Escrita Lição 4, Resguardando-se de Sentimentos Ruins, 2Tr22, Pr Henrique, EBD NA TV

 Lição 4, Resguardando-se de Sentimentos Ruins
Preciso muito da ajuda dos irmãos, mesmo que seja com 10,00. Quem puder ajudar, envie por uma das contas abaixo, em nome de JESUS.
PIX - 33195781620 meu CPF também
Caixa Econômica e Lotéricas - Agência 3151 - poupança 013 - 00056421-6 variação - 1288 - conta 000859093213-1
Luiz Henrique de Almeida Silva
Bradesco – Agência 2365-5 Conta Corrente 7074-2 Luiz Henrique de Almeida Silva
Banco do Brasil – Agência 4322-2 Conta Poupança 27333-3 variação 51 
Edna Maria Cruz Silva
 
 


 
Lição 4, Resguardando-se de Sentimentos Ruins
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TEXTO ÁUREO
“Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo [...].”  (Mt 5.22)
 
 
VERDADE PRÁTICA
A cólera e a ira não podem dominar o coração do crente. Elas devem ser evitadas e vencidas com o ensino do Evangelho.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Mt 5.21 Um mandamento que preserva e sacraliza a vida.
Em tempos de aborto sendo aprovado em vários países, nunca foi tão atual este mandamento. Não Matarás. O erro fundamental dos professores judeus era dizer que a lei divina proibia somente o ato pecaminoso, e não o pensamento pecaminoso; eles estavam inclinados a haerere in corticeae – descansar na letra da lei, e nunca investigaram o seu significado espiritual.
Terça - Mt 5.22 O verdadeiro alcance do sexto mandamento
5.22 SE ENCOLERIZAR... RACA... LOUCO. JESUS não se refere à ira justa contra os ímpios e iníquos (cf. Jo 2.13-17); Ele condena o ódio vingativo, que deseja, de modo injusto, a morte doutra pessoa. Raca é um termo de desprezo que provavelmente significa tolo , estúpido . Chamar alguém de louco, com ira e desprezo, pode indicar um tipo de atitude de coração, conducente ao perigo do fogo do inferno .
Quarta - 1 Jo 3.15 Quem aborrece o seu irmão é homicida
3.15 NENHUM HOMICIDA TEM... A VIDA ETERNA. A Bíblia geralmente faz uma distinção entre tipos diferentes de pecados: pecados involuntários (Lv 4.2,13,22; 5.4-6; ver 4.2; Nm 15.31), pecados menos sérios (Mt 5.19), pecados voluntários (5.16,17) e os pecados que levam à morte espiritual (5.16). João enfatiza que há certos pecados que o crente nascido de novo não cometerá, porque nele permanece a vida eterna de CRISTO (cf. 1Jo 2.11,15,16; 3.6-8,10,14,15; 4.20; 5.2; 2 Jo 9). Esses pecados, por causa da sua gravidade e da sua origem no próprio espírito da pessoa, evidenciam uma rebelião resoluta da pessoa contra DEUS, um afastamento de CRISTO, um decair da graça e uma cessação da vida vital da salvação (Gl 5.4). (1) Exemplos de pecados nos quais há evidência clara de que a pessoa continua nos laços da iniquidade ou que caiu da graça e da vida eterna são: a apostasia (2.19; 4.6; Hb 10.26-31), o assassinato (v. 15; 2.11), a impureza ou imoralidade sexual (Rm 1.21-27; 1 Co 5; Ef 5.5; Ap 21.8), abandonar a própria família (1 Tm 5.8), fazer o próximo pecar (Mt 18.6-10) e a crueldade (Mt 24.48-51). Esses pecados abomináveis evidenciam uma total rejeição da honra devida a DEUS, e da solicitude amorosa para com o próximo (cf. 1Jo 2.9,10; 3.6-10; 1 Co 6.9-11; Gl 5.19-21; 1 Ts 4.5; 2 Tm 3.1-5; Hb 3.7-19). Por isso, quem disser: "O ESPÍRITO SANTO habita em mim, tenho comunhão com JESUS CRISTO e estou salvo por Ele", mas pratica tais pecados, engana a si mesmo e "é mentiroso, e nele não está a verdade" (1Jo 2.4; cf. 1Jo 1.6; 3.7,8). (2) O crente deve ter em mente que todos os pecados, até mesmo os menos graves, podem levar ao enfraquecimento da vida espiritual, à rejeição da direção do ESPÍRITO SANTO e, daí, à morte espiritual (Rm 6.15-23; 8.5-13).
Quinta - 1 Jo 4.20 Quem diz amar a DEUS, mas aborrece seu irmão, é mentiroso.
Nosso amor aos irmãos, uma coisa visível, comprova o nosso amor a DEUS, uma entidade invisível. É fácil dizer piedosamente, "eu amo a DEUS"; João diz que a verdadeira piedade se comprova no amor fraternal. Mais ainda, ele insiste na ideia declarando no versículo 21 que este é um mandamento de CRISTO (Jo. 13:34).
Sexta - Sl 66.13-20 Entregue a sua oferta com um coração puro
66.18 SE EU ATENDER À INIQÜIDADE... O SENHOR NÃO ME OUVIRÁ. Aqueles que têm prazer na iniquidade não têm esperança de resposta às suas orações quando invocam a DEUS. Ele quer que nos apartemos do pecado; só, então, é que Ele nos atenderá assim como um Pai atende um filho (2 Co 6.14-18; ver Tg 4.3; 1 Jo 3.22)
Sábado - 1 Co 6.1,5 Os cristãos devem ter maturidade para resolver as desavenças
6.1 IR A JUÍZO PERANTE OS INJUSTOS. Quando ocorrem disputas banais (v. 2) entre os cristãos, isso deve ser julgado na igreja e não na justiça secular. A igreja deve julgar entre aquilo que é certo ou errado, dar seu veredito e disciplinar o culpado, se necessário for (ver Mt 18.15). (1) Isso não significa que o crente não possa ir à justiça, em casos graves ligados a incrédulos. O próprio apóstolo Paulo apelou ao sistema judiciário mais de uma vez (ver At 16.37-39; 25.10-12). (2) Paulo não está dizendo, tampouco, que a igreja deve permitir que seus membros abusem ou maltratem ilicitamente os inocentes, como viúvas, crianças ou os indefesos. Pelo contrário, Paulo fala de questões em que é difícil determinar quem tem razão. Casos pecaminosos ostensivos não devem ser tolerados, mas tratados de conformidade com as instruções de CRISTO em Mt 18.15-17. (3) Além disso, quando um suposto "irmão" se divorcia ou abandona sua família e se recusa a sustentar sua esposa e filhos com pensão alimentícia, uma mãe, com motivos justos e ante a necessidade dos filhos, pode apelar à justiça. Paulo não defende a ideia de deixar os violadores da lei defraudarem o próximo, nem serem uma ameaça à vida ou ao bem-estar dos outros. Sua declaração no versículo 8, indica que ele está falando das disputas mínimas, em que a injustiça sofrida pode ser suportada e tolerada.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 5.21-26
21 - Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. 22 - Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno. 23 - Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 - deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta. 25 - Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. 26 - Em verdade te digo que, de maneira nenhuma, sairás dali, enquanto não pagares o último ceitil.
 
 RACA ρακα rhaka
de origem aramaica, cf 7386 ריק;
1) vazio, i.e., sem sentido, pessoa que tem cabeça vazia, cabeça oca - 2) termo de repreensão usado entre os judeus no tempo de Cristo
 
 5.21 A fim de ir bem fundo em Sua mensagem, JESUS usou uma série de contrastes entre o aparente cumprimento da Lei e a motivação interior desejada por DEUS. Aqui encontramos a aplicação prática do verdadeiro caráter cristão na vida espiritual. O cristão pode viver acima das exigências da Lei e das tentações porque tem gravado no íntimo a natureza divina que habita dentro dele.
5.21 — Ouvistes que foi dito. Refere-se aos ensinamentos de vários rabinos, não aos de Moisés. JESUS estava questionando a interpretação dos mestres judeus, não o Antigo Testamento.
5.22-24 — Os escribas e fariseus diziam que, se uma pessoa se referisse a alguém como raca, que significa cabeça vazia, corria o risco de ser levado diante do Sinédrio por difamação. JESUS, por outro lado, afirmou que todo aquele que chamasse o outro de louco teria de prestar contas a DEUS. Isso não quer dizer que chamar alguém de louco condenará o cristão ao castigo eterno no inferno. Em vez disso, usando como ilustração a destruição do lixo no vale de Hinom, JESUS estava dizendo que dizer tais palavras levaria as pessoas a uma situação muito pior no dia do Juízo (1 Co 3.12-15).
5.25,26 — A melhor coisa é não ter inimigos. Temos de buscar sempre a paz, porque nossos inimigos podem causar-nos grandes danos.
Reconciliar antes de adorar (5.21-26)
A lei dizia: “Não matarás ”, mas JESUS disse: “Não se ire contra seu irmão” (v.21-22). A ira é o embrião do homicídio. Por esta razão os cristãos devem ser rápidos para ajustar as diferenças que surgem antes que se transformem em ira e processos judiciais. A adoração é aceitável somente quando somos reconciliados com nossos irmãos (v.23-26).

PALAVRA-CHAVE - Sentimento

Resumo da Lição 4, Resguardando-se de Sentimentos Ruins
I – O EVANGELHO NÃO É ANTINOMISTA
1. O que é Antinomismo?
2. A Lei e o Evangelho.
3. Legalismo x Antinomismo.
II – A CÓLERA É O PRIMEIRO ATO PARA O HOMICÍDIO
1. JESUS e o sexto mandamento.
2. A cólera no contexto bíblico.
3. O valor da pessoa humana.
III – A “OFERTA DO ALTAR” E A DESAVENÇA
1. A oferta do altar.
2. Evitando a desavença.
 
