jo 13.31. Foi na cruz que Ele derrotou Satanás e a morte.
Seus espinhos formaram uma coroa, e Pilatos, na inscrição acima da sua cabeça,
escreveu mais do que pensava. Mas, em terceiro lugar, muito mais depois dos
seus sofrimentos. O Pai glorificou o Filho quando o ressuscitou dos mortos,
apresentou-o abertamente a testemunhas escolhidas, e derramou o ESPÍRITO para apoiar e defender sua causa, e para estabelecer
seu reino entre os homens. É isto o que Ele pede na oração, e insiste.
[2] O que Ele alega
para reforçar seu pedido.
Em primeiro lugar, Ele
alega o parentesco: “Glorifica a teu Filho”, teu Filho como DEUS, como Mediador. É em consideração a isto que os
gentios lhe são dados por herança, pois “tu és meu Filho”, Salmos 2.7,8. O Diabo o tinha tentado a renunciar à sua filiação,
com uma oferta dos reinos deste mundo, mas Ele rejeitou a oferta com desdém, e
confiou no seu Pai para sua promoção, e aqui se dirige a Ele, para pedir isto.
Observe que aqueles que receberam a adoção de filhos podem, com fé, orar pela
herança de filhos. Se santificados, então glorificados: “Pai, glorifica a teu
Filho”.
Em segundo lugar, Ele
alega o tempo: “É chegada a hora”. A ocasião pré-fixada e uma hora designada. A
hora da paixão de CRISTO foi
determinada no conselho de DEUS. Ele sempre tinha dito que sua hora ainda não era
chegada, mas agora ela era chegada, e Ele sabia disto. “O homem não conhece o
seu tempo” (Ec 9.12), mas o Filho do homem conhecia o seu. Ele se refere
à sua hora como “esta hora” (Jo 12.27), e aqui, “a hora”. Compare com Marcos 14.35; João 16.21. Pois a hora da morte do Redentor, como também a
hora do nascimento do Redentor, são as horas mais notáveis, e, sem dúvida, as
mais críticas, que jamais houve desde que o relógio do tempo foi colocado em
movimento. Nunca houve uma hora como a hora da morte do Salvador, nem qualquer
hora jamais provocou reflexões e expectativas tão grandes, e nenhum outro fato,
depois dela, será capaz de despertar tamanho interesse. 1. “A hora é chegada, a
hora na qual Eu preciso ser reconhecido”. Agora é a hora em que esta grande
questão chega a uma crise. Depois de muitos conflitos, agora tem lugar a
batalha decisiva entre o céu e o inferno, e a grande causa na qual se iniciam
juntas a honra de DEUS e a
felicidade do homem agora deve ser vencida ou perdida para sempre. Os dois
campeões, Davi e Golias, Miguel e o dragão, agora começam a batalha. Soa a
trombeta para uma luta que resultará irremediavelmente fatal, para um ou para o
outro. “Agora glorifica a teu Filho, agora dá-lhe a vitória sobre os principados e as potestades,
agora permite que a ferida no seu calcanhar provoque a ferida na cabeça da
serpente, agora permite que teu Filho seja apoiado de modo a não falhar nem ser
desencorajado”. Quando Josué saiu conquistando, e para conquistar, está
escrito: “O Senhor engrandeceu a Josué”. Da mesma maneira, Ele glorificou ao
seu Filho, quando fez da sua cruz sua carruagem triunfal. 2. “É chegada a hora
em cujo término Eu espero ser coroado. É chegada a hora em que Eu devo ser
glorificado, sentando-me à sua direita”. Entre Ele e esta glória, haveria uma
cena sangrenta de sofrimento. Mas, como seria curta, Ele fala como se não se
importasse com ela: É chegada a hora em que Eu devo ser glorificado, e Ele não
esperava que isto acontecesse antes desta hora. Os cristãos fiéis, em uma hora
de provação, particularmente na hora da morte, assim podem pedir: “Agora que é
chegada a hora, ajude-me, manifeste-se a mim. Agora que o tabernáculo terrestre
será desfeito, é chegada a hora em que Eu devo ser glorificado”, 2 Coríntios 5.1.
Em terceiro lugar, Ele
apela ao interesse do Pai: “Para que também o teu Filho te glorifique a ti”,
pois Ele tinha consagrado toda a sua missão à honra do seu Pai. Ele desejava
ser conduzido triunfalmente em meio aos seus sofrimentos à sua glória, para que
pudesse glorificar ao Pai de duas maneiras: 1. Pela morte na cruz, que, em
breve, Ele iria experimentar. A expressão: “Pai, glorifica o teu nome”,
expressava a grande intenção dos seus sofrimentos, que era a de recuperar a
honra ferida do seu Pai, entre os homens, e, por meio da sua satisfação,
alcançar a glória de DEUS, que o homem, pelo seu pecado, não alcançou: “Pai,
reconheça-me nos meus sofrimentos, para que Eu possa lhe honrar através deles”.
2. Pela doutrina da cruz, que agora, em pouco tempo, seria divulgada ao mundo,
pela qual o reino de DEUS seria restabelecido entre os homens. Ele ora para
que seu Pai honre seus sofrimentos, e os coroe, de modo a não somente remover o
escândalo da cruz, mas torná-lo, àqueles que são salvos, a sabedoria de DEUS e o poder de DEUS. Se DEUS não tivesse glorificado a CRISTO crucificado, ressuscitando-o dos mortos, toda a sua
missão teria sido esmagada. Por isto, “glorifica-me, para que eu também te
glorifique”. Com isto, JESUS nos ensinou: (1) O que almejar nas nossas orações,
em todos os nossos desejos – a honra de DEUS. Se nosso objetivo principal for glorificar a DEUS, outras coisas devem ser procuradas e obtidas
através da subordinação e subserviência ao Senhor. “Faça isto e aquilo pelo seu
servo, para que seu servo possa lhe glorificar. Dê-me saúde, para que eu possa
lhe glorificar com meu corpo, sucesso, para que eu possa lhe glorificar com
minha situação social” etc. “Santificado seja o teu nome” deve ser nossa
primeira petição, que deve determinar nosso objetivo em todas as outras
petições, 1 Pedro 4.11. (2) Ele nos ensinou o que esperar. Se nós,
sinceramente, nos dispusermos a glorificar ao nosso Pai, Ele não deixará de
fazer por nós o que é necessário para nos capacitar a glorificá-lo, para nos
dar a graça que Ele julgar suficiente, e a oportunidade que Ele julgar
conveniente. Mas, se nós, secretamente, honrarmos a nós mesmos mais do que a
Ele, é justo que Ele nos abandone aos nossos próprios conselhos, e então, em
lugar de honrar a nós mesmos, nos envergonharemos.
Em quarto lugar, Ele
apela à sua comissão (vv. 2,3). Ele deseja glorificar ao seu Pai, em
conformidade com a comissão que lhe foi dada, e no desempenho dela: “Glorifica
a teu Filho, assim como lhe deste poder, glorifica-o na execução dos poderes
que lhe deste”, esta é a conexão com a petição. Ou: para que o Filho possa
glorificar-te, de acordo com o poder que lhe foi dado, esta é a conexão com o
apelo. Agora, veja aqui o poder do Mediador.
a. A origem do seu
poder: “Tu lhe deste poder”. Ele tem o poder vindo de DEUS, a quem pertence todo o poder. O homem, na sua
condição caída, deve, para recuperar-se, estar sujeito a um novo modelo de
governo, que não pode ser erigido senão por uma comissão especial sob o selo do
céu, dirigida ao empreendedor deste glorioso trabalho, e que o constitui como
único árbitro da grande diferença que havia, e o único fiador da grande aliança
que haveria, entre DEUS e o homem. Para este ofício, Ele recebeu seu poder,
que deveria ser exercido de uma maneira distinta do seu poder e governo como
Criador. Observe que o rei da igreja não é usurpador, como é o príncipe deste
mundo. O direito de governar que CRISTO possui é incontestável.
b. A extensão do seu
poder: Ele tem “poder sobre toda a carne”. (a) Sobre toda a humanidade. Ele tem
poder no mundo dos espíritos, e sobre ele. As forças do mundo superior e
invisível se sujeitam a Ele (1 Pe 3.22). Mas, sendo agora o Mediador entre DEUS e o homem, aqui Ele mostra o poder que tem sobre
toda a carne. Eles eram homens que Ele deveria alcançar e salvar. Além deles,
Ele tinha um remanescente que lhe tinha sido dado, e, portanto, toda aquela
classe de seres foi colocada debaixo de seus pés. (b) Sobre a humanidade
considerada corrupta e decadente, pois ela é chamada “carne”, Gênesis 6.3. Se ela não tivesse, neste sentido, sido carne, não
teria necessitado de um Redentor. Sobre esta raça pecadora, o Senhor JESUS tem todo o poder, e todo juízo, a respeito dela, é
entregue a Ele, o poder de ligar ou desligar, absolver ou condenar, o poder, na
terra, de perdoar ou não os pecados. CRISTO, como Mediador, tem em suas mãos o governo sobre
todo o mundo. Ele é o glorioso rei das nações, e tem todo o poder até mesmo
sobre aqueles que não o conhecem, nem obedecem ao seu Evangelho. Aquele a quem
Ele não governa, Ele domina, Salmos 22.28; 72.8; Mateus 28.18; Jo 3.35.
c. A grande intenção e
o grande desígnio deste poder: “Para que dê a vida eterna a todos quantos lhe
deste”. Aqui está exposto o mistério da nossa salvação.
(a) Aqui o Pai está
transferindo os eleitos para o Redentor, e entregando-os a Ele, como sua
incumbência e sob sua responsabilidade, como a coroa e recompensa pela sua
missão. Ele tem um poder soberano sobre toda a raça decadente, mas um interesse
peculiar nos escolhidos restantes, que formam um remanescente. Todas as coisas
foram colocadas debaixo dos seus pés, mas estes foram entregues na sua mão.
(b) Aqui o Filho está
se empenhando em assegurar a felicidade daqueles que lhe foram dados, para
poder dar-lhes a vida eterna. Veja como é grande a autoridade do Redentor. Ele
tem vidas e coroas para dar, vidas eternas que nunca morrem, coroas imortais que
nunca perdem o brilho. Considere agora como é grande o Senhor JESUS, que tem tal honra no seu dom, e como Ele é gracioso
em dar a vida eterna àqueles que Ele se empenha para salvar. [a] Ele os
santifica neste mundo, dá-lhes a vida espiritual, que é a vida eterna em broto
ou embrião, Jo 4.14. A graça na alma é o céu na alma. [b] Ele os
glorificará no mundo porvir. A felicidade deles será completa na visão e no
usufruto de DEUS. Isto só é
mencionado porque pressupõe todas as outras partes da sua missão, ensinando-os,
fazendo a expiação por eles, santificando-os, e preparando-os para a vida
eterna, e, na verdade, tudo mais estava de acordo com isto. Nós somos chamados
ao seu reino e à sua glória, e gerados para a herança. Aquilo que vem por
último, na execução, foi realizado primeiro, na intenção, e é a vida eterna.
(c) Aqui está a
subserviência ao domínio universal do Redentor: Ele tem poder sobre toda a
carne, com o objetivo de poder dar a vida eterna aos escolhidos. Observe que o
domínio de CRISTO sobre os
filhos dos homens está de acordo com a salvação dos filhos de DEUS. Todas as coisas são por amor deles, 2 Coríntios 4.15. Todas as leis, ordenanças e promessas de CRISTO, que são dadas a todos, destinam-se efetivamente a
transmitir a vida espiritual, e assegurar a vida eterna, a todos os que foram
dados a CRISTO. Ele foi
constituído como cabeça da igreja sobre todas as coisas. A administração dos
reinos da providência e da graça está colocada na mesma mão, para que todas as
coisas possam contribuir para o bem dos escolhidos.
d. Aqui está mais uma
explicação deste grande desígnio (v. 3): “‘A vida eterna é esta’, que Eu tenho
poder para dar e me comprometi a dar, esta é sua natureza, e este é o caminho
que conduz a ela, conhecer ‘a ti só por único DEUS verdadeiro’, e a todas as revelações e princípios da
religião natural, ‘e a JESUS CRISTO, a quem enviaste’, como Mediador, e as doutrinas e
leis daquela santa religião que Ele instituiu, para a recuperação do homem do
seu estado decadente”. Aqui temos:
(a) O grande objetivo
que a religião cristã nos apresenta, que é a vida eterna, a felicidade de uma
alma imortal na visão e no convívio com o DEUS eterno. Isto Ele devia revelar a todos, e assegurar
a todos os que lhe eram dados. Por meio do Evangelho, a vida e a imortalidade
são trazidas à luz, tornam-se possíveis, uma vida que transcende a esta tanto
em excelência quanto em duração.
(b) O caminho seguro
para alcançar este abençoado objetivo, que é pelo correto conhecimento de DEUS e de JESUS CRISTO: “A vida eterna é esta: que conheçam a ti”, o que
pode ser interpretado de duas maneiras: [a] A vida eterna está no conhecimento
de DEUS e de JESUS CRISTO. O princípio presente desta vida é o conhecimento de
DEUS e de CRISTO, com fé. A perfeição futura daquela vida será o
conhecimento completo de DEUS e de CRISTO. Aqueles que são trazidos à união com CRISTO, e que têm uma vida de comunhão com DEUS em CRISTO, sabem, até certo ponto, por experiência, o que é a
vida eterna, e dirão: “Se isto é o céu, o céu é doce”. Veja Salmos 17.15. [b] O conhecimento de DEUS e de CRISTO leva à vida eterna. Esta é a maneira como CRISTO dá a vida eterna, pelo conhecimento daquele que nos
chamou (2 Pe 1.3), e esta é a maneira pela qual nós podemos
recebê-la. A religião cristã nos mostra o caminho para o céu, em primeiro
lugar, dirigindo-nos a DEUS, como o autor e a felicidade da nossa existência,
pois CRISTO morreu
para nos levar a DEUS.
Conhecê-lo como nosso Criador, amá-lo, obedecer a Ele, sujeitar-se a Ele, e
confiar nele, como nosso governador, proprietário e benfeitor – devotar-se a
Ele como nosso Senhor soberano, depender dele como nosso principal bem, e
dirigir tudo ao seu louvor como nosso objetivo mais elevado –, isto é a vida
eterna. Aqui DEUS é chamado
de único DEUS
verdadeiro, para distingui-lo dos falsos deuses dos pagãos, que eram
falsificações e fingidores, não da pessoa do Filho, de quem se diz
expressamente que é o DEUS verdadeiro e a vida eterna (1 Jo 5.20), e que, neste texto, é proposto como o objeto da
mesma consideração religiosa que o Pai. É certo que existe somente um DEUS vivo e verdadeiro, que é o DEUS que nós adoramos. Ele é o DEUS verdadeiro, e não um mero nome ou noção. Ele é único
DEUS
verdadeiro, e todos os que se apresentam como seus rivais são vaidades e
mentiras. O serviço a Ele é a única religião verdadeira. Em segundo lugar,
dirigindo-nos a JESUS CRISTO, como o Mediador entre DEUS e o homem: “JESUS CRISTO, a quem enviaste”. Se o homem tivesse continuado
inocente, o conhecimento do único DEUS verdadeiro teria sido a vida eterna para ele. Mas
agora que ele é decaído, é necessário algo mais. Agora que somos culpados,
conhecer a DEUS é
conhecê-lo como um Juiz justo, sob cuja maldição nos encontramos, e nada é mais
mortal do que conhecer isto. Portanto, nós estamos preocupados em conhecer a DEUS como nosso Redentor, pois somente por seu intermédio
podemos ter acesso a DEUS. Crer em CRISTO é a vida eterna, e isto Ele se empenhou a dar a
todos os que lhe foram dados. Veja Jo 6.39,40. Aqueles que conhecem a DEUS e a CRISTO já estão direcionados à vida eterna.
(2) Aqui CRISTO ora para ser glorificado, em consideração a ter, até
aqui, glorificado o Pai, vv. 4,5. O significado da petição anterior era:
Glorifica-me neste mundo. O significado da última é: Glorifica-me no outro
mundo. “Eu glorifiquei-te na terra, e agora, glorifica-me tu, ó Pai”. Observe
aqui:
[1] Com que consolação
CRISTO reflete
sobre a vida que viveu na terra: “Eu glorifiquei-te... tendo consumado a obra
que me deste a fazer”. Ela está consumada. Ele não reclama da pobreza e da
desgraça nas quais tinha vivido, na vida cansativa que tinha tido na terra,
como qualquer homem de tristezas. Ele ignora isto, e se satisfaz em rever o
serviço que tinha prestado ao seu Pai e o progresso que tinha tido na sua
missão. Isto está registrado aqui, em primeiro lugar, para a honra de CRISTO, porque sua vida na terra, em todos os aspectos,
correspondeu completamente aos objetivos da sua vinda a este mundo. Observe
que: 1. Nosso Senhor JESUS tinha recebido uma obra para fazer, por aquele que o
enviou. Ele não veio ao mundo para ficar sem fazer nada, mas para andar fazendo
o bem, e para cumprir toda a justiça. Seu Pai lhe deu sua obra, seu trabalho na
vinha, o indicou para a obra e também o ajudou a realizá-la. 2. A obra que lhe foi dada para fazer, Ele terminou.
Embora não tivesse, ainda, passado pela última parte da sua missão, ainda assim
estava tão perto de torná-la perfeita, por meio dos seus sofrimentos, que podia
dizer: Eu a consumei, ela foi concluída. Ele estava dando seu toque final,
eteleiosa – Eu a consumei. A palavra significa que Ele realizou todas as partes
da sua missão da maneira mais completa e perfeita. 3. Com isto, Ele glorificou
ao seu Pai. Ele o louvou, Ele o agradou. É uma glória para DEUS o fato de a sua obra ser perfeita, e esta também é a
glória do Redentor. Ele conclui aquilo de que é o autor. Era uma maneira
estranha, para o Filho, glorificar ao Pai humilhando-se (isto parece mais um
menosprezo), mas ainda assim foi planejado para que Ele pudesse glorificá-lo:
“‘Eu glorifiquei-te na terra’, de tal maneira que os homens da terra puderam
ver a manifestação da tua glória”. Em segundo lugar, está registrado para ser
um exemplo a todos, para que possamos seguir seu exemplo. 1. Nós devemos nos dedicar
a fazer a obra que DEUS nos designou, de acordo com nossa capacidade e com a
esfera da nossa atividade. Cada um de nós deve fazer todo o bem que puder neste
mundo. 2. Nós devemos ter como objetivo a glória de DEUS em tudo. Nós devemos glorificá-lo na terra, a qual
Ele deu aos filhos dos homens, e só exigiu este tipo de aluguel. Na terra onde
estamos, vivemos em um estado de provação e preparação para a eternidade. 3.
Nós devemos perseverar em fazer nosso trabalho até o fim dos nossos dias. Não
devemos nos sentar até que o tenhamos concluído e cumprido, como um assalariado
dos nossos dias. Em terceiro lugar, está registrado para o incentivo de todos
aqueles que descansam nele. Se Ele concluiu a obra que lhe foi dada a fazer,
então Ele é um Salvador completo, e não realizou sua obra pela metade. E aquele
que terminou sua obra por nós, irá terminá-la em nós, até o dia de CRISTO.
[2] Veja com que
confiança CRISTO espera a
alegria que está diante dele (v. 5): “Agora, glorifica-me tu, ó Pai”. É nisto
que Ele confia, e não pode ser-lhe negado.
Em primeiro lugar,
veja aqui o que Ele pedia na oração: “Glorifica-me”, como antes, v. 1. Nenhuma
das repetições nas orações devem ser consideradas como repetições inúteis. CRISTO orava dizendo as mesmas palavras (Mt 26.44), e mesmo assim orava fervorosamente. Ele devia
pedir mesmo por aquilo que seu Pai lhe tinha prometido, e assegurado, orando.
As promessas não se destinam a substituir as orações, mas a guiar nossos
desejos e fundamentar nossas esperanças. A glorificação de CRISTO inclui todas as honras, os poderes e as alegrias do
seu estado exaltado. Veja como esta glorificação está descrita. 1. É uma glória
com DEUS. Não
somente: “Glorifica meu nome na terra”, mas: “Glorifica-me junto de ti mesmo”.
