Escrita Lição 13, BETEL, Aprendendo com os Dez Mandamentos: Pilares Éticos e Morais cujos princípios são relevantes e aplicáveis na vida contemporânea

Escrita Lição 13, BETEL, Aprendendo com os Dez Mandamentos: Pilares Éticos e Morais cujos princípios são relevantes e aplicáveis na vida contemporânea, 4Tr24, Com. Extras Pr Henrique, EBD NA TV

Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva

 


EBD, Revista Editora Betel, 4° Trimestre De 2024, Tema, OS DEZ MANDAMENTOS – Estabelecendo Princípios e Valores Morais, Sociais e Espirituais Imutáveis, para uma Vida Abençoada, Escola Bíblica Dominical

 

ESBOÇO DA LIÇÃO

1- CRISTO, O CUMPRIMENTO DA LEI

1.1. A lei moral, civil e cerimonial 

1.2. CRISTO e a Nova Aliança 

1.3. CRISTO e o cumprimento da lei 

2- OS DEZ MANDAMENTOS E A VIDA PRÁTICA

2.1. Os padrões perfeitos de DEUS 

2.2. Conduzem à manifestação prática do amor 

2.3. São um manual e guia para adoração e conduta 

3- PRINCÍPIOS BÁSICOS DOS DEZ MANDAMENTOS

3.1. Não devemos olhar apenas na letra da lei 

3.2. Cada mandamento trata de um grupo de pecados 

3.3. Os mandamentos exigem uma vida prática 

 

 

TEXTO ÁUREO

“Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.” 1 Coríntios 10.11

 

VERDADE APLICADA

Fomos libertos da escravidão do pecado para pertencermos a DEUS e vivermos segundo a Sua vontade em todas as áreas da vida, para a de DEUS.

 

OBJETIVOS DA LIÇÃO

Falar sobre os mandamentos e a vida prática.
Ensinar os princípios básicos dos Dez Mandamentos.
Destacar JESUS CRISTO com o cumprimento da Lei.

 

TEXTOS DE REFERÊNCIA

SALMO 119
97 Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia.
98 Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio que meus inimigos, pois estão sempre comigo.
99 Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos.
100 Sou mais prudente do que os velhos, porque guardo os teus preceitos.
101 Desviei os meus pés de todo caminho mau, para observar a tua palavra.
102 Não me apartei dos teus juízos, porque tu me ensinaste.
103 Oh! Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais doces do que o mel à minha boca.

 

LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA | Ex 29.13-17 O sacrifício e as cerimônias da consagração.
TERÇA | Mt 22.36-39 O grande mandamento.
QUARTA | Jo 14.21 É preciso guardar os mandamentos de DEUS.
QUINTA | Rm 7.5 A paixão do pecado obra frutos para a morte.
SEXTA | 2Co 3.6 Ministros de um novo testamento.
SÁBADO | EF 4.28-31 É preciso andar em santidade.


HINOS SUGERIDOS: 387, 394, 396

                                 

MOTIVO DE ORAÇÃO

Ore para que o amor ao próximo seja uma ação contínua em nossas vidas.

 

 

PONTO DE PARTIDA: Os princípios de DEUS são eternos.

 

 

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO 13 4Tr24 BETEL

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

 

https://ebdnatv.blogspot.com/search?q=Alian%C3%A7a+de+Sangue+Abra%C3%A3o ESTUDO IMPORTANTÍSSIMO PARA A LIÇÃO 

 

 

Lição 1 - DEUS Dá Sua Lei Ao Povo De Israel

Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2015 - CPAD - Para adultos

Tema: OS DEZ MANDAMENTOS - Valores Imutáveis Para Uma Sociedade Em Constante Mudança

Comentários: Pr. Esequias Soares
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva

 

 

TEXTO ÁUREO

“Que são israelitas, dos quais é a  adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas.” (Rm 9.4)

 

 

VERDADE PRÁTICA

Uma nova nação despontava no horizonte e precisava de uma legislação que definisse as bases em que o povo devia viver, isto é, fundamentada nas promessas feitas aos patriarcas.

 

 

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Êx 34.27 A promulgação da lei é a cerimônia oficial do concerto que DEUS fez

Terça - Êx 19.8 Israel faz voto de fidelidade e obediência à lei de DEUS

Quarta - Gn 15.18 DEUS já havia feito um concerto com Abraão

Quinta - Gn 26.28-30 Era comum celebrar um concerto com festa

Sexta - Rm 7.12 A lei é santa e veio de DEUS, portanto, era preciso observá-la

Sábado - Ne 8.1 A origem da lei é o próprio DEUS, por isso era preciso obedecer-lhe?

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE- Êxodo 20.18-22, 24; 24.4, 6-8

Êxodo 20.18-22 - 18 E todo o povo viu os trovões, e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando;  e o povo, vendo isso, retirou-se e pôs-se de longe.  19 E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos; e não fale DEUS conosco, para que não morramos.  20 E disse Moisés ao povo: Não temais, que DEUS veio para provar-vos e para que o seu temor esteja diante de vós, para que não pequeis.  21 E o povo estava em pé de longe; Moisés, porém, se chegou à escuridade, onde DEUS estava.  22 Então, disse o SENHOR a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: Vós tendes visto que eu falei convosco desde os céus.

Êxodo 20.24 - Um altar de terra me farás e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, e as tuas ofertas pacíficas, e as tuas ovelhas, e as tuas vacas; em todo lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei a ti e te abençoarei.

Êxodo 24.4 - E Moisés escreveu todas as palavras do SENHOR, e levantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte e doze monumentos, segundo as doze tribos de Israel;

Êxodo 24.6-8 6 E Moisés tomou a metade do sangue e a pôs em bacias; e a outra metade do sangue espargiu sobre o altar. 7 E tomou o livro do concerto e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o SENHOR tem falado faremos e obedeceremos. 8 Então, tomou Moisés aquele sangue, e o espargiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue do concerto que o SENHOR tem feito convosco sobre todas estas palavras.

 

OBJETIVO GERAL

Explicar o processo de desenvolvimento da Lei de DEUS.

Abaixo, os objetivos específicos referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico.
Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

Conhecer como a Lei foi promulgada.

Afirmar a autoria de Moisés.

Conceituar "Concerto" ou "Aliança".

 Classificar os sacrifícios que foram estabelecidos com a Lei

 

Resumo da Lição 1 - DEUS Dá Sua Lei Ao Povo De Israel

I. A PROMULGAÇÃO DA LEI

1. A solenidade.

2. A credibilidade de Moisés.

3. A lei.

II. OS CÓDIGOS

1. Classificação.

2. O que há de concreto?

III. O CONCERTO

1. O que é um concerto?

2. Preparativos.

3. O concerto do Sinai.

4. O livro do concerto. 

IV. O SACRIFÍCIO

1. Os holocaustos.

2. O sangue.

3. A aspersão.

 

SÍNTESE DO TÓPICO I

A Lei foi entregue a Moisés no Monte Sinai. O legislador de Israel cumpriu o papel de mediador entre a vontade de DEUS e o povo de Israel

SÍNTESE DO TÓPICO II

Embora os críticos bíblicos afirmem que os escritos atribuídos a Moisés são fragmentados, a Bíblia inteira, bem como o testemunho de JESUS CRISTO, atribui a Moisés a autoria do Pentateuco (Lc 24.44).

SÍNTESE DO TÓPICO III

Enquanto o Antigo Testamento fala de três concertos  - os de Noé, Abraão e Israel - o Novo revela uma nova e suficiente aliança: JESUS CRISTO se fez homem.

SÍNTESE DO TÓPICO IV

DEUS informou a Moisés, na Lei, a constituição de sacrifícios santos: os holocaustos; derramamento de sangue; aspersão do sangue.

 

VOCABULÁRIO

Promulgada: Publicada; tornada pública

 

CONSULTE

Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 61, p.37.

Você encontrará mais subsídios para enriquecer a lição. São artigos que buscam expandir certos assuntos.

 

SUGESTÃO DE LEITURA

O que todo Professor de Escola Dominical Deve Saber

Um excelente instrumento de referência para ajudar o professor da Escola Dominical a crescer em CRISTO, enquanto estuda o Evangelho e transforma-se em um ensinador da Palavra de DEUS.

Teologia do Antigo Testamento

Excelente oportunidade para o professor pesquisar os livros do Antigo Testamento. Sua composição, sua teologia e as principais doutrinas encontradas em cada livro do Testamento Antigo.

História de Israel no Antigo Testamento

O objetivo da obra é conhecer o Israel do Antigo Testamento. O autor reconstitui a história do povo judeu utilizando os textos bíblicos, documentos extrabíblicos e arqueológicos.

 

 

 

 

Observação do Pr. Luiz Henrique

Na verdade, a lei foi dada como regra para o cumprimento da Aliança feita entre DEUS e seu povo especial. Se cumpridas as normas haveria bênçãos por parte de DEUS e se ao contrário, viriam as maldições, como se lê em Deuteronômio 28.

Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro.
Ora, o medianeiro não o é de um só, mas DEUS é um.
Logo, a lei é contra as promessas de DEUS? De nenhuma sorte; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei.
Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em JESUS CRISTO fosse dada aos crentes.
Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar.
De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a CRISTO, para que pela fé fôssemos justificados.

Gálatas 3:19-24

Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro.
Ora, o medianeiro não o é de um só, mas DEUS é um.
Logo, a lei é contra as promessas de DEUS? De nenhuma sorte; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei.
Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em JESUS CRISTO fosse dada aos crentes.
Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar.
De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a CRISTO, para que pela fé fôssemos justificados.

Gálatas 3:19-24

 

TERMOS DA ALIANÇA ( veja http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm ): Significa: leis que vão reger a aliança se mantida ou se quebrada. (Todo o capítulo de Dt 28, fala de bênçãos e maldições da aliança) AbraHão (com "H" que vem do nome de DEUS), recebe promessas, homem pecava, mas prevaleciam as promessas, foi necessário acrescentar leis, continuaram a transgredir e foi necessário acrescentar os cerimoniais que acabam não sendo suficientes para a purificação do homem; DEUS enviou seu filho para um único e perfeito sacrifício. (Hb 10.12-18).

 

Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a CRISTO, para que pela fé fôssemos justificados. Gálatas 3:19; 24

 

Em Dt 28 temos como benção da aliança por exemplo: "11 E o Senhor te fará prosperar grandemente no fruto do teu ventre, no fruto dos teus animais e no fruto do teu solo, na terra que o Senhor, com juramento, prometeu a teus pais te dar.
12 O Senhor te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar à tua terra a chuva no seu tempo, e para abençoar todas as obras das tuas mãos; e emprestarás a muitas nações, porém tu não tomarás emprestado. 13 E o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda; e só estarás por cima, e não por baixo; se obedeceres aos mandamentos do Senhor teu DEUS, que eu hoje te ordeno, para os guardar e cumprir, 14 não te desviando de nenhuma das palavras que eu hoje te ordeno, nem para a direita nem para a esquerda, e não andando após outros deuses, para os servires."

 

Em Dt 28 temos como maldição da aliança por exemplo: "27 O Senhor te ferirá com as úlceras do Egito, com tumores, com sarna e com coceira, de que não possas curar-te;
28 o Senhor te ferirá com loucura, com cegueira, e com pasmo de coração. 29 Apalparás ao meio-dia como o cego apalpa nas trevas, e não prosperarás nos teus caminhos; serás oprimido e roubado todos os dias, e não haverá quem te salve. 30 Desposar-te-ás com uma mulher, porém outro homem dormirá com ela; edificarás uma casa, porém não morarás nela; plantarás uma vinha, porém não a desfrutarás. 31 O teu boi será morto na tua presença, porém dele não comerás; o teu jumento será roubado diante de ti, e não te será restituído a ti; as tuas ovelhas serão dadas aos teus inimigos, e não haverá quem te salve."

 

 

 

 

 AS LEIS PROMULGADAS NO SINAI SÃO TERMOS DA ALIANÇA MOSAICA FEITA ENTRE DEUS E O POVO HEBREU ATRAVÉS DE MOISÉS.

 

COMENTÁRIOS DE VÁRIOS LIVROS E AUTORES COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Pr. Luiz Henrique

INTRODUÇÃO

A primeira lição do novo currículo estuda "Os Dez Mandamentos". Num tempo marcado pelas tentativas de desconstrução da herança civilizatória ocidental (Jerusalém, Atenas e Roma) — isto é, as contribuições das culturas judaica (noções morais), grega (a filosofia, a política e a literatura) e romana (do direito e das instituições) —, torna-se imperioso iniciarmos este novo ano estudando as leis divinas.

O que os Dez Mandamentos têm a nos dizer hoje? Uma pergunta honesta que o professor deve fazer. Os princípios descritos ali são tão atuais como os eram outrora? Quando lemos os Dez Mandamentos, quase sempre, não paramos para refletir no contexto de libertação em que o povo judeu estava situado. Geralmente olhamos para os mandamentos como "leis fixas ou regras duras" e não os damos conta de que a existência deste código divino tinha o objetivo de garantir a liberdade recém-conquistada pelos israelitas.

Há pouco, o povo judeu fora liberto da opressão dos egípcios. Os israelitas sofreram as influências da cultura, da religião, da filosofia de vida egípcia etc. Não há como ficar incólume sob 430 anos de influência em uma cultura majoritária como a do Egito Antigo. Por isso, a providência divina foi a de estabelecer princípios divinos e de vida para os judeus a fim de que o processo de libertação do povo não fosse em vão. Voltar ao "espírito" do Egito, em pleno deserto, seria a sombra que os hebreus conviveriam por 40 longos anos. Mas, DEUS estava disposto a libertá-los para sempre dessa sombra.

Revista ensinador. Editora CPAD. pag. 36.

 

A lei foi dada a Israel como legislação para o povo antes de conquistar a terra de Canaã. Inúmeros preceitos permanecem ainda hoje na legislação de praticamente todos os países do planeta. Sua origem divina é indiscutível, pois aparece no relato dessa comunicação de DEUS a Moisés desde Êxodo 20.1 até Levítico 27.34. Além disso, a Bíblia declara esse fato de maneira direta. O presente trabalho tem por objetivo ajudar o povo de DEUS a distinguir entre lei e evangelho, lembrando que os Dez Mandamentos não são a lei, mas parte dela, que introduz o sistema legal de Moisés.

O Decálogo é o exemplo mais conhecido da forma categórica ou absoluta que se caracteriza pelo comando absoluto, geralmente pelo uso da segunda pessoa do singular no futuro ou no imperativo, e algumas vezes no plural. Isso aparece nos mandamentos negativos ou positivos. O mandamento com o verbo no particípio hebraico também é considerado categórico ou absoluto por muitos, como em: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem seu sangue será derramado" (Gn 9.6); ou: "Quem ferir alguém, que morra, ele também certamente morrerá" (Êx 21.12). As expressões "quem derramar" e "quem ferir" estão no particípio, na língua original. Mas há quem afirme que a referida forma é casuística.

Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 11, 14.

 

Aqui, DEUS novamente deu a conhecer sua presença poderosa aos israelitas, à medida que lhes revelou sua vontade por meio da lei.

O episódio que precede a entrega da lei enfatiza a santidade de DEUS e o pecado do povo (Êx 19). DEUS se revelou entre nuvens, fogo e fumaça. A montanha se tornou um lugar sagrado por causa de sua presença. O povo foi ordenado a preparar-se cerimoniosamente para um encontro com DEUS, e permitiu-se que apenas Moisés e Arão se aproximassem da montanha.

DEUS se encontrou com Israel no Sinai a fim de entregar-lhe a sua lei, a expressão escrita de sua vontade para a vida coletiva e individual dos israelitas. Embora seja fácil pensar a lei como uma entidade isolada, é crucial reconhecer que a lei foi dada dentro do contexto da aliança. M. Kline observou corretamente que Êxodo 19—24 está na forma de um tratado de aliança. O prólogo histórico (Êx 20.2) identifica o autor da lei como aquele que salvou o povo por sua graça. Assim, a lei, como encontrada em Êxodo 20—24, não é tanto a base da relação divino-humana durante o período do Antigo Testamento, mas sim o guia de sua manutenção. Não é a chave do estabelecimento de uma relação com DEUS, mas antes a fórmula para sua continuação e prosperidade. De fato, a outorga da lei é histórica e canonicamente cercada pelos atos graciosos de DEUS, aqueles presenciados antes do êxodo (e que aconteceram sob a base da aliança abraâmica) e os esperados com a conquista e posse da Terra Prometida.

A própria lei pode ser dividida em duas partes: os Dez Mandamentos e o Livro da Aliança. Os Dez Mandamentos são entregues em primeiro lugar (Ex 20.3-17) e possuem a forma de um discurso direto ao ouvinte ou leitor. Eles abrangem os fundamentos da relação divino-humana (do primeiro ao quatro), como também os da relação humano-humano (os últimos seis). As várias leis que compõem o Livro da Aliança (nome proveniente de Êx 24.7) derivam dos princípios mais básicos enunciados nos Dez Mandamentos. Elas detalham os Dez Mandamentos para a situação cultural e histórico-redentora do povo de DEUS no período do Êxodo.

Por exemplo, a lei sobre o boi escorneador (Êx 21.28-36) é uma especificação do sexto mandamento para uma sociedade agrária, e Êxodo 23.10-13 detalha mais completamente o quarto mandamento relativo ao sábado.

Díllard, Raymond B., Raymond B. Introdução ao Antigo Testamento. Editora Vida Nova.

 

Êxo 20.1 ss - Por que os Dez Mandamentos eram necessários para a nova nação de DEUS? Ao pé do monte Sinai. DEUS mostrou ao seu povo a verdadeira função e beleza de suas leis. Os mandamentos foram criados para conduzir Israel a uma vida de santidade prática. Neles, o povo poderia ver a natureza de DEUS e seu plano, segundo o qual deveriam viver. As ordenanças e diretrizes tinham em vista direcionar a comunidade a atender às necessidades de cada indivíduo, de maneira amorosa e responsável. Na época de JESUS, porém, a maioria das pessoas olhava para a lei de modo errado; viam-na como um meio de prosperidade, tanto neste mundo quanto no vindouro. Além disso, pensavam que obedecer a cada lei era o caminho para ganhar a proteção de DEUS contra invasões estrangeiras e desastres naturais. Guardar a lei tomou-se um fim em si mesmo, e não o meio para cumprir a suprema lei de DEUS. que é o amor.

BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 111.

 

Onde encontramos os mandamentos no Novo testamento

Mandamento

Referência Correlata no Novo Testamento

1 e 2

1 João 5.21

3

Tg 5.12

4

Nenhuma referência

5

Ef 6.1-3

6

Rm 13.9

7

1Co 6.9, 10

8

Ef 4.28

9

CI3.9; Tg 4.11

10

Ef 5.3

 

Diferença na arrumação do mandamentos, entre denominações:

As Igrejas Ortodoxas e Reformadas

A Igreja Católica Romana e as Igrejas Luteranas

1. Não terás outros deuses diante de mim (Ex 20:3).

1. Não terás outros deuses (e não farás imagens - Luteranas).

2. Não farás imagens de escultura (Ex 20:4-6).

2. Não tomarás o nome de DEUS em vão.

3. Não tomarás o nome de DEUS em vão (Ex 20:7).

3. Lembra-te do dia de sábado.

4. Lembra-te do dia de sábado, para o santificar (Ex 20:8-11).

4. Honra teus pais.

5. Honra teus pais (Ex 20:12).

5. Não matarás.

6. Não matarás (Ex 20:13).

6. Não adulterarás.

7. Não adulterarás (Ex 20:14).

7. Não furtarás.

8. Não furtarás (Ex 20:15).

8. Não dirás falso testemunho.

9. Não dirás falso testemunho (Ex 20:16).

9. Não cobiçarás a casa de teu próximo.

10. Não cobiçarás a casa de teu próximo, nem sua mulher ou servo, ou animal (Ex 20:17).

10. nem sua mulher ou servo, ou animal.

 

Rota mais provável com maior número de provas é a Rota de Ron Eldon Wyatt - DEUS disse a Moisés no Monte Horebe, na Terra de Midiã que fica do outro lado do Golfo de Ácaba:

"E disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a DEUS neste monte. Êxodo 3:12

Se Moisés estava no Monte Horebe que pertence à cordilheira do Sinai, do lado da Arábia (onde Paulo visitou após sua conversão), então a rota correta é a que está em verde logo abaixo neste mapa, pois DEUS disse para ele ir libertar o povo do Egito e voltar para o mesmo monte para O adorar.

 

 

I - A PROMULGAÇÃO DA LEI

1. A SOLENIDADE.

Êxo 19.1 Foram necessários três meses para que Israel chegasse ao Sinai, depois de haver escapado da servidão no Egito. Na ocasião, um grande acontecimento esperava por eles, o pacto sinaítico.

No terceiro mês. Ou seja, no terceiro mês do calendário religioso, que tinha início na Páscoa, no mês de abibe (nisã). Entre os israelitas também havia um calendário civil. O terceiro mês do calendário religioso chamava-se sivã, correspondente ao nosso mês de maio.

O Targum de Jonathan diz que a chegada de Israel ao Sinai ocorreu quarenta e cinco dias depois da partida do Egito, presumivelmente cinco dias antes da lei ter sido dada, ou seja, no sexto dia do mês de sivã. No primeiro dia desse mês, eles chegaram ao Sinai, e ali acamparam-se. No dia seguinte, Moisés subiu ao monte em sua entrevista com Yahweh ou com Sua teofania. No terceiro dia, ele reuniu os anciãos do povo (vs. 7), e lhes declarou as palavras de DEUS. Três dias mais tarde, que foi o sexto dia do mês de sivã, foi dada a lei aos anciãos do povo, e, deles, para todos os israelitas. A exatidão desses cálculos, porém, dificilmente pode ser averiguada.

Êxo 19.2 O autor sacro oferece aqui uma pequena digressão a fim de lembrar-nos os movimentos de Israel após a partida de Refidim (Êxo. 17.1) para o Sinai. O Sinai foi um dos pontos de parada, onde Israel deveria permanecer por onze meses e seis dias.

A identidade do monte aparece como lugar bem conhecido, ou, pelo menos, identificado com alguma precisão, quando Moisés escreveu o relato. Mas para nós a localização exata está perdida para sempre, embora haja um bom número de conjecturas. Foi ali, ou bem perto dali (em Horebe), que Moisés recebeu seu sinal e comissão originais (Êxo. 3.12). Fica entendido que Yahweh se manifestava ali de maneira especial. Assim, Moisés subiu ao monte cheio de expectativa, em busca de uma entrevista com o Senhor. O autor liga a cena da sarça ardente (cap. 3) com a cena deste capítulo. Chegara o momento de outra grande revelação.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 383.

 

A data do grande concerto segundo o qual a nação de Israel foi fundada.

1. A época em que ele é datado (v. 1)- "Ao terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito”. Calcula-se que a lei tenha sido dada apenas cinquenta dias depois da sua saída do Egito, e em lembrança disto a festa de Pentecostes era observada no quinquagésimo dia depois da Páscoa, e em conformidade com isto, o ESPÍRITO SANTO foi derramado sobre os apóstolos no dia de Pentecostes, cinquenta dias depois da morte de CRISTO. No Egito, eles tinham falado sobre uma jornada de três dias pelo deserto para chegar ao lugar do sacrifício (cap. 5.3), mas acabou sendo uma jornada de quase dois meses. É muito frequente que nos enganemos no cálculo dos tempos, e assim as coisas se mostram mais longas do que esperávamos.

2. O lugar onde ele é datado - no “Monte Sinai”, um lugar que a natureza, e não a arte, tinha tornado eminente e visível, pois era a mais alta de todas as montanhas daquela cordilheira. Desta maneira DEUS despreza as cidades, e os palácios, e as estruturas magníficas, colocando o seu pavilhão sobre o cume de um alto monte, em um deserto estéril e vazio, para ali prosseguir com o seu tratado. O monte se chama “Sinai” por causa da grande quantidade de arbustos espinhosos que o cobriam.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 288.

 

Lv 27.34 - O livro de Levítico está repleto dos mandamentos que DEUS concedeu a seu povo ao pé do monte Sinai. Através deles, podemos aprender muito sobre a natureza e o caráter de DEUS. À primeira vista, Levítico parece irrelevante para o nosso mundo altamente tecnológico, mas, olhando um pouco mais fundo, percebemos que ele ainda fala conosco hoje — DEUS não mudou, e seus princípios são para todos os tempos. Uma voz que as pessoas e a sociedade mudam, precisamos buscar constantemente meios de aplicar os princípios da lei de DEUS em nossas presentes circunstâncias. DEUS é o mesmo em Levítico. hoje e para sempre (Hb 13.8).

BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 174.

 

2. A CREDIBILIDADE DE MOISÉS.

Isto pareceu, também, ter particularmente a finalidade de honrar Moisés: “Para que o povo ouça, falando eu contigo, e para que também te creiam eternamente”, v. 9. Desta maneira, a correspondência devia ser primeiro estabelecida por uma manifestação perceptível da glória divina, e depois deveria ter continuidade, de modo mais silencioso, pelo ministério de Moisés. De igual maneira, o ESPÍRITO SANTO desceu visivelmente sobre CRISTO, no seu batismo, e todos os que estavam presentes ouviram DEUS falando com Ele (Mt 3.17), para que posteriormente, sem a repetição de tais sinais visíveis, pudessem crer nele. E da mesma maneira, o ESPÍRITO desceu em línguas partidas sobre os apóstolos (At 2.3) para que as pessoas cressem neles. Observe que quando as pessoas se declararam dispostas a obedecer à voz de DEUS, então DEUS prometeu que eles ouviriam a sua voz. Pois, se alguém quiser fazer a vontade dele, irá conhecê-la, João 7.17.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 290.

 

Era absolutamente necessário que DEUS desse ao povo de Israel alguma grande evidência particular de seu ser e de seu poder, para que pudessem ser salvos da idolatria, a que eles eram mais propensos deploravelmente, e uma pessoa que eles pudessem dar crédito. Moisés, que haveria de ser o mediador constante entre DEUS e eles. DEUS, portanto, em sua majestade indescritível, desceu sobre o monte, e, pela espessa nuvem escura, violentos trovões, vívidos relâmpagos, explosões de longo e alto tom de trompete, fumaça que cobria toda a montanha, e um terremoto, proclamou o seu poder, a sua glória, e sua santidade, de modo que aquelas pessoas, mesmo sendo infiéis e desobedientes nunca duvidassem da interferência divina, ou tivessem alguma suspeita de qualquer fraude ou impostura de Moisés. Na verdade, tão absoluta e inequívoca foram as provas de força sobrenatural, que era impossível duvidarem dessas aparições ou atribuírem-nas a qualquer outra causa, mas ao poder ilimitado do criador da Natureza. É digno de nota que as pessoas foram informadas três dias antes, Êxodo 19:9-11, que tal aparência era para acontecer, e isto tinha dois excelentes propósitos:

1. Eles tiveram tempo para se santificarem e prepararem-se para esta transação solene, e,

2. Aqueles que poderiam ser céticos tiveram a oportunidade suficiente para fazer uso de todas as precauções para se prevenirem e detectarem uma farsa, por isso este aviso prévio servia de investigação previa antes da revelação divina. Primeiro havia a ordem de que era proibido tocar o monte sob as penas mais terríveis, e em segundo lugar, poderiam ver manifestações da majestade divina, e ouvir as palavras de DEUS. As proibições em primeira instância seriam naturalmente para aguçar a sua curiosidade e torná-los cautelosos de serem enganados, e, finalmente, impressioná-los com o devido senso de justiça de DEUS e sua própria pecaminosidade. As instruções dadas a partir de Êxodo 19:10-15 mostram, inclusive, que não só a santidade de DEUS, mas a pureza que ele requer de seus adoradores. Além disso, todo o escopo e projeto do capítulo provam que nenhuma alma poderia abordar este Ser santo e terrível pessoalmente, mas através de um mediador, e esta é a utilização desta transação inteira pelo autor da Epístola aos Hebreus (Hebreus 12: 18-24).

ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.

 

Êxo 20.22 Os israelitas tinham pedido que Moisés atuasse como mediador entre DEUS e eles mesmos (vs. 19), quando Moisés já estava atuando nessa capacidade, Yahweh instruiu Moisés para que transmitisse ao povo a Sua palavra, e assim teve início a multiplicação dos dez mandamentos básicos; e essa multiplicação, mediante a Interpretação, nunca terminou para o judaísmo. Yahweh enviava a Sua mensagem do Seu céu, o que significa que estamos falando em termos de revelação. As coisas ditas pelo Senhor seriam posteriormente formuladas nas Escrituras.

O fato de que a voz de Yahweh era ouvida por Moisés servia de motivo para o povo de Israel obedecer, pois as palavras subiam acima da compreensão imediata deles. Quanto à descida de Yahweh do céu, ver Êxo. 19.18.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 395.

 

3. A LEI.

A Septuaginta optou por traduzir dekalogos,12 “decálogo", a partir de dois termos gregos: deka,13 "dez", e logos,14 "palavra". O termo nunca é citado no Novo Testamento em sua totalidade e os mandamentos não aparecem de acordo com a sequência canônica (Mt 19.18, 19; Mc 10.19; Lc 18.20; Rm 13.9). O Novo Testamento, às vezes, se refere a ele como "mandamentos" (Mt 19.17; Ef 6.2). Após a Septuaginta, o termo "decálogo" só aparece no período da patrística, na Epístola a Flora, de um autor gnóstico chamado Ptolomeu, que viveu na segunda metade do séc. II., e depois em Irineu de Lião, na forma latina (Contra as Heresias, Livro IV. 15.1; 16.4), e também em Clemente de Alexandria (em sua obra Pedagogos III. 12). Depois disso, o termo se popularizou entre os cristãos.

O Decálogo é a única parte do Pentateuco escrita "pelo dedo de DEUS" (Êx 31.18), linguagem figurada que, segundo Agostinho de Hipona, indica "pelo ESPÍRITO de DEUS" e, de acordo com Clemente de Alexandria, "pelo poder de DEUS". É também a única porção da lei que Israel ouviu partir da voz do próprio DEUS no monte quando ele transmitia essas dez palavras (Êx 19.24, 25; 20.18-20). Os demais preceitos foram transmitidos por Javé exclusivamente a Moisés.

Existe uma discussão acalorada sobre Êxodo 34.28: "E esteve Moisés ali com o SENHOR quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas as palavras do concerto, os dez mandamentos". Parece que o sujeito do verbo "escrever" é Moisés, mas o texto deve ser interpretado à luz do contexto. "O sujeito do verbo é ambíguo" (CHILDS, 1976, p. 604). Pode ser Javé ou Moisés, mas parece tratar-se do próprio DEUS (Êx 34.1). Por essas duas peculiaridades, o Decálogo se reveste de um valor especial no Pentateuco, mas para o cristianismo tem o mesmo valor que qualquer outra parte do Antigo Testamento como Escritura inspirada por DEUS (2 Tm 3.16).

As dez palavras foram escritas pelo próprio DEUS em ambos os lados de duas tábuas de pedra, e entregues a Moisés (Êx 31.18; 32.15, 16; Dt 4.13; 5.22; 10.2-4). Os judeus, desde Fílon de Alexandria até a atualidade, dividem os Dez Mandamentos em dois grupos de cinco, um grupo para cada tábua. Agostinho de Hipona supunha haver três mandamentos na primeira tábua e sete na segunda. Calvino e muitos da atualidade acreditam que na primeira tábua estavam gravados os quatro mandamentos relativos aos deveres do homem para com DEUS e, na segunda, os seis mandamentos relativos ao homem e seu próximo. Alguns interpretam que o Senhor JESUS CRISTO sintetizou as tuas tábuas nos dois grandes mandamentos (Mt 22.34-40), com a ressalva do sábado, pois não há ensino no Novo Testamento para a observância do quarto mandamento. Essa questão é discutida mais adiante, no Capítulo 5.

Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 18-19.

 

 

LEI - A palavra lei foi usada para traduzir a palavra hebraica torah (que significa instrução), e a palavra grega nomos (que significa hábito estabelecido). Fundamentalmente, as duas indicam alguma regra, ou regulamento, impostos sobre o homem ou a natureza por um poder superior. O legislador reserva-se ao direito de punir toda desobediência.

As forças invisíveis que residem na natureza, produzem a ordem e determinam o destino do universo são geralmente chamadas de leis da natureza. A Bíblia Sagrada raramente fala sobre tais leis de forma abstrata, e muitas vezes a razão oferecida é que ela não é um livro de ciências. Entretanto, apesar disso, a Bíblia tem muito a dizer sobre as leis científicas como reveladoras da natureza de DEUS. Verbos como "fazer" (Jó 36.27-33), "dirigir" (37.3), "mandar" (37.12; 38.12), "causar" (37.13,15; 38.26,27), "guiar" (38.32), e substantivos como "caminho" (38.24), "ordenanças" (38.33) e "tempo" (39.1ss.) indicam, em uma linguagem não técnica, o controle de DEUS sobre a natureza por meio de leis que Ele estabeleceu. Será impossível pressupor a existência de um verdadeiro conflito entre essas leis da natureza e as leis que DEUS estabeleceu em outros reinos de seu poder universal.

Em um outro nível encontramos as leis de DEUS escritas no coração dos homens. Nesse caso devemos fazer duas distinções: de um lado, as leis de DEUS estão escritas no coração dos homens como resultado da imagem de DEUS plantada no homem no momento da criação (Gn 1.26ss.). Essas leis, tão definitivas como a cor da pele, fazem com que até os pagãos "façam naturalmente as coisas que são da lei [mosaica]" (Em 2.14). A evidência de tais leis se manifesta na consciência (2.15) e é confirmada pela natureza (Rm 1.26ss.; 1 Co 11.14). Por outro lado, as leis de DEUS estão escritas no coração dos crentes pela nova aliança (Jr 31.31-33; Ez 11.19ss.; 36.25-27; 2 Co 3.3,7,8). Essas leis, implantadas pela "nova criação" (2 Co 5.17), são evidenciadas pelo fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22ss.), e confirmadas pelo "verdadeiro amor" (1 Jo 4.17ss.).

Ainda em um outro nível estão as leis do estado, instituídas como agentes de DEUS na sociedade humana (Rm 13.1-7; 1 Pe 2.13-15 - (veja ANET, pp. 159-198, 212-222). Existem épocas, entretanto, em que o estado, inspirado por uma satânica hostilidade para com a verdade de DEUS, elabora leis que devem ser desobedecidas pelos verdadeiros filhos de DEUS (Dn 3.8-30; 6.1-28; At 5.26-29,40-42). Leis injustas promulgadas no reino do Anticristo trarão perseguição e morte aos seguidores do Cordeiro (Ap 13.1-17; 20.4). A suprema demonstração de obediência do crente deverá ser sempre dirigida a DEUS e não ao homem (Atos 5.29; Ap 1.9; 12.11). Em um nível mais elevado estão aquelas leis instituídas por DEUS para o presente estágio da existência humana. Elas podem ser classificadas como judiciais e rituais. As judiciais se baseiam principalmente nos Dez Mandamentos (q.v.) e tratam do relacionamento dentro da sociedade onde restrições devem ser impostas sobre as inclinações pecaminosas da natureza humana (Rm 7.6; Gl 3.19). Essas leis ainda eram válidas na Era dos evangelhos, pelo fato de representarem os relacionamentos básicos da vida onde estão envolvidos o pecado e a justiça. As leis rituais, entretanto, têm o propósito divino de serem representações tipológicas das verdades dos evangelhos embutidas no AT. Agora que CRISTO já cumpriu toda a tipologia por sua morte na cruz, elas perderam a validade (Mt 27.51; Gl 5.1-9; Hb 9.1-28; 10.1-22).

Em um nível superior a todas as leis, estão as leis morais de DEUS resumidas nos Dez Mandamentos. Essas leis são eternamente válidas porque estão baseadas na imutável natureza divina. O crente, finalmente, entrará em um reino de glória onde a desobediência às leis divinas será não só inadmissível como impossível. Essas leis Divinas, enunciadas nos Dez Mandamentos e reinterpretadas em termos de absoluto amor a DEUS e ao próximo (Mt 22.36-40; Rm 13.8-11; Gl 5.14), encontram o seu cumprimento presente na vida do crente, e o seu cumprimento final quando este for viver na cidade celestial, desfrutando a eternidade junto com o Senhor. Resumindo, podemos fazer as seguintes distinções: (1) As leis feitas por DEUS (Êx 20.1-17) e as leis feitas pelo homem (Dn 6.6-9); (2) as leis de importância temporal (Hb 10.1-4) e as leis que terão uma duração eterna (2 Sm 7.12-26; SI 1-4); (3) as leis escritas em tábuas de pedra (Dt 5.22) e as leis escritas no coração dos homens (Hb 8.10; cf. 2 Co 3.3); (4) as leis dirigidas apenas aos judeus (At 15.1,10) e as leis destinadas a toda humanidade (Gn 1.28; 9.5-7).

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1137-1138

 

A LEI DE DEUS Êx 20.1

Os seres humanos não foram criados autônomos (isto é, seres livres para seguirem sua própria lei), mas foram criados seres teônomos, ou seja, para estarem sujeitos à lei de DEUS. Isso não constituía uma privação para o homem, porque DEUS o criou de tal maneira que uma obediência agradecida poderia proporcionar-lhe a mais alta felicidade. Dever e prazer seriam coincidentes, como ocorreu com JESUS (Jo 4.34; cf. SI 112.1; 119.14, 16,47-48,97-113, 127-128, 163-167). O coração humano decaído odeia a lei de DEUS, tanto pelo fato de ser uma lei quanto por ela vir de DEUS. Os que conhecem a CRISTO, contudo, descobrem não só que amam a lei e querem guardá-la tanto para agradarem a DEUS e como gratidão pela graça (Rm 7.18-22; 12.1-2) :..:...mas também que o ESPÍRITO SANTO os conduz a um grau de obediência que nunca tiveram antes (Rm 7 .6; 8.4-6; Hb 10.16).

A lei moral de DEUS está abundantemente exposta nas Escrituras, no Decálogo (Os Dez Mandamentos), em outros estatutos de Moisés, em sermões de profetas, no ensino de JESUS e nas cartas do Novo Testamento. A lei reflete o caráter santo de DEUS e seu propósito para os seres humanos que criou. DEUS ordena o comportamento que lhe agrada e proíbe aquilo que o ofende. JESUS resume a lei moral nos dois grandes mandamentos: o amor a DEUS e o amor ao próximo (Mt 22.37-40). Ele diz que desses dois dependem todas as instruções morais do Antigo Testamento. O ensino moral de CRISTO e de seus apóstolos é a velha lei aprofundada e reaplicada a novas circunstâncias, as da vida no Reino de DEUS, onde o Salvador reina, e na era pós-pentecostes do ESPÍRITO, quando o povo de DEUS é chamado a viver uma vida santificada no meio de um mundo hostil (Jo 17.6-19).

A lei bíblica é de várias espécies. As leis morais ordenam o comportamento pessoal e comunitário, que sempre são de nosso dever observar. As leis políticas do Antigo Testamento aplicavam princípios da lei moral à situação nacional de Israel, quando Israel era uma teocracia, como povo de DEUS na terra. As leis do Antigo Testamento a respeito de purificação cerimonial, regime alimentar e sacrifícios eram estatutos temporários, com o objetivo de instruir o povo. Essas leis foram canceladas pelo Novo Testamento, porque o seu significado simbólico foi cumprido (Mt 15.20; Me 7.15-19; At 10.9-16; Hb 10.1-14: 13.9-10).

A combinação de leis morais, judiciais e rituais nos livros de Moisés comunicam a mensagem de que a vida sob a orientação de DEUS não deve ser vista nem vivida em compartimentos, mas como uma unidade multifacetada. Comunicam também que a autoridade de DEUS como legislador deu força igual a todo o código. Contudo, as leis eram de diferentes espécies e tinham diferentes propósitos. As leis políticas e cerimoniais tinham aplicação limitada, enquanto parece claro, tanto do contexto imediato quanto do ensino de JESUS, que a afirmação de JESUS a respeito da imutável força universal da lei se refere à lei moral como tal (Mt 5.17-19; cf. Lc 16.16-17).

DEUS exige a total obediência de cada pessoa a todas as implicações de sua lei. Como diz o Catecismo Maior de Westminster; p. 99: "A lei ... obriga todos à plena conformidade do homem integral à retidão dela e à inteira obediência para sempre"; "a lei é espiritual e, assim, se estende tanto ao entendimento, à vontade, às afeições e a todas as outras potências da alma, quanto às palavras, às obras e ao procedimento." Em outras palavras, tanto os desejos quanto as ações devem ser retos. JESUS condena a hipocrisia que oculta a corrupção íntima com fingimentos exteriores (Mt 15. 7-8; 23.25-28). Além disso, as decorrências da lei são parte de seu conteúdo: "onde um dever é ordenado, o pecado contrário é proibido; e, onde um pecado é proibido, o dever contrário é ordenado".

Bíblia de Estudo de Genebra. Editoras Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 103.

 

II – OS CÓDIGOS

1. A CLASSIFICAÇÃO.

Os códigos do Pentateuco são seções distintas no sistema mosaico que a crítica considera porções legais produzidas durante um longo lapso de tempo. Os críticos afirmam ter encontrado sete grupos: os Dez Mandamentos (Êx 20.1-17; Dt5.6-21); o que eles costumam chamar de Código da Aliança (Êx 20.22-23.33); Ritual do Decálogo (Êx 34.10-26); Código de Santidade (Lv 17- 26); Código Sacerdotal (Lv 1-16); o Código Deuteronômico (Dt 12-26); além do discurso sobre as bênçãos e as maldições (Dt 27-28). Outros expositores mais ousados chegam a afirmar que o texto se constituía dos Dez Mandamentos sem as explicações de Êxodo 20.4-6, 9-11 e Deuteronômio 5.9, 10, 13-15, as quais teriam sido acrescentadas posteriormente. Há, na verdade, entre os críticos judeus e cristãos mais conservadores, a ideia de que Moisés recebeu as tábuas sem as respectivas explicações, mas que DEUS mandou o próprio Moisés incluí-las no livro da Lei.

Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 21-22.

 

A Bíblia afirma (cf. Êx 17.14; 24.4; Nm 33.1,2; Dt 31.9; Js 1.8; 2 Rs 21.8) que o Pentateuco é uma coletânea de escritos diversos. Mas isto não enfraquece a compreensão tradicional da coletânea como Torá ou instrução. Através de história, poema, genealogia, narrativa, prescrição e exortação, a mensagem teológica é comunicada com um objetivo único: que Israel seja instruído quanto ao significado e propósito. A forma literária, por mais útil que seja em certas ocasiões específicas, tem pouco a dizer sobre o caráter fundamental do Pentateuco como literatura teológica.

Roy B. Zuck. Teologia do Antigo Testamento. Editora CPAD. pag. 21.

 

Quanto a isso, só posso apresentar exemplos das idéias que giram em torno da questão.

1. Considerações Históricas

a. O trecho de Deu. 31:9 informa-nos que Moisés escreveu «esta lei», mas não é mister compreendermos essa declaração como se a mesma cobrisse o Pentateuco inteiro, mas tão-somente a legislação mosaica incorporada ao mesmo.

b. O Senhor JESUS fez uma declaração abrangente sobre a questão, em João 5:46,47 e em 7:19. Mas essa declaração apenas reiterou a tradição rabínica, e não precisa ser entendida como uma afirmação crítica e histórica. Além disso, muitos estudiosos crêem que JESUS poderia ter repetido aquela tradição, sem entrar nos méritos da autoria do Pentateuco como um todo, aludindo somente à essência da lei incorporada por aquela coletânea. E outros dizem simplesmente que a Igreja pôs essas palavras na boca de JESUS, concluindo daí que, pela autoridade de JESUS, essas palavras nada dizem a favor ou contra a autoria mosaica do Pentateuco como um todo.

c. A tradição rabínica, naturalmente, é o poder que estabeleceu a autoria mosaica do Pentateuco (ver Pirque Aboth 1:1; Baba Bathra 14b). Essa questão foi levada ao extremo de afirmar que Moisés escreveu sobre sua própria morte (ver Deu. 35:5 ss), conforme Filo e Josefo afirmaram. Mas o Talmude admite que Josué foi o autor desse comentário sobre a morte de Moisés.

d. O trecho de II Esdras 14:21,22 diz como os rolos do Pentateuco foram destruídos no incêndio que lavrou quando do cerco de Jerusalém, nos dias de Nabucodonosor, e como Esdras reescreveu a totalidade dos cinco livros, uma tradição aceita por vários dos pais da Igreja, como Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria e Jerônimo.

e. João Damasceno ajuntou que os nazarenos, uma seita de judeus cristãos, rejeitavam a autoria mosaica do Pentateuco, em cerca de 750 D.C.

f. Os ebionitas (vide) olhavam com suspeita para certos trechos do Pentateuco, quando este entrava em choque com as idéias deles.

g. Alguns escritores judeus e islamitas da Idade Média salientaram algumas supostas contradições e anacronismos do Pentateuco. Um exemplo disso é a afirmação de Ibn Ezra (falecido em 1167), com base numa ideia do rabino Isaque ben Jasos (falecido em 1057), de que o trigésimo sexto capítulo de Gênesis não foi escrito antes do tempo do rei Josafá, por causa da menção feita ali a Hadade (comparar Gên. 36:35 com I Reis 11:14). E também afirmava que o texto sofrera algumas interpolações em Gên. 12:6; 22:14; Deu. 1:1; 3:11.

h. O reformador protestante Carlstadt (1480-1541) observou que Moisés não poderia ter escrito o Pentateuco em geral, embora não tivesse observado qualquer alteração estilística quanto ao material pertencente ao período antes e depois da morte de Moisés.

i. Andreas Masius, em seu comentário (1547), declarou que Esdras inseriu no Pentateuco algum material de sua autoria.

j. Mas a crítica detalhada, como a da teoria J. E. D. P.(S.), apareceu no século XVIII. Alguns críticos, como Jean Astruc, acreditavam que o próprio Moisés utilizara documentos distintos, tendo atuado como autor-compilador, e não apenas como autor. A crítica posterior, entretanto, acabou negando inteiramente que Moisés fosse o autor real dos cinco livros, embora admitindo que algum material genuinamente mosaico tenha sido incorporado à compilação. Mas alguns extremistas chegaram a eliminar qualquer participação de Moisés, dizendo que ele nem ao menos sabia escrever!

I. Wellhausen (1844-1918) foi o criador da teoria das múltiplas fontes informativas em uma forma mais coerente, conferindo datas a cada suposta fonte; os elementos essenciais dessa ideia aparecem na primeira seção, oitavo ponto. Autores posteriores deram-se ao trabalho de subdividir cada fonte, como £( 1), £(2), tanto quanto de combinarem documentos como JE. Essa atividade chegou ao extremo de dividir a fonte P(S.) em sete subfontes, na análise de B. Baentsch. Uma outra ideia, combinada com a anterior, era aquela que diz que em vez de autores específicos estarem envolvidos em cada uma dessas fontes, cada uma delas, na verdade, seria o produto de uma escola inteira de editores e autores. Isso conferiu à teoria uma complexidade que deixa a mente estonteada.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4994.

 

2. O QUE HÁ DE CONCRETO?

A novidade da crítica é que ela questiona a tradição judaico- -cristã no que diz respeito à paternidade mosaica do Pentateuco e à sua antiguidade. A fragmentação que os críticos apresentam juntamente com os seus pressupostos científicos não deve impressionar ou preocupar os cristãos, pois submeter a Bíblia à ciência não nos parece sensato. A ciência modifica-se a cada nova descoberta; "o espírito científico é essencialmente uma retificação do saber, um alargamento dos quadros do conhecimento" (BACHELARD, 1968, p. 147). Muitas coisas que foram ciência no passado, hoje, não passam de bobagens; da mesma forma, o que é ciência hoje pode ser bobagem amanhã. A Bíblia, no entanto, permanece para sempre (Is 40.8). A religião cristã se fundamenta na fé e na revelação e não na ciência (Hb 11.3).