 
COMENTÁRIO BÍBLICO -  William Barclay - Novo Testamento - Mateus 5:21-48 (Com algumas modificações do Pr. Henrique)
Esta porção dos ensinos de Jesus é uma das seções mais importantes de todo o Novo Testamento. Antes de nos ocuparmos do comentário detalhado de cada uma de suas partes, há alguns conceitos gerais sobre os quais devemos nos espraiar.
Aqui Jesus fala com uma autoridade que nenhum outro homem sonhou jamais reclamar ou ostentar. A autoridade que Jesus assumiu, sempre surpreendia a quem entrava em contato com Ele. No começo de seu ministério, depois que ensinou na sinagoga do Cafarnaum, diz-se dos que o ouviram: "E se admiravam por sua doutrina, porque lhes ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas" (Mar. 1:22). Mateus conclui sua apresentação do Sermão da Montanha com as palavras:
"Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas" (Mateus 7:28-29).
Para nós é muito difícil nos darmos conta de quão chocante deve ter sido esta autoridade para os judeus que o escutaram. Para o judeu a Lei era absolutamente santa e divina; seria impossível exagerar o lugar que a Lei ocupava em sua reverência. "A Lei", disse Aristeas, "é santa e foi dada Por Deus." "Somente os decretos do Moisés", disse Filão, "são eternos, imutáveis e inamovíveis, como se a própria natureza os tivesse selado com seu selo." Os rabinos diziam: "Os que negam que a Lei é do céu não têm parte no mundo vindouro." "Se alguém disser que a Lei é de Deus, mas excetua este ou aquele versículo de seu texto, aduzindo que pertence a Moisés, e que não foi pronunciado pela boca de Deus, sobre o tal cai o julgamento divino. Desprezou a palavra de seu Senhor e deste modo manifestou a irreverência que merece a destruição de sua alma." O primeiro ato do culto sabático de toda sinagoga era tirar os rolos da Lei da arca onde eram guardados e passeá-los pela congregação, para que esta pudesse demonstrar sua reverência para com eles.
Isto é o que os judeus pensavam sobre a Lei, e Jesus não menos de cinco vezes cita a Lei (Mateus 5:21, 27, 33, 38 e 43) para dizer sua real interpretação  imediatamente com seu ensino divino. Exerceu o direito de interpretar os escritos mais sagrados do mundo, e corrigir o entendimento dos maiores rabinos de todas a s épocas, partindo de sua pura e exclusiva sabedoria. Os gregos definiam a autoridade (exousia) como o poder para "pôr e tirar à vontade".
Jesus alegou possuir esta autoridade até com respeito àquilo que para os judeus era a imutável palavra de Deus. E nem sequer discutiu sua autoridade com eles, nem procurou justificar-se pelo que fazia, nem acreditou necessário demonstrar seu direito a fazê-lo. Calmamente e sem discussão assumiu o direito que acreditava ser seu.
Nunca ninguém tinha ouvido nada semelhante. Os mestres do judaísmo sempre tinham usado frases características que determinavam o caráter de seus ensinos. Os profetas, por exemplo, diziam "Assim diz o Senhor." Não pretendiam possuir autoridade pessoal alguma, a única coisa que faziam era repetir o que tinham ouvido de Deus. A frase característica dos rabinos e escribas era "Há um ensino que diz..." O escriba ou o rabino jamais se atrevia a expressar nem sequer uma opinião própria, a menos que pudesse sustentá-la com citações dos grandes mestres do passado. A última qualidade que teriam reclamado para si era a de uma doutrina independente. Mas para Jesus suas afirmações não necessitavam de outra autoridade fora do fato que era Ele quem as pronunciava. Ele era sua própria autoridade.
Paulo, inspirado pelo ESPÍRITO SANTO, disse: Assim, a lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom. Romanos 7:12
Evidentemente, a verdade era uma coisa ou outra - ou Jesus era um louco, ou era único em sua espécie. Ou era um megalomaníaco, ou era o Filho de Deus. Nenhum homem comum se atreveu a mexer no que, até o momento de sua vinda, tinha sido considerado a eterna palavra de Deus. O mais extraordinário com respeito à autoridade é que se demonstra a si mesma. Basta alguém se pôr a ensinar para que saibamos, imediatamente, se tem ou não direito a ensinar. A autoridade é como a atmosfera que o rodeia. Se a tiver não precisa reclamá-la; é algo que se possui ou não se possui. As orquestras que tocaram sob a direção do Toscanini, o grande músico, dizem que assim que subia ao pódio podia sentir-se quase fisicamente o fluxo da autoridade que emanava dele. Julian Duguid recorda como em certa oportunidade lhe tocou a sorte de fazer a travessia do Atlântico no mesmo navio que Sir Wilfrid Grenfell, e diz que quando Grenfell entrava em qualquer dos salões do navio, não precisava voltar-se para a porta a fim de saber que ele acabava de entrar, pois daquele homem emanava uma onda de poder e autoridade. No caso de Jesus, esta qualidade se dava em grau supremo.
Jesus tomou em suas mãos a sabedoria superior dos homens, corrigiu-a, reajustou-a, e pôde fazê-lo porque era quem era. Não precisava discutir suas idéias; era suficiente que as comunicasse. Ninguém pode confrontar honestamente a Jesus e escutar suas palavras sem sentir que está em presença da última palavra de Deus, junto à qual todas as outras palavras são totalmente inadequadas, e qualquer outra sabedoria é antiquada.
A NOVA PAUTA MORAL - Mateus 5:21-48 (continuação)
Mas por desconcertante que fosse o acento de autoridade de Jesus, mais ainda o eram as pautas morais que propunha aos homens. Jesus disse que aos olhos de Deus não somente era criminoso o homem que cometia um assassinato, mas também aquele que se irava com seu irmão. Disse que aos olhos de Deus não somente era culpado o homem que cometia adultério, mas também aquele que alojava em seu coração pensamentos impuros. Aqui há algo totalmente novo, algo que mesmo agora os homens não chegaram a compreender totalmente. Jesus ensinou que não era suficiente não cometer assassinato, era necessário nem sequer ter desejado jamais a morte de nosso irmão. Ensinou que não era suficiente não cometer adultério; era necessário incluso não ter desejado adulterar.
É possível que jamais tenhamos batido em alguém; mas quem pode dizer que jamais desejou bater em alguém? É possível que jamais tenhamos cometido adultério; mas quem pode dizer que jamais experimentou o desejo da mulher de outro? O ensino de Jesus era que os pensamentos são tão importantes como os fatos, e que não era suficiente não cometer um pecado; a única coisa suficiente é não desejar jamais cometê-lo. O ensino de Jesus era que o ser humano não será julgado apenas por suas ações, mas sim, e ainda mais, por seus desejos, embora jamais tenham chegado a transformar-se em ação. Segundo as pautas morais do mundo uma pessoa é boa se não cometer ações proibidas; o mundo não tem interesse em julgar os pensamentos. Segundo a pauta moral que Jesus propõe, ninguém pode ser considerado bom a menos que jamais deseje fazer o proibido; Jesus Se interessa profundamente pelos pensamentos humanos. Disto surgem três coisas.
(1) Jesus tinha muita razão, porque sua atitude é a única que pode garantir a segurança e a felicidade.
Em certa medida todos os seres humanos são personalidades divididas. Há uma parte de nosso eu que se sente atraída pelo bem, e outra parte que se sente atraída pelo mal. Na medida em que realmente somos assim, no interior de cada um de nós se trava uma batalha entre o bem e o mal. Há uma voz que nos incita a tomar o fruto proibido, e outra que proíbe fazê-lo. Platão comparava a alma com um carro puxado por dois cavalos. Um dos cavalos, manso e dócil, obedecia às rédeas e às vozes do condutor. O outro, selvagem, não tinha sido domesticado, e todo o tempo procurava rebelar-se. O nome do primeiro cavalo era "razão", o nome do segundo era "paixão". A vida é sempre um conflito entre as exigências das paixões e o controle da razão.
A razão é a rédea que mantém sob controle as paixões. Mas uma rédea pode romper-se em qualquer momento. É possível que o domínio próprio baixe a guarda por um instante. O que ocorre então? Na medida em que exista essa tensão interior, esse conflito, a vida será permanentemente insegura. Em tais circunstâncias não pode haver segurança permanente. A única forma de obter a segurança é erradicar de maneira total de si mesmo o desejo do fruto proibido. Então, e somente então, poderemos estar seguros.
(2) Sendo isto assim, somente Deus está em condições de julgar os homens.
Nós somente podemos ver as ações exteriores dos homens. Deus é o único que pode ver o segredo do coração. E haverá muitos cujas ações exteriores possivelmente sejam um modelo de retidão mas cujos pensamentos mais íntimos estão sob o juízo de Deus. Mais de uma pessoa poderá sair-se bem do julgamento dos homens, que necessariamente será um julgamento superficial, mas verá desmoronar-se sua bondade ante o olho de Deus que tudo vê.
(3) E se isto é assim, significa que todos somos pecadores, porque não há ninguém que possa suportar o julgamento de Deus.
Embora tenhamos vivido uma vida de perfeição moral no exterior, não existe quem pode afirmar que jamais experimentou o desejo do proibido. Porque a perfeição interior é a única coisa que torna possível que alguém possa afirmar "Eu morri, e Cristo vive em mim". "Com Cristo estou juntamente crucificado", disse São Paulo, "e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2:20).
Porém até mesmo Paulo diz não ter alcançado a perfeição: “Não que já a tenha alcançado ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo JESUS”. Filipenses 3:12
A nova pauta moral elimina toda possibilidade de orgulho, e conduz a Jesus, o único que pode nos elevar até a altura da pauta que Ele mesmo nos propôs.
PROIBIÇÃO DA IRA - Mateus 5:21, 22
Aqui temos o primeiro exemplo da nova pauta moral que Jesus estabelece. A lei antiga dizia: "Não matarás" (Êxodo 20:13); mas Jesus estabelece que até a irritação contra o irmão está proibido. É de fazer notar que em algumas versões o homem que é condenado é o que se zanga "sem causa" ou "loucamente", mas estas palavras não se acham em nenhum dos grandes manuscritos. A proibição é absoluta. Não basta não bater no outro - é necessário incluso não desejar bater nele, nem sequer alojar sentimentos agressivos para com ele em nosso coração.
Nesta passagem Jesus raciocina de maneira muito similar à que teria feito um rabino. Demonstra que sabe utilizar os métodos de discussão que eram habituais em sua época. Nesta passagem há uma nítida gradação da ira, e a correspondente gradação crescente dos castigos.
(1) Primeiro está o homem que se zanga com seu irmão.
Em grego havia duas palavras para descrever a ira. Uma delas, zumós, significa literalmente o fogo que produz a palha seca. Trata-se da ira que se inflama repentinamente, mas que com a mesma prontidão se extingue. A outra palavra é orgué. Neste caso se trata da ira longamente cultivada, a de quem odeia e seguirá odiando, sem permitir jamais que sua ira diminua. Esta é palavra usada por Jesus.
Esta ira merece o julgamento dos tribunais. Jesus se refere ao tribunal que funcionava em qualquer população, das cidades até o menor vilarejo. Este tribunal estava composto pelos anciãos do lugar e o número de juízes variava segundo o tamanho da população: eram três nos pequenos povoados, com menos de cento e cinquenta habitantes, sete nas cidades de província e vinte e três nas grandes capitais.
De maneira que Jesus condena toda ira egoísta. A Bíblia diz bem claramente que a ira é um sentimento proibido. "A ira do homem", diz Tiago, "não produz a justiça de Deus" (Tiago 1:20). Paulo ordena aos seus: "despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar..." (Colossenses 3:8).
Também os mais elevados pensadores do paganismo compreenderam a estupidez da ira. Cícero disse que quando se experimentava ira "nada podia fazer-se inteligentemente nem de maneira justa". Em uma frase tremendamente vívida, Sêneca descreveu a ira como "uma loucura passageira".
De maneira que Jesus proíbe categoricamente a ira rancorosa, a ira que jamais esquece, a ira que se nega a ser reconciliada e busca a vingança. Se desejamos obedecê-lo devemos eliminar de nossa vida toda forma de ira, irritação ou ódio apaixonado, particularmente aqueles que duram muito tempo sem aplacar-se. É muito importante recordar que ninguém que queira chamar-se cristão pode "perder os estribos" quando de algum modo foi ofendido pessoalmente.
(2) A seguir Jesus passa a descrever o caso em que a ira dá lugar às palavras insultantes.
Os mestres do judaísmo proibiam tal tipo de irritação e tais palavras. Falavam de "a opressão das palavras" e do "pecado do insulto". Um de seus ditos sustentava: "Há três classes de homens que vão à Geena e não retornam jamais - o adúltero, que faz envergonhar abertamente a seu próximo, e o que insulta a seu semelhante." E a ira que está proibida tanto no coração do homem como em sua boca.
AS PALAVRAS OFENSIVAS - Mateus 5:21, 22 (continuação)
Em primeiro lugar se condena ao homem que chama raca a seu irmão.
Raca é a palavra que em nossas Bíblias se traduz por "néscio". É uma palavra quase impossível de traduzir, porque a gradação de seu significado dependia do tom de voz que se usasse ao pronunciá-la. A ideia dominante deste insulto é a do desprezo. Chamar a alguém raca era lhe dizer estúpido, idiota sem miolos, imprestável e nulo. É a palavra que escutaremos na boca de quem despreza a outro com absoluta arrogância.
Entre os judeus há uma história de um certo rabino, Simão Ben Eleazar, que saía da casa de seu professor, sentindo-se exaltado pela consciência de sua própria sabedoria, erudição e bondade. Nesse momento cruzou por ele alguém muito pouco favorecido em seu aspecto, quem o saudou. Sem responder à saudação Ben Eleazar lhe gritou: "Raca! Quão feio você é! Todos os homens de sua cidade são tão feios como você?" O caminhante lhe respondeu: "Isso não sei. Vá e diga ao Criador que me fez uma criatura tão feia como sou." Este foi o modo como se castigou o pecado de desprezo.