Estar com seu Pai era o paraíso, era o céu, como em Provérbios 8.30; Daniel 7.13; Hebreus 8.1. Observe que as mais brilhantes glórias do Redentor
exaltado seriam exibidas dentro do véu, onde o Pai manifesta sua glória. Os
louvores do mundo superior são oferecidos àquele que está assentado sobre o
trono e ao Cordeiro, em conjunto (Ap 5.13), e as orações do mundo inferior atraem a graça e a
paz de DEUS, nosso
Pai, e nosso Senhor JESUS CRISTO, em conjunto. E desta maneira, o Pai o glorificou
junto de si mesmo. 2. É a glória que Ele tinha com DEUS antes que o mundo existisse. Com isto, fica
evidente: (1) Que JESUS CRISTO, como DEUS, tinha sua existência antes que o mundo existisse,
uma existência eterna com o Pai. O Evangelho nos familiariza com aquele que
existia antes de todas as coisas, e por quem todas as coisas existem. (2) Que
sua glória com o Pai é desde a eternidade, assim como sua existência com o Pai,
pois Ele era, desde a eternidade, o resplendor da glória de seu Pai, Hebreus 1.3. Como DEUS, ao criar o mundo, somente declarou sua glória, mas
não acrescentou nada a ela, assim CRISTO empreendeu a obra da redenção, não porque precisasse
de glória, pois tinha uma glória com o Pai antes que o mundo existisse, mas
porque nós precisávamos de glória. (3) Que JESUS CRISTO, no seu estado de humilhação, se despiu de sua
glória, e a escondeu com um véu. Embora ainda fosse DEUS, Ele era DEUS manifestado na carne, não na sua glória. Ele
abandonou esta glória por algum tempo, como uma obrigação que Ele iria cumprir
através da sua missão, de acordo com a indicação do seu Pai. (4) Que, no seu
estado exaltado, Ele retomou esta glória, e se revestiu outra vez com suas
vestes anteriores de luz. Tendo cumprido sua missão, Ele reposcere pignus –
retoma sua garantia com este pedido: “Glorifica-me tu”. Ele ora para que sua
natureza humana possa progredir até a mais elevada honra possível, tendo seu
corpo transformado em um corpo glorioso, e para que a glória da divindade
pudesse agora se manifestar na pessoa do Mediador, do Emanuel, do DEUS-homem. Ele não ora para ser glorificado com os
príncipes e nobres da terra. Não, Ele, que conhecia os dois mundos, e que podia
escolher em qual desejaria ter sua promoção, escolheu a glória do outro mundo,
por exceder, e muito, toda a glória deste. Ele tinha desprezado os reinos deste
mundo e sua glória, quando Satanás os ofereceu, e por isto podia, mais
corajosamente, reivindicar as glórias do outro mundo. Que o mesmo espírito
esteja em nós. “Senhor, dê as glórias deste mundo a quem desejar dá-las, mas
permita-me ter minha quota de glória no mundo que há de vir. Não importa que eu
seja difamado com os homens, mas Pai, glorifique-me junto de si mesmo”.
Em segundo lugar, veja
aqui o que Ele alegou: Eu “glorifiquei-te”, e agora, em consideração a isto,
“glorifica-me tu”. Pois: 1. Havia uma justiça e uma admirável conveniência no
fato de que, se DEUS era
glorificado nele, devia glorificá-lo em si mesmo, como Ele tinha observado, Jo 13.32. Havia um valor tão infinito no que CRISTO fez para glorificar ao seu Pai, que Ele, com
justiça, merecia todas as glórias do seu estado exaltado. Se o Pai tinha um
acréscimo na sua glória, através da humilhação do Filho, era adequado que o
Filho não sofresse, como consequência, alguma perda na sua glória. 2. Estava de acordo com
o concerto que havia entre eles, que, se o Filho fizesse da sua alma uma oferta
pelo pecado, Ele deveria dividir os despojos com os poderosos (Is 53.10,12), e o reino seria seu. E isto Ele visava, e nisto
confiava, em meio aos seus sofrimentos. Foi pelo gozo que lhe estava proposto
que Ele suportou a cruz, e agora, no seu estado exaltado, o Senhor JESUS ainda espera a finalização da sua exaltação, porque
Ele aperfeiçoou sua missão, Hebreus 10.13. 3. Esta era a evidência mais adequada da aceitação
e da aprovação do Pai à obra que Ele tinha concluído. Pela glorificação de CRISTO, nós nos satisfazemos porque DEUS está satisfeito, e com isto foi dada uma verdadeira
demonstração de que o Pai se comprazia nele, como seu Filho amado. 4. Assim
devemos aprender que aqueles, e somente aqueles, que glorificam a DEUS na terra, e perseveram na obra que DEUS lhes deu para fazer, serão glorificados com o Pai
quando não mais estiverem neste mundo. Não que possamos merecer a glória, como CRISTO mereceu, mas o fato de glorificarmos a DEUS é necessário como uma evidência do nosso interesse
em CRISTO, por meio
de quem a vida eterna é o dom gratuito de DEUS.
A Oração
Intercessória de CRISTO - João 17. 6-10
Tendo orado por si
mesmo, agora CRISTO passa a
orar por aqueles que são seus, e Ele os conhecia pelo nome, embora aqui não os
cite pelo nome. Observe aqui:
I
Por quem Ele não orava (v. 9): “Não rogo pelo
mundo”. Observe que existe um mundo de pessoas pelas quais JESUS CRISTO não orou. Isto não quer dizer o mundo da humanidade
em geral (Ele ora por ele aqui, v. 21: “Para que o mundo creia que tu me
enviaste”), nem se refere aos gentios, separadamente dos judeus, mas o mundo
aqui está oposto aos eleitos, que são dados a CRISTO, do mundo. Devemos interpretar o mundo como um
montão de trigo peneirado na eira. DEUS o ama, e CRISTO ora por ele, e morre por ele, pois nele há uma
bênção. Mas, conhecendo perfeitamente aqueles que são seus, o Senhor visa
particularmente aqueles que lhe foram dados no mundo, e os toma para si. E
então devemos interpretar o mundo como a pilha remanescente da palha rejeitada
e sem valor. CRISTO não está
orando por estas pessoas, e elas não aproveitam os benefícios que poderiam
desfrutar através da sua morte. O Senhor as abandona, e o vento as leva. Estes
são chamados de mundo, porque são governados pelo espírito deste mundo, e têm
sua participação nele. Por este, CRISTO não ora. Apesar disto, há algumas coisas pelas quais
Ele intercede junto a DEUS, o Pai, por eles, como o podador que pede o
adiamento da morte da árvore estéril. Mas, nesta oração, Ele não ora por
aqueles que não têm uma participação nas bênçãos aqui pedidas. Ele não diz: Eu
rogo contra o mundo, como Elias fazia quando intercedia contra Israel, mas:
“Não rogo pelo mundo”, Eu passo por eles, e os abandono à sua própria sorte.
Eles não estão escritos no livro da vida do Cordeiro, e, portanto, nem no
peitoral do grande sumo sacerdote. Como é infeliz a condição deles, como foi a
daqueles por quem o profeta foi proibido de orar, e mais ainda, Jeremias 7.16. Nós, que não sabemos quem são os escolhidos, e quem
são os deixados, devemos orar por todos os homens, 1 Timóteo 2.1,4. Enquanto há vida, há esperança, e espaço para a
oração. Veja 1 Samuel 12.23.
II
Por quem Ele orou. Não pelos anjos, mas pelos
filhos dos homens. 1. Ele roga por aqueles que lhe foram dados, referindo-se
originalmente aos discípulos que o tinham auxiliado nesta regeneração. Mas, sem
dúvida, isto deve ser estendido a todos os que vêm com a mesma característica,
que recebem as palavras de CRISTO e crêem nelas, vv. 6,8. 2. Ele roga por todos os que
haveriam de crer nele (v. 20), e não somente as petições apresentadas a seguir,
mas também aquelas que vieram antes, devem ser interpretadas como estendendo-se
a todos os crentes, em todos os lugares e em todas as épocas, pois Ele se
interessa por todos eles, e “chama as coisas que não são como se já fossem”.
III
Que incentivo Ele tinha para orar por eles, e
quais são as alegações gerais com que Ele apresenta suas petições por eles, e
os recomenda ao favor de seu Pai. São cinco:
1. A incumbência que
Ele tinha recebido a respeito deles: “Eram teus, e tu mos deste” (v. 6), e
novamente (v. 9), “aqueles que me deste”. “Pai, aqueles por quem Eu oro agora
são aqueles que tu me confiaste, e o que Eu tenho a dizer por eles acompanha a
incumbência que Eu recebi a respeito deles”.
(1) Isto,
originalmente, se refere aos discípulos que havia então, que foram dados a CRISTO como seus alunos, para serem educados por Ele
enquanto Ele estava na terra, e seus agentes, para serem usados por Ele quando
fosse para o céu. Eles lhe foram dados para serem os aprendizes da sua
doutrina, as testemunhas da sua vida e dos seus milagres, e os monumentos da
sua graça e do seu favor, para serem os divulgadores do seu Evangelho, e os
semeadores da sua igreja. Quando eles deixaram tudo para segui-lo, o resultado
secreto daquela estranha resolução foi este: eles foram dados a Ele. Se não
fosse assim, não teriam sido dados a Ele. Observe que o apostolado e o
ministério, que são o presente de CRISTO à igreja, foram, primeiramente, o presente do Pai a JESUS CRISTO. Como, sob a lei, os levitas eram dados a Arão (Nm 3.9), a Ele (o grande sumo sacerdote da nossa
profissão), o Pai deu os apóstolos, primeiramente, e os ministros de todas as
épocas, para preservar sua missão e a missão de toda a congregação, e fazer o
serviço do Tabernáculo. Veja Efésios 4.6,11; Salmos 68.18. CRISTO recebeu este presente pelos homens, para que pudesse
dá-lo aos homens. Assim como isto confere uma grande honra ao ministério do
Evangelho, e enaltece esta obra, que é tão difamada, também ordena uma forte
obrigação aos ministros do Evangelho, de dedicar-se inteiramente ao serviço de CRISTO, como sendo dado a Ele.
(2) Mas este fato se
estende a todos os eleitos, pois, em outras passagens, está escrito que eles
são dados a CRISTO (Jo 6.37,39), e Ele frequentemente enfatiza o fato de que aqueles a quem Ele devia
salvar lhe foram dados, e estavam sob seu poder. Aos seus cuidados, foram
entregues, estavam em suas santas mãos, e Ele recebeu recomendações de DEUS, o Pai, a respeito deles. Aqui o Senhor mostra:
[1] Que o Pai tinha
autoridade para dá-los: “Eram teus”. Ele não deu aqueles que não eram seus, mas
comprometeu aqueles sobre os quais tinha direito. Os eleitos que o Pai deu a CRISTO eram seus de três maneiras. Em primeiro lugar, eles
eram criaturas, e suas vidas e existências derivavam dele. Quando foram dados a
CRISTO para serem
vasos de honra, eles estavam na sua mão, “como o barro na mão do oleiro”, para
serem usados conforme a sabedoria de DEUS determinasse, para a glória de DEUS. Em segundo lugar, eles eram criminosos, e suas
vidas e existências foram confiscadas, como castigo, por Ele. Um remanescente
da humanidade decadente foi dado a CRISTO, para ser redimido por Ele, para que pudessem ser
feitos sacrifícios de justiça, e assim foram escolhidos para ser monumentos de
misericórdia. Estes podiam, com justiça, ter sido entregues aos atormentadores,
quando foram entregues ao Salvador. Em terceiro lugar, eles eram escolhidos, e
suas vidas e existências foram projetadas para Ele. Eles foram consagrados para
DEUS, e foram
consignados a CRISTO, como seu
agente. Nisto, Ele insiste outra vez (v. 7): “Tudo quanto me deste provém de
ti”, o que, embora possa ser interpretado como tudo o que pertencia ao seu
trabalho de Mediador, parece especialmente referir-se àqueles que lhe foram
dados. “Eles são teus, sua existência é tua, como DEUS da natureza, seu bem-estar é teu, como DEUS de graça. Eles são teus, e, portanto, Pai, Eu os
trago todos a ti, para que possam estar todos a teu favor”.
[2] Que o Pai, em
conformidade com isto, os deu ao Filho. “Tu mos deste”, como ovelhas ao pastor,
para serem cuidadas; como pacientes ao médico, para serem curadas; como
crianças a um tutor, para serem educadas. Assim o Senhor descreve sua
incumbência (Hb 2.13): “Os filhos que DEUS me deu”. Eles foram entregues a CRISTO, em primeiro lugar, para que a eleição da graça não
fosse frustrada, para que nenhum, nenhum dos pequeninos, pudesse perecer. Esta
grande preocupação deve residir em uma boa mão, capaz de dar suficiente
segurança, “para que o propósito de DEUS, segundo a eleição, ficasse firme”. Em segundo
lugar, para que o empreendimento de CRISTO não seja infrutífero. Eles lhe foram dados como sua
semente, em quem Ele deveria ver o trabalho da sua alma, e ficar satisfeito (Is 53.10,11), e não gastar suas forças, e derramar seu sangue
“inútil e vãmente”, Isaías 49.4. Nós podemos clamar, como CRISTO: “Senhor, conserva minhas graças, conserva meus consolos,
pois estes eram teus, e tu mos deste”.
2. A preocupação que
Ele teve por eles, ao ensiná-los (v. 6): “Manifestei o teu nome aos homens...
lhes dei as palavras que me deste”, v. 8. Observe aqui:
(1) O grande desígnio
da doutrina de CRISTO, que
consistia em manifestar o nome de DEUS, dá-lo a conhecer (Jo 1.18), instruir os ignorantes e corrigir os enganos de um
mundo obscuro e tolo a respeito de DEUS, para que Ele pudesse ser mais amado e adorado.
(2) Seu fiel
desempenho nesta missão: “Eu” fiz isto. Sua fidelidade é exibida: [1] Na
verdade da doutrina. Ela concordava perfeitamente com as instruções que tinha
recebido do seu Pai. Ele não deu somente as coisas, mas as mesmas palavras, que
lhe foram dadas. Os ministros, ao proferirem sua mensagem, devem prestar
atenção às palavras que o ESPÍRITO SANTO ensina. [2] Na tendência da sua doutrina, que era a
de manifestar o nome de DEUS. Ele não procurou a si mesmo, mas, em tudo o que
dizia e fazia, procurava enaltecer ao seu Pai. Observe que, em primeiro lugar,
é prerrogativa de CRISTO manifestar
o nome de DEUS às almas
dos filhos dos homens. “Ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o
Filho o quiser revelar”, Mateus 11.27. Somente Ele conhece o Pai, e por isto é capaz de
revelar a verdade. E somente Ele tem acesso ao espírito dos homens, e por isto
é capaz de abrir o entendimento. Os ministros podem dar a conhecer o nome do
Senhor (como Moisés, Deuteronômio 32.3), mas somente CRISTO pode manifestar este nome. Pela Palavra de CRISTO, DEUS é revelado a nós; pelo ESPÍRITO de CRISTO, DEUS é revelado em nós. Os ministros podem nos dizer as
palavras de DEUS, mas CRISTO pode nos dar suas palavras, pode colocá-las em nós,
como um alimento, como um tesouro. Em segundo lugar, que, mais cedo ou mais
tarde, CRISTO irá
manifestar o nome de DEUS a todos os que lhe foram dados, e lhes dará sua
palavra, para ser a semente do novo nascimento, o sustento da vida espiritual,
e a garantia do ânimo eterno deles.
3. O bom resultado do
cuidado que Ele tinha tido com eles, e os esforços que Ele tinha, com
sofrimento, empreendido por eles (v. 6): eles “guardaram a tua palavra” (v. 7),
eles “têm conhecido que tudo provém de ti” (v. 8). Eles receberam tuas
palavras, e as abraçaram, concordaram e consentiram com elas, “e têm
verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste”. Observe
aqui:
(1) O sucesso que a
doutrina de CRISTO teve entre
aqueles que lhe foram dados, em diversos aspectos:
[1] “Eles receberam as
palavras que Eu lhes dei, como o solo recebe a semente e a terra absorve a
chuva”. Eles prestaram atenção às palavras de CRISTO, compreenderam, até certo ponto, seu significado, e
foram influenciados por elas. Eles foram impressionados por elas. A palavra,
para eles, era uma palavra enxertada.
[2] “Eles ‘guardaram a
tua palavra’, permaneceram nela. Eles estiveram em conformidade com ela”. O
mandamento de CRISTO, então,
somente é guardado quando é obedecido. Aqueles que têm que ensinar a outros os
mandamentos de CRISTO devem,
eles mesmos, observá-los. Era necessário que eles guardassem o que lhes era
dito, pois isto devia ser transmitido, por eles, a todos os lugares, em todas
as épocas.
[3] “Eles
compreenderam a palavra, e continuaram, onde quer que estivessem, recebendo-a e
guardando-a. Eles perceberam que tu és o autor original do Evangelho que Eu vim
instituir, ‘têm conhecido que tudo quanto me deste provém de ti’”. Todas as
funções e todos os poderes de CRISTO, todos os dons do ESPÍRITO, todas as suas graças e consolações, que DEUS deu, sem limites, a Ele, tudo era de DEUS, planejado pela sua sabedoria, indicado pela sua
vontade, e designado pela sua graça, para sua própria glória na salvação do
homem. Observe que é uma grande satisfação para nós, na nossa confiança em CRISTO, que Ele, e tudo o que Ele é e tem, tudo o que Ele
disse e fez, tudo o que Ele faz e fará, são de DEUS, 1 Coríntios 1.30. Portanto, podemos confiar nossas almas à mediação
de CRISTO, pois ela
está bem fundamentada. Se a justiça for aquela que vem da nomeação feita por DEUS, nós seremos justificados. Se a graça vier da sua
dispensação, nós seremos santificados.
[4] Eles confirmaram
esta verdade: Eles “têm verdadeiramente conhecido que saí de ti”, v. 8. Veja
aqui, em primeiro lugar, o que significa crer. É conhecer com segurança, é
saber que é uma verdade. Os discípulos eram muito fracos e falhos em
conhecimento. Ainda assim, CRISTO, que os conhecia melhor do que eles mesmos se
conheciam, lhes deu sua Palavra, para que cressem. Observe que nós podemos
saber, com segurança, aquilo que não conhecemos plenamente, nem podemos
conhecer. Podemos conhecer a certeza das coisas que não podem ser vistas,
embora não possamos, particularmente, descrever a natureza delas. Nós andamos
por fé, que conhece com certeza, e não por vista, que conhece com clareza. Em
segundo lugar, em que devemos crer: que JESUS CRISTO saiu de DEUS, pois é o Filho de DEUS, e traz na sua pessoa “a imagem do DEUS invisível”, e que DEUS o enviou; que, na sua missão, Ele é o embaixador do
rei eterno, de modo que a religião cristã tem os mesmos fundamentos, e a mesma
autoridade, que a religião natural, e, portanto, todas as doutrinas de CRISTO devem ser recebidas como verdades divinas, todos os
seus mandamentos devem ser obedecidos como leis divinas, e todas as suas
promessas devem ser dignas de confiança, como garantias divinas.
(2) Como JESUS CRISTO aqui fala sobre isto: Ele se estende sobre isto: [1]
Como satisfeito consigo mesmo. Embora os muitos exemplos das tolices e
debilidades dos seus discípulos o tivessem entristecido, ainda assim sua
constante união a Ele, seus aprimoramentos graduais e suas grandes realizações,
por fim, eram sua alegria. CRISTO é um Mestre que se alegra com a proficiência dos
seus alunos. Ele aceita a sinceridade da sua fé, e graciosamente ignora a
debilidade desta fé. Veja o quanto Ele está disposto a obter o máximo de nós, e
a dizer o melhor de nós, incentivando, desta forma, nossa fé nele, e
ensinando-nos a caridade de uns para com os outros. [2] Como suplicando junto
ao Pai. Ele está orando por aqueles que lhe foram dados, e Ele mostra que eles
lhe tinham sido dados. Observe que o devido aproveitamento da graça recebida é
uma boa alegação, de acordo com o teor do novo concerto, para pedir mais graça,
pois assim diz a promessa: “A qualquer que tiver será dado”. Que CRISTO, e somente CRISTO, elogie àqueles que guardam a palavra de CRISTO, e crêem nele, e, além disto, os elogie ao seu Pai.