Não se sabe exatamente como o texto do Pentateuco foi produzido e se desconhece também o critério adotado pelo legislador para a organização do livro. O grande problema é a falta de informação de uma época tão distante. É característico da cultura oriental pensar em círculos dando ênfase ao fato ocorrido, e não à data, diferentemente da forma linear adotada no modelo ocidental. A narrativa da Torre de Babel (Gn 11.1-7), por exemplo, precede cronologicamente a tabela das nações registrada em Gênesis 10; no entanto, aparece posteriormente no relato das Escrituras. Isso explica, muitas vezes, as repetições presentes nos textos bíblicos. Não se deve, portanto, fragmentar o texto atribuindo-o a diversos autores e a diversas épocas, ainda mais quando a Bíblia afirma ao longo de suas páginas a autoria mosaica do Pentateuco. DEUS mandou Moisés escrever essas coisas num livro (Êx 17.14; 24.4-8; 34.27). A essa altura da história, os escritos eram parciais, pois a produção do texto estava ainda em andamento. Moisés escreveu as jornadas dos filhos de Israel no deserto (Nm 33.1 -49). Mas ainda está escrito que Moisés acabou de "escrever as palavras desta Lei num livro, até de todo as acabar" (Dt 31.24). Isso é ratificado em toda a Bíblia a partir da própria Torá até o Novo Testamento (Dt 31.9, 25, 26; Js 8.32-35; Jz 3.4; 1 RS 8.53, 56; Dn 9.11-13; Ml 4.4; Mt 19.7, 8; Mc 10.4, 5; Lc 5.14; Jo 1.17; 5.45-47; Rm 10.5; 1 Co.9.8, 9; 2 Co 3.15). Não há como mudar essa verdade, ainda mais com base em especulações ou interpretações sob o argumento de método científico. Assim, as sessões do Pentateuco às quais os críticos chamam de códigos são realmente detectáveis; isso não implica, contudo, a autoria de diversos autores e nem em datas posteriores.

É verdade que há no Pentateuco extratos de escritores desconhecidos ou uma coletânea de diversos documentos, como as genealogias do Gênesis, e outros que sofreram revisão posterior por escribas e profetas igualmente inspirados, como algumas glosas, por exemplo, "e estavam, então, os cananeus na terra" (Gn 12.6); o nome "Dã" antes da formação da família de Jacó (Gn 14.14); a menção de reis em Israel, antes mesmo da conquista de Canaã (Gn 36.31); a expressão "dalém do Jordão" (Dt 1.1) enquanto Moisés nem mesmo atravessou o rio. Nada disso descaracteriza sua paternidade literária. A revelação divina foi gradativa. A autoridade dos massoretas posteriores do judaísmo rabínico não é a mesma dos sopherim,15 "escribas", que trabalharam nas cópias e na edição dos livros no período pré-cristão. Esdras era um deles e é chamado de "escriba", sophêr16 (Ed 7.6). Os massoretas jamais ousaram modificar uma palavra das Escrituras, pois o cânon já estava fixado, uma postura diferente da dos sopherim, que eram encarregados de padronizar e revisar textos.

Os livros do Antigo Testamento foram produzidos por profetas, sacerdotes e sábios de Israel (Jr 18.18). DEUS confiou a eles a sua revelação. A continuidade do texto, como a narrativa da morte de Moisés em Deuteronômio 34, era realizada por alguém divinamente autorizado. As glosas editoriais foram inseridas no texto sagrado por pessoas autorizadas, profetas, sacerdotes e sábios num período em que o cânon ainda estava aberto. Isso não compromete a paternidade mosaica do Pentateuco. Esses detalhes editoriais são reconhecidos pela tradição desde a antiguidade. Logo, não se sustentam as ideias defendidas pelos críticos liberais sobre os supostos autores do Pentateuco e as diversas datas sugeridas para a composição de cada código.

Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 22-24.

 

Autoria A visão das Escrituras de que Moisés era o autor humano do Pentateuco é sustentada pelas evidências. Há seis passagens no Pentateuco que declaram especificamente a autoria de Moisés (Êx 17.14; 24.4-8; 34.27; Nm 33.1,2; Dt 31.9,24-26; 31.22,30-32.43). Três dessas referências estão ligadas às partes legislativas, e três às partes históricas. Estas 6 partes são partes integrais do seu contexto, de forma que as referências citadas provavelmente atribuem a Moisés a autoria de uma boa parte do contexto em que elas ocorrem. Com relação a Gênesis, nenhuma declaração específica de autoria é encontrada no livro. Mas Gênesis é uma parte integrante do Pentateuco. Sua narrativa conduz a acontecimentos relatados em Êxodo, e sem ela o Êxodo não seria compreensível. O Êxodo pressupõe claramente Gênesis; de fato, sua primeira palavra hebraica voe, normalmente traduzida como "e", mostra que deve ser conectada com o que precede em Gênesis. Se Moisés foi o autor dos últimos 4 livros do Pentateuco, também foi o autor de Gênesis. Ao longo dos últimos 4 livros do Pentateuco, Moisés foi o personagem principal. Ele era o mediador pelo qual DEUS falava à nação ao transmitir sua lei. DEUS deu a este patriarca as instruções para a construção do Tabernáculo, e lhe revelou as leis com relação à adoração. Cada vez mais, lemos sentenças como "Então, disse o Senhor a Moisés", "Como o Senhor ordenara a Moisés" etc. Quando chegamos a Deuteronômio, estamos na mesma atmosfera. O livro começa com "Estas são as palavras que Moisés falou..." Em todo o livro de Deuteronômio, Moisés aparece como a figura central.

Nos demais livros e passagens do AT, o Pentateuco é uniformemente considerado como obra de Moisés. É correto dizer que a única lei autorizada que é reconhecida no AT é a lei de Moisés; o mesmo é verdade em relação ao NT. Citações feitas do Pentateuco atribuem sua autoria a Moisés (cf. Mt 19.8; Mc 10.3-5; Lc 24.27,44; Jo 5.46,47; 7.19; At 3.22; Ap 15.3 etc). Tanto o AT como o NT consideram Moisés como o autor humano da lei. No século XVIII, surgiu a visão de que o Pentateuco não era inteiramente uma obra de Moisés. Pensou-se que a presença de diferentes nomes divinos em Gênesis fosse uma marca de diferentes autores. Finalmente, assumiu-se que Gênesis consistia em três documentos principais, que foram finalmente reunidos por um redator. Pensou-se que estes 3 documentos, ou partes deles tivessem sido encontrados também em Êxodo, Levítico e Números, sendo que Deuteronômio foi atribuído a uma fonte diferente. No entanto, a hipótese documentária, como é chamada, embora sustentada por muitos estudiosos, destrói a verdadeira unidade e harmonia do Pentateuco. E uma teoria que não tem o suporte dos fatos e, portanto, deve ser abandonada.

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1499-1500.

 

O Pentateuco foi criação de Moisés, o grande libertador no Êxodo que comunicou aos israelitas a revelação de DEUS concernente a si mesmo e aos propósitos para o povo recentemente resgatado. Isto aconteceu nas planícies de Moabe, quarenta anos depois do Êxodo, na época em que Israel estava prestes a conquistar Canaã e estabelecer-se como entidade nacional em cumprimento das promessas feitas aos ancestrais patriarcais. Embora não haja dúvida de que houvera uma tradição oral (e talvez escrita) contínua acerca das suas origens, história e propósito, foi Moisés que reuniu estas tradições e as integrou ao corpo conhecido por Torá, desta forma surgindo uma síntese abrangente e oficial.

Tornou-se a expressão escrita da vontade de DEUS para Israel em termos dos propósitos divinos mais amplos na criação e redenção.

Roy B. Zuck. Teologia do Antigo Testamento. Editora CPAD. pag. 21.

 

III – O CONCERTO

1. O QUE É UM CONCERTO? http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm

ALIANÇA. Em hebraico, uma "aliança" é determinada pelo termo berit, e berit karat significa "fazer (lit., 'cortar' ou 'lapidar') uma aliança". Em grego o termo é diatheke (que pode significar tanto "pacto" como "último desejo e testamento"), e o verbo é diatithemi (At 3.25; Hb 8.10; 9.16; 10.16). Uma aliança é um acordo entre duas ou mais pessoas em que quatro elementos estão presentes: partes, condições, resultados, garantias. As alianças bíblicas são importantes como uma chave para duas grandes facetas da verdade: Soteriologia - O plano de DEUS através de JESUS CRISTO para redimir os seus eleitos, está revelado de uma maneira ampla e profunda nas sucessivas alianças.

Alianças Bíblicas Específicas

1. Aliança Noéica. Esta é a primeira aliança claramente mencionada nas Escrituras. Ela foi prometida a Noé em Gênesis 6.18 e está registrada em Gênesis 8.20-9.17. Esta aliança foi, sobretudo, unilateral, pois DEUS era o seu criador e executor, não requerendo um compromisso de aceitação e consentimento por parte de Noé, como no caso do juramento dos israelitas ao pé do Monte Sinai (veja Êx 19.8).

As partes desta aliança eram DEUS e a terra (Gn 9.13) ou Noé e todos os seus descendentes (Gn 9.9,16,17). Daqui por diante, ela era universal em seu escopo. Apesar disso, ela tinha certas condições, a saber, que a humanidade fosse frutífera, se multiplicasse e enchesse a terra (9.1,7); que não comesse carne com vida, isto é, com o sangue (9.4). Assim, a aliança era condicional, porque DEUS trouxe um julgamento sobre a humanidade no episódio da Torre de Babel na forma de uma confusão de línguas, para forçar o povo a se espalhar e povoar a terra, quando eles estavam deliberadamente desafiando o propósito e a ordem de DEUS (Gn 11.4-9). O Resultado era a promessa de que DEUS nunca mais destruiria a terra com um dilúvio (Gn 8.21; 9.11,15), com a concomitante promessa da regularidade das estações (Gn 8.22). A garantia de que DEUS iria manter esta aliança enquanto durasse a terra encontrava-se em seu sinal ou prova, o arco-íris (9.12-17).

2. Aliança Abraâmica. Esta é geralmente considerada uma aliança unilateral no sentido de que foi em primeiro lugar anunciada por DEUS, sem qualquer condição a ela vinculada. Entretanto, um elemento bilateral aparece em Genesis 17.1: "Eu sou o DEUS Todo-poderoso; anda em minha presença e sê perfeito"; e na última repetição e confirmação da aliança a Abraão em Genesis 22.16ss., quando DEUS diz, "Por mim mesmo, jurei... porquanto fizeste esta ação e não me negaste o teu filho, o teu único, que deveras te abençoarei".

As partes desta aliança eram DEUS e Abraão. A condição - revelada por DEUS a Abraão, depois dele demonstrar a sua vontade de obedecer à ordem de DEUS de oferecer Isaque - era a obediência pela fé (cf. Hb 11.17-19). Os resultados foram: a promessa de DEUS de transformar a posteridade de Abraão em uma grande nação (Gn 12.2); aumentar a sua semente tornando-a numerosa como a areia do mar (Gn 22.17); abençoar aqueles que abençoassem o povo judeu e amaldiçoar aqueles que o amaldiçoassem (Gn 12.3); e dar à descendência a Abraão (ou seja, a Israel), a Palestina e o território que vai do rio do Egito até o Eufrates. Finalmente, e o mais importante de tudo, o mundo inteiro seria abençoado através da sua descendência, que era CRISTO (Gl 3.16), e CRISTO por sua vez dominaria sobre todos os seus inimigos (Gn 22.17,18). A garantia desta grande aliança era o juramento de DEUS por si mesmo e por seu grande Nome (Gn 22.16; Hb 6.13-18), assim como o derramamento do sangue dos sacrifícios (Gn 15.9,10,17).

3. Aliança Mosaica ou do Sinai. Nesta aliança vemos o surgimento de um novo fator, de uma forma particular. A aliança Abraâmica era muito simples e direta, a Mosaica, mesmo sendo direta, era muito mais complexa, empregava a forma contemporânea das alianças de suserania e vassalagem em voga no antigo Oriente, onde o grande senhor ou suserano ditava um acordo para os seus vassalos ou servos. Um recente estudo dos tratados ou alianças hititas da metade do segundo milênio a. C., revelou que existia uma forma paralela entre estas e a aliança de DEUS com Israel, e cada uma continha seis elementos.

(1) Um preâmbulo: "Eu sou o Senhor, teu DEUS" (Ex 20.2a), identificava o autor da aliança, e correspondia a cada introdução como "Estas são as palavras do filho de Mursilis, o grande rei, e rei da terra de Hati, o valente, o filho favorito do deus do trovão etc..." (ANET, p. 203).

(2) Um prólogo histórico: "...que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Êx 20.2). Em Deuteronômio, que é a segunda dádiva da aliança e da lei, o prólogo histórico se expandia amplamente a fim de abranger o modo como DEUS levou Israel pelo deserto até aos limites da terra prometida (Dt 1.6-4.49). Moisés está repetindo e expandindo a aliança dada no Sinai, para atualizá-la e preparar Israel para a entrada na terra prometida. Nas alianças hititas, o suserano dominador lembrava ao governante vassalo (o governante subjugado) os benefícios que ele desfrutara até o momento como vassalo de seu reino, como a base para a sua gratidão e obediência futura.

(3) As estipulações ou obrigações exclusivas da aliança: "Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura..."Não te encurvarás a elas nem as servirás" (Êx 20.3-5). Uma típica aliança hitita foi registrada da seguinte forma: "Mas tu, Duppi-Tessub permaneça leal ao rei da terra de Hati... Não volte os seus olhos para mais ninguém" (ANET, p. 204). Em sua primeira forma em Êxodo 20, a aliança começa com os Dez Mandamentos e continua ao longo de Êxodo 31. Em Deuteronômio, ela começa com a lei no cap. 5 e continua pelo cap. 26.(4) Sanções, a saber, bênçãos e maldições que acompanham a manutenção ou o rompimento da aliança. Em sua primeira promulgação no Êxodo, estas sanções estão vinculadas, na aliança Mosaica, aos Dez Mandamentos; por exemplo: "Visito a maldade... e faço misericórdia" (Êx 20.5,6); e, "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra" (Êx 20.12). Além disso, mais sanções e advertências são dadas com a promessa de direção e proteção pela presença de DEUS (Êx 23.20-33; para mais bênçãos e maldições, veja Levítico 26). Mas em Deuteronômio há dois capítulos de bênçãos e maldições que devem ser lidos publicamente e expostos na cerimónia de renovação da aliança (27 e 28), seguidos pela conhecida aliança Palestina (29-30). Bênçãos e maldições também eram escritas nos tratados da Ásia ocidental. A confirmação bíblica ou a certeza de que uma promessa seria mantida era um juramento ou ainda a morte daquele que fez a aliança. "Os termos juramento e aliança são sempre usados como sinônimos no AT, assim como os termos juramento e tratado nos textos extrabíblicos" esta é a conclusão de Gene M. Tucker ("Covenant Forms and Contract Forms", VT, XV [1965], p. 497). Uma aliança no AT era, em sua essência, um juramento, um acordo solene. DEUS confirmou a aliança Mosaica através de um juramento mencionado em Deuteronômio 29.12ss. O juramento... "que o Senhor, teu DEUS, hoje faz contigo" (cf. Dt 32.40; Ez 16.8; Nm 10.29). As partes que faziam a aliança deveriam se tornar como os mortos, de maneira que não poderiam mais mudar de ideia e revogá-la, assim como os mortos também não poderiam fazer (Gn 15.8-18; Hb 9.16,17). Assim, o sangue dos animais substitutos sacrificados era espargido na cerimónia de ratificação da aliança, para representar a "morte" das partes (Êx 24.3-8). Os tratados hititas comuns na época de Moisés não tinham como característica um juramento por parte do suserano; ao invés disso, eles enfatizavam o juramento de lealdade por parte do vassalo.

(5) Testemunhas: Os tratados hititas apelavam para uma longa lista de divindades como testemunhas dos documentos. No Sinai e em outras alianças bíblicas, os deuses pagãos eram obviamente excluídos. Ao invés disso, memoriais de pedra podiam ser uma testemunha (Êx 24.4; cf. Js 24.27); os céus e a terra eram convocados como testemunhas (Dt 30.19; 31.28; 32.1; cf. 4.26); o livro da lei (ou o rolo da lei) era depositado ao lado da arca com a finalidade de ser uma testemunha (Dt 31.26); e o próprio cântico de Moisés lembraria ao povo os votos que fizeram por ocasião da aliança (Dt 31.30-32.47). Na cerimónia de renovação da aliança no final da vida de Josué, o próprio povo atuou como testemunha (Js 24.22).

(6) A perpetuação da aliança. Esta podia ser vista no cuidado pela segurança dos documentos do tratado, que no caso dos pagãos eram geralmente depositados perante ou sob um deus pagão de uma nação que fazia parte do tratado. Esta atitude poderia ser contrastada com as tábuas da aliança Mosaica, colocadas dentro da arca da aliança em Israel (Êx 25.16,21; 40.20; Dt 10.2). As alianças hititas e a aliança Mosaica eram lidas periodicamente em público, e as crianças eram nelas instruídas. A lei era registrada em pedras caiadas (Dt 27.4), e lida em voz alta durante as cerimônias, como aconteceu quando as bênçãos e maldições foram pronunciadas (estando a metade de Israel no Monte Ebal e a outra metade no Monte Gerizim), depois de terem entrado na terra prometida (Dt 27.9ss.; Js 8.30-35). A lei era lida integralmente e publicamente a cada sete anos na Festa dos Tabernáculos (Dt 31.9-13). Chegou-se a várias conclusões importantes como resultado da comparação da aliança Mosaica com os antigos tratados de suserania daquela época: (a) DEUS falou a Israel de uma forma conveniente ao seu propósito, mas que também fosse familiar ao povo daquela época. Alguns dos detalhes mais apurados da forma até mesmo provam que a aliança Mosaica deve ter sido estabelecida antes de 1200 a.C, porque os tratados aramaicos e assírios do primeiro milênio a. C. não possuem vários dos elementos característicos comuns aos hititas e à aliança do Sinai (veja Meredith G. Kline, The Treaty of the Great King, p. 42ss.). (6) A forma particular da aliança hitita em Deuteronômio nos leva a ver que a ênfase é maior no significado da aliança do que em seu significado legal, (c) Estudos mostram que as duas tábuas da lei não eram duas pedras com quatro mandamentos na primeira e seis na segunda, mas duas cópias de pedra do mesmo tratado ou aliança: uma para DEUS - mantida na arca -e outra para Israel. O mesmo acontecia em todos os tratados hititas e assírios: duas cópias eram feitas, uma para o rei do suserano e outra para o rei do vassalo. Certas diferenças importantes, não devem, entretanto, passar despercebidas. A Aliança Mosaica, como feita por DEUS, baseava-se no amor e na graça e não simplesmente em poder. Além disso, ela tinha como objetivo a salvação dos eleitos de DEUS, e não a mera submissão e obediência. Voltando ao significado e à importância espiritual dessa aliança, podemos concluir que o elemento condicional é prioritário em relação ao elemento incondicional. Será que está sendo ensinada a expressão "faze isso e viverás" (cf. Lc 10.28) no sentido de que a vida eterna para o crente do AT dependia de se guardar a lei de DEUS? Se fosse, as obras seriam de valor meritório até que viesse a cruz! Ou será que DEUS queria dizer que deveriam viver à luz da lei? O Senhor JESUS CRISTO, no Sermão do Monte, ensinou esta segunda visão quando expôs vários mandamentos e disse: "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus" (Mt 5.48). Ele aplicou a lei com o propósito da contínua santificação do crente e não para a sua justificação. Em Levítico 18.5 é feita a mesma aplicação da lei: "Os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, fazendo-os o homem, viverá por eles" (ou seja, naquele âmbito). Quando vemos que esta aliança começa com a graça: "Eu sou o Senhor, teu DEUS, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Êx.20.2), e acrescentamos a isto uma consideração dos fatos descritos acima, somos levados a vê-la como uma aliança cheia de graça. A aliança Mosaica, então, torna-se tanto um aio que tem a função de nos trazer a CRISTO, onde todos os tipos de aliança apontam para ele, como um padrão para guiar o comportamento dos crentes do AT e dos cristãos.

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 61-64.

 

Os Pacto. Enumerados

1. O pacto edênico (ver Gên, 1:26-28). Esse pacto condicionava a vida do homem em seu estado de inocência.

2. O pacto adâmico (ver Gên. 3:14-19). Esse pacto condicionava a vida do homem após a queda, dando-lhe a promessa da redenção.

3. O pacto noaico (ver Gên. 9:1 e ss). Esse pacto estabeleceu o princípio do governo humano.

4. O pacto abraâmico (ver Gên. 15:8). Esse pacto diz respeito à fundação física e espiritual de Israel, impondo condições aos que quisessem pertencer ao Israel espiritual.

5. O pacto mosaico (ver Êxo, 19:25; 20:1-24:11 e 24:12-31:18). A lei foi dada, supostamente como meio de vida, mas terminou por ser o motivo da morte e da condenação,

6. O pacto palestiniano (ver Deut. 28-30). Esse prometeu a restauração de Israel no tempo devido.

7. O pacto davidico (ver H Sam. 7:8-17). Esse pacto estabeleceu a perpetuidade da família e do reino davídico, cumprido em CRISTO como Rei (ver Mat. 1:1; Luc. 1:31-33; Rom. 1:3). Isso inclui o reino milenar (ver H Sam. 7:8-17; Zac. 12:8; Luc. 1:31,33; Atos 15:14-17; I Cor. 15:24), que tipifica o reino eterno de CRISTO.

8. O novo pacto. Esse repousa sobre a obra sacrificial e sacerdotal de CRISTO, tendo por fito garantir a bênção eterna e a salvação para os homens. Apesar dos homens não poderem produzir nada que esse pacto exigia, por si mesmos, a verdade é que ele está condicionado à fé e à outorga da alma nas mãos de CRISTO. O trecho de Heb. 10:19 - 12:3 é, essencialmente, uma descrição de como esse novo pacto é melhor.

Ê o pacto mosaico que está em foco no trecho de Heb. 8:6, contrastado com o novo. Fazia exigências impossíveis aos homens, transformando-os em escravos. Mas não era capaz de dar-lhes a força para viverem à altura dessas exigências. Portanto. o pacto baseado na lei estava condenado ao fracasso. No novo pacto foi dada a lei do ESPÍRITO de DEUS que opera no coração e em que as operações intimas do ESPÍRITO garantem o cumprimento das condições. Daí vem o sucesso desse novo pacto.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 6.

 

2. PREPARATIVOS.

No verão de 1446 a. C., depois do miraculoso Êxodo do Egito, foi dada a Israel a quarta revelação testamentária de DEUS na história; cp. um reconhecimento moderno crescente da historicidade mosaica (IDB, 1:719). O particularismo do Vrith do Sinai envolvia agora sua nação inteira ao invés de apenas uma mera família (Êx 19.5,6, vv. que afetam todas as formulações subsequentes do b’rith, J. Muilenburg, VT, 9 [1939], 352). O grande grupo envolvido, mais de dois milhões de pessoas, portanto, responde pela legislação mosaica detalhada que se segue: tanto os requerimentos morais do testamento (Ne 9.13,14) quanto as formas de obediência cerimonial que formam o ritual do Tabernáculo, que se tomou o santuário testamental. Deuteronômio 7.7,8 e 9.4-6 baseiam o b’rith no amor de DEUS, sua graça livre. Essa bondade do testamento foi única para a fé de Israel, preservando a humildade por parte dos herdeiros e checando tendências na direção de distorções legalistas, ou na direção de qualquer equivalência necessária de DEUS com os interesses nacionais. O Sinai, portanto, não foi essencialmente uma aliança de condicional obras...

Israel, entretanto, não guardou o testamento (SI 78.10,37; Ne 9.17). Quarenta anos mais tarde DEUS ordenou que Moisés fizesse uma renovação do Vrith, na Planície de Moabe, pouco antes da entrada da nova geração em Canaã (Dt 29.1). Tais repetições e renovações eram a característica dos tratados suseranos hititas do “Novo Império”, este período de 1400-1200 a. C. De fato, assim como o Decálogo, com sua forma de discurso “Eu-tu” e alusões a benefícios passados concedidos (Ex 20.2; cp. BA, 17 [1954], 63, 64) está em íntimo paralelo aos tratados suseranos, assim todo o presente livro de Deuteronômio corresponde a seis seções básicas das alianças hititas.

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 209-210

 

Resumo do capítulo. Após três meses de jornada, os israelitas acampam em frente ao monte Sinai (19.1, 2). Lá DEUS propõe fazer um pacto com o povo oferecendo-lhe muitos benefícios. No entanto, obriga-os a obedecer-lhe (w. 3-6). O povo concorda imediatamente (w. 7, 8). Preparações são feiras para a aparição de DEUS no Sinai (w . 9-15). Quando o dia indicado chega, o Senhor desce ao topo da montanha em fogo, acompanhado de trovão, relâmpago e um terrível tremor de terra (vv. 16-19). A impressionante apresentação denota a santidade de DEUS. O Todo-Poderoso faz a advertência de que ninguém, além de Moisés, deve aproximar-se da montanha na qual a presença Senhor agora permanece (w. 20-25). O cenário está então preparado para a revelação da Lei, cujos padrões religiosos e morais, se praticados, moldarão Israel em um justo e santo povo refletindo o caráter de DEUS.

RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Editora CPAD. pag. 62.

 

Preparação para o Pacto (19.1-25)

Agora os israelitas tinham chegado ao monte Sinai. Ali eles permaneceram, pelo resto dos eventos registrados no trecho compreendido entre Êxodo 19.1 e Números 10.10. Estiveram ali pelo período de onze meses e seis dias, desde o décimo quinto dia do terceiro mês de seu primeiro ano de jornadas (ver Êxo. 12.2,6 e 19.1) até ao vigésimo dia do segundo mês de seu segundo ano de jornadas (Núm. 10.11). Ao receber a lei de Moisés, o povo de Israel tornou-se uma virtual teocracia, ganhando assim a característica distintiva que fez deles o povo de Israel. Desse modo, o Pacto Abraâmico estava adquirindo novas dimensões. Israel era agora a nação consagrada à lei, porquanto aquilo que o evangelho é para a Igreja, a lei o é para Israel. Somente em CRISTO o Pacto Abraâmico receberia ainda maiores dimensões e espiritualidade do que recebeu com Moisés. Gál. 3.14 ss.

A redenção da servidão ao Egito tinha sido completa; muitos milagres tinham levado Israel até àquela parada prolongada, no Sinai. Naquele lugar, um novo pacto seria estabelecido que tornaria Israel a nação distintiva em que ela se tornou. A lei de Moisés era a constituição de Israel, a base do estado teocrático, sob Yahweh, o DEUS único e verdadeiro. Ficou assim estabelecido, de modo absoluto, o monoteísmo, se porventura isso já não tinha acontecido antes.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 382.

 

3. O CONCERTO DO SINAI.

Aliança Mosaica ou do Sinai. Nesta aliança vemos o surgimento de um novo fator, de uma forma particular. A aliança Abraâmica era muito simples e direta, a Mosaica, mesmo sendo direta, era muito mais complexa, empregava a forma contemporânea das alianças de suserania e vassalagem em voga no antigo Oriente, onde o grande senhor ou suserano ditava um acordo para os seus vassalos ou servos. Um recente estudo dos tratados ou alianças hititas da metade do segundo milênio a.C., revelou que existia uma forma paralela entre estas e a aliança de DEUS com Israel, e cada uma continha seis elementos.

(1) Um preâmbulo: "Eu sou o Senhor, teu DEUS" (Ex 20.2a), identificava o autor da aliança, e correspondia a cada introdução como "Estas são as palavras do filho de Mursilis, o grande rei, e rei da terra de Hati, o valente, o filho favorito do deus do trovão etc..." (ANET, p. 203).

(2) Um prólogo histórico: "...que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Êx 20.2). Em Deuteronômio, que é a segunda dádiva da aliança e da lei, o prólogo histórico se expandia amplamente a fim de abranger o modo como DEUS levou Israel pelo deserto até aos limites da terra prometida (Dt 1.6-4.49). Moisés está repetindo e expandindo a aliança dada no Sinai, para atualizá-la e preparar Israel para a entrada na terra prometida. Nas alianças hititas, o suserano dominador lembrava ao governante vassalo (o governante subjugado) os benefícios que ele desfrutara até o momento como vassalo de seu reino, como a base para a sua gratidão e obediência futura.

(3) As estipulações ou obrigações exclusivas da aliança: "Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura...^Não te encurvarás a elas nem as servirás" (Êx 20.3-5). Uma típica aliança hitita foi registrada da seguinte forma: "Mas tu, Duppi-Tessub permaneça leal ao rei da terra de Hati... Não volte os seus olhos para mais ninguém" (ANET, p. 204). Em sua primeira forma em Êxodo 20, a aliança começa com os Dez Mandamentos e continua ao longo de Êxodo 31. Em Deuteronômio, ela começa com a lei no cap. 5 e continua pelo cap. 26.

i4) Sanções, a saber, bênçãos e maldições que acompanham a manutenção ou o rompimento da aliança. Em sua primeira promulgação no Êxodo, estas sanções estão vinculadas, na aliança Mosaica, aos Dez Mandamentos; por exemplo: "Visito a maldade... e faço misericórdia" (Êx 20.5,6); e, "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra" (Êx 20.12). Além disso, mais sanções e advertências são dadas com a promessa de direção e proteção pela presença de DEUS (Êx 23.20-33; para mais bênçãos e maldições, veja Levítico 26). Mas em Deuteronômio há dois capítulos de bênçãos e maldições que devem ser lidos publicamente e expostos na cerimónia de renovação da aliança (27 e 28), seguidos pela conhecida aliança Palestina (29-30). Bênçãos e maldições também eram escritas nos tratados da Ásia ocidental. A confirmação bíblica ou a certeza de que uma promessa seria mantida era um juramento ou ainda a morte daquele que fez a aliança. "Os termos juramento e aliança são sempre usados como sinônimos no AT, assim como os termos juramento e tratado nos textos extrabíblicos" - esta é a conclusão de Gene M. Tucker ("Covenant Forms and Contract Forms", VT, XV [1965], p. 497). Uma aliança no AT era, em sua essência, um juramento, um acordo solene. DEUS confirmou a aliança Mosaica através de um juramento mencionado em Deuteronômio 29.12ss. O juramento... "que o Senhor, teu DEUS, hoje faz contigo" (cf. Dt 32.40; Ez 16.8; Nm 10.29). As partes que faziam a aliança deveriam se tornar como os mortos, de maneira que não poderiam mais mudar de ideia e revogá-la, assim como os mortos também não poderiam fazer (Gn 15.8-18; Hb 9.16,17). Assim, o sangue dos animais substitutos sacrificados era espargido na cerimónia de ratificação da aliança, para representar a "morte" das partes (Êx 24.3-8). Os tratados hititas comuns na época de Moisés não tinham como característica um juramento por parte do suserano; ao invés disso, eles enfatizavam o juramento de lealdade por parte do vassalo.

(5) Testemunhas: Os tratados hititas apelavam para uma longa lista de divindades como testemunhas dos documentos. No Sinai e em outras alianças bíblicas, os deuses pagãos eram obviamente excluídos. Ao invés disso, memoriais de pedra podiam ser uma testemunha (Êx 24.4; cf. Js 24.27); os céus e a terra eram convocados como testemunhas (Dt 30.19; 31.28; 32.1; cf. 4.26); o livro da lei (ou o rolo da lei) era depositado ao lado da arca com a finalidade de ser uma testemunha (Dt 31.26); e o próprio cântico de Moisés lembraria ao povo os votos que fizeram por ocasião da aliança (Dt 31.30-32.47). Na cerimónia de renovação da aliança no final da vida de Josué, o próprio povo atuou como testemunha (Js 24.22).

(6) A perpetuação da aliança. Esta podia ser vista no cuidado pela segurança dos documentos do tratado, que no caso dos pagãos eram geralmente depositados perante ou sob um deus pagão de uma nação que fazia parte do tratado. Esta atitude poderia ser contrastada com as tábuas da aliança Mosaica, colocadas dentro da arca da aliança em Israel (Êx 25.16,21; 40.20; Dt 10.2). As alianças hititas e a aliança Mosaica eram lidas periodicamente em público, e as crianças eram nelas instruídas. A lei era registrada em pedras caiadas (Dt 27.4), e lida em voz alta durante as cerimônias, como aconteceu quando as bênçãos e maldições foram pronunciadas (estando a metade de Israel no Monte Ebal e a outra metade no Monte Gerizim), depois de terem entrado na terra prometida (Dt 27.9ss.; Js 8.30-35). A lei era lida integralmente e publicamente a cada sete anos na Festa dos Tabernáculos (Dt 31.9-13). Chegou-se a várias conclusões importantes como resultado da comparação da aliança Mosaica com os antigos tratados de suserania daquela época: (a) DEUS falou a Israel de uma forma conveniente ao seu propósito, mas que também fosse familiar ao povo daquela época. Alguns dos detalhes mais apurados da forma até mesmo provam que a aliança Mosaica deve ter sido estabelecida antes de 1200 a. C, porque os tratados aramaicos e assírios do primeiro milênio a. C. não possuem vários dos elementos característicos comuns aos hititas e à aliança do Sinai (veja Meredith G. Kline, The Treaty of the Great King, p. 42ss.). (6) A forma particular da aliança hitita em Deuteronômio nos leva a ver que a ênfase é maior no significado da aliança do que em seu significado legal, (c) Estudos mostram que as duas tábuas da lei não eram duas pedras com quatro mandamentos na primeira e seis na segunda, mas duas cópias de pedra do mesmo tratado ou aliança: uma para DEUS mantida na arca e outra para Israel. O mesmo acontecia em todos os tratados hititas e assírios: duas cópias eram feitas, uma para o rei do suserano e outra para o rei do vassalo. Certas diferenças importantes, não devem, entretanto, passar despercebidas. A Aliança Mosaica, como feita por DEUS, baseava-se no amor e na graça e não simplesmente em poder. Além disso, ela tinha como objetivo a salvação dos eleitos de DEUS, e não a mera submissão e obediência. Voltando ao significado e à importância espiritual dessa aliança, podemos concluir que o elemento condicional é prioritário em relação ao elemento incondicional. Será que está sendo ensinada a expressão "faze isso e viverás" (cf. Lc 10.28) no sentido de que a vida eterna para o crente do AT dependia de se guardar a lei de DEUS? Se fosse, as obras seriam de valor meritório até que viesse a cruz! Ou será que DEUS queria dizer que deveriam viver à luz da lei? O Senhor JESUS CRISTO, no Sermão do Monte, ensinou esta segunda visão quando expôs vários mandamentos e disse: "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus" (Mt 5.48). Ele aplicou a lei com o propósito da contínua santificação do crente e não para a sua justificação. Em Levítico 18.5 é feita a mesma aplicação da lei: "Os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, fazendo-os o homem, viverá por eles" (ou seja, naquele âmbito). Quando vemos que esta aliança começa com a graça: "Eu sou o Senhor, teu DEUS, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Êx.20.2), e acrescentamos a isto uma consideração dos fatos descritos acima, somos levados a vê-la como uma aliança cheia de graça. A aliança Mosaica, então, torna-se tanto um aio que tem a função de nos trazer a CRISTO, onde todos os tipos de aliança apontam para ele, como um padrão para guiar o comportamento dos crentes do AT e dos cristãos.

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 63-64.

 

O Pacto Mosaico. As alianças bíblicas (brit) fazem declarações sobre o que DEUS pretende ou está comprometido a fazer. Ao mesmo tempo em que Moisés ou o Pacto da Lei compartilham essa característica essencial com outros pactos bíblicos, eles são também diferentes entre si. A aliança original que DEUS fez com Abraão continha um número de declarações “E far-te-ei'\ feitas pelo Senhor (Gn 12). Foram dadas a essas promessas força legal e formal em um pacto de sangue (Gn 1 5). Nessa época, DEUS fez Abraão adormecer, e o Senhor passou sozinho entre as partes dos animais sacrificados. O Senhor, então, demonstrou que manteria as promessas feitas a Abraão não importando o que ele fizesse.

Outras alianças, tais como a de Davi (>>p. 370) e a Nova Aliança { » p . 466), são também compromissos unilaterais. DEUS fará o que prometeu independente da forma como o homem se comporte.

O que distingue a Aliança (Lei) Mosaica é o que DEUS declara que fará dependendo de como o seu povo se comportará. O povo de DEUS será abençoado e protegido se amar e obedecer ao Senhor. Se, por outro lado, o povo de DEUS desviar-se para cultuar divindades pagãs e abandonar os caminhos corretos, então o Todo-Poderoso o disciplinará e o punirá. Somente aqui o que DEUS fizer será em resposta às escolhas de Israel.

Há outras diferenças entre o Pacto Mosaico e os outros. Os outros tratam do que DEUS fará no final da história. Este pacto refere-se ao que DEUS fará a cada geração enquanto a história se desenrola. Os outros são pactos permanentes. O Mosaico é um pacto temporário, valendo somente até JESUS, o Redentor prometido (G13.1 5-25). Hoje o DEUS da Lei do AT continua a revelar a natureza santa do Senhor e seus padrões morais. Entretanto, hoje o SANTO ESPÍRITO de DEUS nos capacita a ter uma vida de amor que cada vez mais demonstre perfeitamente o caráter do nosso Senhor. >>p. 759.

RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Editora CPAD. pag. 62.

 

O conteúdo essencial desta passagem é um convite para um encontro com o Senhor em Sinai, para obedecer à sua voz e para entrar em um relacionamento pactuai com ele (cf. v. 4 e s.). Desta forma, este parágrafo resume bem a totalidade dos capítulos 19-24; o encontro com Yahweh (19), a lei de DEUS (20-23) e a confirmação do pacto (24).

Ouvirdes a minha voz pode indicar para 20:1: “Então falou DEUS todas estas palavras.” A observância do pacto sugere as estipulações do pacto em forma legal, encontradas em Êxodo 21:1 e ss. (isto é, a totalidade do Livro do Pacto, 20:22-23:36). Guardardes (shamar) significa conservar ou encarregar-se de algo, como um jardim (Gên. 2:15), da arca (I Sam. 7:1) ou de propriedade em confiança (22:7); conservar ou reter, como no armazenamento de alimentos (Gên. 41:35); cumprir as obrigações ou desempenhar um cargo (Núm. 3:7-10); mas também, como neste contexto, guardar o pacto do Senhor (cf. Deut. 29:9; I Reis 11:11).

Tudo o que o Senhor tem falado, faremos.

A reação de Israel consiste em paralelo tão direto à de Êxodo 24:3,7, ao ponto de levar o leitor a chegar à conclusão de que o trecho de 19:1-7 ê um retrato em miniatura do complexo mais amplo de eventos descritos nos capítulos 19-24. Esta frase soa como se fosse uma reação litúrgica a estipulações apresentadas ao povo durante um período de adoração. Contudo, esta frase específica é limitada al9:7e24:3,7. Ela não ocorre em passagens litúrgicas, como os Salmos ou outras porções da Lei ou dos Profetas.  Ezequiel usou, porém, quase a mesma frase como meio de sublinhar o cumprimento certo de atos particulares do Senhor: “Eu, o Senhor, o disse, e o farei”(17:24).

All-Com Allen, Clifton J., ed. ger. Comentário Bíblico Broadman. Editora JUERP. pag. 481.

 

4. O LIVRO DO CONCERTO.

O livro da aliança. (no hebraico, aepher habberit) foi lido por Moisés como a base do pacto de Yahweh com Israel (Êxo. 24:7). Não há certeza sobre que livro era esse, mas, provavelmente, era ou incluía o decálogo, isto é, Êxodo 20:2-17. Entretanto, a expressão também foi aplicada a Êxodo 20:22 22: 33. Em 11 Reis, a expressão refere-se à lei deuteronômica como um todo. Seja como for, estamos tratando da mais antiga codificação da lei de Israel, que consiste em juízos (mispatim) e estatutos (debarim). Os juízos eram mandamentos positivos:

...faze isto.... e os estatutos eram mandamentos negativos: ...Não... Também havia provisões chamadas leis participiais, porquanto, no hebraico, são expressos por algum verbo no tempo particípio: Fazendo isto ou aquilo, morrerá.... grosso modo, podemos dizer que o ...livro da aliança. são o decálogo, com seus comentários e implicações.

Um código, similar quanto. a certos pontos, é o de Hamurabi, embora ali os homens estivessem divididos em três classes: a aristocracia, a classe comum dos cidadãos e os escravos. E as leis eram bastante desiguais, quando aplicadas a essas três classes. Algumas das provisões, porém, eram idênticas, como, para exemplificar, a sentença de morte contra o sequestro. (Êxo, 21:16; Deu. 24:7; Código de Hamurabi, n? 14). Quanto ao furto, as leis hebraicas não requeriam a morte, e o código de Hamurabi requeria a punição capital, embora com o tempo, isso fosse relaxado para o roubo de objetos religiosos ou de propriedades do estado, posteriormente, foi requerida uma sêxtupla devolução. Ambos esses códigos permitiam que as dívidas fossem saldadas mediante a servidão, havendo provisões para a redenção, a fim de que os cidadãos não se tomassem escravos permanente Êxo, 21:2-11; Deu. 15:12-18; Código de Hamurabi nos. 117-119. A lei de Talião, em face da qual o castigo aplicado correspondia exatamente ao dano praticado, era aplicada de forma um tanto mais dura no código de Hamurabi (n? 198), do que na lei mosaica. Diz Êxodo 21:23-25: «Mas se houver dano grave, então darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe... O povo comum e 'os escravos eram menos protegidos nas leis babilônicas do que na lei mosaica. Um pastor que perdesse uma ou várias ovelhas, tinha de fazer reparação em valores, de acordo com o Código de Hamurabi n? 267. A lei. mosaica (Êxo. 22:10-13) era mais suave, porquanto admitia perdas que não se deviam à culpa do pastor, como o ataque de algum animal feroz. Nesses casos, bastava-lhe fazer um juramento de sua inocência, e nada precisava pagar. Essas e outras comparações demonstram que o Código de Hamurabi, bem como outras legislações existentes na região, juntamente com as leis do Antigo Testamento, estava alicerçadas sobre algum fundo comum de leis. Mas, em diversas provisões, as leis do Antigo Testamento elevaram os padrões, injetando um maior espírito de misericórdia do que outros códigos, (BRI)

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 869.

 

LIVRO DA ALIANÇA

O livro da Aliança inclui vários estatutos (ou julgamentos) para o povo de Israel (para o termo estatuto, leia Êx 21.1). Novamente, percebemos a má divisão de capítulos. 0 capítulo novo deveria começar em Êxodo 20.22.

Estes três capítulos (Êx 21— 23) apresentam vários estatutos e instruções a respeito dos seguintes tópicos:

1) as instruções relativas ao altar do Senhor (Êx 20.22-26);

2) normas a respeito dos servos e dos escravos (Êx 21.1-11);

3) preceitos acerca de ações violentas (Êx 21.12-27);

4) instruções que fazem alusão aos animais (Êx 21.28-36);

5) instruções a respeito de propriedade (Êx 22.1-15);

6) uma variedade de normas acerca de comportamento pessoal (Êx 22.16-31);

7) instruções relativas à justiça equilibrada (Êx 23.1-9);

8) normas que falam do sábado (Êx 23.10-13). Após todos esses preceitos, há dois conceitos anexos:

9) as instruções acerca das três festas anuais (Êx 23.14-19); e 10) a promessa do Anjo de Yahweh e a conquista da terra (Êx 23.20-33).

Algumas vezes esta seção é chamada de “o Livro da Aliança” (Êx 24.7,8). Alega-se, frequentemente, que estas passagens são os mais antigos códigos de lei na Bíblia. Quando estudiosos estabelecem tal asserção, baseiam o seu conceito na ideia de que as leis na Bíblia aumentaram gradativamente e não se chegou a sua completude até aproximadamente mil anos após a época em que Moisés viveu. Contudo, seria melhor descrevê-lo como uma coleção de estatutos diversos que Moisés organizou para as pessoas no princípio de sua experiência no monte Sinai. Com o passar do tempo na vida do profeta, ele teria adicionado outras seções ao livro de Êxodo, algumas das quais ele acrescentou a estas prévias passagens mencionadas no parágrafo anterior.

EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 174.

 

ALIANÇA, O LIVRO DA (o livro da Aliança, usado em Ex 24.7 e 2Rs 23.2; referência geral à Lei de Moisés).

Êxodo 20 a 23, comumente chamado o Livro da Aliança, contém além dos Dez Mandamentos uma série de leis, a maioria das quais começa com a palavra “se” no texto em português. Estas leis expressam casos típicos particulares da legislação familiar, econômica e criminal comuns não apenas aos hebreus, mas a muitos povos antigos do Oriente Próximo. A maioria delas é o que os juristas chamam de leis casuísticas. O famoso estudioso de Leipzig, Albrecht Alt, observou dois tipos principais de legislação no Pentateuco. O primeiro ele chamou de apodíctico, isto é, leis que são absolutas e universais como os Dez Mandamentos (Êx 20; Dt 5); e o segundo são aquelas que surgem das necessidades de um dado ambiente cultural. Existem sobreposições, é claro, mas em sua maior parte o texto de Êxodo 21—23 contém a lei casuística. Não é necessário seguir Alt completamente para perceber que ele está essencialmente correto nesta observação. O leitor precisa apenas estudar a tradução do Código de Hamurabi (ANET, pp. 163-180) para ver que tanto na forma como no conteúdo existem similaridades surpreendentes com o Livro da Aliança. O formato usual é o que se segue: “Se um homem fizer tal coisa e o houver tal resultado, então esta é a lei”. Por exemplo, Êxodo 21.26, “Se alguém ferir o seu escravo ou sua escrava no olho e o cegar, terá que libertar o escravo como compensação pelo olho”. Uma lei similar no código de Hamurabi diz: “Se um homem destruir o olho de um membro da aristocracia, eles destruirão o seu olho” (ANET p. 175, no. 196). O formato é o mesmo, mas existe uma diferença significativa nas duas leis.

O Código de Hamurabi tem três classes de homens: a aristocracia, o homem do povo, e o escravo. Este sistema era altamente injusto como pode ser visto pela lei 198, onde um aristocrata precisava pagar apenas uma mina de prata por cegar o olho de um escravo. A Lex Talionis (lei do dente) (Êx 21.24,25) “olho por olho, dente por dente”, longe de expressar uma retribuição severa, estava na verdade apresentando o princípio superior da justiça imparcial debaixo da lei, um conceito ausente nos códigos anteriores. JESUS, no Sermão do Monte (Mt 5.38-42), não estava contradizendo esta lei em seu propósito original, mas estava se opondo à aplicação farisaica errada. Nunca foi pretendido que a lei fosse usada como um guia para os relacionamentos interpessoais diários, mas foi dada para garantir justiça imparcial para todos, diante dos juízes.

Embora existam muitas semelhanças entre o Livro da Aliança e o Código de Hamurabi, existem também diferenças marcantes. A sentença para o rapto é a mesma, i.e., a morte (cp. Êx21.16;Dt24.7 e código de Hamurabi no. 14), mas as leis hebraicas acerca do roubo nunca requeriam a pena de morte, simplesmente uma restituição (Êx 22.1-4). O Código de Hamurabi mostra uma evolução da pena de morte para a pena de morte apenas por roubo contra a igreja ou o estado, e finalmente uma restituição sêxtupla ou uma multa (ANET p. 166, n. 45).

Ambos os códigos permitem que as dívidas possam ser pagas mediante a servidão e ambos oferecem direitos de redenção e vários tipos de proteção contra a escravidão permanente de cidadãos (Êx 21.2-11; Dt 15.12-18 e Código de Hamurabi n° 117-119, ANET p. 170). No caso de bens ou cereais que foram confiados a outra pessoa para que os guardassem e fossem subsequentemente roubados, os dois códigos lidam com os casos de forma quase idêntica. Ambos requerem restituição dobrada do ladrão ou do dono do armazém, se condenado (Êx 22.7-9, Código de Hamurabi n° 120, ANET p. 171).

O Código de Hamurabi pede uma simples restituição do pastor descuidado que permitiu que alguma doença sobreviesse às ovelhas (n° 267). A Bíblia é mais flexível permitindo que o pastor ou guardião fizesse um juramento acerca de sua própria inocência, especialmente no caso de animais domésticos que eram feridos por feras selvagens (Êx 22.10-13).