O pecado de desprezo é merecedor de um castigo ainda mais sério.
Deverá ser julgado pelo Sinédrio, a corte suprema dos judeus. É óbvio que isto não deve ser tomado literalmente. É como se Jesus tivesse dito:
"O pecado da ira inveterada é mal, mas o do desprezo é pior." Não há pecado tão pouco cristão como o do desprezo. Há um desprezo que se baseia no orgulho da estirpe, e o esnobismo é realmente uma coisa feia. Há uma atitude de superioridade que obedece à posição e o dinheiro que se têm, e o orgulho pelas coisas materiais também é algo vil. Há um orgulho dos que desprezam os que sabem menos que eles, e de todos orgulhos este é o mais difícil de entender, porque nenhum homem verdadeiramente sábio jamais se sentiu impressionado por outra coisa senão por sua própria ignorância. Não podemos olhar depreciativamente a ninguém, porque Cristo morreu por todos.
(3) A seguir Jesus se refere ao homem que chama morós a seu irmão. Morós também significa néscio ou tolo, mas o acento está posto na tolice moral.
É o homem que simula ser néscio. O salmista, por exemplo, fala do néscio que em seu coração diz que não há Deus (Salmo 14:1). Trata-se, neste caso, de um retardado moral, do homem que vive de maneira imoral e portanto desejaria que não houvesse Deus. Dizer a alguém morós não era criticar sua capacidade mental, mas pôr em tela de juízo seu caráter moral; equivalia a manchar seu bom nome e reputação, a qualificá-lo como uma pessoa de vida dissipada e imoral.
E Jesus diz que aquele que destrói o bom nome de seu irmão e sua reputação de pessoa honesta e reta deverá enfrentar o juízo mais terrível de todos, o do fogo do Geena. Geena é um termo com uma longa história. Às vezes é traduzido, como em nossa citação, diretamente por inferno. Os judeus usavam esta palavra muito frequentemente (veja-se Mateus 5:22, 29, 30; 10:28; 18:9; 23:15, 33; Marcos 9:43, 45, 41. Lucas 12:5; Tiago 3:6). Em realidade, só se refere ao Vale de Hinom, que estava localizado para o sudoeste de Jerusalém. Era lembrado como o lugar onde Acaz tinha introduzido o culto a Moloque, um deus pagão. Este culto tinha como uma de suas características a imolação de crianças vivas no fogo do altar. "Também queimou incenso no vale do filho de Hinom e queimou a seus próprios filhos..." (2 Crônicas 28:3). Josias, o rei reformador, tinha eliminado totalmente esse culto, e ordenando que o lugar onde era celebrado fosse maldito para sempre. "Também profanou a Tofete, que está no vale dos filhos de Hinom, para que ninguém queimasse a seu filho ou a sua filha como sacrifício a Moloque." (2 Reis 23:10). Em consequência o vale do Hinom se converteu no depósito de lixo de Jerusalém. Era uma espécie de imenso incinerador público, no qual sempre havia algum fogo ardendo, e sobre ele se estendia uma nuvem de fumaça espessa. Nos desperdícios se criava um tipo especial de verme, que era muito difícil de matar (Marcos 9:44). De maneira que o Geena era o vale de Hinom, um lugar identificado na mente do povo judeu com tudo o que era sujo, maldito e corrompido, o lugar onde se destruíam mediante o fogo todas as coisas inúteis e insalubres. É por isso que se converteu em sinônimo do poder destruidor de Deus, o inferno.
Jesus afirma, pois, que o mais grave é destruir a boa reputação do próximo e privá-lo de seu bom nome. Não há castigo muito severo para o fofoqueiro maligno, para as fofocas de intenção iníqua que podem chegar a assassinar o bom nome de qualquer pessoa. Tal conduta merece, no sentido mais literal possível, a condenação do inferno. Como já dissemos, esta gradação dos castigos não deve ser tomada literalmente. Jesus está dizendo o seguinte: "Na antiguidade se condenava o assassinato; e certamente o assassinato continua sendo mal. Mas eu lhes digo que não são apenas as ações exteriores do homem as que merecem ser julgadas; também seus pensamentos mais íntimos estão sob o olhar escrutinador e o julgamento de Deus. A ira persistente é má; piores ainda são as palavras depreciativas, mas o pior de tudo é a malícia que destrói o bom nome do próximo."
O homem que é escravo de sua ira, que se dirige a outros com um tom depreciativo, o homem que destrói o bom nome de outros, pode não ter assassinado a ninguém, mas em seu coração é um assassino.
A BARREIRA INSUPERÁVEL - Mateus 5:23, 24
Quando Jesus disse estas palavras, não fez mais que recordar aos judeus um princípio que eles conheciam perfeitamente bem, e que jamais devem ter esquecido. A ideia do sacrifício era muito singela. Se alguém cometia uma má ação, de algum modo esta perturbava sua relação com Deus, e o sacrifício tinha como intenção restabelecer a normalidade destas relações.
Mas é preciso lembrar duas coisas de suma importância.
Em primeiro lugar, nunca se sustentou que os sacrifícios pudessem expiar os pecados cometidos deliberadamente, aos que os judeus qualificavam de "pecados de mão elevada".
Se alguém cometia algum pecado sem dar-se conta, se era arrastado ao pecado em um momento de paixão, perdendo seu domínio próprio, o sacrifício podia lançar resultados positivos; mas se alguém tinha cometido um pecado de maneira deliberada, pela dureza de seu coração, perfeitamente consciente do que estava fazendo, o sacrifício não podia expiar sua falta.
Em segundo lugar, para que o sacrifício fosse eficaz, devia incluir a confissão do pecado e um verdadeiro arrependimento; e o verdadeiro arrependimento incluía, por sua vez, o propósito de retificar as consequências que o pecado produziu.
Todos os anos se celebrava o grande Dia da Expiação, no qual se ofereciam sacrifícios pelos pecados de todo o povo. Mas os judeus eram perfeitamente conscientes de que nem sequer os sacrifícios desse dia especial valiam de nada se antes cada indivíduo não se reconciliasse com o seu próximo. A divisão entre o homem e Deus não podia ser restaurada enquanto não se restabelecesse a união entre o homem e o homem. Se alguém oferecia um sacrifício com a intenção de expiar um roubo, por exemplo, sabia-se perfeitamente que o sacrifício não tinha valor algum até que se devolvesse a coisa roubada; se fosse descoberto que a coisa roubada não tinha sido devolvida, o sacrifício devia destruir-se como objeto impuro e queimar-se fora do templo. Os judeus sabiam perfeitamente que a pessoa deve emendar sua vida antes de tentar reconstruir sua relação com Deus. Em certo sentido o sacrifício era substitutivo. O símbolo disto era que no momento da imolação da vítima o ofertante colocava suas mãos sobre a cabeça do animal devotado, apertando-a fortemente como se quisesse transferir-lhe o seu pecado. E ao fazê-lo dizia: "Invoco-te, ó Senhor; pequei, fiz o que havias proibido, rebelei-me; cometi (e aqui dizia qual tinha sido seu pecado particular); mas volto para ti arrependido; permite que isto seja minha expiação."
Um sacrifício válido, implicava confissão e restituição.
A imagem que Jesus nos pinta é bem vívida. O ofertante, é obvio, não fazia seu próprio sacrifício. Levava-o a sacerdote, e este o oferecia em nome do pecador. Aqui, o ofertante entrou em templo, atravessou os pátios que rodeiam o lugar santo, o Pátio dos Gentios, o Pátio das Mulheres, o Pátio dos Homens. Mais à frente estava o Pátio dos Sacerdotes, no qual nenhum leigo podia entrar. De pé junto ao corrimão, espera que seja a sua vez de entregar sua oferta ao sacerdote; tem suas mãos sobre a cabeça da vítima, e está a ponto de confessar o pecado que cometeu; e então recorda que não emendou sua relação quebrada com o irmão a quem ofendeu. Se quiser que seu sacrifício sirva de algo, deve voltar a seu irmão, restabelecer a relação com ele, desfazer o mal que fez. De outro modo não acontecerá nada.
Jesus é bem explícito com respeito a este fato fundamental – não podemos estar em boa relação com Deus a menos que mantenhamos boas relações com os homens. Não podemos esperar ser perdoados enquanto não tenhamos confessado nosso pecado, não somente a Deus mas também a nossos irmãos, e tenhamos feito o melhor possível para eliminar as consequências negativas do mal que fizemos. Às vezes nos perguntamos por que há uma barreira entre nós e Deus; ou por que nossas orações parecem inúteis. É bem possível que nós mesmos sejamos os que levantamos a barreira, ou porque estamos desgostados com nosso próximo, ou porque ofendemos a alguém e não temos feito nada por desculpar essa ofensa.
RECONCILIAR-SE A TEMPO - Mateus 5:25-26
Aqui Jesus nos oferece um conselho bem prático. Recomenda evitar problemas maiores, solucionando as diferenças que tenhamos com outros
quando ainda estamos a tempo de fazê-lo.
Jesus traça o quadro de dois adversários que se dirigem ao tribunal e fala que se acertem entre si antes de chegar diante do juiz, porque se não o fazem, e se a lei segue seu curso, será muito pior, o que, pelo menos um dos dois, deverá enfrentar no futuro. A imagem de dois adversários que se dirigem juntos ao tribunal poderá nos parecer muito estranho e até improvável, mas era algo que ocorria com relativa frequência na antiguidade.
Na lei grega havia um procedimento denominado prisão sumária(apagogi) no qual a parte ofendida podia proceder à prisão de quem o tinha ofendido. Agarrava-o pela gola de sua túnica, de tal maneira que se lutasse para escapulir-se podia chegar a estrangular-se. É obvio, as causas que justificavam este tipo de prisão eram muito poucas. O infrator devia ser descoberto in fraganti, "com as mãos na massa". Os crimes que autorizavam a este tipo de prisão eram o assalto, o roubo de roupa (os ladrões de roupa eram uma praga nos banheiros públicos da antiga a Grécia), o "carteirismo" e o sequestro (na antiga a Grécia era muito comum o sequestro de escravos especialmente capacitados e idôneos). Além disso podia prender-se sumariamente a alguém que procurasse exercer os direitos de cidadão quando estes lhe tinham sido tirados, ou ao que voltava à sua cidade ou estado depois de ter sido exilado deles. Em vista deste costume, não era pouco comum ver em qualquer cidade esta regra de dois litigantes dirigindo-se juntos para os tribunais.
Mas é evidente que o mais provável é que Jesus estivesse pensando em termos da prática no judaísmo. Este tipo de situação não era de modo algum impossível sob as disposições da lei judia. O litígio a que se faz referência nesta passagem é evidentemente um caso de dívidas impagáveis, quando, de não chegar a um acordo, "deverá pagar-se até o último centavo". Estes casos eram julgados sempre pelo conselho local de anciãos. Indicava-se uma hora em que os litigantes deviam comparecer juntos ante o tribunal, e em qualquer aldeia ou população pequena, não era difícil que se encontrassem no caminho. Quando se determinava a culpabilidade de um acusado, ele era entregue ao oficial cuja responsabilidade era assegurar o cumprimento da sentença. Em caso contrário, tinha autoridade para encarcerar o rebelde, até que este fizesse o que o tribunal lhe tinha obrigado fazer. Evidentemente esta era a situação que Jesus tinha em mente. Suas palavras podem significar duas coisas.
(1) Pode ser simplesmente uma recomendação de ordem prática.
Em repetidas oportunidades a experiência da vida nos ensina que se não solucionarmos uma diferença a tempo, se não encontrarmos a tempo a paz que acabe com uma disputa, a situação se fará cada vez mais complicada e difícil de resolver por bem. Muitas vezes as diferenças entre duas pessoas produziram diferenças entre suas famílias, que as gerações futuras herdaram, terminando por dividir uma igreja ou uma comunidade. Se no princípio um dos dois litigantes tivesse pedido desculpas, ou admitido sua falta, poderiam ter evitado muitas situações penosas. Se alguma vez nos encontrarmos em desacordo com outra pessoa, devemos procurar esclarecer as coisas o mais breve possível e restaurar a paz. Isto pode requerer de nossa parte a humildade necessária para reconhecer que agimos mal e pedir perdão; pode requerer que, embora nós tenhamos a razão, demos o primeiro passo reconciliatório.
Quando algo anda mal nas relações pessoais, nove entre cada dez casos a imediata ação reconciliatória conseguirá solucionar a diferença. Mas se não se toma esta decisão imediatamente as relações continuarão deteriorando-se, e o azedume se estenderá cada vez mais, como uma mancha de azeite.
(2) É possível que Jesus tivesse em mente algo muito mais decisivo que isto.
É possível que o significado de suas palavras fosse: "Acerte suas diferenças com seu irmão enquanto você vive, porque algum dia - não se sabe quando - sua vida acabará, e você terá que comparecer ante o tribunal de Deus, o Juízo final de todos. "O dia mais importante do calendário judeu era o dia da Expiação.
Sustentava-se que os sacrifícios deste dia valiam para expiar os pecados conhecidos e os desconhecidos; mas até este dia tinha suas imitações. O Talmud diz claramente: "O Dia da Expiação não serve para expiar as ofensas que o homem tenha cometido contra Deus. O Dia da Expiação não serve para expiar as ofensas que o homem tenha cometido contra seu próximo, a menos que o mal tenha sido reparado previamente."
Aqui nos encontramos novamente com o fato básico, fundamental - ninguém pode estar em boas relações com Deus a menos que esteja em boas relações com seu semelhante. Deve viver a vida de tal maneira que ao chegarmos ao fim da vida estejamos em paz com todos os nossos semelhantes. É possível que não seja necessário escolher uma destas duas interpretações das palavras de Jesus. Possivelmente Jesus pensasse em ambas as coisas quando as pronunciou. Neste caso seu propósito teria sido nos ensinar o seguinte: "Se você quer ser feliz neste mundo e na eternidade, nunca cultive o rancor nem deixe sem curar a divisão entre você e seu irmão. Aja de maneira imediata para eliminar a barreira que a ira levantou entre vocês." .
 