4. Ele suplica com
base no interesse que o próprio Pai tinha por eles (v. 9): “Eu rogo... por
aqueles que me deste, porque são teus”. Isto em virtude de um interesse mútuo e
comum, que Ele e o Pai têm sobre aquilo que pertence ao outro: “Todas as minhas
coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas”. Entre o Pai e o Filho, não pode
haver disputa (como existe entre os filhos dos homens) sobre meum e tuum – meu
e teu, pois a questão estava definida deste a eternidade. “Todas as minhas
coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas”. Aqui temos:
(1) A súplica
apresentada, em particular, pelos seus discípulos: “São teus”. A consignação
dos eleitos a CRISTO estava tão
longe de torná-los menos do Pai, que se destinava a torná-los mais do Pai.
Observe que: [1] Todos os que recebem a palavra de CRISTO, e crêem nele, são levados, por um relacionamento de
concerto, ao Pai, e são considerados como seus. CRISTO os apresenta a Ele, e eles, por meio de CRISTO, se apresentam a Ele. CRISTO nos comprou, não para si mesmo somente, mas para DEUS, pelo seu sangue, Apocalipse 5.9,10. Eles são primícias para DEUS, Apocalipse 14.4. [2] Esta é uma boa súplica na oração. CRISTO aqui suplica: “São teus”. Nós podemos suplicar por
nós mesmos: Eu sou teu, salva-me, e por outros (como Moisés, Êxodo 32.11). “Eles são teu povo. São teus. Tu não vais prover
pelos teus? Não vai protegê-los, para que não sejam destruídos pelo Diabo e
pelo mundo? Tu não vais proteger o interesse que tendes por eles, para que não
se afastem de ti? Eles são teus, reconhece-os como teus”.
(2) O fundamento em
que se baseia esta súplica: “Todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas
são minhas”. Isto evidencia que o Pai e o Filho são: [1] Um em essência. Toda
criatura deve dizer a DEUS: “Todas as minhas coisas são tuas”, mas ninguém pode
dizer a Ele: “Todas as tuas coisas são minhas”, exceto aquele que tem a mesma
essência que Ele, e que é igual a Ele em poder e glória. [2] Um em interesse.
Não há interesses divididos ou separados entre eles. Em primeiro lugar, aquilo
que o Pai tem, como Criador, é entregue ao Filho, para ser usado e disposto em
subserviência à sua grande missão. Todas as coisas foram entregues a Ele (Mt 11.27). A concessão é tão geral, que nada e ninguém é
excetuado, a não ser aquele que colocou todas as coisas debaixo dele. Em
segundo lugar, aquilo que o Filho tem, como Redentor, é designado para o Pai, e
seu reino, em pouco tempo, será entregue a Ele. Todos os benefícios da
redenção, comprados pelo Filho, destinam-se ao louvor do Pai, e na sua glória
estão os limites do centro da sua missão: “Todas as minhas coisas são tuas”. O
Filho não possui para si nada que não esteja devotado ao serviço do Pai, e nada
poderá ser aceito como um serviço à religião cristã, caso se choque com os
ditados e as leis da religião natural. Em um sentido limitado, cada verdadeiro
crente pode dizer: “Todas as tuas coisas são minhas”. Se DEUS é nosso no concerto, tudo o que Ele é e tem é tão
nosso, que será acionado para nosso bem, e, em um sentido ilimitado, cada
verdadeiro crente realmente diz: Senhor, todas as minhas coisas são tuas. Está
tudo depositado aos teus pés, para ser útil a ti. E aquilo que nós podemos ter,
pode ser confortavelmente comprometido aos cuidados e à bênção de DEUS, quando é alegremente submetido ao seu governo e à
sua disposição: “Senhor, cuide do que eu tenho, pois é tudo teu”.
5. JESUS alega seu próprio interesse neles: “Neles, eu sou
glorificado” (versão RA) – dedoxasmai. (1) “Eu sou glorificado neles”. Qualquer
pequena honra que CRISTO teve neste
mundo, foi entre seus discípulos. Ele tinha sido glorificado pela assistência e
obediência que prestavam a Ele, pela pregação e realização de milagres que
faziam no seu nome, e por isto Ele diz: “Eu rogo por eles”. Observe que CRISTO se interessará em interceder por aqueles em quem, e
por quem, Ele é glorificado. (2) “Eu devo ser glorificado neles, quando tiver
ido para o céu. Eles devem sustentar meu nome”. Os apóstolos pregavam e
realizavam milagres no nome de CRISTO. O ESPÍRITO que neles habitava glorificava a CRISTO (Jo 14.14). “Neles, eu sou glorificado, e por isto”: [1] “Eu
me interesso por eles”. Todo interesse que CRISTO tem neste mundo degenerado está na sua igreja, e,
portanto, sua igreja e todas as suas questões estão próximas ao seu coração,
dentro do véu. [2] “Por isto, Eu os entrego ao Pai, que se dedicou a glorificar
ao Filho, e, para isto, considerará com graça aqueles em quem Ele é
glorificado”. Aquele em quem DEUS e CRISTO são glorificados pode, com humilde confiança, ser
entregue ao cuidado especial de DEUS.
Depois das alegações
gerais com as quais CRISTO recomendou seus discípulos aos cuidados de seu Pai,
seguem-se as petições particulares que Ele apresenta por eles, e: 1. Todas elas
se relacionam com as bênçãos espirituais, nas coisas celestiais. Ele não pede
que eles possam ser ricos e grandiosos neste mundo, que possam construir
propriedades e conseguir promoções, mas que possam ser mantidos afastados do
pecado, e capacitados para sua missão, e levados com segurança ao céu. Observe
que a prosperidade da alma é a melhor prosperidade, pois CRISTO veio comprar e conceder aquilo que está relacionado
com a alma, e nos ensina, desta maneira, a buscar estas bênçãos em primeiro
lugar, tanto para os outros quanto para nós mesmos. 2. São bênçãos adequadas à
nossa situação atual, bem como às várias exigências e ocasiões que eles estavam
enfrentando. Observe que a intercessão de CRISTO é sempre pertinente. Nosso advogado junto ao Pai
está familiarizado com todos os detalhes das nossas necessidades e cargas,
nossos perigos e dificuldades, e sabe como adequar sua intercessão com cada um
de nós, como na ocasião do perigo que rondava a Pedro, do qual ele mesmo não
estava ciente (Lc 22.32): “Eu roguei por ti”. 3. Ele é abrangente e pleno
nas petições, expõe-nas em boa ordem diante do seu Pai, e enche sua boca de
argumentos, para nos ensinar o fervor e a perseverança na oração, para nos
ensinar a constância na oração, e a levar nossas necessidades ao trono da
graça, lutando, como Jacó: “Não te deixarei ir, se me não abençoares”.
A primeira petição que
CRISTO faz pelos
seus discípulos, nestes versículos, é pela sua preservação, e para isto Ele os
entrega, a todos, à custódia do seu Pai. Preservar pressupõe perigo, e o perigo
que eles corriam vinha do mundo, do mundo onde eles estavam, e deste mal Ele
implora que eles possam ser preservados. Observe:
I
O pedido propriamente dito: Guarde-os do
mundo. Havia duas maneiras de serem guardados do mundo:
1. Sendo tirados dele.
Mas Ele não pede que eles sejam guardados assim: “Não peço que os tires do
mundo”. Isto é:
(1) “Não peço que eles
possam ser rapidamente removidos pela morte”. Se o mundo os atormentar, a
maneira mais imediata de protegê-los seria tirá-los rapidamente dele,
levando-os a um mundo melhor, que os trataria melhor. Envie carros e cavalos de
fogo por eles, para levá-los ao céu. Jó, Elias, Jonas, Moisés, quando aconteceu
algo que os afligiu, pediram para serem tirados do mundo, mas CRISTO não desejava pedir isto para seus discípulos, por
dois motivos: [1] Porque Ele veio para vencer, e não para tolerar aquelas
paixões descontroladas, que tornam os homens impacientes na vida e importunos
para a morte. A vontade de DEUS é que nós tomemos nossa cruz, e não a deixemos para
trás. [2] Porque Ele tinha um trabalho para que eles realizassem no mundo. O
mundo, embora cansado deles (At 22.22), e, portanto, indigno deles (Hb 11.38), podia poupá-los, ainda que em más condições.
Portanto, por piedade por este mundo obscuro, CRISTO não desejava que estas luzes fossem removidas dele,
mas permanecessem nele, especialmente para o bem daqueles, no mundo, que viriam
a crer nele por meio da sua palavra. Que eles não sejam tirados do mundo em que
seu Mestre está. Eles deverão, cada um da sua maneira, morrer como um mártir,
mas não até que tenham concluído seu testemunho. Observe que, em primeiro
lugar, a remoção das pessoas boas deste mundo é uma coisa que não se deve
desejar, de maneira nenhuma, mas deve ser temida e considerada no coração, Isaías 57.1. Em segundo lugar, embora CRISTO ame aos seus discípulos, Ele não os envia
imediatamente ao céu, assim que são efetivamente chamados, mas os deixa por
algum tempo neste mundo, para que possam fazer o bem e glorifiquem a DEUS sobre a terra, amadurecendo para o céu. Muitas
pessoas boas são poupadas para viver, porque dificilmente pode-se permitir que
morram.
(2) “Eu não rogo que
eles possam ser totalmente liberados e isentos dos problemas deste mundo, e
removidos do trabalho árduo e do terror que nele há, indo a algum lugar tranquilo
e seguro, para ali viverem sem ser perturbados. Não é esta a preservação que Eu
desejo para eles”. Non ut omni molestia liberati otium et delicias colant, sed
ut inter media pericula salvi tamen maneant Dei auxilio – Não que, estando
livres de todos os problemas, eles possam se deleitar em uma esplêndida tranquilidade, mas que, com a ajuda de DEUS, possam ser preservados em um cenário de perigo,
segundo Calvino. Não que possam ser preservados de todos os conflitos com o
mundo, mas para que não sejam subjugados por ele. Não que, como desejava
Jeremias, pudessem deixar seu povo, e apartar-se deles (Jr 9.2), mas que, como Ezequiel, seus rostos pudessem ser
duros contra os rostos dos homens ímpios, Ezequiel 3.8. Representa maior honra para um soldado cristão,
pela fé, subjugar o mundo do que, por um voto monástico, afastar-se dele, e
representa mais para a honra de CRISTO servi-lo em uma cidade do que servi-lo em uma cela
de prisão.
2. Outra maneira é
protegendo-os da corrupção que existe no mundo, e Ele roga que assim eles
possam ser guardados, vv. 11,15. Aqui estão três seções desta petição:
(1) “Pai santo, guarda
em teu nome aqueles que me deste”.
[1] CRISTO agora os estava deixando, mas eles não deviam pensar
que sua proteção também se afastava deles. Não, aqui, e de modo que eles
pudessem ouvir, Ele os entrega à custódia do seu Pai e Pai deles. Observe que é
um consolo indescritível de todos os crentes o fato de que o próprio CRISTO os entregue aos cuidados de DEUS. Não podem deixar de estar seguros aqueles a quem o DEUS Todo-poderoso guarda, e Ele não pode deixar de
guardar àqueles a quem o Filho do seu amor lhe entrega, e em virtude disto nós
podemos, com fé, entregar a guarda das nossas almas a DEUS, 1 Pedro 4.19; 2 Timóteo 1.12. Em primeiro lugar, aqui Ele os coloca sob a
proteção divina, para que não sejam destruídos pela maldade dos seus inimigos,
para que eles, e todos os seus interesses, possam ter o cuidado particular da
providência divina: “Guarda suas vidas até que tenham realizado seu trabalho.
Guarda seus consolos, e não permita que eles sejam destruídos pelas
dificuldades com que se depararem. Guarda seus interesses no mundo, e não
permita que eles se extingam”. A esta oração, deve-se a maravilhosa preservação
do ministério do Evangelho e da igreja do Evangelho, no mundo, até hoje. Se DEUS não tivesse graciosamente guardado a ambos, e
prosseguido com ambos, eles teriam sido extintos e perdidos há muito tempo. Em
segundo lugar, Ele os coloca sob a instrução divina, para que não se afastem do
seu dever, nem sejam desviados pela traição dos seus próprios corações:
“Conserva-os na sua integridade, conserva-os discípulos, conserva-os
concentrados no seu dever”. Nós precisamos do poder de DEUS, não somente para nos colocar em um estado de graça,
mas para nos conservar nele. Veja Jo 10.28,29; 1 Pedro 1.5.
[2] Ele ora ao Pai,
usando os títulos que Ele lhe atribui, e ora por eles, reforçando assim a
petição. Em primeiro lugar, Ele se dirige a DEUS como um “Pai santo”. Quando nos entregamos, e a
outros, aos cuidados divinos, podemos receber incentivo: 1. Do atributo da sua
santidade, pois ela está envolvida na preservação dos seus santos. Ele jurou
pela sua santidade, Salmos 89.35. Se Ele é um DEUS santo e odeia o pecado, Ele tornará santos os que
são seus, e os protegerá do pecado, que eles também odeiam e temem como o maior mal. 2. Desta relação com o Pai, em que Ele nos mantém, por
meio de CRISTO. Se Ele é
um Pai, Ele irá cuidar dos seus próprios filhos, irá ensiná-los e protegê-los.
Quem mais faria isto? Em segundo lugar, JESUS fala deles como aqueles que o Pai lhe tinha dado.
Aquilo que nós recebemos, como presentes do nosso Pai, nós podemos,
confortavelmente, entregar aos cuidados do nosso Pai. “Pai, guarda as graças e
os consolos que me deste, os filhos que me deste, o ministério que recebi de
ti”.
(2) Guarda-os “em teu
nome”. Isto é: [1] Guarda-os por amor ao teu nome, segundo alguns. “Teu nome e
tua honra se relacionam com a preservação deles, assim como a minha, pois ambos
irão sofrer, caso se revoltem ou naufraguem”. Os santos do Antigo Testamento frequentemente rogavam pelo seu nome, e podem, com mais consolo,
rogar desta maneira, aqueles que estão realmente mais preocupados com a honra
do nome de DEUS do que com
qualquer interesse próprio. [2] Guarda-os em teu nome, segundo outros. Assim
está o original, en to onomati. “Guarda-os no conhecimento e no temor do teu
nome. Guarda-os na profissão e no serviço ao teu nome, custe-lhes o que custar.
Guarda-os no interesse do teu nome, e permite que eles sejam sempre fiéis a ti.
Guarda-os nas tuas verdades, nas tuas ordenanças, no caminho dos teus
mandamentos”. [3] Guarda-os pelo teu nome, ou por meio do teu nome, segundo
outros. “Guarda-os pelo teu próprio poder, na tua própria mão. Guarda-os, tu
mesmo, empenha-te por eles. Que eles sejam tua preocupação imediata. Guarda-os
por aqueles meios de preservação que tu mesmo indicaste, e pelos quais te
fizeste conhecido. Guarda-os pela tua palavra e pelas tuas ordenanças. Que teu
nome seja a torre da fortaleza deles, que teu tabernáculo seja o pavilhão
deles”.
(3) Livra-os “do mal”.
Ele os tinha ensinado a orar diariamente: “Livra-nos do mal”, e isto deveria
incentivá-los a orar. [1] “Livra-os do maligno, do Diabo e de todos os seus
instrumentos, do maligno e de todos os seus filhos. Livra-os de Satanás como um
tentador, de modo que ele não tenha permissão de tentá-los, ou de modo que sua
fé não fraqueje. Livra-os dele como um destruidor, de modo que ele não os leve
ao desespero”. [2] “Guarda-os da coisa ruim, que é o pecado, de tudo o que se
parece com ele, ou que conduza a ele. Guarda-os, de modo que não façam o mal”, 2 Coríntios 13.7. O pecado é aquele mal que, acima de todos os
outros, nós devemos temer e reprovar. [3] “Livra-os do mal do mundo, e da sua
tribulação nele, de modo que não tenham parte nele, assim como nenhuma
malignidade”. Não que eles pudessem ser poupados da aflição, mas que pudessem
suportá-la, para que a característica das suas aflições pudesse ser alterada de
modo que não houvesse mal nelas, nada que lhes fizesse algum mal.
II
As razões com que Ele reforça estes pedidos
pela sua preservação, que são cinco:
1. O Senhor mostra
que, até então, Ele os tinha guardado (v. 12): “‘Estando eu com eles no mundo,
guardava-os em teu nome’, na verdadeira fé do Evangelho e no serviço de DEUS. ‘Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum
deles se perdeu’. Nenhum deles se revoltou ou foi destruído, ‘senão o filho da
perdição, para que a Escritura se cumprisse’”. Observe:
(1) O desempenho fiel
de CRISTO na sua
missão, no que diz respeito aos seus discípulos: enquanto Ele estava com eles,
Ele os guardava, e seu cuidado por eles não foi em vão. Ele os guardou em nome
de DEUS, evitou
que eles caíssem em erros graves ou pecados, impediu que eles colidissem com os
fariseus, que teriam percorrido o mar e a terra para fazer deles prosélitos.
Ele evitou que eles o abandonassem, e retornassem ao pouco que tinham deixado
por Ele. Ele os conservou sob sua vigilância e proteção quando os enviou para
pregar. Seu coração não foi com eles? Muitos que o seguiam se ofendiam com uma
ou outra coisa, e o deixavam, mas Ele conservou os doze, de modo que eles não
partissem. Ele impediu que eles caíssem nas mãos dos inimigos perseguidores que
buscavam suas vidas. Ele os guardou quando se entregou, Jo 18.9. Enquanto Ele estava com eles, Ele os guardou de uma
maneira visível, com instruções que ainda soavam nos seus ouvidos, milagres que
ainda se realizavam diante dos seus olhos. Quando Ele tivesse se afastado
deles, eles precisariam ser guardados de uma maneira espiritual. Os consolos e
apoios perceptíveis, às vezes, são dados e, às vezes, são retidos, mas quando
retirados, ainda assim os discípulos não ficam sem consolo. O que CRISTO diz aqui sobre seus seguidores mais próximos é
verdade com relação a todos os santos, enquanto estão aqui neste mundo. CRISTO os guarda em nome de DEUS. Isto indica: [1] Que eles são fracos, e não podem
se proteger. Suas próprias mãos não são suficientes para eles. [2] Que eles
são, na opinião de DEUS, valiosos e merecedores de proteção, preciosos aos
seus olhos e honoráveis, seu tesouro, suas joias. [3] Que sua salvação está planejada, pois é para
ela que eles são guardados, 1 Pedro 1.5. Assim como os maus estão reservados para o dia do
mal, também os justos estão preservados para o dia da felicidade, o dia do gozo
que jamais terá fim. [4] Que eles são a incumbência do Senhor JESUS, pois, como sua incumbência, Ele os guarda, e se
apresenta como o bom pastor, para a preservação das ovelhas.
(2) O relato
consolador que Ele apresenta da sua incumbência: “Nenhum deles se perdeu”.
Observe que JESUS CRISTO certamente irá guardar todos os que lhe são dados,
de modo que nenhum deles se perca, totalmente e finalmente. Eles podem se
julgar perdidos, e podem estar quase perdidos (em perigo iminente), mas é a
vontade do Pai que Ele não perca nenhum, e Ele não irá perder nenhum (Jo 6.39), de modo que isto ficará evidente quando eles
aparecerem todos juntos, e nenhum deles estiver faltando.