Ambos os códigos lidam com o caso do aborto causado por um ferimento intencional. Êxodo 21.22-25 permite que restituição seja feita de acordo com um acordo justo entre o marido e o réu que parece sugerir que um preço poderia ser pago por um feto perdido. Mas se “houver mais danos”, isto é, se a esposa também for ferida ou morta, então o Lex Talionis deve ser aplicado pelo juiz. O Código de Hamurabi é mais específico e determina dez moedas como o preço para um feto perdido e afirma que “se a mulher morre, então eles devem matar a filha do réu”. A lei bíblica exigiria a punição capital do próprio réu, por ser assassino. Além disto, no sistema babilónico o feto de um plebeu valia apenas cinco moedas de prata, e se a esposa do plebeu morresse meia mina era um pagamento suficiente. O feto e a esposa de um escravo tinham valores ainda menores.

As leis codificadas do Antigo Oriente Próximo eram um reflexo das leis comuns prevalecentes na época naquela parte do mundo. O Livro da Aliança extrai desse reservatório, mas sob a inspiração divina elevou os padrões e incluiu princípios de justiça e misericórdia não naturais àquelas leis escritas anteriores, embora a glória coroada da lei israelita seja o padrão ético superior chamado de Decálogo (Êx 20; Dt 5).

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 223-224.

 

IV – O SACRIFÍCIO

1. OS HOLOCAUSTOS

Essa palavra vem do grego hol «inteiro». E kautoI. «queimar». A Septuaginta usa essa palavra para. traduzir o termo hebraico olah, que significa «trazido a DEUS». Um sinônimo, kalil, significa «queima completa», referindo-se ao consumo dos sacrifícios em sua totalidade, incluindo os órgãos internos, a gordura e tudo o mais, até tudo tornar-se em cinzas. A olah era oferecida como expiação pelo pecado. Outros sacrifícios expiavam pelos pecados particulares, mas a olah visava a uma expiação geral (Vide). Os holocaustos, no decorrer da sua história eram efetuados privada e publicamente. Posterior: mente transformaram-se na tamid diária, o grande sacrifício nacional, em favor de toda a nação de Israel. Essa cerimônia é que deu origem à oração judaica diária, que prevalece no judaísmo moderno.

Em um sentido secundário, o termo é usado para indicar qualquer grande e terrível destruição, como a destruição de seis milhões de judeus, por determinação de Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial. Qualquer grande destruição, sem importar a sua causa, pode ser assim denominada.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 150.

 

SACRIFÍCIOS

Termos e Procedimentos

Os termos hebraicos básicos do AT para a oferta sacrificial são: (1) minha, "presentes" (2 Cr 32.23; Jz 6.18), "oferta" (Gn 4.3-5; Nm 5.15-26), "oblação ou oferta de manjares" (1 Rs 18.29,36), presente oferecido à divindade; (2) qorban, "oferta" (Lv 1.2 etc), aquilo que é trazido para perto (cf. Mc 7.11); (3) zebah, "sacrifício" (Gn 31.54; Êx 10.25; 12.27; 23.18 etc), animal morto (de zabah, "matar para o sacrifício"), cujos restos podiam ser ingeridos pelo ofertante como um ato de comunhão com seu deus (Dt 12;27), chamado de sacrifício como oferta pacífica (Lv 3); (4) 'ola, "holocausto" ou "oferta queimada" (Gn 8.20; 22.2-13) que se eleva como agradável aroma, oferta queimada ao Senhor (Êx 29.25), que é reduzida a cinzas (Lv 6.10) a fim de torná-la uma oferta irrevogável e lhe dar uma forma espiritual ao elevar-se do altar como fumaça em direção a DEUS; (5) 'asham "oferta pela culpa ou expiação" (Lv 5.6), "oferta pelo pecado", sacrifício de sangue realizado para a expiação dos pecados, que são infrações da fé contra DEUS e o homem, e resultam em uma culpa tão grande que exige a pena de morte, usada como uma referência ao sacrifício vicário de CRISTO (Is 53.10); (6) hatta't, "sacrifício pelo pecado" (Êx 29.14,36; Lv 4), um sacrifício de sangue feito para expiar pecados involuntários. Em hebraico, os dois primeiros termos estão combinados (qorban minha) para dar a ideia de uma oblação ou oferta de manjares (cereais; Lv 2). Essa oferta geralmente assumia a forma de bolos asmos perfurados (hallot) feitos de fina farinha misturada com azeite e temperada com sal, ou de panquecas delgadas (fqiqim) cobertas com azeite. Também podia consistir em grãos recentemente colhidos, torrados e cobertos com azeite e incenso, e queimados no altar. A oferta de manjares era sempre acompanhada por uma oferta líquida ou libação de vinho (Êx 29.40,41; Lv 23.13,18; Nm 15.4-10; 28.1-31). Um termo mais geral é 'isheh, "oferta no fogo", uma oferta consumida pelo fogo que incluía o sacrifício de animais (Êx 29.18) e de bolos assados (Lv 2.11; 24.7). A n'daba, "oferta voluntária", era oferecida como expressão de devoção, além de ser completamente voluntária, como seu próprio nome determina (Lv 22.18-23); como tal, o animal podia ser grande ou pequeno (v. 23). A oferta votiva (neder) era uma espécie de oferta pacífica (Lv 7.15,16) apresentada por quem estava fazendo o voto, ou quando o voto era feito (Nm 15.3; Jo 1.16). O termo zebah hattoda era o "sacrifício de louvores" ou a "oferta de ação de graças" (Lv 7.12,13; SI 50.14,23; 107.22; 116.17; Jr 17.26; Am 4.5), e uma outra forma de oferta de paz que muitas vezes se tornava parte de uma refeição de comunhão ingerida pelo adorador. No NT, a palavra grega mais comum para "sacrifício" é thysia (Mt 9.13; Rm 12.1; Ef 5.2; Hb 7.27 etc), e vem de thyo, "sacrificar" (At 14.13,18; 1 Co 5.7), "abater" (Mt 22.4; cf. Lc 15.23,27,30), "matar" (Jo 10.10). Com referência ao sacrifício de CRISTO como o Cordeiro de DEUS, sphage foi a palavra usada para "assassinato" (matadouro; Atos 8.32, citando Is 53.7). Um termo mais genérico para "oferta" é prosphora (At 21.26; Rm 15.16; Ef 5.2; Hb 10.5,8,10,14,18) significando aquele que é levado à frente. O termo doron, "dons" é usado na epístola aos Hebreus como um termo paralelo a "sacrifícios" (Hb 5.1; 8.3,4; 9.9). De acordo com Levítico 1 e 3, o ofertante, em primeiro lugar, "oferecia" ou "trazia" (hiqrib, 1.3) seu animal no sentido de fazer com que ele se aproximasse (1.2, o mesmo verbo hebraico) trazendo-o para o lado norte (1.11) do átrio do Tabernáculo ou Templo. Em seguida, ele estendia (samak) sua mão sobre a cabeça do animal, evidentemente para identificar-se com a oferta que iria substituí-lo. Não se pode afirmar com certeza que esse ato também significava uma transferência de pecado ou culpa. A vítima era "morta" ou assassinada {shahat) pelo próprio adorador, exceto no caso dos sacrifícios nacionais (Lv 16.15; 2 Cr 29.24). O sacerdote recolhia o sangue em uma bacia e o espargia (zaraq), isto é, borrifava ou o lançava com as mãos (cf. o uso desse verbo em Ex 9.8) contra o altar. A parte que sobrava do sangue era derramada (shapak) na base do altar. Em seguida, o ofertante esfolava ou descarnava (hiphshit) o animal e o cortava (natah) em pedaços, isto é, dividia-o pelas juntas (Lv 1.6,12). Em todas as ocorrências, os rins, juntamente com sua gordura, o fígado, as entranhas e toda a cauda de um novilho/bezerro (Lv 1.8; 3.3,4,9,10; 4.8-10; cf. Gn 4.4; 1 Sm 2.16) eram apresentados ao Senhor (em toda oferta queimada não era necessário fazer distinções). O sacerdote "queimava" (hiqtir) e "oferecia em fumaça" tudo isso no altar. Na oferta queimada, todas as partes do animal, exceto a pele, eram igualmente queimadas no altar. Na oferta pelo pecado, depois que a gordura e os rins eram removidos, toda a carcaça, incluindo o couro, eram levados para fora do acampamento e queimados (sarap, 4.11,12). No caso das ofertas pacíficas, as partes restantes do animal abatido eram ingeridas pelos sacerdotes e pelos adoradores na refeição do sacrifício; essa refeição era considerada uma forma de comunhão com o Senhor (Dt 12.6,7; Êx 18.12; 24.5,11). Em Levítico 7.28-34, porções do sacrifício das ofertas pacíficas eram especialmente reservadas para o sacerdote e sua família, e eram chamadas de ofertas alçadas (tenupa) e ofertas movidas (teruma). Essa última correspondia ao peito do animal e era assim chamada porque era "movida", isto é, movia-se para frente e para trás em direção ao altar como símbolo da apresentação da oferta a DEUS e a devolução, feita por DEUS, ao sacerdote. Essa oferta foi reconhecida no termo ugarítico snpt que ocorre no texto de um ritual que obedece a uma relação de sacrifícios de paz - selem (BASOR #198 [1970], p. 42). A oferta alçada correspondia ao ombro ou coxa direitos (shoq), alguma coisa que era levantada ou que se elevava (do hebraico rum; veja o substantivo e o verbo em Números 15.20; 18.30,32) para o Senhor, e que era separada como uma "contribuição" para Ele (Lv 7.14,32,34) para uso dos sacerdotes (Nm 18.8-19).

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1722-1723.

 

2. O SANGUE.

SANGUE (em grego, haima). O fluido vermelho que circula no corpo de homens e animais significa o princípio da "vida" no AT (Gn 9.4; Lv 17.11; Dt 12.23). Como "a vida" está no sangue, o AT proibia comer sangue ou carne sangrenta (Lv 3.17; Dt 12.16). Embora todos os alimentos tenham sido purificados por CRISTO (Mc 7.18,19; At 10.13-15), essa proibição foi aplicada aos gentios cristãos no decreto apostólico de Atos 15 em consideração à consciência de seus irmãos judeus (At 15.19,20).

O sangue denota a origem física da vida humana (Jo 1.13; At 17.26) e a expressão "carne e sangue" refere-se à fraqueza do homem, à brevidade de sua vida e ao seu limitado conhecimento (Mt 16.17; Gl 1.16; 1 Co 15.44-50; Ef 6.12). Ele refere-se à natureza humana em Hebreus 2.14 onde CRISTO participa plenamente de nossa condição humana, até o extremo de dar sua vida. Derramar sangue significa tirar a vida de alguém com violência ou assassinato (At 22.20; Rm 3.15). DEUS condena o derramamento de sangue dos justos e dos inocentes (Gn 9.6; Pv 6.17; Mt 23.35; 27.4; Ap 6.10). Algumas vezes, a palavra "sangue" é usada para a própria morte com derramamento de sangue (Mt 23.30; 27.24; Lc 11.51). Ter o sangue de outro homem nas mãos representa carregar a culpa pela sua morte (2 Sm 1.16; 1 Rs 2.37; Pv 28.17). Simbolicamente, Pilatos lavou as mãos para se livrar do sangue inocente de JESUS, enquanto a multidão gritava "O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos" (Mt 27.24,25). A traição de Judas trouxe "uma recompensa por um ato sanguinário" (Arndt, p.22) e, com essa recompensa o "Campo de sangue" foi comprado com dinheiro de sangue (Mt 27.6-8). O sangue também desempenhou um papel significativo nas práticas religiosas do AT. Vale a pena observar que o sangue não representava nenhum elemento básico nos sacrifícios, nem tinha alguma função especial ou significado nos rituais de quaisquer outros povos do antigo Oriente Próximo ou do Mediterrâneo (McCarthy, "The Symbolism ofBlood and Sacrifice"). O sistema de sacrifícios da lei, baseado nos primitivos sacrifícios de animais do período patriarcal, exigia a morte da vítima em nome do pecador e consistia na aspersão do sangue ainda morno pelo sacerdote como prova de sua morte pela expiação dos pecados (Lv 17.11,12). Nos sacrifícios, era exigida a morte da vítima para que sua vida fosse oferecida a DEUS como substituto da vida do pecador arrependido. Dessa maneira, o pecado era limpo ("coberto com sangue") e a culpa era removida (Hb 9.22). Esse cenário forma a base para a presença do sangue de CRISTO no NT. O derramamento do sangue de JESUS na cruz encerrou sua vida terrena, pois Ele, voluntariamente, ofereceu-se para morrer em nosso lugar, como o Cordeiro de DEUS que foi assassinado para nos redimir (1 Pe 1.18-20; Ap 5.6,9,12); e a aspersão desse sangue trouxe o perdão de todos os pecados dos homens (Rm 3.25). Seguindo o padrão do Dia da Expiação dos judeus (Lv 16), CRISTO é o nosso sacrifício expiatório (Hb 9.11-14; 1 Jo 2.2; Ap 1.5) e também a nossa oferta pelo pecado (1 Pe 1.18,19; Ap 5.9). Assim como Moisés selou o pacto entre DEUS e a antiga nação de Israel, no Sinai, com a aspersão de sangue (Ex 24.8; cf. Hb 9.19-21), também o novo pacto de Jeremias (31.31-34) foi selado pelo sangue de CRISTO (Hb 9.14,15; 10.14-19,29; 13.20). Ao instituir a Ceia do Senhor, JESUS falou do cálice como "o Novo Testamento [ou aliança]" no seu próprio sangue (1 Co 11.25; Lc 22.20; cf. Mc 14.24).

CRISTO também se referiu à grande oferta de paz, reconciliando judeus e gentios (Ef 2.14-17) assim como todas as outras coisas através de seu sangue (Rm 5.9,10; Cl 1.20). O pecador é libertado da escravidão do pecado através da quitação (redenção) que foi comprada com o sangue de CRISTO (Ef 1.7; Cl 1.14). Dessa maneira, a Igreja é descrita como tendo sido "resgatada [ou comprada]" com o próprio sangue do Senhor JESUS CRISTO (At 20.28). Pelo sangue de CRISTO, os cristãos foram justificados (Rm 5.9), libertos do pecado (Ap 1.15), santificados (Hb 13.12) e serão eternamente redimidos (Ap 7.14,15). "Comer a carne e beber o sangue" de CRISTO é receber todos os graciosos benefícios que sua morte e seu sangue vivificador podem proporcionar ao crente (Jo 6.53-56).

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1557-1758.

 

Êxo 24.6 Metade do sangue. Metade do sangue dos sacrifícios, que havia sido posto em receptáculos, a ser usado para aspergir o povo (vs. 8). A outra meta- de foi aspergida sobre o altar. Temos aí o rito da ratificação, selado a sangue. Por muitas vezes, o sangue fala de expiação; e, talvez, essa ideia esteja incluída no rito, embora a noção principal tenha sido a ratificação feita pelas duas partes interessadas: Yahweh, representado pelo altar, e o povo de Israel, que foi aspergido.

Entre vários povos antigos havia pactos de sangue. Algumas vezes, o sangue dos sacrifícios era sorvido pelas partes envolvidas no acordo. “DEUS e o povo uniram-se em sagrado companheirismo. Houve uma refeição sagrada (vss. 9-11), que também servia de meio comum de estabelecimento dessa comunhão. Provavelmente devemos pensar aqui em uma forma mais antiga, e que a aspersão do sangue simbolizava aquilo que se fazia mais antigamente, ou seja, o sangue era bebido”. A aversão de Israel ao uso de sangue como alimento não permitiria que eles bebessem do sangue.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 411.

 

Como ele foi selado, pelo sangue do concerto, para que Israel pudesse receber grandes consolações com a ratificação das promessas de DEUS a eles, e pudesse estar sob grandes obrigações, pela ratificação das suas promessas a DEUS. Desta maneira, a Sabedoria Infinita planejou meios para que possamos ser confirmados, tanto na nossa fé, quanto na nossa obediência, para que possamos ser encorajados no nosso dever, e motivados a ele. O concerto deve ser feito com sacrifício (SI 50.5), porque, uma vez que o homem pecou, e perdeu o favor do seu Criador, não pode haver comunhão pelo concerto até que haja primeiro comunhão e expiação através dos sacrifícios.

(1) Antes, portanto, que as partes colocassem seus selos neste concerto: [1] Moisés edifica um altar, para a honra de DEUS. Esta era a mesma intenção de todos os altares que eram edificados. Honrar ao Senhor era a primeira coisa a ser considerada no concerto que agora iriam selar. Nenhum acréscimo à perfeição da natureza divina pode ser feita por qualquer das tratativas de DEUS com os filhos dos homens, mas nelas as suas perfeições são manifestadas e engrandecidas, e a sua honra é proclamada. Por isto Ele não será representado por um altar, significando que tudo o que Ele esperava deles era que o honrassem. Mas, sendo o seu povo, deveriam ser seus, por nome e louvor. [2] Moisés erigiu “doze monumentos” (ou colunas), de acordo com o número das tribos. Estes monumentos deveriam representar o povo, a outra parte do concerto. E podemos supor que foram colocados em frente ao altar e que Moisés, como mediador, passava de um lado a outro, entre eles. Provavelmente cada tribo erigiu e conhecia o seu próprio monumento (ou coluna), e os seus anciãos ficaram junto a eles. [3] Ele indicou os sacrifícios que deveriam ser oferecidos sobre o altar (v. 5): Holocaustos e sacrifícios pacíficos, que tinham o desígnio de serem expiatórios. Nós não devemos nos preocupar em investigar quem eram estes jovens que foram empregados na oferta destes sacrifícios. Pois o próprio Moisés foi o sacerdote, e o que eles fizeram foi puramente como seus servos, por sua ordem e instrução. Sem dúvida, eram homens que, pela sua força física, estavam capacitados para o serviço, e pela sua situação entre o povo, eram os mais adequados para esta honra.

(2) Tendo sido feitos os preparativos, as ratificações foram feitas de maneira muito solene. [1] O sangue do sacrifício oferecido pelo povo foi (parte dele) espargido sobre o altar (v. 6), significando que o povo estava dedicando a si mesmo, a suas vidas e existências a DEUS e à sua honra. No sangue (que é a vida) dos sacrifícios, todos os israelitas foram apresentados a DEUS, como sacrifícios vivos, Romanos 12.1. [2] O restante do sangue do sacrifício que DEUS reconheceu e aceitou foi espargido sobre o próprio povo (v. 8), ou sobre os monumentos (ou colunas) que o representavam. Isto significava que DEUS graciosamente concedia o seu favor a eles, e todos os frutos deste favor, e que lhes dava todos os dons que podiam esperar ou desejar de um DEUS reconciliado com eles, e em concerto com eles, através do sacrifício. Esta parte da cerimônia foi explicada da seguinte maneira: “Eis aqui o sangue do concerto”. Vejam aqui como o Senhor DEUS os selou, para que fossem um povo. “Suas promessas a vocês, e as promessas de vocês a Ele são Sim e Amém”. Da mesma maneira, o nosso Senhor JESUS, o Mediador do novo concerto (de quem Moisés era um tipo), tendo se oferecido em sacrifício sobre a cruz, para que o seu sangue pudesse, de fato, ser o sangue do concerto, espargiu-o sobre o altar na sua intercessão (Hb 9.12). Ele o esparge sobre a sua igreja pela sua Palavra, pelas suas ordenanças e pela influência e operações do ESPÍRITO da promessa, por cujo intermédio somos selados. Ele mesmo pareceu aludir a esta solenidade quando, na instituição da Ceia do Senhor, disse: “Este cálice é o Novo Testamento (ou concerto) no meu sangue”. Compare com Hebreus 9.19,20.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 309.

 

Aqui é fornecida uma razão para esta lei (v. 11): “Porquanto é o sangue que fará expiação pela alma”. E, por isto, é através do sangue que se faz a expiação, porque a vida da carne é o sangue. O pecador merece a morte. Por isto, o sacrifício deve morrer. Mas, sendo o sangue, de tal forma, a vida, a ponto de que os animais normalmente eram mortos para o uso do homem, com a extração de todo o seu sangue, DEUS recomendou o espargir ou o derramar do sangue do sacrifício sobre o altar, para significar que a vida daquele sacrifício era dada a DEUS, em lugar da vida do pecador, e como um resgate ou contraoferta por ela. Por isto, sem derramamento de sangue não há remissão, Hebreus 9.22. Por esta razão, eles não deveriam comer o sangue. Além disto: (1) Esta era, então, uma razão muito boa. Pois DEUS, desta maneira, desejava preservar a honra daquela forma de expiação que Ele tinha instituído, e conservar, na mente do povo, uma consideração reverente por ela. Como o sangue do concerto era algo perceptível, nenhum sangue devia ser comido ou pisoteado como algo comum, da mesma maneira como eles não deviam ter unguento nem perfume iguais àqueles que DEUS havia ordenado que eles fizessem para Ele.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 404-405.

 

sangue:

1. O sangue era considerado sagrado em si mesmo, sendo a sede da vida biológica, de alguma maneira misteriosa (de acordo com a mente dos hebreus), mas que não entendemos. Sabemos agora que a verdadeira vida é a alma; mas a antiga teologia dos hebreus, conforme refletida no Pentateuco, não dispunha de nenhuma doutrina da alma, embora ela fosse antecipada na doutrina da “imagem de DEUS”, em Gên. 1.26,27. Em contraste com isso, Platão acreditava que toda e qualquer vida é psíquica ou imaterial, e que os corpos físicos são apenas veículos das várias espécies de vida, incluindo a vida humana. Na teologia posterior dos hebreus, na época dos Salmos e dos Profetas, começou a ser salientada a doutrina da alma; mas, mesmo então, não de maneira definida e profundamente teológica. Porém, se imaginarmos que os hebreus atribuíam vida ao sangue, conforme agora atribuímos à alma, então obteremos alguma ideia de como o sangue era considerado tão sagrado.

2. Ademais, era o sangue que fazia expiação, ao ser vertido sobre o altar de Yahweh. A razão disso é que uma vida Lhe estava sendo oferecida. Isso Ele honrava e, ao honrá-lo, também perdoava o pecado. Uma vida (a do sangue do animal sacrificado) fora oferecida em lugar da vida humana, que merecia morrer por causa de seu pecado. Na expiação, entretanto, a pessoa obtivera a vida, e não a morte, porquanto seus pecados foram perdoados. Em consequência, qualquer pessoa que cresse nessa teologia, mostrar-se-ia absolutamente destituída de respeito se viesse a ingerir sangue, em qualquer de suas formas. O sangue era por demais sagrado para ser usado na alimentação. Era visto como inerentemente sagrado e virtuoso quando se tratava de perdão de pecados. Alguns intérpretes, exibindo conhecimento sobre a vitalidade e a natureza absolutamente necessária do sangue, tentam isso fazer valer no que tange a este versículo. Mas o autor sacro não estava pensando nesses termos. Ele estava pensando no sangue como uma espécie de sangue, não em algo que cuida da nutrição da vida biológica. Assim comentou Aben Ezra sobre o presente texto: vida por vida; alma por alma. Na Ceia do Senhor, o sangue de CRISTO é bebido em um sentido metafórico. E não devemos ter dúvidas de que textos como Lev. 17.11 estavam por trás da formulação original dessa teologia. Ver I Cor. 10.16 e 11.23 ss.

O sangue era a base do sistema sacrificial levítico. E essa ideia foi transferida para o Novo Testamento, sob a forma do sangue de CRISTO. Prevalece no Novo Testamento a ideia da expiação vicária, embora de outra maneira.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 542-543.

 

3. A ASPERSÃO.

ASPERSÃO No AT, essa palavra envolve o uso de sangue, água ou azeite. Ligada ao sistema sacrificial, a aspersão de sangue ocorria nos sacrifícios e na consagração do sacerdote, assim como nas vestes e nos vasos. A aspersão podia ser feita com um irrigador, o dedo ou aos punhados (Ex 24.6-8; Nm 19.13; Êx 29.21).

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 218.

 

A outra metade do sangue guardado nas bacias (6), Moisés o espargiu sobre o povo (8); chamou este sangue o sangue do concerto. Este foi o primeiro concerto feito com Israel e foi selado com o sangue de sacrifícios de animais. O Novo Testamento descreve o novo ou segundo concerto que substituiu o antigo e foi selado com o sangue de CRISTO (Hb 8.6—9.28). Se o antigo concerto exigia a obediência total das pessoas à vontade de DEUS, certamente não se esperava menos daqueles que fizessem parte do novo concerto (Hb 12.18-29).

George Herbert Livingston, B.D., Ph.D. Comentário Bíblico Beacon Vol. 1 Gênesis a Deuteronômio. pag. 204.

 

Heb 9.22 Então tomou o sangue de bezerros e bodes, com a água, a lã escarlate, e o hissopo, e aplicou esse sangue ao aspergi-lo. Esse sangue e água significavam o sangue e a água que saíram do lado perfurado do nosso Salvador, para justificação e santificação, e também prefiguraram as duas ordenanças do Novo Testamento, o batismo e a Ceia do Senhor, com a lã escarlate significando a justiça de CRISTO com que precisamos ser revestidos, o hissopo significando a fé pela qual precisamos aplicar tudo. Então, com esses Moisés aspergiu: [1] O livro da lei e do concerto, para mostrar que o concerto da graça é confirmado pelo sangue de CRISTO e tornado efetivo para o nosso bem. [2] O povo, sugerindo que o derramamento do sangue de CRISTO não vai trazer vantagem alguma para nós se não for aplicado a nós. E a aspersão de ambos, do livro e do povo, significou aquele mútuo consentimento de ambas as partes, DEUS e o homem, e o seu mútuo compromisso um com o outro nesse concerto por meio de CRISTO. Moisés também usou estas palavras: “Este é o sangue do testamento que DEUS vos tem mandado”. Esse sangue, tipificando o sangue de CRISTO, é a ratificação do concerto da graça para todos os verdadeiros crentes. [31 Ele aspergiu o tabernáculo e todos os seus utensílios, sugerindo que todos os sacrifícios oferecidos e os serviços realizados ali eram aceitos somente por meio do sangue de CRISTO, que obteve a remissão da iniquidade que tenta se apegar às nossas coisas sagradas, e que não poderia ser remida a não ser pelo sangue expiatório.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 791.

 

O coração da verdadeira religião (9.22). A necessidade de derramamento de sangue, tipificando a doação de vida, é resumida no versículo 22. No que tange à purificação cerimonial, as coisas, i.e., o Tabernáculo e seus acessórios de adoração, lemos o seguinte: E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue. Mas ainda mais indispensável é o sangue remidor oferecido em favor dos pecadores. Coisas requerem o aspergir de sangue quando são consagradas. Mas pessoas requerem perdão; e embora possa haver exceções em relação às coisas, não há exceção no perdão; porque sem derramamento de sangue não há remissão de forma alguma.21 Esta é a grande diferença entre o caminho de DEUS e o caminho do homem, entre a verdadeira religião e a falsa. O homem tem uma visão inadequada do pecado e despreza o sangue como inerentemente necessário para o perdão. Mas ao exigir sangue, DEUS ressalta a excessiva pecaminosidade do pecado; e ao prover o Sangue, Ele revela o seu infinito amor. O sangue do pecador pode ser poupado — mesmo o de animais — porque DEUS sacrificou seu próprio “Cordeiro [...] que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

Richard S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Hebreus. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 83.

Heb 9:22 Entre outras exceções possíveis na mente do autor da carta também poderiam estar a purificação mediante água, o incenso e o fogo, dos quais temos exemplos no Antigo Testamento Todavia, estas exceções apenas comprovam a regra enfatizada neste versículo Estas palavras sem derramamento de sangue não há remissão pode ter sido um ditado popular; parece que essa era uma perspectiva doutrinária dos rabis Por trás de derramamento de sangue está o substantivo grego haimatekchysia, que não aparece na LXX, e que se encontra só aqui, em todo o Novo Testamento E possível, mas não necessário, como muitos comentaristas afirmam, que o autor da carta tenha criado esse termo.

DONALD A. HAGNER. Comentário Bíblico Contemporâneo. Hebreus. Editora Vida. pag. 169-170.

 

ELABORADO: Pb Alessandro Silva (http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/) com algumas modificações do Pr. Luiz Henrique.

 

https://ebdnatv.blogspot.com/search?q=Alian%C3%A7a+de+Sangue+Abra%C3%A3o ESTUDO IMPORTANTÍSSIMO PARA A LIÇÃO 

 

 

))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

 

Lição 4, Salvação - O Amor e a Misericórdia de DEUS

4º Trimestre de 2017 - Título: A Obra da Salvação - JESUS CRISTO é o Caminho, e a Verdade e a Vida

Comentarista: Pr. Claiton Ivan Pommerening, Assembleia de DEUS de Joinvile, SC

Complementos, Ilustrações e Vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva - 99-99152-0454

https://www.youtube.com/view_play_list?p=F4869B9FECA6AD69

 FIGURAS  https://ebdnatv.blogspot.com.br/2017/10/figuras-da-licao-4-salvacao-o-amor-e.html  

 

 

TEXTO ÁUREO
"Vós que, em outro tempo, não éreis povo, mas, agora, sois povo de DEUS; que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia." (1 Pe 2.10).

 


VERDADE PRÁTICA
A partir de seu amor misericordioso, aprouve a DEUS enviar seu Filho para morrer em lugar da humanidade.
 

 

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Jo 3.16 O amor e a misericórdia de DEUS
Terça - Lm 3.22,23 A nossa existência é fruto da misericórdia divina
Quarta - 1 Jo 3.16 CRISTO deu a sua vida por nós, assim, devemos oferecer a nossa em favor dos nossos irmãos
Quinta - Rm 5.5-8 CRISTO morreu em nosso lugar
Sexta - Ef 2.4,5 A grande benignidade de DEUS por intermédio de CRISTO
Sábado - Jo 1.10-12 O projeto redentor de JESUS, o Filho de DEUS

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE -  1 João 4.13-19

13 - Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em nós, pois que nos deu do seu ESPÍRITO, 14 - e vimos, e testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo. 15 - Qualquer que confessar que JESUS é o Filho de DEUS, DEUS está nele e ele em DEUS. 16 - E nós conhecemos e cremos no amor que DEUS nos tem. DEUS é amor e quem está em amor está em DEUS, e DEUS, nele. 17 - Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no Dia do Juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo. 18 - No amor, não há temor; antes, o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor. 19 - Nós o amamos porque ele nos amou primeiro.

 

AMOR - Estudos Doutrinários da Bíblia de Estudo Pentecostal - BEP - CPAD

DEUS é amor (1Jo 4.8). Seu amor é altruísta, pois abraça o mundo inteiro, composto de humanidade pecadora (Jo 3.16; Rm 5.8). A manifestação principal desse seu amor foi a de enviar seu único Filho, JESUS, para morrer em lugar dos pecadores (1Jo 4.9,10). Além disso, DEUS tem amor paternal especial àqueles que estão reconciliados com Ele por meio de JESUS (ver Jo 16.27 nota).

DEUS é misericordioso e clemente (Êx 34.6; Dt 4.31; 2Cr 30.9; 'Sl 103.8; 145.8; Jl 2.13); Ele não extermina o ser humano conforme merecemos devido aos nossos pecados (Sl 103.10), mas nos outorga o seu perdão como dom gratuito a ser recebido pela fé em JESUS CRISTO.

 

OBJETIVO GERAL - Mostrar que a salvação é resultado do amor misericordioso de DEUS.

 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apresentar o maravilhoso amor de DEUS;

Explicar a misericórdia de DEUS no plano da salvação;

Analisar o amor, a bondade e a compaixão na vida do salvo

 

PONTO CENTRAL - A salvação é resultado do amor e da misericórdia de DEUS.
 

Resumo da Lição 4, Salvação - O Amor e a Misericórdia de DEUS

I - O MARAVILHOSO AMOR DE DEUS
1. DEUS é amor.

2. Um amor que não se pode conter.

3. A certeza do amor de DEUS.

II - UM DEUS MISERICORDIOSO

1. O que é misericórdia?

2. O Pai da misericórdia.

3. Misericórdia com o pecador.

III - AMOR, BONDADE E COMPAIXÃO NA VIDA DO SALVO

1. Amor como adoração a DEUS.

2. Amar ao próximo.

3. Amor como serviço diaconal.

 

SÍNTESE DO TÓPICO I - A salvação é a maior prova do amor e da misericórdia de DEUS por nós.

SÍNTESE DO TÓPICO II - DEUS é um Pai misericordioso.

SÍNTESE DO TÓPICO III - A salvação é evidenciada mediante o amor, a bondade e a compaixão.

 

PARA REFLETIR - A respeito de salvação, o amor e a misericórdia de DEUS, responda:
Como podemos medir e comparar o amor de DEUS pela humanidade?
A maior demonstração do amor de DEUS pelo mundo foi quando Ele entregou vicariamente o seu amado Filho (Rm 5.8; 2 Co 5.14; Gl 2.20). Logo, o objeto desse amor vai muito além da Criação, pois tem, na humanidade, seu valor monumental (Jo 3.16).
O amor de DEUS pode ser modificado pelo homem?
Nesse aspecto, o amor de DEUS pela humanidade é incondicional, ou seja, não há nada que o ser humano possa fazer para aumentá-lo ou diminuí-lo.
O que é a misericórdia de DEUS?
É a fidelidade de DEUS mediante a aliança de amor estabelecida com a humanidade, apesar da infidelidade dela.
Quando JESUS lavou os pés dos discípulos, o que Ele estava ensinando na prática?
Quando JESUS lavou os pés dos discípulos, Ele ensinou, na prática, um estilo de vida que deveria caracterizar seus discípulos (Jo 13.14), ou seja, o de um servir ao outro.
Qual a maneira mais eficaz do crente demonstrar que é seguidor de JESUS?
"Amar uns aos outros" é a maneira mais eficaz de demonstrar ao mundo que somos seguidores de JESUS (Jo 13.34).

 

CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 72, p38

SUGESTÃO DE LEITURA - Cristianismo Equilibrado - Ele Escolheu os Cravos - Feridas que Curam

 


Resumo Rápido do Pr. Henrique

INTRODUÇÃO

O amor de DEUS vem na vertical, de DEUS para nós. Devemos corresponder a este amor verticalmente para DEUS e horizontalmente, ao nosso próximo.

A salvação só nos foi possível por causa de duas ações graciosas e invisíveis de DEUS. Seu amor e sua misericórdia. Antes mesmo de criar todas as coisas DEUS nos amou e planejou nossa salvação por meio de duas alianças, uma temporária e outra eterna e perfeita, em JESUS CRISTO. DEUS nos incluiu nessa.

Por meio de sua misericordiosa intervenção nos torna seus filhos, co-herdeiros em CRISTO Fe suas promessas (Efésios 3:6).

 

O Novo Testamento fornece um número de definições e de exemplos de ágape que geralmente expandem os usados nos textos antigos, denotando o amor entre irmãos, o amor de um esposo com as crianças, e o amor de DEUS para todos os povos. O uso cristão de ágape vem diretamente dos evangelhos. Quando perguntado qual era o maior mandamento, JESUS disse: "Amai" (ágape) ao senhor vosso DEUS com todo vosso coração e com toda vossa alma e com toda vossa mente. Este é o primeiro e maior de todos os mandamentos. E o segundo é: "Amai" (ágape) vosso próximo como a vós mesmos. Toda a lei e os Profetas residem nestes dois mandamentos» (Mateus 22:37-41).

 

 Como nunca atingiremos o perfeito amor, como é o desejo de DEUS para nós, então o que é perfeito só será visto, sentido e vivido no céu após o arrebatamento. Isso não quer dizer que não vamos continuar tentando crescer no amor de DEUS tanto para com ELE mesmo, como para com nossos irmãos e outras pessoas também, enquanto por aqui estivermos.

Aqui os dons são importantes demonstrações do poder e cuidado de DEUS para com a humanidade, são atração para os pecadores se chegarem ao evangelho, são confirmações da Palavra de DEUS e dos pregadores, e não devem ser desprezados, são armas de conversão e de edificação, portanto, indispensáveis enquanto aqui vivermos, mas, no céu não teremos mais necessidade dos dons, lá só o amor prevalecerá, não mais teremos que ganhar almas lá. Os que estiverem lá, todos, já estarão salvos.

 

O único ser humano que conseguiu amar como DEUS foi JESUS, que nasceu sem a semente do pecado, venceu o pecado em todas as suas formas e ELE mesmo É DEUS.

 

Jo 21.17- Disse-lhe terceira vez: “Simão, filho de Jonas, amas-me?” Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: “Amas-me”? E disse-lhe: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. JESUS Disse-lhe: “apascenta as minhas ovelhas”.

Pedro traiu a JESUS  por três vezes  (Jo.:18.17-27) e depois se autoexcluiu da Comunhão do Senhor, Voltando ao ofício antigo (Lc 5.4; Jo 21.3), mas o mestre o havia chamado para ser pescador de homens (Lc 5.10).

Para restaurá-lo o senhor não usou de acusações ou repreensões e nem lhe perguntou se estava arrependido e também não lhe pediu que não mais o negasse, buscou em Pedro o que ele tinha de mais precioso, a sinceridade e honestidade procurando infundir-lhe o verdadeiro amor (1 Co 13); na verdade o que mais interessa para JESUS é nosso coração (Mt 22.36-40; Sl 119.11; Sl 147.3; Pv 23.26). Existe, no diálogo entre JESUS e Pedro, dois tipos de amor: o amor AGAPEO (amor profundo e não interesseiro, amor de DEUS) e o amor PHILEO (amor com denotação de gostar, amor entre pais e filhos); portanto vamos reproduzir o diálogo de maneira mais clara:

            “Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes”? Ele respondeu: “Sim, senhor, tu sabes eu gosto de ti”. Ele disse: “Apascenta os meus cordeiros”. A segunda vez perguntou-lhe JESUS: “Simão, filho de Jonas, amas-me?” Ele respondeu: “Sim, senhor tu sabes que gosto de ti”. Ele disse: “pastoreia as minhas ovelhas”. Terceira vez perguntou-lhe JESUS: “Simão, filho de Jonas, gostas de mim”? Pedro entristeceu-se, por JESUS lhe ter perguntado pela terceira vez: “Gostas de mim?” E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que gosto de ti”. Disse-lhe JESUS: Apascenta as minhas ovelhas”.

            JESUS pergunta se Pedro o ama com amor profundo por duas vezes e ele responde que ainda não está pronto, pois o seu amor ainda é muito pequeno; a terceira pergunta vem como uma chicotada pois JESUS lhe pergunta, com suas próprias palavras se ele o ama mesmo com esse amor pequeno, mas sincero e Pedro agora é restaurado porque depois de negar ao seu mestre por três vezes, agora o confessa por três vezes. (1Pe 5.2-4). Esse é o DEUS de misericórdia, amor e perdão, que nos aceita mesmo com esse amor fraco e muito aquém do que deseja.

 

Jo 3.16- “Porque DEUS amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

 

            O amor de DEUS é declarado aqui como algo incomensurável e tão grandioso que o autor, João não conseguiu encontrar em seu vocabulário uma expressão que o revelasse, deixando essa revelação para o ESPÍRITO de DEUS que testifica com nosso espírito que somos filhos de DEUS. Seu amor é tão grande, que ELE nos deu seu filho unigênito JESUS CRISTO, para morrer por nós na cruz, afim de nos salvar.

-         O maior ser que existe (DEUS, o criador de todas as coisas).

-         O maior sentimento que existe (amor, DEUS sente por nós).

-         A maior quantidade de pessoas que existe (o mundo).

-         O maior cemitério que existe (a alma que pecar esta morrerá).

-         A maior dádiva que alguém pode oferecer (o filho unigênito).

-         O maior motivo de todos (a salvação, o perdão, a reconciliação).

-         O maior sacrifício de todos (morte na cruz, ELE fez).

-         A maior tragédia que existe (morte física, da alma e espiritual).

-         A maior fé que existe (é dom de DEUS).

-         A maior confissão que existe (Rm 10.9, Mt 10.32, você precisa fazer).

-         A maior e melhor vida que existe (A vida eterna, você a terá se confessar a JESUS como senhor e salvador, Jo 5.24).

 

I - O MARAVILHOSO AMOR DE DEUS
1. DEUS é amor.

Pode até uma mãe se esquecer do filho que amamenta, mas DEUS jamais se esquece de nós (Is 49.15)!

O profeta Oseias passou por crise de amor e adultério por parte de sua esposa que simbolizava os israelitas indiferentes ao amor para com seu DEUS (Os 11.1-4). Como DEUS é amor, DEUS os perdoou e insistiu em sua reconciliação com Ele.

Como temos o ESPÍRITO SANTO morando em nós e Este derrama o amor de DEUS em nós, amar reflete o amor do próprio DEUS, pois Ele é amor (1 Jo 4.8,16).

Temos um PAI cheio de amor a nos oferecer perdão o tempo todo (1 Jo 4.19).

DEUS demonstrou e provou que nos ama, realmente, ao nos dar vicariamente (substitutivamente) o seu único Filho, JESUS, para morrer em nosso lugar (Rm 5.8; 2 Co 5.14; Gl 2.20; Jo 3.16).

O Amor de DEUS

Quando a bondade de DEUS se manifesta em favor de suas criaturas racionais, assume o mais elevado caráter de amor, amor este que se distingue conforme os objetos aos quais se destina. Para distinguir o amor divino da bondade de DEUS, podemos defini-lo como aquela perfeição de DEUS pela qual Ele é impelido eternamente a comunicar-se com as suas criaturas. Posto que DEUS é absolutamente bom em si mesmo, o seu amor não pode alcançar perfeita satisfação num objeto imperfeito, no caso a criatura humana. Apesar disto DEUS ama o homem no seu atual estado de queda (Jo 3.16). DEUS ama os crentes salvos com um amor especial, posto que os contempla como seus filhos espirituais em CRISTO. A eles se comunica, em sentido mais pleno e rico, com toda a plenitude da sua misericórdia e graça (Jo 16.27; Rm 5.8; 1 Jo 3.1).

E nós conhecemos, e cremos no amor que DEUS nos tem. DEUS é amor; e quem está em amor está em DEUS, e DEUS nele. 1 João 4:16
Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de DEUS; e qualquer que ama é nascido de DEUS e conhece a DEUS. 1 João 4:7
Aquele que não ama não conhece a DEUS; porque DEUS é amor. 1 João 4:8
Porque DEUS não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação. 2 Timóteo 1:7
E dele temos este mandamento: que quem ama a DEUS, ame também a seu irmão. 1 João 4:21
Mas, se alguém ama a DEUS, esse é conhecido dele. 1 Coríntios 8:3.

 

DEUS não sente amor - ELE é amor - o amor está em seu âmago. Esse amor é espiritual e não sentimental.

Não há como estar em DEUS sem amar. Primeiro amamos a DEUS sobre todas as coisas e depois a nosso próximo como a nós mesmos. Nisso se resume toda lei e os profetas. A vida cristã se resume no amor. E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu DEUS de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. Lucas 10:27

Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Mt 5:44. Temos que amar até nossos inimigos para sermos parecidos com DEUS, sermos filhos de DEUS.

 

2. Um amor que não se pode conter.

DEUS nos amou antes da fundação do mundo (Ele nos viu antes de nos criar). Mesmo assim nos criou, homem e mulher, como prova desse amor (Gn 1.26,27).

O amor de DEUS é incondicional, Ele ama a todos e quer que todos sejam salvos - (1 Tm 2.4).  Não são nossas obras que vão fazê-lo amar mais ou menos (2 Pe 3.9; 1 Tm 2.4).

O pecador deve saber que o amor de DEUS não lança fora sua justiça. O amor é oferecido, mas pode ser recusado, respeitando o livre-arbítrio do homem. Se recusado este amor, o homem é entregue à sua própria condição (Rm 1.18-32). Se o homem escolher Satanás, ficará com ele para sempre, no lago de enxofre e fogo. Assim, o amor e a justiça de DEUS se conciliam

 

Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de DEUS? 1 João 3:17. Esse amor impulsiona o crente a amar seu irmão.

Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis; 1 Pedro 3:14. Esse amor não faz conta da própria vida para ser exercitado.

No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor. 1 João 4:18

Não há como medir o amor de DEUS. É incomensurável. João tentou defini-lo, mas não encontrou palavras para descrevê-lo: Porque DEUS amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16

 

3. A certeza do amor de DEUS.

No mundo em que vivemos tudo é feito por interesse. As pessoas se relacionam por lucro, por dinheiro, por posição social, por política, por fama etc. Talvez devido a isso não consigamos entender o amor desinteressado de DEUS por nós. O que temos a oferecer a DEUS? Pecado, maldições, doenças, enfermidades etc. Não temos nada para lhe oferecer de bom, mesmo assim Ele nos ama.

Mesmo um desviado não perde o acompanhamento íntimo de DEUS. Todo tempo DEUS está buscando reconciliação com o ser que Ele criou para o adorar. Só se quebrantar (Sl 51.17), se arrepender (Pv 28.13) tendo atitude de retorno sincero, DEUS jamais lança fora os que a Ele se chegam (Lc 15.11-32). Experimente do seu perdão, do seu amor. O amor de DEUS se baseia n'Ele mesmo (Dt 7.6,7), a fonte inesgotável de amor.

Porque todas quantas promessas hão de DEUS, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de DEUS por nós. 2 Coríntios 1:20. Não há dúvida do amor de DEUS para conosco.
DEUS prova que nos ama:

Mas DEUS prova o seu amor para conosco, em que CRISTO morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Romanos 5:8
Nisto se manifestou o amor de DEUS para conosco: que DEUS enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. 1 João 4:9

 

II - UM DEUS MISERICORDIOSO

1. O que é misericórdia?

Dicionário Wycliffe - CPAD

No NT, a palavra “misericórdia” é a tradução da palavra grega eleos, ou “piedade, compaixão, misericórdia” (veja seu uso em Lucas 10.37; Hebreus 4.16), e oiktirmos, isto é, “companheirismo em meio ao sofrimento” (veja seu uso em Fp 2.1; Cl 3.12; Hb 10.28).

No AT, este termo representa duas raízes distintas: rehem, (que pode significar maciez), “o ventre”, referindo-se, portanto, à compaixão materna (1 Rs 3.26, “entranhas”), e hesed, que significa força permanente (Sl 59.16; 62.12; 144.2) ou ‘mútua obrigação ou solidariedade das partes relacionadas” - portanto, lealdade. A primeira forma expressa a bondade de DEUS, particularmente em relação àqueles que estão em dificuldades (Gn 43.14; Êx 34.6), A segunda expressa a fidelidade do Senhor, ou os laços pelos quais “pertencemos” ou “fazemos parte” do grupo de seus filhos. Seu permanente e imutável amor está subentendido, e se expressa através do termo berit,, que significa “aliança” ou “testamento” (Ex 15.13; Dt 7.9; Sl 136.10-24). No Novo Testamento

 

A Misericórdia de DEUS

Se a graça divina sentencia o homem como culpado diante de DEUS, fazendo-o carente do perdão divino, a misericórdia de DEUS distingue o homem como alguém cansado sob o fardo do pecado, necessitando de urgente ajuda espiritual. A misericórdia divina pode ser definida como a bondade ou o amor de DEUS para com aqueles que se encontram em estado de miséria espiritual, carecendo de ajuda. Desse modo, em sua misericórdia, DEUS se revela compassivo e piedoso para com os que se acham em estado de miséria espiritual, sempre pronto a socorrê-los. Segundo a Bíblia, a misericórdia de DEUS é gratuita; é para sempre; está sobre todos os homens; elas são a causa de não sermos consumidos (Dt 5.10; Sl 57.10; 86.5; 2 Cr 7.6; Sl 136; Ed 3.11; Ex 20.6; Dt 7.7,9; Lc 1.50; Sl 145.9; Ez 18.23-32; 33.11; Lc 6.35,36; Lm 3.22). Entre os judeus, existe uma crença antiga muito interessante, acerca da misericórdia e da justiça divina. Segundo essa crença, Miguel, o executor dos juízos de DEUS, possui apenas uma asa às costas, o que o faz voar devagar; enquanto Gabriel, o executor da misericórdia, possui duas potentes asas, o que o faz voar mais velozmente. O rabinismo judaico usa essa ilustração para ensinar que DEUS tem mais pressa em ser misericordioso para com o homem do que em levá-lo a juízo. Mostra, porém, que se o homem rejeitar a misericórdia gratuitamente oferecida, mais cedo ou mais tarde ele será julgado e castigado pelo DEUS das muitas misericórdias.

 

hesed, “misericórdia" - É a prática do amor. É a urgência em livrar o ser humano do que lhe é penoso. É ter dó da miséria de outrem.