 
 
COMENTÁRIO - Bíblico Wesleyana - Características do reino ( 5: 21-48 ) (COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO PR. HENRIQUE)
Nesta seção "JESUS leva seis exemplos concretos da antiga Lei, a fim de ilustrar a nova justiça". Esta justiça envolve todos os aspectos da vida diária.
A cada uma dessas seis discussões é introduzido  'Ouvistes que foi dito nos velhos tempos' (vv. 21 , 33 ), 'Ouvistes o que foi dito' (vv. 27 , 38 , 43 ), ou simplesmente 'Foi Dito' (v. 31 ). Com esta referência é feita a fórmula para algum mandamento da lei mosaica (ou, no caso de a última cláusula do v. 43 , na tradição dos anciãos).
Todos os seis vezes JESUS acrescenta: mas digo-vos (vv. 22 , 28 , 32 , 34 , 39 , 44 ). Isto é ainda mais forte no grego do que no inglês ego de lego hymin. O ego é expresso em grego apenas para grifo nosso, como o I está incluída no verbo lego , eu digo. Além disso, ele é colocado em primeiro lugar na cláusula, a posição mais enfática em uma frase grega. Ou JESUS era um egoísta flagrante, ou Ele era o que Ele afirmava ser - o Filho eterno de DEUS, que tinha o direito de falar com autoridade divina absoluta. A ênfase na autoridade real de CRISTO é a principal característica do Evangelho de Mateus.
1. Peaceableness ( 5: 21-26 )
21  Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e todo aquele que matar será réu de juízo: 22  mas eu digo-vos que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu do conselho; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno. 23  Se, pois, tu és oferecendo a tua oferta diante do altar e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24  deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai-te, primeiro se reconciliar com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta. 25  Concordo com o teu adversário rapidamente, enquanto estás com ele no caminho; que nunca se ache o adversário te entregue ao juiz, eo juiz te entregue ao oficial, e sejas lançado na prisão. 26  Em verdade eu te digo: Tu não significa sair dali, até que tu não pagares o último ceitil.
O sexto dos Dez Mandamentos é: Não matarás ( Ex 20:13. ; Dt. 5:17 ). JESUS não revogará essa comando. Ao contrário, Ele estendeu-a para cobrir a raiva, desprezo e ódio. Parece haver uma escala ascendente no versículo 22 : (1) raiva - "Sentimento de raiva sem palavras"; (2) Raca - "A raiva em si ventilada em palavras"; (3) Insensato - "raiva de insulto." A distinção precisa entre os termos raca e tolo não é conhecido. Pensa-se que o primeiro pode vir de uma raiz que significava "cuspir". Ambas as palavras expressam desprezo e condenação.
Mais clara é a escala ascendente de consequências. Acórdão provavelmente se refere ao tribunal local. Conselho é Sinédrio, o Grande Sinédrio em Jerusalém, a mais alta corte judaica da justiça. O inferno é Geena , o lugar de tormento final. Seja em perigo de um significado legal o termo "é susceptível de". Ou seja, o culpado dessas coisas está sujeito aos tribunais de justiça ou punição nomeados aqui. Este aviso é seguido por uma dupla advertência para fazer a reconciliação. Se alguém vem ao santuário e lembra que ele feriu seu irmão, de qualquer forma, ele deve primeiro ser conciliada antes de sua adoração será aceitável. Novamente, se um está sendo levado perante o juiz, ele deve resolver rapidamente fora do tribunal. Caso contrário, ele será lançado na prisão e manteve lá até que ele tenha pago o último centavo. Pena de prisão por dívida era uma prática comum até tempos relativamente recentes.
O ponto que JESUS estava fazendo é que todos devem se apressam a se reconciliarem com DEUS, a quem todos os homens têm ofendido. Assim, esta passagem tem um forte cunho evangelístico.
 