(3) Um rótulo colocado
sobre Judas, não colocado sobre nenhum daqueles que Ele tinha se incumbido de
guardar. Judas estava entre aqueles que foram dados a CRISTO, mas não pertencia a eles. JESUS se refere a Judas como já perdido, pois ele tinha
abandonado a sociedade do seu Mestre e dos seus condiscípulos, e tinha se
entregado à orientação do Diabo, e em pouco tempo iria para o lugar que fez por
merecer. Ele já estava praticamente perdido. Mas a apostasia e a destruição de
Judas não representavam nenhuma censura ao seu Mestre, ou à sua família, pois:
[1] Ele era o “filho da perdição”, e por isto não era um daqueles que foram
dados a CRISTO, para
serem guardados. Ele merecia a perdição, e DEUS o deixou precipitar-se nela. Ele era filho do
destruidor, como Caim, que era filho do maligno. Este grande inimigo, que o
Senhor irá destruir, é chamado de “filho da perdição”, porque é um “homem do
pecado”, 2 Ts 2.3. É terrível considerar que um dos apóstolos provou
ser um filho da perdição. Nenhum lugar ou nome na igreja, nenhum privilégio ou
oportunidade de obter graça, nenhuma profissão ou desempenho exterior, irá
protegê-lo da ruína, se seu coração não estiver correto com DEUS. E ninguém pode provar ser mais filho da perdição,
no final, com mais probabilidade, depois de um curso plausível de sua profissão
de fé, do que aqueles que, como Judas, amam o dinheiro. Mas o fato de CRISTO distinguir Judas daqueles que lhe foram dados (pois
ei me é adversativa, e não exceptiva) indica que a verdade e a verdadeira
religião não devem se prejudicar por causa da traição daqueles que são falsos
para com elas, 1 João 2.19. [2] A Escritura se cumpriu. O pecado de Judas tinha
sido previsto pelo conselho de DEUS, e predito na sua Palavra, e o evento certamente
seguiria a predição como uma consequência, embora não se possa dizer, necessariamente, que a
seguiu como um resultado. Veja Salmos 41.9; 69.25; 109.8. Nós poderíamos ficar surpresos com a traição dos
apóstatas, se não tivéssemos sido avisados a respeito dela anteriormente.
2. CRISTO mostra que agora tinha a necessidade de deixá-los, e
não podia mais vigiá-los da maneira que tinha feito até então (v. 11):
“Guarda-os agora, para que Eu não perca o trabalho que tive com eles enquanto
estive com eles. Guarda-os, para que eles possam ser uns com os outros, assim
como nós somos um com o outro”. Nós teremos a oportunidade de falar sobre isto,
v. 21. Mas veja aqui:
(1) Com que prazer Ele
fala da sua própria partida. Ele se expressa a respeito dela com um ar de
triunfo e exultação, com referência tanto ao mundo que Ele deixava quanto ao
mundo ao qual se dirigia. [1] “‘Eu já não estou mais no mundo’. Agora, adeus a
este mundo provocador e problemático. Eu já tive o suficiente dele, e agora é
chegada e bem-vinda a hora em que não mais estarei nele. Agora que Eu terminei
a obra que tinha a fazer nele, Eu já estou cansado dele. Nada resta, exceto
apressar-me para sair dele, tão depressa quanto puder”. Observe que deve ser um
prazer para aqueles que têm sua casa no outro mundo pensar em não mais estar
neste, pois, quando nós tivermos feito o que tínhamos para fazer neste mundo, e
para o que nos tornamos adequados, o que há aqui que poderá nos tentar a
permanecer? Quando recebermos uma sentença de morte interior, com que santo
triunfo deveremos dizer: “Agora já não estou mais no mundo, este mundo escuro e
enganador, este pobre mundo vazio, este mundo tentador e profano. Não mais sou
atormentado com seus espinhos, não mais em perigo, pelas suas redes e
armadilhas. Agora eu não caminharei mais por este terrível deserto, não mais
sofrerei a agitação deste mar tempestuoso. Agora eu já não estou mais no mundo,
mas posso alegremente deixá-lo e dar-lhe um adeus final”. [2] “E eu vou para
ti”. Sair do mundo é somente a metade do consolo do CRISTO que estava prestes a morrer, como também de cada
cristão quando está prestes a morrer. A metade melhor, infinitamente melhor, é
pensar em ir para o Pai, participar do seu deleite imediato, ininterrupto e
eterno. Observe que aqueles que amam a DEUS não podem evitar alegrar-se em pensar em ir para
Ele, mesmo que isto seja através do vale da sombra da morte. Quando nós formos, ausentando-nos do corpo, será para estar
presentes com o Senhor, como os filhos levados da escola para a casa do seu
pai. “Agora eu vou para ti, a quem eu escolhi e servi, e de quem minha alma tem
sede. A ti, a fonte de luz e vida, a coroa e o centro de vida e alegria. Agora
meus anseios serão satisfeitos, minhas esperanças, realizadas, minha
felicidade, completa, pois agora eu vou para ti”.
(2) Com que
preocupação terna Ele fala sobre aqueles a quem Ele deixa para trás: “‘Mas eles
estão no mundo’. Eu descobri que mundo mau é este, o que será destes pequenos
amados, que precisam permanecer nele? Pai santo, guarda-os. Eles sentirão falta
da minha presença, mas permita que tenham a tua. Eles terão agora uma
necessidade maior do que nunca de serem guardados, pois Eu os estou enviando ao
mundo, a um território mais longínquo do que eles jamais se aventuraram a
entrar. Eles precisam se aprofundar e trabalhar nestas águas profundas, e
estarão perdidos se tu não os guardares”. Observe aqui: [1] Que, quando nosso
Senhor JESUS estava
indo para o Pai, Ele levou consigo uma preocupação terna pelos seus que estão
no mundo, e continuou a ter misericórdia deles. Ele traz seus nomes no seu
peitoral, na verdade sobre seu coração, e os gravou com os pregos da sua cruz
nas palmas das suas mãos, e mesmo quando Ele já não está ao alcance da vista
deles, eles não estão fora do alcance da sua, e muito menos da sua mente. Nós
devemos sentir uma piedade semelhante por aqueles que estão se lançando no
mundo, quando nós já estamos quase saindo dele, e por aqueles que são deixamos
para trás, quando nós o estamos deixando. [2] Que, quando CRISTO desejava expressar a extrema necessidade que seus
discípulos tinham da preservação divina, Ele diz somente: “Eles estão no
mundo”. Isto evidencia perigo suficiente àqueles que se dirigem ao céu, a quem
um mundo adulador iria desviar e seduzir, e um mundo maligno iria odiar e
perseguir.
3. Ele alega a
satisfação que eles teriam, sabendo que estavam salvos, e a satisfação que Ele
teria, sabendo que estavam tranquilos: “Digo isto no mundo, para que tenham a minha
alegria completa em si mesmos”, v. 13. Observe que:
(1) CRISTO desejava fervorosamente que a alegria dos seus
discípulos fosse completa, pois é sua vontade que eles se alegrem sempre. Ele
os deixava em lágrimas, e em meio a problemas, e ainda tomou cuidados efetivos
para completar sua alegria. Quando eles julgavam que sua alegria nele havia
chegado ao fim, ela se aproximou de uma perfeição, mais do que jamais tinha
alcançado, e eles ficaram cheios dela. Aqui aprendemos: [1] A encontrar nossa
alegria em CRISTO: “É minha
alegria, a alegria que Eu dou, ou melhor, a alegria da qual Eu sou o motivo”. CRISTO é a alegria de todo cristão, sua principal alegria.
A alegria do mundo murcha com ele, a alegria em CRISTO é eterna, como Ele. [2] A construir nossa alegria
com diligência, pois ela é o dever, assim como o privilégio, de todos os
verdadeiros crentes. Nenhum aspecto da vida cristã nos é recomendado com mais
insistência, Filipenses 3.1; 4.4. [3] A desejar a perfeição da alegria, para que
possamos tê-la completa em nós, pois CRISTO tem prazer em concedê-la.
(2) Para isto, Ele
solenemente os entrega aos cuidados do seu Pai, e à sua guarda, e os tomou como
testemunhas de que tinha feito isto: “Digo isto no mundo”, enquanto ainda estou
com eles no mundo. Sua intercessão no céu, pela preservação deles, teria sido
igualmente efetiva por si só, mas dizer isto no mundo representaria uma maior
satisfação e um maior incentivo a eles, e os capacitaria a se alegrarem na
tribulação. Observe: [1] CRISTO não somente armazenou consolações para seu povo, ao
prover para seu futuro bem-estar, mas também lhes distribuiu consolações, e
disse aquilo que serviria para sua satisfação atual. Aqui Ele condescendeu, na
presença dos seus discípulos, em divulgar sua última vontade, seu testamento, e
(muitos que fazem testamento evitam fazer isto) permite que eles saibam quais
legados Ele lhes deixava, e o quanto eles estavam protegidos, para que pudessem
ter uma forte consolação. [2] A intercessão de CRISTO, por nós, é suficiente para completar nossa alegria
nele. Nada é mais eficaz para calar todos os nossos temores e desconfianças, e
para nos fornecer maior consolação, do que o fato de que o Senhor JESUS sempre intercede, na presença de DEUS, por nós. Por isto, o apóstolo coloca um “ou antes”,
referindo-se particularmente a este assunto, Romanos 8.34. E veja Hebreus 7.25.
4. Ele alega o mau
tratamento que provavelmente eles iriam encontrar no mundo, por causa dele (v.
14): “‘Dei-lhes a tua palavra’, para que fosse divulgada ao mundo, e eles a
receberam, creram nela, e aceitaram a incumbência de transmiti-la ao mundo, ‘e
o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo’”.
Aqui temos:
(1) A inimizade do
mundo aos seguidores de CRISTO. Se, enquanto CRISTO estava com seus seguidores, embora eles tivessem
feito pouca oposição ao mundo, ainda assim o mundo os odiava, muito mais ele os
odiaria quando, pela sua pregação mais extensa do Evangelho, eles
transtornariam o mundo. “Pai, continua amigo deles”, diz CRISTO, “pois eles terão muitos inimigos. Que tenham teu
amor, pois o ódio do mundo está posto contra eles. Em meio a estes dardos
inflamados, que eles sejam circundados da tua benevolência como de um escudo”. DEUS considera uma honra o fato de se posicionar do lado
mais fraco, e ajudar os desamparados. “Senhor, tem misericórdia deles, pois os
homens procurarão devorá-los”.
(2) As razões desta
inimizade, que fortalecem o pedido. [1] É evidente que uma das razões se deve
ao fato de que eles tinham recebido a palavra de DEUS como lhes tinha sido enviada, pela mão de CRISTO, quando a maior parte do mundo a rejeitava, e se
colocava contra aqueles que eram seus pregadores e ensinadores. Observe que
aqueles que recebem a boa vontade e a boa opinião de CRISTO devem esperar a má vontade e a má opinião do mundo.
Os ministros do Evangelho têm sido odiados pelo mundo, de uma maneira particular,
porque eles chamam homens do mundo e os separam dele, e os ensinam a não se
conformarem com ele, e, desta maneira, condenam o mundo. “Pai, guarda-os, pois
é por tua causa que eles correm perigo. Eles sofrem por ti”. Esta é a alegação
do salmista: “Por amor de ti tenho suportado afronta”, Salmos 69.7. Observe que aqueles que guardam a palavra da
paciência de CRISTO têm a
promessa de uma proteção especial na hora da tentação, Apocalipse 3.10. Esta causa, que produz um mártir, pode muito bem
produzir um sofredor alegre. [2] Uma outra razão é ainda mais clara. O mundo os
odiou, porque não eram do mundo. Aqueles a quem a palavra de CRISTO dirige não são do mundo, pois ela tem um forte
efeito sobre todos os que a recebem. O amor por ela os desacostuma das riquezas
do mundo e os volta contra a maldade do mundo, e, por esta razão, o mundo
guarda rancor deles.
5. Ele declara a
conformidade deles consigo mesmo, e a evidência deste fato é uma santa
não-conformidade com o mundo (v. 16): “Pai, guarda-os, pois eles têm meu
espírito e minha mente, eles ‘não são do mundo, como eu do mundo não sou’”.
Podem, com fé, entregar-se à custódia de DEUS aqueles que: (1) São como CRISTO era neste mundo, e seguem seus passos. DEUS irá amar àqueles que são como CRISTO. (2) Não se envolvem nos interesses do mundo, nem se
dedicam aos seus serviços. Observe: [1] Que JESUS CRISTO não era deste mundo. Ele nunca tinha sido deste
mundo, e muito menos agora, que estava prestes a deixá-lo. Isto sugere, em
primeiro lugar, sua situação. Ele não era nenhum dos favoritos ou dos queridos
do mundo, nenhum dos seus príncipes ou nobres. Ele não tinha nenhuma possessão
terrena, nem mesmo onde reclinar sua cabeça, nem poder terreno, Ele não era
nenhum juiz ou repartidor. Em segundo lugar, seu espírito. Ele estava
perfeitamente morto para o mundo, o príncipe deste mundo não tinha nada nele,
as coisas deste mundo não representavam nada para Ele. O Senhor não tinha
nenhuma honra da parte do mundo, pois Ele se fez sem fama ou reputação para o
mundo. O Senhor não desejou as riquezas humanas, pois, pelo nosso bem, Ele se
fez pobre. Ele não desfrutou os prazeres deste mundo, pois estava familiarizado
com a tristeza. Veja Jo 8.23. [2] Que, portanto, os verdadeiros cristãos não são
deste mundo. O ESPÍRITO de CRISTO neles se opõe ao espírito do mundo. Em primeiro
lugar, é seu destino serem desprezados pelo mundo. Eles não são mais
favorecidos pelo mundo do que foi seu Mestre, antes deles. Em segundo lugar, é
seu privilégio serem libertados do mundo, como Abraão, da terra do seu
nascimento. Em terceiro lugar, é seu dever e sua característica estarem mortos
para o mundo. Sua convivência mais agradável é, e deve ser, com outro mundo, e sua
preocupação principal deve ser com os assuntos daquele mundo, e não deste. Os
discípulos de CRISTO eram
fracos e tinham muitas debilidades. Ainda assim, Ele podia dizer a favor deles:
Não são do mundo, não são da terra, e por isto Ele os entrega aos cuidados do
Céu.
A Oração
Intercessória de CRISTO João 17. 17-19
A próxima coisa que o
Senhor JESUS CRISTO pediu a favor deles é que pudessem ser santificados.
Não somente protegidos do mal, mas que se tornassem bons cristãos.
I
Aqui está o pedido (v. 17): “Santifica-os na
verdade”, por meio da tua verdade, por meio da tua palavra, pois “a tua palavra
é a verdade”. É a verdade – é a verdade propriamente dita. Ele deseja que eles
possam ser santificados:
1. Como cristãos. Pai,
santifica-os, e isto será sua preservação, 1 Tessalonicenses 5.23. Observe aqui:
(1) A graça desejada –
a santificação. Os discípulos eram santificados, pois não eram deste mundo.
Ainda assim, Ele pede: Pai, santifica-os, isto é: [1] “Confirma a obra da
santificação neles, fortalece sua fé, inflama seus bons sentimentos, fixa suas
boas resoluções”. [2] “Prossegue este bom trabalho neles e continua-o. Que a
luz brilhe cada vez mais”. [3] “Completa-os, coroa-os com a perfeição da
santidade. Santifica-os completamente e até o fim”. Observe que, em primeiro
lugar, a oração de CRISTO, por todos os que são seus, é que eles possam ser
santificados. Porque Ele não pode, infelizmente, reconhecê-los como seus, seja
aqui ou no futuro, nem empregá-los na sua obra, nem apresentá-los ao seu Pai,
se não estiverem santificados. Em segundo lugar, aqueles que, pela graça, são
santificados, precisam ser repetidamente santificados. Até mesmo os discípulos
devem orar pela graça que santifica, pois, se o autor da boa obra não a
concluir, nós estaremos perdidos. Não ir adiante é o mesmo que retroceder. Aquele
que é santo deve se manter santo, santificando-se mais ainda, prosseguindo
adiante, alçando voo para cima, como se não tivesse alcançado um nível
satisfatório de santificação. Em terceiro lugar, é DEUS quem santifica, assim como é DEUS quem justifica, 2 Coríntios 5.5. Em quarto lugar, é um encorajamento para nós, nas
nossas orações pela graça que santifica, que é CRISTO quem intercede por nós.
(2) Os meios de
concessão desta graça – por meio da verdade, “a tua palavra é a verdade”. Não
que o SANTO de Israel
esteja limitado em termos de meios, mas, no conselho de paz, entre outras
coisas, foi determinado e concordado: [1] Que toda a verdade necessária seria
englobada e resumida na Palavra de DEUS. A revelação divina, como agora está apresentada na
palavra escrita, e não somente a verdade pura, sem misturas, mas a verdade
inteira, sem insuficiências. [2] Que esta palavra da verdade deve ser o meio exterior
e normal da nossa santificação. Não de si mesma, pois então ela sempre
santificaria, mas como o instrumento que o ESPÍRITO usa comumente para iniciar e prosseguir com este bom
trabalho. É a semente do novo nascimento (1 Pe 1.23), e o alimento da nova vida, 1 Pedro 2.1,2.
2. Como ministros.
“Santifica-os, separa-os para ti mesmo, para teu serviço. Que seu chamado para
o apostolado seja ratificado no céu”. Dizia-se que os profetas eram
santificados, Jeremias 1.5. Os sacerdotes e levitas eram santificados.
“Santifica-os”, isto é: (1) “Qualifica-os para o trabalho, com graças cristãs e
dons ministeriais, para torná-los ministros do Novo Testamento”. (2) “Separa-os
para o ofício, Romanos 1.1. Eu os chamei, eles concordaram. Pai, diz amém a
isto”. (3) “Reconhece-os na função
ou no ofício. Que tua mão os acompanhe. Santifica-os pela tua verdade, ou na
tua verdade, a verdade que se opõe às figuras e sombras. Santifica-os
realmente, não por rituais ou cerimônias, como eram santificados os sacerdotes
levitas, pela unção e pelo sacrifício. Santifica-os à tua verdade, a palavra da
tua verdade, para que preguem tua verdade ao mundo. Assim como os sacerdotes
eram santificados para servir junto ao altar, da mesma maneira permite que eles
preguem o Evangelho”, 1 Coríntios 9.13,14. Observe que: [1] JESUS CRISTO intercede pelos seus ministros com uma preocupação
particular, e recomenda à graça de seu Pai aquelas estrelas que Ele leva na sua
mão direita. [2] A grande bênção que os ministros do Evangelho devem pedir a DEUS é que eles possam ser santificados, efetivamente
separados do mundo, completamente devotados a DEUS, e familiarizados experimentalmente com a
influência, nos seus próprios corações, da palavra que pregam a outros. Que
eles tenham Urim e Tumim, a luz e a integridade.
II
Temos aqui duas alegações, ou argumentos, para
reforçar a petição pela santificação dos discípulos:
1. A missão que tinham
recebido dele (v. 18): “‘Assim como tu me enviaste ao mundo’, para ser teu
embaixador aos filhos dos homens, assim agora que Eu sou chamado de volta, ‘eu
os enviei ao mundo’, como meus delegados”. Aqui:
(1) CRISTO fala com grande certeza da sua própria missão: “Tu
me enviaste ao mundo”. O grande autor do Evangelho recebeu sua comissão e suas
instruções daquele que é a origem e o objeto da fé. Ele foi enviado por DEUS para dizer o que disse, e fazer o que fez, e ser o
que é, àqueles que crêem nele, o que foi sua consolação na sua missão, e também
pode ser a nossa. Ela se torna abundante em nossa vida à medida que confiamos
mais e mais nele. Tudo o que o Senhor fazia e dizia estava registrado nos mais
altos céus, pois sua missão veio de lá.
(2) Ele fala com
grande satisfação sobre a comissão que tinha dado aos seus discípulos: “Da
mesma maneira, Eu os enviei, com a mesma tarefa, e para prosseguir com o mesmo
desígnio”, para pregar a mesma doutrina que Ele pregava, e para confirmá-la com
as mesmas provas, e, da mesma maneira, com a incumbência de transmitir a outros
homens fiéis aquilo que lhes tinha sido transmitido. Ele lhes deu sua comissão
(Jo 20.21) com uma referência à sua própria, e engrandece o
trabalho deles que ele venha de CRISTO, e que exista alguma afinidade entre a comissão dada
aos ministros da reconciliação e aquela dada ao Mediador. Ele é chamado de
apóstolo (Hb 3.1), de ministro (Rm 15.8), e de anjo, Malaquias 3.1. Somente eles são enviados como servos, mas o Senhor
JESUS foi
enviado como Filho. Isto é apresentado aqui como uma razão: [1] Por que CRISTO estava tão preocupado com eles, e trazia o caso
deles tão próximo do seu coração. Porque Ele mesmo os tinha colocado em um
trabalho difícil, que exigia grandes habilidades para sua devida realização.
Observe que aqueles a quem CRISTO enviar, Ele irá acompanhar, e se interessará por
aqueles que são empregados por Ele. Ele irá nos capacitar e nos sustentar para
aquilo que nos chamar para fazer. [2] Por que Ele os entregou ao seu Pai.