 

1.    DEUS é o grande exemplo de misericórdia (Luc. 6:36).

2.    As Escrituras mandam que usemos de misericórdia (II Reis 6:21; Osé. 12:6; Rom. 12:20,21).

3.    A misericórdia deve ser gravada em nossos corações, tomando-se uma parte integrante de nossa natureza espiritual (Pro. 3:3).

4.    A misericórdia deve ser uma das características dos santos (Sal. 37:26).

5.    Neste mundo, JESUS foi o exemplo supremo do exercício da misericórdia, fazendo parte integral de sua missão salvatícia (Mat. 11:29,30; Luc. 1:78; Tito 3:5).

6.    A misericórdia divina é grande (Núm. 14:18; Isa. 54:7); multifacetada (Lam. 3:32); abundante (I Ped. 1:3) e certa (Isa. 55:3Miq. 7:20).

7.    A misericórdia de DEUS enche a terra (Sal. 119:64).

8.    A misericórdia divina é a base de nossa esperança (Sal. 130:7).

9.    A misericórdia divina deve ser magnificada por nós (I Crô. 16:34Sal. 115:1; Jer. 33:11).

10.    Ela é tipificada no propiciatório (vide) (Êxo. 25:17), sendo ilustrada nas vidas de Ló (Gên. 19:16,19), de Epafrodito (Fil. 2:27) e de Paulo (I Tim. 1:13).

 

2. O Pai da misericórdia.

DEUS é o Pai da misericórdia (2 Co 1.3; Êx 34.6; Jn 4.2). DEUS demora a irar-se (é longânimo - Pavio Longo). Não nos trata segundo as nossas iniquidades (Sl 103.8-12); DEUS "conhece nossa estrutura" e "lembra-se de que somos pó" (Sl 103.14). Devido a essa misericórdia de DEUS, todos podem descansar no perdão e na reconciliação de DEUS (1 Jo 2.1).

JESUS demonstrou o tempo todo a misericórdia e compaixão de DEUS pelos pecadores (Mt 15.32; 20.34; Mc 8.2). JESUS estava sempre tentando minimizar o sofrimento humano (Lc 7.13; 15.20; Jo 8.10,11). JESUS é a expressão da misericórdia do PAI (Hb 1.1-3). Metade do evangelho é composto de sinais, prodígios e maravilhas que JESIUS operava em benefício das pessoas.

 

Bendito seja o DEUS e Pai de nosso Senhor JESUS CRISTO, o Pai das misericórdias e o DEUS de toda a consolação; 2 Coríntios 1:3

DEUS, Pai de infinita misericórdia.

O Pai manifesta a sua paternidade através das palavras e da vida do Filho eterno, que entrou na história humana ao assumir a nossa natureza. CRISTO, com as suas obras e as suas palavras, revela-nos o Pai e dá-nos a conhecer o Seu amor infinito.

 

3. Misericórdia com o pecador.

A misericórdia é o ato de tratar um ofensor com menor rigor do que ele merece. Trata-se do ato de não aplicar um castigo merecido, mas também envolve a ideia de dar a alguém algo que não merece. Pode referir-se a atos de caridade ou de cura. Também aponta para o ato de aliviar o sofrimento, inteiramente à parte da questão de mérito pessoal. Quando chega à ideia de favor desmerecido, então, já se torna um sinónimo da palavra «graça». Alguém já declarou que a misericórdia retém o julgamento que um homem merece; que a graça outorga alguma bênção que esse homem não merece. De fato, algumas vezes pode ser feita essa distinção, mas, na major parte dos casos, os dois conceitos justapõem-se. Por conseguinte, a misericórdia pode indicar benevolência, benignidade, bênção, clemência, compaixão e favor.

A misericórdia é uma «atitude de compaixão e de beneficência ativa e graciosa expressa mediante o perdão calorosamente conferido a um malfeitor. Apesar de ser uma atitude apropriada somente a um superior ético, não denota condescendência, e, sim, amor, desejando restaurar o ofensor e mitigar, se não mesmo omitir, o castigo que esse ofensor merece. Na Bíblia, a misericórdia de DEUS é oferecida gratuitamente, uma expressão não constrangida de amor, sem qualquer mácula de preconceito, aberta a todos os homens, dignos e indignos igualmente. A teologia cristã não considera a misericórdia divina como incompatível com os seus justos julgamentos, mas considera ambas as coisas como expressões vivas de seu amor, conforme o mesmo é revelado em CRISTO, cuja morte expiatória reconcilia as exigências da justiça divina com as misericórdias divinas» (E).

É evidente que a misericórdia combina um forte elemento emocional, usualmente identificado com a compaixão, a piedade ou o amor, com alguma demonstração prática de gentileza ou bondade, em resposta à condição ou às necessidades do objeto da misericórdia» (Z)

Misericórdia. DEUS é misericordioso. "A misericórdia de DEUS é a divina bondade em ação com respeito às misérias de suas criaturas, bondade que se comove a favor deles, provendo o seu alívio, e, no caso de pecadores impenitentes, demonstrando paciência longânima" (Hodges). (Tito 3:5; Lam. 3:22; Dan. 9:9; Jer. 3:12; Sal. 32:5; Isa. 49:13; 54:7.) Uma das mais belas descrições da misericórdia de DEUS encontra-se no Salmo 103:8-18. O conhecimento de sua misericórdia toma-se a base da esperança (Sal. 130:7) como também da confiança (Sal. 52:8). A misericórdia de DEUS manifestou-se de maneira eloquente ao enviar CRISTO ao mundo. (Luc. 1:78.)

Misericórdia (DicionárioPortuguês.dctx – The Word)

s. f. 1. Pena causada pela miséria alheia; comiseração. 2. Graça ou perdão. 3. Punhal com que antigamente os cavaleiros matavam o adversário depois de derrubado, se ele não pedia misericórdia. Interj. Apelo de quem pede compaixão ou socorro.

MISERICÓRDIA (Dicionário Teológico)

- [Do lat. miser, miséria + cordis, coração] Indulgência, graça. Compaixão suscitada pela miséria do próximo. Literalmente, significa voltar o coração à miséria alheia. Através deste sentimento, o Senhor mostra que, no juízo do Calvário, sua misericórdia sempre triunfa.

MISERICÓRDIA (Almeida.dctx)

1) Bondade (Js 2.14, RA).

2) Bondade, AMOR e GRAÇA de DEUS para com o ser humano, manifestos no perdão, na proteção, no auxílio, no atendimento a súplicas (Êx 20.6; Nm 14.19, RA; Sl 4.1). Essa disposição de DEUS se manifestou desde a criação e acompanhará o seu povo até o final dos tempos (Sl 136, RA; Lc 1.50).

3) Virtude pela qual o cristão é bondoso para com os necessitados (Mt 5.7; Tg 2.13).

 

III - AMOR, BONDADE E COMPAIXÃO NA VIDA DO SALVO

1. Amor como adoração a DEUS.

Adoramos a DEUS pelo que ELE é. DEUS é amor. Então um dos motivos pelos quais adoramos a DEUS é por causa de seu amor. O amor que usamos para adorar a DEUS é o reflexo de seu próprio amor, pois adoramos em ESPÍRITO e em VERDADE, ou seja, adoramos a DEUS através do ESPÍRITO SANTO e de JESUS, o logos de DEUS, a Palavra que se fez carne.

O pecador é inimigo de DEUS (Rm 5.10), alguns o odeiam (Lc 19.14). JESUS veio promover a reconciliação, pela cruz, com DEUS, pois Ele mesmo tomou a iniciativa e capacitou o salvo a amá-lo (1 Jo 4.11,19). JESUS ensinou que devemos amar o Senhor DEUS acima de todas as coisas (Dt 6.5; Mc 12.29,30). Isso vem de DEUS e só podemos sentir este amor se estivermos ligados ao ESPÍRITO SANTO (Dt 30.6). Amamos a DEUS porque Ele nos amou primeiro (1 Jo 4.19).

 

2. Amar ao próximo.

JESUS nos ensinou que devemos amara a todos indistintamente, até nossos inimigos. Uma condição para sermos perdoados por DEUS é perdoar a todos.

"Porque o amor de CRISTO nos constrange" (2 Co 5.14). Constrange-nos a que? A amar o nosso próximo (Mt 5.43-45; Ef 5.2; 1 Jo 4.11). Por que amar ao próximo? Porque CRISTO morreu por ele assim como morreu por nós (Rm 14.15; 1 Co 8.11). JESUS disse que quando fazemos algo de bom para nosso próximo estamos fazendo a Ele próprio (Mt 25.40). Quem é nosso próximo segundo a parábola do Bom Samaritano? Qualquer pessoa que aparecer diante de nós durante a caminhada da vida. Amemos o outro sem esperar algo em troca (Mt 22.39; 1 Co 13). Nossa função de cristão é amar.

 

3. Amor como serviço diaconal.

Quem ama serve. Quem ama serve com alegria. Quem ama tem prazer em servir.

JESUS lavou os pés dos discípulos, Ele ensinou, na prática, um estilo de vida que deveria caracterizar seus discípulos (Jo 13.14), ou seja, o de um servir ao outro.

O cristianismo exige sacrifício em favor dos outros. JESUS deu a vida por nós e nós devemos dar a vida pelos outros - Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos. 1 João 3:16

"Amar uns aos outros" é a maneira mais eficaz de demonstrar ao mundo que somos seguidores de JESUS (Jo 13.35 - Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.
João).

 

CONCLUSÃO

O maravilhoso amor de DEUS está no próprio DEUS, pois DEUS é amor, esse é um amor que não se pode conter, é a certeza do amor de DEUS que é misericordioso, ou seja, vai a socorro do necessitado e aflito. DEUS é o Pai da misericórdia para com o pecador. Deve haver como reflexo do amor de DEUS em nós, o amor, a bondade e a compaixão em nossa caminhada cristã. O amor deve ser demonstrado como adoração a DEUS. Todo salvo deve amar ao seu próximo com amor sacrificial, como serviço diaconal.

 

 

Comentários de Livros diversos

 

ἀγάπη, ης, ἡ (Léxico do NT Gingrich)

ἀγάπη (agapē), ης (ēs), ἡ (hē). G26 — I. amor, afeição, estima a mais sublime virtude cristã 1 Co 13.13; Gl 5.22—1. mútuo entre DEUS e CRISTO, Jo 15.10; 17.26, de DEUS ou CRISTO aos homens Rm 5.8, etc. A essência de DEUS 1 Jo 4.8, 16.—2. de homens, a DEUS ou CRISTO, Jo 5.42; ou a outras pessoas 2 Co 8.7. —3. como uma qualidade abstrata Rm 13.10; 1 Co 8.1; 13.1-3 (sendo o sentido determinado mais amplamente pelo contexto da passagem).—II. uma festa de amor, uma refeição comunitária da Igreja Primitiva, Jd 12; 2 Pe 2. 13, v.1.

αγαπη Ágape: O Maior Destes (obra da carne e fruto do espírito)

 

AMOR - (Strong português)  αγαπαω agapao - Talvez de agan (muito)
1) com respeito às pessoas
1a) receber com alegria, acolher, gostar muito de amar ternamente
2) com respeito às coisas
2a) estar satisfeito, estar contente sobre ou com as coisas
 

αγαπη agape -
1) amor fraterno, de irmão, afeição, boa vontade, amor, benevolência
2) banquetes de amor

 

AMOR - Dicionário Wycliffe - CPAD

Em várias versões o substantivo utilizado é, frequentemente, “caridade״ (q.v.). O principal verbo hebraico para amor é ’aheb (aprox. 225 vezes no AT), embora ocorram 18 outras palavras de significado semelhante (menos de 30 ocorrências no total). A tradução usual da LXX de ’ aheb é agapao (195 vezes). As palavras gregas clássicas para amor variavam. (1) erao, eros, “desejo sexual, desejo passional״ (um substantivo na LXX por duas vezes; nunca utilizada como verbo; o mesmo ocorre no NT); (2) phileo, philia, “afeição por amigos ou parentes” (um substantivo na LXX por oito vezes; como verbo, 26 vezes; como substantivo no NT, uma vez; como verbo, 25 vezes); (3) philadelphia, “amor dos irmãos” (não na LXX; seis vezes no NT); (4) philanthropia, "amor pela humanidade” (uma vez na LXX; duas vezes no NT); (5) stergo, storge, “afeição, amor familiar" (não consta na LXX nem no NT, mas veja astorgos, Rm 1.31; 2 Tm 3.3; philostorgos, Rm 12.10); (6) agapao, agape, agapetos (como substantivo na LXX 20 vezes; como verbo, cerca de 250 vezes; mais de 100 vezes como substantivo no NT: como verbo, cerca de 140 vezes; como adjetivo, mais de 60 vezes).

Na LXX parece haver pouca diferença entre as idéias traduzidas por phileo e agapao, ambas sendo usadas para traduzir a ideia de amor por alimentos, por prazer, por uma mulher e pelo sono. Eros (de onde vem o nosso adjetivo “erótico”), embora espiritualizado por Platão, não aparece no NT. Tanto as palavras hebraicas como gregas dizem respeito ao sentimento de desejo e são pessoais em natureza.

A comparação dos usos do AT (’aheb-agapao) e do NT (agapao) mostra quão diversos são os objetos do amor; por exemplo. (1) marido- mulher (Gn 24.67; Ef 5.25), (2) o próximo (Lv 19.18; Mt 5.43; 19.19), (3) dinheiro (Ec 5.9; 2 Pe 2.15), (4) um amigo (1 Sm 20.17 - Davi e Jônatas; Jo 11.5 - JESUS-Marta), (5) uma cidade (Sl 78.68; Ap 20.9).

Os usos teológicos em ambas as alianças dizem respeito ao amor de (1) DEUS ao homem, (2) do homem a DEUS, e (3) do homem para com os seus semelhantes.

1. A representação do AT do amor de DEUS ao homem é vista em sua preocupação com todos os homens (Dt 33.3), mas especialmente na escolha de Israel (seu amor eletivo, ’ahaba, Dt 7.7,8; 10.15; Is 63.9; Os 11.1; Ml 1.2), e seu voto de aliança constantemente renovado para com eles (seu amor contido em sua aliança, hesed, “misericórdia”, Dt 7.9; 1 Rs 8.23; Ne 9.32; “benignidade, Is 54.5-10; veja Benignidade). Este amor garante a Israel a proteção e a redenção de DEUS (Is 43.25; 63.9; Dt 23.5) e é estendido a cada um individualmente (Pv 3.12; Sl 41.12).

O NT reitera o amor que DEUS tem por todas as criaturas (Mt 5.45), mas enfatiza a manifestação em particular de si mesmo em CRISTO e no Calvário (Jo 3.16; Rm 5.8; 8.31-39), eventos que mostram a vida eterna para o crente. DEUS é revelado como amoroso porque Ele próprio é amor (1 Jo 4.8,16). O amor é a sua própria essência; o amor é outro termo juntamente com “luz” (1 Jo 1.5) que descreve a qualidade moral de seu ser. Veja DEUS. 2. O amor do homem a DEUS no AT é a resposta completa do homem (Dt 6.5,”de todo o coração”) ao DEUS misericordioso de Israel (Dt 6.5- 9; Êx 20.1-17; Sl 18.1; 116.1). O amor a DEUS é expresso, de forma ética, especialmente ao se guardar a lei e o temor a Ele (Êx 20.6; Dt 5.10; 10.12; Is 56.1-6). Este conceito de resposta total é repetido pelo Senhor JESUS no NT (Mc 12.29,30; veja também Mt 6.24; 10.37-39; Lc 9.57-62; 14.26,27). No entanto, a resposta é dirigida a um novo conjunto de eventos - a encarnação (Jo 4.10,19,25-29,39-42), a cruz (Rm 6.3-11; Gl 2.20; 5.24; 6.14), a ressurreição (Fp 3.10-11; Cl 3.1,2), e a segunda vinda (2 Tm 4.8). A equação de amor e obediência também é repetida (Jo 14.15,21; 1 Jo 4.21-5.3). O amor não é um mero sentimento, mas uma entrega pessoal e voluntária que conduz à submissão. 3. O amor do homem para com os seus semelhantes no AT é baseado no amor anterior de DEUS, e é exigido especialmente em relação ao próximo (Lv 19.18) e aos estrangeiros vivendo em Israel (Dt 10.19; Lv 19.34). Até mesmo o inimigo deve ser tratado com bondade (Êx 23.4,5; Pv 25.21). O Senhor JESUS apresentou o amor que deve existir entre os seres humanos (o seu principal uso no NT) como o segundo mandamento (Mt 22.39), o sinal infalível do discipulado (Jo 13.34,35), de filiação (1 Jo 4.7), e de nova vida (1 Jo 3.14). Ele deve ser expresso através de atitudes e obras (1 Jo 3.17,18). Ele é enfatizado pela unidade do corpo (Ef 4.1-4; Rm 12.16; Fp 1.27; 2.1,2; 4.2) e é evidenciado pela atrocidade do pecado de dissensão (Gl 5.19-21; 1 Co 1.10- 13; 3.3-8; 11.18-22). O Senhor JESUS ensinou que o amor deve incluir os inimigos (Mt 5.44), assim como Paulo ensinou que o amor prático deve incluir todos os homens (Gl 6.10). Esse amor, que deve ser diferenciado da afeição erótica e romântica, é a contraparte lógica do amor Divino em relação ao homem (1 Jo 4.11), e sem ele a reivindicação de amar a DEUS é vista como inconsistente (1 Jo 4.20- 21). Ele também é visto como o efeito do ESPÍRITO SANTO derramado em nossos corações (Rm 5.5; cf. Gl 5.22), Ele é uma imitação consciente do amor de DEUS, até mesmo por aqueles que fazem o mal (Mt 5.43-45; Jo 13.34; 15.12; Rm 15.7). O dever do cristão de retribuir o mal com o bem ao invés de retaliar (Rm 12.17-21) deve provavelmente ser considerado uma cooperação com o plano de DEUS para levar o homem ao arrependimento (Rm 2.4; 12.20-21). Este conceito de amor (agape) criativo é tão central que pode ser considerado uma ética cristã distinta.

A maior definição de amor (agape) nos relacionamentos humanos já escrita é a do apóstolo Paulo no hino de 1 Coríntios 13. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (w. 4-8a, F. F, Bruce, The Letters of Paul, an Expanded Translation, Grand Rapids. Eerdmans, 1965,p. 107). Resumindo, o amor é a comunhão entre as pessoas, baseado em atos de auto sacrifício. Tal amor é a bondade voluntária e deliberada, esteando-se até mesmo aos inimigos por quem não se tem qualquer afeto pessoal.

 

AMOR - Agape αγαπη - obra da carne e fruto do ESPÍRITO - Amor o Maior de todos

O alvo necessário de todos os escritores sobre a ética da vida virtuosa e pintar em palavras o retrato do homem bom. Em outras palavras: a tarefa contínua do mestre da ética é expor os vários ingredientes na receita da bondade. É isto que Paulo faz em Gálatas 5.22, 23 quando alista as grandes qualidades do fruto do Espirito - amor, alegria, paz, longanimidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. É inevitável que o amor fique no início da lista, porque DEUS e amor (I Joao 4.8)a e, portanto, necessariamente, o maior destes e o amor( 1 Co 13.13). O amor e o vínculo da perfeição, o vínculo perfeito, que liga tudo numa harmonia perfeita (Cl 3.14), e o amor e em si mesmo o cumprimento da lei (Rm 13.10).

Devemos começar definindo os nossos termos. Há momentos em que o português, em comparação com o grego, e um idioma pobre. 

Diz-se que, em gaulês, se um jovem ama uma moca, há vinte maneiras diferentes para ele lhe dizer isso!

Nós temos uma só palavra para “ amar” ’ e esta palavra tem que servir para expressar muitos sentimentos. Mas o grego tem quatro palavras para “amar.”

(i) Há a palavra erõs. E caracteristicamente a palavra para o amor entre os sexos, o amor de um rapaz para com uma jovem; sempre há um lado predominantemente físico, e sempre envolve o amor sexual. Aristóteles diz que erõs sempre começa com o prazer dos olhos, que ninguém se apaixona sem primeiramente ficar encantado pela beleza, e que o amor não é amor, a não ser que se anseie pelo amado quando ele está ausente, desejando ardentemente a sua presença (Aristóteles: Ética a Nicômaco 9.4.3).

Epiteto descreve este tipo de amor como uma compulsão da paixão (Discursos 4.1.147). Esta palavra não aparece no NT em lugar algum, não porque o NT despreza ou rejeite o amor físico, mas porque, já nos tempos do NT, esta palavra passara a ser ligada com a concupiscência mais do que com o amor. Erõs, conforme alguém já disse, e o amor ainda sem conversão.

(ii) Há a palavra philia. Esta e a palavra mais nobre no grego secular para expressar o amor. Descreve um relacionamento caloroso, íntimo e tenro do corpo, mente e espírito. Inclui o lado físico do amor, pois o verbo philein pode significar beijar ou acariciar, mas inclui muita coisa a mais. Até mesmo nesta palavra há algo que falta. “O amor não é o amor” , disse Shakespeare, “que se altera quando descobre uma alteração.” Mas philia, como todas as coisas humanas, pode alterar-se. Aristóteles escreve: “O prazer do amante e contemplar a sua amada, o prazer da amada e receber as atenções do seu amante, mas quando murchar a beleza da amada, a amizade (philia) as vezes murcha também, visto que o amante já não acha prazer na visão da sua amada, e a amada não recebe atenção do amante” (Aristóteles: Ética a Nicômaco 8.4.1). É verdade que philia descreve o tipo mais nobre do amor humano, mas também e verdade que a luz da philia pode diminuir e seu calor esfriar.

(iii) Há a palavra storgè. Esta e a palavra mais limitada na sua esfera, porque no grego secular e a palavra do amor no lar, do amor dos pais para com os filhos e dos filhos para com os pais, para o amor entre irmãos, irmãs e parentes.

(iv) Há a palavra agapè. Aqui, temos pouca orientação com base no grego secular. O verbo correspondente agapan é bastante comum no grego secular, mas o substantivo agapè quase nunca ocorre. Conforme diz R. C. Trench: “Agapè é uma palavra que nasce no seio da religião revelada.” E isto não e por acidente. Agapè é uma palavra nova que descreve uma qualidade nova, uma palavra que indica uma atitude nova para com os outros, uma atitude nascida dentro da comunidade, e impossível sem a dinâmica crista. Como, pois, devemos determinar o significado de agapè? Podemos determinar melhor seu significado tendo por fundamento a maneira de o próprio JESUS falar dele. A passagem básica e Mt 5.43-48. Ali, JESUS insiste em que o amor humano deve seguir o padrão do amor de DEUS. E qual é a grande característica do amor de DEUS? DEUS faz vir chuvas sobre justos e injustos, e faz nascer o sol sobre maus e bons. Logo, o significado de agapè é a benevolência invencível, a boa vontade que nunca e derrotada. Agapê é o espírito no coração que nunca procurara outra coisa senão o sumo bem do seu próximo. Não se importa com o tratamento que recebe do seu próximo, nem com a natureza dele; não se importa com a atitude do próximo para com ele, nunca procurara outra coisa a não ser o sumo bem do próximo, o melhor para ele. Quando se vê isto, imediatamente surgem algumas verdades vitais.

(i) Quando Aristóteles escreve a respeito do amor, sua atitude e que somente aquele que merece o amor pode ser amado. Fala daqueles que desejam ser amados, que tem desejo de que o amor seja recíproco, e diz a respeito das pessoas que tem este desejo que seu anseio e ridículo,' se eles nada possuem de atraente (Aristóteles: Ética de Nicômaco 8.8.6). Insiste em que um homem não pode esperar ser amado “ se nada houver nele para despertar afeição” (Ética a Nicômaco 9.1.2). Epiteto diz praticamente a mesma coisa, quando declara: “Aquilo que desperta o interesse da pessoa e o que ela ama por natureza” (Discursos 2.22.1). Platão disse: “O amor e para os amoráveis.” Mas a qualidade distintiva do amor cristão acha-se exatamente na sua obrigação e capacidade de amar os pouco amáveis e os que dificilmente se pode amar, de procurar o sumo bem do outro independentemente daquilo que ele e, ou faz, ou tenha feito. No amor cristão a ideia do mérito não deve ser levada em conta.

(ii) Para os escritores gregos, o amor e necessariamente uma coisa exclusiva. Aristóteles define o amor como “a amizade num grau superlativo” . Passa, então, a dizer que, se é assim, pode ser por uma pessoa, e

por uma pessoa somente (Aristóteles: Ética a Nicômaco 9.10.5). Na realidade, a convicção de Aristóteles e de que o amor não pode ser difundido, nem pode a amizade ser muito espalhada. Na amizade, o círculo deve ser estreito; no amor, nem sequer há um círculo, mas somente um único ponto em que tudo se focaliza. O amor cristão e o próprio inverso disso. E uma benevolência que abrange a todos. Agostinho disse a respeito de DEUS que Ele ama a todos como se houvesse uma só pessoa para Ele amar; o amor cristão deve modelar-se no amor de DEUS.

(iii) Há um sentido em que o amor cristão difere radicalmente do amor humano comum. O amor humano comum e uma reação do coração; e algo que simplesmente ocorre. Ele e algo com cuja criação e aurora

nada temos a ver. Mas agapè, o amor cristão, e um exercício da personalidade total. E um estado não somente do coração, mas também da mente; faz parte dos sentimentos, emoções, e também da vontade. Não é alguma coisa que simplesmente acontece e que não podemos evitar ;e algo que temos de desejar. Não e algo com que não temos nada a fazer; e uma conquista e uma realização. Na realidade, tem sido dito que, em pelo menos um dos seus aspectos, agapè e a capacidade, o poder e a determinação de amar as pessoas das quais não gostamos. E certamente verídico que este amor cristão não é uma coisa fácil e sentimental;  não é uma resposta emocional automática e não procurada. E uma vitória sobre o eu. A pura verdade e que este amor cristão e o fruto do ESPÍRITO; e algo totalmente impossível sem a dinâmica de JESUS CRISTO. Por isso e fútil falar na aceitação  a ética do Sermão do Monte e do amor cristão. A verdade simples ó que o mundo não pode aceita-la; somente o cristão cheio do ESPÍRITO e dedicado a CRISTO pode fazê-lo.

(iv) Havia uma grande área do pensamento pagão que considerava esta ideia do amor cristão como uma contradição revolucionária de tudo quanto ele mesmo tinha em vista. Todas as filosofias contemporâneas ao

cristianismo tinham um só alvo e objetivo: a única coisa que todos procuravam era a paz de espírito, ataraxia, serenidade, tranquilidade, o coração cm repouso. A fim de chegarem a isto, todas elas, de uma forma ou outra, insistiam na absoluta necessidade de duas qualidades básicas. A primeira era autarkeia, que significa a perfeita autossuficiência, a perfeita independência de qualquer objeto ou pessoa. Autarkeia e a atitude da mente que acha sua felicidade e paz inteira e exclusivamente dentro de si mesma. A segunda tinha uma estreita relação com ela; era apatheia. Apatheia não é a apatia no sentido da indiferença\apatheia e essencialmente a incapacidade de sentir alegria ou tristeza, gozo ou mágoa; e a atitude de coração e mente que não pode ser tocada por qualquer coisa que porventura pudesse acontecer a si mesma ou a outrem. E o coração isolado de todos os sentimentos e emoções Se este for o ideal da vida, então bem claramente o grande inimigo da paz e o amor; o amor e o grande perturbador. Epiteto conta como Cesar trouxe paz e segurança políticas a este mundo, e depois diz, com desespero: “Mas será que Cesar pode nos dar a imunidade do amor?” (Epiteto: Discursos 2.13.10). Concorda que o homem deve tornar-se afetuoso (philostorgos), mas somente de uma maneira tal que, nunca, em tempo algum, dependera de outra pessoa para a sua felicidade e alegria, porque, se um homem permitir a outra pessoa entrar no seu coração e habitar ali, sua liberdade foi-se para sempre (Epiteto: Discursos 3.24-58). Para Epiteto, o amor e um tipo de escravidão (Epiteto: Discursos 4.17.57). Por essa razão, a filosofia e um treinamento que visa atingir a indiferença. Epiteto insiste em que os homens nunca devem fixar seu coração em qualquer objeto ou pessoa, porque nada e ninguém deve ser uma necessidade para nos. O homem deve ensinar-se a não se importar com nada. Que comece com coisas sem importância — uma vasilha, uma xicara que, de qualquer maneira, pode ser facilmente quebrada. Que avance um pouco mais, para uma túnica, um miserável cachorro, um mero cavalo, um pedaço de terra. Se algo acontecer a alguma destas coisas, que aprenda a não se importar. Depois, finalmente,  chegara paulatinamente a uma etapa em que não se importara com o que acontece a seu próprio corpo, quando poderá perder os filhos, a esposa, os irmãos — sem se importar com isso (Epiteto-.Discursos 4.1.110,111). É verdade que as vezes Marco Aurélio fala de modo aparentemente diferente. Amai os homens entre os quais a vossa sorte é lançada, diz ele - e amai de todo o coração. Amai a humanidade e segui a DEUS.

Tudo quanto e racional e afim, e faz parte da natureza humana importar-se com todos os homens. A divindade entronizada dentro de nós acalenta um sentimento fraterno para com os homens. Se não podeis converter o malfeitor, lembrai-vos de que a bondade vos foi dada para enfrentar semelhante caso e lidar com tal homem.  Ninguém deve, em caso algum, ser obrigado a arrancar de nós a bondade. Devemos viver com mansidão para com| aqueles que procuraram opor-se a nós e para com aqueles que são um espinho em nossa carne (Marco Aurélio: Meditações 6.38; 7.31, 34, 36;| 9.11; 11.9).  O cínico verdadeiro será necessariamente acoitado, mas devei amar os homens que o acoitam, como se fosse o pai ou o irmão deles todos (Epiteto: Discursos 3.22.55). Mas, ao procurar o sentido e significado de passagens tais como estas, sempre deve ser lembrado que esta atitude para com os outros nasceu, não da identificação com os outros, ou da simpatia para com os outros,  ou da participação da sua situação humana, mas da superioridade consciente. O sábio estava tão fechado dentro da sua virtude, tão acima dos homens! comuns, que nunca deixaria as excentricidades e a insensatez dos mortais inferiores afetarem sua calma olímpica. Em contraste direto com isto, o amor cristão se importa.

O amor cristão e o próprio inverso dos princípios elementares da filosofia pagão O filosofo pagão dizia: “Ensina-te a não te importar.” A mensagem cristão dizia: “Ensina-te a importar-te apaixonada e intensamente com os homens.”

O filosofo pagão dizia: “Não deves, em circunstância alguma, ficar pessoal e emocionalmente envolvido na situação humana.”  A mensagem crista diz:  “Deves entrar na situação humana de tal maneira que vejas penses e sintas com os olhos, a mente e o coração da outra pessoa na suai profunda identificação com os outros.” A mensagem crista oferecia o caminho para a felicidade naquela mesma atitude que o filosofo pagão! considerava como o caminho para a infelicidade. Para o cristão, o princípio no amago da vida era a única coisa que o filosofo pagão procurava eliminar inteiramente da sua vida. Analisemos, portanto, o significado deste agapè, usando em especial os elementos das cartas de Paulo, onde a palavra ocorre mais de sessenta vezes.

(i) Tudo começa com o amor de DEUS, porque DEUS e o DEUS de amor (2 Co 13.11). O amor cristão e o reflexo do amor de DEUS, e dele obtém seu padrão e poder. Este amor de DEUS e totalmente imerecido, porque a prova dele e que, enquanto ainda éramos pecadores, CRISTO morreu por nós (Rm 5.8). O Novo Testamento nunca poderia tolerar qualquer conceito de expiação que subentendesse ou sugerisse que qualquer coisa que JESUS fez mudou ou alterou a atitude de DEUS para com os homens; que, de alguma maneira, JESUS tenha transformado a ira de DEUS em amor. O processo inteiro da salvação tem seu início no amor de DEUS, não merecido por nos. Além disso, o amor de DEUS e um amor que produz e transforma. E aquele amor que, derramado no coração dos homens, produz as grandes qualidades da vida e do caráter cristãos (Rm 5.3-5). Há um amor humano que enfraquece a fibra moral do homem, que paralisa seu esforço, e que o retira da batalha da vida; mas o amor de DEUS e a dinâmica transformadora da vida crista, produzindo no homem a paciência, a perseverança, a experiência e a esperança que o preparam-no para a vida.  O humor de DEUS e um amor inseparável. Nada há no tempo nem na eternidade que pode separar o homem dele (Rm 8.35-39). Aqui, na realidade, temos um dos grandes argumentos para a vida após a morte. O amor e a perfeição do relacionamento entre duas personalidades, e o amor de DEUS oferece um relacionamento consigo mesmo que, pela própria natureza das coisas, nada pode quebrar ou interromper. O amor de DEUS e simplesmente um grande amor (Ef 2.4-7). E, de conformidade com esta passagem, o humor de DEUS e um grande amor por três razoes. Primeira: Ele nos amou enquanto estávamos mortos nos nossos pecados. Segunda, vivificou-nos para a novidade de vida. Terceira, ultrapassa o tempo e vai além da vida para os lugares celestiais.

(ii) A medida em que Paulo fala do amor de DEUS, também fala do humor de JESUS CRISTO. Para Paulo, o amor de DEUS e o amor de JESUS CRISTO  são a mesma coisa. Em Rm 8.35-39 Paulo começa perguntando: “Quem nos separara do amor de CRISTO' E termina, dizendo: “nada poderá separar-nos do amor de DEUS, que está em CRISTO JESUS nosso Senhor.” Para Paulo, JESUS é o amor de DEUS em demonstração e ação. Paulo passa, então, a dizer certas coisas a respeito do amor de JESUS CRISTO. E um amor que excede todo entendimento (Ef 3.19).  O amor é sempre um mistério. Qualquer pessoa que é amada fica atônita, perguntando a si mesma por que aquilo acontece. O amor de CRISTO não e algo a ser explicado; e algo diante de que o homem somente pode maravilhar-se prestar culto e adorar. O amor de JESUS CRISTO é o padrão da vida cristã.) O cristão deve andar em amor conforme CRISTO o amou (Ef 5.2).  O cristão não é perseguido pelo medo a fim de ser bom; e elevado até a bondade mediante a obrigação do amor que desperta a generosidade que esta adormecida na alma.

(iii) Uma das associações mais consistentes que Paulo faz e entre o amor e a fé (Ef 1.15; Cl 1.4; 1 Ts 1.3; 3.6; 2 Ts 1.3; Fm 5). O mais alto louvor que Paulo pode oferecer a qualquer igreja e dizer que seus membros] tem fé em CRISTO e amor uns para com os outros. O cristianismo envolvei um duplo relacionamento pessoal e uma dupla dedicação:  o relacionamento com CRISTO e a dedicação a Ele, e o relacionamento com os homens a dedicação a eles. O cristianismo e a comunhão com DEUS e os homens “Ninguém,” disse Joao Wesley, “já foi para o céu sozinho.” “DEUS,” disse o sábio e velho conselheiro a Wesley quando este estava para deixar esta vida, “não conhece a religião solitária.” Há uma dupla associação entre a fé e o amor. Em Ef 6.23 Paulo ora para que seu povo tenha fé com amor; em Gl 5.6 fala da fé operando atrai vês do amor, ou, conforme talvez seja a melhor tradução: a fé energizada operada, pelo amor. Podemos expressar este fato nas seguintes palavras o amor sem fé e sentimentalismo, e a fé sem amor e aridez.  O amor deva basear-se na fé.

Por exemplo, e inquestionavelmente verdadeiro que a única base válida para uma crença na democracia e a crença de que todos os homens são filhos naturais de DEUS; e a única base verdadeira da evangelização

e a convicção teológica de que CRISTO morreu por todos os homens: A fé deve ser inflamada pelo amor, a fim de não se transformar em intelectualismo,  e para que o teólogo não se torne, conforme a expressão

Anatole France, um homem que nunca olhou para o mundo em sua volta. Esta combinação de fé e amor deve produzir ação, porque o amo nunca deve ser mera aparência (Rm 12.9).

E perfeitamente possível pregar o amor e viver uma vida sem ele, cantar os louvores do amor nas palavras, e negar a existência dele nas ações. O amor produzira especialmente duas coisas. Produzira a generosidade prática. Quando Paulo estava levantando a coleta para os cristãos pobres de Jerusalém, seus repetidos apela as igrejas mais novas e no sentido de demonstrarem a sinceridade do seu  amor,  fornecendo a prova dele mediante a sua generosidade crista (2 Co 8.7, 8,. 24). Isto redundara em perdão. Depois de terminarem os problemas em Corinto, e depois de a paz ter sido restaurada, o apelo de Paulo

aos coríntios e para que reafirmem seu amor perdoando o homem outrora o foco de agitação e de todos os problemas (2 Co 2.8). A fé deve estar ligada ao amor, e o amor a fé, e esta combinação deve ter como resultado a mão generosa e o coração que perdoa. Devemos agora passar a ver, aquilo que poderíamos chamar de a qualidade básica do amor em ação na vida crista.

(i) O amor e a atmosfera da vida cristã. O cristão, diz Paulo, deve andar em amor (Ef 5.2). Toda vida leva consigo a sua própria atmosfera. Uma das alunas da grande mestra norte-americana Alice Freeman Palmer

disse acerca dela: “Ela fazia com que me sentisse banhada pelos raios do sol.” Por outro lado, Richard Church em seu ensaio autobiográfico fala a respeito do primeiro dia que passou na escola. Tinha consciência daquilo que chamou de “um fingimento frio e impessoal de benevolência no ar” . Há uma atmosfera que e como uma túnica quente, e outra que e como uma ducha fria. 0 cristão leva esta atmosfera de benevolência radiante por onde for. Paulo expressa esta mesma verdade de outra maneira. O amor, diz ele, e a vestimenta da vida cristã. Conclama os colossenses a se vestirem com o amor (Cl 3.14). Falamos de uma pessoa revestida de beleza, ou armada em virtude. A vida crista veste-se desta boa vontade que se estende a todos os homens.

(ii) O amor e o motivo universal da vida cristã. “ Todos os vossos atos sejam feitos com amor,” Paulo escreve aos coríntios (1 Co 16.14). O Sermão no Monte nos deixa sem dúvidas quanto a importância dos motivos do coração na vida crista (Mt 5.21-48). Há um tipo de generosidade cujo motivo principal e obter prestígio. Há um tipo de advertência e repreensão que brota do deleite em ferir as pessoas e em vê-las afastando-se. Há até mesmo um tipo de labuta e serviço que provém do orgulho. Um dos deveres mais negligenciados da vida crista e o autoexame, e talvez isto seja negligenciado por ser um exercício muito humilhante. Se nos examinarmos, e bem possível que descubramos que não há quase nada neste mundo que façamos com motivos puros e sem mistura. Ainda que seja assim, devemos continuar a colocar diante de nós o padrão pelo qual devemos viver, a insistência de que o único motivo cristão e o amor.

(iii) O amor e o segredo da unidade crista. Os cristãos sio unidos pelo amor (Cl 2.2). O que há de significante neste amor cristão e que ele se espalha em círculos que se expandem cada vez mais. (a) Começa sendo amor pelos santos, ou seja, amor pelos demais membros da comunidade crista e pelos nossos irmãos cristãos (Ef 1.15; Cl 1.4; 1 Ts 3.12).  (b) E amor pelos líderes da Igreja (1 Ts 5.12, 13). E um fato muito simples que a única dadiva que Paulo pediu da parte das suas igrejas foi que orassem por ele, que o conservassem em seus corações, e que o sustentassem através da oração (Rm 15.30). (c) Toma-se amor por todos os homens. Os cristãos devem abundar em amor uns com os outros, e com todos os homens (1 Ts 3.12). Há um tipo de cristianismo que se resume nas quatro linhas de um verso malfeito:

Somos os poucos escolhidos de DEUS, Todos os demais irão para o inferno; Não há lugar no céu para ti - O céu não deve superlotar-se.

O amor cristão e o inverso disso; expande-se até procurar englobar o mundo inteiro em seus braços, e receber todos os homens em seu coração;

(iv) O amor e o enfatizar da verdade cristã. O cristão deve necessariamente ser um amante da verdade (2 Ts 2.10), mas a todo tempo deve falar a verdade em amor (Ef 4.15). E fácil falar a verdade de tal maneira

a ferir e machucar; não é impossível alguém ter prazer ao ver uma pessoa encolher-se e estremecer sob as chicotadas da verdade. “A verdade,” diziam os cínicos, “e como a luz para olhos irritados.” Florence Allshorn foi uma famosa e muito amada diretora de um grande instituto missionário para mulheres. Inevitavelmente havia ocasiões em que ela tinha de repreender suas estudantes; mas dizia-se a respeito dela que, quando tinha motivo para repreender, sempre o fazia como se estivesse abraçando a pessoa a ser repreendida^ A verdade falada com o intuito de ferir nada pode produzir senão ressentimento; mas a verdade falada em amor pode despertar o arrependimento que e algo que traz restauração. 

(b) O amor e o fundamento do apelo cristão. Quando Paulo roga a Filemom em favor do escravo fugitivo Onésimo, e ao amor que apela? (Fm 7). E ao amor que Paulo apela quando pede as orações da igreja de

Roma antes de empreender viagem para Jerusalém (Rm 15.30). O cristão nunca apelara à forca; o cristão raramente apelara a sua autoridade. A arma do cristão e sempre o apelo ao amor e quase nunca a exigência do poder.

(c) O amor e o motivo da pregação cristã. Mesmo nos Seus momentos mais severos, a motivação e a acentuação das palavras de JESUS e o amor. E com amor que anela pela cidade onde está para morrer (Mt 23.37).

Talvez o capítulo menos compreendido em toda a Bíblia seja Mateus 23 onde há uma série terrível de “ais” dirigida contra os escribas e os fariseus. E muito comum pensar nesse capítulo e lê-lo como se tivesse sido falado num acesso de fúria incandescente, e como se JESUS estivesse acoitando as pessoas com o chicote da Sua língua. “Ai de vos! ” diz JESUS (Mt 23.13 ss.). Mas a palavra em grego e Ouai, é o próprio som dela  um lamento. O sentimento não é de condenação, e sim de tristeza. Não é uma explosão de ira; e a marca do amor que parte o coração. Há momentos em que certos pregadores dão a impressão de que

odeiam os seus ouvintes, e assaltam-nos com uma bateria de ameaças quase causando a impressão de que querem vê-los condenados ao inferno. Registra- se que certa vez, quando perguntaram a alguém por que deixara de frequentar certa igreja, a pessoa respondeu: “Cansei-me de ser apedrejada em meu rosto todos os domingos.” Os homens podem ser levados a aceitar o evangelho muito mais facilmente se não receberem acoites verbais para que o aceitem. Stanley Jones em seu livro sobre a conversão conta a respeito da obra do Dr. Karl Menninger da Clínica Menninger, em Topeka, EEUU. Toda a obra da clínica era organizada em torno do amor. Era tomado como princípio que “ desde os psiquiatras superiores, descendo até aos eletricistas e faxineiros, todos os contatos com os pacientes devem manifestar amor” . E tratava-se do “amor sem limites” . O resultado foi que o período de internamento foi reduzido pela metade. Houve uma mulher que ficou sentada durante três anos numa cadeira de balanço sem dizer uma palavra para pessoa alguma. O médico chamou uma enfermeira e disse- lhe: “Maria, estou colocando a Sra. Brown como sua paciente. Tudo quanto lhe peco é que a ame até que ela sare.” A enfermeira fez a experiência.

Pegou uma cadeira de balanço do mesmo tipo, sentou-se ao lado dela, e amou-a de manhã, de tarde e de noite. No terceiro dia, a paciente falou, e dentro de uma semana, saiu da sua concha — e curada!

Stanley Jones cita alguns outros exemplos deste princípio em operação. O Padre C. Hilmer Myers, falando de mocos que faziam parte de quadrilhas, disse: “ Tais mocos podem ser alcançados oferecendo-lhes

aquilo que mais almejam — o amor por parte de um adulto disposto a ajudar numa emergência.” Certo fabricante hindu disse a Stanley Jones por que viera a um dos seus retiros espirituais: “Sabe por que vim? Há

muitos anos, quando eu era menino, atormentamos um missionário que estava pregando num bazar, jogando tomates nele. Ele enxugou do seu rosto o caldo dos tomates e então, após a reunião, levou-nos para a confeitaria e comprou-nos doces. Eu vi o amor de CRISTO naquele dia, e é por isso que estou aqui.” Um negro já idoso falou a respeito de um negro mais jovem que se metera numa encrenca seria: “A gente simplesmente deve ama-lo para atrai-lo para fora disto.” Havia na comunidade um ébrio inveterado. Certa manhã, disse: “Os meninos jogaram pedras em mim ontem à noite.” Respondeu o amigo dele: “ Talvez estivessem procurando fazer de você um homem melhor.” O homem disse: “Ora, nunca ouvi falar que JESUS jogava pedras num homem para torna-lo melhor” . Os homens podem ser ganhos muito mais se os amarmos para leva-los ao céu do que se os ameaçarmos para que escapem do inferno.

(v) O amor e o controlador da liberdade cristã. A liberdade deve ser usada, não como desculpa para a licenciosidade, mas como dever de servirmos uns aos outros (G1 5.13). Existem muitas coisas que são perfeitamente seguras para o irmão mais forte, e que poderia legitimamente ser; permitida, sem dúvida alguma; mas ele abstém-se dessas coisas porque, ama e recusa-se a prejudicar com o seu exemplo o irmão por quem CRISTO morreu (Rm 14.15). Se o amor e a base da vida, a responsabilidade e a' sua tônica. Nenhum cristão pensa nas coisas somente porque afetam a sua própria pessoa. O privilégio da liberdade crista e condicionado pela obrigação do amor cristão. 

(vi) Este amor cristão não é nenhuma emoção fácil e sentimentalista. O amor tem os olhos abertos. A oração de Paulo pelos filipenses e no sentido de que abundem em todo o conhecimento e em toda a percepção sensível, de modo que sejam capacitados a distinguir entre as coisas que diferem entre si, escolhendo as que são certas (Fp 1.10). O amor cristão na vida e acompanhado por uma nova sensibilidade para com os sentimentos, necessidades e problemas dos outros, uma nova consciência da bondade, e um novo horror pelo pecado. Longe de ser cego, o amor cristão ensina o homem a ver com clareza e a sentir com uma intensidade nunca antes experimentada. Da mesma maneira, o amor cristão e forte. Na correspondência de Paulo com a igreja em Corinto há dois usos muito iluminadores da palavra “amor.” Em 2 Co 2.4 Paulo escreve a respeito da carta dura e severa que havia enviado a igreja em Corinto, carta esta que causara aos coríntios mágoa e dor. Mas, diz ele, aquela carta foi escrita, não para lhes causar mágoa e tristeza, mas paxá comprovar seu amor por eles. A sentença final da primeira carta aos coríntios e : “O meu amor seja com todos vos! ” (1 Co 16.24). As cartas a Corinto estão muito longe de serem cartas sentimentais.

Administram a disciplina; transmitem a repreensão; não hesitam em ameaçar com o uso da vara de correção; distribuem a correção mais severa; até mesmo exigem a exclusão do perturbador da comunhão da Igreja — contudo, são o resultado do amor. O amor no sentido neotestamentário do termo nunca comete o engano de pensar que amar e deixar uma pessoa fazer o que ela quer.   O NT deixa claro que há momentos quando a ira, a disciplina, a repreensão, o castigo e a correção fazem parte do amor.