 
COMENTÁRIO Bíblico - Devocional (NT) (COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO PR. HENRIQUE)
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás” (Mt 5.21-26). Este é o primeiro de seis exemplos que JESUS usou para explicar a justiça inigualável. Todos tinham ouvido a lei do Antigo Testamento que legislava contra o homicídio. O ato de matar era errado.
Mas JESUS prossegue, explicando que DEUS não está apenas preocupado com o homicídio. Ele observava a ira que se acendia e levava ao homicídio. A pessoa justa de fato não é aquela que simplesmente evita cometer assassinato. É aquela que não reage com ira aos outros.
Neste exemplo, e nos seguintes, JESUS enfatizou a preocupação de DEUS com o coração. Cumprir a lei sobre não matar não torna ninguém justo. O homem verdadeiramente justo é aquele que não se ira! Na verdade, esse tipo de justiça perfeito está além de todos nós. E por isso que devemos nos tornar cidadãos do Reino de JESUS. Somente a obra de CRISTO em nosso coração pode nos transformar nas pessoas que DEUS nos chama para ser.
“Deixa ali diante do altar a tua oferta” (Mt5-23,24). Adorar a DEUS é importante? Sim! Mas JESUS enfatizou a importância do coração puro, dizendo que, se nos lembrarmos de que alguém tem alguma coisa contra nós, devemos fazer as correções necessárias, ainda que isso signifique um adiamento da adoração.
Mas o que é mais importante é a frase “Se... teu irmão tem alguma coisa contra ti”. Não somente somos responsáveis pela nossa própria ira, mas pela de nosso irmão! Se tivermos feito alguma coisa que aborreceu alguma pessoa, devemos resolver essa questão imediatamente, para preservar nosso irmão de uma ira que é inapropriada no Reino de DEUS. Isso talvez pareça ser demais! Já parece difícil demais cuidar do nosso próprio relacionamento com DEUS. E a verdade é que é realmente difícil demais. Mas é o que o nosso Rei espera. Se obedecermos, Ele fará em nós e nos nossos relacionamentos o que jamais poderíamos fazer sozinhos.
Essa é a glória de viver no Reino de CRISTO. JESUS é o Senhor. E Ele pode fazer, em nós e nos outros, o que jamais poderíamos fazer sozinhos.
 