Porque Ele estava preocupado com a causa deles, sendo a missão deles uma
continuação da sua, e, de certa forma, uma missão derivada da sua. CRISTO recebeu dons para os homens (Sl 68.18), e os deu aos homens (Ef 4.8), e por isto roga, pedindo o auxílio do seu Pai,
para garantir e confirmar estes dons e sua concessão deles. O Pai o santificou
quando o enviou ao mundo, Jo 10.36. Agora, sendo eles enviados, como Ele tinha sido,
devem também ser santificados.
2. Os méritos que o
Senhor JESUS CRISTO conquistou a favor dos seus discípulos são
destacados aqui (v. 19): “Por eles me santifico a mim mesmo”. Aqui temos: (1) A
designação que CRISTO faz de si
mesmo, ao trabalho e à função de Mediador: Eu “me santifico a mim mesmo”. Ele
se devotou inteiramente a esta missão, e a todas as suas partes, especialmente
agora que estava partindo – a oferta de si mesmo, sem mácula, a DEUS, pelo ESPÍRITO eterno. Ele, sendo o sacerdote e o altar,
santificou-se como o sacrifício. Quando Ele disse: Pai, “glorifica o teu nome”;
Pai, “seja feita a tua vontade”; Pai, “nas tuas mãos entrego o meu espírito”,
Ele pagou a indenização que tinha se empenhado a pagar, e, desta maneira,
santificou-se a si mesmo. Isto, Ele alega na presença de seu Pai, pois sua
intercessão é feita em virtude da indenização que ofereceu. “Por seu próprio
sangue, [Ele]… entrou no santuário” (Hb 9.12), como o sumo sacerdote, no dia da expiação,
espargiu o sangue do sacrifício ao mesmo tempo em que queimou incenso no
interior do véu, Levítico 16.12,14. (2) O propósito de bondade de CRISTO aos seus discípulos nesta atitude. É pelo bem deles,
para que eles possam ser santificados, isto é, para que possam ser mártires,
segundo alguns. “Eu me ofereço em sacrifício, para que possam ser sacrificados
à glória de DEUS e para o
bem da igreja”. Paulo fala de ter sido oferecido, Filipenses 2.17; 2 Timóteo 4.6. Seja o que for que existe na morte dos santos, que
é precioso aos olhos do Senhor, deve-se à morte do Senhor JESUS. Mas eu prefiro interpretar isto de maneira mais
genérica, para que eles possam ser santos e ministros, devidamente qualificados
e aceitos por DEUS. [1] O
trabalho ministerial é a compra que o Senhor JESUS CRISTO fez através do seu precioso sangue. Este também é um
dos benditos frutos da sua expiação, que deve sua virtude e seu valor aos
méritos de CRISTO. Os
sacerdotes que estavam sob a lei eram consagrados com o sangue de bodes e
bezerros, mas os ministros do Evangelho são consagrados com o precioso sangue
de JESUS CRISTO. [2] A verdadeira santidade de todos os bons
cristãos é um fruto da morte de CRISTO, pela qual foi comprado o dom do ESPÍRITO SANTO. Ele se entregou pela sua igreja, para santificá-la,
Efésios 5.25,26. E aquele que planejou o fim, também planejou os
meios, para que possam ser santificados pela verdade, a verdade da qual CRISTO veio ao mundo para testemunhar, e para a confirmação
da qual morreu. A palavra da verdade recebe sua virtude e seu poder
santificadores da morte de CRISTO. Alguns assim interpretam: para que possam ser
santificados na verdade, isto é, verdadeiramente. Pois, uma vez que DEUS deve ser servido, nós devemos ser santificados em
espírito e em verdade para que possamos servi-lo. E é por isto que CRISTO roga a favor de todos aqueles que são seus, pois
esta é sua vontade, a santificação de todos aqueles que são seus, e isto os
incentiva a orar por esta bênção.
A Oração
Intercessória de CRISTO - João 17. 20-23
Depois de orar pela
pureza dos discípulos, Ele ora pela sua união, pois a sabedoria que vem do alto
é, “primeiramente, pura, depois, pacífica”, e a amizade é realmente amistosa
quando é como o azeite da unção sobre a cabeça de Arão, e como o orvalho no santo
monte Sião. Observe:
I
Quem está incluído nesta oração (v. 20): “Não
somente estes, não somente estes que agora são meus discípulos (os onze, os
setenta, com outros homens e mulheres que o seguiram enquanto Ele estava aqui
na terra), mas também aqueles que virão a crer em mim por meio da palavra
deles, seja pregada por eles, no seu tempo, seja escrita por eles, para as
gerações futuras. Eu oro por todos, para que todos possam ser um, unidos por
esta oração, e que todos possam se beneficiar dela”. Observe aqui: 1. Têm
interesse na mediação de CRISTO aqueles, e somente aqueles, que crêem, ou que
crerão, nele. É desta maneira que eles são descritos, e isto abrange todo o
caráter e o dever de um cristão. Aqueles que viviam naquela época, viram e
creram, mas outros, em épocas futuras, não viram, e ainda assim creram. 2. É
por meio da palavra que as almas são levadas à fé em CRISTO, e é com esta finalidade que CRISTO designou as Escrituras que deveriam ser redigidas, e
um ministério permanente que deveria continuar na igreja enquanto a igreja
permanecer, isto é, enquanto o mundo existir, para que a semente possa
germinar. 3. CRISTO conhece,
com certeza e infalivelmente, aqueles que crerão nele. Ele não ora aqui de
maneira ingênua, sobre uma contingência que depende da vontade traiçoeira do
homem, que deseja ser livre, mas que, devido ao pecado, é escravo, juntamente
com seus filhos. Não, CRISTO conhecia muito bem aqueles por quem Ele orava, e a
questão se limitava a uma certeza, pela presciência e pelo propósito divino.
Ele conhecia aqueles que lhe tinham sido dados, que, tendo sido ordenados à
vida eterna, foram registrados no livro do Cordeiro, e que sem dúvida iriam
crer, Atos 13.48. 4. JESUS CRISTO intercede não somente pelos grandes e eminentes
crentes, mas também pelos mais humildes e fracos, não somente por aqueles que
deverão ser empregados no mais elevado posto de confiança e honra no seu reino,
mas por todos, até mesmo aqueles que, aos olhos do mundo, não são dignos de
consideração. Assim como a providência divina se estende até mesmo à criatura
mais humilde, também a graça divina se estende até ao cristão mais humilde. O
bom Pastor considera até mesmo os pobres do rebanho. 5. JESUS CRISTO, na sua mediação, tinha uma verdadeira consideração
por aqueles escolhidos que ainda não eram nascidos, as pessoas que seriam
criadas (Sl 22.31), as demais ovelhas que Ele ainda devia agregar.
Antes que eles sejam formados no útero, Ele os conhece (Jr 1.5), e orações por eles são armazenadas de antemão no
céu, por aquele que declara o fim desde o princípio, e que “chama as coisas que
não são como se já fossem”.
II
Qual é a intenção desta oração (v. 21): “Para
que todos sejam um”. A mesma coisa foi dita antes (v. 11): “Para que sejam um,
assim como nós”, e outra vez, v. 22. CRISTO se preocupava muito com isto. Alguns pensam que a
união pedida no versículo 11 tem uma referência especial aos discípulos como
ministros e apóstolos, para que pudessem ser um no seu testemunho a CRISTO, e que a harmonia dos evangelistas, e a cooperação
dos primeiros pregadores do Evangelho, se devem a esta oração. Que eles não
tenham somente um coração, mas uma só boca, falando as mesmas coisas. A unidade
dos ministros do Evangelho é a beleza e a força dos interesses do Evangelho.
Mas é certo que a união pedida no versículo 21 diz respeito a todos os crentes.
É a oração de CRISTO por todos
os que são seus, e podemos ter certeza de que é uma oração atendida – que eles
sejam um, um em nós (v. 21), um como nós somos um (v. 22), perfeitos em
unidade, v. 23. Isto inclui três coisas:
1. Que todos eles
possam ser incorporados em um corpo. “Pai, considera-os a todos como um, e
ratifica o grande título pelo qual eles são incorporados como uma igreja.
Embora vivam em lugares distantes, desde uma extremidade do céu até à outra, e
em diversas épocas, desde o princípio até o fim dos tempos, e, consequentemente,
não possam ter nenhum conhecimento ou correspondência pessoal uns com os
outros, ainda assim permite que eles sejam unidos em mim, que sou a cabeça de
todos”. Ao morrer, CRISTO orou para congregá-los todos em um, João 11.52; Efésios 1.10.
2. Que todos eles
possam ser animados pelo mesmo ESPÍRITO. Isto está claramente implícito na expressão
utilizada pelo Senhor – que eles sejam um em nós. A união com o Pai e com o
Filho só é obtida e conservada através do ESPÍRITO SANTO. “O que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito”,
1 Coríntios 6.17. Que todos eles tenham a mesma imagem e inscrição, e
sejam influenciados pelo mesmo poder.
3. Que todos eles
possam ser unidos pelo laço do amor e da caridade, tendo todos um mesmo
coração. Para que todos sejam um: (1) Em julgamento e sentimento. Não em todos
os pequenos detalhes, isto não é possível, nem necessário, mas nas grandes
coisas de DEUS, e nelas,
em virtude desta oração, todos eles estejam de acordo que a graça de DEUS é melhor do que a vida, que o pecado é o pior dos
males, e CRISTO, o melhor
dos amigos, que existe outra vida depois desta, além de outras verdades como
estas. (2) Em disposição e inclinação. Todos os que são santificados têm a
mesma natureza e imagem divinas. Todos eles têm um novo coração, e é um único
coração. (3) Todos eles são um nos seus desígnios e objetivos. Todo cristão
verdadeiro, enquanto o for, considera a glória de DEUS como seu mais elevado objetivo, e a glória do céu
como seu bem principal. (4) Todos eles são um nos seus desejos e nas suas
orações. Embora possam diferir em palavras e no modo de expressar-se, ainda
assim, tendo recebido o mesmo espírito de adoção, e observando a mesma regra,
eles, na verdade, oram pelas mesmas coisas. (5) Todos são um em amor e
sentimentos. Todo cristão verdadeiro tem em si aquilo que o inclina a amar
todos os verdadeiros cristãos como tais. O que CRISTO pede aqui é esta comunhão dos santos em que nós
professamos crer, a comunhão que todos os crentes têm com DEUS, e sua união íntima com todos os santos no céu e na
terra, 1 João 1.3. Mas esta oração de CRISTO não será completamente atendida até que todos os
santos cheguem ao céu, pois somente então eles serão perfeitos em unidade, v.
23; Efésios 4.13.
III
O que é sugerido, sob a forma de alegação ou
argumento, para reforçar esta petição. Três coisas:
1. A unidade que
existe entre o Pai e o Filho, que é mencionada mais de uma vez, vv. 11,21-23.
(1) Assume-se que o Pai e o Filho são um, um em natureza e em essência, iguais
em poder e glória, um em afetos mútuos. O Pai ama o Filho, e o Filho sempre
agrada ao Pai. Eles são um em desígnio, e um em operação. A intimidade desta
unidade está expressa nestas palavras: tu em mim, e eu em ti. Ele sempre
menciona isto para seu consolo sob seus sofrimentos atuais, quando seus
inimigos estavam prontos a atacá-lo, e seus amigos, prontos a abandoná-lo.
Ainda assim, Ele estava no Pai, e o Pai, nele. (2) Sobre isto, há uma
insistência na oração de CRISTO pela unidade dos seus discípulos: [1] Como o padrão
desta unidade, mostrando como Ele desejava que eles pudessem ser um. Os crentes
são, de certa maneira, como DEUS e CRISTO são um. Pois, em primeiro lugar, a união dos crentes
é uma união rígida e íntima. Eles são unidos por uma natureza divina, pelo
poder da graça divina, de acordo com os conselhos divinos. Em segundo lugar, é
uma união santa, no ESPÍRITO SANTO, com fins
sagrados, não um corpo político, com algum propósito secular. Em terceiro
lugar, é, e será finalmente, uma união completa. Pai e Filho têm os mesmos
atributos, propriedades e perfeições. Também os têm os crentes agora, na medida
que são santificados, e quando a graça for perfeita na glória, eles estarão em
exata conformidade uns com os outros, todos transformados à mesma imagem. [2]
Como o centro desta unidade. Que também eles sejam “um em nós”, todos reunidos
aqui. Existe um DEUS e um
Mediador, e com isto, todos os crentes são um, para que todos concordem em
confiar no favor deste único DEUS como sua felicidade, e no mérito deste único
Mediador como sua justiça. De modo que é uma conspiração, não uma união, o que
não se centra em DEUS como o
fim, e em CRISTO como o
caminho. Todos os que estão verdadeiramente unidos a DEUS e a CRISTO, que são um, em breve estarão unidos uns aos outros.
[3] Como uma declaração desta unidade. O Criador e o Redentor são um em interesses
e desígnios. Mas, com que objetivo eles seriam assim, se todos os crentes não
forem um corpo com CRISTO, e não receberem, unidos, a graça que vem dele,
assim como Ele a recebeu por amor a eles? O desígnio de CRISTO era devolver a humanidade revoltada a DEUS. “Pai”, Ele diz, “que todos os que crêem sejam um,
para que em um corpo possam se reconciliar” (Ef 2.15,16). Isto se refere à união dos judeus e dos gentios na
igreja, este grande mistério de que os gentios seriam co-herdeiros, e do mesmo
corpo (Ef 3.6), ao qual esta oração de CRISTO se refere, sendo um dos grandes objetivos que Ele
visava na sua morte. E eu imagino que nenhum dos expositores que conheci faria
esta aplicação. “Pai, que os gentios que crêem sejam incorporados com os judeus
crentes, e faz dos dois um novo homem”. As palavras “Eu neles, e tu em mim”
mostram qual é esta união tão necessária, não somente para a beleza, mas para a
própria existência da igreja. Em primeiro lugar, a união com CRISTO: “Eu neles”. CRISTO residindo nos corações dos crentes é a vida e a alma
do novo homem. Em segundo lugar, a união com DEUS, por seu intermédio: “Tu em mim”, de modo a estar
neles, por meu intermédio. Em terceiro lugar, a união de uns com os outros, que
resulta destas uniões: “Para que eles”, por isto, “sejam perfeitos em unidade”.
Nós somos completos nele.
2. O desígnio de CRISTO em todas as suas propagações de luz e graça a eles
(v. 22): “A glória que a mim me deste, como depositário ou canal de
transmissão, Eu lhes dei, com o objetivo de que sejam um, como nós somos um. De
modo que estes dons serão em vão, se eles não forem um”. Estes dons podem ser,
ou: (1) Aqueles que foram conferidos aos apóstolos e aos primeiros fundadores
da igreja. A glória de ser embaixadores de DEUS no mundo, a glória de realizar milagres, a glória de
congregar uma igreja do mundo, e erigir o trono do reino de DEUS entre os homens, esta glória foi dada a CRISTO, e uma parcela da honra Ele confere a eles, quando
os envia a fazer discípulos de todas as nações. Ou: (2) Aqueles que são dados
em comum a todos os crentes. A glória de estar em concerto com o Pai, e de ser
aceito por Ele, de estar no seu seio, e destinado a um lugar à sua direita, era
a glória que o Pai deu ao Redentor, e Ele a confirmou aos redimidos. [1] Ele
diz ter dado esta honra a eles, porque a destinou, a concedeu, e a assegurou a
eles, com a crença deles de que as promessas de CRISTO eram verdadeiros dons. [2] Esta honra foi dada a Ele
para dar a eles. Foi entregue a Ele, como depositário, por eles, e Ele foi fiel
àquele que o indicou. [3] Ele a deu a eles, para que fossem um. Em primeiro
lugar, para dar-lhes o direito ao privilégio da unidade, para que, em virtude
do seu relacionamento comum com DEUS, o Pai, e com o Senhor JESUS CRISTO, eles pudessem ser verdadeiramente denominados um. O
dom do ESPÍRITO, esta
grande glória que o Pai deu ao Filho, para ser dada, por Ele, a todos os
crentes, os torna um, pois Ele trabalha em todos, 1 Coríntios 12.4ss. Em segundo lugar, para motivá-los ao dever da
unidade. Para que, em consideração à sua concordância e comunhão em um credo e
um concerto, um ESPÍRITO e uma
Bíblia, em consideração ao que eles têm em um DEUS e um CRISTO, e ao que eles esperam em um céu, eles possam ter
uma mente e uma boca. A glória terrena coloca os homens em desarmonia, pois,
para que alguns progridam, outros são eclipsados, e por isto, enquanto os
discípulos sonhavam com um reino temporal, às vezes discutiam, mas, sendo as
honras espirituais concedidas, da mesma maneira, sobre todos os súditos de CRISTO, sendo todos feitos reis e sacerdotes para nosso DEUS, não há motivo para competição ou emulação. Quanto
mais os cristãos aceitam a glória que CRISTO lhes deu, menos desejosos serão da vanglória, e, consequentemente,
menos dispostos a discutir.
3. Ele alega a feliz
influência que sua união terá sobre os outros, e a continuidade que dará ao bem
público. Isto é dito duas vezes (v. 21): “Para que o mundo creia que tu me
enviaste”. E outra vez (v. 23): “Para que o mundo conheça”, pois sem conhecimento
não pode haver fé verdadeira. Os crentes devem conhecer aquilo em que crêem, e
por que, e para que crêem nisto. Aqueles que crêem ingenuamente se arriscam
demais. Aqui CRISTO mostra:
(1) Sua boa vontade
para com o mundo da humanidade em geral. Aqui Ele pensa como seu Pai, como
temos a certeza de que sempre faz, desejando que todos os homens sejam salvos,
e venham ao conhecimento da verdade, 1 Timóteo 2.4; 2 Pedro 3.9. Por isto, sua vontade é que todos os meios
possíveis sejam usados, e que todos os seus servos sejam avivados, para a
convicção e a conversão do mundo. Nós não sabemos quem são os escolhidos, mas
devemos, nos nossos lugares, fazer o máximo para promover a salvação dos
homens, prestando atenção para não fazermos qualquer coisa que a impeça.
(2) O bom fruto da
unidade da igreja. Esta será uma evidência da verdade do cristianismo, e um
meio de trazer muitos para aceitarem-na.
[1] Em geral, este
fruto irá recomendar o cristianismo ao mundo, e à boa opinião daqueles que são
de fora. Em primeiro lugar, a incorporação de cristãos em uma sociedade, pelo
título do Evangelho, irá promover enormemente o cristianismo. Quando o mundo vir
tantos daqueles que eram seus filhos convocados da sua família, separados dos
outros e transformados em relação àquilo que eles mesmos foram, quando eles
virem esta sociedade que surge através da loucura da pregação, e que é mantida
pelos milagres da providência e da graça divina, e como maravilhosamente ela é
modelada e constituída, eles estarão prontos a dizer: “Iremos convosco, porque
temos visto que DEUS está
convosco”. Em segundo lugar, a unidade dos cristãos em amor e caridade é a
beleza da sua profissão, e convida outros a se unirem a eles, como o amor que
havia entre estes cristãos primitivos, Atos 2.42,43; 4.32,33. Quando o cristianismo, em vez de provocar
discussões a seu respeito, fizer cessar todas as outras batalhas, quando ele
acalmar aqueles que se mostrarem mais irrequietos, suavizar os ásperos, e
dispuser os homens a serem gentis e amorosos, corteses e caridosos, a todos os
seus semelhantes, esforçando-se para preservar e promover a paz em todas as
relações e sociedades, isto o recomendará a todos os que tiverem em si um mínimo
de religiosidade natural ou de afeto natural.
[2] Em particular, o
Evangelho gerará bons pensamentos nos homens, em primeiro lugar, a respeito de CRISTO: Eles conhecerão e crerão que “tu me enviaste”. Com
isto, ficará evidente que CRISTO foi enviado por DEUS, e que sua doutrina é divina, e que sua religião
impera para unir tantas diferentes capacidades, temperamentos e interesses em
outras coisas, em um único corpo, pela fé, com um só coração, pelo amor.