(vii) É fácil ver que a aquisição e a prática do amor cristão não são uma tarefa fácil. Em 1 Co 14.1, Paulo usa uma expressão muito significativa. A ARA traduz: “Segui o amor.” Mas o verbo que é traduzido por seguir é diõkein que significa perseguir, correr atrás. O amor cristão não e algo que simplesmente acontece; e algo que deve ser buscado, desejado, perseguido, algo que exige a oração e a disciplina do homem para obtê-lo. Longe de ser uma posse automática, e a realização suprema da vida. Pode-se até dizer que o amor cristão não e somente difícil; humanamente falando, e impossível. O amor cristão não é uma realização humana; faz parte do fruto do Espírito. E derramado em nosso coração pelo ESPÍRITO SANTO.E, assim, chegamos a outra verdade a respeito deste amor cristão. Há um versículo magnifico na carta aos filipenses. Nele, a palavra “amor” propriamente dita não aparece, mas a ideia e a que está no centro do amor cristão. Paulo escreve, conforme diz a AV: “Anseio por todos vos nas entranhas de JESUS CRISTO” (Fp 1.8). Literalmente, isto significa: “Amo-vos com o próprio amor de CRISTO. Através de mim CRISTO vos ama. O amor que eu vos tenho não e outro senão o amor do próprio CRISTO.” Agapè tem a ver com a mente: não e simplesmente uma emoção que surge em nosso coração sem ser convidada; e um princípio segundo o qual vivemos deliberadamente. Agapê tem a ver, de modo supremo, com a vontade. E uma conquista, uma vitória e uma realização. Ninguém já amou por natureza os seus inimigos. Amar os inimigos e uma conquista de todas nossas inclinações e emoções naturais. Este amor cristão, não e meramente uma experiência emocional que vem a nos sem convite e sem ser procurada; e um princípio deliberado da mente, uma conquista e realização da vontade. E, na realidade, o poder de amar os que não são amáveis, de amar as pessoas das quais não gostamos. O cristianismo não pede que amemos nossos inimigos e os homens em geral da mesma maneira que amamos nossos entes queridos e os que estão mais próximos de nós; isto seria tanto impossível quanto errado. Mas realmente ele exige que tenhamos a todo tempo uma certa atitude e direção da vontade para com todos os homens, sem nos importarmos com que são eles.

Qual, pois, e o significado deste agapè? A principal passagem para a interpretação do significado de agapè e Mt 5.43-48. Ali, somos ordenados a amar os nossos inimigos. Por que? A fim de que sejamos como DEUS. E qual é a ação típica de DEUS que e citada? DEUS envia Sua chuva aos justos e injustos, maus e bons. Ou seja: a natureza do homem, não importa, DEUS não procura outra coisa senão o sumo bem dele. Quer o homem seja santo, ou um pecador, o único desejo de DEUS é o seu sumo bem. Ora, isto e agapê. Agapè e o espírito que diz: “Não importa o que o homem me faca, eu nunca procurarei lhe fazer mal; nunca intentarei a vingança; sempre buscarei exclusivamente o sumo bem dele.”  Isto quer dizer que o amor cristão, e' a benevolência invencível, a boa vontade insuperável.  Não e simplesmente uma onda de emoção; e uma convicção deliberada da mente que tem como resultado uma política deliberada na vida; e a realização, conquista e vitória da vontade. Atingir o amor cristão exige a totalidade do homem; exige não somente seu coração, mas também sua mente e vontade. Sendo assim, duas coisas devem ser notadas. 

(i) O amor humano para com o nosso próximo, e forçosamente! fruto do ESPÍRITO. O amor cristão não é natural no sentido de que não é o possível ao homem natural. O homem somente pode exercer esta benevolência universal, sendo purificado do ódio, da amargura e da reação humana natural a inimizade, injuria e antipatia, quando o ESPÍRITO tomar posse ; dele e derramar no seu coração o amor de DEUS. O amor cristão e impossível a qualquer pessoa que não seja crista. Ninguém pode pôr em pratica a ética crista até que se torne cristão. Pode-se ver bem claramente a qualidade desejável da ética crista; pode-se perceber que é a solução para os problemas do mundo; pode-se aceita-la mentalmente ; mas, na prática, não pode ser vivido se CRISTO não viver dentro da pessoa.

(ii) Quando entendemos o que agapè significa, refutamos amplamente a objeção de que uma sociedade baseada neste amor seria um paraíso para os criminosos, e que isto significa simplesmente deixar o malfeitor fazer o que quer. Se buscarmos somente o sumo bem do homem, e bem possível que tenhamos de resisti-lo; e bem possível que tenhamos de castiga-lo; e bem possível que tenhamos de agir com severidade diante dele — para o bem da sua alma imortal. No entanto, permanece o fato de que tudo quanto fizermos ao homem nunca será por vingança; nunca será uma simples retribuição; sempre será feito com o amor que perdoa e que procura, não o castigo do homem, e muito menos a eliminação do homem, mas sempre o seu sumo bem. Noutras palavras, agapè importa em lidar com os homens conforme DEUS lida com eles — e isso não significa deixá-los agir desenfreadamente segundo a sua própria vontade. Quando estudamos o NT descobrimos que o amor e a base de todo relacionamento perfeito no céu e na terra.

(i) O amor e a base do relacionamento entre o Pai e o Filho, entre DEUS e JESUS. JESUS pode falar do “amor com que me amaste” (Jo 17.26). Ele e “ o Filho do Seu amor” (Cl 1.13; cf. Jo 3.35; 10.17; 15.9; 17.23, 24).

(ii) O amor e a base do relacionamento entre o Filho e o Pai. O propósito de toda a vida de JESUS era que o mundo soubesse que Ele amava o Pai (Jo 14.31).

(iii) E dever do homem amar a DEUS (Mt 22.37; cf. Mac 12.30 e Lc 10.27; Rm 8.28; 1 Co 2.9;2Tm4.8;l Jo 4.19).  O cristianismo não pensa em termos do homem finalmente se submeter ao poder de DEUS; pensa em termos de ele finalmente se entregar ao amor de DEUS. Não se trata de a vontade do homem ser esmagada, trata-se de o seu coração ser quebrantado.

(iv) A forca motriz da vida de JESUS era o amor pelos homens (Gl 2.20; Ef 5.2; 2 Ts 2.16; Ap 1.5; Jo 15.9).  JESUS realmente e aquele que ama as almas.

(v) A essência da fé crista e o amor por JESUS (Ef 6.24; 1 Pe 1.8; Jo 21.15, 16). Assim como JESUS ama as almas, assim também o cristão ama a CRISTO. O NT tem muita coisa a nos dizer acerca do amor de DEUS pelos homens.

(i) O amor é da própria natureza de DEUS. DEUS e amor (1 Jo 4.7,8; 2 Co 13.11).

(ii) O amor de DEUS e universal. Não foi apenas uma nação escolhida, foi o mundo inteiro que DEUS amou (Jo 3.16).

(iii) O amor de DEUS e sacrificial. A prova do Seu amor e que deu Seu Filho em prol dos homens (1 Jo 4.9, 10; Jo 3.16). A garantia do amor de JESUS e que Ele nos amou e Se deu por nós (Gl 2,20; Ef 5.2; Ap 1.5).

(iv) O amor de DEUS e amor misericordioso (Ef 2.4). Não é ditatorial, não é possessivo de modo dominante; e o amor ansioso do coração misericordioso.

(v) O amor de DEUS salva e santifica (2 Ts 2.13). Salva da situação do passado e capacita o homem a enfrentar as condições do futuro.

(vi) O amor de DEUS e um amor fortalecedor. Nele e através dele o homem torna-se mais que vencedor (Rm 8.37). Não é o amor abrandador e ultra protetor que torna o homem fraco; e o amor que produz heróis.

(vii) O amor de DEUS e um amor que galardoa (Tg 1.12; 2.5). Nesta vida, ele e algo precioso, e suas promessas são ainda maiores para a vida futura.

(viii) O amor de DEUS e um amor que disciplina (Hb 12.6). O amor de DEUS e o amor que sabe que a disciplina e uma parte essencial do amor. O NT tem muita coisa a dizer acerca de como deve ser o amor do homem por DEUS.

(i) Deve ser um amor exclusivo (Mt 6.24; cf. Lc 16.13). Há lugar para uma só lealdade na vida crista.

(ii) E um amor que esta alicerçado na gratidão (Lc 7.42, 47). Os dons do amor de DEUS exigem em troca a totalidade do amor dos nossos corações.

(iii) E um amor obediente. Repetidas vezes o NT preconiza que a única maneira de podermos comprovar que amamos a DEUS e oferecendo-Lhe nossa obediência incondicional (Jo 14.15, 21, 23, 24; 13.35; 15.10;

1 Jo 2.5; 5.2, 3; 2 Jo 6). A obediência e a prova final do amor.

(iv) E um amor comunicativo. O fato de amarmos a DEUS e comprovado ao amarmos e ajudarmos nosso próximo (1 Jo 4.12, 20; 3.14; 2.10). A falta em ajudarmos os homens comprova que nosso amor por DEUS e falso (1 Jo 3.17). A obediência a DEUS e a ajuda amorosa prestada aos homens são duas coisas que comprovam o nosso amor. Vejamos, agora, outras características deste amor cristão.

(i) O amor e sincero (Rm 1.29; 2 Co 6.6; 8.8; 1 Pe 1.22). Não tem segundas intenções; não é interesseiro. Não é uma gentileza superficial que serve de máscara para a amargura interior. E o amor que ama com os olhos e coração abertos.

(ii) O amor e inocente (Rm 13.10). O amor cristão nunca prejudicou alguma pessoa. O falso amor pode ferir de duas maneiras. Pode levar ao pecado. Burns disse acerca do homem que conheceu quando estava

aprendendo a cardar linho em Irvine: “Sua amizade me causou prejuízo.” Ou pode ser super-possessivo e superprotetor. O amor materno, por exemplo, pode tornar-se sufocante.

(iii) O amor e generoso (2 Co 8.24). Há dois tipos de amor - o amor que exige e o amor que da. O amor cristão e o amor que dá, porque e uma cópia do amor de JESUS (Jo 13.34), e tem seu motivo principal no amor generoso de DEUS (1 Jo 4.11).

(iv) O amor e prático (Hb 6.10; 1 Jo 3.18. Não e meramente um sentimento bondoso, não se limita aos melhores votos piedosos; e amor que resulta em ação.

(v) O amor e longânime (Ef 4.2). O amor cristão resiste as coisas que tão facilmente transformam o amor em ódio.

(vi) O amor traz o aperfeiçoamento da vida cristã (Rm 13.10; Cl 3.14; 1 Tm 1.5; 6.11; 1 Jo 4.12). Não há nada mais sublime neste mundo do que amar. A grande tarefa de qualquer igreja não e primeiramente

aperfeiçoar suas construções, ou sua liturgia, música ou paramentos. Sua grande tarefa e aperfeiçoar o seu amor.

Finalmente, o NT preconiza que há certas maneiras segundo as quais o amor pode ser mal orientado.

(i) O amor pelo mundo é mal orientado (1 Jo 2.15). Porque Demas amou o mundo, abandonou a Paulo (2 Tm 4.10). O homem pode amar o tempo a ponto de se esquecer da eternidade. O homem pode amar as

recompensas deste mundo e se esquecer dos galardoes ulteriores. O homem pode amar o mundo de tal maneira que aceita os padrões mundanos e abandona os de CRISTO.

(ii) O amor ao prestígio pessoal e mal orientado. Os escribas e os fariseus amavam os assentos principais nas sinagogas e os louvores dos homens (Lc 11.43; Jo 12.43). A pergunta do homem não deve ser: “O que os homens pensam sobre isso?” , mas: “O que DEUS pensa sobre isso?”

(iii) O amor pelas trevas e o medo da luz são as consequências inevitáveis do pecado (Jo 3.19). Assim que o homem peca, já tem algo para esconder; então passa a amar as trevas. Mas as trevas podem oculta-lo dos homens não de DEUS. E assim, finalmente podemos dizer que o amor cristão se manifesta quando CRISTO e novamente encarnado através de uma pessoa que se entregou totalmente a Ele.

 

AMOR (Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia)

Discussão Preliminar

Tradução do termo hebraico aheb, palavra de larga conotação. Outros vocábulos também eram usados no Antigo Testamento, com sentidos variegados, associados a amor, desejo, amante etc. No N.T., temos

O círculo do amor de DEUS não tinha início, e não terá fim. O amor de DEUS inspirou e garantiu a execução da missão tridimensional do Logos. Ele ministrou e ministra na terra, no hades e nos céus para ser tudo para todos,

afinal — . O amor de DEUS é real universalmente, — não meramente potencial - O amor de DEUS será absolutamente efetivo, afinal — . Limites de pedra não podem conter o amor. E o que o amor pode fazer, isso o amor ousa fazer.  (William Shakespeare)

O oposto de injustiça não é justiça — é amor - agape (agapao), comum na Septuaginta, e phileo, sinônimo de agapao. Agapao aparece por 142 vezes no Novo Testamento; agape, por 116 vezes, e phileo por 25 vezes. Agapao tem todo o alcance possível de significado que a nossa palavra amor exibe; e mediante o uso dessa palavra, não se pode estabelecer a diferença entre o amor divino e o amor humano, em contraste com phileo. A suposta diferença entre essas duas palavras torna-se nula quando simplesmente tomamos um léxico e lemos as referências onde figuram os dois termos. Ver o artigo sobre agape, como ilustração desse fato, e quanto a outras informações. A mudança de uma para outra palavra, em João 21, é simples questão estilística, não envolvendo qualquer sentido oculto. Eros, com frequência usada para indicar o amor apaixonado e sexual, não se encontra no Novo Testamento. Também pode ser usado para indicar o amor nobre e espiritual, embora envolvendo, em muitos casos pelo menos, um sentido menos nobre do que aqueles achados no caso de agapao ephileo. Nas Escrituras, o amor aparece tanto como um atributo de DEUS como uma virtude humana moral, pelo que o assunto do amor pertence tanto à teologia quanto à ética. O amor é fundamental à verdadeira religião e à filosofia moral, e de fato, até na maior parte das filosofias pessimistas, como na de Schopenhauer, onde é encarado favoravelmente sob o título de simpatia. O amor é uma parte importante e mesmo dominante da fé judaico-cristã, básica ao evangelho. (Ver João 3; 16). Ê um elemento essencial em todo o relacionamento humano. Portanto, tanto mais atônitos ficamos em face do fato de que quase todos os credos denominacionais evangélicos deixam-no totalmente de lado, ao alistarem seus itens de crença (ver o artigo sobre Credos). Paulo declara que o amor é a maior de todas as graças cristãs (ver I Cor. 13:13, onde aparece a exposição do NTI, quanto a muitos dos atributos e características do amor). Nos escritos de Paulo, também é o solo de onde brotam todas as outras virtudes (ver Gál. 5:22,23). Trata-se da marca distintiva de que alguém é filho de DEUS (ver Mat. 5:44 ss.). É um pré-requisito absoluto para que alguém seja uma pessoa espiritual, um bom cidadão, um bom vizinho, um bom marido, esposa ou pai, ou qualquer outra coisa, que envolva boas qualidades divinas ou humanas.

Tipos de amor

1- Há o amor de DEUS (João 3:16), o qual é a fonte de todo outro amor, até mesmo aquele manifestado pelos incrédulos. O ESPÍRITO de DEUS, atuando no mundo, impede-o de transformar-se em floresta completa, porquanto propaga ao redor o seu amor, e muitas pessoas fazem o que fazem por motivos puramente altruístas.

2- Há o amor de CRISTO pelo homem, o qual é uma extensão do amor de DEUS; e, em sua essência, é a mesma coisa. (Ver II Cor. 5:14 e as notas expositivas no NTI sobre esse amor, que nos constrange a atitudes que expressam o cristianismo).

3- Há o amor do indivíduo por si mesmo, num afeto inteiramente egoísta, pois só se preocupa consigo mesmo.

4- Há o amor de um homem por outro ser humano. Quando alguém ama outrem, deseja para o próximo o que deseja para si mesmo, ou transfere o cuidado por si mesmo para outra pessoa, desejando o seu bem-estar, tal como deseja o seu próprio bem-estar. Pode-se imaginar quase qualquer homem a amar um filho ou filha predileta. Por causa de seus cuidados por seu filho, ele fará sacrifícios e procurará protegê-lo. Pensará em como suprir às suas necessidades, e desejará a felicidade de seu filho. Em outras palavras, fará em prol de outra pessoa (sem importar quão mau seja, quanto a outras questões) aquilo que faria por si mesmo. O amor-próprio é fácil; não é muito difícil a transferência desse amor pelo menos a uma outra pessoa. Mas aqueles que amam verdadeiramente são os que descobriram como transferir o amor-próprio para um grande número de pessoas. Aqueles que assim fazem são a isso impelidos pelo ESPÍRITO de DEUS, sem importar se são ou não discípulos de CRISTO, no sentido tradicional.

5- Há o amor dirigido a CRISTO, o Filho de DEUS, ou então a DEUS Pai, o que se verifica quando amamos aos nossos semelhantes. (Ver as notas expositivas sobre esse conceito no NTI em Mat.25:35 e ss ).

6- Há o amor do homem a CRISTO ou a DEUS Pai, diretamente expresso. Essa modalidade de amor requer um senso altamente desenvolvido, e normalmente se expressa por meios místicos, mediante a ascensão da alma, que passa a contemplar a DEUS. Certamente essa foi a forma de amor que o escritor sagrado tinha em mente, em João 4:7-21, embora o contexto contemple muitos resultados «diários» e «práticos» da mesma, como o evangelismo dos perdidos, a vida santa, a lealdade a CRISTO e as ações de caridade em favor do próximo.

CRISTO como uma figura distante. Os crentes de Éfeso( Apo. 2), reduziram CRISTO a uma figura distante a despeito de continuarem a fazer prodígios espirituais e apesar de seu poder no ESPÍRITO. Quantas pessoas hoje em dia, quando pregam, somente atacam várias formas de males, como o mundanismo, o modernismo, o comunismo, embora suas mensagens reflitam pouquíssimo do amor conquistador de CRISTO. Tornaram-se polemistas profissionais, mas pouco ou nada sabem do amor construtivo. Perderam a visão do CRISTO, em meio à batalha.

Há um caminho melhor do que esse. É o caminho do amor. O amor à semelhança da morte, transforma a tudo quanto toca. Os homens são atraídos pelo amor. As coisas semelhantes se atraem mutuamente. Os homens amam quando são amados. E odeiam quando são odiados.

Pois limites de pedra não podem conter ao amor. E o que o amor pode fazer, isso ousa tentar. («Romeu e Julieta», Shakespeare).

O Amor de DEUS pelo mundo, a base do Evangelho

Este mundo não é o mundo dos eleitos — mas sim, de todos os indivíduos do mundo, de todas as épocas, sem exceção alguma.

DEUS, sendo um ser inteligente, tem consciência da existência deste mundo e ama a todos os homens que nele habitam. De alguma maneira, posto que indefinida, exceto conforme entendemos as pessoas, DEUS possui qualidades emocionais. O seu amor é a mais alta forma de amor, a mais pura, ao ponto de ser chamado de amor, conforme lemos no trecho de I João 4:8. Esse princípio de amor, que faz com que DEUS tenha o destino perfeito do homem, a sua felicidade e a sua utilidade perfeita e cumprimento da existência, sempre perante os seus olhos, e que é a força central motivadora de todas as suas ações para com os homens, também é compartilhado pelo homem, para ser exercido em direção aos seus semelhantes. A passagem de I João 4:16 expressa essa ideia, como também o faz o Sermão do Monte (Mat. 5:7 e 22:38,39). Esse amor de DEUS pelos homens deve ser recíproco — dos homens por DEUS, e, em seguida, por todos os homens. O amor, por conseguinte, é a força dinâmica de toda a criação, bem como a origem de toda autêntica bondade, porquanto a lei inteira se alicerça no amor, conforme também nos ensina o trecho de Mat. 22:40, declaração essa confirmada por Paulo, em Rom. 13:9. A grandeza do amor de DEUS impeliu o apóstolo Paulo a escrever o seu soneto imortal, o qual lemos no décimo terceiro capítulo de sua primeira epístola aos Coríntios; e nenhuma literatura superior a essa, sobre a questão, foi jamais escrita. E ainda que esse apóstolo nada mais houvesse deixado escrito, isso bastaria para assegurar-lhe o lugar de um dos maiores autores do mundo.

UI. O amor de DEUS pelo Filho e na Familia divina

O amor de DEUS Pai por DEUS Filho é mencionado e enfatizado em João 10:17, 14:31,' 15:9, 17:23,24,26. Fica entendido que esse amor é mútuo. João 14:21 destaca o amor mútuo no seio da família de DEUS. Este evangelho apresenta o amor como um autêntico requisito para que a obediência aceitável, além de ser um grande motivo para agirmos corretamente, diante de DEUS.

 

DEUS é amor (I Jo. 4:8)

Implicações desta grande declaração:

Isso é o que ensinam as Escrituras. Essa é uma das grandes afirmativas das Escrituras, que quase todas as crianças de Escola Dominical conhecem. Certamente é uma das mais bem conhecidas declarações da primeira epístola de João. O amor, naturalmente, é um atributo de DEUS; mas permeia a todas as coisas, de tal modo que é legítima a declaração que «DEUS é amor». Por igual modo se diz que «DEUS é luz» (I João 1:5) e «DEUS é ESPÍRITO» (João 4:24). Com idêntica propriedade poder-se-ia dizer que «DEUS é Justiça», «DEUS é Bondade» e «DEUS é Verdade», ficando assim personificados e elevados os seus atributos infinitos. Platão, ao descrever a realidade última, expressou-se desse modo. Assim sendo, as «idéias» finais (formas espirituais finais, copiadas e imitadas por tudo quanto existe no plano terrestre) seriam a «Bondade», a «Beleza» e a «Justiça». Em última análise, DEUS é essas coisas; no nível terrestre, vê-se apenas imitações das «idéias divinas», as quais representam a realidade espiritual final. As Escrituras Sagradas, entretanto, preferem dizer que «DEUS é Amor», porquanto todas as demais qualidades são atributos baseados sobre o amor divino. Portanto, a «bondade» de DEUS se baseia sobre o seu amor; ele expressa bondade porque ama. E a sua justiça, embora se mostre severa em certas ocasiões, se baseia no amor; pois até mesmo os juízos de DEUS são medidos pelas quais ele mostra ao homem o erro de seus distorcidos caminhos, levando-o a pagar dívidas necessárias, levando-o a reconhecer a verdade e a justiça. Além disso, o amor de DEUS se expressa através da «beleza». O plano de DEUS, relativo à redenção humana, reveste-se de beleza esplendorosa. É a beleza do evangelho .que atrai a ele mesmo tantas pessoas, e não a sua lógica, as suas ameaças e as suas promessas.

DEUS, como amor, é contrastado com outras noções religiosas, conforme se vê nos pontos abaixo:

Os antigos gregos imaginavam deuses tão imperfeitos como eles mesmos, e em doses sobre-humanas. Seus deuses eram supremamente invejosos, desprezíveis, destruidores, vingativos e odiosos. Estavam envolvidos em todas as formas de «concupiscências», mas em doses sobre-humanas. Quão impuro e destruidor era Zeus, com sua resmungadora esposa Hera, que sempre procurava levá-lo a fazer algo que ele não queria fazer! Quão licencioso era Zeus, embora ninguém pudesse chamá-lo à ordem! Em contraste com esse horrendo quadro de Zeus destaca-se o DEUS do N.T. - caracterizado pela pureza, pelo amor, pela bondade, pela justiça.

Além disso, Aristóteles fazia de DEUS um Impulsionador Inabalável. Para ele a deidade seria pensamento puro, a contemplar-se a si mesmo, porque nada haveria digno de contemplação fora dele. Ele não tinha amor pelo universo, e, na realidade, nem tinha consciência dele, porquanto nem merecia ser conhecido por ele—não amaria ao seu universo, mas moveria todas as coisas, sendo amado. O N.T., entretanto, nega tais conceitos. Antes, ali se ensina que DEUS contempla seu universo e é levado a amá-lo; seu amor ativo faz o mundo prosseguir.

Os gnósticos pensavam que DEUS seria um ser totalmente transcendental. Ele tinha contato com seus universos somente através de uma longa linhagem de sombrias emanações angelicais ou mediadores, como eram os «aeons». DEUS seria elevado por demais para ter qualquer contato direto com este mundo, ou mesmo para ao menos interessar-se pela sua criação. O «deísmo» deles fazia de DEUS um ser intocável, inatingível para qualquer ser mortal.

Pontos de vista religiosos modernos, que exageram a vontade divina ou seu senso de vingança, às expensas de seu amor, também contradizem o quadro que o N.T. faz dele. Aqueles que crêem em «reprovação ativa» e em amor limitado; DEUS amaria não ao mundo, mas exclusivamente aos «eleitos», na realidade não acreditam que DEUS seja amor. Aqueles que vêem apenas retribuição e vingança no julgamento divino, ignorando passagens como o primeiro capítulo da epístola aos Efésios e as passagens de I Ped. 3:18-20 e 4:6, ou então pervertendo-as, na realidade não podem dizer que «DEUS é amor». Até mesmo o juízo de DEUS é uma medida de seu amor, porque o juízo opera através do amor. Primeiramente mostra ao homem o quanto «custa» o erro de seu caminho; em seguida, mostra ao homem o próprio erro; e em seguida modifica a mente do homem acerca de CRISTO, de tal modo que até aqueles «debaixo da terra» (ver Fil. 2:10, que fala sobre o «hades», lugar da prisão e do juízo de almas perdidas) eventualmente virão a inclinar-se diante de «JESUS» (Salvador) e CRISTO, que é o Senhor. DEUS dá a todos uma vida espiritual (ver I Ped. 4:6), embora não seja o mesmo tipo de vida dos eleitos. Chegam a ter utilidade e propósito em CRISTO, porquanto o mistério da vontade de DEUS é que, eventualmente, o CRISTO seja «tudo para todos», conforme se aprende em Efé. 1:23. Os demais não chegarão a compartilhar da própria natureza de DEUS (ver II Ped. 1:4), conforme sucederá aos eleitos, mas acharão em CRISTO o propósito e alvo da existência; e o próprio julgamento será um meio para ensinar-lhes essa lição. Assim, pois, o «juízo» serve de aquilatação do amor de DEUS, e não algo contrário ao mesmo. O julgamento é um dedo na mão do amor de DEUS.

O Amor é a Prova da Espiritualidade

Sabemos que o amor é a maior de todas as

virtudes cristãs, mais importante que a fé ou a esperança (ver I Cor. 13:12).

Sabemos que o amor é o solo mesmo onde brotam e se desenvolvem todas as demais virtudes espirituais (ver Gál. 5:22,23).

Porém, o que talvez nos surpreenda é que não terá havido o novo nascimento, sob hipótese alguma, sem que o amor haja sido implantado na alma. A alma egoísta não pode ser uma alma regenerada.

I João 4:7 declara — ousadamente — que o amor é produto do próprio novo nascimento. DEUS é amor, e o amor vem da parte de DEUS. Aquele que nasceu de DEUS recebeu o implante da natureza altruísta. Tal indivíduo automaticamente amará a seu próximo, embora isso sempre deva ser fortalecido e incrementado, conforme a alma se vai tornando mais espiritual.

Portanto, afirmamos que o amor é a prova mesma da espiritualidade de uma pessoa. Trata-se da maior das virtudes espirituais, o solo onde todas as outras virtudes têm de medrar. Assim sendo, realmente é de estranhar que alguns pensem que o conflito e o ódio sejam a prova de sua espiritualidade!

Fomos aceitos no «Amado» (ver Efé. 1:6), e assim, no seio da família divina, existe uma comunhão de amor. Essa participação no espírito de amor deve necessariamente caracterizar qualquer verdadeiro filho de DEUS. Aquele que odeia pertence ao diabo.

Nossa espiritualidade imita DEUS, o Pai. DEUS é amor. Ele é a origem de todo o pensamento e ação altruísta. Os filhos de DEUS serão inspirados tanto por seu exemplo como através do cultivo do amor na alma, uma realização do ESPÍRITO.

A prática da lei do amor é um dos meios de desenvolvimento espiritual. De cada vez que fazemos o bem para alguma outra pessoa, impelidos por motivos puros, o nível da nossa espiritualidade se eleva. Outros meios de crescimento espiritual são o estudo dos livros sagrados, a oração, a meditação, a santificação e o emprego dos dons espirituais, que nos ajudam a cumprir nossas respectivas missões.

O Amor é a Cultivação, o Fruto do ESPÍRITO SANTO

Gál. 5:22, o amor é o primeiro fruto do ESPÍRITO na alma e na vida de uma pessoa, e toma-se o solo no qual todos os demais frutos crescem.

Como o produto supremo do ESPÍRITO, o amor torna-se a força por detrás de todos os dons espirituais, sendo maior que qualquer um deles, isoladamente ou em conjunto (ver I Cor. 13). Sem o amor nada somos.

DEUS nos confere o seu amor, pela operação do ESPÍRITO na alma. O amor é uma planta tenra da qual o ESPÍRITO cuida. Se o amor estiver ausente, então é que o ESPÍRITO não habita em nós.

O Amor como Altruísmo, cumprimento da Lei

Capacidade de olvidar-se de si mesmo no serviço

ao próximo. Isso é amar a CRISTO, Mat. 25:31 e ss.

O amor não consiste em mera emoção. E uma qualidade da alma, mediante a qual o indivíduo sente ser natural servir ao próximo, tal como sempre quererá servir a si mesmo. Essa qualidade da alma é produzida pela influência transformadora do ESPÍRITO, segundo se vê em Gál. 5:22.

— O amor consiste no interesse por nossos semelhantes como aquele que temos naturalmente por nós mesmos. Trata-se de um altruísmo puro, a negação do próprio «eu» visando o bem-estar alheio. Consiste em desejar as vantagens e a prosperidade, física e espiritual, em favor dos outros, como naturalmente anelamos para nós mesmos. Esse amor ao próximo é, ao mesmo tempo, amor a CRISTO, conforme aprendemos no vigésimo quinto capítulo do evangelho de Mateus (ver Mat. 25:31 e ss ). Poucas almas podem amar diretamente a DEUS, e somente quando a alma já ascendeu o suficiente na direção de

DEUS é que esse amor pode ocorrer, na forma de contemplação. Porém, parte dessa ascensão consiste no amor por aqueles para quem DEUS outorgou a vida eterna. Assim sendo, é impossível amar a DEUS e odiar a um ser humano. (Ver I João 4:7). Só ama verdadeiramente aquele que nasceu de DEUS, porquanto o «amor cristão» é uma qualidade eminentemente espiritual. (Ver I João 4:7). Outros- sim, aquele que não ama também não conhece a DEUS (ver I João 4:8), porque DEUS é a própria essência do amor, sendo altruísmo puro. Por semelhante modo, não amar é andar nas trevas (ver I João 2:11). O amor é o caminho mais rápido de retomo ao Senhor DEUS, porquanto é a virtude moral suprema que precisamos possuir a fim de compartilhar de sua imagem moral, permitindo que todas as demais virtudes possam ser bem mais facilmente adquiridas. Somente quando já somos possuidores da natureza moral divina é que podemos possuir a natureza metafísica, que está destinada aos remidos, a saber, a própria natureza de JESUS CRISTO, o Filho de DEUS. Somente então é que nos tornamos verdadeiros filhos de DEUS, juntamente com o Filho de DEUS, dentro da família divina, participantes da natureza divina.

«...segundo J.R. Seeley expressou o conceito, CRISTO adicionou um novo hemisfério ao mundo moral». (Ecce Homo, págs. 201 e 202. Ver o capítulo inteiro sobre a ‘Moralidade Positiva’). Paralelamente à moralidade negativa, e acima dela, ele estabeleceu a moralidade positiva. Alguém poderia guardar com perfeição os Dez Mandamentos e, no entanto, estar longe de praticar o verdadeiro cristianismo. Para nós não existem dez mandamentos, e, sim onze. O décimo primeiro consiste em: Amarás. Nessa pequena palavra, amor, no dizer de CRISTO, está sumariado o dever inteiro de um homem. Em tudo isso CRISTO manifesta muito mais originalidade do que percebemos. Assim também é que T.R. Glover, na obra ‘Influence of Christ in the Ancient World’, um excelente estudo acerca do cristianismo e dos seus rivais mais próximos, declara: ‘As filosofias epicúrea e estoica haviam posto grande ênfase na ‘imperturbabilidade’ e ‘liberdade* de toda emoção, o que, em cada caso, é essencialmente um cânon muito egoísta da vida’. Esse autor admite que no caso do estoicismo isso era sempre modificado pela memória do descanso do cosmos. Todavia, Liberdade das emoções? A palavra grega era e continua sendo, nesse caso apatia. ‘Não me ponho ao lado’, disse o gentil Plutarco, ‘daqueles que entoam hinos à selvagem e dura apatia’». (Cambridge, University of Cambridge Press, 1929, págs. 76 e 77). Não era esse o ideal de CRISTO. Tal como o seu Mestre, o crente deve expor-se a ‘sentir o que os miseráveis sentem’.

Para sermos justos para com os antigos, deveríamos acrescentar neste ponto que, tanto na moral de Sócrates, em sua busca pelas definições universais acerca da questões éticas, fundamentadas em sua confiança de que todo o princípio ético é eterno e imutável, contido na mente universal, como também na moral de Platão, em seus universais e em suas «realidades últimas», que seriam eternos, perfeitos e imutáveis, que também incluem princípios éticos e que, em seu diálogo sobre as «Leis», são identificados com «DEUS», há uma aproximação bem delicada do ideal do amor cristão.

Tennyson escreveu:

Se por acaso amo a algum outro, Não devo ter cuidado com tudo quanto penso, Sim, até mesmo daquilo que como e bebo. Se por acaso amo a algum outro?

Nessas linhas transparece a percepção do poeta de que nenhum indivíduo vive isolado dos outros, somente para si mesmo, porquanto nenhuma pessoa é uma ilha.

«Amor é uma disposição de caráter que leva a pessoa a considerar seus semelhantes com estima, respeito, justiça e compaixão. Amor cristão é, obviamente, esse sentimento inspirado e exemplificado por CRISTO, e praticado pelos seus servos, em seu nome. O amor permeia e rege todo o evangelho. Foi por amor que DEUS enviou JESUS ao mundo (João 3:16): o amor é o resumo da lei de DEUS (Mat. 22:34-40). O amor é a finalidade dos mandamentos (I Tim. 1:5). O amor se constitui num mandamento específico de JESUS para com seus discípulos, Jo. 15:12. O amor é uma das evidências da regeneração. O amor é, em resumo, a essência do cristianismo. Por isso mesmo é necessário que cada servo de JESUS faça uma reavaliação de seu procedimento, para que verifique o quanto tem obedecido ao Senhor no tocante à prática do amor em sua vida». (Delcyr de Souza Lima, Pontos Salientes, 1970, Casa Publicadora Batista, Rio de Janeiro, GB).

A mensagem de I João é: O amor é a prova da espiritualidade.

Não há nunca amor perfeito Sem tortura e sem cuidado. Amar é ter DEUS no peito, Outra vez crucificado. (Augusto Gil, Porto, Portugal, 1873-1929). «Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém, o maior destes é o amor». (I Cor. 13:13).

Citações que ilustram a nobreza do Amor

O Matrimônio de Mentes Verazes Que ao matrimônio de mentes verazes Não admitia eu empecilhos. Amor não é amor Se se altera quando encontra alterações.

Ou se se inclina para remover o removedor. Oh, não! Mas é um alvo sempre fixo, Que encara tempestades e nunca se abala: E a estrela de toda barca ao léu, Cujo valor desconhece, embora sua altura seja tomada. O amor não é escravo do tempo, embora lábios e faces rosadas Apareçam dentro da encurvada foice; O amor não se altera com as horas e as semanas, Mas resiste até mesmo à beira da condenação: Se isso labora em erro, e for provado contra mim, Nunca escrevi, e nenhum homem jamais ensinou. (William Shakespeare, 1565 — 1616).

O amor altera e enobrece as coisas:

DEUS seja louvado, a pior de suas criaturas Jacta de dois lados na alma, uma para enfrentar o mundo, E outra para mostrar a uma mulher, quando, a ama. (Robert Browning)

Ai! o amor das mulheres! sabe-se Que é coisa amável e temível. (Lord Byron)

«Os estóicos definem o amor como a tentativa de formar uma amizade inspirada pela beleza». (Cícero, Turculanae Disputationes).

«Todos nós nascemos para amar...Esse é o princípio da existência e sua única finalidade». (Benjamim Disraeli, Sybil).

O amor concede em um momento O que o trabalho não poderia obter em uma era. (Goethe, «Torquato Tasso»).

«Se queres ser amado, ama». (Hecato, fragmentos, 550 A.C.).

O amor é a prova da espiritualidade-.Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de DEUS; e todo o que ama é nascido de DEUS e conhece a DEUS. (I Jo. 4:7)

DEUS é amor. (I Jo. 4:8) «O amor é o símbolo da eternidade. Apaga todo o senso de tempo, destruindo toda a memória de um começo e todo o temor de um fim». (Madame de Stael, Corinne).

Amor é felicidade trêmula. O amor apaixonado é uma sede insaciável. O amor, como a morte, muda tudo.

«O químico que pode extrair de seu próprio coração os elementos de compaixão, de respeito, de anelo, de paciência, de lamento, de surpresa e de perdão, compondo-os em um só, pode criar aquele átomo que se chama Amor». (The Spiritual Sayings of Kahlil Gibran) «Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos» (João 15:13).

«No amor não existe medo; antes,-o perfeito amor lança fora o medo» (I João 4:18).

«...onde quer que fores, irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu DEUS é o meu DEUS» (Rute 1:16).

«As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios afogá-lo...» (Can. 8:7). (B IB NTI RO S UN Z)

 

SALVAÇÃO - Strong Português -  σωτηρια soteria 1) livramento, preservação, segurança, salvação  1a) livramento da moléstia de inimigos  1b) num sentido ético, aquilo que confere às almas segurança ou salvação  1b1) da salvação messiânica 2) salvação como a posse atual de todos os cristãos verdadeiros 3) salvação futura, soma de benefícios e bênçãos que os cristãos, redimidos de todos os males desta vida, gozarão após a volta visível de CRISTO do céu no reino eterno e consumado de DEUS. Salvação quádrupla: salvo da penalidade, poder, presença e, mais importante, do prazer de pecar. (A.W. Pink)

SALVAÇÃO (Dicionário Teológico) - [Do gr. soteria; do lat. salvatio] Salvamento, libertação de um perigo iminente. Livramento do que aceita a CRISTO do poder e da maldição do pecado. Restituição do homem à plena comunhão com DEUS. A salvação é obtida pela graça; é um dom gratuito e imerecido que o pecador recebe mediante a fé que empenha no sacrifício vicário de JESUS CRISTO (Ef. 2.8-11).

SALVAÇÃO (Almeida.dctx) 1) Ato pelo qual DEUS livra a pessoa de situações de perigo (Is 26.1), opressão (Lm 3.26; Ml 4.2), sofrimento (2Co 1.6), etc. 2) Ato e processo pelo qual DEUS livra a pessoa da culpa e do poder do pecado e a introduz numa vida nova, cheia de bênçãos espirituais, por meio de CRISTO JESUS (Lc 19.9-10; Ef 1.3,13). A salvação deve ser desenvolvida pelo crente (Fp 2.12), até que seja completada no fim dos tempos (Rm 13.11; 1Pe 1.5; 2.2).

 

 

Amor e Misericórdia de DEUS - BIBLIOLOGIA - Grandes Doutrinas da Bíblia - Bíblia The Word

O Amor de DEUS

Quando a bondade de DEUS se manifesta em favor de suas criaturas racionais, assume o mais elevado caráter de amor, amor este que se distingue conforme os objetos aos quais se destina. Para distinguir o amor divino da bondade de DEUS, podemos defini-lo como aquela perfeição de DEUS pela qual Ele é impelido eternamente a comunicar-se com as suas criaturas. Posto que DEUS é absolutamente bom em si mesmo, o seu amor não pode alcançar perfeita satisfação num objeto imperfeito, no caso a criatura humana. Apesar disto DEUS ama o homem no seu atual estado de queda (Jo 3.16). DEUS ama os crentes salvos com um amor especial, posto que os contempla como seus filhos espirituais em CRISTO. A eles se comunica, em sentido mais pleno e rico, com toda a plenitude da sua misericórdia e graça (Jo 16.27; Rm 5.8; 1 Jo 3.1).

A Misericórdia de DEUS

Se a graça divina sentencia o homem como culpado diante de DEUS, fazendo-o carente do perdão divino, a misericórdia de DEUS distingue o homem como alguém cansado sob o fardo do pecado, necessitando de urgente ajuda espiritual. A misericórdia divina pode ser definida como a bondade ou o amor de DEUS para com aqueles que se encontram em estado de miséria espiritual, carecendo de ajuda. Desse modo, em sua misericórdia, DEUS se revela compassivo e piedoso para com os que se acham em estado de miséria espiritual, sempre pronto a socorrê-los. Segundo a Bíblia, a misericórdia de DEUS é gratuita; é para sempre; está sobre todos os homens; elas são a causa de não sermos consumidos (Dt 5.10; Sl 57.10; 86.5; 2 Cr 7.6; Sl 136; Ed 3.11; Ex 20.6; Dt 7.7,9; Lc 1.50; Sl 145.9; Ez 18.23-32; 33.11; Lc 6.35,36; Lm 3.22). Entre os judeus, existe uma crença antiga muito interessante, acerca da misericórdia e da justiça divina. Segundo essa crença, Miguel, o executor dos juízos de DEUS, possui apenas uma asa às costas, o que o faz voar devagar; enquanto Gabriel, o executor da misericórdia, possui duas potentes asas, o que o faz voar mais velozmente. O rabinismo judaico usa essa ilustração para ensinar que DEUS tem mais pressa em ser misericordioso para com o homem do que em levá-lo a juízo. Mostra, porém, que se o homem rejeitar a misericórdia gratuitamente oferecida, mais cedo ou mais tarde ele será julgado e castigado pelo DEUS das muitas misericórdias.

 

Amor - DEUS Único e Verdadeiro - Russell E. Joyner (TEOLOGIA SISTEMÁTICA STANLEY M. HORTON)

Quando nos tornamos cristãos, o primeiro texto da Bíblia a ser memorizado é João 3.16, o qual recitamos com vigor e entusiasmo, muitas vezes enfatizando a expressão: "DEUS amou o mundo de tal maneira". Depois, com um conhecimento mais profundo do texto, descobrimos que a ênfase recai não ao caráter quantitativo do amor de DEUS, mas ao qualitativo. E o fato mais importante não é que DEUS nos tenha amado a ponto de dar o seu Filho, mas que Ele nos haja amado de maneira tão sacrificial. 13

DEUS se revelou como alguém que expressa um tipo específico de amor, o qual é demonstrado por uma dádiva sacrificial. João o define desta forma: "Nisto está a caridade: não em que nós tenhamos amado a DEUS, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados" (1 Jo 4.10).

DEUS também demonstra o seu amor ao nos dar repouso, e proteção (Dt 33.12), que devemos sempre lembrar em nossas preces de ações de graças (SI 42.8; 63.3; Jr 31.3). No entanto, a forma suprema do amor de DEUS, sua maior demonstração de amor, acha-se na cruz de CRISTO (Rm 5.8). Ele quer que estejamos conscientes de que seu amor faz parte integrante de nossa vida em CRISTO: "Mas DEUS, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com CRISTO (pela graça sois salvos)" (Ef 2.4,5).

O caminho mais excelente, o caminho do amor, segundo o qual somos exortados a andar, identifica as características que DEUS nos revelou na sua Pessoa e na sua obra (1 Co 12.31-13.13). Se seguirmos o seu exemplo, produziremos o fruto do amor, e andaremos de tal maneira que os dons (charísmata) do ESPÍRITO SANTO cumprirão em nós os seus propósitos.

Gracioso e Misericordioso

Os termos "graça" e "misericórdia" representam dois aspectos do caráter e da atividade de DEUS que, embora distintos, são correlatos entre si. Experimentar a graça divina é receber uma dádiva que não podemos adquirir por conta própria, e da qual não somos merecedores. Experimentar sua misericórdia significa ser preservado do castigo a que se faz jus. DEUS é o juiz supremo que detêm o poder para determinar, em última análise, a punição a quem merece. Quando Ele nos perdoa o pecado e a culpa, experimentamos a sua misericórdia. Quando recebemos o dom da vida, experimentamos a sua graça. A misericórdia divina remove o castigo, ao passo que a sua graça coloca algo positivo no lugar do negativo. Embora mereçamos o castigo, Ele nos dá a paz e restaura-nos integralmente (Is 53.5; Tt 2.11; 3.5).

"Misericordioso e piedoso é o SENHOR; longânimo e grande em benignidade" (SI 103.8). Posto que precisemos ser trazidos da morte para a vida, esses aspectos de DEUS são amiúde mencionados juntamente nas Escrituras com a finalidade de demonstrar seu inter-relacionamento (Ef 2.4,5; cf. Ne 9.17; Rm 9.16; Ef 1.6).

 

AMOR (Enciclopédia Ilumina)

AMOR

O amor é um tema muito importante para os cristãos. JESUS ensinou que os mandamentos mais importantes eram amar a DEUS e amar o nosso próximo; eles sintetizavam todos os outros mandamentos que DEUS deu a Moisés. Paulo e João também escreveram sobre o amor como sendo a parte mais importante na vida de um cristão. Dado à importância de seu conhecimento, vejamos o que a Bíblia nos diz sobre isso.

NO VELHO TESTAMENTO.

No Velho Testamento, o amor erótico é abordado nas estórias de Adão e Eva, Jacó e Raquel e em Cântico dos Cânticos. Uma forma mais profunda de amor, envolvendo lealdade, constância e bondade é expressa em hebraico pela palavra “hesed”.

O verdadeiro significado dessa palavra está claro em Oséias 2:19-20: “Desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias; desposar-te-ei comigo em fidelidade e conhecerás ao Senhor”.

No Velho Testamento muitos profetas alertaram o povo de Israel sobre o fato de que DEUS, em seu amor, estava decidido a disciplinar seu povo se fosse desobedecido. Mesmo sendo necessário disciplinar, o amor de DEUS não muda. Durante o exílio, o amor de DEUS se manteve com infinita paciência e não abandonou os israelitas mesmo quando o desobedeciam. O amor de DEUS traz em si bondade, ternura e compaixão (Salmos 86:15; 103:1-18; 136 e Oséias 11:1-4). Entretanto, sua principal característica é a obrigação moral para com o bem-estar do outro.

Embora o amor de DEUS seja incondicional, Ele esperava que os israelitas correspondessem aos Seus atos de amor. A lei de DEUS os encorajava a serem gratos por sua redenção (Deuteronômio 6:20-25). DEUS esperava que mostrassem isso sendo bondosos para com os pobres, os fracos, os estrangeiros, escravos, viúvas e todas as pessoas que sofriam qualquer tipo de crueldade. De igual modo, Oséias esperava que o amor constante entre os israelitas resultasse do amor constante que DEUS havia mostrado por eles. (Oséias 6:6, 7; 7:1-7 e 10:12-13).

Assim, amor a DEUS e ao “próximo como a ti mesmo” (Levítico 19:18) estão interligados nas leis e profecias de Israel. A forma de amor mais importante descrita no Velho Testamento era baseada em três idéias principais: o amor de DEUS pelos israelitas, a qualidade moral do amor e o íntimo relacionamento entre o amor a DEUS e o amor ao próximo.

NO NOVO TESTAMENTO

Os gregos empregavam três palavras para amor: “Eros”, amor sexual, que não ocorre no Novo Testamento; “phileo”, afeição natural, ocorre cerca de 25 vezes: “ágape”, benevolência ou boa disposição moral que resulta de respeito, princípio ou obrigação em vez de atração. “Ágape” e “hesed” envolvem uma ideia de dedicação. Ágape significa exatamente amar o indigno, a despeito de desapontamento e rejeição. Ágape se aplica muito apropriadamente ao amor divino.

NOS EVANGELHOS SINÓTICOS

JESUS demonstrou seu amor divino através da compaixão, da cura milagrosa de pessoas que sofriam e de sua preocupação com os que viviam alienados ou em desespero. Por isso, o reino sobre o qual lhes falava, oferecia boas novas para os pobres, cativos, cegos e oprimidos (Mateus 11:2-5; Lucas 4:18). Sua atitude para com os desesperados e os aflitos assegurava-lhes perdão e um abençoado retorno à família de DEUS (Lucas 15). O perdão de JESUS era gratuito e para aceitá-lo Ele só requeria que as pessoas se arrependessem e fossem fiéis, amando a DEUS e às outras pessoas do mesmo modo que DEUS as amava (Mateus 5:44-48).

As idéias de JESUS sobre amar a DEUS eram claramente ilustradas pelos seus hábitos de adoração em público, oração a sós e absoluta obediência à vontade de DEUS. A parábola do bom samaritano é um dos numerosos exemplos em que JESUS mostra que o “próximo” é qualquer um que esteja ao alcance de nossa ajuda e que o amor envolve qualquer serviço que a situação requer. A parábola das ovelhas e das cabras mostra que amor inclui alimentar o faminto, vestir o que está nu, visitar o doente e o que está preso. Com sua vida aprendemos que o amor cura, ensina, defende os oprimidos, perdoa e conforta os que têm dor. Devemos amá-lo como Ele nos amou. Esse amor não espera nada em troca, nunca retorna mal com mal e julga com sabedoria.