 
COMENTÁRIOS Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO PR. HENRIQUE)
Continuação do Sermão da Montanha Mateus 5. 21-26
Tendo apresentado estes princípios, de que Moisés e os profetas ainda seriam os legisladores do povo, mas que os escribas e os fariseus já não mais seriam os seus governantes, JESUS passa a explicar a lei em alguns exemplos em particular, e a defendê-la das observações corruptas que aqueles intérpretes tinham colocado sobre ela. Ele não acrescenta nada novo, somente limita e restringe algumas permissões que tinham sido excessivas; e, quanto aos preceitos, mostra a amplitude, a severidade e a natureza espiritual deles, acrescentando estatutos explicativos para torná-los mais claros e tendendo mais ao aperfeiçoamento da nossa obediência a eles. Nestes versículos, Ele explica a lei do sexto mandamento, de acordo com a verdadeira intenção e a sua abrangência completa.
I
Aqui está apresentado o mandamento (v. 21). Nós o ouvimos, e o recordamos. Ele fala àqueles que conhecem a lei, que tiveram as palavras de Moisés lidas nas suas sinagogas todos os sábados: “Ouvistes o que foi dito aos antigos”, ou como está na observação à margem de algumas versões, “aos seus antepassados”, os judeus; “Não matarás”. Observe que as leis de DEUS não são leis novas e surgidas do nada, mas tinham sido entregues aos antigos; são leis antigas, mas de uma natureza que nunca fica antiquada nem obsoleta. A lei moral está de acordo com a lei da natureza, com as leis e razões eternas do bem e do mal, isto é, a retidão da Mente eterna, a Mente de DEUS. Matar aqui é proibido, matar a nós mesmos, matar a qualquer pessoa, direta ou indiretamente, ou de qualquer maneira ajudar a fazê-lo. A lei de DEUS, o DEUS da vida, é uma cerca de proteção ao redor da nossa vida. Este foi um dos preceitos de Noé (Gn 9.5,6). Aqui inclui - Suicídio, Eutanásia, Aborto, Assassinato.
II
A explicação deste mandamento sobre o qual os professores judeus discutiam. O seu comentário era: “Aquele que matar, correrá o risco do julgamento”. Isto era tudo o que eles tinham a dizer a este respeito, que os assassinos deliberados estariam sujeitos à espada da justiça, e os ocasionais estariam sujeitos ao julgamento de uma das cidades de refúgio. As cortes de julgamento ficavam nos portões das suas cidades principais. Os juízes, normalmente, eram vinte e três; eles julgavam, condenavam e executavam os assassinos; assim, qualquer pessoa que matasse estava sujeita ao seu julgamento. Mas este comentário sobre esse mandamento era falho, pois ele dava a entender que:
1. A lei do sexto mandamento era apenas externa, e não proibia nada além do ato de assassinato, e deveria restringir os desejos interiores, dos quais nascem as guerras e as pelejas. Este era realmente o proton pseudos – o erro fundamental dos professores judeus, dizer que a lei divina proibia somente o ato pecaminoso, e não o pensamento pecaminoso; eles estavam inclinados a haerere in corticeae – descansar na letra da lei, e nunca investigaram o seu significado espiritual. Paulo, embora sendo um fariseu, não o fez, até que, pela chave do décimo mandamento, a graça divina o levou ao conhecimento da natureza divina de todas as demais coisas (Rm 7.7,14).
2. Outro engano era o de que esta lei era meramente política e cívica, dada por causa deles, e com a intenção de ser uma orientação para os seus tribunais, e nada mais; como se somente eles fossem o povo de DEUS, e a sabedoria da lei devesse morrer com eles.
III
A explicação que CRISTO deu deste mandamento. Nós estamos certos de que, de acordo com a sua explicação, seremos julgados no futuro; portanto, devemos ser governados agora. O mandamento é extremamente amplo, e não deve ser limitado pela vontade da carne, ou pela vontade dos homens.
1. CRISTO lhes diz que a ira irrefletida é assassinato no coração (v. 22). “Qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão” estará infringindo o sexto mandamento. Aqui, por ”seu irmão” devemos entender qualquer pessoa, mesmo que se trate de alguém inferior a nós, como uma criança ou um servo, pois todos nós somos feitos de um único sangue. A ira é uma paixão natural; existem casos nos quais ela é lícita e salutar; mas é pecaminosa, quando nos iramos sem motivo. A palavra é eike, que significa sine causae, sine effectu, et sine modo – sem causa, sem nenhum bom efeito, e sem moderação. Como consequência, a ira é pecaminosa:
(1) Quando ocorre sem nenhuma provocação justa; seja por nenhuma causa, ou nenhuma boa causa, ou nenhuma causa justa e adequada; quando nos iramos com as crianças ou com os servos por aquilo que não pôde ser evitado, que foi somente uma questão de esquecimento ou de engano, de que nós mesmos poderíamos ser facilmente culpados, e pelo que não ficaríamos irados conosco; quando nos iramos devido a suspeitas infundadas ou por ofensas banais que nem merecem ser mencionadas.
(2) Quando a ira ocorre sem visar nenhuma boa finalidade, meramente para mostrar a nossa autoridade, para satisfazer uma paixão bruta, para fazer com que as pessoas conheçam os nossos ressentimentos e para nos motivar à vingança; nestes casos, a ira é vã, e só se destina a magoar. Se em alguma ocasião estivermos irados, isto deverá se destinar a despertar o ofensor ao arrependimento, e a evitar que ele repita outra vez o que fez; para nos purificar (2 Co 7.11) e para advertir aos outros.
(3) Quando ela ultrapassa os limites. Quando somos duros e teimosos na nossa ira, violentos e veementes, cruéis e perversos, e procuramos ferir aqueles que nos desagradaram. Isto representa uma infração ao sexto mandamento, pois aquele que se ira desta maneira chegaria a matar, se pudesse. Um homem deu o primeiro passo em direção a isto; quando Caim matou seu irmão, tudo começou com a ira; ele é um assassino aos olhos de DEUS, que conhece o seu coração; pois é do coração que procede o assassinato (Mt 15.19).
2. JESUS lhes diz que o uso de uma linguagem ultrajante com o nosso irmão é o assassinato pela língua (chamá-lo de raca, e chamá-lo de louco). Quando isto é feito com moderação e com uma boa finalidade, para convencer os outros da sua vaidade e das suas tolices, não é pecaminoso. Assim, Tiago diz: “Ó homem vão” (Tg 2.20), e Paulo diz: “Insensato” (1 Co 15.36), e o próprio CRISTO diz: “Ó néscios e tardos de coração” (Lc 24.25). Mas quando isto nasce da ira e da maldade interior, é a fumaça daquele fogo que arde no inferno, e se enquadra na mesma característica.
(1) Raca é uma palavra de desdém, que se origina no orgulho. “Zombador é o teu nome”, é como Salomão chama aqueles que tratam com indignação e soberba (Pv 21.24), que desdenham do irmão para equipará-lo aos cães que possuem. “Esta multidão, que não sabe a lei, é maldita” (Jo 7.49).
(2) “Louco” é uma palavra de rancor, que nasce do ódio; considerando a pessoa não somente comum e indigna de ser honrada, mas como uma pessoa odiosa e indigna de ser amada; “Tu, homem iníquo, réprobo”. A primeira palavra fala de um homem desprovido de razão; ela (em termos das Escrituras) fala de um homem sem graça; quanto mais a censura tocar a sua condição espiritual, pior será; a primeira é uma zombaria arrogante do nosso irmão; esta é uma censura maldosa e uma condenação a ele, como se estivesse abandonado por DEUS. Esta é uma infração do sexto mandamento; calúnias maldosas e críticas são veneno, sob a língua, que mata secreta e lentamente. As palavras amargas são como flechas que matam repentinamente (Sl 64.3), ou como uma espada nos ossos. O bom nome do nosso próximo, que é melhor do que a vida, é, desta forma, esfaqueado e assassinado; e esta é uma evidência de uma má intenção para com o nosso próximo, a ponto de atingirmos a sua vida, se pudéssemos fazê-lo.
3. JESUS lhes diz que não importa o uso que eles façam desses pecados, certamente eles lhes serão computados. Aquele que se encolerizar com seu irmão está correndo o risco do juízo e da ira de DEUS; aquele que o chama de raca estará nas mãos do conselho, passível de ser punido pelo Sinédrio por insultar um israelita; mas aquele que disser: “Louco, pessoa profana, filho do inferno”, estará em perigo do fogo do inferno, para o qual ele condena o seu irmão. Alguns pensam, em alusão às punições usadas nos diversos tribunais de julgamento entre os judeus, que CRISTO mostra que o pecado da ira irrefletida expõe os homens a punições mais graves ou menos graves, de acordo com os graus da sua origem. Os judeus tinham três penas capitais, uma pior que a outra: a decapitação, que era imposta pelo julgamento; o apedrejamento, pelo conselho ou pelo Sinédrio; e o fogo no vale de Hinom, que só era usado em casos extraordinários. Isto significa, portanto, que a ira irrefletida e a linguagem ofensiva são pecados condenáveis; mas alguns são mais pecaminosos que outros, e, de maneira correspondente, existe uma condenação mais severa, e uma punição mais amarga reservada a estes. Assim, ao mostrar a punição mais temível, CRISTO mostra que pecado é o mais grave.
IV
De tudo isto, pode-se deduzir que nós devemos cuidadosamente preservar o amor e a paz cristãos com nossos irmãos, e, se alguma vez estes forem rompidos, devemos lutar por uma reconciliação, confessando a nossa culpa, humilhando-nos perante o nosso irmão, implorando o seu perdão, e fazendo uma indenização ou oferecendo uma compensação pelo mal feito através de atos ou palavras, de acordo com a natureza da situação; e devemos fazê-lo rapidamente, por dois motivos:
1. Porque, até que isto seja feito, nós estaremos incapacitados para a comunhão com DEUS (vv. 23,24). O caso suposto é: se “teu irmão tem alguma coisa contra ti”, ou seja, se você o injuriou e ofendeu, seja isto real ou na percepção dele. Se você é a parte ofendida, não há necessidade desta demora; se você tem alguma coisa contra o seu irmão, resolva isto rapidamente. Nada mais precisa ser feito, a não ser perdoá-lo (Mc 11.25), e perdoar a ofensa. Mas se a disputa se iniciou no seu lado, e a culpa foi sua, no início ou ao final, de modo que “teu irmão tem alguma coisa contra ti, vai reconciliar-te primeiro com teu irmão”, antes de vir fazer a oferta no altar, antes de se aproximar solenemente de DEUS, nos serviços de oração e louvor, ouvindo a Palavra ou adorando. Observe:
(1) Quando nos dirigimos a qualquer prática religiosa, é bom que aproveitemos a ocasião para uma séria reflexão e exame próprio. Há muitas coisas a serem lembradas quando levamos a nossa oferta ao altar, se o nosso irmão tiver alguma coisa contra nós; então, se este for o caso, precisaremos considerar a questão para que façamos um acerto de contas.
(2) As práticas religiosas não são aceitáveis perante DEUS, se forem realizadas quando sentimos ira. A inveja, a maldade e a falta de caridade são pecados tão desagradáveis a DEUS, que nada que venha de um coração onde estas coisas ainda predominem pode agradá-lo (1 Tm 2.8). As orações feitas com ira são escritas em amargura (Is 1.15; 58.4).
(3) O amor ou a caridade são tão melhores que todos os holocaustos e sacrifícios, que DEUS deseja que a reconciliação com um irmão ofendido ocorra antes que a oferta seja feita. Ele se satisfaz por esperar pela oferta, em lugar de tê-la quando somos culpados e estamos envolvidos em alguma disputa.
(4) Embora estejamos incapacitados para a comunhão com DEUS devido a uma disputa continuada com um irmão, ainda assim isto não pode ser uma desculpa para a omissão ou para a negligência em relação ao nosso dever: “Deixa ali diante do altar a tua oferta”, em outras palavras, “para que, de outra forma, quando tiver ido embora, você não se sinta tentado a não voltar”. Muitos expressam este pensamento como a razão pela qual não vêm à igreja ou participam da Santa Ceia, por estarem com algum problema com o próximo. E de quem é a culpa? Um pecado jamais irá justificar outro, mas irá dobrar a culpa. A falta de amor jamais poderá justificar a falta de piedade. O problema pode ser facilmente superado. Nós devemos perdoar àqueles que nos fizeram mal; e àqueles a quem nós fizemos mal, devemos compensar, ou pelo menos fazer uma proposta e desejar a restauração da amizade, para que se a reconciliação não acontecer, não seja por nossa culpa; e então vir e ser bem recebido, vir e oferecer a nossa oferta, e ela será aceita. Portanto, não devemos deixar que o sol se ponha sobre a nossa ira nenhum dia, porque devemos orar antes de dormir. Também não devemos deixar que o sol nasça sobre a nossa ira em um dia que consagramos ao Senhor, porque este é um dia de oração e adoração.
2. Porque, até que isto seja feito, estaremos expostos a muitos perigos (vv. 25,26). É arriscado não procurarmos um acordo, e rapidamente, sob dois aspectos:
(1) Um aspecto temporal. Se a ofensa que causamos ao nosso irmão, ao seu corpo, aos seus bens ou à sua reputação, for tal que exija alguma ação na qual ele possa recuperar danos consideráveis, é sábio de nossa parte, e é a nossa obrigação para com a nossa família, evitar isto por meio de uma submissão humilde e uma satisfação justa e pacífica, para que, de outra maneira, ele não recupere os danos pela lei e não nos coloque numa prisão. Em um caso como este, é melhor entrar em acordo, nas melhores condições que pudermos, do que suportarmos alguma punição; pois é inútil disputar com a lei, e existe o perigo de sermos esmagados por ela. Muitos arruínam as suas propriedades e os seus bens persistindo obstinadamente nas ofensas que fizeram, que poderiam ter sido resolvidas de modo pacífico, se cedessem em algo, rapidamente, no início do problema. O conselho de Salomão no caso de responsabilidade é: “Vai, humilha-te... e livra-te” (Pv 6.1-5). É bom chegar a um acordo, pois a pena da lei é cara. Embora devamos ser misericordiosos com aqueles sobre os quais estamos em vantagem, ainda assim devemos ser justos com aqueles que têm vantagens sobre nós, desde que sejamos capazes. “Concilia-te depressa com o teu adversário”, em outras palavras, para que ele não se exaspere com a sua teimosia, e não se sinta provocado a insistir com as máximas exigências, e não deixe de fazer o abatimento que a princípio teria feito. Uma prisão é um lugar incômodo para aqueles que são levados a ela pelo seu próprio orgulho e desperdício de oportunidade, pela sua própria teimosia e tolice.
(2) Um aspecto espiritual. “Vai reconciliar-te... com o teu irmão”, seja justo com ele, seja amistoso com ele, porque enquanto continuar a disputa, assim como você estará incapacitado para trazer a sua oferta ao altar, incapacitado para participar da mesa do Senhor, também estará incapacitado para morrer. Se você persistir neste pecado, existe o perigo de você ser repentinamente levado pela ira de DEUS, de cujo julgamento você não poderá escapar nem se isentar. E se você for o responsável por esta iniquidade, você estará perdido para sempre. O inferno é uma prisão para todos aqueles que vivem e morrem na maldade e na falta de amor, pois todos são contenciosos (Rm 2.8), e desta prisão não há resgate, não há redenção, não há fuga, por toda a eternidade.
Isto se aplica à grande questão da nossa reconciliação com DEUS, por meio de CRISTO: “Concilia-te depressa com [ele]... enquanto estás no caminho”. Observe que:
[1] O grande DEUS é um adversário para todos os pecadores, antidikos – um adversário legal; Ele tem uma controvérsia com eles, uma ação contra eles.
[2] É nosso interesse estar de acordo com Ele, nos familiarizar com Ele, para podermos estar em paz (Jó 22.21; 2 Co 5.20).
[3] É prudente fazermos isto rapidamente, enquanto estamos no caminho. Enquanto estamos vivos, estamos no caminho; depois da morte, será tarde demais para fazê-lo; portanto, não dê descanso aos seus olhos antes que isto seja feito.
[4] Aqueles que continuam em uma situação de inimizade com DEUS estão continuamente expostos à prisão da sua justiça, e aos exemplos mais temíveis da sua ira. CRISTO é o Juiz, a quem os pecadores impenitentes serão entregues. Pois todo o julgamento foi confiado ao Filho. Aqueles que o rejeitarem como Salvador jamais poderão escapar dele como Juiz (Ap 6.16,17). É atemorizante ser entregue, desta forma, ao Senhor JESUS, quando o Cordeiro se tornará o Leão. Os anjos são os encarregados a quem CRISTO os entregará (Mt 13.41,42); os demônios também são um tipo de encarregados, tendo o poder de serem os algozes da morte de todos os incrédulos (Hb 2.14). O inferno é a prisão em que serão lançados todos aqueles que continuarem em um estado de inimizade contra DEUS (2 Pe 2.4).
5] Os pecadores condenados continuarão ali por toda a eternidade; eles não poderão partir porque jamais poderão pagar a dívida por seus pecados. Mesmo passando a eternidade em tormentos, jamais conseguirão pagá-la totalmente. A justiça divina só pode ser satisfeita através do sacrifício feito pelo nosso Senhor e Salvador JESUS CRISTO.
 