Certamente, Ele foi enviado pelo DEUS de poder, que molda os corações dos homens da mesma
maneira, e pelo DEUS de amor e
paz. Quando os adoradores de DEUS são um, eles são um com Ele, e seu nome passa a ser
único. Em segundo lugar, a respeito dos cristãos: Eles saberão que “tens amado
a eles como me tens amado a mim”. Aqui está: 1. O privilégio dos crentes: o
próprio Pai os ama com um amor parecido com seu amor pelo seu Filho, pois eles
são amados nele com um amor eterno. 2. A evidência do seu interesse neste
privilégio, que é ser um. Com isto, ficará evidente que DEUS nos ama, se nós nos amarmos com um coração puro,
pois, onde quer que o amor de DEUS se derrame no coração, ele irá transformá-lo na
mesma imagem. Veja quanto bem faria ao mundo conhecer melhor o quanto são
queridos por DEUS todos os
bons cristãos. Os judeus tinham um ditado: “Se o mundo somente conhecesse o
valor dos homens bons, eles o cercariam de pérolas”. Aqueles que têm tanto do
amor de DEUS deveriam
ter mais do nosso.
A Oração
Intercessória de CRISTO - João 17. 24-26
Aqui temos:
I
Uma petição pela glorificação de todos os que
foram dados a CRISTO (v. 24),
não somente estes apóstolos, mas todos os crentes: Pai, quero que eles estejam
comigo. Observe:
1. A conexão deste
pedido com aqueles anteriores. Ele tinha pedido que DEUS os preservasse, santificasse e unisse, e agora Ele
deseja poder coroar todos os seus dons com sua glorificação. Neste método,
devemos orar primeiramente pedindo a graça, e depois a glória (Sl 84.11), pois, seguindo este método, DEUS as dá. Longe do único DEUS sábio sujeitar-se à censura, como aquele construtor
tolo, que, sem ter uma fundação, construiu sobre a areia, como faria se
glorificasse a alguém sem santificá-lo primeiro. Ou como aquele construtor
tolo, que começou a construir e não conseguiu terminar, como seria se
santificasse alguém e não o glorificasse.
2. A forma do pedido:
“Pai, quero”. Aqui, como anteriormente, Ele se dirige a DEUS como a um Pai, e nós devemos fazer a mesma coisa.
Porém, quando Ele diz: thelo – Eu quero, Ele usa uma linguagem peculiar a si, e
que não convém aos solicitantes comuns, mas convinha muito àquele que pagou
pelo que orava. (1) Isto sugere a autoridade da sua intercessão, de maneira
geral. Sua palavra tinha poder no céu, além da terra. Entrando com seu próprio
sangue no santuário, sua intercessão ali tem uma eficácia incomensurável. Ele
intercede como um rei, pois Ele é um sacerdote sobre seu trono (como
Melquisedeque), um rei-sacerdote. (2) Isto sugere sua autoridade particular
neste assunto. Ele tinha o poder de dar a vida eterna (v. 2), e, de acordo com
este poder, Ele diz: “Pai, quero”. Embora agora Ele assumisse a forma de servo,
ainda assim este poder virá a ser mais claramente exercido quando Ele vier pela
segunda vez, na glória de um juiz, para dizer: “Vinde, benditos”, e com isto em
mente, Ele podia perfeitamente dizer: “Pai, quero”.
3. O pedido
propriamente dito – que todos os eleitos possam estar com Ele no céu, por fim,
para verem sua glória e para compartilharem dela. Observe aqui:
(1) Sob qual noção nós
devemos esperar pelo céu? De que consiste esta felicidade? O céu consiste de
três coisas: [1] É estar onde CRISTO está: “Onde eu estiver”. No paraíso, para onde a
alma de CRISTO foi, com
sua morte. No terceiro céu, para onde seu corpo e sua alma foram, na sua
ascensão. Onde eu estiver, onde eu deverei estar em breve, onde deverei estar
eternamente. Neste mundo, nós estamos apenas in transitu – de passagem. Ali,
onde nós estaremos para sempre, nós realmente estaremos. Assim avaliava CRISTO, e assim devemos fazer nós também. [2] É estar com
Ele onde Ele estiver. Isto não é tautologia, mas sugere que não somente
estaremos no mesmo lugar feliz onde CRISTO está, mas que a felicidade do lugar consistirá na
sua presença. Esta é a plenitude desta alegria. O máximo no céu é estar com CRISTO, ali, na sua companhia, e em comunhão com Ele, Filipenses 1.23. [3] É contemplar sua glória, que o Pai lhe deu.
Observe que, em primeiro lugar, a glória do Redentor é o resplendor do céu.
Aquela glória, diante da qual os anjos cobrem seus rostos, era sua glória, Jo
12.41. O Cordeiro é a luz da nova Jerusalém, Apocalipse 21.23. CRISTO virá na glória do seu Pai, pois Ele é o resplendor
da sua glória. DEUS mostra sua
glória ali, assim como mostra sua graça aqui, por meio de CRISTO. “O Pai me deu esta glória”, embora Ele ainda
estivesse neste seu estado inferior, mas era muito verdadeira, e muito próxima.
Em segundo lugar, a felicidade dos redimidos consiste, em grande parte, na
contemplação desta glória. Eles terão a visão imediata da gloriosa pessoa de CRISTO. “Em minha carne verei a DEUS”, Jó 19.26,27. Eles terão uma percepção clara da sua gloriosa
missão, de como ela será, quando realizada. Eles verão aquelas nascentes de
amor das quais fluem todas as correntes de graça. Eles terão uma visão
apropriada da glória de CRISTO (Uxor fulget radiis mariti – A mulher brilha com o
resplendor do seu esposo), e uma visão semelhante: eles serão “transformados de
glória em glória, na mesma imagem”.
(2) Sobre o que
devemos nos basear para ter esperanças no céu. Em nada além da mediação e
intercessão de CRISTO, porque
Ele disse: “Pai, quero”. Nossa santificação é nossa evidência, pois “qualquer
que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo”. Mas a vontade de CRISTO é que é nosso direito, pelo qual nós somos
santificados, Hebreus 10.10. CRISTO fala aqui como se Ele não considerasse completa sua
própria felicidade, a menos que tivesse seus eleitos, para compartilharem dela
consigo, pois é a condução de muitos filhos à glória que torna perfeito o
Capitão da nossa salvação, Hebreus 2.10.
4. O argumento que dá
suporte a este pedido: “Porque tu me hás amado antes da criação do mundo”. Esta
é uma razão: (1) Por que Ele mesmo esperava esta glória. Sei que tu queres me
conceder, porque tu me amas. A honra e o poder que foram dados ao Filho, como
Mediador, originaram-se do amor que o Pai sente pelo Filho (Jo 5.20). O Pai ama o Filho, e sente um prazer
incomensurável em sua disposição de cumprir a missão salvadora, e, por esta
razão, entregou todas as coisas às suas mãos. E uma vez que a questão foi
decidida no conselho da vontade divina na eternidade, pode-se dizer que DEUS, o Pai, amou o Filho como Mediador antes da fundação
do mundo. Ou: (2) Por que o Senhor JESUS CRISTO espera que aqueles que lhe foram dados compartilhem
sua glória infinita: “Tu me amaste, e eles estão em mim, e certamente não me
negarás nada que Eu te pedir a favor deles”.
II
A conclusão da oração, que tem a função de
garantir que sejam concedidas as petições que são feitas a favor dos
discípulos, especialmente a última, para que sejam glorificados. Ele ressalta
duas coisas, e pleiteia-as:
1. O respeito que Ele
tinha para com DEUS, o Pai, v.
25. Observe:
(1) O título que o
Senhor JESUS dá a DEUS, o Pai: “Pai justo”. Quando orou para que seus
seguidores fossem santificados, o Senhor JESUS se referiu a DEUS, o Pai, como “Pai santo”. Mas quando pediu para que
fossem glorificados, Ele disse: “Pai justo”, pois esta é uma coroa de justiça
que será concedida pelo justo Juiz. A justiça de DEUS está empenhada para conceder todo o bem que o Pai
prometeu, e que o Filho comprou.
(2) O caráter que o
Senhor atribui ao mundo que vive em pecados: “O mundo não te conheceu”. Observe
que a ignorância a respeito de DEUS está espalhada em meio à humanidade. Estas são as
trevas em que a humanidade está assentada. Agora, aqui está sendo reforçado:
[1] Para mostrar que estes discípulos precisavam de um auxílio da graça
especial de DEUS, tanto por
causa da necessidade do seu trabalho – eles tinham a missão de trazer ao
conhecimento de DEUS um mundo
que não o conhecia, como também por causa da dificuldade do seu trabalho – eles
tinham que trazer a luz àqueles que haviam se rebelado contra a luz. Portanto,
era necessário que o Senhor os guardasse. [2] Para mostrar que estes discípulos
estavam qualificados para receber outros favores peculiares, por terem um
conhecimento de DEUS que o
mundo não possuía.
(3) O pedido é
reforçado por uma particularidade: “Mas eu te conheci”. O Senhor JESUS CRISTO conheceu a DEUS, o Pai, como ninguém jamais o conheceu. Ele conhecia
a forma de trabalho do Pai, conhecia a forma de pensar do Pai em cada assunto.
Sendo assim, o Senhor JESUS podia se aproximar do Pai, em sua oração, com toda a
confiança, como faríamos com alguém a quem conhecemos muito bem. CRISTO está aqui concedendo suas bênçãos para aqueles que
são seus. Ao enfatizar esta petição, quando Ele disse: “O mundo não te
conheceu”, alguém poderia pensar que deveria continuar: “mas eles te
conheceram”. Não, seu conhecimento não era para se jactarem: “mas eu te
conheci”, o que sugere que não há nada em nós que possa nos recomendar ao favor
de DEUS, mas todo
o nosso interesse nele, e nosso relacionamento com Ele, resultam e dependem do
interesse e do relacionamento de CRISTO com DEUS, o Pai. Nós somos indignos, porém o Senhor JESUS CRISTO é digno.
(4) A súplica que Ele
reforça pelos seus discípulos: “E estes conheceram que tu me enviaste a mim”,
e: [1] Assim, eles se diferenciam do mundo incrédulo. Enquanto as multidões às
quais CRISTO foi
enviado, e sua graça foi oferecida, não desejaram crer que DEUS o tinha enviado, eles sabiam, e criam, e não se
envergonhavam de reconhecer isto. Observe que conhecer e crer em JESUS CRISTO, em meio a um mundo que persiste na ignorância e na
infidelidade, é altamente agradável a DEUS, e certamente será coroado com uma glória distinta.
A fé singular qualifica para favores singulares. [2] Assim, eles se interessam
pela mediação de CRISTO, e
participam do benefício do seu conhecimento do Pai: “‘Eu te conheci’, imediata
e perfeitamente, e estes, embora não te conheçam tão bem, nem sejam capazes de
conhecer-te tão bem, ainda assim ‘conheceram que tu me enviaste a mim’,
conheceram aquilo que era necessário que eles soubessem, conheceram o Criador
no Redentor”. Conhecendo a CRISTO como enviado de DEUS, nele, conheceram ao Pai, e iniciaram um
relacionamento com Ele. Portanto, Ele pede: “Pai, guarda-os por mim”.
2. O respeito que Ele
tinha pelos seus discípulos (v. 26): “Eu os conduzi ao teu conhecimento, e os
conduzirei cada vez mais, com esta grande e gentil intenção: ‘para que o amor
com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja’”. Observe aqui:
(1) O que CRISTO tinha feito por eles: “Eu lhes fiz conhecer o teu
nome”. [1] Isto, Ele tinha feito por aqueles que eram seus seguidores mais
próximos. Durante todo o tempo que esteve entre eles, Ele se dedicou a declarar
o nome do seu Pai a eles, e a produzir neles uma veneração por este nome. A
intenção de todos os seus sermões e milagres era honrar a DEUS, o Pai, e transmitir o conhecimento dele, Jo 1.18. [2] Isto, Ele tinha feito por todos os que crêem
nele, pois eles não teriam sido levados a crer se CRISTO não lhes tivesse feito conhecer o nome de seu Pai.
Observe que, em primeiro lugar, nós temos uma dívida com CRISTO, por todo o conhecimento que temos do nome do Pai.
Ele o declara, e abre o entendimento para receber esta revelação. Em segundo
lugar, aqueles a quem CRISTO recomenda ao favor de DEUS, Ele primeiramente conduz ao conhecimento de DEUS.
(2) O que Ele ainda
pretendia fazer por eles: Eu “lho farei conhecer mais”. Depois da sua
ressurreição, Ele desejava dar aos discípulos instruções adicionais (At 1.3), e trazê-los a um conhecimento muito mais íntimo
das coisas divinas pelo derramamento do ESPÍRITO, depois da sua ascensão. E a todos os crentes, em
cujos corações Ele resplandeceu, Ele resplandece cada vez mais. Onde CRISTO declarou o nome do seu Pai, Ele o tornará conhecido,
pois àquele que tem, mais será dado. E aqueles que conhecem a DEUS precisam e desejam conhecê-lo mais. Isto é
apropriadamente suplicado por eles: “Pai, reconhece-os e favorece-os, pois eles
te reconhecerão e te honrarão”.
(3) O que Ele desejava
com tudo isto. Não encher suas cabeças com especulações de curiosidade, e
dar-lhes algo sobre o que falar entre os estudiosos, mas assegurar e promover
sua verdadeira felicidade, em dois aspectos:
[1] A comunhão com DEUS: “Portanto, Eu lhes dei o conhecimento do teu nome,
através de todas as formas pelas quais teu nome se fez conhecido, ‘para que o
amor com que me tens amado esteja neles’, e não seja somente dirigido a eles”.
Isto é, em primeiro lugar: “Que eles tenham os frutos deste amor, para sua
santificação. Que o ESPÍRITO de amor, com o qual tu me encheste, esteja neles”. CRISTO declara o nome do seu Pai aos crentes, para que, com
esta divina luz lançada nas suas mentes, o amor divino possa ser derramado nos
seus corações, para ser neles um princípio controlador e obrigatório de
santidade, para que possam tomar parte na natureza divina. Quando o amor de DEUS por nós vem, para estar em nós, é como a virtude que
o magneto confere à agulha, fazendo com que ela se mova na direção do polo. Ele
atrai a alma em direção a DEUS, em sentimentos piedosos e devotos, que são como
estímulos da vida divina na alma. Em segundo lugar: “Que eles tenham o sabor
deste amor para sua consolação. Que eles não somente sejam interessados no amor
de DEUS, tendo o
nome de DEUS declarado
a si mesmos, mas, por meio de uma declaração adicional, que eles tenham o
consolo deste interesse, para que possam não somente conhecer a DEUS, mas saber que o conhecem”, 1 João 2.3. É o amor de DEUS, derramado desta maneira no coração, que o enche de
alegria, Romanos 5.3,5. DEUS providenciou que nós possamos não somente ficar
satisfeitos com sua bondade amorosa, mas que possamos obter alguma satisfação a
partir desta bênção tão grandiosa, e assim possamos ter uma vida cuja
realização esteja em DEUS e na comunhão com Ele. Devemos pedir este amor em
oração, e devemos procurá-lo. Se o tivermos, devemos agradecer a CRISTO por ele, se ele nos faltar, poderemos agradecer a
nós mesmos.
[2] A união com CRISTO, de acordo com esta petição: “E eu neles”. Não há
como entrar no amor de DEUS, exceto por intermédio de CRISTO, nem podemos nos conservar neste amor, exceto
estando em CRISTO, isto é,
tendo-o residente em nós, nem podemos ter o senso e a compreensão deste amor,
exceto pela nossa experiência com a permanência de CRISTO, isto é, tendo constantemente o ESPÍRITO de CRISTO nos nossos corações. CRISTO em nós é a única esperança de glória que não nos
envergonhará, Colossenses 1.27. Toda a nossa comunhão com DEUS, a recepção do seu amor por nós, com nossa
retribuição ao amá-lo, passa pelas mãos do Senhor JESUS, e este consolo se deve exclusivamente a Ele. CRISTO tinha dito, pouco tempo antes: “Eu neles” (v. 23), e
aqui isto é repetido (embora o sentido estivesse completo sem esta repetição),
e a oração se encerra com isto, para mostrar o quanto o coração de CRISTO se empenhou nisto. Todas as suas petições se centram
nisto, e com isto as orações do Senhor JESUS, o Filho de Davi, são concluídas: “‘Eu neles’. Que
Eu tenha isto, e não desejarei nada mais”. Residir no redimido é a glória do
Redentor, é uma parte importante do seu descanso eterno, e Ele desejou isto.
Portanto, devemos assegurar nossa união com CRISTO, e então receber o consolo da sua intercessão. Esta
oração teve um fim, mas Ele vive eternamente para cumpri-la.
Com.
Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
A grande
oração de JESUS (17.1-26)
Essa oração, como
mostra o texto, trata de três questões distintas. JESUS se consagra para a obra que ele está para
empreender (v. 1-5). Então, ele ora especificamente pelos discípulos
(v. 6-19) e finalmente ora pela Igreja toda (v. 20-26). A consagração, aliás, é
a ideia-chave que permeia o todo. Ao tentar analisar o significado
das frases individuais, inevitavelmente se perde a majestade
da oração como ela está no seu todo e a espontaneidade com que o Salvador
passa de uma fase para a seguinte. Depois do estudo dos detalhes,
deveria ser lida sem interrupção.
v. 1. Depois de dizer
isso: Do cap. 13 ao 16, JESUS desenvolveu o significado da sua partida. Seu
ensino conclui com as palavras: “Eu venci o mundo” (16.33), dando a
entender que se poderia dizer no final das contas que nele o propósito de DEUS tinha sido e seria atingido. Assim, com os seus
olhos levantados para o céu, JESUS conclui a sua obra como profeta na terra e
pondera sobre sua obra como sacerdote, entrando, em espírito, no Lugar SANTO. Essa oração tem sido apropriadamente chamada
de “oração sacerdotal” — pela primeira vez, aparentemente, por David
Chytraeus (séc. XVI). Glorifica o teu Filho-. A saída de Judas tinha
significado a chegada da “hora” em que JESUS se entrega à sua morte (cf. 13.31), mas a
glorificação do Filho já foi manifesta por suas palavras e obras (cf.
1.14; 2.11). v. 2. lhe deste autoridade-. JESUS já afirmava ter poder para exercer juízo (cf.
5.27) e perdão (cf. Mc 2.10). Ele já disse que não julga o homem (cf. 8.15)
e agora vê o seu poder de estar na posição de “dar vida eterna” (cf.
1.14,12). v. 3. Esta é a vida eterna: que te conheçam-, O conhecimento do
Pai precisa estar associado à compreensão do Filho, visto que a
revelação de DEUS em CRISTO não pode ser excedida. Não é a compreensão
intelectual, mas o aperfeiçoamento de confiança pessoal e moral. JESUS CRISTO, a quem enviaste-, Lit. “aquele que tu
enviaste, exatamente JESUS CRISTO” (RV); pode ser que “exatamente JESUS CRISTO” seja um acréscimo explicativo feito pelo
evangelista (cf. 1.17). v. 4. Eu te glorifiquei na terra: A glória de DEUS era soberana na vida de JESUS. Ele somente podia orar tendo estabelecido esse fato
por meio de uma vida de submissão ao Pai. O tempo verbal denota uma
ação concluída no passado.
v. 5. glorifica-me
junto a ti: Não temos aí um pedido egoísta de reconhecimento. Antes, é uma
oração que já reconhece que a obra histórica de CRISTO de concessão de vida pode revelar
verdadeiramente a natureza eterna da divindade, e também reconhece
a relação entre a Palavra, imanente e ativa na criação e na salvação,
e o DEUS imutável
e transcendente, v. 6. Eles eram teus: JESUS sempre reconhece a prioridade do propósito de DEUS. Mas a sua parte nesse propósito era revelar o nome
de DEUS, i.e., sua
natureza. A revelação divina foi feita em palavras. JESUS as transmitiu aos discípulos (cf. v. 8).