NOS ESCRITOS DE PAULO

Os apóstolos que ajudaram na formação das primeiras igrejas cristãs entenderam a revolucionária ideia de que o amor se bastava. Paulo, reforçando a opinião de JESUS, declarava que o amor abrange toda a lei. Sua explicação sobre vários mandamentos contra o adultério, assassinato, roubo e cobiça se resume no amor, porque o amor não causa danos (Romanos 13:8-10). Em Efésios 4:25-5:2 lemos que toda amargura, raiva, mentira, roubo, calúnia e malícia devem ser substituídas por ternura, perdão, bondade e amor.

NOS ESCRITOS DE JOÃO

Para João, o amor era o início de tudo, “Porque DEUS amou o mundo” (João 3:16; 16:27 ; 17:23). O amor é a crença fundamental dos cristãos, porque DEUS é amor (João 4:8 ; 16:1). A vinda de JESUS ao mundo e sua morte na cruz nos mostram isso (I João 4:9-10).

A ideia cristã de amor só pode ser preenchida num grupo de cristãos que se mantêm em comunhão. Todos os cristãos experimentam o amor de DEUS quando passam a crer em JESUS e praticam esse amor entre si. Porque DEUS é amor, isto é central, essencial e indispensável para o Cristianismo.

 

Comentário Bíblico Moody - Precaução Quanto ao ESPÍRITO do Amor: Falsa Profissão. 4:7-21.

1) O Fundamento do Amor. 4:7-10.

a) O amor é de DEUS. 4:7, 8.

7. "A transição parece abrupta, como se o apóstolo tivesse acabado sumariamente com um assunto desagradável" (Plummer, The Epistles, pág. 99). Esta é a terceira seção sobre o amor (cons. 2:7-11; 3:10-18). O amor procede de DEUS. A origem. Nascido. Tempo perfeito – "nasceu e continua sendo seu filho".

8. Não ama. Particípio presente – "não ama habitualmente". DEUS é amor. A terceira das três grandes declarações de João quanto à natureza de DEUS (Jo. 4:24; I Jo. 1:5). A ausência do artigo (DEUS é o amor) indica que o amor não é simplesmente uma qualidade que DEUS possui, mas o amor é aquilo que Ele é por Sua própria natureza. Mais ainda, sendo DEUS amor, o amor que Ele demonstra brota dEle mesmo e não externamente. A palavra DEUS está precedida por um artigo, que significa que a declaração não é reversível; não se pode ler, "O amor é DEUS".

b) O amor é de CRISTO. 4:9, 10.

9. A manifestação do amor de DEUS em nosso caso (em nós) está na oferta do Seu Filho. Filho unigênito. DEUS, além de enviar o Seu Filho, enviou o Seu Filho unigênito. CRISTO é o único Filho nascido no sentido de que não tem irmãos (cons. Hb. 11:17). Para vivermos. O propósito da vinda de CRISTO.

10. Nisto consiste o amor. Literalmente, o amor; isto é, o amor que é a natureza de DEUS. E tal amor não se relaciona a qualquer coisa que os seres humanos possam fazer, mas expressa-se no dom de CRISTO. Propiciação. Satisfação.

2) As Glórias do Amor. 4:11-21.

a) Leva-nos a amar os outros. 4:11, 12.

11. De tal maneira. Se DEUS nos amou até o ponto de dar o Seu único Filho, devemos (obrigação moral) amar uns aos outros. Os falsos mestres não estavam preocupados em ensinar qualquer obrigação moral.

12. DEUS está em posição enfática. Tradução: DEUS ninguém jamais viu. A conexão entre este pensamento e o contexto parece ser este: Uma vez que nunca ninguém viu a DEUS, a única maneira de se ver Aquele que é amor, é através do amor de Seus filhos entre si, comprovando assim a semelhança familiar. Seu amor poderia se referir ao Seu amor por nós ou ao nosso amor por Ele (Plummer, pág. 103) ou à Sua natureza (Westcott, pág. 152; Wuest, pág. 166). Provavelmente não é o Seu amor por nós. Se é o nosso amor por Ele, este amor é aperfeiçoado (amadurecido) enquanto nós amamos os irmãos. Se é o amor que é a Sua natureza que é aperfeiçoado (ou atinge o seu propósito) enquanto os crentes amam uns aos outros.

b) Leva-nos a conhecer o DEUS que habita em nós. 4:13-16.

13. Uma vez que não podemos ver a DEUS, Ele nos deu evidências de Sua presença em nós por meio do Seu ESPÍRITO, o qual habita em nós.

Do seu ESPÍRITO. Não que nós recebamos parte da Terceira Pessoa da Trindade, mas que recebemos alguns dos muitos dons do ESPÍRITO.

15. Confessar. Dizer a mesma coisa; isto é, concordar com alguma autoridade fora de si mesmo. Filho de DEUS. "Esta confissão da divindade de JESUS CRISTO implica em submissão e também obediência, não mero serviço de lábios" (A.T. Robertson, World Studies in the New Testament, VI, 234).

16. O amor que DEUS nos tem (literalmente, em nós). O amor se torna uma força trabalhando em nós.

c) Dá-nos ousadia no dia do juízo. 4:17.

17. O amor para conosco, literalmente. É o amor que DEUS, que é amor, produziu em nós, gerando-nos e colocando o Seu ESPÍRITO em nós. No dia do juízo mantenhamos confiança. O crente que tem o perfeito amor de DEUS em sua vida terrena pode enfrentar o tribunal de CRISTO sem vexame. Tal segurança não é presunção, porque, segundo ele é, também nós somos neste mundo. A base para a ousadia é a nossa atual semelhança com CRISTO nesta vida, e particularmente, de acordo com este contexto, nossa semelhança em amor.

d) Lança fora o medo. 4:18.

18. A ideia da ousadia traz à mente o seu antônimo, o medo. Uma vez que o amor busca o mais alto bem para o outro, o medo, que é esquivar-se do outro, não pode ser uma parte do amor.

e) Comprova a realidade de nossa profissão. 4:19-21 .

19. Nós o amamos (E.R.C.). A palavra o não se encontra nos melhores textos, e o verbo está no subjuntivo. Portanto, a tradução é: Vamos amar, porque ele nos amou primeiro.

20, 21. Nosso amor aos irmãos, uma coisa visível, comprova o nosso amor a DEUS, uma entidade invisível. É fácil dizer piedosamente, "eu amo a DEUS"; João diz que a verdadeira piedade se comprova no amor fraternal. Mais ainda, ele insiste na ideia declarando no versículo 21 que este é um mandamento de CRISTO (Jo. 13:34).

 

Comentário Mattew Henry do Novo Testamento - 1 João 4.13-19

O Pai enviou ao Filho, Ele desejou Sua vinda a este mundo. O apóstolo testemunha isto. E qualquer que confessar que JESUS é o Filho de DEUS, nesse habita DEUS e ele em DEUS. esta confissão abrange a fé no coração como fundamento; reconhece com a boca a glória de DEUS e CRISTO, e confessa na vida e conduta contra as bajulações e caras fechadas do mundo.

Deve haver um dia de juízo universal. Ditosos aqueles que terão ousadia santa ante o Juiz naquele dia, sabendo que Ele é seu Amigo e Advogado! Ditosos aqueles que terão ousadia santa na perspectiva daquele dia, que olham e esperam por isso e pela manifestação do Juiz. O verdadeiro amor de DEUS assegura aos crentes do amor de DEUS por eles. O amor nos ensina a sofrer por Ele e com Ele; portanto, podemos confiar que também seremos glorificados com Ele (2 Tm 2.12).

Devemos distinguir entre o temor de DEUS e ter-lhe medo; o temor de DEUS compreende alta consideração e veneração por DEUS. a obediência e as boas obras feitas a partir do princípio do amor não são como o esforço servil de um que trabalha sem vontade por medo à ira do amo. São como as de um filho obediente que serve a um pai amado, que beneficia seus irmãos e as realiza voluntariamente. Sinal de que nosso amor dista muito de ser perfeito se são muitas as nossas dúvidas, temores e apreensões de DEUS. Que o céu e a terra se surpreendam por Seu amor. Ele enviou Sua Palavra a convidar os pecadores a participarem desta grande salvação. Que eles tenham o consolo da mudança feliz operada neles enquanto lhe dão a Ele a glória.

O amor de DEUS em CRISTO, nos corações dos cristãos pelo ESPÍRITO de adoção, é a grande prova de sua conversão. Esta deve ser provada por seus efeitos em seus temperamentos, e em suas condutas para com seus irmãos. Se um homem diz amar a DEUS e, contudo, se permite ira ou vingança, ou mostra uma disposição egoísta, desmente sua confissão. Mas se for evidente que nossa inimizade natural é mudada em afeto e gratidão, abençoemos o nome de nosso DEUS por este selo e primícia de gozo eterno. Então nos diferenciamos dos falsos professos que pretendem amar a DEUS, a quem não viram, mas odeiam a seus irmãos, aos que viram.

 

 

MISERICÓRDIA (MISERICORDIOSO) (Dicionário Champlin)

Esboço:

I.    Palavras Envolvidas

II.    Definições

III.    Na Ética Cristã

IV.    Referências e Idéias Bíblicas

V.    Uma Virtude Cultivada pelo ESPÍRITO

I. Palavras Envolvidas

A palavra portuguesa misericórdia vem do latim merces, mercedis, «pagamento», «recompensa», que veio a ser associada às recompensas divinas, ou seja, aos atos de compaixão celeste.

No Antigo Testamento temos três palavras que devem ser consideradas:

1.    Hesed, que aponta para a ideia da sede física da compaixão, e que leva o indivíduo a sentir e exprimir compaixão. Ver Sal. 23:5Jos. 2:12-14; Jer. 3:13, para exemplificar. Essa sede da compaixão eram as entranhas (modernamente atribuímos isso ao «coração») ou o ventre (ver Gên. 43:30; I Reis 3:26). É daí que se originam o amor e a misericórdia naturais, que se podem achar nos membros de uma mesma família, uns pelos outros, e que o homem espiritual é capaz de ampliar, envolvendo seus parentes distantes e outras pessoas. DEUS estende a sua misericórdia a todas as criaturas vivas, sendo esse o alvo mesmo da espiritualidade, no tocante a esse aspecto. Uma mãe sente compaixão por seu bebé (ver Isa. 49:15); um pai por seu filho (ver Jer. 31:20); um amante por seu objeto amado (ver Osé. 2:19); um irmão por seu irmão (ver Amós 1:11).

2.    Rhm, uma raiz hebraica que descreve as atitudes de DEUS em relação à miséria e desgraça de seu povo, ou seja, a compaixão que isso provoca nele. O vínculo que une DEUS às suas criaturas, leva-o a expressar compaixão para com todos os seres vivos. Até mesmo aqueles que nada merecem da parte dele recebem misericórdia (ver Isa. 13:18; Jer. 6:23; 21:7; 42:12; I Reis 8:50). Um aumentativo plural dessa raiz, rachamim, fala sobre a piedade, a compaixão, o amor e as emoções associadas (ver Sal. 103:4). Na verdade, hesed e rachamim são sinônimos virtuais.

3.    A raiz hebraica chnn é usada para indicar a exibição de favor e misericórdia, de alguém mostrar-se gracioso para com outrem. Ver Deu. 7:2; Sal. 57:1; 123:2,3. A forma substantivada dessa raiz é chen, «favor», «sucesso», «aceitação», «fortuna». Essa palavra também aponta para a ideia de sentir compaixão, de poupar à pessoa favorecida, de não aplicar nenhum castigo a ela. O trecho de Deu. 7:2 diz que Israel não deveria poupar seus adversários; não obstante, DEUS poupa a todos nós, pois os resultados da aplicação de sua justiça seriam desastrosos para com todos nós. Ver Lam, 3:22.

No Novo Testamento também precisamos considerar três vocábulos, a saber:

1. Éleos, «misericórdia», «compaixão», Essa palavra grega ocorre por vinte e sete vezes: Mat, 9:13 (citando Osé. 6:6); 12:7; 28:23; Luc. 1:50,54,58,72,78; 10:37; Rom. 9:23; 11:31; 15:9; Gál. 6:16; Efé. 2:4; I Tim. 1:2; II Tim. 1:2,16,18; Tito 3:5; Heb. 4:16; Tia. 2:13; 3.17; I Ped. 1:3; II João 3; Jud. 2,21. A forma eleemosúne aparece por treze vezes: Mat. 6:2-4; Luc. 11:41; 12:33; Atos 3:2,3,10; 9:36; 10:2,4,3124:17, O verbo, eleéo, figura por vinte e nove vezes: Mat. 5:7; 9:2715:22; 17:15; 18:33; 20:30,31; Mar. 5:19; 10:47,48; Luc. 16:24; 17:1318:38,39; Rom. 9:15 (citando Êxo. 33:19); 9:16,18; 11:30-32; 12:8; I Cor. 7:25; II Cor. 4:1; Fil. 2:27; I Tim. 1:13,16; I Ped. 2:10; Jud. 22,23. O adjetivo eleémon ocorre por duas vezes: Mat. 5:7 e Heb, 2:17, A ideia de misericórdia está sempre relacionada à ideia de «graça» (no grego, cháris).

2.    Oiktirmós, «simpatia», «compaixão». Essa palavra grega, que se refere às simpatias e interesses coletivos de DEUS pelos homens, aparece por cinco vezes: Rom. 12:1; II Cor. 1:3, Fil. 2:1; Col. 3:12 Heb. 10:28. Sua forma adjetivada, oiktírmon, foi usada por duas vezes: Luc. 6:36 e Tia. 5:11. O verbo, oikeíro, aparece só por duas vezes: Rom. 9:15 (citando Êxo. 33:19).

3.    Splágchna,«entranhas», está metaforicamente envolvida à ideia de misericórdia. Essa palavra grega aparece por onze vezes: Luc. 1:78; Atos 1:18; II Cor. 6:12; 7:15; Fil. 1:8; 2:1; Col. 3:12; File. 7,12,20I João 3:17. O verbo, splagchnízomai, aparece por doze vezes: Mat. 9:36; 14:14; 15:32; 18:27; 20:34; Mar. 1:41; 6:34; 8:2; 9:22; Luc. 7:1310:33; 15:20.

II.    Definições

A misericórdia é o ato de tratar um ofensor com menor rigor do que ele merece. Trata-se do ato de não aplicar um castigo merecido, mas também envolve a ideia de dar a alguém algo que não merece. Pode referir-se a atos de caridade ou de cura. Também aponta para o ato de aliviar o sofrimento, inteiramente à parte da questão de mérito pessoal. Quando chega à ideia de favor desmerecido, então, já se torna um sinónimo da palavra «graça». Alguém já declarou que a misericórdia retém o julgamento que um homem merece; que a graça outorga alguma bênção que esse homem não merece. De fato, algumas vezes pode ser feita essa distinção, mas, na major parte dos casos, os dois conceitos justapõem-se. Por conseguinte, a misericórdia pode indicar benevolência, benignidade, bênção, clemência, compaixão e favor.

A misericórdia é uma «atitude de compaixão e de beneficência ativa e graciosa expressa mediante o perdão calorosamente conferido a um malfeitor. Apesar de ser uma atitude apropriada somente a um superior ético, não denota condescendência, e, sim, amor, desejando restaurar o ofensor e mitigar, se não mesmo omitir, o castigo que esse ofensor merece. Na Bíblia, a misericórdia de DEUS é oferecida gratuitamente, uma expressão não-constrangida de amor, sem qualquer mácula de preconceito, aberta a todos os homens, dignos e indignos igualmente. A teologia cristã não considera a misericórdia divina como incompatível com os seus justos julgamentos, mas considera ambas as coisas como expressões vivas de seu amor, conforme o mesmo é revelado em CRISTO, cuja morte expiatória reconcilia as exigências da justiça divina com as misericórdias divinas» (E).

«É evidente que a misericórdia combina um forte elemento emocional, usualmente identificado com a compaixão, a piedade ou o amor, com alguma demonstração prática de gentileza ou bondade, em resposta à condição ou às necessidades do objeto da misericórdia» (Z)

III.    Na Ética Cristã

1.    DEUS é o exemplo que devemos seguir. Sua misericórdia abarca a todos os seres humanos, e ninguém é tido como merecedor de qualquer coisa. Assim, também a misericórdia humana é uma qualidade espiritual que procura aliviar o sofrimento humano e retém a vingança e os atos de retaliação. «Dentro da ética cristã, a misericórdia, em um homem, faz parte da justiça do reino, como um reflexo da misericórdia divina, onde aquela encontra seu modelo e inspiração. A misericórdia de DEUS também é salientada na teologia judaica e maometana, mas tudo se deriva dos ensinamentos bíblicos» (E).

2.    Buitmann tinha razão quando falava na misericórdia como a qualidade da fidelidade na ajuda. Quando os homens se dedicam a DEUS, quando têm uma lealdade que corresponde à correta espiritualidade, então eles agem misericordiosamente. A própria salvação alicerça-se sobre a misericórdia divina (Êxo. 34:6; Luc, 1:58; Efé. 2:4; Tito 3:5), A espiritualidade do crente está baseada na regeneração que produz a salvação, pelo que a misericórdia é uma qualidade espiritual que caracteriza aqueles que são verdadeiramente justos.

3.    A misericórdia sempre mitiga e condiciona a justiça. Não existe tal coisa como a justiça crua, despida de misericórdia, No primeiro e segundo capítulos da epístola aos Romanos, Paulo concebe a justiça crua, mediante a qual vê a condenação de todos os homens, mesmo sem que eles tenham ouvido a mensagem de CRISTO. Nisso consiste a justiça crua, sem o tempero da misericórdia e do amor. Infelizmente, alguns teólogos têm usado esses capítulos, com exclusão de tudo o mais que o Novo Testamento ensina a respeito, como texto de prova de que a misericórdia e a graça de DEUS não se estendem para além da morte física do indivíduo. Porém, do terceiro capítulo de Romanos em diante, Paulo mostra-nos que, na realidade, o evangelho intervém, de tal modo que a justiça crua não é aplicada. Em vez disso, manifesta-se abundante misericórdia divina. Ademais, o relato da descida de CRISTO ao hades mostra-nos que a misericórdia e a graça divinas têm feito provisão até mesmo em favor das almas perdidas no hades, um lugar de julgamento. Mas, isso é exatamente o que poderíamos esperar de um DEUS de amor, de graça e de misericórdia. Desse modo, a missão de CRISTO afeta três dimensões: a dimensão terrena, a celeste e a do hades. É entristecedor que na Igreja atual (especificamente na Igreja ocidental), esteja sendo pregado um evangelho de apenas uma ou duas dimensões. Porém, visto que DEUS age com tanta misericórdia em favor dos homens, faz parte da responsabilidade dos homens tratarem-se com idêntica misericórdia. Ver I Ped. 3:18—4:6 e o artigo chamado Descida de CRISTO ao Hades. «De graça recebestes; de graça dai».

4.    Uma divina arbitrariedade fica entendida em Rom. 9:15. Ver o artigo sobre o Voluntarismo. Todavia, essa não é a base da teologia paulina, embora ele tenha usado esse conceito, dentro de sua argumentação. Seja como for, o voluntarismo reflete uma teologia capenga, sem importar quem a tenha utilizado, e sem importar com que razão o tenha feito. Por semelhante modo, o homem não deve usar de misericórdia de maneira arbitrária. O amor de DEUS é mais poderoso do que o voluntarismo.

5.    O Teísmo. DEUS leva a sério os atos humanos. Ele recompensa e castiga; ele intervém. Esse é o ensino do teísmo (vide). O deísmo, em contraste, ensina que DEUS abandonou a sua criação e a deixou aos cuidados das leis naturais. Ele não faria intervenção, e nem recompensaria e nem castigaria aos homens. Na verdade, os atos divinos são permeados pela misericórdia, pois, sem esse fator, seriam impossíveis o bem-estar e a salvação dos homens. A misericórdia, pois, é a pedra fundamental do conceito do teísmo.

6.    O julgamento e a justiça não são conceitos contrários ao da misericórdia. De fato, as duas coisas são sinónimas quando compreendidas pelo ângulo certo. DEUS julga a fim de mostrar sua misericórdia, em última análise. Na realidade, os juízos divinos são atos de misericórdia, que alcançam resultados benévolos. A cruz do Calvário foi um julgamento divino contra o pecado; mas dali manou a salvação dos homens. O trecho de I Ped. 4:6 mostra-nos que o próprio julgamento será remediai, e não apenas penal.

7.    O cumprimento da lei do amor inclui atos de misericórdia, sendo esse o nosso principal conceito ético. O amor é a prova da existência e da qualidade da espiritualidade (I João 4:7 ss).

IV. Referências e Idéias Bíblicas

O material acima oferece muitos ensinamentos e referências bíblicas sobre a misericórdia. Neste ponto, limitamo-nos a dez declarações que ilustram essa doutrina:

1.    DEUS é o grande exemplo de misericórdia (Luc. 6:36).

2.    As Escrituras mandam que usemos de misericórdia (II Reis 6:21; Osé. 12:6; Rom. 12:20,21).

3.    A misericórdia deve ser gravada em nossos corações, tomando-se uma parle integrante de nossa natureza espiritual (Pro. 3:3).

4.    A misericórdia deve ser uma das características dos santos (Sal. 37:26).

5.    Neste mundo, JESUS foi o exemplo supremo do exercício da misericórdia, fazendo parte integral de sua missão salvatícia (Mat. 11:29,30; Luc. 1:78; Tito 3:5).

6.    A misericórdia divina é grande (Núm. 14:18; Isa. 54:7); multifacetada (Lam. 3:32); abundante (I Ped. 1:3) e certa (Isa. 55:3Miq. 7:20).

7.    A misericórdia de DEUS enche a terra (Sal. 119:64).

8.    A misericórdia divina é a base de nossa esperança (Sal. 130:7).

9.    A misericórdia divina deve ser magnificada por nós (I Crô. 16:34Sal. 115:1; Jer. 33:11).

10.    Ela é tipificada no propiciatório (vide) (Êxo. 25:17), sendo ilustrada nas vidas de Ló (Gên. 19:16,19), de Epafrodito (Fil. 2:27) e de Paulo (I Tim. 1:13).

V. Uma Virtude Cultivada pelo ESPÍRITO

A qualidade da misericórdia não é especificamente alistada em Gál. 5:22,23 como um dos aspectos do fruto do ESPÍRITO; porém, é uma virtude similar a outras que ali figura, devendo ser incluída entre elas. Para exemplificar, é similar ao amor, à bondade e à benignidade, sendo uma daquelas coisas contra as quais não há lei. Assim sendo, a misericórdia também é cultivada em nós pelo ESPÍRITO SANTO, não podendo ser possuída em qualquer grau apreciável a menos que se tenha devolvido como um cultivo espiritual, na vida do crente. Os meios do crescimento espiritual produzem a qualidade da misericórdia em uma pessoa remida. Ver os artigos intitulados Maturidade e Desenvolvimento Espiritual, Meios de, onde se mostra como a espiritualidade deve ser cultivada.

 

Misericórdia - Teologia Sistemática de Charles Finney

A misericórdia é também um atributo da benevolência. Esse termo expressa um estado de sentimento e representa um fenômeno da sensibilidade. A misericórdia é com frequência compreendida como sinônimo de compaixão, mas nesse caso não é devidamente compreendida.

A misericórdia, considerada como um fenômeno da vontade, é uma disposição de perdoar crimes. Tal é a natureza da benevolência, que buscará o bem, mesmo daqueles que merecem o mal, quando é possível fazê-lo com sabedoria. É pronta a perdoar Salmos 86.5, a buscar o bem do mau e do ingrato e a perdoar quando há arrependimento. A misericórdia, considerada como um sentimento ou fenômeno da sensibilidade, é um desejo de perdão e de bem para quem merece punição. E só um sentimento, um desejo: obviamente é involuntário, não possuindo, em si, qualquer caráter moral.

A misericórdia, é claro, manifestar-se-á em ação e no esforço para perdoar ou de buscar um perdão, a menos que o atributo da sabedoria o impeça. Pode ser pouco sábio perdoar ou buscar o perdão do culpado. Em tais casos, todos os atributos da benevolência devem necessariamente estar em harmonia; não se fará qualquer esforço para concretizar seu fim. Foi esse atributo da benevolência, modificado e limitado em seu exercício pela sabedoria e justiça, que se empenhou em prover os meios e abrir o caminho para o perdão de nossa raça culpada.

Uma vez que a sabedoria e a justiça são também atributos da benevolência, a misericórdia jamais pode manifestar-se em esforços para garantir seu fim, exceto de um modo que e desde que não anule a justiça e a sabedoria. Nenhum atributo da benevolência pode ser exercido à custa de outro ou em oposição a outro. Os atributos morais de DEUS, conforme se disse, são apenas atributos da benevolência, pois a benevolência compreende e expressa todos eles. Pelo termo benevolência aprendemos que o fim para o qual ela caminha é bom. E também devemos inferir, pelo próprio termo, que os meios são inquestionáveis, porque é absurdo supor que o bem seja escolhido por ser bom e, mesmo assim, que a mente que faz tal escolha não deve hesitar em usar meios discutíveis e injuriosos para obter esse fim. Isso seria uma contradição, desejar o bem por si, ou em consideração a seu valor intrínseco, e depois escolher meios injuriosos para cumprir esse fim. Isso não é possível. A mente que se fixa no máximo bem-estar de DEUS e do universo como um fim jamais pode consentir em usar, para a concretização desse fim, esforços considerados incoerentes com ele, ou seja, que tendam a impedir o máximo bem-estar do ser.

A misericórdia, conforme eu disse, é a disposição da benevolência em perdoar o culpado. Mas esse atributo não pode ser exercido, a menos que preencha as condições coerentes com os outros atributos da benevolência. A misericórdia como um mero sentimento perdoaria sem arrependimento ou condição; perdoaria sem referir-se à justiça pública. Mas quando a vemos em conjunto com os outros atributos da benevolência, aprendemos que, mesmo sendo um verdadeiro atributo da benevolência, ela não é nem pode ser exercida sem o cumprimento daquelas condições que garantem a anuência de todos os outros atributos da benevolência. Essa verdade é ensinada e ilustrada com muita beleza na doutrina e fato da expiação, conforme veremos. Aliás, sem considerar os vários atributos da benevolência, ficamos necessariamente em total escuridão e confusão a respeito do caráter e governo de DEUS, o espírito e significado de sua lei, o espírito e significado do Evangelho, o estado espiritual de nós mesmos e os desenvolvimentos do caráter ao nosso redor. Sem um conhecimento dos atributos do amor ou benevolência, não há como não ficarmos perplexos — encontrando aparentes discrepâncias na Bíblia e na administração divina — e na manifestação do caráter cristão, tanto revelado na Bíblia como manifesto na vida cotidiana. Por exemplo: como os universalistas têm tropeçado por não considerarem essa questão! DEUS é amor! Bem, sem considerar os atributos desse amor, inferem que se DEUS é amor, não pode odiar o pecado e os pecadores. Se Ele é misericordioso, não pode punir pecadores no Inferno etc. Os utilitaristas têm tropeçado de igual maneira. DEUS é misericordioso; ou seja, dispõe-se a perdoar o pecado. Bem, então qual a necessidade de uma expiação? Se for misericordioso, pode perdoar, e perdoará, havendo arrependimento, sem expiação. Mas podemos indagar: se Ele é misericordioso, por que não perdoar sem arrependimento? Se apenas sua misericórdia deve ser levada em conta, ou seja, simplesmente uma disposição de perdoar, ela, por si, não esperaria um arrependimento. Mas se o arrependimento é e deve ser uma condição para o exercício da misericórdia, não é possível que haja, ou não é preciso que haja, outras condições para seu exercício? Se a sabedoria e a justiça pública são também atributos da benevolência e condicionam o exercício da misericórdia, impedindo que ela seja exercida, a menos que haja arrependimento, por que não podem, ou por que não devem condicionar igualmente seu exercício uma satisfação tal da justiça pública que garanta respeito igualmente pleno e profundo à lei como ocorreria na execução de sua penalidade? Em outras palavras, se a sabedoria e a justiça são atributos da benevolência e condicionam o exercício da misericórdia ao arrependimento, por que não podem ou devem também condicionar seu exercício ao fato de uma expiação? Uma vez que a misericórdia é um atributo da benevolência, ela dirigirá, de maneira natural e inevitável, a atenção do intelecto para elaborar meios a fim de tornar o exercício da misericórdia coerente com os outros atributos da benevolência. Ela empregará a inteligência para elaborar meios a fim de garantir o arrependimento do pecado e remover todos os obstáculos do caminho para seu exercício livre e pleno. Ela também garantirá o estado de sentimento chamado misericórdia ou compaixão. Assim, é certo que a misericórdia garantirá esforços para buscar o arrependimento e perdão de pecadores. Garantirá um anseio profundo na sensibilidade por eles e ação vigorosa para obter esse fim, ou seja, para obter o arrependimento e perdão deles. Esse atributo da benevolência levou o Pai a dar seu Filho Unigênito amado e levou o Filho a entregar-se à morte para obter o arrependimento e perdão de pecadores. E esse atributo da benevolência que leva o ESPÍRITO SANTO a realizar esforços tão grandes e delongados para obter o arrependimento de pecadores. E também esse atributo que levou profetas, apóstolos, mártires e santos de todas as eras a buscar a conversão dos perdidos no pecado. É um atributo amável. Todos os seus sentimentos são doces, ternos e gentis como o Céu.

 

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

 

Lição 13 - A Igreja e a Lei de DEUS

Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2015 - CPAD - Para adultos

Tema: OS DEZ MANDAMENTOS - Valores Imutáveis Para Uma Sociedade Em Constante Mudança

Comentários: Pr. Esequias Soares
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva

 

 

TEXTO ÁUREO
"Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei."(Rm 3.31)

 

VERDADE PRÁTICA
O Senhor JESUS definiu de maneira clara a relação entre o Antigo e o Novo Testamento, entre a Lei e o Evangelho.

 

LEITURA DIÁRIA
Segunda – Ne 10.28,29 A lei de DEUS é a mesma lei de Moisés, o servo do Senhor
Terça – Mc 7.9-13 - O Senhor JESUS reconhecia a lei como a Palavra de DEUS
Quarta – Lc 24.44 - O Senhor JESUS é o centro e o cumprimento da lei e dos profetas
Quinta – Mt 23.23 - Nem todos os mandamentos têm o mesmo peso para o nosso DEUS
Sexta – Rm 10.4 - A lei testemunhava de antemão a salvação em CRISTO
Sábado – Jr 31.33 - CRISTO imprimiu a lei no mais profundo do coração humano

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 5.17-20; Romanos 7.7-12

Mateus 5.17 Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim abrogar, mas cumprir. 18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido. 19 Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus. 20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.
Romanos 7.7 Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. 8 Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado. 9 E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri; 10 e o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte. 11 Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou e, por ele, me matou. 12 Assim, a lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom.

 

OBJETIVO GERAL
Ressaltar o fato de que JESUS definiu, de maneira clara, a relação entre o Antigo e o Novo Testamento, entre a Lei e o Evangelho.

 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Mostrar o que significa "cumprir a lei".
Explicar que JESUS viveu a lei.
Ressaltar que a lei não pode ser revogada.
Enfatizar que a lei e o evangelho se completam.

 

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Professor, com a graça de DEUS, chegamos ao final do trimestre. Esperamos que cada lição tenha contribuído para o seu crescimento espiritual e de seus alunos.
É importante que nesta última lição você enfatize que ninguém pode ser justificado pelas obras da lei (Gl 2.16). O Decálogo nunca teve a função de salvar, mas de conduzir as pessoas a CRISTO, o único que cumpriu toda a lei (Gl 3.11, 24). A lei veio para apontar e condenar o pecado do homem (Rm 3.20; 7.7). A única maneira pela qual a humanidade pode ser redimida é pela fé em JESUS CRISTO. Contudo, não podemos nos esquecer de que a fé em JESUS é a chave para o cumprimento da lei.

 

PONTO CENTRAL
Ninguém pode ser salvo pelas obras da lei, porém ela é para os crentes em JESUS CRISTO.


Resumo da Lição 13 - A Igreja e a Lei de DEUS
I. O QUE SIGNIFICA "CUMPRIR A LEI"?
1. Completar a revelação.
2. Cumprimento das profecias.
3. O centro das Escrituras.
II. O SENHOR JESUS VIVEU A LEI
1. Preceitos cerimoniais.
2. Preceitos civis.
3. Preceitos morais.
III. A LEI NÃO PODE SER REVOGADA
1. JESUS revela seu pensamento sobre a lei.
2. "Até que o céu e a terra passem".
3. O menor mandamento (Mt 5.19).
IV. A LEI E O EVANGELHO
1. O papel da lei.
2. JESUS e Moisés estão do mesmo lado.
3. A justiça dos fariseus.


SÍNTESE DO TÓPICO I - As profecias se cumpriram em CRISTO e, por isso, as Escrituras expõem que toda Lei foi cumprida em JESUS.
SÍNTESE DO TÓPICO II - JESUS CRISTO viveu toda a Lei.
SÍNTESE DO TÓPICO III - JESUS CRISTO não veio revogar a lei, pois ela não pode ser anulada.

SUBSÍDIO DIDÁTICO
Para iniciar o tópico faça a seguinte pergunta: "JESUS aboliu a lei?" Ouça os alunos e em seguida peça que leiam Mateus 5.17,18. Em seguida, explique que esse texto mostra a expressa e total obediência de JESUS à lei do Antigo Testamento, pois a lei não pode ser anulada.
Mostre que a "lei que o crente é obrigado a cumprir consiste nos princípios éticos e morais do Antigo Testamento (Rm 3.31; Gl 5.14); bem como nos ensinamentos de CRISTO e dos apóstolos (1 Co 7.19; Gl 6.2). Essas leis revelam a natureza e a vontade de DEUS para todos e continuam em vigor. As leis do Antigo Testamento destinadas à nação de Israel, tais como as leis sacrificais, cerimoniais, sociais ou cívicas, já não são obrigatórias (Hb 10.1-4)" (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro, CPAD, p. 1393).
Nenhuma parte da lei passará, nenhuma letra ou parte dela ficará em desuso até que tudo se cumpra.

SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, explique aos alunos que "DEUS proíbe a cobiça de todo tipo quando fala da casa do vizinho, de sua esposa, servo, boi, jumento ou de qualquer coisa que lhe pertença (Êx 20.17). O Novo Testamento declara que a cobiça é uma forma de idolatria (Cl 3.5) ou adoração a deuses e posses, e a condena junto com outros pecados. O Senhor JESUS viu cobiça no jovem rico quando lhe citou os seis mandamentos da segunda tábua da lei, e então o desafio ao décimo mandamento ao ordenar que ele vendesse tudo que tinha e desse o dinheiro aos pobres" (Dicionário Wycliffe, CPAD, p. 428).

 

PARA REFLETIR - Sobre o décimo mandamento:
O que significa cumprir a Lei?
Significa que a manifestação do Filho de DEUS tornou explícito o que antes estava implícito, e assim o Senhor completou a revelação.
Devemos seguir a lei de CRISTO, a do amor, ou o sistema mosaico?
A lei mosaica se completa na lei de CRISTO e do amor.
JESUS não revogou a lei. Mas o que Ele fez?
Ele viveu no seu dia a dia toda a lei.
O que é vida no ESPÍRITO?
A vida no ESPÍRITO é ter comunhão com DEUS de maneira abundante e profunda.
Fale um pouco sobre a relação da lei com a graça.
A lei serviu para apontar o pecado e mostrar que homem algum poderia se tornar justo diante de DEUS. A graça é favor imerecido. Éramos pecadores e não merecíamos o amor de DEUS, mas Ele nos amou e nos livrou do pecado e do jugo da condenação que estava sobre nós.

 

CONSULTE

Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 61, p.42.

Você encontrará mais subsídios para enriquecer a lição. São artigos que buscam expandir certos assuntos.

 

SUGESTÃO DE LEITURA

Marketing para a Escola Dominical

Um mestre fora da lei

Integridade Moral e Espiritual

 

Comentários de vários livros com alguns acréscimos do Pr. Luiz Henrique

 

Observação de Pr. Luiz Henrique - JESUS é a chave que abre e descortina toda a Bíblia para nós. Quer saber? Quer tirar dúvidas? Quer revelação? Quer ser sábio? Pergunte para JESUS. O que JESUS falou sobre isso? Aí está a resposta certa.

JESUS trouxe a verdadeira interpretação da lei. O sacrifício de JESUS na cruz é a maldição da lei aplicada, é o juízo da lei revelada que nos trouxe a graça.

 

A Igreja e a Lei de DEUS

Quando JESUS de Nazaré veio ao mundo terreno, Ele mostrou que a principal razão da sua vinda era esta: "Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância" (Jo 10.10).

JESUS de Nazaré é a Palavra encarnada. É o cumprimento de toda a lei: "E JESUS disse-lhe: Amarás o Senhor, teu DEUS, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mt 22.34-40)". Não podemos fazer com a Lei de CRISTO o que os escribas fizeram com os Dez Mandamentos: Atentar para a dureza da Lei e esquecer-se do olhar amoroso que ela nos demanda.

Mais importante que obedecer a letra é alcançar o espírito da Lei, que é CRISTO. Assim o apóstolo Paulo ratifica: "Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.9,10). Quer cumprir a Lei de DEUS de todo coração? Ame! Contra o amor não há lei. Por quê? O amor é o cumprimento da lei. Em vez de decorarmos uma lista de "pode não pode", devemos fazer tudo baseado no amor — naturalmente a Bíblia não se refere ao amor romântico das telas de Hollywood, mas à disposição de se fazer o que tem de ser feito em favor do outro, segundo o Evangelho —, então cumpriremos a lei de DEUS na íntegra. O nosso Senhor resumiu toda a lei ao dizer que o seu objetivo é levar os homens à plenitude do amor. Aqui está o seu significado: "E disto demanda a Lei e os Profetas" (Mt 22.40).

Precisamos relembrar que o Decálogo tem uma divisão natural que versa sobre o relacionamento do homem com DEUS e do homem com o seu próximo. A nossa relação com a lei de DEUS deve se dar nestes termos: vertical, amando a DEUS de todo coração e alma; horizontal, amando o próximo como a si mesmo. Mais do que quaisquer perspectivas de interpretação, o mais importante é nos conscientizarmos da importância dos princípios eternos de DEUS revelados na sua Palavra e interpretados pela pessoa bendita de JESUS de Nazaré. Por isso, toda leitura do Antigo Testamento precisa e deve ser feita tendo JESUS como a chave hermenêutica da nossa leitura e interpretação.

Revista ensinador. Editora CPAD Ano 16 - N° 61. pag. 42.

 

COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO

Os Dez Mandamentos encabeçam os demais preceitos entregues por DEUS a Moisés no monte Sinai desde Êxodo 19.16-19 até Levítico 26.46; 27.34. Esses preceitos são identificados com frequência como estatutos, juízos, leis e mandamentos. Muitos deles são repetidos nos livros de Números e Deuteronômio. Todo esse sistema legal integra o Pentateuco, que aparece na Bíblia como lei, livro da lei, lei de Moisés, lei de DEUS, lei do Senhor.

É oportuno aqui esclarecer o que a Bíblia quer dizer quando usa as palavras "lei de DEUS". O termo aparece sete vezes nas Escrituras, quatro no Antigo Testamento e três no Novo, e em nenhum lugar diz respeito ao Decálogo. As quatro primeiras ocorrências se referem a toda a lei de Moisés, ao Pentateuco, como livro: "Josué escreveu estas palavras no livro da Lei de DEUS" Os 24.26); "E leram o livro, na Lei de DEUS... ele lia o livro da Lei de DEUS" (Ne 8.8,18); "e convieram num anátema e num juramento, de que andariam na Lei de DEUS, que foi dada pelo ministério de Moisés, servo de DEUS; e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do SENHOR, nosso Senhor, e os seus juízos e os seus estatutos" (Ne 10.29). Assim, as expressões "lei de DEUS", "lei do Senhor" e "lei de Moisés" dizem respeito à mesma coisa (Ne 8.1, 8, 18; Lc 2.22, 23). Trata-se do Pentateuco no seu todo, e não apenas do Decálogo, do livro, e não das tábuas de pedra.

As outras três aparecem somente em Romanos, e nenhuma delas diz respeito ao Decálogo: "Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de DEUS... Dou graças a DEUS por JESUS CRISTO, nosso Senhor. Assim que eu mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de DEUS, mas, com a carne, à lei do pecado" (Rm 7.22, 25). O termo "lei" aparece cerca de 70 vezes nesta epístola com amplo significado, cuja explanação não cabe aqui. A "lei de DEUS" neste contexto contrasta a "lei do pecado", mostrando tratar-se de um princípio. A outra ocorrência é no capítulo seguinte: "Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra DEUS, pois não é sujeita à lei de DEUS, nem, em verdade, o pode ser" (Rm 8.7). O homem carnal não tem lei nem se submete à vontade de DEUS que o apóstolo chama de "lei de DEUS".

Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 140-141.

 

Os judeus usavam o termo a Lei em quatro acepções diferentes:

(1) Usavam-no para designar aos Dez Mandamentos.

(2) Usavam-no para designar os cinco primeiros livros da Bíblia, essa porção das Escrituras que também se conhece como o Pentateuco – que significa literalmente "Os cinco rolos" – e que era para os judeus a Lei por excelência e a parte mais importante das Escrituras.

(3) Usavam a expressão A Lei e os Profetas para denotar a totalidade das Escrituras; era uma espécie de descrição ampla que abrangia a totalidade do Antigo Testamento.

(4) E também a usavam para descrever a lei oral, ou dos escribas.

Nos tempos de JESUS o último destes significados era o mais frequente, e é precisamente esta lei dos escribas a que tanto JESUS como Paulo condenavam de maneira radical.

O que era, pois, essa lei dos escribas?

No Antigo Testamento mesmo achamos muito poucas regras e regulamentos; o que lá contém são grandes e amplos princípios que cada pessoa deve tomar e interpretar sob a guia de DEUS, aplicando-os às situações concretas de sua vida. Os Dez Mandamentos não são um estatuto de regras concretas; são, cada um deles, grandes princípios dos quais cada indivíduo tem que extrair suas próprias normas de vida. Os judeus dos tempos de JESUS não acreditavam que esses princípios gerais fossem suficientes. Sustentavam que a Lei era divina, e que com ela DEUS tinha pronunciado sua última palavra, e que, portanto, nela deviam estar contidas todas as coisas. De modo que, se algo não aparecia explicitamente na lei, devia estar contido em forma implícita. Sustentavam, por conseguinte, que era possível extrair da lei, por um procedimento lógico de dedução, regras e estatutos que fixassem o que era correto para todo homem, em qualquer situação da vida. Surgiu assim uma casta de especialistas na Lei, chamados escribas, que se dedicaram a fazer dos grandes princípios da Lei, literalmente milhares e milhares de regras, estatutos e regulamentos.

A melhor forma de compreender o significado desta interpretação da Lei é vendo como funcionava. A Lei estabelecia que o dia de sábado devia ser santificado, e que durante suas vinte e quatro horas ninguém pode fazer trabalho algum. Este é um grande princípio. Mas esses legalistas judeus eram apaixonados pelas definições. De maneira que se perguntavam, para começar: o que é "trabalho"? Fizeram-se longas listas de atividades que deviam considerar-se trabalhos. Por exemplo, levar uma carga é um trabalho, e, portanto, não se podiam levar-se cargas no dia de sábado. Mas então se fazia necessário definir o que era uma carga. De modo que a lei dos escribas estabelece que "carga" é "uma quantidade de comida equivalente em peso a um figo seco, suficiente vinho para encher uma taça, leite para um gole, mel para cobrir uma ferida, a quantidade de azeite que forneceria a unção de alguma das partes mais pequenas do corpo, água suficiente para umedecer uma pálpebra, papel para redigir nele uma declaração de alfândega, a tinta que pode requerer a escritura de duas letras do alfabeto, e uma cana com a qual possa fazer uma pena para escrever" – e assim sucessivamente, até o infinito. Deste modo, passavam-se horas e dias discutindo se se podia ou não levantar um abajur para trocá-lo de lugar, no dia de sábado, ou se o alfaiate pecava ao levar por descuido uma agulha cravada em sua túnica, se uma mulher podia levar um alfinete, ou uma peruca, e até se podiam usar-se no dia de sábado, dentes postiços ou uma perna artificial, ou se se podia levantar a um menino. Estas coisas eram, para eles, a essência de sua religião. A religião deles era um legalismo de regras e normas ridiculamente detalhistas.

No dia de sábado não se podia escrever. Mas era necessário definir o que devia considerar-se escritura. A definição de escritura que propuseram era:

"Quem escreve duas letras do alfabeto, com sua mão direita ou com sua mão esquerda, sejam do mesmo tipo ou de dois tipos diferentes, com tintas diferentes ou em idiomas diferentes, sendo sábado, é culpado de pecado. Embora escreva essas duas letras por descuido, também peca, tenha-as escrito com tinta, giz vermelho, pintura, vitríolo, ou algo que deixe uma marca permanente. Também peca quem escreve em um canto de duas paredes, ou em dois tabletes de seu livro de contas, se as duas letras podem ser lidas juntas… Mas se escrever com fluido escuro, com suco de frutas, ou sobre o pó do caminho, na areia ou utilizando qualquer outro elemento de escritura que não produza uma marca permanente, não é pecado… Se se escreve uma letra no piso e outra na parede da casa, ou em duas páginas diferentes de um livro, de tal maneira que não se possam ler juntas, não é pecado."

Esta é uma passagem típica da Lei dos escribas; e isto é o que para o judeu ortodoxo da época de JESUS constituía a verdadeira religião e o verdadeiro serviço a DEUS.

Curar era um trabalho, e, portanto, não se podia fazer no sábado, Mas, evidentemente, isto devia definir-se com maior exatidão. Permitia-se curar quando a vida do doente corria perigo, e especialmente quando o problema afetava os ouvidos, o nariz ou a garganta. Entretanto, até nestes casos, só se podia fazer aquilo que impedisse a piora do paciente. Não se podia fazer nada para que melhorasse. Podia enfaixar uma ferida, mas não lhe colocar unguento algum; podia tapar um ouvido inflamado, mas sem lhe acrescentar medicação alguma.

Os escribas eram os encarregados de elaborar estas normas e regulamentos. Os fariseus, cujo nome significa "separados", eram os que se separavam de toda atividade comum para dedicar-se a observar todas estas regulamentações e estatutos.

Podemos nos dar conta dos extremos a que chegou este sistema tendo em mente os seguintes fatos. Durante muitas gerações a lei dos escribas se transmitiu de maneira oral e foi conservada na memória de geração após geração de escribas. Para meados do século III d. C., foi posta por escrito e se codificou um resumo desta tradição oral. Este "resumo" se conhece como a Mishnah; contém sessenta e três tratados sobre distintos temas relacionados com a lei, e em nosso idioma constitui um volume de umas oitocentas páginas. A erudição judia posterior se ocupou de escrever comentários da Mishnah. Estes se conhecem como talmudes. O Talmud de Jerusalém está contido em doze volumes, e o Talmud de Babilônia alcança, em sua versão impressa, sessenta volumes.

Para o judeu ortodoxo dos tempos de JESUS, a obediência a DEUS envolvia a observância de milhares de regras e estatutos legalistas; consideravam literalmente essas meticulosas disposições como questões de vida ou morte, que tinham que ver com seu destino eterno. Evidentemente, quando JESUS fala da lei que não passará, não se refere a essas regras e estatutos, pois ele mesmo os quebrantou repetidas vezes, e repetidas vezes os condenou, Não era isso o que ele entendia por "a Lei", pois essa classe de leis tanto JESUS como Paulo as condenaram.

BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Mateus. pag. 138-141.