 
COMENTÁRIOS - Comentário Bíblico Moody (COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO PR. HENRIQUE)
21-26. Primeira ilustração: homicídio. JESUS mostra como esse cumprimento da Lei é mais profundo que uma simples conformidade exterior. Quem matar destaca um desenvolvimento tradicional de Êx. 20:13, mas ainda trata do ato de homicídio.
O julgamento. O tribunal civil judeu, conforme baseado em Deut. 16:18 (veja também Josefo, Antig. iv. 8.14). Os melhores manuscritos omitem "sem motivo" ainda que Efésios 4:26 indique a possibilidade de se inferir corretamente alguma restrição.
Insulto. (Raca na ERC.) Provavelmente "cabeça vazia" (de uma palavra aramaica significando "vazio"). Tolo.
Considerando que esta série exige epítetos progressivamente mais graves, Raca pode ser um desacato à cabeça do homem, e tolo, ao seu caráter (Exp GT, I, 107).
Inferno de fogo. Literalmente uma referência ao vale de Hinon nos arredores de Jerusalém, onde o lixo, os restos e as carcaças de animais abatidos eram queimados e também uma metáfora pitoresca do lugar do tormento eterno. (A sua história horrível se encontra em Jr. 7:31, 32; II Cr. 28:3; 33:6; lI Reis 23:10). CRISTO localiza a raiz do homicídio no coração do homem irado, e promete que no Seu reino o julgamento imediato será feito antes que o homicídio seja cometido.
Ao altar. Indicação do disfarce judaico deste discurso. Teu irmão tem alguma coisa contra ti, isto é, se você cometeu uma injustiça contra o seu irmão. Vai primeiro reconciliar-te obriga o adorador que está a caminho, a prestar satisfações ao ofendido para que a sua oferta seja aceitável (confirma com Sl. 66:18).
Adversário. Um oponente da lei (confira com Lc. 12:58, 59). Considerando que o juízo está próximo, os ofensores deveriam se apressar em ajustar contas. Enquanto não pagares. Provavelmente uma situação literal no reino. Se, entretanto, a prisão é símbolo do inferno, a implícita possibilidade de pagamento e soltura aplica-se apenas à parábola, não a sua interpretação. A Escritura é clara ao declarar que aqueles que estão no inferno ficarão lá para sempre (Mt. 25:41, 46), porque a sua dívida não pode ser paga.
 
 
COMENTÁRIOS - NVI (F. F. Bruce) (COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO PR. HENRIQUE)
O ESPÍRITO dele habita em nós, temos sua interpretação escrita em nosso coração. Acerca do homicídio (5.21-26)
Cf. 12.57ss. O princípio de que a ira e zombaria aos olhos de DEUS são tão más quanto o homicídio ao qual podem facilmente conduzir era reconhecido pelos rabinos, mas JESUS forneceu uma nota adicional de seriedade. Suas palavras não são facilmente praticadas. A palavra julgamento deve ter o mesmo sentido nos v. 21,22; provavelmente se refira à corte judaica local de 23 membros. Depois, o tribunal (v. 22) deve ser o Sinédrio de 71 membros em Jerusalém, a corte suprema, v. 22. qualquer que disser a seu irmão: Racá: raca, uma palavra aramaica, significa “cabeça oca”, e é usada com frequência em escritos rabínicos como um termo comum de insulto; mõre (Louco!) não é um termo grego, e sim aramaico, e é equivalente a “sujeito ímpio”. JESUS quer dizer que a corte local deveria julgar a ira tanto quanto o homicídio, enquanto o fato de um homem negar o seu próprio respeito deveria ser uma causa para a corte suprema. Negar a posição moral de um homem diante de DEUS é algo tão sério que somente a corte celestial é competente para lidar com isso. E verdade, cortes humanas raramente tratam dessas questões, mas isso não vai impedir que a corte celestial realize a sua tarefa. Dar a outra pessoa um motivo justo para nos acusar é algo tão sério que resolver essa situação é mais importante do que a adoração e o culto (v. 23). Afirmar que os v. 25,26 são uma referência ao relacionamento da pessoa com DEUS é um exemplo de perversa ingenuidade alegórica.
v. 22. fogo do inferno (geennd): No AT, o lugar dos mortos, tanto bons quanto maus, é chamado Sheol, traduzido por hades no NT. Com o desenvolvimento da crença na ressurreição durante o período inter-testamental, encontramos no livro de Enoque (c. 150-100 a.C.) o conceito de “inferno” para os pecadores depois do juízo final. Isso em pouco tempo ficou universalmente conhecido como Ge-Hinnom, abreviação de Ge-ben-Hinnom, vale (do filho) de Hinnom — em grego ge(h)enna. Literalmente, esse era o vale ao sul de Jerusalém, em que haviam ocorrido sacrifícios de crianças durante o reinado de Acaz e Manassés, e que desde o tempo de Josias havia se tornado o lugar em que o lixo de Jerusalém era despejado e queimado. No final do século I d.C., um grupo de fariseus considerou que Geena tinha um papel purificador para pecadores menos sérios destinados para lá; no século II foi expandido para ter o significado também de um tipo de purgatório antes do juízo final (católicos romanos?). Estes últimos usos não são encontrados no NT.
 
 
COMENTÁRIO - da Bíblia Diário Vivir (ESP) (COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO PR. HENRIQUE)
5.21, 22 Assassinar é um pecado terrível mas a cólera é um grande pecado também porque viola o mandato de DEUS de amar. A ira, neste caso, refere-se à amargura crescente contra alguém. É uma emoção perigosa que pode levar a perda de domínio próprio, e pode conduzir à violência, ao dano emocional, a uma tensão mental crescente e a outros resultados destrutivos. A cólera impede que desenvolvamos um espírito agradável para DEUS. Alguma vez se há sentido orgulhoso de não ter cometido o engano de dizer o que tinha na mente? O domínio próprio é bom mas CRISTO quer que dominemos também nossos pensamentos. JESUS disse que seremos julgados ainda por nossas atitudes.
5.23, 24 Qualquer ruptura de relações pode afetar nossa relação com DEUS. Se tivermos um problema com um amigo, devemos resolvê-lo o antes possível. Somos hipócritas se manifestamos ter boas relações com DEUS enquanto não as temos com outra pessoa. Nossas relações com outros refletem nossa relação com DEUS (1Jo 4:20).
5.25, 26 Nos dias do JESUS, se alguém não podia pagar suas dívidas, ia ao cárcere até que a dívida fora saldada. A menos que alguém pagasse a dívida, o prisioneiro morria preso. É um conselho sábio resolver nossas diferenças com nossos inimigos antes de que sua cólera cause mais problemas (Pro 25:8-10). Seus desacordos pudessem não levá-lo até o tribunal, mas até os conflitos pequenos se solucionam mais facilmente se tratarmos de arrumá-los imediatamente. Em um sentido amplo, estes versículos nos aconselham nos arrumar com nosso próximo antes de nos apresentar diante de DEUS.
 