Agora eles as aceitaram. Eles reconheceram de fato (v. 8): Uma
convicção intelectual impregnada da evidência que eles viram em JESUS, de que ele tinha vindo do Pai, e creram, isto
é, depositaram a sua confiança moral no fato de que JESUS fora enviado, não vindo somente na sua própria
autoridade, mas com a autoridade completa da divindade, v. 11. Pai santo,
protege (gr. têrêson)-os: Ou seja, separa-os da profanação do mundo, em teu
nome. A santidade deles seria atingida somente pelo relacionamento com o
Pai (cf. Lv 11.44,45), cujo nome, em princípio, já foi dado ao Filho
(cf. Fp 2.9), para que sejam um. A união pode ser expressa
perfeitamente por meio de um relacionamento de amor (cf. 5.42,43;
14.9-15) e é um reflexo da união eterna desfrutada pelas três pessoas
em uma essência, a Trindade. v. 12. Nenhum deles se perdeu, a não
ser aquele que estava destinado à perdição: A deserção de Judas foi a
única e trágica exceção que provou a regra. O cumprimento das Escrituras
nesse caso (cf. SI 41.9; Jo 13.18,31) indica que Judas foi destruído somente
por suas próprias características, que poderiam ter sido usadas para
o bem, mas foram empregadas para um fim nocivo e mau.
v. 15. do Maligno:
Embora esteja claro que JESUS cria na personalidade de Satanás e ensinava
esse conceito, as palavras aqui poderiam transmitir o sentido de que ele
desejava que os discípulos fossem protegidos desse poder personalizado do
mal que tinha se mostrado a Judas (cf. 1Jo 5.18,19). v. 17. Santifica-os
na verdade-, Não é uma oração de purificação. Eles “já estão limpos”
(cf. 15.3). Mas é a verdade, a revelação de valores eternos,
que tanto pode mantê-los sem mancha quanto prover o conteúdo da sua mensagem.
Essa verdade é a Palavra de DEUS (cf. SI 119.142), que pode trazer libertação
(cf. 8.32). v. 19. eu me santifico-. Ele deve tornar-se um
“sumo sacerdote para sempre” em virtude de sua morte vicária. E a
verdade está relacionada à morte de CRISTO no fato de que o ministério dos discípulos será
relevante somente se for influenciado pelas implicações dessa
morte (cf. Hb 7.26ss; 1Co 1.23).
Agora o Senhor se
volta à oração pela Igreja inteira. Visto que sua oração é eficaz, o
trabalho de evangelismo vai prosperar. Assim, a unidade precisa ser
mundial, v. 21. para que todos sejam um [...] para que o
mundo creia-. Aquele primeiro milagre de unidade que distinguiria os
primeiros discípulos, CRISTO vê como o caráter vital da Igreja em todas
as épocas. Nada menos do que a unidade orgânica vai satisfazer a oração do
Salvador. A essência é: Pai, como tu estás em mim-, e essa unidade
tem um propósito específico: que o mundo possa saber que ele é, de fato, a
Palavra encarnada, trazendo aos homens o conhecimento e o amor de DEUS (cf. v. 23). v. 24. quero que os que me deste
estejam comigo-. O Senhor quer que aquele companheirismo que tinha
sido iniciado alguns anos antes seja levado para a eternidade. Historicamente,
eles não o seguiriam imediatamente (cf. 13.33); mas Pedro a certa
altura o seguiria por meio do sofrimento (cf. 13.36). Mas agora, com
a sua obra concluída, com sua vontade expressa perfeitamente de ser
um com o Pai, JESUS
faz esse pedido pessoal. E ele vai obter a maior alegria do fato de
saber que eles vão contemplar a sua glória, assim completando
a compreensão que têm dele. A visão que eles têm do Pai também vai
ser satisfeita,
v. 25. embora o
mundo não te conheça-. Essa oração é essencialmente, se não
gramaticalmente, subordinada ao que segue: embora o mundo não te conheça,
eu te conheço, e estes [os discípulos] sabem que me enviaste. O Salvador
declara assim sua intenção de manifestar o nome de DEUS novamente no ato decisivo da cruz. Mas essa é a
escuridão antes da aurora, após a qual o Salvador vai revelar o amor de DEUS de forma realista e prática em cada um dos
seus. Assim, na sua exaltação ele vai continuar a ensiná-los.
Comentário
- NVI (F. F. Bruce)
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A oração de JESUS ( 17: 1-26 )
1 Estas
coisas falou JESUS; e
erguendo os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu
Filho, para que o Filho glorifique a ti; 2 como tu lhe puseste
autoridade sobre toda a carne, que, para todos os que lhe deste, que dê a vida
eterna. 3 E esta é a vida eterna: que te conheçam a ti o único DEUS verdadeiro, e ele, que enviaste, mesmo JESUS CRISTO. 4 Eu te glorifiquei na terra,
completando a obra que me deste a fazer. 5 E agora, Pai,
glorifica-me junto de ti mesmo, com aquela . glória que eu tinha contigo antes
que o mundo existisse 6 Manifestei o teu nome aos homens que tu
me deste para fora do mundo: eram teus, e tu lhes deste a mim; e eles têm
guardado a tua palavra. 7 Agora eles sabem que tudo quanto me
deste provém de ti são: 8 para as palavras que tu me deste eu
lhes dei; e receberam -los , e sabia de uma verdade que saí de
ti, e creram que tu me enviaste. 9 Eu rogo por eles; não rogo
pelo mundo, mas por aqueles que me deste; porque são
teus: 10 e todas as coisas que são minhas coisas são tuas, e as
tuas coisas são minhas; e eu sou glorificado. 11 E eu não mais
estou no mundo, e eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai SANTO, guarda-os em teu nome que me deste, para que sejam
um, como nós são . 12 Enquanto eu estava com eles, eu
os guardava no teu nome que me deste: e eu guardava-os e nenhum deles morreram,
mas o filho da perdição; que a Escritura se
cumprisse. 13 Mas agora vou para ti; e essas coisas que eu
falo no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si
mesmos. 14 Dei-lhes a tua palavra; e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, assim
como eu não sou do mundo. 15 Não peço que os tires do mundo,
mas que os guardes do mal um . 16 São não são do
mundo, assim como eu não sou do mundo. 17 Consagra-os na verdade; a
tua palavra é a verdade. 18 Assim como tu me enviaste ao mundo,
mesmo assim enviou-lhes para o
mundo. 19 E por causa deles eu me santifico, para que também
eles sejam santificados na verdade. 20 Nem por estes só posso
orar, mas também por aqueles que acreditam em mim pela sua
palavra; 21 que todos sejam um; assim como tu, Pai, a
arte em mim e eu em ti, que também eles sejam um em nós, para que o mundo
creia que tu me enviaste. 22 E a glória que me deste eu lhes
dei; que eles sejam um, assim como
nós são um; 23 eu neles, e tu em mim, para que eles
sejam perfeitos em unidade, que o mundo conheça que tu me enviaste e os
amaste a eles, assim como me amaste a mim. 24 Pai, quero que
eles também, que tu me dado estar comigo onde eu estou, para que vejam a minha
glória que tu tens me dado, porque tu me amaste antes da fundação do
mundo. 25 Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te
conheci; conheceram que tu me enviaste; 26 e eu lhes fiz
conhecer o teu nome, e vai torná-lo conhecido; que o amor com que me
amaste esteja neles, e eu neles.
Esta oração é parte do
discurso final de JESUS aos Seus
discípulos e provavelmente foi falado de forma audível em seu
benefício. Ele tem todas as características de oração encontrados em
outras partes do discurso. Isso foi falado no Cenáculo é realizada em
dúvida por alguns estudiosos. Westcott acredita que JESUS e os discípulos deixaram o Cenáculo no final do
cap. 14 e que o resto do discurso foi dado no caminho para o
Getsêmani, a oração, provavelmente, a ser dada no Templo. Se os
capítulos 14 e 16 são trocadas, apenas 17 foi
falado sobre a maneira de Getsêmani. Plummer pensa que ele foi
"falado no cenáculo, depois que a empresa tinha subido da ceia, na pausa
antes de começar para o Monte das Oliveiras", juntamente com os capítulos 15 e 16 . "Levanta-te,
vamo-nos daqui" ( 14:31 ) tem referência à sua sair para
conhecer as forças do mal que crucificar JESUS. Se há alguma maneira de sentir a situação a
partir da qual surgiu a oração, o Cenáculo parece o local mais apropriado.
Esta oração é mais
apropriadamente chamada Oração do Senhor do que a oração-modelo comumente
chamado. É mais frequentemente chamado A oração sacerdotal, embora Westcott chama
de "a oração de consagração." Macgregor chama de "oração
sacramental ... intercessão eterna do Grande Sumo Sacerdote." A oração
pode ser dividida naturalmente em três partes : a oração de JESUS por Ele mesmo (vv. 1-5 ); Sua oração
pelos discípulos (vv. 6-19 ); e sua oração para a Igreja em
geral (vv. 20-26 ). As principais partes ensaiar muito do
material e ênfase do discurso.
A atitude física de JESUS na oração está em consonância com a ênfase de João
em sua unidade com DEUS. Tanto no túmulo de Lázaro ( 11:41 )
e, neste caso, JESUS levantou os olhos , a fim de abordar o Pai
Celestial. Em contraste, na oração Getsêmani ( Matt. 26:39 ) Ele "caiu sobre seu rosto e orou."
Lucas diz que "Ajoelhou-se" ( Lucas 22:41 ). Em outras vezes, está registrado que
Ele orou, mas não nos é dito de Sua postura física. A partir dessas
observações um é lembrado de algumas atitudes físicas significativas de oração,
especialmente da oração pública. A posição ajoelhada indica humildade e submissão. Em pé, com a cabeça
descoberta significa respeito e reverência. Encostado e sentado pode ser a
marca de confiança e relaxamento e são mais apropriados para privado do que
para a oração pública. Olhos cabeça baixa e fechados implicam que o mundo
com suas distrações está sendo excluído. A cabeça erguida e os olhos
abertos de JESUS demonstrou
uma intimidade com o Pai, que alguns cristãos poderiam esperar para
perceber. Independentemente de saber se o corpo segue o coração, ou
vice-versa, as atitudes expressas são apenas indicativos de oração vital em
circunstâncias diferentes.
A forma da oração de JESUS em discussão aqui é o de endereço simples, sem
repetição, sem chorar como se a atrair a atenção de DEUS, não implorar de DEUS, que pode ser encontrada em um clima de má
vontade. A partir disso, parece que o mais perto anda com DEUS em sua vida diária, o mais natural torna-se a rezar
na calma e segurança. O oposto ao publicano que "batia no peito,
dizendo: Ó DEUS, sê
propício a mim, pecador!" ( Lucas 18:13 ) é o Mestre que disse: Eu te glorifiquei
na terra, completando a obra que me deste
fazer (v. 4 ). Pela oração de JESUS, um é inclinado a dizer que aquele que ora de forma
mais eficaz é aquele que menos precisa orar por si mesmo. Muitas orações
consistem de bater uma trilha até a presença de DEUS através da selva de infidelidade e desobediência, de
modo que se torna rezando um remédio que restaura, em vez de um alimento que
nutre. Chorar e chorar e arrepender-se se o caminho tenha se afastado de DEUS. Mas, para a oração de fé cristã começa com a
comunhão no lugar onde ele e seu Pai Celestial atender em termos
preestabelecidos: no lugar em que ele, assim como JESUS, pode virar o rosto para o céu e
dizer: Pai .
Quando alguém se
aproxima uma análise desta oração de JESUS, seu próprio coração alcança os céus, ele sente que
a oração de CRISTO para os
seus discípulos foi, ou deve ser, respondeu por ele, e ele é trazido para o SANTO dos Santos com CRISTO em ambos consagração e intercessão.
Esta parte da oração
que foi para o próprio JESUS era muito simples, e fez pedido apenas para o que
era Seu direito de reclamar. Pai, glorifica-me junto de ti mesmo, com
aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse (
v. 5 ). JESUS estava pedindo que Ele ser restaurado para o estado
celestial que Ele tinha antes Sua vida na Terra começou. A hora havia
chegado para esta restauração, porque Ele tinha sido fiel para completar sua
tarefa nomeado pelo Pai. Ele tinha sido dada a autoridade para conceder a
vida eterna para aqueles discípulos que DEUS havia lhe dado de acordo com o plano de graça e
fé-graça da parte de DEUS e fé por parte do homem. Quando a fé se torna
unido com a graça que traz a vida eterna no crente, e isso revela a glória de JESUS. Sua obra na terra tinha glorificavam a DEUS, o Pai, e Ele agora estava pronto para retornar à
Sua glória. A definição mais simples de glória é a manifestação ou
revelação do verdadeiro estado de um ou status, normalmente usado em referência
à boa e não para o mal. JESUS havia revelado a verdadeira natureza de DEUS aos homens e, assim, glorificavam a DEUS, o Pai. Sua própria glória suprema viria a ser
restaurado como os divinos logos .
Em seguida, JESUS orou por seus discípulos- não para o mundo (v. 9 ), mas
para aqueles que me deste para fora do mundo (v. 6 ),
aqueles que têm guardado a tua palavra (v. 7 ). DEUS deu , eles mantido . DEUS, como Salvador redentor, em vez de Senhor como
soberano, tinha-lhes dado a JESUS como discípulos e seguidores. JESUS descreveu Seus discípulos como os homens que haviam
recebido seus ensinamentos e tinha acreditava que ele tinha vindo de DEUS. Este é o padrão mínimo de fé para o seguidor
de CRISTO, e embora
pareça muito pobre quando observada nos discípulos, no entanto, foi o
suficiente para começar. E JESUS orou por sua permanência na fé: Pai SANTO, guarda-os em teu nome ... que eles sejam um, como
nós somos (v. 11 ). Ao orar dessa forma JESUS não mencionou o ESPÍRITO SANTO, apesar de antes, ele havia prometido enviar o ESPÍRITO para guiá-los em toda a verdade
( 16:13 ). Do entendimento de João do plano de salvação, de
nenhuma outra forma seria um SANTO Padre preservar seus discípulos escolhidos do que
através da obra do ESPÍRITO SANTO. Este
primeiro uso, por João, de SANTO em dirigir a DEUS significa que a fé do discipulado e do conhecimento
de DEUS são moral
e espiritual em caráter. Tem de haver mais do que uma fé que traz a
compreensão e um conhecimento que traz segurança; a fé deve também trazer
o pecado em juízo e colocar os homens em um relacionamento correto com DEUS SANTO.
A petição para a
discípulos é triplo: para que eles sejam um, como nós somos
um (v. 11 , que eles devem ser mantidos) do
mal (v. 15 ), e que eles devem ser santificados na
verdade ( v. 17 ). A primeira petição é para a unidade, a
segunda é para a vitória, e o terceiro é para a pureza. A unidade que JESUS imaginou para seus seguidores tem sua analogia na
unidade da Divindade: a unidade de propósito, unidade da atividade, e da
unidade de caráter. Mas tem de ser mais do que a unidade dentro do
grupo; que iria criar o seu próprio flutuante, e, eventualmente, se
deteriorando, standard. Ele também deve ser a unidade com DEUS Pai e DEUS Filho. Caso contrário, seria uma falsa unidade,
para a unidade de si mesmo não é uma virtude, a menos que se centra em uma
norma digno.
Esta oração pela
unidade tem sido usado como um forte argumento para a união das igrejas no
interesse do ecumenismo. Se este é o significado, tal união só poderia vir
em um alto nível de fé em CRISTO, nada inferior ao que João estabelecido. Alguns
líderes da igreja têm defendido a unidade organizacional e a unidade não teológica ou experiencial. Mas
isso não poderia ter sido o objetivo da oração de CRISTO, nem é melhor aplicação da oração para
hoje. Sem negar que o valor pode ser encontrada na união de entidades
religiosas no interesse da unidade dos cristãos, a verdadeira unidade dos
cristãos, seja organizacional ou não, deve ser baseada em um credo mínima da
divindade de JESUS CRISTO e da eficácia de sua expiação, e fortificada pelos
respostas para as outras petições para a vitória e pureza.
A segunda oração de JESUS pelos discípulos foi que eles podem ser levados com
segurança através dos ensaios que estavam à frente deles e ser poupado o
destino mal que se abateu sobre Judas. Não peço que os tires do mundo, mas
para teres mantê-los do mal (v. 15 ). A palavra grega
para o mal lê poneroo (masculino) - thus tradução
do maligno . JESUS pode ter sido referindo-se à "o príncipe do
mundo" ( 14:30 ), Satanás. Os discípulos pertencia a JESUS pela direita do Pai. Ele lhes havia dado a
Palavra de DEUS como uma
defesa contra o mal, e os tinha protegido durante seus anos juntos. Logo
eles seria desprovido de Sua presença física, para a esquerda ", como
ovelhas no meio de lobos" ( Mat. 10:16 ). Eles poderiam ser protegidos de uma de
duas formas: por estar isolado do mundo de pessoas, ou são mantidos em meio a
um conflito com o mundo pecaminoso. JESUS orou em termos do segundo. A vitória sobre o
mal só pode ser alcançada pela luta séria contra os poderes que se opõem à
Igreja. A pessoa que tenta viver sua vida cristã em isolamento, como o
monge em sua cela monastério ou o membro da igreja que se gaba de que sua
igreja "pode ser pequena, mas é pura", não necessariamente
encontrado nele vitória sobre o pecado, porque o mal vem de dentro, bem como de
fora. Piedade
desta variedade estufa é muito facilmente confundido com autojustiça ou esnobismo santificado. Muitas vezes, a
Igreja viu-se na posição de tentar ganhar o mundo que ele tem evitado e
condenados e até mesmo odiado. O problema surge no ponto de se opor ao mal
e ao mesmo tempo amar os que perpetram-no. O mundo não pode entender um homem que
professa amar as almas dos homens, que ao mesmo tempo evita o contato com eles
como pessoas. Que os cristãos reconhecem que há problemas que devem ser
enfrentados pelo crente que se uma parte do mundo o-a-dia de trabalho em que
vive e faz com que a vida faz. O risco de más influências é real, e o medo
de ser superado é compreensível; mas CRISTO espera que Seus discípulos a ser fatores de poupança
no meio de vida e ser vencedores, para não ser superado. A presença do ESPÍRITO SANTO é a sua garantia de vitória sobre o pecado e a vitória em ganhar outros para CRISTO.
A terceira oração de JESUS pelos discípulos foi a de que eles poderiam ser
santificado . Este é antes de tudo um termo cerimonial, o que
significa ser separado ou consagrado para fins sagrados. Esta fixação de
apart garantias de que o objeto deve ser mantido puro, livre de tudo o que iria
contaminar sua santidade. Neste sentido, um edifício pode ser
santificado. As pessoas podem ser dito para santificar-se quando eles
dedicam ou consagrar-se totalmente a DEUS e ao Seu serviço. Isso pode ocorrer em uma data
e hora definida, mas deve ser perpetuada, a fim de ser válido. DEUS também santifica, definindo a pessoa distante e por
mantê-lo do mal. CRISTO compartilhou com seus discípulos nesta experiência
de santificação; era uma parte de Sua nascer, viver e morrer. Ele
viveu uma vida santificada. DEUS colocou-o à parte, tinha consagrado a Ele que o
grande propósito da redenção, e mantê-lo não contaminada do pecado do mundo. Na
santificação forma semelhante também é uma parte da vida dos discípulos no
mundo; eles também devem viver uma vida santificada porque DEUS separá-las para compartilhar com CRISTO na grande obra da redenção.
Mas isso não é
tudo. Santificação vem através da verdade (v. 17 ),
que é a Palavra de DEUS. A verdade salvadora revelada por JESUS é o agente de santificação. A verdade é
purificadora: só a verdade pode dissipar falsidade, neutralizar erro, e
libertar os homens. A porção anterior do ensino desse discurso levou
diretamente a esta oração pela santificação dos discípulos. Eles estavam a
ser santificados pela verdade; a Palavra de DEUS é a verdade; JESUS é a Palavra e da Verdade. Porque JESUS teve que deixar o mundo, o ESPÍRITO SANTO tomaria seu lugar e levar os discípulos a toda a
verdade. A conclusão é que o ESPÍRITO SANTO é o agente final para a santificação. Ênfases
adicionais sobre esta verdade pode ser encontrada em outras partes do Novo
Testamento, e sã teologia da santificação torna necessárias distinções sutis na
experiência. Mas todos os fundamentos aqui: define a santificação cristã
fora e dedica-lo a DEUS e Seu serviço; ele limpa e mantém-lo do mal que
há no mundo, e é realizado e perpetuada pelo ESPÍRITO SANTO.