 

 

I. O QUE SIGNIFICA "CUMPRIR A LEI"?

1. COMPLETAR A REVELAÇÃO.

«Vim». Indica uma missão especial a ser cumprida. Ele veio à terra e assumiu os direitos próprios do Messias, a fim de cumprir certos propósitos de conformidade com a lei, e não contrários a ela. Provavelmente o modo diferente usado por JESUS para transmitir a sua mensagem, a autoridade que emanava de sua pessoa, a sua superioridade em relação aos escribas e rabinos, tanto em conhecimento como na apresentação desse conhecimento levaram muitos a pensar que ele provocaria uma revolução capaz de eliminar a ordem e a base religiosa dos judeus. Mas aqui JESUS esclarece que sua vinda não tinha tal finalidade.

«A LEI...os profetas». Em Luc. 24:44 lemos «...escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos»—evidentemente uma expressão geral que indica o V. T., o conjunto completo das Escrituras judaicas. JESUS usou novamente essa expressão (Mat. 7:2 e 22:40; ver também Luc. 16:16 e Atos 13:15). Não há razão para interpretarmos outra coisa que não as Escrituras judaicas de modo geral, ou seja, o V. T. Notar que a frase diz «...a lei ou os profetas...», e não «a lei e os profetas». Os judeus eram culpados de revogar um ou outro.

Os saduceus não aceitavam os escritos dos profetas; por motivo de sua interpretação errônea, os fariseus revogavam parte da lei. Provavelmente, se a nossa fonte informativa é correta, os essênios revogavam partes de ambos.

O Messias, JESUS de Nazaré, não revogou nem a um nem a outro.

«CUMPRIR». Há diversas idéias sobre o sentido destas palavras:

1. Cumprir no sentido de obedecer completamente, ser o que a lei manda e cumprir as profecias e os preceitos dos profetas.

2. Completar, aumentar e aperfeiçoar a mensagem do V. T., mostrando sentidos e experiências espirituais de maior elevação, aumentando as doutrinas e mudando a posição do povo de DEUS.

3. Provavelmente, a combinação dos dois pontos anteriores é a mais correta. JESUS obedeceu a todos os mandamentos, cumpriu as profecias em sua própria pessoa, obedeceu aos preceitos dos profetas; mas também, sendo superior a Moisés, aumentou e aperfeiçoou o sistema, as doutrinas e a experiência espiritual. Escreveu a lei no coração, mas também expôs novas idéias e ensinos. Trouxe-nos o princípio da graça, da justificação em sua própria pessoa, da regeneração, coisas essas que a lei prefigurava, mas que não podia efetuar.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 308-309.

 

Mt 5.17. Não vim ab-rogar, mas cumprir. O verbo ab-rogar significa “soltar”, “desatar”, “desprender” como se faz com uma casa ou tenda (2 Co 5.1).

Cumprir significa “encher por completo” ou “completar”. Foi o que JESUS fez com a lei cerimonial, que o apontava. Ele também guardou a lei moral. “Ele veio completar a lei, revelar a total profundidade do significado que estava ligado a quem a guardava.”

A. T. ROBERTSON. Comentário Mateus & Marcos. À Luz do Novo Testamento Grego. Editora CPAD. pag. 70.

 

A que se referia JESUS, então, quando falava de "a Lei"? Disse que não tinha vindo para destruir a lei e sim para cumpri-la. Quer dizer, veio para pôr de manifesto o verdadeiro significado da Lei. Qual era o verdadeiro significado da Lei? Mesmo por trás da lei oral dos escribas e fariseus, havia um grande princípio de crucial importância, que estes não compreendiam a não ser de maneira equivocada e imperfeita. Este grande princípio fundamental é que em todas as coisas o homem deve procurar a vontade de DEUS e que uma vez que a conhece deve dedicar toda sua vida a obedecê-la. Os escribas e fariseus tinham razão ao procurar a vontade de DEUS, e não se equivocavam ao dedicar a vida a sua obediência; mas se equivocavam ao acreditar que suas centenas e milhares de insignificantes normas legalistas eram a vontade de DEUS.

Qual é, pois, o verdadeiro princípio, que respalda a Lei em sua totalidade, esse princípio que JESUS deveu cumprir, esse princípio cujo verdadeiro significado veio a nos mostrar?

Quando examinamos os Dez Mandamentos, que são a essência e o fundamento de toda a Lei, podemos nos dar conta que todo o seu significado pode resumir-se em uma só palavra – respeito, ou até mais adequadamente, reverência. Reverência para com DEUS e para o nome de DEUS, reverência pelo dia de DEUS, respeito aos pais, respeito à vida, respeito à propriedade, respeito à personalidade, respeito à verdade e ao bom nome de outros, a respeito a si mesmo, de tal modo que jamais possam chegar a nos dominar os maus desejos. (Obs. Do Pr. Luiz Henrique - AMOR a DEUS e a nosso semelhante). Estes são os princípios fundamentais que resumem o significado dos Dez Mandamentos. Os princípios fundamentais dos Dez Mandamentos são a reverência para com DEUS e o respeito a nossos semelhantes e a nós mesmos. Sem esta reverência e este respeito fundamentais não pode haver Lei. Sobre estas atitudes se apoia toda lei.

E é esta reverência e este respeito o que JESUS deveu cumprir. Veio para demonstrar aos homens, em sua própria vida concreta de cada dia, o que é a reverência para com DEUS e o respeito para com o homem. A justiça, diziam os gregos, consiste em dar a DEUS e aos homens o que merecem. JESUS veio para mostrar, na vida, o que significa a reverência que DEUS merece e o respeito que o homem merece.

Essa reverência e esse respeito não consistiam na obediência de uma multidão de meticulosas regras e estatutos. Não exigia o sacrifício, a e sim a misericórdia; não era um legalismo e sim o amor; não era uma série de proibições que estipulavam detalhadamente o que não se devia fazer, e sim uma série breve de mandamentos fundamentais que levavam o crente a modelar sua vida a partir do mandamento positivo: o do amor. A reverência e o respeito que constituem o fundamento dos Dez Mandamentos jamais passarão. São a própria substância da relação de cada indivíduo com DEUS e com o seu próximo.

BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Mateus. pag. 141-143.

 

2. CUMPRIMENTO DAS PROFECIAS.

Jo 19.36 A vida do Senhor JESUS se caracterizou pelo perfeito cumprimento de todas as profecias messiânicas; e por ocasião de sua morte não ocorreu outra coisa, porquanto, quando vieram os soldados quebrar as suas pernas, descobriram que ele já estava morto. Estes dois versículos (36 e 37) encerram duas predições bíblicas que se cumpriram quando o Senhor já expirara, pelo que também não era possível que tivesse ele cumprido as mesmas propositalmente. Há uma teoria que diz que JESUS procurava cumprir propositalmente as profecias messiânicas, a fim de dar a impressão de que era ele o Messias. Porém, uma vez morto, não era possível que ele tivesse participado ativamente no cumprimento das profecias; e tanto o «crucifragium» (ou quebra das pernas dos condenados à cruz, para apressar-lhes a morte) como o golpe de misericórdia, com a lança, foram cumprimentos de profecias a seu respeito. Esse cumprimento se torna tanto mais notável quando nos lembramos que fora predito que ele escaparia ao «crucifragium», ao passo que o golpe traspassador de lança fora predito. E assim sucedeu quando ele já rendera o espírito, servindo de prova inconteste do fato de que havia realmente morrido, e, por consequência, de prova inconteste de sua autêntica ressurreição.

Essas profecias e suas respectivas realizações, na vida e na morte de CRISTO, ajudam-nos a crer na validade desses acontecimentos, conforme foram registrados pelos evangelistas diversos, de tal modo que podemos eliminar com toda a segurança a teoria do «desmaio» como explicação da ressurreição, bem como quaisquer outras suposições que procuram diminuir a autenticidade ou o valor da ressurreição de JESUS CRISTO. (Ver Luc. 24:6 e também I Cor. 15:20). Grande é a nossa dívida ao apóstolo João por haver preservado para nós esses pormenores adicionais, que confirmam a realidade desses fatos.

Com base no trecho de Êxo. 12:46, com respeito ao cordeiro pascal, observamos que nenhum osso do animal podia ser quebrado, pois de outra maneira não seria considerado próprio para servir de sacrifício. CRISTO, pois, na qualidade de Cordeiro de DEUS, não poderia ter quebrado qualquer de seus ossos, embora, nas execuções por crucificação fosse muito comum essa violência.

Naturalmente o autor sagrado tinha em mente confirmar a validade das reivindicações messiânicas de JESUS, demonstrando o fato de que ele cumprira as profecias messiânicas. Todavia, esta é apenas uma, dentre muitas outras provas neotestamentárias sobre o assunto. (ver João 7:45).

«Ele viu aquilo que poderia ter parecido mera ocorrência acidental: não partiram qualquer dos ossos de JESUS; ele viu aquilo que poderia ter parecido uma espécie de instinto do momento: que o soldado romano transpassou-lhe o lado com sua lança; ele viu, no sangue e na água que fluiu do lado traspassado de JESUS uma prova visível que JESUS era o Filho do homem; mas ele também viu que esse incidente fazia parte do destino divino para o Messias, que os profetas haviam predito e que cumpriu assim as Escrituras». (Ellicott, in loc.).

 

João Batista já enfatizara o caráter de JESUS CRISTO como o Cordeiro de DEUS (ver João 1:29); e, posteriormente, Paulo fez a mesma coisa (ver I Cor. 5:7). Neste ponto o fato é enfatizado sem o emprego desse título, porquanto CRISTO aparece como o cordeiro do sacrifício, cujos ossos não podiam ser quebrados (ver Êxo. 12:46). (ver João 1:29). Alguns estudiosos vêem nessa declaração: «...Nenhum dos seus ossos será quebrado...» uma referência simbólica ao seu corpo místico, a igreja, pensando tratar-se de uma promessa de segurança para todos quantos confiam em CRISTO. Por conseguinte, seria uma repetição do tema que pode ser encontrado em João 10:28,29 e 17:11,12 (ver Rom. 8:39).

Sobre essa questão, é a seguinte a exposição feita por Brown (in loc.): «...essa é uma maneira definida de expressar o cuidado minucioso com que DEUS cuida do seu povo, no corpo (referindo-se ao fato de que nenhum de seus ossos seria partido). E o correto ponto de vista sobre a conexão que isso tem com CRISTO é a observação que nota quão congruente era que isso se cumprisse literalmente naquele que tinha o propósito expresso de ser o símbolo da segurança de todos os seus santos». Esse mesmo autor também sente que uma das augustas implicações deste versículo é que DEUS permitiu que os homens abusassem de JESUS e o crucificassem, porque ele estava neste mundo para ser o sacrifício expiatório pelo pecado. Assim, pois, a proteção de DEUS Pai se retirou nesses momentos, a fim de que ele tivesse cumprido o seu destino. Porém, assim que esse destino se cumpriu, voltou a proteção divina sobre a pessoa do Senhor JESUS, de tal modo que nenhum de seus ossos teve de ser quebrado, embora houvesse sido permitida a perfuração de seu lado, com a lança, para que ficasse perfeitamente comprovada a validade de sua morte, e, por consequência, de sua ressurreição, a fim de que todos os crentes tivessem confirmada a sua confiança nele, em sua morte expiatória e em sua ressurreição miraculosa, que nos proporciona a vida eterna.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 625-626.

 

Jo 19.36 Por meio de um enfático pois, João nos revela o que de fato lhe era grandioso nesse acontecimento todo. Pois isso aconteceu para se cumprir a Escritura. Aqui aconteceu algo surpreendente e de forma alguma previsível. Na realidade deveria ter acontecido com JESUS exatamente a mesma coisa que aconteceu com os outros dois ao lado dele. Mas ele terminou sua vida com uma rapidez surpreendente. Por isso suas coxas não foram quebradas. Em troca, foi perfurado pelo golpe de uma lança. E isso não é uma coincidência exótica. Não, aqui se cumpre de forma maravilhosa a Escritura, mais uma vez confirmada perante os olhares de cada pessoa que deseja ouvi-la seriamente. A instrução sobre o cordeiro da Páscoa em Êx 12.46; Nm 9.12 determina: Nenhum osso lhe deve ser quebrado. Contra todas as expectativas foi isso que sucedeu com JESUS, e assim Ele foi atestado como o verdadeiro Cordeiro da Páscoa. JESUS morre na hora em que os cordeiros para a Páscoa eram abatidos no templo, e é preservado de ter seus ossos quebrados.

Werner de Boor. Comentário Esperança Evangelho de João. Editora Evangélica Esperança.

 

Era um costume romano abandonar os cadáveres na cruz, deixando-os aos cães e abutres. Mas havia uma lei judaica que “proibia deixar um corpo no local da execução de um dia para outro”. "O seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de DEUS; assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor teu DEUS te dá em herança".(Deuteronômio 21:23).

Por essa razão, e porque era a preparação, i.e., a véspera do sábado, os judeus... rogaram a Pilatos que quebrassem as pernas das vítimas, e fossem tirados. Esta prática brutal, conhecida como crurifragium, era usada como um meio de apressar a morte. Ela envolvia a quebra das pernas das vítimas com uma grande marreta. (Obs. do Pr. Luiz Henrique - Com a quebra das pernas o corpo pesaria e o crucificado morreria sem ar nos pulmões por não suportar manter o corpo ereto para que os pulmões pudessem receber ar - o que lhes dava vida era se apoiarem em seus pés para levantarem o corpo para respirar). Os soldados fizeram isto com os dois ladrões que foram crucificados com JESUS. Mas, vindo a JESUS e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. João registra aqui o cumprimento das Escrituras: Nenhum dos seus ossos será quebrado ; cf. Êx 12.46; Nm 9.12. JESUS foi o sacrifício perfeito, tanto na morte quanto na vida.

Joseph H. Mayfield. Comentário Bíblico Beacon. João. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 158.

 

3. O CENTRO DAS ESCRITURAS.

São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco (44). JESUS se refere ao seu ministério, até à hora da sua crucificação, como a alguma coisa que já fazia parte do passado. As palavras estando ainda convosco não só predizem a sua ascensão, mas também indicam que mesmo naquele momento em que está falando, Ele não está “com eles”, no mesmo sentido usado anteriormente. Sua morte e ressurreição mudaram o mortal para imortal, e criaram uma diferença entre eles que apenas a morte e a ressurreição deles próprios poderiam lhes permitir transcender. Convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos. A Lei, os Profetas e os Salmos são as três principais divisões das Escrituras Hebraicas. Deste modo, JESUS está se referindo à série completa da profecia messiânica, da primeira promessa em Gênesis 3.15 até o Livro de Malaquias. Ele deixa claro um vínculo inseparável entre Ele mesmo e esta profecia do Antigo Testamento. O Senhor lembra aos seus discípulos que Ele deixou este ponto claro enquanto ainda estava com eles. Antes de sua morte, a ênfase era de que se cumprisse tudo, e se referia ao seu ministério terreno.

Charles L. Childers. Comentário Bíblico Beacon. Lucas. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 497.

 

Lc 24.44. São estas as palavras que eu vos falei: “Estes acontecimentos, especificamente a ressurreição, representam a concretização das coisas que Eu vos ensinei.” JESUS incluíra no Seu ensino um número suficiente de prenúncios da Paixão e da Ressurreição para Seus seguidores não terem sido surpreendidos com aquilo que aconteceu. Podia dizer: estando ainda convosco, porque Sua presença agora (e noutras ocasiões como esta) era excepcional. O rompimento definitivo ocorrera e Ele já não habitava na terra. A divisão solene das Escrituras na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos (as três divisões da Bíblica Hebraica) indica que não há parte alguma da Escritura que não dá testemunho a JESUS. Este, aliás, parece ser o único lugar no Novo Testamento onde esta tríplice divisão é explicitamente mencionada.

Leon L. Morris. Lucas. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 321.

 

Lc 24:44-49 / O principal ponto enfatizado por JESUS no v. 44 é que realmente nada há de novo ou inesperado em sua ressurreição no terceiro dia. Isso ocorre por dois motivos: (1) [JESUS] estando ainda com seus discípulos dissera-lhes que era necessário que se cumprisse tudo o que dele estava escrito. Vê-se isso de modo especial quanto às predições da paixão (9:22,44; 18:31-33), de modo especial as de 9:22 e 18:33, em que o Senhor predisse sua ressurreição no terceiro dia. (2) Os discípulos deveriam entender os fatos da paixão e ressurreição de JESUS porque foram profetizados nas Escrituras (i.e., no Antigo Testamento). Dessa vez, todas as três partes do Antigo Testamento são mencionadas (e não apenas duas, como no v. 27, acima): na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Entende-se o termo Salmos como referência à terceira divisão da Bíblia hebraica, que em geral se denomina “Escritos”. Aqui, essa divisão recebe o nome simples de Salmos, provavelmente porque, de todos os Escritos, os Salmos tinham grande importância para a interpretação cristológica do Antigo Testamento.

Isso se torna evidente nas alusões aos salmos de lamentação (Salmo 22, 31 e 69) no relato de Lucas sobre a paixão e morte de CRISTO (v. 23:26-43).

Craig a. Evans. Comentário Bíblico Contemporâneo. Lucas. Editora Vida. pag. 399.

 

II. O SENHOR JESUS VIVEU A LEI

1. PRECEITOS CERIMONIAIS.

É comum ouvir falar de lei moral, lei cerimonial e lei civil. Os preceitos morais estão resumidos nos Dez Mandamentos. São os que tratam dos princípios básicos morais (alguns chegam a considerar erroneamente o sábado como preceito moral, ver Capítulo 5). É única porção do Pentateuco escrita pelo dedo de DEUS em duas tábuas de pedra. A própria nação de Israel viu e ouviu DEUS entregando essa parte da lei a Moisés. Essa é outra característica distintiva do Decálogo. A lei cerimonial é a parte que trata das festividades religiosas, do sistema de sacrifício e da adoração no santuário, dos alimentos limpos e imundos e das instruções sobre a pureza ritual, entre outros.

Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 141.

 

Observâncias cerimoniais tinham um sentido simbólico e temporário. O sistema de sacrifícios prefigurava CRISTO em sua obra expiatória; as festas, de vários tipos, simbolizavam CRISTO em sua missão e realizações. As diversas cerimônias relembravam os antigos sobre os valores espirituais, que se acham em CRISTO e no evangelho, mas não tinham qualquer valor próprio para a salvação da alma. A circuncisão, segundo vimos, em seu sentido espiritual, indica a eliminação da natureza inferior; as lavagens tipificam o poder de CRISTO para limpar-nos do pecado. Até mesmo o templo, centro da adoração legalista, era um quadro das realidades celestes, isto é, como os homens acham acesso à presença de DEUS, e isso através de CRISTO. Um «sábado» significa nosso descanso em CRISTO, em que a alma se vê em perfeita harmonia com DEUS, livre para contemplá-lo, repousando do conflito que caracteriza este mundo pecaminoso. A Páscoa falava da libertação do povo de DEUS de seus inimigos, e CRISTO é o grande libertador dos homens, de todos os inimigos da verdade e da bondade. A festa de Pentecoste (festa das colheitas e das primícias), tipificava a frutificação que há no ESPÍRITO).

« ...sombra...» No grego temos «skia», «sombra», e não «esboço», conforme alguns têm interpretado. Devemos pensar nos pontos seguintes:

1. Isso fala de inexatidão. Os valores espirituais não eram, então, claramente definidos. 2. Fala de natureza incompleta. As realidades espirituais não eram, então, perfeitamente conhecidas. 3. Fala de falta de substancialidade. Não eram aquelas as realidades de valor espiritual, mas apenas uma espécie de prelibação das mesmas. 4. Fala de temporalidade. A sombra tem de desaparecer, quando a realidade aparece. 5. Fala de inferioridade. Aquelas coisas tinham certo valor, mas bem pequeno em comparação com a realidade espiritual. 6. Fala de simbolismo. Não eram realidades espirituais (as realidades simbolizadas), mas apenas símbolos obscuros das realidades que ainda seriam reveladas. 7. Isso também fala de diferença de natureza. Eram coisas «físicas», e não espirituais. Os valores autênticos são os de natureza espiritual. 8. Fala de questões cerimoniais, contidas em ritos. Mas os valores espirituais autênticos são conhecidos misticamente, mediante a comunhão com CRISTO. 9. Fala do fato que são coisas dispensáveis. Não eram coisas que teriam sempre de existir, o que só pode ser atribuído aos valores espirituais indispensáveis.

«...cousas que haviam de vir...» O verbo no futuro é usado, porque o autor sagrado escreve do ponto de vista do tempo em que tais sombras ainda estavam em vigor, pelo que o advento de CRISTO e do evangelho é reputado como algo ainda futuro. É claro de que grande parte do que possuímos em CRISTO ainda é futuro, pois as eras da eternidade também devem ser envolvidas na ideia das «coisas que hão de vir». Mas a primeira ideia é que é enfatizada neste versículo. O «reino messiânico» também fica aqui implícito, embora não seja diretamente referido.

«...porém o corpo é de CRISTO... » O corpo lança uma sombra, mas o corpo é infinitamente mais real que a sua sombra, além de ser distinto desta. Os judeus helenistas criam, à moda platônica, que todas as coisas da terra têm paralelos celestes, nos vários níveis da glória celestial. Essa expressão, «...o corpo é de CRISTO...», dá a entender tal crença, embora não a confirme.

Quando JESUS veio dos céus trouxe a nós a substância e a realidade daquilo que a religião somente simbolizava, em seus ritos, cerimônias, dias especiais etc. Em CRISTO, pois, se incorporam todas as realidades celestes; e estas lhe pertencem, desde sua origem, sendo ele quem as dá, porquanto «pertencem» a ele.

«A 'substância' pertence à economia cristã. Deriva-se de CRISTO, e só se concretizará mediante a nossa união com ele». (Vincent, in loc.). (Ver Heb. 8:5 e 10:1 quanto a expressões similares, que falam do mesmo assunto). Em CRISTO se acha tudo quanto é necessário para a vida, para a piedade e para a glória eterna. Ele é a perfeita concretização de todas essas coisas, porque é segundo a sua imagem que estamos sendo transformados, e através disso, chegaremos a participar do destino espiritual que a vontade divina estabeleceu para nós. (Ver Efé. 1:3, que fala de todas as bênçãos espirituais que nos são dadas em CRISTO).

Há aqueles que correm atrás de sombras. Ninguém possui a substância da realidade espiritual, enquanto estiver preocupado em perseguir meras sombras. Os falsos mestres, segundo a estimativa de Paulo, eram indivíduos que corriam atrás de sombras.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 124-125.

 

O engano do legalismo (2.17). O apóstolo Paulo derruba o fundamento do legalismo, dizendo: “Porque tudo isso (comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados) tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de CRISTO” (2.17). Platão, no seu livro República, distingue a sombra (aparência externa) da realidade (a verdade espiritual e interna das coisas). Paulo, porém, usa “sombra” no sentido de prenúncio da realidade. O corpo lança uma sombra, mas o corpo é infinitamente mais real que a sua sombra, além de ser distinto desta. Paulo refuta os falsos mestres usando a ilustração do “corpo” e da “sombra”. Werner de Boor esclarece esse ponto quando escreve:

Um corpo lança sua sombra e pode ser reconhecido pela sombra, segundo seu contorno. Porém o essencial não é a sombra, mas o próprio corpo. Assim o mandamento do sábado de Israel também é “apenas uma sombra do que haveria de vir, o verdadeiro corpo é de CRISTO”. Os mandamentos e regras dados a Israel eram tão-somente a sombra projetada de uma coisa cuja realidade plena pertence somente a CRISTO e chegou nele e com ele.

Nessa mesma linha de pensamento, Russell Norman Champlin diz que a palavra “sombras” deve levar-nos a pensar nos seguintes pontos: ela fala de 1) inexatidão; 2) natureza incompleta; 3) falta de substancialidade; 4) temporalidade; 5) inferioridade; 6) simbolismo; 7) diferença de natureza; 8) questões cerimoniais contidas em ritos; 9) que são coisas dispensáveis.

Essas coisas às quais os legalistas se agarravam eram a sombra, mas o corpo é de CRISTO. Quando a realidade chega, não precisamos mais da sombra. Por que retornar à sombra, quando já temos a realidade? Corroborando essa posição, Fritz Rienecker diz que a palavra grega skia, “sombra”, usada aqui por Paulo, indica uma sombra que não tem substância em si mesma, e indica a existência de um corpo que a produz ou indica um esboço, um mero esquema do objeto, em contraste com o objeto em si. Isso significa que o ritual do Antigo Testamento era um mero esquema das verdades redentivas do Novo Testamento.

Ralph Martin afirma que a “sombra” é um presságio daquilo que está por vir; e o tempo da substância já chegou, tornando antiquado, desta maneira, tudo quanto apontava para ela como coisa futura. Aquela “substância” é CRISTO. A nova era cristã liberta os homens da escravidão ao medo e ao terror supersticioso. Liberta-os de noções falsas e esperanças insubstanciais, e dá-lhes um gosto da realidade na religião, na medida em que chegam a conhecer em CRISTO a verdadeira comunhão com o DEUS vivo. Esta realidade é aquilo a que Paulo se refere nas suas alusões anteriores à “esperança do evangelho” (1.5,23).

Hendriksen deixa claro esse ponto, quando escreve:

Por que ter como indispensável o submeter-se a preceitos sobre comida, quando Aquele que foi anunciado pelo maná de Israel se nos oferece a Si mesmo como o Pão da vida? (Jo 6.35,48). Como pode considerar-se a Páscoa (Êx 12.1-12) uma observância necessária para a perfeição espiritual, se “nossa Páscoa, que é CRISTO, já foi sacrificado por nós?” (I Co 5.7). Que justificativa havia para impor aos que se converteram do mundo gentílico a observância do sábado judeu, quando Aquele que traz o descanso eterno exorta a todos a ir até Ele? (Mt 11.28,29; Hb 4.8,14). Uma questão intrigante pulsa em nossa mente: Por que o legalismo com sua rigidez fundamentalista é tão popular e tão aceito na maioria das religiões? Warren Wiersbe responde: “E porque dentro desse sistema, é possível medir nossa vida espiritual - e até nos vangloriar dela!”

Em quarto lugar, a derrota do legalismo (2.16,17). Em virtude de tudo aquilo que CRISTO é e fez por nós, não devemos permitir que ninguém nos julgue pelas regras do legalismo. A preposição “pois” (2.16) nos ensina que a base da nossa liberdade são a pessoa e a obra de JESUS CRISTO. Somente depois que Paulo proclamou que CRISTO triunfou na cruz sobre os nossos pecados, sobre a lei que nos condenava e sobre as forças espirituais que nos acusavam, é que ele orienta: “Ninguém, pois, vos julgue...” (2.16). A cruz de CRISTO é a nossa carta de alforria. Se já morremos e ressuscitamos com CRISTO, somos servos Dele e não mais escravos da lei. A lei não exerce mais jurisdição sobre um morto. Agora temos um novo Senhor!

LOPES, Hernandes Dias. Colossenses. A suprema grandeza de CRISTO, o cabeça da Igreja. Editora Hagnos. pag. 145-147.

 

Col 2.16,17 Portanto refere-se ao que acabou de ser apresentado e leva à conclusão: Ninguém vos julgue (“dê seu parecer sobre vós”). Todas as outras religiões envolvem atos e práticas de reconciliação inferiores e inúteis: pelo comer, ou pelo beber (alimentos), dias de festa (festividades anuais), lua nova (observância mensal), sábados (observância semanal) (Nm 28.9). Embora não haja no original grego o artigo definido os antes de sábados, seu uso esclarece o significado. Paulo estava resistindo aos judaizantes que insistiam na observância legalista do sábado. Estas eram questões nas quais os inimigos de CRISTO tiveram sucesso em crucificá-lo (Rm 14.1ss.; 1 Tm 4.3; Tt 1.14; Hb 9.10ss.; 13.9,10).

Que são sombras (17) é explicado no versículo 18 e posto em contraste no versículo 19. O termo sombras caracteriza os sistemas ritualistas do judaísmo. As sombras são indicativas da realidade, CRISTO. No Antigo Testamento, viam-se apenas as sombras. No Novo Testamento, o corpo (soma, “substância”), que é CRISTO, está presente. Mas mesmo hoje temos aqueles que seriam “escravos de sombras”, tipos, formas e rituais. A base da exortação de Paulo aqui é a obra de CRISTO; questões de calendário não têm valor como meio de salvação (Rm 14.17). Sua função mostra o sacrifício de CRISTO. Que tolice chamar as sombras de realidade!

John B. Nielson. Comentário Bíblico Beacon. Colossenses. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 327.

 

2. PRECEITOS CIVIS.

A lei civil diz respeito à responsabilidade do israelita como cidadão; são regulamentos jurídicos e instruções que regiam a nação de Israel. Convém salientar o que já foi dito no Capítulo 1: "Embora essa distinção tripartite seja antiga, seu uso como fundamento para explicar a relação entre os testamentos não é demonstravelmente derivada do Novo Testamento e provavelmente não é anterior a Tomás de Aquino" (CARSON, 2011, p. 179). Os preceitos cerimoniais e civis derivam dos preceitos morais. Esses três tipos de lei estão presentes no Pentateuco, entretanto, tudo é a lei de Moisés.

Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 141-142.

 

«O reino de DEUS...» JESUS aplica a parábola aos que ouviam e à nação inteira de Israel. Ele acabara de ilustrar o sentido da parábola dos «lavradores maus» mostrando que as obras de DEUS podem ser comparadas a um edifício que requer uma maciça pedra angular, como também o templo de DEUS, em Jerusalém, tinha uma dessas pedras. Os construtores do templo espiritual haviam rejeitado a pedra angular que fora cortada por ordem do arquiteto em chefe. Para esses, isto é, para o povo de Israel, a edificação terá de cessar até que a principal pedra angular seja devolvida ao seu devido lugar. Mas chega, finalmente, o tempo em que Israel tornará a construir sobre essa pedra. Nesse ínterim, as obras de DEUS não cessam. DEUS planta uma nova vinha e envia novos servos, tendo garantido de antemão o sucesso da empreitada. O novo povo, como é óbvio, refere-se à Igreja.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 523.

 

Mt 21 :42 -46  - JESUS cita do Salmo 118 a passagem da pedra rejeitada pelos edificadores, que veio a tomar-se pedra de esquina (vv. 22-23) e conclui que o reino de DEUS há de ser tirado dos judeus e entregue a um povo que há de produzir os seus frutos. Aqui está o ponto central da parábola. Ao rejeitar a mensagem dos profetas e, por fim, ao rejeitar o próprio Filho, Israel demonstrou sua incapacidade para produzir o tipo de conduta e vida apropriados ao reino de DEUS. O reino é tirado de Israel e dado aos gentios.

A passagem do Salmo 118 era bem conhecida da igreja primitiva, sendo citada em Atos 4:11 e em 1 Pedro 2:7.

Robert h. Mounce. Comentário Bíblico Contemporâneo. Mateus. Editora Vida. pag. 212.

 

3. PRECEITOS MORAIS.

Há uma interpretação entre os cristãos de que a lei moral é eterna, portanto, para a atualidade. A lei cerimonial se cumpriu na vida e na obra de JESUS CRISTO. A lei civil cumpriu sua função até que Israel deixou de ser um estado teocrático, e a Igreja não é um estado. Tudo isso são interpretações. É verdade que a lei cerimonial se cumpriu em JESUS, pois todo o sistema e ritos do tabernáculo apontavam para o Messias. Israel perdeu a condição de estado teocrático (Mt 21.43), e os privilégios de Israel foram transferidos para a Igreja (Êx 19.6, 7; 1 Pe2.9, 10). O Senhor JESUS cumpriu todos os preceitos morais durante sua vida terrena. Em nenhum lugar o Novo Testamento diz que a lei moral se resume a amar a DEUS e ao próximo, mas abrange toda a lei: "Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas" (Mt 22.40). O apóstolo Paulo afirma: "Porque quem ama aos outros cumpriu a lei" (Rm 13.8). Em seguida, ele cita cinco mandamentos do Decálogo, mas não na sequência canônica, e depois volta a enfatizar que "o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.10).

Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 142.

 

Destes dois mandamentos...». A palavra «dependem» significa, literalmente, penduram-se. A figura é extraída da porta em seus gonzos, ou de um prego na parede, indicando admiravelmente bem a dependência do crente de um princípio comum e de seu desenvolvimento à base desse princípio. Assim sendo, vê-se que em realidade não existem muitos mandamentos—certamente não os seiscentos e treze diferentes preceitos, conforme os judeus dividiam a descrição de todo o dever dos homens. Em realidade há apenas um mandamento—a total devoção de nosso ser a DEUS.

Isso é tão típico da pessoa de JESUS, que ele demonstrou em sua vida como isso deveria ser feito; e embora seja um alvo extremamente alto para os homens abandonados a si mesmos, JESUS fez tudo isso como homem. JESUS provou que um ser dotado de livre-arbítrio, em meio a todas as formas de tentações, que eram tão reais e potencialmente destruidoras para ele como o são para nós, pode escolher o bem e não o mal. JESUS mostrou-nos o caminho real do amor, perante o qual se dissipam todas as dificuldades próprias da inquirição espiritual. Se tivermos de mencionar outro mandamento por seu nome, então seja-nos permitido mencionar o amor aos nossos semelhantes, pois é justamente nessa esfera que demonstramos o nosso amor a DEUS, onde praticamos esse amor, onde aprendemos a dar e a receber, onde aprendemos a ser mais parecidos com DEUS, com a esperança de algum dia sermos perfeitamente semelhantes a ele.

John Gill (in loc.) salienta para nós que o termo pendurar, ao referir-se aos preceitos sobre os quais os demais mandamentos estão edificados, é um hebraísmo; e fomece-nos a seguinte citação de Maimonides (Hilch. Yesode Hatorah, c.l, see.6); «...O conhecimento dessa questão é um preceito afirmativo, conforme está dito, Eu sou o Senhor, teu DEUS; e aquele que imagina que existe outro DEUS além desse, transgride um preceito negativo, conforme foi dito, Não terás outros deuses diante de mim; e nega o ponto fundamental, pois esse é o grande alicerce, no qual tudo está pendurado».

JESUS salientou que a mensagem dos profetas, embora dada mais tarde e não fizesse parte da lei original, não contradizia, mas antes, estava em plena harmonia com essa mensagem. Beza achava que aqui há uma alusão às filactérias (Mat. 23:5) ou caixinhas amarradas à testa e a uma das mãos, como memorial da lei. O lugar onde a lei está realmente pendurada é no amor de DEUS e no amor a DEUS.

JESUS ensinou a doutrina de que o homem deve ser consagrado a DEUS em sua totalidade e com isso ele entendia que o homem não pode dividir a sua vida em diversas partes, algumas para DEUS e outras para os interesses próprios de várias modalidades. O shema era oferecido diariamente em orações, por todos os judeus devotos. Essa palavra significa «ouvir», e essa oração era assim chamada devido à primeira palavra do grande mandamento: «Ouve, Israel, o Senhor nosso DEUS é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu DEUS de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força» (Deut. 6:4,5). Coração, alma e forças devem participar dessa profunda adoração. A inquirição espiritual é que dá sentido à vida. O alvo dessa inquirição é a perfeição (Mat. 5:48), quando o crente será moralmente semelhante a DEUS, quando sua vida será semelhante à de CRISTO, moral e metafisicamente. A devoção parcial deixa-nos com uma vida dividida e sobrecarregada de tensões. É fato bem conhecido nos escritos psicológicos que a personalidade dupla é prejudicial à saúde mental. Platão ensinava que o homem bom é aquele que não sofre de tensões entre seus três componentes, que seriam o vegetal (o físico), o animal (talvez as emoções) e o racional (a alma ou espírito). A alma deve dominar, a parte animal é que encoraja para o bem e o vegetal (físico) deve ficar em sujeição. Quando reina—a harmonia—no homem inteiro, tal homem é justo e faz aquilo que é correto.

Neste ponto, a narrativa em Marcos é mais completa e acrescenta a resposta dada por um dos escribas. (Ver Marcos 12:32-34). O autor do evangelho de Mateus, por razões desconhecidas, deixou de fora essa porção da narrativa, provavelmente por querer condensá-la e abreviá-la. Essa omissão, entretanto, remove o calor humano da narrativa, e podemos ser gratos a Marcos pela sua inclusão. Sua adição é como segue: «Muito bem, Mestre disseste que ele é o único, e não há outro senão ele; e que amar a DEUS de todo o coração, de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios.

Vendo JESUS que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe; Não estás longe do reino de DEUS. E já ninguém mais ousava interrogá-lo».

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 538-539.

 

Observe qual é a importância e a grandeza desses mandamentos (v. 40): “Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”, isto é, eles são a soma e o significado de todos aqueles preceitos selecionados à religião prática, que estão escritos nos corações dos homens pela natureza, revividos por Moisés, e apoiados e reforçados pela pregação e pelos escritos dos profetas. Tudo depende da lei do amor; remova-a, e tudo cai ao chão e se reduz a nada. Os rituais e os cerimoniais devem dar lugar a esses dois mandamentos, como ocorre com todos os dons espirituais, pois o amor é o caminho mais excelente. Este é o espírito da lei, que a anima, o cimento da lei, que a acompanha, é a raiz e a origem de todas as outras obrigações, o compêndio de toda a Bíblia, não somente da lei e dos profetas, mas também do Evangelho, supondo apenas que esse amor seja o fruto da fé, e que nós amemos a DEUS em CRISTO, e ao nosso próximo, em nome dele. Tudo depende desses dois mandamentos, como o efeito que ocorre tanto na sua eficiência quanto na sua causa final; pois o cumprimento da lei é amor (Rm 13.10), e o fim da lei é a caridade (1 Tm 1.5). A lei do amor é o prego, é o prego no lugar certo, fixado pelos mestres das congregações (Ec 12.11), do qual pende toda a glória da lei e dos profetas (Is 22.24), um prego que nunca será arrancado; pois deste prego depende eternamente toda a glória da nova Jerusalém. O amor nunca falha. A esses dois grandes mandamentos, portanto, os nossos corações devem se render como a um molde; à defesa e à evidência desses dois mandamentos, dediquemos o nosso zelo, e não noções, nomes e conflitos de palavras, como se estas fossem as coisas poderosas de que dependem a lei e os profetas, e a elas o amor a DEUS e ao nosso próximo devesse ser sacrificado; pois é ao poder controlador dos mandamentos que todas as demais coisas devem se curvar.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 292.

 

JESUS acrescentou (apenas em Mateus): Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (40) - isto é, todo o Antigo Testamento. Esses são os dois mandamentos-chave, que demonstram o significado de todos os demais.

Como a essência de todo o Antigo Testamento está contido nesses mandamentos, é óbvio que a santidade como padrão para o povo de DEUS não é isolada na dispensação do Evangelho. O que é especial na nova aliança é o meio com o qual os homens devem atender a esse padrão, e a medida (ou o grau de perfeição) com que devem cumpri-lo. O poder para alcançar a plenitude interior tornou-se agora a herança de cada filho de DEUS. É um poder que altera de tal maneira o afeto e preenche o ser com o ESPÍRITO SANTO, que amar a DEUS com todo o ser torna-se uma atitude natural e espontânea (Rm 5.5). Quando DEUS promete que na nova aliança Ele irá colocar as suas leis no entendimento e no coração do seu povo (Hb 8.10; Jr 31.33), Ele está se referindo, acima de tudo, a estes dois mandamentos, pois eles incluem todos os outros.

Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Mateus. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 155.

 

III. A LEI NÃO PODE SER REVOGADA

1. JESUS REVELA SEU PENSAMENTO SOBRE A LEI.

A ideia cristológica não se restringe a esses vaticínios e ocupa todo o pensamento das Escrituras hebraicas. A provisão do Antigo Testamento sobre a obra redentora de DEUS em CRISTO é muito rica de detalhes. Os escritores do Novo Testamento reconhecem a presença e a obra de CRISTO na história da redenção (Os 11.1; Mt 2.15) e nas suas instituições e festas (Êx25.8; Jo l.l4;Hb5.4,5;Êx 12.3-13; Lc 22.15; 1 Co 5.7). A lei e os profetas convergem para JESUS; ele é o cumprimento das Escrituras do Antigo Testamento (Lc 24.26,27,44).

A expressão "a lei e os profetas" aparece com frequência no Novo Testamento para designar as Escrituras do Antigo Testamento (Mt 7.12; 22.40; At 13.15; Rm 13.21) ou fraseologia similar (Mt 11.13; Jo 1.45; At 28.23). Mas a presença do "ou" disjuntivo aqui mostra duas partes distintivas, em que nem uma e nem outra é para ser abolida (Jo 10.35). Aqui não se trata apenas dos preceitos morais, e o Decálogo nem sequer é mencionado no Novo Testamento como tal. JESUS fala ainda a respeito da existência de mandamentos menores: "Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos" (Mt 5.19). Isso por si só invalida a interpretação de que a lei é uma referência aos preceitos morais. Existem mandamentos menores entre os preceitos morais? A resposta é não. JESUS, portanto, está se referindo a todo o sistema mosaico e às demais Escrituras do Antigo Testamento.

Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 145-146.

 

A lei que CRISTO veio estabelecer concordava com exatidão com as Escrituras do Antigo Testamento, aqui chamada de a lei e os profetas. Os profetas eram os comentaristas da lei, e, juntos, os profetas e a lei, criaram aquela lei de fé e prática que CRISTO encontrou no trono da sinagoga judaica; e aqui Ele a mantém no trono.

JESUS protesta contra a ideia de anular e enfraquecer o Antigo Testamento: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas” . (1) Em outras palavras “Não deixemos que os judeus religiosos, que têm grande apreço pela lei e pelos profetas, temam que Eu tenha vindo para destruí-los”. Não deixemos que eles tenham preconceito contra CRISTO e a sua doutrina, devido a uma inveja deste reino que Ele veio estabelecer, o que pode soar como um menosprezo da honra das Escrituras que eles aceitavam como vindas de DEUS e das quais eles sentiam o poder e a pureza, Não. Deixemos que eles fiquem satisfeitos por verem que CRISTO não tem nenhum mal desígnio em relação à lei ou aos profetas. Em outras palavras: (2) “Não permitamos que os judeus profanos, que não consideram a lei ou os profetas, e que estão cansados daquele jugo, achem que Eu vim para destruir a lei ou os profetas” . Não permitamos que os libertinos carnais imaginem que o Messias veio para libertá-los da obrigação dos preceitos divinos, e ainda assim assegurar-lhes as promessas divinas, para fazê-los felizes e dar-lhes permissão para viver como desejarem. CRISTO não ordena nada agora que fosse proibido, fosse pela lei da natureza ou pela lei moral, nem proíbe qualquer coisa que aquelas leis obrigassem. E um grande engano pensar que Ele faz isto, e aqui Ele toma cuidado para corrigir este engano. “ Não cuideis que vim destruir” . O Salvador das almas não destrói nada, a não ser as obras do diabo; Ele não destrói nada que venha de DEUS Pai, muito menos aqueles excelentes preceitos que temos de Moisés e dos profetas. Não. Ele veio para cumpri-los, Isto é: [1] Ele veio para obedecer aos mandamentos da lei, pois Ele nasceu sob a lei (G14.4). Em todos os aspectos, Ele mostrava obediência à lei, honrava os seus pais, observava o sábado judeu, orava, dava esmolas e fazia o que ninguém mais fazia, obedecendo perfeitamente-, e jamais infringiu qualquer ponto da lei. [2] Para cumprir as promessas da lei e as predições dos profetas, de que todos deram testemunho dele. O concerto da graça é, basicamente, o mesmo agora que era naquela época, e CRISTO é o seu Mediador. [3] Para responder aos símbolos da lei; assim (como expressa o bispo Tillotson), Ele não esvaziou, mas cumpriu a lei cerimonial, e se manifestou como sendo a Essência de todas aquelas sombras. [4]. Para reparar as suas imperfeições, e assim completá-la e aperfeiçoá-la. Dessa forma, a palavra plerosai tem um significado adequado. Se considerarmos a lei como um recipiente que anteriormente continha alguma água, podemos entender que Ele não veio para jogar a água fora, mas para encher o recipiente até o topo. Ou ainda, podemos considerar a lei como uma imagem que é um primeiro esboço, e que exibe alguns traços somente para delinear a peça que se pretende confeccionar; posteriormente, estes traços são completados. Assim, CRISTO aprimorou a lei e os profetas, através das suas adições e explicações. [5J. Para prosseguir com o mesmo desígnio.

As instituições cristãs estão tão longe de distorcer e contradizer aquilo que era o principal desígnio da religião judaica, que o promovem ao máximo. O Evangelho é o tempo da correção (Hb 9.10), não para rejeitar a lei, mas para corrigi-la e, consequentemente, estabelecê-la.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 50.

 

Mt 5.17 JESUS não veio como um rabino trazendo um ensino recém-elaborado, Ele veio como o prometido Messias com uma mensagem que fora transmitida desde o início dos séculos. “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir”. JESUS completa e transcende a lei. A lei do Antigo Testamento não foi rescindida e deve ser agora interpretada e reaplicada à luz de JESUS. DEUS não mudou de ideia e a vinda de JESUS fazia parte do plano de DEUS para a Criação (veja Gênesis 3.15).

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 39.

 

Sem dúvida, alguns dos ouvintes de JESUS sentiram que Ele era revolucionário em seu ensino. Eles podem ter pensado que Ele pretendia destruir a lei ou os profetas (17). Isto Ele negou enfaticamente - não vim ab-rogar, mas cumprir. Nesta declaração muito significativa Ele indicou o seu relacionamento com o Antigo Testamento. Ele iria cumprir seus mandamentos e promessas, seus preceitos e profecias, seus símbolos e tipos. Isto Ele fez em sua vida e ministério, em sua morte e ressurreição. JESUS cumpriu totalmente os aspectos do Antigo Testamento. Quando lido à luz de sua pessoa e obra, ele brilha com um novo significado. CRISTO é a Chave, a única Chave que abre as Escrituras.

Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Mateus. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 57-58.

 

2. “ATÉ QUE O CÉU E A TERRA PASSEM”.

O jota se refere ao yõd (’),a menor letra do alfabeto hebraico; ocupa a metade da linha na escrita. O til, keraia, em grego, "tracinho, parte de uma letra, acento" (Lc 16.17), é um sinal diacrítico para distinguir uma letra da outra. A autoridade da lei permanece mantida até no "menor traço." E o termo "lei" no Novo Testamento, às vezes, se estende a todo o Antigo Testamento (Jo 10.34; Rm 3.19; 1 Co 14.21). Parece que o Senhor JESUS se refere aqui às Escrituras, de qualquer forma, seja a lei ou todo o Antigo Testamento, o certo é que não se trata apenas da lei moral. Sua validade se estenderá até o fim das eras. Isso significa até "que tudo seja cumprido". O verbo grego usado aqui para "cumprir" não é o mesmo do versículo 17, mas gínomai, "ser, tornar, vir a ser, acontecer", eõs panta genêtai, "até que todas essas coisas aconteçam" (Mt 5.18b). Logo, não se trata aqui de obediência aos mandamentos; essas palavras não significam obedecer à lei. A ideia é até que todas essas coisas aconteçam. A lei aqui, portanto, não se refere à Torá nem aos mandamentos, mas a todo o Antigo Testamento, que é a base do Novo, e seus ensinos perduram enquanto existirem os céus e a terra.

Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 146.

 

Ele declara a perpetuidade da lei; não apenas que Ele não desejava ab-rogá-la, mas que ela nunca deveria ser ab-rogada (v. 18). “Era verdade, vos digo” que Eu, o Amém, a Testemunha fiel, solenemente declaro que “ até que o céu e a terra passem” , quando não existir mais tempo e o estado imutável das recompensas substituir todas as leis, “nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido” . Pois o que é que DEUS está fazendo em todas as operações, tanto de providência como de graça, a não ser cumprir as Escrituras? O céu e a terra se unirão, e serão completamente envolvidos em ruína e confusão, antes que qualquer palavra de DEUS caia ao chão ou seja em vão. A palavra cio Senhor permanece para sempre, tanto a da lei como a do Evangelho. Observe que o cuidado de DEUS, a respeito da sua lei, se estende até mesmo àquelas coisas que parecem ser menos importantes nela, o jota e o til; pois o que quer que pertença a DEUS, e leve a sua marca, por menor que seja, será preservado. As leis dos homens são tão patentemente imperfeitas (e todos temos consciência dessa imperfeição), que permitem uma máxima: Apicesjuris non sunt jura - Os pontos extremos da lei não correspondem à lei; porém DEUS estará a postos e manterá cada jota e cada til da sua lei.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 50-51.