 
COMENTÁRIO - CB TT W. W. Wiersbe - A JUSTIÇA EM AÇÃO NA VIDA DIÁRIA (COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO PR. HENRIQUE)
(Mt 5:21-48)
JESUS selecionou seis leis importantes do Antigo Testamento e as interpretou para o povo à luz da vida nova que veio oferecer. Fez uma alteração fundamental sem, no entanto, mudar o padrão de DEUS: tratou das atitudes e intenções do coração, não  apenas das ações aparentes. Os fariseus diziam que a justiça consistia em realizar determinadas ações. JESUS diz que o cerne da  justiça são as atitudes do coração.
O mesmo se aplica ao pecado: os fariseus tinham uma lista de ações exteriores; consideradas pecado, mas JESUS explicou que o pecado provém das atitudes do coração. A ira sem motivo é homicídio no coração; a lascívia é adultério no coração. A pessoa que afirma "viver segundo o sermão do monte" talvez não perceba que é mais difícil seguir esses preceitos do que os Dez Mandamentos!
Homicídio (w. 21-26; Êx 20:13). Talvez uma em cada trinta e cinco mortes é por assassinato, a maior parte delas é "crimes passionais" causados pela ira descontrolada entre amigos e parentes. JESUS não diz que a ira conduz ao homicídio, mas sim que a ira é uma forma de homicídio.
Existe uma ira santa contra o pecado (Ef 4:26), mas JESUS refere-se aqui a uma ira pecaminosa contra as pessoas. A palavra que usa em Mateus 5:22 significa "ira cultivada, malignidade alimentada no ser interior". JESUS descreve uma experiência pecaminosa constituída de vários estágios. Primeiro, a manifestação de uma ira sem motivo. Depois, a explosão dessa ira em palavras, que põe mais lenha na fogueira e, por fim, leva à condenação: "Seu tolo, seu rebelde obstinado!"
A ira pecaminosa é insensata, pois nos faz destruir em vez de edificar. Tira nossa liberdade e nos faz prisioneiros. Odiar alguém é cometer homicídio no coração (1 Jo 3:15).
Isso não significa que devemos matar alguém de fato, uma vez que já o fizemos intimamente. Por certo, os sentimentos pecaminosos não servem de desculpa para ações pecaminosas. A ira pecaminosa rompe nossa comunhão com DEUS e com os irmãos, mas não faz com que sejamos presos como assassinos. No entanto, não foram poucos os que se tornaram homicidas por não conseguir controlar seu furor.
A ira deve ser encarada honestamente e confessada diante de DEUS como pecado. Devemos procurar a pessoa ofendida e colocar as coisas em ordem sem demora. Quanto mais esperarmos, pior se torna a escravidão! Quando recusamos a reconciliação, condenamo-nos a uma terrível prisão. (Para mais conselhos a esse respeito, ver Mt 18:15-20.) Alguém disse bem que a pessoa que se recusa a perdoar seu irmão está destruindo a mesma ponte sobre a qual precisa andar.
 
 
SUBSÍDIOS DA LIÇÃO 4 - CPAD
 
SINÓPSE I - O Evangelho não é antinomista, isto é, ele tem normas, regras e limites claros. O Evangelho também não é legalista, isto é, não está preso a observâncias rigorosas de datas, dietas e outras práticas religiosas, esperando algum favor divino.
SINÓPSE II - A cólera é o primeiro passo para a prática do homicídio.
SINÓPSE III - Antes de ofertar, o seguidor de CRISTO deve reparar qualquer tipo de desavença.


AMPLIANDO O CONHECIMENTO TOP1
O que o Antinomismo alega?
“Alegam os antinomistas que, salvos pela fé em CRISTO JESUS, já estamos livres da tutela de Moisés. Ignoram, porém, serem as ordenanças morais do Antigo Testamento pertencentes ao elenco do direito natural que o Criador incrustara na alma de Adão. [...] Todo crente piedoso observa [as ordenanças morais da Lei]; pois CRISTO não veio revogá-las; veio cumpri-las e sublimá-las.” Amplie mais o seu conhecimento, lendo o Dicionário Teológico, editado pela CPAD, p.51.

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO TOP2
“A verdadeira batalha pela lei do Reino não está nas simples ações externas ou efetuação de movimentos, pouco importando quão detalhados sejam; antes, a batalha é ganha ou perdida no coração, onde reside a vontade. [...] A maioria dos pecados é premeditada; requerem-se ações anteriores e às vezes drásticas para evitar que a semente dê raiz e produza uma colheita amarga. Assim, os remédios de JESUS parecerão extremos, mas a malignidade tem de ser isolada e removida o quanto antes, para que haja a melhor chance de recuperação. A prevenção é suprema.
[...] A proibição no versículo 21 não é a matança em geral, mas assassinato, matança que é contrária à lei. JESUS intensifica a lei indo ao âmago da questão: a vontade humana. O assassinato começa com a raiva; a pessoa tem de lidar com a raiva a fim de evitar o assassinato” (ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.45).


AUXÍLIO VIDA CRISTÃ TOP3
“[Mateus] 5.23,24 - Relações rompidas podem dificultar o nosso relacionamento com DEUS. Se tivermos uma mágoa ou uma queixa contra um amigo, devemos solucionar o problema o mais breve possível.
[Mateus] 5.25,26 - Na época de JESUS, uma pessoa que não pudesse pagar sua dívida era lançada na prisão até que o pagamento fosse efetuado. A menos que alguém pagasse a dívida por ela, provavelmente morreria ali. É um conselho prático para solucionarmos as diferenças com os nossos inimigos, antes que a ira deles venha a causar-nos maiores dificuldades (Pv 25.8-10). Você pode não entrar em uma discordância que o leve aos tribunais, mas até os pequenos conflitos podem ser mais facilmente resolvidos se as pazes forem feitas logo. Em um sentido mais amplo, esses versículos nos aconselham a agir rapidamente, procurando ter a paz com os nossos semelhantes, antes que sejamos obrigados a apresentar-nos perante DEUS” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio Janeiro: CPAD, 2004, p.1225).

REVISANDO O CONTEÚDO
1. Que ideia a palavra Antinomismo traz? A palavra traz a ideia de que os cristãos não precisam obedecer à lei moral do Antigo Testamento.
2. O que o Antinomismo rejeita? O antinomismo rejeita todo tipo de normas morais, deixando a pessoa livre para pecar.
3. O Senhor JESUS anulou o sexto mandamento? JESUS não anulou o sexto mandamento do Decálogo (Êx 20.13; Dt 5.17). Contudo, sua interpretação foi mais elevada e profunda, pois revelou que a ira ou cólera contra um irmão é um tipo de homicídio no coração.
4. Qual o imperativo bíblico para a ira? O imperativo bíblico é que a ira não pode nos dominar (Ef 4.26; Hb 12.15).

5. Qual o ensinamento de nosso Senhor quanto à desavença?
Nos versículos 25 e 26, nosso Senhor enfatiza que é preciso buscar uma solução para a desavença entre irmãos fora do tribunal. É preciso sanar as desavenças entre nós e, assim, preservarmos o bom testemunho.


HINOS SUGERIDOS: 35, 42, 46 da Harpa Cristã
 
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
A presente lição mostrará que o Evangelho do Senhor JESUS tem uma dimensão moral muito bem delimitada. Nesse sentido, essa dimensão moral não abre margem para que sentimentos hostis ao Evangelho façam parte da vida interior do crente. Veremos que evitar a cólera é uma atitude sábia para evitar pecados trágicos como o do homicídio.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Expor que o Evangelho não é Antinomista; II) Pontuar que a cólera é o primeiro passo para o homicídio; III) Correlacionar o ato de ofertar com a desavença.
B) Motivação: Muitas pessoas praticam ações trágicas por causa dos atos precipitados e impensados. Se houvesse uma pausa, ou se desviasse o pensamento por alguns instantes, o mal não ocorreria. As consequências da cólera, da ira estão por todos os lados: trânsito, banco, filas de espera etc.
C) Sugestão de Método: Selecione cenas de agressividade no trânsito ou numa fila. Apresente essas cenas em classe e solicite os alunos que as analise. Pergunte-os se vale mesmo a pena desperdiçar energia com coisas que, geralmente, uma boa e educada conversa resolveria. Contraste sempre essas cenas com os valores opostos que a lição apresenta.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Ao final da aula, solicite aos alunos a realizarem uma autoanálise. Como tem sido o comportamento no trânsito? Quantas vezes no dia eles perceberam a presença do sentimento de ira ou da cólera? Eles têm consciência de que esses sentimentos fazem mal a saúde emocional? Por que no lugar dessas emoções ruins e pesadas, não cultivar sentimentos nobres da Palavra de DEUS?
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas. Na edição 89, p.38, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final da dos tópicos, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O auxílio localizado ao final do segundo tópico traz um aprofundamento da questão tratada no tópico a respeito do sentimento da raiva; 2) O texto que encontra-se ao final do terceiro tópico é uma proposta que pode auxiliar você na aplicação da lição, pois ele revela as dimensões práticas que o seguidor de JESUS deve observar na caminha cristã.