Já foi sugerido que a
santificação de JESUS não era
essencialmente diferente da dos discípulos nos termos estabelecidos pela
oração. A diferença e o problema de JESUS 'a necessidade de ser santificado-surge quando a
experiência se limita a dizer a purificação do coração da natureza
carnal. Isso, é claro, está implícita no termo como é entendida a partir
de seu uso mais amplo na Bíblia, mas aqui ele é usado tanto de JESUS e os discípulos em relação ao seu serviço a DEUS Pai no mundo. DEUS santificado JESUS para este fim ( 10:13 ), e JESUS reiterou esse fato no presente oração
(v. 19 ). Ele havia sido impedido de pecado, um vaso puro para o
serviço do Pai. Ele orou para que os discípulos do mesmo modo seria
mantida do pecado, instrumentos puros para o serviço de DEUS. O fato da impecabilidade de JESUS e da pecaminosidade inicial dos discípulos não é uma
parte do presente tema, embora o fato está implícito. A identidade de JESUS com o homem é forçado, em vez de sua identidade com DEUS. E a esta luz, a santificação se aplica tanto a
JESUS e Seus
seguidores, cada um em sua esfera separada.
A última ênfase desta
oração pertence à Igreja em geral. Em essência, JESUS orou a mesma oração que Ele havia orado para o onze
que o ouviam. Quando a oração se tornaria respondidas nos discípulos, a
sua influência seria levar os outros a crer em CRISTO, e uma espécie de reação em cadeia seria definido em
operação. A unidade dos discípulos com o outro e com o seu Senhor, através
do ESPÍRITO se
espalhasse para fazer os cristãos em todo tempo e clima. Começando com JESUS, a quem o Pai havia enviado e chegar ao mais
distante discípulo, a revelação de DEUS de redenção seria realizada em todo o mundo. Foi-lhes revelado o teu
nome [ personagem ], e vai torná-lo conhecido; que o
amor com que me amaste esteja neles, e eu neles (v. 26 ).
Com esta petição a
oração fecha. A resposta para as coisas pelas quais JESUS orou para o pequeno grupo de onze discípulos podem
tornar-se a gloriosa experiência de cada crente, desde que ele está disposto a
aceitar também a sua responsabilidade.
Comentário
Bíblico Wesleyana
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REVISTA CPAD 2Tr25, NA ÍNTEGRA –
Escrita Lição 11, CPAD, A Intercessão De JESUS Pelos Discípulos,
2Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida
Silva
ESBOÇO DA LIÇÃO
I – A ORAÇÃO DE JESUS E SUA GLORIFICAÇÃO
1. A oração de JESUS
2. A oração de JESUS pela sua glorificação
3. A mesma glória com o Pai
II – A ORAÇÃO DE JESUS PELOS DISCÍPULOS
1. Intercessão pela proteção dos discípulos
2. Os discípulos receberam a Palavra
3. Protegidos do mundo
III – A ORAÇÃO DE JESUS PELOS QUE VIRIAM A CRER
1. Oração pela unidade da Igreja
2. Propósito da unidade
3. Oração por encorajamento à unidade
TEXTO ÁUREO
“E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único DEUS
verdadeiro e a JESUS CRISTO, a quem enviaste.” (Jo 17.3)
VERDADE PRÁTICA
A oração que JESUS fez ao Pai em favor de si próprio, dos seus
discípulos e da sua Igreja ressoa ainda nos dias atuais.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Jo 17.1-5 Uma
oração que revelou o coração do Pai
Terça - Hb 4.14-16 O
sumo-sacerdócio de JESUS diante do Pai
Quarta - 1 Pe 2.5,9 O ministério sacerdotal dos salvos
em CRISTO
Quinta - Ef 5.1,2
Imitando a DEUS à luz do ministério do Senhor JESUS
Sexta - Sl 133.1-3 A
vida em unidade na Igreja de DEUS
Sábado - Jo 17.13-19 JESUS
intercede pela santidade dos discípulos
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - João 17.1-3,11-17
1 - JESUS falou essas coisas e, levantando os olhos ao céu, disse: Pai,
é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te
glorifique a ti,
2 - assim como lhe deste poder sobre toda carne, para que dê a vida
eterna a todos quantos lhe deste.
3 - E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único DEUS
verdadeiro e a JESUS CRISTO, a quem enviaste.
11 - E eu já não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu
vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam
um, assim como nós.
12 - Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho
guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da
perdição, para que a Escritura se cumprisse.
13 - Mas, agora, vou para ti e digo isto no mundo, para que tenham
a minha alegria completa em si mesmos.
14 - Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do
mundo, assim como eu não sou do mundo.
15 - Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
16 - Não são do mundo, como eu do mundo não sou.
17 - Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
http://www.cpad.com.br/harpa-crista-grande-90-anos-luxocor-preta-/p
Hinos Sugeridos: 125,
305, 516 da Harpa Cristã
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
Esta lição sublinha a importância da oração de JESUS, que manifesta
o amor e o cuidado que CRISTO tem por nós. Assim, o capítulo 17 é uma das partes mais notáveis do
Evangelho, pois nos oferece a oportunidade de escutar JESUS dirigir-se ao Pai
em prol dos seus discípulos. Para aprofundar esse entendimento desse Evangelho,
a lição está organizada da seguinte maneira: 1) a oração de JESUS pela sua
glorificação, que se refere à sua missão redentora; 2) a oração pelos
discípulos para que sejam protegidos e santificados; 3) e a oração por aqueles
que futuramente creriam, evidenciando sua perspectiva eterna e inclusiva sobre
o Reino de DEUS.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Meditar sobre a oração de JESUS pela sua
glorificação, que se refere à sua missão redentora; II) Examinar a oração pelos
discípulos para que sejam protegidos e santificados; III) Mostrar a oração por
aqueles que futuramente creriam, evidenciando sua perspectiva eterna e
inclusiva sobre o Reino de DEUS.
B) Motivação: A oração de JESUS em João 17 revela o cuidado genuíno de CRISTO
pelos seus discípulos, abrangendo todos nós. Dessa forma, cada um de nós pode
sentir-se incluído na intercessão do nosso Senhor, sendo chamados a viver a
unidade no ESPÍRITO SANTO. Portanto, essa compreensão da intercessão de JESUS
por nós influencia significativamente a nossa prática diária de oração e
relacionamento com DEUS.
C) Sugestão de Método: Para trabalhar a lição de forma dinâmica e
envolvente, inicie a aula com uma leitura em grupo de João 17.1-3, 11-17, destacando as palavras de JESUS
que expressam intercessão, glorificação e santificação. Em seguida, utilize um
quadro ou slides para organizar os três tópicos da lição e conectá-los à vida
dos alunos. Para isso, você pode propor uma atividade em grupos pequenos, onde
cada grupo reflita sobre um tópico específico e discuta como podem aplicar os
ensinamentos de JESUS em sua vida.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Assim como JESUS intercedeu a favor dos seus
discípulos, somos convidados a viver em santidade, unidade e comunhão com DEUS.
Que esta oração sirva de estímulo para a nossa prática intercessória e para a
nossa confiança no amoroso cuidado de CRISTO, reforçando assim a nossa fé e o
nosso compromisso com o Reino de DEUS.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista
Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos,
entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 101,
p.41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios
que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “A Oração por Si
Mesmo”, localizado após o primeiro tópico, aprofunda a oração de JESUS por si
mesmo a DEUS”; 2) No final do segundo tópico, o texto “A Oração pelos
Discípulos” traz uma reflexão significativa a respeito das obras dos discípulos
como continuidade à obra de CRISTO.
Palavra-Chave - INTERCESSÃO
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
Na presente
lição, iremos explorar João 17.
Este capítulo descreve a oração mais significativa que o nosso Senhor fez em
benefício de si mesmo, ou seja, a sua glorificação, bem como a dos seus
discípulos e dos cristãos que viriam a crer num futuro próximo. A oração
sacerdotal de JESUS é uma importante lição sobre a unidade do povo de DEUS no
seu Reino e o propósito de promover o Evangelho de JESUS no mundo.
I – A ORAÇÃO DE JESUS E SUA GLORIFICAÇÃO
1. A oração de JESUS
Entre todas as
orações do Senhor documentadas nos Evangelhos, é indiscutível que foi João quem
relatou, possivelmente, a mais elevada oração de JESUS (17.1-26). No início de João 17.1 está escrito: “JESUS falou essas
coisas”. Essa frase remete ao discurso do Senhor sobre a vinda do ESPÍRITO como
Consolador, conforme estudado anteriormente (Jo 16.13). Certamente o local onde o Senhor
se encontrava era o mesmo em que partilhou a Última Ceia com seus discípulos.
Em relação à oração de JESUS no capítulo 17, os estudiosos costumam se referir
a ela como “A Oração Intercessória”, “A Oração Sacerdotal de JESUS” ou “A
Oração da Consagração”. Nosso Senhor apresentou essa oração em, pelo menos,
três partes: Ele orou por si mesmo (Jo 17.1-8), intercedeu pelos seus discípulos
(Jo 17.9-19) e,
também, fez uma oração pela Igreja futura (Jo 17.20-26).
2. A oração de JESUS pela sua glorificação
Na oração de JESUS
pedindo por sua “glorificação” havia um significado espiritual mais profundo,
que não se tratava de um ato egoísta. Como já abordamos, Ele estava plenamente
ciente de seu ministério e, portanto, da finalidade de sua missão na Terra.
Assim, em sua conversa direta com o Pai, JESUS declara que “é chegada a hora”,
referindo-se ao momento em que o Pai o glorificaria por meio de seu sacrifício
redentor no Calvário. Nosso Senhor expressa: “glorifica a teu Filho para que
também o teu Filho te glorifique a ti” (Jo 17.1). Que tipo de glorificação seria
essa? Mediante a sua morte, o mundo o conheceria e a vida eterna seria
oferecida a todos que o aceitassem como Salvador de suas vidas. Glorificar
alguém significa torná-lo conhecido. JESUS seria reconhecido como “o Filho de DEUS,
o Salvador do mundo” (Jo 17.3,4).
3. A mesma glória com o Pai
No versículo 5 está escrito:
“E, agora, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que
tinha contigo antes que o mundo existisse.” Essa referência à glória se
relaciona à divindade do nosso Senhor como o Verbo Divino, antes da sua
encarnação. Na realidade, o que JESUS solicita é a glorificação mútua entre o
Filho e o Pai (v. 5).
Somente nosso Senhor, o Filho de DEUS, poderia fazer tal pedido por essa
glorificação, uma honra que Ele possuía “antes que o mundo existisse”. Essa
declaração evidencia a divindade de JESUS, ao revelá-lo como um com o Pai (Jo 17.11,21,24). Assim, com base nessa igualdade
com o Pai, o pecador que confessa e se arrepende de seus pecados recebe a vida
eterna e conhece, pela fé, “o único DEUS verdadeiro e a JESUS CRISTO, a quem
enviaste” (Jo 17.3).
SINÓPSE I - A
oração de JESUS demonstra o seu desejo em glorificar o Pai e reafirmar a glória
que compartilha com Ele desde toda a eternidade.
AUXÍLIO
BÍBLICO-TEOLÓGICO - A ORAÇÃO POR SI MESMO
“Do ponto de
vista de JESUS, quando Ele olha para os anos passados da sua curta permanência
na terra (1.14),
há quatro coisas específicas e evidentes que Ele realizou e que o haviam
trazido até a hora. 1. Eu glorifiquei-te na terra (4). Ele teve uma glória com
o Pai antes que o mundo existisse e Ele antevia que isto seria restaurado.
Glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo (5; cf. 24). Colocado em linguagem moderna,
Ele estava dizendo que, a partir da perspectiva divina, a Encarnação era um
celebrado sucesso. 2. Tendo consumado a obra que me deste a fazer (4). O verbo
grego para consumar é teleiosas, que significa ‘completar, trazer ao final,
terminar, realizar... trazer ao objetivo ou à realização, no sentido de
superação ou suplantação de um estado imperfeito de coisas por alguém que está
livre de objeções’. A obra é a redenção do homem, e está consumada da maneira
mais perfeita (cf. 19.30).
Não se pode deixar de exclamar ‘Aleluia, está consumado!’ 3. Manifestei o teu
nome aos homens que do mundo me deste (6). A palavra grega para manifestar é
ephanerosa, que significa ‘tornar conhecido pelas palavras transmitidas...
embora aqui o ensino seja acompanhado por uma revelação que vem da obra’. Na
adoração judaica, era proibido pronunciar o nome de Jeová (Yahweh). Mas agora o
nome Pai tornou-se conhecido e os homens ‘já não precisam ter medo de
pronunciar o nome sagrado”. 4. Eu lhes dei as palavras que me deste (8). Ele, a
eterna Palavra viva, deu aos homens as palavras que eles receberam. Disto vem o
conhecimento — eles têm conhecido a verdadeira natureza [de JESUS]; saí de ti —
e a fé — e creram na sua missão; que me enviaste (8; cf.18,21,23,25). Strachan comenta: ‘Os discípulos
foram capazes, ouvindo as ‘palavras’ de JESUS, de manter a Palavra de DEUS (6).
‘Manter’ quer dizer mais do que obedecer. Quer dizer proteger e comunicar ao
mundo a revelação que DEUS confiou à sua Igreja’” (Comentário Bíblico Beacon.
Vol. 7. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp.138-39).
II – A ORAÇÃO DE JESUS PELOS DISCÍPULOS
1. Intercessão pela proteção dos discípulos
Nos versículos 4 a 8, exceto o versículo 5, JESUS
ora como se estivesse apresentando um relato ao Pai sobre tudo o que realizou
durante seu ministério na Terra. No versículo 6, Ele intercede
por seus discípulos e pela unidade entre eles, uma vez que seriam os
responsáveis por continuar à obra que JESUS havia iniciado. Para o Pai, o nosso
Senhor se refere aos discípulos como “homens que do mundo me deste” (v.6). O Redentor revela que seus
discípulos pertenciam ao Pai e que Este os entregou a Ele: “Eram teus, e tu mos
deste, e guardaram a tua palavra” (Jo 17.6b). Ao longo de quase quatro anos, JESUS
investiu nesses homens, que se mostraram fiéis, prontos para prosseguir com a
missão de evangelização.
2. Os discípulos receberam a Palavra
Apesar de, em
certas ocasiões, os discípulos terem encontrado dificuldades para compreender
completamente os ensinamentos de JESUS, as suas recordações foram reavivadas
pelo ESPÍRITO SANTO quando receberam o poder no dia de Pentecostes,
permitindo-lhes assim entender e difundir o que aprenderam com o Mestre (At 2.14-36). No versículo 6, JESUS referiu-se ao Pai afirmando
que os seus discípulos mantiveram a mensagem recebida: “E guardaram a tua
Palavra”. Ao vivermos conforme a Palavra de DEUS, aceitando e obedecendo aos
ensinamentos de CRISTO, podemos testemunhar o Evangelho com credibilidade.
3. Protegidos do mundo
O versículo 14 afirma:
“Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim
como eu não sou do mundo”. É importante prestar atenção ao termo “mundo”. Este
pode referir-se ao “universo criado” (Jo 17.5) ou à humanidade (Jo 3.16). No entanto, aqui JESUS se refere
ao sistema espiritual governado por Satanás (Jo 17.14). O apóstolo Paulo descreve esse
“mundo” como um governo espiritual maligno (Ef 2.2). Por conseguinte, o nosso Senhor
deseja que o Pai guarde os seus discípulos desse sistema mundano, que é
incompatível com o Evangelho, sob a influência do “príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11).
SINÓPSE II - JESUS
pediu a proteção para os seus discípulos, que acolheram a Palavra e
necessitavam ser guardados do mal que existe no mundo.
“Nosso Senhor
deseja que o Pai guarde seus discípulos desse sistema mundano, que é incompatível
com o Evangelho, sob a influência do ‘príncipe deste mundo’.”
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO - A ORAÇÃO PELOS DISCÍPULOS
“A oração final
de JESUS por seus discípulos mostra os desejos mais profundos de nosso Senhor
para os seus seguidores, tanto para aquela época quanto para os nossos dias.
Isto também é um exemplo inspirado pelo ESPÍRITO de como todos os pastores e
líderes de ministério devem orar pelas pessoas, e como os pais cristãos devem
orar por seus filhos. Ao orar por aqueles que estão sob os nossos cuidados,
nossas maiores preocupações devem ser: (1) que essas pessoas possam conhecer a JESUS
CRISTO e à sua Palavra intimamente (vv. 2-3,17,19; veja o v. 3,); (2) que DEUS possa protegê-las das más
influências do mundo, impedindo que se afastem dele e dar-lhes discernimento
para reconhecer e rejeitar crenças ímpias e falsos ensinamentos espirituais
(vv. 6,11,14-17)” (Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global. Rio
de Janeiro: CPAD, 2022, p.1891).
III – A ORAÇÃO DE JESUS PELOS QUE VIRIAM A CRER
1. Oração pela unidade da Igreja
Nesta terceira
parte de sua súplica, JESUS pediu pela unidade da Igreja. Mais do que uma
unidade de natureza eclesiástica ou orgânica, JESUS intercedeu pela harmonia
espiritual do seu povo. Nosso Senhor ansiava por uma união genuína, tal como a
que existe entre Ele e o Pai. Essa foi a súplica do nosso Senhor: “para que
todos sejam um, assim como tu, ó Pai, estás em mim, e eu em ti” (Jo 17.21).
2. Propósito da unidade
O propósito da
unidade espiritual da Igreja, conforme a intercessão do nosso Senhor, é que “o
mundo creia que tu me enviaste” (v.21). Assim, a Igreja revela essa
unidade espiritual com CRISTO por pelo menos quatro motivos: (1) união
essencial dos salvos como membros do Corpo de CRISTO (1 Co 12.12); (2) união essencial dos salvos
promovida pelo conhecimento crescente sobre JESUS CRISTO (2 Pe 3.18); (3) união essencial dos salvos no
desenvolvimento do Fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22,23); (4) união essencial dos salvos
manifestada na glória como filhos de DEUS e detentores da vida eterna (Jo 17.22).
3. Oração por encorajamento à unidade
Em João 17.21,22, o nosso Senhor
roga para que os discípulos sejam incentivados a manter a unidade com Ele. A
crença em CRISTO como o único e suficiente Salvador é a principal razão da
unidade cristã, de modo que os discípulos sejam encorajados a promover esse
testemunho no mundo. Assim, sem essa unidade de fé, o testemunho perde
completamente a sua credibilidade.
SINÓPSE III - JESUS
fez uma oração pela unidade da Igreja, promovendo a comunhão entre aqueles que
viriam a crer.
“Assim, sem
essa unidade de fé, o testemunho perde completamente a sua credibilidade.”
CONCLUSÃO
É
extraordinário perceber que a oração sacerdotal de JESUS CRISTO continua a
ressoar nos dias atuais. Fazemos parte do Corpo de CRISTO e esse privilégio
deve manter-nos cientes da nossa função no Reino de DEUS. Por isso, temos a
responsabilidade de nos apresentar entusiasmados para testemunhar com coragem o
Evangelho, revelando a obra que o Senhor JESUS realizou no Calvário.
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Em quais partes podemos apresentar a oração sacerdotal de JESUS?
Nosso Senhor apresentou essa oração em, pelo menos, três partes:
Ele orou por si mesmo (Jo 17.1-8),
intercedeu pelos seus discípulos (Jo 17.9-19) e, também, fez uma oração pela
Igreja futura (Jo 17.20-26).
2. A que se relaciona a menção à glória no versículo 5?
Essa referência à glória se relaciona à divindade do nosso Senhor
como o Verbo Divino, antes da sua encarnação.
3. De que forma JESUS dirige a sua oração ao Pai nos versículos 4 a 8?
Nos versículos
4 a 8, exceto o versículo 5, JESUS
ora como se estivesse apresentando um relato ao Pai sobre tudo o que realizou
durante seu ministério na Terra.
4. A que “Mundo” se refere JESUS em João 17.14?
JESUS se refere ao sistema espiritual governado por Satanás (Jo 17.14).
5. Indique pelo menos dois motivos que evidenciam a unidade
espiritual dos salvos com CRISTO.
(1) união essencial dos salvos como membros do Corpo de CRISTO (1 Co 12.12); (2) união essencial dos salvos
promovida pelo conhecimento crescente sobre JESUS CRISTO (2 Pe 3.18).