 

Até que o céu e a terra passem. Subentende que a lei e os profetas jamais seriam revogados, porque, segundo a doutrina judaica, o céu e a terra são eternos (Baruch 3:32; Luc. 16:17). «Até que tudo se cumpra» não alude a um tempo quando, finalmente, a lei e o profetas serão revogados, mas é o modo enfático de dizer «nunca*. A expressão «até que o céu e a terra passem», provavelmente é uma fórmula comum para mostrar a invariabilidade da palavra divina. Posteriormente JESUS empregou quase as mesmas palavras para indicar que suas próprias palavras são invariáveis e eternas: «Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão» (Mat. 24:35; ver também Marc. 13:31 e Luc. 21:33). JESUS não estava ensinando, nesse versículo (Mat. 5:18), se o céu e a terra passarão ou não.

mas simplesmente dava a ideia comum (que não passarão) afim de ilustrar a importância e a imutabilidade da palavra e das ordens emanadas de DEUS.

«Nem um i ou um til. O «i» (iota,no grego) é a letra «yod» no hebraico, a menor letra do alfabeto. Na Bíblia hebraica há mais de 66 mil dessas letras. «r;V»é uma pequena marca que distingue certas letras hebraicas de outras. Nos escritos dos rabinos nota-se que às vezes advertiram aos escribas para que tivessem o cuidado de não escrever uma letra parecida com outra, o que poderia modificar o sentido das Escrituras.

É mister que notemos aqui a importância dada por JESUS às Escrituras do V. T., o que contrasta violentamente com alguns modernos, que rejeitam essas Escrituras ou lhes dão pouco valor. É verdade que o modernismo começa nesse ponto (rejeitam ao V. T.), como na cultura grega ou romana.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 309.

 

3. O MENOR MANDAMENTO (MT 5.19).

Voltando ao "menor dos mandamentos", ele é muito importante porque é parte da lei de DEUS. O discípulo que declarar insignificante ou não observar o menor desses mandamentos será chamado de menor no reino dos céus, mas o que o cumprir e o ensinar aos outros será considerado grande no reino dos céus (Mt 5.19). Aquele que violar ou abolir esses pequenos mandamentos ocupará uma posição inferior (1 Co 3.12-15). Não significa ficar excluído da felicidade eterna. Agostinho de Hipona, Lutero e Calvino concordam com essa linha de pensamento.

Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 146-147.

Ele dá aos seus discípulos a missão de preservar cuidadosamente a lei, e lhes mostra o perigo de negligenciá-la e menosprezá-la (v. 19). “Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos”, da lei de Moisés (quanto mais um dos maiores, como faziam os fariseus, que negligenciavam os aspectos mais importantes da lei), “e assim ensinai' aos homens” (como eles faziam, anulando os mandamentos de DEUS com suas tradições, cap. 15.3), “será chamado o menor no Reino dos céus” . Embora os fariseus pudessem se denominar os melhores professores possíveis, eles não seriam usados como professores no reino de CRISTO. ‘Aquele, porém, que os cumprir e ensinar” (como fariam os discípulos de CRISTO, portanto provando ser melhores amigos do Antigo Testamento do que os fariseus eram, embora desprezados pelos homens), “será chamado grande no Reino dos céus".

Observe: (1) Entre os mandamentos de DEUS há alguns menores que outros; nenhum deles é pequeno de maneira absoluta., mas de. forma comparativa. Os judeus reconhecem o menor dos mandamentos da lei como sendo aquele que fala do ninho de ave (Dt 22,6,7); mesmo ele, no entanto, tem um significado e unia intenção bastante considerável.

(2) É uma coisa perigosa, na doutrina ou na prática, revogar o menor dos mandamentos de DEUS; infringi-lo, isto é, agir de modo a diminuir a sua abrangência ou enfraquecer a sua obrigatoriedade; quem fizer isto estará correndo riscos. Assim, invalidar qualquer um dos dez mandamentos é um golpe ousado demais para que o DEUS zeloso possa condescender. É algo além de transgredir a lei, é quebrantai- a lei (SI 119,126). (3) Quanto mais corrupção eles espalham, piores eles são. Infringir o mandamento já é atrevimento suficiente, mas é muito pior ensinar os homens a fazê-lo, Claramente, isto se refere àqueles que, nesta época, se assentavam na cadeira de Moisés e pelos seus comentários corrompiam e desvirtuavam o texto. Opiniões que tendem à destruição da religiosidade séria e dos fundamentos da religião cristã, por meio de observações corruptas às Escrituras, são suficientemente ruins quando defendidas, mas piores quando propagadas e ensinadas como se fossem a Palavra de DEUS. Aquele que faz isto será chamado o menor no Reino dos céus, o reino da glória; ele nunca irá para lá, mas será eternamente excluído. Ele não fará parte do reino da igreja do Evangelho. Ele estará tão longe de merecer a dignidade de um professor no reino, que nem chegará a ser considerado um membro dele. O profeta que ensina estas falsidades é a cauda naquele reino (Is 9.15); quando a verdade aparecer em sua própria evidência, estes professores corruptos, embora valorizados como os fariseus, não serão considerados juntamente com os sábios e os bons. Nada torna os ministros mais desprezíveis e indignos do que corromper a lei (Ml 2.8,11). Aqueles que atenuam e incentivam o pecado, discordando e desprezando a severidade na religião, assim como a seriedade na devoção, são uma contaminação na igreja. Mas, por outro lado, são verdadeiramente honrados e de grande responsabilidade na igreja de CRISTO aqueles que dedicam a sua vida e doutrina a promover a pureza e a severidade da religião prática, que tanto fazem como ensinam o que é bom, pois os que não fazem o que ensinam derrubam com uma mão o que edificam com a outra, Estes se entregam à mentira, e tentam os homens a pensar que a religião como um todo é um engano. Mas aqueles que falam com experiência, que vivem o que pregam, são verdadeiramente grandes; eles honram a DEUS, e DEUS os honrará (1 Sm 2.30), e no futuro irão brilhar como astros no reino do nosso Pai.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 51.

 

Aquele, pois, que violar um... É natural que ao perdurar por muito tempo um sistema religioso ou outro, comece o seu declínio; aparecem indivíduos, talvez até mestres e líderes religiosos, que alteram o caráter original da religião e da doutrina. Nos tempos modernos notamos que é raro que um sistema conserve os seus propósitos e ensinos originais por mais de cem anos. Geralmente, antes desse tempo, já é bem avançado o processo de deterioração.

ALGUNS PENSAM que JESUS se referiu a alguém como João Batista, que não observava dias e festividades especiais e que dava pouca importância aos cultos e reuniões no templo. Tal pessoa seria o mínimo no reino dos céus ou no reino que CRISTO estabeleceria no mundo. Poderia ser pessoa sincera, religiosa etc., mas simplesmente teria perdido algo muito necessário a adoração a DEUS. Dificilmente, porém, pode-se aceitar tal ideia.

EM PRIMEIRO LUGAR, o texto mostra que JESUS não falava da lei cerimonial e do formalismo que emprestaram ao judaísmo seu caráter singular. O próprio JESUS guardava essas leis. Aludia a algo mais sério e fundamental do que o formalismo. Falava da lei moral, porque essa não sofre modificações. Não podemos imaginar que JESUS desse tal importância à lei cerimonial que chegasse a dizer que nem um «i» e nem um «til» jamais seriam modificados. É difícil crer que ele não tenha antecipado até mesmo a eliminação da lei cerimonial. Assim sendo, quando ele falou em «violar um destes mandamentos», referia-se morais. O resto do capítulo e do sermão (caps. 7 e 8) demonstram o fato. Referia-se às leis morais, ao juramento, à vingança, ao amor, à justiça etc. Estavam em foco os fariseus e outros líderes oficiais dos judeus, particularmente os mestres, rabinos e escribas do povo, que tinham por responsabilidade ensinar a lei ao povo. Mais tarde JESUS mostrou que esses mestres do povo não interpretavam corretamente a lei. Por exemplo, no vs. 38, sobre «olho por olho» (que era ensino dos rabinos), disse JESUS: «Eu, porém, vos digo, não resistais ao perverso». Ou no vs. 43, «Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo» (que era ensino dos rabinos e escribas), mereceu de JESUS uma reprimenda que começa com" «Eu, porém, vos digo», etc.

«Mínimo no reino». Os mestres que interpretam erroneamente e assim ensinam, levam outros a errar por seus ensinos; esses homens serão—os menores—no reino. É provável que JESUS fizesse alusão especial ao reino do Messias, por ele oferecido. Nesse reino, tais mestres teriam pouca importância, em contraste com a posição antes ocupada. Talvez a interpretação seja mais ampla do que essa, segundo fazem alguns comentaristas, que aplicam as palavras até mesmo ao «céu» ou ao «inferno». O apóstolo Paulo parece ensinar algo semelhante em I Cor. 3:13-15: «...manifesta se tornará a obra de cada um ... se permanecer a obra de. alguém.... receberá galardão...se queimar, Sofrerá dano... será salvo, todavia, como que através do fogo». Mas a interpretação principal é aquela dada acima.

«Grande». Não o «maior». Só DEUS poderia fazer tal declaração. O serviço bem-feito, segundo as regras de DEUS, merece o galardão dado por DEUS. Provavelmente JESUS pensou nos santos do V. T., nos profetas e em Moisés. Foram exemplos de «grandes» indivíduos. Pregaram, mas também obedeceram aos mandamentos de DEUS.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 309.

 

 

 

IV. A LEI E O EVANGELHO

1. O PAPEL DA LEI.

A palavra «...aio...», no original grego, é «pedagogos», que significa «guia», «auxiliar». Essa palavra não significa aqui «mestre-escola», «tutor», aquele que tinha a incumbência de educar uma criança. Pelo contrário, está em foco a ideia de um «auxiliar» ou «guardião»; Usualmente se tratava de um escravo, que cuidava da criança desde os seis aos dezesseis anos de idade. Tinha por tarefa disciplinar a criança, podendo corrigir as suas faltas por meios apropriados para a ocasião. Um dos seus deveres era o de acompanhar a criança para a escola, cuidando para que nenhum perigo a ameaçasse. Mas quando a criança atingia a idade apropriada, cessava a autoridade do «guardião», e a criança não mais era responsável perante ele, e nem mais estava sujeita às suas exigências.

Assim sendo, propositadamente Paulo frisou o ponto que um ser «espiritualmente adulto» já passou do período em que precisa de tal orientação do «aio». Os deveres de tal guia eram limitados e temporários.

Aquele que tem a CRISTO como seu mestre dificilmente precisa ainda da ajuda de um tal «auxiliar». Não obstante, a lei tinha uma função importante, a despeito de ser temporária, embora não separadamente de CRISTO, mas antes, como caminho que apontava CRISTO para o indivíduo. No entanto, os oponentes de Paulo, existentes nas igrejas da Galácia, haviam exagerado de tal modo a importância e as funções da lei que faziam da fé em CRISTO algo virtualmente supérfluo. Pelo menos, no conceito deles, a lei não ocupava posição inferior à de CRISTO, no tocante à redenção. Mas aqui Paulo contrasta a lei com CRISTO, situando cada qual dentro de sua perspectiva apropriada.

A ideia expressa aqui por alguns intérpretes, de que os gentios, que nunca estiveram debaixo da lei, também nunca foram conduzidos pelo «aio», é perfeitamente correta. A metáfora de Paulo se aplica somente à nação de Israel, bem como aos gentios que se tinham tomado judeus por motivo de convicções religiosas. Assim sendo, certamente era um crime sujeitar os gentios sob o auxiliar da lei, o qual não tinha nenhuma capacidade de salvá-los, posto que até mesmo no caso dos judeus, era temporário esse auxílio. Mas agora não existe mais tal ajuda, tanto no caso dos judeus como no caso dos gentios. Um homem não está mais debaixo da lei em qualquer sentido, nem como um meio de salvação e nem como um meio de santificação. Não somos nem justificados e nem santificados pela lei.

Que a lei não tem a serventia de justificar-nos e de santificar-nos é óbvio pelo fato de que a «santificação» faz parte da transformação do crente segundo a imagem de CRISTO (e, portanto, parte da própria salvação), como operação que só pode ser realizada pelo ESPÍRITO SANTO. (Ver Gál. 5:22,23), Essa transformação independe de qualquer «princípio legal». Tal transformação requer a «lei do ESPÍRITO», isto é, a atuação do princípio espiritual no ser mais íntimo do crente, segundo se aprende em Rom. 8:2. Assim, pois, a lei não é a «regra da vida». A regra da vida é aquela orientação íntima do ESPÍRITO. Naturalmente, existem valores morais eternos que se refletem na lei; mas tais valores não são aplicados legalmente, e, sim, mediante contatos místicos com o ESPÍRITO de DEUS. E esse é um princípio normativo que, ao mesmo tempo, é um princípio que transmite força e capacidade.

E deveras lamentável que os reformadores, que perceberam claramente que a justificação não vem através da lei, tenham deixado a igreja «debaixo da lei», como «regra de fé e prática». Assim é que em seus comentários sobre o versículo anterior, Lutero (in loc.) se refira aos «abusos contra a lei», um dos quais seria, ainda segundo ele, que muitos cristãos supõem que a «liberdade» os isenta da «observância da lei». Pergunta ele: «Quem são esses que usam de sua liberdade como capa de malícia, e levam ao opróbrio o nome do evangelho de CRISTO?» Ê verdade que existem cristãos com essa atitude; mas a «liberdade» significa «liberdade das peias da lei», em todos os sentidos. A lei do ESPÍRITO ultrapassa a todas as funções da lei mosaica, para os crentes, e não apenas no tocante à questão da justificação.

«...justificados por fé...» (Quanto a notas expositivas completas sobre a «justificação», ver o trecho de Rom. 3:24,28. O último versículo citado inclui a mesma expressão aqui utilizada).

Este texto não faz de CRISTO o «mestre-escola», e a lei de «auxiliar» do mesmo, que conduziria as «crianças» ao Salvador. Naturalmente, tal interpretação expressa certa verdade, mas não aquela diretamente ensinada aqui.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 477.

 

A lei foi designada para nos servir “...de aio, para nos conduzir a CRISTO” (v. 24). No versículo anterior, o apóstolo nos informa acerca do estado dos judeus debaixo da organização mosaica, antes que a fé viesse, ou antes que CRISTO aparecesse e a doutrina da justificação pela fé nele fosse mais plenamente revelada. Eles estavam guardados debaixo da lei, obrigados, debaixo de penas severas, a uma observância rigorosa dos vários preceitos dela. E naquela época eles estavam encerrados, mantidos debaixo do terror e disciplina dela, como prisioneiros em um estado de confinamento. A intenção era que por meio dessa situação eles se dispusessem mais prontamente a abraçar a “...fé que se havia de manifestar”, ou ser persuadidos a aceitar CRISTO quando veio ao mundo, e harmonizar-se com essa dispensação melhor que Ele estava prestes a introduzir, por meio da qual seriam libertos da escravidão e servidão e trazidos para um estado de maior luz e liberdade. Agora, nesse estado, ele diz que a lei “...serviu de aio, para nos conduzir a CRISTO, para que, pela fé, fôssemos justificados”.

Assim como a lei declarava o propósito e a vontade de DEUS em relação a eles, e ao mesmo tempo pronunciava uma maldição contra eles por toda falha na obrigação ou dever deles, assim era apropriado convencê-los da sua condição perdida e incompleta neles mesmos, e deixá-los ver a fraqueza e insuficiência da sua própria justiça e recomendá-los a DEUS. E como os obrigava a uma variedade de sacrifícios etc., que, embora não pudessem tirar o pecado, era uma tipificação de CRISTO e do grande sacrifício que Ele iria oferecer pela expiação dele, assim isso os conduziu a Ele (embora de uma forma mais obscura e sombria) como único socorro e refúgio deles. Dessa forma, esse era o aio deles, que os instruiria e dirigiria no seu estado de menoridade, ou, como a palavra paidagogos mais apropriadamente significa, servo deles, para guiar e conduzi-los a CRISTO (como as crianças eram acostumadas a ser levadas para a escola pelos servos que cuidavam delas); para que fossem instruídos de maneira mais completa por ele como seu aio, na verdadeira forma de justificação e salvação, que somente ocorre pela fé nele, e de quem ele era designado a dar as descobertas mais completas e claras. Mas para que não fosse dito: “Se a lei tinha esse uso e serviço para o estado judeu, por que ela não poderia continuar a ter o mesmo significado para o estado cristão?”, o apóstolo acrescenta (v. 25) que “...depois que a fé veio”, e ocorreu a dispensação do evangelho, na qual CRISTO e o caminho do perdão e da vida por meio da fé nele são colocados à luz mais clara, “...já não estamos debaixo de aio” – não temos mais esse tipo de necessidade da lei para nos conduzir a Ele como ocorria naquela época.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 556-557.

 

Paulo descreve esta verdadeira função da lei usando uma figura ilustrativa que era amplamente compreendida na sociedade dos seus dias: De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a CRISTO (24). O termo grego paidagogos (aio) significa “guarda” (cf. “guardiã”, BAB), “tutor” (CH, NVI) ou “guia” e referia-se ao “homem, na maioria das vezes escravo, cujo dever era levar e trazer da escola um menino ou moço e superintender sua conduta em geral; ele não era um ‘professor’ (apesar do significado atual do derivado ‘pedagogo’)”.33 Paulo está descrevendo como a lei põe o homem sob uma escravidão como a de uma criança menor sob a supervisão de um criado-escravo. Nos próximos versículos, veremos que tal supervisão não é mais necessária ao homem de fé.

A observação importante neste ponto é que a lei, trancando o homem debaixo do pecado e para a fé, exerceu a função temporária de protegê-lo e prepará-lo para a vinda de CRISTO. Ao contrário do argumento dos oponentes de Paulo, a lei não tinha função permanente, mas serviu apenas para que, pela fé, fôssemos justificados (24).

R. E. Howard. Comentário Bíblico Beacon. Gálatas Editora CPAD. Vol. 9. pag. 51.

 

2. JESUS E MOISÉS ESTÃO DO MESMO LADO.

I Cor 14.21. A lei aqui é o Velho Testamento em geral, e não especificamente o Pentateuco. A criação é de Is 28:11,12. Ali a referência é ao fato de os homens de Israel não darem ouvidos ao profeta. O julgamento deles será que serão entregues a homens de linguajar estranho (os invasores assírios). A conexão com o presente argumento não é óbvia. O que talvez Paulo queira dizer é que, como aqueles que se recusaram a ouvir o profeta tiveram como castigo ouvir linguagem que não podiam entender, assim seria nos seus dias. Os que não cressem, ouviriam “ línguas”, e não conseguiriam entender o seu maravilhoso significado.

Leon Monis. I Corintos Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 158.

 

I Cor 14.21 As línguas, como os coríntios as usavam, eram mais um sinal do julgamento de DEUS do que da misericórdia para quaisquer pessoas (v. 21): “Está escrito na lei (isto é, no Antigo Testamento): Por gente doutras línguas e por outros lábios, falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor” (Is 28.11; comparar Deuteronômio 28.46,49). Entende-se que o apóstolo se refira a essas passagens. Ambas são entregues na forma de ameaça, e uma supõe-se que interpreta a outra. O significado neste ponto de vista é de que é uma evidência de que o povo está abandonado por DEUS quando Ele lhes dá esse tipo de instrução, para a disciplina através daqueles que falam outra língua. E certamente o discurso do apóstolo sugere: “Vós não deveis estar afeiçoados aos sinais do aborrecimento divino. DEUS pode não ter recompensas graciosas para aqueles que são deixados meramente a esse tipo de instrução, e que são ensinados em língua que não compreendem. Eles podem nunca ser beneficiados por ensinamentos como esse; e, quando eles forem deixados a ele, será um triste sinal de que DEUS os considera irrecuperáveis”. E os cristãos devem desejar estar em tal estado, ou conduzir as igrejas a ele? Contudo, é o que faziam de fato os pregadores coríntios, que sempre apresentavam suas inspirações em uma língua desconhecida.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 491.

 

I Cor 14.21 O apóstolo introduz uma citação livre da lei (a lei aqui se refere ao V. T.) para mostrar que as línguas tinham a intenção de ser um sinal da presença de DEUS com outros além dos judeus.

Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora Batista Regular I Coríntios. pag. 67.

 

3. A JUSTIÇA DOS FARISEUS.

A justiça que CRISTO veio estabelecer com esta lei deve exceder a dos escribas e fariseus (v. 20). Esta era uma estranha doutrina para aqueles que consideravam os escribas e fariseus como tendo chegado ã posição mais elevada na religião. Os escribas eram os professores mais admirados da lei, e os fariseus os seus mestres mais celebrados, e ambos se assentavam na cadeira de Moisés (cap. 23.2) e tinham tal reputação entre 0 povo, que eram considerados como completamente adaptáveis à lei e as pessoas não se consideravam obrigadas a ser tão boas quanto eles eram. Portanto, foi uma grande surpresa para eles ouvir que deviam ser melhores do que os fariseus e os escribas, ou não iriam para o céu. Desta maneira, CRISTO aqui declara com solenidade: “ Vos digo” , ou seja, é assim. Os escribas e os fariseus eram inimigos de CRISTO e da sua doutrina, e eram grandes opressores, e ainda assim deve ser reconhecido que eles consideravam isto um elogio. Eles oravam e jejuavam muito e davam esmolas; eram pontuais na observância dos compromissos cerimoniais e a sua função era ensinar os outros; eles tinham tal interesse pelas pessoas, que achavam necessário que, se somente dois homens fossem ao céu, um deles seria um fariseu. Mas aqui o nosso Senhor .JESUS diz aos seus discípulos que a religião que Ele veio estabelecer não somente exclui a maldade, mas supera a bondade dos escribas e dos fariseus. Nós precisamos fazer mais do que eles, e melhor do que eles, ou não chegaremos ao céu. Nós éramos parciais na lei, e atribuíamos mais importância à sua parte ritual. Mas nós devemos ser universais, e não pensar que é suficiente dar à igreja o nosso dízimo, mas dar a DEUS os nossos corações. Eles se preocupavam somente com o exterior, mas nós devemos ter consciência da religiosidade interior. Eles procuravam o elogio e o aplauso dos homens, mas nós devemos procurar a aceitação de DEUS; eles se orgulhavam do que faziam na religião, e confiavam que o que faziam era justiça; mas nós, quando tivermos feito tudo, precisamos negar a nós mesmos e dizer: “Somos servos inúteis” , e confiar somente na justiça de CRISTO, e desta forma poderemos ir além dos escribas e dos fariseus.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 51.

 

O versículo 20 é geralmente considerado o versículo-chave do Sermão do Monte. A justiça dos discípulos de CRISTO deve exceder a dos escribas e fariseus. JESUS estava se referindo a uma justiça interior, moral e espiritual, em vez da justiça exterior, cerimonial e legalista dos fariseus. “O problema com os fariseus”, diz Martin Lloyd-Jones, “era que eles estavam interessados nos detalhes em vez de nos princípios, que eles estavam interessados nas ações em vez de nos motivos, e que eles estavam interessados em fazer em vez de ser”.

É correto para o cristão agradecer a DEUS por não estar debaixo da Lei, mas debaixo da graça. Mas se ele pensa que as exigências sobre ele são menores por causa disso, não leu o Sermão do Monte de forma a compreendê-lo. JESUS declarou enfaticamente que Ele exige uma justiça mais elevada do que a dos escribas e fariseus. No restante do capítulo, o Senhor fornece seis exemplos concretos daquilo que Ele quer dizer, exatamente, com isso. Ele basicamente se refere a uma justiça de atitude interior em vez de meramente uma ação exterior. Mas isto levanta a exigência. Deve-se não só guardar as suas ações, mas também as suas atitudes; não só as suas palavras, mas também os seus pensamentos. A lei de CRISTO traz, para aqueles que a guardam, mais exigências do que a lei de Moisés.

Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Mateus. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 58.

 

Eram mestres da lei, copiavam as Escrituras, os contratos legais e os registros civis . Eram diplomatas e emissários do governo (II Reis 18:18; 19:2). Eram considerados autoridades religiosas.

«Fariseus». Ver nota detalhada em Marc. 3:6. Geralmente vinham do povo comum, eram zelosos da fé ortodoxa, mas gradualmente foram passando da fé para uma religião constituída de formalidades e cerimônias, pois davam exagerada importância às leis que não se encontram no V. T., 613 mandamentos ao todo, 365 negativos e 248positivos. Alguns ensinavam que a lavagem das mãos e de outros objetos pequenos eram as medidas mais

importantes. Outros ensinavam que a omissão de tais lavagens era um pecado tão grave como o homicídio (ver nota em Mat. 15:2; também em Mat. 22:36; 23:35; 24:27). Ver nota sobre o «concilio» ou «sinédrio», o principal tribunal dos judeus, constituído de escribas, fariseus e saduceus (Mat. 22:23). A explicação sobre os «saduceus» aparece na mesma nota. Os fariseus eram numerosos ao tempo de JESUS. Segundo informação dada por Josefo, haveria mais de seis mil deles nos dias de JESUS. Exerciam grande poder sobre o povo.

Eram meticulosos observadores das formas externas da lei, mas não compreendiam nem observavam os princípios morais. Talvez o melhor comentário sobre esse versículo se encontre em Mat. 23:13-36, onde há os sete «ais» contra tais líderes. Ali vemos acusações tais como «hipócritas».

«devorais as casas das viúvas», «tornais prosélitos piores que vós mesmos», «filhos do inferno», «guias cegos», «insensatos», «limpais o exterior do copo e do prato, mas estes por dentro estão cheios de rapina e intemperança», «sois semelhantes aos sepulcros caiados...cheios de toda imundícia», «serpentes, raça de víboras», «matadores dos profetas», e outras acusações semelhantes.

Nisso se vê o conceito de JESUS sobre a «obediência» desses homens à lei. A verdadeira justiça, pois, tem de exceder a desses homens. Não quanto ao formalismo ou quanto a particularidades secundárias, mas quanto ao espírito da lei. A parte seguinte do sermão mostra que JESUS ordena a pureza de motivos e de intenção do coração, e não apenas a observância exterior (vss. 27-48).

»Escribas e fariseus». Combinação que destaca as principais autoridades judaicas, e que aparece por treze vezes nos evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas).

«Jamais entrareis no reino dos céus». Talvez JESUS fizesse alusão ao reino no sentido literal, que estabeleceria sobre a terra; porém, mais provavelmente se referia ao estado futuro—salvação da vida eterna, como em João 3:3,5 «sem o novo nascimento ninguém pode ver o reino de DEUS...pode entrar no reino...» Precisamos lembrar que o termo «reino de DEUS» ou «reino dos céus» pode assumir vários significados, usualmente definidos no uso do texto. Ver nota em Mat. 3:2, onde há uma explicação sobre essa complexa designação.

Nos vss. 19 e 20 temos as classificações dos homens ante o reino dos céus: aqueles que violam os mandamentos são os ‘mínimos*; aqueles que os observam e ensinam são os «grandes». As falsas autoridades (vs. 20) nem ao menos poderiam entrar no reino. Essas autoridades são justamente aquelas que deixavam de lado os mandamentos importantes e frisavam os secundários; punham de lado o elemento moral e requeriam o ritual; eliminavam o divino e salientavam a tradição humana. Dessa maneira, punham de lado os princípios do reino de DEUS, ao mesmo tempo que perdiam o direito de participar desse reino.

Buttrick (in loc.) diz em citação parcial: «Sua justiça não era suficientemente extensa. Para eles, quem não observasse as questões externas era um pária: não comprariam alimentos para o tal. Não queriam ter contatos com os estrangeiros. Apertavam em tomo de si as suas vestes, para evitar a contaminação por contacto...Sua justiça não era bastante ampla. Muito frequentemente a religião deles se estreitava a meras proibições. Durante a Primeira Grande Guerra, um questionário feito entre as tropas, respondido por soldados britânicos, deixou claro que eles criam que o ensino da igreja era quase exclusivamente: ‘Não fumarás. Não usarás de juramentos. Não cobiçarás’. É óbvio que a disciplina tem seu legitimo lugar em qualquer religião verdadeira. Devemos ser separados de hábitos indignos, mas somente porque primeiro fomos ‘separados para CRISTO’... A justiça deles não era bastante profunda. Julgavam os homens em tons censuradores. Julgavam por hereditariedade. Qual seria, nesse caso, a posição de Lincoln ou de Keats?... não eram dotados de olhos perscrutadores de amor, e não entendiam a graça do sofrimento vicário. A justiça deles não era suficientemente elevada. Estavam satisfeitos consigo mesmos. Não havia ‘além’ para onde ir, não havia riscos, não havia aspirações, não havia abandono de alma em sua adoração. Era uma justiça formal e de teto reduzido. Não ansiavam pela visão de um mundo mais digno e não podiam perceber em CRISTO qualquer graça oculta. O ensino de CRISTO ultrapassa todas as muralhas, expande-se para além de meras proibições, aprofunda-se no sacrifício motivado pelo amor e alteia-se na direção da própria intenção de DEUS».

No trecho de 5:21-48, JESUS ilustra a verdadeira compreensão da lei. O espírito de santidade deve permear inteiramente a personalidade humana, por dentro e por fora; somente assim haverá santidade autêntica e a semelhança de DEUS na vida humana. As relações se referem à humanidade em geral, sem destacar amigos ou inimigos (vs. 21-23), aos inimigos (vs. 25), ao sexo oposto (vs. 27), aos esposos (vs. 31). CRISTO oferece seis ilustrações para esclarecer a compreensão espiritual da lei, em contraste com a interpretação errônea das autoridades judaicas: 1. O sexto mandamento: Não matarás(vss. 21 a 26), 2. O sétimo mandamento: Não adulterarás (vss. 27 a 30). 3. A lei do divórcio (vss. 31,32). 4. Os juramentos (vss. 33 a 37). 5. A vingança (vss. 38 a 42). 6. A lei do amor (vss. 43 a 48).

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 309-310.

ELABORADO: Pb Alessandro Silva (http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/) com algumas modificações do Pr. Luiz Henrique.

 

 

 

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

 

Lição 13, BETEL 4Tr24 NA ÍNTEGRA

 

Escrita Lição 13, BETEL, Aprendendo com os Dez Mandamentos: Pilares Éticos e Morais cujos princípios são relevantes e aplicáveis na vida contemporânea, 4Tr24, Com. Extras Pr Henrique, EBD NA TV

Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva

 

EBD, Revista Editora Betel, 4° Trimestre De 2024, Tema, OS DEZ MANDAMENTOS – Estabelecendo Princípios e Valores Morais, Sociais e Espirituais Imutáveis, para uma Vida Abençoada, Escola Bíblica Dominical

 

ESBOÇO DA LIÇÃO

1- CRISTO, O CUMPRIMENTO DA LEI

1.1. A lei moral, civil e cerimonial 

1.2. CRISTO e a Nova Aliança 

1.3. CRISTO e o cumprimento da lei 

2- OS DEZ MANDAMENTOS E A VIDA PRÁTICA

2.1. Os padrões perfeitos de DEUS 

2.2. Conduzem à manifestação prática do amor 

2.3. São um manual e guia para adoração e conduta 

3- PRINCÍPIOS BÁSICOS DOS DEZ MANDAMENTOS

3.1. Não devemos olhar apenas na letra da lei 

3.2. Cada mandamento trata de um grupo de pecados 

3.3. Os mandamentos exigem uma vida prática 

 

 

TEXTO ÁUREO

“Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.” 1 Coríntios 10.11

 

VERDADE APLICADA

Fomos libertos da escravidão do pecado para pertencermos a DEUS e vivermos segundo a Sua vontade em todas as áreas da vida, para a glória de DEUS.

 

OBJETIVOS DA LIÇÃO

Falar sobre os mandamentos e a vida prática.
Ensinar os princípios básicos dos Dez Mandamentos.
Destacar JESUS CRISTO com o cumprimento da Lei.

 

TEXTOS DE REFERÊNCIA - SALMO 119.97-103
97 Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia.
98 Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio que meus inimigos, pois estão sempre comigo.
99 Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos.
100 Sou mais prudente do que os velhos, porque guardo os teus preceitos.
101 Desviei os meus pés de todo caminho mau, para observar a tua palavra.
102 Não me apartei dos teus juízos, porque tu me ensinaste.
103 Oh! Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais doces do que o mel à minha boca.

 

LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA | Ex 29.13-17 O sacrifício e as cerimônias da consagração.
TERÇA | Mt 22.36-39 O grande mandamento.
QUARTA | Jo 14.21 É preciso guardar os mandamentos de DEUS.
QUINTA | Rm 7.5 A paixão do pecado obra frutos para a morte.
SEXTA | 2Co 3.6 Ministros de um novo testamento.
SÁBADO | EF 4.28-31 É preciso andar em santidade.


HINOS SUGERIDOS: 387, 394, 396

 

MOTIVO DE ORAÇÃO

Ore para que o amor ao próximo seja uma ação contínua em nossas vidas.

 

 

PONTO DE PARTIDA: Os princípios de DEUS são eternos.

 

INTRODUÇÃO

Os Dez Mandamentos possuem uma riqueza de princípios para a vida prática do povo de DEUS. Com o auxílio do ESPÍRITO SANTO e o amor de DEUS em nós derramado, é necessário e possível aplicar tais princípios em todas as áreas da vida enquanto estamos nesta terra. Eles são altamente protetivos e manifestam o amor e o cuidado que DEUS tem com cada um de nós.

 

 

1- CRISTO, O CUMPRIMENTO DA LEI

A Lei de DEUS revela Seu caráter divino e, em ambos os Testamentos, esses valores morais são ensinados como princípios eternos, pois, são a vontade de DEUS [Mt 5.18].

 

1.1. A lei moral, civil e cerimonial 

É de extrema importância sabermos distinguir cuidadosamente as diferenças entre a lei cerimonial, as leis civis ou judiciais, e a lei moral, pela qual o Criador estabelece a conduta moral de todas as criaturas para todos os tempos. A lei moral é o padrão justo e eterno para a nossa relação com DEUS e com o nosso próximo. A lei civil é composta por leis que regiam Israel como nação sob DEUS. Nelas havia orientações para guerras, restrições ao uso da terra, regulamentos para a dívida e penas por violações do código legal de Israel. A lei cerimonial tratava das festas, da adoração, dos alimentos, da pureza ritual, a conduta dos sacerdotes, como está no livro de Levítico. A lei cerimonial, que trata do culto, apontava para JESUS CRISTO, sendo sombra das coisas futuras [CI 2.7; Hb 10.1]; a lei civil foi dada a Israel como uma nação de governo teocrático; e lei moral revela o caráter santo de DEUS [Rm 7.12, 14]. Lembremo-nos de que esta classificação não significa que são três leis independentes, mas, sim, uma Lei que trata de diferentes aspectos da vida de Israel.

 

Russell Shedd (Lei, Graça e Santificação, Vida Nova, 1990, p. 23-24) escreveu sobre – JESUS Cumpriu a Lei: “Ao declarar que Ele veio não para abolir, mas para cumprir a lei [Mt 5.17], JESUS quis ensinar o verdadeiro uso e o valor da lei. 1. Ele veio para guardá-la perfeitamente, segundo a perfeita vontade do Autor. 2. Ele veio para transformar a sombra da lei na realidade por ela tipificada. Assim, todos os sacrifícios animais da lei mosaica alcançaram, na morte de JESUS, seu alvo histórico e seu completo cumprimento [Hb 9.12]. Todo o ritual, as festas, os sábados, o sacerdócio e o templo – atingiu sua finalidade completa na pessoa e obra de JESUS CRISTO. Neste sentido, a lei de Moisés tornou-se uma profecia cumprida.”

 

1.2. CRISTO e a Nova Aliança 

Já vimos na primeira lição sobre os Dez Mandamentos como resultado da revelação de DEUS no Sinai ratificando o pacto iniciado na libertação de Israel da escravidão do Egito por ocasião da instituição da Páscoa [Êx 24.8]. Assim, no Sinai, Moisés é o mediador da aliança entre DEUS e o povo de Israel [Êx 19.3-9]. Com a vinda de JESUS CRISTO, na plenitude dos tempos [Gl 4.4-5], Ele estabeleceu a Nova Aliança/Testamento em Seu sangue [Mt 26.28]. Jeremias profetizou sobre a Nova Aliança [Jr 31.31-33]. A Antiga Aliança exerceu um papel de tutor até a chegada da Nova Aliança [Gl 3.23-25].

 

Pr. Sérgio Costa (Carta aos Hebreus, Editora Betel, 2024, p. 25): “A Revelação de DEUS na Antiga Aliança foi um processo progressivo que culminou em JESUS de Nazaré. Ao longo do Antigo Testamento, DEUS utilizou-se de instrumentos como meios de revelação tais como os anjos, Moisés e os sumos sacerdotes. O Tabernáculo era o lugar onde ocorria essa revelação, e os sacrifícios eram meios de adoração e expiação dos pecados. (…) Embora essas formas de revelação fossem importantes, elas apontavam para a plenitude da Revelação que viria em JESUS CRISTO, o Mediador perfeito entre DEUS e a humanidade [Hb 1.1].

 

1.3. CRISTO e o cumprimento da lei 

Já vimos anteriormente que Nosso Senhor JESUS não veio para abolir a Lei e os ensinamentos dos profetas, mas, sim, para cumprir [Mt 5.17]. O apóstolo Paulo escreveu que não há ser humano que seja declarado justo tendo como base a obediência à Lei [Rm 3.19-20]. A Lei revela nossa necessidade de perdão, nossa incapacidade de agradar a DEUS por recursos próprios. Mas CRISTO cumpriu. “O fim da lei é CRISTO” [Rm 10.4]. CRISTO nos resgatou da maldição da lei [Gl 3.13]. Esta é a doutrina fundamental da fé cristã. Não é possível compreender a morte de CRISTO sem uma compreensão das exigências da lei. JESUS CRISTO cumpriu a lei, foi “obediente até a morte” [Fp 2.8], tomou sobre Si os nossos pecados, efetuou a perfeita e eterna redenção [Hb 9.12].

 

A lei não foi criada por DEUS somente para restringir o pecado. Ela nos ajuda a nos convencer do pecado, o que nos impulsiona diretamente aos braços de CRISTO [Rm 3.20]. Uma vez que CRISTO cumpriu toda a lei em nosso lugar, devemos estar nEle para que sejamos reconciliados com DEUS [2Co 5.19-21]. JESUS pode fazer por nós o que a lei nunca pôde: nos salvar. Ele é nosso mediador, nosso advogado [1Tm 2.5-6].

 

EU ENSINEI QUE: A Lei de DEUS revela Seu caráter divino.

 

2- OS DEZ MANDAMENTOS E A VIDA PRÁTICA

Podemos destacar no estudo dos Dez Mandamentos, três princípios que devem nortear o nosso viver ao longo da jornada cristã: os padrões de DEUS, nosso relacionamento com o próximo e um manual de adoração e conduta.

 

2.1. Os padrões perfeitos de DEUS 

O fato de não estarmos mais debaixo da Antiga Aliança não significa que os padrões de DEUS deixaram de existir ou não mais são exigidos. Tais pensamentos podem servir como justificativa para um viver que transforma a graça de DEUS em libertinagem [Jd 4]. É crucial ter em mente que os Dez Mandamentos revelam algo do caráter moral de DEUS e que nEle “não há mudança nem sombra de variação” [Tg 1.17]. Ο Senhor DEUS nos libertou da escravidão do pecado, nos tirou da potestade das trevas para sermos dEle e vivermos de acordo com a vontade dele. Em CRISTO é possível uma vida de fidelidade a DEUS em amor [Mt 22.36-40]. “E este é o amor: que andemos em obediência aos seus mandamentos” [2Jo 6]. O Senhor JESUS ordenou aos Seus discípulos que se dedicassem a ensinar outros discípulos a guardarem todas as coisas que Ele tinha mandado [Mt 28.20]. Todos precisam conhecer os padrões de DEUS. Todos necessitam ser participantes da natureza divina. Todos precisam andar em ESPÍRITO.

 

Bispo Abner Ferreira (Revista Betel Dominical, 2º Trimestre de 2024, Lição 6- Ordenança para uma vida de obediência e submissão): “Ser obediente faz parte do estilo de vida que se requer de todo discípulo de CRISTO. Trata-se de um princípio bíblico, revelado desde o início da humanidade. É relevante a obediência em nosso relacionamento com DEUS e em diferentes níveis de relacionamento interpessoal. Nosso maior exemplo é JESUS CRISTO – “obediente até a morte” [Rm 5.19; Fp 2.8; HЬ 10.9].”

 

2.2. Conduzem à manifestação prática do amor 

Escrevendo aos romanos, Paulo nos afirma que o amor cumpre a lei [Rm 13.10]. João nos diz que o amor nos guia para cumpri-la. A ideia prática aqui é que amor e mandamentos caminham juntos. O amor é o motivo para obedecer, enquanto os mandamentos orientam e dirigem esse amor [1Jo 5.3]. Quando JESUS assinala que o cumprimento da lei e dos profetas está em amar a DEUS acima de tudo e ao próximo como a nós mesmos, a base é o amor [Mt 7.12; 22.37-40]. Sem o exercício do amor, é impossível que guardemos Seus mandamentos [Jo 14.21]. No identificado “discurso de despedida” [Jo 13-16], logo no início, nosso Senhor diz, a um grupo de discípulos preocupados e aflitos por ouvirem que JESUS iria partir e que eles não poderiam acompanhá-Lo, o que Ele espera deles: “Amem-se uns aos outros. O padrão de comparação quanto a este amor é o amor de JESUS [Jo 13.1, 34]. JESUS identifica como “um novo mandamento”.

 

F. Bruce (João – Introdução e comentário, Vida Nova, 1987, p. 253): “O mandamento do amor não era totalmente novo; toda a lei e os profetas foram resumidos no mandamento duplo [Dt 6.5; Lv 19.18; Mc 12.28-33; Gl 5.14]; mas, com seu ensino e ainda mais com seu exemplo JESUS lhe deu uma nova profundidade de significado (…) Se a comunhão cristã for caracterizada por este tipo de amor, então, ela será reconhecida como comunhão dos seguidores de CRISTO; apresentará a marca inconfundível do seu amor.”

 

2.3. São um manual e guia para adoração e conduta 

Os primeiros quatro mandamentos nos ensinam a diferença entre a adoração verdadeira e a adoração falsa. Por exemplo, no primeiro mandamento temos “o objeto de adoração”; no segundo “os meios de adoração”; no terceiro “a maneira da adoração”; e no quarto mandamento temos o “tempo de adoração”. Esses mandamentos tratam de nossa reverência e nosso respeito pela pessoa, autoridade e glória de DEUS. Portanto, nossa atitude para com DEUS refletirá em nossa atitude para com a família e o próximo: “Honra a teu pai e a tua mãe”, “Não matarás“, “Não cometerás adultério”, “Não furtarás”, “Não dirás falso testemunho” e “Não cobiçarás”.

 

Os princípios contidos nestes mandamentos, como vimos em lições anteriores, devem nortear a conduta dos discípulos de CRISTO [Dt 5.7-21]. Esses mandamentos foram projetados por DEUS para governar nosso comportamento em relação ao próximo. A pessoa que ama seu próximo não cometerá nenhum desses pecados contra ele. Esses seis mandamentos nos protegem de muitos perigos e nos alertam sobre os desejos e fraquezas de nossa natureza corrupta. Então, é óbvio que eles são muito úteis em um sentido prático [Ex 31.18; Dt 9.10].

 

EU ENSINEI QUE: Os Dez Mandamentos estabelecem regras e padrões de justiça, nos conduzem a um amor prático com nosso semelhante e nos guiam a uma adoração verdadeira.

 

3- PRINCÍPIOS BÁSICOS DOS DEZ MANDAMENTOS

Os Dez Mandamentos vão além de uma conformidade “externa” e superficial aos seus mandatos. Eles tratam com o coração, com os motivos, os desejos e pensamentos do coração.

 

3.1. Não devemos olhar apenas na letra da lei 

Para discernirmos os princípios básicos dos Dez Mandamentos e sermos norteados por eles, é preciso ir além da leitura, memorização, verbalização e demonstrações exteriores. É crucial a experiência do novo nascimento, a ajuda do ESPÍRITO SANTO, estar em CRISTO e, assim, ser movido pelo amor a DEUS e ao próximo [Mt 23.24]. Este foi o erro dos fariseus que CRISTO apontou tantas vezes. Eles interpretaram os mandamentos como algo puramente legal e superficial. Guardavam a “letra” e se esqueciam do espírito da lei [Mc 7.13; Rm 7.5; 2Co 3.6]. Por natureza, todos os homens preferem que a religião seja algo mecânico, algo que se possa realizar por si mesmo e com as próprias forças. Quase todo mundo quer uma religião que não vá além de uma lista de proibições superficiais e externas.

 

Russell Shedd (Lei, Graça e Santificação, Vida Nova, 1990, p. 45-53) escreveu sobre “O Legalismo”: “O legalismo concentra sua atenção no comportamento. Ele codifica as exigências da santidade em regras passíveis de observação. Procura controlar o crente como alguém que ainda vive no mundo. Trata o regenerado como um incrédulo, carregando-o de exigências que criam temor ou a soberba (estabelece uma lista de atitudes e comportamentos proibidos). É fácil esquecer que há muitos não convertidos que não se interessam por nenhuma dessas práticas, mas nem por isso estão mais perto do reino. A raiz do pecado não está nas práticas externas de proibições humanas, mas no amor-próprio que brota no lugar da devoção a DEUS.”

 

3.2. Cada mandamento trata de um grupo de pecados 

Os pecados mencionados nos Dez Mandamentos representam grupos de pecados relacionados e similares. Ou seja, cada mandamento específico encabeça outros pecados semelhantes. Cada mandamento particular trata com uma categoria ou classe de pecados que estão relacionados. Por exemplo, o mandamento: “Não matarás”, inclui muitos outros pecados. De acordo com o Sermão do Monte, inclui: ódio, raiva injusta, palavras abusivas e até mesmo qualquer desejo ou inclinação para fazer mal ao nosso próximo [Mt 5.21-22]. CRISTO ensinou nesta passagem que a pessoa que usa palavras abusivas é tão culpada quanto o homicida. Esses sentimentos manifestam o mal ao próximo e não o bem [Ef 4.31; 1Jo 3.15].

 

Russell Shedd (Lei, Graça e Santificação, Vida Nova, 1990, p. 53): “O legalismo não pode evitar os pecados do íntimo que mais ofendem a DEUS. O orgulho e a hipocrisia se espalham e crescem como o mato que toma conta de um jardim não cuidado. Muito mais aconselhável do que tentar impor nossas “leis” [Rm 14.1-7], seria lembrar que vivemos pelo Senhor [Rm 14.8] e não para nós mesmos, nem para manipular os participantes da mesma graça de nosso Senhor JESUS.”

 

3.3. Os mandamentos exigem uma vida prática 

Em outras palavras, podemos dizer que os mandamentos são negativos e positivos. Eles são expressos negativamente para enfatizar a pecaminosidade dos homens, mas sempre vão além do elemento negativo e nos conduzem ao elemento positivo. Podemos ver este ponto, por exemplo, em Hebreus 13.5, onde o mandamento “não cobiçarás” significa não apenas que deixemos a ganância, mas que estamos contentes com o que temos. Em outras palavras, gratidão e contentamento são o aspecto positivo do décimo mandamento. Mais um exemplo é Efésios 4.28, onde aprendemos que, além de deixar o roubo, deve-se trabalhar honestamente e repartir com o que necessita.

 

Os mandamentos exigem que não deixemos apenas certos vícios, mas que também coloquemos em prática certas virtudes. O que roubava deve abandonar essa prática, depois ele deve passar a fazer o que é bom e trabalhar honestamente, o que é agradável a DEUS. Após isso, ele deve aprender a repartir com os necessitados. Assim, o lado positivo do mandamento “não furtarás” consiste não apenas em trabalhar, mas também em dar aos outros [Lc 19.8; Ef 4.28].

 

EU ENSINEI QUE: Os Dez Mandamentos tratam com o coração, com os motivos, os desejos e pensamentos do coração.

 

CONCLUSÃO

O fato de os Dez Mandamentos expressarem a vontade de DEUS e revelarem o Seu santo caráter, deve mover-nos a estudá-los e procurarmos discernir os princípios neles contidos. Evidente que, para tanto, devemos ser norteados pela contínua ação do ESPÍRITO SANTO e pelo amor a DEUS, visando um viver que agrada ao Senhor, testemunha a todos a salvação e o plano de DEUS para a humanidade e a glória de DEUS.